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Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados para Fins Científicos e Didáticos
Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados para Fins Científicos e Didáticos
E PREPARAÇÃO DE
VERTEBRADOS
para fins científicos e didáticos
PAPEL VIRTUAL
O Centro Universitário Luterano de Palmas - CEULP / Uni-
versidade Luterana do Brasil - ULBRA tem apoiado a pesquisa
científica como subsídio à educação em nosso país.
O CEULP / ULBRA patrocinou a publicação do livro Técni-
cas de Coleta e Preparação de Vertebrados como parte do plano
de divulgação científica, que visa a publicação de livros e perió-
dicos científicos.
CEULP / ULBRA
Av. Teotônio Segurado, ACSU-SO-150
fone: 55 (63) 223-2050 - Palmas - Tocantins - Brasil
CP 160 - CEP 77054-970 - http://www.ulbra-to.br
VERTEBRADOS
para fins científicos e didáticos
2002
TÉCNICAS DE COLETA E PREPARAÇÃO DE VERTEBRADOS PARA FINS
CIENTÍFICOS E DIDÁTICOS.
Direitos de edição em qualquer idioma reservados ao Instituto Pau
Brasil de História Natural.
Ficha Catalográfica
591.08 596:591.08
Índices para catálogo sistemático:
APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 11
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13
Introdução
Técnicas de preparação de material biológico vêm sendo cria-
das, aperfeiçoadas e aplicadas desde os primórdios da civiliza-
ção. Nem sempre esse material teve finalidades científicas, po-
dendo ter seu uso para fins didáticos, religiosos e também orna-
mentais. Os primeiros relatos sobre taxidermia aconteceram no
Século XVI, na Holanda. O mais antigo espécime conhecido foi
preparado perto de 1600, é um rinoceronte que está no Museo
Reale de Florença. O método de preservação deste espécime não
é conhecido (METCALF, 1987). Em 1748-9, Réaumur, coletor de
aves francês, publicou instruções para preservação de peles.
Com o desenvolvimento e sistematização da ciência, cresceu a
necessidade do acúmulo de espécimes (animais vertebrados,
invertebrados e também vegetais) em coleções para servir de base
para descrições de espécies novas, delimitações de suas distri-
buições geográficas e outros estudos. Inicialmente o material
colecionado trazia consigo, em livros de registros ou nas anota-
ções de seus coletores, apenas vagas informações sobre o local de
coleta e, em muitas vezes, somente o continente era menciona-
do. Com o passar do tempo percebeu-se a importância da quali-
dade do seu preparo para aumentar sua durabilidade, e da pre-
cisão das informações registradas sobre a procedência e condi-
ções de coleta, incluindo até dados comportamentais. Assim, gra-
dualmente foram sendo incorporados aos acervos dados tais como
margens, no caso de coletas junto de rios, coordenadas geográfi-
cas, altitude, hora da coleta, registros fotográficos e gravações
quando do caso da produção de som pela espécie em questão,
dentre outros caracteres. Atualmente, com o apoio de computa-
dores e satélites, até mesmo detalhes do ambiente podem ser
registrados, vinculando uma série de caracteres ecológicos ao
exemplar. Isto tem ampliado grandemente a utilização de coleções
científicas e a importância deste material como fonte de infor-
mações para conhecer a biodiversidade e traçar estratégias de
conservação de áreas e espécies em risco ou ameaçadas de extinção.
14 Técnicas de Prparação de Vertebrados
Peixes
16 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Peixes
Ana Maria de Souza
Paulo Auricchio
INTRODUÇÃO
A COLETA
Figura 1. Diferentes tipos de puçás. Podem apresentar diferentes dimensões (Desenho: Cavani).
Figura 7. Diferentes tipos de covos. Podem apresentar variados tamanhos. (Desenho: Cavani).
1 - Comprimento total;
2 - Comprimento padrão;
3 - Comprimento da cabeça;
4 - Base da 1a. nadadeira dorsal;
5 - Base da 2a. nadadeira dorsal;
6 - Comprimento do pedúnculo caudal;
7 - Base da nadadeira anal;
8 - Comprimento da nadadeira peitoral;
9 - Altura;
10 - Distância pós-orbital;
11 - Distância pré-orbital
12 - Olho.
CONSERVAÇÃO DO MATERIAL
Peixes ósseos:
Peixes cartilaginosos:
REFERÊNCIAS
LEITURAS COMPLEMENTARES
Figura 3. Esquema
mostrando a pele
retirada em um dos
lados.
Peixes
PEIXES - A. M. Souza & P. Auricchio 35
A B
A B
A
B
PINTURA
O processo de pintura é a parte mais difícil da taxidermia de
peixes. O auxílio de um artista plástico será de grande ajuda na
escolha da tinta e do processo para cada espécime. A utilização
do aerógrafo é quase que imprescindível para um bom resultado.
O pincel não dá a gradação com facilidade e muito tempo e paci-
ência são necessários.
Alguns peixes não perdem as cores ou perdem pouco sendo
que podem ser facilmente restauradas. A utilização de betume,
derivado de petróleo utilizado para escurecer peças, é de grande
Peixes
PEIXES - A. M. Souza & P. Auricchio 41
ESQUELETOS DE PEIXES
BIBLIOGRAFIA
Anfíbios
Anfíbios
44 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Instituto Butantan
Av. Vital Brasil, 1500, Butantã
São Paulo, SP Brasil. CEP 05503-900
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Tel. (055) 11 3726 7222 R. 2179 e 2135
FAX (055) 11 3726 1505
ANFIBIOS - M. E. V. Calleffo 45
Anfíbios
Anfíbios
Myriam Elizabeth Velloso Calleffo
INTRODUÇÃO
CLASSE AMPHIBIA
Anfíbios
os espécimes são coletados, outros locais podem ser escolhidos
para serem vasculhados à noite. Deve-se revirar e observar em-
baixo de pedras, tocos, folhas, folhiço e dentro de ocos de pau.
Geralmente são encontrados muitos artrópodes (aranhas, escor-
piões, lacraias, diplópodos e opiliões); eventualmente outros
invertebrados e vertebrados de interesse podem ser coletados.
Alguns anfíbios anuros vocalizam junto às poças e alagados e
também nas margens dos córregos, rios, lagoas e represas. A es-
tação seca é desfavorável para a reprodução desses animais. Em
períodos de campanhas chuvosas, os anfíbios anuros (sapos, rãs
e pererecas) podem ser observados e fotografados em seu habitat
natural, antes de sua captura. Os girinos, dependentes da água
para seu desenvolvimento até a fase adulta, tornam-se presas
fáceis para ser coletados através de peneiras e puçás. Embora
seja difícil determinar as espécies dos girinos coletados, salvo
exceções, é interessante coletá-los e criá-los para posteriormen-
te à metamorfose serem identificados no nível específico.
Os sapos verdadeiros, pertencentes à família Bufonidae, geral-
mente estão na beira de charcos, grandes poças ou áreas alagadas,
com parte do corpo exposta, facilitando a captura. São terrestres
e noturnos, embora vistos ocasionalmente durante o dia. Uma
espécie conhecida popularmente como sapo cururu é facilmen-
te encontrada por sua ampla distribuição geográfica. Geralmen-
te os sapos apresentam dimorfismo sexual em seu tamanho e
coloração (NORMAN, 1994; RODRÍGUEZ & DUELLMAN, 1994).
As pererecas da família Hylidae estão representadas por vári-
os gêneros como Hyla, Scinax, Osteocephalus, Phrynohyas,
Phyllomedusa, entre outros. Possuem hábitos diferentes dos sa-
pos e das rãs, pois são arborícolas. As pererecas têm as extremi-
dades dos dedos das mãos e dos pés em forma de discos providos
de ventosas, facilitando a subida em árvores ou superfícies lisas.
Apresentam tamanho e coloração variados. São freqüentemente
encontradas em arbustos, galhos ou camuflados sobre troncos,
no interior de bromélias, em veredas, sob pedras úmidas, em fo-
lhas verdes e rijas, perto da água, onde algumas espécies podem
desovar (Figura 6) (LUTZ, 1973; NORMAN, 1994). Eventualmente
são encontradas em banheiros e locais úmidos e frescos.
48 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Anfíbios
são anfíbios providos de cauda, parecidos com lagartos ou la-
gartixas. Só existem espécies amazônicas, arborícolas, dificilmente
coletadas.
Para identificações mais específicas e determinação das espé-
cies pode-se recorrer aos guia de campo para répteis e anfíbios,
como por exemplo HEYER, et al. (1990). Em geral esses guias tra-
zem a descrição do animal, seu habitat, sua distribuição geográ-
fica e sua fotografia.
INFORMAÇÕES GERAIS
RECOMENDAÇÕES
Anfíbios
pererecas no final da tarde, no lusco-fusco, é também o horá-
rio dos mosquitos e pernilongos atacarem.
É importante manter em lugar seco e seguro o estojo de emer-
gência para primeiros socorros no caso de febres, dores,
disenterias, gripes e resfriados. Nenhum medicamento deve ser
ingerido sem prescrição médica ou, no mínimo, leitura da bula.
É interessante ter consigo um manual de Primeiros Socorros.
Cuidados com reações alérgicas de várias naturezas, manter
sempre a mão um anti-alérgico (anti-histamínico). Evite bebidas
alcoólicas durante os percursos na mata para maior segurança.
São recomendáveis consultas ao IBGE e compra de cartas geo-
gráficas e mapas, além de verificar-se altitudes e climas em pu-
blicações especializadas tais como Normas Climatológicas e
Nivelamentos de Altitudes dos Estados.
Anfíbios
coleta, data, local preciso, e informações do espécime, peso, sexo
e eventuais observações. É aconselhável o uso de caneta com tin-
ta especial, ou nanquim, para que não borre e nem manche as
anotações de campo. O nome e sobrenome do coletor devem ser
legíveis, e para coleta em grupos ou expedições, utilizam-se abre-
viações. No Instituto Butantan por exemplo, Exp. IB. Na data, o
dia e o ano geralmente por inteiro e em algarismos arábicos e o
mês em algarismos romanos, como por exemplo, 30.VI.1998.
O número de campo, imprescindível é a numeração crescente,
provisória de cada instituição de pesquisa ou de um pesquisador,
pode ser impresso em fita de pano, improvisado em etiqueta de
papel vegetal ou feito em rotulador do tipo rotex. São amarra-
dos com linha grossa do tipo cordonê. Em grandes expedições
científicas é necessário levar os números prontos e amarrados,
pois se perde muito tempo fazendo isto na hora da preparação
dos espécimes.
O espécime só leva a etiqueta com o número após a morte,
quando está relaxado e as devidas medidas e pesagens já foram
realizadas. Para sapos, rãs e pererecas amarra-se a etiqueta com
o número entre as pernas traseiras como se estivesse colocando
uma fralda, em gêneros de pequeno porte pertencentes a família
Leptodactlydae, como em Pseudopaludicola e Adenomera, e em
Microhylidae e girinos pode-se fazer lotes de exemplares ou
colocar a numeração diretamente dentro do pote que será
armazenado, para não danificar o exemplar. Em gimnofionas,
cobras-cegas, deve-se fixar a etiqueta como em cobras,
amarrando o número na altura do pescoço e enrolando o espécime
(Figura 7).
COLETAS
Armadilhas
Anfíbios
As armadilhas passivas podem ser:
4m 4m
4m
baldes
cerca de plástico
Planta Perspectiva
Anfíbios
ser iscas para outros animais. Outros detalhes podem ser vistos
no capítulo de Mamíferos.
Fi g u r a 4 . C o v o i s c a d o
amarrado a um substrato
(Foto: M.E.V.Calleffo, 1998).
COLETA NOTURNA
Anfíbios
revistam-se as margens, folhagens ao redor e capinzais próxi-
mos. Através da iluminação focal da lanterna de cabeça locali-
za-se o animal que está vocalizando e com as mãos livres se apa-
nha o espécime que é acondicionado em sacos de pano úmido ou
sacos de plástico transparente. Para coletar em folhagens emer-
gentes da água, aguapés, etc, se não for local fundo e muito lo-
doso pode-se ir com tênis ou bota de borracha e o auxílio de um
gancho ou cajado. Em locais fundos e mais distantes é ideal o
uso de uma canoa, bote ou barco a remo, sempre com cuidado
para não espantar os animais. Geralmente, avistam-se de longe,
pares de pontos vermelhos e brilhantes que são os olhos de jaca-
rés, grandes rãs e de outros animais. De dentro do barco é fácil
coletar girinos com peneiras e pequenas pererecas que ficam so-
bre a vegetação aquática. Também é de grande valia carregar
um gravador a pilha para gravar os anfíbios anuros vocalizando
e, posteriormente, utilizar esta gravação como possível isca. Os
machos vocalizam e aguardam a emissão de outro som como
resposta. O som gravado funciona como chamarisco para se se-
guir o canto e aproximando-se dele, apanhar o espécime. Cada
espécie possui uma vocalização diferente da outra, por isso é co-
mum dizer que o sapo canta no brejo.
COLETA DE GIRINOS
Anfíbios
trar no caminho;
• revolver a terra úmida do solo debaixo dos troncos podres e
caídos com o auxílio de um facão;
• verificar sob e sobre cascas de árvores, pois alguns peque-
nos anfíbios se escondem sob as cascas e se camuflam sobre elas;
• examinar o interior das bromélias, local úmido e ideal para
pequenas pererecas;
• quando caminhar pela mata, andar devagar, atento e ar-
rastando os pés no folhiço acumulado no chão; neste local vive
uma fauna interessante que muitas vezes passa despercebida;
• no interior da mata, vasculhar em buracos e em folhas po-
dres acumuladas sobre o chão, árvores, galhos, troncos, etc, sem-
pre com auxílio de pinça grande, gancho e facão;
• examinar cupinzeiros e tocas;
• percorrer margens de brejos e ribeirões, de dia e à noite;
• examinar, quando houver: valas, poças, casas abandona-
das, cisternas, manilhas, sob pontes, mata-burros, etc. Frestas e
cantos úmidos são locais prediletos de pequenos anfíbios anuros
e outros animaizinhos;
• remexer troncos caídos, pilhas de toras de madeira, de tá-
buas, de lenha, de tijolo e de telhas. Retirar as peças uma a uma,
verificando com atenção e empilhar novamente em considera-
ção e reconstituição do ambiente. Em pilhas de madeiras pode
haver animais grandes (cobras, lagartos, roedores), e,
• para uma boa coleta de fauna subterrânea como para anfí-
bios do gênero Siphonops, além de lagartos ápodas, insetos, etc,
é necessário acompanhar o arado ao revolver a terra pela pri-
meira vez em áreas agrícolas e plantações.
Anfíbios
que são iscas para cobras d´água e outros animais (Figura 4);
• garrafa térmica e/ou cantil: para acondicionar água potável;
• garrucha (calibre 22) e munição adequada: eventualmente
necessárias para capturar grandes rãs e outros animais de inte-
resse que eventualmente possam aparecer (lagartos, jacarés, etc.);
• lampião a gás ou querosene: no caso de ficar muitas horas
na mata ou em acampamentos;
• lanterna de cabeça: ilumina e foca o local em direção ao
olhar e mantém as mãos livres, principalmente para coletar an-
fíbios em locais de difícil acesso; lanterna de mão: é importante
para auxiliar na iluminação e para caminhadas. Recomendam-
se sempre lâmpadas e pilhas sobressalentes para nunca ficar no
escuro;
• pilhas: pequenas, médias e grandes, preferencialmente as
alcalinas;
• lupa ou lente de mão: para observar detalhes dos espécimes
coletados;
• luvas de raspa de couro: para auxiliar na captura e coleta;
• mapas, cartas geográficas, bússola, GPS (Global Positioning
System): para se situar em campo e marcar exatamente os pon-
tos de coleta, através de coordenadas geográficas;
• número de campo: é a numeração seguida de cada institui-
ção de pesquisa ou de um pesquisador, pode ser impresso em fita
de pano, improvisado em papel vegetal ou feito em rotulador do
tipo rotex;
• peneira ou puçá: são essenciais para captura de girinos, rãs
ou pererecas (Lisapsus, entre outros gêneros) que ficam sobre a
folhagem dentro d´água;
• pinças grandes: 30-40 cm de comprimento, ideais para cap-
turar pequenos anfíbios em tocas, buracos ou frestas;
• potes plásticos com tampas perfuradas: de tamanhos vari-
ados para acondicionar e transportar os espécimes durante e
após a coleta;
• roupas leves, resistentes e seguras: para agüentar caminha-
das e espreitadas na mata, eventualmente roupas impermeáveis
e capa de chuva. Dê preferência a camisas de algodão, pois o
calor no interior da mata é demasiado e se transpira muito; e de
64 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Anfíbios
Se o acondicionamento após a coleta e durante o transporte
durar mais que um dia é necessário abrir os sacos e verificar se
os bichos ainda estão vivos e bem. Como precaução, lavar os es-
pécimes em água corrente com cuidado para não escaparem, e
limpar os sacos quando não puder trocá-los. No interior do sa-
cos acumulam-se urina e fezes que, se permanecerem por muito
tempo com os espécimes dentro do saco, podem matá-los.
Cada saco deve conter anotações particulares aos respectivos
espécimes capturados. É prudente matar logo os animais captu-
rados para não se perder informações do espécime (conteúdo es-
tomacal, perda de massa e outros) e para que o mesmo não en-
fraqueça e morra. No caso de animais que serão transportados
vivos para estudos posteriores, todo cuidado é pouco.
PREPARAÇÃO E ARMAZENAMENTO
DE ANFÍBIOS COLETADOS
Anfíbios
glicerina.
