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Área de concentração:
Lavra de Minas
Ouro Preto/MG
Agosto de 2016
M539i Mendonça, Guilherme Alzamora.
Influência da redistribuição de tensões provocada por realces nas condições de
estabilidade de galerias de desenvolvimento [manuscrito] / Guilherme
Alzamora Mendonça. - 2016.
63f.: il.: color; grafs; tabs.
CDU: 622.261.2
Catalogação: www.sisbin.ufop.br
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me dado força para completar essa jornada e sempre
iluminar o meu caminho e minhas decisões.
Agradeço a meus pais, Rodrigo e Ariane, e toda a minha família, por sempre
me apoiarem e não medirem esforços para que esse objetivo fosse
concretizado.
À Aline, por estar sempre ao meu lado, pelo carinho e compreensão. A todos
meus amigos, em especial Tatiana, Leandro, Tamiris, Tiany, Ana, e demais
colegas do PPGEM, que fizeram com que a jornada fosse mais leve.
E – Módulo de Young
Z – Profundidade
Ϟ – Coeficiente de Poison
σv – Tensão vertical
σh – Tensão horizontal
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1
2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA .............................................................................. 3
3 OBJETIVOS............................................................................................................... 4
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................... 5
4.1 Desafios da mineração subterrânea .................................................................... 5
4.2 Surgimento de instabilidades ............................................................................... 6
4.3 Estado de tensão ................................................................................................ 8
4.4 Critério de resistência e parâmetros pós-pico .................................................... 12
4.5 Clivagem Axial................................................................................................... 14
4.6 Localização das galerias ................................................................................... 20
4.7 Métodos numéricos na solução de problemas geotécnicos ............................... 21
4.8 Modelagem do problema ................................................................................... 22
4.8.1 Aplicativo RS² ............................................................................................. 23
4.8.2 Aplicativo Examine 3D ................................................................................ 24
5 METODOLOGIA ...................................................................................................... 26
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 28
6.1 Dados Geotécnicos ........................................................................................... 28
6.2 Determinação da seção típica dos realces ........................................................ 29
6.3 Determinação do estado de tensões nas áreas próximas aos realces .............. 31
6.4 Análises elásticas do comportamento das galerias de desenvolvimento ........... 36
6.4.1 Nível -487 ................................................................................................... 37
6.4.2 Nível -522 ................................................................................................... 43
6.4.3 Nível -537 ................................................................................................... 49
6.5 Análises elasto-plásticas do comportamento das galerias de desenvolvimento. 54
6.5.1 Nível -487 ................................................................................................... 54
6.5.2 Nível -522 ................................................................................................... 56
6.5.3 Nível -537 ................................................................................................... 57
7 CONCLUSÕES........................................................................................................ 60
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 62
1 INTRODUÇÃO
1
geral, durante grande parte da vida útil do empreendimento, fornecendo
condições de acesso e possibilitando a operação da lavra. Dessa forma,
espera-se dessas estruturas uma grande estabilidade e adequadas condições
de segurança, não oferecendo riscos aos trabalhadores e máquinas que por
ela transitem.
2
2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
O trabalho teve como foco entender o mecanismo de ruptura que ocorre com
relativa frequência nas galerias de desenvolvimento secundário da mina e sua
relação com a localização em que a escavação é realizada.
3
3 OBJETIVOS
4
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5
se possa evitar a sua ocorrência, ou mesmo minimizar os impactos negativos
que poderia causar.
6
quais o maciço estará sujeito, e a presença de água percolando as
descontinuidades (preenchimento).
BIENIAWSKI (1967) define ruptura frágil como sendo aquela na qual não é
observada, ou observada em pequena escala, deformação plástica. Isso
7
significa que um material que apresente ruptura dita frágil, irá apresentar
ruptura de forma repentina sem deformação significativa ao longo do processo.
