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Reparador de Eletrodomésticos

Conceitos Fundamentais de Eletricidade e


Eletrônica III – Tiristores e Fontes Chaveadas

Novo Hamburgo, dezembro de 2020.

Professor Eduardo Schmidt Fernandes dos Santos


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Eduardo Schmidt Fernandes dos Santos é Engenheiro Eletricista pela UFRGS e Mestre
em Engenharia da Computação pela FURG. É professor do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense e possui experiência no ramo da manutenção elétrica
industrial.

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Conceitos Fundamentais de Eletricidade e


Eletrônica III – Tiristores e Fontes Chaveadas

Ementa: Estudo sobre os principais componentes eletrônicos e suas aplicações.


Identificação dos componentes diodo e transistor, seus tipos, suas caraterísticas e uso nos
equipamentos. Estudo dos principais circuitos e montagens aplicados a fontes de
alimentação, incluindo retificadores e princípio de fontes chaveadas. Compreensão de
sinais analógicos e digitais, suas diferenças, vantagens e desvantagens.

Objetivos: O objetivo do tópico é ter o conhecimento básico do princípio de


funcionamento de alguns dos principais componentes eletrônicos encontrados em
eletrodomésticos, como placas de controle e comando destes equipamentos. Estes
conhecimentos auxiliam o profissional Reparador de Eletrodomésticos no desempenho das
suas atividades, sempre priorizando a segurança no trabalho.

Avaliação: As atividades avaliativas são feitas ao término de cada módulo do curso.


Para ser aprovado, o estudante necessita obter a nota mínima 6 (seis) em todas as
atividades avaliativas.

Recuperação: Cada atividade avaliativa possui 3 (três) tentativas permitidas.


Finalizadas as três tentativas, sem atingir a nota mínima de 6 (seis), o estudante terá direito
a uma oportunidade extra.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 6
2 TIRISTORES 7
2.1 SCR 7
2.2 TRIAC 10
2.3 DIAC 12
3 FONTES CHAVEADAS 15
3.1 Exercícios sobre Transistores e Fontes Chaveadas 18
3.2 Respostas dos exercícios sobre Transistores e Fontes Chaveadas 20
4 FIM DA APOSTILA 23
BIBLIOGRAFIA 24

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura e símbolo do SCR ............................................................................. 8


Figura 2 - Diferentes Tipos de SCR .................................................................................. 8
Figura 3 - Circuito exemplo de controle de lâmpada incandescente ............................. 9
Figura 4 - Símbolo do TRIAC .......................................................................................... 10
Figura 5 - Formas de onda em um TRIAC com gatilhos em pontos diferentes da onda
.............................................................................................................................................. 11
Figura 6 - Chuveiro eletrônico ....................................................................................... 12
Figura 7 - Símbolo do DIAC ............................................................................................ 12
Figura 8 - Circuito de controle de luminosidade da lâmpada ....................................... 13
Figura 9 - Diagrama de Blocos comparativo entre fontes lineares e chaveadas .......... 16
Figura 10 - Fonte Chaveada........................................................................................... 17

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1 INTRODUÇÃO
O curso Reparador de Eletrodomésticos oferecido pelo IFSUL foi desenvolvido com o
objetivo de atender profissionais ou estudantes, maiores de 18 (dezoito) anos, com no
mínimo o Ensino Fundamental I completo, que estejam:

● Interessados em desenvolver habilidades relativas à execução de reparos básicos


em aparelhos eletrodomésticos, seguindo procedimentos, legislação, normas técnicas e
ambientais, priorizando sempre a saúde e a segurança.

Ou

● Interessados em aumentar sua renda familiar, atuando como microempreendedor


ou como empregado de empresas de assistência técnica, ou mesmo para reparar seus
próprios eletrodomésticos, seguindo procedimentos, legislação, normas técnicas e
ambientais, priorizando sempre a saúde e a segurança.

Pensar com clareza é condição indispensável para analisar de forma adequada o que
está acontecendo com o equipamento defeituoso. Para além dos instrumentos de medida
elétrica, os conceitos da eletricidade e da eletrônica são as principais ferramentas de
trabalho. Para ser um bom e responsável profissional, é necessário ter um conjunto de
conceitos coerentemente articulados entre si. Sem os conceitos, o profissional corre o risco
de trabalhar apenas com subjetividades, palpites e aparências.

É importante destacar que o trabalho do reparador de eletrodomésticos, apesar de ser


eminentemente prático, requer o domínio de conhecimentos técnicos, ou seja, para poder
identificar o defeito e efetuar o conserto com presteza, qualidade e principalmente com
segurança, é indispensável que o profissional conheça os fundamentos teóricos dos
dispositivos, circuitos e sistemas presentes nos eletrodomésticos.

E este módulo tem tudo a ver com isso!

Bons estudos!

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2 TIRISTORES
Os tiristores são uma classe de semicondutores que têm função similar à do transistor,
porém são 4 camadas numa sequência P-N-P-N. Os tiristores mais comuns são: o SCR, o
TRIAC e o DIAC. Porém, diferentemente dos transistores, eles trabalham somente
conduzindo ou não conduzindo, ou, em outras palavras, apenas como transistores
trabalhando como chaves.

