Você está na página 1de 149

ICONOGRAFIA PROFANA

Teogonia - Origens do Mundo e dos deuses


Primeiros elementos
Geração dos Titãs
Cronos
Infância de Zeus
Atlas, Prometeu e Pandora

1
Iconografia e Mitologia [coleção e explicação de mitos] Clássica

• Até ao século IV a. C. – sentido religioso e cultual

2
Iconografia e Mitologia [coleção e explicação de mitos] Clássica

• A partir do séc. IV – tendência para a


personificação de conceitos
abstratos (forças naturais ou qualidades
morais)

- vulgarização e
dessacralização dos
temas

- Interpretação física e
astrológica: planetas,
estrelas e constelações

3
Iconografia e Mitologia Clássica

• Cristianismo
– símbolo do paganismo

- Sobrevivem através da
interpretação alegórica, histórica e
astrológica

- sujeitos a metamorfoses, disfarces


e disjunções (F. Saxl e E. Panofsky).
A Fortaleza como Hércules. Nicola Pisano,
Púlpito do batistério de Pisa (Itália), c. 1260 4
Iconografia e Mitologia Clássica

• Renascimento –
ressurgimento dos temas
na literatura e na arte
- recuperam
a sua forma e
conteúdo
- expressam
ideias morais

Agnolo BRONZINO, Retrato de Andrea Doria como


Neptuno, c. 1540, óleo sobre tela, 115 x 53 cm,
Pinacoteca di Brera, Milão
5
Iconografia e Mitologia Clássica

• Barroco – nova crise a partir da


Contrarreforma

- Contexto profano:
palácios; política de
mecenato

Rubens, Rapto de Prosérpina, Museu do Prado


6
Poussin, Aquiles e as
filhas de Licomedes,
1656
7
Neoclássico – ciência da
mitologia;

Antonio CANOVA: Perseu, Páris e Hebe

8
Apolo Belvedere, Casa Vilar d’Allen Ceres Mattei, Casa Vilar d’Allen Vénus Callipyge, Casa Vilar d’Allen

Academismo ao longo do séc. XIX

9
Iconografia e Mitologia Clássica

• Atualidade
– fonte de inspiração da literatura, arte e cinema
- heróis gregos e romanos

10
Fontes literárias

• Hesíodo, Teogonia

• Séc. VIII a.C.

• Registo escrito de relatos orais

• Tentativa de explicação racional do


universo

• Do Caos à Ordem através do poder


dos deuses do Olimpo

11
Abraham van Diepenbeeck, 1635-38
Criação do mundo para os gregos (Teogonia)
“O que primeiro existiu foi o Caos; e logo a seguir
A Terra [Gea] de seio fecundo, eterna e segura mansão de todos
Os Imortais, que habitam os píncaros do Olimpo coberto de neve.
E depois o Tártaro bolorento, no interior da terra de caminhos amplos,
e Eros [Cupido, o Amor], o mais belo entre os deuses imortais,
que amolece os membros e, a todos os deuses e a todos os homens,
Sujeita no peito o entendimento e a vontade consciente.
De Caos nasceram Érebo [as trevas do mundo inferior e do Tártaro] e a negra Noite [Nyx],
e da Noite, por sua vez, o Éter [ar, a mais alta esfera do céu, a claridade do mundo superior] e o Dia [Hémera,
luz],
Que ela deu à luz, unindo-se com amor ao Érebo.
A Terra [Gea] gerou, em primeiro lugar, um ser de dimensão semelhante à sua,
O Céu [Úrano, Caelos], coberto de estrelas, para que a cobrisse, toda inteira,
E fosse dos deuses bem-aventurados a eterna e segura mansão.”

(Hesíodo, Teogonia, 116-128)

12
CAOS (Espaço infinito; raramente personificado)

Eros
(ENERGIA)
Divindades
GEA/GAIA TARTARO ERÉBO (escuridão) NOITE (Nyx)
primordiais

Mãe e mulher

Éter (ar) e Hémera (Dia)

URANO (céu)

Altares e templos ORGANIZAÇÃO DO COSMOS


Personificados
EROS

Uma divindade primordial do Cosmos

Autocriou-se no início do tempo


(protógenos)

Força motriz (energia) para uma nova vida


no início do Cosmos – força fundamental do
mundo – coesão interna do Cosmos

Chocado do ovo do mundo da criação

Equivalente a Thesis (Criação) e Physis


(Natureza)

Assegura a continuidade das espécies


Eros como a personificação do Amor

“O mais belo dos deuses imortais, ” (Hesíodo, Teogonia)

• “Erotes de doce voz”, “de grandes asas” (Safo, séc. VI a.C.)

