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Princípios da

Agricultura
de Precisão

Prof. Alexandre Dias Gomes


Prof. Bruno Marcos Nunes Cosmo
Prof. Flávio Antônio Zagotta Vital
Prof.ª Mara Lúcia Cruz de Souza Guimarães

Indaial – 2023
1a Edição
Elaboração:
Prof. Alexandre Dias Gomes
Prof. Bruno Marcos Nunes Cosmo
Prof. Flávio Antônio Zagotta Vital
Prof.ª Mara Lúcia Cruz de Souza Guimarães

Copyright © UNIASSELVI 2023

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.


Núcleo de Educação a Distância. GOMES, Alexandre Dias.

Princípios da Agricultura de Precisão. Alexandre Dias Gomes; Bruno


Marcos Nunes Cosmo; Flávio Antônio Zagotta Vital; Mara Lúcia Cruz de Souza
Guimarães. Indaial - SC: Arqué, 2023.

196p.

ISBN XXX-XX-XXX-XXXX-X

“Graduação - EaD”.
1. Princípios 2. Agricultura 3. Precisão

CDD 630
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
A agricultura é um setor produtivo que se encontra em constante evolução e
aperfeiçoamento tecnológico, se distanciando cada vez mais de uma perspectiva sim-
plória e tradicional, indo ao encontro de um modelo de organização automatizada. O au-
mento da eficiência da cadeia produtiva no setor agrícola está intimamente relacionado à
incorporação de recursos ligados à informática, ao sistema de gestão integrada, às tec-
nologias em geoprocessamento, aos sistemas de posicionamento global e aos demais
artifícios tecnológicos que facilitam a administração da empresa rural como um todo.

As tecnologias ligadas à informatização das propriedades rurais vêm ganhando cada


vez mais adeptos, pois elas fornecem um maior controle dos meios produtivos ao proprietário,
tornando visíveis elementos desde a entrada de insumos até o escoamento da produção, por
exemplo. O detalhamento e zoneamento da empresa rural, proporcionado pela agricultura de
precisão, permite o reconhecimento da propriedade, composta, muita das vezes, por inúmeras
parcelas de configuração heterogênea, que requerem um manejo específico e direcionado.

Contudo, para compreender o cenário tecnológico agrícola atual, precisamos ter


conhecimento dos eventos históricos evolutivos, os quais nos explicam a incorporação de
maquinário e tecnologia no setor rural. Um evento significativo na incorporação de tecno-
logia agrícola ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1950 e 1960. Nes-
se período, as indústrias bélicas foram rearranjadas, em parte, para produções diversas,
dentre elas a cadeia produtiva de alimentos, o que incluía produção de maquinários como
tratores, colheitadeiras, esteiras de transporte, os quais eram direcionados ao campo.

Paralelamente a esse panorama, o governo brasileiro investiu em subsídios e me-


didas que favoreciam a aquisição de insumos agrícolas, como uma estratégia de estimular
o aumento de produtividade e expandir as fronteiras agrícolas. Entretanto, essa modifica-
ção do panorama agrícola do Brasil só seria possível mediante a incorporação de estra-
tégias tecnológicas na cadeia produtiva. Isso fez com que se aumentasse a demanda por
tratores, inicialmente, e por operadores capacitados ao manuseio do maquinário agrícola,
os quais seriam fundamentais para o impulsionamento tecnológico nacional.

Desde as primeiras medidas de incentivo de modernização agrícola até o cenário


agrícola contemporâneo, a mecanização agrícola se vinculou aos avanços tecnológicos
computacionais, o que permitiu uma maior facilidade nas amostragens de dados, referen-
tes aos mais variados aspectos do imóvel rural, em sistemas de gerenciamento agrícolas
que consideram as discrepâncias temporais e dimensionais da propriedade. E esse gran-
de volume de dados disponíveis permitiu um adiantamento na tomada de decisões, seja
no manuseio da lavoura ou escoamento da produção, otimizando todo o ciclo produtivo.

Na Unidade 1, abordaremos os aspectos fundamentais que caracterizam o


cenário do agronegócio brasileiro, abordando o panorama comparativo entre agricultura
tradicional e agricultura de precisão. Iremos também compreender como analisar
a variabilidade espacial agrícola, considerando as características edafoclimáticas
peculiares de cada subárea que compõe a propriedade, as quais requerem formas de
manejo específicas. Identificaremos quais são as características fundamentais e as
vantagens da utilização da agricultura de precisão, em empresas rurais. Discutiremos
sobre o surgimento e evolução da agricultura de precisão, deste a sua iniciação de
utilização na Alemanha, na década de 1990, acompanhando a sua expansão pelas
lavouras mundialmente, bem como a sua incorporação nos meios produtivos agrícolas
do Brasil. Por fim, explanaremos como os insumos agrícolas podem ser manuseados
e aplicados através da agricultura de precisão, otimizados devido ao planejamento
proporcionado pela confecção mapas e zonas de manejo.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos o impacto da incorporação dos


Sistemas de Navegação Global por Satélites (GNSS) na cadeia produtora agrícola,
o qual permitiu economizar custos, reduzir o impacto ambiental e potencializar a
produtividade. Em adição, veremos como a associação de máquinas agrícolas e
sensores de posicionamento (GPS) propiciou a aplicação localizada e em dosagens
variáveis de insumos agrícolas. Abordaremos as características e conceituação dos
Sistemas de Informação Geográfica (SIG), os quais são hardwares e softwares capazes
de manusear dados georreferenciados, usados na confecção de gráficos e mapas de
manejo agrícola, ambos fundamentados em princípios de geoestatística. Finalizaremos
esta unidade com a abordagem às características dos Veículos Aéreos Não Tripulados
(VANTS) (conhecidos popularmente como “drones”), os quais vem sendo integrados a
princípios de agricultura de precisão, principalmente relacionados à análise e diagnose
aérea e mapeamento das empresas agrícolas.

Finalmente, na Unidade 3, aprenderemos como o monitoramento constante das


atividades agrárias produtivas, proporcionado por métodos e aplicações de agricultura de
precisão, permitem ao produtor a otimização das estratégias globais de manejo. Identifi-
caremos como sensores são aplicados à agricultura para realizar análise da similaridade
e na definição de zonas de manejo, seja em uma cultura anual, semiperene ou perene,
os quais irão auxiliar na intervenção específica em campo. Finalizaremos esta unidade
caracterizando os sensores direcionados ao setor agrícola, bem como o maquinário auto-
matizado que vem sendo empregado aos princípios de agricultura de precisão.

Estejam instigados a desvendar a nova perspectiva agrícola vigente, onde a


tecnologia e a análise de dados são os elementos auxiliares do produtor rural, os quais
otimizam todos os aspectos da cadeia produtiva do setor agrícola.

Desejamos a vocês bons estudos.

Prof. Alexandre Dias Gomes


Prof. Bruno Marcos Nunes Cosmo
Prof. Flávio Antônio Zagotta Vital
Prof.ª Mara Lúcia Cruz de Souza Guimarães
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Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À AGRICULTURA DE PRECISÃO................................................ 1

TÓPICO 1 - CONCEITOS INICIAIS EM AGRICULTURA DE PRECISÃO...................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 AGRONEGÓCIO BRASILEIRO ..............................................................................................5
3 VARIABILIDADE AGRÍCOLA ESPACIAL ............................................................................. 7
4 CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO......................................................9
5 VANTAGENS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO................................................................ 13
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................... 16
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 17

TÓPICO 2 - HISTÓRICO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO................................................. 19


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 19
2 ORIGEM DA AGRICULTURA DE PRECISÃO...................................................................... 20
3 AGRICULTURA DE PRECISÃO NO MUNDO....................................................................... 22
4 AGRICULTURA DE PRECISÃO NO BRASIL....................................................................... 24
5 PERSPECTIVAS FUTURAS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO........................................ 26
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 30
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 31

TÓPICO 3 - APLICAÇÕES DA AGRICULTURA DE PRECISÃO............................................. 33


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 33
2 INSUMOS APLICADOS VIA AGRICULTURA DE PRECISÃO.............................................. 34
3 MAPAS GERADOS PELA AGRICULTURA DE PRECISÃO................................................. 36
4 ZONAS DE MANEJO.......................................................................................................... 39
5 PLANEJAMENTO AGRÍCOLA............................................................................................ 42
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 46
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 50
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 53

UNIDADE 2 — SISTEMAS DE NAVEGAÇÃO E INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA.......................59

TÓPICO 1 — SISTEMAS DE NAVEGAÇÃO GLOBAL POR SATÉLITES (GNSS)...................... 61


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 61
2 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DOS GNSS................................................................... 61
2.1 SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL (GPS)...........................................................................64
2.1.1 Métodos de Posicionamento e Representação....................................................................71
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................... 77
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................78

TÓPICO 2 - SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG) E ANÁLISE ESPACIAL


DE DADOS.......................................................................................................... 81
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 81
2 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DOS SIG...................................................................... 81
2.1 INTRODUÇÃO AO GEOPROCESSAMENTO......................................................................................86
2.2 COLETA, TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS............................................................................89
2.3 ANÁLISE EXPLORATÓRIA DOS DADOS.......................................................................................... 91
2.4 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS........................................................................................93
2.5 AMOSTRAGENS GEORREFERENCIADAS.......................................................................................95
2.6 GEOESTATÍSTICA.................................................................................................................................99
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................103
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 104

TÓPICO 3 - VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS (VANT) NA AGRICULTURA


DE PRECISÃO..................................................................................................107
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................107
2 CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES DOS VANT.....................................107
3 HISTÓRICO DOS VANT.....................................................................................................109
3.1 TIPOS DE VANT....................................................................................................................................112
4 ETAPAS PARA APLICAÇÃO DE VANTS NA AGRICULTURA DE PRECISÃO.................... 114
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................ 116
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................ 121
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................122

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................125

UNIDADE 3 — APLICAÇÕES DA AGRICULTURA DE PRECISÃO........................................ 131

TÓPICO 1 — MONITORAMENTO DAS LAVOURAS...............................................................133


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................133
2 MONITORAMENTO DAS LAVOURAS...............................................................................133
2.1 MONITORAMENTO DE VARIABILIDADES.......................................................................................134
2.2 FERRAMENTAS E PRODUTOS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO...........................................140
2.3 AGRICULTURA DE PRECISÃO EM CULTURAS ANUAIS............................................................. 143
2.4 AGRICULTURA DE PRECISÃO EM CULTURAS SEMIPERENES E PERENES.........................146
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................148
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................149

TÓPICO 2 - SENSORES....................................................................................................... 151


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 151
2 SENSORES....................................................................................................................... 151
2.1 SENSORES NA AGRICULTURA..........................................................................................................151
2.2 INTRODUÇÃO AO SENSORIAMENTO REMOTO............................................................................ 153
2.3 TIPOS DE SENSORES........................................................................................................................ 156
2.4 ROBÓTICA NA AGRICULTURA DE PRECISÃO..............................................................................158
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................162
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................163

TÓPICO 3 - SISTEMAS DE ORIENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO EM MÁQUINAS.......................165


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................165
2 SISTEMAS DE ORIENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO EM MÁQUINAS........................................165
2.1 AUTOMAÇÃO AGRÍCOLA................................................................................................................... 166
2.2 TECNOLOGIA EMBARCADA EM MÁQUINAS E IMPLEMENTOS................................................. 171
2.3 SISTEMAS DE DIREÇÃO AUTOMÁTICA..........................................................................................176
2.4 APLICAÇÃO EM TAXA VARIÁVEL....................................................................................................180
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................186
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................190
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 191

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................193
UNIDADE 1 -

INTRODUÇÃO À
AGRICULTURA DE PRECISÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar os eventos que deram início ao surgimento da agricultura de precisão,


bem como as suas principais formas de utilização e aplicação;

• diferenciar as características da agricultura convencional e da agricultura de


precisão, abordando os principais sistemas de obtenção de dados utilizados na
agricultura de precisão;

• descrever a aceitação e implantação da Agricultura de Precisão no cenário mundial,


bem como sua incorporação no setor agrário do Brasil;

• discutir e definir a agricultura de precisão, bem como as vantagens da sua utilização


no mapeamento da variabilidade espacial e elaboração de zonas de manejo;

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – CONCEITOS INICIAIS EM AGRICULTURA DE PRECISÃO

TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – HISTÓRICO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO

TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – APLICAÇÕES DA AGRICULTURA DE PRECISÃO

CHAMADA
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1
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A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
CONCEITOS INICIAIS EM
AGRICULTURA DE PRECISÃO

1 INTRODUÇÃO
A agricultura adotada no Brasil passou por uma grande modificação estrutural na
década de 1960, onde o modelo de produção tradicional foi gradativamente modificado
para um modelo de propriedade rural industrializada, extremamente dependente dos
insumos oriundos de outros setores industriais, tais como fertilizantes, defensivos
agrícolas e maquinário de produção e colheita, por exemplo (SAIZ-RUBIO; ROVIRA-MÁS,
2020; TAVARES, 2021a, 2021b).

Esta alteração da configuração estrutural dos imóveis agrários produtivos iniciou


um processo de especialização das atividades agrícolas, pois a cadeia produtiva rural
perdeu o caráter autossuficiente, levando as propriedades a dependerem de insumos
e serviços extremamente essenciais, os quais elas já não são capazes de produzir por
conta própria (ALVES et al., 2023; ARAÚJO, 2005; TAVARES, 2021a).

Quando mencionamos o aspecto “interdependência”, podemos concluir que


o novo modelo agrícola está situado simultaneamente em dois setores econômicos,
o setor primário, correspondente à agricultura, e também o setor secundário,
correspondente aos insumos produzidos pela indústria e necessários à cadeia
produtiva das novas propriedades rurais (ARAÚJO, 2005; KERNECKER et al., 2020). O
aspecto interdependente das propriedades rurais modernas entrelaça diversos setores,
principalmente o de insumos, o financeiro e o político-econômico, refletindo a elevada
complexidade de execução das suas atividades (SOARES, 2023).

A implantação de metodologias de manejo, fundamentadas nos princípios de agri-


cultura de precisão, vem sendo facilitada por medidas governamentais recorrentes de in-
centivo ao setor agrícola, permitindo a estruturação cada vez mais tecnológica da produção,
para atender aos mercados interno e externo, sendo este último responsável por contribuir
com o saldo positivo da balança comercial brasileira (ALVES et al., 2023; ARAÚJO, 2005).

Aliado a ações governamentais, o aumento de investimentos de instituições


financeiras privadas, vem permitindo que o proprietário rural obtenha subsídios
financeiros para a implantação de tecnologia na atividade agrícola (YARASHYNSKAYA;
PRUS, 2022).

É importante ter noção da dimensão global do mercado do agronegó-


cio para entender a contribuição que o Brasil pode oferecer. O mercado
global da agricultura de precisão, baseada em informações temporais

3
e espaciais, associadas à tecnologia para melhorar a produção agrí-
cola, faturou US$ 7 bilhões em 2021, e deve alcançar US$ 12,8 bilhões
até 2025, com previsão de alta de quase 83%. Portanto, teoricamente,
nota-se que a sustentabilidade ambiental tende a ganhar mais espaço
na consciência dos agricultores, visto que a tecnologia disponível ao
setor começa a ser utilizada para analisar e atender à necessidade por
alimentos das gerações atuais e futuras sem comprometer a saúde
dos ecossistemas no entorno (SOARES, 2023, p. 42).

Podemos notar que o panorama vigente das instituições rurais de produção e do


setor agropecuário se tornaram extremamente complexos, o que faz que seja necessário
a adoção de sistemas precisos de gerenciamento agrícola que levam em consideração a
variabilidade espacial e temporal da propriedade, com zoneamentos precisos, caracteri-
zando a Agricultura de Precisão (SANTOS et al., 2003; ZHANG; WANG; WANG, 2002).

Tais sistemas de gerenciamento agrícola utilizam de ferramentas tecnológicas


para otimizar o processo de obtenção de dados referentes a propriedades rurais, tais
como: (1) análise físico-química do solo; (2) necessidades nutricionais da lavoura; (3)
táticas de controle de pragas e doenças; (4) processo de colheita e beneficiamento
da produção; dentre outros (BORGES; NASCIMENTO; MORGADO, 2022). A rapidez na
obtenção de dados, proporcionada pela agricultura de precisão, amplia a capacidade
de gestão do setor agrícola, sistematizando todo o processo, permitindo uma expansão
das suas atividades e lucros, consequentemente (FINKLER, 2018).

O marco inicial para a Agricultura de Precisão foi a adoção de dados captados
por satélites, aos quais interconectava o Sistema de Informações Geográficas (SIG) ao
Sistema de Posicionamento Global (GPS) acoplado em tratores, no início da década de
1990 (LOWENBERG-DEBOER; ERICKSON, 2019; SCHIMMELPFENNIG, 2016; TAVARES,
2021b). Os receptores de localização espacial dos tratores, os GPS, tornaram capazes
a direção automatizada com base nas coordenadas em campo, reduzindo os erros
e desvios de direção por parte dos motoristas, otimizando o tempo de execução das
atividades rurais (ELIAS, 2021).

A Agricultura de Precisão envolve a aplicação diferenciada e à medida


dos fatores de produção, tendo em conta a variação espacial e tempo-
ral do potencial produtivo do meio e das necessidades específicas das
culturas, de forma a aumentar a sua eficiência de utilização e, assim,
melhorar o rendimento econômico e reduzir os impactos ambientais das
atividades agrícolas [...] O aparecimento de novas tecnologias, como o
GPS (Sistema de Posicionamento Global) e os SIG (Sistemas de Infor-
mação Geográfica), e a evolução registrada nos seus custos, permitiram
pensar na possibilidade, não só operacional mas também econômica,
de alcançar precisão em larga escala, sem perder a eficiência que havia
sido alcançada com o advento da mecanização, assim, tornou-se pos-
sível novamente considerar cada pequena área ou parcela de terreno
como uma unidade independente (COELHO; SILVA, 2009, p. 4-5).

Partindo desta contextualização inicial sobre a agricultura de precisão, iremos


abordar neste tema de aprendizagem o surgimento da Agricultura de Precisão no mundo
e como ela foi incorporada pelo sistema de produção agrícola no Brasil, caracterizando

4
os aspectos conceituais do agronegócio brasileiro. Além disso, será abordado quais as
perspectivas futuras da Agricultura de Precisão com o advento da modernização das
tecnologias de gestão e obtenção de dados.

2 AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
O agronegócio vigente no Brasil é caracterizado como um setor heterogêneo,
pois combina duas situações antagônicas: a tradição da agricultura convencional,
basicamente braçal; e a inovação tecnológica científica, fundamentada em um modelo
agrícola focado no mercado globalizado de exportação (MOLIN; AMARAL; COLAÇO,
2015; SOARES, 2023).

A adoção de novas tecnologias agrícolas e insumos industrializados otimizaram


o processo de produção, porém, com elevação do custo final dos produtos, se fazendo
necessário um maior controle de cada etapa de produção para garantir a eficiência, a
segurança alimentar, e a competividade de preços (BORGES; NASCIMENTO; MORGADO,
2022). A combinação destes fatores culminou com a criação de um elo de dependência
entre a empresa agrícola e o setor industrial (CUNHA, 2019).

O agronegócio abrange um conjunto de atividades que se realizam


de forma totalmente interligada. A agropecuária se dá conectada a
indústrias (agroindústrias, de máquinas agrícolas, de agrotóxicos,
de sementes transgênicas), serviços (centros de pesquisa e
experimentação, aviação agrícola, informatização dos processos
de produção), comércio especializado no consumo produtivo do
agronegócio (ração, implementos agrícolas, fertilizantes), agentes
financeiros (bancos, bolsa de valores, fundos de investimento),
armazenamento, marketing, logística e distribuição, especialmente,
em supermercados (ELIAS, 2021, p. 5).

As características do agronegócio brasileiro se compõe de um modelo neoliberal,


economicamente concentrador e destinado ao mercado internacional, principalmente,
onde são adotados pacotes tecnológicos intensivos em capital e tecnologia (ELIAS,
2021; TAVARES, 2021a). As commodities exportadas são a soja, açúcar, café e suco de
laranja, as quais o Brasil ocupa o lugar de maior exportador mundial (TAVARES, 2021a).
Produtos como soja, milho, carnes, produtos de origem florestal e o café representaram
79% das exportações totais do agronegócio brasileiro (TAVARES, 2021a).

Vale ressaltar que essa balança comercial está intimamente relacionada à


parceria econômica com países do Sudeste Asiático, tais como China, Hong Kong e
Macau, na qual são os maiores importadores de produtos oriundos dos campos brasileiros,
seguidos da União Europeia, Estados Unidos e Rússia (TAVARES, 2021c). O setor agrícola
engloba o montante de 30% de toda a riqueza nacional, onde as exportações somaram
um total de US$ 159,09 bilhões em 2022, com alta de 32% em relação ao ano anterior
(ALVES et al., 2023).

5
Devemos ter em mente que esses elevados índices do agronegócio brasileiro
só se tornam possíveis graças à produção em grandes áreas, associadas ao uso de alta
tecnologia ao longo de todo o processo produtivo, que se estende desde a compra de
insumos até a distribuição final de bens de consumos, produtos, subprodutos e também
de resíduos da produção que possam vir a ter valor econômico relativos a alimentos,
fibras naturais e bioenergia (ALVES et al., 2023). A gestão eficiente da produção é um
elemento chave do agronegócio de ponta do Brasil, o qual é intimamente dependente
da agricultura de precisão.

O panorama do agronegócio das regiões brasileiras não é homogêneo, onde


as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste se destacam em volume de produção, porém,
cada uma destas com as suas peculiaridades. Na região Centro-Oeste predominam as
commodities, geridas por grandes produtores, os quais produzem através do sistema de
alta tecnologia destinadas à exportação, com o destaque da produção de algodão, soja
e cana-de-açúcar (TAVARES, 2021a).

O Sudeste tem a sua produção como o uso de tecnologia tradicional e empresarial,


com pequenos e médios produtores, com o destino da produção dividida em mercado
externo e mercado interno, com destaque da produção de cana-de-açúcar, café, milho,
horticulturas e vegetais (TAVARES, 2021a, 2021c).

No Sul a produção está sob o sistema tecnológico tradicional e profissional, atra-


vés de pequenos e médios produtores, com destaque da produção de soja, milho, arroz
e trigo, divididos para o consumo do mercado interno e exportação (TAVARES, 2021a).

Já o Nordeste foi a primeira do território brasileiro a ser agricultável, e,


atualmente, possui padrões muito variados, seja quanto às culturas desenvolvidas ou
quanto ao nível tecnológico empregado, com destaque para a cana-de-açúcar como o
principal produto, concentrada em Alagoas, Pernambuco e Paraíba, além de algodão,
soja, milho, tabaco e frutas tropicais, muitas destas desenvolvidas na Bahia (CASTRO,
2012; SILVEROL, 2020).

Por fim, a Região Norte apresenta a agricultura especializada ainda em estágio


incipiente, dando indícios de adoção de tecnologias aplicadas ao agronegócio a partir dos
anos 2000, principalmente, relacionado à produção de frutas tropicais, as quais são mais
adaptadas às condições edafoclimáticas desta região (SILVEROL, 2020; TAVARES, 2021b).

A produção e exportação de frutas tropicais, produzidas no Brasil, foi alavancada


devido à adoção de tecnologias relacionadas a colheita e ao transporte até o consumidor
final, os quais necessitam de um controle constante da climatização das câmaras de
acondicionamento para garantir a menor deterioração possível dos frutos (SANTOS
et al., 2018). O setor produtivo de frutas tropicais em solo brasileiro ocupa o posto de
terceiro maior produtor de frutas frescas do mundo, ficando atrás apenas da China e
Índia (SANTOS et al., 2018; SILVEROL, 2020; SOARES, 2023).

6
A laranja se destaca como a principal fruta produzida e exportada pelo Brasil,
principalmente em regiões de São Paulo e Minas Gerais, em regiões do Sudeste e
Triângulo Mineiro, totalizando 38% da produção mundial (ERPEN et al., 2018; TAVARES,
2021a). A produção da laranja no Brasil está relacionada a cerca de 50% da produção
mundial de suco de laranja, através de um sistema altamente mecanizado, o qual 98%
da produção é exportada (ERPEN et al., 2018). Outras frutas, tais como banana, mamões
frescos, mangas e melões têm tido o seu valor de exportação crescente, as quais são
produzidas principalmente nos estados São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina,
Pará, Ceará e Pernambuco (SANTOS et al., 2018; TAVARES, 2021a).

3 VARIABILIDADE AGRÍCOLA ESPACIAL


As tecnologias e práticas administrativas envolvidas na Agricultura de Precisão
permitem uma coleta de dados e informações sobre as áreas das propriedades rurais,
considerando a sua variabilidade espacial e temporal (CARNEIRO et al., 2016; COSCOLIN,
2021a; SCHIMMELPFENNIG, 2016). Mas quais são os dados processados pelos méto-
dos tecnológicos utilizados na agricultura de precisão? ­— São todas as características
inerentes às propriedades e também às atividades produtivas implantadas nelas, tais
como: propriedades físicas e químicas dos solos; aspectos climáticos locais e regionais;
incidência de pragas e doenças; levantamento de plantas invasoras; além de dados
referentes sobre produção e comercialização das culturas desenvolvidas (SANTI et al.,
2013; SCHIMMELPFENNIG, 2016).

Podemos ver que as estratégias da Agricultura de Precisão utilizadas ao


longo de todo o ciclo produtivo e administrativo, geram perfis das zonas agrícolas das
propriedades, com todas as suas peculiaridades, facilitando a compreensão e tomada
de decisão específica para cada zona (COSCOLIN, 2021a; PETILIO et al., 2007).

O ponto de partida da Agricultura de Precisão demanda a identificação da


variabilidade espacial existente na área a ser trabalhada (MOLIN; AMARAL; COLAÇO,
2015), sendo o mapeamento o princípio básico utilizado através do uso do sistema de
posicionamento global (GPS), os quais são acoplados nos mais diversos instrumentos
de operações agrícolas, por meio de um sistema de navegação preciso (NICOLETTI et al.,
2023; SANTI et al., 2013; SCHIMMELPFENNIG, 2016).

O uso do GPS permite que o acesso a informações georreferenciadas dentro do


campo possa diminuir os custos e a utilização de insumos, aumentando, consequen-
temente, os rendimentos (Figura 1). A possibilidade de se coletar dados ininterrupta-
mente, faz com que os mapas sejam uma importante ferramenta de análise espacial
das propriedades, fornecendo um histórico completo de uso de uma dada área, além de
mensurar os impactos das práticas agrícolas no meio ambiente, podendo avaliar a eficá-
cia das estratégias de manejo adotadas (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015; SAIZ-RUBIO;
ROVIRA-MÁS, 2020).

7
Figura 1 – Esquema ilustrativo de mapas gerados pela Agricultura de Precisão que demarcam as áreas das
propriedades através da produtividade

Fonte: adaptado de Santi et al. (2013)

As atividades agrícolas requerem conhecimento da variedade espacial das áreas


por meio da agricultura de precisão, subdividido em pequenas frações homogêneas
para que se alcance o máximo de rendimento de acordo com as potencialidades,
visando aumentar a capacidade gerencial das empresas rurais (COSCOLIN, 2021b;
REGHINI; CAVICHIOLI, 2020). O volume de informações coletadas é muito grande, as
quais variam tanto na escala espacial quanto temporal (REGHINI; CAVICHIOLI, 2020;
SCHIMMELPFENNIG, 2016).

A análise espacial adotada na agricultura de precisão, geralmente, faz a


utilização dos SIG (Sistemas de Informações Geográficas), os quais podem ser definidos
como conjunto de programas, equipamentos, metodologias, dados e operadores, que
trabalham de forma integrada, permitindo a coleta, o armazenamento, o processamento
e a análise de dados georreferenciados, além da sua aplicação (COELHO, 2005).

Outro benefício proporcionado pela metodologia integrada dos SIG é a facilitação


da utilização de mapas, simplificando a realização das análises práticas e objetivas
(COELHO, 2005; REGHINI; CAVICHIOLI, 2020), buscando representar e equilibrar
minimamente a variabilidade espacial (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

Vários métodos têm sido recomendados e utilizados para identificar, caracterizar


e entender a variabilidade espacial das culturas em uma determinada área, incluindo:
monitor de colheita, mapa de solos, fotografia aérea, amostragem sistematizada de solos
(malha e topossequência), sensores eletrônicos e sensoriamento remoto. A elaboração
de um mapa de colheita define a variabilidade espacial da produção de uma cultura no

8
campo, mas não explica a variabilidade observada. Assim, os dados de desempenho da
cultura no campo devem ser associados com outras informações, para o entendimento
das causas da variação observada (COELHO, 2005, p. 21).

A utilização do SIG na geração de informações e na tomada de decisão em


manejo requer a execução de cinco etapas ordenadas e complementares, as quais são
interdependentes (COELHO, 2005; MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015):

• Etapa 1 – compreende todas as atividades executadas na amostragem de solo ou


o plantio de determinada cultura. Recomenda-se a divisão da área da propriedade
rural em pequenos talhões, chamados de grids, os quais são definidos de acordo
com a homogeneidade de características.
• Etapa 2 – a partir da primeira etapa, muitas informações são conhecidas, como
as características físico-químicas dos solos, produtividades das culturas, dentre
outras. Esses dados podem ser coletados através do processo manual (caderneta
de campo) e a utilização de equipamentos auxiliares (amostradores automatizados
de solos, sistema de sensoriamento remoto, GPS, radares climáticos, fotogrametria).
• Etapa 3 – as informações são agrupadas e organizadas de maneira a interagirem
entre si, com maior transparência e objetividade possível, através de programas
computacionais estatísticos, especializados na análise multivariada.
• Etapa 4 – processamento de análises descritas na etapa anterior, podendo fornecer
mapas com dados de produtividade, mapas de características de solo, mapas de
infestações de ervas daninhas, doenças e pragas, relatórios climáticos ou demais
dados, de acordo com a necessidade da propriedade rural.
• Etapa 5 – completa-se o ciclo com todos os profissionais envolvidos na tomada de
decisão e encarregados da execução das atividades, os quais podem ser agrônomos,
engenheiros agrícolas, administradores rurais, proprietários de terras, operadores
de implementos agrícolas, dentre outros.

Alguns especialistas em metodologias de Agricultura de Precisão advertem sobre


o grande volume de dados coletados simultaneamente, o que pode resultar na ocorrên-
cia de erros de processamento. Os erros mais comuns encontrados se referem a falhas
grosseiras de posicionamento dos implementos, principalmente, na distância estatistica-
mente nula entre pontos, os quais irão dificultar na plotagem de pontos necessários para
a confecção dos mapas de análise espacial (NUNES et al., 2018; SANTI et al., 2013).

4 CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO


A Agricultura de Precisão está fortemente vinculada às ferramentas de
georreferenciamento de dados nas lavouras, envolvendo GPS e SIG, os quais permitem
analisar a propriedades rurais com o seu nível de detalhamento inerente, considerando
a variabilidade intrínseca de cada subdivisão territorial (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015;
NEMÉNYI et al., 2003; SILVA et al., 2017).

9
Como vimos anteriormente, o uso de ferramentas na Agricultura de
Precisão permite encontrar formas exatas de gestão e tomada de decisão para a
heterogeneidade das lavouras, que variam em escala temporal e espacial (COELHO,
2005; MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015; SCHIMMELPFENNIG, 2016).

Os principais componentes do sistema da Agricultura de Precisão


devem associar as medidas e compreensão da variabilidade. Poste-
riormente, o sistema deve usar a informação para manejar a variabi-
lidade, associando a aplicação de insumos (fertilizantes, sementes,
defensivos agrícolas, dentre outros) usando o conceito de manejo
localizado e as máquinas e equipamentos para a correta aplicação
dos diferentes insumos a serem manejados. Além disso, esse siste-
ma deve recordar a eficiência das práticas, com a finalidade de avaliar
o seu valor para o agricultor (COELHO, 2005, p. 9).

As características básicas que envolvem a Agricultura de Precisão estão


correlacionadas com as etapas de utilização (BORGES; NASCIMENTO; MORGADO, 2022;
COELHO, 2005), as quais podemos citar:

• identificação da variabilidade espacial e temporal;


• caracterização da variabilidade;
• identificação dos principais fatores limitantes;
• desenvolvimento do plano de ação;
• manejo da variabilidade;
• avaliação econômica e ambiental.

A identificação da variabilidade espacial e temporal é a primeira característica a


ser trabalhada na Agricultura de Precisão (SCHIMMELPFENNIG, 2016; SILVA et al., 2017),
sendo estas variabilidades responsáveis pelos processos e propriedades que regulam
o desenvolvimento e desempenho das culturas no campo, podendo sofrer alteração
mediante ao espaço e também ao tempo (Figura 2).

Figura 2 – Mapa de Agricultura de Precisão correlacionando e evidenciando padrões de produtividade de


uma área agricultável

Fonte: adaptado de Neményi et al. (2003)

10
O levantamento dos aspectos variáveis da propriedade permite a separação
de zonas uniformes, onde práticas de manejo serão específicas para cada área. Os
fatores desencadeadores e que caracterizam a variabilidade podem ser classificados
em três categorias básicas (COELHO, 2005; MACHADO et al., 2018; MOLIN; AMARAL;
COLAÇO, 2015):

• Fatores fixos – aqueles que dificilmente são alterados (por exemplo: as


características físicas do solo, como textura e profundidade).
• Fatores persistentes – pertinazes, porém que podem ser alterados com práticas
de manejo (por exemplo: as características químicas e físicas do solo, como o pH,
nutrientes, densidade global, dentre outros).
• Fatores sazonais – aqueles fatores que sofrem alterações em intervalo de tempo
curto (como exemplo, podemos citar o clima e incidência de pragas e doenças).

A Agricultura de Precisão é uma ferramenta administrativa rigorosa, a qual


irá atuar manejando as variabilidades identificadas (espaciais e/ou temporais),
identificando os principais fatores limitantes, principalmente em glebas (porções de
terra com características semelhantes) da propriedade taxadas como improdutivas,
pois estas não recebiam o manejo adequado no sistema de agricultura tradicional
(TORIYAMA, 2020).

Os fatores limitantes mais comumente identificados em campo são: a topogra-


fia; granulometria e fertilidade do solo; microclima; e a disponibilidade hídrica (BORG-
ES; NASCIMENTO; MORGADO, 2022). Mediante a obtenção de informações dos fatores
limitantes e subsequente mapeamento das zonas de manejo (Figura 3), será possível
desenvolver planos de ação com estratégias de manejo específicas a cada região da
propriedade rural (MASSEY et al., 2008).

Figura 3 – Mapa topográfico criado com princípios de Agricultura de Precisão correlacionando declividade do
terreno (A) e produtividade da soja (B

11
Fonte: adaptado de Alba et al. (2011)

O manejo da variabilidade pode ser executado mediante a associação de


tecnologias da agricultura de precisão, as quais fornecem um elevado volume de dados
referentes a características do campo, com as práticas de manejo correlacionadas. Os
dados mais comuns obtidos pela Agricultura de Precisão são: propriedades físicas e
químicas dos solos; característica topográfica do terreno; aspectos climáticos; histórico
de incidência de pragas, doenças; principais plantas daninhas difundidas nas áreas;
e aspectos relacionados à produção e ao rendimento econômico (COSCOLIN, 2021b;
MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

Esses dados de campo são interpolados, analisados mediante programas


baseados em geoestatística e, por fim, representados graficamente através de mapas
(COELHO, 2005; MACHADO et al., 2018). Em posse dessas informações, o técnico
habilitado deverá fazer uma análise criteriosa para o entendimento das relações de
causa e efeito entre os fatores variáveis encontrados, e como estes interferem nas
culturas agrícolas.

ATENÇÃO
A aplicação da geoestatística na Agricultura de Precisão tem por objetivo
caracterizar a variabilidade espacial dos atributos do solo e das culturas,
estimando as interrelações desses atributos considerando a variabilidade
temporal e espacial de cada zona de manejo das propriedades. Os
modelos baseados no sistema de informações geográficas (SIG)
possibilita a fusão das informações de variabilidade temporal e espacial,
ampliando a capacidade de interpretação dos dados e auxiliando na
técnica de manejo a ser escolhida.

12
Além disso, deve-se também levar em consideração o impacto econômico e
social que a utilização da Agricultura de Precisão pode impor ao setor agrícola (ELIAS,
2021). Pequenos produtores com modelos agrícolas tradicionais, sem capacidade de
aquisição e implementação de tecnologias de ponta, podem se ver obrigados a abandonar
suas atividades produtivas, devido a incapacidade de competir com empresas agrícolas
de grande porte, as quais tem seu custo de produção reduzido pelo uso em larga escala
de modelos de Agricultura de Precisão (ALVES et al., 2023; SOARES, 2023).

A Agricultura de Precisão devasta o saber tradicional camponês e dos


médios produtores, ao mesmo tempo em que dificulta a atualização
de um importante setor de empresários agrícolas. O conhecimento
sobre as características do solo, cultivos, clima, fertilizantes, entre
outros, agora aparece cristalizado em mapas georreferenciados e
ajustados por cultivos e regiões, que oferecem ao operador e técnico
todo o conhecimento processado em múltiplas equações e possibi-
lidades de criar outras (equações). O conhecimento adquirido pela
experiência dá lugar ao conhecimento cristalizado em equipamentos
que, como qualquer mercadoria, não está ao alcance de todos, mas
apenas de quem tem poder aquisitivo (FOLADORI, 2022, p. 19).

A avaliação econômica e ambiental da Agricultura de Precisão irá considerar


a utilidade e o valor de execução do processo de intervenção (BRAMLEY; TRENGOVE,
2013; SILVA et al., 2017). A primeira analisará os benefícios agronômicos, expressos em
termos monetários da produção em relação aos custos técnicos e serviços executados,
quantificando a viabilidade financeira da obtenção dos dados e maquinários com o lucro
final obtido com a comercialização da produção (COELHO, 2005; MACHADO et al., 2018).

Já a segunda considerará se os métodos de Agricultura de Precisão poderão


potencializar a qualidade dos solos, da água e a sustentabilidade dos sistemas agrícolas
de produção (BOLFE et al., 2020; COELHO, 2005; NICOLETTI et al., 2023).

5 VANTAGENS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO


O modelo de agricultura vigente é extremamente competitivo e requer
alto padrão, onde os grandes objetivos são a comercialização na bolsa de valores e
a exportação, se fazendo necessário o aumento da eficiência do controle de toda a
linha de produção na propriedade rural. Nesse sentido, a Agricultura de Precisão é
vista como uma alternativa para se enxergar a propriedade em todos os seus aspectos
heterogêneos, cujas necessidades são peculiares para cada gleba mapeada.

Considerada como uma ferramenta que atua em três pontos da agri-


cultura geral, o uso da Agricultura de Precisão está ligado a solucionar
problemas de pelo menos um desses pontos: a produção, a adminis-
tração da propriedade e o meio ambiente. Quanto à produção, o foco
da Agricultura de Precisão é melhorar o processo de produção e con-
sequentemente, a eficiência da produção; quanto à administração da
propriedade, pode ser adotada como ferramenta de gestão, ajudando

13
na tomada e decisões. E por fim, quanto ao meio ambiente, seu uso
pode reduzir os danos causados e levar a uma produção com respon-
sabilidade ambiental (BORGES; NASCIMENTO; MORGADO, 2022, p. 73).

No passado, a administração de grandes propriedades rurais e latifúndios era


complexa devido à dificuldade em amostrar e levantar dados de todas as parcelas com-
ponentes da área, o que dificultava o plano de ação administrativo e produtivo (MULLA,
2013). Diante deste cenário, surge a agricultura de precisão, permitindo a subdivisão de
grandes áreas rurais em subunidades homogêneas, com a vantagem da utilização ne-
cessária de insumos (tais como: fertilizantes; defensivos; taxa de irrigação; dentre outros),
garantindo que a propriedades tenha uma produção uniforme mesmo apresentando ce-
nários edafoclimáticos contrastantes no seu interior (TSCHIEDEL; FERREIRA, 2002).

Resumindo, é um modelo que permite a aplicação de insumos agrícolas nos


locais corretos e nas quantidades requeridas, conferindo uma economia na aquisição
de recursos agrícolas, a qual é apontada como uma das principais vantagens da sua
utilização (BORGES; NASCIMENTO; MORGADO, 2022).

Provavelmente, a maior vantagem da Agricultura de Precisão é o conhecimento


espacial preciso da atividade agrícola, o qual é baseado em dados georreferenciados
com o auxílio de satélites (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015), sendo muito mais preciso
quando compararmos com fotografias áreas, amplamente usadas antes do advento
do sensoriamento remoto – o uso de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e
o Sistema de Posicionamento Global (GPS). Este modelo de levantamento de dados
permite aos produtores identificar, registrar, mensurar e manejar a variabilidade do
campo, garantindo um aumento considerável da produtividade e da margem de lucro
(BORGES; NASCIMENTO; MORGADO, 2022; TSCHIEDEL; FERREIRA, 2002).

Quando falamos em aplicação necessária e direcionada de insumos, existe uma


vantagem diretamente relacionada: a preservação ambiental. O uso de fertilizantes e
defensivos agrícolas na dosagem correta, avita a contaminação e eutrofização do solo
e de recursos hídricos, impedindo que o balanço ecológico da propriedade seja afetado.
Consequentemente, também evita a incidência de penalidade ambientais ao produtor,
as quais podem ocorrer mediante práticas de manejo convencionais e excessivas.

DICA
A Agricultura de Precisão se trata de um valioso artificio gerencial, o qual
pode ser utilizado para a elevação da rentabilidade agrícola. O artigo
intitulado Agricultura de precisão: ferramenta de gestão na rentabilidade
e produtividade de grãos, será apresenta conceitos de Agricultura de
Precisão utilizados para a produção de grãos. Acesse em: https://sea.
ufr.edu.br/SEA/article/view/1520.

14
IMPORTANTE
Para compreendermos a agricultura de precisão, é necessário que
tenhamos em mente as três tecnologias básicas utilizadas na obtenção
de dados, as quais são:

• Sensoriamento Remoto.
• Sistemas de Informações Geográficas (SIG).
• Sistema de Posicionamento Global (GPS).

15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu:

• O agronegócio brasileiro é caracterizado como um setor heterogêneo, composto


pelos sistemas de produção: tradicional, onde a agricultura impõe um sistema
convencional e braçal, focando no mercado interno e subsistência; e tecnológico,
onde a inovação tecnológica cientifica objetiva acessar o mercado globalizado de
exportação.

• O panorama do agronegócio das regiões brasileiras não é homogêneo, sendo o


maior destaque para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, as quais se destacam
em volume de produção de commodities, geridas por grandes produtores que
utilizam vastos recursos tecnológicos.

• As atividades agrícolas requerem conhecimento da variedade espacial e temporal


das áreas. O objetivo é subdividir a área das propriedades em pequenas frações
homogêneas (glebas) para que se alcance o máximo de rendimento de acordo
com as potencialidades de cada zona de produção.

• A Agricultura de Precisão está vinculada às ferramentas de georreferenciamento


de dados nas lavouras, envolvendo GPS e SIG. Assim, devemos nos atentar para:
variabilidade espacial e temporal; manejo da variabilidade; e avaliação econômica
e ambiental.

16
AUTOATIVIDADE
1 A Agricultura de Precisão reúne técnicas agrícolas que consideram particularidades
locais do solo ou lavoura a fim de otimizar o uso de recursos. Sobre como os sensores
participam do monitoramento dessas variabilidades presentes na área,​​​​​​​ assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Ajudando os produtores a serem mais eficientes e impactando positivamente em


questões ambientais.
b) ( ) Ao implantar sensores em campos para mapeamento, os agricultores podem
começar a entender suas culturas em uma escala macro.
c) ( ) Os sensores de localização utilizam sinais de GPS para determinar latitude,
longitude e altitude e permitem a representação topográfica dependendo das
condições do terreno.
d) ( ) Os sensores que fornecem informações essenciais de pH, Condutividade
Elétrica Aparente do solo (Cea) e nutrientes do solo aliados ao GPS possibilitam o
mapeamento dos limites do terreno e áreas úmidas de toda a propriedade.

2 A Agricultura de Precisão permite elevar o rendimento da produção, assim como


a preservar o meio ambiente. Caracteriza-se pela utilização de novas tecnologias
no trabalho no campo, como sensores para medição e/ou detecção de parâmetros
relacionados a solos, plantas, insetos e doenças. Além disso, seus fundamentos
podem ser empregados na organização e controle das atividades, investimentos e
produtividade em propriedades rurais. Considerando as aplicações da Agricultura de
Precisão no uso, manejo e conservação de solos, analise as sentenças a seguir:

I- A interpretação dos dados obtidos a partir das características do solo, com a utilização
de software específico, possibilita orientar a adoção de práticas de conservação,
como a aptidão agrícola de terras.
II- O sistema de posicionamento global (GPS) gera dados que contribuem para a
indicação de práticas conservacionistas de caráter edáfico (relativo ao solo).
III- O emprego da AP possibilita a sugestão de alternativas de manejo diferenciadas,
de acordo com a necessidade de cada área da propriedade, mas não abrange a
sustentabilidade do sistema.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a sentença I está correta.


b) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças I e II estão corretas.

17
3 Em lavouras de milho, soja, amendoim, cana-de-açúcar e arroz uma tecnologia de
manejo de destaque é a denominada Agricultura de Precisão (AP). Essa tecnologia diz
respeito ao gerenciamento localizado (e muitas vezes remoto) da cultura, utilizando
técnicas de informação para a coleta de dados e sua análise. Sobre a AP, classifique
V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Os modelos simulados para a tomada de decisão tornam-se tão mais precisos


quanto maiores forem a quantidade e a qualidade das informações a serem
introduzidas nos sistemas.
( ) Algumas das desvantagens do processo seriam a seleção de plantas invasoras e
falhas durante a semeadura.
( ) As técnicas utilizadas na AP tornam-se cada vez mais dependentes do uso
tecnologia, tanto no campo quanto na interpretação dos resultados.
( ) A adoção das técnicas de AP eleva o custo de manutenção de máquinas, o que
inviabilizaria seu uso para pequenos produtores.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F – F.
b) ( ) V – F – V – F.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) F – F – V – V.

4 A Agricultura de Precisão é um processo gerencial, o qual utiliza ferramentas


tecnológicas no setor agrícola. Quais são as vantagens substanciais oriundas da
utilização da Agricultura de Precisão em propriedades rurais?

5 Agricultura de precisão permite a aplicação de princípios e tecnologias para manejar


a variabilidade espacial e temporal, associada com todos os aspectos da produção
agrícola, com o objetivo de aumentar a produtividade na agricultura e a qualidade
ambiental. Como o mapeamento da variabilidade espacial pode auxiliar no manejo
das propriedades rurais?

18
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
HISTÓRICO DA AGRICULTURA DE
PRECISÃO

1 INTRODUÇÃO
As tecnologias de Agricultura de Precisão estão em uso desde meados da década
de 1980, porém, disponíveis comercialmente apenas no início de 1990 (LOWENBERG-
DEBOER; ERICKSON, 2019; ZHANG; WANG; WANG, 2002). Este sistema, geralmente,
é definido como um modelo de gerenciamento agrícola baseado em informação e
tecnologia, a fim de identificar, analisar e gerenciar a variabilidade dentro dos campos de
produção, otimizando a lucratividade, sustentabilidade e proteção dos recursos naturais
(BANU, 2015; BORGES; NASCIMENTO; MORGADO, 2022; MOLIN et al., 2020).

O objetivo não é obter o mesmo rendimento em todas as subáreas do imóvel rural,


mas sim gerenciar e distribuir insumos agrícolas em uma base específica, maximizando
o custo/benefício a longo prazo (BOLFE et al., 2020). A tecnologia da Agricultura de
Precisão se mostra como uma alternativa viável para a racionalização do ciclo produtivo,
melhorando indicativos da rentabilidade e produtividade (GEBBERS; ADAMCHUK, 2010).

