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Conselho Editorial:
João Rafael Chío Serra Carvalho: Mestre em História Social pela USP,
Doutorando em História Social da Cultura pela UFMG;
Apoena Canuto Cosenza: Mestre em História Econômica pela USP, Doutor
em História Econômica também pela USP;
Walter Günther Rodrigues Lippold: Mestre em Educação pela UFRGS,
Doutor em História da África pela UFRGS
FRAGOSO, João Pedro. Paz, Pão e Terra: A história do país dos sovietes
Autores: João Pedro Fragoso;
Prefácio de Instituto Marx-Engels-Lenin-Stálin
1. ed.– São Paulo: Editora Raízes da América, 2022.
200 p.; fotografias; 16x23 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-69401-75-9.
Sumário
Parte 1
Instituto Marx, Engels, Lênin e Stálin
Parte 2
João Pedro Fragoso
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
O Cinquentenário da Primeira
Revolução Russa
8|Joã o Pedr o Frag oso
Instituto Marx-Engels-Lênin-
Stálin Anexo ao CC do PCUS
1955
Paz, P ão e Terr a |9
1
Não utilizar esse conceito a partir da perspectiva contemporâ-
nea e liberal. Para a teoria marxista, todo Estado é, ao mesmo
tempo, uma democracia para a classe dominante e uma ditadu-
ra contra a classe explorada. Ditadura do Proletariado é enten-
dida como uma ditadura sobre a burguesia e uma democracia
para os trabalhadores, em contraposição ao Estado burguês,
que aplicava sua ditadura contra o proletariado e uma demo-
cracia para a burguesia. Ver “Estado e a Revolução”, de Vladi-
mir Lênin. Disponível em: <https://bit.ly/3GJFGvs>.
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2
“A forma econômica específica em que o mais-trabalho não
pago é extraído dos produtores diretos determina a relação de
dominação e servidão, tal como esta advém diretamente da pró-
pria produção e, por sua vez, retroage sobre ela de modo deter-
minante. Nisso se funda, porém, toda a estrutura da entidade
comunitária econômica, nascida das próprias relações de produ-
ção; simultaneamente com isso, sua estrutura política peculiar.”
(MARX, 2017. p. 775)
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Relato do embaixador britânico na Rússia R. H. Bruce
Lockhart:
“O terror ainda não existia, nem mesmo dava para dizer que a
população tinha medo dos bolcheviques”. “A vida petersbur-
guense, naquelas semanas, tinha um caráter bastante peculi-
ar... Jornais dos opositores aos bolcheviques ainda estavam
sendo publicados, e a política dos Sovietes estava sujeita aos
mais severos ataques deles... Nesta era inicial do bolchevismo, o
perigo à integridade física e à vida não vinha do partido gover-
nante, mas de gangues anarquistas.” (LOCKHART Apud BE-
LOUS. Como o Centro Yeltsin zomba de nossas crianças. Parte
18. O terror “vermelho” como resposta ao terror internacional e
“branco”. Disponível em: <https://cont.ws/@iliabelous/494709>.
Acesso em 17 de abril de 2021, tradução nossa feita por Ma-
theus Gusev)
5
Relato do menchevique exilado David Dalin:
“O sistema soviético existia, mas sem o terror; Foi a guerra
civil que impulsionou o seu desenvolvimento. …Os bolchevi-
ques não embarcaram imediatamente no caminho do terror,
durante seis meses a imprensa da oposição continuava suas
publicações, e não só a socialista, mas também a abertamente
burguesa. O primeiro caso de pena de morte ocorreu apenas
em maio de 1918.” (DALIN Apud BELOUS. Como o Centro
Yeltsin zomba de nossas crianças. Parte 18. O terror “verme-
lho” como resposta ao terror internacional e “branco”. Dispo-
nível em: <https://cont.ws/@iliabelous/494709>. Acesso em 17 de
abril de 2021, tradução nossa feita por Matheus Gusev)
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Capítulo 1
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A Revolução é atacada – A
Guerra Civil e a Intervenção
Internacional
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Relato do Ministro da Guerra do governo provisório dos Men-
cheviques Aleksander Verkhovsky:
“Em março de 1918, fui pessoalmente convidado pela ‘União pelo
Renascimento da Rússia’ a ingressar no quartel-general militar
da dita ‘união’. Aquele quartel-general era uma organização des-
tinada à estruturação de um levante contra o poder soviético...
