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PETROBRAS

Ênfase 7: Operação

Conhecimentos Específicos - Bloco I


Conhecimentos Específicos - Bloco I

Ácidos, bases, sais e óxidos. ..........................................................................................................1


Reações de óxido-redução..............................................................................................................2
Cálculos estequiométricos. .............................................................................................................4
Transformações químicas e equilíbrio. Condições de Equilíbrio...................................................17
Soluções aquosas. ........................................................................................................................34
Dispersões.....................................................................................................................................34
Natureza elétrica da matéria. Eletrostática....................................................................................38
Leis de Newton.............................................................................................................................104
Cargas em movimento. Eletromagnetismo. ................................................................................120
Termodinâmica Básica.................................................................................................................140
Noções de Instrumentação..........................................................................................................147
Química orgânica: hidrocarbonetos e polímeros..........................................................................149
Noções de Metrologia..................................................................................................................185
Noções de eletricidade e eletrônica.............................................................................................236
Exercícios.....................................................................................................................................237
Gabarito........................................................................................................................................242

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Ácidos, bases, sais e óxidos.

Com o passar do tempo e com a descoberta de milhares de substâncias inorgânicas, os cientistas começa-
ram a observar que alguns desses compostos poderiam ser agrupados em famílias com propriedades seme-
lhantes: as funções inorgânicas.
Na Química Inorgânica, as quatro funções principais são: ácidos, bases, sais e óxidos. As primeiras três
funções são definidas segundo o conceito de Arrhenius. Vejamos quais são os compostos que constituem cada
grupo:
→ Ácidos:
São compostos covalentes que reagem com água (sofrem ionização) e formam soluções que apresentam
como único cátion o hidrônio (H3O1+) ou, conforme o conceito original e que permanece até hoje para fins
didáticos, o cátion H1+.
a) Equações de ionização de ácidos
H2SO4 → H3O1+ + HSO41- ou H2SO4 → H1+ + HSO4-
HCl → H3O1+ + Cl1- ou HCl → H1+ + Cl1-
b) Ácidos principais:
Ácido Sulfúrico (H2SO4)
Ácido Fluorídrico (HF)
Ácido Clorídrico (HCl)
Ácido Cianídrico (HCN)
Ácido Carbônico (H2CO3)
Ácido fosfórico (H3PO4)
Ácido Acético (H3CCOOH)
Ácido Nítrico (HNO3)
→ Bases
São compostos capazes de dissociar-se na água, liberando íons, mesmo em pequena porcentagem, e o
único ânion liberado é o hidróxido (OH1-).
a) Equações de dissociação de bases
NaOH(s) → Na1+ + OH1-
Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH1-
b) Exemplos de bases
Hidróxido de sódio (NaOH)
Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2)
Hidróxido de magnésio(Mg(OH)2)
Hidróxido de amônio (NH4OH)
→ Sais
São compostos capazes de se dissociar na água, liberando íons, mesmo em pequena porcentagem, dos
quais pelo menos um cátion é diferente de H3O1+ e pelo menos um ânion é diferente de OH1-.
a) Equações de dissociação de sais
Veja alguns exemplos de equações de dissociação de sais após serem adicionados à água.

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NaCl → Na1+ + Cl1-
Ca(NO3)2 → Ca2+ + 2 NO31-
(NH4)3PO4 → 3 NH4+1 + PO43-
b) Exemplos de sais
Alguns exemplos de sais importantes para o ser humano de forma direta ou indireta:
Cloreto de Sódio (NaCl)
Fluoreto de sódio (NaF)
Nitrito de sódio (NaNO3)
Nitrato de amônio (NH4NO3)
Carbonato de sódio (Na2CO3)
Bicarbonato de sódio (NaHCO3)
Carbonato de cálcio (CaCO3)
Sulfato de cálcio (CaSO4)
Sulfato de magnésio (MgSO4)
Fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2]
Hipoclorito de sódio (NaClO)
→ Óxidos
São compostos binários (formados por apenas dois elementos químicos), e o oxigênio é o elemento mais
eletronegativo.
a) Fórmulas de óxidos
Exemplos: CO2, SO2, SO3, P2O5, Cl2O6, NO2, N2O4, Na2O etc.
b) Principais óxidos:
Óxidos básicos: apresentam caráter básico (Óxido de cálcio – CaO);
Óxidos ácidos: apresentam caráter ácido (Dióxido de carbono - CO2);
Óxidos anfóteros: apresentam caráter ácido e básico (Óxido de alumínio - Al2O3).

Reações de óxido-redução

Diversas transformações químicas ocorrem através de reações de oxirredução. E muitas delas possuem
aplicações para nós, desde usos industriais, como na produção de ferro, queima de combustível para gerar
energia, extração de metais de minérios, etc. até usos domésticos, em pilhas e baterias, alvejantes e produtos
de limpeza, dentre outros. Além disso, muitos processos metabólicos essenciais para manutenção da vida são
reações de oxirredução, como a respiração, a produção de energia pela quebra da glicose, a fotossíntese, etc.
Mas como é possível identificar se uma reação é redox?
Uma reação é considerada de oxirredução quando há transferência de elétrons de uma espécie a outra, para
isso foi criado o número de oxidação, ou Nox. Ele foi definido de forma que, quando ocorre uma oxidação,
haverá aumento do número de oxidação, e quando houver redução, haverá diminuição, facilitando o reconheci-
mento de uma reação redox. O Nox de um elemento é a carga elétrica que ele adquire quando faz uma ligação
iônica ou a carga parcial (δ) que ele adquire quando faz uma ligação covalente, que irá depender da eletrone-
gatividade do elemento, isto é, se na ligação covalente ele atrairá mais ou menos elétrons para si e dos outros
elementos que formam o composto.
Sendo assim, alguns elementos apresentarão números de oxidação diferentes, dependendo do composto
que ele está constituindo. Outros, porém, por serem bastante eletronegativos ou eletropositivos, apresentarão

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um mesmo Nox em diversos compostos distintos, são elementos que seguem um certo padrão. Então, para
determinar o número de oxidação dos elementos de um composto, partimos primeiro daqueles que já são co-
nhecidos, de acordo com a tabela abaixo.

Principais Nox
Metais Alcalinos (família 1A) + Prata
Em substâncias compostas +1
(Ag)
Metais Alcalino-terrosos (família 2A) +
Em substâncias compostas +2
Zinco (Zn)
Alumínio (Al) Em substâncias compostas +3
Em sulfetos (quando for o elemento mais ele-
Enxofre (S) -2
tronegativo)
Em halogenetos (quando for o elemento mais
Halogênios (família 7A) -1
eletronegativo)
Ligado a ametais (mais eletronegativos que
+1
ele)
Hidrogênio (H)
Ligado a metais (menos eletronegativos que
-1
ele)
Maioria das substâncias compostas -2
Em peróxidos -1
Oxigênio (O)
Em superperóxidos -1/2
Em fluoretos +1
O próximo passo, então, é determinar os Nox dos elementos restantes, sabendo que:
A soma de todos os Nox dos elementos de um composto sempre dá igual a zero; pois trata-se de uma subs-
tância neutra.
A soma de todos os Nox dos elementos em um íon composto é sempre igual à carga do íon.
O Nox de substâncias simples é sempre igual a zero. (Exemplos: N2, H2, Na, Fe, etc.)
O Nox de íons é igual a sua carga. (Exemplos: Na+ possui Nox = +1; S2- possui Nox = -2).
Assim, quando temos uma reação de oxirredução para se determinar os Nox, iniciamos com os das subs-
tâncias simples e de íons simples. Para substâncias e íons compostos, determinamos os Nox de elementos
conhecidos para depois encontrar os valores dos outros elementos, fazendo uma equação simples, na qual a
soma de todos os números de oxidação dos elementos do composto é igual a zero (substância composta) ou
à carga do íon (íon composto).
Exemplos
HCl
Hidrogênio ligado a ametal → nox +1
Cloro → halogênio → nox -1
O HCl é uma substância composta e neutra, logo a soma dos nox é igual a zero.
HClO
Hidrogênio ligado a ametal → nox +1
Cl → ?
Oxigênio → nox -2
Da mesma forma, o HClO é uma substância composta e neutra, logo a soma dos nox é igual a zero:
nox H + nox Cl + nox O = 0
1 + x + (-2) = 0

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logo o nox do Cloro será +1
OBSERVAÇÃO: um átomo que não se encaixe nas regras (como o Cloro) não precisa ter o mesmo NOX em
todas as moléculas. Acima notamos que no HCl o nox do Cloro é -1 , e no HClO, seu nox é +1.
CaCO3
Neste caso, precisamos multiplicar o nox das regras, pelo numero de átomos do elemento na molécula.
nox oxigênio = -2 . 3 = -6
nox cálcio = metal alcalino-terroso = +2
Para descobrir o nox do carbono:
(-2 . 3) + 2 + x = 0
-6 + 2 + x = 0
Logo o nox do carbono é +4.

Cálculos estequiométricos

A estequiometria ou cálculo estequiométrico é de grande importância em nosso cotidiano. Toda a reação


química que ocorre seja na cozinha de nossas casas, em laboratórios ou nas indústrias segue uma “receita” nas
condições preestabelecidas. Assim, esse cálculo, permite determinar a quantidade de compostos que reagem
(em mols, massa, volume, etc.) e as quantidades de novos compostos produzidos.
Nesse estudo explicaremos como as reações são dependentes dos compostos envolvidos e quanto de cada
composto é necessário e formado. E para facilitar sua compreensão iniciaremos com as fórmulas químicas, em
seguida as reações e pôr fim a aplicação de vários tipos de cálculos estequiométricos.
Determinação de Fórmulas Químicas
Fórmula Percentual (Centesimal)
A fórmula percentual indica a porcentagem, em massa, de cada elemento que constitui a substância. Uma
forma de determinar a fórmula percentual é partir da fórmula molecular da substância, aplicando os conceitos
de massa atômica e massa molecular.
Exemplo: sabendo que a fórmula molecular do metano é CH4 e que as massas atômicas do carbono e do
hidrogênio são, respectivamente, 12 e 1, temos:

Assim, na massa molecular igual a 16, o carbono participa com 12 e o hidrogênio com 4.

Desse modo, temos: C75% H25%


Fórmula Mínima ou Empírica
A fórmula mínima indica a menor proporção, em números inteiros de mol, dos átomos dos elementos que
constituem uma substância.
Para calcular a fórmula mínima, é necessário:

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a) Calcular o número de mol de átomos de cada elemento;
b) Dividir os resultados pelo menor valor encontrado.
Exemplo: Uma amostra apresenta 2,4g de carbono e 0,6g de hidrogênio (Dados: massas atômicas: C = 12,
H = 1). Para determinar a fórmula mínima do composto, devemos inicialmente calcular o número de mol (n) de
átomos de cada elemento.

Posteriormente devemos determinar as menores proporções possíveis, em números inteiros:

Assim, a fórmula mínima é CH3.


Fórmula Molecular
A fórmula molecular indica o número real de átomos de cada elemento na molécula.
Exemplo: A fórmula molecular da água é H2O, o que significa que em cada molécula de água há dois átomos
de hidrogênio ligados a um átomo de oxigênio. Já no caso do benzeno, a sua fórmula molecular é C6H6, ou
seja, para cada seis átomos de carbono há exatamente seis átomos de hidrogênio ligados.
Citamos esses dois exemplos para mostrar que algumas vezes a fórmula molecular é igual à fórmula mínima
ou empírica, como acontece no caso da água. Mas, isso nem sempre é verdade, como indica o exemplo do
benzeno, que possui fórmula mínima igual a CH, pois a proporção entre esses elementos é de 1:1.
Em certos casos, a fórmula molecular é igual à fórmula mínima, em outros a fórmula molecular é um múltiplo
inteiro da fórmula mínima, sendo que no caso do benzeno esse múltiplo é igual a 6:
Fórmula molecular = (fórmula mínima) n
Onde n é sempre um número inteiro.
Para determinarmos a fórmula molecular de qualquer composto é necessário sabermos primeiro a sua mas-
sa molecular. Com esse dado podemos calcular a fórmula molecular de várias maneiras. Vejamos algumas
delas:
1. Por meio da fórmula mínima;
2. Por meio da fórmula percentual;
3. Relacionando a porcentagem em massa com a massa molecular.
1º Exemplo: A partir da porcentagem em massa, calculando a fórmula mínima.
Vitamina C (massa molecular = 176)

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Para que os valores encontrados sejam inteiros, deve-se multiplicá-los por um mesmo número que permita
obter a menor proporção de números inteiros. Nesse exemplo, o número adequado é 3. Assim:

Fórmula mínima: C3H4O3


A relação entre a fórmula mínima e a molecular pode ser feita da seguinte maneira:

Logo, temos que:

n = 2 ⇒ (C3H4O3)2 ⇒ fórmula molecular : C6H8O6


2º Exemplo: Relacionando as porcentagens em massa com a massa molecular do composto.
C = 40,9%
H = 4,55%
O = 54,6%
MM = 176 Considerando que sua fórmula molecular seja: CxHyOz,
Agora iremos relacionar as porcentagens em massa com as massas atômicas e a massa molecular:

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Fórmula molecular: C6H8O6
A relação entre a fórmula mínima e a molecular pode ser feita da seguinte maneira:

n = 2 ⇒ (C3H4O3)2 ⇒ fórmula molecular : C6H8O6


Unidade de Massa Atômica
Para a prática das atividades laboratoriais e industriais é necessário que seja realizado um cálculo prévio das
quantidades de reagentes que devemos usar para obter a quantidade desejada de produtos.
Entretanto, a previsão das quantidades só é possível através de cálculos das massas e dos volumes das
substâncias envolvidas nas reações químicas. Assim, muitas vezes é necessário determinar também o núme-
ro de átomos ou de moléculas das substâncias que reagem ou são produzidas. Para tal é preciso conhecer a
massa dos átomos.
Uma vez que os átomos ou moléculas são muito pequenos para serem “pesados” isoladamente, foi estabe-
lecido um padrão para comparar suas massas.
A massa atômica é a massa de um átomo medida em unidade de massa atômica, sendo simbolizada por
“u”. 1 u equivale a um doze avos (1/12) da massa de um átomo de carbono-12 (isótopo natural do carbono mais
abundante que possui seis prótons e seis nêutrons, ou seja, um total de número de massa igual a 12). Sabe-se
que 1 u é igual a 1,66054x10-24 g.

Massa Atômica (MA)


A massa atômica de um átomo é sua massa determinada em u, ou seja, é a massa comparada com 1/12 da
massa do 12C.
As massas atômicas dos diferentes átomos podem ser determinadas experimentalmente com grande preci-
são, usando um aparelho denominado espectrômetro de massa.
Para facilitar os cálculos não é necessário utilizar os valores exatos, assim faremos um “arredondamento”
para o número inteiro mais próximo:
Exemplos:

Massa atômica do 4,0030u . 4u


Massa atômica do 18,9984u . 19u
Massa atômica do 26,9815u . 27u

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Massa Atômica de um Elemento
É a média ponderada das massas atômicas dos átomos de seus isótopos constituintes.
Assim, o cloro é formado pelos isótopos 35Cl e 37Cl, na proporção:
35Cl = 75,4% MA = 34,997u
37Cl = 24,6% MA = 36,975u

MA do elemento Cl = 35,453
Como a massa atômica de um isótopo é aproximadamente igual ao seu número de massa, a massa atômica
de um elemento é aproximadamente igual à média ponderada dos números de massa de seus isótopos cons-
tituintes. Assim, a massa atômica aproximada do cloro será:
MA do elemento Cl:

Sabendo que a massa atômica do elemento cloro é igual a 35,5u podemos afirmar que:
- Massa média do átomo de Cl = 35,5u
- Massa média do átomo de Cl = 35,5 x massa de 1/12 do átomo de 12C.
- Massa média do átomo de Cl = (35,5/ 12) x massa do átomo de 12C,
Observe que não existe átomo de Cl com massa igual a 35,5 u; esse é o valor médio da massa do átomo
de 12C.
A maioria dos elementos é formada por mistura de diferentes isótopos, em proporção constante. Essa pro-
porção varia de um elemento para outro, mas para um mesmo elemento é constante. Dessa maneira, a massa
atômica dos elementos é também constante.
Nos elementos formados por um único isótopo, a massa atômica do seu único isótopo será também a massa
atômica do elemento.
Exemplo: Elemento químico flúor
19F⇒ MA=19u
Abaixo o resumo das informações importantes adquiridas até o momento:
1) Massa atômica (MA) = massa de um átomo em unidades u.
2) Unidade de massa atômica (u): 1/12 massa do 12C, que possui 12,0 u.
3) mpróton mnêutron1u
4) Número de massa (A) e Massa atômica, para um dado isótopo, são valores praticamente iguais.
5) A massa atômica de um elemento químico é a média ponderada das massas atômicas dos seus isótopos.
Massa Molecular (MM)
A massa molecular de uma substância é a massa da molécula dessa substância expressa em unidades de
massa atômica (u).
Numericamente, a massa molecular é igual à soma das massas atômicas de todos os átomos constituintes
da molécula.
Exemplos:

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- H2 ⇒ H = 1u, como são dois hidrogênios = 2u
- O = 16u
- H2O = 2u (H2) + 16u (O) = 18u
Mol e Constante de Avogadro
Com base na resolução recente da IUPAC, definimos que:
- Mol é a unidade de quantidade de matéria.
- Mol é a quantidade de matéria que contém tantas entidades elementares quantos são os átomos de 12C
com tidos em 0,012Kg de 12C.
- Constante de Avogadro é o número de átomo de 12C contidos em 0,012Kg de 12C. Seu valor é 6,02x1023
mol-1.
Exemplos:
- Um mol de átomos são 6,02x1023 átomos.
- Um mol de moléculas são 6,02x1023 moléculas.
- Um mol de elétrons são 6,02x1023 elétrons.
- Um mol de prótons são 6,02x1023 prótons.
- Um mol de íons são 6,02x1023 íons.
- Um mol de fórmulas são 6,02x1023 fórmulas.
- Um mol de oxigênio (O) significa um mol de átomos de O, isto é, 6,02x1023 átomos de C.
- Um mol de cloro (Cl2) significa um mol de moléculas de Cl2, isto é, 6,02x1023 moléculas de Cl2.
Número de Loschimdt1
Quando os átomos e as moléculas eram ainda completamente hipotéticos, Loschmidt usou a teoria cinética
para realizar a primeira estimativa razoável do tamanho molecular.
Josef Loschmidt foi um pioneiro da física e da química do século 19. Nasceu em 15 de março de 1821 em
Pocerny (Putschirn), uma vila pequena onde hoje é a atual Áustria, filho de um fazendeiro pobre. Em sua vida,
Loschmidt foi afortunado em encontrar pessoas que reconheciam sua inteligência. O primeiro foi Adalbert, um
pároco theco que persuadiu seus pais a enviarem o jovem Josef à universidade no monastério de Piarist em
Schlackenwerth, em 1837 às classes avançadas da Universidade de Praga, e seguido por dois anos de filosofia
e matemática na Charles University, também em Praga.
Na universidade, Loschmidt encontrou-se com seu segundo mentor importante, o professor de filosofia
Franz Exner, que por estar com problemas de visão pediu a Loschmidt para ser o seu leitor particular. Exner
foi conhecido por suas reformas inovadoras nesta escola, que incluíram a promoção do ensino de matemática
e de ciências a assuntos importantes. Exner chegou a sugerir a Loschmidt, que passou a ser um bom amigo
pessoal, para tentar aplicar a matemática aos fenômenos psicológicos. Como seria esperado, Loschmidt falha
na tarefa. Mas neste processo transformou-se em um matemático muito capaz. Mudando-se para Viena aos
20 anos, Loschmidt foi atraído pelas leituras de química e de física no instituto politécnico e na universidade,
conseguindo sobreviver dando aulas particulares.
Já depois de formado em química, em sua primeira publicação, em 1861, Loschmidt propôs as primeiras
fórmulas químicas estruturais para muitas moléculas importantes, introduzindo símbolos para ligações duplas
e triplas do carbono. Quatro anos mais tarde, quando estava ensinando ainda em uma escola secundária, aos
44 anos, Loschmidt resolveu um dos problemas os mais duradouros e difíceis de seu tempo: Foi a primeira
pessoa que utilizou a teoria cinética dos gases (introduzida por Daniel Bernoulli no século XVIII e desenvolvida
em meados do século XIX por Clausius e Maxwell) para obter um valor bastante razoável para o diâmetro de
uma molécula. Isto ocorreu em um momento em que a teoria cinética e a própria existência das moléculas ainda
eram coisas completamente hipotéticas.
Na verdade, Loschmidt estudou e avaliou o “Número de Avogadro”, e dele deduziu o número de molécu-
1 http://bit.ly/2XUVSs4

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las por unidade de volume, que ficou conhecido como “Número de Loschmidt”. A determinação do tamanho
molecular trouxe rapidamente o reconhecimento de seu trabalho. Com isso, foi-lhe oferecida uma posição na
Universidade de Viena, em 1866. Em 1870, Loschmidt publicou medidas mais exatas em relação aos gases.
Loschmidt e seu colega mais novo, Ludwig Boltzmann, foram bons amigos. Sua crítica da tentativa de
Boltzmann de derivar a segunda lei da termodinâmica da teoria cinética, tornou-se famosa como “o paradoxo
da reversibilidade”. Loschmidt conduziu Boltzmann a seu conceito estatístico da entropia, como um registro
logarítmico do número dos estados microscópicos que correspondem a um determinado estado termodinâmico.
Ironicamente, foi somente alguns anos mais tarde que Kekulé propôs a estrutura do anel da molécula do
benzeno, uma configuração que já havia sido prevista pelos diagramas de Loschmidt para mais de cem hidro-
carbonetos aromáticos. Isto acabou deixando alguma dúvida na famosa história de Kekulé, muitos anos mais
tarde, que dizia que a estrutura do anel de benzeno lhe tinha vindo em um sonho.

Massa Molar (M)


A massa molar de um elemento é a massa de um mol de átomos, ou seja, 6,02x1023 átomos desse elemen-
to. A unidade mais usada para a massa molar é g.mol-1.
Numericamente, a massa molar de um elemento é igual à sua massa atômica.
Exemplos:
1) Massa atômica do Cl=35,453u.
Massa molar do Cl= 35,453 g.mol-1.
Interpretação: Um mol de átomos do elemento Cl (mistura dos isótopos 35Cl e 37Cl), ou seja, 6,02x1023
átomos do elemento Cl pesam 35,453 gramas.
2) Massa atômica da água, H2O = 18u.
Massa molar: um mol de moléculas, ou seja, 6,02x1023 moléculas de H2O pesam 18,0 gramas.
Importante:
MM = massa molecular (unidades u)
M = Massa molar (g/mol)
Volume Molar
Conforme o próprio nome indica, o volume molar corresponde ao volume ocupado por um mol da espécie
química.
Exemplo:
Água no estado líquido (d=g/ml) a 25°C.
Massa molar=18g/mol.
O cálculo do volume molar poderá ser realizado através da proporção:
d=1,0g/mL
1,0 mL---------1g
V----------------18g
V=18mL
Para Gases Ideais nas CNTP, o volume molar vale 22,4L/mol.
1mol Gás Ideal (CNTP) . V=22,4L
Cálculos Estequiométricos

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O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas numa reação química é chamado de cálculo este-
quiométrico - palavra derivada do grego stoicheia = partes mais simples e metreim = medida. São cálculos que
envolvem proporções de átomos em uma sustância ou que relacionam-se com proporções de coeficientes de
uma equação química.
As bases para o estudo da estequiometria das reações químicas foram lançadas por cientistas que conse-
guiram expressar matematicamente as regularidades que ocorrem nas reações químicas, através das Leis das
Combinações Químicas.
Essas leis foram divididas em dois grupos:
- Leis ponderais: relacionam as massas dos participantes de uma reação.
- Lei volumétrica: relaciona os volumes dos participantes de uma reação.
Lei Volumétrica
O físico e químico Gay-Lussac, teve suas contribuições na química, e uma delas é a lei da combinação de
volumes, que é também conhecida como lei volumétrica, que define o princípio de que nas mesmas condições
de temperatura e pressão, os volumes dos gases participantes de uma reação têm entre si uma relação de
números inteiros e pequenos.
Lei de Gay-Lussac:
Nas mesmas condições de pressão e temperatura, os volumes dos gases participantes de uma reação quí-
mica têm entre si uma relação de números inteiros e pequenos.
Conduta de Resolução
Conforme observado nos itens acima, na estequiometria, os cálculos serão estabelecidos em função da lei
de Proust e Gay-Lussac, neste caso para reações envolvendo gases e desde que estejam todos nas mesmas
condições de pressão e temperatura.
Assim, devemos tomar os coeficientes da reação devidamente balanceados, e, a partir deles, estabelecer a
proporção em mols dos elementos ou substâncias da reação.
Exemplo: reação de combustão do álcool etílico:
C2H6O + O2 → CO2 + H2O
Após balancear a equação, ficamos com:

Após o balanceamento da equação, pode-se realizar os cálculos, envolvendo os reagentes e/ou produtos
dessa reação, combinando as relações de várias maneiras:

Tipo de relação 1 C2H6O (l) + 3O2 (g) → 2CO2(g) + 3H2O (l)


Proporção em mols 1 mol 3 mols 2 mols 3 mols
Em massa 1.46 g 3.32g 2.44 g 3.18g
Em moléculas 6,0.1023 3. 6,0.1023 2. 6,0.1023 3. 6,0.1023
Em volume (CNTP) é liquido 3.22,4 L 2.22,4 L é liquido

Importante:
- Uma equação química só estará corretamente escrita após o acerto dos coeficientes, sendo que, após o
acerto, ela apresenta significado quantitativo;
- Relacionar os coeficientes com mols. Teremos assim uma proporção inicial em mols;
- Estabelecer entre o dado e a pergunta do problema uma regra de três. Esta regra de três deve obedecer
aos coeficientes da equação química e poderá ser estabelecida, a partir da proporção em mols, em função da
massa, em volume, número de moléculas, entre outros, conforme dados do problema.

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Tipos de Cálculos Estequiométricos

Relação quantidade Relação entre quanti- Relação entre Massa Relação entre Massa
em Mols dade em Mols e Massa e Massa e Volume
Os dados do problema
Os dados do proble- são expressos em termos Os dados do proble- Os dados do problema
ma e as quantidades de quantidade em mols ma e as quantidades são expressos em termos
incógnitas pedidas são (ou massa) e a quantida- incógnitas pedidas são de massa e a quantidade
expressos em termos de incógnita é pedida em expressos em termos de incógnita é pedida em vo-
de quantidade em mols. massa (ou quantidade em massa. lume
mols).

Em Relação entre a Massa e o Volume: caso o sistema não se encontre nas CNTP, deve-se calcular a quan-
tidade em mols do gás e, a seguir, através da equação de estado, determinar o volume correspondente.
A resolução de problemas que envolvem a estequiometria será facilitada se obedecer, inicialmente à seguin-
te sequência:
1º) Escreva a equação envolvida;
2º) Acerte os coeficientes da equação (ou equações). Lembre-se: equação balanceada: coeficiente = núme-
ro de mols;
3º) Destaque, na equação química, a(s) substância(s) envolvida(s) nos dados e a(s) pergunta(s) do proble-
ma;
4º) Abaixo das fórmulas, escreva a relação molar e transforme-a segundo os dados do exercício (mol, gra-
mas, número de átomos ou moléculas, volume molar).
Relação em Massa
Os dados do problema e as quantidades de incógnitas pedidas são expressos em termos de massa. Exem-
plo:
Na reação N2(g) + 3H2(g) → 2NH3(g) qual a massa de NH3 obtida quando se reagem totalmente 3g de H2?
Resolução:
a) Proporção de quantidade de matérias
3mols de H2 –––––––– 2mols de NH3
b) Regra de três
3 . 2g de H2 –––––––– 2 . 17g de NH3
3g de H2 –––––––– x
x = 102/6 = 17g de NH3
Relação Massa Volume
Basta lembrar que 1 mol de qualquer gás, a 0ºC e 1 atm., ocupa o volume de 22,4 litros.
Exemplo:
Na reação N2(g) + 3H2(g) → 2NH3(g) qual o volume de N2, a 0ºC e 1 atm., obtido quando se reagem total-
mente 3g de H2?
Resolução:
a) Proporção em mol
1mol de N2 –––––––– 3mols de H2
b) Regra de três
22,4L de N2 –––––––– 3 . 2g de H2

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x –––––––– 3 de H2
x = 22,4/2 = 11,2L
Relação Massa - Nº Moléculas
Na reação gasosa N2 + H2 --------- NH3, qual o número de moléculas de NH3 obtido, quando se reagem
totalmente 18g de H2?
Acerte os coeficientes da equação: 1N2 +3H2 --------2NH3.
Veja os dados informados (18g de H2) e o que está sendo solicitado (número de moléculas de NH3) e esta-
beleça uma regra de três.

Cálculos Envolvendo Excesso de Reagente


Quando o enunciado do exercício fornecer quantidades de dois reagentes, precisamos verificar qual deles
estará em excesso, após terminada a reação. As quantidades de substâncias que participam da reação química
são sempre proporcionais aos coeficientes da equação. Se a quantidade de reagente estiver fora da proporção
indicada pelos coeficientes da equação, reagirá somente a parte que se encontra de acordo com a proporção.
A parte que estiver a mais não reage e é considerada excesso.
Por outro lado, o reagente que for totalmente consumido (o que não estiver em excesso) pode ser denomi-
nado de reagente limitante porque ele determina o final da reação química no momento em que for totalmente
consumido.
Exemplo: Consideremos o caso da combustão do álcool.
Uma massa de 138g álcool etílico (C2H6O) foi posta para queimar com 320g de oxigênio (O2), em condi-
ções normais de temperatura e pressão. Qual é a massa de gás carbônico liberado e o excesso de reagente,
se houver?
Resolução:
A reação balanceada é dada por:

Só de analisarmos os dados, vemos que a massa de oxigênio é proporcionalmente maior que a do álcool,
assim o oxigênio é o reagente em excesso e o álcool etílico é o reagente limitante.
Calculando a massa de gás carbônico formado a partir da quantidade do reagente limitante:

Obs.: A massa de oxigênio em excesso é determinada de forma análoga:


46g de C2H6O ------------ 96 O2
138g de C2H6O ------------x
x = 288 g de O2

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A massa em excesso é a diferença da massa que foi colocada para reagir e a que efetivamente reagiu:
320g - 288g = 32 g
Cálculos Envolvendo Reagente Limitante
O reagente que é totalmente consumido é chamado reagente limitante. Assim que ele é consumido, não se
forma mais produto, ou seja, a reação termina. Os demais reagentes são chamados reagentes em excesso.
Após o término da reação, sobra uma certa quantidade dos reagentes em excesso: é a quantidade inicial me-
nos a quantidade que reagiu.
Para descobrir qual é o reagente limitante, imagine a reação hipotética a seguir: A + B → produtos, onde A
e B são os reagentes.
Se a questão fornece quantidades de A e B usadas na reação, como descobrir qual deles é totalmente con-
sumido?
- escolher um dos reagentes (A, por exemplo) e supor que ele é o limitante;
- calcular, usando regra de três, a quantidade de B necessária para consumir completamente o reagente A;
- se essa quantidade encontrada de B for suficiente (menor do que a quantidade de B dada no enunciado),
então o reagente A é o limitante. Caso contrário, a suposição inicial estava errada e o outro reagente (B) é o
limitante.
Veja a resolução do exercício de revisão para ficar mais claro. Assim que for encontrado qual é o reagente
limitante, os cálculos estequiométricos devem ser feitos usando apenas a quantidade do limitante, pois é ele
que é totalmente consumido.
Além disso, problemas de reagente limitante são mais fáceis de se resolver com as quantidades em mol, em
vez de massa ou volume gasoso. Na dúvida, passe as quantidades para mol e trabalhe com elas.
Exemplos:
1) Zinco e enxofre reagem para formar sulfeto de zinco de acordo com a seguinte reação:

Reagiu 30g de zinco e 36g de enxofre. Qual é o regente em excesso?

Balancear a reação química: 


Dados:
Zn = 30g
S = 36g
Transformar a massa de gramas para mol:

Pela proporção da reação 1mol de Zn reage com 1mol de S.


Então 0,46mol de Zn reage com quantos mols de S?
Pode ser feita uma regra de três para verificar qual regente está em excesso:

14
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Então 1mol de Zn precisa de 1mol de S para reagir. Se temos 0,46mol de Zn, precisamos de 0,46mol de S,
mas temos 1,12mol de S. Concluímos que o S está em excesso e, portanto o Zn é o regente limitante.
2) Quantos gramas de ZnS será formado a partir dos dados da equação acima?
Para resolver esta pergunta, utiliza-se somente o valor do reagente limitante.

x = 44,68g de ZnS
Cálculo de Rendimento
É comum, nas reações químicas, a quantidade de produto ser inferior ao valor esperado. Neste caso, o ren-
dimento não foi total. Isto pode acontecer por várias razões, como por exemplo, má qualidade dos aparelhos ou
dos reagentes, falta de preparo do operador, etc.
O cálculo de rendimento de uma reação química é feito a partir da quantidade obtida de produto e a quanti-
dade teórica (que deveria ser obtida).
Quando não houver referência ao rendimento de reação envolvida, supõe-se que ele tenha sido de 100%.
Exemplo:
Num processo de obtenção de ferro a partir do minério hematita (Fe2O3), considere a equação química não
balanceada:

Utilizando–se 480g do minério e admitindo-se um rendimento de 80% na reação, a quantidade de ferro pro-
duzida será de:
Equação Balanceada: Fe2O3 + 3C → 2Fe + 3CO
Dados:  1Fe2O3 = 480g 
2Fe = x (m) com 80% de rendimento
MM Fe2O3 = 160g/mol
MM Fe = 56g/mol

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x = 336g de Fe
Cálculo de Rendimento:

x = 268,8g de Fe
 
Cálculos Envolvendo Pureza
Com frequência as substâncias envolvidas no processo químico não são puras. Assim, podemos esquema-
ticamente dividir uma amostra em duas partes: a parte útil e as impurezas.
- Parte útil ou parte pura: reage no problema . p%
- Impurezas: não reagem no processo do problema . i%
Diante disso, é importante calcularmos a massa referente à parte pura, supondo que as impurezas não
participam da reação. Grau de pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura e a massa total da
amostra (substância impura).

Exemplo:
Considerando a reação balanceada

Qual a massa de cloreto ferroso obtida quando 1100g de sulfeto ferroso, com 80% de pureza, reagem com
excesso de ácido clorídrico? (Fe = 56u; S = 32u; H = 1u; Cl = 35,5u).
A informação sobre o ácido clorídrico é desnecessária, pois não vamos utilizá-lo em nossos cálculos, já que
temos apenas a massa de sulfeto ferroso posta para reagir. Por outro lado, sabemos que o sulfeto ferroso está
com impurezas. Vamos então calcular qual a massa deste reagente puro.
1100g de FeS ________ 100%
x _____________ 80%

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x = 880g de FeS puro.
Agora sim podemos utilizar as proporções molares para encontrar a massa de cloreto ferroso formada na
reação.
1 mol de FeS _______ 1 mol de FeCl2
88g de FeS ________ 127g de FeCl2
880g de FeS _______________y
y = 111760/88
y = 1270g de FeCl2
Sistema em que o Rendimento não é Total
Quando uma reação química não produz as quantidades de produto esperadas, de acordo com a proporção
da reação química, dizemos que o rendimento não foi total. Rendimento de uma reação é o quociente entre
a quantidade de produto realmente obtida e a quantidade esperada, de acordo com a proporção da equação
química.
Mediante aos exemplos acima, foi possível observar que os procedimentos para resolver exercícios de Cál-
culo Estequiométrico, devem seguir os seguintes passos:
A) Escrever a equação da reação química;
B) Acertar os coeficientes (fazer o balanceamento = igualar o número de átomos);
C) Obter a Proporção em Mols através dos coeficientes estequiométricos.

Transformações químicas e equilíbrio. Condições de Equilíbrio

Algumas reações ocorrem somente enquanto existe reagente reagentes. Por exemplo, digamos que você
acenda um palito de fósforo, ele começa a reagir com o ar proporcionando a queima total do mesmo. Sabemos
também que essa reação irá cessar depois que todo o regente for consumido. Outro ponto é que não consegui-
mos regenerar o fósforo queimando. Portanto, esse tipo de reação é chamada de irreversível.
Consideremos uma reação representada pela equação geral:

Sejam v1 e v2 as velocidades das reações direta e inversa, respectivamente. Suponde que essas reações
sejam elementares, temos:
v1= K1[A] [B] e v2=K2[C] [D]
No momento em que misturamos a mols de A e b mols de B, v1 assume o seu valor máximo, porque [A] e [B]
têm seus valores máximos. Com o decorrer do tempo, [A] e [B] vão diminuindo, pois A e B vão sendo consumi-
dos na reação direta e, consequentemente, v1(direta) vai diminuindo.
Conforme C e D vão-se formando na reação, suas concentrações vão aumentando e, consequentemente,
v2 (inversa) aumenta com o passar do tempo.
Uma vez que v1 diminui e v2 aumenta, após algum tempo v1=v2. A partir desse instante, [A], [B], [C] e [D]
permanecem constantes, porque, em um mesmo intervalo de tempo, o número de mols de cada substância
consumidos numa reação é igual ao número de mols formados na reação de sentido contrário.
Quando v1=v2, dizemos que o sistema alcançou o equilíbrio. A partir desse instante, o sistema constitui um
equilíbrio químico.
O Equilíbrio Químico é uma reação reversível que atingiu o ponto em que as reações direta e inversa ocor-

17
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
rem com a mesma velocidade.

v1=v2 . [A], [B], [C] ,[D] . Equilíbrio químico


Um exemplo de processo reversível é o que ocorre com a água líquida contida num frasco fechado. Nesse
sistema, temos moléculas de água passando continuamente do estado líquido para o de vapor e do de vapor
para o líquido.

O fato de as duas velocidades serem iguais na situação de equilíbrio gera uma consequência que é a cons-
tância nas quantidades dos participantes, embora não seja obrigatoriamente iguais.
Nas reações reversíveis, a velocidade inicial (t = 0) da reação direta é máxima, pois a concentração em mol/L
do reagente também é máxima. Com o decorrer do tempo, a velocidade da reação direta diminui ao passo que
a velocidade da inversa aumenta.
Ao atingir o equilíbrio, essas velocidades se igualam.
Condições para que ocorra o equilíbrio químico:
-Sistema fechado.
-Reação reversível.
-Velocidade da reação direta igual a velocidade da reação inversa.
-Concentrações ou pressões parciais (no caso gases) constantes com o tempo.
Tipos de Equilíbrio
Os equilíbrios químicos são atingidos, no caso de reações reversíveis, quando a taxa de desenvolvimento
da reação direta é igual à taxa de desenvolvimento da reação inversa, em temperatura constante. Mas existem
equilíbrios químicos homogêneos e equilíbrios químicos heterogêneos.
Equilíbrio Homogêneos
São aqueles em que todos os participantes da reação (reagentes e produtos) encontram-se em um mesmo
estado físico e, dessa forma, o sistema fica com uma única fase.
Exemplo:

Ou

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Equilíbrio Heterogéneo
Ocorre quando os constituem do sistema (reagentes e produtos) se encontram em fases diferentes,
Exemplo:

Ou

Constante de Equilíbrio - Concentrações Molares (Kc)


Considerando o equilíbrio dado por uma equação geral qualquer:

Aplicando-se a lei da ação das massas de Guldberg-Waage, temos:


-Para a reação direta: v1 = K1 · [A]a · [B]b
-Para a reação inversa: v2 = K2 · [C]c · [D]d
No equilíbrio: v1 = v2
K1 · [A]a · [B]b = K2 · [C]c · [D]d

A relação K1/K2 é constante e denomina-se constante de equilíbrio em termos de concentração molar (Kc):

A constante de equilíbrio Kc é, portanto, a razão das concentrações dos produtos da reação e das concen-
trações dos reagentes da reação, todas elevadas a expoentes que correspondem aos coeficientes da reação.
Importante:
a) A constante de equilíbrio Kc varia com a temperatura
b) Quanto maior o valor de Kc , maior o rendimento da reação, uma vez que no numerador temos os pro-
dutos e no denominador os reagentes. Portanto, comparando valores de Kc em duas temperaturas diferentes,
podemos saber em qual destas a reação direta apresenta maior rendimento;
c) O valor numérico de Kc depende de como é escrita a equação química. Diante disso, devemos escrever
sempre a equação química junto com o valor de Kc.
Quociente de Equilíbrio (Qc)
O quociente de equilíbrio (Qc) é a relação entre as concentrações em mol/L dos participantes em qualquer
situação, mesmo que o equilíbrio ainda não esteja estabelecido. É expresso da mesma maneira que a constan-
te de equilíbrio (Kc) Se estabelecermos uma relação entre Qc e Kc, podemos ter:
: Sistema em equilíbrio

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: O sistema não está em equilíbrio
Deslocamento do Equilíbrio
Em um sistema está em equilíbrio, a velocidade da reação direta é igual à velocidade da inversa, e as con-
centrações em mol/L de todos os participantes permanecem constantes. Se, sobre esse equilíbrio, não ocorrer
a ação de nenhum agente externo, ele tende a permanecer nessa situação indefinidamente. Porém, se for exer-
cida uma ação externa sobre esse equilíbrio, ele tende a reagir de maneira a minimizar os efeitos dessa ação.

Resumindo:
Princípio de Le Chatelier: “Quando se aplica uma força em um sistema em equilíbrio, ele tende a se
reajustar no sentido de diminuir os efeitos dessa força”.

Os fatores que podem modificar a condição de equilíbrio de um sistema são: concentração, pressão, tem-
peratura.
O Princípio de Le Chatelier é fácil de ser entendido quando se considera que a constante de equilíbrio de-
pende somente da temperatura.
Agora vamos analisar cada um dos fatores que podem afetar o equilíbrio.
-Concentração
Considere o seguinte equilíbrio:

1) Ao adicionar CO2(g) ao equilíbrio, imediatamente ocorre um aumento na concentração do composto, que


irá acarretar aumento do número de choques entre o C(s) e o CO2(g). Isso favorece a formação de CO(g), ou
seja, o equilíbrio se desloca para o lado direito.
2) Ao adicionar CO(g) ao equilíbrio, ocorre um aumento na concentração do composto, transformando-o par-
cialmente em CO2(g) e em C(s). Nesse caso, o equilíbrio se desloca para a esquerda. Princípio de Le Chatelier:
“Quando se aplica uma força em um sistema em equilíbrio, ele tende a se reajustar no sentido de diminuir os
efeitos dessa força”.
3) Ao retirar parte do CO(g) presente no equilíbrio, imediatamente ocorre uma diminuição na concentração
do composto e, como consequência, a velocidade da reação inversa diminui. Logo, a velocidade da reação
direta será maior, favorecendo a formação de CO(g), ou seja, o equilíbrio se desloca para a direita.
-Pressão
Ao aumentar a pressão sobre um equilíbrio gasoso, à temperatura constante, ele se desloca no sentido da
reação capaz de diminuir esse aumento da pressão e vice-versa. Para averiguar os efeitos da variação de pres-
são em um equilíbrio, vamos avaliar o equilíbrio seguinte, a uma temperatura constante:

Quando aumentamos a pressão, o equilíbrio se desloca para a direita, favorecendo a formação do SO3(g),
já que nesse sentido há uma diminuição do número de mol de gás e, consequentemente, uma redução da
pressão.
Pode-se analisar o efeito produzido pela variação de pressão em pela associação do número de mol ao vo-
lume. Assim, nas mesmas condições, temos:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Exemplo:
Aumento de Pressão: desloca o equilíbrio para a direita (menor volume).
Diminuição de Pressão: desloca o equilíbrio para a esquerda (maior volume).
-Temperatura
A temperatura, além de provocar deslocamento do equilíbrio, é o único fator responsável por alterações na
constante de equilíbrio (Kc). Num sistema em equilíbrio, sempre temos duas reações: a endotérmica, que ab-
sorve calor, e a exotérmica, que libera calor. Quando aumentamos a temperatura, favorecemos a reação que
absorve calor. Por outro lado, quando há diminuição da temperatura, favorecemos a reação que libera calor.
Exemplo:

- Aumento da temperatura: desloca o equilíbrio no sentido da reação endotérmica (para a esquerda);


- Diminuição da temperatura: desloca o equilíbrio no sentido da reação exotérmica (para a direita).
Se também desejamos relacionar a variação da temperatura com a constante de equilíbrio (Kc), devemos
considerar que uma elevação da temperatura favorece a reação endotérmica. Então, [N2] e [H2] aumentam e
[NH3] diminui:

Kc diminui

Lei de Van’t Hoof: “A cada aumento de 10°C na temperatura de uma reação química, a velocidade da reação
duplica ou até mesmo triplica.”
Observação: Van’t Hoof não considerou que cada reação tem um ótimo de temperatura para ocorrer (tempe-

21
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
ratura ideal) e após atingido esse ótimo, o aumento da temperatura pode não mais influenciar a velocidade da
reação ou até mesmo prejudicá-la. Exemplo: Reações Enzimáticas.
Concentração do Equilíbrio
Um aumento na concentração de qualquer substância (reagentes ou produtos) desloca o equilíbrio no senti-
do de consumir a substância adicionada. O aumento na concentração provoca aumento na velocidade, fazendo
com que a reação ocorra em maior escala no sentido direto ou inverso.
Diminuindo a concentração de qualquer substância (reagentes ou produtos) desloca-se o equilíbrio no senti-
do de refazer a substância retirada. A diminuição na concentração provoca uma queda na velocidade da reação
direta ou inversa, fazendo com que a reação ocorra em menor escala nesse sentido.
Exemplos:

O aumento na concentração de CO ou O2 provoca aumento em v1, fazendo com que v1 > v2; portanto, o
equilíbrio desloca-se para a direita. A diminuição na concentração de CO ou O2 provoca queda em v1, fazendo
com que v1 < v2; portanto, o equilíbrio desloca-se para a esquerda.

Para equilíbrio em sistema heterogêneo, a adição de sólido (C(s)) não altera o estado de equilíbrio, pois a
concentração do sólido é constante e não depende da quantidade.
Observações:
- Aumento na pressão parcial de H2 ou I2, o equilíbrio desloca-se para a direita.
- Diminuindo a pressão parcial de H2 ou I2, o equilíbrio desloca-se para a esquerda.
Importante:
1. Substância sólida não desloca um equilíbrio químico, pois a concentração de um sólido em termos de
velocidade é considerada constante, porque a reação se dá na superfície do sólido.
2. Alterando-se a concentração de uma substância presente no equilíbrio, o equilíbrio se desloca, porém,
sua constante de equilíbrio permanece inalterada (a constante permanece sem ter seu valor modificado porque
a temperatura não variou).
Grau de Equilíbrio
Grau de equilíbrio (α) representa a relação entre o número de mols consumidos de um reagente e o número
de mols inicial desse reagente.
No caso de um equilíbrio de dissociação, temos o grau de dissociação:
O grau de dissociação é um número puro, sem unidade, e sempre menor que 1 (α<1). É comumente expres-
so em %.
É importante que não haja confusão entre grau de equilíbrio e constante de equilíbrio. O grau de equilíbrio
varia com a temperatura e com as concentrações das substâncias participantes. No caso de um equilíbrio do
qual participam gases, o grau de equilíbrio varia também com a pressão.

Constante de equilíbrio Grau de equilíbrio (α)


Varia com a temperatura Varia com a temperatura
Não varia com as concentrações das substân-
Varia com as concentrações das substâncias
cias
Não varia com a pressão, mesmo que no equilí- Varia com a pressão, quando pelo menos uma
brio haja substancias gasosas das substâncias for gasosa.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Produto Iônico da água e pH
Equilíbrio iônico da água
Medidas experimentais de condutibilidade elétrica e outras evidências mostram que a água, quando pura
ou quando usada como solvente, se ioniza numa extensão muito pequena, originando a condição de equilíbrio:

H2O(l) + H2O(l) H3O+ (aq) + OH–(aq)


As concentrações de íons H+ e OH– presentes no equilíbrio variam com a temperatura, mas serão sempre
iguais entre si:
Água pura ⇒ [H+] = [OH–]
A 25 ºC, as concentrações em mol/L de H+ e OH– na água pura são iguais entre si e apresentam o valor
10–7 mol L–1.
Água pura a 25 ºC ⇒ [H+] = [OH–] = 10–7 mol L–1
Produto iônico da água (Kw)
Considerando o equilíbrio da água:

H2O(l) H+(aq) + OH–(aq)


A constante de ionização corresponde ao Kw e é expressa por:
Kw = [H+]. [OH–] a 25 ºC; Kw = (10–7). (10–7) ⇒ Kw = 10–14
Na água, as concentrações de H+ e OH– são sempre iguais, independentemente da temperatura; por esse
motivo, a água é neutra. Quaisquer soluções aquosas em que [H+] = [OH–] também serão neutras.
Em soluções ácidas ou básicas notamos que:
-Quanto maior a [H+] ⇒ mais ácida é a solução.
-Quanto maior a [OH–] ⇒ mais básica (alcalina) é a solução.
Escala de pH
O termo pH (potencial hidrogeniônico) foi introduzido, em 1909, pelo bioquímico dinamarquês Soren Peter
Lauritz Sorensen (1868-1939), com o objetivo de facilitar seus trabalhos no controle de qualidade de cervejas.
O cálculo do pH pode ser feito por meio das expressões:
pH = colog [H+] ou pH = – log [H+] ou pH =
De maneira semelhante, podemos determinar o pOH (potencial hidroxiliônico) de uma solução:
pOH = colog [OH–] ou pOH = – log [OH–] ou pOH = log
Exemplos:

Na água e nas soluções neutras, a 25 ºC, temos:


[H+] = [OH–] = 10–7 mol L–1

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
pH = pOH = 7 e pH + pOH = 14
A escala de pH normalmente apresenta valores que variam de zero a 14. O esquema a seguir mostra uma
relação ente os valores de pH e as concentrações de H+ e OH–em água, a 25 ºC.

pH e o grau de ionização
Considere um ácido fraco genérico HkA. Ao dissolver M mols desse ácido em água, de maneira que forme 1
litro de solução, a concentração em mol/L e a normalidade serão:
O grau de ionização do ácido é:
Logo, a quantidade em mols que ioniza = α . M.
Considere o equilíbrio da ionização:

A concentração hidrogeniônica no equilíbrio final é:

Assim: [H+] = α . N ou [H+] = α . k . M


Sendo que k é o número de hidrogênios ionizáveis.
pH e constante de ionização (ki)
Tendo conhecimento da concentração da solução e a constante de ionização, podemos calcular o pH. Com
os valores da concentração e do pH, calcula-se o valor de Ki.
Exemplo: Vamos calcular a constante de ionização do ácido cianídrico, tendo conhecimento de que o pH de
uma solução 0,04M de HCN é 5. Nesse caso, temos: pH = 5 ⇒ [H+] = 1 . 10-5 mol/L
Analisemos atentamente o equilíbrio:

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Efeito do íon comum
-Quando adicionado a um ácido (HA), um sal com o mesmo ânion (A-) produz:
Diminuição do grau de ionização de HA ou enfraquecimento de HA;
Diminuição da [H+], portanto aumento do pH da solução. O íon comum não altera a constante de ionização
do ácido.
-Quando adicionado a uma base (BOH), um sal com o mesmo cátion (B+) produz:
Diminuição do grau de ionização de BOH ou enfraquecimento de BOH;
Diminuição da [OH-], portanto diminuição do pH da solução. O íon comum não altera a constante de ioniza-
ção da base.
Acidez e basicidade das soluções aquosas dos sais
Chamamos hidrólise salina a reação entre um sal e a água, produzindo o ácido e a base correspondentes. A
hidrólise do sal é, portanto, a reação inversa da neutralização.

Para simplificar a análise dos fenômenos da hidrólise salina, os sais são divididos em 4 tipos, a saber:
1) Sal de ácido forte e base fraca;
2) Sal de ácido fraco e base forte;
3) Sal de ácido fraco e base fraca;
4) Sal de ácido forte e base forte.
1) Sal de Ácido Forte e Base Fraca

Assim ficamos com:

Podemos então observar que quem sofre a hidrólise não é o sal, mas sim o íon NH4+ (da base fraca), libe-
rando íons H+, que conferem à solução caráter ácido com pH menor que 7.
2) Sal de Ácido Fraco e Base Forte

25
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
então ficamos com:

Observamos, então, que quem sofre a hidrólise, neste caso, é o íon CN– (do ácido fraco), liberando íons
OH– que conferem à solução caráter básico com pH maior que 7.
3) Sal de Ácido Fraco e Base Fraca

então ficamos com:

Como tanto o ácido quanto a base são fracos, ocorre realmente a hidrólise do sal e não apenas de um dos
íons (como nos dois casos anteriores). Podemos concluir que quem sofre hidrólise são os íons correspondentes
ao ácido e/ou base fracos. Neste caso, o meio pode ficar ácido, básico ou neutro.
- O meio será ligeiramente ácido se a ionização do ácido for maior que a da base (Ka > Kb);
- O meio será ligeiramente básico se a ionização do ácido for menor que a da base (Ka < Kb).

