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1- Estatística descritiva

1.1. Introdução
A Estatística é uma ferramenta fundamental de uso generalizado nas mais diversas áreas do
conhecimento. Os conceitos e métodos estatísticos são indispensáveis na compreensão do mundo ao
nosso redor.
É a ciência que nos ajuda a tirar conclusões e tomar decisões na presença de incertezas e
variações.
A palavra estatística provém do latim status, que significa estado. Há indícios de que a mais de
2.000 a.C. os chineses, babilônios e egípcios recenseavam suas populações. O 4º livro do Velho
Testamento faz referência a uma instrução dada por Moisés “Façam um recenseamento de toda a
comunidade de Israel, pelos seus clãs e famílias, alistando todos os homens, um a um, pelo nome” (Nm
1,2).
Também se tem registros que as civilizações pré-colombianas dos maias, astecas e incas
realizavam registros de caráter estatístico.
Com o Renascimento, ampliou-se o interesse pela coleta de dados estatísticos. A obra de
Francesco Sansovini (1521 – 1586) é um exemplo dessa época. A Igreja Católica Romana deu grande
importância aos registros de batismos, casamentos e óbitos, tornados compulsórios a partir do Concílio
de Trento (1545 – 1563).
Pode-se dizer que o desenvolvimento da Estatística teve origem nas aplicações, pois nenhuma
ciência tem interagido tanto com as demais em suas atividades do que ela, dado que é por sua natureza
a ciência do significado e do uso dos dados. Daí sua importância como instrumento auxiliar na pesquisa
científica.
São várias as razões para o desenvolvimento acentuado do objetivo da estatística e da
necessidade de estudá-la, nesses últimos sessenta anos. Uma delas é a abordagem crescentemente
quantitativa utilizada em todas as ciências. Isto inclui o uso de técnicas matemáticas no planejamento de
inventários, na avaliação de controles de poluição, na análise de problemas de tráfego, no estudo dos
efeitos de vários remédios, na avaliação de técnicas de ensino, na análise do comportamento de
administradores e governos, no estudo de dietas e longevidade, nos diagnósticos psicológicos e assim
por diante. Nossa capacidade de lidar com informações numéricas aumentou enormemente com o
advento de poderosos computadores. Muitos tipos de computadores são também econômicos,
possibilitando a execução por pequenas empresas, estudantes de universidade e até mesmo de cursos
secundários, de trabalhos sofisticados.

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A ESTATÍSTICA é uma Ciência que fornece métodos para a coleta, organização, descrição,
análise e interpretação de dados e para a utilização dos mesmos na tomada de decisões.

1.2. População e amostra


A Estatística é uma ciência que pode ser entendida como um conjunto de técnicas e métodos de
pesquisa que envolve o planejamento do experimento que será realizado, a coleta dos dados e o
processamento, análise e disseminação das informações.
No processo de coleta de dados, diversos problemas podem ocorrer. Para exercer a coleta de
dados adequadamente deve-se conhecer os conceitos básicos de população e amostra.

A palavra população na sua acepção mais comum representa o conjunto de habitantes de um


município, uma região ou país. Em Estatística, população (ou universo) é entendida como o conjunto de
todos os elementos (pessoas, animais, objetos, ...) cujas propriedades o pesquisador está interessado em
estudar. Essas propriedades podem ser resultado de uma medição, uma contagem, um atributo.
Em termos de número dos elementos que compõem a população, ela pode ser classificada como
finita ou infinita.
Quando é feito um levantamento de dados relativos a todos os elementos de uma população,
temos o que denominamos censo.
Se a população é pequena, pode ser razoável estudar toda ela. Todavia, examinar a população
inteira nem sempre é viável. Em tais casos examina-se somente uma parte da população, que chamamos
de amostra.
Uma amostra é simplesmente uma seleção de elementos de uma população que têm as mesmas
características desta.
A seleção dos elementos que irão compor a amostra pode ser feita de várias maneiras e irá
depender do conhecimento que se tem da população e da quantidade de recursos disponíveis.

Fonte: Estatística sem matemática para psicologia/Christine P. Dancey, John Reidy, 2006

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São vários os motivos pelos quais se faz um estudo baseado numa amostra e não em todos os
elementos da população:
➢ a população é infinita;
➢ há restrição de recursos (econômicos ou humanos);
➢ há restrição de tempo;
➢ há destruição da unidade de observação. Por exemplo, se para verificar a resistência de uma
cadeira de PVC é colocado peso sobre a mesma até ela quebrar, não há sentido em fazer a
testagem que não seja por amostragem.

Geralmente os dados são coletados de uma das duas formas a seguir:


- estudo observacional – os dados são obtidos à medida que se tornam disponíveis.
- experimento planejado – observa e registra dados onde são feitas variações propositais nas variáveis
controláveis de algum processo.

1.3. Variáveis

Para ilustrar o que segue, considera-se o exemplo a seguir:


Exemplo: Para tentar incrementar as vendas do setor de entretenimento, uma associação representativa
decidiu realizar uma pesquisa de perfil e comportamento da população urbana de uma dada cidade. Em
pesquisas como essa situação como essa, é comum o pesquisador estar interessado em características
como:
- idade do respondente;
- renda mensal familiar;
- número pessoas que dependem da renda familiar citada;
- satisfação com as opções de lazer que têm na cidade.
- tipo de lazer preferido pela família.

De modo geral, a cada característica investigada tem-se associado um (ou mais de um) resultado
correspondendo à realização. Assim, no exemplo em questão, as características mencionadas, são as
variáveis de interesse da pesquisa.
Podemos atribuir uma letra, como x, y, z, t, para representar tal variável.
Outros exemplos de variáveis:
- para o fenômeno 'sexo' são 2 os resultados possíveis;
- o número de crianças em sala de aula pode ser expresso por números naturais: 0, 1, 2 , ...,n;
- para o fenômeno 'estatura' temos uma situação diferente, pois os resultados podem tomar um número
infinito de valores numéricos dentro de um intervalo (depende da precisão da medida).

Logo

Variável é um símbolo, como x, y, z, t, que pode assumir qualquer valor de um conjunto de


resultados possíveis de um fenômeno.

ou

Variável é toda a característica ou condição que pode ser contada, mensurada ou


observada.

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1.3.1. Tipologia das variáveis
As variáveis são o foco principal da pesquisa em qualquer área. Pode-se notar que nos exemplos
dados que elas apresentam diferentes características. Enquanto se pode medir a estatura em centímetros
ou metros, não se pode fazer o mesmo com a variável sexo, por exemplo. Isso representa uma
característica importante das variáveis: o quão precisamente podem ser avaliadas.
De forma geral, as variáveis podem ser classificadas em tipos:

Nominal

Qualitativa

Ordinal
Variável

Discreta

Quantitativa

Contínua

- Variável qualitativa nominal ou categórica – são resultados possíveis são diferentes categorias
não ordenadas, em que cada observação pode ser classificada. Exemplos: cor de um objeto, religião,
naturalidade, classificação de uma lâmpada (acende ou não acende).

- Variável qualitativa ordinal – seus possíveis valores são diferentes categorias ordenadas, em que
cada observação pode ser classificada. Exemplos: classe social, nível de instrução.

- Variável quantitativa discreta – seus possíveis valores são, geralmente, resultados de contagem.
Exemplos: número de peças defeituosas num lote, número de estudantes numa sala de aula.

- Variável quantitativa contínua – seus valores possíveis podem ser expressos dentro de uma
determinada faixa de valores, e representam uma medida (em qualquer grau de precisão). Na prática,
entretanto, os mecanismos de medição têm precisão limitada, tal que os dados coletados de variáveis
contínuas são necessariamente discretos. Exemplos: volume contido numa caixa d´água, comprimento
de uma barra de aço, peso, massa.

Para cada tipo de variável existem técnicas apropriadas para resumir a informação, por isso tem-
se que ter em mente a classificação.
Em algumas situações podem-se atribuir valores numéricos às variáveis qualitativas e depois
proceder-se à análise como se esta fosse uma variável quantitativa, desde que o procedimento seja
passível de interpretação. Por exemplo, para a variável “tabagismo” atribui-se 1 para a resposta fumante
e 2 para não fumante. Nesse caso, não sentido em calcular a média dos resultados.

Observação: A variável que tem apenas dois resultados possíveis é chamada dicotômica ou binária.

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1.4. Arredondamento de dados
Muitas vezes é necessário ou conveniente suprimir unidades inferiores às de determinada ordem.
Essa técnica é chamada arredondamento de dados.

1º ) Quando o primeiro algarismo a ser abandonado é 0, 1, 2, 3 ou 4, fica inalterado o último algarismo a


permanecer.

Exemplos: a) 92,24 passa a 92,2


b) 5,6254 passa a 5,625 (para a precisão de milésimos)
c) 5,6254 passa a 5,6 (para a precisão de décimos)

2º) Quando o primeiro algarismo a ser abandonado é 5, 6, 7, 8 ou 9, aumenta-se de uma unidade o


algarismo a permanecer.

Exemplos: a) 13,67 passa a 13,7 b) 2,99 passa a 3,0 c) 41,08 passa a 41,1
d) 2,352 passa a 2,4 e) 25,6501 passa a 25,7 f) 24,75 passa a 24,8

Observações
1) Não devemos fazer arredondamentos sucessivos.
Exemplo: 17,3452 passa a 17,3 e não a 17,35 e por fim a 17,4
Se tivermos necessidade de um novo arredondamento, fica recomendada a volta aos dados
originais.
2) Cuidado com o arredondamento em situações como:
Dado o valor 2,46 milhões de reais, se arredondarmos para 2,5 milhões de reais estamos alterando
a quantidade em R$ 40.000,00.

EXERCÍCIOS
Classificar cada variável abaixo como variável quantitativa contínua, quantitativa discreta, qualitativa
ordinal ou qualitativa nominal:

a) Peso do conteúdo de pacote de farinha: ....................


b) Diâmetro de um rolamento: .....................
c) Número médio diário de clientes potenciais visitados por um vendedor durante o último mês: ..........
d) Altura h de um indivíduo: .....................
e) Vida média de lâmpadas: .............
f) Comprimento de 1000 parafusos: ...............
g) Número de livros de uma biblioteca: .....................
h) Satisfação com o governo: excelente, bom, regular, péssimo: ....................................
i) Estilo de construção de casa: colonial, moderno, contemporâneo, europeu: ...............
j) Número de artigos defeituosos produzidos por uma determinada máquina: ................
k) Temperatura corporal .........................................
l) Densidade populacional (habitantes por km 2 ): .........................................
m) Time de futebol (Juventude, Caxias, Internacional, Grêmio): ......................................
n) Concentração de colesterol total no sangue (mg/dL): .........................................
o) Religião (católico, protestante, evangélico, islâmico): ....................................
p) Resposta de questionário (fumante/não -fumante): .........................................

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Respostas
a) Quantitativa contínua b) Quantitativa contínua
c) Quantitativa contínua d) Quantitativa contínua
e) Quantitativa contínua f) Quantitativa contínua
g) Quantitativa discreta h) Qualitativa ordinal
i) Qualitativa nominal j) Quantitativa discreta
k) Quantitativa contínua l) Quantitativa contínua
m) Qualitativa nominal n) Quantitativa contínua
o) Qualitativa nominal p) Dicotômica (qualitativa nominal)

1.5. Gráficos estatísticos


Os métodos gráficos têm encontrado um uso cada vez maior devido ao seu apelo visual.
Normalmente, é mais fácil para qualquer pessoa entender a mensagem de um gráfico do que aquela
embutida em tabelas ou sumários numéricos.
A representação gráfica de uma série de dados permite, ao mesmo tempo, uma visão geral e
alguma caracterização particular da população por meio de uma correspondência entre as categorias ou
valores e uma determinada figura geométrica, de tal modo que cada valor ou categoria é representado
por uma figura proporcional.
Os principais tipos de gráficos são diagramas, cartogramas e pictogramas.

1.5.1 Gráfico em linha

Os gráficos de linha são bastante utilizados na identificação de tendências de aumento ou


diminuição dos valores numéricos de um fenômeno. Assim, vamos encontrar com frequência esse tipo de
representação em análises tais como lucros de empresas, incidência de doenças, índice de crescimento
populacional ou de mortalidade infantil, índices de custo de vida, comportamento do fenômeno ao longo
do tempo etc.
No eixo horizontal, marca-se o tempo.

Exemplo 1: A tabela a seguir apresenta a variação (%) do índice de preços ao consumidor amplo:

Mês No mês
Fevereiro 2010 0,78
Março 2010 0,52
Abril 2010 0,57
Maio 2010 0,43
Junho 2010 0,00
Julho 2010 0,01
Agosto 2010 0,04
Setembro 2010 0,45
Outubro 2010 0,75
Novembro 2010 0,83
Dezembro 2010 0,63
Janeiro 2011 0,83
Fonte: IBGE

7
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
%
0,4
0,3
0,2
0,1
0

Figura: Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPC


Fonte: IBGE

Exemplo 2: A série histórica a seguir é referente à taxa de participação, por sexo, no mercado formal de
trabalho, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Ano 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Homens 70,7 68,5 68,4 67,3 67,1 68,4 68,6 69,2 68,5 66,7 67,8

Mulheres 44,5 42,5 43,9 43,0 42,3 46,1 49,0 49,7 49,6 49,3 49,1

Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Homens 66,8 66,4 65,5 65,8 66,9 66,5 66,4 65,9 65,7 65,2

Mulheres 49,8 49,3 49,0 49,0 51,4 50,7 50,0 49,3 49,4 48,9

80

70

60

50

% 40 Homens
Mulheres
30

20

10

0
1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013

Fonte: FEE – 29/01/2014

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1.6.2 Gráfico em colunas e gráfico em barras

É a representação de uma série por meio de retângulos, dispostos verticalmente (em colunas) ou
horizontalmente (em barras).
Quando em colunas, os retângulos têm a mesma base e as alturas são proporcionais aos
respectivos dados. Um gráfico de colunas mostra as alterações dos dados em um intervalo de tempo ou
ilustra comparações entre categorias, as quais são organizadas de maneira horizontal e os valores de
maneira vertical para enfatizar a variação ao longo do tempo.
Quando em barras, os retângulos têm a mesma altura e os comprimentos são proporcionais aos
dados. Um gráfico de barras ilustra comparações entre categorias; estas são organizadas verticalmente,
enquanto os valores têm disposição horizontal, para enfatizar a comparação de valores e dar menos
ênfase ao tempo.
No gráfico de colunas e de barras, também é indiferente a ordem de apresentação dos retângulos,
por se tratar de uma série ordenada segundo uma característica qualitativa. Nesses casos, não há, em
geral, uma ordem única, técnica e logicamente admissível, podendo ocorrer diversas ordens,
correspondentes a diversos critérios.
Exemplo 3: A tabela a seguir apresenta dados relativos a uma pesquisa realizada em uma cidade da
região. A questão era “Como você fica sabendo das promoções da loja XX?”

Tabela: Como você fica sabendo das promoções da loja XX?

Fonte Frequência* %
TV 68 44,4
Amigos 65 42,5
Internet 36 23,5
Jornal 31 20,3
Rádio 28 18,3
Parentes 23 15,0
Encartes de jornal 13 8,5
Outros 1 0,7
*Respostas múltiplas – 153 respondentes

Como você fica sabendo das promoções da loja


XX?

44,4% 42,5%

23,5%
20,3% 18,3%
15%
8,5%
0,7%

TV Amigos Internet Jornal Rádio Parentes Encartes de Outros


jornal

Exemplo 4: O gráfico a seguir apresenta o resultado ao questionamento “Como seus estudos seriam
financiados?” relativos à pesquisa feita em Caxias do Sul.

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Como seus estudos seriam financiados?
Através de financiamento estudantil 3,2%
Com ajuda da empresa em que trabalho 6,9%
Meus pais ou familiares pagariam todo o curso 8,9%
Necessitaria de bolsa de estudo 24,8%
Eu proprio pagaria o curso 25,4%
Eu pagaria uma parte e meus familiares pagariam a outra 30,8%

0% 10% 20% 30% 40%

1.6.3 Gráfico em colunas ou barras múltiplas

Este tipo de gráfico é geralmente empregado quando queremos representar, simultaneamente,


dois ou mais fenômenos estudados com o propósito de comparação.

Exemplo 5: Gráfico de colunas múltiplas

Figura: Distribuição das pessoas ocupadas de 10 anos ou mais de idade, por classes de
rendimento no trabalho principal, 2006-2008
Fonte: IBGE

1.6.4 Gráfico em setores (pizza)

A Estatística recorre com frequência a esse tipo de gráfico, que consiste em distribuir num círculo
setores (ou categorias) proporcionais aos dados do problema.

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Exemplo 6: O gráfico a seguir apresenta dados de uma pesquisa feita com uma amostra de
microempresários da região, onde lhes foi questionado sobre o que faltava às suas empresas para serem
mais competitivas.

O que falta para sua empresa


ser mais competitiva?
Menores taxas
de financiamento
25%

Capacitação de
mão de obra
75%

O total é representado pelo círculo, que fica dividido em tantos setores quantas são as partes. As
áreas dos setores são proporcionais aos dados da série.

