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RECURSO CÓD.

438296 - PREGÃO Nº 1/2020 | UASG 925158


ILUSTRÍSSIMA SENHORA PREGOEIRA DO CONSELHO FEDERAL DE
MEDICINA - CFM

Ref.: PREGÃO ELETRÔNICO n.º 1/2020


DALVA AGUIAR NASCIMENTO – ME/INTRADOC DO BRASIL, empresa de
serviços linguísticos especializados, inscrita no CNPJ sob o n º 11.182.905/0001-
46, sediada à Rua Piauí, 69 - Sala 709 – Santa Efigênia CEP 30150-320 Belo
Horizonte – MG, neste ato representada por sua sócia-gerente DALVA AGUIAR
NASCIMENTO, brasileira, inscrita no CPF sob o no 455.096.381-68, e RG 878029
SSP – DF, vem perante V. Sa., com base no disposto na Lei nº 10.520, de 17 de
julho de 2002, pelos Decretos 10.024/2019, 3.555/2000, e 7.892/2013, Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 e suas alterações posteriores,
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 e suas alterações e demais normas
regulamentares legais e infra legais aplicáveis à espécie, e com fundamento no
item 12 do instrumento convocatório, interpor o presente

RECURSO ADMINISTRATIVO

considerando ato praticado pela pregoeira do certame licitatório na modalidade de


pregão eletrônico n.º 1/2020 do Conselho Federal de Medicina – CFM coordenado
pela Pregoeira NOELYZA PEIXOTO BRASIL VIEIRA e pelo Pregoeiro ADRIANO
DE OLIVEIRA PONCE e equipe de apoio, através do site www.comprasnet.gov.br,
que na sessão de realização do referido pregão que iniciou em 29 de janeiro de
2020, acolheu a proposta da TIKNET EDIÇÃO LIMITADA, CNPJ 15.267.097/0001-
70 – TIKNET, como vencedora, em que são sócios o Sr. Carlos Eduardo Chiba e o
Sr. Antonio Pedro Leme de Barros, na fase de classificação da proposta mais
vantajosa à Administração pública, pelos motivos a seguir expostos.

DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE


Conforme descrito no instrumento convocatório, item 12, em momento oportuno a
empresa ora recorrente manifestou o seu interesse em interpor o presente recurso
administrativo:
12.1 - Declarada a vencedora, o Pregoeiro abrirá prazo de 30 minutos, durante o
qual qualquer licitante poderá, de forma imediata e motivada, em campo próprio do
sistema, manifestar sua intenção de recurso.
12.2 - A falta de manifestação no prazo estabelecido autoriza o Pregoeiro a
adjudicar o objeto ao licitante vencedor.
12.3 - O Pregoeiro examinará a intenção de recurso, aceitando-a ou,
motivadamente, rejeitando-a, em campo próprio do sistema.
12.4 - A licitante que tiver sua intenção de recurso aceita deverá registrar as
razões do recurso, em campo próprio do sistema, no prazo de 3 (três) dias, ficando
os demais licitantes, desde logo, intimados a apresentar contra-razões, também
via sistema, em igual prazo, que começará a correr do término do prazo da
recorrente.
12.5 - Para justificar sua intenção de recorrer e fundamentar suas razões ou
contra-razões de recurso, o licitante interessado poderá solicitar vista dos autos a
partir do encerramento da fase de lances.
12.6 - As intenções de recurso não admitidas e os recursos rejeitados pelo
Pregoeiro serão apreciados pela autoridade competente.
12.7 - O acolhimento do recurso implicará a invalidação apenas dos atos
insuscetíveis de aproveitamento.
Portanto, é tempestivo o presente recurso, apresentado por pessoa legítima que
representa a licitante prejudicada, atendendo aos pressupostos intrínsecos e
extrínsecos inerentes ao recurso administrativo em procedimento licitatório.
SÍNTESE DOS FATOS
A recorrente participou do certame licitatório, nos termos do edital de Pregão
eletrônico n.º 1/2020 lançado pelo Conselho Federal de Medicina, que tem por
objeto a Contratação de empresa especializada para a prestação de serviço, sob
demanda, de versão de textos do inglês, espanhol para o português; tradução de
textos do português para espanhol e inglês e tradução de textos entre inglês e
espanhol e vice-versa; revisão de traduções e versões, conforme especificações
constantes no Termo de Referência, e, após a análise dos critérios optou por
participar do processo, visto que possui todas as condições necessárias para o
atendimento das condições estabelecidas.
O Edital se rege pela Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, pelos Decretos
10.024/2019, 3.555/2000, e 7.892/2013, Lei Complementar nº 123, de 14 de
dezembro de 2006 e suas alterações posteriores, Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993 e suas alterações e demais normas regulamentares aplicáveis à espécie, e
as exigências estabelecidas no Edital e anexos.
O pregão iniciou na data e horários previstos, 29 de janeiro de 2020 às 10 horas, e
obedecida a ordem de classificação, a primeira licitante foi convocada para
apresentar a proposta:
Pregoeiro fala:
(29/01/2020 11:50:44) Foi informado o prazo final para registro de intenção de
recursos: 29/01/2020 às 12:20:00.
Sistema informa:
(29/01/2020 11:50:23) Srs. Fornecedores, está aberto o prazo para registro de
intenção de recursos para os itens/grupos na situação de 'aceito e habilitado' ou
'cancelado no julgamento'.
Sistema informa:
(29/01/2020 11:06:29) Senhor Pregoeiro, o fornecedor TIKINET EDICAO LTDA,
CNPJ/CPF: 15.267.097/0001-70, enviou o anexo para o grupo G1.
Pregoeiro fala:
(29/01/2020 11:00:48) Para TIKINET EDICAO LTDA - Prezado Licitante, solicito o
envio de proposta atualizada para o lance. Prazo máximo de 02 (duas) horas.
Sistema informa:
(29/01/2020 11:00:16) Senhor fornecedor TIKINET EDICAO LTDA, CNPJ/CPF:
15.267.097/0001-70, solicito o envio do anexo referente ao grupo G1.
Sistema informa:
(29/01/2020 10:47:26) Todos os itens estão encerrados. Será iniciada a etapa de
Julgamento de Propostas. Favor acompanhar através da funcionalidade
"Acompanhar julgamento/habilitação/admissibilidade".
Sistema informa:
(29/01/2020 10:47:26) O item G1 está encerrado.
Sistema informa:
(29/01/2020 10:47:26) A etapa fechada do item G1 foi encerrada.
Pregoeiro fala:
(29/01/2020 10:42:38) Solicitamos a todos atenção na formulação de lances visto
que serão solicitadas 40 traduções em 20 dias, de cerca de 5000 (cinco mil)
palavras cada.
Pregoeiro fala:
(29/01/2020 10:42:22) A primeira etapa fechada foi iniciada para o item G1.
Fornecedor que apresentou lance entre R$ 159,0100 e R$ 174,0000 poderá enviar
um lance único e fechado até às 10:47:21 do dia 29/01/2020.
Sistema informa:
(29/01/2020 10:05:07) Srs. Fornecedores, algumas propostas do item G1 estão
empatadas. Solicitamos o envio de lances.
Pregoeiro fala:
(29/01/2020 10:05:07) O item G1 foi aberto. Solicitamos o envio de lances.
Pregoeiro fala:
(29/01/2020 10:04:28) ATENÇÃO NA FORMULAÇÃO DE SEUS LANCES.
Pregoeiro fala:
(29/01/2020 10:03:57) Solicitamos a todos atenção na formulação de lances visto
que serão solicitadas 40 traduções em 20 dias, de cerca de 5000 (cinco mil)
palavras cada.
Pregoeiro fala:
(29/01/2020 10:03:03) Bom dia senhores licitantes, iniciaremos agora mais um
certame do CFM.

