Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CAMPINAS
2015
Jorge Rufino Fernández Herrera
CAMPINAS
2015
COMISSÃO JULGADORA - DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Título da Tese: “Estudo do Acoplamento Óptico por Fibras com Micro-lentes Cônicas”
Agradeço,
ao Prof. Dr. Hugo Figueroa pela oportunidade de fazer pós-graduação, seu apoio desde minha
chegada ao Brasil e pelos ensinamentos e interessantes discussões na área da óptica e fotônica,
pela amizade e companheirismo;
à Fundação CPqD e à empresa Já! Tecnologia pela ativa contribuição para o presente tra-
balho em especial aos pesquisadores Giovanni Beninca, Alexandre Freitas, Leandro Matiolli,
João Rosolém, Yesica Rumaldo, Adriana Cáceres e Tomás Villena por compartilhar seus co-
nhecimentos;
ao pessoal do DECOM, professores Lucas H. Gabrielli e Luciano Prado, pelos valiosos en-
sinamentos deste emocionante campo de pesquisa, aos colegas do laboratório José Angel, Juan
Pablo, Leonel Pita, Claudio e Roger pela gratificante companhia;
à minha família, minha mãe Sara e meu pai Juan, aos quem devo minha existência e meu
desenvolvimento até agora, e aos meus irmãos Juan e Fiorella, pelo apoio o tempo todo, bem
como a Marleny, pelo companheirismo, apoio e paciência nesta fase da minha vida;
aos eternos amigos Juan Sebastián, Akira, Arley, Renzo Fabián, Leonid, Carlos Donizete e
Sérgio Ribeiro, pelos bons momentos compartilhados ao longo destes anos.
Temos de sonhar, mas com a condição de acreditar em
nossos sonhos. Examinando cuidadosamente a vida
real para confrontar a nossa observação com os nossos
sonhos, e escrupulosamente cumprir a nossa fantasia.
V.I.Lenin
Resumo
This work presents a broad study about the functionality and characterization of
fibers with conical microlenses and his performance in the lateral coupling with
optical chips. In recent years the development of photonic devices based on CMOS
fabrication flow strongly impelled manufacture and research in this type of chip.
The current development is also promoted by the wide range of applications that
this technology can attend, from biomedical applications to sensing, high rate tele-
communications and computing.
In this scenario, this dissertation is a contribution to the study of edge coupling
focused on conical lensed fibers, both in its characterization after manufacturing,
and in the constraints, advantages and performance in the coupling between the
fiber and the chip.
AN Apertura Numérica
AR-coating Anti-Reflection Coating
MFD Mode Field Diameter
CMOS Complementary metal-oxide-semiconductor
PDL Polarization dependent loss
PIC Photonic Integrated Circuit
PVC Policloruro de Vinilo
SOI Silicon on Insulator
SMF Single Mode Fiber
TE Transversal Electric
TM Transversal Magnetic
ROC Radius of Curvature
Sumário
1 Introdução 13
1.1 Contexto de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Objetivos e organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 Publicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Bibliografia 59
Capítulo 1. Introdução 13
Capı́tulo 1
Introdução
O presente estudo expõe uma análise experimental sobre o uso das fibras com microlentes
como parte das estruturas de acoplamento fibra-chip óptico. Ao longo da dissertação serão
discutidos tanto os aspectos teóricos e de simulação quanto os procedimentos experimentais,
que fazem parte da análise, discussões e conclusões apresentadas.
Nesta introdução, começamos com uma breve discussão sobre o contexto de pesquisa atual
e generalidades relativas aos circuitos integrados fotônicos, o problema de acoplamento e apre-
sentação dos objetivos da dissertação assim como a organização do trabalho.
fibra monomodo convencional (SMF do inglês Single Mode Fiber) e um guia de onda fotônico.
Na Figura 1.1, pode-se verificar a grande diferença entre as dimensões geométricas do guia e
da fibra, o que produz perdas de acoplamento superiores a 25dB no caso do acoplamento lateral
direto (tipo butt-coupling). Este tipo de acoplamento tem a estrutura mais simples, mas pelas
altas perdas torna-se inviável para aplicações reais [2, 4, 12].
Figura 1.1: Ilustração em escala do problema de acoplamento: grande diferença entre as dimen-
sões modais do guia (à esquerda) e da fibra (à direita).
• Acoplamento vertical: fora do plano, também chamado acoplamento por cima (Surface
Coupling);
A Figura 1.2 mostra, em termos gerais, a estrutura para os dois casos de acoplamento, as-
sim como a Figura 1.3, as dimensões típicas em ambos os casos, o comprimento do taper no
caso do acoplamento frontal e de uma grade. No caso do acoplamento vertical, acopladores
baseados em estruturas de grade tem sido amplamente utilizados. Fazendo uso de estruturas
periódicas que permitem um redirecionamento do feixe no sentido do guia de onda, atingem
baixas perdas de acoplamento e estão continuamente em desenvolvimento. Contudo o acopla-
mento por grade ainda apresenta algumas limitações como dependência da polarização e pouco
controle das reflexões difíceis de combater, além de estabelecer certo nível de complexidade
para o encapsulamento.
As estruturas de acoplamento lateral ou acoplamento frontal são estruturas que modificam
as dimensões modais para um melhor casamento. Destacam-se o uso de tapers invertidos e o
Capítulo 1. Introdução 15
Figura 1.2: As duas estruturas de acoplamento fibra-chip óptico [1]. À esquerda o acoplamento
frontal. À direita, acoplamento por cima.
uso de fibras com microlentes. As fibras com microlentes neste caso desempenham a função de
reduzir o diâmetro modal da fibra óptica para torná-lo compatível com as dimensões do modo
na entrada do taper no chip. O uso de cobertura anti-reflexão faz das fibras com microlentes
componentes com baixa perda por reflexão.
Embora, as estruturas de encapsulamento sejam mais simples que no caso do acoplamento
vertical, a precisão do alinhamento entre a fibra com microlente e o taper torna-se um fator
crítico para a eficiência do acoplamento frontal e do encapsulamento do dispositivo.
Uma relação entre as vantagens e desvantagens das estruturas de acoplamento descritas é
apresentada na Tabela 1.1.
Atualmente, o Polo Tecnológico sediado em Campinas trabalha no desenvolvimento de cir-
cuitos integrados fotônicos para telecomunicações, incluindo a pesquisa de estruturas de acopla-
mento eficiente. Fazendo uso da experiência na produção de microlentes a partir de processos
de polimento na fibra óptica, a alternativa de acoplamento frontal está sendo usada e aprofun-
dada visando obter um amplo controle na fabricação e caracterização de fibras com microlentes
para acoplamento.