1.6.5 Diagrama de dispersão

O gráfico de dispersão apresenta duas variáveis numéricas. Então temos pontos (pares
ordenados) representando a relação entre essas variáveis.

Exemplo 7: Um industrial do ramo de tecelagem registra, para os anos de 2001 a 2014, seus gastos com
pesquisa e desenvolvimento (P&D) e sua participação no mercado, como segue:

P&D Fatia do mercado


Ano
(milhões de dólares) (%)
2001 0,8 20,4
2002 0,5 18,6
2003 0,8 19,1
2004 1,0 18,0
2005 1,0 18,2
2006 0,9 19,6
2007 0,8 20,0
2008 1,2 20,4
2009 1,0 19,2
2010 0,9 20,5
2011 0,8 20,8
2012 1,0 18,9
2013 1,0 19,0
2014 0,8 19,8
Para ver se (e como) a participação no mercado está relacionada com as despesas com P&D em
anos anteriores, pode-se construir um diagrama que permite uma avaliação inicial.

11
25

Fatia do mercado (%) 20

15
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
P&D

Exemplo 8: A seguir, dados fictícios em relação à comercialização de automóveis usados. No diagrama


é apresentada a relação entre a quilometragem e o preço dos veículos.

50000

40000
Preço (reais)

30000

20000

10000

0
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
Quilometragem

1.6.6 Gráficos que enganam

Quando observar um gráfico ou uma tabela, particularmente como parte de um anúncio, seja
cauteloso. Observe as escalas usadas nos eixos horizontal e vertical. Pode-se distorcer a verdade com
as técnicas estatísticas.

No exemplo a seguir têm-se os ganhos médios mensais de certa categoria de profissionais.

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Exemplo 9:
1300
1230

R$ 1100

980

900
Homens Mulheres

1400
1230
1200
980
1000

800
R$
600

400

200

0
Homens Mulheres

Exemplo 10: Os gráficos a seguir apresentam o grau de satisfação dos estudantes com o transporte
coletivo da cidade (dados fictícios).

Péssimo
8%

Ótimo
28% Ruim
18%

Regular
14%
Bom
32%

13
50

40
32%
30 28%

%
20 18%
14%

10 8%

0
Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo

Em qual dois dois a leitura é mais fácil?

Exemplo 11: Tem-se, a seguir, o gráfico exibido pela Globo News, em janeiro de 2014, apresentando a
série histórica relativa à inflação no Brasil.
Percebe-se o erro na última coluna e também uma escala que pode ser enganadora, pois pode-
se ter a impressão que a inflação do ano de 2010 é quase o triplo da inflação de 2009.

Fonte: http://www.viomundo.com.br/humor/grafico-da-globo-inflaciona-a-inflacao.html

14
O gráfico correto é:

1.6.7 Cartograma

É a representação sobre uma carta geográfica.


Esse gráfico é empregado quando o objetivo é o de figurar os dados estatísticos diretamente
relacionados com áreas geográficas ou políticas.

Exemplo 12:

1.6.8 Pictograma

O pictograma constitui um dos processos gráficos que melhor fala ao público, pela sua forma ao
mesmo tempo atraente e sugestiva. A representação gráfica consta de figuras.

15
Exemplo 13: Desmatamento da floresta amazônica em Altamira (PA)

Fonte: http://professorandrios.blogspot.com/2011/08/representacao-grafica-de-dados.html

1.7. Medidas descritivas


Estatística é a ciência dos dados. Um aspecto importante de lidar com dados é organizá-los e
resumi-los em maneiras que facilitem sua interpretação e análise subsequente. Os resumos visuais de
dados (tabelas e gráficos) são excelentes ferramentas para obter impressões e ideias iniciais. Uma análise
mais formal de dados frequentemente exige o cálculo e a interpretação das medidas de resumo numéricas
simples. Isto é, um conjunto de números pode reduzir-se a uma ou a algumas medidas numéricas que o
resumem todo. Tais medidas são de mais fácil manejo e compreensão do que os dados originais.
O objetivo aqui é apresentar os métodos mais úteis para resumir dados. Embora não exista um
padrão que se possa considerar o melhor, há técnicas que se prestam melhor que outras a determinadas
situações.
Há situações em que não há interesse nos padrões de um grupo, mas em caracterizá-lo como um
todo. Podemos ter questões como: Qual o salário médio do trabalhador brasileiro? Qual o tipo sanguíneo
mais comum? Qual a nota que divide os alunos de uma turma em um grupo superior e o outro inferior?
Para responder a essas questões necessita-se de um grupo único, que represente todos os valores
obtidos pelo grupo. Este número possibilita a caracterização do grupo como um conjunto e tende a se
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condensar no centro da série; desse fato deriva o termo "medida de tendência central". A utilização de
medidas de posição não substitui o uso de tabelas e de gráficos.

Medidas de tendência central

Há situações em que não estamos interessados nos padrões de um grupo, mas em caracterizá-
lo como um todo. Podemos ter questões como: Qual o salário médio do trabalhador brasileiro? Qual o tipo
sanguíneo mais comum? Qual a nota que divide os alunos de uma turma em um grupo superior e o outro
inferior? Para responder a essas questões necessitamos de um valor único, que represente todos os
valores obtidos pelo grupo. Este número possibilita a caracterização do grupo como um conjunto e tende
a se condensar no centro da série; desse fato deriva o termo "medida de tendência central". A utilização
de medidas de posição não substitui o uso de tabelas e de gráficos.
Veremos, então, três medidas de tendência central: a média, a mediana e a moda. Elas constituem
maneiras diversas de determinar um único número representativo de uma série.

1.7.1 Médias

A média de um conjunto de números é um valor que, levando em conta a totalidade dos elementos
do conjunto, pode substituir a todos sem alterar determinada característica desse conjunto.
Por exemplo, se a característica do conjunto é a soma dos seus elementos, tem-se a mais simples
de todas as médias: a média aritmética.
Existem vários tipos de médias, sendo a mais utilizada a aritmética; portanto, sempre que
mencionarmos simplesmente média, estaremos nos referindo à aritmética.

- Média aritmética simples (  ou x )

A média (aritmética) é, de modo geral, a mais importante de todas as mensurações numéricas


descritivas. Consiste em adicionar os elementos e dividir a soma pelo número de elementos adicionados.

Se as n observações de uma amostra forem denotadas por x1, x2, ..., xn, então a média da amostra
será
𝒙𝟏 + 𝒙𝟐 + ⋯ + 𝒙𝒏 ∑ 𝒙
̅=
𝒙 =
𝒏 𝒏

Em notação de somatório, a média aritmética é representada da seguinte forma:

n N

x i x i
x = i =1
ou  = i =1

n N
ou mais simples como:

x =
xi
x = i
ou
n N

onde:
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x é a média aritmética amostral
 é a média aritmética populacional
xi são os valores da variável
 (letra Sigma) é o somatório dos valores da variável
n é o número de medidas efetuadas na amostra
N é o número de medidas efetuadas na população

Quando desejamos saber a média de dados não agrupados determinamos a média aritmética
simples.

Exemplo 14: Sabendo-se que o número de atendimentos num SAC (Serviço de Atendimento ao
Consumidor), durante uma semana foi de 10, 17, 13, 15, 16, 18 e 12 ligações telefônicas, temos, para o
atendimento médio da semana:

10 + 17 + 13 + 15 + 16 + 18 + 12 101
x= = = 14,4
7 7

Logo:
x = 14,4 ligações/dia

A média aritmética de uma amostra pode não pertencer ao conjunto original de valores, nem
precisa ter significado real.

- Média aritmética ponderada

A fórmula anterior para calcular a média aritmética supõe que cada observação tenha a mesma
importância. Embora este seja o caso mais geral, há exceções.
A média aritmética ponderada é aquela resultante de um conjunto de valores, no qual alguns
valores têm importância (ou quantidade de ocorrências) maior que a dos outros.

Exemplo 15: Pesquisadores, às vezes, consideram útil obter uma “média das médias” – isto é, calcular
uma média total para um número diferente de grupos. Suponha, por exemplo, que estudantes de três
turmas de Introdução à Sociologia tenham recebido as notas médias a seguir em suas provas finais:

Turma 1 x 1 = 85 n1=28

Turma 2 x 2 = 72 n2=28

Turma 3 x 3 = 79 n3=28

Há o mesmo número de estudantes matriculados em cada uma das turmas do curso, então, torna-
se bastante simples calcular um escore médio total:

x1 + x 2 + x 3 85 + 72 + 79
= = 78,67
3 3

Na maioria dos casos, os grupos diferem em tamanho. Voltando às turmas de Introdução à


Sociologia, por exemplo, é provavelmente incomum encontrar precisamente o mesmo número de

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estudantes matriculados em diferentes turmas de um curso. O mais provável é que o número de
estudantes que realizam uma prova final em cada uma das três turmas do curso de sociologia seja
diferente. Nesse caso,
Turma 1: x 1 = 85 n1=95

Turma 2: x 2 = 72 n2=25

Turma 3: x 3 = 79 n3=18

Tem-se que ponderar cada média de grupo por seu tamanho (n). A média ponderada pode ser
calculada da seguinte forma:
n1 x 1 + n 2 x 2 + n 3 x 3 95.85 + 25.72 + 18.79 11.297
= = = 81,86
n1 + n 2 + n 3 95 + 25 + 18 138

Podemos, então, escrever:

x=
( n x grupo grupo )

n total

Exemplo 16: Os salários médios mensais dos professores de ensino fundamental em três cidades são
R$ 1.450,00, R$ 1.620,00 e R$ 1.190. Havendo 720, 660 e 520 professores de ensino elementar nessas
cidades, qual o salário médio dos professores?

Nesse exemplo, os salários médios de cada cidade são os valores da variável (x i) e o número de
professores de cada cidade são os pesos (wi). Assim,
x1 = 1.450,00 e w1 = 720
x2 = 1.620,00 e w2 = 660
x3 = 1.190,00 e w3 = 520
logo,
𝑥1 . 𝑤1 + 𝑥2 . 𝑤2 + 𝑥3 . 𝑤3 1.450 𝑥 720 + 1.620 𝑥 660 + 1.190 𝑥 520
𝑥̅ = = = 1.437,90
𝑤1 + 𝑤2 + 𝑤3 720 + 660 + 520

O salário médio dos professores das três cidades é R$ 1.437,90.


A situação descrita acima também é chamada de “média das médias”.

Exemplo 17: Foi aplicado um questionário aos funcionários de uma empresa, onde uma das questões
era: “Qual o grau de satisfação com a alimentação servida no refeitório?”. As respostas foram as
seguintes:

Muito satisfeito: 25 funcionários Satisfeito: 88 funcionários


Nem satisfeito, nem insatisfeito: 39 funcionários Insatisfeito: 12 funcionários
Muito insatisfeito: 8 funcionários Não responderam: 19 funcionários

19
Qual o grau médio de satisfação em relação à alimentação servida no refeitório?
Se admitirmos Muito satisfeito = 5 a decrescermos até Muito insatisfeito = 1, teremos:

5 𝑥 25 + 4 𝑥 88 + 39 𝑥 3 + 12 𝑥 2 + 8 𝑥 1
𝑥̅ =
25 + 88 + 39 + 12 + 8
626
𝑥̅ =
172

𝑥̅ = 3,64
O grau médio de satisfação é 3,64.

Exemplo 18: Uma pesquisa amostral efetuada junto a estudantes de uma faculdade acusa os seguintes
dados sobre o conceito obtido na disciplina de Estatística.

Conceito Número de estudantes


0 4
1 28
2 41
3 29
4 12
Total 114

Baseados na tabela, qual o conceito médio?

Nessa situação, podemos entender o número de estudantes (frequência) como o fator de


ponderação. Então, podemos afirmar que o conceito médio é calculado da seguinte forma:

𝑥1 . 𝑓1 + 𝑥2 . 𝑓2 + 𝑥3 . 𝑓3 + 𝑥4 . 𝑓4 + 𝑥5 . 𝑓5 245
𝑥̅ = = = 2,15
𝑓1 + 𝑓2 + 𝑓3 + 𝑓4 + 𝑓5 114
O conceito médio obtido é 2,15.

̅)
- Média geométrica (𝒈
Para entender o conceito de média geométrica, parte-se da seguinte situação prática:
Quer-se analisar o crescimento das vendas em uma empresa ao longo de três anos. As taxas de
crescimento estão descritas na tabela a seguir:

Período 1º ano 2º ano 3º ano


Taxa de crescimento 18% 11% 4%

A partir dos dados da tabela, qual foi o crescimento médio de vendas da empresa?

Inicialmente, interpretando os dados que foram apresentados, percebe-se que as vendas da


empresa cresceram de forma diferente em cada período. Pode-se afirmar que no primeiro ano de análise,
o valor das vendas aumentou em 18%. No segundo ano, as vendas cresceram um pouco menos, 11%
mais precisamente, mas sobre o valor total das vendas do ano anterior, que já tinham sido acrescidas de
18%. Já no terceiro ano, as vendas aumentaram em cerca de 4%, mas novamente essa porcentagem se
aplica sobre o saldo do ano anterior, ou seja, do segundo ano analisado, que já tinha sido acrescido de
18% e ainda de mais 11%. Isso significa, em termos de cálculo, que sempre vamos aplicar as taxas
apresentadas sobre o valor total das vendas do período anterior, e não sempre sobre o valor inicial.
20
Supõe-se agora, para que o raciocínio seja conduzido ao objetivo da questão, que o valor inicial
das vendas antes da análise mostrada na tabela, era de R$100.000,00 por ano. Aplicando as taxas sobre
os valores de cada período, chega-se a situação apresentada na figura abaixo, onde encontraremos o
valor total das vendas ao final do terceiro ano.

100.000 + 18% 118.000 + 11% 130.980 + 4% 136.219,20

Seguindo o exercício, vê-se que em termos de valores, essa empresa teria vendido, no final do
terceiro ano de análise, um valor total de R$ 136.219,20. Mas se ao invés de aplicar todas essas taxas
diferentes a cada período, ao encontrarmos uma taxa média, que representasse todas elas, o cálculo
seria mais fácil. É isso que o exercício nos propõe!
1,18+1,11+1,04
A média aritmética entre as três taxas é 𝑥̅ = = 1,11 𝑜𝑢 11%
3
Para averiguar a veracidade do que se está supondo, será refeito todo o cálculo anteriormente
apresentado.

100.000 + 11% 111.000 + 11% 123.210 + 11% 136.763,10

Percebe-se que a média aritmética, apesar de bem simples, não ajuda a resolver problemas como
esse.
Casos como o apresentado são resolvidos com o cálculo da média geométrica.
A média geométrica de uma amostra é um número que, levando em conta o total dos elementos
dessa amostra, pode representar a todos, sem alterar o produto desses elementos. Assim sendo, a média
geométrica de uma amostra de tamanho n é igual à raiz de ordem n do produto dos n valores.

Desse modo, a média geométrica é calcula por:


𝑛
𝑔̅ = 𝑛√𝑥1 . 𝑥2 . … . 𝑥𝑛 ou 𝑔̅ = √∏ 𝑥

Para o exemplo dado, tem-se a seguinte taxa média (geométrica):


3
𝑔̅ = √1,18 ∗ 1,11 ∗ 1,04 = 1,108527 𝑜𝑢 10,8527%

100.000 + 10,8527% 110.852,70 + 10,8527% 122.883,12 + 10,8527% 136.219,20

̃)
1.7.2 Mediana (Md ou Med ou 𝒙

Diferentemente da média, a mediana não tem um símbolo específico, usado internacionalmente.


A partir da situação a seguir, será introduzido o conceito de mediana.

Exemplo 19: Consideremos a idade de nove pessoas que fizeram uma viagem de estudos.
Pessoa 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Idade (anos) 19 21 25 21 25 22 21 59 21

Percebemos que a pessoa nº 8 apresenta idade muito maior que as demais.

21
Ao determinar a média das idades das nove pessoas, obtemos 𝑥̅ = 26 𝑎𝑛𝑜𝑠 . Comparando a média
com os demais valores, podemos notar que apenas uma pessoa tem idade superior a ela, ou seja, oito
pessoas têm idade inferior à idade média. Por isso, ela pode ser mal interpretada, pois a média leva em
conta, no seu cálculo, todos os valores do conjunto de dados.
Para evitar a possibilidade de ser induzido em erro por uma média afetada por um valor muito
pequeno ou muito grande, por vezes é preferível caracterizar o centro de um conjunto de dados por outra
medida que não a média: por exemplo, a mediana.
A mediana é aquele valor que ocupa a posição central da listagem, estando a amostra com seus
valores ordenados e com todos os valores repetidos também incluídos, individualmente, na lista. A
mediana da amostra divide o conjunto total em duas partes iguais, com metade (50%) dos valores
restantes acima da mediana da amostra e metade (50%) abaixo dela. A mediana da amostra pode não
pertencer ao conjunto original de valores.

Para o caso das idades, ordenando os valores têm-se


Pessoa 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Idade (anos) 19 21 21 21 21 22 25 25 59

A mediana é Md = 21 anos. O valor ocupa o centro da ordenação como mostra a tabela acima.
Então, 50% das pessoas da amostra têm idade igual ou inferior a 21 anos. Ou, podemos
afirmar que 50% das pessoas da amostra têm idade igual ou superior a 21 anos.

