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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Divisão de Informação e Documentação


Guimarães, William M.
Sensor Refractométrico e Sensor de Curvatura com Discriminação de Direção Baseados em Fibras
Ópticas Especiais.
São José dos Campos, 2021.
110f.

Dissertação de mestrado – Curso de Ciências e Tecnologias Espaciais, Área de Sensores e


Atuadores Espaciais – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2021. Orientador: Prof. Dr. Marcos
Antônio Ruggieri Franco

1. Dielétricos; 2. Fibras ópticas; 3. Guias de ondas; 4. Sensores ópticos; 5. Curvaturas; 6. Física;


7. Engenharia elétrica I. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. II. Sensor Refractométrico e Sensor de Curvatura
com Discriminação de Direção Baseados em Fibras Ópticas Especiais

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GUIMARÃES, William M. Sensor Refractométrico e Sensor de Curvatura com


Discriminação de Direção Baseados em Fibras Ópticas Especiais. 2021. 110 f.
Dissertação de mestrado em Ciências e Tecnologias Espaciais – Instituto Tecnológico de
Aeronáutica, São José dos Campos, 2021.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: William Melo Guimarães


TÍTULO DO TRABALHO: Sensor Refractométrico e Sensor de Curvatura com Discriminação de
Direção Baseados em Fibras Ópticas Especiais
TIPO DO TRABALHO/ANO: Dissertação / 2021

É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias desta


dissertação e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação ou
tese pode ser reproduzida sem a sua autorização (do autor).

__________________________________
William Melo Guimarães
Rua H23A 103 – Campus do CTA
CEP: 12228-480, São José dos Campos - SP
iii

SENSOR REFRACTOMÉTRICO E SENSOR DE CURVATURA

COM DISCRIMINAÇÃO DE DIREÇÃO BASEADOS EM

FIBRAS ÓPTICAS ESPECIAIS

William Melo Guimarães

Composição da Banca Examinadora:

Prof. Dr. Olympio Lucchini Coutinho Presidente - ITA


Prof. Dr. Marcos Antônio Ruggieri Franco Orientador - IEAv
Prof. Dr. João Marcos Salvi Sakamoto Membro Interno - IEAv
Prof. Dr. Alexandre de Almeida Prado Pohl Membro Externo - UTFPR

ITA
iv

Agradecimentos

À minha família, em especial minha esposa Dâmaris, pelo apoio, paciência e


compreensão, sem os quais esse momento não chegaria.
Ao Prof. Dr. Marcos A. R. Franco, pela orientação e supervisão direta deste trabalho
e pelos constantes ensinamentos e exemplo, tão importantes para a formação de um
pesquisador.
Ao Prof. Dr. Cristiano M. B. Cordeiro e toda sua equipe do Instituto de Física da
UNICAMP, pela parceria de longa data com o Laboratório de Eletromagnetismo
Computacional.
Aos demais Professores e Mestres do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, que
carregam o nobre fardo de compartilhar seus conhecimentos em prol da formação de mestres e
doutores.
À Força Aérea Brasileira, em especial ao Instituto de Estudos Avançados, por permitir
e incentivar o aprimoramento técnico e científico de seus colaboradores.
v

"O importante é não parar de questionar.


A curiosidade tem sua própria razão de existir”.
(Albert Einstein)
vi

Resumo

A utilização de sensores ópticos na medida de diversos parâmetros físicos e químicos e para as


mais variadas aplicações vem aumentando nas últimas décadas e tem despertado cada vez mais
o interesse da comunidade científica. Neste trabalho, são apresentados estudos numéricos
detalhados sobre duas propostas de sensores baseados em fibras ópticas especiais. Para ambas
as propostas, são expostos em detalhes os principais procedimentos utilizados para a criação
dos modelos computacionais, bem como os resultados obtidos a partir das simulações baseadas
nesses modelos. A primeira proposta se trata de um sensor refractométrico implementado
através de um arranjo de fibras monomodo-multimodo-monomodo, com a seção multimodal
composta por uma fibra microestruturada de núcleo exposto. Essa concepção utiliza o
fenômeno da interferência de multimodos para produzir um padrão de interferência que varia
de acordo com o índice de refração de uma amostra dielétrica. A interação da amostra com o
campo evanescente dos modos que se propagam na região do núcleo da fibra óptica é facilitada
através do núcleo exposto ao meio externo. Os resultados numéricos são, então, comparados
com os resultados experimentais obtidos através de parceria acadêmica entre o Laboratório de
Eletromagnetismo Computacional do IEAv e o Instituto de Física da UNICAMP. A segunda
proposta é baseada em uma fibra óptica especial de núcleo oco formado pela disposição de
capilares dielétricos distribuídos ao seu redor de forma azimutalmente assimétrica. Tanto as
especificações geométricas quanto o posicionamento dos capilares são escolhidos para que,
através do efeito antirressonante, as características de transmissão óptica do sensor variem de
acordo com a intensidade e direção da curvatura aplicada à fibra óptica. Devido à diferença de
espessura entre as paredes dos capilares dielétricos, o acoplamento entre os modos ópticos do
núcleo oco e dos capilares ocorre em comprimentos de onda distintos para cada capilar, fazendo
com que a curvatura em direções diferentes seja responsável pela redução do nível de
transmissão em comprimentos de onda também diferentes. Ao submeter a fibra óptica, por meio
de simulações, a diferentes raios de curvatura aplicados em direções variadas, os resultados
numéricos obtidos permitem observar esse comportamento. Tal característica faz com que o
dispositivo proposto se comporte como um sensor de curvatura com discriminação direcional.
vii

Abstract

The use of optical sensors in the measurement of various physical and chemical parameters and
for different applications has increased in recent decades, attracting more and more interest
from the scientific community. In the work presented here, detailed numerical studies are
presented on two proposals for sensors based on special optical fibers. For both proposals, the
main procedures used to create the computational models are presented in detail, as well as the
results obtained from the simulations based on these models. The first proposal is a
refractometric sensor implemented through a single-mode – multimode – single-mode fiber
configuration (SMS), with the multimodal section composed of an exposed-core
microstructured fiber. This proposal uses the phenomenon of multimode interference to
produce an interference pattern that varies according to the refractive index of the dielectric
sample. Since the core is exposed to the external environment, the interaction of the sample
with the evanescent field of the modes that propagate in the core region of the fiber is facilitated.
The numerical results are then compared with the experimental results obtained through an
academic partnership between the Laboratory of Computational Electromagnetism at IEAv and
the Institute of Physics at UNICAMP. The second proposal is based on a special optical fiber
with a hollow core, formed by the arrangement of dielectric capillaries distributed around it in
an azimuthally asymmetric way. Both the geometric specifications and the positioning of the
capillaries are chosen so that, through the anti-resonant effect, the optical transmission
characteristics of the sensor vary according to the intensity and direction of the curvature
applied to the optical fiber. Due to the difference in thickness between the walls of the dielectric
capillaries, the coupling between the optical modes of the hollow core and the capillaries occurs
at different wavelengths for each capillary, making the curvature in different directions
responsible for reducing the level of transmission at different wavelengths. By submitting the
optical fiber, through simulations, to different radii of curvature applied in different directions,
the numerical results obtained allow us to observe this behavior. This characteristic makes the
proposed device behave like a curvature sensor with directional discrimination.
viii

Lista de Figuras

Figura 1 – Representação típica do perfil transversal de uma fibra óptica com um perfil de índice

(𝑛) do tipo degrau (SMF28 – Corning®). ................................................................................. 26

Figura 2 – Representação, em coordenadas cilíndricas, dos componentes de campo elétrico de

uma onda eletromagnética guiada ............................................................................................ 27

Figura 3 – Representação da variação do campo elétrico de uma onda eletromagnética ao se

propagar ao longo do eixo z, conforme indicação dos eixos coordenados ............................... 28

Figura 4 – Representação da polarização elíptica no plano transversal ao eixo de propagação.

.................................................................................................................................................. 30

Figura 5 – Exemplo de padrão interferométrico de arranjo SMS, com a indicação de regiões de

baixa (setas azuis) e alta (setas amarelas) concentração de energia no centro do núcleo da seção

MMF. O gráfico à direita mostra a potência no núcleo normalizada pela potência da SMS de

entrada. ..................................................................................................................................... 35

Figura 6 – Diagrama esquemático mostrando diferentes ângulos de incidência, passando pelo

ângulo crítico e indicando o fenômeno da reflexão total interna. ............................................ 37

Figura 7 – Representação de corte transversal de uma fibra microestruturada que faz uso da

Reflexão Interna Total Modificada como fenômeno de guiagem. ........................................... 38

Figura 8 – Representação de corte transversal de uma fibra microestruturada que faz uso do

Bandgap Fotônico como fenômeno de guiagem. ..................................................................... 39

Figura 9 – (a) Diagrama esquemático do corte transversal de uma fibra antirressonante simples,

do tipo capilar, indicando a espessura da casca e os índices de refração; (b) detalhe

representativo das transmissões e reflexões do sinal óptico nas interfaces entre a parede

dielétrica e o núcleo e entre a parede dielétrica e o meio externo. ........................................... 41


ix

Figura 10 – Diagrama esquemático de um sensor de intensidade extrínseco baseado em um

espelho móvel que pode ser utilizado para medir pequenos deslocamentos. ........................... 43

Figura 11 – Exemplo da curva característica de um sensor. .................................................... 45

Figura 12 – Imagem de corte transversal da fibra a ser utilizada para implementação do sensor

proposto indicando suas dimensões aproximadas. ................................................................... 49

Figura 13 – Imagem de corte transversal da fibra a ser utilizada para implementação do sensor

proposto indicando as dimensões aproximadas das distâncias entre os furos. ......................... 49

Figura 14 – Desenho da seção transversal da fibra idealizada indicando as dimensões e os

índices de refração dos materiais a serem utilizadas no modelo computacional. ..................... 52

Figura 15 – Esquema da estrutura SMS utilizada no modelo computacional com a indicação do

referencial de eixos coordenados e do modo fundamental lançado na SMF de entrada. ......... 53

Figura 16 – Padrão interferométrico para um comprimento de 15 mm de seção multimodal com

as indicações das posições das quatro primeiras re-imagens. .................................................. 54

Figura 17 – Detalhe do pico da curva de referência obtida para LMMF = 2,860 mm, λ = 1,55 μm

e nvar = 1,00. .............................................................................................................................. 54

Figura 18 – Detalhe do perfil de índices de refração em parte da seção transversal da fibra óptica

para elementos de malha com área de (a) 0,64 µm2, (b) 0,08 µm2 e (c) 0,01 µm2................... 56

Figura 19 – Resposta espectral do sensor a variações do índice de refração a ser medido. ..... 57

Figura 20 – Características do sensor refractométrico em função do índice de refração da

amostra dielétrica que preenche um furo lateral próximo ao núcleo da fibra óptica sensora. (a)

Detalhe da função de segundo grau utilizada para determinar o valor máximo das curvas de

transmissão espectral; (b) deslocamento espectral do pico de transmissão em relação a λ0; (c)

curva de sensibilidade do sensor e (d) largura completa a meia altura da banda de transmissão

óptica. ....................................................................................................................................... 58
x

Figura 21 – Transmissão espectral do sensor refractométrico quando seis furos ao redor do

núcleo da fibra são preenchidos com o material dielétrico da amostra a ser sensoriada. ......... 59

Figura 22 – Transmissão espectral do sensor para seis furos preenchido com o material

dielétrico da amostra a ser medida, com o pico de referência em λ0 = 1.450 nm..................... 60

Figura 23 – Características do sensor refractométrico com o pico de referência em λ0 = 1.450

nm. (a) Transmissão óptica espectral para diferentes índices de refração do material dielétrico

que preenche o furo lateral, conforme indicado; (b) deslocamento espectral do pico de

transmissão em relação a λ0; (c) curva de sensibilidade do sensor e (d) largura completa a meia

altura. ........................................................................................................................................ 61

Figura 24 – Transmissão espectral do sensor refractométrico em função da quantidade de furos

ao redor do núcleo preenchidos com material dielétrico de índice de refração nvar = 1,42. ..... 62

Figura 25 – Comparação da resposta do sensor em função da quantidade de furos preenchidos

com material dielétrico. Deslocamento espectral (a) e (b); sensibilidade espectral (c) e (d) e

largura a meia altura – FWHM (e) e (f).................................................................................... 64

Figura 26 – Comparação entre as curvas de transmissão espectral da quatro primeiras re-

imagens ..................................................................................................................................... 65

Figura 27 – Corte transversal do modelo de fibra sensora com núcleo exposto e indicação dos

índices de refração. ................................................................................................................... 67

Figura 28 – Comparação da transmissão espectral do sensor refractométrico baseado no modelo

com seção multimodal com um furo preenchido (linhas sólidas) e o sensor refractométrico

baseado no modelo com seção multimodal de núcleo exposto (linhas tracejadas), para diferentes

índices de refração do material dielétrico da amostra mensurada. A diferença entre a

transmissão normalizada dos dois casos é mostrada através das curvas com linhas pontilhadas.

.................................................................................................................................................. 68
xi

Figura 29 – (a) Variação das curvas de referência (nvar = 1 e λ0 = 1.450 nm) com o

desalinhamento da SMF de entrada, nas direções x, y e x e y simultaneamente, conforme

indicado; (b) Deslocamento, em nanômetros, do pico das curvas de referência para as três

condições de desalinhamento citadas. ...................................................................................... 69

Figura 30 – Para a condição de desalinhamento da SMF de entrada em -3 μm na direção y: (a)

deslocamento espectral da banda de transmissão, para diferentes índices de refração; (b)

deslocamento espectral e (c) sensibilidade do sensor; para a condição de desalinhamento da

SMF de entrada em +3 μm na direção y: (d) deslocamento espectral da banda de transmissão,

para diferentes índices de refração; (e) deslocamento espectral e (f) sensibilidade do sensor. 70

Figura 31 - Para a condição de desalinhamento da SMF de entrada em -3 μm na direção x: (a)

deslocamento espectral da banda de transmissão, para diferentes índices de refração; (b)

deslocamento espectral e (c) sensibilidade do sensor; para a condição de desalinhamento da

SMF de entrada em +3 μm na direção x: (d) deslocamento espectral da banda de transmissão,

para diferentes índices de refração; (e) deslocamento espectral e (f) sensibilidade do sensor. 71

Figura 32 – Comparação da resposta espectral entre a condição de perfeito alinhamento da SMF

de entrada com as condições de desalinhamento de 3 μm e 4 μm no (a) sentido do núcleo

exposto e (c) no sentido oposto; comparação do deslocamento espectral e da sensibilidade entre

essas três condições na (b) sentido do núcleo exposto e (d) sentido oposto. ........................... 73

Figura 33 – (a) Transmissão espectral óptica em função do índice de refração da amostra

mensurada para diâmetros de núcleo da MMF de 28 µm, 34 µm e 40 µm e (b) comparação do

deslocamento espectral dos picos de transmissão e da sensibilidade do sensor para os mesmos

diâmetros de núcleo. ................................................................................................................. 74

Figura 34 – Diagrama esquemático da pré-forma utilizada para a fabricação da fibra óptica de

núcleo exposto com a indicação das principais dimensões. ..................................................... 76


xii

Figura 35 – Resultados experimentais para a banda de transmissão espectral do sensor

refractométrico. (b) dados brutos, sem filtragem amostral; (b) com aplicação de filtro de média

móvel de 5 elementos; (c) com aplicação de filtro de média móvel de 11 elementos e (d) com

aplicação de filtro de média móvel de 17 elementos. ............................................................... 78

Figura 36 – Detalhe do método utilizado para o cálculo dos vales das curvas de transmissão

espectral obtidas a partir dos dados experimentais. .................................................................. 79

Figura 37 – Variação do deslocamento espectral dos vales das curvas de transmissão (a) e

variação da sensibilidade do sensor (b), ambas em função do número de elementos utilizados

para a filtragem dos dados experimentais................................................................................. 79

Figura 38 – Comparação entre os dados experimentais e numéricos para os picos da curva de

referência em 1.550 nm. ........................................................................................................... 80

Figura 39 – Comparação entre os dados experimentais e numéricos tomando por referência os

vales das curvas. ....................................................................................................................... 81

Figura 40 – Comparação entre os dados experimentais e numéricos quanto a: (a) Deslocamento

Espectral e (b) Sensibilidade. ................................................................................................... 82

Figura 41 – Representação da fibra óptica antirressonante de núcleo oco e assimetria azimutal.

(a) Seção transversal da fibra óptica sensora. (b) Representação tridimensional da fibra óptica

sensora com indicação do referencial de curvatura. ................................................................. 84

Figura 42 – (a) Indicação do centro do eixo de curvatura em x = -R e as variáveis de

transformação do sistema de mapeamento espacial; (b) perfil de índices de uma SMF28 sem

curvatura e (c) perfil de índices com transformação das propriedades de material referente a

uma curvatura de 1 cm.............................................................................................................. 88

Figura 43 – Comprimentos de onda ressonantes para as diferentes espessuras. ...................... 89

Figura 44 – Modelo geométrico da fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal com a

indicação dos principais parâmetros geométricos. ................................................................... 90


xiii

Figura 45 – Indicação do reposicionamento da geometria global do modelo para a simulação de

curvatura nas direções (a) θ = 180°; (b) θ = 90°; (c) θ = 0° e (d) θ = −90° ............................. 91

Figura 46 – Representação da seção transversal da fibra óptica antirressonante de assimetria

azimutal mostrando o perfil de índices de refração para a fibra óptica reta e curvada com raio

de curvatura de 3 cm. (a) A fibra óptica reta; (b) fibra curva com destaque para valores de

índices de refração nas regiões preenchidas com ar; (c) fibra curva com destaque para valores

de índices de refração das regiões preenchidas de material sólido (sílica). (d) fibra óptica reta

com representação do perfil de intensidade do modo óptico fundamental lançado na entrada da

fibra óptica. ............................................................................................................................... 92

Figura 47 – Variação espectral dos vales de transmissão em função das densidades de malha.

.................................................................................................................................................. 93

Figura 48 – (a) Transmissão óptica em função do comprimento de onda da fibra antirressonante

com assimetria azimutal sem curvatura, composta por tubos dielétricos de diferentes espessuras

(t1 a t4); (b) perfil transversal de intensidade do modo óptico fundamental nos comprimentos de

onda em que ocorre acoplamento entre modo de núcleo e modo da estrutura dielétrica. ........ 94

Figura 49 – Transmissão espectral da fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal

curvada com diferentes raios de curvatura. Comparação da resposta espectral da fibra reta com

a fibra submetida a curvaturas de Rcurv = 3 cm, Rcurv = 5 cm e Rcurv = 15 cm na direção θ = 0°.

.................................................................................................................................................. 95

Figura 50 – Transmissão espectral da fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal,

curvada na direção θ = 0°, com diferentes raios de curvatura, e perfis de intensidade do modo

óptico fundamental evidenciando seu acoplamento ressonante com modos ópticos da estrutura

dielétrica da fibra óptica, em especial em capilares de diferentes espessuras: (a) e (b) capilar

com espessura de 650 nm; (c) e (d) capilar com espessura de 800 nm; e (e) e (f) capilar com

espessura de 725 nm. ................................................................................................................ 96


xiv

Figura 51 – Transmissão espectral da fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal

curvada em diferentes direções de curvatura e perfis de intensidade do modo óptico

fundamental evidenciando seu acoplamento ressonante com modos ópticos da estrutura

dielétrica da fibra óptica. Resultados obtidos considerando Rcurv = 5 cm, para uma janela de 30

nm no entorno das ressonâncias associadas aos capilares dielétricos de (a) 800 nm e (c) 725 nm.

