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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação

Jorge Rufino Fernández Herrera

E STUDO DO ACOPLAMENTO Ó PTICO


POR F IBRAS COM M ICRO - LENTES C ÔNICAS

CAMPINAS
2015
Jorge Rufino Fernández Herrera

E STUDO DO ACOPLAMENTO Ó PTICO


POR F IBRAS COM M ICRO - LENTES C ÔNICAS

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia


Elétrica e de Computação da Universidade Estadual
de Campinas como parte dos requisitos exigidos para
a obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica
na Área de Telecomunicações e Telemática.

Orientador: Hugo Enrique Hernández Figueroa

Este exemplar corresponde à versão final


da dissertação defendida pelo aluno Jorge
Rufino Fernández Herrera, e orientada pelo
Prof. Dr. Hugo Enrique Hernández Figueroa

CAMPINAS
2015
COMISSÃO JULGADORA - DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Candidato: Jorge Rufino Fernández Herrera RA: 144396

Data da Defesa: 30 de novembro de 2015

Título da Tese: “Estudo do Acoplamento Óptico por Fibras com Micro-lentes Cônicas”

Prof. Dr. Hugo Enrique Hernandez Figueroa (Presidente, FEEC/UNICAMP)


Prof. Dr. Daniel Orquiza de Carvalho (UNESP)
Prof. Dr. Lucas Heitzmann Gabrielli (FEEC/UNICAMP)

A ata da defesa, com as respectivas assinaturas dos membros da Comissão Julgadora,


encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.
À MINHA FAMÍLIA
Agradecimentos

Agradeço,
ao Prof. Dr. Hugo Figueroa pela oportunidade de fazer pós-graduação, seu apoio desde minha
chegada ao Brasil e pelos ensinamentos e interessantes discussões na área da óptica e fotônica,
pela amizade e companheirismo;

à Fundação CPqD e à empresa Já! Tecnologia pela ativa contribuição para o presente tra-
balho em especial aos pesquisadores Giovanni Beninca, Alexandre Freitas, Leandro Matiolli,
João Rosolém, Yesica Rumaldo, Adriana Cáceres e Tomás Villena por compartilhar seus co-
nhecimentos;

ao pessoal do DECOM, professores Lucas H. Gabrielli e Luciano Prado, pelos valiosos en-
sinamentos deste emocionante campo de pesquisa, aos colegas do laboratório José Angel, Juan
Pablo, Leonel Pita, Claudio e Roger pela gratificante companhia;

à minha família, minha mãe Sara e meu pai Juan, aos quem devo minha existência e meu
desenvolvimento até agora, e aos meus irmãos Juan e Fiorella, pelo apoio o tempo todo, bem
como a Marleny, pelo companheirismo, apoio e paciência nesta fase da minha vida;

ao povo brasileiro e à República Federativa do Brasil pelos grandes momentos inesquecí-


veis e aprendizagem que deixam na minha memória, bem como o apoio financeiro da CAPES
e CNPq;

aos eternos amigos Juan Sebastián, Akira, Arley, Renzo Fabián, Leonid, Carlos Donizete e
Sérgio Ribeiro, pelos bons momentos compartilhados ao longo destes anos.
Temos de sonhar, mas com a condição de acreditar em
nossos sonhos. Examinando cuidadosamente a vida
real para confrontar a nossa observação com os nossos
sonhos, e escrupulosamente cumprir a nossa fantasia.

V.I.Lenin
Resumo

Este trabalho apresenta um amplo estudo sobre a funcionalidade e caracterização


das fibras com microlentes cônicas e seu desempenho no acoplamento lateral com
chips ópticos. Nos últimos anos o desenvolvimento de dispositivos fotônicos basea-
dos no fluxo de fabricação CMOS impulsionou fortemente a manufatura e pesquisa
nestes tipos de chips. O atual desenvolvimento é também promovido pela ampla
gama de aplicações que essa tecnologia pode assistir, desde aplicações biomédicas
até de sensoriamento, passando pelas telecomunicações de alta taxa e de computa-
ção.
Nesse cenário, a presente dissertação constitui uma contribuição no estudo do
acoplamento lateral focado nas fibras com microlentes cônicas, tanto em sua carac-
terização depois da fabricação, quanto nas limitações, vantagens e performance no
acoplamento com um chip óptico.

Palavras-chave: Fibras óticas, Acoplamento efetivo, Microlentes, Fotônica inte-


grada, Guía de ondas óticas.
Abstract

This work presents a broad study about the functionality and characterization of
fibers with conical microlenses and his performance in the lateral coupling with
optical chips. In recent years the development of photonic devices based on CMOS
fabrication flow strongly impelled manufacture and research in this type of chip.
The current development is also promoted by the wide range of applications that
this technology can attend, from biomedical applications to sensing, high rate tele-
communications and computing.
In this scenario, this dissertation is a contribution to the study of edge coupling
focused on conical lensed fibers, both in its characterization after manufacturing,
and in the constraints, advantages and performance in the coupling between the
fiber and the chip.

Keywords: Optical fibers, Effective coupling, Microlens, Photonic integrated, Op-


tical waveguide.
Lista de Figuras

1.1 Ilustração em escala do problema de acoplamento: grande diferença entre as


dimensões modais do guia (à esquerda) e da fibra (à direita). . . . . . . . . . . 14
1.2 As duas estruturas de acoplamento fibra-chip óptico [1]. À esquerda o acopla-
mento frontal. À direita, acoplamento por cima. . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.3 Dimensões típicas para ambos os tipos de estruturas [1]. . . . . . . . . . . . . 15

2.1 Seção longitudinal da transmissão óptica numa superfície curvada. . . . . . . . 19


2.2 Neste caso, o objeto encontra-se dentro da região com índice nL . . . . . . . . . 20
2.3 Modificações das dimensões do feixe gaussiano através de uma lente com dis-
tância focal f . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Focagem de um feixe gaussiano. A localização da cintura do feixe focado à
direita é próxima ao foco da lente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.5 Esquema geral do feixe gaussiano e seus principais parâmetros. . . . . . . . . . 23
2.6 Tipos de tapers adiabáticos: (a) 2D taper (b) taper linear 3D (c) taper escada e
(d) taper invertido [2]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.7 Dimensões do modo fundamental (largura e altura) segundo o valor da largura
do guia [2]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.8 Modelagem da microlente cônica para simulação. O núcleo apresenta um maior
índice de refração em relação à casca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.9 Efeitos da lente sobre o modo propagante na fibra óptica. . . . . . . . . . . . . 29
2.10 (a) Diâmetro do modo fundamental numa fibra monomodo (b) Seção transversal
do modo na posição focal da microlente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.11 (a) Diâmetro do MFD ao longo do eixo z. A posição z = 0 indica a ponta da
microlente (b) Intensidade do campo elétrico no mesmo eixo de propagação,
sendo que no foco se produz a concentração máxima. . . . . . . . . . . . . . . 30
2.12 (a) Cintura do feixe e distância de trabalho para valores de ROC entre 5 e 25µ m.
Ângulo do cone constante em 90◦ . (b) Valores de transmissão para a mesma
faixa de valores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.13 (a) Cintura do feixe e distância de trabalho para valores de ângulo de cone entre
80 e 100◦ . ROC constante em 10µ m. (b) Valores de transmissão para a mesma
faixa de valores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.14 Imagem do taper 2D de silício sobre uma substrato de Sílica. O overcladding
também é de Sílica para simulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.15 Perfis modais da intensidade de campo elétrico |E|, para guias de onda com dife-
rentes larguras (a) Largura convencional de 500nm (b) Caso de 250nm (c)200nm
(d)150nm (e)100nm e (f)50nm. Quanto menor a largura do guia, maior a quan-
tidade da energia transmitida na casca. Comprimento de onda: 1550nm. . . . . 32

3.1 Diagrama da microlente cônica descrita com os principais parâmetros. . . . . . 33


3.2 Fluxo do procedimento para a fabricação das microlentes cônicas. . . . . . . . 34
3.3 Arranjo experimental para polimento de fibras ópticas. . . . . . . . . . . . . . 35
3.4 Detalhe do processo de polimento na formação do cone. O processo é repetido
com a lixa de 1µ m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.5 Fotografias da máquina de emenda e das configurações disponíveis que afetam
a geração do ROC na fibra óptica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.6 (a) Arranjo experimental de caracterização com o Radiômetro Goniométrico.
(b) Detalhe da posição da microlente na entrada do equipamento. . . . . . . . . 38
3.7 (a) Perfil do feixe nos eixos vertical e horizontal capturados com o Radiômetro.
(b) Perfil transversal do feixe de campo distante da microlente. . . . . . . . . . 38
3.8 Reconstrução tridimensional do feixe na saída da fibra com microlente cônica. . 39
3.9 Perfis dos feixes das fibras com microlente (a) Fib1, (b) Fib2, (c) Fib3, (d) Fib4,
(e) Fib5 e (f) Fib6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.10 Perfis dos feixes das fibras com microlente (a) Fib7, (b) Fib8, (c) Fib9, (d) Fib10. 41

4.1 Máquina alinhadora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43


4.2 Vista superior do alinhamento entre duas fibras e detalhe dos microposicionadores. 43
4.3 (a) Chip visto pela câmera de monitoramento. (b) Layout do chip. . . . . . . . 44
4.4 Esquema experimental onde é medida a perda total do arranjo. . . . . . . . . . 44
4.5 (a) Perdas medidas usando as fibras 0002-0012. (b) No caso das fibras 0017-0013. 45
4.6 Perdas de acoplamento fibra-chip para cada fibra com microlente fabricada en-
tre Fib1 e Fib6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.7 Perdas de acoplamento fibra-chip para cada fibra com microlente fabricada en-
tre Fib7 e Fib10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.8 (a) Relação entre a perda de acoplamento (dB) e o diâmetro do feixe (MFD) (b)
Relação da abertura numérica versus o MFD para cada fibra (λ = 1550nm). . . 48
4.9 Valores da cintura do feixe para as fibras com microlentes produzidas. Os va-
lores foram obtidos a partir das equações teóricas, as simulações e as medidas
apresentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.10 Valores da distância de trabalho obtidas pela equação (2.3) e pelas simulações. . 50
4.11 Perda dependente da polarização, medidas com as Fib1-Fib6. . . . . . . . . . . 51
4.12 Perda dependente da polarização, medidas com as Fib7-Fib10. . . . . . . . . . 52
4.13 Curvas de perda por desalinhamento das Fib1-Fib6. . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.14 Curvas de perda por desalinhamento das Fib7-Fib10. . . . . . . . . . . . . . . 54
4.15 Relação entre o MFD da microlente com o desalinhamento para uma perda de
3dB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

5.1 Efeitos da modificação da geometría da lente cônica para as propriedades ópticas. 58


Lista de Acrônimos e Notação

AN Apertura Numérica
AR-coating Anti-Reflection Coating
MFD Mode Field Diameter
CMOS Complementary metal-oxide-semiconductor
PDL Polarization dependent loss
PIC Photonic Integrated Circuit
PVC Policloruro de Vinilo
SOI Silicon on Insulator
SMF Single Mode Fiber
TE Transversal Electric
TM Transversal Magnetic
ROC Radius of Curvature
Sumário

1 Introdução 13
1.1 Contexto de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Objetivos e organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 Publicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2 Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 18


2.1 Principais aspectos do acoplamento lateral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 Simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3 Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 33


3.1 Processo de fabricação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4 Análise experimental do acoplamento fibra-chip 42


4.1 Setup de caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.2 Medidas de acoplamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.3 Medidas da perda dependente da polarização - PDL . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.4 Efeitos do desalinhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

5 Comentários finais e conclusões 56


5.1 Comparação com outros trabalhos publicados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.2 Conclusões e trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Bibliografia 59
Capítulo 1. Introdução 13

Capı́tulo 1
Introdução

O presente estudo expõe uma análise experimental sobre o uso das fibras com microlentes
como parte das estruturas de acoplamento fibra-chip óptico. Ao longo da dissertação serão
discutidos tanto os aspectos teóricos e de simulação quanto os procedimentos experimentais,
que fazem parte da análise, discussões e conclusões apresentadas.
Nesta introdução, começamos com uma breve discussão sobre o contexto de pesquisa atual
e generalidades relativas aos circuitos integrados fotônicos, o problema de acoplamento e apre-
sentação dos objetivos da dissertação assim como a organização do trabalho.