As coleções de anfíbios podem ser de diferentes tipos:
I - coleção de espécimes em via úmida: Espécimes fixados em
formol 10% e conservados em álcool 70%, preferencialmente em
locais escuros;
II - coleção de espécimes em via seca;
IIa - coleção de crânios e esqueletos: as peças ósseas são devi-
damente acondicionadas e etiquetadas, juntamente com as pe-
les e carcaças, e
III - coleção de tipos (parátipos): mantidos em armários separa-
dos, seguindo a organização da coleção geral, com fichário à parte.
DO CAMPO AO LABORATÓRIO
Anfíbios
pano umedecidos em água dentro de caixas de isopor. Quando a
viagem por terra for longa e o calor intenso, aconselha-se colo-
car pedras de gelo espalhadas dentro da caixa de isopor para
amenizar a temperatura ambiente, baixando o metabolismo dos
animais e, consequentemente, não os deixando desidratar.
PREPARAÇÃO DE ESQUELETO
MONTAGEM DO ESQUELETO
EMBALSAMAMENTO
Anfíbios
ressecamento. Quando o animal foi ferido ou teve alguma lesão
que dificulte o processo de fixação, abre-se o tórax e mergulha-
se o espécime em formalina (VANZOLINI e PAPAVERO, 1967).
Anfíbios podem também ser preparados por diafanização. Esta
técnica torna transparente os tecidos moles e colore os tecidos
ósseos e cartilagens possibilitando a observação do esqueleto por
inteiro. As técnicas referentes estão no Capítulo Diafanização.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Paulo Emílio Vanzolini (Museu de Zoologia da Uni-
versidade de São Paulo, MZUSP) pela revisão, sugestões e críticas
do manuscrito, e à amiga Suzana César Gouveia Fernandes,
mestranda em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia
da Universidade de São Paulo (MAE/USP) pela colaboração e exe-
cução das fotos escaneadas.
BIBLIOGRAFIA
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74 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
3
RÉPTEIS - F. L. Franco, M. G. Salomão & P. Auricchio 75
Répteis
Répteis
76 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Répteis
Francisco Luís Franco
Répteis
Maria da Graça Salomão
A COLETA
Répteis
informações preciosas sobre a biologia e ecologia das espécies.
O período do dia deve ser considerado, influenciando muito
na diversidade da amostra, devido aos hábitos particulares de
cada espécie. Além do mais, levando em conta este parâmetro,
existe a possibilidade de encontrar os indivíduos em atividade ou
repousando em abrigos. Para isso, o dia de trabalho deve ser di-
vidido em três períodos: manhã, tarde e noite. Havendo poucos
coletores em relação ao número de exemplares capturados, pode-
se proceder ao trabalho em períodos alternados, permitindo as-
sim, a execução da preparação, fixação e tombamento, no perío-
do vago. Em determinadas situações, devem-se utilizar períodos
mais longos de coleta, levando-se em conta que possam existir
dificuldades de acesso ao local, longas distâncias a serem per-
corridas ou imprevistos.
Répteis
possível coletar pequenos jacarés com as mãos, ou com auxílio de
laço de contenção, anzóis, puçás, redes ou tridentes. Grandes ja-
carés são animais perigosos e podem ser capturados com armas
de fogo. Estes animais são apanhados à noite quando de longe se
avistam pares de olhos vermelhos em lagoas ou braços de rios.
Para saber mais sobre jacarés do Brasil ver CARVALHO (1951).
Outro método para a coleta, manuseio e transporte de
crocodilianos é o descrito por JONES & HAYES-ODUM (1994).
Eles sugerem o uso de tubos de PVC de diâmetro adequado
para diversas classes de tamanho, suficiente para a passa-
gem do animal sem a possibilidade de seu retorno pela en-
trada, e longo o suficiente para manter a cabeça e parte da
cauda do animal dentro do tubo.
Para colocá-lo no tubo, o jacaré é laçado pela cabeça e pela
cintura pélvica e a corda da cabeça passada por dentro do tubo.
Deste modo, pode-se puxar o jacaré para dentro do tubo, com
segurança, controlando-o pela tração das cordas. O tubo deve
apresentar perfurações ao longo de seu comprimento que per-
mitam a amarração das extremidades das cordas, tencionadas,
imobilizando o jacaré. Antes de iniciar qualquer procedimento,
convém amarrar a boca do jacaré, garantindo que este não pos-
sa morder. Assim contido, é possível tomar os dados de campo ou
anestesiá-lo, usando os próprios furos do tubo ou abrindo outro
maior em região adequada. Solta-se o animal liberando a cintu-
ra pélvica do laço e puxando-o pelo laço da cabeça para fora do
tubo. Esse método pode ser utilizado no transporte dos animais
do campo ao laboratório. Vale lembrar que uma mordida de ja-
caré, mesmo de pequeno porte pode ser muito danosa, portanto,
é aconselhável o uso de luvas de raspa de couro de punho longo
ao manipular os espécimes.
82 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Lagartos muito ágeis e ariscos podem ser capturados com ban-
das de borracha, estilingue ou laços. Os estilingues ou atiradeiras
são amplamente conhecidos e eficientes para lagartos ou ser-
pentes. Os laços corrediços podem ser feitos em varas de bambu
e linhas de nylon (Figura 1).
Répteis
ções sobre o uso e cuidados necessários). O registro e o porte de
armas são documentos indispensáveis ao coletor.
Para aumentar a chance de captura de lagartos, e eventual-
mente serpentes, pode-se esticar uma cerca plástica de 10 a 50m
de comprimento por 0,5 m a 1m de altura, rente ao chão. Para
mantê-la esticada, colocam-se estacas de madeira de dois em
dois metros. A equipe avança em linha batendo moitas, troncos
e buracos, espantado os animais para a cerca, onde ficarão
acuados, podendo ser capturados. Lagartos arbóreos podem ser
capturados pelo uso de armadilhas de copa, descritas adiante,
ou de alçapão [ver ZANI & VITT (1995) para detalhes].
Outra técnica consiste em transitar vagarosamente em auto-
móveis por estradas pouco movimentadas, no período noturno
ou no início da manhã. Isso permite o encontro de diversos ani-
mais, vivos ou atropelados, principalmente serpentes.
O acompanhamento das atividades dos trabalhadores rurais
é também uma excelente oportunidade para o encontro e coleta
de répteis (VANZOLINI & PAPAVERO, 1967). Acompanhamento de
roçados, de colheitas, da aragem do solo, das trilhas de tratores
revolvendo a terra, de tombadeiras, dos esvaziamentos ou en-
chimentos de açudes, são ocasiões nas quais répteis, entre ou-
tros animais, são facilmente encontrados e capturados.
As armadilhas são muito úteis, capturando algumas espécies
que às vezes são difíceis de coletar e auxiliam na padronização
das atividades de coleta. As armadilhas de queda (pit-fall traps)
(Fig 02 e 03) são eficientes para capturar pequenos lagartos que
habitam o chão da mata, pequenas serpentes e anfisbenídeos,
dentre outros. Elas consistem basicamente em enterrar recipien-
tes grandes, com paredes lisas e verticais tais como baldes ou la-
tas de óleo de 18 litros, com a porção metálica superior removida.
84 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Répteis
as de animais. Neste momento, permaneça atento para a pre-
sença de animais entre o balde e o substrato. Mais informações
sobre armadilhas de queda podem ser obtidas em SCROCCHI &
KRETZSCHMAR (1996) e CECHIN & MARTINS (2000).
Armadilhas adesivas são utilizadas para captura de anfíbios e
répteis. Informações referentes à esta técnica estão disponíveis
em BAUER & SADLIER (1992), WHITING (1998) e no capítulo de
Anfíbios deste livro.
Os covos são construídos facilmente a partir do corte das ex-
tremidades de garrafas plásticas de 2 litros, para se obter um
tubo. Os gargalos de duas garrafas, em forma de funis, são en-
tão colocados invertidos, direcionados para dentro de um corpo
da garrafa, para que o animal entre na garrafa, mas não consi-
ga sair (Figura 4).
O covo pode ter apenas uma única abertura colocando-se ape-
nas um funil invertido, deixando o fundo da garrafa fechado.
Pode-se utilizar covos para capturar serpentes em ambientes
aquáticos, colocando-se peixes e/ou girinos dentro dele, como is-
cas. Deve-se ter a preocupação de deixar um pouco de espaço
Répteis
cipalmente das condições do ninho e dos ovos em si. Não poupe
observações sobre o local da postura, anotando, se possível, tem-
peratura do ar e do substrato, luminosidade e umidade.
QUANTO COLETAR
Répteis
A preparação de um animal para ser incluído em uma coleção
inclui três etapas distintas: a morte, a fixação e a conservação.
Certamente não se deve desprezar o animal encontrado morto,
pois, pode-se resgatar informações importantes e tombá-lo em
todo ou em parte em uma coleção. Porém, para uma perfeita
preparação, todas as etapas devem ser seguidas da forma mais
rigorosa possível. Espera-se que o material zoológico bem prepa-
rado, dure indefinidamente em uma coleção.
MORTE
O respeito para com o animal exige que se proceda de modo a
poupá-lo, o máximo possível, de sofrimentos. Só se deve manter
um animal vivo, caso haja um real interesse. Este procedimento,
além de implicar em estresse e sofrimento para o mesmo, causa a
perda de dados, como por exemplo o conteúdo alimentar presen-
te no trato digestório.
Há uma detalhada lista de procedimentos para matar répteis
e anfíbios na publicação de COOPER et al. (1989). Foram
selecionadas algumas técnicas, que já foram utilizadas em con-
dições de campo pelo autor sênior deste capítulo, levando-se em
conta aspectos éticos e práticos.
Para répteis, a injeção de anestésicos em altas doses é eficien-
te, pois provoca paralisia completa, e posterior paradas respira-
tória e cardíaca. Além disso, promove um relaxamento muscular,
desejável para a fixação. No caso de Ketamina 50 mg/ml, deve-se
injetar de 100 a 150 mg/kg, por via intra-peritoneal (GREEN,
1979). Estas doses são suficientes para deprimir o sistema nervo-
so central e levá-los à morte. Para quelônios, atinge-se a cavida-
90 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
de abdominal pela virilha. Após um período de cerca de 30 minu-
tos procede-se ao exame dos reflexos do animal, beliscando sua
cauda ou tocando seus olhos e verificando os batimentos cardía-
cos. Caso não haja resposta a estes estímulos e o coração esteja
parado, pode-se iniciar a fixação. Caso contrário, reforça-se a
dose e espera-se mais algum tempo.
Um método muito usado, que ultimamente vem perdendo lu-
gar aos anestésicos injetáveis, é a morte por eterização. O éter
pode produzir contrações musculares permanentes além de cau-
sar mais sofrimento do que a morte por asfixia em gás carbônico
ou altas doses de anestésicos. Deste modo, sugerimos que se uti-
lize este método apenas quando for absolutamente necessário.
Os procedimentos consistem em colocar o animal em um recipi-
ente com tampa e, em seguida, um chumaço de algodão embebi-
do em éter sulfúrico. Cuidado para não colocar primeiro o éter,
pois o animal, certamente, vai resistir à entrada no recipiente,
em virtude do cheiro forte. No caso de serpentes peçonhentas
pode ser um procedimento perigoso. Recomenda-se a utilização
de recipientes de vidro, pois podemos acompanhar o efeito do
anestesico até sua completa imobilização, sem ter que abrir o
recipiente. O tempo para a morte pode variar muito de animal
para animal. Os quelônios podem demorar horas para morrer
enquanto algumas serpentes e lagartos morrem em poucos mi-
nutos. Portanto, observe a total imobilidade do animal, e faça os
testes de reflexo e pulsações cardíacas recomendadas anterior-
mente. O excesso de éter acelera a morte, porém causa o enrijecimento
do animal. A anestesia lenta leva à morte com menos contrações, o
que é recomendável para a preparação.
A morte por asfixia em gás carbônico também vem ganhando
terreno em relação à câmara de éter. Para campo, não é prático,
pois necessita de pesados botijões de gás comprimido e pode le-
var várias horas para matar. Entretanto, consiste simplesmente
em encher um recipiente com o gás, onde será colocado o animal
e fechá-lo. Embora este método venha sendo defendido por mui-
tos profissionais, COOPER et al. (1989), salientam que os répteis
são particularmente resistentes à anóxia, principalmente em
baixas temperaturas. Isto leva a crer que a anóxia pode causar
um sofrimento duradouro nestes animais, o que não é desejado.
RÉPTEIS - F. L. Franco, M. G. Salomão & P. Auricchio 91
Outros métodos, menos indicados, porém algumas vezes neces-
sários, são o congelamento, o espinhalamento, a injeção de álcool
no cérebro e medula, entre outros que podem ser melhor detalha-
dos em COOPER et al. (1989). Muitos deles não são recomendáveis,
pois implicam em sofrimento ao animal que, na maioria dos ca-
sos, poderia ser minimizado pela utilização de anestésicos
injetáveis. O congelamento não requer maiores explicações a não
ser alertar que alguns répteis demandam várias horas ou até mes-
mo dias para morrer. Isto é evidente no caso de quelônios; após 24
Répteis
horas em freezer ainda podem estar vivos. O espinhalamento con-
siste na secção da medula, logo após o foramem magnum, com o
auxílio de uma agulha grossa para desmedular e descerebrar o
animal. Para tal, introduzimos esta agulha na medula, pelo canal
medular e no cérebro, pelo foramem magnum. Em animais peque-
nos e médios tenciona-se a cabeça para baixo, geralmente man-
tendo o dedo indicador na região gular para dar apoio, forçando
a abdução da cabeça com o dedo médio, e do pescoço com o pole-
gar. Este procedimento pode ser ainda mais eficiente e rápido se
injetado álcool 70%, no cérebro e na medula. Essa injeção de álco-
ol 70% é particularmente indicado para crocodilianos e grandes
quelônios, nos quais outros métodos de morte são ineficientes ou
inadequados. FITZGERALD (1987) apud SCROCCHI &
KRETZSCHMAR (1996) recomenda este método e salienta que, em
crocodilianos, a injeção deve ser dada na metade da região nucal,
imediatamente à frente dos grandes escudos nucais, com a agu-
lha inclinada a 45o aproximadamente, e direcionada para a re-
gião cranial. Segundo SCROCCHI & KRETZSCHMAR (1996), para
grandes quelônios, o acesso à medula se dá pelo foramem magnum,
alcançado pela introdução da agulha pelo forame óptico, pela
borda do olho. Para outros répteis a injeção de álcool 70% no cére-
bro e na medula também deve ser feita pelo forame óptico, atingi-
do com a inserção da agulha pelo canto do olho. A via nasal não é
indicada pelos danos causados aos ossos do crânio, principalmen-
te em serpentes.
Atualmente, as técnicas genéticas e moleculares devem receber
especial atenção. A coleta de tecidos para análise citológica e
molecular devem ser feitas o mais rapidamente possível após a
morte, antes dos procedimentos de fixação, conforme as indica-
ções do Capítulo 10.
92 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
FIXAÇÃO
O processo de fixação estabiliza as proteínas dos tecidos do
animal, de modo a manter as características o mais próximo
possível do estado que se encontravam em vida (CARAMASCHI,
1987). O fixador mais utilizado para preparação de répteis para
coleção em via úmida é a formalina 10%, que torna as proteínas
mais viscosas.
Para uma boa fixação, é necessário injetar formalina 10% em
diversos pontos de toda a cavidade pleuro-peritonial, de modo a
permitir que o fixador preencha todo o espaço disponível, sem
contudo, deformar o animal. Antes das injeções, principalmente
para serpentes, deve-se pressionar levemente o abdome do ani-
mal de trás para a frente, retirando o ar dos pulmões. As injeções
devem seguir o sentido caudo-cranial, a partir da cloaca até pró-
ximo à cabeça. Assim injetados, são colocados na posição que se
deseja tê-los fixados. Para animais médios ou grandes, devemos
injetar as grandes massas musculares dos membros, cauda, ca-
beça, peito e costas. Para injetar caudas finas, usam-se seringas
de insulina com agulhas finas ou ainda pode-se fazer pequenos
cortes por toda a sua extensão. Após o animal ser injetado e co-
locado na posição desejada, deve ser coberto com papel ou pano
embebido em formalina 10%, mantendo-o em atmosfera saturada
por cerca de doze horas, se for um espécime de pequeno porte, ou
até 48 horas para o caso de exemplares grandes. Após este tem-
po, é recomendável a sua imersão em formalina 10%, por um
intervalo que varia de uma a três semanas, dependendo do ta-
manho do animal.
Considera-se um posicionamento correto de fixação, aquele
que permite o bom acondicionamento do animal nos frascos dis-
poníveis e seu posterior exame. É aconselhável que se coloque os
animais em posições semelhantes à postura em vida, com a re-
gião ventral para baixo. No caso de serpentes, a posição ideal é a
espiral, observando que a cabeça fique para fora da espiral
(Fig.5d). Lagartos devem ter as patas anteriores voltadas para
frente e as patas posteriores direcionadas para trás, ambas leve-
mente flexionadas (Fig. 5a e 5b). Lagartos pequenos, até 15cm de
comprimento total e cauda relativamente curtas, podem ser fi-
xados com a cauda reta (Fig. 5a), lagartos médios ou com a cau-
da longa, devem tê-la voltada para frente, dobrada para um dos
RÉPTEIS - F. L. Franco, M. G. Salomão & P. Auricchio 93
Répteis
Figura 5. Posições recomendadas para fixação de répteis e local para fixação
de números de campo. a) lagartos pequenos; b) lagartos com cauda longa; c)
quelônios; d)serpentes. (Desenhos F. L.Franco). Figuras a e c foram adaptadas
de SCROCCHI E KRETZSCHMAR (1996). Figura c, adaptada de RODRIGUES
(1987).