- O meio será neutro se a ionização do ácido apresentar mesma intensidade que a da base (Ka Kb).
4) Sal de Ácido Forte e Base Forte

então ficamos com:

Sendo o NaOH uma base forte, os íons Na+ não captam os íons OH– da água. Do mesmo modo, sendo o
HBr um ácido forte, os íons Br– não captam os íons H+ da água. Portanto, neste caso, não há hidrólise. A solu-
ção terá caráter neutro, com pH igual a 7. Concluímos que, na solução salina, predomina sempre o caráter do
mais forte. Quando o sal é formado por ácido/base de mesma força (2 fortes), a solução final é neutra.

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Grau de Hidrólise (αh) - Define-se o grau de hidrólise ( ) de um sal como:
A variação de αh é:
0 < αh < 1 ou 0% < αh < 100%
Constante de Hidrólise (Kh) - Para os equilíbrios químicos das reações de hidrólise, define-se uma constante
de equilíbrio chamada constante de hidrólise (Kh). Dado o equilíbrio de hidrólise:

A constante de hidrólise será:

Observação: A água não entra na expressão porque é o solvente e sua concentração molar é praticamente
constante.
Assim:

onde p e r são os coeficientes da equação.


Lembre-se: a água não entra na expressão e a Kh é obtida sempre a partir da equação iônica de hidrólise.
Relação entre Kh e Ka e/ou Kb
Considerando a expressão da constante de hidrólise dada anteriormente como exemplo:

Se multiplicarmos simultaneamente o numerador e o denominador da fração por [H3O+] · [OH–], teremos:

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Como:

Com isso ficamos com:

De modo análogo, obteremos:


a) para sal de ácido fraco e base forte:

b) para sal de ácido forte e base fraca:

Equilíbrios Heterogêneos
Produto de Solubilidade (PS ou KPS)
O equilíbrio químico pode ocorrer em sistemas contendo mais de uma fase, ou seja, em sistemas hetero-
gêneos. Esta situação pode ser encontrada em sistemas onde ocorre a dissolução ou precipitação de sólidos.
Um exemplo é a solução contendo água e sal Cloreto de prata AgCl(s) mencionado anteriormente, onde a fase
sólida é formada por AgCl e a fase aquosa pelos íons Ag+ e Cl-.
Quando adicionamos sal à uma solução contendo água como solvente, as moléculas de água inevitavelmen-
te interagem com as moléculas do sal. Estas interações envolvem determinada quantia de energia. Quando
temos bastante água e pouco sal, a energia envolvida nas interações entre a água e o sal é maior que as inte-
rações que mantém os íons Ag+ e Cl- juntos. Por causa disso, o sal é quebrado em íons e dilui-se na solução.
Se adicionarmos o sal AgCl em um copo de água, veremos que o sal é solubilizado (o sal dilui-se). No en-
tanto, se adicionarmos lentamente mais sal, veremos que a partir de uma certa quantia adicionada não ocorre
mais a solubilização e o sal fica no fundo do copo. O fato do sal ficar no fundo do copo mostra que a solução
está supersaturada e portanto houve a precipitação do sal AgCl.
A precipitação ocorreu porque a concentração de íons Ag+ e Cl- tornou-se alta com a adição de mais sal.
Todo sal que era adicionado ionizava-se formando Ag+ e Cl-. Como consequência a concentração desses íons
aumentou. Quando a concentração desses íons aumenta até certo ponto, as colisões entre eles tornam-se mais
frequentes na solução e isso gera a formação do precipitado AgCl.

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Atualmente há maneiras de saber quanto sal irá diluir e quanto permanecerá no estado sólido em soluções
aquosas. O produto solubilidade de um sal é um valor constante específico para cada sal e permite o cálculo
desses dados. Existem substâncias pouco solúveis em água como, por exemplo, BaSO4. Adicionando certa
quantidade de sulfato de bário à água, notamos que grande parte vai ao fundo, formando um precipitado cons-
tituído de BaSO4 que não se dissolve.
Entretanto, sabemos que a dissolução do sal não terminou. Na verdade, o sal continua a se dissolver, bem
como a precipitar, estabelecendo um equilíbrio dinâmico. Este equilíbrio é chamado heterogêneo ou polifásico
porque é o equilíbrio que se estabelece em um sistema heterogêneo.
Resumindo: Equilíbrios heterogêneos são aqueles nos quais os reagente e os produtos formam um sistema
heterogêneo.
Constante do Produto de Solubilidade (PS ou KPS ou KS)
Suponha uma solução do eletrólito A2B3, pouco solúvel, em presença de seu corpo de chão (parte insolú-
vel). A parte que se dissolveu está sob a forma de íons A+++ e B=, enquanto a parte não-solúvel está na forma
não-ionizada A2B3. Existe, assim, um equilíbrio dinâmico entre A2B3 e seus íons na solução, que pode ser
representada pela equação:

Como todo equilíbrio, este também deve obedecer à lei:

Como a concentração de um sólido tem valor constante, o produto Ki . [A2B3] da fórmula acima também é
constante e é chamado de produto de solubilidade.
KPS = [A3+]2 . [B2-]3
Portanto, o produto de solubilidade (Kps ou PS) é o produto das concentrações molares dos íons existentes
em uma solução saturada, onde cada concentração é elevada a um expoente igual ao respectivo coeficiente do
íon na correspondente equação de dissociação.
Exemplos:

A expressão do Kps é utilizada somente para soluções saturadas de eletrólitos considerados insolúveis, por-
que a concentração de íons em solução é pequena, resultando soluções diluídas. O Kps é uma grandeza que
só depende da temperatura. Quanto mais solúvel o eletrólito, maior a concentração de íons em solução, maior
o valor de Kps; quanto menos solúvel o eletrólito, menor a concentração de íons em solução, menor o valor de
Kps, desde que as substâncias comparadas apresentem a mesma proporção entre os íons.

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Exemplo:

Como apresentam a mesma proporção em íons (1 : 1), o CaCO3 é mais solúvel que o BaCO3, porque possui
maior valor de Kps. Quando as substâncias comparadas possuem proporção em íons diferentes, a mais solúvel
é aquela que apresenta maior solubilidade.
Exemplo:

Kps = [Ag+]2 · [CrO42-]


4·10 –12 = (2x)2 · x
4·10 –12 = 4x3
X = 1,0.10-4 mol/L
Avaliando a solubilidade do Ag2CrO4, portanto, em 1 L de solução é possível dissolver até 10–4 mol de
Ag2CrO4.

BaSO4(s) Ba2+(aq) + SO42-(aq) KPS=1,0 . 10-10


Y mol/L Y mol/L Y mol/L
KPS=[Ba2+].[SO42-]
10-10=(Y).(Y)
Y=1,0.10-5 mol/L
A solubilidade do BaSO4 portanto, em 1 L de solução: é possível dissolver até 10–5 mol de BaSO4. Com isso
concluímos que Ag2CrO4 é mais solúvel que o BaSO4.
Observação:
- Os valores do Kps permanecem constantes somente em soluções saturadas de eletrólitos pouco solúveis.
- Se a dissociação iônica for endotérmica, e se aumentarmos a temperatura, este aumento acarretará em
um aumento de solubilidade, portanto, o valor do Kps aumentará. Se a dissolução for exotérmica acontecerá o
contrário do citado anteriormente. Podemos então concluir que a temperatura altera o valor do Kps.
Solução Tampão
Considere as seguintes situações:

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Perceba que a adição de uma pequena quantidade de um ácido forte ou de uma base forte à água pura
provoca uma alteração brusca no pH do meio Verifique, também, que a adição da mesma quantidade do ácido
ou da base à solução formada pelo ácido acético e acetato de sódio provoca uma alteração muito pequena no
pH desta solução (variação de 0,1 unidade). A solução formada por ácido acético e acetato de sódio recebe o
nome de solução tampão. Portanto temos:
Solução tampão ou solução tamponada é aquela que, ao adicionarmos uma pequena quantidade de ácido
ou base, mesmo que fortes, mantém o seu pH praticamente invariável.
É provável que a observação destes fatos levem ao seguinte questionamento:
Como as soluções tampão conseguem manter o seu pH praticamente constante?
Vamos imaginar uma solução tampão constituída por uma base fraca (BOH) e um sal (BA) derivado desta
base. Nesta solução, ocorrem os seguintes fenômenos:
- Pequena dissociação da base:

(Na solução predominam fórmulas da base BOH)


- Dissociação total do sal: BA → B+ + A-
(Na solução predominam íons B+ e A-)
Observação: Note que o íon B+ é comum à base e ao sal. Ao juntarmos a esta solução uma base forte, esta
irá liberar íons OH-, que serão consumidos pelo equilíbrio:

Como consequência, este equilíbrio desloca-se para a esquerda, e com isso a basicidade da solução não
aumenta e o pH não sofre variação significativa. Perceba que não irá faltar o íon B+ para que o equilíbrio acima
se desloque para a esquerda, uma vez que a dissociação do sal BA → B+ + A- fornece uma boa reserva deste
íon.
Se juntarmos à solução tampão um ácido qualquer, este irá se ionizar colocando íons H+ em solução. Estes
íons H+ serão consumidos pelos íons OH- resultantes da dissociação da base e, desta forma, a acidez não
aumenta e o pH praticamente não varia.
H+ + OH- → H2O
Perceba que não irão faltar íons OH- para reagir com o H+ do ácido, pois a base BOH é fraca, e o estoque
de fórmulas BOH que continuará se dissociando e fornecendo OH- é muito grande. Desta forma, conseguimos
compreender que a solução tampão só resistirá às variações de pH até que toda base BOH ou todo sal BA
sejam consumidos. A resistência que uma solução tampão oferece às variações de pH recebe o nome de efeito
tampão.
Caso a solução tampão fosse constituída por um ácido fraco e um sal derivado deste ácido, a explicação
para o comportamento desta solução seria semelhante à anterior. Concluímos, então, que uma solução tampão
é usada sempre que se necessita de um meio com pH praticamente constante e, preparada, dissolvendo-se
em água:
- um ácido fraco e um sal derivado deste ácido OU
- uma base fraca e um sal derivado desta base.
Cálculo do pH de uma solução tampão
Vamos supor uma solução tampão constituída por um ácido fraco (HA) e um sal (BA) derivado deste ácido.
Neste caso, teremos:

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Deduzindo a expressão da constante do equilíbrio para o ácido fraco, temos:

Como o ácido é fraco, a sua concentração praticamente não varia durante a ionização, e a quantidade de
íon A- produzida é muito pequena. Por outro lado, o sal se dissocia totalmente, produzindo quase todo íon A-,
presente na solução. Portanto, a expressão da constante de equilíbrio ficará:

Aplicando logaritmo aos dois membros da equação, teremos:

Como pH + pOH = 14 (temperatura de 25ºC), neste caso ficamos com: pH = 14 - pOH


Com isso teremos:

Hidrólise salina
Soluções ácidas ou básicas podem ser obtidas pela dissolução de sais em água. Nesses sistemas, os sais
estão dissociados em cátions e ânions, que podem interagir com a água por meio de um processo denominado
hidrólise salina, produzindo soluções com diferentes valores de pH.

Hidrólise salina é o processo em que o(s) ío-


n(s) proveniente(s) de um sal reage(m) com a
água.

A reação de hidrólise de um cátion genérico (C+) com a água pode ser representada pela equação a seguir:

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Note que ocorreu a formação de íons H+, o que caracteriza as soluções ácidas.
Hidrólise de cátions: produz íons H+.
A reação de hidrólise de um ânion genérico (A–) com a água pode ser representada pela equação a seguir:

Note que ocorreu a formação de OH–, o que caracteriza as soluções básicas.


Hidrólise de ânions: produz íons OH–.

Soluções aquosas

Soluções aquosas são soluções nas quais o solvente é a água. As soluções aquosas são amplamente utili-
zadas em diversas áreas, desde a indústria até a medicina e a pesquisa científica. A água é um solvente polar,
o que significa que é capaz de dissolver substâncias iônicas e polares, como sais e açúcares.
Quando uma substância é adicionada à água, ela pode se dissolver completamente ou parcialmente, de-
pendendo da sua solubilidade. A solubilidade é a capacidade de uma substância se dissolver em um solvente.
Alguns exemplos de soluções aquosas comuns incluem a água do mar, as soluções salinas utilizadas na medi-
cina, os refrigerantes e muitos produtos químicos industriais.
Uma solução aquosa é composta por dois componentes: o solvente, que é a água, e o soluto, que é a
substância que foi dissolvida na água. A quantidade de soluto que pode ser dissolvida em uma quantidade de
solvente depende da temperatura, da pressão e da natureza das substâncias envolvidas. A concentração da
solução aquosa é a quantidade de soluto presente em relação à quantidade de solvente. A concentração pode
ser expressa em diversas unidades, como molaridade, normalidade, fração molar e porcentagem em massa.
As soluções aquosas podem ser classificadas como ácidas, básicas ou neutras, dependendo do seu pH. O
pH é uma medida da acidez ou basicidade de uma solução e varia de 0 a 14. Uma solução com pH abaixo de 7
é ácida, uma solução com pH acima de 7 é básica e uma solução com pH igual a 7 é neutra. As soluções ácidas
contêm uma concentração maior de íons hidrogênio (H+) do que íons hidroxila (OH-), enquanto as soluções
básicas contêm uma concentração maior de íons hidroxila do que íons hidrogênio.
Em resumo, as soluções aquosas são soluções nas quais o solvente é a água. Elas são amplamente utili-
zadas em diversas áreas, desde a indústria até a medicina e a pesquisa científica. As soluções aquosas são
compostas por dois componentes, o solvente e o soluto, e podem ser classificadas como ácidas, básicas ou
neutras, dependendo do seu pH. A compreensão das propriedades das soluções aquosas é fundamental para
muitas aplicações práticas, incluindo o desenvolvimento de novos produtos químicos, o tratamento de doenças
e a manutenção da qualidade da água potável.

Dispersões

Se você adicionar um pouco de sal a um copo de água e agitar, notará que o sal irá se dissolver e, a partir
dessa mistura, formar uma solução aquosa. No entanto, se a mesma experiência for feita com um pouco de
areia fina, o resultado será muito diferente. Como a areia não se dissolve em água, irá depositar-se no fundo do
recipiente, logo após o término da agitação.
A mistura de água e areia, no momento da agitação, constitui um bom exemplo de suspensão.
Mesmo através da filtração, seria possível observar uma diferença importante entre esses dois tipos de mis-

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tura: as suspensões podem ser filtradas; as soluções, não.
É evidente que essa diferença de comportamento entre as soluções e as suspensões se deve ao tamanho
da partícula dispersa. Enquanto que os enormes grãos de areia, a maioria visíveis a olho nu, ficam presos no
papel de filtro, os invisíveis íons Na+ e Cl- possuem dimensões tão reduzidas que atravessam facilmente os
poros do filtro.
Há uma ampla variedade de valores entre o diâmetro médio dos íons e das moléculas comuns e o diâmetro
médio de corpos maiores como os da areia, constituídos de sílica (SiO2). Em outras palavras, as partículas
dispersas num meio sólido, líquido ou gasoso possuem tamanhos muito diferentes.
Para muitos pesquisadores, os dispersos com diâmetros médios entre 1,0 nm e 1000 nm constituem frontei-
ras gerais para uma classificação das misturas. Assim, partículas com diâmetro inferior a 1,0 nm encontram-se
em solução e devem ser chamadas de soluto. Por outro lado, partículas com diâmetro superior a 1000 nm es-
tariam dispersas em misturas denominadas suspensões.
Mas, você pode estar pensando, e as partículas de tamanho intermediário?
Os cientistas observaram que partículas com diâmetro entre 1,0 nm e 1000 nm participam de um campo
muito importante, chamado de misturas coloidais ou simplesmente coloides.
Dimensão
Apesar de alguns pesquisadores terem proposto que partículas coloidais teriam diâmetro situado entre 1,0
nm (10-9 m) e 100 nm, evidências experimentais tendem atualmente a ampliar esse intervalo para 1 000 nm. No
entanto, essa discussão não terá maior importância para nosso estudo, pois o que definirá realmente se uma
mistura é coloidal ou uma suspensão será seu comportamento macroscópico.
Adotaremos, então, os limites situados entre 1,0 nm e 1000 nm para caracterizar o diâmetro de uma partícula
coloidal.
Analisando o quadro a seguir, podemos comparar características gerais das soluções, das misturas coloidais
e das suspensões. Note que, nas misturas em geral, a substância em menor quantidade pode ser chamada
de disperso, ou seja, é uma substância que se encontra espalhada, de maneira homogênea ou não, em outra
substância denominada dispersante. Nessas condições, a mistura receberá o nome geral de dispersão.
Dispersões Coloidais
Como você perceberá, as dispersões coloidais possuem participações importantes em nosso cotidiano, sen-
do classificadas de acordo com o estado físico dos participantes. Vários alimentos, medicamentos e produtos
cosméticos são sistemas coloidais. Veja alguns exemplos no quadro abaixo:

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Gelatina
A proteína mais abundante dos vertebrados é o colágeno, que constitui aproximadamente 25% em massa
das proteínas do corpo humano. Parte dos ossos, tendões, dentes e pele é constituída de colágeno.
Apesar de o colágeno não ser comestível, seu aquecimento em água fervente produz uma mistura de outras
proteínas comestíveis, denominadas genericamente de gelatinas. Tais proteínas são usadas na fabricação de
vários produtos, tais como filmes fotográficos, colas, cápsulas de medicamentos e produtos alimentícios.
As proteínas pertencem à classe dos coloides liófilos, ou seja, aqueles que possuem afinidade com água.
Como esses coloides têm maior facilidade em transformar-se do estado gel para sol, ou vice-versa, são cha-
mados de reversíveis.
Citoplasma
Você provavelmente se lembra de que os orgânulos do citoplasma estão mergulhados num material amorfo,
viscoso, chamado hialoplasma. Como componente majoritário, o hialoplasma contém, antes de mais nada,
muita água. Em segundo lugar, em termos de quantidade, encontramos moléculas de proteínas.
Neste sentido, podemos classificar o hialoplasma como sendo um coloide, devido ao tamanho das macro-
moléculas proteicas. Por outro lado, dissolvidas na água do hialoplasma, há uma grande variedade de subs-
tâncias, com partículas de diâmetro inferior a 1 nm: sais minerais, gases da respiração, açúcares, aminoácidos,
ácidos graxos, nucleotídeos, etc. Se o critério de classificação forem essas moléculas, você poderia dizer, sem
dúvida, que o hialoplasma é uma solução. Se você estiver considerando o plasma, parte líquida do sangue, a
situação é parecida: muita água como dispersante, moléculas de proteínas, principalmente albumina, sais mi-
nerais, açúcares, ácidos graxos, vitaminas, gases respiratórios. Dessa forma, o plasma sanguíneo é um coloide
e, ao mesmo tempo, uma solução.
Movimento Ameboide
A região de hialoplasma mais externa da célula, logo abaixo da membrana plasmática, também dita ecto-
plasma, é um coloide no estado de gel. Já a maior parte do hialoplasma, interna, chamada endoplasma, é um
coloide no estado de sol. É bastante antiga a observação de que células vivas, como amebas e leucócitos, têm
a capacidade de transformar, em certas circunstâncias, partes do hialoplasma geleificadas em sol, e vice-versa.
Essas transformações estão na base do famoso movimento ameboide, através do qual amebas e leucócitos

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“derramam” seu citoplasma para a frente, formando pseudópodes. Os pseudópodes, vamos lembrar, não ape-
nas permitem a locomoção da célula, como também sua nutrição, pelo conhecido processo da fagocitose.
Não se sabe ainda, ao certo, os mecanismos que levam o hialoplasma da ameba a se transformar e fluir para
formar os pseudópodes. Há fortes indícios, no entanto, de que finíssimos filamentos de uma proteína chama-
da actina, presentes no hialoplasma estejam relacionados com esse fluxo citoplasmático, fundamental para a
formação de pseudópodes. Uma observação: a actina de que estamos falando é a mesma substância que, em
conjunto com a miosina, forma o complexo contrátil das células musculares.
As Emulsões: Como Se Faz Maionese?
Todos sabemos que água e óleo não se misturam e isso habitualmente é justificado pelo fato
da água ser um líquido polar, enquanto o óleo é formado por moléculas praticamente apolares.
Se você agitar uma mistura de água e óleo em um liquidificador, gotas de óleo, de dimensões coloidais, ficarão
espalhadas na água por algum tempo. A esse sistema chamamos de emulsão.
Note que, após alguns minutos, as gotas de óleo aglutinam-se e a fase oleosa é reconstituída, voltando a
flutuar sobre a água. Isto significa que a emulsão formada era instável.
Maionese
Para fazer maionese, basta colocar uma gema do ovo em um liquidificador, bater vigorosamente e acrescen-
tar um pouco de óleo. Forma-se, assim, uma emulsão estável.
Mas como isso acontece? Como o óleo e a água podem ser misturados?
A razão fundamental está na presença das proteínas da gema.
As moléculas de proteína envolvem as gotas de óleo, formando uma película hidrófila, ou seja, que possui
afinidade com a água. A essas proteínas chamamos de coloides protetores ou agentes emulsificantes ou ten-
soativos.
(Leg.: Muitas vezes, o mesmo sistema se enquadra em várias classificações. O leite, por exemplo, é uma
solução aquosa de sais e açúcares; um coloide sol em relação às proteínas e uma emulsão em relação às
gorduras. No leite, o agente emulsificante é uma proteína chamada caseína. Além disso, algumas partículas de
gordura, grandes o suficiente para serem vistas ao microscópio comum, estão em suspensão.)
Composição Média Do Leite Humano (% Em Massa)
H2O 85%
Gordura 3,8%
Proteínas 1,6%
Açúcar 7,5% (lactose)
O restante: sais de cálcio, fósforo, potássio, ferro, magnésio, cobre e vitaminas.
O Efeito Tyndall
Se colocarmos lado a lado um copo com solução aquosa de açúcar e outro copo com leite diluído em água,
o feixe de uma caneta- laser deixará um rastro somente no copo que contém uma dispersão coloidal de gelatina
em água.
Este fenômeno, conhecido como efeito Tyndall, ocorre devido à dispersão da luz pelas partículas coloidais.
No béquer contendo uma solução de açúcar em água, as moléculas do soluto não são suficientemente grandes
para dispersarem a luz.
O efeito Tyndall recebeu esse nome, em homenagem ao brilhante físico inglês, John Tyndall (1820 – 1893),
que demonstrou por que o céu é azul, e estudou de forma muito completa os fenômenos de espalhamento da
luz por partículas e poeira. Esse efeito também foi observado por Tyndall quando um pincel de luz atravessava
alguns sistemas coloidais. Esse espalhamento da luz é seletivo, isto é, depende das dimensões das partículas
dispersas e do comprimento de onda da radiação. Dessa forma, é possível que uma determinada cor de luz se
manifeste de maneira mais acentuada do que outras.

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Aerossóis
O ambiente em que vivemos precisa ser limpo com regularidade, para que que seja retirada a poeira que
constantemente é depositada sobre os objetos.
Esses grãos de poeira, de diâmetros superiores a 1 000 nm, estão em suspensão e tendem a sedimentar. No
entanto, há no ar alguns grãos de poeira de dimensões coloidais que nunca sedimentam. Esses tipos de coloide
chama-se aerossol. Neblinas, fumaças e sprays são outros exemplos de aerossóis do cotidiano. Quando obser-
vamos o rastro luminoso deixado pela luz de um projetor de slides em uma sala escura, ou quando notamos os
feixes luminosos dos faróis dos carros em dias com forte neblina, devemos nos lembrar do efeito Tyndall que a
luz pode provocar quando atinge partículas coloidais sólidas existentes no ar.
Espumas
Quando um gás é borbulhado em um líquido, além das bolhas enormes e visíveis, são formadas também
bolhas de dimensões coloidais. Por isso, as espumas também podem ser classificadas como coloides. Um bom
exemplo é o chantilly, formado pela mistura de ar em creme de leite. Um sólido que possui poros de dimensões
coloidais é classificado como espuma sólida. É o caso, por exemplo, da pedra-pome, que possui ar em micros-
cópicos poros de dimensões coloidais.
Como você percebeu através destas rápidas informações, o vasto campo dos sistemas coloidais é atraente
e gerador de muitas atividades profissionais. No mundo, as industrias ligadas aos coloides empregam milhões
de pessoas e movimentam muitos bilhões de dólares.

Natureza elétrica da matéria. Eletrostática

CARGA ELÉTRICA
Carga e Corrente

A matéria é formada por átomos, os quais por sua vez são formados por três tipos de partículas: prótons,
elétrons e nêutrons. Os prótons e nêutrons agrupam-se no centro do átomo formando o núcleo. Os elétrons
movem-se em torno do núcleo. Num átomo o número de elétrons é sempre igual ao número de prótons. Às
vezes um átomo perde ou ganha elétrons; nesse caso ele passa a se chamar íon.
A experiência mostra que: (Fig. 2)
I – Entre dois prótons existe um par de forças de repulsão;
II – Entre dois elétrons existe um par de forças de repulsão;
III – Entre um próton e um elétron existe um par de forças de atração;
IV – Com os nêutrons não observamos essas forças.

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Dizemos que essas forças aparecem pelo fato de elétrons e prótons possuírem carga elétrica. Para dife-
renciar o comportamento de prótons e elétrons dizemos que a carga do próton é positiva e a carga do elétron
é negativa. Porém, como em módulo, as forças exercidas por prótons e elétrons são iguais, dizemos que, em
módulo, as cargas do próton e do elétron são iguais. Assim, chamando de qp a carga do próton e qE a carga
do elétron temos:
| qE | = | qp|
qE = - qp
O mais natural seria dizer que a carga do próton seria uma unidade. No entanto, por razões históricas, pelo
fato de a carga elétrica ter sido definida antes do reconhecimento do átomo, a carga do próton e a carga do
elétron valem:
qp = + 1,6 . 10-19 coulomb = 1,6 . 10-19 C
qE = - 1,6 . 10-19 coulomb = -1,6 . 10-19 C
Onde o coulomb (C) é a unidade de carga elétrica no Sistema Internacional. A carga do próton é também
chamada de carga elétrica elementar (e). Assim:
qp = + e = + 1,6 . 10-19 C
qE = - e = - 1,6 . 10-19 C
Como o nêutron não manifesta esse tipo de força, dizemos que sua carga é nula.
PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO
Quando atritamos dois corpos feitos de materiais diferentes, um deles transfere elétrons para o outro de
modo que o corpo que perdeu elétrons fica eletrizado positivamente enquanto o corpo que ganhou elétrons fica
eletrizado negativamente.
Experimentalmente obtém-se uma série, denominada série tribo-elétrica que nos informa qual corpo fica
positivo e qual fica negativo. A seguir apresentamos alguns elementos da série:
... vidro, mica, lã, pele de gato, seda, algodão, ebonite, cobre...
Quando atritamos dois materiais diferentes, aquele que aparece em primeiro lugar na série fica positivo e o
outro fica negativo.
Assim, por exemplo, consideremos um bastão de vidro atritado em um pedaço de lã (Figura 6). O vidro apa-
rece antes da lã na série. Portanto o vidro fica positivo e a lã negativa, isto é, durante o atrito, o vidro transfere
elétrons para a lã.

Porém, se atritarmos a lã com um bastão de ebonite, como a lã aparece na série antes que a ebonite, a lã
ficará positiva e a ebonite ficará negativa (Figura 7).

ELETRIZAÇÃO POR CONTATO


Consideremos um condutor A, eletrizado negativamente e um condutor B, inicialmente neutro (Figura 8). Se
colocarmos os condutores em contato (Figura 9), uma parte dos elétrons em excesso do corpo A irão para o
corpo B, de modo que os dois corpos ficam eletrizados com carga de mesmo sinal. (Figura 10)

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Suponhamos agora um condutor C carregado positivamente e um condutor D inicialmente neutro (Figura
11). O fato de o corpo A estar carregado positivamente significa que perdeu elétrons, isto é, está com excesso
de prótons. Ao colocarmos em contato os corpos C e D, haverá passagem de elétrons do corpo D para o corpo
C (Figura 12), de modo que no final, os dois corpos estarão carregados positivamente (Figura 13). Para facilitar
a linguagem é comum dizer-se que houve passagem de cargas positivas de C para D, mas o que realmente
ocorre é a passagem de elétrons de D para C.

De modo geral, após o contato, a tendência é que em módulo, a carga do condutor maior seja maior do que
a carga do condutor menor. Quando o contato é feito com a Terra, como ela é muito maior que os condutores
com que usualmente trabalhamos, a carga elétrica do condutor, após o contato, é praticamente nula (Figura 14
e Figura 15).

Se os dois condutores tiverem a mesma forma e o mesmo tamanho, após o contato terão cargas iguais.
EXEMPLO
Dois condutores esféricos de mesmo tamanho têm inicialmente cargas QA = + 5nC e QB = - 9nC. Se os dois
condutores forem colocados em contato, qual a carga de cada um após o contato?
RESOLUÇÃO
A carga total Q deve ser a mesma antes e depois do contato:
Q = Q’A + Q’B = (+5nC) + (-9nC) = -4nC
Após o contato, como os condutores têm a mesma forma e o mesmo tamanho, deverão ter cargas iguais:

Nos condutores, a tendência é que as cargas em excesso se espalhem por sua superfície. No entanto, quan-
do um corpo é feito de material isolante, as cargas adquiridas por contato ficam confinadas na região onde se

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deu o contato.
POLARIZAÇÃO
Na Figura 16 representamos um corpo A carregado negativamente e um condutor B, inicialmente neutro e
muito distante de A. Aproximemos os corpos, mas sem colocá-los em contato (Figura 17). A presença do corpo
eletrizado A provocará uma separação de cargas no condutor B (que continua neutro). Essa separação é cha-
mada de indução.

Se ligarmos o condutor B à Terra (Figura 18), as cargas negativas, repelidas pelo corpo A escoam-se para a
Terra e o corpo B fica carregado positivamente. Se desfizermos a ligação com a Terra e em seguida afastarmos
novamente os corpos, as cargas positivas de B espalham-se por sua superfície (Figura 19).

Na Figura 20 repetimos a situação da Figura 17, em que o corpo B está neutro, mas apresentando uma se-
paração de cargas. As cargas positivas de B são atraídas pelo corpo A (força enquanto as cargas negativas
de B são repelidas por A (força .
Porém, a distância entre o corpo A e as cargas positivas de B é menor do que a distância entre o corpo A e as
cargas negativas de B. Assim, pela Lei de Coulomb, o que faz com que a força resultante seja de
atração.

De modo geral, durante a indução, sempre haverá atração entre o corpo eletrizado (indutor) e o corpo neutro
(induzido).
CONDUTORES E ISOLANTES
Há materiais no interior dos quais os elétrons podem se mover com facilidade. Tais materiais são chamados
condutores. Um caso de interesse especial é o dos metais. Nos metais, os elétrons mais afastados dos núcle-
os estão fracamente ligados a esses núcleos e podem se movimentar facilmente. Tais elétrons são chamados
elétrons livres.
Há materiais no interior dos quais os elétrons têm grande dificuldade de se movimentar. Tais materiais são
chamados isolantes. Como exemplo podemos citar a borracha, o vidro e a ebonite.
INDUÇÃO EM ISOLANTES
Quando um corpo eletrizado A aproxima-se de um corpo B, feito de material isolante (Figura 21) os elétrons
não se movimentam como nos condutores mas há, em cada molécula, uma pequena separação entre as car-
gas positivas e negativas (Figura 22) denominada polarização. Verifica-se que também neste caso o efeito
resultante é de uma atração entre os corpos

41
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Um exemplo dessa situação é a experiência em que passamos no cabelo um pente de plástico o qual em
seguida é capaz de atrair pequenos pedaços de papel. Pelo atrito com o cabelo, o pente ficou eletrizado e assim
é capaz de atrair o papel embora este esteja neutro.
Foi esse tipo de experiência que originou o estudo da eletricidade. Na Grécia antiga, aproximadamente em
600 AC, o filósofo grego Tales observou que o âmbar, após ser atritado com outros materiais era capaz de atrair
pequenos pedaços de palha ou fios de linha. A palavra grega para âmbar é eléktron. Assim, no século XVI, o
inglês William Gilbert (1544-1603) introduziu o nome eletricidade para designar o estudo desses fenômenos.
ELETRIZAÇÃO E LEI DE COULOMB
CORPOS ELETRIZADOS
A carga elétrica de um próton é chamada de carga elétrica elementar, sendo representada por e; no Sistema
Internacional, seu valor é:
e = 1,6 . 10-19 Coulomb = 1,6 . 10-19 C
A carga de um elétron é negativa, mas, em módulo, é igual à carga do próton:
Carga do elétron = - e = - 1,6 . 10-19 C
Os nêutrons têm carga elétrica nula. Como num átomo o número de prótons é igual ao número de elétrons,
a carga elétrica total do átomo é nula.
De modo geral os corpos são formados por um grande número de átomos. Como a carga de cada átomo é
nula, a carga elétrica total do corpo também será nula e diremos que o corpo está neutro. No entanto é possível
retirar ou acrescentar elétrons de um corpo, por meio de processos que veremos mais adiante. Desse modo o
corpo estará com um excesso de prótons ou de elétrons; dizemos que o corpo está eletrizado.
EXEMPLO
A um corpo inicialmente neutro são acrescentados 5,0 . 107 elétrons. Qual a carga elétrica do corpo?
RESOLUÇÃO
A carga elétrica do elétron é qE = - e = - 1,6 . 10-19 C. Sendo N o número de elétrons acrescentados temos:
N = 5,0 . 107.
Assim, a carga elétrica (Q) total acrescentada ao corpo inicialmente neutro é:
Q = N . qE = (5,0 . 107) (-1,6 . 10-19 C) = - 8,0 . 10-12 C
Q = - 8,0 . 10-12 C
Frequentemente as cargas elétricas dos corpos é muito menor do que 1 Coulomb. Assim usamos submúlti-
plos. Os mais usados são:

Quando temos um corpo eletrizado cujas dimensões são desprezíveis em comparação com as distâncias
que o separam de outros corpos eletrizados, chamamos esse corpo de carga elétrica puntiforme.
Dados dois corpos eletrizados, sendo Q1 e Q2 suas cargas elétricas, observamos que:
I. Se Q1 e Q2 tem o mesmo sinal (Figura 1 e Figura 2), existe entre os corpos um par de forças de repulsão.
II. Se Q1 e Q2 têm sinais opostos (Figura 3), existe entre os corpos um par de forças de atração.

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A LEI DE COULOMB
Consideremos duas cargas puntiformes Q1 e Q2, separadas por uma distância d (Figura 4). Entre elas ha-
verá um par de forças, que poderá ser de atração ou repulsão, dependendo dos sinais das cargas. Porém, em
qualquer caso, a intensidade dessas forças será dada por:

Onde k é uma constante que depende do meio. No vácuo seu valor é

Essa lei foi obtida experimentalmente pelo físico francês Charles Augustin de Coulomb (1736-1806) e por
isso é denominada lei de Coulomb.
Se mantivemos fixos os valores das cargas e variarmos apenas a distância entre elas, o gráfico da intensi-
dade de em função da distância tem o aspecto da Figura 5.

EXEMPLO
Duas cargas puntiformes estão no vácuo, separadas por uma distância d = 4,0 cm. Sabendo que seus valo-
res são Q1 = - 6,0 . 10-6 C e Q2 = + 8,0 . 10-6 C, determine as características das forças entre elas.
RESOLUÇÃO
Como as cargas têm sinais opostos, as forças entre elas são de atração. Pela lei da Ação e

Reação, essas forças têm a mesma intensidade a qual é dada pela Lei de Coulomb:

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Temos:

CAMPO ELÉTRICO
CONCEITO DE CAMPO ELÉTRICO
Campo e Densidade
Consideremos um condutor em equilíbrio eletrostático. O campo elétrico num ponto exterior P, “muito próxi-
mo” do condutor, tem intensidade dada por:

(II)

Onde é a densidade superficial das cargas nas proximidades de P e E é uma constante denominada permis-
sividade do meio. Essa constante está relacionada com a constante lei de Coulomb pela relação:

Assim, no vácuo, temos:

Em um ponto S da superfície do condutor, a intensidade do campo é a metade da intensidade no ponto P:

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(III)
Das equações II e III percebemos que o campo é mais intenso onde a densidade de cargas for maior. Por
outro lado, sabemos que a densidade é maior nas “pontas”.
Portanto, o campo elétrico é mais intenso nas “pontas” de um condutor e esse fato é conhecido como poder
das pontas.
Exemplo
Um condutor esférico de raio R = 2,0.10-2m está eletrizado com carga Q = 7,5.10-6C no vácuo. Determine:
a) a densidade superficial de carga
b) a intensidade do campo elétrico num ponto externo muito próximo do condutor
c) a intensidade do campo sobre o condutor
Resolução
a) supondo que o condutor esteja isolado as cargas distribuem-se uniformemente pela superfície. Lembran-
do que a área da superfície é

Temos:

b) num ponto P externo é “muito próximo” do condutor, o campo tem intensidade dada por:

c) num ponto S da superfície, o campo tem intensidade igual à metade da intensidade no ponto próximo:

CAPACITÂNCIA
Suponhamos que um condutor de formato qualquer esteja isolado. Se eletrizarmos esse condutor com uma
carga Q ele terá um potencial V. É possível demonstrar que Q e V são proporcionais, isto é,
dobrando a carga, dobra o potencial
triplicando a carga, triplica o potencial
etc.
Assim, podemos escrever

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Q = C . V ou C = Q (VIII)
V
Onde C é uma constante de proporcionalidade chamada capacitância do condutor e que pende do meio e
da geometria do condutor, isto é, do seu formato e tamanho. Como Q e V têm o mesmo sinal, a capacitância é
sempre positiva.
No Sistema Internacional a unidade de capacitância é o farad ( F ):

Porém, em geral, as capacitâncias dos condutores com que trabalhamos são muito menores do que 1F;
assim, usaremos submúltiplos:
Fórmulas
1m F = 1 mulifarad = 10-3F
1 F = 1 microfarad = 10-6F
1nF = 1 nanofarad = 10-9F
1pF = 1 picofarad = 10-12F
Antigamente, a capacitância era chamada de capacidade eletrostática. Embora esse nome tenha caído em
desuso, às vezes ainda o encontramos em alguns textos.
Capacitância de um Condutor Esférico

Consideremos um condutor esférico de raio R, eletrizado com carga Q. supondo-o isolado, seu potencial é
dado por

Portanto sua capacitância é dada por:


(IX)
Exemplo
Calcule a capacitância de um condutor esférico de raio R = 36 cm, situado no vácuo.
Resolução
No vácuo, nós sabemos que a constante da lei de Coulomb é dada por
k = 9,0. 109 (S.I)
Como R = 36 cm = 36.10-2m, a capacitância do condutor é dada por:

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CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO CRIADO POR CARGAS PUNTIFORMES
Campo de uma carga puntiforme
Consideremos uma carga fixa Q e vamos determinar o campo elétrico produzido por ela em um ponto P
qualquer.
Suponhamos inicialmente que a carga seja positiva (Q > 0). Para calcular o campo em um ponto P, coloca-
mos nesse ponto uma carga q, chamada carga de prova. Se q > 0, a carga Q irá repelir q, por meio de uma força

fig.4). Se q < 0, a carga Q irá atrair q por meio de uma força


fig. 5). No caso da Figura 4, como q > 0, a força e o campo
Devem ter o mesmo sentido. No caso da Fig. 5, como q < 0, a força e o campo devem ter sentidos opostos.

Vemos então que o sentido do campo produzido por Q, não depende do sinal da carga de prova q. De modo
geral, uma carga puntiforme positiva produz em torno de si um campo elétrico de afastamento (Fig. 6)

Para obtermos a intensidade de


Calculamos primeiramente a intensidade pela lei de Coulomb. Tanto para o caso da Fig. 4 como para o caso
da Fig. 5 temos:

Assim:

Procedendo de modo semelhante, podemos mostrar que uma carga puntiforme negativa produz em torno de
si (Fig. 7) um campo elétrico de aproximação e cuja intensidade também é dada pela equação II.

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Analisando a equação II percebemos que o gráfico da intensidade de em função de distância d tem o as-
pecto da Fig. 8

EXEMPLO

Duas cargas puntiformes A e B estão fixas nas posições indicadas na figura. Determine o campo elétrico
produzido por elas no ponto P sabendo que:

RESOLUÇÃO

Como a carga A é negativa, o campo por ela produzindo no ponto P é de aproximação. A carga B, sendo posi-
tiva, produz no ponto P um campo de afastamento.

O campo total produzido no ponto P é a resultante

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Aplicando o teorema de Pitágoras
CONDUTOR ESFÉRICO
Consideremos um condutor esférico, eletrizado, em equilíbrio e isolado. Como já sabemos, o excesso de
cargas distribui-se uniformemente pela sua superfície (Fig. 10 e Fig. 11)

No interior do condutor o campo elétrico é nulo. Porém no exterior o campo é não nulo e sua intensidade
pode ser calculada como se toda a carga do condutor ( Q ) estivesse concentrada no centro da esfera, usando
a equação válida para uma carga puntiforme:(para d > r) ( IV )

Para calcular a intensidade num ponto “muito próximo”, fazemos d = R:

(V)

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É fácil verificar que esta equação dá o mesmo valor fornecido pela equação II:
Na superfície o campo tem intensidade igual à metade da intensidade no ponto “muito próximo”:

Na superfície o campo tem intensidade igual à metade da intensidade no ponto “muito próximo”:

Desse modo o gráfico da intensidade do campo em função da distância d ao centro da esfera, tem o aspecto
representado na figura 12.

O potencial em pontos externos também pode ser calculado supondo toda a carga concentrada no centro e
usando a equação da carga puntiforme:
(VI)
Na superfície do condutor, o potencial é obtido fazendo d = R:
(VII)

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LINHAS DE FORÇA
Para melhor visualizar as características do campo elétrico, desenhamos linhas, denominadas linhas de
força. Cada linha de força é desenhada de modo que em cada ponto da linha (figura 9), o campo elétrico é
tangente à linha.

Quando temos um conjunto de linhas de força (Figura 10) é possível demonstrar que na região onde as li-
nhas estão mais próximas o campo é mais intenso do que nas regiões onde elas estão mais afastadas. Assim,
por exemplo, no caso da Fig. 10, podemos garantir que

A seguir mostramos como são as linhas de força em alguns casos particulares.


Campo produzido por uma carga puntiforme positiva.

Campo produzido por uma carga puntiforme negativa.

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Campo produzido por duas cargas puntiformes de sinais opostos, mas de mesmo módulo

Campo produzido por duas cargas puntiformes positivas e de mesmo módulo.

Campo Uniforme
Consideremos uma certa região onde há campo elétrico com a seguinte características: em todos os pontos
da região o campo tem o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo sentido (Fig. 15). Dizemos então que o
campo é uniforme.
De modo geral, as linhas de força “começam” em cargas positivas e “terminam” em cargas negativas.

Num campo uniforme as linhas de força são retas paralelas. Para indicar que o módulo é constante, dese-
nhamos essas linhas regularmente espaçadas.
Na prática, para obtermos um campo elétrico uniforme eletrizamos duas placas metálicas paralelas (Fig.
16) com cargas de sinais opostos nas de mesmo módulo. Pode-se verificar que nesse caso, na região entre as
placas o campo é aproximadamente uniforme. Na realidade, próximo das bordas (Fig. 17) as linhas se curvam,
mas nos exercícios nós desprezamos esse efeito.

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BLINDAGEM ELETROSTÁTICA
Na figura 7 representamos um condutor neutro Y situado no interior de um condutor oco X. Independente-
mente do fato de X estar ou não eletrizado o campo elétrico no seu interior é nulo. Desse modo, o condutor X
protege o condutor Y de ações elétricas externas. Se aproximarmos, por exemplo, um condutor eletrizado A,
(Fig. 8) este induzirá cargas em X mas não em Y. dizemos então que o condutor X é uma blindagem eletrostá-
tica para o condutor Y.

Essa blindagem é usada na proteção de aparelhos elétricos para que estes não sintam perturbações elétri-
cas externas. A carcaça metálica de um automóvel ou avião e a estrutura metálica de um edifício também são
exemplos de blindagens eletrostáticas.
PODER DAS PONTAS
Um fenômeno também interessante, relacionado com o conceito de rigidez dielétrica denomina-se poder
das pontas.
Este fenômeno ocorre porque, em um condutor eletrizado a carga tende a se acumular nas regiões pontia-
gudas. Em virtude disso, o campo elétrico próximo às pontas do condutor é muito mais intenso que nas nas
proximidades das regiões mais planas. É devido à esse fenômeno que nos dias de chuvas intensas não se
recomenda se abrigar sob árvores ou em lugares mais altos.
POTENCIAL ELÉTRICO
Se a carga adquirir Energia, tem Potencial Elétrico.
E+ : A própria carga realiza trabalho;
E- : Não é a carga que realiza trabalho;

- Ao longo da linha o potencial elétrico (V) diminui. Logo V1 > V2


Obs.: Ao colocar carga positiva no interior do campo elétrico ela se desloca espontaneamente para um ponto
de menor potencial. Quando for negativa vai para o de maior potencial.
V=K.Q/d
DIFERENÇA DE POTENCIAL
Energia Potencial
Consideremos uma região do espaço onde há um campo elétrico estático, isto é, que não varia no decorrer
do tempo. Suponhamos que uma carga puntiforme q seja levada de um ponto A para um ponto B dessa região
(Fig. 1). É possível demonstrar que o trabalho da força elétrica nesse percurso não depende da trajetória segui-
da, isto é, qualquer que seja a trajetória seguida, o trabalho da força elétrica entre A e B é o mesmo.

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Portanto a força elétrica é conservativa e podemos assim definir uma energia potencial.

Como já vimos na mecânica, o valor exato da energia potencial não é importante. O que importa na realidade
é a diferença da energia potencial no percurso. Portanto podemos escolher um ponto R qualquer como refe-
rencial, isto é, o ponto onde a energia potencial é considerada nula .
Escolhido o ponto R (Fig. 2), a energia potencial de uma carga q num ponto A é, por definição, igual ao tra-
balho da força elétrica quando a carga é levada de A até R:

Podemos definir também o potencial do ponto A (VA) como sendo a energia potencial por unidade de carga:

No Sistema Internacional a unidade de potencial é o volt (V):

Suponhamos que uma carga puntiforme q seja levada de um ponto A para um ponto B (Fig. 3). Como a força
elétrica é conservativa o trabalho não depende da trajetória. Portanto, podemos escolher uma trajetória que vá
de A para R e de R para B:
Mas:

Substituindo em III:

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Porem:

Isto é, o trabalho da força elétrica para ir de A até B é igual à diferença de energia potencial entre A e B.
Lembrando que:

e substituindo em V obtemos:

diferença de potencial VA – VB costuma ser representada por UAB:

UAB = VA - VB
Propriedades do Potencial

Consideremos uma carga puntiforme q positiva sendo levada de um ponto A para um ponto B sobre uma linha
de força (Fig. 4). Como a carga é positiva, a força tem o mesmo sentido do campo e, desse modo, o traba-
lho da força elétrica será positivo

Assim:

Percebemos então que o potencial do ponto A é maior que o potencial do ponto B. Portanto:
o potencial diminui ao longo de uma linha de força.
Movimento espontâneo:
Se abandonamos uma carga q numa região onde há campo elétrico, supondo que não haja nenhuma outra
força, a carga deverá se deslocar “a favor” da força elétrica, isto é, a força elétrica realizará um trabalho positivo.
Consideremos duas possibilidades: q > 0 e q < 0.

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Percebemos então que:

Uma carga positiva, abandonada numa região onde há campo elétrico, desloca-se espontaneamente para
pontos de potenciais decrescentes.
Portanto: uma carga negativa abandonada numa região onde há campo elétrico, desloca-se espontanea-
mente para pontos de potenciais crescentes.
Superfícies Equipotenciais

Na Fig. 5, as linhas S1 e S2 representam no espaço, superfícies que, em cada ponto, são perpendiculares
à linhas de força. Suponhamos que uma carga q seja transportada de um ponto A para um ponto B, de modo
que a trajetória esteja sobre uma dessas superfícies. Nesse caso, em cada pequeno trecho da trajetória, a força
elétrica será perpendicular ao deslocamento e, portanto, o trabalho da força elétrica será nulo:

Concluímos então que todos os pontos dessa superfície têm o mesmo potencial e por isso ela é chamada de
superfície equipotencial. Assim, na Fig. 5, S1 e S2 são exemplos de superfícies equipotenciais.
VOLTAGEM EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME
O Elétron – Volt
Na área de Física Nuclear é usada uma unidade de energia (ou trabalho) que não pertence ao Sistema Inter-
nacional: o elétron – volt (eV). Essa unidade é definida como sendo o módulo do trabalho realizado pela força
elétrica quando um elétron é deslocado entre dois pontos cuja diferença de potencial é 1 volt. Lembrando que,
em módulo, a carga de um elétron é 1,6 . 10-19 C temos:

1eV = 1 elétron – volt = 1,6 . 10-19J


Potencial e Campo Uniforme

Na Fig. 6 representamos algumas linhas de força de um campo elétrico uniforme


Como as superfícies equipotenciais devem ser perpendiculares às linhas de força, neste caso as superfícies
equipotenciais são planos perpendiculares às linhas. Na Fig. 6, SA e SB representam duas superfícies equipo-
tencial. Todos os pontos de SA têm um mesmo potencial VA e todos os pontos de SB têm um mesmo potencial
VB.
Suponhamos que uma carga positiva q seja transportada do ponto A para o ponto B. O trabalho da força
elétrica não depende da trajetória. Portanto podemos fazer o percurso A X B indicado na figura:

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No trecho XB a força elétrica é perpendicular ao deslocamento e, portanto,

No trecho AX temos:

Substituindo em VII:

Mas sabemos que:

Assim:

UAB = E . d (VIII)
Como o potencial decresce ao longo de uma linha de força temos VA > VB. Portanto, se quisiésemos VB –
VA teriamos:
VB - VA = UBA = - E . d
Unidade de E no SI
No capítulo anterior vimos que, no SI, a unidade do campo elétrico pode ser o Newton por coulomb (N/C). No
entanto a unidade oficial do campo elétrico no SI é outra, a qual pode ser obtida da equação VIII:

Assim:

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POTENCIAL E CAMPO DE CARGA PUNTIFORME
Quando o campo elétrico é produzido por uma única carga puntiforme Q, sabemos que as linhas de força
são radiais como indicam as figuras 7 e 8.

SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS
Como as superfícies equipotenciais devem ser perpendiculares às linhas de força, neste caso, as superfícies
equipotenciais são superfícies esféricas cujo centro estão sobre a carga Q.
Suponhamos que a carga Q esteja fixa, e uma carga puntiforme q seja transportada de um ponto A para um
ponto B. É possível mostrar que o trabalho da força elétrica neste caso é dada por:

Portanto, a diferença de potencial entre os pontos A e B é dada por:

A partir da equação vemos que neste caso é conveniente adotar o referencial no infinito, pois para
O termo

Assim teremos:

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ou de modo geral,

Ainda supondo o referencial no infinito, da equação IX tiramos, de modo, geral:

GERADOR DE VAN DE GRAAFF


O gerador de Van de Graaff destina-se a produzir voltagens muito elevadas para serem usadas em experi-
ências de física.
Nele, um motor movimenta uma correia isolante que passa por duas polias, uma delas acionada por um mo-
tor elétrico que faz a correia se movimentar. A segunda polia encontra-se dentro da esfera metálica oca. Através
de pontas metálicas a correia recebe carga elétrica de um gerador de alta tensão. A correia eletrizada transporta
as cargas até o interior da esfera metálica, onde elas são coletadas por pontas metálicas e conduzidas para a
superfície externa da esfera.
Como as cargas são transportadas continuamente pela correia, elas vão se acumulando na esfera.