1.1 Contexto de pesquisa


Na procura de alcançar altas taxas de transmissão sob uma rede completamente óptica,
os dispositivos fotônicos constituem uma interessante alternativa para o processamento dire-
tamente no domínio óptico, fornecendo uma alta integração e miniaturização. A fotônica de
silício aparece como uma grande oportunidade para, além da alta integração, ter a capacidade
de reutilizar os bem conhecidos processos de manufatura da industria microeletrônica, em par-
ticular sob a linha de produção CMOS [2–4].
Assim, uma variedade de dispositivos têm sido desenvolvidos nesta plataforma, sendo ava-
liados a sua largura de banda, qualidade, compatibilidade com processos de fabricação conheci-
dos e facilidade no encapsulamento. O desenvolvimento de diferentes dispositivos nanofotôni-
cos para telecomunicações como moduladores e divisores de polarização [5–8], é uma amostra
do atual momento no qual a tecnologia fotônica se encontra em um amplo processo de desen-
volvimento, além de uma grande variedade de outras aplicações industriais [9–11].
Desde uma perspectiva sistêmica, fazer a integração de componentes baseados em nano-
estruturas com o entorno têm sido abordado fornecendo interfaces confiáveis. Assim, as etapas
de montagem e encapsulamento representam a etapa final, além de fundamental para transfor-
mar os componentes fotônicos em módulos funcionais para uma rede ou sistema [4]. Nesta
etapa final, torna-se tema particularmente relevante a estrutura de acoplamento entre o guia de
onda nanofotônico e a fibra óptica, a qual apresenta dois desafios principais: a grande perda de
acoplamento entre o guia e a fibra, e a complexidade que possa ter a estrutura para sua viabili-
dade na fabricação, visando baixos custos na manufatura e alta repetitividade e confiabilidade.
Enquanto ao acoplamento o desafio é devido ao grande descasamento de modos entre uma
Capítulo 1. Introdução 14

fibra monomodo convencional (SMF do inglês Single Mode Fiber) e um guia de onda fotônico.
Na Figura 1.1, pode-se verificar a grande diferença entre as dimensões geométricas do guia e
da fibra, o que produz perdas de acoplamento superiores a 25dB no caso do acoplamento lateral
direto (tipo butt-coupling). Este tipo de acoplamento tem a estrutura mais simples, mas pelas
altas perdas torna-se inviável para aplicações reais [2, 4, 12].

Figura 1.1: Ilustração em escala do problema de acoplamento: grande diferença entre as dimen-
sões modais do guia (à esquerda) e da fibra (à direita).

Nesse contexto, têm aparecido muitas propostas de estruturas de acoplamento eficientes, as


quais são classificadas majoritariamente em duas estruturas fundamentais [2, 12]:

• Acoplamento vertical: fora do plano, também chamado acoplamento por cima (Surface
Coupling);

• Acoplamento lateral: no plano, também chamado acoplamento frontal (Edge Coupling).

A Figura 1.2 mostra, em termos gerais, a estrutura para os dois casos de acoplamento, as-
sim como a Figura 1.3, as dimensões típicas em ambos os casos, o comprimento do taper no
caso do acoplamento frontal e de uma grade. No caso do acoplamento vertical, acopladores
baseados em estruturas de grade tem sido amplamente utilizados. Fazendo uso de estruturas
periódicas que permitem um redirecionamento do feixe no sentido do guia de onda, atingem
baixas perdas de acoplamento e estão continuamente em desenvolvimento. Contudo o acopla-
mento por grade ainda apresenta algumas limitações como dependência da polarização e pouco
controle das reflexões difíceis de combater, além de estabelecer certo nível de complexidade
para o encapsulamento.
As estruturas de acoplamento lateral ou acoplamento frontal são estruturas que modificam
as dimensões modais para um melhor casamento. Destacam-se o uso de tapers invertidos e o
Capítulo 1. Introdução 15

Figura 1.2: As duas estruturas de acoplamento fibra-chip óptico [1]. À esquerda o acoplamento
frontal. À direita, acoplamento por cima.

Figura 1.3: Dimensões típicas para ambos os tipos de estruturas [1].

uso de fibras com microlentes. As fibras com microlentes neste caso desempenham a função de
reduzir o diâmetro modal da fibra óptica para torná-lo compatível com as dimensões do modo
na entrada do taper no chip. O uso de cobertura anti-reflexão faz das fibras com microlentes
componentes com baixa perda por reflexão.
Embora, as estruturas de encapsulamento sejam mais simples que no caso do acoplamento
vertical, a precisão do alinhamento entre a fibra com microlente e o taper torna-se um fator
crítico para a eficiência do acoplamento frontal e do encapsulamento do dispositivo.
Uma relação entre as vantagens e desvantagens das estruturas de acoplamento descritas é
apresentada na Tabela 1.1.
Atualmente, o Polo Tecnológico sediado em Campinas trabalha no desenvolvimento de cir-
cuitos integrados fotônicos para telecomunicações, incluindo a pesquisa de estruturas de acopla-
mento eficiente. Fazendo uso da experiência na produção de microlentes a partir de processos
de polimento na fibra óptica, a alternativa de acoplamento frontal está sendo usada e aprofun-
dada visando obter um amplo controle na fabricação e caracterização de fibras com microlentes
para acoplamento.
Nesse contexto, foi sido desenvolvida esta dissertação na procura de abordar estas preocu-
pações e complementar o estudo de estruturas eficientes de acoplamento para o encapsulamento
de dispositivos fotônicos.
Capítulo 1. Introdução 16

Acoplamento frontal Acoplamento por cima


Vantagens - Ampla largura de banda óp- - Alinhamento mais simples
tica - Custo-benefício - sem pós-
- Polarizações TE/TM processamento
- Conhecidas técnicas de en- - Posicionamento flexível no
capsulamento de laser e mo- design, compacto
duladores - Possibilidade de automa-
- Possibilidade de automa- tização na medida escalada
tização na medida escalada chip/wafer
chip/wafer
- Alta eficiência
Desvantagens - Complexidade no alinha- - Limitada largura de banda
mento (tamanho modal pe- óptica
queno) - Dificuldade em atingir alta
- Fabricação mais complexa eficiência de acoplamento
(ex.: polimento de face la- (perdas maiores que 3dB)
teral, tapers para expansão - Incidência vertical dificulta
do modo, acesso à borda do o encapsulamento
chip)

Tabela 1.1: Comparações do acoplamento frontal e acoplamento por cima [1].

1.2 Objetivos e organização do trabalho


Levando em conta o exposto anteriormente, este trabalho tem por objetivo desenvolver uma
análise experimental detalhada das fibras com microlentes como estruturas de acoplamento,
visando obter conclusões relativas ao seu uso para acoplamento com PICs (Photonic Integrated
Circuits). Os principais parâmetros que afetam o desempenho das fibras com microlente são
identificados e analisados para estabelecer a relação entre o desempenho do acoplamento com
esses parâmetros. As relações e conclusões obtidas serão aplicadas para a produção comercial
das fibras com microlentes baseadas na técnica de polimento sob uma forma controlada, a se
mencionar nos próximos trabalhos relativos a essa linha de pesquisa.
O Capítulo 2 apresenta uma introdução geral aos conceitos básicos da teoria óptica relativa
ao acoplamento fibra-chip como o efeito de convergência em feixes gaussianos e sobre o casa-
mento modal, aspectos ópticos relativos ao papel das microlentes e também alguns efeitos dos
fatores que afetam as microlentes obtidos mediante simulação. O Capítulo 3 expõe os proces-
sos experimentais desenvolvidos para a fabricação e caracterização das fibras com microlentes
cônicas e o ambiente experimental onde foram desenvolvidos. No Capítulo 4 é desenvolvida
a caracterização experimental do acoplamento chip-fibra com microlente, a forma com que foi
realizada e os resultados obtidos, tanto em relação a eficiências de acoplamento atingidas como
a tolerância ao desalinhamento. Finalmente, no Capítulo 5, são apresentadas as conclusões,
comparações com outros trabalhos, comentários e perspectivas para trabalhos futuros.
Capítulo 1. Introdução 17

1.3 Publicações
Foi apresentado o póster:
"Lensed Fiber for Coupling to Photonic Waveguide"
Jorge R.F. Herrera and Hugo E. Hernández-Figueroa
International School on Laser - John Siegman. Amberg, Germany 2015. Optical Society.
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 18

Capı́tulo 2
Acoplamento lateral usando fibras com
microlentes

Como foi exposto no Capítulo 1, o presente trabalho vai focar-se no estudo de acoplamento
frontal ou lateral. Este tipo de acoplamento é baseado em estruturas conversoras do diâmetro
do spot que permitem reduzir ou incrementar as dimensões do modo conforme seja o interesse,
com uma baixa perda.
Neste capítulo, são descritos os componentes do acoplamento, tanto desde uma descrição
teórica da sua funcionalidade quanto os resultados de simulações que foram obtidos usando
o software Lumerical. Além disso, são apresentadas algumas métricas importantes a serem
levadas em consideração, em nosso caso, em relação à caracterização do acoplamento.

