Você está na página 1de 61

Tabuleiros de Jogo no

Concelho do Alandroal
Jogos, paralelos, relação com símbolos
de proteção e sorte

Eunice Gomes
Luís Lobato de Faria
2017

1
1.INTRODUÇÃO 3

2.TABULEIROS E MANEIRAS DE JOGAR 5

2.1.OS TABULEIROS 5
2.2.MANEIRAS DE JOGAR 7
2.3.O JOGO DO GATO E DOS RATOS: O PARALELO ENTRE O ALANDROAL
E O JAPÃO 9
2.4 PARALELOS DE TABULEIROS E JOGOS COM A ÁSIA 10
2.5.TRAÇOS E COVINHAS 13

3.OUTROS PARALELOS, SÍMBOLOS DE PROTEÇÃO E SORTE 14

3.1.O ALQUERQUE DOS 3 COMO SÍMBOLO: A SUÁSTICA DA PRÉ-


HISTÓRIA AOS NOSSOS DIAS 14
3.2.OUTRAS SUÁSTICAS E SÍMBOLOS NO CONCELHO DO ALANDROAL E
NA RAIA 18
3.3. OUTROS SÍMBOLOS DE PROTEÇÃO QUE TAMBÉM SÃO JOGOS 21

4.OS TABULEIROS NO CONCELHO DO ALANDROAL 23

4.1.LOCALIZAÇÃO 23
4.2.OUTROS DADOS 25
4.3.UMA LEITURA DOS DADOS 26

5. OS TABULEIROS DA VILA DO ALANDROAL 27

5.1.FONTE DAS BICAS 28


5.2. IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO 32
5.3. CAPELA DE SANTO ANTÓNIO 35
5.4.ERMIDA E CRUZEIRO DE S. PEDRO 37
5.5. ERMIDA E CRUZEIRO DE S. BENTO 39
5.6. CAPELA DE S. SEBASTIÃO 42
5.7.PASSO DO SENHOR 43
5.8.MURETE DE PALACETE 44
5.9.ERMIDA DE NS DAS NEVES 45
5.10.ERMIDA DE NS DA CONSOLAÇÃO 47

6. O TABULEIRO DA VILA DE JUROMENHA NA CADEIA 48

7. OS TABULEIROS DA VILA DE TERENA 49

2
7.1 PELOURINHO 49
7.2.IGREJA MATRIZ DE S. PEDRO 51

8. TABULEIROS NO RESTANTE CONCELHO DO ALANDROAL 54

8.1.IGREJA DE SANTO ANTÓNIO DE CAPELINS 54


8.2.IGREJA DE SANTIAGO MAIOR 56
8.3.IGREJA DE MONTEJUNTOS 57
8.4.ALDEIA DAS HORTINHAS 58
8.5.MONTE ISOLADO 60

9. MAIS SOBRE OS JOGOS 61

9.1.LIVROS 61
9.2.Internet 61

3
1.Introdução
O objectivo deste trabalho é divulgar um dos segredos da raia
alentejana que são os tabuleiros de jogo. Um projecto interessante seria
criar um roteiro na Vila ou no Concelho do Alandroal. Este roteiro
permitiria a descoberta dos tabuleiros e dos monumentos onde estes se
encontram.
Este trabalho foi realizado por nossa iniciativa e às nossas custas.
Um investimento na nossa Identidade Cultural que fazemos com muito
agrado. Infelizmente falta muita informação que esperamos completar no
futuro. Faltam fotografias de melhor qualidade e com escala, faltam
desenhos dos tabuleiros. No futuro esperamos acrescentar toda essa
informação. Talvez um dia consigamos financiamento para um estudo dos
tabuleiros de jogo. Enfim o sonho comanda a vida.
Ao longo dos anos fomos reunindo informação que vamos
divulgando no nosso Blogue (jogosancestrais.blogspot.pt), aqui podem
encontrar um mapa com cerca de 800 tabuleiros na Ibéria. Estamos também
a criar um Inventário (Base de Dados) com os cerca 200 tabuleiros
inéditos que localizámos. No Concelho do Alandroal temos 57 tabuleiros
identificados. Destes 15 foram publicados noutros trabalhos, 42 são
inéditos e foram localizados pela nossa equipa.
No Alentejo quando entramos numa taberna temos quase sempre um
grupo que joga o Dominó, a Sueca ou o Xito. Por vezes ainda encontramos
quem jogue a Malha nos terreiros. Os jogos de tabuleiro fazem parte da
tradição lúdica alentejana que infelizmente está a desaparecer com o
aparecimento das novas tecnologias. Eram jogados por crianças mas
também por homens e por uma profissão em especial…os militares. Em
conventos e mosteiros que foram quartéis, em fortificações, nos vários
espaços onde estiveram os militares não faltam tabuleiros de jogo.
Encontramos muitos tabuleiros nos adros das Igrejas, as mulheres ouviam a
missa e os homens jogavam na rua.
Encontramos tabuleiros gravados no xisto, no mármore e nas
baldosas. No património religioso encontramos muitos tabuleiros: em
Conventos e Mosteiros, principalmente nos claustros; em Igrejas, Ermidas
e Capelas, nos bancos e chão do adro, escadarias e portas; nos Cruzeiros;
em Passos do Senhor. Também temos tabuleiros em Fontes; nas
Fortificações, em Prisões; em casas e montes, nos balcões, nas janelas, nos
bancos e até mesmo no interior das habitações; em afloramentos rochosos,
locais de paragem de pastores; em moinhos. A maior parte estão em
espaços públicos, de reunião ou descanso, quase sempre em locais com boa
visibilidade, quem jogava ia vendo quem passava. Noutras paragens por
vezes encontramos as pedras onde se encontram os tabuleiros reutilizadas