Por esse processo, a esfera pode atingir um potencial de até 10 milhões de volts, no caso dos grandes ge-
radores utilizados para experiências de Física atômica, ou milhares de volts nos pequenos geradores utilizados
para demonstrações nos laboratórios de ensino.
O gerador eletrostático de Van de Graaff não sofreu alterações radicais desde que foi construído e apresen-
tado por Robert Jamison Van de Graaff, no início de 1931.
Seu layout básico consiste em:
1. um domo ou cúpula de descarga;
2. uma coluna de apoio;

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3. dois roletes (superior e inferior);
4. dois pentes metálicos (superior e inferior);
5. uma correia transportadora; e
6. uma base para alojar o motor elétrico, fixar a coluna e o pente inferior.
Faças e Não-Faças!
Antes de entrarmos nos detalhes e nas descrições, apresentaremos alguns faças e não-faças que foram
dores de cabeça durante as construções de vários geradores de Van de Graaff.
Alguns poderão parecer óbvios, outros não. Em todo caso, vale a pena citá-los.
1. Quando trabalhamos com eletricidade estática, devemos ter sempre em mente que as pontas e os cantos
afiados, devido ao poder das pontas, agirão como pontos de descarga e sangrarão a carga elétrica do domo de
descarga, dando assim a impressão de que o GVDG não está funcionando.
Uma vez que um GVDG trabalha no princípio de tensões muito altas e correntes muito baixas, pode ser com-
parado a um revólver de esguichar água. Um esguicho de seringa fornece uma quantia muito pequena de água,
porém, sob alta pressão, suficiente para fazer a água percorrer uma grande distância. Se um vazamento peque-
no (um furinho) ocorrer na seringa que esguicha (equivalente a um canto vivo, afiado, em um GVDG), a água
não irá mais tão longe. Assim, sempre que possível, todas as extremidades afiadas devem ser arredondadas,
curvadas para dentro ou cobertas. É devido a esse poder das pontas que daremos preferência às cúpulas ar-
redondadas e com a gola (contorno do furo feito na cúpula) voltada para dentro. Voltaremos a falar dessa gola.
Essas são as causas observadas em geradores cujas faíscas vão até a base --- há cabeças de parafusos
expostas.
2. Todos os tipos de substâncias estranhas podem causar contaminações (sujeira, graxa, sabões, limpado-
res, poeira etc.) e são causas suficientes para que um gerador possa deixar de funcionar. Certa vez, presen-
ciamos a coluna de apoio de um gerador (supostamente limpa) brilhar como fogo vivo de eletricidade estática,
enquanto o domo de descarga permanecia inativo. Se algumas partes precisam de limpeza, use componentes
que realmente retirem toda a sujeira. A solução de amônia e água constitui um bom produto para limpeza (e sai
barato também...).
3. Se seu GVDG não está funcionando a contento, a causa pode ser a seguinte: certos materiais que pare-
cem ser bons isolantes elétricos, frequentemente não o são. Com os níveis de tensões produzidas, até mesmo
em pequenos geradores, muitos desses materiais (habitualmente tratados como isolantes) conduzirão eletrici-
dade. Um isolante para os corriqueiros 110 V torna-se um condutor sob tensão de 20000 V ou mais!
4. Finalizamos esse faça e não-faça alertando-o sobre o carbono (grafite, carvão). O carvão das escovas,
muito utilizado em pequenos motores elétricos, pode servir como meio para transferir eletricidade estática do
domo para a base do aparelho.
Enquanto o motor funciona, a escova se desgasta e seu pó é lançado para fora através das aberturas do
motor, empurrado pela ventoinha de refrigeração. Pó de carbono é quase invisível e, quando depositado sobre
superfícies, até mesmo em pequenas quantias, pode criar um filme bom condutor de eletricidade.
Esse filme pode fazer um GVDG parar de funcionar. Carbono também é usado em plásticos e borrachas. Ne-
gro de fumo é frequentemente acrescentado para tornar a borracha mais resistente ao ozônio e à deterioração
ele confere à borracha sua cor preta e impede seu GVDG de funcionar. Carbono também é usado em muitos
plásticos, pelas mesmas razões.
Quando alguém menciona um Van de Graaff, a primeira coisa em que as pessoas pensam, frequente-
mente, é o efeito de eriçar os cabelos. Embora isso não deixe de ser um experimento notável e atrativo,
há outros experimentos diferentes, muitos deles até mais atrativos e esclarecedores, que podem ser
feitos com a eletricidade estática.
Antes dessa fase de experimentos, apresentaremos, neste projeto, as estruturas dos dois modelos
básicos dos geradores de Van de Graaff (GVDG).
Daremos maior ênfase ao primeiro, que é o tipo auto excitado, por ser ele o mais comum e, com cer-
teza, aquele em que as pessoas pensam quando um GVDG é mencionado.

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O gerador auto excitado trabalha segundo princípios do efeito triboelétrico. Esse termo refere-se ao fenôme-
no que ocorre quando dois materiais diferentes estão bem juntos e então são puxados para que se separem.
Todos nós já experimentamos esse efeito alguma vez. O melhor exemplo, um pelo qual a maioria certamente
já passou (especialmente em um dia seco e quente), é o que ocorre quando estamos caminhando sobre um
piso atapetado e a seguir tocamos na maçaneta da porta ou em outro objeto metálico; ouvimos e sentimos uma
pequena faísca saltar de nossos dedos. É comum ouvirmos essas crepitações ao tirarmos um vestuário de
lã. Assim como os sapatos são afastados do piso atapetado, as roupas puxadas para longe de outras roupas,
todos os demais materiais diferentes, quando separados, experimentam uma migração de elétrons de um para
outro, tornando-se ambos eletrizados. Esse é o resultado do efeito triboelétrico a eletrização que ocorre ao
separarmos materiais diferentes que estão bem juntos. Isso é exatamente o que acontece entre a correia de
nosso GVDG e o rolete inferior, como veremos.
O segundo tipo de gerador é o sistema bombeado, borrifado ou ainda externamente excitado. Uma fonte de
alimentação de alta tensão deposita elétrons na correia móvel. Esses elétrons são transportados até o domo de
descarga. A forma física básica desses dois tipos são quase idênticas. Porém, não incluiremos muitas explica-
ções ou desenhos para se construir esse tipo, porque a fonte de tensão requerida é cara ou de difícil montagem
para os alunos. Além disso, são fontes perigosas para um manuseio por pessoas inexperientes. No entanto,
para quem “mexe” com eletrônica, como o amigo Newton C. Braga, por exemplo, diretor técnico da revista Sa-
ber Eletrônica, essas fontes são brinquedinhos de expelir elétrons!
É possível construir um pequeno gerador com mínimas despesas, uma vez que suas partes podem ser obti-
das no comércio ou podem ser fabricadas. O modelo descrito é para um gerador com uma correia de 2 cm a 3,5
cm de largura, uma cúpula de descarga com cerca de 20 cm a 35 cm de diâmetro e algo entre 40 cm e 65 cm
de altura. O modelo baseia-se em GVDGs já construídos pelo autor, os quais funcionam em seus rendimentos
máximos.
Na descrição desse projeto não incluímos detalhes profundos sobre certas partes. Por exemplo, não cita-
remos “use um motor da marca tal, modelo tal, número de série tal”. Do mesmo modo, certas partes precisam
ser fabricadas. Assim, optamos por expor as exigências gerais e dar ao construtor liberdade para obter, achar,
mandar fazer, comprar, trocar etc. ou ele próprio fazer essas partes.
Praticamente todos os pequenos motores elétricos disponíveis servirão para esse projeto. O autor já utilizou
motor de toca-discos, de ventilador doméstico, de ventilador de computador, de máquina de costura etc. Como
veremos oportunamente, aos poucos, fomos eliminando aqueles que utilizam escovas de carvão. Os motores
de indução são os eleitos, mas, talvez, seja difícil achar um com as especificações certas.
Tipicamente, o motor deve apresentar o seguinte:
Velocidade: 2 000 rpm a 5 000 rpm : 1/10 HP a 1/4 HP.
Tamanho do eixo: 1/4” a 3/8” de diâmetro x 1,25” a 1,5” de comprimento livre.
Montagem: base de fixação plana. Um motor com base de fixação plana é preferível; caso contrário, deve-se
recorrer a alças metálicas, as quais podem dar algum trabalho extra.
(Se um motor com escovas de carvão for utilizado, o construtor deverá ter em mente que tal GVDG reque-
rerá limpezas mais frequentes. Um pequeno ventilador de exaustão pode ser estrategicamente montado para
remover e afastar o pó de carvão da correia e do tubo suporte.)
O autor já utilizou, com excelentes resultados, um motor de máquina de costura, que é praticamente todo
blindado. Além disso, é dotado de um reostato (com discos de carvão), o qual permite controlar a velocidade
de trabalho do motor. Esse tipo de reostato para controlar a velocidade do motor é um tanto “primitivo” (se bem
que perfeitamente adaptado ao fim a que se destina - máquina de costura). Ele foi substituído, mais tarde, por
um dimmer com TRIAC
Os cilindros (roletes), junto com a correia, constituem o coração de um GVDG auto excitado. Como mencio-
namos anteriormente, geradores eletrostáticos trabalham assentados no efeito triboelétrico. A série triboelétrica
(uma lista abreviada é fornecida a seguir) nada mais é que uma lista de materiais ordenados segundo a carga
relativa que adquirem quando atritados (ou separados) dois a dois. Os materiais mais comumente escolhidos
para os cilindros estão nessa tabela.

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mais positivo ar
vidro
Materiais que estão mais próximos do
fibra sintética extremo mais negativo, têm uma disposi-
lã ção por assumir uma carga elétrica nega-
tiva. Os materiais mais próximos ao extre-
chumbo
mo mais positivo tendem a assumir carga
alumínio elétrica positiva. Idealmente, os materiais
papel da correia e do cilindro inferior devem es-
tar entre o mais afastados possível dessa
lista, enquanto o material do cilindro supe-
neutro algodão
rior deve estar na região dos neutros.
aço
Uma Nota em Relação à Polaridade de
madeira um Van de Graaff
borracha Para uma dada combinação rolete in-
ferior-correia-rolete superior, a polaridade
cobre
do domo do GVDG fica determinada. Por
acetato exemplo, se a correia é de borracha, o ro-
poliéster lete inferior é de plástico e o rolete supe-
rior é de alumínio, o domo ficará negativo.
poliuretano Usando o mesmo desenho, porém colo-
polipropileno cando-se o rolete de plástico como supe-
rior e o de alumínio como inferior, o domo
vinil (PVC)
ficará positivo.
silicone
mais negativo teflon

Para ver detalhes teóricos do conjunto roletes-correia, vento elétrico, fogo de Sant’Elmo, plasma etc., basta
clicar no texto em destaque: Roletes e Correia.
Para um modelo didático, pequeno, os roletes podem ser cilíndricos, com diâmetro ao redor dos 2,5 cm e
algo como 3 cm a 4 cm de comprimento. Uma vez aberto o furo central nesses cilindros (no diâmetro correto
para passar os eixos), eles devem ser “coroados”. Coroar um cilindro é fazer rebaixos nos extremos de maneira
que a região central fique ligeiramente mais alta que as extremidades. Esse procedimento manterá a correia
centrada sobre o rolete enquanto ele funciona (a correia tende para a parte mais elevada). Ilustremos isso:

Um rebaixo de cerca de 4 graus em cada extremo (1/3) do cilindro é o bastante. Para esse serviço é reco-
mendado o uso de um torno. O cilindro preso por um longo parafuso a uma furadeira de bancada e um esme-
rado trabalho de lixa podem produzir excelentes “barriletes”.

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Há outros recursos para fazer cilindros sim-
ples. Um deles é utilizar pedaços de canos
plásticos usados nas redes domésticas de
distribuição de água e colar discos em suas
extremidades.
Nessa ilustração, o rolete inferior foi reco-
berto com uma tira de pano verde para me-
sas de snooker (feltro) e fixado com cola tipo
Super Bonder. O rolete superior foi recoberto
com uma tira de alumínio autocolante (tipo
Contact).
Repare que os discos laterais têm diâme-
tro pouco superior ao dos canos, de modo a
não permitir o escape da correia. Entretanto,
os roletes tipo “barriletes” são os mais reco-
mendados.

O rolete inferior girará solidário ao seu eixo (o eixo é colocado sob pressão), que é comandado pelo motor.
O rolete superior pode girar livremente sobre o seu eixo (rolete louco) ou, se o eixo for solidário ao rolete, é o
eixo que girará livremente em seus mancais.
A maioria dos modelos escolares de GVDG (fornecidos em forma de kits) tem os dois roletes feitos de PVC
(maciços, em forma de tarugos), sendo o inferior recoberto com feltro e o superior recoberto com folha de alu-
mínio autocolante; a correia é de borracha de cor laranja.
Ao selecionar o material para a coluna de apoio, recomendamos o uso de um tubo de plástico rígido. PVC
e acrílico parecem ser os materiais preferidos pela maioria dos construtores. De modo geral, o tubo deve ter
um diâmetro um pouco menor que o dobro do comprimento dos cilindros. Por exemplo, se o cilindro tem 5 cm
de comprimento, então o tubo deve ter um diâmetro de cerca de 10 cm (tubo de 4 polegadas, nas medidas
comerciais).
Para esse cilindro é melhor usar uma correia de 4 cm de largura. 0,5 cm é uma boa espessura para a pare-
de do tubo. Não esqueça que o eixo do cilindro superior deve repousar em um entalhe na boca desse tubo ou
passar por orifícios praticados nele. Para sustentar esses cilindros, a força exercida pela borracha esticada, o
peso do domo e a espessura da parede do tubo são fatores importantes. A fixação do domo nessa coluna é um
assunto delicado, como veremos mais adiante.
Um bom trabalho para exibição ao público exige boa aparência. Recomendamos que tal tubo seja lixado
externamente (lixa d’água) e, posteriormente, envernizado.
Escolha da Correia
Como mencionamos anteriormente, no item Faças e Não-Faças, evite, para a correia, as borrachas de cor
preta. As borrachas de cor preta têm maior possibilidade de conter “negro de fumo”, carvão, carbono.
Quando selecionar um material, procure um que tenha uma boa resistência ao ozônio. Durante a operação
de um Van de Graaff, ambas as descargas elétricas, as provenientes do globo e as das escovas, produzirão
ozônio. Ozônio (O3) é muito corrosivo, mesmo em pequenas quantidades; pode causar ferrugem, e borrachas
e plásticos podem ser oxidados ou sofrerem apodrecimento. Neoprene é muito bom para resistir ao ozônio e
pode ser comprado da maioria dos fornecedores de borracha. Além disso, pode ser achado na cor branca ou
laranja claro, indicação de ausência de “negro de fumo”.
Espessura da Correia
Que espessura uma correia deve ter? Uma boa regra é: quanto mais fina, melhor. A própria correia não pre-
cisa ser espessa; de fato, quanto mais espessa for a correia, mais ela tenderá a sair dos cilindros. Conforme a
velocidade do gerador aumenta, maior é a força centrípeta sobre a região da correia que passa acima do rolete
superior e abaixo do rolete inferior. Essa força tende a afastar a correia do rolete, e a correia ficará instável em
altas velocidades. Vamos entender assim: quanto menor a massa da correia, menor será sua tendência de se
afastar dos roletes. Para ver esse efeito com mais clareza, proceda assim: amarre uma arruela a um fio de linha

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
e gire-a em círculos. O puxão que você sente no fio, sua tração, tem praticamente a mesma intensidade que
a força centrípeta desenvolvida na arruela pela sua rotação; quanto mais rápido girar, maior será a força que
tende a arrancar o fio de sua mão.

A espessura, o comprimento útil da correia entre os


dois cilindros e a tração a que está submetida são os
fatores que irão comandar as vibrações estacionárias
na correia. Se houver ressonância entre a frequência
fundamental (ou de algum harmônico) da correia e a
rotação dos cilindros, a amplitude da onda estacioná-
ria que se estabelece pode ser tal que a correia come-
çará a bater na parede interna da coluna de apoio. Se
isso acontecer, as providências possíveis são: alterar
a velocidade do motor, alterar a tração na correia ou
trocar a correia por outra de massa diferente.
Como Montar a Correia
Fazer uma correia não é realmente tão difícil como
se poderia pensar. Com um pouco de paciência, al-
gumas lâminas de aparelho para barbear --- tradi-
cionalmente chamadas de giletes (há um termo em
português para isso) --- ou facas com lâminas des-
cartáveis e uma régua de aço podem ser feitas cor-
reias muito boas.

A primeira coisa para lembrar é que a tira de borracha deve ser retangular (lados perfeitamente paralelos).
Uma vez cortada a tira retangular, resta saber que comprimento precisa ter.
Obtido o comprimento final da correia, seus extremos devem ser colados.
Não há uma fórmula exata para determinar o máximo comprimento que a correia deverá ter.
A elasticidade da borracha, o comprimento global da montagem roletes-coluna, de modo geral, é que deter-
minará o comprimento da correia acabada.
Uma regra básica é: a correia acabada (extremos já colados) deve ter um comprimento entre 2/3 e 3/4 da
distância entre os centros dos roletes postos em seus devidos lugares.
Por exemplo: se a distância de centro a centro dos roletes é de 60 cm, então 3/4 desse comprimento equi-
valem a 45 cm (60 x 0,75 = 45).
Se o material da correia é muito fácil de esticar (pequena constante de elasticidade), então 2/3 serão o re-
comendável (60 x 0,66 = 40).
Apesar dessas referências, ainda resta a experimentação. Depois da correia acabada, instalada nos roletes,
motor funcionando, se a correia tende a flutuar nos cilindros, então ela precisa ser encurtada.
De experiência própria, é mais fácil encurtar uma correia do que perder material para fazer outra ¾ assim, é
melhor manter o erro para o excesso a tentar prever o tamanho final.
A segunda coisa é que, quando os extremos da correia são cortados, eles devem resultar perpendiculares
aos bordos.
Há um método simples para cortar e colar uma correia: antes de decidir pelo comprimento final, é melhor
praticar com restos de borracha (mesmo que sejam emendados com Super Bonder).
Pratique, também, o uso da cola de secagem rápida (Super Bonder ou equivalente) para unir os extremos
da fita. Vejamos a técnica de colagem.

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Primeiro coloque a tira de borracha (cortada com régua de
aço e faca de lâmina descartável ou gilete), com comprimento
em excesso, sobre uma superfície plana (fig.1). A seguir dobre
um extremo da correia para sua região central e então dobre
o outro extremo para o mesmo lugar (fig.2). Isso lhe dará duas
camadas de correia com os extremos que se encontram no
meio. Superponha os dois extremos (cerca de 2 cm) de forma
a ter três camadas de borracha superpostas na região central
(fig.3). Deslize um pedaço de material resistente debaixo dos
dois extremos superpostos; assim, quando os extremos forem
cortados, a lâmina não atingirá a terceira camada de borracha
(fig.4). Usando a lâmina nova e a régua de aço posta perpen-
dicularmente aos bordos, efetue o corte. As extremidades re-
sultarão em perfeita coincidência, prontas para a colagem final
(fig.5).

Retire o pedaço de material resistente e coloque em seu lugar um pedaço de fita adesiva dupla face. Uma
face gruda na borracha debaixo e na superfície plana (e serve de apoio) e a outra face receberá os extremos a
serem colados. Deixe apenas uma das extremidades presa na fita adesiva, passe uma fina camada de cola de
cianoacrilato (Super Bonder, marca registrada da Loctite Corp.) na extremidade livre e a ajuste com todo capri-
cho junto à outra extremidade presa à fita adesiva. Agora a fita adesiva manterá tudo no lugar até a secagem
final da cola.
Após tudo isso teremos uma fita contínua, de espessura uniforme, em forma de loop.
Teste: enfie um lápis dentro do loop para manter a fita na vertical. Verifique se não ocorrem dobras e se há
paralelismo entre as duas partes.
Nota: a superposição das extremidades “retas” da correia, na colagem, produzirá o inevitável “ploc-ploc-
-ploc”, cada vez que a emenda descontínua passar pelos cilindros. Se a superposição for inevitável (quando a
cola não está segurando devidamente), o recomendado é cortar as extremidades da correia em ângulo de 45o
ou 60o.
Isso permitirá uma passagem mais suave pelos roletes.
Nessas situações, a cola recomendada é a utilizada nos consertos de câmaras de pneus de bicicleta.
O gerador de Van de Graaff tem duas escovas virtuais para transferência de cargas. A palavra “escovas”
seria melhor substituída por “pontas”, uma vez que, quando se fala em escova, há exata ideia de algo que entra
em contato com outro corpo.
Nossas escovas não tocarão na correia, fisicamente, daí o adjetivo virtuais.
As escovas dos motores universais são realmente escovas, pois estão em permanente contato com o anel
de terminais do rotor.
Manteremos as palavras “escovas virtuais” por comodidade de expressão e viva a língua portuguesa!

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A primeira fica localizada na base, sob o ro-
lete inferior e próxima à face externa da cor-
reia. A segunda escova fica localizada sobre o
cilindro superior e próxima à face externa da
correia.
O melhor material para fazer as escovas é
a tela de metal, aquela usada em telas de ja-
nelas.
Basicamente, as escovas têm a mesma lar-
gura da correia. Depois que o material é cor-
tado na largura indicada, repique com uma te-
soura várias camadas dos fios horizontais; isso
deixará pontas (farpas) de maior comprimento
voltadas para a correia. Monte as escovas bem
próximo à correia, mas sem tocarem nela. A
escova inferior deve ser ligada eletricamente à
terra (condutor aterrado). Se usar um cordão
de força de três fios para o motor (plugue de 3
pinos - um dos pinos é a terra da residência),
essa escova deve ser ligada ao fio-terra do cor-
dão.

A escova superior deve ser ligada, elétrica e internamente, ao domo de descarga. O espaçamento das esco-
vas deve ser ajustado com o motor girando --- deverá existir um espaço de ar entre as pontas das escovas e a
superfície externa da correia. O “segredo” do porquê um GVDG consegue acumular boa quantidade de cargas
elétricas e atingir altíssimos potenciais está no modo como a carga é colocada na cúpula. Na parte construtiva,
a cúpula ou domo de descarga ideal para o GVDG requer trabalho de torno e repuxo. É serviço de profissional.

É constituída por duas superfícies


hemisféricas (calotas esféricas) que se
ajustam perfeitamente devido a encai-
xes trabalhados nas bordas. Esses he-
misférios podem ser feitos com chapas
de alumínio com 1 mm ou 1,5 mm de
espessura, repuxadas num torno para
adquirirem a forma de hemisférios; tra-
balho muito parecido com os repuxos
para fazer cúpulas de lustres, de lâm-
padas de quintal etc.
A parte inferior, que é fixada no
alto da coluna de apoio, tem uma gola
voltada para dentro. Isso facilita todo
o trabalho de fixação com parafusos
metálicos e arruelas de borracha (que
minimizam as vibrações). Aqui os pa-
rafusos podem ser usados por ficarem
dentro do globo.
Eis a ilustração da cúpula ideal.

Se uma cúpula de descarga especificamente projetada não está disponível, então outras cúpulas alternati-
vas poderão ser construídas. O recurso usado pelo autor em uma de suas montagens é o apresentado a seguir.

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Consiga duas taças esportivas com diâmetro su-
perior a 20 cm. Elas são, em geral, confeccionadas
em latão, anodizadas ou niqueladas. Retire-as do
suporte. Você terá duas calotas esféricas, cada uma
com um orifício de cerca de 4 mm no vértice. Feche
um desses orifícios com um arrebite de cabeça larga,
limando e lixando cuidadosamente (para não riscar
a calota), de modo a deixá-lo quase como parte inte-
grante da calota. Essa será a calota superior. Na ou-
tra calota, que será a inferior, deve ser praticado um
grande orifício (com ferramenta adequada), por onde
passará justo o tubo de suporte do GVDG. Procure
não deixar qualquer rebarba de material nesse corte.
Arredonde as bordas com lixa. Use cantoneiras em
L para fixar o tubo suporte nessa calota inferior. Os
arrebites tipo pop são os indicados.

Para minimizar o poder das pontas nas bordas desse orifício, o autor adaptou uma argola de alumínio maci-
ço (não recordamos se foi proveniente de uma pulseira ou de um puxador de cortinas) de diâmetro interno igual
ao diâmetro externo do tubo.
De início, nas primeiras experimentações, a calota superior foi simplesmente apoiada na inferior e fixada
com fita isolante. Mais tarde, com o auxílio de um amigo torneiro, foi feito um perfeito trabalho de encaixe nos
dois hemisférios. Ele retirou o material em excesso nas duas bordas (havia uma espécie de bainha saliente),
rebaixou ligeiramente uma das bordas e repuxou a outra. Ficou excelente.
Reunindo as Partes
Agora que todos os componentes foram descritos, é hora de reuni-los.

Comecemos pelo motor e role-


te inferior. O rolete pode ser fixa-
do diretamente, sob pressão, ao
eixo do motor (se ele for suficien-
temente comprido) ou ter um eixo
próprio, sendo então adaptado ao
eixo do motor por meio de um pe-
queno pedaço de tubo plástico fle-
xível, conforme ilustramos.
Dependendo do motor (rotação, por exemplo), alguns montadores preferem adaptar polias aos dois eixos e
acoplá-las com correia de máquinas de costura. O tubo de sustentação deve ter próximo à sua base um furo
que permita a introdução desse rolete. Essa montagem admite alterações. O importante é que fique tudo muito
bem alinhado e isento de vibrações durante o funcionamento.
O conjunto rolete + eixo + tubo plástico deve ser removido por permitir a colocação da correia. Dentre os
materiais da série triboelétrica, optamos pelo PVC para a confecção dos dois roletes e recobrimos o inferior com
uma tira de feltro, sem superposição, fixada com Super Bonder.
O material mais simples para a base e demais apoios (motor, escova e controle de velocidade), onde tudo foi
fixado, é a madeira envernizada. Os critérios para eles são: (a) onde a coluna de sustentação será fixada; (b)
onde o suporte da escova será montado; (c) onde ficará o motor e seu controle de velocidade. Tudo deve ser
pensado visando a um modo fácil de substituir componentes avariados e à limpeza de tubo e correia de tempo
em tempo.
O desenho geral do GVDG é que ditará quão robusto o tubo e a base devem ser. A coluna de sustentação
para um pequeno gerador pode ser fixada na base com chapinhas metálicas em ângulo reto ou braçadeiras
convenientes, mas um maior precisará de um layout mais elaborado. Uma vez fixada a coluna, verifique se o
rolete ficou bem posicionado no centro do tubo.

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A seguir, instale o rolete superior. O desenho do rolete superior é que ditará como ele será montado na colu-
na. A montagem mais simples é cortar duas aberturas pequenas no topo do tubo para o eixo do cilindro descan-
sar nelas. Duas arruelas elásticas ou dois pinos enfiados em orifícios nas extremidades desse eixo impedirão
que o cilindro deslize para fora das aberturas na coluna. Fique atento à montagem dos roletes quando tudo
estiver pronto, verifique se estão alinhados na vertical e paralelos entre si. Se não houver perfeito alinhamento,
a correia tenderá a deslizar para um de seus extremos. As coroas dos roletes tentarão minimizar esse efeito,
mas tudo tem seus limites...

O próximo passo é a colocação da correia. Passe-a por baixo do rolete inferior, segurando a montagem toda;
estique-a para cima (pode-se usar uma alça de barbante para isso); deslize o rolete superior para o seu devido
lugar e deixe assentar. Confira bem esse assentamento e o alinhamento da correia. Gire a correia com a mão e
observe se trabalha corretamente. Se, até aqui, tudo estiver em ordem, pode-se ligar o motor em baixa rotação.
Repare em tudo. Já deve ser percebida a presença de um campo eletrostático ao redor da coluna de sus-
tentação (notadamente pelos pelinhos do braço que ficam eriçados). Se a correia não traciona corretamente,
ajuste os apoios do rolete superior até que tudo fique em ordem.
Se a correia se comporta bem da velocidade mínima até a máxima (pois está em perfeito alinhamento), é
hora de colocar a escova superior (lembre-se de que ela deve estar eletricamente ligada à cúpula) e fechar
o globo. Para impedir a queda da metade superior do domo, no caso de simples ajuste de um sobre o outro,
passe uma fita isolante para fixá-lo. O GVDG está pronto para ser testado.

Antes de ligar o aparelho completo pela primeira


vez é conveniente preparar um centelhador para re-
ceber as faíscas. Ele servirá para testar distâncias
de faiscamento, assim como descarregar o globo
entre experimentações e testes. Pode ser feito com
uma vareta plástica, com uma esfera metálica na
ponta e um longo fio ligado na base do aparelho (no
fio-terra).
CAPACITORES
CAPACITÂNCIA E ENERGIA
Capacitores são dispositivos cuja a função é armazenar cargas elétricas. São formados por dois condutores
situados próximos um do outro, mas separados por um meio isolante, que pode ser o vácuo. Ligando - se os
condutores aos terminais de um gerador (Fig. 1), eles ficam eletrizados com cargas + Q e -Q .

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Os dois condutores são chamados de armaduras do capacitor e o módulo da carga que há em cada arma-
dura é chamado de carga do capacitor.
Os tipos de capacitores são:
1. capacitor plano (Fig.2a) formado por duas placas condutoras paralelas.
2. capacitor esférico ( Fig.2b) formado por duas cascas esféricas concêntricas.

3. capacitor cilíndrico (Fig.2c) formado por duas cascas concêntricas.


Qualquer que seja o tipo de capacitor, nos esquemas de circuito ele é representado por um símbolo da Fig.3.

Verifica - se que há uma proporcionalidade entre a carga (Q) do capacitor e a diferença de potencial (U) entre
suas armaduras:
Q = C . U ou C =Q ( I )
U
A constante de proporcionalidade C é denominada capacitância do capacitor e sua unidade no Sistema In-
ternacional é o farad, cujo símbolo é F.
Verifica - se que a capacitância de um capacitor depende apenas da geometria das armaduras ( forma, ta-
manho e posição relativa ) e do isolante que há entre elas.
Um capacitor carregado armazena energia potencial elétrica ( Ep ) a qual é dada por:

Ep=
(II)
Exemplo
Um capacitor de capacitância C = 2,0 p F, foi ligado aos terminais de uma bateria que mantém entre seus
terminais uma diferença de potencial U = 12V. Calcule:
A) a carga do capacitor
B) a energia armazenada no capacitor:
Resolução

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A) Pela definição de capacitância temos:

Q = C. U = ( 2,0 p F ) ( 12V ) =
= ( 2,0 . 10-12 F ) ( 12V ) =
= 24. 10-12 coulomb.
Q = 24 . 10-12 C = 24 pC
B) Ep =
= 144 . 10-12 = 1,44 . 10-10
Ep = 1,44.10-10 J
Exemplo
No circuito esquematizado ao lado há um capacitor

Calcule sua carga.


Resolução
Pelo capacitor não passa corrente elétrica. No entanto ele está submetido a uma diferença de potencial que
é a mesma que existe entre os potos X e Y.
Os resistores do circuito estão em série e sua resistência equivalente é:

R = 3,0 + 2,0 + 4,0 = 9,0


Assim: 54 = ( 9,0 ) . i i = 6,0A
A diferença de potencial entre X e Y é dada por:
Uxy = ( 2,0 ) (6,0 A) = 12 V
Portanto a carga Q do capacitor é dada por:

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Q = C . Uxy = (5,0 F) (12 V) = (5,0 . 10-6 F) (12V) =
= 60 . 10-6 coulomb = 60 C
Q = 60 C
Observação: Os capacitores são também chamados de condensadores.
CAPACITOR PLANO
Consideremos um capacitor plano cujas placas têm área A e estão separadas por uma distância d ( Fig.4)

Pode - se demostrar que a capacitância desse capacitor é dada por:


C = EA ( III ) de onde a constante E depende do meio isolante (dielétrico) que existe entre as placas e é
chamada permissividade do meio. Da equação III tiramos:
E = Cd
A

Assim, no Sistema Internacional temos:


A permissividade do vácuo é:
E0 = 8,85.10-12 F/m

Qualquer outro isolante tem uma permissividade ( E ) maior que a do vácuo ( E0 ). Define-se então a permis-
sividade relativa ( ou constante dielétrica ) do meio por:
A permissividade está relacionada com a constante k da Lei de Coulomb por meio da equação:

Exemplo
Um capacitor plano é formado por placas de área A = 36.10-4m2 separadas por uma distância d = 18.10-3m,
sendo o vácuo o meio entre as placas as quais estão ligadas a um gerador que mantém entre seus terminais
uma tensão U = 40V. Sabendo que a permissividade do vácuo é E0 = 8,85.10-12 F/m, calcule:

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A) a capacitância desse capacitor
B) a carga do capacitor
C) a intensidade do campo elétrico entre as placas
Resolução
A)

= 1,77.10-¡²
C = 1,77 . 10-12F
B) Q = C .V = (1,77 . 10-12F) (40 V) = 7,08 . 10-11C
Q = 7,08 . 10-11C
C) No capítulo de campo elétrico vimos que entre duas placas paralelas, uniformemente carregadas com
cargas de sinais opostos, há um campo elétrico aproximadamente uniforme. Ao estudarmos o potencial vimos
que para um campo uniforme temos:
U = E.d
Portanto:

2,2 . 103 V / m
ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES
Na Fig.5 representamos três capacitores associados de modo que a armadura negativa de um deles está
ligada à armadura positiva do seguinte. Dizemos que eles estão associados em série.

Numa associação em série, os capacitores têm a mesma carga.


Na Fig.6 representamos um único capacitor, de capacitância CE, que é equivalente à associação dada, isto
é, sob a mesma tensão total U, tem a mesma carga Q.

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U = U1 + U2 + U3 ( VI )
Mas:

Substituindo em VI:

ou

(VII)
A equação anterior pode ser generalizada para um número qualquer de capacitores em série.
Quando há apenas dois capacitores em série temos:

Ou

(VIII)
Se forem n capacitores iguais, associados em série teremos

n parcelas
ou

(IX)
ENERGIA ARMAZENADA EM CAPACITORES
Na Fig.7 representamos três capacitores associados em paralelo, isto é, os três estão submetidos à mesma
tensão U.

Na Fig.8 representamos um único capacitor, de capacitância CE que é equivalente à associação, isto é,


submetido à mesma tensão U, apresenta a mesma carga total Q:
Q = Q1 + Q2 + Q3 (X)
Mas: Q = CE.U, Q1 = C1.U, Q2 = C2.U, Q3= C3.U

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Substituindo em X:
CE.U = C1.U + C2.U + C3.U
ou:
CE = C1 + C2 + C3
CIRCUITOS ELÉTRICOS
CORRENTE ELÉTRICA CONTÍNUA E ALTERNADA

Uma corrente elétrica produz magnetismo. O efeito contrário é possível? O físico inglês Michael Faraday
demonstrou que sim. Em determinadas condições, um campo magnético gera corrente elétrica: ele ligou uma
bobina a um amperímetro e, ao introduzir rapidamente um ímã na bobina, o amperímetro assinalava passagem
de corrente. É a indução eletromagnética. Um ímã em movimento gera uma corrente elétrica em um fio condu-
tor: é a corrente induzida. Se em vez de introduzir o ímã o retirarmos, a corrente assume o sentido inverso. Se
aproximarmos ou afastarmos a bobina em vez do ímã, o resultado será idêntico. A aplicação mais importante
da indução é a produção de corrente elétrica. Se fizermos girar a espira no interior do campo magnético do ímã,
produz-se uma corrente induzida.
Conforme a figura, a cada meia-volta da espira, a corrente muda de sentido: é uma corrente alternada. Os al-
ternadores, componentes do sistema elétrico dos carros, são geradores de corrente alternada. Funcionam com
base na descoberta de Faraday. Modificações na montagem dos coletores e escovas (contatos entre a espira
móvel e o circuito no qual vai circular a corrente induzida) podem originar os geradores de corrente contínua,
como são os dínamos das bicicletas

Corrente elétrica
Para verificar se um objeto está ou não carregado eletricamente, utiliza-se o eletroscópio. Ocorre um deslo-
camento de cargas para as lâminas do eletroscópio. Esse movimento de cargas, o deslocamento, é transitório,
pois cessa assim que as lâminas se carregam negativamente. Chamamos de corrente elétrica o movimento de
cargas elétricas através de um condutor. O deslocamento acontece porque, entre a barra e as lâminas, existe
uma diferença de estado eletrônico que põe as cargas em movimento. Para que ele seja contínuo é preciso
manter esse desnível eletrônico, chamado diferença de potencial ou tensão. O elemento encarregado de man-
ter essa diferença chama-se gerador elétrico.

Polo positivo = maior potencial


Polo negativo = menor potencial
Uma pilha ou uma bateria de carro são geradores de corrente elétrica. A diferença de potencial é medida
em volts (V) e o instrumento que pode medi-la chama-se voltímetro. Podemos imaginar a diferença de poten-
cial como se fosse a diferença dos níveis de água em potes interligados. Se houver diferença de nível, haverá
transferência de água graças à força da gravidade. Se não houver diferença de nível, para haver transferência
será preciso uma bomba hidráulica. Um gerador realiza a mesma função que a bomba hidráulica. Além disso,

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as cargas precisam de um meio por onde circular. Os materiais que permitem o deslocamento por seu interior
são os condutores, como os metais em geral. Se um material dificulta esse deslocamento, chama-se isolante
ou dielétrico, como o ar, o papel, o vidro, a seda ou o plástico. A corrente elétrica pode ser contínua, caso em
que as cargas se deslocam sempre num sentido, ou alternada, quando as cargas mudam constantemente de
sentido.
Intensidade de corrente elétrica

Quando as cargas circulam por um condutor, elas podem se deslocar em maior ou menor velocidade. O
ritmo com que as cargas circulam por uma seção do condutor é expresso por uma grandeza chamada intensi-
dade de corrente. Assim, a intensidade de corrente é o valor da carga que atravessa a seção de um condutor
a cada segundo. É representada por I e matematicamente sua equação é: I = Q / t. O instrumento para medir
intensidades denomina-se amperímetro. A unidade de intensidade de corrente elétrica, no SI, é o ampère (A)
e se define como o quociente entre a unidade de carga, o coulomb (C), e a de tempo, o segundo (s). Então:

1A=1C/1s
Sentido da corrente elétrica
A corrente elétrica é produzida pelo movimento de elétrons em um condutor. O sentido real da corrente é o
do movimento de elétrons que circulam do polo negativo ao polo positivo. Porém, uma convenção internacional
estabeleceu que o sentido da corrente elétrica é o contrário do movimento dos elétrons. Então:
O sentido convencional da corrente elétrica é o que vai do polo positivo ao negativo através do condutor, isto
é, o contrário ao movimento dos elétrons.

CIRCUITOS DE CORRENTE CONTINUA


Todo circuito elétrico deve ter quatro elementos básicos: gerador, condutor, receptor e interruptor.
GERADORES DE CORRENTE CONTÍNUA
O gerador é o elemento que cria a corrente elétrica. Ele tem dois polos ou bornes, um positivo e outro nega-
tivo. É representado esquematicamente por duas linhas paralelas, uma mais comprida do que a outra. A mais
comprida representa o polo positivo, e a mais curta, o negativo.
Os geradores transformam algum tipo de energia em energia elétrica.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Por exemplo, as pilhas e as baterias transformam energia química em elétrica e geram corrente contínua.
Algumas, porém, fornecem pouca energia, razão pela qual são empregadas em aparelhos de baixo consumo,
como calculadoras, relógios, lanternas, que funcionam com pilhas de 1,5 V ou 4,5 V. Os dínamos transformam
a energia mecânica em elétrica. Os mais conhecidos são os dos carros, que fornecem corrente contínua. Os
alternadores são geradores de corrente alternada. Nas centrais hidrelétricas, térmicas ou nucleares, os alterna-
dores transformam a energia potencial da água, a calorífica ou a nuclear, em energia elétrica.

Condutor
O condutor é o meio pelo qual as cargas se deslocam. O mais usado, por seu preço e baixa resistividade, é
o cobre.
Receptor
O receptor transforma a energia elétrica em outras formas de energia. O desenho pode ser simples ou com-
plexo: uma lâmpada ou um motor elétrico. Os que transformam energia elétrica em calor são representados
esquematicamente como resistores.
Interruptor
O interruptor é a chave situada no condutor que permite ou impede a passagem de cargas. Se permite, diz-
-se que o circuito está fechado, caso contrário, está aberto.
Montagem dos elementos de um circuito
Os elementos de um circuito podem ser montados basicamente de duas formas diferentes: com ligação em
paralelo ou em série. No caso dos elementos de circuito que apresentam polaridade (geradores, por exemplo),
quando se ligam os polos negativos entre si e, da mesma forma, todos os polos positivos, temos uma ligação
em paralelo. A ligação em série ocorre quando o polo negativo de um elemento é ligado ao polo positivo de ou-
tro, e assim sucessivamente. No caso das lâmpadas, que não apresentam polaridade, oriente-se pelas figuras
e preste atenção: quando elas estão ligadas em série, como os enfeites numa árvore de Natal, e uma delas
se queima ou desenrosca, deixa de passar corrente pelo circuito e todas apagam. Se a ligação é em paralelo,
como nas lâmpadas de uma casa, e uma delas falha, as demais continuam funcionando.

Exemplo de ligação em série

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Exemplo de ligação em paralelo
Resistência de um condutor
A resistência elétrica mede a dificuldade que os elétrons encontram ao se deslocarem por um condutor. Os
materiais condutores apresentam pequena resistência elétrica. Os dielétricos, ou isolantes, apresentam grande
resistência elétrica. Está provado que, ao colocar vários condutores entre dois pontos de potenciais diferentes,
a resistência (R) vai depender do comprimento do condutor (L), da superfície de sua seção transversal (s) e do
material de que é feito. Então, quanto maior o fio, maior a resistência elétrica. Se dois condutores de mesmo
material e comprimento tiverem seção transversal diferente, o de menor seção vai apresentar maior resistência.
Se a única diferença for o material do condutor, cada substância apresentará uma resistência distinta, devido à
sua resistividade. Deduz-se que a resistência de um condutor é diretamente proporcional à sua resistividade e
comprimento, e inversamente proporcional à sua seção transversal. Então: R = L / S. A resistividade é definida
como a resistência de um condutor de um metro de comprimento e um metro quadrado de seção transversal.

= unidade de medida de resistência elétrica (lê-se ohm)


” m = unidade de resistividade
ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES
O circuito mais simples contém apenas um resistor. Na prática, porém, há situações mais complicadas em
que aparecem vários resistores associados. Nesses casos, é preciso calcular o valor de uma única resistência
equivalente (Req) da associação que tenha a mesma função de todas as outras sem alterar as condições do
circuito.
RESISTORES E RESISTÊNCIA ELÉTRICA
Resistores em série

Na ilustração à direita, pelos resistores Rs, R2 e R3 circula a mesma intensidade de corrente I. A diferença de
potencial entre as extremidades do gerador é a soma das diferenças de potenciais existentes em cada resistor:
Vad = Vab + Vbc + Vcd
Pela lei de Ohm:
Vab = R1 “ I, Vbc = R2 “ I e Vcd = R3 “ I.
Portanto, podemos escrever que
Vad = R1 “ I + R2 “ I + R3 “ I = (R1 + R2 + R3) “ I = Req “ I.
Logo, a resistência equivalente a um conjunto de resistores em série é a soma das resistências de todos
eles.

Req = R1 + R2 + R3

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Resistores em paralelo
Na ilustração à esquerda existe a mesma diferença de potencial entre as extremidades de cada um dos re-
sistores e as extremidades do gerador, Vab. A intensidade total I se repartirá em I1, I2 e I3, de modo que I = I1
+ I2 + I3. Ao aplicar a lei de Ohm para calcular os valores das intensidades, teremos:
I1 = Vab / R1, I2 = Vab / R2 e I3 = Vab / R3 e I = Vab / Req. Portanto,
Vab / Req = Vab / R1 + Vab / R2 + Vab / R3.
Assim, numa associação de resistores em paralelo, o inverso da resistência equivalente é igual à soma dos
inversos das resistências, que matematicamente é:

1 / Req = 1 / R1 + 1 / R2 + 1 / R3

Energia elétrica
Para calcular o valor da energia elétrica, ou do trabalho sobre as cargas do condutor é preciso levar em conta
que a diferença de potencial é o trabalho realizado por unidade de carga:
Vab = / Q. Portanto, o valor do trabalho será: = Q “ Vab. Esta expressão significa que a energia ou trabalho
cedido por um gerador é o produto da diferença de potencial entre seus polos multiplicada pela carga que cir-
cula. Se recordarmos que uma corrente elétrica se caracteriza por sua intensidade I = Q / t, de onde Q = I “ t,
obteremos = Vab “ I “ t.
A energia elétrica pode ser expressa também em função da resistência. Levando em conta que pela lei de
Ohm Vab = R “ I, podemos transformar a expressão e teremos = R “ I2 “ t. Também podemos escrever a Lei de
Ohm como I = Vab²/R “ t.
Potência elétrica
Define-se como o quociente entre o trabalho elétrico realizado e o tempo empregado para realizá-lo:
P = / t. Se dividirmos pelo tempo todos os valores obtidos para o cálculo do trabalho, obteremos expressões
que permitem calcular a potência:

P = Vab “ I = R “ I2 = Vab²/R
A potência elétrica é medida no SI em Watts (W), unidade definida como o quociente entre 1 joule e 1 se-
gundo: 1 W = 1 J /1 s. Outra unidade muito utilizada é o quiloWatt (kW), que equivale a 1.000 W. Da definição
de potência deduz-se que = P “ t, e pode-se calcular o trabalho ou energia como o produto da potência pelo
tempo. Se expressarmos a potência em kW e o tempo em horas, a unidade de energia que obteremos será o
quiloWatt-hora (kWh), definido como a energia gerada ou consumida quando se usa uma potência de um qui-
loWatt durante uma hora. Nas contas de luz, pagamos pelos quilowatt-hora consumidos.

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Efeito Joule

Quando a corrente elétrica atravessa um circuito, seus elementos se aquecem. É o chamado efeito calorífico
da corrente elétrica. Isto se deve ao fato de os elétrons que circulam pelo condutor chocarem-se com as es-
truturas fixas do material. Com isso, parte de sua energia cinética se transforma em energia térmica, liberada
na forma de calor. O fenômeno pelo qual a energia cinética se transforma em calor num condutor chama-se
Efeito Joule. A partir da expressão de energia obtida anteriormente, = R “ I2 “ t, podemos calcular a energia
calorífica transformada. Tradicionalmente, o calor é medido numa unidade chamada caloria. Levando-se em
conta que 1 joule = 0,24 calorias, pode-se calcular (em calorias) o calor desprendido pelo Efeito Joule:
Q = 0,24 “ R “ I2 “ t
LEI DE OHM
O fluxo ordenado de cargas elétricas através de um material, ativado pela aplicação de uma diferença de
potencial, é limitado pela estrutura interna do mesmo.
Antes de derivar a expressão que relaciona resistência elétrica e parâmetros físicos, talvez seja conveniente
explorar um pouco mais a analogia existente entre os sistemas mecânicos e os circuitos elétricos.

Considere-se então uma massa em queda sob a ação de um campo gravitacional constante, num primeiro
caso num espaço sem atmosfera e num segundo num espaço com atmosfera. Admita-se ainda que inicial-
mente o corpo se encontra a uma altitude h, isto é, que possui uma energia potencial EP-ini=mgh e uma
energia cinética EC-ini=0. Nestas condições, a força atuante sobre a massa é F=mg, a intensidade do campo
gravítico é E=g e, já agora, a diferença de potencial gravítico é V=gh. A força e o campo são constantes ao
longo de toda a trajetória do corpo, sendo o potencial gravítico tanto mais elevado quanto maior for a alti-
tude inicial do corpo. Ao longo da queda, o corpo troca energia potencial por energia cinética. A troca entre
energias verifica a relação em que xe v definem a posição e a velocidade entretanto adquiridas pelo corpo. A
velocidade do corpo é expressa por m/s, metro por segundo admitindo naturalmente que se verifi-
ca sempre v<<c, em que c define a velocidade da luz. No espaço sem atmosfera o corpo atinge a velocidade
máxima para x=h, ou seja, quando EP=0.

No caso em que o corpo se move num espaço com atmosfera, portanto com atrito, a troca de energia po-
tencial por energia cinética faz-se com perdas. Outra consequência da força de atrito é o fato de, a partir de um
determinado instante, o corpo se deslocar com uma velocidade constante, designada velocidade limite. A partir
desse instante efetua-se uma troca integral entre energia potencial e calor, e o ritmo de troca de energia na
unidade de tempo é constante. Considere-se agora o circuito elétrico representado na Figura 3.1.

Figura 3.1 Resistência elétrica

Admita-se que a diferença de potencial aos terminais da bateria é V e que a intensidade do campo elétrico ao
longo do fio condutor é constante
Tal como o corpo em queda livre, as cargas negativas perdem energia potencial ao dirigirem-se do terminal
negativo para o terminal positivo da bateria (energia convertida em energia cinética e calor). As cargas elétricas

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atravessam o fio condutor com uma velocidade constante, basicamente fixada no valor médio das velocidades
atingidas nos intervalos entre colisões com os átomos.
Admita-se que o material é caracterizado por uma densidade de eletrões livres por unidade de volume,
n = número de eletrões por metro cúbico ou que a densidade de carga livre por metro cúbico é q=ne (valor
absoluto). Por exemplo, os materiais condutores são caracterizados por possuírem uma elevada densidade de
eletrões livres, que lhes permite suportar o mecanismo da condução elétrica, ao passo que os materiais iso-
ladores são caracterizados por valores bastante reduzidos deste mesmo parâmetro. Por outro lado, cada par
material-tipo de carga caracteriza-se por uma relação velocidade-campo

em que m se designa por mobilidade das cargas em questão. Este parâmetro é em geral uma fun-
ção do tipo de carga, da temperatura e do tipo de material. A quantidade de carga que na unidade de tempo
atravessa a superfície perpendicular ao fluxo é (Figura 3.2)

a qual, tendo em conta a relação (3.7), permite escrever em que S/m, siemens por metro se desig-
na condutividade elétrica do material, ou ainda em que S, siemens se diz condutância elétrica do
condutor. Expressando a tensão em função da corrente, obtém-se e W.m, ohm-metro se designa
por resistividade elétrica do material e W, ohm por resistência elétrica do condutor. As expressões acima
são indistintamente designadas por Lei de Ohm.
De acordo com a expressão (3.16), a resistência elétrica de um condutor é diretamente proporcional ao seu
comprimento, e inversamente proporcional à sua secção, à densidade e à mobilidade das cargas elétricas livres
existentes no seu seio. Na Figura 3.3 ilustram-se alguns casos da relação existente entre a resistência elétrica
e o comprimento, a secção e a resistividade, enquanto na Tabela 3.1 se apresentam os valores da resistividade
elétrica de alguns materiais condutores, semicondutores e isoladores, medidos à temperatura de referência de
20 ºC.

Figura 3.3 Resistência elétrica de fios condutores com comprimentos, secções e resistividades variadas

MATERIAL RESISTIVIDADE 20ºC)


prata 1.645*10-8 W.m
cobre 1.723*10-8 W.m
ouro 2.443*10-8 W.m
alumínio 2.825*10-8 W.m

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tungsténio 5.485*10-8 W.m
níquel 7.811*10-8 W.m
ferro 1.229*10-7 W.m
constantan 4.899*10-7 W.m
nicrómio 9.972*10-7 W.m
carbono 3.5*10-5 W.m
silício 2.3*103 W.m
polystirene ~ 1016 W.m

Tabela 3.1 Resistividade elétrica de diversos materiais condutores, semicondutores e isoladores (a 20 ºC)
A Lei de Ohm permite três interpretações distintas:
(i) para uma determinada tensão aplicada, a corrente é inversamente proporcional à resistência elétrica do
elemento;
(ii) para uma determinada corrente aplicada, a tensão desenvolvida aos terminais do elemento é proporcio-
nal à resistência;
(iii) a resistência de um elemento é dada pelo cociente entre a tensão e a corrente aos seus terminais.
Por exemplo, no caso dos circuitos representados na Figura 3.4 verifica-se que em (b) a corrente na resis-
tência é dada por I=V/R=5 A, que em (c) a tensão aos terminais da resistência é V=RI=5 V e que em (d) o valor
da resistência é R=V/I=10 W.

Figura 3.4 Símbolo da resistência e Lei de Ohm


A representação gráfica da Lei de Ohm consiste numa reta com ordenada nula na origem e declive coinci-
dente com o parâmetro R (ou G) (Figura 3.5). Apesar de elementar e evidente, é importante associar esta rela-
ção linear tensão-corrente à presença de um elemento do tipo resistência, mesmo em dispositivos eletrônicos
relativamente complexos como o transistor. Num dos seus modos de funcionamento, por exemplo, o transistor
apresenta uma relação tensão-corrente semelhante àquela indicada na Figura 3.5, o que indica, portanto, que
nessa mesma zona o transistor é, para todos os efeitos, uma resistência.