O termo Agricultura de Precisão se refere a uma prática agrícola na


qual a tecnologia da informação é usada no manejo da propriedade e
leva em consideração a variabilidade espacial e temporal que podem
interferir na produtividade. Assim, considerando esses fatores, pode-
se obter maior retorno econômico, ocasionar menor impacto ao meio
ambiente. Outro aspecto da Agricultura de Precisão é que ela visa o
gerenciamento detalhado do sistema de produção agrícola como um
todo, não somente nas aplicações de insumos ou de mapeamentos
diversos, mas de todo os processos envolvidos na produção (BORGES
et al., 2022, p. 72).

O potencial da Agricultura de Precisão para economia e os benefícios ambientais


puderam ser visualizados através da redução do uso de água, fertilizantes, herbicidas
e defensivos além dos equipamentos agrícolas (REGHINI; CAVICHIOLI, 2020). Em vez
de gerenciar um campo inteiro com base em algumas condições médias e hipotéticas,
que podem não existir em nenhum lugar do campo, uma abordagem direcionada
reconhece as diferenças específicas do local dentro da propriedade e ajusta as ações
de gerenciamento de acordo com cada subárea indicada (MOLIN; AMARAL; COLAÇO,
2015; SILVA; DE MORAES; MOLIN, 2011).

Os agricultores, geralmente, estão cientes de que suas áreas de produção têm


rendimentos variáveis. Essas variações podem ser atribuídas a práticas de manejo,
propriedades do solo e/ou características ambientais. O banco de dados de informações,
baseados na agricultura tradicional, requer ao agricultor anos de observação e

19
implementação por meio de tentativa e erro sobre como tratar diferentes áreas, se
mostrando um método exaustivo (SCHIMMELPFENNIG, 2016). É nesse cenário de auxílio
e otimização do tempo que a Agricultura de Precisão se faz extremamente útil.

A proteção ao meio ambiente é essencial para garantir a proteção ambiental e
o desenvolvimento sustentável em todo o mundo. O cumprimento das leis ambientais
são rígidos e crescem cada vez mais em países como Estados Unidos, Austrália, Reino
Unido, Dinamarca e Alemanha, as quais vem pressionando os agricultores a reduzir
significativamente o uso de agroquímicos (SCHRIJVER, 2016).

No Brasil, a legislação ambiental é ampla e complexa, com leis e regulamentos


que abrangem diversos aspectos relacionados à conservação e proteção do meio
ambiente. Assim, a Agricultura de Precisão fornece os meios de aplicação direcionada,
registro de todos os tratamentos de campo na escala métrica, o rastreamento das
operações, o que corresponde a uma redução considerável da utilização de insumos
contaminantes, como defensivos e fertilizante, significando uma redução da taxa
contaminante do ambiente (FOLADORI, 2022; SAIZ-RUBIO; ROVIRA-MÁS, 2020)

Mediante ao histórico de surgimento da Agricultura de Precisão apresentado,


iremos abordar, neste tema de aprendizagem, como ocorreu o surgimento da agricultura
de precisão, bem como a sua taxa de aceitação e utilização. Será abordado ainda a
perspectiva no Brasil e nos países com elevadas taxas de produção agrícola, e como a
Agricultura de Precisão é vista como uma técnica de manejo promissora para a redução
do uso de insumos, sendo uma estratégia de preservação ambiental no meio agrícola.

2 ORIGEM DA AGRICULTURA DE PRECISÃO


A terminologia Agricultura de Precisão começou a ser utilizada na década de
1990, devido à necessidade de se trabalhar em grandes territórios agricultáveis, com o
auxílio da mecanização e tecnologia, objetivando identificar as peculiaridades de cada
gleba de terra e qual deveria ser realizado manejo específico para cada área (MOLIN;
AMARAL; COLAÇO, 2015; TAVARES, 2021b). Sua abordagem se refere ao aspecto
heterogêneo das propriedades rurais, evitando a negligência e intervenções de manejo
massificadas (ZERBATO; CORRÊA; FURLANI, 2020).

A primeira empresa a adotar a Agricultura de Precisão em larga escala foi a John


Deere, a qual introduziu sensores de localização rastreados por coordenadas de GPS,
permitindo a interceptação de implementos agrícolas (NUNES et al., 2018; STAFFORD,
2000). O objetivo da empresa era criar um controlador acionado pelo GPS, permitindo
que os tratores e colheitadeiras fossem dirigidas automaticamente com base nas
coordenadas geoestatísticas (SCHIMMELPFENNIG, 2016; TAVARES, 2021b), evitando
erros comuns ocorrentes em campo, tais como: alteração no percurso provocadas pelo
motorista; danos aos equipamentos; e desperdício de insumos, tais como sementes,
fertilizantes e combustíveis (COSCOLIN, 2021b; TAVARES, 2021b).

20
A adoção de dispositivos móveis, o acesso à internet de alta velocidade,
os satélites confiáveis e de baixo custo (para posicionamento e
imagens) e os equipamentos agrícolas otimizados para Agricultura
de Precisão pelo fabricante são algumas das principais tecnologias
que caracterizam a tendência da agricultura de precisão. Alguns
especialistas sugeriram que mais de 50% dos agricultores no mundo,
atualmente, usam pelo menos uma prática agrícola de precisão
(TAVARES, 2018, p. 8).

O surgimento da Agricultura de Precisão também está relacionado com rígidas


Políticas de Proteção Ambiental e o Código Florestal, as quais começaram a ser discutidas
no fim da década de 1980, onde técnicas agricultáveis deveriam associar rentabilidade,
eficiência, sustentabilidade e do meio ambiente (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).
Dessa forma, a Agricultura de Precisão permite economizar recursos financeiros e evitar
a poluição ambiental causada pela lixiviação dos nutrientes e pelo uso excessivo de
produtos químicos (NEMÉNYI et al., 2003).

Através da utilização de dados específicos e geoestatísticos é possível orientar


as decisões de manejo, tanto em uma escala temporal presente quanto futura, relacio-
nando a variação espacial com a aplicação específica de produtos químicos, fertilizan-
tes ou sementes (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015; SCHIMMELPFENNIG, 2016; TAVARES,
2021b). Logo, a Agricultura de Precisão vem ao encontro da sustentabilidade através
de uma perspectiva holística, a qual considera aspectos econômicos, ambientais e
impactos sociológicos de qualquer desenvolvimento agrário (BONGIOVANNI; LOWEN-
BERG-DEBOER, 2004).

O maior indício, na questão ambiental, pode estar associado ao conhecimento


e uso bem estabelecido de imagens para mapeamento e monitoramento do uso e
cobertura da terra, seja em uma perspectiva de produção agrícola ou de proteção de
recursos vegetais (BOLFE et al., 2020; COSCOLIN, 2021b).

O impacto ambiental da agricultura torna-se mensurável e verificável através da


agricultura de precisão, permitindo que os custos externos sejam internalizados, levando,
até mesmo, a uma verdadeira contabilização dos custos. As políticas ambientais podem
forçar os agricultores a usar as técnicas que envolvam a Agricultura de Precisão para
coletar mais dados ambientais e disponibilizá-los (BURANELLO, 2018; SCHRIJVER, 2016).

A cooperação pode estar relacionada a adaptações referente a mudanças


climáticas, incluindo gestão eficiente de recursos hídricos, os quais são vastamente
utilizados na irrigação, muitas vezes de forma indiscriminada. A Agricultura de Pre-
cisão surge como uma alternativa de interromper práticas agricultáveis negligentes
com questões ambientais, tais como a perda de biodiversidade e, consequentemente,
risco de desastres naturais (BONGIOVANNI; LOWENBERG-DEBOER, 2004; SILVA; DE
MORAES; MOLIN, 2011).

21
3 AGRICULTURA DE PRECISÃO NO MUNDO
Os sistemas de produção agrícola têm se beneficiado da incorporação de
tecnologias e dos avanços tecnológicos desenvolvidos pelas indústrias, onde podemos
citar: o fluxo de mecanização de ponta; fertilizantes sintetizados para a agricultura;
e automação (ROSE; CHILVERS, 2018; SAIZ-RUBIO; ROVIRA-MÁS, 2020). Assim, a
Agricultura de Precisão surge como o elemento capaz de integrar todos estes avanços
em uma perspectiva agrícola objetiva e consciente (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015;
SCHIMMELPFENNIG, 2016; ZHANG; WANG; WANG, 2002).

O ponto de partida que impulsionou o surgimento da Agricultura de Precisão foi


a variabilidade espacial e temporal, presentes em aspectos edafoclimáticos e culturais
dentro do campo, os quais necessitavam de uma análise mais minuciosa em grandes
áreas agricultáveis, onde métodos tradicionais e manuais se tornavam inviáveis (PETILIO
et al., 2007; STAFFORD, 2000).

A abordagem proposta pela Agricultura de Precisão se beneficia, principalmente,


do surgimento e convergência de várias tecnologias, incluindo o Sistema de
Posicionamento Global (GPS), Sistema de Informação Geográfica (GIS), componentes de
computador miniaturizados, controle automático, sensoriamento remoto e em campo,
computação móvel, processamento avançado de informações e telecomunicações
(STAFFORD, 2000; ZHANG; WANG; WANG, 2002).

A projeção da indústria agrícola é ampliar a capacidade de coleta de dados,


expandindo a sua capacidade de análise sobre a variabilidade da produção no espaço
e no tempo. Após três décadas de desenvolvimento e implementações constantes, a
Agricultura de Precisão chega a uma encruzilhada, pois o arsenal tecnológico precisa
ser compatível com os benefícios ambientais e econômicos (TORIYAMA, 2020;
YARASHYNSKAYA; PRUS, 2022).

Muitas inovações tecnológicas vêm sendo apresentadas, mas o desenvolvimento


de princípios agronômicos e ecológicos para recomendações otimizadas de insumos no
nível local geralmente está atrasado. Além deste fato, muitos agricultores não têm certeza
se devem adotar as tecnologias da Agricultura de Precisão disponíveis em suas fazendas.
As motivações para a adoção generalizada de tecnologias aplicadas à agricultura
podem vir de legislação ambiental rigorosa, preocupação pública com o uso excessivo
de agroquímicos e ganhos econômicos com a redução de insumos agrícolas e maior
eficiência de gerenciamento agrícola (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015; STAFFORD, 2000).

O mercado global da agricultura de precisão, baseada em informações


temporais e espaciais, associadas à tecnologia para melhorar a pro-
dução agrícola, faturou US$ 7 bilhões em 2021, e deve alcançar US$
12,8 bilhões até 2025, a previsão de alta de quase 83%. Portanto, teo-
ricamente, nota-se que a sustentabilidade ambiental tende a ganhar
mais espaço na consciência dos agricultores, visto que a tecnologia

22
disponível ao setor começa a ser utilizada para analisar e atender à
necessidade por alimentos das gerações atuais e futuras sem com-
prometer a saúde dos ecossistemas no entorno (SOARES, 2023, p. 42).

Mas qual é o verdadeiro impacto e aceitação da Agricultura de Precisão em


uma escala global? As pesquisas de desenvolvimento da Agricultura de Precisão
iniciaram na década de 1980, principalmente, nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e
Europa Ocidental, especificamente, na Alemanha, Suécia, França, Espanha, Dinamarca
e Reino Unido (MULLA, 2013; SAIZ-RUBIO; ROVIRA-MÁS, 2020; ZHANG; WANG; WANG,
2002). Embora um considerável esforço de pesquisa tenha sido despendido, apenas
uma pequena parcela de agricultores fazem uso de algum tipo de tecnologia nas suas
propriedades rurais na atualidade (ALVES et al., 2023).

Os países com as maiores taxas de adoção de princípios de Agricultura de


Precisão são a Alemanha, Estados Unidos e Austrália, nesta ordem (PATHAK; BROWN;
BEST, 2019). A elevada taxa de adesão ocorrente na Alemanha está relacionada a
polos tecnológicos de produção, os quais investem amplamente na disseminação de
tecnologias agrícolas (PAUSTIAN; THEUVSEN, 2017). Na Austrália, o monitoramento
e mapeamento da variabilidade espacial na cultura de pequenos grãos têm recebido
muita atenção dos produtores (MULLA, 2013; PATHAK; BROWN; BEST, 2019).

Além disso, monitores de produtividade também estão disponíveis para colheitadeiras


de batata, amendoim e forragem e, ainda em desenvolvimento, para colheitadeiras de algodão,
visando monitorar parâmetros quantitativos e qualitativos. O número total de monitores de ren-
dimento de grãos operando na Austrália, relacionados ao monitoramento de zonas de manejo,
está em torno de 9% de adoção, em comparação com os Estados Unidos, que bate a marca
de 25% de adoção (BENTIVOGLIO et al., 2022; BRAMLEY; TRENGOVE, 2013; FOLADORI, 2022).

No Japão, o Ministério da Agricultura vem investindo em projetos de pesquisa


direcionados à agricultura de precisão, com foco em sensoriamento e controles
relacionados à mecanização agrícola (TORIYAMA, 2020; ZHANG; WANG; WANG, 2002),
culminando em um modelo agrícola caracterizado por abranger pequenas áreas e com
o uso restrito de mão-de-obra, porém com marcas de elevada produtividade. A elevada
automação da agricultura japonesa tem gerado uma grave escassez de mão de obra
especializada, acentuada na última década, o que tem direcionado esforços tecnológicos
para desenvolver equipamentos autônomos (KOSTYUKOVA, 2020; TORIYAMA, 2020).

Apesar do fato de que a maioria dos experimentos de Agricultura de Precisão


estar concentrados em tecnologias de taxa variável, direcionadas a aplicações de
fertilizantes e herbicidas, diversos tipos de tecnologias têm sido experimentados em
todo o mundo (BENTIVOGLIO et al., 2022).

Relatórios sobre experimentos de Agricultura de Precisão na China, Coréia,


Indonésia, Bangladesh, Sri Lanka, Turquia, Arábia Saudita, Austrália, Brasil, Argentina,
Chile, Uruguai, Rússia, Itália, Holanda, Alemanha, França, Reino Unido, Estados Unidos e

23
Canadá têm crescido consideravelmente na última década, demonstrando a aceitação
e a confiabilidade nos métodos tecnológicos de produção (BIRNER; DAUM; PRAY,
2021; PATHAK; BROWN; BEST, 2019). As aplicações de tecnologias de taxa variável nos
Estados Unidos vem sendo usados para finalizadas como a dosagem da calagem, taxas
de semeadura e densidade de plantio em milho híbrido (FOLADORI, 2022).

O controle de pragas específicas também foi testado mediante práticas de


agricultura de precisão, para diferentes culturas. No Reino Unido, o potencial para variar
a taxa de nematicida em plantações de batata foi estudado através de sensores de
tração em um engate de três pontos de um trator para registrar dados preliminares e
fazer um mapa (BIRNER; DAUM; PRAY, 2021; ZHANG; WANG; WANG, 2002).

Esses tipos de mapas podem fornecer uma camada adicional e barata de


informações relacionadas ao solo, permitindo aplicações de defensivos agrícolas
localizados. Além disso, sensores de baixa frequência podem estar relacionados à
variabilidade espacial local nas propriedades físicas do solo, como umidade do solo,
textura do solo, matéria orgânica e resistência/compactação do solo (ALBA et al., 2011;
BONGIOVANNI; LOWENBERG-DEBOER, 2004; SCHIMMELPFENNIG, 2016).

4 AGRICULTURA DE PRECISÃO NO BRASIL


A inovação digital na agricultura representa, de acordo com a Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, uma grande oportunidade para erradicar
a fome, além de mitigar os efeitos das mudanças climáticas (BOLFE et al., 2020;
ELIAS, 2021; KAYAD et al., 2020). Com o advento tecnológico, toda a cadeia produtiva
agroalimentar está sendo modificada em virtude da conectividade e o processamento
de grandes quantidades de informações, as quais permitem: maior produtividade, maior
retorno econômico, maiores benefícios ambientais e melhores condições de trabalho no
campo (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015; ROSE; CHILVERS, 2018; WOLFERT et al., 2017).

No entanto, a implementação dessas mudanças exigirá que iniciativas


governamentais e privadas fortaleçam cada vez mais a infraestrutura rural, promovendo
o desenvolvimento, principalmente, de pequenos produtores rurais, para que esta
parcela possa adotar e implementar estas inovações tecnológicas. Algumas projeções
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA) indicam
que a produção de grãos pode ultrapassar dos atuais 250,9 milhões de toneladas
em 2019/2020 (65,6 milhões de hectares) para 318,3 milhões de toneladas na safra
2029/2030 (76,4 milhões de hectares), correspondendo a um aumento de 26,9%, ou
seja, um crescimento de 2,4% ao ano (BOLFE et al., 2020; SOARES, 2023).

Para a produção de carnes (bovina, suína e de aves), as projeções indicam que


ela deve passar de 28,2 milhões de toneladas para 34,9 milhões de toneladas até o
final da próxima década, representando um aumento de 23,8% no período (TAVARES,
2021c; 2021d). A Agricultura de Precisão e a transformação digital que vêm ocorrendo

24
no meio rural podem contribuir para que o Brasil alcance ou supere essas expectativas,
fortalecendo a posição do país como um dos líderes mundiais na produção e exportação
de alimentos, com base no aumento da produtividade e no uso sustentável dos recursos
naturais (COSCOLIN, 2021a; ELIAS, 2021; MACHADO et al., 2018; MOLIN; AMARAL;
COLAÇO, 2015; SOARES, 2023).

No estado de São Paulo, a adoção de tecnologias de Agricultura de Precisão


demonstraram benefícios, como melhoria de gestão, maior produtividade, redução
de custos, minimização de impactos ambientais e melhoria da qualidade da cana-de-
açúcar, principal commodities, juntamente com a laranja (BOLFE et al., 2020; CUNHA,
2019). O uso e a adoção por produtores e prestadores de serviços de tecnologias de
agricultura de precisão, em diferentes regiões agrícolas brasileiras, está atrelado a
maiores produtividades na agricultura (ALVES et al., 2023).

Os principais fatores que limitam a expansão do uso dessas tecnologias no


campo está o elevado custo, dificuldade de utilização de softwares e equipamentos,
além da falta de capacitação técnica das equipes de campo (ALVES et al., 2023; BOLFE
et al., 2020; COSTA; GUILHOTO, 2014; MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015). Apesar desse
cenário, a Agricultura de Precisão já é uma realidade para profissionais e produtores
rurais brasileiros (BORGHI et al., 2016; ZERBATO; CORRÊA; FURLANI, 2020).

O conhecimento de que existe uma variabilidade nas áreas de produção de


acordo com as variações do solo, da vegetação e do histórico de uso da terra está se
espalhando progressivamente (BOLFE et al., 2020). No entanto, ainda existem algumas
lacunas importantes de estudos em escala nacional para subsidiar decisões estratégicas
no desenvolvimento de novas pesquisas, inovação e mercado (ELIAS, 2021; SOARES,
2023). É necessário realizar estudos no contexto da Agricultura Digital no Brasil sobre
aspectos como quais tecnologias e aplicações são utilizadas, a percepção de benefícios
e os principais desafios e expectativas.

A acelerada evolução tecnológica do agronegócio, impõe a necessi-


dade de uma dinâmica e permanente reciclagem de conhecimento
por parte dos indivíduos (que adotam e manuseiam esta tecnologia).
Como resolver o problema daqueles que permanecem no campo sem
conhecimento e sem oportunidades de encaixe nessa nova econo-
mia, ou daqueles que querem voltar ao campo sem enfrentar os mes-
mos problemas relacionados à falta de oportunidades decorrentes de
uma educação ineficiente? Essa reflexão é fundamental para termos
consciência de que a redução de contingente de habitantes em áre-
as rurais confere, de certa forma, mesmo que involuntariamente, um
impulso adicional à automação e à mecanização das lavouras. Vale
dizer que se cria um ciclo retroalimentador, no qual, quanto menor a
oferta de mão de obra, maiores os motivos para automatizar tarefas
no campo. O campo, no entanto, passa agora a exigir mão de obra
qualificada para lidar com o uso de tecnologia, o que é mais difícil de
ser encontrado. Então, o agronegócio do Brasil precisa de clareza nas
políticas públicas e nos investimentos privados a serem direcionados
à superação de ambos os desafios (ALVES et al., 2023, p. 43).

25
De acordo com levantamento realizado em todo o Brasil para avaliar o uso de
tecnologias da Agricultura De Precisão, observou-se que o Estado de São Paulo é o
principal consumidor deste padrão de produção, especificamente, na produção de cana-
de-açúcar, utilizando dados de imagens de satélite (76%), sistema de piloto automático
(39%) e aplicações de insumos em taxa variável (29%) (BERTOLLO, 2019; BOLFE et al.,
2020; SILVA; DE MORAES; MOLIN, 2011).

Em outros estados brasileiros, como o Rio Grande do Sul, Paraná, Maranhão,


Goiás e Tocantins, em cerca de 67% das lavoras de soja, milho, café e algodão, utilizou-
se alguma tecnologia de agricultura de precisão, sendo que 56% delas utilizaram
mapeamento por GPS e 22% sensores remotos (imagens de satélite ou avião), sensores
de campo e telemetria (BOLFE et al., 2020; SILVEROL, 2020).

Para as propriedades com o maior grau tecnológico, os usos da Agricultura de


Precisão são mais sofisticados, como detecção e controle de déficit nutricional, doenças,
pragas, ervas daninhas, falhas operacionais e déficit hídrico, além de aplicações
associadas com certificações e rastreabilidade de produtos agrícolas (BOLFE et al.,
2020; MULLA, 2013).

É preciso mencionar que competidores externos com menos recur-


sos naturais, mas com mais tecnologia e, sobretudo, com mão de
obra qualificada, podem desbancar a atual posição de destaque do
Brasil. A China é o maior cliente internacional do agronegócio bra-
sileiro, responsável por aproximadamente 20% de tudo o que o país
asiático importa, fato que impõe ao Brasil a não confrontação com
esse país. A China atualmente abriga 20% da população mundial e
dispõe apenas de 8% das terras aráveis do planeta. Em razão de sua
situação geográfica, não para de medir esforços para aumentar a pro-
dutividade agrícola de maneira moderna e vertical, o que demonstra
haver um projeto de nação em desenvolvimento sustentável, que al-
meja possível autossuficiência agrícola (SOARES, 2023, p. 46).

5 PERSPECTIVAS FUTURAS DA AGRICULTURA DE


PRECISÃO
O cenário agrícola, atual e futuro, apresenta múltiplos desafios econômicos,
sociais e ambientais para população em crescimento exponencial, a qual se encontra
limitada pela disponibilidade finita de recursos e depreciação ambiental (BONGIOVANNI;
LOWENBERG-DEBOER, 2004). Na perspectiva da indústria agrícola, a Agricultura de
Precisão é percebida como uma solução potencial para tais problemas mencionados,
através do uso de tecnologias de ponta baseadas em: Inteligência artificial; Big Data;
Internet of Things; Sistemas de Localização; Aplicação de taxa variável; e Tecnologia
blockchain, as quais tem permitido a mitigação de desafios econômicos e sociais para
o crescimento da população e melhorar substancialmente o seu bem-estar ecológico
(KERNECKER et al., 2020; YARASHYNSKAYA; PRUS, 2022).

26
Apesar dos benefícios projetados pelo uso de práticas de agricultura de precisão,
devemos ter em mente que esse modelo consiste na exploração em grande escala,
o qual usa toda a capacidade e potencialidade do solo voltado à produção agrícola
(SOARES, 2023). Portanto, a preservação ambiental deve ser uma pauta do manejo
produtivo, a fim de evitar uma degradação irreversível do meio ambiente.

A apropriação do conhecimento pelo controle da ciência e da


tecnologia, embora seja uma vantagem para o capital, constitui, a
longo prazo, uma desvantagem para a sociedade como um todo,
inclusive para a própria classe capitalista. Isso porque, por possuir os
meios de produção, a classe capitalista é a única que tem condições
de transformar o ambiente externo e extrair dele os recursos
necessários para a metabolização da sociedade humana. E, como a
lei do lucro obriga a produzir em condições de custo-benefício de
curto prazo, a degradação do meio ambiente é uma consequência
necessária das relações sociais capitalistas, tal como aparece na crise
ambiental contemporânea. Esse processo, que é uma combinação
do domínio das relações sociais sobre as relações técnicas, ambas
ajustadas ao desempenho técnico imediato e à contabilização por
valor, leva a colocar em risco a possibilidade do próprio sistema
capitalista de reproduzir as condições ambientais mínimas de
sobrevivência. Assim, os efeitos sobre a natureza externa, sua
destruição, sua contaminação e degradação são de responsabilidade
da classe capitalista (FOLADORI, 2022, p. 24).

Apesar da sua história ser consideravelmente curta, a Agricultura De Precisão já


está contribuindo para vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos
pela ONU, dentre os quais podemos citar: erradicação da pobreza; fome zero; trabalho
decente e crescimento econômico; inovação e infraestrutura da indústria; consumo e
produção responsáveis (PAUSTIAN; THEUVSEN, 2017; YARASHYNSKAYA; PRUS, 2022).

O ritmo de implementação da Agricultura de Precisão é considerado mais lento


do que o esperado (BIRNER; DAUM; PRAY, 2021; YARASHYNSKAYA; PRUS, 2022), além
de ser desigual em todo o mundo, sendo mais rápido em países desenvolvidos e muito
lento em países em transição e em desenvolvimento (BENTIVOGLIO et al., 2022). Além
disso, a parte predominante da literatura acadêmica é focada na análise da adoção de
Agricultura de Precisão em países desenvolvidos, devido ao ritmo mais rápido e maior
escala de implementação nesses países (BONGIOVANNI; LOWENBERG-DEBOER, 2004;
LOWENBERG-DEBOER; ERICKSON, 2019).

A desigualdade de implementação de métodos tecnológicos agrícolas aumenta


a necessidade de pesquisas direcionadas para índices de desenvolvimento econômico,
buscando compreender os reais fatores que dificultam a adoção dessas tecnologias em
países em desenvolvimento, como o Brasil (ALVES et al., 2023; ELIAS, 2021).

A Agricultura de Precisão fornece ganhos em recursos econômicos, melhorias


de indicadores ambientais além de benefícios sociais, como permitir uma jornada de
trabalho menos extenuante para o operador de máquinas agrícolas, por se tratar de
um processo otimizado (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015). No sentido amplo, esse

27
modelo de agricultura permite que os agricultores produzam mais com menos insumos,
elevando o aumento da produtividade e lucratividade, o que implica em significativo
retorno econômico (LOWENBERG-DEBOER; ERICKSON, 2019).

Permite, também, reduzir o uso de insumos aplicados em razão da precisão,


além da sobreposição de produtos, economizando dinheiro e aumentando os retornos
líquidos (SAIZ-RUBIO; ROVIRA-MÁS, 2020). A aplicação específica e automatizada
permite o funcionamento 24 horas por dia, 7 dias por semana, com um tempo mais
preciso para quase todas as operações agrícolas, levando ao aumento da produção
agrícola e eficiência do gerenciamento (ZHANG; WANG; WANG, 2002).

Portanto, a Agricultura de Precisão pode ser vista como uma otimização


generalizada de todos os processos agrícolas, e mesmo que alguns produtores tenham
resistência na sua implementação, principalmente, no que tange ao uso de tecnologias
complexas, os ganhos impulsionam a sua adoção no futuro, o que irá ampliar a sua
margem de adesão (YARASHYNSKAYA; PRUS, 2022).

Os benefícios sociais da adoção da Agricultura de Precisão são numerosos e os


mais cruciais estão relacionadas ao alcance da soberania alimentar, melhorias nos meios
de subsistência e estreitamento da divisão tecnológica entre os países (KNIERIM et al.,
2019). O aumento da produção agrícola, quando comparada com a agricultura tradicional,
ajudaria imensamente a alimentar as pessoas nos países em desenvolvimento e a
diversificar a produção agrícola para o restante do mundo (MOLIN; AMARAL; COLAÇO,
2015). A melhoria dos meios de vida rurais são baseadas nos seguintes indicativos
(YARASHYNSKAYA; PRUS, 2022; ZHANG; WANG; WANG, 2002):

• Inclusão da agricultura em áreas de produção anteriormente abandonadas (por


exemplo, áreas remotas, encostas íngremes ou áreas de solo mole) devido ao uso
de tecnologias específicas para operações em áreas marginais.
• Aumento da produção agrícola com o uso reduzido de insumos, menor degradação
do solo e uso de água, sem comprometer substancialmente o ambiente natural
existente.
• Criação de novos negócios e oportunidades de emprego nas áreas rurais devido à
necessidade de introdução e manutenção de novas tecnologias de ponta, o que
teria um impacto positivo na dinâmica da migração rural-urbana.

A introdução da Agricultura de Precisão também terá impacto no aumento de


emprego da faixa etária entre jovens nas áreas rurais, tornando o trabalho na agricultura
mais atraente devido à redução do trabalho físico pesado, tarefas repetitivas e introdução
de tecnologias atualizadas em uma indústria agrícola bastante “conservadora” por muito
tempo, o que contribuirá para a redução do êxodo rural (ALVES et al., 2023; FOLADORI,
2022; SAIZ-RUBIO; ROVIRA-MÁS, 2020).

28
Outro aspecto seria interromper a segregação tecnológica entre as economias
desenvolvidas, em transição e em desenvolvimento, especialmente, devido à natureza
adaptável das tecnologias de precisão, permitindo a sua adoção em diferentes
contextos e países, proporcionando, portanto, a possibilidade de salto de tecnologias
ultrapassadas, principalmente, aquelas baseadas em trabalho manual na agricultura
de subsistência, para a produção agrícola comercial atual em escala industrial que
encontra-se fundamentada em tecnologias contemporâneas (BIRNER; DAUM; PRAY,
2021; FOLADORI, 2022; YARASHYNSKAYA; PRUS, 2022).

DICA
A Agricultura de Precisão é uma estratégia de manejo de lavouras agrícolas
ou pecuárias em escala espacial menor do que aquela normalmente
adotada para toda a lavoura, alcançando uma especificidade que garante
melhores rendimentos. No artigo intitulado Impactos da Agricultura
de Precisão na economia brasileira, você identificará como esse meio
tecnológico de manejo afetou a cadeia produtiva do setor agrícola no
Brasil. Acesse em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_
id=2402363.

IMPORTANTE
A inovação responsável de tecnologias inteligentes, adotadas na
agricultura, precisa provar ser capaz de se moldar às trajetórias sociais
de inovação. Isso quer dizer que a Agricultura de Precisão deve ser
um modelo de produção agrícola que busca minimizar os impactos
ambientais e sociais, além de garantir a viabilidade econômica dos
sistemas de produção e sua sustentabilidade.

29
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu:

• Práticas de Agricultura de Precisão estão em uso desde a década de 1990, sendo a


Alemanha o primeiro país utilizar este método produtivo. A Agricultura de Precisão
pode ser compreendida como um sistema de gerenciamento agrícola baseado
em informação e tecnologia, otimizando a lucratividade e a sustentabilidade de
recursos naturais.

• Os sistemas de produção agrícola têm se beneficiado da incorporação de


tecnologias avanços tecnológicos, em que podemos citar a utilização de maquinário
de campo associados a controladores e GPS, permitindo aplicações de insumos em
quantidades variáveis e específicas.

• A Alemanha, os Estados Unidos e a Austrália são os países que mais utilizam esses
recursos em todo o mundo. A Agricultura de Precisão e a transformação digital que
vêm ocorrendo no meio rural podem contribuir para que o Brasil fortaleça a sua
posição dentre os líderes na produção e exportação de alimentos em todo o mundo.
Os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Maranhão, Goiás e Tocantins
são os maiores utilizadores dessas tecnologias no país.

• A Agricultura de Precisão tem demonstrado indicadores favoráveis para Objetivos


de Desenvolvimento Sustentável (ODS), dentre os quais podemos citar: erradicação
da pobreza; trabalho decente e crescimento econômico; inovação e infraestrutura
da indústria; consumo e produção responsáveis.

30
AUTOATIVIDADE
1 Cada vez mais a tecnologia será adotada na agricultura. Com relação à agricultura de
precisão, é CORRETO afirmar que:

a) ( ) A Agricultura de Precisão é uma abordagem sistêmica da agricultura com o


objetivo de maximizar a eficácia dos insumos agrícolas.
b) ( ) Um componente-chave desse tipo de gerenciamento agrícola é usar o mesmo
tipo de tecnologia para todas as culturas e solos.
c) ( ) A tecnologia de Agricultura de Precisão não é sustentável, pois utiliza ao extremo
os recursos naturais como solo e água.
d) ( ) A AP é utilizada apenas para aumentar a produtividade das lavouras, mas, ao
utilizá-la, não é possível gerenciar os custos.

2 O agronegócio vigente no Brasil é caracterizado como um setor heterogêneo, pois


combina duas situações antagônicas: a tradição da agricultura convencional,
basicamente braçal; e a inovação tecnológica científica, fundamentada em um
modelo agrícola focado no mercado globalizado de exportação (MOLIN; AMARAL;
COLAÇO, 2015; SOARES, 2023).

Fonte: MOLIN, J. P.; AMARAL, L. R. do; COLAÇO, A. F.


Agricultura de Precisão. São Paulo, SP: Oficina de Textos,
2015. 233 p.

Com relação ao processo de implantação de mecanização agrícola no Brasil, analise as


sentenças a seguir:

I- Antes da Primeira Guerra Mundial, a indústria de máquinas agrícolas era bem


desenvolvida.  
II- O Brasil começou a importar máquinas agrícolas e estas podiam ser utilizadas sem
dificuldades no solo brasileiro.
III- Após o término da Segunda Guerra Mundial, o governo brasileiro resolveu aumentar
a produção agrícola, estimulando o aumento da produtividade.
IV- Desde o início, o Brasil resolveu produzir tratores e colheitadeiras no país, para
atender à crescente demanda interna.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) Todas as sentenças estão corretas.

31
3 Com novas tecnologias presentes no campo, cada vez mais produtores buscam o uso
dos insumos na medida, horário e local exatos, visando à redução de custos no agro-
negócio, menor impacto ambiental (maior longevidade do solo), redução de custos com
manutenção e assistência técnica de equipamentos. Sobre as diferenças entre Agri-
cultura de Precisão, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

I- A agricultura convencional e a Agricultura de Precisão supõem a área de produção


heterogênea com características diferentes em cada uma.
II- Os princípios básicos da Agricultura de Precisão são: os mapas de produção, a
identificação dos fatores causadores da variabilidade da produção e a correção
desses fatores por meio da aplicação dosada e localizada de insumos.
III- Além das ferramentas de precisão, o manejo da cultura muda. Na agricultura
convencional, a área produtiva é vista como homogênea, o que leva os produtores a
usarem as necessidades médias do espaço para a inserção de insumos.
IV- A agricultura convencional desconsidera a variabilidade espacial, enquanto a
Agricultura de Precisão considera a variabilidade espacial.
V- A agricultura convencional tem uma aplicação generalizada dos recursos e em área
total, assim como a agricultura de precisão.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – V – V – V – V.
b) ( ) F – V – V – F – V.
c) ( ) F – V – F – V – V.
d) ( ) F – F – V – F – V.

4 A utilização do GPS e sensores na agricultura trouxe consigo a criação do termo


agricultura de precisão. Dessa maneira, é possível aplicar insumos agrícolas nos
locais corretos e em quantidades adequadas a cada região, evitando variações
na produção, por meio da aplicação uniforme em toda área. Quais são as maiores
possibilidades trazidas pelo uso do GPS na agricultura informatizada?

5 Com os avanços tecnológicos em função da abertura de mercado e dos estudos


direcionados à agricultura por profissionais engenheiros agrônomos, pesquisadores
e cientistas, modificações ocorreram no uso de tecnologias no campo. Qual foi o
primeiro avanço tecnológico usado pelos agrônomos?

32
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
APLICAÇÕES DA AGRICULTURA DE
PRECISÃO

1 INTRODUÇÃO

A Agricultura de Precisão pode ajudar no gerenciamento de insumos de


produção agrícola de maneira ambientalmente correta (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).
Usando o conhecimento específico do local, essa tecnologia pode direcionar as taxas de
fertilizantes, sementes e produtos químicos para o solo de uma forma consciente. Este
fato contribui de várias maneiras para a sustentabilidade a longo prazo da agricultura de
produção, confirmando a ideia intuitiva de que a Agricultura de Precisão deve reduzir a
carga ambiental, aplicando fertilizantes e pesticidas apenas onde e quando necessários
(BORGES; NASCIMENTO; MORGADO, 2022).

Os benefícios da Agricultura de Precisão para o meio ambiente vêm do uso mais


direcionado de insumos que reduzem os prejuízos por excesso de aplicações e pela
redução das perdas devido a desequilíbrios de nutrientes, controle de populações de
plantas daninhas e de insetos causadores de danos econômicos, dentre outros fatores
(BANU, 2015; BONGIOVANNI; LOWENBERG-DEBOER, 2004; SCSHEPER et al., 2004).

A Agricultura de Precisão consiste em um ciclo de análise da produti-


vidade do solo (através da colheita), análise das características do solo
(através de coleta de amostras ou imagens de satélite), controle preciso
da aplicação de insumos e correção do solo e, ajustes da plantação e da
aplicação de agrotóxicos. Apesar de ser um conceito recente, a utilização
da AP está em plena fase de crescimento nas empresas rurais brasilei-
ras atuais e seus conceitos diferem daqueles utilizados pela agricultura
tradicional, sendo a principal diferença o uso de equipamentos tecnologi-
camente modernos, permitindo relatar ao produtor os aspectos e as con-
dições específicas da área avaliada (PETILIO et al., 2007, p. 2).

Abordagens contemporâneas de Agricultura de Precisão focam na utilização de


zonas de manejo como um método para aplicar, de forma mais eficiente, insumos agrí-
colas em paisagens agrícolas variáveis (SCSHEPER et al., 2004). As zonas de manejo, no
contexto da agricultura de precisão, são áreas de campo que possuem atributos homo-
gêneos na paisagem e condição do solo. Quando homogêneos em uma área específica,
esses atributos devem levar aos mesmos resultados em potencial de rendimento da
cultura, eficiência no uso de insumos e impacto ambiental (SANTOS et al., 2003).

As zonas de manejo, dentro de um campo, podem ser variáveis para diferen-


tes insumos, e o delineamento das zonas de manejo para insumos específicos envolve
apenas os fatores que influenciam diretamente sua eficácia para atingir determinados
objetivos. As zonas de manejo são mais práticas de implementação, no entanto, deli-
33
near zonas de manejo envolve filtragem espacial para reduzir os efeitos interferentes
nas medições de fatores individuais. A remoção de detalhes excessivos na variabilidade
dentro do campo simplifica as formas das zonas, facilitando a captação de dados e,
consequentemente a sua interpretação.

Partindo desta perspectiva, neste tema de aprendizagem abordaremos como


os mapas agrícolas auxiliam na visibilidade e operação da aplicação de insumos agrí-
colas. Além disso, como programas de gerenciamento auxiliam na criação de zonas de
manejo úteis para o planejamento agrícola, as quais possuem características especifi-
cas para cada subárea da propriedade rural.

2 INSUMOS APLICADOS VIA AGRICULTURA DE PRECISÃO


A Agricultura de Precisão é reconhecida como uma ferramenta de inovação
tecnológica, pois quando é aplicada de forma estratégica durante a produção agrícola,
melhora o desempenho econômico e aspectos de manejo, minimizando perdas de
insumos agrícolas e riscos ambientais, comparada aos indicadores da agricultura
convencional (MACHADO et al., 2018; MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

A utilização de máquinas e equipamentos indispensáveis à Agricultura de


Precisão proporciona a maximização do uso de insumos agrícolas, os quais são utilizados
da dosagem necessária e heterogênea (BOLFE et al., 2020). O objetivo não é obter o
mesmo rendimento em todos as parcelas da propriedade, mas sim gerenciar e distribuir
insumos em uma base específica para cada local, a fim de maximizar o custo-benefício
a longo prazo, em uma realidade onde os custos de insumos tem se elevado e preços de
comercialização das commodities se encontra em queda (BANU, 2015).

Os sensores de campo, máquinas e equipamentos agrícolas são o grupo


de tecnologia com a maior percepção de impacto positivo na otimização do uso de
insumos agrícolas, os quais aumentam a produtividade e melhoram a qualidade dos
produtos gerados na propriedade rural (BOLFE et al., 2020; MACHADO et al., 2018). A
Agricultura de Precisão é apontada como um sistema rentável, baseado em uma melhor
gestão dos processos de aplicação de insumos agrícolas, associados a informações
prévias de sensores de campo e aplicações de taxa variável, possibilitadas por máquinas
e equipamentos conectados a sistemas globais de posicionamento por satélite.

O uso de insumos, tais como sementes, irrigação, fertilizantes, herbicidas e


fungicidas devem ser otimizados e/ou minimizados, ressaltando a importância do uso na
taxa essencial, sem gerar desperdícios ou superdosagens de aplicação, os quais podem
resultar em contaminação do solo ou corpos d’água (BOLFE et al., 2020; MCBRATNEY
et al., 2005; REYNSet al., 2002). Tais insumos interferem diretamente nas propriedades
físicas e químicas do solo, incluindo pH, disponibilidade nutricional, salinidade, dentre
outros, onde a Agricultura de Precisão tem por objetivo manter essas taxas de insumos
em algum nível sustentável (MCBRATNEY et al., 2005).

34
Esta estratégia tecnológica vem ao encontro do auxílio aos produtores agrícolas,
os quais se encontram sob crescente pressão para reduzir a taxa de utilização de
insumos agrícolas, principalmente, os fertilizantes, pesticidas e herbicidas, devido a sua
natureza tóxica e contaminante (Figura 4) (REYNS et al., 2002).
Figura 4 – Fluxo de insumos agrícolas até o consumo na propriedade rural

Fonte: adaptado de Malinsk (2018)

35
Quando analisamos o cenário de utilização de recursos tecnológicos da
Agricultura de Precisão no Brasil, identificamos que os sensores remotos de campo,
telemetria e automação e os aplicativos móveis permitem suportar maior sustentabilidade
dos sistemas de produção (BOLFE et al., 2020). O uso dessas tecnologias digitais tem
o potencial de aumentar a gestão sustentável dos recursos naturais, principalmente,
o solo e água, reduzindo o uso de insumos agrícolas, tornando as áreas agrícolas mais
produtivas (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

No entanto, existem dificuldades consideráveis para ampliar o uso de práticas


de precisão, tais como: o custo de aquisição de máquinas, equipamentos e aplicativos;
e problemas de falta de conectividade no meio rural (BOLFE et al., 2020). Neste
cenário, se faz necessário estratégia de difusão concessão de subsídios agrícolas
que impulsionem a adoção de novas tecnologias na agricultura, o que acarretará aos
produtores rurais vantagens competitivas em relação à agricultura tradicional. Deve-se
ressaltar a importância de difusão de pontos de acesso à internet ao ambiente rural,
pois a conectividade é um aspecto crucial para o funcionamento e posicionamento de
elementos tecnológicos utilizados na agricultura de precisão, os quais gerenciam o uso
sustentável de insumos agrícolas.

IMPORTANTE
Os insumos agropecuários podem ser categorizados em três tipos:

• Insumos biológicos – são os elementos aplicados à produção que têm


origem vegetal ou animal. As sementes e os fertilizantes orgânicos
(compostos ou estercos) são exemplos desse tipo de insumo.
• Insumos mecânicos – são as ferramentas de trabalho no campo, os
tratores, os sistemas de irrigação e todos os outros equipamentos e
máquinas para preparo do solo.
• Insumos químicos – são os fertilizantes e os agrotóxicos, por exemplo.
Essa categoria é formada pelos produtos derivados de rochas ou feitos
em laboratórios, como os que são utilizados para proteger as plantas de
pragas ou aumentar a produtividade.

Fonte: adaptada de MALINSK, A. Comercialização de Insumos Agropecuários. In: Ca-


deia produtiva do agronegócio. Florianópolis, SC: SAGAH, 2018. p. 16.

3 MAPAS GERADOS PELA AGRICULTURA DE PRECISÃO


A Agricultura de Precisão é uma abordagem agrícola que utiliza tecnologias
avançadas, como sensores, drones e sistemas de informações geográficas (SIG), para
coletar e analisar dados sobre as condições do solo, do clima e das culturas. Com base
nesses dados, os agricultores podem fazer ajustes precisos em suas práticas de cultivo,
aumentando a eficiência e reduzindo o desperdício.

36
Uma das principais ferramentas da Agricultura de Precisão são os mapas
gerados pelos sistemas de informações geográficas. Os mapas gerados pela Agricultura
de Precisão podem ser usados para monitorar a produção de culturas ao longo do
tempo e para comparar diferentes áreas da fazenda. Isso permite que os agricultores
identifiquem padrões e tendências, avaliem a eficácia de suas práticas de cultivo e
tomem decisões informadas sobre como otimizar sua produção (NUNES et al., 2018;
REGHINI; CAVICHIOLI, 2020).

O primeiro mapa de produtividade, o qual foi baseado em princípios de


Agricultura de Precisão e por meio da plotagens de coordenadas fornecidas por um
GPS foi produzido na Alemanha, no ano de 1990, para estimar a produtividade de canola
(BERNARDI et al., 2015; REGHINI; CAVICHIOLI, 2020).

Os mapas gerados pela Agricultura de Precisão são ferramentas valiosas para


os agricultores, permitindo que eles tomem decisões baseadas em mais informações e
precisas sobre como gerenciar suas culturas. Quando são detectadas áreas nos campos
cuja disponibilidade de macronutrientes é baixa ou o pH do solo não está na faixa que
atenda o desenvolvimento radicular da cultura, o agricultor adiciona insumos, calcário
ou fertilizantes, baseados no mapeamento fornecido, para que possa aumentar o
rendimento ou reduzir os insumos em áreas com menor rendimento e menos propensas
a serem lucrativas (Figura 5) (SANTI et al., 2013; ZERBATO; CORRÊA; FURLANI, 2020).

Figura 5 – Mapeamento da necessidade de adubação de uma propriedade rural

Fonte: adaptado de Massey et al. (2008)

Tendo em vista a importância dos mapas de produtividade para a


caracterização da variabilidade produtiva e seu uso em estratégias
de manejo diferenciadas, a acurácia do mapa é de fundamental im-
portância. É necessário haver consistência temporal para a definição
correta de unidades de manejo diferenciadas, portanto, a análise in-
dividual de mapas é restritiva e pode não representar, com autorida-
de, tais zonas. Dessa forma, o uso de vários mapas de produtividade

37
para a definição e consolidação de zonas com distintos potenciais
produtivos parece ser a maneira mais eficiente para caracterizar a
variabilidade das lavouras (SANTI et al., 2013, p. 511).

Para dados de rendimento de uma determinada fazenda, os monitores


de rendimento montados em colheitadeiras coletam dados no elevador de grãos
(KERNECKER et al., 2020; MASSEY et al., 2008; MOLIN et al., 2020). À medida que as
paletas do elevador de grãos giram, ejetando os grãos colhidos para um caminhão em
espera, este salta de uma célula de carga que mede o fluxo de massa do grão que é
convertido em um sinal elétrico capturado em um acionamento flash na rampa (MASSEY
et al., 2008; SCHIMMELPFENNIG, 2016).

O dispositivo coleta coordenadas simultâneas de GPS e os dados podem ser


mapeados para mostrar a variabilidade do rendimento dentro do campo, usando pontos
de dados codificados por cores dentro dos limites geográficos do campo amostrado
(KNIERIM et al., 2019). Com o espaço de armazenamento em constante expansão
em unidades de flash, é permitido armazenar dados de inúmeras safras, permitindo
comparações de rendimento de vários anos em mapas e exigindo apenas um computador
e experiência em interpretação, por parte do responsável técnico, seja ele um agrônomo
ou um engenheiro agrícola (KNIERIM et al., 2019; MASSEY et al., 2008).

As ferramentas da Agricultura de Precisão que apresentaram maior


contribuição para a evolução dos patamares produtivos foram o uso de
instrumentos de navegação por satélite nas máquinas agrícolas, o ma-
peamento da variabilidade de fertilidade dos solos, a aplicação de fer-
tilizantes e corretivos com taxas variáveis, monitoramento instantâneo
de condições de planta, controle georreferenciado de pulverizações
e a utilização de mapas de produtividade (BORGES et al., 2022, p. 74).

