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5 PASSOS PARA ESQUECER ALGUÉM


Copyrigth © 2022 por Marcos Bulhões
Todos os direitos reservados

C A PA
José Valdeir P. Rodrigues

DI AG RAMAÇÃO
Viviane Oliveira

E DI TORAÇÃO
José Valdeir P. Rodrigues

P R E PA R A Ç Ã O
José Valdeir P. Rodrigues

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, arquivada


ou transmitida por qualquer meio - eletrônico, mecânico,
fotocópias, etc - sem a devida permissão do autor, podendo ser
usada apenas para citações breves.

MARCO S BULHÕES
@marcosbulhoes
@bulhoesmarcos
@Bulhoes
@eumarcosbulhoes

@nano.studios
José Valdeir P. Rodrigues Contato: nano.studios21@gmail.com
Designer e Ilustrador Digital
PALMAS/TO
Dedico esse livro de esquecimento
à memória de todas as vítimas do
COVID-19.
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SUMÁRIO

PREFÁCIO ....................................................................................7

PASSO 1 ..................................................................................................11

PASSO 2 ...........................................................................................................................34

PASSO 3 ........................................................................................................................51

TROPEÇO ...........................................................................................................................................67

PASSO 4 .......................................................................................................................82

A QUEDA ............................................................................................................................................ 86

PASSO 5 .................................................................................................................................101
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PREFÁCIO

Quando recebi a grandiosa “missão” de escrever o prefácio


deste livro, fiquei um pouco tenso e emocionado, pois mais do
que um texto a ser elaborado, trata-se de um sentimento de
carinho de irmão para irmão.

Desde que conheço o Bulhões, lá no inicio de sua carreira


de escritor, ele já citava grandes filósofos e pensadores
em suas reflexões me tocavam pelo seu grande nível
de profundidade e sensibilidade, o que me fez, além de
considerá-lo meu irmão, ser mais um de seus milhares de fãs
espalhados por todo este mundo.

Pois bem. Aceitei com honra e ansiedade o desafio. escrever


também é um dos meus maiores prazeres devido à minha
profissão como celebrante de casamentos.

Ao iniciar a leitura dos cinco passos, me impressionei


com sua versatilidade em propor tantos questionamentos
e nos confrontar ao máximo com algo que, para milhares
de pessoas, se tornou um pesadelo sem fim, e que é abordado
com muita propriedade com pitadas de “ironia” nunca
antes vistas.

Já dizia Machado de Assis: “esquecer é uma necessidade. A


vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo
caso, precisa apagar o caso escrito.”

O CÓGIDO SEGREDO DO DESAPEGO: APRENDA O


METÓDO INFALÍVEL PARA ESQUECER RÁPIDO AQUELA
PESSOA se tornaram inesquecíveis.

Marco Aurélio Nogueira


@jovemcelebrante

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MARCOS BULHÕES I O CÓDIGO DO DESAPEGO
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de co te queci.
Para me lembrar
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@marcosbulhoes: como esquecer um amor?

Essa pergunta me foi feita centenas de vezes. Centenas?


Milhares? Ou, por que não, milhões? E durante muito tempo,
me recusei acreditar que fosse, de fato, possível. Até descobrir
que o tal “alguém” que se quer esquecer não é a pessoa real,
física, mas a pessoa ideal, isto é: a pessoa que idealizamos.

Temos uma resistência humana em deixar partir o ideal que


construímos sobre alguém, portanto, este livro é um passo a
passo – na verdade, é tudo menos isso; mas o leitor logo vai
descobrir – para todos aqueles que têm o profundo desejo de
esquecer alguém.

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MARCOS BULHÕES I O CÓDIGO DO DESAPEGO
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Um dia, no meio do desespero, eu tentei


de todas as formas, não pensar em você. Juro!

Mas a cada tentativa de esquecer,


eu reforçava o lembrar.
Não dava, era impossível!

No meio do caos, a ideia: inverter o processo.

Retroceder os passos que dei até você.


Andar para trás...

E por isso criei o método infalível, para esquecer


alguém.

Bom, eu estava disposta a andar para trás, ao


invés de correr atrás... De você.

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Um passo para trás.
PASSO 1
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PASSO 1

UM PASSO PARA TRÁS.

Havia uma lenda regional em minha infância que dizia; “se


você andar de costas os seus pais vão morrer”. era mentira.
Quem morreu foi um sentimento, uma pessoa, perdão; duas
pessoas, nosso nós.

Na verdade, morreram outras também: os futuros filhos, os


possíveis netos e uma infinidade de feitos que o nosso amor
poderia causar. exterminamos sem piedade um futuro inteiro!
Todo término é um genocídio.

Perdoem minha intensidade.

Mas só sabe o quão dramático pode ser o indivíduo com


um coração partido quem já presenciou, ou teve o seu próprio
peito dilacerado, aberto, exposto...

Há três tipos de pessoas que lidam com o fim; aqueles que


sofrem; há também os que nada sentem e nós! “Os que não
superam” como observou o Capitão América em Vingadores
End Game.

Interessante: nosso primeiro encontro foi em seu primeiro


filme!

CAPITÃO AMÉRICA, O PRIMEIRO VINGADOR

- Topa?
- Claro! Adoro filmes de super-heróis! Ainda gosto.

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Quem diria que made do
dapareceria num tar
meu universo
de ded.
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E ada que  vgador tenh vtado


no tempo, nem o psado é capaz de rtaurar o que
ficou perdido no psado!

O primeiro passo para trás, traz consigo um efeito imediato:


afastamento.