Ele tinha conexões com células aliadas em Petrogrado. O general
Suvorov estava encarregado destas células... Os representantes
das células aliadas mostraram-se interessados na minha avalia-
ção da situação do ponto de vista da possibilidade da restaura-
ção... da frente contra a Alemanha. Tive conversas sobre isso com
o general Nissel, um representante da célula francesa. O quartel-
general, por meio do caixa de Suvorov, recebeu fundos de seus
aliados da união.” (VERKHOVSKY Apud BELOUS. Como o Cen-
tro Yeltsin zomba de nossas crianças. Parte 18. O terror “verme-
lho” como resposta ao terror internacional e “branco”. Disponível
em: <https://cont.ws/@iliabelous/494709>. Acesso em 17 de abril de
2021, tradução nossa feita por Matheus Gusev)
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Lênin comenta a questão: “Oh, como é humana e justa esta
burguesia! Os seus servidores acusam-nos de terror ... Os bur-
gueses ingleses esqueceram o seu 1649, os franceses o seu 1793.
O terror era justo e legítimo quando era empregado pela bur-
guesia em seu proveito, contra os feudais. O terror tornou-se
monstruoso e criminoso quando os operários e os camponeses
pobres se atreveram a empregá-lo contra a burguesia! O terror
foi justo e legítimo quando era empregado no interesse da subs-
tituição de uma minoria exploradora por outra minoria explo-
radora. O terror tornou-se monstruoso e criminoso quando pas-
sou a ser empregado no interesse do derrubamento de todas as
minorias exploradoras, no interesse duma maioria verdadeira-
mente enorme, no interesse do proletariado e do semiproletari-
ado, da classe operária e do campesinato pobre! (LÊNIN, Vla-
dimir Ilitch. Carta aos Operários Americanos. 1918. Disponível
em: <https://bit.ly/3IQDR1S>
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“Dia 12 de maio inicia a tortura sofrida pelos habitantes das
vilas de Kazanka e Selbak. 22 pessoas foram executadas por
"pertencerem a comitês revolucionários", e suas propriedades
foram incendiadas.” (BELOUS, Ilia. Как Ельцин-центр
зомбирует наших детей. Часть 18. «Красный» террор возник в
ответ на международный и «белый» террор. Disponível em:
<https://cont.ws/@iliabelous/494709>. Acesso em 17 de abril de
2021, tradução nossa)
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9
“Apesar de alguns dos ajudantes de Makhno terem tentado
introduzir estruturas mais convencionais no exército, o controle
[de Makhno] continuou absoluto, arbitrário e impulsivo.”
(DARCH Apud YANOWITZ. The Makhno Myth. Disponível em:
<https://isreview.org/issues/53/makhno.shtml>. Acesso em 17 de
abril de 2021, tradução nossa)
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“Durante a Guerra Civil, por exemplo, as autoridades encon-
traram formas de integrar os aldeões em novas estruturas ad-
ministrativas e desenvolverem uma política relacionada a pro-
visões que era aceitável para os camponeses, através da qual os
grãos eram direcionados das fazendas para o Exército Vermelho
e às cidades, apesar do grande déficit de bens de consumo no
fluxo contrário.” (THURSTON, 1996, p. 1, tradução nossa)
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Capítulo 2
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“O princípio do centralismo democrático e da autonomia das
organizações partidárias locais implica uma liberdade universal
e plena de crítica, desde que isso não perturbe a unidade de
uma ação definida; exclui todas as críticas que perturbem ou
dificultem a unidade de uma ação decidida pelo Partido. [...]
Liberdade de discussão, unidade de ação – é isso que devemos
nos esforçar para alcançar.” (LÊNIN, Vladimir Ilitch. Centra-
lismo Democrático: “Liberdade para Criticar e Unidade de
Ação”. 1906. Disponível em: <https://bit.ly/3dO25eK>
12
Esta traição levará Stalin a afirmar que a “social-democracia
é, objetivamente, a ala moderada do fascismo” (STALIN, Joseph
Vissarionovich. A Situação Internacional. 1924. Disponível em:
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<https://www.marxists.org/portugues/stalin/1924/09/20.htm>.
