5.

3
Dimensionamento Inicial
1
Sumário
1. Lista de Figuras....................................................................................................................................... 3

2. Introdução .................................................................................................................................................. 4

3. Análise da conta de Energia....................................................................................................... 4

4. Cenários ....................................................................................................................................................10

Reduzir a conta de energia...........................................................................................................10

Zerar a sua conta de energia .....................................................................................................10

Produzir mais do que o consumido ...........................................................................................11

5. Entendendo a Necessidade ......................................................................................................11

6. Compensando o Custo de Disponibilidade ..................................................................13

7. Média de compensação diária .............................................................................................15

8. Radiação Solar....................................................................................................................................16

9. Primeiro Dimensionamento .............................................................................................................16

10. Dimensionamento de Módulos Fotovoltaicos ...........................................................17

11. Dimensionamento do microinversor ...................................................................................18

12. Referências..........................................................................................................................................22

2
1. LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cópia de uma conta de energia da Cemig enviada pelo cliente – Fonte: Soliens ......... 6

Figura 2 - Cópia de uma conta de energia da Cemig enviada pelo cliente – Fonte: Soliens ......... 7

Figura 3 - Resumo do sistema. Fonte: Soliens............................................................................. 20

Figura 4 - Dados de saída do microinversor YC500A. Fonte: Catálogo de instalação da

APsystems. .................................................................................................................................. 21

3
2. INTRODUÇÃO

Nesta unidade vamos acompanhar um passo a passo do

dimensionamento inicial do projeto de um sistema utilizando micro inversores.
Vários conceitos que serão apresentados para o dimensionamento e a
instalação de um sistema utilizando micro inversores, são idênticos aos
conceitos necessários para o dimensionamento e a instalação de um sistema
com inversor convencional de string.
Na unidade 2.3.1 você estudou um pouco das faturas de energia, portando
vamos trabalhar a partir de agora com um exemplo real, o mesmo que
utilizamos para o dimensionamento com um inversor convencional de string.

3. ANÁLISE DA CONTA DE ENERGIA.

Após o contato inicial com o cliente, de posse de sua conta e energia

vamos iniciar o dimensionamento.
O cliente em questão gostaria de instalar o seu sistema e dividir esta
produção em duas residências. Está modalidade é conhecida como
Autoconsumo Remoto. Na modalidade autoconsumo remoto, o cliente pode

4
gerar energia em um imóvel (que pode ser um terreno, sitio, loja, comercio e
etc.) e dividir os créditos gerados para serem abatidos em outro imóvel,
desde que, ambos os imóveis estejam sob a titularidade do mesmo CPF/CNPJ.
Caso tenha dúvidas sobre esta modalidade, consulte a resolução Aneel (RN
687) que você encontra com facilidade na internet.
Abaixo é possível observar as duas contas que o cliente enviou

5
1ª Conta de Energia (Unidade Geradora)
Figura 1 - Cópia de uma conta de energia da Cemig enviada pelo cliente – Fonte: Soliens

6
2ª Conta de Energia (Unidade Secundária)

Figura 2 - Cópia de uma conta de energia da Cemig enviada pelo cliente – Fonte: Soliens

7
Primeiramente vamos analisar qual é a classe do seu cliente. Este é ponto de
partida e ele é importante para a definição do custo de disponibilidade

Instalação Monofásica

A rede monofásica é composta por dois fios, uma fase e um neutro, e

somente é instalada quando a carga residencial somada chega até 8000
watts (8kW). Ou seja, uma residência que tem um consumo baixo de energia.
Aqui é cobrado o custo mínimo de 30 kWh. A tensão fornecida é de 127V
em alguns estados, em outros é de 220V. Com inversores convencionais de
string é necessário solicitar o aumento de carga passando o sistema de
monofásico para bifásico, pois a maioria dos inversores trabalham com 220V.
Já com os micro inversores, é possível manter a rede em 127V pois existem
micro inversores que trabalham com 127V.

