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34° Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Bezerra de Menezes

“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas


Relacionados à Alma Humana em Desenvolvimento - Sexualidade
Desvirtuada – 2ª Parte”

Objetivo geral: Entender que a energia sexual só é utilizada no campo da vida humana,
que é uma pequena parcela transitória da energia vital do espírito, sendo responsável
pela continuidade e evolução da espécie e que sublimada, através de sentimentos mais
elevados, irá contribuir na tarefa do desenvolvimento do ser cuja destinação é o Amor
de Deus.

Tema 3- Conclusão: Identificar na trajetória de Bezerra de Menezes, assim como na


de outros benfeitores, a contribuição na aplicação dessa energia para o
desenvolvimento moral do espírito imortal.

Introdução

Ao falarmos de energia criadora direcionada para o bem, não há exemplo maior do


que Jesus, Guia da Humanidade, nosso irmão Maior. Todo o seu tempo na Terra foi
utilizado para direcionar os seres humanos a uma conduta moral e com regras de bem
viver com o próximo. Espírito puro e sublimado, Jesus aplicava a energia criadora
sempre em direção ao bem, ao amor e ao progresso das criaturas. .

Jesus é a luz que brilha na Terra, indicando o caminho da paz e da


felicidade, tão almejadas pelos homens. Governador Espiritual da Terra, se utilizava
dessa energia, com a diferença incomensurável de que ela se encontra no mais alto
grau de purificação.

Bezerra de Menezes utilizou em toda a sua vida a energia criadora, se dedicando a


todos que passaram em sua jornada terrena. Ele nos ensinou a maneira de sublimar
essa energia e soube direcioná-la de forma tranquila e harmônica. Ainda hoje, segue
amparando e ajudando a todos que aqui estamos, encarnados e desencarnados,
sempre trazendo valiosas contribuições para nos tornarmos seres melhores. O
direcionamento dessa energia criadora foi e é todo voltado ao bem, ao amor e a
evolução moral de todos.

Outros exemplos de Benfeitores amigos que como Bezerra também souberam


canalizar sua energia em função do próximo, sublimando-a em função do Bem Maior,
serão citados aqui em breves exemplos, tais como as vidas preciosas de Maria de
Magdala e o Professor Eurípedes Barsanulfo.

Energia Sexual e Sublimação

Para melhor enterdemos o processo de sublimação e direcionamento da energia


criadora, vejamos alguns conceitos doutrinários:
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“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
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Definição de sublimação

Segundo os dicionários formais:

Sublimação é um fenômeno físico-químico que consiste na passagem direta de uma


substância do estado sólido para o estado gasoso e vice-versa, sem passar pelo estado
líquido.1
Na Psicologia e Psicanálise, sublimação foi um termo introduzido por Sigmund Freud
que designa um mecanismo de defesa do "eu", em que determinados impulsos
inconscientes são integrados na personalidade e culminam em atitudes com valor social
positivo.
Em sentido figurado, sublimação pode ser sinônimo
de exaltação, purificação ou engrandecimento. Também pode representar a
transformação de sentimentos inferiores ou instintos básicos em sentimentos ou
instintos superiores ou sublimes. 1
(Fonte: URL: Significado de Sublimação (O que é, Conceito e Definição) - Significados1)
Segundo a Doutrina Espírita, o conceito tem uma amplitude muito maior, visto que
abrange exemplos de Espíritos de Escol e como citado acima, nosso Mestre Jesus.
Mas está de acordo com essa transformação do ser, essa transformação,
canalizando essa energia, trabalhando os sentimentos em favor de si próprio e do
próximo.

“As leis do Universo não destroem o instinto, mas transformam-no em razão e


angelitude, na passagem dos evos, pelos mecanismos da sublimação.”

— Emmanuel

(Vida e Sexo- Cap. 25- Sexo e Religião 2)

Todos os seres vivos e todas as criaturas humanas estão revestidas de


potencialidades sexuais criativas que as Leis Divinas dirigem, impulsionam e educam,
através das reencarnações sucessivas, rumo ao aperfeiçoamento íntegral. 3

Os Espíritos têm como divina herança, dentro do destino da Vida imperecível, a


perfeição, pelas vias da EDUCAÇÃO e SUBLIMAÇÃO das energias sexuais.

Não obteremos os maravilhosos frutos espirituais da sublimação, sem que, antes,


construamos os trilhos seguros e eficientes da educação sexual em nós mesmos.

O Espírito Emmanuel declara que aprenderemos gradativamente, ou seja,


devagar, de pouco em pouco, a orientar essas energias para o amor verdadeiro, a
fraternidade, o bem comum a todos.

O caminho da sublimação das energias sexuais é o caminho do amor, da caridade,


do trabalho pelo progresso da Humanidade, materializado em nossos hábitos
enobrecidos e ações edificantes.

(Sexo e Evolução - Walter Barcelos 3)


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“Pela energia criadora do amor que assegura a estabilidade de todo o Universo, a alma,
em se aperfeiçoando, busca sempre os prazeres mais nobres. Temos, assim, o prazer
de ajudar, de descobrir, de purificar, de redimir, de iluminar, de estudar, de aprender, de
elevar, de construir e toda uma infinidade de prazeres, condizentes com os mais
santificantes estágios do Espírito.” 4

André Luiz

(Ação e Reação- Cap.15 4)

A Trajetória de Bezerra de Menezes e a Aplicação da Energia Criadora 5

“Deus deu a certos homens a missão de revelar sua lei?”6


“Sim, certamente; em todos os tempos, homens receberam essa missão. São os
Espíritos superiores que encarnam com o objetivo de fazer a Humanidade progredir.”

(O Livro dos Espíritos- Q.622- Allan Kardec; Ed. CELD6)

As almas nobres, por onde passam, acendem as luzes do progresso. Engrandecem


as ciências, dignificam a literatura, glorificam a educação, refinam as artes, elevam a
política. De si, virtuosas que são, exalam suaves aromas, acordam nos corações o
sagrado. 7

É este o legado do fiel servidor do Cristo, Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti.

( Prefácio do Livro: Bezerra de Menezes O Homem, seu tempo e sua missão.- Luciano Klein 1ª
ed.; Expressão Gráfica e Editora, 2021, Fortaleza, CE 7)

A Infância e a Juventude

Até os 11 anos ele viveu feliz na Fazenda das Pedras e na Fazenda Santa Bárbara,
que antes pertencia ao avô.

Vivenciou na infância a transição da riqueza para a pobreza em sua família, sem que
isso lhe causasse nenhum desequilíbrio; ao contrário, aproveitou as brincadeiras
infantis, mas também, o exemplo dos pais; praticava a caridade e a bondade, auxiliando
aos pequenos amigos em suas dificuldades. Percebemos desde agora a capacidade de
sublimação deste espírito. Capacidade esta, que foi forjada em processos
reencarnatórios anteriores.

Desde pequeno já direcionava seu pensamento e habilidades aos necessitados.

No convívio com os pais Bezerra conheceu o Cristianismo, que era a religião do


sertanejo nessa época e aprimorou as suas qualidades qualidade morais, vendo os
exemplos de humildade, caridade, abnegação e probidade dos mesmos.

Observamos nesta fase, que ele sonha com o futuro direcionando sua energia para
o aprimoramento intelectual através dos estudos e enfrenta as adversidades da família
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com resignação, resiliência e esperança não apenas pensando na própria família, mas
também, na pobreza do povo nordestino.

(A Trajetória de Bezerra de Menezes e a Aplicação da Energia Criadora – Celi Pinto–Anexo I 5)

O Médico dos Pobres

O período na faculdade de medicina, foi um período de esperanças e muitas


inquietações para o futuro médico, diante da necessidade de manter-se sem a ajuda da
família. Com determinação, estabeleceu estratégias: passou a dar aulas particulares,
estudava com afinco nos livros da própria universidade, auxiliava os colegas de classe
e vivia com simplicidade. Era uma vida com muitos limites. Mas ele empregava toda sua
energia nos estudos, e nas aulas que dava.

Em 1856, aos 25 anos, Bezerra conclui o curso de medicina.

Começou atendendo pessoas conhecidas, num consultório dividido com um amigo


dentista, depois os conhecidos destes, mais adiante os conhecidos dos conhecidos. E
assim, começou a ser construída a sua fama de MÉDICO DOS POBRES, visto que
ninguém pagava a consulta.

