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Secretaria de Juventude Esporte e Lazer

Universidade Federal do Pampa


Apostila
Língua Portuguesa e
Literatura Brasileira
PORTELLA, Aline. SARATTE, Kerollyn.
Apostila Língua Portuguesa e Literatura Brasileira / Aline Portella, Kerolyn Sarate
83 p.
P843a
Apostila de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira – Curso Simplifica, 2018.
Supervisão: Profa. Dra. Carolina Fernandes.

1. Língua Portuguesa. 2. Literatura. 3. Ensino. 4. ENEM.


Simplifica é um projeto do vereador João Schardosim que tem por objetivo preparar os jovens
e adultos da cidade de Bagé para os exames de ingresso no Ensino Superior. O projeto é
financiado pela prefeitura de Bagé e recebe seu apoio pedagógico da Universidade Federal do
Pampa que seleciona e orienta os professores do cursinho.
Sumário
Competências do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM): ......................................................... 8
 Linguagens e Códigos .............................................................................................................................. 8
Leitura, interpretação e múltiplas linguagens .................................................................................... 9
 Procedimentos de leitura ........................................................................................................................ 9
Gêneros textuais............................................................................................................................... 9
 Textos narrativos ..................................................................................................................................... 9
Crônica ......................................................................................................................................................... 9
Anedota ..................................................................................................................................................... 10
Notícia........................................................................................................................................................ 10
 Textos descritivos .................................................................................................................................. 10
Diário ......................................................................................................................................................... 10
 Textos expositivos ................................................................................................................... 11
 Verbetes de dicionários ......................................................................................................................... 11
 Textos argumentativos .......................................................................................................................... 11
Sermão....................................................................................................................................................... 11
 Textos injuntivos e prescritivos ............................................................................................................. 11
Texto injuntivo ........................................................................................................................................... 12
Excerto de texto injuntivo: ........................................................................................................................ 12
 Texto prescritivo .................................................................................................................................... 12
Excerto de texto prescritivo ...................................................................................................................... 12
 Gêneros Digitais..................................................................................................................................... 12
Hipertexto.................................................................................................................................................. 12
Intertextualidade ....................................................................................................................................... 13
 Charges .............................................................................................................................................. 13
Mantenha-se atualizado! .......................................................................................................................... 13
 Tirinhas e quadrinhos ........................................................................................................................ 14
 Peças Publicitárias ............................................................................................................................. 14
Figuras de Linguagem .................................................................................................................... 15
Figuras de Palavras ........................................................................................................................ 15
 Metáfora ................................................................................................................................................ 15
 Comparação........................................................................................................................................... 15
 Metonímia ............................................................................................................................................. 16
 Catacrese ............................................................................................................................................... 16
 Sinestesia ............................................................................................................................................... 16
 Perífrase................................................................................................................................................. 17
Figuras de Pensamento .................................................................................................................. 17
 Hipérbole ............................................................................................................................................... 17
 Eufemismo ............................................................................................................................................. 17
 Litote...................................................................................................................................................... 17
 Ironia...................................................................................................................................................... 18
 Personificação ....................................................................................................................................... 18
 Antítese ................................................................................................................................................. 18
 Paradoxo ................................................................................................................................................ 19
 Gradação ............................................................................................................................................... 19
 Apóstrofe ............................................................................................................................................... 20
Figuras de Sintaxe .......................................................................................................................... 20
 Elipse...................................................................................................................................................... 20
 Zeugma .................................................................................................................................................. 20
 Hipérbato ............................................................................................................................................... 20
 Polissíndeto ........................................................................................................................................... 21
 Assíndeto ............................................................................................................................................... 21
 Anacoluto .............................................................................................................................................. 22
 Pleonasmo ............................................................................................................................................. 22
 Silepse .................................................................................................................................................... 22
 Anáfora .................................................................................................................................................. 23
Figuras de Som .............................................................................................................................. 23
 Aliteração............................................................................................................................................... 23
 Paronomásia .......................................................................................................................................... 23
 Assonância ............................................................................................................................................. 24
 Onomatopeia ......................................................................................................................................... 24
Variantes linguísticas ...................................................................................................................... 24
Variação Histórica -........................................................................................................................................ 25
Variação Regional - ........................................................................................................................................ 25
Variação Social - ............................................................................................................................................ 25
Conectivos ...................................................................................................................................... 25
Coesão textual ............................................................................................................................................... 25
Coerência textual:.......................................................................................................................................... 25
Quadro funções da conexão .......................................................................................................................... 26
Crase .............................................................................................................................................. 26
5 dicas simples sobre o uso da crase: ............................................................................................................ 26
 REGRAS PRÁTICAS ................................................................................................................................. 26
EXEMPLOS: ................................................................................................................................................ 27
CASOS ESPECIAIS ....................................................................................................................................... 27
CASOS NEGATIVOS .................................................................................................................................... 27
OBSERVAÇÕES: .......................................................................................................................................... 27
 CASOS FACULTATIVOS ........................................................................................................................... 28
 OBSERVAÇÕES FINAIS:........................................................................................................................... 28
REVISÃO........................................................................................................................................ 29
LITERATURA ................................................................................................................................. 38
PERÍODOS LITERÁRIOS ............................................................................................................... 38
Renascimento ................................................................................................................................. 38
 Contexto Histórico: ................................................................................................................................ 38
 Principais Artistas: ................................................................................................................................. 38
 Classicismo............................................................................................................................................. 39
Características: .......................................................................................................................................... 39
Principais Autores: ..................................................................................................................................... 39
 Obras que remetem ao período Renascentista: ................................................................................... 39
Barroco ........................................................................................................................................... 41
 Contexto Histórico: ................................................................................................................................ 41
 Características: ...................................................................................................................................... 41
Contraposição aos traços Renascentistas ................................................................................................. 41
Diferença entre Linear e Pictórico ............................................................................................................. 42
OPOSIÇÃO ENTRE AS OBRAS ..................................................................................................................... 42
Barroco Europeu............................................................................................................................................ 43
Principais artistas: Velásquez, Rembrandt, Rubens, Vermeer, Caravaggio, Van Dyck e Frans Hals. ............ 43
Barroco Brasileiro .......................................................................................................................................... 43
 BARROCO NA LITERATURA .................................................................................................................... 44
Características: .......................................................................................................................................... 44
Principais Autores: ..................................................................................................................................... 44
Romantismo ................................................................................................................................... 44
 Romantismo no Brasil............................................................................................................................ 45
Características: .......................................................................................................................................... 45
Principais Autores da Poesia Romântica Brasileira ................................................................................... 45
Principais Autores da Prosa Romântica Brasileira ..................................................................................... 45
 Escrita do período Romantismo ............................................................................................................ 45
Romantismo na Pintura ................................................................................................................................. 47
Características: .......................................................................................................................................... 47
 Algumas Obras do Romantismo ............................................................................................................ 48
Modernismo .................................................................................................................................... 49
Características: .............................................................................................................................................. 49
 Modernismo no Brasil ........................................................................................................................... 49
FASES DO MODERNISMO .............................................................................................................................. 49
Diferenças entre as fases do Modernismo ................................................................................................ 50
Quadro de Características do Modernismo no Brasil................................................................................ 51
 MANIFESTOS MODERNISTAS ................................................................................................................. 52
Manifesto Pau-Brasil: ................................................................................................................................ 52
Manifesto de Antropofágico ..................................................................................................................... 52
 Escrita Modernista................................................................................................................................. 53
Obras de Arte do Modernismo Brasileiro.................................................................................................. 54
QUADRO COMPARATIVO DOS PERÍODOS LITERÁRIOS........................................................... 56
REVISÃO........................................................................................................................................ 57
SIMULADO ENEM .......................................................................................................................... 68
8

Competências do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM):

 Linguagens e Códigos

 Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros


contextos relevantes para sua vida;
 Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a
informações e a outras culturas e grupos sociais;
 Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora
social e formadora da identidade;
 Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da
organização do mundo e da própria identidade;
 Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com
seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de
acordo com as condições de produção e recepção;
 Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de
organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação
e informação;
 Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações
específicas;
 Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e
integradora da organização do mundo e da própria identidade;
 Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da
informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o
aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos
processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
9

Leitura, interpretação e múltiplas linguagens

 Procedimentos de leitura

Você deve:
 Ler o texto integralmente para se inteirar do assunto;
 Localizar as informações essenciais. As perguntas referenciais ajudam nessa localização – O
quê? Quem? Quando? Onde? Por quê? Para quê? Como?;
 Analisar o contexto de produção – Quem é ou são os enunciadores, seus papéis sociais, suas
intenções, o local de circulação do texto, a época;
 Comparar as informações, apontando semelhanças e diferenças, relacionando-as a seu
conhecimento de mundo;
 Analisar as características estruturais – Verso ou prosa? Tipo de texto, recursos linguísticos,
particularidades;
 Fazer inferências, ou seja, tirar conclusões, ler as “entrelinhas”, apontar informações implícitas.

Gêneros textuais
Gêneros textuais são textos que exercem uma função social específica, ou seja, ocorrem em
situações cotidianas de comunicação e apresentam uma intenção comunicativa bem definida.
Os diferentes gêneros textuais se adequam ao uso que se faz deles. Adequam-se,
principalmente, ao objetivo do texto, ao emissor e ao receptor da mensagem e ao contexto em
que se realiza. Os gêneros se organizam em 5 tipos textuais, são eles:

 Textos narrativos

Texto narrativo é um tipo de texto que esboça as ações de personagens num


determinado tempo e espaço.
Geralmente, ele é escrito em prosa e nele são narrados (contados) alguns fatos e
acontecimentos.
Ex: contos, crônicas, novelas, romances ...

Crônica

Sobre o amar e o ouvir


Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito... A arte de amar e a
arte de ouvir estão intimamente ligadas. Não é possível amar uma pessoa que não sabe ouvir.
Os falantes que julgam que por sua fala bonita serão amados são uns tolos. Estão condenados
à solidão. Quem só fala e não sabe ouvir é um chato... O ato de falar é um ato masculino. Fala
é falus: algo que sai, se alonga e procura um orifício onde entrar, o ouvido... Já o ato de ouvir
é feminino: o ouvido é um vazio que se permite ser penetrado. Não me entenda mal. Não disse
que fala é coisa de homem e ouvir é coisa de mulher. Todos nós somos masculinos e femininos
ao mesmo tempo. Xerazade, quando contava as estórias das 1001 noites para o sultão, estava
carinhosamente penetrando os vazios femininos do machão. E foi dessa escuta feminina do
sultão que surgiu o amor. Não há amor que resista ao falatório.
Rubem Alves, Ostra Feliz não faz pérola
10

Anedota
Estão dois espelhos a conversar e um vira-se para o outro e diz:
– Qual é o significado da vida?
Responde o outro:
– Deixa-me refletir.

Notícia

Homem que registrou sumiço de companheira em Bagé é preso após confessar morte e ocultação de
cadáver

Darlene estava desaparecida desde domingo (8), quando o próprio companheiro foi até a
delegacia para fazer o registro. Após a coleta de provas, ele confessou o crime.

Um homem foi preso na madrugada desta quinta-feira (12) em Bagé, na Região da Campanha do Rio
Grande do Sul, após confessar a morte da companheira. Darlene Pires, de 37 anos, estava
desaparecida desde o domingo (8).
Conforme a delegada Carem Adriana Silva do Nascimento, Rodrigo Garcia, de 31 anos, demonstrou
frieza no depoimento, o que causou desconfiança.
"Começamos a conversar, eu e o delegado André Mattos Mendes, que tomou o depoimento, e
começamos a suspeitar que poderia ser um caso de feminicídio", conta a delegada Carem.
Ainda de acordo com a delegada, após a coleta de provas, Rodrigo confessou o crime e apontou o local
onde Darlene foi enterrada.
"Ele disse que foi uma discussão porque a moto em que estavam havia parado na estrada. Ela começou
a reclamar e ele desferiu três golpes com o capacete na cabeça da vítima, que caiu desfalecida. Ele
admitiu ainda que a esganou", relata a delegada.
A polícia foi até o local apontado por Rodrigo, e localizou o corpo de Darlene em um campono Distrito
de Palmas, na região rural de Bagé, a cerca de 400 metros de onde haviam parado.
Ele foi preso em flagrante, e deve ser indiciado pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver.

 Textos descritivos

 O texto descritivo é caracterizado por descrever algo ou alguém detalhadamente, sendo


possível ao leitor criar uma imagem mental do objeto ou ser descrito, de acordo com a
descrição efetuada. Descrição essa tanto dos aspectos mais importantes e característicos
que generalizam um objeto ou ser, como dos pormenores e detalhes que os diferenciam dos
outros. Ex: diários, r.elatos de viagens, folhetos turísticos, cardápios de restaurantes,
classificados ..

Diário
“Preciso tornar-me boa através de meu próprio esforço, sem exemplos e sem bons
conselhos. Então, mais tarde, deverei ser bem mais forte. Que além de mim lerá estas
frases? A não ser comigo, com quem posso contar? Um sem-número de amigos foram para
um triste fim. Ninguém é poupado, cada um e todos se juntam na marcha da morte” (20 de
outubro de 1942)
O diário de Anne Frank
11

 Textos expositivos
O texto expositivo é um tipo de texto que visa a apresentação de um conceito ou de uma
ideia.
Muito comum esse tipo de texto ser abordado no contexto escolar e acadêmico, uma vez que
inclui formas de apresentação, desde seminários, artigos acadêmicos, congressos,
conferências, palestras, colóquios, entrevistas, dentre outros. Ex: enciclopédias, resumos
escolares, verbetes de dicionário ...

 Verbetes de dicionários
“Significado de Nostalgia (s.f). Tristeza causada pela saudade de sua terra ou de sua pátria;
melancolia. Saudade do passado, de um lugar etc. Disfunções comportamentais causadas pela
separação ou isolamento (físico) do país natal, pela ausência da família e pela vontade
exacerbada de regressar à pátria. Saudade de alguma coisa, de uma circunstância já passada
ou de uma condição que (uma pessoa) deixou de possuir. Condição melancólica causada pelo
anseio de ter os sonhos realizados. Condição daquele que é triste sem motivos explícitos. (Etm.
do francês: nostalgie)” Fonte: (Dicionário Online de Português- Dicio.com)

 Textos argumentativos

Textos argumentativos apresentam como principal objetivo o convencimento do leitor com


relação às ideias que são apresentadas em seu conteúdo, devendo, portanto, ser claro e
apresentar riqueza lexical. O texto desse tipo pode ser trabalhado com relação a quaisquer
opiniões, mas profissionalmente é bastante usado na área do direito, por exemplo. Podem ser
escritos a partir da dissertação objetiva, em terceira pessoa do plural, ou ainda da dissertação
subjetiva, em primeira pessoa do singular. Ex: artigo de opinião, abaixo-assinados, manifestos,
sermões ...

Sermão
vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal
da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção;
mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício
de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? (...) Enfim, que havemos de
pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades
de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar o Pregador, que é serem
gente os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume
quase se não sente (...) Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o
vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo
repreender-vos-ei os vossos vícios. (...)
Padre Antônio Vieira

 Textos injuntivos e prescritivos

Textos injuntivos e textos prescritivos são textos cuja finalidade é a instrução do leitor. Não
só fornecem uma informação, como incitam à ação, guiando a conduta do leitor.
Embora considerados sinônimos por alguns autores, podemos distinguir os textos injuntivos
dos textos prescritivos devido ao grau de obrigatoriedade existente no seguimento das
instruções dadas. Os textos injuntivos informam, ajudam, aconselham, recomendam e
12

propõem, dando alguma liberdade de atuação ao interlocutor. Os textos prescritivos obrigam,


exigem, ordenam e impõem, exigindo que as determinações sejam cumpridas da forma que
estão referidas, sem margem para alterações
.
Texto injuntivo
Exemplos: receita culinária, bula de remédio, manual de instrução, livro de autoajuda, guia
rodoviário,…

Excerto de texto injuntivo:


“Derreta uma colher de sopa de manteiga numa panela em fogo médio. Acrescente uma lata
de leite condensado. De seguida, junte quatro colheres de sopa de chocolate em pó. Mexa
suavemente, sem parar, até desgrudar do fundo da panela. Despeje a mistura em um recipiente
previamente untado e deixe esfriar. Depois, com a ajuda de uma colher de sobremesa, faça
pequenas bolas com as mãos e passe-as no chocolate granulado.” (receita de brigadeiro de
chocolate)

 Texto prescritivo
O texto prescritivo apresenta as seguintes características:
Exemplos: cláusulas contratuais, leis, códigos, constituição, edital de concursos públicos,
regras de trânsito,…

Excerto de texto prescritivo:


“O pedido de isenção deverá ser solicitado, das 12 horas do dia 22 de abril de 2015 até as 16
horas do dia 4 de maio de 2015. Esta solicitação deverá ser caracterizada no Requerimento de
Inscrição, em campo próprio, devendo o candidato informar o seu Número de Identificação
Social – NIS, atribuído pelo Cadastro Único – CadÚnico.” (Edital N.° 101/ 2015 - Universidade
Federal Fluminense).