Répteis
O uso de larvas de Dermestes sp. (Coleoptera: Dermestidae)
para limpar esqueletos é muito mais eficiente e menos trabalho-
so que a técnica citada acima, porém não é viável a sua utiliza-
ção em campo devido à necessidade de um dermestário e de mui-
to tempo para a ação das larvas. Informações sobre a cultura
das larvas e preparação de peças podem ser encontradas no Ca-
pítulo 6 deste livro e em GRITTIS & BRUNNER (1990) e SCROCCHI
& KRETZSCHMAR (1996).
CONSERVAÇÃO
Depois do período de fixação, procede-se à lavagem em água
corrente, por 24 horas, e então os animais estão prontos para a
imersão em álcool etílico 70%.
A conservação permanente do exemplar deve ser feita em álco-
ol etílico 70%, em um recipiente de vidro de boca larga e tampa
que permita boa vedação, impedindo ao máximo a evaporação.
Este procedimento pode ser adotado se a coleta estiver planejada
para um período maior do que uma semana, quando a maioria do
material fixado já poderá ser transferido para o álcool. Caso con-
trário, o material pode ser mantido em solução de formalina 10%.
Ao ser incorporado em coleções, deve-se observar cuidadosa-
mente a proporção mínima de 2/3 de álcool 70% e 1/3 de material
a ser preservado. Em condições de campo, deve-se garantir que
os exemplares estejam inteiramente submersos ou, pelo menos,
enrolados em gaze e/ou algodão embebidos em álcool, e manti-
dos em sacos plásticos bem fechados para evitar a evaporação.
Use vários sacos, pois além de impedir a evaporação, evita vaza-
mentos.
96 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Répteis
ta romba pelo orifício da cloaca, para dentro do hemipênis e
algumas exigem que se aparte o órgão do exemplar. Na base do
hemipênis, sobre a agulha, amarra-se uma linha de algodão, com
um nó, sustentando a tensão da linha, enquanto se infla o órgão
e durante a retirada da agulha. Esta compressão da base do ór-
gão sobre a agulha impede o extravasamento da substância
injetada. Assim que a agulha sai do órgão, o nó fecha imediata-
mente a base do hemipênis, mantendo-o túrgido. A pressão a ser
exercida na seringa para a uma boa preparação, deve ser o sufi-
ciente para inflar o hemipênis, distendendo seus lobos e orna-
mentações (cálices e espinhos), porém, sem rompê-los. A prática
é a única forma de aprender este limite.
Em condições de campo, a simples injeção de formalina 10%,
na base do hemipênis após o corte da musculatura, é satisfatória,
desde que se cumpram os requisitos citados acima e se procede a
fixação completa do órgão, sem deformá-lo. Após a sua fixação,
mesmo que murchem, podem ser recuperados facilmente, desde
que tenham sido mantidos sempre em meio líquido. O ideal é a
utilização de solução de ágar 3% para o preenchimento. O ágar
solidifica-se com facilidade e, para que fique líquido antes da
injeção, deve ser mantido em banho-maria, onde também devem
estar as seringas de vidro e agulhas de ponta romba. Assim que
se completar a injeção, o hemipênis deve ser rapidamente colo-
cado em água com gelo, por alguns segundos, para acelerar a
solidificação do ágar.
98 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
RECOMENDAÇÕES
Répteis
senvolvidas (solenóglifas e proteróglifas), são conhecidas como
serpentes peçonhentas. Em nosso país, os gêneros Bothrops
(jararacas), Crotalus (cascavéis), Micrurus (cobras-corais) e
Lachesis (surucucu) são responsáveis por 60% dos acidentes
ofídicos (consultar MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998 para detalhes).
Portanto, quando se fala em coleta de serpentes, principalmente
peçonhentas, alguns cuidados são fundamentais e devem ser aqui
enfatizados.
ü Nunca trabalhe sozinho com serpentes peçonhentas;
ü Seja atento, responsável e cauteloso, trabalhando calmamen-
te, pois a pressa propicia acidentes;
ü Não subestime ou confie em boa índole da serpente ou na
sua aparente calma;
ü Jamais relaxe com a segurança, pois com o tempo, adquire-se
certa sensação de confiança, que pode levar a descuidos e
resultar em acidentes;
ü Tenha o cuidado de colocar serpentes peçonhentas em sacos
de pano, que são mais resistentes, e certifique-se que sejam
bastante grandes para evitar dificuldades durante o acondi-
cionamento. Nunca use sacos plásticos ou de papel, pois po-
dem se romper com facilidade ou permitir o bote devido ao
espaço formado pelo ar ali contido e à visibilidade que o ani-
mal tem;
ü Nunca pendure sacos contendo serpentes na cintura ou se-
gure-os abaixo do nó. O animal pode dar botes e picar o coletor
que adota estes procedimentos;
ü Redobre os cuidados quando coletar durante a noite ou ao
crepúsculo, pois é o período quando muitas serpentes
peçonhentas estão mais ativas;
ü Ao chegar ao laboratório de campanha, coloque as serpentes
100 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
coletadas em caixa de madeira, evitando assim que outra
pessoa venha a manipular ou pisar no saco;
ü Quando do uso de certos equipamentos, como por exemplo,
os tubos de contenção, certos cuidados especiais devem ser
tomados. Para isso consulte atentamente as instruções de uso
no item Equipamentos em Material para Coleta.
ü Em caso de acidente com serpente peçonhenta:
§ Não faça torniquete;
§ Não fure ou corte o local;
§ Lave o local com água e sabão;
§ Não perca tempo com qualquer tratamento caseiro;
§ Evite esforços e, se possível, mantenha o membro afetado
elevado;
§ Vá imediatamente ao Hospital ou Posto médico para receber
tratamento soroterápico;
§ Atenção pois o antiveneno (soro) é, muitas vezes, específico,
ou seja, há um tipo de antiveneno próprio para cada gênero de
serpente peçonhenta. Além do mais, a soroterapia pode causar
reações alérgicas, inclusive o choque anafilático. Portanto, o
antiveneno deve ser aplicado em ambiente adequado, por um
profissional habilitado (médico ou enfermeiro).
Répteis
tava o clima, se o espécime estava na sombra ou exposto ao sol,
qual é o nome vulgar do animal na região, etc. Informações so-
bre comportamento do réptil, principalmente serpentes, são fan-
tasiadas, e portanto, devem ser ouvidas com ressalvas.
CUIDADOS PESSOAIS
Répteis
tantes na coleta de répteis. Certamente há omissões devido à
diversidade de ambientes e de espécies de répteis, que podem exi-
gir materiais específicos, bem como preferências de cada coletor.
Listas de materiais e mais citações bibliográficas podem ser acha-
das em VANZOLINI & PAPAVERO (1967), SIMMONS (1987), LEMA
& LEITÃO-DE-ARAÚJO (1985) e SCROCCHI & KRETZSCHMAR
(1996)
Mochila de ataque: é uma mochila pequena e estreita para o
transporte de material de pequeno porte. Evite o excesso de peso
pois dificulta o trabalho. Como alternativas existem os chama-
dos coletes de fotógrafo ou de caçador, o embornal e pochetes.
Sacos plásticos de diversos tamanhos devem ser levados em
grande número. São preferíveis os sacos mais resistentes e de
formato longo para facilitar o acondicionamento dos animais e
o seu fechamento. Aconselha-se, um tamanho mínimo de aber-
tura em que um punho cerrado possa passar sem dificuldades.
Materiais como gravadores, isqueiros, papel higiênico e cader-
nos de notas devem ser embalados em sacos plásticos, principal-
mente se o trabalho de coleta tiver de ser realizado junto ou nas
proximidades de corpos dágua.
Sacos de pano resistentes, com cadarços para amarrar a boca,
são muito úteis. Os sacos devem ser longos e de pelo menos três
tamanhos. Para fechá-los, deve-se costurar o cadarço pelo meio
de seu comprimento, a 10 ou 15 cm abaixo da boca do saco, no
sentido transversal. Cuidados especiais ao lidar com serpentes
peçonhentas devem ser tomados, manuseando-se o saco com o
gancho ou pinça, auxiliado por, pelo menos, mais uma pessoa. O
saco jamais deve ser tocado enquanto a cobra é guardada e o
saco amarrado.
104 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Potes plásticos com tampas de boa vedação, em vários tama-
nhos (de 100 a 1000 ml). A tampa só deve ser furada em caso de
necessidade, pois freqüentemente, necessitam-se de potes para
transporte de líquidos.
Lona plástica para construção de cercas, de 10 a 50m de com-
primento por 1m de altura, são eficientes, principalmente quan-
do a coleta for realizada em ambientes abertos. Ripas de madei-
ra para fixação da lona aberta devem acompanhá-la. Pode-se
estaqueá-las ao chão, ou caso a equipe seja grande, dispor pes-
soas para segurá-la, enquanto outras tantas se ocupam de ten-
tar espantar os animais para junto dessa cerca.
Pinça longa, com cerca de 30 cm de comprimento, auxilia a
exploração de micro ambientes, tais como pequenos buracos, a
serapilheira, cascas de árvores, interior de bromélias, dentre
outros, com bastante segurança. A pinça deve ser amarrada à
calça com linha forte, relativamente longa, que permita seu uso
com liberdade.
Luvas de raspa de couro de cano longo, devem ser utilizadas
para virar pedras, troncos ou colocar as mãos em locais potenci-
almente perigosos. Também podem ser utilizadas para capturar
serpentes não peçonhentas. Antes de introduzir as mãos em to-
cas ou ocos de árvore, estes devem ser inspecionados com lanter-
na e um pedaço de pau.
Facão, faca e canivete: o número sugerido é de um facão para
cada duas ou três pessoas e, preferencialmente, que cada membro
da equipe carregue sua faca e canivete. Para extrair o couro de
animais grandes é necessário um jogo de facas boas e de formatos
distintos, tanto retas para furar e cortar, quanto aquelas com a
lâminas convexas, que evitam danificar o couro. Juntamente com
as facas, devemos ter uma boa pedra e chaira para afiá-las. Para
o facão, use antes uma lima e depois a pedra. Instrumentos bem
afiados evitam acidentes e desgastam menos o usuário.
Lanterna: via de regra, lanternas de 4 a 6 pilhas são suficien-
tes. Lanternas de cabeça, facilitam a caminhada e o manuseio
de animais, pois, permitem liberdade para as mãos. Uma carga
de pilhas alcalinas normalmente dura de quatro a seis horas.
Deve-se ter sempre à mão uma carga e lâmpada de reserva, para
evitar trabalhar com luz fraca. Tenha também uma lanterna leve
para uso diurno e para servir de reserva para coletas noturnas.
RÉPTEIS - F. L. Franco, M. G. Salomão & P. Auricchio 105
Gancho com ponta de aço em L, e pinções para lidar com
serpentes. Um instrumento de cada tipo por grupo de três a qua-
tro pessoas é considerado suficiente.
Laço de contenção de aço, semelhantes aos usados pelo Ser-
viço de Controle de Zoonoses na captura de cães vadios. Estes
laços são especialmente úteis para pegar jacarés de até um me-
tro de comprimento.
Estilingue e bandas de borracha. Os estilingues não carecem
de apresentações. As bandas de borracha são obtidas do cano de
Répteis
luvas de látex natural, cortando-as transversalmente de modo a
obter anéis de 1,5 a 2 cm de largura. Esses instrumentos são bas-
tante adequados para a captura de pequenos lagartos. Mais in-
formações no item Onde e como coletar, neste capítulo.
Tubos de contenção de serpentes. De plástico transparente,
de diversos diâmetros e com escala de comprimento desenhada
no seu exterior. Estes tubos permitem lidar com serpentes com
segurança. Porém, algumas instruções são de extrema importân-
cia. A serpente a ser capturada deve ser inicialmente apreendida
com um gancho ou pinção, ou em última instância pisando-se
nela (já que o coletor deve estar usando bota de couro de cano
alto), com pressão suficiente para contê-la sem machucá-la. Em
seguida, sem o uso das mãos, coloque a cabeça da serpente na
abertura do tubo, mantendo-o na horizontal, ou acompanhan-
do o movimento da cabeça do animal, de modo a direcioná-lo
para dentro do tubo. Na tentativa de fuga a serpente avança
para dentro tubo. Algumas vezes o animal não entra no tubo;
nestes casos, alguns toques na cauda podem estimulá-lo a en-
trar. Quando cerca de dois terços do comprimento de seu corpo
estiver dentro do tubo, o coletor deve segurar ao mesmo tempo o
tubo e o corpo da serpente, de tal modo que ela não conseguirá
prosseguir ou retornar. Para que essa técnica seja eficiente e não
incorra em riscos, o diâmetro do tubo utilizado deve estar de
acordo com o diâmetro da serpente, para não permitir que ela
retorne ao orifício de entrada. Após feitas as observações e as
tomadas de dados necessárias, tais como o comprimento, o sexo,
o número de folículos, a presença de conteúdo estomacal/intesti-
nal, a coleta de fezes, sangue, a provocação de regurgitação de
possíveis presas, a tomada da temperatura cloacal, ou a conta-
gem de escamas, o animal deve ser libertado. Para tal, puxamos
106 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
a serpente pelo corpo até sentir que ela está quase solta; neste
momento, retiramos rapidamente a mão que lida com animal e
damos um solavanco com o tubo para que ela caia pela abertura de
entrada, diretamente para dentro do saco de pano ou da caixa.
Caderno de notas ou gravador portátil: ambos são utiliza-
dos no registro das observações de campo. O gravador apresenta
vantagens sobre o caderno de notas, pois permite mais rapidez e
qualidade de registro. Ao final das atividades, os dados são trans-
critos para o Caderno de Campo (ver Material de gabinete), ga-
rantindo informações precisas. Por sua vez, o caderno de no-
tas é independente de pilhas ou problemas técnicos. Em caso de
informações duvidosas, elas devem ser preferencialmente igno-
radas ou ter sua condição dúbia evidenciada. A redação no Ca-
derno de Notas ou no Caderno de Campo deve ser feita à lápis ou
nanquim. Esse cuidado evita a perda de informações caso o pa-
pel seja acidentalmente molhado. Ver VANZOLINI & PAPAVERO
(1967), MARTINS (1983), CARAMASCHI (1987) e SCROOCHI &
KRETZSCHMAR (1996) para mais informações.
Rótulos de campo: Todo o material deve ser identificado indi-
vidualmente para permitir o resgate das suas informações. Para
isso, podem ser utilizados rótulos (cerca de 5,0 x 3,0 cm) de papel
vegetal, que são então colocados junto com cada exemplar. Esses rótu-
los podem ser preparados em grande número e levados para campo.
Nele se anotam as observações referentes a cada exemplar.
Termômetro cloacal e de ambiente de leitura rápida. É con-
veniente observar a temperatura do animal no momento da cap-
tura, pois o manuseio pode alterá-la rapidamente. Deve-se cui-
dar também para não se segurar o animal próximo à cloaca.
Antes e depois da introdução do termômetro, use álcool iodado
ou outro produto para desinfetá-lo, garantindo que esteja bem
limpo para ser usado em outro animal.
Higrômetro e Luxímetro: são utilizados para a tomada de
parâmetros ambientais de umidade e luminosidade respectivamente.
Na falta destes instrumentos, consulte a Estação Meteorológica
mais próxima do local de coleta.
Equipamento fotográfico: a oportunidade do registro in loco
de um animal, seu habitat, comportamento, interações com po-
tenciais predadores, presas e outros detalhes de seu micro-
habitat, como abrigo, ninhos, filhotes, não deve ser perdida. Para
tal o naturalista deve sair a campo com equipamentos que per-
RÉPTEIS - F. L. Franco, M. G. Salomão & P. Auricchio 107
mitam, capturar imagens de animais de variados portes e diver-
sas condições de luminosidade e distância. Fotografias de ani-
mais que se deslocam muito rapidamente, ou que vivem em am-
bientes escuros exigem filmes de alta sensibilidade (medida em
ASA). Para fotografar animais em luz abundante e estáticos, acon-
selha-se o uso de filmes de ASA 64 ou 100. Quando o objetivo é
fotografar animais em movimento ou em locais com baixa
luminosidade, pode-se usar filmes com ASA 400 ou mais. Quanto
mais ASA mais sensível o filme é à luz, porém este é mais
Répteis
granuloso, perdendo qualidade nas ampliações. Há dois tipos
básicos de filmes: os que, depois de revelados, transformam-se
em negativos, e os que, após a revelação transformam-se em di-
apositivos (slides). Os primeiros exigem ampliações em papel e os
segundos, como são positivos, podem ser projetados em telas.
O uso de filmes para diapositivos é mais recomendado do que
os de ampliação em papel. Isso se deve ao fato do diapositivo ser
muito mais útil do que o negativo, já que pode também ser am-
pliado em papel e é mais utilizado para reprodução gráfica ser-
vindo para ilustrar aulas, palestras, etc.
Para uma ordenação adequada, tanto os filmes quanto os di-
apositivos usados devem ser catalogados fazendo-se referência
ao material, número de campo, espécie, dados do exemplar, tipo
de filme, máquina fotográfica, etc., além das circunstâncias em
que foi fotografado.
Câmaras digitais são muito úteis, pois permitem armazenar
as imagens digitalizadas diretamente em disquetes ou em com-
putadores. Salienta-se que a qualidade da imagem digitalizada
é inferior às das boas máquinas fotográficas tradicionais.
Binóculos são úteis para explorar os estratos mais al-
tos da vegetação.
GPS (Global Positioning System): aparelho muito útil que per-
mite a obtenção das coordenadas dos locais de captura de ma-
neira precisa, além de fornecer a altitude, graças à sua comuni-
cação com satélites. Pode haver problemas ao usá-los dentro de
matas, o que dificulta seu contato com os satélites, porém,
atualmente já existem aparelhos e/ou antenas para superar es-
tes obstáculos.
