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Peça Teatral
Conto: Missa do Galo
De: Machado de Assis

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ELENCO:
Personagens:
 Nogueira – Estudante, 17 anos, ingênuo jovem do interior
que vai ao Rio de Janeiro estudar preparatórios.
 Conceição – 30 anos, sabia das traições do marido porem
nada fazia. Tipo exemplo de mulher machadiana.
 Meneses – Escrivão; marido de conceição. Tinha uma
amante as escondidas (dizia que ia ao teatro).
 D. Inácia – Mãe de Conceição, que dormia no momento da
conversa entre os dois personagens.
 Amiga de Nogueira;
 Vizinho;
 Padre;
Figurantes e Participações:
 Narradora;
 Analista Critica;
 Escravas (Dueto);
 A Igreja (Terceto);
 Coral (Quarteto);
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CENAS, ATOS E FIGURINOS:


Cenário:
Missa do Galo é ambientado no Rio de Janeiro numa noite de
antes da Abolição. (Antes de 1888).
Atos:
- Dois atos, sendo que um se repete. (Igreja e Residência
de Meneses).
Cenas:
- Cinco cenas
Figurinos:
 Nogueira – “Dândi” Calça colada a pele, com tecidos lisos e
cores primarias, gola alta de veludo com colete curto e
quadrado.
 Conceição:
Pelo Dia - “Corsets” (Velho), Vestido longo, chinelas e
pano na cabeça.
Pela Noite - Vestido mediano com mangas folgadas (Não
cobrem todo o braço), chinelas, toda arrumada com batom
vermelho e maquiagem (Que era considerado um figurino
improprio para uma mulher casada naquela época).
 Meneses – Grande colete preto com camisa social, calça e
sapato social com uma cartola preta e uma bengalo finan
longa de cor preta.
 D. Inácia – Vestido longo com grandes mangas, pano na
cabeça e um grande laço no pescoço.
 Amiga de Nogueira – Vestido longo florado com a parte de
baixo ampla e um grande pano amarrado na cintura.
 Vizinho – Grande colete preto com camisa social, calça e
sapato social com uma cartola preta e uma gravata borboleta
preta.
 Padre – Batina preta com roupa branca formal por baixo e
alguns apetrechos próprios.
 Narradora – Roupa preta formal.
 Analista Critica – Roupa preta formal.
 Escravas (Dueto) – Vestido preto longo (Fino) e muito
simples (Aparência velha e suja). Pano velho sobre a cabeça
com cabelos embaraçados.
 A Igreja (Terceto)- Vestido longo com a parte de baixo
ampla e um pano no pescoço.
 Coral (Quarteto) – Vestido preto longo com um pano
(Vermelho) sobre os ombros que cobrira o pescoço.

Script: David Antônio


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{... Apresentações do elenco...}.

Analise Critica – O Conto Missa do Galo de Machado de Assis


é publicado pela primeira vez em 1893. Narrado em primeira
pessoa ambientado no Rio de Janeiro de antes da abolição.
Esse conto nos relata o diálogo, numa noite de natal, entre
um jovem e uma senhora casada traída pelo marido. Uma
história misteriosa contada sobre o ponto de vista do jovem
Nogueira, envolta num clima de sensualidade.

PRIMEIRO ATO
[Residência de Meneses. Sala de estar com duas poltronas,
uma mesa que está no centro da sala, à luz de um candeeiro
de querosene, quadros, livros e outros móveis e apetrechos
próprios. Uma saída à frente que dar para a rua e um
corredor a direita que dar para os quartos. É Dia mas, Na
hora do dialogo central È noite].

CENA I
(Nogueira, D. Inácia, Conceição e a participação da
narradora).

[A narradora ficara narrando ocultamente durante todas as


cenas e na parte final irá aparecer se interagindo com o
público para dar o desfeche final].

[Nogueira estará vindo enquanto a parte do narrador é feita


e logo após bate a porta, Conceição e sua mãe estarão em
cena limpando a casa e os mobiliários e ao ouvir alguém a
porta D. Inácia vai atender...].

Narradora: O jovem Nogueira de 17 anos vem de Mangaratiba


para o Rio de Janeiro estudar e com isso acaba se
hospedando na casa do escrivão Meneses...
D. Inácia: Olá! Entra jovem nogueira
Nogueira: Como vai a senhora?
D. Inácia: Vou bem e você?
Nogueira: Muito bem sim
D. Inácia: Como foi a viagem?
Nogueira: A viagem foi boa, havia ruídos, mas não
atrapalharam a minha leitura.

[Conceição esta meio tímida, discreta e indiferente...


Nogueira antes de entrar a observa...].

