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Existem três tipos básicos do caráter humano: o bom é aquele do indivíduo
honesto, independente do meio em que vive. O sem caráter é o que se deixa levar por
qualquer circunstância. O mau-caráter é o sujeito que é um eterno canalha e um
desonesto irrecuperável: assim era Elias. Se alguém cresce sem esperanças ou
perspectiva de uma vida decente poderá se apoiar nisso para minimizar seus erros, mas
ele não era órfão nem de pai nem de mãe. Cresceu em um lar evangélico e numa família
de classe média alta. Seu pai possuía duas ferragistas em Goiânia e era Pastor de uma
pequena igreja no setor onde moravam. Tinha três irmãs e por ser o único menino foi
criado até o início de sua adolescência sob os auspícios de que seria um arrebatador de
almas, assim como seu pai. Bem cedo sua família abandonou este sonho, vendo que
apesar de ser uma criança o garoto já demonstrava tendências à malandragem.
Esteve preso em quase todas as Capitais Brasileiras que visitou, aplicou quase
todos os tipos de golpes. Sua trapaça mais arriscada foram 180 quilos de maconha que
comprou em Canaã dos Carajás no Pará e pagou os plantadores da erva com dinheiro
falso. Neste papel, Elias interpretou ser um dos maiores traficantes da América latina:
um argentino chamado Viriato Cortez. Usando o pescoço cheio de joias falsas e falando
no dialeto portenho, foi sua maleta cheia de dinheiro falso quem falou a mesma língua
dos traficantes que, não sabiam estarem sendo enganados. O produto comprado foi
colocado em quatro sacos e atado sob o diferencial de um veículo grande, entre as rodas
traseiras e dianteiras. Quando a caminhonete que estava com a suspensão cheia de
entorpecentes já ia numa estrada fora da plantação, os traficantes descobriram que
tinham sido trapaceados.
O líder do grupo era um paraense malvado que tinha fama de já ter matado
muita gente, este pegou uns dois pistoleiros que trabalhavam para ele e foram atrás do
Falso Traficante. A caminhonete foi fechada pelo carro de um dos homens, mas como
Elias era um bom motorista jogou o veículo para a beira da estrada, conseguindo
atropelar seu perseguidor cujo automóvel foi jogado numa ribanceira. Os outros dois
que estavam em seu encalço atiraram de metralhadora, sobre o vidro traseiro do carro
em que fugia. Dirigindo um pouco abaixado ele foi ferido apenas com dois tiros: um de
raspão no ombro e outro também de raspão na cabeça. Depois da fuga o estelionatário
viajou mais dois Estados e vendeu a droga pela metade do valor.
Em sua última condenação foram tantos os artigos infringidos que sua pena foi
há 125 anos por unificação de sentenças, recebeu várias penas mínimas que não
chegavam a 10 anos cada. A casa em que a polícia o prendeu era um museu de todos os
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tipos de delitos: drogas das mais variadas, dois revólveres calibre38, dinheiro falso,
disfarces utilizados em fraudes, mais de 100 cédulas de identidade falsas, atestados
médicos fraudados, bebidas adulteradas e muito mais coisas ilícitas. Com ele a Polícia
também resgatou uma menina de apenas 13 anos que foi raptada na Bahia e
transformada em sua filha adotiva e aprendiz de crimes.