Perfil transversal de intensidade óptica normalizada, nas mesmas condições, indicando o

deslocamento espacial dos modos em função da direção θ de curvatura, para os comprimentos

de (b) 838 nm e (d) 760 nm. ..................................................................................................... 98

Figura 52 – Desvio espectral dos vales de transmissão em função da direção de curvatura e para

três raios de curvatura. (a) Resultados associados aos capilares de 575 nm e 725 nm e (b)

resultados associados aos capilares de 650 nm e 800 nm....................................................... 100


xv

Sumário

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 20


2.1 Evolução no sensoriamento com fibras ópticas ................................................... 20
2.2 Estado da arte do desenvolvimento de sensores refractométricos baseados em
fibras ópticas especiais ........................................................................................................... 20
2.3 Estado da arte do desenvolvimento de sensores de curvatura baseados em
fibras ópticas especiais ........................................................................................................... 22

3 FIBRAS ÓPTICAS - ASPECTOS TEÓRICOS RELEVANTES .............................. 25


3.1 Fibras ópticas e seus principais parâmetros de projeto ...................................... 25
3.1.1 Modos guiados .......................................................................................................... 25
3.1.2 Polarização óptica ..................................................................................................... 28
3.1.3 Perdas por absorção .................................................................................................. 31
3.1.4 Perdas por micro e macrocurvatura .......................................................................... 31
3.1.5 Perdas por confinamento .......................................................................................... 32
3.1.6 Campo evanescente .................................................................................................. 32
3.1.7 Interferência de multimodos e formação de re-imagem ........................................... 33
3.2 Categorias de fibras ópticas ................................................................................... 35
3.3 Principais Fenômenos que suportam a guiagem em fibras ópticas ................... 36
3.3.1 Reflexão Total Interna (TIR – Total Internal Reflection) ........................................ 36
3.3.2 Reflexão Total Interna Modificada (mTIR – modified Total Internal Reflection) ... 37
3.3.3 Bandgap Fotônico..................................................................................................... 38
3.3.4 Inibição de Acoplamento .......................................................................................... 39
3.3.5 Efeito Antirressonante .............................................................................................. 39

4 SENSORES A FIBRAS ÓPTICAS ............................................................................... 42


4.1 Classificação de sensores a fibras ópticas ............................................................. 42
4.1.1 Sensor Intrínseco ...................................................................................................... 42
4.1.2 Sensor Extrínseco ..................................................................................................... 42
4.1.3 Sensor de Intensidade ............................................................................................... 43
4.1.4 Sensor Interferométrico ............................................................................................ 44
4.2 Principais parâmetros para o desenvolvimento de um sensor óptico ................ 44
4.2.1 Sensibilidade ............................................................................................................. 45
xvi

4.2.2 Ruído ........................................................................................................................ 45


4.2.3 Razão sinal-ruído ...................................................................................................... 46
4.2.4 Faixa dinâmica .......................................................................................................... 46
4.2.5 Resolução.................................................................................................................. 46
4.2.6 Acurácia .................................................................................................................... 47

5 SENSOR REFRACTOMÉTRICO ............................................................................... 48


5.1 Proposta de sensor de núcleo exposto baseado em interferência multimodal .. 48
5.2 Metodologia utilizada para a criação do modelo computacional ....................... 50
5.2.1 Definição das características geométricas e de propriedades de material ................ 51
5.2.2 Definição da densidade de malha ............................................................................. 55
5.3 Resultados Numéricos ............................................................................................ 57
5.3.1 Comportamento do sensor com o aumento da superfície de contato entre o núcleo e
os furos preenchidos com material da amostra dielétrica ..................................................... 58
5.3.2 Impacto na resposta do sensor ao se dimensionar a seção multimodal para permitir
re-imagens de ordens superiores........................................................................................... 65
5.3.3 Estudo de um modelo idealizado com núcleo exposto ............................................. 66
5.3.4 Impacto do desalinhamento entre a SMF de entrada e a MMF ................................ 68
5.3.4.1 Comportamento do sensor para diâmetros de núcleo diferentes ...................... 73
5.4 Fabricação da fibra óptica multimodal de núcleo exposto ................................. 75
5.5 Resultados experimentais....................................................................................... 76

6 SENSOR DE CURVATURA COM DISCRIMINAÇÃO DIRECIONAL ................ 83


6.1 Projeto de uma fibra óptica antirressonante de núcleo oco com assimetria
azimutal.. ................................................................................................................................. 83
6.2 Metodologia utilizada para a criação do modelo computacional. ...................... 87
6.2.1 Técnica de mapeamento espacial para a modelagem computacional de fibras ópticas
curvadas ................................................................................................................................ 87
6.2.2 Principais parâmetros utilizado no projeto de sensor baseado em fibra óptica
antirressonante ...................................................................................................................... 88
6.2.3 Definição das características geométricas e de propriedades de material ................ 89
6.2.4 Estudo da densidade de malha .................................................................................. 92
6.3 Resultados numéricos ............................................................................................. 93

7 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 101

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 104
17

1 Introdução

Apesar de não serem nenhuma novidade, visto que já estão presentes em nossas vidas, de
alguma forma, por mais de meio século, os sensores a fibra óptica continuam atraindo o interesse
da comunidade científica mundial. São vários os fenômenos ópticos envolvidos em seu
funcionamento que pode ser direcionado para o sensoriamento dos mais diversos parâmetros
físicos. Entre suas vantagens, se destacam a imunidade à interferência eletromagnética, peso e
dimensões reduzidos, alta sensibilidade, resistência a radiação, banda larga de operação e
possibilidade de operação em condições extremas de pressão e temperatura [1]. Como
desvantagem, podemos citar uma relativa complexidade dos métodos de detecção, requisitos
rígidos quanto à precisão dos procedimentos de instalação e elevado custo de implementação,
quando comparados com outras categorias de sensores [2].
Em virtude dessas características, a utilização de sensores a fibra óptica se mostra
particularmente vantajosa para aplicações espaciais, principalmente no monitoramento da saúde
estrutural de instalações, equipamentos e veículos espaciais, além do sensoriamento ambiental e
no desenvolvimento de sistemas de navegação inercial. Além dos pontos positivos já citados,
outros aspectos, como isolamento elétrico, flexibilidade mecânica, baixo consumo de potência,
capacidade de monitoramento remoto, multiplexação eficiente e possibilidade de sensoriamento
de múltiplos parâmetros fazem com o que sensores a fibra óptica tenham o potencial de superar
outros tipos de sensores para aplicações desta natureza espacial [3].
Motivado pela relevância do tema, este trabalho busca explorar novos designs de fibras
ópticas especiais com potencial de serem aplicadas em sensoriamento, ao apresentar duas
propostas de sensores através de uma série de estudos numéricos. A primeira proposta é
relacionada a um sensor refractométrico baseado em interferência de multimodos em uma fibra
multimodal de núcleo exposto, fibra recentemente apresentada na literatura. O índice de refração
é uma importante propriedade de qualquer material podendo, inclusive, ser utilizado para
mensurar diferentes características físicas, químicas ou biológicas, conforme relatado em um
breve resumo do estado da arte apresentado na seção 2.2.
A segunda proposta refere-se a um sensor de curvatura baseado em uma fibra
antirressonante de núcleo oco com assimetria azimutal, proposta inédita da equipe do Laboratório
de Eletromagnetismo Computacional (LEC) do IEAv e objeto de cooperação com a equipe de
pesquisadores do Instituto de Física da UNICAMP. O sensoriamento de curvatura possui várias
aplicações tendo como exemplos relevantes as aplicações relacionadas ao monitoramento de
18

diversos tipos de estruturas ou ao controle mecânico de posicionamento. Uma revisão


bibliográfica sobre este sensor, com a citação de recentes estudos sobre o tema é apresentada na
seção 2.3.
A principal contribuição deste trabalho é apresentar um estudo numérico detalhado e
inédito dessas duas propostas de fibras ópticas especiais para o sensoriamento tanto de índice de
refração quanto de curvatura com discriminação de direção. Através do estudo de geometrias
idealizadas, são investigados os impactos de diferentes parâmetros de projeto no desempenho
dos sensores propostos. Essa dissertação também busca contribuir com o detalhamento dos
principais procedimentos utilizados para a criação dos modelos computacionais e a configuração
de seus parâmetros de simulação, além da sistematização dos estudos de caracterização de
sensores ópticos propostos.
Os conjuntos de dados apresentados visam atender o objetivo principal de apresentar uma
prova de conceito capaz de demonstrar o potencial de aplicabilidade dos designs de fibra
apresentados em sensores refractométricos e de curvatura. No caso da fibra utilizada para a
medida de índice de refração busca-se, ainda, a validação do modelo computacional através da
comparação com os dados experimentais obtidos por meio de parcerias acadêmicas.
No capítulo 3, é introduzido um embasamento teórico sobre alguns dos principais
fenômenos associados à fibras ópticas, em especial os fenômenos relacionados aos princípios de
funcionamento dos sensores propostos. No capítulo 4, são discutidas algumas das características
de sensores em geral e as características de fibras ópticas quando configuradas como sensor, em
especial quando utilizadas como sensores refractométricos ou sensores de curvatura direcional.
O capítulo 5 aborda a proposta de sensor de índice de refração baseado em interferência
de multimodos e implementado através de um arranjo SMS (single mode – multimode – single
mode) com a seção multimodal composta de uma fibra microestruturada de núcleo exposto. A
metodologia utilizada para a criação dos modelos computacionais é apresentada, bem como os
resultados numéricos obtidos, o que permite a avaliação do comportamento do sensor quanto à
variação de vários parâmetros de projeto. Esses resultados são, então, comparados com resultados
experimentais obtidos através de uma pareceria entre o Laboratório de Eletromagnetismo
Computacional (LEC), do Instituto de Estudos Avançados, e o Instituto de Física da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP). Uma breve introdução sobre o processo de fabricação de
fibras óticas especiais, bem como um resumo do processo de fabricação da fibra óptica sensora
em questão, são apresentados na seção 5.4.
O capítulo 6 trata da proposta de um sensor de curvatura com discriminação direcional
baseado em uma fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal, e segue uma sequência
19

semelhante à apresentada no capítulo 5, no que tange aos passos para a criação do modelo
computacional e para o tratamento e exibição dos dados gerados através das simulações. O
princípio de funcionamento do sensor é discutido em detalhes e a prova de conceito do
dispositivo proposto é feita através da análise dos resultados numéricos obtidos quando o sensor
é avaliado para diferentes raios e direções de curvatura.
20

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Evolução no sensoriamento com fibras ópticas

Um endoscópio flexível pode ser considerado o primeiro sensor a fibra óptica e foi
inventado em 1930 [4,5,6]. Já a implementação de um alarme para identificar a presença pontual
ou não de um objeto pode ser considerada uma das primeiras aplicações industriais de sensores
a fibra óptica que, posteriormente, evoluiu para a determinação precisa de sua localização [7].
Em 1966, foi publicado um estudo que estabeleceu os requisitos, especialmente a máxima
atenuação por quilômetro, para que uma fibra óptica possa se tornar um meio físico capaz de
transmitir sinais ópticos a longas distâncias e ser a base de uma rede de comunicações [8].
Posteriormente esse trabalho rendeu um prêmio Nobel de Física por conquistas inovadoras
relacionadas à transmissão de luz em fibras para comunicações ópticas [9,10].
Com o passar dos anos, a redução nos custos dos componentes utilizados em sensores
ópticos teve papel fundamental nos avanços tecnológicos que permitiram sua popularização.
Diodos LASER monomodo, que nos anos 1970 custavam milhares de dólares e tinham vida útil
de horas, já podiam ser encontrados em milhões de reprodutores de CD com custo reduzido para
o patamar de poucos dólares e com vida útil estimada em dezenas de milhares de horas [5]. Da
mesma forma, fibras ópticas monomodo, que nos anos 1970 custavam 10 dólares por metro,
popularizaram-se na década de 1990, atingindo custos menores que 10 centavos de dólar por
metro após milhões de quilômetros serem instalados a cada ano [11]. O mesmo ocorreu com
outros componentes como moduladores ópticos integrados. Com uma inserção no mercado cada
vez maior devido a essa redução de custos, somada à grande variedade de aplicações em
potencial, é seguro afirmar que os sensores a fibra óptica estarão cada vez mais presentes em
nossas vidas.

2.2 Estado da arte do desenvolvimento de sensores refractométricos


baseados em fibras ópticas especiais

O índice de refração de um material dielétrico é uma de suas principais propriedades


ópticas e está diretamente relacionado com a velocidade de fase de uma onda eletromagnética
propagando-se neste dielétrico. Sensores refractométricos são dispositivos capazes de medir essa
propriedade física e serão brevemente discutidos nesta seção.
21

Por se tratar de uma propriedade física, diretamente relacionada à forma como uma onda
eletromagnética interage com o meio material, o índice de refração tem impacto direto na
propagação óptica. Materiais dielétricos, sujeitos à ação de alguma grandeza física externa,
podem ter suas propriedades alteradas de forma que seu índice de refração sofre uma mudança.
Ao observar uma variação do índice de refração, é possível sensoriar indiretamente, o agente
físico externo (mensurando) responsável por essa mudança. O elemento sensor pode operar de
duas formas: conhecendo-se a variação dos agentes externos e a forma pela qual esses agentes
físicos alteram as propriedades ópticas do meio material dielétrico, é possível desenvolver um
sensor refractométrico ou sensor de índice de refração. Por outro lado, se são conhecidos os
índices de refração do meio dielétrico e a forma como esses valores são alterados por agentes
externos, é possível desenvolver um sensor óptico para mensurar a variação desses agentes
físicos externos, tais como: temperatura [12], pressão [13], deformação [14], vibração [14],
curvatura [15], campo magnético [16] ou elétrico [17], umidade [18], etc.
Várias aplicações industriais, tais como o controle de qualidade na indústria química, de
alimentos e no setor de combustíveis [19], necessitam de medidas precisas de índice de refração
em seus processos. Atividades de pesquisas na área médica e bioquímica, também fazem uso de
sensores refractométricos como forma de estimar a concentração de material biológico diluída
em uma solução [20]. Como um último exemplo podem ser citados sensores que se baseiam em
materiais com propriedades eletro-ópticas, magneto-ópticas ou termo-ópticas que podem ser
utilizados para medir grandezas físicas como campo elétrico, campo magnético ou temperatura,
respectivamente, através do sensoriamento de seus índices de refração.
Sensores de índice de refração baseados em fibras ópticas podem fazer uso das mais
variadas técnicas de projeto e fabricação [21]. Entre as mais simples, destaca-se a utilização de
fibras afinadas (tapers)a partir de fibras monomodo convencionais. A simples redução do
diâmetro da fibra na região utilizada para o sensoriamento permite obter uma sensibilidade
próxima de 3.000 nm/RIU (onde RIU se refere à variação de uma unidade de índice de refração,
ou Refractive Index Unit) na faixa de índices de refração da amostra entre 1,42 e 1,43 [22],
entretanto, tais sensors têm a desvantagem de serem frágeis. Tapers produzidos a partir de fibras
ópticas mais complexas, do tipo PCF (“Photonic Crystal Fiber”), processo demonstrado em 2005
[23], possibilitaram a concepção de sensores refractométricos com resolução de 1x10-5 RIU.
Outras técnicas, como a implementação de redes de período longo (LPG) em PCF’s, que
permitiu, em 2007, obter uma alta sensibilidade de 1.500 nm/RIU para índice de refração da
amostra próximo de 1,33 [24], também já foram demonstradas, além de processos mais
complexos de fabricação, como os utilizados para a produção de uma fibra PCF do tipo D [25]
22

permitirem atingir altíssimas sensibilidades de 46.000 nm/RIU para amostra com índice de
refração próximo de 1,42. Processos ainda mais elaborados foram utilizados em 2016 para a
criação de uma fibra de núcleo líquido com revestimento nano-poroso com sensoriamento
baseado em plasmon de superfície com faixa ajustável de detecção de índice de refração [26].
Várias outras abordagens, como a utilização de fibras baseadas em interferômetros do tipo Mach-
Zehnder [27] ou do tipo Fabry-Perot [28], ou através da gravação de FBG’s (Redes de Bragg)
[29] já foram demonstradas recentemente na literatura como formas de desenvolver sensores
refractométricos. A Tabela 1 resume e compara, quanto à sensibilidade, os resultados dos estudos
citados e que foram obtidos através da utilização de diferentes tipos de fibras ópticas especiais
para o sensoriamento de índice de refração. Observa-se, por exemplo, que dependendo da
complexidade ou especificidades das técnicas utilizadas podem ser obtidos desempenhos muito
diferentes.

Tabela 1 – Comparação da sensibilidade de alguns exemplos de sensores de índice de fração


baseados em diferentes técnicas e princípios de funcionamento

Índice de
Tecnologia do Sensibilidade
Tipo de Fibra Utilizada Refração Ref
Sensor Máxima
Observado
LPG PCF 1.500 nm/RIU 1,33 [24]
Plasmon de
PCF/Tipo D 46.000 nm/RIU 1,42 [25]
Superfície
Plasmon de Fibra de Núcleo líquido com
5.840 nm/RIU 1,33-1,34 [26]
Superfície revestimento nano-poroso
Interferômetro
SMF/Tapers 380 nm/RIU 1,333 [27]
Mach-Zehnder
Interferômetro
MMF 5,49 nm/RIU 1,316-1,457 [28]
Fabry-Perot
FBG SMF < 2 nm/RIU 1,43 [29]

2.3 Estado da arte do desenvolvimento de sensores de curvatura baseados


em fibras ópticas especiais
23

Conforme citado anteriormente, fibras ópticas podem ser utilizadas para o sensoriamento
de diversas grandezas físicas. Uma dessas grandezas, frequentemente associada ao
comportamento de sistemas estruturais ou mecânicos, é a deformação causada pela curvatura,
que pode ter a intensidade ou magnitude definida por seu raio de curvatura.
O sensoriamento de curvatura encontra aplicações em diversas áreas, desde o
monitoramento de estruturas [30] até aplicações médicas e na área de robótica [31]. Para este
fim, sensores baseados em fibras ópticas especiais, utilizando várias técnicas diferentes já foram
demonstrados na literatura. Os mais comuns talvez sejam os baseados em redes de Bragg de
período longo (LPG) que vêm sendo utilizados desde 1998 [32]. Quando sensores de curvatura
baseados em LPG são comparados com sensores baseados em redes de Bragg convencionais
(FBG) [33], podem trazer algumas vantagens, tal como uma maior sensibilidade [34,35]. Os
sensores de curvatura baseados em LPG também podem apresentar uma variação praticamente
linear em sua sensibilidade [36], o que pode ser útil para aplicações específicas. Por outro lado,
os sensores de curvatura baseados em FBG se destacam por serem capazes de medir uma faixa
maior de curvatura, podendo, ao mesmo tempo, sofrer menor impacto a variações de temperatura
[34], desde que sejam levadas em consideração as compensações necessárias para que essas
variações não impactem na medida da grandeza em questão.
Outras técnicas baseadas em interferometria, como as que utilizam interferômetros de
Mach-Zehnder (MZI), podem trazer vantagens como uma altíssima sensibilidade a variações de
curvatura de até 11,987 nm/m-1 [37], que pode ser aumentada ainda mais, chegando a atingir
25,946 nm/m-1 ao se utilizar um recurso de interferometria intermodal através de dois tapers em
cascata [38]. Uma combinação destes dois princípios, LPG e interferometria, foi demonstrada
em 2007, se mostrando particularmente interessante para a medida de elevados raios de
curvatura, comumente presentes em aplicações relacionadas às engenharias civil e mecânica [39].
Fibras com múltiplos núcleos, também baseadas em interferometria, já foram demonstradas
como sensores de curvatura [40,41]. Algumas delas, como uma fibra de sete núcleos proposta
em 2017 [42] que apresentou uma linearidade de 0,997 na faixa de curvatura de 0-1 m-1, permitem
medição simultânea de temperatura, característica muito comum em sensores de curvatura
[43,44,45], uma vez que a resposta do sensor pode ser fortemente influenciada por esse fator.
Estudos recentes também foram publicados sobre fibras de núcleo oco sensíveis à variações de
curvatura e que utilizam o efeito antirressonante como mecanismo de guiagem [46].
Pode haver situações, em que é interessante conhecer não só o raio de curvatura, mas
também a direção na qual a curvatura ocorre. Para este fim devem ser utilizados sensores de
curvatura com discriminação direcional que já foram demonstrados utilizando variações do
24

mesmos princípios [47,48] e continuam atraindo a atenção da comunidade científica nos últimos
anos [49]. Vários sensores baseados em técnicas semelhantes às já comentadas, e capazes de
identificar a direção de curvatura, foram propostos nos últimos anos. Dentre eles, podem ser
citados sensores baseados em FBG [50], LPG [51], MZI [52], fibras de múltiplos núcleos [53,54]
ou antirressonantes [55].
A Tabela 2 mostra um quadro comparativo entre os principais sensores apresentados nesta
seção quanto a algumas de suas características.

Tabela 2 – Comparação de diferentes tecnologias de sensores espectrais de curvatura baseados


em fibra ópticas

Discriminação Sensibilidade
Tecnologia do Sensor Faixa de operação Ref
de Direção Máxima
3,175 nm/m-1
Não -1
0 m-1 a 1,2 m-1 [33]
FBG 18,9 µW/m
Sim 39 pm/m-1 0 m-1 a 8,18 m-1 [50]
Não 5,5 nm/m-1 0,8 m-1 a 4,4 m-1 [32]
LPG
Sim 21,03 nm/m-1 0 m-1 a 2,8 m-1 [51]
Não 25,946 nm/m-1 6,48 m-1 a 7,98 m-1 [38]
Interferometria Modal
Sim 87,7 nm/m-1 0 m-1 a 0,3 m-1 [52]
Não -28,29 nm/m-1 2,79 m-1 a 3,24 m-1 [41]
Múltiplos Núcleos
Sim 3,234 nm/m-1 0 m-1 a 0,588 m-1 [54]
0,164 nm/m-1
Não 0 m-1 a 2,68 m-1 [46]
Núcleo Oco 5,62 dB/m-1
Sim 4,86 nm/m-1 0 m-1 a 0,88 m-1 [55]
25

3 Fibras Ópticas - Aspectos Teóricos Relevantes

3.1 Fibras ópticas e seus principais parâmetros de projeto

Este capítulo aborda algumas características fundamentais relacionadas a fibras ópticas,


bem como parâmetros associados ao projeto e à fabricação desses componentes, com o objetivo
de estabelecer uma base teórica geral para facilitar a compreensão de alguns dos fenômenos e
processos abordados no decorrer deste texto para o desenvolvimento de sensores baseados em
fibras ópticas especiais.

3.1.1 Modos guiados

Quando estamos tratando da propagação de ondas eletromagnéticas em guias de onda


dielétricos, podemos encontrar soluções das equações de Maxwell que satisfazem às condições
específicas impostas pelo meio onde a onda se propaga, ou seja, do próprio guia de onda [56].
Essas soluções definem um conjunto de características que representam as formas com que a
onda pode se propagar no meio, que, por sua vez, recebem o nome de modos de propagação.
Dessa forma, para que um modo exista, os componentes de campo elétrico e magnético devem
satisfazer a equação de Helmholtz que, para um meio dielétrico sem perdas e sem a presença de
fontes internas de corrente, pode ser definida por:
∇2 𝐸⃗ + 𝜇𝑟 𝜀𝑟 𝑘0 2 𝐸⃗ = 0, (1)
ou por:
⃗ + 𝜇𝑟 𝜀𝑟 𝑘0 2 𝐻
∇2 𝐻 ⃗ = 0, (2)

onde 𝐸⃗ e 𝐻
⃗ representam, respectivamente o campo elétrico e o campo magnético, μr e εr
correspondem, respectivamente, à permeabilidade magnética e permissividade elétrica,
propriedades do material onde a onda se propaga e k0 indica o número de onda, ou constante de
propagação no vácuo. Para um meio dielétrico com 𝜇𝑟 ≅ 1, condição presente nos modelos
utilizados para a obtenção dos resultados apresentados neste texto, a equação de Helmholtz pode
ser reescrita como:
∇2 Ψ + 𝑛2 𝑘0 2 Ψ = 0 (3)
onde 𝑛 = √𝜀𝑟 e equivale ao índice de refração do material dielétrico e Ψ representa os
componentes dos campos elétricos ou magnéticos. A partir da Equação (3), a dependência
26

espacial dos campos dos campos elétrico e magnético, em coordenadas cartesianas, pode ser
definida como:
𝜕2𝛹 𝜕2𝛹 𝜕2𝛹
+ + + 𝑛 2 𝑘0 2 𝛹 = 0 (4)
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2 𝜕𝑧 2

A Figura 1 apresenta a seção transversal típica de uma fibra óptica, padrão em


comunicações ópticas, com índice de refração constante e mais elevado na região central da fibra
óptica (região do núcleo), circundada por uma região com menor valor de índice de refração que
define a região de casca da fibra ótica. Esse tipo de fibra é conhecido como fibra de índice degrau
e, geralmente, é definido por um núcleo de raio relativamente pequeno rc envolto por uma casca
de raio muito maior rcl.

Figura 1 – Representação típica do perfil transversal de uma fibra óptica com um perfil de índice
(𝑛) do tipo degrau (SMF28 – Corning®).

Ao focar nossa análise na situação específica de guias cilíndricos, e levando em


consideração que rcl >> rc, a equação de Helmholtz pode ser reescrita conforme a Equação (5),
onde r, ϕ e z definem o conjunto de coordenadas cilíndricas de acordo com a Figura 2.