Ainda que mínimo, milimétrico, há em cada centímetro de


distância, um sentimento de coragem. Pois até os continentes
que hoje estão a milhares de quilômetros de distância,
começaram com centímetros de afastamento.

No começo parece impossivel, mas toda longa jornada


começa com o primeiro passo.

Afastar-se é aumentar o campo de visão do outro. A gente


se afasta pra ver melhor, afinal, toda visão de dentro de algo
ou de alguém é limitada.

Você nunca vai resolver o problema, enquanto fizer parte do


problema.

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É psív ver o fin


da tea de dentro da, é
psív ver o fim do
or de dentro de.

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É preciso sair da ilha pra ver a ilha. Ou sempre permaneceremos


presos nela e em suas memórias tentadoras! Mas não há tentação,
nem ilha, que impeça a gente de partir, como descobriu Odisseu,
quando ficou preso na ilha de Calipso, com as mulheres mais belas
do mundo antigo, e ainda assim, se sentia vazio, e queria voltar
para casa.

Se afastar da dor é a única maneira de encontrar o caminho de


volta a si mesmo.

Nos afastamos e aos poucos vamos percebendo que tudo


aquilo que era gigante, vai diminuindo.

Chega um tempo em que vagamos tão longe de quem


amamos um dia, que todo aquele mundo de amor cabe na palma
de uma mão, feito o brilho das estrelas que cabem no dedo: muitas
já até morreram, feito o amor, mas a distância que diminui,
também retarda algumas informações.

A dtância dui  maior


co do universo, feo tr e
senment.

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Chega um tempo em que estamos tão longe de quem


amamos um dia, que todo aquele amor do mundo cabe na
palma de uma mão, feito o brilho das estrelas que cabem
na ponta do dedo: muitas já até morreram, feito o amor,
mas a distância que diminui, também retarda algumas
informações.

E enquto uma tra arde n


cé de uma noe cura mmo
após a sua morte, a saudade brha,
ada que o or já tenha acado.

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O primeiro passo tem um desafio pontual, a falta do outro


causa saudade, abstinência, e é por isso que a maioria das
pessoas prefere lembrar das coisas boas depois do término,
ao lembrar do motivo que as fizeram terminar, e acabar
com o amor.

Não, or não ac.


Amor moem!

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E eu explico, há uma diferença enorme entre a morte e o fim. A


morte é um processo natural da vida. Tudo que nasce, está
condenado a morrer, e por isso a vida é durante, amores, amigos,
fases, dores e alegrias vivem em ciclos.
Porém existe uma única forma de permanecer! Na memória.
Só morremos de fato depois que a ultima pessoa no mundo se
esquece de nós, assim é com os fragmentos de memórias e
saudades que ficam após o fim.
Portanto, só o esquecimento é o fim, ou só o fim é esquecimento.

Para muitas culturas o fim é a perdição: e o esquecimento é a


condenação.

Não sei se você já percebeu, mas todo processo de perdição


começa quando você se coloca em segundo lugar por algo ou
alguém – não por coincidência, quando nos colocamos em segun-
do lugar, passamos a esquecer de nós e dos nossos direitos, assim
como das nossas fronteiras, e acabamos nos perdendo.

Deste momento em diante, deixamos a posição de


protagonistas e passamos a ser coadjuvantes, onde aos poucos
vamos nos acostumando com a comodidade de ter sempre
alguém decidindo por nós: o que vamos comer, qual o sabor da
pizza, o que faremos no fim de semana, se ela vai gostar dessa
roupa, se eu posso usar essa saia, se eu posso ter tal amizade, se
eu posso ser eu...

Se eu posso viver sem você?


SIM EU POSSO!

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Mas...
Será que eu quero?
Terminar com alguém é doloroso porque é inseguro. Há uma
nuvem incerta após o fim, que a nossa insegurança não permite
avançar. A mesma dúvida cruel sobre o que há após a morte. E o
que há após a morte? Há vida após a morte? Há vida após
o amor? Da morte ninguém voltou, já dos términos, sempre
voltamos…

Mas ainda é cedo pra falar em recaída.

Eu entendo. Na verdade, eu sei por que as pessoas recuam ante


o fim. Elas enxergam o abismo de longe, olham o precipício, sabem
que não dá para passar dali, que uma hora ou outra haverá uma
queda, mas se agarram aos arbustos da ilusão, falam que vão
embora e se sentam no sofá, ameaçam terminar ao invés de por
um fim em tudo:

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Troc o pto fin por
ricênci.

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Na véspera de não parr nunca, ao men não


há que se aumar m.

Fernando Pessoa era um perito em despedidas. Afinal, a


despedida não começa na promessa de ir. mas na atitude
de partir.

Há pessoas que nada falam. Não prometem, não gritam.


Apenas juntam as coisas e colocam na mala. as promessas
quebradas, os erros antigos que se renovam a cada dia, e
vão juntando; a falta de diálogo, a falta de sensibilidade.
Juntam e jogam na mala. Quando vai ver, já partiram!

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parr
se.
Parr é

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Mas não dá. Eu não sou assim. Eu sou melancólica, sou


dramática, sou intensa. Morro na véspera mesmo, e talvez por
isso, não sobreviva até o dia seguinte, o dia da partida.

Talvez o que falte seja o bendito querer. Uma vez, li em


algum lugar que não terei como lembrar agora, que o “querer”
é o pai do “ter”: ninguém teve sem antes querer ter desde
querer ir até a lua a conquistar marte; ambos os desejos
ligados por um fio fixo, triste e sólido: partir.