Exemplo 20: Se o conjunto tiver número par de termos, a mediana será, por definição, qualquer número
compreendido entre os dois valores centrais da lista. Convencionaremos utilizar o ponto médio. Dado o
conjunto:
2, 6, 7, 10, 12, 13, 18, 21

temos, para mediana, a média aritmética entre 10 e 12.

10 + 12 22
Logo: Md = = = 11 → Md = 11
2 2

Exemplo 21: Em 14 dias, um laboratório realiza 40, 52, 55, 38, 40, 48, 56, 56, 60, 37, 58, 63, 46, 50 e 61
testes. Qual a média e qual a mediana para o contexto do problema?

x1 +x2 +⋯+xn 40+52+⋯+61 701


Média: x̅ = = = = 50,1 testes
n 14 14

Para determinar a mediana, ordenamos os valores:


37 38 40 40 46 48 50 52 55 58 56 58 60 63

50+52
Mediana: Md = = 51 testes
2

➢ Em 50% dos dias, o laboratório realizou menos de 51 testes. Logo, em 50% dos dias, o laboratório
realizou mais de 51 testes.
22
Características da mediana

1) Não depende de todos os valores do conjunto, podendo se manter inalterável com a modificação de
alguns deles.

2) Não é influenciada pelos valores extremos do conjunto; por isso é particularmente indicada quando
existem dados discrepantes.

3) Pode ser calculada quando os valores mais altos e mais baixos de um conjunto não podem ser
exatamente definidos.

1.7.3 Moda ( Mo)

A moda dos dados é (são) o(s) resultado(s) que mais se destaca(m), isto é, que ocorre(m) com
maior frequência no fenômeno estudado.
Moda é, portanto, o resultado mais frequente, mais típico e mais comum de um conjunto de dados.
Por exemplo, há mais católicos no Brasil do que pessoas de outra religião. Similarmente, se o curso de
engenharia é o mais popular de uma determinada universidade, ele também representa a moda. A moda
é a única medida de tendência central que se pode aplicar para variáveis nominais, como religião e curso
universitário. Pode ser usada, entretanto, para descrever o escore mais comum em qualquer conjunto de
dados.

Exemplo 22: Quando mencionamos, no início do estudo sobre medidas de tendência central, sobre o tipo
de sangue mais comum, estamos interessados na moda. Se um comerciante pretende abrir uma loja de
calçados e quer saber quais os números de sapatos femininos que deve encomendar em maior
quantidade, a medida de tendência que ele necessita para um bom planejamento administrativo é a moda.
Numa eleição, o candidato que tem o maior número de votos representa a moda. Evidentemente, o
comerciante pode constatar que não há um único número de sapato que predomine, mas que os mais
comuns são 35, 36 e 37. Terá, assim, uma distribuição multimodal, com três modas: 35, 36 e 37.

Cabe ressaltar que, apesar de ser a frequência que se destaca, a moda não representa
necessariamente a maioria no total de resultados.
Um conjunto de números pode não ter valor modal (ou moda) ou apresentar vários tipos de
repetições, recebendo então várias denominações:

a) amodal, quando não tem distinção entre todas as frequências que aparecem;
b) unimodal , quando há apenas uma moda;
c) bimodal, quando há duas modas;
d) multimodal, quando há três ou mais modas.

Exemplo 23:
➢ 2, 7, 5, 4, 3, 1, 1, 2, 5, 4, 3,7 → AMODAL

➢ 1, 3, 9, 2, 9, 5, 5, 5, 9, 3, 5 → UNIMODAL: Mo = 5

➢ 7,1 - 8,4 - 7,1 - 7,1 - 9,5 - 8,4 - 9,4 - 8,4 – 9,5 – 7,1 – 8,4 → BIMODAL: Mo1 = 7,1 e

23
Mo2 = 8,4.

Observações
➢ Comparada com a média e com a mediana, a moda é a menos útil das medidas para problemas
estatísticos, porque não se presta à análise matemática, ao contrário do que ocorre com as
outras duas medidas. A utilidade da moda se acentua quando um ou dois valores, ou um grupo
de valores, ocorrem com muito maior frequência que outros.

➢ A unidade da grandeza é a mesma para as três medidas de tendência central que um conjunto
de dados apresenta.

➢ O Excel tem uma função específica para determinar a moda, mas não identifica se tem mais
que uma moda, ou seja, tal função só é confiável quando o conjunto de dados é amodal.

EXERCÍCIOS

1) Inspecionam-se quinze caixas de biscoitos, com 15 pacotes cada caixa. Os números de pacotes
defeituosos por caixa são: 1, 0, 3, 4, 2, 1, 0, 3, 1, 2, 0, 1, 1, 0, 1. Determine o número médio, mediano
e modal de defeituosos.
2) Qual o número que devemos juntar a 2; 7; 8 e 5 de modo que sua média seja 6?
3) A média aritmética simples de um conjunto de 10 números é 35. Se o número 12 for retirado do
conjunto, qual será a média aritmética dos números restantes?
4) A nota de Estatística de uma turma seria calculada com a média aritmética de 4 testes. Dessa maneira,
Luciana obteria nota 7. O professor, no entanto, resolver anular um dos testes no qual ela havia tirado
8. Qual vai ser a nota de Luciana?
5) Se o salário médio anual pago aos três administradores de uma firma é R$ 156.000,00, algum deles
pode receber um salário anual superior a R$ 500.000,00?
6) Em um posto de controle rodoviário, doze motoristas multados por excesso de velocidade estavam
dirigindo a 8 - 11 - 14 - 6 - 8 - 10 - 20 - 11 - 13 - 18 - 9 – 15 quilômetros por hora acima do limite
regulamentar de velocidade.
a) Em média, em quantos quilômetros por hora esses motoristas estavam excedendo o limite?
b) Se o motorista que excedia o limite em menos de 15 quilômetros por hora foi multado em R$60,00 e
os outros foram multados em R$88,00, determine a média das multas que esses motoristas tiveram
de pagar.
7) Durante um período de uma hora uma sorveteria recebeu 20 fregueses, e os valores das compras em
reais foram:
1,25 2,50 1,25 5,50 3,25 3,75 2,75 6,25 4,00 2,50
1,25 1,25 3,75 6,00 4,50 3,25 1,25 4,50 2,50 1,50
a) Calcule o valor médio das compras.
b) Se cada compra abaixo de R$ 5,00 faz jus a um bônus de 50 centavos, e cada compra de R$5,00
ou mais faz jus a um bônus de 1 real, ache o valor médio desses 20 bônus.
8) O número de carros vendidos por cada um dos 10 vendedores de uma revenda autorizada de
automóveis durante certo mês, é 10,10,4,7,2,12,10,12,15 e 14. Determinar:
a) a venda média;
b) a venda mediana;
c) a moda para esta distribuição.

24
9) O número de acidentes ocorridos durante um dado mês em 13 departamentos de manufaturas de uma
indústria foi: 2, 0, 0, 3, 3, 12, 1, 0, 8, 1, 0, 5 e 1. Calcular:
a) a média;
b) a mediana;
c) a moda para o número de acidentes por departamento.

10) Suponha que os preços de varejos de alguns itens selecionados tenham variado conforme a tabela a
seguir. Determinar a mudança percentual média nos preços de varejo:

Item Porcentagem Despesa média mensal


de aumentos (antes do aumento)
Leite 10% 100,00
Carne -6% 150,00
Vestuário -8% 150,00
Gasolina 20% 250,00

11) A média pode ser zero? Pode ser negativa? Explique.


12) A mediana pode ser zero? Negativa? Explique.

RESPOSTAS
1) x = 1,33, Md = 1, Mo = 1
2) 8
3) 37,56
4) 6,7
5) Não
6) a) 11,92 b) 67
7) a) 3,14 b) 0,58
8) a) x = 9,6 b) Md = 10 c) Mo = 10
9) a) x = 2,77 b) Md = 1 c) Mo = 0
10) 6%
11) Sim. Sim.
12) Sim. Sim.

MEDIDAS DE DISPERSÃO

1.7.4 Dispersão ou variabilidade

Vimos anteriormente que um conjunto de valores pode ser convenientemente sintetizado, por meio
de procedimentos matemáticos, em poucos valores representativos - média aritmética, mediana, moda.
Tais valores podem servir de comparação para dar a posição de qualquer elemento do conjunto. Porém,
não é o bastante dar uma das medidas de posição para caracterizar perfeitamente um conjunto de valores.

Exemplo 23: Suponhamos que se deseja comparar o desempenho de dois funcionários, com base no
número peças sem defeitos produzidas durante uma semana.

Empregado A: 80, 81, 79, 80, 80 → x = 80 peças/dia.


Empregado B: 68, 92, 74, 73, 93 → x = 80 peças/dia.
25
Baseados nestes únicos resultados obtidos, diríamos que o desempenho dos dois empregados é
o mesmo, já que as médias são iguais. No entanto se formos um pouco cuidadosos, percebemos que o
desemprenho A varia de 79 a 81 peças, ao passo que o de B varia de 68 a 93 peças, o que indica que o
desempenho de A é mais homogêneo do que de B.
Um alto grau de homogeneidade costuma ser considerado como uma qualidade desejável nesta
situação.
Consideremos agora a seguinte situação:

Exemplo 24: Temos duas turmas A e B. Observe a tabela onde é mostrado o desempenho dos alunos.

Turma A Turma B Calcule a média de cada turma.


1 4
0 6
10 5
9 3
2 4
8 7
5 6
 = 35  = 35

Esses dois conjuntos possuem a mesma média. Pode-se dizer que estes conjuntos são iguais?

Não, porque embora ambos tenham a mesma média eles diferem na sua homogeneidade. Neste
exemplo, o conjunto A é mais heterogêneo ou mais disperso que o conjunto B. Portanto, não bastam
que conheçamos apenas a média de um conjunto, precisamos também, conhecer a dispersão do
conjunto.
Daí surgem as medidas de variabilidade ou medidas de dispersão. Estas medidas medem a
dispersão do conjunto, avaliando a heterogeneidade ou a homogeneidade do mesmo.

A dispersão mede quão próximos (ou quão afastados) uns dos outros estão os
valores de um grupo.

As medidas de dispersão que trabalharemos são:

Amplitude
Variância
Desvio padrão
Coeficiente de variação

1.7.5 Amplitude

Quando pensamos em ‘amplitude térmica num certo dia”, temos em mente a variação entre os
extremos da temperatura naquele dia.
A amplitude (ou intervalo total) de um conjunto de dados é igual à diferença entre o maior e o
menor valor.

h = maior valor – menor valor

26
Exemplo 25: Em um hospital, onde se mede a pulsação de cada paciente três vezes por dia, o paciente
A acusou as taxas de 72, 76 e 74, e o paciente B acusou 72, 91 e 59. A taxa média de ambos é a mesma,
74; observe, entretanto, a diferença na variabilidade. Enquanto a pulsação de A é estável, a de B
apresenta grande flutuação.
A vantagem de usar a amplitude como medida de dispersão reside no fato de o intervalo ser
relativamente fácil de calcular, mesmo para um grande conjunto de números. Entretanto, a maior limitação
da amplitude é o fato dela levar em conta somente os dois valores extremos de um conjunto, nada
informando quanto aos outros valores.

1.7.6 Variância

A variância é a medida de dispersão que mede a média dos quadrados dos desvios dos valores,
de um conjunto numérico em relação a sua média.

Cálculo da Variância:

s 2
=
 (x i − x) 2 amostral
n −1

2 =
 (x i − )2 populacional
N

Onde:
xi = valor da variável
x = média amostral
x i − x = desvio em relação à média
 = média populacional

No cálculo de variância divide-se a soma obtida por n-1 quando se trata de um conjunto de
números que representam uma amostra. Se um conjunto de números constitui uma população, ou se a
finalidade de somar os dados é apenas descrevê-los, e não fazer inferências sobre uma população, então
deve-se usar N em lugar de (n-1) no denominador.

Exemplo 26: Calcular a variância da produção dos dois funcionários (Exemplo 23), lembrando que a
produção média de peças é 80, para ambos os funcionários.

Funcionário 𝑥 − 𝑥̅ (𝑥 − 𝑥̅ )2 Funcionário 𝑥 − 𝑥̅ (𝑥 − 𝑥̅ )2
A B
80 80 – 80 = 0 02 = 0 68 68 – 80 = -12 (-12)2=144
81 81 – 80 = 1 12 = 1 92 92 – 80 = 12 122=144
79 79 – 80 = -1 (-1)2 = 1 74 74 – 80 = - 6 (-6)2=36
80 80 – 80 = 0 02 = 0 73 73 – 80 = - 7 (-7)2=49
80 80 – 80 = 0 02 = 0 93 93 – 80 = 13 132=169
=0 =2 =0  = 542

Calculando a variância da produção do funcionário A:


27
∑(𝑥 − 𝑥)2 2 2
𝑠2 = = = = 0,5 𝑝𝑒ç𝑎𝑠2
𝑛−1 5−1 4

Calculando a variância da produção do funcionário B:


∑(𝑥 − 𝑥)2 542 542
𝑠2 = = = = 135,5 𝑝𝑒ç𝑎𝑠2
𝑛−1 5−1 4

Exemplo 27: Calcular a variância da tabela a seguir, que representa o desempenho das duas turmas
(exemplo 24), lembrando que o desempenho médio das turmas é igual a 5.

Turma A 𝑥 − 𝑥̅ (𝑥 − 𝑥̅ )2 Turma B 𝑥 − 𝑥̅ (𝑥 − 𝑥̅ )2
1 1 – 5 = -4 (-4)2 = 16 4 4 – 5 = -1 (-1)2 = 1
0 0 – 5 = -5 (-5)2 = 25 6 6–5=1 12 = 1
10 10 – 5 = 5 52 = 25 5 5–5=0 02 = 0
9 9 – 5 = -4 (-4)2 = 16 3 3 – 5 = -2 (-2)2 = 4
2 2 – 5 = -3 (-3)2 = 9 4 4 – 5 = -1 (-1)2 = 1
8 8–5=3 32 = 9 7 7–5=2 22 = 4
5 5–5=0 02 = 0 6 6–5=1 (-1)2 = 1
=0  = 100 =0  = 12

Calculando a variância do desempenho da turma A:

∑(𝑥 − 𝑥)2 100 100


𝑠2 = = = = 16,67 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠 2
𝑛−1 7−1 6

Calculando a variância da produção do funcionário B:


∑(𝑥 − 𝑥)2 12 12
𝑠2 = = = = 2 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠 2
𝑛−1 7−1 6

A variância é expressa na unidade de medida do conjunto numérico. Como ela é um valor ao


quadrado, torna-se difícil a interpretação prática, motivo pelo qual surge outra medida de dispersão: o
desvio padrão.

1.7.7 Desvio padrão

O desvio padrão é simplesmente a raiz quadrada positiva da variância.

s = s2  = 2
ou

s =
 (x i − x) 2
=  (xi − )2
n −1 N

28
Exemplo 28: Calcular o desvio padrão para a produção de peças dos empregados A e B do exemplo 23.

∑(𝑥−𝑥)2
Empregado A: 𝑠=√ = √0,5 = 0,7 𝑝𝑒ç𝑎
𝑛−1

∑(𝑥−𝑥)2
Empregado B: 𝑠=√ = √135,5 = 11,6 𝑝𝑒ç𝑎𝑠
𝑛−1

Exemplo 29: Calcular o desvio padrão para o desempenho das turmas A e B, do exemplo 24:

∑(𝑥−𝑥)2
Turma A: 𝑠=√ = √16,67 = 4,1 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠
𝑛−1

∑(𝑥−𝑥)2
Turma B: 𝑠=√ = √2 = 1,4 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜
𝑛−1

O desvio padrão é uma das medidas mais comumente usadas para distribuições, e desempenha
papel relevante em toda a estatística. Cabe notar que a unidade do desvio padrão é a mesma da média.
Por exemplo, se a média é em reais, o desvio padrão também se exprime em reais. A variância, por sua
vez, se exprime em quadrados de unidades ( p. ex., reais 2).

1.7.8 Coeficiente de variação ou desvio padrão relativo

Examinemos o seguinte exemplo, em que são comparados os pesos de dois grupos de indivíduos
(crianças e adultos), apresentados na tabela abaixo:

Crianças ( kg ) Adultos ( kg )
4 66
2 64
6 62

Verificamos que o peso médio para as crianças é de 4 kg, enquanto para os adultos é de 64 kg. A
dispersão dos dados em torno da média é a mesma, pois ambos têm desvio padrão s = 2 kg. Entretanto
a variação de 2 kg no grupo de crianças, cujo peso médio é de 4 kg, é mais importante do que a mesma
variação no grupo de adultos, cujo peso médio é 64 kg. Neste tipo de situação, é mais interessante o
emprego de uma medida de dispersão relativa adimensional e geralmente expressa em porcentagens: o
coeficiente de variação.

O coeficiente de variação é dado pelo quociente entre o desvio padrão e a média de um conjunto.

𝑠 𝜎
𝐶𝑉 = |𝑥| ou 𝐶𝑉 = |𝜇|

Exemplo 29: Determinar os coeficientes de variação da tabela anterior.