Foi convidado a assumir a função de médico militar como cirurgião tenente do


Exército. Apesar disso, não esqueceu da sua enorme clientela “caseira”. A alma
filantrópica continuava ativa e seu apostolado como médico, seguia firmes propósitos.

"O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de
inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado
muito e achar-se fatigado, por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe, ou
no morro...” 8

(Lindos Casos de Bezerra- Caso 33- “ O Apostolado da Medicina” Ramiro Gama 8)

Casamento e viuvez:

Casa-se com dona Maria Cândida de Lacerda em 1858, o casal teve dois filhos.
Nesta circunstância, ele usa a sua energia genésica, sublimada pelo amor e voltada à
procriação.

Divaldo P. Franco, se refere a Dr Bezerra, citando seus casamentos e os filhos que


teve: “- Quando falamos em sublimação sexual não estamos falando necessariamente
de abstinência. Um exemplo disso é o Dr. Bezerra de Menezes, que na sua última
encarnação foi casado duas vezes e teve diversos filhos.” 9

(Sexo e Consciência - Cap.1 – “Energia Sexual”; Divaldo P. Franco, organizado por Luiz
Fernando Lopes, Editora Leal 9).

Bezerra ensinou-nos a maneira de sublimar essa energia, ele soube direcionar de


forma tranquila e harmônica.
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“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
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Em 1863, uma enfermidade (febre tifoide) tira-lhe a esposa em menos de 20 dias ,


deixando- o com duas crianças (3 anos e 1 ano). Maria Cândida tinha 19 anos. Foi um
grande abalo para toda família.

A Nova Família

Após a viuvez, Bezerra experimentou momentos de intenso sofrimento, pois além da


prova acerba de ficar sem sua amada esposa, suas atividades médicas política se
intensificavam, e agora precisa cuidar de seus dois filhinhos, Adolfo e Antonio. Busca
conforto espiritual e resignação lendo a Bíblia.

“ - Li toda a Bíblia. E, quanto mais lia, mais vontade tinha de continuar, sentindo doce
consolação com aquela leitura. Quando acabei, eu sentia a necessidade de crer, não
dessa crença imposta à fé, mas da crença firmada na razão e na consciência.” 7

Bezerra recebe amparo e ajuda da família de Maria Cândida, sua irmã Cândida
Augusta, passa a cuidar de seus filhos, e após 2 anos de viuvez, eles se casam e
Bezerra e Dodoca, passam a ter uma nova família. Dessa união, vieram mais 14 filhos,
além de Adolfo e Antônio, a menina Antônia que era a filha do coração escolhida por
eles.

Em 1900, Bezerra já se encontrava no Mundo Espiritual e dos seus 16 filhos, apenas


7 (Ernestina, Otávio, José Rodrigues, Francisco, Hilda e Maria da Conceição e a filha
do coração, Antônia) encontravam-se encarnados. Bezerra e presenciou a
desencarnação de 9 dos seus filhos. 7

A paternidade de Bezerra era para ele, motivo de grande alegria, encantos para a
alma7. Pai amorável, sabia canalizar sua energia para que o equilíbrio e fortalecimento
das personalidades dos filhos assim se realizasse. Era um pai afetuoso, que sempre
abraçava os filhos com muita ternura e afeto, onde ele não abria mão de estar com sua
família, no pouco tempo que lhe restava.7

Bezerra e a Abolição

Bezerra de Menezes considerava a escravidão um grande cancro social.

A Lei do Ventre Livre proposta pelo Dr. Bezerra, que se tornou uma realidade, foi o
primeiro passo abolicionista, considerado possível dentro de um contexto político-
jurídico tão desfavorável para a época.

Em 28 de setembro de 1871 a Princesa Isabel sanciona a lei 2040, em cujo 1º artigo


dispunha: “Os filhos das mulheres escravas que nascerem no Império, a partir da data
desta Lei, serão considerados livres”.7
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Considerável número de famílias — entre as mais bem providas na Corte — possuía


escravos. Com os Bezerra de Menezes não foi diferente..., Bezerra tratava-os com afeto
e carinho, promovendo, ainda nos anos 1860, a liberdade a alguns deles, em 1867 ele
adotou uma garotinha alforriada pelo seu sogro, a quem batizou de Antônia, dando-lhe
o sobrenome Bezerra de Menezes. "Antonica", forma carinhosa como era chamada pelo
pai adotivo, desencarnou em 1901, nutrindo por ele um sentimento de profundo amor e
gratidão

Em seu opúsculo: “A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para


extingui-Ia sem danos para a nação” 9, o abolicionista Bezerra, coração amoroso
empático, mostrava sua grande preocupação com o destino e com a educação desses
irmãos entregues à própria sorte.

“O escravo, embrutecido pela educação que recebe e pela Vida que leva, não conhece
o que seja honra, nem o que seja dever, não conhece a repressão moral, só obedece
à repressão material.

Resulta daí que a prostituição, com todo o cortejo de vícios humanos e a condição
da mulher escrava; e que o ódio e o desejo ardente, insaciável de vingança, é o
sentimento mais forte do coração do negro para com a raça branca, em geral, e para
com seu senhor, em particular.

Da educação da mocidade e principalmente de sua educação moral é que depende


a felicidade da família e a grandeza das nações.

Se um, se alguns, se muitos abraçam de preferência os usos e costumes paternos


às práticas e exemplos de seus escravos, a maior parte há de sair inquinada dessas
práticas e desses exemplos perniciosos, porque a virtude é tímida e o vício é ousado,
porque mais arrasta o mau do que o bom exemplo.9

Bezerra de Menezes

(Opúsculo “A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-Ia sem danos
para a nação” 9 - O Documento original encontra-se digitalizado na Biblioteca Digital do senado
Federal http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/174466)

Bezerra, o apóstolo do Espiritismo

“Espíritos superiores e já erguidos a notáveis campos de elevação, unicamente por amor


e sacrifício, tomam assento nas organizações religiosas da Terra, volvendo à
reencarnação em atividades socorristas, nas quais impulsionam o progresso dos seus
irmãos.

Esses missionários do devotamento vibram em faixas de amor sublime, quase sempre


inacessível à compreensão dos seus contemporâneos .”

Emmanuel

(Vida e Sexo- Cap. 25- Sexo e Religião 2)


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“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
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Bezerra conheceu a Doutrina Espírita quando do lançamento da tradução em língua


portuguesa de O Livro dos Espíritos (em 1875), através de um exemplar que lhe foi
oferecido com dedicatória pelo seu tradutor, Dr. Joaquim Carlos Travassos.

Mas foi no dia 16/08/1886, diante de uma plateia de cerca de duas mil pessoas, em
uma sala localizada no prédio da Guarda Velha, Bezerra de Menezes declara a sua
adesão ao Espiritismo. Enfrenta sérias críticas da família, principalmente do irmão
Antônio, o mais velho, como é narrado no livro “Uma Carta de Bezerra”.5

De acordo com o seu planejamento reencarnatório, a divulgação e a unificação do


Espiritismo no Brasil era a sua principal missão, que lhe foi concedida por Jesus e
expressa pelo espírito Ismael em um encontro entre ambos, ainda no plano espiritual, e
aceita por Bezerra. (Coração do Mundo, Pátria do Evangelho – cap. 22) 5.

Os praticantes do Espiritismo desta época estavam divididos em duas correntes:


Científicos e Místicos, que divergiam completamente no entendimento da doutrina dos
espíritos trazida por Kardec, fundamentada nas lições de Jesus. Daí a ideia de criar um
órgão centralizador – a FEB, na tentativa de estabelecer pontos convergentes na
doutrina. Em 1885, Bezerra, por orientação do espírito Agostinho, aceita assumir a
presidência.

Diante da difícil unificação, em janeiro de 1889, no centro espírita Fraternidade, é


recebida uma mensagem de Kardec, que foi publicada com o título: Instruções de Allan
Kardec aos Espíritas do Brasil. O objetivo era facilitar a unificação dos dois grupos.

Em 1893, já na República, a Revolta da Armada, instaurou um clima de violência


no país. Os centros kardecistas passaram a ser invadidos e proibidos de funcionar. No
último domingo deste ano é publicado o último artigo de Max, que deu origem a três
volumes do livro “ Estudos Filosóficos”.