DAS INCONSISTÊNCIAS DO CERTAME

PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO PREGÃO


Após 1 hora e 50 minutos o pregão já estava encerrado, conforme se depreende
da tela acima referente ao pregão realizado, o licitante foi convocado às 11 horas,
apresentou a documentação 6 minutos depois, apesar de ter prazo até às 13 horas
para o envio da mesma. A documentação foi analisada pelo CFM em 44 minutos, e
o pregão foi encerrado, e aberto o prazo para intenção de recurso às 11:50 horas,
tudo com uma celeridade impressionante.
O Edital estabelece que:
10.1 - O Pregoeiro fixará prazo de 2 (duas) horas para reenvio da proposta de
preço adequada ao último lance.
Segundo o princípio da vinculação ao Edital, não há que falar em alterar as regras
já estabelecidas, ou seja, DUAS HORAS, são DUAS HORAS, não há flexibilização
neste entendimento, apesar disso, a proposta foi analisada em 44 minutos e o
pregão encerrado antes do vencimento do prazo de DUAS HORAS estabelecido
em Edital, não sendo possível tal procedimento dentro do mencionado princípio.
Verifica-se que tal entendimento está em plena consonância com o entendimento
esposado por esse Douto Conselho Federal de Medicina que assim se manifestou
na desclassificação da TIKNET nos autos do Pregão 13/2019:
O processo licitatório destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia, devendo a licitação ser processada e julgada em
conformidade com os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao instrumento
convocatório, do julgamento objetivo e dos correlatos.

Neste mesmo sentido assevera Jessé Torres Pereira Júnior sobre o princípio da
vinculação do Administrador ao instrumento convocatório, registre-se:

Quanto aos princípios nomeados na Lei n. 8.666/93, consigne-se, por ora, que:
[...]
[d] o da vinculação do instrumento convocatório faz do edital ou do convite a lei
interna de cada licitação, impondo-se a observância de suas regras à
Administração Pública e aos licitantes, estes em face dela e em face uns dos
outros, nada podendo ser exigido, a aceito ou permitido além ou aquém de suas
cláusulas e condições; o art. 41 da Lei nº. 8.666/93 ilustra a extensão do princípio
ao declarar que a “A administração não pode descumprir as normas e condições
do edital, ao qual se acha estritamente vinculada ”, reconhecendo, no § 1º, a
qualquer cidadão, legitimidade, “para impugnar o edital de licitação por
irregularidade na aplicação desta Lei...”

Em total consonância com este entendimento esse Conselho


(https://sistemas.cfm.org.br/licitacao/?pg=detalhe_licitacao&idlicitacao=2057) já se
manifestou recentemente neste mesmo sentido, de total vinculação ao Edital:
...
a Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se
acha essencialmente vinculada (art. 41 da Lei n. 8.666/93). Vejamos:
Processo de número: 0149985-05.2007.8.26.0000. Comarca: São Paulo. Órgão
Julgador: 11ª Câmara de Direito Público. Relator(a): Desembargador Francisco
Vicente Rossi. Data do julgamento: 22/11/10. Data da registro: 13/12/2010. Tem
como apelante no acordão analisado BIO-FAST FAZ LTDA sendo apelado
SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SAO PAULO. O relator do julgamento
foi o Desembargador FRANCISCO VICENTE ROSSI e teve a participação dos
Desembargadores RICARDO DIP (Presidente sem voto), OSCILD DE LIMA
JÚNIOR E AROLDO VIOTTI. Os quais proferiram a seguinte decisão "NEGARAM
PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do Relator.
EMENTA MANDADO DE SEGURANÇA - Procedimento licitatório - Empresa
inabilitada motivadamente por descumprimento de exigências do edital - Edital é lei
interna da licitação e "vincula inteiramente a Administração e os proponentes"
(Hely Lopes Meirelles) Capacidade operativa não se confunde com capacidade
técnica específica - Recurso não provido.
...