 Gêneros Digitais
O avanço tecnológico traz diversas novidades não apenas para os meios de comunicação,
mas também para a linguagem. Você já parou para pensar o quanto a comunicação passou
por diversas transformações graças ao advento da informática? Sabemos que os gêneros
textuais são incontáveis e adaptáveis às diversas realidades e situações comunicacionais.
Sabemos também que eles podem ser definidos graças a um conjunto de elementos fixos,
embora sejam mais flexíveis do que os tipos textuais. A verdade é que a comunicação na
internet acabou criando novos gêneros e alterando outros, comprovando que eles estão a
serviço dos falantes e às necessidades de seu tempo. Se antes enviávamos cartas, hoje
enviamos e-mail, que nada mais é do que uma adaptação virtual que dispensa o papel e a
caneta. Ex: e-mail, facebook, twitter, instagram ...

Hipertexto Nesse sentido, sua


O Hipertexto é um conceito associado às tecnologias da maior diferença é
informação e que faz referência à escrita eletrônica. Trata-se, justamente a forma
portanto, de uma espécie de obra coletiva, ou seja, apresenta de escrita e leitura.
textos dentro de outros, formando assim, uma grande rede Assim, num texto
de informações interativas. tradicional a leitura
segue uma
linearidade,
enquanto no
hipertexto ela é não-
linear.
13

Intertextualidade

A intertextualidade é o diálogo entre textos, de forma que essa relação pode ser estabelecida
entre as produções textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escrita),
sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, dança, cinema), propagandas
publicitárias, programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.

Os gêneros mais cobrados no ENEM dos últimos anos são: tirinhas e


quadrinhos, peças publicitárias e charges.

 Charges

A charge em geral
critica momentos da
vida política de um
país.

A charge ou cartum é um desenho de caráter humorístico, geralmente veiculado pela imprensa.


Ela também pode ser considerada como texto e, nesse sentido, pode ser lida por qualquer um
de nós. Trata-se de um tipo de texto muito importante na mídia atual, graças à sua capacidade
de fazer, de modo sintético, críticas político-sociais.
Um público muito amplo se interessa pela charge, tanto pelo uso do humor e da sátira, quanto
por exigir do leitor apenas um pequeno conhecimento da situação focalizada, para se
reconhecerem as referências e insinuações feitas pelo autor.

Mantenha-se atualizado!
O tema abordado na charge pode estar ligado a um acontecimento de um período específico,
o que mostra a importância de se manter informado quanto as atualidades do ano para ter
conhecimentos prévios que te sirvam como base para descobrir qual fato ocorrido está sendo
criticado na charge.
14

Se manter atualizado e ler bastante são regras da vida do vestibulando e úteis para todas as
partes da prova, não é mesmo? Se você já pratica isso, veja agora as dicas específicas para
analisar as charges.

 Tirinhas e quadrinhos

Os quadrinhos são desenhos que contam uma piada ou uma história. Elas podem ser sobre
praticamente qualquer assunto, mas muitas vezes são sobre coisas que as dizem ou fazem no
dia a dia. Outras constituem um comentário ilustrado sobre notícias, políticos ou
acontecimentos históricos. A maioria delas procurar fazer o leitor rir ou refletir.

 Peças Publicitárias

Este tipo de texto ganha cada vez mais espaço, pois eles expressam o comportamento e os
valores da sociedade moderna. Em vista disso, espera-se que os estudantes tenham
conhecimento suficiente para interpretar as peças publicitárias da forma mais crítica possível.
Entretanto, deve-se lembrar que os anúncios têm a função primordial de chamar a atenção
e convencer seus interlocutores. Sendo assim, eles fazem uso dos mais variados recursos
linguísticos, associando o texto verbal com o não verbal. A publicidade também utiliza a função
15

conativa, marcada pelos verbos no imperativo. Logo, fica óbvio que o candidato que for
prestar o Enem ou algum vestibular, além de conhecer o contexto social atual, deve dominar a
gramática e a interpretação de textos. Para isso, não existe receita melhor: LEITURA E
OBSERVAÇÃO.
A leitura irá auxiliá-lo na hora de interpretar algum texto, seja ele qual for. A observação também
é um fator importantíssimo neste caso, pois se trata de algo do nosso cotidiano. Na maior parte
das vezes, nos deparamos com outdoors ou cartazes e mal nos damos o trabalho de interpretá-
los. Portanto, irei propor um exercício muito simples: da próxima vez que ver alguma peça
publicitária, questione-se a respeito da linguagem utilizada, tente descobrir qual o público alvo
e qual o principal objetivo do anúncio. Fazendo isso, certamente seu desempenho nas provas
será muito melhor.

Figuras de Linguagem
Figuras de Linguagem são recursos estilísticos usados para dar maior ênfase à comunicação
e torná-la mais bonita.
Elas são classificadas em: Figuras de palavras ou semânticas, Figuras de pensamento,
Figuras de sintaxe ou construção e Figuras de som ou harmonia

Figuras de Palavras

 Metáfora
Comparação de palavras com significados diferentes e cujo termo comparativo fica
subentendido na frase.
Exemplo: A vida é uma nuvem que voa. (A vida é como uma nuvem que voa.)

 Comparação
Comparação explícita. Ao contrário da metáfora, neste caso são utilizados conectivos de
comparação (como, assim, tal qual).
Exemplo: Seus olhos são como jabuticabas.
16

 Metonímia
Transposição de significados considerando parte pelo todo, autor pela obra.
Exemplo: Costumava ler Shakespeare. (Costumava ler as obras de Shakespeare.)

 Catacrese
Emprego impróprio de uma palavra por não existir outra mais específica.
Exemplo: Embarcou há pouco no avião.
Embarcar é colocar-se a bordo de um barco, mas como não há um termo específico para o
avião, embarcar é o utilizado.

 Sinestesia
Associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes.
Exemplo: Com aquele olhos frios, disse que não gostava mais da namorada.
A frieza está associada ao tato e não à visão.
17

 Perífrase
Substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique.
Exemplo: O rugido do rei das selvas é ouvido a uma distância de 8 quilômetros. (O rugido
do leão é ouvido a uma distância de 8 quilômetros.)

"Terra da Garoa" substitui "cidade de São Paulo"

Figuras de Pensamento

 Hipérbole
Exagero intencional na expressão.
Exemplo: Quase morri de estudar.

 Eufemismo
Forma de suavizar o discurso.
Exemplo: Entregou a alma a Deus.
Acima, a frase informa a morte de alguém.

 Litote
Forma de suavizar uma ideia. Neste sentido, assemelha-se ao eufemismo, bem como é a
oposição da hipérbole.
Exemplo: — Não é que sejam más companhias… — disse o filho à mãe.
Pelo discurso, percebemos que apesar de as suas companhias não serem más, também não
são boas.
18

 Ironia
Representação do contrário daquilo que se afirma.
Exemplo: É tão inteligente que não acerta nada.

 Personificação
Atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais.
Exemplo: O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

 Antítese
Uso de termos que têm sentidos opostos.
Exemplo: Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a paz.
19

 Paradoxo
Uso de ideias que têm sentidos opostos, não apenas de termos (tal como no caso da
antítese).
Exemplo: Estou cego de amor e vejo o quanto isso é bom.
Como é possível alguém estar cego e ver?

 Gradação
Apresentação de ideias que progridem de forma crescente (clímax) ou decrescente
(anticlímax).
Exemplo: Inicialmente calma, depois apenas controlada, até o ponto de total nervosismo.
No exemplo acima acompanhamos a progressão da tranquilidade até o nervosismo.
20

 Apóstrofe
Interpelação feita com ênfase.
Exemplo: Ó céus, é preciso chover mais?

Figuras de Sintaxe

 Elipse
Omissão de uma palavra que se identifica de forma fácil.
Exemplo: Tomara você me entenda (Tomara que você me entenda).

 Zeugma
Omissão de uma palavra pelo fato de ela já ter sido usada antes.
Exemplo: Fiz a introdução, ele a conclusão. (Fiz a introdução, ele fez a conclusão.)

 Hipérbato
Alteração da ordem direta da oração.
Exemplo: São como uns anjos os seus alunos. (Os seus alunos são como uns anjos.)
21

A ordem direta do nosso hino: "Das margens


plácidas do Ipiranga ouviram um brado
retumbante de um povo heroico"

 Polissíndeto
Uso repetido de conectivos.
Exemplo: As crianças falavam e cantavam e riam felizes.

 Assíndeto
Omissão de conectivos. É o contrário do polissíndeto.
Exemplo: Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.
22

 Anacoluto
Mudança repentina na estrutura da frase.
Exemplo: Eu, parece que estou ficando zonzo. (Parece que eu estou ficando zonzo.)

 Pleonasmo
Repetição da palavra ou da ideia contida nela para intensificar o significado.
Exemplo: A mim me parece que isso está errado. (Parece-me que isto está errado.)

 Silepse
Concordância com o que se entende e não com o que está implícito. Há silepse de gênero, de
número e de pessoa
.
Exemplos:
Vivemos na bonita e agitada São Paulo. (silepse de gênero: Vivemos na bonita e
agitada cidade de São Paulo.)
A maioria dos clientes ficaram insatisfeitas com o produto. (silepse de número: A maioriados
clientes ficou insatisfeita com o produto.)
Todos terminamos os exercícios. (silepse de pessoa: neste caso concordância com nós, em
vez de eles: Todos terminaram os exercícios)
23

 Anáfora
Repetição de uma ou mais palavras de forma regular.
Exemplo: Se você sair, se você ficar, se você quiser esperar. Se você “qualquer coisa”, eu
estarei aqui sempre para você.

Figuras de Som

 Aliteração
Repetição de sons consonantais.
Exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma.

 Paronomásia
Repetição de palavras cujos sons são parecidos.
Exemplo: O cavaleiro, muito cavalheiro, conquistou a donzela. (cavaleiro = homem que anda
a cavalo, cavalheiro = homem gentil)
24

 Assonância
Repetição de sons vocálicos.
Exemplo:
"O que o vago e incógnito desejo
de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa)

 Onomatopeia
Inserção de palavras que imitam sons.
Exemplo: Não aguento o tic-tac desse relógio.

Variantes linguísticas

A presença de textos e questões de variantes linguísticas já está consagrada nas provas do


Enem e de grandes vestibulares. Ela corresponde à importância da diversidade da cultura
brasileira e ao contraste entre sua presença na literatura, na música e nas artes, em
contraposição à norma padrão da língua.
25

Variação Histórica - Aquela que sofre transformações ao longo do tempo. Como por
exemplo, a palavra “Você”, que antes era vosmecê e que agora, diante da linguagem reduzida
no meio eletrônico, é apenas VC. O mesmo acontece com as palavras escritas com PH, como
era o caso de pharmácia, agora, farmácia.

Variação Regional - (os chamados dialetos) - São as variações ocorridas de acordo com a
cultura de uma determinada região, tomamos como exemplo a palavra mandioca, que em
certas regiões é tratada por macaxeira; e abóbora, que é conhecida como jerimum.
Destaca-se também o caso do dialeto caipira, o qual pertence àquelas pessoas que não tiveram
a oportunidade de ter uma educação formal, e em função disso, não conhecem a linguagem
“culta”.

Variação Social - É aquela que pertence a um grupo específico de pessoas. Nesse caso,
podemos destacar as gírias, as quais pertencem a grupos de surfistas, tatuadores, entre outros;
a linguagem coloquial, usada no dia a dia das pessoas; e a linguagem formal, que é utilizada
pelas pessoas de maior prestígio social. Fazendo parte deste grupo estão os jargões, que
pertencem a uma classe profissional mais específica, como é o caso dos médicos, profissionais
da informática, dentre outros.
Leia com atenção o texto a seguir.

Em Portugal, você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas
desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos
— peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola— mas
não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas.
(Não é uma delícia?) (Ruy Castro. Viaje Bem. Ano VIII, no 3, 78.)

O texto destaca a diferença entre o português do Brasil e o de Portugal quanto:


a) ao vocabulário. b) à derivação. c) à pronúncia. d) ao gênero. e) à sintaxe.

Conectivos
Em um texto, a fim de que possamos nos expressar de forma satisfatória, os conectivos são
as ferramentas que nos permitem relacionar as ideias de forma clara e organizada. Bem
sabemos que clareza e organização são as palavras-chave para que um texto alcance seu
propósito comunicacional, pois, se não formos claros, nossos leitores não entenderão a nossa
mensagem e, assim, infelizmente, o objetivo de nossa produção textual não terá sido
alcançado. Pois bem, agora sabemos o que são conectivos e o porquê de serem preciosos
elementos textuais, outra informação importante para completarmos o estudo sobre eles é
entendermos que são eles os responsáveis por aquilo que chamamos de coesão textual, o que
é fundamental para que um texto seja coerente.
Coesão textual: é a conexão, ligação entre os elementos da superfície de um texto. O que isso
quer dizer? Coesão é um aspecto que zela, em uma perspectiva estrutural, pela relação entre
as palavras, frases, períodos e parágrafos de um texto.

Coerência textual: é a relação e organização lógica de um texto. O que isso quer dizer?
Uma produção textual coerente ocorre quando as ideias do texto estão em sintonia, em uma
lógica em que uma complementa a outra.
26

Quadro funções da conexão

Crase

5 dicas simples sobre o uso da crase:

 A crase deve ser empregada apenas diante de palavras femininas;


 Lembre-se de utilizar a crase em expressões que indiquem hora;
 Antes de locuções adverbiais femininas que expressam ideia de tempo (à tarde), lugar (à
esquerda) e modo (à toa);
 A crase, na maioria das vezes, não ocorre antes de palavra masculina (exceto quando a
expressão“à moda de”) estiver implícita na frase;
 Existem situações em que o emprego do acento indicativo de crase é opcional.

 REGRAS PRÁTICAS

Será craseado o a:
I- Quando for substituível por para a;
II- Quando a palavra feminina que o segue for trocada por uma masculina e, diante dessa,
aparecer a combinação ao;
27

III- Que precede nome próprio geográfico, quando, comprovada a exigência da preposição
pela palavra antecedente e substituído o verbo da frase pelo verbo vir, aparecer a
combinação da antes de vir;
IV- Que inicia os demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo, quando tais pronomes forem
substituíveis por a este(s), a esta(s), a isto.

EXEMPLOS:

Vou à festa, sábado.


Respondeu às questões.
Isto é nocivo às plantas.
A carta à qual respondi é de um amigo.
Enviei convites àquela sociedade.
A solução não se relaciona àqueles problemas.
Comprou uma camisa igual à que tu mencionaste.
Foi à livraria comprar um caderno.
Referiu-se à Bahia.
Iremos a Curitiba.
A fábrica a que me refiro precisa de empregados.

Obs.: Se o nome geográfico estiver determinado, há crase.


Foi à Cruz Alta de Érico Veríssimo.
Vou à Roma dos Césares.

CASOS ESPECIAIS
Toda a locução feminina é craseada.
Ex.: adverbiais: à noite, à direita, às vezes, às cegas, às claras
prepositivas: à procura de, às custas de, às voltas com
conjuntivas: à medida que, à proporção que

CASOS NEGATIVOS
NÃO há crase:
- antes de palavra masculina: Vieram a pé.
- antes de verbo: Ele começou a colaborar.
- antes de artigo indefinido: Refiro-me a uma pessoa educada.
- antes de pronomes pessoais, indefinidos, demonstrativos (esta e essa) e expressões de
tratamento (introduzidas por vossa ou sua ou ainda a expressão você):
Nada disse a ela.
Bem-vindo a esta cidade.
Não deu ouvidos a nenhum pedido.
Enviei dois ofícios a V. Sa..

Obs.: Os pronomes de tratamento senhora e senhorita admitem a crase: Entreguei o bilhete à


senhora.
- antes de palavra feminina no plural: Refiro-me a pessoas curiosas.
- depois de preposição, exceto até: Compareceu perante a diretoria. (Segui o casal até à porta
do avião.)

OBSERVAÇÕES:
Esperaram de duas a três horas.(somente preposição)
Esperaram das duas às três horas.( preposição + artigo)
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 CASOS FACULTATIVOS
A crase é facultativa antes do pronome possessivo, de nomes próprios femininos e após a
preposição até.
Escreveu à (a) sua namorada.
Enviei o livro à (a) Luíza.
Chegou até à (a) janela.

 OBSERVAÇÕES FINAIS:

CASA
Quando a palavra casa não for determinada, não há crase:
Voltamos a casa desiludidos
Quando a palavra crase apresentar um determinante, ocorre crase:
Fez uma visita à velha casa de seus pais.
Fui à casa de meu colega.

