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gionais a partir da população ponderada pela doença, estar bem nutrido, ter respeito próprio
taxa nacional de utilização dos serviços, pela e ser respeitado e capaz de exercer ação política.
idade e sexo e pela taxa de mortalidade regional Promover saúde com eqüidade requer mé-
padronizada. A RAWP sofreu várias reformula- todos de planejamento que privilegiem o uso de
ções e tem sido um dos principais métodos de recursos (financeiros, humanos e físicos) po-
avaliação sistemática de necessidades e o prin- tencialmente benéficos para melhorar a saúde
cipal mecanismo de distribuição de recursos fi- de toda a população e promover eqüidade em
nanceiros por região na Grã-Bretanha (Foster, saúde. Para que o impacto social seja maior, as
1976; Ham, 1992). Seu modelo tem inspirado a ações devem atingir o maior número possível
adoção de mecanismos semelhantes interna- de pessoas, por exemplo, priorizando reduzir
cionalmente. No Brasil, a RAWP foi uma das doenças comuns ao invés da erradicar as raras.
referências para pesquisadores, profissionais e Como os grupos em menor risco geralmente
lideranças do setor discutirem sobre distribui- incluem número de indivíduos muito maior do
ção de recursos financeiros entre os níveis sub- que os grupos em alto risco, a maioria dos casos
nacionais (estados e municípios) de gestão du- de doença e agravos à saúde costuma ocorrer
rante a elaboração da Constituição e das leis do entre indivíduos com risco relativamente baixo.
SUS. Assim, para que haja maior mudança na saúde
A legislação que normatiza o SUS preconiza populacional, as ações não podem restringir-se
a distribuição de recursos financeiros através aos grupos de alto risco, devendo ter caráter
dos seguintes critérios: (1) perfil demográfico; universal (Rose, 1995). Contudo, a promoção
(2) características qualitativas e quantitativas da da eqüidade requer que o efeito positivo sobre
rede de serviços; (3) níveis de participação do a saúde seja maior nos grupos mais afetados
setor saúde nos orçamentos; (4) perfil epide- pelas desigualdades em saúde; por exemplo, es-
miológico da população; (5) desempenho téc- pera-se maior diminuição dos acidentes de
nico-econômico financeiro no período ante- trânsito se as ações promovidas tiverem maior
rior; (6) previsão de plano qüinqüenal de inves- impacto sobre os homens, pois a proporção de
timentos na rede; (7) ressarcimento do atendi- motoristas masculinos é maior e eles tendem a
mento a serviços prestados para outras esferas se envolver em acidentes mais graves. Para o al-
de governo (Brasil, 1990). A fórmula apresen- cance da eqüidade é de sobremaneira impor-
tada por Castro (1991), que contempla os três tante que as políticas públicas sejam direciona-
primeiros critérios previstos na lei e os estudos das para alterar os determinantes sociais das de-
como o de Piola (1990), propõe estratégias de sigualdades em saúde, destacando-se as estraté-
transformação desses critérios em indicadores gias para melhorar a qualidade de vida e ampliar
para distribuição de recursos financeiros da es- o capital cultural e político, concebido por Bour-
fera federal para a estadual e municipal, consi- dieu (1986) dos grupos sociais desprivilegiados.