Prezado Licitante,
De acordo com o Decreto 5.450/2005 (artigo 18) e o Acórdão 2167/2011 do TCU,
o edital pode ser impugnado até dois dias úteis antes da abertura da sessão
pública de apresentação de propostas. Vejamos o item 15 do edital:
DOS ESCLARECIMENTOS E DA IMPUGNAÇÃO AO EDITAL 15.1 - Até 2 (dois)
dias úteis antes da data fixada para abertura da sessão pública, qualquer pessoa,
física ou jurídica, poderá impugnar o ato convocatório deste Pregão mediante
petição a ser enviada exclusivamente para o endereço eletrônico
colic@portalmedico.org.br. 15.2 - O Pregoeiro, auxiliado pelo setor técnico
competente, decidirá sobre a impugnação no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
15.3 - Acolhida à impugnação contra este Edital, será designada nova data para a
realização do certame, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar
a formulação das propostas. 15.4 - Os pedidos de esclarecimentos devem ser
enviados ao Pregoeiro até 3 (três) dias úteis antes da data fixada para abertura da
sessão pública, exclusivamente para o endereço eletrônico
colic@portalmedico.org.br. 15.5 - As respostas às impugnações e aos
esclarecimentos solicitados serão disponibilizadas no sistema eletrônico para os
interessados.
Assim, caso houvesse dúvida quanto à necessidade de apresentação do registro
profissional para a atividade junto ao Ministério do Trabalho, a empresa deveria ter
encaminhado sua solicitação de esclarecimento. Desta maneira a afirmação de
que "Não há necessidade de diagramador ou designer ter registro profissional"
deveria ter sido questionada antes do início do certame, e não após a fase de
lances. Reitero que esta pregoeira está estritamente vinculada às cláusulas
editalícias, devendo obediência aos termos previamente estabelecidos.
O processo licitatório destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia, devendo a licitação ser processada e julgada em
conformidade com os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao instrumento
convocatório, do julgamento objetivo e dos correlatos.
Por fim, ressalto que o registro profissional junto ao Ministério do Trabalho é feito
de maneira gratuita. O Decreto nº 83.284/79, que dispõe sobre o exercício da
função de jornalista, não exige curso superior para que o diagramador seja
enquadrado nesta profissão. Os requisitos necessários para exercer a profissão de
diagramador estão disponíveis no CBO (Classificação Brasileira de Ocupações),
disponível no sítio do Ministério do Trabalho, a saber: CBO 7661-20: •
ESCOLARIDADE: Médio Profissionalizante ou Médio Completo + curso de
editoração eletrônica; • OUTROS: Experiência de 06 meses; • HABILITAÇÃO
PROFISSIONAL.
-
Atenciosamente,
Noelyza Vieira
Pregoeira e Presidente da COLIC
COLIC - Comissão de Licitação
CFM - Conselho Federal de Medicina
Tel: (61) 3445-5954/5968
Fax: (61) 3346-0231
[Texto das mensagens anteriores oculto] -
Atenciosamente, EQUIPE DE APOIO CFM - Conselho Federal de Medicina COLIC
- Comissão de Licitação Tel: (61) 3445-5954/5968 Fax: (61) 3346-0231

A vinculação ao Edital é um tema amplamente tratado na doutrina pátria, assim


como na jurisprudência do Tribunal de Contas da União, segundo Lucas Rocha
Furtado , Procurador-Geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da
União, o instrumento convocatório é a lei do caso, aquela que irá regular a atuação
tanto da administração pública quanto dos licitantes.
Esse princípio é mencionado no art. 3º da Lei de Licitações, e enfatizado pelo art.
41 da mesma lei que dispõe que “a Administração não pode descumprir as normas
e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada ”.
Ademais, o novo Decreto do pregão nº 10.024/2019, assim estabelece:
Art. 2º O pregão, na forma eletrônica, é condicionado aos princípios da legalidade,
da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência, da
probidade administrativa, do desenvolvimento sustentável, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo, da razoabilidade, da
competitividade, da proporcionalidade e aos que lhes são correlatos.
§ 1º O princípio do desenvolvimento sustentável será observado nas etapas do
processo de contratação, em suas dimensões econômica, social, ambiental e
cultural, no mínimo, com base nos planos de gestão de logística sustentável dos
órgãos e das entidades.
§ 2º As normas disciplinadoras da licitação serão interpretadas em favor da
ampliação da disputa entre os interessados, resguardados o interesse da
administração, o princípio da isonomia, a finalidade e a segurança da contratação.

DO ITEM 2 DO EDITAL – JOGO DE PLANILHAS/INEXEQUIBILIDADE


Cumpre salientar destaque dado ao seguinte aspecto:
Solicitamos a todos atenção na formulação de lances visto que serão solicitadas
40 traduções em 20 dias, de cerca de 5000 (cinco mil) palavras cada.
Ou seja, já constava do sistema comprasnet informação de que o serviço prestado
seria em regime de extrema urgência e, como demonstraremos a seguir, seria
concentrado em prestação correspondente ao item 2 do Edital, no prazo de 20
dias: SERVIÇO CONSIDERANDO LAUDA DE 1000 (MIL) CARACTERES SEM
ESPAÇO para o
Item 2-TRADUÇÃO DE ARTIGOS E TEXTOS (Português para Inglês, Português
para Espanhol, Inglês para Espanhol ou Espanhol para Inglês): REGIME NORMAL
(VALOR X) / REGIME URGENTE (20% a mais que o valor em regime normal) /
REGIME EXTREMA URGÊNCIA (40% a mais que o valor em regime normal).