Deixar o planeta, dar adeus ao mundo! Dar adeus ao


meu mundo.

Dar ade a um mundo em que


exta você.

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O preiro pso tem um querer


tímido: eu quero, m..
E se? E se não der certo? E se eu me machucar? E se ele
encontrar alguém melhor? E se ele cansar de mim? Assim é
o primeiro passo de volta! E se eu não o esquecer? E se eu não
conseguir viver sem? E se eu nunca superar?

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vai c medo mmo!
M a gente vai.
E se der medo,

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PRIMEIRO
PASSO DADO

Algumas pessoas dão o primeiro passo excluindo (fotos,


conversas, o número e até o perfil!). Ainda que haja um backup
enorme, que guarda carinhosamente desde as fotos até as
memórias e as sensações, sabores, e sentidos contidos em cada
partícula de saudade.

O meu primeiro passo era o mesmo, só que inverso: quando nos


conhecemos, eu o adicionei em todas as redes sociais. Que ria tê-lo
por perto, queria ter o domínio de sua presença e até mesmo da
ausência. Sabia de cor os lugares, os horários de postagens, e até
quem curtia.

Mas agora não, sem redes sociais! Desativar o perfil foi


necessário para mim.

Talvez isso explique por que as pessoas tiram as fotos do próprio


contato: já não são as mesmas e manter uma foto ali, é manter
alguém que já não existe mais.

Recomeçar é um processo de desencontro. A gente tem de


esquecer quem era, para esquecer quem amava, e só assim, se
perdendo, é que a gente tem a chance de poder se reencontrar.

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Desativar os meus perfis me permitiu viver. Viver sem olhar ou


pegar o celular de dez em dez minutos. No primeiro dia, até levei o
celular comigo, mas era insuportável.

Havia desativado tudo e ainda assim tinha a sensação, ou a


ilusão, de que alguém estava me mandando mensagem: cheguei
a sentir mais de uma vez o celular vibrar no bolso do meu jeans,
mas não era nada, não era ninguém, não era ele. Ainda bem.

Por mais doloroso que possa parecer, às vezes, a indiferença de


quem a gente quer superar é a melhor coisa para termos êxito no
processo. Isso porque a gente ainda tá vulnerável e uma só palavra,
uma só mensagem pode acabar com todo o processo.

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Aqu nha

Nós tem
o cchar.

o coração.

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E não se vence uma guea acedo


prent greg.
Então, no segundo dia, nem celular levei. Foi muito bom, foi
ótimo! Eu voltei a ver o Sol e a pensar “como uma estrela em
chamas tem a sutileza de derreter um sorvete a cento e
cinquenta milhões de quilômetros da terra?”.

Ou como é bom o cheiro de terra molhada antes de uma


chuva gostosa; ou de como uma chuva pode ser uma garoa ou
tempestade:

Até o céu sabe a hora de chorar e como chorar.

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Eu e  me exager.
com meu nome, meu sentimento, e o meu coração...

Eu chorei foi bastante, tudo me fazia lembrar você, e isso me


fez lembrar algo mais: lembrar de como era me lembrar de
você, da sensação única de me sentir de alguém, de saber que
num mundo, ou melhor: em um universo tão infinito havia
um amor

Eu e a mha tensidade.
Lembrei também de coisas minhas, de como um dia peguei
uma chuva enorme porque esqueci um guarda-chuva na sua
casa, um guarda-chuva, o primeiro a ser esquecido em nossa
relação, depois; uma blusa, três calcinhas, um medo, e após
isso o nosso final feliz.

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Guarda
uv..
Os guarda-chuvas, até mais que os amantes são os
objetos mais injustiçados da história. Talvez por isso os dois
objetos mais perdidos no mundo sejam: guarda-chuvas e
corações

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Os guarda
uv me ensar
qu era o pso segute.
Guarda-chuvas seguram as lágrimas das nuvens que
parágrafos atrás choravam, se é que alguém não chorou
primeiro do que elas. E se chorasse, bastaria um guarda-chuva
para proteger esta folha, estas palavras, guarda-chuvas são
usados quando o céu se fecha, e esquecidos assim que ele se
abre, feito nós.

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PASSO 2

“Se o teu olho direito te leva a


pecar, arranca-o e lança-o fora de
ti; pois te é mais proveitoso perder
um dos teus
membros do que o teu corpo...”
Mateus 5:29

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E embora o meu corpo já estivesse perdido ( ao menos o


corpo que me pertencia), o corpo que eu havia memorizado,
gravado, sentido e traduzido em mim, agora pertencia ao
passado, à perdição e não olhar para lá seria a salvação.

Eu esquecia os guarda-chuvas pelo simples fato de não


os ver! De ignorá-los friamente, de guardar os meus olhos
dos ditos.

A gente tende a quecer tudo


aquo que deixa de har.

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Mas como não ver alguém que se relacione na era digital?


Em grupos de família, trabalho e faculdade. Como não olhar
alguém em fotos marcadas, em coisas compartilhadas, em
momentos ligados intimamente a você?

Impossível! Comecemos por deixar de buscar dizem que o


pecado não está no primeiro olhar, mas no segundo. Então,
deixei de dar chance ao segundo olhar, parei de buscar tuas
fotos, teu perfil, teus momentos... inclusive os sem mim.

Parar de buscar é crucial: é deixar de alimentar as razões


incoerentes que a gente tem! De achar que o outro tem
de permanecer sem ninguém até a gente encontrar alguém.
Ou que o outro precisa sofrer igualmente o que sofremos, para
ser justo!