4
com novas funções. Grande parte dos tabuleiros do Alandroal parecem
estar in situ.
No séc. XIII o Rei Afonso X de Castela reuniu os tabuleiros e jogos
conhecidos no “Libro de los Juegos”. Neste livro alguns jogos de tabuleiro
ganharam o nome de Alquerque do arábe al Quirkat. No mundo ocidental,
graças a Afonso X, o nome Alquerque passou a designar vários tabuleiros
de jogo. Mas são muitos os nomes e maneiras de jogar que encontramos
pelo Alentejo e por esse Mundo fora.

5
2.Tabuleiros e maneiras de jogar

2.1.Os Tabuleiros

No Concelho de Alandroal a maior parte dos tabuleiros são do Jogo


do Alquerque dos 12 (figura 2). O mais perfeito está num Monte perto de
Montejuntos (figura 3). Dos restantes só encontramos as covinhas que
explicamos no Ponto 2.5.
Encontramos ainda o tracejado de vários tabuleiros do Jogo do
Alquerque dos 3 (figura 1) que parece ter sido jogado até há pouco tempo.
Este tabuleiro pode-se confundir com um símbolo: a Suástica. Explicamos
esta situação no Ponto 3.1.
Do tabuleiro do Jogo do Alquerque dos 16 (figura 4) só
encontramos dois possíveis exemplares em Juromenha e Terena (figuras
146 e 155). Este tabuleiro apesar de ser muito frequente em Portugal é raro
no Alandroal. Portugal é o único país europeu onde encontramos o
tabuleiro de Alquerque dos 16 ou Alquerque com Castelos. Será
provavelmente uma importação da nossa feitoria em Malaca na Malásia.
Desenvolvemos esta teoria noutra apresentação que podem encontrar no
seguinte link:
https://www.scribd.com/document/322060033/Jogos-Ancestrais-I

Figura 1 – Tabuleiro do Jogo do Alquerque dos 3

6
Figura 2 e 3 – Tabuleiro do Jogo do Alquerque dos 12

Figura 4 – Tabuleiro do Jogo do Alquerque dos 16

7
2.2.Maneiras de Jogar

As maneiras de jogar são transmitidas oralmente o que torna difícil a


sua compreensão e leva mesmo a alguma confusão. Esperamos reunir mais
testemunhos no futuro mas é uma verdadeira luta contra o tempo.
As maneiras de jogar são os Jogos propriamente ditos. O mesmo
tabuleiro ganha assim uma grande variedade de nomes. Podemos dividir os
jogos em jogos de alinhamento, em jogos de guerra e jogos de caça.
Nos jogos de alinhamento o objectivo é colocar três peças em linha
(figura 5). O Jogo do Galo que todos jogámos em criança. O Alquerque dos
3 é um pouco diferente, os jogadores têm 4 peças que colocam à vez no
tabuleiro, quem fizer o três em linha pode retirar uma peça do adversário
do tabuleiro, quem ficar só com duas peças perde. Este jogo encontra-se
espalhado por todo o Mundo (figuras 10 e 14) com vários nomes:
Alquerque dos 3, Jogo do Galo, Jogo do Homem, Tic-Tac-Toe, Tapatan,
Achi, Three Men Morris, entre outros. O simbolismo deste jogo é tratado
no Ponto 3.1.
Os jogos de guerra são como o Jogo das Damas em que temos duas
forças simétricas. Ambos os jogadores têm o mesmo tipo de peças que
efectuam o mesmo tipo de movimentos. O jogo tem início com todas as
peças no tabuleiro, eliminam-se as peças do adversário saltando por cima.
Joga-se assim o Alquerque dos 12 e dos 16 (figura 6). No Alandroal o
Alquerque dos 12 ganha o nome de Jogo dos Pocinhos devido às covinhas
que encontramos numa grande parte dos tabuleiros.
Nos jogos de caça encontramos os adversários com forças
assimétricas. Um tem uma peça mais poderosa o outro tem mais peças mas
menos poderosas. Os objectivos são diferentes, um tem que encurralar a
peça do adversário o outro tem que comer todas as peças do adversário. No
Ponto 2.3. analisamos uma maneira de jogar muito interessante do
Alandroal: o Gato e os Ratos.
Esperamos que esta apresentação nos traga mais informadores que
nos ensinem mais maneiras de jogar e mais jogos.