Considerando tal informação faz-se necessário analisar os fatos ocorridos,


vejamos as propostas dos licitantes:
Valor estimado pelo CFM (item 1=64,66 / item 2= 77,66 / item 3= 76,00 / item 4=
53,20)
Proposta Final Tikinet (item 1=23,24 / item 2= 66,40 / item 3= 13,28 / item 4=
13,28)
Proposta Final RMO (item 1=32,00 / item 2= 57,00 / item 3= 34,00 / item 4= 23,00)
Proposta Final MS (item 1= 35,00 / item 2= 45,00 / item 3= 40,00 / item 4= 35,00)
Proposta Final Dalva (item 1=37,00 / item 2= 54,00 / item 3= 48,00 / item 4= 20,00)

Verifica-se que os valores propostos pela TIKNET para os itens 1,3 e 4 são
claramente inexequíveis, e muito abaixo do valor estimado:
% valor proposto em relação ao valor estimado para cada item
% Tikinet (item 1= 0,36 / item 2= 0,86 / item 3= 0,17 / item 4= 0,25)
% RMO (item 1= 0,49 / item 2= 0,73 / item 3= 0,45 / item 4= 0,43)
% MS (item 1= 0,54 / item 2= 0,58 / item 3= 0,53 / item 4= 0,66)
% Dalva ME (item 1=0,57 / item 2= 0,70 / item 3= 0,63 / item 4= 0,38)

A proposta da TIKNET para os itens 1, 3 e 4 apresenta valores muito abaixo dos


valores estimados, não sendo cabível que seja aceita, em conformidade com o
disposto no Edital, e na legislação aplicável.
Além dos valores dos itens, o valor global também se demonstra inexequível, a
proposta da TIKINET é a única proposta dentre os demais licitantes até o 4o lugar
de classificação que está abaixo de 50% do valor total em relação ao valor
estimado, e não há amparo em nenhum dispositivo para que seja aceita a proposta
com tal compleição, portanto, em afronta ao princípio da legalidade, ou seja, a
Administração Pública só pode fazer o que está expressamente previsto em lei.
VALOR FINAL DE CADA PROPOSTA
Tikinet 116,20 Reais
RMO 146,00 Reais
MS 155,00 Reais
Dalva ME 159,00 Reais

Percentual em relação ao valor estimado


(Considerado que <50% INEXEQUÍVEL NO VALOR GLOBAL CONFORME
LEGISLAÇÃO VIGENTE)
Tikinet 0,43
RMO 0,54
MS 0,57
Dalva ME 0,59
Ademais, considera-se que a Pregoeira lançou 2 apelos de atenção às propostas
como se verifica nas telas de mensagens do pregão:

Pregoeiro fala:
(29/01/2020 10:03:57)
Solicitamos a todos atenção na formulação de lances visto que serão solicitadas
40 traduções em 20 dias, de cerca de 5000 (cinco mil) palavras cada.
Pregoeiro fala:
(29/01/2020 10:42:38)
Solicitamos a todos atenção na formulação de lances visto que serão solicitadas
40 traduções em 20 dias, de cerca de 5000 (cinco mil) palavras cada.

Destaca-se neste ponto que no edital consta justificativa:


11.1.7.8 – JUSTIFICATIVA PARA A EXIGÊNCIA DOS ATESTADOS DE
CAPACIDADE TÉCNICA: A exigência dos subitens 11.1.7.1 11.1.7.2 se deve ao
padrão de qualidade da revista Bioética, que exige a inclusão de resumos
(abstracts e resumen) em português, inglês e espanhol. Além disso, para aumentar
a visibilidade internacional do periódico, os artigos publicados em português são
traduzidos na íntegra para espanhol e inglês, para publicação exclusiva em meio
digital. Para dar continuidade ao padrão científico da publicação do CFM, é
imprescindível a contratação de serviços qualificados de tradução, versão e
revisão de textos nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola. Reitere-se que a
manutenção da qualidade dos artigos publicados pela revista Bioética depende de
tradutores devidamente qualificados para a prestação do serviço, capazes de
traduzir os textos entre esses idiomas sem erros ou perda de sentido, tendo o
mínimo de conhecimento técnico nas áreas de Humanidades, Saúde Coletiva,
Ciências da Saúde ou Medicina. Ademais, a empresa contratada não atenderá
somente às necessidades específicas da revista; ela deverá suprir também a
necessidades esporádicas, de outros setores do Conselho Federal de Medicina, de
tradução, versão e/ou revisão de textos nessas mesmas línguas estrangeiras.

Diante de tal dispositivo do Edital não há como não se questionar da


exequibilidade da proposta da TIKNET, ou seja, reforça-se ainda mais a
caracterização de inexequibilidade da mesma com as exigências de qualidade
mencionadas acima, visto que o prazo para execução dos serviços é exíguo,
conforme lembrado pelo próprio CFM, e sendo que sequer se tem conhecimento
da eventual equipe de tradutores que irá prestar o serviço licitado, já que a
documentação dos tradutores foi retirada da lista de documentação de habilitação
(em relação ao procedimento licitatório anterior – Pregão 30/2019 – CFM) e
passada à documentação a apresentar no ato de assinatura do contrato, em
contradição com o item acima mencionado 11.1.7.8.
Além disso, resta caracterizado o evidente jogo de planilhas com significativo dano
ao erário: dada a inexequibilidade da proposta final da TIKINET, colocado somente
na fase de propostas fechadas, na fase final dos lances, em particular para os
itens 3 (17% do valor estimado), 4 (25% do valor estimado) e 1 (36% do valor
estimado) e o valor proposto muito próximo do valor estimado pelo CFM no item 2
(86% do valor estimado) mas muito acima do valor para o mesmo item nas
propostas dos outros licitantes.
Tal distorção do item 2 na proposta da TIKINET gera evidente dano ao erário, pois
como é notório - seja a partir do item 4.2 do edital 01/2010, seja da nossa própria
experiência de 2015 a janeiro de 2020 em traduções da Revista Bioética, seja do
que pode facilmente ser verificado nas edições da Revista Bioética publicadas no
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica - entre 75% e 95% do
volume de trabalho em cada edição recai no item 2 (TRADUÇÃO DE ARTIGOS E
TEXTOS (Português para Inglês, Português para Espanhol, Inglês para Espanhol
ou Espanhol para Inglês)), justamente o item desproporcionalmente mais alto da
proposta TIKINET.
O valor proposto pela TIKINET para este item 2 em conjunto com os valores
inexequíveis dos outros itens resulta no caso, por exemplo, da tradução de 1000
laudas, em um somatório maior que o correspondente ao das três propostas dos 3
licitantes em 2º, 3º e 4º lugar respectivamente para o mesmo serviço, conforme é
facilmente verificável na seguinte simulação:
% de trabalho para cada item (5 anos de experiência todas os números da Revista
publicados no site)