Figura 3.5 Lei de Ohm


SEMI CONDUTORES E SUPERCONDUTORES
Semicondutores
Semicondutores são corpos sólidos cuja condutividade elétrica se situa entre a dos metais e a dos isolantes.
Sua resistividade depende da presença de impurezas e da temperatura (quanto maior a temperatura melhor
ele irá conduzir. O processo de condução caracteriza-se pela existência de lacunas ou buracos, deixados pelos
elétrons que se desligaram dos átomos.

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Os semicondutores são utilizados em dispositivos eletrônicos, como os retificadores e transistores, pilhas
solares, lasers, células fotoelétricas e outros.
Os semicondutores mais utilizados para a produção de dispositivos (entre eles o diodo) são o germânio e
o silício
Super Condutores
Fenômeno físico apresentado por certas substâncias, como metais ou cerâmicas especiais, caracterizado
pela diminuição da resistência elétrica em temperaturas muito baixas. Com isso a corrente elétrica pode fluir
pelo material sem perda de energia.
Histórico: Teoricamente, a supercondutividade permitiria o uso mais eficiente da energia elétrica. O fenôme-
no surge após determinada temperatura de transição, que varia de acordo com o material utilizado. O holandês
Heike Kamerlingh-Onnes fez a demonstração da supercondutividade na Universidade de Leiden, em 1911.
Para produzir a temperatura necessária, usou hélio líquido. O material foi mercúrio, abaixo de -268,8º C. Até
1986, a temperatura mais elevada em que um material se comportara como supercondutor foi apresentada por
um composto de germânio-nióbio; temperatura de transição: -249,8º C. Para isso também fora usado hélio
líquido, material caro e pouco eficiente, o que impede seu uso em tecnologias que procurem explorar o fenô-
meno. A partir de 1986, várias descobertas mostraram que cerâmicas feitas com óxidos de certos elementos,
como bário ou lantânio, tornaram-se supercondutoras a temperaturas bem mais altas, que permitiriam usar
como refrigerante o nitrogênio líquido, a uma temperatura de -196º C.
Aplicações dos supercondutores:
As aplicações são várias, embora ainda não tenham revolucionado a eletrônica ou a eletricidade, como pre-
visto pelos entusiastas. Têm sido usados em pesquisas para criar eletromagnetos capazes de gerar grandes
campos magnéticos sem perda de energia ou em equipamentos que medem a corrente elétrica com precisão.
Podem ter aplicações em computadores mais rápidos, reatores de fusão nuclear com energia praticamente
ilimitada, trens que levitam e a diminuição na perda de energia elétrica nas transmissões.
FORÇA ELETROMOTRIZ.
Por razões históricas a fonte de energia que faz os elétrons se moverem em um circuito elétrico é denomi-
nada fonte de força eletromotriz (fem). Exemplos de fontes fem:
Energia química (bateria).
Energia luminosa (bateria solar).
Diferença de temperatura (termo-par).
Energia mecânica (queda d’agua).
Energia Térmica:
Queima de carvão.
Queima de óleo combustível.
Reações nucleares.
Utilizaremos o termo ``bateria’’ de maneira genérica, para designar qualquer fonte de fem. Inicialmente
vamos considerar somente situações para as quais a fem não varia como uma função do tempo. Neste caso,
veremos que a corrente produzida no circuito pode ou não variar com o tempo. Se a corrente for também cons-
tante, temos uma situação de estado estacionário com uma corrente contínua fluindo no circuito.
Graças à força do seu campo eletrostático, uma carga pode realizar trabalho ao deslogar outra carga por
atração ou repulsão. Essa capacidade de realizar trabalho é chamada potencial. Quando uma carga for diferen-
te da outra, haverá entre elas uma diferença de potencial(E).
A soma das diferenças de potencial de todas as cargas de um campo eletrostático é conhecida como força
eletromotriz.
A diferença de potencial (ou tensão) tem como unidade fundamental o volt(V).

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Convencional
Solte sua imaginação! Você já pensou num liquidificador (só o copo, sem o motor convencional)
onde as hélices ficam paradas e o líquido do copo é quem gira? Ou numa máquina de lavar roupas onde
a roupa espontaneamente se põe a girar para cá e para lá? E que tal a água do tanque de lavar roupas
começar a fazer o mesmo? Pois bem, leia esse artigo: o primeiro passo do motor de rotor liquido está
lançado!
Como funcionam os motores convencionais?
O princípio básico que regula o funcionamento dos motores convencionais repousa na força mag-
nética de Lorentz.
“Toda carga elétrica (q) imersa num campo de indução magnética (B) e dotada de velocidade (V), de
direção não coincidente com a direção do campo, fica sujeita a uma força (Fm) de origem eletromagné-
tica, cuja intensidade é dada por:
|Fm| = |q| .|V|.|B|. senq
onde q é o ângulo entre as direções do vetor velocidade e do vetor campo magnético.”
Natural
Durante a formação de uma tempestade, verifica-se que ocorre uma separação de cargas elétricas, fican-
do as nuvens mais baixas eletrizadas negativamente, enquanto as mais altas adquirem cargas positivas. As
nuvens mais baixas induzem uma carga positiva na superfície da Terra e, portanto, entre a nuvem baixa e a
Terra estabelece-se um campo elétrico. O processo de descarga elétrica ocorre numa sucessão muito rápida,
inicia-se com uma descarga elétrica que parte da nuvem até o solo. Essa descarga provoca a ionização do ar
ao longo de seu percurso. A região entre a nuvem e o solo passa a funcionar como um condutor. Através desta
região condutora produz-se, numa segunda etapa, uma descarga elétrica do solo para a nuvem, denominada
descarga principal. A descarga principal apresenta grande luminosidade e origina corrente elétrica de grande
intensidade. Esta descarga elétrica aquece o ar, provocando uma expansão que se propaga em forma de uma
onda sonora, originando o trovão.
Ocorrem por dia, no nosso planeta, cerca de 40 mil tempestades que originam, aproximadamente, 100 raios
por segundo.

Para-raios
Para se evitar que as descargas elétricas atinjam locais indevidos, como postes, edifícios, depósitos de
combustíveis, linhas de transmissão elétrica, etc, utiliza-se o para-raios. Que é um constituído essencialmente
de uma haste metálica disposta verticalmente no alto da estrutura a ser protegida. Esta haste é ligada à terra
através de um fio condutor.
Quando a terra adquire cargas elétricas induzidas, estas se concentram na ponta do para-raios, de forma
que a descarga elétrica entre a nuvem e a terra se dá através do fio.
EQUAÇÃO DO CIRCUITO
Tipos de circuitos
A eletrônica emprega grande número de circuitos, de diversos tipos. Os retificadores, por exemplo, conver-
tem corrente alternada em contínua, e são constituídos de transformadores, diodos e condensadores. Já os

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filtros são utilizados para selecionar tensões dentro de uma margem estreita de frequências, e em geral são
formados por resistências, bobinas e condensadores, agrupados em função da finalidade visada.
Os amplificadores destinam-se a incrementar a amplitude ou potência de um sinal, e classificam-se em line-
ares e não-lineares, segundo a natureza da resposta dos componentes às polarizações a que são submetidos.
Os amplificadores não-lineares, além de aumentar o sinal de entrada, podem mudar a forma de sua onda.
Nos circuitos de comutação empregam-se componentes cujos sinais de saída só assumem valores discre-
tos. Entre eles podem-se citar os flip-flop, de grande utilidade nos circuitos de computador para o tratamento
do código binário; os circuitos lógicos, que empregam diodos; e os geradores de dentes de serra. Na área das
telecomunicações destacam-se por seu grande uso os circuitos moduladores (que fazem variar a amplitude ou
a frequência das ondas), os detectores e os conversores.
Circuito elétrico
O circuito elétrico é o caminho fechado por onde circula a corrente elétrica.
Dependendo do efeito desejado, o circuito elétrico pode fazer a eletricidade assumir as mais diversas for-
mas: luz, som, calor, movimento.
O circuito elétrico mais simples que se pode montar constitui-se de três componentes:
· fonte geradora;
· carga;
· condutores.
Todo o circuito elétrico necessita de uma fonte geradora. A fonte geradora fornece a tensão necessária à
existência de corrente elétrica. A bateria, a pilha e o alternador são exemplos de fontes geradoras.
A carga é também chamada de consumidor ou receptor de energia elétrica. É o componente do circuito
elétrico que transforma a energia elétrica fornecida pela fonte geradora em outro tipo de energia. Essa energia
pode ser mecânica, luminosa, térmica, sonora.
Exemplos de cargas são as lâmpadas que transformam energia elétrica em energia luminosa; o motor que
transforma energia elétrica em energia mecânica; o rádio que transforma energia elétrica em sonora.
Observação
Um circuito elétrico pode ter uma ou mais cargas associadas.
Os condutores são o elo de ligação entre a fonte geradora e a carga. Servem de meio de transporte da cor-
rente elétrica.
Uma lâmpada, ligada por condutores a uma pilha, é um exemplo típico de circuito elétrico simples, formado
por três componentes.
A lâmpada traz no seu interior uma resistência, chamada filamento. Ao ser percorrida pela corrente elétrica,
essa resistência fica incandescente e gera luz. O filamento recebe a tensão através dos terminais de ligação.
E quando se liga a lâmpada à pilha, por meio de condutores, forma-se um circuito elétrico. Os elétrons, em
excesso no polo negativo da pilha, movimentam-se pelo condutor e pelo filamento da lâmpada, em direção ao
polo positivo da pilha.
Enquanto a pilha for capaz de manter o excesso de elétrons no polo negativo e a falta de elétrons no polo
positivo, haverá corrente elétrica no circuito; e a lâmpada continuará acesa.
Além da fonte geradora, do consumidor e condutor, o circuito elétrico possui um componente adicional cha-
mado de interruptor ou chave. A função desse componente é comandar o funcionamento dos circuitos elétricos.
Quando aberto ou desligado, o interruptor provoca uma abertura em um dos condutores.
Nesta condição, o circuito elétrico não corresponde a um caminho fechado, porque um dos polos da pilha
(positivo) está desconectado do circuito, e não há circulação da corrente elétrica. Quando o interruptor está li-
gado, seus contatos estão fechados, tornando-se um condutor de corrente contínua. Nessa condição, o circuito
é novamente um caminho fechado por onde circula a corrente elétrica.

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Sentido da corrente elétrica antes que se compreendesse de forma mais científica a natureza do fluxo de
elétrons, já se utilizava a eletricidade para iluminação, motores e outras aplicações.
Nessa época, foi estabelecido por convenção, que a corrente elétrica se constituía de um movimento de car-
gas elétricas que fluía do polo positivo para o polo negativo da fonte geradora. Este sentido de circulação (do +
para o -) foi denominado de sentido convencional da corrente.
Com o progresso dos recursos científicos usados explicar os fenômenos elétricos, foi possível verificar mais
tarde, que nos condutores sólidos a corrente elétrica se constitui de elétrons em movimento do polo negativo
para o polo positivo. Este sentido de circulação foi denominado de sentido eletrônico da corrente.
O sentido de corrente que se adota como referência para o estudo dos fenômenos elétricos (eletrônico ou
convencional) não interfere nos resultados obtidos. Por isso, ainda hoje, encontram-se defensores de cada um
dos sentidos.
Observação
Uma vez que toda a simbologia de componentes eletroeletrônicos foi desenvolvida a partir do sentido con-
vencional da corrente elétrica, ou seja do + para o -, as informações deste material didático seguirão o modelo
convencional: do positivo para o negativo.
Tipos de circuitos elétricos
Os tipos de circuitos elétricos são determinados pela maneira como seus componentes são ligados. Assim,
existem três tipos de circuitos:
· série;
· paralelo;
· misto.
Circuito série
Circuito série é aquele cujos componentes (cargas) são ligados um após o outro.
Desse modo, existe um único caminho para a corrente elétrica que sai do polo positivo da fonte, passa atra-
vés do primeiro componente (R1), passa pelo seguinte (R2) e assim por diante até chegar ao polo negativo da
fonte.
Num circuito série, o valor da corrente é sempre o mesmo em qualquer ponto do circuito. Isso acontece por-
que a corrente elétrica tem apenas um único caminho para percorrer.
Esse circuito também é chamado de dependente porque, se houver falha ou se qualquer um dos componen-
tes for retirado do circuito, cessa a circulação da corrente elétrica.
Circuito paralelo
O circuito paralelo é aquele cujos componentes estão ligados em paralelo entre si.
No circuito paralelo, a corrente é diferente em cada ponto do circuito porque ela depende da resistência de
cada componente à passagem da corrente elétrica e da tensão aplicada sobre ele. Todos os componentes liga-
dos em paralelo recebem a mesma tensão.
Circuito misto
No circuito misto, os componentes são ligados em série e em paralelo.
Circuito LC

Para termos um entendimento suficientemente bom de algum assunto, não adianta estudarmos todas as
ocorrências de todas as naturezas simultaneamente. O que os físicos fazem nestas situações é tentar achar
um modelo simples e ir acrescentando os componentes aos poucos. No estudo de circuitos por exemplo,
antes de entendermos como funciona um circuito integrado de televisão, precisamos entender a função de
cada componente e seguir acrescentando um outro componente de cada vez, ou seja, primeiramente enten-
demos como se comporta um resistor, um capacitor e um indutor para posteriormente unirmos dois a dois e

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
finalmente os três em apenas um circuito, denominamos estes circuitos de RL, RC, LC, e RLC. Neste texto
entenderemos como funciona um circuito LC que contém de acordo com o que foi mencionado anteriormente
um indutor e um capacitor. Vamos supor inicialmente que exista uma chave no circuito que permita ou não a
passagem de corrente e que o capacitor está carregado inicialmente com uma carga q0. Em um instante ini-
cial t=0, a chave é fechada, permitindo então a passagem de corrente através do circuito e a carga do capaci-
tor começa então a fluir pelo circuito. Temos no circuito então uma corrente i=dQ/dt. Temos então que a queda
de potencial no indutor é igual a Ldi/dt, e no capacitor é igual a Q/C. Através da Lei de Kirchhoff, podemos
afirmar que Ldi/dt+Q/C=0. Utilizando noções de cálculo diferencial, sabemos que di/dt=d2Q/dt2. Substituindo
esta última relação na equação do circuito, temos: d2Q/dt2=-Q/LC. Se chamarmos (de , temos a equação
. Denominamos (a frequência do circuito LC. Novamente utilizando cálculo diferencial, chegamos a
um valor de Q=Acos(t+), onde A é a amplitude da carga, que é o valor máximo que a carga pode atingir e (é
uma constante de fase que depende unicamente das condições iniciais do problema. Se considerarmos que
a constante de fase é igual a zero temos que a carga neste circuito é dada por q0cost, uma vez que a ampli-
tude da carga depende da carga inicial do capacitor, e derivando esta equação em relação ao tempo obtemos
a corrente do circuito que é igual a i=-q0sent. Podemos perceber então que este circuito difere dos circuitos
RC e RL já que ele não decai ou cresce exponencialmente, mas sim oscila. Isto acontece pois à medida que
a carga no capacitor diminui, a energia armazenada no campo elétrico do capacitor se reduz. Esta energia
não se perde, mas se transforma em energia magnética dentro do indutor, já que em torno deste circula uma
corrente i que induz nele um campo magnético. Em um dado instante, toda energia elétrica do capacitor se
esgota juntamente com sua carga. Temos então que a corrente no indutor agora é máxima e todo a energia
do circuito está armazenada dentro do indutor sob forma de energia magnética. Esta corrente flui pelo circuito
e começa a realimentar o capacitor, aumentando assim o seu campo elétrico e diminuindo o campo magné-
tico dentro do indutor. Agora o capacitor adquire carga máxima, porém a polarização de seu campo elétrico
está invertida, e a carga começa a fluir no sentido contrário. Analisando as energias contidas em um circuito
LC, vemos que a energia eletrostática do capacitor é dada por U=½ QV=Q2/2C. Substituindo nesta equação
a função Q(t) obtida por nós anteriormente, temos U(t)=q02cos2t/2C. A energia magnética deste sistema é
dada por U=½ Li2. Substituindo nesta equação a função i(t), temos U(t)=½ L2q02sen2t. Vemos que ora toda
a energia se concentra no indutor, ora no capacitor, no entanto a energia total do sistema é dada sempre pela
soma das duas, que é constante e igual a q02/2C.
Circuito RC
Quando estudamos qualquer assunto, tentamos dividi-lo em suas partes mais importantes e estudá-las sepa-
radamente dando a elas a devida atenção. Este é o caso do circuito RC que é um caso particular de um circuito
elétrico contendo apenas uma resistência e um capacitor. Podemos pensar então nesses dois componentes
ligados através de seus terminais e uma chave que pode permitir ou não a passagem de corrente no circuito.
Admitindo inicialmente que a chave está aberta e não há passagem de corrente e o capacitor está carregado
com uma determinada carga Q, vamos analisar o que vai acontecer quando a chave for fechada e possibilitar
a passagem de corrente: Sabemos que a diferença de potencial entre os terminais do capacitor é dada por
V0=Q0/C, onde Q0 é a carga inicial do capacitor e C sua capacitância. No instante t=0 fechamos a chave e a
corrente começa a fluir através do resistor. A corrente inicial que passa pela resistência é igual a I0=V0/R. A me-
dida que a corrente flui pelo circuito, a carga no capacitor decresce numa taxa igual a I=-Q/t, onde I é a corrente
do circuito, e o sinal negativo aparece por se tratar de um caso de descarga do capacitor. Através da utilização
da Primeira Lei de Kirchhoff, sabemos que o potencial no resistor é igual ao potencial no capacitor, obtemos
então RI=Q/C. Podemos aplicar agora um pouco de cálculo diferencial e obter -R dQ/dt =Q/C. Resolvendo esta
equação diferencial obtemos que a função Q dependente do tempo é igual a Q(t)=Q0e-t/RC. A letra e corres-
ponde ao valor de 2,71828..., e é um número irracional com propriedades notáveis que são estudadas em um
curso de cálculo. Ao analisarmos nossa equação vemos que Q0 é uma constante e depende da carga inicial do
capacitor, t é o tempo e o produto RC é a chamada constante de tempo, e é este produto que determina qual é

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o tempo total de descarga do capacitor. Analisando esta constante percebemos que quanto maior for o produto
RC maior será o tempo necessário para a descarga do capacitor e quanto menor o produto, menor será o tempo
de descarga. Utilizando novamente o cálculo diferencial obtemos a função que governa a corrente: I(t)=I0e-t/
RC. Vemos que analogamente à carga, a corrente cai exponencialmente com o tempo. Podemos analisar agora
o que vai acontecer para um circuito RC conectado a uma bateria e com o capacitor descarregado. Ao fechar-
mos a chave, temos novamente pela Lei de Kirchhoff que o potencial da bateria mais o potencial no capacitor
são iguais a zero. Neste caso temos então que I=dQ/dt, sem o sinal negativo, pois estamos agora lidando com
o processo de carga do capacitor. Resolvendo novamente a equação diferencial obtemos que para o carrega-
mento do capacitor Q(t)=CV(1- e-t/RC) e I(t)=(V/R) e-t/RC. Portanto para o instante t=0 a carga no capacitor é
igual a zero e a corrente que passa por ele é igual a V/R. À medida que o tempo passa, a carga no capacitor
começa a aumentar e o fluxo de corrente começa a diminuir. Isto pode ser compreendido se pensarmos que o
capacitor começa a funcionar como uma antibateria, já que ele começa a acumular cargas entre suas placas, e
estas cargas estão dispostas no sentido contrário do sentido da bateria. O que acontece então é que quando o
capacitor está completamente carregado, ele tem a mesma carga da bateria, só que a corrente por ele gerada
está no sentido contrário, de forma que as correntes se cancelam, como era de se esperar.
Circuito RL

Sempre que aparece uma nova ideia ou uma nova teoria, os físicos tentam de toda a forma torná-la mais prá-
tica e mais simples de ser compreendida. É isto o que acontece quando estudamos um circuito RL, que é um
caso particular de circuito, onde apenas existem dois componentes: O resistor e o indutor. Quando estudamos
a Lei de Ohm, podemos perceber que a função de um resistor é dissipar a corrente elétrica, transformando
parte dela em energia térmica. A função de um indutor é analisada quando se estuda a Lei de Faraday. Vemos
então que o indutor funciona como uma inércia de um circuito, o que impede quedas ou aumentos bruscos de
corrente. Dentro de um circuito, a resistência consiste geralmente de um determinado material que dificulta a
passagem de corrente e o indutor é um solenoide ou uma bobina, que consistem em um fio condutor enrolado
muitas vezes. Vamos considerar agora uma circuito RL, que possui uma bateria, uma chave que permite a
passagem de corrente ou não, uma resistência e um indutor. Ao estudar os efeitos da autoindutância de um
sistema, vemos que a função de um indutor é de brecar a corrente que passa por ele gerando uma corrente
de sentido oposto, então consideramos que a chave do circuito está aberta e é fechada no instante t=0 quan-
do se inicia a passagem de corrente pelo sistema. Quando a corrente chega ao indutor, um potencial aparece
dificultando a passagem de corrente, e este potencial é igual a =Ldi/dt, onde L é a indutância do indutor, e di/
dt é a forma diferencial de se expressar a variação da corrente no tempo. Temos que lembrar ainda que este
potencial sempre vai estar contrário à corrente que o atravessa de acordo com a Lei de Lenz. Sabemos tam-
bém que a queda de potencial no resistor R é, pela Lei de Ohm, igual a Ri. Utilizando as regras de Kirchhoff
para este circuito, podemos afirmar que o potencial V da bateria é igual a V=Ri+Ldi/dt. Para um instante muito
próximo do instante inicial t=0, sabemos que a corrente é zero em todo o circuito, então a taxa de variação de
corrente pelo tempo é dada por di/dt=V/L. Após a passagem de um pequeno intervalo de tempo, a corrente
já flui pelo circuito e a variação temporal da corrente torna-se di/dt=V/L-iR/L. Quando a taxa de variação de
corrente é igual a zero, sabemos então que a corrente no circuito atingiu seu valor máximo: imax=V/R. Vamos
analisar a equação anteriormente citada do circuito e descobrir qual é o tempo necessário para que a corrente
atinja seu valor final: A resolução da equação diferencial V=Ri+Ldi/dt através de processos de cálculo diferen-
cial nos dá que . Nesta equação, chamamos a constante tc de constante de tempo, de forma
que ela seja igual a R/L, e é esta a divisão que determina o intervalo de tempo necessário para que o circuito
atinja sua corrente máxima. Se considerarmos que temos agora um circuito no qual podemos remover a bate-
ria após um certo instante, a nossa equação do circuito se reduz a: iR+ldi/dt=0 (di/dt=-Ri/L. Resolvendo esta
equação, obtemos que , e neste caso vemos que a corrente, com o passar do tempo, tende a diminuir
sempre e vai para zero para tempos decorridos muito grandes.

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Circuito RLC

Vamos ver agora o estudo de um circuito RLC, que é basicamente um circuito que contém um resistor, um in-
dutor e um capacitor. Vamos supor então que haja uma chave neste circuito que permita a passagem ou não
de corrente e vamos supor também que o capacitor esteja carregado com uma carga inicial q0. Inicialmente a
chave está aberta e não há passagem de corrente pelo circuito, no instante t=0 a chave é fechada e o ca-
pacitor começa o seu processo de descarga devido à diferença de potencial entre suas placas. Pela Lei de
Kirchhoff, sabemos que a soma de todas as quedas de potencial em todos os elementos do circuito deve ser
igual a zero, logo: . Sabemos que i=dQ/dt, e substituindo este valor na equação obtemos .
Esta equação é idêntica a uma equação de um oscilador amortecido estudado em ondas. Um oscilador amor-
tecido pode ser imaginado como um sistema massa mola mergulhado em uma substância viscosa como um
óleo. Quando consideramos um sistema massa-mola, ele oscila indefinidamente se considerarmos desprezí-
veis todos os atritos, no entanto se colocarmos este sistema dentro do óleo, o atrito viscoso entre o sistema
e o óleo, produzirá calor e diminuirá a energia cinética do sistema, que oscilará cada vez com amplitudes
menores. Antes de se estudar o circuito RLC, estudamos em separado os circuitos RL, RC e LC e percebe-
mos que nos circuitos RL e RC, ocorre ou uma queda ou uma subida exponencial na corrente enquanto em
um circuito LC, a corrente oscila de um lado para o outro. Vemos então que a mistura RLC resulta em um cir-
cuito oscilante que cai exponencialmente. Vamos agora analisar este circuito energeticamente: Multiplicando
todos os termos desta equação por i, temos: . O primeiro termo desta equação nos indica qual é a
quantidade de energia magnética que é injetada ou retirada do indutor, de forma que podemos obter um valor
positivo ou um negativo, dependendo do sentido do fluxo de energia. No segundo termos da equação, temos
o valor da energia elétrica do capacitor, cujo sinal também depende do sentido do fluxo de energia. Já para o
terceiro termo, temos a energia dissipada no resistor por efeito Joule, e este valor é sempre positivo. Como já
vimos em um circuito LC, a soma das energias elétrica e magnética é sempre constante, porém no caso RLC,
há uma dissipação da energia no resistor, então a quantidade oscilante de energia entre o indutor e o capa-
citor tem sua amplitude sempre reduzida com o passar do tempo. O modo que a corrente cai com o tempo
depende das relações entre os termos R2 e 4L/C, pois são estes termos que definem a curva na equação di-
ferencial. O caso em que R2<4LC, ocorre um fenômeno denominado amortecimento sub-crítico, e a corrente
vai oscilando e diminui lentamente. Para o caso em que R2=4LC, temos o amortecimento crítico, e para este
caso não há oscilação e a carga no capacitor decai continuamente e tende a zero em tempos grandes. Para o
caso em que R2>4LC, temos o amortecimento super-crítico, e como a dissipação no resistor é muito grande,
a carga no capacitor cai exponencialmente e rapidamente.
VOLTAGEM NOS TERMINAIS DE UM GERADOR e APLICAÇÕES
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Um gerador não gera energia. Ele converte energia mecânica em energia elétrica. Todo gerador necessita
de uma outra fonte geradora de energia para fazê-lo girar, seja ela uma turbina, um motor de pistão ou qualquer
tipo de máquina capaz de produzir energia mecânica.
GERADOR ELEMENTAR
Um gerador elementar consistiria em um ímã na forma de U e de uma única espira de um fio condutor. De-
nomina-se campo magnético, a força que circunda o imã. A fim de tornar mais clara a ideia de um campo mag-
nético, imaginemos linhas de força que, saindo do polo norte de um ímã, retornam ao seu polo sul. Quanto mais
forte for o ímã maior será o número de linhas de força. Se fizermos a espira de fio condutor girar entre os polos
do ímã, os dois lados da espira “ cortarão” as linhas de força, o que induzirá (gerará) eletricidade na espira.
Na primeira metade da rotação da espira, um dos seus lados corta as linhas de força de baixo para cima,
enquanto o outro lado da espira corta as linhas de cima para baixo. Desta forma surgirá na espira o fluxo elétrico

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numa dada direção. A meio caminho da rotação, a espira estará numa posição paralela às linhas de força. Ne-
nhuma linha de força será cortada pela espira, e, consequentemente, não será gerada nenhuma eletricidade.
Na segunda metade da rotação, o lado da espira que cortava as linhas de força debaixo para cima passa
cortá-las de cima para baixo. O outro lado estará cortando as linhas de força debaixo para cima, o que induzirá
na espira um fluxo elétrico no sentido contrário ao fluxo gerado na primeira metade da rotação. No ponto mais
baixo da rotação, a espira estará de novo em posição paralela as linhas de força e nenhuma eletricidade será
gerada.
Em cada rotação completa da espira a voltagem e a intensidade da corrente terão uma dada direção numa
metade do tempo, e a direção oposta na outra metade. Por duas vezes, durante a rotação da espira, não haverá
fluxo de corrente. Dá- se à voltagem e a corrente as denominações de voltagem alternada e corrente alternada.
A voltagem que um gerador produz pode ser acrescida aumentando:
( 1 ) a intensidade do campo magnético;
( 2 ) a velocidade de rotação da espira;
( 3 ) um numero de linhas de um fio condutor que cortam o campo magnético.
A uma revolução completa feita pela espira, através das linhas de força, dá-se o nome de ciclo. Ao número
de ciclos por segundo dá-se o nome de frequência da voltagem ou da intensidade da corrente, a qual é medida
em unidades chamadas Hertz.
GERADORES DE ENERGIA ELÉTRICA
A maior parte da energia elétrica que se utiliza nos dias de hoje é a energia de geradores elétricos, na forma
de corrente alternadas (CA). Um gerador simples de corrente alternada é uma bobina que gira num campo
magnético uniforme. Os terminais da bobina estão ligados a anéis coletores que giram com a bobina. O contato
elétrico entre a bobina e um circuito externo se faz por meio de escovas de grafita que ficam encostadas nos
anéis.
Quando uma reta perpendicular ao plano da bobina faz um ângulo q com o campo magnético uniforme B, o
fluxo magnético através da bobina é:
f m = NBA cos q
Onde N é o número de espiras da bobina e A, a área da bobina. Quando a bobina girar, sob a ação de um
agente mecânico, o fluxo através dela será variável e haverá uma fem induzida conforme a lei de Faraday. Se
ângulo inicial for d, o ângulo num instante posterior t será dado por:
q=wt+d
onde w é a frequência angular de rotação. Levando esta expressão de q na equação anterior, obtemos:
f m = NBA cos (w t + d ) = NBA cos ( 2p ft + d )
A fem induzida na bobina será então:
e = - df m = - NBA d cos (w t + d ) = + NBA w sem (w t + d )
dt dt
O que pode ser escrito como:
e = e max sem (w t + d )
onde
e max = NBAw
é o valor máximo da fem. Podemos , então, provocar uma fem senoidal na bobina mediante a sua rotação
com frequência constante, num campo magnético. Nesta fonte de fem, a energia mecânica da bobina girante se
converte em energia elétrica. A energia mecânica provém usualmente de uma queda de água ou de uma turbina
a vapor. Embora os geradores práticos sejam bastante mais complicados, operam com o mesmo princípio da
geração de uma fem alternada por uma bobina que gira num campo magnético; os geradores são projetados
de modo a gerarem uma fem senoidal.

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EXPERIMENTO REALIZADO
No experimento realizado no laboratório temos um ímã cilíndrico em constante movimento de rotação alter-
nando os polos note e sul, acionado por meio de roldanas. Com o movimento do ímã surge uma corrente, que
é chamada de corrente induzida, e o trabalho realizado por unidade de carga durante o movimento dos porta-
dores de carga que constitui essa corrente denominamos de fem induzida que é produzida pelo gerador. Logo,
a luz acenderá por consequência da fem induzida produzida pelo gerador.
FIGURA DO EXPERIMENTO REALIZADO

(ERNANDI FEY)
Onde:

Lâmpada que será acessa ao


ser gerada a energia
Roldana
Espira

Ímã

FIGURAS:

GERADOR DA USINA HIDROELÉTRICA DE ITAIPÚ (ACIMA) – ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DA


HIDROELÉTRICA DE ITAIPÚ (ABAIXO)

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Fontes geradoras de energia elétrica
A existência da tensão é condição fundamental para o funcionamento de todos os aparelhos elétricos. As
fontes geradoras são os meios pelos quais se pode fornecer a tensão necessária ao funcionamento desses
consumidores.
Essas fontes geram energia elétrica de vários modos:
· por ação térmica;
· por ação da luz;
· por ação mecânica;
· por ação química;
· por ação magnética.
Geração de energia elétrica por ação térmica
Pode-se obter energia elétrica por meio do aquecimento direto da junção de dois metais diferentes.
Por exemplo, se um fio de cobre e outro de constantan (liga de cobre e níquel) forem unidos por uma de
suas extremidades e se esses fios forem aquecidos nessa junção, aparecerá uma tensão elétrica nas outras
extremidades. Isso acontece porque o aumento da temperatura acelera a movimentação dos elétrons livres e
faz com que eles passem de um material para outro, causando uma diferença de potencial.
À medida que aumentamos a temperatura na junção, aumenta também o valor da tensão elétrica na outra
extremidade.
Esse tipo de geração de energia elétrica por ação térmica é utilizado num dispositivo chamado par termo-
elétrico, usado como elemento sensor nos pirômetros que são aparelhos usados para medir temperatura de
fornos industriais.
Geração de energia elétrica por ação de luz:
Para gerar energia elétrica por ação da luz, utiliza-se o efeito fotoelétrico. Esse efeito ocorre quando irra-
diações luminosas atingem um fotoelemento. Isso faz com que os elétrons livres da camada semicondutora se
desloquem até seu anel metálico.
Dessa forma, o anel se torna negativo e a placa-base, positiva. Enquanto dura a incidência da luz, uma ten-
são aparece entre as placas.
O uso mais comum desse tipo de célula fotoelétrica é no armazenamento de energia elétrica em acumula-
dores e baterias solares.
Geração de energia elétrica por ação mecânica
Alguns cristais, como o quartzo, a turmalina e os sais de Rochelle, quando submetidos a ações mecânicas
como compressão e torção, desenvolvem uma diferença de potencial.

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Se um cristal de um desses materiais for colocado entre duas placas metálicas e sobre elas for aplicada
uma variação de pressão, obteremos uma ddp produzida por essa variação. O valor da diferença de potencial
dependerá da pressão exercida sobre o conjunto.
Os cristais como fonte de energia elétrica são largamente usados em equipamentos de pequena potência
como toca-discos, por exemplo. Outros exemplos são os isqueiros chamados de “eletrônicos” e os acendedo-
res do tipo Magiclick.
Geração de energia elétrica por ação química
Outro modo de se obter eletricidade é por meio da ação química. Isso acontece da seguinte forma: dois me-
tais diferentes como cobre e zinco são colocados dentro de uma solução química (ou eletrólito) composta de sal
(H2O + NaCL) ou ácido sulfúrico (H2O + H2SO4), constituindo-se de uma célula primária.
A reação química entre o eletrólito e os metais vai retirando os elétrons do zinco.
Estes passam pelo eletrólito e vão se depositando no cobre. Dessa forma, obtém-se uma diferença de po-
tencial, ou tensão, entre os bornes ligados no zinco (negativo) e no cobre (positivo).
A pilha de lanterna funciona segundo o princípio da célula primária que acabamos de descrever. Ela é cons-
tituída basicamente por dois tipos de materiais em contato com um preparado químico.
Geração de energia elétrica por ação magnética
O método mais comum de produção de energia elétrica em larga escala é por ação magnética.
A eletricidade gerada por ação magnética é produzida quando um condutor é movimentado dentro do raio
de ação de um campo magnético. Isso cria uma ddp que aumenta ou diminui com o aumento ou a diminuição
da velocidade do condutor ou da intensidade do campo magnético.
A tensão gerada por este método é chamada de tensão alternada, pois suas polaridades são variáveis, ou
seja, se alternam.
Os alternadores e dínamos são exemplos de fontes geradoras que produzem energia elétrica segundo o
princípio que acaba de ser descrito.
ASSOCIAÇÃO DE GERADORES, RESISTORES E CAPACITORES
Associação de resistências em série
Suponha que duas lâmpadas estejam ligadas a uma pilha, de tal modo que haja apenas um caminho para a
corrente elétrica fluir de um polo da pilha para o outro, dizemos que as duas lâmpadas estão associadas em sé-
rie. Evidentemente, podemos associar mais de duas lâmpadas dessa maneira, como em uma arvore de Natal,
onde geralmente se usa um conjunto de várias lâmpadas associadas em série. Em uma associação em série
de resistências observam-se as seguintes características:
- como há apenas um caminho possível para a corrente, ela tem o mesmo valor em todas as resistências da
associação (mesmo que essas resistências sejam diferentes).
- É fácil perceber que, se o circuito for interrompido em qualquer ponto, a corrente deixará de circular em
todo o circuito.
- Quanto maior for o número de resistências ligadas em série, maior será a resistência total do circuito. Por-
tanto, se mantivermos a mesma voltagem aplicada ao circuito, menor será a corrente nele estabelecida.
- A resistência única R, capaz de substituir a associação de várias resistências R1, R2, R3, etc., em série, é
denominada resistência equivalente do conjunto.
Associação de resistências em paralelo
Se duas lâmpadas forem associadas de tal maneira que existam dois caminhos para a passagem da corren-
te de um polo da pilha para o outro dizemos que as lâmpadas estão associadas em paralelo. Evidentemente,
podemos associar mais de duas lâmpadas (ou outros aparelhos) em paralelo, abrindo vários caminhos para a

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passagem da corrente (isso acontece, por exemplo, com os aparelhos eletrodomésticos).
Em uma associação de resistências em paralelo, observamos as Seguintes características:
- A corrente total i, fornecida pela bateria, se divide pelas resistências da associação. A maior parte da cor-
rente i passará na resistência de menor valor (caminho que oferece menor oposição). É possível interromper a
corrente em uma das resistências da associação, sem alterar a passagem de corrente nas demais resistências.
- Quanto maior for o número de resistências ligadas em paralelo, menor será a resistência total do circuito
(tudo se passa como se estivéssemos aumentando a área total da seção reta da resistência do circuito). Por-
tanto, se mantivermos inalterada a voltagem aplicada ao circuito, maior será a corrente fornecida pela pilha ou
bateria.
Fusível
Basicamente, um fusível é constituído por um fio de metal, cuja temperatura de fusão relativamente baixa.
O chumbo e os estanho são dois metais utilizados para esse fim. O chumbo se funde a 327º C e o estanho, a
232º C.
Os fusíveis se encontram normalmente em dois lugares nas instalações elétricas de uma residência: no qua-
dro de distribuição e junto do relógio medidor. Além disso eles estão presentes no circuito elétrico dos aparelhos
eletrônicos, no circuito elétrico do carro, etc.
Quando há um excesso de aparelhos ligados num mesmo circuito elétrico, a corrente elétrica é elevada e
provoca aquecimento nos fios da instalação elétrica. Como o fusível faz parte do circuito essa corrente elevada
também o aquece. Se a corrente for maior do que aquela que vem especificada no fusível: 10A, 20A, 30A, etc,
o seu filamento se funde (derrete).
Com o fio do fusível fundido, ou seja, o fusível queimado, o circuito elétrico fica aberto impedindo seu funcio-
namento. Assim, a função do fusível é proteger a instalação elétrica da casa, funcionando como um interruptor
de segurança. Sem eles, é possível que um circuito sobrecarregado danifique um aparelho elétrico ou até inicie
um incêndio.
Quanto maior for a corrente especificada pelo fabricante, maior a espessura do filamento.
Assim, se a espessura do filamento do fusível suporta no máximo uma corrente de 10A e por um motivo
qualquer a corrente exceder esse valor, a temperatura atingida pelo filamento será suficiente para derrete-lo, e
desta forma a corrente é interrompida.
Disjuntores
Modernamente, nos circuitos elétricos de residências, edifícios e indústrias, em vez de fusíveis, utilizam-se
dispositivos baseados no efeito magnético da corrente denominados disjuntores.
Em essência, o disjuntor é uma chave magnética que se desliga automaticamente quando a intensidade da
corrente supera certo valor. Tem sobre o fusível a vantagem de não precisar ser trocado. Uma vez resolvido o
problema que provocou o desligamento, basta religá-lo para que a circulação da corrente se restabeleça
Capacitor
- Armazenamento de energia;
- Q e V são diretamente proporcionais;
- A energia potencial serve para a passagem de elétrons de uma placa para outra;
- As força de repulsão e atração determinam o deslocamento dos elétrons em um sistema;
- U cria uma ddp que permite a saída do elétron;
- Equilíbrio estável: Cessa a passagem de corrente elétrica. Capacitor carregado a partir de uma corrente
variável;
- Capacidade elétrica: Constante de proporcionalidade entre Q e V : C = Q / V ;
- No condutor em equilíbrio eletrostático: Epot = Q2 / 2C ;
- Condutores em equilíbrio, igual a potencial elétrico;

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Borracha - Isolante ou Dielétrico:
- Atrapalha a interação entre as placas;
- Pode até aumentar a quantidade de carga que não altera o capacitor, não “vencendo”, portanto, o isolante.
Se não tem a borracha como isolante, aumentando-se a carga altera o capacitor, alterando a interação (ocorre
passagem de corrente elétrica);
- E resultante diminui;
C = Eo . A / d
Aumentando-se a Área, aumenta a Capacidade elétrica (constante);
Reduzindo a distância aumenta a Carga;
- A partir de um certo momento a carga aumenta tanto que vence o isolante ou dielétrico;
Q=C.U
Série:
- Q é constante;
- C é inversamente proporcional a U - U/C = Constante ; 1/Ceq = 1/C1 + 1/C2 Ceq (C equivalente); Ceq =
C1 . C2 / C1 + C2
Paralelo:
- U é constante;
- Q e C são diretamente proporcionais - Q = C ;

Ceq = C1 + C2
Ligado:
- Coloca um dielétrico - Aumenta C ;
- Retira o dielétrico - Reduz C ;
- Ligado Q aumenta;
- Desligado Q é constante;
C = E . Co
AS LEIS DA ELETRODINÂMICA E O PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE
Essência da teoria da relatividade
O desenvolvimento da eletrodinâmica levou à revisão das noções de espaço e tempo.
A teoria da relatividade especial de Einstein é um novo estudo do espaço e do tempo, vindo substituir
as noções antigas (clássicas).
O princípio da relatividade na mecânica e na eletrodinâmica.
Depois de Maxwell, na segunda metade do séc. XIX, ter formulado as leis fundamentais da eletrodinâmica,
surgiu a seguinte questão: será que o princípio da relatividade, verdadeiro para os fenômenos mecânicos, se
estende aos fenômenos eletromagnéticos? Por outras palavras, decorrerão os processos eletromagnéticos
(interação das cargas e correntes, propagação das ondas eletromagnéticas, etc.) igualmente em todos os
sistemas inerciais? Ou ainda, o movimento uniforme e retilíneo, não influenciando os fenômenos mecânicos,

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
exercerá alguma influência nos processos eletromagnéticos?
Para responder a esta questão era necessário verificar se modificariam as leis principais da eletrodinâmica
na passagem de um sistema inercial para outro ou se, à semelhança das leis de Newton, elas se conservariam.
Só no último caso seria possível deixar de duvidar sobre a veracidade do princípio da relatividade nos proces-
sos eletromagnéticos e considerar este princípio como uma lei geral da Natureza.

As leis da eletrodinâmica são complexas e a resolução deste problema não era nada fácil. No entanto, ra-
ciocínios simples pareciam ajudar a encontrar a resposta certa. De acordo com as leis da eletrodinâmica, a
velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas no vácuo é igual em todas as direções e o seu valor é
c = 3.1010 cm/s. Mas, por outro lado, de acordo com o princípio da composição de velocidades da mecânica
de Newton, a velocidade só pode ser igual a c num dado sistema. Em qualquer outro sistema, que se mova em
relação ao sistema dado com velocidade v , a velocidade da luz deveria ser igual a

Isto significa que se é verdadeiro o princípio da composição de velocidades, então, na passagem de um


sistema inercial para outro, as leis da eletrodinâmica deverão alterar-se de tal modo que neste sistema a velo-
cidade da luz, em vez de ser igual a c, será igual a
De forma verificou-se que existiam algumas contradições entre a eletrodinâmica e a mecânica de Newton,
cujas leis estão de acordo com o princípio da relatividade. As tentativas de resolver as dificuldades que surgiram
foram feitas em três direções diferentes.
A primeira possibilidade consistia em declarar que o princípio da relatividade não se podia aplicar aos fenô-
menos eletromagnéticos. Este ponto de vista foi defendido pelo grande físico holandês G. LORENTZ, fundador
da teoria eletrônica. Os fenômenos eletromagnéticos eram vistos, desde o tempo de Faraday, como processos
que decorriam num meio especial, que penetra em todos os corpos e ocupa todo o espaço - “ o éter mundial
“. Um sistema inercial parado em relação ao éter é, segundo Lorentz, um sistema privilegiado. Nele, as leis da
eletrodinâmica de Maxwell são verdadeiras e têm uma forma mais simples. Só neste sistema a velocidade da
luz no vácuo é igual em todas as direções.
A segunda possibilidade consiste em considerar as equações de Maxwell falsas e tentar modificá-las de tal
modo que com a passagem de um sistema inercial para outro (de acordo com os habituais conceitos clássicos
de espaço e de tempo) não se alterem. Tal tentativa foi feita, em particular, por G.HERTZ. Segundo Hertz, o
éter é arrastado totalmente pelos corpos em movimento e por isso os fenômenos eletromagnéticos decorrem
igualmente, independentemente do fato do corpo estar parado ou em movimento. O princípio da relatividade é
verdadeiro.
Finalmente, a terceira possibilidade da resolução das dificuldades consiste na rejeição das noções clássicas
sobre o espaço e tempo para que se mantenha o princípio da relatividade e as leis de Maxwell. Este é o cami-
nho mais revolucionário, visto que significa a revisão das mais profundas e importantes noções da física. De
acordo com este ponto de vista, não são as equações do campo magnético que estão incorretas, mas sim as
leis da mecânica de Newton, as quais estão de acordo com a antiga noção de espaço e tempo. É necessário
alterar as leis da mecânica, e não as leis de eletrodinâmica de Maxwell.
Só a terceira possibilidade é que é correta. Einstein desenvolveu-a gradualmente e criou uma nova concep-
ção do espaço e do tempo. As duas primeiras possibilidades vieram a ser rejeitadas pela experiência.
Quando Hertz tentou mudar as leis da eletrodinâmica de Maxwell verificou-se que as novas equações não
podiam explicar muitos fatos observados. Assim, de acordo com a teoria de Hertz, a água em movimento
deverá arrastar completamente consigo a luz que se propaga nela, visto que ela arrasta o éter, onde a luz se
propaga. A experiência mostrou que na realidade isso não se passava.
A experiência de Michelson. O ponto de vista de Lorentz, de acordo com o qual deve existir um certo siste-
ma de referência, vinculado ao éter mundial, que se mantém em repouso absoluto, também foi rejeitado por
experiências diretas.

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Se a velocidade da luz só fosse igual a 300 000 km/s num sistema vinculado ao éter, então, medindo a velo-
cidade da luz em qualquer outro sistema inercial, poder-se-ia observar o movimento deste sistema em relação
ao éter e determinar a velocidade deste movimento. Tal como num sistema que se mova em relação ao ar surge
vento, quando se dá o movimento em relação ao éter (isto, claro, admitindo que o éter existe) deveria surgir
“vento de éter”. A experiência para verificação do “vento de éter” foi realizada em 1881 pelos cientistas ameri-
canos A. MICHELSON e E. MORLEY, segundo uma ideia avançada 12 anos antes por Maxwell.
Nesta experiência compara-se a velocidade da luz na direção do movimento da Terra e numa direção per-
pendicular. A medição foi feita com grande exatidão com o auxílio de um instrumento especial - interferômetro
de Michelson. As experiências foram realizadas a diferentes horas do dia e em diferentes épocas do ano. Mas
obteve-se sempre um resultado negativo: não foi possível observar o movimento da Terra em relação ao éter.
Esta situação é semelhante à que se verificaria se, deitando a cabeça de fora pela janela de um automóvel
à velocidade de 100 km/h, não sentíssemos o vento soprando contra nós.
Deste modo, a hipótese da existência de um sistema de referência privilegiado também foi rejeitada expe-
rimentalmente. Por sua vez, isto significava que não existe nenhum meio especial, “éter”, ao qual se possa
vincular esse tal sistema privilegiado.
MAGNETISMO E ELETROMAGNETISMO
A que se deve o magnetismo?
Os antigos gregos já sabiam que algumas rochas, procedentes de uma cidade da Ásia Menor chamada
Magnésia, atraíam pedaços de ferro. Essas rochas eram formadas por um mineral de ferro chamado magnetita.
Por extensão, diz-se dos corpos que apresentam essa propriedade que eles estão magnetizados, ou possuem
propriedades magnéticas. Assim, magnetismo é a propriedade que algumas substâncias têm de atrair pedaços
de ferro.
Gerador – Eletromagnetismo
O gerador é o elemento que cria a corrente elétrica. Ele tem dois polos ou bornes, um positivo e outro nega-
tivo. É representado esquematicamente por duas linhas paralelas, uma mais comprida do que a outra. A mais
comprida representa o polo positivo, e a mais curta, o negativo.
Os geradores transformam algum tipo de energia em energia elétrica.
Por exemplo, as pilhas e as baterias transformam energia química em elétrica e geram corrente contínua.
Algumas, porém, fornecem pouca energia, razão pela qual são empregadas em aparelhos de baixo consumo,
como calculadoras, relógios, lanternas, que funcionam com pilhas de 1,5 V ou 4,5 V. Os dínamos transformam
a energia mecânica em elétrica. Os mais conhecidos são os das bicicletas, que fornecem corrente contínua. Os
alternadores são geradores de corrente alternada. Nas centrais hidrelétricas, térmicas ou nucleares, os alterna-
dores transformam a energia potencial da água, a calorífica ou a nuclear, em energia elétrica.
Sentido da corrente elétrica
A corrente elétrica é produzida pelo movimento de elétrons em um condutor. O sentido real da corrente é o
do movimento de elétrons que circulam do polo negativo ao polo positivo. Porém, uma convenção internacional
estabeleceu que o sentido da corrente elétrica é o contrário do que foi descrito. Então:
O sentido convencional da corrente elétrica é o que vai do polo positivo ao negativo, isto é, o contrário ao
movimento dos elétrons.
CAMPO MAGNÉTICO – CONCEITO INICIAL
Chama-se campo magnético de um ímã a região do espaço onde se manifestam forças de origem magné-
tica.
Um ímã cria ao redor de si um campo magnético que é mais intenso em pontos perto do ímã e se enfraquece
à medida que dele se afasta ­como o campo gravitacional.
Para representar graficamente um campo magnético, utilizam-se as linhas de força. Se colocarmos sobre
um ímã, como o da figura ao lado, uma folha de papel com limalhas de ferro, estas se orientarão de acordo
com o campo magnético. Na representação acima, por exemplo, as linhas de força são linhas imaginárias que
reproduzem a forma como se alinharam as limalhas. O sentido das linhas, mostrado por uma ponta de seta, é

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
escolhido de maneira arbitrária: saem do polo norte e entram pelo polo sul.
Imã Natural:
- Magnetita - Oxido de Ferro (Fe3O4)
Polos magnéticos com o mesmo nome se repelem e de nomes contrários se atraem - Lei das Ações Mag-
néticas;
As linhas de indução saem do polo NORTE e chegam no polo SUL (Externamente ao imã);

Inseparabilidade dos polos:


Secções sucessivas - Imãs moleculares;
Magnetismo Terrestre:

A Terra funciona como um enorme imã cuja polaridade é invertida em relação a sua polaridade magnética;
Campo Magnético Uniforme:
É aquele que possui a mesma intensidade, a mesma direção e o mesmo sentido em todos os seus pontos;
- As linhas de indução são paralelas e igualmente espaçadas;
- Imã: Cria campo magnético ao seu redor sem corrente elétrica;
Experiência de Oersted (1820):
Foi uma experiência que mostrou a criação de campo magnético ao redor de um condutor, devido a presen-
ça da corrente elétrica;
O CAMPO MAGNÉTICO
Os Imãs
Na Grécia antiga (século VI a.C.), em uma região denominada Magnésia, parecem ter sido feitas as primei-
ras observações de que um certo tipo de pedra tinha a propriedade de atrair objetos de ferro. Tais pedras foram
mais tarde chamadas de imãs e o seu estudo foi chamado de magnetismo.

Um outro fato observado é que os imãs têm, em geral, dois pontos a partir dos quais parecem se originar
as forças. Quando pegamos, por exemplo, um irmã em forma de barra (Fig. 1) e o aproximamos de pequenos

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
fragmentos são atraídos por dois pontos que estão próximos das extremidades. Tais pontos foram denomina-
dos polos.
Quando um imã em forma de barra é suspenso de modo a poder girar livremente (Fig. 2), observa-se que
ele tende a se orientar, aproximadamente, na direção norte-sul. Por esse motivo, a extremidade que se volta
para o norte geográfico foi chamada de polo norte (N) e a extremidade que se volta para o sul geográfico foi
chamada de polo sul

Foi a partir dessa observação que os chineses construíram as primeiras bússolas.