2.1 Principais aspectos do acoplamento lateral


2.1.1 Microlentes cônicas em fibras ópticas
As lentes, em geral, constituem uma parte muito importante no desenvolvimento dos sis-
temas ópticos. O estudo e utilidade das propriedades das lentes, baseados no seus efeitos re-
frativos datam da Idade Antiga, onde já Aristófane no ano 424 a.C. fez alusão a componentes
de vidro que permitem produzir o fogo. Posteriormente, com o decorrer dos séculos diversos
personagens foram utilizando e desenvolvendo estes componentes. No século XIII, Francis
Bacon, considerado um dos primeiros cientistas da história, propõe usá-los como elementos
corretores da visão, especulando até mesmo na possibilidade do desenvolvimento de telescó-
pios [13]. Nos séculos XVI e XVII, o desenvolvimento e uso de telescópios e microscópios
foram impulsionados por conhecidos cientistas como Galileo Galilei, Dutchman Zacharias e
Johannes Kepler. A abordagem do fenômenos mediante métodos mais analíticos como a Lei
de Refração de Snel e o Principio de Menor Tempo de Fermat, marcaram grandes momentos
no desenvolvimento da Óptica como ciência promissora. No século XX, já com uma riqueza
de conhecimento acumulado em referência à modelagem de propagação na luz, a descrição de
muita variedades de efeitos refrativos para diferentes tipos de lentes e o grande avanço enquanto
à compreensão das ondas eletromagnéticas permitiram desenvolver sistemas ópticos mais com-
plexos para uma maior quantidade de aplicações tecnológicas adicionados ao desenvolvimento
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 19

de outros elementos ópticos como: fotodiodos, lasers e guias de onda; além do aprimoramento
de métodos de fabricação e disponibilidade de materiais.
A partir de um critério básico, as lentes estão constituídas por uma ou mais superfícies
curvadas que dividem uma zona com diferente índice de refração do meio, produzindo desvios
na direção de propagação dos feixes de uma forma controlada [14]. A partir da análise da
refração sob superfícies curvadas, pode-se identificar o caráter da lente e sua função óptica, por
exemplo no caso das lentes convexas (convergentes) ou côncavas (divergentes).

Figura 2.1: Seção longitudinal da transmissão óptica numa superfície curvada.

A Figura 2.1 apresenta uma seção longitudinal do fenômeno de refração numa superfície
curvada. Os raios emergem a partir do objeto O, situado num meio com índice de refração n0
e numa distância So da interface, a qual refrata na superfície esférica para incidir no ponto I
no meio com índice de refração nL em uma distância Si da interface. A superfície curvada da
lente apresenta uma forma circular de raio de curvatura R, centrado no ponto C. Assim, pode-se
estabelecer em primeiro lugar a relação conhecida como Principio de Fermat, o qual estabelece
que "a trajetória percorrida pela luz ao se propagar de um ponto a outro é tal que o tempo gasto
em percorrê-la é um mínimo". Uma consequência deste princípio é expressado mediante a Eq.
2.1.

n0 do + nL di = constante (2.1)
Trabalhando com as respectivas relações geométricas e levando em conta a aproximação
paraxial, que estabelece considerar os raios ópticos cujo percurso se encontra mais próximo ao
eixo óptico (θ muito pequeno, sin(θ ) ≈ θ , do ≈ So e di ≈ Si ), é possível deduzir a Eq. 2.2 [14].

n0 n L 1
+ = (nL − n0 ) (2.2)
So Si R
Para uma maior aproximação ao nosso caso, a Figura 2.2 apresenta a imagem equivalente
da Figura 2.1 para uma superfície curva onde o objeto se encontra na região com índice de
refração nL . Esta situação, que representa melhor as condições de propagação à saída de uma
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 20

fibra óptica com lente, permite identificar algumas características ópticas importantes como a
distância focal e a sua dependência com o raio de curvatura.

Figura 2.2: Neste caso, o objeto encontra-se dentro da região com índice nL .

Com alguma tolerância, podemos considerar o modo fundamental na fibra óptica como uma
onda plana propagando-se no núcleo, então substituindo na Equação 2.2 a posição do objeto O
no infinito obtemos a expressão 2.3 para o foco da lente, com nL = n e n0 = 1.
R
f = Si = (2.3)
n−1
É importante notar que essa aproximação para uma fibra óptica não é totalmente precisa
desde a consideração de uma propagação "perfeitamente plana"do modo fundamental e também
segundo o valor do raio R em relação ao MFD (Mode Field Diameter) pode introduzir condições
um pouco distantes da aproximação paraxial.
Embora o modelo de raios para a propagação da luz é útil para a compreensão e cálculo
de numerosos fenômenos ópticos, para outros é necessário a consideração da propagação da
luz sob o conceito de feixes gaussianos. Este caso é de interesse particular quando abordamos
detalhes de procedimentos como a focagem e a colimação.
A equação do feixe gaussiano aparece como uma solução especial para a equação de Helmholtz
sob a consideração de uma onda paraxial no sentido da propagação [14, 15]. A expressão da
solução que define um feixe gaussiano é apresentado em 2.4.
     
W0 r2 r2
ψ (r) = ψ0 exp − 2 exp jk(z + ) e− jφ (z) (2.4)
W (z) W (z) 2R(z)
Onde os parâmetros podem ser resumidos na seguinte relação:

• Direção de propagação z;
p
• Parâmetro radial r = x2 + y2 ;

• Meia largura do feixe W (z) (m), com seu valor mínimo W0 (m);

• Raio de curvatura do feixe R(z) (m) e


Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 21

• Deslocamento de fase de Gouy φ (z) (rad).

Algumas referências sobre o tema de feixes gaussianos e suas principais características po-
dem ser encontrados em [14, 15]. Uma importante propriedade desses feixes é que enquanto
alguns parâmetros podem mudar como o diâmetro da cintura do feixe de 2W0 , a profundidade
focal de 2z0 e o Raio de Curvatura na posição z de R(z), a forma funcional se mantém gaussiana.
Podemos considerar a transmissão de um feixe gaussiano através de uma lente convexa
como apresentado na Figura 2.3, o feixe incidente da esquerda têm um raio de curvatura RL e
uma largura e uma cintura do feixe de 2W0L na posição zL , o feixe transmitido na direita têm
um raio de RR relacionado com o valor da distância focal f da lente mediante a expressão 2.5.

Figura 2.3: Modificações das dimensões do feixe gaussiano através de uma lente com distância
focal f .

1 1 1
+ = (2.5)
RL RR f
Na equação acima foram considerados positivos os valores dos raios em ambos os lados da
lente. A partir desta relação e seguindo a referência [14], podem-se calcular a posição zR da
cintura do feixe e o valor de sua largura 2W0R mediante as expressões 2.6 e 2.7.

2W0L
2W0R = r (2.6)
πW 2 2
1 + ( λ R0L
R
)
RR
zR = (2.7)
1 + ( πλWRR2 )2
0L

A principal intenção desse trabalho está relacionado à focagem do feixe gaussiano produ-
zido por uma lente convergente, tal como acontece no caso das microlentes cônicas em fibras
ópticas. Nesse sentido, a aproximação para este caso é considerar um feixe gaussiano incidente
com uma longa profundidade de foco e cuja cintura do feixe seja localizado convenientemente
na posição da lente, como é apresentado na Figura 2.4.
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 22

Figura 2.4: Focagem de um feixe gaussiano. A localização da cintura do feixe focado à direita
é próxima ao foco da lente.

Realizando as aproximações do caso, chega-se na expressão 2.8.

fλ 1
2W0R ≈ 2 (2.8)
π W0L
A localização do ponto focal a partir da ponta ou do vértice da lente, posição onde apro-
ximadamente encontra-se a cintura do feixe da lente, também é chamado na literatura como
distância de trabalho [16, 17].
Outro parâmetro óptico importante do feixe, na saída da lente, é a Abertura Numérica (AN).
A AN, medida no campo distante do feixe, pode ser relacionada diretamente ao valor da cintura
do feixe. Na Figura 2.5, é indicado o significado físico da AN como a metade do ângulo de
divergência do feixe, sendo o valor exato da AN o seno daquele, no entanto para a aproximação
paraxial a consideração apresentada é válida, onde sen(θ ) ≈ θ .
Também, conforme o gráfico, como parte da definição dos feixes gaussianos se têm a ex-
pressão 2.9 [15].
s
λz 2
wz = w0 1 + ( 2 ) (2.9)
π w0
No campo distante, z é grande pelo qual se considera a desigualdade 2.10.

z λz
= ≫1 (2.10)
zR π w20
Levando em conta tan(θ ) ≈ θ pelo qual θ = w(z)/z, onde substituindo a desigualdade 2.10
chega-se à expressão da Abertura Numérica em relação à cintura do feixe e o comprimento de
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 23

Figura 2.5: Esquema geral do feixe gaussiano e seus principais parâmetros.

onda 2.11 [18].

λ
θ= (2.11)
π w0

2.1.2 Taper adiabático


O alto confinamento de guias de onda integrados é uma grande vantagem para a miniaturi-
zação dos dispositivos fotônicos, mas também envolve grande dificuldade na hora de transferir
o sinal para o "mundo exterior"mediante as fibras ópticas. Os guias de onda para a fotônica
em silício têm dimensões tipicamente na ordem de 500x220nm, implicando dimensões modais
nessa escala.
O acoplamento lateral de contato direto entre uma fibra monomodo (diâmetro modal da
ordem 10µ m) e um guia de onda destas dimensões, chamado acoplamento traseiro (butt cou-
pling) [12], produz alta perda da ordem de 25dB. A fim de aumentar a dimensão do modo do
guia de ondas, um conversor de tamanho do modo é utilizado, neste caso mediante um taper
invertido.
Fazendo uso de uma lenta e gradual modificação da largura do guia de onda, pode-se obter
um incremento suficientemente adequado da dimensão modal para atingir uma baixa perda de
acoplamento com a fibra óptica. Com uma variação suficientemente lenta, para-se considerar
como um processo adiabático, sendo minimizados os problemas de reflexão ou espalhamento
(scattering) [2].
A Figura 2.6 apresenta quatro tipos de estruturas conhecidas para conversão modal mediante
taper. O taper-2D, Fig. 2.6(a), consegue uma expansão do modo no sentido horizontal, mas no
sentido vertical a dimensão modal é mantida, resultando num descasamento. As propostas das
Figs. 2.6(b) e (c) promovem uma expansão adicional no sentido vertical baseadas em estruturas
de tapers 3D, mas as exigências de fabricação fazem dessas propostas complexas para conseguir
compatibilidade com o fluxo de processo CMOS. Na Fig. 2.6(d), é apresentada uma proposta
mais atrativa, o taper invertido. Essa estrutura reduz a largura do guia de onda, que torna-se
incapaz de manter um confinamento do modo produzindo uma expansão modal. Nesta estrutura,
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 24

é muitas vezes complementado com um revestimento que constitui um segundo guia, de baixo
índice, que retoma o papel de confinamento da luz.

Figura 2.6: Tipos de tapers adiabáticos: (a) 2D taper (b) taper linear 3D (c) taper escada e (d)
taper invertido [2].

Na Figura 2.7, são mostradas as curvas das dimensões modais com as modificações das lar-
guras. Para larguras menores que 300nm, as dimensões modais crescem de forma vertiginosa.
Neste sentido, muitas estruturas de acoplamento baseadas em tapers invertidos têm sido desen-
volvidas na literatura apresentando baixa perda e alta performance no acoplamento [19–21].
Para conseguir uma expansão modal adiabática, o taper precisa de comprimentos longos,
tipicamente entre os 100 a 300µ m. Para reduzir este comprimento, perfis de tapers otimizados
são propostos, deixando de lado o uso dos tapers lineares e substituindo-os por taper invertidos
de perfil exponencial ou quadrático [22]. Mesmo assim, as dimensões finais do taper no chip vão
apresentar também uma dependência do perfil modal presente na fibra óptica, seja monomodo
padrão (clivada) com MFD de ordem de 10µ m ou com uma fibra com microlente onde o MFD
é menor.