DISTÂNCIA
Para distância indeterminada, não há crase: Olhava-o a distância.
Para distância determinada, ocorre crase: Estávamos à distância de 50m do local.
29

REVISÃO

Leia atentamente os textos e a seguir, assinale a alternativa correta:

1)

Nessa campanha publicitária, para estimular a economia de água, o leitor é incitado a:


(a) Adotar práticas de consumo consciente.
(b) Alterar hábitos de higienização pessoal e residencial.
(c) Contrapor-se a formas indiretas de exportação de água.
(d) Optar por vestuário produzido com matéria-prima reciclável.
(e) Conscientizar produtores rurais sobre os custos da produção.

2) Pérolas absolutas
Há, no seio de uma ostra, um movimento — ainda que imperceptível. Qualquer coisa
imiscuiu-se pela fissura, uma partícula qualquer, diminuta e invisível. Venceu as paredes
lacradas, que se fecham como a boca que tem medo de deixar escapar um segredo.
Venceu. E agora penetra o núcleo da ostra, contaminando-lhe a própria substância. A
ostra reage, imediatamente. E começa a secretar o nácar. É um mecanismo de defesa,
uma tentativa de purificação contra a partícula invasora. Com uma paciência de fundo de
mar, a ostra profanada continua seu trabalho incansável, secretando por anos a fio o nácar
que aos poucos se vai solidificando. É dessa solidificação que nascem as pérolas.
As pérolas são, assim, o resultado de uma contaminação. A arte por vezes também.
A arte é quase sempre a transformação da dor. [...] Escrever é preciso. É preciso continuar
secretando o nácar, formar a pérola que talvez seja imperfeita, que talvez jamais seja
encontrada e viva para sempre encerrada no fundo do mar. Talvez estas, as pérolas
esquecidas, jamais achadas, as pérolas intocadas e por isso absolutas em si mesmas,
guardem em si uma parcela faiscante da eternidade.
30

SEIXAS, H. Uma ilha chamada livro. Rio de Janeiro: Record, 2009


(fragmento).
Considerando os aspectos estéticos e semânticos presentes no texto, a imagem da
pérola configura uma percepção que:

(a) Reforça o valor do sofrimento e do esquecimento para o processo criativo.


(b) Ilustra o conflito entre a procura do novo e a rejeição ao elemento exótico.
(c) Concebe a criação literária como trabalho progressivo e de autoconhecimento.
(d) Expressa a ideia de atividade poética como experiência anônima e involuntária.
(e) Destaca o efeito introspectivo gerado pelo contato com o inusitado e com o
desconhecido.

3) Novas tecnologias
Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias,
principalmente aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes
como “o futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo»
«fetichizam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório.
Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado.
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de
um aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de
dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os
veículos de comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê
pessoal transformado em objeto público de entretenimento. Não mais como aqueles
acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade,
a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto
somos controlados.
SAMPAIO A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em:
http://observatoriodaimprensa.com. br. Acesso em: 1 mar 2013 (adaptado).

Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística
que permita alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido.
Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque objetiva

a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas tecnologias.
b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasileira esteja aprisionada às novas
tecnologias.
c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas novas
tecnologias.
d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por
elas é manipulado.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias
controlem as pessoas.

4)

CAULOS. Disponível em: www.caulos.com. Acesso em 24 set. 2011.


31

O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa
a
a) a opressão das minorias sociais.
b) carência de recursos tecnológicos.
c) falta de liberdade de expressão.
d) defesa da qualificação profissional.
e) reação ao controle do pensamento coletivo.

5)

A última fala da tirinha causa um estranhamento, porque assinala a ausência de um elemento


fundamental para a instalação de um tribunal: a existência de alguém que esteja sendo
acusado.

Essa fala sugere o seguinte ponto de vista do autor em relação aos usuários da internet:
(a) Proferem vereditos fictícios sem que haja legitimidade do processo.
(b) Configuram julgamentos vazios ainda que existam crimes comprovados.
(c) Emitem juízos sobre os outros, mas não se veem na posição de acusados.
(d) Apressam-se em opiniões superficiais mesmo que possuam dados concretos.

VARIAÇÃO E VARIEDADE LINGUÍSTICA

Questão 128 (enem 2014)


Em bom português
No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que
a gente é apanhada (aliás, não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do
plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia
uma parte do léxico cai em desuso.
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os
que falam assim:
– Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.
Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saber dizer que viram um filme que
trabalha muito bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho
em vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel
em vez de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no
passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa
ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher.
(SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984)

A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto


exemplifica essa característica da língua, evidenciando que
(A) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas.
32

(B) a utilização de inovações do léxico é percebida na comparação de gerações.


(C) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geográfica.
(D) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe social a que pertence o
falante.
(E) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as
regiões.

Questão 115 (ENEM 2016)

De domingo
— Outrossim? — Não. Palavra de segunda-feira é
— O quê? óbice.
— O que o quê? — “Ônus.
— O que você disse. — “Ônus” também. “Desiderato”.
— Outrossim? “Resquício”.
—É. — “Resquício” é de domingo.
— O que que tem? — Não, não. Segunda. No máximo
—Nada. Só achei engraçado. terça.
— Não vejo a graça. — Mas “outrossim”, francamente…
— Você vai concordar que não é uma — Qual o problema?
palavra de todos os dias. — Retira o “outrossim”.
— Ah, não é.Aliás, eu só uso domingo. — Não retiro. É uma ótima palavra.
— Se bem que parece uma palavra de Aliás, é uma palavra difícil de usar. Não
segunda-feira. é qualquer um que usa “outrossim”.

(VERÍSSIMO. L.F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: LP&M, 1996).

No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse
uso promove:

(A) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.
(B) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em
contextos formais.
(C) caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de
palavras regionais.
(D) distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego de palavras
com significados poucos conhecidos.
(E) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte
de um dos interlocutores do diálogo.

Questão 107 (enem 2015)


Assum preto
Tudo em vorta é só beleza Furaro os óio do assum preto
Sol de abril e a mata em frô Pra ele assim, ai, cantá mió
Mas assum preto, cego dos óio Assum preto veve sorto
Num vendo a luz, aí canta de dor Mas num pode avuá
Tarvez por ignorança Mil veiz a sina de uma gaiola
Ou mardade das pió Desde que o céu, ai, pudesse oiá.

As marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum preto resultam da


aplicação de um conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia,
a sintaxe ou o léxico. No texto, é resultado de uma mesma regra a:
33

(A) pronúncia das palavras “vorta” e “veve”.


(B) pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”.
(C) flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá”
(D) redundância nas expressões “cego dos óio” e “mata em frô”.
(E) pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá”.

Analise a q'uestão a seguir e justifique a escolha:


A escrita é uma das formas de expressão que as pessoas utilizam para comunicar algo em tem
várias finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar, descrever. Assim o conhecimento
acerca das variedades linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se necessário para que
se use a língua nas mais diversas situações comunicativas.
Considerando as informações acima, imagine que você está à procura de um emprego e
encontrou duas empresas que precisam de novos funcionários. Uma delas exige uma carta de
solicitação de emprego. Ao redigi-la, você:

(A) Fará uso da língua metafórica.


(B) Apresentará elementos não verbais.
(C) Utilizará o registro informal.
(D) Evidenciará a norma padrão.
(F) Fará uso de gírias.

Questão 121
Texto I
Entrevistadora — Eu vou conversar aqui com a professora A.D. … O português
então não é uma língua difícil?
Professora — Olha se você parte do princípio… que a língua portuguesa não é
só regras gramaticais… não se você se apaixona pela língua que você… já domina…
que você já fala ao chegar na escola se teu professor cativa você a ler obras
da literatura… obra da/ dos meios de comunicação… se você tem acesso a revistas… é… a
livros didáticos… a… livros de literatura o mais formal o e/ o difícil
é porque a escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em
análises gramaticais.

Texto II
Professora — Não, se você parte do princípio que língua portuguesa não é só
regras gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se
o professor motivá-lo a ler obras literárias e se tem acesso a revistas, a livros didáticos, você
se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de língua
portuguesa em análises gramaticais.
(MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001)

O texto I é a transcrição de entrevista concedida por uma professora de português a um


programa de rádio. O texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em
comum, esses textos
(A) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.
(B) são modelos de emprego de regras gramaticais.
(C) são exemplos de uso não planejado da língua.
(D) apresentam marcas da linguagem literária.
(E) são amostras do português culto urbano.
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Questão 131
PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.
BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.
EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.
BENONA: Mas, Eurico, nós lhe devemos certas atenções.
EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo
aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E
o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás
dele, sedento, atacado da verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da
molest’a, como um urubu, atrás dosangue dos outros. Mas ele está enganado.
Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção.
(SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olimpyio, 2013)

Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para:
A) marcar a classe social das personagens.
B) Caracterizar usos linguísticos de uma região.
C) Enfatizar a relação familiar entre as personagens.
D) Sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares.
E) Demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens.

CONCORDÂNCIA VERBAL
1) O trecho abaixo foi retirado da obra Capitães da Areia, de Jorge Amado. Ele retrata a
fala de personagens de pouca instrução escolar, por isso é comum o desvio das regras de
concordância verbal. Reescreva esse trecho de modo a adequar a concordância do verbo com
o sujeito.

“O rosto de Pirulito iluminou. Olhou para Dora, mas falou com


a voz exaltada:
-Tu pensa que eu mereço? Deus é bom, mas também sabe
castigar...
- Por quê? Havia um espanto na pergunta de Dora.
-Tu não vê que a vida da gente é cheia de pecado?... Todo
dia...
- A culpa não é da gente..., esclareceu Dora. – A gente não
tem ninguém.
Mas agora Pirulito tinha a ela. A sua mãe. Riu satisfeito:
Padre José Pedro também já disse isso. É capaz...
Riu mais, ela sorriu também animada,
- ...é capaz que um dia eu seja padre.
- Tu vai ser, sim.
- Tu quer esse Deus Menino pra tu? Perguntou ela de
repente.”

Marque a única alternativa em que o emprego do verbo haver está correto.


a) Todas as gotas de água havia evaporado.
b) Eles se haverão de ver comigo, se mandarem meu primo sair.
c) Não houveram quaisquer mudanças no regulamento.
d) Amanhã vão haver aulas de informática durante todo o período.
e) Houveram casos significativos de contaminação no hospital.
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2) Musa paradisíaca

Hoje, na quitanda, vi duas donas de casa pondo as mãos na cabeça: “Trinta e seis 1cruzeiros
por uma dúzia de bananas! É o fim do mundo, onde já se viu uma coisa dessas! ”
E a conversa continuava nesse tom. Mas eu fui e paguei prazerosamente o preço de um cacho
dourado. Tudo está pela hora da morte, concordo. Mas banana não! Acho que nunca a banana
será cara demais para mim, e eu conto por quê.
Para mim, a banana é bem mais que aquela fruta amarela, perfumada, de polpa alva, macia e
saborosa, que se apresenta numa abundância nababesca em cachos e pencas. O aspecto, o
sabor, o perfume da banana estão indissoluvelmente associados com minha infância longínqua
na terra nórdica de onde eu vim, nas praias do Mar Báltico.
Naquele tempo, naquele lugar, uma banana era uma novidade e uma raridade. Numa certa
época do ano, ela aparecia na cidade, em algumas casas muito finas, solitária e formosa,
exposta na vitrina. Solitária, sim – uma de cada vez. E uma banana custava uma quantia
fabulosa, porque meu pai comprava mesmo uma só, e a trazia para casa onde ela era admirada
e namorada durante horas, para depois ser solenemente descascada e repartida em partes
milimetricamente iguais entre nós crianças, que a saboreávamos lentamente, conservando o
bocadinho de polpa suave na boca o mais possível, com pena de engoli-lo.
Imaginem, pois, o meu espanto maravilhado ao desembarcar do navio no porto de Santos e
dar de cara com todo um carregamento de bananas, cachos e mais cachos enormes, num
exagero de abundância que só em contos de fadas!
Naquele dia, me empachei de bananas até quase estourar. Foi aos dez anos de idade, a minha
primeira grande impressão gastronômica do Trópico de Capricórnio – e nunca mais me refiz
dela. Até hoje sou fiel ao meu primeiro amor brasileiro – a banana.
Se eu fosse poeta, como Pablo Neruda, por exemplo, que escreveu 2Ode à cebola, eu
escreveria uma Ode à banana.
E não estou sozinha neste meu entusiasmo pela mais brasileira das frutas, porque se eu não
tivesse razão, os cientistas, que não são as pessoas mais sentimentais do mundo, não a teriam
batizado com o nome poético de Musa paradisíaca.
(BELINKI, Tatiana. Olhos de ver. São Paulo: Moderna, 1996. Adaptado)

1 cruzeiro: moeda utilizada no Brasil à época em que a crônica foi escrita


2 ode: poema de exaltação, de elogio

Leia as frases reescritas a partir do texto e assinale a alternativa em que o verbo em destaque
está corretamente empregado de acordo com a gramática normativa:

a) A escritora relata que se mantêm fiel ao seu primeiro amor brasileiro.


b) As porções de banana era saboreadas prazerosamente pelas crianças.
c) Em Riga, havia mercearias finas que exibiam bananas e outras frutas na vitrina.
d) Necessitavam-se de trinta e seis cruzeiros para se comprar uma dúzia de bananas.
e) Estavam visível, nas docas do porto de Santos, um enorme carregamento de bananas.

3) Leia e analise as frases com relação às regras de concordância nominal:


I – A moça e o rapaz sentaram-se na sala.
II - moça e o rapaz alto sentou-se na sala.
III - A moça alta e o rapaz alto sentou-se na sala.
IV - A moça e o rapaz altos sentaram-se na sala.
V – A moça e os rapazes altos sentaram-se na sala.

Assinale a alternativa correta:


a) Estão corretas as frases I, II e V.
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b) Estão erradas as frases III, IV e V.


c) Estão corretas as frases I, II, III e V.
d) Estão corretas as frases I, IV e V.
e) Apenas a I está correta.

4) Marque a alternativa que apresenta uma frase com equívoco de concordância nominal:

a) As pessoas foram tomadas de uma alegria, esperança e emoção contagiantes na abertura


dos jogos olímpicos.
b) Saí ontem com os campeões André e Beatriz.
c) Quando vamos ao cinema, gostamos de comprar pipocas.
d) A mulher e o homem pareciam assustados.
e) Os alunos consideram difícil o simulado e a redação.

5) Assinale a opção que completa corretamente as lacunas do texto a seguir:


“Todas as amigas estavam___________ansiosas_____________ler os jornais, pois foram
informadas de que as críticas foram ________indulgentes_____________ rapaz, o qual, embora
tivesse mais aptidão _________________ ciências exatas, demonstrava certa propensão
___________arte.”
a) meio – para – bastante – para com o – para – para a.
b) muito – em – bastantes – com o – nas – em.
c) bastante – por – meias – ao – a – à.
d) meias – para – muito – pelo – em – por.
e) Bem – por – meio – para o – pelas – na.

6) “Informaram aos candidatos que, __________, seguiam a comunicação oficial, o resultado e


a indicação do local do exame médico, e que estariam inteiramente à ____________ disposição
para verificação.”
Assinale a opção que completa as lacunas:

a) anexo – vossa.
b) anexos – sua.
c) anexo – sua.
d) anexas – vossa.
e) anexos – vossa.

7) Use o sinal da crase quando convier:

a) Assim não chegaremos a tempo a reunião.


b) Mostrou-se submisso as decisões da banca.
c) Neste estudo chegou-se a conclusões interessantes.
d) Dirijo-me a Vossa Senhoria a fim de expor-lhe alguns aspectos a respeito de minha viagem a
Santa Cruz do Sul.
e) O menino deu explicações a professora.
f) Este aviso destina-se aquelas alunas que estão com excesso de faltas.
g) O número de aprovados não chega a vinte.
h) Não faço observações a crianças.
i) Somos inteiramente contrários a essa escolha.
j) Doaremos as casas as pessoas pobres.
k) Fui a praia nas férias.
l) Fui a casa de umas amigas.
m) Fui a Bagé dos cavalos crioulos.
n) Não fugiremos a responsabilidade de nos unirmos as pessoas que já iniciaram a empresa.
37

8) Observe as placas abaixo e faça as devidas correções na concordância.


38

LITERATURA

Literatura de língua portuguesa


Estudo do texto literário: relações entre produção literária e processo social, concepções
artísticas, procedimentos de construção e recepção de textos dentro dos períodos literários.

 Renascimento;
 Literatura no Período Colonial;
 Barroco;
 Arcadismo;
 Romantismo;
 Final do século XIX;
 Início do século XX;
 Modernismo.

