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ESCOLA SUPERIOR DE NEGÓCIOS E EMPREENDEDORISMO DE CHIBUTO

(ESNEC)

IMAPCTO DA A PANDEMIA DE COVID-19 NO SECTOR INFORMAL: CASO


DOS COMERCIANTES DA VILA DE MANDLAKAZI (2019-2020).

Estudo da Variação Temporal da Radiação Solar Ultravioleta em Xai-Xai

Licenciatura em Ensino de Física


Domingos Ezequiel Mandlate

Chibuto, Outubro de 2021


Domingos Ezequiel Mandlate

IMAPCTO DA A PANDEMIA DE COVID-19 NO SECTOR INFORMAL: CASO


DOS COMERCIANTES DA VILA DE MANDLAKAZI (2019-2020).

Monografia apresentada em cumprimento parcial


dos requisitos necessários para a obtenção do grau
de Licenciatura em Gestão comercial na Escola
Superior de Negócios e Empreendedorismo de
Chibuto (ESNEC)

Supervisor: Mestre Alexandre José Kulemedzana

Chibuto, Outubro de 2021


i

DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que esta monografia é da minha autoria e que nunca foi apresentada
para obtenção de qualquer grau académico ou para qualquer Instituição, e constitui o
resultado da minha própria investigação.

______________________________________

(Domingos Ezequiel Mandlate)


ii

Domingos Ezequiel Mandlate

IMAPCTO Da PANDEMIA DE COVID-19 NO SECTOR INFORMAL: CASO DOS


COMERCIANTES DA VILA DE MANDLAKAZI (2019-2020).

Monografia apresentada em cumprimento parcial dos


requisitos necessários para a obtenção do grau de
Licenciatura em Gestão comercial na Escola Superior de
Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC).

Chibuto, _____/_____/______

O presidente Rubrica

_________________________________ _____________________________

O supervisor

_________________________________ _____________________________

O oponente

_________________________________ _____________________________
iii

DEDICATÓRIA

A minha Mãe Virgínia Joaquim Bila, que me apoiou, incentivou no percurso da minha
formação, que, no entanto, eu pudesse continuar a seguir com os estudos. Apesar das
complexidades da vida ela esteve presente e apta em dar qualquer coisa que garantisse a
minha formação académica eficaz.

Aos meus irmãos Nelson Ezequiel Mandlate, Bruno Ezequiel Mandlate e Paulo Ezequiel
Mandlate, que foram do que irmãos, que por sua vez contribuíram positivamente nessa
caminhada, que, no entanto, alguns deles deram me apoio em diversos meios como
financeiros e, assim como matérias. Além do mais, aconselharam-me a não desistir dos
estudos, dando me força em prosseguir com essa caminhada. E foi desse ânimo dos meus
irmãos que fez com que eu esteja seguro e que me sentisse protegido durante esse percurso
estudantil, e por consequências desse facto senti-me forte e superando diversas fragilidades,
deste modo, evoco os meus sinceros agradecimentos.

A minha dedicatória, vai especialmente a minha avó Ecina Enoque Parruque, que Deus o
tenha, que ela por sua vez lutou bastante em incentivo para que eu estudasse, que conseguisse
alcançar inúmeros objectivos por almejar, e ela por sua vez produzia e vendia aguardente
(Bebida Caseira) para que eu conseguisse suprir as despesas escolar á toda a minha infância.
iv

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço à Deus por me ter concedido a sabedoria. E também pela
conservação durante o percurso estudantil e ainda por tornar meu sonho em realidade.

Agradeço o patrão da minha Mãe, Bruno Guimarães, por ter ajudado no pagamento da
matrícula durante os três anos da minha formação. Também agradeço ao Conselho Municipal
da Vila de Mandlakazi, por ter concedido uma Mini-Bolsa de ajuda de custo no último ano da
formação. Agradeço de igual modo a todos aqueles que contribuíram directa e indirectamente
na minha formação e que hoje sou assim e, é graças a união desses amigos e irmãos que eu
tornei me naquilo que tinha sido planeado.

Ao meu supervisor Mestre Alexandre J. Kulemedzana por ter me acompanhado durante todo
processo de elaboração do trabalho, que tem sido muito paciente e, contribuído directamente
para que o trabalho esteja em sucesso. O meu primo Tonecas Muianga por ter me ajudado na
escolha do tema, e além do mais tem contribuído directamente na elaboração do trabalho.
Agradeço a UEM-ESNEC pela boa recepção e ensinamento durante todo processo de
formação e por ter contribuído significativamente na minha vida acadêmica.

A minha Tia Lina Joaquim Bila, por ter me incentivada em vários momentos e por ter
contribuída directamente e indirectamente na minha vida estudantil.

Aos meus pais e irmãos da igreja que tem me ajudado em orações sempre que eu quisesse
desistir em alguns momentos, quase eles funcionaram como motor que impulsionou bastante
na persistência desse desafio.

A minha parceira Nasma Daniel Cossa, que me proporcionou um enorme incentivo moral,
que eu continuasse a caminhar e que tudo vai dar certo, por mas que a vida seja totalmente
difícil.

Aos meus colegas, Edgnécio Ubisse, Idelson Barros, Bolêncio Marrengula, Toabe Madonela,
Nilza Maraneja, Milton Mate, António Tembane, Elvis dos Anjos, Gazelane Matusse e a
todos os colegas de Gestão Comercial e de Empresas que passavam noites e dias a
discutirmos para a padronização dos aspectos que por sua vez contribuíram directamente e
indirectamente para o sucesso estudantil.

A todos o meu muito obrigado!


v

LISTA DE ABREVIATURAS

AF Agregado Familiar

INE Instituto Nacional de Estatística

CMVM Conselho Municipal da Vila de Mandlakazi.

COVID-19 Corona, virus, doença, 2019

OMS Organização Mundial da Saúde

OIT Organização Internacional do Trabalho


vi

RESUMO

A monografia tem como objectivo principal compreender o impacto da pandemia de COVID-


19 no sector informal dos comerciantes da vila de Mandlakazi. Para o efeito, após a revisão
bibliográfica realizamos a colecta de dados no local de estudo, com recurso à entrevista
semiestruturada que permitiu, através de uma amostra de 15 informantes chaves,
seleccionados intencionalmente, colher dados empíricos. Os principais resultados encontrados
foram: a maioria dos entrevistados possui ensino nível básico, a maioria se posiciona numa
faixa etária de 21 a 30 anos (jovens), sendo a mais representativa nos que praticam o comércio
informal como actividade alternativa. Com relação ao tempo de trabalho, das quatro faixas
estudadas, duas se destacaram, ou seja, uma parte dos entrevistados trabalha há menos de
cinco anos na informalidade, enquanto a outra trabalha há mais de cinco ano. Quanto à
actividade negocial, os entrevistados, quase que por unanimidade, responderam vendas como
sendo a actividade exercida no âmbito do trabalho. Com base nos resultados, percebeu-se que
as pessoas que trabalham na informalidade apresenta que, as medidas de precaução contra a
COVID-19 estão provocando, ao nível da actividade de comércio informal na vila de
Mandlakazi, os seguintes efeitos principais: a redução do esforço das pessoas que exercem
essa actividade, o que é medido pelo tempo de trabalho entre a saída e a chegada a casa tempo
da jornada de trabalho. Espera-se que essa pesquisa possa servir de base e fundamentos para
que se construam novas constatações sobre o impacto da pandemia de COVID-19 no sector
informal, pois a mesma mostrou resultados claro sobre os trabalhadores informais, partindo
dos pressupostos que foram esclarecidos nesta monografia.

Palavras-chave: Impacto de COVID-19, Sector informal, Comerciantes


vii

ABSTRACT
The main objective of the monograph is to understand the impact of the COVID-19 pandemic
on the informal sector of merchants in the village of Mandlakazi. Allowed, through a sample
of 15 key informants, intentionally selected, to collect empirical data. The main results found
were: most of the interviewees have basic education, most are in an age group from 21 to 30
years old (young people), being the most representative in those who practice informal com-
merce as an alternative activity. Regarding working time, of the four ranges studied, two
stood out, that is, a part of the interviewees has worked for less than five years in informality,
while the other has worked for more than five years. As for the business activity, the intervie-
wees, almost unanimously, answered sales as the activity carried out in the workplace. Based
on the results, it was noticed that people who work informally present that precautionary mea-
sures against COVID-19 are causing, at the level of informal commerce activity in the village
of Mandlakazi, the following main effects: reduction in the effort of people who carry out this
activity, which is measured by the working time between leaving and arriving home. Working
day. It is hoped that this research can serve as a basis and foundations for building new find-
ings on the impact of the COVID-19 pandemic on the informal sector, as it showed clear re-
sults on informal workers, based on the assumptions that were clarified in this monograph.