Isqueiro e fósforos: a necessidade de se obter fogo pode acon-
tecer em muitas situações durante o trabalho de coleta. A desin-
fecção de instrumentos metálicos, na falta de substâncias apro-
priadas, pode ser feita através do calor do fogo.
108 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Em função da quantidade de equipamentos, além da questão
de segurança, é fundamental a formação de equipes de coleta,
para possibilitar o transporte dos materiais. Um número ideal
pode variar de três a quatro pessoas, porém, essa necessidade
deve ser avaliada em função das tarefas a serem desempenhadas
em campo. O equipamento deve ser dividido entre os membros
da equipe, de modo que cada um se responsabilize sempre pelos
mesmos materiais, durante todo o tempo que a coleta durar, evi-
tando problemas quanto a esquecimento, manutenção ou extravio.
MATERIAL DE LABORATÓRIO
Répteis
Seringas e agulhas. Os coletores devem providenciar serin-
gas de vidro e de plástico, de diversos volumes. Leve sempre agu-
lhas grossas para facilitar a fixação.
Alcoômetro: importante para garantir a exatidão da concen-
tração da solução de álcool etílico a ser preparada. São instru-
mentos frágeis e caros, porém podemos construir um alcoômetro
resistente e funcional, de maneira fácil. CARAMASCHI (1987) e
VANZOLINI & PAPAVERO (1967) recomendam a manufatura de
um densímetro tipo Brandão semelhante ao sugerido a seguir.
Basta usar um tubo plástico reto e resistente de 20 a 30 cm de
comprimento e 1 cm de diâmetro ou uma seringa descartável,
com um dos lados fechado com auxílio de um alicate quente. Após
colocar um pouco de areia em seu interior, põe-se em um recipi-
ente com álcool etílico 70%, previamente preparado, cuja gradu-
ação seja confiável. A quantidade de areia a ser colocada nesse
tubo deve permitir que ele afunde cerca de dois terços a três quar-
tos do seu comprimento. Quando isso acontecer faça uma pe-
quena marca no tubo, na altura em que se forma o menisco do
álcool e, com o alicate quente, feche a parte superior do tubo ou
use o êmbolo de borracha da seringa. Alternativamente, pode-se
adicionar cola à areia para evitar que ela se movimente dentro
do tubo e interfira na aferição da solução. Em caso de falta total
de alcoômetros (comerciais ou domésticos), misture três partes
de água a sete partes de álcool etílico comercial (96o GL que
corresponde a 96%), ou mais precisamente 26ml de água para
o
70ml de álcool 96 GL.
Instrumentos de dissecação: os coletores devem ter estojo
contendo tesoura grande com ponta fina e romba, tesouras pe-
quenas de ponta fina, pinças de diversos tipos e tamanhos, bis-
turis e lâminas descartáveis de formas e tamanhos variados, e
alicates para cortar ossos ou estruturas duras (pois essa atividade
110 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
danifica o corte dos instrumentos mais delicados). Alfinetes e
bastões de aço finos de ponta romba (até 1 mm de diâmetro)
para auxiliar a everção de hemipênis são úteis.
Consultar VANZOLINI & PAPAVERO (1967), CARAMASCHI
(1987) e SCROOCHI & KRETZSCHMAR (1996) para mais detalhes.
MATERIAL DE GABINETE
Répteis
ção de números de campo duráveis. Devem ser feitos com ante-
cedência à saída e levados à área de trabalho. Mesmo assim, é
importante que se tenha em mãos o rotulador e fitas para suprir
a insuficiência ou para substituir números errados e extravia-
dos. Aconselha-se o uso de apenas uma cor para cada coleta e a
elaboração de um código precedente a cada número, do tipo XX
000. Isso permite, no futuro, o imediato reconhecimento do ma-
terial nas coleções onde forem incorporados. Esse código e cor
da fita devem ser anotados nos cadernos de Campo e Tombo.
Uma alternativa ao rotulador, preferida por vários zoólogos, é o
cadarço numerado com tinta indelével. O número de campo deve
ser atado ao animal usando-se linha forte (sugestão: URSO Extra
Forte No. 0 ou 00).
AGRADECIMENTOS
Nossos agradecimentos ao Prof. Dr. Carlos Jared do Laborató-
rio de Biologia Celular do Instituto Butantan pela redação do tex-
to sobre Equipamento fotográfico. A Hebert Ferrarezzi MSc. do
Laboratório de Herpetologia do Instituto Butantan e a Gustavo S.
Skuk do Instituto de Biociências da USP pela leitura do manuscrito.
Répteis
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Répteis
116 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
MONTAGEM DE UM QUELÔNIO
Répteis
furadeira elétrica.
3. Depois de cortado no local escolhido, devem ser retiradas as
vísceras e a musculatura. As cinturas escapular e pélvica poderão
ser retiradas com o auxílio de um formão e um martelo. O pescoço
e a cauda também serão separados do casco desta forma.
4. Sempre será necessário procedermos cortes nas patas, como
mostra a figura 7, pois é impossível virar a pele do avesso. Por
estes cortes será possível retirar os membros.
5. O pescoço poderá ser retirado pela parte interna, sendo que
o crânio permanece na pele. Toda a musculatura deve ser retira-
da e uma cureta será um instrumento muito bom para isto.
6. Depois de tudo retirado, notamos que existe uma membra-
na resistente cobrindo internamente todo o casco e plastrão. Esta
deve ser retirada totalmente. Desta forma teremos o exemplar
limpo. Se necessário, lavar o exemplar por dentro com um jato
dágua.
7. Deve-se então secar bem por dentro e por fora com um pano
absorvente. O Bórax (Borato de Sódio cristalino) em pó deve ser
passado abundantemente por toda a superfície interna.
8. Os olhos podem ser fixados como para qualquer outro animal
com massa de biscuit, papel-maché ou massa para fixar vidros.
Répteis
O corte inicial deve ser feito como nas figuras 10, A e B.
Répteis
Figura 12. Pequeno corte para tirar a pele de ofídeos (Desenho: P. Auricchio,
modificado de MORGANTE, 1970).
Répteis
modelar seu interior com parafina ou massa de biscuit. Este mé-
todo dá melhores resultados do que o anterior.
BIBLIOGRAFIA
Aves
Aves
126 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Aves
Paulo Auricchio
A COLETA DE ESPÉCIMES
Aves
varia consideravelmente de um país para o outro.
A licença de coleta é obtida diretamente do governo, no caso
do Brasil, o IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis. Esta licença deve incluir limites
como o número de espécimes ou proibições de coleta de algumas
espécies. Por isto é imprescindível citar na solicitação as espécies
que se intenciona coletar.
Outro cuidado é com relação à licença de porte de arma e o
certificado da mesma. Se a arma pertence a alguma instituição
devemos ter uma carta do responsável cedendo a arma para evi-
tar algum problema com a polícia.
Uma permissão de coleta obtida do proprietário da área a ser
estudada é outro cuidado imprescindível.
Para exportar os espécimes é necessária uma licença diferente
daquela para coletar. A permissão para coletar não implica que
o material possa ser exportado ou transportado. No Brasil, é ne-
cessário solicitar ao IBAMA uma guia de transporte tanto para
animais vivos quanto para mortos.
Programe-se. Estes papéis podem demorar até alguns meses
para serem conseguidos, e devem ser solicitados de maneira dife-
renciada no caso de pesquisadores estrangeiros. Para mais deta-
lhes sobre critérios e amostragens, consulte os capítulos de Anfí-
bios e Répteis.
128 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
EQUIPAMENTO
· Óculos de Proteção;
· Binóculo;
· Arma: as mesmas instruções feitas para mamíferos podem
ser aplicadas aqui;
· Munição: (ídem para mamíferos);
· Saco de pano;
· Livro de notas;
· Etiquetas;
· Lápis com apontador;
· Caneta a prova dágua;
· Algodão;
· Garrafa plástica contendo material preservativo;
· Fécula de batata ou araruta. São ingredientes culinários que
tem grande capacidade de absorção;
· Papel para confecção de cones;
· Álcool;
· Seringa e agulhas hipodérmicas;
· Câmera fotográfica;
· Apitos e gravador portátil;
· Armadilhas e redes.
Aves
as aves batem e voltam, sem se enrolarem.
MATANDO AVES
Um pássaro coletado deve ser morto tão logo quanto possível tan-
to por razões humanitárias como para prevenir algum dano a ele.
Em nenhuma circunstância deve ser atingido na cabeça ou ter
o pescoço destroncado, já que esses procedimentos causam
sangramentos e hemorragia, complicando a preparação.
Uma técnica eficiente e rápida é a compressão do tórax que
retarda a respiração e o batimento cardíaco, resultando em morte
em poucos segundos. Os lados do corpo, nas áreas bem abaixo
dos ombros, devem ser comprimidos combinando-se com uma
pressão na traquéia. Uma pressão no esterno ou em ambos lados
do corpo tem um resultado semelhante. Pequenas aves podem
ser mortas dessa maneira facilmente mas, para aves maiores é
necessário segurá-las no chão ou ajoelhar-se sobre elas.
Qualquer que seja o método utilizado, deve-se logo obliterar
narinas, garganta e cloaca com um pouco de algodão. Isto evita
sangramento pelo bico e cloaca.
Algumas aves como martin-pescadores, são extremamente di-
fíceis de matar por pressão. Estes podem ser mortos rapidamen-
te por injeção de uma substância como a ketamina (Ketalar ou
Rumpum), anestésicos utilizados por veterinários. São
pentobarbitúricos (HARRISON & COWLES, 1970).
Álcool ou formol também podem ser utilizados e funcionam
instantaneamente se injetados na base do crânio ou, preferenci-
almente dentro do foramen magnum.
Anestésicos como clorofórmio e éter podem também ser utili-
zados. Coloca-se o animal num saco plástico, preferencialmente
preto para que a ave não se debata, com um chumaço de algo-
dão embebido em uma destas substâncias. Normalmente os ani-
mais demoram muito para morrer, sem contar que é difícil levar
clorofórmio para o campo.
Para transportar as aves numa coleta de 2 ou 3 dias de dura-
ção, não vale a pena dispensar tempo para prepará-las em cam-
po. Para evitar a decomposição, é interessante injetar uma quan-
AVES - P. Auricchio 131
tidade de álcool comercial no ventre do exemplar. A quantidade
varia de acordo com o tamanho do espécime. Para um pardal,
0,5 ou 1cm3 de álcool é suficiente. Para animais como um socó
(Nicticorax) uns 5 cm3 devem bastar para retardar o início da
decomposição. É importante obliterar os orifícios corpóreos
antes da injeção.
Aves
ração de espécimes de alta qualidade para o aproveitamento
máximo dos espécimes coletados. É sempre conveniente acompa-
nhar a preparação de um exemplar por alguém experiente.
A NTES DA PREPARAÇÃO
COLETA DE ECTOPARASITAS
Aves
a mesa, de barriga para cima e alinhe a cabeça e a cauda com a
coluna vertebral (não estique o animal).
A B
110-90-80-12-25 = 45g
Aves
pois de congelado e anote o tempo de congelamento juntamente
na etiqueta. Para um pequeno animal, a massa pode variar
grandemente depois do congelamento. Este aparece precedido
de três barras horizontais.
REMOÇÃO DA PELE
Passos:
1. Desde que parasitas tenham sido coletados, cores de par-
tes moles anotadas e tomadas as medidas, coloque o animal
sobre uma mesa forrada com várias folhas de jornal. Confor-
me o procedimento esteja em andamento, você pode retirar a
folha de cima para manter limpo o local da dissecação. Intro-
duza uma linha pelos orifícios nasais para facilitar o fim da
operação (ver abaixo).
2. A incisão inicial é feita no abdomen conforme a Figura 8,
uma incisão longitudinal na região ventral. Este corte deve es-
tender-se desde a cloaca até perto do esterno, sendo de tama-
nho suficiente para que o corpo passe sem dificuldade, porém
também deve ser o menor possível. É possível retirar a pele por
um corte ao lado do corpo, sob a asa e também pelo dorso.
136 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Aves
A
Aves
A B
Aves
ga para cima. Manuseie o exemplar para que fique simétrico e
procure dar um formato adequado às suas asas e cauda que pre-
ferencialmente deve permanecer pouco aberta. Quando o exem-
plar estiver bem arrumado, coloque-o num tubo de papel como o
da Figura 22, para fixação das penas e asas. Isto também pode
ser feito com algodão. Cuide para que o bico fique bem fechado e
a um ângulo de 45º da linha das costas, para isto, ele pode ser
amarrado com linha através de suas narinas.
CONDIÇÃO REPRODUTIVA
Aves
Figura 24. Órgãos reprodutivos em aves: macho e fêmea. (extraido de
HARRISON & COWLES, 1970).
Aves
num bloco de isopor nas dimen-
sões da carcaça (Figura 26).
Um arame deve atravessar o
boneco saindo no local do pes-
Figura 26. Manequim para aves.
coço, e para adquirir espessura
conveniente deve ser espessado
com algodão. A outra ponta deve ser curvada e fixa no boneco (Figu-
ra 27).
O arame deverá ser introduzido até que, na planta dos pés, res-
te um segmento suficiente para fixação do exemplar num poleiro.
Do outro lado devemos amarrar o arame firmemente aos os-
sos das pernas e deve sobrar arame suficiente para fixação no
boneco. Isto deve ser feito com ambas as pernas e, se a intenção
é preparar o exemplar de asas abertas, o mesmo procedimento
deve ser feito nas asas (Figura 29).
Aves
Figura 30. Pele com pernas e asas prontas para receber o manequim.
P REPARO
É necessário esvaziar o ovo da clara e gema. Uma ferramenta
extremamente útil e que economiza tempo é um catéter plástico
flexível, fino o suficiente para ser introduzido no ovo.
1. Um orifício deve ser feito para isto, devendo ser largo o
suficiente para a introdução do catéter e saída da clara e gema.
2. Com a ponta do catéter introduzida, pela outra ponta deve-
mos assoprar para que a pressão interna expulse o líquido. A
pressão não pode ser muito grande para não romper o ovo. Uma
pinça pode ajudar a puxar o material, à medida que a chalaza e
outras membranas vão aparecendo. Pode-se também, introduzir
água pelo mesmo orifício com uma seringa hipodérmica e
solubilizar o conteúdo do ovo.
3. Continuar a operação até que o ovo esteja vazio. Introduza
e retire água várias vezes até que esta saia totalmente limpa.
Então coloque um pouco de formalina 10%, agite e deixe por al-
guns minutos. Deixe secar.
4. Se o tamanho permitir, o ovo pode ganhar inscrições sobre
a própria casca. Escolha o local mais próximo do orifício e escre-
va com caneta nanquim ou lápis, utilizando a menor superfície
possível. Se não, deve-se colocar somente o número de tombo.
Devem ser armazenados com muito cuidado em gavetas subdi-
vididas e forradas com material macio (p. ex. fibras acrílicas).
BIBLIOGRAFIA
Mamíferos
Mamíferos
150 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Mamíferos
Paulo Auricchio
INTRODUÇÃO
Mamíferos
uma nova espécie de um grande mamífero, porém a mastofauna
de pequenos mamíferos, principalmente em florestas tropicais é
mal conhecida e as chances de novas descobertas são grandes.
Podemos citar, somente nos últimos 10 anos para primatas no
Brasil, a descoberta de umas 10 espécies, algumas já descritas e
outras em processo de descrição. Dentre elas, animais de 2 a 3 kg
de peso (1 Cebus e 2 Callicebus).
Assim sendo, continuamente novos espécimes devem ser
coletados em campo para que o conhecimento sobre a diversida-
de seja incrementado.
O objetivo de um coletor varia de uma série de espécimes de
uma dada espécie ou até o produto de uma coleta de todas as
espécies de uma região para um estudo ecológico. Para mais de-
talhes sobre critérios, cuidados e amostragens, consulte os capí-
tulos de anfíbios e de répteis.
A maioria dos mamíferos são coletados por armadilhas, sendo
que poucos precisam ser coletados a tiro.
152 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
EQUIPAMENTO
Mamíferos
As armadilhas Longworth (Figu-
ra 3) são mais utilizadas na Améri-
ca do Norte. São de alumínio e são
constituídas de duas partes: um tú-
nel no qual está o mecanismo de fe-
chamento e uma caixa abrigo que
está acoplada na parte traseira do
Figura 2. Armadilha Sherman túnel quando a armadilha está ar-
não desmontável (acima) e mada.
desmontável (abaixo).
Mamíferos
você pode colecionar as pe-
gadas para futura identifica-
ção. É muito simples o proces-
so, mas requer algum mate- Figura 5. Moldes de pegadas: saracura,
mão pelada, tatu-galinha, cateto, ca-
rial: gesso em pó, espátula e chorro -do -mato, veado.(Foto: P.
um recipiente para mistura Auricchio)
(Figura 5).
Encontrado o rastro, selecione uma pegada e retire, sem danifi-
car, os gravetos e folhas que por ventura estejam nela.
Coloque um pouco de água num recipiente adicionando vaga-
rosamente a mesma quantidade de gesso. O pó tem que absorver
a água e tornar-se uma massa líquida para ser despejada sobre
a pegada. Depois que o gesso estiver rígido, quase seco, deve-se
escrever a localidade e data no verso (Figura 5).
Um outro método pode ser utilizado para documentar a pre-
sença de mamíferos e aves terrestres por meio de pegadas. Para
isto são necessárias uma chapa de acrílico ou vidro e uma cane-
ta que escreva sobre este material. Coloque a chapa sobre a pe-
gada e desenhe seu contorno. Depois este desenho deve ser pas-
sado para o papel (figura 6).