PERÍODOS LITERÁRIOS
 Todo o momento histórico apresenta um conjunto de normas que caracteriza as suas
manifestações culturais;
 O estilo da época caracteriza a produção cultural prescrevendo traços que estas devem
apresentar;
 As normas são organizadas por grupos sociais, idade, sexo, profissão, etc;
 Cada período é denominado de acordo com o ponto de vista do qual se forma o padrão da
sociedade e a ideologia do momento vivido por ela.

Renascimento
O Renascimento foi o primeiro grande movimento artístico, científico, literário e filosófico da
Modernidade. Esse movimento promoveu a passagem da Idade Média para a Moderna. Ele
surge da busca do movimento Humanista por mudanças e por estes serem contrários aos
moldes de vida da Idade Média. Durante o Renascimento, houve um movimento artístico e
cultural, que influenciou as artes plásticas, teatro e literatura durante os séculos XIV e XVI.

 Contexto Histórico:
 Queda do amplo domínio da Igreja;
 Arte se volta para a liberdade;
 Valorização do homem;
 Antropocentrismo X Teocentrismo;
 Valorização da razão;
 Culto dos valores da Antiguidade Clássica e do Humanismo

 Principais Artistas:
Copérnico (1473-1543), Tycho Brahe (1546-1601), Kepler (1517-1630), Galileu Galilei (1564-
1642), Isaac Newton (1642-1727), Francis Bacon (1561-1626), Thomas Hobbes (1588-1679),
René Descartes (1596-1650), Spinoza (1632-1677), Leibniz (1646-1716), Leeuwenhoek
(1632-1723), Giambattista Vico (1668-1744), Masaccio (1401-1428), Fra Angélico (1387-
1455), Paollo Uccello (1397-1475), Piero della Francesca (1410-1492), Botticelli (1445-
1510), Leonardo da Vinci (1452-1519), Michelangelo (1475-1564), Rafael (1483-1520).
39

 Classicismo
O Classicismo é um movimento cultural que valoriza e resgata elementos artísticos da cultura
clássica (greco-romana). Nas artes plásticas, teatro e literatura, ele correu no período do
Renascimento Cultural (séculos XIV ao XVI), marcando o fim da Idade Média e início da
Idade Moderna.

Características:
 Antiguidade clássica
 Objetividade
 Equilíbrio
 Harmonia
 Rigor Formal
 Mitologia Greco-Romana
 Ideal Platônico e de Beleza
 Antropocentrismo
 Humanismo
 Universalismo
 Racionalismo
 Cientificismo
 Paganismo

Principais Autores:
 Luís Vaz de Camões – “Os Lusíadas” (Portugal – 1542);
 Miguel de Cervantes – “Dom Quixote” (Espanha – 1605);
 Dante Alighieri – “A Divina Comédia” (Itália – 1555);
 Francesco Petrarca – sonetos (Itália );
 Giovanni Boccacio – “Decamerão” (1348/1353) – ruptura das morais da Idade Média;
 Shakespeare (“Romeu e Julieta”, ”Machbet”, “Mercador de Veneza”, etc.)

 Obras que remetem ao período Renascentista:

O Juízo Final, Michelangelo - 1541


40

O Nascimento de Vênus – Botticelli – 1846

INFERNO in “A Divina Comédia”


(Dante Alighieri)
CANTO I
“No meio do caminho desta vida
eu me encontrei por uma selva obscura
porque a direita via era perdida.

Dizer qual era é coisa muito dura


esta selva selvagem, áspera e forte
que só lembrá-la o pavor renova!

Tanto amarga que pouco é mais a morte;


mas para falar do bem que lá encontrei,
de outras coisas direi que descobri.

Não sei contar como é que eu lá entrei,


tão grande sono tinha quando mesmo
o caminho veraz abandonei...”

“Num lugar da Mancha, de cujo nome não quero lembrar-me, vivia, não
há muito, um fidalgo, dos de lança em cabido, adarga antiga, rocim
fraco, e galgo corredor.
Passadio, olha seu tanto mais de vaca do que de carneiro, as mais das
ceias restos da carne picados com sua cebola e vinagre, aos sábados
outros sobejos ainda somenos, lentilhas às sextas-feiras, algum pombito
de crescença aos domingos, consumiam três quartos do seu haver. O
remanescente, levavam-no no saio de belarte, calças de veludo para as
festas, com seus pantufos do mesmo; e para os dias de semana o seu
bellori do mais fino...”
(Trecho da obra “O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de la Mancha – Miguel de
Cervantes)
41

Barroco
Essa denominação surge para as manifestações artísticas surgidas no fim do século XVI até
metade do século XVIII. O termo BARROCO, surge a partir da denominação dos classicistas
que consideram o estilo das obras confusos e extravagantes, ele é visto como a
degenerescência da arte renascentista, sendo expressado através da ausência da clareza e
elegância de linhas, assim como o uso exagerado de ornamentos.

 Contexto Histórico:
 Retorno da Inquisição;
 Criação do Index Librorium Proibitorium – Índice dos Livros Proibidos;
 Criação da Companhia de Jesus.

 Características:
 O Barroco é uma contra-reação à tendência humanista, uma tentativa de retorno à tradição
cristã;
 O elemento Cristão da Idade Média e o racionalista do Renascimento geraram o dualismo
Barroco;
 Busca pela conciliação do espiritualismo medieval com o humanismo;
 Presença de contradições (ora festeja a razão, ora a fé; ora o sensorial, ora o espiritual; ora
o ascentismo, ora o erotismo; ora religiosidade, ora mundaneidade);
 Presença da retórica e dualismo, que se expressam através de antíteses.

Contraposição aos traços Renascentistas

Renascimento Barroco
Linear Pictórico
Superficial Profundo
Forma fechada Forma aberta
Claridade absoluta Claridade relativa
Variedade Unidade
42

Diferença entre Linear e Pictórico

OPOSIÇÃO ENTRE AS OBRAS

 A arte renascentista é marcada pela linearidade, presença de linhas incisivas e contornos


claros; na arte barroca, o realce de claro-escuro configura a arte pictórica.

“Quatro Apóstolos” – Dürer (1526) “A visitação” – Rembrandt (1640)

 Arte renascentista apresenta planos claros, horizontais e definidos na superfície; a arte


barroca, é dotada de profundidade e sugere ilusões de distância.
43

“A Última Ceia”- Da Vinci (1498) “A Última Ceia” – Tintoretto (1594)

 Obras compostas de elementos horizontais e verticais que delimitam espaço e mantêm o


olho dentro de uma área delimitada; presença de linhas diagonais que sugerem espaços além
da pintura.

“A Primavera” – botticelli (1482) “Jardim de Amor” – Peter Paul Rubens


(1634)

Barroco Europeu
Os principais temas das obras dos artistas barrocos europeus são mitologia, história da
humanidade e passagens da Bíblia. Suas obras valorizam as cores, as sombras e luz e
representam os contrastes. As imagens aparecem de modo dinâmico, valorizando o movimento
e não são tão centralizadas quanto as renascentistas

Principais artistas: Velásquez, Rembrandt, Rubens, Vermeer, Caravaggio, Van Dyck


e Frans Hals.

Barroco Brasileiro
O barroco brasileiro foi influenciado pelo barroco português, mas foi adquirindo características
próprias com o tempo. A maior produção artística do barroco no Brasil ocorreu no chamado
“século do ouro” (século XVIII), nas cidades auríferas de Minas Gerais. Essas obras possuíam
forte caráter religioso e eram feitas em madeira e pedra-sabão, principais materiais utilizados
pelos artistas barrocos brasileiros.

Principais artistas: Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho, o pintor Manuel da Costa


Ataíde e o escultor Mestre Valentim.
44

 BARROCO NA LITERATURA

 O Barroco foi um período literário caracterizado pelos contrastes, oposições e dilemas.


O homem deste período buscava a salvação e, ao mesmo tempo, queria aproveitar os
prazeres mundanos.

Características:

 Uso de recursos como antíteses, metáforas, paradoxo e sinestesia;


 Pessimismo;
 Linguagem muito rebuscada e obscura;
 Intensidade, com a presença da hipérbole.

Principais Autores: Gregório de Matos, Padre Antônio Vieira e Bento Teixeira.

Ao dia do juízo

O alegre do dia entristecido, A Poesia de Gregório de Matos é


O silêncio da noite perturbado, religiosa e lírica, conforme as
O resplandor do sol todo eclipsado, características estéticas do Barroco, em
E o luzente da lua desmentido. sua escrita, Gregório abusa das figuras
de linguagem e faz uso de um estilo
Rompa todo o criado em um gemido. cultista e conceitista, através de jogos
Que é de ti, mundo? onde tens parado? de palavras e raciocínios sutis. As
Se tudo neste instante está acabado, contradições são constantes em seus
Tanto importa o não ser, como haver sido. poemas, que oscilam entre o sagrado e
o profano, o sublime e o grotesco, o
Soa a trombeta da maior altura, amor e o pecado, a busca de Deus e os
A que vivos e mortos traz o aviso apelos terrenos.
Da desventura de uns, de outro ventura. Gregório de Matos é mais conhecido
por sua sátira azeda e mordaz, sendo
Acabe o mundo, porque é já preciso, por isso conhecido por “Boca do
Erga-se o morto, deixe a sepultura, Inferno”.
Porque é chegado o dia do juízo.
(Gregório de Matos)

Romantismo
O Romantismo foi um movimento artístico e filosófico que surgiu no final do século XVIII na
Europa, indo até o final do século XIX. A maior característica do Romantismo era a visão de
mundo que se contrapunha ao racionalismo do período anterior (neoclassicismo). O movimento
romântico cultiva uma visão de mundo centrada no indivíduo, e portanto os autores voltavam-
se para si mesmo, retratando dramas pessoais como tragédias de amor, ideias utópicas,
desejos de escapismo e amores platônicos ou impossíveis.
O século XIX seria, portanto, marcado pela arte voltada para o lirismo, a subjetividade, a
emoção e a valorização do “eu”.
45

 Romantismo no Brasil

No Brasil, o período histórico era marcado por um sentimento nacionalista, em especial


pelo fato marcante que foi a Independência, em 1822. Portanto, encontram-se elementos que
caracterizam o período, presentes nas obras dos autores românticos. É o exemplo da exaltação
da Pátria feita por Gonçalves Dias, e do clima nostálgico presente nas poesias de Álvares de
Azevedo e Fagundes Varela, sem falar no engajamento nas causas sociais, presente
fortemente na obra de Castro Alves, o qual abordou temas polêmicos como a escravidão.

Características:

 Liberdade de criação e de expressão;


 Nacionalismo;
 Historicismo;
 Medievalismo;
 Tradições populares;
 Individualismo, egocentrismo;
 Pessimismo;
 Escapismo;
 Presença da morte;
 Poemas de caráter político e social.

Principais Autores da Poesia Principais Autores da Prosa


Romântica Brasileira Romântica Brasileira

 Gonçalves de Magalhães;  José de Alencar;


 Gonçalves Dias;  Joaquim Manuel de Macedo;
 Junqueira Freire  Teixeira e Souza;
 Casimiro de Abreu;  Bernardo Guimarães;
 Alvares de Azevedo;  Alfredo Taunay;
 Fagundes Varela;  Franklin Távora.
 Castro Alves.

O romantismo foi dividido em três momentos, de acordo com a presença mais


marcante de suas características:
Em um primeiro momento, há uma produção voltada para o nacionalismo, buscando
a historicidade e a idolatria pelos princípios medievais e as características da terra
(indianismo); posteriormente, passa-se para um período onde há um trabalho em cima
das tradições populares e regionais, sobressaindo também o pessimismo, ultrarromantismo,
presença de vícios e da morte; e por fim, já em meados de 1920, há uma presença grande das
denúncias sociais e dos poemas de cunho político.

 Escrita do período Romantismo

Canção do exílio Não gorjeiam como lá.


(Gonçalves Dias)
Nosso céu tem mais estrelas,
"Minha terra tem palmeiras, Nossas várzeas têm mais flores,
Onde canta o Sabiá; Nossos bosques têm mais vida,
As aves que aqui gorjeiam, Nossa vida mais amores.
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Minha terra tem palmeiras,


Em cismar, sozinho, à noite, Onde canta o Sabiá.
Mais prazer encontro eu lá; Não permita deus que eu morra,
Minha terra tem palmeiras, Sem que eu volte para lá;
Onde canta o Sabiá. Sem que desfrute os primores
Minha terra tem primores, Que não encontro por cá;
Que tais não encontro eu cá; Sem qu’inda viste as palmeiras,
Em cismar sozinho, à noite, Onde canta o Sabiá.
Mais prazeres eu encontro lá;

Lembranças de Morrer
Álvares de Azevedo Como o desterro de minh'alma errante,
Onde o fogo insensato a consumia:
Quando em meu peito rebentar-se a Só levo uma saudade - é desses
fibra, tempos
Que o espírito enlaça à dor vivente, Que amorosa ilusão embelecia.
Não derramem por mim nem uma
lágrima Só levo uma saudade - é dessas
Em pálpebra demente. sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas
E nem desfolhem na matéria impura ...
A flor do vale que adormece ao vento: De ti, ó minha mãe! pobre coitada
Não quero que uma nota de alegria Que por minha tristeza te definhas!
Se cale por meu triste passamento. [...]

Eu deixo a vida como deixa o tédio


Do deserto, o poento caminheiro
- Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

IV A multidão faminta cambaleia,


“[...] Era um sonho dantesco... o E chora e dança ali!
tombadilho Um de raiva, delira, outro enlouquece,
Que das luzernas avermelha o brilho. Outro, que martírios embrutece,
Em sangue a se banhar. Cantando, geme e ri!
Tinir de ferros... estalar de açoite... No entanto, o capitão manda a
Legiões de homens negros como a manobra,
noite, E após, fitando o céu que se desdobra,
Horrendos a dançar... Tão puro sobre o mar,
Negras mulheres suspendendo as tetas, Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
Magras crianças, cujas bocas pretas “Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Rega o sangue das mães: Fazei-os mais dançar!...”
Outras moças, mas nuas e espantadas, E ri-se a orquestra irônica, estridente...
No turbilhão de espectros arrastadas, E da ronda fantástica a serpente
Em ânsias e mágoa vãs! Faz doudas espirais...
E ri-se a orquestra irônica e estridente... Qual um sonho dantesco as sombras
E da onda fantástica a serpente voam!
Faz doudas espirais... Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
Se o velho arqueja, se no chão resvala, E ri-se Satanás! [...]
Ouve-se gritos... o chicote estala
E voam-se mais e mais... Trecho do poema “Navio Negreiro”, de
Presas nos elos de uma só cadeia, Castro Alves.
47

“[...] Quando a cavalgada chegou à margem da clareira, aí se passava uma cena curiosa".
Em pé, no meio do espaço que formava a grande abóbora das árvores, encostado a um velho
tronco decepado pelo raio, via-se um índio na flor da idade. Uma simples túnica de algodão, a
que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates,
caia-lhe dos ombros até ao meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto como um
junco selvagem.
Sobre a alvura diáfana do algodão, a sua pele, cor de cobre, brilhava como reflexos dourados,
os cabelos pretos cortados rentes, a tez lisa, os olhos grandes com os cantos exteriores
erguidos para a fronte, a pupila negra, móbil cintilante, a boca forte, mas bem modelada e
guarnecida de dentes alvos, davam ao rosto um pouco oval a beleza inculta da graça, da força
e da inteligência.Tinha a cabeça cingida por uma fita de couro, à qual se prendiam do lado
esquerdo duas plumas matizadas, que descrevendo uma longa espiral, vinham roçar com as
pontas negras o pescoço flexível [...]”
Trecho da obra “O Guarani, de José de Alencar.

“[...] Corta extensa e quase despovoada zona da parte sul-oriental da vastíssima província de
Mato Grosso a estrada que da Vila de Sant'Ana do Paranaíba vai ter ao sitio abandonado de
Camapuã. Desde aquela povoação, assente próximo ao vértice do ângulo em que confinam os
territórios de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso até ao Rio Sucuriú, afluente do
majestoso Paraná, isto é, no desenvolvimento de muitas dezenas de léguas, anda-se
comodamente, de habitação em habitação, mais ou menos chegadas umas às outras, rareiam,
porem, depois as casas, mais e mais, e caminham-se largas horas, dias inteiros sem se ver
morada nem gente até ao retiro de João Pereira, guarda avançada daquelas solidões, homem
chão e hospitaleiro, que acolhe com carinho o viajante desses alongados paramos, oferece-
lhe momentâneo agasalho e o provê da matalotagem precisa para alcançar os campos de
Miranda e Pequiri, ou da Vacaria e Nioac, no Baixo Paraguai. Ali começa o sertão chamado
bruto[...]”
Trecho da obra “Inocência”, de Visconde de Taunay.

