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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


CURSO DE FARMÁCIA

Plantas utilizadas com fins medicinais nas comunidades de Milho Verde e São Gonçalo
do Rio das Pedras – Serro (MG)

Dalila Pinto Malaquias

Diamantina
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

Plantas utilizadas com fins medicinais nas comunidades de Milho Verde e São Gonçalo
do Rio das Pedras – Serro (MG)

Dalila Pinto Malaquias


Orientadora:
Profª Drª Cristiane Fernanda Fuzer Grael

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Farmácia, como
parte dos requisitos exigidos para a
conclusão do curso.

Diamantina
2012
Plantas utilizadas com fins medicinais nas comunidades de Milho Verde e São Gonçalo
do Rio das Pedras – Serro (MG)

Dalila Pinto Malaquias

Orientadora:
Profª Drª Cristiane Fernanda Fuzer Grael

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Farmácia, como
parte dos requisitos exigidos para a
conclusão do curso.

APROVADO em / /

_______________________________
Prof. Dr. Luiz Elídio Gregório – UFVJM

_______________________________
Prof. Dr. Carlos Victor Mendonça Filho - UFVJM

_______________________________
Profª Drª Cristiane Fernanda Fuzer Grael – UFVJM
AGRADECIMENTOS

À Deus pela vida, por me iluminar, fortalecer e guiar meus passos.


Aos meus pais, irmãos e avós, meu eterno agradecimento pelo amor, dedicação,
preocupação e confiança.
Aos meus amigos pela paciência e apoio.
À minha amiga Marina, peça integral na realização das entrevistas, coletas e finalização
deste trabalho.
À Vinícius por toda ajuda e incentivo.
À Cristiane Grael pela competência, disponibilidade e oportunidade em participar deste
projeto.
Aos funcionários do herbário DIAM/UFVJM por toda colaboração.
Aos moradores das comunidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras,
pela humildade, carinho e disposição em nos receber.
Aos informantes-chave, conhecedores da flora medicinal da região, que aceitaram
participar da pesquisa.
“No dia em que suas terras forem
invadidas pelas culturas, sua vegetação
primitiva não será esquecida...”

Auguste de Saint-Hilaire, 1848


RESUMO

As plantas medicinais são utilizadas desde a antiguidade, sendo às vezes, o único


recurso terapêutico de muitas comunidades. As informações sobre plantas medicinais de
uso popular fornecidas pelas comunidades associadas com os estudos fitoquímicos,
representa avanços na investigação farmacológica, podendo fornecer subsídios para a
validação de seu emprego medicinal. Além disso, as informações tradicionais podem
reduzir o tempo de pesquisa dispendido para uma determinada planta, candidata a
fornecedora de matéria-prima para desenvolvimento de fitoterápicos ou fitofármacos. É
fundamental valorizar o saber popular, reconhecendo e resgatando os conhecimentos
que muitas vezes não estão sendo transferidos para gerações futuras, por diversos
motivos. Com o objetivo de recuperar informações sobre plantas medicinais (em
especial as nativas do cerrado), realizou-se entrevistas com 10 informantes-chaves das
localidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro-MG). Os 10
entrevistados possuem entre 40 e 88 anos sendo 6 do sexo feminino. Metade estudou até
o Ensino Fundamental, 2 cursaram o Ensino Médio, 2 possuem o Ensino Superior e 1 se
declarou analfabeto. A maioria adquiriu conhecimento sobre plantas medicinais com os
pais ou avós e 4 informantes assumiram que este saber não vem sendo transmitido para
outras gerações. Durante as entrevistas coletou-se amostras das plantas citadas para a
confecção de exsicatas e identificação taxonômica. A planta mais mencionada foi o
“Pacari” (em processo de identificação), seguida pela “Carobinha” (Jacaranda caroba),
“Carqueja” (Baccharis crispa), e “Espinheira Santa” (não coletada). A folha é a parte
das plantas mais utilizada, sendo o chá a forma de preparo mais citada. Dentre as
diversas aplicações terapêuticas atribuídas as plantas, o uso mais citado foi como
“depurativo do sangue”. Verificou-se que os informantes não se preocupam com
posologia e acreditam só no benefício trazido pelas plantas. Algumas plantas citadas nas
entrevistas não são nativas da região ou do cerrado, mesmo tendo sido solicitado aos
informantes-chave informações somente sobre as espécies medicinais nativas da região.
Muitas plantas merecem estudos que comprovem sua atividade terapêutica e se faz
importante os levantamentos etnobotânicos a fim de registrar o conhecimento popular,
para que o mesmo não se perca.

Palavras-chave: Plantas medicinais, cerrado, etnobotânica.


ABSTRACT

Medicinal plants have been used since ancient times, being in some cases, the only
therapeutic resource in many communities. The information about medicinal plants of
popular use, furnished by the communities associated with phytochemical studies,
represent improvements in pharmacological investigation, and can provide knowledge
for validation on its medicinal employment. In addition, the traditional information can
reduce the expended time in research for a particular plant, which can be the possible
supplier of raw material for development of phytotherapics or phytopharmaceuticals.
It’s essential to enhance the popular knowledge, recognizing and rescuing those in
which most of the times are not being transferred, for various reasons, to the future
generations. Having the objective to regain information about medicinal plants
(especially those native plants of savanna), 10 key informants were interviewed in the
localities of Milho Verde and São Gonçalo do Rio das Pedras, in the city of Serro-MG.
The 10 respondents have between 44 and 80 years of age and 6 are females. Half of
them went to school until Elementary School, 2 attended High School, 2 have college
graduation and 1 declared to be illiterate. Most of them acquired knowledge about
medicinal plants with parents or grandparents and 4 informants assumed that those
information are not being transmitted to other generations. During the interviews,
samples of cited plants were collected to make herbarium specimens and in taxonomic
identifications. The most mentioned plant was the “Pacari” (in identification process),
followed by “Carobinha” (Jacaranda caroba), “Carqueja” (Baccharis crispa), and
“Espinheira Santa” (not collected). The leaf is the most utilized part of the plants,
having the tea as the most cited form of preparation. Among the various therapeutic
applications attributed to the plants, the most cited usage was “blood depurative”. It was
verified that the informants are not concerned with posology and only believe on
benefits brought by the plants. Some cited plants in the interviews are not native to the
region, neither from savanna, even after being solicited to the key informants
information only about medicinal species native to the region. Many plants deserve
studies that prove their therapeutic activity and ethnobotanical surveys become
important to register popular knowledge, so that it is not lost.

Keywords: Medicinal plants, savanna, ethnobotany


LISTA DE ILUSTRAÇÕES
ILUSTRAÇÃO 1-Esquema adaptado das principais fitofisionomias do bioma Cerrado.
........................................................................................................................................ 20

ILUSTRAÇÃO 2: Mapa de distribuição dos biomas brasileiros .................................. 22

ILUSTRAÇÃO 3: Áreas prioritárias para conservação ................................................ 22

ILUSTRAÇÃO 4: Mapa da localização do Alto Jequitinhonha. .................................. 25

ILUSTRAÇÃO 5: Mapa da localização de Milho Verde e São Gonçalo. .................... 25

ILUSTRAÇÃO 6- Forma de aquisição do conhecimento citada pelos informantes-


chave das comunidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras. ................. 34

ILUSTRAÇÃO 7: Gráfico da distribuição dos 10 informantes-chave segundo a faixa


etária e sexo de Milho Verde e de São Gonçalo do Rio das Pedras. .............................. 34

ILUSTRAÇÃO 8: Gráfico da distribuição dos 6 informantes-chave de São Gonçalo do


Rio das Pedras. ............................................................................................................... 34

ILUSTRAÇÃO 9: Gráfico da distribuição dos 4 informantes-chave de Milho Verde. 35

ILUSTRAÇÃO 10: Gráfico indicativo das partes utilizadas no preparo das plantas para
fins terapêuticos segundo entrevistas com informantes chaves de Milho Verde e São
Gonçalo do Rios das Pedras (Serro – MG). ................................................................... 48

ILUSTRAÇÃO 11: Gráfico indicativo da porcentagem de plantas listadas e forma de


preparo segundo informantes das comunidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio
das Pedras (Serro – MG). ............................................................................................... 49

ILUSTRAÇÃO 12: Gráfico indicativo das principais indicações de uso segundo


informantes das comunidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro
– MG). ............................................................................................................................ 50
LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Nomes populares, em ordem alfabética, das plantas citadas pelos entrevistados de
Milho Verde (MV) e São Gonçalo do Rio das Pedras (SG) com respectivo número de
entrevistados que as citaram. ....................................................................................................... 37

TABELA 2. Forma de uso medicinal das plantas citadas por três ou mais informantes-chave
entrevistados em Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro – MG). ....................... 38

TABELA 3. Plantas medicinais citadas pelos informantes chave entrevistados em Milho Verde
e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro – MG). ........................................................................ 40

TABELA 4. Comparação entre o uso das plantas medicinais citadas por naturalistas que
estiveram no Brasil no séc. XIX e o uso de plantas medicinais citados por informantes-chaves
entrevistados em Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro-MG) em 2010/2011... 47

TABELA 5. Categoria de doenças e indicações terapêuticas das plantas citadas pelos


informantes das comunidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro – MG).
..................................................................................................................................................... 50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária


APA – Área de Proteção Ambiental
CBD – Convenção sobre Diversidade Biológica
CEP/UFVJM – Comitê de Ética e Pesquisa/ Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri
IEF – Instituto Estadual de Florestas
OMS- Organização Mundial da Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 15
1.1 Medicina Tradicional ............................................................................................ 15
1.2 Utilização de plantas medicinais........................................................................... 15
1.3 Pesquisas Etnobotânicas ....................................................................................... 18
1.4 Biodiversidade brasileira ...................................................................................... 19
1.5 Cerrado .................................................................................................................. 20
1.6 Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras .................................................... 24
2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 27
3 METODOLOGIA...................................................................................................... 29
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 33
5 CONCLUSÃO............................................................................................................ 53
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 54
ANEXOS ....................................................................................................................... 58
ANEXO A. Aprovação do Projeto de Pesquisa pelo CEP/UFVJM ........................... 58
ANEXO B. Autorização concedida pelo IEF ............................................................. 60
ANEXO C. TCLE ....................................................................................................... 61
ANEXO D. Formulário da entrevista. ........................................................................ 64
ANEXO E: Folder ...................................................................................................... 65
ANEXO F. Entrevistas. .............................................................................................. 67
ANEXO G. Imagens das plantas identificadas. .......................................................... 81
1 Introdução

1.1 Medicina Tradicional

A medicina tradicional em várias partes do mundo usa de tradições e crenças no


cuidado com a saúde, envolvendo práticas diversas, dentre elas o uso de plantas. Como
foi definida pela OMS, saúde não é simplesmente a ausência de doença ou enfermidade
e sim um estado completo de bem-estar físico, mental e social (HOAREAU & DA
SILVA, 1999).
As plantas medicinais são usadas desde a antiguidade, registros apontam 50.000
anos atrás como o marco do início desta prática para a cura de doenças e outros males.
A partir de observações e experiências, o homem primitivo descobriu plantas benéficas
e também plantas nocivas (BORGES & ALMEIDA, 2008). Como esclarece a OMS,
Planta medicinal consiste em um vegetal que possui substâncias passíveis de serem
utilizadas com fins terapêuticos ou que como precursores de fármacos semissintéticos
(VEIGA Jr et al., 2005).
As práticas curativas ou preventivas baseadas nas crenças e tradições são
consideradas “complementares”, “alternativas” ou “não convencionais” em países onde
o sistema de saúde desconhece a medicina tradicional ou restringe-se à medicina
alopática (OMS, 2002).

