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Discussão dirigida: Livro Flores, votos e balas

Resumo geral

https://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/flores-votos-e-balas-um-olhar-
sobre-o-movimento-abolicionista-brasileiro-2/

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No penúltimo capítulo, algo que ela descreve como um dos grandes “mitos” da
historiografia do período: o “mito” de um público brasileiro passivo e apolítico (p. 357).

O livro tem também o mérito de contar uma história verdadeiramente nacional, não
somente uma história da Corte ou do sudeste. Ele se enfoca na capital, mais também
presta muita atenção a outras regiões, com suas campanhas semiautônomas.
Pernambuco, Ceará, e Amazonas desenvolveram movimentos que muitas vezes
avançavam mais rápido, e de maneiras diferentes, do que era possível na capital, e
acabaram influenciando profundamente os acontecimentos na Corte. Nos últimos
capítulos, a análise se volta para as áreas de plantation das províncias de Rio de Janeiro e
São Paulo. A autora difere em sua perspectiva do sociólogo e politólogo Sidney Tarrow,
que sugeriu que a difusão de formas de ação costuma operar do centro para a periferia.
Para Alonso, no caso do abolicionismo brasileiro, “houve vetor a partir do centro político, a
Corte, em direção às localidades, mas também a partir de polos regionais, como o Ceará”
(p. 425, n. 38).

A autora conta, assim, uma história nacional, mas ela está sempre consciente da
importância do contexto internacional que moldou a forma como o abolicionismo brasileiro
se desenvolveu. Neste sentido, ela não se restringe a examinar as viagens e
correspondências internacionais dos abolicionistas principais. Ela mostra também como o
movimento brasileiro desenvolveu um “repertório” político que às vezes adotava, mas com
mais frequência adaptava, as retóricas, argumentos e estratégias de outras campanhas
abolicionistas do Mundo Atlântico. Assim, conta uma história atlântica sem reduzir as
particularidades do abolicionismo brasileiro a uma mera cópia de outras campanhas e
contextos.

No decorrer do livro, as lutas escravas só aparecem na conjuntura de acirramento do movimento


abolicionista, no penúltimo capítulo, quando a autora, seguindo definição de sua principal referência
teórica, o sociólogo norte-americano Charles Tilly, vê o ano de 1887 como uma situação
revolucionária. Se é verdade que, neste ano, a situação desandou de vez, com a desorganização da
produção e o caos social instaurado pelas fugas e rebeliões escravas, muitas delas incentivadas ou
acobertadas pelos abolicionistas, é fato também que agitações entre escravos, variando dos casos de
rebeldia individual, fugas, assassinatos de proprietários e seus feitores e capatazes a fugas e
movimentações coletivas, intensificavam-se desde pelo menos 1882.
DEBATE:
BIGLIAZZI, Cristiano. Matriz norte-americana.  In: Dicionário da república.

Já no segundo o capitulo é abordado a história da constituição dos Estados


Unidos da américa, a partir do estabelecimento das primeiras colônias até a
Consolidação da i dei a de supremacia constitucional.
A partir desse enfoque o a uto r busca demonstrar a relevância da
Aquisição da formalidade constitucional como elemento distintivo do direito e da
Política moderna e sua correlação com o âmbito mundial da diferencia ação
Funcional.
(link: https://www.passeidireto.com/arquivo/72030888/historia-constitucional-inglesa-
e-norte-resenha-editada)
2.4 - A matriz norte-americana     
A experiência inglesa republicana, somada aos eventos da Revolução Gloriosa,
inspirou o processo de independência e o surgimento da matriz norte-americana de
republicanismo. De início, os founding fathers tinham que enfrentar um problema
identificado por Montesquieu anos antes: o ideal de liberdade republicano era mais
adequado para pequenos territórios, já que a coesão social ficaria cada vez mais instável
na proporção em que a comunidade crescesse.
Este obstáculo foi superado pelos norte-americanos por meio de uma engenhosa
combinação institucional: de um lado, conforme destacado no Federalista n° 9, a
República não seria grande demais, pois constituiria uma Confederação, isto é, uma
grande República composta por diversas Repúblicas menores.[17] Esta organização
federativa iria se acoplar ao sistema de democracia representativa, que, de acordo com o
Federalista n° 10, supriria a impossibilidade fática de se adotar a democracia direta em
um vasto território.[18]
A razão subjacente à escolha da democracia representativa decorre da premissa
antropológica pessimista e individualista dos norte-americanos à época. Para eles,
quanto maior o número de pessoas num órgão deliberativo, maior a chance de corrupção
da política por interesses facciosos e pela contaminação das paixões. Assim, a filtragem
da representação, de acordo com o Federalista n° 57, levaria à promoção da liberdade e
do bem comum, na medida em que os mais sábios seriam eleitos.[19]
Outro ponto importante do arranjo institucional norte-americano é a dispersão do
poder, delineada no Federalista n° 47, em Executivo, Legislativo e Judiciário, de modo
a evitar concentração que pudesse degenerar o regime político em tirania. Por outro
lado, a justificativa no Federalista n° 51 para a instituição de mecanismos de freios e
contrapesos segue a mesma premissa antropológica, na medida em que os considera
imprescindíveis para “contrapor ambição a ambição”. De acordo com Sandel,
diferentemente dos adeptos do pluralismo de grupos de interesse, os federalistas
acreditavam que haveria um cancelamento recíproco dos interesses das facções, de
modo que os estadistas mais sábios e virtuosos, selecionados na forma do Federalista n°
57, seriam capazes de promover o bem comum.[20]
Ademais, deve se ter em mente a reflexão dos federalistas, análoga aos demais
adeptos da tradição republicana,[21] de que estas escolhas institucionais não são
inerentes ao republicanismo, constituindo, tão somente, ferramentas contextuais para
promover a liberdade como não dominação. Aliás, os anti-federalistas, perdedores no
embate institucional,[22] também eram republicanos, mas previam outras formas de
freios e contrapesos, dando maior relevância à participação democrática.[23]
Há, ainda, uma preocupação que unia federalistas e anti-federalistas: a economia
política da República. Thomas Jefferson foi, decerto, o mais preocupado com o impacto
da industrialização nas virtudes dos cidadãos, defendendo uma economia
eminentemente agrária, austera, com pouca intervenção bancária e de crédito,
[24] acreditando que o comércio de manufaturas da época poderia atiçar os vícios da
avareza e da ambição, gerando desigualdade e corroendo os laços da comunidade
política.[25] 

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