• Diversas as manifestações do Amor (multiplicação do número)

15
Eros
Cleveland Museum of Art, Cleveland, Ohio, USA
Lekytos, Ática, Figuras Vermelhas
c. 500-495 a.C.
Arcaico tardio
Três Erotes: Eros (amor ativo),
Himeros (Desejo) e Pothos
(Paixão)

Alados,

Voam sobre o mar e distribuem


presentes: lebre, coroa de flores
(?) e uma faixa.
EROS, HIMEROS & POTHOS
British Museum, London, United Kingdom
Vaso de Stamnos, Figuras vermelhas
Arcaico tardio
Multiplicação poética do Eros
primordial

- Hesíodo: Eros e Himeros


presentes no nascimento de
Afrodite
Para a cidade de Megara (Ática)

Escopas de Paros, Pothos, cópia


romana do original do séc. IV 18
A partir do período helenístico:

- Infantil
- Armado com arco e flecha

Fenómeno de deslizamento do símbolo

Estátua de Eros, cópia romana de um original grego de Lisipo,


mármore, Villa d’Este

19
Séc. I/II a.C.
Florença, Galleria degli Uffizi
Do poder cosmogónico à submissão a Afrodite
20
Eros como a personificação do Amor

“Pequena besta doce e amarga contra a qual não há quem se defenda


(…) [sacode] os sentidos como o vento nos monte se abate sobre as
azinheiras.” (Safo, séc. VI a.C)

21
Eros num golfinho Eros a pescar
Gaziantep Museum, Gaziantep, Turquia Antakya Museum, Antakya, Turquia Mosaico, Império
Mosaico, séc. I-II d.C. Romano
Império Romano

Jovem, nu e alado Pesca à linha

Roma – Cupido (desejo, paixão).


Chicote e rédeas na mão
22
Eros com uvas
Eros num tigre National Museum of Carthage, Cartago, Tunísia , Mosaico, Cartago
Museo Archeologico Nazionale di Napoli, Nápoles romano, séc. IV d.C.
Mosaico, Data:?
Império Romano
Coroa de heras

Taça de vinho

Tigre com colar de parras e uvas


23
ANTICO, Eros, 1490
Bronze, alt. 90 cm
24
Museo Nazionale del Bargello, Florença
Anónimo, séc. XVIII
25
Eros e Psiqué, séc. III Psiqué – alma ou sopro vital
Psiqué rouba o arco e as setas ao adormecido Eros

Período helenístico – alma aprisionada pelo amor,


perfeita união entre o Amor e a Alma 26
Sarcófago romano, Museu Britânico

27
Segue o texto do escritor romano
Apuleio, Metamorfoses (séc. II)

Conto que procura explicar a


imortalidade da Alma através do
Amor

Grande sucesso no Renascimento

RAFFAELLO Sanzio
A loggia de Psiqué, 1517-18
Fresco
Villa Farnesina, Roma 28
RAFFAELLO Sanzio
Psiqué leva o vaso a Venus
1517-18
Fresco
Villa Farnesina, Roma 29
RAFFAELLO Sanzio
Psiqué dá o vaso a Vénus
1517-18
Fresco
Villa Farnesina, Roma 30
RAFFAELLO Sanzio
Cupido suplica a Júpiter por Psiqué
1517-18, Fresco 31
Villa Farnesina, Roma
RAFFAELLO Sanzio
Mercúrio leva Psiqué para o Olimpos
1517-18, Fresco
Villa Farnesina, Roma 32
Divinização da Alma
humana através do
Amor

RAFFAELLO Sanzio
Banquete de casamento de Eros e Psiqué
1517-18 33
Fresco, Villa Farnesina, Roma
Tema da Bela e do Monstro

“Quis exprimir assim a aventura da Alma, reflexo da beleza pura, presa à terra pelas
suas paixões más e, sobretudo, pela sua curiosidade. A Alma não pode, sem
preparação, sem as provações necessárias, aguentar a visão dessa Beleza divina.
Deve ser auxiliada na sua ascensão pelo Amor, que acabará por dar-lhe acesso ao
mundo divino das Ideias.”

