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Proposta de metodologia para selecionar


indicadores de desigualdade em saúde visando
definir prioridades de políticas públicas no Brasil

Methodological approach to select indicators


of health inequalities to define priorities for
social policies in Brazil

Maria de Lourdes Drachler 1


Soraya M. Vargas Côrtes 2
Janice Dorneles de Castro 1
José Carlos de Carvalho Leite 3

Abstract Promoting equality in health is a Resumo Promover a saúde com eqüidade é


challenge for policy makers. The magnitude of um grande desafio para os gestores públicos. A
health inequalities and the shortage of resources magnitude das desigualdades sociais em saúde
require policy development supported by health e os recursos escassos impõem que as priorida-
situation analysis and scientific and expert ev- des para a gestão pública se fundamentem no
idence of the impact of policies, programs and conhecimento da situação de saúde e do impac-
actions in promoting equity. This study pre- to de políticas, programas, projetos e ações so-
sents methodological aspects of the selection of bre a saúde e seus determinantes. Este artigo
indicators of health inequalities devised by the apresenta a proposta metodológica de constru-
Inquiry into Inequalities in Health in the State ção e seleção de indicadores de desigualdades
of Rio Grande do Sul to help defining priori- em saúde utilizada pela Pesquisa Avaliativa de
ties for social policies in Brazil. The indicators Desigualdades em Saúde no Rio Grande do Sul
were devised to assess health inequalities as (PADS-RS) para auxiliar a definição de prio-
differences in quality of living and human ca- ridades para a gestão pública. Os indicadores
pabilities which are socially determined. The foram construídos visando avaliar desigualda-
method is based on principles of active pro- des em saúde como diferenças na qualidade de
motion of equity which orient (1) the Brazil- vida e capacidades humanas socialmente deter-
ian National Health system, (2) the inquiries minadas. A metodologia baseia-se em princí-
into inequalities in health in the United King- pios de promoção ativa da eqüidade que orien-
1 Programa de Mestrado dom and (3) the RAWP method for allocation tam (1) o Sistema Único de Saúde Brasileiro,
em Saúde Coletiva
da Unisinos e Curso
of financial resources for health among the ar- (2) as pesquisas avaliativas de desigualdades
de Graduação eas of a country, state or municipality, and take em saúde realizadas no Reino Unido e (3) o
em Administração into account the particularities of the infor- método RAWP (Resources Allocation Working
de Sistemas e Serviços
de Saúde da UERGS.
mation systems in Brazil. Party) de alocação de recursos financeiros pú-
Rua Costa Lima 790, Key words Inequalities in health, Equity, blicos em saúde entre regiões e considera as pe-
Bloco C, apto 611. Health situation analysis, Inquiry into in- culiaridades dos sistemas oficiais de informa-
91720-480, Porto Alegre RS.
zecamalu@zaz.com.br
equalities in health, Health indicators, Social ção no Estado e no Brasil.
2 Programa de indicators Palavras-chave Desigualdades em saúde,
Pós-Graduação em Eqüidade, Situação de saúde, Pesquisa avalia-
Sociologia da UFRGS.
3 Departamento de
tiva, Metodologia, Indicadores de saúde, Indi-
Psicologia da Universidade cadores sociais
de Caxias do Sul RS.
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Introdução Breve caracterização da PADS-RS:


fontes inspiradoras
Os gestores públicos têm se confrontado com o e arcabouço conceitual
desafio de combater desigualdades sociais mar-
cantes e crescentes, em um contexto de restri- A PADS-RS originou-se do interesse pela temá-
ção de recursos e de crítica ao modelo keynesia- tica de pesquisadores vinculados a universida-
no de intervenção estatal, que defende, entre des gaúchas e à Escola de Saúde Pública da Se-
outras coisas, a participação ativa do Estado na cretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do
promoção do desenvolvimento econômico e Sul e também da experiência de um dos pesqui-
social (O’brien e Penna, 1998). sadores no grupo como técnico da Avaliação
Uma estratégia de governo para identificar Independente sobre Desigualdades em Saúde
prioridades de atuação governamental para na Grã-Bretanha (Acheson, 1998). A PADS-RS
maior eqüidade em saúde tem sido as “pesqui- tem buscado evidências de desigualdades em
sas avaliativas de prioridades para a gestão pú- saúde no Estado e das determinações de tais de-
blica” (Townsend e Davidson, 1982; Townsend sigualdades revisando a literatura e analisando
et al., 1992; Acheson, 1998). Realizadas por soli- bancos de dados secundários obtidos em insti-
citação de governos a grupos de pesquisadores tuições governamentais e em outras pesquisas
independentes, essas pesquisas têm o objetivo disponíveis. Quando indispensável, tem realiza-
de investigar evidências da abrangência e mag- do estudos empíricos específicos, promovendo
nitude das desigualdades sociais nos níveis de ainda discussões com especialistas e represen-
saúde da população; analisar a determinação tantes institucionais, indivíduos e representan-
social dessas desigualdades; e examinar os fun- tes de seguimentos organizados da sociedade.