No entanto, Bezerra continuava na luta. Dedicou-se a essa tarefa na última década


de sua vida, mas essa unificação só ocorreu em 1950, com a assinatura do Pacto Áureo.

“(...) O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade,
na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si
mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que
podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem
qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem..”

Allan Kardec

(O Evangelho segundo o Espiritismo - Capítulo XVII, Sede perfeitos -it.3 10)

Chefe da Família Espírita do Brasil

O ano era 1895, Bezerra estava, então com 63 anos, e o Espiritismo no Brasil vivia
até 1895, uma luta Fraternal entre “Científicos” e “Místicos”.
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Era uma noite fria de junho e um grupo de trabalhadores de boa vontade, composto
de científicos e místicos, foi bater à porta do Médico dos Pobres e convocá-lo à
Presidência da FEB mais uma vez.

Ramiro Gama narra que Bezerra possuía amigos em ambos os lados. Era o que se
poderia chamar um legítimo cristão.

Diante do apelo sincero e emocionante dos seus companheiros, pediu-lhes um prazo


de alguns dias para resolver. O grupo concordou e esperou...

...Ergueu o Médico dos pobres a cabeça e, com a voz entrecortada de lágrimas,


começou a falar.

Bezerra, falou do convite recebido e ressaltou a sua responsabilidade e a de quantos


foram chamados ao Bom Combate. Sentia-se exausto, mas não desanimado. E
desejava apenas, nos poucos anos que ainda lhe restavam, testemunhar a Doutrina,
procurando realizar aquilo que Jesus esperava de seus veros discípulos: Renúncia,
Humildade e amor ao próximo como gratidão a Deusl

E de 1895 a 1900, ano de seu desencarne, a FEB, sob as vistas guiadoras do Anjo
Ismael, viveu e vive a sua Missão evangélica.

O caroável Dr. Bezerra de Menezes foi no seu seio, nos cinco anos que ainda lhe
restavam de vida abençoada, o Apóstolo da Bondade por excelência, o verdadeiro
Chefe da Família Espírita do Brasil.

(Lindos Casos de Bezerra- Caso 42- “Chefe da Família Espírita do Brasil - Ramiro
Gama 8)

“(...) Bezerra de Menezes morre idoso, ...no extremo desgaste orgânico, em função
do excesso de amor e de demonstração de caridade com os seres humanos da sua
época..., ele trazia muito amor dentro de si, então, como que atraía todas “as cargas”,
como vocês chamam, diante de todas aquelas criaturas sofredoras que ele atendia.
Seguindo o exemplo de Jesus, ele que foi um grande servidor de Jesus — desde muitas
encarnações — desde o início do século cristão, e até hoje vem tomando sobre si todos
os encargos do mundo. Era e é um espírito forte, ele mesmo fazia a transmutação
daquelas cargas todas (...)” 11

Hermann

Bezerra utilizava sua energia criadora, convertendo-a em atos sublimes e muito


amor pelo seres humanos.

(Instruções dos Espíritos - Vol. I , Instruções dos Espíritos/organização Mário Coelho. — 1.


ed. — Rio de Janeiro: CELD, 2014 11)
34° Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Bezerra de Menezes
“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
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Maria de Magdala

“- Eu a considero uma das figuras mais dignas do Evangelho, além de ser aquela que
realizou a maior revolução moral de que nos dão notícias as páginas do texto bíblico. ...
a sua foi uma trajetória de desenvolvimento espiritual muito mais áspera e mais
meritória, pois ela transformou em um jardim de bênçãos o pântano da existência em
que foi atirada por circunstâncias diversas. O seu esforço foi tão notável que mereceu a
própria presença de Jesus no instante da sua desencarnação, conforme veremos mais
adiante.”9

(Sexo e Consciência - Cap.8 – Divaldo P. Franco, organizado por Luiz Fernando Lopes, Editora
Leal 9).

Miriam de Migdol

Oriunda da cidade de Magdala e conhecida como Miriam de Migdal, para os judeus;


para os Árabes Mariah de Migdal; e para os cristãos Maria de Magadala. Os homens
oriundos da cidade de Migdal eram conhecidos como magdalenos e as mulheres
magdalenas, por isso, conhecemos esse personagem como Maria de Magdalena ou
Maria de Migdal. Era uma cidade muito próspera e possuía um porto e grande circulação
de mercadorias.12

A eterna busca de Magdala

Maria de Magdala buscava na... festas preencher o vazio que sentia. Mas era
comum entre seus criados a encontrarem apática e trancada em seu quarto no escuro.
Maria também dizia que sabia nunca iria encontrar o amor, pois o amor era tranquilo e
repleto de paz. E nesse momento de solidão ela escutava vozes, as vozes dos
obsessores. E um dos fatores que permitiam essa obsessão era o desequilíbrio das
energias genésicas. Ela era considerada uma mulher de coração generoso e humilde.
Deu ordem aos seus servos e empregados para ajudar aos mais necessitados. Mas sua
vida estava prestes a mudar. Seu encontro com o nazareno a preencheria e lhe daria
não somente um novo rumo, lhe daria vida em abundância (João 10:10).12

(Seminário Maria de Magdala.- Web Radio Fraternidade. You Tube, 05/09/2021-


URL: https://www.youtube.com/watch?v=uGRReesh5pA&t=101s - 12)

Em certa ocasião, Maria de Magdala ouviu falar sobre o Rabi que andava pelas
estradas da Galileia e da Judeia, divulgando a Boa Nova; sentia a esperança renascer
e, uma noite, depois de muito pensar, foi até Cafarnaum ouvir as pregações do
Evangelho do Reino, não longe da vila principesca onde vivia entregue aos prazeres,
tomando-se de admiração profunda pelo Messias. Que novo amor era aquele
apregoado aos pescadores singelos por lábios tão divinos? 13

(XAVIER, C. Francisco – Boa Nova – ditado pelo espírito Humberto de Campos – 36ª
edição – Brasília/DF/ Editora FEB – 2013 – lição 20 13)

Magdala conhece Jesus


Era o culto no lar de Simão Barjonas,...Maria demorou-se, aflita, a alguma distância
da porta. Ansiava por aquele momento com todas as forças de sua alma. Não imaginava
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como se daria seu encontro com o humilde Nazareno. Havia uma multidão de pessoas,
mas o silencio ensurdecia o ambiente perante daquele que emanava amor. O rabi,
sondando a alma de Maria em profundidade, abriu a boca e melodiou: (grifo nosso)
"Maria, todos os homens te procuram porque te desejam. Eu tão-somente te
amo".14...
(Robson Pinheiro - ”Mulheres do Evangelho”- Cap. 3- Maria de Magdala14)

