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MOVIMENTOS
RELIGIOSOS
Programa de Formação Ministerial/Teologia
SEITAS E NOVOS
MOVIMENTOS
RELIGIOSOS
Programa de Formação Ministerial/Teologia
STNB
PALAVRAS DE BOAS-VINDAS
Olá, caro estudante! Você está iniciando uma disciplina que faz parte do eixo pastoral
que o STNB oferece no seu Programa de Formação Ministerial/Teologia. Os conteúdos
oferecidos nessa apostila apresentam uma linguagem dialógico-reflexiva e encontram-se
integrados à proposta pedagógica do STNB, contribuindo no processo educacional,
complementando sua formação acadêmica, desenvolvendo competências e habilidades, e
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo(a) mais
adequadamente no ambiente de serviço cristão (Aplicação das 4C’s).
Além disso, lembre-se que existe uma equipe de facilitadores que se encontra disponível
para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Estimado estudante, é com grande prazer que apresento o material que você deve utilizar
para o estudo da disciplina Seitas e Novos Movimentos Religiosos.
É fundamental para todo credo religioso proclamar sua própria mensagem. Uma
condição determinante para a subsistência e desenvolvimento de uma fé religiosa, é afirmação
da verdade em que a religião defende. Em alguns casos, talvez o cristianismo seja o melhor
exemplo, a proclamação da mensagem entra para formar parte da mesma mensagem. Sem o
envio da mensagem, o credo cristão se desvirtua. No entanto, esta dinâmica que acontece no
cristianismo e nas grandes religiões da humanidade, não é alheia ao fenômeno sectário e aos
novos movimentos religiosos.
Nos países que têm a religião arraigada a tradição, onde os “papéis” estão
perfeitamente definidos, a figura do sacerdote, pastor, rabino ou guru ocupa lugar privilegiado
na sociedade. A vivência religiosa forma parte da estrutura social e adquire, quase sempre,
uma função reguladora na convivência. A intensidade dessa experiência com o divino depende
de cada indivíduo, a “ordem social estabelecida” dá, é claro, certa relação entre o
“especialista” do sagrado e a intensidade da experiência religiosa.
1. Não existe, em nenhuma parte do mundo, um povo que não tenha religião.
2. A religião é algo próprio do ser humano.
3. Não existe uma definição de religião que tenha aceitação geral.
4. Não existe uma explicação satisfatória para a origem da religião.
5. Está atrelada à realidade do ser humano.
Basta ligar a televisão para confirmar o que foi dito. Existem canais católicos e
evangélicos, porém as seitas compram tempo frequente em canais comerciais. Em uma só
semana, podemos escutar aulas sobre O Princípio Divino da Igreja da Unificação do Reverendo
Moon por missionários “moonies”, escutar coisas como “investe em Deus”, “se quiser encontrar
seu esposo no altar, traga sua oferta a este canal”, “dê 10% de sua dívida para Deus e ele parará
o resto”, marchas de fé em todas as cidades importantes distribuindo azeite para livrar os
territórios de demônios, concentrações ou jornada de oração em praças e parques públicos.
Não podemos deixar de mencionar os programas que enfatizam o movimento das “raízes
hebraicas”. É possível ver todos os dias um rabino messiânico explicando aspectos do Antigo
Testamento, vestido como levita, mesclando astrologia com judaísmo e cristianismo, ou
convidando a pagar a passagem para que alguns judeus retornem a Israel.
Nos seus programas de rádio, a Igreja Universal convida as pessoas a encher um copo
com água e, através das ondas sonoras, o pastor abençoa a água, dessa forma é possível tomar
e receber a benção de Deus. Há convites para os cultos onde se pode caminhar sobre o sal do
mar morto, tocar o manto de Elias, caminhar sobre as pétalas de rosas, abençoar vassouras,
espanadores e elementos de limpeza do lar para ajudar a limpar a casa dos maus espíritos e de
outras coisas a mais.
Este pequeno texto pretende abrir nossos olhos para conhecermos as heresias que nos
rodeiam. Para isso, precisamos basear nossos fundamentos da fé sobre a forte base bíblica. No
hinduísmo se ensina, por exemplo, que se você quer ter o perdão de seus pecados, deve rezar
35 milhões de vezes “om” (mantra importante na religião Hindu). Ou seja, você pode apagar
seus pecados por si mesmo. Jesus nos disse que não poderíamos fazer isso, mas Ele mesmo faz
isso por nós, se quisermos.
Todas as demais religiões se limitaram a falar e a falar sobre o pecado. Jesus morreu por
ele. Esta é a mensagem de que as populações da América Latina precisam receber.
Para escrever este módulo, foram usados alguns livros seletos. No entanto, a maioria das
informações foram encontradas por meio de centenas de páginas da Web, na Internet. Na
bibliografia, você pode encontrar as referências que utilizamos; do mesmo modo, é possível
abrir a página de cada movimento para conhece-los. Com isso, temos a vantagem de ir à mesma
fonte para estudar e sermos mais objetivos. Além disso, existe uma lista de páginas em que a
pessoa pode encontrar respostas apologéticas a vários destes grupos de seitas.
1
ELADE, Mercea. De los primitivos al zen. Buenos Aires: Asociación Editorial La Aurora, 1977. 4
v. p. 322.
existe uma ordem invisível e que nosso supremo bem tem a ver com ajustar nossas vidas a essa
realidade”2.
A religião satisfaz uma necessidade humana! Alguém opinou que se não houvesse morte,
não haveria religiões. Dessa forma, a necessidade de transcendência é uma característica de
nossa espécie. As religiões tratam de responder algumas das perguntas mais fundamentais da
vida: Depois da morte, o que acontecerá? Se existe Deus, como posso conhecê-lo? Por que
estamos aqui e existimos para quê? De onde vem este universo? Quem os fez? De onde vêm os
fenômenos naturais? Por que existe o bem e o mal? Quais são as causas e os efeitos de nosso
universo e de nossa existência? Existe um poder sobrenatural? Existem poderes bons e maus
que influenciam nossa vida? O que podemos fazer para que outros nos façam bem? Como posso
ter paz em um mundo conflituoso? Com que parâmetros meço o eticamente correto? Por que
existe sofrimento no mundo? As diferentes religiões têm respostas variadas a essas perguntas.
Para que a religião funcionasse e para que fosse possível intercambiar coisas com esses
deuses, surgiram os sacerdotes. Depois de um bom tempo, toda a religião estava sob o controle
dos sacerdotes, até o século VI a.C. em que houve uma reforma radical universal, em que o
controle sacerdotal foi seriamente questionado. Assim é que encontramos Sócrates e Platão na
Grécia, Zoroastro na Pérsia, Buda na Índia e, intensamente, Isaías e Jeremias em Jerusalém,
apontando os dedos aos abusos sacerdotais. Lutero fez uma revolução similar na época da
reforma protestante.
A religião hebraica, que nasceu no deserto de Sinai, sob a liderança de Moisés demonstra
características comuns e outras muito diferentes. Ela compartilha com outras religiões a
necessidade do sacerdócio e o sacrifício de animais. No entanto, é estritamente monoteísta e
2 JAMES, William. The Varieties of Religious Experience (As verdades da experiência religiosa),
1902. p. 53.
3
BROW, Robert. Religion Origin and Ideas. Gran Bretaña: Tyndale Press, 1966.
4
Incentivavam os prazes do sexo.
Yahvé é um Deus bom e justo que convida seu povo para ser como Ele. O Deus dos hebreus é
o Deus de todos os povos enquanto que as outras nações têm um deus tribal.
1. Exclusivismo: As religiões exclusivistas mantêm que elas têm a verdade e que precisam
converter as outras. Os cristãos tendem a ser exclusivistas porque cremos que Jesus é o
caminho para Deus e que não existe outro (João 14:6). Os judeus e os muçulmanos têm
uma posição semelhante aos cristãos.
2. Inclusivismo: Existem movimentos religiosos que reconhecem a verdade em vários
sistemas de crença. Os hindus e budistas estão nesta categoria. Eles creem que a revelação
é um processo contínuo e que todas as grandes religiões do mundo têm no fundo uma
origem divina.
3. Pluralismo: As pessoas que têm crenças pluralistas não fazem distinções entre as
crenças. Cada uma, segundo elas, é válida para cada cultura.
4. Sincretismo: As pessoas que têm ideias sincretistas misturam elementos de diferentes
religiões e criam uma nova religião realizando essa fusão. Isto podemos ver com
frequência na América Latina, por exemplo, na Santeria cubana, no Vodu do Haiti, na
Umbanda e Macumba do Brasil e nos rastafáris.
ADESÃO ATUAL
A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA
No artigo “Totem e Tabu”, Sigmund Freud parte da hipótese de Darwin, que consiste na
teoria que a sociedade humana se formou a partir de um ou vários bandos primitivos, dominados
por um macho poderoso e despótico5.
Freud considerou a esse macho como o pai do bando, que impondo-se pela força
reservava para si todas as fêmeas, submetendo seus filhos a um regime de abstinência sexual
forçada. Um dia, aconteceu que os filhos se rebelaram mataram o chefe-pai e o comeram em
um memorável banquete.
Por conseguinte, sentiram culpa pelo que haviam feito e decidiram “revivê-lo” na figura
de um Totem (por exemplo, um animal) cuja vida de agora deveria ser sagrada para a tribo, já
que matando o Totem poderia aparecer um novo macho despótico. Somente o matavam em
banquetes periódicos, onde se sacrificava para recriar simbolicamente o crime dos seus
antepassados.
Coincidentemente, ficava proibido para os membros do clã terem relações sexuais com
as mulheres do mesmo grupo (encarado como tabu ou proibição do incesto) e, desta forma,
obrigando-se mutuamente a ter relações somente com mulheres de outro clã se evitava a
aparição de um novo macho e dos consequentes impulsos agressivos em relação a ele. Freud
chegou a crer que a sociedade surgiu da necessidade de conter o impulso sexual e destrutivo.
Segundo Freud, todos estes acontecimentos foram também a origem das religiões,
incluindo a cristã. Cristo é a representação do chefe sacrificado (na cruz) e a eucaristia
(comunhão) o equivalente simbólico do banquete onde se come o corpo de Cristo. E se fosse
pouca coisa, os cristãos se consideram entre si como irmãos “em Cristo”, tal como no bando
primitivo, eles também consideravam seus membros em relação ao chefe-pai.
Além disso, Freud também encarou a questão religiosa no marco das relações entre a
sexualidade e a moral vitoriana de sua época. Por um lado, este sistema ético obrigava a
repressão dos impulsos sexuais invocando dogmas religiosos, mas por outro lado, estes
impulsos não podiam permanecer indefinidamente reprimidos e buscaram uma descarga de
compromisso para os fins não sexualizados (sublimação) como, por exemplo, a arte, o esporte,
a filosofia e outras manifestações da cultura incluída a religião!
Dessa forma, as ideias e os sentimentos eram a causa da repressão sexual, mas ao mesmo
tempo estes impulsos reprimidos e sublimados eram a origem de novas experiências religiosas.
Algo como a história do ovo e da galinha.
Outra maneira de canalizar o impulso sexual reprimido, mesmo que desta vez de maneira
decididamente patológica, é através do sintoma neurótico, o que então seria como uma descarga
equivalente à experiência religiosa, só que apontada como enferma. De fato, havia chamado a
5
Forma de governo no qual uma única entidade governa com poder absoluto.
atenção de Freud a curiosa semelhança entre os rituais presentes na neurose obsessiva e em
certas práticas religiosas.
A religião satisfaz algumas pessoas porque estas sentem prazer ou emoção. Outros sentem
uma comunicação com um ser sobrenatural, sentem a presença de Deus. Para outros, o
importante é escutar um bom sermão onde se pode empregar a razão para entender a Deus. Para
outros, é o que o teólogo Rudolph Otto chama de “o numinoso”, uma experiência da santidade
e da majestade de Deus.
As pessoas buscam sentir paz, alegria, serem amadas por Deus e pela comunidade da fé.
Sentem-se realizadas quando têm uma dimensão espiritual em suas vidas. Sentem um poder
espiritual, talvez possam ver este poder atual em milagres e exorcismos. Para outras, a religião
as enche de sentimento de culpa e temor. Como podemos ver, a religião é um assunto muito
complexo.
Um segredo para entender a experiência religiosa é que Deus deu a cada um de nós uma
personalidade única e podemos sentir sua presença e experimentar nossa religião com fatores
caracterológicos que Ele nos deu, quer sejamos introvertidos, extrovertidos, ascéticos,
expressivos, artísticos, músicos, entre outros.
Estímulo sensorial reduzido. Uma pessoa que fica isolada dos outros e vive em silêncio e
solidão pode começar a ter alucinações, escutar vozes e sentir experiências estranhas.
Aumento de estímulo. Quando o sistema nervoso é bombardeado com som, luz e outros
estímulos ou por emoção extrema, pode acontecer de “queimar o fusível”. Nisto, incluem-se
exemplos de pessoas que se sentem irreais frente às experiências terríveis: violação, tortura,
assassinato, etc.
Aumento de concentração. Quando a atenção está focada em uma coisa, uma tarefa como
qualquer trabalho mental intenso, olhar para um radar, concentrar-se em escutar sua própria
respiração, é possível esvaziar a mente o que é muito perigoso, esta é a essência da técnica da
YOGA.
Falta de privacidade. Estes grupos levam uma vida comum, na qual não se conhece a
privacidade. Não é permitido refletir sozinho para avaliar as ideias e ações e ver se são positivas.
Jogos. Participam de jogos muito complexos onde se aprende a depender totalmente do líder.
O relaxamento dos poderes críticos. Sonhar acordado, estar quase adormecido, música
inspiradora, banhos de sol.
Além disso, a hiperventilação pode afetar a mente. Isso é algo que pode acontecer em um
culto muito emotivo. As pessoas que hiperventilam começam a sentir enjoos, com sensações
de eletricidade em suas mãos e outras sensações associadas com entrar em um EAC. Nesse
caso, a química do sangue é alterada causando estes efeitos. A pressão arterial cai, as pessoas
suam, especialmente nas palmas das mãos, e podem chegar a desmaiar.
O preocupante de tudo isso descrito acima é que uma pessoa sob a influência de drogas,
um guru iluminado, um místico cristão ou um irmão pentecostal caído no espírito vai descrever
sua experiência de forma semelhante: “paz, luz e experiências extáticas”. A experiência em si
não é válida, se não tornar a pessoa mais espiritual.
Os seres humanos são seres emocionais, somos seres sociais feitos para adorar nosso
Criador na comunidade da igreja. Desfrutamos da emoção em grupo (por isso, frequentamos
estádios e cinemas com uma multidão). A Bíblia nos ensina que devemos nos juntar para cantar,
meditar e refletir.
A diferença de outras religiões que ensinam uma técnica para entrar na iluminação ou
área espiritual transcendente, a Bíblia nos ensina que nenhum esforço nosso produzirá uma
relação próxima com Deus, sem o arrependimento de nossos pecados e o perdão de Deus por
meio da morte sacrificial de Cristo. Uma experiência destas não nos traz a presença de Deus. A
natureza da experiência espiritual depende das crenças da pessoa.
Nos dias de Jesus, havia um grupo que o seguia para ver os milagres, e não porque queria
obedecer ao que Ele estava ensinando. O consumismo espiritual é idolatria quando as
experiências em si mesmas substituem a devoção sacrificial de Jesus. O propósito de cada
benção é receber a capacidade de servir. Não é necessário ter uma experiência extática para ir
ao céu.
AS SEITAS
A tensão entre a ordem religiosa estabelecida e as seitas e os movimentos religiosos
aparecem já no Novo Testamento mediante dois conceitos: “...Igreja, que designa uma
comunidade mais ou menos numerosa, que vivia em harmonia com a sociedade, fazia
concessões, não esperava nada extraordinário de seus membros, não buscava o martírio, mas
procurava evitá-lo, fugindo e vivendo em lugares escondidos; e Seita, aplicada a outro tipo de
organização, menos numerosa, mais radical, não disposta a fazer concessões ao mundo, mas
sim aceitar o martírio como prova de fidelidade à fé... A seita era uma fração mais radical dentro
da religião comum, (por exemplo os fariseus ou os saduceus no judaísmo), que “seguia uma
determinada corrente teológica ou ideológica. Assim se entendeu também o cristianismo em
um princípio, do qual Paulo insiste, ante o governador Félix, que não é uma seita, mas “um
caminho” (Atos 24:14)6.
6
GALINDO, Florencio. El fenômeno de las Sectas Fundamentalistas. Espanha: Editorial Verbo
Diving, 1994.
Sobre a atual situação vaga do termo “seita” e sua aplicação a quase qualquer movimento
que pareça raro, estrambótico, autoritário ou incompreensível, os meios de comunicação
contribuíram muito criando, com seu sensacionalismo, a maior confusão.
Peça aos seus alunos que busquem em jornais e revistas, artigos, notícias e reportagens
que falem do tema (seitas) e tirem conclusões do tratamento dedicado ao tema destes
meios de comunicação em massa.
Desde o puramente linguístico, a palavra seita vem do latim secare que significa separar-
se, sempre está presente a ideia de separação. “Os grupos sectários se separam dos demais no
que se refere a doutrinas e práticas, recusam as instituições religiosas societárias da maioria,
não reconhecem a autoridade dos líderes comumente aceitos, se manifestam como fenômenos
marginais e insignificantes e dão a imagem de estranhos e excêntricos em suas ideias e em seu
modo de vida geral”7.
São numerosas as definições de “seita” que podemos encontrar na literatura, quase todas
elas ficam na mera descrição ou classificação devido à complexidade do fenômeno, porém não
por isso deixam de ter sua validade ou utilidade.
CONCEITO FILOLÓGICO-HISTÓRICO
Vejamos a explicação de “seita” que nos brinda Daniel Carro: A palavra ‘seita’ (jairesis,
em grego) parece no Novo Testamento, particularmente no livro de Atos, significando uma
escola, um partido, um grupo. Assim, por exemplo, a ‘seita dos fariseus’ (At 15:5), representa
a ‘seita’, o ‘partido’, a ‘escola’ dos fariseus. Nesta referência, a palavra ‘seita’ não tinha,
evidentemente, um significado mal ou pejorativo; pelo contrário, seu significado é altamente
positivo e tem a ver com uma decisão, com uma eleição. Também os cristãos formam parte de
uma jairesis ‘seita’, como pode ser visto em Atos 24:5... Em Gálatas 5:20, o apóstolo Paulo vê
as jairesis (‘seitas’, ‘partidos’) como uma manifestação das obras da carne. A argumentação
paulina mais completa está em 1 Coríntios, em que o apóstolo afronta quem cria cismas na
igreja ou a dividem em facções (1Co 1:12-13), como quem divide a igreja de Cristo.
Todas estas jairesis corruptoras são resultados das divisões causadas pelos falsos mestres
que negam a Cristo (1 Pe 2:1). A partir daí, no grego bíblico começa-se a dar o vocábulo
jairetikos (“sectário”), que designava quem aderia a uma jairesis, no sentido distinto ao que
tinha no grego profano. No lugar de “eleitor”, o vocábulo começou a significar “herege”. Então
o termo, claramente positivo em sua origem, usado para designar as escolas filosóficas gregas
7
CARRO, Daniel. Sectas y Movimientos en América Latina. ABAP, 1969.
e os grupos religiosos do judaísmo (fariseus, saduceus, essênios), começou a ter a conotação
negativa de designar os poderes contrários à ekklesia (“igreja”). Aquele que aderia a uma
jairesis (agora “heresia”) deixou de ser alguém que positivamente expressava sua liberdade de
consciência e eleição para passar a ser um personagem divisor, problemático, oposto à
universalidade ampla da igreja.
Então, ao final do primeiro século o vocábulo “seita” havia passado por uma mudança
decisiva. O que em um princípio se usava de um modo totalmente genérico para designar as
facções existentes dentro do judaísmo (os cristãos incluídos), adquire progressivamente o
significado de seita herege no sentido pejorativo, negativo, com que geralmente se usa o termo
no dia de hoje.
O historiador Tácito, que descreveu em seus Anais a perseguição de Nero contra a igreja
no primeiro século de nossa era, descreveu o cristianismo como “perversidades” e “superstição
mortal” e acusou os cristãos de “crimes vergonhosos”. Plínio, o jovem cônsul e governador de
Bitínia sob o imperador Trajano (98-117 d.C.), escreveu que o cristianismo era “loucura” e
“uma superstição perversa e excessiva”.
O dicionário religioso Facts on File afirma o seguinte em seu artigo “Movimiento contra
las sectas” (Movimento contra as seitas): muitos dos argumentos contra os grupos atuais são
semelhantes aos dirigidos historicamente contra religiões que agora se consideram socialmente
respeitáveis (como o cristianismo primitivo, o judaísmo, o catolicismo, etc.).
Toda esta luta religiosa se reduz a erros que mostram como “errôneos outros erros”. O
que é a verdadeira religião segundo a Bíblia? Paulo declara que se trata de algo mais que um
conjunto de doutrinas: chamou-a de caminho de vida (Atos 22:4; 24:14, 22).
1. Todo grupo religioso tem uma base estruturada da divisão do trabalho entre líderes
oficiais e membros em geral. Fixam-se tarefas para cumprir e o aparelho social é
organizado para poder realizá-las.
2. Todo grupo religioso tem um sistema de crenças e valores compartilhados em forma de
credos, doutrinas e princípios.
3. Tem uma vida organizada com foco em reuniões, cerimônias e rituais.
4. Tem um conjunto de regras que organiza as atividades de seu povo.
5. Tem um sentido de identidade que a distingue das demais.
6. Atua socialmente como corpo social para se proteger e promover seus interesses.
Ernst Troeltsch, historiador e teólogo alemão, em um estudo que publicou no ano de 1912,
dividiu os grupos religiosos em duas vertentes, ou tipos ideais: o “tipo igreja” e o “tipo seita”.
Tipo “igreja”: 1. Tamanho Total: todo indivíduo que vive dentro de um determinado território
fica envolvido dentro dele. 2. Modo de Pertencimento: territorial e ancestral, ou seja, são
membros da “igreja” todos os nascidos dentro de um território e com determinados ancestrais.
3. Padrões de autoridade: formais e tradicionais, estabelecidos pela mesma “igreja”. 4.
Liderança: centralizada e hierárquica, imposta verticalmente pelo meio de uma cadeia de
ordens. 5. Função principal dentro da sociedade: controlar a sociedade com interesse da própria
“igreja”. Existe estreita reciprocidade entre o governo da “igreja” e as instituições seculares da
sociedade.
Além disso, Wilson se ocupa em deixar bem claro que as seitas como as pessoas, quando
persistem em seus fins e propósitos experimentam sempre um processo de mutação. Os grupos
sectários, como os indivíduos, sofrem processos de mudanças. As tipologias, afirma Wilson,
devem ir mudando consistentemente de acordo com as alterações que os grupos experimentam.
Estas mudanças podem ser claramente perceptíveis, como quando uma seita se converte em
uma denominação, ou imperceptíveis, como costumam ser as mudanças das seitas
revolucionárias em relação ao mundo exterior.
Uma definição teológica de seita, então, depende muito de quem define e de como define.
Em um sentido mais geral e em relação com a tradição cristã global, poderia ser definida seita
como toda aquela manifestação religiosa que, chamando-se de “cristã”, se aparta do ensino
bíblico, ou do credo apostólico, por mencionar somente dois exemplos da ortodoxia cristã mais
pura e coerente.
Existem dois modos como uma “seita” se apartar da tradição cristã mais geral. Primeiro,
em seus ensinos tradicionais. Apesar de certas diferenças, todas as igrejas de interesse não
sectário coincidem em certos princípios básicos da fé cristã. Católicos romanos, presbiterianos,
metodistas e batistas diferem radicalmente em alguns aspectos da doutrina, no entanto, todos
usam a Bíblia e todos assinariam sem duvidar o credo apostólico. Determinadas seitas, como
as Testemunhas de Jeová, os mórmons, ou os moonies, se são consistentes com suas doutrinas
básicas, difeririam em sua apreciação da Bíblia, e tão pouco se atreveriam a assinar o credo
apostólico.
1. Muitos destes grupos têm líderes fortes e de caráter carismático. O grupo foca no líder, a
quem dá sua lealdade e com quem se compromete completamente.
2. A liderança dita em detalhes como os membros devem se comportar e pensar. Às vezes,
eles têm que usar a roupa que a liderança decide.
3. Muitas vezes, o líder tem uma grande missão: salvar a humanidade, e por isso existe
pressão para segui-lo. Muitas vezes seu líder é considerado um Messias ou um avatar
(encarnação de algum deus).
4. Muitas vezes, o líder não tem que prestar contas a uma autoridade superior.
5. Em vários destes grupos, os líderes induzem um sentimento de culpa se as pessoas não
cumprem os requisitos para ficar sob seu controle.
6. Desanimam os seguidores ao fazer perguntas ou a duvidar. Às vezes castigam os que
fazem perguntas realizando uma lavagem cerebral.
Crenças
1. Geralmente, estes grupos no mundo cristão pretendem ter uma base nos ensinamentos
bíblicos e formam organizações cristãs como, por exemplo, a Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias (Mórmons).
2. Associam-se para seguir um mestre ou um líder carismático que supostamente teve
inspiração divina pessoal. Os membros creem ou têm uma interpretação especial da Bíblia
supostamente inspirada por Deus.
3. Nascem dentro da religião cristã ou de outras religiões e, logo, redefinem ou negam uma
ou mais das doutrinas essenciais à fé cristã.
4. As seitas de tradição cristã adicionam elementos que, segundo eles, são necessários para
serem salvos. Além da Bíblia, existem outros livros “revelados” ou “mensagens
proféticas”.
5. São exclusivistas. Tendem a crer que são os únicos possuidores de toda a verdade,
excluem aos demais, os consideram como não salvos. A salvação completa apenas se
encontra sendo membro de “seu” movimento.
6. Muitas seitas têm uma ênfase acentuada em assuntos escatológicos (do fim do mundo).
Práticas
1. Usam métodos pró elitistas muitas vezes com fanatismo. Tocam campainhas para vender
seus materiais. Compram tempo na televisão. Preocupam-se em obter novos membros.
2. Têm uma mentalidade polarizada “nós da seita” e “os outros”.
3. Aproveitam a negligência da igreja cristã no ensinamento das doutrinas bíblicas básicas,
tanto na escola dominical como em outros programas educativos dentro da igreja, exige
um maior esforço na preparação bíblica.
4. Colocam muita atenção nos novos crentes. Uma prática muito astuta é que algumas seitas
aproveitam as grandes campanhas evangelísticas para iniciar em suas crenças os que
aceitaram a Cristo como seu Senhor e Salvador.
5. Enfatizam aquilo que a igreja cristã descuidou. Por exemplo, a ciência cristã mostra a
sanidade divina. Os adventistas dedicam muito tempo ao estudo da profecia. Os
mórmons, por outro lado, focam na importância da vida familiar e do lar e praticam uma
vida saudável, não consomem tabaco, álcool, café, drogas, etc.
6. Sua prioridade é econômica. Utiliza a religião para vender Deus, estão mais preocupados
em fazer dinheiro.
7. Hoje, as seitas usam a tática de trabalhar sem serem notadas. Tentam ser respeitáveis,
menos visíveis e se confundem com a paisagem, como o camaleão, adaptando-se aos
esquemas sociais permitidos. A propaganda e o proselitismo são realizados sob a
cobertura de associações educativas, filantrópicas ou culturais. Dirigem-se aos grupos de
pessoas afetadas pela crise. Não é difícil, ao menos nas cidades, ver pessoas com duplo
pertencimento religioso: assistir a reunião de preparação para a primeira comunhão e
depois ir à conferência da “Nova Acrópole”.
Para refletir na classe: agora que temos uma ideia clara do que é uma seita, como você
definiria um movimento religioso? E que diferenças acha que existem entre os dois?
MOVIMENTOS RELIGIOSOS
É fato que em toda religião, sem exceção, há uma divisão em dois momentos: um, em que
ela representa algo novo em relação à religião existente, e outro em que, se conseguiu vencer a
oposição, adquire status de organização estável. Na primeira fase, trata-se de um movimento
religioso cuja forma concreta são pequenos grupos ou comunidades, chamados geralmente de
seitas; na segunda, de uma religião estabelecida, cuja forma é uma comunidade numerosa,
chamada igreja ou denominação. Para tentarmos chegar em uma definição, é preciso analisar
os dois termos da expressão:
Movimento
Todo movimento supõe um ponto ou fundo fixo que se abandona, algo que se move, e
pessoas que observam o fato.
1. O ponto ou fundo fixo é a religião estabelecida, mas, além disso, há o contexto social: o
judaísmo do tempo de Jesus, o catolicismo do tempo de Lutero, o mundo indígena do
tempo da conquista.
2. O que se move é a inovação, introduzida por um “profeta” o inovador que fala e trabalha
em forma distinta aos agentes da religião e da ordem estabelecidas, propondo doutrinas e
formas de vida distintas.
3. Observadores: para que haja movimento, é preciso que se possa observar, desde o objeto
que se move ou de fora dele. Jesus inicia um movimento religioso ao começar sua vida
pública, não antes; os observadores serão também de duas categorias, alguns de dentro e
outros de fora do movimento.
Religioso
CONQUISTADORES CATÓLICOS
Todos conhecemos a história (a bela e a obscura) de quando os conquistadores chegaram
à América. A bordo viajaram padres, já que um dos motores da conquista foi a propagação do
evangelho. Um exército de padres e sacerdotes começou a doutrinar os habitantes e a
estabelecer a igreja católica entre os colonos, os mestiços e os indígenas. Houve muitos erros,
mas também acertos. Os católicos estabeleceram hospitais, universidades, escolas e colégios. E
fizeram que em pouco tempo o povo latino-americano chegasse a ser católico. No entanto, em
muitos dos povoados, especialmente assentamentos indígenas, não se converteram de verdade
e se formou uma fusão das religiões pré-hispânicas e da igreja católica, uma forma sincretista
que é expressa em uma versão do catolicismo popular.
RELIGIÕES AFRO-CARIBENHAS
Durante a colônia, os espanhóis e os portugueses trouxeram milhares e milhares de
escravos das costas ocidentais da África para trabalhar em plantações do Brasil, Venezuela,
Colômbia, Peru e Panamá, entre outros países. Estes escravos trouxeram consigo o único que
lhes restava de seu mundo na África, sua religião. Outra vez ocorreu uma fusão, desta vez de
religiões africanas baseadas no espiritismo autóctone com o catolicismo. E foi assim que
nasceram os movimentos religiosos como a Santeria em Cuba, o Vodu no Haiti, a Macumba e
Umbanda no Brasil. Movimentos que até hoje exercem grande influência nestes países.
PROTESTANTISMO
Na maioria dos países, os primeiros protestantes eram as igrejas de transplante, as igrejas
estabelecidas na Europa e nos EUA, que precisavam estabelecer uma congregação para seus
adeptos do além mar. Por exemplo, os anglicanos estabeleceram uma igreja na maioria das
capitais da América Latina para os ingleses que se encontravam fora de seu país. Um grupo
interdenominacional que trabalhou no século XIX foi a Sociedade Bíblica que enviou
missionários como Diego Thompson e Francisco Penzotti, que venderam Bíblias e ajudaram as
comunidades a estabelecer igrejas protestantes.
No início do século XX, muitas denominações dos EUA e do velho continente estavam
chegando no país. Seus missionários trabalharam abnegadamente, cruzando os mares e os
países estabelecendo as igrejas. Dessa forma, chegaram ao continente os metodistas, os
presbiterianos, os batistas, entre outros. É importante destacarmos um fato: na conferência
mundial do Concílio Mundial de Igrejas realizado em Edimburgo em 1910, decidiram não
mandar missionários para a América Latina porque consideravam que a Igreja Católica já tinha
uma forte presença, e não precisava de mais evangelização. Esta decisão teve dois efeitos:
algumas missões indignadas enviaram mais missionários e os que chegaram foram quase
sempre de cunho evangélico e não liberal. Reagindo a Edimburgo, chegaram missionários que
inspirados por Roland Allen e Hudson Taylor (ambos missionários com experiência na China),
decidiram não trazer uma denominação internacional, mas formar uma denominação nacional
em cada país. Foi desta maneira que surgiu a Iglesia Evangélica Peruana (da Misión Enlace
Latino) e a Asociación de Iglesias Bíblicas de Costa Rica (da Missión Latinoamericana).
RELIGIÕES AUTÓCTONES
Estima-se que existem cerca de 300 milhões de pessoas que praticam religiões autóctones
em nosso mundo. Na verdade, as pessoas que vivem isoladas ou congregadas em tribos são
muito religiosas. Vivem à mercê da natureza, com suas forças boas e más como fome,
terremotos, dilúvios, entre outros. A morte está sempre à espreita, e muitas vezes morrem muito
cedo. Sentem-se rodeados por influências negativas, percebendo o mundo espiritual,
desenvolvem sistemas religiosos para controlar ou combater estes poderes.
Estas religiões autóctones diferem de grupo para grupo. Não são religiões para todo
mundo, não são religiões missionárias. Mesmo que a religião de cada grupo tenha elementos
particulares, podem ser identificados elementos em comum.