29
EXERCÍCIOS

1) O desvio padrão pode ser zero? Explique.

2) Calcule a média e o desvio padrão de uma amostra das vendas diárias, em reais;
8.100, 9.000, 4.580, 5.600, 7.680, 4.800 e 10.640.

3) Calcular a variância e o desvio padrão abaixo correspondente à amostra do peso de um grupo de


alunos (amostra).

Aluno A B C D E F G H I J K L Total
Peso
53,2 42,7 48,8 55 31,5 44,2 45,6 49,1 54 56,2 38,8 37,4
(kg)

4) Sabendo que um conjunto de dados apresenta para média aritmética e para desvio padrão,
respectivamente, 18,3 e 1,47, calcule o coeficiente de variação.

5) Em um exame final de Matemática, o grau médio de um grupo de 150 alunos foi 7,8 e o desvio padrão,
0,80. Em Estatística, entretanto, o grau médio final foi 7,3 e o desvio padrão, 0,76. Em que disciplina
foi maior a dispersão?

6) Medidas as estaturas de 1.017 indivíduos, obtivemos x = 162,2 cm e s = 8,01 cm. O peso médio
desses mesmos indivíduos é 52kg, com um desvio padrão de 2,3kg. Esses indivíduos apresentam
maior variabilidade em estatura ou em peso?

7) Um grupo de 85 moças tem estatura média de 160,6 cm, com um desvio padrão igual a 5,97cm. Outro
grupo de 125 moças tem uma estatura média de 161,9 cm, sendo o desvio padrão igual a 6,01cm.
Qual é o coeficiente de variação de cada um dos grupos? Qual o grupo mais homogêneo?

8) Um grupo de cem estudantes tem uma estatura média de 163,8 cm, com um coeficiente de variação
de 3,3%. Qual o desvio padrão desse grupo?

9) Uma distribuição apresenta as seguintes estatísticas: s = 1,5 e CV = 2,9%. Determine a média da


distribuição.

10) Foram observados os salários de quinze funcionários públicos federais (em salários mínimos). Os
resultados foram:

9,3 10,7 8,5 9,6 12,2 15,6 9,2 10,5


9,0 13,2 11,0 8,8 13,7 12,1 9,8

Determinar o salário médio da amostra acima, bem como a mediana e o desvio padrão.

11) Dois processos, medindo a espessura de materiais diferentes, obtiveram os seguintes resultados:
1 - Folha de aço: média = 2,49 mm; desvio padrão = 0,12 mm
2 - Chapa de madeira: média = 3,75 mm; desvio padrão = 0,15 mm

Qual dos dois processos é relativamente mais preciso?

RESPOSTAS

1) Sim. 2) x = 7200 s = 2284


3) s2 = 60,6 s = 7,8 (para média = 46,4)
30
4) 8% 5) CV em Matemática = 10,3% CV em Estatística = 10,4%
6) CV em estatura = 4,9% CV em peso = 4,4%
7) CV primeiro grupo = 3,72% CV segundo grupo = 3,71%

8) 5,4 9) 51,7 10) x =10,88 Md=10,5 s = 2,08

11) Processo 2 (CV1 = 4,8% e CV2 = 4,0%)

1.8. Distribuições de frequências

Anteriormente foram apresentados os métodos mais úteis para resumir dados, quando se tratava
de análise de pequenos conjuntos de dados (dados não agrupados).
Quando lidamos com grandes conjuntos de dados, podemos obter uma boa visualização e todas
as informações necessárias, agrupando os dados em certo número de classes, intervalos ou categorias.

A distribuição de frequências (D.F.) é um resumo, em forma de tabela, que mostra a frequência


(ou o número) de observações em cada uma das diversas classes não sobrepostas.

Quando se estuda uma variável, o maior interesse do pesquisador é conhecer o comportamento


dessa variável, analisando a ocorrência de suas possíveis realizações. Ao sintetizarmos os dados eles
podem ser mais facilmente entendidos e interpretados.
Como visto anteriormente as variáveis podem ser qualitativas e quantitativas. O nosso objetivo
nesse capítulo será demonstrar como realizar o agrupamento de dados quantitativos.
Como mencionado, uma distribuição de frequência é um resumo que mostra as frequências de
observações em cada uma das classes não sobrepostas.

As três etapas necessárias para definir as classes para uma distribuição de frequências com dados
quantitativos são:

1) Determinar o número de classes não sobrepostas.


2) Determinar a extensão (tamanho) de cada classe.
3) Determinar os limites de cada classe.

Exemplo 30: Vamos demonstrar essas etapas para os dados de estaturas, medidas em centímetros, de
40 alunos do colégio A.

Dados brutos (não organizados) – observações

166 160 161 150 162 160 165 167 164 160
162 161 168 163 156 173 160 155 164 168
155 152 163 160 155 155 169 151 170 164
154 161 156 172 153 157 156 158 158 161

Rol (dados organizados em ordem crescente)

150 154 155 157 160 161 162 164 166 169
151 155 156 158 160 161 162 164 167 170
152 155 156 158 160 161 163 164 168 172
153 155 156 160 160 161 163 165 168 173

31
Antes de iniciarmos a resolução é necessário introduzirmos alguns conceitos básicos. Para
exemplificar cada conceito serão utilizados os dados do exemplo 8.32.

a) Número total de observações: representa-se por n quando se trata de amostra e N quando se trata
de população.

b) Limite inferior de observação: é o menor valor encontrado no rol.


c) Limite superior de observação: é o maior valor encontrado no rol.

d) Intervalo de observação ou amplitude de observação (H): é a diferença entre os limites de


observação.

e) Número de classes: As classes são formadas especificando-se os intervalos que serão usados para
agrupar as observações no conjunto de dados.

Tabela das estaturas

i Variável frequência fi
Classe Estatura (cm) Número de alunos
1 150 |---- 154
2 154 |---- 158
3 158 |---- 162
4 162 |---- 166
5 166 |---- 170
6 170 |---- 174
------ TOTAL

f) Limites de classe: Os limites de classe precisam ser escolhidos de modo que cada uma das
observações pertença a somente uma classe.
O limite inferior (li) de classe é o menor valor possível dos dados da respectiva classe.
O limite superior (ls) de classe é o maior valor possível dos dados da respectiva classe.

g) Amplitude de classe: é a diferença entre o limite inferior da classe seguinte e o limite inferior da
classe em questão. Recomenda-se que a largura seja a mesma para cada uma das classes.
Construindo as classes com a mesma largura, reduzem-se as chances de interpretações
inapropriadas pelo usuário.

h) Frequência relativa ( fr ): é a razão entre a frequência e o número de observações. Pode, ainda,


ser escrita em percentual.

i) Frequência acumulada ( F ): é o número de vezes em que a variável é observada desde a 1ª


classe até a classe em observação, inclusive . A frequência acumulada da última classe é igual ao
número de observações.

j) Frequência acumulada relativa ( Fr ): é a razão entre a frequência acumulada e o número de


observações. A frequência acumulada relativa da última classe é igual a 1.

k) Amplitude da distribuição = maior valor da distribuição – menor valor da distribuição.


(Obs: a amplitude da distribuição pode não coincidir com a amplitude de observação)

 Linf da classe posterior + Linf da classe em questão 


l) Ponto médio da classe  xi =  : é a média
 2 
aritmética entre os extremos da classe.

32
OBSERVAÇÕES

1) Ao agruparmos os valores das variáveis em intervalos, ganhamos em simplicidade, mas


perdemos em pormenores. Lembremos que a Estatística tem por finalidade específica analisar
o conjunto de valores, desinteressando-se por casos isolados.

2) A escolha dos intervalos é arbitrária e a familiaridade do pesquisador com os dados é que lhe
indicará quantas e quais classes (intervalos) devem ser usadas. Entretanto, devemos observar
que, com um pequeno número de classes, perde-se informação, e com um número grande de
classes, o objetivo de resumir os dados fica prejudicado. Normalmente, sugere-se o uso de 5
a 15 classes com a mesma amplitude.

Exemplo (Continuação): Considerando, então a D.F. dada, podemos montar a seguinte tabela :

Distribuição de frequências para dados de estatura

i Variável Frequência fi Frequência relativa Frequência Frequência Ponto médio


acumulada acumulada relativa
Número de
Classe Estatura (cm) % Número de alunos % Estatura (cm)
alunos
1 150 |---- 154 4 10,0 4 10,0 152
2 154 |---- 158 9 22,5 13 32,5 156
3 158 |---- 162 11 27,5 24 60,0 160
4 162 |---- 166 8 20,0 32 80,0 164
5 166 |---- 170 5 12,5 37 92,5 168
6 170 |---- 174 3 7,5 40 100,0 172
------ TOTAL 40 100,0 ------ ------ ------

Considerando a tabela com as diversas frequências responda:

a) Quantos alunos têm estatura abaixo de 166cm?


b) Quantos alunos têm estatura igual ou superior a 170 cm?
c) Quantos alunos têm estatura abaixo de 162 cm?
d) Qual o percentual de alunos que têm estatura entre 162, inclusive, e 166 cm?
e) Qual o percentual de alunos que têm estaturas não inferior a 162 cm?

EXERCÍCIOS

1) As notas obtidas por 50 alunos de uma classe foram:

1 2 3 4 5 6 6 7 7 8
2 3 3 4 5 6 6 7 8 8
2 3 4 4 5 6 6 7 8 9
2 3 4 5 5 6 6 7 8 9
2 3 4 5 5 6 7 7 8 9

Complete a distribuição de frequências a seguir:


33
Classe Notas Número de alunos ( f ) %
1 0 |---- 2
2 2 |---- 4
3 4 |---- 6
4 6 |---- 8
5 8 |---- 10
------- Total

Responda:

a) Qual a amplitude de observação?


b) Qual a amplitude do segundo intervalo de classe?
c) Qual o número de classes da distribuição?
d) Qual o limite superior da classe de ordem 2?
e) Qual o limite inferior da quarta classe?

2) Dão-se, a seguir, as notas obtidas por 48 estudantes em um teste:

37 54 62 70 79 87
39 54 62 71 80 88
42 56 63 72 81 91
45 57 64 75 82 92
48 58 66 76 83 93
49 59 67 78 84 94
50 60 67 78 85 94
52 60 67 79 85 96

Agrupe essas notas em uma distribuição com 7 classes.

3) Os pesos, em kg, de 80 alunos de uma universidade estão relacionados abaixo. Organizar os dados
em forma de uma D.F com 8 classes e iniciar com o limite inferior da primeira classe em 45.

49 53 61 66 72 79 84 90 93 98
49 54 61 66 73 80 85 90 93 99
49 56 61 67 74 80 86 90 94 99
50 56 62 68 74 80 87 91 94 100
50 58 63 68 75 82 88 92 95 101
50 59 64 70 76 83 89 92 96 102
51 60 65 70 76 83 89 92 97 102
52 60 66 72 78 83 89 93 97 105

34
4) Em uma fábrica foram testadas 400 lâmpadas; a duração delas aparece na distribuição por
frequências abaixo:

DURAÇÂO NÚMERO DE
(em horas) LÂMPADAS
600 |---- 700 14
700 |---- 800 46
800 |---- 900 58
900 |---- 1000 76
1000 |---- 1100 68
1100 |---- 1200 62
1200 |---- 1300 48
1300 |---- 1400 22
1400 |---- 1500 6
TOTAL 400
Complete a tabela com a frequência relativa, a frequência acumulada, a frequência acumulada
relativa e o ponto médio.

A seguir, responda:
a) Qual a amplitude de cada classe?
b) Qual a porcentagem de lâmpadas com durabilidade inferior a 1.000 horas?
c) Qual a porcentagem de lâmpadas com durabilidade de 1.200 horas ou mais?

RESPOSTAS

1)
Classe Notas Número de alunos ( f ) %
1 0 |---- 2 1 2,0
2 2 |---- 4 11 22,0
3 4 |---- 6 13 26,0
4 6 |---- 8 16 32,0
5 8 |---- 10 9 18,0
------- Total 50 100,0

a) 8 pontos b) 2 pontos c) 5 classes d) 4 pontos e) 6 pontos

2) Observação: A seguir, tem exemplo de uma DF com 7 classes. Mas não é a única possibilidade.

Classe Notas Número de alunos ( f )


1 30 |---- 40 2
2 40 |---- 50 4
3 50 |---- 60 8
4 60 |---- 70 10
5 70 |---- 80 9
6 80 |---- 90 9
7 90 |---- 100 6
------- Total 48

3)
Classe Peso (kg) Número de alunos ( f )
1 45 |---- 53 8
2 53 |---- 61 8
3 61 |---- 69 13
4 69 |---- 77 10
5 77 |---- 85 10
6 85 |---- 93 14
7 93 |---- 101 13
8 101 |---- 109 4
------- Total 80
35
4)

Frequência Frequência Ponto médio


Número de
Duração (em horas) Frequência acumulada (número acumulada relativa (número de
lâmpadas
relativa (%) de lâmpadas) (%) lâmpadas)
600 |---- 700 14 3,5 14 3,5 650
700 |---- 800 46 11,5 60 15 750
800 |---- 900 58 14,5 118 29,5 850
900 |---- 1000 76 19,0 194 48,5 950
1000 |---- 1100 68 17,0 262 65,5 1050
1100 |---- 1200 62 15,5 324 81 1150
1200 |---- 1300 48 12,0 372 93 1250
1300 |---- 1400 22 5,5 394 98,5 1350
1400 |---- 1500 6 1,5 400 100 1450
TOTAL 400 100,0 --- --- ---

a) 100h b) 48,5% c) 19%

1.8.1 Representação gráfica de uma distribuição de frequências

Uma boa maneira de visualizar a distribuição de uma variável numérica é um histograma. Mas no
que eles consistem? Histogramas são uma forma de exibir a distribuição de um conjunto de dados,
representando o número ou porcentagem de observações cujos valores se enquadram dentro de
intervalos numéricos predefinidos e, em seguida, plotando esses números ou porcentagens em um gráfico
de barras. Ou seja, em um histograma, os dados são colocados em intervalos e a altura das barras
representa o número de casos que caem em cada intervalo. Em outras palavras, um histograma fornece
uma visão da densidade de dados.

Exemplo 31: Histograma baseado na D.F das alturas dos alunos do exemplo 3.30.

Histograma de Frequência Histograma de Frequência Relativa


f 12
f 0,3
10 0,25
8 0,2
6 0,15
4 0,1
2 0,05
0 0
150 - 154 154 - 158 158 - 162 162 - 166 166 - 170 170 - 174 150 - 154 154 - 158 158 - 162 162 - 166 166 - 170 170 - 174
x x

O polígono de frequência simples é um gráfico obtido ligando-se os pontos médios dos topos
dos retângulos de um histograma. Para realmente obtermos um polígono (linha fechada), devemos ligar
os extremos da linha aos pontos médios da classe anterior à primeira e da posterior à última, da
distribuição.

Exemplo 32: Polígono de frequência simples baseado na D.F das alturas dos alunos do exemplo 3.30

36
12

10

frequência
6

0
148 152 156 160 164 168 172 176
estatura (cm)

O polígono de frequência acumulada é traçado marcando-se as frequências acumuladas sobre


perpendiculares ao eixo horizontal, levantadas nos pontos correspondentes aos limites superiores dos
intervalos de classe.

Exemplo 33: Polígono de Frequência Acumulada baseado na D.F das alturas dos alunos.

45
40
35
30
frequência

25
20
15
10
5
0
150 154 158 162 166 170 174
estatura (cm)

Exemplo 34

37
38
2-Funções

A primeira ideia de função não surgiu de conceitos matemáticos, mas de observações de fatos
que ocorrem na natureza. Muitas situações que temos oportunidade de analisar podem ser
representadas graficamente, indicando a relação entre variáveis e suas possibilidades de mudanças.
Intuitivamente, a palavra função evoca uma ideia de dependência.
Quando se diz que:
• a área de um quadrado é dada em função de seu lado;
• a estatura de uma criança é dada em função de sua idade;
• a quantidade demandada de uma mercadoria é dada em função de seu preço,

o que se pretende dizer é que:

• a área do quadrado depende de seu lado;


• a estatura da criança depende de sua idade
• a quantidade demandada da mercadoria depende de seu preço.

As funções que descrevem fenômenos biológicos, sociológicos, estatísticos ou econômicos não


obedecem rigorosamente a uma fórmula matemática, mas podem obedecê-la apenas para um pequeno
intervalo de valores. Por essa razão, enquanto as funções matemáticas são quase sempre expressas
por sentenças matemáticas, as funções que descrevem fenômenos biológicos, sociológicos, estatísticos
ou econômicos são muitas vezes expressas por tabelas ou gráficos.

Exemplo 2.1: O preço de um CD, comprado individualmente, é de R$ 2,00.

a) Qual a equação que representa a relação entre o número de CD comprados e o valor pago pela
compra?
b) Como pode ser representada graficamente? (Para facilitar, organizar uma tabela de valores)

Resp:
a) V(x) = 2x

b)
x (número de CD) 0 1 2 3 4
Valor pago (em reais) 0 2,00 4,00 6,00 8,00

39
Exercícios
1. Escrever, em linguagem algébrica, os modelos matemáticos que representam as situações
apresentadas:
a) Receita 𝑅 de um comerciante que vende a quantidade variável q de mercadorias ao preço unitário
de R$ 50,00.
b) Juros (simples) j ganhos por um investidor que emprega R$ 50.000,00 à taxa de 8% ao mês, durante
um tempo indeterminado de n meses.
c) Salário mensal 𝑦 de um operário que ganha R$ 3.300,00 fixos mais R$ 15,00 por hora extra, sabendo
que o número 𝑥 de horas extras varia todo mês.

