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INTRODUÇÃO

Este artigo trata do terceiro experimento de um grupo de 7 experimentos realizados


na tese de doutorado intitulada "Design e Fabricação de um Pavilhão Biomimético Complexo,
Celular e Responsivo com Tecnologias Digitais e Robótica em Brasília - DF". Dentro do projeto
de pesquisa de "Modelagem Paramétrica, Fabricação Digital e Customização em Massa". Linha
de pesquisa em "Tecnologia de Produção para o Ambiente Construído". Área de concentração
em "Tecnologia, Meio Ambiente e Sustentabilidade". Programa de Pós-Graduação da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - PPGFAU - da Universidade de Brasília - UnB - Campus
Darcy Ribeiro.

O avanço da modelagem 3D e da fabricação digital por tecnologias de adição permitiu


o projeto e fabricação de protótipos de artefatos com formas complexas ou geometrias não
euclidianas no campo da arquitetura; mas há poucas experiências que tentaram apontar as
possibilidades e limitações dessas tecnologias para a produção de componentes inspirados nas
estruturas naturais para o setor da construção.

Nesse sentido, o problema desta pesquisa era determinar as possibilidades e


limitações do design digital e da fabricação digital por tecnologia de adição de um protótipo de
célula estrutural inspirada nas estruturas naturais encontradas nas cascas de frutas de algumas
espécies presentes na região Centro-Oeste do Brasil.
É hipotetizado que a tecnologia de adição digital, utilizando processamento de luz direta em
resina, é um processo de produção rápido que apresenta uma boa resolução de impressão em
objetos com formas complexas ou geometrias não euclidianas.

O principal objetivo era determinar as possibilidades e limitações do design digital e da


fabricação digital por tecnologia de adição de um protótipo de célula estrutural inspirada nas
estruturas naturais encontradas nas cascas de frutas das espécies de atemóia (Annona
cherimola, Mill - Annona Squamosa, L.), buriti (Mauritia flexuosa), coco babaçu, graviola e
pinha, presentes na Região Centro-Oeste do Brasil. Os objetivos específicos eram: 1)
Determinar as características estruturais das cascas das frutas das espécies de atemóia, buriti,
coco babaçu, graviola e pinha; 2) Determinar a forma da célula estrutural a partir das
características estruturais das cascas das frutas; 3) Determinar a tecnologia de fabricação por
adição digital para a produção da célula estrutural.

METODOLOGIA

O processo metodológico foi estruturado em 3 etapas: Justificativa, Materiais e


Logística e Experimentação.

JUSTIFICATIVA
A justificativa consistiu na revisão e sistematização da literatura relacionada aos
conceitos: Protótipo, Bionica, Projeto Paramétrico, Fabricação Digital e Impressão 3D.
Protótipo
Na literatura, os autores se referem ao "protótipo" como um artefato ou um processo
de solução de problemas de design.
Kim (1990 citado por Houde; Hill, 1997) destacou que o protótipo é um sistema de
design interativo que demanda colaboração entre designers de diferentes disciplinas.
Bardram, Christensen e Hansen (2004) definiram o protótipo como o processo de projeto,
construção e avaliação. Otto e Wood (2001, citados por Camburn et al., 2017) relataram que o
protótipo é um artefato que se aproxima de um recurso ou vários recursos de um produto,
serviço ou sistema. Papamanolis (2018) apontou que o protótipo é um modelo original no qual
algo é padronizado. Lauff, Kotys-Schwartz e Rentschler (2018) relacionaram o protótipo a uma
ferramenta que serve para comunicar, aprender e tomar decisões informadas no processo de
design. Kim (2019) indicou que o protótipo é o início do design ou o processo de resolver
suposições no design. Assim, neste artigo, o "protótipo" será compreendido como um modelo
inicial de um processo de design.

Bionics
O termo "bionics" deriva de duas áreas do conhecimento humano, "biologia" e
"tecnologia", e foi usado pela primeira vez por Jack Ellwood Steele na década de 1950. Steele
definiu "bionics" como o estudo das formas da natureza para reproduzi-las com tecnologia.
(Guillen Salas, 2020, citado por Guillen-Salas; Silva; Kallas, 2020).

Projeto Paramétrico
Na literatura, os autores apresentam uma evolução na definição de projeto
paramétrico.
Monedero (2000), Woodbury (2010), Zarei (2012), Burry e Murray (1997 citados por
Minh, 2009, citados por Abdullah; Kamara, 2013) e Monedero (1998, citado por Abdullah;
Kamara, 2013) definiram o projeto paramétrico como a modelagem de uma forma por meio de
relações entre suas diferentes partes.
Hernandez (2006), Hudson (2010) e Schnabel (2012) definiram o projeto paramétrico
como modelagem computacional de uma forma por meio de relações controladas entre suas
diferentes partes.
Woodbury (2010, citado por Lee, 2015), Sárközi (2019), Lee e Oswald (2020) e Tedeschi
(2020) definiram o projeto paramétrico ou projeto algorítmico generativo como um processo
de modelagem computacional por meio de relações controladas por parâmetros e regras entre
as diferentes partes da forma.
Assim, neste artigo, assumiremos que o projeto paramétrico é uma modelagem
computacional de uma forma por meio de algoritmos generativos, onde as relações entre as
diferentes partes da forma são controladas por parâmetros e regras.