Keywords: Impact of COVID-19, Informal sector, Merchants


viii

ÍNDICE

DECLARAÇÃO DE HONRA................................................................................................................i
DEDICATÓRIA....................................................................................................................................iii
AGRADECIMENTOS..........................................................................................................................iv
LISTA DE ABREVIATURAS...............................................................................................................v
RESUMO..............................................................................................................................................vi
ABSTRACT.............................................................................................................................................vii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO..............................................................................................................1
1.1. Delimitação Do Tema.............................................................................................................2
1.2. Problema De Pesquisa............................................................................................................3
1.3. Hipóteses................................................................................................................................4
1.4. Objectivos Do Trabalho..........................................................................................................5
1.4.1. Objectivo Geral.....................................................................................................5
1.4.2. Objectivos Específicos...........................................................................................5
1.5. Justificativa.............................................................................................................................6
CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................7
2.1 Expansão do Sector Informal em Moçambique............................................................................7
2.2. Conceitualização do Sector Informal......................................................................................7
2.3. Características do Sector Informal..........................................................................................9
2.4. Génese de comércio..............................................................................................................11
2.5. Comerciante..........................................................................................................................11
2.5.1. Vulgar.................................................................................................................11
2.5.2. Económico..........................................................................................................11
2.5.3. Jurídica................................................................................................................12
2.6. Contextualização da Pandemia.............................................................................................12
CAPÍTULO III: METODOLOGIA...............................................................................................................14
3.1. Metodologia..........................................................................................................................14
3.2. Tipos de pesquisa.................................................................................................................14
3.3. Método de abordagem..........................................................................................................15
3.4. Técnicas e instrumentos de recolha de dados que será aplicado...........................................15
3.5. População e Amostra............................................................................................................16
3.6. Amostra................................................................................................................................17
3.6.1. Critérios de inclusão...........................................................................................17
ix

3.7. Limitações do estudo............................................................................................................17


CAPÍTULO IV: DISCUSSÃO DE RESULTADOS............................................................................18
4.1. Resultados da pesquisa.........................................................................................................18
4.1.1. Caracterização da amostra.................................................................................18
4.2. Actividade comercial informal.............................................................................................23
4.2.1. Há quanto tempo pratica o comércio informal...................................................23
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES..........................................................................................................31
5.1. Conclusões...........................................................................................................................31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................33
Anexos: Guião de Entrevista................................................................................................................36
ANEXOS.............................................................................................................................................37
1

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Esta monografia debruça-se sobre Impacto da a pandemia de COVID-19 no sector informal:


caso dos comerciantes da vila de Mandlakazi (2019-2020).

Diante do actual cenário que o mundo passa com a pandemia da COVID-19, doença causada
pelo novo coronavírus - SARS-CoV-2, muitas dúvidas e incertezas transitam pela cabeça das
pessoas. A realidade exige cautela em todos os âmbitos e também traz consigo fortes
problemáticas socioeconómicas além de todas preocupações ligadas à saúde dos indivíduos. A
COVID-19 é uma doença respiratória nova que foi identificada pela primeira vez em Wuhan,
na China, no final de 2019 e hoje está presente em todos os continentes do mundo, sendo que
a transmissão actualmente ocorre principalmente de pessoa a pessoa (Organização Mundial da
Saúde, 2020).

Os impactos económicos e sociais da pandemia da COVID-19 impõem desafios enormes para


todos países do mundo, principalmente para as economias em vias de desenvolvimento que
possuem uma estrutura económica frágil e bastante vulnerável a choques sistémicos. Um dos
principais desafios que esta pandemia impõe é a definição de políticas e medidas efectivas
que possam optimizar o “trade-off”1 entre a contenção da propagação da pandemia e a
manutenção do funcionamento da economia.

No caso da economia moçambicana este desafio poderá ser ainda mais ostensivo, devido, por
um lado, à limitada capacidade de resposta do Sistema Nacional de Saúde, e por outro lado,
ao facto desta pandemia ter eclodido numa altura em que se projectava um caminho de
recuperação da economia face aos choques climáticos que assolaram a zona norte do país em
2019, tendo afectado de forma significativa o tecido económico nacional do sector informal.

A presente pesquisa tem como objectivo compreender o impacto da pandemia, e os efeitos


causados pela mesma no sector informal dos comerciantes da vila de Mandlakazi, visto que
muitos deles foram afectados por essa pandemia de covid 19 porque através das observações
obtidas no campo alguns comerciantes tiveram de interromper suas actividades por conta
desta pandemia.  importa frisar que, para a produção do presente trabalho recorremos a
pesquisa bibliográfica e documental respectivamente.
1
Visto que as medidas de prevenção e combate a propagação da COVID-19 impõem restrições à
actividade económica, os governos são desafiados a encontrar uma solução óptima que concretize o
objectivo de conter a propagação da pandemia da COVID-19 sem afectar de forma significativa a
actividade económica
2

O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos, sendo o primeiro composto pela
introdução onde apresentamos a contextualização, a delimitação do tema e do espaço
geográfico onde fizemos o estudo, o problema de pesquisa, as hipóteses, os objectivos gerais e
específicos e a justificativa. No segundo capítulo consta a revisão de literatura, apresentando
as diferentes linhas de abordagem sobre o Sector Informal e a COVID-19.

No terceiro capítulo, consta a metodologia do trabalho onde explicitamos as técnicas e


métodos utilizados para o efeito do trabalho. No quarto capítulo apresentamos e analisamos os
dados da pesquisa e confrontamos as diferentes abordagens sobre assunto tratado. Definimos
e Identificamos os factores que contribuem positivamente ou negativamente no sector
informal dos comerciantes da vila de Mandlakazi. E por fim descrevemos os efeitos causados
pela pandemia do COVID-19 nos comerciantes da vila de Mandlakazi. Finalmente, no quinto
capítulo apresentamos as conclusões onde sintetizamos resultados que obtivemos da pesquisa
exploratória.

1.1. Delimitação Do Tema

Este é o ponto de partida para a elaboração de pesquisa, a partir das experiências do dia-a-dia
e de estudos já realizados, observam-se dificuldades, questões com aprimoramento e outros
factores dos quais se pode extrair um tópico problema, dificuldade, necessidade ou
curiosidade e gerar um tema de pesquisa (Gil, 1995).

Espacial: O estudo foi realizado no Distrito de Mandlakazi, com os comerciantes do sector


informal.

Temporal: O estudo vai abarcar um horizonte temporal de 1 ano, período compreendido


entre 2019-2020, e é correspondente ao tempo em que os comerciantes do sector informal
foram fustigados pela pandemia de covid 19.

1.2. Problema De Pesquisa

O problema é uma questão não resolvida, algo para o qual se vai buscar uma resposta, através
de pesquisa. Pode estar referindo a alguma lacuna epistemológica ou metodológica percebida,
a alguma dúvida quanto à sustentação de uma afirmação geralmente aceite, à necessidade de
3

pôr à prova uma suposição, a interesses práticos ou à vontade de compreender e explicar uma
situação do quotidiano (Vergara, 1997).

O sector informal congrega a maioria da população moçambicana em 75,2% 2 que não


encontra emprego no sector formal e são praticantes da actividade informal. A procura pelo
sector informal vem aumentando a cada dia que passa e, por consequência deste facto, o nível
de marginalização também aumenta pois, não há um controlo rigoroso sobre os operadores
que praticam a sua actividade económica neste sector.

Visto que o sector informal é um dos sectores que gera rendimentos elevados e contém um
grande número de operadores económicos informais que não se encontram registados
formalmente, e através da sua actividade existe muita preocupação em querer arrecadar mais
lucros, mas a pandemia de COVID-19 tem mostrado sempre dificuldades por partes dos
comerciantes. Os comerciantes do Sector Informal da vila de Manjacaze, apresenta como
impacto da COVID-19 os seguintes aspectos.

 A fraca abertura dos seus serviços porque geralmente os clientes não dão prioridades
do negócio. Neste momento de pandemia, as pessoas optam pela componente saúde.
Por parte desta pandemia, vários comerciantes não conseguem os ganhos do
investimento por si efectuados porque á redução dos clientes.