Acesso em 17 de abril de 2021)
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13
“O leninismo é o marxismo da época do imperialismo da
revolução proletária. Mas exatamente: o leninismo é a teoria e
a tática da revolução proletária em geral, a tática da ditadura
do proletariado em particular.” (STALIN, Joseph Vissariono-
vich. Sobre os Fundamentos do Leninismo. Disponível em:
<https://www.marxists.org/portugues/stalin/1924/leninismo/in
dex.htm>. Acesso em 17 de abril de 2021)
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15
“Estamos 50 a 100 anos atrasados em relação aos países mais
avançados. Temos de percorrer esta distância em dez anos. Ou
conseguimos fazê-lo ou seremos esmagados.” (STALIN Apud
MARTENS. Um Outro Olhar Sobre Stáline. Disponível em:
<https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/index.
htm>. Acesso em 14 de abril de 2021)
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16
“No total, de 1941 a 1952, 882.622 prisioneiros dos campos de
exílio kulak foram libertados.” (ZEMSKOV, Viktor N. O
DESTINO DOS “CAMPOS KULAKS” NO PÓS-GUERRA. 1992.
Disponível em: <https://bit.ly/3GMzV0d>. Acesso em 17 de abril
de 2021. p. 25, tradução nossa por Matheus Gusev)
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19
“A história do Partido Comunista da URSS mostra-nos que as
contradições entre as concepções corretas de Lenine e Stalin e
as concepções erradas de Trotsky, Bukarine e outros, não se
manifestaram de começo sob a forma do antagonismo mas, pos-
teriormente, tornaram-se antagónicas.” (ZEDONG, Mao. Sobre
a Contradição. 1937. Disponível em: <https://bit.ly/3m5CnHc>.
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Capítulo 3
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Algumas manchetes de jornais estadunidenses destacadas à
época:
““Grandes preparativos para o linchamento desta noite”.
“Teme-se que disparos de arma de fogo dirigidos ao negro pos-
sam errar o alvo e atingir espectadores inocentes, que incluem
mulheres com os seus filhos nos braços”; mas se todos respeita-
rem as regras, “ninguém ficará desapontado”.
“Linchamento realizado quase como previsto no anúncio publi-
citário”;
“A multidão aplaude e ri pela horrível morte de um negro”;
“Coração e genitais extirpados do cadáver de um negro”.
“Absolvido pelo júri, depois linchado”;
“Suspeito enforcado em um carvalho na praça pública de Bastrop”;
“Linchado o homem errado”.
“Uma jovem branca é encarcerada, seu amigo negro é linchado”.
“(GINZBURG Apud LOSURDO. Revolução de Outubro e Demo-
cracia no Mundo. Disponível em: <https://bit.ly/3q1Y3oF> Aces-
so em 17 de abril de 2021)
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21
“E no ponto mais alto da crise, camponeses demonstraram
repetidamente sua habilidade para colocarem de lado suas obje-
ções, para superarem as adversidades mesmo com custos altís-
simos, e para produzirem colheitas que acabaram com as fo-
mes.” (TAUGER, 2005. p. 88, tradução nossa)
22
O relato do cidadão Aleksander Zinoviev (não confundir com
já citado Grigory Zinoviev, liderança do PCUS):
“Quando ia regularmente à minha aldeia, e também mais tarde,
perguntei muitas vezes à minha mãe e a outros kolkhozianos se
aceitariam retomar uma exploração individual caso lhes fosse
dada essa possibilidade. Todos sempre me responderam com
uma recusa categórica. [...] Esta transformação extremamente
rápida da sociedade rural forneceu ao novo sistema um apoio
colossal nas grandes massas da população.” (ZINOVIEV Apud
MARTENS. Um Outro Olhar Sobre Stáline. Disponível em:
<https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/index.