Acredita-se que os espíritos são mais poderosos que o homem. Por trás de cada atividade
diária existe um poder espiritual. Alguns destes espíritos são positivos ou amigáveis, enquanto
outros nos incomodam. E, existem os espíritos malignos ou demônios que são perigosos, a
respeito desses, se faz necessário evitar o contato com eles ou pelo menos aplacar sua ira para
que não façam mal. Esta crença em um mundo habitado por espíritos se chama animismo.
Outros grupos autóctones têm seus deuses que dominam sobre alguma área da vida humana,
esses deuses são adorados durante festivais e celebrações, têm também seus sacerdotes e seus
cultos.
8
Datos de Operación Mundo. Patrick Johnson, 2001.
O deus do céu ou o deus maior
Sonhos e visões
Rituais da comunidade
Os rituais são os atos cerimoniais simbólicos. Muitas vezes combinam com o mito para
dar sentido à religião do grupo. Nesse sentido, existem muitos rituais relacionados com os ritos
de passagem como o ano novo, matrimônio, o primeiro filho, a morte, dentre outros.
Orações e ofertas são muito comuns nos rituais, às vezes as orações são muito belas,
outras estão centradas em prosperidade e bênçãos práticas. Algumas religiões sacrificam
animais, e às vezes, humanos para os deuses.
Xamãs
Para ajudar com estes ritos, é necessário ter um tipo de mediador, esse funciona como um
sacerdote, um médium fazendo contato com os espíritos, pode ser a pessoa que atua como
curador na comunidade. Os xamãs se especializam em viajar ao mundo dos espíritos por meio
do êxtase ou transe para aprender seus mistérios.
Na América Latina, existem muitos grupos que praticam religiões autóctones o uma
forma de sincretismo com a igreja católica, que é a mescla de uma religião autóctone com
elementos cristãos. Cada uma tem suas características próprias, mas em geral os elementos
descritos acima estarão presentes na maioria delas.
As religiões autóctones deram à luz movimentos religiosos, alguns com uma cara
sincretista como, por exemplo, o Vodu (Haiti), Umbanda (Brasil), Santeria (Cuba), Espiritismo
e ainda certos aspectos sofisticados na Nova Era. As grandes religiões do mundo: o hinduísmo,
o budismo, o islamismo, o taoísmo e ainda o cristianismo têm grandes setores da população que
estatisticamente pertencem a uma religião, mas em seu coração ainda praticam religiões
autóctones com uma fachada cristã, ou não. Para ilustrar estes movimentos sincréticos, vamos
observar a Santeria cubana por um momento.
A Santeria
A Santeria é uma das religiões sincretistas do Novo Mundo. Baseia-se nas religiões da
África Ocidental, trazidas com os escravos para as ilhas caribenhas, os quais vieram trabalhar
nas plantações açucareiras. Esses escravos trouxeram suas próprias tradições religiosas,
incluindo todo um sistema para supostamente comunicar-se com seus ancestrais e deidades,
incluindo sacrifício animal, a prática do uso do tambor e danças simbólicas. Os escravos do
Caribe e das Américas Central e do Sul se converteram nominalmente ao catolicismo, no
entanto é possível que tenham mantido algumas de suas tradições mesclando-as com o
cristianismo.
Em Cuba, esta tradição religiosa evoluiu para o que conhecemos como Santeria, “o
caminho dos santos”. Hoje milhares de pessoas participam dessa tradição religiosa antiga.
Alguns dos sacerdotes ou sacerdotisas são membros de grupos que estão praticando Santeria.
Olodumare
Os Orixás
Os humanos
Na ordem cosmológica depois dos Orixás vêm os humanos. Feitos pelas mãos dos Orixá
com o fôlego de Olodumare. Os humanos fazem sacrifícios para dar de comer aos Orixá.
Mesmo que sejam mais poderosos que os humanos, os Orixás não são onipotentes e como todo
ser vivente, necessita de comida. Somente os humanos podem oferecer os sacrifícios e a
adoração que precisam para sobreviver. Sem humanos, não haverá Orixá.
Os Eguns (ancestrais)
Na cosmologia Iorubá, existe somente este mundo que tem elementos visíveis e
invisíveis. Tanto os Orixás como os ancestrais vivem no mundo invisível. Através do rito de
passagem que chamamos de morte, a alma humana pode ser transformada em um dos eguns ou
espíritos ancestrais. Na Santeria, os ancestrais incluem os mortos com nomes e os anônimos
como os que morreram na viagem de África a Cuba.
No nível mais baixo de poder, estão estes elementos inanimados que também têm uma
importância vital para o universo.
CLASSIFICAÇÕES DAS RELIGIÕES, SEITAS E NOVOS MOVIMENTOS
RELIGIOSOS NA AMÉRICA LATINA.
O tipo, diferente da espécie ou classe, apresenta uma identidade comum a diferentes casos
dentro de uma mesma realidade complexa, mas ao mesmo tempo mostra limites
suficientemente claros para excluir outros. As variáveis tipológicas podem se basear em
critérios diversos, tais como as tendências teológicas, a atitude de aceitação ou a recusa do
mundo ambiente, o país de origem, as camadas sociais mais afetadas, etc.
Deve-se mencionar que existe um modelo clássico de tipologia das dissidências cristãs,
expresso nos termos extremos Igreja-Seita que tem dois sentidos divergentes, é expresso com
ele um fenômeno somente religioso (que de fato quase nunca acontece) ou um fenômeno
religioso-social.
No primeiro caso, a Igreja indica a única instituição religiosa legítima, possuidora de toda
a verdade, e Seita é sinônimo de apostasia, traição à fé, neste sentido depreciativo é derivada
da palavra secta do verbo latino secare (separar), e a usou para condenar a todo grupo que se
aparta da religião estabelecida. Não se admite que a seita possa ter razão, ao menos em alguns
aspectos. Além disso, o cristianismo foi qualificado como seita, atribuindo a ele perversidade e
aberrações como o adorar a uma cabeça de asno.
No segundo caso, sentido sociológico, a conotação negativa não existe. A Igreja designa
simplesmente a instituição religiosa predominante em um país ou região, e Seita, os grupos ou
movimentos de protesto contra a ordem eclesiástica e social dominante, considerada decadente,
prejudicialmente “imóvel”. Perante ele, a seita pretende ser o retorno à verdadeira fé tradicional,
mas ao mesmo tempo um protesto social, desafiando, com suas crenças e tipo de
comportamento, as normas comumente aceitas.
Cada tipologia foi desenvolvida com um propósito distinto. Algumas tipificações aclaram
as normas e padrões sociais com os quais um grupo religioso lida e nos quais se move. Outras
estão mais interessadas nas atitudes internas de seus membros, que se traduzem em atitudes e
valores grupais. Outras delas, tentam esclarecer as perspectivas teológicas a partir das quais os
grupos religiosos trabalham. Já outras, demonstram que até a mais íntima natureza de um grupo
religioso está influenciada pela posição relativa que toma frente à sociedade por completo. As
formas de controle interno, a organização administrativa, os programas de atividades, os
padrões de autoridade, as estruturas de poder, os tipos de apelação sociopsicológica, cada uma
destas e outras características ajudam os estudiosos a distinguir um grupo religioso de outro, e
a explicar suas origens e desenvolvimento.
Todos estes estudos estão dirigidos não apenas ao entendimento de grupos religiosos
como de instituições sociais, psicológicas ou teológicas, mas também para conseguir uma
aproximação mais plena de relação efetiva com estes corpos sociais de difícil tratamento,
carregado de apreciações de valor, preconceitos e ignorância.
Apocalípticos. Para alguns, a vida se formou a tal ponto sem condições de ser vivida, que o
poder divino deve romper em um futuro próximo e pôr fim ao mundo. Não existe conserto
possível, e a única saída é que Deus “acredita em um céu novo e uma terra nova”. Surgem assim
os MR de tipo apocalíptico, os que anunciam a iminência da catástrofe final, com a qual o
mundo atual, totalmente perverso, será substituído por outro absolutamente bom. A vitória
final do bem costuma ser apresentada com base em sinais bíblicos, como um reino de Deus ou
de Cristo durante mil anos. Tais movimentos apocalípticos–milenistas surgiram no judaísmo e
no cristianismo até nossos dias e apresentam diversas modalidades.
Conversionistas ou revolucionários. Para outros, o mundo está pervertido pela maldade quer
seja dos indivíduos, quer seja da sociedade, mas é remediável com a condição de atuar logo
para mudá-lo. No primeiro caso, a mensagem é a conversão pessoal; no segundo, a ação para
mudar as formas de coexistência, as leis, as instituições sociais. Assim, surge um tipo com duas
modalidades: conversionista ou revolucionária. Os primeiros abundam no cristianismo, e sobre
tudo no protestantismo com os “revivals” (ondas de renovação) e o pentecostalismo; no
catolicismo são firmados na fundação de novos institutos religiosos ou em movimentos como
o da renovação carismática. Os segundos se expressam, sobretudo, no catolicismo atual, quer
seja na imposição de estruturas autoritárias e centralizadoras, quer seja, pelo contrário, na
criação de formas comunitárias novas, como as comunidades de base e de libertação, que
aspiram a que as estruturas hierárquicas da Igreja sejam mais populares e mais comprometidas
social e politicamente.
Curacionistas. Para esses, o mundo tem ao mesmo tempo aspectos bons e maus, mas enquanto
algumas pessoas parecem aproveitar sempre da felicidade e do sucesso, outras são alvos de
todos os males: enfermidades, pobreza, fracasso. Então, a mensagem se dirige não à sociedade,
mas ao indivíduo, para lhe oferecer a cura de seus próprios males antes de pensar em mudar o
mundo. O resultado é a profusão de movimentos taumatúrgicos ou de cura, e toda uma série de
práticas destinadas a desenvolver no indivíduo a capacidade de prevenir o a recaída nele. Vão
desde a técnica de ioga até práticas de ocultismo, magia, espiritismo, adivinhação, etc.
Gnosis. Para outros, finalmente, a ordem que parece reger o universo de fato não existe; já
terminou e nos encontramos nas árvores de uma ordem totalmente nova (a “Nova Era”), que
ainda é oculta, mas na qual se deve entrar. Os movimentos deste tipo se agrupam sob o conceito
de “gnose”, que segundo foi dito antes, é conhecido desde os primeiros tempos cristãos e
apresenta dois traços comuns: uma interpretação do universo totalmente distinta da que dão as
religiões tradicionais, e a aspiração a desenvolver mediante doutrinas esotéricas energias
latentes, com as quais cada um pode alcanças, por si mesmo, a felicidade ou “salvação”.
Em resumo, os MR não são um fenômeno novo nem ocasional, mas constituem a fase
inicial no processo de organização de todas as religiões. Estas começam sempre como
movimentos e, portanto, como Seitas, e se conseguirem se consolidar, terminarão sendo Igrejas.
A Missão Islâmica mundial mudou seu centro de atividades da África para a América
Latina. Em setembro de 1992 fundou na Bolívia a “Sociedade para a difusão do Islamismo” e
centros análogos em Caracas e Santiago do Chile. O Imã da Arábia Saudita, Bakr Chamess,
ativo desde meados dos anos 80 nos bairros pobres de Caracas como “agregado social” de sua
embaixada, inaugurou ali o “Centro Islâmico para Venezuela”. O Centro Islâmico tem por
objetivo “anunciar o único e verdadeiro Deus de Abraão (em árabe: Ibrahim) entre os cristãos,
extraviados com o anúncio de outras pessoas divinas (Trindade)”.
SEITA DESTRUTIVA
Existe um grupo de seitas que literalmente tem práticas daninhas ou perigosas, é
manipulador e destruidor da personalidade humana por meio do uso da técnica de “lavagem
cerebral”, por exemplo. Há uma liderança tão forte que as pessoas têm que obedecer cegamente.
Isolam os membros de suas famílias e de suas amizades anteriores e os conduzem, às vezes, a
suicídios massivos. As pessoas são alienadas por pressão moral e condicionamento psicológico.
Alguns exemplos de seu proceder poderiam ser: multiplicação de reuniões, sessões dedicadas
ao estúdio de documentos do grupo, culpabilidade sobre o passado, medo do futuro,
aprisionamento afetivo, sessões isoladas canalizadas para um bombardeio ideológico,
abdicação da decisão pessoal abandonada à vontade do “mestre”. Ao sair de uma destas seitas,
as pessoas precisam de atenção psicológica.
INTRODUÇÃO ÀS GRANDES RELIGIÕES DO MUNDO COMO PANO DE
FUNDO DE SEITAS E MOVIMENTOS RELIGIOSOS
Uma pessoa pode conversar com um sacerdote ortodoxo ou com uma lama que se
encontra do outro lado do mundo e que, talvez, jamais conheça. De fato, as aulas de religião
que nossos jovens estão recebendo, se é que têm interesse, são na maioria das vezes na Internet
e nem tanto na escola dominical. Por isso, é realmente importante conhecer as crenças básicas
destas sete grandes religiões. De cada uma saem também as seitas e os movimentos religiosos.
AS RELIGIÕES MONOTEÍSTAS
CRISTIANISMO: ORTODOXO, CATÓLICO E PROTESTANTE
Não vamos entrar em uma descrição do catolicismo e do protestantismo porque são muito
familiares para nós, mas vamos, sim, nos concentrar um pouco mais na área menos conhecida
da igreja cristã, a ortodoxa.
A Igreja Ortodoxa
A Igreja Ortodoxa tem cerca de duzentos milhões de membros em vários países como
Bulgária, Romênia, Grécia, os Balcãs, a Rússia, Chipre, entre outros países. Eles afirmam ser
os únicos que têm a conexão direta com a igreja primitiva e veem os católicos como uma divisão
da igreja cristã original. A divisão ocorreu no ano de 1054 d.C.
Nos primeiros séculos, eles mantiveram seu culto em grego enquanto que a Igreja
Católica começou a usar o latim, prática que foi parcialmente abandonada depois do Concílio
Vaticano II (1962-1965). Os ortodoxos tomam como base de sua teologia o decreto nos
primeiros sete conselhos ecumênicos que foram celebrados entre 325 e 787 d.C. e definiram as
doutrinas básicas da igreja.
Essa é uma igreja cuja ênfase é cristológica. A relação com Cristo é vista como
primordial. Cristo é o cabeça, enquanto a igreja é seu corpo. Eles se interessam muito pela pré-
existência de Jesus como o verbo divino, a encarnação de Jesus, sua vida terrena, a morte, a
ressurreição, a ascensão e a glorificação. Celebram mais a ressurreição de Jesus que sua morte
já que a veem como um ato de grande vitória de Deus. A igreja Católica e a protestante tendem
a enfatizar a situação legal entre o cristão e seu Deus. A necessidade da cruz para acertar nossas
dívidas com Deus. Enquanto que a ortodoxa enfatiza a obra de Cristo como algo ainda mais
cósmico.
A Igreja Ortodoxa não tem um Papa, mas tem Patriarcas que governam sobre países, mas
são autônomos. Veneram ao Patriarca de Istambul (Constantinopla), mas ele não tem o poder
de um Papa. Os ministros podem se casar mesmo que alguns escolham não fazê-lo. O batismo
é por imersão. E, por sua vez, os bispos são escolhidos entre os monges.
O que realmente distingue a ortodoxia é sua liturgia. A palavra ortodoxia quer dizer a
verdadeira adoração. Eles acreditam que toda a vida é adoração. Na adoração comunitária, é
usada a liturgia escrita por Juan Crisóstomo. A adoração na Igreja é quando juntos rendem
louvores, ações de graças e glórias a Deus como Igreja. A Santa Eucaristia é o centro da
adoração ortodoxa e mostram que Deus distribui a graça por meio desse sacramento. As igrejas
estão cheias de ícones de Jesus e cenas de sua vida e a vida dos santos que são considerados
como janelas ao céu, “não” como ídolos. Para ser salva, a pessoa precisa ter fé em Cristo, a
salvação não vem apenas por boas obras. A salvação é a fé trabalhando por obras, é um processo
de vida.
É importante destacar aqui que a Igreja Ortodoxa não foi uma igreja missionária. Seus
adeptos esperavam que as pessoas chegassem a seus templos para se converterem. Não
cruzaram os mares para fazer convertidos. No entanto, hoje existe um movimento grande,
especialmente no Ocidente em relação à Igreja Ortodoxa. É uma das denominações que está
crescendo nos Estados Unidos, por exemplo, talvez isso reflita o desejo da parte das pessoas de
cunho mais pós-moderno de buscar as mesmíssimas raízes do cristianismo e de sentirem-se
atraídas a um culto que reflete glória, reverência, enfatiza Jesus e está cheio de símbolos.
A Igreja Católica
A igreja católica é a maior parte do cristianismo, mesmo que devamos considerar que,
como no caso do Protestantismo, muitos católicos são apenas nominais. O bispo de Roma, o
Papa, é reconhecido como o Vigário de Cristo. Ele é, segundo eles, o representante de Deus no
mundo. O Papa é o cabeça da hierarquia de bispos e sacerdotes entre os quais os cardeais têm
a responsabilidade de escolher o novo Papa, quando necessário. Quando o Papa fala considera-
se que suas palavras são infalíveis, a plena autoridade. Desde o Concílio do Vaticano II,
celebrado entre 1962-1965, muitas mudanças foram introduzidas na igreja católica. A Bíblia
podia ser lida livremente, sendo assim, traduzida para diversas línguas e comercializada ao
alcance de todos. Os cultos deveriam ser celebrados nas línguas dos povos. Os outros cristãos
são vistos, desde aquele momento, sejam ortodoxos ou protestantes, como irmãos separados,
mas não como hereges.
Os católicos, celebram sete sacramentos. Segundo eles, na Missa, o pão e o vinho são
mudados misticamente no corpo e no sangue de Jesus, o que chamam de transubstanciação.
O movimento foi fundado no dia 2 de outubro de 1928, por José María Escrivá, um
sacerdote espanhol canonizado por João Paulo II, no dia 6 de outubro de 2002. É uma
organização grande com cerca de 85.430 membros em oitenta países e com oficinas centrais
em Roma. Objetivou contribuir com a missão evangelizadora da igreja chamando o povo à
santidade e ao apostolado. Chama a todos os crentes a viver uma vida consequente com suas
crenças em meio às circunstâncias de suas vidas.
A missão de Opus Dei, nas palavras do seu fundador é: “ajudar aos cristãos leigos que
formam a verdadeira textura da sociedade civil, a compreender que sua vida é um caminho de
santidade e apostolado”. O único propósito de Opus Dei é pregar o evangelho. E para aqueles
que entendem este ideal de santidade, o trabalho oferece assistência espiritual e o treinamento
doutrinário, acético e apostólico que se requer para colocá-lo na obra.
No dia 28 de novembro de 1982, a Igreja Católica legalizou Opus Dei como uma Prelazia
pessoal. O propósito desta Prelazia era assistir aos membros em sua vida de piedade e
compartilhar a mensagem de Deus de que os cristãos são chamados para serem santos em
virtude de seu batismo e valorizando seu trabalho diário. Podem ser membros de Opus Dei
leigos e clérigos.
O Opus Dei recebeu tantos elogios como severas críticas. João Paulo II os animou porque
depois do Concílio do Vaticano II, a Igreja Católica está colocando mais ênfase no lugar dos
leigos. Bento XVI expressou que Opus Dei tinha uma mensagem extremamente importante.
Logo, é apresentada uma lista de comentários positivos e negativos:
• Através do valor santificador do trabalho para as massas, os leigos têm uma genuína
espiritualidade leiga. Eles podem chegar a ser santos, que é uma mudança radical de postura
católica. Antes apenas clérigos e monges podiam chegar a ser santificados.
• Opus Dei é o grupo mais controverso na Igreja Católica hoje em dia, já que usa seu poder
para manipular e avançar sua agenda.
• Opus Dei é herege porque demonstra o caminho da santidade aos leigos.
• Opus Dei opera como uma sorte de movimento maçônico cristão.
• Opus Dei é um movimento fundamentalista e conservador que tem poder na Igreja
Católica.
O que deve ser criticado sobre Opus Dei não são seus ensinamentos, mas sim seus
métodos de trabalho. Tendem a intimidar as pessoas, recorrendo a técnicas de manipulação para
conseguir resultados. Colocam muita pressão sobre seus membros. Exercem excessivo controle
até o uso, às vezes, de ameaças. Este elemento de controle e pressão é o que pode ser criticado.
Muitos membros de Opus Dei exercem posições de influência nos governos do mundo e tem
medo da autoridade que poderiam exercer. Mesmo que Opus Dei seja de cunho conservador
nas partes eclesiásticas, não pretende ter filiação política. Seus membros podem aliar-se a
qualquer partido político. No entanto, muitos apoiam a direita de forma radical.
Opus Dei se recusa ser chamado de seita por duas razões: uma teológica e a outra de
índole sociológica. A seguir, veremos ambos os aspectos:
• Do ponto de vista da teologia: Uma seita segundo a Igreja Católica é um grupo não
reconhecido pela Igreja. A Igreja Católica canonizou seu fundador e, portanto, tem
reconhecimento oficial.
• Do ponto de vista sociológico: muitos críticos de Opus Dei não são cristãos. Reagem ao
fato de que os leigos podem ter ajuda para viver sua vida cristã. As críticas têm um foco ao
ódio aos católicos.
A maior parte do trabalho desta Prelazia é feita pelos leigos entre suas amizades e
companheiros de trabalho. Juntam-se para retiros e classes na doutrina católica. Têm indicativos
sociais: Opus Dei opera vários hospitais, clínicas, colégios e centros de ensinamento em áreas
pobres socialmente nas grandes capitais.
O Opus Dei é um movimento religioso de leigos muitos dos quais exercem influência por
seu status na sociedade. Os métodos parecem ser, às vezes, autoritários. Do nosso ponto de
vista, isso implica uma recusa à teologia liberam e uma ênfase na vida de santidade que é
louvável. No entanto, ao mesmo tempo são católicos conservadores que exercem uma
influência no Vaticano e outros lugares. O que parece preocupar as pessoas é que é um
movimento bem organizado, com um elemento secreto que pode exercer poder.
A Igreja protestante
Existem diferentes tipos de igrejas. Em primeiro lugar, estão as igrejas confessionais que
surgiram no tempo da Reforma que são as igrejas: luterana, anglicana, reformada, presbiteriana
e menonita. Durante os primeiros séculos, a partir destas igrejas surgiram outras como uma
segunda geração, por exemplo, os batistas, os metodistas, o Exército da Salvação, a Igreja
Congregacional, os quakers, dentre outros. No século XX, nasceram as Igrejas da Santidade, às
quais pertence a Igreja do Nazareno e as igrejas pentecostais. Os pentecostais têm o que eles
chamam de três ondas. Primeira onda, os pentecostais tradicionais como, por exemplo, as
Assembleias de Deus, na primeira parte do século XX. Logo, pelo movimento carismático teve
outra onda que afetou mais que tudo as pessoas dentro das denominações.
JUDAÍSMO
O judaísmo é a mais antiga das três grandes religiões monoteístas do mundo. Existem
aproximadamente catorze milhões de judeus no mundo dos quais seis milhões vivem em Israel.
Eles acreditam em um só Deus criador e Senhor do mundo, que é transcendente e eterno.
Conhece tudo, vê tudo e revelou sua vontade na lei ou Torá. O povo judeu foi escolhido para
ser luz para as nações. A nova nação de Israel foi estabelecida por decreto das Nações Unidas
em 1948.
A história dos judeus depois da queda de Jerusalém até o estabelecimento da nação atual
de Israel é uma história de dificuldades e perseguições. Eles foram perseguidos pelos cristãos
por ser um instrumento na morte de Jesus, muitos dos países onde viviam foram tomados pelos
muçulmanos, com quem viviam tranquilos cotidianamente.
Um dos episódios mais tristes na história dos judeus é o holocausto, em que seis milhões
de judeus foram exterminados por Hitler e o regime nazista.
Judeus ortodoxos. Preservam o judaísmo tradicional, cada detalhe da vida do judeu ortodoxo
é governado pela lei. Apreciam a função do rabino como mestre e o intérprete da lei. Põem
grande ênfase na educação. A maioria dos judeus ortodoxos é sionistas e apoiam o estado de
Israel. Muitos esperam a vinda do Messias. Demandam muito em termos éticos e ritualísticos
de seus adeptos.
Judeus reformados. Este grupo tem uma interpretação mais liberal de sua religião. Traduziu a
liturgia judaica aos idiomas dos povos. Introduziram instrumentos musicais ao culto.
Abandonaram as regras alimentícias. Representa a ala mais progressista do judaísmo atual.
Enfatizam mais os ensinamentos éticos do Antigo Testamento que as leis rituais. Se observam
uma lei não é porque Deus mandou, mas porque tem sentido para o homem de hoje.
Judaísmo conservador. Este grupo se sentiu incomodado com a atitude liberal dos reformados.
Querem manter as tradições. Enfatiza os elementos positivos da tradição histórica.
Os hasidim. Eles são ultraortodoxos, vivem isolados do mundo gentil. Vestem-se de preto,
levam chapéus negros e têm o cabelo arrumado em rolos compridos de ambos os lados de sua
cabeça. Somente os homens participam em seus cultos em danças alegres e empolgadas que
expressam uma devoção apaixonante para Deus.
Os judeus messiânicos são uma organização criada em 1979. Creem em Jesus ou Yeshua
(seu nome em hebreu) como seu Senhor e Messias, mas decidiram ficar na tradição judaica.
Formaram uma aliança nos EUA chamada a Aliança de Judeus Messiânicos da América com
base em três princípios:
- Dar testemunho sobre a existência de um grupo crescente de judeus que acreditam em Jesus
como seu Messias e o Salvador do mundo.
- Unir pessoas judaicas e não judaicas em uma organização coerente que compartilha a visão
para o avivamento dentro do judaísmo.
Estima-se que poderia haver cem mil sinagogas nos EUA que são de judeus messiânicos.
ISLAMISMO
O Islamismo é a segunda maior religião do mundo e está em pleno crescimento. O
Islamismo9 quer dizer “submeter-se a Alá”10. O muçulmano é uma pessoa que vive sua vida
segundo a vontade de Deus. Proclama a existência de um só Deus Todo-poderoso: Alá, quem
deve ser adorado, sem sacerdotes, nem imagens, sem sacrifícios e sem cerimônias. Repetem
várias vezes por dia “Eu afirmo que existe apenas um só Deus e Maomé é seu profeta”.
A vida do profeta
Maomé (570-632 d.C.) nasceu em Meca (uma cidade que agora se encontra na Arábia
Saudita). Sua família era muito pobre e com pouca idade ficou órfão e teve que viver sob o
9 http://www.webislam.com
10 Alá o nome árabe para Deus o pai, equivale ao hebraico Yavé
amparo de seus parentes. Aos 25 anos, era chefe das caravanas de uma viúva rica chamada
Khadija que lhe propôs casamento. Depois de seu casamento, como homem rico, chegou a ser
uma pessoa importante na comercio da cidade de Meca.
Maomé era uma pessoa com inclinações espirituais, aos 40 anos, um período de depressão
espiritual o isolou a uma cova no deserto onde, segundo ele, escutou a voz do anjo Gabriel que
lhe revelou as palavras de Alá. Mas, como Maomé era analfabeto ditou suas visões a um
secretário que as escreveu sobre ossos e folhas de palmeiras. Essas revelações são as que foram
reveladas posteriormente, quando foi escrito no Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos que
segundo Maomé e seus seguidores representam uma cópia fidedigna de um livro que está no
céu que declara a vontade absoluta de Deus.
Regressou à Meca convencido de que tinha uma missão como profeta de Deus. Começou
a pregar o juízo de Deus e a ressurreição. Falou contra o politeísmo da cidade e os habitantes
começaram a 43meaça-lo. Então, no ano de 622 foi para Medina, uma cidade que fica a 300
quilômetros ao norte, com setenta homens e suas famílias onde fundou a comunidade
muçulmana. O calendário muçulmano data deste dia quando Maomé emigrou para Medina, a
partir de Meca. No princípio, ele pensou que os judeus o apoiariam, mas como não aconteceu,
os expulsou da cidade. Em 630, tomou a cidade de Meca e limpou todo rastro de idolatria.
Tratou seus inimigos com generosidade e ganhou a maioria deles para a causa do Islamismo.
Quando as pessoas viajam hoje para Meca em peregrinações é para recordar a batalha ganha
sobre os ídolos e imagens em Kaaba11, uma pedra negra e agora o ponto focal do Islamismo.
Dois anos depois que Maomé morreu deixando o Alcorão nas mãos do povo. No início,
o povo ficou desamparado por causa de sua morte, mas seu sucessor Abu Bakr sabiamente lhes
disse: “o que honra Maomé deve saber que ele está morto, mas o que honra ao Deus de Maomé
deve saber que ele é imortal e vive”. E assim Maomé morreu como profeta de Alá e os
muçulmanos nunca lhe adoraram.
O Alcorão
O Alcorão fala de Jesus como um dos profetas. Fala de seu nascimento virginal, mas
negam sua deidade. Seguem os ensinamentos gnósticos ao afirmar que Jesus foi substituído por
outra pessoa que morreu em seu lugar. O Jesus espiritual foi levado para Deus. Acreditam na
11
A Kaaba, o santuário em Meca para onde todo muçulmano aponta quando ora .
segunda vinda de Jesus como Messias. Acreditam no único Deus digno de nossa adoração, nos
anjos, no livro que vem de Deus, nos mensageiros e profetas mandados por Deus, no juízo final
e a ressurreição, e finalmente no destino. Os mensageiros são mais importantes que os profetas
e incluem Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Maomé que foi o último mensageiro.
Não existe muita evidência de contato que Maomé poderia haver tido com os cristãos
além de talvez grupos gnósticos. Tinha a ideia de que a Trindade cristã tinha a ver com Deus,
o Pai, Jesus, o Filho e Maria, a mãe de Jesus. O Espírito de Deus é mencionado, mas não como
parte da Trindade cristã. Recusam toda ideia de Trindade e pensam que os cristãos são
politeístas.
O Islamismo é uma região muito simples cuja base principal é a obediência e a submissão
a Deus. Existem cinco pontos cardinais, os cinco pilares do Islamismo.
Os pilares
A oração. O muçulmano devoto ora olhando para a direção de Meca. As orações invocam Alá
e repetem partes do Alcorão. Ao finalizar cada oração, repetem “Existe um só Deus e Maomé
é seu profeta”
Dar esmola. O bom muçulmano dá uma boa proporção de seu dinheiro para atender os pobres.
Este pilar representa a compaixão e a ação social. Tem a ver mais com a qualidade das dádivas
do que com a quantidade. É misericordioso em dar e bondoso para ele mesmo assim como para
as pessoas que o recebem.
O jejum. Durante o mês do Ramadã12 (que comemora a recepção da revelação por parte de
Maomé) nenhum muçulmano saudável come entre o nascer e o por do sol. O motivo primordial
deste jejum consiste em uma disciplina pessoal e uma oportunidade de dar graças a Deus.
Peregrinação para Meca. Segundo o Alcorão, Abraão com a ajuda de Ismael, seu filho mais
velho, construiu a Kaaba, o ponto central do santuário de Meca. A pedra negra parece ser um
meteorito e para alguns caiu do céu mesmo. Cada muçulmano deve ir pelo menos uma vez,
durante a vida, à Meca onde, cada passo em direção à Kaaba, limpa o pecado. Cada peregrino
se veste de túnica branca que simboliza a pureza de Deus.Todo ano, mais de dois milhões de
12 O Ramadã é o mês lunar islâmico no qual todo muçulmano deve jejuar durante o dia.
muçulmanos fazem a peregrinação especialmente no décimo segundo mês muçulmano, o mês
da grande peregrinação. Acredita-seque Abraão foi sepultado em Meca.
Islamismo e Cristianismo
O Islamismo tem em comum vários conceitos com os cristãos. Acreditam em Deus Pai,
Criador do Universo, Santo, Onisciente e Onipresente, que ama o mundo, é compassivo, mas
que vai julgar o mundo pelos pecados cometidos. O mundo acabará um dia e Deus vai julgar a
todos. Haverá uma ressurreição que conduziria à condenação para alguns e para outros o paraíso
representado no Alcorão como uma espécie de “super oásis”.
O futuro do Islamismo
1. A secularização. Em muitos países muçulmanos, por exemplo, Turquia, Túnez, Somália, entre
outros, os governos secularizaram as leis. Em realidade, isto reduz o Islamismo a um assunto
de religião pessoal do indivíduo com Deus em vez de uma religião moldada e controlada pela
sociedade. Muitos muçulmanos que vivem em países não muçulmanos estão sendo
secularizados.
2. A revolução radical. Todos estamos conscientes das notícias sobre o Irã, Afeganistão, Iraque e
Sudão que nos dá conta que existe um grupo de fundamentalistas islâmicos que, sentindo o
perigo da secularização, estão reagindo de uma forma agressiva. Os talibãs e a Al Qaeda caem
neste grupo. Bin Laden, que foi treinado pela CIA dos Estados Unidos para lutar contra os
russos no Afeganistão, criou uma rede terrorista de muçulmanos fanáticos que querem, a todo
custo, castigar as atitudes “liberais e imorais do Ocidente”. É uma minoria dentro do Islamismo,
mas faz com que se escute sua voz e que sinta sua presença em nossa pequena aldeia global
3. O caminho do meio. Este grupo se opõe à secularização, mas também não usaria a violência. É
bastante provável que o Islamismo não vá desaparecer se for secularizado, muito menos vai
retomar seu passado primitivo como querem os talibãs. Ele seguirá evoluindo, adaptando-se em
seu novo ambiente em nosso mundo contemporâneo.