Os mapas do solo são frequentemente criados para o tipo de classificação


do solo, níveis de nutrientes do solo e nível de pH (TORIYAMA, 2020). Esses mapas
pedológicos, geralmente, são criados plotando dados das características do solo em
computadores com resolução suficiente para visualizar detalhes de campo (ALBA et al.,
2011). Esses mapas podem ser usados para determinar a necessidade de Tecnologia de
Taxa Variável (VRT), para determinar as taxas de semeadura ideais ou para auxiliar em
usos da terra, tais como conservação do solo ou áreas florestais (Figura 6).

38
Figura 6 – Variabilidade do rendimento de grãos em uma plantação de arroz, auxiliada por mapas de produção

Fonte: adaptado de Toriyama (2020)

4 ZONAS DE MANEJO
O desenvolvimento de tecnologias para a Agricultura de Precisão tem concentrado
esforços no delineamento de zonas de manejo (ou zonas de gerenciamento), as quais
trabalham com dados multivariados das propriedades rurais, sendo eles referentes
a: topografia; aspectos pedológicos; crescimento da cultura e variabilidade temporal
(FRAISSE; SUDDUTH; KITCHEN, 2001; KAYAD et al., 2020; TORIYAMA, 2020).

No entanto, a variabilidade temporal dificulta a determinação do rendimento


agrícola nas zonas de manejo, pois as constantes mudanças climáticas não facilitam
a geração de uma predição de produção a médio e curto prazo (SCSHEPER et al.,
2004). Para tentar contornar essa dificuldade de estipulação temporal, as tecnologias
de informação e comunicação (TIC) têm permitido integrar os mapas do solo, o
monitoramento da estação do crescimento das culturas e os dados climáticos para
fornecer uma estratégia de gerenciamento ideal, criando zonas de manejo mais realistas
(FRAISSE; SUDDUTH; KITCHEN, 2001; SCSHEPER et al., 2004; TORIYAMA, 2020).

O delineamento de zonas de manejo específicas pode desempenhar


um papel importante na abordagem dos efeitos da variabilidade es-
pacial, definindo áreas de subcampos homogêneos dentro de um
campo inteiro. Definir as áreas do subcampo é difícil, devido às in-
terações complexas entre muitos fatores, como clima, topografia e
propriedades do solo. Em alguns casos, a interação entre esses fato-
res induz a variabilidade espacial e afeta o rendimento das culturas
(FARID et al., 2016, p. 273).

O princípio básico das zonas de manejo é a sobreposição de mapas, gerados


pela agricultura de precisão, com múltiplas abordagens em uma análise convergente,
podendo conter: análises de características físicas do solo; disponibilidade de nutrientes;
declividade topográfica; e padrão de produtividade para uma determina cultura, por
exemplo (Figura 7).

39
Figura 7 – Zonas de manejo geradas através (A) dados topográficos e (B) dosagem de nitrogênio presente
no solo

Fonte: adaptado de Farid et al. (2016)

No entanto, o delineamento de zonas com base na abordagem de sobreposição


do mapa depende dos critérios de classificação arbitrários definidos pelo usuário, que
incluem o número de classes e quebras de classe definidas para cada variável de mapa
sobreposto (Figura 8) (FRAISSE; SUDDUTH; KITCHEN, 2001; ZHANG; WANG; WANG, 2002).

Figura 8 – Representação de zona de manejo em multicamadas contendo componentes topográficos, atrib-


utos de solo e produtividade do histórico de lavouras na área

Fonte: adaptado de Alba et al. (2011)

A seleção de variáveis a serem usadas nas zonas de manejo é o primeiro passo


no processo de delimitação das zonas de manejo dentro do campo (SCSHEPER et al.,
2004), sendo o reconhecimento dos padrões das propriedades pedológicas a etapa

40
inicial do estabelecimento das zonas (ALBA et al., 2011; BERNARDI et al., 2015; NUNES
et al., 2018).

O próprio sistema operacional de classificação determina os limites das zonas


com base na estrutura espacial das variáveis de entrada do programa, porém, o operador
deve determinar de alguma forma o número correto ou ideal a serem criadas, mediante
ao uso de sensores de amostragem (Figura 9).

Além da avaliação de produtividade, as zonas de manejo permitem avaliar índices


vegetativos detectados remotamente. Deve-se sempre atentar sobre a manutenção da
homogeneidade dentro de cada zona de manejo (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

Figura 9 – Classificação do campo em zonas de manejo. (A) Classificação em três camadas e (B) classifica-
ção em seis camadas, onde: (1) elevação; (2) inclinação; (3) curvatura do perfil; (4) curvatura tangencial; (5)
índice de componente topográfico e (6) capacidade de troca catiônica

Fonte: adaptado de Fraisse et al. (2001)

O mapeamento de rendimento é outra abordagem para delinear as zonas de


manejo. Essa abordagem é considerada a principal forma de tecnologia de Agricultura
de Precisão nos EUA, no entanto, a aplicação prática do mapeamento de rendimento
para identificar zonas tem sido prejudicada pela variação espacial e temporal no
rendimento medido. Consequentemente, a maioria dos esforços na interpretação do
mapa de rendimento tem se concentrado na identificação de zonas generalizadas de
baixo, médio e alto rendimento.

De modo geral, o uso de zonas de manejo para caracterizar a variabilidade


espacial dos solos nas propriedades e das culturas é importante em estudos específicos
do local, sendo de grande importância considerar os efeitos temporais da variabilidade
climática na expressão da variação espacial nos rendimentos das culturas. “Em
condições de sequeiro, a variabilidade temporal da produção pode ser mais dominante
do que a variabilidade espacial, indicando que os padrões espaciais na produção de
grãos podem ser muito afetados pela variação anual” (SCSHEPER et al., 2004, p. 195).

41
Estudos comprovam que, à medida que zonas de manejo são adicionadas, uma
parte crescente da variação total do rendimento é explicada pelo particionamento da
zona (variação entre zonas), fazendo com que a variação total dentro da zona diminua,
ou seja, quanto maior a sobreposição, maior será a confiabilidade da análise (FRAISSE;
SUDDUTH; KITCHEN, 2001; TORIYAMA, 2020).

O caso de pouca melhoria na uniformidade dentro da zona pode sugerir


que o rendimento é uniforme em todo o campo ou fatores importantes que causam
a variabilidade do rendimento não foram levados em consideração ao determinar as
zonas (MASSEY et al., 2008). Porém, devemos nos atentar quanto à alteração sazonal
das zonas de manejo, pois práticas de manejo anual podem influenciar na dinâmica de
estabelecimento das zonas de manejo, onde estas deverão ser revisadas a cada ciclo de
utilização (SANTOS et al., 2003).

Sendo a produtividade agrícola um fenômeno complexo sob


influência de estresses múltiplos, o conjunto de variáveis utilizadas
para a segmentação da área em zonas potenciais de manejo
está mais ligado ao estudo da metodologia que aos fenômenos
biofísicos condicionantes da produtividade nos anos de observação
[...] O delineamento de zonas de manejo é dinâmico, podendo ser
influenciado pelo manejo anual da lavoura, pelas variáveis utilizadas
para a segmentação e pelo regime microclimático [...] Mudança na
direção das linhas de plantio pode alterar o número e a localização
das zonas de manejo (SANTOS et al., 2003, p. 467-468).

5 PLANEJAMENTO AGRÍCOLA

A complexidade do planejamento agrícola envolve diversos processos
ocorrentes nas propriedades, tais como: amostragem e zoneamento das áreas; aplicação
de insumos agrícolas; estabelecimento de estratégias para a colheita; programação
e automação da comercialização dos produtos gerados (BIRNER; DAUM; PRAY, 2021;
CHAUDHARY; SORATHIA; LALIWALA, 2004; NIKKILÄ; SEILONEN; KOSKINEN, 2010).

Além disso, o agricultor também precisa de informações em relação a finanças,


seguros para a lavoura, preço de insumos, preço de mercado internacional, uso potencial
e demanda de insumos agrícolas, e políticas governamentais de concessão de incentivos
agrícolas (BENTIVOGLIO et al., 2022; CHAUDHARY; SORATHIA; LALIWALA, 2004).

Logo, podemos ver que a atividade agrícola baseada em sistemas de precisão


é extremamente complexa, o que requer uma análise multidisciplinar, a qual é muito
dependente de práticas administrativas financeiras concisas.

O processo de tomada de decisão consiste em duas etapas (CHAUDHARY;


SORATHIA; LALIWALA, 2004; SILVA; DE MORAES; MOLIN, 2011):

42
• Etapa formal – composta de dados, metadados e métodos para lidar com os dados
computacionais e de manejo.
• Etapa informal – constituída pela expertise e conhecimento de uma pessoa(s) com
capacidade técnica que analisa e interpreta de forma objetiva os dados colhidos na
etapa formal.

Os dados envolvidos na tomada de decisões abrangem muitas disciplinas e


área de conhecimento, portanto, não se pode esperar que a experiência para processar
os dados esteja com apenas uma pessoa. Assim, a integração eficiente dessas duas
etapas é essencial, e com base nessa integração são desenvolvidos vários sistemas
de informação e de apoio ao planejamento agrícola (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015;
SILVA; DE MORAES; MOLIN, 2011).

O sistema de gerenciamento de informações agrícolas deve ser capaz de coor-
denar diversos formatos de dados (dados padronizados e dados específicos), além de
possibilitar o intercâmbio com outras plataformas de serviços, as quais se baseiam em
princípios da Agricultura de Precisão (NIKKILÄ; SEILONEN; KOSKINEN, 2010; YARASHY-
NSKAYA; PRUS, 2022). Os dados registrados pelas zonas de manejo, contendo indi-
cadores gerais de safras anteriores, são as informações mais significativas (FRAISSE;
SUDDUTH; KITCHEN, 2001; SCHIMMELPFENNIG, 2016), pois fornecem embasamento
para análises multivariadas, permitindo o planejamento de safras futuras.

A implementação de um sistema de gerenciamento de informações agrícolas
totalmente funcional é um trabalho árduo, pois requer o suporte de um grande projeto
de desenvolvimento de software, o qual deve correlacionar modelos biológicos compu-
tacionais com modelos de estimativa de rendimento de culturas agrícolas (ALVAREZ;
NUTHALL, 2006; NIKKILA; SEILONEN; KOSKINEN, 2010).

Esses sistemas utilizam inúmeros tipos de sensores de medição de parâmetros


agrícolas, que vão desde satélites de sensoriamento remoto, sensores aéreos,
instrumentos de vigilância e monitoramento, os quais são amplamente utilizados para
monitorar o crescimento de plantas, insetos, pragas, aspectos do solo, condições
ambientais e climáticas (CHAUDHARY; SORATHIA; LALIWALA, 2004).

Isso faz com que a Agricultura de Precisão seja uma técnica computacional-
mente mais complexa do que a agricultura tradicional, pois além de requerer medições
e aplicações precisas, exige também a interpretação de um sistema de informação com
múltiplas variáveis (NIKKILÄ; SEILONEN; KOSKINEN, 2010). Um sistema de gerenciamen-
to de informações agrícolas é mais focado na transferência digital de dados, o que re-
quer conhecimentos, de intermediários a avançados, para a interpretação e manuseio
desses dados (ALVAREZ; NUTHALL, 2006; NIKKILÄ; SEILONEN; KOSKINEN, 2010; WOLF-
ERT et al., 2017).

43
Um detalhe importante a ser considerado nos sistemas de gerenciamento
agrícolas é referente ao armazenamento da maioria dos dados relacionados às operações
de campo, como documentações e backups, os quais serão de extrema importância
para planejamentos posteriores (CHAUDHARY; SORATHIA; LALIWALA, 2004).

Em posse desses dados, planos operacionais podem ser considerados, dando


início a sequências de instruções para alguns implementos automatizados de apoio
à agricultura de precisão, como exemplo, o programa AGRIX (OKSANEN et al., 2005).
Uma vez criados e armazenados nos sistemas de gerenciamento agrícola, esses planos
operacionais precisam ser transferidos para a combinação trator ou implemento que
realiza a operação planejada, para que assim o plano de manejo automatizado seja
realizado (Figura 10).

Figura 10 – Fluxo de informações em um sistema de gerenciamento baseado em princípios de agricultura


de precisão, na produção agrícola

Fonte: adaptado de https://bit.ly/3osTN4F. Acesso em: 20 abr. 2023.

44
Existem vários requisitos para software de gerenciamento agrícola eficaz,
em que a maioria inclui indiretamente o tamanho do grupo de usuários, os quais são
formados por conjunto de agricultores, exigindo que o treinamento de operação do
software escolhido deve ser bem planejado.

Para a agricultura, o software deve ser projetado e implementado para fácil


utilização, com ajuda escrita e documentação como o principal meio de suporte ao
usuário, talvez com a possibilidade de suporte telefônico imediato adicional. Além disso,
a usabilidade geral do software torna-se um fator decisivo para a adoção ou não do
software, uma vez que a educação em larga escala dos agricultores “é inviável sem
métodos como tutoriais em vídeo autoexplicativos” (NIKKILÄ et al., 2010, p. 330).

NOTA
Podemos perceber que a Agricultura de Precisão associa informações
tecnológicas aos processos produtivos, e, nesse sentido, programas
computacionais que criam zonas de manejo são extremamente úteis
no reconhecimento de padrões homogêneos dentro das propriedades.
No artigo intitulado Prospecção de zonas potenciais para manejo
diferenciado em Agricultura de Precisão utilizando-se padrões de solo-
planta-clima, pode-se observar como a integração das informações do
solo e da lavoura auxiliam no manejo da cultura do milho.
Acesse em: https://bit.ly/3NEkEoJ.

45
LEITURA
COMPLEMENTAR
AGRICULTURA DE PRECISÃO: MAPAS DE RENDIMENTO E DE ATRIBUTOS DE
SOLO ANALISADOS EM TRÊS DIMENSÕES

Paulo José Alba


Telmo Jorge Carneiro Amado
Enio Giotto
Diego Schossler
Jackson Ernani Fiorin

1 INTRODUÇÃO

Os desafios contemporâneos relacionados à demanda crescente de alimentos,


à necessidade de rendimentos competitivos e à preocupação com a preservação
ambiental podem encontrar na Agricultura de Precisão uma eficiente resposta, uma
vez que ela é uma ferramenta de gerenciamento e tomada de decisões que conduz ao
aumento da eficiência da utilização dos recursos no sistema produtivo. A Agricultura
de Precisão caracteriza-se pela elevada quantidade de informações disponibilizadas,
podendo contribuir para o estabelecimento de relações espaciais de atributos de solo
com a produtividade das culturas.

Dentre os fatores de manejo determinantes para a expressão do potencial


produtivo de uma cultura, destacam-se o conhecimento detalhado de áreas cultivadas.
Para tanto, a análise do histórico de desenvolvimento das culturas pode ser uma eficiente
estratégia de caracterização da variabilidade espacial existente na área. O mapeamento
do rendimento, proporcionado por colhedoras equipadas com sensores de rendimento
e de umidade, destaca-se como uma alternativa moderna de gerenciar a variabilidade
espacial e temporal de lavouras comerciais, orientando as práticas de manejo.

Os mapas de produtividade podem ser utilizados na prospecção das causas da


variabilidade e, consequentemente, podem ser eficazes na formulação de soluções para
os fatores limitantes. Parte da variabilidade registrada pelos mapas de produtividade
pode ser atribuída a fatores constantes, ou que variam pouco temporalmente, enquanto
outros fatores transitórios, variam sua importância de uma safra para outra. A integração
de modelos digitais de atributos químicos, físicos e biológicos do solo, combinada com
a espacialização da produtividade, é, possivelmente, a alternativa mais completa para o
aprimoramento do manejo do solo.

46
Este trabalho teve como objetivo investigar a importância da altimetria (terceira
dimensão) na interpretação de mapas digitais de atributos de solo e planta, utilizados
na agricultura de precisão.

2 REPRESENTAÇÃO DE MAPAS UTILIZADOS NA AGRICULTURA DE PRECISÃO NA


TERCEIRA DIMENSÃO

Na Figura 1 é apresentado o mapa de rendimento na forma de grade regular


bidimensional (eixos X e Y), normalmente utilizada na agricultura de precisão, e com a
inclusão da altimetria (terceira dimensão, eixo Z) na forma de grade triangular. A grade
triangular é uma estrutura do tipo vetorial e representa uma superfície através de um
conjunto de faces triangulares interligadas.

Na Figura 1 observa-se que muitas das causas de variabilidade espacial de


rendimento podem ser explicadas por processos que ocorrem na superfície do terreno,
tais como: escoamento superficial de água, erosão, transporte de sedimentos e nutrientes
e armazenamento de água no solo. Ainda, a terceira dimensão possibilita o estudo da
posição topográfica, exposição solar e da profundidade do perfil do solo quando esta for
associada à declividade do terreno. Assim, a adição da terceira dimensão nos mapas
de atributos de solo e de rendimento pode contribuir para aprimorar o manejo do solo.

Figura 1 – Visualização do mapa de rendimento de soja na safra 2008/09 em duas dimensões (eixos x e y)
e em três dimensões (altitude, eixo z)

3 PRINCIPAIS COMPONENTES TOPOGRÁFICOS E ATRIBUTOS DE SOLO

No planejamento conservacionista o conhecimento da topografia é essencial.


Fatores como declividade e posição topográfica influenciam na produtividade das
culturas de maneira indireta, por influenciarem os atributos físicos e químicos do solo.
Na Figura 2 é apresentada a altitude e a declividade da área agrícola de Vitor Graeff.

47
A altitude pode determinar vários processos que influenciam a produtividade
das culturas tais como as perdas de rendimento associadas às geadas nas cotas mais
baixas do terreno ou a incidência de doenças nos locais mais úmidos. Na Figura 2
observa-se que as cotas mais elevadas de altitude ocorrem ao norte da área.

Figura 2 – Modelos digitais da altitude representada por curvas de nível (a) e a declividade (b) da área
agrícola
a)

b)

4 FLUXOS PREFERENCIAIS DE ÁGUA NA SUPERFÍCIE DO TERRENO E A RELAÇÃO


COM O RENDIMENTO

As pedoformas condicionam a concentração e o escoamento de água na


superfície do terreno. Em lavouras de plantio direto, em que foram retirados os terraços
ou sua manutenção deixou de ser feita, o escoamento de água pode ocasionar erosão
em sulcos e transportar sedimentos e agroquímicos para áreas adjacentes.

A argila e a matéria orgânica do solo (MOS) por apresentarem baixa densidade


são prioritariamente transportadas pelo processo erosivo. Este processo, em longo
prazo, ocasiona o decréscimo da produtividade das culturas devido ao esgotamento
de nutrientes. A relação espacial da erosão com os componentes topográficos,
identificando áreas com elevada taxa de erosão na lavoura e que tem seu potencial
produtivo comprometido.

Na Figura 3 é apresentada a relação da declividade com os principais fluxos de


água na lavoura, utilizando uma ferramenta do ArcGIS 9.3. Observa-se que na região de
elevada declividade, no centro da área, localiza-se um importante fluxo superficial de

48
água. Ainda, na Figura 3 observa-se a relação do fluxo de água com o rendimento de
milho obtido na safra 2007/08.

Na área central, com elevada declividade, a média de rendimento em torno do


fluxo de água (5 m de cada lado) foi 13 e 24% inferior ao rendimento médio da lavoura e
da área com baixa declividade situada à direita, respectivamente.

Figura 3 – Fluxos preferenciais da água (enxurrada) determinados com o Arcgis 9.3 a partir de imagem do
srtm e a declividade

5 CONCLUSÕES

As áreas com fluxo superficial concentrado de água resultaram em decréscimo


no rendimento das culturas da soja e do milho, sendo associadas à ocorrência de erosão.
A terceira dimensão, aplicada aos modelos digitais de atributos de solo e de rendimento,
foi uma ferramenta eficiente para aprimorar o manejo sob agricultura de precisão.

Fonte: ALBA, P. J. et al. Agricultura de Precisão: mapas de rendimento e de atributos de solo. Enciclopé-
dia Biosfera, [s. l.], v. 7, n. 13, p. 29–41, 2011. Disponível em: https://conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/
article/view/4090. Acesso em: 20 fev. 2023.

49
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu:

• A Agricultura de Precisão pode direcionar as taxas de fertilizantes, sementes e


produtos químicos para o solo e outras condições, de uma forma consciente,
contribuindo para a sustentabilidade a longo prazo, reduzindo a carga ambiental de
aplicação de fertilizantes e pesticidas apenas onde e quando necessários.

• Esse modelo agrícola altamente tecnológico é apontado como um sistema rentável,


pois se baseia na aplicação otimizada e minimizada de insumos agrícolas. Os insumos
devem ser usados na taxa essencial, sem gerar desperdícios ou superdosagens de
aplicação, evitando, assim, a contaminação do solo e de corpos d’água.

• O princípio básico das zonas de manejo é a sobreposição de mapas, gerados pela


agricultura de precisão, com múltiplas abordagens em uma análise convergente,
podendo conter: análises de características físicas do solo; disponibilidade de
nutrientes; declividade topográfica; e padrão de produtividade para uma determinada
cultura.

• O processo de tomada de decisão, no gerenciamento agrícola por meio da


agricultura de precisão, consiste em duas etapas: Etapa Formal – composta de
dados, metadados e métodos para lidar com os dados computacionais e de manejo;
Etapa Informal – composta pela expertise e conhecimento de uma pessoa(s) com
capacidade técnica que analisa e interpreta de forma objetiva os dados colhidos na
etapa formal.

50
AUTOATIVIDADE
1 O sensoriamento remoto possibilita a obtenção de informações dos objetos por
meio da interação da radiação eletromagnética com a superfície terrestre e pode
ser utilizado para estudos e análises em diversas áreas. Quanto as aplicações de
sensoriamento remoto poderem ser utilizadas para as áreas agrícolas e contribuírem
para a produção neste setor, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Engenharia de Operações e Processos da Produção; Logística; Engenharia do


Produto e Engenharia Organizacional.
b) ( ) O sensoriamento remoto, ao ser utilizado para mapeamento de áreas agrícolas,
permite obter informações imprecisas dessas áreas. Por isso, com o sensoriamento
remoto, é possível somente analisar áreas urbanas e reservas ambientais.
c) ( ) O sensoriamento remoto contribui para a obtenção de informações sobre a
superfície terrestre, mas não auxilia na produção agrícola, pois, apesar de ser
possível a obtenção de informações remotas pelas imagens de satélite, não
possibilita o planejamento dessas áreas.
d) ( ) O sensoriamento contribui para a obtenção de informações sobre as áreas
agrícolas, mas não pode ser aplicado diretamente nas áreas de plantio, pois não
existem imagens de satélite capazes de obter dados de culturas agrícolas.

2 No Brasil, o sensoriamento remoto aplicado à agricultura é amplamente utilizado pelas


instituições de pesquisa e, também, por produtores rurais, principalmente aqueles
que praticam a chamada agricultura de precisão. Sobre o conceito de agricultura de
precisão, analise as sentenças a seguir:

I- É um tipo de agricultura que considera importante a variabilidade temporal para suas


análises, mas, para mapeamentos, somente leva em consideração a variabilidade
espacial das áreas agrícolas.
II- É aquela que utiliza a variabilidade temporal e espacial das áreas agrícolas com o
objetivo de otimizar recursos e aumentar o lucro por meio da sustentabilidade do
sistema produtivo.
III- É um tipo de agricultura que desconsidera em suas análises a variabilidade temporal,
mas que considera muito importante a variabilidade espacial das áreas agrícolas em
suas avaliações.
IV- É aquela que considera importante a variabilidade espacial para suas análises e
mapeamentos, independentemente da ótica sistêmica e de sustentabilidade.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.

51
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença IV está correta.

3 Para a interpretação de uma imagem de satélite, é importante levar em consideração


uma série de fatores que devem ser analisados para que se tenha um mapeamento
de qualidade para as áreas agrícolas. Sobre os fatores imprescindíveis para a
interpretação de imagens de satélite com bons resultados, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Os preços das imagens de satélite disponíveis no mercado, pois, geralmente, não se
encontram imagens gratuitas.
( ) A quantidade de cenas que você irá usar no mapeamento, pois, se for somente uma
cena, o mapa não terá qualidade.
( ) Os índices que podem ser calculados a partir das imagens, pois sem eles não se pode
fazer uma interpretação.
( ) A escolha do material a partir dos objetivos e escala de trabalho e o conhecimento do
comportamento espectral dos alvos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V - V.
b) ( ) F – F – F – V.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) F – F – V – V.

4 Ressalta-se a importância de difusão de pontos de acesso à internet ao ambiente rural,


pois a conectividade é um aspecto crucial para o funcionamento e posicionamento
de elementos tecnológicos utilizados na agricultura de precisão, os quais gerenciam
o uso sustentável de insumos agrícolas. Os insumos agropecuários podem ser
categorizados em três tipos. Descreva corretamente estas três tipologias.

5 O reconhecimento de padrões em propriedades é fundamental para a viabilização


de práticas de ação, principalmente para uma abordagem de lavouras por zonas ou
classes de manejo. Diante do exposto, disserte sobre os princípios que fundamentam
das zonas de manejo.

52
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58
UNIDADE 2 —

SISTEMAS DE NAVEGAÇÃO E
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os princípios básicos de sistemas de navegação e informações


geográficas, incluindo seus componentes e funcionalidades;

• conhecer as ferramentas e técnicas utilizadas para coletar, armazenar, processar e


analisar dados geográficos;

• entender os conceitos de georreferenciamento e sistemas de coordenadas;

• aprender como os sistemas de navegação são usados em Veículos Aéreos não


Tripulados.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – SISTEMAS DE NAVEGAÇÃO GLOBAL POR SATÉLITES


(GNSS)

TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG) E ANÁLISE


ESPACIAL DE DADOS

TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS (VANT) NA


AGRICULTURA DE PRECISÃO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

59
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

60
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
SISTEMAS DE NAVEGAÇÃO GLOBAL POR
SATÉLITES (GNSS)

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 1, abordaremos sobre os Sistemas de
Navegação Global por Satélites (GNSS). O Sistema de Navegação Global por Satélites
(Global Navigation Satellite System – GNSS) é uma tecnologia que permite a localização
precisa de objetos, pessoas e veículos em todo o mundo, por meio de uma rede de
satélites que transmitem sinais de rádio para receptores na superfície da Terra.

Os principais sistemas GNSS em operação atualmente são o GPS (Sistema de


Posicionamento Global) e o Glonass. O GNSS é utilizado em uma ampla variedade de
aplicações, incluindo navegação de veículos, monitoramento de frota, mapeamento
geográfico, geoprocessamento, georreferenciamento de propriedades rurais,
monitoramento ambiental, entre outras.

Os receptores GNSS calculam a posição do usuário a partir das informações


recebidas dos satélites. Isso é possível porque os satélites transmitem informações
precisas sobre a sua localização e a hora exata em que os sinais foram transmitidos. O
receptor utiliza essas informações para calcular a distância até cada satélite e, a partir
disso, determinar a sua própria posição.

2 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DOS GNSS


O GNSS é um sistema de posicionamento global que utiliza satélites em órbita
da Terra para determinar a posição exata de um receptor em qualquer lugar do mundo.
Ele é composto por uma constelação de satélites, estações terrestres e usuários finais,
que se comunicam entre si para fornecer informações precisas sobre a localização,
velocidade e direção de um objeto ou pessoa (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

DICA
As constelações mais utilizadas no Brasil são GPS e Glonass, as quais
possuem respectivamente, 31 e 24 satélites. Assim, apresentam melhor
cobertura e precisão quando utilizadas em conjunto (constelação de
satélites) (ZERBATO; CORRÊA; FURLANI, 2020).

61
Figura 1 – Constelação de satélites

Fonte: Zerbato, Corrêa e Furlani (2020, p. 28)

A primeira grande invenção da humanidade, em relação aos métodos


de localização e navegação, foi a bússola, possibilitando uma grande evolução,
principalmente nas navegações marítimas. Em 1957, foi dado um grande passo durante
a Segunda Guerra Mundial, com comunicação via rádio, da eletrônica e dos foguetes,
sendo o marco mais importante para a história, o lançamento do primeiro satélite na
órbita da Terra, o Sputnik 1, pela União Soviética.

Desde então, deu-se início à uma evolução armamentista espacial pelos Esta-
dos Unidos e União Soviética, com desenvolvimento de sistemas de localização cada
vez mais exatos (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015). No entanto, sendo necessária maior
exatidão, facilidade de uso e menores custos surgiu os Sistemas de Navegação por
Satélite (GNSS), os quais foram criados inicialmente para fins bélicos, porém, revolucio-
naram os métodos de localização terrestre.

Segundo Molin, Amaral e Colaço (2015), os atuais componentes do GNSS de al-


cance global são o Navigation Satellite Time and Ranging (Navstar), ou Global Positionig
System (GPS) dos Estados Unidos, e o Global’naya Navigatsionnay Sputnikovaya Sistem
(Glonass), da Rússia. A União Europeia também possui seu sistema, chamado Galileo, pro-
jetado pela European Space Agency (ESA). A china também está em processo de lança-
mento de seus satélites com o intuito de criar um sistema de navegação próprio, o Com-
pass Navigation Satellite System (CNSS) ou BeiDou Navigation Satellite System (BDS).

De acordo com Setti Júnior et al., (2020), em 1970 foram iniciados os sistemas
globais de navegação por satélite, com o intuito de determinar instantaneamente a
posição, velocidade e tempo de determinado ponto, em qualquer condição atmosférica
e em qualquer localização geográfica. Desenvolvidos de maneira concomitante e
independente, o GPS e o Glonass foram os primeiros sistemas a serem desenvolvidos,
seguidos pelos sistemas Galileo e BDS.

62
A agricultura em larga escala possibilitou grandes avanços tecnológicos, visto
que uma grande área de uma lavoura pode apresentar diferenças no tipo de solo,
fertilidades, pragas, doenças, entre outros. Com isso, as novas tecnologias, como GNSS,
possibilitaram ao campo uma maior viabilidade operacional para essas grandes áreas,
podendo fazer os tratos culturais de acordo com a demanda de cada local, promovendo,
assim, uma grande inovação no setor agrícola (BERNADI et al., 2014).

Para o uso na agricultura de precisão, as máquinas são dotadas de receptores


GNSS e sistema de armazenamento e leitura de dados, sendo as mais conhecidas,
colhedores de grãos, as quais possuem capacidade de mapear a produção, máquinas
que aplicam insumos a taxas variáveis, plantio e semeadura em população variável.

O sistema GNSS se divide em três componentes:

• Espacial: é composto pela constelação de satélites que orbitam o globo terrestre,


esses satélites transmitem ondas de radiofrequência aos receptores, uma vez
recebida as ondas, são processadas e determinam uma posição.
• Controle: responsável por monitorar e corrigir a órbita do satélite e seu relógio
atômico, esse sistema de controle é composto por cinco estações espalhadas ao
redor do mundo, com o intuito de calcular o erro de trajetória e do relógio do satélite
e corrigi-los.
• Usuário: responsável por calcular e fornecer a posição no globo terrestre, por meio
dos receptores GNSS (MACHADO, 2008).

Entre as principais características dos GNSS, podemos destacar (TEUNISSEN;


MONTENBRUCK, 2017):

• Precisão: os sistemas GNSS são capazes de determinar a posição de um receptor


com alta precisão, geralmente na ordem dos metros ou centímetros.
• Cobertura global: como os satélites estão em órbita da Terra, os sistemas GNSS
podem fornecer informações de posicionamento em qualquer lugar do mundo,
desde que haja visibilidade direta dos satélites.
• Disponibilidade: os sinais GNSS estão sempre disponíveis, 24 horas por dia, sete
dias por semana, desde que haja visibilidade dos satélites.
• Interoperabilidade: os sistemas GNSS são compatíveis entre si, o que significa
que um receptor pode receber sinais de diferentes sistemas (por exemplo, GPS e
Glonass) para aumentar a precisão e a disponibilidade do posicionamento.
• Versatilidade: os sistemas GNSS são utilizados em uma ampla variedade de aplicações,
incluindo navegação de veículos, mapeamento geográfico, monitoramento de frota,
geoprocessamento, georreferenciamento de propriedades rurais, monitoramento
ambiental, entre outras.
• Evolução tecnológica: os sistemas GNSS estão em constante evolução, com novos
sistemas sendo desenvolvidos e melhorias sendo feitas nos sistemas existentes
para aumentar a precisão, a disponibilidade e a interoperabilidade.

63
Segundo Pusch, Machado e Amaral (2019), os receptores modernos podem ser
capazes de receber sinais de ambas as constelações, com os sistemas GPS e Glonass
completamente operacionais, promovendo maior precisão, além disso, possui maior
cobertura, com 55 satélites de localização ao redor da Terra. Ressalta-se que além dos
sistemas já mencionados, existem redes regionais que necessitam de menos satélites
em órbitas e até estacionários, com o intuito de ter uma cobertura de locais determinados
ou também para gerar sinais de correção do sinal GNSS.

Nesta unidade, vamos focar no sistema GPS, o qual é utilizado em maior escala
em nosso país. Este sistema, bastante conhecido, está em fase de modernização, foi
criado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, com o intuito de ser o sistema
de navegação mais bem aproveitado. O GPS possui a capacidade de fornecer o tempo,
a posição e a velocidade, com rapidez e exatidão, em qualquer instante e local de todo
globo terrestre. Por esse motivo, esse sistema é considerado o sistema mais eficiente e
por consequência, o mais usado (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

A principal característica desse sistema é possibilitar que, independentemente


do local que o operador esteja, tenha a sua disposição, no mínimo, quatro satélites
“visíveis”, rastreados e sintonizáveis simultaneamente pelo mesmo receptor, sendo
assim possível, saber a posição em tempo real.

2.1 SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL (GPS)



O sistema de posicionamento global (GPS) foi criado pelo Departamento
de Defesa dos Estados Unidos no início de 1960, chamado de NAVSTAR (Navigation
Satellite with Time And Ranging), com o intuito de ser o principal sistema de navegação
(MONICO, 2008). O GPS é um sistema espacial capaz de determinar a posição espacial,
a velocidade e a disseminação do tempo num sistema padrão, a qualquer instante, em
qualquer ponto nas proximidades da Terra e independente das condições meteorológicas.

O número de usuários aumenta a cada ano, em diversos setores como


navegação, agricultura, posicionamento topográfico e geodésico, isso ocorre devido ao
grande potencial dos sistemas e avançado desenvolvimento da tecnologia utilizada nos
circuitos que compõem os receptores GPS, o que está contribuindo para manter um
custo acessível aos usuários e redução do tamanho dos equipamentos.

O segmento espacial é caracterizado pela constelação de satélites (Figura 2).

64
Figura 2 – Constelação de satélites representando o segmento espacial do gps

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 20)

O sistema GPS é um sistema de geoposicionamento por satélites artificiais,


que se baseia na transmissão e recepção de ondas de radiofrequência captadas pelos
receptores, sendo possível determinar sua posição em qualquer lugar do globo terrestre.
A constelação é constituída por 24 satélites, sendo que 21 conseguem cobrir toda a
Terra, ficando três como reserva.

De acordo com Molin, Amaral e Colaço (2015), os 24 satélites são distribuídos


em seis planos orbitais, com quatro satélites em cada plano, numa altitude aproximada
de 20.200 km. Os planos orbitais são inclinados 55° em relação ao equador, e o período
orbital é de aproximadamente 12 horas siderais. Essa distribuição permite que sempre
sejam visíveis quatro satélites GPS, sem interrupção, em qualquer lugar da Terra
(KAPLAN; HEGARTY, 2006)

Assim, os satélites de navegação GPS transmitem continuamente em duas


bandas portadoras L1 e L2, com frequências diferentes:

Tabela 1 – bandas dos satélites de navegação GPS

Banda Comprimento de onda Frequência Protocolo de dados


L1 0,19 m 1.575,42 MHz C/A e P
L2 0,24 m 1.227,60 MHz P
Fonte: adaptado de Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 20)

São modulados dois códigos para as duas ondas portadoras, que são chamados
pseudoaleatórios. Na banda L1, modula-se o código Clear Access ou Coarse Aquisition
(C/A) e o código Precise (P); já a banda L2 é somente modulada pelo código P. Esses

65
códigos correspondem ao Standard Positioning Service (SPS) – C/A, e ao Precise
Positioning Service (PPS) – P (KAPLAN; HEGARTY, 2006).

O segmento do controle do GPS é composto por cinco estações, de forma que


a estação principal está situada em Colorado Springs (CO), nos Estados Unidos, e as
demais, de monitoramento, distribuídas de forma estratégica ao redor da Terra, com o
objetivo de melhor observar os sinais transmitidos pelos satélites.

Dessa forma, a estação principal situada em Colorado, capta os dados


transmitidos pelas estações de monitoramento e calcula a órbita exata e os parâmetros
de relógio de cada satélite. Esses resultados são repassados aos satélites via antenas de
retransmissão, que permite, então, a correção da órbita de cada satélite periodicamente.

O segmento do usuário são os receptores GPS (Figura 3). No mercado,


atualmente, existe uma grande gama de receptores, com diferentes configurações,
podendo ser utilizados para infinitas possibilidades. Esses receptores são os aparelhos
móveis, que são capazes de determinar a posição do operador, com latitude, longitude
e altitude de um ponto na superfície terrestre.

Figura 3 – modelos de receptores GPS

Fonte: Rodrigues e Schimaleski (2012)

Um ponto de grande importância na evolução dos sistemas de localização e


navegação foi o domínio da mensuração do tempo com grande exatidão, nesse sentido,
destaca-se o surgimento dos relógios atômicos. Segundo Molin, Amaral e Colaço
(2015), o surgimento dos relógios atômicos permitiu a concepção de sistemas de
posicionamento com satélites orbitais, uma vez que viabiliza a mensuração do tempo
gasto entre a transmissão de ondas de rádio no espaço a partir da posição conhecida
desses satélites até um receptor.

Desse modo, é o princípio de funcionamento dos GNSS, o qual consiste na


medida de tempo e como consequência, na obtenção da distância entre o usuário e
quatro satélites. Sabendo as coordenadas dos satélites em um determinado sistema

66
de referência, pode-se calcular as coordenadas do usuário no mesmo sistema de
referências dos satélites (MONICO, 2008).

Para o cálculo, o receptor se baseia na medida da distância entre ele e o satélite
visível. Dessa maneira, cada satélite transmite interruptamente sinais de rádio com sua
posição e medida de tempo, e cada canal do receptor sintoniza um desses sinais. Em
seguida o receptor mede o tempo para que o sinal percorra a distância entre o satélite
e a sua antena, enfim, esse tempo é utilizado para calcular a distância da antena a cada
satélite (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

Este cálculo utiliza a constante da velocidade da luz c (aproximadamente
299.792.458 m/s). O receptor mede o tempo t que o sinal gastou para chegar até ele e
calcula a distância d ao satélite com a equação da velocidade:

Com isso, é possível triangular as distâncias entre o receptor e os satélites


visíveis e determinar um ponto em comum entre os satélites, resultando na posição do
receptor.

O funcionamento de um receptor ocorre da seguinte forma:

• seleção dos satélites e determinação da posição aproximada do satélite por meio do


conjunto de dados do sistema transmitido continuamente pelos rádios dos satélites;
• rastreamento e aquisição do sinal de cada satélite selecionado;
• medição do tempo e cálculo das distâncias;
• recepção dos dados de navegação de cada satélite;
• fornecimento de informações de posição e velocidade;
• gravação e visualização dos resultados via painel do receptor.

ATENÇÃO
Destaque importante deve ser dado à antena, a qual recebe os sinais
que sofrem interferências quando passam por algum obstáculo. Alguns
obstáculos podem causar redução dos sinais, como folhagem densa,
podendo dificultar a recepção, no entanto, algumas antenas conseguem
captar sinais debaixo de telhado de cerâmicas.

A principal unidade eletrônica de um receptor é o canal ou processador de sinal,


podendo ser de multicanais ou canais paralelos, e possuem oito ou mais canais. Os
receptores atuais modernos, como aqueles utilizados no meio agrícola, são multicanais,
que, nestes casos, são necessários para determinar a posição de, no mínimo, quatro
canais, cada um sintonizado a um satélite (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

67
Os receptores GPS são classificados e divididos de diversas formas:

• receptor de uso militar ou receptor de uso civil;


• quanto à aplicação: receptor de navegação, receptor geodésico, receptor para
Sistema de Informações Geográficas (SIG), receptor de aquisição de tempo, entre
outras;
• quanto ao tipo de dados proporcionados pelo receptor: código C/A, código C/A e
portadora L1, código C/A e portadoras L1 e L2, código C/A e P e portadoras L1 e L2,
códigos C/A, L2C, P e portadoras L1 e L2.

No meio agrícola, a utilização de receptores GNSS é bastante estabelecida no


mercado, predominando os receptores de navegação ou autônomos, que, no caso
do sinal GPS, utilizam apenas o código C/A (transmitido na frequência L1). Um ponto
importante para ser citado nesta Unidade, são os erros que atuam no GNSS.

Segundo Molin, Amaral e Colaço (2015), é necessário primeiramente entender o


conceito de precisão e exatidão. De acordo com os autores, o termo precisão relaciona-
se com a variação do valor medido repetidamente sob mesmas condições em torno
do valor médio observado, enquanto exatidão refere-se ao quão próximo está o valor
medido do valor real (Figura 4).

A precisão é afetada somente pelos erros aleatórios no processo de medição,


enquanto a exatidão é afetada pela precisão, bem como pela existência de erros
desconhecidos ou sistemáticos. As medidas podem ser precisas e não exatas, mas só
podem ser exatas se forem precisas.

Figura 4 – Representação de uma condição de (a) alta exatidão e alta precisão; (b) baixa exatidão e alta
precisão; (c) baixa precisão e baixa exatidão

A B C

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 26)

Os erros de posicionamento podem ser classificados quanto a sua origem em erros


do Relógio dos satélites, erros do Relógio do receptor, erros causados por pequenos desvios
de órbita dos satélites, refração causada pela interferência da ionosfera e da troposfera,
reflexão de sinal, disponibilidade seletiva e geometria da distribuição dos satélites.

68
Todo sistema de posicionamento é baseado na medida do tempo que o sinal de
rádio gasta para sair do satélite e chegar no receptor. No entanto, o relógio dos satélites
pode causar erros no GNSS se não estiver funcionando corretamente. Se o relógio
estiver dessincronizado os sinais dos satélites serão recebidos com um erro de tempo,
o que pode resultar em erros na posição calculada pelo receptor GNSS. Segundo Molin,
Amaral e Colaço (2015) um erro de apenas 0,1 microsegundos nos relógios dos satélites
representa um erro de cálculo de distância de aproximadamente 30 metros.

O relógio do receptor é um componente importante do GNSS, pois é responsável


por manter o tempo preciso no receptor, que é usado para sincronizar os sinais
recebidos dos satélites. No entanto, se o relógio do receptor não estiver funcionando
corretamente, pode haver erros no GNSS. Por exemplo, ruídos introduzidos nas medidas
por interferência elétrica ou limitações matemáticas podem promover erros. Esses erros
podem causar incertezas da ordem de 1 a 2 metros.

Como dito anteriormente, o Global Navigation Satellite System (GNSS) é um sis-


tema de navegação por satélite que utiliza uma rede de satélites em órbita para deter-
minar a posição, velocidade e tempo em qualquer lugar do mundo. Os desvios na órbita
dos satélites podem afetar a precisão do GNSS, pois podem resultar em erros na deter-
minação da posição do receptor. Os desvios na órbita dos satélites podem ser causados
por vários fatores, como perturbações gravitacionais dos planetas, atração gravitacional
da Lua e do Sol, forças de maré, pressão da luz solar, entre outros (MOLIN; AMARAL;
COLAÇO, 2015). Esses fatores podem fazer com que os satélites saiam de sua órbita
prevista, resultando em erros na posição determinada pelo receptor GNSS (Figura 5).

Figura 5 – Erro de órbita dos satélites

Fonte: Zerbato, Corrêa e Furlani (2020, p. 31)

A cintilação ionosférica é um fenômeno que ocorre na ionosfera da Terra e


pode afetar a precisão do Global Navigation Satellite System (GNSS). A ionosfera é
uma camada da atmosfera que contém elétrons livres e íons carregados, e que afeta a
propagação dos sinais de rádio devido a sua interação com as ondas eletromagnéticas.

69
A cintilação ionosférica é um efeito que ocorre quando o sinal GNSS atravessa a
ionosfera e sofre uma variação de fase e amplitude, resultando em variações temporais
na intensidade do sinal recebido pelo receptor GNSS. Essas variações podem resultar
em erros na determinação da posição do receptor (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

A geometria dos satélites em relação ao receptor GNSS pode afetar a precisão


do sistema de navegação por satélite. A geometria refere-se à posição e à direção dos
satélites em relação ao receptor GNSS e pode influenciar a qualidade dos sinais recebidos.

Molin, Amaral e Colaço (2015) informam que a qualidade da geometria dos


satélites é quantificada pela diluição de precisão, (DOP), que determina o posicionamento
espacial dos satélites visíveis em tempo real e é composta por: diluição de precisão no
tempo (TDOP); diluição e precisão vertical (VDOP), que interfere na altitude; diluição de
precisão horizontal (HDOP), que interfere na latitude e na longitude; diluição da precisão
nos três eixos (PDOP), latitude, longitude e altitude.

Observe que a maior dispersão dos satélites em uso (A) garante maior exatidão
de posicionamento que em (B).

Figura 6 – Diferentes geometrias dos satélites captados pelo receptor


a b

Fonte: Zerbato, Corrêa e Furlani (2020, p. 35)

DICA
Um artigo sobre o uso de GPS na agricultura intitulado como Applications of
GPS in Precision Agriculture: a review, publicado por Reddy e Kumar na Revista
Sensors (ISSN 1424-8220), em 2013, faz uma revisão sobre o uso do GPS na
agricultura. Neste artigo, os autores discutem as várias aplicações de GPS
na agricultura de precisão, incluindo a orientação de máquinas agrícolas,
mapeamento de áreas de cultivo, monitoramento do crescimento das
plantas, e gestão de insumos e fertilizantes. Os autores também abordam os
desafios enfrentados na implementação da tecnologia GPS na agricultura,
como a precisão do sinal em áreas com obstáculos, a necessidade de
calibração regular dos dispositivos GPS, e o alto custo de investimento
inicial. O artigo conclui destacando a importância da utilização do GPS na
agricultura de precisão e destacando a necessidade de pesquisa contínua
para melhorar a eficiência e eficácia da tecnologia.

70
2.1.1 Métodos de Posicionamento e Representação
Os sistemas de navegação por satélite (GNSS) são usados para determinar a
posição de um objeto ou pessoa na Terra. Esse processo (latitude, longitude e altitude)
segundo um sistema de referência (datum) é o processo de posicionar geograficamente
um objeto. Os métodos de posicionamento podem ser classificados e descritos de
diversas formas, sendo agrupados em posicionamento absoluto e diferencial, definidos
segundo Molin, Amaral e Colaço (2015).

O posicionamento absoluto, ponto único ou posicionamento por pontos (Single


Point Positioning – SPP) é um método mais simples de posicionamento GNSS, no qual o
receptor usa informações de um único satélite para determinar sua posição. O SPP é ge-
ralmente preciso até alguns metros e é útil para aplicações que não exigem alta precisão.
Os pontos podem ser gerados com o receptor GNSS na forma estática ou cinemática.

O posicionamento diferencial envolve o uso de duas ou mais estações de


recepção GNSS, uma das quais é considerada uma estação de referência com
coordenadas conhecidas. A estação de referência mede erros na posição determinada
pelos sinais GNSS e os transmite para a outra estação, que os corrige em sua posição.

O receptor na estação de referência tem suas coordenadas geográficas conheci-


das e ao receber o posicionamento oriundo dos satélites é capaz de calcular um erro no
seu posicionamento. A mensagem de erro é enviada para o receptor móvel, que está efe-
tivamente com o usuário e será utilizada para corrigir o posicionamento desse receptor.

ATENÇÃO
O posicionamento diferencial pode fornecer precisão de alguns
centímetros a alguns metros, dependendo da distância entre as estações
e das condições atmosféricas.