derando a descentralização e a municipaliza- Desigualdades em saúde entre grupos so-
ção ora em curso. ciais com diferentes condições socioeconômi-
O conceito de saúde como qualidade de vi- cas, étnicas, de gênero, idade e de território têm
da e capacidades humanas determinadas social- sido evidenciadas internacionalmente. A saúde
mente é outro aspecto que fundamenta a pro- tende a ser pior para aqueles em piores condi-
posta de seleção e construção de indicadores de ções socioeconômicas, os que vivem em zona
saúde para a PADS-RS. Nesta pesquisa, saúde e rural ou favela e entre grupos étnicos cuja re-
desigualdade social são conceituadas a partir de presentação social é associada a estigmas, co-
formulações de Anand e Sen (2000) e Therborn mo os negros e os índios. Estudos mostram que
(2001). Saúde é definida pela qualidade de vida a determinação da saúde é multidimensional e
e pela capacidade de ser e agir de mulheres e que os determinantes interagem, influenciando
homens; e desigualdade social, pelas diferenças a saúde dos indivíduos desde a concepção até a
produzidas socialmente que sejam moralmente morte, através das gerações. Diferenças marcan-
injustas. Assim, desigualdade social em saúde tes na qualidade de vida e nas capacidades hu-
refere-se às diferenças produzidas socialmente manas resultantes de desigualdades no acesso a
na qualidade de vida e na capacidade de ser e bens sociais tendem a se sobrepor e as privações
agir dos grupos sociais e indivíduos, porque es- sociais múltiplas dependem muito mais de de-
tas diferenças são moralmente injustas. Nesse sigualdades estruturais que se mantêm ao longo
sentido, a saúde reflete características vitais apa- do tempo do que de atributos individuais (Fos-
rentemente elementares como estar vivo e sem ter, 1976; Townsend et al., 1992; Abel-Smith,
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tamento para HIV/Aids no SUS e outro instru- têm sido identificadas como determinantes de
mento para avaliar a expectativa desses indiví- iniqüidade em saúde na população.
duos em sua capacidade de aderir ao tratamen- A dimensão socioeconômica das desigual-
to (Leite et al., 2002). Esses questionários per- dades sociais tem sido abordada principalmen-
mitiram examinar desigualdades sociais (1) no te através do conceito de classe social, que se
processo de adesão ao tratamento, medida pela refere aos modos de inserção do indivíduo no
proporção da dose prescrita que é efetivamente processo produtivo. Estudos têm mostrado que
usada e (2) na efetividade do tratamento, me- diferenças de classe são as principais produ-
dida pela carga viral plasmática rotineiramente toras de desigualdade social. Embora diferen-
coletada pelos serviços especializados (Silveira ças bioconstitucionais venham sendo incor-
et al., 2003; Pinheiro et al., 2002). poradas à explicação das desigualdades sociais,
Limitações dos bancos de dados disponíveis as evidências da importância dos fatores estru-
levam a que os indicadores dos cuidados de turais têm crescido. Sociedades com melhores
saúde recebidos pelas populações restrinjam- condições de trabalho, menor desigualdade de
se a indicadores de atenção básica, de serviços rendimentos e menor variação nas condições de
de média e alta complexidade e de cobertura de moradia apresentam menos desigualdades em
ações de vigilância em saúde. Algumas obser- saúde entre os grupos socioeconômicos (Abel-
vações adicionais são relevantes sobre tais in- Smith, 1994; Drachler et al., 2002). As caracte-
dicadores. A primeira se refere à qualidade das rísticas bioconstitucionais como a idade, a cor
informações disponíveis. Os dados para cons- da pele e o sexo predispõem aos desfechos em
truir indicadores de morbidade são de qualida- saúde, mas não são seus principais determinan-
de variada, limitando substancialmente a pos- tes. Construções sociais dessas características
sibilidade de comparar grupos populacionais afetam fortemente a saúde, na medida em que
e períodos. A mortalidade do idoso apresenta- associam a certas faixas etárias, gêneros e etnias
va maior proporção de perda de informação do representações sociais sobrevalorizadas ou es-
que as demais faixas etárias, sendo as “causas tigmatizadas. Constroem-se também imagens
mal definidas” importante grupo de causas de sociais pejorativas sobre o trabalhador manual,
morte acima de 65 anos. A maioria das análises os moradores de favelas e o pobre. Tais repre-
se limita a desigualdades em saúde entre grupos sentações determinam desigualdades de opor-
sociais. Isso ocorreu porque muitas informações tunidades, estabelecem interdições formais e in-
(por exemplo cobertura vacinal) são disponí- formais, impõem maneiras de agir, estilos de vi-
veis somente para unidades territoriais. Além da e comportamentos pessoais, os quais afetam
disso, o Sistema de Informações sobre Mortali- a saúde diretamente e modificam os efeitos das
dade (SIM) é individual, mas as informações – características bioconstitucionais. Afetam ainda
exceto território, idade, gênero e causa da mor- a natureza das relações sociais dos indivíduos
te – não são preenchidas para grande parte dos no contexto imediato (com amigos, na família,
indivíduos. Análises de desigualdade interin- na escola, no trabalho e na comunidade), in-
dividual na saúde estão sendo realizadas para fluenciando suas condições de vida, na medida
o peso ao nascimento, a maternidade na ado- em que implicam oportunidades desiguais de
lescência, a cobertura de pré-natal e a prevalên- ocupação no mercado de trabalho, de remune-
cia de partos cesárea, porque o Sistema de In- ração, de acesso à educação, à moradia adequa-
formações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) apre- da e aos serviços de saúde de boa qualidade.