156 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
figura 6. pegadas
de lobo guará e de
mão pelada (modifi-
cado de BECKER &
DALPONTE (1991)).
Mamíferos
metros, ou ainda algum predador pode atacá-las (figura 8).
B
A
O ANIMAL NA ARMADILHA
Mamíferos
anexo II).
Para retirar o animal com segurança, podemos utilizar um
saco plástico colocado na porta da armadilha de forma que a
boca do saco fique firmemente presa à porta dela. Vire-a de ca-
beça para baixo e faça com que o animal caia dentro do saco.
Para remover o animal do saco faça com que a cabeça dele en-
caixe-se no canto do plástico. Com uma mão, por fora do saco,
prenda o pescoço com o dedão e o indicador, cuidando para não
interromper a respiração do animal, e então retirá-lo com segu-
rança. Luvas de borracha ou raspa de couro devem ser utilizadas
durante esta operação.
Manuseie o animal com firmeza, porém com cuidado, pois a
pele de alguns pequenos roedores pode romper-se facilmente
durante esta operação.
MATANDO O EXEMPLAR
Mamíferos
DeBLASE & MARTIN com alterações.
a.
b.
c.
d.
e.
Figura 10. Alguns instrumentos cirúrgicos para dissecação. a e b pinças, c
escova de dentes, d tesoura e e bisturi.
ANTES DA PREPARAÇÃO
COLETA DE ECTOPARASITAS
CONDIÇÃO REPRODUTIVA
Mamíferos
bo para evitar possíveis enganos.
Outras condições sexuais tais como lactação ou testículos pen-
dentes ou retraídos e dimensões dos testículos (comprimento e lar-
gura do direito e do esquerdo) devem ser anotados na caderneta.
A B C D
figura 11. Caracteres distintivos de machos e fêmeas da mamíferos: a. macho
adulto, b. macho juvenil, c. fêmea juvenil e d. fêmea adulta.
164 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
MEDIDAS
C Mamíferos
Mamíferos
Figura 14. Medidas para cetáceos e sirênios.(Desenho: P. Auricchio).
A. PELES CHEIAS
REMOÇÃO DA PELE
ETAPAS DA PREPARAÇÃO:
Mamíferos
não dá resultados. Para roedores da família Echimyidae (com
exceções) só é possível retirar a pele da cauda por meio de uma
incisão longitudinal e posterior reconstrução, ou ainda dei-
xando secar dentro da própria pele. Para tatus, é necessária a
retirada da cauda por meio de um corte longitudinal na parte
Figura 20: Fase em que somente os olhos e focinho estão presos à pele.
Mamíferos
sua separação cuidando para que os ossos nasais e a pele não
sejam danificados.
15. Deixe a carcaça de lado para preparação conforme instru-
ções no capítulo sobre preparação de esqueletos. Não esqueça
de identificar o material (Figura 22).
16. Remova resíduos de gordura
e outros tecidos que permane-
ceram. Observe se a pelagem
está suja de gordura ou sangue.
Se estiverem lave com água
fria e sabão neutro, de ma-
neira a não esticá-la.
16. A musculatura ao redor da
boca (lábios) e ao redor do ânus
deve ser retirada com cuidado
para não perfurar a pele. Figura 22. Identificação da carca-
17. Estando a pele completa-
mente limpa, mergulhe-a em álcool comercial, com volume no
mínimo igual a três vezes o da pele, num frasco com tampa
que vede bem. Ela deve permanecer neste banho por, no míni-
174 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
mo 30 minutos, e pode permanecer assim por um longo perío-
do (no escuro, até alguns anos), sendo que deve ser providen-
ciado para que não fique em local com temperaturas maiores
que 22ºC. Nesta etapa, ela pode ser transportada do campo
ao laboratório, tomando a precaução de mexer a pele no álco-
ol, assegurando contato do álcool com toda a pele. Isto garan-
te a melhor preparação do exemplar e economiza tempo no cam-
po. A imersão no álcool desidrata as células, possibilitando se-
cagem total do exemplar em um terço do tempo comparativa-
mente ao preparado sem a imersão prévia em álcool. A utiliza-
ção de álcool é comprovadamente inerte para os pigmentos.
18. Depois de retirada do banho de álcool a pele apresenta um
aspecto ressecado, e por isto deve ser lavada com água e sa-
bão neutro até que sua elasticidade tenha sido recuperada.
Retirado todo o sabão, ela deve ser seca com pano absorvente
por dentro e por fora. Um procedimento que também pode ser
aplicado, mas não é absolutamente necessário, é a imersão da
pele em uma solução saturada de bórax durante 24h. Isto per-
mite que esta substância penetre na pele e pêlos, facilitando a
secagem e protegendo contra ataques de insetos. A pele então
deve ser virada do avesso e o pó de bórax deve ser passado por
toda a superfície interna de maneira abundante. Todos os pon-
tos internos da pele devem ficar cobertos por Bórax. Atenção:
Bórax não é recomendado para peles castanho-avermelhadas
pois causa descoloramento nestas peles. Nestes casos não uti-
lize o banho em solução saturada de bórax. Somente passe
bórax na parte interna da pele. Não permita contato do pó
com os pêlos.
19. Para costurar a boca de roedores, são necessários somente
três pontos de costura como na Figura 23.
20. Para outros animais deve-se começar a costura pela região
frontal, abaixo do nariz, dirigindo-se para um canto da boca
Figura 24. Terminado um lado, deve-se iniciar a mesma ope-
ração do outro lado. Este procedimento evita que a boca do
exemplar fique torta ou que haja extravasamento de material
de preenchimento.
21. Conforme o tamanho do exemplar, deve ser selecionado um
arame inoxidável para reforçar as patas e dar estrutura para
a cauda. É conveniente possuir em mãos uma variedade de
diâmetros para escolha.
MAMÍFEROS - P. Auricchio 175
Mamíferos
ser torcida de forma que esta não perfure a pele depois do
exemplar pronto. O arame da cauda deve também possuir esta
dobradura.
Mamíferos
Figura 29. Costura final no corte principal.(Desenho: P.
B. PELES ABERTAS
Esta técnica é utilizada para exemplares maiores que um ca-
chorro-do-mato (maiores que 5 ou 6 kg), ou para preparações
especiais para finalidades específicas. Como a preparação de ani-
mais maiores que o mencionado ocupariam muito espaço numa
coleção científica, esta técnica é a mais adequada, já que permi-
te que a pele seja armazenada sem ocupar muito espaço.
Atualmente são raros os curtumes de peles de animais, e quan-
do os encontramos suas técnicas não se aplicam às peles que
queremos curtir, recusando-se mesmo a proceder ao trabalho
(ver capítulo Curtimento).
O que se observa com freqüência nas coleções de museus, por
causa desta dificuldade, são peles abertas secas, uma técnica que
preserva bem o espécime, porém sua rigidez facilita que o simples
manuseio provoque rasgos e outros danos.
Para a preparação em seco, o procedimento segue os mesmos
passos de retirada da pele da preparação de peles cheias (passos
1 a 18 deste capítulo), porém o espécime deve receber cortes da
boca ao ânus e na parte inferior dos membros como mostra a
figura 32.
MAMÍFEROS - P. Auricchio 179
Para alguns grupos (como primatas)
adota-se o preenchimento da cabeça sen-
do que, para isto, o corte ventral chega
somente até a metade do pescoço, per-
mitindo este preenchimento.
Estando a pele totalmente livre de re-
síduos e restos de tecidos, o espécime
pode passar por um banho de álcool
(para exemplares cuja espessura da pele
não ultrapasse 1,5mm) e lavada com sa-
bão neutro. Depois disto, o procedimen-
to que também pode ser aplicado é a
imersão da pele em uma solução Figura 32. Cortes para prepa-
saturada de bórax durante 24h (Atenção: raçã o de peles abertas. O cor-
observar item 18). Isto permite que esta te pode estender até o queixo.
substância penetre na pele e pêlos, faci- (Desenho: de P. Auricchio).
litando a secagem e protegendo contra
ataques de insetos.
Uma superfície grande o suficiente deve estar disponível para
que a pele seja esticada e fixada com a parte do couro para fora.
Mamíferos
Para isto utilizam-se pregos e martelo, pregando a firmemente,
considerando-se que ela sofrerá encolhimento ao secar. Procure
posicionar a pele simetricamente. O procedimento seguinte é o
envenenamento com bórax em pó, que deve ser distribuído por
toda a superfície e deixado secar. Não secar ao sol pois este tipo
de secagem danifica a pele.
Depois de seca, a pele deve ser removida da prancha, devida-
mente escovada na parte dos pêlos sem, logicamente, danificá-
los, rotulada e armazenada.
O armazenamento deve ser feito de maneira que o exemplar so-
fra o menor número de dobras possível, para que não facilite o
aparecimento de rasgos ou vincos, que diminuem a vida útil do
exemplar. Portanto, de preferência, o exemplar deve ser armaze-
nado em gavetas de grandes proporções, como aquelas de
mapotecas. Armários onde se penduram as peles são
freqüentemente utilizados, porém não garantem o bom
armazenamento dos espécimes. Caso o exemplar tenha grandes
proporções (como um cervídeo ou ungulado ou ainda um grande
felino), a pele pode ser enrolada frouxamente e colocada na ga-
180 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
veta.
♦a vantagem é o espaço relativamente pequeno de armazena-
gem
♦a desvantagem é a fragilidade da peça que pode se rasgar fa-
cilmente sem contar que, este tipo de preparação dificulta a
análise.
C. PELES PLANAS
27. Observe a posição das patas e orelhas na Figura 34. Elas de-
vem permanecer em posição antagônica para que se possa
observar facilmente ambas as superfícies;
28. Ao fixar o exemplar na prancha, é importante deixar um es-
paço para colocação das informações. Isto evita o uso de ró-
tulo, que sempre corre o risco de se soltar do exemplar.
29. Exemplares maiores devem ser costurados, de modo a manter
toda a prancha internamente à pele, como se fosse uma pele
cheia, prensada.
MAMÍFEROS - P. Auricchio 181
Mamíferos
D. PREPARAÇÃO DE PELES DE QUIRÓPTEROS
PELES CHEIAS
a
c
b
Figura 36. Papelão para peles planas de morcegos. Para calcular dimensões,
a: cabeça e corpo dividido por 2; b: cabeça e corpo mais 10%; c: comprimento
da cauda. (Desenho P. Auricchio modificado de TRUSTEES OF BRITISH
MUSEUM, 1968).
Mamíferos
Depois de preparada a pele, deve-se considerar a utilização do
restante do material. Primeiramente, verificar o interesse de se
recolher amostras para estudos moleculares. A coleta de qual-
quer tecido deve ser feita com todos os instrumentos limpos, que
devem ser flambados em chama evitando-se assim, contamina-
ção. O tecido a ser escolhido deve ser aquele que não teve toque
da mão ou instrumental, por exemplo qualquer músculo ou ór-
gão retirado da cavidade abdominal. O líquido preservativo pode
ser o álcool 80%. O congelamento também é utilizado. Detalhes
da técnica de coleta devem ser lidos no capítulo 10: Técnicas
Citogenéticas, Enzimáticas e Moleculares.
Deve-se analisar o conteúdo estomacal do espécime, preser-
vando-o, mesmo que pareça de difícil identificação.
Muitas medidas devem ser tomadas para utilização em estu-
dos ecológicos, tais como área de absorção do estômago, compri-
mento do intestino e outras partes do aparelho digestivo, etc.;
comprimento total da presa ou de partes, devem ser anotadas.
Averiguações sobre a existência de parasitas internos, quer na
cavidade abdominal ou em outros órgãos, devem ser conduzidas.
Tais órgãos devem ser retirados e colecionados para futura iden-
184 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
tificação ou enviados a especialistas para estudos. Feito isto, deve-
se proceder à limpeza do esqueleto (ver Capítulo 6: Esqueletos).
RECUPERAÇÃO DE PELES
E ESQUELETOS ATACADOS POR FUNGOS
Mamíferos
uma escova de nylon para uma limpeza mais profunda e eficiente.
3. Feito isto rapidamente, deve-se retirar totalmente o deter-
gente e o excesso de água da pele, e passá-la por um banho numa
mistura de álcool e ácido benzóico ou álcool e salicilato de sódio.
A proporção é de 20 g para cada litro de álcool para qualquer
das duas substâncias citadas. O ácido benzóico e o salicilato de
sódio apresentam-se em pó cristalizado e estes, depois da evapo-
ração do álcool formam uma camada de microcristais sobre a
região, que dificulta ou retarda novo aparecimento fungos. O
álcool age como desidratante tanto para a pele como para os
esporos e hifas que tenham permanecido. Caso não estejam dis-
poníveis estes produtos químicos, pode-se utilizar somente o ál-
cool comercial puro.
4. Se a pele permitir, pode-se pentear os pêlos e retirar grumos
que tenham se formado por acúmulo de sangue na ocasião da
preparação.
5. Como na lavagem, o produto inseticida-secante (bórax ou
arsênico) foi parcialmente retirado, deve-se providenciar novo
envenenamento que, desta vez, tem melhor resultado com pas-
ta ou sabão arsenical. Outra substância a ser utilizada pode ser
186 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
o bórax em pó espalhado pela parte interna da pele. Não permi-
ta que o bórax entre em contato com os pêlos de animais casta-
nho-avermelhados como espécimes dos gêneros Lutreolina e al-
guns Alouatta. Estas peles perdem normalmente sua coloração e
o bórax intensifica o descoloramento;
6. Colocar a pele para secar em local aberto onde não haja
incidência direta do sol. Se a pele for aberta pode-se, se necessá-
rio, prendê-la com alfinetes ou pregos, mas geralmente isto não
é necessário. Se for uma pele cheia, deve-se enchê-la novamente
com material novo.
Este processo dá às peles aspecto de recém preparadas, com
brilho natural nos pêlos, que novamente poderão ser tombadas
na coleção. O processo não modifica a coloração dos pêlos e ain-
da, os produtos utilizados para preparação não são danosos.
O mesmo procedimento pode ser aplicado em exemplares mon-
tados, porém as patas podem sofrer com o processo. Como dito
anteriormente, os fungos atacam mais profundamente as regi-
ões onde a gordura foi deixada. As patas podem sofrer uma de-
sintegração parcial. Para evitar isto, o processo pode ser condu-
zido de forma a evitar que as patas se molhem.
Mamíferos
banho de resina acrílica (resina de poliester ortofálica cristal). É
o mesmo processo e material químico utilizado para fósseis
friáveis. O solvente é o monômero de estireno (pode ser substitu-
ído por thiner ou acetona) catalizada com metil etil cetona (MEK).
Uma limpeza com pincel deve ser feita, porém sem molhar ou
umedecer mais a estrutura, pois isto pode resultar na desinte-
gração total da peça. Depois de retirado o excesso de pó, pode-se
colar os fragmentos que se soltaram, se houver possibilidade. A
resina é viscosa, mas deve ser liquefeita com o solvente até poder
penetrar bem no osso. O catalizador deve ser adicionado calcu-
lando-se mais ou menos 2 a 3% do volume de resina. Os ossos
devem ser mergulhados por uns minutos e deixados escorrer e
até limpos com pedaços de papel, para que não se perceba o ex-
cesso. Em cerca de 24 horas ele deve estar pronto.
Infelizmente, os ossos podem ganhar aspecto de diafanizado e
brilhante, mas como foi dito anteriormente, esta é a última op-
ção para não se perder o exemplar. Ele ainda se prestará para a
tomada da maioria das medidas usuais (AURICCHIO, 2000).
188 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Mamíferos
cos ou didáticos.
f. Com a fôrma seca em mãos, deve-se proceder à
impermeabilização da parte interna da forma com tinta, verniz
ou similar. Depois deste revestimento seco, deve-se passar sobre
a superfície impermeabilizada, uma camada de detergente líqui-
do ou outra substância que sirva como desmoldante (vaselina
em pasta, cera, etc.).
g. Para confecção do molde pode-se utilizar resina acrílica, papel
maché ou gesso (este último, apesar de pesado, é barato). Com o
molde já montado (as duas laterais) e devidamente untado com
desmoldante, deve-se colocar o gesso pouco líquido para que pos-
sa ser espalhado pela superfície interna do molde, deixando-o oco
ou inserir nele um pedaço de isopor. A espessura final de gesso
deve ser de 1cm aproximadamente. No caso do uso de resina
acrílica, ela deve ser preparada com talco industrial ou similar,
para dar maior textura e ainda, se disponível, utilizar lã de vidro
pela parte interna.
190 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
MONTAGEM DO EXEMPLAR
Mamíferos
tando para isto fotos, livros e figuras da espécie.
E
A-C
A-
Circ B
D
Laterais
Suturas
Mamíferos
abilizado por dentro com tin-
ta a base dágua ou óleo em
várias camadas. Depois da
tinta totalmente seca deve-se
passar várias camadas espes-
sas de cera como
desmoldante, para que a es-
puma não se fixe no molde.
Pode-se então montar o mol-
de com o auxílio de cordões,
elásticos e fitas adesivas. Figura 41. Posição da ferragem no
menequim.
Um arame ou ferro de
construção (conforme o tamanho do exemplar) deve ser colocado
no pescoço, pernas e cauda (Figura 41).
Depois de tudo preparado, faça a mistura das substâncias da espu-
ma em pequenas quantidades para evitar desperdício e acidentes.
Preenchido o molde com as armações de ferro no lugar (Figura
41), pode-se retirar o manequim do molde. Se o manequim não foi
feito com patas e pescoço, pode-se neste momento completá-lo
com enchimento de palha, algodão, etc. amarrados de modo a
dar formato ao membro.