damentos científicos, a eficácia, a efetividade e a Posteriormente analisará literatura sobre eficá-
pertinência de intervenções, visando subsidiar cia, efetividade e eficiência de políticas, progra-
estratégias governamentais que sejam poten- mas, projetos e ações interinstitucionais e inter-
cialmente efetivas, tenham alcance universal e setoriais potencialmente efetivas para o benefí-
aumentem a eqüidade em saúde (Contandrio- cio universal à saúde com eqüidade. Essa meto-
poulos et al., 1997). No Reino Unido, foram rea- dologia baseia-se principalmente na experiên-
lizadas nas últimas décadas três grandes pesqui- cia internacional bem-sucedida na Grã-Breta-
sas avaliativas: The black report on social inequa- nha e nas peculiaridades da organização da
lities in health (O relatório black sobre desigual- atenção à saúde na gestão do Sistema Único de
dades sociais em saúde), de Townsend e David- Saúde no Rio Grande do Sul, ora em processo
son (1982); The health divide (A saúde divide), de descentralização e municipalização.
de Townsend, Davidson e Whitehead (1992); e Um dos objetivos da PADS-RS é sistemati-
Independent inquiry into inequalities in health zar informações sociais e de saúde para diferen-
(Avaliação independente sobre desigualdades tes áreas territoriais, como municípios, coorde-
em saúde) de Acheson (1998). Essas pesquisas nadorias regionais de saúde e macrorregionais
têm contribuído para estabelecer estratégias de saúde visando auxiliar os gestores estaduais
governamentais de promoção da eqüidade em de saúde a estabelecerem critérios de alocação
saúde a médio e longo prazo, identificação de de recursos financeiros, materiais e humanos e
áreas carentes de informação em saúde e defi- a priorizarem políticas, programas e projetos
nição de linhas de pesquisa prioritárias para fi- em diferentes áreas do território. Assim poderá
nanciamento com recursos públicos. colaborar para que o gestor viabilize, em nível
A proposta metodológica para definir indi- estadual, o cumprimento das disposições legais
cadores de desigualdades em saúde, apresenta- que deveriam estar normatizando o funciona-
da neste artigo, é resultado da primeira etapa da mento do SUS. Nesse sentido, a seleção de in-
Pesquisa Avaliativa de Desigualdade em Saúde dicadores de desigualdade em saúde entre as
no Rio Grande do Sul (PADS-RS). A definição áreas territoriais foi também influenciada pelo
desses indicadores é condição necessária para método RAWP (Resource Allocation Working
analisar a situação de saúde em estudos dessa Party), desenvolvido por um grupo de trabalho
natureza no Brasil. que visava à eqüidade na alocação de recursos
financeiros públicos em saúde entre regiões da
Grã-Bretanha (Department of Health and So-
cial Security, 1976, 1988). A fórmula RAWP,
implementada em 1976, estima necessidades re-
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gionais a partir da população ponderada pela doença, estar bem nutrido, ter respeito próprio
taxa nacional de utilização dos serviços, pela e ser respeitado e capaz de exercer ação política.
idade e sexo e pela taxa de mortalidade regional Promover saúde com eqüidade requer mé-
padronizada. A RAWP sofreu várias reformula- todos de planejamento que privilegiem o uso de
ções e tem sido um dos principais métodos de recursos (financeiros, humanos e físicos) po-
avaliação sistemática de necessidades e o prin- tencialmente benéficos para melhorar a saúde
cipal mecanismo de distribuição de recursos fi- de toda a população e promover eqüidade em
nanceiros por região na Grã-Bretanha (Foster, saúde. Para que o impacto social seja maior, as
1976; Ham, 1992). Seu modelo tem inspirado a ações devem atingir o maior número possível
adoção de mecanismos semelhantes interna- de pessoas, por exemplo, priorizando reduzir
cionalmente. No Brasil, a RAWP foi uma das doenças comuns ao invés da erradicar as raras.
referências para pesquisadores, profissionais e Como os grupos em menor risco geralmente
lideranças do setor discutirem sobre distribui- incluem número de indivíduos muito maior do
ção de recursos financeiros entre os níveis sub- que os grupos em alto risco, a maioria dos casos
nacionais (estados e municípios) de gestão du- de doença e agravos à saúde costuma ocorrer
rante a elaboração da Constituição e das leis do entre indivíduos com risco relativamente baixo.