STACEY & PAGE (1986) trazem uma abordagem empírica para o critério de
resistência de rochas rúpteis ou frágeis, para túneis de seção quadrada com
dimensões próximas a 3 e 4 metros. O critério apresentado pelos autores é
baseado na relação entre a maior tensão principal in situ e a resistência à
compressão uniaxial da rocha. A Tabela 1 traz o critério proposto pelos
autores.
Tabela 1: Critério empírico de estabilidade para maciços rochosos rúpteis. (Adaptado de
STACEY & PAGE, 1986)
8
dados, visando garantir melhores condições de segurança e bom
aproveitamento técnico e econômico (STACEY & PAGE, 1986).
(1)
Onde:
9
As tensões in situ horizontais que atuam em um maciço rochoso são de difícil
estimação. Normalmente, sua magnitude é descrita em relação às tensões
verticais, e é relacionada pelo parâmetro k, conforme mostrado na equação (2).
(2)
Onde,
Para aquelas situações nas quais o campo de tensões principais não coincide
com as tensões verticais e horizontais, é possível se obter o valor das tensões
principais e a inclinação da tensão principal maior com a horizontal,
respectivamente, através das seguintes equações (3) e (4): (BRADY &
BROWN, 2004)
(3)
10
(4)
11
influência da primeira escavação. Assim o estado de tensões na escavação de
menor porte será dependente das tensões induzidas pela escavação de maior
porte. Escavações desse tipo são ditas múltiplas.
Figura 2: Efeito da escavação de aberturas próximas que apresentem diferentes dimensões. Adaptado
de BRADY & BROWN (2004).
12
O critério pode ser definido pela equação (5):
(5)
Onde:
13
Tabela 2: Sugestões de HOEK para estimação dos parâmetros residuais de resistência
do maciço rochoso. (Adaptado de CROWDER & BAWDEN, sd)
Parâmetros residuais
GSI Características de resistência do
maciço
- Altas tensões, resultando em ruptura
sr = 0
da rocha intacta
70<GSI<90 mr = 1
- Perda total de resistência após a
dilatância = 0
ruptura
- Níveis moderados de tensão, sr = 0
50<GSI<65 resultando em rupturas das juntas mr = 15
- Rupturas geram cascalhos dilatância = 0,3(mr)
- Granito, Xisto ou arenito
intemperizado sr = 0
40<GSI<50 - Perda de resistência à tração, mr = 0,5(mb)
mantendo sua resistência ao dilatância = pequena
cisalhamento
- Forte ação tectônica ocasionando
cisalhamento e dobras (filitos) sr = 0
GSI<30 - Comportamento elasto-plástico mr = m b
perfeito, sem dilatância (parâmetros já dilatância = 0
residuais)
14
Para rochas frágeis localizadas a grandes profundidades, que apresentam
poucas descontinuidades, ou descontinuidades com espaçamento de tamanho
igual ou superior às dimensões das escavações a serem realizadas, é comum
a ocorrência de rupturas por clivagem axial, no contorno dessas escavações
subterrâneas. Essas rupturas podem passar por um processo significativo de
avanço gradativo, resultando em grandes zonas danificadas. Em alguns casos,
a energia envolvida em uma ruptura desse tipo pode apresentar uma
magnitude considerável, dando ao fenômeno um caráter de explosão de rocha
(rockburst) (HOEK et al., 1995).
15
Figura 3: Ruptura por clivagem axial, e sua relação com a direção da tensão principal maior que atua
no maciço. Adaptado de HOEK et al. (1995).
16
HOEK et al. (1995) afirmam que o Underground Research Laboratory, do
Atomic Energy of Canada, é um dos principais locais de observação e estudo
desse tipo de ruptura, trazendo diversos trabalhos que representaram avanços
para o melhor entendimento desse mecanismo.
17
JIANG et al. (2013) apresentam um estudo indicando a importância de se
utilizar os dados obtidos a partir de rupturas causadas por um elevado estado
de tensão, na obtenção de boas estimativas para os valores do estado de
tensão in situ atuante sobre o maciço em questão. Essa estimação se mostra
possível, uma vez que se é capaz de estimar a direção das tensões principais,
a partir da direção em que as rupturas se apresentam, e sua intensidade pode
ser determinada como aquela na qual surgem os primeiros indícios de ruptura.