Romantismo na Pintura

 Não há uma característica específica nas pinturas do período, já que este foi marcado pelas
diversas expressões dos artistas e de cada país em que o movimento aconteceu. Pode-se
perceber tal fato, diante da fala de Baudelaire: “O romantismo não se encontra nem na escolha
dos temas nem em sua verdade objetiva, mas no modo de sentir. Para mim, o romantismo é a
expressão mais recente e atual da beleza. E quem fala de romantismo fala de arte moderna,
quer dizer, intimidade, espiritualidade, cor e tendência ao infinito, expressos por todos os meios
de que as artes dispõem“

Características:

 Ênfase à cor, seu desenho é menos exato e linear, privilegiando a mancha e a pincelada
expressiva na construção da forma, suas composições são mais movimentadas e sua luz tem
contrastes mais poderosos. A paisagem amiúde está convulsionada por tempestades ou o
mar agitado, com efeitos impactantes de atmosfera e iluminação, realçando a sensação de
grandioso na vista de altas montanhas, vales profundos e o horizonte infinito.
 Visões introspectivas, mais líricas e contemplativas, tintas de um otimismo claro e conciliador,
também são elementos típicos e essenciais da escola.
48

 Algumas Obras do Romantismo

“O Peregrino Sobre o Mar de Névoa”


Caspar David Friedrich

“Liberdade Guiando o Povo” - Delacroix

“O Último Tamoio” – Rodolfo Amoedo

No Brasil, essas características


não prevalecem e são
substituídas pela marca do
nacionalismo e do indianismo.
49

“A Primeira Missa no Brasil” – Victor Meireles

Modernismo

Modernismo ou Movimento Moderno foi um movimento artístico e cultural que surgiu no


começo do século XX, e seu objetivo era quebrar com o "tradicionalismo" da época,
experimentando novas técnicas e criações artísticas.
Ficou marcado por transformações vertiginosas e caóticas, além da efemeridade e sensação
de fragmentação da realidade. Os artistas modernistas sentiam a necessidade de mudar o
meio em que viviam, experimentando novos conceitos.
Características:

 Libertação da estética;
 Quebra com o Tradicionalismo;
 Liberdade para experimentações;
 Liberdade formal (versos livres, abandono das formas fixas, ausência de pontuação e etc);
 Linguagem com humor;
 Valorização do cotidiano.

 Modernismo no Brasil

Foi um movimento de grande importância, pois os artistas brasileiros ansiavam por uma
libertação estética, ou seja, deixar de "sugar" as vanguardas que surgiam na Europa e criar um
modelo novo e independente de arte.
O ponto de partida do Modernismo no Brasil é considerado a Semana de Arte Moderna, que
aconteceu em entre os dias 11 e 18 de fevereiro 1922, em São Paulo.

Entre os principais artistas representantes e que participaram da Semana de Arte Moderna


estão: Graça Aranha, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Pichia, Anita Malfatti,
Heitor Villa-Lobos, Tácito de Almeira, Di Cavalcanti, entre outros.

FASES DO MODERNISMO

 Fase Heróica;
 Fase de Consolidação;
 Fase Pós-moderna.
50

Diferenças entre as fases do Modernismo

 Fase heroica – Representada por Manuel Bandeira, Mário e Oswald de Andrade. O trio deu
continuidade aos postulados de 1922, apresentando uma estética transgressora, testando os
limites da forma e do conteúdo e combatendo as escolas tradicionais de nossa literatura;

 2ª fase - Utiliza a literatura como instrumento de denúncia e análise social, tanto na prosa
quanto na poesia. Seus representantes: Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Carlos
Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, entre outros;

 3ª fase - A pesquisa estética e a renovação das formas de expressão literária, tanto na poesia
quanto na prosa, foram as principais características desta geração. Seus representantes:
Clarice Lispector, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, Mario
Quintana, entre outros.
51

Quadro de Características do Modernismo no Brasil


52

 MANIFESTOS MODERNISTAS

Manifesto Pau-Brasil: escrito por


Oswald de Andrad, publicado no jornal
“Correio da Manhã”, em 18 de março de
1924, apresentou uma proposta de
literatura vinculada à realidade brasileira e
suas características culturais com a
intenção de causar um sentimento de
retomada de consciência nacional.

“Só a antropofagia nos une.”

Manifesto de Antropofágico: Publicado entre os meses


de maio de 1928 e fevereiro de 1929, sob direção de Antônio
de Alcântara Machado, surgiu como nova etapa do
nacionalismo “Pau Brasil” e como resposta ao “Verde
Amarelismo”. Sua origem se dá a partir de uma tela de
Tarsila do Amaral, batizada de “Abaporu” (aba- homem poru
– que come). Sua ideia é de devorar o ritual de valores
europeus a fim de superar a civilização patriarcal e
capitalista.

“Tupy or not Tupy,


that’s the question!”
53

 Escrita Modernista

Moça Linda Bem Tratada


Mário de Andrade Mulher gordaça, filó,
De ouro por todos os poros
Moça linda bem tratada, Burra como uma porta:
Três séculos de família, Paciência...
Burra como uma porta:
Um amor. Plutocrata sem consciência,
Nada porta, terremoto
Grã-fino do despudor, Que a porta do pobre arromba:
Esporte, ignorância e sexo Uma bomba.
Burro como uma porta:
Um coió.

Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes
E assim, quando mais tarde me procure
De tudo ao meu amor serei atento Quem sabe a morte, angústia de quem
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto vive
Que mesmo em face do maior encanto Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Dele se encante mais meu pensamento.
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Quero vivê-lo em cada vão momento Que não seja imortal, posto que é chama
E em seu louvor hei de espalhar meu Mas que seja infinito enquanto dure.
canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

O retirante explica ao leitor quem é a que há muitos na freguesia,


vai por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
— O meu nome é Severino, e que foi o mais antigo
como não tenho outro de pia. senhor desta sesmaria.
Como há muitos Severinos, Como então dizer quem falo
que é santo de romaria, ora a Vossas Senhorias?
deram então de me chamar Vejamos: é o Severino
Severino de Maria; da Maria do Zacarias,
como há muitos Severinos lá da serra da Costela,
com mães chamadas Maria, limites da Paraíba.
fiquei sendo o da Maria (Trecho da obra “Morte e Vida Severina, de
do finado Zacarias. João Cabral de Melo Neto)
Mais isso ainda diz pouco:
54

“No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho
do medo e da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o
murmurejo da Urarioeca, que a índia, tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que
chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro: passou mais
de seis anos não falando. Sio incitavam a falar exclamava: If – Ai! Que preguiça!... e não dizia
mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos
outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de
homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva.
Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E
também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo
do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns
diz-que habitando a água doce por lá.”
Trecho da Obra “Macunaíma” , Mário de Andrade

Mudança
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham
caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas
como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas.
Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através
dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o
baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa
correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a
cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino
mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão...
(Trecho da Obra “Vidas Secas”, Graciliano Ramos)

Obras de Arte do Modernismo Brasileiro

Abaporu - Tarsila do Amaral


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Painel de Antropofagia – Tarsila do Amaral

A Negra – Tarsila do Amaral


56

QUADRO COMPARATIVO DOS PERÍODOS LITERÁRIOS


PERÍODO CONTEXTO HISTÓRICO CARACTERÍSTICAS
LITERÁRIO
 Arte se volta para a liberdade;
 Queda do amplo  Valorização do homem;
domínio da Igreja;  Antropocentrismo X Teocentrismo;
RENASCIMENTO  Reforma protestante  Valorização da razão;
de Martin Lutero.  Culto dos valores da Antiguidade
Clássica e do Humanismo.

 Antiguidade clássica
 Objetividade
 Equilíbrio
 Harmonia
 Rigor Formal
 Marca o fim da Idade  Mitologia Greco-Romana
CLASSICISMO Média e início da  Ideal Platônico e de Beleza
Idade Morderna.  Antropocentrismo
 Humanismo
 Universalismo
 Racionalismo
 Cientificismo
 Paganismo

 Contra-reação a tendência humanista,


uma tentativa de retorno à tradição
cristã;
 Contra-reforma  Surge do dualismo entre o elemento
 Retorno da Cristão (IM) e a racionalidade (renasc.);
Inquisição;  Busca pela conciliação do espiritualismo
BARROCO  Criação do Index medieval com o humanismo;
Librorium  Presença de contradições (ora festeja a
Proibitorium – Índice razão, ora a fé; ora o sensorial, ora o
dos Livros Proibidos; espiritual; ora o ascentismo, ora o
 Criação da erotismo; ora religiosidade, ora
Companhia de mundaneidade);
Jesus.  Presença de antíteses.

 Liberdade de criação e de expressão;


 Nacionalismo;
 Historicismo;
 Revolução Francesa;  Medievalismo;
 Movimentos de  Tradições populares;
Libertação em vários  Individualismo, egocentrismo
ROMANTISMO países da América (subjetividade, valorização do EU)
Latina;  Pessimismo;
 Independência do  Escapismo;
Brasil em 1822.  Presença do amor exacerbado;
 Presença da morte;
 Poemas de caráter político e social.

 Libertação da estética
 Quebra com o Tradicionalismo
 Crise da república no  Liberdade para experimentações
Brasil na década de  Liberdade formal (versos livres,
MODERNISMO 20; abandono das formas fixas, ausência de
 2ª Guerra Mundial – pontuação e etc)
1939 até 1945.  Linguagem com humor
 Valorização do cotidiano
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REVISÃO
As questões abaixo, são algumas das questões presentes em provas do ENEM e outros
vestibulares.

Leia atentamente os textos e a seguir, assinale a alternativa correta:

1) A arte colonial mineira seguia as proposições do Concílio de Trento (1545-1553), dando


visibilidade ao catolicismo reformado. O artífice deveria representar passagens sacras. Não era,
portanto, plenamente livre na definição dos traços e temas das obras. Sua função era criar,
segundo os padrões da Igreja, as peças encomendadas pelas confrarias, grandes mecenas das
artes em Minas Gerais.

(Adaptado de Camila F. G. Santiago, “Traços europeus, cores mineiras: três pinturas coloniais
inspiradas em uma gravura de Joaquim Carneiro da Silva”, em Junia Furtado (org.), Sons,
formas, cores e movimentos na modernidade atlântica. Europa, Américas e África. São Paulo:
Annablume, 2008, p. 385.)

Considerando as informações do enunciado, a arte colonial mineira pode ser definida como:
a) renascentista, pois criava na colônia uma arte sacra própria do catolicismo reformado,
resgatando os ideais clássicos, segundo os padrões do Concílio de Trento.
b) barroca, já que seguia os preceitos da Contrarreforma. Era financiada e encomendada pelas
confrarias e criada pelos artífices locais.
c) escolástica, porque seguia as proposições do Concílio de Trento. Os artífices locais,
financiados pela Igreja, apenas reproduziam as obras de arte sacra europeias.
d) popular, por ser criada por artífices locais, que incluíam escravos, libertos, mulatos e brancos
pobres que se colocavam sob a proteção das confrarias.

2)

(BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989.)

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca
no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas
do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-
sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:

a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.


b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
c) Simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas.
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3. Leia com atenção o poema a seguir e marque a opção correta.

À INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO

Nasce o Sol, e não dura mais que um


dia, Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Depois da Luz se segue a noite escura, Na formosura não se dê constância,
Em tristes sombras morre a formosura, E na alegria sinta-se tristeza.
Em contínuas tristezas a alegria.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
Porém se acaba o Sol, por que nascia? E tem qualquer dos bens por natureza
Se formosa a Luz é, por que não dura? A firmeza somente na inconstância.
Como a beleza assim se transfigura? (Gregório de Matos Guerra)
Como o gosto da pena assim se fia?

Sobre o tema central do soneto acima é correto dizer:

a) o eu-lírico aborda a superficialidade sobre as aparências.


b) há uma visão dicotômica entre a grandeza divina e a pequenez do homem.
c) há a preocupação com a efemeridade da vida.
d) o eu-lírico expõe sobre o sofrimento amoroso em função do sentimento de culpa.
e) o eu lírico expõe a dualidade dos sentimentos do homem barroco.

4. “Em tristes sombras morre a formosura,


em contínuas tristezas a alegria”

Nos versos citados acima, Gregório de Matos empregou uma figura de linguagem que
consiste em aproximar termos de significados opostos, como “tristezas” e “alegria”. O nome
desta figura de linguagem é:

a) metáfora
b) aliteração
c) eufemismo
d) antítese
e) sinédoque

5)
Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido, Quem pode ser senão um verdadeiro
Páscoa ficou da redenção o dia. Deus, que veio estirpar desta cidade
o Faraó do povo brasileiro.
Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele povo foi tão afligido (DAMASCENO, D. Melhores poemas:
O dia, em que por Deus foi redimido; Gregório de Matos. São Paulo: 2006)
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.
Pois mandado pela Alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.
59

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios
barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por:

(A) visão cética sobre as relações sociais.


(B) preocupação com a identidade brasileira.
(C) crítica velada à forma de governo vigente.
(D) reflexão sobre dogmas do Cristianismo.
(E) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

"...Ainda porém não tinham andado duzentos passos, quando aos ouvidos lhes chegou um
grande ruído de água como que a despenhar-se de alguma levantada penedia.
Alegrou-os muitíssimo aquele estrondo; e, parando a escutar de que parte vinha, ouviram
naquele fora de horas outro estrépido, que aguarentou o contentamento da água,
especialmente a Sancho, que de seu natural era medroso e pusilânime.
Ouviram uns golpes a compasso com um certo retinir como de ferros e cadeias, que, juntos ao
furioso estrondo da água, que lhes fazia acompanhamento, poriam pavor a quem quer que não
fora D. Quixote(...) Porém D. Quixote, acompanhado do seu intrépido coração, saltou sobre
Rocinante, e, embraçando a rodela, terçou a chuça, e disse: — Sancho amigo, hás-de saber
que eu nasci, por determinação do céu, nesta idade de ferro, para nela ressuscitar a de ouro
(ou dourada, como se costuma dizer). Sou eu aquele para quem estão guardados os perigos,
as grandes façanhas, e os valorosos feitos. Sou, torno a dizer, quem há-de ressuscitar os da
Távola Redonda, os doze Pares de França, e os nove da Fama; o que há-de pôr em
esquecimento os Platires, os Tablantes, Olivantes e Tirantes, os Febos e Belianises. com toda
a caterva dos formosos cavaleiros dos passados tempos, fazendo neste em que me acho tais
grandiosidades, estranhezas e feitos de armas, que escurecem os que eles fizeram mais
brilhantes. Bem estás vendo, escudeiro fiel e de lei, as trevas desta noite, o seu estranho
silêncio, o soturno e confuso estrondo destas árvores, o temeroso fracasso daquela água, em
cuja busca vimos, que parece que se despenha e derruba desde os altos montes da Lua, e
aquele incessante martelar que nos fere e importuna os ouvidos, as quais coisas todas juntas,
e cada uma só por si, são bastantes para infundir medo, temor e espanto ao peito do mesmo
Marte, quanto mais a quem não está acostumado a semelhantes estranhezas e aventuras.
Pois tudo isto, que eu te pinto, são incentivos e despertadores do meu ânimo, que já está
fazendo que o coração me rebente no peito, com a ânsia que tem de acometer esta aventura,
por temerosíssima que se mostra. Aperta, pois, as silhas ao Rocinante, fica-te com Deus, e
espera-me aqui até três dias, não mais. Se neles eu não voltar, podes tu tornar-te para a nossa
aldeia; e de lá, para me obsequiares e fazeres uma obra boa, irás a Toboso, onde dirás à minha
incomparável senhora Dulcinéia que o seu cativo cavaleiro morreu, por tentar coisas que o
pudessem fazer digno de chamar-se dela.
Sancho, ouvindo estas palavras do amo, desatou a chorar com a maior ternura do mundo, e a
dizer-lhe:
— Senhor, não sei por que Vossa Mercê quer meter-se nessa aventura tão medonha. Agora é
noite; aqui ninguém nos vê; bem podemos desandar o caminho, e desviar-nos do perigo, muito
embora não bebamos em três dias...”

O trecho acima, retirado da obra “O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de la Mancha”, de Miguel
de Cervantes, retrata uma das várias aventuras de Dom Quixote. Esta obra foi uma das
principais escritas durante o período renascentista. Através dela, Cervantes pretendia:

a) denunciar o papel submisso da mulher, representado pela heroína Dulcinéia.


b) exaltar os valores da cavalaria, da honra, do herói, imortalizados na figura de Dom
Quixote.
c) fazer uma crítica aos valores medievais, satirizando-os nas figuras de Dom Quixote e
Sancho Pança.
60

d) mostrar a inutilidade da luta contra a Igreja, utilizando a imagem de Dom Quixote lutando
contra os moinhos de vento.
e) satirizar a figura do monarca absoluto, ao entronizar Sancho Pança como rei da imaginária
ilha da Cocanha.

6)
LXXVIII (Camões, 1525? – 1580)
Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;
Presença moderada e graciosa,
Onde ensinado estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser formosa;
Fala de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora vossa;
Repouso nela alegre e comedido:
Estasas armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa SANZIO, R. (1483 – 1520). A mulher com unicórnio.
Despojar-me da glória de rendido. Roma, Galleria Borghese. Disponível em:
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev, 2012.
Nova Aguilar, 2008.