Em Moçambique, segundo Rocha (2020) o sector do comércio verifica um baixo crescimento,


o qual foi agudizado pela pandemia da COVID-19. As primeiras decisões de estado de
emergência no ano de 2020 resultaram em várias mudanças: a reestruturação do mercado,
encerramento de fronteiras, paralisação e/ou redução do tempo de actividade económicas
diversas. Tendo em conta os aspectos acima levantados, coloca-se a seguinte pergunta de
partida

 Como é que a pandemia de COVID-19 no sector informal impacta os


comerciantes da vila de Mandlakazi (2019-2020)?

1.3. Hipóteses

Silva e Menezes (2001), são unânimes em afirmar que as hipóteses são suposições colocadas
como respostas plausíveis e provisórias para o problema de pesquisa. Acrescentam que as
2
Ver tabela 2 em anexo extraído do INE, O Sector Informal em Moçambique: Estudos Temáticos. Março de
2019 Maputo. Pp 22.
4

hipóteses são provisórias porque poderão ser confirmadas ou refutadas com o


desenvolvimento da pesquisa, pelo que um mesmo problema poderá ter muitas hipóteses que
são soluções possíveis para a sua resolução e são de natureza criativa e requer experiência na
área.

O estudo foi conduzido com vista a confirmar uma das seguintes hipóteses:

H1: A pandemia da COVID-19 no sector informal impacta positivamente os comerciantes da


vila de Mandlakazi.

H2: A pandemia da COVID-19 no sector informal impacta negativamente os comerciantes da


vila de Mandlakazi.

1.4. Objectivos Do Trabalho

Objectivos são tratados em seu sentido mais amplo e constituem a acção que conduzirá ao
tratamento da questão abordada no problema da Pesquisa, fazendo menção ao objecto de uma
forma mais directa (Marion,1998).

A luz do autor pode-se perceber que, podemos atingir objectivos gerais e específicos, que
constituem o caminho pelo qual possamos responder à questão levantada acerca da pesquisa.

1.4.1. Objectivo Geral


5

 Compreender os impactos da pandemia de COVID-19 no sector informal dos


comerciantes da vila de Mandlakazi.

1.4.2. Objectivos Específicos

 Definir e caracterizar o Sector Informal;


 Identificar os factores que contribuem positivamente ou negativamente no sector
informal dos comerciantes da vila de Mandlakazi;
 Descrever os efeitos causados pela pandemia do COVID-19 nos comerciantes da
vila de Mandlakazi.

1.5. Justificativa

A escolha deste tema deve-se em primeiro lugar, ao facto de se intencionar compreender o


impacto da pandemia de covid 19 no sector informal dos comerciantes da vila de Mandlakazi.
Analisando assim, os efeitos causados pela pandemia do COVID-19 nos comerciantes da vila
de Mandlakazi.

Em segundo lugar, por se verificar de forma empírica que em algum momento, os


comerciantes do sector informal da vila de Mandlakazi., aborda-se sobre os impactos da
COVID-19, como a falta dos clientes, deste modo não se têm desenvolvido suas actividades
6

com regularidades por causa dos efeitos da pandemia. Sendo que se pretende, através deste
trabalho, descrever os efeitos causados pela pandemia do COVID-19 nos comerciantes da vila
de Mandlakazi.

Em terceiro, porque, durante a visita ao mercado Eduardo Mondlane e diante das conversas
tidas com os comerciantes do sector informal percebeu-se que os impactos causados pela
pandemia do COVID-19 é no concreto afraca movimentação de pessoas isto que comunga
com a redução de poder de compra.

De ponto de vista científico é relevante falar de impacto da pandemia de COVID-19 no sector


informal dos comerciantes, torna-se como elemento indispensável para o contributo e para a
tomada de decisão de qualquer eventualidade.

De ponto de vista teórico é pertinente fazer uma investigação sobre este tema, pois, poderá
trazer possíveis benefícios para os comerciantes a medida em que vai observar através dos
resultados obtidos nas entrevistas quais são os impactos e como deve evitar quiçá tomar
decisões.

De ponto de vista social A relevância deste trabalho está em poder demonstrar os efeitos
causados pela pandemia do COVID-19 nos comerciantes da vila de Mandlakazi. Por fim,
espera-se que esta pesquisa possa contribuir para futuros estudos que versem sobre o impacto
da pandemia de COVID-19 no sector informal, além disso, vai permitir a solidificação do
conhecimento e atitudes dos comerciantes em relação ao impacto da pandemia de COVID 19.
7

CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA

A presente parte do trabalho vai debruçar em torno de alguns conceitos mais apropriados para
o estudo. As definições visam, essencialmente, clarificar as concepções teóricas
fundamentais, que permitem a compreensão das ideias-chave que corporizam esta pesquisa.

2.1 Expansão do Sector Informal em Moçambique


O sector informal faz parte da economia moçambicana em mais de um terço. A adopção de
hipóteses quanto ao nível e evolução de preços neste sector permitiu confirmar que o sector
informal é mais dinâmico na economia moçambicana.3

Após a independência nacional de Moçambique, em 25 de Junho 1975, o movimento das


pessoas do campo para cidade, não foi acompanhado por um ordenamento adequado e uma
expansão de infra-estruturas urbanísticas e imobiliária, adequados às novas necessidades.
(INE, 2009: 63)

O termo sector informal inicialmente utilizada para se referir a actividades ilegais ou ilícitas,
popularmente designadas por “candonga” (que significa actividade ilegal ou ilícita) ou
“dumba nengue” (uma expressão que em Tsonga, falado no sul de Moçambique, significa
textualmente: confia nas tuas pernas), para além de outras expressões utilizadas ao longo do
país, em línguas locais, o conceito “sector informal”, enquadra os novos tipos de actores que
operando na área do comércio, não são reconhecidos pelos regulamentos vigentes, e por isso
são reprimidos pelas autoridades policiais, no exercício das suas actividades. Apesar destas
circunstâncias, hoje, esse mesmo termo é utilizado na linguagem das organizações, agências
doadoras e governo, e representa formas novas ou ajustadas do exercício da actividade
comercial, resultantes das experiências da guerra e pós-guerra, e influenciadas pelo processo
de liberalização da economia (Bowen, 2000:23).

2.2. Conceitualização do Sector Informal

Segundo Stearns, citado por Maússe (1994:14) o termo sector informal refere a parte da
economia constituída por pessoas que trabalham em negócios muito pequenos, não
reconhecidos pelo governo, sem qualquer registo sistemático, sem acesso ao crédito comercial
bancário, com muito baixos níveis de rendimento e sem emprego formal.

Abreu, S. E. Abreu A. 1996. O Sector informal em Mocambique: Uma abordagem


3

Monetária. Staff Paper (5). Banco Moçambique. Maputo


8

Para a Organização Internacional do Trabalho- OIT (2006:24) o sector informal pode ser
definido como “um conjunto de unidades empenhadas na produção de bens ou serviços, tendo
como principal objectivo a criação de empregos e de rendimentos para as pessoas nelas
envolvidas”. Estas actividades funcionam normalmente com um fraco nível de organização,
com pouca ou nenhuma divisão entre trabalho e capital, enquanto factores de produção, e
operam em escala reduzida. As relações de trabalho quando existem baseiam-se, na maior
parte das vezes, no emprego ocasional, no parentesco, e nas relações pessoais e sociais, mais
do que em acordos contratuais formais.

A OIT (2006) considera ainda que qualquer negócio/empresa não matriculado junto do
governo nacional/local pertence ao sector informal; não se incluem as actividades ilícitas
(contrabando, roubo, tráfico de droga, etc.) e compreende essencialmente, as chamadas
actividades de sobrevivência, abrangendo as pequenas empresas, as microempresas, os
trabalhadores independentes e o auto-emprego.

O INE (2005:68) usando a definição da OIT, no contexto moçambicano, definiu o sector


formal/informal fazendo a combinação de três variáveis:

 O local de registo da actividade: nível municipal, nível provincial e nível da Repartição de


Finanças;
 Se o entrevistado declara a empresa possuir ou não documento oficial;
 Que tipo de documentos a pessoa entrevistada diz a empresa possuir (Alvará, Ficha de
Registo, Licença Municipal/Precária) ou, no caso de um empregado, se ele/ela possui um
contracto de trabalho oficial.