GRIMAL, P. , Mitologia Clássica. Mitos, deuses e heróis. Lisboa, Texto & Grafia, 2008.
Antonio CANOVA,
Cupido e Psiqué, 1786-93
Mármore, alt. 155 cm
Musée du Louvre, Paris
35
François Gérard, Eros e Psiqué,
36
1798
GEA (GAIA)
“A Terra [Gaia ou Gea], a bela, ergueu-se,
De regaço vasto, ela que é firme base
De todas as coisas. E da bela Terra brotou
O Céu estrelado [Urano], igual a si mesmo,
Para a cobrir totalmente e para ser
A morada eterna dos bem aventurados deuses.”

Hesíodo, Teogonia

Relação difícil entre Gea e Urano

Fídias (c. 490-430 a.C.)

37
Caracterização física:

-Mulher madura

- Ventre dilatado

-Cara cheia, cabelo encaracolado e coroa na cabeça

- A emergir da terra (associação constante)

Gaia (pormenor de uma Gigantomaquia)


Antikenmuseen, Berlin, Alemanha
Kylix ático de figuras vermelhas
Pintor: assinado por Aristofanes, c. 410 - 400 a.C.
http://www.theoi.com/Protogenos/Gaia.html
Altar de Pérgamo, Berlim,
Gigantomaquia

39
GAIA
Antakya Museum, Antakya, Turkey
Mosaico, Antioch, House of Ge and the Seasons
Sécs. II, III d.C.
Império Romano

ROMA

Gaia coroada com uma coroa de frutos

Cornucópia (corno da abundância) cheia de frutos da terra


Gea

GAIA & THE KARPOI (frutas)


Antakya Museum, Antakya, Turkey
Mosaico do Império romano
Séc. IV d.C.

Karpoi, multiplicação de Ploutos, deus da


fertilidade agrícola

Génios infantis filhos de Gea e que se


alimentam da sua fecundidade
Helios Selene

Marfim carolíngio, 870,


Munique, Biblioteca Estatal

Gea com
cornucópia e
Oceano 42
serpente
Natureza e progresso
Céu

Pombas,
nova era na
terra com
paz

Terra

Fogo,
Prometeu

Ar
Água
Diego Rivera, La tierra fecunda, 1923-1927. Escuela Nacional de
Agricultura Chapingo.
Energia Foto: D. R. © 2012 Banco de México, "Fiduciario" en el
43
Fideicomiso relativo a los Museos Diego Rivera y Frida Kahlo.
Urano
URANOS (CAELUM)
(Caelos)
Vénus com - Iconografia ausente no
tocha
Mundo Grego
Helio
Eos (Aurora),
vaso com
orvalho
Províncias
do Províncias
Império do
General
Império
General parto
Apolo com romano ou
cítara Marte
Diana montada
montado
numa cerva,
num grifo
com aljava
Gea com
cornucópia e
Augusto de Prima Porta
Karpoi 44
c. 20 a.C.. Roma, Museus Vaticanos
Tema que sobrevive na iconografia paleocristã

Traditio Legis [“A mão sobre a Lei” / “Entrega da


Lei”], Sarcófago de Junio Baso, séc. IV
45
Úrano com
o véu da
abóbada
celeste

Tema
pouco
representa
do

Perino Del Vaga (Piero Buonaccorsi), A queda dos Gigantes, c. 1533,


46
Génova, fresco do Palazzo Doria
CAOS (Espaço infinito; raramente personificado)

Eros
(ENERGIA)
Divindades
GEA/GAIA TARTARO ERÉBO (escuridão) NOITE (Nyx)
primordiais

Mãe e mulher

Éter (ar) e Hémera (Dia)

URANO (céu)

Altares e templos ORGANIZAÇÃO DO COSMOS


Personificados
48
Raios de Zeus- três génios
da tempestade

Hefestos e Ciclopes, Museo Archeologico Os três ciclopes a trabalhar na


Nazionale di Napoli, Nápoles, fresco romano forja de Hefesto, Museu Bardo,
de Pompeia, Casa delle Quadrighe, séc. I d.C. Tunis, mosaico romano.

49
Diego Rodriguez de Silva y VELÁZQUEZ, A forja de Vulcano, c. 1630
Óleo sobre tela, 223 x 290 cm
50
Museo del Prado, Madrid
CAOS (Espaço infinito; raramente personificado)

Eros

Divindades primordiais
GEA/GAIA TARTARO ERÈBE (escuridão) NOITE
(deuses protogenários)
Mãe e mulher

URANO (céu)

“Depois, fecundada pelo Céu, deu à luz o Oceano de correntes profundas,


e Koios [Céos] e Crio, Hiperíon e Jápeto,
Teia e Rea, Témis e Mnemósine,
Febe, coroada de ouro, e a encantadora Tétis.
A seguir a estes, nasceu o mais novo, Cronos de pensamentos tortuosos,
O mais temível dos seus filhos e que odiou profundamente o seu progenitor.”