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes,


participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos:

(a) Apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos
adjetivos usados no poema.
(b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da
mulher, eviden cidas pelos adjetivos do poema.
(c) Apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio,
evidenciados pela postura, expressão e vestimenta e os adjetivos usados no poema.
(d) Desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística,
evidenciado pelos adjetivos usados no poema.
(e) Apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior,
evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.

7)
O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, stou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Vila Rica, 1993.

O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente concentração populacional nos


centros urbanos geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em
61

sociedade. No poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida na


metrópole aparece representada pela contraposição entre:

(a) A solidão e a multidão


(b) A carência e a satisfação
(c) A mobilidade e a lentidão
(d) A amizade e a indiferença
(e) A mudança e a estagnação

8)
Do amor à pátria
São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes
mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma
outra mais íntima, pacífica e habitual — uma cuja terra se comeu em criança, uma onde
se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças
plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações.
MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.

O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na moderni sta. No


trecho, a representação da pátria ganha contornos peculiares porque:

(a) O amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e eloquente.


(b) Os elementos valorizados são intimistas e de dimensão subjetiva.
(c) O olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela inércia.
(d) O patriotismo literário tradicional é subvertido e motivo de ironia.
(e) A natureza é determinante na percepção do valor da pátria.

9)

TEXTO II
Tenho um rosto lacerado por rugas secas e profundas, sulcos na pele. Não é um rosto
desfeito, como acontece com pessoas de traços delicados, o contorno é o mesmo mas a
matéria foi destruída. Tenho um rosto destruído.
DURAS, M. O amante. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

Na imagem e no texto do romance de Marguerite Duras, os dois autorretratos apontam


para o modo de representação da subjetividade moderna. Na pintura e na literatura
modernas, o rosto humano deforma-se, destrói-se ou fragmenta-se em razão:

(a) Da adesão à estética do grotesco, herdada do romantismo europeu, que trouxe novas
possibilidades de representação.
62

(b) Das catástrofes que assolaram o século XX e da descoberta de uma realidade psíquica
pela psicanálise.
(c) Da opção em demonstrarem oposição aos limites estéticos da revolução permanente
trazida pela arte moderna.
(d) Do posicionamento do artista do século XX contra a negação do passado, que se torna
prática dominante na sociedade burguesa.
(e) Da intenção de garantir uma forma de criar obras de arte independentes da matéria
presente em sua história pessoal.

10)
“Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um
caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se
seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguíam -no de
avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude,
e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era
muito seco de maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato
alegado neste particular era o de mandar com frequência escravos ao calabouço, donde
eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só mandava os perversos e os
fujões, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo
modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode
honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de relações
sociais. A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos
filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável,
acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e
até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza;
verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandara -
lhe tirar o retrato a óleo.”
ASSIS, M. Memórias póstum as de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.

Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás


Cubas condensa uma expressividade que caracterizaria o estilo machadiano: a ironia.
Descrevendo a moral de seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina
a percepção irônica ao:

(a) Acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na divisão da herança
paterna.
(b) Atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade com que Cotrim prendia e torturava
os escravos.
(c) Considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda da
filha Sara.
(d) Menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de várias
irmandades.
(e) Insunuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com um
retrato a óleo.

11)
Capitulo LIV — A pêndula
Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo
que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da
pêndula fazia-me muito mai; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada
golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre
dois sacos, o da vida e o da morte, e a contá-las assim:
— Outra de menos...
— Outra de menos...
63

— Outra de menos...
— Outra de menos...
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de
bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instanles perdidos, invenções há, que se
transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O
derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para
saber a hora exata em que morre. Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado,
mas outra, e deleitosa, As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, â
semelhança de devotas que se abaíroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os
instantes perdidos, mas os minutos ganhados.
ASSIS. M. Memórias póstumas de Brás Cubas, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).

O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado
com Virgüia, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói
certos paradigmas românticos, porque:

(a) O narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.
(b) Como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo
do tempo.
(c) Na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas.
(d) O relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista
de Brás Cubas.
(e) O narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.

12)
Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e Pois mandado pela alta Majestade
esclarecido, Nos remiu de tão triste cativeiro,
Páscoa ficou da redenção o dia. Nos livrou de tão vil calamidade.

Páscoa de flores, dia de alegria Quem pode ser senão um verdadeiro


Àquele Povo foi tão afligido Deus, que veio estirpar desta cidade
O dia, em que por Deus foi redimido; O Faraó do povo brasileiro.
Ergo sois vós, Senhor, Deus da
Bahia.

DAMASCENO, D.(Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam prin cípios
barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por:

(a) Visão cética sobre as relações sociais.


(b) Preocupação com a identidade brasileira.
(c) Crítica velada à forma de governo vigente.
(d) Reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
(e) Questionamento das práticas pagãs na Bahia.
64

13)
Psicologia de um vencido Já o verme — este operário das
ruínas —
Eu, filho do carbono e do amoníaco, Que o sangue podre das carnificinas
Monstro de escuridão e rutilância, Come, e à vida em geral declara
Sofro, desde a epigênesis da guerra,
infância,
A influência má dos signos do Anda a espreitar meus olhos para roê-
zodíaco. los,
E há de deixar-me apenas os
Profundíssimamente hipocondríaco, cabelos,
Este ambiente me causa Na frialdade inorgânica da terra!
repugnância... Que se escapa da boca de um
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à cardíaco.
ânsia
ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada
como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no
soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como:
(a) A forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário
requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.
(b) O empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como
“Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”.
(c) A seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”,
“epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem.
(d) A manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do
Simbolismo, que dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto
existencial.
(e) A ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo
filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.

14)

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA Oswald de Andrade: o culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan
2012. São Paulo: Prol Grãfica, 2012.
65

O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao


futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem:

(a) Direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.


(b) Forma clássica da construção poética brasileira.
(c) Rejeição à ideia do Brasil como país do futebol.
(d) Intervenções de um leitor estrangeiro no exercício da leitura poética.
(e) Lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.

15)

Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de


Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é:

(a) Abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que,
evocando o carnaval, remete à brasilidade.
(b) Verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de
Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.
(c) Lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do
asperamente” (v.1), “frio” (v.6), “alma doente” (v.7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom”
(v.9).
(d) Problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese
nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.
(e) Exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para
mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

16)

O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos mais valorizados no mundo artístico, tanto
em termos financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à
66

pequena cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional de
Artes Plásticas de Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA,
de onde sairia apenas em 1981. Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados
pelo:

(a) Painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias dimensões de um evento,


renunciando à realidade, colocando-se em um plano frontal ao espectador.
(b) Horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o
espectador nesse exemplo brutal de crueldade do ser humano.
(c) Uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoção e expressão, despreocupado
com o volume, a perspectiva e a sensação escultórica.
(d) Esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, minimizando a dor humana
a serviço da objetividade, observada pelo uso do claro-escuro.
(e) Uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensionamente,
de forma fotográfica livre de sentimentalismo.

17)
Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio sobre a natureza e
sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica, os cientistas
também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz,
a cor e mesmo a expressão e o sentimento.
(SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas, Unicamp, 1984).

O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada pela
constante relação entre:

(a) Fé e misticismo
(b) Ciência e arte
(c) Cultura e comércio
(d) Política e economia
(e) Astronomia e religião

18) Logia e mitologia


Meu coração
de mil e novecentos e setenta e dois
já não palpita fagueiro
sabe que há morcegos de pesadas olheiras
que há cabras malignas que há
cardumes de hienas infiltradas
no vão da unha na alma
um porco belicoso de radar
e que sangra e ri
e que sangra e ri
a vida anoitece provisória
centuriões sentinelas
do Oiapoque ao Chuí.
CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.

O título do poema explora a expressividade de termos que representam o conflito do momento


histórico vivido pelo poeta na década de 1970. Nesse contexto, é correto afirmar que:
(a) O poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso.
(b) “Morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as vítimas do regime militar vigente.
(c) O “porco”, animal difícil de domesticar, representa os movimentos de resistência.
(d) O poeta caracteriza o momento de opressão através de alegorias de forte poder de impacto.
67

(e) “Centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes que garantem a paz social experimentada.
19)
À garrafa
Contigo adquiro a astúcia
de conter e de conter-me.
Teu estreito gargalo
é uma lição de angústia.
Por translúcida pões
o dentro fora e o fora dentro
para que a forma se cumpra
e o espaço ressoe.
Até que, farta da constante
prisão da forma, saltes
da mão para o chão
e te estilhaces, suicida,
numa explosão
de diamantes.
PAES, J. P. Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.

A reflexão acerca do fazer poético é um dos mais marcantes atributos da produção literária
contemporânea, que, no poema de José Paulo Paes, se expressa por um (a):

a) reconhecimento, pelo eu lírico, de suas limitações no processo criativo, manifesto na expressão


“Por translúcidas pões”.
b) subserviência aos princípios do rigor formal e dos cuidados com a precisão metafórica, como se
em “prisão da forma”.
c) visão progressivamente pessimista, em face da impossibilidade da criação poética, conforme
expressa o verso “e te estilhaces, suicida”.
d) processo de contenção, amadurecimento e transformação da palavra, representado pelos versos
“numa explosão / de diamantes”.
e) necessidade premente de libertação da prisão representada pela poesia, simbolicamente
comparada à “garrafa” a ser “estilhaçada”.
68

SIMULADO ENEM
Leia com atenção, e de acordo com os conceitos trabalhados em aula, responda as
questões. Não esqueça, que a maior parte dos erros acontece por não realizar uma
leitura completa dos textos. Boa Sorte!

1)
TEXTO II
TEXTO I Eis que de repente ela resolve então mudar
Eu quero uma mulher que saiba lavar e cozinhar, Vira a mesa,
E de manhã cedo me acorde na hora de trabalhar, Assume o jogo,
Só existe uma e em ela eu não vivo em paz, Faz questão de se cuidar.
Emília, Emília, Emília eu não posso mais. Nem serva, nem objeto,
LOBO, H. Emília. Columbia, 1941. Já não quer ser o outro,
Hoje ela é um também.
PITTY. Descontruindo Amélia. Chiaroscuro,
2009.
As duas músicas abordam a figura feminina, apresentando visões:

A) Diferentes, pois a primeira apresenta uma figura trabalhadora e a segunda, uma figura fútil.
B) Equivalentes, pois as duas músicas atrelam à figura feminina o papel de cuidadora da família.
C) Semelhantes, pois nas duas músicas a mulher é abordada como uma figura ligada à fragilidade.
D) Distintas, pois a primeira apresenta uma figura submissa e a segunda, uma figura independente.
E) Similares, pois nas duas músicas a figura feminina é vista como forte, porém, dependente
do homem.

2)

Disponível em:<https//br.printrest.com>

A sequência de imagens “Hoje eu acordei...” foi divulgada em uma página de uma rede social, e
teve como intenção:
A) Criticar os conceitos tradicionais da arte.
B) Considerar situações cotidianas como feitos artísticos.
C) Ressignificar conceitos artísticos com tom humorístico.
D) Apresentar o significado real das grandes obras de arte.
E) Enfatizar a importância da arte na construção da identidade.

3) A capoeira é uma manifestação popular brasileira que reúne diversas características.


Para jogar capoeira precisamos de um ritmo, ditado pelo atabaque, pelo berimbau e pelo agogô.
Essa música é bem característica. Dois parceiros, de acordo com o toque do berimbau, executam
movimentos de ataque, defesa e esquiva. Eles simulam uma luta. Para jogar capoeira é preciso
habilidade e força, além de integração e respeito entre os parceiros.
69

A origem da capoeira data da época da escravidão no Brasil. Muitos negros foram trazidos da
África para o Brasil para trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar, nas fazendas de café, nas
roças ou nas casas dos senhores. A capoeira era uma forma de luta e de resistência.
Porém, para não despertarem suspeitas, os escravos adaptaram os movimentos da luta aos
cantos da África, fazendo tudo parecer uma dança. A capoeira foi ficando do jeitinho que ela é
hoje, gingada.

As danças revelam a diversidade e a história do país. A capoeira é considerada uma


manifestação folclórica por:

A) Conter características que representam o passado e a cultura de um grupo social.


B) Exigir um alto grau de habilidade física e artística, o que torna visualmente interessante.
C) Permitir a realização de competições em que são premiados os melhores dançarinos.
D) Manter as características originais inalteradas, como o caráter de resistência ao governo.
E) Servir como uma manifestação religiosa que integrava crenças africanas e europeias.

4) [...] Recentemente, em diferentes países, incluindo o Brasil, uma massa insatisfeita fez uso
das novas tecnologias e das mídias sociais para convocar o povo às ruas e juntos protestarem contra
o governo. [...]
No caso das ditaduras norte-americanas, a resposta dos governos que estavam sendo
combatidos não poderia ser mais clara. Tanto no Egito quanto na Líbia, eles decidiram cortar o acesso
à internet, evitando assim que o povo se organizasse. [...]
No futuro, se a internet permanecer um espaço livre e sem a interferência direta de governos e
empresas no que concerne ao conteúdo da rede, essas relações devem apenas se intensificar. Ela
já regula a vida social de praticamente todos os seus usuários mais jovens, portanto é provável que
nossas vidas e ações políticas também passem a ser associadas à rede, que atualmente é
reconhecida pelos políticos contemporâneos como um dos campos de batalha mais importantes de
uma campanha.
VELOSO, F. A internet em 100 anos. previsões para o futuro da rede. Disponível em:
<http://www.techmundo.com.br>.

As tecnologias da informação causaram impactos sociais. O texto destaca, no campo da política, o


uso da internet como meio de:

A) Divulgação e campanha política, devido à disseminação de conteúdos veiculados.


B) Apresentação das informações governamentais, permitindo o acesso da população a elas.
C) Exposição das preferências partidárias dos usuários, devido às postagens em redes sociais.
D) Mobilização e organização de massas populares, para a defesa de seus ideais políticos.
E) Manipulação das informações governamentais, sendo divulgados conteúdos de interesses dos
políticos.

5) O aposento apresentava então um aspecto fantástico: no fundo escuro desenhava-se um


círculo esclarecido, envolto por uma névoa espessa. [...] A menina começava a sentir a respiração
faltar-lhe; seu seio opresso sufocava-a; entretanto uma voluptuosidade inexprimível a embriagava;
um gozo imenso havia nessa asfixia de perfumes que se condensavam e rarefaziam no ar.
Louca, perdida, alucinada, ela ergueu-se, seu seio dilatou-se, e sua boca, entreabrindo-se,
colou-se aos lábios frios e gelados de seu amante; era o seu primeiro e último beijo; o seu beijo de
noiva.
Foi uma agonia lenta, um pesadelo horrível em que a dor lutava com o gozo, e em que as
sensações tinham um requinte de prazer e de sofrimento ao mesmo tempo; em que a morte,
torturando o corpo, vertia na alma eflúvios celestes.
[...] Isabel não tinha mais forças [...] deixou cair a cabeça desfalecida, e seus lábios
se uniram outra vez num longo beijo, em que essas duas almas irmãs, confundindo=se numa só,
voaram ao céu [...].
ALENCAR, J. O guarani.
70

O fragmento descreve o suicídio da personagem Isabel depois de saber da morte de seu amado,
Álvaro, na obra romântica “O guarani”. O trecho expressa a construção cultural estereotipada da
mulher na literatura brasileira do século XIX, que a imagem de:

A) Indefesa e incapaz, à espera de salvamento.


B) Mulher-anjo, que se sacrifica pelos que a cercam.
C) Sedutora e perigosa, capaz de matar por amor.
D) Adúltera arrependida, que vê na morte a regeneração.
E) Mãe e rainha do lar, digna de louvor da sociedade.

6) A Associação de Mulheres Organizadas Reciclando Peixe (Amor Peixe) existe em Corumbá


desde 2003 e hoje é composta por doze artesãs que se dedicaram à arte de costurar em couro
de peixe. O projeto surgiu com um curso de capacitação e tinha o objetivo de oferecer às
mulheres de pescadores uma alternativa de renda.
“É um trabalho social que resgata a autoestima, porque as mulheres que chegam aqui são
geralmente acima dos 40 anos e já com seus filhos criados, estavam com tempo ocioso. Muitas
delas não têm capacitação para o mercado de trabalho, então, como ficam aqui, elas se sentem
úteis, passam a ter independência financeira, a autoestima melhora. Isso fez mito bem para a
feminilidade da mulher e a independência”, explicou Joana Ferreira de Campos, vice-presidente
da associação.
Habitualmente usando a pele do peixe tilápia, vindo da região de Toledo, no Paraná, hoje há
projetos para as artesãs começarem a trabalhar com outros tipos de peles, com pescado
encontrado na região de Corumbá.
Disponível em: <http://diarioonline.com.br>

A notícia descreve um projeto desenvolvido em Corumbá. Nesse projeto, a arte realizada pelas
costureiras teve como consequência o aumento:

A) Da exploração das trabalhadoras.