htm>. Acesso em 14 de abril de 2021)
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23
“Esta perspectiva, no entanto, está errada. A fome que ocor-
reu no período não se limitou à Ucrânia ou até mesmo nas áreas
rurais da URSS, não era fundamentalmente ou exclusivamente
causada pelo homem, e longe de ter sido intencional por parte
de Stalin e das outras lideranças soviéticas causar tamanho
desastre. Uma pequena mas crescente literatura baseada em
novos documentos arquivados e uma abordagem crítica a outras
fontes têm demonstrado as falhas na interpretação “genocida”
ou “intencionalista” da fome e têm desenvolvido uma interpre-
tação alternativa.” (TAUGER, Mark B. Review of "The Years of
Hunger: Soviet Agriculture, 1931-1933". 2004. Disponível em:
<https://bit.ly/3pV6Usu>. Acesso em 17 de abril de 2021, tradu-
ção nossa)
24
“Este ensaio mostra que enquanto a URSS experienciou secas
crônicas e outros desastres naturais anteriormente, aqueles que
ocorreram em 1932 foram uma combinação rara e severa de cala-
midades em um país com aguçada vulnerabilidade a tais inciden-
tes. [...] este estudo também demonstra a importância de questio-
nar interpretações políticas [normalmente] aceitas e de considerar
os aspectos ambientais das fomes e outros eventos históricos que
envolvem a interação humana com o mundo natural. Que o regime
soviético, através dos seus sistemas de racionamento, alimentou
mais de 50 milhões de pessoas, incluindo camponeses, durante a
fome.” (TAUGER, 2001. p. 47, tradução nossa)
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Ver “Starving the Ukraine” de J. Arch Getty e “The Years of
Hunger: Soviet Agriculture, 1931–1933” de Robert Davies e Ste-
phen Wheatcroft.
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26
“[...] a coletivização trouxe uma modernização substancial à
agricultura tradicional na União Soviética e estabeleceu a base
para a produção relativamente alta de alimentos e [bens de]
consumo já nos anos setenta e oitenta.” (TAUGER Apud FURR,
2014. p. 60, tradução nossa).
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27
“a população urbana e aqueles milhões que migraram do
campo para a cidade realizaram um aumento significativo no
consumo. [...] Entre 1928 e 1938, o consumo per capita cresceu
22% na União Soviética - 2.0% ao ano.” (ALLEN, 2003. p. 133 e
146, tradução nossa)
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28
“Superada a “noite de São Bartolomeu” constituída pela cole-
tivização coagida da agricultura, com os horríveis custos sociais
e humanos que ela comporta, parece de novo surgir a política de
abertura que já conhecemos. Depois da vitória sobre os kulaks –
observa Kaganovitch em setembro de 1934 – é preciso “passar
de modo completo para a legalidade” e “educar a nossa popula-
ção na consciência socialista do direito;’ (LOSURDO, 2010. p.
139)
29
“Após 1930, o número de execuções caiu em todos os seis anos
seguintes, assim como o número de condenações por todos os
crimes em 1931 e 1932. No ano seguinte, condenações voltaram
a aumentar novamente, provavelmente como reflexo da fome, o
que gerou reclamações e um aumento na movimentação dentro
do país, e a adoção do sistema de passaporte interno. Então,
como argumentado anteriormente, os anos de 1934-36 represen-
taram um relaxamento contínuo na esfera política.” (THURS-
TON, 1996. p. 9, tradução nossa)
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30
“Você não consegue entender o fato de apenas um partido
aparecer nas eleições. Você não consegue compreender como
podem ocorrer disputas eleitorais nessas condições. Evidente-
mente, candidatos entrarão na disputa não somente pelo Parti-
do Comunista, mas também por todo tipo de organização públi-
ca e não-partidária. E nós temos centenas dessas organizações.