Hesíodo, Teogonia, 133-139


Doze titãs – deuses mais antigo da mitologia grega – Idade de Ouro

Seis filhos e seis filhas:

- Ceos, titã da inteligência, das visões + Febe (“a brilhante”), Titânide da Lua – pais de Leto
(Latona) – mãe de Artemis e Apolo
- Oceanos, representava o rio que circunda o mundo + Tétis (personificação do mar e
fertilidade das águas) – pais dos deuses do rio e oceânides
- Crio, titã das manadas, do frio e do inverno + Euríbia: pais de Ástreo, pai dos ventos
- Hiperíon (aquele que viaja para cima), claridade celeste e do fogo astral + Teia, titã da luz e
da visão – Hélio, Selene e Eos.
- Jápeto + Oceânide Clímene: Prometeu, Epimeteu, Atlante
Cronos, foi rei dos titãs que governou o mundo durante a Idade de Ouro + Reia – pais dos
deuses do Olimpo
Mnemósine, personificava a memória e Témis (Justiça) – Zeus 52
Tétis

Museum of Fine Arts,


Boston, Massachusetts,
USA
c. 510-500 a.C.
Período Arcaico

Golfinhos
Oceanos e Tétis (irmãos e marido e mulher) – prole fecunda (os
rios)

Antakya Museum, Antakya, Turquia


Mosaico, séc. II d.C.
Império Romano
Remo Par de asas na testa
Longas barbas brancas
Chifres de garras de caranguejo

Antakya Museum, Antakya, Turquia


Mosaico, data ?
Império romano
Oceanus e Tetis, Gaziantep Museum, Gaziantep, Turquia
Séc. II d.C.
Império Romano
Apoiados na cauda de uma serpente marinha

Chifres em forma de garra de caranguejo

Tétis com um par de asas na testa


Posídon
Carro puxado por 2 Hipocampos
Tridente

Poseidon, Oceanus e Tetis, Gaziantep Museum, Gaziantep, Turquia


Séc. II d.C.
Império Romano
Helios Selene

Marfim carolíngio, 870,


Munique, Biblioteca Estatal

Gea com
cornucópia e
Oceanos 58
serpente
Hiperíon (titã da visão e do fogo astral) casado com Teia (luz e visão)

Filhos: Hélios, Selene e Eos (Aurora)

Helios deus do Sol, Krater ateniense de figura vermelha, séc. V


d.C., British Museum, Londres

Carro mergulha no mar


Nyx Hélios emerge do rio Oceanos a conduzir uma
Eos quadriga; coroado com a orbe solar

Nyx à esquerda, coroada com a bola da Escuridão;


conduz um carro de 2 cavalos

Eos (Heos), deusa do nascer do dia (Aurora), com


uma bola que representa o dia e carro.
Hélios

HELIOS, NYX e EOS


Metropolitan Museum, New York City, USA
Lekythos, Ática, Figuras Negras
c. 500 - 475 a.C.
Período Arcaico
Hiperíon (titã da visão e do fogo astral) casado com Theia
(luz e visão).
Selene

SELENE & ENDYMION


Dallas Museum of Art, Texas, USA
Séc. IV a.C.
Hiperíon (titã da visão e do fogo astral) casado com Theia (luz e visão).
Filhos: Hélio, Selene e Eos
En una selva al dispuntar del dia
Estaba Endimion triste y lloroso,
Vuelto al rayo del sol, que presuroso
Por la falda de un monte descendia.

Mirando al turbador de su alegría,


Contrario de su bien y su reposo,
Tras un suspiro y otro, congojoso,
Razones semejantes le decia:

Luz clara, para mi la mas escura,


Que con esse paseo apresurado,
Mi sol con tu teniebla escureciste;

Si allà pueden moverte en esa altura


Las quejas de un pastor enamorado,
No tardes en volver á dó saliste.
Endimion e Selene
Museu Bardo, Túnis, Tunísia, Mosaico romano Luís Vaz de Camões
Exercício prático
• https://iconographic.warburg.sas.ac.uk/vpc/VPC_search/subcats.php
?cat_1=5

• GRIMAL, Pierre, pp. 155-156.