Quando colocamos dois imãs próximo um do outro, observamos a existência de forças com as seguintes
características (Fig. 3):
dois polos norte se repelem (Fig. 3 a);
dois polos sul se repelem (Fig. 3 b);
entre um polo norte e um polo sul há um par de forças de atração (Fig. 3 c).

Resumindo essas observações podemos dizer que:


polos de nomes diferentes de atraem e polos de mesmo nome se repelem
Magnetismo da Terra
A partir dessas observações concluímos que a Terra se comporta como se no seu interior houvesse um
gigantesco imã em forma de barra (Fig. 4). Porém, medidas precisas mostram que os polos desse grande imã
não coincidem com os polos geográficos, embora estejam próximos. Assim:
o polo norte da bússola é atraído pelo sul magnético, que está próximo do norte geográfico.
o polo sul da bússola é atraído pelo norte magnético, que está próximo do sul geográfico.

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Inseparabilidade dos polos
Os primeiros estudiosos tiveram a ideia de quebrar o imã, para separar o polo norte do polo sul. Porém, ao
fazerem isso tiveram uma surpresa: no ponto onde houve a quebra, apareceram dois novos polos (Fig. 5 b) de
modo que os dois pedaços são dois imãs. Por mais que se quebre o imã, cada pedaço é um novo imã (Fig 5 c).
Portanto, não é possível separar o polo norte do polo sul.

Um imã pode ter várias formas. No entanto, os mais usados são o em forma de barra e o em forma de fer-
radura (Fig. 6).

O campo magnético

Para interpretar a ação dos imãs, dizemos que eles criam em torno de e um campo, denominado indução
magnética ou, simplesmente, campo magnético. Esse campo, que é representado por tem sua direção de-
terminada usando um pequeno imã em forma de agulha (bússola). Colocamos essa bússola próxima do imã.
Quando a agulha ficar em equilíbrio, sua direção é a do campo magnético (Fig. 7). O sentido de é aquele
para o qual aponta o norte da agulha.
Para visualizar a ação do campo, usamos aqui o mesmo recurso adotado no caso do campo elétrico: as
linhas de campo. Essas linhas são desenhadas de tal modo que, em cada ponto (Fig. 8), o campo magnético é
tangente à linha. O sentido da linha é o mesmo sentido do campo.

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Verifica-se aqui uma propriedade semelhante à do caso do campo elétrico: o campo é mais intenso onde as
linhas estão mais próximas. Assim, no caso do Fig. 8, o campo magnético no ponto A é mais intenso do que o
campo no ponto B.
As linhas de campo do campo magnético são também de linhas de indução.
Campo magnético uniforme
Para o caso de um imã em forma de ferradura (Fig. 9), há uma pequena região onde o campo é uniforme.
Nessa região o campo tem o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo sentido em todos os seus pontos.
Como consequência, as linhas de campo são paralelas.

Fig. 9- Na região sombreada, o campo magnético é uniforme.


Quando um imã em forma de barra é colocado numa região onde há um campo magnético uniforme (Fig.
10) fica sujeito a um par de forças de mesma intensidade, mas sentidos opostos, formando um binário cujo
momento (ou torque) M tem módulo dado por:
| M | = F. d

MOVIMENTO DE CARGAS EM UM CAMPO MAGNÉTICO


Movimento de carga elétrica no campo magnético Uniforme:
1º Caso: v lançada Paralelamente a B (v // B);

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- Carga não desvia - Movimento Retilíneo Uniforme;
Fm = 0 (mínima);
a=0;
M.R.U. ;
2º Caso: v lançada Perpendicularmente a B ;
- A força magnética exerce a função de resultante centrípeta. M.C.U. ;
Fm = |q| . v. B ;
Fm = Fcp ;
r = m . v / |q| . B - Raio da Trajetória Circular;
a = 90º ;
- Período (T): Tempo gasto numa volta completa:
T = 2ñ . m / |q| . B
ñ - Equivalente a “Pi” (3,14) ;
3º Caso: v lançada Obliquamente a B;
- Movimento Helicoidal (hélice Cilíndrica) Uniforme (M.H.U.);
Fm = |q| . v . B . Sen(a) ;
Carga em repouso, sob a ação exclusiva do campo magnético uniforme permanece em repouso;
Força Magnética sobre condutor Retilíneo no Campo Magnético Uniforme:
- Módulo: Fm = B . i . L . sen(a) ;
- Direção: É perpendicular ao plano de B e de i ;
- Sentido: É dado pela regra da Mão Esquerda:
Polegar - Fm;
Indicador - B;
Médio - i ;
Obs.: O sentido pode ser pela Regra do Tapa (mão direita) também, onde a palma da mão indica a Fm, o
polegar o i e os demais dedos o campo B;
Força Magnética entre condutores Paralelos:

Condutores paralelos percorridos por correntes elétricas de mesmo sentido se atraem e de sentidos opostos
se repelem;
Fm = µo . i1 . i2 . L / 2ñr
ñ - Equivalente a “Pi” (3,14) ;

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FORÇA MAGNÉTICA

Força sobre partícula carregada


Consideremos uma partícula com carga Q≠ 0. Quando essa partícula é lançada com velocidade numa
região em que existe apenas um campo magnético às vezes essa partícula sofre a ação de uma força
que depende de
Observa-se que a força é nula quando tem a mesma direção de

LEI DE BIOT – SAVART


As Fontes do Campo Magnético
Inicialmente não procuramos definir as causas do campo magnético B. Agora, após formada a ideia de cam-
po, vamos estabelecer as suas fontes, isto é, o que cria ou gera um campo magnético.
O campo de uma partícula em movimento.

Mencionamos que a correlação entre Magnetismo e Eletricidade, está associada a um efeito relativístico. Tal
demonstração pode ser desenvolvida a partir de certos conhecimentos, até o momento ainda não disponíveis,
a nosso nível.
Admitamos que uma carga elétrica, q , esteja em movimento com velocidade v. Ela gera em torno de si um
campo magnético B, que obedece à seguinte relação vetorial:
B = k qvxur/r2
onde k é uma constante de proporcionalidade a ser definida.
Observe-se que, diferentemente do campo elétrico E, o campo magnético B da partícula não está alinhado
com ela, e sim perpendicular ao plano formado pelo vetor posição r do ponto P onde queremos calcular o cam-
po, e o vetor velocidade v da partícula que está gerando o campo B.
O Campo Magnético De Uma Corrente
Para um elemento dl, de um fio percorrido por uma corrente I, sendo A a área da seção reta do fio e, n o nú-
mero de cargas por unidade de volume, a carga dQ, atravessando a seção reta do fio na posição do elemento
dl será dada por:
dQ = n A q dl
Sendo v, a velocidade de transporte das cargas na corrente elétrica I, temos pela relação anterior, que o
elemento de carga dQ, gera um campo magnético elementar dado por :
dB = k dQ v senq/r2

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
onde q é o ângulo entre as direções orientadas de v e r
Então, temos que :
dB = k n A q v dl senq/r2
Como
I=nqAv
reescrevemos a expressão para o campo magnético elementar, dB, gerado pelo elemento do fio condutor
que está na origem, como :
dB = k I (dl x r/r3)
onde r3 é o cubo do módulo do vetor posição r.
Para podermos calcular o campo magnético B gerado por uma corrente I, circulando num fio condutor, em
uma posição r, precisamos, inicialmente, considerar o fato de que todo o condutor não pode estar na origem do
sistema de coordenadas, mas o que r representa é o vetor posição do ponto onde queremos calcular o campo
B em relação ao elemento de arco do condutor que gera o campo.

Assim chamando de r’ o vetor posição do elemento de arco do circuito, com relação ao sistema de referência
usado no problema, r-r’ será o vetor correspondente ao vetor r da expressão anterior. Portanto:
B = ò k I dlx(r-r’) /(r-r’)3
com a mesma notação anterior para o termo elevado ao cubo.
Esta expressão também é conhecida como lei de Biot-Savart, para o campo magnético B. A direção do cam-
po magnético é conhecida quando se coloca a mão direita em torno do fio, com o polegar ao longo da direção
da corrente elétrica I : a direção dos outros dedos da mão indicam a direção de B.
CAMPO MAGNÉTICO DE CONDUTORES RETILÍNEOS
Quando temos um fio percorrido por corrente elétrica e sob a ação de um campo magnético, cada partícula
que forma a corrente poderá estar submetida a uma força magnética e assim haverá uma força magnética atu-
ando no fio. Vamos considerar o caso mais simples em que um fio retilíneo, de comprimento L é percorrido por
corrente elétrica de intensidade i e está numa região onde há um campo magnético uniforme

Sendo α o plano determinado pelo fio e pelo campo (Fig. 14) a força sobre o fio é perpendicular a αe tem
sentido dado pela regra da mão esquerda como ilustra a figura. O módulo é dado por:
F = B. i. L. sem θ (VI)

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Leis de Newton

As leis de Newton
A cinemática é o ramo da ciência que propõe um estudo sobre movimento, sem, necessariamente se preo-
cupar com as suas causas.
Quando partimos para o estudo das causas de um movimento, aí sim, falamos sobre a dinâmica. Da dinâmi-
ca, temos três leis em que todo o estudo do movimento pode ser resumido. São as chamadas leis de Newton:
Primeira lei de Newton – a lei da inércia, que descreve o que ocorre com corpos que estão em equilíbrio.
Segunda lei de Newton – o princípio fundamental da dinâmica, que descreve o que ocorrer com corpos que
não estão em equilíbrio.
Terceira lei de Newton – a lei da ação e reação, que explica o comportamento de dois corpos interagindo
entre si.
Força Resultante
A determinação de uma força resultante é definida pela intensidade, direção e sentido que atuam sobre o
objeto. Veja diferentes cálculos da força resultante:
Caso 1 – Forças com mesma direção e sentido.

Caso 2 – Forças perpendiculares.

Caso 3 – Forças com mesma direção e sentidos opostos

Caso 4 – Caso Geral – Com base na lei dos Cossenos

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A Segunda lei de Newton
Quando há uma força resultante, caímos na segunda lei de Newton que diz que, nestas situações, o corpo
irá sofrer uma aceleração. Força resultante e aceleração são duas grandezas físicas intimamente ligadas e
diretamente proporcionais, ou seja, se aumentarmos a força, aumentamos a aceleração na mesma proporção.
Essa constante é a massa do corpo em que é aplicada a força resultante. Por isso, a segunda lei de Newton é
representada matematicamente pela fórmula:

A segunda lei de Newton também nos ensina que força resultante e aceleração serão vetores sempre com
a mesma direção e sentido.
Unidades de força e massa no Sistema Internacional:
Força – newton (N).
Massa – quilograma (kg).
A terceira Lei de Newton
A terceira lei, também conhecida como lei da ação e reação diz que, se um corpo faz uma força em outro,
imediatamente ele receberá desse outro corpo uma força de igual intensidade, igual direção e sentido oposto à
força aplicada, como é mostrado na figura a seguir.

Leis de Newton
Em primeiro lugar, para que se possa entender as famosas leis de Newton, é necessário ter o conhecimento
do conceito de força. Assim existem alguns exemplos que podem definir tal conceito, como a força exercida por
uma locomotiva para arrastar os vagões, a força exercida pelos jatos d’água para que se acione as turbinas ou
a força de atração da terra sobre os corpos situados próximo à sua superfície. Porém é necessário também defi-
nir o seu módulo, sua direção e o seu sentido, para que a força possa ser bem entendida, sendo que o conceito
que melhor a defini é uma grandeza vetorial e poderá, portanto ser representada por um vetor. Então podemos
concluir que: peso de um corpo é a força com que a terra atrai este corpo.
Podemos definir as forças de atração, como aquela em que se tem a necessidade de contato entre os corpos
(ação à distância). Para que se possa medir a quantidade de força usada em nossos dias, os pesquisadores es-
tabeleceram a medida de 1 quilograma força = 1 kgf, sendo este o peso de um quilograma-padrão, ao nível do
mar e a 45º de latitude. Um dinamômetro, aparelho com o qual se consegue saber a força usada em determina-
dos casos, se monta colocando pesos de 1 kgf, 2 kgf, na extremidade de uma mola, onde as balanças usadas
em muitas farmácias contém tal método, onde podemos afirmar que uma pessoa com aproximadamente 100
Kg, pesa na realidade 100 kgf.
Outra unidade para se saber a força usada, também muito utilizada, é o newton, onde 1 newton = 1 N e
eqüivale a 1kgf = 9,8 N. Portanto, conforme a tabela, a força de 1 N eqüivale, aproximadamente, ao peso de
um pacote de 100 gramas (0,1 kgf). Segundo Aristóteles, ele afirmava que “um corpo só poderia permanecer

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
em movimento se existisse uma força atuando sobre ele. Então, se um corpo estivesse em repouso e nenhuma
força atuasse sobre ele, este corpo permaneceria em repouso. Quando uma força agisse sobre o corpo, ele
se poria em movimento mas, cessando a ação da força, o corpo voltaria ao repouso” conforme figura abaixo. A
primeira vista tais idéias podem estas certas, porém com o passar do tempo descobriu-se que não eram bem
assim.
Segundo Galileu, devido às afirmações de Aristóteles, decidiu analisar certas experiências e descobriu que
uma esfera quando empurrada, se movimentava, e mesmo cessando a força principal, a mesma continuava
a se movimentar por um certo tempo, gerando assim uma nova conclusão sobre as afirmações de Aristóteles.
Assim Galileu, verificou que um corpo podia estar em movimento sem a ação de uma força que o empurrasse,
conforme figura demonstrando tal experiência. Galileu repetiu a mesma experiência em uma superfície mais
lisa, e chegou a conclusão que o corpo percorria uma distância maior após cessar a ação da força, concluindo
que o corpo parava, após cessado o empurrão, em virtude da ação do atrito entre a superfície e o corpo, cujo
efeito sempre seria retardar o seu movimento. Segundo a conclusão do próprio Galileu podemos considerar
que: se um corpo estiver em repouso, é necessária a ação de uma força sobre ele para colocá-lo em movimen-
to. Uma vez iniciado o movimento, cessando a ação das forças que atuam sobre o corpo, ele continuará a se
mover indefinidamente, em linha reta, com velocidade constante.
Todo corpo que permanece em sue estado de repouso ou de movimento, é considerado segundo Galileu
como um corpo em estado de Inércia. Isto significa que se um corpo está em inércia, ele ficará parado até que
sob ele seja exercida uma ação para que ele possa sair de tal estado, onde se a força não for exercida o corpo
permanecerá parado. Já um corpo em movimento em linha reta, em inércia, também deverá ser exercido sob
ele uma força para movimentá-lo para os lados, diminuindo ou aumentando a sua velocidade. Vários são os
estados onde tal conceito de Galileu pode ser apontado, como um carro considerado corpo pode se movimentar
em linha reta ou como uma pessoa dormindo estando em repouso (por inércia), tende a continuar em repouso.
Primeira Lei de Newton
A primeira lei de Newton pode ser considerada como sendo uma síntese das ideias de Galileu, pois Newton
se baseou em estudos de grandes físicos da Mecânica, relativas principalmente a Inércia; por este fato pode-se
considerar também a primeira lei de Newton como sendo a lei da Inércia. Conforme Newton, a primeira Lei diz
que: Na ausência de forças, um corpo em repouso continua em repouso e um corpo em movimento move-se
em linha reta, com velocidade constante. Para que ocorra um equilíbrio de uma partícula é necessário que duas
forças ajam em um corpo, sendo que as mesmas podem ser substituídas por uma resultante r das duas forças
exercidas, determinada em módulo, direção e sentido, pela regra principal do paralelogramo.
Podemos concluir que: quando a resultante das forças que atuam em um corpo for nula, se ele estiver em
repouso continuará em repouso e, se ele estiver em movimento, estará se deslocando com movimento retilíneo
uniforme. Para que uma partícula consiga o seu real equilíbrio é necessário que:
- a partícula esteja em repouso
- a partícula esteja em movimento retilíneo uniforme.
Segunda Lei de Newton
Para que um corpo esteja em repouso ou em movimento retilíneo uniforme, é necessário que o mesmo en-
contre-se com a resultante das forças que atuam sobre o corpo, nula, conforme vimos anteriormente. Um corpo,
sob a ação de uma força única, adquire uma aceleração, isto é, se F diferente de 0 temos a (vetor) diferente
de 0. Podemos perceber que:
- duplicando F, o valor de a também duplica.
- triplicando F, o valor de a também triplica.
Podemos concluir que:
- a força F que atua em um corpo é diretamente proporcional à aceleração a que ela produz no corpo, isto
é, F α a.
- a massa de um corpo é o quociente entre a força que atua no corpo e a aceleração que ela produz nele,
sendo:
M=F

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A
Quanto maior for a massa de um corpo, maior será a sua inércia, isto é, a massa de um corpo é uma medida
de inércia deste corpo. A resultante do vetor a terá sempre a mesma direção e o mesmo sentido do vetor F ,
quando se aplica uma força sobre um corpo, alterando a sua aceleração. De acordo com Newton, a sua Segun-
da Lei diz o seguinte: A aceleração que um corpo adquire é diretamente proporcional à resultante das forças
que atuam nele e tem a mesma direção e o mesmo sentido desta resultante, sendo uma das leis básicas da
Mecânica, utilizada muito na análise dos movimentos que observamos próximos à superfície da Terra e também
no estudo dos movimentos dos corpos celestes.
Para a Segunda Lei de Newton, não se costuma usar a medida de força de 1 kgf (quilograma-força); sendo
utilizado o Sistema Internacional de Unidades (S.I.), o qual é utilizado pelo mundo todo, sendo aceito e aprova-
do conforme decreto lei já visto anteriormente. As unidades podem ser sugeridas, desde que tenham-se como
padrões as seguintes medidas escolhidas pelo S.I.:
A unidade de comprimento: 1 metro (1 m)
A unidade de massa: 1 quilograma (1 Kg)
A unidade de tempo: 1 segundo (s)
O Sistema MKS, é assim conhecido por ser o Sistema Internacional da Mecânica, de uso exclusivo dessa
área de atuação, pelos profissionais. Para as unidades derivadas, são obtidas a partir de unidades fundamen-
tais, conforme descreve o autor:
De área (produto de dois comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m²
De volume (produto de três comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m = 1 m³
De velocidade (relação entre comprimento e tempo) = 1m/1s= 1 m/s
De aceleração (entre velocidade e tempo) = 1 m/s/1s = 1 m/s²
Podemos definir que: 1 N = 1 g m/s², ou seja, 1 N é a força que, atuando na massa de 1 Kg, imprime a esta
massa a aceleração de 1 m/s². Para a Segunda Lei de Newton, deve-se usar as seguintes unidades:
R (em N)
m (em kg)
a(em m/s²)
Terceira Lei de Newton
Segundo Newton, para que um corpo sofra ação é necessário que a ação provocada para tal movimentação,
também seja provocada por algum outro tipo de força. Tal definição ocorreu segundo estudos no campo da
Dinâmica. Além disso, Newton, percebeu também que na interação de dois corpos, as forças sempre se apre-
sentam aos pares: para cada ação de um corpo sobre outro existirá sempre uma ação contraria e igual deste
outro sobre o primeiro. Podemos concluir que: Quando um corpo A exerce uma força sobre um corpo B, o corpo
B reage sobre A com uma força de mesmo módulo, mesma direção e de sentido contrário.
As forças de ação e reação são enunciadas conforme a terceira lei de Newton, sendo que a ação está apli-
cada em um corpo, e a reação está aplicada no corpo que provocou a ação, isto é, elas estão aplicadas em
corpos diferentes. As forças de ação e reação não podem se equilibrar segundo Newton, porque para isso, seria
necessário que elas estivessem aplicadas em um mesmo corpo, o que nunca acontece. Podemos considerar
o atrito, como sendo a tendência de um corpo não se movimentar em contato com a superfície. O corpo em re-
pouso indica que vai continuar em repouso, pois as forças resultantes sobre o corpo é nula. Porém deve existir
uma força que atuando no corpo faz com que ele permaneça em repouso, sendo que este equilíbrio (corpo em
repouso e superfície) é consequência direta do atrito, denominada de força de atrito. Podemos então perceber
que existe uma diferença muito grande entre atrito e força de atrito.
Podemos definir o atrito como: a força de atrito estático f, que atua sobre um corpo é variável, estando sem-
pre a equilibrar as forças que tendem a colocar o corpo em movimento. A força de atrito estático cresce até um
valor máximo. Este valor é dado em micras, onde a micras é o coeficiente de atrito estático entre as superfícies.
Toda força que atua sobre um corpo em movimento é denominada de força de atrito cinético. Pequena biogra-
fia de Isaac Newton: Após a morte de Galileu, em 1642, nascia uma na pequena cidade da Inglaterra, Issac

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Newton, grande físico e matemático que formulou as leis básicas da Mecânica. Foi criado por sua avó sendo
abandonado quando ainda criança, pela mãe, marcando a vida de Newton pelo seu temperamento tímido, in-
trospectivo, intolerante que o caracterizou quando adulto. Com a morte de seu padrasto, é solicitado a assumir
a fazenda da família, demonstrando pouco interesse, tornando-se num verdadeiro fracasso.
Aos 18 anos, em 1661, Newton é enviado ao Trinity College da Universidade de Cambridge (próximo a Lon-
dres), para prosseguir seus estudos. Dedicou-se primeiramente ao estudo da Matemática e em 1664, escrevia
seu primeiro trabalho (não publicado) com apenas 21 anos de idade, sob a forma de anotações, denominado
“Algumas Questões Filosóficas”. Em 1665, com o avanço da peste negra (peste bubônica), newtom retornou a
sua cidade natal, refugiando-se na tranqüila fazenda de sua família, onde permaneceu por 18 meses, até que
os males da peste fossem afastados, permitindo o seu retorno a Cambridge. Alguns trabalhos executados por
Newton durante seu refúgio:
- Desenvolvimento em série da potência de um binômio ensinado atualmente nas escolas com o nome de
“binômio de Newton”.
- Criação e desenvolvimento das bases do Cálculo Diferencial e do Cálculo Integral, uma poderosa ferra-
menta para o estudo dos fenômenos físicos, que ele próprio utilizou pela primeira vez.
- Estudo de alguns fenômenos óticos, que culminaram com a elaboração de uma teoria sobre as cores dos
corpos.
- Concepção da 1º e da 2º leis do movimento (1º e 2º leis de Newton), lançando, assim, as bases da Mecâ-
nica.
- Desenvolvimento das primeiras idéias relativas à Gravidade Universal.
Em 1667, retornando a Cambridge, dedicou-se a desenvolver as ideias que havia concebido durante o tem-
po que permaneceu afastado da Universidade. Aos 50 anos de idade Newton, abandonava a carreira universi-
tária em busca de uma profissão mais rendosa. Em 1699 foi nomeado diretor da Casa da Moeda de Londres,
recebendo vencimentos bastante elevados, quetornaram um homem rico. Neste cargo, desempenhou brilhante
missão, conseguindo reestruturar as finanças inglesas, então bastante abaladas. Foi membro do Parlamento
inglês, em 1705, aos 62 anos de idade, sagrando-se cavaleiro pela rainha da Inglaterra, o que lhe dava con-
dição de nobreza e lhe conferia o título de “Sir”, passando a ser tratado como Sir Issac Newton. Até 1703 até
a sua morte em 1727, Newton permaneceu na presidência da Real Academia de Ciências de Londres. Com a
modéstia própria de muitos sábios, Newton afirmava que ele conseguiu enxergar mais longe do que os outros
colegas porque se apoiou em “ombros de gigantes”.
Aplicações Envolvendo Forças de Atrito
Podemos perceber a existência da força de atrito e entender as suas características através de uma expe-
riência muito simples. Tomemos uma caixa bem grande, colocada no solo, contendo madeira. Podemos até
imaginar que, à menor força aplicada, ela se deslocará. Isso, no entanto, não ocorre. Quando a caixa ficar mais
leve, à medida que formos retirando a madeira, atingiremos um ponto no qual conseguiremos movimentá-la. A
dificuldade de mover a caixa é devida ao surgimento da força de atrito Fat entre o solo e a caixa.

Várias experiências como essa levam-nos às seguintes propriedades da força de atrito (direção, sentido e
módulo):
Direção: As forças de atrito resultantes do contato entre os dois corpos sólidos são forças tangenciais à su-
perfície de contato. No exemplo acima, a direção da força de atrito é dada pela direção horizontal. Por exemplo,
ela não aparecerá se você levantar a caixa.
Sentido: A força de atrito tende sempre a se opor ao movimento relativo das superfícies em contato. Assim,
o sentido da força de atrito é sempre o sentido contrário ao movimento relativo das superfícies

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Módulo: Sobre o módulo da força de atrito cabem aqui alguns esclarecimentos: enquanto a força que em-
purra a caixa for pequena, o valor do módulo da força de atrito é igual à força que empurra a caixa. Ela anula
o efeito da força aplicada.Uma vez iniciado o movimento, o módulo da força de atrito é proporcional à força (de
reação) do plano-N.

Escrevemos:
O coeficiente é conhecido como coeficiente de atrito. Como a força de atrito será tanto maior quanto maior
for , vê-se que ele expressa propriedades das superfícies em contato (da sua rugosidade, por exemplo).
Em geral, devemos considerar dois coeficientes de atrito: um chamado cinemático e outro, estático, . Em
geral, , refletindo o fato de que a força de atrito é ligeiramente maior quando o corpo está a ponto de se
deslocar (atrito estático) do que quando ela está em movimento (atrito cinemático).
O fato de a força de atrito ser proporcional à força de reação normal representa a observação de que é mais
fácil empurrar uma caixa à medida que a vamos esvaziando. Representa também por que fica mais difícil em-
purrá-la depois que alguém se senta sobre ela (ao aumentar o peso N também aumenta).
Podemos resumir o comportamento do módulo da força de atrito em função de uma força externa aplicada
a um corpo, a partir do gráfico ao lado.
Note-se nesse gráfico que, para uma pequena força aplicada ao corpo, a força de atrito é igual à mesma. A
força de atrito surge tão somente para impedir o movimento. Ou seja, ela surge para anular a força aplicada. No
entanto, isso vale até um certo ponto. Quando o módulo da força aplicada for maior do que

O corpo se desloca. Esse é o valor máximo atingido pela força de atrito. Quando o corpo se desloca, a força
de atrito diminui, se mantém constante e o seu valor é

Origem da Força de Atrito


A força de atrito se origina, em última análise, de forças interatômicas, ou seja, da força de interação entre
os átomos.
Quando as superfícies estão em contato, criam-se pontos de aderência ou colagem (ou ainda solda) entre
as superfícies. É o resultado da força atrativa entre os átomos próximos uns dos outros.
Se as superfícies forem muito rugosas, a força de atrito é grande porque a rugosidade pode favorecer o
aparecimento de vários pontos de aderência.
Isso dificulta o deslizamento de uma superfície sobre a outra. Assim, a eliminação das imperfeições (polindo
as superfícies) diminui o atrito. Mas isto funciona até um certo ponto. À medida que a superfície for ficando mais
e mais lisa o atrito aumenta. Aumenta-se, no polimento, o número de pontos de “solda”. Aumentamos o número

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de átomos que interagem entre si. Pneus “carecas” reduzem o atrito e, por isso, devem ser substituídos. No
entanto, pneus muito lisos (mas bem constituídos) são utilizados nos carros de corrida.
Força de Atrito no Cotidiano
A força de atrito é muito comum no nosso mundo físico. É ela que torna possível o movimento da grande
maioria dos objetos que se movem apoiados sobre o solo. Vamos dar três exemplos:
Movimento dos Animais
Os animais usam as patas ou os pés (o caso do homem) para se movimentar. O que esses membros fazem
é comprimir o solo e forçá-lo ligeiramente para trás. Ao fazê-lo surge a força de atrito. Como ela é do contra
(na direção contrária ao movimento), a força de atrito surge nas patas ou pés impulsionando os animais ou o
homem para frente.
Movimento dos Veículos a motor
As rodas dos veículos, cujo movimento é devido à queima de combustível do motor, são revestidas por
pneus. A função dos pneus é tirar o máximo proveito possível da força de atrito (com o intuito de tirar esse pro-
veito máximo, as equipes de carros de corrida trocam frequentemente os pneus).
Os pneus, acoplados às rodas, impulsionam a Terra para trás. O surgimento da força de atrito impulsiona o
veículo para frente.
Quando aplicamos o freio vale o mesmo raciocínio anterior e a força de atrito atua agora no sentido contrário
ao do movimento do veículo como um todo.
Impedindo a Derrapagem
A força de atrito impede a derrapagem nas curvas, isto é, o deslizamento de uma superfície - dos pneus -
sobre a outra (o asfalto).
Momento linear, conservação do momento linear, impulso e variação do momento linear
O Momento linear (também chamado de quantidade de movimento linear ou momentum linear, a que a
linguagem popular chama, por vezes, balanço ou “embalo”) é uma das duas grandezas físicas fundamentais
necessárias à correta descrição do inter-relacionamento (sempre mútuo) entre dois entes ou sistemas físicos.
A segunda grandeza é a energia. Os entes ou sistemas em interação trocam energia e momento, mas o fazem
de forma que ambas as grandezas sempre obedeçam à respectiva lei de conservação.
Em mecânica clássica o momento linear é definido pelo produto entre massa e velocidade de um corpo. É
uma grandeza vetorial, com direção e sentido, cujo módulo é o produto da massa pelo módulo da velocidade, e
cuja direção e sentido são os mesmos da velocidade. A quantidade de movimento total de um conjunto de obje-
tos permanece inalterada, a não ser que uma força externa seja exercida sobre o sistema. Esta propriedade foi
percebida por Newton e publicada na obra Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica, na qual Newton define
a quantidade de movimento e demonstra a sua conservação.
Particularmente importante não só em mecânica clássica como em todas as teorias que estuam a dinâmica
de matéria e energia (relatividade, mecânica quântica, etc.), é a relação existente entre o momento e a energia
para cada um dos entes físicos. A relação entre energia e momento é expressa em todas as teorias dinâmicas,
normalmente via uma relação de dispersão para cada ente, e grandezas importantes como força e massa têm
seus conceitos diretamente relacionados com estas grandezas.
Fórmulas

Na física clássica, a quantidade de movimento linear ( ) é definida pelo produto de massa ( ) e velocidade
( ).

O valor é constante em sistemas nos quais não há forças externas atuando.


Mesmo em uma colisão inelástica - onde a conservação da energia mecânica não é observada - a conserva-
ção do momento linear permanece válida se sobre o sistema não atuar força externa resultante.

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A unidade da quantidade de movimento linear no SI é o quilograma.metro por segundo(kg.m/s).
Sistema mecânico
Diz-se que um sistema está mecanicamente isolado quando o somatório das forças externas é nulo.
Consideremos um casal patinando sobre uma pista de gelo, desprezando os efeitos do ar e as forças de atri-
to entre a pista e as botas que eles estão usando. Veja que na vertical, a força peso é equilibrada com a normal,
ou seja P = N, tanto no homem quanto na mulher, e neste eixo as forças se cancelam.
Mesmo que o casal resolva empurrar um ao outro (a terceira lei de newton garante que o empurrão é sem-
pre mútuo), não haverá força externa resultante uma vez que a força externa expressa a interação de um ente
pertencente ao sistema com outro externo ao sistema: apesar de haver força resultante tanto no homem como
sobre a mulher, ambos estão dentro do sistema em questão, e estas forças são forças internas ao mesmo. Na
ausência de forças externas há conservação do momento linear do sistema. A conservação do momento linear
permite calcular a razão entre a velocidade do homem e a velocidade da mulher após o empurrão, conhecidas
as suas massas e velocidades iniciais: Como o momento total deve ser conservado, a variação da velocidade
do homem é VH = − MM / MHVM, onde VM é a variação da velocidade da mulher.
A variação da quantidade de movimento é chamada Impulso.

Fórmula: I = ΔP = Pf − Po
I = Impulso, a unidade usada é N.s (Newton vezes segundo)
Lei da Variação do Momento Linear (ou da Variação da Quantidade de Movimento)
O impulso de uma força constante que actua num corpo durante um intervalo de tempo é igual à variação do
momento linear desse corpo, nesse intervalo de tempo,

ou seja,

Princípio da Conservação do Momento Linear


Quando dois ou mais corpos interagem, o momento linear desse sistema (conjunto dos corpos) permanece
constante:

Colisões entre partículas, elásticas e inelásticas, uni e bidimensionais


Empregamos o termo de colisão para representar a situação na qual duas ou mais partículas interagem
durante um tempo muito curto. Supomos que as forças impulsivas devidas a colisão são muito maiores que
qualquer outra força externa presente.
O momento linear total é conservado nas colisões. No entanto, a energia cinética não se conserva devido a
que parte da energia cinética se transforma em energia térmica e em energia potencial elástica interna quando
os corpos se deformam durante a colisão.
Definimos colisão inelástica como a colisão na qual não se conserva a energia cinética. Quando dois objetos
que chocam e ficam juntos depois do choque dizemos que a colisão é perfeitamente inelástica. Por exemplo,
um meteorito que se choca com a Terra.
Em uma colisão elástica a energia cinética se conserva. Por exemplo, as colisões entre bolas de bilhar são
aproximadamente elásticas. A nível atômico as colisões podem ser perfeitamente elásticas.

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A grandeza Q é a diferença entre as energias cinéticas depois e antes da colisão. Q toma o valor zero nas
colisões perfeitamente elásticas, porém pode ser menor que zero se no choque se perde energia cinética como
resultado da deformação, ou pode ser maior que zero, se a energia cinética das partículas depois da colisão é
maior que a inicial, por exemplo, na explosão de uma granada ou na desintegração radiativa, parte da energia
química ou energia nuclear se converte em energia cinética dos produtos.
Coeficiente de Restituição
Foi encontrado experimentalmente que em uma colisão frontal de duas esferas sólidas como as que experi-
mentam as bolas de bilhar, as velocidades depois do choque estão relacionadas com as velocidades antes do
choque, pela expressão

onde e é o coeficiente de restituição e tem um valor entre 0 e 1, relação foi proposta por Newton . O valor de
um é para um choque perfeitamente elástico e o valor de zero para um choque perfeitamente inelástico.
O coeficiente de restituição é a razão entre a velocidade relativa de afastamento depois do choque, e a ve-
locidade relativa de aproximação antes do choque das partículas.
Colisão Elástica
Para dois corpos A e B em colisão elástica, não há perda de energia cinética (conservação da energia) entre
os instantes antes e depois do choque. As energias cinéticas são escritas como

A quantidade de movimento é conservada por ser nulo o somatório das forças externas e para os dois corpos
A e B os seus momentos lineares antes e depois da colisão são dados por:

Colocando-se as massas mA e mB em evidência, temos

podendo ser escrito como

Reescrevendo a primeira equação após colocarmos as massas em evidência tem-se

Dividindo-se a segunda equação pela terceira equação encontramos

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em termos das velocidades relativas antes e depois do choque, a quarta equação terá a forma

Para o cálculo da colisão elástica, empregamos a primeira e a quinta equação em conjunto. A relação entre
a velocidade relativa dos dois corpos depois do choque e a velocidade relativa dos corpos antes do choque é
denominada coeficiente de restituição e, mostrado na sexta equação.

O coeficiente de restituição “e” assume sempre o valor e = 1 para a colisão perfeitamente elástica.
Colisão Inelástica
Para dois corpos A e B em colisão inelástica, há perda de energia cinética, mas conservando-se a energia
mecânica. Após o choque, os corpos deslocam-se em conjunto com velocidades finais iguais e um coeficiente
de restituição e = 0.
Como é válida a conservação da quantidade de movimento

O que é importante relembrar? As colisões são divididas em dois grupos: as Elásticas e as Inelásticas (essa
subdivida em colisões inelásticas e perfeitamente inelásticas). A colisão inelástica tem como característica o
fato do momento linear do sistema se conservar, mas a energia cinética do sistema não. A colisão elástica tem
como propriedade o fato de tanto o momento linear como a energia cinética do sistema se conservarem.
Estudo das Colisões
Quando dois corpos colidem como, por exemplo, no choque entre duas bolas de bilhar, pode acontecer que
a direção do movimento dos corpos não seja alterada pelo choque, isto é, eles se movimentam sobre uma mes-
ma reta antes e depois da colisão. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu uma colisão unidimensional.
Entretanto, pode ocorrer que os corpos se movimentem em direções diferentes, antes ou depois da colisão.
Nesse caso, a colisão é denominada de colisão bidimensional.
Para uma colisão unidimensional entre duas partículas, temos que:

Conceito de Trabalho
Se denomina trabalho infinitesimal, ao produto escalar do vetor força pelo vetor deslocamento.

Onde Ft é a componente da força ao longo do deslocamento, ds é o módulo do vetor deslocamento dr, e qo


ângulo que forma o vetor força com o vetor deslocamento.
O trabalho total ao longo da trajetória entre os pontos A e B é a soma de todos os trabalhos infinitesimais

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Seu significado geométrico é a área sob a representação gráfica da função que relaciona a componente
tangencial da força Ft, e o deslocamento s.

Exemplo: Calcular o trabalho necessário para alongar uma mola 5 cm, se a constante da mola é 1000 N/m.
A força necessária para deformar uma mola é F=1000·x N, onde x é a deformação. O trabalho desta força
é calculado mediante a integral

A área do triângulo da figura é (0.05·50)/2=1.25 J


Quando a força é constante, o trabalho é obtido multiplicando a componente da força ao longo do desloca-
mento pelo deslocamento.
W=Ft·s
Exemplo:
Calcular o trabalho de uma força constante de 12 N, cujo ponto de aplicação se translada 7 m, se o ângulo
entre as direções da força e do deslocamento são 0º, 60º, 90º, 135º, 180º.

- Se a força e o deslocamento tem o mesmo sentido, o trabalho é positivo


- Se a força e o deslocamento tem sentidos contrários, o trabalho é negativo
- Se a força é perpendicular ao deslocamento, o trabalho é nulo.

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Conceito de Energia Cinética
Suponhamos que F é a resultante das forças que atuam sobre uma partícula de massa m. O trabalho desta
força é igual a diferença entre o valor final e o valor inicial da energia cinética da partícula.

Na primeira linha aplicamos a segunda lei de Newton; a componente tangencial da força é igual ao produto
da massa pela aceleração tangencial.
Na segunda linha, a aceleração tangencial at é igual a derivada do módulo da velocidade, e o quociente
entre o deslocamento ds e o tempo dt gasto em deslocar-se é igual a velocidade v do móvel.
Define-se energia cinética pela expressão

O teorema do trabalho-energia indica que o trabalho da resultante das forças que atuam sobre uma partícula
modifica sua energia cinética.
Exemplo: Achar a velocidade com a qual sai uma bala depois de atravessar uma tabela de 7 cm de espessu-
ra e que opõe uma resistência constante de F=1800 N. A velocidade inicial da bala é de 450 m/s e sua massa
é de 15 g.
O trabalho realizado pela força F é -1800·0.07=-126 J

A velocidade final v é

Força Conservativa - Energia Potencial


Uma força é conservativa quando o trabalho de desta força é igual a diferença entre os valores inicial e final
de uma função que só depende das coordenadas. A dita função é denominada energia potencial.

O trabalho de uma força conservativa não depende do caminho seguido para ir do ponto A ao ponto B.
O trabalho de uma força conservativa ao longo de um caminho fechado é zero.

Exemplo: Sobre uma partícula atua a força F=2xyi+x2j N


Calcular o trabalho efetuado pela força ao longo do caminho fechado ABCA.

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- A curva AB é um ramo de parábola y=x2/3.
- BC é o segmento de reta que passa pelos pontos (0,1) e (3,3) e
- CA é a porção do eixo Y que vai desde a origem ao ponto (0,1)

O trabalho infinitesimal dW é o produto escalar do vetor força pelo vetor deslocamento


dW=F·dr=(Fxi+Fyj)·(dxi+dyj)=Fxdx+Fydy
As variáveis x e y são relacionadas através da equação da trajetória y=f(x), e os deslocamentos infinitesimais
dx e dy são relacionadas através da interpretação geométrica da derivada dy=f’(x)·dx. onde f’(x) quer dizer,
derivada da função f(x) relativo a x.

Vamos calcular o trabalho em cada um dos ramos e o trabalho total no caminho fechado.
- Ramo AB
Trajetória y=x2/3, dy=(2/3)x·dx.

- Ramo BC
A trajetória é a reta que passa pelos pontos (0,1) e (3,3). Se trata de uma reta de inclinação 2/3 e cuja orde-
nada na origem é 1.
y=(2/3)x+1, dy=(2/3)·dx

- Ramo CA
A trajetória é a reta x=0, dx=0, A força F=0 e por tanto, o trabalho WCA=0
O trabalho total
WABCA=WAB+WBC+WCA=27+(-27)+0=0

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O Peso é uma Força Conservativa
Calculemos o trabalho da força peso F=-mg j quando o corpo se desloca da posição A cuja ordenada é yA
até a posição B cuja ordenada é yB.

A energia potencial Ep correspondente a força conservativa peso tem a forma funcional

Onde c é uma constante aditiva que nos permite estabelecer o nível zero da energia potencial.
A Força que exerce uma Mola é Conservativa
Como vemos na figura quando um mola se deforma x, exerce uma força sobre a partícula proporcional a
deformação x e de sinal contrária a esta.

Para x>0, F=-kx


Para x<0, F=kx
O trabalho desta força é, quando a partícula se desloca da posição xA a posição xB é

A função energia potencial Ep correspondente a força conservativa F vale

O nível zero de energia potencial é estabelecido do seguinte modo: quando a deformação é zero x=0, o valor
da energia potencial é tomado zero, Ep=0, de modo que a constante aditiva vale c=0.

Princípio de Conservação da Energia


Se somente uma força conservativa F atua sobre uma partícula, o trabalho desta força é igual a diferença
entre o valor inicial e final da energia potencial

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Como vimos no relato anterior, o trabalho da resultante das forças que atua sobre a partícula é igual a dife-
rença entre o valor final e inicial da energia cinética.

Igualando ambos trabalhos, obtemos a expressão do princípio de conservação da energia


EkA+EpA=EkB+EpB
A energia mecânica da partícula (soma da energia potencial mais cinética) é constante em todos os pontos
de sua trajetória.
Comprovação do Princípio de Conservação da Energia
Um corpo de 2 kg é deixado cair desde uma altura de 3 m. Calcular
- A velocidade do corpo quando está a 1 m de altura e quando atinge o solo, aplicando as fórmulas do movi-
mento retilíneo uniformemente acelerado
- A energia cinética, potencial e total nestas posições
Tomar g=10 m/s2

- Posição inicial x=3 m, v=0.


Ep=2·10·3=60 J, Ek=0, EA=Ek+Ep=60 J
- Quando x=1 m

Ep=2·10·1=20 J, Ek=40, EB=Ek+Ep=60 J


- Quando x=0 m

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Ep=2·10·0=0 J, Ek=60, EC=Ek+Ep=60 J
A energia total do corpo é constante. A energia potencial diminui e a energia cinética aumenta.
Forças não Conservativas
Para darmos conta do significado de uma força não conservativa, vamos compará-la com a força conserva-
tiva peso.
O Peso é uma Força Conservativa
Calculemos o trabalho da força peso quando a partícula se translada de A para B, e continuando quando se
translada de B para A.

WAB=mg x
WBA=-mg x
O trabalho total ao longo do caminho fechado A-B-A, WABA é zero.
A Força de Atrito é uma Força não Conservativa
Quando a partícula se move de A para B, ou de B para A a força de atrito é oposta ao movimento, o trabalho
é negativo por que a força é de sinal contrário ao deslocamento
WAB=-Fr x
WBA=-Fr x
O trabalho total ao longo do caminho fechado A-B-A, WABA é diferente de zero
WABA=-2Fr x
De um modo geral, a energia pode ser definida como capacidade de realizar trabalho ou como o resultado
da realização de um trabalho. Na prática, a energia pode ser melhor entendida do que definida. Quando se olha
para o Sol, tem-se a sensação de que ele é dotado de muita energia, devido à luz e ao calor que emite cons-
tantemente. A humanidade tem procurado usar a energia que a cerca e a energia do próprio corpo, para obter
maior conforto, melhores condições de vida, maior facilidade de trabalho, etc.
Para a fabricação de um carro, de um caminhão, de uma geladeira ou de uma bicicleta, é preciso Ter dispo-
nível muita energia elétrica, térmica e mecânica.
A energia elétrica é muito importante para as indústrias, porque torna possível a iluminação dos locais de
trabalho, o acionamento de motores, equipamentos e instrumentos de medição.
Para todas as pessoas, entre outras aplicações, serve para iluminar as ruas e as casas, para fazer funcionar
os aparelhos de televisão, os eletrodomésticos e os elevadores. Por todos esses motivos, é interessante con-
verter outras formas de energia em energia elétrica.

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Cargas em movimento. Eletromagnetismo

Você faz bastante uso da eletricidade em seu dia-a-dia, não é mesmo? Mas já parou para pensar na falta
que ela faria na sua vida, se não existisse?
Se faltar energia elétrica à noite, ficamos sem luz elétrica e tudo pára: a televisão, o chuveiro elétrico, o
ventilador, alguns aparelhos de telefone, o aparelho de som, o computador, o microondas, os elevadores etc.

Alguns aparelhos funcionam com a energia recebida das estações distribuidoras de energia elétrica; basta
ligá-los na tomada. Mas há muitos outros aparelhos que funcionam utilizando energia elétrica sem termos de
ligá-los diretamente na tomada, como o celular, o rádio, os walkmans ou iPODs e as calculadoras; eles recebem
energia de pilhas e baterias.
Outro tipo de energia muito usada em nosso cotidiano é a energia magnética. Graças ao magnetismo,
podemos ter registros armazenados em fitas cassetes e fitas de vídeo, podemos usar as bússolas para nos
localizarmos etc.
A revolução que a humanidade experimentou advinda das aplicações da eletricidade e do magnetismo se
intensificou quando os cientistas perceberam a relação entre ambos.
Cargas elétricas
Cargas elétricas são de dois tipos: positivas e negativas
Uma matéria é constituída de átomos. Os átomos, por sua vez, são constituídos de partículas ainda meno-
res: prótons, nêutrons e elétrons.
Os prótons e os nêutrons situam-se no núcleo do átomo. Os elétrons giram e torno do núcleo, numa região
chamada eletrosfera. Os prótons e os elétrons possuem uma propriedade denominada carga elétrica, que
aparece na natureza em dois tipos. Por isso a do próton foi convencionada como positiva e a do elétron como
negativa.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Corpos carregados
Quando um corpo perde elétrons dizemos que ele está positivamente carregado.
Quando ganha elétrons dizemos que ele está negativamente carregado. Quando o número de elétrons em
um corpo é igual ao número de prótons, dizemos que o corpo está neutro.
Um experimento relacionado aos primórdios do estudo da eletricidade pode ser realizado com um bastão de
vidro pendurado por um barbante. Se atritarmos esse bastão em um pedaço de lã, notaremos que ambos se
atrairão mutuamente.
Agora se atritarmos o bastão de vidro no tecido de lã e o deixarmos pendurado, aproximando dele outro
bastão de vidro que tenha sido friccionado em outro pedaço de lã, notaremos que os bastões se repelem.

Essas observações demonstraram a ocorrência de fenômenos elétricos. Os cientistas consideram que, ao


atritarmos os materiais vidro e lã, o bastão de vidro passa a ser portador de carga elétrica positiva e o pedaço
de lã passa a ser portador de carga elétrica negativa. Os sinais de positivo e negativo atribuídos a essas cargas
são uma convenção científica.
Cargas elétricas interagem
Muito materiais adquirem carga elétrica quando atritados em outros. Nesse processo um dos materiais ad-
quire carga elétrica positiva, e o outro, carga elétrica negativa.
Por meio de experimentos semelhantes aos descritos anteriormente com o vidro e a lã, os cientistas con-
cluíram que cargas elétricas de sinais diferentes se atraem e que cargas elétricas de sinais iguais se repelem.
Quando vidro e lã são friccionados, passam a ter cargas elétricas de sinais diferentes e, portanto, passam a
se atrair. Já os dois bastões de vidro, quando adquirem cargas elétricas de mesmo sinal, passam a se repelir.
A interação elétrica obedece o princípio da ação e reação
A interação entre dois corpos portadores de cargas elétricas obedece à Terceira Lei de Newton (Princípio da
ação e reação). Sobre cada um dos dois corpos atua uma força que se deve a presença do outro. As duas for-
ças tem a mesma intensidade (mesmo módulo) e a mesma direção (mesma linha de atuação), mas diferentes
sentidos.

Se os dois corpos apresentam cargas de sinais opostos, as forças tendem a fazê-los de aproximar. Por outro
lado, se os dois corpos possuem carga de mesmo sinal, as forças tendem a fazê-los se afastar.
Eletrização por atrito
Diferentes materiais têm diferentes tendências à eletrização. Quando vidro de lã são atritados, dizemos que
ambos materiais adquirem carga elétrica pelo processo de eletrização por atrito.
Com base em muitos experimentos similares, foi possível aos cientistas determinarem a tendência dos ma-
teriais a adquirir carga elétrica positiva ou negativa, quando atritados uns com os outros.

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Essa tendência pode ser expressa por meio de uma sequência como a mostrada abaixo.

Condutores elétricos
Imagine duas esferas de metal, um pouco afastadas entre si, uma delas eletrizada com carga positiva e a
outra não-eletrizada. Se um bastão de metal tocar as duas esferas simultaneamente, verifica-se que parte da
carga elétrica é transferida para a outra esfera. Porém, se utilizarmos um bastão de madeira, a carga permane-
ceria na esfera eletrizada, e a outra não receberia nem um pouco dessa carga.

Esse experimento evidencia que o metal é o material condutor elétrico e a madeira é um material
isolante elétrico.
De fato, os condutores elétricos mais conhecidos são os metais como o cobre, o ferro o alumínio,
o ouro e a prata. Entre eles, o cobre, metal de aspecto marrom-avermelhado, é usado na fiação elétrica das
casas. Entre os isolantes elétricos podemos citar, além da madeira, os plásticos em geral, o ar (a temperatura
e pressão ambientes), as borrachas e o isopor (que na verdade, é um tipo de plástico).
A grande maioria dos metais conhecidos se encaixa em um desses dois grupos: condutor elétrico e isolan-
tes elétrico. Há, contudo, certos materiais que não se enquadram bem em nenhuma dessas duas categorias,
mas sim em um grupo intermediário, conhecidos como semi-condutores. Dois exemplos são o silício e o germâ-
nio, empregados na indústria para elaborar alguns componentes usados em aparelhos eletrônicos.
Eletrização por contato
Quando um corpo eletrizado toca um corpo eletricamente neutro (isto é, sem carga elétrica), parte de sua
carga é transferida para ele, que também passa a ficar eletrizado. Esse processo é a eletrização por contato.
Corrente elétrica
Vimos que os elétrons se deslocam com facilidade em corpos condutores. O deslocamento dessas cargas

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
elétricas é chamado de corrente elétrica.
A corrente elétrica é responsável pelo funcionamento dos aparelhos elétricos; estes somente funcionam
quando a corrente passa por eles.
Somente é possível a passagem de corrente por um aparelho se este pertencer a um circuito fecha-
do.

Um circuito constituído de lâmpada, pilha e fios, quando ligados corretamente, formam um circuito fechado.
Quando ligamos os aparelhos elétricos em nossa casa e eles funcionam, podemos garantir que fazem parte de
um circuito fechado quando passa corrente elétrica através de seus fios.
Entendendo a corrente elétrica
Antes de definirmos corrente elétrica, vamos imaginar a seguinte situação: você está em uma estação de
trem urbano ou de metrô, no qual o passageiro passa por roletas para ter acesso aos trens. Sua finalidade ali é
avaliar a quantidade de pessoas que passam por minuto.
Obter essa informação é simples: basta contar quantas pessoas passam em um minuto. Por exemplo, se
contou 100 pessoas, você responderá que passam 100 pessoas por minuto. Para atingir uma média melhor,
você pode contar por mais tempo. Digamos que tenha contado 900 pessoas em 10 minutos.
Portanto, sua média agora será 900/10 = 90 pessoas por minuto.
Então alguém lhe pede que avalie a massa média das pessoas que passam por minuto pelas roletas. Você
aceita o desafio.
Se a massa médias das pessoas no Brasil é 70 Kg (podemos ver isso ao ler placas de elevadores de pré-
dios, que sempre consideram a massa de uma pessoa igual a 70 kg. Essas placas de advertência fixadas nas
cabines afirmam: “Capacidade máxima: 10 pessoas ou 700 kg”).
Massa média

Essa ideia é similar à usada para definir a intensidade de corrente elétrica (i). Sabe-se que a carga de um
elétron é igual a 1,6.10- 19 C .
Se você conseguisse contar a quantidade de elétrons (n) que atravessa uma região plana de um fio em 1
segundo poderia afirmar que a intensidade da corrente elétrica é:

Se contasse por um período qualquer, e representando a carga do elétron (1,6.10- 19 C) pela letra e,
poderia afirmar:

Esta é a expressão matemática associada à intensidade da corrente elétrica.