Os dados recebidos pelo receptor móvel podem ser pós-processados para


correção ou corrigidos em tempo real por meio de um sistema de comunicação (rádio
de transmissão, linha telefônica para internet ou satélites de comunicação). No entanto,
esses dados pós-processados não são de interesse para a agricultura de precisão, pois
em atividade de campo o posicionamento deve ser exato e em tempo real.

A correção diferencial diminui ou elimina erros que podem ser causados por
vários fatores, incluindo atraso ionosférico, atraso troposférico, erros orbitais e outros
fatores ambientais. De forma explicativa, as estações de referência são, geralmente,
equipadas com receptores GNSS de alta precisão e posicionadas em locais conhecidos
com coordenadas precisas.

71
Essas estações coletam sinais GNSS dos mesmos satélites que o receptor
de usuário e medem os erros nas posições determinadas pelos sinais GNSS (MOLIN;
AMARAL; COLAÇO, 2015). Esses erros são, então, enviados para o receptor de usuário e
aplicados para melhorar a precisão do posicionamento.

Existem diversos sistemas de correção diferencial, sendo que os mais utilizados


da agricultura de precisão são aqueles que fornecem correção em tempo real – Real
Time Kinematic (RTK), local área – Augmentation System (LAAS) e o Satellite-Basead
Augmentation System (SBAS).

O RTK (Real-Time Kinematic) é um método de posicionamento diferencial


que permite alcançar altas precisões em tempo real, geralmente na ordem de alguns
centímetros. O RTK utiliza uma estação base fixa que recebe sinais dos satélites GNSS
e calcula as correções diferenciais para as medições de um ou mais receptores móveis
(MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

As correções diferenciais são transmitidas do receptor base para o receptor móvel em


tempo real, geralmente por meio de um link de conexão de rádio ou celular. O receptor móvel
usa as correções para corrigir seus próprios cálculos e, assim, melhorar sua precisão (Figura
7). O RTK é um dos sistemas de correção diferencial mais precisos disponíveis atualmente.

IMPORTANTE
O sistema RTK é usado em aplicações que requerem alta precisão,
como mapeamento, levantamento topográfico, agricultura de precisão,
construção civil, entre outras.

Figura 7 – Sistema de correção diferencial utilizando uma base fixa em coordenada conhecida e um link de
rádio entre esta e o receptor

Sinal de Correção Diferencial


Receptor Estação Base
Móvel
e Transmissor

Fonte: Lima et al. (2006, p. 538)

72
Uma das limitações dessa técnica, em relação à área de abrangência, para a
realização de levantamentos por RTK é o alcance de transmissão das ondas de rádio.
Basicamente, o alcance máximo é definido em função da potência do rádio e das
condições locais em termos de obstáculos físicos. Além disso, esse link de rádio precisa
de licença, a qual deve ser concedida pela Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) no Brasil (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

O problema do alcance de transmissão de ondas de rádio pode ser solucionado com


redes de estações locais GNSS em uma dada região com links de rádio e acesso ao usuário
em área de cobertura, podendo ser totalmente privadas, como em grandes áreas agrícolas
ou também podem ser estabelecidas de forma cooperada por pequenos produtores.

O RTK é um sistema de correção diferencial que permite alcançar alta precisão


em tempo real. É usado em muitas aplicações, desde mapeamento de precisão até
agricultura de precisão, construção civil e muitas outras. No entanto, o RTK requer
uma linha de visão clara para os satélites GNSS, então pode haver problemas em áreas
urbanas ou em locais com muitas obstruções. Além disso, o custo do equipamento RTK
pode ser relativamente alto em comparação com outros métodos de posicionamento
GNSS (LEICK, 2015).

O LAAS (Local Área Augmentation System) é um sistema de correção diferencial


projetado para melhorar a precisão e a integridade do posicionamento em aeronaves.
É baseado no solo que fornece correções diferenciais em tempo real para receptores
GNSS instalados em aeronaves (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

Este sistema utiliza uma rede de estações de referência GNSS para coletar dados
de satélite e gerar correções diferenciais para aeronaves na área de cobertura do sistema.
Essas correções são transmitidas para as aeronaves por meio de um canal de comunicação
de rádio. O LAAS é um sistema de correção diferencial altamente avançado que melhora
significativamente a precisão e a confiabilidade do posicionamento em aeronaves.

É, particularmente, útil para operações de pouso e decolagem, onde a precisão


é crucial para a segurança. No entanto, o LAAS é complexo e requer investimentos
significativos em infraestrutura e equipamentos, além de uma cobertura de estação de
referência adequada para fornecer uma precisão de posicionamento confiável em toda
a área de cobertura do sistema (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

O SBAS (Sistema de Aumento Baseado em Satélite) é um sistema de correção


diferencial que utiliza satélites para fornecer correções diferenciais para receptores
GNSS. É projetado para melhorar a precisão e a confiabilidade do posicionamento em
tempo real em grandes áreas, como continentes ou grandes regiões.

Este sistema utiliza uma rede de estações de referência GNSS para coletar
dados de satélite e gerar correções diferenciais. Essas correções são transmitidas para

73
um ou mais satélites de navegação, que retransmitem as correções para os receptores
GNSS em todo o território coberto pelo sistema (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

O objetivo principal do SBAS é melhorar a precisão e a integridade do


posicionamento em tempo real em grandes áreas, permitindo uma navegação mais
precisa e segura, especialmente em condições meteorológicas adversas. É usado em
muitas aplicações, incluindo navegação aérea, marítima e terrestre.

Existem sistemas provedores de sinais nas diversas partes do globo terrestre,


com vários tipos de sinais com diferentes especificações no Brasil (Figura 8). Os sinais
mais conhecidos são WAAS (Estados Unidos), EGNOS (União Europeia), MSAS (Japão),
GAGAN (Índia).

Figura 8 – Área de cobertura dos diferentes sistemas públicos SBAS de correção diferencial

SDCM
WAAS EGNOS
(and CWAS and Mexico)
MSAS
GAGAN
AFI
MALAYSIA
SACCSA

Fonte: Bravo (2020, p. 17)

Em algumas regiões do mundo, os provedores de serviços podem oferecer


correções diferenciais SBAS pagas para aplicações comerciais e de alta precisão
chamadas de L Band Satellite, também consideradas SBAS, com escala continental.
Esses serviços, geralmente, fornecem correções diferenciais mais precisas e uma
cobertura mais ampla em comparação com o serviço SBAS gratuito. Várias empresas
trabalham nesse segmento, no entanto, poucas focam no mercado agrícola.

A disponibilização de sinal de uma dessas empresas, no Brasil, se iniciou em 1997,


e promoveu o uso de sistemas de orientação em faixas paralelas para aviação agrícola
(barra de luzes). O sistema de orientação em faixas paralelas, também conhecido como
barra de luz, é uma técnica usada em máquinas agrícolas para orientar o operador durante
o processo de plantio, pulverização ou colheita em faixas paralelas. O sistema é composto
por uma barra de luz com LED (diodos emissores de luz) vermelhos e verdes que indicam
ao operador se ele está desviando da faixa desejada (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

74
O sistema de barra de luz funciona usando uma antena GNSS para determinar
a posição do veículo e um computador de bordo para controlar os LED da barra de luz.
Quando o operador configura a largura da faixa que deseja seguir, o sistema calcula
automaticamente a posição ideal do veículo para seguir essa faixa e usa os LED da barra
de luz para indicar ao operador se ele está se afastando dessa posição.

A representação cartográfica GNSS é a visualização dos dados de posição obtidos


a partir de receptores GNSS em um mapa ou em um sistema de informações geográficas
(SIG). Essa representação cartográfica é importante porque permite que os usuários
visualizem e interpretem os dados de posição de forma mais clara e precisa, além de
permitir que os dados de posição sejam usados para análise e tomada de decisões.

De acordo com Molin, Amaral e Colaço (2015), a representação de uma posição pode ser
realizada por diferentes métodos, sendo a mais usual por meio de coordenadas geodésicas (ou
geográficas). Nesse sistema, a posição é identificada por coordenadas de latitude e longitude.

ATENÇÃO
A latitude tem valor zero sobre o equador, positiva no hemisfério Norte
e negativa no hemisfério Sul. A longitude, a partir do meridiano de
Greenwich, é positiva no sentido leste e negativa no sentido oeste. As
medidas das coordenadas são dadas em graus, minutos e segundos.
A representação de uma dada posição também pode ser realizada pelo
sistema de coordenadas planas UTM (Universal Transversa de Mercator),
na qual a Terra é dividida em 60 fusos de 6º.

O Brasil está inserido entre as zonas 18 e 25, conforme a figura a seguir:

Figura 9 – Zonas UTM no território brasileiro

Fonte: Hirsch (2012)


75
Com relação ao posicionamento altimétrico, o GNSS determina a altitude de
um objeto ou ponto em relação ao nível médio do mar, usando um receptor. O receptor
GNSS determina a posição horizontal do objeto usando sinais de satélite e, em seguida,
usa esses sinais para calcular a altitude do objeto.

De acordo com Molin, Amaral e Colaço (2015), no posicionamento altimétrico, o


GNSS determina altitudes de natureza geométrica, no entanto, na maioria das atividades
são necessárias as altitudes ortométricas, as quais possuem ligação com a realidade
(Figura 10). Para determinar as altitudes ortométricas (H) a partir das geométricas (h),
determinadas com GNSS, é importante o conhecimento da ondulação geoidal (N).

Figura 10 – altitude ortométrica (h), elipsoidal ou geométrica (h) e a ondulação geoidal (n) entre o elipsoide
e o geoide

TE
H RR
EN
O
h
GE
OID
N E

ELIPSOIDE

H = Altitude Ortométrica
N = Ondulação Geoidal (MAPGEO 2010)
h = Altitude Elipsoidal

Fonte: adaptada de Silva e Segantini (2015)

Outro ponto importante é o Datum (função do elipsoide utilizado, do geoide e


de uma série de medições realizadas em estações terrestres), o qual pode ser explicado
como um modelo matemático que se aproxima da forma da terra e permite cálculos,
como posição e área, a serem levantados de forma consistente e exata (MOLIN; AMARAL;
COLAÇO, 2015). De acordo com o IBGE, o SIRGAS2000 é a nova base para o Sistema
Geosésico Brasileiro e para o Sistema Cartográfico Nacional.

76
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu:

• Os Sistemas de Navegação Global por Satélites (GNSS) são sistemas de


posicionamento por satélite que permitem a determinação da posição precisa de
um objeto em qualquer lugar da Terra.

• O GNSS é composto por vários sistemas de satélites, incluindo o GPS (Sistema de


Posicionamento Global), Glonass (Sistema de Navegação por Satélite Global), Galileo
(Sistema de Navegação por Satélite Europeu) e BeiDou (Sistema de Navegação por
Satélite da China)

• O GNSS é amplamente utilizado em vários setores, incluindo a aviação, navegação


marítima, agricultura, mapeamento, geodésia, construção e outras aplicações de
posicionamento de alta precisão.

• O GPS (Sistema de Posicionamento Global) é um sistema de navegação por satélite


que permite a determinação precisa da posição de um objeto em qualquer lugar da
Terra, sendo composto por uma constelação de satélites em órbita ao redor da Terra,
que transmitem sinais de rádio para receptores GPS em terra.

• Um receptor GPS recebe os sinais dos satélites e usa esses sinais para calcular sua
posição precisa na Terra, através de um processo chamado triangulação.

• Posicionamento e mapeamento GNSS são duas aplicações diferentes que utilizam


a tecnologia GNSS para diferentes fins.

• O posicionamento GNSS é o processo de determinar a localização exata de um


receptor GNSS na superfície da Terra, usando sinais de satélite GNSS.

• O mapeamento GNSS é o processo de criar mapas ou modelos de superfícies


terrestres ou outras características geográficas usando dados de um receptor
GNSS, podendo ser por meio de coordenadas geográficas, coordenadas planas UTM
e posicionamento geográfico.

77
AUTOATIVIDADE
1 Com o avanço da tecnologia, a navegação por satélite tornou-se uma ferramenta
indispensável em diversas áreas, como na aviação, navegação marítima, agricultura
de precisão, entre outras. Em 1970, foram iniciados os sistemas globais de navegação
por satélite com o objetivo de determinar instantaneamente a posição, velocidade
e tempo de determinado ponto, independentemente das condições atmosféricas e
localizações geográficas. Dentre esses sistemas, destacam-se o GPS, o Glonass, o
Galileo e o BDS. Sobre o principal objetivo dos sistemas globais de navegação por
satélite desenvolvidos na década de 1970, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Determinar a posição, velocidade e tempo de determinado ponto em qualquer


condição atmosférica e em qualquer localização geográfica.
b) ( ) Fornecer informações sobre as condições climáticas de determinada região.
c) ( ) Oferecer suporte à comunicação via satélite.
d) ( ) Possibilitar a transmissão de dados em alta velocidade.

2 Desde a sua criação, a humanidade tem se interessado em conhecer e explorar novas


terras e horizontes. Para isso, o desenvolvimento de tecnologias de navegação tem
sido crucial. O sistema GNSS, ou Global Navigation Satellite System, é uma dessas
tecnologias. Esse sistema é composto por uma constelação de satélites que orbitam
o globo terrestre e enviam sinais de radiofrequência para receptores na superfície da
Terra. Esses sinais são processados e usados para determinar a posição, velocidade
e tempo em qualquer localização geográfica e em qualquer condição atmosférica. O
sistema GNSS se divide em três componentes: espacial, controle e usuário. Sobre o
componente de controle no sistema GNSS, analise as sentenças a seguir:

I- Transmitir ondas de radiofrequência aos receptores GNSS, corrigir erros de trajetória


e relógio do receptor GNSS e calcular e fornecer a posição no globo terrestre.  
II- Monitorar e corrigir a órbita do satélite e seu relógio atômico.
III- Esse sistema é composto por cinco estações espalhadas pelo mundo, com o intuito
de calcular o erro de trajetória e do relógio do satélite e corrigi-las.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

78
3 Os sistemas de navegação por satélite (GNSS) têm sido amplamente utilizados para
determinar a posição de objetos ou pessoas na Terra. Esses sistemas permitem que
os usuários determinem sua localização com base em sinais de satélite, que são
recebidos por receptores GNSS. Existem diferentes métodos de posicionamento
GNSS, que podem ser classificados em posicionamento absoluto e diferencial. O
posicionamento absoluto, também conhecido como ponto único ou posicionamento
por pontos – Single Point Positioning – (SPP), é o método mais simples de
posicionamento GNSS. Nesse método, o receptor GNSS usa informações de um único
satélite para determinar sua posição. Sobre o posicionamento diferencial, classifique
V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O posicionamento diferencial é, geralmente, preciso até alguns metros e é útil


para aplicações que não exijam alta precisão. Os pontos podem ser gerados com o
receptor GNSS na forma estática ou cinemática. 
( ) O posicionamento diferencial envolve o uso de duas ou mais estações de recepção
GNSS, sendo uma delas considerada uma estação de referência com coordenadas
conhecidas.
( ) A estação de referência tem suas coordenadas geográficas conhecidas e ao
receber o posicionamento oriundo dos satélites é capaz de calcular um erro no seu
posicionamento. A mensagem de erro é enviada para a estação de referência, onde
está o usuário e será utilizada para corrigir o posicionamento desse receptor.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 O Global Navigation Satellite System (GNSS) é um sistema de navegação amplamente


utilizado em todo o mundo para determinar a posição geográfica de um objeto. Ele utiliza
sinais transmitidos por uma rede de satélites em órbita para determinar a localização,
velocidade e tempo em qualquer lugar do mundo. No entanto, existem vários fatores
que podem afetar a precisão do GNSS, incluindo erros de posicionamento causados
por pequenos desvios de órbita dos satélites, refração causada pela interferência da
ionosfera e da troposfera, reflexão de sinal, disponibilidade seletiva e geometria da
distribuição dos satélites. Qual o impacto dos erros de posicionamento causados por
pequenos desvios de órbita dos satélites e como são causados?

5 O posicionamento diferencial é uma técnica utilizada em sistemas de navegação por


satélite (GNSS), que consiste em usar duas ou mais estações de recepção com o
intuito de corrigir sua posição em relação à posição conhecida da estação de refe-
rência. Essa correção diferencial é capaz de diminuir ou eliminar erros causados por
diversos fatores, como atraso ionosférico, atraso troposférico, erros orbitais e outros

79
fatores ambientais. Existem diversos sistemas de correção diferencial disponíveis,
mas os mais utilizados na agricultura de precisão são aqueles que fornecem correção
em tempo real, como o Real Time Kinematic (RTK), o Local área Augmentation Sys-
tem (LAAS) e o Satellite-Based Augmentation System (SBAS). Defina esses sistemas
de correção:

80
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
(SIG) E ANÁLISE ESPACIAL DE DADOS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 2, abordaremos sobre os Sistemas de
Informação Geográfica (SIG). São sistemas computacionais que permitem capturar,
armazenar, manipular, analisar e apresentar dados geográficos, compostos por hardware,
software e dados geográficos, e utilizados em diversas áreas, como planejamento
urbano, gestão ambiental, agricultura, entre outras.

A análise espacial de dados é uma das principais funcionalidades dos SIG. Essa
análise permite visualizar e explorar a relação entre dados geográficos e outras variáveis,
como dados demográficos, socioeconômicos, ambientais, entre outros. Dessa forma, é
possível identificar padrões e relações espaciais que não seriam facilmente detectados
em análises convencionais.

Os SIG têm sido amplamente utilizados na tomada de decisão em diversas áreas,


especialmente em governos e empresas, que utilizam esses sistemas para analisar dados
geográficos e tomar decisões estratégicas. Além disso, os SIG também são utilizados em
pesquisas acadêmicas, para análise e compreensão de fenômenos espaciais complexos.

2 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DOS SIG



Sistema de Informação Geográfica (SIG) é um sistema que permite a coleta, arma-
zenamento, análise e visualização de informações geográficas. Essas informações podem
incluir dados sobre a localização de objetos, como edifícios, rios, estradas, além de dados
sobre as características desses objetos, como tamanho, forma, uso do solo, entre outros.

De acordo com Molin, Amaral e Colaço (2015), os SIG permitem a visualização
e a interpretação dos dados espaciais, possibilitando uma melhor compreensão das
relações espaciais entre diferentes fenômenos e, assim, contribuindo para a tomada
de decisões em diversas áreas. Além disso, os SIG podem ser utilizados em diversas
escalas, desde o nível local até o global, e em diferentes setores, como a agricultura,
meio ambiente, planejamento urbano, saúde, entre outros.

Outra característica importante dos SIG é a possibilidade de integrar diferentes


fontes de dados, como imagens de satélite, dados de GPS, informações coletadas em
campo, entre outros, tornando possível uma análise mais completa e precisa. Por fim,

81
os SIG são ferramentas essenciais para a gestão e o planejamento territorial, permitindo
a análise de diferentes cenários e contribuindo para a tomada de decisões mais
informadas e assertivas.

A utilização da agricultura de precisão em área agrícola demanda de grande
quantidade de dados levantados de forma especializada. Esses dados podem ser
coletados de forma adensada ou esparsos, de forma que, independentemente da forma
de coleta, o resultado final objetiva sempre representar a variabilidade espacial de
determinado fator. No entanto, para que esses dados representem uma informação útil
eles devem ser processados e analisados (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

Sistemas de Informação Geográfica (SIG) ou Geografic Information System (GIS)
são softwares capazes de organizar, analisar dados espaciais e produzir mapas temáti-
cos. Eles realizam o processamento computacional de dados georreferenciados, arma-
zenando informações sobre geometria e atributos. Esses sistemas possuem interface
de usuário, funções de entrada e edição de dados, análise de dados, processamento
gráfico e de imagens, visualização e plotagem, além de armazenamento e recuperação
de dados organizados em camadas de informação (DRUCK et al., 2004).

Na agricultura de precisão (AP), qualquer ponto amostral é identificado a partir


dos dados de latitude e longitude, e frequentemente são coletados outros atributos
ou características locais (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015). Por exemplo, no caso do
mapeamento de produtividade, os dados são compostos pelos valores de produtividade,
umidade do grão, largura de corte, entre outros.

Além disso, é comum associar esses dados de produtividade a informações


obtidas em outros levantamentos, como teores de cálcio, magnésio, fósforo, valores
altimétricos, refletância da vegetação, declividade, presença ou grau de infestação de
plantas daninhas, ou qualquer outro atributo que seja relevante para a investigação.

Portanto, em sua essência, a forma de manipulação e análise dos dados
provenientes de práticas de agricultura de precisão não difere dos dados de outras
aplicações. Assim, é possível utilizar qualquer SIG na agricultura, pois eles permitem uma
variedade de análises e operações entre as camadas de informações. Vale ressaltar que
existem diversas soluções personalizadas para aplicações específicas na agricultura.

Os desenvolvedores de SIG para agricultura de precisão interagem com os


principais fornecedores do setor e incluem em seus produtos as interfaces necessárias
para converter os dados ao serem carregados ou importados. Especialmente, para
usuários que trabalham com áreas extensas e já utilizam monitores de produtividade,
um SIG dedicado oferece a agilidade necessária, que não é encontrada em sistemas
genéricos. Além disso, na fase final do processo de análise, são geradas prescrições
na forma de mapas, que serão utilizados em equipamentos de campo (MCBRATNEY;
PRINGLE, M. J.; SANTOS, 2019).

82
Em resumo, ao selecionar um SIG para uso em aplicações agrícolas que visam
gerenciar a variabilidade espacial das lavouras, há vários aspectos relevantes que devem
ser considerados pelo usuário. Nessa perspectiva, a praticidade e a disponibilidade das
ferramentas de tratamento e análise de dados são cruciais.

É importante que o SIG disponha de ferramentas para análises geoestatísticas,


evitando a necessidade de exportar os dados para um programa de análise específico
e, posteriormente, reintegrá-los ao SIG para produzir mapas. Além disso, para explorar
as informações derivadas de dados primários, como amostras de solo ou planta, são
necessários recursos que possibilitem análises de correlações e regressões entre
fatores, visando investigar as relações entre causas e efeitos para encontrar respostas
à variabilidade espacial das lavouras (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

Ao longo da história, os mapas foram tradicionalmente representados por meio


de linhas, porém, em aplicações agrícolas, florestais, ambientais e outras, as linhas
não são suficientes para retratar com precisão os fatos, pois estes não ocorrem de
forma rígida e estanque. Por exemplo, a transição entre dois tipos de solo seria mais
bem representada por uma transição suave, em vez de uma linha absoluta, já que
as mudanças ocorrem gradualmente e não de forma abrupta. Dessa forma, a linha é
considerada artificial e apenas sintetiza uma probabilidade.

Assim, há a necessidade de se diferenciar o modelo de dados vetorial e raster de


forma mais detalhada (Figura 10). De acordo com Molin, Amaral e Colaço (2015), o mapa
vetorial se aproxima dos antigos mapas desenhados manualmente, representando pontos
e linhas como uma série de coordenadas X e Y. Já o mapa raster estabelece uma grade
imaginária e atribui valores para as informações em cada quadrícula ou pixel. No formato
vetorial, as linhas são fixas, já no formato raster cada pixel contém um valor, simulando de
forma mais natural as transições entre níveis de qualquer atributo representado.

NOTA
Um mapa vetorial é uma representação de dados geográficos em
que cada objeto é descrito por meio de pontos, linhas e polígonos
utilizados para localização dos elementos no espaço (coordenadas
de latitude e longitude). Por exemplo, um mapa vetorial pode ser
usado para representar uma cidade, com suas ruas, edifícios e outras
características geográficas, como parques e rios. Um mapa raster
também conhecido como matriciais é formado por uma grade de
pixels (pequenos pontos) que representam uma área da superfície
terrestre, cada um com uma cor e um valor de atributo associado.
São usados para armazenar informações como elevação do terreno,
cobertura vegetal, uso do solo, temperatura, umidade, entre outras.
Assim, os mapas vetoriais representam as feições geográficas como
linhas, pontos e polígonos e os mapas raster têm uma resolução fixa
e são mais adequados para representar dados contínuos, como a
variação da temperatura em uma região.

83
Figura 11 – Comparação entre mapas de saturação por bases (v%) no solo nos formatos (a) Raster e (b)
Vetorial
N
A B

Saturação por bases


(V%)
30 - 42
42 - 54
54 - 66
66 - 78
78 - 90
0 100 200 300 400 500 m

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 94)

No formato vetorial, linhas segmentadas definem polígonos, que, em operações


de análise comparativa entre mapas, por exemplo, são testadas para verificar se há
intersecções. Quando um polígono de um mapa cruza com o de outro mapa, uma nova
combinação poligonal é indicada e, para isso, a trigonometria é utilizada para computar
as coordenadas X e Y das intersecções e operações matemáticas são realizadas entre
os respectivos valores dos atributos envolvidos.

Em formato raster, essa tarefa é mais simples e clara, uma vez que os pixels
estão dispostos de forma regular e têm a mesma localização em todos os mapas, desde
que definidos corretamente pelo usuário, carregando o valor de cada atributo em uma
matriz. Aqui, as operações entre mapas são realizadas pixel a pixel e o resultado é uma
nova coluna na matriz de dados, para um novo atributo derivado (MOLIN; AMARAL;
COLAÇO, 2015).

ATENÇÃO
É fundamental lembrar que qualquer dado georreferenciado é
obtido ou criado com base em um sistema de referência específico,
que pode ser identificado pelo formato das coordenadas utilizadas
(geográficas, UTM) e o modelo de elipsoide (datum).

84
Figura 12 – Matriz de dados (tabela com linhas e colunas com valores para cada pixel) e camadas de infor-
mação (mapas em formato raster) que permitem a gestão localizada da lavoura

NDVI

Produtividade

Tipos de solo

Textura do solo

Imagem de satélite

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 95)

85
INTERESSANTE
Recentemente, houve um aumento no uso de Sistemas de Informações
Geográficas (SIG) na agricultura, com o objetivo de melhorar a eficiência
e a produtividade dos cultivos, bem como reduzir o impacto ambiental.

2.1 INTRODUÇÃO AO GEOPROCESSAMENTO



O Geoprocessamento é uma área que tem se destacado cada vez mais nas
últimas décadas, tanto na área científica quanto no mercado de trabalho. Com a
crescente necessidade de gerenciar grandes quantidades de dados espaciais, a
utilização de técnicas e ferramentas que possibilitam a análise e interpretação desses
dados tem se tornado cada vez mais essencial para diversas áreas, tais como meio
ambiente, planejamento urbano, agronegócio, saúde pública, entre outras.

De acordo com Câmara et al. (2002), o Geoprocessamento consiste em um


conjunto de técnicas que utilizam computadores para processar, analisar e representar
dados espaciais, tornando-se uma ferramenta fundamental para a tomada de decisões
em diversas áreas. Ainda segundo esses autores, os Sistemas de Informações Geográfi-
cas (SIG) são um dos principais exemplos de aplicação do Geoprocessamento, permitin-
do a integração de dados alfanuméricos e espaciais em um único ambiente de análise.

Além disso, o Geoprocessamento também tem contribuído significativamente


para a elaboração de políticas públicas mais eficientes e sustentáveis, permitindo uma
gestão mais precisa e integrada dos recursos naturais e urbanos (MENDES; CUNHA;
FONSECA, 2012). Dessa forma, o Geoprocessamento apresenta-se como uma área em
constante evolução e de grande importância para diversas áreas do conhecimento,
tornando-se um campo de estudo e atuação cada vez mais promissor.

O Geoprocessamento tem sido amplamente utilizado na agricultura para


aumentar a eficiência e produtividade dos sistemas produtivos, bem como para minimizar
os impactos ambientais causados pela atividade agrícola. Com a crescente demanda
por alimentos e a necessidade de produzir mais com menos recursos, a utilização de
técnicas e ferramentas que possibilitem a gestão inteligente dos recursos naturais é
essencial para o desenvolvimento sustentável da agricultura.

De acordo com Carvalho, Hissa e Oliveira (2013), o Geoprocessamento é uma


ferramenta indispensável para a agricultura de precisão, permitindo a identificação e
análise de variabilidades espaciais nos sistemas produtivos, o que possibilita o planeja-
mento e monitoramento mais eficiente das atividades agrícolas. Além disso, o Geopro-
cessamento também pode ser utilizado na identificação e mapeamento de áreas degra-
dadas, permitindo a implementação de medidas de recuperação ambiental (Figura 12).

86
Figura 13 – Mapa de uso e classificação do solo

Legenda
APA / PA - PSJ
Rio Paraíba do Sul / Jaguari
Perímetro Urbano
Limite Municipal

Classificação do solo
Água
Agricultura
Vegetação
Pressão Urbana
Solo exposto
Pasto

0 5 10 15 km

Sistema de Projeção:
UTM / STRGAS 2000
Fuso/Zona: 23/K

Fonte: Simões, Fiore e Silva (2022, p. 11)

Outro exemplo de aplicação do Geoprocessamento na agricultura é a gestão


de recursos hídricos. De acordo com Silva et al. (2016), a utilização de técnicas de
geoprocessamento para análise da disponibilidade e qualidade da água ,em uma
determinada região, pode auxiliar na tomada de decisões em relação ao uso e manejo dos
recursos hídricos, contribuindo para o aumento da eficiência dos sistemas produtivos e
para a preservação dos recursos naturais. De acordo com Batista et al. (2018), algumas
das principais aplicações do Geoprocessamento na agricultura são:

• Agricultura de precisão: a utilização do Geoprocessamento permite a identificação


de variabilidades espaciais nos sistemas produtivos, como fertilidade do solo,
topografia, presença de pragas e doenças, entre outros, o que possibilita a
implementação de práticas mais eficientes e personalizadas para cada área. Isso
pode resultar em uma maior produtividade e redução dos custos de produção.
• Manejo de culturas: o Geoprocessamento pode ser utilizado na identificação e
mapeamento de áreas cultivadas, permitindo o monitoramento do crescimento das
plantas, identificação de áreas com baixa produtividade, entre outros. Isso pode
auxiliar na tomada de decisão em relação ao manejo da cultura, como a aplicação
de fertilizantes e defensivos agrícolas.
• Gestão de recursos hídricos: a utilização do Geoprocessamento para análise da
disponibilidade e qualidade da água em uma determinada região pode auxiliar na
tomada de decisões em relação ao uso e manejo dos recursos hídricos na agricultura.
Isso pode resultar em uma maior eficiência no uso da água e na preservação dos
recursos naturais.
87
• Controle ambiental: o Geoprocessamento pode ser utilizado na identificação e
mapeamento de áreas degradadas ou em risco de degradação, permitindo a
implementação de medidas de recuperação ambiental. Isso pode contribuir para a
preservação do meio ambiente e para a sustentabilidade da atividade agrícola.

O estudo do Geoprocessamento é composto por diversos componentes, que


envolvem desde a coleta de dados georreferenciados até a sua análise e apresentação
em forma de mapas ou outras formas de visualização. Entre os principais componentes
do Geoprocessamento, podemos destacar:

• Coleta de dados georreferenciados: envolve a obtenção de informações sobre a


localização geográfica de elementos, como edificações, rios, estradas, áreas de
preservação ambiental, entre outros. Esses dados podem ser obtidos por meio
de diversas fontes, como levantamentos de campo, imagens de satélite, mapas
existentes etc.
• Armazenamento e gerenciamento de dados: envolve a organização dos dados
georreferenciados em bancos de dados e sistemas de informação geográfica (SIG),
que permitem a sua manipulação e análise de forma eficiente.
• Análise de dados georreferenciados: envolve o uso de ferramentas e técnicas
específicas para análise dos dados georreferenciados, com o objetivo de extrair
informações relevantes sobre as características do espaço geográfico em estudo.
• Visualização e apresentação dos dados: envolve a utilização de ferramentas e
técnicas para a representação dos dados georreferenciados em forma de mapas,
gráficos e outras formas de visualização, que possam auxiliar na tomada de decisão
em relação ao manejo dos recursos naturais.
• Tomada de decisão: envolve o uso das informações obtidas por meio do
Geoprocessamento para a tomada de decisão em relação ao manejo dos recursos
naturais, incluindo a gestão de áreas produtivas, a preservação ambiental, o
planejamento urbano, entre outros.

Os mapas de Geoprocessamento na Agricultura são ferramentas poderosas


que auxiliam na tomada de decisão e gestão de recursos naturais em áreas agrícolas.
Esses mapas são criados a partir da coleta e análise de dados georreferenciados, como
a topografia do terreno, a fertilidade do solo, a disponibilidade de água, a cobertura
vegetal etc.

Com base nesses dados, é possível criar mapas temáticos que apresentam
informações relevantes sobre as características do terreno, como a altitude, a
declividade, a textura e a capacidade de retenção de água do solo, por exemplo. Esses
mapas permitem uma visualização clara e objetiva das características da área agrícola,
o que facilita a identificação de áreas com maior potencial produtivo e as que precisam
de manejo e cuidado especial.

88
DICA
Os mapas de Geoprocessamento na agricultura também podem ser utilizados
para a definição de estratégias de plantio, como a definição de zonas de
manejo, que consideram as diferentes necessidades da área em relação
ao solo, clima e outros fatores. Essas estratégias permitem uma gestão
mais eficiente dos recursos, o que pode resultar em maior produtividade e
rentabilidade para o produtor.

2.2 COLETA, TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS


A coleta e tratamento de dados com SIG é uma parte fundamental do processo de
análise espacial. Segundo Magalhães e Câmara (1999), os dados georreferenciados são co-
letados a partir de várias fontes, incluindo sensores remotos, GPS e fontes públicas de dados
geográficos, como imagens de satélite e mapas topográficos. A precisão dos dados coleta-
dos é importante, pois afeta a qualidade das análises espaciais que podem ser realizadas.

Os sensores remotos, como os sensores de radar ou os sensores de imagem,


podem ser usados para coletar informações sobre a superfície terrestre. As imagens de
satélite, por exemplo, podem fornecer informações sobre a cobertura terrestre, como
a vegetação, a água e a estrutura urbana. Já os mapas topográficos podem fornecer
informações sobre a altitude e a forma da superfície terrestre.

O uso do GPS é outra fonte importante de dados georreferenciados, sendo


possível coletar informações precisas sobre a localização de objetos ou eventos em
tempo real. Além disso, pode ser usado para coletar informações sobre rotas, velocidade
e direção de movimento.

De acordo com Souza, Zózimo e Fonseca (2017), a precisão dos dados coletados
é fundamental para garantir a qualidade das análises espaciais que serão realizadas.
Portanto, é importante que a coleta de dados seja realizada com cuidado e atenção aos
detalhes. Uma vez coletados, os dados precisam ser tratados para se tornarem úteis
para a análise espacial. Isso inclui a criação de uma estrutura de dados geográficos que
permita o armazenamento, gerenciamento e análise dos dados.

Os autores informam que isso envolve a atribuição de informações geográficas


a cada registro de dados, como coordenadas de latitude e longitude ou informações de
endereço. Além disso, é necessário garantir que os dados estejam em um formato que
possa ser lido e processado pelos softwares de SIG.

O tratamento de dados também pode envolver a limpeza de dados, que é o pro-


cesso de identificar e corrigir inconsistências, erros e dados faltantes. Esse processo é fun-
damental para garantir a precisão das análises espaciais e a confiabilidade dos resultados.

89
Outra etapa importante do tratamento de dados é a transformação de dados. Isso
pode incluir a interpolação espacial, que visa estimar valores desconhecidos com base
em valores conhecidos próximos. Griffith e Antoni (2019) explicam que a interpolação
espacial pode ser usada para criar mapas de superfície, como mapas de temperatura,
que são úteis para a análise espacial.

NOTA
A análise de dados com SIG (Sistemas de Informações Geográficas) é uma
técnica usada para estudar dados georreferenciados. Esses dados são,
geralmente, associados a locais específicos na superfície terrestre, como
latitude e longitude, endereços, códigos postais ou outras formas de
coordenadas geográficas.

Os SIG permitem a coleta, armazenamento, análise e visualização desses dados


georreferenciados, facilitando a identificação de padrões e tendências geográficas que
podem ser úteis para a tomada de decisões em uma ampla variedade de áreas, desde
planejamento urbano e gestão ambiental até a análise de riscos e segurança pública.

A análise de dados com SIG pode envolver diferentes técnicas, como análise
espacial, modelagem de dados geográficos, geoestatística e interpolação espacial. Essas
técnicas podem ser usadas para realizar uma variedade de tarefas, como identificação
de áreas de risco, análise de tendências, previsão de padrões, identificação de pontos
de concentração e visualização de informações geográficas em mapas.

Além disso, a análise de dados com SIG pode ser complementada com outras
técnicas de análise de dados, como análise de regressão, análise multivariada e análise
de séries temporais, para fornecer uma análise mais completa e abrangente dos dados.

A análise de dados espaciais requer uma abordagem rigorosa para transformar


um conjunto de dados em informações úteis para a tomada de decisões. Um exemplo
clássico do uso de SIG na análise de dados e na criação de mapas para intervenções
localizadas na área de Planejamento Ambiental é a amostragem georreferenciada do
solo em uma grade.

Segundo Molin, Amaral e Colaço (2015), o SIG é necessário em várias etapas do


processo:

• planejamento da grade amostral;


• análise espacial exploratória dos dados;
• modelagem do comportamento espacial de cada atributo;
• obtenção das superfícies interpoladas;

90
• análise das superfícies obtidas;
• recomendação da intervenção.

É fundamental planejar cuidadosamente a geração da grade amostral de solo


dentro dos limites da lavoura para garantir que todos os pontos sejam adequadamente
utilizados, representando com fidelidade a área de estudo. Os métodos de amostragem
serão estudados no próximo subtema.

Utilizando um SIG, é possível explorar o mapa que representa a localização


dos pontos amostrais e, se necessário, realocar os pontos de suas posições originais
para melhorar a representatividade da amostragem. Isso é especialmente relevante em
sistemas de planejamento ambiental, pois os SIG fornecem ferramentas específicas
para a geração de grades amostrais, permitindo a definição da densidade amostral e o
posicionamento adequado dentro do talhão.

Após a coleta e análise laboratorial das amostras, os dados devem ser integrados
às coordenadas de cada ponto e submetidos a análises descritivas e exploratórias dos
resultados obtidos pelo laboratório. Geralmente, os valores de um determinado atributo
em cada ponto são interpolados para gerar superfícies contínuas, formadas por pixels
cujo tamanho é definido pelo usuário. Essas superfícies permitem avaliar a distribuição
espacial de cada atributo na área em estudo.

Dessa forma, a interpolação na agricultura de precisão é o processo pelo qual


se estima valores de uma variável em áreas que não foram amostradas, com base nas
informações obtidas nas áreas vizinhas. Após a construção da superfície interpolada de
cada atributo, são realizadas análises visuais e numéricas, interpretações e, por fim, são
estabelecidas possíveis recomendações.

2.3 ANÁLISE EXPLORATÓRIA DOS DADOS


Antes de realizar qualquer inferência sobre os dados coletados, é necessário
realizar a análise descritiva e exploratória, independentemente se eles foram coletados
de forma esparsa, como na amostragem de solo em grade, ou em grande densidade,
como nos dados de produtividade. Essa etapa tem duas principais finalidades:
identificar erros e valores discrepantes (outliers) e obter um entendimento preliminar do
comportamento dos dados.

É essencial identificar erros nos dados, principalmente aqueles ocasionados por


falhas no equipamento utilizado. No entanto, a busca por erros do sistema nem sempre
permite a identificação de valores discrepantes, que podem influenciar significativamente
as estimativas baseadas na vizinhança (interpolação). Para identificar e eliminar esses
valores discrepantes, existem algumas formas de análise exploratória que podem ser úteis.

91
A estatística descritiva fornece diversos parâmetros (média, mediana, desvio
padrão, variância, coeficiente de variação, valores máximo e mínimo, número de pontos,
curtose e assimetria da distribuição, entre outros) que podem ser inferidos por meio de
análise visual, utilizando diferentes tipos de gráficos.

De acordo com a análise realizada por Molin, Amaral e Colaço (2015), os


histogramas e os diagramas de caixa (boxplot) são comumente utilizados na análise
exploratória de dados (Figura 13 A). Quando há muitos dados adensados, a análise
do histograma (ou diagrama das frequências) é de suma importância, permitindo a
identificação de valores anômalos e a avaliação da qualidade dos dados (Figura 13 B).

Ainda, com base no seu comportamento, pode-se obter uma primeira ideia
se a variável analisada é relativamente homogênea, com distribuição próxima da
normal (uma única moda, Figura 13 C), ou com bastante heterogeneidade nos dados
apresentando histogramas bi ou multimodal (Figura 13D). Utilizando o histograma,
pode-se retirar pontos de limites extremos ou inconsistentes, no entanto essa técnica
deve ser realizada com critério, pois pode prejudicar a qualidade final dos dados.

Outra forma de analisar os dados é por meio da distribuição espacial desses


pontos anômalos e verificar se existe discrepância em relação aos pontos vizinhos, a
qual pode ser realizada de forma visual ou por meio de análise da variação dos pontos em
comparação com pontos vizinhos (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015). Spekken Anselmi
e Molin (2013) informam que a segunda permite uma análise de um maior número de
dados de modo mais prático.

Figura 14 – Gráficos utilizados para a análise exploratória dos dados: diagrama de caixas (boxplot) do teor
de fósforo (p) no solo

A B
35 300

250
30
Número de observações

200
P (mg dm³)

25
150
20
100

15
50

10 0
0

0
00

10 0
00

00
00

00

00

00

00

00

00

00
0

.0

.0
1.

2.

3.
4.

5.

6.

7.

8.

9.

11

Produtividade (kg ha-1)


C D
350 140

300 120
de observações

de observações

250 100

200 80
92
150 60
15
50

10 0

0
0

10 0
00

00
00

00

00
00

00

00

00

00

00
.0

.0
1.

2.

3.
4.

5.

6.

7.

8.

9.

11
Produtividade (kg ha-1)
C D
350 140

300 120
Número de observações

Número de observações
250 100

200 80

150 60

100 40

50 20

0 0
0

0
0

10 0
00

00

0
0

10 0
00

00
00

00

00
00

00

00

00

00

00

00

00

00
00

00

00

00

00

00
.0

.0

.0

.0
1.

2.

3.
4.

5.

6.

7.

8.

9.

1.

2.

3.
4.

5.

6.

7.

8.

9.
11

11
Produtividade (kg ha-1) Produtividade (kg ha-1)

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 98)

NOTA
De acordo com a Figura 13, (A) a linha tracejada indica a média dos dados
e os pontos indicam valores discrepantes; (B) apresenta o histograma
com distribuição inconsistente, ou seja, muito ruído nas mensurações da
produtividade; (C), o histograma com distribuição próxima à normal, mas
com valores suspeitos na produtividade, abaixo de 1.000 kg/ha, indicado
pela seta; (D), o histograma com distribuição bimodal da produtividade

2.4 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS


Os sistemas de informações geográficas (SIG) utilizam a associação de uma
localização geográfica com seus atributos para permitir a manipulação de vários
atributos em um único local simultaneamente. Esses atributos podem ser visualizados
em camadas de informação, com um mapa sobre o outro.

As operações primitivas, como adição, divisão, entre outras, são realizadas en-
tre essas camadas, dependendo da finalidade. Para isso, são frequentemente utilizados
mapas interpolados no formato raster, que possibilitam a integração de equações en-
volvendo diversos atributos para cada pixel do mapa (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

A Figura 14 apresenta três mapas (Saturação por bases, CTC e doses de calcário),
em que é possível verificar através do tratamento e análise das imagens os locais com
maior necessidade de calagem e locais com menor necessidade de calagem.

93
Figura 15 – Mapas de CTC e saturação por bases (V%), seguindo o cálculo da recomendação de calagem
(NC) pelo método da saturação por bases, tendo como meta a V% = 70%

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 100)

A maioria dos SIG disponibiliza diversos métodos de interpolação, e a escolha do


método é uma etapa importante no processo de geração de mapas. Cada método tem
características distintas na forma como tratam os dados e atribuem pesos aos pontos
vizinhos. Geralmente, o peso é inversamente proporcional à distância entre os pontos, o
que significa que, quanto mais próximos mais importantes.

Alguns métodos mantêm os valores nos pontos amostrais, enquanto outros


suavizam as superfícies geradas, causando pequenas variações nos valores estimados
nos locais amostrados, dependendo da vizinhança. É importante notar que um mesmo
conjunto de dados pode levar a superfícies distintas ao utilizar diferentes interpoladores.

A diferença pode ser significativa dependendo da função matemática adotada


para predizer o fenômeno, e tende a ser maior com menor densidade amostral, devido a
maiores incertezas nas estimativas. Alguns dos métodos de interpolação frequentemente
disponíveis em SIG para agricultura de precisão são triangulação, vizinho mais próximo,
mínima curvatura, inverso das distâncias e krigagem (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

94
2.5 AMOSTRAGENS GEORREFERENCIADAS
Do ponto de vista estatístico, a amostragem tem como propósito representar
uma população estatística inteira, avaliando apenas uma fração dela (amostras). No
âmbito agronômico, a amostragem visa representar uma área de cultivo com base na
observação de apenas alguns pontos, seguindo uma metodologia específica para cada
parâmetro avaliado ou cultura (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

Na agricultura de precisão, as ferramentas de investigação, incluindo a


amostragem, devem não apenas quantificar o parâmetro agronômico analisado, mas
também caracterizar sua variabilidade espacial por meio de mapas temáticos. Dessa
forma, a amostragem torna-se georreferenciada dentro desse sistema de gestão, ou
seja, cada amostra tem sua posição no espaço definida em um sistema de localização
(datum e coordenadas), geralmente registrada por meio de um receptor GNSS.

Quando se adicionam coordenadas geográficas aos locais amostrados, os dados


deixam de ser tratados com estatística clássica, na qual as amostras são independentes,
e passam a ser tratados com geoestatística (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015). Em outras
palavras, cada amostra é posicionada no espaço e o valor em um determinado ponto é
influenciado pelos valores dos seus vizinhos, sendo que a influência é maior quando os
pontos estão mais próximos. Assim, os dados são interpolados para estimar valores em
locais não amostrados, o que resulta no mapa final do atributo (Figura 15).

Figura 16 – Geração do mapa final a partir da interpolação dos dados obtidos nos pontos amostrais

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 73)

Existem alguns tipos de amostragem, de forma que a mais comum usada na


Agricultura de Precisão é a amostragem em grade. Nesse método, o campo é dividido
em células e, em cada uma delas, é coletada uma amostra georreferenciada composta
por subamostras. Para gerar a "grade amostral", é utilizado um SIG ou um software

95
especializado, no qual é definido o tamanho das células (que determina a densidade da
amostragem) e a posição do ponto amostral dentro de cada célula. A grade, ou apenas
os pontos georreferenciados, são então transferidos para um receptor GNSS que será
utilizado para navegar até eles (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

A seleção de uma grade amostral regular com pontos equidistantes, como a


grade quadrada ou retangular, tem sido comum por facilitar a navegação durante a co-
leta de amostras, porém podem ser utilizadas outras. O arranjo dos pontos e sua posição
dentro de cada célula pode variar de diversas maneiras. Uma alternativa é a alocação
aleatória de pontos dentro da célula (Figura 16), eliminando a equidistância entre eles.

Os pontos próximos devem ser mais semelhantes do que pontos distantes entre
si. Essa definição da dependência espacial do parâmetro pode ser usada na interpolação
de dados. Acrescentar pontos extras perto de alguns pontos da grade regular (Figura 16)
pode alcançar o mesmo efeito, além de permitir uma melhor caracterização da depen-
dência espacial na etapa da análise geoestatística (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

Figura 17 – (a) grade regular; (b) alocação aleatória de pontos na célula; (c) adição de pontos próximo aos
pontos originais

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 78)

De acordo com Molin, Amaral e Colaço (2015), uma opção alternativa à amos-
tragem por ponto é a amostragem por célula, que é recomendada quando o número de
amostras necessário no método por ponto é muito alto, tornando-o inviável para o produ-
tor. Nessa estratégia, a grade utilizada pode ser maior e o objetivo não é mais representar
o ponto, mas sim a área da célula da grade como um todo, por meio de um valor médio.
As células não precisam ser necessariamente quadradas ou retangulares, podendo ser
definidas com base em marcos físicos no campo, como terraços, por exemplo.