Seitas no Islamismo
Os xiitas. Quando Maomé morreu, havia um grupo que pensava que ele havia deixado 12
seguidores chamados “imanes”. Legitimaram uma linha direta familiar com Maomé começando
com seu primo e genro e filho adotivo, chamado Ali, e logo depois os dois filhos de Ali, Husain
e Hasan. Seguido pelos descendentes de Husain. Estes eram os primeiros doze líderes da
comunidade xiita. Eles acreditam que Maomé os designou por nome e que herdaram uma
habilidade especial de interpretar o Alcorão. Esta família com seus seguidores leais e
representativos têm controle político sobre os xiitas. A denominação Xiita começou quando Ali
e seu filho Husain foram martirizados em 661 d.C. Os imanes dizem ser sem pecado,
absolutamente infalíveis e possuem autoridade religiosa completa. Acredita-se que existe ainda
um imane, o décimo segundo que não morreu, ocultou-se e retornará em forma messiânica.
Então, virá o fim do mundo. A maioria dos xiitas está no Irã e Iraque e seus líderes se chamam
“aiatolás”, que representam autoridade espiritual em suas comunidades. Existem vários lugares
santos onde fazem peregrinações.
Existem duas grandes religiões ou movimentos religiosos que têm sua base no Islamismo: Os
Baha´i e os Sihks. Vamos desenvolver alguns conceitos dos Baha´i, um movimento presente na
América Latina.
Fé Baha´i
A Fé Baha´i foi desenvolvida sobre a base dos ensinamentos dos líderes religiosos do Irã
durante o século XIX. O primeiro, Mirza Ali Mujamed (1850-50) autodenominado Bab
(traduzido por “a porta e o portão”), achou que era o último em uma longa lista de líderes
espirituais. Teve alguns seguidores, mas foi assassinado pelo governo persa (iraniano) pela
suposta cumplicidade em uma tentativa de assassinar Shah, o governador. O segundo grande
líder, Mirza Hussain Ali (1818-92), teve muita influência, ele se autodenominou Baha´u´llah
(ou seja, “a glória de Alá” ou Deus). Em 1863, declarou que era a manifestação de Deus prevista
por Bab. Sua missão da parte de Deus era redimir o mundo, mostrar e interpretar a vontade de
Deus para a nova época. Sua mensagem foi impopular no Irã e foi perseguido, preso e exilado
por suas crenças. Depois de sua morte, seus seguidores começaram a crescer e hoje em dia o
Movimento Baha´i é representado por mais de setenta mil centros em todo o mundo.
Ensinamentos da Fé Baha´i
Se é que aceitamos que a terra é um único país, e a humanidade, seus cidadãos, que a
humanidade é um organismo vivente cuja saúde depende da saúde de cada um de seus membros,
que a espécie humana é uma e que aos olhos do Criador todos seus filhos são iguais, então, em
nosso afã de ver as implicações deste pensamento, veremos como o Deus único se manifesta
aos homens por intermédio dos profetas, conhecidos também como os mensageiros de sua
palavra e com suas manifestações.
Pode ser observado que o fundamento de todas as religiões é o mesmo. Disto se desprende
que a religião deve ser a base para estreitar os laços entre os homens. No entanto, se por religião
entendemos a imitação cega de costumes, tradições e ritos do passado, ou sustentar dogmas
irracionais, então é evidente que estes fatores têm sido a causa de separação, superstição e
fanatismo, que são inimigos da verdade e da dignidade humana.
Se for possível, apresente aos seus alunos o gráfico que lhe oferecemos na próxima página,
para esquematizar as crenças da fé Baha´i sobre Deus e as outras religiões.
1. O aspecto espiritual;
2. O aspecto prático;
Algo que é especial para o estabelecimento da Nova Ordem Mundial enunciada por
Bahá´u´lláh é a eliminação de todos os preconceitos.
Todas as religiões ensinam que devemos amar uns aos outros, que devemos ver nossos
próprios defeitos antes de ter a pretensão de querer condenar as faltas de outros e que nunca
devemos nos considerar superiores a nossos vizinhos.
Um dos mais desafiadores ensinamentos Bahá´ís é que nenhum sistema econômico pode
ter o sucesso desejado se não estiver fundamentado em algo que nós consideramos uma das
maiores leis da criação: a unidade do gênero humano. Ou seja, todos os homens formam uma
única espécie, uma única família, sob o cuidado do Criador, e habitamos em um lar comum, a
terra.
Um idioma universal. “Os homens já não estão isolados como nos tempos antigos. Hoje, para
estar em estreita relação com outros países, é necessário falar seus idiomas. Uma língua
universal possibilitaria o intercâmbio entre todas as nações. Desta maneira, seria necessário
aprender dois idiomas: o de origem e o idioma universal. Este último nos permitiria comunicar
com todos os homens do mundo” (´Abdu´l-Bahá).
A paz universal. Desde a antiguidade, os profetas de Deus anunciaram a chegada de uma era
de “paz na terra e boa vontade entre os homens”, Bahá´u´lláh confirma estas profecias e anuncia
que esta é a época para seu cumprimento, mas que requererá os esforços dos homens para
conquistá-lo. “O plano da Paz Universal há de ser tal que todas as comunidades e religiões
encontrem seu mais alto anelo realizado nele...” (´Abdu´l-Bahá).
O deus hindu
Uma compreensão das crenças hindus sobre Deus é importante, mesmo quando não
conhecemos a ninguém hindu ou nenhuma pessoa da Índia, porque todos estamos em contato
com o movimento da Nova Era, e esta toma suas ideias sobre Deus a partir do hinduísmo. O
que acreditam, então, os hindus sobre Deus? As antigas porções das escrituras hindus,
conhecidas como os Vedas, descrevem uma quantidade de deidades que, em sua maior parte,
são personificações de fenômenos naturais, como as tormentas e o fogo As orações e os
sacrifícios sacerdotais são oferecidos a estes deuses. Um amplo sistema de rituais e sacrifícios
sacerdotais foi desenvolvido com o tempo e serviu como meio de obter a benção destes deuses.
Muitos dos Upanishads15, em vez de falar de uma multidão de deuses, referem-se a uma
realidade última mais além da nossa compreensão, chamada brahma16. Mesmo que o brahma
seja impessoal em sua natureza, ás vezes é referido em termos pessoais como o nome de Isvara.
Junto com esta ideia de uma única realidade divina, os Upanishads também ensinam que o
núcleo de nosso ser (chamado de “Atman”17 ) somos idênticos a esta última realidade.
14 Sânscrito, o idioma do povo ário. Um idioma indo-europeu relacionado ao latim, grego e persa.
15 Upanishads, últimos escritos em sânscrito dos vedas índios. Escritos entre 800 e 400 a.C.
16 Braham, a realidade absoluta, o divino.
17 Atman, palavra em sânscrito para alma.
18 Monismo, crença de que tudo é um.
19
Panteísmo, crença de que tudo o que existe é divino.
grande transformação no hinduísmo, alentada particularmente pela escritura do Bhagava
Gita20, o “Novo Testamento” do hinduísmo. O Gita descreve as façanhas do deus Krishna21.
Desse tempo em diante, essas duas correntes principais do pensamento e a prática hindu
cresceram e desenvolveram a corrente mais intelectual e filosófica que enfatizava a unidade de
todas as coisas, e a corrente que enfatizava a devoção pessoal a um deus. A última corrente
predominou entre as pessoas comuns da Índia até o dia de hoje.
O deus principal entre os que são venerados desta forma é Brahma (o criador), Vishnú (o
preservador) e Shiva (o destruidor). Na Índia existem muitos templos dedicados a Shiva22 (ou
a uma das suas “esposas”, como Kali), ou a Vishnú23 (ou a uma de suas dez encarnações,
conhecidas como avatares). No total, dizem que o hinduísmo afirma ter 330 milhões de deuses
e deusas. Alguém poderia se perguntar como tal multidão de crenças sobre o divino poderia
chegar a coexistir em uma religião, mas não coexistem. Existe, no entanto, um reconhecimento
estendido de que ninguém dos deuses pessoais do hinduísmo é exclusivo ou único em nenhuma
forma. São todas simplesmente diferentes de conceber a única realidade por trás de todas as
coisas-Brahmán.
A seguir, devemos dirigir nossa atenção para duas crenças centrais dos hindus: a que
acredita na fonte do mal e do sofrimento, e a que acredita na vida depois da morte.
O Karma
Samsara24
1. Respeito pela vida. Estreitamente associada com a doutrina da reencarnação está a do “ahimsa”
ou de não machucar as pessoas vivas. Este é um valor moral central do hinduísmo, a proteção
de toda vida (que é, em última instância, divina), e é a principal razão pela qual alguns hindus
são vegetarianos.
2. Sistema de castas. O sistema de castas também está associado com a reencarnação. Segundo o
ensinamento hindu, existem quatro castas ou classes sociais básicas (e milhares de subgrupos
das castas). Cada uma tem suas próprias regras e obrigações relacionadas praticamente com
cada uma das facetas da vida. Acima de tudo estão os brahmanes ou sacerdotes. Segundos na
hierarquia são os guerreiros e os governantes. Terceiros são os comerciantes e os agricultores.
Abaixo desses, está a classe trabalhadora. A salvação só é possível para as três castas superiores,
as que são chamadas de “nascidas duas vezes”. Fora do sistema de castas estão os intocáveis
ou párias. Mesmo que este sistema tenha sido proscrito no final da década de 1940, muitos no
campo ainda são considerados párias. A casta de uma pessoa está determinada ao nascer por
seu próprio karma pessoal. Portanto, as tentativas de conseguir uma mudança social ou de
melhorar a posição social própria pareceria ir contra a lei do karma e ao sistema de castas. Não
é estranho que o principal objetivo do hindu seja experimentar a liberação deste ciclo de morte
e renascimento causado pelo karma. Os hindus chamam esta libertação de moksha.
3. Formas de salvação hindu. O principal objetivo no hinduísmo é conquistar a libertação do
ciclo de reencarnação causado pelo karma por consequência das ações passadas.
O primeiro é o caminho das obras, o karma yoga. Este é um caminho muito popular de
salvação e coloca ênfase na ideia de que a libertação pode ser conquistada cumprindo com os
deveres próprios e familiares e, desta forma, vencer o peso do karma ruim que foi acumulado.
O Código de Manu detalha muitas dessas regras. As mais importantes entre essas regras são
certos ritos que são cumpridos em distintas etapas da vida.
25
Dharma, ordem cósmica, a lei da existência e o comportamento correto.
que somos seres individuais e não indivíduos com a realidade divina última, chamada brahma.
Essa ignorância que faz surgir nossas más ações que dão como resultado um karma ruim. A
salvação se conquista ao obter um estado de consciência no qual nos damos conta de nossa
identidade com brahman. Isto se conquista mediante a meditação profunda, às vezes como parte
da disciplina da yoga.
O nome popular “Hare Krishna” vem da oração que repetem em forma de mantra que foi
escrito em 1486 d.C. O som repetido HARE KRISHNA, HARE KRISHNA, HARE KRISHNA,
HARE, HARE, HARE RAMA, HARE RAMA, RAMA, RAMA, HARE, HARE gradualmente
introduz um estado alterado de consciência ou êxtase quando eles pensam que estão se unindo
com o deus Krishna.
Os devotos acham que Krishna é uma forma de Vishnu, e por isso a forma mais alta de
Brahmán, e sua esposa Radha é a encarnação do amor.
26 http://giridhari.com.br/o-que-e-hare-krishna/
4. Ensinar o que Mahaprabtu lhes confiou sobre a devoção a Krishna.
5. Construir para os membros e para a sociedade em geral um lugar santo e transcendental
dedicado à personalidade de Krishna.
6. Juntar os membros para viverem juntos em um estilo de vida mais simples.
7. Publicar e distribuir jornais, revistas, livros e outros textos.
Maneira de crescer
São muito ativos e têm uma atitude missionária para sua causa. Saem às ruas para cantar
e vender seus livros. Segundo o ensinamento de Mahaprabhu não é necessário nascer em um
lar hindu para ser devoto a Krishna. Por isso, vemos muitos desta seita hindu na América Latina
onde vivem em comunidades, têm escolas e restaurantes, são vegetarianos, em relação aos
costumes: não podem jogar por dinheiro, ingerir álcool, praticar sexo fora do casamento e usar
drogas.
Resumo
Esta é uma seita hindu que se tornou muito popular no Ocidente. É comum em nossas
sociedades vê-los passar. É necessário advertir os jovens de nossas congregações que seguir a
um deus hindu não tem nada a ver com o Cristianismo e que pode não lhes fazer bem. A
salvação não vem através de um transe de êxtase induzido por orações repetidas a um deus
pagão.
BUDISMO
Seis por cento da população mundial, cerca de 376 milhões de habitantes do mundo dizem
ser budistas em países como Tibete, Sri Lanka, China, Japão, Tailândia, Vietnã, e Camboja,
entre outros. O budismo27 é uma reforma do hinduísmo. Siddharta Guatama nasceu no noroeste
da Índia ao redor do ano de 560 a.C., príncipe de nascimento, viveu em um palácio, casou-se e
teve um filho. Ele saiu de seu lar buscando respostas ao problema do sofrimento. Seguiu os
ensinamentos de alguns guias hindus, e viveu uma vida totalmente ascética, mas não encontrou
a paz que buscava. Foi um dia, quando se sentava debaixo de uma figueira, que recebeu sua
iluminação.
Os ensinamentos de Buda foram escritos 400 anos depois de sua morte no idioma pali,
em uma obra que se chama “o tripitaka” ou os “três cestos”. Seus ensinamentos representantes
uma simplificação do hinduísmo.
Para os budistas não existe sistema de castas. Não existem também castas sacerdotais
como brahmanes do hinduísmo. Acham em “samsara” o círculo da vida, a reencarnação. Acham
que o “karma” é a maneira como alguém é conduzido, uma energia que determina o futuro;
segundo o karma a pessoa progride no círculo da vida ou retrocede.
27
https://budismo.com.br/
O problema é o sofrimento. A salvação é sair do círculo das reencarnações e entrar no
Nirvana28. O budismo talvez não creia em um ser supremo, mesmo que existam grupos que
endeusam o Buda. Um aspecto importante do budismo é sua insistência na “não violência”. O
ensinamento de Buda tem a ver com a maneira de superar o sofrimento.
Praticado em Sri Lanka, Tailândia, Laos, Vietnã, e Birmânia entre outros. Buda é
considerado um grande mestre, mas não é divino. Para este grupo, as pessoas podem se salvar
do círculo sem fim de reencarnações seguindo os ensinamentos de Buda. Realmente os que se
salvam necessariamente têm que ser monges porque o caminho é muito rigoroso. Esta escola é
muito esotérica e realmente não existe muito campo para que a maioria do povo seja praticante.
Supõe-se que tem que esperar outra vida para ter a oportunidade. Seguem fielmente aos
ensinamentos de Buda da obra chamada “as três cestas”. O enfoque está na meditação correta
para tirar o desejo do coração e assim sair da roda de sofrimentos e alcançar o nirvana. Muitos
jovens passam um tempo de sua vida, especialmente antes de formar seu lar, em monastérios
como monges para aprender o caminho do budismo. Os monges recebem comida das pessoas,
que ganha mérito doando-a. Nestes países existe muita religião popular de índole animista.
Praticado no Tibete, Nepal, Japão, China, Mongólia e outros, este movimento dentro do
budismo é mais amplo, permitindo um fluxo grande de ideias. Convertendo o budismo de uma
filosofia a uma religião. Aqui, a salvação não é apenas para algumas pessoas especialistas, mas
também para todos. Nesta linha, Buda chega a ser uma divindade para alguns. A iluminação
está ao alcance de todos por meio da meditação. Cada pessoa deveria descobrir o buda que está
dentro deles. Nirvana é um estado de êxtase ao final do círculo da vida. Um dos princípios mais
fortes deste grupo é que é preciso mostrar compaixão. Neste grupo, muitos adeptos,
especialmente entre a massa do povo, veneram a imagem de Buda.
28 Nirvana, o estado onde não se sente mais desejo. É um estado além de qualquer existência
imaginado.
Dentro do Budismo Mahauana, existem dois grupos ou seitas importantes: os Zen29 e o
lamaísmo tibetano.
Budismo zen
Este ramo do budismo nasceu na China, mas existe muito no Japão onde se infiltrou
fortemente no mundo ocidental. Tem uma ideia básica de que cada pessoa tem um buda dentro
de si e deve buscar por meio da meditação seu ser verdadeiro, sorte e auto realização. Os zens
deixam de lado as escrituras budistas e a discussão filosófica para buscar a iluminação pessoal
por meio da prática rigorosa da meditação.
O lamaísmo tibetano
A religião de Tibete é ferozmente perseguida pela China comunista. O Dalai lama está
sem terras até agora e tem sua base na Índia. O budismo tibetano é esotérico e tântrico. Para
eles, é necessário um mestre para interpretar os textos, além disso, acham que a iluminação se
adquire por meio de repetições rituais e de frases ou mantras. Acreditam que em um grupo de
seres iluminados, que escapou para o círculo da vida, mas bondosamente ficam no mundo para
ajudar as pessoas. Os Dalai Lama são iluminados.
Doutrina
As doutrinas de Aleph se baseiam nas escrituras antigas budistas chamadas Pali Canon.
Além disso, usam outros textos do Tibete e do Taoísmo. Ela é uma mistura de várias tradições,
mas a deidade mais importante é Shiva, o deus hindu da destruição.
Para Shoko Asahara, o fundador do grupo, sua doutrina inclui as ideias das três escolas
budistas: Theravada, Mahayana, e tântrica Vajrayana. Praticam várias formas de yoga com
muita disciplina. O movimento tem leigos e monges.
O TAOÍSMO E O TAO
Neste momento, estima-se que existam cerca de vinte milhões de taoístas dos quais cerca
de trinta mil vivem na América do Norte. Tradicionalmente se considera que a filosofia do
taoísmo se originou na China com um homem chamado Lato-tzé. Mesmo que a maioria dos
estudiosos duvide de sua existência como figura histórica, a tradição afirma que viveu entre 604
e 517 a.C. sendo contemporâneo de Confúcio e Buda. Como diz a história, Lao-tzé entristecido
porque seu povo tinha pouca disposição para cultivar a bondade natural que é proclamada,
decidiu dirigir-se até o oeste e abandonar a civilização. No momento de sua partida, o guardião
da porta lhe pediu para escrever seus ensinamentos para o bem da sociedade. Lao-tzé aceitou,
isolou-se durante alguns dias e voltou com uma breve obra chamada Tao-Te-Ching, “O Clássico
29
ZEN: um movimento budista japonês. Um dos propósitos é encontrar harmonia em todos
os aspectos da vida por meio de técnicas de meditação.
do Caminho e seu Poder”. Esta obra contém 81 capítulos curtos que descrevem o significado
do Tao e a forma que deveríamos viver segundo o Tao.
A palavra Tao geralmente é traduzida como “caminho”, mas também pode ser
interpretada como “senda”, “sendeiro” ou “trajeto”. O principal objetivo do taoísmo filosófico
é “viver tentando conservar o dinamismo da vida, evitando desperdiçá-la de maneiras inúteis,
esgotadoras, representadas principalmente pela fricção e pelo conflito”. Isto se consegue
vivendo em harmonia com o Tao, o Caminho, em todas as coisas: a natureza, a sociedade, e nós
mesmos. Os filósofos taoístas têm um conceito particular que caracteriza a ação em harmonia
com o Tao, o chamam de wu-wei. Literalmente, isto significa “falta de ação”, mas na prática
implica não tomar nenhuma ação que seja contrária à natureza. Assim, a ação no modo de wu-
wei é a ação onde a fricção nas relações interpessoais, nos conflitos anteriores das psiques e
sobre a natureza se reduz ao mínimo.
No taoísmo filosófico, “Tao” é a palavra utilizada para sinalizar a realidade última. Tao
é essa realidade que existia antes de todas as demais coisas e deu lugar a todas as demais coisas,
incluindo o céu e a terra, e tudo o que há sobre ou dentro delas.
Os taoístas veem o Tao mais como um princípio do que como uma pessoa. Devemos
perceber como difere o Tao do conceito bíblico de Deus. A maior diferença é que o Tao é
impessoal enquanto que Deus é pessoal. O Tao é como uma força, princípio ou energia; o Deus
cristão é um ser pessoal. É crucial compreender que a realidade última não pode ser pessoal e
impessoal ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Consideremos as razões que existem para crer
que a realidade última é pessoal.
O taoísmo filosófico mostra que o Tao, ou a realidade última, são impessoais. Se isto for
visto assim, o que acontece então com a moralidade? Uma força impessoal pode ser fonte de
valores morais objetivos aplicáveis para todos os homens, em todo tempo e lugar? Uma força
impessoal é capaz de distinguir entre o bem e o mal? Ou são apenas os seres que podem fazer
esse tipo de distinção? O que acontece com esse sentido iniludível de obrigação que todos
sentimos de fazer o que é bom e evitar o ruim? Podemos estar moralmente obrigados a obedecer
a uma força impessoal? Ou por acaso essa sensação constante de obrigação moral que temos
não parece pressupor a existência de um Delegado Moral perante o qual somos responsáveis
moralmente? Essas perguntas são importantes na medida em que cada um de nós, se somos
sinceros, reconhece que há um a distinção objetiva entre o bem e o mal moral. As distinções
deste tipo não dependem definitivamente de nossas preferências ou sentimentos; são essenciais
para a mesma natureza da realidade. No entanto, o Tao não é capaz de fazer este tipo de
distinções, nem de servir de fonte destes valores morais objetivos. Somente um agente pessoal
pode cumprir estas funções. “A forma última do Tao está mais além das distinções morais”.
Na prática cotidiana, os taoístas têm um panteão de deuses que refletem a ordem imperial
chinesa, mas no céu e no inferno. Acreditam em espíritos territoriais e fazem uma série de
rituais com o fim de agradar-lhes para que não incomodem. Acreditam também nos espíritos
ancestrais e tratam de mantê-los também tranquilos em harmonia. Em países como Taiwan e
China, onde estão a maioria, existe uma mescla com o animismo.
XINTOÍSMO
O Xinto é um termo geral que designa as atividades que os japoneses desenvolvem para
venerar todas as deidades do céu e da terra, e tem sua origem em uma idade tão distante como
assim também é a história japonesa. Mesmo que o Xintoísmo seja uma religião nativa do Japão,
o próprio nome, Xinto, procede de uma palavra chinesa que significa “O caminho dos deuses”.
Os japoneses por si mesmos escolheram utilizar um nome chinês para sua religião porque nesse
tempo, faz mais de um milênio, o chinês era a única língua que tinha escrita no Japão, uma vez
que eles ainda não tinham desenvolvido a escrita em seu próprio idioma. A frase que significa
Xinto em japonês é Kami.
As práticas do Xinto
O Xinto reconhece muitos lugares sagrados: montanhas, árvores, etc. Cada santuário se
dedica a um Kami específico que tenha uma personalidade divina e responda às rezas sinceras
do fiel. Ao entrar em um santuário, passa-se por meio de um Torii, uma porta especial para os
deuses. Isto estabelece a demarcação entre o mundo finito e o mundo infinito dos deuses.
Por sua vez, os Mamori são encantos utilizados como ajuda curativa e de proteção. Estes
encantos são de diversas formas e servem para vários propósitos. Em muitos lares se dedica um
lugar central aos deuses como um altar chamado de “Kami-dana”.
Os Origamis (dobraduras de papel): essa é uma arte popular japonesa na qual se dobra o
papel para dar como resultado uma grande variedade de lindos desenhos. São vistos muitas
vezes ao redor dos santuários de Xinto. Por respeito à árvore da qual se extrai o papel para
construir o origami, ela nunca é cortada.
- Não há fundador, nem dogmas, nem código moral preciso. Admite um Deus supremo,
mas também outros deuses com aparência de animal.
- Sua moral se baseia na adequação da vida à vontade divina, rende-se culto aos poderes
espirituais e ao imperador. Existe mitologia.
Qual é a origem da religião do homem? Por que cada cultura do mundo adora a algum ser
divino? Os antropólogos e historiadores estudaram esta questão e, hoje, existem três teorias
primárias: a teoria subjetiva, a teoria evolucionista e a teoria do monoteísmo original.
A teoria subjetiva
Essa teoria ensina que a religião se origina com o homem. Os humanos têm uma
necessidade psicológica de um ser transcendente que traga significado e esperança para usa
existência neste vasto e impessoal universo. Quem adere a este ponto de vista acredita que este
caráter religioso existe por debaixo de nossa consciência consciente. As culturas têm distintas
visões da realidade de acordo com sua experiência, mas a consciência e o desejo da religião é
um fenômeno universal. Por tanto, concluem que esta disposição jaz em nosso subconsciente.
Em outras palavras, nossas crenças sobre um ser transcendente não são o resultado de realidade
ou interações externas como dito ser. E acima de tudo, estas crenças derivam de nossa psique.
A teoria subjetiva poderá nos ensinar sobre a natureza humana, mas não explica
adequadamente a origem da religião, ou de onde vem este desejo universal de conhecer e
compreender a Deus. O Dr. Winfried Corduan escreve: “Posso levar em minha mente
subconsciente uma representação abstrata de Deus, mas não posso, com base nisso, concluir
que não há nenhum ser objetivo que existe independentemente e que seja Deus. Deus pode ter
me criado com essa ideia para que eu possa me relacionar com Deus”31.
Todo efeito tem uma causa. Qual é a causa deste poderoso desejo ter uma relação com
Deus? Se somos os produtos de um criador divino, isso explicaria este impulso universal em
toda a humanidade por conhecê-lo, porque Ele colocou este desejo dentro de nós.
A Bíblia traz respostas às perguntas que a teoria subjetiva não pode responder. Gênesis 1
diz que somos criados à imagem de Deus. Portanto, fomos criados à imagem de Deus com a
intenção de que tivéssemos uma relação com Ele. Romanos 1:20 diz que todos os homens têm
gravado em seus coração um conhecimento de Deus. O capítulo 2, por sua vez, diz que nossa
consciência testifica que existe um doador da lei moral. O desejo de Deus é uma parte básica
da natureza humana.
30 Winfried Corduan. Neighboring Faiths. Downers Grove: Intervarsity Press, 1998. p. 22-23.
31 Ibid. p. 24.
A teoria darwiniana da religião
No período mais primitivo de uma cultura, a forma mais básica da religião começa por
uma sensação inata de que existe uma força espiritual. Esta força é impessoal e permeia toda a
criação chama-se “maná”, que deriva do nome dos habitantes de Melanesia lhe deram. O maná
pode estar concentrado mais intensamente em algumas áreas e objetos que em outros. Uma
árvore magnífica, uma rocha única ou um determinado animal podem conter a maior
concentração de “maná”.
O objetivo é manipular esta força de forma que a pessoa possa obter o resultado desejado.
Os objetos como paus ou bonecos, chamados feiches, podem conter esta força e serem usados
ou adorados.
Esta teoria tem vários problemas. O primeiro é que estas etapas de desenvolvimento
nunca foram observadas em realidade. Não existe nenhum registro de uma cultura que se
deslocou em sequência da etapa maná à etapa monoteísta, como descreve o modelo
evolucionista. Sobre o maná e o animismo, os proponentes evolucionistas esperam que as
culturas nestas etapas estariam livres do conceito de deus por completo. No entanto, este não é
o caso. As culturas animistas têm deuses, e a maioria acredita em um ser supremo. Finalmente,
existe evidência que indica que as religiões, na verdade, se desenvolvem na direção oposta ao
modelo evolucionista.
Monoteísmo original
O terceiro modelo para a origem da religião é o monoteísmo original. Esta teoria ensina
que a religião se origina quando Deus se revela a si mesmo ao homem. A primeira forma que
assume a religião é o monoteísmo, e a partir daí se desvia. O Dr. Winfried Corduan identifica
nove características da primeira forma de religião do homem:
Os estudos das culturas do mundo revelaram que cada uma tem um vestígio de crenças
monoteístas que são descritas segundo as nove qualificações do Dr. Corduan. As culturas que
são muito primitivas brindam algumas das evidências mais fortes do monoteísmo original.
Os antropólogos Wilheim Schmidt, autor do tratado de 4 mil folhas The Origin and
Growth of Religion (A origem e o crescimento da religião), e mais recentemente, Don
Richardson, autor de Eternity in Their Hearts (Eternidade em seus corações), documentaram
esse fato nas centenas de culturas que estudaram. Descobriram que as religiões de algumas das
culturas mais antigas eram monoteístas e que não praticavam nenhuma forma – ou uma forma
reduzida – de animismo ou magia. Em praticamente toda cultura de todo o mundo, a religião
de uma cultura específica começou com o conceito de um Deus criador masculino que mora
nos céus. Ele brindava uma lei moral mediante a qual as pessoas estravam em uma relação com
Ele. Esta relação era quebrada quando as pessoas eram desobedientes e, ao deteriorar-se a
relação, as pessoas se distanciavam do criador, e seu conhecimento dele se esvaía. Ao
distanciar-se mais da civilização, começavam a adorar a outros deuses menores. Em sua busca
por sobrevivência em um mundo cheio de forças espirituais, as pessoas desejavam o poder para
manipular as forças, ato que produziu um aumento do uso da magia.
Esta teoria encaixa muito bem com a que revela a Bíblia. Gênesis nos ensina que Deus
criou o homem, e que o homem viveu de acordo com seu conhecimento de Deus e suas leis. No
entanto, desde o primeiro ato de desobediência de Adão, a humanidade continuou seu caminho
pecaminoso distanciando-se de Deus. Paulo resume esta história em Romanos 1. A teoria do
monoteísmo original é a mais consistente com a Bíblia, e parece ter um forte apoio histórico.
32
Ibid., p. 33.
Quando a dinastia Zhou controlou a China entre os anos de 1066 e 770 a.C., o culto a Shang Ti
foi substituído pelo culto ao próprio céu, com o tempo, originaram-se mais três religiões na
China.
Em uma região ao norte de Calcutá, Índia, vivia o povo deus santal. Foi descoberto que eles
adoravam elementos da natureza. No entanto, antes que essas práticas se desenvolvessem, eles
adoravam a Thakur Jiu, o autêntico Deus que criou todas as coisas. Mesmo que soubessem que
Thakur Jiu era o Deus verdadeiro, a tribo deixou de adorá-lo e começou a envolver-se no
espiritismo e no culto a deuses menores que governavam algum aspecto da criação.
Na Etiópia, o povo gedeu é formado por milhões de pessoas que moram em diferentes
tribos. Este povo faz sacrifícios aos espíritos malignos por temor. No entanto, por trás dessa
prática está a crença mais antiga em Magano, o criador único e onipotente. Os incas, na América
do Sul, também tinham esta mesma crença. Alfred Metraux, autor de History of the Incas
(História dos Incas), descobriu que os incas adoravam orginalmente a Viracocha, o Senhor, o
onipotente criador de todas as coisas. A adoração de Inti, o Deus Sol, e outros deuses são
meramente desvios recentes de toda esta crença monoteísta.
Estes exemplos seguem a descrição de Paulo em Romanos 1, onde se diz que os homens
se separaram da adoração ao criador para adorar a criação.
Se o monoteísmo estiver certo, deveria afetar nossa estratégia para as missões.33 De fato,
esta teoria teve um impacto tremendo nas estratégias evangelísticas em todo o mundo.
O livro de Richardson, Eternity in Their Hearts, ilustra como esta teoria deu forma ao
esforço missionário na China e na Coréia. Na antiga China, o Senhor dos Céus era conhecido
como Shang Ti. Na Coréia, como Hanamim.
Os primeiros missionários cristãos na China chegaram no século VIII d.C. Nos anos que
seguiram, em vez de capitalizar o testemunho monoteísta residual que já existia no país, os
missionários impuseram um nome completamente estranho ao Deus dos céus. Colocaram
ênfase no fato de que o Deus da Bíblia era alheio e completamente distinto de todo Deus que
os chineses já tinham conhecido antes. Segundo escreve Don Richardson: “Quem tomou esta
posição causou um verdadeiro mal-entendido da verdadeira situação”34. Os missionários
católicos romanos adotaram novos termos como Tien Ju, Amo do Céu, ou Tem Laoye para
Deus no idioma chinês.
33
Richardson, Don. Eternity in Their Hearts (Ventura: Calif.: Regal Books, 1984), p. 33-71.
34
Ibid., p. 67.
Quando os missionários protestantes chegaram, debateram sobre a ideia de usar Shang Ti
ou outro termo para o Todo Poderoso. Alguns defendiam que deveria haver um novo nome para
algo novo. Aqueles que escolheram usar Shang Ti não aproveitaram o significado completo
detrás do termo. Como resultado, os missionários protestantes não tiveram um impacto tão
grande na China como tiveram na Coréia.
Paulo escreve em Atos 14: “No passado ele permitiu que todas as nações seguissem os
seus próprios caminhos. Contudo não ficou sem testemunho” (vv. 16,17). O fato de que todas
as culturas tenham este testemunho remanescente teve, ou deveriam seguir tendo, um impacto
no movimento missionário em todo o mundo.