A definição do INE sugere que, mesmo se a empresa declarar que paga uma taxa ao Conselho
Municipal ou a uma outra instituição que não é a Repartição de Finanças, ela é considerada
como fazendo parte do sector informal. Esta definição peca por incluir no informal, pessoas,
empresas ou negócios registados no governo local/município e que pagam uma taxa fixada
para o funcionamento do seu negócio. Se este negócio fosse informal no sentido de
ilegalidade, os governos locais como o município não reconheceriam a existência deste sector,
consequentemente, não cobrariam taxas de ocupação de espaço, deixariam esta actividade
para a Repartição de Finanças, entidade competente para o efeito. O trabalhador informal é
um contribuinte activo para a arrecadação de receitas para o Estado. (Hallak et al, 2009)
9

Para Noronha (2003) a utilização dos conceitos “formal” e “informal” não é clara, assim
como não há coesão sobre o papel da legislação nos contractos de trabalho. Este autor sugere
o uso do conceito “informalidade”, cujo significado depende sobretudo da compreensão do
conceito “formalidade” predominante em cada país, região, sector ou categoria profissional. O
sector informal define-se como “um variado leque de actividades orientadas para o mercado e
realizadas com uma lógica de sobrevivência pelas populações que habitam os centros urbanos
dos países em desenvolvimento” (Lopes, 1999:3).

Na mesma lógica da definição anterior, Queiroz (2009) considera sector informal a actividade
orientada para o mercado com o principal objectivo de criar emprego e rendimento para as
pessoas nela envolvida e para os seus agregados familiares, com uma lógica de sobrevivência.
O não registo da sua actividade é uma característica do sector informal e não um critério para
defini-lo.

Bowen (2000) apresenta uma definição diferente da de Lopes (1999) e Queiroz (2009), pois
utiliza o conceito do sector informal para referir os indivíduos que participam numa
actividade comercial, sem possuir licença legal para o seu exercício, e cuja actividade não é
directamente taxada, e, portanto, não é reportada oficialmente e no geral, não está abrangida
pelo pagamento de taxas específicas às autoridades municipais.

2.3. Características do Sector Informal

O sector informal tem servido como tábua de salvação para muitos moçambicanos, pois serve
como forma de sobrevivência as dificuldades que eles encontram no dia-a-dia. Neste
contexto, o sector informal em Moçambique é hoje um conjunto de operadores dinâmicos e
economicamente agressivos que buscando a sua sobrevivência, tem ocupado e proporcionado
rendimentos alternativos à muitas famílias moçambicanas. Pela sua importância e dinâmica,
vale a pena referir algumas das suas características (Chichava 1998:18):

 Existe em quase todo o País, mas com maior intensidade nos centros urbanos;
 É formado por pequenas unidades económicas e familiares;
 É de fácil entrada e integração, mas com muitos riscos de se extinguir;
 Não beneficia de crédito bancário oficial, mas depende de poupanças pessoais, de
amigos, familiares, normalmente através de colectas monetárias (xitique = principal
fonte de financiamento do sector informal);
10

 É um mercado competitivo, mas irregular, e sem exclusividade no exercício de


actividades;
 Emprega mão-de-obra barata, jovem, e com predominância do sexo feminino em
certas actividades como venda de produtos hortícolas, vegetais e outros produtos
agrícolas, confecção de comida, comes e bebes, cabeleireiro, etc.;
 Comercializa uma vasta gama de produtos e presta serviços diversos que não
envolvem grande tecnologia ou equipamento: reparação de viaturas, canalização,
electricidade, carpintaria, construção e reparação de imóveis, vendas ambulantes,
transporte de passageiros e carga, engraxadores, polidores de carros, curandeirismo,
guardas, prostituição, etc.;
 A formação profissional é reduzida ou inexistente, privilegiando-se as práticas de
aprendizagem no processo de trabalho;
 Não existe qualificação académica alguma, bastando às vezes, o grau de
argumentação e malandrice perante as autoridades e os colegas;
 Não tem horários fixos, nem dias fixos de trabalho, o que o torna sempre útil a
qualquer momento;
 Utiliza tecnologia rudimentar, artesanal e adaptada às necessidades do seu tipo de
mercado;
 Sendo a sua produtividade baixa, os salários são, em geral, exíguos e pagos
irregularmente;
 Usa insumos obtidos nas unidades do sector informal e às vezes, abastece também o
sector formal;
11

2.4. Génese de comércio

Historicamente, tem-se o conhecimento que o processo de trocas de produtos foi o início do


desenvolvimento da actividade comercial nas civilizações que se desenvolviam na
antiguidade. E por ser muito antiga, sendo datada desde a antiguidade e praticada em diversos
locais do mundo, por vários povos e civilizações, torna-se bastante difícil definir a partir de
qual momento começou ou foi inventada a actividade comercial (Coutinho, 2014:34-35)

Já para Nogueira (2015), “o comércio surgiu a partir dos processos de trocas na antiguidade,
quando determinados grupos trocavam suas produções por outras”.

O facto é que o surgimento e o crescimento da actividade comercial estão directamente


relacionados ao surgimento e ao grau de prosperidade das próprias cidades, daí ser
caracterizada como uma actividade tipicamente urbana, e logo um importante segmento da
economia, basicamente no mundo todo (Portal São Francisco, 2016:8).

2.5. Comerciante

Segundo Granzotto (2002) comerciante é a figura central, sendo o sujeito que exercita a
actividade empresarial, podendo ser tanto pessoa física (empresário individual) como pessoa
jurídica (sociedade comercial), ou pode ser vista como sendo a pessoa natural ou jurídica que,
profissionalmente, exercita actos de comércio com intuito de obtenção do lucro.
O autor ainda revela que a palavra comerciante pode ser tomada em três asserções:

2.5.1. Vulgar

O termo comerciante inclui as relações entre pessoas, comércio de ideias e entre outros.

2.5.2. Económico

Actividade humana destinada a colocar em circulação a riqueza produzida, facilitando as


trocas, aproximando produtor e consumidor;
12

2.5.3. Jurídica

Complexo de actos de intromissão entre o produtor e o consumidor que, exercidos


habitualmente, e com fins de lucros, realizam, promovem ou facilitam a circulação dos
produtos da natureza e da indústria, para tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta.

Para Viagem (s/d), o comerciante é aquele que vende certo produto ou serviço num
determinado estabelecimento ou através de uma plataforma virtual com o intuito de se obter o
lucro.

2.6. Contextualização da Pandemia

Os coronavírus integram uma grande família de vírus comum, que podem ser encontradas em
diferentes espécies de animais. Segundo informações divulgadas pelo Ministério de Saúde
(2020), os vírus dessa família raramente conseguem infectar pessoas. No entanto, o novo
coronavírus, também conhecido pelo nome científico SAR-CoV-2, iniciou a maior pandemia
já vivenciada do século XXI, causando a doença denominada COVID-19.

O primeiro caso da doença foi reportado às autoridades em Dezembro de 2019 na cidade de


Wuhan, na China (WHO, 2019).

O paciente recebeu o diagnóstico de uma 23 “pneumonia de causa desconhecida” em primeiro


momento, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi accionada sobre o caso para
averiguar o acontecido. No dia 21 de Janeiro de 2020, a OMS emitiu o 1º Boletim
Epidemiológico alertando sobre o risco moderado na região onde o paciente se encontrava, e
acautelando os demais países dos principais sintomas e as formas de transmissão da doença

Os sintomas do Covid-19 apresentam semelhanças com os sintomas típicos de um resfriado,


Síndrome Gripal ou até a uma pneumonia severa. A doença se manifesta com os seguintes
sintomas: tosse; febre; coriza; dor de garganta; dificuldade para respirar; perda de olfacto;
alteração do paladar; distúrbios gastrintestinais; cansaço; diminuição do apetite; e dispneia E a
informação divulgada sobre as formas de transmissão da doença, identificam que o contágio
ocorre pelo contacto próximo entre uma pessoa doente e outra pessoa, e o meio que ocorre
são: toque do aperto de mão contaminadas; gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; e
objectos ou superfícies contaminadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).
13

Em poucos dias, novos casos apareceram em diversos outros países asiáticos e europeus. O
rápido contágio da doença expôs a grave crise sanitária que as cidades contaminadas
enfrentariam.

Segundo OPAS (2020), o vírus era encontrado em aproximadamente 19 países e mais de


8.100 pessoas apresentavam a doença. Diante da rápida dispersão do vírus entre os
continentes e por apresentar um alto nível de contaminação, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) decretou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional no dia 30 de
Janeiro de 2020.