• BARBA, Elvira, pp. 195-196.

63
Úrano e Gea

“Quantos tinham nascido da Terra e do Céu,


Os mais temíveis filhos, todos odiaram o seu progenitor,
Desde o início. Pois, quando estavam prestes a nascer, logo
Os escondia a todos e os privava da luz,
Nas entranhas da Terra. Este feito hediondo comprazia-o a ele,
O Céu; mas, ela, a enorme Terra, gemia, com as entranhas
Cheias, e concebeu uma cruel e pérfida vingança.

Hesíodo, Teogonia

64
A castração de Úrano por Cronos:

- Nascem as Erínias (do sangue


caído sobre a terra) e os Gigantes
(filhos de Gea)

- Afrodite (do sangue e sémen


misturados e penetrados no mar)

Dente, Marco (Marco da Ravenna) (ca. 1486 - 1527), 1515-1520


65
London, British Museum (Dept. of Prints and Drawings)
Afrodite

• Nascimento:

• Nascida da Espuma do Mar – divindade primordial – e dos órgãos genitais de


Úrano cortados por Cronos

• Filha de Zeus e Dione (Homero)

66
Hino Homérico
Quero cantar Afrodite, a bela, a virtuosa,
que tutela as muralhas de toda a ilha de Chipre
cercada pelo mar, para onde o forte sopro de Zéfiro
a levou docemente sobre a vaga do mar rumorejante,
na espuma de brancos flocos; e as Horas, com diademas de ouro
acolheram-na com alegria, vestiram-na com vestes divinas,
(...)
Ali as Cáritas [as Graças] a banharam e a ungiram
com o divino óleo que cobre os deuses imortais,
feito de ambrósia, peculiar e perfumado para ela.

Hino Homérico V a Afrodite, séc. VII a.C.

Amor, fertilidade e beleza; desejo sexual


Culto de origem asiática 67
Dione Titã, filha de Oceanos e Tétis (Hesíodo,
Teogonia, 353)

Amada por Zeus, mãe de Afrodite (Homero,


Ilíada e Apolodoro, I)

Presente no nascimento de Apolo e Artemis em


Delos (Homero, Hino in Del. 93)

Três Deusas (Héstia, Dione e Afrodite?), tímpano do frontão oriental do


Templo do Pártenon, c. 438-432 a.C.
Animais: pomba, bode,
concha, golfinho e tartaruga

Vegetais: rosa, maçã


(fertilidade e maturidade) e
murta (amor eterno) e violeta.

Joias e objetos de toucador

Nascimento de Afrodite,
c. 370 - 360 a.C.
Figuras vermelhas, clássico

69
Eros
Nereida

Nascimento de Vénus (Afrodite)


Museo Archeologico Nazionale di Napoli, Nápoles, Fresco,
Mar
estilo IV Concha
Pompeia, Domus de Venus, Séc. I d.C.
Nudez
Manto /brisa
Nereida Ninfa
Eros
Nascimento de Vénus, François Boucher, 1740, óleo sobre tela

71
O Nascimento de Vénus - Odilon Redon, 1912
Simbolismo 72
Espelho, joias e objetos de tocador

Afrodite com espelho


c. 360 - 340 a.C.
Musée du Louvre, Paris, France

73
Como protetora do
matrimónio

CANOVA, Antonio
Venus Italica
1819
Mármore
Praxíteles, Afrodite de Cnidos (séc. IV Galleria Palatina (Palazzo Pitti), Florença
a.C.), cópia romana em mármore,
cabeça, braços, pernas e suporte do
manto 74
VENUS DE MILO ( entre 130 – 100 a.C )
Kylix com fundo branco – Afrodite montada de
lado num ganso (c. 470-460 a.C.) London, British
Museum

Afrodite montada num cisne ladeada por dois Erotes que


lhe oferecem coroas de murta, planta consagrada a
Afrodite
76
Caeser van EVERDINGEN,
Natureza-morta com busto de Venus, 1665
Óleo sobre tela, 74 x 61 cm 77
Mauritshuis, The Hague
Vénus a
recolher
corações,
Bibliothèque
nationale de
France.
Vénus adormecida, pintura a óleo sobre tela,1507-1510
Giorgione e Ticiano
79
Lorenzo LOTTO,
Venus e Cupido, c. 1540
Óleo sobre tela, 92 x 111 cm 80
Metropolitan Museum of Art, New York
81
Mitologia como forma de Rubens
introduzir o seu conceito de beleza