Os mitos são relatos antigos que oferecem explicações sagradas sobre a origem de tudo
quanto existe: o mundo, os homens, o mal... Todas as religiões têm seus mitos.
1. Neste texto, narra-se a criação do homem segundo a tradição mesopotâmica. Qual foi
o processo de sua criação? Existem nesse relato alguns elementos que lembrem o
relato bíblico da criação?
Os deuses decidem criar o homem para que se encarregue de seu sérvio. Ea, deus das
águas, lhes dá este conselho:
Que um deus seja degolado, e que todos os deuses se purifiquem neste banho! Que com
sua carne e seu sangue Nintu (a deusa mãe) misture um pouco de argila de forma que deus e
homem fiquem mesclados juntamente com a argila! Que por esta carne de deus haja um
espírito!
Que por este signo se revele o homem como vivente, para que não se esqueça de que é
um espírito!
2. Este relato pertence à mitologia grega. Quando se pregunta, acredita que terá
resposta? Por que as religiões tratam de responder à pergunta pela origem do mundo,
dos deuses e do próprio ser humano?
No princípio era o Caos, uma massa não claramente definida, sem forma. Do Caos surgiu
a Mãe Terra e seu filho Urano a modelou tal como a conhecemos, com flores, árvores, animais
e pássaros. Da Mãe Terra e de Urano nasceram os Cíclopes, com um só olho e os doze
gigantescos Titãs, seis homens e seis mulheres. Urano olhava com horror para estes seus filhos,
e à medida que eles nasciam, ele os relegava as mais longínquas profundidades da terra. A mãe
os amava e se lamentava de sua sorte. Convenceu a Crono, o menor dos Titãs, de que se
vingasse.
Um dia, enquanto Urano dormia, Crono o feriu com uma foice dentada. Três gotas de
sangue de Urano caíram sobre a Mãe Terra e deram origem às terríveis Erínias ou Furias. Desde
então, Crono, com sua mulher Reia, reinou sobre os Titãs. No entanto, Urano, ao morrer, havia
previsto que um de seus filhos o tiraria do trono e reinaria em seu lugar. Crono vivia assim em
contínua suspeita e, como não podia destruir seus filhos porque eram imortais, os devorava
quando nasciam, mas sua mulher soube que ia nascer o sexto, retirou-se para Arcadia. Ali
nasceu Zeus. Reia o escondeu em uma cova e o confiou aos cuidados das ninfas Adrastea, Ida
e Amaltea. Haviam chegado os novos deuses.
Apesar de que as religiões históricas cobrem quase toda a terra, desde o ponto de vista
cronológico somente constituem a ponta do iceberg religioso, dado que sua existência aborda
menos de quatro mil anos, enquanto que as religiões que as precederam cobrem um período de
uns três milhões de anos. Durante este longo tempo, as pessoas viviam sua religião de uma
maneira distinta, que deve haver configurado suas sensibilidades de forma importante. Nós a
chamaremos de religiões primitivas porque foram as primeiras, mas também nos referiremos a
elas como tribais, porque seus grupos eram quase sempre pequenos, ou verbais, porque
desconheciam a escritura.
Esta modalidade de religião ainda existe na África, Austrália, no sudeste asiático, nas
ilhas do Pacífico, na Sibéria e entre os índios da América do Norte e do Sul. Seu número está
em queda, mas lhes dedicamos este capítulo final tanto para lhes render homenagem como para
contrastá-las com as religiões históricas que analisamos até aqui.
Qual foi, e ainda é, a religião desses povos que vivem em pequenas comunidades, à base
de economias de subsistência, produto direto de seus próprios esforços e sem depender da
escritura? Sem pretender fazer-lhes justiça e evitando ao máximo as diferenças continentais e
intracontinentais entre eles, trataremos de fazer uma ideia da religiosidade humana em seu
modo mais primitivo. Isto implica fazer um exercício mais que acadêmico, porque podemos
estar seguros de que em nosso inconsciente profundo perfilam restos deste modo primitivo.
Também existe a possibilidade de que aprendamos algo destas religiões, já que as tribos podem
ter mantido vivas ideias e virtudes que as civilizações urbanas e industrializadas permitiram
cair no esquecimento.
A experiência australiana
Podemos começar fazendo caso omisso do preconceito do século XIX de que tudo o que
era moderno era melhor, um ponto de vista que pode ser certo para a tecnologia, mas não para
a religião. A história demonstra que os papéis sociais se diferenciam mais entre si quando as
sociedades aumentam seu tamanho e se tornam mais complexas. No campo religioso, as
divisões são mais marcadas entre o clero e o leigo, entre o sagrado e o secular. Neste sentido,
as sociedades se assemelham às últimas espécies biológicas, que desenvolveram extremidades
e órgãos diferenciados. No entanto, em ambos os casos a vida estava presente desde o início, e
no campo religioso é um erro supor que as expressões históricas mais modernas são mais nobres
que as primitivas. Se Deus não evolui, também parece que não o faz o homo religiosus, ao
menos, não da forma importante. Mircea Eliade acreditava que os povos arcaicos são mais
espirituais que seus descendentes porque, vestidos com folhas e peles e alimentados com frutos
da terra, não estavam subordinados às coisas externas. Seja como for, tudo o que encontramos
hoje florescido nas religiões históricas, por exemplo, o monoteísmo figurava já nas primitivas,
nos traços débeis, mas discerníveis.
As tênues distinções que contêm as religiões primitivas – distinções que nas religiões
históricas chegaram a ser extremos opostos, tais como o céu e o inferno, ou o samsara e o
nirvana – nos oferece uma introdução adequada ao tema e, além disso, o exemplo da religião
dos aborígenes australianos é adequado para ilustrá-la. A Austrália é o único continente que
não viveu a experiência do neolítico, período que no resto do mundo começou por volta do ano
10.000 a.C. e foi testemunha da invenção da agricultura e de instrumentos de pedra de avançada
tecnologia. Essa exceção vale para os aborígenes australianos entre os povos existentes mais
próximos aos seres humanos que originalmente habitaram a terra, com a insignificante exceção
de uma pequena tribo das Filipinas, a tassaday, cuja autenticidade é questionada. O mundo da
religião aborígene é único. Veremos que as outras religiões primitivas são semelhantes a este
respeito, mas a “antiguidade” dos aborígenes faz com que as divisões mais marcadas de seu
mundo – todo mundo tem divisões de algum tipo – sejam pálidas em comparação com as de
outras cosmologias primitivas.
A distinção que queremos mostrar é a que existe entre a vida normal dos aborígenes e o
que os antropólogos começaram a chamar de seu “mundo mítico” (Le monde mythique”, Levy
Buhí), mas que agora denominam com o termo dos próprios aborígenes “o Sonhar”. Este termo
tem a vantagem de que indica que não existe dois mundos, mas que é um somente que pode ser
experimentado de diversas maneiras.
Isto nos demonstra que a religião aborígine não busca a reverência, mas a identificação,
o “adentrar-se” em paradigmas arquetípicos e representá-los. Toda a vida do aborígene, na
medida em que supera a trivialidade e se torna autêntica, é ritual. Os seres míticos não são
objeto de invocação, propiciação nem súplica. Mesmo em princípio, a linha divisória entre o
ser humano e esses seres é ampla, pode desaparecer com facilidade no momento da fusão ritual
em que “todo o tempo” se converte em agora. Não mediam aqui sacerdotes, nem fregueses,
nem oficiais, nem espectadores. Só existe o Sonhar e o acordo com ele.
Abundam paralelismos com este Sonar entre as religiões aborígenes, mas em nenhuma
outra parte a configuração é tão marcada como a do protótipo australiano. Mesmo que esta
diferença seja leve, é a única que mencionaremos das muitas que contêm as religiões
aborígenes. O resto do capítulo estará dedicado às características que compartilham estas
religiões e que as distinguem, como grupo, das religiões históricas que têm sido o objeto
primordial deste livro.
O verbalismo
Mesmo que tudo isso seja óbvio, apenas toca a genialidade da verbalização primitiva, já
que se afundamos mais nela deixaremos a porta aberta para que os partidários da escritura
respondam: “Certo, que tenhamos as duas expressões”, que é precisamente o que as religiões
históricas têm: as escrituras compartilham o cenário com as homilias, os cânticos, as procissões
e as peças teatrais sobre temas morais. Nós não entendemos a particularidade do verbalismo
primitivo até que nos enfrentamos com exclusividade, sua maneira de ver a escritura não como
um complemento da palavra falada, mas como seu inimigo, porque uma vez que se introduz a
escritura, as virtudes do verbalismo não permanecem intactas, mas são minguadas de maneira
importante.
Para nos ajudar a compreender o que seria a vida sem a escritura, poderíamos tratar de
imaginar nossos antepassados como grupos de Homeros cegos que se reúnem ao redor do fogo
depois de ter trabalhado o dia todo. Tudo o que seus ancestrais aprenderam com dificuldade,
desde as ervas curativas até as lendas comoventes é agora arquivado em sua memória coletiva,
e somente ali. Não tratariam com carinho o patrimônio contido em suas conversas? Não o
reverenciariam e repetiriam constantemente, complementando e corrigindo cada um dos relatos
dos demais?
Assim como a exclusiva verbalização protege contra a perda da memória, assim também
protege contra o vazio que podem produzir outras duas práticas. A primeira é a de sentir o
sagrado através dos condutos não verbais. Dado que a escritura pode fixar significados de forma
explícita, os textos sagrados tendem a gravitar em direção a posições de tanta eminência e são
considerados como o conduto mais importante, o único, para a transmissão das revelações
divinas, com o qual se eclipsam outros meios de conhecê-las. As tradições orais não caem nessa
armadilha. A invisibilidade de seus textos, ou de seus mitos, lhes permite ter os olhos abertos
para ver outros portentos sagrados, entre os que destacam a natureza virgem e a arte sacra. Na
Idade Média, quando a Europa estava ainda menos alfabetizada que a China, “o homem
ignorante e analfabeto poderia ler o significado das esculturas que hoje só podem interpretar
arqueólogos bem preparados”.
A segunda consiste em que, como a escultura não tem limites, pode proliferar até o ponto
de que as pessoas se percam em seus intermináveis corredores. O material secundário pode
chegar a obscurecer o que é importante. As mentes se saturam de informações e se apequenam
graças à especialização enquanto que a memória está protegida contra esses elementos
incapacitantes porque está imbuída de vida; a vida demanda dela cada momento e o que é útil
ou insignificante é lançado fora com rapidez.
A segunda história se relaciona com uma cerimônia ao ar livre, à qual assistiu este autor,
que se iniciou com uma súplica de 15 minutos. Durante ela, não houve olhos fechados, muito
pelo contrário, todos os olhares pareciam recorrer ativamente pelo ambiente. Como a súplica
era falada no idioma local, não entendi nenhuma palavra. Mais tarde, quando perguntei em que
consistia me informaram que toda a súplica havia estado destinada a nomear tudo o que estava
à vista, o animado e o inanimado, incluindo os invisíveis espíritos da zona, e a convidá-los a
participarem na celebração e que a abençoassem.
Não seria correto crer que tanta atenção ao detalhe (na última anedota) e ao ambiente
ancestral (na primeira) limita esta noção de lugar. Quando os membros da tribo australiana
kurnai dão seus tradicionais passeios, para interromper momentaneamente suas tarefas, levam
nas costas a concretização de seu lugar. Os arroios, as árvores e as rochas que se encontram em
sua passagem não são intercambiáveis com outros elementos semelhantes; cada um deles lhes
evoca recordações dos atos legendários dos que foram parte. Os navajos nem se quer necessitam
abandonar seu lar para que seu sentido de lugar se inflame. Ao moldar com as formas do mundo
suas moradas, incorporam ao mundo em seus lares. Os pilares que sustêm os tetos são batizados
e, assim, identificados, com nomes das deidades que suportam todo o cosmo: Terra, Mulher
Montanha, Mulher Água, Mulher Trigo.
O tempo eterno
Por contraste com as religiões históricas ocidentais, que messianicamente olham para o
futuro, as religiões primitivas parecem olhar ao passado. Este conceito não está de todo errado,
e desde o ponto de vista ocidental, onde o tempo é linear, não é uma linha reta que, partindo do
passado, atravessa o presente em direção ao futuro. Nem seque é cíclico como tendem a
acreditar as religiões asiáticas, que o assemelham ao giro da terra e ao ciclo das estações. O
tempo primitivo é atemporal, é um eterno agora. É um paradoxo falar de atemporalidade ou
ausência de tempo, mas o paradoxo desaparece se entendemos que o tempo primitivo se
centraliza na sequência causal mais que cronológica. Para as pessoas primitivas, o “passado”
significa uma preeminente aproximação à Fonte originária das coisas. Seja lá o que foi essa
Fonte anterior para o presente é de importância secundária.
Utilizamos a palavra Fonte para nos referir aos deuses que, mesmo que não tinham criado
o mundo, deram ordem e estrutura. Não há dúvida que esses deuses seguem existindo, mas isso
não desvia o interesse para o presente, uma vez que seguem considerando que o passado foi a
Idade de Ouro. Quando a criação divina não havia sofrido os embates do tempo e da má
administração, o mundo era como tinha que ser. Como já não é assim, porque houve certa
debilidade, tomaram medidas para devolver ao mundo sua condição original. Mircea Eliade
diz: “Para o homem religioso das culturas arcaicas, o mundo se renova todos os anos; em outras
palavras, cada ano recupera sua santidade original, a santidade que possuía quando surgiram as
mãos do Criador”. Levantaram altares que simulam a forma original do mundo e as palavras
que os deuses pronunciaram no dia em que o mundo foi criado são repetidas com fidelidade.
Podemos comparar esses rituais com a renovação de postes telefônicos que esticam cabos
afrouxados. A dança anual do sol dos índios da planície recebe o nome de Dança da Renovação
do Mundo e da Vida. As tarefas individuais também requerem ser renovadas. Por exemplo, em
Tikopia, uma ilha da Polinesia, tem o ritual de reparar barcas, mas não porque precisam dele,
mas porque se cumpre o ritual; poderíamos dizer que são concertados “segundo as
especificações”, que neste caso significa fazê-la como os deuses demonstram que devia ser
realizada. O ritual dá sentido a esta importante atividade da ilha e, ao mesmo tempo, reinstaura
as normas que podem ter sido cumpridas.
Se parássemos por aqui, não teríamos dito nada especial sobre a visão primitiva do tempo,
uma vez que também as religiões históricas têm rituais de renovação, vestígios de suas origens
primitivas que mantiveram. Todas têm algum tipo de festa de solstício vernal para festejar o
término da obscuridade do inverno, assim como a “páscoa” para incitar o renascimento da
natureza. Em Taiwan, festeja-se cada sessenta anos o festival taoísta Chiao, porque assim como
a natureza, necessitamos de renovação a cada primavera, o cosmo deve ser renovado na escala
de uma vida humana. Todos participam nesta festa cujos preparativos podem levar anos, e cujo
custo financeiro é enorme.
Uma característica da visão primitiva do tempo, que na maioria das vezes abandonou as
religiões históricas, é a forma em que tendem a categorizar os seres de acordo com sua
proximidade à fonte divina. Assim, às vezes se venera os animais por serem “anteriores” e ,
entre isso, a relativa estupidez da lontra induz os índios winnebagos da América do Norte a
crerem que foi o último animal que creu. Este princípio também se aplica aos seres humanos,
entre quem venera mais aos velhos que aos seus descendentes, a quem consideram algo assim
como epígonos. Os povos primitivos sentem muito respeito pelos anciãos.
Assim também agem os povos da Ásia Central, com sua piedade filial e sua veneração
pelos ancestrais, e de passagem podem descartar que o taoísmo e seu parente próximo, o
xintoísmo japonês, são as duas religiões históricas que mais próximas ficaram em suas raízes
primitivas. Não obstante, para voltar às religiões primitivas, não é exagerado dizer que pensam
em seus deuses em termos mais ou menos ancestrais. Os ancestrais humanos são considerados
prolongações dos ancestrais primitivos da tribo, que eram divinos. Isto os converte em uma
ponte que une a geração atual com seu primeiro ancestral supremo. Novamente pensa no
xintoísmo, no qual o imperador é o descendente direto de Amaterasu, a deusa do sol, e o povo
japonês, seus descendentes indiretos. Aos ancestrais, por estarem mais próximos aos deuses do
que as gerações presentes, são atribuídos a herança de mais virtudes, o que os converte em
modelos de conduta. Isentos das complicações da vida que introduz a degeneração, acredita-se
que o caráter dos ancestrais tem uma integridade da que carecem seus descendentes.
Este fato suposto não parece surgir do postulado de Freud sobre a idealização inconsciente
das figuras paternas, mas também de um reconhecimento ontológico instintivo de que, em certo
sentido, o mais próximo à origem é melhor. De todos os modos, o que se disse sobre os
ancestrais se aplica em alguma medida também aos anciãos da geração de hoje. Até o
infantilismo e o candor que costumam registrar-se em idades avançadas são considerados um
passo para o estado de correção paradisíaca que precede o declive do mundo. Até o final de sua
vida, Black Elk, xamã dos siux oglaga, costumava engatinhar como bebê. “Temos muito em
comum”, dizia, “porque eles acabam de vir do Grande Misterioso e eu estou a ponto de voltar
para ele”.
O mundo primitivo
Começaremos com a consolidação dos povos tribais em seu próprio mundo, condição
que se inicia na tribo e fora da qual os indivíduos apenas têm identidade própria. A rede de
relações tribais os sustenta psicologicamente e anima todos os aspectos de suas vidas. O ser
separado da tribo constitui uma ameaça de morte tanto física como psicológica. Talvez
considerem outras tribos estranhas e inclusive hostis, mas a relação que mantêm com sua
própria tribo é quase idêntica à relação entre um órgão biológico e o corpo que habita.
Quando se refere à tribo, está enraizada na natureza, e de maneira tão sólida que é difícil
traçar uma linha divisória entre elas. De fato, no caso do totemismo, não existe divisão alguma.
Em um momento, voltaremos ao totemismo, mas primeiro vamos falar do caminho que temos
que seguir. O contrário da consolidação é o mundo das cisões e segregações, de modo que
abordaremos a consolidação da vida primitiva, destacando a ausência relativa daquelas em seu
mundo. O totemismo é adequado para começar porque nos oferece a visão de seres primitivos
que não fazem distinção alguma sobre o animal e o humano.
Tudo isso deriva da convicção de que os seres humanos e a natureza pertencem a uma
mesma ordem. Os rituais destinados a aumentar as espécies totêmicas não procedem de uma
separação da natureza e de uma tentativa de controlá-la, mas que constituem expressões das
necessidades humanas, em concreto, da necessidade de preservar a ordem normal da natureza.
Existem modos de cooperar com a natureza nas estações em que se produz o aumento dos
membros de uma espécie dada ou nas que chegam as chuvas. Em lugar de fazer tentativas de
afetar ou controlar a natureza mediante receitas mágicas, os rituais primitivos estão destinados
principalmente a manter o que é regular e normal; são rituais de cooperação. Como tais, têm
um aspecto econômico e outro psicológico. Ao mesmo tempo em que articulam as realidades e
as necessidades econômicas, mantêm a confiança nos processos naturais, concebidos e
determinados espiritualmente, e renovam as esperanças no futuro.
O totemismo em si não é universal entre os povos tribais, mas todos compartilham de seu
caráter indiferente no tocante à divisão entre o animal e o humano. É frequente que se refiram
aos animais com o termo “gentes” e, em certas circunstâncias, os animais e os humanos podem
intercambiar suas formas, convertendo-se respectivamente em um membro da outra espécie.
Também não existe divisão alguma entre o animal e o vegetal, uma vez que as plantas também
têm espíritos. A seguinte história foi relatada ao autor deste livro pelo pai de um aluno que a
viveu. Em um determinado momento, as autoridades do departamento de arte da universidade
estatal do Arizona decidiram oferecer um curso de tecelagem de cestas e, com intuito de
encontrar um professor, dirigiram-se a uma reserva indígena próxima. A tribo propôs para o
cargo sua professora principal, uma senhora. Todo curso consistiu na realização de viagens em
busca das plantas que proporcionam as fibras para as cestas da professora, na narração dos mitos
relacionados com as plantas e na memorização de orações e cânticos de suplício. De tecelagem
de cestas, nada.
A progressão da narração no parágrafo anterior alcança seu termo lógico quando notamos
que nem se quer existe uma linha divisória entre o animado e o “inanimado”. As rochas têm
vida. Em certas condições, diz-se que podem falar e, às vezes, como o caso da Rocha Ayers na
Austrália, são consideradas divinas. É fácil ver como esta ausência de descontinuidade produz
uma simbiose. Os povos primitivos conhecem as diferenças que existem na natureza – são
famosos pelo seu poder de observação -, mas em lugar de vê-las como barreiras, as vêm como
pontes. Os ciclos de fertilidade, junto com as cerimônias que os celebram e sustentam,
estabelecem uma harmonia entre a humanidade e seu ambiente, com mitos que confirmam a
simbiose a cada momento. O masculino e o feminino contribuem por igual para a força vital
cósmica. Todos os seres, sem esquecer os corpos celestes e os elementos como o vento e a
chuva, são irmãos. Tudo tem vida e, em certa medida, tudo depende de todos os demais. Se
continuarmos pesquisando esta compenetração, chegaremos ao ponto em que a ordem se reverte
e começaremos a pensar nos povos primitivos integrados à natureza, mas não na natureza que,
em busca de si mesma, penetra nos seres e os impregna com o fim de ser moldada por eles.
A relativa ausência de divisões nas atividades humanas também é surpreendente. Por
exemplo, “nas línguas dos índios norte-americanos, não existe uma palavra para ‘arte’, porque
eles consideram que tudo é arte”. De igual forma, tudo, a sua maneira, é religioso. Isto significa
que para estudar uma religião primitiva, podemos começar por qualquer parte, seja pintura,
dança, teatro, canto, edificações e inclusive utensílios ou outros artefatos, ou então, as
atividades diárias de suas pessoas que muito menos estão divididas em profanas e sagradas. Um
caçador, por exemplo, não se lança de repente para caçar para aliviar o apetite de sua tribo.
Primeira realiza uma série complexa de atos meditativos que estão imbuídos de santidade, quer
seja a oração e a purificação prévias, a perseguição da presa ou a forma sacramental em que há
de matar e tratar posteriormente. Um pesquisador que viveu durante dois anos Black Elk
informou que este assegurava que a caça é – e recalcou o término utilizado pelo chefe índio –
a busca vital da verdade última, uma busca que requer a oração prévia e a purificação do
sacrifício. “As pegadas diligentemente seguidas são signos ou indícios do objetivo, e o contato
final com a presa, ou sua identificação, é a compreensão da Verdade, o objetivo máximo da
vida”. Até agora destacamos a ausência de divisões marcadas no mundo primitivo, mas existe
outra ausência mais notável: a de uma linha divisória entre este mundo e o outro que se encontra
por cima e contra este. Nas religiões históricas existe esta divisão, e há muito o que fazer.
Platão, falando em tom filosófico sobre a religião grega, apresenta o corpo como uma
tumba. O Antigo Testamento contrasta o mundo criado com um Senhor santo, justo e
transcendente. Para o hinduísmo, o mundo é maia, só marginalmente real. Buda comparado ao
mundo com uma casa em chamas da qual se deve escapar. Um novo conto apócrifo põe na boca
de Jesus as seguintes palavras: “O mundo é uma ponte; cruze-o, mas não construa uma casa
sobre ele”. O Alcorão compara ao mundo com a vegetação que deve ser rapidamente cortada
para que não se converta em palha. No Japão, o mestre Taishi chamou o mundo de uma mentira
contra a qual somente Buda é verdade. A degradação do mundo figura de maneira proeminente
nas religiões históricas.
Nas religiões primitivas, não existe divisões tão drásticas; por exemplo, não existe nada
que se aproxime à noção da criação ao ex-nihilo. Devemos sublinhar que os povos primitivos
estão orientados em relação a um só cosmos, que os sustenta como uma matriz vivente. Uma
vez que acreditem que esse cosmos os sustenta, não estão dispostos a confrontá-lo, a desafiá-
lo, a reconfigurá-lo nem a escapar dele. Não é um lugar de exílio nem de peregrinação,
considerando que nele se façam peregrinações. Seu espaço não é homogêneo. Poderíamos dizer
que uma casa tem um número de quartos, alguns dos quais são normalmente visíveis, mas todas
juntas constituem um domicílio. Os povos primitivos estão orientados em manter uma harmonia
pessoal, social e cósmica, e em conseguir bens concretos – chuva, colheitas, filhos, saúde –
igual que todas as pessoas. No entanto, estão virtualmente isentas do objetivo essencial de
salvação que domina as religiões históricas, e a vida depois da morte tende a ser uma semi-
existência nebulosa em algum lugar vagamente designado dentro de seu próprio reino único.
A mentalidade simbolista
O resumo do mundo primitivo feito até aqui mostra que suas divisões internas são
provisionais e que não existe uma realidade transcendente que a relativize. No entanto, tudo
isso equivaleria a uma cifra de vários zeros sem um dígito que lhes desse valor se não
introduzimos a fonte divina da qual se acredita que procede o mundo ou, em outras versões, os
organizadores divinos que impõem ordem no caos. A presença destas divindades planeja a
questão do ateísmo nas tradições primitivas, tema que deve ser analisado com cuidado porque
é muito sutil.
Um estereótipo comum apresenta as religiões primitivas como politeístas, o que não está
de todo errado se a palavra significar que o divino pode consolidar-se em lugares sagrados e
descender sobre objetos concretos. No entanto, isto não tem nada a ver com o politeísmo
rotundo, olímpico e mediterrâneo contra o qual lutava a Bíblia, assim como também não luta
contra um único Absoluto do qual muitos deuses são representações ou expressões. Wilhelm
Schmidt conclui em sua obra de doze volumes, Ursprung der Gottesidee, que todas as tribos
conhecidas até o momento – a publicação se fez entre 1912 e 1955 – tinham um Deus Supremo
que vive e trabalha por intermédio de seus delegados. Por exemplo, os yorubas, do oeste da
África, nunca situam na mesma categoria um Ser Supremo, Olodimave com divindades
inferiores (orisa) e muito menos os edos confundem sua Osanobuwa com o ebo.
Mesmo que Schmidt exagere no assunto, de todos os modos não há importância, porque
a questão não reside em saber se os povos tribais têm um Ser Supremo que coordena os deuses,
mas sim em saber se eles sentem esse ser, uma vez que o nomeiem e personifiquem ou não. A
evidência sugere que o sintam. Como mostra o artista navajo Carl Gorman: “Alguns
investigadores da religião dos navajos dizem que não temos um Deus supremo porque não o
mencionamos. No entanto, isso não é assim. O Ser Supremo não é mencionado porque é
desconhecido. É simplesmente um Poder Desconhecido. O que reverenciamos através de sua
criação, porque ele é tudo em sua criação. As diversas formas da criação contêm em si parte de
seu espírito”. Se quiser, isto pode ser chamado de pan-monoteísmo ou poli-monoteísmo, mas o
fato é que mesmo que as religiões primitivas afirmem a unicidade divina com menos
exclusividade, e em alguns casos inclusive pareça que o dissimulam, não tem nada que possa
ser comparado com o politeísmo antropomórfico dos europeus primitivos. O que acontece
simplesmente é que o santo, o sagrado e o wakan como o chamam os siux, não necessita estar
exclusivamente vinculado a um Ser Supremo distinguível, e nem se quer necessita estar
conscientemente vinculado a nada.
Inclusive ao vinculá-lo, pode se perder algo, como a santidade das coisas que não são o
Deus que se fragmenta, o que nos traz ao que provavelmente é a característica mais importante
da espiritualidade primitiva existente: o que foi chamado de sua mentalidade simbolista. Esta
visão simbolista considera que as coisas são transparentes para seu criador divino. Já que esse
criador tenha nome ou não, os objetos do mundo estão sujeitos à luz. A vista física apresenta a
água de um lago em isolamento artificial porque, segundo a vista, esse corpo de água existe
como uma realidade por direito próprio. A partir daí, o pensamento moderno pode chegar a
interpretar que a água está composta de oxigênio e hidrogênio, e se quiser lhe dar vistos
espirituais pode lhe atribuir um significado alegórico. No entanto, normalmente a mente
moderna não reconhece nenhum vínculo ontológico entre as coisas materiais e suas raízes
metafísicas, quando é articulada – já vimos que não há necessidade de ser assim – é
naturalmente de fatura mítica. Quando os etnólogos declararam que para os índios algonquinos
“não existe um manitu (espírito) fora do mundo das aparências”, puseram em evidência que
simplesmente desconheciam que, para a mentalidade primitiva, as aparências nunca existem
por si sós. Como disse o amigo Black Elk que já mencionamos: “Para quem estuda a tradição
do Homem Vermelho desde fora ou através de uma mente “educada”, com frequência fica mais
difícil entender que nenhum objeto é o que parece ser, mas também é simplesmente a pálida
sombra de uma realidade. É por essa razão que rodo objeto criado é wakan, santo e tem um
poder de acordo com a eminência da realidade espiritual que reflete. O índio se humilha perante
a criação toda por que todas as coisas visíveis foram criadas antes que ele e por ter mais anos
do que ele, merecem respeito”
Um estudioso dos índios muiscas, que vivem nos Andes colombianos, confirma este
ponto: “todos os homens primitivos viram o “mais” no “menos”, no sentido de que o panorama
era para eles um reflexo de uma realidade superior que “continha” a realidade física; e pode-se
dizer que adicionaram a esta última uma “dimensão espiritual” que escapa do homem
moderno”.
Paul Radin, mencionado anteriormente, estava tão impaciente como qualquer outro
antropólogo com a “impressão errônea” de que os povos primitivos são todos místicos. Ele
insistia em que buscássemos entre eles, assim como existem entre nós, “dois tipos gerais de
temperamento: o homem de ação e o pensador, o tipo que vive quase exclusivamente em um
nível que poderíamos chamar motor e o tipo que demanda explicações e que sente prazer no
exercício do pensamento especulativo”. No entanto, disse Radin, “nem por um momento
negaria que o misticismo e simbolismo são utilizados com mais frequência entre os europeus
ocidentais de hoje [...] Somente quando compreendemos em sua totalidade os significados
místicos e simbólicos inerentes à maioria das atividades do homem primitivo poderemos aspirar
a entender”. Para ilustrar com um exemplo o que Radin queria dizer, podemos citar o membro
de uma tribo que, mostrando a teia de aranha, explicou que os círculos da tela são pegajosos,
enquanto que seus raios não o são. Isto significa que se for pela vida de um lado para o outro,
fica preso, mas se for em direção ao centro, não ficará preso.
Esta seção não deveria ser concluída sem mencionar antes um tipo de personalidade
notável, o xamã – frequente, mas não universal nas sociedades tribais, que pode fazer caso
omisso do simbolismo e perceber realidades espirituais de forma direta. Podemos considerar
aos xamãs como sábios espirituais, sábio no sentido de que seus talentos, quer sejam musicais
(Mozart), teatrais (Shakespeare), matemáticos ou de qualquer outra índole, são tão excepcionais
que os situam em uma ordem diferente de magnitude. Submetidos a graves traumas físicos e
psicológicos desde seus primeiros anos, os xamãs podem curar-se a si mesmos, e refazer suas
vidas de modo que os poderes psíquicos, senão cósmicos, estejam a sua disposição. Esses
poderes lhes permitem colocar-se em contato com os espíritos, tanto os bons como os maus,
subtraindo poder dos primeiros e batalhando contra os segundos em caso de que seja necessário.
Eles exercem, na maioria das vezes, função de curadores e parecem ter poderes sobrenaturais
para prever o futuro e encontrar objetos perdidos.
A relação entre as religiões
São três as respostas possíveis à pergunta de como configurar estas religiões. A primeira
é que uma delas é superior às outras. Agora que os povos do mundo estão se conhecendo
melhor, esta resposta é ouvida com menos frequência, mas inclusive assim não deve ser
descartada. No capítulo inicial deste livro, foram citadas as palavras de Arnold Toynbee sobre
o fato de ninguém saber o suficiente para dizer com autoridade que religião é superior à outra,
pelo que a resposta segue pendente. Mesmo que seja certo que este livro não tenha encontrado
nada que pode fazer prevalecer uma sobre as outras, ele pode obedecer ao tipo de livro que é
posto que no princípio se evitaram as comparações. Não existe nada no estudo comparativos
das religiões que exija que o leitor não as veja todas iguais.
A segunda resposta, que se encontra no outro extremo, é que todas as religiões são
basicamente semelhantes. Segundo este segundo ponto de vista, mesmo que existam diferenças
reconhecidas, estas são incidentais em comparação com as grandes verdades permanentes que
as unem.