Nesse contexto, foi sido desenvolvida esta dissertação na procura de abordar estas preocu-
pações e complementar o estudo de estruturas eficientes de acoplamento para o encapsulamento
de dispositivos fotônicos.
Capítulo 1. Introdução 16
1.3 Publicações
Foi apresentado o póster:
"Lensed Fiber for Coupling to Photonic Waveguide"
Jorge R.F. Herrera and Hugo E. Hernández-Figueroa
International School on Laser - John Siegman. Amberg, Germany 2015. Optical Society.
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 18
Capı́tulo 2
Acoplamento lateral usando fibras com
microlentes
Como foi exposto no Capítulo 1, o presente trabalho vai focar-se no estudo de acoplamento
frontal ou lateral. Este tipo de acoplamento é baseado em estruturas conversoras do diâmetro
do spot que permitem reduzir ou incrementar as dimensões do modo conforme seja o interesse,
com uma baixa perda.
Neste capítulo, são descritos os componentes do acoplamento, tanto desde uma descrição
teórica da sua funcionalidade quanto os resultados de simulações que foram obtidos usando
o software Lumerical. Além disso, são apresentadas algumas métricas importantes a serem
levadas em consideração, em nosso caso, em relação à caracterização do acoplamento.
de outros elementos ópticos como: fotodiodos, lasers e guias de onda; além do aprimoramento
de métodos de fabricação e disponibilidade de materiais.
A partir de um critério básico, as lentes estão constituídas por uma ou mais superfícies
curvadas que dividem uma zona com diferente índice de refração do meio, produzindo desvios
na direção de propagação dos feixes de uma forma controlada [14]. A partir da análise da
refração sob superfícies curvadas, pode-se identificar o caráter da lente e sua função óptica, por
exemplo no caso das lentes convexas (convergentes) ou côncavas (divergentes).
A Figura 2.1 apresenta uma seção longitudinal do fenômeno de refração numa superfície
curvada. Os raios emergem a partir do objeto O, situado num meio com índice de refração n0
e numa distância So da interface, a qual refrata na superfície esférica para incidir no ponto I
no meio com índice de refração nL em uma distância Si da interface. A superfície curvada da
lente apresenta uma forma circular de raio de curvatura R, centrado no ponto C. Assim, pode-se
estabelecer em primeiro lugar a relação conhecida como Principio de Fermat, o qual estabelece
que "a trajetória percorrida pela luz ao se propagar de um ponto a outro é tal que o tempo gasto
em percorrê-la é um mínimo". Uma consequência deste princípio é expressado mediante a Eq.
2.1.
n0 do + nL di = constante (2.1)
Trabalhando com as respectivas relações geométricas e levando em conta a aproximação
paraxial, que estabelece considerar os raios ópticos cujo percurso se encontra mais próximo ao
eixo óptico (θ muito pequeno, sin(θ ) ≈ θ , do ≈ So e di ≈ Si ), é possível deduzir a Eq. 2.2 [14].
n0 n L 1
+ = (nL − n0 ) (2.2)
So Si R
Para uma maior aproximação ao nosso caso, a Figura 2.2 apresenta a imagem equivalente
da Figura 2.1 para uma superfície curva onde o objeto se encontra na região com índice de
refração nL . Esta situação, que representa melhor as condições de propagação à saída de uma
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 20
fibra óptica com lente, permite identificar algumas características ópticas importantes como a
distância focal e a sua dependência com o raio de curvatura.
Figura 2.2: Neste caso, o objeto encontra-se dentro da região com índice nL .
Com alguma tolerância, podemos considerar o modo fundamental na fibra óptica como uma
onda plana propagando-se no núcleo, então substituindo na Equação 2.2 a posição do objeto O
no infinito obtemos a expressão 2.3 para o foco da lente, com nL = n e n0 = 1.
R
f = Si = (2.3)
n−1
É importante notar que essa aproximação para uma fibra óptica não é totalmente precisa
desde a consideração de uma propagação "perfeitamente plana"do modo fundamental e também
segundo o valor do raio R em relação ao MFD (Mode Field Diameter) pode introduzir condições
um pouco distantes da aproximação paraxial.
Embora o modelo de raios para a propagação da luz é útil para a compreensão e cálculo
de numerosos fenômenos ópticos, para outros é necessário a consideração da propagação da
luz sob o conceito de feixes gaussianos. Este caso é de interesse particular quando abordamos
detalhes de procedimentos como a focagem e a colimação.
A equação do feixe gaussiano aparece como uma solução especial para a equação de Helmholtz
sob a consideração de uma onda paraxial no sentido da propagação [14, 15]. A expressão da
solução que define um feixe gaussiano é apresentado em 2.4.
W0 r2 r2
ψ (r) = ψ0 exp − 2 exp jk(z + ) e− jφ (z) (2.4)
W (z) W (z) 2R(z)
Onde os parâmetros podem ser resumidos na seguinte relação:
• Direção de propagação z;
p
• Parâmetro radial r = x2 + y2 ;
• Meia largura do feixe W (z) (m), com seu valor mínimo W0 (m);
Algumas referências sobre o tema de feixes gaussianos e suas principais características po-
dem ser encontrados em [14, 15]. Uma importante propriedade desses feixes é que enquanto
alguns parâmetros podem mudar como o diâmetro da cintura do feixe de 2W0 , a profundidade
focal de 2z0 e o Raio de Curvatura na posição z de R(z), a forma funcional se mantém gaussiana.
Podemos considerar a transmissão de um feixe gaussiano através de uma lente convexa
como apresentado na Figura 2.3, o feixe incidente da esquerda têm um raio de curvatura RL e
uma largura e uma cintura do feixe de 2W0L na posição zL , o feixe transmitido na direita têm
um raio de RR relacionado com o valor da distância focal f da lente mediante a expressão 2.5.
Figura 2.3: Modificações das dimensões do feixe gaussiano através de uma lente com distância
focal f .
1 1 1
+ = (2.5)
RL RR f
Na equação acima foram considerados positivos os valores dos raios em ambos os lados da
lente. A partir desta relação e seguindo a referência [14], podem-se calcular a posição zR da
cintura do feixe e o valor de sua largura 2W0R mediante as expressões 2.6 e 2.7.