𝜕 2 𝛹 1 𝜕𝛹 1 𝜕 2 𝛹 𝜕 2 𝛹
2
+ + 2 2
+ 2 + 𝑛2 𝑘0 2 𝛹 = 0 (5)
𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜙 𝜕𝑧
27

Figura 2 – Representação, em coordenadas cilíndricas, dos componentes de campo elétrico de


uma onda eletromagnética guiada

As soluções da Equação (5) representam a propagação da onda eletromagnética ao longo


do guia na direção longitudinal z com uma constante de propagação β, e tais soluções são
definidas por uma dependência entre Ψ(z) e z representada por 𝑒 −𝑗𝛽𝑧 , e entre Ψ(ϕ) e ϕ
representada por 𝑒 −𝑗𝑙𝜙 , onde 𝑙 é um número inteiro que indica uma variação harmônica da
amplitude de campo da onda Ψ e sua fase ϕ com período múltiplo de 2π. Com essas considerações
tem-se:
𝛹(𝑟, 𝜙, 𝑧) = 𝜓(𝑟)𝑒 −𝑗𝛽𝑧 𝑒 −𝑗𝑙𝜙 , 𝑙 = 0, ±1, ±2, . . ., (6)
Substituindo a Equação (6) na Equação (5) obtém-se a seguinte equação diferencial
ordinária
𝑑2 𝜓 1 𝑑𝜓 𝑙2
+ 𝑟 𝑑𝑟 + (𝑛2 𝑘0 2 − 𝛽2 − 𝑟 2 ) 𝜓 = 0, (7)
𝑑𝑟 2

cuja solução ψ representa um modo guiado se esta solução satisfizer a condição na qual a
constante de propagação β é menor que o número de onda na região do núcleo (β < nck0) e maior
que o número de onda da casca (β > nclk0) [56], onde nc e ncl representam, respectivamente, os
índices de refração na região do núcleo e na região da casca da fibra óptica.
Maiores detalhes sobre a propagação de modos em guias dielétricos podem ser obtidos
em [56], onde os aspectos matemáticos são abordados de forma aprofundada e os fenômenos
físicos são discutidos de forma mais abrangente.
Fibras ópticas com reduzido diâmetro de núcleo e baixo contraste entre índice de refração
de núcleo e casca, geralmente, propagam apenas dois modos de polarização ortogonal (fibras
monomodo - SMF) ou propagam poucos modos guiados. Entretanto, fibras ópticas com elevado
28

contraste entre os índices de refração de núcleo e casca e/ou região de núcleo com maiores
dimensões, suportam a propagação de múltiplos modos ópticos e são denominadas fibras
multimodo (MMF). Fibras ópticas também podem ser projetadas para ter perfil de índice de
refração variável na região do núcleo e/ou na região da casca (fibras de índice gradual - GRIN).
A tecnologia de fibras ópticas tem sido positivamente impactada por recentes avanços no
emprego de materiais especiais e através de projetos inovadores de fibras ópticas que utilizam:
complexas distribuições de materiais dielétricos em sua seção transversal, a inclusão de
microestruturas de furos preenchidos com ar, além da inclusão de metais, líquidos, gases,
nanopartículas, grafeno, etc., nessas mesmas microestruturas. Tais inovações têm resultado em
novas características para a propagação óptica que tornam as fibras ópticas especiais a principal
tecnologia com potencial de incrementar as comunicações ópticas e superar suas atuais
limitações de banda, bem como permitir o desenvolvimento de sensores ópticos de múltiplos
parâmetros físicos.

3.1.2 Polarização óptica

Polarização óptica pode ser definida como a orientação do campo elétrico (ou de sua
variação) em relação à direção de propagação, indicada na Figura 3. De modo geral, três tipos
diferentes de polarização podem ser identificados tomando a variação do campo elétrico na
direção de propagação z: linear, circular e elíptica [57].

Direção de
propagação

Figura 3 – Representação da variação do campo elétrico de uma onda eletromagnética ao se


propagar ao longo do eixo z, conforme indicação dos eixos coordenados
29

Considere uma onda eletromagnética propagando-se na direção Cartesiana z. Neste caso,


os campos elétricos e magnéticos ortogonais estão contidos no plano transversal xy. Uma onda
eletromagnética é denominada linearmente polarizada quando o campo elétrico se mantém numa
direção fixa no plano transversal ao longo da propagação da onda. O campo elétrico transversal
pode ser representado como:
⃗ (𝑧, 𝑡) = ⃗⃗⃗⃗
𝑬 𝑬𝑥 (𝑧, 𝑡) + ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑬𝑦 (𝑧, 𝑡), (8)
onde os componentes nas direções x e y são respectivamente definidos por:
⃗⃗⃗⃗
𝑬𝑥 (𝑧, 𝑡) = 𝒊̂𝐸0 𝑥 𝑐𝑜𝑠(𝑘𝑧 − 𝜔𝑡), (9)
⃗⃗⃗⃗⃗
𝑬𝑦 (𝑧, 𝑡) = 𝒋̂𝐸0 𝑦 𝑐𝑜𝑠(𝑘𝑧 − 𝜔𝑡 + 𝜙) (10)

onde 𝐸0 é amplitude do campo elétrico, z é a posição ao longo do eixo de propagação


longitudinal, t o tempo, 𝒊̂ e 𝒋̂ os vetores unitários paralelos aos eixos x e y respectivamente, k é a
constante de propagação, ω é a frequência angular e ϕ é a diferença de fase entre ⃗⃗⃗⃗
𝑬𝑥 e ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑬𝑦 . A
condição necessária para que a polarização seja linear é que ϕ seja igual a zero ou assuma valores
múltiplos de π.
Já a polarização circular ocorre quando a diferença de fase ϕ entre os componentes
𝜋
transversais do campo elétrico assumem valores de 2𝑚𝜋 ± 2 , para 𝑚 = 0, ±1, ±2, . . ., . Com essa
𝜋
condição, tem-se duas situações possíveis. Na primeira, para 𝜙 = 2𝑚𝜋 − 2 , os componentes x e

y do campo elétrico são dados por:


⃗⃗⃗⃗
𝑬𝑥 (𝑧, 𝑡) = 𝒊̂𝐸0 𝑐𝑜𝑠(𝑘𝑧 − 𝜔𝑡) e (11)
⃗⃗⃗⃗⃗
𝑬𝑦 (𝑧, 𝑡) = 𝒋̂𝐸0 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑧 − 𝜔𝑡) (12)
e, por consequência,
⃗𝑬
⃗ (𝑧, 𝑡) = 𝐸0 (𝒊̂𝑐𝑜𝑠(𝑘𝑧 − 𝜔𝑡) + 𝒋̂𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑧 − 𝜔𝑡)). (13)
Para a representação dada pela Equação (13), um observador olhando em direção à fonte,
enxergaria uma onda viajando em sua direção com frequência angular ω e girando em direção
horária. Esse tipo de polarização é chamado de “Polarização Circular à Direita” ou RCP do
𝜋
inglês Right-Circularly Polarized. Na segunda situação, com 𝜙 = 2𝑚𝜋 + 2 , o campo elétrico é

representado por:
⃗⃗ (𝑧, 𝑡) = 𝐸0 (𝒊̂𝑐𝑜𝑠(𝑘𝑧 − 𝜔𝑡) − 𝒋̂𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑧 − 𝜔𝑡)).
𝑬 (14)
Neste caso, um observador olhando em direção à fonte, enxergaria uma onda viajando em sua
direção com a mesma frequência angular ω, mas girando em direção anti-horária. Esse tipo de
polarização é chamado de “Polarização Circular à Esquerda” ou LCP do inglês Left-Circularly
30

Polarized. É importante destacar que, para que a polarização seja considerada circular, (seja RCP
ou LCP), as amplitudes dos campos nas direções x e y devem ser iguais, no caso, 𝐸0 .
Quando não existe nenhuma restrição quanto aos valores de amplitude ou à diferença de
fase entre os componentes x e y do campo elétrico, e caso não sejam atendidas as condições para
que se tenha polarização linear ou circular, teremos uma situação de polarização elíptica. Neste
caso, um observador olhando em direção à fonte, enxergaria uma onda viajando em sua direção,
com a mesma frequência angular ω dos casos anteriores e com a projeção do campo elétrico
transversal total descrevendo uma elipse num plano qualquer, perpendicular ao eixo de
propagação z. A representação da variação espacial do campo elétrico transversal total pode ser
obtida através da equação convencional de uma elipse, tendo como componentes x e y os
componentes dos campos elétricos nessas mesmas direções. A equação da elipse para a
polarização elíptica da onda eletromagnética pode ser obtida a partir da expansão matemática das
equações (9) e (10), obtendo-se

2𝐸0 𝑥 𝐸0 𝑦 𝑐𝑜𝑠(𝜃 )
𝑡𝑎𝑛(2𝛼 ) = , (15)
𝐸0 𝑥 2 − 𝐸0 𝑦 2

onde α é o ângulo entre o eixo principal da elipse e o eixo coordenado x, conforme Figura 4.

Figura 4 – Representação da polarização elíptica no plano transversal ao eixo de propagação.


31

3.1.3 Perdas por absorção

Quando a luz se propaga por um meio material qualquer, sempre está sujeita a algum tipo
de perda. Quando este meio é uma fibra óptica (material dielétrico), impurezas em sua
composição tendem a contribuir com o aumento dessas perdas ao causarem um aumento na
absorção de parte da energia que se propaga pela fibra. As perdas por absorção em fibras de
sílica, por exemplo, estão associadas principalmente à presença de íons metálicos como cobre,
cromo e ferro ou à presença de íons de hidroxila (OH-) devido à água dissolvida no vidro [58],
além de serem dependentes do comprimento de onda (λ) do sinal óptico que se propaga no meio.
Tipicamente, as perdas por absorção superam 2 dB/ km em λ = 1,24 µm ou 10 dB/km em λ =
1,38 µm, mas atualmente, com o refinamento dos processos de fabricação, tendem a ser
particularmente baixas, da ordem de menos de 0,2 dB/km, em λ = 1,55 µm [59]. Processos de
fabricação especialmente controlados podem eliminar as perdas por absorção causadas por
impurezas e reduzir substancialmente a presença de hidroxilas. Para comprimentos de onda
superiores a 1,65 µm, porém, existe uma tendência de absorção causada pelas próprias moléculas
de sílica, fazendo com que as perdas aumentem significativamente em certas faixas espectrais
[58].

3.1.4 Perdas por micro e macrocurvatura

Perdas por macrocurvatura, normalmente referenciadas simplesmente como perdas por


curvatura, ocorrem quando uma fibra é submetida a um raio de curvatura, alterando o caminho
óptico percorrido pela onda eletromagnética e induzindo variações nos índices de refração do
material da fibra pelo efeito elasto-óptico. Essas alterações causam perdas de energia pela parte
externa da curvatura (região distendida) e, geralmente, estão relacionadas com quão confinados
estão os modos propagantes na região do núcleo, ou à quantidade total de modos que se propagam
na fibra sujeita à curvatura. Modos de ordem elevada tendem a apresentar uma distribuição de
campo transversal com maiores intensidades na região periférica do núcleo da fibra óptica e, por
isso, tais modos estão mais sujeitos às perdas, já que a curvatura reduz seu confinamento pelo
aumento dos índices de refração da casca da fibra óptica na região distendida.
As perdas por microcurvatura, por outro lado, estão associadas a pequenas deformações
presentes na fibra óptica, seja por imprecisões no processo de fabricação ou por influência de
algum fator externo, como pressão aplicada sobre a superfície da fibra. Essas deformações são
responsáveis pelo surgimento de curvaturas aleatórias de pequenos raios, que podem ocorrer ao
32

longo de toda a fibra, no caso de imprecisões durante à manufatura, ou apenas em uma


determinada região, na hipótese da presença de uma força externa localizada, o que permite,
inclusive, que este fenômeno seja explorado para o sensoriamento de perturbações externas.

3.1.5 Perdas por confinamento

Perdas de confinamento estão associadas às perdas causadas pela fuga de energia na


direção transversal à direção de propagação da onda eletromagnética em uma fibra óptica do tipo
PCF. Tendem a ser menores quando existe um maior confinamento de energia no núcleo da fibra,
ocasionado por um maior contraste de índice entre núcleo e casca, em fibras ópticas
convencionais. Em fibras de cristal fotônico típicas, por exemplo, as perdas de confinamento
estão relacionadas com as dimensões, o espaçamento e a distribuição de furos ocos da
microestrutura da casca, que podem ou não facilitar a fuga de energia entre eles [60]. Para se
avaliar as perdas por confinamento de um projeto de fibra óptica, pode-se utilizar a parte
imaginária do índice efetivo do modo propagante [61], utilizando-se a expressão:
𝐿𝑜𝑠𝑠 ≅ 8,686𝐼𝑚[𝑘0 𝛽] , (16)
onde Loss equivale às perdas de confinamento de um modo guiado, em dB/m, e Im[k0β] se refere
à parte imaginária do seu índice efetivo (n = k0β), k0 é a constante de propagação da onda no
espaço livre e β é a constante de propagação do modo óptico no meio dielétrico.

3.1.6 Campo evanescente

Quando uma onda eletromagnética incide em uma interface entre dois dielétricos, sua
energia se divide em duas parcelas, uma delas associadas à transmissão e outra associada a
reflexão. Quando a incidência ocorre do meio de maior índice de refração para o de menor índice
de refração e o ângulo de incidência é superior ao ângulo crítico, ocorre a reflexão total interna
(TIR) do sinal óptico. Entretanto, parte do campo óptico penetra além da fronteira do material
dielétrico onde ocorre a reflexão total e é denominado campo evanescente. A intensidade do
campo óptico evanescente decai exponencialmente com a distância à fronteira entre os
dielétricos. No contexto das fibras ópticas, um modo óptico propagante tem campo evanescente
cuja intensidade e penetração entre as fronteiras dielétricas dependem do contraste entre os
valores do índice efetivo modal e do índice de refração do material onde se estabelece o campo
evanescente, além da relação de dependência com o comprimento de onda. Modos ópticos de
ordem elevada, guiados no núcleo da fibra óptica, têm geralmente menores valores de índice
33

efetivo e, por isso, têm menor contraste com o índice do material da casca ao redor do núcleo.
Este menor contraste acarreta campos evanescentes com maior intensidade, maior sobreposição
dos campos modais com o material fora do núcleo da fibra óptica e, em casos especiais, até com
os materiais exteriores à casca da fibra óptica.
A interação do campo evanescente com o meio externo tem potencial de ser utilizada
como princípio de funcionamento de sensores a fibra óptica e tem papel fundamental no
desempenho de uma das propostas de sensores apresentadas neste trabalho (seção 5.1). Sensores
baseados em campos evanescentes buscam aumentar a sobreposição do campo evanescente com
a amostra a ser mensurada. Os projetos de sensores baseados em campos evanescentes utilizam
uma ou mais das seguintes estratégias: emprego de modos ópticos de elevadas ordens, redução
da espessura da casca da fibra óptica, exposição do núcleo da fibra óptica ao meio com a amostra,
utilização de comprimentos de onda mais elevados, exploração de macrocurvaturas ou emprego
de fibras com casca microestruturada, de modo aumentar as perdas de confinamento para
intensificar o campo evanescente.

3.1.7 Interferência de multimodos e formação de re-imagem

O fenômeno de interferência de multimodos ou interferência multimodal (MMI – Multi


Modal Inteference) é vastamente utilizado como princípio de funcionamento em sensores
baseados em fibras ópticas [62,63]. Em 1995, foi demonstrado o potencial de dispositivos
baseados neste princípio quanto à tolerância a variações de polarização e comprimentos de onda
e a imprecisões de processos de fabricação [62]. Várias aplicações, como moduladores e
divisores de sinal podem ser implementadas tomando por base este fenômeno [62]. A utilização
de interferência multimodal para sensoriamento, através de dispositivos baseados em fibras
ópticas, se torna particularmente interessante por seu desempenho, quando voltada para a medida
de índice de refração [63,64], que é justamente um dos princípios de funcionamento de um dos
sensores propostos neste trabalho.
Quando um guia multimodo é utilizado para o guiamento da luz, vários modos são
excitados simultaneamente, cada um deles recebendo uma parcela de energia. Cada um desses
modos está associado a uma velocidade de fase diferente e, ao longo da direção de propagação,
interferências construtivas e destrutivas entre os campos eletromagnéticos desses vários modos
são responsáveis pela formação de um padrão de interferência. Este padrão pode apresentar
regiões de elevada concentração de energia e, também, regiões onde a energia se espalha por
todo o núcleo, conforme exibido na Figura 5.
34

Existem comprimentos específicos ao longo do eixo de propagação da fibra em que os


modos propagantes no núcleo entram em fase, gerando uma interferência construtiva mais
intensa na região central da fibra óptica multimodal. A dimensão associada ao comprimento onde
este fenômeno ocorre pela primeira vez ao longo do eixo de propagação é chamada de
comprimento de re-imagem. Esse fenômeno tende a se repetir periodicamente em comprimentos
de fibra múltiplos do comprimento de re-imagem, posições nas quais ocorrem as re-imagens de
ordens superiores.
Em sensores baseados em interferências de multimodos, ao ocorrer mudanças no índice
de refração do material ao longo da fibra óptica, o padrão de interferência também é alterado,
fazendo com que as regiões de elevada concentração de energia mudem de posição. Uma das
formas de explorar esse fenômeno é através da implementação de estruturas compostas por um
pequeno trecho de fibra multimodo (MMF – Multimode Fiber) entre duas fibras monomodo
(SMF – Single Mode Fiber). Tais estruturas sensoras são conhecidas como estruturas
monomodo-multimodo-monomodo (SMS – Single-mode – Multimode – Single-mode). Ao se
monitorar o sinal na saída da estrutura SMS, que se trata tipicamente de uma SMF de baixas
perdas, é possível estimar a energia concentrada na interface entre a seção MMF e a seção SMF
de saída, conforme Figura 5. Interrogando a intensidade de sinal óptico na SMF de saída da
estrutura SMS, pode-se verificar que há alterações na amplitude de sinal, quando ocorrem
alterações do padrão de interferência multimodal, bem como também ocorrer mudanças na banda
espectral de transmissão óptica.
35

Saída
SMF

Potência Normalizada no Plano XZ


MMF
Entrada
SMF

Potência Normalizada no Núcleo

Figura 5 – Exemplo de padrão interferométrico de arranjo SMS, com a indicação de regiões de


baixa (setas azuis) e alta (setas amarelas) concentração de energia no centro do núcleo da seção
MMF. O gráfico à direita mostra a potência no núcleo normalizada pela potência da SMS de
entrada.

3.2 Categorias de fibras ópticas

Desde a concepção dos primeiros estudos sobre os requisitos necessários para a


propagação em fibras dielétricas na década de 1960, vários tipos de estruturas diferentes foram
propostos com o objetivo de proporcionar o guiamento de luz, para as mais diversas finalidades.
Fibras ópticas convencionais, com perfil transversal de índice do tipo degrau (Figura 1),
vastamente utilizadas em telecomunicações, se popularizaram fortemente com a redução dos
custos de produção, conforme descrito na seção 2.1. Também podem ser especialmente
preparadas para utilização em sensoriamento, através da gravação, por exemplo, de redes de
Bragg convencionais (FBG) ou de período longo (LPG) [65], ou através da implementação de
interferômetros [66], entre outras técnicas.
Com o passar dos anos, surgiram novas técnicas de fabricação. Já na década de 1990, foi
proposta uma técnica para a produção de fibras ópticas microestruturadas através do
empilhamento de capilares de sílica, o que trouxe uma séries de novas possibilidades para a
utilização de fibras ópticas para aplicações em sensoriamento [67]. Essa categoria de fibras
ópticas, caracterizada normalmente pela presença de furos em uma estrutura dielétrica, permitiu,
entre outras características, que a luz que se propaga no núcleo da estrutura pudesse interagir de
36

forma mais intensa com algum material específico, através do preenchimento dos furos
adjacentes ao núcleo com o próprio material [68]. As seções 3.3.2 e 3.3.3, apresentam exemplos
de fenômenos de guiagem proporcionados por fibras ópticas microestruturadas – a reflexão total
interna modificada e o bandgap fotônico.
A utilização de fibras ópticas obtidas através de estruturas compostas por capilares de
sílica também permite explorar características interessantes que possibilitam o guiamento da luz
em regiões de índice de refração muito inferior ao da própria sílica, como o ar. Conforme
discutido nas seções 3.3.4 e 3.3.5, o fenômeno da inibição de acoplamento e o efeito
antirressonante permitem tirar proveito de fibras óptica fabricadas a partir de capilares de
espessuras e formatos específicos para se obter bandas de alta ou baixa transmissão, conforme as
necessidades de projeto. Tal característica também pode ser explorada para que essa categoria de
fibras ópticas seja utilizada para a implementação de sensores [69].

3.3 Principais Fenômenos que suportam a guiagem em fibras ópticas

Desde a descoberta da possibilidade de transmissão de energia eletromagnética em


frequências da faixa óptica através de fibras ópticas dielétricas [8], os fenômenos que tornam isso
possível têm atraído interesse da comunidade científica. Com o passar dos anos, novos
mecanismos de guiagem foram propostos, permitindo a propagação com perdas cada vez
menores, o que revolucionou as comunicações a longas distâncias e, também, têm contribuído
com o surgimento de propostas inovadoras para a utilização de fibras ópticas no sensoriamento
de diversas grandezas físicas nas mais variadas situações. Nesta seção, são discutidos alguns dos
principais mecanismos de guiagem utilizados em fibras ópticas.

3.3.1 Reflexão Total Interna (TIR – Total Internal Reflection)

O efeito de reflexão total interna pode ser considerado a forma mais comum de guiagem
em fibras ópticas. Tais guias de onda dielétricos são convencionalmente compostos por uma
região central com maior índice de refração (núcleo) envolta por uma região de menor índice de
refração (casca), e o efeito de reflexão total interna é capaz de suportar a propagação na região
de maior índice de refração. A óptica geométrica, uma forma simplificada de representar este
fenômeno [56], estabelece um ângulo crítico acima do qual um feixe óptico que incide na
interface entre núcleo e casca é totalmente refletido para o interior do núcleo da fibra. O ângulo
37

crítico depende do contraste entre os índices de refração do núcleo e da casaca da fibra óptica e
pode ser obtido pela expressão:
𝑛2
𝜃𝑐 = 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 ( ), (17)
𝑛1
onde n1 é o índice de refração da região dielétrica interna de onde ocorre a incidência da luz e n2
é o índice de refração da casca, inferior a n1.
A Figura 6 mostra diferentes ângulos de incidência, indicando a condição na qual ocorre
reflexão total interna, ou seja, quando o ângulo de incidência, medido com relação à normal à
interface entre núcleo e casca, é maior que o ângulo crítico.

Figura 6 – Diagrama esquemático mostrando diferentes ângulos de incidência, passando pelo


ângulo crítico e indicando o fenômeno da reflexão total interna.

3.3.2 Reflexão Total Interna Modificada (mTIR – modified Total Internal Reflection)

A Reflexão Total Interna Modificada representa um fenômeno de guiagem muito


semelhante ao fenômeno da Reflexão Interna Total e ganha particular importância quando
estamos tratando de fibras microestruturadas, que podem ser compostas por um núcleo sólido
envolto por uma casca formada por um arranjo de furos preenchidos com ar. Dessa forma, o valor
médio do índice de refração da região do núcleo sólido (de sílica, por exemplo) tende a ser maior
que o valor médio do índice de refração da região da casca (ar + sílica). Essa característica faz
com que ocorra um confinamento da luz na região central. Esse confinamento tende a ser mais
intenso quanto maior for a diferença entre o índice médio da região da casca e o índice do núcleo.
A Figura 7 (a) mostra uma representação do corte transversal de uma fibra micro estruturada
típica que pode fazer uso desse fenômeno para o confinamento da luz em seu núcleo.
38

Sílica (SiO2) Ar

Figura 7 – Representação de corte transversal de uma fibra microestruturada que faz uso da
Reflexão Interna Total Modificada como fenômeno de guiagem.