SUS. Assim, para que haja maior mudança na saúde
A legislação que normatiza o SUS preconiza populacional, as ações não podem restringir-se
a distribuição de recursos financeiros através aos grupos de alto risco, devendo ter caráter
dos seguintes critérios: (1) perfil demográfico; universal (Rose, 1995). Contudo, a promoção
(2) características qualitativas e quantitativas da da eqüidade requer que o efeito positivo sobre
rede de serviços; (3) níveis de participação do a saúde seja maior nos grupos mais afetados
setor saúde nos orçamentos; (4) perfil epide- pelas desigualdades em saúde; por exemplo, es-
miológico da população; (5) desempenho téc- pera-se maior diminuição dos acidentes de
nico-econômico financeiro no período ante- trânsito se as ações promovidas tiverem maior
rior; (6) previsão de plano qüinqüenal de inves- impacto sobre os homens, pois a proporção de
timentos na rede; (7) ressarcimento do atendi- motoristas masculinos é maior e eles tendem a
mento a serviços prestados para outras esferas se envolver em acidentes mais graves. Para o al-
de governo (Brasil, 1990). A fórmula apresen- cance da eqüidade é de sobremaneira impor-
tada por Castro (1991), que contempla os três tante que as políticas públicas sejam direciona-
primeiros critérios previstos na lei e os estudos das para alterar os determinantes sociais das de-
como o de Piola (1990), propõe estratégias de sigualdades em saúde, destacando-se as estraté-
transformação desses critérios em indicadores gias para melhorar a qualidade de vida e ampliar
para distribuição de recursos financeiros da es- o capital cultural e político, concebido por Bour-
fera federal para a estadual e municipal, consi- dieu (1986) dos grupos sociais desprivilegiados.
derando a descentralização e a municipaliza- Desigualdades em saúde entre grupos so-
ção ora em curso. ciais com diferentes condições socioeconômi-
O conceito de saúde como qualidade de vi- cas, étnicas, de gênero, idade e de território têm
da e capacidades humanas determinadas social- sido evidenciadas internacionalmente. A saúde
mente é outro aspecto que fundamenta a pro- tende a ser pior para aqueles em piores condi-
posta de seleção e construção de indicadores de ções socioeconômicas, os que vivem em zona
saúde para a PADS-RS. Nesta pesquisa, saúde e rural ou favela e entre grupos étnicos cuja re-
desigualdade social são conceituadas a partir de presentação social é associada a estigmas, co-
formulações de Anand e Sen (2000) e Therborn mo os negros e os índios. Estudos mostram que
(2001). Saúde é definida pela qualidade de vida a determinação da saúde é multidimensional e
e pela capacidade de ser e agir de mulheres e que os determinantes interagem, influenciando
homens; e desigualdade social, pelas diferenças a saúde dos indivíduos desde a concepção até a
produzidas socialmente que sejam moralmente morte, através das gerações. Diferenças marcan-
injustas. Assim, desigualdade social em saúde tes na qualidade de vida e nas capacidades hu-
refere-se às diferenças produzidas socialmente manas resultantes de desigualdades no acesso a
na qualidade de vida e na capacidade de ser e bens sociais tendem a se sobrepor e as privações
agir dos grupos sociais e indivíduos, porque es- sociais múltiplas dependem muito mais de de-
tas diferenças são moralmente injustas. Nesse sigualdades estruturais que se mantêm ao longo
sentido, a saúde reflete características vitais apa- do tempo do que de atributos individuais (Fos-
rentemente elementares como estar vivo e sem ter, 1976; Townsend et al., 1992; Abel-Smith,
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1994; Drachler, 1998; Acheson, 1998). A con- Qualidade de vida e capacidades


cepção multidimensional do processo saúde- humanas socialmente determinadas:
doença implica dar maior prioridade a medi- a busca de indicadores
das que possam produzir maior variedade e
quantidade de conseqüências socialmente po- Trabalhando na perspectiva de saúde como qua-
sitivas. Esse é o caso de políticas que aumentem lidade de vida e capacidades humanas (Anand
o acesso à educação e repercutam positivamen- e Sen, 2000; Therborn, 2001), a PADS-RS tem
te na renda familiar em geral, de programas pa- procurado elaborar indicadores de saúde que
ra garantir renda mínima e de ações de atenção reflitam a qualidade de vida e a capacidade de
à saúde de gestantes, mães e crianças (Acheson, ser e agir, indicados pela (1) longevidade, mor-
1998; Drachler e Cortes, 2002). talidade, morbidade e estado nutricional e a (2)
A ampliação do capital cultural e político qualidade dos serviços de saúde no Estado, in-
dos grupos sociais desprivilegiados é um aspec- dicados pelo acesso às estruturas e aos proces-
to inovador da PADS-RS em relação a outras sos de cuidado e pela efetividade do cuidado
pesquisas avaliativas de desigualdades em saú- recebido. A maioria dos indicadores vem sendo
de. Ele refere-se ao empoderamento de repre- produzida com dados da Secretaria Estadual de
sentantes de usuários e trabalhadores de saúde Saúde, da Fundação de Economia e Estatística
por meio de informações organizadas e siste- do Rio Grande do Sul Siegfried Emanuel Heu-
matizadas. Por um lado, a pesquisa está desen- ser (FEE), da Fundação IBGE e do Datasus do
volvendo novos indicadores para avaliar, por Ministério da Saúde. Foi crucial selecionar in-
municípios, o nível de participação e de empo- dicadores de desigualdade social em saúde de
deramento de grupos sociais tradicionalmen- elaboração relativamente fácil a partir do uso
te excluídos dos processos decisórios, tais co- de bancos de dados disponíveis, que permitam
mo mulheres e usuários de serviços de saúde, formular recomendações de políticas e de ações
privilegiando o nível de participação em pos- no presente e avaliar seus resultados no futuro
tos políticos, administrativos e de gerência e o (Townsend & Davidson, 1982; Townsend et al.,
nível de institucionalização de fóruns partici- 1992; Acheson, 1998; Drachler & Cortes, 2002).