A OMS decretou, no dia 11 de Março de 2020, estado de pandemia devido a doença causada
pelo novo coronavírus. Essa determinação teve como objectivo alertar todos os países da
situação que precisavam aderir às acções necessárias para conter, identificar e tratar das
vítimas da doença. Sobre o decreto, o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus
fez a seguinte afirmação:

“Estamos chamando todos os países para activar e intensificar mecanismos emergenciais de


resposta, buscar casos suspeitos, isolar, testar e tratar todo episódio 24 de Covid-19, além de
traçar as pessoas que tiveram contacto com ele.” (Ghebreyesus, 2020).
14

CAPÍTULO III: METODOLOGIA

3.1. Metodologia

Nesta secção apresentamos os meios usados e a forma como fizemos a pesquisa no âmbito da
recolha de dados. Para este estudo adoptamos o estudo de caso detalhado, dada a sua
possibilidade de fazer o levantamento de dados qualitativos usando recurso á pesquisa
bibliográfica como forma de buscar teorias subjacente ao estudo, feita na biblioteca do
Conselho Municipal da Vila de Mandlakzi, e outros artigos “baixados” na internet.

Segundo Marconi e Lakatos (2006, p.15) “a metodologia é o meio pelo qual o pesquisador
utiliza para colher a real situação, e assim, fundamentar suas decisões durante a realização do
trabalho científico.

3.2. Tipos de pesquisa

Está pesquisa é do tipo qualitativo, exploratório descritivo, cuja estratégia é o estudo de caso
(Oliveira, 2010). Ora, esta tipologia na nossa pesquisa vai nos ajudar essencialmente ao seu
horizonte focalizado em compreender os processos que contribuem para um fenómeno ou
acontecimento mais geral (Veloso, 2007), dá-se, aqui o Impacto da a pandemia de covid 19 no
sector informal. Para (Guerra 2006), os métodos qualitativos designam uma variedade de
técnicas interpretativas que visam descrever, descodificar, traduzir certos fenómenos sociais.

Veloso (2007), afirma que a pesquisa qualitativa proporciona melhor visão e compreensão do
contexto do problema, é uma pesquisa não-estruturada, não estatística e possui pequeno
número de casos não-representativos.

A pesquisa qualitativa não visa mensurar fenómenos, mas sim, poder entendê-los em
profundidade (Víctora et al.,2000, citados por Teixeira, 2006). Visa descrever e analisar a
cultura e o comportamento, a partir da perspectiva que o próprio investigado tem do
fenómeno (Fiorese, 2003).

Por fim, o carácter exploratório da pesquisa justifica-se pelo facto de que qualquer
investigação científica, ou de outra natureza, interessa-se naturalmente em buscar explorar,
aprofundar, alguma informação, no sentido de propiciar a percepção do objecto de pesquisa,
permitindo descrever completamente uma determinada situação em estudo, como por
exemplo, um estudo de caso, realizando análises empíricas e teóricas, podendo encontrar
15

informações quantitativas e qualitativas para fundamentar a análise de um facto ou fenómeno


conducente ao alcance dos objectivos pré-definidos (Lakatos & Marconi, 1991).

3.3. Método de abordagem

A pesquisa teve uma abordagem indutiva, pois foi feito uma análise do particular através do
estudo no sector informal dos comerciantes da vila de Mandlakazi e a partir daí podendo
generalizar os resultados para situações e contextos similares.

Para Marconi & Lakatos (2003), Indução é um processo mental por intermédio do qual,
partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou
universal, não contida nas partes examinadas.

3.4. Técnicas e instrumentos de recolha de dados que será aplicado

Para o presente estudo as técnicas de recolha de dados usadas foram a Revisão bibliográfica,
Entrevista semiestruturada, e a observação.

a) Revisão bibliográfica

Este método é fundamental para a obtenção de banco de dados pertinentes para a busca de
informação no campo, possibilitando que o investigador amplie o grau de conhecimento em
uma determinada área, capacitando-se a compreender ou delimitar melhor um problema de
pesquisa (Koche, 1997:45).

O autor aponta que o investigador se serve da revisão bibliográfica para dominar o


conhecimento disponível e utilizá-lo como base na construção de um modelo teórico
explicativo de um problema, uma ferramenta auxiliar para a construção e fundamentação das
hipóteses. É de referir que a pesquisa bibliográfica consiste no procedimento reflexivo
sistemático, controlado e crítico, facultando a descoberta ou constatação de novos factos,
relações ou leis, relacionados com o tema ou objecto em estudo. Este método tem como
técnica a leitura pela qual se efectiva.
16

b) Entrevista semiestruturada

A entrevista refere-se a uma conversa entre o entrevistador e o sujeito respondente, na qual há


uma maior flexibilidade para o entrevistador, podendo este ter oportunidade de observar
atitudes, reacções e condutas durante a entrevista (Mutimucuio, 2008).

No estudo em causa foi adoptada a entrevista semiestruturada que, segundo Mutimucuio


(2008) se baseia no roteiro preliminar de perguntas contendo as ideias principais, que se
molda à situação concreta da entrevista. O mesmo ressalta que, o entrevistador pode adicionar
novas perguntas de seguimento se for necessário.

Para a sua materialização, o guião da entrevista semiestruturada (anexo 1) foi a técnica usada
para a recolha de dados entre as unidades amostrais.

c) Observação Não-Participativa

Segundo Marconi e Lakatos (2003) a observação é uma técnica de colecta de dados para
conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou
fenómenos que se desejam estudar (Marconi & Lakatos, 2003:260. Ademais, desempenha um
papel importante nos processos observacionais, no contexto da descoberta, e obriga o
investigador a um contacto mais directo com a realidade.

Para a presente pesquisa, fez-se a observação não participativa, pois preferiu-se durante a
observação do quotidiano dos comerciantes e da entrevista efectuada.

Na observação não-participante, o observador presencia o facto, mas não participa dele


(Marconi & Lakatos, 2003:26).

3.5. População e Amostra

O universo, ou população, é o conjunto de elementos que possuem as características que serão


objecto do estudo, e a amostra, ou população amostral, é uma parte do universo escolhido
seleccionada a partir de um critério de representatividade (Vergara, 1997).

O presente estudo teve como população os comerciantes da vila de Mandlakazi concretamente


aqueles que operam no sector informal no mercado Eduardo Mondlane.
17

3.6. Amostra

Esta pesquisa teve como base a técnica de amostragem por conveniência que, segundo
Mutimucuio (2008), tem em vista obter respostas de pessoas que estão disponíveis e dispostas
a participar do processo de recolha de dados, pessoas estas que convivem directamente com a
situação estudada.

A nossa amostra foi de quinze (15) informantes chaves (anexo2), comerciantes informais que
operam no mercado Eduardo Mondlane na Vila de Manjacaze e foram seleccionadas por
conveniência.

3.6.1. Critérios de inclusão

No que se refere aos critérios de inclusão, consideramos pertinentes, o ser comerciante


informal que opera há mais de 5 anos, ter idade igual ou superior a 18 anos. Com idade, por
Lei, a pessoa é considerada adulta e responsável na tomada de decisões próprios , podendo no
caso vertente participar da nossa pesquisa.

3.7. Limitações do estudo

Os dados usados neste trabalho não se apresentam completos em todas as variáveis. Há


variáveis que só apresentam uma parte do universo da população em análise. Algumas
questões apresentam respostas incompletas, o que originou a redução de número de casos em
algumas análises. Porém, esta situação não retira a validade dos resultados, mas pode afectá-
los na precisão da estimação dos parâmetros.
18

CAPÍTULO IV: DISCUSSÃO DE RESULTADOS.

Nesta secção apresentamos e analisamos os dados da pesquisa e confrontamos as diferentes


abordagens sobre assunto tratado. Definimos e Identificamos os factores que contribuem
positivamente ou negativamente no sector informal dos comerciantes da vila de Mandlakazi.
E por fim descrevemos os efeitos causados pela pandemia do COVID-19 nos comerciantes da
vila de Mandlakazi.

4.1. Resultados da pesquisa

4.1.1. Caracterização da amostra

Conforme foi mencionado no início deste capítulo, o questionário foi aplicado a quinze
comerciantes da vila de Mandlakazi. As perguntas do questionário foram organizadas em
quatro categorias, a saber: Dados Demográficos, Idade, Nível de Escolaridade, Tempo no
serviço.

a) Sexo

Em relação a variável sexo, percebe-se que a grande maioria dos entrevistados é do sexo
masculino, 8 comparativamente aos entrevistados do sexo feminino que representa 7 da
amostra (Gráfico 1).