O diálogo, a revelação e a transformação 9


— Oh, Maria! Todas as experiências da vida são sempre transitórias. Tu nunca viste os
muros velhos e abandonados, enegrecidos pelo tempo quando chegam as brisas da
primavera risonha?! Eles reverdecem e desabrocham suavemente em flores miúdas...
- Tu nunca viste os pântanos, sob o carinho da drenagem, transformarem-se em jardins
de beleza incomparável? Tu nunca viste o deserto, trabalhado com ternura, converter-
se em pomar generoso? - Assim é todo aquele que se acerca do Reino de Deus!
Não digas que tu és uma pessoa condenada ao sofrimento e à dor, porque para o
coração de Meu Pai todas as criaturas merecem amor!
— Que deverei fazer, então, Senhor?
— Deveras amar!
— Ah, pobre de mim! Tenho sido usada e odeio!...
— Não, Maria! Não me refiro a este tipo de amor. Deveras amar os teus filhos. —
Filhos?! Mas eu não os possuo. Sou uma mulher infeliz! ...nunca tive a honra de ser
mãe!
— Não me refiro a este tipo de maternidade. A mulher que tem um filho possui
certamente um dever para com ele.
- Quando te digo que ames os teus filhos eu não me refiro aos filhos da tua própria
carne. Desejo referir-me ao amor entre os filhos que não têm mães e as mães que não
têm filhos, quais aquelas mulheres que fizeram a mesma opção que tu elegeste e que
se encontram envolvidas com o equívoco a que se entregam. Ama essas mulheres que
são desprezadas, que sofrem perseguição e são amaldiçoadas, já que elas vendem o
corpo e a alma, e não contam com ninguém.
- Lembra-te dos pequeninos que foram abandonados e necessitam de carinho, que
têm sede de ternura. Esses é que serão teus filhos. Torna-te mãe de todos eles. Amar
o filho da própria carne é um dever imposto pela vida.
- Mas amar aquele que é de outra carne, é uma oferta do amor de Deus! Por isso,
quando eu te digo que ames aos que não têm amor é para que o muro velho dos teus
desencantos reverdeça e desabrochem as flores da tua afetividade, que estão
esmagadas na tristeza.
— Mestre, eu quero seguir-Te!
— Sim, Maria. Mas é necessário um grande sacrifício para me seguires. Somente
recebe um grande prêmio quem faz um elevado investimento. Se desejas seguir-me
terás que renunciar a todas as coisas da Terra para desfrutares das excelências
daquelas que são de Deus!
— Senhor, eu Te darei a minha vida, hoje, se necessário! Ele meneou a cabeça e
respondeu-lhe:
— Eu aceito. Não agora, Maria. É muito cedo. É muito fácil dar a vida sem que isso
represente o cumprimento de um compromisso maior.
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Maria conhecida por seus apelos carnais, por festas, luxo e riqueza se transforma e
adquire um novo proposito de vida. Retorna ao seu antigo lar e não se vê pertencendo
mais aquele ambiente. Doa aos mais necessitados tudo o que possui e seguirá para
não somente ouvir, Maria de Magdala seguirá o mestre para viver as palavras do Cristo.

O apostolado de Maria

A convertida de Magdala havia-se desfeito de tudo. Tinha o dia e a noite, as estradas


e o céu como suas metas. Desde então, em toda parte, ela seguia os passos do
Nazareno pelas cidades e aldeias, auxiliando Jesus no socorro ao sofrimento humano,
ao lado de outras mulheres que também ficavam a regular distância. Ajudava na
preparação dos alimentos, limpava as feridas dos leprosos, dialogava com as crianças
perturbadoras, atendia os loucos, os obsidiados, as meretrizes que vinham procurar
Jesus como se fossem abelhas sedentas de néctar para produzirem o mel.9.

Maria Madalena é descrita no Novo Testamento como uma das discípulas mais
dedicadas de Jesus; exemplo de superação,...vivenciando o significado dos ensinos
do Mestre, transformando por completo sua vida, dedicando-se à total renovação de seu
comportamento pela prática do amor ao próximo. Juntou-se, assim, aos que seguiam o
Messias, porém, percebia que não confiavam na sua transformação, pois não sabiam e
não entendiam, ainda, as tentações pelas quais ela tentava se sublimar.15
(Temi Mary F. Simionato: MARIA DE MAGDALA: SITE “ O CONSOLADOR”-
- URL: http://www.oconsolador.com.br/ano12/607/especial.html )15

Maria transmuta totalmente “as forças da alma”, renuncia a todos do passado e tudo
material, passa a viver uma nova vida, sublimando sua existência, sem precisar de nova
encarnação. Maria vivencia então, um amor incondicional, como Paulo de Tarso, para
ela também era o Cristo que vivia nela*
* “- Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Paulo de Tarso-
Galatas2:2016
(Bíblia On- Bíblia sagrada Online- URL: https://www.bibliaon.com/galatas_2/ 16)

Os três dias e o reencontro


Madalena acompanhou Jesus em todos os instantes, até o momento do Gólgota,
permanecendo ao pé da cruz, junto a Maria, mãe do Mestre e do discípulo João. No
terceiro dia após a crucificação, caminhou até o túmulo com Joanna de Cusa e outras
mulheres, encontrando a pedra do sepulcro removida. A lembrança feita de dor lhe
oprimiu o peito, quando ouviu a Sua voz, chamando-a. O Nazareno estava ali, vivo. Foi
assim, anunciar aos discípulos a mensagem da ressurreição, notícia que espalhou
imensa alegria entre todos eles.9
Narra Amélia Rodrigues, em “Primícias do Reino”: - “A emoção desbordava em
lágrimas, enquanto sentada entrada do sepulcro aberto na rocha, conjecturava: que
acontecera? Para onde O teriam levado e por que O trasladaram daqueles sítios, no
silêncio da noite?” A inquietação assumia proporções de desespero que a dominava
lentamente.17
34° Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Bezerra de Menezes
“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
Desenvolvimento - Sexualidade Desvirtuada – 2ª Parte”

Voltou-se para trás e por entre as lágrimas viu, a poucos metros, um homem que lhe
perguntou: — Mulher, por que choras?
Quem buscas? ... Aquela voz, aquele perfil! Não pôde concluir o raciocínio.
— Maria! ...
— Raboni!
O deslumbramento dominou-a. O Mestre vivia e ali estava, radioso como a madrugada
nascente!

(FRANCO, P. Divaldo – As Primícias do Reino – ditado pelo espírito Amélia


Rodrigues – 2ª edição – Rio de Janeiro/RJ/ Editora Sabedoria – 1967 – “A Rediviva de
Magdala”17)
Um novo rumo
A partida do mestre marca o início das provas para todos os seguidores do Cristo.
Na partida do Cristo, Maria de Magdala é a que primeiro vê o Cristo ressuscitado. Porém,
ao retornar e contar aos apóstolos, foi descredibilizada. Por qual motivo Jesus
apareceria primeiro para ela e não para Pedro, João ou para sua Mãe Maria? 9
Após a partida do Cristo, cada apostolo tomou um rumo diferente. Maria de Magdala
pediu para seguir junto a Pedro, mas este disse não ser possível diante dos costumes
da época. Maria sentiu mais uma vez o desamparo e ficou sem saber que rumo seguir.
Passou alguns dias vagando sem destino, mendigando e dormindo nas praias de
Carfanaum, Dalmanuta e Magdala. Alguns passavam e diziam para voltar a antiga vida
e todo o luxo e riqueza seriam reconquistados. Mas eles não entendiam que Maria de
Magdala era um espírito renovado e que conheceu e começava a praticar as palavras
do Cristo e as portas fechadas diante de suas necessidades não a fariam retornar à
antiga vida. 9

Maria encontra a caravana dos hansenianos, e revela a eles sobre a crucificação.


A desolação no rosto de cada Homem, criança e principalmente das mulheres que
imediatamente abraçavam seus filhos. Mas Maria lhes disse que Jesus se foi mas
deixou suas palavras. Foi neste momento que Maria de Magdala acolhe essa legião
de pessoas necessitadas e que vivem à margem da sociedade como foi acolhida
no passado(grifo nosso). 9 Afinal, estes, os leprosos, foram aqueles que dividiram o pão
e que com ela confraternizaram. A caravana seguiu o caminho e Maria de Magdala
lembrou as palavras do mestre: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os
enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores. (Marcos 2:17) e foi assim que
Maria de Magdala se junta à caravana e vai morar no Vale dos Imundos ( Vale dos
Leprosos).9

Momentos de dor e de paz


Após dez anos convivendo irmãmente no junto aos marginalizados pela sociedade,
...em breve tempo, sua epiderme apresentava, igualmente, manchas violáceas e tristes.
Ela compreendeu a sua nova situação e recordou a recomendação do Messias de que
cimente sabiam viver os que sabiam imolar-se.
E experimentou grande gozo, por haver levado aos seus companheiros de dor uma
migalha de esperança. Desde a sua chegada, em todo o vale se falava daquele Reino
de Deus que a criatura devia edificar no próprio coração. Os moribundos esperavam a
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“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
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morte com um sorriso ditoso nos lábios, os que a lepra deformara ou abatera guardavam
bom ânimo, nas fibras mais sensíveis.13
Maria, ...experimentava consoladora sensação de alívio. Sentia-se sob as árvores
de Cafarnaum e esperava o Messias. As aves cantavam nos ramos próximos e as ondas
sussurrantes vinham beijar-lhe os pés. Foi quando viu Jesus aproximar-se, mais belo
do que nunca. Seu olhar tinha o reflexo do céu e no semblante trazia um júbilo
indefinível. O Mestre estendeu-lhe as mãos e ela se prosternou, exclamando, como
antigamente :
– Senhor!
... Jesus recolheu-a, brandamente, nos braços e murmurou : – Maria, já passaste a porta
estreita!...
Amaste muito!
Vem! Eu te espero aqui!13

(XAVIER, C. Francisco – Boa Nova – ditado pelo espírito Humberto de Campos – 36ª
edição – Brasília/DF/ Editora FEB – 2013 – lição 20 13).