8
Figura 5 – Jogo do Alquerque dos 3

Figura 6 – Jogo do Alquerque dos 12

9
2.3.O Jogo do Gato e dos Ratos: o paralelo entre o Alandroal e
o Japão

Agradecemos ao António Galhardas a informação.


O Jogo do Gato e dos Ratos joga-se no tabuleiro de Alquerque dos
12 com forças assimétricas (figura 7). Um dos jogadores tem o Gato que
pode comer as peças do adversário passando por cima delas, ganha quando
eliminar todos os Ratos. O outro jogador tem os Ratos que podem variar
em número mas não podem comer o Gato, ganha se conseguir encurralar o
Gato, impedir o movimento do adversário.
O tabuleiro de Alquerque dos 12 enquanto jogo de caça já surge no
“Libro de los Juegos” de Afonso X mas aí temos a caça à lebre.
Segundo Lídia Fernandes em Montemor-o-Novo jogava-se a raposa
contra as galinhas.
Ainda no tabuleiro do Alquerque dos 12 e no Nepal temos o Jogo do
Bagh-Chal em que quatro tigres lutam contra vários homens (figura 13).
No Brasil é a onça contra os cachorros num tabuleiro de Alquerque
dos 12 com um triângulo. Este tabuleiro aparece no Japão, aqui temos de
novo o Jogo do Gato contra dos Ratos (figuras 8 e 9).
Demos assim uma volta pelo Mundo ligando o Alandroal ao Japão.

Figura 7 – O Gato e os Ratos no Alandroal

Figura 8 e 9 – O Gato e dos Ratos no Japão: caixa de jogo e gravura

10
2.4 Paralelos de tabuleiros e jogos com a Ásia

Nas nossas pesquisas temos encontrado muitos paralelos. Tabuleiros


idênticos em Portugal e noutras partes do Mundo. Por vezes são jogados da
mesma maneira como vimos no ponto anterior.
A Índia parece ser a origem de quase todos os tabuleiros que depois
se espalham pelo resto do Mundo. Nas figuras 10 a 12 encontramos
tabuleiros da Índia. No Alandroal temos precisamente os mesmos
tabuleiros com os nomes de Alquerque dos 3, Alquerque dos 16 e
Alquerque dos 12. Na figura 12 encontramos as mesmas covinhas que
encontramos por exemplo na escadaria da Igreja de NS da Conceição.
Outro pormenor interessante, no Alandroal grande parte dos tabuleiros
estão em templos (ver Ponto 4.3), acontece precisamente o mesmo na
Índia.
Na Coreia temos os tabuleiros de jogo genericamente chamados de
Nori. Quase todos surgem na Europa por vezes em petroglifos. Na Europa
ganharam o nome de Morris, um som muito semelhante a Nori. Na figura
14 vemos alguns deste tabuleiros, a vermelho temos os que surgem no
Alentejo.

11
Figuras 10 a 12 – Tabuleiros de Jogo na India

Figura 13 – Jogo do Bagh-Chal no Nepal

Figura 14 – Tabuleiros de Jogo da Coreia

12
2.5.Traços e covinhas

As figuras seguintes explicam a transformação do tracejado de um


tabuleiro em covinhas. Os vértices onde se colocam as peças gastam-se
mais, as casas centrais mais ainda (ver figura 189). O tracejado desaparece
com o tempo e a erosão, ficam só as covinhas. Estas covinhas surgem
muito na forma de petroglifos por vezes com datações pré e proto
históricas.