2. Um operário, que ganha salário variável de acordo com as horas extras que trabalha, paga
R$ 300,00 de prestação de casa própria, gasta 60% do seu salário em manutenção e poupa o restante.
Determine uma expressão matemática para cada as funções Consumo e Poupança, isto é, expressar
seu consumo 𝐶 e sua Poupança 𝑃 em função de sua renda variável 𝑦.

3. Um vendedor compra objetos ao preço unitário de R$ 15,00 e vende cada unidade a R$ 25,00.
a) Expressar seu custo diário 𝐶 em função da quantidade comprada 𝑞.
b) Expressar sua receita diária 𝑅 em função da quantidade vendida 𝑞, que se supõe igual à quantidade
comprada.
c) Expressar seu lucro diário 𝐿 em função da quantidade 𝑞.
d) Qual o lucro do vendedor por unidade vendida?

4. Suponha que o mesmo vendedor do exercício anterior resolveu agora incluir entre seus gastos o
custo de sua condução diária que é de R$ 10,00.Como ficarão agora as funções Custo, Receita e
Lucro do vendedor?

5. Certa máquina foi comprada pelo preço de R$ 80.000,00 e vendida depois de dez anos por
R$ 30.000,00.
a) Qual foi sua depreciação total? E qual a depreciação anual?
b) Expressar a depreciação D como função do tempo em anos n.
c) Qual o valor da máquina após um ano? E após dois anos? E após três anos? E após dez anos?
d) Como seria a expressão que dá o valor V da máquina em função do tempo n?

Respostas
1. a) R(q) = 50q b) j(n) = 4.000n c) y(x) = 3.300 + 15x
2. C(y) = 0,6y + 300 P(y) = 0,4y – 300
3. a) C(q) = 15q b) R(q) = 25q c) L(q) = 10q d) R$10,00
4. C(q) = 15q + 10 R(q) = 25q L(q) = 10q –10
5. a) R$ 50.000,00 e R$ 5.000,00 b) D(n) = 5.000n
c) V(1) = R$ 75 mil V(2) = R$ 70 mil V(3) = R$ 65 mil V(10) = R$ 30 mil
d) V(n) = 80.000 – 5.000n

40
2.1 Definição de função
Uma grandeza y é uma função de uma outra grandeza x, se a cada valor de x estiver associado
um único valor de y.
Dizemos que y é a variável dependente e x é a variável independente. Escrevemos y = f(x).

• Domínio de uma função é o conjunto dos possíveis valores da variável independente.

• Imagem de uma função é o conjunto correspondente de valores da variável da dependente. Isto é,


o conjunto de todos os números de “entrada” é chamado o domínio da função e o conjunto de todos os
resultados, números de “saída” chama-se imagem.

No exemplo 2.1, a variável dependente é o preço dos CDs e a variável independente é o número
de CDs comprados.

2.2 Representação Gráfica


A representação gráfica em ℝ2 é feita utilizando o sistema cartesiano ortogonal.
Os gráficos, nada mais são que visualizações, retratos de funções, cujos domínios são os
conjuntos representados no eixo horizontal e os contradomínios aqueles representados no eixo vertical.
Quando temos uma função definida por uma equação, nós podemos construir seu gráfico como
auxílio de uma tabela. Atribuiremos valores para a variável independente (𝑥), por exemplo, e calculamos
o correspondente para a variável dependente (𝑦). Encontrados alguns pares, podemos representá-la em
um plano cartesiano.

Exemplo 2.3: 𝑓(𝑥) = 2𝑥 + 1

41
2.3 Função contínua
Dada a função 𝑓, dizemos que ela é contínua se o seu gráfico não apresenta qualquer
interrupção, caso contrário, ela é descontínua no(s) ponto(s) de interrupção.
Uma função, em geral, é descontínua quando:
• é definida em dois ou mais intervalos;
• é expressa por um quociente (descontínua no(s) valor(es) que anula(m) o seu denominador).
Exemplo 2.4: Representar graficamente as funções e analise a descontinuidade, domínio e imagem:

𝑥 2 , para 𝑥 ≤ 2
𝑎) 𝑓 (𝑥 ) = {
4 , para 𝑥 > 2

𝐷(𝑓 ) = ℝ, 𝐼𝑚(𝑓 ) = [0, +∞)

2
𝑏) 𝑓 (𝑥 ) = 𝑥 (descontínua em x = 0)

𝐷(𝑓 ) = ℝ∗ , 𝐼𝑚(𝑓 ) = ℝ∗

42
2.4 Funções crescentes e decrescentes
Uma função 𝑓, em determinado intervalo I, é dita:

• Crescente, se para todo 𝑥2 > 𝑥1 ∈ 𝐼 implica 𝑓(𝑥2) > 𝑓(𝑥1)

Exemplo 2.5: a) 𝑓(𝑥) = 2𝑥 – 1

b) 𝑓(𝑥) = 3𝑥

• Decrescente, se para todo 𝑥2 > 𝑥1 ∈ 𝐼 implica 𝑓(𝑥2) < 𝑓(𝑥1)

Exemplo 2.6:

a) 𝑓(𝑥) = −𝑥 + 2

43
1 𝑥
b) 𝑓(𝑥) = ( )
3

Podemos ter, na mesma função, intervalos de crescimento e decrescimento. Por exemplo, a


função 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 é crescente, para 𝑥 ≥ 0 e decrescente para 𝑥 ≤ 0.

44
Exercícios

1. Suponha que o custo total de fabricação de q unidades seja dado pela função
𝐶(𝑞) = 𝑞3 − 10𝑞2 + 400𝑞 + 800.
Calcular o custo de fabricação para:
a) 12 unidades.
b) a 12ª unidade.

2. Um estudo sobre a eficiência de operários do turno da manhã de certa fábrica indica que um operário,
chegando ao trabalho às oito (8) horas, é capaz de produzir um número de unidades de acordo com a
seguinte função: 𝑓(𝑥) = −𝑥3 + 6𝑥2 + 15𝑥, sendo x o número de horas trabalhadas.
a) Quantas unidades o operário terá produzido até às 11 horas?
b) Qual a variação da produção em unidades entre 9 horas e 12 horas?
6
3. Supõe-se que a população de certa comunidade, daqui a t anos, será de 𝑃(𝑡) = 20 − milhares.
𝑡+1

Calcular:
a) A população daqui a 9 anos.
b) O acréscimo da população durante o 9º ano.

Respostas
1. a) C(12) = R$ 5.888,00 b) C(12ª) = R$ 567,00
2. a) f (3) = 72 unidades b) f (4) – f (1) = 72 unidades
3. a) P(9) = 19.400 indivíduos b) P(9) – P(8) = 67 indivíduos

2.5 Função constante

É expressa por uma equação do tipo 𝑦 = 𝑏 (ou 𝑓(𝑥) = 𝑏), onde b é uma constante e y, a variável
dependente. Corresponde a equação da reta constante, portanto, o gráfico é uma reta paralela ao eixox
(se 𝑏 = 0, a reta é o próprio eixo x).

Exemplo 2.7: Uma assinatura para Internet possui um valor mensal fixo de R$ 69,90independentemente
do número de horas utilizadas durante o mês. Logo, a equação que a representa pode ser definida por:
𝑉(𝑡) = 69,90.

45
2.6 Função polinomial de 1º grau

É expressa por uma equação do tipo 𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑏, onde m é uma constante não nula (coeficiente
angular) e b uma constante qualquer (coeficiente linear), x e y são variáveis, independente e dependente,
respectivamente.
Quando b = 0, ou seja, 𝑦 = 𝑚𝑥, a função é dita linear e representa uma reta que passa pela
origem.
Quando b ≠ 0 a equação que define a função é dita completa e seu gráfico não passa na origem.
O valor do coeficiente linear b é o valor de y, quando x = 0.

Exemplo 2.8: O custo total de fabricação de certo produto consiste de uma quantia fixa de R$ 40,00
somada ao custo de produção que é de R$ 10,00 por unidade. Determinar a função custo total e construir
seu gráfico.

C(x) = 40 + 10x

Exercícios

1. Construir, num sistema cartesiano ortogonal, o gráfico das seguintes funções. Analisar também o
domínio, a imagem, a continuidade, o crescimento e o decrescimento:
2
a) 𝑓(𝑥) = 2𝑥 – 1 b) 𝐺(𝑝) = −𝑝 + 1 c) ℎ(𝑡) = 3 d) 𝐹(𝑥) = 𝑥 − 2
3
17
e) 𝑓(𝑥) = −𝑥 f) 𝑔(𝑡) = 5𝑡 g) 𝑦 = 0 h) 𝑓(𝑥) = 𝑥 −
4

46
2. O custo total de um produto consiste numa taxa fixa de R$ 5.000,00, somada ao custo de R$ 40,00
por unidade. Definir o custo total como função do número de unidades produzidas e construir o gráfico
correspondente.

3. Durante o verão, um grupo de estudantes alugou uma sala para confeccionar produtos coloniais. O
preço do aluguel foi de R$ 600,00 e o custo do material necessário para cada produto foi de R$15,00.
Expressar a função custo total e construir o gráfico correspondente.

Respostas
2. C(x) = 5.000 + 40x
3. C(p) = 600 + 15p

2.7 Estudo da Reta


“Por dois pontos distintos de um plano passa uma única reta”.
“Três pontos alinhados (colineares) não formam um triângulo, mas pertencem a uma mesma reta
que passa por eles”.
Equação da reta: A equação reduzida da reta é dada pela expressão: 𝒚 = 𝒎𝒙 + 𝒃, onde: x, y são
variáveis, m é o coeficiente angular (tangente do ângulo que a reta forma em relação ao eixo x) eb é o
coeficiente linear (valor de y no ponto em que a reta intercepta o eixo y).
A equação da reta pode ser obtida a partir de dois pontos conhecidos ou de um ponto e do
coeficiente angular.

2.7.1 Cálculo do coeficiente angular ou taxa de variação da reta:

Sejam 𝐴(𝑥1, 𝑦1) e 𝐵(𝑥2, 𝑦2). Como 𝑚 = 𝑡𝑎𝑛 𝛼 temos:

Considere o triângulo 𝐴𝐵𝐶, temos:


cateto oposto 𝐵𝐶 𝑦2 − 𝑦1 𝛥𝑦
𝑚 = 𝑡𝑎𝑛 𝛼 = = = =
cateto adjacente 𝐶𝐴 𝑥2 − 𝑥1 𝛥𝑥
ou seja, 𝑦 − 𝑦1 = 𝑚(𝑥 − 𝑥1).

47
Exemplo 2.9: Sejam os pontos 𝐴(1,5) e 𝐵(4,2). Calcular o coeficiente angular e determine a equaçãoda
reta que passa pelos pontos dados.

2−5
𝑚 = 4−1 = −1
𝑦 − 5 = −1(𝑥 − 1) → 𝑦 − 5 = − 𝑥 +1

Equação da reta: y = −x + 6
Exercícios

1. Calcular o coeficiente angular da reta que passa pelos pontos dados:


a) 𝐴(5, −3) e 𝐵(7, −5)
b) 𝐴(0, 4) e 𝐵(6, 8)
c) 𝐴(0, 1) e 𝐵(3, 1)

2. Determinar a equação da reta que passa pelos pontos:


a) 𝐴(−2, 3) e 𝐵(1, −4)
b) 𝐴(2, 1) e 𝐵(2, 4)
c) 𝐴(−2, 3) e 𝐵(1, 3)

3. A média de pontos obtidos num teste psicotécnico aplicado em determinada empresa vem
decrescendo constantemente nos últimos anos. Em 2000 a média foi 582 pontos, enquanto que em 2005
a média foi de 552 pontos.
a) Definir a função do valor da média em relação ao tempo.
b) Se a tendência atual se mantiver, qual será a média de pontos obtidos em 2013?
c) Em que ano, a média será de 534 pontos, nestas condições?

4. Um fabricante adquiriu uma máquina por R$ 20.000,00. Esse valor sofre uma depreciação linear atéo
valor de R$ 1.000,00 em 10 anos.
a) Definir a função depreciação em relação ao tempo.
b) Calcular o valor da máquina após 6 anos de uso.

5. Uma empresa compra um ônibus por R$ 420.000,00, valor que sofre uma depreciação contábil na
forma linear até R$ 100.000,00 em 16 anos de uso.
a) Determinar a função do valor do ônibus em relação ao tempo.
b) Calcular o valor contábil até 9 anos.

Respostas
2
1.a) 𝑚 = −1 b) 𝑚 = c) 𝑚 = 0
3
7 5
2. a) 𝑦 = − 𝑥 − b) 𝑥 = 2 c) y= 3
3 3
3. a) 𝑃(𝑡) = −6𝑡 + 582 b) 504 pontos c) 2008
4. a) 𝑦 = −1.900𝑥 + 20.000 b) 𝑅$ 8.600,00
5. a) 𝑃(𝑡) = −20.000𝑡 + 420.000 b) 𝑅$ 240.000,00

48
2.8 Intersecção de retas
Duas retas 𝑟 e 𝑠 se interceptam, se e somente se, possuírem um ponto comum. Ou seja, existeum
ponto 𝑃(𝑥0, 𝑦0) que pertence a ambas as retas.

Exemplo 2.10: Determinar o ponto de intersecção das retas 𝑟: 𝑥 + 𝑦 − 4 = 0 e 𝑠: 𝑦 = 2𝑥 − 2. Construir o


gráfico correspondente.
(Dica: Além do ponto de intersecção entre as retas, utilize os pontos de intersecção de cada reta com os
eixos)

De maneira geral, dadas duas retas r e s coplanares (pertencentes ao mesmo plano) podemosdizer,
com relação à posição relativa, que elas podem ser:

Paralelas (𝑟//𝑠): Algebricamente temos um sistema impossível. Não há ponto comum entre as
retas. Nesse caso, os coeficientes angulares são iguais (𝑚𝑟 = 𝑚𝑠).
Concorrentes: Algebricamente temos um sistema possível e determinado. As retas se
interceptam no ponto encontrado. Nesse caso, os coeficientes angulares são diferentes (𝑚𝑟 ≠ 𝑚𝑠).
Perpendiculares (𝑟 ⊥ 𝑠): Quando as retas concorrentes formam ângulos de 90° entre si. Nesse
1
caso, os coeficientes angulares são inversos e simétricos, ou seja, 𝑚𝑟 = − .
𝑚𝑠

49
2.9 Modelos econômicos representados por funções de primeiro grau:
aplicações

2.9.1 Função Demanda


A função demanda, como relação entre quantidade demandada e preço de uma mercadoria,
descreve o comportamento do consumidor que compra mais quando o preço cai e compra menos
quando o preço sobe. Essa variação inversa entre preço e quantidade demandada que se observa na
função demanda é chamada lei da demanda e caracteriza uma função decrescente. As exceções à lei
são irrelevantes. A demanda pode também ser descrita por uma tabela chamada escala da demandaou
por um gráfico cartesiano, chamado curva de demanda.

Normalmente, a declividade de uma função demanda é negativa, isto é, à medida que o preço
aumenta, a quantidade procurada diminui. Em certos casos, a declividade pode ser nula, isto é, o preçoé
constante, independente da demanda e, em outros casos, pode ser indefinida, isto é, a procura é
constante, independente do preço.

A demanda de uma mercadoria também pode ser expressa como função de outra determinante
que não seja o preço da própria mercadoria. Pode-se estar interessado em estudar, por exemplo, a
variação da quantidade demandada de uma mercadoria em função do preço de outra mercadoria quelhe
seja relacionada (substituta ou complementar). A demanda pode também ser estudada como função da
renda do consumidor.

Exemplo 2.11: Dez relógios de pulso são vendidos quando o seu preço é R$ 100,00; 20 relógios depulso
são vendidos quando o seu preço é R$ 70,00. Qual é a equação de demanda?

A(100, 10) e B(70, 20)


20−10 1 1
𝑚 = 70−100 = − 3 → 𝑦 − 10 = − (𝑥 − 100)
3

1 130
Equação de demanda: 𝑦 = − 𝑥 +
3 3

Exemplo 2.12: Independentemente da demanda, uma empresa mantém fixo em R$ 12,00 o preço da
chaleira que fabrica. Qual é a equação da demanda?

Equação de demanda: 𝑥 = 12

Exemplo 2.13: Por serem considerados necessários à segurança nacional, são compradosanualmente
50 geradores de serviço pesado, independente do preço. Qual é a equação da demanda?

Equação de demanda: 𝑦 = 50

50
2.9.2 Função Oferta
Assim como a demanda, a oferta também pode ser expressa por uma função, relacionando-se
preço e quantidade oferecida de uma mercadoria e descrevendo-se, desta vez, o comportamento do
produtor. Como no caso da demanda, quando se considera apenas o preço como determinante da
quantidade que é ofertada de uma mercadoria, está-se supondo constantes os demais determinantes.