1.2 Utilização de plantas medicinais

Às vezes, o tratamento com plantas acaba sendo o único recurso terapêutico de


muitas comunidades e grupos étnicos (MACIEL et al., 2002). Mesmo com a evolução
da medicina alopática, grande parte da população carente não é beneficiada, pois
encontra dificuldades no acesso à centro de atendimentos hospitalares, realização de
exames e aquisição de medicamentos. Dessa forma, cresce a utilização de plantas
medicinais pelas populações de países em desenvolvimento. Realçando tal fato, a OMS
divulgou no início da década de 1990 que 65-80% da população dos países dependiam
das plantas medicinais e tinham essa como única forma de acesso aos cuidados básicos
de saúde (VEIGA Jr et al., 2005). No Brasil, o uso de plantas medicinais está ligado ao

15
tempo colonial, em que esta tradição teve influência da cultura indígena, européia e
africana (GRANDI et al., 1989).
O Brasil do início do século XX era predominantemente rural e usava
abundantemente a flora como recurso medicinal. No entanto, foi a difusão do
conhecimento entre gerações e as uniões étnicas entre imigrantes, que resultaram na
medicina popular brasileira dos dias atuais (BRASIL, 2006).
Com a industrialização brasileira, o acesso aos medicamentos sintéticos e aos
profissionais de saúde se tornou mais fácil, e a falta de comprovação farmacológica das
plantas medicinais virou sinônimo de atraso tecnológico. Assim, o conhecimento
tradicional passou a ser relegado (BORGES & ALMEIDA, 2008).
No entanto, recentemente, a medicina tradicional ganhou popularidade devido ao
incentivo dado por profissionais que atuam em serviços de saúde onde predominam a
medicina convencional e por profissionais da rede básica de saúde dos países em
desenvolvimento (BRASIL, 2006).
A valorização do uso de plantas medicinais e fitoterápicos tem se fortificado
desde o momento em que a OMS recomendou que os países criassem e desenvolvessem
ações com intuito de incluir plantas medicinais na Atenção Primária em Saúde
(BORGES & ALMEIDA, 2008).
Os estudos na área ainda são escassos e insuficientes quando se trata da riqueza
da flora brasileira. Percebe-se assim, a necessidade de estimular estudos acerca do
assunto, possibilitando o uso adequado das plantas medicinais (BRASIL, 2006).
Em 2001, em Brasília, 400 profissionais de diversos segmentos discutiram a
proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos tendo como
objetivo garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas
medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o
desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional (BRASIL, 2006).
Dessa forma, em dezembro de 2008 foi instituído o Programa Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos a fim de garantir segurança, eficácia e qualidade às
plantas e fitoterápicos nos serviços relacionados à Fitoterapia no SUS. Este programa
também busca reconhecer as práticas populares à respeito do uso de plantas medicinais
e sua utilização como remédios caseiros, sobretudo através de pesquisas etnobotânicas
(BRASIL, 2009).

16
A criação de programas de fitoterapia no Brasil foi influenciada pelo programa
Farmácias Vivas, criado pelo professor Francisco José Abreu Matos, da Universidade
Federal do Ceará. Foi o primeiro programa de assistência social farmacêutica baseado
no emprego de plantas medicinais desenvolvido no Brasil. Tem entre seus objetivos
produzir e utilizar produtos com fins terapêuticos oriundos da flora medicinal da região.
Após a criação, o programa tornou-se referência para todo o país (SILVA et al., 2006).
Grande parte das drogas derivadas de plantas medicinais, são usados hoje no
mesmo intuito em que se utilizavam nas comunidades tradicionais, fazendo com que os
estudos etnobotânicos sejam alvo de interesse pela indústria farmacêutica (BORGES &
ALMEIDA, 2008).
Como resultado do crescimento da biopirataria, técnicas de colheita errôneas,
perda de habitat e comércio de plantas medicinais, a biodiversidade genética de plantas
medicinais tradicionais está constantemente sob a ameaça de extinção (HOAREAU &
DA SILVA, 1999).
Os derivados de plantas medicamentosas atuam na manutenção da saúde em
várias sociedades desenvolvidas. Por isso, as plantas com funções medicinais são
componentes em pesquisas desenvolvidas pelas indústrias farmacêuticas. Essas
investigações objetivam-se em isolar e usar diretamente o princípio ativo, ou
desenvolver produtos sintéticos (HOAREAU e DA SILVA, 1999). Em suma, US$320
bilhões/ano movimentados pelos produtos farmacêuticos, US$20 bilhões são originários
de substâncias ativas derivadas de plantas (BORGES & ALMEIDA, 2008).

Interesse da indústria farmacêutica pelas plantas medicinais de uso tradicional

Antes de serem comercializados, todos os fitoterápicos industrializados no


Brasil, devem ser registrados na ANVISA, para que a população tenha acesso a
medicamentos seguros, eficazes e de qualidade comprovada. A ANVISA tem o intuído
de gerenciar os possíveis riscos à saúde em todas as fases, onde se incluem os
fitoterápicos. Para o registro de medicamentos a base de plantas nativas, muitos estudos
são exigidos como os pré-clínicos e clínicos (CARVALHO et al., 2007).
Muitas áreas estão envolvidas nas bioprospecção de novas substâncias oriundas
de plantas. Dos caminhos existentes para o estudo de plantas para finalidades

17
medicinais, se destacam quatro principais abordagens: randômica (coleta ao acaso de
plantas para análises fitoquímicas e farmacológicas), etológica (baseado nos estudos de
comportamento animal como primatas), quimiotaxionômica (seleção de espécies de
uma família ou gênero, do qual já se tem algum conhecimento fitoquímico) e o
etnodirigido (seleção de espécies de acordo com a indicação de grupos populacionais,
onde se destaca a etnofarmacologia e a etnobotânica) (ALBUQUERQUE &
HANAZAKI, 2006).
Atualmente a bioprospecção é regulamentada por legislação no Brasil. Até a
Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) começar a entrar em vigor, os recursos
genéticos tinham acesso livre, por ser considerados patrimônio da humanidade. Esta
Convenção tem como objetivos a conservação da diversidade biológica, a utilização
sustentável de seus componentes e a divisão dos benefícios derivados do uso dos
recursos genéticos (SILVA, 2012).

1.3 Pesquisas Etnobotânicas

Harshberger, em 1895 foi o primeiro a empregar o termo “etnobotânica”


(MACIEL et al., 2002). A pesquisa etnobotânica compreende o estudo da relação mútua
entre populações tradicionais e plantas, onde se busca uma aproximação objetivando
resgatar e registrar conhecimentos resultantes dessa relação (RODRIGUES &
CARVALHO, 2001). O pesquisador busca conhecer a cultura da comunidade e o modo
como utiliza os meios naturais, incluindo a cura de suas enfermidades, procurando obter
registro no meio científico (PATZLAFF & PEIXOTO, 2009). Essas importantes
informações para o uso coerente das plantas, muitas vezes são específicas de cada local
(ALVES et al., 2008).
Comunidades onde os remédios caseiros são alternativas de tratamento devido
ao comportamento enraizado à tradição de uso, devido à distância dos centros urbanos
ou devido à falta de recursos, o saber é transmitido oralmente por gerações, geralmente
no contato familiar. É portanto fundamental valorizar essas comunidades reconhecendo
e resgatando esses conhecimentos (CUNHA & BORTOLOTO, 2011).
Entretanto, o processo de mudança cultural de comunidades, devido a influência
dos meios modernos de comunicação, juntamente com a destruição do hábitat natural

18
das plantas medicinais, causam a perda dessa valiosa transmissão oral de conhecimentos
acerca de plantas nativas (MEDEIROS et al., 2004).
A abordagem etnobotânica é uma estratégia que tem atingido sucesso na
identificação de novas moléculas bioativas de diversas plantas. Nessa abordagem, a
informação trazida das comunidades juntamente com os estudos fitoquímicos representa
avanço na investigação farmacológica e tem produzido resultados positivos (MELO et
al., 2011).
Os estudos etnobotânicos cresceram consideravelmente na última década, em
muitas partes do mundo, inclusive na América Latina. Em 52% artigos publicados em
periódicos internacionais, baseados em pesquisas desenvolvidas na América Latina,
41% foram de levantamentos etnobotânicos na América do Sul (desenvolvidos por
pesquisadores nacionais de países como Uruguai, Argentina, Chile, Brasil e Paraguai).
Dessa forma, torna-se importante acompanhar o desenvolvimento da etnobotânica no
Brasil, considerando sua diversidade cultural e biológica (OLIVEIRA et al., 2009).

1.4 Biodiversidade brasileira

No Brasil, ocorre predominantemente seis grandes biomas, sendo o Cerrado, os


Campos e Florestas Meridionais, a Floresta Atlântica, a Caatinga, a Floresta Amazônica
e o Pantanal (RIBEIRO & WALTER, 2008).
Compreende-se por biodiversidade a versatilidade entre os seres vivos de todas
as origens. O que inclui a diversidade no interior da espécie, entre espécies diferentes ou
entre espécie e ecossistema. Para a ciência moderna, a biodiversidade é fruto da
natureza, formada pelo mundo natural e analisada por disciplinas científicas, onde se
enquadram a botânica, a genética, a biologia, etc (DIEGUES et al., 2000).
É dos seres vivos que compõe esta variabilidade natural, chamada
biodiversidade, que os seres humanos retiram seus alimentos, produtos industriais e
remédios. A maior parte dos 10 milhões de seres vivos formadores da biodiversidade se
concentra nas regiões tropicais. O Brasil possui a maior cobertura de florestas tropicais,
sendo localizada na região Amazônica, como também em outros biomas endêmicos. O
Brasil dispõe de 10% de todas as espécies do mundo, sendo um país com uma das
maiores biodiversidades (PAGOTTO & SOUZA, 2006).

19
A flora brasileira é a mais rica do planeta, com aproximadamente 55 mil
espécies de plantas superiores (cerca de 22% do total mundial) (MMA, 2002). Além de
apresentar um dos maiores índices de diversidade biológica, o Brasil ostenta também
uma grande diversidade cultural. Nosso país foi constituído por sociedades
diferenciadas culturalmente, capazes de se adaptar aos diferentes ecossistemas
brasileiros, seja por sobrevivência ou pela maneira como utilizam os recursos naturais
(DIEGUES et al., 2000).
Considerando os biomas brasileiros, o Cerrado contém cerca de 5% da
biodiversidade mundial (BORGES & ALMEIDA, 2008).

1.5 Cerrado

Cerrado é o modo que se utiliza para denominar conjuntos de ecossistemas


presentes na região central do território nacional, como as savanas, matas, campos e
matas de galeria. O clima é considerado estacional, com período de chuva (outubro a
março) seguido por um período seco (abril a setembro). Ao longo do ano as
temperaturas não chegam à extremos, permanecendo em média entre 22°C e 27°C e a
precipitação média anual é de 1.500 mm (KLINK & MACHADO, 2005).
O Cerrado possui características marcantes em sua fisionomia, que vão desde a
mata ciliar às formações savânicas, como mostrado na Ilustração 1 (BASTOS &
FERREIRA, 2010).

ILUSTRAÇÃO 1- Esquema adaptado das principais fitofisionomias do bioma Cerrado.

Fonte: Ribeiro & Walter, 2008, p. 165.

20
Na diferenciação dos tipos fitofisionômicos, adota-se critérios baseados na
fisionomia, aspectos do ambiente e da composição florística. Ao todo são descritos doze
tipos principais de vegetação para o Bioma, enquadrados em formações florestais (Mata
Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão), savânicas (Cerrado sentido restrito,
Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e campestres (Campo Sujo, Campo Limpo e
Campo Rupestre) (RIBEIRO & WALTER, 2008).
O bioma Cerrado é uma das regiões mais importantes do país, devido à riqueza
de vegetação que compreende plantas lenhosas (como as árvores e os arbustos) até
herbáceas. Caracterizando a região como singular e diversificada fisionomicamente. É
uma das regiões de maior biodiversidade do mundo e cobre 25% do território nacional.
Localizado na porção central do continente sul-americano e no sentido nordeste-sudeste
brasileiro (ILUSTRAÇÃO 2) (PAGOTTO & SOUZA, 2006). Cálculos indicam mais de
6.000 espécies de árvores e 800 espécies de aves, além de grande variedade de peixes e
outras formas de vida (MMA, 2002). No entanto, mesmo sua flora sendo considerada a
mais rica entre as savanas do mundo, ainda é pouco conhecida. E ainda são poucos os
estudos voltados para a identificação de plantas úteis (CUNHA & BORTOLOTTO,
2011).
A variedade taxonômica no Cerrado se deve à diversidade relativa aos táxons
mais elevados como gênero, família e ordem. Quanto maior for a diversidade
taxonômica em níveis superiores, maior é o distanciamento filogenético entre as
espécies e maior é a diferença e diversidade química entre elas, o que implica na
importância do Cerrado nas pesquisas com plantas medicinais (NETO & MORAIS,
2003).
Estima-se que aproximadamente 40% do bioma Cerrado já tenha sido devastado
e 1,5% de sua extensão é protegida por lei, sendo portanto a vegetação em maior risco
no país (ILUSTRAÇÃO 3). É válido ressaltar que os recursos naturais oferecidos pelo
Cerrado, dentre eles a capacidade terapêutica oferecida pelas plantas, uma vez extintos,
estarão indisponíveis às futuras gerações (NETO & MORAIS, 2003).

21
ILUSTRAÇÃO 2: Mapa de distribuição dos biomas brasileiros
Fonte: Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=169.

ILUSTRAÇÃO 3: Áreas prioritárias para conservação


Fonte: Disponível em: http://homolog-w.mma.gov.br/index.php.