194 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
A confecção da cabeça faz-se como explicado anteriormente.
PREPARAÇÃO UTILIZANDO MANEQUIM DE ESPUMA DE
POLIURETANO OU PAPEL MACHÊ PRÉ-FABRICADOS.
Esqueletos
Esqueletos
196 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Esqueletos
Paulo Auricchio
EQUIPAMENTOS E LOGÍSTICA
LIMPEZA PRÉVIA
MACERAÇÃO
A
B
D
C
figura 4. Adulto e larva de último estádio dos besouros de A: Attagenus piceus,
B: Anthrenus scrophulariae, C: Anthrenus verbasci, D: Anthrenus vorax. (Mo-
dificados de GRISWOLD & GREENWALD, 1941).
CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS
DESENGORDURAR
BRANQUEAMENTO
ESPÉCIMES ASQUEROSOS
ARMAZENAMENTO
MONTAGEM DIDÁTICA
ESQUELETO SEMI-ARTICULADO
ESQUELETO FIXO
AGRADECIMENTO
BIBLIOGRAFIA
Diafanização
Diafanização
218 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
DIAFANIZAÇÃO - A. M. Souza 219
Diafanização
Ana Maria de Souza
INTRODUÇÃO
é extremamente vantajoso.
A coloração e diafanização do esqueleto de larvas e embriões
por meio destas técnicas mostram-se muito adequadas, possibili-
tando os estudos ontogenéticos como a determinação do período
de tempo e dos sítios de ossificação de cada osso individualmente.
220 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
COLORAÇÃO E DIAFANIZAÇÃO
Indicações:
dem);
7. Colocar a solução durante 72 horas, três vezes de 24 horas:
30 ml de solução saturada de borato de sódio - para entrar na
fase alcalina em 70 ml de água destilada;
8. Transferir a série para a solução: 5g de KOH (100 ml de
água destilada + 5 mg de alizarina RED S). Manter nesta solu-
ção até os ossos tornarem-se vermelhos. O tempo de imersão deve
respeitar as dimensões do organismo, isto é, espécimes muito
pequenos devem permanecer na solução por alguns minutos e
indivíduios maiores não devem ultrapassar 24 horas de imersão;
9. Transferir em séries de glicerina-água destilada: 1:3 ; 1:1 ;
3:1 e glicerina pura (mudar cada vez que a peça afundar) se as
peças estiverem com muito sangue ou pigmentadas, pode-se adi-
cionar água oxigenada 10 vol., 10 ml por 100ml de solução, e
10. Estocar em glicerina com cristais de Timol (Cepacal azul- lml).
***
1. Fixação em formol 10 %;
2. Lavar por 12 a 24 horas em água corrente e em água desti-
lada durante uma hora, com 3 mudanças;
3. Uma ou duas fatias são colocadas durante dois minutos em
500cc de solução de Mulligan 60-65°C:
ác. fênico cristalizado .................................. 40 g
sulfato de cobre ........................................... 5 g
ác. cloridrico concentrado ..........................1.25 g
água .................................................q.s.p.1000 g;
4. Lavar em grande volume de água durante um minuto;
5. Colocar durante 2 minutos em solução de 1% de cloreto
férrico em água destilada;
DIAFANIZAÇÃO - A. M. Souza 225
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Parafina
Infiltração com
Parafina
228 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Infiltração com
Parafina
Parafina
Paulo Auricchio
Parafina
matam rapidamente. Entretanto, bons resultados foram obtidos
com animais fixados em formol ou álcool;
2. Depois da morte do animal, uma solução de Bouins formol-
acético-picrico (concentração total) e formalina 10% em partes
iguais é injetada na cavidade do corpo. Serpentes são exceção a
esta regra, já que que este líquido distorce a posição e torna difí-
cil posicionar o exemplar com naturalidade. Alfinetes
entomológicos e pranchas de isopor ou cortiça são muito úteis
para colocar o animal na posição correta;
3. Depois que a postura adequada foi conseguida, o animal
deve ser coberto com o mesmo líquido fixador. Vários experimen-
tos foram feitos até se conseguir um fixador apropriado. A
formalina, apesar de ser um excelente fixador que previne enco-
lhimento, destrói a cor. Para contra-agir com este efeito, uma
solução fraca de carbonato de sódio foi adicionada. Infelizmente
os sucessivos banhos de ácool que se sucedem diluíram a cor. A
melhor solução encontrada tem sido o Bouins formol-acético-
Picrico (concentração total) por não permitir encolhimento e não
alterar a pigmentação;
4. Lavar o excesso de ácido pícrico com uma solução de
formalina 10% e álcool etílico diluido a 40%;
5. Então, várias concentrações de álcool etílico, até a concen-
tração de 95%, são usadas para desidratar e endurecer o espéci-
me. Como o álcool tem a tendência de descolorir, é aconselhável
não deixá-lo mais do que o necessário nos banhos. Quando esti-
verem em banhos entre 50 e 70%, os olhos são removidos e subs-
tituídos pelos de vidro;
6. Na última etapa, o álcool absoluto pode causar problemas de
enrugamento e escurecimento da peça. Um substituto para esta
fase é o Terpineol. Transfira então gradualmente ao terpineol 90%.
Ele clareia a peça, porém não esmaece as cores e não enruga;
7. Em seguida, o exemplar deve ser lavado muito bem em xilol,
pois a parafina não é solúvel em terpineol;
232 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
BIBLIOGRAFIA
Curtimento
Curtimento
234 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Curtimento
Maria da Graça Salomão
Curtimento
Joana Darc Félix de Sousa
A PELE
a) diminuição da temperatura;
Os couros congelados podem ser conservados durante muito
tempo, mas a temperatura acima de 0ºC tem efeito desastroso
Curtimento
uma vez que a putrefação neste caso ocorre rapidamente1,4.
b) eliminação da umidade;
A diminuição da umidade pode ser conseguida pela secagem ou
pela ação de produtos químicos (sal) ou pelo efeito de ambos os
fatores. Os couros, durante a secagem, diminuem de superfície até
15% e de espessura até 30 40%. O peso dos couros possui uma
diferença de 40% sobre o peso do couro verde. Estas informações
serão úteis para expedições longas onde se pretende capturar mui-
tos animais e não há possibilidade de prepará-los em campo.
1. Secagem - Para países de clima quente como o do Brasil,
estes método de conservação é o mais importante de todos, por
que é rápido e muito eficaz, uma vez que rebaixa os níveis de
umidade até 9 -12%, que é inferior ao limite não só para o desen-
volvimento das bactérias (35 40%) mas também para o mofo.
Neste sentido, a natureza colabora nesta operação, ou seja, a
secagem ao sol, gratuito e abundante (lembre-se de nunca ex-
por ao sol a parte coberta de pêlos).
Não se deve esquecer que a secagem é só para conservação dos
couros por um período e por isso estes devem ter a possibilidade
de ser facilmente reidratados durante o remolho (ver afrente).
Recomenda-se secar os couros pendurados em armações de
madeira, com certo ângulo de inclinação, a fim que a armação
possa ser movida conforme o sol.
2. Salgagem - O sal penetra dentro do couro e produz o
desinchamento das fibras, fazendo com que o couro verde perca
25% de sua umidade principal. Além disso, o sal, para os proces-
sos fermentativos autolíticos, ajuda a eliminar as albuminas e
globuminas solúveis. O sal possui propriedades antisépticas e
238 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
seguinte forma:
1. Depois da lavagem, os couros são carregados num recipi-
ente de cimento, ou melhor ainda, se disponível uma molineta
com 2/3 (dois terços) de solução salina a 26ºBé (Baumé); esta
densidade deve ser quase constante durante a salgagem, adici-
onando-se para isso, em cada 6 horas, a solução concentrada
de sal.
A duração do processo é de 24 horas, conforme o peso dos
couros. A relação entre o peso dos couros e a solução do sal é de
1,5 a 3,8%. A ótima temperatura é de 20ºC. Prepara-se a solu-
Curtimento
ção em recipientes especiais e a salmoura pode ser usada 4 a 5
vezes.
Os couros depois da salmoura devem ficar a esgotar 2 a 3 ho-
ras, fazendo-se após a salgagem com sal em cristais4. O consumo
de sal para a salmoura é de 25%.
c) ação química na substância dérmica.
Para ação dos fermentos na substância dérmica, é necessário
que um dos agrupamentos COOH, NH2 ou NH fique livre; mas
como pela ação do sal eles ficam ocupados, isso produz condi-
ções desfavoráveis para o desenvolvimento das bactérias.
REMOLHO
DESCARNE
CURTIMENTO
Sabão Amarelo......................................30 g
Soda comum para lavar.........................15 g
Água...................................................1litro
Curtimento
Uma vez que estiver bem dissolvido, acrescenta-se a soda. Mexe-
se a mistura continuamente, especialmente no momento de co-
locar a soda para dissolução.
Quando o líquido entrar em ebulição novamente, retira-se do
fogo e deixa esfriar a 45oC, aproximadamente (esta temperatura
corresponde a impressão de morno, ao colocar dedo na solução).
Esta é a temperatura adequada para submergir a pele dentro da
mistura, pois uma temperatura mais elevada pode queimá-la.
3. A pele deve ser bem remexida e escorrida durante o proces-
so que dura 15 mimutos, esfregando-se como se estive-se lavan-
do um pano. Retire a pele e coloque-a pendurada, deixando es-
correr a solução. Uma vez escorrido o excesso, coloca-se em ou-
tro recipiente que terá outro líquido curtidor:
Alumen de potássio....................100g
Água.......................................1 litro
Sal comum .................................50g
Curtimento
lhável, já que pode modificar o brilho original e descaracterizar
o espécime), pode-se fazer uma última operação que consiste em
dar lustro ao pêlo. Para isso usamos uma solução de azeite de
vaselina ou vaselina líquida e nafta. Com as seguintes propor-
ções: 1 uma colher de azeite de vazelina em 1/2 litro de nafta.
Esta operação de lustro se realiza simplesmente passando a
solução com pedaço de pano sobre o lado peludo da pele e no
sentido do pelo.
ENGRAXE
SECAGEM AO AR
É o processo mais simples, porém lento e irregular. Basta co-
locar as peças esticadas em varais ou cavaletes.Nunca no sol.
SECAGEM ESTIRADO
Consiste em fixar as peles sobre tábuas (fixar com pregos nas
bordas das peles) e deixar secar à sombra.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Dr. Manoel A. C. Jacinto pelas informações im-
prescindíveis para a elaboração deste capítulo.
BIBLIOGRAFIA
JACINTO, M. A. C. Apostila do curso Curtimento de peles al-
ternativas: tilápia, tambaqui e pacu. IPT - Instituto de Pes-
quisas Tecnológicas do Est. de São Paulo S.A.- CTCC - Cen-
tro Tecnológico de Couros e Calçados. 29p.
MORGANTE, C. 1970. Taxidermia. Hobby. Argentina.187p.
10
CITOGENÉTICA, ENZIMAS & MOLECULAR - D. Peccinini-Seale 245
Técnicas
Citogenéticas,
Citogenética
Enzimaticas e
Moleculares
246 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Técnicas
Citogenéticas,
Enzimáticas e
Moleculares
Citogenética
Denise Peccinini-Seale
Citogenética
rante um prazo curto em colchicina, para o acúmulo de metáfases
em meio mínimo de cultura, como o meio de Hanks ou em solu-
ção hipotônica KCL 0,075M. A seguir, procede-se a preparação
citológica até a etapa de fixação em metanol e ácido acético 3:1.
Atualmente, é possível obter bons resultados com a coleta de
material de aves e mamíferos sem morte dos animais trabalha-
dos. Em aves, por exemplo, como tinamídeos, etapas iniciais do
método in vitro ou indireto podem ser realizadas em campo, a
partir de penas em crescimento dos exemplares analisados; ou
ainda, quando da visita à instituições como zoológicos, os exem-
plares são imobilizados pelos tratadores, identificados por ani-
lha, e as penas em crescimento retiradas e mantidas em meio de
cultura para evitar dessecação. As metáfases mitóticas podem
então ser obtidas através de duas metodologias:
a. preparação de cromossomos mitóticos à partir de tecido de
polpa dérmica de penas jovens e cultura de fibroblastos. Este
procedimento tem sido utilizado para outros grupos de aves, como
nos psitacídeos, onde as metodologias são empregadas para de-
terminar o sexo de um grande número de exemplares de várias
espécies ameaçadas como a arara azul grande, especialmente,
de modo a colaborar com programas de reprodução em cativeiro
com vistas à preservação; ainda, este método foi utilizado com
250 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Citogenética
material raro e da indisponibilidade de álcool, já se constatou
que amostras foram bem conservadas e seu DNA replicado e
sequenciado satisfatóriamente após fixação em bebidas alcoóli-
cas, tais como aguardente (M. G. Salomão com. pess.). O conge-
lamento prévio em nitrogênio líquido, das amostras de fígado,
músculo e intestino, viabiliza tanto as análises moleculares como
as enzimáticas (ver HILLIS & MORITZ, 1990).
A seguir são apresentados alguns exemplos de pesquisa em
campo e primeiras etapas de trabalho em laboratório com amos-
tras dos diversos grupos de vertebrados.
I. PEIXES
I.1 CITOGENÉTICA
Citogenética
neira de aplicar a suspensão celular sobre uma lâmina é colocá-
la sobre um suporte no interior de banho-maria a 70ºC; secar
em temperatura ambiente, e
11. Corar com solução de Giemsa diluída a 5% em tampão
fosfato (pH = 6.8) durante 7 8 minutos; lavar a lâmina com
água destilada ou água corrente e deixar secar ao ar.
I.2 ENZIMAS
Citogenética
processamentos posteriores. O período de resfriamento não deve
chegar a 24 horas.
Em laboratório as amostras devem ser centrifugadas para a
separação do plasma e da hemoglobina que devem ser processa-
das diferentemente.
Hemoglobina. Para obtenção dos hemolisados, o sangue total
deve ser centrifugado por 4 minutos a 1.000 rpm. A após a sepa-
ração da porção plasmática as hemácias, devem ser lavadas duas
vezes com solução salina (NaCl 1,7%) e lisadas com tampão Tris-
EDTA pH 8,0, seguida de sua imediata utilização ou podendo ainda
ser acondicionadas a -20oC por no máximo um mês. Com este
material é possível obter padrões eletroforéticos de hemoglobinas
e de superóxido dismutase (SOD) usando o sistema horizontal em
gel de amido de milho, na concentração de 12 a 13% descrito por
MARCON (1998), com o sistema de tampões sugerido por VAL &
ALMEIDA-VAL (1998). A corrida eletroforética é processada du-
rante 3 a 4 horas com 150V e 20A; após isso, o gel é corado com
as técnicas apropriadas para marcador.
Plasma. Após a separação do plasma, as amostras são trata-
das com rivanol (2-etoxi 6,9 lactato de diaminoacridina) para a
purificação das transferrinas, (TEIXEIRA & JAMIESON,1985) na
proporção entre 10 e 50 % do produto em relação as amostras.
Este material pode ser congelado por um período máximo de 6
256 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
I. 3 MOLECULAR
gue;
2. Colocar a amostra em álcool etílico comum 80 a 96% dentro
o
de um tubo de plástico, ou congelá-las a -70 C em tanques
criogênicos de nitrogênio líquido;
3. Após a fixação em álcool, pode-se transportar para o labo-
ratório em temperatura ambiente ou levemente resfriado, e
4. No laboratório, o DNA total é obtido a partir do método
descrito em SAMBROOK et al.(1989). Homogeneiza-se o tecido
numa solução de lise (Tris-HCl 10 mM; NaCl 0,3 M; SDS 1%; EDTA
10 mM e urea 4M pH 8,0 [ESTOUP et al., 1993]) e submete-se a
ação da proteinase K. Purifica-se o DNA através de lavagens su-
cessivas em fenol, fenol-clorofórmio 1:1 e clorofórmio: álcool
isoamílico (24:1)(estes dois últimos, altamente tóxicos e
cancerígenos). Precipita-se o DNA em 2V de etanol e cloreto de
sódio (2M NaCl), lava-se o precipitado em etanol 70% e final-
mente após a secagem do pellet ressuspende-se o DNA em solu-
ção tampão Tris-EDTA (TE 10:1) ou em água pura autoclavada.
Citogenética
O DNA extraído deve ser preservado a -10ºC até a amplificação
por PCR. Recentemente têm sido utilizados kits comerciais de
extração que não oferecerem riscos à saúde como o método de
extração fenólico.
II - ANFÍBIOS
II. 1- CITOGENÉTICA
III.1 CITOGENÉTICA
Citogenética
20 ml, em frascos com tampa de boa vedação.
Segue-se então a fixação, desprezando a solução pré-fixadora
transferindo os fragmentos do tecido para o frasco com 10 a 20
ml de fixador, tampando-o e vedando-o com parafilme ou simi-
lar. Colocar em lugar frio (geladeira ou isopor com gelo). Se man-
tido nestas condições, o material deverá ser trabalhado no máxi-
mo dentro de um mês. Está terminada a primeira etapa de prepa-
ração citológica. Desta forma o material poderá ser transportado
até o laboratório para a preparação citológica final em lâminas.
III.2. ENZIMAS
Citogenética
As amostras de tecidos, tanto de técnicas de campo ou labora-
tório, devem ser obtidas imediatamente após o morte do animal.