Cópia de um original de Ticiano com


orientações próprias

Rica e contrastante paleta de luz e


cor

Peter Paul RUBENS,


Toilete de Vénus, c. 1608
Óleo sobre tábua, 137 x 11 cm
Museo Thyssen-Bornemisza,
Madrid
83
Sedução e sensualidade

Peter Paul RUBENS, Vénus ao espelho, c. 1615


Óleo sobre tábua, 124 x 98 cm 84
Liechtenstein Museum, Viena
Antonio CANOVA,
Paolina Borghese como Venus , 1804-08
Mármore, 160 x 192 cm 85
Galleria Borghese, Roma
Ceres, Baco e Vénus

• Sine Baccho et Cerere friget Venus [verso de Públio Terêncio,


Eunuchus, 732] – o amor desaparece se não houver comida e bebida

• Tema muito popular entre finais do XVI e meados XVII – grande êxito
nos Países Baixos, Alemanha e França
Peter Paul RUBENS, Vénus, Cupido, Baco e Ceres, 1612-13, óleo sobre tela, 141 x 200 cm,
Staatliche Museen, Kassel
Vénus substituída por Cupido

Hans von AACHEN, Baco, Ceres e Cupido, c.


1600, óleo sobre tela, 163 x 113 cm
Kunsthistorisches Museum, Viena
Peter Paul RUBENS,
Vénus Frigida, 1614
Óleo sobre madeira, 142 x 184 cm Sentimentalismo, eloquência e sensualidade
Koninklijk Museum voor Schone Kunsten, Antuérpia 89
Bartholomaeus SPRANGER,
Vénus e Vulcano, c. 1610
Óleo sobre tela, 140 x 95 cm 90
Kunsthistorisches Museum, Viena
Afrodite e Ares
numa festa do
Olimpo
Figuras vermelhas

91
Afrodite e Ares, Museo Archeologico Nazionale di Napoli, séc. I a.C., Afrodite e Eros
Pompeia Museo Archeologico Nazionale di Napoli, séc. I a.C.,
Eros e Phobos (?) com as armas do deus Pompeia
Eros

92
Sandro BOTTICELLI,
Venus e Marte, c. 1483
Têmpera sobre madeira, 69 x 173,5 cm
National Gallery, Londres

93
Antonio CANOVA,
Venus e Marte, 1816-22
Mármore, alt. 210 cm
Courtauld Gallery, Londres 94
Nicolas Poussin, Vénus e Mercúrio, c.
1627-29, óleo sobre tela, Google Art
Project.jpg
95
Nicolas Chaperon (1612 - 1654/1655),
Vénus e Hermes com Eros,
http://www.mlahanas.de/Greeks/My
thology/VenusHermesNicolasChapero
n.html
96
AFRODITE E ADONIS
(“Senhor”)

Jovem sírio amado por


Afrodite e Perséfone

Alternância das estações

Annibale CARRACCI, Venus e Adonis, c. 1595


Óleo sobre tela, 217 x 246 cm
Kunsthistorisches Museum, Viena 97
Exercício prático
• https://iconographic.warburg.sas.ac.uk/vpc/VPC_search/subcats.php
?cat_1=5

• GRIMAL, Pierre, pp. 8-9.

• BARBA, Elvira, pp. 241-245.

• Ovídio, Metamorfoses, pp. 257-266.

98
Peter Paul RUBENS,
Vénus e Adonis, c. 1614
Óleo sobre tela, 83 x 91 cm Peter Paul RUBENS,
The Hermitage, St. Petersburgo Vénus e Adonis, c. 1635
Óleo sobre tela, 197 x 243 cm
Metropolitan Museum of Art, New York

99
quando, ao longe, reconheceu os gemidos do moribundo.
para ali dirigiu as alvas aves. Ao descortinar, do cimo do céu,
o corpo exânime, contorcendo-se na poça do próprio sangue,
lança-se do alto, e ora rasga as vestes, ora arranca os cabelos,
ora lacera o peito com as mãos que não eram dignas de o fazer.