Figuras 15 a 17 – Do traçado do tabuleiro às concavidades no Alquerque dos 3

Figuras 18 a 20 – Do traçado do tabuleiro às covinhas no Alquerque dos 12

13
3.Outros paralelos, símbolos de proteção e sorte

3.1.O Alquerque dos 3 como símbolo: a Suástica da Pré-


história aos nossos dias

O tabuleiro do Alquerque dos 3 tem a particularidade de poder ser


um símbolo: a Suástica. A Suástica é um símbolo de proteção e sorte
originário da Índia que assume várias formas.
Nas figuras 21 e 22 vemos o Alquerque dos 3 enquanto Suástica na
Pedra de Kermaria, da proto história francesa, e numa moeda da
antiguidade grega.
Esta representação da Suástica vem explicar o facto de encontrarmos
alguns Alquerques dos 3 na vertical, por vezes no revestimento dos
monumentos, por exemplo nas janelas da Torre de Menagem do Castelo de
Olivença (figuras 23 e 24).
Esta forma de Suástica aparece também em todas a bandeiras dos
Concelhos portugueses. Segue a tradição da bandeira da cidade de Lisboa
na parte dita de gironada (figuras 26 a 28).
No antigo tribunal medieval de Monsaraz, mesmo debaixo do fresco
do “Bom e do Mau Juiz”, encontramos um grafito da nossa Suástica
(figuras 29 e 30).
O nosso estudo de tabuleiros de jogo levou-nos a pesquisar as
covinhas que encontramos em vários afloramentos rochosos e monumentos
megalíticos. Destacamos as covinhas num menir intencionalmente cortado
do Cromeleque dos Almendres. Estas formam um tabuleiro de Alquerque
dos 3 que pode ser uma Suástica (figuras 31 a 33). O mesmo acontece no
Cromeleque dos Perdigões em Reguengos de Monsaraz (figuras 34 e 35).
Numa grande percentagem destes conjuntos de covinhas aparece um
outro simbolo: a Cruz de Santo André. Mas isso é outra história.

14
Figuras 21 e 22 – Alquerque dos 3 enquanto Suástica na Pedra de Kermaria e numa
moeda da antiguidade grega

Figuras 23 e 25 – Alquerque dos 3 enquanto Suástica numa janela da Torre de


Menagem do Castelo de Olivença e no exterior do pano da muralha acompanhado de
um Pentagrama

15
Figuras 26 a 28 – Do Alquerque dos 3 à Suástica que encontramos na bandeira da
cidade de Lisboa

Figuras 29 e 30 – Suástica grafitada debaixo do Fresco do Bom e Mau Juiz em


Monsaraz

16
Figuras 31 a 33 – Covinhas de Suástica num menir partido do Cromeleque dos
Almendres em Évora

Figuras 34 e 35 – Covinhas de Suástica num menir tombado do Cromeleque dos


Perdigões em Reguengos de Monsaraz

17
3.2.Outras suásticas e símbolos no Concelho do Alandroal e na
Raia

Dando continuidade ao Ponto anterior apresentamos outras Suásticas


que surgem no Concelho do Alandroal na forma de “Lauburu”. Em
Juromenha temos várias nas janelas e portas, associadas a Rosetas
Hexapétalas, descobertas por José Carnerero e Eva Sánchez (figuras 36 e
37).
Numa chaminé da Aldeia das Hortinhas encontramos uma Suástica
associada a Rosetas Hexapétalas (figuras 38 a 40). Ainda em chaminés na
Aldeia dos Motrinos em Reguengos de Monsaraz (figura 41) e na Vila de
Ouguela em Campo Maior (figura 42).

Figuras 36 e 37 – Suásticas na Igreja Matriz de NS de Loreto em Juromenha

18
Figuras 38 a 40 – Símbolos em Chaminé na Aldeia das Hortinhas, Alandroal

Figura 41 – Símbolos em Chaminé na Aldeia dos Motrinos, Reguengos de Monsaraz

19
Figura 42 – Símbolos em Chaminé na Vila de Ouguela, Campo Maior

20
3.3. Outros símbolos de proteção que também são jogos

O Pentagrama foi usado pelos Cavaleiros Templários na Idade


Média. Ficou na Raia Alentejana como símbolo de proteção com o nome
de Sino Saimão. Uma adulteração do original nome de Selo de Salomão.
Segundo Leite Vasconcelos também pode ser um tabuleiro de jogo ou um
quebra-cabeças (figura 43).
O Octagrama pode ser o nosso Jogo do Galo (figuras 45 a 47).
Encontramos Pentagramas, Hexagramas protegendo vários tabuleiros
desde a Idade Média aos nossos dias (figuras 192 e 194).
Toda esta temática dos símbolos será abordada numa futura
apresentação.

Figura 43 – O Pentagrama como Jogo segundo Leite de Vasconcelos

21
Figura 44 – Pentagrama em Chaminé na Vila de Ouguela, Campo Maior

Figuras 45 a 47 – O Jogo do Galo e o Octagrama

Figura 48 – Octagrama em balcão da Aldeia das Hortinhas, Alandroal

22
4.Os tabuleiros no Concelho do Alandroal

4.1.Localização

Figura 49 – Tabuleiros de Jogo no Concelho de Alandroal

Localização por (antigas) Freguesias


NS da Conceição Alandroal 38
Santo António de Capelins 9
S. Pedro de Terena 8
Santiago Maior 1
NS de Loreto Juromenha 1