22
Nas últimas décadas, tem sido proposta a exploração mais intensa do Cerrado,
(seja por expansão agrícola, seja por plantios florestais para fixar carbono atmosférico)
uma vez que esta região está sendo considerada uma alternativa ao desmatamento na
Amazônia (MMA, 2002).
Os principais responsáveis pela destruição das grandes áreas do Cerrado são
empreendimentos agrícolas baseados em monoculturas ou devastação de áreas para
criação de gado. Isso causa também a degradação sócio cultural e ambiental
(DELWING & PICCININI, 2007).
São inúmeras as espécies de plantas e animais com risco de extinção. Em áreas
protegidas, 20% das espécies nativas e endêmicas não existem mais. Estima-se que das
espécies de animais que ocorrem no Cerrado, 137 estão ameaçadas de extinção. Dos
biomas brasileiros que sofreram alterações com a ocupação humana, o Cerrado aparece
em primeiro lugar, resultado da exploração extremamente predatória do material
lenhoso para produção de carvão (MMA, 2012).
A destruição da vegetação natural significa a perda do conhecimento sobre o uso
medicinal tradicional das plantas pelas populações, acumulado ao longo dos tempos. Os
detentores deste conhecimento rompem o saber acumulado quando migram para centros
urbanos, o que na maioria das vezes acontece (ALMEIDA, 2003).
Além das riquezas naturais, estão em risco de desaparecer inclusive a cultura de
um povo que detém um conhecimento tradicional da biodiversidade do Cerrado. E ainda
a transmissão ocorre apenas de forma verbal, para as outras gerações (DELWING &
PICCININI, 2007).
As pesquisas com plantas se torna importante no bioma Cerrado, sendo a
categoria medicinal a mais estudada. No entanto os estudos etnobotânicos na região
ainda são escassos (DAMASCENO & BARBOSA, 2008). Faltam também estudos
voltados para a identificação de plantas úteis, principalmente quando comparada à
diversidade e à área ocupada (NETO & MORAIS, 2003).
A gestão da biodiversidade constitui-se também na valorização da cultura local,
dos saberes tradicionais e suas formas regionais de relação com o ambiente. Os
raizeiros têm um importante papel ao transmitir seus conhecimentos populares sobre
plantas medicinais do Cerrado, incentivando as atividades de produção de

23
medicamentos e remédios. Podendo proporcionar a diminuição dos impactos gerados
neste bioma e valorizar a sua flora (BORGES & ALMEIDA, 2008).

1.6 Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras

O presente trabalho foi realizado nos distritos de Milho Verde e São Gonçalo do
Rio das Pedras, situados no alto Jequitinhonha, Serra do Espinhaço, pertencentes ao
município mineiro de Serro (ILUSTRAÇÕES 4 e 5).
O distrito de Milho Verde (18º28’07’’S e 43º29’57’’W) está localizado a 25 km
da sede do município do Serro e a 32 km de Diamantina. A população do distrito é
composta de 490 moradores na área urbana e 1172 na área rural, totalizando 1662
habitantes em todo o perímetro do distrito.
A principal atividade econômica do distrito é o turismo, mas a pecuária e a
agricultura de subsistência também estão presentes, em especial na zona rural. Os
atrativos turísticos compreendem belas cachoeiras, trilhas e campos para
acampamentos. Além da população acolhedora, a atmosfera festiva atrai turistas que
procuram proximidade com a natureza e fuga do estresse das cidades (SERRO.TUR,
2012).
São Gonçalo do Rio das Pedras (18°24'54"S e 43°29'41"W) está localizado a 7
km de Milho Verde e a 29 km do Serro. A população é composta por 746 moradores na
zona urbana e 1023 na zona rural (SERRO.TUR, 2012). A região é uma APA,
denominada Águas Vertentes. Ocupa uma área de 76297.20 ha, com predomínio do
bioma Cerrado (OBSERVATÓRIO, 2012).

24
ILUSTRAÇÃO 4: Mapa da localização do Alto Jequitinhonha.

Fonte: Disponível em: http://www.minas-gerais.net/diretorio/index.php?cat_id=754.

ILUSTRAÇÃO 5: Mapa da localização de Milho Verde e São Gonçalo.

Fonte: Disponível em: http://www.serro.tur.br/mapas.php.

25
26
2 Objetivos

Objetivo geral: Ampliar o conhecimento sobre o uso de plantas medicinais


nativas do Cerrado.
Objetivos específico: Recuperar informações populares nas regiões de Milho
Verde e de São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro-MG) sobre o tratamento de
enfermidades com plantas medicinais. Traçar alguns aspectos do perfil social dos
informantes-chaves.

27
28
3 Metodologia

A realização deste trabalho foi possível após a aprovação do projeto de pesquisa


pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha
e Mucuri (CEP/UFVJM) e após a autorização concedida pelo do IEF, legalizando a
coleta de material em região de Unidades de Conservação (ANEXOS A e B).
A coleta de dados foi realizada através de entrevistas com os informantes-chave
das localidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, sendo posteriormente
realizadas coletas das plantas citadas por eles. Os informantes-chave são as pessoas
reconhecidas na região como detentoras do conhecimento de plantas medicinais locais.
Antecedendo o início das entrevistas, os acadêmicos foram orientados quanto à
noções de comportamento para ser aplicados durante a execução da pesquisa, visando
respeitar o informante em toda a sua integridade cultural, como também obter noções de
comportamento no campo (ALBUQUERQUE et al.,2008a e 2008b).
Utilizou-se amostragem não probabilística, que, por definição representa um
subgrupo da população escolhido independente de probabilidade, mas sim devido às
características da pesquisa. A pesquisa centra-se num grupo específico, com experiência
ou conhecimento sobre plantas medicinais. A amostra é intencional, atendendo as
características da pesquisa a ser desenvolvida (NICOLACI DA COSTA, 2007;
ALBUQUERQUE et al., 2008a). Assim, a amostra (n=10) representa o número de
informantes-chave que residem nas localidades pesquisadas e que aceitaram participar
da pesquisa.

Entrevistas com os informantes-chave


O informante era convidado a participar da pesquisa, tomando conhecimento da
sua importância no estudo a partir do TCLE (ANEXO C) que era lido pelo acadêmico
junto ao informante, e quando em concordância, assinado.
As pesquisas foram realizadas em quatro visitas, nos meses de novembro/2010,
julho/2011 (duas visitas), dezembro/2011, respeitando a disponibilidade dos
informantes e condições climáticas.
O questionário aplicado nas entrevistas encontra-se no ANEXO D.

29
Durante a entrevista foi possível obter dados quanto ao perfil dos informantes,
como idade, grau de instrução, como adquiriu o conhecimento sobre a utilização de
plantas medicinais e como o seu conhecimento têm sido transmitido para outras
gerações. Com relação às plantas, foram coletados dados como nome popular, parte
utilizada, indicação, forma de preparo, via de administração e posologia.

Coleta do material vegetal


Após a aplicação dos questionários, realizou-se a coleta das plantas. As coletas
foram realizadas nas comunidades de São Gonçalo do Rio das Pedras e de Milho Verde,
respeitando a disponibilidade dos informantes para guiar os acadêmicos até às plantas.
Quando a planta era encontrada, coletava-se três exemplares dando preferência para os
ramos floridos. Houve casos em que o informante-chave preferiu realizar sozinho a
coleta, entregando posteriormente o material ao acadêmico. Em todas as visitas, os
acadêmicos estavam munidos com uma lista de plantas em risco extinção a fim de evitar
retirar amostras de plantas ameaçadas.
Utilizou-se tesoura de poda - para redução do material coletado, à apenas o
tamanho e número necessário para montagem das exsicatas; caderno de coleta-permite
fazer anotações, que irão facilitar a posterior identificação dos materiais botânicos
coletados; Caneta - para anotação; fita crepe; saco de plástico - para acondicionar em
campo o material coletado (MING, 1996).

Herborização e identificação taxonômica


A amostras eram organizadas em folhas de jornal, intercaladas com papelão e
prensadas utilizando placas de madeira e corda (MING,1996). As prensas eram
depositadas em estufas por 3 dias no Herbário da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri (Herbário DIAM/UFVJM) que situa-se na Faculdade de
Ciências Biológicas e da Saúde no Departamento de Ciências Biológicas, Campus JK –
Diamantina/MG.
Algumas plantas coletadas foram identificadas com o auxílio de especialista
botânico (Carlos Victor Mendonça Filho – UFVJM), no entanto outras permanecem em
processo de identificação, no momento. Informações sobre as espécies identificadas
foram obtidas na obra de Forzza et al (2010).

30
Análise taxonômica
Após a identificação botânica de todos os exemplares coletados, serão aplicadas
algumas técnicas de análises quantitativas de dados comuns na área de etnobotânica.

Retorno às comunidades participantes da pesquisa


Seguindo as orientações de ALBUQUERQUE et al. (2008c) e de PATZLAFF &
PEIXOTO (2009) o “retorno” da pesquisa para as comunidades consta em
disponibilizar os resultados impressos aos informantes e líderes comunitários de cada
localidade, incluir nas publicações (periódico e anais de eventos) um agradecimento
especial aos informantes-chaves sem revelar suas respectivas identidades,
disponibilizar os dados da pesquisa para o IEF, e distribuir em pontos estratégicos da
comunidade (escolas, restaurantes, etc) panfletos com informações educativas a respeito
de plantas medicinais (ANEXO E).
Outra atividade prevista são visitas às escolas das comunidades, proporcionando
atividades aos discentes para sua conscientização da importância da conservação do
conhecimento tradicional sobre as plantas, do uso sustentável das plantas nativas e do
uso correto das plantas medicinais.

31
32
4 Resultados e discussão

Perfil dos entrevistados

Foram entrevistadas 10 pessoas, sendo 4 do sexo masculino e 6 do sexo


feminino. De 4 informantes-chave em Milho Verde, são 3 do sexo feminino e 1 do sexo
masculino. Dos 6 informantes-chave de São Gonçalo do Rio das Pedras, 3 são do sexo
feminino e 3 do sexo masculino. Os informantes possuem idade entre 40 e 88 anos,
sendo 59,9 anos a média de suas idades. Em Milho Verde a faixa etária esteve entre 50 e
69 anos (µ=61,0), e em São Gonçalo do Rio das Pedras varia entre 40 e 88 anos
(µ=59,12) (ILUSTRAÇÕES 6, 7 e 8). Percebe-se portanto que o conhecimento a
respeito das plantas usadas para fins terapêuticos está concentrado nas pessoas mais
idosas e em sua maioria, mulheres. Como no estudo de Borba & Macedo (2006).
Brandão et al. (2008a), em seu estudo pela Estrada Real observou a média das idades
entre os informantes em torno de 70 anos.
Quanto ao grau de escolaridade, 5 informantes (50%) estudaram até o Ensino
Fundamental, 2 (20%) cursaram o Ensino Médio, 2 (20%) possuem o Ensino Superior e
1 (10%) informante se declarou analfabeto. Isso representa um baixo nível de
escolaridade, sendo o problema observado nas comunidades estudadas. Dentre dois
informantes que cursaram o Ensino Superior, um mudou-se para a comunidade depois
de ter concluído o curso de Comunicação Social e o outro graduado informou ter
concluído o curso de Administração há pouco tempo, pois só recentemente possuía
condições de se dirigir à cidade próxima para estudar.
Oito dos entrevistados adquiriram conhecimentos sobre plantas medicinais com
os pais e/ou avós (Sendo 6 de São Gonçalo do Rio das Pedras e 2 de Milho Verde).
Desses, três participaram também de cursos na comunidade. Dois (residentes em Milho
Verde) alegaram terem estudado sozinhos e desses, um também participou de cursos.
Isso mostra uma herança de conhecimentos sobre plantas medicinais na comunidade e o
interesse da população local em buscar outras fontes de aprendizado à respeito das
plantas.

33
ILUSTRAÇÃO 6- Forma de aquisição do conhecimento citada pelos informantes-chave das
comunidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras.

5
Número de entrevistados

4
1
3 2

2 Sexo Masculino
3 Sexo Feminino
1 2
1 1
0
40-49 50-59 60-69 70-79 80-89
(10%) (40%) (40%) (0%) (10%)
Faixa etária

ILUSTRAÇÃO 7: Gráfico da distribuição dos 10 informantes-chave segundo a faixa etária e sexo de


Milho Verde e de São Gonçalo do Rio das Pedras.

5
Número de entrevistados

2 Sexo Masculino
1 1
Sexo Feminino
1
1 1 1 1
0
40-49 50-59 60-69 70-79 80-89
(10%) (40%) (40%) (0%) (10%)
Faixa etária (anos)

ILUSTRAÇÃO 8: Gráfico da distribuição dos 6 informantes-chave de São Gonçalo do Rio das Pedras.

34
5

Número de entrevistados
4

2 Sexo Masculino
1
Sexo Feminino
1 2
1
0
40-49 50-59 60-69 70-79 80-89
(10%) (40%) (40%) (0%) (10%)
Faixa etária (anos)

ILUSTRAÇÃO 9: Gráfico da distribuição dos 4 informantes-chave de Milho Verde.