Novas vidas, renovação espiritual e o a continuidade do trabalho no Bem


Maria de Magdala, se transforma na mensageira da ressurreição, a emissária divina
para a boa-nova do reino do amor, que se estabelecia na Terra.14
Uma vez mais os tempos se renovam. O mundo conhece guerras e clamores, e as
almas sofridas pranteiam, perdidas e necessitadas dos bafejos dos céus. Jesus convoca
sua mensageira celeste, e, respondendo ao chamado do coração, Maria de Magdala,
mais tarde Teresa d'Ávila, materializa-se no mundo entre os tempos difíceis que
antecedem o novo milênio como Teresa de Calcutá, Teresa dos pobres, Teresa de todos
nós.
Levando a mensagem de esperança e ressurreição aos filhos do desterro, a
mensageira da esperança e da boa-nova honra o chamado divino e traz luz à Terra,
deixando seu rastro de estrelas nas pegadas que marcaram para sempre a história do
mundo.
(Robson Pinheiro - ”Mulheres do Evangelho”- Cap. 3- Maria de Magdala14)
34° Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Bezerra de Menezes
“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
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Eurípedes Barsanulfo

Como Bezerra, Eurípedes também aproveitou toda a sua encarnação na Terra e com
equilíbrio e harminia fez brilhar a sua luz canalizou sua energia criadora, transformando
-a em fraternidade e caridade para com seus irmãos sacramentanos. Vejamos alguns
episódios da vida desse amorável Benfeitor:

Eurípedes Barsanulfo Nascido em 1º de maio de 1880, na pequena cidade de


Sacramento, Estado de Minas Gerais, e desencarnado na mesmo cidade, aos 38 anos
de idade, em 1o. de novembro de 1918. 18

Logo cedo manifestou- se nele profunda inteligência e senso de responsabilidade,


acervo conquistado naturalmente nas experiências de vidas pretéritas.

Era ainda bem moço, porém muito estudioso e com tendências para o ensino, por
isso foi incumbido pelo seu mestre- escola de ensinar aos próprios companheiros de
aula. Respeitável representante político de sua comunidade, tornou- se secretário da
Irmandade de São Vicente de Paula, tendo participado ativamente da fundação do jornal
"Gazeta de Sacramento" e do "Liceu Sacramentano". Logo viu- se guindado à posição
natural de líder, por sua segura orientação quanto aos verdadeiros valores da vida.

Eurípedes queria ser médico, visto que seu objetivo era descobrir a cura da doença
de sua mãe, Dona Meca, mas desistiu de estudar medicina no Rio de Janeiro, quando
percebeu que sua partida agravaria as crises dela.19

Mariano da Cunha, Tio Sinhô, quando na residência dos pais de Eurípedes, mantinha
polêmicas com Eurípedes sobre a religião que adotara - o Espiritismo. Mariano chegou
a um ponto que não tinha mais argumentos. Então entregou a Eurípedes um livro cujo
título era Depois da Morte, era a primeira obra do grande filósofo, Leon Denis. Após a
leitura, Eurípedes exclama: “jamais vi alguém cantar as glórias da Criação com tamanha
profundidade e beleza”. 19

A Conversão ao Espiritismo19

Eurípedes convida seu amigo José Martins Borges para irem assistir uma sessão
espírita em Santa Maria. Entraram na pequena sala, já totalmente tomada, mas atrás
do médium Aristides G. Fernandes haviam 2 lugares desocupados. Ali estava Aristides,
um coração de ouro, mas um cérebro vazio. Eurípedes, mentalmente, faz um pedido: O
meu entendimento está fechado para as Bem-aventuranças: Se é verdade que os
Espíritos se comunicam com os vivos, rogo a João Evangelista, elucide-me pelo médium
Aristides. Alguns minutos após, Eurípedes ouvia a mais “extraordinária dissertação
filosófico-doutrinária, que jamais conhecera, em toda a sua vida, sobre o luminescente
discurso de Jesus”. Sabe agora que o Sermão do Monte resume a Doutrina do Cristo.

Eurípedes retorna ao grupo fraterno de Santa Maria e, pela segunda vez, assiste
a uma sessão espírita. Tio Sinhô era o médium de recepção e, em transe mediúnico,
transmite a palavra serena e orientadora de Adolfo Bezerra de Menezes. A entidade
comunicante convida Eurípedes a tomar parte da linha, afirmando suas faculdades
curadoras. Participando da corrente vibratória, ora fervorosamente, no silêncio mais
profundo da alma, a favor dos enfermos presentes.
34° Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Bezerra de Menezes
“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
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Seguindo-se a Bezerra de Menezes, fala o Benfeitor Vicente de Paulo que


confia ao moço uma revelação: Era o seu guia espiritual desde o berço, e o previne que
os amigos se afastarão, e a própria família irá se revoltar.

Auxiliava a todos, sem distinção de classe, credo ou cor e, onde se fizesse


necessária a sua presença, lá estava ele, houvesse ou não condições materiais.

Jamais esmorecia e, humildemente, seguia seu caminho cheio de percalços, porém


animado do mais vivo idealismo. Logo sentiu a necessidade de divulgar o Espiritismo,
aumentando o número dos seus seguidores. Para isso fundou o "Grupo Espírita
Esperança e Caridade", no ano de 1905, tarefa na qual foi apoiado pelos seus irmãos e
alguns amigos, passando a desenvolver trabalhos interessantes, tanto no campo
doutrinário, como nas atividades de assistência social.18

Colégio Allan Kardec

Em 1º de abril de 1907, fundou o Colégio Allan Kardec, que se tornou verdadeiro marco
no campo do ensino. Esse instituto de ensino passou a ser conhecido em todo o Brasil,
tendo funcionado ininterruptamente desde a sua inauguração, com a média de 100 a
200 alunos, até o dia 18 de outubro, quando foi obrigado a cerrar suas portas por algum
tempo, devido à grande epidemia de gripe espanhola que assolou nosso país.

Seu trabalho ficou tão conhecido que, ao abrirem- se as inscrições para matrículas,
as mesmas se encerravam no mesmo dia, tal a procura de alunos, obrigando um colégio
da mesma região, dirigido por freiras da Ordem de S. Francisco, a encerrar suas
atividades por falta de frequentadores.

Mediunidade Ostensiva

A produção de vários fenômenos fez com que fossem atraídas para Sacramento
centenas de pessoas de outras paragens, abrigando- se nos hotéis e pensões, e até
mesmo em casas de famílias, pois a todos Barsanulfo atendia e ninguém saía sem
algum proveito, no mínimo o lenitivo da fé e a esperança renovada e, quando merecido,
o benefício da cura, por meio de bondosos Benfeitores Espirituais.19

Auxiliava a todos, sem distinção de classe, credo ou cor e, onde se fizesse necessária
a sua presença, lá estava ele, houvesse ou não condições materiais.

Certa ocasião caiu em transe em meio dos alunos, no decorrer de uma aula. Voltando
a si, descreveu a reunião havida em Versailles, França, logo após a I Guerra Mundial,
dando os nomes dos participantes e a hora exata da reunião quando foi assinado o
célebre tratado.

Um Encontro sublime19

No livro A Vida Escreve, edição da FEB, o Espírito Hilário Silva revela o episódio sobre
o encontro de Barsanulfo com Jesus:

“Certa feita, à noite, Eurípedes desdobra-se volitando e subia sempre. Queria


parar, mas não conseguia. Viajou até que se reconheceu em campina verdejante. Viu
ao longe um homem que meditava, envolvido por doce luz. Aproximou-se e
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reconheceu-se na presença do Cristo. Ofuscado pela grandeza do momento, começou


a chorar. Com coragem, ergueu os olhos, humilde. Viu, porém, que Jesus também
chorava... Abriu a boca e falou, suplicante:

“Senhor, por que choras? E Eurípedes reiterou: Choras pelos descrentes do


Mundo?

Jesus respondeu: Não, meu filho, não choro pelos descrentes aos quais
devemos amar. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam...”