2W0L
2W0R = r (2.6)
πW 2 2
1 + ( λ R0L
R
)
RR
zR = (2.7)
1 + ( πλWRR2 )2
0L
A principal intenção desse trabalho está relacionado à focagem do feixe gaussiano produ-
zido por uma lente convergente, tal como acontece no caso das microlentes cônicas em fibras
ópticas. Nesse sentido, a aproximação para este caso é considerar um feixe gaussiano incidente
com uma longa profundidade de foco e cuja cintura do feixe seja localizado convenientemente
na posição da lente, como é apresentado na Figura 2.4.
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 22
Figura 2.4: Focagem de um feixe gaussiano. A localização da cintura do feixe focado à direita
é próxima ao foco da lente.
fλ 1
2W0R ≈ 2 (2.8)
π W0L
A localização do ponto focal a partir da ponta ou do vértice da lente, posição onde apro-
ximadamente encontra-se a cintura do feixe da lente, também é chamado na literatura como
distância de trabalho [16, 17].
Outro parâmetro óptico importante do feixe, na saída da lente, é a Abertura Numérica (AN).
A AN, medida no campo distante do feixe, pode ser relacionada diretamente ao valor da cintura
do feixe. Na Figura 2.5, é indicado o significado físico da AN como a metade do ângulo de
divergência do feixe, sendo o valor exato da AN o seno daquele, no entanto para a aproximação
paraxial a consideração apresentada é válida, onde sen(θ ) ≈ θ .
Também, conforme o gráfico, como parte da definição dos feixes gaussianos se têm a ex-
pressão 2.9 [15].
s
λz 2
wz = w0 1 + ( 2 ) (2.9)
π w0
No campo distante, z é grande pelo qual se considera a desigualdade 2.10.
z λz
= ≫1 (2.10)
zR π w20
Levando em conta tan(θ ) ≈ θ pelo qual θ = w(z)/z, onde substituindo a desigualdade 2.10
chega-se à expressão da Abertura Numérica em relação à cintura do feixe e o comprimento de
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 23
λ
θ= (2.11)
π w0
é muitas vezes complementado com um revestimento que constitui um segundo guia, de baixo
índice, que retoma o papel de confinamento da luz.
Figura 2.6: Tipos de tapers adiabáticos: (a) 2D taper (b) taper linear 3D (c) taper escada e (d)
taper invertido [2].
Na Figura 2.7, são mostradas as curvas das dimensões modais com as modificações das lar-
guras. Para larguras menores que 300nm, as dimensões modais crescem de forma vertiginosa.
Neste sentido, muitas estruturas de acoplamento baseadas em tapers invertidos têm sido desen-
volvidas na literatura apresentando baixa perda e alta performance no acoplamento [19–21].
Para conseguir uma expansão modal adiabática, o taper precisa de comprimentos longos,
tipicamente entre os 100 a 300µ m. Para reduzir este comprimento, perfis de tapers otimizados
são propostos, deixando de lado o uso dos tapers lineares e substituindo-os por taper invertidos
de perfil exponencial ou quadrático [22]. Mesmo assim, as dimensões finais do taper no chip vão
apresentar também uma dependência do perfil modal presente na fibra óptica, seja monomodo
padrão (clivada) com MFD de ordem de 10µ m ou com uma fibra com microlente onde o MFD
é menor.
Figura 2.7: Dimensões do modo fundamental (largura e altura) segundo o valor da largura do
guia [2].
Eficiência de acoplamento
Podemos considerar o processo de excitação dos modos em um guia a partir de uma fonte
externa. Nem toda a potência incidente no extremo do guia irá acoplar-se completamente aos
modos de propagação do guia. Parte desta potência incidente é refletida como produto da di-
ferença de índices de refração dos meios e outra parte acaba excitando os modos de radiação
do guia [23]. Assim, a potência de maior interesse é aquela que se vai acoplar aos modos de
propagação do guia. No caso de um guia monomodo, a ênfase é posto no cálculo da quantidade
de energia acoplada ao modo fundamental.
A fração de potência transmitida através de uma interface é dada mediante o coeficiente de
transmissão de potência de Fresnel T, apresentada na expressão (2.12).
4n1 n2
T= (2.12)
(n1 + n2 )2
Onde n1 e n2 representam os índices de refração dos meios. Esta expressão é conseguida sob
as condições de acoplamento lateral, isto é, a luz têm uma incidência normal na interface [23]
[12]. No caso da presença de propagação não normal entre os meios, deverão ser conduzidos
cálculos mais complexos, frente aos quais o uso de simuladores é recomendável.
Neste caso, também, é importante conhecer a eficiência de acoplamento entre o modo inci-
dente da fonte com o modo a ser propagado no guia. Esta relação é chamada de casamento de
modo e é obtida mediante a integral de superposição.
Para chegar à expressão da integral de superposição, vai-se partir do critério da expansão
dos campos, sob a qual o campo elétrico e magnético propagantes no guia de onda pode-se
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 26
expressar como uma soma finita de modos de propagação da guia obtidos como soluções das
equações de Maxwell livre de fontes [23]. Isto além do componente que representa as potências
não guiadas (radiadas) e que, conjuntamente com a expressão do componente guiado, podem
representar qualquer valor de campo no guia.
Polarização
Dentro de uma fibra óptica monomodo, dois modos com polarizações ortogonais (chamados
de modos degenerados) podem viajar simultaneamente. Embora, na maioria dos casos é dese-
jada a propagação de só um deles (modo TE ou modo TM), os quais além disso, apresentam
diferentes características de propagação segundo a fabricação e tipo de guia [2].
Em relação ao acoplamento, é importante que ambas polarizações possam-se acoplar com
sucesso ao circuito. Pelo qual é um fator importante a identificação da perda por polarização
que podem adicionar as estruturas de acoplamento. Como foi descrito no Capítulo 1, a estrutura
baseada em grade têm geralmente uma grande diferença de perda segundo o tipo de polarização
para o qual foi projetado, enquanto as estruturas de acoplamento lateral não têm uma grande
diferença de perda entre as duas polarizações.
Neste caso, um parâmetro importante a ser medido é a Perda Dependente da Polarização
(polarization dependent loss-PDL), a qual indica a diferença de perda entre ambas polarizações,
seja numa interface ou na saída do chip. A medida deste parâmetro em nosso caso experimental
vai ser descrita no Capítulo 5.
Tolerância
Um dos tópicos mais importantes a seguir das soluções de acoplamento é o tema de en-
capsulamento. O encapsulamento é um das mais complexas e custosas etapas na fabricação
do chip. Assim, a facilidade de manter a estrutura de acoplamento estável e fixa que contribui
para simplificar e diminuir os custos do encapsulamento é sempre procurada pela industria. Um
parâmetro que atende uma avaliação deste aspecto é a tolerância ao desalinhamento. Desvios
da posição, ângulo ou até temperatura podem afetar a eficiência de acoplamento.