Para formar uma amostra composta de célula, as subamostras devem ser


coletadas ao longo de toda a célula, em vez de ao redor de um único ponto. Isso pode
ser feito através de um caminhamento em zigue-zague, diagonal ou aleatório, desde
que haja um número suficiente de subamostras distribuídas em toda a área. Em geral,
quanto maior for o tamanho da célula, maior deve ser a quantidade de subamostras
coletadas (Figura 17).

96
Figura 18 – Amostragem por célula e coleta de subamostras

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 81)

De forma contrária à amostragem por ponto, a amostragem por célula não


requer interpolação para gerar o mapa final. A interpolação é somente utilizada como
uma ferramenta para estimar valores em locais que não foram amostrados, com base
em pontos conhecidos.

Na amostragem por célula, não há pontos específicos ou lacunas que precisam


ser preenchidas por meio de interpolação no mapa. A coleta de dados é feita em toda a
área, não apenas em pontos georreferenciados (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015). Como
resultado, cada célula representa um único valor médio obtido a partir de uma amostra
composta representativa de toda a área.

Existem outras estratégias de amostragem, além da amostragem em grade,


como a amostragem direcionada e a amostragem por unidades de gestão diferenciada
(UGD). Nestas estratégias, o objetivo final não é criar mapas temáticos, mas sim fornecer
informações sobre locais específicos no campo que requerem investigação.

Na amostragem direcionada, as subamostras são coletadas em torno de um


ponto georreferenciado com uma localização predeterminada, orientada pela variabili-
dade de outro atributo. Normalmente, a escolha desses locais é embasada em mapas
que são gerados a partir de informações coletadas em alta densidade, como o mapa de
condutividade elétrica do solo, o mapa de produtividade ou a imagem de satélite.

97
Ademais, o mapeamento das áreas de solo pode ser usado para orientar a coleta
de amostras, desde que apresente uma escala e detalhamento suficientes (MOLIN;
AMARAL; COLAÇO, 2015). O mapa de produtividade é particularmente útil na seleção
dos pontos de coleta de amostras, pois é capaz de destacar áreas problemáticas ou de
alta produtividade que requerem investigação (Figura 18).

DICA
Recomenda-se o uso desses métodos de amostragem em áreas
que possuem histórico de dados suficiente para compreender
adequadamente sua variabilidade. Nesses casos, não é necessário
aplicar grades amostrais "cegas" (que não possuem orientação prévia)
para mapear os fatores de interesse. A amostragem serve principalmente
como ferramenta de monitoramento ou para subsidiar a compreensão
de relações de causa e efeito.

Em geral, é recomendável que a amostragem em grade (por célula ou por ponto)


seja aplicada em áreas que estão iniciando a adoção da Agricultura de Precisão, onde
há pouco ou nenhum conhecimento da variabilidade da área, para investigar aspectos
relacionados ao solo e à aplicação de fertilizantes e corretivos em taxas variáveis. Nessa
etapa, as intervenções em taxas variáveis devem minimamente equilibrar a variabilidade
espacial dos fatores químicos de fertilidade.

À medida que são coletados dados georreferenciados, como mapas de


produtividade, textura e condutividade elétrica do solo e relevo, pode-se mudar a
estratégia e direcionar as amostras apenas para os locais de interesse ou por Unidade
de Gerenciamento de Dados (UGD).

Essa última estratégia reduzirá os custos com a coleta e análise de amostras e


será utilizada para monitorar e gerenciar a variabilidade remanescente, que é originada
de fatores não antrópicos e imutáveis com os quais, inevitavelmente, o agricultor terá
que lidar durante os anos de produção (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

98
Figura 19 – Amostragem direcionada (a) por mapa de produtividade e (b) por unidade de gestão diferenciada

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 84)

2.6 GEOESTATÍSTICA
A Geoestatística é um ramo da estatística que se concentra na análise de dados
georreferenciados, ou seja, dados que estão associados a uma localização geográfica
específica. Ela é frequentemente utilizada em estudos ambientais, de recursos naturais,
mineração, agricultura, geologia, engenharia e outras áreas onde a localização geográfica
é um fator importante.

Além disso, utiliza técnicas estatísticas para modelar a variação espacial dos
dados e fazer previsões em locais onde não há dados observados. Alguns dos métodos
mais comuns utilizados na geoestatística incluem análise exploratória, análise estrutural de
correlação espacial (modelagem de semivariogramas) e validação do modelo e interpolação
estatística da superfície, essa última caracterizada pela krigagem (SANTOS et al., 2021).

Ademais, viabiliza entender melhor a distribuição espacial de um determinado


fenômeno, a prever valores em locais onde não há dados observados e a tomar decisões
mais informadas com base nos dados disponíveis.

O semivariograma é uma ferramenta fundamental para as técnicas de krigagem,


uma vez que permite representar quantitativamente a variação espacial de um fenômeno
regionalizado (COUTINHO; TAVARES; ANDRADE, 2021). De acordo com Oliver (2013), é a
ferramenta central da geoestatística, pois indica como uma propriedade varia de um
lugar para outro.

O semivariograma descreve o comportamento espacial de uma variável em uma


determinada região, mostrando o quão diferentes os pontos se tornam à medida que
a distância entre eles aumenta. Esse método é útil para determinar a variância do erro
ao estimar um valor desconhecido em um local específico. Para avaliar a variabilidade
99
de um atributo em uma lavoura com base no semivariograma, é necessário calcular
a semivariância para cada combinação de pares de pontos do conjunto de dados
(amostras coletadas) (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

É possível visualizar as semivariâncias para cada par de pontos em um gráfico


chamado semivariograma de nuvem (Figura 19 A), onde a distância entre os pontos é
considerada. A média ponderada dos valores de semivariância para cada intervalo de
distância específica, também conhecida como "passo" (do inglês "lag"), permite obter o
semivariograma experimental (Figura 19B).

Figura 20 – Semivariogramas: (a) de nuvem e (b) experimental, obtido pelo cálculo da média ponderada das
semivariâncias do semivariograma de nuvem

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 107)

O gráfico do semivariograma experimental é composto por uma série de


valores que podem ser ajustados a uma função ou modelo matemático. Na agricultura
de precisão, é comum utilizar modelos como o esférico, o exponencial e, em algumas
situações, o gaussiano. É crucial que o modelo ajustado, denominado semivariograma
teórico, reflita adequadamente a tendência da variação de um atributo em relação à
distância. Isso é fundamental para garantir a precisão e confiabilidade das estimativas
obtidas pela krigagem (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

100
Além disso, fornece informações sobre a dependência espacial de uma
determinada variável, indicando quanto da variação observada entre as amostras
é atribuída a diferenças de distâncias entre pontos e quanto é resultado de variação
aleatória. Ao ajustar o semivariograma teórico, três componentes principais são
definidos e utilizados nos cálculos para realizar a krigagem: efeito pepita, patamar e
alcance. A determinação precisa desses parâmetros é crucial para garantir a eficiência
da interpolação por krigagem e representar adequadamente a variável em estudo
(ALVES; MORAES; SILVA, 2021).

O efeito pepita representa a variação espacial aleatória que não pode ser
explicada pela estrutura de correlação espacial do fenômeno em estudo. O patamar
é a medida de variância do fenômeno regionalizado, ou seja, o máximo valor que a
covariância pode atingir. Já o alcance é a distância a partir da qual a covariância entre
dois pontos se torna desprezível, ou seja, a distância máxima em que um ponto pode
influenciar outro (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

O alcance na geoestatística é um parâmetro que indica o nível de homogeneização


de uma variável na área estudada. Dessa forma, quanto menor o alcance, maior será a
variação do atributo em questão em curtas distâncias e, portanto, maior deverá ser
a densidade e a proximidade entre as amostras coletadas. A análise do alcance é
importante para determinar qual é a distância mínima necessária entre as amostras,
a fim de que a variabilidade da variável em estudo seja adequadamente modelada e
estimada por meio da krigagem (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

Figura 21 – Semivariograma teórico (modelado) mostrando as seguintes componentes:


efeito pepita (c0), semivariância estrutural (c1), patamar (c = c0 + c1) e alcance (a)

Fonte: Molin, Amaral e Colaço (2015, p. 108)

De acordo com especialistas em geoestatística e matemática, o número mínimo


de amostras necessário para garantir uma boa eficiência na operação de krigagem
deve ser superior a 50 (BASTIANES; TAVARES; CORRÊA, 2020). Isso se deve ao fato de
que a construção de semivariogramas confiáveis requer um grande número de pares

101
de pontos. Dessa forma, situações em que poucas amostras de solo são coletadas
para avaliar a fertilidade de uma lavoura não permitirão que a krigagem alcance seu
desempenho máximo.

Além disso, é essencial realizar uma análise minuciosa do conjunto de dados


com o intuito de identificar possíveis valores discrepantes, por meio de estatística
descritiva e, também, por verificação da sua distribuição espacial, a fim de garantir que
a modelagem da dependência espacial seja precisa. Essa prática deve ser realizada de
maneira regular não apenas para a modelagem em geoestatística, mas também para
qualquer análise de dados em Agricultura de Precisão (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

De modo geral, a krigagem é um conjunto de técnicas utilizadas para estimação


e predição de superfícies, baseadas na modelagem da estrutura de correlação espacial
por meio dos semivariogramas. Considerada como um dos melhores interpoladores
lineares não enviesados, a krigagem apresenta a menor variância nas estimativas
(BASTIANES; TAVARES; CORRÊA, 2020).

Além disso, é considerada o método mais completo e confiável de interpolação,


com a vantagem de reduzir a variação existente entre uma variável intensamente
amostrada, como dados oriundos de mapeamento de produtividade ou sensoriamento
remoto, facilitando a identificação da variabilidade em larga escala nas lavouras.

A krigagem ordinária é amplamente utilizada devido a sua versatilidade. Essa


técnica de interpolação prioriza a estimativa da estrutura de correlação espacial e re-
quer que a hipótese de estacionariedade dos dados seja satisfeita. Essa hipótese im-
plica que não há tendências nos dados, e, portanto, a detecção e tratamento desses
efeitos é essencial.

A krigagem ordinária pode ser executada de duas maneiras: krigagem pontual


ou em blocos. A primeira é considerada um estimador exato, pois utiliza os valores exatos
dos pontos amostrados. A segunda gera superfícies mais suavizadas, pois analisa a
variância dentro de uma área definida pelo usuário, semelhante a uma "janela móvel"
(MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

A krigagem indicatriz é diferente da krigagem ordinária, pois trabalha com


variáveis binárias indicadoras em vez de variáveis contínuas. Geralmente, essas variáveis
são valores zero ou um. Os mapas resultantes indicam a probabilidade de ocorrência
de um determinado fenômeno. Por exemplo, um mapa pode estimar a probabilidade
de ocorrência de uma praga em uma determinada região da lavoura, com base em
amostras que indicam a presença (valor um) ou ausência (valor zero) dessa praga
(MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

102
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu:

• Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são ferramentas computacionais que


permitem a criação, análise e visualização de informações geográficas.

• Os SIG permitem a integração de diversos tipos de dados, como mapas, imagens de


satélite, dados de sensores, informações cadastrais e outros, facilitando a tomada
de decisão em diversas áreas, como gestão territorial, planejamento urbano,
agronegócio, meio ambiente, entre outras.

• A tecnologia utilizada para capturar, processar, analisar e visualizar informações


geográficas, ou seja, dados relacionados à localização geográfica de objetos, eventos
e fenômenos na superfície da Terra é chamada de geoprocessamento.

• As ferramentas de geoprocessamento incluem sistemas de informação geográfica


(SIG), que permitem a criação e manipulação de dados espaciais em um ambiente
computacional, além de softwares específicos para análise de imagens de satélite
e sensoriamento remoto.

• Com o uso de SIG, é possível realizar análises espaciais, a qual envolve a utilização
de técnicas de geoprocessamento e geoestatística para entender a variabilidade
espacial dos atributos da lavoura.

• A análise de dados espaciais na agricultura de precisão é uma ferramenta cada vez


mais utilizada no setor agrícola, permitindo um manejo mais sustentável e eficiente.

• O uso da geoestatística pode ser usada para coletar dados em diferentes pontos
da lavoura e criar um mapa de variabilidade, mostrando onde há diferenças na
qualidade do solo, produção de plantas e outros fatores que afetam o crescimento
das culturas.

• A geoestatística permite fazer previsões, como determinar onde aplicar fertilizantes


ou insumos com mais precisão, maximizando a eficiência e minimizando o impacto
ambiental.

103
AUTOATIVIDADE
1 Os SIG (Sistemas de Informação Geográfica) são sistemas computacionais responsá-
veis por processar dados georreferenciados e armazenar informações sobre sua ge-
ometria e atributos. Tipicamente, esses sistemas são constituídos por uma interface
de usuário, ferramentas para entrada e edição de dados, análise de informações, pro-
cessamento gráfico e de imagens, visualização e plotagem, e ainda, armazenamento
e recuperação de dados georreferenciados organizados em camadas de informação.
Sobre os SIG, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Possuem a função de diminuir ou eliminar erros que podem ser causados por
vários fatores, incluindo atraso ionosférico, atraso troposférico, erros orbitais e
outros fatores ambientais.
b) ( ) Permitem a visualização e a interpretação dos dados espaciais, possibilitando
uma melhor compreensão das relações espaciais entre diferentes fenômenos e,
assim, contribuindo para a tomada de decisões em diversas áreas.
c) ( ) É um componente importante do GNSS, pois é responsável por manter o tempo
preciso no receptor, que é usado para sincronizar os sinais recebidos dos satélites.
d) ( ) É uma representação de dados geográficos em que cada objeto é descrito por
meio de pontos, linhas e polígonos utilizadas para localização dos elementos no
espaço (coordenadas de latitude e longitude).

2 O geoprocessamento tem se mostrado uma ferramenta fundamental para a


agricultura moderna, permitindo a análise detalhada de diversos fatores que
impactam a produção agrícola, como o relevo, clima, solo, drenagem e uso do solo.
Com a utilização de sistemas de informações geográficas (SIG), é possível realizar
análises espaciais que auxiliam na tomada de decisão, desde o planejamento
até o monitoramento da produção. Assim, o estudo do Geoprocessamento é
composto por diversos componentes. Com relação aos principais componentes do
Geoprocessamento, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Visualização e apresentação dos dados, tomada de decisão, agricultura de


precisão, manejo de culturas e gestão de recursos hídricos.
b) ( ) Coleta de dados georreferenciados, armazenamento e gerenciamento de dados,
análise de dados georreferenciados e gestão de recursos hídricos.
c) ( ) Coleta de dados georreferenciados, agricultura de precisão, manejo de culturas e
gestão de recursos hídricos.
d) ( ) Coleta de dados georreferenciados, armazenamento e gerenciamento de dados,
análise de dados georreferenciados, visualização e apresentação dos dados e
tomada de decisão.

104
3 Os mapas são utilizados desde a antiguidade para representar a localização e as
características dos territórios. Contudo, a representação cartográfica com linhas
nem sempre é suficiente para retratar as nuances e complexidades dos fenômenos
geográficos em muitas aplicações modernas, tais como agricultura, silvicultura, meio
ambiente, entre outras. Para representar essas informações de forma mais precisa
e detalhada, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) empregam duas principais
formas de representação cartográfica: os mapas raster e vetorial. Classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Um mapa vetorial é uma representação de dados geográficos em que cada objeto


é descrito por meio de pontos, linhas e polígonos utilizados para localização dos
elementos no espaço (coordenadas de latitude e longitude). 
( ) Os mapas vetoriais são usados para armazenar informações como elevação do
terreno, cobertura vegetal, uso do solo, temperatura, umidade, entre outras. Os
mapas raster representam as feições geográficas como linhas, pontos e polígonos.
( ) Um mapa raster também conhecido como matriciais é formado por uma grade de
pixels (pequenos pontos) que representam uma área da superfície terrestre, cada
um com uma cor e um valor de atributo associado.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) V – F – V.

4 A análise de dados com SIG pode envolver diferentes técnicas, como análise espacial,
modelagem de dados geográficos, geoestatística e interpolação espacial. Antes de re-
alizar inferências sobre os dados coletados, é fundamental realizar uma análise des-
critiva e exploratória, independentemente da forma como foram coletados. Descreva
sobre a finalidade da análise exploratória e quais as formas de análises mais úteis:

5 Na agricultura de precisão, as ferramentas de investigação, incluindo a amostragem,


devem não apenas quantificar o parâmetro agronômico analisado, mas também
caracterizar sua variabilidade espacial por meio de mapas temáticos. Dessa forma,
a amostragem torna-se georreferenciada dentro desse sistema de gestão. Descreva
sobre os tipos de amostragens.

105
106
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS
(VANT) NA AGRICULTURA DE PRECISÃO

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 3, abordaremos sobre os Veículos Aéreos
Não Tripulados (VANT), os quais têm se tornado cada vez mais comum na Agricultura de
Precisão. Esses equipamentos têm sido utilizados para coletar dados de forma rápida e
precisa em áreas agrícolas, possibilitando uma melhor gestão dos cultivos.

Nos últimos anos, o uso de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT) tem se
popularizado em diversos setores, incluindo na agricultura. Segundo Tabb et al. (2019),
os VANT têm a capacidade de coletar dados em tempo real, proporcionando uma visão
mais detalhada das áreas cultivadas. Isso permite que os agricultores tomem decisões
precisas, maximizando a eficiência e reduzindo os custos de produção.

Com o uso de VANT na agricultura de precisão, é possível obter informações


sobre a qualidade das plantas e do solo e a distribuição de nutrientes, possibilitando
a aplicação localizada de insumos e a otimização do uso de recursos. Representando,
portanto, um avanço significativo para a agricultura de precisão, tornando-a mais
eficiente, sustentável e rentável.

Os VANT podem ser equipados com câmeras multiespectrais que capturam


imagens aéreas das lavouras em diferentes comprimentos de onda, permitindo a iden-
tificação de diferentes características dos cultivos, como alguns aspectos das plantas e
a distribuição de nutrientes e água no solo. Além disso, é possível utilizar sensores que
detectam a presença de pragas e doenças nas plantas, permitindo uma intervenção
rápida e precisa.

2 CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES DOS


VANT
No Brasil, a nomenclatura mais comum para se referir a uma aeronave que não
requer a presença de tripulação a bordo é Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT). Essa
expressão tem origem no termo em inglês Unmanned Aerial Vehicles (UAV), que ganhou
popularidade no começo da década de 1990 e substituiu o termo Remotely Piloted
Vehicle (RPV), utilizado durante e depois da Guerra do Vietnã (NEWCOME, 2004).

107
O VANT é composto não só pela aeronave, mas também por uma estação
de controle em solo, conhecida como Ground Control Station (GCS), que permite o
planejamento da missão e o acompanhamento do trabalho realizado remotamente.
Geralmente, a estação de controle exibe um mapa do local a ser monitorado com a
referência da posição do VANT (Figura 21).

Além disso, O VANT está equipado com um Sistema de Posicionamento Global


(GPS) integrado juntamente com uma unidade de navegação inercial. Devido à grande
margem de erro associada ao GPS, o veículo não aceita comandos de movimento
diretamente provenientes desse sistema. Em vez disso, ele depende da unidade de
navegação inercial (IMU) para obter maior precisão na determinação da posição. A
navegação inercial é amplamente utilizada em foguetes, submarinos, navios e outros
veículos para calcular as coordenadas (EMBRAPA, 2014).

Figura 22 – Modelos de VANT


GRANDES PEQUENOS
Para áreas entre 200 e 1 mil hectares Para áreas de até 200 hectares
Autonomia: entre duas e três horas de voo Autonomia: cerca de 15 minutos de voo
Preço: R$ 50 mil a R$ 500 mil Preço: R$ 5 mil a R$ 40 mil

GPS para GPS para


localização localização
Motor Radiotransmissor/ Sistemas aviônicos:
Asas fixas receptor altitude e direção
Sistemas aviônicos:
altitude e direção

Radiotransmissor/
receptor

Asas
giratórias
Câmera para geração Trem de
de fotos e filmes pouso
Trem de Câmera para Joystick
pouso geração de
fotos e filmes

Antena emite sinal Central de


para uma antena controle
embarcada no vant

Fonte: o autor

O pacote integrado conhecido como Autonomous Flight Control System (AFCS),


ou piloto automático, é geralmente fornecido pelo fabricante do VANT. Esse sistema
recebe os comandos da estação de solo (GCS) por meio da telemetria de controle e atua
autonomamente na aeronave.

108
De acordo com Valavanis e Vachtsevanos (2015), o sistema de controle é o
componente principal dos VANT, responsável por manter a aeronave estável e executar
manobras para seguir uma rota e cumprir uma missão selecionada.

O avanço tecnológico e a redução dos custos dos componentes eletrônicos têm


favorecido o desenvolvimento de sistemas de controle de voo para esse tipo de aeronave,
permitindo que um grande número de empresas possa construir VANT com sistemas
de controle para comercialização. Existem até sistemas disponíveis gratuitamente na
internet, como o Ardupilot, que pode ser configurado por qualquer pessoa e funciona
perfeitamente.

De forma resumida os VANT (Veículos Aéreos Não Tripulados) são compostos


por diversos componentes, incluindo:

• Aeronave: é a parte física do VANT, composta por asas, fuselagem, trem de pouso,
motor, bateria, entre outros elementos.
• Sistema de controle de voo: é responsável por manter a aeronave estabilizada e
executar manobras de acordo com a rota e missão selecionada.
• Estação de controle em solo: é um sistema que permite planejar e monitorar
remotamente a missão do VANT. Através dela, o operador pode visualizar o mapa do
local a ser monitorado, bem como a posição atual do VANT.
• Sistema de posicionamento global (GPS): é responsável por determinar a posição
geográfica do VANT.
• Unidade de navegação inercial (IMU): é responsável por fornecer dados de orientação
e movimento do VANT com alta precisão, usando acelerômetros, giroscópios e
magnetômetros.
• Piloto automático ou Autonomous Flight Control System (AFCS): é um pacote
integrado fornecido pelo fabricante, responsável por receber os comandos da
estação de controle em solo e atuar de forma autônoma.
• Sensores: os VANT podem ser equipados com uma variedade de sensores, incluindo
câmeras de alta resolução, sensores infravermelhos, radares, entre outros,
dependendo da aplicação específica.
Sistema de comunicação: é responsável pela troca de dados entre o VANT e a
estação de controle em solo, permitindo a transmissão de imagens, vídeos, dados
de posição e outros.

3 HISTÓRICO DOS VANT


De acordo com Dalamagkidis, Valavanis e Piegl (2012), a ideia de desenvolver má-
quinas voadoras foi concebida há cerca de 2.500 anos na Grécia e na China. Naquela
época, Pitágoras, Arquimedes e outros pensadores estudavam a possibilidade de utilizar
mecanismos autônomos para diversas aplicações. Leonardo da Vinci, um polímata do sé-
culo XV, também criou projetos para o desenvolvimento de mecanismos capazes de voar.

109
Embora haja esses registros, a história oficial da aviação mostra que o padre
brasileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão realizou, em 1709, o primeiro voo de um
mecanismo desenvolvido com o propósito de voar. Ele também inventou o primeiro
aeróstato operacional, conhecido popularmente como "a passarola", que foi apresentado
diante da corte portuguesa. Esse feito foi registrado como o primeiro voo de um objeto
não tripulado, segundo Visoni e Canalle (2009).

Figura 23 – (1) passarola de Pe. Bartolomeu Gusmão, (2) esboço de Leonardo Da Vinci de uma máquina
voadora

Fonte: adaptada de Dalamagkidis, Valavanis e Piegl (2012)

NOTA
Para Assaiante e Cavichioli (2020), o primeiro uso de VANT ocorreu em
Veneza, em 1849, pelo exército austríaco, onde balões foram usados
para transportar explosivos. Devido aos altos custos e complexidade
de desenvolvimento, até recentemente, essas plataformas eram
exclusivamente destinadas a fins militares.

Fonte: ASSAIANTE, B. A. S.; CAVICHIOLI, F, A. A utilização de veículos


aéreos não tripulados (VANT) na cultura de cana-de-açúcar. Interface
tecnológica, Taguaritinga, SP, v. 17, n. 1, p. 444-455, 2020.

De acordo com Pereira (2017), os VANT surgiram a partir de necessidades


militares após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de aumentar a eficácia na
estratégia de ataque ao inimigo. O primeiro drone foi desenvolvido a partir de uma
inspiração em uma bomba, para que sua detonação fosse feita de forma automática.

Na Alemanha, foi criado o Buzz Bomb, nome dado devido ao som que o drone
fazia durante o voo. Sua eficácia se deve ao fato de voar em linha reta com velocidade
constante, o que tornava os alvos presas fáceis e permitia interceptá-los de maneira

110
precisa. Os drones eram usados para preservar a integridade física dos soldados e
tinham funções como vigilância, ataques, espionagem e envio de mensagens.

De acordo com Alves Júnior (2015), o pioneiro VANT fabricado no Brasil foi o CTB
BQM-1BR, produzido pela empresa CBT (Companhia Brasileira de Tratores). Lançado em
1982, este modelo a jato podia atingir até 560 km/h e foi construído com uma estrutura
metálica de 92 kg, envergadura de 3,18 m, comprimento de 3,89 m e diâmetro de 28 cm,
com alcance máximo de 6.500 m e autonomia de 45 minutos (Figura 22).

Atualmente, este aeromodelo está em exposição no museu "Asas de um sonho",


pertencente à companhia aérea TAM. Buzo (2015) descreve que os primeiros drones
surgiram no Brasil em 1983, com uma função simples de capturar imagens e vídeos, e
ao longo do tempo foram sendo aprimorados.

O modelo inicialmente tinha aplicação militar e ficou desativado por um tempo.


Somente em 2007, foi retomado por uma iniciativa do governo para impulsionar o
desenvolvimento de VANT no Brasil. Na área civil, o projeto Helix se destacou nos anos
80 como um VANT de asa móvel, porém foi descontinuado posteriormente devido à
falta de mercado e incentivo governamental.

Figura 22 – Primeiro VANT brasileiro

Fonte: Luchetti (2019)

Uma das aplicações civis mais proeminentes para VANT, especialmente na


área agrícola, foi o projeto ARARA (Aeronave de Reconhecimento Assistida por Rádio e
Autônoma) em 1996 (JORGE, 2001). O principal objetivo do projeto era substituir aeronaves
convencionais utilizadas para obtenção de fotografias aéreas em monitoramento de
áreas agrícolas e sujeitas a problemas ambientais por VANT de pequeno porte, que
realizariam missões pré-estabelecidas pelos usuários, esse projeto foi especialmente
para utilização em agricultura de precisão.

111
De 1999 a 2005, foi feito um grande esforço no desenvolvimento da aeronave
de asa fixa desse projeto, patenteado pela Embrapa (JORGE et al., 2004), e ela se tornou
completamente autônoma em 2006 (TRINDADE JUNIOR; JORGE; AGUIAR, 2004).

De acordo com Assaiante e Cavichioli (2020), a popularização dos VANT no setor


civil ocorreu nos últimos dez anos, graças a pesquisadores universitários que fundaram suas
próprias empresas, combinando o interesse por aeromodelismo com os avanços em senso-
res ópticos digitais, sistemas de comunicação e eletrônica de controle. Esses avanços per-
mitiram melhorias nas pequenas plataformas dos VANT, capacitando-os para uso comercial.

3.1 TIPOS DE VANT


Medeiros (2007) descreve que os Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT) são
aeronaves pequenas, capazes de executar tarefas como monitoramento, vigilância,
mapeamento e reconhecimento tático, sem necessidade de contato físico direto. No
entanto, essas aeronaves têm limitações em relação à capacidade de carga a bordo e
às condições climáticas.

Se equipados com equipamentos de transmissão de dados, os VANT podem


transmitir dados recolhidos em tempo real. Embora projetados para várias missões, a
origem desses veículos está ligada principalmente à área militar, incluindo alvos aéreos
manobráveis, reconhecimento tático, guerra eletrônica, entre outros.

Os mísseis antinavios, bombas guiadas e planadas também são classificados


como aeronaves não tripuladas. De forma geral, os VANT são classificados de acordo
com sua categoria funcional, que pode incluir alvos, sistemas de reconhecimento ou
monitoramento, combate, logística e P&D.

De acordo com Bernardi et al. (2014), os VANT podem ser classificados quanto
ao alcance e altitude:

• De mão: com 600 m altitude e alcance 2 km.


• Curto alcance, com 1500 m de altitude e 10 km de alcance.
• OTAN, de 3000 m de altitude e alcance até 50 km.
• Tático, de 5500 m de altitude e alcance de 160 km.
• MALE (altitude média, alcance longo), até 9000 m de altitude e alcance de 200 km.
• HALE (altitude alta, alcance longo), acima de 9100 m e altitude e alcance indefinidos.
• HIPERSÔNICO, 15200 m de altitude e alcance acima de 200 km.
• ORBITAL em baixa órbita.
• CIS, transporte lua-terra.

Além da classificação quanto ao alcance e altitude, os VANT podem ser classi-


ficados de acordo com o tipo de asa, em asa fixa ou rotativa. O de asa rotativa, pode ser
do tipo helicóptero convencional ou multirotor, como pôde ser verificado na Figura 21.

112
O veículo aéreo não tripulado do tipo multirotor é uma plataforma aérea com
sofisticada neletrônica embarcada que permite transportar diferentes sistemas de
captura de imagens. Sua instrumentação aviônica e sistemas de controle permitem
voos com alta estabilidade com reduzido tempo de treinamento operacional. Seu
tamanho compacto, facilidade de operação, segurança e custo operacional reduzido,
tornam esta classe de VANT a mais interessante para operação em mercados que tem
as seguintes necessidades (BERNARDI et al., 2014):

• tempo curto de operação;


• pouca ou nenhuma equipe de apoio;
• pouca ou nenhuma infraestrutura de terra;
• facilidade de transporte;
• distância e áreas de cobertura de pequeno a médio tamanho (ou duração);
• voo assistido por GPS ou totalmente autônomo seguindo dados pré-programados;
• necessidade de imagens com resolução superior às imagens de satélite;
• necessidade de acessar pontos difíceis.

No entanto, são utilizados motores elétricos e possuem uma bateria com


duração máxima de 30 minutos de operação, além de uma capacidade de carga que
varia entre 800 g e 4 Kg. Normalmente, esses VANT possuem estabilização de atitude
para câmeras e sensores.

Luchetti (2019) classifica os VANT da seguinte forma: VANT de asa fixa (Figura
23): são aeronaves não tripuladas, que tem a necessidade de uma pista de decolagem
e para o pouso, além de ser preciso uma propulsão para o lançamento, havendo boa
duração de voo, tendo uma ampla cobertura de área.

Figura 23 – Modelo de VANT de asa fixa

Fonte: Luchetti (2019)

VANT de asa rotativa é uma categoria de aeronaves não tripuladas que possuem
decolagem e pouso verticais, podendo planar no ar. Esses VANT apresentam diversas
configurações, com hélices principais e secundárias na cauda ou motores em eixos.

113
São mais acessíveis e fáceis de usar do que os de asa fixa, com a vantagem de ter uma
grande estabilidade, o que facilita a captura de fotos e vídeos aéreos.

NOTA
Os VANT podem ainda ser classificados em:
Blimps: reconhecidos como balões ou dirigíveis, sendo mais leves que
o próprio ar, possuindo longa duração de voo, contudo possui baixa
velocidade.
Flapping-wings: são conhecidos também por batedores de asas, pois
possuem asas flexíveis, assim como nos pássaros.
Híbridos: são aeronaves capazes de fazer a decolagem na vertical, e
depois desenvolver o voo como aviões, por meio da inclinação dos
motores ou da fuselagem.

4 ETAPAS PARA APLICAÇÃO DE VANTS NA


AGRICULTURA DE PRECISÃO

As etapas para Aplicação de Vants na agricultura de Precisão estão descritas
a seguir, de acordo com Bernadi et al. (2014). São elas: Planejamento de voo; Voo com
sobreposição; Obtenção das imagens georreferenciadas; Processamento das imagens;
Geração de Mosaico; Análise em uma ferramenta GIS; e Geração de relatórios.

O processo de planejamento do voo começa com a seleção das condições de


voo, como altitude, velocidade, resolução das imagens e resolução do pixel no solo, bem
como normas e regulamentos de voo. Para determinar a altitude, é importante verificar
se o voo terá linha de visada direta entre a estação de controle e a aeronave. Além disso,
é necessário considerar a resolução desejada em solo e calcular a altitude de voo de
acordo com a resolução da câmera.

Os ajustes de velocidade do obturador da câmera devem ser controlados


devido ao movimento das aeronaves, a fim de evitar o borramento. Após a definição das
condições de voo, é necessário inserir esses parâmetros nos planejadores de missões
específicos de cada VANT para elaborar o plano de voo.

A altitude de voo é um fator crucial na quantidade de imagens geradas e no


tamanho do pixel sobre o terreno. Em geral, quanto mais alto se voa, maior é a área
coberta com menos fotos. Levando em conta a importância da qualidade das imagens
para a agricultura de precisão, é recomendado uma sobreposição mínima lateral de
40%. Isso é suficiente para casos em que se requer menos precisão nos mosaicos. No
entanto, para terrenos com variações de inclinação, é recomendado uma sobreposição
lateral de 60%, o que resulta em imagens com maior qualidade.

114
Se a sobreposição linear em uma direção é N%, então a distância média entre um
ponto na imagem nessa direção é de 100-N%. De fato, para a largura ou comprimento da
foto, existem 1/(100-N)% pontos comuns por unidade de distância. Se a sobreposição
for uniforme em 2D, existem (1/(100-N)%)² pontos comuns por unidade de área.

IMPORTANTE
Considerando N para a sobreposição lateral e M para a sobreposição na
direção de voo, a densidade média de fotos em um determinado ponto
no mosaico pode ser calculada por (1/(100-N)%). (100-M)%. A densidade
deve ser observada de forma a obter a quantidade necessária para
a determinação do modelo de elevação do terreno ideal e garantir a
qualidade do resultado final. As coordenadas LAT, LONG e ALT, ou seja,
latitude, longitude e altitude devem ser armazenadas diretamente com
cabeçalho das fotos, em formatos padrões EXIFJPG ou GeoTIFF. Se não
for possível gerar automaticamente as imagens com coordenadas, é
necessário recorrer a softwares que permitam juntar o log de voo com
as imagens obtidas, de forma a adicionar as coordenadas necessárias.

De acordo com Chon, Kim e Lin (2010), um mosaico de imagens consiste em unir
grande quantidade de imagens em uma nova imagem. Os mosaicos aéreos agrícolas
têm a capacidade de direcionar as vistorias de campo durante o ciclo de cultivo ou após
a colheita, fornecendo um diagnóstico preciso da área cultivada (LEBOEUF, 2000). A
partir desses mosaicos, mapas de recomendações podem ser elaborados, tais como:
descompactação, fertilização e aplicação de insumos em taxa variável, auxiliando na
tomada de decisões. Além disso, a obtenção rápida e precisa de informações auxilia
no controle de pragas, doenças e queimadas (WULDER et al., 2004; LELONG et al.,
2008). Para atingir a precisão necessária nas informações, é preciso utilizar imagens
de alta resolução. Já para obter as informações rapidamente, é recomendado o uso de
processamento paralelo, a fim de reduzir o custo computacional envolvido na construção
de mosaicos de alta resolução.

Após a obtenção das imagens ou mosaicos, é possível integrá-los em


sistemas de informação geográfica (SIG) para estabelecer correlações com outros
mapas disponíveis. O uso de VANTs facilita a atualização frequente dos SIG, com uma
resolução temporal que é altamente benéfica para as etapas da agricultura de precisão.
Existem várias análises possíveis, dependendo dos objetivos específicos. Em geral, uma
aplicação comum é a definição de zonas de manejo dentro da propriedade.

Os relatórios gerados podem ser personalizados de acordo com cada caso


específico. Geralmente, sistemas integrados com GIS já geram mapas de aplicação em
taxa variável com base nos diferentes mapas e cruzamentos realizados no GIS.

115
LEITURA
COMPLEMENTAR
USO DA GEOESTATÍSTICA NA AGRICULTURA

Marcos Sales Rodrigues


Annamaria Castrignanò
Antonella Belmonte
Kátia Araújo da Silva
Bruno França da Trindade Lessa

A geoestatística tem se mostrado muito eficiente na definição da variabilidade


espacial das variáveis agrícolas. Ele tem sido usado para muitas variáveis diferentes, como
rendimento da cultura, propriedades do solo, ervas daninhas etc. Nesta revisão, focamos
no solo e na aplicação de ervas daninhas. Além disso, outras aplicações que utilizam da-
dos de produtividade e sensores foram abordadas no tópico de fusão de dados.

As amostras de solo devem reproduzir com precisão a condição de um campo


agrícola, usando um número mínimo para estimar satisfatoriamente o valor médio
dos atributos do solo, assim o manejo da irrigação e da fertilidade do solo em campos
de cultivo será refinado (BUDAK, 2018). Isso porque estima-se que 80-85% do erro
total nos resultados utilizados na recomendação de fertilizantes e corretivos podem
ser atribuídos à amostragem em campo e 15-20% podem ser devidos a análises de
laboratório (CARVALHO et al., 2002).

Com base na estatística clássica, o estudo tradicional realizado por Catani et


al.,(1954) define como amostragem representativa 20 amostras individuais de solo para
obter uma amostra composta em áreas de até 10 hectares consideradas homogêneas
pelos agricultores (mesmo tipo de solo, cultura, declive etc.). A amostragem aleatória,
baseada em estatísticas clássicas, também é amplamente utilizada em outros países,
como nos Estados Unidos (LAWRENCE et al., 2020). No entanto, para que a estatística
clássica seja aplicada adequadamente, uma de suas premissas é que a aleatoriedade
dos erros seja atendida, ou seja, as amostras sejam espacialmente independentes
(BUDAK et al., 2018).

No entanto, a presença de dependência espacial tem sido verificada na maioria


das variáveis agrícolas, como atributos do solo (ARMANTO, 2019; GAO et al., 2019; LI et
al., 2017; MIRZAEE et al., 2016; ROSEMARY et al., 2017; USOWICZ; LIPIEC, 2017; YANG et
al., 2020), limitando assim o uso da estatística clássica. De acordo com Welsch et al.,
(2019), a variabilidade do solo pode afetar o plano de amostragem, podendo resultar em
intensidades amostrais inadequadas e altos níveis de incerteza nos atributos avaliados

116
e, consequentemente, manejo inadequado se a distribuição espacial não for levada em
consideração. Portanto, a geoestatística tem se mostrado uma alternativa viável para a
otimização de um número de amostras individuais de solo, considerando a dependência
espacial (MONTANARI et al., 2012), onde o semivariograma é a principal ferramenta
utilizada para a descrição da autocorrelação espacial (SEIDEL; OLIVEIRA, 2016).

Com base no conhecimento dos parâmetros do semivariograma, Carvalho et


al. (2002) afirmam que é possível definir um raio de amostragem com o seu valor de
alcance, pois distâncias maiores que seu valor garantem a independência dos pontos
de amostragem. O semivariograma escalonado, que é obtido a partir da divisão da
semivariância pela variância estatística dos semivariogramas experimentais, pode ser
utilizado em amostras de definição, e é útil porque permite inserir vários atributos em
um mesmo gráfico, obtendo um único valor de intervalo (PEREIRA et al., 2013).

Alguns estudos sobre culturas de importância agronômica como cana-de-


açúcar – Saccharum officinarum L. – (MONTANARI et al., 2012), feijão – Phaseolus
vulgaris L. – (CASTIONE et al., 2019) e manga – Mangifera L. – (SILVA et al., 2020)
demonstraram a eficiência do uso da geoestatística comparada à estatística clássica na
determinação do número ideal de amostras individuais de solo.

Os atributos químicos do solo de duas áreas cultivadas com cana-de-açúcar,


localizadas no município de Jaboticabal, estado de São Paulo, Brasil, foram avaliados por
Montanari et al. (2012) para otimizar o procedimento de plano de amostragem de solo,
e constataram que o uso da geoestatística, utilizando a amplitude do semivariograma
experimental, reduziu o número de amostras individuais necessárias para representar a
área. Além disso, o número estimado pela estatística clássica tornaria a coleta inviável
em termos práticos.

Em estudo para definir a densidade amostral mínima de atributos físicos do solo


em uma área de pivô central cultivada com feijão, no município de Cristália, Goiás, Brasil,
Castioni et al. (2019) identificaram que a geoestatística, por meio do semivariograma
escalonado, deve ser utilizada como estratégia para caracterizar a variabilidade espacial
e determinar a escala mínima de pontos em uma área amostral.

Abordagens de amostragem de solo e métodos de amostragem por alocação


de pontos em pomares de manga irrigada no semiárido brasileiro, Silva et al. (2020)
observaram a eficiência da geoestatística em comparação com a estatística clássica,
uma vez que o método de 20 amostras individuais de solo se mostrou ineficiente.
Eles perceberam que a adição do componente espacial, utilizando a amplitude do
semivariograma escalonado, era adequada na obtenção da densidade amostral mínima
do solo em cada uma das áreas estudadas. Além disso, a alocação de pontos amostrais
demonstrou que, no método de amostragem, o local de coleta é tão importante quanto
o número de amostras individuais de solo a ser recolhido.

117
Com base nas considerações anteriores, fica evidente que uma amostragem
criteriosa, que represente com precisão a área amostrada, visa à redução de custos e
otimização de recursos, garantindo a viabilidade agrícola. É fundamental estudar projetos
de amostragem para cada área, dependendo das características intrínsecas de cada
uma, pois a variabilidade pode ser afetada por diversos fatores como topografia, manejo,
vegetação e fatores de formação do solo (WELSCH et al., 2019). Assim, a geoestatística
é a ferramenta mais adequada para definir a densidade amostral quando comparada à
estatística clássica, pois a geoestatística leva em consideração a dependência espacial
encontrada na maioria das lavouras. Portanto, o parâmetro de alcance para definir o
número de amostras individuais de solo pode ser um método satisfatório para definir a
amostragem de solo.

A Geoestatística aplicada também pode ser aplicada no monitoramento de


plantas daninhas. A presença de plantas indesejáveis em campos agrícolas, também
conhecidas como ervas daninhas, pode ser definida como plantas superiores
que interferem nos interesses do homem e do meio ambiente (PITELLI, 2015). O
estabelecimento dessas plantas para formar aglomerados de plantas com diferentes
populações (comunidade de plantas daninhas) causa distúrbios ambientais e diversos
prejuízos, principalmente quando se trata de sistemas de produção agrícola.

Além dos fatores inerentes à espécie e seu biótipo, fatores climáticos, fisiográficos
e bióticos determinam a ocorrência e permanência de plantas daninhas em um determi-
nado ambiente e período (FRIED et al., 2019), e interferem na forma como as populações
são distribuídos: generalizados ou pontuais. A capacidade de descrever e mapear a dis-
tribuição espacial das plantas daninhas é o primeiro passo no estudo de sua variabilidade
espacial, garantindo um manejo eficiente os conceitos da agricultura de precisão.

Em fitossanidade, o padrão espacial de populações indesejadas pode ser


estudado por meio de índices estatísticos baseados em média e variância, que fornecem
o grau de agregação de pragas e doenças. Esse grau pode variar entre altamente
agregado, agregado e uniforme, e muitos estudos já demonstraram que o grau de
distribuição de ervas daninhas em campos agrícolas, geralmente apresenta um padrão
populacional agregado (LOPES et al., 2020; MARTÍN et al., 2018; SILVA e outros, 2017).

No entanto, Schaffrath et al. (2007) afirmam que as medidas tradicionais de


tendência e dispersão são de pouca utilidade e podem induzir a superestimação uma
vez que não é considerada a posição dos indivíduos no espaço. Portanto, o uso da
geoestatística em estudos da distribuição espacial de plantas daninhas tem potencial
tecnológico e ambiental (SCHAFFRATH et al., 2007), possibilitando técnicas de
mapeamento mais precisas, como o Kriging (KRAHMER et al., 2020).

Vários estudos têm mostrado que a distribuição de ervas daninhas em campos


agrícolas não é um processo aleatório, mas segue uma dependência espacial. Na
literatura, há relatos de dependência espacial moderada a forte para variáveis de plantas

118
daninhas (AVILA et al., 2019; CHIBA et al., 2010; IZQUIERDO et al., 2020; KALIVAS et al.,
2012; LÓPEZ-GRANADOS et al., 2016; METCALFE et al., 2016, SIQUEIRA et al., 2016).

Dentre as espécies de plantas daninhas encontradas em campos agrícolas de es-


tudos recentes que apresentaram dependência espacial, estão: Abutilon theophasti, Bi-
dens pilosa, Bromus diandrus, Cenchrus equinatus, Commelina spp., Convolvulus arvensis,
Conyza spp., Cynodon dactylon, Cyperus rotundus, Datura ferox, Euphorbia spp., Eleusine
indica, Heliotropium indicum, Ipomoea triloba, Solanum nigrum, Sorghum halepense e Xan-
thium strumarium (CHIBA et al., 2010; IZQUIERDO et al., 2020; KALIVAS et al. 2012).

Os estudos geoestatísticos auxiliam no planejamento do controle sustentável,


realizando o manejo site-specific, ou seja, onde é estritamente necessário, trazendo
benefícios como maior retorno econômico e menor impacto ambiental (MARTÍN et al.,
2018; ROCHA et al., 2015). Por exemplo, existe a possibilidade de utilização de uma
técnica de agricultura de precisão denominada aplicação de taxa variável, ou seja,
quando um insumo (neste caso, os agrotóxicos) é aplicado com base na distribuição
espacial do alvo a ser controlado.

Essa técnica pode maximizar a eficácia dos herbicidas, e estudos mostraram


economia de aproximadamente 25% (GUNDY et al., 2017; KEMPENAAR, 2017). Além
disso, uma característica importante desse tipo de estudo é a possibilidade de análise
correlacional com variáveis agroambientais com a mesma coordenada da variável de
plantas daninhas, auxiliando no entendimento da ocorrência de plantas daninhas. Essas
variáveis incluem métricas ou dados qualitativos sobre propriedades do solo, tipos de
manejo e características das culturas (AVILA et al., 2019; COMAS et al., 2016).

Segundo Pätzold et al. (2020), os mapas de população de ervas daninhas


integrados aos mapas de solo podem potencialmente ser usados no planejamento
e manejo de ervas daninhas para estimar os requisitos de herbicidas ou atender às
limitações de aplicação. Em um estudo da comunidade de ervas daninhas de um campo
de cultivo de milho em Arganda del Rey, Madri, Espanha, Martin et al. (2018) revelou
que a variação para S. halepense e A. theofhasti ao longo da direção das linhas de
cultivo foi maior em defasagens superiores a 5 m. Isso indica a existência de grandes
manchas nessa escala e que pode haver uma interação entre o efeito do cultivo ou da
colheitadeira arrastando sementes com propriedades variáveis do solo.

Ao correlacionar o banco de sementes de ervas daninhas em uma lavoura


de soja com as propriedades do solo, Avila et al. (2019) encontraram uma correlação
negativa significativa entre o banco seminal de sementes de gramíneas e a variação no
teor de areia. Com relação ao manejo e laudo químico, os autores recomendam o uso de
seu resultado no manejo de campo, pois em áreas arenosas podem ser aplicadas doses
menores de pré-emergentes, alertando para o risco de aplicações de taxa fixa.

119
Portanto, o mapeamento de plantas daninhas, favorece o entendimento de
como a comunidade de plantas daninhas está distribuída no campo e as razões de sua
distribuição, sejam elas de origem ecológica ou antrópica, possibilitando, não só um
manejo fitossanitário mais eficiente, mas também um profundo compreensão de sua
ecofisiologia (BOTTEGA et al., 2018; KRAHMER et al., 2020; MARTÍN et al., 2018).

Krahmer et al. (2020) também apontaram que testes comparativos para


diferentes localidades, aprimoramento de mapas existentes para espécies mais
frequentes, padronização, ampliação de mapas de resistência a herbicidas e
mapeamento de plantas daninhas raras como potenciais e objetivos para trabalhos de
mapeamento de infestação.