A partir de fragmentos de tecidos conservados em congelador a
20oC negativos, a curto prazo, ou mesmo em caixas de isopor
dupla com pedaços de gêlo sêco a - 78,5oC; a longo prazo devem
ser mantidos em botijões criogênicos de nitrogênio liquido ou
congelador a -78 a -80oC. Animais de pequeno porte são coloca-
dos inteiros em recipientes com gêlo sêco, em congeladores ou
em botijões criogênicos. Para estudos de sistemática e variação
genética entre indivíduos e populações os tecidos e processamento
mais utilizados são: análise de proteínas do sangue e de enzimas
a partir de homogenados de fragmentos de fígado, músculo e
intestino; microtubos, previamente etiquetados, devem transpor-
tar separadamente pequenas amostras de: sangue, cerca de 0,1
a 0,2 ml; fígado, músculos e intestino, cerca de 2 a 3 fragmentos
de 5 a 7 mm quadrados. O material, porém, deve ser transporta-
do até o laboratório e mantido a 20oC negativos, o mais rapida-
mente possível. Transportar o animal vivo até o laboratório sem-
pre é a opção melhor, quando um tanque não está disponível.
Através de técnicas de eletroforese em gel de amido, agarose,
acrilamida e acetato de celulose são obtidos dados que permi-
262 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Citogenética
al.,1990; com pess.).
A possibilidade do congelamento permite a realização de cul-
tura de fibroblasto segundo técnicas convencionais e manuten-
ção do material a longo prazo (78oC - 80oC negativos).
Segundo estes autores a extração de DNA total pode ser feita
da seguinte forma:
1.Macerar um fragmento de tecido de cerca de 5mm em
microtubo tipo Eppendorf de 1,5ml, utilizando macerador ade-
quado (bastão de plástico com extremidade arredondada, dispo-
nível no mercado), em 300-400 µl de solução de STES (0,01M NaCl,
0,01M Tris, 0,1M EDTA, 0,25M sacarose pH 7,5); esta solução con-
tém sacarose para preservar as mitocôndrias. À seguir, adicionar
mais 400 µl a 500 µl de STES para totalizar 800 µl;
2. Centrifugar por 10 minutos a 2.500 rpm e temperatura de
4oC para precipitar os núcleos e restos teciduais;
3. Transferir o sobrenadante; centrifugar a 15.000 rpm du-
rante 20 minutos, a 4oC, para precipitar as mitocôndrias;
4. Descartar a maior parte do sobrenadante, deixando no tubo
cerca de 25 µl; ressuspender o conteúdo precipitado, em cerca
dos 25 µl de STE restantes; acrescentar 250 µl de solução STE
(0,1M NACl, 0,01M Tris, 0,1M EDTA, pH: 7,5) e misturar
vigorosamente à temperatura ambiente; a solução de STE, sem
264 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
IV. AVES
IV. 1- CITOGENÉTICA
Citogenética
tura em colchicina 0,016% durante 20 a 30 minutos e, em segui-
da, proceder a preparação citológica até fixação; como alterna-
tiva, levar o material para o laboratório e estabelecer cultura de
fibroblastos (G. T. ROCHA, com. pess.).
Cultura de Fibroblasto
Citogenética
1. Utilizar ovos fertilizados com cerca de 16 a 72 horas de
incubação. Cuidadosamente, fazer um pequeno orifício na casca
do ovo em seu polo mais largo (onde se encontra a câmara de ar).
Injetar 0,3 ml de colchicina a 0,05% e incubar por 2 horas;
2. Quebrar delicadamente a casca do ovo. Usando tesoura e
pinça, cortar a gema em torno do disco embrionário, liberando-
o. Remover o embrião com cuidado com a menor quantidade de
albúmen possível;
3. Macerar o embrião com o auxílio de uma lâmina de barbe-
ar em placa de Petri;
4. Acrescentar 5ml de KCl a 0,075M e manter a 37oC por 10 minutos, e
5. Retirar o sobrenadante, acrescentar 5 ml de fixador.
Centrifugar, desprezar o sobrenadante, diluir o material em
fixador. Gotejar sobre lâminas de microscopia.
IV. 2 - ENZIMAS
IV. 3 - MOLECULAR
Coleta de penas
Citogenética
V. MAMÍFEROS
V.1 - CITOGENÉTICA
Citogenética
Cultura de fibroblastos e a obtenção de metáfases (modifi-
cado de CALDANA & ROCHA, 1998)
DE MATERIAL DE VERTEBRADOS
Citogenética
- Pipetas Pasteur, vidro ou plástico
- Lâminas esmerilhadas (lavadas e secas)
- Tubos de centrífuga, vidro ou plástico
- Microtubos de plástico- 1ml a 5ml
- Caixas de lenço-papel
- Papel toalha
- Panos de prato
Drogas e Soluções
Drogas
- Colchicina 0,1% , 0,025%, 0,05%, 0,016% e 0,0125%.
- Cloreto de potássio (KCl) 0,075M
- Álcool etílico P.A
- Cloreto de sódio (NaCl) 0,085%.
- Álcool metílico P.A.
- Ácido acético glacial
- Água destilada
274 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Soluções
F. Solução de Hanks
Solução A: NaCl 8g
KCl 0,4 g
Na HPO 0,047 g ou
2 4
CITOGENÉTICA, ENZIMAS & MOLECULAR - D. Peccinini-Seale 275
Na2HPO4.7H2O 0,0898 g ou
Na2HPO4.12H2O 0,12 g
Na2HPO4 0,06 g
Agua bidestilada 100 ml
Solução B:
CaCl 0,14 g
2
MgSO4.7H O 0,2 g
2
Água bidestilada 100 ml
Solução de Vermelho Fenol
Vermelho Fenol 0,14 g
NaOH 0,1 N 0,2 g
Água bidestilada 100 ml
Misturar as soluções A e B juntamente com 0,35 g de bicarbo-
nato de sódio, 1 g de dextrose e 2 ml de vermelho fenol. Comple-
tar com água bidestilada até 1 litro. Deve ficar com uma colora-
o
ção vermelha. Armazenar em frasco âmbar a 4 C.
OBS: a solução vermelho fenol deve ser armazenada no freezer.
Citogenética
VII . COLABORAÇÕES
Citogenética
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280 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
11
COLEÇÕES ZOOLÓGICAS - F. L. Franco 281
Coleções
Coleções Zoológicas
Zoológicas
282 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Coleções
Zoológicas
Francisco Luís Franco
Coleções Zoológicas
zoológicas, pois estas possuem finalidades distintas e são dinâ-
micas, adequando-se às mudanças e necessidades da sociedade.
Deste modo, não se pretende aqui impor regras ou definições,
mas sim apresentar conceitos sobre os assuntos que cercam as
coleções zoológicas. Os objetivos deste capítulo serão conside-
rados alcançados se o leitor compreender o quanto as coleções
e os museus são importantes para os seus usuários, para a soci-
edade e para a humanidade como um todo.
Por haver formas distintas de gerenciamento de acordo com
as características de cada coleção, pretende-se abordar neste
capítulo, as coleções zoológicas científicas, ou melhor, coleções
taxonômicas. Seguindo esta linha, serão apresentados tópicos
de interesse geral, expondo opiniões de vários autores, visando
estimular a discussão e a busca de caminhos próprios, adequa-
dos às diferentes instituições.
Coleções Zoológicas
2. NATUREZA DAS COLEÇÕES
Coleções Zoológicas
nos séculos passados, ou de potências econômicas, passadas ou
atuais. Deste modo, tiveram e/ou têm condições de financiar
amplas viagens exploratórias e de comprar acervos de outras
instituições, especialmente de países menos afortunados. O Brasil
possui poucas coleções gerais, consideradas como modelo por
pesquisadores e diretamente responsáveis por grande parte do
conhecimento da diversidade biológica do território nacional.
Podem-se salientar as coleções do Museu de Zoologia da Uni-
versidade de São Paulo, em São Paulo, do Museu Paraense Emílio
Goeldi, em Belém, no Pará e do Museu Nacional do Rio de Ja-
neiro, no Rio de Janeiro, instituições centenárias que abrigam
material de diversos grupos zoológicos, com representação mun-
dial, incluindo muitos exemplares-tipo.
Como enfatizado por MARTINS (1994), estas coleções são muito
importantes para o desenvolvimento de estudos taxonômicos e
biológicos. Necessitam de amplas áreas físicas e vultosos recur-
sos financeiros para sua manutenção e contínua ampliação. Este
autor ressalta também que são as instituições detentoras destas
coleções que, geralmente, conseguem verbas para realização de
grandes expedições de coleta.
288 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Coleções Zoológicas
relativamente homogêneas, visando a didática, mas poderiam
facilmente ser desmembradas e reunidas em outros arranjos
diferentes. Há também, outros tipos de coleções zoológicas não
comentadas aqui, como zoológicos, criadores particulares,
biotérios, comerciantes de animais e empresas de ecoturismo,
que mantêm animais vivos ou mortos. Muitas vezes, seus
mantenedores realizam pesquisas ou contribuem para os estu-
dos de outros. Como citado por MARTINS (1994), muitas destas
coleções especiais são de interesse econômico, visando resolver
especificamente os problemas abordados pelas instituições nas
quais estão depositadas.
Coleções Zoológicas
dos, somente apresentam características próprias que justificam
sua existência.
É fundamental que, havendo na coleção principal o animal
que deu origem ao material do anexo, se faça alusão a este
material anexo no livro tombo da coleção principal. Do mesmo
modo, no caso do material estar em uma coleção acessória, é
necessário que os números estejam sempre relacionados nos
livros-tombo da coleção principal e acessória.
2.3.1 EXEMPLARES-TIPO
Coleções Zoológicas
Em se tratando de objetos ou produtos animais como fe-
zes, ninhos, abrigos, pegadas, conteúdo do trato digestório, etc.,
são importantes os mesmos cuidados requeridos às coleções de
partes, tecidos e lâminas, citados acima. Recomenda-se que o
conteúdo do trato digestório, quando possível, seja mantido no
animal ou preso a ele, assim como feito com hemipênis dos
escamados (lagartos e serpentes).
Coleções Zoológicas
3. ADMINISTRAÇÃO DE COLEÇÕES
Coleções Zoológicas
dável o estabelecimento de um conselho consultivo, com mem-
bros externos à instituição, para auxiliar e acompanhar as ati-
vidades do curador (GRIFFIN, et al., 1999 e GENOWAYS, 1999).
Tanto o curador, e a direção da instituição na qual a coleção
está depositada, quanto o conselho consultivo devem saber que
suas responsabilidades principais são a perpetuação do materi-
al, a confiabilidade de seus dados e viabilização da plena utili-
zação deste acervo pela comunidade científica. Novas técnicas
e metodologias devem, na medida do possível, ser incorporadas
à rotina de trabalho bem como sua administração, visando acom-
panhar os avanços da ciência, agilizando e ampliando os servi-
ços prestados aos seus consulentes. Deste modo, uma coleção é
uma estrutura em constante transformação. Certamente a ex-
periência de outras pessoas e as histórias de instituições
congêneres, maiores e mais antigas, precisam ser levadas em
conta pelo curador, que deve selecionar o que julga positivo
para a coleção que administra e criar alternativas próprias para
melhorar os serviços prestados à ciência e a sociedade.
O gerenciamento da coleção, no que se refere às atividades
que dizem respeito à instituição que a abriga, incluindo recur-
sos humanos, financeiros e espaço físico, normalmente é com-
298 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Coleções Zoológicas
O curador deve ter plena consciência de sua responsabilidade
em manter o acervo, do qual é responsável, para gerações futu-
ras. Assim, todas as atividades do curador objetivam a manu-
tenção da coleção e seu pleno uso, por tempo indeterminado.
Esta ambigüidade entre o uso e a perpetuação, mencionada por
MANNING (1992) é apaziguada, se considerarmos o exemplar
em uma coleção como conhecimento em potencial nas mãos dos
pesquisadores.
Um pesquisador que use um ou mais exemplares da coleção,
mesmo que implique em dano, transformou este conhecimento
potencial em ato, justificando a existência destes na coleção. O
acervo é dinâmico, ao mesmo tempo em que o uso depaupera ou
mesmo inutiliza exemplares, outros mais precisam ser incorpo-
rados. Para manter este dinamismo, é fundamental que o curador
busque recursos da própria instituição mantenedora, de
financiadoras de pesquisa, de projetos particulares e de tercei-
ros que utilizam o acervo ou implicam em incorporações de
exemplares, de empresas públicas e privadas, etc.. Os resgates
de fauna propiciados por enchimento de represas hidrelétricas
ou de abastecimento público e EIA/RIMAs são ótimas fontes para
300 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
obtenção de farto material para coleções. Uma vez que elas irão
receber este material, é perfeitamente compreensível que seus
curadores busquem recursos nas empresas patrocinadoras dos em-
preendimentos.
Mesmo havendo estas possibilidades de angariar recursos, de-
vemos lembrar que as verbas externas, geralmente, não possuem
periodicidade e dimensões suficientes para a manutenção das ne-
cessidades cotidianas das coleções, que devem ser sustentadas pe-
las instituições mantenedoras. Deste modo, uma vez que o curador
perceba o desinteresse ou impossibilidade das instituições
mantenedoras, que venham causar ameaças ao acervo, este deve
contatar instituições maiores, que tenham interesse de incorporar
esta coleção ou suprir as necessidades técnicas e financeiras para
garantir a perpetuação dos exemplares. Uma vez que as grandes
coleções são, via de regra, instituições públicas, é importante
que, por respeito ao contribuinte, se onere o menos possível o
Estado. Assim, o curador da coleção ameaçada deve procurar
conseguir a transferência desta para uma coleção de uma insti-
tuição mais sólida.
Coleções Zoológicas
Se o material for enviado em via úmida, além das recomen-
dações acima deve-se:
§ Colocar dentro da caixa, um pedido para o fiscal da vigi-
lância alfandegária para que, ao abrir o pacote, feche-o nova-
mente e evite que o líquido conservante se extravase. Para faci-
litar este procedimento, é recomendável o envio de sacos plásti-
cos extras.
§ Envolver os exemplares em tecido de algodão ou papel
absorvente branco, sem corante, para evitar que manchem, em-
bebidos em líquido conservante.
§ Usar dois ou três sacos plásticos espessos e resistentes
superpostos e fechados em termoseladoras; na ausência destas,
dar nós firmes e usar mais sacos para proteção. Fazer embala-
gens frouxas para evitar a deformação dos exemplares.
Coleções Zoológicas
os exemplares tenham menor valor do ponto de vista científico.
Para evitar tais perdas, o coletor deve ir a campo sempre
munido de:
- lápis preto ou nanquim (resistentes a água, formol ou álcool);
- etiquetas de papel vegetal ou outro papel resistente à imersão
em líquidos (que podem ter tamanho aproximado de 5 x 8cm);
- caderneta ou ficha de campo;
- números de campo feitos de material resistente à imersão
em formol ou álcool (aconselha-se fitas plásticas de rotuladores
tipo Rotex que são resistentes, não rasgam, não oxidam e, mes-
mo que percam a cor, possuem o número impresso em relevo;
etiquetas com números impressos em cardaços largos de algo-
dão com tinta de imprensa também funcionam); uma agulha
grossa de 10 a 15 cm e linha resistente (nylon de preferência)
para prender a etiqueta no exemplar.
O rótulo de papel vegetal é utilizado na hora e local da coleta,
onde a procedência do material deve ser claramente especificada
com os seguintes itens:
Local de coleta: o mais preciso possível, indicar o nome do
rio, lagoa, igarapé, arroio, banhado, etc; bacia hidrográfica que
drena o manancial de água em questão (especialmente impor-
304 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
1435
IPBHN
Coleções Zoológicas
medidas, observações como conteúdo estomacal, aspectos ecológicos, material
preservado p, c, e (pele, crânio, esqueleto).
Coleções Zoológicas
o responsável por mudanças nas cores dos animais (mancha o
marrom e cinza e amarela o branco). Além disso acredita-se
que a exposição prolongada a seus vapores cause câncer de pul-
mão. Nunca se deve colocar os espécimes diretamente sob a luz
do sol. Peles que sofreram este procedimento são possíveis de
reconhecer. Espécimes para estudo são mais fáceis de manter do
que os montados para exposição, já que são armazenados em ar-
mários.
Em caso de um ataque de insetos ou a título de prevenção, é
recomendável uma fumigação periódica. Fumigação é o proces-
so de desinsetização de uma coleção ou de um único exemplar.
Algumas vezes, em coleções em que não há cuidado constante,
pode haver uma infestação de algum inseto. Os mais comuns
são traças, dermestídeos e carunchos. Muitos produtos quími-
cos podem ser utilizados para prevenção, conforme o tamanho
e tipo da coleção e o agente infestante. Pastilhas de formaldeído,
naftalina, dissulfeto de carbono, brometo de metila, pastilhas
de fosfina, paradiclorobenzeno são os mais usados.
Se o problema está ocorrendo com um ou poucos exemplares,
pode-se colocá-los em um saco plástico grande e colocar a subs-
tância. Fechar e deixar uma semana ou mais.
308 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Coleções Zoológicas
notar o decréscimo deste valor, ele deve ser filtrado em papel-
filtro e regraduado. A coloração amarelada, mas cristalina, não
significa que o álcool esteja ruim, porém quando está opaco,
indica que deva ser substituído. Para evitar que a atmosfera
fique saturada de gases incômodos e perigosos, é aconselhável
um sistema de circulação de ar ou exaustão.
Materiais mantidos a seco, como peles, ossos, moldes, inse-
tos, trabalhos dos animais (ninhos, casulos) entre outras coisas,
devem ser acondicionados em armários e gaveteiros, com pasti-
lhas de formol e naftalina, evitando-se umidade excessiva, e a
ocorrência de pragas que podem danificar as peças, como fun-
gos, traças, cupins, brocas, formigas, besouros dermestídeos, etc..
Mais detalhes e sugestões podem ser encontrados em
DUCKWORTH, et al. (1993), SCROCCHI & KRETZSCHMAR (1996),
NAVARRO-SIGÜENZA & LLORENTE-BOUSQUETS (1997) e
SIMMONS (1987).