Uma medida da tolerância é expressa em µ m de deslocamento por cada 1dB ou 3dB de
perda no acoplamento.
2.2 Simulação
2.2.1 Efeitos dos parâmetros na simulação da microlente
As microlentes cônicas permitem reduzir o diâmetro de campo modal (Mode Field Diame-
ter-MFD) da fibra óptica mediante um efeito de convergência do feixe na saída da fibra. Para
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 28
uma SMF com diâmetro modal próximo aos 10µ m, as microlentes cônicas podem reduzir o ta-
manho para dimensões da ordem de 2 a 4µ m, as quais permitem um melhor acoplamento com
circuitos integrados ou lasers [22, 24–26].
Figura 2.8: Modelagem da microlente cônica para simulação. O núcleo apresenta um maior
índice de refração em relação à casca.
Como foi descrito na seção 2.1.1 os parâmetros principais que podem caracterizar a micro-
lente na fibra óptica são: a Abertura Numérica, a cintura do feixe e a distância de trabalho.
Além disso, a perda por reflexão na interface fibra-ar é também um parâmetro importante a
ser levado em conta. Com respeito à fabricação, o ângulo de polimento e o Raio de Curvatura
(ROC) determinam a geometria final da microlente cônica.
Para a simulação da estrutura no software Lumerical, a geometria da lente foi aproximada
mediante uma modelagem simples, considerando uma estrutura cônica tridimensional man-
tendo a composição de uma fibra SMF convencional e adicionando na ponta uma região de
seção circular complementar de ar, que permitiu o design desejado da estrutura. A Fig. 2.8
apresenta a modelagem da microlente, tomada de um monitor de índice, o qual captura os va-
lores do índice da estrutura projetada nas posições espaciais definidas no monitor. Para um
melhor aproveitamento dos recursos computacionais, foram utilizadas as condições simêtricas
da estrutura, permitindo a otimização do processamento.
Como mostrado na seção 2.1.1, o papel da microlente é o efeito convergente do feixe na
saída da fibra, a partir do qual ficam estabelecidos os principais parâmetros a medir em uma
microlente.
A Figura 2.9 mostra o efeito convergente a partir de uma modelagem de uma microlente
cônica com ângulo de polimento de 90◦ e raio de curvatura (ROC) de 10µ m. Na imagem são
indicadas a cintura do feixe e a distância de trabalho.
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 29
O efeito sobre o diâmetro modal do feixe ou MFD é mostrado na Figura 2.10. A redução do
diâmetro do feixe é produzido pelas características geométricas da microlente.
(a) (b)
Figura 2.10: (a) Diâmetro do modo fundamental numa fibra monomodo (b) Seção transversal
do modo na posição focal da microlente.
Na Figura 2.11 são mostrados os efeitos sobre o MFD ao longo do eixo de propagação
atravessando a microlente, assim como sobre a amplitude do campo elétrico. O MFD na saída
da lente vai-se reduzir até atingir uma dimensão mínima na posição focal. No caso do campo
elétrico, vai-se produzir um efeito de concentração e incremento da amplitude que atinge o valor
máximo também na posição do foco.
Os valores principais da fabricação da microlente cônica, o ângulo do cone e o raio de
curvatura (ROC), influenciam as propriedades ópticas da lente. A Figura 2.12(a) mostra o com-
portamento de dimensão modal no foco (cintura do feixe) e a distância de trabalho para valores
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 30
(a) (b)
Figura 2.11: (a) Diâmetro do MFD ao longo do eixo z. A posição z = 0 indica a ponta da
microlente (b) Intensidade do campo elétrico no mesmo eixo de propagação, sendo que no foco
se produz a concentração máxima.
de ROC entre 5 e 25µ m. O ângulo do cone é constante em 90◦ . Ambos parâmetros apresentam
um comportamento crescente com o raio de curvatura. A cintura do feixe varia entre 2,25 e
7, 38µ m, entanto a distância de trabalho apresenta uma taxa de crescimento maior entre 4,17 e
32, 49µ m. Para casos de acoplamento onde o modo na entrada do taper apresenta dimensões
menores aos 3µ m, é fundamental conseguir valores de ROCs baixos (menores que 10µ m). Na
Figura 2.12(b) é apresentado o valor de transmissão segundo a mesma variação do ROC. A
transmissão varia entre 0,744 e 0,957, o que representa uma variação entre 1,22 e 0, 19dB de
perda. Isso indica que a geometria da lente afeta a transmissão mediante o aumento da perda
para lentes com ROC baixos. Quanto menor o raio de curvatura, menor o diâmetro da cintura
do feixe, pelo qual pode ter melhor casamento modal com os taper, mas a geometria apresenta
maior perda. É muito comum, para este tipo de lentes, utilizar uma camada antirreflexo que
permite diminuir a perda até valores entorno aos 0, 1dB.
A Figura 2.13(a) analisa os efeitos sob a variação do ângulo do cone, mantendo constante o
valor do raio de curvatura em 10µ m. Neste caso as curvas exibem um comportamento menos
regular, pelo qual pode-se deduzir que a variação do ROC é mais determinante no comporta-
mento óptico da lente em comparação à variação do ângulo do cone. A dimensão da cintura do
feixe muda na faixa de 3,15 e 3, 45µ m na qual os menores valores são obtidos com ângulos en-
tre 92,5 e 97,5◦ . A distância de trabalho apresenta uma tendência ligeiramente decrescente para
valores entre 80 e 90◦ , o qual muda para uma tendência fortemente crescente para os ângulos
entre 90 e 100◦ .
No caso da Figura 2.13(b), a transmissão apresenta uma tendência crescente na grande parte
desta faixa. Assim o coeficiente de transmissão incrementa-se de 0,918 até 0,945, os quais
representam uma diminuição da perda entre 0,37 a 0, 24dB. A diferença do caso anterior na
Figura 2.12(b), o intervalo de variação da transmissão é bem menor, mas mesmo assim, mostra
um aumento da transmissão para ângulos de cone maiores. Em geral, a partir de ambas situações
pode-se inferir que quanto mais aguçado seja a geometria da lente, vai apresentar maior perda
Capítulo 2. Acoplamento lateral usando fibras com microlentes 31
10 40 1
0.95
Transmissão
0.9
5 20
0.85
0.8
0 0 0.75
5 10 15 20 25 5 10 15 20 25
Raio de Curvatura (um) Raio de Curvatura (um)
(a) (b)
Figura 2.12: (a) Cintura do feixe e distância de trabalho para valores de ROC entre 5 e 25µ m.