Com base nas informações coletadas, pode-se considerar que as análises


geoestatísticas e as técnicas de mapeamento estão integradas ao chamado modelo
Agricultura 4.0, possibilitando ferramentas digitais e tecnológicas para o diagnóstico
local e orientando uma agricultura moderna para o manejo de plantas daninhas e mais
sustentável, econômica e produção agrícola eficiente.

Fonte: adaptada de https://doi.org/10.5935/1806-6690.20200095. Acesso em: 11 abr. 2023.

120
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu:

• Os Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT) são utilizados na Agricultura de Precisão


para obter informações sobre o estado das plantações e das lavouras. Eles
são capazes de realizar sobrevoos precisos e coletar imagens de alta resolução,
que podem ser processadas e analisadas por software para identificar áreas de
problemas ou de interesse.

• Os VANT são compostos por Aeronave, Sistema de controle de voo, Estação de


controle em solo, Sistema de posicionamento global (GPS), Unidade de navegação
inercial (IMU), Piloto automático ou Autonomous Flight Control System (AFCS),
Sensores e Sistema de comunicação.

• Drones, ou Veículos Aéreos Não Tripulados, recebem classificações baseadas em


vários fatores, incluindo tamanho, capacidade de carga útil, autonomia, entre outros.

• Os principais tipos de VANT incluem: multirotores, asas fixas, híbridos e sistemas de


alta altitude, como balões e dirigíveis. Cada tipo possui vantagens e desvantagens
específicas em termos de capacidade de voo, duração da missão e aplicação.

• Para utilizar VANT na agricultura de precisão, é necessário seguir algumas


etapas: planejamento de voo, voo com sobreposição, obtenção de imagens
georreferenciadas, processamento dessas imagens, geração de mosaico, análise
em uma ferramenta GIS e geração de relatórios.

121
AUTOATIVIDADE
1 Na agricultura, os VANT (Veículos Aéreos Não Tripulados) têm sido utilizados para diver-
sas finalidades, como monitoramento de lavouras, aplicação de defensivos agrícolas,
mapeamento de áreas cultivadas, entre outras. O uso de VANT na agricultura traz di-
versas vantagens, como a possibilidade de monitorar grandes áreas de forma mais rá-
pida e precisa, identificando possíveis problemas nas plantações antes que se tornem
grandes problemas. Sobre os componentes dos VANT, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Aeronave: é responsável por manter o sistema estabilizado e executar manobras


de acordo com a rota e missão selecionada.
b) ( ) Sistema de posicionamento global (GPS): é responsável por fornecer dados de
orientação e movimento do VANT com alta precisão, usando acelerômetros,
giroscópios e magnetômetros.
c) ( ) Estação de controle em solo: é um sistema que permite planejar e monitorar
remotamente a missão do VANT. Através dela, o operador pode visualizar o mapa
do local a ser monitorado, bem como a posição atual do VANT.
d) ( ) Sistema de comunicação: é um pacote integrado fornecido pelo fabricante,
responsável por receber os comandos da estação de controle em solo e atuar de
forma autônoma.

2 De acordo com a descrição de Medeiros (2007), os Veículos Aéreos Não Tripulados


(VANT) são aeronaves de pequeno porte que possuem a habilidade de realizar tarefas
como monitoramento, vigilância, mapeamento e tático, sem a necessidade de
contato físico direto. Entretanto, essas aeronaves possuem algumas limitações, tais
como a capacidade reduzida de carga que podem transportar e a sua sensibilidade
às condições climáticas adversas.

Fonte: MEDEIROS, F. A. Desenvolvimento de um veículo aéreo


não tripulado para aplicação em agricultura de precisão.
2007. 102 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola)
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2007.

Sobre a classificação dos VANT quanto ao alcance e altitude, analise as sentenças a


seguir:

I- De mão, com 600 m altitude e alcance 2 km; OTAN, de 3000 m de altitude e alcance
até 50 km; hipersônico, 15200 m de altitude e alcance acima de 200 km.
II- Curto alcance, com 1500 m de altitude e 10 km de alcance; tático, de 5500 m de
altitude e alcance de 160 km; CIS, transporte lua-terra.
III- De mão, com 1500 m de altitude e 10 km de alcance; OTAN de 5500 m de altitude e
alcance de 160 km; ORBITAL, transporte lua-terra.

122
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Os VANT (Veículos Aéreos Não Tripulados) estão sendo cada vez mais utilizados na
agricultura devido a sua capacidade de coletar dados e imagens precisas e em alta
resolução. Essas informações podem ajudar os agricultores a tomar decisões mais
informadas sobre o manejo de culturas e o uso de recursos. No entanto, para garan-
tir a efetividade do uso dos VANT na agricultura é necessário seguir as etapas para
Aplicação de VANT na agricultura de Precisão. Classifique V para as sentenças verda-
deiras e F para as falsas:

( ) Planejamento de voo; voo com sobreposição; obtenção das imagens


georreferenciadas; processamento das imagens; geração de mosaico; análise em
uma ferramenta GIS; e geração de relatórios.
( ) Planejamento de voo; verificação da estação de controle de solo; voo com sobre-
posição; obtenção das imagens georreferenciadas; processamento das imagens;
geração de mosaico; análise em uma ferramenta GIS; e geração de relatórios.
( ) Verificação do sistema de comunicação; planejamento de voo; voo com sobrepo-
sição; obtenção das imagens georreferenciadas; processamento das imagens; ge-
ração de mosaico; análise em uma ferramenta GIS; e geração de relatórios.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A agricultura de precisão é uma abordagem tecnológica que busca maximizar a efici-


ência e a rentabilidade da produção agrícola por meio da coleta, análise e interpretação
de dados em tempo real sobre o solo, clima, topografia, vegetação e outros fatores rele-
vantes para a produção. Entre as tecnologias usadas na agricultura de precisão, estão
os sistemas de posicionamento global (GPS), sensores remotos, VANT, softwares de
análise de dados e dispositivos móveis. Para o uso de VANT na agricultura é necessário
seguir algumas etapas, descreva a etapa de Planejamento de voo.

5 De acordo com Assaiante e Cavichioli (2020), o emprego inicial de Veículos Aéreos


Não Tripulados (VANT) ocorreu em Veneza, no ano de 1849, pelo exército austríaco,
que utilizou balões para transportar explosivos. Devido aos elevados custos e à

123
complexidade do seu desenvolvimento, por muito tempo essas plataformas foram
exclusivamente voltadas para fins militares. Somente recentemente é que começaram
a ser utilizadas em outras áreas.

Fonte: ASSAIANTE, B. A. S.; CAVICHIOLI, F, A. A utilização de


veículos aéreos não tripulados (VANT) na cultura de cana-
de-açúcar. Interface tecnológica, Taguaritinga, SP, v. 17, n.
1, p. 444-455, 2020.

Disserte sobre a história do uso de VANT no Brasil.

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gem Rural – SENAR, 2020. 80 p.

129
130
UNIDADE 3 —

APLICAÇÕES DA
AGRICULTURA DE PRECISÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar como a Agricultura de Precisão pode ser aplicada na produção de culturas,


incluindo como ela pode ajudar a melhorar a eficiência do uso de insumos, reduzir
custos, aumentar a produtividade e mitigar impactos ambientais;

• desenvolver habilidades com o uso das tecnologias da Agricultura de Precisão na


prática, incluindo como coletar e analisar dados, ajustar as práticas de cultivo e
tomar decisões informadas sobre o gerenciamento da produção de culturas;

• compreender como as tecnologias da Agricultura de Precisão, como sensores


remotos, imagens de satélite, drones e outras ferramentas, podem ser usadas para
monitorar as lavouras;

• assimilar sobre as aplicações práticas dos sistemas de orientação em máquinas


agrícolas, incluindo como eles podem ser usados para aumentar a eficiência na
aplicação de insumos, reduzir a sobreposição de insumos e minimizar a compactação
do solo.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar
o conteúdo apresentado.

TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – MONITORAMENTO DAS LAVOURAS

TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – SENSORES

TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – SISTEMAS DE ORIENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO EM MÁQUINAS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

131
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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132
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
MONITORAMENTO DAS LAVOURAS

1 INTRODUÇÃO
O monitoramento das lavouras é uma prática fundamental para garantir a
eficiência e rentabilidade da produção agrícola. Com o avanço da tecnologia, a Agricultura
de Precisão tem se consolidado como uma das principais ferramentas para otimizar o
monitoramento de variabilidades nas lavouras.

O monitoramento de variabilidades consiste em analisar as diferenças de


comportamento das plantas em diferentes áreas do campo. A partir disso, é possível
identificar fatores que influenciam no crescimento das plantas e tomar medidas para
corrigir problemas específicos em cada área do campo. Com a agricultura de precisão,
os agricultores podem fazer uso de tecnologias como drones, sensores, GPS e softwares
especializados para coletar e analisar dados das lavouras em tempo real.

As ferramentas e produtos da Agricultura de Precisão têm se mostrado


essenciais para aumentar a eficiência da produção agrícola. Com elas, é possível
fazer um mapeamento detalhado das características do solo, monitorar a umidade e
temperatura do ar, detectar pragas e doenças, e aplicar defensivos agrícolas de forma
mais precisa e sustentável. Tem sido uma solução viável tanto para culturas anuais,
como soja e milho, quanto para culturas semiperenes e perenes, como frutas, café e
cana-de-açúcar, permitindo um manejo mais eficiente e rentável da produção agrícola.

Além disso, a Agricultura de Precisão também tem contribuído para a redução


do impacto ambiental da produção agrícola. Com o uso de tecnologias mais precisas,
é possível reduzir a aplicação de insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos,
em áreas desnecessárias, minimizando a contaminação do solo e da água. Por todas
essas razões, o monitoramento das lavouras por meio da Agricultura de Precisão tem
se tornado uma prática cada vez mais importante e presente no agronegócio mundial.

2 MONITORAMENTO DAS LAVOURAS


O monitoramento das lavouras é uma ferramenta importante para a gestão dos
recursos naturais, ajudando a evitar desperdícios e minimizando os impactos ambientais
da atividade agrícola. Com o avanço das tecnologias agrícolas, o monitoramento das
lavouras tem se tornado cada vez mais preciso e eficiente, possibilitando a adoção de
práticas de agricultura de precisão, que contribuem para uma produção agrícola mais
sustentável e rentável. O monitoramento das lavouras é uma prática indispensável para
o sucesso da produção agrícola.

133
2.1 MONITORAMENTO DE VARIABILIDADES
O monitoramento de variabilidades é uma das principais aplicações da
Agricultura de Precisão no monitoramento das lavouras. Essa técnica consiste em
identificar e monitorar as diferenças de comportamento das plantas em diferentes áreas
do campo, a fim de entender as causas das variações e tomar medidas para corrigir
problemas específicos em cada área do campo.

O monitoramento de variabilidades permite que o produtor agrícola tome


decisões mais precisas sobre o manejo das lavouras, reduzindo o uso desnecessário
de insumos agrícolas e aumentando a eficiência da produção. Além disso, essa técnica
também contribui para a preservação do meio ambiente, ao reduzir a contaminação do
solo e da água por produtos químicos.

[...] “Se uma propriedade apresenta diferença de produção de duas


a dez toneladas por hectare e a aplicação de insumo foi uniforme,
então, é fácil entender que em algum ponto está se aplicando
excesso de insumo, gerando desperdício e, em outro uma quantidade
insuficiente, perdendo a oportunidade de se obter uma produção
maior. Quanto maior a diferença, maior a oportunidade de se obter
retorno econômico ao se tratar adequadamente as características
que a diferenciam” (BERNARDI et al., 2014, p. 24).

Assim, a implantação do sistema de agricultura de precisão embasado na


adequada avaliação da variabilidade dos fatores que influenciam culturas e no manejo
localizado nas práticas agrícolas, promove-se: redução dos custos de produção; aumento
da produtividade; otimização no uso dos recursos agrícolas, financeiros e ambientais,
e maximização dos lucros. Com isso, a implantação desse sistema promove um
desenvolvimento agrícola mais racional, responsável e consequentemente sustentável.

De acordo com Maldaner et al. (2015), os mapas de produtividade são


considerados como a fonte de informação mais abrangente e precisa para se visualizar a
variação nos cultivos. Através desses mapas, é possível materializar os efeitos da gestão
de um determinado cultivo e identificar os fatores que influenciam na variabilidade
(Figura 1). Com o objetivo de promover a agricultura sustentável, diversas ferramentas
digitais são empregadas para monitorar as lavouras, o que permite uma melhor gestão
dos recursos e auxilia na tomada de decisão. Uma das ferramentas mais destacadas é
o sensoriamento remoto, devido a sua capacidade de fornecer informações de grandes
áreas em um curto período de tempo, facilitando a caracterização das variações
espaciais e temporais das lavouras (VILLAR et al., 2020).

Vejamos, na figura a seguir, uma representação de mapa de produtividade, uma


das ferramentas disponíveis na agricultura de precisão.

134
Figura 1 – Mapa de produtividade

Fonte: https://bit.ly/3pDd5oi. Acesso em: 9 maio 2023.

O monitoramento da variabilidade dos fatores de produção agrícola abrange


desde o preparo do solo até a colheita, incluindo operações como semeadura, plantio,
aplicação de fertilizantes e corretivos, pulverização e irrigação. Para isso, são utilizados
sensores, telemetria, automação (Figura 2) e sistemas integrados, visando economia de
insumos e recursos naturais e promovendo práticas mais adequadas ao meio ambiente.
Com um monitoramento adequado, os produtores têm acesso a informações valiosas
para auxiliá-los nas tomadas de decisão.

São poucas as aplicações de Agricultura de Precisão que se concentram no


preparo do solo. As variações nas condições do solo, principalmente relacionadas à
compactação, exigem um tratamento personalizado em relação à forma e intensidade da
mobilização do solo. A subsolagem, uma técnica que rompe as camadas compactadas
do solo, é uma opção de baixa eficiência operacional, que requer muita energia e
apresenta altos custos.

Com o aumento das áreas cultivadas com plantio direto, onde não há
revolvimento do solo, a compactação do solo pode se tornar mais problemática. O
tratamento da compactação do solo requer a medição do índice de compactação que
caracteriza o seu adensamento. Para monitorar o preparo do solo, é necessário usar
sensores que auxiliam no gerenciamento da operação. Esses sensores funcionam
com diferentes princípios, dependendo das propriedades que precisam ser analisadas.
Existem sensores eletromagnéticos, ópticos, eletroquímicos, mecânicos, acústicos e
pneumáticos (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

135
Figura 2– Monitor de produtividade na colhedora

Fonte: https://bit.ly/457XWfl. Acesso em: 9 maio 2023.

Os sensores eletromagnéticos utilizam circuitos elétricos para avaliar a


capacidade dos solos em conduzir eletricidade. Isso permite identificar indiretamente o
tipo de solo, uma vez que algumas características alteram o sinal elétrico captado pelo
sensor. As propriedades relacionadas à resistividade elétrica do solo são influenciadas
pela sua textura, umidade, conteúdo de matéria orgânica e salinidade. Os sensores
ópticos usam a refletância da energia eletromagnética em diferentes regiões do
espectro, assim como o sensoriamento remoto.

Esses sensores são eficazes na identificação de alguns parâmetros de solo,


como argila, matéria orgânica e umidade. Sensores com princípio semelhante captam a
emissão natural de raios gama pelo solo, que é função do tipo de solo e se correlaciona
com algumas de suas propriedades físicas e químicas. Os sensores eletroquímicos
têm a capacidade de detectar a atividade de íons específicos, como o H+, presentes
na solução do solo. Isso possibilita inferir o pH do solo e estimar a disponibilidade do
potássio para as plantas.

Além disso, existem sistemas para medir a compactação ou dureza dos solos.
Os métodos tradicionais utilizam o princípio mecânico para avaliar a resistência do solo
a uma determinada deformação. Outro princípio empregado é o pneumático, que se
baseia na permeabilidade do solo a um determinado volume de ar comprimido, a fim
de analisar propriedades como umidade, estrutura e compactação. Já os sensores
acústicos se baseiam na premissa de que há uma mudança no nível de ruído quando
um objeto interage com as partículas de solo. No entanto, infelizmente, há poucos
resultados experimentais disponíveis para essa abordagem.

No monitoramento da variabilidade espacial na semeadura há semeadoras


que conseguem ajustar a taxa de semeadura a partir de informações coletadas por
sensores e controladores. Esses controladores armazenam informações de mapas de
recomendação ou fazem leituras de sensores para enviar sinais ao elemento atuador. O

136
dosador é acionado por rodas de terra e regulado por combinações de rodas denteadas.
Em semeadoras para sementes miúdas, como dosadoras de fluxo contínuo, o motor
elétrico ou hidráulico controla a velocidade do rotor acanalado, enquanto em semeadoras
de sementes graúdas, o motor controla a velocidade do disco horizontal ou vertical.

O atuador é responsável por compensar quaisquer variações de velocidade e


seguir as recomendações do controlador. Em semeadoras-adubadoras, o controle de
taxa pode ser realizado simultaneamente tanto para o adubo quanto para a semente,
graças a controladores com múltiplos canais e atuadores individuais em cada mecanismo
dosador. Algumas máquinas têm mais de um compartimento de adubo para a aplicação
simultânea e variada de nutrientes como N, P e K, além do controle na taxa de sementes.

Depois da gestão localizada da adubação, o monitoramento da variabilidade nas


pulverizações é a área com mais atenção de pesquisadores e usuários da agricultura
de precisão. Em contrapartida, as técnicas de monitoramento e recomendação
especializada dos parâmetros fitossanitários são menos difundidas e mais complexas.
No entanto, os benefícios econômicos e ambientais podem ser ainda maiores do que na
gestão da adubação, pois estão diretamente relacionados à redução do uso de insumos
com alto valor. Os produtos fitossanitários representam uma parcela significativa dos
custos de produção e, se aplicados em excesso, podem elevar os custos e contaminar
o produto final e o meio ambiente.

Existem diversas máquinas e sistemas de aplicação, bem como uma ampla


variedade de recomendações para o tratamento localizado. As aplicações podem ser
guiadas por sensores ou por mapas gerados previamente. É possível utilizar sensores
ópticos e visão artificial para aplicação de herbicidas após a colheita da cultura anterior
ou para a dessecação da cultura, em casos de pouca vegetação. Sensores instalados
na barra de pulverização realizam leituras em busca de ervas daninhas e, ao identificar
o alvo, acionam a válvula do respectivo bico de pulverização. O tempo entre a leitura e o
acionamento do bico deve ser proporcional ao deslocamento da máquina e a distância
entre o sensor e o bico. Isso é importante para garantir que o produto atinja o alvo com
precisão (MOLIN; AMARAL; COLAÇO, 2015).

O objetivo da aplicação de fungicidas é cobrir a planta com o produto para evitar


infecções por doenças ou pragas. O volume de calda aplicado varia de acordo com a
biomassa da cultura, e existem técnicas para guiar aplicações variáveis com base nessa
variação. A aplicação de fungicidas pode ser feita com base em leituras de sensores
aéreos ou terrestres, como um sensor pendular de biomassa instalado na frente do
trator. À medida que o trator se move, o pêndulo do sensor se desloca pelo dossel da
cultura e indica a quantidade de biomassa presente.

O monitoramento da variabilidade da colheita pode ser obtido através do mapa


de produtividade da área (Figura 3). Esse mapa mostra a resposta real, da cultura ao
manejo adotado, às condições presentes na lavoura durante a safra, representadas pelos

137
fatores de produção. Esse mapeamento gera informação adequada para a visualização
da variabilidade espacial, o que pode auxiliar na identificação de fatores limitantes à
produção e seu tratamento de forma localizada.

Três usos podem ser atribuídos aos mapas de produtividade: (i) a compreensão
das relações causa e efeito, buscar entender por que a produtividade está sendo
prejudicada ou favorecida em determinado ponto; (ii) a reposição de nutrientes baseada
na exportação pela colheita ou o refinamento das equações de recomendações de
fertilizantes em taxas variáveis; (iii) o auxílio à delimitação de regiões com produtividades
contrastantes, que podem ser conduzidas de forma diferenciada. Para ter um confiável
conjunto de dados, não basta o mapeamento de apenas uma safra, são necessárias
informações de diferentes safras, suscetíveis a contrastantes variações climáticas e
variadas culturas.

Observamos, na figura a seguir, o mapa de produtividade gerado pelos dados


obtidos pelo monitor, que é um conjunto de pontos; cada ponto representa uma
pequena área delimitada pela largura da plataforma da colhedora, com intervalos de 2
a 3 segundos.

Figura 3 – Carta temática da produtividade de AP com Geoprocessamento

Fonte: https://bit.ly/3I5mUC4. Acesso em: 9 maio 2023.

O monitoramento da variabilidade espacial na irrigação abrange grande parte


das etapas de cultivo. Considerando que os sistemas modernos de irrigação utilizam
ferramentas sofisticadas de automação e controle, não deveria demorar para que o
tratamento localizado fizesse parte desses sistemas. A irrigação de precisão se tornou
uma tecnologia amadurecida em agricultura de precisão, principalmente, em lavouras
irrigadas por pivôs centrais. Pacotes tecnológicos, produtos e equipamentos estão
disponíveis comercialmente e são adotados pelos produtores.

138
Outra aplicação importante do monitoramento de variabilidades é o zoneamento
agrícola. Essa técnica consiste em dividir o campo em zonas homogêneas em termos
de características de solo e clima, para que seja possível aplicar diferentes práticas
agrícolas em cada zona. Isso permite que o produtor agrícola adote um manejo mais
preciso e eficiente, reduzindo os custos de produção e aumentando a produtividade.
Com a tecnologia avançada disponível atualmente, é possível fazer o monitoramento
de variabilidades com grande precisão, obtendo-se dados em tempo real e em alta
resolução. Isso permite que sejam tomadas medidas em tempo hábil, reduzindo o tempo
de resposta e minimizando eventuais danos à lavoura.

Nesse sentido, diversos casos de sucesso já foram reportados na aplicação do


monitoramento de variabilidades em culturas agrícolas. Um desses casos é o da empresa
brasileira NUFARM, que desenvolveu um programa de monitoramento de variabilidades
em soja, com o objetivo de identificar áreas que demandam diferentes níveis de
tratamento. A partir da análise dos dados coletados, a empresa conseguiu reduzir a
aplicação de herbicidas e inseticidas em cerca de 15%, sem perda de produtividade, o
que gerou uma economia significativa de recursos.

Outro caso de sucesso é o da fazenda JBS, localizada em Mato Grosso do Sul,


que adotou o monitoramento de variabilidades em suas plantações de milho. A fazenda
utiliza imagens de satélite para monitorar o crescimento das plantas e identificar áreas
que precisam de mais ou menos irrigação, fertilizantes e pesticidas. Com o uso dessa
tecnologia, a fazenda conseguiu aumentar a produtividade em cerca de 20% e reduzir
os custos de produção em 15%.

Um terceiro caso de sucesso é o da empresa americana John Deere, que de-


senvolveu um sistema de monitoramento de variabilidades que utiliza sensores para co-
letar dados sobre a umidade do solo, temperatura, umidade relativa do ar e outras variá-
veis. Com base nesses dados, os agricultores podem tomar decisões mais precisas sobre
quando irrigar, aplicar fertilizantes e pesticidas, e como gerenciar a nutrição das plantas. O
sistema da John Deere já foi adotado por muitos agricultores nos Estados Unidos, e tem
sido fundamental para melhorar a eficiência na produção agrícola (JOHN DEERE, 2023).

Esses casos de sucesso mostram que o monitoramento de variabilidades é


uma ferramenta valiosa para a agricultura de precisão, com potencial para melhorar a
produtividade e rentabilidade da produção agrícola. No entanto, é importante ressaltar
que a aplicação dessa tecnologia ainda enfrenta alguns desafios, como a falta de
capacitação técnica dos agricultores e o alto custo dos equipamentos necessários para
a coleta e análise de dados.

Apesar dos desafios, as perspectivas futuras para o monitoramento de


variabilidades em culturas agrícolas são promissoras. Com o avanço da tecnologia e
o aumento da conscientização ambiental, é provável que cada vez mais agricultores
adotem essa ferramenta para melhorar a eficiência e sustentabilidade de suas produções.

139
Além disso, a integração do monitoramento de variabilidades com outras tecnologias,
como inteligência artificial e drones, pode abrir novas possibilidades para a agricultura
de precisão (SOUSA et al., 2021).

DICA
O tema estudado é amplamente discutido em diferentes plataformas no
intuito de aprimorar cada vez mais as técnicas, sugere-se a leitura de ar-
tigos no site da Agrosmart. Acesse em: https://www.agrosmart.com.br/.
A Agrosmart é uma empresa de tecnologia agrícola que oferece
soluções para o monitoramento de variabilidade em lavouras. Podemos
encontrar neste site uma seção de blog com artigos sobre o assunto.

2.2 FERRAMENTAS E PRODUTOS DA AGRICULTURA DE


PRECISÃO
A Agricultura de Precisão é uma abordagem inovadora que utiliza tecnologias
avançadas para melhorar a produtividade e a eficiência no campo. Uma das principais
ferramentas são os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), que permitem a criação
de mapas detalhados do campo, incluindo informações sobre solo, topografia e uso da
terra. Com esses dados, os agricultores podem tomar decisões mais assertivas sobre a
aplicação de fertilizantes, irrigação, plantio e outras práticas agrícolas (MOLIN et al., 2020).

Além dos SIG, a Agricultura de Precisão também utiliza outras ferramentas e


produtos para melhorar a precisão e eficiência na agricultura. Entre eles, podemos destacar:

• Sensores e Medidores: esses dispositivos são usados para coletar dados sobre o
solo (Figura 4), a água, a umidade do ar e outras variáveis ambientais. Os agricultores
podem usar essas informações para determinar quando e o quanto irrigar, aplicar
fertilizantes e pesticidas, e monitorar a saúde das plantas.
• Drones e Satélites: a Agricultura de Precisão utiliza drones (Figura 5) e satélites
para coletar dados de campo em grandes áreas de terra. Com essas informações,
os agricultores podem identificar áreas com problemas, como doenças ou pragas, e
agir rapidamente para minimizar os danos.
• Sistemas de Irrigação Inteligente: esses sistemas usam sensores para medir a
umidade do solo e a temperatura, ajustando automaticamente a quantidade de
água fornecida às plantas. Isso ajuda a evitar a aplicação excessiva de água e a
economizar recursos hídricos.
• Software de Gerenciamento Agrícola: esses programas ajudam os agricultores a
gerenciar todas as operações agrícolas em um só lugar, incluindo a programação de
irrigação, o monitoramento de pragas e doenças, o gerenciamento de inventário e a
previsão de colheita. Com essas informações, os agricultores podem tomar decisões
mais acertadas sobre como otimizar a produtividade e reduzir custos.

140
• Veículos Autônomos: a Agricultura de Precisão também está avançando em direção
a veículos autônomos, como tratores e colheitadeiras, que podem ser programados
para operar de forma precisa e eficiente em grandes áreas de terra. Isso pode reduzir
a necessidade de trabalho manual e melhorar a eficiência do processo de colheita.

Figura 4 – Sensor de umidade do solo

Fonte: https://bit.ly/3NV04k3. Acesso em: 9 maio 2023.

Figura 5 – Drone agrícola voando para pulverizar fertilizante

Fonte: https://bit.ly/44LEBAb. Acesso em: 9 maio 2023.

O uso de ferramentas e produtos da agricultura de precisão pode trazer


benefícios significativos para os agricultores e o meio ambiente, como:

• Redução de custos com fertilizantes: um estudo realizado em uma fazenda de


cana-de-açúcar no Brasil mostrou que a utilização da agricultura de precisão na
aplicação de fertilizantes resultou em uma economia de 16% nos custos em relação
aos métodos tradicionais.
• Aumento da produtividade: a utilização de drones equipados com sensores de ima-
gem de alta resolução e algoritmos de análise de dados pode fornecer informações
valiosas sobre a saúde das culturas e áreas problemáticas. Isso permite que os agri-
cultores identifiquem rapidamente áreas que precisam de tratamento e possam agir
com mais eficiência, resultando em uma maior produtividade.
• Melhoria da qualidade das colheitas: a tecnologia de agricultura de precisão pode
ajudar a garantir que as culturas sejam colhidas no momento certo e com o nível
adequado de maturação. Isso pode resultar em colheitas de maior qualidade e com
maior valor agregado.
141
• Redução do impacto ambiental: a agricultura de precisão pode ajudar a reduzir o
uso excessivo de insumos agrícolas, como fertilizantes e pesticidas, que podem
ter um impacto negativo no meio ambiente. Ao aplicar esses insumos com maior
precisão, os agricultores podem reduzir a quantidade necessária e minimizar os
efeitos colaterais.
• Melhoria da eficiência de irrigação: o uso de sensores de umidade do solo pode
ajudar os agricultores a determinar quando e onde irrigar suas culturas, evitando
a sobrecarga ou subutilização da água. Isso pode reduzir o consumo de água e
melhorar a eficiência da irrigação.

Essas ferramentas e produtos são fundamentais para melhorar a eficiência e a


produtividade no campo, e, com o uso dessas tecnologias, os agricultores podem tomar
decisões mais precisas para obter melhores resultados em suas operações agrícolas.
A Agricultura de Precisão é uma abordagem que tem revolucionado a maneira como a
agricultura é feita, trazendo ganhos significativos em produtividade, redução de custos
e sustentabilidade. Para ilustrar a aplicação prática dessa abordagem, podemos citar
diversos estudos de casos de sucesso em diferentes culturas e regiões do mundo com
diferentes ferramentas.

Um exemplo prático é o caso da empresa brasileira Cocamar, que adotou a


técnica para melhorar a eficiência na aplicação de defensivos e fertilizantes em suas
lavouras de soja. Com a utilização de sensores e tecnologias de mapeamento, a empresa
conseguiu reduzir em 20% a quantidade de insumos utilizados, sem comprometer a
produtividade. O resultado foi uma economia significativa em custos e um impacto
positivo na sustentabilidade (FARIAS; SILVA; TEIXEIRA, 2017).

Outro caso de sucesso é o da empresa norte-americana Farmers Edge, que


utiliza drones e imagens de satélite para mapear as lavouras e monitorar o crescimento
das plantas em tempo real. Com base nessas informações, a empresa oferece
recomendações precisas de fertilização e irrigação, permitindo que os agricultores
reduzam o uso de insumos e aumentem a produtividade. Em um estudo de caso com
uma fazenda de batatas, a Farmers Edge conseguiu aumentar a produtividade em 30%
e reduzir os custos em 20% (FERNANDEZ- LUQUENO et al., 2018).

Na Austrália, a empresa SwarmFarm Robotics desenvolveu um sistema de


agricultura autônoma que utiliza robôs para realizar tarefas, como plantio, irrigação e
colheita. Com a utilização desses robôs, a empresa conseguiu reduzir significativamente
o uso de agroquímicos, aumentar a eficiência na aplicação de fertilizantes e diminuir
a compactação do solo. O resultado foi um aumento na produtividade e redução no
impacto ambiental da produção agrícola (KERSHENBAUM; REICHENBERGER, 2019).

Esses exemplos demonstram como a Agricultura de Precisão pode trazer bene-


fícios significativos para a produção agrícola. Com a utilização de ferramentas e produtos
como sensores, drones e robôs, os agricultores podem tomar decisões mais precisas e efi-
cientes, maximizando o potencial de suas lavouras e contribuindo para o desenvolvimento

142
sustentável da agricultura. As perspectivas futuras para o desenvolvimento de novas fer-
ramentas e produtos da agricultura de precisão são bastante promissoras. Com o avanço
constante das tecnologias digitais, a tendência é que novas soluções sejam criadas para
atender às demandas de um setor agrícola cada vez mais competitivo e sustentável.

INTERESSANTE
Um artigo publicado na revista científica Precision Agriculture, intitulado
Sensores de imagem hiperespectral na agricultura: do solo às aplicações
em veículos aéreos não tripulados, por Abdullah-Al Mamun, James Taylor
e Nilantha Hulugalle, discute sobre os desenvolvidos sensores de
imagem hiperespectral que permitem a coleta de informações sobre
a composição química das plantas em tempo real. Esses sensores são
capazes de identificar com precisão a presença de nutrientes, água,
doenças e pragas nas plantas, permitindo um manejo mais eficiente e
preciso das lavouras. A tecnologia de sensores hiperespectrais também
tem potencial para a detecção precoce de doenças e pragas, o que pode
ajudar a prevenir a disseminação desses problemas na lavoura e reduzir
os custos de controle.

DICA
Um documentário interessante sobre a agricultura de precisão em cul-
turas anuais é Farmland (2014), que mostra a rotina de seis jovens agri-
cultores nos Estados Unidos, adotando o uso de tecnologias avançadas
para maximizar a produtividade e a eficiência em suas lavouras.
Outra opção é o livro Precision Agriculture Basics (2015), de James
Lowenberg-DeBoer, que oferece uma introdução detalhada aos
princípios da agricultura de precisão e sua aplicação em culturas anuais.
Pode ser encontrado em diversas plataformas de streaming, como
Amazon Prime Video, Google Play e YouTube Movies.

2.3 AGRICULTURA DE PRECISÃO EM CULTURAS ANUAIS


A agricultura de precisão é uma técnica que vem revolucionando a produção agrí-
cola. Nas culturas anuais, essa técnica é especialmente importante, já que essas culturas
apresentam um ciclo de produção curto e são plantadas e colhidas em um mesmo ano.

Uma das principais ferramentas utilizadas na agricultura de precisão em


culturas anuais é o uso de sensores. Esses sensores são capazes de medir variáveis
como umidade do solo, temperatura e incidência de pragas e doenças. Com base nessas
informações, é possível ajustar a quantidade e o momento da aplicação de insumos
como água e fertilizantes, de modo a maximizar a eficiência do uso desses recursos
(DURO; BUCHER; ARBELO, 2018).

143
O estudo de Zaman-Allah et al. (2015) utilizou sensores de fluorescência para
monitorar a saúde das plantas de milho em tempo real. Os dados coletados pelos sensores
foram usados para identificar a resposta das plantas a diferentes condições ambientais,
como temperatura, umidade e luz solar, e para avaliar a eficácia das práticas agrícolas,
como o manejo da irrigação e a aplicação de fertilizantes. Os resultados mostraram que
a fluorescência das plantas de milho era altamente sensível às variações ambientais e
às práticas agrícolas, permitindo uma avaliação precisa da saúde das plantas.

Outra técnica muito utilizada na agricultura de precisão em culturas anuais é


o mapeamento da variabilidade do solo (Figura 6). O solo apresenta variações em sua
composição e características físicas e químicas, que podem afetar a produtividade das
culturas. O mapeamento da variabilidade do solo permite identificar essas diferenças e
ajustar o manejo de acordo com cada região da lavoura.

Os drones também têm sido amplamente utilizados na agricultura de precisão


em culturas anuais. Equipados com câmeras multiespectrais, eles permitem obter
imagens da lavoura em diferentes comprimentos de onda. Essas imagens podem ser
usadas para identificar áreas com baixa produtividade, falhas no plantio, incidência de
pragas e doenças, entre outros problemas. Com base nessas informações, é possível
adotar medidas específicas para cada região da lavoura.

Por fim, o uso de sistemas de posicionamento global (GPS) tem sido muito
importante na agricultura de precisão em culturas anuais. O GPS permite uma
localização precisa dos equipamentos utilizados na lavoura, o que facilita a realização
de tarefas como plantio, aplicação de defensivos e colheita. Além disso, o GPS pode
ser utilizado em conjunto com mapas de variabilidade do solo para guiar a aplicação
de insumos, garantindo que eles sejam distribuídos de forma homogênea em toda
a lavoura. Um estudo interessante que aborda o uso de GPS para orientar o plantio
em milho é o de Silva et al. (2003). Nesse estudo, os autores avaliaram a variabilidade
espacial da produtividade de milho e das propriedades do solo em um sistema de
plantio direto, usando um receptor GPS para orientar o plantio e aplicar diferentes taxas
de fertilizantes e defensivos de acordo com a variabilidade espacial identificada. Os
resultados mostraram que o uso do GPS para orientar o plantio foi uma estratégia eficaz
para aumentar a produtividade do milho em solos tropicais.

144
Figura 6 – Mapa de fertilidade para o elemento Magnésio

Fonte: https://bit.ly/3Bl8Q3r. Acesso em: 10 maio 2023.

Diferentes culturas, como milho, soja, trigo e outras, podem se beneficiar dessa
prática que visa otimizar o uso dos recursos, aumentar a produtividade e reduzir os custos.

No cultivo de milho, a agricultura de precisão tem sido utilizada para mapear as


áreas de solo mais fértil e alocar corretamente a quantidade de sementes e fertilizantes.
Com o uso de sensores e sistemas de GPS, é possível identificar as áreas de menor
produtividade e fazer ajustes no manejo, resultando em um aumento significativo na
produção e na qualidade dos grãos (GARCIA et al., 2020).

Já na cultura da soja, a aplicação da agricultura de precisão tem se mostrado


eficiente no controle de pragas e doenças. Com o uso de drones equipados com câmeras
infravermelhas, é possível identificar áreas com infestações de pragas e doenças,
permitindo o controle pontual e reduzindo o uso de defensivos agrícolas. Além disso,
a técnica também é empregada na identificação de áreas com deficiência nutricional,
permitindo a aplicação localizada de fertilizantes (MORAES; SILVA; LIMA, 2019).

Na cultura do trigo, a agricultura de precisão é utilizada para o mapeamento


da variabilidade espacial e temporal do solo, permitindo a aplicação de fertilizantes
e corretivos de forma mais precisa. Com o uso de equipamentos como o sensor de
condutividade elétrica, é possível identificar as áreas com diferentes características do
solo e ajustar a quantidade de insumos de acordo com a necessidade de cada área
(OLIVEIRA; PARIZ, 2019).

Os resultados obtidos pelos agricultores que utilizam a agricultura de precisão


em suas culturas anuais têm sido bastante satisfatórios e tem mostrado uma prática
eficiente e rentável para os agricultores, permitindo um manejo mais vantajoso e
sustentável das culturas.

145
2.4 AGRICULTURA DE PRECISÃO EM CULTURAS
SEMIPERENES E PERENES
As culturas semiperenes e perenes são caracterizadas por um ciclo de
produção mais longo, o que significa que as práticas agrícolas aplicadas podem ter
efeitos duradouros e afetar a produção em várias safras. Além disso, essas culturas
são geralmente cultivadas em áreas maiores, o que pode tornar a coleta de dados mais
desafiadora. Os princípios da agricultura de precisão aplicados em culturas semiperenes
e perenes são semelhantes aos utilizados em culturas anuais. No entanto, há algumas
particularidades que precisam ser levadas em consideração, como a maior duração do
ciclo de cultivo e a presença de árvores ou plantas com longa vida útil.

Para implementar a agricultura de precisão em culturas semiperenes e perenes


é preciso realizar um mapeamento detalhado da área, identificando as características do
solo, a topografia, a umidade e outros fatores que possam influenciar no desenvolvimento
da cultura. Em seguida, é possível utilizar ferramentas como sensores de umidade do
solo, sensores de clorofila, drones e satélites para monitorar a evolução das culturas e
identificar possíveis problemas.

Outra ferramenta importante na agricultura de precisão em culturas semiperenes


e perenes é o sistema de irrigação por gotejamento ou microaspersão, que permite
uma distribuição mais precisa da água e dos nutrientes, reduzindo o desperdício e
aumentando a eficiência do uso desses recursos. O uso de drones também pode ser útil
na aplicação de defensivos agrícolas, permitindo uma aplicação mais precisa e eficiente.

A agricultura de precisão pode trazer muitos benefícios para as culturas semipe-


renes e perenes. Por exemplo, a coleta de dados precisa poder permitir que os agricultores
monitorem as condições do solo e da planta ao longo do tempo, identificando áreas com
necessidades específicas de irrigação, fertilização ou controle de pragas e doenças. Isso
pode ajudar a maximizar a produção e minimizar os custos, reduzindo a aplicação exces-
siva de insumos agrícolas e aumentando a eficiência no uso de recursos (SILVA, 2021).

Em estudo de mapeamento do solo em pomares de pêssego para identificação


de áreas com diferentes características físicas e químicas, Jia et al. (2019) mostraram
que a agricultura de precisão pode ajudar a maximizar a produção, permitindo que os
agricultores ajustem a aplicação de fertilizantes e outros insumos de acordo com as
necessidades de cada área. É notório que a agricultura de precisão pode ser aplicada
em culturas semiperenes e perenes, trazendo benefícios significativos para a gestão da
produção agrícola.

A empresa brasileira Solinftec, especializada em soluções de agricultura digital,


lançou uma nova tecnologia que promete revolucionar o manejo de lavouras perenes,
como cana-de-açúcar e café. Trata-se de um robô autônomo, equipado com sensores
e câmeras, capaz de monitorar o desenvolvimento das plantas e detectar problemas

146
como pragas, doenças e falhas no plantio. O robô, chamado de "Aline", é controlado
por uma plataforma de inteligência artificial e pode se deslocar sozinho pelos campos,
coletando dados sobre as condições do solo, do clima e das plantas em tempo real. Com
essas informações, os produtores podem fazer ajustes precisos no manejo da lavoura,
reduzindo custos e aumentando a eficiência na produção.

Além disso, a Solinftec está trabalhando em parceria com outras empresas para
integrar o robô com outras tecnologias de agricultura de precisão, como o uso de drones
para mapeamento aéreo da lavoura. A expectativa é de que essa nova abordagem de
manejo de culturas perenes traga benefícios significativos para os produtores, reduzindo
o uso de insumos agrícolas e aumentando a sustentabilidade da produção.

As perspectivas futuras para a aplicação da agricultura de precisão em culturas


semiperenes e perenes são bastante promissoras. Embora essas culturas possam
apresentar mais desafios em termos de monitoramento e manejo do que as culturas
anuais, as novas tecnologias estão permitindo que os agricultores obtenham dados mais
precisos e em tempo real sobre as condições do solo e das plantas. Com a quantidade
crescente de dados coletados por meio de diferentes tecnologias, é importante que
os agricultores tenham ferramentas que lhes permitam armazenar, gerenciar e analisar
esses dados de maneira eficiente, a fim de tomar decisões mais informadas e melhorar
a eficiência e sustentabilidade de suas produções (GODINHO et al., 2020).

INTERESSANTE
Recentemente, a Embrapa anunciou que está desenvolvendo um
sistema de sensoriamento remoto para a agricultura de precisão
em culturas perenes, como café e citros. O sistema consiste em uma
plataforma aérea equipada com câmeras multiespectrais, que realizam
a coleta de imagens em alta resolução das plantações. Essas imagens
são processadas por meio de algoritmos de inteligência artificial, que
identificam e mapeiam a distribuição de pragas, doenças e deficiências
nutricionais nas plantas. De acordo com a Embrapa, o sistema de
sensoriamento remoto já está em fase de testes em algumas fazendas
experimentais. A expectativa é que a tecnologia esteja disponível
comercialmente nos próximos anos, contribuindo para o avanço da
agricultura de precisão em culturas perenes no Brasil.

147
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu:

• O monitoramento das lavouras é uma prática importante na agricultura moderna,


que envolve o uso de tecnologias e métodos para coletar dados sobre as condições
das plantas e do ambiente em que crescem.

• Existem diversas tecnologias utilizadas no monitoramento das lavouras, tais


como: imagens de satélite, drones, sensores remotos, sistemas de informações
geográficas, entre outros. Essas tecnologias permitem que os agricultores obtenham
informações precisas e em tempo real sobre as condições do solo, das plantas e do
clima, o que possibilita ajustar as práticas agrícolas de acordo com as necessidades
específicas de cada área.

• O monitoramento das lavouras também inclui a coleta de dados sobre a saúde das
plantas, incluindo doenças, pragas e estresse hídrico. Os agricultores podem utilizar
essa informação para tomar medidas preventivas e corretivas, como a aplicação de
defensivos agrícolas específicos ou a redução da irrigação em áreas com excesso
de umidade.

• Essas ferramentas utilizadas tanto para culturas anuais quanto para agriculturas
perenes e semiperenes são fundamentais, permitindo que os agricultores ajustem
às práticas agrícolas de forma a maximizar a produtividade e a eficiência, reduzindo
os custos e minimizando o impacto ambiental.

148
AUTOATIVIDADE
1 O monitoramento das variabilidades é um aspecto chave da agricultura de precisão,
pois permite que os agricultores obtenham informações precisas sobre as diferenças
na qualidade do solo, na disponibilidade de água e nutrientes, no clima e nas
condições das plantas. Dessa forma, qual a principal finalidade do monitoramento
das variabilidades na agricultura de precisão?

a) ( ) Reduzir a produtividade agrícola.


b) ( ) Aumentar os custos da produção.
c) ( ) Ajustar as práticas agrícolas de acordo com as necessidades específicas de cada
área.
d) ( ) Ignorar as diferenças na qualidade do solo e do ambiente em que as plantas
crescem.

2 As ferramentas e produtos da Agricultura de Precisão têm se mostrado essenciais


para aumentar a eficiência da produção agrícola. Com elas, é possível fazer
um mapeamento detalhado das características do solo, monitorar a umidade e
temperatura do ar, detectar pragas e doenças, e aplicar defensivos agrícolas de
forma mais precisa e sustentável. Sobre as ferramentas e produtos da agricultura de
precisão, analise as sentenças a seguir:

I- O sensoriamento remoto é uma ferramenta utilizada na agricultura de precisão para


monitorar as condições do solo e das plantas.
II- O GPS é uma tecnologia que permite a identificação precisa da localização de
equipamentos e insumos agrícolas.
III- A aplicação de insumos variáveis é uma prática da agricultura de precisão que
consiste em aplicar a quantidade certa de insumos, no lugar certo e no momento
certo.
IV- A agricultura de precisão se limita apenas a culturas de grande escala.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.


b) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.

3 Com o avanço da tecnologia, a Agricultura de Precisão tem se consolidado como


uma das principais ferramentas para otimizar o monitoramento de variabilidades nas
lavouras. Sobre a aplicação da agricultura de precisão em culturas anuais, perenes e
semiperenes, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

149
( ) A agricultura de precisão pode ser aplicada em culturas anuais, perenes e
semiperenes.
( ) O monitoramento da variabilidade do solo e das plantas é fundamental na agricultura
de precisão em culturas perenes e semiperenes.
( ) A aplicação de insumos variáveis é uma prática da agricultura de precisão que
pode ser utilizada em culturas anuais, perenes e semiperenes.
( ) A agricultura de precisão é uma técnica que só pode ser utilizada em grandes
propriedades rurais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V – V.
b) ( ) V – V – V - F.
c) ( ) F – V – F - V.
d) ( ) F – F – V – V.

4 A agricultura de precisão é um conjunto de técnicas e tecnologias que permitem o


gerenciamento mais eficiente e preciso das atividades agrícolas. Entre as principais
ferramentas e produtos utilizados estão a análise de solo por zonas, o uso de drones
na coleta de dados, os sistemas de orientação por GPS, as tecnologias de aplicação
de insumos e defensivos agrícolas, entre outros. Explique duas ferramentas utilizadas
na agricultura de precisão e como elas podem ser utilizadas para otimizar a produção
agrícola.

5 Qual é o papel da Agricultura de Precisão na sustentabilidade da produção de culturas


semiperenes e perenes, e como a implementação de práticas de manejo preciso pode
ajudar a reduzir os impactos ambientais da produção agrícola?

150
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
SENSORES

1 INTRODUÇÃO
A Agricultura de Precisão tem se tornado cada vez mais popular nas últimas
décadas, oferecendo aos agricultores ferramentas e técnicas para melhorar a eficiência
e a sustentabilidade da produção agrícola. Entre essas ferramentas, destacam-se os
sensores agrícolas, que fornecem dados precisos e em tempo real sobre as condições
do solo, da cultura e do clima.

Os sensores agrícolas permitem que os agricultores monitorem de forma precisa


e eficaz a variabilidade espacial e temporal de suas culturas, possibilitando o ajuste do
manejo agrícola de acordo com as necessidades específicas de cada área. Com isso, é
possível otimizar a aplicação de insumos como água, fertilizantes e pesticidas, reduzindo
o desperdício e aumentando a produtividade.