Eurípedes, ante a dor que a resposta lhe trouxera, desceu e acordou no corpo
de carne. E, desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe
vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repouso
sequer de um dia, servindo até à morte.

Em 22 de outubro Barsanulfo apareceu febril, mas continuou atendendo a chamados


aflitivos. A secretária corre em busca da mãe, Dona Meca que o aconselha a deitar-se.
Eurípedes deita-se para não mais se levantar.

Na manhã do dia anterior, anunciara a sua desencarnação para às 6 horas da


manhã do dia 1º de novembro de 1918. Realmente, naquele dia e hora, Eurípedes
libertara-se dos laços fluídicos que o traziam preso ao veículo carnal. Espírito luminoso
que soube escrever uma das maiores páginas de Amor que o mundo já conheceu.2

Bibliografia:

18- Fonte: Grandes Vultos do Espiritismo

19- NOVELINO, Corina: “EURÍPEDES, o Homem e a Missão”. IDE Editora


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ANEXO 1- REFERÊNCIA 5

A TRAJETÓRIA DE BEZERRA DE MENEZES E A APLICAÇÃO DA ENERGIA


CRIADORA

1) A ORIGEM DOS BEZERRA


Segundo o pesquisador Antônio Herbert Paz, o nome Bezerra surgiu na Espanha,
na região da Galícia (norte da Espanha), por volta do Século XII, na cidade de Becerreá.
A Família Bezerra, historicamente, procedia de nobres cavaleiros que teriam servido
aos reis, além de ter o sangue guerreiro dos Cruzados.

Perseguições, traições e invasões de terras, fizeram muitos Bezerras migrarem


para Portugal e se estabelecerem no distrito de Viana do Castelo, na região do Minho-
Lima, ao norte de Portugal.

2) COMO OS BEZERRA DE MENEZES CHEGARAM AO BRASIL

O historiador Monsenhor Severino Bezerra, em seu livro “Genealogia da Família


Bezerra”, afirma que em 1535 Antônio Bezerra Felpa de Barbuda, veio para o Brasil
com sua mulher Maria Araújo e os três filhos menores, na comitiva de Duarte Coelho,
segundo Governador Geral do Brasil, que se tornou donatário da capitania de
Pernambuco, no século XVI.

Segundo o historiador Luciano Klein Filho, na 2ª geração da Família Bezerra,


Simoa Bezerra, neta de Antônio se casa com o português Bento Rodrigues da Costa.
Tiveram um filho que se chamou Bento Rodrigues Bezerra.

É deste Bento que vai surgir a Família Bezerra de Menezes. No início do ´século
XVIII, Bento se casa com a baiana Petrolina Velho de Menezes, têm quatro filhos.
Vamos destacar a filha deles, Joana Bezerra de Menezes, que viveu no Riacho do
Sangue, no vale do Jaguaribe. Antônio Bezerra, filho de Joana, casa-se com Thereza
Maria José, e são bisavós do menino Adolfo. Em 23/03/1758, nasce na caatinga do
Góes, atual Jaguaruana, CE, Antônio Bezerra de Souza e Menezes, avô do nosso
Bezerra. Era coronel da Cavalaria de Icó e um dos líderes da Confederação do Equador
(1824). A avó era Ana Maria Maciel da Costa.

3) OS PAIS DE BEZERRA DE MENEZES.

Os pais de Bezerra eram: o capitão Antônio Bezerra de Menezes (1790) e


Fabiana Cavalcanti de Albuquerque (1791). Eles viviam na Fazenda das Pedras, às
margens do Riacho das Pedras, afluente do Riacho do Sangue. Tiveram 7 filhos. Adolfo
Bezerra de Menezes era o sexto filho, o mais novo entre os filhos homens, nascido em
29/08/1831. O capitão Antônio era um dos homens mais importantes da região. Tanto
ele como a esposa, dona Fabiana eram duas almas boas e generosas, cheias de
comiseração para a necessidade alheia, nunca mediram sacrifícios, na hora de socorrer
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aqueles que lhes estendiam a mão. Sem medir as consequências deste gesto de
bondade acabou comprometendo a vida financeira da família, que chegou à ruína. A
inteireza de caráter do capitão Antônio fez com que ele procurasse os credores para
lhes entregar todos os seus bens para pagamento das dívidas, mas os credores
recusaram, levando em consideração a lisura de caráter dele. A recusa não foi aceita.
O capitão passou a administrar a própria fazendo, retirando o mínimo necessário ao
sustento da família, e o restante, ele entregava àqueles a quem considerava os “donos”
da fazenda.

4) A INFÂNCIA E A JUVENTUDE

Até os 11 anos ele viveu feliz na Fazenda das Pedras e na Fazenda Santa
Bárbara, que antes pertencia ao avô. Ficaram marcadas em sua memória as
brincadeiras infantis em meio aos pássaros, borboletas, cabras, ovelhas e árvores. Em
meio a tudo isso, observava as atitudes de generosidade, fraternidade, empatia, fé cristã
e amor ao próximo praticadas pelos pais.

Vivenciou na infância a transição da riqueza para a pobreza em sua família, sem


que isso lhe causasse nenhum desequilíbrio; ao contrário, aproveitou as brincadeiras
infantis, mas também, o exemplo dos pais; praticava a caridade e a bondade, auxiliando
aos pequenos amigos em suas dificuldades. Percebemos desde agora a capacidade de
sublimação deste espírito. Capacidade esta, que foi forjada em processos
reencarnatórios anteriores.

Ainda na juventude de Bezerra, a família foi obrigada a fugir de onde vivia em


virtude da militância política do capitão Antônio junto ao Partido Liberal. O partido
Conservador, ligado ao Imperador, assumiu papel relevante e passou a perseguir os
opositores. A família foi viver no Rio Grande do Norte, na vila da Maioridade, hoje
Imperatriz, na serra dos Martins.

O adolescente Adolfo viveu nesta região de 1842 a 1846 (mais ou menos entre os
11 e 15 anos) período de especiais transformações corporais e psicológicas. Em 1842
é matriculado na Escola de Latinidade, fundada pelos jesuítas, onde substituiu o
professor de latim em um momento de necessidade.

A grande seca de 1845 foi um fato que deixou marcas profundas no jovem Adolfo,
ficando viva em sua memória a lembrança dos sertanejos que ficaram reduzidos à
miséria e à fome. Fato que faz parte da vida em regiões nordestinas até os dias de hoje.

Aos 15 anos (1846) regressa à província do Ceará, agora se fixando na capital


Fortaleza, e passa a estudar no Liceu do Ceará, onde ficará até completar 18 anos.
Diferentemente dos irmãos mais velhos que eram advogados, ele queria ser médico.
Com esse objetivo concentra todas as suas energias no estudo, pois sabia es
dificuldades que o esperavam no futuro, pois só havia Faculdade de Medicina na
província do Rio de Janeiro.

Em vão, a família tentou demovê-lo da decisão de estudar Medicina. Finalmente,


os pais concordam, mas a situação da família era precária. Nem isso o desanimou. No
dia 05/02/1851, com apenas 38 mil réis, 20 dias de viagem de navio a vapor, taxas a
pagar na faculdade e encontrar acomodação, veio ele confiante para a Corte (a capital).
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“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
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Importante: Ainda com a família, o pai o chama e entre lágrimas explica a difícil
situação econômica. Bezerra abraça o pai e diz:

Sua vida, meu pai, está repleta de verdadeiros rasgos de probidade. Seus atos
ficarão impressos dentro do meu coração, como modelo de dignidade e retidão moral.
Prometo, no entanto ao senhor e a mim mesmo, ser digno do nome honrado que levo
comigo para a Corte.

O velho comovido, abraçou o filho. Intimamente possuía a certeza de que este


cumpriria a promessa. (O médico dos Pobres – cap. 2)

No convívio com os pais Bezerra conheceu o Cristianismo, que era a religião do


sertanejo nessa época e aprimorou as suas qualidades qualidade morais, vendo os
exemplos de humildade, caridade, abnegação e probidade dos mesmos. Observamos
nesta fase, que ele sonha com o futuro direcionando sua energia para o aprimoramento
intelectual através dos estudos e enfrenta as adversidades da família com resignação,
resiliência e esperança não apenas pensando na própria família, mas também, na
pobreza do povo nordestino.