SIMULAÇÃO CUSTOS PARA 1000 LAUDAS DE TRADUÇÃO COM AS


PROPOSTAS FINAIS

Tikinet RMO MS Dalva ME

0 a 20% ( de 0 a 4 unidades no máximo por edição)


Item 1 = 4648,00 item 1= 6400,00 item 1=7000,00 item1=7400,00

75 a 95% (240.000 palvras estimadas no máximo por edição)


item2=49800,00 item2=42750,00 item2=33750,00 item2=40500,00

2 a 4% (6600 palvras estimadas no máximo por edição)


Item3=531,20 item3=1360,00 item3=1600,00 item3=1920,00

0 a 1% ( de 0 a 4 unidades de 150 palavras cada no máximo/edição)


Item4=132,80 Item4=230,00 Item4=350,00 item4=200,00

VALOR FINAL PARA 1000 LAUDAS

Tikinet= 55.112,00 Reais / RMO = 50.740,00 Reais / MS=42.700,00 Reais / Dalva


ME= 50.020,00 Reais

Vejamos também o item 4.2 do Edital:

4.2. Cada edição da Revista Bioética conta com 20 títulos, 20 resumos e vinte
artigos. Os títulos e resumos serão revisados em espanhol e inglês e os artigos
traduzidos para inglês, espanhol e português. A tradução da edição completa da
Revista Bioética para esses idiomas deve ser feita de forma concomitante, ou seja,
o prazo para devolução dos artigos traduzidos para cada um dos dois idiomas será
o mesmo. Considerando essas quantidades máximas em português, a cada edição
será demandada a revisão de até, no máximo, 300 palavras relativas a títulos de
trabalhos, a serem revisadas em cada um dos dois idiomas (inglês e espanhol),
totalizando 600 palavras; a revisão de até no máximo, 3.000 palavras relativas a
resumos de trabalhos, revisadas em cada um dos dois idiomas, totalizando 6.000
palavras e; a tradução para o inglês e o espanhol de 20 artigos completos de até,
no máximo, 6.000 palavras cada, perfazendo aproximadamente 120.000 palavras
para cada idioma, totalizando a quantia estimada de até 240.000 palavras a serem
traduzidas por fascículo.
Para fins de pagamento o trabalho será contabilizado por laudas. Número de
laudas em cada um desses tipos de material será definido como 1.000 (um mil)
caracteres sem espaço. O material trabalhado deverá ser diagramado em páginas
de configuração A4, fonte Calibri, tamanho 10, em texto justificado com
espaçamento entre linhas 1,5, seguindo as especificações dos arquivos originais
enviados pelo CFM, no que concerne à diagramação e apresentação de fontes em
negrito e itálico, quando for o caso. Deverá ser mantida a formatação original,
inclusive no que se refere a cores. Contar-se-ão o número de laudas produzidas
totalizando o valor a ser pago. No caso de laudas não totalmente preenchidas, se
usará o arredondamento: preenchida até a metade, contar-se-á como metade do
valor de uma lauda; preenchida mais da metade, valorar-se-á como lauda inteira.