B) Da proteção ambiental na região.
C) Da renda das mulheres costureiras.
D) Da escolaridade das participantes.
E) Do consumo de recursos naturais.

7) O mundo não é feito para pessoas gordas. É importante lembrar também que nesse
mundo, o tempo todo, é dito que no caminho para a felicidade, ser magra está em um dos requisitos
básicos. Quando uma menina gorda se aceita, se ama e é feliz com seu tamanho, ela está “furando
a fila da felicidade”, não está seguindo o manual e para muitas outras pessoas isso é um problema,
uma injustiça. Afinal, a pessoa está ali tentando se encaixar nos padrões impossíveis de beleza, se
esforçando e se abalando diariamente com isso e vem uma fulana, obviamente fora dos padrões, e
é feliz. Além de ela ainda querer reivindicar um mundo que aceite ela assim. Ah não! Vamos
reclamar, vamos lembrar a ela que isso é um problema e isso não pode. Ela não pode existir desse
tamanho, logo, os problemas dela, por ser gorda, também não existem. Vamos silenciá-la pra ela
voltar a querer ser magra como todas nós.
Disponível em: <http://www.revistacapitolina.com.br>

A coesão é um recurso muito importante para a produção textual. No texto, o termo destacado:

A) “nós” se estende às mulheres magras brasileiras.


B) “seu” se refere ao tamanho do caminho para a felicidade.
C) “ela” recupera a pessoa que tenta se encaixar nos padrões.
D) “isso” remete à reivindicação de um mundo mais tolerante.
E) “vamos” retoma pessoas que são satisfeitas com seus corpos.
71

8) “É difícil fotografar com lágrimas nos olhos”. A frase de Leonardo Merçon, fotógrafo do
Instituto Últimos Refúgios, que, juntamente com uma equipe que incluía outros fotógrafos, um
cinegrafista e até um nativo da cidade de Aimorés, registrou a transformação no Rio Doce após o
rompimento da barragem de rejeitos em Mariana, Minas Gerais.
É inegável o poder das imagens captadas pelo fotógrafo brasileiro, que acredita que a fotografia,
se não pode mudar o mundo, pode ser “uma porta de entrada para o novo conceito na cabeça das
pessoas”.
Leonardo lembra que este e outros desastres são da responsabilidade do ser humano e vai mais
longe: em uma década, a sociedade como a conhecemos vai acabar. “Está insustentável esse
desenvolvimento forçado, essa ganância pelo lucro. A natureza vai cobrar um preço muito maior”. A
solução? “Eu imagino que a nossa única chance é reformular o modelo de sociedade, algo mais
sustentável que respeite a vida e a natureza”.
CORREIA, J.D. Série de fotos impressionante registra o avanço da lama no Rio Doce. Disponível em:
<http://hypenes.com.br>

Em novembro de 2015, o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração causou um desastre


ambiental na cidade de Mariana, MG. Nesse cenário, as fotografias do Instituto Últimos Refúgios são
importantes porque:

A) Comovem os responsáveis pelo desastre ambiental.


B) Evidenciam soluções para problemas ambientais graves.
C) Reforçam o equilíbrio da relação entre o homem e a natureza.
D) Demonstram o controle do ser humano diante dos desastres.
E) Abrem caminho para a reflexão sobre a relação homem / meio ambiente.

9) SQN, LOL? Entenda as principais expressões e hashtags das redes sociais

AFF – usada para demonstrar descontentamento, cansaço, insatisfação, indignação ou discordância.


Ao pronunciar essa “palavra”, repare o som emitido: é como um suspiro por falta de paciência.
AMG – significa “amigo” ou “amiga” e pode ser aplicado de diversas formas como, “amg, você sabe
o endereço da festa?’
BJS – significa “beijos”. Usada para se despedir do seu amigo ou ao final de alguma mensagem
enviada por você. Existem outras abreviações para a palavra, como bj, bjo, bjos, bjk, bjoks, bju, bjx.
CTZ – significa “certeza” ou “com certeza”. Outras abreviações dessas palavras também são muito
comuns, como CTZZ, CTZA, COM CTZA. Essas podem ser usadas para afirmar o que foi dito ou até
para ironizar.
LOL – Essa é a abreviação de “Laughing Out Loud”, em inglês. Significa “rindo alto”, em português.
Serve para você dizer que você está rindo muito, que está às gargalhadas, sobre um acontecimento.
SQN – famoso no Twitter como hashtag, significa “Só que não”. Ela está muito presente nas redes
sociais, sendo citada pelos usuários quando dizem algo contrário do que pensam. Exemplo: “adoro
carnaval. #sqn”.
DAMASO, L. SQN, LOL? Entenda as principais expressões e hashtags das redes sociais. In techtudo
(adaptado)

O texto aborda a linguagem utilizada nas redes sociais. As descrições demonstram que a influência
da tecnologia na linguagem é responsável pela:

A) Simplificação da língua, pois a disseminação de abreviações que facilitam a escrita tradicional


faz com que ela seja substituída.
B) Criação de novas expressões, muitas vezes derivadas de outras palavras, que caracterizam
um dialeto digital e informal.
C) Americanização da língua portuguesa, que substitui vocábulos da língua materna por
expressões como “LOL”.
72

D) Ressignificação de expressões antigas, que, por meio das redes sociais, assumem novos
contextos de uso.
E) Tendência ao uso de onomatopeias no lugar de palavras que manifestam sentimentos, a
exemplo de “AFF”.

10) – Valeu, mermão? Tu traz o berro que nós vamos rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o cara
de chumbo. Pra arejá.
– Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e pegá.
– Tá com o berro aí?
– Tá na mão.
Aparece o guarda
– Ih, sujou, Disfarça, disfarça...
O guarda passa por eles.
– Discordo terminantemente. O imperativo categórico de Hegel chega a Marx diluído pela
fenomenologia de Feuerbach.
– Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer que Kierkegaard não passa de um Kant com algumas
sílabas a mais. Ou que os iluministas do século 18...
O guarda se afasta.
– O berro tá cheio?
– Tá.
- Então vamlá.
VERÍSSIMO, L.F. Dois homens tramando um assalto. O Estado de São Paulo, 1998.

A crônica satiriza os diferentes valores sociais atribuídos a variantes linguísticas específicas. Na


situação relatada, os assaltantes buscam afastar a suspeita sobre seus atos por meio.

A) Da mudança de um vocabulário típico de uma região periférica do país para uma fala
específica dos centros urbanos.
B) Da transformação de uma conversa informal entre amigos em um diálogo que demonstra
uma relação distante.
C) Da troca de vocábulos arcaicos e em desuso pelo emprego de estruturas e termos
contemporâneos.
D) Da substituição de uma conversa baseada na lingua padrão por uma marcada por gírias e
neologismos.
E) Do abandono de termos que denotam uma classe social mais baixa e da utilização de
vocábulo atribuído a uma classe mais alta e instruída.

11) Aproveitando a febre do Pokémon Go, jogo em que é preciso sair à caça de Pokémon em
ambientes reais, um hospital dos Estados Unidos resolveu entrar na brincadeira para interagir com
seus pacientes infantis. O C.S. Mott. Children’s, especializado em atendimento baixarem o jogo e
saírem de seus leitos em busca dos famosos monstrinhos.
Com a brincadeira, o objetivo é fazer com que as crianças tenham um certo alívio da rotina
maçante de um hospital.
De acordo com o hospital, graças ao jogo os pacientes passaram a se comunicar mais dentro
do local, e a rotina mudou completamente.

A mudança de rotina ocorrida no hospital, possibilitda pelo jogo Pokémon Go, revela o uso das
tecnologias de comunicação como meio de incentivo:

A) À competição.
B) À interação social.
C) Ao vício tecnológico.
D) À prática de atividades físicas
E) Aos tratamentos não convencionais.
73

12) Cidadão se descuidou e roubaram seu celular. Como era um executivo e não sabia mais viver
sem celular, ficou furioso. Deu parte do roubo, depois teve uma ideia. Ligou para o número do
telefone. Atendeu uma mulher.
– Aloah.
– Quem fala?
– Com quem quer falar?
– O dono desse telefone.
– Ele não pode atender.
– Quer chama-lo por favor?
– Ele está no banheiro. Eu posso anotar o recado?
– Bate na porta e chama esse vagabundo agora.
Clic, a mulher desligou. O cidadão controlou-se. Ligou de novo. [...]
VERÍSSIMO. L.F. Clic.

Podemos dizer que no trecho de Clic, de Luís Fernando Veríssimo, há a predominância da função.

A) Apelativa ou conativa, pois há o foco para o emissor (o executivo) tentar convencer o receptor
(a mulher que atende o telefone).
B) Emotiva ou expressiva, pois há o foco para o sentimento de raiva da personagem principal (o
executivo) ao ter o celular roubado.
C) Fática, pois há foco no canal de comunicação, ou seja, durante grande parte do diálogo o
objetivo é estabelecer o contato.
D) Poética, pois há o foco para a mensagem e os efeitos de sentido por ela provocados, por se
tratar de um texto literário.
E) Metalinguística, pois há o foco no próprio código (a língua), quando tenta-se estabelecer um
contato durante o diálogo.

13) Na verdade, o conceito de uma pessoa sedentária tem relação com a quantidade de calorias
que ela gasta semanalmente, seja em atividades esportivas ou nas tarefas do dia a dia. Para ser
considerada uma pessoa ativa é preciso queimar 2200 calorias por semana, ou cerca de 300
calorias por dia.
Além de atingir órgãos vitais como coração, rins e cérebro, entre outros, o sedentarismo
impacta diretamente na saúde dos músculos e ossos, que se tornam mais frágeis, pois ficam sem
uso, literalmente, atrofiando, perdendo a flexibilidade e comprometendo a saúde como um todo.
A atividade física e o exercício físico não são a mesma coisa. Atividade física é qualquer
movimento do corpo que resulte em gasto energético. Já o exercício físico é uma ação planejada
e estruturada, que pode utilizar modalidades esportivas como dança, lutas, jogos, etc. Ambos
promovem a queima de calorias, porém em níveis diferentes.

O sedentarismo pode ser definido como a falta de atividade física adequada para as necessidades
corporais, o que afeta a saúde das pessoas. Para que uma pessoa não seja considerada
sedentária, é preciso que ela.

A) Pratique esportes competitivos, em que há grande queima calórica.


B) Mantenha acompanhamento profissional em suas atividades físicas.
C) Introduza atividades que aumentem seu gasto energético no dia a dia.
D) Queime uma quantidade de calorias superior à que consome durante o dia.
E) Exerça uma sequência de exercícios físicos diários, como lutas, dança ou jogo.
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14) O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
BANDEIRA, M. Poesias reunidas. Rio de Janeiro, Ática, 1985.

O poema modernista evidencia uma problemática social, denunciando:

A) A velocidade da sociedade moderna, que reconfigura a relação do homem com hábitos


básicos.
B) A condição miserável de uma parcela da população, que equipara os homens a animais
famintos.
C) A indiferença das autoridades, que ignoram os homens em disputa com os animais por
recursos vitais nas ruas.
D) O descaso com a situação do lixo urbano, que atrai diferentes animais devido aos detritos
espalhados.
E) O comportamento irracional dos homens modernos, que os coloca em situação de igualdade
com animais ferozes.

15) São Paulo 2


são são paulos as muitas cidades de são Paulo expostas em uma superfície irregular quilômetros
adiante em vales montes e relevos que o asfalto esconde recortando esquinas ruas viadutos praças
largos túneis sustentando múltiplas culturas crenças e sotaques corpos sempre de passagem como
os táxis faces de imigrantes vindos de todas as partes cada bairro um novo continente (...) vila nova
conceição jardim paulista hindus pra ir andando a pé congonhas entre postes e faróis acesos
catumbi barracos e arranha-céus jardim europa penha nada aqui é típico daqui ceasa coreanos
água rasa italianos vila coruçá limão americanos vila Madalena brancos africanos pretos cearenses
pobres paraguaios ricos e mendigos cambuci pari carandiru serviços 24 horas barra funda (...)
ANTUNES, A. Outros 40. São Paulo, iluminúrias, 2014.

No texto de Arnaldo Antunes, a ausência completa de sinais gráficos de pontuação:

A) prejudica o ritmo de uma leitura silenciosa.


B) interfere nas relações sintáticas do texto.
C) cria a imagem de uma cidade suja e malcuidada.
D) simula o ritmo frenético característico da cidade.
E) gera efeitos de sentido contraditório.

16) Para garantir a possibilidade de um bom jornalismo, crítico e independente, a atividade


deverá se adaptar aos novos tempos. “É preciso rever o modelo de negócio do jornalismo praticado
no ambiente digital. Até o momento essa velha indústria tenta transpor para o digital as práticas de
negociação que desenvolve no ambiente tradicional. O mundo mudou, mas as empresas
jornalísticas não”, analisa Costa, professor do MBA Jornalismo e Mídia na Era Digital, da Escola
Superior e Propaganda e Maarketing (ESPM), “Todos trafegam em velocidade supersônica,
enquanto a velha imprensa se mantém na bitola estreita com suas marias-fumaças. Não dá mais.
O jornalismo precisa encarar o ambiente de ruptura, enfrentar a questão geracional, trazendo os
jovens para o comando das redações. Recomeçar, tudo do zero.”
75

Ele lembra que a sociedade precisa de mediadores, investigadores, analistas dos fatos. “Se
o jornalista compreender que não é mais o protagonista da informação e que qualquer um pode
cria-la e distribuí-la atualmente, poderá se dar melhor nessa nova esfera. O jornalista tem a
técnica. Basta saber como fazê-la trafegar num ambiente que virou de cabeça pra baixo o
negócio do jornalismo.”
SAYURI, J. Rumos do Jornalismo. In. Pesquisa Fadesp. (adaptado)

O jornalismo é um importante meio de transmissão de informações da sociedade. A partir do texto


acima, pode-se considerar que o jornalista tem como função social:

A) Sair às ruas e atentar-se aos mais variados acontecimentos.


B) Capacitar os jovens para o trabalho nas redações e reportagens.
C) Concentrar-se nas grandes polêmicas, veiculando informações em tempo real.
D) Ser um mediador, analisando e disponibilizando informações e notícias.
E) Substituir os amadores na divulgação instantânea de informações.

17)

O quadro O Violino, do pintor Juan Gris, é uma obra cubista de 1918. Em comparação a outros
períodos, o cubismo:

A) Revolucionou a história da arte por apresentar uma natureza morta, estabelecendo um novo
gênero de pintura.
B) Rompeu com a tradição da pintura acadêmica até então vigente, não respeitando mais as leis
da perspectiva e utilizando a abstração das formas.
C) Representou também a arte realista, pois os pintores preocupavam-se em retratar os objetivos
obedecendo rigorosamente a forma dos mesmos.
D) Utilizou linhas de composição feitas de forma fluída e orgânica, e não geométrica, como as
pinturas da tradição artística da academia.
E) Criou uma estilização da forma com o intuito de diferenciar a pintura da fotografia, que perdeu
o espaço no século XX.
76

18)

A campanha do Ministério da Saúde, por meio da interação entre recursos verbais e não verbais,
argumenta contra a ideia de que, para ser doador de sangue, é:

A) Indicado escolher um paciente.


B) Necessário conhecer um paciente.
C) Obrigatório saber sobre a doença do paciente.
D) Importante possuir hábitos iguais aos do paciente.
E) Preciso autorização de conhecidos de um paciente

19)

A tira apresenta uma situação em que a língua é colocada em evidência, discutindo o problema:

A) Da falha de comunicação, pois a outra personagem não compreende a fala da primeira.


B) Do conceito linguístico, pois há um julgamento depreciativo de uma variedade linguística.
C) Do descaso com a norma-padrão, pois uma das personagens faz um enunciado incorreto.
D) Da evolução da língua, pois nos termos utilizados pela personagem do último quadrinho
caíram em desuso e não são mais compreendidos.
E) Da incompreensão de uma variação regional, pois uma personagem não compreende a fala
característica da prima que mora em outra região.
77

20) O câncer de mama é uma das principais causas de mortalidade feminina no mundo. Um dos
principais motivos é a descoberta tardia da doença e a dificuldade do acesso a novas terapias de
tratamento. Para alertar a população da prevenção sobre o câncer mais comum em mulheres em
todo mundo, foi instituído o Outubro Rosa, mês em que monumentos públicos são iluminados de rosa
e ações têm como objetivo divulgar a campanha. Como nós somos conscientes desse grave
problema, não só apoiamos o projeto como apresentamos algumas informações para você conhecer
e levantar essa bandeira também. Divulgue a hashtag #OutubroRosa nas redes sociais, discuta com
a parceira e amigas e apoie o movimento você também.