Em suas reminiscências, Bezerra de Menezes, assim se refere ao habitante do sertão:

“Seus gostos são rudes, mas simples, como o meio em que vive.

Suas ambições não ultrapassam o estreito, porém alegre, círculo da família.

Criar os filhos nos princípios do dever e da honra, do amor a Deus e ao próximo, e no


da Pátria é tudo o que preocupa o matuto.

Não reina ali a inocência, em que foi criado o primeiro par humano, porque esta foi rota
no Paraíso e é guardada pela espada flamejante do arcanjo da pureza; mas encontra-
se generalizada, a que se pode chamar “inocência culposa” do homem.

Entretanto, há entre os habitantes dos sertões corações maus, rebeldes a todo


sentimento moral; porque há uma escola infinita nas vias do progresso humano.

São exceções necessárias, pois sem a existência dos maus, não se acrisolariam os
bons sentimentos da massa perfectível.”(Os Bezerra de Menezes e o espiritismo –
capítulo 6).

Observamos através das palavras de Bezerra relativas ao meio em que viveu e o


povo local, aquele sentimento de afeto, respeito e amor por todos.

5) O MÉDICO DOS POBRES

O período de 1851 a 1856 foi um período de esperanças e muitas inquietações


para o futuro médico, diante da necessidade de manter-se sem a ajuda da família. Com
determinação, estabeleceu estratégias: passou a dar aulas particulares, estudava com
afinco nos livros da própria universidade, auxiliava os colegas de classe e vivia com
simplicidade. Era uma vida com muitos limites, mas isso não o desanimava.

Quando estava no segundo ano da faculdade, um dos professores que era médico
militar, dr. Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, chefe do Corpo de Saúde do Exército,
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convidou Bezerra para trabalhar como interno e praticante no Hospital da Misericórdia,


onde conseguiria dilatar seus conhecimentos no campo da cirurgia.

Em 1856, aos 25 anos, Bezerra conclui o curso de medicina. Como não tinha
condições de montar um consultório próprio, aceitou sociedade para trabalhar junto com
um amigo da turma, cujo pai tinha condições econômicas de fazê-lo. Abriram uma
salinha no centro comercial da cidade, mas os clientes eram poucos. Mas em sua
residência a situação era outra. Começou atendendo pessoas conhecidas, depois os
conhecidos destes, mais adiante os conhecidos dos conhecidos. E assim, começou a
ser construída a sua fama de MÉDICO DOS POBRES, visto que ninguém pagava a
consulta.

Por sua competência, carinho e dedicação foi convidado a assumir a função de


médico militar como cirurgião tenente do Exército, e é recebido também como sócio
efetivo da Academia Nacional de Medicina. Apesar disso, não esqueceu da sua enorme
clientela “caseira”. A alma filantrópica continuava ativa. Neste contexto, falando sobre a
missão do médico, encontramos no livro Lindos Casos de Bezerra as lições 29 – A
música mais linda e lição 33 – O apostolado da medicina.

Com a vida estabilizada Bezerra resolve se casar por amor com a dona Maria
Cândida de Lacerda. O casamento ocorre em 6 de novembro de 1858. Têm dois filhos.
Nesta circunstância, ela usa a sua energia genésica, sublimada pelo amor e voltada à
procriação.

Jornalista inteligente passou a escrever artigos sobre diversos temas nos jornais da
cidade, tornando-o mais conhecido.

Em 1860, a população de São Cristóvão, onde morava, quis que ele a


representasse na Câmara Municipal, sendo convidado pelo Partido Liberal para integrar
a legenda.

Bezerra, por princípio, quis evitar a política, pois se lembrava da perseguição


sofrida pelo avô e pelo pai, também do Partido Liberal, o que obrigou a família a ir morar
no Rio Grande do Norte. Mas a esposa acabou convencendo-o a aceitar.

6) O POLÍTICO E O EMPRESÁRIO

Bezerra acabou sendo eleito vereador, mas o Partido Conservador impugnou o


diploma, alegando que um militar não poderia ser eleito. Em concordância com a mulher,
larga a segurança da carreira militar e se lança destemido à vida política, onde por seu
caráter ilibado vai procurar atender as necessidades do povo humilde.

Em 1863, uma enfermidade (febre tifoide) tira-lhe a esposa em menos de 20 dias


, deixando- o com duas crianças (3 anos e 1 ano). Seguem-se meses de muita dor e
sofrimento. Busca conforto espiritual e resignação lendo a Bíblia. Recebe do amigo
Joaquim Travassos um exemplar de O Livro dos Espírito, que lê no trajeto até a Tijuca,
quando voltava para casa, e sente que já conhecia aquele conteúdo.

Dedica-se ao estudo da homeopatia. (Energia voltada para a ciência)


34° Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Bezerra de Menezes
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Em 21/01/1865, casa-se com dona Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã


materna da primeira esposa, com quem tem sete filhos. (Energia genésica). Além dos
filhos biológicos ainda tinha os filhos do coração. Vivenciou a difícil situação de perder
alguns filhos.

Elege-se por duas vezes vereador e duas vezes deputado geral. Vou citar alguns
projetos em que se destacam a sua visão de futuro e de humanidade:

1) Prejuízo dos pobres – proibia que os comerciantes devido a escassez de moeda


dessem o troco em balas ou vales.

2) Transporte público - defendeu a permanência do horário de 23 horas nos trens


urbanos para os trabalhadores conseguirem voltar aos seus lares após o trabalho
noturno.

3) Fiscalização sanitária da carne - preocupou-se com a qualidade da carne que


era vendida nas feiras. Estabeleceu normas para o abate dos animais de forma higiênica
e as condições de higiene da carne até chegar aos consumidores.

4) Serviço florestal nas montanhas que circundam a capital – visando a


preservação dos mananciais que abasteciam a capital e o equilíbrio do clima, lutou
contra o desmatamento para a lavoura de café e derrubada de arvores para fazer
carvão.

5) Regulamentação para a locação do serviço domésticos – visando a garantia


de direitos trabalhistas mínimos para os empregados.

6) Defesa da estabilidade dos professores antigos nas escolas - impedia a perda


de seus empregos, diante da barganha de alguns políticos que desejavam trocar
emprego nas escolas por votos.

7) Construção de açudes – impressionado com a grande seca de 1845, lutou pela


construção de açudes no sertão nordestino. Onde não havia financiamento do governo
as pessoas recebiam orientação e a construção ocorria pelo trabalho solidário.

8) Guerra do Paraguai - posicionou-se contra a guerra do Paraguai, de 1864 a


1870, que serviu aos interesses da elite brasileira, posto que mandavam seus escravos
como “Voluntários da Pátria”, iludindo-os com a promessa de liberdade e de
permanência na vida militar.

9) Abolição da Escravatura - apresentou um projeto de lei, que defendia o amparo


aos escravos libertos. Os idosos não seriam abandonados e os mais jovens, até 18 anos
deveriam viver em instituições mantidas pelo governo, onde receberiam o amparo e o
ensino das letras e dos números, além de aprender um ofício, que lhes permitisse viver
com dignidade, serem úteis à sociedade, e evitasse que as mulheres caíssem na
prostituição. Esse projeto não foi aprovado.

Além da vida política, Bezerra exerceu o cargo de diretor da Companhia


Arquitetônica de Vila Isabel, responsável pelo planejamento urbanístico do bairro.
Fundou a Estrada de Ferro Macaé-Campos, que acabou falindo.
34° Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Bezerra de Menezes
“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
Desenvolvimento - Sexualidade Desvirtuada – 2ª Parte”

Em 1880 foi designado para presidente da Câmara de Deputados e líder do Partido


Liberal.

Após 20 anos de vida política, Bezerra encerra esta etapa profundamente


decepcionado com a classe política. Tudo o que é torpe e deturpador da justiça e do
direito desfilara-lhe debaixo dos olhos atonitamente abertos. Voltaria a viver da
Medicina, o Médico dos Pobres.

7) O ESPÍRITA E O ESCRITOR

Em 16/08/1886, diante de uma plateia de cerca de duas mil pessoas, em uma sala
localizada no prédio da Guarda Velha, Bezerra de Menezes declara a sua adesão ao
Espiritismo. Enfrenta sérias críticas da família, principalmente do irmão Antônio, o mais
velho. (ler Uma Carta de Bezerra).