3.3.3 Bandgap Fotônico

Bandgap Fotônico é um efeito presente em fibras ópticas microestruturadas que permite


a guiagem óptica em uma região de núcleo de índice de refração mais baixo que o índice de
refração médio da região de uma casca microestruturada, composta por furos preenchidos com
ar, ou outro dielétrico de baixo índice de refração, em um arranjo periódico específico [70]. Para
que o fenômeno ocorra de forma satisfatória, as dimensões e o posicionamento relativo entre os
furos devem atender condições muito bem definidas, permitindo que o “bandgap” ocorra na
faixa desejada de comprimentos de onda. Na faixa espectral onde ocorre o bandgap fotônico, o
efeito físico de mesmo nome impõe restrições à propagação da onda eletromagnética nas direções
transversais da fibra óptica microestruturada. Por outro lado, a região do núcleo da fibra óptica
age como uma região de defeito da estrutura microestruturada periódica, permitindo que a
propagação ocorra na direção longitudinal da fibra óptica. A Figura 8 mostra a representação de
um corte transversal de uma fibra utilizada para guiagem através deste fenômeno. Apesar de
semelhante, apresenta diferenças significativas quando comparada com uma fibra que utiliza o
fenômeno da Reflexão Total Interna Modificada, como a descrita anteriormente.
39

Sílica (SiO2) Ar

Figura 8 – Representação de corte transversal de uma fibra microestruturada que faz uso do
Bandgap Fotônico como fenômeno de guiagem.

3.3.4 Inibição de Acoplamento

A inibição de acoplamento é uma técnica demonstrada inicialmente em 2002 [71] que


permite a guiagem em fibras de núcleo oco ao impedir ou dificultar o acoplamento entre os modos
de núcleo e casca. Diferentemente do bandgap fotônico, que impede a propagação de modos na
casca através da implementação de condições geométricas específicas, em fibras onde ocorre a
inibição de acoplamento, os modos de casca podem se propagar na estrutura. Em situações nas
quais esses modos apresentam valores de índice efetivo próximos aos valores de índice efetivo
dos modos de núcleo, existe uma tendência de que ocorra troca de energia entre eles. Porém,
outros fatores, como grande descasamento de fase ou baixa sobreposição espacial entre modos,
dificultam fortemente o acoplamento, troca de energia e, consequentemente, a propagação do
modo de núcleo é suportada com baixas perdas [71,72].

3.3.5 Efeito Antirressonante

O efeito antirressonante é mais um mecanismo de guiamento utilizado em fibras ópticas


que permite que a luz se propague em uma região de baixo índice de refração. Neste caso, isso
se torna possível quando uma região dielétrica de alto índice de refração e de espessura específica
é responsável por causar uma série de reflexões em suas interfaces internas e externas, gerando
40

interferências construtivas e destrutivas que, por sua vez, produzem elevadas perdas em
comprimentos de onda bem definidos e espectralmente estreitos, chamados de comprimentos de
onda ressonantes, mas mantendo as perdas em níveis relativamente baixos (e, consequentemente
em um elevado nível de transmissão) em outros de comprimento de onda, chamados de
comprimentos de onda antirressonantes. Diferentemente do mecanismo de guiamento
proporcionado pelo bandgap fotônico, o efeito antirressonante não depende de um arranjo
periódico da microestrutura da região da casca, de forma que um simples cilindro dielétrico com
uma parede de alto índice de refração, por exemplo, permite o guiamento da luz em sua região
interna, de baixo índice de refração, desde que possua uma espessura específica [73]. É possível
analisar a condição de guiagem em uma fibra do tipo capilar considerando a estrutura como um
guia do tipo ARROW (Anti-Resonant Reflecting Optical Waveguide) [74]. Similar a um
ressoador Fabry-Perot de dupla camada, nos comprimentos de onda antirressonantes a
interferência óptica construtiva ocorre dentro do núcleo oco e, assim, suporta a propagação na
região de baixo índice de refração, enquanto nos comprimentos de onda ressonantes, a luz se
acopla aos modos ópticos dissipativos da estrutura dielétrica ao redor do núcleo oco, ocasionando
elevadas perdas na transmissão óptica.
A Figura 9(a) mostra a seção transversal de uma fibra óptica capilar e indica suas
dimensões mais relevantes, enquanto a Figura 9(b) apresenta uma representação das reflexões na
parede da estrutura dielétrica cilíndrica que são responsáveis pelas interferências construtivas e
destrutivas citadas. Os valores aproximados dos comprimentos de onda ressonantes, onde ocorre
baixa transmissão óptica, podem ser estimados analiticamente [73] através da expressão abaixo:

2𝑛1 𝑑 𝑛2 2
𝜆𝑚 = √( ) − 1 , (18)
𝑚 𝑛1

onde n1 equivale ao índice de refração da região interna (núcleo), n2 equivale ao índice de


refração da parede dielétrica (casca), d é a espessura da parede dielétrica e m é um número inteiro
maior ou igual a 1, relacionado à ordem do modo na estrutura dielétrica.
41

(a) (b)

Figura 9 – (a) Diagrama esquemático do corte transversal de uma fibra antirressonante simples,
do tipo capilar, indicando a espessura da casca e os índices de refração; (b) detalhe representativo
das transmissões e reflexões do sinal óptico nas interfaces entre a parede dielétrica e o núcleo e
entre a parede dielétrica e o meio externo.
42

4 Sensores a Fibras Ópticas

A tecnologia envolvida no sensoriamento através de dispositivos baseados em fibras


ópticas está bem estabelecida e vem sendo vastamente utilizada em diversas áreas nas últimas
décadas. Seja em aplicações em engenharia civil para o monitoramento de estruturas ou
aplicações espaciais [75], sensores que utilizam fibras ópticas estão presentes nos mais variados
contextos, e mesmo após 60 anos de desenvolvimento e comercialização [7], continuam atraindo
a atenção da comunidade científica que está constantemente trazendo novidades ao setor.

4.1 Classificação de sensores a fibras ópticas

Existem várias categorias utilizadas para classificar sensores baseados em fibras ópticas.
Quanto à forma como ocorre a modulação óptica, eles podem ser classificados como intrínsecos
ou extrínsecos. Essa modulação pode causar a variação de diferentes características da onda
eletromagnética que se propaga ao longo de uma fibra, como intensidade, comprimento de onda,
fase ou polarização. Nesta seção são comentadas essas classificações e características, mais
especificamente as relacionadas aos sensores propostos neste trabalho.

4.1.1 Sensor Intrínseco

Sensores a fibra óptica são classificados como intrínsecos quando o fenômeno de


interação entre a luz e a grandeza física a ser medida ocorre enquanto a luz se propaga ao longo
da fibra. Sensores de campo evanescente [7,20] ou baseados no deslocamento espectral causado
por redes de Bragg [76], por exemplo, se enquadram nessa categoria. Uma de suas principais
vantagens é o fato de não demandarem componentes ou materiais externos para seu
funcionamento, o que pode fazer com que sistemas baseados nesse tipo de sensor sejam de mais
fácil implementação. De modo geral, sensores interferométricos também podem ser considerados
intrínsecos, a depender de como são implementados, em especial nas situações nas quais o
sensoriamento não depende de materiais externos.

4.1.2 Sensor Extrínseco

Em complemento aos sensores intrínsecos que, por definição, são caracterizados pelo fato
de o fenômeno de sensoriamento ocorrer quando a luz se propaga pela fibra, a categoria de
43

sensores extrínsecos é definida pelo fato da interação entre a luz e a grandeza física a ser medida
ocorrer fora da fibra. Um sensor baseado no diagrama mostrado na Figura 10, por exemplo, pode
ser considerado extrínseco, dado que o sensoriamento ocorre do lado de fora da fibra óptica e
depende diretamente do posicionamento do espelho móvel indicado. Sensores híbridos podem
ser considerados uma variação de sensores extrínsecos [5] pelo fato de dependerem de um
componente externo para que ocorra a medição da grandeza física desejada, mesmo que a
modulação do feixe de luz ocorra durante a propagação ao longo da fibra. Um sensor de campo
evanescente para a medida de campo magnético, por exemplo, pode ser considerado híbrido
quando seu princípio de funcionamento depender da interação do campo evanescente com um
material externo cujo índice de refração varia de acordo com a intensidade do campo magnético
aplicado. Neste caso, a variação do campo magnético não seria o fator responsável pela
modulação do feixe de luz, e sim, a variação do índice de refração do material magneto-óptico
em contato com o campo evanescente.

4.1.3 Sensor de Intensidade

Sensores de intensidade são caracterizados pela variação da intensidade da luz que se


propaga ao longo de uma fibra óptica causada pela grandeza que se deseja medir, e podem ser
considerados o tipo mais simples de sensor a fibra óptica [11]. Um exemplo básico de um sensor
de intensidade pode ser analisado na Figura 10.

Figura 10 – Diagrama esquemático de um sensor de intensidade extrínseco baseado em um


espelho móvel que pode ser utilizado para medir pequenos deslocamentos.

Nesse exemplo, o princípio de funcionamento do sensor se baseia na intensidade da luz


medida pelo detector, que é dependente da reflexão causada pelo espelho móvel que, por sua vez,
varia de acordo com a distância entre o próprio espelho e a fibra.
44

4.1.4 Sensor Interferométrico

Sensores interferométricos, diferentemente dos sensores de intensidade, se baseiam na


variação da interferência óptica causada pela diferença de fase entre ondas eletromagnéticas que
se propagam ao longo de uma fibra óptica. Essa diferença de fase normalmente é causada quando
uma parcela do sinal sofre influência da grandeza que se deseja medir (mensurando). O restante
do sinal não sofre essa influência, de forma que o padrão de interferência entre eles passa a
depender da forma como o mensurando afeta a fase do sinal óptico no braço exposto ao
mensurando. Pequenas variações na fase de um dos sinais ópticos podem causar grandes
mudanças no padrão de interferência, na medida que a diferença de fase entre os sinais que se
interferem cresce ao longo da distância percorrida, o que torna esse tipo de sensor particularmente
interessante para aplicações que exigem grande sensibilidade.
Tomando como exemplo um sensor a fibra óptica baseada no interferômetro do tipo Mach
Zehnder [77], o sinal de uma fibra passa por um divisor responsável por separá-lo em dois
caminhos ópticos. Um desses sinais sofre alterações em suas características ao ser submetido à
influência de um fator externo (mensurando). Ao ser comparado com o outro sinal, que não
sofreu essa influência, poderá ser obtido um novo sinal resultante da interferência dos dois sinais
ópticos. Diferentes modos ópticos possuem velocidades de fase diferentes e geram um padrão de
interferência entre si. Esses modos podem ser impactados de forma diferente, quando submetidos
a um mensurando, o que pode alterar o padrão de interferência. Ao se observar as mudanças
nesse padrão interferométrico, podem ser obtidas informações sobre o mensurando responsável
pela mudança [15].

4.2 Principais parâmetros para o desenvolvimento de um sensor óptico

De modo geral, são vários os parâmetros utilizados para definir as principais


características de um sensor. Naturalmente, muitos desses parâmetros também são utilizados no
desenvolvimento de sensores ópticos e são responsáveis por estabelecer situações e condições
adequadas nas quais esses sensores possam vir a ser implementados, definindo, assim, aplicações
em potencial. Dentre esses parâmetros, os considerados mais importantes são comentados nesta
seção.
45

4.2.1 Sensibilidade

O principal objetivo de um sensor é ser capaz de converter uma grandeza física qualquer
(sinal de entrada do sensor) em um sinal mensurável (sinal de saída do sensor). Dito isso, a
sensibilidade de um sensor pode ser definida como uma variação do sinal mensurável de saída
para uma dada variação do parâmetro físico (sinal de entrada ou mensurando) que se deseja
medir. A Figura 11 traz, em eixos coordenados, a curva característica idealizada de um sensor,
na qual um parâmetro físico x está associado a um valor mensurável F(x). Conforme indicado, a
sensibilidade desse sensor é dada por Δy/Δx, que corresponde à inclinação da curva característica.
De modo geral, inclinações maiores ou menores da curva estão associadas, respectivamente, a
um aumento ou redução da sensibilidade do sensor.

y = F(x)

Δy

Δx
x

Figura 11 – Exemplo da curva característica de um sensor.

4.2.2 Ruído

De modo geral, ruído pode ser definido como um sinal indesejado observado durante a
medição de uma grandeza física. Ruídos externos normalmente estão associados a oscilações
aleatórias do parâmetro a ser medido, geradas por fontes externas indesejadas e capazes de causar
flutuações na saída [78]. Ruídos internos, normalmente de natureza elétrica, são comumente
associados à instrumentação utilizada para converter em informação o sinal óptico de saída de
um sensor.
46

4.2.3 Razão sinal-ruído

Razão sinal ruído ou, do inglês, Signal-to-noise ratio (SNR), é uma característica de um
sensor que compara, em magnitude, o nível do sinal medido com o nível do ruído. Por se tratar
de uma comparação direta de potências ou amplitudes, normalmente expressa em decibéis (dB),
é dada por:
𝑃𝑠
𝑆𝑁𝑅𝑑𝐵 = 10 𝑙𝑜𝑔10 ( ) , (19)
𝑃𝑛
onde Ps e Pn correspondem, respectivamente, à potência do sinal e à potência do ruído, expressos
na mesma unidade.
Quando representada em termos de amplitude, a razão sinal-ruído é dada por:
𝐴𝑠
𝑆𝑁𝑅𝑑𝐵 = 20 𝑙𝑜𝑔10 ( ), (20)
𝐴𝑛
onde As e An correspondem, respectivamente aos níveis de amplitude do sinal e do ruído, também
expressos na mesma unidade.

4.2.4 Faixa dinâmica

Faixa dinâmica, também referenciada como gama dinâmica, se refere à diferença entre os
valores mínimo e máximo do mensurando, que podem ser medidos pelo sensor. Tomando como
exemplo um termômetro convencional, se a menor temperatura que ele é capaz medir, Tmin, é de
25 °C e a máxima, Tmax, é de 45 °C, sua faixa dinâmica é dada por:
𝑇𝑚𝑎𝑥 − 𝑇𝑚𝑖𝑛 = 45 °𝐶 − 25 °𝐶 = 20 °𝐶 . (21)

4.2.5 Resolução

Resolução de um sensor equivale ao menor incremento do parâmetro físico a ser medido


que resulta em um incremento detectável na saída do sensor, ou seja, se refere à menor variação
mensurável da grandeza física que se está medindo. Pode ser expressa como um valor absoluto
como uma fração (normalmente percentual) da faixa dinâmica. Utilizando-se novamente o
exemplo de um termômetro, sua resolução seria de 0,1 °C, se essa fosse a menor variação de
temperatura que ele fosse capaz de identificar. Ainda neste exemplo, considerando uma faixa
dinâmica de 20 °C, a resolução também poderia ser expressa como:
0,1°𝐶
× 100 = 0,5% . (22)
20 °𝐶
47

4.2.6 Acurácia

De modo geral, acurácia equivale ao grau de proximidade de uma estimativa com seu
parâmetro [79], ou valor verdadeiro. Quando se está tratando de um sensor, refere-se a quão
próximo está o valor de saída do sensor do valor real da grandeza física que está sendo medida.
Considerando que, a priori, o valor real do mensurando não é conhecido, faz-se necessário uma
referência comparativa para se especificar a acurácia de um sensor. Dessa forma, o erro na
acurácia de um sensor (εa), ou inacurácia, pode ser expressa percentualmente como:
(𝑋𝑚 − 𝑋𝑟 )
𝜀𝑎 (%) = × 100 (23)
𝑋𝑟
onde Xm é o valor medido e Xr é o valor real de referência de uma grandeza física X.
48

5 Sensor Refractométrico

O conjunto de estudos tratados neste texto converge para a proposta de dois tipos distintos
de sensores baseados em fibras ópticas especiais. Este capítulo trata da primeira proposta, que se
refere a uma fibra óptica microestruturada de núcleo exposto que compõe a seção multimodal de
uma estrutura SMS (single-mode – multimode – single-mode) utilizada para o sensoriamento de
índice de refração. Será apresentada a metodologia básica utilizada para a criação do modelo
computacional, bem como os resultados obtidos por meios desses modelos. Para validação do
modelo computacional, ao final do capítulo é feita uma comparação entre os resultados
numéricos e os resultados experimentais obtidos através de medidas realizadas utilizando-se uma
fibra fabricada por parceiros experimentais. Neste capítulo, são mostrados os principais
resultados numéricos e experimentais obtidos a partir destes estudos e são tecidos comentários
sobre esses resultados.

5.1 Proposta de sensor de núcleo exposto baseado em interferência


multimodal

A primeira proposta de sensor se refere a um sensor refractrométrico utilizando uma fibra


PCF multimodo com somente um anel de furos e baseado em interferência multimodal. Uma de
suas particularidades é o fato de possuir o núcleo exposto, visando facilitar a interação do campo
óptico modal com o material da amostra cujo índice de refração está sendo medido. Este tipo de
design tende a tornar mais simples a operação do sensor quando comparado com outras
abordagens onde o material que está sendo medido precisa ser introduzido em um dos furos da
fibra PCF [80]. Uma foto de um corte transversal da fibra de sílica utilizada para a implementação
do sensor pode ser vista na Figura 12. Foi escolhida a expressão “Multimodal Exposed Core
Fiber” – MM-ECF – do inglês para Fibra Multimodal de Núcleo Exposto, para referenciar o
elemento sensor. A fibra óptica apresentada na Figura 12 foi fabricada na Austrália pela equipe
do Laboratório de Fabricação de Fibras Ópticas do Instituto de Física “Gleb Wataghin” da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) sob coordenação do Prof. Cristiano Monteiro
de Barros Cordeiro.
49

Figura 12 – Imagem de corte transversal da fibra a ser utilizada para implementação do sensor
proposto indicando suas dimensões aproximadas.

Figura 13 – Imagem de corte transversal da fibra a ser utilizada para implementação do sensor
proposto indicando as dimensões aproximadas das distâncias entre os furos.
50

O princípio de funcionamento deste sensor consiste na interação entre o campo óptico


dos modos guiados no núcleo da fibra óptica com o material dielétrico externo cujo índice de
refração se deseja medir. Essa interação ocorre através de um canal lateral que se aproxima do
núcleo da fibra óptica. Os cinco furos, preenchidos com ar, apresentam índice de refração muito
mais baixo que o índice de refração da sílica pura que compõe o núcleo sólido da fibra óptica e
são responsáveis por manter o modo confinado na região central pelo efeito da reflexão total
interna modificada.
O sensor refractométrico proposto emprega fibras ópticas do tipo multimodo (MMF –
Multimode Fiber) com núcleo exposto, conforme apresentado na Figura 12. O sensor é formado
por uma seção de fibra óptica desse tipo que é conectada em ambos os extremos a seções de
fibras ópticas do tipo monomodo (SMF – Singlemode fiber – Corning® 28e), formando uma
estrutura monomodo-multimodo-monomodo (SMS – Singlemode-Multimode-Singlemode). Tais
estruturas SMS apresentam um padrão de interferência de multimodos que resulta em uma banda
espectral de transmissão óptica que é sensível à aplicação de agentes físicos externos, tais como
variação no contraste de índices de refração entre núcleo e material ao redor pela interação de
campo evanescente e, também, parâmetros como temperatura, curvatura, vibração e deformação.
Para o sensoriamento de índice de refração de amostra dielétrica líquida, utilizando fibra
óptica de núcleo exposto, utiliza-se a interação do campo elétrico evanescente dos modos ópticos
propagantes no núcleo da fibra óptica sensora. Quanto maior a área de contato entre o núcleo e o
material externo, bem como, quanto menor for o contraste de índice de refração entre os materiais
do núcleo da fibra e da amostra dielétrica, maior será a influência no padrão de interferência e,
consequentemente, maior será a mudança na posição da formação da re-imagem. Na próxima
seção são mostrados os resultados numéricos de um modelo idealizado baseado nas dimensões
da fibra óptica fabricada (Figura 12), mostrando a relação entre o índice de refração do material
externo e as mudanças na posição de formação das re-imagens.

5.2 Metodologia utilizada para a criação do modelo computacional

Nesta seção, são detalhados os procedimentos utilizados para a criação de um modelo


computacional idealizado que represente de forma satisfatória a fibra óptica fabricada, visando
inicialmente, determinar um comprimento adequado para a fibra PCF multimodo de núcleo
exposto (fibra óptica sensora). É feito um estudo do impacto da variação de vários parâmetros
desse modelo, cujos resultados são aqui apresentados.
51

5.2.1 Definição das características geométricas e de propriedades de material

O primeiro passo para a modelagem do dispositivo proposto é a criação de um modelo


tridimensional idealizado com dimensões na seção transversal próximas das dimensões da fibra
óptica sensora fabricada (Figura 12). Dessa forma, foi considerado um núcleo de 28 µm formado
por um anel de seis furos iguais, com um gap de 1,5 µm entre eles. Nessas condições, o diâmetro
de cada um dos furos pode ser calculado conforme a Equação (24), obtida através de relações
trigonométricas básicas, onde 𝐷𝑐𝑜𝑟𝑒 é o diâmetro do núcleo e 𝑑𝑔𝑎𝑝 corresponde ao espaçamento
entre os furos.

𝐷𝑐𝑜𝑟𝑒 − 4𝑑𝑔𝑎𝑝 𝑐𝑜𝑠(60°)


𝐷ℎ𝑜𝑙𝑒 = = 25 𝜇𝑚 . (24)
4𝑐𝑜𝑠 (60°) − 1

Em posse dessas dimensões, o modelo tridimentsional já pode ser criado, com seção
transversal como apresentado na Figura 14. Optou-se por utilizar o software comercial BeamProp
da empresa Synopsys, um propagador que utiliza o Beam Propagation Method, ou Método de
Propagação de Feixe. Foi criada, então, a geometria desejada através da interface do próprio
software. As propriedades de material foram definidas, utilizando-se sílica pura para o material
dielétrico constituinte da fibra óptica (nsilica), ar (nair = 1,0), como o índice de refração para cinco
dos furos ao redor do núcleo e para a região externa à fibra e um índice de refração variável, nvar,
no furo imediatamente à direita do núcleo da fibra óptica (Figura 14), correspondendo ao índice
que se deseja medir. O índice de refração da sílica varia com o comprimento de onda e seu valor
pode ser obtido pela equação de Sellmeyer:

0,6961663𝜆2 0,4079426𝜆2 0,8974794𝜆2


𝑛(𝜆)2 = 1 + + + , (25)
𝜆2 − 0,06840432 𝜆2 − 0,11624142 𝜆2 − 9,8961612

onde λ é o comprimento de onda em μm.