23
Localização por Monumento
Vila do Alandroal
Fonte das Bicas 8
Igreja Matriz de NS da Conceição 7
(escadaria)
Capela de Santo António (bancos 7
do adro)
Cruzeiro da Ermida de S. Pedro 5
Ermida de S. Bento (cruzeiro e 4
adro)
Capela de S. Sebastião (escadaria 3
e bancos exteriores)
Ermida de NS da Consolação 1
(bancos exteriores)
Ermida de NS das Neves (adro) 1
Passo do Senhor (Rua Dr. Teófilo 1
Braga)
Murete de Palacete 1
Vila de Juromenha
Cadeia (janela) 1
Vila de Terena
Igreja Matriz de S Pedro (bancos 5
do adro)
Pelourinho 2
Resto do Concelho
Igreja de Santo António de 6
Capelins (bancos exteriores)
Igreja de Santiago Maior (adro) 1
Igreja de Montejuntos (adro) 1
Aldeia das Hortinhas (banco) 1
Monte isolado (quarto e 2
reutilização)

24
4.2.Outros dados

Materiais
Xisto 27
Mármore 20
Baldosas (cerâmica) 10

Tipo de Tabuleiro
Alquerque dos 3 (tracejado) 6
Alquerque dos 3 (covinhas) 1
Alquerque dos 12 (tracejado) 1
Alquerque dos 12 (covinhas) 27
Alquerque dos 16 2
Indeterminado 20

Elemento arquitectónico
Igreja (bancos do adro) 12
Igreja (chão do adro) 5
Igreja (bancos exteriores) 9
Igreja (escadaria) 8
Cruzeiro 7
Passo do Senhor 1
Pelourinho 2
Fonte 8
Murete 1
Banco 1
Janela 1
Quarto (entrada) 1
Reutilizada 1

25
4.3.Uma leitura dos dados

Encontramos a maior parte dos tabuleiros na Vila do Alandroal


(67%), na Vila de Terena e na Igreja de Santo António de Capelins (tendo
Ferreira sido sede de Concelho). Temos mais jogos nas sedes de Concelho
porque estas são um ponto de encontro mas também por existirem aqui
mais monumentos religiosos. Nas Igrejas, Ermidas e Capelas, nos adros,
bancos dos adros, bancos exteriores e cruzeiros temos a grande fatia dos
tabuleiros (72%). Quarenta e um tabuleiros logo à saída dos templos,
grande parte no adro, o religioso e o lúdico bem perto. Lançamos algumas
hipóteses: pelos templos serem um ponto de encontro; porque as mulheres
ouviam a missa e os homens jogavam.
Na figura 50 observamos que os trinta e oito tabuleiros da Vila do
Alandroal estão no centro da Vila (71%) ou nos caminhos pontuados por
Ermidas. Quem jogava era visto e queria ver quem passava. Esta actividade
não teve nada de ilegal e seria aceite pela comunidade. Não sabemos se o
padre concordaria com esta hipótese. A Fonte das Bicas apresenta o maior
número de tabuleiros (oito) mas podem ser muitos mais. A sua localização
central e frescura tornam-se factores de peso. Os tabuleiros que
encontramos estão em monumentos posteriores ao século XVI ou que
sofreram reconstruções desde então. Muitos dos tabuleiros devem ser
relativamente recentes pois encontramos uma patine em lajes de xisto que
assim indica.
A maior parte dos tabuleiros são do Jogo do Alquerque dos 12
(49%), sensivelmente metade. Só temos um tracejado mas temos covinhas
de vinte e sete. Encontramos muitos tabuleiros de Alquerque dos 16 em
outros Concelhos mas no Alandroal encontram-se sub representados. Não
sabemos porquê. O tabuleiro do Alquerque dos 3 pode ser confundido com
a Suástica como desenvolvemos no Ponto 3.1. Dos tabuleiros
indeterminados esperamos que futuros estudos permitiram perceber de que
jogos se tratam. A sobreposição de tabuleiros dificulta a sua identificação
(ver figuras 68, 169 e 192). É no entanto, prova da longa duração da
actividade lúdica nesses locais que obrigou a nova marcação dos tabuleiros
Quase metade dos tabuleiros estão gravados no xisto (47%), a pedra
mais comum e que aflora no Concelho. Temos muitos tabuleiros gravados
no Mármore, estes são os mais visíveis graças à dureza desta pedra.
Interessante o grande número de tabuleiro gravados em baldosas, em
cerâmica.

26
5. Os Tabuleiros da Vila do Alandroal

Figura 50 – Concentração dos Tabuleiros de Jogo no centro da Vila do Alandroal e nas


Ermidas que pontuam os caminhos.