Estudos efectuados por Sethuraman (1998), Arnaldo (1999), Lopes (2003) sobre a
distribuição por sexo de indivíduos envolvidos no comércio informal revelam que há mais
mulheres envolvidas nesta actividade. Porém, a distribuição por sexo da força de trabalho que
exerce actividades no comércio informal, indicou que o comércio informal é dominado pelo
sexo masculino, pois, mais de dois terços dos envolvidos no comércio informal de cada uma
destes são homens.
19

Gráfico 1: Sexo

Masculino
Feminino
7

Sexo
Fonte: Autor, 2021

b) Idade

Na Gráfico 2, encontra-se a distribuição dos entrevistados por faixa etária, onde a maioria está
concentrado entre 21 a 30 anos, representando 47% da amostra.

Gráfico 2: Idade

7%
13%

21-30
47% 31-40
41-50
50 ou mais

33%

Fonte: Autor, 2021

c) Estuda? Que nível tem

A variável nível de escolaridade indica que 7 dos entrevistados tem nível básico seguido pelo
nível médio com 6 da amostra, terceiro pelo nível superior com 2 da amostra.
20

O nível de escolaridade determina como as pessoas se orientam na sociedade e serve de


indicador para verificar o nível de vida das famílias. Para este grau, a escolaridade garante
vários factores da vida, a profissionalização e especialização da mão de obra para o
melhoramento do bem-estar social.

Para Gomez (2007, citado por Baptista 2013, p.57) afirma que “A educação não pode ser
entendida como privilégio de uma classe, de uma sociedade ou de uma cultura, mas o atributo
próprio da natureza do homem que se faz real nas acções e no cenário da vida quotidiana de
todas as comunidades humanas”.

Gráfico 3: Escolaridade

7
6

Nível Básico Nível Médio Nível Superior

Fonte: Autor, 2021

d) Trabalha? O que faz?

A variável nível de Profissão dos nossos interlocutores indica que 13% (Gráfico 4) dos
entrevistados são comerciantes de produtos agricolas, seguido pelos comerciantes de
refeições com 20% da amostra, terceiro pelos revendedores de acessórios de carros com 7%
da amostra, quarto as mercearias com 20% da amostra, quinto os agentes da m-pesa com
27% da amostra e por último os revendedores de pão com 13% da amostra.
21

Gráfico 4: Profissão

7%
20%
13%
Mercearia
Comercialização de produtos
agricolas
Agente de mpesa
13% Comercialização de refeicoes
Revendedor de pão.
20%
Revendedor de acessórios de
carro

27%

Fonte: Autor, 2021

e) Onde mora actualmente?

Gráfico 5: Moradia

3
2 2
1 1

Ed. Mondlane Dingane Liberdade


Macave Machecahomo 25 de Setembro

Fonte: Autor, 2021

Da leitura do gráfico acima pode-se constatar que dos 15 interlocutores, inqueridos, a opinião
dominante dos Bairros que residem os nossos interlocutores é o Bairro 25 de Setembro,
apresenta maior número dos residentes com 06, seguidos por Bairro Dingane com 3
interlocutores, Bairro Eduardo Mondlane com 02, Bairro liberdade com 02 interlocutores, e
por fim os Bairros Macave, Machecahomo Apresenta 1 unidade. (Gráfico 5).
22

f) Qual é o seu estado civil?

Em relação a estado civil, percebe-se que a grande maioria dos entrevistados são casados,
8.57% comparativamente ao do estado solteiro que representa 6.43% da amostra.

Gráfico 6: Estado Civil

6; 43%
8; 57% Solteiro
Casado

Fonte: Autor, 2021

g) Número de agregado familiar

A variável agregada familiar indica que 40% (Gráfico 7) dos entrevistados no seio familiar
ocupa o lugar de mãe, seguido pelo Pai com 40% da amostra, terceiro pelo irmão com 13% da
amostra e por fim pela nora com 7% de amostra.
23

Gráfico 7: Posição Que Ocupa no Agregado Familiar

7%
13%
40%
Pai
Mãe
40% Irmão
Nora

Fonte: Autor, 2021

A maior congregação de indivíduos adultos no comércio informal como actividade


complementar parece estar relacionada com a necessidade de aumentar os rendimentos do
agregado familiar, tendo em conta que estes indivíduos são adultos e provavelmente já têm
uma família própria constituída, precisam de recursos suficientes para satisfazer as
necessidades básicas do seu agregado familiar.

4.2. Actividade comercial informal

4.2.1. Há quanto tempo pratica o comércio informal

Com relação ao tempo de trabalho, duas faixas se destacaram. Uma parte dos entrevistados,
composta por 8 respondentes, trabalham a menos de cinco anos na informalidade, enquanto 7
trabalham a mais de cinco. Pesquisa realizada pelo conselho Municipal de Mandlakazi 2019,
afirma que “por tratar-se de um universo essencialmente jovem, a maior parte dos negócios
ainda estão nos primeiros anos de vida”. De tal maneira, os resultados obtidos mostram que a
maioria dos entrevistados possui menos que 05 anos de comércio, 1 entrevistados. Percebe-se,
ainda, que parte dos entrevistados trabalha como informal há mais de vinte anos, 6 ao total, e
que é nessa faixa de respondentes que está situado a maioria dos que possuem apenas o
primeiro grau incompleto, o que significa que esses tiveram que abandonar seus estudos
muito cedo, para se dedicarem ao trabalho.

Tal resultado mostra que o comércio informal sempre oferece uma oportunidade para quem
quer ou necessita de um emprego; por outro lado, não importa o motivo pelo qual se entrou na
informalidade, sabendo gerenciar seu trabalho, sempre haverá um motivo, razão ou
circunstância para se permanecer no negócio.
24

A predominância de mulheres trabalhadoras por conta própria no comércio informal como


actividade alternativa está relacionada ao facto de ser uma actividade de fácil acesso que
exige reduzido investimento inicial e não requer qualificações profissionais específicas
(Lopes, 2003). Por outro lado, a maior participação das mulheres está relacionada ao facto da
actividade permitir o acesso e o controlo directo dos rendimentos, autonomia e poder na
gestão do seu tempo de trabalho e a locação de suas receitas (Loforte, 2000).

a) A actividade é rentável? (justifique a resposta).

Com relação à questão que busca saber se trabalhar no comércio informal é rentável, as
respostas tiveram quase o mesmo resultado. Porém, a maior parte dos entrevistados, os quais
somaram 8 totais, acreditam que sim, o comércio informal de facto ainda é rentável.

de salientar que os 7 comerciantes informais pesquisados lamentam que a actividade


comercial praticada seja de baixa renda mensal devido a pandemia de covid-19.

Eles afirmaram que A actividade não é rentável, porque, muitas vezes, temos tido quebra, os
nossos produtos trazemos da vizinha África do Sul, temos que pagar alfandega e aqui no
mercado também pagamos taxas fiscais mesmo sem vender nada” (CC, CD, CE, CG, CI).
“Por vezes, as pessoas não compram e os preços são altos, outra coisa é que somos muitos
que fazemos essa actividade” (CA, CB, CF, CH).

Do exposto, verificamos que a vida dos comerciantes informais é de maior esforço e


depressivo, pois a renda ao ser descrita como baixa, considerando a actividade comercial
informal como a única fonte de renda familiar, dá-se lugar à situação de limitação à resposta
às necessidades da vida.

b) Quais os benefícios desta actividade e que dificuldades encontra ao praticar esta


actividade perante a pandemia de covid 19.

Para os entrevistados, quanto aos benefícios desta actividade e que dificuldades enfrentam
fomos apurar as seguintes sensibilidades.

como benefícios desta actividade conseguimos pagar nossas contas, e pagamos as propinas
dos nossos filhos nas escolas em que eles frequentam. e o sustento próprio. (CA, CC, CD,
CG).
25

O resultado, acima exposto, analisando os vários sentimentos de forma integrada, nos levou a
entender que os entrevistados podemos afirmar que seguir as próprias regras recai como maior
ganho do comércio informal, partindo das primícias que o trabalhador que resolve trabalhar
com o propósito de ser dono do seu negócio não possui superior para lhe dar ordens, logo esse
passa a criar suas regras de acordo com o que ele achar que vale ou não a pena. Trabalhar na
informalidade nem sempre é emprego único para o trabalhador, pois uma das vantagens de ser
informal é que você pode agregar rendas em diferentes ramos de actividade. Porém, para que
isso seja possível, cabe a pessoa ter ciência e saber administrar bem suas finanças para que
uma actividade não venha prejudicar a outra, pois se faz necessário que o lucro venha das
duas partes. Apesar de pontos de vista divergentes, não se pode negar o facto de que esta
actividade informal ganha novos adeptos a cada dia. Entretanto, pouco se sabe a respeito
dessa actividade, pois uma característica inerente ao sector informal é a sua complexidade e a
variedade de actividades inseridas no seu contexto. E, algumas destas actividades são
facilmente observáveis, enquanto outras são menos conspícuas e praticamente impossíveis de
serem aferidas (Diniz; 2012).

c) Qual é o Impacto da pandemia de COVID 19 no sector informal

Nesta secção, pretendemos explicar o impacto da pandemia de covid 19 no sector informal e


estratégias adoptadas e as suas respectivas dinâmicas na manutenção dos valores
socioeconómicos.