Mas o coração não quer justiça. O coração quer paz. A paz


de não querer ver mais, a paz de fechar os olhos e descansar,
descansar em paz.

Deixar de amar é morrer. Uma morte silenciosa. No amor,


não há vitimas instantâneas: até os acidentes fatais dos
sentimentos são previstos, são premeditados; a falta de
carinho, a falta de procura por sexo, o olhar distante. Contudo,
os pressentimentos são ignorados, e vamos morrendo. Vamos
assistindo em câmera lenta o desfazer do “para sempre”.

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O para sempre
para ser erno!
aca

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Morremos legitimamente, para poder alcançar o pós vida que


mencionei no capítulo um, caso alguém esqueça. E caso tenha
esquecido, isso é bom! Esse capítulo está surtindo efeito: você está
aprendendo a esquecer.

O segundo passo é inseguro, mas não é solitário. A gente viu que


doeu, mas que conseguimos nos equilibrar ainda estamos de pé!
Inteiros? Nunca. Em escombros! Adoro a palavra “escombros”.
“Escombros” deveria ser uma categoria artística que retrataria as
belas e corajosas ruínas de uma guerra em que, sob sangue e
lágrimas, resistiram de pé.

Em pé, é preciso respirar para dar o terceiro passo. Às vezes a


gente se arrisca e desequilibra, tropeça e até cai, então respira.
Aproveita, faz um café, estica as pernas e volta aqui.

O segundo passo dói, pois pisamos descalços sob os cacos de


um espelho que está desmoronando na nossa frente. A gente tá
deixando de ser quem é, para se tornar quem a gente quer ser,
quem a gente precisa ser!

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As maior mudç
não são opcia e cfortáve,
são obrigóri e dor.

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Para amar alguém, a gente constrói um arquétipo ideal para o


outro. Abre mão de princípios, direitos e até valores para se
adequar ao outro. Uma amputação desnecessária para um
espaço que deveria ser natural.

Nguém tem que se duir para


cer em guém.
Um erro que custa caro. Agora que você deixou de ser quem era,
tu também deixas de ser quem conhecia e, como não se conhece
mais, agora você não tem mais fronteiras, não há mais limites, não
sabe mais para o que diz “não”. Você aceita tudo, pois perdeu de
vista o senso do amor próprio e do próprio valor.

Agora, para sentir-se interessante, você precisa estar com ele, e


não mais sozinha. Eis a perda da autonomia.

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A gente corta  ns  para poder ficar,


para não coer o rco de fugir, po o or
próprio, ora ou ora, tentará capar de de
não lhe ce.

MARCOS BULHÕES I O CÓDIGO DO DESAPEGO


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O amor próprio tem um sentimento selvagem, um sentimento


primitivo. Antecessor ao amor romântico, ou externo. Um amor
que evoluiu na cadeia alimentar devido à sua luta diária pela
sobrevivência.

E talvez isso explique a tentativa fracassada de pessoas que não


se amam e tentam amar as outras.

É trágico. Como um equilibrista tentando equilibrar o mundo


nas mãos, sem sequer perceber que já esta no chão, que já foi
derrubado, que luta uma batalha que perdeu antes mesmo de
soar o gongo.

Amamos e somos amados pela lei de como nos amamos.

O or próprio é uma áa pétrea


da lei da sobrevivência.

Uma base afetiva que distingue o que é o amor. Nós


acostumamos aceitar o tratamento dos outros de acordo com
como já nos tratamos.

Quando não nos respeitamos, aceitamos que nos desrespeitem;


quando não nos elogiamos, engolimos o silêncio sobre nossas
qualidades; se não nos sentimos amados, aceitamos tudo aquilo
que não é amor.

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Sem se ar,
nguém a
nguém!

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Andar para trás pode ser


csequente pra quem vê de fora,
m se.. ?

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FODA- SE
QUEM JULGA SEU
TRATAMENTO
SEM SENTIR
SUAS DORES.

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E há quem diga:

“Nsa, que exagero!


M não é pra tudo so!
Ah, se fse eu.. ”

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dor do oro.
Nguém
é juiz da

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Por isso muita gente mantém relacionamentos ruins!


Por medo do julgamento das pessoas que sempre soltam um:

“Nossa, terminou?”
“E pra onde foi aquele
amor todo?”

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todo foi pra casa
AQUELE AMOR
do caralho.

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O mesmo lugar pra onde quem não tem nada a ver com nossos
sentimentos e escolhas pode ir!

É preciso sermos muito nossos para assumir as nossas dores.

Só a gente sabe o que é a dor de por um fim em um “felizes


para sempre” pior: antes de um “felizes para sempre”.

Perdem um furo e
gh um EX.

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EX
PASSO 3

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Veja, conseguimos caminhar e caminhamos bem até aqui sem


usar a tal famigerada palavra. A palavra mais usada entre os
amantes. A palavra que une tribos, povos e nações! A palavra que
iguala a sensação de ricos e pobres, cristão e pagãos! Na verdade,

o “x”!
a junção de uma única letra:

Uma letra em forma de protesto, como quem avisa, e de braços


abertos tenta impedir! Impedir alguém, outra letra, ou ao menos, o
que essa letra une (o próprio E). A letra E é uma conjunção, ou
seja, um conectivo lógico, um aditivo, um elo que serviu para ligar
eu E você.

Mas agora é impedido de prosseguir e continuar por um X.

Em suma:

O EX é um X entre eu E X VOCÊ.