De acordo com o seu planejamento reencarnatório, a divulgação e a unificação do


Espiritismo no Brasil era a sua principal missão, que lhe foi concedida por Jesus e
expressa pelo espírito Ismael em um encontro entre ambos, ainda no plano espiritual, e
aceita por Bezerra. (ler Coração do Mundo, Pátria do Evangelho – cap. 22)

Diante dos ataques, de sacerdotes e de católicos, sofridos pela Doutrina Espírita


através da imprensa e diretamente, Bezerra resolveu responder-lhes com amor e com
conhecimento da doutrina. Sua habilidade com as palavras somadas ao sentimento
elevado levaram-no a participar ativamente na publicação periódica de artigos sobre o
Espiritismo na revista Reformador, no jornal “O Paiz”, Jornal do Brasil e Gazeta de
Notícias, e também. Passou a escrever com o pseudônimo MAX. Escreveu também
alguns romances.

Como presidente da Casa de Ismael, introduz o estudo semanal do Livro dos


Espíritos, e posteriormente, de outras obras da codificação.

Os praticantes do Espiritismo desta época estavam divididos em duas correntes:


Científicos e Místicos, que divergiam completamente no entendimento da doutrina dos
espíritos trazida por Kardec, fundamentada nas lições de Jesus. O orgulho e o desejo
de mando, tão humano, tornava muito mais difícil a tarefa de quem tinha a missão de
reunificá-los. Daí a ideia de criar um órgão centralizador – a FEB, na tentativa de
estabelecer pontos convergentes na doutrina. Em 1885, Bezerra, por orientação do
espírito Agostinho, aceita assumir a presidência.

Diante da difícil unificação, em janeiro de 1889, no centro espírita Fraternidade, é


recebida uma mensagem de Kardec, que foi publicada com o título: Instruções de Alan
Kardec aos Espíritas do Brasil. O objetivo era facilitar a unificação dos dois grupos.

Em 1893, já na República, a Revolta da Armada, instaurou um clima de violência


no país. Os centros kardecistas passaram a ser invadidos e proibidos de funcionar. No
último domingo deste ano é publicado o último artigo de Max. No entanto, Bezerra
continuava na luta. Dedicou-se a essa tarefa na última década de sua vida, mas essa
unificação só ocorreu em 1950, com a assinatura do Pacto Áureo.

Finalmente, no dia 11 de abril de 1900, esse valoroso espírito retorna à Pátria


Espiritual, onde é recebido por Celina, emissária de Maria de Nazaré, que lhe diz ter
34° Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Bezerra de Menezes
“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
Desenvolvimento - Sexualidade Desvirtuada – 2ª Parte”

completado o seu ciclo evolutivo no planeta Terra, sendo-lhe possível continuar sua
evolução em outro orbe mais elevado. Humildemente, ele pede para continuar seu
trabalho aqui, enquanto houver um sofredor na Terra.

No plano espiritual deu continuidade ao seu trabalho de amor na seara de Jesus.


Através de médiuns inspirados por ele, como Eurípedes Barsanulfo, Yvonne Pereira,
Chico Xavier, Divaldo Franco, entre outros, tornou possível a publicação de muitos livros
e mensagens evangélicas. Temos conhecimento da atuação de sua equipe espiritual
em momentos sociais críticos (por exemplo, no carnaval e em grandes calamidades),
no trabalho de atendimento à saúde (cura), e também, no atendimento fraternal de
pessoas que em momentos de aflição pedem sua ajuda, tendo sempre a certeza de que
serão amparadas.

8) CONCLUSÃO:

A biografia de Adolfo Bezerra de Menezes mostra que ele foi um homem de caráter
firme para quem a ética e a moral foram fatores essenciais.

Desde a sua infância enfrentou adversidades com equilíbrio, buscando sempre fazer
o bem. Seguia o ensinamento dos pais.

Determinado a cursar Medicina, não esmoreceu diante da pressão exercida pela


família e das dificuldades até concluir o curso. Espírito generoso e humilde, tornou-se
conhecido como o Médico dos Pobres, por não ser um mercenário da medicina, doando
ao irmão necessitado o que fosse necessário, materialmente ou moralmente, o seu
abraço, seu olhar, seu carinho ou sua prece.

Casou-se por amor e deu o melhor de si como chefe de família.

Buscou na Política um meio mais amplo de ser útil aos irmãos necessitados. Fez o
máximo que lhe foi possível, pois não contou com o apoio dos demais políticos ainda
presos aos próprios interesses materiais, enquanto ele defendia uma política do bem-
estar social, em defesa dos mais humildes.

Como empresário, buscou servir, e não, servir-se objetivando apenas o lucro.

Como jornalista buscou levar à luz da razão os ensinamentos da Doutrina Espírita


através da fé raciocinada.

A missão maior era a unificação entre científicos e místicos e o assentamento das


bases da Doutrina Espírita na Pátria do Evangelho. Dedicou toda a sua energia em
adubar a Árvore do Evangelho na Pátria escolhida por Jesus, e ela frutificou.

Utilizou a sua energia criadora fundamentada nas Leis Naturais. Nas várias etapas
da sua vida, como filho amoroso, aluno brilhante, pai dedicado, amigo sincero, médico
dos pobres, político de caráter íntegro, empresário honesto, escritor e espírita cristão,
soube deixar fluir sentimentos elevados como bondade, abnegação, indulgência,
empatia, coragem, resignação, resiliência, amor e a fé inquebrantável. Fiel servo da
seara de Jesus, que continua o seu trabalho no plano espiritual, dando continuidade à
sua jornada evolutiva como espírito imortal.

9) BIBLIOGRAFIA:
34° Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Bezerra de Menezes
“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
Desenvolvimento - Sexualidade Desvirtuada – 2ª Parte”

1) Nobre, deputado Freitas (seleção e introdução), PERFIS PARLAMENTARES 33 –


BEZERRA DE MENEZES, sem ed., Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de
Publicações, 1986.

2) Acquarone, Francisco, BEZERRA DE MENEZES, O MÉDICO DOS POBRES, 5ª


edição, São Paulo: Editora Aliança, 2013.

3) Viola, Paulo Roberto, BEZERRA DE MENEZES, O ABOLICIONISTA DO IMPÉRIO,


1ª ed, Rio de Janeiro: F.V. Lorenz, 2008.

4) Soares, Sylvio Brito, VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES, 13ª ed., Rio de
Janeiro: FEB, 2010.

5) Gama, Ramiro, LINDOS CASOS DE BEZERRA DE MENEZES, 14ª ed., São Paulo:
LAKE, 2001.

6) Martins, Jorge Damas, OS BEZERRA DE MENEZES E O ESPIRITISMO, 1ª ed., Rio


de Janeiro: Novo Ser, 2011.

7) Klein Filho, Luciano (organizador), BEZERRA DE MENEZES – FATOS E


DOCUMENTOS, 2ª ed., São Paulo: Lachâtre, 2012.

8) Menezes, Adolfo Bezerra, UMA CARTA DE BEZERRA DE MENEZES, edição


anotada, organização de Geraldo Campetti Sobrinho, 9ª ed., Brasília: FEB, 2014.

9) Campos, Humberto de (Espírito), BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO, PÁTRIA DO


EVANGELHO; (psicografado por) Francisco Cândido Xavier, 33ª ed., Brasília: FEB,
2013.

10) OBSERVAÇÕES:

- Para conhecermos um pouco mais sobre Bezerra de Menezes, um espírito de escol e


a importância da sua missão como Médico dos Pobres e como espírita, no livro Lindos
Casos de Bezerra, sugiro a leitura dos seguintes casos:

28- Um aluno do outro mundo.

29- A música mais linda.

30- Geologia humana.

33- O apóstolo da Medicina.

46- Dava o que possuía.

65- Ainda há flores no seu coração.

66- Um abraço em nome de Deus.

74- Uma carroça de alimentos.

78- Evitando um suicídio.


34° Encontro Espírita sobre a Vida e Obra de Bezerra de Menezes
“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em
Desenvolvimento - Sexualidade Desvirtuada – 2ª Parte”

- O livro “Uma carta de Bezerra de Menezes” é o discurso de Bezerra de Menezes na


sua conversão ao Espiritismo.

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