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Eduardo Schmidt Fernandes dos Santos é Engenheiro Eletricista pela UFRGS e Mestre
em Engenharia da Computação pela FURG. É professor do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense e possui experiência no ramo da manutenção elétrica
industrial.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 6
2 TIRISTORES 7
2.1 SCR 7
2.2 TRIAC 10
2.3 DIAC 12
3 FONTES CHAVEADAS 15
3.1 Exercícios sobre Transistores e Fontes Chaveadas 18
3.2 Respostas dos exercícios sobre Transistores e Fontes Chaveadas 20
4 FIM DA APOSTILA 23
BIBLIOGRAFIA 24
ÍNDICE DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
O curso Reparador de Eletrodomésticos oferecido pelo IFSUL foi desenvolvido com o
objetivo de atender profissionais ou estudantes, maiores de 18 (dezoito) anos, com no
mínimo o Ensino Fundamental I completo, que estejam:
Ou
Pensar com clareza é condição indispensável para analisar de forma adequada o que
está acontecendo com o equipamento defeituoso. Para além dos instrumentos de medida
elétrica, os conceitos da eletricidade e da eletrônica são as principais ferramentas de
trabalho. Para ser um bom e responsável profissional, é necessário ter um conjunto de
conceitos coerentemente articulados entre si. Sem os conceitos, o profissional corre o risco
de trabalhar apenas com subjetividades, palpites e aparências.
Bons estudos!
2 TIRISTORES
Os tiristores são uma classe de semicondutores que têm função similar à do transistor,
porém são 4 camadas numa sequência P-N-P-N. Os tiristores mais comuns são: o SCR, o
TRIAC e o DIAC. Porém, diferentemente dos transistores, eles trabalham somente
conduzindo ou não conduzindo, ou, em outras palavras, apenas como transistores
trabalhando como chaves.
A grande vantagem dos tiristores sobre os transistores é que eles podem trabalhar com
uma potência maior que estes últimos. Mas, além de serem vantajosos frente aos
transistores, também apresentam vantagem sobre os relés que fazem este mesmo papel,
pois, diferentemente dos relés, não possuem partes mecânicas móveis. Isto é uma
vantagem quanto à manutenção (pois não há desgaste mecânico), mas também quanto à
velocidade de comutação (troca do estado aberto para o fechado ou vice-versa), já que são
mais velozes. Além disso, eles são leves, pequenos, confiáveis e podem ser acionados com
correntes reduzidas. Isto se reflete em um menor consumo de energia e menos perdas.
2.1 SCR
Anodo (A)
Catodo (K)
Gatilho (G)
Após o pulso de tensão, o SCR conduz normalmente, mesmo que a tensão positiva
seja retirada do gatilho, por isso dizemos que é necessário somente um pulso de tensão, ou
seja, coloca-se tensão positiva no gatilho e se retira na sequência. Este procedimento não é
feito manualmente, até porque seria inviável devido à velocidade (frequência) da tensão
alternada que é de 60Hz. Existe um circuito eletrônico que é sincronizado com a rede
elétrica e faz esse papel, o qual é chamado de circuito de disparo.
Mas o SCR após receber o pulso de tensão conduz indefinidamente? Não, ele
conduzirá enquanto a tensão for positiva no catodo; quando ela chegar a zero, o SCR para
de conduzir e é necessário outro pulso no gatilho para que ele volte a conduzir. Assim,
vemos a importância de um circuito de disparo sincronizado com a rede elétrica, pois, a
cada novo semiciclo positivo da rede, um novo disparo é necessário.
Já na onda “Tensão na Lâmpada 2”, vemos que a onda só inicia quase na metade da
onda da rede, ou seja, o SCR só conduz metade da onda, e a luminosidade da lâmpada será
menor, pois a tensão na lâmpada é menor. A condução coincide com o início do “Gatilho 2”
como era de se esperar.
Por fim, temos a onda “Tensão na Lâmpada 3”, em que a parte da onda da rede que
é fornecida para a lâmpada é ainda menor, e a condução do SCR só inicia quando o “Gatilho
3” inicia. Assim, dependendo de onde iniciamos o disparo do gatilho, aumentamos ou
diminuímos a intensidade da luz na lâmpada. Importante salientar que somente lâmpadas
incandescentes podem ser controladas desta forma.