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Ex.. .
Um substantivo sem gênero, que não distingue homem, mulher,
gay ou hétero; prefixo latino ex-, ação de tirar, saída, acabamento,
ação de levar, privação, negação! O dicionário entrega o
diagnóstico psicanalítico da língua e do sentimento!

EX- AMOR = NEGAÇÃO DO FIM DO AMOR.

Portanto, usamos inconscientemente (ou conscientemente) o ex


para dizer que alguém ainda é nosso, negando que esse alguém
não nos pertence mais.

Seria correto dizer: “a pessoa com quem eu me relacionei,


a pessoa com quem namorei, meu antigo – ou até meu último –
namorado”. Mas não, enchemos a boca para dizer meu
ex-namorado. O ex é quase que um pretérito imperfeito do
indicativo, que se refere a um fato ocorrido no passado, mas que
não foi completamente terminado.

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O EX é o X da qutão!
O que não explica o fascínio que temos em reduzir a imensidão
de alguém que marcou, viveu e morreu em nossa história com
apenas duas letras tal e qual A.C ou D.C...

Como eu era antes e como fiquei depois de você!

Ter um ex é uma experiência cristã. Primeiro, nos sentimos o


próprio Cristo: multiplicamos motivos, andamos por sobre as
mágoas, ressuscitamos lembranças para continuar juntos e
muitas vezes perdoamos setenta e sete vezes quem nos traiu com
um beijo, ou milhares deles.

Mas chega um tempo em que os papéis se invertem e somos


abandonados; vemos o amor sendo pregado de mãos abertas
enquanto as nossas estão atadas,

porque do oro lado guém lavou  mã..


.

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O EX é o X da qutão!
O ex é uma figura messiânica! Talvez por isso, após ter narrado
a sua morte no principio, ele aparece aqui, ressurrecto e com as
mãos furadas no terceiro capítulo.

Mas suas mãos não estão furadas porque se sacrificou por


nós, e sim porque nos perdeu; caímos por elas, por um buraco
chamado:

INDIFERENÇA

Pior é esperar secretamente por alguém que um dia “vai voltar”.


Talvez por isso Kafka escreveu:

“O Msi só virá qudo já


não precarm de.”
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O ex só aparece
qudo a gente
aprende a viver sem e.

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E o ex sempre volta para nos salvar quando já aprendemos a


salvar a nós mesmos.

Ainda que aprender a viver sem alguém seja como aprender a


viver sem uma parte do corpo. Li uma vez o quão delicado era o
processo de fisioterapia para amputados; quão vagaroso, doloroso
e repleto de coragem era esse processo!

E pasmem: o que mais me chamou a atenção não foi o esforço


empregado em aprender a viver sem uma parte do corpo, e sim o
fato de essa mesma parte que se foi, às vezes ainda doer.

A dor do membro fantasma é uma das mais terríveis e


fascinantes de todas as síndromes clínicas dolorosas, e é um dos
exemplos mais relevantes de dor crônica...

O amputado menciona a percepção de um membro fantasma,


um membro que ele viu ser decepado, mutilado. Uma parte de si
que os olhos não mais enxergam, mas o coração ainda sente, e
pela qual a mente ainda sofre.

Amputações. Também amo essa palavra, que me assusta


na proporção em que me encanta. Algumas amputações são
auto-mutilações.

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Às vez,
Alguém aca
parte da gente, às vez,
A Gente aca
parte da gente.

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Para não sofrer, tentamos usar todos os membros no auxílio


do antídoto, do emplasto anti-hipocondríaco que o Brás Cubras
inventou e morreu sem fabricar.

Na ausência do emplasto, a receita era conhecida e o remédio


era outro:

“Um or se cura


c oro or.. ”

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Se alguém já teve a experiência de ficar com uma pessoa


pensando em outra, saberá o quão desesperador e triste isso é. Na
verdade, diria que é até cruel!

Pensa comigo: beijar alguém, fechar os olhos e não sentir


aqueles lábios tão conhecidos.

A boca que não tinha segredo e nem receio algum para se


aproximar da sua, a boca que dispensava qualquer Abre-te,
Sésamo para abrir a caverna que protegia secretamente um
tesouro mais rico que o de Ali babá - o tesouro do meu sorriso.

Ali Babá luta contra quarenta ladrões. Eu lutava contra um;


contra alguém que me beijava, mas que não era você.

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para quecer nguém.
Não se a guém

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Mas então...
O que se faz com as necessidades básicas de um ser humano:
alimento, sexo e carinho?

A despensa estava cheia, mas a cama estava vazia.

Um dos maiores desafios que a gente tem ao esquecer


alguém é esquecer alguém que o corpo aprendeu a desejar.

Até me masturbar era difícil: pensar em quem se eu só


queria você? Recomendam banho frio, mas as águas que
lavavam meu rosto eram quentes. Águas quentes, águas mornas,
águas termais...

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Em pe dura Tto ra
Água morna

Até que cura

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Lágrimas são gotas de águas termais. Agua termal é a


emergência de águas subterrâneas e, por conta da pressão,
precisam escapar, e escapam precisamente por onde tudo
começou: pelos olhos.

A lágrima é a forma líquida de um amor que foi inalado com


suspiros, pelo cheiro do outro, mas que evaporou e, sim: desabou.
O choro é a tempestade dos olhos talvez isso explique os de
Capitu.

Capitu tinha um ex! Bento Santiago. Machado não deixou


escrito, mas imagino os vizinhos suíços perguntando sobre o pai
do menino, e ela, impossibilitada de dizer “é o filho do meu ex”,
seja lá quem fosse.