Esta resposta tem um certo atrativo para nosso desejo de gregarismo humano, mas quando
é analisada com atenção demonstra ser a mais enganosa de todas, porque ao tentar ir mais além
das generalidades – “toda religião tem alguma versão da Regra de Ouro”, ou “ é verdade que
todos acreditamos na existência de algo” – se emperrada no fato de que as religiões se diferem
no que consideram que é essencial e no que é negociável. O hinduísmo e o budismo tropeçaram
com esta questão, e também o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. No século XIX,
Alexander Campbell tratou de unir os protestantes sobre a base de sua comum aceitação da
Bíblia como modelos de fé e organização. No entanto, para surpresa sua, descobriu que os
líderes dos distintos grupos não estavam dispostos a conceder que o princípio de unidade que
ele propunha fosse mais importante que os diferentes dogmas que os regiam. O movimento
Campbell terminou com a aderência ao protestantismo de outra confissão: Os discípulos de
Cristo (Igreja Cristã). A escala mundial, a missão de Baha´u´llah teve o mesmo fim. O
bahaísmo, que se originou com a esperança de reunir as principais religiões pelas crenças que
tinham em comum, acabou sendo uma religião a mais das muitas que existem.
Devido ao fato de que esta segunda resposta esteja animada pela esperança de que algum
dia haja uma só religião mundial, é aconselhável recordar o elemento humano na equação
religiosa. Existem aqueles que desejam ter seus próprios seguidores, esses prefeririam dirigir
sua própria membresia, por menor que fosse, ao ocupar o segundo posto na direção da
congregação mais numerosa. Isto sugere que se amanhã nos encontramos com uma única
religião, é provável que depois de amanhã haja duas.
A terceira resposta para a forma em que se relacionam as religiões é que esta se assemelha
à de um vitral cujas secções refratam a luz do sol em diferentes cores. Esta analogia permite
mostrar que existem diferenças importantes entre as religiões, sem ter que se pronunciar sobre
seus valores relativos. Se os povos do mundo se diferem temperamentalmente, estas diferenças
podem afetar a forma em que o Espírito aparece para elas, ou seja, a forma que poderia ser visto
desde esses ângulos distintos. Utilizando a linguagem da revelação, digamos que para que Deus
possa ser ouvido e entendido, as revelações divinas deveriam ser feitas nos idiomas de seus
respectivos ouvintes. O sura 14:4 do Alcorão expressa esta ideia quase com exatidão: “Não
mandamos nenhum enviado que não falasse na língua de seu povo, para que lhes explicasse [a
mensagem] com clareza”.
Depois de mencionar as três formas óbvias nas que podem se configurar as religiões do
mundo, passaremos a analisar o que poderiam ter que dizer coletivamente ao mundo em geral.
As tradições de sabedoria
No primeiro capítulo deste livro são mencionadas as perguntas teóricas de T.S. Eliot:
“Onde está o conhecimento que se perde na informação? Onde está a sabedoria que se perde no
conhecimento?” E ainda, em uma das epígrafes, citamos as palavras de E. F. Schumancher: “É
necessário que tenhamos a coragem e a vocação de consultar as [tradições de sabedoria da
humanidade]”. Essas tradições foram o objeto deste livro. Que tipo de sabedoria oferecem ao
mundo?
Nos tempos das tradições, supunha-se que estas revelavam a natureza fundamental da
realidade. Nos séculos XVI e XVII, a ciência começou a semear dúvidas sobre esta suposição,
uma vez que a religião somente pode afirmar suas verdades, enquanto que com experimentos
controlados podem ser demostrados teorias científicas. No entanto, depois de três séculos de
confusão sobre este tema, vemos que essas provas somente se sustêm para o mundo empírico.
Os valiosos aspectos da realidade, seus valores, significados e propósitos – filtram-se pelos
aparelhos da ciência como se filtra a água do mar pelas redes dos pescadores.
Quais são os dados específicos dessa sabedoria? No campo da ética, o Decálogo nos diz
grande parte da história transcultural; devemos evitar matar, roubar, mentir e cometer adultério.
Estas são pautas mínimas (o capítulo sobre judaísmo as amplia um pouco mais), mas não
precisam de valor, como podemos ver se pensamos sobre como estaria melhor o mundo se as
respeitássemos universalmente.
Partindo desde esta base ética em busca da classe de gente que deveríamos tratar de ser,
nos encontramos com as virtudes, que as tradições de sabedoria identificam basicamente como
três: a humildade, a caridade e a veracidade. A humildade não é sinônimo de auto degradação,
mas sim é a capacidade de se considerar um a mais em meio aos outros, mas não mais que os
outros. A caridade guarda muita semelhança, uma vez que implica considerar nossos
semelhantes como a nós mesmos, como seres tão cabais como nós mesmos. Sobre a veracidade,
refere-se não apenas a dizer simplesmente a verdade, mas de alcançar a objetividade suprema,
ter a capacidade de ver as coisas exatamente como são. Adaptar nossas vidas ao modo de ser
das coisas é viver autenticamente.
As religiões asiáticas abordavam estas mesmas três virtudes, ao mesmo tempo em que
ressaltam os obstáculos que devem ser superados para adquiri-las. Buda os identificou como
avareza, ódio, engano, e os chamou de os “três venenos”. Na medida em que estes venenos são
eliminados, os substituem respectivamente o desinteresse por si mesmo (humildade), a
compaixão (caridade) e a visão das coisas em sua essência (veracidade). Apesar de que hoje a
palavra virtude tem uma forte conotação moralista, as tradições de sabedoria recalcam seu
significado original, mais consoante com o termo poder; o taoísmo filosófico se manteve
particularmente alerta sobre este significado original. Ainda hoje podemos comprovar o sentido
de poder na palavra virtude quando as pessoas falam da “virtude de um medicamento”.
As religiões começam por assegurarmos que se pudéssemos ter uma visão global das
coisas, as encontraríamos mais integrados do que pelo geral supomos. A vida não nos oferece
uma visão do todo. Somente vemos fragmentos aqui e ali e, além disso, o egoísmo distorce a
perspectiva de forma grotesca. O que temos próximo adquire uma importância exagerada,
enquanto que o resto nos deixa desapaixonadamente frios. É como se a vida fosse um grande
tapete que nós olhamos pelo verso, que nos dá a aparência de labirinto de nós e fios que, em
sua maior parte, parece caótico.
A segunda afirmação que as tradições de sabedoria fazem sobre a realidade está implícita
na primeira. Se as coisas estão imersas em um grande projeto, não apenas estão mais integradas
do que parece, mas também são melhores do que aparentam. Depois de ter usado a arte (um
tapete) para simbolizar a unidade do mundo, utilizaremos a astrofísica como alegoria deste
segundo fator, o valor da realidade, porque se a conclusão da astronomia é seu veredito de que
o universo é maior do que o ser humano pode imaginar, a das tradições da sabedoria é que é
melhor do que nossa sensibilidade pode perceber. E melhor em grau comparável, o que significa
que estamos falando do valor equivalente em anos luz. T´ien e Tao, Brahman e Nirvana, Deus
e Alá, todos levam a rubrica de ens perfectissium – ser perfeito. Isto leva às tradições de
sabedoria a arder com uma exuberância ontológica que não se encontra em nenhuma outra
parte. Esta exuberância se reflete em suas estimações do ser humano porque, considerando que
a unidade do mundo implica que os seres pertencem ao mundo, o valor destes implica que
compartilham o estado exaltado do mundo. Atman e a natureza de Buda saltam de imediato à
mente, e lembramos os anjos que, como contava o rabino, precediam aos seres humanos
gritando: “Abram caminho para a imagem de Deus”, e segundo Paulo, “contemplem a glória
do Senhor” (2 Coríntios 3:18).
Mais além da unidade das coisas e de seu estimável valor, encontra-se o terceiro aspecto
das tradições de sabedoria. A realidade está imersa em um mistério inevitável; nascemos no
mistério, vivemos no mistério e morremos no mistério. Aqui também devemos resgatar nosso
mundo da degradação que sofre com o tempo, já que o “mistério” se associa hoje a livros de
mistério nos quais, considerando que sempre se encontra a solução, não existe mistério nenhum.
Mistério é essa classe especial de problema que não tem solução para a mente humana; quanto
mais o compreendemos, mais nos damos conta de que existem outros fatores relacionados que
não entendemos. A respeito dos mistérios, o que sabemos e o que reconhecemos não saber
andam juntos; quanto mais amplia a ilha do saber, mais extensa é a praia do pródigo. É como o
mundo quântico, que quanto mais entendemos seu formalismo, mais estranho se torna.
As coisas são mais integrais do que parecem, são melhores do que parecem e são mais
misteriosas do que parecem; algo semelhante é o que emerge do estudo das tradições de
sabedoria como o denominador comum mais elevado. Quando adicionamos os fundamentos
que estabelecem estas tradições para a conduta ética e sua visão das virtudes humanas, alguém
se pergunta se concebeu uma base mais sábia para a vida. A vida religiosa encerra em seu seio
uma classe particular, a promessa da aceitação e a superação das dificuldades humanas. Em
nossa vida cotidiana só temos vislumbre dela, quando chega, não sabemos se nossa felicidade
é o mais raro ou o mais comum do mundo, porque a encontramos em todas as coisas terrenas,
a damos e a recebemos, mas não podemos ficar com ela. Quando todas essas insinuações nos
pertencem, não nos parece estranho o ser tão feliz, mas em retrospecção, nos perguntamos como
pude ter chegado a ser nosso esse ouro do Éden. A oportunidade humana, nos diz a religião, é
transformar nossos clarões de compreensão em uma luz permanente.
Não obstante, esta visão das coisas não persuade o mundo em geral e, em particular, ao
moderno. O mundo não pode aceitar a ousadia desta proposta. Por tanto, o que fazemos? Esta
é nossa pergunta final. Se para nós, a religião é uma boa palavra ou uma má palavra; se, de ser
boa, nos aderimos a uma só tradição religiosa ou nos abrimos em alguma medida a todas, como
nos comportamos em um mundo pluralista que está dividido por ideologias, algumas sagradas
e outras profanas? Escutamos.
Escutar
Se uma das tradições de sabedoria nos atrai, começamos por escutá-la, e mesmo que não
sem sentido crítico, pois as novas situações criam novas obrigações e todo o finito tem algum
tipo de falha, a escutamos expectantes porque sabemos que contém mais verdade que a que
pode guardar uma vida inteira.
O entendimento, portanto, pode conduzir ao amor, mas também pode acontecer o oposto,
que o amor produza conhecimento, porque ambos são recíprocos. Em consequência, devemos
escutar para entender, mas também devemos escutar para animar a compaixão que as tradições
de sabedoria contêm, considerando que é impossível amar ao outro sem escutá-lo. Para ser fiel
a estas religiões, devemos escutar aos demais com a mesma profundidade e atenção com que
esperamos que nos escutem. Thomas Merton expôs esta relação dizendo que Deus fala conosco
em três lugares: na escrita, em nosso mais profundo e na voz de um estranho. Devemos ter a
graça de receber tanto como dar, porque não existe modo maior de despersonalizar outro que
falar com ele sem escutá-lo.
Disse Jesus, louvado seja seu nome: “Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem
para você”. Disse Buda, louvado seja também seu nome: “Aquele que desejar poderá alcançar
a altura máxima, mas deve estar ansioso em aprender”. Se não mencionamos outras religiões
sobre esta questão é porque suas palavras seriam redundantes.
“Escrevo hoje para comunicar-lhe um ocorrido vivido por mim no mesmo ano em que
terminava meus estudos universitários. Na tarde, em que me encontrava na sala de operações,
entraram com o cadáver de uma senhora e colocaram sobre uma das mesas. Muito
impressionado pela expressão serena de doçura daquele rosto morto, pensei no ato: - Não, não
existe Deus; se existisse um Deus não teria permitido que uma mulher tão amável viesse à sala
para ser dissecada”.
“Ao regressar para casa, eu tinha feito a firme decisão de não voltar a entrar em uma
igreja. As doutrinas do cristianismo já me tinham inspirado antes graves dúvidas”.
“No entanto, enquanto refletia sobre tudo isso, surgiu em minha alma uma voz que me
aconselhou a meditar na minha resolução. Minha razão respondeu para esta voz: se alguma vez
tiver certeza de que os dogmas cristãos são verdadeiros e de que a Bíblia é a palavra de Deus,
o aceitarei submisso. Nos dias seguintes, Deus me fez sentir claramente em minha alma que a
Bíblia era a palavra de Deus, que tudo o que nos é ensinado sobre Jesus Cristo é verdade e que
Jesus é nossa única esperança. Desde então, Deus me revelou outros muitos sinais inequívocos”.
“Como irmão médico, lhe peço que medite sobre a questão essencial, e lhe asseguro que
se o fizer sinceramente, Deus revelará à sua alma a verdade, como fez a mim e a muitas outras
pessoas...”
Respondi essa carta cortesmente que lhe felicitava de que uma experiência dessas tivesse
permitido a ele conservar a fé. Deus não tinha feito tanto por mim. Não tinha me feito ouvir
jamais uma voz, e se não se apressasse, considerando minha idade avançada, não seria culpa
minha se eu continuasse sendo até o fim o que agora era: um judeu infiel.
O amável colega americano assegurava em sua carta que o judaísmo não constituía um
obstáculo para chegar à verdadeira fé, e alegava demonstrar diversos exemplos. Por último, me
comunicou que rezava por mim, implorando a Deus que me outorgasse a verdadeira fé.
Tais súplicas não surtiram até agora o menor efeito. No entanto, a experiência religiosa
de meu amável correspondente me fez pensar, parecendo interessante tentar sua explicação
pelos motivos afetivos, já que, além de sua singularidade, apresenta fundamentos lógicos muito
débeis. Deus permite coisas mais fortes do que aquela de uma mulher de rosto simpático acabar
de uma sala de dissecação. Tais coisas aconteceram sempre e aconteciam todos os dias na época
em que o médico americano terminava seus estudos.Por outro lado, sua carreira faz supor que
não podia ignorar estas e outras misérias. E então, por que sua rebelião contra Deus teve que
ser precisamente ao experimentar aquela impressão perante o cadáver da senhora?
Tudo isso é tão simples e transparente que não podemos recusar a interrogação se a
compreensão deste caso nos fará descobrir algo sobre a psicologia da conversão religiosa.
Remeteremos ao leitor uma excelente obra de Sante de Sanctis (La conversión religiosa,
Bologna, 1924) na qual se utilizam todos os descobrimentos da psicanálise. Sua leitura confirma
a suspeita de que nem todos os casos de conversão religiosa se mostram tão transparentes como
o que antecede, mas também que nosso caso não contradiz em nenhum ponto as opiniões que a
investigação moderna formou sobre esta questão.
O que distingue nossa observação é sua conexão com uma ocasião especial que faz brotar
mais uma vez a incredulidade antes de ficar definitivamente dominada para o indivíduo.
Liz Taylor, Jeff Goldblum, Britney Spears, Demi Moore e Barbra Streisand também
fazem parte desse grupo. O fato das estrelas serem adeptas a esse movimento influenciou muitos
fãs a se interessarem agora pela antiga prática hebraica renovada pelos Berg.
O KC chegou à Argentina faz 4 anos, pelas mãos do rabino Haggai Fridman – discípulo
de Berg – sua mulher e seus 4 filhos. Em uma elegante casa reciclada de Palermo, Fridma dita
diferentes cursos para todos os gostos.
Se a Cabala no passado era uma prática esotérica reservada a um grupo de iniciados que
se ocupava em explicar o sentido do Antigo Testamento valendo-se de anagramas,
transposições e combinações de letras, hoje a proposta do KC é abrir o jogo, permitir que
qualquer um possa decifrar os textos sagrados e, assim, entender as leis cósmicas que dominam
tudo o que é, foi e será.
“Kabbalah, você está preparado?”, diz em letras brancas sobre um fundo vermelho um
desses postais que existem nos bares fashion da cidade, como promoção da maratona de três
dias que aconteceu em Buenos Aires no mês passado. Do outro lado, lê-se: “Os princípios
atemporais da kabbalah são para todas as pessoas que não se conformam com a mediocridade.
É um sistema de lógica e tecnologia muito preciso que vai mudar totalmente a forma que você
vê a vida”.
No primeiro andar do KC portenho, existe um barzinho para tomar um tira-gosto entre os
cursos. Em uma das paredes, está pendurado um enorme pôster formado com 72 retângulos de
cores (fucsia, verde e celeste), cada um dos quais tem uma inscrição em castelhano e hebraico.
“Corrigir o passado”, “entrar em contato com os anjos”, “destruir o seu ego”, “revelar o lado
sombrio”, “ouvir a sua alma”, “não atrair as pessoas erradas” e “tornar possível o impossível”
são algumas das formas de definir Deus, sem nomeá-lo, claro, porque não está permitido dentro
do judaísmo.
“A ideia é que a gente possa melhorar a sua vida”, introduz o rabino Fridman a uma
audiência ávida para conhecer os segredos ocultos na Torá, para aplicá-los a sua vida cotidiana.
“Buscamos resultados práticos”, esclarece em um castelhano com sotaque judio. No entanto, o
KC explicita que seu caminho está aberto a todos, hebreus ou não.
“A Cabala é uma palavra que deriva do verbo hebraico lekabel: receber, portanto, quer
dizer literalmente ‘recepção’. Esse movimento estuda a Torá (Pentateuco), texto que, segundo
a tradição judaica, Moisés recebeu da própria divindade no Monte Sinai”, explica o rabino Baruj
Miller, do Centro de Espiritualidade Judaica Mishkan. No século XII, um grupo de rabinos
começou a mergulhar dentro dos ensinamentos da Torá, como uma busca pessoal de vivenciar
uma experiência semelhante à que teve Moisés, ou seja, um encontro místico com Deus. “No
que me diz respeito, trato dia a dia de vivenciar a Cabala, a recepção do texto da vida, e desde
o cotidiano transitar o mistério e a maravilha da criação. Somos seres humanos, cada um único,
original e irrepetível e formamos um todo com o universo onde o sagrado se faz presente a cada
instante”, explica o rabino Miller.
As análises filosóficas dos eruditos não importam aos cabalistas de novo cunho. O
relevante são os resultados, diz o rabino Fridman, durante a maratona. “A cabala mostra que
tudo está afetado por tudo, o paganismo é crer na fragmentação”, afirma. “A Bíblia, então, é o
lugar onde se podem ler as leis que governam isso tudo, somente é necessário decodificá-las”.
Parece que a cabala tem uma vocação ontológica, aponta para o porquê, para a origem
das coisas. Para que serve conhecer a causa de cada coisa? “Serve para resolver realmente os
problemas, não apenas os sintomas”. O objetivo é ter controle sobre a própria vida, sobre o
próprio destino. “Por que não estou feliz? Por que não estou pleno?” – segue interrogando
Fridman. “O que vocês gostariam de receber da vida?”. As pessoas respondem rápido:
“felicidade” afirma uma senhorita do fundo, outra pede por “harmonia e paz interior”, outra diz
“saúde” e um cavalheiro das primeiras filas se anima com “dinheiro”. O rabino sorri e aceita:
“posso dizer que aqui se fala de tudo”. Volta a perguntar: “Alguém pode dizer que tem essa
lista preenchida?”. Silêncio. Uma senhora é sincera: “sempre vai faltar um pouco”. O que abre
a oportunidade para Fridman explicar graficamente sobre uma lousa o ciclo da vida como uma
onda que sobe e desce intensamente. Quando estamos na crista da onda está tudo bem e não
queremos descer, mas sempre, sempre voltamos para baixo.
O que fazem os cabalistas, segundo o que dizem perante a audiência, é questionar esses
altos e baixos aos quais estamos presos, porque “muitos terminam tendo náuseas”, brinca o
homem de quepá. “Nós merecemos uma vida bem-sucedida, espetacular, a qual não se alcança
sem sofrer”.
Para esses cabalistas do Terceiro Milênio praticamente já não existe nenhuma relação
entre o judaísmo e a Cabala. “As religiões se corromperam por jogos de poder e por questões
políticas. Aqui não falamos de religiões”, concluem.
Do que precisamos para nos envolver no estudo cabalístico? Segundo o rabino Fridman,
somente boa vontade. “Nós não vendemos pomada, damos ferramentas e conhecimento, mas o
trabalho de melhorar sua vida é seu”.
Para os leigos, a Cabala está diretamente associada ao judaísmo. No entanto, nem todos
os judeus a aprovam como uma prática própria. Pelo contrário, muitos judeus recusam o
cabalismo por causa de seu lado esotérico. “A Cabala nunca foi aceita oficialmente pelo
movimento rabínico”, informa o rabino Daniel Goldman, da Comunidade Bet-El de Buenos
Aires. “Acreditar que Deus se revela em combinações de letras, como se Deus fosse um jogo
de palavras cruzadas, mostra algo muito superficial”.
Por outro lado, para Goldman, as novas propostas como as da Kabbalah Centre não são
mais que uma moda new age movida pelo vontade de lucrar e pelos ideais ligados ao
neoliberalismo. “Este ressurgimento tem a ver com a aparição de certas figuras de Hollywood
ligadas a estes movimentos, que por serem ricas e famosas se transformam em modelos a
seguir”. Em contraposição a essa ideia, do sucesso individual colocado como valor supremo, o
rabino considera que a vida religiosa tem que nos levar a uma modificação do mundo com uma
concepção do social. “São agendas diferentes, minha preocupação é com a pobreza, com o
desemprego, com a dignidade das pessoas. A preocupação desses grupos tem a ver com o modo
que cada um se salva individualmente”. Sintetiza o religioso.
Guerra santa
Xiitas. Sunitas. Talibã. Al Qaeda. Tribunais islâmicos que podem enviar à morte por
lapidação se uma mulher for descoberta em adultério. Ou cortar a mão de um ladrão. Mulheres
que caminham envolvidas em mantos fantasmagóricos e as que somente se pode perceber a
voz. Jovens que se imolam com o corpo carregado de explosivos. Como nunca antes, essas
questões se misturam espasmodicamente na linguagem do cotidiano e chegam envolvidas com
areia do deserto e em idioma árabe. Então, sobrevêm as perguntas: Quem, como e por quê?
Pode uma guerra ser santa? Por que é pecado mostrar se quer o tornozelo de uma mulher?
Fanatismo religioso? Fundamentalismo? Parte de uma cultura alheia ao Ocidente?
Para mais de milhões de almas, não existe outro Deus além de Alá e Maomé é seu profeta.
Não existe outra profissão de fé mais contundente e importante que essa para os muçulmanos.
É o motor sagrado que os mobiliza nas cinco orações diárias olhando para Meca: para jejuar
durante o mês que dura o Ramadã (nono no calendário lunar islâmico) e, ao menos uma vez na
vida, de conforme suas condições econômicas, ir visitar aquele lugar sagrado onde nasceu o
profeta. Um bom muçulmano (muslin significa crente) também realiza outras manifestações de
fé que abordam o conteúdo dogmático do islamismo, como os rituais e a esmola (zakat).
O islamismo é uma das três religiões monoteístas, a terceira em ordem cronológica, junto
com o judaísmo e o cristianismo. Sem dúvidas, é uma religião que promove uma fé simples
para seus crentes, que não devem tomar álcool, nem comer carne de porco. No entanto, é difícil
compreender o radicalismo a que alguns chegam quando promovem uma guerra santa.
No entanto, vejamos como nasceu essa religião que amalgama a tantos milhões de almas?
Maomé. A vida de um profeta (biografia feita pelo filósofo e escritor francês Roger Caratini,
que aparece nestes dias editada por El Ateneo), tenta dar uma resposta.
O adorado
A história e as tradições dizem que foi Maomé que recebeu a mensagem de Deus. Seu
nome significa “o adorado” ou “digno de adoração”. E sobre ele “se fez descer o Alcorão”. Fato
que aconteceu a Maomé (filho de Adb Allá, que era filho de Ald al-Muttalib, cujo pai era
Hashim), no ano de 610, em uma caverna do monte Hira, perto de Meca, onde teve (ou dirão
os racionalistas que acreditou ter) a revelação da Palavra Divina. A tradição assegura que quem
a transmitiu foi o anjo Gabriel.
Três anos depois (em 613), Maomé começou a pregar os fundamentos do islamismo, a
religião da submissão a Deus, entre os habitantes de Meca, que eram idólatras.
A cidade estava no meio do caminho da rota das substâncias aromáticas, por onde
passavam as caravanas que partiam do Iémen, rumo ao norte da península arábica. Sem dúvidas,
um ponto estratégico comercial. E onde, além disso, se encontrava A Kaaba, um templo que
tinha 360 ídolos que serviam de culto aos que passavam por ali. A história desse lugar de
adoração começa no Paraíso, quando Adão é expulso do Éden, levando consigo uma Pedra
Preta, destinada a adornar o primeiro santuário da humanidade. Quando Adão morreu, dizem
as tradições, a pedra foi preservada em uma gruta perto de Meca. Até que finalmente, com o
passar do tempo e da história, foi enterrada debaixo da Kaaba. E esse não é um detalhe pequeno:
o paganismo das tribos árabes pré-islâmicas incluía a crença em espíritos protetores e a
adoração de pedras divinas.
A Meca
É um lugar de peregrinação sagrada dos muçulmanos porque ali nasceu o Profeta. Devem
visitar a cidade pelo menos uma vez.
O comércio das caravanas era próspero e muito mais quando se misturou com o aspecto
místico, sendo vantajoso aproveitar a peregrinação das tribos da Kaaba para fazer negócios. Por
outro lado, a ideia de um Deus único foi transmitida pelos árabes convertidos ao judaísmo
(Pessoas do Livro ou Filhos de Israel), ou ao cristianismo (Pessoas do Escrito ou Adeptos do
Evangelho) que passavam em suas viagens de negócios por essa cidade, e Maomé conhecia
esses princípios monoteístas quando recebeu a mensagem de Deus. Acontecimento que ocorreu
em meio a um de seus frequentes retiros espirituais que fazia em solidão. Esse episódio ficou
conhecido como A Noite do Destino e foi durante o Ramadã do ano 610.
Primeira conversão
A primeira a se converter à nova religião foi Jadiya, mulher de Maomé. E esse é um dado
importante porque ela era rica e de boa reputação, o que atenuou até morte os embates dos
demais clãs. De fato, quando ela morreu, Maomé emigrou. Quem eram os primeiros
muçulmanos? A maior parte deles era de jovens entre vinte e trinta anos, de classe média, a
quem o sistema dominante de Meca (religioso, econômico, político) havia começado a
desiludir. E com Maomé pretendiam criar uma nova ordem.
Por outro lado, o elemento novo que introduzia o islamismo era aquele que rompia com
o clanismo e o tribalismo: a partir desse momento se propunha uma religião monoteísta onde
todos eram iguais. Isso caracterizou uma reforma de ordem política e social, porque mudou-se
das antigas estruturas tribais baseadas nos laços de sangue para a comunidade dos crentes. Os
judeus de Medina não aceitaram a nova religião e isso provocou algumas perseguições. Entre
outras coisas, aquele que não se convertia devia pagar tributos mais altos e muitos ficaram sem
terras. Nesses anos, por razões econômicas e por motivos religiosos, houve pelo menos três
encontros armados entre os seguidores de Maomé e os habitantes de Meca. Até que no ano de
632, Maomé entrou com seu exército na cidade – violando uma trégua que havia sido um pacto
entre as tribos e ele – destruiu os ídolos da Kaaba (Exceto a Pedra Preta) e recebeu a submissão
de seus antigos inimigos. Depois, voltou para Medina, onde passou os últimos dez anos de sua
vida. Nesse tempo foi um chefe religioso, político e militar. Estabeleceu as doutrinas religiosas
do islamismo, converteu Medina em um estado islâmico, definindo a estrutura política no que
se conhece como Constituição de Medina, e lutou contra as tribos que se negavam a aceitar sua
prédica, até que as uniu.
O plano de Maomé era conquistar a Síria bizantina e o mundo conhecido. No ano 631,
dirigiu uma expedição para a Síria, mas não teve sucesso. Para alguns historiadores, esse fato
revelou a concepção de guerra santa, que passaria a ser um dever dessa comunidade. A ideia
que o Profeta tinha era submeter todos os árabes do norte ao seu deus, à sua fé e à sua lei, e
expandir para mais além.
Em Medina, além disso, Maomé se casou com várias mulheres. Algumas por amor, outras
por razões políticas ou sociais. A tradição indica que foram onze. Com uma delas, Aisha, sua
preferida, casou-se quando ela não tinha mais que 9 anos. Foi nos braços de Aisha que ele
morreu, aos 62 anos, no dia 8 de junho de 632, em Medina. Ali está sua tumba. Segundo a Sira
– biografia oficial de Maomé – assim foi sua morte relatada por Aisha: “Rangeu os dentes com
um vigor jamais visto, logo deixou cair seu palito e senti que sua cabeça pesava mais contra
meu seio. Tentei olhar seu rosto, mas tinha os olhos extraviados e murmurava: o Companheiro
mais exaltante é Aquele do Paraíso. E compreendi que sua alma havia voado” (Sira 682).
O corpo do Profeta, relatam as tradições, foi envolvido em três mortalhas, duas de pano
branco, uma de pano listrado do Iémen, coberto de perfumes e enterrado em uma fossa debaixo
da cama na qual morreu. A eternidade de Maomé havia começado. Maomé foi um pregador
religioso que chegou a ocupar um lugar preponderante, à altura de Moisés e de Jesus. No
entanto, é um caso único. Porque sobre Moisés há pouca informação, somente o que traz o
Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia). Sobre Jesus, sabe-se apenas um pouco mais,
pelo que consta nos evangelhos. Maomé, no entanto, se rodeou de pessoas que sabiam ler e
escrever, e foram os que registraram sua vida: suas atitudes, suas palavras, a forma de orar,
como bocejava e assuava o nariz.
... As cinco orações do dia apagam os pecados do homem, tal como a água apaga a sujeira do
corpo ao ser lavado cinco vezes em um rio.
... O homem deve orar guardando cuidadosamente seus movimentos e não realizá-los
apressadamente.
... A Casa de Deus (a kaaba), que se encontra na cidade de Meca, é a qiblah (orientação ou
direção para onde se ora). A pessoa deve virar para a direção dela enquanto ora, mesmo quando
estiver longe, deve orar na direção onde se considera estar a qiblah. O mesmo acontece com a
orientação ao degolar um animal.
... A mulher deverá cobrir todo seu corpo, exceto a parte do rosto que enxagua no wudu, as
mãos até o punho, e os pés até o tornozelo.
... Vestir ouro (pulseiras, anéis, colares, relógios, óculos, etc) é ilícito para o homem. No
entanto, para as mulheres é lícito e poderão usá-lo até mesmo no momento da oração.
... Levar para uma mesquita algo que é propriamente impuro e o que se tenha purificado é ilício
se resultar uma desonra para ela. E segundo precaução meritória, mesmo que não produza
desonra será preferível não levar do mesmo jeito.
... Segundo precaução meritória, é lícito adornar uma mesquita com ouro.
... Se uma mesquita for destruída, não poderá ser vendida ou agregada a uma casa ou terreno
(ou seja, não se podem usar seus restos). Também não é permitido usar seus restos na rua, nem
em um caminho, em uma rota, ou em um parque, etc.
... É recomendável manter a mesquita bem iluminada e é meritório que a pessoa que vai para a
mesquita se perfume, use roupas limpas e preciosas e se certifique de que seus sapatos não
estejam impuros.
... É desaconselhável sujar a área, cuspir, assuar o nariz ou dormir, falar sobre os assuntos
mundanos (besteiras e ações desrespeitosas) na mesquita. Caso se produza desonra, será ilícito.
Nascido em Meca, Maomé não teve boa acolhida em sua própria cidade quando voltou a
ela como profeta de uma nova religião. Refugiou-se, então, em Medina. No entanto, e com
surpresa para seus discípulos, pois pensavam que o profeta escolheria como epicentro de culto
Medina ou Jerusalém, Maomé fez de Meca a cidade santa de sua religião. Ficava claro que não
podia renunciar aquela cidade, precisava dela simplesmente porque era a que continha a Kaaba.
Uma vez conquistada a cidade por seus seguidores, o Profeta derrubou os muito ídolos
que cercavam o santuário, destruiu os desenhos sagrados dos deuses pagãos no interior da
construção e mandou executar os sacerdotes e devotos que mantinham aqueles cultos. Desde
aquela época, e uma vez fundado o islamismo, milhões de muçulmanos em todo o mundo se
ajoelham cinco vezes por dia em direção a esse tesouro de Meca, que é a Kaaba; incineram seus
mortos virados para ela e pelo menos uma vez na vida cada fiel deve peregrinar ao santuário
citado. Os peregrinos uma vez ali, circulam sete vezes a Kaaba. Durante essas circunvalações,
beijam e tocam a construção preta.
O curioso dessa construção não são os muros exteriores, mas o fato de ser relicário. O
fundamental não é a Meca, muito menos a Grande Mesquita ou a própria Kaaba. O essencial
ali é o que esse recinto estreito contém: a misteriosa pedra negra.
Marques-Rivière disse do interior da Kaaba “que é somente uma sala sombria na qual
existem três colunas que sustentam o teto, do qual pendem numerosas lâmpadas de prata e de
outro. O solo está coberto com azulejos de mármore. No ângulo oriental, a meio metro do solo,
não longe da porta, esta selada a pedra negra (Al Hadjar Alaswad), constituída por três grossos
pedaços. A cor é preta avermelhada com manchas encarnadas e amarelas; seu aspecto lembra a
lava ou o basalto”.