Para ampliar o alcance da campanha Outubro Rosa, o texto recorre à exposição de:

A) Dados oficiais.
B) Ao discurso de autoridade.
C) Ao apelo direto ao público feminino.
D) Ao recurso das redes sociais.
E) À divulgação de informações sobre a doença.

21) O recurso das stories ou status foi incorporado a várias redes sociais.
Esta nova funcionalidade permite que você compartilhe todos os momentos do seu dia e não
somente os que você quer manter no seu perfil. Na medida em que você compartilhe todos os
momentos do seu dia e não somente os que você quer manter no seu perfil. Na medida em que
você compartilha diferentes fotos e vídeos, eles aparecem juntos, como uma sequência, um filme
da sua história.
Além disso, com essa nova funcionalidade, os usuários não precisam se preocupar se estão
compartilhando informações demais. “Você não tem que se preocupar se está publicando demais.
Pelo contrário, você pode compartilhar diariamente tudo o que queria e ser tão criativo como
deseje”, disse a equipe do Instagram, uma das empresas que aderiu ao recurso.
Pra fechar, você pode fazer uso de efeitos especiais. Além disso, a eliminação da História
acontece após 24 horas: “Você também pode dar mais vida à sua história usando ferramentas de
desenho e de texto. As fotos e os vídeos vão desaparecer depois de 24 horas e não voltarão a
aparecer no seu perfil nem na sua seção principal.”
Disponível em: <https://postcrom.com> (adaptação)

O texto apresenta as stories ou status. Esse recurso é caracterizado:

A) Pela permissão de um maior número de publicações.


B) Pela possibilidade de exclusão das publicações.
C) Pela momentaneidade das informações publicadas.
D) Pelo anonimato da responsabilidade por uma publicação.
E) Pela disponibilidade de ferramentas de edição exclusivas.

22) Eu sou o carvão! Tenho que arder na exploração


E tu arrancas-me brutalmente do chão Arder até as cinzas da maldição
E fazes-me tua mina, Arder vivo como alcatrão, meu irmão
Patrão. Até não ser mais a tua mina,
Eu sou o carvão! Patrão.
E tu acendes-me, patrão Eu sou carvão
Para te servir eternamente como força motriz Tenho que arder
Mas eternamente não, Queimar tudo com o fogo da minha
Patrão. combustão.
Eu sou carvão Sim!
E tenho que arder, sim Eu serei o teu carvão, patrão!
E queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão CRAVEIRINHA, J. Grito negro.
78

O poema utiliza uma linguagem plurissignificativa, em que as palavras possuem mais do que um
sentido. Como por exemplo dessa linguagem tem-se a palavra “carvão”, que, no texto:

A) Simboliza o local de origem do homem negro.


B) Especifica o minério extraído nas minas africanas.
C) Representa a força do trabalho dos negros africanos.
D) Evidencia o sofrimento da escravidão sobre os escravos
E) Sintetiza o sentimento de revolta contra os senhores de escravos.

23) Os [índios] de uma nação são muito pacíficos entre si, e de maravilha pelejam senão de
palavra e às punhadas, e se alguma hora com a quentura demasiada do vinho vai a coisa muito
avante, às mulheres logo lhes escondem das flechas e outras armas, até os tições de fogo, por que
se não matem e firam, porque de uma morte destas às vezes acontece dividir-se uma nação com
guerra civil, e mataram-se e comerem-se e destruírem-se.
ANCHIETA, J Textos históricos.

No texto, Padre José de Anchieta relata suas impressões sobre os indígenas com que teve
contato, buscando
A) Evidenciar o costume canibal dos nativos da região.
B) Apontar os nativos como sujeitos submissos às mulheres
C) Apresentar a cultura de guerra das tribos indígenas locais.
D) Exprimir a ideia de que os índios prezam pela pacificidade.
E) Informar as habilidades dos índios no uso de instrumentos.

24) Outro dia me convidaram para irmos ao Mc Donald’s comemos cheese Burger.
O salão estava lotado e fizemos os pedidos através de um tal de drive thru.
Os colegas percebendo a minha irritação disseram: se tu tiver com pressa eles tem um sistema
de delivery, maravilhoso.
Desacostumado como este linguajar chamei os cabras: vamos s’imbora.
[...]
Lá no centro da cidade quase que morri de fome, tanta coisa tanto nome e eu sem saber
pronunciar.
É fast-food, delivery, self- servisse, hot dog, catchup, meu Deus! Onde é que eu vim parar?
SILVA, C. Estrangeirismo.

A música apresenta uma visão acerca do uso social do fenômeno linguístico conhecido como
estrangeirismo. Por meio dos recursos de construção, o autor argumenta que tal uso:

A) Incentiva o aprendizado da língua inglesa pela população brasileira.


B) Introduz demasiados termos estrangeiros no dia a dia da população.
C) Aponta o descontentamento da população com o idioma português.
D) Representa o desconhecimento da população sobre a língua materna.
E) Denuncia a ineficiência da língua portuguesa para nomeação de serviços.

25) Recentemente, uma solução tem chamado a atenção de muita gente que sofre de daltonismo:
algumas pessoas puderam sentir a emoção de ver as cores pela primeira vez, ao usarem um par
de óculos especial criado por uma empresa.
Após diversas pesquisas sobre genética e anomalias relacionadas à fotopigmentação, foram
criados modelos de óculos de alta tecnologia para venda. O efeito sobre a forma como as
pessoas com daltonismo percebem as cores pôde ser finalmente modificado. O óculos funciona
da seguinte maneira: a lente ‘filtra’ as cores específicas e segmenta os fotopigmentos. Essa
filtragem separa os cones vermelhos e verdes sobrepostos, ajudando a melhorar a visão de que
tem dificuldade de enxergá-las.
79

O texto relata o uso de um aparato tecnológico como meio de desenvolvimento da sociedade, uma
vez que ele permite:

A) O diagnóstico de problemas de visão.


B) O avanço de pesquisas em visão humana.
C) A correção momentânea de uma deficiência.
D) A percepção de cores incomuns ao olho humano.
E) A identificação de uma anomalia genética nos olhos.

26)

Anúncios publicitários são, muitas vezes, utilizados por órgãos públicos a fim de promover certos
hábitos na população. No anúncio em questão, as datas de validade são apresentadas com o objetivo
de:

A) Exibir a diferença entre os materiais, o que evidencia a necessidade de descarta-los de


formas distintas.
B) Incentivar o consumo de produtos a granel, que dispensam o uso de embalagens de difícil
reciclagem.
C) Sugerir a separação dos materiais presentes em embalagens de alimentos entre recicláveis
e não recicláveis.
D) Expor a inexistência de materiais nocivos em potes de azeitonas, sendo necessário
reciclagem para retirá-los.
E) Identificar os materiais que devem parar de ser utilizados pelas indústrias, com base em seu
tempo de decomposição

27) Salão de Beleza- Zeca Baleiro

Vem você me dizer


Que vai num salão de beleza Oh! Baby você não precisa
Fazer permanente De um salão de beleza
Massagem, rinsagem, reflexo Há menos beleza
E outras "cositas más"... Num salão de beleza
80

A sua beleza é bem maior A verdadeira beleza


Do que qualquer beleza A beleza que põe mesa
De qualquer salão... E que deita na cama
A beleza de quem come
Mundo velho A beleza de quem ama
E decadente mundo A beleza do erro
Ainda não aprendeu Puro do engano
A admirar a beleza Da imperfeição...

A canção acima tem como foco a tematização do belo. Após a leitura, pode-se inferir que

A) A música lista uma série de tratamentos estéticos, como “permanente”, “reflexo”,


“rinsagem”, a fim de descrever os serviços prestados pelos salões de beleza.
B) A música considera o salão de beleza o local da beleza contemporânea e onde as mulheres
podem encontrar a verdadeira beleza.
C) A música critica os indivíduos pertencentes ao “mundo velho”, ou seja, aqueles que ainda
não reconheceram a importância dos salões de beleza da sociedade atual.
D) A música considera que vivemos em um “decadente mundo”, pois a beleza interior é vista
como a mais importante, desconsiderando a exterior.
E) A música critica os padrões estéticos contemporâneos, que privilegiam a beleza exterior, e
não aquela cultivada interiormente.

28) Heredos e atavismos, nômades e sedentários...


Assimilação e repulsa.
Afro, luso, ameríndio.
Tateio entre as raças donde provenho
Para desconhecido dos destinos.
Combatendo a mim própria,
Procuro conjugar estranha sensação
De ser e de não ser...
Afro, lusitano e bugre
– sou a herança hesitante de vós três.
CORALINA, C. Cidade de Santos. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. São Paulo. Global
Editora, 1985, p. 104 (fragmento)

O poema apresenta uma relação conflitante do sujeito consigo mesmo, comum à nacionalidade
brasileira, que consiste:

A) Na rejeição das heranças negativas trazidas de outras raças.


B) Na luta contra o preconceito em relação a outras culturas.
C) Na busca por uma origem única para enfrentar o destino.
D) No pouco conhecimento sobre características nacionais.
E) No estranhamento diante da hereditariedade híbrida.
81

29)

A campanha foi promovida pela ONG Balde Vazio, em resposta ao “desafio do balde de gelo”,
lançado em 2014 para arrecadar fundos para pesquisa sobre a doença Esclerose Lateral Amiotrófica.
Para convencer o leitor da importância de não desperdiçar água com esse desafio, o texto se utiliza,
principalmente, de estratégias de persuasão baseadas em:

A) Ironia, utilizando sarcasmo para demonstrar o descontentamento e a irresponsabilidade de se


promover esse desafio durante a crise hídrica.
B) Chantagem, condicionando a realização do desafio em questão à falta de água para atividades
cotidianas básicas, ameaçando o corte desse recurso.
C) Intimidação, provocando culpa nos idealizadores desse desafio, uma vez que a atitude é a
responsável pelo agravamento da crise hídrica.
D) Racionalidade, demonstrando outros usos que poderiam ser feitos da água utilizada para o
desafio.
E) Sedução, enaltecendo o leitor que não realiza o desafio e ajuda a destinar a água para outros
usos.

30) Não sou nada.


Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
CAMPOS, A Tabacaria.

No poema, o eu lírico é colocado em destaque, revelando que a função da linguagem


predominante no texto é a:

A) Função poética, visto que o eu lírico se utiliza de um poema.


B) Função referencial, uma vez que o eu lírico expõe um fato objetivo.
C) Função fática, já que o eu lírico estabelece uma conversa com o leitor.
D) Função emotiva, dado que o eu lírico expressa um sentimento próprio.
E) Função conotativa, pois o eu lírico tenta convencer o leitor sobre seu sentimento.

31) Em todas as construções chamadas de gerundismo, o traço principal fundamental, ou seja,


o principal fato línguístico, é a presença do verbo “estar” depois de outro auxiliar. (...) O leitor não
suspeitaria jamais que a frase abaixo consta do texto que consagra a Nomenclatura Gramatical
Brasileira (Portaria 36, de 28 de janeiro de 1959). 1959! Bem antes do telemarketing, portanto!
Sublinho os três auxiliares, que resultam num típico caso do que (...) chamam de gerundismo:
“Podem alguns verbos estar mordificando toda a oração”.
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Se a oração fosse enunciada na “ordem direta”, isto é, se o sujeito não fosse posposto ao primeiro
auxiliar (“Alguns verbos podem estar modificando”), o tal do gerundismo seria ainda mais atípico.
Mas isso não muda o fato de que esse texto legal absolutamente padrão e redigido por gramáticos
contém o que alguns consideram um vício horrível...
POSSENTI, S Vamos estar considerando sobre o gerundismo.

O texto aborda o fenômeno linguístico chamado gerundismo. A respeito disso, o autor argumenta
que o fenômeno, em relação à norma padrão:

A) É um vício de linguagem, exceto quando na presença do verbo “estar” depois de outro verbo
auxiliar.
B) É um vício de linguagem, utilizado em situações informais como a linguagem de telemarketing.
C) É um vício de linguagem, condenado pela Nomenclatura Gramatical Brasileira, desde 1959.
D) Não é um vício de linguagem, pois pode ser encontrado em textos na norma culta e padrão.
E) Não é um vício de linguagem, uma vez que é recomendado pela Nomenclatura Gramatical
Brasileira.

32) O voleibol sentado surgiu na Holanda nos anos 1950, combinando o voleibol Olímpico com um
esporte alemão chamado “sitzball”.
O esporte, disputado por atletas com dificuldades locomotoras, está nos Jogos Paralímpicos desde
Arnhem 1980.
Podem competir no vôlei sentado jogadores amputados, paralisados cerebrais, lesionados na coluna
vertebral e pessoas com outros tipos de deficiência locomotora.
Assim como o voleibol, a partida é decidida em melhor de cinco sets. Vence a parcial quem fizer 25
pontos primeiro, e o tié-break (ou set de desempate), vai até 15 pontos. Cada equipe é composta por
12 jogadores, sendo que apenas 6 estão em campo, divididos pelos jogadores que estão ao ataque,
os que estão na defesa, e o líbero.
Os atletas não podem bater na bola sem estar em contato com o solo. Além disso, é permitido o
bloqueio do saque adversário e é comum também vermos as pernas dos adversários se chocando
durante a partida.

O texto apresenta algumas diferenças entre o voleibol e o voleibol sentado. Uma regra da modalidade
paraolímpica que configura uma adaptação de acordo com as necessidades dos atletas é:

A) O maior número de sets.


B) O critério para desempate do jogo.
C) O movimento realizado para o bloqueio.
D) A diferença no posicionamento dos jogadores.
E) O contato permanente dos jogadores com o solo.

33)
Nasce o sol e não dura mais que um dia.
Depois da luz, se segue a noite escura, Mas no sol e na luz falta a firmeza;
Em tristes sombras morre a formosura, Na formosura, não se dê constância
Em contínuas tristezas a alegria. E, na alegria, sinta-se tristeza.

Porém, se acaba o sol, porque nascia? Começa o mundo, enfim pela ignorância,
Se é tão formosa a luz, porque não dura? E tem qualquer dos bens por natureza:
Como a beleza assim se transfigura? A firmeza somente na inconstância.
Como o gosto da pena assim se fia? Matos, G Obra Poética.

O soneto de Gregório de Matos explora um tema associado a um valor social permanentemente


em questionamento, a:
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A) Inevitabilidade da morte.
B) Transitoriedade da vida.
C) Perenidade da vida.
D) Imortalidade da alma.
E) Infinitude do tempo.

34)

Ernst Ludwig Kirchner é um expoente do Expressionismo, uma das vanguardas do início do século
XX. Nas telas expressionistas, a deformação da realidade evidencia:

A) Visão subjetiva da realidade.


B) O convencionalismo das representações artísticas.
C) O apego à arte imitativa.
D) A idealização do universo infantil.
E) A representação do onírico.

35) Leia um haicai da poeta contemporânea Alice Ruiz.

ouvindo Quintana
minha alma
assobia e chupa cana
RUIZ, A. Dois em um. São Paulo. Iluminúrias, 2009.

Nesse poema que homenageia o poeta Mario Quintana, o uso da expressão popular:

A) Revela a herança parnasiana que influencia Alice Ruiz.


B) Remete ao contexto regional do poeta gaúcho homenageado.
C) Evidencia o engajamento social da literatura da poeta.
D) Configura-se como um recurso de metalinguagem.
E) Exemplifica o apreço da linguagem pelo comum, ao estilo modernista.
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36) Canção do vento e da minha vida

O vento varria as folhas,


O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[...]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses


E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa

Na estruturação do texto, destaca-se:

A) A construção de oposições semânticas.


B) A apresentação de ideias de forma objetiva.
C) O emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo.
D) A repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
E) A inversão da ordem sintática das palavras.

37) Cidade grande


Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)

Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a:

A) Metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.


B) Intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
C) Ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
D) Denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
E) Prosopopéia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.
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38)

O cartaz aborda a questão do aquecimento global. A relação entre os recursos verbais e não verbais
nessa propaganda revela que:

A) O discurso ambientalista propõe formas radicais de resolver os problemas climáticos.


B) A preservação da vida na Terra depende de ações de dessalinização da água marinha.
C) A acomodação da topografia terrestre desencadeia o natural degelo das calotas polares.
D) O descongelamento das calotas polares diminui a quantidade de água potável no mundo.
E) A agressão ao planeta é dependente da posição assumida pelo homem frente aos problemas
ambientais.

39)

As figuras de linguagem são comumente encontradas nos textos literários, bem como em charges e
tirinhas. Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem
para:

A) Condenar a prática de exercícios físicos.


B) Valorizar aspectos da vida moderna.
C) Desestimular o uso das bicicletas.
D) Caracterizar o diálogo entre gerações.
E) Criticar a falta de perspectiva do pai.

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