Figura 51 – Localização dos Tabuleiros de Jogo na Vila do Alandroal

Legenda da Figura 51:


1– Ermida de NS da Consolação
2- Ermida de S. Pedro
3- Igreja Matriz de NS da Conceição
4- Murete de Palacete
5- Passo do Senhor
6- Fonte das Bicas
7- Capela de S. Sebastião
8- Capela de Santo António
9- Ermida de S. Bento
10 – Ermida de NS das Neves

27
5.1.Fonte das Bicas

A origem desta Fonte aponta para o século XVII. Localizada no


centro da Vila foi sempre um ponto de encontro. Fonte barroca em
mármore com seis bicas zoomórficas. Com bebedouro para animais e
canalização da água para várias hortas da Vila. Nesta Fonte encontramos
várias covinhas e alguns tracejados. Algumas das covinhas são de grande
profundidade. Isto levou a que o Jogo do Alquerque ganha-se por aqui o
nome de Jogo dos Pocinhos. Identificamos os tabuleiros de seis Jogos do
Alquerque dos 12 e dois tabuleiros indeterminados. Na figura 53 temos os
cinco tabuleiros que melhor se identificam. Nas figuras 66 a 68 temos uma
montagem do Murete Oeste da Fonte onde identificamos mais três
tabuleiros (a azul). Aqui temos vários tabuleiros sobrepostos o que
demonstra uma grande actividade lúdica ao longo do tempo.

Figura 52 – Fonte das Bicas

Figura 53 – Os 5 tabuleiros que melhor se identificam na Fonte das Bicas


(Figuras 54 a 65)

28
Figuras 54 a 56 – Tabuleiro 1 da Fonte das Bicas (ver figura 53)

Figuras 57 e 59 – Tabuleiro 2 da Fonte das Bicas (ver figura 53)

29
Figuras 60 e 61 – Tabuleiro 3 da Fonte das Bicas (ver figura 53)

Figuras 62 e 63 – Tabuleiro 4 da Fonte das Bicas (ver figura 53)

Figuras 64 e 65 – Tabuleiro 5 da Fonte das Bicas (ver figura 53)

30
Figuras 66 a 68 – Murete Oeste da Fonte das Bicas com dois tabuleiros bem visíveis (a
amarelo) e três outros que também consideramos (a azul)

Figuras 69 e 70 – Murete Oeste da Fonte das Bicas depois de uma chuvada. Temos
assim uma melhor visualização de mais tabuleiros.

31
5.2. Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

Imponente Igreja Matriz da Vila do Alandroal do século XVI.


Dedicada a nossa Senhora da Conceição e rica em decoração. Edificada
dentro do Castelo e adossada à Torre de Menagem. Na escadaria em
mármore desta Igreja encontramos várias covinhas e alguns tracejados.
Identificamos sete tabuleiros, cinco do Jogo do Alquerque dos 12 (figuras
79 a 83) e dois indeterminados.

Figura 71 – Castelo e Igreja Matriz de NS da Conceição

Figuras 72 e 73 – Escadaria da Igreja Matriz de NS da Conceição

32
Figuras 74 a 77 – Localização dos tabuleiros na escadaria da Igreja Matriz de NS da
Conceição

33
Figuras 78 a 85 – Tabuleiros da escadaria da Igreja Matriz de NS da Conceição

34
5.3. Capela de Santo António

Nos bancos do adro desta Capela do século XVII encontramos várias


covinhas que formam sete tabuleiros de jogo gravados no xisto. Temos
quatro tabuleiros do Jogo do Alquerque dos 12 (figuras 89 a 92) e três
tabuleiros indeterminados.

Figura 86 – Capela de Santo António

Figura 87 – Bancos do adro da Capela de Santo António

35
Figuras 88 a 95– Tabuleiros nos bancos do adro da Capela de Santo António

36
5.4.Ermida e Cruzeiro de S. Pedro

Ermida do século XIV num antigo caminho. Nas baldosas do


Cruzeiro encontramos várias covinhas que formam dois tabuleiros de Jogo
do Alquerque dos 12 (figuras 101 e 102). Encontramos mais covinhas que
formam três tabuleiros indeterminados. O Joaquim “Ameixa” Elias
encontrou uma espectacular peça de jogo em xisto que teve a amabilidade
de partilhar connosco (figura 100).

Figuras 96 e 97 – Ermida e Cruzeiro de S Pedro

Figuras 98 e 99 – Tabuleiros no Cruzeiro da Ermida de S Pedro

37
Figura 100 – Peça de Jogo

Figuras 101 e 102 – Tabuleiros no Cruzeiro da Ermida de S Pedro

Figuras 103 a 105 – Tabuleiros no Cruzeiro da Ermida de S Pedro

38
5.5. Ermida e Cruzeiro de S. Bento

Ermida do século XVI num antigo caminho. Sitio com muita água o
que levou à construção de algumas fontes e uma hospedaria. Local de
lendas e provavelmente um dos templos mais antigos do Alandroal.
Destacamos os espectaculares frescos que representam S. Bento, o Sol e a
Lua entre outros elementos. No chão do adro do templo encontramos várias
covinhas nas baldosas que correspondem a dois tabuleiros de Jogo do
Alquerque dos 12. No Cruzeiro mas agora no mármore encontramos mais
covinhas que correspondem a dois tabuleiros de Alquerque dos 12.