Quando questionado à respeito da transmissão do conhecimento, 4 (40%)


informantes (São Gonçalo do Rio das Pedras) responderam que o conhecimento não
têm sido transmitido, uma vez que os mais jovens não demonstram interesse, não
acreditam no poder de cura pelas plantas e preferem métodos alopáticos. No entanto, 6
passam seus conhecimentos para filhos/netos (4 informantes, sendo 2 de Milho Verde e
2 de São Gonçalo do Rio das Pedras) e para pessoas da comunidade (2 informantes de
Milho Verde).
É notório o destaque dos informantes de Milho Verde quanto à conscientização
da importância e perpetuação desta prática, uma vez que todos os entrevistados
transmitem de alguma forma o que um dia aprenderam com pais/avós, sobre plantas
medicinais. No entanto, na comunidade de São Gonçalo do Rio das Pedras observa-se o
início da perda deste conhecimento, quando poucos dos informantes transferem a sua
sabedoria à respeito de plantas medicinais.
Assim, a maior parte dos informantes alegaram transmitir seus conhecimentos “a
quem busca”, mas realçam a falta de interesse existente. Isso indica a necessidade do
registro destes conhecimentos populares para que não se percam, não caiam no
esquecimento.

35
Estudo etnobotânico

A maioria dos participantes (70%) citou a utilização de 4 a 12 plantas, enquanto


os demais 30% (as mulheres), citaram mais de 20 plantas.
Foram ao todo citados 82 nomes populares diferentes. Foi possível obter a coleta
de 51 plantas. Identificadas 34, e 17 permanecem em processo de identificação. Poder-
se-á encontrar uma mesma espécie com mais de um nome popular ou o mesmo nome
popular para diferentes espécies.
Das plantas citadas, 4 foram mencionadas por 4 ou mais dos entrevistados; 7
plantas foram citadas por 3 informantes; 21 por 2 informantes e as outras 50 foram
citadas apenas uma vez. Em relação à localidade, 25 plantas foram notificadas apenas
por informantes-chave de Milho Verde, 37 em São Gonçalo do Rio das Pedras e 20
foram mencionadas em ambas as comunidades (TABELA 1).

36
TABELA 1. Nomes populares, em ordem alfabética, das plantas citadas pelos entrevistados de Milho Verde
(MV) e São Gonçalo do Rio das Pedras (SG) com respectivo número de entrevistados que as citaram.

Número de Local Número de Local


Nome popular citado informantes de Nome popular citado informantes de
que citaram citação que citaram citação
Alecrim do Campo 2 MV/SG Fedegoso 2 MV/SG
Alfavaca 1 MV Gervão 2 MV
Amora Branca 2 MV/SG Grão de Galo 1 SG
Araruta 1 SG Hortelã do Brejo 1 SG
Argelou 1 SG Imbaúba 1 MV
Arnica 3 SG Imburana 1 SG
Árvore de Andorinha 1 MV Inharé ou Mamacadela 1 SG
Assa Peixe 2 MV Ipê Roxo 1 MV
Azedinho 1 SG Jaborandi 2 MV/SG
Babosa 2 MV Jalapinha 1 SG
Barbatimão 2 SG Jatobá 1 SG
Bardana 2 MV Jovrão 1 SG
Baspe 1 SG Jurubeba 3 MV/SG
Batatinha 1 SG Macaúba 2 MV/SG
Butua 1 SG Macela 2 MV/SG
Caapeba 2 MV Mangaba 1 SG
Caboclinho ou Rufão 1 SG Melissa 1 MV
Caju do Cerrado 1 MV Mentrasto 2 MV
Canelinha de Macaco 1 MV Mulambeira 1 SG
Cangussú Branco 2 MV/SG Mutamba 1 SG
Capuchinha 1 MV Pacari 6 MV/SG
Caraíba 1 SG Pai Antônio 1 MV
Carobinha 4 MV/SG Panacéia 1 SG
Carqueja 4 MV/SG Pata de Vaca 3 MV/SG
Catuaba 3 MV/SG Pau Santo 1 SG
Cervejinha 2 SG Pé de Perdiz 1 SG
Chapéu de Couro 1 MV Picão Preto 3 MV/SG
Cipó Trindade 1 SG Pita 1 SG
Congonha de Bugre 2 MV/SG Poejo 1 SG
Congonha de Tropeiro 1 MV Quebra Pedra 2 MV/SG
Copaíba 2 MV Quina 2 SG
Cura Tombo 1 SG Quina de Vaca 1 MV
Dente de Leão 1 MV Saião 1 MV
Dom Bernardo 3 MV/SG Salsa Parrilha 2 SG
Douradinha do Campo 1 SG Serralha 1 MV
Erva Botão 1 SG Sete Sangria 1 SG
Erva de Bicho 2 MV/SG Tançagem 1 MV
Erva de Santa Maria 3 MV/SG Tiozinho 1 MV
Erva Moura 1 SG Tomba 1 SG
Espinheira Santa 4 MV/SG Unha Danta 1 SG
Fáfia Paniculada 1 MV Vassourinha 1 SG

37
Na tabela 2 estão as plantas mais citadas (mencionadas por mais de 3
informantes), em sua forma mais detalhada.

TABELA 2. Forma de uso medicinal das plantas citadas por três ou mais informantes-chave entrevistados
em Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro – MG).

Nome Parte da Uso Medicinal Forma de preparo Via de


popular da planta administração e
planta utilizada posologia

Arnica  Toda a  Cicatrizante;  Maceração Uso tópico (Região


planta;  Repelente; (álcool); afetada) e oral (½
 Folhas  Inflamação;  Tintura. copo, 60 ml ou 30
 Dor muscular; gotas da tintura,
Picada de inseto; 1x/dia até melhorar).
Contusão.

Carobinha  Raiz;  Vermífugo;  Maceração Via oral; ½ copo (60


 Folhas.  Depurativo; (álcool); ml) ou 30 gotas da
 Alergia.  Infusão; tintura, 1 a 2x/dia, até
 Tintura. melhorar.

Carqueja  Raiz;  Azia e má  Infusão; Via oral; ½ copo (60


 Folhas. digestão;  Tintura. ml) ou 30 gotas da
 Fígado; tintura– 2x/dia.
 Alergia; Tópica; (couro
 Vitalidade capilar. cabeludo); até
melhorar.

Catuaba  Folhas;  Depurativo;  Infusão; Via oral; ½ copo (60


 Raiz;  Controle hormonal;  Maceração ml) 2x/dia.
 Toda a  Estimulante sexual. (álcool).
planta.

Dom  Folhas;  Depurativo;  Infusão Via oral; ½ copo (60


Bernardo  Toda a  Controle hormonal; ml), 2x/dia até
planta.  Diurético; melhorar.
 Cálculo renal.

Erva de Santa  Folhas  Vermífugo  Infusão; Via oral; ½ copo (60


Maria  Tintura; ml) ou 1 colher do
 Sumo das folhas. sumo; até melhorar.

Espinheira  Folhas  Gastrite;  Infusão; Via oral; ½ copo (60


Santa  Refluxo;  Tintura. ml) ou 30 gotas de
 Azia. tintura até melhorar.

Jurubeba  Folhas;  Tosse;  Infusão; Via oral; uma colher,


 Frutos.  Fígado.  Xarope; 1 a 3x/dia até
 Tintura. melhorar.

38
TABELA 2. Continuação

Pacari  Folhas;  Adstringente;  Infusão; Tópica; ½ copo


 Cascas  Anti caspa;  Tintura; (60ml) mistura no
do  Antiinflamatório;  Pomada; xampu ou aplica
tronco.  Micoses;  Maceração. diretamente na pele
 Coceiras na pele.

Pata de Vaca  Folhas  Diabetes  Infusão Uso oral, 1 copo (120


ml) 2x/dia até
diminuir a glicemia

Picão Preto  Toda a  Icterícia;  Infusão Uso oral, ½ copo (60


planta;  Antiinflamatório. ml), 2x/dia, até
 Folhas e melhorar.
flor.
Na Tabela 3, encontra-se todas as plantas citadas com informações sobre as
espécies identificadas. As informações sobre origem, endemismo e distribuição
geográfica estão de acordo com Forzza et al., 2010.
De acordo com o formulário aplicado nas entrevistas (Anexos D e F), o
entrevistador questionava sobre plantas nativas da região. No entanto, após identificação
taxonômica da planta citada e coletada, verifica-se que alguns entrevistados de Milho
Verde indicaram o uso de plantas exóticas, como a “Bardana” (Araticum lappa), a
“Capuchinha” (Tropaeolum majus), o “Dente de Leão” (Taraxacum officinale), o
“Saião” (Kalanchoe brasiliensi) e a “Tançagem” (Plantago major). Pode-se atribuir o
ocorrido à realização da coleta pelo próprio entrevistado, sem a presença do
entrevistador. Sendo possível o informante-chave confundir a planta devido à
popularização da chamada “farmacinha” (Espaço criado para fornecer tinturas e plantas
medicinais na forma de droga bruta a baixo custo para a população), ainda, pelo motivo
da planta nascer espontaneamente (adaptação com a região), ou até mesmo estar em
canteiros.
No Anexo G encontra-se imagens das plantas identificadas. As fotos são de dado
experimental.
Das espécies identificadas, algumas nativas são utilizadas pela população
brasileira há séculos, como por exemplo o “Barbatimão”
(Stryphnodendron adstringens), “Caapeba” (Piper umbellatum), “Carobinha”
(Jacaranda caroba), “Carqueja” (Baccharis crispa), “Copaíba”
(Copaifera langsdorffii), “Fedegoso” (Senna occidentalis), “Macela”
(Achyrocline satureioides) e “Quina” (Remijia ferruginea). Essas plantas já eram
utilizadas no Brasil no século XIX, de acordo com relatos de naturalistas europeus que
viajaram pelo Brasil estudando aspectos de seu ambiente (BRANDÃO et al., 2008b).
A Tabela 4 compara essas plantas nativas com os resultados obtidos no estudo
de Brandão et al. (2008b, 2011, 2012).

39
TABELA 3. Plantas medicinais citadas pelos informantes chave entrevistados em Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro – MG).
Nome popular Família Nome científico Origem Endemismo Distribuição geográfica
Centro-Oeste (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Alecrim do Não é endêmica no Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Asteraceae Baccharis dracunculifolia DC Nativa
Campo Brasil Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande
do Sul)
Norte (Pará, Amazonas, Acre), Nordeste (Maranhão, Piauí,
Não é endêmica no Ceará, Pernambuco, Bahia), Centro-Oeste (Goiás, Mato
Alfavaca Laminaceae Ocimum campechianum Mill. Nativa
Brasil Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São
Paulo), Sul (Paraná)
Amora Branca Em processo de identificação
Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins,
Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará,
Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas),Centro-Oeste (Mato
Não é endêmica no
Araruta Marantaceae Maranta sp Nativa Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Brasil
Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Rio de Janeiro), Sul(Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do
Sul)
Argelou Não coletada *
Arnica Em processo de identificação
Árvore de
Em processo de identificação
Andorinha
Assa Peixe Em processo de identificação
Azedinho Em processo de identificação
Babosa Não coletada *
Norte (Tocantins), Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Mato
Stryphnodendron adstringens (Mart.)
Barbatimão Fabaceae Nativa Endêmica do Brasil Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Coville
Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo),Sul (Paraná)
Bardana Asteraceae Arctium lappa L. Exótica Ásia
Baspe Não coletada *
Batatinha Em processo de identificação
Butua Não coletada *

40
TABELA 3. Continuação

Caboclinho ou
Não coletada *
Rufão

Caju do Cerrado Em processo de identificação

Canelinha de
Não coletada *
Macaco
Norte (Pará, Tocantins), Nordeste (Bahia), Centro-
Cangussú Branco Amaranthaceae Gomphrena virgata Mart Nativa Endêmica do Brasil Oeste (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo), Sul(Paraná)
Norte (Roraima, Amazonas, Acre), Nordeste (Ceará,
Não é endêmica no Pernambuco, Bahia, Alagoas), Centro-Oeste (Mato
Caapeba Piperaceae Piper umbellatum L. Nativa
Brasil Grosso, Goiás), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São
Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina)
Capuchinha Tropaeolaceae Tropaeolum majus L. Exótica Peru
Caraíba Não coletada *
Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Goiás, Distrito
Carobinha Bignoniaceae Jacaranda caroba (Vell.) DC Nativa Endêmica do Brasil
Federal), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo)
Nordeste (Ceará, Pernambuco, Bahia), Centro-
Oeste (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Não é endêmica no
Carqueja Asteraceae Baccharis crispa Spreng. Nativa Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Brasil
Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande
do Sul)
Catuaba Em processo de identificação
Cervejinha Em processo de identificação
Norte (Roraima), Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Mato
Echinodorus macrophyllus (Kunth) Não é endêmica no
Chapéu de Couro Alismataceae Nativa Grosso), Sudeste (Minas Gerais, Rio de
Micheli Brasil
Janeiro), Sul (Paraná)
Cipó Trindade Em processo de identificação
Congonha de
Não coletada *
Bugre
Congonha de
Não coletada *
Tropeiro