A Figura 7, trazida por JIANG et al. (2013), traz uma imagem de uma ruptura
que se deu tipicamente por clivagem axial. Observa-se novamente que a
direção da tensão principal está localizada paralelamente à direção do plano
em que se deu a propagação da ruptura, como é esperado para esse tipo de
situação.
18
Figura 7: Mapa relacionando a ruptura ocorrida por clivagem axial, em um túnel, com a direção das
tensões principais presentes antes da escavação. Adaptado de JIANG et al. (2013).
19
Figura 8: Direção da ruptura por clivagem axial em uma passagem de ventilação, comparada à direção
das tensões principais. Adaptado de HIDALGO & NORDLUND (2012).
20
autores foi estabelecer o comprimento adequado de cabos para sustentação
dessas galerias.
21
abordagem na solução de problemas geotécnicos apresentam algoritmos cada
vez mais sofisticados para a determinação de uma malha adequada,
contornando boa parte desse problema. Para o método numérico dos
elementos de contorno, esse inconveniente na geração da malha é menos
expressivo, uma vez que apenas os elementos situados ao redor de uma
escavação devam ser discretizados, sendo o restante do domínio do problema
considerado como um contínuo infinito (HOEK et al., 1995).
22
sofrerão influência da frente da escavação, quando situadas a distâncias
relativamente grandes dessa frente. Algumas obras típicas da mineração
subterrânea que se enquadram nesse contexto são túneis e poços, como no
objeto de estudo deste trabalho, galerias de desenvolvimento (HOEK et al.,
1995).
23
No caso de análises elásticas, o RS² trabalhará no sentido de distribuir as
tensões envolvidas no problema, de forma que cada elemento gerado no
modelo irá resistir aos esforços que nele atuam, sem que seja preciso
especificar a sua resistência residual, já que não há redistribuição de tensões
quando a resistência de pico é atingida. De outro modo, para os casos em que
se considera um modelo elasto-plástico, essas tensões induzidas no maciço
serão redistribuídas para aqueles elementos adjacentes, no caso dessas
tensões atingirem a resistência de pico do elemento. Nesses elementos que
passarem por processo de plastificação serão mobilizadas suas respectivas
resistências residuais. Entretanto, mesmo que essa situação represente melhor
a situação observada em campo, a determinação desses parâmetros pós-pico
nem sempre é de fácil execução, o que pode levar a erros de análise.
24
O software é composto por três módulos, sendo um de modelagem do
problema, um de cálculo da tensão-deformação do maciço e, por fim, um
módulo de visualização e interpretação dos resultados obtidos. A possibilidade
de trabalho com modelos tridimensionais é um grande atrativo do programa,
viabilizando análises de situações tipicamente presentes na mineração
subterrânea, como a abertura de grandes realces de lavra.
25
5 METODOLOGIA
26
Estabelecido esse campo de tensões induzidas pelos realces, deu-se
sequência à segunda parte do estudo. Considerando as tensões induzidas
pelos realces como as tensões in situ atuantes na modelagem das galerias,
foram efetuadas análises elásticas bidimensionais das galerias de
desenvolvimento da Mineração Caraíba para cada ponto analisado
anteriormente, verificando a distribuição do Fator de Segurança no entorno de
galerias escavadas em diferentes locais.
27
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
σV σH1 σH2
Direção 0 90 0
Mergulho 90 0 0
K - 1 1
Parâmetros de Resistência
Resistência à compressão uniaxial 162 MPa
m 11,056
s 0,0622
Constantes Elásticas
Módulo de Young (E) 53062,8 MPa
Coeficiente de Poisson (Ϟ) 0,25
28
6.2 Determinação da seção típica dos realces
29
Figura 9: Visão tridimensional Leste-Oeste da cava a céu aberto e dos realces da mina subterrânea,
gerada no Examine 3D.
Figura 10: Modelo bidimensional da cava a céu aberto e realces de lavra subterrânea da Mineração
Caraíba.