Figuras 106 e 107 – Ermida e Cruzeiro de S. Bento

Figuras 108 e 109 – Frescos da Ermida S. Bento

39
Figura 110 – Adro da Ermida de S. Bento

Figuras 111 a 114 – Tabuleiros no chão do adro da Ermida de S. Bento

40
Figuras 115 a 118 – Tabuleiros no cruzeiro da Ermida de S. Bento

41
5.6. Capela de S. Sebastião

Capela do século XVI muito reconstruída no antigo Terreiro do


Mártir. No mármore da escadaria e nas baldosas dos bancos exteriores
encontramos várias covinhas que correspondem a três tabuleiros de Jogo do
Alquerque dos 12.

Figuras 119 e 121 – Capela de S. Sebastião e bancos exteriores

Figuras 122 a 127 – Tabuleiros na escadaria e bancos exteriores da Capela de S.


Sebastião

42
5.7.Passo do Senhor

No Passo do Senhor, Via Sacra do século XVIII, da Rua Dr. Teófilo


Braga encontramos várias covinhas no xisto da soleira. Nestas
identificamos um tabuleiro de Jogo do Alquerque dos 12.

Figuras 128 a 131 – Passo do Senhor e tabuleiro

43
5.8.Murete de Palacete

Num murete de um palacete na Rua João de Deus encontramos


várias covinhas no mármore. Estas correspondem a um tabuleiro de Jogo
do Alquerque dos 12.

Figuras 132 a 134 – Murete de Palacete e tabuleiro

44
5.9.Ermida de NS das Neves

Ermida do século XVI num antigo caminho para onde foi transferido
o cemitério público no século XIX. No xisto do chão do adro encontramos
várias covinhas de um tabuleiro de Jogo do Alquerque dos 12. Desta
Ermida temos que destacar os espectaculares frescos representando vários
Santos, a Assunção da Virgem e claro o Sol e a Lua (figuras 136 e 137).

Figura 135– Ermida de NS das Neves

Figuras 136 e 137 – Frescos da Ermida de NS das Neves

45
Figuras 138 a 140 – Tabuleiro da Ermida de NS das Neves

46
5.10.Ermida de NS da Consolação

Ermida do Século XVI, pode ter sido uma Qubba islâmica marcando
um antigo caminho. Aqui repousa o Governador Geral da Índia Diogo
Lopes de Sequeira. Num banco exterior deste monumento encontramos
algumas covinhas no xisto que correspondem a um tabuleiro do Jogo do
Alquerque dos 3.

Figuras 141 e 142 – Ermida de NS da Consolação

Figuras 143 a 144 – Tabuleiro da Ermida de NS da Consolação

47
6. O Tabuleiro da Vila de Juromenha na Cadeia

A cadeia da Fortificação de Juromenha é um edifício posterior ao


século XVII, já na zona da fortificação abaluartada. Neste edifício
encontramos uma cela reforçada com placas de mármore ligadas por gatos.
Numa placa de mármore horizontal da janela encontramos o traçado e
algumas covinhas de um tabuleiro de Jogo do Alquerque dos 16. Os
prisioneiros passavam o tempo jogando, onde havia mais luz, e vendo
quem passava do lado de fora.

Figuras 144 a 150 – Cadeia de Juromenha e tabuleiro na janela

48
7. Os Tabuleiros da Vila de Terena

7.1 Pelourinho

O Pelourinho de Terena é uma remontagem com materiais de


diferentes proveniências e épocas. Não sabemos a data de edificação e se
estará no sítio original. Na sua base encontramos traçado no xisto um
tabuleiro de Jogo do Alquerque dos 16 (figuras 152 a 155) e um outro
tabuleiro indeterminado.

Figuras 151 – Pelourinho de Terena

49
Figuras 152 a 157 – Tabuleiros no Pelourinho de Terena

50
7.2.Igreja Matriz de S. Pedro

Igreja do século XIV já muito alterada por sucessivas reconstruções.


O edifício original devia de ser espectacular e muito ornamentado em
mármore branco de Estremoz. Infelizmente encontramos muitos elementos
arquitectónicos espalhados pelos quintais da Vila de Terena. Na frontaria
da Igreja ainda podemos ver duas estátuas originais de S. Pedro e Santa
Catarina. Nos bancos do adro encontramos dois traçados de Alquerque dos
3 de pequenas dimensões, cerca de 10x10 cm (figuras 162 a 165). Estes
traçados pelas suas pequenas dimensões e pelo facto de estarem associados
a uma Roseta Hexapétala (figura 160 e 161) levam-nos a pensar que são
representações de Suásticas. Como podemos observar nas figuras 166 e
167. Encontramos ainda o traçado de mais três tabuleiros indeterminados.
Dois deles estão sobrepostos (figuras 168 e 169) o que demonstra a
continua actividade lúdica e a dificuldade em identificar os respectivos
tabuleiros.