52

Figura 14 – Desenho da seção transversal da fibra idealizada indicando as dimensões e os índices


de refração dos materiais a serem utilizadas no modelo computacional.

Para que a simulação se aproximasse de um setup experimental, foi implementada uma


estrutura SMS inserindo um trecho da fibra multimodo entre dois trechos de fibra monomodo
comercial (Corning® SMF28e), com diâmetro do núcleo de 8,2 µm e abertura numérica de 0,14
[81]. Foi calculado, então, o modo óptico para a seção de fibra monomodo e tal distribuição de
campo óptico é utilizada como excitação no núcleo da primeira seção, em z = 0, conforme Figura
15. Foi definido um comprimento de 0,8 mm que é suficiente para a estabilização do modo óptico
nas SMF de entrada e saída da estrutura SMS. O comprimento da seção multimodal (LMMF) varia
de acordo com a re-imagem que se deseja observar.
53

Figura 15 – Esquema da estrutura SMS utilizada no modelo computacional com a indicação do


referencial de eixos coordenados e do modo fundamental lançado na SMF de entrada.

Com todas as especificações geométricas definidas foram executadas as primeiras


simulações para a determinação do comprimento da primeira re-imagem. Foi utilizado o
comprimento de onda inicial de 1.550 nm e um comprimento relativamente longo, de 15 mm,
para a seção multimodal. O índice variável, nvar, foi fixado em 1,0. Nessas condições, foi obtido
o padrão de interferência exibido na Figura 16. Deste padrão de interferência multimodal podem
ser identificados os comprimentos de fibra onde ocorrem as re-imagens. O comprimento da seção
multimodal foi então definido como sendo a posição de ocorrência da primeira re-imagem
(aproximadamente 2,8 mm) e, assim, é possível avaliar a faixa espectral de transmissão óptica
(Figura 17) de uma janela de 30 nm no entorno de 1.550 nm. A partir dessa avaliação pode ser
observado, que, para o comprimento da MMF simulado (LMMF) de 2,86 mm, o pico da curva de
transmissão a a ser considerada como referência está posicionado próximo de 1.550 nm.
54

Figura 16 – Padrão interferométrico para um comprimento de 15 mm de seção multimodal com


as indicações das posições das quatro primeiras re-imagens.

0,95
Transmissão Normalizada

0,90

0,85

0,80
1,52 1,53 1,54 1,55 1,56 1,57
Comprimento de Onda (μm)

Figura 17 – Detalhe do pico da curva de referência obtida para LMMF = 2,860 mm, λ = 1,55 μm e
nvar = 1,00.
55

5.2.2 Definição da densidade de malha

O método de propagação de feixes exige o emprego de uma discretização tridimensional


(malha) ao longo da fibra óptica. Com o software BeamProp é possível construir malhas
bidimensionais de elementos retangulares e definir um passo longitudinal para a obtenção de uma
malha tridimensional de elementos quadriláteros de faces planas. O tamanho da discretização
transversal está relacionado à adequada representação da distribuição dos campos ópticos modais
propagantes na fibra óptica, enquanto a discretização na direção longitudinal deve ter em conta
uma representação adequada da variação do campo óptico modal ao longo da direção de
propagação (usualmente com passo longitudinal de λ/5 ou menor). Para dar continuidade aos
estudos é necessário definir uma densidade de malha adequada, que proporcione resultados
confiáveis e estáveis com relação à redução da densidade de malha, em um tempo de simulação
aceitável. De modo geral, a densidade de malha na seção transversal (plano xy) deve ser fina o
suficiente para descrever adequadamente, além da distribuição dos campos ópticos modais,
também a geometria da fibra óptica. Ao longo do eixo de propagação (eixo z), o passo entre as
simulações foi definido como uma fração do comprimento de onda de simulação. Quanto menor
esse passo e quanto mais densa for a malha na seção transversal, mais acurado tende a ser o
resultado e, consequentemente, maior o tempo de simulação.
Para a definição desses parâmetros, 𝐿𝑀𝑀𝐹 foi fixado em 2.860 μm, dimensão na qual foi
obtida a curva de transmissão óptica de referência (λ = 1,55 μm e nvar = 1,0) cujo pico é mostrado
na Figura 17. Nessas condições foi simulada a resposta espectral em uma janela de 30 nm no
entorno de 𝜆 = 1,55 𝜇𝑚 (1,535 µm – 1,565 µm), para diversas densidades de malha. A
comparação entre os valores máximos (picos) das curvas de transmissão traçadas a partir dessas
respostas é mostrada na Tabela 3, para variações de densidade de malha na seção transversal,
mantendo-se fixo o passo no eixo z em λ/6. Foi calculada, então, a diferença entre o valor máximo
obtido com uma determinada malha (A a F) e o valor máximo obtido com a malha imediatamente
mais densa (B a G). Ao se observar uma estabilização dos resultados, através da redução
consecutiva dessa diferença, a densidade referente a um elemento de malha de área de 0,08 µm2
(Malha D) foi considerada adequada, levando em conta, também, o tempo de simulação para
cada densidade de malha.
56

Tabela 3 – Comparação da posição espectral dos picos de transmissão óptica em função da


densidade de malha no plano transversal.

Área de um elemento Comprimento de Diferença para a Ref. de Tempo de


Malha
de malha transversal Onda do Pico Malha Seguinte Simulação
A 0,64 µm2 1.543,29 nm -0,372 % 1 min 41 s
B 0,32 µm2 1.537,55 nm 0,197 % 3 min 13 s
C 0,16 µm2 1.540,58 nm 0,512 % 6 min 26 s
D 0,08 µm2 1.548,47 nm 0,175 % 13 min 5 s
E 0,04 µm2 1.551,18 nm 0,079 % 26 min 7 s
F 0,02 µm2 1.552,41 nm 0,002 % 51 min 40 s
G 0,01 µm2 1.552,44 nm – 1 h 49 min 57 s

A Figura 18 mostra a representação do perfil transversal de índices de refração de uma


região da fibra representado a partir de três diferentes densidades de malha, evidenciando uma
definição mais fiel da geometria à medida que a densidade de malha aumenta. Nessa figura, como
exemplo, o furo ao redor do núcleo sólido da fibra óptica, destacado na cor verde, foi preenchido
com material de índice de refração 1,33, enquanto os demais foram preenchidos com ar, de índice
de refração igual a 1,00.

(a) (b) (c)

Figura 18 – Detalhe do perfil de índices de refração em parte da seção transversal da fibra óptica
para elementos de malha com área de (a) 0,64 µm2, (b) 0,08 µm2 e (c) 0,01 µm2.
57

5.3 Resultados Numéricos

Para observar o deslocamento espectral da banda de transmissão óptica em função do


índice de refração variável da amostra a ser mensurada, nvar, foram obtidas curvas de transmissão
óptica para vários índices de refração entre 1,00 e 𝑛𝑠𝑖𝑙𝑖𝑐𝑎 (Figura 19). Tomou-se o comprimento
de onda do pico da transmissão associada à amostra de índice de refração de valor 1,00 como
sendo o comprimento de onda de referência ou 𝜆0 . Para a determinação do valor de pico de cada
curva de transmissão óptica, foi empregada uma interpolação de segundo grau utilizando-se três
pontos conforme Figura 20(a). A partir do comprimento de onda dos picos das demais curvas de
transmissão, foram traçados os gráficos de deslocamento espectral e determinada a sensibilidade
do sensor – Figura 20(b) e Figura 20(c), respectivamente.

1,0
1,0000
0,8
1,3000
Transmissão Normalizada

1,3900
0,6
1,4100
1,4200
0,4
1,4250
1,4300
0,2
1,4325

0,0
1,45 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70
Comprimento de Onda (μm)

Figura 19 – Resposta espectral do sensor a variações do índice de refração a ser medido.

A Figura 20(d) apresenta a variação da largura completa a meia altura, ou FWHM (Full
Width at Half Length), das curvas de transmissão espectral em função do índice de refração da
amostra dielétrica que preenche o furo lateral direito próximo ao núcleo da fibra óptica conforme
posição indicada na Figura 14.
58

0,9 80

Deslocamento Espectral (nm)


Transmissão Normalizada

60

40

20
Curva Original
Parábola Utilizada na Interpolação
Pontos da Curva Original Utilizados na Interpolação 0
Vértice da Parábola
0,8 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
1,54 1,56 1,58 1,6 Índice de Refração
Comprimento de Onda (μm)
(a) (b)
3000 240

220
Sensibilidade (nm/RIU)

2000
FWHM (nm)

200

180
1000
160

0 140
1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Índice de Refração Índice de Refração

(c) (d)
Figura 20 – Características do sensor refractométrico em função do índice de refração da amostra
dielétrica que preenche um furo lateral próximo ao núcleo da fibra óptica sensora. (a) Detalhe da
função de segundo grau utilizada para determinar o valor máximo das curvas de transmissão
espectral; (b) deslocamento espectral do pico de transmissão em relação a λ0; (c) curva de
sensibilidade do sensor e (d) largura completa a meia altura da banda de transmissão óptica.

5.3.1 Comportamento do sensor com o aumento da superfície de contato entre o núcleo


e os furos preenchidos com material da amostra dielétrica

Com objetivo de investigar o impacto do aumento da superfície de contato entre o núcleo


da fibra e o índice de refração a ser medido sobre o desempenho do sensor refractométrico, foi
simulada a condição na qual todos os furos ao redor do núcleo da fibra são preenchidos com o
índice de refração a ser mensurado. Para o mesmo comprimento da seção multimodal utilizado
59

até agora (aproximadamente 2,86 mm), foram obtidas as curvas de transmissão espectral
mostradas na Figura 21.

Transmissão Normalizada 1,0

0,8
1,00
0,6 1,30
1,39
0,4 1,41
1,42
0,2

0,0
1,50 1,60 1,70 1,80 1,90
Comprimento de Onda (μm)

Figura 21 – Transmissão espectral do sensor refractométrico quando seis furos ao redor do núcleo
da fibra são preenchidos com o material dielétrico da amostra a ser sensoriada.

Pode ser observado na Figura 21 um deslocamento espectral de ao menos 300 nm das


curvas de transmissão em direção a comprimentos de onda mais elevados quando o índice de
refração da amostra varia de 1,00-1,42. Na região de comprimentos de onda superiores a 1.750
nm evidencia-se, inclusive, o surgimento de distorções nas curvas de transmissão óptica. Para
evitar esse tipo de comportamento, optou-se por redimensionar o comprimento da seção
multimodal da fibra com o objetivo de alterar o comprimento de onda do pico de transmissão
para nvar = 1,00, de 1.550 nm para 1.450 nm. Dessa forma, deslocam-se para menores
comprimentos de onda todas as curvas de transmissão relacionada aos diferentes índices de
refração da amostra dielétrica. O comprimento da seção multimodal cujo padrão interferométrico
atende a essa condição é de aproximadamente 3 mm, o que originou a resposta espectral mostrada
na Figura 22. Tal comportamento confirma o esperado quanto ao deslocamento de todas as curvas
para comprimentos de onda menores e, assim, evita as distorções apresentadas em comprimentos
de onda superiores a 1.750 nm.
60

1,0

Transmissão Normalizada
0,8
1,00
0,6 1,30
1,39
0,4 1,41
1,42
0,2

0,0
1,35 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70 1,75
Comprimento de Onda (μm)

Figura 22 – Transmissão espectral do sensor para seis furos preenchido com o material dielétrico
da amostra a ser medida, com o pico de referência em λ0 = 1.450 nm.

Para verificar se houve mudança significativa nas características do sensor ao se deslocar


o pico de referência de 1.550 nm para 1.450 nm, foram traçadas novamente as curvas de
transmissão para a situação de apenas um furo preenchido com a amostra dielétrica a ser
mensurada e, assim, permitir comparar com os resultados previamente apresentados na Figura
19 e Figura 20. Dessa forma, a partir dos resultados apresentados na Figura 23, pode-se concluir
que as características de deslocamento espectral e sensibilidade foram preservadas, com uma
redução de aproximadamente 20 nm na largura completa a meia altura – Figura 23(d).
61

1,0 80

Deslocamento Espectral (nm)


Transmissão Normalizada
0,8
60

0,6
40
0,4
1,0000 1,3000
1,3900 1,4100 20
0,2
1,4200 1,4250
1,4300 1,4325
0,0 0
1,35 1,4 1,45 1,5 1,55 1,6 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Comprimento de Onda (μm) Índice de Refração

(a) (b)
3000 220

200
Sensibilidade (nm/RIU)

2000
FWHM (nm)

180

160
1000
140

0 120
1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Índice de Refração Índice de Refração

(c) (d)

Figura 23 – Características do sensor refractométrico com o pico de referência em λ0 = 1.450 nm.


(a) Transmissão óptica espectral para diferentes índices de refração do material dielétrico que
preenche o furo lateral, conforme indicado; (b) deslocamento espectral do pico de transmissão
em relação a λ0; (c) curva de sensibilidade do sensor e (d) largura completa a meia altura.

Foram apresentados até aqui os resultados para os dois casos extremos, ou seja, com um
e seis furos ao redor da fibra óptica sensora preenchidos com amostra dielétrica. Para visualizar
o comportamento do sensor refractométrico nas condições intermediárias, foi feito um estudo
considerando dois, três, quatro e cinco furos preenchidos. A comparação das seis situações é
mostrada na Figura 24, que evidencia o deslocamento da curva de transmissão óptica para
maiores comprimentos de onda, quando maior número de furos são preenchidos com material
dielétrico de índice de refração 1,42.
62

1,0

0,8
Transmissão Normalizada

0,6

0,4

0,2

0,0
1,35 1,45 1,55 1,65 1,75
Comprimento de Onda (μm)

Figura 24 – Transmissão espectral do sensor refractométrico em função da quantidade de furos


ao redor do núcleo preenchidos com material dielétrico de índice de refração nvar = 1,42.

A Figura 25 apresenta as principais características do sensor refractométrico em função


do número de furos ao redor do núcleo preenchidos com material dielétrico com diferentes
índices de refração. A Figura 25(a) apresenta o desvio espectral da banda de transmissão óptica,
enquanto a Figura 25(b), apresenta a mesma informação em forma de histogramas. Já a Figura
25(c) e Figura 25(d) apresentam a sensibilidade espectral do sensor em nm/RIU. Por fim, a Figura
25(e) e Figura 25(f) apresentam a largura completa a meia amplitude da banda espectral de
transmissão óptica.
A sensibilidade do sensor varia rapidamente quanto mais o valor do índice de refração do
material dielétrico que preenche os furos ao redor do núcleo se aproxima do valor do índice de
refração do material dielétrico utilizado na fabricação da fibra óptica. Quanto menor for o
contraste de índice de refração, menor será o efeito de guiagem e, consequentemente, mais
intenso será o campo evanescente sobreposto ao material de preenchimento dos furos. A maior
interação do campo óptico com o meio dielétrico da amostra nos furos ao redor do núcleo acarreta
maior influência na propagação dos modos ópticos no núcleo da fibra, e tal influência altera
rapidamente o padrão de interferência multimodal e a formação da re-imagem, o que causa o
63

acentuado deslocamento espectral da banda de transmissão óptica. Quando o índice de refração


do material dielétrico nos furos ao redor do núcleo atinge 1,42, a sensibilidade do sensor atinge
valores de 1.000 nm/RIU a 13.000 nm/RIU, quando são preenchidos de um a seis furos ao redor
do núcleo – Figura 25(d). A variação no número de furos preenchidos com a amostra dielétrica
altera o padrão interferométrico dos vários modos propagantes no núcleo da fibra óptica sensora,
afetando a largura espectral da banda de transmissão óptica. Avaliando a largura completa a meia
altura (FWHM) da curva de transmissão óptica, pode-se observar que a largura espectral varia
de aproximadamente 160 nm a 270 nm quando se utiliza de um a seis furos ao redor do núcleo
preenchidos com material dielétrico de índice de refração 1,42. Pode-se afirmar, de forma
simplificada, que o maior número de furos preenchidos aumenta a sensibilidade, porém aumenta
também a largura da banda de transmissão, reduzindo a acurácia na medida refractométrica. O
aumento da sensibilidade com o maior número de furos preenchidos com material dielétrico
advém da maior interação do campo evanescente com a amostra dielétrica devido ao aumento da
área de contato e a maior área de sobreposição entre o campo modal e a amostra. Por outro lado,
o aumento no número de furos preenchidos acarreta um aumento na largura espectral da banda
de transmissão, e esse efeito está relacionado à alteração no padrão de interferência multimodal
e à formação espacial da re-imagem na fibra sensora, que passa a ser espacialmente mais larga.
O aumento da largura espacial da re-imagem se traduz em um aumento da largura espectral da
banda de transmissão óptica quando se interroga o sensor variando o comprimento de onda de
operação.
64

Deslocamento Espectral (nm) 250 250

Deslocamento Espectral (nm)


200 200

1 Furo 150 1 Furo


150
2 Furos 2 Furos
3 Furos 100 3 Furos
100 4 Furos 4 Furos
5 Furos 5 Furos
50
6 Furos 6 Furos
50
0
0
1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Índice de Refração Índice de Refração
(a) (b)
15000 15000

12000 12000
Sensibilidade (nm/RIU)

Sensibilidade (nm/RIU)

1 Furo 9000 1 Furo


9000 2 Furos
2 Furos
3 Furos 6000 3 Furos
6000 4 Furos 4 Furos
5 Furos 5 Furos
3000
6 Furos 6 Furos
3000
0
0
1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Índice de Refração Índice de Refração
(c) (d)
300 300

250
250
200
1 Furo 1 Furo
2 Furos 150 2 Furos
FWHM (nm)

FWHM (nm)

200 3 Furos 3 Furos


4 Furos 100 4 Furos
5 Furos 5 Furos
150 6 Furos
50 6 Furos

0
100
1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Índice de Refração Índice de Refração
(e) (f)
Figura 25 – Comparação da resposta do sensor em função da quantidade de furos preenchidos
com material dielétrico. Deslocamento espectral (a) e (b); sensibilidade espectral (c) e (d) e
largura a meia altura – FWHM (e) e (f).
65

5.3.2 Impacto na resposta do sensor ao se dimensionar a seção multimodal para


permitir re-imagens de ordens superiores

Na seção anterior, foi mostrado o impacto do aumento do comprimento da seção de fibra


multimodal na resposta espectral do sensor refractométrico, considerando-se uma pequena
variação de 2,8 mm para 3 mm, que acarretou num deslocamento de 10 nm no pico da curva de
transmissão óptica em função do comprimento de onda, para um material dielétrico de
preenchimento dos furos com índice de refração nvar = 1 (curva de transmissão de referência).
Agora, será mantido o comprimento de onda do pico da curva de referência (λ0 = 1.550 nm) e
será variado o comprimento da seção multimodal – 𝐿𝑀𝑀𝐹 – de forma a corresponder à primeira,
segunda, terceira e quarta re-imagens. A Figura 26 mostra uma comparação entre as condições
citadas. Verifica-se uma relação inversa entre a largura das bandas de transmissão espectral e o
aumento da ordem da re-imagem utilizada.

1ª Re-imagem 2ª Re-imagem 3ª Re-imagem 4ª Re-imagem


1,0

0,8
Transmissão Normalizada

0,6

0,4

0,2

0,0
1,5 1,55 1,6 1,65 1,5 1,55 1,6 1,65 1,5 1,55 1,6 1,65 1,5 1,55 1,6 1,65
Comprimento de Onda (µm)

Índices de Refração

Figura 26 – Comparação entre as curvas de transmissão espectral da quatro primeiras re-imagens

A Tabela 4 mostra uma comparação numérica entre parâmetros obtidos das curvas de
transmissão óptica da Figura 26. Destaca-se uma forte redução na largura à meia altura (FWHM)
das curvas de transmissão, sem, porém, grandes variações no deslocamento espectral e na
sensibilidade. Observa-se, ainda, com o aumento da ordem da re-imagem, um igual aumento na
66

distorção das curvas de transmissão óptica associadas à índices de refração mais elevados,
fenômeno já observado em outros textos da literatura [82].

Tabela 4 – Comparação entre as quatro re-imagens quanto aos parâmetros de desempenho. A


primeira re-imagem é considerada como uma referência.

Desloc. Diferença Sensib. Diferença Diferença


FWHM
Re-imagem Espectral em Desloc. 1,40 Sensib. FWHM
(nm)
1,41 (nm) Espectral (%) (nm/RIU) (%) (%)
1ª 19,34 0 388 0 173 0
2ª 19,84 3% 476 23 % 100 -42 %
3ª 20,34 5% 478 23 % 75 -57 %
4ª 19,88 3% 420 8% 62 -64 %

5.3.3 Estudo de um modelo idealizado com núcleo exposto

Até o momento foram estudados modelos idealizados da fibra óptica sensora com um ou
mais furos preenchidos com o material dielétrico cujo valor de índice de refração se deseja
mensurar. Um dos pontos considerados diferenciais da presente proposta de sensor é a presença
do núcleo exposto da seção multimodal da fibra sensora, que permite aumentar a sobreposição
entre o campo modal e a amostra dielétrica para medidas refractométricas. O modelo idealizado
foi, então, modificado através da inserção de um acesso para a parte externa da fibra. Dessa
forma, tem-se um modelo geometricamente mais próximo à geometria da fibra fabricada com
contato direto com a região externa (Figura 12). O modelo foi, portanto, modificado através da
inserção de um corte lateral, fazendo uma ligação entre o furo anteriormente preenchido e a parte
externa da fibra.
67

Figura 27 – Corte transversal do modelo de fibra sensora com núcleo exposto e indicação dos
índices de refração.

A estratégia de inclusão de acesso lateral na fibra óptica sensora visa facilitar a


operacionalidade do sensor, sem exigir técnicas especiais para preenchimento dos furos próximos
ao núcleo com a amostra dielétrica a ser mensurada. Por outro lado, o acesso lateral não deve
altear substancialmente a área de sobreposição entre o campo óptico modal e a amostra dielétrica
a ter o índice de refração mensurado. Dessa forma, o desempenho do sensor refractométrico com
acesso lateral deve ser similar ao da fibra idealizada com furo lateral preenchido. A Figura 28
mostra que, ao se sobrepor as curvas de transmissão espectral para os dois modelos (com e sem
núcleo exposto), podem ser observadas pequenas diferenças na transmissão normalizada que,
ponto a ponto, se mantêm abaixo de ~0,005 (0,05%) em toda a faixa de comprimentos de onda
analisada (1,45 μm – 1,70 μm).
68

1,0 0,025

0,020
0,8
Transmissão Normalizada
0,015
0,6

Diferença
0,010

0,4
0,005

0,2
0,000

0,0 -0,005
1,45 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70
Comprimento de Onda (μm)
1,00 1,42 1,4325
1,00 1,42 1,4325
1,00 1,42 1,4325

Figura 28 – Comparação da transmissão espectral do sensor refractométrico baseado no modelo


com seção multimodal com um furo preenchido (linhas sólidas) e o sensor refractométrico
baseado no modelo com seção multimodal de núcleo exposto (linhas tracejadas), para diferentes
índices de refração do material dielétrico da amostra mensurada. A diferença entre a transmissão
normalizada dos dois casos é mostrada através das curvas com linhas pontilhadas.