Ter um EX é uma experiência humana. Lembro bem quando


meus pais se separaram; minha mãe não ousava falar o nome
dele: era sempre “o outro”, “o pai dos meninos”, “meu ex” o
homem que eu vi minha mãe chamar de “meu amor”.

Eu sempre temi ter um ex, temi que uma parte de mim ficasse
por aí, incompleta e contaminada. Contaminada pela visão
tendenciosa de quem, do outro lado, também tem um ex: você! E
aqui o mistério se revela: o retrato de Dorian Gray desfigurado,
envelhecido, figura final de todas as nossas vergonhas, projetado
no outro. Ao olhar, o segredo se quebra, e nos vemos tal e qual
o outro.

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Pior que ghar um ex, é


perceber que agora você tbém
se tornou o ex de guém.

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Alguém já se perguntou como é lembrado por quem não o tem


mais em sua vida? Como são os comentários? Será que também
se lembra daquele dia? Será que também o menciona como
alguém que amou muito, mas que infelizmente seguiu um outro
rumo? Será que te deseja o melhor?

Tantas perguntas, só Deus saberá.


Assim como Ele sabe que aquele dia...

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Tropeço
Aquele dia.
Naquele dia, a sensação de vitória começava a se manifestar.
Sentia correr pelo corpo um ímpeto de coragem, independência,
liberdade! Como quem está prestes a correr...

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M naque dia nha


uma pedra no meio do cho

No meio do cho nha uma pedra


Naque dia no cho nha você

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Tropeçar em uma pedra é diferente de tropeçar em um


cadarço, e quem lê, entenderá. As pedras são quase que invisíveis,
mas são sólidas a ponto de mudar o nosso eixo que, após o
impacto, agora tenta se equilibrar.

Tropeçar em um cadarço é culpa nossa. Fomos nós que


afrouxamos o nó! Fomos nós que o sentimos soltar, que ignoramos
os avisos, e, por fim, pisamos em cima de algo que até então
parecia tão seguro, tão firme, tão certo.

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Qudo o laço se dfaz,


a gente aca pdo no que
sobrou de “nós”

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A isso chamamos:

Tropeço
Tropeçar é humo.
E quem nunca tropeçou? Quem nunca tropeçou, que atire a
primeira pedra, se é que ainda não tropeça com elas.

Todo mundo que anda começou a andar por volta dos seus
dois anos, e, suponhamos que a nossa idade seja 26: andamos
há cerca de 24 anos. Logo, somos pós graduados em andar,
mestres na arte da caminhada, especialistas em passos! E mesmo
assim, andando todos os dias há anos seguidos, sendo exímios
dominadores da arte de caminhar: nós ainda

TROPEÇAMOS.
:

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Tropeçar é humo!

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Humanos tropeçam porque são humanos; humanos amam;


assim sendo: humanos tropeçam porque amam! Logo, o que ama
não olha por onde anda...

O Amor não é cego,


e só não ha por de a.
:

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Falhei com o capítulo anterior: olhei. E fui tentada. Te ver é


diferente de te reencontrar. Ver, eu via todos os dias: nu, com roupa,
bagunçado, forte, frágil, apaixonado, com medo, distante; e agora
o reencontro, indiferente.

A gente suporta a raiva e o desprezo, mas não resiste à


indiferença. Indiferença é foda! Você olha no olhar que até então te
recebia, sorria, te convidava e agora não vê reação, vê coisa
alguma, nada na retina, e na pupila? Um abismo! Pupilas são
abismos.

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As pup são burac


negr, que sug é a luz!
A pupa roubou aqua luz,
e  se h não brhar
em me ver.

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Mas me viu ou só me olhou? Como todas as outras. E como


posso ser como elas se fui única? Será que não fui? E por que não
seria...
Será que esses dias foram o bastante para apagar tudo, para
me apagar? E agora caí no abismo. Caí, não: tropecei.

E ao tropeçar no mo de
uma pupa,  mh
trsbord , e ha aqui 
lágr nente.

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Sei que já falei aqui do choro da nuvem, mas quero também


falar um mistério. Às vezes, há algo além das nuvens. Às vezes, o
próprio céu desaba sobre elas. Um dilúvio é o choro de Deus. Jesus
chorou. Eu desabei! Além da pupila, além do meu próprio precipício,
no fundo de um buraco negro! Eu desabei com a minha alma.

Só alguém que já chorou com a alma sabe da verdade que


há em cada lágrima: é como se a nossa alma gritasse, não
suportasse, vibrasse lá dentro em tamanha frequência que o corpo
não resiste.

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A gente perde o corpo porque não guarda os olhos, mas depois


do pecado, há o perdão, há redenção! As mesmas chuvas que
destruíram o nosso mundo em um dilúvio de sentimento, agora
rega o que sobrou de uma terra devastada: recomeço.

Ver o recomeço de uma terra devastada é assustador. Enxergar


que em você não havia mais nada de mim. Acho que no fundo, a
gente deseja esquecer alguém porque sentimos que fomos
esquecidos. Pobres guarda-chuvas.

Sentir-se esquecido é apavorante, como uma criança esquecida


no meio de uma floresta escura pela mãe que a amava.
Imperdoável. Pior ainda quando a mãe nem sequer lembra que a
criança está lá, que sente frio, que está com fome, que sente medo,
que quer voltar...

Freud perdoe a minha comparação edípica, mas sentir-se


esquecido é sentir-se perdido, e como alguém que nos amou foi
capaz de nos perder? Em que ponto da história a criança que
ganhou o presente e que amava, o perde porque esqueceu por aí?