30
Figura 11: Detalhe dos realces nas regiões analisadas.
31
Figura 12: a) Distribuição de σ1 ao longo do maciço.
As tensões “in situ” consideradas nas análises são representadas pelo conjunto
de setas e bloco quadrangular, localizado na porção superior de cada figura
representativa das análises. As escavações são representadas pela região em
branco na figura, uma vez que não há propagação de tensões no vazio.
32
Figura 13: a) Distribuição de σ3 ao longo do maciço.
33
Figura 14: a) Distribuição de σZ ao longo do maciço.
Por fim, para σZ o maior valor encontrado, nos pontos estudados, foi 54,85
MPa, para o ponto (900,-522), enquanto que o menor valor (10,38 MPa) pode
ser obtido sob as coordenadas (1045,-537).
34
desenvolvimento da mina, e foi implementado no software pelo autor através
da ferramenta “define user data”, segundo a equação apresentada no item 4.3.
Mais uma vez observa-se uma grande distorção e variações bruscas nos
valores obtidos, com algumas situações apresentando uma rápida mudança de
valores positivos para negativos. Em maiores profundidades, distantes das
escavações, os valores tendem a se estabilizar em valores baixos, próximos a
zero, retomando assim a sua configuração inicial.
35
6.4 Análises elásticas do comportamento das galerias de
desenvolvimento
36
6.4.1 Nível -487
Figura 17: Distribuição do Fator de Segurança no entorno de uma galeria escavada rente ao realce
esquerdo (Nível -487).
37
Figura 18: Distribuição do Fator de Segurança no entorno de uma galeria escavada rente ao realce
direito (Nível -487).
38
Figura 19: Distribuição do Fator de Segurança no entorno de uma galeria escavada nas coordenadas
(969,-487).
Figura 20: Distribuição do Fator de Segurança no entorno de uma galeria escavada nas coordenadas
(964,-487).
39
Vale destacar ainda que, conforme previsto, após a realização da escavação
das galerias, há um rearranjo das tensões no entorno da estrutura, indicando
um acúmulo de tensões na direção da tensão principal menor e um alívio de
tensões na direção da tensão principal maior. Esse cenário corrobora com o
entendimento de que as rupturas nessas galerias se dão através do fenômeno
de clivagem axial. A Figura 21 exemplifica esse cenário para a galeria citada
anteriormente, (964,-487), trazendo a distribuição de σ1 no entorno da
escavação.
40
Figura 22: Distribuição do Fator de Segurança de uma galeria escavada no contorno do realce à
esquerda (Nível -487).
Figura 23: Distribuição do Fator de Segurança de uma galeria escavada no contorno do realce à direita
(Nível -487).
41
Figura 24: Distribuição do Fator de Segurança de uma galeria escavada a 80 metros do realce à
esquerda (Nível -487).
Figura 25: Distribuição do Fator de Segurança de uma galeria escavada a 60 metros do realce à direita
(Nível -487).
42
Essas situações, embora possíveis do ponto de vista geotécnico, devido à
ausência, ou presença mínima de zonas de ruptura, dificilmente se mostrariam
factíveis sob o aspecto econômico, já que as distâncias médias de transporte
assumiriam valores altos, uma vez que haveria a necessidade de se prolongar
as galerias de transporte em dezenas de metros, para se atingir o corpo
mineralizado, impossibilitando assim a obtenção de resultados financeiros
adequados. Dessa forma, baseado nos resultados obtidos, a alternativa mais
viável para execução das escavações das galerias de desenvolvimento seria
entre os realces, posicionadas próximas ao ponto de coordenadas (964,-487).
43
Figura 26: Distribuição do Fator de Segurança de uma galeria escavada próxima ao realce à esquerda
(Nível -522).
Figura 27: Distribuição do Fator de Segurança de uma galeria escavada próxima ao realce à direita
(Nível -522).