Verifica-se que, com o passar do tempo, em um ano ou mais de contrato entre o


CFM e a licitante TIKINET, nas condições propostas, o dano acumulativo ao erário
pode ser estimado em dezenas de milhares de Reais, com o agravante do
aumento de custo de 20% a 40% conforme o regime de entrega passe de normal a
urgente ou de extrema urgência, como no caso já da próxima edição da Revista
mencionada pela Pregoeira.
Note-se ademais que o item 2 (TRADUÇÃO DE ARTIGOS E TEXTOS (Português
para Inglês, Português para Espanhol, Inglês para Espanhol ou Espanhol para
Inglês)) e idêntico ao item 3 (TRADUÇÃO DE RESUMOS E TÍTULOS (Português
para Inglês, Português para Espanhol, Inglês para Espanhol ou Espanhol para
Inglês)) quanto à tipologia específica do serviço: trata-se de traduções de textos do
português para o Inglês e para o Espanhol. No item 2 os textos são mais longos,
no item 3 são mais curtos, com a mesma complexidade técnico-científica. Não se
justifica de modo algum a proposta da TIKINET para o item 2 de R$ 66,40 Reais
por lauda de 1000 caracteres sem espaço e para o item 3 de R$ 13,28 Reais lauda
de 1000 caracteres sem espaço, a não ser pela intenção da TIKINET de fazer em
fase de lances a proposta mais baixa com burla do sistema.
Resulta evidente a tentativa de camuflagem de um custo mais alto do que o das
licitantes concorrentes mediante um jogo de planilhas, as licitantes concorrentes
apresentam valores bem mais baixos para o item 2 e sem grande diferença entre o
item 2 e o item 3. Ademais a oferta inicial e as ofertas intermediárias da licitante
declarada vencedora não evidenciam a distorção de valores apresentada em fase
final.
Quanto aos itens 1 e 4 que correspondem à revisão e tradução da língua
estrangeira para o português de artigos inteiros, no caso do item 1, e tradução de
língua estrangeira para o português de resumos e títulos, no caso do item 4, o jogo
de planilha realizado pela TIKINET consistiu em colocar valores irrisórios em itens
que notoriamente são raramente solicitados ou dos quais nunca é feito nenhum
pedido de grandes volumes. Normalmente em cada edição o item 4 corresponde
no máximo a 1% do serviço, e o item 1 não ultrapassa 3 ou 4 artigos de um total
de 20 artigos. Há que se considerar ainda que existem edições sem nenhum artigo
que racaia nos itens 1 ou 4. A licitante TIKINET joga então valores de
respectivamente de 23,24 Reais por lauda de 1000 caracteres sem espaço, para o
item 1 e de 13,28 Reais por lauda de 1000 caracteres sem espaço, para o item 2,
com a evidente finalidade de oferecer um valor global mais baixo, mantendo,
todavia, um alto valor para o item mais requisitado, causando grave dano ao erário
em cada edição da Revista.
A estimativa de preços desse Conselho Federal de Medicina era de R$ 64,66 por
lauda de 1000 caracteres sem espaço e R$ 53,20 por lauda de 1000 caracteres
sem espaço, respectivamente, para os itens 1 e 4. Novamente fica evidente a
tentativa de burla de um sistema feito para economizar o dinheiro público, e não
causar dano ao erário.
A partir da simulação acima apresentada acerca dos danos ao erário provindos de
um contrato com o CFM nestas condições, diante das propostas mais vantajosas
apresentadas por outras licitantes, inclusive pela ora recorrente, que pode ser
verificada por este órgão e pelo TCU se o considerarem oportuno, tais danos
resultam em índices de pelo menos 10 a 20% a cada ano, conforme os regimes de
serviço solicitados variarem entre regime normal, urgente (20% a mais) ou de
extrema urgência (40% a mais).
Acrescente-se que a ora recorrente, além de proposta mais vantajosa do que a
licitante declarada vencedora, sanados os vícios acima evidenciados, apresenta
Atestado de Capacidade Técnica do próprio CFM com qualificação plena para a
habilitação, como é de conhecimento desse Conselho, após 5 anos de serviços
prestados com louvor e com uma experiência consistente para um antendimento
de excelência.
Resta caracterizada a inexequibilidade da proposta aceita, bem como o jogo de
planilhas realizado, que causará DANO AO ERÁRIO, caso este recurso não seja
devidamente provido e o certame continuado, em observância aos princípios
constitucionais que regem as licitações no ordenamento jurídico brasileiro, dado
que a proposta da TIKNET se revela menos vantajosa durante a execução do
contrato.
Do entendimento do TCU sobre o jogo de planilhas:
Depois de concluir pela ocorrência de superfaturamento, refutou o relator a
alegação da empresa contratada de não ter sido demonstrado elemento subjetivo
doloso, o qual, segundo ela, seria necessário para a configuração da
irregularidade. Afirmou o relator que “a intenção de conferir vantagem indevida por
parte dos agentes administrativos e dos prepostos da pessoa jurídica contratada
não constitui elemento necessário para a caracterização do chamado ‘jogo de
planilha’”. Nesse sentido, invocou o entendimento esposado no Acórdão nº
1.757/2008 do Plenário, segundo o qual “não é preciso avaliar o eventual dolo da
administração ou da empresa para que se caracterize o desequilíbrio contratual e
a necessidade de adoção de medidas no sentido de restaurar esse equilíbrio ”.
Tendo em vista que a empresa contratada concorreu para o cometimento do dano
apurado, reputou o relator adequado fixar sua responsabilidade solidária à dos
agentes públicos também responsabilizados, nos termos do art. 16, § 2º, alínea
“b”, da Lei nº 8.443/92, o que foi acolhido pelo Tribunal. (Grifamos.) (TCU,
Acórdão nº 1.721/2016 – Plenário)

E ainda o Acórdão 2307/2017-Plenário:

A existência na planilha contratual de serviços específicos com preços unitários


acima dos referenciais de mercado, ainda que não caracterize sobrepreço global,
deve ser evitada, principalmente se concentrados na parcela de maior
materialidade da obra, pois traz risco de dano ao erário no caso de celebração de
aditivos que aumentem quantitativos dos serviços majorados (jogo de planilha) ou
diante da inexecução de serviços com descontos significativos nos preços, depois
de executados aqueles com preços unitários superiores aos de mercado (jogo de
cronograma).
Na mesma linha, no voto que fundamentou o Acórdão TCU nº 1755/2004-Plenário,
o Ministro Relator Walton Alencar Rodrigues concluiu:
Assim, existirá o “jogo de planilha” sempre que o conjunto probatório constante
dos autos permita inferir o intuito de burlar a licitação e alterar, em desfavor do
erário, as condições econômico-financeiras originalmente estabelecidas. Ou seja,
caberá perscrutar se, no caso concreto, a alteração ocorre para lograr proveitos
ilegítimos ou se atende ao interesse público. Portanto, para o deslinde da questão,
deve ser privilegiado o exame da conduta finalística dos agentes envolvidos.
DO DANO AO ERÁRIO
A proposta da TIKNET, com os valores apresentados demonstra claramente a
intenção de auferir ganhos financeiros às custas da administração, visto que os
valores foram apresentados de forma capciosa, não havendo legalidade na sua
aceitação, já que haverá inequívoco DANO AO ERÁRIO.
Mais uma vez, resta CLARA e HIALINA a necessidade legal de DESCLASSIFICAR
a TIKNET, por não atendimento ao Edital, em respeito aos princípios
constitucionais e legais que regem este certame, por sua proposta não ser a mais
vantajosa para a Administração Pública, e a contratação da TIKNET irá
representar significativo DANO AO ERÁRIO.
Portanto, não há amparo legal para que o licitante considerado vencedor, TIKNET,
tenha o objeto adjudicado e contratado, considerando tal classificação uma
violação ao princípio da moralidade e da legalidade, por esta razão e pelas demais
expostas no decorrer desta peça recursal.
A Lei n. 8666/93 estabelece que:

“Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional


da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada
em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo
e dos que lhes são correlatos.”