5.3.4 Impacto do desalinhamento entre a SMF de entrada e a MMF

Conforme relatado anteriormente (Figura 15), esta proposta de sensor é baseada numa
estrutura SMS com fibra MMF de núcleo exposto. A conexão entre as seções monomodo e
multimodo, porém, nem sempre ocorre de forma perfeita, sendo comum algum grau de
desalinhamento entre as fibras, fazendo com que o centro do núcleo da SMF de entrada não esteja
rigorosamente alinhado com o centro do núcleo da seção multimodal (MMF.) Nesta seção é
apresentado um breve estudo das consequências de um desalinhamento da ordem de alguns
micrometros entre os centros geométricos dos núcleos circulares das seções SMF e MMF da
estrutura SMS. Esse estudo foi feito utilizando-se um comprimento de fibra de aproximadamente
3 mm, associado a um comprimento de onda de referência de 1.450 nm.
69

Variação das curvas de referência com o desalinhamento da SMF de


entrada
Deslocamento do Pico de
Direção x Direção y Direções x e y Referência com o
1,0
desalinhamento da SMS
de entrada
0,8 1
Transmissão Normalizada

Deslocamento (nm)
0,6 -1

-2

0,4 -3

-4

0,2 -5
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
Desalinhamento da SMS
0,0 de Entrada (μm)
1,35 1,45 1,55 1,35 1,45 1,55 1,35 1,45 1,55
Direção x
Comprimento de Onda (µm)
Direção y
Desalinhamento da SMF de entrada (µm)
Direções x e y

(a) (b)
Figura 29 – (a) Variação das curvas de referência (nvar = 1 e λ0 = 1.450 nm) com o desalinhamento
da SMF de entrada, nas direções x, y e x e y simultaneamente, conforme indicado; (b)
Deslocamento, em nanômetros, do pico das curvas de referência para as três condições de
desalinhamento citadas.

A Figura 29(a) mostra a variação das curvas de referência do sensor (nvar = 1,00) com o
desalinhamento da SMS de entrada nas direções indicadas. Observa-se uma queda significativa
da transmissão óptica com o aumento do desalinhamento. As variações em comprimento de onda,
porém, são muito pequenas, da ordem de poucos nanômetros, e podem ser mais bem observadas
na Figura 29(b), que indica o deslocamento do pico de referência nas três condições reportadas.
70

Desalinhamento de -3 μm na direção y
1,0 60

Desloc. Espectral (nm)


40
0,8
20
1,00
Transmissão Normalizada

1,30 0
0,6
1,39 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Índice de Refração
1,41
1,42
(b)
0,4 3000

Sensibilidade (nm/RIU)
1,425
1,43 2000
0,2 1,4325
1000

0,0 0
1,35 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Comprimento de Onda (μm) Índice de Refração
(a) (c)
Desalinhamento de +3 μm na direção y
1,0 60
Desloc. Espectral (nm)

40
0,8
20
1
Transmissão Normalizada

1,3 0
0,6
1,39 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Índice de Refração
1,41
1,42
(e)
0,4 3000
Sensibilidade (nm/RIU)

1,425
1,43 2000
0,2 1,4325
1000

0,0 0
1,35 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Comprimento de Onda (μm) Índice de Refração
(d) (f)
Figura 30 – Para a condição de desalinhamento da SMF de entrada em -3 μm na direção y: (a)
deslocamento espectral da banda de transmissão, para diferentes índices de refração; (b)
deslocamento espectral e (c) sensibilidade do sensor; para a condição de desalinhamento da SMF
de entrada em +3 μm na direção y: (d) deslocamento espectral da banda de transmissão, para
diferentes índices de refração; (e) deslocamento espectral e (f) sensibilidade do sensor.

Para avaliar o impacto do desalinhamento entre o centro geométrico dos núcleos das
seções SMF e MMF na sensibilidade do sensor refractométrico, foram, também, analisadas as
bandas de transmissão ópticas para desalinhamentos de ±3 µm no eixo y (Figura 30) e no eixo x
(Figura 31). Pode ser confirmada uma redução geral na amplitude das curvas de transmissão
71

óptica nas condições de desalinhamento. Observa-se, ainda, uma maior distorção nas bandas de
transmissão óptica quando o desalinhamento ocorre no sentido da região de núcleo exposto, ou
seja eixo +x (Figura 31(d)).

Desalinhamento de -3 μm no eixo x
1,0 60

Desloc. Espectral (nm)


40
0,8
20
Transmissão Normalizada

1
0,6 1,3 0
1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
1,39 Índice de Refração
1,41
0,4 (b)
1,42 3000

Sensibilidade (nm/RIU)
1,425
1,43 2000
0,2
1,4325
1000
0,0
1,35 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 0
Comprimento de Onda (μm) 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Índice de Refração
(a) (c)
Desalinhamento de +3 μm no eixo x
1,0 40
Desloc. Espectral (nm)

20
0,8
Transmissão Normalizada

1
0
0,6 1,3 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
1,39 Índice de Refração

1,41 (e)
0,4 3000
1,42
Sensibilidade (nm/RIU)

1,425
2000
1,43
0,2
1,4325 1000

0,0 0
1,35 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Comprimento de Onda (μm) Índice de Refração
(d) (f)
Figura 31 - Para a condição de desalinhamento da SMF de entrada em -3 μm na direção x: (a)
deslocamento espectral da banda de transmissão, para diferentes índices de refração; (b)
deslocamento espectral e (c) sensibilidade do sensor; para a condição de desalinhamento da SMF
de entrada em +3 μm na direção x: (d) deslocamento espectral da banda de transmissão, para
diferentes índices de refração; (e) deslocamento espectral e (f) sensibilidade do sensor.
72

Nessas condições de desalinhamento, em especial para o caso de 4 µm, se torna mais


difícil a identificação dos picos das bandas de transmissão óptica, motivo pelo qual sugere-se
como aceitável um desalinhamento de até 3 µm em qualquer direção. A Figura 32 mostra uma
comparação de condições diferentes de desalinhamento (0 µm, ±3 µm e ±4 µm na direção x),
indicando o impacto do desalinhamento da SMF de entrada na transmissão espectral óptica, no
deslocamento espectral dos picos de transmissão e na sensibilidade do sensor. Destaca-se uma
maior distorção das bandas de transmissão quando o desalinhamento ocorre no sentido do núcleo
exposto (+x), que tem como consequência uma igual distorção das curvas de deslocamento
espectral do pico de transmissão e sensibilidade (Figura 32(c) e Figura 32(f)).
73

60

Desloc. Espectral (nm)


1,0 0um
-3um
40 -4um
0,8
20
Transmissão Normalizada

0
0,6 1,35 1,40 1,45
Índice de Refração
(b)
0,4 4000

Sensibilidade (nm/RIU)
0 μm
3000 -3 μm
-4 μm
0,2 2000

1000

0,0 0
1,35 1,4 1,45 1,5 1,55 1,6 1,35 1,40 1,45
Comprimento de Onda (μm) Índice de Refração

(a) (c)
1,0 60
Desloc. Espectral (nm) 0um
+3um
40 +4um
0,8
20
Transmissão Normalizada

0
0,6 1,35 1,40 1,45
Índice de Refração
(e)
0,4 3000
Sensibilidade (nm/RIU)

0 μm
2000 +3 μm
+4 μm
1000
0,2
0
-1000

0,0 -2000
1,35 1,4 1,45 1,5 1,55 1,6 1,35 1,40 1,45
Comprimento de Onda (μm) Índice de Refração

(d) (f)
Figura 32 – Comparação da resposta espectral entre a condição de perfeito alinhamento da SMF
de entrada com as condições de desalinhamento de 3 μm e 4 μm no (a) sentido do núcleo exposto
e (c) no sentido oposto; comparação do deslocamento espectral e da sensibilidade entre essas três
condições na (b) sentido do núcleo exposto e (d) sentido oposto.

5.3.4.1 Comportamento do sensor para diâmetros de núcleo diferentes

Um parâmetro de projeto do sensor refractométrico que pode ser controlado com relativa
facilidade durante o processo de fabricação é o diâmetro total da fibra, que influencia diretamente
no diâmetro do núcleo da seção transversal da seção multimodal. Um aumento nessa dimensão
impacta diretamente na quantidade de modos suportados para propagação na seção MMF,
alterando o padrão de interferência. Com o objetivo de avaliar a influência desse parâmetro no
74

desempenho do sensor, é apresentada, a seguir, uma comparação da variação da transmissão


espectral óptica em função de diferentes índices de refração da amostra sensoriada para três
diâmetros diferentes de núcleo da seção MMF da fibra. Também é mostrado o impacto dessa
variação no deslocamento espectral dos picos de transmissão e na sensibilidade do sensor.
Além da fibra original, com núcleo da seção multimodal de 28 µm, foram simuladas fibras
com núcleo MMF de 34 µm e 40 µm. As bandas de transmissão óptica para os três casos são
mostradas na Figura 33(a).

1,0 100
1400

Deslocamento Espectral (nm)


Transmissão Normalizada

0,8 80 1200

Sensibilidade (nm/RIU)
1000
0,6 60
800
0,4 40 600

400
0,2 20
200
0,0 0 0
1,45 1,50 1,55 1,60 1,65 1,405 1,415 1,425
Comprimento de Onda (μm) Comprimento de Onda (μm)
(a) (b)
Figura 33 – (a) Transmissão espectral óptica em função do índice de refração da amostra
mensurada para diâmetros de núcleo da MMF de 28 µm, 34 µm e 40 µm e (b) comparação do
deslocamento espectral dos picos de transmissão e da sensibilidade do sensor para os mesmos
diâmetros de núcleo.

A partir dos resultados apresentados Figura 33, pode ser observada uma redução no
deslocamento espectral das bandas de transmissão óptica e na sensibilidade do sensor
refractométrico quando se tem um aumento do diâmetro da seção transversal da fibra MMF. Para
essa análise, o deslocamento espectral das curvas de transmissão foi avaliado para os índices de
refração 1,41 e 1,42. Também foram analisados os valores de sensibilidade mostrados na Figura
33(b), para o índice de refração 1,415.
75

5.4 Fabricação da fibra óptica multimodal de núcleo exposto

O processo de fabricação de fibras ópticas microestruturadas ocorre, normalmente, em


duas etapas [83]. A primeira é a fabricação da pré-forma com características geométricas
proporcionalmente próximas da fibra desejada. A segunda se trata da passagem dessa pré-forma
por uma torre de puxamento (drawing tower) na qual é possível controlar alguns parâmetros,
como temperatura, pressurização interna, e velocidades de alimentação e puxamento, de forma a
permitir algum grau de ajuste fino, tendo por objetivo a obtenção da geometria desejada para a
fibra sensora [84]. Em alguns casos, é possível introduzir um passo intermediário adicional [85]
no qual a pré-forma, já com dimensões reduzidas como consequência de uma passagem inicial
pela torre de puxamento, pode passar por processamento adicional, permitindo, por exemplo, a
produção de fibras ópticas com núcleo de dimensões sub-micrométricas [84].
O sensor refractométrico apresentado na seção 5.1, baseado em estrutura SMS com fibra
microestruturada multimodal e núcleo exposto (MM-ECF), foi fabricado e experimentalmente
caracterizado pelo Prof. Dr. Cristiano M. B. Cordeiro, da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP) quando esteve na Universidade de Adelaide – Austrália. Através de uma
cooperação científica com a equipe do Laboratório de Eletromagnetismo Computacional (LEC)
do IEAv, foi disponibilizado acesso aos dados experimentais que, juntamente com os dados
obtidos através de simulações computacionais, foram utilizados na análise dos resultados
expostos neste texto.
A pré-forma da fibra óptica em questão foi preparada a partir de um tubo de sílica pura
de 150 mm de comprimento e 21 mm de diâmetro. Este tubo foi submetido a uma usinagem
ultrassônica para introdução de seis furos de 2,8 mm em um arranjo hexagonal. Nenhum furo foi
feito no centro do tubo, região prevista para a localização do núcleo da fibra óptica. A distância
entre os centros dos furos (Λ) foi mantida em 3,2 mm, proporcionando, assim um núcleo de 3,6
mm de diâmetro (d) e uma relação inicial d/Λ de 0,875. Um fresa diamantada foi utilizada, em
seguida, para usinar um acesso lateral de 1 mm de espessura conectando um dos furos ao meio
externo. A Figura 34 mostra um esboço com as principais dimensões da pré-forma após o
processo de usinagem.
76

Figura 34 – Diagrama esquemático da pré-forma utilizada para a fabricação da fibra óptica de


núcleo exposto com a indicação das principais dimensões.

A pré-forma foi, então, submetida a uma torre de puxamento com temperatura de 2005 °C
e velocidades controladas, tanto de alimentação quanto de puxamento. A relação d/Λ foi
aumentada para aproximadamente 0,96 mediante a aplicação de uma pressão controlada nos
furos durante o puxamento. Dessa forma, foi obtida uma fibra com dimensões aproximadas para
a casca e o núcleo de 200 μm e 28 µm, respectivamente, conforme mostrado anteriormente na
Figura 12. Esse mesmo processo de fabricação utilizado para a obtenção de uma fibra óptica
multimodal de núcleo exposto com dimensões diferentes é descrito em [86].

5.5 Resultados experimentais

A partir dos estudos numéricos iniciais, que desdobraram nos resultados apresentados na
seção 5.2, optou-se pela utilização de uma seção de fibra óptica multimodal de aproximadamente
3 mm de comprimento para realizar os estudos experimentais com a fibra de 28 µm de núcleo.
Essa seção de fibra óptica sensora foi fixada, utilizando-se uma técnica de splicing, entre duas
seções de fibra óptica monomodo para formar uma estrutura SMS. Para a avaliação das bandas
de transmissão óptica utilizou-se um sinal de banda larga produzido por uma fonte supercontínua
aplicado na entrada da fibra óptica monomodo (SMF) de entrada. As medidas foram realizadas
na SMF de saída, através de um analisador de espectro óptico (OSA) na faixa de comprimentos
de onda de 1.150 nm a 1.750 nm.
77

Para a análise das características do sensor refractométrico proposto, a seção de fibra


multimodo de núcleo exposto foi imersa em uma mistura de água com glicerina em diferentes
proporções, conforme Tabela 5, que permitiu obter amostras dielétricas líquidas com índices de
refração de 1,40 a 1,43.

Tabela 5 – Materiais utilizados para as medidas experimentais

Proporção Índice de
Material Proporção Água
Glicerina Refração
Ar - - 1,00
Água + Glicerina 1 40% 60% 1,40
Água + Glicerina 2 70% 30% 1,415
Água + Glicerina 3 80% 20% 1,43

Os dados de desvio espectral das curvas de transmissão óptica foram possíveis de se obter
pela adoção de uma condição de referência na qual a banda de transmissão óptica foi medida.
Tal medida referencial corresponde ao caso em que a amostra dielétrica é o ar, considerado com
índice de refração igual a 1,00. As medidas espectrais das bandas de transmissão óptica foram
realizadas para três combinações de concentração de uma solução aquosa (Tabela 5). Entre
medidas com diferentes amostras dielétricas, a fibra óptica de núcleo exposto foi lavada com
álcool isopropílico até que a banda de transmissão espectral voltasse à condição original de
referência. Os resultados experimentais, sem filtragem amostral, são mostrados na Figura 35(a).
Para a redução dos níveis de oscilação dos resultados experimentais, foram aplicadas
diferentes filtragens amostrais pelo emprego de média móvel, cuja ordem foi incrementada para
que os resultados fossem suavizados, sem que fossem perdidas, porém, as principais
características das curvas, como o deslocamento espectral entre elas, parâmetro mais importante
para o funcionamento do sensor. A média móvel foi calculada, para cada comprimento de onda,
utilizando-se a média aritmética simples dos valores de potência associados ao próprio
comprimento de onda considerado e aos valores de potência associados a uma determinada
quantidade de amostras em comprimentos de onda imediatamente inferiores e superiores, de
acordo com a ordem da média móvel a ser aplicada. Para a obtenção de uma curva suavizada
através da aplicação de uma média móvel de cinco elementos, por exemplo, foi considerado
como sendo o valor de potência em um determinado comprimento de onda, o valor obtido através
do cálculo da média aritmética entre o valor de potência associado ao próprio comprimento de
78

onda considerado, os valores de potência associados às duas amostras de comprimento de onda


imediatamente inferiores e os valores de potência associados às amostras de comprimento de
onda imediatamente superiores.
Para a determinação do comprimento de onda do vale de cada uma das curvas de
transmissão óptica obtidas a partir dos dados experimentais, foi tomado por referência um valor
de potência 2 dB acima do valor mínimo medido, conforme Figura 36. O comprimento de onda
do vale foi, então, obtido pelo cálculo do valor médio entre os dois valores de comprimento de
onda associados aos dois pontos de interseção da curva de transmissão óptica com a linha de
referência para potência transmitida.
Resultados Experimentais Brutos Média Móvel de 5 Elementos
0 0

-2 -2
Potência na Saída (dB)

-4 Potência na Saída (dB) -4

-6 -6

-8 -8
1,000 1,000
-10 1,400 -10 1,400
1,415 1,415
-12 -12
1,430 1,430
-14 -14
1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7
Comprimento de Onda (µm) Comprimento de Onda (µm)
(a) (b)
Média Móvel de 11 Elementos Média Móvel de 17 Elementos
0 0

-2 -2
Potência na Saída (dB)

Potência na Saída (dB)

-4 -4

-6 -6

-8 -8
1,000 1,000
-10 1,400 -10 1,400
1,415 1,415
-12 -12
1,430 1,430
-14 -14
1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7
Comprimento de Onda (µm) Comprimento de Onda (µm)
(c) (d)
Figura 35 – Resultados experimentais para a banda de transmissão espectral do sensor
refractométrico. (b) dados brutos, sem filtragem amostral; (b) com aplicação de filtro de média
móvel de 5 elementos; (c) com aplicação de filtro de média móvel de 11 elementos e (d) com
aplicação de filtro de média móvel de 17 elementos.
79

Com os valores de comprimento de onda dos vales das curvas experimentais, foram
traçados os gráficos de deslocamento espectral da banda de transmissão e de sensibilidade do
sensor, mostrados na Figura 37 em função da quantidade de elementos utilizados para a filtragem
dos dados experimentais. Com base nesses gráficos, e considerando uma tendência de
estabilização dos valores de deslocamento espectral e de sensibilidade a partir da utilização da
média móvel de 11 elementos, foi estabelecido este valor como adequado para a redução da
oscilação dos resultados experimentais, sem que houvesse perda das principais características do
sensor.
0

-2
Valor
Potência na Saída (dB)

-4 Médio

-6

-8

-10
2 dB
-12

-14
1,2 1,3 λvale 1,4 1,5
Comprimento de Onda (µm)

Figura 36 – Detalhe do método utilizado para o cálculo dos vales das curvas de transmissão
espectral obtidas a partir dos dados experimentais.

30 1000
Deslocamento Espectral (nm)

25 800
Sensibilidade (nm/RIU)

20 600

15 400

10 1,400 200
1,415 1,4075
1,430 1,4225
5 0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21
Ordem da Média Móvel Ordem da Média Móvel
(a) (b)
Figura 37 – Variação do deslocamento espectral dos vales das curvas de transmissão (a) e
variação da sensibilidade do sensor (b), ambas em função do número de elementos utilizados
para a filtragem dos dados experimentais.
80

Os resultados experimentais de banda de transmissão óptica foram, então, comparados


com os resultados numéricos, conforme exibido na Figura 38 e mostram que o sensor
refractométrico se comporta de forma semelhante ao previsto numericamente. É importante
observar que, neste gráfico, foram utilizadas escalas diferentes nos eixos verticais, conforme
indicado. Essa diferença, de 1,8 dB, foi introduzida para que houvesse uma melhor sobreposição
das curvas, facilitando, então, a comparação entre os dados numéricos e experimentais sem afetar
essa análise, já que o sensor opera com resposta espectral, e não de intensidade.

0
-2
Potência na Saída - Experimental (dB)

-1

Potência na Saída - Numérico (dB)


-3
-2
-4 -3

-5 -4

1,000 - Experimental -5
-6 1,400 - Experimental
1,415 - Experimental
1,430 - Experimental -6
1,000 - Numérico
-7 1,400 - Numérico -7
1,415 - Numérico
1,430 - Numérico
-8 -8
1,45 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70
Comprimento de Onda (µm)

Figura 38 – Comparação entre os dados experimentais e numéricos para os picos da curva de


referência em 1.550 nm.

Dos resultados apresentados na Figura 38, pode ser observado que as bandas espectrais
de transmissão óptica são largas, como é usual em sensores baseados em estruturas SMS. Por
outro lado, nota-se a partir dos gráficos da Figura 35, que as bandas de rejeição, ou vales na
transmissão óptica, são mais estreitos e, geralmente, mais apropriados para uso em
sensoriamento. Dessa forma, a caracterização do sensor refractométrico foi realizada utilizando-
se os deslocamentos espectrais de um vale de transmissão óptica que aparece na faixa de 1,35
µm a 1,40 µm, como apresentado na Figura 39.
81

-2

-4
Potência na Saída (dB)

-6

-8

-10 1,000 - Experimental


1,400 - Experimental
1,415 - Experimental
-12 1,430 - Experimental
1,000 - Numérico
-14 1,400 - Numérico
1,415 - Numérico
1,430 - Numérico
-16
1,25 1,30 1,35 1,40 1,45 1,50 1,55
Comprimento de Onda (µm)

Figura 39 – Comparação entre os dados experimentais e numéricos tomando por referência os


vales das curvas.

Com a finalidade de efetuar comparações entre os resultados experimentais e numéricos,


foram realizados estudos numéricos variando ligeiramente o comprimento da seção multimodal
de núcleo exposto para obter uma melhor concordância entre os comprimentos de onda de
mínima transmissão óptica dos dados correspondentes aos casos com amostra dielétrica de índice
de refração igual a 1,0. Para um comprimento de seção multimodal de 2.800 µm foram obtidos
os resultados mostrados na Figura 39. Os resultados experimental e numérico assumem, então,
valores próximos para o deslocamento espectral da banda de rejeição e sensibilidade
refractométrica, conforme verificado, respectivamente na Figura 40(a) e Figura 40(b).
Os resultados experimentais apontam uma sensibilidade máxima observada de
aproximadamente 942 nm/RIU para um índice de refração de 1,4225, valor próximo de
991 nm/RIU obtido numericamente. Para o índice de refração de 1,4075 foram obtidos valores
de sensibilidade de, aproximadamente, 219 nm/RIU (experimental) e 376 nm/RIU (numérico).
Para os menores índices de refração observados os valores foram de, aproximadamente,
27 nm/RIU (experimental) e 40 nm/RIU (numérico).
82

40 1200
Experimental Experimental
Deslocamento Espectral (nm)

Numérico 1000 Numérico

Sensibilidade (nm/RIU)
30
800

20 600

400
10
200

0 0
1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
Comprimento de Onda (µm) Comprimento de Onda (µm)
(a) (b)
Figura 40 – Comparação entre os dados experimentais e numéricos quanto a: (a) Deslocamento
Espectral e (b) Sensibilidade.