44
Ainda analisando os pontos localizados entre os realces, é interessante
observar uma zona de tracionamento intenso do maciço, caracterizado pela
coloração vermelha na figura, entre as coordenadas x = 950 e x = 955
(localizadas a 20 e 25 metros, respectivamente, do realce esquerdo), indicando
locais nos quais a escavação das galerias seria totalmente inviabilizada sob os
aspectos geotécnicos. A Figura 28 ilustra esse cenário, trazendo a distribuição
do Fator de Segurança para uma galeria situada nas coordenadas (950,-522).
Figura 28: Distribuição do Fator de Segurança no entorno de uma galeria escavada nas coordenadas
(950,-522), indicando ruptura generalizada por tração.
Uma grande zona apresentando Fator de Segurança inferior a 1,0 pode ser
encontrada para galerias escavadas em até 60 metros distantes do realce à
direita, enquanto para o realce à esquerda a uma distância de cerca de 20
metros já não é possível detectar instabilidades.
45
Figura 29: Distribuição do Fator de Segurança no entorno de uma galeria escavada próxima ao realce
direito (Nível -522).
Figura 30: Distribuição do Fator de Segurança no entorno de uma galeria escavada próxima ao realce
esquerdo (Nível -522).
46
Já as Figuras 31 e 32 apresentam a distribuição do Fator de Segurança no
entorno de uma galeria escavada a 60 metros de distância do realce à direita, e
20 metros de distância do realce à esquerda, respectivamente.
Dessa forma, pode-se afirmar que para o Nível -522 as localizações mais
indicadas para se efetuar a escavação das galerias de desenvolvimento seriam
aquelas com coordenada x = 990 (localizada entre os realces, a 10 metros do
realce direito) e x = 880 (externa aos realces, 20 metros distante do realce
esquerdo).
Por fim, é importante ressaltar mais uma vez a tendência de que, após a
escavação das galerias, o rearranjo do campo de tensões produza um acúmulo
de tensões na direção da tensão principal menor. A Figura 33 representa essa
situação trazendo a distribuição de σ1 no entorno da escavação de uma galeria
situada nas coordenadas (990,-522).
Figura 31: Distribuição do Fator de Segurança de uma galeria escavada a 60 metros do realce à direita
(Nível -522).
47
Figura 32: Distribuição do Fator de Segurança de uma galeria escavada a 20 metros do realce à
esquerda (Nível -522).
48
6.4.3 Nível -537
Figura 34: Distribuição do Fator de Segurança de uma galeria escavada a 20 metros do realce à
esquerda (Nível -537).
49
No caso das galerias situadas à direita dos realces, a situação observada foi
bastante semelhante, com a ausência de regiões que apresentem Fator de
Segurança inferior a 1,0 a partir de uma distância de 10 metros do realce. A
Figura 35 apresenta a distribuição desse fator no entorno de uma galeria
escavada nessas condições.
Figura 35: Distribuição do Fator de Segurança de uma galeria escavada a 10 metros do realce à direita
(Nível -537).
50
Entre esses pontos que apresentam uma maior estabilidade pode-se destacar
uma região que vai do ponto (985,-537) até o ponto (1005,-537) (abrangendo
uma região entre os realces de menor porte, a 5 metros do realce à esquerda e
10 metros do realce à direita), além de outra zona que varia de (1065,-537) a
(1075,-537) (região entre os pontos a 5 metros do realce principal direito e 20
metros do realce de menor porte situado mais à direita). Por abranger uma
faixa maior, possibilitando maiores garantias de segurança, e estar localizada
em uma região mais central, em relação aos realces a serem escavados, a
primeira situação se mostra a mais indicada. A Figura 36 apresenta a
distribuição do Fator de Segurança ao redor de uma galeria escavada no
centro dessa região.
Figura 36: Distribuição do Fator de Segurança no entorno de uma galeria escavada nas coordenadas
(995,-537).
51
Mais uma vez, as análises demonstraram situações nas quais, após a
escavação da galeria de desenvolvimento, o rearranjo do campo de tensões
atuante na região se deu de forma a elevar o nível de tensões na direção
paralela à direção da tensão principal maior e reduzir o nível de tensões na
direção paralela à direção da tensão principal menor, como demonstrado na
Figura 38.