D. Inácia: Entre Nogueira sinta-se a vontade


Conceição: Vou preparar um café para nós
Nogueira: Obrigo com licença
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[Conceição vai preparar o café e Nogueira vai entrando


vagarosamente...].

CENA II
(Nogueira, D. Inácia, Conceição, Meneses, as duas escravas
e a participação da narradora).

Narradora: A família era pequena, o escrivão, a mulher, a


sogra e duas escravas. Era noite de natal e haviam ajustado
com o vizinho irem para a missa do galo na corte... O
ponteiro do relógio marcava 22 horas e Meneses avistando,
vai saindo dizendo que iria ao tal teatro...

[Todos estão na sala de estar sentados e as escravas em


trabalho, exceto Meneses que vem do quarto falando que iria
ao teatro...].

Meneses: Então... Vou indo para o teatro


Nogueira: Que interessante leve-me com o senhor

[A sogra faz uma careta e as escravas riem discretamente,


Meneses não responde e sai... Já Conceição sai da cena
abalada, quase em lagrimas...].

Narradora: Meneses diz que vai ao teatro, mas na verdade


trai sua mulher indo encontrar-se com a sua amante às
escondidas.... Conceição sabe da traição do marido, mas não
diz nada por isso é considerada uma santa... Era o que
chamamos uma pessoa simpática. Não sabia odiar pode ser até
que não soubesse amar...

[D. Inácia se aproxima de nogueira fala com ele e se


retira...].

D. Inácia: Mas, Sr. Nogueira, a missa ainda vai demorar,


que fará você todo esse tempo?
Nogueira: Leio, D. Inácia. Leio.
D. Inácia: Que paciência! Pois, bem meu jovem rapaz.

CENA III
(Nogueira, Conceição, Amigo de Nogueira e a participação da
narradora).

[Todos saem da sala exceto Nogueira fica lendo um de seus


livros...].
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Narradora: Os minutos voavam e logo, o relógio marcava onze


horas da noite... A casa todo dormia exceto Nogueira que
lia atentamente mais um de seus romances quando de repente
ouviam-se ruídos no corredor... Era Conceição, totalmente
diferente... Sensual!

[Conceição entra arrastando as chinelinhas, num andar bem


sensual e se senta logo após nogueira fecha o seu livro
estando atento a Conceição...]

Conceição: Ainda não foi?


Nogueira: Não fui; parece que ainda não é meia-noite D.
Conceição e a senhora o que faz acordada tão tarde?
Conceição: Estou sem sono, mas afinal a casa é minha durmo
e acordo a hora que quiser.
Nogueira: Sim, mas tem algo que lhe oportuna?
Conceição: Não
Nogueira: Tem certeza?
Conceição: Tenho, acordei por acordar.
Conceição: O que é que estava lendo? Não diga, já sei... É
o romance dos Mosqueteiros.
Nogueira: Justamente: é muito bonito.
Conceição: Gosta de romances?
Nogueira: Gosto.

[Conceição endireita a cabeça cruza os dedos, repousa sobre


eles tendo os cotovelos na mesa, sem desviar os olhos de
nogueira...].

Conceição: Eu gosto muito de romances, mas leio pouco por


falta de tempo, meu marido sai, não diz à hora que volta,
eu fico preocupada e não faço mais nada além de ler e
arrumar...
Nogueira: Lamento, creio que vão sendo horas, e eu tenho
que ir para a missa...
Conceição: Não vá, ainda é cedo. Vi agora mesmo o relógio;
são onze e meia. Tem Tempo.

[Conceição falando ergueu-se rapidamente, passou para o


outro lado da sala e deu alguns passos, quando seta cruza
as pernas de uma maneira sensual...].

[Pouco a pouco, Conceição se reclina coloca os cotovelos na


mesa e coloca as mãos no rosto, sendo que suas mangas caem
naturalmente, Nogueira a observa fala num tom mais
alto...].

Nogueira: Estou ansioso para essa missa que vou mais tarde
Conceição: Fale mais baixo mamãe pode acordar, ela está
longe, mas, tem o sono muito leve.
Nogueira: Eu também sou assim
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Conceição: O que disse?

[Conceição se inclina em direção de Nogueira e senta-se


mais próximo dele ao seu lado]

Nogueira: Eu também sou assim quase não durmo a noite

[Conceição observa os velhos quadros a sua frente e diz...]

Conceição: Então somos três sonos leves.. Estes quadros


estão ficando velhos. Já pedi pra Chiquinho comprar outros.
Nogueira: Não são velhos são bonitos não há de trocar
Conceição: Bonitos são, mas estão manchados. E depois
francamente parecem quadros de barbeiro
Nogueira: De barbeiro? Realmente a senhora nunca foi ao
barbeiro
Conceição: Realmente nunca fui, mas posso afirmar que só
falam de muitas bobagens, coisas esquisitas e mulher.

