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Os dados mostram também que 6,6% dos domicílios (cerca de 4,5 milhões)
sobreviveram apenas com os rendimentos recebidos do auxílio emergencial
(AE), 1 milhão de domicílios a mais que em maio. Além disso, em média, após
o considerar o AE, a renda domiciliar alcançou 98% do que seria caso houvesse
recebido rendimentos do trabalho habituais. Esse impacto foi maior entre os
domicílios de renda baixa, onde, após o AE, os rendimentos atingiram 109% do
que seriam com as rendas habituais.
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1 Introdução
2
A tabela 1 mostra os rendimentos médios efetivamente e habitualmente recebidos
de acordo com a PNAD Covid-19 no mês de junho, para o Brasil e diferentes
grupos demográficos. Conforme já mencionamos acima, a renda efetiva atingiu
somente 83% da renda habitual, e todos os diferentes grupos foram duramente
atingidos. Entre as regiões, no Nordeste, a renda efetiva alcançara somente 81%
da habitual, enquanto que o Centro-Oeste foi a região menos impactada (86,7%).
TABELA 1
Rendimento médio do trabalho efetivamente e habitualmente recebido por grupos demográficos (maio-jun./2020)
(Em R$ de jun./2020)
Rendimento Rendimento Razão dos Taxa Razão dos
efetivo do habitual do rendimentos em crescimento da rendimentos em
Trabalho (1) Trabalho (2) junho (1/2) renda efetiva maio
Brasil 1938,76 2331,70 83,1 2,5 81,8
Esse aumento da renda efetiva se refletiu numa diminuição entre a distância dos
rendimentos efetivos e os habituais para todos os grupos entre os meses de maio e
1. Os valores, em reais de junho de 2020, dos rendimentos efetivos e habituais do trabalho para o mês de maio são mostrados na tabela A.1
no apêndice.
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junho. Para o Brasil, a razão de rendimentos subiu de 82% para 83%. No Sudeste, a
razão subiu de 80,7% para 82,3%, enquanto no Norte subiu de 83,6% para 85,3%.
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formais, por sua vez, foram consideravelmente menos atingidos. Trabalhadores do
setor privado com carteira receberam em média 91,6% do habitual (praticamente
mesmo valor do mês de maio), e os do setor público contratados pela Consolidação
das Leis Trabalhistas (CLT), 96%. Entre militares e estatutários, a renda efetiva
alcançou 97,6% da renda habitual, e mesmo entre os trabalhadores informais
do setor público a renda efetiva foi 93,1% do habitual. Como destaque negativo,
observa-se que, apesar de a razão dos rendimentos ter subido entre maio e junho
para os trabalhadores informais, estes apresentaram uma queda de 3,8% na renda
efetivamente recebida do trabalho.
2. Trata-se de aposentadoria, pensão, mesada, doação, seguro-desemprego, Bolsa-Família, Benefício de Prestação Continuada, rendimentos
de aluguel e financeiros.
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Assim como em maio, o forte impacto da pandemia é notado devido ao fato de
que 32% dos domicílios não apresentaram nenhuma renda no trabalho. De acordo
com a PNAD Contínua, esse valor era de 23,5% no primeiro trimestre de 2020.
Naturalmente, a proporção de domicílios sem renda cai consideravelmente quando
acrescentamos as rendas de outras fontes, indo para 8,4%, o que significa que
23,6% dos domicílios (ou cerca de 16 milhões) recebem apenas rendas de outras
fontes.
Por sua vez, a tabela 3 indica que em junho, de acordo com os dados da PNAD
Covid-19, 6,6% dos domicílios (cerca de 4,5 milhões) sobreviveram apenas com
os rendimentos recebidos do AE, o que representa quase 1 milhão de domicílios a
mais que no mês anterior (para comparação dos dados de maio são mostrados na
tabela A.7 no apêndice). A tabela revela também que o AE elevou a proporção dos
domicílios de renda média.
28,95
Renda baixa
Renda média
Renda média-alta
Renda alta
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A tabela 5 mostra os rendimentos médios domiciliares a partir das diversas fontes
de renda e por faixa de renda (de acordo com a renda domiciliar total efetiva).
Nota-se que o rendimento médio domiciliar do trabalho efetivo foi de R$ 2.264,82,
o que, assim como a média individual, representa 83% da renda habitual (ver tabela
6). O acréscimo das rendas de outras fontes eleva o rendimento domiciliar efetivo
médio para R$ 3.259, e por sua vez o AE elevou em pouco mais de R$ 380 a renda
domiciliar total, alcançando R$ 3.641,22.