Metamorfoses, X
Francis van BOSSUIT,
Venus e Adonis, 1680s
Marfim, 18,1 x 12,5 cm 100
Rijksmuseum, Amsterdão
Cornelis HOLSTEYN,
Vénus e Amor choram a morte de Adónis, c. 1655
Óleo sobre tela, 99 x 206 cm
Frans Halsmuseum, Haarlem

101
Afrodite mãe de Eneias

Homero, V, 311-320

Vénus-Afrodite segura uma criança, provavelmente Eneias,


enquanto Anquises e Selene observam (relevo romano de
Afrodisias).
Annibale Carracci, Vénus e Anquises,
1597. Palácio Farnésio, Roma.
William Blake Richmond - Venus e Anquises
Eneias foge de Troia com Anquises, Ascânio e
Afrodite. Museu Afrodisias, Turquia.
Gian Lorenzo Bernini, Eneias, Anquises e Ascânio, 1618-19.
Galeria Borghese, Roma
JULGAMENTO DE PARIS

Contexto do
casamento de Tétis e
Peleu

Julgamento de Paris,
ca 440 BC

Páris ou Alexandre (homem protegido),


filho de Príamo e Hécuba, de Troia

A sedução de Helena, c. 420 a.C. 107


Mestre italiano Desconhecido,
O Julgamento de Paris
1430-40, Têmpera sobre madeira,
diametro 70 cm, Museo Nazionale
del Bargello, Florença 108
Lucas Cranach o Velho, Julgamento de
Paris - Metropolitan Museum of Art,
New York.
RUBENS, Peter Paul
O Julgamento de Paris, c. 1636
Óleo sobre tela, 145 x 194 cm 110
National Gallery, Londres
Jean-François de TROY, O Julgamento de Paris, 1734
Óleo sobre tela, 78 x 99 cm
Col. Privada 111
As três deusas Hera, Afrodite, Atena
- Franz Stuck, Simbolismo
112
Gavin HAMILTON,
Venus apresenta Helena a Paris
1785
Óleo sobre tela, 306 x 259 cm
Museo di Roma, Roma 114
Angelica KAUFFMANN, Vénus induz Helena a apaixonar-se por Paris,
1790, óleo sobre tela, 102 x 128 cm
115
The Hermitage, St. Petersburg
Apresentado
no Salão de
Paris de 1789

Jacques-Louis DAVID, Os amores de Páris e Helena, 1788


óleo sobre tela, 144 x 180 cm, Musée du Louvre, Paris 116
Pintor,
decorador e
arquiteto

Trabalhou
com Giulio
Romano

Francesco PRIMATICCIO, O rapto de Helena, 1530-39, óleo sobre tela, 155 x


117
188 cm, Bowes Museum, Barnard Castle
RENI, Guido
O rapto de
Helena, 1626-29,
óleo sobre tela,
253 x 265 cm,
Musée du
118
Louvre, Paris
Pintor e
colecionador

Gavin HAMILTON, O Rapto de Helena, 1784


Óleo sobre tela, 306 x 367 cm
119
Museo di Roma, Roma
Homero, Ilíada

120
Úrano e Gea

“Quantos tinham nascido da Terra e do Céu,


Os mais temíveis filhos, todos odiaram o seu progenitor,
Desde o início. Pois, quando estavam prestes a nascer, logo
Os escondia a todos e os privava da luz,
Nas entranhas da Terra. Este feito hediondo comprazia-o a ele,
O Céu; mas, ela, a enorme Terra, gemia, com as entranhas
Cheias, e concebeu uma cruel e pérfida vingança.

Hesíodo, Teogonia

121
2 Erínias – “Fúrias” – Tisífone (Castigo), Megera
(Rancor) e Alecto (Inominável)

Vestidas como caçadoras

Cabelos e braços com serpentes venenosas


enroladas

Erínias (pormenor do tema dos deuses do


submundo), Badishes Landesmuseum,
Karlsruhe, Alemanha, c. 340 a.C.
Erínias ou Fúrias (Castigo, Rancor, Inominável)
segundo Ésquilo

Belas mas implacáveis

Coroadas com serpentes

Lágrimas de sangue

“vestidas de negro”

Habitantes do Tártaro

Clitemnestra tenta acordar as adormecidas Erínias, 380-


370 a.C.
123
Erínias
Museo Archeologico Nazionale di
Napoli, Naples, Itália, fresco, Pompeia,
data (?)