patórios (Cortes, 2000). Por outro, a PADS-RS A longevidade foi medida pela expectativa
visa promover diretamente maior participação de vida ao nascimento. O risco de morte para
e empoderamento. Os resultados da pesquisa crianças foi indicado pelos coeficientes de mor-
serão apresentados não apenas à Secretária da talidade neonatal e infantil e pelas taxas de mor-
Saúde do Estado, mas também ao Conselho Es- talidade de menores de 5 anos e de 5 a 14 anos,
tadual de Saúde. Uma das principais fontes de e para os adultos por meio de taxas de mortali-
desigualdades de poder entre membros de con- dade padronizadas para idade usando como re-
selhos de saúde é a diferença de acúmulo de ca- ferência a população mundial estimada para
pital cultural, indicada pela desigualdade de 2000-2025, todas apresentadas por grupos de
acesso a fontes de conhecimento. Um objetivo causas. A morbidade foi medida pela incidên-
fundamental da pesquisa é garantir a todos os cia e prevalência de doenças selecionadas, co-
conselheiros o acesso ao conhecimento cientí- mo por exemplo HIV/Aids, e o estado nutricio-
fico produzido pelo estudo, priorizando a co- nal ao nascimento, pelo peso ao nascimento.
municação dos resultados de forma acessível Os indicadores de qualidade dos serviços de
aos representantes de usuários. Assim, será pos- saúde foram definidos em dois níveis. O indi-
sível ampliar os recursos argumentativos, a ca- vidual, pelo acesso às estruturas e processos de
pacidade de produzir discurso e, portanto, de cuidado e pela efetividade do cuidado recebido
influenciar decisões desses conselheiros. Desse pelo indivíduo. Já o nível coletivo, pela qualida-
modo, a PADS-RS privilegia não apenas canais de dos cuidados de saúde recebidos pelas popu-
tradicionais de tomada de decisão, como ocor- lações, indicados pelo acesso a cuidados efeti-
re nas experiências de pesquisas avaliativas bri- vos, eficientes e equânimes, capazes de otimizar
tânicas (Townsend & Davidson, 1982; Town- benefícios para toda a população (Campbell et
send et al., 1992; Acheson, 1998), mas também al., 2000). Uma experiência inovadora da PADS-
os espaços participativos de deliberação políti- RS na busca de estratégias de avaliação da efe-
ca, peculiares à experiência brasileira. tividade do cuidado recebido pelo indivíduo
foi o desenvolvimento de um instrumento pa-
dronizado para avaliar percepção de apoio so-
cial provido pelos serviços a indivíduos em tra-
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tamento para HIV/Aids no SUS e outro instru- têm sido identificadas como determinantes de
mento para avaliar a expectativa desses indiví- iniqüidade em saúde na população.