A tradição islâmica conta que essa pedra negra foi entregue a Adão, depois da expulsão
do paraíso para o perdão de seus pecados. Por sua parte, o Alcorão disse que Abraão e o filho
que teve com Agar, Ismael, “levantaram os fundamentos da Kaaba”, como réplica da “Casa de
Deus no céu”. Em termos semelhantes, para o paganismo pré-islâmico aquela pedra negra foi
entregue aos homens para que eles pudessem se elevar até os deuses. Por meio da sabedoria
dessa pedra sagrada, a humanidade poderia recuperar os conhecimentos perdidos da Idade de
Ouro. Desde um ponto de vista simbólico, o cubo quaternário da Kaaba, no centro de um
círculo, repete o modelo da magia das pedras: uma bateria que capta e harmoniza os quatro
elementos e as energias cósmicas que impregnam o mundo material. Da pedra emanam ondas
vibratórias em espiral que metamorfoseiam poderosamente o meio no qual se encontra.
Com a pedra negra da Kaaba, o islamismo magnetiza forças cósmicas que vitalizam o
próprio egrégoro. E potencializada pelo culto de milhões de seres, a pedra da Grande Mesquita
emite em direção a todos os quadrantes, influências vibratórias que fortalecem o poder da
religião do Profeta. Essa pode ser a motivação escondida que Maomé teve ao fazer de Meca o
centro da fé que ele pregou aos homens. Queria respeitar, utilizar ou valer-me da pedra negra
da Kaaba como o mais poderoso instrumento de seu afã expansivo.
No entanto, a importância desse meteorito sobre a história humana vai muito mais além
de ser um instrumento mágico dos povos antigos. A região de maior concentração mundial de
tectitas é o vale de Moldávia, na antiga Tchecoslováquia. É por essa e não outra razão que essas
pedras negras são chamadas também de “moldavitas”.
Essa pedra foi adorada no império romano, mudando muitos dos destinos de seus
imperadores como Heliogábalo ou Caracalla, e conforme a muitas versões consideradas
anteriormente, o Graal do ciclo de cavalaria céltica bretanha, em relação à gema vinda do céu,
estaria também estreitamente relacionado à misteriosa pedra negra. E mesmo que essa seja outra
questão relacionada, existe o dado curioso entre as tribos celtas que viveram naquela zona de
impacto cósmico antes de chegar à Bretanha. A lenda nasceu por isso, justamente na zona de
maior concentração de tectitas do mundo.
Xiitas e Sunitas
Quando começou a guerra no Iraque, quem desejava estar informado escutava milhares
de vezes distintas vertentes dentro da religião muçulmana. No caso do Iraque, muito se falava
dos xiitas e sunitas. No entanto, ainda está pouco clara a diferença entre ambos os tipos.
Os xiitas
Este termo provém da frase árabe shiat Ali, que significa “os partidários de Ali”.
Conforme conta a tradição muçulmana, Ali foi genro do profeta Maomé, e foi o quarto califa
(príncipe sucessor de Maomé) da comunidade islâmica estabelecida depois de sua morte.
A fé dos xiitas se baseia nos imãs que são os sucessores dentro da família do profeta. Isso
explica o desenvolvimento que essa vertente teve, o qual centraliza seu modo de vida sentindo
e pensando de maneira especial o islamismo. De fato, toma uma inspiração histórica referida
ao fracasso e ao martírio. Isso explica porque todos os anos se celebra a morte de Husein, filho
de Ali, que faleceu na guerra de Karbala, no ano de 680.
Além disso, acham que a guerra santa é necessária em tempos de crise. Em relação à
forma de governo de um país, os xiitas asseguram que este deve ser teocrático, ou seja, regido
por Deus. Para os xiitas, o islamismo é a forma mais pura da representação da religião original.
No Iraque, entre 60 e 65% de seus habitantes professa o xiismo. A grande maioria deles vive
no centro e no sul do Iraque. As cidades sagradas deles são Nayaf e Karbala.
Os sunitas
Segundo estimativas, os sunitas subiram para cerca de 90% do total de muçulmanos. Eles
mesmos qualificam essa vertente como a parte ortodoxa do islamismo.
A tradição assegura que os sunitas são seguidores de uma série de normas de condutas
proclamadas pelo profeta Maomé, situações que são emitidas mediante a pregação e o
desenvolvimento da vida. Todos esses momentos são aprovados tacitamente pelos religiosos.
Os sunitas são regidos pela chamada suna, seita que compõe o islamismo e que é a única
que leva ao paraíso. De fato, a suna possui uma autoridade comparável ao Alcorão, o livro
sagrado que contém as revelações entregues a Maomé, razão pela qual se consideram como
muçulmanos verdadeiramente ortodoxos. Segundo os últimos números, no Iraque existe entre
32 a 37% de sunitas. Todos eles se localizam na zona central e, em menor parte, no norte desse
país.
Os banhos no rio Ganges. Um rito muito importante na religiosidade hindu é o banho sagrado.
Na saída do sol, todos os hindus se banham em um rio ou estanque. A água é sagrada devido
ao seu poder purificador. O rio mais sagrado é o Ganges. Eles o chamam de “Nossa mãe
Ganges”. À margem ocidental do Ganges se assenta Benarés, a cidade religiosa, centro do
hinduísmo. Os hindus vão além, em peregrinação, para visitar os inumeráveis templos (mais de
1400) e tomar o banho purificador no rio sagrado.
Um torii é um arco japonês, comumente encontrado nas entradas dos santuários Xinto.
Possui duas colunas sobre as quais se sustentam dois arcos, frequentemente coloridos de
tonalidades vermelhas. Alguns desses arcos possuem tabelas escritas montadas entre as barras
horizontais. Tradicionalmente, os torii são feitos em madeira ou pedra, ainda que recentemente
tenham sido feitos em aço ou aço inoxidável.
Os templos do deus Inari possuem normalmente muitos torii. Uma pessoa que teve sucesso nos
negócio muitas vezes doa um torii em demonstração de gratidão. O templo de Fushimi Inari,
em Kyoto, tem milhares desses arcos.
O origami
O origami tem seus inícios nos elementos ornamentais chamados Noshis, utilizados em
ofertas alimentícias que eram feitas antigamente nos templos budistas. Foram precisamente os
monges dessa religião que levaram para o Japão, por volta do século VI, o segredo do papel e
consequentemente da arte da dobradura. No entanto, não foi até 1797 quando se documentou
essa disciplina com a publicação de Senbazuru Orikata (“Cómo doblar mil Grullas”). O Kan no
mado, uma coleção tradicional de figuras japonesas, foi publicada em 1845. Começando na
década de 30, o japonês Akira Yoshizawa e o americano Sam Randlett criaram o sistema de
linhas e flechas usado atualmente nas instruções de papiroflexia. O nome origami foi
desenvolvido em 1880 a partir das palavras Oru (Dobrar) e Kami (Papel). Anteriormente se
chamava de Orikata que significa exercícios de dobradura.
Por exemplo, a dobradura da borboleta talvez a mais antiga, era utilizada em casamentos
xintoístas como símbolo de amor constante. Montavam-se uma mariposa macho e uma fêmea,
as quais fechavam duas garrafas de sake. Durante a cerimônia, unificava-se o conteúdo das
garrafas em uma só taça e era oferecida aos noivos.
UNIDADE II
Seitas e novos movimentos de origem cristã
Precisamos fazer uma pequena revisão da história para chegar à situação atual. Durante
o período medieval, a igreja controlava o pensamento das pessoas. Todas as universidades
estudavam teologia em uma forma filosófica. Os professores eram padres ou monges e a cultura
estava dominada pela religião. Ninguém pensava, por exemplo, em pintar um quadro que não
fosse religioso.
Pouco a pouco nasce a era moderna, a era da ciência, a era humanista, a era na qual o
homem se vê capaz de qualquer coisa. Havia muita expectativa no século XIX. A ciência se
desenvolvia até o ponto de nascer uma utopia: toda a pobreza do mundo e os problemas iam ser
resolvidos pela ciência. O homem começou a recusar a Deus, vendo-o como um ser
desnecessário, um evento da mente humana, uma muleta que o homem criou porque sentia
necessidade disso. Surge no século XIX a teoria da evolução, fazendo desnecessária a ideia de
um Deus criador. Desmistificam a Jesus fazendo dEle somente um líder incrível, um modelo,
mas negando a encarnação, todos os milagres e a ressurreição. Disseram que eram invenções
da igreja, que criou mitos para substanciar suas crenças, como todas as outras religiões.
A CENA PÓS-MODERNA
As primeiras manifestações da era pós-moderna aconteceram na esfera da arte, da música
e da literatura, na maioria das vezes na Europa. Muitas pessoas voltaram da guerra desiludidas
com a ciência e com a modernidade. Haviam perdido a esperança de que o mundo melhorasse.
Começaram a ver a vida como algo absurdo. A juventude europeia e dos EUA, nos anos
cinquenta e sessenta do século passado, mostraram sinais de rebeldia. Aí é onde nasce o rock,
os Beatles, os Rolling Stones, as hippies, os “flower power”. Os levantamentos estudantis, como
o maio francês. O grito unânime parecia ser: “nada tem sentido”. “Para onde estamos indo?”
Apareceram, também, os gurus, as drogas, a maconha e as primeiras comunidades hippies que
acabaram com os valores e dedicaram-se a viver somente o presente.
Nesse ambiente, deu-se início, nos EUA, à impopular guerra contra o Vietnã. Uma guerra
altamente científica que matou milhares de jovens vietnamitas e americanos. Outros milhares
foram lesionados física ou mentalmente. Estamos falando de pessoas que, atualmente, têm seus
cinquenta anos e são pais de jovens.
À cultura dos jovens rebeldes, deve-se somar Hollywood e o desenvolvimento dos meios
de comunicação e entretenimento. Vídeos virtuais com mensagens diversas, a televisão que traz
o mundo para nossa sala com mensagens subliminares e concepções anticristãs, pós-modernas,
confusas em filosofia e consumistas do mundo. Foi construído uma cultura totalmente baseada
no “eu”. Na literatura se encontram muitos livros questionando o modernismo, em inglês e em
castelhano. A arte virou absurda, a música de enfoque mais clássico, também. A mensagem que
se tem é que o mundo começa a perder seu sentido.
O PÓS-MODERNISMO
Tentaremos rapidamente definir o mundo filosófico pós-moderno que está invadindo
nosso continente:
O ser humano pós-moderno é hedonista em busca da felicidade. Não tem centro nem
objetivo. É idólatra do corpo (exercícios e vida saudável, entre outras coisas). Busca a felicidade
baseada no hedonismo. O consumismo o converte em um ser cheio da necessidade compulsiva
de comprar, buscando produtos cada vez mais estimulantes, impactantes, novos e refinados.
35
Ideias do livro: HONG, In Sik.¿Una iglesia pós-moderna? Buenos Aires: Editora Kairós, 2001.
cristã) e movimentos atuais (expressões dinâmicas que ainda não fixaram totalmente sua
organização e se encontram em evolução).
Nesta seção, vamos considerar um grupo de seitas que tem suas raízes no cristianismo.
Como o universo é muito vasto, decidimos pegar dois de cada grupo:
“Seitas escatológicas”, que têm ênfase especial na segunda vinda de Jesus. Ex.: As Testemunhas
de Jeová; A Igreja Adventista do Sétimo Dia.
“Seitas como organizações”. Ex.: Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias (mórmons); A Igreja
da Unificação (moonies).
SEITAS ESCATOLÓGICAS
A doutrina das últimas coisas ou a escatologia está muito presente no pensamento cristão
nestes dias. Muitas pessoas percebem que podemos estar nos aproximando dos últimos dias da
nossa era. Vale dizer aqui que existe um movimento apocalíptico na igreja evangélica nestes
tempos. Há 150 anos os intérpretes se dedicaram a interpretar a Bíblia para saber como vão ser
os últimos tempos, mesmo que por muitos anos os teólogos foram amilenistas, crendo que não
devemos transformar em uma doutrina uma passagem simbólica de Apocalipse, (muitos dos
Pais da Igreja, como Calvino, Lutero, entre outros). Logo, no apogeu da época da ilustração,
surgiu o pós-milenismo, dizendo que o mundo ia de bom a melhor, que todo o mundo ia se
converter ao cristianismo e isso daria lugar ao milênio, depois do qual Jesus viria. Muitas destas
posições se baseiam em especulações, ou interpretações de versículos fora de seu contexto. A
Igreja do Nazareno dá liberdade para cada membro escolher sua própria versão. Existe uma
segurança de interpretação bíblica em algumas coisas que podemos afirmar: Jesus virá de novo,
haverá um juízo final e o céu ou o inferno será o destino final segundo o veredicto de cada um.
AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
As testemunhas de Jeová são um grupo religioso “cristão”, originário dos EUA. Sua sede
central está localizada no Brooklyn, Nova York. Caracterizam-se pelo uso habitual do nome do
Deus judeu-cristão, “Jeová”. Pregam de porta em porta ou pela rua em pares, têm a convicção
de um fim próximo, recusam muitos costumes que consideram pagãos ou crenças cristãs (como
a adoração da cruz ou algumas festividades como o Natal), negam-se a receber transfusões de
sangue (inclusive em situações de risco para sua própria vida ou de seus filhos sem a opinião
das autoridades sanitárias), não participam de atividades políticas e militares (o que denominam
“neutralidade cristã”) e se distanciam marcadamente de outras religiões. Reúnem-se várias
vezes na semana (geralmente três) em seus locais de reunião chamados Salão do Reino das
Testemunhas de Jeová. O informe mundial deles do ano de 2004 nomeou 6.513.132
testemunhas de Jeová ativas em muitos países do mundo.
História
Charles Taze Russell, o fundador, nasceu em Alleghenny, Pennsylvania. Seus pais eram
presbiterianos. Russell passou por uma etapa de dúvidas e foi em um grupo adventista, em 1970,
onde começou a realizar estudos bíblicos. Em associação com alguns amigos, formou a
Sociedade da Atalaia, em 1881, ocupando a posição de presidente. Em 1914, ele e os amigos
fundaram uma associação denominada “Estudantes da Bíblia”. Russell morreu em 1916. Sob o
comando de um segundo presidente, Joseph Rutherford, mudou-se o nome do grupo para o
atual “Testemunhas de Jeová” ou em inglês Jehovah’s Witnesses, em 1931, inspirando-se no
livro de Isaías 43:10: “Vocês são minhas testemunhas, disse Jeová”.
Crenças
A fonte de suas crenças e conduta é a Bíblia. Eles utilizam sua própria tradução, chamada
“Tradução do Novo Mundo”.
As publicações da sociedade Atalaya desde Russel têm sido, para eles, um guia para o
entendimento da Bíblia, mas não infalível: em algumas ocasiões, foram modificados alguns
pontos de vista.
Segundo essa doutrina, só existe um Deus único Jeová, seus seguidores não aceitam
alguns dogmas seguidos por outras crenças cristãs, como a Trindade ou o símbolo da cruz. Para
eles, Satanás luta contra o Reino de Deus diretamente e com entidades terrestres às quais pode
controlar, como o comercio ou a política, os estados, a ONU e a religião falsa (que, segundo
eles, tem como parte mais repreensível a cristandade). Consideram próximos os “últimos dias”
e por isso centralizam suas vidas em conseguir sua aprovação divina mediante a pregação e a
uma vida moral exemplar. Mesmo que as Testemunhas de Jeová venham das tradições
adventistas e protestantes, possuem crenças diferentes delas:
Escatologia: dizem que desde 1914, Cristo veio em forma invisível para assumir o
governo na Terra, ajudado por 144.000 eleitos. Acreditam na iminente batalha do Armagedom,
além do início de um Milênio, o Reino de Deus, sob o governo de Cristo, durante o qual as
testemunhas fiéis e outras muitas pessoas ressuscitadas poderão aprender e chegar a Deus até
alcançar a perfeição tal qual Adão, enquanto vão gradualmente transformando a terra em um
novo Éden. Finalizado esse período, depois da última prova e do juízo definitivo, os justos
viverão para sempre em felicidade, sem dor, na Terra já completamente transformada (salvo os
144.000 que permanecerão no céu com Cristo). Os que recusarem aceitar os mandatos de Deus
morrerão por definitivo.
Organização e práticas
Controvérsias e perseguição
As Testemunhas de Jeová são atacadas por muitos hoje em dia. Várias pessoas, que eram
membros, escreveram livros ou artigos on-line criticando o movimento. Os mais graves têm a
ver com a questão de transfusões de sangue, falta de nacionalismo e profecias específicas que
não se cumpriram. As Testemunhas de Jeová calcularam várias datas para eventos
extraordinários que não aconteceram. Cinco vezes (em 1914, 1918, 1920, 1925 e 1941)
previram o começo do Armagedom e previsões sempre falharam.
Suas práticas foram proscritas em vários países por várias causas e acusações nem sempre
reais. As Testemunhas de Jeová foram perseguidas pelo regime nazista que prendeu, torturou e
assassinou milhares deles durante a Segunda Guerra Mundial já que se declaravam neutros
política e militarmente. Atualmente, são perseguidos em países como Turquia, Hong Kong,
Coreia do Norte, Cuba, Rússia e outros.
Publicações
A Igreja Adventista do Sétimo Dia nasceu nos Estados Unidos durante a segunda parte
do século XIX. Sua aparição se deve a um erro na doutrina de William Miller, que baseado em
seus estudos das profecias de Daniel dizia que Cristo viria à terra em 1844, mas essa data chegou
e não aconteceu nada. Depois dessa fracassada profecia, no dia 21 de maio de 1863, a igreja
foi inaugurada, com cerca de 3.500 membros. Seu nome atual se deve à esperança no rápido
retorno (segunda vinda) de Cristo, pois o termo adventista apregoa o período de espera prévio.
Sua profetisa, Ellen G. White, deixou muitos escritos que os inspiram, incluindo a mensagem
de saúde que inclui o vegetarianismo e a abstinência de álcool, tabaco e cafeína.
Crenças e práticas
Desde antes da fundação da igreja adventista, Ellen White contribuiu muito, suas visões
chegaram a ser o fundamento de suas formulações doutrinárias e usam seus escritos como “uma
luz menor” para levar as pessoas à “luz maior”, a Bíblia. Algumas de suas doutrinas são bíblicas,
mas outras se distanciam definitivamente dela.
• Deus: os adventistas acreditam em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, ou seja,
acreditam na Trindade. Também ensinam a doutrina da encarnação e da ressurreição de
Jesus Cristo. Pregam a segunda vinda do Filho de Deus.
• A Bíblia: acreditam na inspiração divina das Escrituras, mas em sua interpretação
dependem muito dos escritos de White.
• Salvação: se por um lado sua doutrina da salvação é semelhante aos ensinamentos cristãos,
em alguns aspectos difere muito dos ensinamentos bíblicos. Por exemplo, sua má
interpretação de Daniel 8:14 e 9:24-27 os levou a pensar que Cristo voltaria à Terra para
“purificar o santuário”, por causa disso seus líderes estabeleceram datas de retorno,
primeiro no dia 22 de outubro de 1843, e depois no dia 22 de outubro de 1844. Claro que
ambos os prognósticos não se cumpriram, ainda que um dos seus líderes tivesse dito que
“recebeu uma visão” na qual viu que Cristo havia voltado no dia 22 de outubro de 1844,
sim, só que não para a Terra, mas para o “santuário” do céu. Eles acreditam que a morte de
Jesus Cristo na cruz não foi suficiente para limpar e nos salvar dos pecados, por isso Ele
teve que esperar até 22 de outubro de 1844 para entrar no “Lugar Santíssimo do Céu” e,
então, nos purificar dos pecados. Também acreditam que Jesus Cristo nasceu com uma
natureza pecaminosa.
• Vida futura: acreditam na doutrina chamada “sonho da alma”, a qual diz que quando uma
pessoa morre entra em um estado de silêncio, quietude e completa inconsciência. Também
acreditam na aniquilação dos pecadores, e não acreditam no inferno porque dizem que
quando Cristo voltar, o pecado e os pecadores serão aniquilados.
• Sétimo dia: segundo uma visão de White, o mandamento relacionado ao dia de descanso
estava rodeado por uma auréola luminosa, o que indicava que ele deveria ocupar um lugar
especial no ensinamento e na prática dos adventistas. Assim, eles acreditam que o sétimo
dia foi estabelecido desde o Éden para ser praticado perpetuamente e que a mensagem de
Apocalipse 14:9-12 é uma profecia para a restauração e observância do dia de descanso.
Também acreditam que, ao observar o sábado, estão dando testemunho da lealdade que
têm para com Cristo e que aqueles que não observam o sábado receberão a marca da besta.
SEITAS DESTRUTIVAS
As seitas conhecidas como “destrutivas” costumam ter as seguintes características: vivem
em comunidades, proíbem os membros de entrar em contato com suas famílias, têm líderes
manipuladores que exercem excessivo poder sobre eles, perdem sua identidade e personalidade.
Uma seita destrutiva, então, é todo aquele grupo que emprega técnicas de persuasão coercitiva
que resultam em:
As pessoas que pertencem a essas seitas ou “cults” são controladas, não podem receber
informações de fora que não tenham sido sancionadas e por meio de um programa de “lavagem
cerebral” suas ideias são controladas. Finalmente não podem expressar-se emocionalmente.
Vamos observar dois exemplos desse grupo, um relacionado à Nova Era e outro uma seita
adventista.
A “Porta do Paraíso” é um tipo de seita da Nova Era que mistura ficção científica e o livro
bíblico do Apocalipse. Quando as pessoas se tornavam membros do grupo, tinham que vender
todas as suas coisas. Por vários anos, viviam isolados da sociedade. Os homens abandonavam
sua sexualidade sendo castrados. Eles passavam muita informação por meio da Internet, sua
maneira de recrutar os novos membros. Para o suicídio, tomaram uma bebida de vodka e suco
de maçã com fenobarbitol. Esse triste acontecimento ilustra o perigo de entrar em uma seita
onde o líder controla as pessoas.
OS DAVIDIANOS
Seita fundada em 1943 pelo búlgaro Victor Tasho Houteff (1885-1955), formada pelos
ex-adeptos da Igreja Adventista do Sétimo Dia, defraudados pela falta de fé na iminente vinda
de Cristo. Muitos davidianos, depois de abandonar seu trabalho e vender suas propriedades,
mudaram-se para um lugar chamado Monte Carmelo em Waco (Texas). A seita foi formada
quando não se cumpriu uma das profecias adventistas da segunda vinda de Cristo, o que resultou
na mudança de muitos para o “ramo davidiano”, liderado por Ben Roden, dirigente durante 20
anos na sede central do Monte Carmelo de Waco. Ao morrer, a liderança passou para sua
esposa, Lois, de 67 anos, que se casou, depois de algum tempo, com Vernon Howel, de 23 anos.
Este, quando conseguiu a liderança dos davidianos a repudiou e se casou com uma jovem de
14 anos, mesmo vivendo com outras 14 jovens como se fossem suas esposas.
Em 1990, Vernon adota o nome de David Koresh. Seus seguidores passaram a identificá-
lo como Cristo em sua segunda vinda, e seu anúncio apocalíptico do fim do mundo fez com que
se multipliquem os centros da seita por diversos países.
No dia 19 de abril de 1993, o exército americano teve que intervir em Waco para tentar
evitar uma aparente ameaça de suicídio coletivo. Foram 51 dias de cerco que acabou com a vida
de 75 davidianos, entre eles 42 menores de 18 anos, 4 agentes federais e 2 civis não davidianos.
Dizem que muitos deles, incluindo Koresh haviam sido mortos previamente em cerimoniais de
assassinatos rituais mediante tiro na nuca. Fica uma dúvida histórica se o incêndio que
finalmente acabou com todos foi propagado pela própria seita ou foi induzido pelos armamentos
empregados pelos militares do governo. Seja qual for a situação real, temos aqui uma típica
seita destrutiva, todos vivendo juntos sob o controle e domínio de um líder carismático e
autoritário que podia levá-los à morte.
Sua sede fica em Salt Lake City, Utah, EUA, onde 75% da população diz ser mórmon.
Por exemplo, são donos da rede de hoteleira Marryott, e em cada quarto deixam literatura
mórmon. Somente os dízimos dos fiéis de um ano nos EUA são de dois bilhões de dólares.
Dizem que é a organização religiosa com maior poder econômico do mundo. Possuem outras
atividades econômicas de grande escala. Consideram a prosperidade como sinal da benção de
Deus e valorizam a retidão nos tratos financeiros.
História
Acreditam que em 1820, Deus e seu filho Jesus Cristo apareceram ao jovem de catorze
anos chamado Joseph Smith Jr., em resposta a sua oração sobre a veracidade da igreja.
Supostamente Eles lhe disseram que não se juntasse a nenhuma das igrejas estabelecidas porque
estavam erradas e Deus queria restaurar a igreja original.
A igreja mórmon foi oficialmente aberta no dia 6 de abril de 1830, em Fayette, Nova
York. Depois de uma onda de perseguição e do assassinato de Joseph Smith por uma multidão
em Illinois, Brigham Young guiou os mórmons para Utah.
Eles acreditam que depois do primeiro século, a igreja foi contaminada pela filosofia
helenista dando lugar à “grande apostasia”, criando um período de profunda obscuridade
espiritual. Joseph Smith introduziu novas supostas revelações para complementar e esclarecer
as Escrituras. O livro dos Mórmons, o qual dizem que Smith recebeu por revelação, é a história
supostamente revelada em placas de outro pelo anjo Moroni. Smith traduziu esses ensinamentos
com o poder do “Urim e Tumim”, duas pedras que ele possuía.
Onze testemunhas afirmaram que foi uma experiência real e suas assinaturas estão no
prefácio do Livro dos Mórmons. Supostamente oito pessoas tocaram as placas de ouro e três
viram o anjo. Nos primeiros anos, os seguidores praticavam a poligamia. Smith teve 20 esposas
e 47 filhos. Faz 100 anos que deixaram de praticar a poligamia. A igreja é presidida, hoje, por
Gordon B. Hinckley. Há também dois conselheiros e “apóstolos”, que lhes ajudam na direção.
Artigos de fé atuais
Aqui cabe dizer que parece que houve mudanças durante os últimos anos e uma
aproximação a uma posição mais evangélica e cristológica, mesmo que sempre haja assuntos
questionáveis. No entanto, em uma sondagem de opinião conduzida em junho de 2001, 34%
dos entrevistados da Igreja Mórmon diziam que haviam “feito um compromisso pessoal com
Jesus Cristo que havia afetado sua vida hoje e que quando morressem iriam ao céu, somente
porque haviam confessado seus pecados e aceitado a Jesus como seu Salvador”.
As Escrituras
Como diz sua base de fé, os mórmons aceitam outros documentos além da Bíblia.
Especialmente o Livro dos Mórmons e a coletânea A Pérola de Grande Valor, ambos escritos
por Joseph Smith. O Livro dos Mórmons, segundo eles, contém a história de como Deus tratou
as pessoas que habitavam nas Américas, bem como a plenitude do evangelho. Conta a história,
descrita por um tal de Moroni, de duas grandes civilizações, uma proveniente de Jerusalém em
600 a.C. Essa civilização se dividiu em dois grupos, os nefitas e os lamanitas. O segundo grupo
havia vindo para as Américas muito antes de quando Deus confundiu os idiomas em Babel.
Eles se chamavam os jareditas. Depois de milhares de anos, todos foram destruídos menos os
lamanitas, que são os principais ancestrais dos índigenas americanos. O evento mais importante
descrito no Livro dos Mórmons conta o ministério pessoal de Jesus entre os nefitas depois de
sua ressurreição. Descreve o evangelho, o plano da salvação e o que o homem tem que fazer
para ter paz e vida eterna.
Esse livro dos Mórmons realmente é questionável. Parece um romance e a verdade é que
dizem que havia um escrito anterior e seu autor acusou Joseph Smith de plágio. Não existe
nenhuma evidência das supostas barras de ouro que haviam desaparecido. Não existe evidência
destas raças antigas nem na arqueologia, nem na história anterior à conquista. Tudo parece ser
uma grande invenção ou no pior dos casos, já que Joseph Smith tinha relação com os maçons,
algo esotérico ou um engano de Satanás.
O plano da salvação
Segundo eles, o evangelho de Jesus Cristo restaurado em sua plenitude por Joseph Smith,
chama-se o plano da salvação e é designado para levar a imortalidade e a vida eterna aos
homens. Somente pela expiação de Jesus, pela sua misericórdia e por graça pode-se chegar à
salvação. A entrada ao reino celestial somente é possível pela obra de Jesus e por meio da
obediência. Acreditam no que disse Tiago: “A fé sem obras é morta”. Exaltação é o prêmio
para os retos e pelo processo de exaltação uma pessoa pode eventualmente chegar a ser como
Cristo, ou seja, chegar a ser um deus. Os mórmons sustentam uma posição arminiana sobre a
salvação, a qual pode ser perdida se não existir obediência.
Toda semana existem cultos de adoração e celebram um tipo de Santa Ceia todo domingo.
Cantam hinos, existe uma mensagem e ao mesmo tempo existe escola dominical para todas as
idades. Durante a semana, podem se reunir nas capelas para diferentes eventos, mas nunca nas
segundas-feiras que é a noite dedicada ao tempo para as famílias em cada lar. As orações são
dirigidas ao Pai, em nome de Jesus.
Suas práticas
História
Segundo os moonies, Jesus apareceu ao Rev. Moon quando tinha 15 anos, em 1935, e lhe
pediu que terminasse o trabalho que ele havia começado, uma vez que falhou em seu ministério
aqui na terra. Depois da Segunda Guerra Mundial, pregou na Coreia do Norte onde foi preso
em 1946 pelos comunistas. Quando saiu da prisão, fundou a seita e quatro anos depois, em
1958, já havia mandado missionários ao Japão e à América do Norte. Moon se mudou para os
Estados Unidos em 1971.
Teologia
• Revelação: Deus revelou sua verdade ao Reverendo Moon e está escrito no livro do
Princípio Divino, que é o terceiro testamento e tem a mesma autoridade que o Antigo e o
Novo Testamento. Acreditam também que Deus pode se revelar de novo e, de fato, Moon
disse que isso já aconteceu com ele várias vezes.
• Métodos de Interpretação: interpretam a Bíblia alegoricamente, por exemplo, na cruz o
ladrão à direita representa a democracia, enquanto que o da esquerda, o comunismo.
• A Trindade: negam o ensinamento bíblico sobre a Trindade. Ensinam que o terceiro Adão
(Moon), sua esposa e Deus constituem a primeira trindade que é repetida em cada
matrimônio “moonie” quando se casam e incluem Deus em sua relação.
• O Pecado: mesmo que todos queiram fazer o bem, Satanás é uma força maligna que os
incentiva a fazer o mau. Quando Satanás seduziu sexualmente a Eva, a raça humana chegou
a ser espiritualmente corrupta. Quando Adão e Eva tiveram relações sexuais contra a
vontade de Deus, o ser humano chegou a ser fisicamente corrupto. Essa corrupção física e
espiritual põe a humanidade sob o domínio de Satanás e fora da providência de Deus.
• A Salvação: mesmo que a humanidade necessite ser redimida tanto física como
espiritualmente, Jesus apenas a redimiu espiritualmente. Era imperativo, então, que o
segundo messias viesse para redimir a humanidade fisicamente. A redenção física trará o
Reino de Deus à Terra. Esse segundo messias é Sun Myung Moon que está cumprindo essa
tarefa aperfeiçoando a si mesmo, sua família, sua nação e o mundo.
• Jesus: não nasceu de uma virgem, mas sim era filho ilegítimo de Zacarias e Maria. Falhou
em seu ministério e sua missão era casar-se e produzir filhos perfeitos. Falhou e terminou
na cruz mesmo que não tenha sido o plano original de Deus que Jesus morresse. A cruz
chega a ser símbolo de fracasso para os moonies. Jesus deveria ter se casado também para
completar a redenção física. Uma das razões pela qual Jesus falhou é que João Batista não
o apoiou apropriadamente. Jesus não é Deus. Jesus não é igual a Deus.
• A ressurreição de Jesus: Jesus ressuscitou espiritualmente, mas não fisicamente. Depois da
ressurreição, apareceu para seus discípulos como um ser transcendental, mas não como um
ser físico. A ressurreição de Jesus somente ajuda os planos de Deus até certo ponto. O
espírito do crente é redimido, mas não seu corpo físico.
• O Inferno e o Céu: o inferno é um lugar espiritual onde reina Satanás. Os espíritos que
recusaram a Deus vivem lá. Eles vão estar ali até que o segundo messias redima toda
humanidade e termine com o Inferno. Depois de sua redenção, todo ser humano chegará a
ser um ser divino e viver no céu com Deus. Satanás vai se converter e chegará a ser de
novo um anjo bom.
• Messianismo: Moon disse em uma reunião pública “em julho falei em cinco cidades da
Coreia com a ajuda da Federação das Mulheres para a Paz Mundial. Ali, declarei que eu e
minha esposa Hak Ja Han Moon somos os verdadeiros “pais da humanidade”. Somos os
salvadores do mundo, o salvador, o Senhor do Segundo Advento, o Messias”. (Reverendo
Moon, Unification News, 24 ago. 1992).
• Matrimônio: o matrimônio é o meio mais importante para estabelecer o Reino de Deus na
terra. Famílias que adoram e temem a Deus são os tijolos da paz mundial.