Ângulo do cone constante em 90◦ . (b) Valores de transmissão para a mesma faixa de valores.
0.95
0.94
Distância de trabalho (um)
Transmissão
Cintura do feixe (um)
3.4 11 0.935
0.93
0.92
3 10 0.915
80 85 90 95 100 80 85 90 95 100
Ángulo do cone (°) Ángulo do cone (°)
(a) (b)
Figura 2.13: (a) Cintura do feixe e distância de trabalho para valores de ângulo de cone entre 80
e 100◦ . ROC constante em 10µ m. (b) Valores de transmissão para a mesma faixa de valores.
na interface fibra-ar, seja por um ângulo de cone menor ou por um raio de curvatura pequeno.
O incremento tanto do valor de ângulo quanto do ROC vão diminuir a perda na estrutura, sendo
o parâmetro mais determinante o raio de curvatura na ponta da lente.
Figura 2.14: Imagem do taper 2D de silício sobre uma substrato de Sílica. O overcladding
também é de Sílica para simulação.
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 2.15: Perfis modais da intensidade de campo elétrico |E|, para guias de onda com di-
ferentes larguras (a) Largura convencional de 500nm (b) Caso de 250nm (c)200nm (d)150nm
(e)100nm e (f)50nm. Quanto menor a largura do guia, maior a quantidade da energia transmitida
na casca. Comprimento de onda: 1550nm.
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 33
Capı́tulo 3
Fabricação e caracterização das fibras com
microlentes cônicas
O estudo e fabricação das fibras com microlentes vêm sendo abordados desde os finais da
década de 80 e inícios dos anos 90 na procura de melhores performances de acoplamento fibra-
laser impulsionados pelo crescente mercado emergente de comunicações ópticas [27–29].
No início da década passada foi-se aprofundando o conhecimento e melhores performances
das microlentes tanto na etapa da fabricação como para a caracterização do seu desempenho no
acoplamento, assim como para outras funcionalidades que as microlentes podem atender como
o sensoriamento. Assim, lentes de geometrias tipo cunha, quadrangular-piramidal, assimétrica-
elíptica em forma de cone e de outros tipos têm sido desenvolvidos na procura de uma maior
eficiência de acoplamento e simplicidade na fabricação [16, 24–26, 30].
Na procura de uma forma simples de fabricação, têm sido experimentadas diferentes op-
ções, dentre as quais destacam-se: polimento e fusão [30], moedura [25], corrosão química
(etching) [31] e fabricação por laser, que vem sendo utilizada na produção de altas quantidades
de microlentes [32, 33].
mediante uma técnica de polimento e fusão, a ser descrita na seção abaixo, e a caracterização
que permita identificar seus principais parâmetros ópticos. A Figura 3.1 apresenta um diagrama
da microlente cônica manufaturada no laboratório.
A partir da Figura 3.2 podemos dividir o processo de fabricação em duas etapas. A primeira
etapa de polimento e a segunda etapa de fusão, consistente na aplicação de um arco elétrico
na ponta da fibra polida. Essas etapas são parte da fabricação propriamente dita, além disso, é
apresentada a terceira etapa para a primeira caracterização, consistente na medida das dimen-
sões geométricas produzidas.
garantir uma pressão mínima para manter fixa a fibra sem deslizar quando a fibra entra em con-
tato com a lixa, mas sem chegar a danificar a casca da fibra clivada. No nosso caso, o elemento
de fixação é feito baseado num material de PVC.
Figura 3.4: Detalhe do processo de polimento na formação do cone. O processo é repetido com
a lixa de 1µ m.
O posicionador que suporta a lixa pode aproximá-la da fibra quando a superfície da fibra
afasta-se da lixa durante o polimento. Isso devido ao rápido processo de polimento inicial, para
o qual é utilizada a lixa de 5µ m. O polimento é monitorado continuamente pelo microscópio
onde encontra-se disposta uma câmera conectada ao computador.
Uma vez que se consiga obter uma ponta cônica no extremo, a fibra é afastada da lixa e este é
substituída pela lixa de 1µ m e o processo de polimento é repetido. Isto permite um acabamento
mais fino sobre a superfície polida.
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 36
(a) (b)
Figura 3.5: Fotografias da máquina de emenda e das configurações disponíveis que afetam a
geração do ROC na fibra óptica.
Foram realizados testes para a geração de diferentes valores de ROC, mudando-se as confi-
gurações da máquina, mas mantendo-se fixa a posição da fibra em relação aos eletrodos indica-
dos com um marcador na tela da máquina de emenda.
Os ROC gerados e as suas condições são mostrados na Tabela 3.1.
Embora existam poucas amostras para obter conclusões representativas, é possível verificar
uma tendência de aumento no ROC para maiores intensidades da potência de arco elétrico.
Além disso, é necessário uma maior quantidade de amostras para estabelecer a influência do
ângulo no resultado.
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 37
3.2 Caracterização
A fabricação é acompanhada de um processo de supervisão e caracterização. O processo de
supervisão consiste na captura de fotos pelo microscópio e em um processamento de imagens
para identificar o contorno da fibra e medir o ângulo de cone e o raio de curvatura.
Na caracterização, são medidas a Abertura Numérica e o diâmetro da cintura do feixe da mi-
crolente fabricada. Para isso, é utilizado um Radiômetro Goniométrico modelo LD8900R/IR/10.
Este equipamento é utilizado na medição dos parâmetros ópticos para fontes de alta divergência,
como são produzidas as microlentes cônicas.
As imagens na Figura 3.6 mostram o arranjo experimental usando o Radiômetro Gonio-
métrico. A fibra com microlente é colocada na entrada da câmera do equipamento utilizando
microposicionadores.
O equipamento permite realizar várias medidas do diâmetro de campo modal (Mode Field
Diameter - MFD) em 13,5% e da Abertura Numérica, além disso, uma reconstrução tridimen-
sional do feixe no campo distante. A Figura 3.7 apresenta parte dos resultados da medida de
uma fibra com microlente. A partir da fenda que conforma o Goniômetro, é possível capturar o
perfil de feixe nos eixos vertical e horizontal, tal como são mostrados na Fig. 3.7(a), e também
a seção transversal do feixe, como é mostrado na Fig. 3.7(b).