A unidade de intensidade de corrente elétrica é o Coulomb por segundo, denominada ampère (A). A corrente
elétrica pode ser contínua ou alterada.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Na corrente contínua, observada nas pilhas e baterias, o fluxo dos elétrons ocorre sempre em um único
sentido.
Na corrente alternada, os elétrons alternam o sentido do seu movimento, oscilando para um lado e para o
outro. É esse tipo de corrente que se estabelece ao ligarmos os aparelhos na nossa rede doméstica. A razão de
a corrente ser alternada está relacionada a forma como a energia elétrica é produzida e distribuída para nossas
casas.
Leis de Kirchhoff
As Leis de Kirchhoff são utilizadas para encontrar as intensidades das correntes em circuitos elétricos que
não podem ser reduzidos a circuitos simples.
Constituídas por um conjunto de regras, elas foram concebidas em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert
Kirchhoff (1824-1887), quando ele era estudante na Universidade de Königsberg.
A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada de Lei dos Nós, que se aplica aos pontos do circuito onde a corrente elétrica
se divide. Ou seja, nos pontos de conexão entre três ou mais condutores (nós).
Já a 2ª Lei é chamada de Lei das Malhas, sendo aplicada aos caminhos fechados de um circuito, os quais
são chamados de malhas

Lei dos Nós


A Lei dos Nós, também chamada de primeira lei de Kirchhoff, indica que a soma das correntes que chegam
em um nó é igual a soma das correntes que saem.
Esta lei é consequência da conservação da carga elétrica, cuja soma algébrica das cargas existentes em um
sistema fechado permanece constante.
Exemplo
Na figura abaixo, representamos um trecho de um circuito percorrido pelas correntes i1, i2, i3 e i4.
Indicamos ainda o ponto onde os condutores se encontram (nó):

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Neste exemplo, considerando que as correntes i1 e i2 estão chegando ao nó, e as correntes i3 e i4 estão
saindo, temos:
i1 + i2 = i3 + i4
Em um circuito, o número de vezes que devemos aplicar a Lei dos Nós é igual ao número de nós do circuito
menos 1. Por exemplo, se no circuito existir 4 nós, vamos usar a lei 3 vezes (4 - 1).
Lei das Malhas
A Lei das Malhas é uma consequência da conservação da energia. Ela indica que quando percorremos uma
malha em um dado sentido, a soma algébrica das diferenças de potencial (ddp ou tensão) é igual a zero.
Para aplicar a Lei das Malhas, devemos convencionar o sentido que iremos percorrer o circuito.
A tensão poderá ser positiva ou negativa, de acordo com o sentido que arbitramos para a corrente e para
percorrer o circuito.
Para isso, vamos considerar que o valor da ddp em um resistor é dado por R . i, sendo positivo se o sentido
da corrente for o mesmo do sentido do percurso, e negativo se for no sentido contrário.
Para o gerador (fem) e receptor (fcem) utiliza-se o sinal de entrada no sentido que adotamos para a malha.
Como exemplo, considere a malha indicada na figura abaixo:

Aplicando a lei das malhas para esse trecho do circuito, teremos:


UAB + UBE + UEF + UFA = 0
Para substituir os valores de cada trecho, devemos analisar os sinais das tensões:
ε1: positivo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário (sentido que escolhemos) chegamos pelo polo
positivo;
R1.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
R2.i2: negativo, pois estamos percorrendo o circuito no sentido contrário que definimos para o sentido de i2;
ε2: negativo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário (sentido que escolhemos), chegamos pelo polo
negativo;
R3.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
R4.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
Considerando o sinal da tensão em cada componente, podemos escrever a equação desta malha como:
ε1 + R1.i1 - R2.i2 - ε2 + R3.i1 + R4.i1 = 0
Passo a Passo
Para aplicar as Leis de Kirchhoff devemos seguir os seguintes passos:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
1º Passo: Definir o sentido da corrente em cada ramo e escolher o sentido em que iremos percorrer as ma-
lhas do circuito. Essas definições são arbitrárias, contudo, devemos analisar o circuito para escolher de forma
coerente esses sentidos.
2º Passo: Escrever as equações relativas a Lei dos Nós e Lei das Malhas.

3º Passo: Juntar as equações obtidas pela Lei dos Nós e das Malhas em um sistema de equações e calcular
os valores desconhecidos. O número de equações do sistema deve ser igual ao número de incógnitas.
Ao resolver o sistema, encontraremos todas as correntes que percorrem os diferentes ramos do circuito.
Se algum dos valores encontrados for negativo, significa que a sentido da corrente escolhido para o ramo
tem, na verdade, sentido contrário.
Exemplo
No circuito abaixo, determine as intensidades das correntes em todos os ramos.

Solução
Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário para as correntes e também o sentido que iremos seguir na
malha.
Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme esquema abaixo:

O próximo passo é escrever um sistema com as equações estabelecidas usando a Lei dos Nós e das Ma-
lhas. Sendo assim, temos:
Por fim, vamos resolver o sistema. Começando substituindo i3 por i1 - i2 nas demais equações:
Resolvendo o sistema por soma, temos:
Agora vamos encontrar o valor de i1, substituindo na segunda equação o valor encontrado para i2:
Finalmente, vamos substituir esses valores encontrados na primeira equação, para encontrar o valor de i3:
Assim, os valores das correntes que percorrem o circuito são: 3A, 8A e 5A.
Diferença de potencial
Ao abandonarmos um corpo a certa altura, ele sempre cai. Isso ocorre porque existe uma diferença de
energia potencial entre o local em que o corpo estava e o solo.
Em uma pilha comum ocorre algo semelhante. A pilha assim como a tomada de nossa casa, a bateria do car-
ro ou do celular, enfim, qualquer gerador de energia elétrica, é um dispositivo no qual se conseguiu estabelecer

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dois de seus pontos: um que precisa de elétrons e o outro que os tem sobrando.
Em uma pilha, no ponto denominado pólo negativo há elétrons sobrando, e no pólo positivo há falta
de elétrons. Se ligássemos esses pontos por meio de um fio condutor, os elétrons entrariam em movimento
e uma corrente surgiria no fio.

Por isso, nessa situação há energia potencial armazenada na pilha, de modo muito parecido com o que pos-
sui um objeto situado a uma altura h do chão: é só soltá-lo, que ele entra em movimento. Da mesma forma, ao
ligar um fio à pilha, uma corrente surge no fio.
A unidade de tensão no Sistema Internacional é indicada pelo volt (V).
A pilha mais usada é a de 1,5 V. Uma bateria de carro fornece 12 V.
O computador trabalha com uma fonte de 5 V. As tomadas de nossa casa fornecem tensão de 110V ou 220
V, dependendo da região do País. É muito prudente observar a tensão local antes de ligar os aparelhos às
tomadas. Se ligarmos aparelhos programados para funcionar a 110 V em uma tomada de 220V, eles podem
queimar e até provocar acidentes graves.
Em geral, basta ajustar nos aparelhos uma chave para que essa situação se resolva; mas nem sem-
pre essa chave existe, por isso tome cuidado!

Devido a diferença de potencial, podemos levar choques. Como o nosso corpo é bom condutor de ele-
tricidade, se tocarmos em dois pontos que existe diferença de potencial, uma corrente atravessará o nosso
corpo. Dependendo da intensidade dessa corrente e do caminho que ela percorrer no corpo um choque pode
até mesmo levar à morte.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Devemos tomar muito cuidado com fios de alta tensão. A tensão nesses cabos chega a milhares de volts!
Por isso, não brinque próximo a postes de energia elétrica.
E por que, você deve se perguntar, os pássaros que pousam nesses cabos não são eletrocutados?

Isso não ocorre porque suas patinhas são muito próximas uma das outras, sendo muito pequena a
diferença de potencial entre elas.
Com as pessoas, a situação é diferente. Nunca toque em fios de alta tensão, pois se tocar em um cabo e, ao
mesmo tempo, tocar em outro ponto do cabo ou em outro objeto, você poderá levar um choque elétrico intenso,
possivelmente fatal, se houver diferença de potencial significativa entre os pontos tocados.
Resistência elétrica

Sabemos que os materiais apresentam graus de dificuldade para a passagem da corrente elétrica. Esse grau
de dificuldade é denominado resistência elétrica. Mesmo os metais, que em geral são bons condutores,
apresentam resistência. A unidade de medida da resistência é o ohm ( ).
Os dispositivos que são usados em um circuito elétrico são denominados resistores. Os resistores são
usados em um circuito para aumentar ou diminuir a intensidade da corrente elétrica que o percorre.
Podemos comparara a resistência elétrica àquelas barreiras que encontramos nas pistas de atletismo para a
corrida com obstáculos. Quanto mais obstáculos mais lenta é a velocidade média dos corredores. Em um circui-
to acontece da mesma forma: quanto mais resistência elétrica, menor é a corrente que atravessa o fio condutor.
A aplicação mais comum dos resistores é converter energia elétrica em energia térmica. Isso ocorre porque
os elétrons que se movem no resistor colidem com a rede cristalina que o forma, gerando calor. Esse fenômeno
é denominado efeito joule em nosso dia-a-dia: em chuveiros elétricos, ferros de passar roupa, em fogões elétri-
cos, etc. Observem que todos esses aparelhos “fornecem calor”.

A própria lâmpada incandescente converte mais energia elétrica em energia térmica do que em energia lu-
minosa, sendo essa última a sua grande finalidade: 85 % da energia que consome é transformada em calor.
Ao contrário, as lâmpadas fluorescentes, consideradas “lâmpadas frias”, têm uma parte bem menor da energia
elétrica convertida em calor e por isso são econômicas.
Primeira lei de Ohm
Observou-se experimentalmente em alguns resistores, que a corrente estabelecida em um circuito é dire-
tamente proporcional à tensão aplicada e inversamente proporcional à resistência dos dispositivos do
circuito e dos fios que os conectavam. Ou seja: quanto maior a tensão do gerador, maior a corrente e quanto
maior a resistência, menor a corrente. Essa relação é expressa matematicamente por:

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em que: U é a tensão
R é a resistência
i é a corrente
Vejamos um exemplo:

Uma pequena lâmpada está submetida a uma tensão de 12 V. Sabendo que a sua resistência, é de deter-
mine a corrente que percorre a lâmpada.
Sabemos que .
Como ,
Temos que:

Potência elétrica
Talvez você tenha reparado, nas etiquetas dos aparelhos ou dispositivos elétricos que compramos que exis-
te uma etiqueta especificando: 100 (Watt), 500 W, 1000 W etc. Mas, afinal, o que significa essa informação?
Vimos em mecânica o conceito de potência: energia/tempo. A energia elétrica que é convertida nesses apa-
relhos para várias finalidades e usos distintos, como gerar movimento (motores), gerar calor (resistores), gerar
energia luminosa (lâmpadas), dividida pelo tempo que está em uso, é a potência elétrica, que, assim como na
mecânica, medimos em Watts (joules/segundo

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
A potência é diretamente proporcional à tensão e à corrente.
Matematicamente, temos:

Por exemplo, num chuveiro elétrico de 2200 W, ligado à rede de 110V, podemos calcular a corrente que o
percorre:

Os ímãs
O magnetismo é conhecido há cerca de 2500 anos. Em uma região chamada Magnésia, na antiga Grécia
(esta região hoje faz parte da Turquia), foi encontrada uma rocha com o poder de atrair pedaços de ferro.
Os antigos gregos lhe deram o nome de magnetita (um tipo de minério de ferro).

A magnetita atualmente é mais conhecida como pedra-ímã ou simplesmente ímã.


Forças magnéticas
Por meio dos experimentos, constatou-se que o imã tem a propriedade de atrair certos materiais. Essa pro-
priedade é denominada de magnetismo.
A força magnética do imã atua sobre certos metais como o ferro, o níquel e o cobalto, isto é, sobre os ma-
teriais denominados ferromagnéticos. Nem todos os metais são ferromagnéticos. Os metais das medalhas
olímpicas, por exemplo, o ouro, a prata e o cobre não são atraídos pelos imãs.
Ao colocar a folha de papel com limalha de ferro sobre o imã, nela fica representada a área de influência
desse imã.

As extremidades do imã – regiões onde as forças magnéticas agem mais intensamente – são denominadas
polos. A existência desses polos é uma das importantes características dos imãs.

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O imã apresenta sempre dois polos.
Se o quebrarmos em duas partes, cada uma delas apresentará novamente dois polos. Portanto, não conse-
guiremos nunca isolar um dos polos do imã.

Podendo se movimentar livremente, um imã se alinha com a direção geográfica Norte-Sul.


Convencionou-se que a parte do imã que aponta para o Norte geográfico da Terra seria denominada polo
Norte do ímã. Normalmente, essa parte é pintada de vermelho. A outra parte é o polo Sul do imã.

Com esse conhecimento básico, os chineses criaram a bússola, que, desde o século XI, tem sido usada
para orientar navegadores e pilotos.
Nos séculos XV e XVI, época das grandes navegações, a bússola, desempenhou papel fundamental na
orientação pelos mares até então desconhecidos.

Eletroímãs
Há um tipo muito interessante de imã chamado eletroímã. É um dispositivo no qual a eletricidade percorre
um fio enrolado em um pedaço de ferro e que se comporta como um imã.
Você pode construir um eletroímã em casa: Um eletroímã começa com uma pilha ou bateria (ou alguma
outra fonte de energia) e um fio. O que a pilha produz são os elétrons.

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Se você olhar qualquer pilha D (uma pilha de lanterna, por exemplo), dá para ver que há duas extremidades,
uma marcada com um sinal de mais (+) e outra marcada com o sinal de menos (-). Os elétrons estão agrupados
na extremidade negativa da pilha e, podem fluir para a extremidade positiva, com o auxílio de um fio.
Se você conectar um fio diretamente entre os terminais positivo e negativo de uma pilha, três coisas irão
acontecer:
1. os elétrons irão fluir do lado negativo da pilha até o lado positivo o mais rápido que puderem;
2. a pilha irá descarregar bem rápido (em questão de minutos). Por esse motivo, não costuma ser uma boa
ideia conectar os 2 terminais de uma pilha diretamente um ao outro, normalmente, você conecta algum tipo de
carga no meio do fio. Essa carga pode ser um motor, uma lâmpada, um rádio;
3. um pequeno campo magnético é gerado no fio. É esse pequeno campo magnético que é a base de um
eletroímã.
LEI DE FARADAY
Consideremos um circuito no qual foi induzida uma corrente de intensidade i. Tudo se passa como se, dentro
do circuito houvesse um gerador ideal, de força eletromotriz E dada por:
E=R.i
onde R é a resistência do circuito. Essa força eletromotriz é chamada de força eletromotriz induzida.

Sendo a variação do fluxo num intervalo de temo


Faraday descobriu que o valor médio de E é dado por:

Algumas vezes essa fórmula aparece do seguinte modo:


Neste caso, o serial “menos” serve apenas para lembrar da lei de Lenz, isto é, que a força eletromotriz indu-
zida se opõe à variação de fluxo.
EXEMPLO

Uma espira retangular, de área A = 0,50 m² e resistência R = 2,0 está numa região onde há um campo mag-
nético uniforme como indica a Fig. 10, sendo θ = 60º.

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Num intervalo de tempo = 3,0 s, a intensidade de varia de B1 = 12 T para B2 = 18 T. Calcule o valor
médio da intensidade da corrente induzida na espira.
Resolução

Lembrando que cosº 60 = 1/2, os fluxos iniciais (1) e final (2) são:

Assim:

De acordo com a lei de Faraday, o valor médio da força eletromotriz induzida é dado por:

Sendo im o valor médio da intensidade da corrente induzida, temos:

m = 0,25 A
Podemos definir a força eletromotriz instantânea por:

Quando a força eletromotriz é constante, seu valor médio coincide com seu valor instantâneo.
O TRANSFORMADOR
É uma máquina elétrica usada em corrente alternada. Transforma o valor da tensão, por exemplo, de 220
Volt para 24 Volt, ou vice-versa.
Esta capacidade do transformador permitiu a grande expansão no transporte, distribuição e utilização da
energia elétrica e, juntamente com o motor de corrente alternada, mostrou o grande interesse da utilização
da corrente alternada, numa época em que se confrontavam ideias sobre a melhor maneira de usar a energia
elétrica, se sob a forma de corrente contínua ou sob a forma de corrente alternada.
Os transformadores mais generalizados são o monofásico e o trifásico.
No transformador monofásico existe um núcleo de ferro em torno do qual estão montadas duas bobines,

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
uma para receber a tensão (o primário) e outra para fornecer a tensão (o secundário).

O transformador trifásico funciona de forma similar ao monofásico, mas tem três bobines no primário e três
no secundário. Nalguns casos, cada bobine do secundário está dividida em duas.

O transformador tem inúmeras aplicações e existem transformadores para muitas potências e tensões, con-
forme as aplicações.
As aplicações mais importantes são no transporte e distribuição de energia elétrica, subindo os valores no
início do transporte e diminuindo estes valores próximo dos utilizadores.
Outras utilizações generalizadas são na maioria das aparelhagens domésticas e industriais, em que é pre-
ciso alterar o valor da tensão da rede de alimentação para os adaptar aos valores a que o aparelho funciona.
Utilizam-se também noutros casos, como, por exemplo, para alimentar o altifalante com o sinal proveniente
do circuito de saída dum amplificador.
Funcionamento sem carga (em vazio)
Se o segundo enrolamento permanecer aberto, sua presença não altera o comportamento do dispositivo;
portanto, ele não modifica a essência do que foi anteriormente discutido para o reator. Podemos representar a
situação pela Figura 8, na qual o primeiro enrolamento está excitado como antes. Este primeiro enrolamento
pode ser chamado enrolamento primário, porque recebe a corrente de excitação que produz o fluxo. O enro-
lamento que se concatena com este fluxo é chamado enrolamento secundário. Entretanto, qual dos dois deva
ser excitado é uma questão puramente de conveniência e qualquer dos dois pode ser primário ou secundário.

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Se ligarmos o enrolamento primário a uma fonte de tensão alternada o fluxo produzido no núcleo induzirá
tensão tanto no enrolamento primário como no secundário. Considerando-se a resistência desprezível, como
na análise do reator, a tensão induzida no enrolamento primário será igual, em cada instante, à tensão aplicada.
A tensão induzida no enrolamento secundário será dada pela equação:

A diferença entre a tensão induzida no primário e no secundário deve-se ao diferente número de espiras. Se
é maior que , o dispositivo é um transformador elevador, onde a tensão induzida no secundário é maior
do que a do primário, na proporção do número de espiras. Dizendo isto, estamos supondo que a dispersão de
fluxo no enrolamento primário é muito pequena comparada com o fluxo principal e isto é verdade para fmm
muito baixa, presente nesta condição de circuito aberto. A proporcionalidade entre tensões e espiras pode ser
escrita por:

onde a é chamado de relação de espiras ou relação de transformação.


Funcionamento com carga

Suponhamos que uma impedância seja ligada entre os terminais do enrolamento secundário, de modo que
a tensão induzida imponha uma corrente de carga , que irá circular pelo enrolamento secundário de
espiras. Esta configuração é mostrada na Figura 9.

Quando a corrente de carga circula no enrolamento secundário, a fmm que ela gera é cancelada por uma
fmm igual e oposta no enrolamento primário, produzida por um aumento apropriado da corrente primária.
Assim, igualando as fmm devido às correntes de carga:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
ou

finalmente,

Das equações (6.17) e (6.20) temos:

Pela equação (6.21) podemos concluir que a elevação da tensão é acompanhada pela diminuição da corrente
e vice-versa. Assim, podemos obter a relação:
O significado da equação (6.22) é que a potência aparente fornecida ao primário é igual à potência aparente
fornecida à carga (transformador ideal).
Modelo de circuito equivalente do transformador

No que diz respeito ao comportamento entre terminais, vimos que o enrolamento primário atuando isolada-
mente, pode ser representado pela Figura 7. Podemos identificar o fluxo produzido pelo indutor com o fluxo
principal, estabelecido no circuito magnético principal e concatenando-se com qualquer enrolamento que o
envolva - por exemplo, com o enrolamento secundário da figura 8. Quando circula corrente no enrolamento
secundário (imposta pela carga), a fmm atuará não somente no circuito magnético principal, mas também na
região de dispersão, originando fluxos de dispersão, com representados na Figura 9. A exemplo do que ocorre
no enrolamento primário, o enrolamento secundário possui uma indutância de dispersão. Analogamente ao
que foi feito para o enrolamento primário, é conveniente representá-la no modelo por uma indutância concen-
trada, junto à resistência secundária e fora do transformador. O fluxo principal concatenar-se-á agora com os
dois enrolamentos do transformador.

Podemos considerar as correntes magnetizante e de perdas no ferro do enrolamento primário separadas


da corrente de carga. A corrente magnetizante é que produz o equilíbrio de fmm com o secundário. Neste
modelo, é conveniente manter o reatância (devido a indutância ) e o resistor da Figura 7. Estes são
previstos para absorver correntes iguais às de magnetização e de perdas no ferro. A Figura 10 é, portanto, um
modelo apropriado para o transformador com carga. Todas as ``imperfeições’’ foram removidas do transforma-
dor propriamente dito, restando um transformador ideal (mostrado dentro do retângulo tracejado), sem fluxo
de dispersão e sem perdas, efetuando tão-somente transformações nos valores das tensões e correntes
Transformador ideal
A Terminologia Brasileira da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define o transformador como:
Um dispositivo que por meio da indução eletromagnética, transfere energia elétrica de um ou mais circuitos (pri-
mário) para outro ou outros circuitos (secundário), usando a mesma frequência, mas, geralmente, com tensões
e intensidades de correntes diferentes.

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Os transformadores são equipamentos eletromagnéticos que apresentam rendimento elevado, principal-
mente aqueles de grande porte utilizados em sistema de potência. Assim, para muitas análises podemos admi-
ti-los como sendo ideais, o que implica em algumas simplificações no modelo, ou seja:
não há fluxo de dispersão: o fluxo está todo contido no núcleo e se concatena totalmente com as espiras do
primário e do secundário;
as resistências ôhmicas dos enrolamentos não são consideradas;
as perdas no ferro (núcleo) são ignoradas;
a permeabilidade do núcleo é considerada elevada.
A Figura 11 mostra uma representação de um transformador ideal, que é mesmo mostrado no retângulo
tracejado da Figura 10.

ONDAS ELETROMAGNÉTICAS
O rádio e a televisão funcionam graças a ondas eletromagnéticas. Numa estação de rádio, ou televisão,
existem os transmissores e uma antena. A antena é um condutor de corrente elétrica, cujos elétrons executam
um movimento vibratório, com determinada frequência. Esse movimento é produzido pelos circuitos dos trans-
missores. O movimento vibratório dos elétrons cria as ondas eletromagnéticas características daquela estação
e que se propagam em todas as direções do espaço.
No aparelho de rádio, ou televisão, também existem circuitos e uma antena. Na antena receptora os elétrons
também têm movimento vibratório, de mesma frequência que os elétrons da antena transmissora. Esse movi-
mento é produzido pelas ondas eletromagnéticas captadas pela antena.
Os elétrons da antena transmissora produzem a onda e esta faz os elétrons da antena receptora vibrarem
com a mesma frequência.
As ondas eletromagnéticas são dois campos perpendiculares variáveis, um elétrico e outro magnético, que
se propagam. Essa propagação pode ocorrer no vácuo e em determinados materiais.
Como exemplo de ondas eletromagnéticas, podemos citar as ondas de rádio, as ondas de televisão, as
ondas luminosas, as micro-ondas, os raios X e outras. Essas denominações são dadas de acordo com a fonte
geradora dessas ondas e, em geral, correspondem a diferentes faixas de frequências.
No vácuo, todas as ondas eletromagnéticas propagam-se com a velocidade de 300.000 km/s.
Geração de ondas eletromagnéticas
As ondas eletromagnéticas são geradas por cargas elétricas aceleradas. Cargas elétricas em repouso ou em
movimento com velocidade constante não produzem ondas eletromagnéticas. Um estudo detalhado dos vários
processos de geração de ondas eletromagnéticas está fora dos objetivos deste curso. Neste capítulo tratare-
mos apenas dos aspectos fundamentais do campo eletromagnético produzido por uma carga acelerada e sua
aplicação no estudo de uma antena transmissora de radiofrequência. Serão dadas também algumas noções
sobre a chamada “radiação sincrotron”. Processos quânticos de emissão de radiação serão estudados na parte
de Física Moderna do curso.
Ondas eletromagnéticas
A tecnologia moderna tem criado emissores de radiação que são usados em comunicações. São as antenas
de rádio e TV. Para simplificar, elas podem ser imaginadas como uma barra metálica onde correntes elétricas
circulam hora numa direção, hora em outra ao longo barra, equivalendo a uma corrente oscilante com frequên-
cia f. Ela cria um campo magnético também oscilante. Energia eletromagnética se propaga a partir da antena,
levando a informação dessas oscilações, as que são percebidas como uma onda eletromagnética. A cada osci-

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
lação completa com um período T = 1 / f, o fluxo de energia tem viajado uma distância L= c.T, denominado de
comprimento de onda.

Esquema de onda eletromagnética: campos elétricos e magnéticos propagando-se com a velocidade da luz
A USINA ELÉTRICA/ APLICAÇÕES
HISTÓRIA;
A primeira usina elétrica brasileira foi instalada em 1883, na cidade de Campos (RJ). Era uma usina termo-
elétrica. A primeira usina hidrelétrica brasileira foi construída pouco depois no município de Diamantina (MG),
aproveitando as águas do Ribeirão do Inferno, afluente do rio Jequitinhonha.
Mas a primeira hidrelétrica do Brasil para serviços de utilidade pública foi a do rio Paraibuna, produzia ener-
gia para a cidade de Juiz de Fora (MG). Era muito difícil naquela época construir uma usina elétrica. O Brasil
não tinha nenhuma fábrica de máquinas térmicas, nem possuía grandes reservas exploradoras de carvão ou
petróleo, que são os combustíveis dessas máquinas. O panorama só começou a mudar realmente a partir da
1.a Guerra Mundial. Pois ficou muito difícil importar, e por isso, muitos bens passaram a ser feitos aqui. Isso fez
com que numerosas indústrias viessem para o Brasil, principalmente para São Paulo, todas elas precisando
consumir grandes quantidades de energia elétrica. O governo resolveu então dar incentivos para as empresas
de energia elétrica que quisessem vir para o Brasil. A mais importante foi a band and Share, norte-americana
que organiza dez empresas de energia elétrica, localizada em nove capitais brasileiras e na cidade de Pelotas
(RS). Em 1930, o Brasil já possuía 891 usinas, sendo 541 hidrelétricas, 337 térmicas e 13 mistas. Com a 2.a
Guerra Mundial voltou o problema de importação e de racionamento de carvão e petróleo. A essa altura a usina
elétrica já era utilizada para outras finalidades, além da indústria da iluminação pública e doméstica.
Uma delas era o transporte elétrico no Brasil. Por isso, eles ficaram conhecidos com o nome de “bondes”.
Mas o crescimento da capacidade instalada continuava pequeno. Em 1940 tínhamos 1.243MW e, em 1945
havíamos aumentado para apenas 1.341MW. O governo decidiu intervir para aumentar a taxa de crescimento
e disciplinar melhor a produção e distribuição de energia elétrica que até então estava nas mãos das empresas
estrangeiras. Um dos primeiros passos foi a criação da Companhia Hidrelétrica de São Francisco (CHESF) que
imediatamente começou a construir a usina de Paulo Afonso. Em 1952 foram organizadas as centrais de Mi-
nas Gerais (CEMIG) com cinco empresas regionais e suas subsidiárias. Em 1957, crio-se as centrais elétricas
de Furnas, que comandou a construção das usinas de Porto Colômbia, Marimbondo, Estreito, Volta Grande
e Água Vermelha. Em 1966, foram reunidas as centrais elétricas do Rio Pardo CHERP as usinas elétricas de
Paranapanema (USEIPA) e as centrais elétricas de Urubupunbá (CELUSA), para formar as centrais elétricas
de São Paulo (CESPE).
Já em 1954 o presidente Getúlio Vargas sentira necessidade de criar uma grande empresa estatal para pla-
nejar e coordenar a construção das usinas produtoras de energia e sistematizar sua distribuição.
No entanto sua ideia só vingou em 1963 no governo de Jânio Quadros. À partir daí, o panorama da energia
elétrica brasileira mudou radicalmente. Enquanto entre 1940 1 1945 a capacidade instalada aumentara apenas
1,5%. Entre 1962 1976 ela triplicou passando de 5.729MW para 17.700MW. E de 1976 para 1985 esperava-se
que novamente triplique. Para isso era necessário contar com a usina de Itaipú, a maior hidrelétrica do mundo
com 14.000MW.
Paralelamente a esse aumento da capacidade instalada, a Eletrobrás estuda outras fontes de energia como
a solara e a das marés, e formas de transportar grandes quantidades de energia a longas distâncias.
Quando os rios das regiões Sudeste, Sul e Nordeste estiverem totalmente aproveitados será possível trans-
ferir energia entre várias regiões por intermédio de um sistema elétrico integrado de âmbito nacional.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
A LEI DE LENZ
Heinrich Lenz (1804 - 1865), nascido na Estônia, descobriu que:
A corrente induzida tem um sentido tal que se opõe à variação de fluxo
EXEMPLO

Na Fig. 3 representamos um imã sendo aproximado de uma espira.

À medida que o imã se aproxima, o campo magnético do imã sobre a espira fica cada vez mais intenso e,
portanto, o fluxo de aumenta. A variação do fluxo ocasionará o aparecimento de uma corrente induzida na
espira. De acordo com a lei de Lenz, essa corrente irá contrariar a aproximação do imã. Isso significa que a
face da espira que está voltada para o imã deve ter a mesma polaridade do polo que está se aproximando,
isto é, polo norte, para que isso aconteça, a corrente deve ter o sentido indicado na Fig. 4. O operador deverá
aplicar uma força no imã pois este estará sendo repelido pela espira.
Um outro modo de pensar é observar que o fluxo de através da espira está aumentando. Assim, a espira
tentará diminuir esse fluxo, produzindo um campo (Fig. 5) que tem sentido oposto ao campo do imã.
Para que isso aconteça a corrente induzida deve ter o sentido indicado na figura.

EXEMPLO
Na Fig. 6 temos um condutor dobrado em forma de U sobre o qual se apoia um condutor retilíneo YZ. O con-
junto está em uma região em que há um campo magnético e o condutor YZ está sendo puxado para a direita.

Desse modo a área do circuito W Y Z K está aumentando o que acarreta o aumento do fluxo de através do
circuito. Em consequência teremos uma corrente induzida no circuito que irá contrair o aumento de fluxo
Para que isso ocorra, a corrente deverá produzir um campo de de sentido oposto ao de e, para isso, a cor-
rente deverá ter sentido anti-horário (Fig. 7).

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EXEMPLO

Na Fig. 8 representamos uma espira entre os polos de um imã. Se girarmos a espira, iremos provocar a varia-
ção do ângulo θ (Fig. 9) entre o campo e o vetor perpendicular ao plano da espira.

A variação de θ irá ocasionar a variação do fluxo de assim, teremos uma corrente induzida na espira. Esse
é o princípio de funcionamento dos geradores elétricos usados nas grandes usinas produtoras de energia
elétrica e, também nos geradores usados em automóveis (dínamos ou alternadores).

Termodinâmica Básica

Termodinâmica
A Termodinâmica é a parte da Física que estuda principalmente a transformação de energia térmica em
trabalho.
A utilização direta desses princípios em motores de combustão interna ou externa, faz dela uma importante
teoria para os motores de carros, caminhões e tratores, nas turbinas com aplicação em aviões, etc.
Energia Interna
As partículas de um sistema têm vários tipos de energia, e a soma de todas elas é o que chamamos Energia
interna de um sistema.
Para que este somatório seja calculado, são consideradas as energias cinéticas de agitação , potencial de
agregação, de ligação e nuclear entre as partículas.
Nem todas estas energias consideradas são térmicas. Ao ser fornecida a um corpo energia térmica, provo-
ca-se uma variação na energia interna deste corpo. Esta variação é no que se baseiam os princípios da termo-
dinâmica.
Se o sistema em que a energia interna está sofrendo variação for um gás perfeito, a energia interna será
resumida na energia de translação de suas partículas, sendo calculada através da Lei de Joule:

Onde:
U: energia interna do gás;
n: número de mol do gás;
R: constante universal dos gases perfeitos;

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
T: temperatura absoluta (kelvin).
Como, para determinada massa de gás, n e R são constantes, a variação da energia interna dependerá da
variação da temperatura absoluta do gás, ou seja,

Quando houver aumento da temperatura absoluta ocorrerá uma variação positiva da energia interna .
Quando houver diminuição da temperatura absoluta, há uma variação negativa de energia interna .
E quando não houver variação na temperatura do gás, a variação da energia interna será igual a zero .
Conhecendo a equação de Clepeyron, é possível compará-la a equação descrita na Lei de Joule, e assim
obteremos:

Trabalho
Trabalho de um gás
Considere um gás de massa m contido em um cilindro com área de base A, provido de um êmbolo.
Ao ser fornecida uma quantidade de calor Q ao sistema, este sofrerá uma expansão, sob pressão constante,
como é garantido pela Lei de Gay-Lussac, e o êmbolo será deslocado.

Assim como para os sistemas mecânicos, o trabalho do sistema será dado pelo produto da força aplicada no
êmbolo com o deslocamento do êmbolo no cilindro:

141
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Assim, o trabalho realizado por um sistema, em uma transformação com pressão constante, é dado pelo
produto entre a pressão e a variação do volume do gás.
Quando:
o volume aumenta no sistema, o trabalho é positivo, ou seja, é realizado sobre o meio em que se encontra
(como por exemplo empurrando o êmbolo contra seu próprio peso);
o volume diminui no sistema, o trabalho é negativo, ou seja, é necessário que o sistema receba um trabalho
do meio externo;
o volume não é alterado, não há realização de trabalho pelo sistema.
Exemplo:
(1) Um gás ideal de volume 12m³ sofre uma transformação, permenecendo sob pressão constante igual a
250Pa. Qual é o volume do gás quando o trabalho realizado por ele for 2kJ?

Diagrama p x V
É possível representar a transformação isobárica de um gás através de um diagrama pressão por volume:

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Comparando o diagrama à expressão do cálculo do trabalho realizado por um gás , é possível verifi-
car que o trabalho realizado é numericamente igual à área sob a curva do gráfico (em azul na figura).
Com esta verificação é possível encontrar o trabalho realizado por um gás com pressão variável durante sua
tranformação, que é calculado usando esta conclusão, através de um método de nível acadêmico de cálculo
integral, que consiste em uma aproximação dividindo toda a área sob o gráfico em pequenos retângulos e tra-
pézios.

1ª Lei da Termodinâmica
Chamamos de 1ª Lei da Termodinâmica o princípio da conservação de energia aplicada à termodinâmica, o
que torna possível prever o comportamento de um sistema gasoso ao sofrer uma transformação termodinâmica.
Analisando o princípio da conservação de energia ao contexto da termodinâmica:

Um sistema não pode criar ou consumir energia, mas apenas armazená-la ou transferi-la ao meio onde se
encontra, como trabalho, ou ambas as situações simultaneamente, então, ao receber uma quantidade Q de
calor, esta poderá realizar um trabalho e aumentar a energia interna do sistema ΔU, ou seja, expressando
matematicamente:

Sendo todas as unidades medidas em Joule (J).


Conhecendo esta lei, podemos observar seu comportamento para cada uma das grandezas apresentadas:

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Exemplo:
(1) Ao receber uma quantidade de calor Q=50J, um gás realiza um trabalho igual a 12J, sabendo que a Ener-
gia interna do sistema antes de receber calor era U=100J, qual será esta energia após o recebimento?

2ª Lei da Termodinâmica
Dentre as duas leis da termodinâmica, a segunda é a que tem maior aplicação na construção de máquinas
e utilização na indústria, pois trata diretamente do rendimento das máquinas térmicas.
Dois enunciados, aparentemente diferentes ilustram a 2ª Lei da Termodinâmica, os enunciados de Clausius
e Kelvin-Planck:
• Enunciado de Clausius:
O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor, para um outro corpo de
temperatura mais alta.
Tendo como consequência que o sentido natural do fluxo de calor é da temperatura mais alta para a mais
baixa, e que para que o fluxo seja inverso é necessário que um agente externo realize um trabalho sobre este
sistema.
• Enunciado de Kelvin-Planck:
É impossível a construção de uma máquina que, operando em um ciclo termodinâmico, converta toda a
quantidade de calor recebido em trabalho.
Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo térmico tenha um rendimento de 100%, ou
seja, por menor que seja, sempre há uma quantidade de calor que não se transforma em trabalho efetivo.
Maquinas térmicas
As máquinas térmicas foram os primeiros dispositivos mecânicos a serem utilizados em larga escala na in-
dústria, por volta do século XVIII. Na forma mais primitiva, era usado o aquecimento para transformar água em
vapor, capaz de movimentar um pistão, que por sua vez, movimentava um eixo que tornava a energia mecânica
utilizável para as indústrias da época.
Chamamos máquina térmica o dispositivo que, utilizando duas fontes térmicas, faz com que a energia térmi-
ca se converta em energia mecânica (trabalho).

A fonte térmica fornece uma quantidade de calor que no dispositivo transforma-se em trabalho mais
uma quantidade de calor que não é capaz de ser utilizado como trabalho .

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Assim é válido que:

Utiliza-se o valor absolutos das quantidade de calor pois, em uma máquina que tem como objetivo o resfria-
mento, por exemplo, estes valores serão negativos.
Neste caso, o fluxo de calor acontece da temperatura menor para o a maior. Mas conforme a 2ª Lei da Termo-
dinâmica, este fluxo não acontece espontaneamente, logo é necessário que haja um trabalho externo, assim:

Rendimento das máquinas térmicas


Podemos chamar de rendimento de uma máquina a relação entre a energia utilizada como forma de trabalho
e a energia fornecida:
Considerando:

=rendimento;
= trabalho convertido através da energia térmica fornecida;
=quantidade de calor fornecida pela fonte de aquecimento;
=quantidade de calor não transformada em trabalho.

Mas como constatado:

logo, podemos expressar o rendimento como:

O valor mínimo para o rendimento é 0 se a máquina não realizar nenhum trabalho, e o máximo 1, se fosse
possível que a máquina transformasse todo o calor recebido em trabalho, mas como visto, isto não é possível.
Para sabermos este rendimento em percentual, multiplica-se o resultado obtido por 100%.
Exemplo:
Um motor à vapor realiza um trabalho de 12kJ quando lhe é fornecido uma quantidade de calor igual a 23kJ.
Qual a capacidade percentual que o motor tem de transformar energia térmica em trabalho?

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Ciclo de Carnot
Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível a construção de uma máquina térmica ideal, que seria
capaz de transformar toda a energia fornecida em trabalho, obtendo um rendimento total (100%).
Para demonstrar que não seria possível, o engenheiro francês Nicolas Carnot (1796-1832) propôs uma má-
quina térmica teórica que se comportava como uma máquina de rendimento total, estabelecendo um ciclo de
rendimento máximo, que mais tarde passou a ser chamado Ciclo de Carnot.
Este ciclo seria composto de quatro processos, independente da substância:

Uma expansão isotérmica reversível. O sistema recebe uma quantidade de calor da fonte de aquecimento
(L-M)
Uma expansão adiabática reversível. O sistema não troca calor com as fontes térmicas (M-N)
Uma compressão isotérmica reversível. O sistema cede calor para a fonte de resfriamento (N-O)
Uma compressão adiabática reversível. O sistema não troca calor com as fontes térmicas (O-L)
Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que é fornecida pela fonte de aquecimento e a quantidade
cedida à fonte de resfriamento são proporcionais às suas temperaturas absolutas, assim:

Assim, o rendimento de uma máquina de Carnot é:

e
Logo:

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Sendo:

= temperatura absoluta da fonte de resfriamento


= temperatura absoluta da fonte de aquecimento
Com isto se conclui que para que haja 100% de rendimento, todo o calor vindo da fonte de aquecimento
deverá ser transformado em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte de resfriamento deverá ser 0K.
Partindo daí conclui-se que o zero absoluto não é possível para um sistema físico.
Exemplo:
Qual o rendimento máximo teórico de uma máquina à vapor, cujo fluido entra a 560ºC e abandona o ciclo a
200ºC?

Termologia (termo = calor, logia = estudo) é a parte da Física encarregada de estudar o calor e seus efeitos
sobre a matéria. A termologia está intimamente ligada à energia térmica, estudando a transmissão dessa ener-
gia e os efeitos produzidos por ela quando é fornecida ou retirada de um corpo.
Temperatura é a grandeza que mede o estado de agitação das moléculas. Quanto mais quente estiver uma
matéria, mais agitadas estarão suas moléculas. Assim, a temperatura é o fator que mede a agitação dessas
moléculas, determinando se uma matéria está quente, fria, etc.
Calor é a energia que flui de um corpo com maior temperatura para outro de menor temperatura. Como sa-
bemos, a unidade de representação de qualquer forma de energia é o joule (J), porém, para designar o calor, é
adotada uma unidade prática denominada caloria, em que 1 cal = 4,186 J.
Equilíbrio térmico é o estado em que a temperatura de dois ou mais corpos são iguais. Assim, quando um
corpo está em equilíbrio térmico em relação a outro, cessam os fluxos de troca de calor entre eles. Ex.: Quando
uma xícara de café é deixada por certo tempo sobre uma mesa, ela esfriará até entrar em equilíbrio térmico
com o ambiente em que está.

Noções de Instrumentação

— Introdução à instrumentação e sua importância


A instrumentação é uma área da engenharia que envolve a medição e controle de processos industriais.
Ela é fundamental para garantir que os processos operem de forma eficiente e segura, minimizando riscos e
aumentando a produtividade. A instrumentação pode ser encontrada em diversos setores da indústria, desde a
produção de produtos químicos e petróleo até a fabricação de alimentos e eletrônicos.
A importância da instrumentação está em sua capacidade de fornecer dados precisos e confiáveis sobre o
processo. Através desses dados, os engenheiros podem monitorar as condições do processo e fazer ajustes
necessários para garantir que ele esteja operando dentro dos parâmetros desejados. Isso permite que as em-
presas operem com mais eficiência, produzam menos resíduos e reduzam os custos de produção.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
— Instrumentos de medição: tipos e aplicações
Os instrumentos de medição são utilizados para coletar dados sobre o processo, como temperatura, pres-
são, vazão e nível. Esses dados são essenciais para monitorar as condições do processo e fazer ajustes ne-
cessários para garantir que ele esteja operando de forma adequada. Existem diversos tipos de instrumentos de
medição, cada um adequado para uma aplicação específica.
Entre os instrumentos de medição mais comuns estão os termômetros, que medem a temperatura, os ma-
nômetros, que medem a pressão, os medidores de vazão, que medem a quantidade de fluido que passa por
um ponto, e os transmissores de nível, que medem o nível de um líquido em um tanque. Cada um desses ins-
trumentos possui suas próprias características e aplicabilidades, e é importante escolher o instrumento certo
para a tarefa em questão.
—Instrumentos de controle: tipos e aplicações
Os instrumentos de controle são utilizados para garantir que o processo esteja operando dentro dos limites
desejados. Eles fazem isso ajustando automaticamente as condições do processo, como a vazão de um fluido
ou a temperatura de um reator químico. Os instrumentos de controle são essenciais para manter o processo
estável e operando de forma consistente.
Entre os instrumentos de controle mais comuns estão os controladores de temperatura, que ajustam a tem-
peratura do processo para que ela permaneça dentro dos limites desejados, os controladores de nível, que
ajustam o nível de um líquido em um tanque, e os controladores de pressão, que ajustam a pressão em um
sistema. Cada um desses instrumentos possui suas próprias características e aplicabilidades, e é importante
escolher o instrumento certo para a tarefa em questão.
— Sistemas de automação: sensores, atuadores e controladores
Os sistemas de automação são compostos por sensores, atuadores e controladores, que trabalham juntos
para manter o processo funcionando de forma eficiente e segura. Os sensores coletam dados sobre o proces-
so, os atuadores realizam as ações necessárias e os controladores ajustam as condições do processo.
Os sistemas de automação são utilizados em diversos setores da indústria, desde a produção de alimentos
e bebidas até a fabricação de produtos químicos e petróleo. Eles são essenciais para garantir que o processo
esteja operando de forma consistente e segura, minimizando riscos e aumentando a produtividade.
Os sensores são utilizados para coletar dados sobre o processo, como temperatura, pressão e vazão. Eles
enviam esses dados para os controladores, que os utilizam para fazer ajustes necessários no processo. Os
atuadores são utilizados para realizar ações no processo, como abrir ou fechar uma válvula. Eles recebem
comandos dos controladores e realizam as ações necessárias para manter o processo operando dentro dos
parâmetros desejados.
— Calibração e manutenção de instrumentos
A calibração e manutenção de instrumentos é fundamental para garantir que os dados coletados pelos
instrumentos sejam precisos e confiáveis. A calibração envolve a comparação dos dados coletados pelo instru-
mento com um padrão de referência, para verificar se o instrumento está operando dentro das especificações
desejadas.
A manutenção dos instrumentos envolve a realização de tarefas como limpeza, troca de peças desgastadas
e reparo de danos. Ela é essencial para garantir que os instrumentos continuem operando de forma adequada
e forneçam dados precisos e confiáveis sobre o processo.
— Redução de custos e aumento de eficiência
A instrumentação é uma ferramenta importante para a redução de custos e aumento da eficiência nos pro-
cessos industriais. Através da automação e controle dos processos, é possível reduzir o tempo de produção e
minimizar desperdícios de matéria-prima e energia. Além disso, a instrumentação permite monitorar o processo
em tempo real, identificando falhas e desvios que possam afetar a qualidade do produto final.
— Segurança do trabalho
A instrumentação também é fundamental para garantir a segurança do trabalho em ambientes industriais.
Através de sensores e sistemas de controle, é possível monitorar fatores como temperatura, pressão e níveis

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de gases tóxicos, evitando situações de risco para os trabalhadores. Além disso, a automação dos pro-
cessos reduz a necessidade de intervenção humana em tarefas perigosas e repetitivas, minimizando o risco de
acidentes de trabalho.
— Conclusão
Em resumo, a instrumentação é uma área essencial para a indústria, permitindo o monitoramento e controle
eficiente dos processos de produção, além de reduzir custos, aumentar a eficiência e garantir a segurança dos
trabalhadores. É importante que os profissionais envolvidos na área tenham conhecimento técnico especiali-
zado e estejam sempre atualizados em relação às novas tecnologias e técnicas de medição e controle para
garantir um processo de produção seguro e eficiente.

Química orgânica: hidrocarbonetos e polímeros

QUÍMICA ORGÂNICA
É a parte da Química que estuda os compostos que contém carbono. Porém nem toda substância que
contém carbono é parte da Química Orgânica. Há algumas exceções, porque apesar de conter carbono, tem
comportamento de uma substância inorgânica. São eles: C(grafite), C(diamante), CO, CO2, HCN, H2CO3,
Na2CO3.
Os compostos orgânicos são, na sua maioria, formados por C, H, O e N. Entretanto em 1828, Wohler obteve
o primeiro composto orgânico em laboratório. Este composto recebeu o nome de ureia, e a partir deste, surgi-
ram outras sínteses de compostos orgânicos realizados em laboratório.
Em 1858, KeKulé e Couper enunciaram a teoria estrutural da Química orgânica através de três postulados:
1) O Carbono é tetravalente
2) As quatro valências são equivalentes
3) O carbono forma cadeias carbônicas
Os átomos de carbono agrupam-se entre si, formando estruturas de carbono, ou cadeias carbônicas.

Átomo de Carbono
O átomo de carbono possui massa atômica (A) igual a 12,01u e número atômico (Z) igual a 6.
Veja a sua configuração eletrônica:

A propriedade mais importante do elemento carbono é a capacidade de unir seus átomos, formando cadeias
carbônicas. Veja a seguir um exemplo de cadeia carbônica:

149
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Tipos de Carbono
Os átomo de carbono que fazem parte de uma cadeia carbônica podem ser classificados devido ao número
de átomos de carbono ligados diretamente ao átomo de carbono que se deseja classificar. Diante disso, pode-
mos ter em uma cadeia os seguintes tipos de átomos de carbono:
-Carbono primário: Liga-se diretamente, no máximo, a outro átomo de carbono.
-Carbono secundário: Liga-se diretamente, diretamente a dois átomos de carbono.
-Carbono secundário: Liga-se diretamente, diretamente a três átomos de carbono.
-Carbono quaternário: Liga-se diretamente, diretamente a quatro átomos de carbono.
Exemplo:

Classificação das Cadeias carbônicas


As cadeias carbônicas podem ser classificadas de três tipos de acordo com a disposição dos átomos de
carbono:
1) Cadeia aberta, Acíclica ou Alifática
A cadeia aberta é aquela que possui pelo menos duas extremidades ou pontas, não há nenhum encadea-
mento, fechamento, ciclo ou anel nela.
Exemplos:

2) Cadeia fechada ou cíclica:


Esse tipo de cadeia não possui nenhuma extremidade ou ponta, seus átomos são unidos, fechando a cadeia
e formando um encadeamento, ciclo, núcleo ou anel.
Exemplos:

3) Cadeia Mista
Possui pelo menos um ciclo (anel) e uma extremidade.
Exemplos:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Cadeias Abertas, Acíclicas ou Alifáticas
Quanto à disposição dos átomos de carbono, as cabeias abertas podem ser classificadas como retas ou
normais e ramificadas.
A) Retas ou Normais
Esse tipo de cadeia ocorre quando só existem carbonos primários e secundários na cadeia. Estando em uma
única sequência, geram apenas duas extremidades ou pontas.
Exemplos:

B) Ramificadas
São aquelas cadeias que possuem três ou mais extremidades, com carbonos terciários ou quaternários.
Exemplo:

Tipo de Ligação Entre os Átomos de Carbono


Quanto ao tipo de ligação entre os átomos de carbono, as cadeias são classificadas em saturadas e insatu-
radas.
A) Cadeia Saturada
Essa classificação é utilizada para as cadeias que possuem somente ligações simples entre os carbonos.
Exemplos:

B) Cadeia Insaturada
Nesse tipo de cadeia existe pelo menos uma instauração (dupla ou tripla ligação) entre os átomos de car-
bono.
Exemplos:

151
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Natureza dos Átomos das Cadeias Carbônicas
Quanto à natureza dos átomos que as constituem, as cadeias carbônicas dividem-se em homogêneas e
heterogêneas.
A) Cadeia Homogênea
Esse tipo de cadeia não possui nenhum heteroátomo entre os carbonos, ou seja, essas cadeias são consti-
tuídas somente por carbonos.
Exemplos:

B) Cadeia Heterogênea
Nesse tipo de cadeia existe pelo menos um heteroátomo entre os átomos de carbono, sendo que os hetero-
átomos mais comuns são O, N, S e P.
Exemplos:

Cadeias Fechadas ou Cíclicas


As cadeias cíclicas subdividem-se em aromáticas e alicíclicas ou não aromáticas.
A) Aromáticas
São consideradas cadeias aromáticas aquelas que possuem em sua estrutura pelo menos um núcleo ben-
zênico, também denominado anel aromático (C6H6).

Exemplos:

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B) Alicíclica, Não-Aromáticas ou Ciclo-Alifáticas
Esse tipo de cadeia são fechadas porem não apresentam o núcleo aromático (anel benzênico).
Exemplo:

Quantidade de Ciclos
Um outro critério que pode ser utilizado para classificar as cadeias cíclicas está relacionado com a quantida-
de de ciclos (anéis ou núcleo). Assim temos:
Cadeia Monocíclica ou Mononuclear
Apresenta um único ciclo em toda sua estrutura
Exemplos:

Cadeia Policíclica ou Polinuclear


Apresenta no mínimo dois ciclos em sua estrutura

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Resumo

Hibridização
Hibridação de orbitais é uma interpenetração (mistura) que dá origem a novos orbitais, em igual número,
denominados orbitais híbridos.
Veja o tipo de hibridização para diferentes tipos de ligações entre carbonos:
- sp3

Nesta molécula, o metano, todas as ligações são sp3.