Neste mesmo sentido assevera Jessé Torres Pereira Júnior . Registre-se:

Quanto aos princípios nomeados na Lei n. 8.666/93, consigne-se, por ora, que:
[...]
[d] o da vinculação do instrumento convocatório faz do edital ou do convite a lei
interna de cada licitação, impondo-se a observância de suas regras à
Administração Pública e aos licitantes, estes em face dela e em face uns dos
outros, nada podendo ser exigido, a aceito ou permitido além ou aquém de suas
cláusulas e condições; o art. 41 da Lei nº. 8.666/93 ilustra a extensão do princípio
ao declarar que a “A administração não pode descumprir as normas e condições
do edital, ao qual se acha estritamente vinculada ”, reconhecendo, no § 1º, a
qualquer cidadão, legitimidade, “para impugnar o edital de licitação por
irregularidade na aplicação desta Lei...”

Com efeito, classificar licitante que NÃO obedeceu aos critérios estabelecidos no
Edital fere, ainda, o princípio do julgamento objetivo E da VANTAJOSIDADE da
proposta. Vejamos o ensinamento do ilustre Marçal Justen :
“A ‘vantajosidade’ da proposta deve ser apurada segundo um julgamento objetivo.
O ato convocatório deve conter critérios objetivos de julgamento que não se
fundem nas preferências ou escolhas dos julgadores. O julgamento das propostas
subordina-se obrigatoriamente àqueles critérios. (Edital) ”. Filia-se ao supracitado
ensinamento a seguinte doutrina:
Quanto aos princípios nomeados na Lei n. 8.666/93, consigne-se, por ora, que:
[...]
[e] o do julgamento objetivo atrela a Administração, na apreciação das propostas,
aos critérios de aferição previamente definidos no edital ou carta-convite, com o
fim de evitar que o julgamento se faça segundo critérios desconhecidos dos
licitantes, ao alvedrio da subjetividade pessoal do julgador; o art. 45 ilustra a
propósito do princípio ao estatuir que “O julgamento das propostas será objetivo,
devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em
conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no
ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de
maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle ”.
(grifo nosso)

Destaca-se que a licitação é um procedimento administrativo vinculado por meio


do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados
selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, com
dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor trabalho
técnico, artístico ou científico.
Dentre os diversos princípios aplicáveis a presente situação, destaca-se o princípio
da vinculação ao instrumento convocatório, que consiste na garantia do
administrador, assim como dos administrados, de que as regras inicialmente
estabelecidas sejam observadas por todos, vedado à Administração e aos
licitantes é o descumprimento das regras de convocação, apresentando preços
inexequíveis, ou propostas capciosas que não são vantajosas para a
Administração Pública.
Além de toda a narrativa constante desta peça recursal, considera-se ademais que
a contratação de uma empresa para prestação de serviços de tradução sem
capacidade técnica da equipe de trabalho comprovada, visto que não há
comprovação de que a empresa possua profissionais capazes e habilitados para
prestar o serviço, ensejaria grave prejuízo à observância do interesse público, fim
precípuo da atuação regulatória deste órgão, a supremacia do interesse público
está insculpida no ordenamento jurídico brasileiro, e segundo José dos Santos
Carvalho Filho :
Os bens e interesses públicos não pertencem à Administração nem a seus
agentes. Cabe-lhes apenas geri-los, conservá-los e por eles velar em prol da
coletividade, esta sim a verdadeira titular dos direitos e interesses públicos. A
Administração não tem a livre disposição dos bens e interesses públicos, porque
atua em nome de terceiros. Por essa razão é que os bens públicos só podem ser
alienados na forma em que a lei dispuser. Da mesma forma, os contratos
administrativos reclamam, como regra, que se realize licitação para encontrar
quem possa executar obras e serviços de modo mais vantajoso para a
Administração. O princípio parte, afinal, da premissa de que todos os cuidados
exigidos para os bens e interesses públicos trazem benefícios para a própria
coletividade.

A Lei Geral do Processo Administrativo nº 9.784/99 prevê a indisponibilidade do


interesse público pela Administração Pública:

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da


legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os
critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de
poderes ou competências, salvo autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal
de agentes ou autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo
previstas na Constituição;
...
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos
administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de
certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;
...
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação.