Normalmente a declividade é positiva, isto é, à medida que preço aumenta, a oferta aumenta, e
à medida que o preço diminui, a oferta diminui, portanto, função crescente. Em certos casos, a
declividade pode ser nula, isto é, o preço é constante, independente da oferta e, em outros, pode ser
indefinida, isto é, a oferta é constante, independente do preço.

A função oferta pode ser descrita por uma tabela chamada escala da oferta ou por um gráfico
cartesiano chamado curva da oferta.

Exemplo 2.14: Quando o preço for de R$ 50,00, 50 máquinas fotográficas de um determinado tipo estão
disponíveis no mercado; quando o preço for de R$ 75,00, 100 estão disponíveis no mercado. Qual é a
equação de oferta?
A(50, 50) e B(75, 100)
100−50
𝑚= =2 → 𝑦 − 100 = 2(𝑥 − 75)
75−50

Equação de oferta: 𝑦 = 2𝑥 − 50

Exemplo 2.15: De acordo com os termos de contrato entre a Companhia A e a Companhia Telefônica,a
Companhia A paga à Companhia Telefônica R$ 500,00 por mês para chamadas a longa distância, com
duração de tempo ilimitada. Qual é a equação de oferta?

Equação de oferta: 𝑥 = 500

Exemplo 2.16: A quantidade de queijo colocada à venda por uma fábrica é fixa em 500 kg/semana,
independente do preço. Qual é a equação de oferta?

Equação de oferta: 𝑦 = 500

2.9.3 Preço de equilíbrio


É o preço correspondente a iguais quantidades de demanda e de oferta. Igualando as funções
oferta e demanda, preço e quantidade de equilíbrio podem ser determinados, ou seja, 𝑞𝑜 = 𝑞𝑑.
Geometricamente, o preço de equilíbrio pode ser determinado como ponto de intersecção entre a curvada
oferta e a curva da demanda. A esse preço 𝑝𝑒, as quantidades demandada e ofertada são iguais a 𝑞𝑒 e
são chamadas quantidades de equilíbrio.

Exemplo 2.17: Sejam as equações: 𝑞𝑜 = 3𝑝 − 5 e 𝑞𝑑 = −2𝑝 + 10, onde o preço é dado em reais e 𝑞
em unidades, encontre o ponto de equilíbrio e represente graficamente.
Solução:

51
3p – 5 = – 2p + 10 → 5p = 15 → p = 3 reais
q=3x3–5 → q = 4 unidades , então o ponto de equilíbrio é P(3, 4).

O ponto de equilíbrio indica o preço de mercado com o qual a procura é igual à demanda, istoé,
o preço com o qual não haverá excesso e nem escassez do produto. Se o preço de venda for maiorque
o do equilíbrio, haverá excesso de produto não vendido no mercado, causando a baixa nos preços.Se o
preço de venda for menor do que o do equilíbrio, a procura será maior que a oferta e os preços tenderão
a aumentar.

2.9.4 Função Custo


A função custo descreve o custo de produção de determinado bem e varia em função da
quantidade produzida desse bem.
No custo de produção existe uma parcela fixa, 𝐶𝐹, que não depende da quantidade produzida
e outra variável, 𝐶𝑉, que depende da quantidade produzida. A parcela fixa, denominada custo fixo,
corresponde aos gastos fixos de produção, tais como instalação ou manutenção do prédio. A parcela
variável corresponde aos gastos com a produção propriamente dita, isto é, envolve compra de matéria-
prima, pagamento de mão-de-obra, etc. É chamado custo variável.
O custo fixo pode ser considerado como uma função constante e seu gráfico será representado
por uma reta paralela ao eixo 𝑥. Já a função custo variável, começa na origem, pois não se têm gastos
quando a produção é nula. Esses gastos crescem à medida que a produção cresce, o que caracteriza
uma função crescente.

A função Custo Total, ou simplesmente função Custo, é a soma das funções Custo Fixo e Custo
Variável:
𝐶 = 𝐶𝐹 + 𝐶𝑉

52
A partir da função Custo, pode-se determinar a função Custo Médio ou Custo Unitário, que dá o
preço médio de custo ou preço por unidade. A função Custo Médio é obtida dividindo-se a função Custo
pela quantidade produzida q:
𝐶
𝐶𝑀 =
𝑞
Quanto maior a quantidade produzida de um bem, menor será o seu custo unitário,
caracterizando uma função decrescente. Esse custo por unidade não deverá ser menor que certo valor
positivo, o que faz com que a função seja limitada inferiormente.

Exemplo 2.18: Uma fábrica de balas tem os seguintes custos fixos:

ITEM R$
Aluguel do galpão industrial 1.000,00
Salários e encargos fiscais 11.000,00
Manutenção dos equipamentos 300,00
Pró-labores 6.200,00
Energia elétrica, água e telefone do escritório 800,00
Serviços contábeis 500,00
Total dos custos fixos 19.800,00

E os custos variáveis, por quilograma de balas produzido, definidos na tabela seguinte:

ITEM R$
Açúcar e aromatizante 2,00
Combustível para produção 0,41
Embalagem (celofane, caixa, rótulo) 1,80
Perdas 0,21
Total dos custos variáveis 4,42

A função custo total por quilograma de balas produzido é dada por: 𝐶(q) = 19.800 + 4,42q
Exemplo 2.19: Uma empresa tem uma produção de 2.000 kg de balas por semana. O gasto semanalde
produção é de R$ 28.640,00. Calcular o gasto médio de produção por semana.

28.640
𝐶𝑀 (𝑞) = → 𝐶𝑀 (𝑞) = 𝑅$ 14,32/𝑘𝑔
2.000

2.9.5 Função Receita


A função receita descreve o total bruto recebido pela venda de uma quantidade variável de um
produto.
Se o preço do produto for fixo, qualquer que seja a quantidade vendida 𝑞, a receita pode ser
determinada multiplicando-se o preço unitário fixo, 𝑝0, pela quantidade:

53
𝑅(𝑞) = 𝑝0. 𝑞

A função é crescente a taxas constantes e seu gráfico é uma reta que passa pela origem. Nessecaso,
a função Demanda será dada pela função constante 𝑝 = 𝑝0.

A função Receita Média ou Receita Unitária, determinada pelo quociente entre a receita e a
quantidade vendida, será também constante:

𝑅
𝑅𝑀 = ou 𝑅𝑀 = 𝑝0
𝑞

Se o preço for variável, a quantidade demandada (ou vendida) varia com o preço, e a Receita
para cada quantidade será obtida como produto do preço, agora variável, pela quantidade
correspondente:
𝑅(𝑞) = 𝑝. 𝑞

2.9.6 Função Lucro


O lucro é obtido como diferença entre receita e custo. Assim, a função Lucro Total ou
simplesmente função Lucro é expressa pela diferença entre as funções Receita e Custo, isto é:

𝐿 =𝑅−𝐶

2.9.7 Análise do Ponto de Equilíbrio

Os gráficos de ponto de equilíbrio são frequentemente utilizados para analisar as implicaçõesde


várias decisões de tabelamento de preços e de produção.

No exemplo, os custos foram divididos em duas categorias gerais: fixos (𝐶𝐹) e variáveis (𝐶𝑉). Os
custos fixos permanecem constantes em todos os níveis de produção e incluem, geralmente, fatores

54
como: aluguel, juros, instalação, desvalorização e equipamentos. Os custos variáveis são aqueles que
variam com a produção e que incluem fatores tais como: mão-de-obra, materiais, e gastospromocionais.

O custo total (𝐶) em qualquer nível de produção é a soma do custo fixo e do custo variável neste
nível de produção, ou seja, 𝐶 = 𝐶𝐹 + 𝐶𝑉.

A reta 𝑅 representa o rendimento total para diferentes quantidades vendidas; sua interseção
como eixo 𝑥 está na origem e sua declividade é igual ao preço por unidade, assumindo que este preçoé
constante para todas as quantidades vendidas.

O ponto de equilíbrio (𝐸) é aquele no qual as retas 𝑅 e 𝐶 se interceptam. Ele representa a


quantidade na qual o produtor está para romper o equilíbrio, isto é, a quantidade para a qual existe um
rendimento suficiente apenas para cobrir os custos.

Exemplo 2.20: Suponha que o custo fixo de produção de um artigo seja de R$ 5.000,00; o custo
variável seja de R$ 7,50 por unidade e o artigo seja vendido a R$ 10,00 por unidade.
a) Qual é a quantidade necessária para se atingir o ponto de equilíbrio?
b) Qual é o rendimento líquido quando forem vendidas 3.000 unidades?
c) Se o preço de venda fosse R$ 11,00, qual seria a quantidade para manter o equilíbrio? Solução
C(x) = 5.000 + 7,5x
R(x) = 10x
L(x) = R(x) – C(x) → L(x) = 10x – (5.000 + 7,5x) → L(x) = 2,5x – 5.000

a) R(x) = C(x) → 10x = 5.000 + 7,5x → 2,5x = 5.000 → x = 2.000 unidades


b) L(3.000) = 2,5 x 3.000 - 5.000 → L(3.000) = R$ 2.500,00
c) 5.000 + 7,5x = 11x → 3,5x = 5.000 → x = 1.429 unidades

Exercício

O custo fixo de uma empresa é R$ 600,00 independentemente do produto; os custos variáveis são R$5,00
por unidade de produto. O preço de venda do bem é de R$ 10,00 por unidade. Expressar:
a) a função custo fixo;
b) a função custo variável;
c) a função custo total;
d) a função receita total;
e) o ponto de equilíbrio.

55
Representar graficamente as funções custo total e receita total num mesmo sistema de eixos.

Respostas
a) Cf(x) = 600 b) CV(x) = 5x c) CT(x) = 600+5x d) R(x) = 10x
e) (120, 1.200)

Exercícios

1. O custo total de fabricação de certo produto consiste em uma quantia fixa de R$ 50,00 e uma quantia
variável de R$ 10,00 por unidade. Determinar a função do custo total e construa o seu gráfico.

2. Suponha que o produto do exercício 1 seja vendido por R$ 20,00. Determinar a função da receita
total e construir o gráfico da mesma.

3. A função oferta de um bem é 𝑆(𝑝) = 10 + 4𝑝 e a função demanda do mesmo bem é


𝐷(𝑝) = 80 − 10𝑝. Determinar o preço e a quantidade de equilíbrio, demonstrando os resultados
graficamente.

4. Uma empresa produz e comercializa correias com um custo fixo de R$ 12.000,0, o custo de
produção por unidade corresponde a 40% do preço de venda que é R$ 35,00 a unidade. Determinar:

a) a equação da função custo total;


b) a equação da função receita total;
c) a quantidade produzida e comercializada a partir da qual a empresa começa a ter lucro;
d) quantas unidades devem ser vendidas para que a empresa tenha R$ 3.400,00 de lucro.

5. As funções oferta e demanda de um certo produto são definidas por


𝑆(𝑥) = 3𝑥 + 570 e 𝐷(𝑥) = 650 − 2𝑥,
onde 𝑥 representa o preço.
a) Calcular o preço de equilíbrio e o número de unidades correspondentes ao ponto de equilíbrio.
b) Representar os gráficos oferta e demanda num mesmo sistema de eixos e evidencie o ponto de
equilíbrio.

6. Um computador foi comprado por R$ 2.400,00. Após 5 meses seu valor era de R$ 2.000,00.
a) Expressar a função do valor do computador.
b) Construir o gráfico da depreciação do bem.

7. Uma fábrica está colocando um novo produto no mercado. Durante o primeiro ano, o custo fixo para
iniciar a produção é de R$ 140.000,00 e o custo variável para produzir cada unidade é de R$ 25,00.
Durante o primeiro ano, o preço de venda do produto será de R$ 65,00 por unidade.
a) Expressar o lucro do primeiro ano em função de 𝑥, sendo 𝑥 o número de unidades vendidas.
b) Se 23.000 unidades serão vendidas no primeiro ano, qual será a estimativa de lucro para a fábrica?
c) Quantas unidades devem ser vendidas, no primeiro ano, para que a fábrica não tenha lucro nem
56
prejuízo?

Respostas
1. C(x) = 50 + 10x 2. R(x) = 20x
3. Preço: R$ 5,00 e quantidade: 30 unidades
4. a) 𝐶(𝑥) = 14𝑥 + 12.000 b) 𝑅(𝑥) = 35𝑥 c) aproximadamente 571 unidades
d) aproximadamente 733 unidades
5. a) R$ 16,00; 618 unidades 6. 𝑉(𝑡) = −80𝑡 + 2.400
7. a) 𝐿 = 40𝑥 − 140.000 b) R$ 780.000,00 c) 3.500 unidades

57
2.10 Função polinomial de segundo grau

São as funções definidas por equações de 2º grau. O gráfico é uma curva denominada parábola
que, dependendo da lei, pode estar acima ou abaixo do eixo 𝑥, cortá-lo em pontos distintos ou tocá-lo
em um único ponto.

A equação de 2º grau tem a forma 𝑦 = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐, onde 𝑥 e 𝑦 são variáveis e 𝑎, 𝑏 e 𝑐 são


constantes quaisquer, com 𝑎 ≠ 0.
Quando 𝑏 ou 𝑐, ou ambos, forem iguais a zero a equação é dita incompleta e apresenta uma
das seguintes formas: 𝑦 = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 (𝑐 = 0); 𝑦 = 𝑎𝑥2 + 𝑐 (𝑏 = 0) ou 𝑦 = 𝑎𝑥2 (𝑏 = 𝑐 = 0).

2.10.1 Generalidades no estudo da parábola


Concavidade: pode ser para cima ou para baixo. O critério de escolha depende do sinal de 𝑎:
quando 𝑎 > 0, a parábola é voltada para cima; quando 𝑎 < 0, a parábola voltada para baixo.

Ponto de Máximo ou de Mínimo: corresponde ao ponto de extremo da parábola e é chamado


vértice. O ponto de vértice é o ponto em que a parábola muda o comportamento de crescente para
decrescente ou decrescente para crescente. É um ponto importante na definição do conjunto imagem da
função.

Para encontrar suas coordenadas, podemos utilizar várias formas. A abscissa do ponto é o
ponto médio entre dois pontos simétricos. Conhecendo um dos elementos, basta substituir na equação e
encontrar o outro.

Também pode ser encontrado através das equações:

𝑏 𝛥 𝑏 2 − 4𝑎𝑐
𝑥𝑣 = − 𝑦𝑣 = − 𝑜𝑢 𝑦𝑣 = −
2𝑎 4𝑎 4𝑎

Zeros da função: são os valores de x para os quais 𝑦 = 0. Podem ser encontrados com a fórmula de
Báskara.

58
−𝑏±√𝑏 2 −4𝑎𝑐
𝑥= 2𝑎

Exemplo 2.21: Representar, em um mesmo sistema cartesiano, as funções:

a) 𝑦 = 𝑥2 e 𝑦 = 𝑥2 + 1

b) 𝑦 = 𝑥2 e 𝑦 = 3𝑥2

59
c) 𝑦 = 𝑥2 e 𝑦 = 𝑥2 − 2𝑥 + 1

Exemplo 2.22: para cada uma das funções, analisar quanto à concavidade, determinar o ponto de
máximo/mínimo, os zeros e representar graficamente::

a) 𝑦 = 𝑥2 − 6𝑥 + 8

- concavidade: voltada para cima


- ponto de mínimo (vértice da parábola): V(3, −1)
- zeros de função: x = 2 e x = 4

b) 𝑦 = −𝑥2 + 4

- concavidade: voltada para baixo


- ponto de máximo (vértice da parábola): V(0, 4)
- zeros de função: x = −2 e x = 2
60
c) 𝑦 = − 𝑥2

- concavidade: voltada para baixo


- ponto de máximo (vértice da parábola): V(0, 0)
- zeros de função: x = 0

d) 𝑦 = 𝑥2 + 𝑥 + 5

- concavidade: voltada para cima


- ponto de mínimo (vértice da parábola): V(−1/2, 19/4)
- zeros de função: não há

61
𝑥
Exemplo 2.23: O preço de venda de um produto é dado pela função 𝑝(𝑥) = − + 15 e 𝑥 é a
5.000
quantidade vendida, determinar a função receita. Construir o gráfico da função e analisar o domínio e a
imagem desta função.

𝑥 𝑥2
𝑅(𝑥 ) = (− + 15) . 𝑥 → 𝑅(𝑥 ) = − + 15𝑥
5.000 5.000

62
Dom(R) = [0, 75.000] Im(R) = [0, 281.250]

Exercícios

1. Para cada função a seguir:


• Construir o gráfico num sistema cartesiano ortogonal;
• Determinar as coordenadas do vértice e analise se é ponto de máximo ou de mínimo;
• Analisar a concavidade, justificando a resposta;
• Determinar o domínio e imagem.

a) 𝑦 = 𝑥2 − 5𝑥 + 6 b) 𝑦 = 2𝑥2 – 1 c) 𝑦 = −𝑥 2 − 𝑥 + 6

2. Na produção de um determinado artigo, a equação do custo total associada à produção é dada pela
equação 𝐶(𝑞) = 2𝑞 + 17. Sabendo que a receita em função da produção vendida é dada por
𝑅(𝑞) = −𝑞2 + 20𝑞, determinar a quantidade produzida e vendida para que o lucro seja máximo.
Calcular, também, o lucro máximo e representar graficamente a situação.