senta as informações sociais e de saúde indivi- Para trabalhar a dimensão socioeconômi-
duais, completas para quase a totalidade dos ca, tentou-se – sem sucesso – construir a variá-
nascidos vivos. vel ocupação como indicador de classe social.
Nos atestados de óbito, há perda de informa-
ção para a variável ocupação atual na maioria
Determinantes sociais da qualidade dos casos e, para os aposentados, é desconheci-
de vida e capacidades humanas: da a principal ocupação durante a vida. A in-
busca de indicadores formação sobre ocupação na Relação Anual de
Informações Sociais do Ministério do Trabalho
Diversas formas de desigualdade social, parti- (RAIS) também não pode ser utilizada porque
cularmente aquelas relacionadas às dimensões se refere aos trabalhadores ocupados no setor
(1) socioeconômica, (2) geográfico-territorial, formal da economia, excluindo, portanto, os
(3) de faixa etária, (4) de gênero e (5) de etnia desempregados e as pessoas em ocupações pre-
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cárias. Além disso, as informações da RAIS não cional de 1996, o que prejudicou a análise das
podem ser relacionadas aos dados disponíveis tendências temporais do efeito das desigualda-
sobre a saúde dos indivíduos e das populações, des em educação sobre a saúde. Foi possível, en-
porque o endereço de referência da RAIS é a se- tretanto, examinar tendências temporais rela-
de estadual ou regional das empresas, e não a cionadas à escolaridade materna utilizando da-
residência dos indivíduos. dos do Sinasc-RS de 1996 a 2000. Este banco de
Um indicador de desigualdade socioeconô- dados apresenta informações sociais e de saúde
mica usado na PADS-RS foi o Produto Interno completas para quase todos os indivíduos re-
Bruto (PIB) per capita municipal, que expres- gistrados, o que permite a realização de análi-
sa o montante de produção de renda da econo- ses em nível individual e de grupo social. A es-
mia do município (FEE, 2001). Uma das razões colaridade das mães foi então relacionada a in-
para a sua escolha foi sua disponibilidade por dicadores de saúde como o estado nutricional
município para a década de 1990, período fo- ao nascimento (peso ao nascimento) e a mater-
calizado pela presente pesquisa. O PIB sinaliza nidade na adolescência, conhecidos fatores de
a renda total, desconsiderando o modo de sua risco para morbidade e mortalidade na crian-
distribuição. Por outro lado, o Gini, índice de ça. A escolaridade materna também foi relacio-
concentração de renda-salário municipal (FEE, nada à cobertura de consultas de pré-natal e à
2001), poderia ser um indicador importante da incidência de parto cesárea, que refletem a qua-
distribuição de rendimentos entre a população lidade dos serviços de saúde.