duos em sua capacidade de aderir ao tratamen- A dimensão socioeconômica das desigual-
to (Leite et al., 2002). Esses questionários per- dades sociais tem sido abordada principalmen-
mitiram examinar desigualdades sociais (1) no te através do conceito de classe social, que se
processo de adesão ao tratamento, medida pela refere aos modos de inserção do indivíduo no
proporção da dose prescrita que é efetivamente processo produtivo. Estudos têm mostrado que
usada e (2) na efetividade do tratamento, me- diferenças de classe são as principais produ-
dida pela carga viral plasmática rotineiramente toras de desigualdade social. Embora diferen-
coletada pelos serviços especializados (Silveira ças bioconstitucionais venham sendo incor-
et al., 2003; Pinheiro et al., 2002). poradas à explicação das desigualdades sociais,
Limitações dos bancos de dados disponíveis as evidências da importância dos fatores estru-
levam a que os indicadores dos cuidados de turais têm crescido. Sociedades com melhores
saúde recebidos pelas populações restrinjam- condições de trabalho, menor desigualdade de
se a indicadores de atenção básica, de serviços rendimentos e menor variação nas condições de
de média e alta complexidade e de cobertura de moradia apresentam menos desigualdades em
ações de vigilância em saúde. Algumas obser- saúde entre os grupos socioeconômicos (Abel-
vações adicionais são relevantes sobre tais in- Smith, 1994; Drachler et al., 2002). As caracte-
dicadores. A primeira se refere à qualidade das rísticas bioconstitucionais como a idade, a cor
informações disponíveis. Os dados para cons- da pele e o sexo predispõem aos desfechos em
truir indicadores de morbidade são de qualida- saúde, mas não são seus principais determinan-
de variada, limitando substancialmente a pos- tes. Construções sociais dessas características
sibilidade de comparar grupos populacionais afetam fortemente a saúde, na medida em que
e períodos. A mortalidade do idoso apresenta- associam a certas faixas etárias, gêneros e etnias
va maior proporção de perda de informação do representações sociais sobrevalorizadas ou es-
que as demais faixas etárias, sendo as “causas tigmatizadas. Constroem-se também imagens
mal definidas” importante grupo de causas de sociais pejorativas sobre o trabalhador manual,
morte acima de 65 anos. A maioria das análises os moradores de favelas e o pobre. Tais repre-
se limita a desigualdades em saúde entre grupos sentações determinam desigualdades de opor-
sociais. Isso ocorreu porque muitas informações tunidades, estabelecem interdições formais e in-
(por exemplo cobertura vacinal) são disponí- formais, impõem maneiras de agir, estilos de vi-
veis somente para unidades territoriais. Além da e comportamentos pessoais, os quais afetam
disso, o Sistema de Informações sobre Mortali- a saúde diretamente e modificam os efeitos das
dade (SIM) é individual, mas as informações – características bioconstitucionais. Afetam ainda
exceto território, idade, gênero e causa da mor- a natureza das relações sociais dos indivíduos
te – não são preenchidas para grande parte dos no contexto imediato (com amigos, na família,
indivíduos. Análises de desigualdade interin- na escola, no trabalho e na comunidade), in-
dividual na saúde estão sendo realizadas para fluenciando suas condições de vida, na medida
o peso ao nascimento, a maternidade na ado- em que implicam oportunidades desiguais de
lescência, a cobertura de pré-natal e a prevalên- ocupação no mercado de trabalho, de remune-
cia de partos cesárea, porque o Sistema de In- ração, de acesso à educação, à moradia adequa-
formações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) apre- da e aos serviços de saúde de boa qualidade.
senta as informações sociais e de saúde indivi- Para trabalhar a dimensão socioeconômi-
duais, completas para quase a totalidade dos ca, tentou-se – sem sucesso – construir a variá-
nascidos vivos. vel ocupação como indicador de classe social.
Nos atestados de óbito, há perda de informa-
ção para a variável ocupação atual na maioria
Determinantes sociais da qualidade dos casos e, para os aposentados, é desconheci-
de vida e capacidades humanas: da a principal ocupação durante a vida. A in-
busca de indicadores formação sobre ocupação na Relação Anual de
Informações Sociais do Ministério do Trabalho
Diversas formas de desigualdade social, parti- (RAIS) também não pode ser utilizada porque
cularmente aquelas relacionadas às dimensões se refere aos trabalhadores ocupados no setor
(1) socioeconômica, (2) geográfico-territorial, formal da economia, excluindo, portanto, os
(3) de faixa etária, (4) de gênero e (5) de etnia desempregados e as pessoas em ocupações pre-
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cárias. Além disso, as informações da RAIS não cional de 1996, o que prejudicou a análise das
podem ser relacionadas aos dados disponíveis tendências temporais do efeito das desigualda-
sobre a saúde dos indivíduos e das populações, des em educação sobre a saúde. Foi possível, en-
porque o endereço de referência da RAIS é a se- tretanto, examinar tendências temporais rela-
de estadual ou regional das empresas, e não a cionadas à escolaridade materna utilizando da-
residência dos indivíduos. dos do Sinasc-RS de 1996 a 2000. Este banco de
Um indicador de desigualdade socioeconô- dados apresenta informações sociais e de saúde
mica usado na PADS-RS foi o Produto Interno completas para quase todos os indivíduos re-
Bruto (PIB) per capita municipal, que expres- gistrados, o que permite a realização de análi-
sa o montante de produção de renda da econo- ses em nível individual e de grupo social. A es-
mia do município (FEE, 2001). Uma das razões colaridade das mães foi então relacionada a in-
para a sua escolha foi sua disponibilidade por dicadores de saúde como o estado nutricional
município para a década de 1990, período fo- ao nascimento (peso ao nascimento) e a mater-
calizado pela presente pesquisa. O PIB sinaliza nidade na adolescência, conhecidos fatores de
a renda total, desconsiderando o modo de sua risco para morbidade e mortalidade na crian-
distribuição. Por outro lado, o Gini, índice de ça. A escolaridade materna também foi relacio-
concentração de renda-salário municipal (FEE, nada à cobertura de consultas de pré-natal e à
2001), poderia ser um indicador importante da incidência de parto cesárea, que refletem a qua-
distribuição de rendimentos entre a população lidade dos serviços de saúde.