Os avanços recentes na tecnologia de sensores agrícolas têm permitido a coleta


de dados ainda mais determinantes e em tempo real, tornando a Agricultura de Precisão
ainda mais eficaz. A integração dos sensores com outras tecnologias, como drones e
sistemas de informação geográfica, tem permitido uma abordagem ainda mais holística
e eficaz para o manejo agrícola de precisão.

A agricultura de precisão é uma abordagem inovadora que utiliza tecnologias


modernas para gerenciar a produção agrícola de forma mais eficiente e sustentável. Os
sensores são uma das tecnologias mais importantes utilizadas na agricultura de precisão.

2 SENSORES
Sensores são dispositivos eletrônicos que medem e detectam uma variedade
de informações físicas, como temperatura, pressão, umidade, luz, movimento, entre
outros. Eles podem ser usados em diversas áreas, desde a indústria e medicina até a
agricultura e automação residencial.

2.1 SENSORES NA AGRICULTURA


Os sensores agrícolas são um dos principais componentes da Agricultura de Pre-
cisão e são usados ​​para coletar dados sobre as condições do solo, clima e plantas. Os sen-
sores geralmente contêm uma parte sensível que responde a um estímulo físico, como

151
uma mudança na temperatura ou um campo magnético, e uma parte eletrônica que con-
verte essa resposta em um sinal elétrico para processamento e análise (YU et al., 2019).

A substituição da tração animal e força humana pelas máquinas foi um dos


principais fatores para o aumento da produção agrícola, permitindo novas possibilidades
para a agricultura da época. Em 1966, a empresa americana Dickey-John foi pioneira
na utilização de sensores eletrônicos de monitoramento na agricultura. Esses sensores
foram inseridos em semeadoras a ar e plantadeiras mecânicas para monitorar o número
e espaçamento de sementes plantadas. A utilização desses sensores permitiu uma
economia de 54,5 litros de sementes e um aumento na produtividade da colheita
em 1,05m3 por hectare, como demonstrado por Thomas Coke (VIAN; JUNIOR, 2010).
Durante a década de 1990, sensores semelhantes foram melhorados para uso durante a
colheita e mapeamento de rendimento, com o objetivo de medir a qualidade da colheita.
Desde então, a utilização de sensores tem se expandido para outras aplicações na
agricultura, como sensores de umidade do solo, sensores de temperatura, sensores de
luz e sensores de clorofila.

São ferramentas fundamentais para a Agricultura de Precisão, permitindo que os


agricultores monitorem e gerenciem de forma precisa e eficiente as condições das cultu-
ras. Combinados com outras tecnologias, permitem que os agricultores obtenham uma
visão completa e em tempo real das condições das culturas, permitindo que eles tomem
decisões mais informadas e estratégicas sobre o manejo de suas terras (Figura 7).

Figura 7 – Aplicação localizada de herbicidas utilizando sensores na barra do pulverizador

Fonte: https://bit.ly/3VXbJ3S. Acesso em: 10 maio 2023.

A coleta de dados pelos sensores ocorre por meio da conversão de sinais físicos
em sinais elétricos, que são então processados por um sistema eletrônico. Esses sinais
elétricos são então transmitidos para uma unidade de processamento central, que pode
ser um computador ou um dispositivo móvel, onde os dados podem ser armazenados
e analisados. Pode ser realizada de forma manual ou automatizada. Na coleta manual,
o agricultor precisa fazer a leitura dos dados coletados pelo sensor e registrar em

152
um sistema. Já na coleta automatizada, os sensores são integrados a sistemas
computacionais que permitem a coleta e análise dos dados de forma automática e em
tempo real (SABLANI; TADESSE; THOMPSON, 2014).

A coleta de dados tem se tornado cada vez mais comum na agricultura


moderna, já que esses dispositivos permitem uma maior precisão e eficiência no manejo
das culturas. Além disso, com a integração de outras tecnologias, como inteligência
artificial e drones, é possível realizar uma análise mais completa e em tempo real das
informações coletadas pelos sensores, permitindo que os agricultores tomem decisões
mais assertivas e obtenham uma produção mais sustentável e lucrativa.

Em geral, a coleta de dados pelos sensores tem sido uma ferramenta muito
importante para a agricultura de precisão, permitindo uma produção mais eficiente e
sustentável. No entanto, é importante lembrar que a interpretação e análise dos dados
coletados pelos sensores são igualmente importantes para uma tomada de decisão
mais precisa e assertiva.

Os dados coletados pelos sensores são processados por softwares de análise


e interpretação, que permitem aos agricultores monitorar as condições do solo e da
planta, identificar áreas com necessidades específicas de irrigação, fertilização ou
controle de pragas e doenças, entre outras aplicações. Dessa forma, a agricultura de
precisão permite uma gestão mais eficiente dos recursos e uma redução dos impactos
ambientais da atividade agrícola (FONSECA; OLIVEIRA; VIEIRA NETO, 2014).

Além disso, a evolução da tecnologia de sensores tem permitido o desenvolvimen-


to de dispositivos cada vez mais precisos e versáteis, como sensores ópticos que medem
a clorofila das plantas e sensores de imagens que identificam doenças e deficiências nutri-
cionais nas lavouras. Esses avanços tecnológicos prometem revolucionar a agricultura de
precisão, permitindo uma gestão ainda mais eficiente e sustentável das culturas.

2.2 INTRODUÇÃO AO SENSORIAMENTO REMOTO


O sensoriamento remoto é uma técnica utilizada para obter informações sobre a
superfície terrestre a partir da captura de imagens por meio de sensores instalados em
plataformas espaciais ou aéreas. Essa técnica é amplamente utilizada em diversas áreas,
como agricultura, meio ambiente, gestão de recursos naturais e planejamento urbano.

No monitoramento ambiental, as imagens de sensoriamento remoto são usadas


para monitorar mudanças no ambiente, como desmatamento, poluição, erosão do solo
e impactos de desastres naturais. Isso ajuda a identificar áreas que requerem atenção
e intervenção para minimizar os impactos negativos ao meio ambiente. Na agricultura,
as imagens de sensoriamento remoto são usadas para monitorar o crescimento das
culturas e detectar problemas, como doenças e deficiências de nutrientes. Isso permite
que os agricultores tomem decisões mais informadas sobre o gerenciamento de suas

153
colheitas e aumentem a produtividade. Na geologia, as imagens de sensoriamento
remoto são usadas para mapear características da superfície terrestre, como formações
rochosas, vulcões, geleiras e falhas geológicas. Isso ajuda os geólogos a entender
melhor a estrutura e a evolução da crosta terrestre.

Na cartografia, as imagens de sensoriamento remoto são usadas para criar


mapas precisos e atualizados de áreas urbanas e rurais. Isso é importante para fins
de planejamento urbano, gestão de recursos e tomada de decisões em diferentes
setores. Na gestão de recursos naturais, as imagens de sensoriamento remoto são
usadas para monitorar florestas, rios, lagos e oceanos. Isso ajuda a identificar áreas
que requerem proteção e gerenciamento adequado para preservar os ecossistemas e a
biodiversidade. Na meteorologia, as imagens de sensoriamento remoto são usadas para
monitorar condições atmosféricas, como nuvens, tempestades e furacões. Isso permite
que os meteorologistas prevejam melhor o clima e forneçam alertas de tempestades
para áreas que possam ser afetadas.

Os princípios básicos do sensoriamento remoto envolvem a captação de imagens


da superfície terrestre por meio de sensores que registram a energia eletromagnética
refletida ou emitida pela superfície. Essa energia é convertida em um sinal elétrico e
enviado para a plataforma de coleta de dados.

O sensoriamento remoto utiliza diferentes tipos de sensores para capturar


imagens da superfície terrestre a partir da radiação eletromagnética refletida ou emitida
pela superfície. Cada tipo de sensor tem características e aplicações específicas,
permitindo a obtenção de informações úteis para diferentes finalidades (LILLESAND;
KIEFER; CHIPMAN, 2014).

Um dos tipos mais comuns de sensores utilizados em sensoriamento remoto


são os sensores de imagem, que capturam a radiação eletromagnética na faixa do
visível e do infravermelho próximo. Esses sensores são capazes de fornecer imagens
em alta resolução espacial, permitindo a identificação de objetos e características da
superfície terrestre em detalhes. Dentre os sensores de imagem mais utilizados estão
os sensores CCD (Charge-Coupled Device), os sensores CMOS (Complementary Metal-
Oxide-Semiconductor) e os sensores de varredura (JENSEN, 2016).

Outro tipo de sensor amplamente utilizado em sensoriamento remoto é o sensor


de radar, que emite pulsos de micro-ondas e registra o tempo que leva para o sinal
retornar ao sensor após atingir a superfície terrestre. Esses sensores são capazes de
penetrar em nuvens e na vegetação, permitindo a obtenção de imagens em condições
adversas de iluminação. Além disso, os sensores de radar são capazes de detectar a
topografia da superfície terrestre, permitindo a criação de mapas de elevação. Dentre
os tipos de sensores de radar mais utilizados estão os sensores SAR (Synthetic Aperture
Radar), os sensores InSAR (Interferometric Synthetic Aperture Radar) e os sensores
altímetros (JENSEN, 2016).

154
Após a captação das imagens, é necessário realizar o processamento dos
dados para extrair informações úteis. O processamento de imagem envolve a aplicação
de técnicas de correção geométrica, correção atmosférica e filtragem, que permitem
melhorar a qualidade das imagens e remover ruídos. Já a análise das imagens pode
ser realizada por meio de técnicas de classificação, detecção de mudanças e extração
de características, permitindo identificar diferentes tipos de cobertura vegetal, áreas
urbanas, corpos d'água, entre outros.

Essa técnica pode ser usada para monitorar o crescimento das plantas, detectar
desmatamento, avaliar a qualidade do solo e da água, prever mudanças climáticas, mape-
ar a expansão urbana, entre outras aplicações. Ele pode ser uma ferramenta importante
para ajudar na tomada de decisões e no planejamento estratégico em várias áreas.

Com o avanço da tecnologia, o sensoriamento remoto tornou-se cada vez mais


acessível e preciso. Os dados coletados por satélites e drones podem ser processados
e analisados por meio de softwares de análise de imagens e outras ferramentas,
permitindo que as informações sejam apresentadas de maneira útil e compreensível
para os usuários finais.

Nesta técnica, as informações são adquiridas de forma não invasiva, o que


permite uma avaliação mais ampla e menos intrusiva da superfície terrestre. Além
disso, a resolução espacial e temporal dos sensores tem melhorado consideravelmente,
permitindo a obtenção de informações mais detalhadas e precisas sobre a superfície da
Terra. Com isso, o sensoriamento remoto tem se tornado uma ferramenta indispensável
para o estudo e a gestão do meio ambiente, contribuindo para a sustentabilidade e a
preservação do planeta.

Embora o sensoriamento remoto seja uma técnica poderosa e versátil, ele


também enfrenta vários desafios e limitações que precisam ser considerados ao se
utilizar a técnica. Um dos principais desafios é a qualidade e resolução das imagens.
As imagens obtidas por sensores remotos podem ter limitações em termos de
resolução espacial, temporal e espectral. Essas limitações podem afetar a precisão e
a confiabilidade das informações coletadas. Além disso, a qualidade das imagens pode
ser afetada por condições climáticas, como nuvens e neblina (ROSENQVIST et al., 2018).

Outro desafio é a necessidade de calibração e correção dos dados. Os dados


coletados pelos sensores precisam ser calibrados e corrigidos para garantir a precisão e
a consistência das informações. Isso pode ser um processo complexo e demorado, que
exige conhecimento técnico especializado. A interpretação dos dados também pode
ser um desafio. As imagens obtidas por sensores remotos precisam ser processadas
e analisadas para extrair informações úteis. Isso requer habilidades de interpretação
e análise de dados, além de conhecimento especializado em áreas como geologia,
agricultura, meio ambiente, entre outras.

155
A cobertura espacial e temporal também pode ser um desafio. Alguns sensores
remotos têm limitações em termos de cobertura espacial, o que significa que a área
que pode ser observada é limitada. Além disso, a cobertura temporal pode ser limitada,
o que significa que nem sempre é possível obter informações atualizadas sobre uma
determinada região. Por fim, o custo da tecnologia também pode ser um entrave. Alguns
sensores remotos são muito caros, o que pode limitar o acesso a eles.

O sensoriamento remoto é uma área de pesquisa em constante evolução e


promete continuar a contribuir para o avanço do conhecimento em várias áreas e para
a tomada de decisões importantes em todo o mundo.

2.3 TIPOS DE SENSORES


O uso de tecnologias de sensoriamento remoto vem se tornando cada vez mais
comum na agricultura de precisão. Essas tecnologias permitem que os agricultores
obtenham informações precisas e detalhadas sobre as condições do solo e das culturas,
permitindo uma análise mais eficiente e rápida do terreno e a tomada de decisões mais
assertivas. No sensoriamento remoto, são utilizadas imagens de satélite e aeronaves
equipadas com sensores que coletam informações sobre a vegetação e o solo.

Os sensores de imagens de satélite e aeronaves equipadas com sensores


também permitem a detecção de alterações nas plantas em um estágio inicial, o que
pode ajudar a prevenir a propagação de doenças e pragas antes que elas se tornem um
problema maior. Isso pode economizar tempo e recursos valiosos para os agricultores,
além de minimizar o impacto negativo no meio ambiente.

Existem vários tipos de sensores agrícolas disponíveis atualmente, incluindo


sensores de umidade do solo, sensores de temperatura e umidade do ar, sensores de
níveis de nutrientes do solo e sensores de vegetação. Cada tipo de sensor é projetado
para medir uma variável específica relacionada à saúde e ao crescimento das culturas
(BASHMAL; SIDDIQUI; ARIF, 2017).

• Sensores de umidade do solo: Os sensores de umidade do solo são utilizados para


medir a quantidade de água presente no solo. Esses sensores podem ser instalados
em diferentes profundidades do solo, permitindo que os agricultores monitorem
a umidade do solo em diferentes camadas. Essas informações são úteis para
determinar quando e quanto irrigar, evitando desperdícios e garantindo que as
plantas recebam água suficiente.
• Sensores de temperatura: podem ajudar a detectar condições climáticas extremas,
como geadas, que podem prejudicar as plantas. Além disso, os sensores de
temperatura também podem ser usados para monitorar a temperatura do solo, o
que é importante para a germinação das sementes, além disso, os sensores de

156
temperatura do solo são utilizados em diferentes profundidades e essas informações
são úteis para entender o comportamento da planta em diferentes épocas do ano e
também para monitorar a atividade de microrganismos no solo.
• Sensores de nível de nutrientes: utilizados para medir a quantidade de nutrientes
disponíveis no solo, permitindo que os agricultores determinem quando é necessário
aplicar fertilizantes.
• Sensores de condutividade elétrica: Esses sensores são utilizados para medir a
condutividade do solo, ou seja, a capacidade do solo de transmitir eletricidade.
Essas informações são úteis para determinar a quantidade de nutrientes presentes
no solo e também para monitorar a salinidade do solo.
• Sensores de pH do solo: permitem que os agricultores determinem o nível de acidez
do solo, o que é importante para a absorção de nutrientes pelas plantas.
• Sensores de presença de pragas e doenças: utilizados para monitorar a presença
de pragas e doenças nas plantas, permitindo que os agricultores identifiquem
problemas precocemente e tomem medidas preventivas.
• Sensores de clorofila: os sensores de clorofila são utilizados para medir a quantidade de
clorofila presente nas plantas. A clorofila é responsável pela fotossíntese, ou seja, pela
conversão de energia solar em energia química. Portanto, a medição da quantidade
de clorofila pode ajudar a determinar a saúde da planta e a necessidade de nutrientes.
• Sensores de fluorescência: os sensores de fluorescência são utilizados para medir
a quantidade de luz fluorescente emitida pelas plantas. Essa luz é emitida quando
a planta está sob estresse, seja por falta de água, nutrientes ou outros fatores.
Essas informações são úteis para detectar problemas nas plantas antes que eles
se tornem aparentes.
• Sensores de luz: os sensores de luz são utilizados para medir a quantidade de
luz disponível para as plantas. Essas informações são úteis para determinar a
quantidade de luz necessária para o crescimento das plantas e também para avaliar
o potencial de crescimento em diferentes épocas do ano.
• Sensores de vento: os sensores de vento são utilizados para medir a velocidade e a dire-
ção do vento. Essas informações são úteis para determinar a evapotranspiração, ou seja,
a quantidade de água que é perdida pelas plantas devido à transpiração e à evaporação.
• Sensores de posicionamento: os sensores de posicionamento são utilizados
para determinar a localização exata dos equipamentos utilizados na agricultura
de precisão, como tratores e colheitadeiras. Essas informações são úteis para
determinar a melhor rota para a máquina, evitando a sobreposição de áreas já
tratadas e garantindo que todas as áreas sejam tratadas de forma uniforme.

Entre os diversos exemplos de aplicações de sensores em diferentes culturas e


regiões do mundo podemos citar:

• Aplicação de sensores em vinhedos na Califórnia, EUA: em um estudo de caso


publicado na revista científica Sensors, pesquisadores utilizaram sensores de
temperatura e umidade para monitorar as condições de crescimento das videiras.
Isso permitiu a otimização do uso de água e nutrientes, resultando em uma economia
de água de até 50% sem comprometer a qualidade da uva (SAVI et al., 2009).

157
• Aplicação de sensores em pomares de maçãs na Nova Zelândia: em um estudo de
caso publicado na revista Precision Agriculture, pesquisadores utilizaram sensores
de clorofila e de umidade do solo para monitorar as condições de crescimento das
macieiras. Isso permitiu a aplicação precisa de fertilizantes e pesticidas, resultando
em uma redução no uso de produtos químicos em até 50%, além de um aumento
na produtividade de até 10% (TURNER et al, 2013).
• Monitoramento de pragas em plantações de algodão nos Estados Unidos: em um
estudo realizado no estado do Texas, sensores acústicos foram utilizados para
monitorar a presença de pragas em plantações de algodão. Esses sensores foram
capazes de detectar a emissão de sons pelas larvas de insetos, permitindo que os
agricultores identificassem as áreas afetadas e tomassem medidas de controle de
forma mais eficiente (MA et al., 2017).
• Detecção de doenças em plantações de batata na Europa: em um estudo realizado
na Holanda, sensores hiperespectrais foram utilizados para detectar doenças
em plantações de batata. Esses sensores foram capazes de identificar as áreas
afetadas antes mesmo dos sintomas se tornarem visíveis a olho nu, permitindo que
os agricultores tomassem medidas preventivas para reduzir as perdas de colheita
(WESTRA et al. 2012).

Os sensores agrícolas têm sido amplamente adotados pelos agricultores devido


ao seu potencial para melhorar a eficiência do cultivo e a produtividade, no entanto essa
ferramenta e sua adoção generalizada ainda enfrenta alguns desafios. Um dos principais
desafios é o custo. Sensores de alta qualidade pode ser caros, e muitos agricultores
podem ter dificuldade em justificar o investimento. Além disso, a tecnologia ainda não é
totalmente padronizada, o que pode tornar difícil a integração dos diferentes sistemas
de sensores em uma única plataforma. No entanto, à medida que a tecnologia avança
e os custos diminuem, é provável que os sensores agrícolas se tornem uma parte cada
vez mais importante do arsenal de ferramentas dos agricultores (YAN et al., 2019).

ATENÇÃO
O uso de sensores na agricultura tem crescido no Brasil, impulsionado
pela necessidade de aumentar a produtividade, reduzir os custos e
garantir a sustentabilidade da produção agrícola em um país com grande
potencial agrícola como o Brasil.

2.4 ROBÓTICA NA AGRICULTURA DE PRECISÃO


A robótica é uma tecnologia que vem sendo cada vez mais utilizada na
agricultura de precisão. Ela permite a automação de tarefas agrícolas, como plantio,
colheita e pulverização, tornando o processo mais eficiente e preciso. Isso é possível
graças ao uso de sensores e sistemas de navegação, que permitem aos robôs agrícolas

158
atuarem com alta precisão e eficiência. É uma área da tecnologia que se concentra
no desenvolvimento de robôs capazes de realizar tarefas de forma autônoma ou
semiautônoma. Na agricultura de precisão, a robótica é usada para automatizar tarefas
agrícolas e melhorar a eficiência do cultivo de plantas.

Existem várias maneiras pelas quais a robótica é aplicada na agricultura de


precisão. Uma das principais é o uso de robôs para realizar tarefas agrícolas específicas,
como plantio, colheita e controle de pragas. Esses robôs são equipados com sensores e
câmeras que permitem que eles identifiquem e manipulem as plantas de forma precisa
e eficiente. Outra maneira pela qual a robótica é utilizada na agricultura de precisão é por
meio de sistemas de navegação autônomos. Esses sistemas permitem que os robôs se
movam pelo campo de forma autônoma, usando GPS e outros sensores para navegar
entre as plantas e executar as tarefas designadas. Isso pode reduzir significativamente
o tempo e o custo envolvidos na execução de tarefas agrícolas, além de minimizar a
necessidade de mão de obra humana (ZHANG et al., 2021).

Os robôs também podem ser usados ​​para coletar dados sobre as plantas, como
temperatura, umidade do solo, pH e outros indicadores importantes. Esses dados podem
ser usados ​​para ajustar o cultivo de plantas de forma mais precisa e eficaz, garantindo
que cada planta receba o tratamento ideal. Além disso, a robótica também é utilizada
em estufas automatizadas para monitorar e controlar as condições de crescimento das
plantas. Os robôs podem regular a temperatura, a umidade e a iluminação nas estufas,
garantindo que as plantas cresçam em condições ideais.

Existem diversos tipos de robôs agrícolas disponíveis no mercado, cada um com


suas características específicas e aplicações.

Os robôs terrestres são os mais comuns na agricultura de precisão, e podem ser


utilizados em diversas tarefas, como o plantio, a colheita (Figura 8), a pulverização de
defensivos agrícolas, a irrigação e o monitoramento da lavoura. Esses robôs podem ser
equipados com sensores de umidade do solo, sensores de temperatura e umidade do ar,
câmeras e GPS, permitindo um monitoramento preciso e em tempo real das condições
do campo. Os robôs aéreos, ou drones, também são utilizados na agricultura de
precisão, principalmente para o monitoramento da lavoura e a aplicação de defensivos
agrícolas. Os drones podem ser equipados com câmeras de alta resolução, sensores
infravermelhos e outras tecnologias avançadas, permitindo a detecção de pragas e
doenças nas plantas, a identificação de áreas com deficiência nutricional, e a aplicação
de defensivos agrícolas de forma precisa e controlada.

159
Figura 8 – Robôs colhem couve em fazenda

Fonte: https://bit.ly/3pxqXk6. Acesso em: 10 maio 2023.

Os robôs submarinos, embora ainda não muito comuns na agricultura de


precisão, têm sido utilizados para o monitoramento de reservatórios de água e outras
aplicações relacionadas à gestão dos recursos hídricos. Por fim, os robôs colaborativos
têm ganhado destaque na agricultura de precisão, permitindo uma interação mais
próxima e segura entre o homem e a máquina. Esses robôs podem ser utilizados em
diversas tarefas, desde o plantio até a colheita, trabalhando em conjunto com os
trabalhadores rurais e aumentando a eficiência e a segurança no campo.

Com a utilização de robôs agrícolas, é possível reduzir o uso de insumos, como


fertilizantes e defensivos, tornando o processo de produção mais sustentável. Além
disso, a automação de tarefas agrícolas pode reduzir os custos de produção, aumentar
a eficiência e a produtividade, e permitir a utilização de áreas de difícil acesso ou
condições climáticas adversas.

Um dos desafios enfrentados pela agricultura moderna é a escassez de mão


de obra qualificada. Com o uso da robótica, é possível realizar tarefas agrícolas de
forma autônoma, reduzindo a necessidade de trabalhadores humanos. Isso pode ser
particularmente útil em áreas remotas ou em regiões com escassez de mão de obra
qualificada. Outro benefício importante da robótica na agricultura é a redução do uso
de produtos químicos. Com a ajuda de robôs, é possível aplicar produtos químicos de
forma mais precisa e controlada, reduzindo o desperdício e minimizando a exposição de
trabalhadores e consumidores a produtos químicos tóxicos.

Além disso, a robótica pode ajudar a aumentar a produtividade e a qualidade


dos produtos agrícolas. Os robôs podem ser programados para identificar e eliminar
plantas daninhas, detectar doenças e pragas, e realizar tarefas de colheita de forma
mais eficiente. Isso pode resultar em uma produção agrícola mais consistente e de
melhor qualidade. Por fim, a robótica pode ajudar a reduzir o impacto ambiental das

160
atividades agrícolas. Com o uso de robôs e sistemas autônomos, é possível reduzir o
consumo de combustível e a emissão de gases de efeito estufa, além de minimizar a
compactação do solo e a erosão.

A robótica na agricultura de precisão vem sendo utilizada em diversas


culturas e regiões do mundo, e os resultados têm sido bastante promissores. A seguir,
apresentamos alguns exemplos de aplicação da robótica na agricultura de precisão:

• Vinhedos na Califórnia: na região de Napa Valley, na Califórnia, os produtores de vinho


estão utilizando drones equipados com sensores para monitorar o desenvolvimento
das vinhas. Os drones coletam informações sobre o crescimento das uvas, o nível
de umidade do solo e a saúde das plantas, permitindo que os produtores ajustem
as práticas de manejo de acordo com as necessidades das plantas. Além disso, os
drones também são utilizados para mapear as propriedades e identificar áreas de
cultivo que requerem mais atenção (SINOQUET; DE SOLAN, 2019).
• Arrozais no Japão: os produtores de arroz no Japão estão utilizando robôs
autônomos para o plantio e a colheita do arroz. Esses robôs são capazes de navegar
pelos campos de forma autônoma, identificar as plantas maduras e colhê-las de
forma precisa. Além disso, os robôs também podem ser programados para aplicar
fertilizantes e pesticidas de forma mais precisa, reduzindo o uso de insumos e
aumentando a eficiência da produção (KISE et al., 2018).
• Cultivos de milho nos Estados Unidos: em algumas regiões dos Estados Unidos, os
produtores de milho estão utilizando veículos autônomos equipados com sensores
para monitorar o crescimento das plantas e aplicar fertilizantes e pesticidas de forma
mais precisa. Esses veículos são capazes de mapear as propriedades, coletar dados
sobre o desenvolvimento das plantas e ajustar as práticas de manejo de acordo com
as necessidades das plantas (ZHANG et al., 2021).
• Produção de hortaliças na Holanda: na Holanda, a produção de hortaliças em estufas
tem sido cada vez mais automatizada. Robôs são utilizados para plantar as sementes,
monitorar o crescimento das plantas e colher os produtos. Além disso, sensores são
utilizados para monitorar a temperatura, a umidade e a qualidade do ar dentro das es-
tufas, permitindo um controle mais preciso do ambiente de cultivo (LEE et al., 2014).

Esses são apenas alguns exemplos de como a robótica pode ser utilizada
na agricultura de precisão. Em geral, essas tecnologias têm ajudado a melhorar
a produtividade e a sustentabilidade da agricultura, reduzindo o uso de insumos,
aumentando a eficiência da produção e minimizando o impacto ambiental. À medida
que a tecnologia continua a evoluir, é provável que vejamos ainda mais inovações na
área da robótica na agricultura de precisão.

A robótica é uma ferramenta importante na agricultura de precisão, oferecendo


soluções para muitos dos desafios enfrentados pela agricultura moderna e à medida
que a tecnologia evolui e os custos diminuem, é esperado que a robótica se torne cada
vez mais presente na agricultura de precisão, contribuindo para uma produção agrícola
mais eficiente, sustentável e produtiva.

161
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu:

• A importância dos sensores na agricultura de precisão, compreendendo os


diferentes tipos de sensores e suas funções, como eles são utilizados para monitorar
e controlar as condições ambientais e como os dados são processados e analisados
para aprimorar a gestão da produção agrícola.

• Os princípios básicos do sensoriamento remoto e sua aplicação na agricultura. Como


as imagens de satélite, drones e outras fontes de dados podem ser utilizadas para
monitorar e controlar as condições ambientais e como isso contribui para aprimorar
a gestão da produção agrícola.

• Os diferentes tipos de sensores utilizados na agricultura de precisão, como eles


são utilizados para monitorar e controlar as condições ambientais, como os dados
coletados pelos sensores são processados e analisados para fornecer informações
precisas e em tempo real sobre as condições das plantas e do solo.

• O papel da robótica na agricultura de precisão, aprendendo os diferentes tipos


de robôs agrícolas e suas funções, como eles são utilizados para monitorar e
controlar as condições ambientais e como isso contribui para aprimorar a gestão
da produção agrícola. Foi possível observar as principais tendências e tecnologias
em robótica para agricultura de precisão, dos desafios e oportunidades associados
ao uso dessas tecnologias, e como a robótica está transformando a forma como as
atividades agrícolas são realizadas, além de entender as vantagens e desvantagens
dessa tecnologia na agricultura de precisão.

162
AUTOATIVIDADE
1 Os avanços recentes na tecnologia de sensores agrícolas têm permitido a coleta de
dados ainda mais determinantes e em tempo real, tornando a Agricultura de Precisão
ainda mais eficaz para a agricultura. Mediante essa informação, qual é o principal
benefício do uso de sensores na agricultura?

a) ( ) Aumento da carga de trabalho dos agricultores.


b) ( ) Redução da precisão na aplicação de insumos agrícolas.
c) ( ) Aumento da variabilidade na produção.
d) ( ) Melhoria na eficiência do uso de recursos como água e fertilizantes.

2 A agricultura de precisão utiliza diversos tipos de sensores para monitorar as


condições do solo, do ambiente e das plantas, permitindo uma gestão mais eficiente
e sustentável dos recursos. Com base nas definições, analise as sentenças a seguir:

I- Sensores de umidade do solo medem a quantidade de água disponível no solo.


II- Sensores de temperatura ambiente monitoram a temperatura ao redor das plantas.
III- Sensores de luminosidade medem a quantidade de nutrientes disponíveis para as
plantas.
IV- Sensores de pH do solo monitoram o nível de acidez do solo.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a sentença III está correta.


b) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.

3 O sensoriamento remoto é uma técnica amplamente utilizada em diversas áreas


do conhecimento para a obtenção de informações sobre a superfície terrestre,
sem o contato direto com o solo. Sobre o exposto, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) O sensoriamento remoto é uma técnica que permite a obtenção de informações


sobre a superfície terrestre sem o contato direto com o solo;
( ) A radiação eletromagnética é a única forma de energia que pode ser utilizada no
sensoriamento remoto;
( ) O sensoriamento remoto é útil apenas para o estudo de fenômenos naturais;
( ) A resolução espacial de uma imagem de sensoriamento remoto é influenciada pela
altitude do sensor em relação à superfície terrestre.

163
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F – V.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) F – F – V – F.

4 A agricultura de precisão é uma abordagem que utiliza tecnologias avançadas para


maximizar a eficiência e a produtividade no cultivo agrícola, ao mesmo tempo em que
minimiza o impacto ambiental e reduz os custos de produção. Entre as tecnologias
utilizadas na agricultura de precisão, destaca-se a robótica, que pode contribuir
significativamente para o sucesso dessa abordagem. Diante disso, como a robótica
pode contribuir para a agricultura de precisão? Justifique.

5 Na agricultura, o Sensoriamento Remoto é uma técnica valiosa para a agricultura,


pois permite obter informações precisas e atualizadas sobre a superfície terrestre,
que podem ser utilizadas para otimizar a produção agrícola e reduzir os impactos
ambientais. Diante da assertiva, o que é Sensoriamento Remoto e como ele pode ser
aplicado na agricultura?

164
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
SISTEMAS DE ORIENTAÇÃO E
AUTOMAÇÃO EM MÁQUINAS

1 INTRODUÇÃO
A agricultura é uma atividade econômica de grande importância para a socie-
dade, uma vez que é responsável pela produção de alimentos e matérias-primas essen-
ciais para a nossa sobrevivência e bem-estar. Com o objetivo de aumentar a eficiência e
a produtividade no campo, a indústria agrícola tem investido cada vez mais em tecnolo-
gias avançadas, como os sistemas de orientação e automação em máquinas agrícolas.

Os sistemas de orientação são responsáveis por fornecer informações precisas


sobre a localização e a orientação das máquinas agrícolas, permitindo que os opera-
dores conduzam os equipamentos de forma mais precisa e eficiente. Já os sistemas
de automação são capazes de controlar as funções das máquinas agrícolas, como o
acionamento das máquinas de plantio, irrigação e colheita, sem a necessidade de inter-
venção humana.

A utilização de sistemas de orientação e automação em máquinas agrícolas traz


diversos benefícios para o setor, como a redução dos custos de produção, a otimização
do uso dos recursos naturais, a redução do impacto ambiental e a melhoria da qualidade
dos produtos agrícolas. Nesse sentido, é fundamental que os agricultores e as empresas
do setor estejam atentos às novas tecnologias disponíveis e busquem investir em
soluções que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável da agricultura.

2 SISTEMAS DE ORIENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO EM


MÁQUINAS
Os sistemas de orientação e automação em máquinas agrícolas são tecnologias
que permitem o controle e o monitoramento preciso dos equipamentos utilizados
na agricultura. Essas tecnologias são baseadas em sistemas de posicionamento por
satélite, como o GPS, que permitem determinar a localização exata das máquinas
agrícolas em tempo real.

Os sistemas de orientação são responsáveis por fornecer informações precisas


sobre a posição, a orientação e a direção das máquinas agrícolas, permitindo que os
operadores conduzam os equipamentos de forma mais precisa e eficiente. Eles podem
ser utilizados para guiar a rota das máquinas, garantir o alinhamento correto do plantio
e da colheita e evitar a sobreposição desnecessária de tarefas.

165
Já os sistemas de automação permitem que as máquinas agrícolas realizem
suas tarefas de forma autônoma, sem a necessidade de intervenção humana. Esses
sistemas são capazes de controlar as funções das máquinas de plantio, irrigação
e colheita, de acordo com as necessidades específicas de cada cultura. Além disso,
eles podem ser integrados a outros sistemas de monitoramento e gestão da produção
agrícola, permitindo uma gestão mais eficiente e sustentável dos recursos naturais.

2.1 AUTOMAÇÃO AGRÍCOLA


A automação agrícola é um conceito que tem ganhado cada vez mais espaço
na agricultura moderna. Ela consiste no uso de tecnologias para otimizar processos
e aumentar a eficiência na produção de alimentos. Com o avanço da tecnologia, a
automação agrícola se tornou uma alternativa cada vez mais viável e vantajosa para os
produtores rurais. É uma abordagem inovadora que busca otimizar a produção agrícola
através do uso de tecnologias avançadas. Essas tecnologias incluem drones, robôs,
sensores e sistemas de controle automatizados que permitem a realização de diversas
tarefas no campo de forma mais eficiente e precisa.

A automação agrícola tem avançado significativamente nos últimos anos,


e uma das áreas em que isso é mais evidente é no desenvolvimento de máquinas e
equipamentos autônomos para a agricultura. Com o uso de tecnologias avançadas, esses
equipamentos podem executar tarefas complexas de forma autônoma, melhorando a
eficiência e a produtividade da atividade agrícola.

Entre os equipamentos agrícolas autônomos mais comuns estão os tratores,


colheitadeiras e drones. Esses equipamentos são capazes de realizar tarefas como
plantio, pulverização de defensivos, colheita e monitoramento de lavouras sem a
necessidade de intervenção humana. Para que esses equipamentos possam operar de
forma autônoma, são utilizadas diversas tecnologias avançadas.

Os sistemas de visão computacional, por exemplo, são utilizados para que as


máquinas possam identificar obstáculos e outras características do ambiente em que
estão operando (Figura 9). Já a inteligência artificial é utilizada para que as máquinas
possam tomar decisões com base nas informações que estão coletando. Além disso, a
comunicação sem fio é utilizada para que as máquinas possam trocar informações entre
si e com sistemas centrais de gerenciamento de dados. Isso permite que as máquinas
trabalhem de forma coordenada, otimizando a execução de tarefas e evitando colisões
e outras situações de risco.

Uma das aplicações mais comuns da automação agrícola é o monitoramento de


culturas. Utilizando drones equipados com câmeras de alta resolução, é possível fazer
uma varredura detalhada das plantações e obter informações valiosas sobre o estado
de cada cultura, identificando problemas como falta de água, doenças ou pragas. Isso
permite que os agricultores possam agir com mais rapidez para corrigir esses problemas

166
e, assim, garantir a saúde das plantas e maximizar a produtividade da colheita. Outra
aplicação da automação agrícola é o controle de pragas e doenças. Os sensores
instalados nas plantações podem detectar a presença de pragas e doenças em estágios
iniciais, antes que elas se espalhem e causem danos significativos às plantas. Com essa
informação em mãos, os agricultores podem utilizar defensivos agrícolas de forma mais
precisa e eficiente, reduzindo assim os custos de produção e os impactos ambientais.

Figura 9 – Computador de bordo

Fonte: https://bit.ly/3O8nRNF. Acesso em: 10 maio 2023.

O uso de sensores e outras tecnologias avançadas permite que os agricultores


monitorem a saúde das plantas em tempo real, identificando rapidamente a presença de
pragas ou doenças antes que elas se tornem um problema significativo. Uma das formas
mais comuns de controle de pragas e doenças é o uso de defensivos agrícolas. Esses pro-
dutos químicos são projetados para matar as pragas e doenças que afetam as plantações,
protegendo assim a saúde das plantas e maximizando a produtividade da colheita. No en-
tanto, o uso excessivo de defensivos agrícolas pode ter consequências negativas, como a
contaminação do solo e da água, além da criação de pragas resistentes a esses produtos.

Com a automação agrícola, os agricultores podem aplicar defensivos agrícolas


de forma mais precisa e eficiente, reduzindo assim os custos de produção e os impactos
ambientais. Sensores instalados nas plantações podem detectar a presença de pragas
e doenças em estágios iniciais, permitindo que os agricultores apliquem defensivos
agrícolas somente onde são necessários, em vez de aplicá-los em toda a lavoura. Isso
reduz o uso de produtos químicos, minimiza os efeitos negativos sobre o meio ambiente
e, ao mesmo tempo, maximiza a eficácia do controle de pragas e doenças. Outro modo
de controle de pragas e doenças que pode ser utilizado com a automação agrícola é
a liberação de organismos benéficos. Esses organismos são predadores naturais de
pragas e doenças e podem ajudar a controlar sua população sem o uso de defensivos
químicos. Sensores e drones podem ser utilizados para monitorar a população de pragas
e liberar os organismos benéficos somente onde são necessários, garantindo uma maior
eficácia no controle de pragas e doenças (FAROOQ; WHITE; BARRETT, 2018).

167
Também é utilizada no plantio e na colheita de culturas, onde robôs e outros
equipamentos automatizados podem realizar tarefas repetitivas de forma mais rápida
e precisa do que os trabalhadores humanos. Isso reduz a necessidade de mão de obra
manual e permite que os agricultores aumentem a produção de forma mais eficiente e
rentável.

A automação agrícola tem um papel crucial no gerenciamento da irrigação nas


lavouras. A falta de água é um dos principais problemas que os agricultores enfrentam,
e a automação pode ajudar a resolver esse problema, permitindo que os agricultores
controlem a irrigação de forma mais precisa e eficiente. Através do uso de sensores,
drones e outras tecnologias avançadas, os agricultores podem monitorar a umidade do
solo e a necessidade de irrigação em tempo real. Com essas informações, eles podem
programar sistemas de irrigação automatizados para fornecer água somente onde é
necessário, evitando o desperdício de água e reduzindo os custos de produção.

A automação também permite que os agricultores programem os sistemas


de irrigação para operar durante os horários mais adequados, evitando a perda de
água devido à evaporação durante os horários mais quentes do dia. Com o uso de
sensores climáticos e informações meteorológicas, os agricultores podem ajustar
automaticamente os sistemas de irrigação para otimizar sua eficiência e ainda tem a
capacidade de identificar e corrigir rapidamente problemas nos sistemas de irrigação.
Sensores instalados no sistema podem detectar falhas, como vazamentos ou
obstruções, permitindo que os agricultores façam as correções necessárias antes que a
lavoura sofra danos significativos.

É perceptível que os benefícios da automação agrícola são diversos. Por


exemplo, a automação de sistemas de irrigação pode melhorar a eficiência no uso
da água, garantindo que as plantas recebam a quantidade adequada de água sem
desperdício. A automação também pode reduzir o tempo necessário para executar
tarefas agrícolas, como plantar e colher, permitindo que os agricultores aumentem a
produção sem a necessidade de contratar mais mão de obra. Além disso, a automação
pode ajudar a reduzir os custos de produção e aumentar a eficiência energética, o que
pode resultar em lucros maiores para os agricultores.

É uma tendência que tem ganhado cada vez mais espaço na agricultura
moderna. Ela pode ainda otimizar processos, como a redução de custos e a melhoria
da qualidade dos alimentos produzidos. Com o avanço da tecnologia, é possível que a
automação agrícola se torne ainda mais sofisticada e eficiente, contribuindo para um
setor agrícola mais sustentável e produtivo. Também pode ser uma aliada na adoção de
práticas agrícolas mais sustentáveis. Por exemplo, a utilização de sistemas de geração
de energia renovável, como a energia solar e eólica, pode ajudar a reduzir a dependência
dos agricultores em fontes de energia não renováveis, como o petróleo. Além disso, a
automação pode ser usada para monitorar o uso de recursos naturais, como água e
energia, e garantir que eles sejam utilizados de forma eficiente e responsável.

168
Outro benefício da automação agrícola é a possibilidade de reduzir a necessidade
de mão de obra física, o que pode ajudar a aumentar a segurança e a saúde dos
trabalhadores rurais. Muitas atividades agrícolas são realizadas em condições perigosas,
como o manuseio de maquinários pesados ou a exposição a produtos químicos tóxicos.
Com a automação, essas atividades podem ser realizadas remotamente, reduzindo o
risco de acidentes e doenças ocupacionais.

A automação agrícola tem sido vista como uma das principais soluções para aten-
der às crescentes demandas globais por alimentos, mas sua implementação ainda enfrenta
desafios significativos. Um dos principais desafios é a necessidade de investimentos signi-
ficativos em tecnologia e infraestrutura, o que pode ser um obstáculo para os agricultores
com recursos limitados. A automação agrícola é um campo que envolve a integração de di-
versos sistemas e tecnologias, desde a coleta de dados até o controle de máquinas e equi-
pamentos. A integração desses sistemas pode ser um desafio, pois é necessário garantir a
compatibilidade de tecnologias e a eficiência dos sistemas de comunicação.

Isso ocorre porque existem muitas tecnologias diferentes que podem ser
usadas na automação agrícola, cada uma com suas próprias especificações e requisitos
de compatibilidade. Além disso, as tecnologias usadas em diferentes etapas do
processo agrícola podem ser incompatíveis entre si, o que torna a integração ainda mais
desafiadora. Ainda há uma necessidade de sistemas de comunicação eficientes.

A automação agrícola depende de uma ampla gama de sensores, dispositivos e


equipamentos que precisam trocar informações em tempo real. Para que a automação
agrícola seja eficaz, é necessário que esses sistemas de comunicação sejam rápidos,
confiáveis e seguros. Isso pode ser um gargalo, especialmente em áreas rurais onde a
conectividade pode ser limitada.

Para superar esses entraves, é necessário ter um planejamento cuidadoso e


uma abordagem integrada na implementação da automação agrícola. É importante que
os produtores trabalhem com fornecedores e especialistas em automação agrícola para
escolher as tecnologias mais adequadas e garantir sua compatibilidade. Além do que,
é fundamental investir em sistemas de comunicação de alta qualidade para garantir a
eficiência e a segurança das operações (XIE; ZHANG; LI, 2019).

A integração de sistemas de automação é fundamental para o sucesso das


operações. Quando os sistemas são integrados de forma adequada, é possível obter
uma série de benefícios, como aumento da eficiência e produtividade e redução dos
custos de produção. Porém, é importante estar ciente das constantes inovações na
integração de sistemas e tomar medidas adequadas para acompanhá-los, como por
exemplo a segurança dos sistemas, tanto em relação ao acesso não autorizado como
em relação à proteção dos dados coletados pelos sensores e dispositivos. Além disso, a
privacidade dos produtores rurais também deve ser considerada, uma vez que muitos
dados são coletados sobre as propriedades e a produção. Também devem estar atentos
com a regulamentação, uma vez que muitas das tecnologias utilizadas na automação

169
agrícola ainda não têm uma regulamentação clara. É necessário que haja um esforço
conjunto dos governos e das empresas para estabelecer regras claras e garantir a
segurança e a privacidade dos produtores.

No que diz respeito às tendências tecnológicas, a inteligência artificial, a robótica


e a internet das coisas (IoT) são as principais áreas em que a automação agrícola deve
avançar nos próximos anos. A inteligência artificial pode ajudar a melhorar a precisão
dos sistemas de monitoramento e controle, enquanto a robótica pode oferecer soluções
inovadoras para a colheita e o plantio. Já a IoT pode permitir uma integração mais
eficiente de sistemas e dispositivos.

Além disso, a demanda por alimentos saudáveis e sustentáveis deve impulsionar


o desenvolvimento de tecnologias de automação que permitam a produção de alimentos
de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental. A busca por soluções mais
sustentáveis também deve impulsionar a adoção de práticas de agricultura de precisão,
que podem ser potencializadas por tecnologias de automação.

Por fim, é importante destacar que a automação agrícola deve ser vista como
uma ferramenta para melhorar a produtividade e a sustentabilidade da agricultura,
mas não como uma solução única. É fundamental que haja uma integração entre as
tecnologias de automação e as práticas tradicionais de cultivo, para que os benefícios
da automação sejam maximizados e os desafios e preocupações possam ser superados.

Ademais, a adoção da automação agrícola também requer mudanças signifi-


cativas nas práticas agrícolas existentes, o que pode levar tempo e exigir o treinamen-
to adequado de agricultores e trabalhadores rurais. A falta de conhecimento técnico
e habilidades necessárias para a operação de equipamentos automatizados pode ser
um obstáculo significativo para a adoção da automação agrícola. No entanto, com a
conscientização, planejamento cuidadoso e investimentos adequados, esses desafios
podem ser superados, e a automação agrícola pode se tornar uma realidade para mais
agricultores em todo o mundo.

NOTA
A Internet das Coisas, também conhecida como IoT (do inglês Internet
of Things), é um conceito que se refere à conexão de dispositivos
eletrônicos à internet, permitindo a troca de informações e o controle
remoto desses dispositivos. A ideia por trás da IoT é que cada vez mais
objetos do nosso cotidiano, como eletrodomésticos, carros, sensores de
monitoramento e outros dispositivos, sejam capazes de se comunicar
entre si e com outros dispositivos conectados à internet, formando uma
rede de dados. A expectativa é que nos próximos anos, a quantidade de
dispositivos conectados à internet cresça significativamente, permitindo
que a IoT se torne cada vez mais presente no nosso dia a dia.

170
2.2 TECNOLOGIA EMBARCADA EM MÁQUINAS E
IMPLEMENTOS
A tecnologia embarcada em máquinas e implementos é um dos principais
avanços tecnológicos na agricultura moderna. Ela permite que os produtores rurais
tenham um maior controle sobre suas operações, aumentando a eficiência e a
produtividade no campo. Com o avanço da tecnologia, a integração entre máquinas e
dispositivos eletrônicos tem sido cada vez mais comum e vantajosa.

Os sistemas embarcados são amplamente utilizados em diversos setores da


sociedade, desde a indústria automotiva até a medicina. Segundo Cunha (2007), esses
sistemas são caracterizados por serem dedicados a uma única tarefa e interagirem de
forma contínua com o ambiente ao seu redor através de sensores e atuadores.