310 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Coleções Zoológicas
Como bem escreve GOYCOCHEA (1997), os computadores são
absolutamente dependentes do fator humano, ou seja, qualquer
resultado que se espere deles depende de quão adequadamente
programados eles sejam, além das dificuldades de conseguir os
dados que os alimentam. A informatização, tem sido um passo
importante para a melhoria do gerenciamento das coleções.
Embora este conceito seja unânime, ainda há muitas divergên-
cias sobre a melhor forma de implementar a informatização.
Cada coleção tem suas particularidades e cada curador adota
uma filosofia administrativa particular.
Existem no mercado alguns programas de gerenciamento de
coleções que já estão em funcionamento há vários anos, poden-
do ser adaptados às necessidades de cada instituição. Eles possi-
bilitam pleno trânsito de informações entre os museus que com-
partilham dos mesmos programas e, também, auxiliam na ges-
tão da coleção, entre outras coisas, controlando empréstimos e
imprimindo rótulos. Estes programas, no entanto, apresentam
alguns inconvenientes, como a língua (inglês) e a dificuldade de
adaptação às particularidades de cada coleção. Outra possibili-
dade é a produção de programas personalizados. Os programa-
dores, ou empresas, se propõem a atender às necessidades espe-
312 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Coleções Zoológicas
e) Programas encomendados geram problemas até se torna-
rem efetivos e incompatibilidades que dificultam o intercâmbio
de informações entre coleções que utilizam programas incom-
patíveis. A experiência de outras instituições tende a solucionar
estes problemas, desde que os curadores busquem caminhos e
alternativas comuns.
f) Quando ligado à internet, possibilita acesso indiscriminado
a informações. É possível selecionar as informações a serem
disponibilizadas por intermédio de filtros. Este item, quando
bem administrado, pode ser visto como ponto positivo.
Coleções Zoológicas
trados comentários quanto às Lei de Crimes Ambientais (Lei no
9.605/1998), a portaria no. 117/1997 do IBAMA, sobre a criação
de animais, sua comercialização, pares ou produtos destes, trans-
porte, etc., e da Convenção Sobre Diversidade Biológica, que re-
gem várias das atividades dos curadores, pesquisadores e insti-
tuições que lidam com animais ou plantas. Convém observar as
listas de espécies ameaçadas de extinção (Portaria 1522/1989 do
IBAMA e BERNARDES, MACHADO & RYLANDS, 1990), veja, por
exemplo, GOLDENSTEIN (1998) com o Decreto no. 42838/1998.
4 AGRADECIMENTOS
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DOENÇAS CONTAGIOSAS AO HOMEM - P. Auricchio 319
12
Doenças
Contagiosas
ao Homem Doenças
320 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
DOENÇAS CONTAGIOSAS AO HOMEM - P. Auricchio 321
Doenças Contagiosas
ao Homem
Paulo Auricchio
DOENÇAS BACTERIANAS
ANTRAX
Espécies envolvidas - Artiodactyla e outros.
Sintomas em animais - morte repentina e hemorragia dos
orifícios; baço aumentado; sangue não coagula. Algumas espéci-
es (p. ex. Suidae) são menos sucetíveis à infecção e podem recupe-
rar-se.
Fontes do agente - esporos em couros; pó de osso; sangue de
animais infectados; feridas do gado, etc..
Rota de infecção - oral; respiratória; lesão em pele.
Resistência - esporos formados sob condições aeróbicas são
muito resistentes a agentes químicos e físicos. Em carcaças for-
mas vegetativas morrem em uma ou duas semanas. Hipoclorito
de sódio em fortes concentrações ou vapor de formalina aquecida
são mais efetivos na destruição dos esporos.
Sintomas no homem - forma cutânea - pústula maligna. For-
ma respiratória: pneumonia e septicemia; freqüentemente fatal.
BRUCELOSE
Espécies envolvidas - Bovidae, especialmente gado doméstico
e caprinos; também lebres e porcos
Sintomas em animais - aborto; membrana fetal torna-se
enrigecida como couro; infecção testicular em machos (orquite);
lesão nas juntas.
Fontes do agente - sistema genital e produtos do aborto.
Rota de infecção - oral; cutânea; conjuntiva.
Resistência - quando protegida por material hospedeiro, tal-
vez muitos meses. Sobrevive bem a baixas temperaturas. Sensí-
vel à luz do sol; fenol; formol e compostos amoniacais
quarternários.
Sintomas no homem - linfadenite ascendente; febre indulente;
orquite; infecção persistente.
LEPTOSPIROSE
Espécies envolvidas - roedores, especialmente Muridae; tam-
bém ouriços europeus (Erinaceus), lebres e provavelmente uma
grande variedade de outros mamíferos.
Sintomas em animais - usualmente sem sintomas; pode ser
lesão de rim e algumas vezes icterícia.
Fontes do agente - urina ou sistema urinário; material con-
taminado.
Rota de infecção - ferimentos ou penetração pela pele;
conjuntiva.
Resistência - morre rapidamente fora do corpo e ambientes
secos; sensível a agentes de desinfecção comuns.
Sintomas no homem - febre; sintomas semelhantes à gripe;
dores musculares; pode apresentar-se sob a forma de icterícia.
Em condições severas é chamada Doença de Weil.
PSITACOSE
(causada não por uma bactéria verdadeira mas por
organismos do gênero Chlamydia)
ORNITOSE
(semelhante a psitacose como visto em pássaros não-
Psitacídeos)
SALMONELOSE
Espécies afetadas - todas as espécies, mas os tipos mais peri-
gosos ao homem provém dos roedores; ouriços europeus;
primatas cativos; répteis e de pássaros peri-domésticos (p. ex.:
pombos e gaivotas).
Sintomas em animais - pode ser enterite e febre, mas alguns
animais podem não apresentar sintomas.
Fontes do agente - tratos gastro intestinais e material contaminado.
Rota de infecção - oral; ocasionalmente outras rotas.
Resistência - pode sobreviver semanas, possivelmente meses,
especialmente se protegida em fezes secas. Formol é o melhor
desinfetante.
Sintomas no homem - febre; dores abdominais; diarréia.
SHIGUELOSE
Espécies envolvidas - Primatas.
Sintomas em animais - muito variável de fraco a agudo.
Doenças
TÉTANO
Espécies envolvidas - principalmente Artiodactila, mas qual-
quer espécie pode pegar a doença do solo.
Sintomas em animais - toxinas da bactéria são a causa dos
sintomas, espasmos musculares; paralisia.
Fontes do agente - esporos da bactéria são encontrados no
solo; poeira; fezes animais.
Rota de infecção - ferimentos profundos ou perfurações onde
a multiplicação anaeróbica pode ocorrer com liberação de toxina.
Resistência - esporos são muito resistentes; formas vegetativas
são mortas por desinfetantes comuns.
Sintomas no homem - espasmos musculares e paralisia.
Freqüentemente fatal.
Precauções especiais - profilaxia com vacina anti-tetânica;
observação do paciente em caso de ferimentos profundos e ma-
chucados. Um médico deve ser consultado e uma anti-toxina ad-
ministrada.
TUBERCULOSE (AVES)
Espécies envolvidas - todas as espécies.
Sintomas em aves - definhamento; focos amarelos ou bran-
cos no fígado e intestinos.
Fontes do agente - fezes de aves infectadas ou orgãos de car-
caças abertas.
Rota de infecção - oral; inalação; ferimento de perfuração.
Resistência - sobrevivem por meses, possivelmente anos em
materiais infectados. São destruídos por prolongada exposição
ao formol e ao fenol.
Sintomas no homem - perda de peso, inflamação local e
linfadenite ascendente sobre o ferimento por perfuração. Hu-
manos são muito resistentes à infecção.
Precauções especiais - exponha o fígado de todas as carca-
ças; se encontrado infectado, destrua a carcaça e desinfete bem
os utensílios.
DOENÇAS CONTAGIOSAS AO HOMEM - P. Auricchio 327
TUBERCULOSE (MAMÍFEROS)
Espécies envolvidas - gado, veados, animais em contato com
humanos (especialmente primatas) ou animais domésticos (es-
pecialmente Artiodactila). Relativamente incomum em animais
silvestres de vida livre.
Sintomas em animais - definhamento; tosse crônica; linfa-
denite; sintomas variáveis de acordo com o local da infecção.
Fontes do agente - lesões de tuberculose, especialmente pul-
mões e nódulos linfáticos; organismos podem ser abrigados em
saliva, fezes e lesões ósseas.
Rota de infecção - inalação; oral; ferimentos perfurantes.
Resistência - sobrevive em estado seco no escuro por duas ou
três semanas. Mais resistente a agentes químicos. Sensível a luz
ultra-violeta.
Sintomas no homem - depende da rota de infecção - pneu-
monia; tosse crônica; linfadenite.
Precauções especiais - vacinação profilática do tipo BCG.
TULAREMIA
Espécies envolvidas - roedores escavadores; lemingues; esqui-
los terrestres; Lagomorpha (lebres e coelhos).
Sintomas em animais - lesões caseosas e necróticas em nódu-
los linfáticos ingüinais e axilares; fígado e baço.
Fontes do agente - sangue, urina, saliva de animais infectados.
Carrapatos que se alimentaram de animais infectados.
Rota de infecção - altamente contagiosa. Pele; conjuntiva;
membranas mucosas; picadas de carrapato.
Resistência - sobrevive na pele - quarenta dias; carcaças -
quatro meses. Refrigeração prolonga a vida. Inativado por agen-
tes comuns como formalina 10%.
Sintomas no homem - erupções na pele e ulcerações;
Doenças
DOENÇAS VIRAIS
RAIVA
Espécies envolvidas - Mamíferos da Ordem Carnivora e mor-
cegos neotropicais, especialmente Desmodus. Entretanto todos
os mamíferos são suscetíveis à infecção.
Sintomas em animais - na maioria dos animais paralisia e
morte em convulsão. Morcegos hematófagos e poucas outras es-
pécies podem não possuir sintomas.
Fontes do agente - sistema salivar, sistema nervoso central;
gordura marrom dos morcegos.
Rota de infecção - ferimentos da pele ou mordeduras; rara-
mente inalação.
Resistência - em saliva seca, quatorze horas, em material con-
gelado, muitos meses. Em temperatura ambiente, muitas sema-
nas; congelado, anos. Imersão de cérebros em formol 4% ou álco-
ol 70% por muitas semanas inativará o vírus. São destruiídos
DOENÇAS CONTAGIOSAS AO HOMEM - P. Auricchio 329
HANTAVIRUS
Espécies envolvidas - reservatórios naturais são sobretudo
roedores silvestres. Roedores urbanos e ratos de laboratórios já
foram encontrados infectados. Pequenos mamíferos como gato,
cachorros, coelhos e cobaias podem ser infectados. Recentemen-
te morcegos foram identificados como reservatórios.
Sintomas em animais - infecção assintomática.
Fontes do agente - fezes, urina e saliva de animais infectados.
Rota de infecção - contato com os excretas ou por aerossóis.
Resistência - sensíveis a desinfectantes comuns.
Sintomas no homem - 2 formas: a. Febres hemorrágicas com
síndrome, febre, calafrios, mialgias generalizadas, hemorragias
Doenças
EBOLA
ASPERGILOSE
Espécies envolvidas - todas as aves, mas especialmente as
aquáticas e galináceos que podem adquirir a doença de matéria
vegetal em decomposição. Mamíferos são ocasionalmente
afetados.
Sintomas em animais - variáveis; freqüentemente sintomas
de pneumonia e lesões de pele; o fungo é aparente se a carcaça
for aberta. Pode causar aborto em animais.
Fontes do agente - pouco perigo a não ser que o animal morto
seja aberto para expor o fungo na cavidade do corpo. Lesões de pele.
Rota de infecção - inalação.
Resistência - forma vegetetiva do fungo é sensivel à dessecação
mas os esporos podem sobreviver por meses. Desinfetantes nor-
mais o destróem, mas precisa-se de tempo considerável.
Sintomas no homem - Pneumonia.
HISTOPLASMOSE
Espécies envolvidas - pequenos mamíferos cavernícolas e ca-
vadores.
Sintomas em animais - lesões encapsuladas em pulmões; oca-
sionalmente generalizadas.
Fontes do agente - usualmente de poeira e etc.; sobre pele de
animais contaminados. Materiais de empacotamento.
Rota de infecção - respiratória. Pessoas coletando em caver-
nas estão especialmente suceptíveis devido a este fungo se de-
senvolver profusamente no guano de morcegos.
Resistência - esporos são muito resistentes para agentes físi-
Doenças
VERME DE ANEL
Espécies envolvidas - ouriço europeu; roedores e uma grande
variedade de outros mamíferos incluindo morcegos. Ocasional-
mente pássaros.
Sintomas em animais - usualmente perda de pêlos ao redor
da crosta formada nas lesões; pode estar localizado em pele nua
ou na cabeça e cauda, sendo freqüentemente difícil de detectar.
Em aves, usualmente confinada a partes sem penas do corpo.
Fontes do agente - esporos em peles de animais ou material
contaminado.
Rota de infecção - invade a pele.
Resistência - pode persistir por vários meses em estado seco.
Muito resistente a agentes químicos e físicos destruído pela luz
solar.
Sintomas no homem - áreas circulares localizadas inflama-
das. Prurido. Usualmente as lesões são nas mãos ou na face.
Precauções especiais - alguns fungos podem ser detectados
por sua fluorescência sob luz ultra-violeta.
FEBRE Q
Espécies envolvidas - vastamente distribuída em pequenos
mamíferos (p. ex.) roedores, bandicoots ( pequenos marsupiais
da família Paramelidae da Nova Guiné, Austrália e Tasmânia) e
em aves.
Sintomas em animais - normalmente sem sintomas.
Fontes do agente - transmitido por pulgas e piolhos. Abriga-
do em fezes de artrópodes.
Rota de infecção - aerossol de fezes de artrópodes. Ocasio-
nalmente em picadas de artrópodes.
DOENÇAS CONTAGIOSAS AO HOMEM - P. Auricchio 333
TRIPANOSOMÍASE
Espécies envolvidas - mamíferos em geral, sobretudo marsu-
piais e roedores.
Sintomas em animais - geralmente produz infecção
assintomática tanto na fase aguda como na crônica.
Fontes do agente - sangue, víscera (como fígado e baço) e
carcaça de animais infectados. Em marsupiais podem ser en-
contrados nas glândulas de cheiro.
Rota de infecção - ferimentos perfurantes, mucosa oral e conjuntiva.
Resistência - sensível a desinfectantes comuns.
Sintomas no homem - infecção aguda assintomática. Sinto-
mas tais como febre, esplenomegalia e lesões (chagas da
inoculação). Na infecção crônica pode ser assintomática com
aparecimento de manifestações tardias relacionadas aos siste-
mas cardíaco, digestivo e nervoso.
TOXOPLASMA GOUNDII
HIPERSENSIBILIDADE
Espécies envolvidas - pode ocorrer com qualquer espécie.
Sintomas em animais - nenhum.
Fontes do agente - pêlos, pele, pó de penas, matéria fecal, ve-
nenos, etc.
Rota de infecção - usualmente inalação ou contato.
Resistência - não aplicável. Fatores alérgicos estarão presen-
tes continuamente.
Sintomas no homem - urticária, alergias, febre-de-feno, asma,
olhos lacrimejantes, tosse crônica; exposição agravará as condições.
Precauções especiais - somente afeta certos indivíduos hiper-
sensíveis; sensibilidade nestas pessoas é, na maioria dos casos, al-
tamente específica. Ventilação e máscaras reduzirão a incidência.
Mantenha pessoas alérgicas longe da fonte. Atualmente trata-
mentos contra alergias são possíveis com vacinas específicas.
BIBLIOGRAFIA
IRVIN, A.D.; COOPER, J.E. & HEDGES, S.R.. 1972. Possible Health
Hazards associated with the collection and handling of
postmortem zoological material. Mammal Review, vol. 2 no. 2
London.
PROCEDIMENTOS LEGAIS - Pedro Gomez 335
13
Procedimentos
Legais
Leis
336 Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados
Procedimentos
Legais
Pedro Gomez
competente. Este artigo não se aplica aos atos de pesca. (ver parte
da lei supra, capitulo V - Dos Crimes contra o Meio Ambiente -
Seção I - Dos Crimes contra a Fauna ao final deste capítulo).
a. Pesquisador brasileiro
Compete ao IBAMA através da Diretoria de Ecossistemas -
DIREC, e do Departamento de Unidades de Conservação - DEUC,
analisar os projetos e conceder a autorização para a realização
de atividades científicas em que esteja prevista a coleta de ma-
terial biológico. (Instrução Normativa Nº 109/97, de 12 de se-
tembro de 1997. http://www2.ibama.gov.br/formul/index0.htm;
e portaria IBAMA No 332, de 13 de março de 1990). http://
www.ambiente.sp.gov.br/leis_internet/legis_licenc.htm).
b. Pesquisador estrangeiro
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato
tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou cap-
turar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e
vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento
econômico, ressalvadas as espécies ameaçados de extinção, cons-
tantes nas listas oficiais de fauna e da flora.
FAUNA
1. Código de Fauna
Lei Federal n°5.197/67- já alterada pelas Leis nº 7.584/87,
7.653/88 e 9.111/95 (Código de Proteção à Fauna).
Sites de legislação:
http://www.ambiente.sp.gov.br/leis_internet/leis_principal.htm
http://www.cetesb.sp.gov.br/Legislacao/gerais.htm
http://wwwt.senado.gov.br/legbras/
http://www2.ibama.gov.br/unidades/guiadech