Em total consonância com o ora argumento, ou seja, a impossibilidade de


aceitação da proposta da licitante equivocadamente considerada vencedora, o
STF (RMS 23640/DF) tratou da questão em decisão assim ementada:
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
CONCORRÊNCIA PÚBLICA. PROPOSTA FINANCEIRA SEM ASSINATURA.
DESCLASSIFICAÇÃO. PRINCÍPIOS DA VINCULAÇÃOAO INSTRUMENTO
CONVOCATÓRIO E DO JULGAMENTO OBJETIVO. 1. Se o licitante apresenta
sua proposta financeira sem assinatura ou rubrica, resta caracterizada, pela
apocrifia, a inexistência do documento. 2. Impõe-se, pelos princípios da vinculação
ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, a desclassificação do
licitante que não observou exigência prescrita no edital de concorrência. 3. A
observância ao princípio constitucional da preponderância da proposta mais
vantajosa para o Poder Público se dá mediante o cotejo das propostas válidas
apresentadas pelos concorrentes, não havendo como incluir na avaliação a oferta
eivada de nulidade. 4. É imprescindível a assinatura ou rubrica do licitante na sua
proposta financeira, sob pena de a Administração não poder exigir-lhe o
cumprimento da obrigação a que se sujeitou. 5. Negado provimento ao recurso.
Diante deste entendimento do STF destaca-se:
3. A observância ao princípio constitucional da preponderância da proposta mais
vantajosa para o Poder Público se dá mediante o cotejo das propostas válidas
apresentadas pelos concorrentes, não havendo como incluir na avaliação a oferta
eivada de nulidade.
A proposta da TIKNET nem deveria ter sido considerada, visto que os preços
apresentados são inexequíveis e incompatíveis com o nível internacional da
Revista Bioética, que preza pela qualidade dos serviços prestados.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro também leciona que “a Administração não pode
descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente
vinculada. E o art. 43, inciso V, ainda exige que o julgamento e classificação das
propostas se façam de acordo com os critérios de avaliação constantes do edital.
O princípio dirige-se tanto à Administração, como se verifica pelos artigos citados,
como aos licitantes, pois estes não podem deixar de atender aos requisitos do
instrumento convocatório (edital ou carta-convite); se deixarem de apresentar a
documentação exigida serão considerados inabilitados (...) ”.
Devendo ocorrer a desclassificação do licitante em tais hipóteses, como
estabelece o art. 48, I da Lei 8.666/93:
“Art. 48. Serão desclassificadas:
I - as propostas que não atendam às exigências do ato convocatório da licitação;”

Os princípios norteadores da licitação devem ser observados no procedimento


licitatório em andamento, não sendo plausível que seja aceita proposta que
contrarie o edital, e não preencha os requisitos necessários para atendimento da
demanda.
A jurisprudência consagra a vinculação da Administração Pública às condições
estabelecidas no edital:

“EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. EDITAL COMO


INSTRUMENTO VINCULATÓRIO DAS PARTES. ALTERAÇÃO COM
DESCUMPRIMENTO DA LEI. SEGURANÇA CONCEDIDA.
É entendimento correntio na doutrina, como na jurisprudência, que o Edital, no
procedimento licitatório, constitui lei entre as partes e é instrumento de validade
dos atos praticados no curso da licitação.
Ao descumprir normas editalícias, a Administração frustra a própria razão de ser
da licitação e viola os princípios que direcionam a atividade administrativa, tais
como: o da legalidade, da moralidade e da isonomia.
A administração, segundo os ditames da lei, pode, no curso do procedimento,
alterar as condições inseridas no instrumento convocatório, desde que, se houver
reflexos nas propostas já formuladas, renove a publicação (do Edital) com igual
prazo daquele inicialmente estabelecido, desservindo, para tal fim, meros avisos
internos informadores da modificação. Se o Edital dispensou às empresas recém-
criadas da apresentação do balanço de abertura, defeso era à Administração
valer-se de meras irregularidades desse documento para inabilitar a proponente
(Impetrante que, antes, preenchia os requisitos da lei).
Em face da lei brasileira, a elaboração e assinatura do balanço é atribuição de
contador habilitado, dispensada a assinatura do Diretor da empresa respectiva.
Segurança concedida. Decisão unânime.”
(STJ, MS n.º 5.597/DF, 1ª S., Rel. Min. Demócrito Reinaldo, DJU 01.06.1998).”
Os artigos da Lei 8.666/1993 estabelecem que:
“Art. 44 - No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os
critérios objetivos definidos no edital ou no convite, os quais não devem contrariar
as normas e princípios estabelecidos por esta Lei (...).
Art. 45- O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de
licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de
licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo
com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua
aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na
modalidade concurso:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa
para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a
proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor
preço; “

CONCLUSÃO
Considera-se, portanto, totalmente admissíveis os argumentos ora expostos,
considerando que a empresa licitante TIKNET não atendeu às condições
estabelecidas no edital, devendo ser desclassificada, e declarada inabilitada, e
sancionada por tumulto ao pregão, sendo acolhidas as razões do presente recurso
para que o certame continue, visto que a licitante apresentou uma proposta que
contraria os ditames editalícios e legais.
Visto que, a proposta selecionada deve ser a MAIS VANTAJOSA para a
Administração Pública, e não pode haver benefício a nenhum licitante, sob pena
de ferir o princípio da isonomia. E estando claro ademais que os documentos de
habilitação da equipe de tradutores que a licitante TIKNET não possuía em
Processo Licitatório anterior, conforme se depreendeu no Pregão 30/2019, foram
retirados das exigências de habilitação deste certame, sendo colocados com
apresentação obrigatória somente no ato de assinatura do contrato, sem nenhum
controle em tempo real do concorrentes, o que causa espécie.
Cumpre salientar que a proposta final da TIKNET de R$ 116,00 (cento e setenta
reais) para os 4 itens do Grupo 1 é inaceitável, seja por inexequibilidade de itens,
seja pela demonstrada tentativa da licitante TIKINET de usar um jogo de planilhas
muito prejudicial para a Administração que causará dano irreparável ao erário no
caso de adjudicação do objeto do certame.
DO PEDIDO
Diante do exposto, REQUER à Vossa Senhoria que se digne a acolher os
seguintes pedidos:
a) seja conhecido e dado provimento aos argumentos aduzidos no presente
Recurso Administrativo;
b) seja desclassificada e declarada inabilitada a licitante TIKNET pela TOTAL
ausência de atendimento às cláusulas editalícias, por alto risco de dano ao erário e
afronta total ao princípio da legalidade;
c) ato contínuo, sanados os vícios, seja continuado o pregão;
d) caso não reconsidere sua decisão, requer ao Pregoeiro a submissão do
presente recurso à consideração da autoridade superior para fins de decisão
quanto ao recurso e à adjudicação do objeto, em conformidade com o disposto
edital que norteia o certame.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Belo Horizonte, 3 de fevereiro de 2020

Dalva Aguiar Nascimento


INTRADOC BRASIL
Sócia Gerente

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