Figura 37: Distribuição do Fator de Segurança no entorno de uma galeria escavada nas coordenadas
(1055,-537), indicando ruptura generalizada por tração.
52
Figura 38: Distribuição de σ1 no entorno da galeria de desenvolvimento (Coordenada (995,-537)).
Coordenada da Galeria
Nível
À esquerda dos realces Entre os realces À direita dos realces
- 487 (821,-487) (964,-487) (1129,-487)
- 522 (880,-522) (990,-522) (1120,-522)
- 537 (890,-537) (995,-537) (1110,-537)
53
Figura 39: Localização das galerias que apresentaram as melhores condições geotécnicas.
sr = 0; mr = 1; dilatação = 0.
54
Figura 40: Elementos plastificados para uma galeria escavada nas coordenadas (964,-487).
Figura 41: Deslocamentos totais no entorno de uma galeria escavada nas coordenadas (964,-487).
55
6.5.2 Nível -522
Com base nesses resultados, conclui-se que, caso sejam escavadas galerias
próximas aos realces no Nível -522, será preciso conviver com a presença de
rupturas e instabilidades da escavação.
Figura 42: Elementos plastificados para uma galeria escavada nas coordenadas (990,-522).
56
Figura 43: Deslocamentos totais no entorno de uma galeria escavada nas coordenadas (990,-522).
Por fim, para o Nível -537 detecta-se uma concentração alta de elementos
plastificados no teto e piso da galeria (Cisalhamento e tração), praticamente
não havendo ocorrência desses elementos nas paredes laterais. Essa
configuração é apresentada na Figura 44.
57
Figura 44: Elementos plastificados para uma galeria escavada nas coordenadas (995,-537).
58
Figura 45: Deslocamentos totais no entorno de uma galeria escavada nas coordenadas (995,-537).
59
7 CONCLUSÕES
A partir dos dados coletados nas análises, foram avaliados diversos cenários
para a escavação das galerias de desenvolvimento da Mineração Caraíba,
variando-se a posição destas galerias em cada um dos níveis considerados.
Por fim, considerando apenas uma análise elástica do modelo, o Nível -537 foi
aquele que apresentou as maiores possibilidades para a locação das galerias
de desenvolvimento, no que diz respeito aos aspectos geotécnicos. Para
galerias situadas a partir de 20 metros do realce mais à esquerda, ou a 10
metros do realce mais à direita, não houve a ocorrência de regiões com Fator
de Segurança abaixo de 1,0. Avaliando os setores entre os realces, destacam-
se como potenciais locais para escavação das galerias a região entre as
coordenadas (985,-537) e (1005,-537), e ainda a região compreendendo o
60
intervalo entre (1065,-537) e (1075,-537). Observando uma maior faixa de
estabilidade e proximidade com os realces, indica-se o ponto de coordenada
(995,-537), entre o primeiro e o segundo realce de menor porte, a 15 metros de
distância do primeiro, como sendo o mais favorável.
Uma alternativa para os níveis mais profundos da mina seria buscar regiões
mais afastadas dos realces, visando alcançar maior estabilidade das
estruturas. Essa decisão, no entanto, deve ser tomada após uma avaliação
econômica desses cenários, uma vez que implicaria consideráveis acréscimos
no que diz respeito a distâncias médias de transporte e extensões escavadas.
61
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4-16. 1994.
62
HOEK, E.; CARRANZA-TORRES, C.; CORKUM, B. Hoek-Brown failure
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HOEK, E.; KAISER, P. K.; BAWDEN, W. F. Support of Underground
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JIANG, Q.; FENG, X.; CHEN, J.; HUANG, K.; JIANG, Y. Estimating in-situ
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anisotropic rocks using boundary element method. International Journal for
Numerical and Analytical Methods in Geomechanics. v. 33. 2009. p. 1227-1253.
63
APÊNDICES
APÊNDICE A – Estado de tensão à esquerda dos realces Nível -487