3. O lucro de uma empresa é dado pela equação 𝐿(𝑥) = − 𝑥2 + 7𝑥 − 6, onde 𝑥 é o número de unidades
vendidas. Quantas unidades deverão ser vendidas para a empresa ter o lucro máximo? Determinar o
valor do lucro máximo.

4. Sabendo que o lucro de qualquer transação comercial e é dado por 𝐿 = 𝑅 − 𝐶, determinar a funçãodo
lucro de uma empresa que, ao produzir e vender x unidades, obteve os modelos matemáticos parao custo
𝐶(𝑥) = 𝑥2 − 2000𝑥 e para a receita 𝑅(𝑥) = 6000𝑥 − 𝑥2. Calcular a quantidade a ser produzida para obter
um lucro máximo e o valor desse lucro.
5. Um fabricante produz objetos por R$ 20,00 cada. Estima-se que, se cada objeto for vendido por “𝑥”,os
consumidores comprarão “120 – 𝑥” unidades por mês. Expressar o lucro mensal do fabricante como
função do preço e construir o gráfico da função, utilizando-o para estimar o preço ótimo de venda.

6. A função custo total de uma empresa produtora de um tipo de medicamento é dada por:
𝑪𝑻(𝒙) = 𝟑𝟒𝒙 + 𝟑𝟐𝟎, onde 𝑪𝑻 indica o custo em reais e 𝒙 indica a quantidade de unidades de
medicamentos fabricada. A relação entre a quantidade de unidades demandadas, (quantidade de
unidades que as pessoas desejam adquirir em função do preço da unidade), por esse medicamento eo
seu preço de venda 𝒑, em reais, é 𝒙 = −𝟒𝒑 + 𝟐𝟑𝟐.
a) Obter o valor de 𝑝 em função de 𝑥 unidades.
b) Obter a receita em função da quantidade.
c) Quantas unidades devem ser vendidas para que a receita seja máxima?
d) Determinar a função lucro.
e) Qual o valor do lucro máximo?
f) Qual deve ser o preço de venda do medicamento para que o lucro seja máximo?

63
Respostas
1a) V(2,5, −0,25); ponto de mínimo; côncava para cima; Dom = IR; Im = [−0,25, +∞)
1b) V(0, −1); ponto de mínimo; côncava para cima; Dom = IR; Im = [−1, +∞)
1c) V(−0,5, 6,25); ponto de máximo; côncava para baixo; Dom = IR; Im = (−∞, 6,25]
2) q = 9 unidades; R$ 64,00
3) 3 ou 4 unidades; R$ 6,00
4) 2.000 unidades; R$ 8.000.000,00
5) R$ 2.500,00
6) a) p(x) = − 0,25 x + 58 b) R(x) = − 0,25 x2 + 58x c) 116 unidadesd)
L(x) = − 0,25 x2 + 24x – 320 e) R$ 48,00 f) R$ 256,00

2.11 Função exponencial

2.11.1 Definição: Dado um número real b (b > 0 e b ≠ 1), denomina-se função exponencial de base b uma
função 𝑓, de 𝑅 em 𝑅+∗ definida por 𝑓(𝑥) = 𝑏 𝑥 .

Exemplo 2.24: Representar graficamente cada uma das funções exponenciais e analisar crescimento,
decrescimento, domínio e imagem:
1 𝑥
a) 𝑦 = 2𝑥 b) 𝑦 = = ( )
2

64
c) 𝑦 = 3(2𝑥 )

Observe que:

• O gráfico da função exponencial 𝑦 = 𝑏 𝑥 é uma curva situada acima do eixo do 𝑥, passando pelo ponto
(0,1).
• Se a base b for maior do que 1, isto é, b > 1, então a função é crescente e se a base b estiver entre 0 e
1, isto é, 0 < b < 1, então a função é decrescente, também passando pelo ponto (0,1).
2.11.2 O número irracional 𝒆
1 𝑛
A expressão (1 + ) , quando n assume valores cada vez maiores, fornece um número irracional
𝑛
conhecido como “número de Euler” e representado por 𝑒.

Usando a calculadora podemos determinar alguns valores para esta expressão:


N 1 10 100 10.000 50.000 100.000
1 𝑛
(1 + ) 2,00000000 2,59374246 2,704813829 2,718145927 2,718254646 2,718268237
𝑛

Observe que, conforme aumenta o valor de 𝑛, as casas decimais tendem a se uniformizar. Quando
1 𝑛
𝑛 tende ao infinito, o valor da expressão (1 + ) tende a um número representado pela letra 𝒆. Verifique,
𝑛
x
na calculadora, o valor de 𝑒 quando 𝑥 = 1.

Exemplo 2.25: Construa o gráfico da função exponencial 𝑓(𝑥) = 𝑒x.

65
2.11.3 Aplicações da função exponencial

Exemplo 2.26: O valor de um objeto após 𝑡 anos de sua compra é dado por 𝑉(𝑡) = 3.200𝑒 −0,25𝑡 .
Determine:
a) O valor do equipamento após 4 anos de sua compra.
b) O valor do equipamento no momento da compra.

a) 𝑉(4) = 3.200𝑒 −0,25.4 → 𝑉(4) = $ 1.177,21


b) 𝑉 (0) = 3.200𝑒 −0,25.0 → 𝑉 (0) = $ 3.200,00

Exemplo 2.27: O sindicato de trabalhadores de uma empresa sugere que o piso salarial da classe seja
de R$ 1.800,00, propondo um aumento percentual fixo por cada ano dedicado ao trabalho. A expressão
que corresponde à proposta salarial (s), em função do tempo de serviço (t), em anos, é
s(t) = 1.800(1,03)t . De acordo com a proposta do sindicato, qual será o salário de um profissional dessa
empresa com 2 anos de tempo de serviço?

s(2) = 1.800(1,03)2 → s(2) = R$ 1.909,62

Exercícios
1. Numa certa cidade, o número de habitantes, num raio de r km a partir do seu centro, é dado por 𝑃(𝑟)
= 𝑘(23r ), em que k é a constante. Se há 98.304 habitantes num raio de 5 km do centro, quantos habitantes
há num raio de 3 km do centro? (assinalar a resposta correta)
a) 32.768 b) 4.608 c) 3.024 d) 2.048 e) 1.536

2. A taxa segundo a qual um funcionário de um supermercado marca os preços das mercadorias é dado
em função de sua experiência. Calcula-se que o funcionário, após t meses de trabalho, consiga marcar
𝑄(𝑡) = 600−300(𝑒-0,4t) mercadorias por hora.
a) Quantas mercadorias um funcionário novo conseguirá marcar por hora?
b) Quantas mercadorias um funcionário com 5 meses de experiência consegue marcar por hora?

3. Uma máquina de lavar é depreciada de tal forma que após t anos de uso, seu valor seja dado pela
função 𝑄(𝑡) = 𝑄o . 𝑒-0,15t. Após 15 anos, a máquina vale R$ 200,00. Calcule seu preço original.

4. O montante de uma aplicação financeira no decorrer dos anos é dado por 𝑀(𝑥) = 67 .(1,06)x em mil
reais, onde 𝑥 representa o ano após a aplicação.
a) Calcule o montante após 3 anos.
b) Qual o valor aplicado inicialmente?

5. Se o custo anual 𝑦 de manutenção de uma máquina está relacionada com o seu uso mensal médio 𝑥
(em centenas de horas) pela equação 𝑦 = 35.000−25.000𝑒-0,02x qual é o custo anual de manutenção, em
reais, para o uso mensal médio de 200 horas?
6. Suponhamos que a população de uma certa cidade seja estimada, para daqui a x anos, por 𝑓(𝑥) =
1
(20 − ) ∗ 1.000 . Determine a população referente ao terceiro ano.
2𝑥

66
7. A produção de uma indústria vem diminuindo ano a ano. Num certo ano, ela produziu mil unidades
de seu principal produto. A partir daí, a produção anual passou a seguir a lei y = 1000. (0,9) x. Qual o
número de unidades produzidas no segundo ano desse período recessivo?

8. Segundo dados de uma pesquisa, a população de certa região do país vem decrescendo em relação
ao tempo “t”, contado em anos, aproximadamente, segundo a relação P(t) = P(0) · 2 –0,25t ; Sendo P(0) uma
constante que representa a população inicial dessa região e P(t) a população “t” anos após, determine
quantos anos se passarão para que essa população fique reduzida à quarta parte da que era inicialmente.

9. Uma das aplicações da função exponencial está no estudo dos juros compostos. Quando um capital é
aplicado num determinado período, produzindo um juro que é incorporado a ele para produzir novo juro
no período seguinte, tem-se um juro composto, isto é, “juro sobre juro”. O modelo matemático que
relaciona essas grandezas pode ser representado por 𝑀 = 𝐶(1+𝑖)n, onde:
𝐶 é capital inicial
𝑖 é a taxa de juro, na forma centesimal
𝑛 é o tempo
𝑀 é o montante = principal + juros

Utilizando o modelo fornecido, calcule:


a) O montante após 10 anos se um capital de R$ 1.000,00 for aplicado a 6% ao ano.
b) O montante sabendo que um capital de R$ 10.000,00 foi aplicado a uma taxa de 0,5% ao mês durante
dois anos.

10. A quantia de R$ 1.200,00 foi aplicada durante 6 anos em uma instituição bancária a uma taxa de 1,5%
ao mês, no sistema de juros compostos.
a) Qual será o saldo no final de 12 meses?
b) Qual será o montante final?

Respostas
1. letra e
2. a) 300 mercadorias b) 559 mercadorias
3. R$ 1.897,55
4. a) R$ 79.798,07 b) R$ 67.000,00
5. R$ 10.980,26
6. 19.875 habitantes
7. 810 unidades
8. 8 anos
9. a) R$ 1.790,85 b) R$ 11271,60
10. a) R$ 1.434,74 b) R$ 3.505,39

67
2.12 Função logarítmica

2.12.1 Logaritmos

A equação 3x = 9 tem uma solução que pode ser encontrada facilmente escrevendo ambos os
menbros da igualdade com potências da mesma base, ou seja, 3x = 32 então x = 2. No entanto, se a
equação é 3x= 8, não podemos encontrar a solução utilizando a mesma técnica, mesmo sabendo que a
equação apresenta solução. Nesse caso utilizamos o conceito de logaritmos.
Logaritmo de um número a positivo, numa certa base b, positiva e diferente de 1, é o expoente a
que se deve elevar a base para obter o número dado.
log 𝑏 𝑎 = 𝑥 se e somente se 𝑏 𝑥 = 𝑎

Exemplo 2.28

1) log 2 8 = 3 , pois 23 = 8
2) log10 10 000 = 4, pois 104 = 10 000
3) log 3 27 = 3, pois 33 = 27
1 −4
4) log 1 16 = −4, pois ( ) = 16
2 2

2.12.2 Propriedades operatórias de logaritmos:

Logaritmo do produto: logb(a·c) = logba + logbc

Logaritmo do quociente: logb(a/c) = logba – logbc

Logaritmo da potência: logbam = m·logba

Exemplo 2.29
1) log 2 6 = log 2 2 + log 2 3
81
2) log 3 ( ) = log 3 81 − log 3 3
3

3) log 5 1252 = 2. log 5 125


4) log 2 12 = 2 . log 2 2 + log 2 3

68
Observação:
Usando a calculadora científica temos o log para o logaritmo decimal e ln para o logaritmo natural.

Exercício
Utilizando a calculadora, determine os logaritmos:
a) log 6 b) log 12 c) ln 7
d) log 15 e) ln 12 f) log 0,58

Respostas
a) 0,77815 b) 1,07918 c) 1,94591 d) 1,17609 e) 2,48491 f) -0,23657

2.12.3 Função logarítmica

A função inversa da função exponencial é a função logarítmica de base 𝒃, com 𝑏 positivo e


diferente de 1, definida de ℝ∗+ em ℝ, cuja equação é: f(x) = logb 𝑥

Exemplo 2.30
Construa o gráfico das funções 𝑦 = 2𝑥 e 𝑦 = log2 𝑥, no mesmo sistema de eixos.

As duas funções são simétricas em relação à reta bissetriz, de equação 𝑦 = 𝑥:

Observe que:
• O gráfico da função logarítmica f(x) = log𝑏 𝑥 é uma curva que passa pelo ponto (1,0) (zero da
função).
• O eixo das ordenadas (eixo 𝑦) é uma assíntota vertical da função 𝑦 = log2 𝑥.
• O eixo das abcissas (eixo x) é uma assíntota horizontal da função 𝑦 = 2𝑥.
• Se a base b for maior que 1, isto é, b> 1, então a função é crescente e, se a base b estiver entre
0 e 1, isto é 0< b< 1, então a função é decrescente.

69
Mudança de base.
Em algumas situações, podemos encontrar cálculos envolvendo vários logaritmos em bases
diferentes. Como as propriedades logarítmicas só valem para logaritmos em uma mesma base, é
necessário fazer antes a conversão dos logaritmos de bases diferentes para uma única base conveniente.
Essa conversão chama-se mudança de base. Para fazer a mudança de uma base b para uma
outra base b usa-se:
log𝑐 𝑎
log 𝑏 𝑎 =
log𝑐 𝑏

Exemplo 2.31: Calcular o valor x:

𝑙𝑜𝑔 3
1) 𝑥 = log4 3 → 𝑥 = 𝑙𝑜𝑔 4 → x = 0,79248

𝑙𝑜𝑔 5
2) 𝑥 = log7 5 → 𝑥 = 𝑙𝑜𝑔 7 → x = 0,82709

2.12.4 Aplicações da função logarítmica

Exemplo 2.32

1. Uma máquina é depreciada de tal forma que, após t anos, seu valor é dado pela função
Q(t) = Qoe-0,04t. Se o valor original da máquina é R$ 13.400,00, após quantos anos a máquina vale R$
8.982,29?

8.952,29 8.952,29
8.982,29 = 13.400 e-0,04.t → = 𝑒 −0,04𝑡 → 𝑙𝑛 = 𝑙𝑛 𝑒 −0,04𝑡 →
13.400 13.400

8.982,29
𝑙𝑛 = −0,04𝑡 𝑙𝑛 𝑒 → -0,40000 = -0,04 t → t = 10 anos
13.400

2. Utilize a equação M = C ( 1+ i)n para calcular o prazo (em meses) que um capital de R$ 27.000,00 é
submetido a uma operação financeira, para obter-se um saldo de R$ 30.500,00 à taxa composta de 4%
a.m..

30.500
30.500 = 27.000.(1+0,04)n → = 1,04𝑛 → log 1,12963 = log 1,04n →
27.000
0,052936 = n.log 1,04 → n = 3,11 meses

3.000
3. Se a função demanda para um produto for dada por 𝑝 = , onde p é o preço pro unidade quando
ln (𝑥+10)
x unidades são demandadas, qual é a receita total quando 50 unidades forem demandadas e ofertadas?

3.000 3.000
𝑅(𝑥) = .𝑥 → 𝑅(50) = . 50 → R(50) = R$ 36.635,90
ln (𝑥+10) ln (50+10)

4. A população mundial cresce a uma taxa aproximadamente 2% ao ano, conforme a função


P(t) = Poe0,02t, onde Po é a população atual. Se este modelo de crescimento da população se mantiver,
quanto tempo levará para a população mundial duplicar?
70
2P0= P0 e0,02t → 2 = e0,02t → ln 2 = ln e0,02t → ln 2 = 0,02t.ln e → t = 34,7 anos

5. Quando certa máquina industrial tem t anos de idade, o valor de revenda é


V(t) = 4.800e-t/5+ 400 reais. Quanto tempo levará para o valor da máquina se reduzir a R$ 1.049,61?

649,61
1.049,61 = 4.800 e-t/5 + 400 → 1.049,61 − 400 = 4.800𝑒 −𝑡/5 = 𝑒 −𝑡/5
4.800

649,61
𝑙𝑛 = 𝑙𝑛𝑒 −𝑡/5 → -2 = - t/5 → t = 10 anos
4.800

Exercícios

1. A densidade populacional x quilômetros do centro de uma cidade é dada por uma função da forma Q(x)
= 15.000e-0,051x habitantes por quilômetro quadrado. Calcule a distância x de quilômetros quando o número
de habitantes for 9.000.

2. Se a função custo total para x unidades de um produto for dada por C(x) = 400 ln( x+ 10) + 100, qual é
o custo total para produzir 100 unidades?

3. Seja A(t) = 5000e0,04t o saldo de uma caderneta de poupança após t anos. Quantos anos levará para
atingir um saldo de R$ 6.615,65?

4. Uma das maiores causas do desmatamento das florestas tropicais é o desenvolvimento agrícola e
residencial. O número de hectares destruídos em um certo ano t pode ser modelado pela função
y = - 3,91435 + 2,62196 .ln(t) onde t= 0 em 1950. Faça uma projeção do número de hectares destruídos
no ano de 2010 por causa de desenvolvimento agrícola e residencial.