2.1.3 Métricas para o acoplamento lateral


A solução de acoplamento pode ser avaliada levando em conta diferentes parâmetros. No
presente trabalho são considerados a perda de acoplamento, dependência da polarização e tole-
rância ao desalinhamento. As medições destes três parâmetros fornecem uma boa caracteriza-
ção do acoplamento, mas de um ponto de vista mais geral, como desde o próprio planejamento
da estrutura, podem-se considerar outros parâmetros adicionais como densidade, área do chip e
complexidade de processamento [2]. A seguir encontra-se uma breve exposição dos parâmetros
a considerar.
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 25

Figura 2.7: Dimensões do modo fundamental (largura e altura) segundo o valor da largura do
guia [2].

Eficiência de acoplamento

Podemos considerar o processo de excitação dos modos em um guia a partir de uma fonte
externa. Nem toda a potência incidente no extremo do guia irá acoplar-se completamente aos
modos de propagação do guia. Parte desta potência incidente é refletida como produto da di-
ferença de índices de refração dos meios e outra parte acaba excitando os modos de radiação
do guia [23]. Assim, a potência de maior interesse é aquela que se vai acoplar aos modos de
propagação do guia. No caso de um guia monomodo, a ênfase é posto no cálculo da quantidade
de energia acoplada ao modo fundamental.
A fração de potência transmitida através de uma interface é dada mediante o coeficiente de
transmissão de potência de Fresnel T, apresentada na expressão (2.12).

4n1 n2
T= (2.12)
(n1 + n2 )2
Onde n1 e n2 representam os índices de refração dos meios. Esta expressão é conseguida sob
as condições de acoplamento lateral, isto é, a luz têm uma incidência normal na interface [23]
[12]. No caso da presença de propagação não normal entre os meios, deverão ser conduzidos
cálculos mais complexos, frente aos quais o uso de simuladores é recomendável.
Neste caso, também, é importante conhecer a eficiência de acoplamento entre o modo inci-
dente da fonte com o modo a ser propagado no guia. Esta relação é chamada de casamento de
modo e é obtida mediante a integral de superposição.
Para chegar à expressão da integral de superposição, vai-se partir do critério da expansão
dos campos, sob a qual o campo elétrico e magnético propagantes no guia de onda pode-se
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 26

expressar como uma soma finita de modos de propagação da guia obtidos como soluções das
equações de Maxwell livre de fontes [23]. Isto além do componente que representa as potências
não guiadas (radiadas) e que, conjuntamente com a expressão do componente guiado, podem
representar qualquer valor de campo no guia.

E(x, y, z) = ∑ a j E j (x, y, z) + ∑ a− j E− j (x, y, z) + Erad (x, y, z) (2.13)


j j

H(x, y, z) = ∑ a j H j (x, y, z) + ∑ a− j H− j (x, y, z) + Hrad (x, y, z) (2.14)


j j

Onde j = 1, 2, ..., M. Sendo M o número total de modos de propagação no sentido pro-


pagante expressado no primeiro somatório (+z) ou contra-propagante, expressado no segundo
somatório (−z).
Para determinar a amplitude a j de um modo, nas expressões 2.13 e 2.14 é importante reco-
nhecer a condição de ortogonalidade obtida baseada no teorema de reciprocidade das equações
de Maxwell. Levando em conta a notação e e h como as componentes independentes de z das
expressões de E e H, esta condição pode se expressar como 2.15.
Z Z
e j × h∗k · b
zdA = e∗k × h j · b
zdA = 0; | j| 6= |k|, (2.15)
A∞ A∞
Onde A∞ é a seção transversal infinita, * denota o complexo conjugado e z é o vetor unitário
paralelo ao eixo do guia de onda.
Outra expressão importante é a normalização N j para o modo j, expressa em 2.16.
Z
1
Nj = e j × h∗j · b
zdA (2.16)
2 A∞
Agora, na situação de um campo externo incidente na interface de um guia, as expressões
transversais dos campos, Et e Ht podem ser representadas como o somatório dos modos de
propagação no sentido +z e mais os componentes de radiação no plano da interface. A condição
de continuidade nas componentes transversais dos campos na interface é expressa mediante :

Et (x, y) = ∑ a j et j (x, y) + Etr (x, y) (2.17)


j

Ht (x, y) = ∑ a j ht j (x, y) + Htr (x, y) (2.18)


j

Levando-se em conta a condição de ortogonalidade entre os modos e com os campos de


radiação, tomamos o produto vectorial em 2.17 com htk∗ e em 2.18 com e∗ . Assim, essas
tk
expressões reduzem-se a:
Z Z
1 1
aj = Et × ht∗j · b
zdA = et∗j × Ht · b
zdA (2.19)
2N j A∞ 2N j A∞

A potência de cada modo é expressa mediante:


Z
1 2 2
Pj = a j zdA = a j N j
e j × h∗j · b (2.20)
2 A∞
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 27

Assim, considerando o modo propagante como o modo fundamental do guia e1 , h1 e o


modo incidente da fonte com as expressões E2 , H2 . A eficiência do casamento de modo pode-
se expressar mediante:
P1
n= (2.21)
Pinc
Onde P1 é a potência propagante no modo fundamental e Pinc é a potência incidente. Subs-
tituindo as expressões de 2.20 e 2.19, a formulação da integral de superposição fica como:
R ∗ zdA 2


A∞ Et2 × ht1 · b
n = R
∗ zdA · Re
R ∗ zdA
(2.22)
A∞ e1 × h1 · b A∞ E2 × H2 · b

Polarização

Dentro de uma fibra óptica monomodo, dois modos com polarizações ortogonais (chamados
de modos degenerados) podem viajar simultaneamente. Embora, na maioria dos casos é dese-
jada a propagação de só um deles (modo TE ou modo TM), os quais além disso, apresentam
diferentes características de propagação segundo a fabricação e tipo de guia [2].
Em relação ao acoplamento, é importante que ambas polarizações possam-se acoplar com
sucesso ao circuito. Pelo qual é um fator importante a identificação da perda por polarização
que podem adicionar as estruturas de acoplamento. Como foi descrito no Capítulo 1, a estrutura
baseada em grade têm geralmente uma grande diferença de perda segundo o tipo de polarização
para o qual foi projetado, enquanto as estruturas de acoplamento lateral não têm uma grande
diferença de perda entre as duas polarizações.
Neste caso, um parâmetro importante a ser medido é a Perda Dependente da Polarização
(polarization dependent loss-PDL), a qual indica a diferença de perda entre ambas polarizações,
seja numa interface ou na saída do chip. A medida deste parâmetro em nosso caso experimental
vai ser descrita no Capítulo 5.

Tolerância

Um dos tópicos mais importantes a seguir das soluções de acoplamento é o tema de en-
capsulamento. O encapsulamento é um das mais complexas e custosas etapas na fabricação
do chip. Assim, a facilidade de manter a estrutura de acoplamento estável e fixa que contribui
para simplificar e diminuir os custos do encapsulamento é sempre procurada pela industria. Um
parâmetro que atende uma avaliação deste aspecto é a tolerância ao desalinhamento. Desvios
da posição, ângulo ou até temperatura podem afetar a eficiência de acoplamento.
Uma medida da tolerância é expressa em µ m de deslocamento por cada 1dB ou 3dB de
perda no acoplamento.

2.2 Simulação
2.2.1 Efeitos dos parâmetros na simulação da microlente
As microlentes cônicas permitem reduzir o diâmetro de campo modal (Mode Field Diame-
ter-MFD) da fibra óptica mediante um efeito de convergência do feixe na saída da fibra. Para
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 28

uma SMF com diâmetro modal próximo aos 10µ m, as microlentes cônicas podem reduzir o ta-
manho para dimensões da ordem de 2 a 4µ m, as quais permitem um melhor acoplamento com
circuitos integrados ou lasers [22, 24–26].

Figura 2.8: Modelagem da microlente cônica para simulação. O núcleo apresenta um maior
índice de refração em relação à casca.

Como foi descrito na seção 2.1.1 os parâmetros principais que podem caracterizar a micro-
lente na fibra óptica são: a Abertura Numérica, a cintura do feixe e a distância de trabalho.
Além disso, a perda por reflexão na interface fibra-ar é também um parâmetro importante a
ser levado em conta. Com respeito à fabricação, o ângulo de polimento e o Raio de Curvatura
(ROC) determinam a geometria final da microlente cônica.
Para a simulação da estrutura no software Lumerical, a geometria da lente foi aproximada
mediante uma modelagem simples, considerando uma estrutura cônica tridimensional man-
tendo a composição de uma fibra SMF convencional e adicionando na ponta uma região de
seção circular complementar de ar, que permitiu o design desejado da estrutura. A Fig. 2.8
apresenta a modelagem da microlente, tomada de um monitor de índice, o qual captura os va-
lores do índice da estrutura projetada nas posições espaciais definidas no monitor. Para um
melhor aproveitamento dos recursos computacionais, foram utilizadas as condições simêtricas
da estrutura, permitindo a otimização do processamento.
Como mostrado na seção 2.1.1, o papel da microlente é o efeito convergente do feixe na
saída da fibra, a partir do qual ficam estabelecidos os principais parâmetros a medir em uma
microlente.
A Figura 2.9 mostra o efeito convergente a partir de uma modelagem de uma microlente
cônica com ângulo de polimento de 90◦ e raio de curvatura (ROC) de 10µ m. Na imagem são
indicadas a cintura do feixe e a distância de trabalho.
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 29

Figura 2.9: Efeitos da lente sobre o modo propagante na fibra óptica.

O efeito sobre o diâmetro modal do feixe ou MFD é mostrado na Figura 2.10. A redução do
diâmetro do feixe é produzido pelas características geométricas da microlente.

(a) (b)
Figura 2.10: (a) Diâmetro do modo fundamental numa fibra monomodo (b) Seção transversal
do modo na posição focal da microlente.