Renda muito baixa 347,10 719,22 775,49 658,34 1030,46 865,45 1094,43 1466,55
Renda baixa 845,19 1154,34 1305,37 1534,61 1843,76 858,34 2017,59 2326,74
Renda média-baixa 1831,06 2229,70 1766,51 2751,66 3150,30 900,42 3173,43 3572,07
Renda média 3892,79 4449,09 2754,01 5350,96 5907,26 945,81 5631,07 6187,36
Renda média-alta 8189,15 9111,69 5406,29 11079,03 12001,57 845,21 11176,66 12099,20
Renda alta 20248,99 21759,61 9841,91 25985,71 27496,33 1045,38 26022,09 27532,71
Fonte: PNAD Covid-19/IBGE.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
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totais efetivamente recebidos, incluindo o AE, com a renda habitualmente recebida
incluindo as rendas de outras fontes, mas sem o AE. Em média, após o AE, a
renda domiciliar alcançou 98% do que seria caso houvesse recebido rendimentos
do trabalho habituais. Esse efeito foi maior entre os domicílios de renda baixa, nos
quais, após o AE, os rendimentos atingiram 109% do que seriam com as rendas
habituais.
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A tabela 7 mostra a massa de rendimentos do trabalho efetiva e habitualmente
recebidos por posição na ocupação a partir dos dados da PNAD Covid-19. O
total da massa de rendimentos efetivos do trabalho foi de R$ 159,3 bilhões (um
crescimento de 1,3% em comparação com o mês anterior), enquanto a massa de
rendimentos habitualmente recebido foi de R$ 191,6 bilhões. Os dados por posição
na ocupação mostram que as diferenças das massas efetivamente e habitualmente
recebidas dos trabalhadores por conta própria representam mais da metade da
diferença total, apesar de a massa efetiva dos trabalhadores conta própria ter
crescido mais de 5% entre maio e junho. Estes receberam efetivamente R$ 28,2
bilhões, contra os habituais R$ 445 bilhões (uma diferença de R$ 16,3 bilhões,
pouco mais de 50% da diferença total de R$ 32,3 bilhões).
TABELA 7
Massa de rendimentos do trabalho efetivamente e habitualmente recebidos por posição na ocupação (maio-
-jun./2020)
Nota-se novamente que o AE foi muito importante para os domicílios mais pobres.
Para as famílias de renda muito baixa, a massa de rendimentos do AE (R$ 7,8 bi)
foi maior que a diferença entre a massa salarial habitual e efetiva (R$ 6,6 bi). Para
os domicílios de renda baixa, a massa do AE foi quase R$ 3 bilhões superior a essa
diferença, e mesmo para as famílias de renda média-baixa a massa do AE superou
diferença entre a massa efetiva e a habitual.
Nas tabelas A.8 e A.9 do apêndice são mostrados os mesmos dados da tabela 8 por
região e Unidade da Federação, respectivamente. Destaque para o fato de que no
Norte a massa do AE foi 88% maior que a diferença entre a massa salarial habitual
e a efetiva. No Nordeste, a massa do AE foi 80% maior, ao passo que no Sul e
Sudeste a massa do AE alcançou pouco mais de 50% dessa diferença.
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TABELA 8
Massa de rendimentos do trabalho efetivamente e habitualmente recebidos, massa de rendimentos do AE e de
outras fontes, por faixa de renda (maio-jun./2020)
(Em R$ bilhões de ju./2020)
Massa Massa Diferença da
Massa de Massa de rendimentos
Painel A: Junho salarial salarial massa habitual e
rendimentos do AE de outras fontes
efetiva habitual efetiva
Brasil 159,30 191,59 32,29 27,23 70,72
Os dados da PNAD Covid-19 de junho são claros em mostrar, seja analisando por
faixa de renda ou por região, que o papel do AE na compensação da renda perdida
em virtude da pandemia foi ainda mais importante que no mês anterior. Isto se
deve tanto por causa de maiores desembolsos do auxílio em junho, quanto porque
as diferenças entre as rendas efetivas e habituais foram menores. Entretanto, essas
diferenças permaneceram expressivas, e ainda muito fortes para os trabalhadores
informais, tendo inclusive aumentado entre os domicílios de renda muito baixa.