5. A produção de uma indústria vem diminuindo ano a ano. Num certo ano, ela produziu mil unidades de
seu principal produto. A partir daí, a produção anual passou a seguir a lei y = 1000.(0,9)x. Quantos anos a
indústria levará para atingir 810 unidades produzidas?

6. Paulo aplicou R$ 800,00 num investimento que rende 3% a.m., a juros compostos. Quanto tempo após
a aplicação o saldo será de R$ 1.200,00?

7. Suponha que as vendas de um produto, em dólares, são dadas por S = 1.000e-0,07x, onde x é o número
de dias após o final da campanha publicitária. Qual o período de tempo para que as vendas alcancem U$
250?

8. A população do Brasil pode ser modelada pela função P(t) = 16,0141e0,024t, onde P é a população (em
milhões de habitantes) e t é o tempo (em anos a partir de 1900). Segundo o modelo, em que ano a
população do Brasil será de 250 milhões de habitantes?

4.000
9. Se a função demanda para um produto for dada por 𝑝 = , onde p é o preço por unidade quando
ln (𝑥+10)
x unidades são demandadas, qual é a receita total quando 40 unidades forem demandadas e ofertadas?

71
10. Se $ 5.000 forem investidos a 0,75% a.m., o montante em qualquer instante t (em meses) é dado por
S(t) = 5.000(1,0075)t. Quanto tempo levará para que o investimento dobre?

Respostas
1. 10 km 2. $ 1.980,19
3. 7 anos 4. Aproximadamente 6,8 hectares
5. 2 anos 6. 14 meses
7. 20 dias 8. 2015
9. 40.900 unidades 10. 7 anos e 9 meses, aproximadamente.

3- Derivadas

O conceito de derivada (derivação ou diferenciação) é considerado um dos conceitos centrais da


Matemática, tem diversas aplicações incluindo traçados de curvas, otimização de funções e análise de
taxas de variação.
Um problema típico no qual o cálculo pode ser aplicado é o problema de maximização de lucro
(isto é, verificar quando o lucro é máximo). Suponhamos que certo objeto é vendido por 𝑝 reais e que o
lucro mensal é dado por 𝐿(𝑝) = −400𝑝 2 + 5200𝑝 − 12000 reais.
A representação gráfica desta função indica que há um preço ótimo de venda, com o qual o
fabricante terá um lucro maior.

Lucro

𝑃ótimo 𝑝(preço)

72
No exemplo, o pico do gráfico é o único ponto do gráfico no qual a tangente ao gráfico é
horizontal, isto é, no qual o coeficiente angular da tangente é zero. À esquerda do pico, o coeficiente
angular da tangente é positivo e à direita, é negativo.
A partir do exemplo podemos inferir que para resolver um problema de otimização faz-se
necessário a utilização de alguma técnica que permita calcular o coeficiente angular da reta tangente ao
ponto considerado. Se for o ponto máximo, o coeficiente será zero, se for outro ponto qualquer da
função o coeficiente será positivo ou será negativo e indicará uma taxação crescente ou decrescente.

3.1 A Derivada como uma função


Definimos derivada de uma função f(x) como:

𝑓(𝑥 + ℎ) − 𝑓(𝑥)
𝑓(𝑥) = lim
ℎ→0 ℎ

Para chegarmos à definição percorremos várias etapas que tem por objetivo elaborar o conceito
de derivada. Formando o conceito, desenvolveremos técnicas para derivar que dispensarão todo o
processo algébrico desenvolvido a partir da definição.

Notação: Para indicar a função derivada de uma função usam-se as notações:


𝑑𝑓 𝑑𝑦
; 𝐷𝑥 𝑓(𝑥); ; 𝐷𝑥 𝑦; 𝑓′(𝑥); 𝑦′
𝑑𝑥 𝑑𝑥

3.2 Regras de derivação

Até agora vimos como calcular a derivada de uma função 𝑓(𝑥) por meio da definição. Entretanto,
como esse processo é demasiado longo, estudaremos algumas regras que nos permitirão calcular mais
facilmente a derivada de uma função. A demonstração dessas regras pode ser feita através do uso da
definição.

1) Derivada da função constante: 𝒇(𝒙) = 𝒌 ⇒ 𝒇′(𝒙) = 𝟎

Exemplo 3.1:
a) 𝑓(𝑥) = 8 ⇒ 𝑓 ′(𝑥) = 0
b) 𝑓(𝑥) = −√3 ⇒ 𝑓′(𝑥) = 0

Derive as funções abaixo:


a) 𝑓(𝑥) = √2
2
b) 𝑦 =
7
c) 𝑓(𝑥) = 0,675

2) Derivada da função potência: 𝒇(𝒙) = 𝒙𝒏 ⇒ 𝒇′(𝒙) = 𝒏𝒙𝒏−𝟏

Exemplos 3.2:
73
a) 𝑓(𝑥) = 𝑥 2
𝑓 ′(𝑥) = 2𝑥 2−1
𝑓 ′(𝑥) = 2𝑥

b) 𝑓(𝑥) = 𝑥 −2
𝑓′(𝑥) = −2𝑥 −2−1
𝑓′(𝑥) = −2𝑥 −3

1
c) 𝑦 =
𝑥3
𝑦= 𝑥 −3
𝑦′ = −3𝑥 −3−1
𝑓′(𝑥) = −3𝑥 −4

Derive as funções a seguir:


a) 𝑓(𝑥) = 𝑥 5
b) 𝑦 = 𝑥 −3
c) 𝑓(𝑥) = 𝑥
1
d)𝑓(𝑥) =
𝑥5
e) 𝑦 = −𝑥 9
f) 𝑓(𝑥) = 𝑥 −6

3) Derivada de uma função multiplicada por constante: 𝒇(𝒙) = 𝒌. 𝒈(𝒙) ⇒ 𝒇′(𝒙) = 𝒌. 𝒈′(𝒙)

Exemplo 3.3:
a) 𝑓(𝑥) = 5𝑥 3
𝑓 ′(𝑥) = 5. 3 𝑥 3−1
𝑓 ′(𝑥) = 15 𝑥 2

b) 𝑓(𝑥) = 9𝑥 4
𝑓′(𝑥) = 9. 4𝑥 4−1
𝑓′(𝑥) = 36𝑥 3

Derive as funções abaixo:


a) 𝑓(𝑥) = 2𝑥 5
b) 𝑦 = 4𝑥 −3
c) 𝑓(𝑥) = 5𝑥
d)𝑓(𝑥) = −3𝑥 2
e) 𝑦 = −2𝑥 9
f) 𝑓(𝑥) = 5𝑥 −6

4) Derivada de uma soma de funções: 𝒚 = 𝒇(𝒙) ± 𝒈(𝒙) ⇒ 𝒚′ = 𝒇′(𝒙) ± 𝒈′(𝒙)


Exemplo 3.4:
a) 𝑓(𝑥) = 2𝑥 3 + 3𝑥 2 − 4𝑥 + 6
74
𝑓′(𝑥) = 2. 3𝑥 3−1 + 3.2𝑥 2−1 − 4. 1𝑥 1−1 + 0
𝑓′(𝑥) = 6𝑥 2 + 6𝑥 − 4

b) 𝑦 = 2𝑥 + 𝑥 2
𝑦 ′ = 2. 1𝑥 1−1 + 2𝑥 2−1
𝑦 ′ = 2 + 2𝑥

Derive as funções abaixo:


a) 𝑦 = 2𝑥 3 − 𝑥 + 4
b) 𝑦 = 4𝑥 5 + 2𝑥 4 − 5𝑥 3 + 7𝑥 2 − 4𝑥
c) 𝑦 = 𝑥 4 − 3𝑥 3 + 5𝑥 2 − 7𝑥 + 3
d) 𝑦 = 6𝑥 7 − 2𝑥 5 + 𝑥 3 + 12
e) 𝑦 = 3𝑥 4 − 6𝑥 3 + 5𝑥 2 − 4𝑥 + 8

Exercícios
Encontre as derivadas das seguintes funções:
a) 𝑦 = 4
b)𝑓(𝑥) = 𝑒
c) 𝑦 = 5𝑥
1
d) 𝑓(𝑥) = − 𝑥
2
e) 𝑦 = −𝑥 3 + 4𝑥²
f) 𝑦 = 0,1𝑥
3𝑥
g) 𝑓(𝑥) =
2
h) 𝑦 = 𝑥 3
i) 𝑓(𝑥) = 0,5𝑥 2 − 12𝑥
j) 𝑦 = 2𝑥 2 + 6𝑥 + 1
1
k) 𝑔(𝑥) = − 𝑥 2 + 5𝑥 + 7
2
l) 𝑦 = 5𝑥 3 − 45
m) 𝑓(𝑥) = 2𝑥 4 − 4𝑥 3 + 5
n) 𝑔(𝑥) = 3 − 𝑥 4

Respostas: a) y’=0 b) f’(x)=0 c) y’=5 d) f’(x)=-1/2 e) y’=-3x2+8x


f) y’=0,1 g) f’(x)=3/2 h) y’=3x2 i) f’(x)=x-12 j) y’=4x+6 k) g’(x)=-x+5
l) y’=15x 2
m) f’(x)=8x -12x
3 2
n ) g’(x)=-4x 3

3.2 Taxas de Variação e Análise Marginal


Dada a relação funcional 𝑦 = 𝑓(𝑥) e se 𝑥 varia do valor 𝑥1 a (𝑥1 + ℎ), então 𝑦 varia de 𝑓(𝑥1 ) a
𝜟𝒚 𝒇(𝒙𝟏 +𝒉)−𝒇(𝒙𝟏 )
𝑓(𝑥1 + ℎ). Assim, pela definição da derivada, ou seja, se o limite do quociente = existir
𝜟𝒙 𝒉
quando ℎ → 0, teremos a taxa de variação instantânea de 𝑦 por unidade de variação de 𝑥 em 𝑥1 , se
esta existir.
Na Economia, costuma-se descrever a variação de uma quantidade 𝑦 em relação a uma outra
quantidade 𝑥, em termos de dois conceitos, o de média e o de marginal. O conceito de média expressa

75
a variação de 𝑦 sobre uma faixa de valores de 𝑥, usualmente a faixa que vai de zero até um certo valor
selecionado. O conceito de marginal, por outro lado, refere-se à variação de 𝑦 "na margem", isto é, para
variações muito pequenas de 𝑥 a partir de um dado valor. O conceito de marginal é, portanto, preciso
quando for considerado no sentido de um limite, à medida que a variação em 𝑥 tende a zero.
Os conceitos econômicos de variação média e marginal correspondem aos conceitos mais gerais
da taxa de variação média de uma função num intervalo e da taxa de variação instantânea (isto é, a
derivada) de uma função.

3.2.1 Função Custo

O custo marginal é a derivada 𝑓 ′(𝑥) da função custo total 𝑦 = 𝑓(𝑥) em relação a 𝑥 e é a taxa de
acréscimo no custo total, relativo ao acréscimo na produção.

Exemplo 3.5:
Considere a função custo total 𝐶 = 0,5𝑞 2 + 2𝑞 + 20, onde 𝐶 denota o custo total e 𝑞 a quantidade
produzida.
a) Encontre a função custo marginal:
𝐶 ′ = 0,5.2 . 𝑞 2−1 + 2. 1. 𝑞1−1 + 0
𝐶′ = 𝑞 + 2

b) Calcule o custo adicional quando o nível de produção aumentar de 10 para 11:


𝐶(10) = 0,5 * 102 + 2 * 10 + 20 → 𝐶(10) = 90
𝐶(11) = 0,5 * 112 + 2 * 11 + 20 → 𝐶(11) = 102,5

Custo adicional: 𝐶(11) – 𝐶(10) = 102,5 – 90 = 12,50 reais

c) Calcule o custo marginal para q = 10:

𝐶’(10) = 10 + 2 → que corresponde a 12 reais.

Observe que R$ 12,00 está muito próximo do valor R$ 12,50 (custo adicional para produzir uma
unidade a mais).

3.2.2 Função Receita

Da mesma forma que no custo, a receita marginal em relação à demanda é a derivada da receita
total em relação a 𝑥.

Exemplo 3.6:
Considere a função receita 𝑅 = −2𝑥 2 + 30𝑥, onde 𝑅 é a receita e x é o número de unidades.
a) Determine a função receita marginal:
𝑅 ′ = −2. 2. 𝑥 2−1 + 30 . 1 . 𝑥 1−1
𝑅′ = −4𝑥 + 30

b) Calcule a receita marginal para 𝑥 = 5:


𝑅 ′ = −4. 5 + 30
𝑅′ = −20 + 30
𝑅′ = 10
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Exercícios

1) O custo para produzir q unidades é 𝐶(𝑞) = 0,05𝑞 2 + 0,04𝑞 + 200 reais, sendo a produção diária igual
a 100 unidades.
a) Calcule o custo adicional quando o nível de produção aumentar de 100 para 101 unidades.
b) Calcule o custo marginal para 𝑞 = 100. Interprete.

2) Sendo a função receita 𝑅(𝑞) = 100𝑞 − 2,5𝑞 2 , onde q é a quantidade e p o preço, determine:
a) A função receita marginal
b) A receita marginal para q = 10 unidades. Interprete.

3) Seja 𝐶(𝑞) = 500 + 5𝑞 + 0,02𝑞 2 a função custo total associada à produção de aparelhos de som,
sendo q a quantidade produzida. Determine:
a) A função custo marginal.
b) O custo marginal para q = 100.

Respostas
1) a) R$ 10,09 b) R$10,04
2) a) 𝑅′(𝑞) = 100 − 5𝑞 b) 50
3) a) 𝐶′(𝑞) = 5 + 0,04𝑞 b) 9

3.2.3 Otimização

Nos problemas de otimização vamos determinar os valores máximos ou mínimos.

Exemplo 3.7: Uma empresa determinou que a receita total (em dólares) para um produto pode ser
modelada por 𝑅(𝑞) = −𝑥 3 + 450𝑥 2 + 52.500𝑥, em que x é o número de unidades produzidas (e
vendidas). Qual o nível de produção que gera receita máxima?

𝑅(𝑥) = −𝑥 3 + 450𝑥 2 + 52.500𝑥


𝑅 ′ (𝑥) = −1. 3. 𝑥 3−1 + 450 . 2 . 𝑥 2−1 + 52.500 . 1 . 𝑥 1−1
𝑅 ′ (𝑥) = −3𝑥 2 + 900𝑥 + 52.500
−3𝑥 2 + 900𝑥 + 52.500 = 0

Resolver a equação do segundo grau e encontramos:

x1 = - 50 e x2 = 350

Portanto a receita máxima corresponde ao nível de produção de 350 unidades.

Exemplo 3.8: O custo por unidade para produzir um determinado produto é modelado pela função
𝐶(𝑞) = 100 + 30𝑞, em que q é o número de unidades produzidas (e vendidas). A função demanda é 𝑝 =
90 − 𝑞. Determine o preço por unidade que produz o lucro máximo.

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𝑅(𝑞) = (90 − 𝑞). 𝑞
𝑅 (𝑞) = 90𝑞 − 𝑞 2
𝐿 (𝑞) = 90𝑞 − 𝑞 2 − ( 100 + 30𝑞)
𝐿 (𝑞) = 90𝑞 − 𝑞 2 − 100 − 30𝑞
𝐿 (𝑞) = −𝑞 2 − 60𝑞 − 100
𝐿′ (𝑞) = −2𝑞 2−1 + 60. 1 . 𝑞1−1 − 0
𝐿 ′(𝑞) = −2𝑞 + 60
−2𝑞 + 60 = 0
𝑞 = 30

𝑝 = 90 − 30
𝑝 = $ 60

Exercícios

1) Uma commodity tem sua função de demanda modela por 𝑝 = 100 − 0,5𝑥 e sua função custo total é
modelada por 𝐶(𝑥) = 40𝑥 + 37,5. Qual o preço que produz lucro máximo?

2) Uma empresa estima que o custo (em dólares) para produzir x unidades de um produto pode ser
modelado por 𝐶(𝑥) = 800 + 0,04𝑥 − 0,0002𝑥 2 . Determine o nível de produção que minimiza o custo por
unidade.

3) Uma indústria fabrica peças de bicicletas, tendo uma função custo total representada pela equação
𝐶(𝑥) = 𝑥 3 + 5𝑥 2 − 5𝑥, onde x representa a quantidade. Determine:
a) O custo adicional quando o nível de produção aumentar de 15 para 16.
b) O custo marginal para x = 15. Interprete.

4) Em uma fábrica de ventiladores, o preço de um tipo de ventilador é dado por 𝑝 = −2𝑞 + 800.
Determine:
a) A função receita.
b) A função receita marginal.
c) A receita marginal ao nível de q = 100.

5) Determine o número máximo de unidades q que produz receita máxima:


a) 𝑅(𝑞) = 800𝑞 − 0,2𝑞 2
b) 𝑅(𝑞) = 400𝑞 − 𝑞 2

Respostas
1) $70 2) 100 unidades,
3) a) 871 b) 820
4) a) 𝑅(𝑞) = −2𝑞 2 + 800𝑞 b) 𝑅′(𝑞) = −4𝑞 + 800 c) 𝑅′(100) = 400
5) a) 2.000 unidades b) 200 unidades

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