Na Figura 2.11 são mostrados os efeitos sobre o MFD ao longo do eixo de propagação
atravessando a microlente, assim como sobre a amplitude do campo elétrico. O MFD na saída
da lente vai-se reduzir até atingir uma dimensão mínima na posição focal. No caso do campo
elétrico, vai-se produzir um efeito de concentração e incremento da amplitude que atinge o valor
máximo também na posição do foco.
Os valores principais da fabricação da microlente cônica, o ângulo do cone e o raio de
curvatura (ROC), influenciam as propriedades ópticas da lente. A Figura 2.12(a) mostra o com-
portamento de dimensão modal no foco (cintura do feixe) e a distância de trabalho para valores
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 30

(a) (b)
Figura 2.11: (a) Diâmetro do MFD ao longo do eixo z. A posição z = 0 indica a ponta da
microlente (b) Intensidade do campo elétrico no mesmo eixo de propagação, sendo que no foco
se produz a concentração máxima.

de ROC entre 5 e 25µ m. O ângulo do cone é constante em 90◦ . Ambos parâmetros apresentam
um comportamento crescente com o raio de curvatura. A cintura do feixe varia entre 2,25 e
7, 38µ m, entanto a distância de trabalho apresenta uma taxa de crescimento maior entre 4,17 e
32, 49µ m. Para casos de acoplamento onde o modo na entrada do taper apresenta dimensões
menores aos 3µ m, é fundamental conseguir valores de ROCs baixos (menores que 10µ m). Na
Figura 2.12(b) é apresentado o valor de transmissão segundo a mesma variação do ROC. A
transmissão varia entre 0,744 e 0,957, o que representa uma variação entre 1,22 e 0, 19dB de
perda. Isso indica que a geometria da lente afeta a transmissão mediante o aumento da perda
para lentes com ROC baixos. Quanto menor o raio de curvatura, menor o diâmetro da cintura
do feixe, pelo qual pode ter melhor casamento modal com os taper, mas a geometria apresenta
maior perda. É muito comum, para este tipo de lentes, utilizar uma camada antirreflexo que
permite diminuir a perda até valores entorno aos 0, 1dB.
A Figura 2.13(a) analisa os efeitos sob a variação do ângulo do cone, mantendo constante o
valor do raio de curvatura em 10µ m. Neste caso as curvas exibem um comportamento menos
regular, pelo qual pode-se deduzir que a variação do ROC é mais determinante no comporta-
mento óptico da lente em comparação à variação do ângulo do cone. A dimensão da cintura do
feixe muda na faixa de 3,15 e 3, 45µ m na qual os menores valores são obtidos com ângulos en-
tre 92,5 e 97,5◦ . A distância de trabalho apresenta uma tendência ligeiramente decrescente para
valores entre 80 e 90◦ , o qual muda para uma tendência fortemente crescente para os ângulos
entre 90 e 100◦ .
No caso da Figura 2.13(b), a transmissão apresenta uma tendência crescente na grande parte
desta faixa. Assim o coeficiente de transmissão incrementa-se de 0,918 até 0,945, os quais
representam uma diminuição da perda entre 0,37 a 0, 24dB. A diferença do caso anterior na
Figura 2.12(b), o intervalo de variação da transmissão é bem menor, mas mesmo assim, mostra
um aumento da transmissão para ângulos de cone maiores. Em geral, a partir de ambas situações
pode-se inferir que quanto mais aguçado seja a geometria da lente, vai apresentar maior perda
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 31

10 40 1

0.95

Distância de trabalho (um)


Cintura do feixe (um)

Transmissão
0.9

5 20

0.85

0.8

0 0 0.75
5 10 15 20 25 5 10 15 20 25
Raio de Curvatura (um) Raio de Curvatura (um)

(a) (b)
Figura 2.12: (a) Cintura do feixe e distância de trabalho para valores de ROC entre 5 e 25µ m.
Ângulo do cone constante em 90◦ . (b) Valores de transmissão para a mesma faixa de valores.

0.95

3.6 11.5 0.945

0.94
Distância de trabalho (um)

Transmissão
Cintura do feixe (um)

3.4 11 0.935

0.93

3.2 10.5 0.925

0.92

3 10 0.915
80 85 90 95 100 80 85 90 95 100
Ángulo do cone (°) Ángulo do cone (°)

(a) (b)
Figura 2.13: (a) Cintura do feixe e distância de trabalho para valores de ângulo de cone entre 80
e 100◦ . ROC constante em 10µ m. (b) Valores de transmissão para a mesma faixa de valores.

na interface fibra-ar, seja por um ângulo de cone menor ou por um raio de curvatura pequeno.
O incremento tanto do valor de ângulo quanto do ROC vão diminuir a perda na estrutura, sendo
o parâmetro mais determinante o raio de curvatura na ponta da lente.

2.2.2 Efeitos dos parâmetros na simulação no taper 2D


A Figura 2.14 apresenta a imagem do taper projetado para a análise no software Lumerical.
Como foi apresentado na Seção 2.1, o taper permite aumentar as dimensões modais aumen-
tando a porção de energia que viaja na casca do guia. No caso do taper 2D, este aumento é
promovido principalmente no eixo horizontal.
A Figura 2.15 mostra o alargamento de modo à medida que a largura do guia diminui.
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 32

Figura 2.14: Imagem do taper 2D de silício sobre uma substrato de Sílica. O overcladding
também é de Sílica para simulação.

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)
Figura 2.15: Perfis modais da intensidade de campo elétrico |E|, para guias de onda com di-
ferentes larguras (a) Largura convencional de 500nm (b) Caso de 250nm (c)200nm (d)150nm
(e)100nm e (f)50nm. Quanto menor a largura do guia, maior a quantidade da energia transmitida
na casca. Comprimento de onda: 1550nm.
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 33

Capı́tulo 3
Fabricação e caracterização das fibras com
microlentes cônicas

O estudo e fabricação das fibras com microlentes vêm sendo abordados desde os finais da
década de 80 e inícios dos anos 90 na procura de melhores performances de acoplamento fibra-
laser impulsionados pelo crescente mercado emergente de comunicações ópticas [27–29].
No início da década passada foi-se aprofundando o conhecimento e melhores performances
das microlentes tanto na etapa da fabricação como para a caracterização do seu desempenho no
acoplamento, assim como para outras funcionalidades que as microlentes podem atender como
o sensoriamento. Assim, lentes de geometrias tipo cunha, quadrangular-piramidal, assimétrica-
elíptica em forma de cone e de outros tipos têm sido desenvolvidos na procura de uma maior
eficiência de acoplamento e simplicidade na fabricação [16, 24–26, 30].
Na procura de uma forma simples de fabricação, têm sido experimentadas diferentes op-
ções, dentre as quais destacam-se: polimento e fusão [30], moedura [25], corrosão química
(etching) [31] e fabricação por laser, que vem sendo utilizada na produção de altas quantidades
de microlentes [32, 33].

Figura 3.1: Diagrama da microlente cônica descrita com os principais parâmetros.

A presente dissertação está focada na caracterização de microlentes cônicas manufaturadas


Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 34

mediante uma técnica de polimento e fusão, a ser descrita na seção abaixo, e a caracterização
que permita identificar seus principais parâmetros ópticos. A Figura 3.1 apresenta um diagrama
da microlente cônica manufaturada no laboratório.

3.1 Processo de fabricação


O arranjo experimental para a fabricação de microlentes é baseado nos métodos de poli-
mento e fusão. Esses métodos são bem conhecidos na literatura, assim como suas vantagens
e limitações frente a outros métodos. A Figura 3.2 apresenta um diagrama do processo de
fabricação seguido no laboratório.

Figura 3.2: Fluxo do procedimento para a fabricação das microlentes cônicas.

A partir da Figura 3.2 podemos dividir o processo de fabricação em duas etapas. A primeira
etapa de polimento e a segunda etapa de fusão, consistente na aplicação de um arco elétrico
na ponta da fibra polida. Essas etapas são parte da fabricação propriamente dita, além disso, é
apresentada a terceira etapa para a primeira caracterização, consistente na medida das dimen-
sões geométricas produzidas.

3.1.1 Processo de polimento


A Figura 3.3 amostra o arranjo experimental para a realização de polimento de fibras ópticas.
Entre os principais elementos utilizados temos: microposicionadores angulares e longitudinais,
sujeitador da fibra, microscópio, câmera, motor de rotação e lixas para polimento.
A montagem permite a colocação da fibra óptica de um jeito tal que permita a rotação sobre
seu próprio eixo e com microposicionadores angulares que indicam o ângulo de inclinação em
relação à superfície da lixa durante o polimento.
Para o polimento são utilizadas lixas de diamante de 5µ m e 1µ m de granularidade, os quais
realizam um adequado acabamento da superfície polida. O principio desta etapa é esquema-
tizado na Figura 3.4. Após realizar a clivagem e limpeza da fibra, esta é colocada no ângulo
adequado para o início do polimento. O sistema que sujeita a fibra durante o polimento deve
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 35

Figura 3.3: Arranjo experimental para polimento de fibras ópticas.

garantir uma pressão mínima para manter fixa a fibra sem deslizar quando a fibra entra em con-
tato com a lixa, mas sem chegar a danificar a casca da fibra clivada. No nosso caso, o elemento
de fixação é feito baseado num material de PVC.

Figura 3.4: Detalhe do processo de polimento na formação do cone. O processo é repetido com
a lixa de 1µ m.

O posicionador que suporta a lixa pode aproximá-la da fibra quando a superfície da fibra
afasta-se da lixa durante o polimento. Isso devido ao rápido processo de polimento inicial, para
o qual é utilizada a lixa de 5µ m. O polimento é monitorado continuamente pelo microscópio
onde encontra-se disposta uma câmera conectada ao computador.
Uma vez que se consiga obter uma ponta cônica no extremo, a fibra é afastada da lixa e este é
substituída pela lixa de 1µ m e o processo de polimento é repetido. Isto permite um acabamento
mais fino sobre a superfície polida.
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 36

3.1.2 Processo de fusão


Depois de completado o processo de polimento, procede-se a aplicar um arco elétrico na
ponta que irá gerar uma curvatura no extremo do cone. Como foi visto na simulação no Capítulo
2, o Raio de Curvatura gerado é fundamental para o efeito focalizador da microlente. Em nosso
caso foi utilizado a máquina de fusão da marca Fujikura modelo FSM-20CSII.
As fotos da Figura 3.5 mostram a máquina de emenda utilizada e algumas de suas con-
figurações de operação. Os principais fatores que influenciam na fabricação do ROC são: a
intensidade do arco aplicado, o tempo de duração do arco e a posição relativa da fibra aos
eletrodos.

(a) (b)
Figura 3.5: Fotografias da máquina de emenda e das configurações disponíveis que afetam a
geração do ROC na fibra óptica.

Foram realizados testes para a geração de diferentes valores de ROC, mudando-se as confi-
gurações da máquina, mas mantendo-se fixa a posição da fibra em relação aos eletrodos indica-
dos com um marcador na tela da máquina de emenda.
Os ROC gerados e as suas condições são mostrados na Tabela 3.1.
Embora existam poucas amostras para obter conclusões representativas, é possível verificar
uma tendência de aumento no ROC para maiores intensidades da potência de arco elétrico.
Além disso, é necessário uma maior quantidade de amostras para estabelecer a influência do
ângulo no resultado.
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 37

ID Potência do Arco Tempo (ms) Ângulo (◦ ) ROC medido (µ m)


Fib1 8 1800 92.3 6,85
Fib2 92 12,51
Fib3 8 2000 58 10
Fib4 8 3000 58 12,44
Fib5 8 3000 58 10,13
Fib6 8 3000 50 5,73
Fib7 8 2500 50 6,21
Fib8 8 2000 90 11,53
Fib9 8 4000 90 14,26
Fib10 5 4000 110 10,78

Tabela 3.1: Fabricação do Raio de Curvatura na ponta do cone.