No que se refere ao o Impacto da pandemia de covid 19 no sector informal, entre os 8


comerciantes entrevistados, somente 7 responderam à pergunta levantada, mostrando ter
alguma noção sobre a matéria, conforme os seus relatos:

As medidas de precaução contra a COVID-19 estão provocando, ao nível da actividade de


comércio informal na vila de Mandlakazi, os seguintes efeitos principais: redução do esforço
das pessoas que exercem essa actividade, o que é medido pelo tempo de trabalho entre a
saída e a chegada a casa tempo da jornada de trabalho; (CA, CC, CD, CE, CG). e, (2)
redução do volume de vendas e, consequentemente, do rendimento líquido. (CB, FC).

Analisando as diferentes percepções dos entrevistados em relação ao sentido do Impacto da


pandemia de covid 19, verificamos que há uma convergência que é um resultado que se
aproxima ao sublinhado pelo CVM, no seu relatório de 2019, tem um impacto devastador
26

porque o mesmo relatório apresenta que grande maioria reporta perdas no seu volume de
vendas.

d) Quais são os factores que contribuem positivamente ou negativamente no sector


informal dos comerciantes da vila de Mandlakazi.

Sendo este ponto referente ao segundo objectivo específico, vamos desde já analisar no seio
das vidas das famílias. Este sector contribui muito para os cidadãos, alguns do sector formal
têm as suas rendas aumentadas devido a prática desta actividade que lhes permite duplicar ou
triplicar os seus ganhos mensais. O que se observa ainda é que, com os valores ganhos na
actividade informal estes usam para as despesas caseiras, pagamento de escolas dos seus
educandos e construção de casas de alvenaria é o desejo de todos. Isto mostra duma maneira
parcial se não maior, do abandono das casas precárias às melhoradas, tornando um
desenvolvimento ou mudanças no bairro, no que diz respeito ao alojamento. Porque os
cidadãos conseguem alguns atingirem os seus sonhos, depois das necessidades básicas outros
pensam em auto-realização, até mesmo prosperar para negócios maiores. Sendo assim é
notório nos bairros vila de Mandlakazi, casas de alvenaria com uma organização, saneamento
urbano até água canalizada. Alguns preferem investir em bens de luxo da actualidade, os seus
filhos a passearem de motorizadas com altos telefones que até um formal médio não tem, a
nível do bairro mostrando o poderio dos seus pais.

Um outro ponto analisado vila de Mandlakazi assim como no mercado, são os meios de
locomoção. Observou-se que a maioria possui transportes individual que lhes permite o
transporte de mercadoria vindas dos distritos e países vizinhos, deixando assim os transportes
que se dedicam a essa actividade (aluguer). Permite-lhes também a deslocação com muita
rapidez aos seus pontos de trabalho, sem recorrer aos táxis. Com esta observação permitiu nos
perceber que neste sector informal há uma evolução no que diz respeito ao transporte para
facilitar as actividades.

Em análise ainda este ponto e em conformidade com a pesquisa o nível de contribuição deste
sector é elevado, visto que a maioria dos inquiridos estão satisfeito com esta actividade,
porque trabalham duma maneira assumida como única actividade que lhes trás rendimento
com objectivo de prosperar no sector, Alguns preferem ensinarem seus filhos a mesma
actividade, mas se olharmos para o ponto anterior, mostra nos que maior parte dos que
trabalham no sector do comércio estão bem de vida e que vêem as suas necessidade
resolvidas.
27

Durante a investigação desta monografia foi possível observar que o nível de contribuição é
alto, porque em alguns casos o pequeno empresário tem uma vida superior a quem trabalha no
formal e que depende da sua mensalidade, por vezes esta diferença cria inveja entre os
moradores colocando-se na balança da vida entre eles.

Segundo Diniz; De Jesus Matos, (2012) “o comércio informal é fonte de emprego não só para
os donos das bancas, mas também para uma parcela significativa da população”.

e) Como esses factores podem ser controlados ou evitado

Dos entrevistados que responderam constataram vários factores a saber:

 Factores políticos;

 Factores económicos;

 Factores socioculturais.

f) Factores políticos

Devida à articulação de vários factores como foi apontado na parte de conteúdos teóricos.
Nesta linha, atinente aos factores que podem ser controlados encontram-se obviamente os
políticos. No entanto, a maioria dos comerciantes informais pesquisados não respondeu à
questão sobre o leque de factores políticos. Tendo sido respondida somente por três que
mencionaram os seguintes factores:

“Corrupção, discriminação partidária; fraca paz; injustiça, eh, o nosso governo não é bem
justo, já assistimos colegas que foram arrancados espaço para vender lá no Bairro de
magabagabene, alguns nem podem fazer o seu comércio”. (CB, CF, CH).

Assim, no âmbito político, consideramos os factores apontados pela minoria dos 03


comerciantes informantes pesquisados serem fortes ou de maior impacto nas circunstâncias
económicas, nas relações sociais e na aquisição de bens materiais, no quadro da vida das
pessoas e do desenvolvimento do país em geral. Isto pelo facto de a corrupção afectar na
repartição de recursos, o atendimento social, profissional constituindo assim motivo para um
ambiente de paz instável, acumulação de bens materiais por uma minoria – as pessoas da elite
– em detrimento da maioria que vive na miséria e privados de liberdade.
28

Destacamos também que o resultado alcançado observa alguns dos factores políticos
elencados por (Barros & Camargo 1994), (Amaral & Beurle 2009; 2010, apud Santos, 2013):
fraca abordagem participativa nas decisões sobre a vida da comunidade; procedimentos
deficitários de governação, gestão e administração da informação; sistema de justiça não
transparente e não célere; instabilidade política; guerras; corrupção; desemprego; excessivo
político-partidário. Estes são, realmente, do conhecimento dos pesquisados, conforme os
relatos acima apresentados.

g) Factores económicos

No mesmo sentido, quanto aos factores económicos que podem ser controlados, os
entrevistados apontaram o seguinte:

Desemprego; baixo salário; fome; subida de preços; muitas pessoas praticam comércio
informal” (CA, CC, CD, CE, CG, CI). “Dependência de doação, mas nós temos recursos;
fraca procura de novas oportunidades económicas” (CB).

Com base nestes resultados depreendemos que as políticas públicas centrais para reversão da
situação económica do país. A destruição dos recursos naturais, que os entrevistados
lamentam, é prova disso. O desemprego e a fome que afectam a maioria dos cidadãos em
Moçambique revelam o mesmo ponto.

Prosseguindo com a análise, referimos que o mesmo resultado verifica alguns factores
apontados por Beurle (2010), como por exemplo: excessiva dívida externa, dependência
externa, ou falta de auto-suficiência; investimento no futuro – sem efeitos duradouros;
instabilidade macroeconómica; baixo salário; débil acesso aos serviços e protecção ao meio
ambiente; saneamento; desemprego; exploração de matéria prima (recursos florestais,
energéticos e minérios) levada a cabo por empresas estrangeiras e multinacionais.

Ora, o cenário acima discutido faz com que as pessoas de diferentes estratos sociais não
tenham emprego, dificultando o alcance e observância do desenvolvimento.
29

h) Factores socioculturais

No que se refere aos factores socioculturais a ser controlados ou evitado, os entrevistados,


com a excepção de dois que não responderam, expuseram o seguinte:

“Falta de espírito de interajuda ao outro; discriminação sociocultural; ter muitas crianças;


muitas mulheres com crianças e sem maridos; fraca capacidade para gerar o seu emprego;
casamentos prematuros; falta de capacidade ou conhecimentos” (CB, CF, CH).

Observando atentamente os dados alcançados a partir dos pesquisados, vimos que, vão ao
encontro de Santos (2013). Este ao avaliar factores que condicionam o desenvolvimento numa
sociedade ao nível cultural, observou que factores, como: a religião, o fraco ensino, crença,
valores e atitudes vigentes numa sociedade, em especial a aptidão pela liberdade individual; a
falta de curiosidade e a criatividade.