• Resumo da “teologia” de Moon: Deus quis que Jesus encontrasse uma esposa ideal para
produzir filhos perfeitos para povoar o mundo e mudá-lo. Jesus falhou, os judeus o
crucificaram, então, foi necessário um segundo messias para completar o que Jesus não
conseguiu fazer. Toda pessoa deve ser nascida de novo, de novos pais (Moon e sua esposa)
para cumprir com o plano de redenção de Deus.
Práticas
O matrimônio forma uma parte importante em sua estrutura. Falam do sexo absoluto que
é a abstinência antes do matrimônio e fidelidade depois. Moon, às vezes, arranja matrimônios
entre pessoas de países diferentes e, às vezes, realiza matrimônios em massa com milhares de
pessoas de uma só vez. Uma benção da parte do Reverendo Moon supostamente limpa do
pecado original.
Organizações relacionadas
Hoje, convivemos com quantidade de movimentos novos e temos que ser os apologistas,
estudar as Escrituras e declarar quais são de Deus e quais baseiam suas deias em heresias.
História
Estima-se que hoje em dia existam cerca de 11 mil denominações pentecostais no mundo
com uma membresia total de 115 milhões (alguns dizem que a cifra chega a 200 milhões). Esse
grupo cristão é o maior depois dos católicos e a maioria está em desenvolvimento.
Em 1974, houve uma conferência carismática católica em Notre Dame onde participaram
30.000 pessoas de diversas nações. Em mais de trinta anos, o movimento carismático católico
tocou mais de 70 milhões de católicos em 120 nações.
Segundo uma pesquisa, quase 60% dos cristãos americanos, de uma forma ou de outra,
estão vinculados a esse movimento da Teologia de Prosperidade. Na América Latina, o
movimento tem muita força e influência. Essa doutrina é difundida por várias estações de rádio
e de programas de televisão por satélite (como o canal ENLACE, com sede em Pavas, Costa
Rica), além de um grupo grande de igrejas de corte mais neopentecostal.
É evidente que o materialismo é o foco dessa nova teologia e não Deus. Para eles, Deus
é o servo e o homem é o dono ou o senhor. Deus existe para dar ao homem o que ele quiser.
O fundador desse movimento se chama Kenneth Haggin. Desde o ano de 1970, Kenneth
Haggin difunde suas ideias por meio de um instituto bíblico grande chamado Instituto Rhema,
em Tusa, Oklahoma. Produzem um jornal chamado La palavra de la fe. Outras pessoas
envolvidas são Kenneth Copeland, Robert Schuller, Benny Hinn, entre outros.
• Uma nova teologia da Criação: Deus criou o mundo pela fé. A fé é uma força ou
energia como a gravidade ou a eletricidade, essa força é liberada pelas palavras, e
assim foi como Deus falou e foi feito, segundo eles. Para Copeland, as palavras são
sagradas, externas e santas, e este planeta funciona por meio de palavras.
• Uma nova teologia do homem: o homem foi criado para governar o mundo por meio
da confissão positiva. Ensinam que o homem é um espírito que tem alma e vive em
um corpo. É o espírito, então, que identifica a pessoa. O homem foi criado para ser o
deus deste mundo e tem, em essência, os atributos de Deus e precisa da força da fé
para liberá-los.
• Uma nova teologia do pecado original: o pecado original tanto de Adão como de
Satanás está relacionado com a confissão negativa. A língua é responsável por muito
do caos de nosso mundo. A transgressão de Adão deu poder a Satanás para tirar Deus
deste mundo e mudou sua natureza divina por uma natureza satânica.
• Uma nova teologia da soberania de Deus: Deus foi excluído da terra pela
desobediência do homem. Somente o ser humano tem o direito legal para governar o
mundo, Deus pode fazê-lo somente em cooperação com o homem.
• Uma nova Cristologia: a única maneira que Deus podia usar “a palavra” era por meio
do homem. Então, veio o momento no qual “a palavra” chegou em forma de Homem.
Maria concebeu por meio da “palavra” que o anjo lhe falou, e assim “a palavra” se
fez carne. Jesus chegou a ser, então, o produto final de confissões positivas. Jesus fez
milagres pela força da “palavra”.
• Uma nova teologia da explicação: Cristo recebeu uma natureza satânica e má e
morreu espiritualmente. Seu sangue não tem muito significado porque Cristo redimiu
o mundo no inferno. Depois de três dias como o prisioneiro sob a tortura de Satanás,
Jesus nasceu de novo e subiu ao Pai. A sanidade, a prosperidade e a longa vida estão
garantidas por sua expiação.
• Uma nova teologia da salvação: não existe fé sem confissão. A justificação não é
somente pela fé, mas pela fé na “palavra”. A fé é uma força, mais que uma atitude de
confiança. Quando uma pessoa vem a Cristo, recebe uma natureza divina e tem fé
dentro de sua natureza, então tudo é possível para um crente. Por meio da fé, uma
pessoa pode liberar poderes para mudar as circunstâncias, enfermidade, pobreza,
entre outros. Cada crente tem, então, o direito de ser próspero e são.
• Guerra espiritual: Jesus delegou todo poder aos crentes, e os cristãos devem usar esta
autoridade sobre todas as coisas que parecem mais como enfermidade, pobreza,
sofrimento. Todos esses problemas são causados por demônios. Jesus já não pode
intervir, depende dos homens exercer sua autoridade.
Como se pode observar, essa posição tem todas as sementes de uma heresia de grandes
proporções. A pessoa recebe o que confessa. Se tiver medo, receberá o que dá medo. Se
confessar sanidade, a receberá, se confessar prosperidade, a receberá porque, segundo eles, a
palavra de fé que é poderosa realmente é a que atua. Sua confiança não está posta em Deus,
mas em um suposto poder metafísico.
Em relação à prosperidade, esse movimento pode ser reduzido a uma forma simples:
servir a Deus para ser rico, desobedecer a Deus e ser pobre. A suposta lei da prosperidade
funciona a base do princípio de multiplicação. Por exemplo, se uma pessoa der R$1 por causa
do evangelho, então receberá R$100, se der R$100, receberá R$1000, e se der R$1000, receberá
R$100.000. Deus é como uma sorte de banqueiro celestial no qual vale a pena investir.
Copeland e outros líderes colocam de lado muito da teologia sistemática de dois mil anos,
a qual representa uma tradição cristã de muito valor.
Esse grupo é mais conhecido em muitos lugares com o nome comercial “Pare de Sofrer”,
que é o título publicitário que usam para anunciar produtos mágicos que vendem em suas
reuniões, onde afirmam que “as coisas” abençoadas durante esses cultos, ao serem levadas para
casa transportam a presença de Deus. Existe uma série de amuletos cristãos, como: rosas
milagrosas de Saron, sal bendito, terra de Jerusalém, azeite de oliva do jardim do Getsêmani,
pedras da tumba de Jesus, água benta do rio Jordão, a chave da vitória, azeite milagroso de
Israel, areia da praia do mar da Galileia e muitos outros, além de ações mágicas e salvadoras
como tocar o manto sagrado, passar pela porta da vitória, caminhar sobre as rosas, etc.
Essa igreja faz parte da teologia da prosperidade e sua ênfase é: quanto mais dinheiro uma
pessoa dá para Deus, mais bênçãos ela terá. Essas coisas tendem a atrair as pessoas
supersticiosas e vulneráveis. As pessoas que ignoram as Escrituras chegam a esse lugar
pensando que se colocar sua fé em tal coisa ou ação serão curadas, libertas de demônio ou terão
prosperidade.
A Igreja Universal do Reino de Deus possui a terceira rede televisiva mais popular do
Brasil, dezenas de estações radiofônicas, vários jornais, um banco e outras muitas propriedades.
Pedem aos seus membros muito dinheiro com a promessa de que vão ser abençoados por Deus
nesta vida e serão salvos das chamas do inferno na outra.
Segundo os ensinamentos da Oração Forte, as pessoas podem ter dois tipos de fé: fé
natural ou fé sobrenatural. Para eles, a fé natural consiste na confiança em Deus somente, mas
que duvida que Deus possa fazer milagres econômicos. A fé sobrenatural é a que confia que
Deus pode multiplicar o dinheiro e as posses materiais e afirmam que esta é a fé que agrada a
Deus.
O diabo está presente em todos os males. Macedo afirma que todos os males de qualquer
espécie são de origem demoníaca. Os demônios são culpados por todas as desgraças do mundo.
A função da Igreja é “quebrar feitiços com uma linguagem que se aproxima muito dos
cultos afro-ameríndios”. Além disso, algumas das suas igrejas, antes de começar o serviço,
costumam orar pela libertação de espíritos, tais como feitiçaria, idolatria, adultério, fornicação,
lascívia, ciúmes, lutas, invejas, bebedeiras, etc., nas pessoas presentes.
Quanto à base doutrinária da Igreja Universal, ela se parece com um grupo semelhante a
outros evangélicos. Por exemplo, acreditam na deidade de Jesus Cristo, na Trindade, na
ressurreição do corpo de Jesus Cristo e na salvação pela graça por meio da fé. No entanto, é na
prática que atuam em maneiras pouco evangélicas.
Sua doutrina central é a cura divina, a libertação dos espíritos maus (a quem colocam toda
culpa dos males: depressão, falta de trabalho, violência familiar, insônia, pobreza, dor de
cabeça, etc.), e a prosperidade econômica como fruto da benção de Deus.
O toque mágico-ritual das rosas (branca para problemas sentimentais, vermelha para
problemas de saúde e amarela para problemas econômicos), sabonetes, azeites (com os quais
ungem fotografias de familiares, etc.), e águas bentas, entre outras coisas são utilizadas com um
forte sentido imediatista, mágico e supersticioso. De fato, esse tipo de práticas é ingenuamente
muito bem recebido por uma religiosidade popular não formada.
Mesmo que Dr. Peter Wagner não seja o único liderando esse movimento, ele como
jornalista e ex-professor do Seminário Teológico de Fuller é a pessoa que difundiu mais o
conceito por meio de livros, como: Confrontando los poderes. Wagner disse que descobriu uma
nova e radical estratégia para o evangelismo. Chama esse novo conceito de “batalha espiritual”
no âmbito estratégico e anuncia que essa nova “tecnologia espiritual” é o melhor que já
aconteceu para a igreja cristã desde os impulsos missionários de William Carey. Essa nova
estratégia e tecnologia de guerra espiritual criam embates em diferentes níveis.
Mapeamento espiritual
O arrependimento identificacional
Por exemplo: orar em um lugar específico por uma região ou nação é mais eficaz que orar
em casa. Os demônios que trabalham no oculto têm estratégias diferentes daqueles que possuem
pessoas e isso requer estratégias diferentes. Os demônios são divididos em 2 tipos de nomes:
funcionais e nomes próprios. Wagner recorre aos xamãs, aos gurus hindus, aos líderes do
movimento da Nova Era e aos que praticam ocultismo para obter sua informação sobre a
atividade demoníaca, argumentando que essas pessoas sabem muito mais do oculto que o
cristão.
Em resumo, Wagner e seus seguidores, mesmo que não neguem a validade das Escrituras,
propõem que Deus pode se revelar hoje fora das Escrituras da mesma maneira. Deus pode se
revelar por meio de pesquisas que pessoas estão realizando entre praticantes do ocultismo para
conhecer a estratégia do inimigo. Wagner quase não fala da condição pecaminosa do homem.
Qualquer lugar no mundo onde a igreja não cresce é atribuído ao mundo demoníaco. O
evangelismo é entrar em uma guerra galáctica ou visual sobre nossas cabeças.
O objetivo é que cada crente chegue a ser um líder mediante a aplicação de um processo
estratégico que facilita a multiplicação sólida e acelerada. O processo estratégico se baseia em
quatro etapas essenciais pelas quais passa cada crente e garantem seu posicionamento como
líder até se converter em um agente multiplicador aplicando esses mesmos passos em outras
pessoas. Esses passos são: ganhar, consolidar, discipular, enviar.
Esta é a etapa de conservação dos frutos. Consiste no cuidado que se deve brindar o
recém-convertido. O Senhor nos pede para atender adequadamente a cada pessoa que nos
confiou. Para um cuidado efetivo do novo, estamos preparados para cuidar de doze pessoas, tal
como fez Jesus. A consolidação culmina quando a pessoa teve um “Encontro com Jesus”. O
êxito no processo de consolidação está fundamentado no amor que se oferece ao novo crente
assim que chega à congregação ou à cédula. Esse amor se concretiza em proteção, confiança e
segurança outorgando ao novo membro, fazendo-o sentir como em seu próprio lar. Os
propósitos dessa etapa são: mostrar o amor de Deus a cada pessoa, orar para que recebam e
entendam que Cristo mora em seu coração, conhecer suas necessidades e mostrar-lhes que
Cristo pode supri-las.
- Cura interior: a pessoa é ministrada para que supere todos os traumas que pode ter vivido
durante a infância e a adolescência. É aplicar o perdão como medicina às feridas da alma.
- Libertação: nesta etapa, rompem-se as maldições de gerações, maldições que puderam entrar
durante a infância, ou as recebidas pelos pecados cometidos deliberadamente, ou por práticas
de ocultismo, etc.
- Encher-se do Espírito Santo: todo aquele que adquire a segurança da salvação deve ser cheio
do Espírito Santo porque Ele passa a cobrir todo o vazio que a pessoa pode ter.
- Ensinamento da visão: o tempo do encontro é um dos melhores momentos para que os novos
crentes comecem a se apaixonar pela visão da igreja e decidam se comprometer com ela.
Pós-encontro. É a etapa em que a pessoa que frequentou o encontro é orientada com temas
específicos que lhe ajudam a cuidar da sua liberação com estratégias para ir contra os ataques
e “tentações” do inimigo, que tendem a apresentar-se no regresso do encontro. Uma das
conferências fundamentais é como enfrentar o mundo agora que experimenta uma nova vida
em Cristo.
A intenção de fazer um discípulo é enviá-lo. Quando alguém estuda uma carreira é para
aplicá-la, de igual modo, a formação de um discípulo implica reproduzir o caráter de Cristo
nele, para que este se encarregue de reproduzi-lo em outros. Cada qual deve ter no coração o
desejo de alcançar outros para Cristo.
Essa visão teve resultados surpreendentes para atrair pessoas não apenas na Colômbia,
mas em todo o mundo. Esse modelo transcendeu até mesmo a denominação, sendo adotado por
batistas, pentecostais, Assembleias de Deus e outras denominações evangélicas. Na Colômbia
são milhares de pessoas que frequentam os estádios toda semana em reuniões do G12.
1. Grupo missionário. Um grupo foi fundado em 1973 e tem como meta alcançar os judeus
para Cristo. Um dos líderes é um pastor batista chamado Martin Roser ou como ele gosta
de ser chamado, Moishe.
2. Sionistas cristãos. Este movimento tem uma embaixada em Israel (a Embaixada Cristã
Internacional em Jerusalém). São totalmente a favor do povo de Israel e por consequência,
contra os árabes. Promovem e financiam alguns projetos israelitas baseando-se em uma
doutrina evangélica, dispensacionalista36, fundamentalista37 e pré-milenista38. Acreditam
no cumprimento literal de várias profecias bíblicas. Politicamente apoiam o sionismo que
fala que a terra de Israel pertence a eles desde a promessa de Abraão, e que os
acontecimentos dos tempos finais se concretizarão em Jerusalém e arredores. Um sionista
cristão se interessa em ajudar a Deus a cumprir suas profecias por meio da realidade de um
Israel físico e político. São de cunho calvinista e acreditam que Israel é o povo eleito por
Deus desde o princípio. Será segundo este grupo, por meio da restauração dos judeus como
povo, que Deus vai levar adiante seu plano. Obviamente, antes das resoluções das Nações
Unidas em 1948, ninguém poderia ter imaginado essa possibilidade, mas Israel já é uma
realidade e é, ao mesmo tempo, o olho da tormenta da política mundial. Os sionistas
cristãos instruem os irmãos a buscarem as raízes hebraicas de sua fé. Existem muitos
“tours” para Israel, onde esse e outros grupos instruem o povo cristão visitante a retornar
às suas raízes hebraicas.
3. Grupos de “judaizantes”. Estes grupos são grandes, variados e preocupantes pela grande
influência que exercem sobre a igreja cristã. Ensinam que o Novo Testamento foi escrito
em hebraico e traduzido para o grego, que os gregos introduziram suas filosofias à fé cristã
adulterando a fé que nunca tinha que sair do judaísmo. Devemos regressar ao judaísmo que
foi o plano de Deus e deixar de lado todos os anos de tradição teológica que, segundo eles,
baseiam-se na filosofia pagã de cada momento. Seguem adorando a Deus aos sábados.
Não celebram Natal e muitas outras festas cristãs que acentuam a instrução pagã. Alguns
desses grupos não aceitam uma doutrina evangélica da trindade. Obrigam os irmãos a se
circuncidarem (entre outras coisas). Alguns são obrigados a limitar-se a comer comida
preparada na maneira judia ou “kosher”. A salvação é obediência às leis encontradas no
36
Dispensacionalismo: a teoria da história do mundo proposta por um inglês, de nome John Darby,
a qual compreende sete períodos de dispensação.
37 Fundamentalismo: originalmente Os fundamentais era uma obra escrita em 1910 para responder
aos teólogos modernos ou liberais. O termo evoluiu e representa a posição de crer enfaticamente na
inerrância das escrituras e em uma interpretação com tendências literais.
38 Premilenismo: implica que Cristo virá antes de um reino de mil anos aqui na terra.
Antigo Testamento e, também, nos livros tradicionais judeus. (o Talmud, a Mishna, entre
outros). Existem diferentes versões desse grupo judaizante. A seguir, há apresentamos
alguns.
Dam alega que o judaísmo renovado não tem muito a ver com o cristianismo que, segundo
ele, é uma corrupção helênica. Eles dizem que Jesus quis que o judaísmo fosse complementado
e não substituído.
Afirma que o Novo Testamento foi escrito em hebraico e que as traduções obscureceram
a mensagem judaica.
São igrejas evangélicas que se expressam utilizando símbolos judaicos. Sua teologia é
evangélica, mas empregam termos judaicos e suas práticas litúrgicas apresentam muitos dos
modelos do Antigo Testamento. Neste modelo, há mulheres fazendo “danças davídicas”, usam
o shofar, cantam metade na língua do país e metade em hebraico (mesmo que a maioria da
congregação não entenda), supostamente adoram na forma de saltério, têm uma réplica da arca
da aliança na plataforma. Os cantos, muitas vezes, fazem alusão a Jerusalém, a Sião, à vitória
do povo de Deus. Cantam com melodias israelitas. Esta expressão judaica na liturgia cristã é
muito comum. Muitas vezes é somente uma moda, não compreendem o significado do que estão
fazendo. Por exemplo, não temos nenhuma partitura de música hebraica ou danças davídicas.
O que estão fazendo é usar danças “yidish” dos asquenazes judeus que vieram do Leste da
Europa. Esta música provém da Europa Oriental.
Em nossos estudos sobre os judeus foi mencionada a possibilidade da maioria dos judeus
de hoje serem convertidos ou prosélitos. Faço uma pergunta aqui: se for isso mesmo e eles se
converteram depois do nascimento da Igreja “por que damos tanta ênfase a eles? Se não há uma
gota sequer do sangue de Abraão ou se existe muito pouco, por que Deus vai favorecê-los? Não
foi esse o povo desobediente por várias vezes? Não é a igreja o novo Israel? Deveria a Igreja
apoiar uma nação como Israel que constrói uma parede entre árabes palestinos e eles? Essa é a
vontade de Deus? Há possibilidade dos evangélicos estarem sendo usados pelos israelitas para
seus fins políticos? Temos que nos perguntar o que o Novo Testamento realmente ensina sobre
os judeus. Quais são as práticas cristãs?
TRAÇOS DIFERENCIAIS ENTRE FÉ MODERNA E FÉ-MODERNA
INTELECTUALIZADA EMOCIONAL
COERENTE SINCRETISTA
TRISTE FESTIVA
DOGMÁTICA NARRATIVA
SACRIFICIAL CÔMODA
PERSEGUIDA TOLERADA
OFICIALIZADA DESCONFIADA
COMPROMETIDA DESCOMPROMETIDA
SEGURA PRUDENTE
POUCO ORANTE ORANTE
O ocultismo é agora muito mais popular do que há vinte anos. Ele se manifesta na música
popular, nas gangues de rua, no aumento dos adoradores de Satanás, nos programas de
televisão, nas revistas, no uso mais abrangente do horóscopo e no estudo dos signos do zodíaco
e nos jogos satânicos que podem ser comprados. Apesar disso, muita gente não leva o ocultismo
a sério, tiram sarro da noção de poder do mal e não o considera parte do mundo “real” em que
vivemos.
A ASTROLOGIA
Atualmente, é bastante possível que um astronauta ou cientista leve ao espaço um amuleto
ou consulte seu horóscopo antes da partida. Todo dia, a televisão nos apresenta sessões de cartas
de tarô e personagens que supostamente leem estrelas para nós. Em cada jornal e revista, pode-
se encontrar o horóscopo do dia. Todos os dias, milhares de pessoas de todo o mundo tomam
importantes decisões médicas, profissionais e pessoais baseando-se nos conselhos de astrólogos
ou de publicações astrológicas.
A astrologia nasceu na Babilônia há mais de 5 mil anos, era uma mescla de religião,
ciência e crenças. A parte científica estudava a evolução dos astros ao longo do tempo, detectava
e determinava a concorrência de certos eventos. A parte religiosa tentava determinar relações
entre os eventos cósmicos e os acontecimentos terrenos, como a queda de reis ou resultados de
batalhas.
Segundo essas crenças, a posição relativa do sol a respeito das constelações do zodíaco
no momento do nascimento de uma pessoa determina seu signo. A astrologia não é uma
disciplina científica, nem faz uso do método científico.
O SATANISMO
O Satanismo ou o culto a Satanás se associa a uma bruxaria medieval, mas não é certeza
que os bruxos e bruxas celebravam rituais propriamente satânicos e realizavam pactos com o
diabo. Em contrapartida, o culto declarado a Satã teve existência comprovada na França, perto
do ano 1600, embora não seus rituais, pois eram realizados em segredo.
História
No dia 30 de abril de 1966, Anton Szandro La Vey (1930-87), fundou a igreja satânica e
declarou que seu objetivo principal era que se respeitassem os desejos egoístas e lúbricos de
seus adeptos, uma mescla de filosofia hedonista com rituais de magia negra.
O ritual satânico
O ritual principal de todo grupo satanista é a missa negra. O ritual é oficializado por um
celebrante, um diácono e um subdiácono coroado com chifres de um bode macho. Durante o
ritual, usam alguns círios ou velas em forma de um pentagrama invertido, um cálice cheio de
vinho ou de licor, um sino, uma espada, um aspersório e um crucifixo invertido. Também usa-
se uma hóstia autêntica e consagrada. O símbolo dessa seita é o chamado selo de Baphomet, ou
seja, a cabeça de um bode dentro de um pentagrama invertido (estrela de cinco pontas virada
para baixo), inscrito em um círculo com cinco letras hebraicas no extremo de cada ponta e tudo
isso, junto, fechado em outro círculo.
O altar da missa negra é uma mulher nua e os participantes ao seu redor usam vestidos
pretos com capuz. O ritual imita, mais ou menos, o da missa católica com as orações recitadas
em latim, inglês e francês. Naturalmente, em lugar de invocar o nome de Deus, invoca-se o de
Satanás e de diversos demônios; recita-se o Pai nosso em sentido contrário e negativo (pai nosso
que estás no inferno); lançam-se invectivas contra Jesus Cristo, e a hóstia é profanada de várias
maneiras (utilizando-a em práticas sexuais, pisoteando-a repetidamente com ódio, etc.). Não se
pode excluir que durante os ritos satânicos, alguns grupos cheguem a perpetrar atos de escárnio
ou profanação de cadáveres, violências físicas, até mesmo em menores, além de rituais
homicidas.
O fato de que a tradição popular identifique o diabo com um bode macho está relacionado
ao fenômeno de demonização de cultos pagãos ocorridos na igreja católica, já que diferentes
deuses pré-cristãos relacionados ao culto da fertilidade eram representados com atributos de
bode macho antropomórfico.
AS SEITAS SATÂNICAS
É nos Estados Unidos que se encontra, sem dúvida, a maior concentração de grupos
satânicos que poderíamos definir como conhecidos, ou seja, que atuam mais ou menos
abertamente; e é também nesse país onde podemos encontrar as maiores referências
bibliográficas sobre o satanismo contemporâneo.
AS CRENÇAS SATÂNICAS
As crenças satânicas podem variar de um grupo para outro. Por exemplo, existe quem vê
Satanás, um ser mais ou menos simbólico, expressão da transgressão e do racionalismo; e nos
rituais, uma espécie de psicodrama brutal que tem por finalidade liberar o fiel dos
condicionamentos religiosos, morais e culturais que provém de seu ambiente. Alguns satanistas
que se reconhecem nesta descrição afirmam que “o satanismo é uma religião da carne”. Para o
satanista, a felicidade se deve encontrar aqui e agora. Não existe o céu para ir depois da morte
e muito menos o inferno de fogo como castigo para o pecador.
Existe quem enxergue Satanás como um ser real, príncipe das trevas, ao qual é possível
se dirigir mediante rituais mágicos para obter favores diversos. Além disso, há quem veja
Satanás, particularmente Lúcifer, como uma figura positiva que se opõe à ação de Deus da
tradição judaico-cristã, considerada negativa.
O ESPIRITISMO
O espiritismo é a crença em que os vivos podem entrar em contato com os espíritos dos
mortos. A pessoa que deu ao espiritismo sua aceitação no ocidente foi o francês Allan Kardec,
que escreveu um livro sobre o tema em 1857. Para Kardec, os espíritos vão evoluindo de maus
para bons por meio de um sistema de reencarnações. Segundo ele, os bons espíritos podem
colaborar para nos ajudar, e os maus podem nos prejudicar.
O espiritismo atual, além de ser uma superstição para a ciência ortodoxa e um “jogo” no
qual se tenta contato com os espíritos, é uma doutrina e filosofia de vida, seguida por milhões
de pessoas no mundo (sendo o Brasil o país com mais aceitação) e baseada nos ensinamentos
supostamente obtidos da comunicação com espíritos mais evoluídos moralmente. Segundo os
testemunhos dos praticantes dessas comunicações com os espíritos, elas podem ser produzidas
por meio de códigos mediante batidas em uma mesa, pela voz ou por escrito de um médium,
via transcomunicação instrumental (o uso de aparelhos eletrônicos multimídia, como câmeras,
rádios, televisão) ou diretamente com os espíritos que se apresentam por aparições. A
identificação do espiritismo como crença religiosa cria uma grande controvérsia dentro do
próprio movimento espírita; sendo para alguns uma religião e, para outros, uma ciência. A
Bíblia traz ensinamentos muito claros contra o espiritismo.
MOVIMENTO ROSACRUZ (A ANTIGA E MÍSTICA ROSA-CRUZ-AMORC)
O termo Rosacruz se refere a uma legendária ordem secretada fundada, segundo certas
lendas, por Christian Rosenkreuz, cavalheiro do século XV. Diversas organizações místicas e
esotéricas modernas, normalmente denominadas fraternidades ou ordens, que usam rituais
relacionados à francomaçonaria se reivindicam herdeiras da legendária Ordem Rosacruz do
século XVII.
O símbolo que identifica a Ordem está normalmente composto de uma ou mais rosas
decorando uma cruz. Em alguns casos, usa-se uma cruz envolta por uma coroa de rosas; junto
ao símbolo pode aparecer um triângulo duplo ou uma estrela. Em outros casos é simplesmente
uma cruz com uma rosa no centro. Algumas vezes a rosa ou a cruz estão adornadas com
símbolos cabalísticos e alquímicos. O símbolo varia dependendo da fraternidade em questão.
Rosacruz também designa o sétimo e último grau da quarta ordem do ritual maçônico francês,
que tem como símbolos principais o pelicano, a rosa e a cruz.
Eles dizem que não são uma nova religião já que não exigem que a pessoa que quer
participar mude de religião, nem viva um código de conduta específico. O caminho da Rosa
Cruz, segundo eles, desperta a potência inerte que está em cada pessoa e permite uma união
com a consciência universal divina. Cada pessoa pode identificar para si quem é essa deidade,
interpretando-a segundo sua tradição religiosa.
A recompensa daqueles que conseguem este objetivo, que é de natureza espiritual, é uma
paz profunda consigo mesmo. Estado este que se irradia desde o indivíduo e alcança a todas as
pessoas ao redor, produzindo, em todos, uma repercussão positiva.
Em inglês, a antiga palavra “wicca” queria dizer xamã, um homem sábio. A Wicca é uma
religião dos considerados “neopagãos”. Sobre seu nascimento basicamente existem duas
versões, a primeira é que nasceu da mão de Gerald Gardner nos anos 50, do século XX, na
Inglaterra, uma vez que foram abolidas leis que perseguiam a bruxaria no país anglo-saxão. E
a segunda versão é que o nascimento da Wicca teve lugar em tempos remotos, até mesmo em
épocas anteriores ao Cristianismo.
Como religião, influenciada pelo mundo celta, se baseia no culto aos antigos deuses
pagãos, preferivelmente um deus e uma deusa, ambos de igual importância, aos quais
habitualmente se dá o nome de outros deuses pagãos, como os romanos, os gregos, os celtas ou
os egípcios, ou são chamados de “Deus” ou “Deusa”.
Dentro da própria religião existem muitas correntes que podem ser identificadas de
acordo com quem a fundou e por determinadas características, como os rituais ou a forma de
se vestir. Assim, temos o que muitos consideram a wicca “original”, que é a garneriana, ou a
Wicca alexandrina, Wicca danica (feminista), etc. Muitos outros que não se determinam por
alguma tradição Wicca estabelecida fazem parte da chamada “tradição eclética”.
Essa religião pretende ser uma recuperação das antigas tradições pagãs que aconteciam
na Europa, preferencialmente antes da chegada do Cristianismo.
Sua difusão, nos últimos dias, foi beneficiada pelo uso de meios digitais, podem ser
encontrados desde as bases e conceitos morais até compêndios de rituais com descrições exatas
sobre eles.
Os wiccanos seguem várias leis e treze princípios básicos. Esses treze princípios foram
estabelecidos em um evento chamado “witchmeet” na primavera de 1974 pelo “Conselho
Americano de Bruxos”, o qual era formado por 73 bruxas de distintas tradições. Cabe destacar
que esses princípios não são necessariamente uma representação de todos os wiccanos, mas são
aceitos pela grande maioria.
FRANCOMAÇONARIA
Origens
Como é natural a todo grêmio, os maçons defendiam seus interesses corporativos. Para
isso, não deixavam ninguém conhecer “os segredos da Arte” que não fosse iniciado em alguma
loja, para assim manter o monopólio de sua atividade. Suas reuniões eram secretas, respondia
a um ritual determinado, usavam uma linguagem simbólica e uma charmosa alegoria ética em
que primavam conceitos como a retidão, a fraternidade, a tolerância e a universalidade. Cada
conceito era representado por um símbolo de ferramenta de pedreiro.
Toda essa etapa é conhecida como “maçonaria operativa”, não sendo mais que um grêmio
que aperfeiçoava seu ofício, protegia seus interesses como qualquer outro e sentia grande
orgulho de sua profissão.
Esse evento gerou um forte entusiasmo em uma sociedade que tendia cada vez mais ao
laicismo e não esperou a fusão das lonas em grandes lojas no restante da Europa. Na França, a
maçonaria tomou um papel especial, dada a influência de certos cavalheiros escoceses que
introduziram um Ritual Escocês Antigo desconhecido na Escócia, pois ali também se usa até
hoje o ritual de York.
Tudo isso originou uma maçonaria de 33 graus, com nomes ressoantes e atraentes para a
intelectualidade e nobreza francesas. Separou-se a maçonaria em dois níveis: a maçonaria
simbólica de 3 graus (aprendiz, companheiro e mestre), e a filosófica de 30 graus que era a que
dirigia (e dirige até hoje) os destinos da maçonaria de cada país.
Definição de maçonaria
A maçonaria não é uma religião, nem é um partido político. Aceitam entre seus membros
os varões de toda crença religiosa ou política. Não impõe nenhuma visão divina, mas acreditam
no conceito simbólico do Grande Arquiteto do Universo, cujo fim é que simbolicamente
responda à particular visão de Deus ou da criação que tenha qualquer um de seus membros. Na
maioria das lojas, a Bíblia aberta é colocada no altar; em outros países, o livro sagrado da
religião dominante; ou em outras, como na França e no México, apenas a constituição política
do país.
Influência histórica
A influência da revolução francesa sobre outros países não tardou em acontecer, gerando
os movimentos independentistas de toda a América, desde o início do século XIX até o século
XX, em que os movimentos políticos liberais brigaram pela secularização dos costumes, pela
separação da Igreja do Estado, da tolerância e da liberdade civil e religiosa, etc. Muitas dessas
lutas, hoje, nos parecem desconcertantes, pois aceitamos como positivos muitas conquistas
atribuídas a partidos com forte influência maçônica. Para ninguém, hoje, é negativo que a Igreja
seja livre do Estado, que haja liberdade religiosa e que haja liberdades civis. No entanto, para a
Igreja dessa época, todas essas coisas foram percebidas como uma ameaça.