3.2 Caracterização
A fabricação é acompanhada de um processo de supervisão e caracterização. O processo de
supervisão consiste na captura de fotos pelo microscópio e em um processamento de imagens
para identificar o contorno da fibra e medir o ângulo de cone e o raio de curvatura.
Na caracterização, são medidas a Abertura Numérica e o diâmetro da cintura do feixe da mi-
crolente fabricada. Para isso, é utilizado um Radiômetro Goniométrico modelo LD8900R/IR/10.
Este equipamento é utilizado na medição dos parâmetros ópticos para fontes de alta divergência,
como são produzidas as microlentes cônicas.
As imagens na Figura 3.6 mostram o arranjo experimental usando o Radiômetro Gonio-
métrico. A fibra com microlente é colocada na entrada da câmera do equipamento utilizando
microposicionadores.
O equipamento permite realizar várias medidas do diâmetro de campo modal (Mode Field
Diameter - MFD) em 13,5% e da Abertura Numérica, além disso, uma reconstrução tridimen-
sional do feixe no campo distante. A Figura 3.7 apresenta parte dos resultados da medida de
uma fibra com microlente. A partir da fenda que conforma o Goniômetro, é possível capturar o
perfil de feixe nos eixos vertical e horizontal, tal como são mostrados na Fig. 3.7(a), e também
a seção transversal do feixe, como é mostrado na Fig. 3.7(b).
Ambas as imagens da Figura 3.7 permitem identificar um perfil bem próximo ao gaussiano
nos dois eixos, assim como uma alta proximidade do centro de feixe com o centro geométrico.
Esse possível desvio do centro do feixe com o centro da fibra pode ocasionar o conhecido
deslocamento (offset), que produz um desvio da propagação na saída da microlente e pode
prejudicar fortemente o alinhamento, além do perfil do feixe de saída, chegando-se a inutilizar
a lente. Este defeito, produzido durante a fabricação é uma importante consideração a levar
em conta na melhora de toda produção de microlentes, seja por polimento ou outro método de
manufatura.
A Figura 3.8 apresenta uma reconstrução tridimensional do feixe na saída da fibra com
microlente. Nas Figuras 3.9 e 3.10 são apresentadas as seções transversais dos feixes nas saídas
das microlentes fabricadas.
As imagens dos perfis do feixe apresentam diferenças entre elas. Assim, algumas micro-
lentes exibem um maior diâmetro do feixe como Fig.3.9(f) e outras um menor diâmetro como
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 38

(a) (b)
Figura 3.6: (a) Arranjo experimental de caracterização com o Radiômetro Goniométrico. (b)
Detalhe da posição da microlente na entrada do equipamento.

(a) (b)
Figura 3.7: (a) Perfil do feixe nos eixos vertical e horizontal capturados com o Radiômetro. (b)
Perfil transversal do feixe de campo distante da microlente.

a Fig.3.9(d), o qual está relacionado inversamente com a magnitude da Abertura Numérica das
lentes. Além disso, as condições reais da fabricação das lentes introduzem alguns elementos
adicionais como a microlente vista na Fig.3.9(a), onde o sinal não está completamente con-
centrado no ponto central da lente e na Fig.3.10(a) onde o perfil apresenta uma baixa simetria
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 39

Figura 3.8: Reconstrução tridimensional do feixe na saída da fibra com microlente cônica.

circular.
Na Tabela 3.2, são apresentadas as características ópticas das fibras fabricadas.

ID Abertura Numérica MFD (µ m)


Fib1 0,37-0,37 2,39-2,39
Fib2 0,24-0,24 3,66-3,67
Fib3 0,25-0,25 3,22-3,17
Fib4 0,17-0,18 4,51-4,47
Fib5 0,26-0,25 3,17-3,19
Fib6 0,43-0,41 1,89-1,95
Fib7 0,33-0,34 2,15-2,11
Fib8 0,24-0,24 3,36-3,37
Fib9 0,19-0,19 4,02-4,00
Fib10 0,23-0,23 3,59-3,45

Tabela 3.2: Características das fibras feitas tomadas com o Radiômetro Goniométrico. Tanto na
AN como no MFD são mostrados dois valores correspondentes aos eixos x e y da fibra.
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 40

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)
Figura 3.9: Perfis dos feixes das fibras com microlente (a) Fib1, (b) Fib2, (c) Fib3, (d) Fib4, (e)
Fib5 e (f) Fib6.
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 41

(a) (b)

(c) (d)
Figura 3.10: Perfis dos feixes das fibras com microlente (a) Fib7, (b) Fib8, (c) Fib9, (d) Fib10.
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 42

Capı́tulo 4
Análise experimental do acoplamento
fibra-chip

4.1 Setup de caracterização


A caracterização experimental do acoplamento entre a fibra com microlente e o chip foi
realizado na máquina alinhadora IFA-600 FiberPRO. Utilizando um laser sintonizável e um
analisador óptico foram realizadas as medidas em toda a banda C do espectro óptico.
O trabalho de acoplamento foi realizado com um chip que apresenta duas interfaces laterais
com estrutura de taper invertido 2D, onde a largura do guia de onda é reduzida até 200nm. A
perda medida inclui as perdas dos conectores, a perda interna do analisador mais as perdas no
acoplamento fibra-chip, de entrada e saída, além da perda de propagação no chip. Para medir
a perda dos conectores, foi conectada uma fibra óptica entre a entrada e saída do laser. Nos
experimentos, também foram medidas as perdas por desalinhamento.
A Figura 4.1 mostra a máquina alinhadora que tem entre seus componentes princípais:
dois estágios de alinhamento óptico com sensores de posição que permitem movimentações
de 0, 1µ m e as câmeras de monitoramento. É importante destacar a resolução de movimentação
nos posicionadores já que quanto maior a precisão, maior é qualidade da caracterização, uma
vez que as microlentes reduzem o MFD das fibras monomodo de 10µ m para valores aproxi-
mados de 2µ m, pelo qual desalinhamentos de ordem de 1µ m podem gerar perdas importantes
que afetem a medida real da performance das microlentes. A Figura 4.2 apresenta a vista supe-
rior dos posicionadores para alinhamento. Na imagem são observadas duas fibras ópticas com
microlentes alinhadas.
O chip para análise de acoplamento é feito numa plataforma de Silício sobre substrato de
Dióxido de Silício (SOI). O chip inclui um guia de onda de 500x220nm e comprimento total de
7mm, em ambos os extremos do guia existem tapers invertidos 2D que incrementam o MFD na
saída e na entrada do guia de onda para o acoplamento frontal com fibras com microlente.
Na Figura 4.3 (a) é mostrada uma foto do chip obtida com a câmera de monitoramento,
ao lado (b) é mostrado o layout correspondente. Um aspecto a ressaltar é a diferente posição
relativa entre as interfaces de entrada e de saída do guia. Isso evita que, no caso estejam locali-
zados de forma colinear, porções de potência não guiadas sejam incidentes na entrada da fibra
receptora, introduzindo erro na medida real do acoplamento.
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 43

Figura 4.1: Máquina alinhadora.

Figura 4.2: Vista superior do alinhamento entre duas fibras e detalhe dos microposicionadores.

O esquema do arranjo experimental utilizado é apresentado na Figura 4.4. As medidas das


perdas totais vão permitir calcular as perdas nas interfaces fibra-chip-fibra. Aqui são feitas,
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 44

(a) (b)
Figura 4.3: (a) Chip visto pela câmera de monitoramento. (b) Layout do chip.

também, as medidas em relação ao desalinhamento.

Figura 4.4: Esquema experimental onde é medida a perda total do arranjo.

4.2 Medidas de acoplamento


Para a medida da perda de acoplamento das microlentes fabricadas com o chip, foram me-
didas as eficiências de fibras com microlentes de referência, que foram adquiridas da empresa
Wuhan Chuxing Optical Fiber Application Technologies Ltd. Uma vez medida a perda de cada
interface lente referencial-chip, podemos realizar a medida da perda lente fabricada-chip, toda
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 45

vez que as lentes referenciais têm parâmetros muito similares, característica que não foi conse-
guida com as lentes fabricadas.

4.2.1 Medidas das fibras com microlentes referenciais


Temos dois pares de fibras com microlentes cujos valores de Abertura Numérica e MFD são
muito similares. A Tabela 4.1 apresenta as características dessas fibras com microlentes.

ID Abertura Numérica MFD (µ m)


0002 0,47-0,44 1,84-1,95
0012 0,47-0,52 1,85-1,73
0013 0,30-0,31 2,52-2,45
0017 0,29-0,30 2,55-2,53

Tabela 4.1: Características das fibras referenciais da empresa Wuhan Chuxing.

Tais medidas foram obtidas através do Radiômetro Goniométrico. Para medir as perdas
de acoplamento entre as fibras com o chip foi realizada a experiência no arranjo apresentado
na Fig. 4.4, descrito na seção anterior, utilizando a fibra 0002 com 0012 e a fibra 0013 com
0017. Isso devido as características ópticas similares em cada par de fibras a ser testada. Assim,
medindo a perda do arranjo e restando a perda intrínseca do sistema e a perda por propagação
no chip é calculada a perda introduzida pela interface de entrada fibra-chip e a saída chip-fibra.
Assim, as Figuras 4.5 apresentam as perdas medidas usando as fibras 0002-0012 e 0013-
0017, respectivamente.

Fibras referenciais 0002-0012 Fibras referenciais 0017-0013


4 4

3.5 3.5

3 3
Perda (dB)

Perda (dB)

2.5 2.5

2 2

1.5 1.5

1 1
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda

(a) (b)
Figura 4.5: (a) Perdas medidas usando as fibras 0002-0012. (b) No caso das fibras 0017-0013.

É importante indicar que os valores plotados representam as perdas individuais nas inter-
faces fibra-chip, uma vez que as condições na interface da entrada e da saída podem ser con-
sideradas iguais e a perda de propagação no guia de onda no chip é de 1, 4dB (a partir das
especificações do fabricante).
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 46

No primeiro caso, a Fig. 4.5(a) das fibras 0002-0012, é estimada uma perda aproximada
de 1, 61dB para 1550nm, enquanto que no caso das fibras 0013-0017 têm-se uma estimativa de
2, 64dB de perda.

4.2.2 Medidas das fibras com microlentes fabricadas


Uma vez identificado o par de fibras 0002-0012, como as que apresentam a menor perda de
acoplamento, foi utilizada uma delas para se colocar num extremo do acoplamento lateral do
chip. No outro extremo foi colocada uma fibra com lente cônica produzida. Nesta configura-
ção, foram repetidas as medidas para todas as microlentes fabricadas no arranjo experimental
descrito.
As características ópticas das fibras com microlentes fabricadas foram apresentadas na Ta-
bela 3.2 de acordo com os valores de Abertura Numérica e MFD.
Nas Figuras 4.6(a)-(f) e 4.7(g)-(j), são mostradas as perdas de acoplamento em cada fibra
com microlente fabricada na banda C óptica.
A Fig. 4.8 apresenta uma relação entre os valores de MFD das fibras com a perda obtida
(para o comprimento de 1550nm) em cada caso. Podemos verificar uma alta correlação entre
o comportamento dos valores de MFD e a perda obtida em cada caso. Os valores de perda de
acoplamento vão desde 4, 25dB para um valor de MFD próximo a 4, 5µ m até 2, 07dB para um
MFD próximo a 1, 90µ m, além de uma perda de 5, 36dB para um MFD de 3, 66µ m em uma
amostra fora do comportamento geral.
O comportamento indica a demanda de um menor valor de MFD para conseguir menor
perda, isso devido à preestabelecida estrutura do taper no chip. Assim, este raciocínio parece
fazer sentido, considerando-se o caso da fibra com microlente referencial 0002 ou 0012 para a
qual um MFD de 1, 84 − 1, 9µ m conseguiu-se uma perda de 1, 61dB.
É importante destacar, que embora as condições experimentais nos processos de polimento
e aplicação do arco possam afetar as característica e performance das microlentes produzidas,
esses efeitos são avaliados com o perfilador do feixe durante as medidas de Abertura Numérica
e MFD, supervisionando a qualidade e simetria do padrão de campo distante. Mesmo assim,
há outros fatores que influenciam a performance final do acoplamento frontal em configura-
ções experimentais como no caso presente. As fibras podem danificar-se em alguma etapa do
processo experimental, sendo importante realizar o maior número de amostras e medições para
analisar aspectos estatísticos que afetam também à fabricação e a performance de acoplamento
no ambiente experimental.