41
TABELA 3. Continuação

Norte (Amazonas, Acre), Nordeste (Bahia), Centro-


Não é endêmica no Oeste (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Copaíba Fabaceae Copaifera langsdorffii Desf. Nativa
Brasil Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo), Sul(Paraná, Rio
Grande do Sul)
Cura Tombo Em processo de identificação
Dente de Leão Asteraceae Taraxacum officinale L. Exótica Europa e Ásia
Norte (Pará, Amazonas, Acre,
Rondônia), Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso,
Não é endêmica no
Dom Bernardo Rubiaceae Palicourea rigida Kunth Nativa Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Brasil
Sul), Sudeste(Minas Gerais, Espírito Santo, São
Paulo), Sul (Paraná)
Douradinha do Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do
Malpighiaceae Byrsonima rigida. ex Kunth Nativa Endêmica do Brasil
Campo Sul), Sudeste (Minas Gerais)
Erva Botão Em processo de identificação

Norte (Roraima, Pará, Amazonas,


Acre), Nordeste (Maranhão, Paraíba, Pernambuco,
Não é endêmica no Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Erva de Bicho Polygonaceae Polygonum punctatum Elliott Nativa
Brasil Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais,
Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul)

Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins,


Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas,
Erva de Santa Não é endêmica no
Amaranthaceae Chenopodium L. Nativa Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Maria Brasil
Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais,
Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul)

Erva Moura Não coletada *


Espinheira Santa Não coletada *

Fáfia Paniculada Não coletada *

42
TABELA 3. Continuação

Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins,


Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas,
Não é endêmica no
Fedegoso Fabaceae Senna occidentalis (L.) Link Nativa Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Brasil
Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais,
Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul)

Gervão Em processo de identificação

Grão de Galo Não coletada *

Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins,


Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas,
Não é endêmica no
Hortelã do Brejo Laminaceae Hyptis Jacq. Nativa Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Brasil
Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais,
Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul)
Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Acre,
Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Bahia, Sergipe), Centro-Oeste(Mato Grosso,
Não é endêmica no
Imbaúba Urticaceae Cecropia Loefl. Nativa Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Brasil
Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande
do Sul)
Imburana Não coletada *
Inharé ou
Não coletada *
Mamacadela
Ipê Roxo Não coletada *

43
TABELA 3. Continuação

Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins,


Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas,
Não é endêmica no
Jaborandi Piperareae Piper L. Nativa Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Brasil
Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais,
Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul)

Jalapinha Não coletada *


Norte (Pará), Nordeste (Maranhão, Ceará, Bahia), Centro-
Não é endêmica no
Jatobá Fabaceae Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Nativa Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Brasil
Federal), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo)
Jovrão Em processo de identificação
Jurubeba Em processo de identificação
Macaúba Não coletada *
Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo, Rio
Não é endêmica no
Macela Asteraceae Achyrocline satureioides (Lam.) DC Nativa de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do
Brasil
Sul)
Norte (Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins,
Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí, Rio Grande do
Não é endêmica no Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas,
Mangaba Apocynaceae Hancornia speciosa Gomes Nativa
Brasil Sergipe),Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais,
Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul(Paraná)

Melissa Não coletada *


Mentrasto Não coletada *
Mulambeira Não coletada *
Mutamba Não coletada *
Pacari Em processo de identificação
Pai Antônio Não coletada *
Panacéia Não coletada *

44
TABELA 3. Continuação

Norte (Pará, Rondônia), Nordeste (Bahia), Centro-


Não é endêmica no Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso
Pata de Vaca Fabaceae Bauhinia longifolia (Bong.) Steud. Nativa
Brasil do Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Rio de Janeiro), Sul (Paraná)
Norte (Pará, Amazonas,
Rondônia), Nordeste (Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso,
Pau Santo Clusiaceae Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc Nativa Endêmica do Brasil
Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo), Sul (Paraná)
Norte (Pará, Amazonas, Tocantins,
Acre), Nordeste (Maranhão, Piauí, Paraíba,
Não é endêmica no
Pé de Perdiz Euphorbiaceae Croton antisyphiliticus Mart. Nativa Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Brasil
Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São
Paulo), Sul (Paraná, Santa Catarina).
Norte (Pará, Amazonas, Tocantins), Nordeste (Maranhão,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Bahia, Alagoas, Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso,
Não é endêmica no
Picão Preto Asteraceae Bidens pilosa L. Subespontânea Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do
Brasil
Sul), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Rio de Janeiro), Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande
do Sul)
Pita Não coletada *
Poejo Não coletada *

Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins,


Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Ceará, Rio Grande
do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas,
Não é endêmica no
Quebra Pedra Phyllanthaceae Phyllanthus niruri L. Nativa Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Brasil
Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais,
Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul)

Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do


Quina Rubiaceae Remijia ferruginea (A.St.-Hil.) DC. Nativa Desconhecido
Sul), Sudeste (Minas Gerais)
Quina de Vaca Não coletada *
Saião Crassulaceae Kalanchoe brasiliensis Exótica Europa

45
TABELA 3. Continuação

Salsa Parrilha Não coletada *


Não é endêmica no
Serralha Asteraceae Sonchus oleraceus L. Nativa Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste, Sul
Brasil
Sete Sangria Não coletada *
Tançagem Plantaginaceae Plantago major L Exótica Europa
Tomba
Não coletada *

Norte (Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins,


Acre, Rondônia), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas,
Não é endêmica no
Tiozinho Salicaceae Casearia Jacq. Nativa Sergipe), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito
Brasil
Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais,
Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul)

Unha Danta Não coletada *


Vassourinha Em processo de identificação
* Não foram realizadas as coletas dessas plantas por que não foram encontradas.

46
TABELA 4. Comparação entre o uso das plantas medicinais citadas por naturalistas que estiveram no Brasil
no séc. XIX e o uso de plantas medicinais citados por informantes-chaves entrevistados em Milho Verde e
São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro-MG) em 2010/2011.
Nome científico Nome Citação por Uso citado por Uso relatado
popular naturalistas* naturalistas pelos
informantes-
chave
Stryphnodendron adstringen Barbatimão St.-Hilaire, Spix & Adstringente, Cicatrizante,
(Mart.). Coville Martius, Pohl, leucorréia, infecção de
Langsdorffii, Burton, diarréia, úlceras. garganta.
Warming
Piper umbellatum L. Caapeba Bunbury Imune Doenças
estimulante, hepáticas,
diabetes, feridas, doenças
queimaduras, estomacais.
dor de estômago,
sudorífico.
Jacaranda caroba (Vell.) DC Carobinha Spix & Martius Sudorífico, Alergia,
sífilis, úlceras de depurativo,
pele, doenças vermífugo.
venéreas.
Baccharis crispa Spreng. Carqueja St.-Hilaire, Spix & Atonia geral, Dispepsia,
Martius, Bunbury anemia, tônico, doenças
febrífugo, hepáticas,
dispepsia. alergia,
vitalidade
capilar.
Copaifera langsdorffii Desf. Copaíba St.-Hilaire, Spix & Gonorreia, Cicatrizante
Martius, D’Orbgni, leucorréia,
Burton psoríase, feridas.
Senna occidentalis (L.) Link Fedegoso St.-Hilaire, Spix & anti- Hipertensão,
Martius,Langsdorffii, hemorroidal, tônico,
Burton diurético,tônico, doenças
retenção hídrica, hepáticas.
distúrbios
hepáticos;
purgativo.
Achyrocline satureioides (Lam.) Macela Burton Tônico, Estômago,
DC estimulante, calmante,
antiespasmódico, couro
digestivo, falta cabeludo.
de apetite.
Remijia ferruginea (A.St.-Hil.) Quina St.-Hilaire, Spix & Febre Contusão,
DC. Martius, vermífugo,
Martius, Burton vitalidade,
brilho capilar.
* Brandão et al. (2008b, 2011, 2012).

Quanto às partes das plantas mais utilizadas, a Ilustração 9, mostra que são as
folhas (62,24%), a planta toda (13,99%) e a raiz (13,29%). O uso predominante das

47
folhas se destaca também no estudo de Alves et al. (2008) podendo ser justificado pelo
seu potencial medicinal, pela facilidade de coleta, pela presença na maior parte do ano e
pela preocupação em preservar as espécies vegetais.
Outras partes das plantas citadas, indicadas para fins terapêuticos foram flor
(Alecrim do Campo, Azedinho, Poejo), fruto (Jurubeba, Macaúba), cascas do tronco
(Pacari, Mutamba), leite do caule (Mangaba), óleo do fruto (Macaúba) e semente
(Imburana).

Outros(Leite do caule, óleo do fruto, semente) 2,10%

Cascas do tronco 2,10%


Parte da planta utilizada

Fruto 2,80%

Flor 3,50%

Raiz 13,29%

Toda a planta 13,99%

Folha 62,24%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%


Porcentagem das plantas listadas

ILUSTRAÇÃO 10: Gráfico indicativo das partes utilizadas no preparo das plantas para fins terapêuticos
segundo entrevistas com informantes chaves de Milho Verde e São Gonçalo do Rios das Pedras (Serro –
MG).

De acordo com a Ilustração 10, a forma de preparação mais utilizada é o chá


(70,77%). Seguido pela tintura (8,46%), a maceração em álcool (7,69%), a incorporação
do chá em formas farmacêuticas, como xampu e pomada (4,62%), xarope (3,08%),
sumo (2,31%), emplasto (1,54%) e maceração em água (1,54%). Podem-se considerar
três principais formas de uso: o chá (infusão ou decocção) - sendo relacionado
principalmente com o uso oral; a tintura - que se associa com uso oral e também tópico
que compreende fricções e massagens; a maceração, quando feita em álcool é
comumente destinada para uso tópico.
As folhas são comumente empregadas no preparo de chás, sendo esses as
preparações caseiras mais utilizadas (MELO, J.A., 2011).

48
Maceração (Água) 1,54%

Emplasto 1,54%

Sumo 2,31%
Forma de preparo

Xarope 3,08%

Shampoo e Pomada 4,62%

Maceração (Álcool) 7,69%

Tintura 8,46%

Chá 70,77%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%


Porcentagem das plantas listadas

ILUSTRAÇÃO 11: Gráfico indicativo da porcentagem de plantas listadas e forma de preparo segundo
informantes das comunidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro – MG).

Muitos dos entrevistados não se atentavam para a posologia, indicando “tomar


até melhorar” ou “toda vez que sentir dor”. Isso mostra um desconhecimento local a
respeito dos potenciais riscos quanto à utilização das plantas para fins terapêuticos. E,
provavelmente o conhecimento acerca da posologia não foi sempre preciso nas
comunidades, devido este conhecimento ser baseado em tradição.
Em se tratando da categoria medicinal, foram registrados 132 citações de uso,
sendo que uma mesma planta foi classificada como tendo diferentes fins terapêuticos.
As indicações citadas mais de 5 vezes, correspondem a 72,73% de todas indicações de
uso. Dessa forma, a Figura 10 mostra as doenças/problemas mais citadas com relação ao
seu tratamento com plantas medicinais. As plantas mencionadas pelos informantes são
mais empregadas como “depurativo do sangue”, para os rins (cálculo renal, diurético,
insuficiência renal), gripe (expectorante), estômago (úlcera e má digestão), vitalidade e
crescimento capilar, inflamação (artrite, cistite, faringite), pele (manchas, micoses,
coceiras, picada de insetos), vermífugo, caspas, doenças hepáticas, cicatrizante e
reumatismo (ILUSTRAÇÃO 11).

49
Reumatismo 5
Cicatrizante 5
Doenças hepáticas 6
Caspas 6
Indicação de uso

Vermífugo 7
Pele 7
Inflamação 7
Vitalidade e crescimento capilar 8
Estômago 8
Gripe 11
Rins 11
Depurativo do sangue 15
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Número de citações

ILUSTRAÇÃO 12: Gráfico indicativo das principais indicações de uso segundo informantes das
comunidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro – MG).

A Tabela 5 indica a categoria das doenças e os nomes populares das plantas


indicadas para o tratamento.

TABELA 5. Categoria de doenças e indicações terapêuticas das plantas citadas pelos informantes das
comunidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro – MG).

Categoria Nome Popular Indicação terapêutica

Doenças Amora Branca, Catuaba, Dom Bernardo,


Controle hormonal, desnutrição,
endócrinas, Jatobá, Pata de Vaca, Erva Botão, Picão Preto,
diabetes, fígado, icterícia,
nutricionais e Jurubeba, Dente de Leão, Fedegoso, Caapeba,
climatério.
metabólicas Carqueja.

Doenças Carobinha, Caraíba, Unha Danta, Azedinho,


infeccionas e Panacéia, Quina, Erva de Santa Maria, Vermífugo, infecção
parasitárias Tançagem, Babosa

Doenças da pele e Pacari, Alecrim do Campo, Erva de Bicho, Adstringente, anti caspas,
do tecido Jaborandi, Mangaba, Dente de Leão, Macela, micoses, acne, manchas, queda
subcutâneo Capuchinha, Bardana, Imbaúba, Macaúba. de cabelo.

Imburana, Carobinha, Dom Bernardo, Pita,


Doenças do Fedegoso, Salsa Parrilha, Sete Sangria,
sistema Tiozinho, Pai Antônio, Congonha de Bugre, Hipertensão, depurativo
circulatório Congonha de Tropeiro, Chapéu de Couro,
Bardana, Serralha.