Rostos azuis

Olhar e bocas
Erínias ou Fúrias (Castigo, Rancor,
Inominável) segundo Ésquilo

O remorso de Orestes (1862) por William-Adolphe Bouguereau (1825-


1905)

125
Fúrias
Séc. XVII
126
Gigantes

Nascem com a castração de


Úrano

Thyphoeus –
tempestades/furacões

Thyphoeus, pernas de serpente


Séc. VI a.C., Antikensammlungen, Munique

Símbolo das forças da natureza incontrolável


https://iconographic.warburg.sas.ac.uk/vpc/VPC_search/subcats.php?cat_1=5

https://iconographic.warburg.sas.ac.uk/vpc/VPC_search/subcats.php?cat_1=5&cat_2=103&
cat_3=5565

https://www.theoi.com/Khthonios/Erinyes.html

128
CRONOS + REIA

Héstia, Deméter e Hera

Hades, Posídon e Zeus

Cronos e Reia,
Metropolitan Museum,
New York City, USA 129
c. 460-450 a.C.
Reia entrega uma pedra envolta
em roupas a Cronos como
substituto do seu filho Zeus

O Titã Cronos prepara-se para


devorar a criança; ceptro

Cronos e Reia, Metropolitan Museum, New York City, USA


c. 460-450 a.C.
Saturno (Kronos), c.
190-211, 42 cm

131
Cícero:

Cronus e Chronos (tempo)

Saturno (“saturado” de anos)

Domus Dioscuri (Pompeia), Museu de Nápoles


132
Métopa, Museus Capitolinos, Roma

133
Planeta (séc. IV a.C.)

Dia da semana

Inverno

Saturno, Mosaico, séc. III, Villa de


Orbe-Boscéaz
134
Tempo

Uroboros

Uroboros, sarcófago de Uroboros, 1478 (cópia),


Tutankamon Theodoros Pelecanos

Miniatura medieval 135


AGOSTINO DI DUCCIO
Saturno, c. 1456
Mármore, Templo
136
Malatestiano, Rimini
GIULIO ROMANO, Vitória, Jano, Cronos e
Gea, 1532-34, desenhos, 374 x 317 mm
137
J. Paul Getty Museum, Los Angeles
Johann Heinrich SCHÖNFELD,
Alegoria do Tempo (Cronos e Eros)
1630s, óleo sobre tela, 94 x 129 cm
138
Galleria Nazionale d'Arte Antica, Roma
Saturno vencido por Amor, Beleza e a
Esperança

Simon VOUET, Os prazeres do tempo, 1645-46


óleo sobre tela, 187n x 142 cm
Musée du Berry, Bourges
139
Franz Ignaz GÜNTHER,
Cronos
1765-70
Bayerisches
Nationalmuseum, Munich

140
Peter Paul Rubens, 1631, Museu do Prado
(Torre de Parada)
141
País que consumia os seus filhos em guerras e revoluções

Francisco GOYA,
Saturno devora um dos seus filhos, 1820-1823
Pastel sobre tela, 146 x 83 cm
142
Museo del Prado, Madrid
Reia – representação e atributos

-Titã mãe dos deuses, rainha do


céu

- Irmã e esposa de Cronos (Tempo)

- Fluxo eterno do tempo e das


gerações

Reia-Cibele com leão,


Museum of Fine Arts, Boston, Massachusetts, USA
Figuras vermelhas da Ática, séc. V a.C.

143
Reia [Cibeles]

Fertilidade, maternidade, regeneração -


a “Grande Mãe”: fluxo (sangue, “águas”
leite)

Potência criadora da natureza

Natureza selvagem - leões

Tipologia: Reia (Cibele) com leões e sem carro, 140-150 d.C.,


Madrid, Museu do Prado 144
Curetes (“os rapazes”) batem nos escudos para
abafar o choro de Zeus

Nascimento na ilha de Creta

Reia, Zeus e Curetes séc. II-I a.C. 145


Paris, Museu do Louvre
Ninfas Adrasteia e Ida

Leite e mel

Zeus entre ninfas e sátiros


Bebe leite da cabra Amalteia i146
Séc. I-II d.C., Musei Vaticani
Gian Lorenzo BERNINI, ,
A cabra Amalteia com
Jupiter e um fauno, 1615,
Mármore de Carrara, alt.
44 cm, Galleria
Borghese, Roma
Nicolas POUSSIN, Júpiter alimentado pela cabra Amalteia
c. 1638, Óleo sobre tela, 97 x 133 cm, Staatliche Museen, Berlim
Exercício prático
• https://iconographic.warburg.sas.ac.uk/vpc/VPC_search/subcats.php
?cat_1=5&cat_2=103&cat_3=5565

• ELVIRA BARBA, M. A. – p. 477-480

149

Você também pode gostar