Referências
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Apêndice
TABELA A.1
Rendimento médio do trabalho efetivamente e habitualmente recebido por grupos demográficos (maio/2020)
(Em R$ de jun./2020)
Rendimento efetivo do
Rendimento habitual do Trabalho - Maio
Trabalho - Maio
Brasil 1891,64 2311,42
TABELA A.2
Rendimento médio do trabalho efetivamente e habitualmente recebido por Unidade da Federação (jun./2020)
(Em R$ de jun./2020)
razão dos
Rendimento Rendimento Taxa razão dos
rendimentos
efetivo do habitual do crescimento da rendimentos
em junho
Trabalho (1) Trabalho (2) renda efetiva em maio
(1/2)
Brasil 1938,76 2331,70 83,1 2,5 81,8
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TABELA A.3
Rendimento médio do trabalho efetivamente e habitualmente recebido por Unidade da Federação (maio/2020)
(Em R$ de jun./2020)
Rendimento efetivo do Trabalho - maio Rendimento habitual do Trabalho - maio
Brasil 1891,64 2311,42
TABELA A.4
Rendimento médio do trabalho efetivamente e habitualmente recebido por posição na ocupação (maio/2020)
(Em R$ de jun./2020)
Rendimento efetivo do Trabalho - Maio Rendimento habitual do Trabalho - Maio
Brasil 1891,64 2311,42
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TABELA A.5
Rendimento médio do trabalho efetivamente e habitualmente recebido por setor de atividade (jun./2020)
(Em R$ de jun./2020)
Razão dos Taxa
Rendimento Rendimento Razão dos
rendimentos crescimento
efetivo do habitual do rendimentos
em junho da renda
Trabalho (1) Trabalho (2) em maio
(1/2) efetiva
Agricultura, pecuária, produção florestal e pesca 1282,22 1476,29 86,9 4,9 86,2
Indústria Extrativa 3695,13 3987,65 92,7 0,2 92,1
Indústria da transformação 1799,57 2161,90 83,2 -0,6 83,1
Fornecimento de eletricidade e gás, água, esgoto e coleta de
2389,83 2553,17 93,6 7,0 92,9
lixo
Construção 1389,00 1839,43 75,5 4,8 71,3
Comércio no atacado e varejo; 1439,72 1823,89 78,9 1,8 76,2
Reparação de veículos automotores e motocicletas 1451,25 1910,68 76,0 3,7 74,7
Transporte de passageiros 1221,00 2023,37 60,3 10,1 56,6
Transporte de mercadorias 1838,23 2223,94 82,7 -1,5 83,6
Armazenamento, correios e serviços de entregas 1911,35 2079,12 91,9 -5,5 91,4
Hospedagem (hotéis, pousadas etc.) 1423,97 2171,35 65,6 0,7 62,8
Serviço de alimentação (bares, restaurantes, ambulantes de
1067,99 1623,96 65,8 3,2 65,1
alimentação)
Informação e comunicação (jornais, rádio e televisão,
2875,68 3304,91 87,0 3,4 87,4
telecomunicações e informática)
Bancos, atividades financeiras e de seguros 3949,20 4359,17 90,6 1,2 92,4
TABELA A.6
Rendimento médio do trabalho efetivamente e habitualmente recebido setor de atividade (maio/2020)
(Em R$ de jun/2020)
Rendimento efetivo do Trabalho Rendimento habitual do
- maio Trabalho - maio
Agricultura, pecuária, produção florestal e pesca 1222,08 1417,75
Indústria Extrativa 3688,88 4004,33
Indústria da transformação 1810,52 2178,27
Fornecimento de eletricidade e gás, água, esgoto e coleta de lixo 2232,47 2403,39
Construção 1325,70 1860,55
Comércio no atacado e varejo; 1414,24 1854,94
Reparação de veículos automotores e motocicletas 1399,81 1872,97
Transporte de passageiros 1109,14 1960,47
Transporte de mercadorias 1866,26 2232,63
Armazenamento, correios e serviços de entregas 2021,86 2211,87
Hospedagem (hotéis, pousadas etc.) 1414,50 2251,88
Serviço de alimentação (bares, restaurantes, ambulantes de alimentação) 1034,40 1588,02
Informação e comunicação (jornais, rádio e televisão, telecomunicações e
2780,34 3181,03
informática)
Bancos, atividades financeiras e de seguros 3903,90 4223,78
Atividades imobiliárias 2485,91 3554,82
Escritórios de advocacia, engenharia, publicidade e veterinária 2956,36 3770,88
Atividades de locação de mão de obra, segurança, limpeza, paisagismo e