2.2 TRIAC
Na prática, eles se diferenciam dos SCR por conduzirem tanto no semiciclo positivo
quanto no semiciclo negativo. O acionamento é feito da mesma forma, ou seja, com um
pulso no gatilho, o TRIAC conduz até que a tensão entre anodo e catodo (no caso do TRIAC,
tensão entre T1 e T2) vá a zero. No semiciclo negativo, porém, também é necessário dar um
pulso no gatilho para que ele conduza neste semiciclo igualmente. A Figura 5 - Formas de
onda em um TRIAC com gatilhos em pontos diferentes da onda mostra as diferentes formas
de onda considerando pulsos no gatilho mais próximos ou mais distantes do início da onda.
A vantagem dos TRIACs sempre em relação aos SCRs é que eles controlam uma faixa
de potência maior. Enquanto nos SCR temos só 50% da potência controlada, já que um
semiciclo é cortado, nos TRIAC conseguimos trabalhar com 100% da onda, pois controlamos
os dois semiciclos. Isto propicia maior simplicidade, praticidade e eficiência no controle de
motores e resistência de aquecimento que trabalham em corrente alternada.
2.3 DIAC
O DIAC é abreviatura em inglês de Diodo para Corrente Alternada. Ele possui apenas
dois terminais e seu símbolo é mostrado na Figura 7 - Símbolo do DIAC. O símbolo lembra
dois diodos em antiparalelo, ou seja, em paralelos, porém com as polaridades trocadas.
Assim, é como se de um lado tivéssemos o anodo do diodo 1 e o catodo do diodo 2 e, no
outro lado, o catodo do diodo 1 e o anodo do diodo 2; por isso, convencionou-se chamar
apenas de A1 (anodo 1) e A2 (anodo 2). E, dessa forma, ele se comporta como um diodo
que conduz nos dois sentidos.
Mas você deve estar se perguntando: para que serve um diodo que conduz nos dois
sentidos? Bastaria ter um fio que ele conduziria nos dois sentidos.
A grande diferença é que é necessária uma tensão determinada entre A1 e A2 para que
ele conduza, e esta tensão varia de modelo para modelo, podendo ser entre 20V a 40V.
Eles são muito utilizados no disparo dos circuitos com TRIAC. A Figura 8 - Circuito de
controle de luminosidade da lâmpada mostra um exemplo disso. Nela vemos um TRIAC que
alimenta uma lâmpada, como havíamos visto anteriormente, porém temos um DIAC ligado
no gatilho do TRIAC, fazendo o papel do circuito de disparo. A lógica é a seguinte: o
potenciômetro POT é ajustável e é utilizado para aumentar e diminuir a luminosidade da
lâmpada. Mas como ele faz isso? Quanto maior a resistência que colocamos no
potenciômetro, menor será a corrente no capacitor C1, então a onda de tensão alternada
irá demorar mais tempo para carregar o capacitor.
O DIAC, por sua vez, só dará o disparo no gatilho do TRIAC quando a tensão sobre ele
for de 20V, ou seja, quando a tensão no capacitor for de 20V. A tensão de 20V no capacitor
será alcançada antes se o potenciômetro POT estiver regulado para uma resistência menor,
e será alcançada depois se POT estiver com uma resistência maior.
Você precisará conhecer os TRIACs, pois eles são utilizados, por exemplo, em lavadoras de roupa no
acionamento dos atuadores da máquina.
3 FONTES CHAVEADAS
Porém, qual o grande problema das fontes lineares? O seu tamanho e peso
principalmente, devido ao tamanho do transformador rebaixador. À medida que
necessitamos maior potência e corrente, o transformador cresce consideravelmente. Além
disso, as fontes lineares têm uma eficiência baixa e apresentam variação na tensão de saída.
Porém, as fontes lineares são mais simples, robustas e possuem menos componentes;
assim, em alguns casos, elas podem ser boas opções. Mas principalmente para
equipamentos que consomem muita corrente ou equipamentos mais modernos, elas não
são tão interessantes.
Uma alternativa às fontes lineares são as fontes chaveadas. Elas têm maior rendimento
e menor peso e volume.
Retificação;
Filtragem;
Chaveamento;
Retificação;
Filtragem.