Fabricação Digital
A fabricação digital é um processo de fabricação de um artefato com máquinas
controladas numericamente por computador (CNC) usando um material personalizado (Guillen
Salas, 2020, citado por Guillen-Salas; Silva; Kallas, 2020).
Impressão 3D
Os autores destacam a "impressão 3D" de três maneiras. 1) que é um processo de
fabricação a partir de um arquivo digital (Gedhardt; Fateri, 2013) (Al-maliki; Al-maliki, 2015), 2)
que é um conjunto de tecnologias para criar ou reproduzir artefatos tridimensionais (Crucible,
2014) (Ramya; Vanapalli, 2016), 3) que é uma tecnologia para fabricar artefatos a partir de um
modelo CAD (3D printing, 2016) (Panda, et al., 2016) (Erasmus 3D+, 2017) (The 3D printing,
2017) (Shahrubudin; Ramlan, 2019). Neste artigo, "impressão 3D" será considerada como uma
tecnologia de fabricação aditiva em camadas para produção de artefatos tridimensionais com
auxílio computacional.
2.2 MATERIAIS E LOGÍSTICA
Os materiais e a logística utilizados foram classificados em 10 categorias.

Espaço físico: Laboratório de Ideias, Prototipagem e Empreendedorismo - IPELab - do


Parque Tecnológico da Universidade Federal de Goiás - Campus Samambaia; Residência. 2)
Mobiliário: Mesas; Cadeiras. 3) Equipamentos: Notebook da marca SONY modelo VAIO,
Processador Intel(R) Core(TM) i5-3210M CPU @ 2,50GHz 2,5 GHz, RAM 12 GB, Sistema
Operacional 64 bits, Windows 8.1; Metalizador Belzier SCD 050; Microscópio MEV Jeol JSM-
7000F; Impressora 3D RepRap Anet A8; Impressora 3D Moonray S. 4) Softwares: Rhinoceros v.
5.0; Grasshopper; Cura v. 15.04.6; Sprintray Rayware 1.4.6. 5) Materiais de escritório: Caneta;
Papel formato A4 75 gr. 6) Material para artesanato: Massa plástica flexível colorida; Espátulas.
7) Material para Impressão 3D: Filamento de ácido polilático - PLA; Resina Gray Moonray. 8)
Material de Proteção Pessoal: Máscara; Luvas. 9) Material de Limpeza: Álcool Isopropílico;
Pano de secagem. 10) Ferramenta Elétrica: Alicate.
2.3 EXPERIMENTAÇÃO
A fase de experimentação foi estruturada em 3 fases: Características estruturais das
cascas das frutas das espécies de atemóia, buriti, coco babaçu, graviola e pinha ou fruta do
Conde; Forma da célula estrutural e; Tecnologia de fabricação digital por adição.

2.3.1 Características Estruturais das Cascas das Frutas


A determinação das características das cascas foi realizada em 3 etapas: 1) Seleção das
cascas das frutas, 2) Secagem das amostras de cascas e, 3) Análise das amostras das cascas.
2.3.2 Forma da Célula Estrutural
A determinação da forma da célula estrutural a partir das características estruturais
das cascas foi realizada seguindo um processo composto por 3 etapas: 1) Traçados da célula
estrutural, 2) Modelagem manual da célula estrutural, 3) Modelagem 3D digital da célula
estrutural.
2.3.3 Tecnologia de Fabricação Digital por Adição
A escolha da tecnologia de fabricação digital por adição para a produção da célula
estrutural foi realizada em um processo composto por 2 etapas: 1) Fabricação por filamento
moldado, 2) Fabricação por processamento direto de luz em resina.
3 RESULTADOS
Predominantemente, as cascas das espécies de frutas observadas são compostas por
uma superfície externa contínua, enrugada e com revestimento de cera, e uma superfície
interna composta por estruturas de bolhas interconectadas de diferentes formas e tamanhos
em várias camadas.

Tecnologias de modelagem 3D digital, na combinação de modelagem direta e


modelagem programática, são ferramentas que permitem a modelagem e manipulação de
formas complexas inspiradas na estrutura das cascas das frutas.

A fabricação digital por adição utilizando a tecnologia de processamento direto de luz


em resina possibilita a produção de formas complexas inspiradas em estruturas naturais com
alta qualidade de impressão, rapidez, resistência e prontas para uso.

4 DISCUSSÃO
As bolhas que compõem as estruturas das cascas diminuem de tamanho quanto mais
próximas estão da superfície externa.

Tecnologias de modelagem 3D digital, projeto paramétrico e projeto generativo


permitem a criação e manipulação de formas complexas por meio de regras e parâmetros.

A tecnologia de impressão 3D usando luz direta em resina apresenta maior resistência


nas partes finas em comparação com a impressão 3D usando PLA.

5 CONCLUSÃO
A hipótese orientadora do experimento foi confirmada. A tecnologia de fabricação
digital por adição, usando processamento de resina com luz direta, é um processo de produção
rápido que apresenta boa resolução de impressão em objetos com formas complexas ou
geometrias não euclidianas.
A estrutura de bolhas interconectadas de tamanhos variados é uma estratégia que
pode ser aplicada no desenvolvimento de revestimentos arquitetônicos para reduzir a
incidência direta de luz solar e preservar a ventilação nas fachadas de edifícios.

Componentes arquitetônicos que emulam estruturas de bolhas interconectadas,


variando de pequenas a grandes, podem ser projetados e fabricados com a ajuda de
tecnologias digitais e fabricação digital por adição, como a impressão 3D usando tecnologia de
luz direta em resina.

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