Nós não temos partidos concorrentes, assim como nós não temos
mais uma classe capitalista disputando com a classe trabalha-
dora que é explorada pelos capitalistas.” (STALIN Apud HOW-
ARD. Interview Between J. Stalin and Roy Howard. Disponível
em:https://www.marxists.org/reference/archive/stalin/works/193
6/03/01.htm>. Acesso em 17 de abril de 2021, tradução nossa)
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31
“nos grandes estabelecimentos industriais [...] os 18.000.000
de sindicalizados [...] controlam, em mui grande proporção, as
suas condições de emprego, por suas constantes consultas com a
gerência e com todos os órgãos do governo, determinando assim
as horas de trabalho, a execução da disciplina fabril, a seguran-
ça e amenidade de seus locais de trabalho e a partilha da pro-
porção do produto que, segundo acordo, deva ser adjudicada à
remuneração pessoal. De modo semelhante, os sindicatos não
somente controlam como também verdadeiramente adminis-
tram, por seus próprios comitês, aparte da produção que se con-
cordou em atribuir aos seguros sociais de toda espécie, à educa-
ção, à assistência médica, às férias e à recreação organizada em
todas as suas modalidades.” (WEBB, 1945. p. 388)
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Capítulo 4
100 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
33
Desde o verão de 1936 - a época do julgamento do primeiro
processo de Moscou - o terror estava aumentando, mas fora di-
rigido contra antigos opositores e outros membros da elite do
partido; ainda não envolvia prisões em massa entre a população
em geral [...] De meados de 1937 até quase o final de 1938, a
polícia secreta soviética executou um terror em massa contra
cidadãos comuns. Essa “operação kulak”, como foi chamada, foi
responsável por cerca de metade de todas as execuções durante
os “Grandes Expurgos” de 1937-1938. (GETTY, 2002. p. 1 e 123,
tradução nossa)
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34
Stalin não iniciou ou controlou tudo o que aconteceu no parti-
do e no país. O número de horas no dia, dividido pelo número de
coisas pelas quais ele era responsável, sugere que seu papel em
muitas áreas poderia ter sido pouco mais do que uma interven-
ção ocasional, incitando, ameaçando ou corrigindo (GETTY,
1985. p. 203, tradução nossa)
104 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
35
O relato de Aleksander Zinoviev:
“Fui um anti-stalinista convicto desde a idade de 17 anos. A
ideia de um atentado contra Stáline invadia os meus pensa-
mentos e sentimentos. Já antes me tinha debruçado sobre o
terrorismo. [...] Estudámos as possibilidades “técnicas” de um
atentado. E passámos à sua preparação prática. [...] Se me ti-
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36
O Ministro da Propaganda nazista Joseph Goebbels anotou
em seu diário:
“O nosso transmissor de rádio clandestino da Prússia Oriental
para a Rússia desperta enorme rebuliço. Opera em nome de
Trotski e dá o que fazer a Stalin [...]
Agora trabalhamos com três rádios clandestinas para a Rússia:
a primeira é trotskista, a segunda separatista, a terceira nacio-
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37
Eles encontraram listas contendo os nomes de pessoas indi-
cadas para a prisão que foram escritas por Ezhov e assinadas
por Stalin. As listas continham “milhares” de nomes, provando
que Stalin teve envolvimento pessoal nas prisões. Outras listas
tiveram a aprovação de Kaganovich, Molotov e Malenkov (GE-
TTY, 1985, p. 217, tradução nossa)
38
O telegrama no qual Stalin recomendaria o uso de excepcio-
nal “pressão física” contra “inimigos flagrantes do povo” teve
sua autenticidade questionada por um autor russo. A hipótese é
que tenha sido uma fabricação para incriminar Stalin. Ver “К
вопросу о «физическом воздействии»” de Igor Pykhalov, dis-
ponível em: <https://stalinism.ru/mifyi-i-falshivki/k-voprosu-o-
fizicheskom-vozdeystvii.html>.
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39
“Os erros e arbitrariedades tiveram efetivamente lugar. Mas
Stálin não foi o único culpado. Uma determinada parte da culpa
recai sobre cada um de nós, membros do Politburo/Presidium do
CC, nomeadamente sobre Khruchov.” (KAGANOVICH, 2011b,
p. 22)
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Capítulo 5
122 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
A Ascenção do Nazifascismo –
O que o Capitalismo Ocidental
preparou para a União Soviéti-
ca?
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40
O gênio romano personificado por Mussolini, o maior legisla-
dor vivo, mostrou a muitas nações como se pode resistir à pres-
são do socialismo e indicou o caminho que uma nação pode se-
guir quando for corajosamente conduzida. (CHURCHILL Apud
LOSURDO, 2010. p. 312)
41
O próprio Hitler, em 1937, é retratado em termos lisonjeiros
por Churchill, que aprecia nele não só o político "extremamente
competente", mas também os "modos gentis", o "sorriso desar-
mante" e o "sutil magnetismo pessoal", do qual é difícil fugir".