Logo após, temos a filtragem em que um capacitor suaviza a onda pulsante e a torna
próxima a uma tensão CC. Lembre-se de que neste estágio ainda estamos com uma tensão
de valor elevado em torno de 317V em 220V e 182V em 110V.
Após o chaveamento, a onda passa por um transformador que transforma estes pulsos
quadrados (do tipo liga e desliga) em pulsos suaves, voltando a dar um formato senoidal
para a tensão. Mas por que retificamos e voltamos a tornar a onda senoidal? Pois com uma
frequência maior do chaveamento, conseguimos uma onda senoidal de maior frequência e,
assim, com transformadores menores, conseguimos fazer o rebaixamento da tensão de
317V ou 182V para tensões menores como a que queremos, como no exemplo 12V.
Com uma onda senoidal de apenas 12V da saída do transformador, voltamos a retificar
esta nova onda para obtermos uma nova onda pulsante positiva, porém agora de 12V.
A onda pulsante de 12V passa por nova filtragem, em que outro capacitor suaviza a
onda pulsante positiva para, enfim, fornecer os 12V em corrente contínua para a saída.
Porém, além destes blocos, a fonte chaveada necessita fazer um controle sobre o
chaveamento, isto porque quanto maior for a corrente solicitada pela carga à fonte, mais
rápido deve ser o chaveamento, a fim de fornecer mais corrente sem que a tensão caia.
Para isso, temos:
Sensor;
Controlador.
O sensor controla o valor de tensão da saída. Quando este valor cai muito, ela manda
um sinal para que o controlador atue no chaveamento do transistor, aumentando o
chaveamento.
Você precisará conhecer o funcionamento das fontes chaveadas, pois elas são utilizadas na maior parte dos
eletrodomésticos modernos que possuem painel de funções, como geladeiras, micro-ondas, lavadoras, entre
outros.
Agora resolva os exercícios para fixar as aprendizagens desse tópico e, assim, efetuar
consertos de eletrodomésticos com presteza, qualidade e principalmente com
segurança!
1.6. ( ) O SCR, quando recebe um pulso positivo na porta, conduz entre anodo e
catodo.
1.16. ( ) O TRIAC pode transferir mais potência à carga que o SCR e, por isso, é
mais prático no acionamento de equipamentos em CA.
1.21. ( ) A grande vantagem das fontes chaveadas é o menor peso e volume para
uma mesma potência, principalmente por causa do seu transformador menor.
1.27. ( ) Nas fontes chaveadas, o chaveamento é feito por uma chave manual.
1.
1.1. V
1.3. V
1.4. V
1.5. V
1.6. V
1.8. V
1.10. V
1.11. V
1.13. F – Para que o TRIAC conduza, é necessário apenas um pulso de tensão, não
é necessário mantê-la.
1.14. V
1.15. V
1.16. V
1.17. V
1.18. V
1.19. V
1.20. V
1.21. V
1.23. V
1.24. F – Elas possuem um sensor que faz a leitura da tensão da saída e envia um
sinal para o controlador aumentar ou diminuir o chaveamento, conforme o
nível de tensão da saída.
1.25. V
4 FIM DA APOSTILA
Parabéns, estudante!
Se você já fez todos os exercícios desta apostila, vá até o Moodle e assista ao vídeo
desta aula.
Aplique o que você aprendeu neste curso, preserve sua segurança e a segurança dos
seus clientes, trabalhe com prevenção e tenha tolerância zero com atos e condições
inseguras.
Os efeitos de um acidente no local de trabalho podem durar toda uma vida. Se você for
ferido, a qualidade da sua vida poderá ser seriamente afetada. Se você for morto, sua
família nunca mais será a mesma. E se você causar ferimentos ou a morte de outra pessoa,
terá de carregar esse peso nas costas para o resto de sua vida. A melhor maneira de ajudar
a prevenir um acidente no local de trabalho é fazer da segurança a maior prioridade.
BIBLIOGRAFIA
AHMED, A. Eletrônica de potência. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
ROCHA, Raphael Netto Castello Branco. Fonte Chaveada Com Dupla Redundância
HTCSCB Com Inserção de Fly Buck e Componentes Gan. 2019. Tese de Doutorado.
Universidade Federal do Rio de Janeiro.