de cada cidade. Entretanto, esse índice Gini in- A dimensão geográfico-territorial das desi-
dica o nível de concentração de rendimentos gualdades sociais foi indicada pelo município e
provenientes de aposentadorias e ocupações for- sua localização nos territórios das 7 macrorre-
mais, incluindo somente trabalhadores com car- gionais de saúde e das 19 coordenadorias re-
teira assinada, trabalhadores autônomos com gionais de saúde do Estado. Essas unidades ter-
vínculo previdenciário e funcionários públicos, ritoriais correspondem às áreas administrativas
excluindo do índice cerca de 52,5% do total de construídas historicamente através de um con-
ocupados no Estado (Fligenspan, 2000). Dessa junto de decisões políticas, das quais participa-
forma, o índice Gini construído pela FEE su- ram vários atores sociais. As 7 macrorregionais
bestima desigualdades de rendimentos dentro de saúde foram constituídas na última adminis-
dos municípios, porque a proporção de traba- tração estadual a partir de municípios pólo de
lhadores em atividades de baixa remuneração referência para serviços e coordenação de ações
tende a ser maior entre aqueles em ocupações e políticas de saúde regionais. As 19 coordena-
precárias. Essa subestimação não é homogênea dorias de saúde originaram-se das “delegacias
entre os municípios, o erro será maior para mu- regionais”, organizadas em 1938, pelo então re-
nicípios com maior proporção de ocupações cém-criado Departamento Estadual de Saúde
precárias. Já o índice Gini produzido pelo IBGE (Cortes, 1988). Elas representam a regionaliza-
refere-se à renda das pessoas responsáveis pelos ção estadual tradicional no setor, atualmente
domicílios, mas, até o momento, está disponí- questionada quanto a sua adequação às novas
vel somente para 1991. Por isso, o PIB per capi- tendências de regionalização no Estado (Cortes,
ta municipal foi usado como o indicador básico 2002). Particularmente os municípios – princi-
da dimensão econômica das condições socioe- pal unidade de agregação de dados desta pes-
conômicas. Através dele está sendo possível ve- quisa – se constituem em espaços politicamen-
rificar o impacto da dimensão econômica sobre te definidos, onde diferentes determinantes so-
os diversos indicadores de saúde mencionados ciais da saúde se manifestam através da capa-
anteriormente. cidade da economia local de gerar riqueza, es-
O nível de escolaridade materna também foi colaridade de seus habitantes, proporção das
usado como indicador de desigualdades socioe- moradias com abastecimento de água encana-
conômicas. Ele foi escolhido, porque a literatu- da e esgotamento sanitário ligado à rede geral
ra tem mostrado a importância da educação fe- ou fossa séptica, tamanho da população resi-
minina na melhoria das condições de vida, ex- dente e grau de urbanização, medido pela pro-
pressas por indicadores de mortalidade infan- porção de residentes nas zonas rurais. Tais de-
til e de expectativa de vida ao nascer (Leite, sigualdades sociais intermunicipais e regionais
1988; Abel-Smith, 1994). No entanto, as cate- têm sido recorrentemente abordadas pela lite-
gorias de escolaridade diferiram entre os censos ratura (Bandeira, 1999) e estão sendo descritas
do IBGE de 1991 e 2001 e a contagem popula- pela pesquisa. A desigualdade territorial em
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saúde foi analisada para todos os indicadores de Coordenação de Saúde Indígena da SES/RS,
de qualidade de vida e das capacidades huma- com auxílio de um indigenista da Secretaria
nas mencionados anteriormente. As principais Estadual de Educação do Rio Grande do Sul e,
causas de morte nas diversas coordenadorias re- quando necessário, de lideranças indígenas da
gionais e macrorregionais de saúde foram deta- área de residência do indivíduo hospitalizado.