de cada cidade. Entretanto, esse índice Gini in- A dimensão geográfico-territorial das desi-
dica o nível de concentração de rendimentos gualdades sociais foi indicada pelo município e
provenientes de aposentadorias e ocupações for- sua localização nos territórios das 7 macrorre-
mais, incluindo somente trabalhadores com car- gionais de saúde e das 19 coordenadorias re-
teira assinada, trabalhadores autônomos com gionais de saúde do Estado. Essas unidades ter-
vínculo previdenciário e funcionários públicos, ritoriais correspondem às áreas administrativas
excluindo do índice cerca de 52,5% do total de construídas historicamente através de um con-
ocupados no Estado (Fligenspan, 2000). Dessa junto de decisões políticas, das quais participa-
forma, o índice Gini construído pela FEE su- ram vários atores sociais. As 7 macrorregionais
bestima desigualdades de rendimentos dentro de saúde foram constituídas na última adminis-
dos municípios, porque a proporção de traba- tração estadual a partir de municípios pólo de
lhadores em atividades de baixa remuneração referência para serviços e coordenação de ações
tende a ser maior entre aqueles em ocupações e políticas de saúde regionais. As 19 coordena-
precárias. Essa subestimação não é homogênea dorias de saúde originaram-se das “delegacias
entre os municípios, o erro será maior para mu- regionais”, organizadas em 1938, pelo então re-
nicípios com maior proporção de ocupações cém-criado Departamento Estadual de Saúde
precárias. Já o índice Gini produzido pelo IBGE (Cortes, 1988). Elas representam a regionaliza-
refere-se à renda das pessoas responsáveis pelos ção estadual tradicional no setor, atualmente
domicílios, mas, até o momento, está disponí- questionada quanto a sua adequação às novas
vel somente para 1991. Por isso, o PIB per capi- tendências de regionalização no Estado (Cortes,
ta municipal foi usado como o indicador básico 2002). Particularmente os municípios – princi-
da dimensão econômica das condições socioe- pal unidade de agregação de dados desta pes-
conômicas. Através dele está sendo possível ve- quisa – se constituem em espaços politicamen-
rificar o impacto da dimensão econômica sobre te definidos, onde diferentes determinantes so-
os diversos indicadores de saúde mencionados ciais da saúde se manifestam através da capa-
anteriormente. cidade da economia local de gerar riqueza, es-
O nível de escolaridade materna também foi colaridade de seus habitantes, proporção das
usado como indicador de desigualdades socioe- moradias com abastecimento de água encana-
conômicas. Ele foi escolhido, porque a literatu- da e esgotamento sanitário ligado à rede geral
ra tem mostrado a importância da educação fe- ou fossa séptica, tamanho da população resi-
minina na melhoria das condições de vida, ex- dente e grau de urbanização, medido pela pro-
pressas por indicadores de mortalidade infan- porção de residentes nas zonas rurais. Tais de-
til e de expectativa de vida ao nascer (Leite, sigualdades sociais intermunicipais e regionais
1988; Abel-Smith, 1994). No entanto, as cate- têm sido recorrentemente abordadas pela lite-
gorias de escolaridade diferiram entre os censos ratura (Bandeira, 1999) e estão sendo descritas
do IBGE de 1991 e 2001 e a contagem popula- pela pesquisa. A desigualdade territorial em
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saúde foi analisada para todos os indicadores de Coordenação de Saúde Indígena da SES/RS,
de qualidade de vida e das capacidades huma- com auxílio de um indigenista da Secretaria
nas mencionados anteriormente. As principais Estadual de Educação do Rio Grande do Sul e,
causas de morte nas diversas coordenadorias re- quando necessário, de lideranças indígenas da
gionais e macrorregionais de saúde foram deta- área de residência do indivíduo hospitalizado.
