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Por Vinicius Cervantes G.

Arruda  Publicado janeiro 28, 2021  Em Artigos

O Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) estabeleceu em seus artigos 13 e 15,


respectivamente, o dever de guarda dos registros de conexão por um ano, aos
provedores de conexão, e o dever de guarda dos registros de acesso a
aplicações de Internet por seis meses, aos provedores de aplicação, o que
inevitavelmente exige o tratamento de dados pessoais. 

Os provedores de conexão, obviamente, são aqueles responsáveis por


fornecer os serviços de conexão à Internet, como Vivo, Claro e outras. Já os
provedores de aplicação, são aqueles que fornecem um conjunto de
funcionalidades acessíveis por meio de um terminal, como um computador,
celular, conectado à Internet. Logo, provedores de serviços de e-mail, como
Gmail ou Hotmail, redes sociais, como Facebook ou Twitter, geradores de
conteúdo, como UOL ou Globo, ou serviços de comércio eletrônico, como
Mercado Livre, OLX ou mesmo websites de pequenas empresas, encaixam-se
no conceito de provedores de aplicação e deverão cumprir tal obrigação. 
Privacidade - Termos
Essa atividade de tratamento de dados pessoais, ou seja, o armazenamento
dos registros de conexão e acesso, sob o ponto de vista da Lei Geral de
Proteção de Dados (Lei 13.709/2018), coloca referidos provedores na posição
de controlador e encontra respaldo, ou seja, base legal, no artigo 7º, inciso II,
que autoriza o tratamento de dados pessoais para o cumprimento de obrigação
legal ou regulatória. O tema chama ainda a atenção para outros pontos
importantes. 

O primeiro deles, sob o ponto de vista dos controladores, é que o tratamento


dos dados pessoais neste contexto deverá ter como �nalidade única e
exclusiva o cumprimento da obrigação legal imposta pelo Marco Civil da
Internet.  O segundo ponto relevante é que, decorrido o período de um ano
para os provedores de conexão e de seis meses para os provedores de
aplicação, a �nalidade do armazenamento destes dados pessoais é atingida.
Logo, esses registros deverão ser eliminados. A manutenção do tratamento de
tais dados pessoais, é possível, no entanto, caso exista outra base legal para
tanto, diferente daquela obrigação imposta pelos artigos 13 ou 15 do Marco Civil
da Internet. 

Um terceiro ponto relevante, sob o ponto de vista da reparação de danos


decorrentes de atos praticados na Internet, identi�cação dos agressores ou
infratores, até mesmo para persecução penal, é o momento em que a vítima ou
autoridade responsável decide tomar providências. Ultrapassados os períodos
de seis meses ou de um ano, a ausência do dever de guarda dos registos de
acesso ou conexão poderá, certamente, di�cultar a identi�cação dos
responsáveis. Por tal motivo, é preciso estar atento e agir o mais rápido possível,
tanto para preservação de provas, quanto para que se possa identi�car
adequadamente os envolvidos, o que se faz de maneira mais precisa por
meio do assessoramento jurídico especializado. 

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