50
Carqueja, Pacari, Baspe, Araruta, Espinheira Má digestão, gastrite, úlcera,
Doenças do
Santa, Salsa Parrilha, Butua, Jalapinha, antidiarréico, azia, refluxo,
sistema digestório
Caapeba, Espinheira Santa, Macela, Tomba. laxante, dor no estômago.

TABELA 5. Continuação.

Categoria Nome Popular Indicação terapêutica

Salsa Parrilha, Cervejinha do Campo,


Doenças do Batatinha, Dom Bernardo, Quebra Pedra,
Insuficiência renal, diurético,
sistema Congonha de Bugre, Congonha de Tropeiro,
cálculo renal, cistite.
geniturinário Chapéu de Couro, Bardana, Canelinha de
Macaco, Douradinha do Campo.

Doenças do
Macela, Mentrasto, Melissa. Depressão, ansiedade, convulsão.
sistema nervoso

Doenças do Inharé Ou Mamacadela, Cangussu Branco,


sistema Cipó Trindade, Cura Tombo, Argelou, Arnica, Reumatismo, dor muscular.
osteomuscular Fáfia paniculada.

Barbatimão, Erva Moura, Hortelã do Brejo,


Doenças do
Jurubeba, Pé de Perdiz, Poejo, Assa Peixe, Garganta, tosse, resfriado, gripe,
sistema
Capuchinha, Alecrim do Campo, Caju do expectorante.
respiratório
Cerrado.

Lesões,
envenenamento e
Picada de inseto, contusão e
outras Arnica, Quina.
pancada.
consequências de
causas externas

Pau Santo, Grão de Galo, Mulambeira, Cicatrizante, antiinflamatório,


Macaúba, Mutamba, Vassourinha, Arnica, dor na coluna, gota, hidratante
Barbatimão, Congonha de Bugre, Árvore de capilar, crescimento capilar,
Andorinha, Picão Preto, Carqueja, Gervão, umectante, repelente, hematoma,
Outros
Pacari, Tançagem, Babosa, Quina de Vaca, hemorróida, edema, lactação,
Jaborandi, Copaíba, Erva de Bicho, alergia, hemorróida, doenças do
Carobinha, Ipê Roxo, Fáfia Paniculada, útero, memória, estimulante, dor
Catuaba, Saião, Caboclinha ou Rufão. de ouvido.

Percebe-se que em relação à indicação terapêutica as citações se acumulam em


doenças do sistema circulatório e doenças do sistema digestório. Resultado semelhante
é encontrado no estudo de DAMASCENO & BARBOSA et al. (2008) realizado no
bioma Cerrado.

51
52
5 Conclusão

A partir do registro dos dados expostos pelos informantes das comunidades de


São Gonçalo do Rio das Pedras e Milho Verde, conclui-se que o conhecimento sobre
plantas medicinais e seus usos está sob o domínio dos mais idosos. E a frequência da
transmissão deste saber ainda demonstra ameaça de perda, erosão do conhecimento.
Na análise das entrevistas foi possível observar que os informantes não se
preocupam com posologia e acreditam só no benefício trazido pelas plantas. A partir
dessa constatação, foi elaborado um folder para distribuição em pontos estratégicos da
comunidade como forma de conscientização dos potenciais riscos do uso de plantas
medicinais, bem como a necessidade de se cultivar esse conhecimento e buscar as
plantas nativas em seu habitat de modo sustentável. As informações são muito
resumidas, no entanto é uma forma de alertar, chamar a atenção das comunidades.
Posteriores atividades nas escolas poderão aprofundar tais informações.
Diferentes informantes citaram as mesmas plantas, com a mesma forma de uso,
como o “Pacari” (em processo de identificação), “Carobinha” (Jacaranda caroba),
“Carqueja” (Baccharis crispa) e “Espinheira Santa” (não coletada). Isso pode
demonstrar a eficácia da sua utilização, podendo essas, terem maior probabilidade de
apresentar substâncias bioativas. No entanto, muitas dessas plantas merecem mais
estudos em diferentes áreas para se comprovar sua atividade terapêutica e verificar seu
potencial toxicológico para que seu uso seja seguro.
Concluindo, se faz importante os levantamentos etnobotânicos, a fim de
proporcionar o registro do conhecimento popular, levando em consideração a riqueza
biológica e cultural da região para orientar pesquisas acerca de novos medicamentos.

53
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57
ANEXOS
ANEXO A. Aprovação do Projeto de Pesquisa pelo CEP/UFVJM.

58
ANEXO A. Continuação.

59
ANEXO B. Autorização concedida pelo IEF.

60
ANEXO C. TCLE.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E


MUCURI

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado(a) para participar da pesquisa “Levantamento de plantas


nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins
medicinais e cosméticos”, para a qual você foi escolhido por entender de plantas
naturais (nativas) de sua região, por ser conhecedor de remédios de raiz (plantas
medicinais) e/ou de plantas usadas para embelezamento (cosméticas). Sua participação
não é obrigatória. Você também poderá desistir de participar a qualquer momento e
retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o
pesquisador ou com a instituição UFVJM.
O grande objetivo deste estudo é o de resgatar e registrar o conhecimento tradicional
sobre plantas medicinais e de uso cosmético, de sua localidade.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder às questões propostas pelo
investigador e levar o entrevistador até as plantas que você citar (caminhando pela
mata), para que ele possa coletar exemplares e fotografar as plantas. Você marcará o
dia, a hora e o lugar que achar melhor para a entrevista e para a caminhada pela mata.
Você responderá as questões e as repostas serão anotadas pelo entrevistador. Caso você
não se sinta à vontade com alguma pergunta feita, diga que prefere não responder (isso
não trará prejuízos a você). Os riscos relacionados com sua participação na etapa de
entrevista da pesquisa são mínimos, podendo ser um possível constrangimento com as

61
perguntas ou com a presença do entrevistador. Durante a caminhada pela mata e a coleta
de plantas, os riscos aos quais você estará exposto não diferem dos riscos presentes em
sua rotina de incursão pela mata e coleta de material vegetal para sua utilização; no
entanto, poderá haver o constrangimento da presença do pesquisador. Caso você não
queira a presença do entrevistador durante sua
caminhada rotineira pela mata, solicitamos que você colete partes floridas das plantas
que você citar na entrevista; esse material deverá ser entregue ao entrevistador que o
visitará, quando você marcar data e horário, para pegar o material. Feito dessa forma,
para você, poderá haver o incômodo de coletar mais material que o de costume, pois
parte dele será utilizado na pesquisa.
Na tentativa de diminuir os riscos durante a caminhada pela mata, sugerimos alguns
procedimentos de segurança, que estão sendo entregues para você, agora, em folha
separada deste termo
Os benefícios relacionados com a sua participação são colaborar para a pesquisa de
plantas nativas de sua localidade que são utilizadas pela população. Esse conhecimento
será registrados e ficará disponível para futuras gerações, evitando-se assim, que esse
saber se perca. Ao final da pesquisa, você receberá os resultados impressos. Esses
resultados serão entregues também a líderes de sua localidade e ao IEF, para que juntos
(caso seja interesse de todos os envolvidos), possam discutir sobre a melhor utilização
dos recursos naturais (plantas), sem que ocorra extinção de espécies ou outros danos ao
meio ambiente dos parques (unidades de conservação) e de locais próximos.
Organizaremos encontros com sua comunidade e nas escolas, dos quais você pode
participar ativamente ou não (a decisão é sua). Nesses encontros conversaremos sobre
as plantas nativas úteis para a saúde e tentaremos mostrar o valor e a riqueza de saber.
As informações obtidas através dessa pesquisa poderão ser divulgadas em encontros
científicos (como congressos) ou em revistas científicas, mas não possibilitarão sua
identificação. Desta forma garantimos o sigilo sobre sua participação (seu nome e
endereço não serão divulgados).
Esse trabalho não visa lucros, não estamos recebendo nenhum financiamento para fazê-
lo. Estamos apenas realizando uma das funções da universidade que é a pesquisa e a
divulgação do conhecimento. Assim, não haverá remunerações ou indenizações pela
participação neste trabalho.

62
Você receberá uma cópia deste termo onde constam o telefone e o endereço do
pesquisador principal e do Comitê de Ética em Pesquisa da UFVJM, podendo tirar suas
dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento.

Pesquisador Principal: Profa. Cristiane Fernanda Fuzer Grael - Laboratório de


Farmacognosia e Fitoquímica - Prédio da Farmácia Básica – CAMPUS JK/ UFVJM -
Rodovia MGT 367 – Km 583, nº 5000 - Alto da Jacuba
Diamantina/MG - CEP 39100-000
Telefone: (38) 35321234
Endereço eletrônico: cris.grael@ufvjm.edu.br

Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa


e concordo em participar.
_________________________________________
Nome: ___________________________________
Nome do sujeito da pesquisa

Informações – Comitê de Ética em Pesquisa da UFVJM


Rua da Glória 187 - Centro
39.100-000 - Diamantina / MG
Tel.: (38) 3532-6060 / (38) 3532-6000 - ramal 6060 (Profa. Nadia Veronica ou Dione)
E-mail: cep.secretaria@ufvjm.edu.br cep@ufvjm.edu.br

63
ANEXO D. Formulário da entrevista.

“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº Entrevistador:
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário:
Data e local de nascimento: Grau de instrução:
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas?
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?:
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Forma de preparo Forma de uso – via de administração (via tópica, Foi possível a
Nome Para que é utilizada a planta
Parte da planta (planta seca ou fresca, em região da pele sem ferimentos; oral, ...) e coleta de material
popular da (doenças, tratamentos,uso
utilizada preparada como posologia (quantas vezes ao dia, de quantas em para a confecção
planta cosmético, etc)
infusão, decocção, etc) quantas horas, quantos dias, ...) de exsicata?

64
ANEXO E: Folder

Projeto: “Plantas utilizadas com fins


medicinais nas comunidades de Milho
Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras –
Plantas
Serro (MG)”

O uso incorreto de Medicinais


Coordenador: Prof.: Dr. Cristiane F. F.
plantas medicinais Grael
pode prejudicar a sua Acadêmicos: Dalila Malaquias e Marina
saúde! Couto

Curso de Farmácia - FCBS

Você precisa
saber!

65
São muitas as plantas com uso Antes de ingerir qualquer
medicinal.
Lembre-se:
preparação feita com
Elas ajudam na
plantas, fique atento à
prevenção e na cura Apesar de as plantas
de doenças. quantidade e à
serem naturais, elas mistura de plantas
O USO PELA
COMUNIDADE É DE podem prejudicar a diferentes.
LONGA DATA!
Esse conhecimento saúde, quando
deve ser transmitido
utilizadas de forma
entre gerações.
É muito importante que esses valores errada.
não se percam.
As plantas nativas devem ser coletadas
para uso medicinal, tomando-se
cuidados para que não desapareçam.

66
ANEXO F. Entrevistas.
“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº 01 Entrevistador: Dalila Malaquias e Marina Couto
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário: 13/11/2010 - São Gonçalo do Rio das Pedras
Data e local de nascimento:12/02/1962 – São Gonçalo do Rio das Pedras Grau de instrução: Fundamental Completo
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas? Cultura local, avós, pais. Curso: Manejo e manipulação de plantas
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?: Sim. Faz chá para filhas e as ensina sobre as plantas. Mas de modo geral, os jovens não confiam
nas plantas e não demonstram interesse.
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Forma de preparo Forma de uso – via de administração (via tópica, Foi possível a
Nome Para que é utilizada a planta
Parte da planta (planta seca ou fresca, em região da pele sem ferimentos; oral, ...) e coleta de material
popular da (doenças, tratamentos,uso
utilizada preparada como posologia (quantas vezes ao dia, de quantas em para a confecção
planta cosmético, etc)
infusão, decocção, etc) quantas horas, quantos dias, ...) de exsicata?
Picada de inseto, contusão, Utilizar na região
Arnica Folha Maceração (álcool) Uso tópico Sim
pancada acometida se dor.
Caboclinho Meio copo, 2x/dia até
Raiz Estimulante Infusão Via oral Não
ou Rufão melhorar.
Meio copo, 2x/dia até
Carobinha Raiz Vermífugo Infusão Via oral Sim
melhorar.
Meio copo, 2x/dia, até
Carqueja Folha e raiz Digestivo Decocção Via oral Sim
melhorar.
Imburana Semente Hipertensão Infusão Via oral Meio copo, 2x/dia. Não
Inharé ou Infusão/maceração
Raiz Reumatismo Via oral Meio copo, 2x/dia. Não
mamacadela (água)
Uso medicinal (gastrite, Via oral (uso medicinal),
Cascas do Pomada, Meio copo, 2x/dia (uso
Pacarí úlcera), cosmético (adstrigente uso tópico (solução, ou Sim
tronco maceração(solução) medicinal).
e esfoliante) no shampoo/creme)
Utilizar o macerado na
Pau Santo Folha Cicatrizante e antiinflamatório Maceração Uso tópico (cataplasma) região atingida 2x/dia Sim
até melhorar
Meio copo, 2x/dia, até
Salsa Parrilha Raiz Insuficiência renal Infusão/maceração Via oral Não
melhorar.