lhadas para os períodos 1991-1993, 1994-1996, Em casos de dúvida, o indivíduo era considera-
1997-1999. Os indicadores de saúde baseados do não-índio. Assim, embora internações de
nos dados do Sinasc-RS foram elaborados pa- indivíduos de outras raças ou etnias possam ter
ra essas unidades territoriais para 1994-1996, sido identificadas como internações de índios,
1997-1998, e 1999-2000. é mais provável que índios tenham deixado de
A desigualdade social referente à faixa etá- ser identificados por usarem sobrenomes inco-
ria e ao gênero foi analisada em sua associação muns, morarem fora de terras indígenas, ou
com todos os indicadores de qualidade de vida por erros no preenchimento da AIH, levando à
e capacidades humanas mencionados anterior- subestimação das taxas de internação hospita-
mente, os quais foram estimados para os perío- lar. A idade no dia da internação foi calculada a
dos 1991-1993, 1994-1996, 1997-1999, separa- partir das datas de nascimento e de internação
damente para as 7 macrorregionais de saúde e hospitalar. O número de nascimentos em 2001
as 19 coordenadorias regionais de saúde do Es- de crianças índias, cujas mães residiam no DSEI
tado, e para municípios agrupados conforme o Interior Sul – RS, foi obtido do Sistema de In-
PIB per capita, o tamanho da população e o grau formações de Nascidos Vivos (Sinasc-RS); as
de urbanização, indicado pela percentagem de informações sobre os óbitos foram buscadas no
residentes em zona rural. Sistema de Informação de Mortalidade (SIM-
A elaboração de indicadores da dimensão RS). Outra fonte de dados sobre internações
étnica das desigualdades em saúde foi um gran- hospitalares, mortes e nascimentos de índios foi
de desafio, pois a variável etnia ou cor da pele o relatório apresentado pela Funasa/RS em reu-
não está incluída nos sistemas de informação nião do Conselho Distrital do DSEI Interior Sul,
SIH/SAI e está sub-registrada no SIM, Sinasc e realizada em Florianópolis em junho de 2002.
Sinam (Diehl et al., 2003). Foi possível examinar As análises realizadas pela PADS-RS mos-
desigualdades étnicas para o peso ao nascimen- traram que as taxas de mortalidade dos povos
to, local do nascimento (hospital e domicílio) e indígenas são bem menores quando estimadas
para tipo de parto (cesárea ou outro) usando com dados do SIM e Sinasc do que com dados
dados do Sinasc a partir de 1998. A falta de pre- da Funasa. Embora exista a possibilidade de que
enchimento da etnia na maioria dos atestados alguns nascimentos não tenham sido registra-
de óbito impediu, até o momento, o exame das dos pela Funasa, a maior parte das diferenças
desigualdades étnicas ou de cor da pele na mor- entre as fontes de dados provavelmente reflete
talidade e na expectativa de vida. A exceção foi sub-registro de óbitos de índios no sistema ofi-
a análise da atenção à saúde no Distrito Sanitá- cial (SIM), devido à não exigência de atestado
rio Especial Indígena Interior Sul, no âmbito de óbito para índios, sepultados em cemitérios
do Rio Grande do Sul, comparada às médias indígenas, onde não há necessidade de apresen-
estaduais para (1) cobertura de profissionais de tação de registro de óbito. Esse sub-registro po-
saúde, (2) cobertura de consultas médicas e de de estar subestimando a mortalidade em muni-
internações hospitalares e (3) taxas de mortali- cípios que incluem população indígena, como
dade geral, infantil e de menores de 5 anos em foi demonstrado para Redentora, no Rio Gran-
2001 (Diehl et al., 2003). O número de profis- de do Sul em 2001 (Menegolla et al., 2002). O
sionais da saúde das Equipes Multidisciplina- Sistema de Informações de Saúde Indígena (Sia-
res de Saúde Indígena foi obtido de portaria do si), atualmente em implantação, poderá difi-
Ministério da Saúde (Brasil, 2002) e a cobertu- cultar a avaliação da situação de saúde indíge-
ra de serviços hospitalares, calculada a partir de na dentro do contexto nacional e manter a já
informações do Banco de Autorizações de In- apontada invisibilidade das desigualdades étni-
ternações Hospitalares (SIH-RS) em hospitais cas no Brasil (Oliveira, 1997; Coimbra Jr. e San-
que recebem incentivos para atendimento de tos, 2000; Peterson, 2002). A falta de informa-
indígenas. Já que as AIHs não informam cor ou ções sobre idosos, mencionada anteriormente,
etnia, as internações de índios foram identifi- e sobre as minorias étnicas expressa desatenção
cadas a partir do sobrenome e endereço dos in- institucionalizada e recorrente em relação a es-
divíduos. A identificação foi feita pela equipe ses grupos sociais.
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