Figuras 158 e 159 – Igreja Matriz de S. Pedro em Terena e bancos do adro

51
Figuras 160 e 161 – Roseta Hexapétala nos bancos do adro da Igreja Matriz de S.
Pedro

Figuras 162 a 165 – Tabuleiros ou Suásticas nos bancos do adro da Igreja Matriz de S.
Pedro em Terena

Figuras 166 e 167 – Tabuleiro de Alquerque dos 3 e a Suástica

52
Figuras 168 e 169 – Sobreposição de tabuleiros nos bancos do adro da Igreja Matriz de
S. Pedro

Figuras 170 a 171 – Tabuleiro num banco do adro da Igreja Matriz de S. Pedro

53
8. Tabuleiros no restante Concelho do Alandroal

8.1.Igreja de Santo António de Capelins

Igreja do século XVI que terá sido uma Qubba Islâmica encontra-se
na Serra da Sina, um cabeço com grande visibilidade e domínio estratégico,
um provável povoado Calcolítico segundo Manuel Calado. Nos bancos
exteriores da Igreja encontramos seis tabuleiros traçados no xisto mas
podem ser mais. Temos três tabuleiros do Jogo do Alquerque dos 3 bem
traçados. Um deles de grandes dimensões e com um círculo no meio, na
casa mais importante (figuras 178 e 179). Deixamos em aberto a hipótese
de alguns destes tabuleiros de Alquerque dos 3 terem tido também a função
simbólica de protecção enquanto Suásticas. Os outros três tabuleiros são
indeterminados (figuras 180 a 183).

Figuras 172 a 173 – Igreja de Santo António de Capelins

54
Figura 174 a 183 – Tabuleiros nos bancos exteriores da Igreja de Santo António de
Capelins

55
8.2.Igreja de Santiago Maior

Igreja com referências desde o século XVI, encontra-se nos


caminhos de Santiago e terá sido provavelmente uma Qubba Islâmica. No
xisto do chão do adro encontramos um traçado de um tabuleiro
indeterminado.

Figuras 186 e 187– Igreja de Santiago Maior e tabuleiro

56
8.3.Igreja de Montejuntos

No adro desta Igreja em xisto encontramos um bem traçado tabuleiro


de Jogo do Alquerque dos 3. A casa central encontra-se bastante gasta do
uso que teve.

Figuras 188 e 189 – Igreja de Montejuntos e tabuleiro

57
8.4.Aldeia das Hortinhas

Na espectacular Aldeia de xisto das Hortinhas encontramos este


banco perto de um do fornos comunitários (figura 190). No banco temos
um (ou mais) tabuleiros indeterminados. O mais interessante são os
Pentagramas e Octagramas que encontramos associados aos tabuleiros
(figuras 191 e 192). Quem esperava pela fornada de pão ia jogando e
riscando uns símbolos de protecção, não vá o diabo tecê-las. Marisa Uberti
chamou-nos a atenção para uma representação do “Libro de los Juegos” de
Afonso X em que temos um Tabuleiro do Alquerque dos 12 protegido por
Hexagramas (figuras 193 e 194).

58
Figuras 190 a 192 – Tabuleiro e símbolos de protecção num banco da Aldeia das
Hortinhas

Figuras 193 e 194 - “Libro de los Juegos” de Afonso X em que temos um Tabuleiro do
Alquerque dos 12 protegido por Hexagramas

59
8.5.Monte isolado

Num Monte isolado da Freguesia de Santo António de Capelins


encontramos um tabuleiro do Jogo do Alquerque dos 12 (figura 195). Este
é o tracejado mais visível e geométrico que encontramos em todo o
Concelho. Está no chão, à entrada de um quarto, traçado nas baldosas, para
jogar?, para proteger? Não sabemos……
No mesmo Monte temos também as covinhas de um outro tabuleiro
indeterminado (figura 196), numa pedra reutilizada no exterior da casa.

Figuras 195 e 196 – Tabuleiros em Monte isolado

60
9. Mais sobre os jogos
9.1.Livros

Govert Westerveld – The History of Alquerque 12

José Manuel Espinel Cejas y Francisco Garcia-Talavera Casañas –


Juegos Guanches Inéditos

Lídia Fernandes – Tabuleiro de jogo inscritos na pedra

9.2.Internet

Ares Cronida - https://arescronida.wordpress.com/category/juegos/

José Manuel Jesus Hidalgo – Juegos de Tablero Romanos e Medievales -


http://juegosdetablerosromanosymedievales.blogspot.pt/

Marisa Uberti – Centro Studi Triplice Cinta - http://www.centro-studi-


triplice-cinta.com/

Mats Winther – Board Games - http://mlwi.magix.net/bg/index.htm

Pedras que Jogam -


https://ciencias.ulisboa.pt/sites/default/files/fcul/dep/dm/Pedras_que_Joga
m.pdf

61

Você também pode gostar