Ambas as imagens da Figura 3.7 permitem identificar um perfil bem próximo ao gaussiano
nos dois eixos, assim como uma alta proximidade do centro de feixe com o centro geométrico.
Esse possível desvio do centro do feixe com o centro da fibra pode ocasionar o conhecido
deslocamento (offset), que produz um desvio da propagação na saída da microlente e pode
prejudicar fortemente o alinhamento, além do perfil do feixe de saída, chegando-se a inutilizar
a lente. Este defeito, produzido durante a fabricação é uma importante consideração a levar
em conta na melhora de toda produção de microlentes, seja por polimento ou outro método de
manufatura.
A Figura 3.8 apresenta uma reconstrução tridimensional do feixe na saída da fibra com
microlente. Nas Figuras 3.9 e 3.10 são apresentadas as seções transversais dos feixes nas saídas
das microlentes fabricadas.
As imagens dos perfis do feixe apresentam diferenças entre elas. Assim, algumas micro-
lentes exibem um maior diâmetro do feixe como Fig.3.9(f) e outras um menor diâmetro como
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 38
(a) (b)
Figura 3.6: (a) Arranjo experimental de caracterização com o Radiômetro Goniométrico. (b)
Detalhe da posição da microlente na entrada do equipamento.
(a) (b)
Figura 3.7: (a) Perfil do feixe nos eixos vertical e horizontal capturados com o Radiômetro. (b)
Perfil transversal do feixe de campo distante da microlente.
a Fig.3.9(d), o qual está relacionado inversamente com a magnitude da Abertura Numérica das
lentes. Além disso, as condições reais da fabricação das lentes introduzem alguns elementos
adicionais como a microlente vista na Fig.3.9(a), onde o sinal não está completamente con-
centrado no ponto central da lente e na Fig.3.10(a) onde o perfil apresenta uma baixa simetria
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 39
Figura 3.8: Reconstrução tridimensional do feixe na saída da fibra com microlente cônica.
circular.
Na Tabela 3.2, são apresentadas as características ópticas das fibras fabricadas.
Tabela 3.2: Características das fibras feitas tomadas com o Radiômetro Goniométrico. Tanto na
AN como no MFD são mostrados dois valores correspondentes aos eixos x e y da fibra.
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 40
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 3.9: Perfis dos feixes das fibras com microlente (a) Fib1, (b) Fib2, (c) Fib3, (d) Fib4, (e)
Fib5 e (f) Fib6.
Capítulo 3. Fabricação e caracterização das fibras com microlentes cônicas 41
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3.10: Perfis dos feixes das fibras com microlente (a) Fib7, (b) Fib8, (c) Fib9, (d) Fib10.
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 42
Capı́tulo 4
Análise experimental do acoplamento
fibra-chip
Figura 4.2: Vista superior do alinhamento entre duas fibras e detalhe dos microposicionadores.
(a) (b)
Figura 4.3: (a) Chip visto pela câmera de monitoramento. (b) Layout do chip.
vez que as lentes referenciais têm parâmetros muito similares, característica que não foi conse-
guida com as lentes fabricadas.
Tais medidas foram obtidas através do Radiômetro Goniométrico. Para medir as perdas
de acoplamento entre as fibras com o chip foi realizada a experiência no arranjo apresentado
na Fig. 4.4, descrito na seção anterior, utilizando a fibra 0002 com 0012 e a fibra 0013 com
0017. Isso devido as características ópticas similares em cada par de fibras a ser testada. Assim,
medindo a perda do arranjo e restando a perda intrínseca do sistema e a perda por propagação
no chip é calculada a perda introduzida pela interface de entrada fibra-chip e a saída chip-fibra.
Assim, as Figuras 4.5 apresentam as perdas medidas usando as fibras 0002-0012 e 0013-
0017, respectivamente.
3.5 3.5
3 3
Perda (dB)
Perda (dB)
2.5 2.5
2 2
1.5 1.5
1 1
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda
(a) (b)
Figura 4.5: (a) Perdas medidas usando as fibras 0002-0012. (b) No caso das fibras 0017-0013.
É importante indicar que os valores plotados representam as perdas individuais nas inter-
faces fibra-chip, uma vez que as condições na interface da entrada e da saída podem ser con-
sideradas iguais e a perda de propagação no guia de onda no chip é de 1, 4dB (a partir das
especificações do fabricante).
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 46
No primeiro caso, a Fig. 4.5(a) das fibras 0002-0012, é estimada uma perda aproximada
de 1, 61dB para 1550nm, enquanto que no caso das fibras 0013-0017 têm-se uma estimativa de
2, 64dB de perda.
5
5
4.5
4
4
3.5
Perda (dB)
Perda (dB)
3 3
2.5
2 2
1.5
1 1
0.5
0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda
(a) (b)
Perda de acoplamento fibra Fib3 Perda de acoplamento fibra Fib4
5.5 5.5
5 5
4.5 4.5
4 4
3.5 3.5
Perda (dB)
Perda (dB)
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5 1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda
(c) (d)
Perda de acoplamento fibra Fib5 Perda de acoplamento fibra Fib6
5.5 5.5
5 5
4.5 4.5
4 4
3.5 3.5
Perda (dB)
Perda (dB)
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5 1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda
(e) (f)
Figura 4.6: Perdas de acoplamento fibra-chip para cada fibra com microlente fabricada entre
Fib1 e Fib6.
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 48
5 5
4.5 4.5
4 4
3.5 3.5
Perda (dB)
Perda (dB)
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5 1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda
(g) (h)
Perda de acoplamento fibra Fib9 Perda de acoplamento fibra Fib10
5.5 5.5
5 5
4.5 4.5
4 4
3.5 3.5
Perda (dB)
Perda (dB)
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5 1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Lambda Lambda
(i) (j)
Figura 4.7: Perdas de acoplamento fibra-chip para cada fibra com microlente fabricada entre
Fib7 e Fib10.
MFD e perda de acoplamento medidas AN e MFD medidas
5.5 5
5 4.5
4.5 4
Perda acoplamento (dB)
MFD (um)
4 3.5
3.5 3
3 2.5
2.5 2
2 1.5
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45
MFD (um) Abertura Numerica
(a) (b)
Figura 4.8: (a) Relação entre a perda de acoplamento (dB) e o diâmetro do feixe (MFD) (b)
Relação da abertura numérica versus o MFD para cada fibra (λ = 1550nm).
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 49
às medidas tanto das previsões dadas pelas equações teóricas quanto pela simulação. Na Figura
4.9, são apresentados os valores obtidos para este parâmetro.