Nós nos sentimos perdidos por aí. Quando a gente fala que
alguém nos perdeu, há mais decepção do que orgulho.

E essa insatisfação é a mãe do desejo de vingar-se e esquecer


também, de propósito, de birra, de raiva! Raiva não, ódio!! Mas ódio
é sentimento!!! Ódio é amor!!!!

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O ódio é o or
De m humor
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O ódio nos faz amar ao contrário, e como é assustador o amor


ao contrário! Cuidado se torna ciúme, e o ciúme faz parte do ódio.
Como bem soube Otelo, admiração vira inveja e a inveja é um ódio
contido. Como experimentou Caim, o respeito se transfigura em
desrespeito e Brutus, que de traído se transformou em traidor.

O ódio é a versão terror do amor .

E para sentir isso é preciso sentir algo, e eu sentia. É tão difícil


admitir que a gente ainda sente.

Tanto que passe o tempo que for, alguém um dia ainda vai
perguntar:

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gta de?
Você ada
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PASSO 4

E se a resposta for sim? Há alguma vergonha em


admitir que ainda sente? É vergonhoso ser humano?
É humilhante ser sensível? As pessoas não entendem
a complexidade de se estar vulnerável.

Estamos tão acostumados com a guarda alta, na


defensiva, em reprimir tudo, que quando nos vemos
vulneráveis, nos assustamos. Ser vulnerável é estar sob
a eminência de um ataque; estar vulnerável pode ser
um momento de reação ou de extermínio. Vida ou
morte! Um choque que percorre literalmente todo o
corpo, como o que sente quem tropeça.

Ninguém aqui se lembrará do primeiro tropeço


talvez por que antes de andar, a gente engatinha.
Engatinhar é uma devoção! Uma oração ininterrupta
de um ser pequeno, frágil, dependente; insistente-
mente pela chance de dar um passo.

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Tropeçar é humo, acee.


Eu aceitei.

O quarto passo é a aceitação. A gente aceita o que não pode


mudar, como disse Francisco de Assis e talvez o disse porque
entendeu a necessidade e a segurança do desapego.

Aceitar é abrir mão. Abrir mão é soltar os laços internos, mais


profundos que os tendões, entre os átomos, o fio sensível e
eterno de uma alma eterna. É desvincular-se intimamente,
perpetua- mente da outra alma, que até então era gêmea.

A gente custa abrir mão até da dor que ainda sente, porque a
dor também é uma forma de estar com alguém.

Abrir mão é diferente de soltar, largar, jogar fora. Abrir mão é


métodico, é lento há quem diga que por insegurança, outros pelo
cuidado de não derrubar tudo... eu diria que ambos, mas digo que
é uma despedida.

Vamos soltando da mão de quem um dia esteve seguro nelas,


que começou tímido na ponta dos dedos em um toque ingênuo,
que passou para as digitais ao tocarmos a tela do celular,
para continuar as conversas que culminaram no arrebatar da mão,
no segurar... e agora, antes que escapasse de maneira
inconsequente e arriscada, é posto no chão, delicadamente, para
partir sem se ferir.

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Até de lge, a gente quer


que o oro se cuide, fique
bem–ao men o oro que n
pertencia, o que áv.

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Este passo é incerto, não é sólido – suposto que o leitor tenha


entendido que estamos andando ao contrário e quando se
tropeça de costas, o quarto passo é um prelúdio do próximo, uma
introdução à queda.

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Queda
Por que caímos?
Deus disse: por causa do orgulho.

Newton afirmou: por causa da gravidade!

Ambos falaram o mesmo: a queda tem uma lei universal. A força


da gravidade é diretamente proporcional às massas dos corpos
em interação e inversamente proporcional ao quadrado da
distância entre eles.

A gravidade é a força que rai do corp,


um em direção ao oro.
:

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A mha, um rnctro.
A queda é um enctro.
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Portanto, como resistir a uma lei? Seria eu criminosa de infringir


tal regra e sucumbir a uma condenação universal ?

“Há no que eu não pso dormir de


remorso por tudo o que eu deixei de cer.”
Observou Mário Quintana, na mesma pureza tentadora com
que argumentou Millôr:

“Não devem rr às tentaçõ: 


podem não vtar.”

Por isso eu caí.

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Cair de costas é chocante, você perde o ar nos pulmões e os


meus se embriagaram do seu cheiro, do seu perfume. O perfume
de um ex é coisa grave, séria e sagrada.

Afinal, aquele cheiro não é só o cheiro de algo: é o cheiro de


alguém, o cheiro do seu alguém. É foda sentir o perfume de uma
pessoa que você deixou por aí, e voltar a ter a sensação que ela
está de volta.

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O perfume é uma psagem
de graça ao psado.
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Naquela manhã, senti seu perfume nos corredores da estação


que tantos frequentamos... era você? Sei que não, você nem
morava por ali. Era seu cheiro, ou ao menos o seu perfume,
contaminado pelo aroma de outra melanina que não era a tua.

Lembrei do quanto fomos felizes naqueles vagões, de quantas


vezes eu te esperei.

E descobri que o amor é uma pessoa parada na estação,


esperando alguém. Todos ao seu redor voam, correm, se
digla-diam para chegar mais cedo, mas ela permanece imóvel,
com um sorriso tolo nos lábios.

O amor beira a insanidade.

Essa pessoa espera alguém que chegará cansado, suado,


fedendo, mas chegará! E é essa certeza que faz com que cada
segundo não seja em vão, ao contrário: cada segundo é regado
por uma esperança, uma espera, que se revela única!