67
“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº 02 Entrevistador: Dalila Malaquias e Marina Couto
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário: 13/11/2010 - São Gonçalo do Rio das Pedras
Data e local de nascimento:12/06/1950 São Gonçalo do Rio das Pedras Grau de instrução: Fundamental incompleto
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas? Com o pai.
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?: Não. Os sobrinhos não demonstram interesse em aprender.
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Para que é utilizada a Forma de preparo Forma de uso – via de administração (via tópica, Foi possível a
Nome popular da Parte da planta planta (doenças, (planta seca ou fresca, em região da pele sem ferimentos; oral, ...) e coleta de material
planta utilizada tratamentos,uso preparada como posologia (quantas vezes ao dia, de quantas em para a confecção
cosmético, etc) infusão, decocção, etc) quantas horas, quantos dias, ...) de exsicata?
Meio copo, 2x/dia, até melhorar.
Cangussu Branco Raiz Reumatismo Infusão Via oral Sim
Meio copo, 2x/dia, até melhorar.
Carobinha Folha e raiz Depurativo Maceração (álcool) Via oral Sim
Meio copo, 2x/dia, até melhorar.
Catuaba Folha e raiz Depurativo Maceração (álcool) Via oral Sim
Meio copo, 2x/dia, até melhorar.
Cipó Trindade Folha Reumatismo Infusão Via oral Não
Meio copo, 2x/dia, até melhorar.
Cura Tombo Folha e raiz Reumatismo Maceração (álcool) Via oral Não
Utilizar o óleo até melhorar.
Quina Raiz Contusão Óleo da raiz Uso tópico Sim

68
“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº 03 Entrevistador: Dalila Malaquias e Marina Couto
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário: 13/11/2010 - São Gonçalo do Rio das Pedras
Data e local de nascimento:01/01/1924 São Gonçalo do Rio das Pedras Grau de instrução: Analfabeto
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas? Com a mãe.
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?: Os filhos tiveram interessem, mas os netos não possuem interesse.
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Para que é utilizada a Forma de preparo Forma de uso – via de administração (via tópica, Foi possível a
Nome popular da Parte da planta planta (doenças, (planta seca ou fresca, em região da pele sem ferimentos; oral, ...) e coleta de material
planta utilizada tratamentos,uso preparada como posologia (quantas vezes ao dia, de quantas em para a confecção
cosmético, etc) infusão, decocção, etc) quantas horas, quantos dias, ...) de exsicata?
Meio copo, 2x/dia, até
Baspe Folhas Úlcera estomacal Infusão Via oral melhorar Não
Meio copo, 2x/dia, até
Caraíba Folhas Vermífugo Maceração (álcool) Via oral melhorar Não
Cervejinha Folhas Insuficiência renal Infusão Via oral Meio copo, 2x/dia Sim
Utilizar na região na
Grão de Galo Raiz Dor na coluna Infusão Via tópico coluna se dor. Não
Meio copo, 2x/dia, até
Unha Danta Folhas Vermífugo Maceração (água) Via oral melhorar Não
Meio copo, 2x/dia, até
Mulambeira Raiz Gota Infusão Via oral melhorar Não
Uma colher no momento
Tomba Folha e raiz Convulsão Infusão Via oral da convulsão Não

69
“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº 04 Entrevistador: Dalila Malaquias e Marina Couto
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário: 13/11/2010 - São Gonçalo do Rio das Pedras
Data e local de nascimento:18/10/1972 São Gonçalo do Rio das Pedras Grau de instrução: Ensino Médio Completo
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas? Pais, avós, curso de capacitação
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?: Não percebe interesse por parte dos mais jovens.
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Para que é utilizada a Forma de preparo Forma de uso – via de administração (via tópica, Foi possível a
Nome popular da Parte da planta planta (doenças, (planta seca ou fresca, em região da pele sem ferimentos; oral, ...) e coleta de material
planta utilizada tratamentos,uso preparada como posologia (quantas vezes ao dia, de quantas em para a confecção
cosmético, etc) infusão, decocção, etc) quantas horas, quantos dias, ...) de exsicata?

Macaúba Óleo do fruto Hidratante capilar Via tópico Não


Mutamba Cascas do tronco Crescimento capilar Dados não revelados por Via tópico Não
escolha do estrevistado.
Pacari Folha e casca Adstringente, anti-caspa Via tópico Sim
Vassourinha Toda a planta Umectante Via tópico Sim

70
“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº 05 Entrevistador: Dalila Malaquias e Marina Couto
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário: 13/11/2010 - São Gonçalo do Rio das Pedras
Data e local de nascimento: 08/12/1958 São Gonçalo do Rio das Pedras Grau de instrução: Ensino Superior Completo
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas? Com a mãe. Conheceu mulher que fazia essências, aprendeu muito com ela.
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?: Não. Pessoas mais jovens não têm interesse.
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Forma de uso – via de administração (via Foi possível a
Forma de preparo
Para que é utilizada a planta tópica, em região da pele sem ferimentos; coleta de
Nome popular da Parte da planta (planta seca ou fresca,
(doenças, tratamentos,uso oral, ...) e posologia (quantas vezes ao dia, material para a
planta utilizada preparada como
cosmético, etc) de quantas em quantas horas, quantos dias, confecção de
infusão, decocção, etc)
...) exsicata?
Alecrim do Campo Flores Micoses Pomada Uso tópico 2x/dia, até melhorar Sim
Meio copo, 2x/dia, até
Amora branca Folha Controle hormonal Infusão Uso oral melhorar Sim
Meio copo, 2x/dia, até
Araruta Folhas Antidiarréico Infusão Uso oral melhorar Sim
Utilizar na região afetada até
Arnica Toda a planta Cicatrizante, repelente Maceração (álcool) Uso tópico melhorar Sim
Meio copo, 2x/dia, até
Azedinho Flor Vermífugo Infusão Uso oral melhorar Sim
Barbatimão Folha Cicatrizante, infecção de garganta Infusão Uso oral Gargarejar, até melhorar Sim
Batatinha For Diurético Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia Sim
Carqueja Folha Azia Infusão Uso tópico Meio copo até melhorar Sim
Catuaba Toda a planta Controle hormonal Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia Sim
Cervejinha do
Meio copo, 3x/dia
Campo Toda a planta Cálculo renal Infusão Uso oral Sim
Depurativo, controle hormonal,
Meio copo, 2x/dia
Dom Bernardo Toda a planta diurético Infusão Uso oral Sim
Erva de Bicho Toda a planta Melhora a pele (hidratante) Pomada Uso tópico 2x/dia, até melhorar Sim
Uma colher 2x/dia, até
Erva Moura Raiz Tosse Xarope Uso oral melhorar Sim

71
Continuação...

Forma de uso – via de administração (via Foi possível a


Forma de preparo
Para que é utilizada a planta tópica, em região da pele sem ferimentos; coleta de
Nome popular da Parte da planta (planta seca ou fresca,
(doenças, tratamentos,uso oral, ...) e posologia (quantas vezes ao dia, material para a
planta utilizada preparada como
cosmético, etc) de quantas em quantas horas, quantos confecção de
infusão, decocção, etc)
dias, ...) exsicata?
Espinheira Santa Folhas Refluxo, azia Infusão Uso oral Meio copo até melhorar
Fedegoso Folha Hipertensão Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia Sim
Hortelã do Brejo Folha Resfriado, tosse Infusão Uso oral Meio copo até melhorar Sim
Utilizar toda vez que lavar os
Jaborandi Folha Adstringente, anti-caspa Shampoo Uso tópico cabelos Sim
Uma colher antes do
Jatobá Folhas Desnutrição Infusão Uso oral almoço Sim
Utilizar na região efetada
Jovrão Toda a planta Hematoma Emplasto Uso tópico até melhorar Sim
Uma colher, 2x/dia, até
Jurubeba Fruto Tosse Xarope Uso oral melhorar Sim
Macela Toda a planta Calmante Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia Sim
Mangaba Leite do caule Tira manchas da pele Pomada Uso tópico 1x/dia na região afetada Não
Utilizar toda vez que lavar
Pacari Folhas Adstringente, anti-caspa Infusão Uso tópico os cabelos Sim
Meio copo, 2x/dia até
Panacéia Toda a planta Infecção Infusão Uso oral melhorar Não
Pata de Vaca Folha Diabetes Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia Sim
Uma colher, 2x/dia, até
Pé de Perdiz Raiz Tosse Infusão Uso oral melhorar Sim
2 colheres, 2x/dia, até
Picão Preto Toda a planta Icterícia Infusão Uso oral melhorar Sim
Meio copo, 2x/dia até
Pita Toda a planta Depurativo Infusão Uso oral melhorar Não
Meio copo, 2x/dia até
Quebra Pedra Toda a planta Cálculo renal Infusão Uso oral melhorar Sim
Meio copo, 2x/dia até
Quina Toda a planta Vermífugo Infusão Uso oral melhorar Sim

72
Continuação...

Forma de uso – via de administração (via Foi possível a


Forma de preparo
Para que é utilizada a planta tópica, em região da pele sem ferimentos; coleta de
Nome popular da Parte da planta (planta seca ou fresca,
(doenças, tratamentos,uso oral, ...) e posologia (quantas vezes ao dia, material para a
planta utilizada preparada como
cosmético, etc) de quantas em quantas horas, quantos confecção de
infusão, decocção, etc)
dias, ...) exsicata?
Meio copo, 2x/dia até
Salsa Parrilha Toda a planta Depurativo, laxante Infusão Uso oral melhorar Não
Meio copo, 2x/dia até
Erva de Santa Maria Folhas Vermífugo Infusão Uso oral melhorar Sim
Vassoura de Banhar a região 1x/dia, até
botão/Vassourinha Toda a planta Hemorroida Infusão Uso tópico melhorar Sim

73
“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº 06 Entrevistador: Dalila Malaquias e Marina Couto
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário: 14/11/2010 - São Gonçalo do Rio das Pedras
Data e local de nascimento: 08/18/1951 São Gonçalo do Rio das Pedras Grau de instrução: Ensino Fundamental incompleto
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas? Com os pais, curso de capacitação.
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?: Sim, para as filhas.
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Foi possível
Forma de preparo
Para que é utilizada a a coleta de
Parte da (planta seca ou Forma de uso – via de administração (via tópica, em região
planta (doenças, material
Nome popular da planta planta fresca, preparada da pele sem ferimentos; oral, ...) e posologia (quantas vezes
tratamentos,uso para a
utilizada como infusão, ao dia, de quantas em quantas horas, quantos dias, ...)
cosmético, etc) confecção
decocção, etc)
de exsicata?
Argelou Raiz Dor muscular Maceração (álcool) Uso tópico Utilizar se dor, até melhorar Não
Uso oral e Utilizar se dor, até melhorar 30 gotas da
Arnica Folha Inflamação, dor muscular Tintura tópico tintura ou aplicar na região afetada Sim
Incorporar tintura em
Barbatimão Folhas Cicatrizante pomada Uso tópico Utilizar se dor, até melhorar Sim
Butua Tubérculo Má digestão Infusão Uso oral Meio copo, até melhorar Não
Congonha de Bugre Folha Edema Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Não
Dom Bernardo Folhas Depurativo, cálculo renal Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia Sim
Douradinha do Campo Toda a planta Cistite Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia Sim
Erva Botão Toda a planta Doenças hepáticas Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia Não
Espinheira Santa Folhas Dor no estômago Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Não
Jalapinha Toda a planta Úlceras Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Não
Pacari Folhas Caspas Tintura Uso tópico Utilizar após lavar os cabelos Sim
Sete-sangria Folhas Depurativo Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia Não

74
“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº 07 Entrevistador: Dalila Malaquias e Marina Couto
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário: 02/07/2011 - Milho Verde
Data e local de nascimento: 28/07/1943 Milho Verde Grau de instrução: Ensino Fundamental incompleto
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas? Com o pai.
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?: Sim, para as filhos e netos.
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Foi possível a
Forma de preparo Forma de uso – via de administração (via
Para que é utilizada a planta coleta de
Nome popular da Parte da planta (planta seca ou fresca, tópica, em região da pele sem ferimentos; oral,
(doenças, tratamentos,uso material para a
planta utilizada preparada como infusão, ...) e posologia (quantas vezes ao dia, de
cosmético, etc) confecção de
decocção, etc) quantas em quantas horas, quantos dias, ...)
exsicata?