Racionalismo
A maçonaria propunha a razão como a grande ferramenta com a qual o homem pode
chegar à verdade e a formar sua própria escala de valores. Esse aspecto é um dos mais criticáveis
de sua doutrina, pois pretende igualar a limitada capacidade intelectual humana com a
revelação, e por consequência a razão está endeusada, ou seja, substitui Deus. Daqui, surge a
soberba e a vaidade intelectual em que costumam cair muitos maçons. Tudo aquilo que a razão
não consegue entender deve ser descartado ou colocado em dúvida, pretendendo aplicar o
método científico, para demonstrar, também, a existência ou a não existência de Deus, razão
pela qual muitos maçons são ateus.
Panteísmo
Mesmo quando aceitam adeptos de qualquer religião e dizem não ser uma religião, estão
mostrando uma visão panteísta. O panteísmo é a crença em que Deus é tudo. Se Deus é tudo,
ou seja, é uma coisa e não uma pessoa, então, posso concluir que eu sou Deus, o que é um erro.
Por outro lado, o panteísmo, ao ensinar que Deus é toda a criação, confunde o Criador com a
criação e o despersonaliza. Então, para eles, Deus não é alguém com quem eu possa falar, nem
que se preocupe pessoalmente comigo. É um Deus sem amor que se manifesta nas coisas, sem
nenhum objetivo nem plano específico para o homem, que seria uma coisa mais da criação.
Existem alguns poucos maçons, normalmente cristãos protestantes ou judeus, que recusam essa
visão dizendo que o panteísmo é uma forma elegante e cômoda do ateísmo.
O Deísmo
Existem maçons que também aderem ao deísmo, doutrina surgida durante o Iluminismo
e que considera a existência de um Deus pessoal e criador, mas que não intervém no curso da
história, nem na vida individual das pessoas.
Agnosticismo
A tolerância
A autoconstrução da personalidade
Este elemento é muito atual, apesar de vir desde o século XVIII, pois é moldado
perfeitamente às doutrinas da nova era em que o autoaperfeiçoamento, a evolução pessoal do
indivíduo e a supervalorização do “eu” são vistas como necessários para estar em harmonia
com Deus, com as pessoas, com si mesmo e com a natureza. Muitos maçons caem nas garras
de buscar controlar o poder mental, querendo dominar somente por meio da mente as
debilidades humanas, sem a ajuda de Deus. É uma tentação de autosalvação e, portanto, uma
tentação do próprio indivíduo substituir Deus. Para o cristão, toda tentação só provém do
maligno, o qual quer nos afastar de Deus, o qual quer que criemos o que não precisamos, o qual
quer que nos bastemos e que sejamos onipotentes para nos salvar sozinhos, ou seja, o qual quer
que nós criemos Deus. Por outro lado, essa evolução individualista implica necessariamente um
elitismo somente para certos iniciados, à maneira dos agnósticos do século II. Nada mais
distante da graça e da universalidade da salvação, sem méritos próprios, somente por amor que
Jesus nos promete, começando dos mais humildes e pobres de espírito, e não pelos intelectuais
e sábios.
O culto solar
Jesus
A maçonaria vê em Jesus o grande mestre da virtude, ao qual insistem, sem base, em ligá-
lo com a seita judaica dos essênios e a relacionar, sem nada para demonstrar, sua vida
desconhecida entre os 12 a 30 anos com uma suposta formação iniciática no Egito. Dizem que
tudo o que ele ensinou foi com base no que aprendeu nesse período, ada mesma forma que sua
doutrina é puramente essência. Sua morte não foi como falam e os supostos anjos que
apareceram para Maria Madalena seriam, na realidade, médicos essênios que o ressuscitaram.
Em outras palavras, Jesus seria mais um dos grandes iniciados da humanidade, e não o
reconhecem com condição divina.
A IGREJA DA CIENTOLOGIA
O fundador foi o americano fanático pela ficção científica, L. Ronald Hubbard (1911-
1986), que em 1950 publicou: Dianética, a ciência moderna da saúde mental. A Igreja da
Cientologia se constituiu inicialmente nos Estados Unidos como uma organização sem fins
lucrativos em 1953. Atualmente, trata-se de uma organização mundial, com centros em mais de
sessenta países dos cinco continentes e constitui uma complexa rede mundial de organizações
dedicada à promoção das filosofias de L. Ron Hubbard em todos os âmbitos da vida. Isso inclui
centros de tratamento contra o vício de drogas (Narconon), programas de reabilitação de
delinquentes (Criminon), atividades para reformar o campo da saúde mental, entre outros.
Crenças
L. Ronald Hubbard não quis apenas criar com a dianética uma nova terapia para
enfermidades mentais e psicossomáticas, mas também quis fundar uma nova religião baseada
em uma filosofia religiosa aplicada e destinada ao aprimoramento prático de uma pessoa.
Chamou seu movimento de A Igreja da Cientologia. Seu símbolo é uma cruz sem Cristo.
• Que os homens de toda raça, cor e credo foram criados com direitos iguais.
• Que todos os homens têm o direito inalienável de praticar integralmente sua própria
religião.
• Que todos os homens têm direito inalienável de sua própria vida, sua própria saúde,
sua própria defesa, de planejar, escolher, assistir e sustentar suas próprias
organizações, igrejas e governos.
• Que todos os homens têm o direito inalienável de pensar, falar, escrever livremente
e criar o seu próprio destino.
• Que as almas humanas têm direitos humanos.
• Que ninguém, exceto Deus, tem autoridade para suspender ou menosprezar tais
direitos, nem aberta e nem encobertamente.
• Acreditam que o homem é fundamentalmente bom.
• Que o homem trata de sobreviver.
• Que a sua sobrevivência depende dele mesmo e dos demais e também da consecução
da fraternidade com o universo.
• Acreditam que as leis de Deus proíbem o homem de destruir sua própria natureza e
a saúde dos demais, destruir ou escravizar outra pessoa, destruir ou limitar a
sobrevivência de seus próprios companheiros ou de seu grupo.
• Acreditam que o espírito humano (“thetan” ou vida “consciente de estar consciente”)
pode ser liberado e que somente o espírito pode salvar ou sanar a mente e o corpo.
• A mente humana pode receber dados, tirar conclusões, resolver problemas que se
referem a suas quatro dinâmicas. No entanto, isso é apenas a mente em um aspecto
“analítico”.
• A dor física e mental está gravada nas células do organismo, formando ali algo como
um armazém. Portanto, a dor, além de uma recordação, é também uma “ferida”, e a
gravação dessa dor (ferida) é precisamente o “engrama”. Todas as aberrações
humanas procedem dos engramas, os quais podem ser pré-natais, natais ou pós-
natais. Os engramas pré-natais devem ser atribuídos aos problemas tinos nas
entranhas maternas: ações judiciais entre pai e mãe, violência sofrida pela mãe
grávida, eventuais acidentes dos quais a mãe foi vítima.
• Os engramas armazenados na mente reativa são inconscientes e podem formar uma
“cadeia cujo primeiro elo é o engrama base” (o primeiro engrama depois da
concepção).
• A Igreja sustenta que a finalidade da cientologia é um mundo sem guerra, crimes,
nem loucura, onde as pessoas boas e decentes tenham a liberdade de alcançar suas
metas.
A cientologia tem uma série de rituais retirados do culto cristão, entre os quais estão o
batismo, o matrimônio (somente possível entre membros da seita) e as cerimônias fúnebres.
Tais rituais são executados por um “capelão”.
Metodologia
A dianética
Quem pratica a dianética, segundo Hubbard, fica livre de toda doença, dor e mal-estar e
se torna um “liberto” (aquele que já não está sujeito a tensões e ansiedades) e logo um
“esclarecido” (aquele que, graças à dianética, aliviou-se de qualquer enfermidade e aberração
psicossomática presente ou potencial). O “esclarecido” conta com todas as suas faculdades
mentais inatas, toda a sua imaginação e saúde física melhoradas, além de suas moléstias
psicossomáticas desapareceram e não voltando mais. Ele também dispõe de melhores defesas
contra as enfermidades e pode modificar o ambiente. Uma técnica supostamente para dar à
pessoa paz e felicidade. A terapia tem por objetivo “libertar” o enfermo dos engramas
causadores das aberrações e enfermidades que põem em perigo a própria sobrevivência.
Para tratar e libertar o paciente de seus engramas, tirando-os das sombras da inconsciência
para a luz da consciência psicológica, são necessárias várias consultas ou “sessões” com um
especialista, chamado auditor. A sessão, ou “auditoria”, começa por submergir o enfermo em
um estado de leve inconsciência (um estado alterado de consciência) para que possa “reviver”
os engramas enterrados em sua mente, e “subi-los” até a consciência.
O auditor ajuda o paciente a descrever cada engrama, o qual desaparecerá quando for
apagado o engrama “básico-básico” (a primeira sensação de dor depois da concepção). O
auditor usa, em algumas ocasiões, o chamado E-Metro, simples galvanômetro cuja agulha
oscila de acordo com as reações do paciente, o qual vai recordando com precisão dos golpes
recebidos no ventre da mãe proporcionados pelo pai ou outra situação. Essa experiência também
inclui o momento em que o paciente era somente um espermatozoide que desesperadamente
buscava o óvulo para fecundá-lo.
A reputação da cientologia
A dianética nada tem de científico. Sob uma linguagem difícil, oculta o vazio. Tanto é
assim, que no mundo científico ninguém considera séria a dianética. Lamentavelmente os
dianeticistas não puderam ainda apresentar ao mundo um “esclarecimento” sequer.
A cientologia aplica uma lavagem cerebral tão radical que numerosos jovens e mulheres
abandonaram seu próprio lar e os estudos para aderirem à seita, a qual, uma vez que comquista
um adepto, não o solta mais, utilizando sempre novas atrações: o trajeto da purificação, do
esplendor, da sobrevivência atômica (em vista da próxima terceira guerra mundial) e a
reconstrução do universo.
A possibilidade de “uma nova ordem mundial” é uma ideia que nos enche de entusiasmo
quando se trata da paz no mundo, o fim das guerras, da fome, e das injustiças. A propaganda a
favor dessa “visão” foi muito efetiva, mas para realmente entender a nova ordem mundial, é
preciso entender o movimento da Nova Era, porque esse é o impulso da tal ordem mundial.
A Nova Era não é uma organização e não tem sede, nem autoridades. Não tem credo, nem
cerimônia de iniciação. Também não tem um livro de referência. É um movimento que
incorpora sufis, gente que pratica yoga, xamãs, ativistas, ecologistas, teosofistas, pacifistas,
agricultores orgânicos, educadores radicais, médicos holísticos, humanistas, potencialistas,
pesquisadores psíquicos e muito mais. É uma “masmorra” de ideias, uma mistura de religiões,
um verdadeiro “arroz com manga” ou uma omelete filosófica.
A Nova Era se refere a um suposto evento astrológico. Segundo eles, “a era de piscis”
simbolizava o peixe cristão, que se caracteriza pela dúvida, pela desilusão e pela confusão. O
“yan” masculino está no processo de ser substituído pela “era de aquário”, simbolizada pelo
arco-íris, e caracterizada pela fé, pelo iluminismo, pela claridade e pelo “yin” feminino de
intuição e paz.
A Nova Era não é um sistema de crenças unificado, mas sim um aglomerado de crenças
e de práticas (sincretismo), às vezes mutuamente contraditórias. Com frequência, as fusões de
crenças têm uma motivação estética mais que um afã de ser filosoficamente consistentes.
Definição
Definir com precisão a Nova Era não é uma tarefa fácil, mas podemos dizer que é um
movimento religioso que, em geral, substitui a Deus pela “energia” que se pode aprender a
utilizar para conquistar a autorealização. Com essa finalidade, cada um adota crenças e práticas
entre uma multidão de possibilidades derivadas de todas as religiões existentes e de novas ideias
que surgem continuamente. A nova era se encontra com frequência vinculada aos seguintes
temas: angeologia, autoajuda, adivinhação, conhecimentos ancestrais, energia, espiritualidade,
filosofia, metafísica, livros “sagrados”, literatura védica, meditação, saúde, religião, yoga, entre
outros.
A Nova Era tem suas raízes na “Sociedade Teosófica”, fundada em 1875, em Nova York
por uma russa, Helena Blavatsky, basicamente espírita, que disse ter recebido seus
ensinamentos de uns “seres espirituais especiais” ou “mestres iluminados”. A teosofia é a
crença ou pretensão de ter conhecimento místico direto da “divindade” e do mundo, mediante
doutrinas e práticas secretas, esotéricas e ocultistas. Alice Bailey (1880-1949), fundadora do
“Lucifer Trust” (hoje Lucis Trust) é considerada a “sumo sacerdotisa” da “Sociedade
Teosófica”. Como médium espírita, dizia receber mensagens de um certo “mestre da sabedoria”
morto, um tibetano. É evidente que suas crenças derivam de tradições religiosas e filosóficas
originalmente externas à corrente ocidental, como o ocultismo, hinduísmo e budismo.
Crenças
Na Nova Era, por não haver revelação, não pode haver dogmas (verdades absolutas
comunicadas por Deus). Também não existem estruturas, nem hierarquias que ordenem a vida
em relação a um Deus supremo e aos homens.
Os adeptos da Nova Era tendem a redefinir o vocabulário emprestado por vários sistemas
de crenças, o que produz confusão, até mesmo entre os seus seguidores. Em particular, a adoção
descontextualizada de termos da linguagem científica, como “energia”, “campos de energia” e
de vários termos emprestados da física quântica e psicologia, servem para colocar a Nova Era
entre as pseudociências.
• Tudo é um (o monismo): os seguidores da Nova Era acreditam que “tudo é um”. Tudo e
todos estão inter-relacionados e são interdependentes. Em último caso, não existe uma
diferença real entre os humanos, os animais, as rochas, ou até Deus. Qualquer diferença
entre essas entidades somente é aparente, não real. Esse movimento nega morais absolutas.
O problema da humanidade, segundo eles, não é o pecado, mas sim a “ignorância”.
• Tudo é Deus (o panteísmo): Deus é tudo, é uma força despersonalizada, uma energia
impessoal, uma força criadora. Considerando que acreditam que “tudo é um”, a
pressuposição lógica seguinte seria que “tudo é Deus”. Toda criação participa da essência
divina. Toda a vida (e ainda o que não está vivo) tem uma fagulha de divindade em seu
interior.
Se “tudo é um” e “tudo é Deus”, então deveríamos chegar à conclusão de que “nós
somos deuses”. A meta do movimento da Nova Era é que descubramos nossa própria
divindade ao experimentar uma mudança de consciência. Encontrar-se com você mesmo é
descobrir o deus dentro de si, segundo eles. Diferente do que os autores do Novo
Testamento ensinam, que o caminho para a felicidade é morrer para si, tomar a cruz e seguir
a Cristo. A maneira de viver uma vida bem-sucedida é amar a Deus e amar e servir aos
demais. O sucesso não vem com a autorealização, mas com a negação de si mesmo, o que
é exemplificado na pessoa de Jesus em sua morte e ressurreição.
• Tudo está bem: a Nova Era pretende se mover para uma utopia. A Nova Era logo trará paz
mundial, harmonia, felicidade. Haverá uma transformação individual, social e planetária
por meio da consciência mais elevada que todos os homens podem alcançar.
Tudo começa quando os homens e as mulheres se dão conta de sua deidade e estão
conscientes de que, segundo eles, têm potencial para transformar tudo.
• Tudo muda, evolui: o cosmos vai em direção a sua utopia, superando-se cada vez mais. A
maioria dos adeptos da Nova Era acreditam em alguma forma de reencarnação. A versão
ocidental da reencarnação que sustem muitos da Nova Era coloca uma ênfase muito menor
sobre o karma ruim e postula um espiral que ascende para a perfeição mediante à
reencarnação.
• Espiritismo
• O relativismo moral: os adeptos à Nova Era pensam em termos cinzas, em vez de branco
e preto. A Nova Era mostra que o cosmos que nos dá vida e energia. Não há diferença
entre o bem e o mal, entre o vício e a virtude. Tudo depende da opinião de cada pessoa.
É bom o que lhe parecer bom. Se a pessoa aceitar sua própria bondade, tudo o que fizer
será bom, mesmo que seja ruim.
• Gnosticismo ou teosofia: é um conjunto de ensinamentos e práticas secretas, mediante as
quais a pessoa pretende chegar ao conhecimento da essência da divindade, conhecimento
que é adquirido mediante práticas “mágicas” e ocultas.
• Sincretismo: pretende que todas as religiões sejam uma única: a Bíblia é mais um livro
“sagrado” entre muitos. Jesus é um “profeta” a mais, igualado a Buda, Maomé ou Lao
tzé.
• Esoterismo e ocultismo
• Quietismo: a busca de uma extrema passividade espiritual que leva a destruição do ser
humano por meio de uma suposta absorção na divindade. É a raiz do budismo, cujo ideal
é o estado de “nirvana”, no qual o homem já não tem desejo, nem paixão, nem a “ilusão”
do mundo exterior.
• Yoga: a yoga é, em essência, um exercício espiritual e corporal nascido da espiritualidade
hindu. As posturas e os exercícios, mesmo que se apresentem como um simples método,
são inseparáveis de seu sentido próprio no contexto do hinduísmo. A yoga é uma
introdução a uma tradição religiosa muito distante do cristianismo.
• Budismo e budismo zen
• Materialismo e hedonismo: mesmo que as metas e os métodos da Nova Era demonstrem
ser muito espiritualistas, o móvel subjacente é eminentemente materialista (não de Deus)
e hedonista (busca do prazer), pois se considera que a meta suprema do homem é a
satisfação pessoal e o êxito.
• Integracionismo ou holismo: “Holos”, do grego “total”. Tudo está interconectado. Todas
as coisas são interdependentes e devem ser consideradas “integralmente” ou
“holisticamente”.
• Poder mental/metafísica: nesta manifestação da Nova Era existe uma faixa bastante ampla
que vai desde o Controle Mental e a Sofrologia, até o desenvolvimento de “poderes
mentais”. O método de Controle Mental de Silva e alguns cursos de Sofrologia, por
exemplo, definem-se como sendo inofensivos e, ao mesmo tempo, úteis, como as regras
mnemotécnicas para aumentar a capacidade de memória, exercícios para aumentar a
inteligência ou para facilitar a aprendizagem. O problema é que esses cursos não ficam
nisso, mas pretendem desenvolver outras faculdades, como telepatia, meditação
transcendental, além dos cursos de cura pela chamada “energia universal”.
Quanto ao poder mental propriamente dito, este pretende ser uma faculdade da mente humana
para desenvolver no homem a possibilidade de conseguir o que quer com apenas o ato de
desejar, propor e decretar.
• Curas por contato por meio da “energia universal”: As pessoas treinadas como esse
“método” podem efetuar curas com algumas técnicas que permitem estimular os centros
de energia que existe no corpo humano.
• Astrologia: a astrologia diz ser uma ciência que estuda a influência dos astros nos
acontecimentos da vida na terra.
• Adivinhação: nesta manifestação da Nova Era, incluem-se agora formas hinduístas como
o I Ching e o tarô, além das runas vikings.
• Bruxaria/Feitiçaria/Fetichismo/Santeria: incluem rituais pagãos para controlar o futuro e a
vida dos demais, vingar-se dos inimigos ou proteger-se de feitiços, intimidar as pessoas,
conquistar poder sobre outros e nisso pode se chegar a infligir enfermidades, perigo físico
e, em geral, circunstâncias adversas para as vítimas. Nesses meios, fala-se da magia branca,
que supostamente é feita para conquistar um bem pessoal e de magia negra, que se faz para
causar dano.
• Satanismo
• Guruismo e espiritualismo oriental: em 1966, os gurus hindus concordaram em exportar o
paganismo oriental para o ocidente e traçaram a estratégia para conseguir. O Maharishi
Mahesh Yogui (meditação transcedental), por exemplo, converteu a partir dessa época seu
movimento chamado de “regeneração espiritual” no da “ciência da inteligência criativa” e,
assim, vendeu a “meditação transcedental” no ocidente como se fosse não religiosa, mas
científica. no entanto, o ritual de iniciação é abertamente pagão e idólatra, pois rende culto
a uma deidade hindu e o “mantra” que é dado ao aluno é o nome de uma dessas deidades.
• Iluminismo e o falso misticismo: uso de técnicas ocultas para chegar à autodivinização.
Teorias e técnicas psicológicas como as de C. G. Jung e outras que promovem o
desenvolvimento ilimitado das potencialidades do ser humano.
• Técnicas psicológicas de origem oculta.
• Cientologia/dianética: a dianética está chegando a muitos países e pretende se estabelecer
como uma religião de empresários utilizando cruzeiros em navio para promover suas
metas.
• Feminismo extremista: a Nova Era é “uma fusão de três tendências importantes, a ecologia,
a espiritualidade e o feminismo”. Este último aspecto é o preferido na Nova Era em
contraposição com o masculino. Em todas as partes onde existe a Conspiração de Aquário,
o poder das mulheres é um barril de pólvora da nossa época.
• Penetração literária: em 1976, sai o best-seller Juan Salvador Gaviota, de Richard Bach,
publicação que foi ditada por um espírito. Esse foi o lançamento da literatura “canalizada”
pelos espíritos. Esse relato aparentemente inofencivo e idealista trazia a semente da Nova
Era. Foram vendidos, em pouco tempo, 25 milhões de exemplares. Posteriormente, sai Las
Enseñanzas de Don Juan, de Carlos Castañeda, o maior expoente da feitiçaria.
Atualmente a literatura na nova era é ampla. Em 1991, somente nos EUA, havia
livraras especializadas, sem contar as seções New Age em todas as livrarias, com 25 mil
títulos em circulação e em crescimento vertiginoso, convertendo-se em uma fonte de
“grandes lucros”, segundo comentários do diário “Jornal do Brasil”, em janeiro de 1995.
Segundo essa crença, a ética moral depende da situação em que a pessoa se encontra, ou
seja, que não existe uma moral absoluta. Portanto, toda conduta é aceitável em certas
circunstâncias. Ademais, a lei do karma indica que os que aparentemente sofrem injustamente,
na realidade merecem esses sofrimentos. Segundo essa denominada “ética”, não existe pecado.
O único pecado que eles reconhecem é o pensamento negativo.
Alguns promotores da Nova Era
A maioria de nós tem algum contato casual com as ideias e práticas da Nova Era por meio
da televisão, da rádio, do cinema, da imprensa, de um livro, ou da conversa com algum amigo.
Não precisa ir muito longe para descobrir até que ponto a mentalidade e as costumes de nossos
povos vão sendo inseridos em nossas vidas.
É bom saber que existem grupos que se dedicam a promover a Nova Era sem descanso
em nossos países. A seguir, repassamos várias organizações entre as mais conhecidas que estão
fazendo a presença da Nova Era ser notada:
• A Sociedade Teosófica;
• A Ordem Antiga e Mística Rosacruz (AMORC);
• A Igreja de Cientologia/ Dianética;
• A Nova Acrópole;
• A Meditação Transcendental.
Quando se examinam as doutrinas da Nova Era, conclui-se que elas não são novas para
nada. Note estas afirmações à Eva, no Jardim: “Você será como Deus” (panteísmo), “Não
morrerá” (reencarnação), “Seus olhos se abrirão” (mudança de consciência), e “deus Disse”
realmente isso? (relativismo moral). Respostas:
• Uma visão cristã da realidade nega o conceito do monismo. A Bíblia ensina que a criação
de Deus não é uma unidade sem divisão, mas uma diversidade de coisas e seres criados. A
criação não está unificada em si mesma, mas sustentada por Cristo, em quem “todas as
coisas subsistem” (Cl 1:17).
• O cristianismo é teísta, não panteísta. A Nova Era ensina que Deus é uma força impessoal,
pois a Bíblia ensina que Deus é um Deus iminente, pessoal, trino e soberano. Deus está à
parte de Sua criação, em vez de ser simplesmente uma parte da criação, como ensina o
panteísmo.
• Deus Pai não é uma força impessoal. Ele é o Criador transcendente do mundo, mas ao
mesmo tempo, é iminente, está aqui entre nós. Ele quer relacionar-se com os homens e as
mulheres que o buscam.
• Jesus não é uma encarnação a mais de Brahma ou um avatar como, segundo eles, é Buda
ou Krishna. Não é um mestre ascendente. É o filho de Deus que se encarnou em nossa
realidade e morreu por nós para nos perdoar. Sua ressurreição é sinal da vitória já
conquistada e a prova contundente da derrota da morte. Os cristãos não renascerão para
esta vida, eles ressuscitarão. Na Nova Era, a salvação é autosalvação e o perdão é o
autoperdão.
• O Espírito Santo não é um poder ou força como a eletricidade. É uma pessoa que transforma
vidas pelo seu poder. A transformação na Nova Era é por meio de meditação, yoga,
visualização e viagens astrais (entre outras coisas). Não existe nenhum poder que possa
transformar as pessoas em santos além de Deus. O Espírito Santo, quando preenche os
cristãos, os transforma à imagem de Jesus e, assim, eles renderão fruto em sua vida, como
amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança (Gl
5:22).
O homem foi criado à imagem de Deus (Gn 1:26) e, portanto, tem dignidade e valor (Sl
8). A Nova Era ensina que somos deuses e, portanto, temos divindade dentro de nossa
humanidade.
A Nova Era compactua com o ocultismo em sua tentativa de conquistar uma mudança de
consciência. Mesmo que essas práticas sejam descritas frequentemente em termos benignos,
como a parapsicologia, elas envolvem o contato direto com entidades espirituais. A Bíblia
adverte contra o perigo delas e enumera atividades tais como a adivinhação e a canalização de
espíritos como práticas abomináveis (Dt 18:9-13) que devem ser evitadas.
A Bíblia ensina a ressurreição do corpo (1Co 15), não a reencarnação da alma. Deste
modo, a doutrina do karma é estranha para o cristão. A salvação provém da graça, não por meio
das obras desta vida (Ef 2:8-9) ou em qualquer suposta vida passada. Hebreus 9:27 ensina
claramente que “está estabelecido para os homens morrer uma só vez e depois disso vem o
juízo”.
A Bíblia ensina a verdade absoluta. Deus nos comunicou claramente sua lei moral (Ex
20:1-17), à qual devemos obedecer. Em oposição ao ensino da Nova Era de que “há muitos
caminhos para Deus”, Jesus ensinou claramente “Eu sou o caminho, a verdade, e avida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 14:6).
CONCLUSÕES
A Igreja do Nazareno na América Latina está imersa em meio de muitos movimentos e
expressões religiosas que são novas, que ainda não foram bem definidas e para as quais ainda
não foram desenvolvidas boas bases apologéticas. Nos toca desenvolver respostas bíblicas para
nossa fé se é que a igreja vai seguir adiante até que o Senhor retorne. Para finalizar, quero deixar
umas linhas de pensamento que logo podem ser desenvolvidas mais detalhadamente.
A Igreja deve saber no que acredita: é necessário recalcar, repetidas vezes, nossas bases
doutrinárias. Não devemos tomar nada por definido. Devemos voltar a explicar tudo o que
implica ser cristão e nos assegurarmos de que cada membro da igreja esteja seguro de sua fé e
possa defendê-la.
A igreja deve ministrar às necessidades das pessoas: a igreja é a única instituição que foi
fundada para os outros. Ao nosso redor, existem pessoas com dores e sofrimentos. Mesmo nas
congregações, existem irmãos com famílias destroçadas ou memórias doloridas de sua infância.
Vários dos movimentos mencionados acima fazem seus “encontros de libertação” para tratar
de responder a este problema. Nós devemos aconselhar racionalmente, por meio de cursos de
enriquecimento matrimonial, retiros de confraternidade e dar oportunidades para que as pessoas
se acheguem ao altar para serem ministrados por Deus. Devemos dividir a congregação em
grupos pequenos onde podem compartilhar e desenvolver profundas amizades e receber apoio.
Devemos repensar a meta de ter igrejas cada vez maiores, para ter redes de igrejas
pequenas e médias. Uma megaigreja pode ser perigosa porque concentra o poder. Devem ser
igrejas de bairro encarnadas em sua realidade onde podem testificar e amar as pessoas em nome
do Senhor.
Ao nosso redor, as pessoas se tornam cada vez mais religiosas, a televisão e a Internet são
portadoras de milhares de ideias e novas apresentações espirituais. O objetivo que os nazarenos
têm é seguir a Cristo e mostrar por meio de nossas vidas que existe um Deus santo que está nos
transformando em seres humanos amorosos, compassivos e retos, em meio a um mundo
selvagem e egoísta.
PENTAGRAMA INVERTIDO
Simboliza a estrela da manhã, nome que Satanás tomou para si. É usada na bruxaria e em
rituais ocultos para conjurar espíritos da maldade. Pode estar dentro de um círculo ou não, de
qualquer maneira representa Satanás.
BAFOMÉ
Único dos satanistas. É uma deidade demoníaca e é um símbolo de Satanás. Pode ser vista
como joia, no entanto, pertence a rituais de bruxos.
Pentagrama
Símbolo usado na bruxaria, representa os elementos terra, vento, fogo e água com o
espírito rodeando-os. O Pentagrama também representa o homem.
HEXAGRAMA
É um dos símbolos mais potentes usados nos poderes das trevas. Usado em trabalhos de
magia. Confunde-se com a estrela de Davi, no entanto essa estrela está dentro de um círculo.
ANKHA
É um símbolo religioso usado muito tempo antes de Hitler tomar o poder. Foi usado em
inscrições budistas, monumentos celtas e moedas gregas. Representa o curso do sol nos céus.
Também representa o poder do boomerang, tudo o que sobe tem que descer, tudo que se faz, é
devolvido.
CRUZ TAU
Símbolo do deus Mathras dos Persas e de Aryans da Índia. Para eles, Mathras era o anjo
de luz, ou a luz celestial. É usado por maçons modernos como símbolo da T quadrada,
(recordemos que “lúcifer” significa “anjo da luz”). A cruz tau, além disso, representa o deus
sol, Tammuz. É a representação babilônica da cruz atual.
CHIFRE ITALIANO
Unicórnio. Foi produzindo pelos Druidas da Escócia e Irlanda. Está associado com a boa
sorte ou fortuna. Também é usado como o “olho do mal”, significando que Satanás tomará o
controle de suas finanças.
CRUZ INVERTIDA
ZODÍACO
É usado em adoração satânica oculta desde a época babilônica e até nossos dias. Os
praticantes das “artes do zodíaco” conhecem o seu deus como Baal. Baal é Lúcifer, ou Satanás.
CABEÇA DE CABRA
CRUZ DE NERO
Também é conhecida como símbolo de “paz e amor”. Outro símbolo que ridiculariza
Jesus. Também significa: “as ruínas do homem morto”. Este símbolo estava inserido em alguns
bastões alemães das SS de Adolf Hitler (o que poderia estar fazendo este símbolo de “paz e
amor” em seus bastões?).
YIN YANG
Na filosofia chinesa, são dois grandes princípios opostos ou forças das que tudo depende.
Yang é masculino, luz e positivo. Yin é feminino, escuro e negativo. É a luta constante do bem
e do mal, no entanto isso significa que o “bem e o mal são um só” (de acordo com a cultura
chinesa). O símbolo é “especialmente atrativo” por parte de pessoas que acreditam nos
ensinamentos da “nova era”.
O ESCARAVELHO SAGRADO
Para alguns, este símbolo egípcio significa reencarnação. É, além disso, o símbolo de
Belzebu, “Senhor das moscas” (Satanás). Se os satanistas estiverem usando, significa que têm
poder e é (segundo eles) fonte de proteção.
“S” SATÂNICO
CRUZ SATÂNICA
UDJAT
Também conhecido como “o olho que tudo vê”. Um dentre alguns dos símbolos que
significa “Lúcifer, rei do inferno”. A lágrima significa o lamento de todos aqueles que não
podem se livrar de sua influência.
A LÍNGUA ESTENDIDA
É símbolo de morte. Um dos integrantes do grupo Kiss (Gene Simmons) costuma fazer
essa expressão. Em uma das capas de Rolling Stones, aparece este símbolo.
A CAVEIRA
É o símbolo da morte e usado para amaldiçoar. Em rituais satânicos serve como recipiente
para colocar o sangue dos sacrifícios. É usado em várias ocasiões por jovens em colares, anéis
e brincos. A influência negativa é muito forte ao usá-los.
PIRÂMIDES
JOGO DE CARTAS
Utilizadas para jogos de azar. O rei representa o diabo, a rainha Maria ou Isis. Os corações
roxos representam o sangue de Jesus, as espadas representam a perseguição e a destruição dos
cristãos. Os adivinhos acreditam que solucionam o passado, o presente, o futuro e predizem a
sorte do consultante. Este jogo pertence à cartomancia, que consiste em usar os baralhos como
meios de adivinhação; uma prática proibida na Bíblia (Deuteronômio 18:10-12).
ANARQUIA
Significa abolir todas as leis. Em outras palavras “faça o que quiser”. Esta é a lei dos
satanistas. Usada para os punks, os roqueiros e os seguidores de heavy metal.
Usado para saudar a lua nascente. Além disso, é a saudação secreta de satânicos e bruxos.
MÃO CHIFRUDA
É o signo de reconhecimento entre aqueles que estão dentro do Oculto. Note o dedo
polegar sobre os dedos e é feito com a mão esquerda.