4.2.3 Comparação dos valores estimados com as medições


No Capítulo 2 foram apresentados, tanto o cenário teórico do comportamento dos feixes
gaussianos frente às superfícies curvadas quanto as aproximações por simulações das fibras
com microlentes. Estes dois tratamentos permitem estimar a distância de trabalho e a cintura
do feixe produzidas a partir do ângulo e, principalmente, do raio de curvatura da lente.
A Tabela 5.1 apresenta os resultados obtidos através das equações teóricas e das simulações
realizadas, e mostra também os valores medidos e apresentados na Seção 3.3.
Sobre o parâmetro da cintura do feixe pode-se identificar um comportamento muito próximo
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 47

Perda de acoplamento fibra Fib1 Perda de acoplamento fibra Fib2


5.5

5
5
4.5

4
4
3.5
Perda (dB)

Perda (dB)
3 3
2.5

2 2
1.5

1 1

0.5

0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda

(a) (b)
Perda de acoplamento fibra Fib3 Perda de acoplamento fibra Fib4
5.5 5.5

5 5

4.5 4.5

4 4

3.5 3.5
Perda (dB)

Perda (dB)
3 3

2.5 2.5

2 2

1.5 1.5

1 1

0.5 0.5

0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda

(c) (d)
Perda de acoplamento fibra Fib5 Perda de acoplamento fibra Fib6
5.5 5.5

5 5

4.5 4.5

4 4

3.5 3.5
Perda (dB)

Perda (dB)

3 3

2.5 2.5

2 2

1.5 1.5

1 1

0.5 0.5

0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda

(e) (f)
Figura 4.6: Perdas de acoplamento fibra-chip para cada fibra com microlente fabricada entre
Fib1 e Fib6.
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 48

Perda de acoplamento fibra Fib7 Perda de acoplamento fibra Fib8


5.5 5.5

5 5

4.5 4.5

4 4

3.5 3.5
Perda (dB)

Perda (dB)
3 3

2.5 2.5

2 2

1.5 1.5

1 1

0.5 0.5

0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda

(g) (h)
Perda de acoplamento fibra Fib9 Perda de acoplamento fibra Fib10
5.5 5.5

5 5

4.5 4.5

4 4

3.5 3.5
Perda (dB)

Perda (dB)
3 3

2.5 2.5

2 2

1.5 1.5

1 1

0.5 0.5

0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda

(i) (j)
Figura 4.7: Perdas de acoplamento fibra-chip para cada fibra com microlente fabricada entre
Fib7 e Fib10.
MFD e perda de acoplamento medidas AN e MFD medidas
5.5 5

5 4.5

4.5 4
Perda acoplamento (dB)

MFD (um)

4 3.5

3.5 3

3 2.5

2.5 2

2 1.5
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45
MFD (um) Abertura Numerica

(a) (b)
Figura 4.8: (a) Relação entre a perda de acoplamento (dB) e o diâmetro do feixe (MFD) (b)
Relação da abertura numérica versus o MFD para cada fibra (λ = 1550nm).
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 49

Equações Teóricas Resultados da Simulação Medidas


Ângulo Distância de Cintura Distância de Cintura Cintura
ID (◦ ) Raio µ m trabalho µ m do feixe µ m trabalho µ m do feixe µ m do feixe µ m
Fib1 92,3 6,85 14,63 2,77 6,41 2,55 2,39-2,39
Fib2 92 12,51 26,71 5,06 13,91 3,91 3,67-3,67
Fib3 58 10 21,35 4,05 10,96 3,46 3,22-3,17
Fib4 58 12,44 26,56 5,04 14,32 4,06 4,52-4,47
Fib5 58 10,13 21,63 4,10 11,10 3,46 3,17-3,19
Fib6 50 5,73 12,23 2,32 4,13 2,45 1,90-1,95
Fib7 50 6,21 13,26 2,51 5,54 2,70 2,16-2,12
Fib8 90 11,53 24,62 4,67 12,52 3,60 3,36-3,37
Fib9 90 14,26 30,45 5,77 16,53 4,51 4,05-4,01
Fib10 110 10,78 23,02 4,36 13,98 3,76 3,59-3,45

Tabela 4.2: Valores de distância de trabalho e cintura do feixe obtidos.

às medidas tanto das previsões dadas pelas equações teóricas quanto pela simulação. Na Figura
4.9, são apresentados os valores obtidos para este parâmetro.

6
Teórico
5.5 Simulação
Medido-eixo x
5 Medido-eixo y
µm

4.5
Cintura do feixe

3.5

2.5

1.5
Fib4 Fib9 Fib2 Fib10 Fib8 Fib3 Fib5 Fib1 Fib7 Fib6

Figura 4.9: Valores da cintura do feixe para as fibras com microlentes produzidas. Os valores
foram obtidos a partir das equações teóricas, as simulações e as medidas apresentadas.

Em média o valor estimado pelas equações teóricas é maior que as medidas em 0, 87µ m,
enquanto a estimativa pela simulação é maior em 0, 32µ m. Há aspectos importantes que não
foram levadas em conta no cálculo teórico e que têm influência nos resultados. Uma deles é
a modelagem só da superfície esférica e não de uma parte da interface plana como a parte cô-
nica. Essa modelagem é razoável enquanto o diâmetro modal incidente (em torno aos 10µ m) é
pequeno suficiente para que possa ser afetado somente pela superfície curva, mesmo assim, em
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 50

casos de curvas com raios pequenos uma porção da energia pode impactar com a parte cônica.
Outro efeito não analisado foi a aberração, que tem afetado o desempenho das lentes. Esse
efeito, mais claramente apresentado na Figura 4.10, produz uma diferença entre a distância de
trabalho (ou distância focal) da lente com o valor esperado, devido a uma diferença entre o com-
portamento dos raios próximos ao eixo óptico e aqueles mais afastados do eixo. Finalmente,
os resultados por simulações apresentam uma melhor aproximação com um erro de aproxima-
damente 10%. O modelo da estrutura foi mostrado no Capítulo 2 e o erro na estimativa pode
originar-se na mesma estrutura. Por exemplo, as simulações não levam em conta que a maté-
ria devería manter-se no mesmo volume depois da aplicação do arco [16]. A abordagem das
simulações foi diretamente estabelecer uma superfície esférica a partir da localização conve-
niente para a geração do raio planejado. Essa suposição pode ter afetado o resultado e outras
abordagens podem ter uma melhor aproximação das medidas reais.

35
Teórico
Simulação
30
µm

25
Distância de trabalho

20

15

10

0
Fib4 Fib9 Fib2 Fib10 Fib8 Fib3 Fib5 Fib1 Fib7 Fib6

Figura 4.10: Valores da distância de trabalho obtidas pela equação (2.3) e pelas simulações.

4.3 Medidas da perda dependente da polarização - PDL


O arranjo experimental, apresentado na Figura 4.4, foi utilizado também para medir a perda
dependente da polarização (PDL). Essa perda foi medida para as 10 fibras produzidas. O ana-
lisador óptico N7788B da empresa Keysight permite, a partir da configuração para análise do
DUT (Device Under Test), medir a diferença de perda entre as duas polarizações. Assim, depois
da configuração da banda onde vai-se medir os parâmetros selecionados, e tendo o posição de
alinhamento acertada na alinhadora, começa a rodar as medidas a partir do analisador. A data
das medidas são salvas num arquivo gerado ao finalizar.
As Figuras 4.11 e 4.12 apresentam os resultados para as medidas de PDL. O comportamento
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 51

0.8 1
Com chip Com chip
Sem chip 0.9 Sem chip
0.7
0.8
0.6
0.7
0.5
0.6
PDL (dB)

PDL (dB)
0.4 0.5

0.4
0.3
0.3
0.2
0.2
0.1
0.1

0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)

(a) (b)
1 1
Com chip Com chip
0.9 Sem chip 0.9 Sem chip

0.8 0.8

0.7 0.7

0.6 0.6
PDL (dB)

PDL (dB)

0.5 0.5

0.4 0.4

0.3 0.3

0.2 0.2

0.1 0.1

0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)

(c) (d)
1 1
Com chip Com chip
0.9 Sem chip 0.9 Sem chip

0.8 0.8

0.7 0.7

0.6 0.6
PDL (dB)

PDL (dB)

0.5 0.5

0.4 0.4

0.3 0.3

0.2 0.2

0.1 0.1

0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)

(e) (f)
Figura 4.11: Perda dependente da polarização, medidas com as Fib1-Fib6.

geral, independente da fibra com microlente, mostra um comportamento flutuante na banda C


com médias entre 0,8 e 0, 2dB de diferença entre a perda na polarização TE e TM. A origem
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 52

1 1
Com chip Com chip
0.9 Sem chip 0.9 Sem chip

0.8 0.8

0.7 0.7

0.6 0.6
PDL (dB)

PDL (dB)
0.5 0.5

0.4 0.4

0.3 0.3

0.2 0.2

0.1 0.1

0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)

(g) (h)
1 1

Com chip Com chip


0.9 0.9 Sem chip
Sem chip

0.8 0.8

0.7 0.7

0.6 0.6
PDL (dB)
PDL (dB)

0.5 0.5

0.4 0.4

0.3 0.3

0.2 0.2

0.1 0.1

0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)

(i) (j)
Figura 4.12: Perda dependente da polarização, medidas com as Fib7-Fib10.

deste valor é a diferença entre os valores de perdas na propagação que cada modo apresenta no
interior do chip.
As linhas vermelhas, que apresentam a legenda "Sem chip", correspondem à medida da PDL
num arranjo sem o chip, onde as fibras com microlente se encontram alinhadas frente a frente.
Nesses casos, pode-se observar uma PDL sempre menor a 0, 1dB. Isso indica a origem dessa
diferença de perda na propagação no interior do chip, reduzindo a influência da geometria da
lente para um rol secundário.