A comparação do deslocamento espectral e sensibilidade obtidos através das curvas


numéricas e experimentais também apresenta semelhanças conforme Figura 40.
83

6 Sensor de curvatura com discriminação direcional

A segunda proposta de sensor, tratada neste texto, consiste na utilização de uma fibra
óptica antirressonante de núcleo oco com assimetria azimutal, onde a guiagem ocorre como
consequência da redução do acoplamento entre núcleo e casca ocasionado pelo mecanismo de
inibição de acoplamento [72,87]. Esta fibra especial se propõe a funcionar como um sensor de
curvatura com discriminação direcional, apresentando variações identificáveis em sua resposta
espectral quando ocorrem mudanças tanto no raio de curvatura quanto da direção de curvatura.
O sensor também pode ser empregado no sensoriamento de ângulo de flexão e frequência de
vibração.

6.1 Projeto de uma fibra óptica antirressonante de núcleo oco com


assimetria azimutal

A Figura 41(a) apresenta a seção transversal da fibra óptica antirressonante de núcleo oco
e assimetria azimutal, composta de um tubo dielétrico estrutural e por oito tubos dielétricos ocos
internos que definem o núcleo oco da fibra. Os tubos dielétricos têm diferentes espessuras, o que
confere à fibra óptica sua característica de assimetria azimutal e permite sensoriamento do raio
de curvatura e direção de curvatura (ângulo θ). A Figura 41(b) mostra uma representação
tridimensional (3D) da fibra óptica sensora curvada, como exemplo, em um ângulo θ = +45°.
O sensor proposto tem como princípio de funcionamento o deslocamento espectral das
características de propagação óptica (bandas de transmissão e bandas de rejeição) com a
curvatura. As fibras ópticas antirressonantes se caracterizam por utilizar o fenômeno
antirressonante para suportar a propagação da onda eletromagnética no núcleo da fibra óptica.
Tipicamente, fibras ópticas antirressoantes são constituídas de uma estrutura geométrica na qual
o núcleo da fibra óptica é definido por um anel dielétrico fino, uma borda dielétrica ou um
conjunto de tubos dielétricos finos circundando e definindo os limites do núcleo oco da fibra
óptica [88]. O sinal óptico, ao se propagar no núcleo oco da fibra, tem baixas perdas por absorção,
mas pode se acoplar à estrutura dielétrica, que pode ser formada por anel, arestas ou tubos
dielétricos, e que define a borda do núcleo oco. O acoplamento entre o modo de núcleo e modos
na estrutura dielétrica ocorre em comprimentos de onda específicos, de acordo com a
configuração geométrica e as propriedades dos materiais dielétricos da fibra óptica. Quando esse
acoplamento ocorre, parte da energia do modo de núcleo se transfere para a região da estrutura
84

dielétrica e ocorre a excitação de modos que se propagam nessa região com elevadas perdas por
absorção: esta é conhecida como condição ressonante. Neste caso, o sinal óptico é fortemente
atenuado e a transmissão óptica é muito reduzida em estreito intervalo de comprimentos de onda,
no chamado vale (dip) na transmissão óptica. Por outro lado, fora da condição ressonante, ocorre
a inibição do acoplamento entre o modo do núcleo oco e os modos na estrutura dielétrica da fibra
óptica. Nesta condição, chamada antirressonante, o sinal óptico permanece no núcleo oco da fibra
óptica e a propagação se dá com baixas perdas, resultando em uma elevada transmissão óptica.

Figura 41 – Representação da fibra óptica antirressonante de núcleo oco e assimetria azimutal.


(a) Seção transversal da fibra óptica sensora. (b) Representação tridimensional da fibra óptica
sensora com indicação do referencial de curvatura.

As fibras ópticas antirressonantes podem transmitir sinal óptico de banda larga, ou seja,
em um grande intervalo de comprimentos de onda. Entretanto, numa faixa larga de comprimentos
de onda há maior probabilidade de que a condição ressonante, entre o modo de núcleo e o modo
na estrutura dielétrica, ocorra em vários comprimentos de onda. Tal efeito acarreta a existência
85

de múltiplos e estreitos vales na transmissão espectral da fibra óptica antirressonante. A região


espectral entre dois vales na transmissão óptica é conhecida como banda de transmissão. As
fibras antiressonantes têm múltiplas bandas de transmissão na medida em que apresentam muitos
vales na transmissão óptica.
A curvatura da fibra sensora provoca a alteração da condição de acoplamento entre os
modos ópticos do núcleo e os modos ópticos propagantes na estrutura dielétrica da casca da fibra
óptica. A curvatura da fibra induz o efeito elasto-óptico nos materiais dielétricos e altera o
caminho óptico de propagação dos modos ópticos, ocasionando variação na condição de
acoplamento de modos e, consequentemente, na posição espectral e na intensidade dos vales de
transmissão óptica, sendo tais parâmetros utilizados na interrogação do sensor de curvatura
direcional. A Equação (18), apresentada anteriormente na seção 3.3.5, apresenta uma estimativa
para o valor do comprimento de onda ressonante, associado ao acoplamento entre o modo óptico
fundamental no núcleo da fibra e os modos ópticos excitados na borda dielétrica (tubo, anel ou
aresta) próxima ao núcleo. De forma geral, a aplicação de um agente mecânico externo como
uma força, pressão, curvatura, flexão, vibração, deformação, estiramento, torção, entre outros, a
uma fibra óptica, acarreta a alteração das propriedades eletromagnéticas de seus materiais
dielétricos via efeitos elasto-óptico ou acusto-óptico. Em uma fibra óptica antirressonante, tais
alterações nas propriedades dos materiais causam uma perturbação na condição ressonante e a
consequência é o deslocamento espectral dos vales na transmissão óptica, ou seja, variação nos
valores de λm, calculados com o auxílio da Equação (18). Desta forma, a interrogação da
intensidade ou da posição espectral dos vales na transmissão óptica de fibras antirressonantes é
uma estratégia para o sensoriamento dos respectivos agentes mecânicos, e no presente texto será
dado destaque ao sensoriamento de curvatura direcional.
Geralmente, um projeto de fibra antirressonante envolve uma elevada simetria azimutal
na distribuição de materiais e geometrias das estruturas dielétricas que definem a borda do núcleo
oco. Entretanto, as fibras antirressonantes podem, também, ser projetadas e fabricadas para
apresentar, intencionalmente, anisotropia em sua geometria e/ou anisotropia associada ao
emprego de diferentes materiais dielétricos nos elementos do projeto da fibra óptica, tais como:
tubos, anéis, bordas e arestas dielétricas próximas ao núcleo da fibra óptica. Neste caso, os
acoplamentos entre o modo de núcleo e os modos nas estruturas dielétricas, próximas ao núcleo,
estarão associados a cada uma das diferentes estruturas dielétricas, resultando em um aumento
no número de vales na transmissão óptica. Neste caso, os comprimentos de onda centrais dos
vales na transmissão óptica podem ser calculados para cada elemento geométrico com diferentes
formas, espessuras, materiais ou uma combinação desses parâmetros.
86

As fibras ópticas antirressonantes, com assimetrias em sua estrutura geométrica, podem


ser empregadas para sensoriamento com discriminação da direção de aplicação de agentes físicos
mecânicos (mensurandos). Um mensurando aplicado em uma direção específica, da seção da
fibra óptica, afeta mais fortemente as estruturas dielétricas alinhadas à direção de aplicação do
agente externo, com variação de seu índice de refração via efeito elasto-óptico, além de alterar o
caminho óptico preferencialmente nesta mesma direção. Por exemplo, ao curvar a fibra óptica
antirressonante num plano longitudinal específico, equivalente a uma determinada direção
transversal, o efeito elasto-óptico e a variação do caminho óptico afetarão mais
pronunciadamente as estruturas dielétricas que estão na mesma direção transversal ou plano
longitudinal, distendendo um lado da fibra óptica e comprimindo o lado oposto, mas pouco
alterando as estruturas dielétricas posicionadas na direção ortogonal à direção de aplicação do
mensurando. Assim, serão espectralmente deslocados os vales na transmissão óptica associados
ao acoplamento ressonante do modo de núcleo com os modos ópticos nas estruturas dielétricas
alinhadas à direção de aplicação do mensurando. Alternativamente, não terão suas propriedades
de material alteradas pelo efeito elasto-óptico as estruturas dielétricas alinhadas a uma direção
transversal ortogonal à direção de aplicação do agente mecânico externo (curvatura), e assim,
seus vales na transmissão óptica não sofrerão deslocamento espectral ou fortes alterações de
intensidade.
Desta forma, uma estratégia para o sensoriamento direcional de parâmetros mecânicos, é
o emprego de assimetrias azimutais na estrutura geométrica, assimetrias azimutais na distribuição
de materiais dielétricos constituintes do projeto da fibra óptica sensora, ou assimetrias azimutais
causadas simultaneamente por ambos os parâmetros de geometria e de material. Ao relacionar as
características de um determinado vale na transmissão óptica, como a intensidade e a posição
espectral, a uma dada estrutura dielétrica próxima ao núcleo da fibra antirressonante, podem-se
relacionar suas variações de intensidade e deslocamento espectral à direção da aplicação do
agente mecânico externo (mensurando), tal como a curvatura da fibra óptica.
Essa proposta de design de uma fibra óptica antirressonante de núcleo oco e assimetria
azimutal como elemento sensor de curvatura direcional é objeto de pedido de patente de invenção
depositada no INPI em 05/04/2021, sob número de registro BR1020210064684 dos inventores
Dr. Marcos A. R. Franco (IEAv) e Dr. Cristiano M. B. Cordeiro (UNICAMP).
87

6.2 Metodologia utilizada para a criação do modelo computacional.

Nesta seção são detalhados os procedimentos utilizados para a definição de um modelo


computacional para estudar o comportamento do sensor proposto, bem como demonstrar
numericamente seu funcionamento ao identificar curvaturas tanto em sua magnitude quando em
sua direção. Serão apresentados os principais resultados obtidos e serão tecidos comentários a
respeito de seu princípio de funcionamento.

6.2.1 Técnica de mapeamento espacial para a modelagem computacional de fibras


ópticas curvadas

Para a modelagem computacional da propagação óptica na fibra antirressonante de núcleo


oco e assimetria azimutal utilizou-se o Método de Propagação de Feixes (BPM – Beam
Propagation Method) com aproximação de ângulo largo (wide angle BPM technique)
implementado no software comercial BeamProp® da empresa Synopsys.
A curvatura da fibra óptica acarreta a alteração dos índices de refração pelo efeito elasto-
óptico nos materiais dielétricos da fibra óptica devido ao stress mecânico e, também, uma
alteração no caminho óptico devido à curvatura. As partes de fibra óptica que estão contraídas
ou distendidas, devido à curvatura, apresentam diferente efeito elasto-óptico e, também, oposta
variação de caminho óptico. Esses dois efeitos físicos conjugados demandam o emprego de um
modelo geométrico 3D curvado para a modelagem computacional da propagação óptica pelo
Método da Propagação de Feixes em meios anisotrópicos e assimétricos. Por outro lado, é
possível utilizar uma técnica de mapeamento espacial que permite reduzir o problema a um
modelo 3D reto. Esse modelo possui um perfil gradual e anisotrópico de índices de refração na
seção transversal da fibra óptica que se mantém constante ao longo da direção de propagação e
é capaz de representar adequadamente o efeito elasto-óptico e a variação do caminho óptico em
cada ponto da seção transversal da fibra óptica devido à curvatura à qual a fibra está sujeita.
O mapeamento espacial implica em uma alteração no perfil de índices de refração na
seção transversal da fibra em função do raio de curvatura e direção de curvatura. Supondo uma
curvatura no plano xz, onde z é a direção de propagação, é possível representar a variação dos
índices de refração em toda a seção transversal da fibra óptica pela expressão (1+x’/R), onde x’
é o valor da coordenada x de qualquer ponto na seção transversal e R é o raio de curvatura cuja
origem está em x = -R. A Figura 42(a) indica a localização do centro do raio de curvatura (x=-R)
88

em relação aos eixos coordenados e a posição de um ponto p, qualquer, na seção transversal da


fibra óptica.
A Figura 42(b) mostra, como exemplo, uma típica distribuição de índices de uma fibra
padrão em comunicações ópticas (Corning® SMF28). Por outro lado, a Figura 42Erro! Fonte de
referência não encontrada.(c) mostra o perfil de índices de refração obtido pela técnica de
transformação espacial quando a fibra óptica SMF28 está sujeita a uma curvatura no plano xz e
direção -x. É fácil observar que, ao se aplicar a técnica de transformação espacial na fibra óptica
curvada, o modelo 3D reto da fibra óptica passa a ter uma distribuição anisotrópica e gradual das
propriedades dielétricas dos seus materiais constituintes.

(a) (b) (c)

Figura 42 – (a) Indicação do centro do eixo de curvatura em x = -R e as variáveis de transformação


do sistema de mapeamento espacial; (b) perfil de índices de uma SMF28 sem curvatura e (c)
perfil de índices com transformação das propriedades de material referente a uma curvatura de
1 cm.

6.2.2 Principais parâmetros utilizado no projeto de sensor baseado em fibra óptica


antirressonante

Conforme relatado anteriormente, o mecanismo de guiagem do sensor proposto se baseia


no fenômeno de inibição de acoplamento, através do qual a troca de energia entre os modos de
núcleo e casca é dificultada. Seu princípio de funcionamento como sensor de curvatura, por outro
lado, está relacionado com o efeito antirressonante nas interfaces entre as paredes dos tubos que
compõem o anel ao redor da região do núcleo. Dessa forma, os comprimentos de onda
ressonantes em cada uma das paredes desses tubos são dados pela Equação (18), apresentada na
seção 3.3.5. Em virtude disso, as espessuras das paredes dos capilares são parâmetros importantes
para o funcionamento do dispositivo proposto. A Tabela 6 e a Figura 43 mostram os
89

comprimentos de onda para as ressonâncias de primeira, segunda e terceira ordens, para cada
uma das espessuras t0 a t4 associadas aos tubos T1 a T4, conforme indicado na Figura 41.

m=1 m=2 m=3

1600

Comprimentos de Onda Ressonantes (nm)


Tabela 6 – Comprimentos de onda ressonantes
1400
calculados através da Equação (18), para cada uma das
1200
cinco espessuras diferentes dos capilares.
1000
Espessura do
λr1 (m = 1) λr2 (m = 2) λr3 (m = 2) 800
Capilar
600
t0 = 450 nm 945 nm 473 nm 315 nm
400
t1 = 575 nm 1208 nm 604 nm 403 nm 400 500 600 700 800 900

t2 = 650 nm 1365 nm 683 nm 455 nm Espessuras dos Capilares (nm)

t3 = 725 nm 1523 nm 761 nm 508 nm


Figura 43 – Comprimentos de
t4 = 800 nm 1680 nm 840 nm 560 nm
onda ressonantes para as
diferentes espessuras.

A distância entre os tubos (G) é geometricamente dependente do tamanho desejado para


o núcleo e da quantidade e diâmetro externo dos capilares. Para o caso do sensor proposto, com
8 capilares de diâmetro externo (DT) equivalente a 9 µm e para um raio do núcleo (Rc) de 20 µm,
um valor de G = 2,1 µm pode ser obtido através da Equação (26).
𝐺 = 𝑠𝑒𝑛(22.5°)(2𝑅𝑐 + 𝐷𝑇 ) − 𝐷𝑇 . (26)
As dimensões de 2,1 µm para G e 20 µm para Rc, além de tipicamente fabricáveis
experimentalmente, permitem, respectivamente, uma boa redução tanto das perdas de
confinamento causadas por fugas de energia óptica entre os capilares, quanto das perdas por
curvatura nas faixas de transmissão entre 400 nm e 850 nm [72]. Os capilares com espessuras
únicas, t1, t2, t3 e t4 estão localizados, respectivamente, nas extremidades da seção transversal da
fibra referentes a +90º, 0º, -90º e 180º. Os demais capilares (com espessura t0) estão localizados
nas posições intermediárias, referentes a ±45º e ±135º. Tal posicionamento específico permite a
identificação da direção de curvatura conforme é detalhado na próxima seção.

6.2.3 Definição das características geométricas e de propriedades de material

Assim como relatado na seção 4.1.2, para o sensor refractométrico, a criação do modelo
computacional da fibra óptica antirressonante tem início com a definição dos parâmetros
90

geométricos da seção transversal da fibra a ser estudada. Neste trabalho, optou-se pela escolha
do mesmo software propagador de feixe óptico (BeamProp®) utilizado para as simulações
anteriores. O software BeamProp tem a funcionalidade de interface gráfica para a construção de
modelos geométricos tridimensionais (3D) de guias ópticos e inclui a técnica de mapeamento
espacial para o estudo de guias ópticos curvos. A Figura 44 apresenta a seção transversal do
modelo 3D da fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal com a indicação das
principais dimensões utilizadas.

Figura 44 – Modelo geométrico da fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal com a
indicação dos principais parâmetros geométricos.

A análise computacional das fibras curvadas foi realizada considerando que a curvatura
sempre ocorre no plano xz e na direção -x, com raio de curvatura Rcurv, de forma que a fibra
curvada tem o lado distendido na direção +x e o lado comprimido na direção -x. Dessa forma,
para que o mapeamento espacial represente a curvatura na direção desejada, o modelo geométrico
da seção transversal da fibra óptica é rotacionado em um ângulo específico para que a desejada
direção de curvatura se alinhe com a direção -x, conforme Figura 45, onde os eixos coordenados
em azul indicam o posicionamento original do modelo.
91

(a) (b) (c) (d)


Figura 45 – Indicação do reposicionamento da geometria global do modelo para a simulação de
curvatura nas direções (a) θ = 180°; (b) θ = 90°; (c) θ = 0° e (d) θ = −90°

Para a definição das propriedades de material, optou-se por utilizar um índice de refração
fixo em 1,45 para as regiões de sílica (SiO2) e fixo em 1,0 para as regiões com ar, sem variação
com o comprimento de onda, com a finalidade de ressaltar o efeito da curvatura sobre a
propagação óptica, sem influência de efeitos cromáticos. Nessas condições, o perfil de índices
de refração foi definido conforme mostrado na Figura 46(a) para a fibra reta. A Figura 46(b) e a
Figura 46(c) apresentam o perfil de índices de refração após a aplicação da técnica de
transformação espacial, considerando-se um raio de curvatura Rcurv = 3 cm na direção θ = 180°.
Para uma melhor visualização optou-se por exibir em duas figuras o perfil de índices de refração
obtidos pelo mapeamento espacial referentes à fibra curvada: a Figura 46(b) apresenta a variação
de índices de refração na região de núcleo oco da fibra óptica (regiões preenchidas com ar),
enquanto a Figura 46(c) mostra o perfil de índices de refração nas regiões de material sólido
(sílica). A Figura 46(d) apresenta o perfil de intensidade do modo óptico fundamental lançado
no núcleo oco da fibra óptica.
Nas simulações da propagação de modos ópticos em fibras curvadas considerou-se o
lançamento de um sinal óptico de entrada com distribuição gaussiana de intensidade óptica com
diâmetro equivalente a 70% do diâmetro da região do núcleo oco, ou seja, 0,7(2Rc), conforme
Figura 46 (d). O comprimento do modelo geométrico tridimensional da fibra óptica sensora foi
de 1 mm, que é suficiente para estabilizar a propagação óptica na fibra, calculada pelo Método
de Propagação de Feixe, e evidenciar os vales na transmissão óptica devido ao acoplamento dos
modos de núcleo com os modos da estrutura dielétrica.
92

(a) (b)

(c) (d)
Figura 46 – Representação da seção transversal da fibra óptica antirressonante de assimetria
azimutal mostrando o perfil de índices de refração para a fibra óptica reta e curvada com raio de
curvatura de 3 cm. (a) A fibra óptica reta; (b) fibra curva com destaque para valores de índices
de refração nas regiões preenchidas com ar; (c) fibra curva com destaque para valores de índices
de refração das regiões preenchidas de material sólido (sílica). (d) fibra óptica reta com
representação do perfil de intensidade do modo óptico fundamental lançado na entrada da fibra
óptica.

6.2.4 Estudo da densidade de malha

De forma semelhante ao descrito na seção 5.2.2, foi feito um estudo quanto à densidade
de malha adequada para estabilização das soluções numéricas e melhoria na acurácia dos
93

resultados obtidos. Tomando por base os valores de comprimento de onda dos vales da
transmissão óptica da fibra antirressonante sensora (Tabela 6), foi estuda a transmissão espectral
em uma janela de 20 nm centrada no comprimento de onda λ = 761 nm, correspondente à
ressonância de 2ª ordem (m = 2), associada ao capilar de 725 nm. Para uma melhor avaliação do
valor mínimo da curva de transmissão, foi utilizado o procedimento representado na Figura 20(a).
Em seguida, as modelagens consideraram diferentes densidades de malha (A a F) com o objetivo
de avaliar o desvio espectral do vale de transmissão óptica, cujos resultados são mostrados na
Tabela 7. A Malha D para a seção transversal foi, então, considerada adequada para ser utilizada
no modelo computacional.

1,0

0,8 Tabela 7 – Comparação entre os comprimentos de onda


Transmitância

Malha A
Malha B
0,6
Malha C dos vales da transmissão óptica para diferentes densidades
Malha D
0,4 Malha E de malha.
Malha F
0,2
740 750 760 770 Área de um Comp. de
Comprimento de Onda (μm) Malha Variação
770 elemento de malha Onda do Vale
λ Vale (nm)

A 0,0064 µm2 768,35 nm 0,821%


760
B 0,0032 µm2 762,04 nm 0,386%
750 C 0,0016 µm2 759,10 nm 0,188%
A B C D E F
D 0,0008 µm2 757,68 nm 0,108%
Figura 47 – Variação espectral dos
E 0,0004 µm2 756,86 nm 0,077%
vales de transmissão em função das
F 0,0002 µm2 756,27 nm –
densidades de malha.