Cangussu Branco Folhas Reumatismo Infusão Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar Sim

Tiozinho Folhas e/ou raiz Depurativo do sangue Infusão Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar Sim

Dom Bernardo Folhas Depurativo do sangue Infusão Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar Sim

Pai Antônio Folhas Depurativo do sangue Infusão Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar Não

Meio copo, 1x por dia. Ou


Uso tópico e banhar a auréola enquanto
Árvore de Andorinha Folhas Lactação Infusão oral estiver amamentando Sim
Depurativo do sangue e
Congonha de Bugre Folhas cálculo renal Infusão Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar Não
Depurativo do sangue e
Congonha de Tropeiro Folhas cálculo renal Infusão Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar Não
Duas colheres, 3x dia, até
Poejo Flor Gripe, expectorante Infusão/Decocção Uso oral melhorar Não

75
“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº 08 Entrevistador: Dalila Malaquias e Marina Couto
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário: 02/07/2011 - Milho Verde
Data e local de nascimento: 08/06/1954 Montes Claros Grau de instrução: Ensino Superior Completo
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas? Estudando sozinha
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?: Sim, para quem busca.
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Forma de preparo Foi possível a
Para que é utilizada a
(planta seca ou Forma de uso – via de administração (via tópica, em região coleta de
Nome popular da Parte da planta planta (doenças,
fresca, preparada da pele sem ferimentos; oral, ...) e posologia (quantas vezes material para a
planta utilizada tratamentos,uso
como infusão, ao dia, de quantas em quantas horas, quantos dias, ...) confecção de
cosmético, etc)
decocção, etc) exsicata?
Caapeba Folhas Fígado e estômago Infusão Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar Sim
Quebra pedra Folhas Cálculo renal Decocção Uso oral Meio copo, 3x dia, até melhorar Sim
Assa peixe Folhas Expectorante Infusão ou tintura Uso oral Uma colher, 3x dia, até melhorar Sim
Fígado, Icterícia,
Picão Preto Folhas e flor antiinflamatório Infusão Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar Sim
Mentrasto Folhas Depressão Infusão ou tintura Uso oral Meio copo, 1x dia, até melhorar Não
Jurubeba Folhas e frutos Fígado Infusão ou tintura Uso oral Uma colher, 1x dia, até melhorar Sim
Fígado, alergia, vitalidade Meio copo, 1x dia, até melhorar. Banhar
Carqueja Folhas capilar Infusão ou tintura Uso oral/tópico os cabelos Sim

Chapéu de Couro Folhas Cálculo renal, depurativo Infusão ou tintura Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar Sim
Fígado, couro cabeludo, Meio copo, 1x dia, até melhorar. Banhar
Dente de Leão Folhas acne Infusão ou tintura Uso oral/tópico os cabelos. Lavar o rosto. Sim

Fedegoso Folhas Tônico, doenças hepáticas Infusão Uso oral Meio copo, 1x dia, até melhorar Sim
Meio copo ou 30 gotas da tintura 1x dia,
Espinheira Santa Folhas Gastrite Infusão ou tintura Uso oral até melhorar Não

76
Continuação...

Forma de preparo Foi possível a


Para que é utilizada a
(planta seca ou Forma de uso – via de administração (via tópica, em região coleta de
Nome popular da Parte da planta planta (doenças,
fresca, preparada da pele sem ferimentos; oral, ...) e posologia (quantas vezes material para a
planta utilizada tratamentos,uso
como infusão, ao dia, de quantas em quantas horas, quantos dias, ...) confecção de
cosmético, etc)
decocção, etc) exsicata?
Meio copo ou 30 gotas da tintura, 1x
dia, até melhorar. Banhar a região
Gervão Folhas Cicatrizante Infusão ou tintura Uso oral e tópico machucada. Sim
Meio copo, ou 30 gotas da tintura 2x
Carobinha Folhas Depurativo Infusão ou tintura Uso oral dia, até melhorar. Sim
Erva de Santa Meio copo, ou 30 gotas da tintura 2x
Maria Folhas Vermífugo Infusão ou tintura Uso oral dia, até melhorar Sim
Antibiótico e Meio copo, ou 30 gotas da tintura 2x
Tançagem Folhas antiinflamatório Infusão ou tintura Uso oral dia, até melhorar Sim
Antiinflamatório e Banhar a região machucada. Banhar o
Pacari Folhas adstringente Infusão ou tintura Uso tópico couro cabeludo. Sim
Babosa Folhas Vitalidade e brilho capilar Infusão ou tintura Uso tópico Banhar os cabelos. Não

Quina de Vaca Folhas Vitalidade e brilho capilar Infusão ou tintura Uso tópico Banhar os cabelos. Não
Vitalidade e crescimento
Jaborandi Folhas capilar Infusão ou tintura Uso tópico Banhar os cabelos. Sim
Pata de Vaca Folhas Diabetes Infusão Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar Sim
Estômago, calmante, Meio copo, 2x dia, até melhorar. Banhar
Macela Folhas couro cabeludo Infusão Uso oral/tópico o couro cabeludo. Sim
Meio copo, 2x dia, até melhorar. Banhar
Copaíba Folhas Cicatrizante Infusão Uso oral/tópico o couro cabeludo. Sim
Uso oral e tópico
(Incorporação em Meio copo, 2x dia. Utilizar na região
Erva de bicho Folhas Cicatrizante Infusão ou tintura pomada) machucada até melhorar. Sim

77
“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº 09 Entrevistador: Dalila Malaquias e Marina Couto
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário: 02/07/2011 - Milho Verde
Data e local de nascimento: 29/12/1945 Milho Verde Grau de instrução: Ensino Fundamental Incompleto
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas? Com avós e mãe
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?: Sim, para filhos.
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Foi possível a
Para que é utilizada a Forma de preparo
Forma de uso – via de administração (via tópica, em região coleta de
Nome popular da Parte da planta planta (doenças, (planta seca ou fresca,
da pele sem ferimentos; oral, ...) e posologia (quantas vezes material para a
planta utilizada tratamentos,uso preparada como
ao dia, de quantas em quantas horas, quantos dias, ...) confecção de
cosmético, etc) infusão, decocção, etc)
exsicata?

Tosse, alisar a pele, queda Uma colher, 2x dia, até melhorar.


Capuchinha Folhas de cabelo Infusão Uso oral/ tópico Utilizar na pele, banhar os cabelos Sim

Rins, bexiga, depurativo, Meio copo, 2x dia, até melhorar. Banhar


Bardana Toda a planta caspa, queda de cabelo Infusão Uso oral/tópico os cabelos. Sim
Serralha Folhas Depurativo Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Sim
Erva de Santa
Maria Folhas Vermífugo Sumo das folhas Uso oral Uma colher, 2x dia. Sim
Babosa Folhas Vermífugo Macerado com mel Uso tópico Uma colher, 1x/dia Não
Alfavaca Toda a planta Má digestão Infusão Uso oral Meio copo, 2x dia, até melhorar sim

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“Levantamento de plantas nativas do cerrado e do campo rupestre da Serra do Espinhaço (MG) utilizadas com fins medicinais e cosméticos”
Questionário nº 10 Entrevistador: Dalila Malaquias e Marina Couto
Data e local (cidade, comunidade rural, etc) da aplicação do questionário: 08/12/2011 - Milho Verde
Data e local de nascimento: 09/01/1962 Milho Verde Grau de instrução: Ensino Médio Completo
Como e com quem aprendeu tudo o que sabe sobre plantas medicinais nativas? Estudando sozinha, curso.
Esse saber tem sido transmitido para pessoas mais jovens? Por que?: Sim, porque algumas pessoas buscam conhecimento. No entanto, filhos não possuem interesse.
Quais as plantas medicinais ou cosméticas nativas da região que o Sr. (a) conhece e faz uso ou indica a sua utilização?
Foi possível a
Para que é utilizada a Forma de preparo Forma de uso – via de administração (via tópica, em
coleta de
Nome popular da Parte da planta planta (doenças, (planta seca ou fresca, região da pele sem ferimentos; oral, ...) e posologia
material para a
planta utilizada tratamentos,uso preparada como (quantas vezes ao dia, de quantas em quantas horas,
confecção de
cosmético, etc) infusão, decocção, etc) quantos dias, ...)
exsicata?

Retira o leite que sai


Imbaúba Folhas Adstringente das folhas Uso tópico Utilizar na pele, 1x/dia Sim

Hidratante para a pele,


Macaúba Fruto emoliente Retira a poupa do fruto Uso tópico Utilizar na pele, 1x/dia Não
Assa Peixe Folhas Tosse, expectorante Xarope com tintura Uso oral Uma colher, 2x/dia, até melhorar Sim

Alecrim do Campo Folhas Gripe Xarope com tintura Uso oral Uma colher, 2x/dia, até melhorar Sim

Distúrbios da menopausa
Amora Branca Folhas (Climatérios) Infusão Uso oral Meio copo, 1x/dia Sim

Depurativo, bom para Uso oral/uso Meio copo, 1x/dia. Banhar o couro
Bardana Folhas caspas Infusão tópico cabeludo Sim
Caapeba Folhas Doenças hepáticas Tintura Uso oral 20 gotas, 2x/dia, até melhorar Sim

Canelinha de
Macaco Folhas Doenças renais Infusão Uso oral Meio copo, 1x/dia

79
Continuação..

Foi possível a
Para que é utilizada a Forma de preparo Forma de uso – via de administração (via tópica, em
coleta de
Nome popular da Parte da planta planta (doenças, (planta seca ou fresca, região da pele sem ferimentos; oral, ...) e posologia
material para a
planta utilizada tratamentos,uso preparada como (quantas vezes ao dia, de quantas em quantas horas,
confecção de
cosmético, etc) infusão, decocção, etc) quantos dias, ...)
exsicata?
Carobinha Folhas Alergia, depurativo Infusão Uso oral Meio copo, 1x/dia, até melhorar Sim
Carqueja Folhas Doenças hepáticas Infusão Uso oral Meio copo, 1x/dia, até melhorar Sim
Melissa Folhas Ansiedade, antidepressivo Infusão Uso oral Meio copo, 1x/dia, até melhorar Não
Utilizar na região afetada, 2x/dia, até
Pacari Folhas Micoses, coceiras na pele Infusão Uso tópico melhorar. Sim
Pata de Vaca Folhas Glicose alta Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Sim
Picão Preto Toda a planta Icterícia Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Sim
Ipê Roxo Folhas Doenças no útero Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Não
Espinheira Santa Folhas Gastrite Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Não
Mentrasto Folhas Antidepressivo Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Não

Estimulante sexual,
resistênica imunológica,
reumatismo, artrite,
Fáfia Paniculada Raiz e Folhas memória Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Não
Catuaba Folhas Estimulante sexual Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Sim
Jurubeba Folhas/Fruto Doenças hepáticas Infusão Uso oral Uma colher, 3x/dia, até melhorar Sim
Gervão Folhas Cicatrizante Infusão Uso tópico Meio copo, 2x/dia, até melhorar Sim
Copaíba Folhas Cicatrizante Infusão Uso tópico Meio copo, 2x/dia, até melhorar Sim
Caju do cerrado Folhas Gripe Infusão Uso oral Meio copo, 2x/dia, até melhorar Sim

Utilizar no ouvido externo, 1x/dia, até


Saião Folhas Dor de ouvido Emplasto Uso tópico melhorar. Sim

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ANEXO G. Imagens das plantas identificadas.

Palicourea rigida Kunth (“Dom Cecropia Loefl. (“Imbaúba”)


Bernardo”)

Cecropia Loefl. (“Macela”.) Hyptis Jacq. (Hortelã do brejo)

Piper umbellatum L. (“Caapeba”) Ocimum campechianum Mill. (“Alfavaca)

Plantago major L (“Tançagem”) Sonchus oleraceus L. (“Serralha”)

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Gomphrena virgata Mart (“Cangussu Hymenaea stigonocarpa (“Jatobá”)
Branco)

Maranta sp (“Araruta”) Tropaeolum majus L. (“Capuchinha”)

Polygonum punctatum Elliott (“Erva de


Casearia Jacq. (“Tiozinho”)
Bicho”)

Bidens pilosa L. (“Picão”) Bauhinia longifolia (Bong.) Steud. (“Pata


de Vaca”)

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Baccharis crispa Spreng (“Carqueja”) Hancornia speciosa Gomes (“Mangaba”)

Kalanchoe brasiliensis (“Saião) Arcticum lappa (“Bardana”)

Copaifera langsdorffii Desf. (“Copaíba”) Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc (“Pau
Santo”)

Piper L. (“Jaborandi”) Sonchus oleraceus L. (“Serralha”)

83
Baccharis dracunculifolia DC (“Alecrim Hancornia speciosa Gomes (“Mangaba”)
do campo”)

Jacaranda caroba (Vell.) DC Jacaranda caroba (Vell.) DC


(“Carobinha”) (“Carobinha”)

Chenopodium L. (“Erva de Santa Maria”) Phyllanthus niruri L. (“Quebra-pedra”)

Senna occidentalis (L.) Link (“Fedegoso”) Byrsonima Rich. ex Kunth


(“Douradinha”)

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Croton antisyphiliticus Mart. (“Pé de Remijia ferruginea (A.St.-Hil.) DC.
perdiz”) (“Quina”)

Taraxacum officinale (“Dente de Leão”)

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