(LOSURDO, 2010. p. 313)
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42
Sempre no início de 1937, conversando com o ministro do Ex-
terior, Konstantin von Neurath, Hitler rejeita a ideia de uma
melhoria das relações com a URSS, mas acrescenta: “Seria dife-
rente se as coisas em Moscou se desenvolvessem na direção de
um despotismo absoluto, baseado nos militares. Neste caso não
seria lícito perder a ocasião para fazer sentir de novo a nossa
presença na Rússia” (LOSURDO, 2010. p. 94)
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Capítulo 6
132 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
43
“Não houve nenhuma deslealdade massiva entre os soldados
soviéticos durante a guerra [...] a vitória sobre a Alemanha en-
tão conferiu alta legitimidade ao Stalinismo e pareceu justificar
os sacrifícios da coletivização e industrialização” (THURSTON,
1996. p. 225 e 230, tradução nossa)
138 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
44
“O exército alemão não esperava tal reação e não tinha pre-
visto a fabricação de uniformes de inverno na esperança de ven-
cer a guerra com a Rússia antes da chegada deste e de poder
aquartelar as tropas com os habitantes do país invadido. Os
italianos, ao contrário, como resultado dos pedidos insistentes e
oportunos de seu comandante, receberam uniformes de inverno,
sendo que muitas peças dos mesmos foram trocadas por outros
objetos com as tropas alemãs vizinhas”. (ROLUTI APUD RA-
MOS, 2017. p. 101)
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45
ROBERTS, Geoffrey. “Soviet Union could have won WWII
alone” – historian. Disponível em: <https://bit.ly/3m5UH30>.
Acesso em 17 de abril de 2021.
142 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
46
HOPKINS Apud SPITSYN. WWII lend-lease: was the US aid
that helpful?. Disponível em:
<https://orientalreview.org/2015/05/13/wwii-lend-lease-was-the-
us-aid-that-helpful-ii/>. Acesso em 14 de abril de 2021, tradução
nossa
144 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
47
Como Truman escreve em suas memórias: “Eu via a bomba
como uma arma militar e nunca duvidei de que ela seria utili-
zada. Quando falei com Churchill, ele disse-me sem hesitação
que era a favor da utilização da bomba nuclear.” (TRUMAN
Apud MARTENS. Um Outro Olhar Sobre Stáline. Disponível
em:
<https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/index.
htm>. Acesso em 14 de abril de 2021)
P a z , P ã o e T e r r a | 145
48
O entusiasmo dos povos europeus é descrito por Pierre Paraf:
“Arrastado pela história à mais frugal simplicidade, o povo das
democracias populares suportou melhor que outros os duros
sacrifícios que comportava o arranque da construção do socia-
lismo, pago pelo preço do rude constrangimento ao trabalho
obrigatório. O entusiasmo cotidiano vivificou a disciplina impos-
146 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
Capítulo 7
150 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
O Espectro de Bukharin – Os
Últimos Anos de Stalin, a De-
sestalinização Ideológica e
Econômica entre Khrushchev e
Brezhnev
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49
“Malenkov foi colocado à frente, com Beria na segunda posição.
Por trás deles naquela época, um pouco mais na sombra, estava
uma “pantera” que se preparava para devorar e liquidar os dois
anteriores. Este era Nikita Khrushchev.” (HOXHA, Enver. The
Khruschevites. Disponível em: <https://bit.ly/3EZkwJn>. Acesso
em 14 de abril de 2021, tradução nossa)
P a z , P ã o e T e r r a | 155
50
“Em 5 de março de 1956, os estudantes de Tiblisi foram à rua
para colocar flores no monumento a Stalin, por ocasião do ter-
ceiro aniversário da sua morte, e esse gesto em honra de Stalin
se transformou num protesto contra as deliberações do XX Con-
gresso. As demonstrações e as assembleias prosseguiram por
cinco dias, até que, na tarde de 9 de março, foram enviados car-
ros armados para restaurar a ordem na cidade” (ZUBKOVA
Apud LOSURDO, 2010. p. 20-21)
P a z , P ã o e T e r r a | 161
Capítulo 8
170 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
Capítulo 9
178 | J o ã o P e d r o F r a g o s o
Bibliografia
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