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Em busca do proprio eu

Autor: Soraya Rodrigues de Aragao

O corpo apresenta seu discurso através dos sintomas. Estes falam muito de nós e através de
nós. A compreensão da sintomatologia associada a compreensão das nossas emoções é a chave
mestra para o portal do autoconhecimento, pois sintomas e estados emocionais estão
intrincados em um mosaico.

Existe uma linguagem corporal conflituosa que nos diz respeito através da sintomatologia
apresentada e esta deve ser avaliada, compreendida e ressignificada. Isto porque conteúdos
subjacentes “se encondem” nestes sintomas e que uma vez cronificados podem desenvolver
quadros ansiosos e depressivos, bem como outros distúrbios psiquiátricos e doenças físicas.
Sendo assim, a questão principal não é retirar o sintoma e sim deixar que este flua, para que
seja trabalhado.

Infelizmente as pessoas não apresentam uma cultura preventiva. O que acontece é que elas
procuram se autoconhecer diante de um estado de sofrimento significativo, seja por seus
sintomas, seja em busca de respostas existenciais. Esta resistência advém do fato de que,
embora se autoconhecer seja gratificante, é também um trabalho longo e doloroso, pois nem
sempre estamos dispostos ou prontos a encarar nossas sombras, romper paradigmas,
desconstruir autoconceitos, mudar hábitos e rever condutas.

Precisamos retirar as nossas mascaras configuradas pelos condicionamentos internalizados e


visitarmos o nosso templo de Delfos, olhando no espelho da nossa própria consciência para
trabalharmos nossos comportamentos disfuncionais.

É necessário conhecer o que há de melhor em nós, os nossos recursos, as nossas motivações,


para desenvolvermos nossa autoestima. Da mesma forma, é necessário conhecer o que há de
pior em nós, para que seja desconstruído e transformado.
Discutir nossos pensamentos, idéias e crenças é o primeiro passo para iniciarmos nosso
processo de mudança interior. Mas de pouco ou nada adianta conhecer e não aceitar o
conteúdo como seu; de pouco adianta se não nos propusermos ao trabalho mais profundo:
encarar e compreender o porque dos nossos sentimentos e emoções.

Sofremos porque não nos conhecemos, porque não somos conscientes de como funcionamos.
O sofrimento existencial é produto da ignorância, sendo nós mesmos os geradores destes
mesmos sofrimentos que tanto desejamos nos desvencilhar e que nos seria poupado, caso nos
conhecêssemos.

Sendo assim, não existe a possibilidade de fugirmos de nós mesmos, já que a verdadeira
liberdade advém da própria conquista consciente do “eu”.

A partir desta conquista, a maior de todas que podemos fazer, não buscaremos nos satisfazer
nos prazeres e ilusões externas, nem tampouco precisaremos da incessante aprovação dos
outros, visto que estaremos satisfeitos e preenchidos conosco. No entanto, para que este
processo se inicie, é necessário coragem para sairmos da nossa zona de conforto, o que gera
certo sofrimento e readaptação, ou seja, dispêndio de energia para encarar estados emocionais
negativos; paciência e perseverança no processo de mudança de paradigmas e hábitos, mas que
indubitavelmente valerão a pena.

Para refletir:

O descontrole emocional é normalmente acompanhado por arrependimentos que muitas vezes


são irremediáveis. Impossível voltar atrás no tempo do que foi dito ou feito. Ações impensadas
e precipitadas podem desgastar ou mesmo arruinar nosso campo relacional, bem como a vida
pessoal, afetiva, profissional e social. A tranquilidade, o discernimento, a tolerância e a paz de
espirito são atributos que podem ser desenvolvidos através do autoconhecimento. Basta se
propor a dar o primeiro passo para desenvolver competências individuais e relacionais. O
resultado disto será uma vida mais gratificante e feliz.

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