lhadas para os períodos 1991-1993, 1994-1996, Em casos de dúvida, o indivíduo era considera-
1997-1999. Os indicadores de saúde baseados do não-índio. Assim, embora internações de
nos dados do Sinasc-RS foram elaborados pa- indivíduos de outras raças ou etnias possam ter
ra essas unidades territoriais para 1994-1996, sido identificadas como internações de índios,
1997-1998, e 1999-2000. é mais provável que índios tenham deixado de
A desigualdade social referente à faixa etá- ser identificados por usarem sobrenomes inco-
ria e ao gênero foi analisada em sua associação muns, morarem fora de terras indígenas, ou
com todos os indicadores de qualidade de vida por erros no preenchimento da AIH, levando à
e capacidades humanas mencionados anterior- subestimação das taxas de internação hospita-
mente, os quais foram estimados para os perío- lar. A idade no dia da internação foi calculada a
dos 1991-1993, 1994-1996, 1997-1999, separa- partir das datas de nascimento e de internação
damente para as 7 macrorregionais de saúde e hospitalar. O número de nascimentos em 2001
as 19 coordenadorias regionais de saúde do Es- de crianças índias, cujas mães residiam no DSEI
tado, e para municípios agrupados conforme o Interior Sul – RS, foi obtido do Sistema de In-
PIB per capita, o tamanho da população e o grau formações de Nascidos Vivos (Sinasc-RS); as
de urbanização, indicado pela percentagem de informações sobre os óbitos foram buscadas no
residentes em zona rural. Sistema de Informação de Mortalidade (SIM-
A elaboração de indicadores da dimensão RS). Outra fonte de dados sobre internações
étnica das desigualdades em saúde foi um gran- hospitalares, mortes e nascimentos de índios foi
de desafio, pois a variável etnia ou cor da pele o relatório apresentado pela Funasa/RS em reu-
não está incluída nos sistemas de informação nião do Conselho Distrital do DSEI Interior Sul,
SIH/SAI e está sub-registrada no SIM, Sinasc e realizada em Florianópolis em junho de 2002.
Sinam (Diehl et al., 2003). Foi possível examinar As análises realizadas pela PADS-RS mos-
desigualdades étnicas para o peso ao nascimen- traram que as taxas de mortalidade dos povos
to, local do nascimento (hospital e domicílio) e indígenas são bem menores quando estimadas
para tipo de parto (cesárea ou outro) usando com dados do SIM e Sinasc do que com dados
dados do Sinasc a partir de 1998. A falta de pre- da Funasa. Embora exista a possibilidade de que
enchimento da etnia na maioria dos atestados alguns nascimentos não tenham sido registra-
de óbito impediu, até o momento, o exame das dos pela Funasa, a maior parte das diferenças
desigualdades étnicas ou de cor da pele na mor- entre as fontes de dados provavelmente reflete
talidade e na expectativa de vida. A exceção foi sub-registro de óbitos de índios no sistema ofi-
a análise da atenção à saúde no Distrito Sanitá- cial (SIM), devido à não exigência de atestado
rio Especial Indígena Interior Sul, no âmbito de óbito para índios, sepultados em cemitérios
do Rio Grande do Sul, comparada às médias indígenas, onde não há necessidade de apresen-
estaduais para (1) cobertura de profissionais de tação de registro de óbito. Esse sub-registro po-
saúde, (2) cobertura de consultas médicas e de de estar subestimando a mortalidade em muni-
internações hospitalares e (3) taxas de mortali- cípios que incluem população indígena, como
dade geral, infantil e de menores de 5 anos em foi demonstrado para Redentora, no Rio Gran-
2001 (Diehl et al., 2003). O número de profis- de do Sul em 2001 (Menegolla et al., 2002). O
sionais da saúde das Equipes Multidisciplina- Sistema de Informações de Saúde Indígena (Sia-
res de Saúde Indígena foi obtido de portaria do si), atualmente em implantação, poderá difi-
Ministério da Saúde (Brasil, 2002) e a cobertu- cultar a avaliação da situação de saúde indíge-
ra de serviços hospitalares, calculada a partir de na dentro do contexto nacional e manter a já
informações do Banco de Autorizações de In- apontada invisibilidade das desigualdades étni-
ternações Hospitalares (SIH-RS) em hospitais cas no Brasil (Oliveira, 1997; Coimbra Jr. e San-
que recebem incentivos para atendimento de tos, 2000; Peterson, 2002). A falta de informa-
indígenas. Já que as AIHs não informam cor ou ções sobre idosos, mencionada anteriormente,
etnia, as internações de índios foram identifi- e sobre as minorias étnicas expressa desatenção
cadas a partir do sobrenome e endereço dos in- institucionalizada e recorrente em relação a es-
divíduos. A identificação foi feita pela equipe ses grupos sociais.