Toda molécula que possuir ligações simples, a sua hibridização será sp3.
- sp2

Nesta molécula, eteno, temos uma ligação dupla, então a hibridização nesta ligação será sp2 (ligação sigma)
e p (ligação pi). As demais ligações são todas sp2.
- sp

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H–C ≡ C–H
Neste caso, o etino possui uma ligação tripla, sendo uma hibridização sp (ligação sigma) e duas p (ligação
pi). A ligação entre carbonos e hidrogênios é sp.
Todas as ligações π são p puro.
Veja esta molécula:
=C=
Nesta molécula, há um ângulo de 180° entre as ligações duplas. A hibridização será sp e p para cada ligação
dupla.
Uma ligação entre H – C será s – sp.
Exemplo:
Seja a seguinte molécula de etano, analise as suas ligações σ e π e o tipo de hibridização de cada ligação:

Carbono 1:
H – C [σ: s – sp3]
C – C [σ: sp3 – sp3]
Carbono 2:
C – C [σ: sp3 – sp3]
H – C [σ: s – sp3]
Química Orgânica no Cotidiano
A química orgânica exerce grande participação no nosso cotidiano. Grande parte dos compostos produzidos
em nosso corpo são orgânicos por exemplo a ureia e a glicose. Não apenas em nós, como também em todos
os seres vivos, sejam eles vegetais ou animais.
Também a encontramos como combustível, na produção de tinta e sabões, até mesmo na criação de um
novo composto que pode ser usado para salvar vidas.
Produtos essenciais para a vida são orgânicos, por isso existem tantos diferentes compostos além do ar que
respiramos (O2) e da água que constitui 80% do nosso corpo, há um átomo que é fundamental: o Carbono.
FUNÇÕES ORGÂNICAS
As funções orgânicas são grupos em que os compostos orgânicos são divididos de acordo com o seu com-
portamento químico e presença de certos agrupamentos de átomos em suas estruturas.
Nomenclatura dos Compostos Orgânicos
Os compostos orgânicos recebem nomes oficiais que levam em consideração o número de carbonos, os
tipos de ligações entre eles e a função que as substâncias pertencem.
O esquema apresentado no quadro abaixo mostra, as partes básicas da nomenclatura de um composto
orgânico.

155
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
A seguir serão estudadas as principais funções orgânicas:
Hidrocarbonetos
São compostos formados apenas por carbono (C) e hidrogênio (H). Os hidrocarbonetos podem ser subdi-
vididos em várias classes em função do tipo de ligação que apresenta entre os carbonos. Sua fórmula geral é
dada por CXHY.
Os hidrocarbonetos se dividem de acordo com a sua estrutura e tipo de ligações entre carbonos. São tipos
de hidrocarbonetos:
-alcanos
-alcenos
-alcinos
-alcadienos
-cicloalcanos
-cicloalcenos
-aromáticos
Alcanos
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta saturados, ou seja, possuem somente ligações simples
entre os carbonos.
Fórmula Geral: CnH2n + 2(em que n = qualquer número inteiro).
Exemplos:
CH4:metano
H3C — CH3: etano
Alcenos
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem somente uma ligação dupla entre carbonos.
Fórmula Geral: CnH2n
Exemplos:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Alcinos
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem tripla ligação entre carbonos.
O infixo “in” identifica a ligação tripla dos alcinos.
Fórmula Geral: CnH2n-2 (em que n = qualquer número inteiro).
Exemplos:

Alcadienos ou dienos:
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem duas duplas ligações entre carbonos.
O infixo “dien” identifica as duas duplas ligações dos alcadienos.
Fórmula Geral: CnH2n-2 (em que n = qualquer número inteiro).
Exemplos:

Hidrocarbonetos cíclicos:
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia fechada. Podem ser cicloalcanos (só possuem ligações simples),
cicloalcenos (possuem dupla ligação entre carbonos) e cicloalcinos (com tripla ligação entre carbonos).
Fórmula Geral:
- Cicloalcanos: CnH2n
- Cicloalcenos: CnH2n-2

Hidrocarbonetos aromáticos:
Definição: são hidrocarbonetos que possuem um ou mais anéis benzênicos (núcleos aromáticos), que são
representados conforme a figura abaixo:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Nomenclatura Para Hidrocarbonetos Ramificados
Para realizar a nomenclatura de um hidrocarboneto ramificado, é necessário identificar a cadeia principal,
que, geralmente, apresenta o maior número de carbonos. Para isso, temos que levar em consideração a classe
dos hidrocarbonetos com a qual estamos trabalhando, como relatado em cada caso:
a) Nomenclatura de alcanos ramificados
Passo 1: Determinar a cadeia principal e seu nome
(A cadeia principal de um alcano é sempre aquela que apresentar o maior número de carbonos e o maior
número de ramificações)
Passo 2: Reconhecer os radicais e dar nome aos mesmos.
Passo 3: Numerar a cadeia principal de moto a obter os menores números possíveis para indicar as posições
dos radicais.
Passo 4: Quando houver mais de um radical do mesmo tipo, seus nomes devem ser precedidos de prefixos
que indiquem a quantidade: di, tri, treta, penta e etc.
Passa 5: Quando houver dois ou mais radicais de tipos diferentes, seus nomes podem ser escritos de duas
maneiras:
a) Pela ordem de complexidade crescente dos radicais
b) Pela ordem alfabética (Notação recomentada pela IUPAC).
Exemplo:

Álcoois
Álcool é toda substância orgânica que contém um ou mais grupos oxidrila ou hidroxila (OH) ligado diretamen-
te à átomos de carbono saturados.
Grupo funcional:

Classificação
Os álcoois podem ser classificados de duas maneiras:
- de acordo com a posição da hidroxila
- de acordo com o número de hidroxila
Posição da Hidroxila
Álcool Primário – tem a hidroxila ligada a carbono primário.

Álcool Secundário – tem a hidroxila ligada a carbono secundário.

158
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Álcool Terciário – tem a hidroxila ligada a carbono terciário.

Número de Hidroxila
- Monoálcool – álcool que contém uma hidroxila.

- Diálcool ou Diol – álcool que contém duas hidroxilas.

- Triálcool ou Trióis – álcool que contém três hidroxilas.

Fenol
Fenol é todo composto orgânico que contém uma ou mais hidroxilas (OH) ligadas diretamente a um anel
aromático.
Exemplos:

Nomenclatura oficial dos álcoois


A nomenclatura oficial dos álcoois segue as mesmas regras estabelecidas pela IUPAC para os hidrocarbo-
netos, com apenas uma diferença: como o grupo funcional é diferente, o sufixo é “OH” no lugar de “o”, que é o

159
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
usado para os hidrocarbonetos.

Prefixo Intermediário Sufixo


N° de Carbono Tipo de Ligação OL

Exemplos:
-H3C — OH: met + an + ol = metanol
-H3C — CH2 — OH: et + an + ol = etanol
Quando um álcool alifático apresentar mais de dois átomos de carbono, devemos indicar a posição do OH
numerando a cadeia a partir da extremidade mais próxima do carbono que contém a hidroxila.
Exemplos:

1-butanol

2-butanol
Aldeídos
Os aldeídos contêm o grupo carbonila em carbono primário (extremidade da cadeia).
Grupo funcional:

Exemplos:

Nomenclatura IUPAC
- A terminação do nome oficial é AL.
- A cadeia principal deve ser a mais longa possível que apresentar o grupo funcional.
- Para cadeias ramificadas ou insaturadas, devemos numerar pela extremidade que contenha o grupo fun-
cional. Este será sempre posição 1. E não precisa ser mencionado no nome.
Exemplos:

160
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Nomenclatura usual
Os quatro primeiros aldeídos têm nomes usuais, tais como:

Cetonas
As cetonas também apresentam o grupo carbonila, sendo que o carbono do grupo deve ser secundário.
Grupo funcional:

Exemplos:

Nomenclatura IUPAC
De acordo com a nomenclatura da IUPAC a terminação das cetonas é ONA.
A cadeia principal é a mais longa que possui a carbonila e a numeração é feita a partir da extremidade mais
próxima da carbonila.
Exemplos:

Quando a numeração for necessária, ela deve ser iniciada da extremidade mais próxima da carbonila.
Ácido Carboxílico
Os ácidos carboxílicos apresentam pelo menos uma função carboxila.
-Grupo funcional:

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Exemplos:

Nomenclatura IUPAC
Inicia-se com a palavra ácido e a terminação utilizada é óico. A cadeia principal é a mais longa e que possua
a carboxila. Para cadeias ramificadas, devemos numerar a partir do carbono da carboxila (e não precisa men-
cionar a posição 1).
Exemplos:

O nome usual para os ácidos é associado à sua origem ou a suas propriedades. Os nomes comuns de mui-
tos ácidos carboxílicos são baseados em suas origens históricas ou ao seu odor exalado por quem os produz.
Veja o motivo dos nomes usuais não seguirem regras:

Nome oficial Nome comercial Origem do nome


Ácido metanóico Ácido fórmico Existe nas formigas
Ácido etanóico Ácido acético Formado no azedamento do vinho
Ácido propanóico Ácido própiônico gordura
Ácido butanóico Ácido butírico Encontrado na manteiga
Ácido pentanóico Ácido valérico Encontrado na planta valeriana
Ácido hexanóico Ácido capróico Produzidos por cabras e bodes
Ácido octanóico Ácido caprílico Produzidos por cabras e bodes
Ácido decanóico Ácido cáprico Produzidos por cabras e bodes
Ésteres
Ésteres são compostos orgânicos produzidos através da reação química denominada de esterificação: ácido
carboxílico e álcool reagem entre si e os produtos da reação são éster e água. Os ésteres são encontrados em
muitos alimentos, perfumes, objetos e fármacos que temos em casa.
Grupo funcional:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Os ésteres possuem aroma bastante agradável. São usados como essência de frutas e aromatizantes nas
indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética. Constituem também óleos vegetais e animais, ceras e gordura.
Nomenclatura IUPAC
Colocando-se o grupo funcional como referencial, podemos dividir o nome em duas partes:
Prefixo + Saturação + oato de + Nome do radical
Exemplos:

Éteres
Éter é todo composto orgânico onde a cadeia carbônica apresenta – O – entre dois carbonos. O oxigênio
deve estar ligado diretamente a dois radicais orgânicos (alquila ou arila). A fórmula genérica do éter é R – O – R,
onde “R” é o radical e “O” é o oxigênio.
Grupo funcional:

Nomenclatura oficial
A nomenclatura oficial pode ser obtida da seguinte maneira:
Prefixo R (menor n° de carbonos) + Infixo (tipo de ligações) + oato de + nome do radical R’ + a
Ou
Radical R + Radical R’ + éter
Exemplos:

Aminas
As aminas são consideradas as bases orgânicas e são obtidas a partir da substituição de um ou mais hidro-
gênios da amônia (NH3) por radicais.

163
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Nomenclatura da IUPAC
Na sua nomenclatura, basta indicar (o)s radical (is) ligados ao nitrogênio acrescido da palavra amina.

As aminas aromáticas nas quais o nitrogênio se liga diretamente ao anel benzênico Ar–NH2 são, geralmen-
te, nomeadas como se fossem derivadas da amina aromática mais simples: a fenilamina (Anilina)

Para aminas mais complexas, consideramos o grupo NH2 como sendo uma ramificação, chamada de amino.

Amidas
As amidas são caracterizadas pelo grupo funcional:

Nomenclatura da IUPAC
O nome das amidas, de acordo com a IUPAC é dado da seguinte maneira:

164
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Prefixo + Saturação + Amida

Exemplo:

Haletos Orgânicos
Os haletos orgânicos são compostos resultantes da substituição de um ou mais hidrogênios em moléculas
de hidrocarbonetos, por átomos de halogênios, que podem ser o flúor, o cloro, o bromo ou o iodo.
Os Haletos orgânicos são representados por R – X onde X = Cl, Br, F, I.

Repare que o Cl está ligado a uma cadeia de hidrocarbonetos.


REAÇÕES ORGÂNICAS
O conhecimento das reações orgânicas e das características das diferentes funções orgânicas é de funda-
mental importância para entendermos não só os processos orgânicos, mas também a bioquímica, ou seja, os
processos metabólicos que ocorrem nos seres vivos. Em todo o mundo, muitos químicos estão envolvidos na
obtenção de compostos orgânicos em laboratórios de escolas, institutos de pesquisa e indústrias.
As reações orgânicas podem ser classificadas de várias maneiras. Alguns dos tipos mais comuns são: subs-
tituição, adição e eliminação.
Substituição
Nesse tipo de reação, ocorre a substituição de pelo menos um átomo de hidrogênio da molécula de um
hidrocarboneto por outro átomo ou grupo de átomos. Essas reações podem ser representadas genericamente
da seguinte maneira:

A notação R-H representa um hidrocarboneto que pode pertencer a uma das seguintes classes: alcanos,
aromáticos e ciclanos com 5 ou mais carbonos. As principais reações de substituição são: halogenação, nitra-

165
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
ção, sulfonação, alquilação e acilação.
Halogenação: Nessas reações ocorre a substituição de átomo(s) de hidrogênio por átomo(s) de halogênio.
Essa reação ocorre com as substâncias simples dos halogênios: F2, Cl2, Br2 e I2; as mais comuns são a
cloração (Cl2) e a bromação (Br2), pois as reações com F2, devido à sua grande reatividade, são explosivas,
enquanto as reações com I2 são extremamente lentas.
a) Monocloração do metano

A substituição de um átomo de hidrogênio pode ocorrer em diferentes carbonos; assim, nessas reações
obtém-se uma mistura de diferentes produtos orgânicos. Veja um exemplo dessa situação na monobromação
do metilbutano:
b) Monobromação do metilbutano

Vários fatores influam na porcentagem dos produtos obtidos nesse tipo de reação, mas pode-se fazer uma
previsão de qual produto será formado em maior quantidade, por meio de uma regra de uso comum, que indica
a ordem de facilidade com que um hidrogênio “sai” do hidrocarboneto:

No equacionamento de reações semelhantes a essa, é costume representar somente o produto obtido em


maior quantidade. Assim, a reação de monobromação do metilbutano é normalmente representada da seguinte
maneira:

166
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Nitração: Essa reação ocorre com o ácido nítrico .

Sulfonação: Essa reação ocorre com o ácido sulfúrico (H2SO4 ou HO–SO3H) .

Reações Características de Aromáticos


Alquilação: É a substituição de um ou mais hidrogênios do anel aromático por um ou mais radicais derivados
de alcanos.

Acilação: É a substituição de um ou mais hidrogênios de um anel aromático por um ou mais radicais deriva-

dos de ácidos carboxílicos .

Essas duas reações são denominadas reações de Friedel-Crafts.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Dirigência em Aromáticos
O primeiro substituinte (átomo ou grupo de átomos) de um hidrogênio do anel benzênico orientará a posição
na qual irá ocorrer a segunda substituição. Esse primeiro substituinte será denominado grupo dirigente e pode-
rá ser de dois tipos:

Os principais orto-para-dirigentes são:

Os orto-para-dirigentes geralmente apresentam um átomo ou grupo de átomos unidos somente por ligações
simples.
Monobromação do fenol

Os principais meta-dirigentes são:

Os meta-dirigentes são grupos de átomos em cuja estrutura existe pelo menos uma ligação dupla, tripla ou
dativa.

168
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Monocloração do ácido benzóico

Os grupos orto-para dirigentes permitem no máximo três substituições no núcleo benzênico: duas em orto e
uma em para.
O trinitritolueno (TNT) é uma substância que pode ser obtida pela nitração total do tolueno.
O TNT é um dos mais importantes explosivos de uso militar, sendo ativado pela explosão de uma espoleta.

Reações de Adição
Essas reações são características de hidrocarbonetos insaturados: alquenos, alquinos e dienos, e ocorrem
com a quebra da ligação pi (π).

Observação: Os ciclanos de três ou quatro carbonos, como apresentam anéis instáveis, também sofrem
esse tipo de reação devido à quebra de uma ligação sigma (σ) entre carbonos do anel, originando compostos
de cadeia aberta.

Hidrogenação catalítica
Essas reações ocorrem com o gás hidrogênio (H2) e são catalisadas por metais, como: Ni, Pt, Pd.

169
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Observação: As reações de hidrogenação são denominadas reações de redução, pois o Nox do carbono
envolvido na reação diminui:

Halogenação
Essa reação envolve os halogênios, sendo o cloro (Cl2) e o bromo (Br2) os mais utilizados.

Observação: O teste mais comum para verificar se uma cadeia alifática é insaturada, à temperatura ambien-
te, consiste na reação com água de bromo [Br2(aq)] ou uma solução de bromo em tetracloreto de carbono (Br2/
CCl4). Esses sistemas apresentam uma coloração castanha. Se a cadeia for insaturada, a coloração castanha
desaparecerá.

Essa reação, nessas condições, não irá ocorrer com cadeias saturadas.
Adição de HX
Nesse tipo de reação, os reagentes mais comuns são o cloreto e o brometo de hidrogênio (HCl e HBr). A
adição do hidrogênio (H) e do halogênio (X) aos carbonos da insaturação obedece a uma regra experimental
descoberta em 1868 pelo químico russo Markovnikov.

170
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Regra de Markovnikov: o hidrogênio do HX adiciona-se ao carbono de dupla ou tripla ligação mais
hidrogenado

Reações de Hidratação de Alquenos e Alquinos


Essas reações consistem na adição de água (H2O ou HOH), na presença de catalisadores e em meio ácido,
aos hidrocarbonetos alquenos e alquinos, e também obedecem à regra de Markovnikov, ou seja, o H se liga ao
carbono mais hidrogenado da insaturação.

Se o grupo OH presente no enol estiver situado em carbono secundário, haverá a formação de uma cetona;
entretanto, se o grupo OH estiver situado em carbono primário, irá formar-se um aldeído.
Adição em aromáticos
Os aromáticos, devido à ressonância, normalmente sofrem reações de substituição; porém, em condições
enérgicas ou em condições especiais, podem sofrer reações de adição. Veja os exemplos:
a) Hidrogenação total do benzeno

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b) Cloração total do benzeno

Reações de Oxidação de Alquenos Oxidação Branda


A oxidação branda ocorre com hidrocarbonetos insaturados; o elemento oxigênio geralmente é obtido a
partir do permanganato de potássio (KMnO4) em meio neutro ou ligeiramente básico, diluído e a frio. Nessas
condições, o KMnO4 é o agente oxidante, denominado reativo de Baeyer, o qual apresenta coloração violeta.
A principal aplicação dessa reação consiste na diferenciação de alquenos e cicloalcanos, que são isômeros
de cadeia, pois apenas os alquenos sofrerão esse tipo de reação, por apresentarem ligação π em sua estrutura.

A reação entre o alqueno e o reativo de Baeyer pode ser representada por:

Ou, simplesmente:

Ozonólise
A ozonólise utiliza ozônio (O3) na presença de água (H2O) e zinco (Zn). Os átomos de oxigênio do ozônio
ligam-se aos carbonos da dupla ligação do alqueno, originando um composto intermediário instável, denomi-
nado ozoneto ou ozonida, o qual, por sua vez, se hidrolisa, originando aldeídos e/ou cetonas. Como exemplo,
tome-se um alqueno genérico:

Essa equação poderia ser escrita de maneira simplificada, omitindo-se o ozoneto.

172
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Observação: A finalidade da utilização do zinco é evitar que o oxigênio, que pode ser produzido pela decom-
posição da água oxigenada, oxide o aldeído a ácido carboxílico.
Oxidação enérgica
Os dois agentes oxidantes mais utilizados na reação de oxidação enérgica de alquenos são o permanganato
de potássio (KMnO4) e o dicromato de potássio (K2Cr2O7) concentrados, em meio ácido, a quente. Neste tipo
de oxidação, ocorre a quebra da dupla ligação e a formação de ácidos carboxílicos e/ou cetonas. Os átomos
de hidrogênio (H) ligados ao carbono da dupla ligação se transformam em hidroxila (OH). Genericamente, essa
reação pode ser representada por:

Se, no carbono da dupla ligação, existirem dois átomos de hidrogênio (=CH2), ambos serão transformados
em hidroxilas (=C(OH)2), originando o ácido carbônico (H2CO3), que se decompõe, produzindo CO2(g) e
H2O(l). Veja um exemplo:

Observação: As reações de combustão também são reações de óxido-redução.


Reações com Álcoois
Combustão
A mais completa das oxidações é a combustão. A equação que representa a combustão completa de um
álcool alifático saturado pode ser dada por:

Os dois álcoois comumente utilizados como combustíveis são o metanol e o etanol. O metanol é considerado
um bom substituto da gasolina, particularmente em áreas urbanas em que os níveis de poluição produzidos
por veículos automotivos são muito altos. Isso se deve ao fato de sua queima ser mais completa do que a da
gasolina, o que diminui a poluição atmosférica, além de não produzir óxidos de enxofre. É utilizado diretamente
ou misturado à gasolina nos Estados Unidos desde 1980.
No Brasil, o álcool utilizado como combustível é o etanol hidratado, nos carros movidos a álcool, ou o anidro,
misturado à gasolina, nos carros movidos a gasolina. Sua combustão completa pode ser assim representada:

173
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Outras oxidações
Em laboratório, os agentes oxidantes mais utilizados são o KMnO4 ou o K2Cr2O7 (concentrados, em meio
ácido, a quente), que produzem oxigênio nascente [O]. Esses oxigênios atacam os hidrogênios (H) pertencen-
tes ao carbono do grupo OH.
Oxidação de álcool primário

Oxidação do etanol: um bafômetro muito simples


O teste do bafômetro, usado para identificar motoristas que dirigem depois de ingerir bebidas alcoólicas, é
baseado na mudança de cor que ocorre na reação de oxidação do etanol com o dicromato de potássio em meio
ácido. Se o ar expirado pela pessoa mudar a cor alaranjada inicial do dicromato de potássio para verde, isso
indica que a quantidade de álcool no seu sangue está acima do limite legal.
A reação eu ocorre pode ser representada por:

Oxidação de álcool secundário:

Oxidação de álcool terciário:

174
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Desidratação
a) Desidratação intramolecular — nessa reação ocorre a eliminação de uma molécula de água do interior de
cada molécula de álcool:

b) Desidratação intermolecular — nessa reação ocorre a eliminação de uma molécula de água a partir de
duas moléculas de álcool, pela interação dos grupos OH, através das pontes de hidrogênio:

Observação: Como, nessas reações, o produto orgânico obtido é proveniente de uma simples retirada de
átomos do reagente, elas podem ser classificadas como reações de eliminação.
Esterificação
Essa reação ocorre quando um ácido reage com um álcool, produzindo éster e água; a reação inversa é
denominada reação de hidrólise.

Experimentalmente, verifica-se que, quando essas reações ocorrem entre um ácido carboxílico e um álcool
primário, a água é formada pelo grupo OH do ácido e pelo hidrogênio do grupo OH do álcool.

Observação: Caso se utilizem ácidos inorgânicos ou álcoois secundários ou terciários, a água será formada
pelo OH do álcool e pelo hidrogênio do grupo OH do ácido. Um exemplo desse fato pode ser verificado na re-
ação a seguir:

175
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
A nitroglicerina é um poderoso explosivo e muito sensível a choques. Em 1866, Alfred Nobel descobriu que
ela poderia se tornar mais estável e de mais fácil manuseio quando absorvida por um material inerte e poroso,
como a serragem ou a terra infusória (esqueletos calcários de diatomáceas). Esse produto é comercializado
com o nome de dinamite.
Alguns Métodos de Obtenção de Álcoois
Hidratação de alquenos

Esse método é utilizado nos Estados Unidos para produzir etanol.


Redução
A redução é a reação inversa à oxidação e é realizada com o gás hidrogênio (H2). Dessa maneira, os pro-
dutos obtidos na oxidação dos álcoois podem ser usados, numa reação de redução, para regenerar o álcool.
-Redução de ácidos carboxílicos e aldeídos

-Redução de uma cetona

Genericamente, a partir de todas essas informações, temos:

176
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Haletos orgânicos
Outra maneira de obter álcoois em laboratório consiste em fazer a reação entre um haleto orgânico (R — X)
e o hidróxido de potássio em solução aquosa [KOH(aq)].

Aldeídos e Cetonas
Os aldeídos e as cetonas são os principais compostos carbonílicos (grupo carbonila C O), e as principais
reações que ocorrem nesse grupo envolvem a quebra da ligação π.
Reações de aldeídos e cetonas
Reações com compostos de Grignard
Os aldeídos e as cetonas reagem com os compostos de Grignard (R—MgX), originando um composto inter-
mediário que se hidrolisa e dá origem a diferentes álcoois, segundo o esquema:

Genericamente, temos:

Reação de redução
Nesse tipo de reação, utiliza-se gás hidrogênio (H2) ou hidrogênio nascente [H], que pode ser obtido a partir
da reação entre zinco e ácido clorídrico.
Genericamente, temos:

Reação de oxidação
As reações de oxidação podem ser feitas utilizando-se agentes oxidantes, tais como KMnO4, K2Cr2O7 etc.
Genericamente, temos:

177
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Em laboratório, para diferenciar aldeídos de cetonas através de reações de oxidação, são usadas algumas
misturas oxidantes:
-reativo de Tollens — solução aquosa amoniacal de nitrato de prata.
-reativo de Fehling — solução aquosa de sulfato de cobre em meio básico e tartarato duplo de sódio e po-
tássio.
-reativo de Benedict — solução aquosa de sulfato de cobre em meio básico e citrato de sódio.
Métodos de obtenção de aldeídos e cetonas
Os principais métodos de obtenção de aldeídos e cetonas, já vistos anteriormente, são os seguintes:
-hidratação de alquinos
-ozonólise de alquenos
-oxidação de álcoois
Além desses, podemos citar o método específico de obtenção de cetonas Piria- Limpricht, o qual consiste no
aquecimento de um sal de cálcio de ácido carboxílico, que se decompõe, originando uma cetona e carbonato
de cálcio.

Ácidos carboxílicos
Apesar de os ácidos carboxílicos mais conhecidos serem o ácido fórmico e o ácido acético, outros ácidos
carboxílicos também fazem parte do nosso cotidiano.
Ácido butanoico

Também conhecido por ácido butírico (do latim butyrum = manteiga), é o responsável pelo odor característico
de manteiga rançosa.
Ácido hexanóico

Seu nome usual é ácido capróico (do latim caper = cabra), e é um dos responsáveis pelo cheiro desagradá-
vel exalado pelas cabras.
Ácido etanodióico

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Seu nome usual é ácido oxálico, sendo encontrado no tomate, nas folhas de ruibarbo e de espinafre. É um
dos ácidos presentes em maior quantidade na natureza. Um sal desse ácido, o oxalato de cálcio, é um dos
principais componentes dos cálculos renais.
Existe, também, uma categoria especial de ácidos, denominados ácidos graxos, que são constituintes de
óleos e gorduras.
Ácidos graxos: são ácidos carboxílicos com 12 ou mais átomos de carbono, geralmente em número par, e
de cadeia alifática normal; podem ser saturados ou insaturados
Vejamos alguns exemplos de ácidos graxos:

Propriedades Químicas dos Ácidos Carboxílicos


Caráter ácido
Os ácidos carboxílicos, quando em solução aquosa, se ionizam, originando íons H+ ou H3O+; portanto, são
considerados ácidos de acordo com a definição de Arrhenius. Genericamente e de maneira simplificada, temos:

Embora todos os ácidos carboxílicos sofram ionização, ela não ocorre na mesma intensidade em todos os
compostos. Essa ionização está relacionada aos grupos ligados à carboxila.
Esses grupos podem ser de dois tipos:
a) aqueles que aumentam a acidez. Exemplos: halogênios (F, Cl, Br, I); NO2; OH etc.
b) aqueles que diminuem a acidez. Exemplos: H3C-; C2H5- etc.
Isso pode ser verificado a partir da análise de quatro ácidos e suas respectivas constantes de ionização, os
quais são dados a seguir:

Como já sabemos, quanto maior a constante de ionização (Ki), mais ionizado estará o ácido. Assim, entre
os ácidos apresentados, temos:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Acidez na Química Orgânica
Além dos ácidos carboxílicos, na Química Orgânica existem outros compostos que se ionizam, liberando H+:

A análise das constantes de ionização permite estabelecer uma comparação entre o caráter ácido das fun-
ções e a água:

Com base nos valores das constantes de ionização, consegue-se entender melhor por que somente os fe-
nóis e os ácidos carboxílicos reagem com uma base inorgânica:

Reações dos Ácidos Carboxílicos


Esterificação
Os ácidos carboxílicos reagem com os álcoois, produzindo éster e água. Veja:

Desidratação intermolecular
Nesse tipo de reação ocorre a eliminação de uma molécula de água a partir de duas moléculas de ácido
carboxílico, originando um anidrido:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Métodos de obtenção de ácidos carboxílicos
Durante o nosso estudo, já foram abordados alguns métodos de obtenção dos ácidos carboxílicos:
-oxidação enérgica de alquenos • oxidação de aldeído
-oxidação de álcool primário • hidrólise de éster
Os ácidos carboxílicos também podem ser obtidos pela hidrólise de haleto ácido.
Observe:

Acidez e Basicidade de Compostos Orgânicos


Ácidos Carboxílicos são os ácidos orgânicos mais conhecidos; e esta classe de compostos possui o grupo
funcional –COOH.

As estruturas de ressonância acima explicam a maior acidez de um carboxilato comparado com uma hidro-
xila: Apesar de que é possível escrever duas estruturas de ressonância para o ácido não dissociado, a segunda
estrutura tem menos importância (“contribui muito menos” para a estrutura “verdadeira”) do que a primeira,
devido à separação de cargas nesta estrutura. Com isso, a estabilização por ressonância no caso do ácido é
muito baixa. Já no carboxilato (base conjugada), as duas estruturas de ressonância são idênticas; com isso, a
estabilização por ressonância é máxima. O exposto acima significa que, por causa da estabilização por resso-
nância do carboxilato, a energia da base conjugada (carboxilato) é mais baixa do que a do ácido. Isto resulta no
aumento da constante de equilíbrio.
Álcoois (pKa ~ 16) são muito menos ácidos do que ácidos carboxílicos (pKa ~ 4), um fato que pode ser expli-
cado facilmente pela ausência de uma estabilização por ressonância da base conjugada de álcoois (íon alcoxi).
Tente escrever estruturas de ressonância de um íon alcoxi.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Fenóis (pKa ~ 10) são mais ácidos de que álcoois devido às estruturas de ressonância mostradas a seguir:

Bases Orgânicas
As bases são compostos que possuem o radical OH- em suas composições e são classificadas levando em
consideração suas estruturas.
O pKb e pKa das Bases é análogo ao pKa de ácidos pode-se definir a constante de associação de uma base
com um próton, o pKb. Porém a maioria dos livros apresenta os valores de dissociação dos ácidos correspon-
dentes das bases, pKa (pKa de uma base significa pKa do ácido correspondente da base, ou seja, pKBH+), ao
invés dos valores de pKb.

A basicidade das aminas, heterocíclicas, aromáticas com anéis de 6 e 5 membros, piridina e o pirrol, é indi-
cada abaixo em comparação com a trietilamina, a pirrolidina e a dietilamina:

Ambos os compostos heterocíclicos são menos básicos do que as aminas alifáticas; sendo que o pirrol pode
ser considerado não básico. Explicação:
(i) pirrol: A baixa basicidade não pode ser causada pelo anel de 5, porque o composto análogo não aromáti-
co, a pirrolidina, possui um pKa parecido com o da dietilamina. Porém, o par de elétrons do nitrogênio no pirrol
é deslocalizado no anel aromático fazendo parte do sistema aromático (aromático: 6 elétrons; 4 elétrons das
duas C=C + 2 elétrons do par de elétrons do nitrogênio). Com isso, o par de elétrons não é disponível.
(ii) piridina: O par de elétrons não participa do sistema aromático (6 elétrons das três C=C). A basicidade
reduzida da piridina é devido à hibridização sp2 do nitrogênio:
Hibridização do nitrogênio:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Exemplos: alquilamina (pKa = 10); piridina (pKa = 5.21); acetonitrila; (pKa = - 4.3) A basicidade diminui com
o aumento do caráter, já que o par de elétrons em sp está mais atraído pelo núcleo e, portanto, está menos
disponível.
Ácidos e bases de Brönsted-Lowry
Ácido⇒ substância que pode doar um próton (H+ ).

Base ⇒ substância que pode receber um próton (H+)


Quanto mais forte o ácido, mais fraca é a base conjugada.
Quanto mais forte a base, mais fraco é o ácido conjugado.
Um fator que aumenta a força ácida de um composto é a deslocalização da carga negativa da base conju-
gada.

Ka 10-18 10-16 10-10 10-5


composto álcool água fenol Ácido carboxílico

Quanto maior o Ka mais forte é o ácido e menor é o pKa.

Deslocalização da carga negativa no ânion carboxilato:

No ânion alcóxido de um álcool não existe deslocalização da carga negativa da base conjugada:

Obs: Ácidos carboxílicos podem ser neutralizados por bases fortes, moderadas, fracas e sais de caráter
básico como o NaHCO3.
Fenóis são neutralizados somente por bases fortes.
Relação entre efeitos eletrônicos e acidez e basicidade
1) Fenóis
A presença de grupos no anel aromático do fenol pode aumentar ou diminuir a acidez do fenol.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
X⇒ Efeito eletrônico positivo ⇒diminui a acidez⇒principalmente em orto e para.
X⇒ Efeito eletrônico negativo ⇒aumenta a acidez⇒principalmente em orto e para

2) Ácidos carboxílicos

Quanto maior a cadeia de carbonos (R), menor é a acidez.

3) Aminas Ordem decrescente de basicidade:


Aminas secundárias >Aminas primárias >Aminas terciárias >NH3>Aminas aromáticas.
Quanto maior o Kb mais forte é a base e menor é o pKb. Dimetilamina Kb = 5,2.10- 4 Metilamina Kb = 4,4.10-
4 Trimetilamina Kb = 0,62.10- 4 Amônia Kb = 1,8.10- 5 Fenilamina Kb = 3,8.10- 10
As aminas secundárias possuem dois grupos alquilas doadores de elétrons (efeito indutivo positivo), sendo,
portanto, mais básicas que as aminas primárias. Considerando-se apenas o efeito indutivo dos grupos alquilas,
era de se esperar que as aminas terciárias fossem mais básicas.
Entretanto a presença de três grupos alquilas em torno do nitrogênio dificulta a aproximação do cátion H +
(impedimento espacial ou estérico).
Já as aminas aromáticas são menos básicas que amônia por que o par de elétrons não ligante do nitrogênio
pode deslocalizar-se sobre o anel aromático, tornando-se dessa forma menos disponível para se ligar ao H +.

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Noções de Metrologia

A metrologia é a ciência das medições, abrangendo todos os aspectos teóricos e práticos que asseguram
a precisão exigida no processo produtivo, procurando garantir a qualidade de produtos e serviços através da
calibração de instrumento de medição e da realização de ensaios, sendo a base fundamental para a competi-
tividade das empresas.
A metrologia diz respeito ao conhecimento dos pesos e medidas e dos sistemas de unidades de todos os
povos.
A metrologia garante a qualidade do produto final favorecendo as negociações pela confiança do cliente,
sendo um diferenciador tecnológico e comercial para as empresas. Reduz o consumo e o desperdício de maté-
ria-prima pela calibração de componentes e equipamentos, aumentando a produtividade.
A metrologia aplica-se a todas as grandezas determinadas e, em particular, às dimensões lineares e angula-
res das peças mecânicas. Nenhum processo de usinagem permite que se obtenha rigorosamente uma dimen-
são prefixada. Por essa razão, é necessário conhecer a grandeza do erro tolerável, antes de se escolherem os
meios de fabricação e controle convenientes.
Áreas da metrologia2
Basicamente, a Metrologia está dividida em três grandes áreas:
• A Metrologia Científica (ou primária), que utiliza instrumentos laboratoriais, pesquisa e metodologias cien-
tíficas.
• A Metrologia Industrial, cujos sistemas de medição controlam processos produtivos industriais e são res-
ponsáveis pela garantia da qualidade dos produtos acabados.
Nesse sentido a Metrologia Científica e Industrial é uma ferramenta fundamental no crescimento e inovação
tecnológica, promovendo a competitividade e criando um ambiente favorável ao desenvolvimento científico e
industrial em todo e qualquer país.
• A Metrologia Legal, A Metrologia Legal é parte da metrologia relacionada às atividades resultantes de exi-
gências obrigatórias, referentes às medições, unidades de medida, instrumentos e métodos de medição, que
são desenvolvidas por organismos competentes.
Tem como objetivo principal proteger o consumidor tratando das unidades de medida, métodos e instrumen-
tos de medição, de acordo com as exigências técnicas e legais obrigatórias.Com a supervisão do Governo, o
controle metrológico estabelece adequada transparência e confiança com base em ensaios imparciais.
A exatidão dos instrumentos de medição garante a credibilidade nos campos econômico, saúde, seguran-
ça e meio ambiente. No Brasil as atividades da Metrologia Legal são uma atribuição do Inmetro, que também
colabora para a uniformidade da sua aplicação no mundo, pela sua ativa participação no Mercosul e na OIML
- Organização Internacional de Metrologia Legal.
Calibração
Calibração é a comparação entre os valores indicados por um instrumento de medição e os indicados por
um padrão.
A calibração dos equipamentos de medição é função importante para a qualidade no processo produtivo e
deve ser uma atividade normal de produção que proporciona uma série de vantagens tais como:

2 http://www.inmetro.gov.br

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
a) garante a rastreabilidade das medições.
b) permite a confiança nos resultados medidos.
c) reduz a variação das especificações técnicas dos produtos.
d) previne defeitos.
e) compatibiliza as medições.
Calibradores
Quando as dimensões e as tolerâncias admissíveis são indicadas no projeto, torna-se necessário apenas
que as peças fabricadas se mantenham dentro das tolerâncias, isto é, as dimensões das peças devem estar
entre as dimensões máximas e mínimas determinadas pela tolerância indicada.
Em lugar de um calibrador simples, com a dimensão nominal, são empregados dois calibradores com as
dimensões limite. Estes dois calibradores, chamados de calibradores limite, frequentemente constituem uma
única peça, com as dimensões máximas e mínimas, e são fixos na maioria das aplicações industriais.
Não sendo impossível estreitar um furo depois de aberto, as peças que apresentem furos de dimensões aci-
ma dos limites superiores não podem ser aproveitadas, por este motivo, o calibrador tampão com a dimensão
superior é utilizado, também chamado de calibrador de refugo.
Este calibrador de refugo ou o “lado de refugo” do calibrador, não deve penetrar no orifício, recebendo por
isso a denominação mais correta de calibrador-não-passa ou lado-não-passa.
O lado da dimensão inferior é chamado lado-passa ou calibrador-passa. Este lado deve penetrar no furo,
quando a peça satisfaz as exigências.
Para o controle das dimensões dos eixos ocorre o mesmo, mas em sentido inverso. O eixo deve penetrar no
calibrador passa, mas não no calibrador-não-passa.
As peças fabricadas sob o controle de calibradores limite permitem o perfeito ajuste na ocasião da monta-
gem, sem intervenção do fator pessoal do operário.
Tolerâncias
Nas construções mecânicas é impossível obter exatidão absoluta das dimensões indicadas no desenho,
seja pelos erros das máquinas operatrizes, defeitos e desgastes das ferramentas, seja pela imperfeição dos
instrumentos de medida, erros de leitura do operador ou ainda pelo fato que todos os instrumentos dão apenas
e sempre medidas aproximadas.
As peças são, portanto confeccionadas com dimensões que se afastam a mais ou a menos da cota nominal,
isto é apresentam erro.
Com a finalidade de aumentar a produção, as empresas fabricam em série seus produtos. Neste sentido as
peças não são todas absolutamente iguais, mas, dentro de certos limites pré-estabelecidos e determinados,
são plenamente aceitáveis.
As peças fabricadas podem ser utilizadas isoladamente ou em conjunto, como na maioria dos casos (formar
componentes ou máquinas). Neste segundo caso, para a facilidade de substituição rápida e simples das peças,
é necessário que elas sejam intercambiáveis. Para isso é necessário pré-estabelecer o intervalo dos limites
entre os quais pode variar a dimensão de uma peça, isto é, é necessário estabelecer a tolerância.
Tolerância ou Campo de Tolerância é a variação permissível da dimensão da peça, dada pela diferença entre
as dimensões máxima e mínima.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
O sistema de Tolerância é um conjunto de princípios, regras, fórmulas e tabelas que permite a escolha racio-
nal de tolerâncias para a produção econômica das peças intercambiáveis.
Como finalidades do uso de tolerâncias têm:
• Evitar uma exatidão excessiva nas dimensões das peças durante a sua fabricação – geralmente ocorre
quando não se indicam tolerâncias nos desenhos – causando um processo de fabricação muito lento e aumen-
to da mão de obra.
• Estabelecer limites para os desvios em relação à dimensão nominal, assegurando o funcionamento ade-
quado das peças.
Terminologia de tolerâncias
Dimensão Nominal – dimensão indicada no desenho.
Dimensão efetiva – dimensão medida, geralmente não coincide com a dimensão nominal.

Dimensões Limites – valores máximos e mínimos admissíveis para a dimensão efetiva.


Dimensão Máxima (Dmax) – valor máximo admissível para a dimensão efetiva.
Dimensão Mínima (Dmin) – valor mínimo admissível para a dimensão efetiva.
Tolerância (t) – variação permissível da dimensão da peça. t = Dmax - Dmin
Afastamento – diferença entre as dimensões limites e a nominal.
Afastamento Inferior- diferença entre a dimensão mínima e a nominal. Símbolo para furo Ai e para eixo ai.
Afastamento Superior – diferença entre a dimensão máxima e nominal. Símbolo para furo As e para eixo as.
Linha Zero – linha que nos desenhos fixa a dimensão nominal e serve de origem aos afastamentos.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Eixo – Termo convenientemente aplicado para fins de tolerâncias e ajustes, como sendo qualquer parte de
uma peça cuja superfície externa é destinada a alojar-se na superfície interna da outra.
Furo - Termo convenientemente aplicado para fins de tolerâncias e ajustes, como sendo todo o espaço deli-
mitado por superfície interna de uma peça e destinado a alojar o eixo.

Folga ou Jogo (F) – diferença entre as dimensões do furo e do eixo, quando o eixo é menor que o furo.

Folga Máxima (Fmax) – diferença entre as dimensões máxima do furo e a mínima do eixo, quando o eixo é
menor que o furo.
Folga Mínima (Fmin) - diferença entre as dimensões mínima furo e a máxima do eixo, quando o eixo é menor
que o furo.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Interferência (I) – diferença entre as dimensões do eixo e do furo, quando o eixo é maior que o furo.
Interferência Máxima (Imax) – diferença entre a dimensão máxima do eixo e a mínima do furo, quando o eixo
é maior que o furo.
Interferência Mínima (Imin) – diferença entre a dimensão mínima do eixo e a máxima do furo, quando o eixo
é maior que o furo.

Ajuste ou Acoplamento – comportamento de um eixo num furo, ambos da mesma dimensão nominal carac-
terizado pela folga ou interferência apresentada.
Ajuste com Folga – o afastamento superior do eixo é menor ou igual ao afastamento inferior do furo.

Ajuste com Interferência – o afastamento superior do furo é menor ou igual ao afastamento inferior do eixo.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Ajuste Incerto – o afastamento superior do eixo é maior que o afastamento inferior do furo e o afastamento
superior do furo é maior que o afastamento inferior do eixo.

Eixo Base – é o eixo em que o afastamento superior é pré-estabelecido como sendo igual a zero.
Furo Base - é o furo em que o afastamento inferior é pré-estabelecido como sendo igual a zero.

Campo Tolerância – é o conjunto de valores compreendidos entre o afastamento superior e inferior. Por con-
venção, as tolerâncias que estão sobre a linha zero são positivas (+) e as que estão sob tal linha são negativas
(-).

Finalidade do Controle
O controle não tem por fim somente reter ou rejeitar os produtos fabricados fora das normas; destina-se,
antes, a orientar a fabricação, evitando erros. Representa, por conseguinte, um fator importante na redução das
despesas gerais e no acréscimo da produtividade.
Um controle eficaz deve ser total, isto é, deve ser exercido em todos os estágios de transformação da maté-
ria, integrando-se nas operações depois de cada fase de usinagem.
Todas as operações de controle dimensional são realizadas por meio de aparelhos e instrumentos; devem-
-se, portanto, controlar não somente as peças fabricadas, mas também os aparelhos e instrumentos verifica-
dores:
- de desgastes, nos verificadores com dimensões fixas;

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
- de regulagem, nos verificadores com dimensões variáveis; Isto se aplica também às ferramentas, aos aces-
sórios e às máquinas-ferramentas utilizadas na fabricação.
Medição
O conceito de medir traz, em si, uma ideia de comparação. Como só se podem comparar “coisas” da mesma
espécie, cabe apresentar para a medição a seguinte definição, que, como as demais, está sujeita a contesta-
ções:
“Medir é comparar uma dada grandeza com outra da mesma espécie, tomada como unidade”.
Uma contestação que pode ser feita é aquela que se refere à medição de temperatura, pois, nesse caso, não
se comparam grandezas, mas, sim, estados.
A expressão “medida de temperatura”, embora consagrada, parece trazer em si alguma inexatidão: além de
não ser grandeza, ela não resiste também à condição de soma e subtração, que pode ser considerada implícita
na própria definição de medir.
Quando se diz que um determinado comprimento tem dois metros, pode-se afirmar que ele é a metade de
outro de quatro metros; entretanto, não se pode afirmar que a temperatura de quarenta graus centígrados é
duas vezes maior que uma de vinte graus, e nem a metade de outra de oitenta.
Portanto, para se medir um comprimento, deve-se primeiramente escolher outro que sirva como unidade e
verificar quantas vezes a unidade cabe dentro do comprimento por medir. Uma superfície só pode ser medida
com unidade de superfície; um volume, com unidade volume; uma velocidade, com unidade de velocidade; uma
pressão, com unidade de pressão, etc.
Erros de medição
Resultado de uma medição menos o valor verdadeiro do mensurando.
Observações:
1) Uma vez que o valor verdadeiro não pode ser determinado, utiliza-se, na prática, um valor verdadeiro
convencional.
2) Quando for necessário distinguir “erro” de “erro relativo”, o primeiro é, algumas vezes, denominado erro
absoluto da medição. Este termo não deve ser confundido com valor absoluto do erro, que é o módulo do erro.
Erro relativo: Erro da medição dividido por um valor verdadeiro do objeto da medição.
Observação: Uma vez que o valor verdadeiro não pode ser determinado, utiliza-se, na prática, um valor
verdadeiro convencional.
Erro aleatório: Resultado de uma medição menos a média que resultaria de um infinito número de medições
do mesmo mensurando efetuadas sob condições de repetitividade.
Observações:
1) Erro aleatório é igual ao erro menos o erro sistemático.
2) Em razão de que apenas um finito número de medições pode ser feito, é possível apenas determinar uma
estimativa do erro aleatório.
Erro sistemático: Média que resultaria de um infinito número de medições do mesmo mensurando, efetuadas
sob condições de repetitividade, menos o valor verdadeiro do mensurando.
Observações:
1) Erro sistemático é igual ao erro menos o erro aleatório.
2) Analogamente ao valor verdadeiro, o erro sistemático e suas causas não podem ser completamente co-
nhecidos
Unidade
Entende-se por unidade um determinado valor em função do qual outros valores são enunciados. Usando-se
a unidade METRO, pode-se dizer, por exemplo, qual é o comprimento de um corredor. A unidade é fixada por
definição e independe do prevalecimento de condições físicas como temperatura, grau higroscópico (umidade),

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
pressão, etc.

Padrão
O padrão é a materialização da unidade; é influenciada por condições físicas, podendo-se mesmo dizer que
é a materialização da unidade, somente sob condições específicas. O metro-padrão, por exemplo, tem o com-
primento de um metro, somente quando está a uma determinada temperatura, a uma determinada pressão e
suportado, também, de um modo definido. É óbvio que a mudança de qualquer uma dessas condições alterará
o comprimento original. Método, Instrumento e Operador
Um dos mais significativos índices de progresso, em todos os ramos da atividade humana, é a perfeição
dos processos metrológicos que neles se empregam. Principalmente no domínio da técnica, a Metrologia é de
importância transcendental.
O sucessivo aumento de produção e a melhoria de qualidade requerem um ininterrupto desenvolvimento
e aperfeiçoamento na técnica de medição; quanto maiores são as necessidades de aparatos, ferramentas de
medição e elementos capazes.
Na tomada de quaisquer medidas, devem ser considerados três elementos fundamentais: o método, o ins-
trumento e o operador.

Método
a) Medição Direta
Consiste em avaliar a grandeza por medir, por comparação direta com instrumentos, aparelhos e máquinas
de medir.
Esse método é, por exemplo, empregado na confecção de peças protótipos, isto é, peças originais utilizadas
como referência, ou, ainda, quando o número de peças por executar for relativamente pequeno.

b) Medição Indireta por Comparação


Medir por comparação é determinar a grandeza de uma peça com relação a outra, de padrão ou dimensão
aproximada; daí a expressão: medição indireta.
Os aparelhos utilizados são chamados indicadores ou comparadores-amplificadores, os quais, para facilita-
rem a leitura, amplificam as diferenças constatadas, por meio de processos mecânicos ou físicos (amplificação
mecânica, ótica, pneumática, etc.).
Blocos padrão
Blocos padrão são padrões de comprimento ou ângulo, corporificados através de duas faces específicas de
um bloco, ditas “faces de medição”, sendo que estas faces apresentam uma planicidade que tem a proprieda-
des de se aderir à outra superfície de mesma qualidade, por atração molecular.
A característica marcante destes padrões está associada aos pequenos erros de comprimento, em geral de
décimos ou até centésimos de micrometros (mm), que são obtidos no processo de fabricação dos mesmos. Em
função disto, pode-se afirmar que os Blocos Padrão exercem papel importante como padrões de comprimento
em todos os nível da Metrologia Dimensional.
Tipos
Quanto à forma da seção transversal do bloco, esta pode ser quadrada, retangular ou circular. Os blocos de
secção quadrada ou circular podem ou não ser furados no centro.

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Tipos de Blocos Padrão (BP)
As dimensões dos blocos de secção quadrada são normalizados pela norma GGGG-15, norma americana.
A grande vantagem destes blocos é a estabilidade proporcionada pela forma da secção quando o mesmo é
utilizada na posição vertical. No Brasil praticamente não se utilizam este tipo de bloco.
As dimensões dos blocos de secção retangular são normalizadas pela norma ISSO 3650 e outras. Os blo-
cos maiores de 100 mm apresentam furos em cada extremidade, cuja finalidade é permitir a montagem de um
dispositivo que garanta a união de uma composição formada por dois ou mais blocos.
Instrumentos de Medição
A exatidão relativas das medidas depende, evidentemente, da qualidade dos instrumentos de medição em-
pregados. Assim, a tomada de um comprimento com um metro defeituoso dará resultado duvidoso, sujeito a
contestações. Portanto, para a tomada de uma medida, é indispensável que o instrumento esteja aferido e que
a sua aproximação permita avaliar a grandeza em causa, com a precisão exigida.

Operador
O operador é, talvez, dos três, o elemento mais importante. É ele a parte inteligente na apreciação das me-
didas. De sua habilidade depende, em grande parte, a precisão conseguida. Um bom operador, servindo-se de
instrumentos relativamente débeis, consegue melhores resultados do que um operador inábil com excelentes
instrumentos.
Deve, pois, o operador, conhecer perfeitamente os instrumentos que utiliza, ter iniciativa para adaptar às
circunstâncias o método mais aconselhável e possuir conhecimentos suficientes para interpretar os resultados
encontrados.

Laboratório de Metrologia
Nos casos de medição de peças muito precisas, torna-se necessário uma climatização do local; esse local
deve satisfazer às seguintes exigências:
1 - temperatura constante;
2 - grau higrométrico correto;
3 - ausência de vibrações e oscilações;
4 - espaço suficiente;
5 - boa iluminação e limpeza.