6
Teórico
5.5 Simulação
Medido-eixo x
5 Medido-eixo y
µm
4.5
Cintura do feixe
3.5
2.5
1.5
Fib4 Fib9 Fib2 Fib10 Fib8 Fib3 Fib5 Fib1 Fib7 Fib6
Figura 4.9: Valores da cintura do feixe para as fibras com microlentes produzidas. Os valores
foram obtidos a partir das equações teóricas, as simulações e as medidas apresentadas.
Em média o valor estimado pelas equações teóricas é maior que as medidas em 0, 87µ m,
enquanto a estimativa pela simulação é maior em 0, 32µ m. Há aspectos importantes que não
foram levadas em conta no cálculo teórico e que têm influência nos resultados. Uma deles é
a modelagem só da superfície esférica e não de uma parte da interface plana como a parte cô-
nica. Essa modelagem é razoável enquanto o diâmetro modal incidente (em torno aos 10µ m) é
pequeno suficiente para que possa ser afetado somente pela superfície curva, mesmo assim, em
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 50
casos de curvas com raios pequenos uma porção da energia pode impactar com a parte cônica.
Outro efeito não analisado foi a aberração, que tem afetado o desempenho das lentes. Esse
efeito, mais claramente apresentado na Figura 4.10, produz uma diferença entre a distância de
trabalho (ou distância focal) da lente com o valor esperado, devido a uma diferença entre o com-
portamento dos raios próximos ao eixo óptico e aqueles mais afastados do eixo. Finalmente,
os resultados por simulações apresentam uma melhor aproximação com um erro de aproxima-
damente 10%. O modelo da estrutura foi mostrado no Capítulo 2 e o erro na estimativa pode
originar-se na mesma estrutura. Por exemplo, as simulações não levam em conta que a maté-
ria devería manter-se no mesmo volume depois da aplicação do arco [16]. A abordagem das
simulações foi diretamente estabelecer uma superfície esférica a partir da localização conve-
niente para a geração do raio planejado. Essa suposição pode ter afetado o resultado e outras
abordagens podem ter uma melhor aproximação das medidas reais.
35
Teórico
Simulação
30
µm
25
Distância de trabalho
20
15
10
0
Fib4 Fib9 Fib2 Fib10 Fib8 Fib3 Fib5 Fib1 Fib7 Fib6
Figura 4.10: Valores da distância de trabalho obtidas pela equação (2.3) e pelas simulações.
0.8 1
Com chip Com chip
Sem chip 0.9 Sem chip
0.7
0.8
0.6
0.7
0.5
0.6
PDL (dB)
PDL (dB)
0.4 0.5
0.4
0.3
0.3
0.2
0.2
0.1
0.1
0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)
(a) (b)
1 1
Com chip Com chip
0.9 Sem chip 0.9 Sem chip
0.8 0.8
0.7 0.7
0.6 0.6
PDL (dB)
PDL (dB)
0.5 0.5
0.4 0.4
0.3 0.3
0.2 0.2
0.1 0.1
0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)
(c) (d)
1 1
Com chip Com chip
0.9 Sem chip 0.9 Sem chip
0.8 0.8
0.7 0.7
0.6 0.6
PDL (dB)
PDL (dB)
0.5 0.5
0.4 0.4
0.3 0.3
0.2 0.2
0.1 0.1
0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)
(e) (f)
Figura 4.11: Perda dependente da polarização, medidas com as Fib1-Fib6.
1 1
Com chip Com chip
0.9 Sem chip 0.9 Sem chip
0.8 0.8
0.7 0.7
0.6 0.6
PDL (dB)
PDL (dB)
0.5 0.5
0.4 0.4
0.3 0.3
0.2 0.2
0.1 0.1
0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)
(g) (h)
1 1
0.8 0.8
0.7 0.7
0.6 0.6
PDL (dB)
PDL (dB)
0.5 0.5
0.4 0.4
0.3 0.3
0.2 0.2
0.1 0.1
0 0
1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570 1530 1535 1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)
(i) (j)
Figura 4.12: Perda dependente da polarização, medidas com as Fib7-Fib10.
deste valor é a diferença entre os valores de perdas na propagação que cada modo apresenta no
interior do chip.
As linhas vermelhas, que apresentam a legenda "Sem chip", correspondem à medida da PDL
num arranjo sem o chip, onde as fibras com microlente se encontram alinhadas frente a frente.
Nesses casos, pode-se observar uma PDL sempre menor a 0, 1dB. Isso indica a origem dessa
diferença de perda na propagação no interior do chip, reduzindo a influência da geometria da
lente para um rol secundário.
-10
-10
-15
-15
-20
-20
-25 -25
-30 -30
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6
Deslocamento (um) Deslocamento (um)
(a) (b)
Perda por desalinhamento - Fib3 Perda por desalinhamento - Fib4
0 0
Eixo X Eixo X
Eixo Y Eixo Y
-5 -3dB -5 -3dB
Perda respeito ao máximo (dB)
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6
Deslocamento (um) Deslocamento (um)
(c) (d)
Perda por desalinhamento - Fib6
Perda por desalinhamento - Fib5 0
0
Eixo X
Eixo X
Eixo Y
Eixo Y
-5 -3dB
-5 -3dB
Perda respeito ao máximo (dB)
Perda respeito ao máximo (dB)
-10
-10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6
Deslocamento (um) Deslocamento (um)
(e) (f)
Figura 4.13: Curvas de perda por desalinhamento das Fib1-Fib6.
Pode-se observar nas figuras apresentadas que o desalinhamento produz altas perdas no
acoplamento. Temos por exemplo na Figura 4.13(f) um desalinhamento próximo dos ±2µ m
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 54
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6
Deslocamento (um) Deslocamento (um)
(g) (h)
Perda por desalinhamento - Fib9 Perda por desalinhamento - Fib10
0 0
Eixo X Eixo X
Eixo Y Eixo Y
-5 -3dB -5 -3dB
Perda respeito ao máximo (dB)
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6
Deslocamento (um) Deslocamento (um)
(i) (j)
Figura 4.14: Curvas de perda por desalinhamento das Fib7-Fib10.
produzindo uma perda de −10dB. Um caso distinto é mostrado na Figura 4.13(d) onde a perda
de −10dB é atingida para um desalinhamento de aproximadamente ±3µ m. Levando isso em
conta, cada fibra com microlente produzida apresenta uma curva de tolerância diferente. O valor
de perda referencial foi selecionado de 10dB por ser convenientemente baseado nos gráficos.