Entretanto, tendo os entrevistados mencionado os factores socioculturais a ser controlados ou


evitado, nos interessou questionar aos mesmos como os aspectos verificados ao nível político,
económico e sociocultural poderiam ser controlados ou evitados.

Quatro entrevistados, apresentaram as suas sugestões, destacando que é matéria difícil de ser
controlada: “eh, isso é muito difícil, mas o governo tem que dar emprego às pessoas, a
corrupção tem que acabar. Deve-se apostar em ensino de qualidade, não pode haver
discriminação entre nós, e uso de partido para ter sucesso na vida” afirmaram (CB, CC, CF,
CH). “Haver espírito de ajuda ao próximo, apoiar às pessoas na prática de negócio”,
acrescentou o entrevistado (CB).

Entretanto, tendo os entrevistados mencionado os factores que influenciam a pobreza entre os


cidadãos no país, nos interessou questionar aos mesmos como os aspectos verificados ao nível
político, económico e sociocultural poderiam ser controlados ou evitados.
30

4.7 Descrever os efeitos causados pela pandemia do COVID-19 nos comerciantes da vila
de Mandlakazi

No que concerne aos efeitos da COVID-19 nos comerciantes do sector informal da vila de
Mandlakazi, apenas 07 dos inqueridos apresentaram os seguintes pontos, destacando que esta
pandemia trouxe sofrimento para quase todos os sectores de actividades. Além do mais, esta
crise resultou em inúmeras mudanças no mercado, tais como: controlo regoroso das
autoridades municipais, adaptação das novas formas de convivência, dimulição das
barracas, redução do tempo do exercicio das actividades comerciais, paralisação de algumas
actividades, redução do volume de negócio, aumento de fome, desemprego, subida de preços
de produtos básicos e entre outros, “afirmaram (CB, CC, CF, CH, CA, CE, CG)”.

A pandemia do coronavírus (Covid-19) vem mudando o cenário social nos últimos meses e
trazendo impactos de várias ordens à vida da população. Os impactos provocados por essa
pandemia ainda estão sendo construídos e aos poucos vão promovendo alterações nos mais
diversos sectores. Com os bares e restaurantes não foi diferente, os impactos sentidos pelo
coronavírus foram grandes e assustadores, principalmente para as pequenas empresas de
comércio informal. (Silveira, 2020). A crise imposta pela COVID-19 afectou o mundo do
trabalho em todos os seus segmentos. Tanto trabalhadores formais quanto informais foram
impactados pelas necessárias medidas de isolamento social adoptadas para conter a
disseminação do vírus. Essa incerteza que cerca o mercado de trabalho em uma situação de
crise que, além de sanitária, se tornou uma crise económica e social, culminou na redução
expressiva da massa de renda do trabalho e no aumento do desemprego

De maneira sintética, quanto à concretude da pandemia no seu local de moradia, além dos
registros de óbitos e adoecimentos por COVID-19 e o colapso dos equipamentos de saúde,
citam maioritariamente o acirramento da questão do desemprego, falta de renda, pobreza,
fome. Aliada à diminuição da renda com desemprego, cortes nos salários, impedimento do
exercício de comércio formal ou informal, reclamam que a permanência das pessoas em casa
aumentou muito os gastos domésticos. Além disso, também surgem menções à depressão,
acirramento da violência, redução do transporte público e aumento de pessoas vivendo nas
ruas.

.
31

CAPÍTULO V: CONCLUSÕES

5.1. Conclusões

Esta monografia tem como tema: Impacto da a pandemia de covid 19 no sector informal: caso
dos comerciantes da vila de Mandlakazi, (2019-2020). a pesquisa foi realizada na vila de
Mandlakazi especialmente no mercado Eduardo Mondlane arredores da vila de Mandlakazi. E
teve a seguinte questão de investigação: Como é que a pandemia de covid 19 no sector
informal impacta os comerciantes da vila de Mandlakazi 2019-2020?

Assim, tanto a teoria e como os resultados alcançados permitiram verificar que os impactos
provocados por essa pandemia ainda estão sendo construídos e aos poucos vão promovendo
alterações nos mais diversos sectores. Com os bares e restaurantes não foi diferente, os
impactos sentidos pelo coronavírus foram grandes e assustadores, principalmente para as
pequenas empresas de comércio informal.

 O sector informal é, hoje, um conjunto de operadores dinâmicos e economicamente


agressivos que buscando a sua sobrevivência, têm ocupado e proporcionado rendimentos
alternativos a muitas famílias em países em desenvolvimento.

Em relação ao segundo objectivo específico: Identificar os factores que contribuem


positivamente ou negativamente no sector informal dos comerciantes da vila de Mandlakazi.

 Este sector contribui muito para os cidadãos, alguns do Sector Informal têm as suas rendas
aumentadas devido a pratica desta actividade que lhes permite duplicar ou triplicar os seus
ganhos mensais. O que se observa ainda é que, com os valores ganhos na actividade
informal estes usam para as despesas caseiras, pagamento de escolas dos seus educandos e
construção de casas de alvenaria é o desejo de todos.

Este estudo concluiu que existem um grupo de comerciantes informais: constituído por
indivíduos que possuem uma actividade alternativa (principal) que serve de única fonte da sua
sobrevivência e do seu agregado familiar.

No comércio informal, a faixa etária mais predominante na vila de Mandlakazi no sector


informal é dos 21 a 30 anos (jovens), sendo a mais representativa nos que praticam o
comércio informal como actividade alternativa. Porém, para o comércio informal como
actividade complementar a concentração em termos de idade verifica-se na faixa etária de 35-
32

44 anos. Este resultado leva a afirmação de que os jovens desenvolvem o comércio informal
como meio alternativo para a sua ocupação criando o auto-emprego. É notória a maior
presença de indivíduos com nível de educação reduzido com experiência de trabalho
adquirida na própria aprendizagem do trabalho, o que leva a concluir que esta actividade é
praticada maioritamente por indivíduos com poucos anos de escolaridade que privilegiam a
auto-aprendizagem no próprio processo de trabalho.

E o que tange aos efeitos de COVID-19, concluiu-se que a crise imposta pela COVID-19
afectou o mundo do trabalho em todos os seus segmentos. Tanto trabalhadores formais quanto
informais foram impactados pelas necessárias medidas de isolamento social adoptadas para
conter a disseminação do vírus, em que por sua vez, resultou em imúmeras consequências, a
saber: à diminuição da renda, aumento de desemprego, cortes nos salários, impedimento do
exercício de comércio de algumas actividades e entre outros.

Em suma a COVID-19 no sector informal impacta negativamente aos comerciantes da vila de


Mandlakazi, porque após as informações obtidas no campo pode perceber que alguns desses
tiveram que paralisar suas actividades, reduzir o seu volume de negócio, encerrar as suas
actividades por conta desta pandemia.
33

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36

Anexos: Guião de Entrevista


37

ANEXOS

Anexo 1

Com vista a recolha de informações para efeitos de realização de um estudo académico com o
tema: “:" Impacto da a pandemia de covid 19 no sector informal: caso dos comerciantes da
vila de Mandlakazi (2019-2020)” Elaborou-se o presente roteiro de entrevista com vista a
aferir o Impacto da a pandemia de covid 19 no sector informal. Por se tratar de dados com fins
académicos garante-se o anonimato e pedimos ao estimado comerciante que nos preste
informações verídicas para ajudar-nos na consecução do trabalho. Pelo que antecipamos os
nossos agradecimentos.

1. Dados socioeconómicos e demográficos

1.1. Sexo __________

1.2 Idade ___________

1.3. Estuda? Que nível tem? _________________

1.4. Trabalha? O que faz? ___________________

1.5. Onde mora actualmente? ________________

1.6. Qual é o seu estado civil? ________________

1.7. Número de agregado familiar _______________

1.8 Posição que ocupa no agregado familiar___________

2. Actividade comercial informal

2.1. Há quanto tempo pratica o comércio informal?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2.2. A actividade é rentável? (Justifique a resposta).


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
38

2.3 Quais os benefícios desta actividade e que dificuldades encontra ao praticar esta actividade pera nte
a pandemia de covid 19.

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2.4 Qual é o Impacto da pandemia de covid 19 no sector informal?

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2.5.Quais são os factores que contribuem positivamente ou negativamente no sector informal


dos comerciantes da vila de Mandlakazi

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2.6 Como esses factores podem ser controlados ou evitados?


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2.7.Sugestões para melhoria dos Impactos da pandemia de covid 19 no sector informal?

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

Obrigado pela informação e tempo, é tudo.

Autor: Domingos Mandlate


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