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1 - Temperatura, Umidade, Vibração e Espaço
A Conferência Internacional do Ex-Comite I.S.A. fixou em 20ºC a temperatura de aferição dos instrumentos
destinados a verificar as dimensões ou formas.
Em consequência, o laboratório deverá ser mantido dentro dessa temperatura, sendo tolerável à variação de
mais ou menos 1ºC; para isso, faz-se necessária a instalação de reguladores automáticos. A umidade relativa
do ar não deverá ultrapassar 55%; é aconselhável instalar um higrostato (aparelho regulador de umidade); na
falta deste, usa-se o CLORETO DE CÁLCIO INDUSTRIAL, cuja propriedade química retira cerca de 15% da
umidade relativa do ar.
Para se protegerem as máquinas e aparelhos contra vibração do prédio, forra-se a mesa com tapete de bor-
racha, com espessura de 15 a 20mm, e sobre este se coloca chapa de aço, de 6mm.
No laboratório, o espaço deve ser suficiente para acomodar em armários todos os instrumentos e, ainda,
proporcionar bem-estar a todos que nele trabalham.
2 - Iluminação e Limpeza
A iluminação deve ser uniforme, constante e disposta de maneira que evite ofuscamento. Nenhum dispositi-
vo de precisão deve estar exposto ao pó, para que não haja desgastes e para que as partes óticas não fiquem
prejudicadas por constantes limpezas. O local de trabalho deverá ser o mais limpo e organizado possível, evi-
tando-se que as peças fiquem umas sobre as outras.

Normas Gerais de Medição


Medição é uma operação simples, porém só poderá ser bem efetuada por aqueles que se preparam para
tal fim.
O aprendizado de medição deverá ser acompanhado por um treinamento, quando o aluno será orientado
segundo as normas gerais de medição.
Normas gerais de medição:
1 - Tranquilidade.
2 - Limpeza.
3 - Cuidado.
4 - Paciência.
5 - Senso de responsabilidade.
6 - Sensibilidade.
7 - Finalidade da posição medida.
8 - Instrumento adequado.
9 - Domínio sobre o instrumento.

Recomendações
Os instrumentos de medição são utilizados para determinar grandezas. A grandeza pode ser determinada
por comparação e por leitura em escala ou régua graduada.
É dever de todos os profissionais zelar pelo bom estado dos instrumentos de medição, mantendo-se assim
por maior tempo sua real precisão.
Evite:
1 - choques, queda, arranhões, oxidação e sujeita;
2 - misturar instrumentos;
3 - cargas excessivas no uso, medir provocando atrito entre a peça e o instrumento;

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4 - medir peças cuja temperatura, quer pela usinagem quer por exposição a uma fonte de calor, esteja fora
da temperatura de referência;
5 - medir peças sem importância com instrumentos caros.
Cuidados:
1 - USE proteção de madeira, borracha ou feltro, para apoiar os instrumentos.
2 - DEIXE a peça adquirir a temperatura ambiente, antes de tocá-la com o instrumento de medição.
Unidades Dimensionais Lineares
Unidades Dimensionais
As unidades de medidas dimensionais representam valores de referência, que permitem:
• expressar as dimensões de objetos (realização de leituras de desenhos mecânicos);
• confeccionar e, em seguida, controlar as dimensões desses objetos (utilização de aparelhos e instrumentos
de medida).
Exemplo: A altura da torre EIFFEL é de 300 metros; a espessura de uma folha de papel para cigarros é de
30 micrômetros.
• A torre EIFFEL e a folha de papel são objetos.
• A altura e a espessura são grandezas.
• 300 metros e 30 micrômetros são unidades.
Unidades Dimensionais Lineares
Sistema Métrico Decimal
Histórico: O metro, unidade fundamental do sistema métrico, criado na França em 1795, é praticamente igual
à décima milionésima parte do quarto do meridiano terrestre (fig.1); esse valor, escolhido por apresentar caráter
mundial, foi dotado, em 20 de maio de 1875, como unidade oficial de medidas por dezoito nações.
Observação: A 26 de junho de 1862, a lei imperial nº 1.157 adotava, no Brasil, o sistema métrico decimal.

Fig.1 - AB = ¼ do meridiano
Definição do Metro
O metro é definido por meio da radiação correspondente à transição entre os níveis “2 p 10” e “5 d 5” do
átomo de criptônio 86 e é igual, por convenção, a 1.650.763,73 vezes o comprimento dessa onda no vácuo.
O “2 p 10” e “5 d 5” representa a radiação por usar na raia-vermelho-laranja do criptônio 86. Seu comprimen-
to de onda é de 0.6057 micrômetros.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Metro Padrão Universal
O metro-padrão universal é a distância materializada pela gravação de dois traços no plano neutro de uma
barra de liga bastante estável, composta de 90% de platina e 10% de irídio, cuja secção, de máxima rigidez,
tem a forma de um X (fig.2).

Fig. 2
Múltiplos e Submúltiplos do Metro
Terâmetro - Tm - 1012 - 1 000 000 000 000m
Gigâmetro - Gm - 109 - 1 000 000 000m
Megâmetro - Mm - 106 - 1 000 000m
Quilômetro - Km - 103 - 1 000m
Hectômetro - Hm - 102 - 100m
Decâmetro - Dam - 101 - 10m
METRO (unidade) - m - 1m
Decímetro - dm - 10-1 - 0,1m
Centímetro - cm - 10-2 - 0,01m
Milímetro - mm - 10-3 - 0,001m
Micrômetro - μm - 10-6 - 0,000 001m
Nanômetro - nm - 10-9 - 0,000 000 001m
Picômetro - pm - 10-12 - 0,000 000 000 001m
Femtômetro - fm - 10-15 - 0,000 000 000 000 001m
Attômetro - am - 10-18 - 0,000 000 000 000 000 001m
Unidades Não Oficiais
Sistemas Inglês e Americano
Os países anglo-saxões utilizam um sistema de medidas baseado na farda imperial (yard) e seus derivados
não decimais, em particular a polegada inglesa (inch), equivalente a 25,399 956mm à temperatura de 0ºC.

196
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Os americanos adotam a polegada milesimal, cujo valor foi fixado em 25,400 050mm à temperatura de 16
2/3ºC.
Em razão da influência anglo-saxônica na fabricação mecânica, emprega-se frequentemente, para as medi-
das industriais, à temperatura de 20ºC, a polegada de 25,4mm.
Observação: Muito embora a polegada extinguiu-se, na Inglaterra, em 1975, será aplicada em nosso curso,
em virtude do grande número de máquinas e aparelhos utilizados pelas indústrias no Brasil que obedecem a
esses sistemas.

Outras Grandezas
Área
Área ou superfície é o produto de dois comprimentos. O metro quadrado é a unidade SI da área, e o seu
símbolo é m2.

Volume
Volume é produto de três comprimentos (comprimento, largura e altura).
O metro cúbico é a unidade SI da volume, e o seu símbolo é m3.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Massa
O quilograma é a unidade SI de massa, com o símbolo kg. O correto em português é escrever quilograma,
entretanto trataremos a unidade de massa como kilograma por coerência gráfica (kg).
O kilograma tem as seguintes características ímpares:
a) Única unidade de base com prefixo (kilo = mil)
b) Única unidade de base definida por um artefato escolhido em 1889.
c) Praticamente sua definição não sofreu nenhuma modificação ou revisão.
O padrão primário da unidade de massa é o protótipo internacional do kilograma do BIPM. Este protótipo é
um cilindro de platina (90%) - irídio (10%), com diâmetro e atura iguais a 39mm.

Pressão
Na área industrial trabalhamos com três conceitos de pressão:
Pressão Atmosférica ou Barométrica - É a pressão do ar e da atmosfera vizinha.
Pressão Relativa ou Manométrica - É a pressão tomada em relação à pressão atmosférica. Pode assumir
valores negativos (vácuo) ou positivos (acima da pressão atmosférica).
Pressão Absoluta - É a pressão tomada em relação ao vácuo completo ou pressão zero. Portanto só pode
assumir valores positivos.
O Pascal é a unidade SI de pressão, e o seu símbolo é Pa. Um Pascal é a pressão de uma força de 1 Newton
exercida numa superfície de 1 metro quadrado.
Relações entre Unidades de Pressão
P = F/A
P - pressão
F - Força
A – Área

198
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Temperatura
O Kelvin é unidade SI de temperatura, e o seu símbolo é K. O Kelvin é definido como a fração 1/273,15 da
temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água (equilíbrio simultâneo das fases sólida, líquida e gasosa).
Na prática utiliza-se o grau Celsius (ºC). Existem também as escalas Rankine e Fahrenheit.

Força
Força é uma grandeza vetorial, derivada do produto da massa pela aceleração, ou seja, quando se aplica
uma força F em um corpo de massa m, ele se move com uma aceleração a, então:
F = m. a
O Newton é a unidade SI de força, e o seu símbolo é N.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Rotação
A velocidade de rotação é dada em RPM (número de rotações por minuto).

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Régua Graduada - Tipos e Usos - Graduações da Escala
O mais elementar instrumento de medição utilizado nas oficinas é a régua graduada (escala). É usada para
medidas lineares, quando não há exigência de grande precisão. Para que seja completa e tenha caráter univer-
sal, deverá ter graduações do sistema métrico e do sistema inglês (fig.1).
Sistema Métrico
Graduação em milímetros (mm).

Sistema Inglês
Graduação em polegadas (“).

A escala ou régua graduada é construída de aço, tendo sua graduação inicial situada na extremidade es-
querda. É fabricada em diversos comprimentos: 6” (152,4 mm), 12” (304,8 mm).

A régua graduada apresenta-se em vários tipos, conforme mostram as figuras 2, 3 e 4.

201
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
O uso da régua graduada torna-se frequente nas oficinas, conforme mostram as figuras 5, 6, 7, 8 e 9.

202
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Características da boa Régua Graduada
1 - Ser, de preferência, de aço inoxidável.
2 - Ter graduação uniforme.
3 - Apresentar traços bem finos, profundos e salientados em preto.
Conservação
1 - Evitar quedas e contato com ferramentas de trabalho.
2 - Evitar flexioná-la ou torcê-la, para que não se empene ou quebre.
3 - Limpe-o após o uso, para remover o suor e a sujeira.
4 - Aplique-lhe ligeira camada de óleo fino, antes de guardá-la.
Graduações da Escala - Sistema Inglês Ordinário

As graduações da escala são feitas dividindo-se a polegada em 2, 4, 8 e 16 partes iguais, existindo em al-
guns casos escalas com 32 divisões (figuras 11, 12, 13, 14 e 15).

A distância entre traços = ¼. Somado as frações, teremos:

Observação: Operando com frações ordinárias, sempre que o resultado é numerador par, devemos simpli-
ficar a fração.

203
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
A distância entre traços = 1/8. Somando as frações, teremos:

Prosseguindo a soma, encontraremos o valor de cada traço (fig.13).

A distância entre traços = 1/16. Somando as frações, teremos:

Prosseguindo a soma, encontramos o valor de cada traço (fig. 14).

A distância entre traços = 1/32. Somando as frações, teremos:

Prosseguindo a soma, encontramos o valor de cada traço (Fig.15).


Graduações da Escala - Sistema Métrico Decimal
1 METRO................. = 10 DECÍMETROS
1 m ..................... = 10 dm
1 DECÍMETRO......... = 10 CENTÍMETROS

204
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
1 dm ..................... = 10 cm
1 CENTÍMETRO ...... = 10 MILÍMETROS
1 cm ..................... = 10 mm

A graduação da escala consiste em dividir 1cm em 10 partes iguais (fig.17).

Na figura 18, no sentido da seta, podemos ler 13 mm.


PAQUIMETRO, MICROMETRO E GONIÔMETRO
Paquímetro - princípio do vernier - tipos e usos - erros de medição e leitura
Paquímetro
Utilizado para a medição de peças, quando a quantidade não justifica um instrumental específico e a preci-
são requerida não desce a menos de 0,02mm, 1′′/128.

É um instrumento finamente acabado, com as superfícies planas e polidas. O cursor é ajustado à régua, de
modo que permita a sua livre movimentação com um mínimo de folga. Geralmente é construído de aço inoxidá-
vel, e suas graduações referem-se a 20ºC. A escala é graduada em milímetro e polegadas, podendo a polegada
ser fracionária ou milesimal. O cursor é provido de uma escala, chamada nônio ou vernier, que se desloca em

205
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
frente às escalas da régua e indica o valor da dimensão tomada.
Princípio do Nônio
A escala do cursor, chamada Nônio (designação dada pelos portugueses em homenagem a Pedro Nunes, a
quem é atribuída sua invenção) ou Vernier (denominação dada pelos franceses em homenagem a Pierre Ver-
nier, que eles afirmam ser o inventor), consiste na divisão do valor N de uma escala graduada fixa por N.1 (nº
de divisões) de uma escala graduada móvel (fig.2).

Tomando o comprimento total do nônio, que é igual a 9mm (fig.2), e dividindo pelo nº de divisões do mesmo
(10 divisões), concluímos que cada intervalo da divisão do nônio mede 0,9mm (fig.3).

Observando a diferença entre uma divisão da escala fixa em uma divisão do nônio (fig.4), concluímos que
cada divisão do nônio é menor 0,1mm do que cada divisão da escala fixa. Essa diferença é também a aproxi-
mação máxima fornecida pelo instrumento.

Assim sendo, se fizermos coincidir o 1º traço do nônio com o da escala fixa, o paquímetro estará aberto em
0,1mm (fig.5), coincidindo o 2º traço com 0,2mm (fig.6), o 3º traço com 0,3mm (fig.7) e assim sucessivamente.

Cálculo de Aproximação (Sensibilidade)


Para se calcular a aproximação (também chamada sensibilidade) dos paquímetros, divide-se o menor valor
da escala principal (escala fixa), pelo número de divisões da escala móvel (nônio). A aproximação se obtém,
pois, com a fórmula:

206
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Observação: O cálculo de aproximação obtido pela divisão do menor valor da escala principal pelo número
de divisões do nônio, é aplicado a todo e qualquer instrumento de medição possuidor de nônio, tais como: pa-
químetro, micrômetro, goniômetro, etc.
ERROS DE LEITURA - São causados por dois fatores:
a) paralaxe;
b) pressão de medição.
Paralaxe
O cursor onde é gravado o nônio, por razões técnicas, tem uma espessura mínima a. Assim, os traços do
nônio TN são mais elevados que os traços da régua TM (fig.9)

Colocando-se o paquímetro perpendicularmente a nossa vista e estando superpostos os traços TN e TM,


cada olho projeta o traço TN em posições opostas (fig.10)

A maioria das pessoas possuem maior acuidade visual em um dos olhos, o que provoca erro de leitura.
Recomenda-se a leitura feita com um só olho, apesar das dificuldades em encontrar-se a posição certa.
Pressão de Medição
É a pressão necessária para se vencer o atrito do cursor sobre a régua, mais a pressão de contato com a
peça por medir. Em virtude do jogo do cursor sobre a régua, que e compensado pela mola F (fig.11), a pressão
pode resultar numa inclinação do cursor em relação à perpendicular à régua (fig.12). Por outro lado, um cursor
muito duro elimina completamente a sensibilidade do operador, o que pode ocasionar grandes erros. Deve o

207
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
operador regular a mola, adaptando o instrumento à sua mão.

Erros de Medição
Estão classificados em erros de influências objetivas e de influências subjetivas.
a) DE INFLUÊNCIAS OBJETIVAS:
São aqueles motivados pelo instrumento
• erros de planidade;
• erros de paralelismo;
• erros da divisão da régua;
• erros da divisão do nônio;
• erros da colocação em zero.
b) DE INFLUÊNCIAS SUBJETIVAS:
São aqueles causados pelo operador (erros de leitura).
Observação: Os fabricantes de instrumentos de medição fornecem tabelas de erros admissíveis, obedecen-
do às normas existentes, de acordo com a aproximação do instrumento.
Dos diversos tipos de paquímetros existentes, mostramos alguns exemplos (figuras 13, 14, 15, 16, 17, 18,
19 e 20):

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Medir Diâmetros Externos
Medir diâmetro externo e uma operação frequentemente realizada pelo Inspetor de Medição, a qual deve ser
feita corretamente, a fim de se obter uma medida precisa e sem se danificar o instrumento de medição.
Processo de Execução
1º) Passo: POSICIONE O PADRÃO.
a. Observe o número do padrão (fig.1).
b. Apoie o padrão sobre a mesa, com a face numerada para baixo ao lado esquerdo da folha de tarefa (fig.2).

2º) Passo: SEGURE O PAQUÍMETRO.


Observação: Utilize a mão direita (fig.3).

3º) Passo: FAÇA A LIMPEZA DOS ENCOSTOS.


Observação: Utilize uma folha de papel limpo.
a. Desloque o cursor do paquímetro.
b. Coloque a folha de papel entre os encostos.
c. Feche o paquímetro até que a folha de papel fique presa entre os encostos.
d. Desloque a folha de papel para baixo.
4º) Passo: FAÇA A PRIMEIRA MEDIDA.
a. Desloque o cursor, até que o encosto apresente uma abertura maior que a primeira medida por fazer no
padrão.
b. Encoste o centro do encosto fixo em uma das extremidades do diâmetro por medir (fig.4).

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
c. Feche o paquímetro suavemente, até que o encosto móvel toque a outra extremidade do diâmetro.
d. Exerça uma pressão suficiente para manter a peça ligeiramente presa entre os encostos.
e. Posicione os encostos do paquímetro na peça, de maneira que estejam no plano de medição
f. Utilize a mão esquerda, para melhor sentir o plano de medição (fig.5).

g. Faça a leitura da medida.


h. Abra o paquímetro e retire-o da peça, sem que os encostos a toquem.
i. Registre a medida feita na folha de tarefa, no local indicado, de acordo com o número do padrão.
5º) Passo: COMPLETE A MEDIÇÃO DOS
DEMAIS DIÂMETROS.
a. Repita todos os sub passos do 4º Passo.
6º) Passo: FAÇA A MEDIÇÃO DOS DEMAIS PADRÕES.
a. Troque o padrão por outro de número diferente.
Paquímetro - Sistema Inglês Ordinário
Para efetuarmos leitura de medidas em um paquímetro do sistema inglês ordinário, faz-se necessário conhe-
cermos bem todos os valores dos traços da escala (fig.1).

Assim sendo, se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o traço zero do nônio coincida com o primeiro
traço da escala fixa, a leitura da medida será 1/16” (fig.2), no segundo traço, 1/8” (fig.3), no décimo traço, 5/8”
(fig.4).

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Uso do Vernier (Nônio)
Através do nônio podemos registrar no paquímetro várias outras frações da polegada, e o primeiro passo
será conhecer qual a aproximação (sensibilidade) do instrumento.

Sabendo que o nônio possui 8 divisões, sendo a aproximação do paquímetro 1/128”, podemos conhecer o
valor dos demais traços (fig.5).

Observando a diferença entre uma divisão da escala fixa e uma divisão do nônio (fig.6), concluímos que
cada divisão do nônio é menor 1/128” do que cada divisão da escala fixa.

Assim sendo, se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o primeiro traço do nônio coincida com o da
escala fixa, a leitura da medida será 1/128” (fig.7), o segundo traço 1/64” (fig.8) o terceiro traço 3/128” (fig.9), o
quarto traço 1/32”, e assim sucessivamente.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Observação: Para a colocação de medidas, assim como para leituras de medidas feitas em paquímetro do
sistema.
Inglês ordinário, utilizaremos os seguintes processos:
Processo para a Colocação de Medidas
1º) Exemplo: Colocar no paquímetro a medida 33/128”. Divide-se o numerador da fração pelo último algaris-
mo do denominador.

O quociente encontrado na divisão será o número de traços por deslocar na escala fixa pelo zero do nônio
(4 traços). O resto encontrado na divisão será a concordância do nônio, utilizando-se o denominador da fração
pedida (128), (fig. 10).

2º) Exemplo: Colocar no paquímetro a medida 45/64” (fig. 11).

Processo para a Leitura de Medidas


1º) Exemplo: Ler a medida da figura 12.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Multiplica-se o número de traços da escala fixa ultrapassados pelo zero do nônio, pelo último algarismo do
denominador da concordância do nônio. O resultado da multiplicação soma-se com o numerador, repetindo-se
o denominador da concordância.

2º) Exemplo: Ler a medida da figura 13.

3º) Exemplo: Ler a medida da figura 14.

4º) Exemplo: Ler a medida da figura 15.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Observação: Em medidas como as do exemplo da figura 15, abandonamos a parte inteira e fazemos a
contagem dos traços, como se iniciássemos a operação. Ao final da aplicação do processo, incluímos a parte
inteira antes da fração encontrada.

Paquímetro - Sistema Métrico Decimal


Leitura da Escala Fixa

Valor de cada traço da escala fixa = 1mm (fig.1) Daí concluímos que, se deslocarmos o cursor do paquímetro
até que o zero do nônio coincida com o primeiro traço da escala fixa, a leitura da medida será 1mm (fig.2), no
segundo traço 2mm (fig.3), no terceiro traço 3mm (fig.4), no décimo sétimo traço 17mm (fig.5), e assim suces-
sivamente.

Uso do Vernier (Nônio)


De acordo com a procedência do paquímetro e o seu tipo, observamos diferentes aproximações, isto é, o
nônio com número de divisões diferentes: 10, 20 e 50 divisões (fig.6).

215
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Cálculo de Aproximação

Cada divisão do nônio é menor 0,02mm do que cada divisão da escala (fig.7). Se deslocarmos o cursor do
paquímetro até que o primeiro traço do nônio coincida com o da escala, a medida será 0,02mm (fig.8), o segun-
do traço 0,04mm (fig.9), o terceiro traço 0,06mm (fig.10), o decimo sexto 0,32mm (fig.11).

Leitura de Medidas
Conta-se o número de traços da escala fixa ultrapassados pelo zero do nônio (10mm) e, a seguir, faz-se a
leitura da concordância do nônio (0,08mm). A medida será 10,08mm (fig.12).

Paquímetro - Sistema Inglês Decimal


Graduação da Escala Fixa
Para conhecermos o valor de cada divisão da escala fixa, basta dividirmos o comprimento de 1” pelo número
de divisões existentes (fig. 1).

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Conforme mostra a figura 1, no intervalo de 1” temos 40 divisões.
Operando a divisão, teremos: 1”: 40 = 0,025”
Valor de cada traço da escala = 0,025” (fig. 2).

Se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o zero do nônio coincida com o primeiro traço da escala a
leitura será 0,025” (fig.3), no segundo traço 0,050” (fig. 4), no terceiro traço 0,075” (fig.5), no décimo traço 0,250”
(fig. 6), e assim sucessivamente.

Uso do Vernier (Nônio)


0 primeiro passo será calcular a aproximação do paquímetro. Sabendo-se que o menor valor da escala fixa
é 0,025” e que o nônio (fig. 7) possui 25 divisões, teremos: a = 0,025” /25 = 0,001”

Cada divisão do nônio é menor 0,001” do que duas divisões da escala (fig. 8).

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o primeiro traço do nônio coincida com o da escala, a lei-
tura será 0,001” (fig.9), o segundo traço 0,002” (fig.10), o terceiro traço 0,003” (fig.11), o decimo segundo traço
0,012” (fig.12).

Leitura de Medidas
Para se efetuar leitura de medidas com paquímetro do sistema Inglês decimal, procede-se da seguinte
forma: observa-se a que quantidade de milésimos corresponde o traço da escala fixa, ultrapassado pelo zero
do nônio (fig.13) 0,150”. A seguir, observa-se a concordância do nônio (fig.13) 0,009”. Somando-se os valores
0,150” + 0,009”, a leitura da medida será 0,159”.

Exemplo: (fig.14): A leitura da medida é = 1,129”.

MICRÔMETROS - Nomenclatura, Tipos e Usos


Micrômetro
A precisão de medição que se obtém com o paquímetro, às vezes, não é suficiente. Para medições mais
rigorosas, utiliza-se o micrômetro, que assegura uma exatidão de 0,01mm. O micrômetro é um instrumento
de dimensão variável que permite medir, por leitura direta, as dimensões reais com uma aproximação de até
0,001mm (fig.1).

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O princípio utilizado é o do sistema parafuso e porca. Assim, se, numa porca fixa, um parafuso der um giro
de uma volta, haverá um avanço de uma distância igual ao seu passo.
Características do Micrômetro
Arco
É construído de aço especial e tratado termicamente, a fim de eliminar as tensões, e munido de protetor
antitérmico, para evitar a dilatação pelo calor das mãos.
Parafuso Micrométrico
E construído de aço de alto teor de liga, temperado a uma dureza de 63 RC. Rosca retificada, garantindo
alta precisão no passo.
Contatores
Apresentam-se rigorosamente planos e paralelos, e em alguns instrumentos são de metal duro, de alta re-
sistência ao desgaste.
Fixador ou Trava
Permite a fixação de medidas.
Luva Externa
Onde é gravada a escala, de acordo com a capacidade de medição do instrumento.
Tambor
Com seu movimento rotativo e através de sua escala, permite a complementação das medidas.
Porca de Ajuste
Quando necessário, permite o ajuste do parafuso micrométrico.
Catraca
Assegura uma pressão de medição constante.
Tipos e Usos
Para diferentes usos no controle de peças, encontram-se vários tipos de micrômetros, tanto para medições
em milímetros como em polegadas, variando também sua capacidade de medição. As figuras abaixo nos mos-
tram alguns dos tipos existentes.

Fig. 2 - Micrômetro para medição externa.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Fig. 3 - Micrômetro para a medição de espessura de tubos.

Fig. 4 - Micrômetro com discos, para a medição de papel, cartolina couro e borracha. Também e empregado
para a medição de passo de engrenagem.

Fig. 5 - Micrômetro Oltilmeter. Utilizado para a medição de diâmetros externos de peças com números ímpa-
res de divisões, tais como: machos, fresas, eixos entalhados, etc.

Fig. 6 - Micrômetro para a medição de roscas.

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Fig. 7 - Micrômetro para a medição de profundidade.

Fig. 8 - Micrômetro com relógio, Utilizado para a medição de peças em série. Fixado em grampo antitérmico.

Fig. 9 - Micrômetro para medição externa, com hastes intercambiáveis.

Fig. 10 - Micrômetro tubular. Utilizado para medição interna.


Os micrômetros tubulares podem ser aplicados em vários casos, utilizando-se o conjunto de hastes inter-
cambiáveis (figuras 11, 12 e 13).

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
O IMICRO e um instrumento de alta precisão: os seus 3 contatores permitem um alojamento perfeito do
instrumento no furo por medir, encontrando-se facilmente a posição correta de medição.

Recomendações
1. Evitar choques, quedas, arranhões e sujeira.
2. Não medir peças fora da temperatura ambiente.
3. Não medir peças em movimento.
4. Não forçar o micrômetro.
Conservação
1. Depois do uso, limpar cuidadosamente o instrumento
2. Guardar o micrômetro em estojo próprio.
3. O micrômetro deve ser guardado destravado e com os contatores ligeiramente afastados.
Medir Diâmetros Externos (Micrômetro)
A aplicação do micrômetro para a medição de diâmetros externos requer do Mecânico cuidados especiais,
não só para a obtenção de medidas precisas, como para a conservação do instrumento.

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Processo de Execução
1º) Passo: POSICIONE O PADRÃO.
a. Observe o número do padrão (fig.1).
b. Apoie o padrão sobre a mesa, com a face numerada para baixo, ao lado esquerdo da Folha de Tarefa
(fig.2).

2º) Passo: FAÇA A LIMPEZA DOS CONTATORES.


a. Utilize uma folha de papel limpo
b. Afaste o contatar móvel.
c. Coloque a folha de papel entre os contatores.
d. Feche o micrômetro, através da catraca, até que a folha de papel fique presa entre os contatares.
e. Desloque a folha de papel para baixo.
3º) Passo: FAÇA A AFERIÇÃO DO MICRÔMETRO.
a. Feche o micrômetro através da catraca até que se faça ouvir o funcionamento da mesma.
b. Observe a concordância do zero da escala da luva com o do tambor.
Observação: Caso o micrômetro apresente diferença de concordância entre o zero da luva e o do tambor,
deverá ser feita a regulagem do instrumento.
4º) Passo: FAÇA A PRIMEIRA MEDIDA.
a. Gire o tambor até que os contatores apresentem uma abertura maior que a primeira medida por fazer no
padrão.
b. Apoie o micrômetro na palma da mão esquerda, pressionado pelo dedo polegar (fig.3).

c. Prenda o padrão entre os dedos indicador e médio da mão esquerda (fig.4).

223
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
d. Encoste o contator fixo em uma das extremidades do diâmetro do padrão por medir.
e. Feche o micrômetro, através da catraca, até que se faça ouvir o funcionamento da mesma.
f. Faça a leitura da medida.
g. Registre a medida na Folha de Tarefa.
h. Abra o micrômetro e retire-o do padrão, sem que os contatores toquem a peça.
5º) Passo: COMPLETE A MEDIÇÃO DO PADRÃO.
a. Repita o passo anterior.
6º) Passo: FAÇA A MEDIÇÃO DOS DEMAIS PADRÕES.
a. Troque o padrão por outro de número diferente.
Micrômetro - Sistema Inglês Decimal
Para efetuarmos leitura com o micrômetro do sistema inglês decimal, é necessário conhecermos inicialmen-
te as divisões da escala da luva (fig.1).

Conforme mostra a figura 1, a escala da luva é formada por uma reta longitudinal (linha de referência), a qual
o comprimento de 1” é dividido em 40 partes iguais. Daí concluímos que a distância entre as divisões da escala
da luva é igual a 0,025”, que corresponde ao passo do parafuso micrométrico (fig.2).

Observação: De acordo com os diversos fabricantes de instrumentos de medição, a posição dos traços da
divisão da escala da luva dos micrômetros se apresenta de formas diferentes, não alternando, porém, a distân-
cia entre si (figuras 1 e 2).
Estando o micrômetro fechado, se dermos uma volta completa no tambor rotativo, teremos um deslocamen-
to do parafuso micrométrico igual ao seu passo (0,025”), aparecendo o primeiro traço na escala da luva (fig.3). A
leitura da medida será 0,025”. Dando-se duas voltas completas, aparecerá o segundo traço: a leitura da medida
será 0,050” (fig.4). E assim sucessivamente.

224
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Leitura do Tambor
Sabendo-se que uma volta no tambor equivale a 0,025”, tendo o tambor 25 divisões (fig.5), conclui-se que
cada divisão do tambor equivale a 0,001”.
Uma volta no tambor = 0,025”
Nº de divisões do tambor = 25

Assim sendo, se fizermos coincidir o primeiro traço do tambor com a linha de referência da luva, a leitura será
0,001” (fig.6), o segundo traço 0,002” (fig.7), o vigésimo quarto traço 0,024” (fig.8).

Sabendo-se a leitura da escala da luva e do tambor, podemos ler qualquer medida registrada no micrômetro
(fig.9).

Leitura da escala da luva = 0,225”


Leitura do tambor = 0,012”
Para efetuarmos a leitura da medida, soma-se a leitura da escala da luva com a do tambor: 0,225” + 0,012”
= 0,237” (fig.9).

225
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Uso do Nônio
Ao utilizarmos micrômetros possuidores de nônio (fig.10), precisamos conhecer a aproximação do instru-
mento.

Cada divisão do nônio é menor 0,0001” do que cada divisão do tambor. Se girarmos o tambor até que o
primeiro traço coincida com o do nônio, a leitura da medida será 0,0001” (fig.11), o segundo 0,0002” (fig.12), o
quinto 0,0005” (fig.13).

Leitura por Estimativa


Grande quantidade dos micrômetros utilizados nas indústrias não possuem nônio obrigando assim a todos
que os utilizam a fazer leitura por estimativa (fig.14).

Sendo 0,001” = 0,0010”, se girarmos o tambor até que a linha de referência escala da luva fique na metade
do intervalo entre o zero do tambor e o primeiro traço, fazemos a leitura, por estimativa, 0,0005” (fig.14). Na
figura 15, utilizando a estimativa, a leitura da medida será 0,0257”.

226
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Aferição do Micrômetro
Antes de iniciarmos a medição de uma peça, devemos fazer a aferição do instrumento. Nos micrômetros de
0 a 1”, após a limpeza dos contatores, faz-se o fechamento do micrômetro, através da catraca, até sentir-se
o funcionamento da mesma, observando-se a concordância do limite inicial da escala da luva com o zero do
tambor.
Nos micrômetros de 1” a 2”, 2” a 3”, etc., utiliza-se a barra-padrão para a aferição do instrumento (figuras 16
e 17). Não havendo a concordância perfeita, faz-se a regulagem do micrômetro através de uma chave especial,
para o deslocamento da luva ou do tambor, de acordo com o tipo do instrumento.

Micrômetro - Sistema Métrico Decimal


Inicialmente observaremos as divisões da escala da luva. Nas figuras 1 e 2, mostramos a escala da luva do
micrômetro com os traços em posições diferentes, porém sem alterar a distância entre si.

Sabendo-se que, nos micrômetros do sistema métrico, o comprimento da escala da luva mede 25,00mm, se
dividirmos o comprimento da escala pelo nº de divisões existentes, encontraremos o valor da distância entre as
divisões (0,50mm), que é igual ao passo do parafuso micrométrico (fig.3).

227
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Estando o micrômetro fechado, dando uma volta completa no tambor rotativo, teremos um deslocamento do
parafuso micrométrico igual ao seu passo (0,50mm), aparecendo o primeiro traço na escala da luva (fig.4). A
leitura da medida será 0,50mm. Dando-se duas voltas completas, aparecerá o segundo traço, e a leitura será
1,00mm (fig.5). E assim sucessivamente.

Leitura do Tambor
Sabendo que uma volta no tambor equivale a 0,50mm, tendo o tambor 50 divisões (fig.6), concluímos que
cada divisão equivale a 0,01mm.

Assim sendo, se fizermos coincidir o primeiro traço do tambor com a linha de referência da luva, a leitura será
0,01mm (fig.7), o segundo traço 0,02mm (fig.8), o quadragésimo nono traço 0,49mm (fig.9).

Sabendo a leitura da escala da luva e do tambor, podemos ler qualquer medida registrada no micrômetro
(fig.10).

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Leitura da escala da luva = 8,50mm
Leitura do tambor = 0,32mm
Para efetuarmos a leitura da medida, somamos a leitura da escala da luva com a do tambor: 8,50 + 0,32 =
8,82mm. Na figura 11, mostramos outro exemplo, com a utilização de um micrômetro em que a escala da luva
apresenta a posição dos traços de forma diferente.

Uso do Nônio
Ao utilizarmos micrômetros possuidores de nônio (fig.12), precisamos conhecer a aproximação do instru-
mento.

Cada divisão do nônio é menor 0,001mm do que cada divisão do tambor.


Observação: Atualmente não se emprega mais a palavra “mícron” nem o símbolo μ. Usamos a palavra “mi-
crômetro ou microns” e o símbolo μm. Ex: 0,015mm = 15μm (quinze micrômetros ou microns).
Se girarmos o tambor até que o primeiro traço coincida com o do nônio, a medida será 0,001mm = 1μm
(fig.13), o segundo 0,002mm = 2μm (fig.14), o quinto 0,005mm = 5μm (fig.15).

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Leitura por Estimativa
Nos micrômetros não possuidores de nônio, fazemos a leitura por estimativa. Sabendo-se que 0,01mm =
0,010mm (10μm), na figura 16, utilizando-se a estimativa, a leitura da medida será de 3,605mm.

Medição Angular
Unidades de Medição Angular
A técnica da medição não visa somente a descobrir o valor de trajetos, de distâncias, ou de diâmetros, mas
se ocupa também da medição dos ângulos.
Sistema Sexagesimal
Sabe-se que o sistema que divide o círculo em 360 graus, e o grau em minutos e segundos, é chamado
sistema sexagesimal. É este o sistema frequentemente utilizado em mecânica. A unidade do ângulo é o grau. 0
grau se divide em 60 minutos, e o minuto se divide em 60 segundos. Os símbolos usados são: grau (º), minuto
(‘) e segundo (“).
Exemplo: 54º31’12” lê-se: 54 graus, 31 minutos e 12 segundos.
Sistema Centesimal
No sistema centesimal, o círculo e dividido em 400 grados, enquanto que o grado e dividido em 100 novos
minutos e o minuto em 100 novos segundos. Os símbolos usados são: grados (g), novos minutos (c), novos
segundos (cc).
Exemplo: 27,4583g = 27g 45c 83cc lê-se: 27 grados, 45 novos minutos, e 83 novos segundos.
Ângulos: Reto, Agudo, Obtuso e Raso
Ângulo reto: A unidade legal é o ângulo formado por duas retas que se cortam perpendicularmente, forman-
do ângulos adjacentes iguais (fig.1). Esse valor, chamado ângulo reto (90°), é subdividido de acordo com os
sistemas existentes.

Ângulo agudo: é aquele cuja abertura é menor do que a do ângulo reto (fig.2).

230
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Ângulo obtuso: é aquele cuja abertura é maior do que a do ângulo reto (fig.3).

Ângulo raso: é aquele cuja abertura mede 180º (fig.4).

Ângulos Complementares e Suplementares


Ângulos complementares: são aqueles cuja coma é igual a um ângulo reto (fig.5).

Ângulos suplementares: são aqueles cuja soma é igual a um ângulo raso (fig.6).

Observação: Para somarmos ou subtrairmos graus, devemos colocar as unidade iguais sob as outras.
Exemplo: 90º - 25º 12’
A primeira operação por fazer e converter 90º em graus e minutos. Sabendo que 1º = 60’, teremos:

231
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Devemos operar da mesma forma, quando temos as unidades graus, minutos e segundos.
Exemplo: 90º - 10º 15’ 20”
Convertendo 90º em graus, minutos e segundos, teremos: 90º = 89º 59’ 60”
89º 59’ 60” - 10º 15’ 20” = 79º 44’ 40”

Goniômetro
O goniômetro é um Instrumento que serve para medir ou verificar ângulos. Na figura 1, temos um goniômetro
de precisão. O disco graduado e o esquadro formam uma só peça, apresentando quatro graduações de 0º a
90º. O articulador gira com o disco do vernier, e, em sua extremidade, há um ressalto adaptável à régua.

Tipos e Usos
Para usos comuns, em casos de medidas angulares que não exigem extremo rigor, o instrumento indicado
é o goniômetro simples (transferidor de grau) (figuras 2, 3 e 4).

232
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
As figuras de 5 a 9 dão exemplos de diferentes medições de ângulos de peças ou ferramentas, mostrando
várias posições da lâmina.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Divisão Angular
Em todo tipo de goniômetro, o ângulo reto (90º) apresenta 90 divisões. Daí concluímos que cada divisão
equivale a 1º (um grau). Na figura 10, observamos a divisão do disco graduado do goniômetro.

Leitura do Goniômetro
Leem-se os graus inteiros na graduação do disco com o traço zero do nônio (fig.11). O sentido da leitura
tanto pode ser da direita para a esquerda, como da esquerda para a direita (fig.12).

Utilização do Nônio
Nos goniômetros de precisão, o vernier (nônio) apresenta 12 divisões à direita, e à esquerda do zero do
nônio (fig.13). Se o sentido da leitura for à direita, usa-se o nônio da direita; se for à esquerda, usa-se o nônio
da esquerda.
Cálculo de Aproximação
a = aproximação
e = menor valor do disco graduado = 1º

234
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
n = número de divisões do nônio = 12 divisões.

Cada divisão do nônio é menor 5’ do que duas divisões do disco graduado.


Se fizermos coincidir o primeiro traço do nônio, a leitura será 0º 5’ (fig.14); o segundo traço, a leitura será 0º
10’ (fig.15); o nono traço, a leitura será 0º 45’ (fig.16).

Conhecendo-se o disco graduado e o nônio do goniômetro, pode-se fazer a leitura de qualquer medida
(fig.17).

Esquadro de precisão
É um instrumento em forma de ângulo reto, construído de aço, ou granito. Usa-se para verificação de su-
perfícies em ângulo de 90º. Os esquadros são classificados quanto à forma e ao tamanho. Forma Esquadro
simples ou plano de uma só peça. Esquadro de base com lâmina lisa, utilizado também para traçar. Esquadro
com lâmina biselada, utilizado para se obter melhor visualização, em virtude da pequena superfície de contato.
Conservação Manter os esquadros livres de batidas. Conservá-los sem rebarbas, limpos. Lubrificá-los e guar-
dá-los em lugar onde não haja atrito com outras ferramentas (o esquadro de granito não deve ser lubrificado).

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Prumo3
O prumo é um instrumento para detectar ou conferir a vertical do lugar e elevar o ponto. Ele pode ser adap-
tado a um prisma ortogonal ou um tripé. Sua utilização é obrigatória na construção civil, uma vez que os traços
providenciados pela engenharia passam por ângulos retos.

Noções de eletricidade e eletrônica

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em tópicos anteriores.

3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Prumo

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
Exercícios

01. (PETROBRAS – Tec. De Projetos, Construção e Montagem Junior – Estruturas Navais – CESGRANRIO)
Em metrologia, erro sistemático é definido como a(o)
(A) parcela do erro representada pela incerteza de dados medidos sob as mesmas condições, sendo cor-
rigível por meio da calibração.
(B) parcela do erro repetido quando uma série de medições é efetuada sob as mesmas condições, sendo
corrigível por meio da calibração.
(C) parcela do erro representada pela incerteza dos dados medidos sob as mesmas condições, não sendo
corrigível por meio da calibração.
(D) parcela do erro repetido quando uma série de medições é efetuada sob as mesmas condições, não sen-
do corrigível por meio da calibração.
(E) erro resultante do uso equivocado do sistema de medição.
02. (IPEM/PE – Analista – Gestão em Metrologia e Qualidade Industrial – Direito – IPAD) A metrologia pode
ser dividida basicamente em três áreas de atuação: a metrologia científica, a metrologia industrial e a metrolo-
gia legal. Com relação à metrologia legal, podemos afirmar que é de sua responsabilidade:
(A) A medição e o controle de peças nas linhas de produção industriais.
(B) A verificação de taxímetros e o controle de emissão dos gases da combustão nos veículos.
(C) A Calibração de balanças analíticas para laboratórios.
(D) O controle e a atualização das normas relacionadas à metrologia.
(E) As leis que definem as unidades de medida padronizadas no Sistema Internacional de Unidades.
03. (EBSERH – Engenheiro Mecânico – INSTITUTO AOCP) Com base nos conceitos e terminologias da
metrologia, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Medição é o processo de obtenção experimental de um ou mais valores que podem ser, razoavelmente,
atribuídos a uma grandeza.
(B) Precisão de medição é o grau de concordância entre indicações ou valores medidos, obtidos por medi-
ções repetidas, no mesmo objeto ou em objetos similares, sob condições especificadas.
(C) Exatidão da precisão é o grau de concordância entre um valor medido e um valor verdadeiro de um
mensurando.
(D) A veracidade de medição está inversamente relacionada ao erro sistemático, porém não está relacionada
ao erro aleatório.
(E) O erro sistemático e suas causas não podem ser conhecidos.
04. (ELETROBRAS – Leiturista – IADES) Considerando os erros de medição e conceitos de metrologia,
assinale a alternativa correta.
(A) O erro de medição não pode ser definido como o resultado de uma medição menos o valor verdadeiro
(convencional) do mensurando.
(B) Mensurando pode ser definido como objeto da medição, ou seja, a grandeza específica a ser submetida
à medição.
(C) Erro aleatório é a diferença entre a média de um número infinito de medições do mesmo mensurando e
o valor verdadeiro quando são obedecidas as condições de repetitividade.
(D) Erro grosseiro é a diferença entre o resultado de uma medição e a média de um número infinito de me-
dições do mesmo mensurando sob condições de repetitividade.
(E) Erro sistemático acontece quando se atribui falta de cuidado ou maus hábitos, como leitura imprópria do
instrumento, anotação dos resultados diferente dos valores lidos, entre outros.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
05. (EBSERH – Engenheiro Mecânico – INSTITUTO AOCP) Sobre os instrumentos de metrologia, assinale
a alternativa correta.
(A) A régua graduada é um instrumento de medida angular, normalmente fabricada em forma de lâmina em
aço carbono ou aço inoxidável.
(B) Um paquímetro universal com nônio ou vernier, de 20 divisões, é aquele que oferece uma precisão de
0,5 mm.
(C) O princípio de funcionamento de um micrômetro é semelhante ao de um parafuso acoplado a uma porca.
(D) O goniômetro é o instrumento de medição, também conhecido como transferidor de grau, utilizado para
medir graus centígrados.
(E) Quando a ponta de contato de um relógio comparador convencional é pressionada, o ponteiro girará no
sentido anti-horário e a diferença será positiva, ou seja, a peça que está sendo medida é maior que o padrão
06. (IF/RS – Professor – Mecânica/Usinagem – IF-RS) A respeito dos erros de medição em metrologia indus-
trial é INCORRETO afirmar que:
(A) Erro aleatório corresponde ao componente do erro de medição em que medições repetidas variam de
forma imprevisível.
(B) Erro sistemático corresponde ao componente do erro de medição que em medições repetidas permane-
ce constante ou varia de forma previsível.
(C) A diferença entre o valor medido de uma grandeza e um valor de referência é igual ao erro aleatório
menos o erro sistemático.
(D) O erro de paralaxe acontece em instrumentos analógicos e resulta de um incorreto posicionamento do
operador em relação ao instrumento.
(E) O erro de histerese expressa a diferença entre várias indicações de um instrumento de medição, realiza-
das nas mesmas circunstâncias.
07. (CEGAS – Analista Técnico - Engenheiro – IESES/2017) Após a leitura do enunciado apresentado a
seguir, identifique a afirmação correta:
Os padrões de comprimento ou ângulo, corporificados através de duas faces específicas de um bloco, ditas
“faces de medição”, sendo que estas faces apresentam uma planicidade que tem a propriedades de se aderir à
outra superfície de mesma qualidade, por atração molecular, são conhecidos em metrologia como:
(A) Blocos de alinhamento.
(B) Mesa de desempeno.
(C) Blocos padrão.
(D) Planos de referência.
8-No nosso dia a dia estamos o tempo todo fazendo uso ou mesmo preparando soluções. Soluções são
preparadas com um solvente e um soluto e, quando o solvente é a água, chamamos de solvente aquoso.
A sequência que apresenta corretamente os exemplos de soluções presentes no nosso cotidiano está indi-
cada em
(A) água e óleo / sal e água.
(B) suco de laranja / água e gelo.
(C) refrigerante / café com leite.
(D) água mineral / água e gelo.
9-Sobre as propriedades de dispersões coloidais, analise as afirmativas a seguir.
I. Coloides representam a linha divisória entre as soluções e as misturas heterogêneas.
II. Os coloides são restritos ao estado líquido, ou seja, este tipo de dispersão não existe nos estados gasoso
e sólido.

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
III. Einstein desenvolveu uma equação para o quadrado da média do deslocamento de uma partícula coloi-
dal. Quanto maior a partícula coloidal, menor é o seu caminho livre médio em determinado líquido.
IV. Coloides são descritos por partículas com até 1 nm de diâmetro dispersas em determinado solvente.
V. O Efeito Tyndall explica porque o leite é branco e não transparente e porque as lanternas ou feixes de
laser são mais visíveis nos nevoeiros e nas fumaças do que em ar claro e seco.

Está correto o que se afirma apenas em


(A) II e IV.
(B) IV e V.
(C) I, II e IV.
(D) I, III e V.
10-Na revelação de impressões digitais, uma das técnicas mais comuns envolve o uso de pós-reveladores
como a ninidrina, o cianoacrilato e o nitrato de prata. Nesse último, o sal de prata reage com cloretos de secre-
ções da pele, precipitando o cloreto de prata, sendo revelada com luz solar e fotografada rapidamente.

Sabendo que o produto de solubilidade desse sal é 1,8 x 10-10 mol/L, o composto a seguir que pode ser
adicionado para recuperação da prata é o
(A) hidróxido de sódio (Kps AgOH = 2,3 x 10-8 mol/L)
(B) ácido bromídrico (Kps AgBr = 7,7 x 10-13 mol/L)
(C) ácido iodídrico (Kps AgI = 8,5 x 10-17 mol/L)
(D) ácido cianídrico (Kps AgCN = 6,0 x 10-17 mol/L)
(E)tiocianato de potássio (Kps AgSCN = 1,03 x 10-12 mol/L).
11-Um composto iônico precipita a partir de uma solução dos seus íons constituintes quando (Nota: Q =
quociente reacional)
(A) a solução é insaturada.
(B) Q é superior ao Kps.
(C) Q = Kps.
(D) Q é inferior ao Kps.
(E)Q / Kps = 0.
12-O valor da constante do produto de solubilidade do cloreto de chumbo (PbCl2) é 1,5.10-5. Calcule a so-
lubilidade do PbCl2 em uma solução 0.15 molar de MgCl2.
Assinale a opção que contém o valor correto da solubilidade.
(A) 1,9 .10-4.
(B) 4,0 .10-4.
(C) 6,9 .10-4.
(D) 9,1 .10-4.
13-Uma amostra é formada pelos alcanos de fórmula molecular C5H12: pentano, metilbutano e dimetil-
propano. Na comparação dos valores de temperatura de ebulição desses alcanos, tem-se a seguinte ordem
crescente:
(A) pentano < dimetilpropano < metilbutano
(B) metilbutano < dimetilpropano < pentano
(C) dimetilpropano < metilbutano < pentano

239
1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
(D) pentano < metilbutano < dimetilpropano
14-A respeito do processo de refino de petróleo, julgue o item subsequente.
O rendimento dos produtos da destilação depende da composição do petróleo de origem.
( ) Certo
( ) Errado
15-A respeito do exercício da atividade de produção, armazenamento e comercialização de derivados de
petróleo e gás natural, por meio da outorga de autorização de operação da instalação produtora, julgue o se-
guinte item.
É regularmente definido como gás natural todo hidrocarboneto que permaneça em estado gasoso nas con-
dições atmosféricas normais, que seja extraído diretamente de reservatórios petrolíferos ou gaseíferos e cuja
composição poderá conter gases úmidos, secos e residuais.
( ) Certo
( ) Errado
16-Descobertos na década de 1920, os polímeros sintéticos revolucionaram o mundo e acabaram por im-
pactar de forma negativa o Meio Ambiente devido ao seu descarte incorreto, reciclagem complexa e tempo de
decomposição alto. Existem vários tipos de polímeros, sendo os de estrutura tridimensional em rede com liga-
ções cruzadas, insolúveis, infusíveis e completamente amorfos os:
(A) epóxis
(B) poliestirenos
(C) polipropilenos
(D) policarbonatos
17-Os polímeros são moléculas de cadeia longa que consistem em unidades repetitivas chamadas de mo-
nômeros. Eles podem ser naturais ou sintéticos.
Leia o trecho a seguir e preencha corretamente as lacunas.
Os monômeros do eteno podem reagir um com o outro, quebrando a ligação dupla entre os carbo-
nos e unindo-se formando uma longa cadeia polimérica de polietileno. Este é um exemplo de polímero de
_____________________. O cloreto de polivinila (PVC) é constituído de monômeros em que um átomo de
cloro substitui um dos átomos de hidrogênio do eteno. A temperatura de fusão de um polímero de PVC é
_____________________ do que a do polietileno, considerando-se ambos com o mesmo tamanho de cadeia.
Alguns polímeros, denominados de _____________________, consistem em dois tipos diferentes de monôme-
ros. Por fim, os polímeros que eliminam um átomo ou um pequeno grupo de átomos durante a polimerização
são chamados de polímeros de _____________________; um exemplo desse tipo de polímero é o náilon.
A sequência que preenche corretamente as lacunas do texto é
(A) adição / menor / copolímeros / condensação
(B) condensação / menor / copolímeros / adição
(C) adição / maior / copolímeros / condensação
(D) condensação / menor / dímeros / adição
(E) adição / maior / dímeros / condensação
18-Sobre os polímeros, sabe-se que:
I - são micromoléculas.
II - ligados por ligação covalente.
III - formados por meio de reações de polimerização.
Está correto o que se afirma em:

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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO
(A) I e II, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I, II e III.
19-Na polimerização por adição, temos as seguintes etapas:
I - Iniciação.
II - Propagação.
III - Término.
X - Início do processo de formação das cadeias poliméricas pelos pontos reativos.
Y - Eliminação dos pontos reativos, encerrando a polimerização.
Z - Rompimento das ligações duplas.
Pela associação dos termos, temos a seguinte conclusão:
(A) I - X; II - Z; III - Y.
(B) I - Y; II - Z; III - X.
(C) I - Z; II - Y; III - X.
(D) I - Z; II - X; III - Y.
20-Algumas moléculas chamadas monômeros podem ligar-se entre si, dando origem a macromoléculas de-
nominadas polímeros. Assinale a alternativa que NÃO apresenta polímeros utilizados no nosso dia a dia.
(A) Copo de vidro.
(B) Sacos plásticos.
(C) Isopor.
(D) Panela antiaderente.
(E) Pneu de automóvel.

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Gabarito

1 B
2 B
3 E
4 B
5 C
6 C
7 C
8 C
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14 CERTO
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1774143 E-book gerado especialmente para MIRIAN DE SOUZA RIBEIRO

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