6.3 Resultados numéricos

Com o modelo computacional devidamente configurado, foram feitas uma série de


simulações para avaliar o comportamento do sensor em função do raio de curvatura. Inicialmente,
foi investigada a resposta espectral para a fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal
reta, conforme mostrado na Figura 48(a), que representa a transmissão óptica para comprimentos
de onda entre 590 nm e 850 nm. Note-se que essa faixa espectral engloba quatro vales de
transmissão (ressonâncias de 2ª ordem) associados aos capilares posicionados nos eixos
ortogonais da fibra, ou seja, ângulos θ iguais a 0º, ±90º e 180º. Pode ser observada uma boa
aproximação entre os valores de comprimento de onda dos vales de transmissão óptica elencados
94

na Tabela 6, calculados através da Equação (18), e os valores simulados correspondentes aos


capilares cujas espessuras são indicadas no gráfico. Na Figura 48(b), é exibido o perfil transversal
de intensidade óptica normalizada, após a propagação de 1 mm ao longo da fibra, indicando o
acoplamento entre os modos no núcleo e os modos dos capilares dielétricos nesses comprimentos
onda onde ocorrem os vales de transmissão óptica.

Transimissão óptica espectral para a fibra reta λ = 603 nm λ = 680 nm


1,0
Trasnsmissão Normalizada

0,8

0,6

0,4
t2 = 575 nm t1 = 650 nm
0,2 m=2 m=2 t4 = 725 nm t3 = 800 nm
m=2 m=2
0,0
550 600 650 700 750 800 850
Comprimento de Onda (nm)
Comprimentos de onda ressonantes - Aproximação Analítica λ = 758 nm λ = 835 nm
Resposta Espectral
(a) (b)
Figura 48 – (a) Transmissão óptica em função do comprimento de onda da fibra antirressonante
com assimetria azimutal sem curvatura, composta por tubos dielétricos de diferentes espessuras
(t1 a t4); (b) perfil transversal de intensidade do modo óptico fundamental nos comprimentos de
onda em que ocorre acoplamento entre modo de núcleo e modo da estrutura dielétrica.

Ao aplicar curvaturas de Rcurv = 3 cm, Rcurv = 5 cm e Rcurv = 15 cm na direção θ = 0º, são


obtidas as curvas de transmissão óptica mostradas na Figura 49. Nessas condições, observam-se
deslocamentos espectrais diferentes para ressonâncias associadas a capilares de espessuras
diferentes. O deslocamento espectral da ressonância associada ao tubo de 800 nm (T3), por
exemplo, apresenta um deslocamento maior que o da ressonância associada ao tubo de 725 nm
(T4). Nota-se, ainda, maiores perdas na transmissão óptica nas situações de menor raio de
curvatura.
95

Transmissão espectral para a fibra óptica curvada na direção θ = 0°


1,0
Trasnsmissão Normalizada

0,8

0,6

0,4
Reta
R curv
= 15= 15
cmcm
0,2 = 5=cm
Rcurv 5 cm
Rcurv
= 3=cm3 cm
0,0
550 600 650 700 750 800 850
Comprimento de Onda (nm)

Figura 49 – Transmissão espectral da fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal


curvada com diferentes raios de curvatura. Comparação da resposta espectral da fibra reta com a
fibra submetida a curvaturas de Rcurv = 3 cm, Rcurv = 5 cm e Rcurv = 15 cm na direção θ = 0°.

O princípio de funcionamento do sensor proposto está fortemente associado ao


deslocamento espacial da distribuição de campo do modo óptico em direção à extremidade do
lado distendido quando a fibra é submetida a uma curvatura. Consequentemente, quanto mais
intensa for a curvatura (menor raio de curvatura) maior tende a ser o deslocamento espectral dos
vales de transmissão óptica. Para uma melhor análise deste comportamento, a Figura 50 exibe,
em três diferentes janelas espectrais, as ressonâncias mostradas na Figura 49, juntamente com o
perfil transversal de intensidade dos modos ópticos fundamentais para os comprimentos de onda
e raios de curvatura indicados e correspondentes ao acoplamento entre modo óptico do núcleo
oco e modos na estrutura dielétrica dos capilares dielétricos.
96

Curvatura em direção a θ = 0° - Capilar de 650 nm λ = 680 nm


1,0 Reta Rcurv = 15 cm
Trasnsmissão Normalizada

0,8

0,6 Reta
Reta
Rcurv
= 15= cm
15 cm
Rcurv
= 5 =cm
5 cm
Rcurv
= 3 =cm
3 cm
0,4
660 670 680 690
Comprimento de Onda (nm) Rcurv = 5 cm Rcurv = 3 cm
(a) (b)
Curvatura em direção a θ = 0° - Capilar de 800 nm λ = 840 nm
1,0 Reta Rcurv = 15 cm
Trasnsmissão Normalizada

0,8

0,6

0,4
Reta
Reta
Rcurv
= 15= cm
15 cm
0,2
Rcurv
= 5 =cm
5 cm
Rcurv
= 3 =cm
3 cm
0,0
820 830 840 850
Comprimento de Onda (nm) Rcurv = 5 cm Rcurv = 3 cm
(c) (d)
Curvatura em direção a θ = 0° - Capilar de 725 nm λ = 758 nm
1,0 Reta Rcurv = 15 cm
Trasnsmissão Normalizada

0,8

0,6

Reta
Reta
0,4 Rcurv
= 15= cm
15 cm
Rcurv
= 5 =cm
5 cm
Rcurv
= 3 =cm
3 cm
0,2
740 750 760 770
Comprimento de Onda (nm) Rcurv = 5 cm Rcurv = 3 cm
(e) (f)
Figura 50 – Transmissão espectral da fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal,
curvada na direção θ = 0°, com diferentes raios de curvatura, e perfis de intensidade do modo
óptico fundamental evidenciando seu acoplamento ressonante com modos ópticos da estrutura
dielétrica da fibra óptica, em especial em capilares de diferentes espessuras: (a) e (b) capilar com
espessura de 650 nm; (c) e (d) capilar com espessura de 800 nm; e (e) e (f) capilar com espessura
de 725 nm.
97

A redução na transmissão óptica no entorno de λ = 680 nm, mostrada na Figura 50(a),


ocorre devido ao acoplamento entre os modos do núcleo oco e os modos do capilar dielétrico
correspondente (neste caso, T1, de espessura t1 = 650 nm). Esse acoplamento também pode ser
observado na Figura 50 (b), para a fibra reta, que mostra uma maior intensidade do modo óptico
na região do capilar. Ao se aplicar uma curvatura na direção θ = 0°, nota-se uma tendência de
deslocamento desse modo óptico em direção à extremidade externa da curvatura (à esquerda da
página – lado distendido da fibra óptica), indicado pelo deslocamento da distribuição da
intensidade óptica modal na mesma direção. Quanto mais intensa a curvatura, maior será esse
deslocamento.
De forma semelhante, observando a transmissão óptica da fibra antirressonante sensora
para λ = 840 nm e o capilar de espessura t3 = 800 nm, o mesmo fenômeno pode ser observado na
Figura 50(c) e Figura 50(d), porém, em direção espectral oposta, já que, neste caso, o capilar
possui posicionamento oposto à direção de curvatura. A distribuição da intensidade óptica se
desloca em direção à extremidade externa da curvatura aumentando o acoplamento com os
modos do capilar à medida que Rcurv diminui. Por outro lado, para λ = 758 nm, não temos variação
significativa, seja no deslocamento espectral mostrado na Figura 50(e) ou no deslocamento da
distribuição de intensidade do modo óptico mostrado na Figura 50(f). Observa-se, contudo, uma
leve tendência de deslocamento espacial do modo na direção esperada (-x), fenômeno mais
evidente quando Rcurv = 3 cm, situação na qual a curvatura é mais intensa. Porém, pelo fato de o
acoplamento ocorrer com o capilar dielétrico posicionado na direção -y e a curvatura ocorrer na
direção +x, o impacto no deslocamento espectral é mínimo.
98

Capilar de 800 nm - Rcurv = 5cm λ = 838 nm


Rcurv = 5 cm
1,0
Trasnmissão Normalizada

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
820 830 840 850
Comprimento de Onda (nm)
Reta θ = 0° θ = 90°
θ = 180° θ = -90° θ = 60°
θ = -120° θ = -60° θ = 120°

(a) (b)

Capilar de 725 nm - Rcurv = 5cm λ = 760 nm


Rcurv = 5 cm
1,0
Trasnmissão Normalizada

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
740 750 760 770
Comprimento de Onda (nm)
Reta θ = 0° θ = 90°
θ = 180° θ = -90° θ = 30°
θ = 150° θ = -150° θ = -30°

(c) (d)

Figura 51 – Transmissão espectral da fibra óptica antirressonante com assimetria azimutal


curvada em diferentes direções de curvatura e perfis de intensidade do modo óptico fundamental
evidenciando seu acoplamento ressonante com modos ópticos da estrutura dielétrica da fibra
óptica. Resultados obtidos considerando Rcurv = 5 cm, para uma janela de 30 nm no entorno das
ressonâncias associadas aos capilares dielétricos de (a) 800 nm e (c) 725 nm. Perfil transversal
de intensidade óptica normalizada, nas mesmas condições, indicando o deslocamento espacial
dos modos em função da direção θ de curvatura, para os comprimentos de (b) 838 nm e
(d) 760 nm.
99

A resposta a variações na direção de curvatura também está relacionada aos


deslocamentos espectrais dos vales da transmissão óptica (condição ressonante). A Figura 51
mostra, para um raio de curvatura fixo Rcurv = 5 cm e diferentes valores de θ, o comportamento
das ressonâncias associadas aos capilares de 800 nm e 725 nm, bem como, o acoplamento entre
seus modos e os modos na região do núcleo oco. Pode ser observado na Figura 51(a) e Figura
51(b), respectivamente, que não existe variação significativa nos vales da transmissão óptica nem
no acoplamento entre os modos na região do núcleo e na região do capilar de 800 nm, quando a
fibra é curvada na direção ortogonal ao eixo formado entre o centro da fibra e o capilar – neste
caso θ = ±90°. Por outro lado, o desvio espectral do vale de transmissão óptica é máximo quando
a curvatura ocorre na mesma direção, ou seja, θ = 0° ou θ = 180°. O mesmo ocorre para o capilar
de 725 nm, conforme mostrado na Figura 51 (c) e Figura 51 (d), com a diferença de que, para
este último caso, o capilar está posicionado em θ = -90°, fazendo com que as curvaturas nas
direções θ = 0° e θ = 180° apresentem variações espectrais mínimas para os vales de transmissão.
Diante desse comportamento, fica evidente que o posicionamento de capilares de espessuras
diferentes em eixos de curvatura diferentes (ortogonais para que a variação seja máxima) é a
característica que permite a sensibilidade simultânea a variações de intensidade e direção de
curvatura, ou seja, a assimetria azimutal na distribuição dos capilares dielétricos é fundamental
para o funcionamento do sensor de curvatura direcional.
Para analisar com mais detalhes a capacidade da fibra de responder simultaneamente a
variações de raio e direção de curvatura, basta observar a variação espectral entre os vales de
transmissão (ressonâncias) da fibra curvada com relação à fibra reta, como definido na Equação
(27).

𝛥𝜆 = 𝜆𝑟𝑒𝑡𝑎 − 𝜆𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎𝑑𝑎 . (27)

Para determinar o valor exato de um vale de transmissão óptica foi utilizada uma
interpolação parabólica de forma semelhante ao descrito na Figura 20(a). Os valores de Δλ
referentes às ressonâncias associadas aos capilares de 575 nm (T2) e 725 nm (T4) são mostrados
na Figura 52(a) e os valores de Δλ referentes às ressonâncias associadas aos capilares de 650 nm
(T1) e 800 nm (T3) são mostrados na Figura 52(b). O estudo foi feito para três raios de curvatura,
3 cm, 5 cm e 15 cm, e para direções de curvatura variando entre -180° e +180°, conforme
indicado na Figura 52.
100

Capilar de
Dummy1
575 nm: RRcurv
curv = 15 cm
= 15 cm R
Rcurv ==55cm
curv cm RRcurv
curv = 3 cm
= 3 cm Capilar de
Dummy1
650 nm: RRcurv
= 15=cm15 cm R curv = 5 cm
R = 5 cm RRcurv = 3 cm
= 3 cm

Capilar de 725 nm:


Dummy2 RRcurv
curv == 15 cm
15 cmci Rcurv ==55cm
Rcurv cm RRcurv
curv =
= 33cm
cm Capilar de 800 nm:
Dummy2 RRcurv
curv == 15 cm
15 cmci R
R curv = 5 cm
= 5 cm RRcurv = 3 cm
= 3 cm

4 4

2 2
Δλ (nm)

Δλ (nm)
0 0

-2 -2

-4 -4
-180 -135 -90 -45 0 45 90 135 180 -180 -135 -90 -45 0 45 90 135 180
θ (°) θ (°)
(a) (b)
Figura 52 – Desvio espectral dos vales de transmissão em função da direção de curvatura e para
três raios de curvatura. (a) Resultados associados aos capilares de 575 nm e 725 nm e (b)
resultados associados aos capilares de 650 nm e 800 nm.

Ao analisar a Figura 52 (a) nota-se que não existe deslocamento espectral (Δλ = 0) quando
é aplicada uma curvatura nas direções θ = 0° ou θ = 180°. Isso ocorre, pois, em ambos os casos,
a curvatura ocorre em direção ortogonal aos capilares T2 (575 nm) e T4 (725 nm), que estão
posicionados, respectivamente em 90° e -90°. Na Figura 52(b) observa-se que o mesmo
comportamento (Δλ = 0) ocorre para θ = ±90°, devido ao fato dos capilares T1 e T3 estarem
posicionados, respectivamente em 0° e 180°. Por outro lado, quando a curvatura ocorre na mesma
direção dos capilares associados às ressonâncias que estão sendo observadas (θ = ±90° para T2 e
T4 e θ = 0° ou θ = 180° para T1 e T3), tem-se a situação em que o deslocamento espectral é
máximo. Também é importante observar que esse comportamento corrobora o apresentado na
Figura 50, de forma que um valor positivo de Δλ representa um deslocamento do vale de
transmissão associado, no sentido de comprimentos de onda maiores, e um valor negativo de Δλ
representa um deslocamento do vale de transmissão associado, no sentido de comprimentos de
onda menores. Além disso, deslocamentos espectrais maiores, independente da direção, estão
associados a raios de curvatura menores e vice-versa, ou seja, |Δλ| é inversamente proporcional a
Rcurv.
Diante do exposto, as curvas da Figura 52, obtidas através do deslocamento das
ressonâncias, têm o potencial de serem utilizadas para a determinação, de forma simultânea, tanto
do raio de curvatura quanto da direção de curvatura à qual a fibra proposta venha a ser submetida.
101

7 Conclusão

Neste trabalho foram propostos dois designs de fibras ópticas especiais para a utilização
em sensoriamento. A primeira proposta, referente a um sensor refractométrico baseado na
interferência de multimodos em uma estrutura SMS (monomodo – multimodo – monomodo),
apresenta como diferencial a implementação de um acesso lateral ao núcleo da seção multimodal
microestruturada, de forma a facilitar a interação entre o campo evanescente dos múltiplos modos
ópticos e o material dielétrico externo.
A modelagem computacional permitiu avaliar o comportamento e desempenho do sensor
em função de vários parâmetros construtivos, tais quais:
• Comprimento da seção multimodal
• Superfície de contato entre o mensurando e o núcleo da seção multimodal
• Diâmetro do núcleo da seção multimodal
• Utilização de estrutura SMS com re-imagens de ordens superiores
• Desalinhamento entre as seções monomodo e multimodo da estrutura SMS
A validação do modelo computacional foi realizada pela comparação entre os resultados
numéricos e os resultados obtidos através da caracterização experimental de um sensor
refractométrico de núcleo exposto. Foi possível observar que o modelo numérico simplificado
representa bem o comportamento espectral do sensor refractométrico baseado em interferência
de multimodos em estrutura SMS com fibra multimodo de núclo exposto. Os resultados
mostraram semelhanças entre os dados numéricos e experimentais quanto ao espectro de
transmissão e ao deslocamento espectral em função da variação do índice de refração da amostra
dielétrica externa à fibra sensora. Experimentalmente, a máxima sensibilidade medida foi de
942 nm/RIU para a faixa de índices de refração entre 1,415 e 1,430, enquanto numericamente
obteve-se a máxima sensibilidade de 991 nm/RIU para a mesma faixa de índices de refração.
Tanto os resultados experimentais quanto os resultados numéricos apresentaram uma
sensibilidade competitiva quando comparadas aos valores alcançados por propostas de sensores
baseados em fibras ópticas especiais com diferentes princípios de funcionamento. O sensor
permite o sensoriamento de diferentes materiais dielétricos após procedimento de limpeza da
fibra sensora de núcleo exposto. Como exemplo, a sensibilidade obtida numericamente se
mostrou consideravelmente superior à apresentada em propostas baseadas em FBG [29], em LPG
[89] ou em interferômetro de Fabry-Perot [28]. Por outro lado, designs mais complexos
permitem alcançar sensibilidades muito superiores aos valores apresentados neste estudo, como
102

pode ser observado na proposta baseada em fibra de cristal fotônico, do tipo D, com deposição
de filme metálico para a excitação de plasmon de superfície [25].
Como estudos posteriores baseados nesta proposta, sugere-se a investigação de
geometrias que ofereçam uma melhor relação entre sensibilidade e largura da banda de
transmissão. Observou-se que o aumento da superfície de contato entre a amostra e o núcleo da
seção multimodal traz um aumento de sensibilidade. Esse aumento, porém, vem acompanhado
de um consequente alargamento espectral das bandas de transmissão, o que tende a reduzir a
resolução do sensor. Os resultados apresentados mostraram que o emprego de comprimentos da
seção multimodal referentes a re-imagens de ordem superior ou a utilização de uma geometria
composta por um maior número de furos com ar delimitando a região de um núcleo de maior
raio, por exemplo, são estratégias com potencial de serem exploradas para se obter uma redução
nos valores de FWHM (largura completa a meia altura) das curvas de transmissão óptica sem
prejuízos para a sensibilidade.
A segunda proposta de fibra sensora se refere a uma fibra óptica antirressonante de núcleo
oco com assimetria azimutal e com o potencial de ser utilizada para a implementação de um
sensor de raio de curvatura com discriminação direcional. Essa proposta possui como diferencial
o fato de se basear em fibra de núcleo oco definido pela distribuição azimutalmente assimétrica
de capilares de diferentes espessuras ao redor do núcleo oco da fibra em sua seção transversal.
Tal característica permite que sejam observadas variações nas curvas de transmissão espectral ao
submeter a fibra a curvaturas com diferentes raios ou diferentes direções.
Na seção 6.2 foi apresentado um modelo computacional, criado a partir da geometria
proposta, que pôde ser submetido a uma série de simulações de diferentes condições de curvatura.
Foi investigado o impacto nas bandas de transmissão óptica causado por variações tanto no raio
quanto na direção de curvatura aos quais o modelo da fibra óptica com assimetria azimutal foi
submetido. Baseando-se nos resultados obtidos a partir dessas curvas, foi concluído que é
possível identificar tanto a direção quanto a intensidade da curvatura ao se observar o
deslocamento espectral dos vales da banda de transmissão em diferentes ressonâncias. Essa
conclusão foi apresentada como a prova de conceito do sensor de curvatura com discriminação
direcional que esse trabalho se propôs a estudar.
Estudos posteriores sobre o tema podem envolver a investigação de geometrias mais
simples que sejam capazes de explorar o mesmo princípio de funcionamento. A partir dos
resultados apresentados pode-se concluir que a implementação de uma distribuição azimutal de
capilares de somente três espessuras diferentes tem o potencial de ser suficiente para a
103

identificação simultânea de raio de curvatura e direção de curvatura, desde que essa distribuição
ocorra de forma assimétrica.
104

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FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1. 2. 3. 4.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO DATA REGISTRO N° N° DE PÁGINAS

DM 28 de julho de 2021 DCTA/ITA/DM-054/2021 110


5.
TÍTULO E SUBTÍTULO:

Sensor refractométrico e sensor de curvatura com discriminação de direção baseados em fibras ópticas
especiais.
6.
AUTOR(ES):

William Melo Guimarães


7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):

Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA


8.
PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

Sensor refractométrico, Sensor de curvatura, Fibras ópticas especiais, Modelagem computacional,


Inteferência de multimodos, Fibra antirressonante
9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:
Dielétricos; Fibras ópticas; Guias de ondas; Sensores ópticos; Curvaturas; Física; Engenharia elétrica.
10.
APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA, São José dos Campos. Curso de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias
Espaciais. Área de Sensores e Atuadores Espaciais. Orientador: Prof. Dr, Marcos Antônio Ruggieri Franco.
Defesa em 28/06/2021. Publicada em 2021.
11.
RESUMO:

A utilização de sensores ópticos na medida de diversos parâmetros físicos e químicos e para as mais
variadas aplicações vem aumentando nas últimas décadas e tem despertado cada vez mais o interesse da
comunidade científica. Neste trabalho, são apresentados estudos numéricos detalhados sobre duas
propostas de sensores baseados em fibras ópticas especiais. Para ambas as propostas, são expostos em
detalhes os principais procedimentos utilizados para a criação dos modelos computacionais, bem como os
resultados obtidos a partir das simulações baseadas nesses modelos. A primeira proposta se trata de um
sensor refractométrico implementado através de um arranjo de fibras monomodo-multimodo-monomodo,
com a seção multimodal composta por uma fibra microestruturada de núcleo exposto. Essa concepção
utiliza o fenômeno da interferência de multimodos para produzir um padrão de interferência que varia de
acordo com o índice de refração de uma amostra dielétrica. A interação da amostra com o campo
evanescente dos modos que se propagam na região do núcleo da fibra óptica é facilitada através do núcleo
exposto ao meio externo. Os resultados numéricos são, então, comparados com os resultados experimentais
obtidos através de parceria acadêmica entre o Laboratório de Eletromagnetismo Computacional do IEAv e
o Instituto de Física da UNICAMP. A segunda proposta é baseada em uma fibra óptica especial de núcleo
oco formado pela disposição de capilares dielétricos distribuídos ao seu redor de forma azimutalmente
assimétrica. Tanto as especificações geométricas quanto o posicionamento dos capilares são escolhidos
para que, através do efeito antirressonante, as características de transmissão óptica do sensor variem de
acordo com a intensidade e direção da curvatura aplicada à fibra óptica. Devido à diferença de espessura
entre as paredes dos capilares dielétricos, o acoplamento entre os modos ópticos do núcleo oco e dos
capilares ocorre em comprimentos de onda distintos para cada capilar, fazendo com que a curvatura em
direções diferentes seja responsável pela redução do nível de transmissão em comprimentos de onda
também diferentes. Ao submeter a fibra óptica, por meio de simulações, a diferentes raios de curvatura
aplicados em direções variadas, os resultados numéricos obtidos permitem observar esse comportamento.
Tal característica faz com que o dispositivo proposto se
comporte como um sensor de curvatura com discriminação direcional.

12.
GRAU DE SIGILO:

(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) SECRETO

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