Pois no fundo do corredor, vem alguém beirando a parede, com


seus cabelos bagunçados, seu uniforme amarrotado, e aquele
sorriso ileso. Amor é sobre esperar.

E eu não esperava agir como agi. Como que por instinto,


irracionalidade, fraqueza, gravidade...

Digei e enviei.

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E o que é a saudade, se não a palavra mais bonita já criada na


língua humana?

Palavra exclusiva para lusófonos, sentimento amplo e único entre


seres vivos.

Saudade é bela em sua estética, em sua pronúncia, em seu


impacto e, principalmente, em seu universo.

No universo da saudade, habitam galáxias de arrependimentos,


sistemas solares que ardem em intensa lembrança, memórias
nebulosas, astros episódicos e planetas chamados: passado.

O passado é um mundo real, e a saudade, um lugar que


inventamos para receber alguém a sós, como descobriu
Carpinejar! Nesse planeta criado por nós, o tempo não existe, os
momentos se congelam e, em um looping gracioso, nós revemos
instantes, cenas, momentos, olhares e uma imensidão de
sensações que só um mundo inteiro poderia abrigar.

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O universo da saudade também é governado pela lei da


gravidade que talvez seja uma lei pra todo o multiverso. E devido a
um passado de melancolia negra, que cobre todo o seu espaço,
buracos negros se formam, nos transportando para um outro
universo, o nosso universo e aqui, nos deparamos com a realidade.

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O passado passou.


E você, co tá?

ah, tô leg e t..

tbém sto sua fta..

ah é?

... esse diálogo é tão conhecido e repetitivo como o Capítulo LV


de Memórias Póstumas.

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Nos encontramos em uma antiga cafeteria que gostávamos de


frequentar. Você estava mais magro, havia colocado brincos eu
detestava essa ideia, mas agora você estava livre. Agora você
era só seu, agora, também precisava se desencontrar para se
encontrar. Mas me reencontrar? O reencontro dos corpos foi ainda
mais intenso!

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Fazer or
c ex
é foda pra carho!!!!
Mas vocês não estão prontos para essa conversa.

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Enquanto transávamos, caiu da cabeceira um livro do Gabriel


Garcia Márquez; era profético:

“Um único mento de recciação ve ma do


que toda uma vida de izade.”
É um misto de desejo e raiva, um pouco de perdão e vingança,
um conúbio de saudade e desprezo. Mas fazer amor com você foi
além: além de fazer amor, foi concluir o amor. Aquela não era uma
reconciliação, era uma despedida.

E enquanto os nossos corpos expeliam em gotas cada fumaça


que restou de nós, as suas escorriam pelos poros as minhas, pelas
coxas, e claro, pelos olhos.

Uma vez escutei o Rubem Alves dizer:

“Se você ou muo um lugar, não vte a


vá
lo perdo enctrar  mm emoçõ.
O tempo que você ou não tá ma lá.”
A visita ao seu corpo e as águas da nossa noite batizaram esse
pensamento.

Precisei cair em seus braços para perceber que eu não cabia


mais ali. Eu havia crescido, estava enfim desconectada de você, e
ali não havia mais sentimentos, apenas memórias.

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E às vez a gente nem a


ma aqua psoa, a
apen  memóri que
viveu c a.

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A gravidade provocou uma última e inesperada queda: além do


solo, além dos seus braços, eu caí na real.

E essa queda colapsou meu mundo! Pois quando um


sentimento de muita massa entra em colapso, ele se torna um
buraco negro; e do avesso, nós nos viramos contra a queda, e
agora passamos a voar, voar em um novo universo, onde o último
passo se dá de frente a um novo destino, onde o último passo é o
primeiro para uma nova história.

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Quarentena
PASSO 5

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O ento oro é
fundent
para se prevenir do vír
da carência.

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É preciso que nos isolemos afetivamente pelo bem de nossa


saúde emocional.

Assim que nos livramos de um sentimento, por carência, medo


ou apego, tendemos a engatar novas relações, descartando
assim, a o portunida de de conhecer a nós mesmos, de ver o
que nos tornamos.

Portanto, temos uma resistência histórica ao auto conhecimento,


que data antes mesmo de Sócrates olhar o escrito em Delfos que
dizia “conhece a ti mesmo”. A humanidade já chegou a lua, mas
não perfurou 1% do seu próprio núcleo.

É fundamental mergulhar em nós mesmos: esse profundo poço


de lázaro nos mostra

Qut vez podem sobrevier e


rencer de ns ma prund dor.

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é o preço que se paga
pa liberdade
A sidão
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Muita gente desiste de encarar uma vida sozinha por medo de


não ter ninguém para abstrair a própria companhia isso porque
nunca investiram um segundo nelas mesmas. Mas o amor próprio
é um terreno fértil! Um novo mundo, novos céus e nova terra.

Agora é psív cçar o paraíso, e


portto, a Svação.

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O quinto passo é dado com maturidade, com certeza. Sem


medo do passado, sem vontade de voltar a ele. Encaramos que
aquilo que se foi, precisava ir. E agora, o foco principal é em nós,
que ficamos.

O nosso eu atual enfim se torna um herói! Um sobrevivente!

Um Enéas, que sobrevivera a uma guerra épica e poética, que


assim como Homero, escrevi nesses capítulos. Ao contrário do
herói de Virgílio, o meu tem um único superpoder:

O quecento.

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Eu sou o herói da htória.
Não preco ser sva.

MARCOS BULHÕES
FIM
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!"

MARCOS BULHÕES
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5 PASSOS PARA ESQUECER VOCÊ

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