Instalação Bifásica

A rede bifásica é composta por três fios, duas fases e um neutro. É mais
comum em zonas rurais e bairros residenciais. Aqui é cobrado o custo mínimo
de 50 kWh. A tensão fornecida é de 220V, podendo gerar 127V caso seja
conectada Fase-Neutro e 220V Fase-Fase.

8
Instalação Trifásica

A rede trifásica é composta por quatro fios, três fases e um neutro. É mais
comum em bairros residenciais maiores, prédios, centros comerciais e é o limite
que a baixa tensão pode atingir, antes de ser considerada Alta Tensão.
Neste tipo de instalação é cobrado o custo mínimo de 100 kWh. A tensão
fornecida é de 220V, podendo gerar 127V caso seja conectada Fase-
Neutro, 220V Fase-Fase e alguns estados 380V.

A instalação que vai gerar a energia e injetar na rede é a da primeira conta,

o que significa que ela é bifásica. Portanto, vamos dimensionar o sistema a
partir do seu custo mínimo de 50 kWh, pois este custo terá que ser pago de
qualquer maneira, mesmo se não houver consumo. A concessionária cobra
esse custo mínimo pelo fato de que ela sempre mantem a rede disponível para
o uso, independente se ele está sendo utilizado ou não.

9
4. CENÁRIOS

Poderemos ter alguns cenários ao analisar o interesse do cliente em um sistema

fotovoltaico:

Reduzir a conta de energia

Caso o cliente queira reduzir menos de 20% de seu consumo, e seu

consumo seja muito pequeno, o ideal é orientar este consumidor a reduzir o
valor de sua conta com o uso de equipamentos mais eficientes, como por
exemplo as lâmpadas de LED.

Se a conta do cliente for elevada, e ele já possuir uma residência

eficiente do ponto de vista energético, pode ser que ele queira realmente
reduzir sua conta em 50%, o que pediria um dimensionamento de metade do
seu consumo.

Zerar a sua conta de energia

Como sabemos isto ainda não é possível, pois estamos utilizando a

rede da distribuidora, e deveremos arcar com os custos mensais como a taxa
de disponibilidade e a taxa de iluminação pública. Portanto é possível que

10
você consiga reduzir de 70 a 98% da conta do cliente, vai depender do
volume de consumo e da taxa de disponibilidade paga pelo cliente.
Produzir mais do que o consumido

É possível que alguns clientes, como é o caso do cliente da Soliens,

queiram produzir energia além do que é consumido, como no exemplo aqui
das duas residências. Isto é possível com um maior dimensionamento do
sistema. Normalmente clientes como este gostariam de reservar energia, já que
é possível “armazenar” os créditos para uso futuro, junto a distribuidora.

É bom que você entenda perfeitamente a necessidade do seu cliente,

pois uma má compreensão dela, poderá gerar transtornos futuros.

5. ENTENDENDO A NECESSIDADE

Já sabemos que o cliente quer gerar energia para os seus dois imóveis
e que gostaria de gerar energia suficiente para além de suprir suas
necessidades, também reservar créditos para o futuro. Pois pretende aumentar
o consumo gradativamente.

Dica: Antes de iniciar o dimensionamento verifique exatamente, quais

equipamentos o seu fornecedor tem em estoque, antes de incluir certos
equipamentos que não poderão fazer parte da instalação do projeto.

11
 As faturas acima, são da distribuidora Cemig, do estado de Minas
Gerais, e ambas as unidades estão dentro do estado, sendo permitido que
se dividam os créditos (unidades dentro da mesma distribuidora). O objetivo
deste projeto é produzir energia em Tiradentes - MG e distribuir a energia
para a outra unidade localizada na cidade de Nova Lima – MG. A unidade
geradora receberá 30% da energia produzida, enquanto a segunda
unidade 70%.

Normalmente encontraremos um histórico completo na fatura de

energia. No caso específico de ambas as faturas, este histórico é recente. Na
primeira ele abrange apenas um mês, e na segunda cinco meses.

É importante descobrir a média mensal anual do seu cliente. Caso este

histórico esteja incompleto, como no caso do nosso cliente, faremos uma
média com base na carga instalada na residência. Anexamos uma planilha
que pode lhe auxiliar nestes cálculos.