1467,65 1682,59
teleatendimento
Administração pública 3536,40 3636,21
Educação 2731,65 2963,68
Saúde humana e assistência social 2768,15 3331,36
Organizações religiosas, sindicatos e associações 2242,98 2620,44
Atividade artísticas, esportivas e de recreação 1182,05 2161,08
Cabeleireiros, tratamento de beleza e serviços pessoais 653,73 1536,75
Serviço doméstico remunerado 695,72 944,51
Outro 2060,44 2558,09
Fonte: PNAD Covid-19/IBGE.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
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TABELA A.7
Proporção e total de domicílios por faixa de renda (maio/2020)
Renda Renda Renda Renda
Sem renda Renda baixa Renda alta
muito baixa média-baixa média média-alta
Renda de trabalho efetiva (%) 32,07 29,02 10,55 13,84 9,51 3,69 1,33
Total de domicílios (unidade) 21.812.477 19.740.734 7.175.055 9.413.149 6.471.041 2.508.399 903.373
Renda com outras fontes (%) 7,66 34,82 16,95 19,51 13,81 5,34 1,92
Total de domicílios (unidade) 5.207.385 23.686.354 11.527.043 13.270.818 9.392.596 3.631.372 1.308.661
Renda de todas as fontes (com AE) (%) 2,48 29,73 20,57 24,34 15,47 5,47 1,93
Total de domicílios (unidade) 1.688.800 20.223.490 13.993.137 16.558.085 10.525.867 3.720.001 1.314.849
Fonte: PNAD Covid-19/IBGE.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
TABELA A.8
Massa de rendimentos do trabalho efetivamente e habitualmente recebidos, massa de rendimentos do auxílio
emergencial (AE) e de outras fontes, por região (maio-jun./2020)
(Em R$ bilhões de maio/2020)
Painel A: Junho
Massa Massa Diferença da Massa de
Massa de
TABELA A.9
Massa de rendimentos do trabalho efetivamente e habitualmente recebidos, massa de rendimentos do AE e de
outras fontes, por Unidade da Federação (jun./2020)
(Em R$ bilhões de jun./2020)
Diferença da
Massa salarial Massa salarial Massa de rendimentos Massa de rendimentos
massa habitual e
efetiva habitual do AE de outras fontes
efetiva
Rondônia 1,21 1,36 0,16 0,25 0,40
Acre 0,43 0,48 0,05 0,14 0,19
Amazonas 1,76 2,12 0,36 0,66 0,61
Roraima 0,35 0,39 0,04 0,07 0,08
Pará 4,24 5,04 0,80 1,55 1,56
Amapá 0,38 0,46 0,07 0,15 0,12
Tocantins 1,04 1,18 0,14 0,24 0,39
Maranhão 2,39 2,85 0,46 1,41 1,36
Piauí 1,33 1,55 0,22 0,59 0,89
Ceará 4,05 4,96 0,92 1,61 2,29
Rio Grande do Norte 1,83 2,18 0,35 0,57 1,05
Paraíba 1,84 2,20 0,36 0,69 1,09
Pernambuco 4,60 5,84 1,25 1,66 2,35
Alagoas 1,24 1,46 0,22 0,60 0,77
Sergipe 1,08 1,37 0,29 0,41 0,65
Bahia 6,52 8,20 1,68 2,74 3,44
Minas Gerais 15,34 18,30 2,96 2,47 7,56
Espírito Santo 2,96 3,59 0,63 0,51 1,27
Rio de Janeiro 15,00 18,88 3,87 1,92 8,06
São Paulo 47,34 57,25 9,90 4,45 18,70
Paraná 11,11 12,97 1,86 1,15 4,25
Santa Catarina 7,13 8,21 1,08 0,47 2,92
Rio Grande do Sul 10,51 12,73 2,22 0,98 5,78
Mato Grosso do Sul 2,40 2,68 0,28 0,32 0,85
Mato Grosso 3,14 3,47 0,32 0,40 0,76
Goiás 5,32 6,57 1,25 0,92 1,85
Distrito Federal 4,74 5,29 0,55 0,28 1,48
Fonte: PNAD Covid-19/IBGE.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
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Anexo
QUADRO 2
Proporção de domicílios por faixas de renda do trabalho
(Em %)
Faixa de renda 1º tri 2018 1º tri 2019 4º tri 2019 1º tri 2020
0 – Sem renda do trabalho 19,07 22,71 22,16 23,48
1 - Renda muito baixa 28,41 29,82 29,19 28,51
2 - Renda baixa 12,40 11,58 11,61 13,05
3 - Renda média-baixa 18,66 17,08 17,25 15,76
4 - Renda média 14,02 12,22 12,82 12,34
5 - Renda média-alta 5,24 4,54 4,80 4,67
6 - Renda alta 2,01 2,05 2,16 2,19
Fonte: PNAD Contínua/IBGE.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
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Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac)
Grupo de Conjuntura
Equipe Técnica:
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