4.4 Efeitos do desalinhamento


Outro importante parâmetro a ser medido na performance do acoplamento frontal, usando
microlentes, é a tolerância ao desalinhamento da estrutura. Neste caso, medimos a perda por
desalinhamento nos eixos x e y nas fibras fabricadas.
Nas Figuras 4.13 e 4.14, são apresentadas as curvas de perda por desalinhamento entre o
chip (com a estrutura de acoplamento do taper) e as fibras com microlente.
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 53

Perda por desalinhamento - Fib2


0
Perda por desalinhamento - Fib1
0 Eixo X
Eixo Y
Eixo X
-5 -3dB
Eixo Y
-5

Perda respeito ao máximo (dB)


-3dB
Perda respeito ao máximo (dB)

-10
-10

-15
-15

-20
-20

-25 -25

-30 -30
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6
Deslocamento (um) Deslocamento (um)

(a) (b)
Perda por desalinhamento - Fib3 Perda por desalinhamento - Fib4
0 0
Eixo X Eixo X
Eixo Y Eixo Y
-5 -3dB -5 -3dB
Perda respeito ao máximo (dB)

Perda respeito ao máximo (dB)


-10 -10

-15 -15

-20 -20

-25 -25

-30 -30
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6
Deslocamento (um) Deslocamento (um)

(c) (d)
Perda por desalinhamento - Fib6
Perda por desalinhamento - Fib5 0
0
Eixo X
Eixo X
Eixo Y
Eixo Y
-5 -3dB
-5 -3dB
Perda respeito ao máximo (dB)
Perda respeito ao máximo (dB)

-10
-10

-15 -15

-20 -20

-25 -25

-30 -30
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6
Deslocamento (um) Deslocamento (um)

(e) (f)
Figura 4.13: Curvas de perda por desalinhamento das Fib1-Fib6.

Pode-se observar nas figuras apresentadas que o desalinhamento produz altas perdas no
acoplamento. Temos por exemplo na Figura 4.13(f) um desalinhamento próximo dos ±2µ m
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 54

Perda por desalinhamento - Fib7 Perda por desalinhamento - Fib8


0 0
Eixo X Eixo X
Eixo Y Eixo Y
-5 -3dB -5 -3dB
Perda respeito ao máximo (dB)

Perda respeito ao máximo (dB)


-10 -10

-15 -15

-20 -20

-25 -25

-30 -30
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6
Deslocamento (um) Deslocamento (um)

(g) (h)
Perda por desalinhamento - Fib9 Perda por desalinhamento - Fib10
0 0
Eixo X Eixo X
Eixo Y Eixo Y
-5 -3dB -5 -3dB
Perda respeito ao máximo (dB)

Perda respeito ao máximo (dB)


-10 -10

-15 -15

-20 -20

-25 -25

-30 -30
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6
Deslocamento (um) Deslocamento (um)

(i) (j)
Figura 4.14: Curvas de perda por desalinhamento das Fib7-Fib10.

produzindo uma perda de −10dB. Um caso distinto é mostrado na Figura 4.13(d) onde a perda
de −10dB é atingida para um desalinhamento de aproximadamente ±3µ m. Levando isso em
conta, cada fibra com microlente produzida apresenta uma curva de tolerância diferente. O valor
de perda referencial foi selecionado de 10dB por ser convenientemente baseado nos gráficos.
A Figura 4.15 apresenta a relação entre MFD das fibras com o valor de desalinhamento
para uma perda de 3dB, esse valor referencial é usado para a avaliação da tolerância ao desa-
linhamento. Como no caso do acoplamento, também os dois parâmetros mostram uma relação
direta em seu comportamento. Quanto maior o diâmetro da cintura do feixe ou MFD no foco,
há uma maior tolerância ao desalinhamento, isso devido a uma maior área transversal com alta
energia. No entanto, menor seção transversal têm uma maior eficiência de acoplamento, mas
uma maior dificuldade na montagem e encapsulamento expressado numa baixa tolerância ao
desalinhamento.
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 55

Tolerância ao Desalinhamento
3.8

3.6
Desalinhamento para perda de 3dB - um

3.4

3.2

2.8

2.6

2.4

2.2
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
MFD - um

Figura 4.15: Relação entre o MFD da microlente com o desalinhamento para uma perda de
3dB.
Capítulo 5. Comentários finais e conclusões 56

Capı́tulo 5
Comentários finais e conclusões

5.1 Comparação com outros trabalhos publicados


Muitas estruturas de acoplamento sob a configuração de acoplamento frontal têm sido de-
senvolvidas, as quais apresentam alta eficiência.
Um trabalho de simulação e análise foram desenvolvidos em [22] onde foi utilizado uma
fibra com microlente cônica de 2, 5µ m de diâmetro na cintura do feixe e foram avaliadas varias
geometrias de tapers invertidos 2D. A menor perda de acoplamento atingida foi de 1, 19dB para
o modo TE com uma largura na ponta do taper de 80nm e comprimento de 300µ m, usando-se
uma geometria chamada de quadrática inversa. Em relação ao desalinhamento nesse caso, é
mostrada uma tolerância de ±1, 56µ m para o eixo x e uma tolerância de ±1, 24µ m no caso do
eixo y calculado para uma perda de 3dB.
No trabalho [21] foi registrada uma perda total de inserção entre 8 e 9dB, o qual representa
aproximadamente uma perda por interface de 3,5-4dB para uma estrutura de acoplamento lateral
baseado em duas etapas V-groove para alinhamento usando fibra com microlente cônica e taper
invertido 2D no chip. Neste caso, um desalinhamento de ±0, 8µ m introduz uma perda de 3dB.
Entre outras configurações inovadoras de acoplamento lateral encontra-se o apresentado
em [34], onde são usadas fibras ópticas de diâmetro reduzido, que são sobrepostas ao guia de
onda promovendo um fluxo de potência óptica ao guia. A eficiência prevista nas simulações
chega até um 90 % (perda de 0, 45dB). Sob esta configuração a tolerância ao desalinhamento
chega a ser de ±80nm para uma perda de 0, 45dB.
No presente trabalho foi medida uma perda de 2dB para uma interface fibra com microlente -
taper, mostrando um comportamento decrescente para fibras cônicas com menor cintura de feixe
pelo qual é possível medir perdas menores para outras fibras em próximas medições. No caso da
tolerância ao desalinhamento medido foi de ±1, 1µ m, para uma perda de 3dB, o qual se encontra
dentro da ordem com as previsões de simulação apresentadas em [22]. Assim, a eficiência de
acoplamento obtida experimentalmente em nosso caso se encontra dentro do intervalo esperado
para tipos de estruturas de acoplamento frontal. Novas estruturas estão sendo propostas no caso
do acoplamento lateral, as quais fazem uso de estruturas mais complexas que requerem maior e
especial controle na fabricação. Nesse contexto o uso de fibras com microlentes cônicas é uma
alternativa simples e eficiente.
Capítulo 5. Comentários finais e conclusões 57

Tolerância ao desalinhamento 3 dB Perda da interface fibra-chip


[22] ±1, 56µ m, ±1, 24µ m 1,19 dB
[21] ±0, 80µ m 3,5-4 dB
Resultados ±1, 1µ m 2 dB

Tabela 5.1: Comparação de resultados.

5.2 Conclusões e trabalhos futuros


Neste trabalho foram desenvolvidas simulações e provas experimentais para a caracteriza-
ção do acoplamento lateral baseado no uso de fibras com microlentes cônicas. Foram expostos
os fundamentos teóricos que abordam o funcionamento das lentes e identificaram-se os apropri-
ados parâmetros a serem levados em conta para um adequado design de acoplamento eficiente.
Em relação à estrutura de acoplamento (microlente cônica e taper):
a) O raio de curvatura na fibra com microlente determina a cintura do feixe no foco e a
Abertura Numérica, parâmetros fundamentais na hora de projetar uma eficiente estrutura de
acoplamento. Os valores obtidos estão na faixa de 2, 16 a 4, 05µ m para valores de raio 6, 21 e
14, 26µ m. Nesta etapa é importante o algoritmo de reconhecimento de patrões para a medida
certa do ROC.
b) O melhor valor medido da eficiência de acoplamento fibra-chip resultou em perda de
2dB na interface. Ainda por estar acima das perdas referenciais para estruturas de acoplamento
lateral, que para novas configurações pode atingir perdas próximas aos 0, 5dB, foram identifica-
dos os principais parâmetros que afetaram este resultado. Os perfis modais tanto da fibra com
microlente quanto do taper presente no chip não conseguiram um alto casamento.
c) A tolerância ao desalinhamento da estrutura de acoplamento mudou segundo a micro-
lente. Para microlentes com MFD de 3, 66µ m estava na faixa de 3, 7µ m (±1, 65µ m) em tanto
para lentes com MFD de 1, 89µ m a tolerância desceu até 2, 2µ m (±1, 1µ m).
d) A transmitância de uma lente cônica diminui com as estruturas mais aguçadas, seja ela
com menor ângulo do cone ou menor raio de curvatura.
e) A PDL obtida foi em média entre 0, 2 e 0, 7dB.
As conclusões são resumidas na Fig. 5.1 onde são mostradas as relações entre os parâmetros
geométricos da lente e sua influência em suas propriedades.
O desenvolvimento do presente trabalho também permite deixar algumas previsões relativas
aos trabalhos futuros nesta linha de pesquisa, incluindo:
a) A completa caracterização da microlente implica, além dos parâmetros medidos com o
radiômetro, a medição da distância de trabalho e a aberração de frente de onda, para os quais
podem-se desenvolver arranjos experimentais.
b) Para a redução de perdas por reflexão na interface, o uso da camada anti reflexão é comu-
mente utilizado, o qual pode ser incluído na produção das microlentes, além do estudo de suas
propriedades.
c) O padrão de campo distante na saída do guia de onda ou do taper constitui também parte
importante na caracterização da estrutura, o comportamento em relação à polarização deles no
espaço livre é interessante para esquemas que trabalham com diversidade na polarização.
d) Fabricação e avaliação do padrão de campo distante de outros tipos de microlentes, além
Capítulo 5. Comentários finais e conclusões 58

Figura 5.1: Efeitos da modificação da geometría da lente cônica para as propriedades ópticas.

do cônico, tais como: lente de cunha, lente cinzel, lente piramidal e etc, visando obter perfis de
campo elípticos.
e) No gráfico da perda medida foi mostrada uma clara tendência decrescente do spot pro-
duzido pela lente e a consequente melhora da eficiência com o taper, indicando que é possível
diminuir a perda com lentes de menor raio de curvatura e menor cintura do feixe.
f) Mesmo que a aplicação do arco elétrico seja um processo muito rápido e até de efeitos
imprevisíveis para o material, foi mostrado que é possível, com certa faixa de controle sobre
alguns parâmetros como a intensidade e duração, a fabricação de pontas curvadas com efeitos de
focalizações desejadas, pelo qual pode-se produzir uma relação empírica com fins de fabricação,
além de ser uma interessante pesquisa no campo dos materiais.
g) Uma das principais aplicações de fibras com microlentes é para acoplamento com laser
de alta potência. Na literatura encontram-se fibras com microlentes com eficiências de acopla-
mento de até 90 %. O desenvolvimento de novas geometrias para microlentes pode focar-se
também no acoplamento fibra-laser.
h) A caracterização do deslocamento do eixo da lente em relação ao eixo da fibra é um
dos fatores que afetam a qualidade da lente, assim futuros trabalhos na caracterização da lente
podem incluir esse tema a ser levado em conta na fabricação.
Bibliografia 59

Bibliografia

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