Vamos somar, portanto, a média do consumo em kWh das duas

unidades, completando o histórico com nossa estimativa:

12
 Somamos todos os meses em cada unidade e dividimos pelo número
de meses, a soma das duas médias deu 227 kWh/mês. De posse de um
histórico completo, esta média ficaria mais precisa.

Dica: Quando não houver histórico (normalmente por se tratar de

imóvel recém construído), recomenda-se o uso da planilha de carga
instalada, ou do histórico de consumo da unidade anterior do cliente.

6. COMPENSANDO O CUSTO DE DISPONIBILIDADE

Agora que já sabemos que a média mensal das duas unidades é de

227 kWh/mês e que ambas as instalações são bifásicas (220V/127V),
portanto, têm necessariamente que arcar com o valor de 50kWh para cada
unidade, totalizando 100kWh que serão obrigatoriamente pagos todo mês
para a distribuidora.

13
 Vamos então, retirar este valor dos nossos cálculos e trabalhar apenas
com o valor acima do custo de disponibilidade. Este valor será denominado
de Energia de Compensação.

Ec = Energia de Compensação (kWh/mês)

Ce = Consumo de Energia (kWh/mês)
Cd = Custo de Disponibilidade (kWh/mês)

Ec= Ce - Cd = 227 kWh/mês – (2unidades * 50kWh/mês) = 127 kWh/mês

Poderíamos neste caso dimensionar um sistema que reduza as duas

contas de energia ao Custo de Disponibilidade. Mas neste caso específico
o cliente demandou mais energia, pois ampliará os dois imóveis, o que
aumentará muito o consumo nos próximos meses.

A vantagem em se utilizar os microinversores é que o cliente poderia ir

aumentando o sistema aos poucos, acrescentando módulos e microinversores
de acordo com a necessidade. Porém, como o aumento da demanda de
energia do cliente ocorrerá em poucos meses, ele já solicitou que fosse
instalado um sistema maior desde o princípio.

Em contato com o cliente estabelecemos o valor de 200 kWh, muito

mais que a sua necessidade atual, que é de 127kWh, Mas como teremos
muitas perdas neste sistema (entre 15-30%), vamos definir o valor da
produção como sendo de 320 kWh/mês. Isso é só uma estimativa. Para termos
14
um valor real e um sistema bem dimensionado, veremos o que deve ser
considerado na aula de dimensionamento final.

Nosso sistema será dimensionado, portanto com o valor de 320

kWh/mês em mente.

7. MÉDIA DE COMPENSAÇÃO DIÁRIA

Durante o mês geraremos 320 kWh/mês (nominal) de energia, mas para

iniciarmos o dimensionamento de forma correta, vamos usar a média diária.
Usando o seguinte cálculo:

Ecd = Energia de Compensação Média Diária (kWh/dia)

Ec = Energia de Compensação (kWh/mês)
30 = média dos dias do mês durante o ano

𝐸𝑐 320 𝑘𝑊ℎ/𝑚ê𝑠
Ecd = = ≈ 10,66 kWh/dia
30 30

Necessitaremos então de um sistema que produza 10,66 kWh.

15
8. RADIAÇÃO SOLAR

Assim como fizemos no sistema com inversor convencional, consultamos

o site do CRESCEB para obter o valor de HSP (Horas de Sol Pleno). Na época
em que esse projeto foi feito (2017), nós utilizamos uma outra base de dados
que hoje já não está mais disponível. Nessa base de dados, havíamos
encontrado um HSP na cidade de Tiradentes-MG de 5,129 HSP.