[Nogueira faz uma risada discreta].

Nogueira: Meio que é isso


Conceição: Precisamos mudar o papel da sala

[Nogueira concorda. O vizinho chega bradando e conceição na


primeira fala se levanta].

Vizinho: A missa do galo jovem nogueira! A missa do galo!


Já esta pra começar...
Conceição: Aí esta companheiro. Tem graça; Você que ficou
de ir acorda-lo, mas ele que venho acordar você. Vá que já
é hora; adeus.
Nogueira: Já é a hora?
Conceição: Naturalmente
Amiga de Nogueira e Vizinho: Missa do galo! Nogueira A
missa do galo!
Conceição: Vá não deixe o seu amigo esperando... A culpa
foi minha. Adeus até amanhã.

[Conceição se retira indo pro corredor a sua frente,


pisando mansinho e num balançar do corpo...].

Nogueira: Tchau D. Conceição

[Enquanto isso todos da igreja já estão chegando...].

SEGUNDO ATO
[Igreja. Seis acentos tendo dois em vertical. Um pequeno
púlpito forrado com algumas copia de música, uma bíblia e
outros móveis e apetrechos próprios. Uma saída a frente que
dar para a rua. É noite].
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[Nogueira sai adiante à rua, encontra a amiga e o vizinho e


dali vai para a missa...].

CENA IV
(Nogueira seu amigo e vizinho, padre, coral e a igreja).

Padre: Digam aleluia


Todos na Igreja: Aleluia
Padre: Amém
Todos na Igreja: Amém

[Todos cantam e participam exceto Nogueira que esta


concentrada em Conceição, após o “Aleluia” o padre aponta
vagarosamente pro coral que começar a cantar coma igreja,
quando a narradora começar a falar todas continuam em
mudo].

Coral (Participação da Igreja):


“Noite feliz noite feliz
Ó senhor, Deus de amor
Pobrezinho nasceu em Belém
Eis na lapa Jesus, nosso bem
Dorme em paz, ó Jesus
Dorme em paz, ó Jesus” ♪♫♪♫

TERCEIRO ATO
[Residência de Meneses. Sala de estar com duas poltronas,
uma mesa que está no centro da sala, à luz de um candeeiro
de querosene, quadros, livros e outros móveis e apetrechos
próprios. Uma saída à frente que dar para a rua e um
corredor a direita que dar para os quartos. É dia].

CENA V
(Conceição, D. Inácia, Meneses e a participação da
narradora).

Narradora: Nogueira, encantado com a simpatia e beleza de


Conceição, passa a missa toda pensando nela, em como marcou
a sua noite... Num outro dia Nogueira volta para
Mangaratiba... Já na casa de Menezes tudo parece normal,
quando algo inesperado acontece...

[Conceição esta muito preocupada “Desesperada” junto a sua


mãe...].

Conceição: Aí meu Deus mamãe já amanheceu o dia e nada do


meu marido chegar
D. Inácia: Fica tranquila minha filha ele há de chegar...
Olhe ele aí...
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Conceição: Querido, por que tanta demora? o que houve?


Meneses: O que você quer? Sai de perto de mim, não me toque
Conceição: O que aconteceu?
Meneses: O que essa velha esta fazendo aqui? Vá embora...
Conceição: O que ocorreu?

[D. Inácia vai saindo. Meneses fala com muita ira e impulso
quase empurrando Conceição...].

Meneses: Você só me dar desprezo


Conceição: Querido não... Eu nunca lhe dei desprezo na
vida...
Meneses: Está vendo o que você faz...
Conceição: O que foi?

[Meneses vai saindo de perto de Conceição e em seguida cai


ao chão e ela fica ainda mais desesperada e chama sua mãe
que acaba sentindo o mesmo...].

Conceição: Aí meu Deus o que esta acontecendo com você? Não


mamãe...
D. Inácia: O que foi que houve minha filha?
Conceição: Eu não sei, ele caiu, ele não fala comigo.
D. Inácia: Aí meu Deus! Calma minha filha
Conceição: Não, não o que será de mim, não, não.
D. Inácia: Calma, levante Meneses.
Conceição: Não, não...
Narradora: Tempos depois o jovem nogueira fica sabendo da
morte de Meneses, e que D. Conceição casou-se novamente...
Nogueira em toda sua vida nunca esqueceu conceição, de cada
gesto seu daquele olhar. Ele se apaixonou perdidamente por
aquela mulher. Quase nada aconteceu entre os dois, mas,
saiba que onde nada acontece, tudo pode estar
acontecendo...

FIM
{... Agradecimentos...}

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