Pode-se considerar que a eletrônica embarcada já é realidade no


mercado de máquinas agrícolas e essa parte da tecnologia não re-
presenta mais o maior desafio da AP como há vinte anos. Atualmen-
te pode-se considerar que o mercado já disponibiliza a maioria das
ferramentas para o campo e seus desafios agora são incrementais.
Tanto as oportunidades de inovação como a complexidade no de-
senvolvimento de sistemas em máquinas agrícolas avançaram para
o campo da TIC (tecnologia da informação e da comunicação), entre-
tanto, o número de empresas nacionais que realmente incorporaram
a sua dinâmica ainda é reduzido. Em eletrônica embarcada obser-
vam-se esforços por parte de grandes empresas internacionais em
busca de compatibilidade e conectividade entre seus produtos. Reu-
niram-se em associação internacional denominada de AEF - Agricul-
tural Industry Electronics Foundation (http:// www.aef-online.org/)
com cerca de 150 membros para potencializar o desenvolvimento de
padrão de conectividade ISO11783, também denominado de ISOBUS
(INAMASU et al., 2011, p. 27).

No setor agrícola brasileiro, até a década de 1980, as operações eram realizadas


de forma mecânica, sem a utilização de eletrônica ou automação. As máquinas eram
limitadas em suas funções e seu custo era elevado para os agricultores. A partir da
década de 1980, as novas tecnologias começaram a chegar ao país, mas ainda de
forma limitada, devido aos altos custos dos equipamentos. Porém, na década de 1990,
ocorreu uma explosão no uso da eletrônica na agricultura, com a utilização de sistemas
embarcados em máquinas e implementos agrícolas. Essa tecnologia contribuiu para
melhorar a produtividade e a precisão dos maquinários, permitindo uma melhor gestão
da produção e reduzindo custos para os agricultores (BALASTREIRE; AMARAL, 2000).

É uma área em constante evolução que tem transformado diversas indústrias,


incluindo a de máquinas e implementos. Essa tecnologia refere-se à integração de
sensores, atuadores, controladores e comunicação em máquinas e equipamentos,
permitindo a coleta e análise de dados em tempo real e o controle automatizado
de processos. A tecnologia embarcada em máquinas e implementos é um campo
relativamente novo, mas que tem evoluído rapidamente nos últimos anos. A partir da

171
década de 1970, os sistemas de controle eletrônico começaram a ser incorporados
em máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, para melhorar a eficiência e a
precisão do trabalho.

Com o avanço da eletrônica e da computação, novas tecnologias embarcadas


foram desenvolvidas para atender às demandas cada vez maiores da indústria. Na década
de 1990, sensores e controladores programáveis foram introduzidos em equipamentos
de construção, como escavadeiras e retroescavadeiras, permitindo maior controle
e precisão nos movimentos das máquinas. Nos anos 2000, a tecnologia embarcada
começou a ser utilizada em larga escala em máquinas agrícolas, com a introdução
de sistemas de direcionamento automático e controle de seção em plantadeiras e
pulverizadores. Esses sistemas permitem que a máquina opere com maior precisão,
evitando sobreposições e desperdício de insumos.

Atualmente, a tecnologia embarcada em máquinas e implementos continua a


evoluir, com a introdução de novos sensores e sistemas de comunicação. Por exemplo,
algumas máquinas agrícolas já contam com sistemas de análise de solo em tempo
real, que fornecem informações sobre a fertilidade do solo e orientam a aplicação de
insumos. Além disso, a tecnologia embarcada está permitindo a automação de tarefas
em máquinas e implementos, reduzindo a necessidade de intervenção humana em
processos repetitivos e perigosos. Tratores autônomos, por exemplo, já estão sendo
testados em algumas fazendas, oferecendo maior eficiência e segurança para o
trabalho. Esse tipo de tecnologia tem evoluído significativamente ao longo do tempo,
acompanhando os avanços da eletrônica e da computação. As novas tecnologias
permitem maior eficiência, precisão e segurança no trabalho, além de reduzir os custos
operacionais. A tendência é que essa evolução continue nos próximos anos, com a
introdução de novas tecnologias e aperfeiçoamento das existentes.

Sensores e atuadores são componentes importantes da tecnologia embarcada


em máquinas e implementos. Os sensores medem e monitoram variáveis como
temperatura, pressão, umidade e posição, fornecendo informações precisas para os
sistemas eletrônicos dos equipamentos. Por exemplo, sensores de temperatura podem
ser usados para monitorar o desempenho do motor de um trator, enquanto sensores
de pressão podem ser usados para medir a pressão dos pneus. Os atuadores, por outro
lado, são responsáveis por controlar os movimentos e outras ações dos equipamentos.
Eles podem ser usados para ativar sistemas hidráulicos, pneus e outros componentes
dos equipamentos. Por exemplo, um atuador pode ser usado para abrir e fechar uma
válvula hidráulica em uma máquina, ou para controlar o movimento dos braços de uma
colheitadeira (BARROS et al., 2018).

A precisão e a confiabilidade dos sensores e atuadores são essenciais para o


desempenho dos equipamentos. Sensores imprecisos ou que falham podem levar a
diagnósticos incorretos e a reparos desnecessários, enquanto atuadores mal projetados
podem comprometer a segurança dos operadores e do equipamento.

172
Com a evolução da tecnologia, os sensores e atuadores estão se tornando
cada vez mais sofisticados. Alguns equipamentos agora contam com sensores que
medem a vibração do motor, a inclinação do terreno e até mesmo a qualidade do solo.
Os atuadores também estão sendo aprimorados, com sistemas eletrônicos e hidráulicos
que proporcionam maior precisão e controle.

Outras tecnologias embarcadas comuns são a comunicação e a conectividade.


Elas permitem a troca de dados entre as máquinas e os sistemas de gestão, possibilitando
o monitoramento remoto e a tomada de decisões em tempo real. A conectividade sem
fio é possível graças a tecnologias como o Bluetooth, o Wi-Fi e o GPS. Essas tecnologias
permitem que os equipamentos se comuniquem com sistemas de gerenciamento de
dados, fornecedores de serviços e outros equipamentos, como smartphones e tablets.

Com a conectividade sem fio, é possível monitorar a performance dos


equipamentos em tempo real, receber alertas sobre falhas e agendar manutenções
preventivas. Além disso, a comunicação sem fio também permite o controle remoto dos
equipamentos, tornando possível operá-los à distância, o que aumenta a segurança e a
eficiência dos processos. Também permite o armazenamento de dados em nuvem, que
é um espaço virtual para armazenar e compartilhar informações em tempo real. Com
a tecnologia de nuvem, é possível armazenar dados de sensores e atuadores em um
servidor remoto, acessível de qualquer lugar com acesso à internet. Isso permite que as
informações sejam compartilhadas entre diferentes dispositivos e sistemas, tornando
mais fácil o gerenciamento de dados.

A tecnologia embarcada em máquinas e implementos têm se tornado cada vez


mais importante em diversos setores, desde a agricultura até a construção, passando
pela mineração e o transporte. Essa tecnologia oferece diversas vantagens, como maior
eficiência, precisão e segurança, além da redução de custos operacionais. É um campo
em expansão que oferece muitos benefícios para diversas indústrias. A integração de
sensores, atuadores, controladores e comunicação em equipamentos permite a coleta
e análise de dados em tempo real, o controle automatizado de processos e a tomada de
decisões mais eficientes e precisas.

Outra aplicação importante da tecnologia embarcada é o controle de implementos


agrícolas, como pulverizadores e colheitadeiras. Com o uso de dispositivos eletrônicos,
é possível controlar a quantidade de agroquímicos que são aplicados nas lavouras,
garantindo uma distribuição uniforme e evitando desperdícios. Além disso, a tecnologia
embarcada pode ser usada para monitorar o desempenho dos implementos e identificar
problemas, como falhas mecânicas, de forma mais rápida e precisa. Também tem sido
cada vez mais utilizada na gestão de dados e na automação de processos. Com o uso
de softwares específicos, os dados coletados pelas máquinas e implementos podem
ser integrados e analisados em tempo real, permitindo que os produtores rurais tenham
uma visão mais completa e precisa da situação das lavouras. Isso possibilita que eles
tomem decisões mais estratégicas sobre o uso de recursos e o manejo das plantas.

173
A tecnologia embarcada em máquinas e implementos têm evoluído rapidamen-
te nos últimos anos, e as tendências futuras indicam que essa evolução deve continuar.
Uma das principais propensões é a utilização de tecnologia avançada, como inteligên-
cia artificial e aprendizado de máquina, para permitir a tomada de decisões mais in-
formadas e precisas. Além disso, a predisponência é que as máquinas e implementos
se tornem cada vez mais conectados, permitindo a comunicação em tempo real entre
as máquinas e os sistemas de gerenciamento. Isso permitirá o monitoramento remoto
das máquinas e a detecção precoce de problemas, reduzindo o tempo de inatividade e
aumentando a eficiência.

A tecnologia de robótica também está sendo cada vez mais utilizada em máquinas
e implementos, permitindo a automação de tarefas complexas e perigosas. Isso reduz a
necessidade de mão de obra e oferece maior segurança para os trabalhadores. Por fim,
a tendência é que as máquinas e implementos se tornem cada vez mais sustentáveis,
com a utilização de tecnologias de eficiência energética e redução de desperdícios.
Isso ajudará a reduzir o impacto ambiental das atividades industriais e a promover a
sustentabilidade das operações. Essas perspectivas oferecem uma visão promissora
para o futuro das indústrias que utilizam essas tecnologias.

Um ponto importante a se falar sobre a tecnologia embarcada é poder se fazer


uso de diagnóstico das máquinas e implementos que tem se tornado cada vez mais im-
portante para a manutenção delas. Com o uso de sensores de falha e diagnóstico remo-
to, é possível identificar rapidamente problemas nas máquinas, garantindo um tempo de
inatividade mínimo e uma maior eficiência no processo produtivo. Os sensores de falha
são dispositivos que monitoram o desempenho das máquinas em tempo real, coletando
dados sobre a operação da máquina, como temperatura, pressão e vibração. Com base
nesses dados, é possível detectar anomalias que indicam um possível problema na má-
quina e alertar os operadores para que possam tomar medidas corretivas.

Já o diagnóstico remoto utiliza tecnologias de comunicação sem fio para


permitir o monitoramento e diagnóstico das máquinas de forma remota. Com essa
tecnologia, é possível transmitir os dados coletados pelos sensores de falha para uma
central de diagnóstico, que pode analisar os dados e fornecer um diagnóstico preciso e
rápido. Além disso, a tecnologia de diagnóstico remoto pode ser usada para atualizar o
software das máquinas, corrigindo problemas e melhorando o desempenho da máquina.
As ferramentas de diagnóstico podem ser incorporadas aos sistemas embarcados
em máquinas agrícolas, permitindo que elas sejam monitoradas e diagnosticadas de
forma autônoma. Essa tecnologia pode ajudar a prevenir falhas e reduzir os custos de
manutenção, além de aumentar a vida útil das máquinas.

A tecnologia embarcada em máquinas agrícolas também pode ser responsável


por melhorar a interação do usuário com as máquinas. Isso ocorre por meio de recursos
de interface do usuário, que tornam a interação com as máquinas mais intuitiva e
eficiente.

174
Uma das principais tecnologias utilizadas nesse sentido são as telas sensíveis
ao toque. Elas permitem que o operador acesse diversas funções da máquina de
maneira rápida e fácil, além de possibilitar a visualização de informações importantes
sobre o desempenho da máquina e do trabalho realizado. Essas telas são geralmente
de alta resolução e podem ser personalizadas para atender às necessidades específicas
do usuário. Outro recurso de interface do usuário que tem se tornado cada vez mais
popular são os sistemas de voz. Com eles, é possível controlar as funções da máquina
por meio de comandos de voz, permitindo que o operador mantenha as mãos livres
e se concentre em outras atividades. Esses sistemas podem ser programados para
reconhecer diferentes idiomas e sotaques, o que amplia o seu alcance e torna o uso da
máquina mais acessível a um público diversificado (LEITE; OLIVEIRA, 2021).

A interface do usuário também pode ser melhorada por meio da integração de


diferentes tecnologias, como sistemas de navegação GPS e de telemetria. Com eles,
é possível ter uma visualização mais precisa do campo de trabalho, permitindo que o
operador ajuste a máquina de acordo com as características específicas da área. Além
disso, esses sistemas podem fornecer dados em tempo real sobre o desempenho da
máquina, como consumo de combustível e produtividade, possibilitando que o operador
monitore e ajuste a máquina durante o trabalho. A tecnologia embarcada nesses recursos
tem um grande potencial para melhorar a usabilidade e o desempenho das máquinas
agrícolas, trazendo benefícios para o usuário e para a produção agrícola como um todo.

A tecnologia embarcada em máquinas e implementos é uma tendência que tem


ganhado cada vez mais espaço na agricultura moderna. Ela oferece diversas vantagens
para os produtores rurais, como a otimização de processos, a redução de custos
e a melhoria da qualidade dos alimentos produzidos. Com o avanço da tecnologia, é
possível que a integração entre máquinas e dispositivos eletrônicos se torne ainda mais
sofisticada e eficiente, contribuindo para um setor agrícola mais sustentável e produtivo.

DICA
O documentário "The Smartest Machines on Earth" aborda o tema
de tecnologia embarcada em máquinas e implementos e é muito
interessante. O documentário explora como as máquinas estão se
tornando cada vez mais inteligentes e como a tecnologia embarcada está
transformando a forma como as indústrias operam e como as pessoas
vivem suas vidas. Apresenta entrevistas com especialistas e líderes de
empresas que estão na vanguarda do desenvolvimento da tecnologia
embarcada em máquinas e implementos, além de mostrar exemplos
de como a tecnologia está sendo usada na prática. É possível encontrá-
lo em plataformas de streaming pagas, como Amazon Prime Video e
iTunes. Também é possível encontrar trechos e clipes do documentário
no YouTube.

175
2.3 SISTEMAS DE DIREÇÃO AUTOMÁTICA
Os sistemas de direção automática são uma das tecnologias mais importantes
em agricultura de precisão. Esses sistemas permitem que máquinas agrícolas realizem
tarefas de forma autônoma, melhorando a eficiência e a qualidade das operações.

Um sistema de direção automática funciona usando um sistema de


posicionamento global (GPS). O GPS permite que a máquina seja rastreada com precisão
em um campo agrícola, permitindo a criação de rotas precisas para as operações.
Também usa sensores e atuadores para controlar a direção da máquina (Figura 10).
Os sensores medem a posição da máquina em relação às rotas criadas pelo GPS,
bem como outras variáveis como a velocidade e a direção do vento. Com base nesses
dados, os atuadores são usados para ajustar a direção da máquina, mantendo-a na
rota correta. Os atuadores podem ser controlados de várias maneiras, dependendo do
tipo de máquina e do sistema de direção automática. Alguns sistemas usam volantes e
pedais, enquanto outros usam controles por joystick ou por tela sensível ao toque.

Figura 10 – Equipamento de arrasto sem sistema de direção automática (a) e com sistema de direção auto-
mática e antena de GNSS independente, indicada pela seta, da mesma forma que sobre o trator (b)

Fonte: https://bit.ly/3O04Ehb. Acesso em: 10 maio 2023.

O sistema de direção automática também pode ser programado para realizar


tarefas específicas, como semear, pulverizar ou colher uma safra. Isso pode ser feito
usando software especializado, que permite que o sistema crie rotas precisas para cada
tarefa e ajuste a direção da máquina para realizar a operação com precisão.

Outra aplicação importante dessa tecnologia é o controle de implementos


agrícolas, como pulverizadores e colheitadeiras. Com o uso de dispositivos eletrônicos,
é possível controlar a quantidade de agroquímicos que são aplicados nas lavouras,

176
garantindo uma distribuição uniforme e evitando desperdícios. Além disso, a tecnologia
embarcada pode ser usada para monitorar o desempenho dos implementos e identificar
problemas, como falhas mecânicas, de forma mais rápida e precisa.

Os sistemas de direção automática são uma parte essencial da agricultura


de precisão, e existem vários tipos de sistemas disponíveis atualmente. Cada tipo de
sistema oferece diferentes recursos e funcionalidades para atender às necessidades
específicas dos agricultores.

O primeiro tipo de sistema de direção automática é o nível básico, que consiste


em um sistema que apenas mantém a máquina na rota certa. Esse tipo de sistema
é usado principalmente para reduzir a fadiga do operador e melhorar a eficiência
das operações de campo. Os sistemas de nível básico geralmente usam sensores e
atuadores simples, como volantes e pedais, para controlar a direção da máquina.

O segundo tipo de sistema de direção automática é o de nível intermediário.


Esse tipo de sistema é mais avançado e oferece recursos adicionais, como a capacidade
de criar rotas precisas para diferentes tarefas e realizar operações de forma autônoma
em alguns casos. Os sistemas de nível intermediário geralmente usam sensores e
atuadores mais avançados, como controles por joystick ou tela sensível ao toque.

O terceiro tipo de sistema de direção automática é o de nível avançado, que é


o mais sofisticado e oferece recursos completos de direção autônoma. Esses sistemas
são capazes de realizar operações de forma totalmente autônoma (Figura 11), incluindo
semear, pulverizar e colher culturas. Os sistemas de nível avançado usam tecnologias
avançadas, como inteligência artificial e aprendizado de máquina, para criar rotas
precisas e tomar decisões autônomas em tempo real.

Além disso, existem sistemas de direção automática que podem ser integrados
a outros equipamentos agrícolas, como tratores, colheitadeiras e pulverizadores,
permitindo que várias máquinas trabalhem juntas de forma autônoma para realizar
operações agrícolas mais complexas. Cada tipo de sistema oferece recursos e
funcionalidades diferentes para atender às necessidades específicas dos agricultores,
permitindo que eles melhorem a eficiência e a precisão das operações agrícolas.

177
Figura 11 – Trator sem cabine: veículos já são criados para operar somente com o piloto automático

Fonte: https://bit.ly/42S9nWe. Acesso em: 10 maio 2023.

A implementação de um sistema de direção automática em uma operação


agrícola existente envolve várias etapas e considerações importantes. A seguir, estão
alguns pontos a serem considerados:

• Seleção do sistema: é importante escolher o sistema de direção automática que


melhor se adapta às necessidades da operação agrícola, levando em conta o
tamanho da frota de máquinas, a cultura que está sendo cultivada, o tipo de terreno
e o orçamento disponível.
• Instalação: a instalação de um sistema de direção automática envolve a colocação
de antenas de GPS independentes, que devem ser instaladas de forma a garantir
uma posição estável e elevada. É importante verificar as especificações do fabricante
do sistema para garantir que a instalação esteja correta e que a precisão do sistema
não seja comprometida.
• Configuração: após a instalação, é necessário configurar o sistema de direção
automática, incluindo a calibração das antenas de GPS e a configuração dos
parâmetros de direção. É importante que essa etapa seja feita corretamente para
garantir a precisão do sistema.
• Treinamento de operadores: os operadores da operação agrícola precisam ser
treinados na operação do sistema de direção automática, incluindo a configuração
do sistema, a seleção de rotas e a utilização dos controles.
• Integração com outras tecnologias de agricultura de precisão: para obter o máximo
benefício do sistema de direção automática, é importante integrá-lo com outras
tecnologias de agricultura de precisão, como mapeamento de produtividade,
monitoramento de solo e aplicações de insumos.
• Monitoramento e ajustes: após a implementação do sistema de direção automática, é
importante monitorar o desempenho do sistema e realizar ajustes, se necessário. Isso
pode incluir a calibração das antenas de GPS ou a atualização do software do sistema.

A implementação de um sistema de direção automática em uma operação


agrícola existente envolve várias etapas importantes, desde a seleção do sistema até
o treinamento de operadores e a integração com outras tecnologias de agricultura

178
de precisão. A implementação bem-sucedida do sistema pode trazer benefícios
significativos, incluindo a redução de custos e a melhoria da produtividade.

Os sistemas de direção automática são uma tecnologia cada vez mais presente
na agricultura de precisão. No entanto, eles ainda apresentam alguns desafios e
limitações que devem ser considerados ao implementá-los em uma operação agrícola
existente. Um dos principais desafios é a necessidade de manutenção e calibração
regular dos sistemas, garantindo que os sensores e atuadores estejam funcionando
corretamente para fornecer as informações de posicionamento e direção necessárias.

Outra limitação é a possibilidade de interferência de sinal GPS, o que pode


afetar a precisão do sistema e levar a erros de direção. Além disso, embora os sistemas
de direção automática possam realizar muitas operações de forma autônoma, ainda é
necessário ter operadores humanos disponíveis para monitorar as operações e intervir
em caso de emergência.

No entanto, apesar desses desafios e limitações, a tendência é que os sistemas


de direção automática se tornem ainda mais sofisticados e integrados com outras
tecnologias de agricultura de precisão. Uma das tendências futuras é a integração com
sistemas de inteligência artificial e aprendizado de máquina, permitindo que os sistemas
possam aprender e se adaptar ao ambiente em tempo real. Isso pode resultar em uma
operação ainda mais eficiente e precisa.

Ademais, espera-se que ocorram melhorias na precisão e velocidade de operação


dos sistemas de direção automática, permitindo que eles possam realizar operações
ainda mais complexas e precisas. E, por fim, espera-se que sejam desenvolvidas
tecnologias autônomas para outras operações agrícolas, além da direção de máquinas,
o que pode levar a uma maior eficiência e produtividade em toda a operação agrícola.

DICA
Uma antena de GNSS independente é um componente utilizado
em sistemas de navegação por satélite GNSS (Global Navigation
Satellite System), como o GPS. Essa antena é projetada para operar
de forma autônoma, sem precisar de conexão física com a unidade de
processamento ou com outros equipamentos. Elas são capazes de receber
sinais de satélite de alta precisão e fornecer informações de localização
com precisão submétrica ou até mesmo milimétrica, dependendo do tipo
de antena e da tecnologia GNSS utilizada.

179
INTERESSANTE
A empresa alemã Fendt lançou um trator autônomo movido a energia
solar chamado e100 Vario. O trator possui um sistema de baterias que
pode ser carregado por meio de painéis solares instalados no teto de
um abrigo especialmente projetado para ele. O e100 Vario pode ser
programado para realizar tarefas agrícolas específicas, como semear,
cultivar e colher, sem intervenção humana.

2.4 APLICAÇÃO EM TAXA VARIÁVEL


A agricultura de precisão é uma abordagem que visa maximizar a produção
agrícola através do uso de tecnologias avançadas. Uma das técnicas mais importantes
na agricultura de precisão é a aplicação em taxa variável, que permite aos produtores
rurais aplicar fertilizantes, herbicidas e outros insumos agrícolas em diferentes taxas, de
acordo com as necessidades de cada área da lavoura.

A aplicação em taxa variável é uma técnica utilizada em agricultura de precisão


que permite a aplicação de insumos agrícolas de forma diferenciada em diferentes
áreas do campo, de acordo com as necessidades específicas de cada região. Essa
técnica é especialmente útil em campos que apresentam uma grande variação nas
condições do solo, como diferenças no teor de nutrientes, umidade e densidade,
entre outras características. Com a aplicação em taxa variável, é possível maximizar
a produtividade do campo, garantindo que cada planta receba a quantidade exata de
insumos necessários para seu desenvolvimento, sem desperdiçar recursos em áreas
que não precisam de tanto insumo.

A taxa variável pode ser aplicada em diferentes tipos de insumos agrícolas,


como fertilizantes, defensivos e sementes. Por exemplo, ao aplicar fertilizantes em taxa
variável, é possível garantir que as plantas recebam a quantidade exata de nutrientes
necessários para seu crescimento, evitando a perda de nutrientes para o solo ou para o
meio ambiente (Figura 12).

180
Figura 12 – Mapeamento de solo

Fonte: https://bit.ly/3Mk4hge. Acesso em: 10 maio 2023.

Diversas tecnologias são utilizadas para a aplicação em taxa variável, cada uma
com suas vantagens e desvantagens.

Uma das tecnologias mais comuns para a aplicação em taxa variável é o GPS
(Global Positioning System), que utiliza sinais de satélite para determinar a localização
exata do equipamento utilizado na aplicação. Com o GPS, é possível criar mapas de
prescrição que indicam as áreas do campo que precisam de mais ou menos insumos,
permitindo que o equipamento ajuste automaticamente a quantidade de insumos
aplicada em cada área. Outra tecnologia utilizada na aplicação em taxa variável
é o mapeamento de colheita, que utiliza sensores para coletar informações sobre a
produtividade em diferentes áreas do campo. Com essas informações, é possível criar
mapas de prescrição que indicam as áreas que precisam de mais ou menos insumos,
permitindo que o equipamento ajuste automaticamente a quantidade de insumos
aplicada em cada área.

Os sensores de solo também são uma tecnologia importante para a aplicação


em taxa variável, pois ajudam a identificar as variações nas características do solo, como
teor de nutrientes, umidade e densidade. A Partir desses dados, é possível ajustar a
quantidade de insumos aplicada em cada área do campo, garantindo que as plantas
recebam a quantidade ideal de nutrientes para seu desenvolvimento.

Os drones e veículos autônomos também estão se tornando cada vez mais


populares para a aplicação em taxa variável, pois permitem uma maior precisão e
eficiência na aplicação dos insumos agrícolas. Os drones podem coletar imagens de
alta resolução do campo, que são então usadas para criar mapas de prescrição. Já os
veículos autônomos podem ser equipados com sensores e tecnologias avançadas que
ajudam a ajustar a quantidade de insumos aplicada em cada área do campo.

A aplicação em taxa variável na agricultura de precisão envolve várias etapas


que começam com o mapeamento da lavoura. Para isso, o agricultor pode contratar
uma empresa especializada em agricultura de precisão para realizar amostragens de
solo em pontos específicos da lavoura. As amostras podem ser distribuídas de maneira
homogênea ou direcionadas de acordo com um zoneamento prévio realizado com
auxílio de sensoriamento remoto.

181
O número de amostras coletadas irá depender do nível de detalhamento
pretendido. A utilização do sensoriamento remoto se mostra uma ferramenta viável em
diversos casos, especialmente quando a amostra de solo não fornece as informações
necessárias em tempo hábil. Com os dados necessários em mãos, a próxima etapa
consiste em interpretá-los e prescrever uma quantidade específica de insumo para cada
ponto do talhão. Essa prescrição pode ser feita manualmente ou de forma automatizada
utilizando softwares especializados em agricultura de precisão. Em seguida, as taxas
de aplicação são convertidas em um arquivo digital compatível com o computador de
bordo do equipamento que será utilizado na tarefa de aplicação (Figura 13).

Figura 13 – Fluxo de trabalho relativo ao uso de tecnologias de taxa variável

Fonte: https://bit.ly/3I5oa81. Acesso em: 10 maio 2023.

Devidamente configurado, o computador de bordo utiliza dados de


posicionamento global (GPS) para saber a localização exata da máquina e consultar no
mapa de prescrição qual a taxa exata que deve ser aplicada naquele ponto. Uma vez
determinada a taxa, o computador envia sinais aos atuadores que fazem a regulagem
de vazão, que podem ser motores elétricos, motores hidráulicos, válvulas, entre outros.

A aplicação em taxa variável é uma técnica avançada de agricultura de precisão


que traz uma série de benefícios para os produtores. Entre os principais benefícios da
aplicação em taxa variável, destacam-se:

182
• Maior eficiência na utilização de insumos: é possível aplicar insumos agrícolas de
forma diferenciada em diferentes áreas do campo, garantindo que cada planta
receba a quantidade exata de nutrientes necessários para seu desenvolvimento. Isso
significa que os produtores podem reduzir o desperdício de insumos, economizando
dinheiro e minimizando o impacto ambiental.
• Maior produtividade: a aplicação em taxa variável permite maximizar a produtividade
do campo, garantindo que cada planta receba a quantidade ideal de nutrientes. Isso
pode resultar em um aumento significativo na produtividade do campo, além de
uma redução na variabilidade de produção ao longo do campo.
• Redução de custos: com a aplicação em taxa variável, os produtores podem
economizar dinheiro ao evitar a aplicação excessiva de insumos em áreas que não
precisam, o que reduz o custo total de produção. Além disso, a técnica também pode
reduzir os custos de mão de obra, uma vez que é possível automatizar a aplicação
de insumos com tecnologias avançadas.
• Melhoria na qualidade dos produtos: a aplicação em taxa variável permite fornecer
às plantas os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento saudável. Com
isso, os produtos finais podem ter uma qualidade superior, além de terem menos
resíduos de insumos químicos, tornando-os mais seguros para o consumo humano.
• Melhoria da sustentabilidade: a aplicação em taxa variável pode ajudar a minimizar o
impacto ambiental da agricultura, reduzindo o desperdício de insumos e os resíduos
químicos no solo e na água. Além disso, a técnica também pode ajudar a reduzir a
erosão do solo, melhorar a qualidade da água e reduzir as emissões de gases de
efeito estufa.

Essa técnica avançada de agricultura de precisão é capaz de aumentar a


eficiência do uso dos insumos e melhorar a produtividade, resultando em benefícios
tanto para o produtor quanto para o meio ambiente. No entanto, a aplicação em taxa
variável pode ser influenciada por vários fatores, como a variabilidade do solo, as
condições climáticas, o histórico de cultivo e a topografia do campo.

A variabilidade do solo é um dos principais fatores que podem afetar a aplicação


em taxa variável. Cada área do campo possui características únicas, como textura do
solo, nutrientes disponíveis, pH, entre outros fatores. Essas diferenças podem afetar a
resposta das culturas aos insumos aplicados e, portanto, a aplicação em taxa variável
deve levar em consideração essas diferenças para garantir que cada área receba a
quantidade ideal de insumos.

As condições climáticas também podem afetar a aplicação em taxa variável.


A chuva, por exemplo, pode afetar a absorção dos insumos pelas plantas, enquanto o
vento pode alterar a distribuição dos insumos aplicados. A temperatura também pode
afetar a absorção dos nutrientes pelas plantas, e a aplicação em taxa variável deve levar
em conta esses fatores para garantir a eficiência da aplicação.

183
O histórico de cultivo também é um fator importante a se considerar na apli-
cação em taxa variável. Se uma área do campo foi cultivada com uma determinada
cultura por vários anos seguidos, é provável que os nutrientes específicos necessários
para aquela cultura estejam esgotados no solo. Nesse caso, a aplicação em taxa variável
deve levar em conta essa informação para garantir que a nova cultura receba os nu-
trientes de que precisa. Por fim, a topografia do campo também pode afetar a aplicação
em taxa variável. Áreas com declives acentuados podem apresentar maior erosão, o que
pode afetar a distribuição dos insumos aplicados. Áreas mais baixas também podem
reter mais água e nutrientes do que áreas mais elevadas, o que pode afetar a eficiência
da aplicação em taxa variável.

A aplicação em taxa variável é uma técnica avançada de agricultura de precisão


que pode trazer muitos benefícios para os produtores e o meio ambiente. No entanto,
é importante considerar vários fatores que podem afetar a aplicação em taxa variável,
como a variabilidade do solo, as condições climáticas, o histórico de cultivo e a topografia
do campo, para garantir que a técnica seja aplicada de forma eficiente e eficaz.

Essa técnica pode trazer muitos benefícios para os produtores, incluindo


a redução dos custos com insumos, o aumento da produtividade e a melhoria da
sustentabilidade ambiental. No entanto, a aplicação em taxa variável também apresenta
desafios que precisam ser superados para que a técnica possa ser aplicada de forma
eficiente e eficaz.

Um dos principais desafios associados à aplicação em taxa variável é a


disponibilidade e qualidade dos dados. Para aplicar insumos de forma diferenciada
em diferentes áreas do campo, é necessário ter informações precisas sobre as
características do solo, como pH, nutrientes disponíveis e textura. No entanto, muitas
vezes essas informações não estão disponíveis ou são imprecisas, o que pode afetar a
eficácia da técnica.

Outro desafio importante é o custo de implementação. A aplicação em taxa


variável exige o uso de tecnologias avançadas, como sensores, GPS e sistemas
de informação geográfica, o que pode aumentar significativamente os custos de
implementação. Além disso, a aplicação em taxa variável pode exigir a compra de
equipamentos especializados, como pulverizadores ou fertilizadores de taxa variável, o
que pode ser um investimento significativo para os produtores.

Há desafios na integração de diferentes tecnologias necessárias para a aplicação


em taxa variável. Por exemplo, pode ser difícil integrar sistemas de monitoramento de
culturas, como drones ou satélites, com sistemas de aplicação de insumos de taxa
variável, como pulverizadores ou fertilizadores. A integração inadequada de diferentes
tecnologias pode afetar a eficiência da aplicação em taxa variável e reduzir seus
benefícios potenciais.

184
A aplicação em taxa variável é uma técnica importante na agricultura de
precisão, que permite aos produtores rurais aplicar insumos agrícolas de forma mais
eficiente e sustentável. Com o uso de sistemas de mapeamento e sensoriamento, é
possível ajustar a aplicação de insumos de acordo com as necessidades de cada área da
lavoura, reduzindo custos, aumentando a produtividade e preservando o meio ambiente.
A aplicação em taxa variável representa uma grande inovação na agricultura moderna
e tem o potencial de transformar a forma como produzimos alimentos, tornando a
agricultura mais sustentável e produtiva.

185
LEITURA
COMPLEMENTAR
MÁQUINAS AGRÍCOLAS: ELETRÔNICA A SERVIÇO DO PRODUTOR

Carlos Eduardo Cugnasca e Antonio Mauro Saraiva

Nos últimos anos, a automação na agricultura vem se desenvolvendo


expressivamente. A exemplo de outros setores, a demanda por produtos de qualidade,
em quantidade e a baixos custos é crescente. A competitividade internacional é grande
e, nesse campo, o nosso País vem demonstrando cada vez mais competência. Outras
exigências tendem a se tornar cada vez mais importantes também, como a proteção
ambiental e a preservação dos recursos naturais.

Para atender às novas demandas, várias mudanças vêm ocorrendo, tanto


envolvendo as técnicas de gerenciamento como os equipamentos utilizados. A
agricultura de precisão é um exemplo disso: o conhecimento e a consideração em todo
o processo de planejamento agrícola, da variabilidade espacial e temporal dos fatores de
produção e da própria produtividade, podem trazer vantagens tanto no plano econômico
como no ambiental. De forma simplificada, a agricultura de precisão possibilita que se
aplique em cada ponto do terreno apenas os insumos necessários e, no momento,
quantidades mais convenientes.

Os exemplos mais visíveis dessa evolução podem ser encontrados nas


máquinas agrícolas, como tratores, colheitadeiras, semeadoras, dentre outras. É graças
aos modernos equipamentos que as diversas demandas vêm sendo atendidas. Da
mesma forma que ocorreu na indústria automobilística, as máquinas agrícolas vêm
incorporando a chamada eletrônica embarcada, possibilitando a automação de alguns
procedimentos, monitoração de informações importantes do trator e seus implementos
e o registro de diversas ocorrências para análise futura.

Nos seus aspectos básicos, os tratores apresentam alguma similaridade com ou-
tros veículos, como caminhões, ônibus e veículos de passeio: informações como tempe-
ratura, pressão e nível de óleo, consumo e nível de combustível, rotação do motor, marcha
utilizada, estado do sistema elétrico são importantes tanto para preservar o equipamento
como para avaliar se a sua operação está adequada. Essas informações podem ser úteis,
por exemplo, para o gerenciamento da frota. Além disso, elas possibilitam, através de dis-
positivos atuadores, intervenções automáticas no veículo, simplificando e otimizando a
sua utilização pelo operador, que pode se concentrar mais na tarefa de condução. No
exterior, já são encontrados veículos que são conduzidos sem operador.

186
Em colheitadeiras, por exemplo, têm-se os monitores de colheita, que permitem
acompanhar o rendimento da cultura à medida que se processa a colheita. Com o tem-
po, passaram a incorporar a informação da posição precisa fornecida por um receptor
do Sistema de Posicionamento Global (GPS), de modo a se obter um mapa da colheita,
que pode ser uma poderosa ferramenta para se entender o que se passa no campo, vi-
sando melhorar o desempenho das próximas safras. Cabe ressaltar que a agricultura de
precisão se viabilizou graças ao GPS, e à eletrônica embarcada, que já estava bastante
evoluída quando ele surgiu, possibilitando a sua incorporação nas máquinas agrícolas.

Outro exemplo interessante é o monitor de perdas, que permite medir a quan-


tidade de um produto colhido (como grãos) que está sendo perdida no campo junto
com a palha rejeitada pela colhedora. Com essa informação, o operador pode alterar os
ajustes da máquina, reduzindo as perdas. Em pulverizadores, o controlador ajusta auto-
maticamente a vazão ou a pressão do tanque para que a taxa de aplicação do produto
se mantenha constante, mesmo que a velocidade do veículo se altere. Não fosse assim,
seria aplicado produto demais (desperdício e poluição) ou de menos (menor eficiência).

Nas demais máquinas e implementos, como semeadoras, não é diferente. Numa


semeadora, o monitor permite ao tratorista acompanhar o que se passa em cada linha:
quantas sementes por metro estão sendo depositadas, qual a área já plantada, qual o
rendimento da máquina etc. Em caso de falhas, como o esvaziamento de um depósito ou
o entupimento de um tubo, o equipamento alerta o operador que deve corrigir o problema.

Um único computador de bordo ou uma rede de dispositivos que conversam?


— Tanto nos nossos carros de passeio mais modernos como nos tratores e máquinas
agrícolas, há uma característica comum. Os diversos dispositivos sensoriais e de atuação
se encontram espalhados no equipamento, que podem ser de grandes dimensões.

No passado, os sistemas de automação necessitavam de um computador de


bordo instalado na cabine de operação, e todos os cabos de sensores eram levados até
ele, de onde também saíam os cabos para os atuadores. Não é difícil imaginar a dificuldade
da instalação de tais sistemas: inúmeros chicotes de cabos, muitos conectores e
interferências elétricas, tudo encarecendo sobremaneira qualquer sistema embarcado,
além de dificultar a sua instalação e manutenção. Pode-se imaginar a dificuldade em se
engatar também os chicotes elétricos a cada implemento diferente no trator.

Atualmente, com o baixo custo dos processadores e das redes de computa-


dores, pode-se simplificar tais sistemas, distribuindo-se a inteligência entre diversos
dispositivos: um sistema típico passa a ser constituído por um computador de bordo,
sensores e atuadores inteligentes, e uma rede de comunicação.

As tarefas são distribuídas entre os diversos módulos, cada um realizando parte


da tarefa e comunicando entre si. Os sensores e os atuadores possuem uma inteligência
própria: um pequeno processador efetua a leitura de uma grandeza, faz o pré-tratamento
da informação e a encaminha ao computador de bordo; um atuador pode receber deste

187
a ordem para acionar algum dispositivo. Todos são interligados em um único cabo, que
substitui os diversos chicotes, conectado ao computador de bordo, que possui uma
tela e teclas, constituindo a interface com o operador e que pode comunicar-se com
outro computador externo (por exemplo, ser informado dos locais exatos que devem ser
pulverizados, ou transmitir algum mapa, como o de colheita, associando a cada pedaço
do talhão a respectiva quantidade colhida).

Desafio para os fabricantes é adotar padrão internacional para os dispositivos


já acessíveis. Assim, inúmeras vantagens podem ser identificadas nas formas atuais de
eletrônica embarcada: grande redução do cabeamento e conexões, maior facilidade de
instalação e manutenção, maior confiabilidade e menor custo global do sistema.

A proliferação de sistemas com tecnologia proprietária, ou seja, que não são


compatíveis com sistemas de outros fabricantes, preocupa tanto indústrias como
usuários. Isso ocorre, por exemplo, quando um trator de um fabricante, com o seu
computador de bordo, é conectado a um implemento de outro fabricante, com outra
tecnologia. Nesse caso, haverá a necessidade de se colocar um segundo computador
de bordo para atender ao implemento.

O desenvolvimento e a adoção de um padrão internacional para a rede de


dispositivos embarcados em máquinas agrícolas são desafios a serem perseguidos.
Um padrão deverá definir não apenas os conectores, tipos de cabos e níveis dos sinais
elétricos, mas também as mensagens trocadas entre os diversos elementos da rede.
Com um padrão poderá ser obtida a chamada interoperabilidade: dispositivos de
fabricantes distintos poderão ser conectados diretamente em um mesmo sistema. Por
exemplo, o computador de bordo, os sensores e atuadores, cada um deles poderá ser
produzido por um fabricante diferente, e dispositivos do mesmo tipo, mas de fabricantes
diferentes poderão ser intercambiáveis.

Atualmente, existem algumas iniciativas de padronização em discussão, como


a norma ISO 11.783, e a ISOBUS, sendo esta uma iniciativa que vem sendo conduzida
para viabilizar o desenvolvimento de novos produtos padronizados, com o apoio de
importantes fabricantes. Ela é baseada na ISO 11.783 e visa fornecer uma orientação à
aplicação das normas já estabelecidas e das partes em discussão.

A eletrônica embarcada nos tratores e máquinas tem aumentado ano a ano


seguindo a tendência do mercado inteligente, possibilitando grande melhoria de seu uso
e operação. O custo dessa eletrônica certamente compensa pelos benefícios que ela
traz. Nos próximos anos, essa tendência só deverá aumentar. A agricultura de precisão
é um conceito que só se viabilizou graças à eletrônica embarcada e deverá estimular
ainda mais o seu uso.

A padronização desses equipamentos é uma questão importante. Ao contrário


do que ocorre hoje, espera-se que no futuro seja possível a composição de sistemas

188
com componentes de diversos fabricantes. A pressão do mercado (usuários) certamente
ajudará a motivar a adoção de um único padrão.

No Brasil, embora a maior parte da tecnologia utilizada ainda seja importada,


o número de equipamentos nacionais vem aumentando. Contudo, é necessário maior
esforço no desenvolvimento de tecnologia própria, especialmente àquelas aplicáveis
a culturas não tão globalizadas como são os grãos. A cana-de-açúcar e o café são
bons exemplos. Para essas culturas, o mais provável é que as soluções de eletrônica
embarcada sejam desenvolvidas aqui, passando o Brasil também a participar do
desenvolvimento da tecnologia para o setor.

Fonte: Cugnasca, C. E., Saraiva, A. M. Máquinas agrícolas: eletrônica a serviço do produtor. Revista Agranja.
Disponível em: https://bit.ly/44YEOAm. Acesso em: 27 abril, 2023.

189
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu:

• Tecnologias e ferramentas disponíveis para otimizar a produção agrícola, como o


uso de sensores, drones, sistemas de direção automática, aplicação em taxa vari-
ável, entre outras soluções que permitem monitorar e controlar as atividades agrí-
colas com maior precisão e eficiência. Essas tecnologias podem ser integradas à
gestão da propriedade, desde a coleta e análise de dados até a tomada de decisões
estratégicas. Com a aprendizagem adequada, é possível aproveitar ao máximo os
benefícios da automação agrícola e tornar a produção agrícola mais sustentável e
rentável.

• Diferentes tecnologias disponíveis para otimizar a operação e desempenho das


máquinas e implementos agrícolas. Isso inclui o uso de sensores, sistemas de
telemetria, GPS, automação e controle de operação, entre outras soluções que
permitem um melhor controle e gerenciamento das atividades agrícolas. Entendeu
como essas tecnologias podem ser aplicadas de forma integrada em diferentes
tipos de máquinas e implementos, bem como em diferentes culturas e sistemas
produtivos. Com a aprendizagem adequada, é possível aumentar a eficiência e a
rentabilidade da produção agrícola, além de minimizar os impactos ambientais.

• Soluções disponíveis para automatizar a operação e o controle de direção em


equipamentos agrícolas que inclui o uso de sensores, sistemas de GPS e de telemetria,
além de software e hardware específicos que permitem a automação de diferentes
funções, como a navegação em linhas retas, a curva automática e a direção guiada
por satélite. Como essas tecnologias podem ser integradas em diferentes tipos de
máquinas agrícolas, bem como em diferentes culturas e sistemas produtivos. Com
a aprendizagem adequada, é possível melhorar a eficiência e a precisão do trabalho
agrícola, reduzir custos operacionais e aumentar a produtividade da lavoura.
Além disso, a adoção de sistemas de direção automática também contribui para
a redução do impacto ambiental da atividade agrícola, ao permitir a otimização do
uso de insumos e a diminuição da compactação do solo.

• Diferentes tecnologias e soluções disponíveis para a aplicação de insumos agrícolas


em quantidades variáveis, de acordo com as características específicas de cada
área da lavoura. A adoção de sistemas de aplicação em taxa variável permite um
melhor uso dos recursos naturais, ao garantir que os insumos sejam aplicados de
forma adequada, de acordo com as necessidades de cada área da lavoura.

190
AUTOATIVIDADE
1 A automação agrícola é uma área em constante evolução, com o objetivo de otimizar
os processos agrícolas e reduzir os custos de produção. Nesse cenário, os sistemas de
direção automática surgem como uma das principais tecnologias para a automação
de máquinas agrícolas. Para que se possa compreender melhor essa tecnologia, é
importante entender que ela consiste em um sistema que utiliza sensores e GPS para
controlar a trajetória das máquinas, permitindo que elas sejam operadas de forma
autônoma. Nesse contexto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A tecnologia embarcada em máquinas agrícolas é utilizada apenas para monitorar


a localização das máquinas durante as operações de plantio e colheita.
b) ( ) A tecnologia embarcada em máquinas agrícolas é utilizada apenas para realizar
operações manuais de manejo da lavoura.
c) ( ) A tecnologia embarcada em máquinas agrícolas não traz benefícios para a gestão
da produção agrícola.
d) ( ) A tecnologia embarcada em máquinas agrícolas é utilizada para otimizar a
eficiência e a produtividade das operações agrícolas.

2 A tecnologia embarcada em máquinas e implementos agrícolas tem como objetivo


trazer maior eficiência e produtividade para as operações realizadas no campo. Essa
tecnologia envolve a integração de sensores, softwares e hardware em máquinas e
equipamentos, permitindo uma maior precisão e controle nas atividades agrícolas.
Com base nas informações, analise as sentenças a seguir:

I- A tecnologia embarcada permite o monitoramento em tempo real das condições


climáticas no campo.
II- A tecnologia embarcada auxilia na tomada de decisão dos produtores, baseando-se
em dados coletados e analisados pelas máquinas.
III- A tecnologia embarcada possibilita a aplicação de defensivos agrícolas de forma
mais precisa e controlada.
IV- A tecnologia embarcada não tem utilidade no aumento da eficiência e produtividade
nas operações agrícolas.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a sentença II está correta.


b) ( ) Somente a sentença IV está correta.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.

191
3 Os sistemas de direção automática são tecnologias embarcadas em máquinas agrí-
colas que permitem maior precisão e eficiência nas operações de campo, reduzindo o
tempo de operação e aumentando a produtividade. Além disso, esses sistemas podem
ser integrados a outras tecnologias, como a aplicação em taxa variável. De acordo com
o tema estudado, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Os sistemas de direção automática podem reduzir o tempo de operação das


máquinas agrícolas.
( ) Os sistemas de direção automática permitem maior precisão nas operações de
campo.
( ) Os sistemas de direção automática podem substituir completamente o operador
humano na condução da máquina.
( ) Os sistemas de direção automática podem ser integrados a outras tecnologias,
como a aplicação em taxa variável.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – V – F - V.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) F – F – V – V.

4 A agricultura de precisão tem como um dos seus principais objetivos o uso eficiente
dos insumos agrícolas, reduzindo custos e impactos ambientais. Nesse contexto, a
aplicação em taxa variável é uma técnica que permite ajustar a quantidade de insumos
aplicados em diferentes áreas do campo, de acordo com as necessidades específicas
de cada uma. Diante disso, como a aplicação em taxa variável pode contribuir para
a otimização do uso de insumos na agricultura de precisão? Explique com exemplos
práticos.

5 No contexto da agricultura moderna, a implementação de sistemas de orientação


e automação em máquinas agrícolas tem se mostrado uma prática cada vez mais
comum e relevante. Esses sistemas são compostos por diferentes tecnologias, como o
GPS, sensores e softwares de gerenciamento, que permitem um maior controle sobre
as operações realizadas no campo. Nesse sentido, como os sistemas de orientação
e automação em máquinas agrícolas podem contribuir para aumentar a eficiência e
a produtividade no campo? Explique com exemplos de tecnologias utilizadas nesses
sistemas.

192
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