9. PRIMEIRO DIMENSIONAMENTO

Agora que temos o valor da irradiação solar para a cidade de

Tiradentes que é de 5,129 (média anual, a primeira média mostrada na
imagem acima) vamos calcular a potência pico do projeto:

Ppico = Potência Pico do Sistema FV, dado em kWp (potência do módulo em

laboratório)
Ecd = Energia de Compensação Média Diária (kWh)
HSP = Hora Sol Pico (Média anual de radiação em horas)

𝐸𝑐𝑑 10,66 𝑘𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎

Ppico = = ≈ 2,07 kWp
𝐻𝑆𝑃 5,129 𝐻𝑆𝑃

16
10. DIMENSIONAMENTO DE MÓDULOS FOTOVOLTAICOS

Temos agora, o valor em kilowatts-pico do sistema, que poderemos usar

para calcular quantos módulos fotovoltaicos iremos utilizar:

Mn = Número de Módulos
Ppico = Potência Pico do Sistema FV, dado em kWp (potência do módulo
em laboratório)
Wp = Potência Pico de cada Módulo (watt-pico)
1000 = 1kW = 1000W

𝑃𝑝𝑖𝑐𝑜∗1000 2,07 𝑘𝑊𝑝∗1000

Mn = = ≈ 7,96 = 8 Módulos
𝑊𝑝 260 𝑊𝑝

É importante frisar que este é um valor inicial, para se fazer um pré-

orçamento. Ainda não houve visita técnica e algumas variáveis ainda não
foram incluídas (sombreamento, inclinação e orientação do telhado). Por
enquanto, estamos considerando que todas as condições sejam ideias.

17
 11. DIMENSIONAMENTO DO MICROINVERSOR

Esta é uma das partes mais fáceis, pois naturalmente o micro inversor
irá processar a energia produzida de 1 a 4 módulos fotovoltaicos (a
depender da potência dos módulos e do micro inversor escolhido).

Para dimensionarmos o melhor micro inversor, devemos levar em conta

a quantidade de módulos, a rede do cliente e quais são os micro inversores
disponíveis no mercado e homologados pelo INMETRO:
No caso temos que:

• Quantidade de módulos: 8 módulos de 260W cada

• Rede do cliente: 220V (2Fases + 1 neutro)

Vamos utilizar micro inversores da marca APsystems. Os micro inversores

homologados pelo INMETRO da APsystems são mostrados na tabela 1. Vamos
utilizar YC500A-220

Tabela 1 - Modelos de microinversores da APsystems homologados no INMETRO

TENSÃO DE QTD MÁXIMA

MODELO TIPO POTÊNCIA
SAÍDA EM C.A. DE MÓDULOS

YC500A-127 Monofásico 127Vca 2 módulos 500W

YC500I-127 Monofásico 127Vca 2 módulos Até 548W
YC500A-220 Monofásico 220Vca 2 módulos 500W

18
YC500I-220 Monofásico 220Vca 2 módulos Até 548W
YC1000-220 Trifásico 220Vca 4 módulos 1000W
YC1000-220 Trifásico 380Vca 4 módulos 1000W
Fonte: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/componentes_fotovoltaicos_Inversores_On-
Grid.pdf

É importante entender que a potência do micro inversor não vai

acompanhar necessariamente a potência pico ideal do sistema (Ppico), pois
será necessário arredondar a quantidade de módulos, em algumas situações.

Temos que:
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 500𝑊
Quantidade de módulos por micro inversor = = ≈ 1,92
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 260𝑊

= 2 Módulos

Quando o valor resultar em uma fração, é preciso arredondar o valor

para cima ou para baixo. Embora o resultado tenha sido 1,92, vamos
considerar 2 módulos por micro inversor uma vez que ainda não estamos
considerando as perdas por temperatura, sombreamento e etc...

Como temos 8 módulos, vamos utilizar 4 micro inversores.

Na figura abaixo é possível ver um resumo do sistema.

19
 Figura 3 - Resumo do sistema. Fonte: Soliens

É preciso atentar para a quantidade máxima de microinversores que pode

ser instalado por ramo. Essa informação é obtida na folha de dados do
microinversor:

20
Figura 4 - Dados de saída do microinversor YC500A. Fonte: Catálogo de instalação da APsystems.

Como estamos instalando um ramo de apenas 4 micro inversores, não

estamos excedendo o limite recomendado pela folha de dados do micro
inversor, que é de 6 micro inversores por ramo para um disjuntor de 20 A.

21
12. REFERÊNCIAS
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