468

Considerações finais ce está ainda em fase de desenvolvimento. É cal-


culado de modo semelhante ao índice das cri-
A magnitude das desigualdades e os recursos anças, combinando riscos individuais de morte
escassos no Brasil impõem que as prioridades e prevalência de desfechos de saúde não-fatais
para a gestão pública sejam embasadas em co- em uma série de faixas etárias. Embora se reco-
nhecimento sobre a natureza das desigualda- nheça a relevância dos dois índices gerais de de-
des sociais em saúde e sobre o impacto social sigualdade em saúde desenvolvidos pela OMS,
de políticas, programas, projetos e ações públi- a PADS-RS não os utilizou devido às seguintes
cas sobre a saúde e seus determinantes. A pes- limitações. Os dois índices trabalham com o
quisa avaliativa do Rio Grande do Sul visa con- conceito de desigualdade na saúde total, mas
tribuir para o estabelecimento de prioridades são baseados somente em indicadores de adoe-
para a gestão pública e para a formação de uma cimento e morte. O Índice de Desigualdade de
agenda de ações governamentais comprometi- Sobrevida das Crianças restringe-se aos meno-
da com a promoção da eqüidade em saúde. O res de dois anos, desconsiderando que os riscos
delineamento e operacionalização da PADS-RS nessa faixa etária diferem dos apresentados por
estão informados por experiência internacional crianças mais velhas. O índice de desigualdade
de avaliação e planejamento bem- sucedidos. na expectativa de vida saudável para adultos es-
Seus principais procedimentos baseiam-se na tá ainda em desenvolvimento. Ambos requerem
Avaliação Independente sobre Desigualdades dados individuais de alta qualidade obtidos de
em Saúde (Acheson, 1998), adaptados às parti- registros vitais, dados censitários e inquéritos
cularidades da organização dos serviços de saú- de saúde individual em todos os territórios a
de no Brasil, às informações disponíveis e aos serem comparados. Os inquéritos de saúde in-
recursos financeiros da pesquisa. Embora na dividual no Rio Grande do Sul abrangem pou-
Grã-Bretanha as informações sobre a realidade cos municípios (a maioria foi realizada em Pe-
social e em saúde sejam mais completas e mais lotas e na região metropolitana de Porto Ale-
acessíveis, foi possível construir metodologia gre). Ainda está em fase de validação a propos-
similar, pois existem no Brasil bancos de dados ta da OMS de lidar com a carência de informa-
de boa qualidade – no IBGE, Datasus e em ou- ções individuais por meio da utilização de va-
tras instituições de pesquisa regionais e esta- lores populacionais disponíveis para ‘peque-
duais – e é intensa a produção acadêmica no nas-áreas’, tais como distritos sanitários ou mu-
país sobre os temas da desigualdade social e em nicípios. Embora essa seja a melhor solução en-
saúde. No entanto, a incompatibilidade entre contrada para a carência de informações indi-
os sistemas de informação e a especificidade viduais, a medida da desigualdade será subesti-
das informações coletadas pelas diferentes ins- mada se a população dessas pequenas unidades
tituições restringem as possibilidades de análi- territoriais for heterogênea, em termos sociais
se das desigualdades sociais em saúde. Portan- e de saúde.
to, estratégias para compatibilizar e melhor A iniciativa da OMS de medir desigualdade
aproveitar os dados são necessárias. em saúde a partir da variação em saúde entre in-
A PADS-RS vem utilizando uma série de in- divíduos é importante, porque as medidas en-
dicadores de desigualdades em saúde, mas não tre grupos ignoram as desigualdades que exis-
privilegiou índices de “desigualdade na saúde tem dentro dos grupos sociais. Contudo, como
total”, como os que vêm sendo desenvolvidos a provisão dos recursos é planejada e distribuí-
pela OMS na última década. Eles sumarizam, da para grupos populacionais e os custos da
ao mesmo tempo, desigualdades interindivi- construção regular dos índices de desigualdade
duais absolutas e relativas, através de um valor interindividual na saúde total são muito altos,
numérico único. O primeiro é o Índice de De- é provável que, mesmo após sua validação, eles
sigualdade na Sobrevida de Crianças, um coefi- não estarão entre os principais métodos de ava-
ciente Gini que é elaborado pela combinação liação sistemática da saúde. Conforme o relató-
de riscos individuais de adoecimento e de mor- rio entregue à OMS pelo grupo de especialistas
te até dois anos de idade. O segundo indica, pa- em avaliação de desempenho de sistemas de
ra adultos, a desigualdade interindividual na saúde (SPRG, 2001), os indicadores de maior
expectativa de vida saudável (HALE – Health- utilidade para a definição de políticas e ações
Adjusted Life-Expectancy), medida pela dife- promotoras de saúde com eqüidade têm sido
rença na expectativa de vida, levando em conta os que permitem estimar a situação atual e as
a severidade de desfechos não-fatais. Esse índi- tendências da longevidade, mortalidade, mor-
469

bidade, estado nutricional e qualidade dos ser-


viços de saúde para os grupos sociais, em ter-
mos absolutos e relativos, que têm sido busca-
dos neste estudo. Espera-se que esta pesquisa,
ora em andamento, colabore para o desenvol-
vimento de metodologia de pesquisa avaliativa
sobre desigualdade em saúde que possa ser
aplicada em outros estados e no país.

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