A Figura 4.15 apresenta a relação entre MFD das fibras com o valor de desalinhamento
para uma perda de 3dB, esse valor referencial é usado para a avaliação da tolerância ao desa-
linhamento. Como no caso do acoplamento, também os dois parâmetros mostram uma relação
direta em seu comportamento. Quanto maior o diâmetro da cintura do feixe ou MFD no foco,
há uma maior tolerância ao desalinhamento, isso devido a uma maior área transversal com alta
energia. No entanto, menor seção transversal têm uma maior eficiência de acoplamento, mas
uma maior dificuldade na montagem e encapsulamento expressado numa baixa tolerância ao
desalinhamento.
Capítulo 4. Análise experimental do acoplamento fibra-chip 55
Tolerância ao Desalinhamento
3.8
3.6
Desalinhamento para perda de 3dB - um
3.4
3.2
2.8
2.6
2.4
2.2
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
MFD - um
Figura 4.15: Relação entre o MFD da microlente com o desalinhamento para uma perda de
3dB.
Capítulo 5. Comentários finais e conclusões 56
Capı́tulo 5
Comentários finais e conclusões
Figura 5.1: Efeitos da modificação da geometría da lente cônica para as propriedades ópticas.
do cônico, tais como: lente de cunha, lente cinzel, lente piramidal e etc, visando obter perfis de
campo elípticos.
e) No gráfico da perda medida foi mostrada uma clara tendência decrescente do spot pro-
duzido pela lente e a consequente melhora da eficiência com o taper, indicando que é possível
diminuir a perda com lentes de menor raio de curvatura e menor cintura do feixe.
f) Mesmo que a aplicação do arco elétrico seja um processo muito rápido e até de efeitos
imprevisíveis para o material, foi mostrado que é possível, com certa faixa de controle sobre
alguns parâmetros como a intensidade e duração, a fabricação de pontas curvadas com efeitos de
focalizações desejadas, pelo qual pode-se produzir uma relação empírica com fins de fabricação,
além de ser uma interessante pesquisa no campo dos materiais.
g) Uma das principais aplicações de fibras com microlentes é para acoplamento com laser
de alta potência. Na literatura encontram-se fibras com microlentes com eficiências de acopla-
mento de até 90 %. O desenvolvimento de novas geometrias para microlentes pode focar-se
também no acoplamento fibra-laser.
h) A caracterização do deslocamento do eixo da lente em relação ao eixo da fibra é um
dos fatores que afetam a qualidade da lente, assim futuros trabalhos na caracterização da lente
podem incluir esse tema a ser levado em conta na fabricação.
Bibliografia 59
Bibliografia
[1] L. Chrostowsky and M. Hochberg, Silicon Photonic Design from Devices to Systems.
2015.
[2] L. Vivien and L. Pavesi, Handbook of Silicon Photonics. CRC Press, 2013.
[5] M.-O. M. e. Chagnon, M., “Experimental Parametric Study of a Silicon Photonic Modu-
lator Enabled 112-Gb/s PAM Transmission System with a DAC and ADC,” Journal of
Lightwave Technology, 2015.
[6] J. T. Kim, “CMOS-Compatible Polarization Splitter for 3-D Silicon Photonic Integrated
Circuits,” Journal of Lightwave Technology, 2014.
[7] R.-G. S. G. R. N.-e. Bayat, K., “Photonic-Crystal-Based Polarization Converter for Te-
rahertz Integrated Circuit,” IEEE Trans. Microwave Theory Techn., 2010.
[10] e. Zecca D., Qualtieri A., “Photonic Crystal Based immunosensor for clinical diagnosis,”
Third Mediterranean Photonic Conference, 2014.
[11] e. Najeeb N., Yaping Zhang, “Photonic biosensor chip for early-stage cancer diagnosis,”
17th International Conference on Transparent Optical Networks (ICTON), 2015.
[12] A. P. K. Graham T. Reed, Silicon Photonics An Introduction. John Wiley & Sons, Ltd,
2004.
Bibliografia 60
[18] H. Sun, Laser Diode Beam Basics, Manipulations and Characterizations. Springer Briefs
in Physics, 2012.
[19] R. P. V.R. Almeida and M. Lipson, “Nanotaper for compact mode conversion,” Optics
Letters, 2003.
[20] T. W. K. Y. T. Shoji, T. Tsuchizawa and H. Morita, “Low loss mode size converter from
0.3um square Si waveguide to SMF,” Electronics Letters, 2002.
[21] B. B. B. Henri Porte and S. Bernabe, “Epoxy free butt coupling between a lensed fiber and
a silicon nanowire waveguide with an inverted taper configuration,” 2011.
[22] e. Guanghui Ren, Shaowu Chen, “Study on inverse taper based mode transformer for low
loss coupling between silicon wire waveguide and lensed fiber,” Optics Communication,
2011.
[25] e. Yu-Kuan, Ying Chein Tsai, “Asymmetric elliptic-cone-shaped microlens for efficient
coupling to high-power laser diodes,” OptiOptics Express Vol. 15 No. 4, 2007.
[26] e. Yi-Chung Huang, Wen-Hsuan Hsieh, “New diodes of Hyperboloid Microlens for High-
Average and High-Yield Coupling High-Power Lasers to Single-Mode Fibers,” Journal of
Lightwave Technology, Vol. 31 No. 11, 2013.
[27] R. F. Holger Karstensen, “High-efficiency Two lens Laser Diode to Single-Mode Fiber
Coupler with a Silicon Plano Convex Lens,” Journal of Lightwave Technology, Vol 7, No2,
1989.
[29] H. M. P. Christopher A. Edwards and C. Dragone, “Ideal Microlens for Laser to Fiber
Coupling,” Journal of Lightwave Technology, Vol 11, No2, 1993.
Bibliografia 61
[30] S.-Y. H. e. Szu-Ming Yeh, Yu-Kuan Lu, “A Novel Scheme of lensed fiber employing a
Quadrangular-Pyramid-Shaped Fiber Endface for Coupling between High-Power Laser
diodes and Single-Mode Fibers,” Journal of Lightwave Technology Vol 22, No5, 2004.
[31] M.-J. K. Eun-Hyun Park and Y.-S. Kwon, “Microlens for Efficient Coupling between LED
and optical fiber,” IEEE Photonics Technology Letters Vol11, No4, 1999.
[34] X. L. e. Zehua Hong, Linjie Zhou, “Design and analysis of a highly efficient coupler
between a micro/nano optical fiber and an SOI waveguide,” Applied Optics, 2012.