A grande vantagem dos tiristores sobre os transistores é que eles podem trabalhar com
uma potência maior que estes últimos. Mas, além de serem vantajosos frente aos
transistores, também apresentam vantagem sobre os relés que fazem este mesmo papel,
pois, diferentemente dos relés, não possuem partes mecânicas móveis. Isto é uma
vantagem quanto à manutenção (pois não há desgaste mecânico), mas também quanto à
velocidade de comutação (troca do estado aberto para o fechado ou vice-versa), já que são
mais velozes. Além disso, eles são leves, pequenos, confiáveis e podem ser acionados com
correntes reduzidas. Isto se reflete em um menor consumo de energia e menos perdas.

2.1 SCR

O SCR é a abreviatura em inglês de Retificador Controlado de Silício, pois seu


funcionamento é similar ao do diodo, porém com algumas características do transistor. Ele
é um dos tiristores mais utilizados, pois é capaz de dissipar grandes quantidades de calor e,
por isso, pode acionar cargas de grande potência.

Ele possui três terminais:

 Anodo (A)
 Catodo (K)
 Gatilho (G)

O gatilho aciona o SCR, assim como a base de um transistor bipolar ou a porta de


um FET e MOSFET. E quando acionado, o SCR conduz a corrente entre anodo e catodo,
assim como acontece com o diodo. O símbolo, os terminais e a disposição das pastilhas P e
N são mostradas na Figura 1 - Estrutura e símbolo do SCR. Nela podemos ver a disposição
das placas P e N, suas junções (encontro de duas placas), identificadas por J1, J2 e J3, e a
posição dos terminais anodo, catodo e gatilho.

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Figura 1 - Estrutura e símbolo do SCR


Fonte: PEREIRA, 2020

Assim como os demais semicondutores, os encapsulamentos e tamanhos são os


mais diversos e dependem, basicamente, da potência máxima que eles conseguem acionar
e de quanto calor conseguem dissipar (já que as perdas internas aumentam também). A
Figura 2 - Diferente Tipos de SCR mostra diversos tiristores com vários encapsulamentos
diferentes e suas correntes e tensões máximas de acionamento.

Figura 2 - Diferente Tipos de SCR


Fonte: PEREIRA, 2020

O funcionamento do SCR se assemelha ao do diodo; no sentido que a seta do SCR


aponta, ele permite a passagem de corrente e, no outro sentido, não. Porém, diferente do
diodo, o SCR só conduz no sentido da seta (do anodo para o catodo) quando recebe um
pulso de tensão positiva no terminal do gatilho; esta tensão chamamos de tensão VGK
(tensão entre gatilho e catodo).

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Após o pulso de tensão, o SCR conduz normalmente, mesmo que a tensão positiva
seja retirada do gatilho, por isso dizemos que é necessário somente um pulso de tensão, ou
seja, coloca-se tensão positiva no gatilho e se retira na sequência. Este procedimento não é
feito manualmente, até porque seria inviável devido à velocidade (frequência) da tensão
alternada que é de 60Hz. Existe um circuito eletrônico que é sincronizado com a rede
elétrica e faz esse papel, o qual é chamado de circuito de disparo.

Mas o SCR após receber o pulso de tensão conduz indefinidamente? Não, ele
conduzirá enquanto a tensão for positiva no catodo; quando ela chegar a zero, o SCR para
de conduzir e é necessário outro pulso no gatilho para que ele volte a conduzir. Assim,
vemos a importância de um circuito de disparo sincronizado com a rede elétrica, pois, a
cada novo semiciclo positivo da rede, um novo disparo é necessário.

A Figura 3 - Circuito exemplo de controle de lâmpada incandescente mostra o


desenho de um circuito de exemplo para demonstrar a aplicação de um SCR. Ele é composto
pelo SCR e uma lâmpada em série com a rede elétrica. Ao lado, temos as formas de onda
resultantes do circuito. A onda sem preenchimento é a onda alternada da tomada sem
tratamento. Já no primeiro gráfico, chamado “Tensão na Lâmpada 1”, é a onda retificada,
como aconteceria com um diodo comum (como um retificador de meia onda), porém esta
onda só tem esse formato porque o gatilho é dado logo no início da onda, como podemos
ver em “Gatilho 1”. Ou seja: o pulso inicia quando a onda da rede inicia. Perceba também
que, quando a tensão cai a zero, o SCR para de conduzir como um diodo comum e é
necessário outro pulso no gatilho no próximo semiciclo positivo. Lembre-se de que estes
pulsos são feitos por um circuito de disparo sincronizado com a rede.

Figura 3 - Circuito exemplo de controle de lâmpada incandescente

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Já na onda “Tensão na Lâmpada 2”, vemos que a onda só inicia quase na metade da
onda da rede, ou seja, o SCR só conduz metade da onda, e a luminosidade da lâmpada será
menor, pois a tensão na lâmpada é menor. A condução coincide com o início do “Gatilho 2”
como era de se esperar.

Por fim, temos a onda “Tensão na Lâmpada 3”, em que a parte da onda da rede que
é fornecida para a lâmpada é ainda menor, e a condução do SCR só inicia quando o “Gatilho
3” inicia. Assim, dependendo de onde iniciamos o disparo do gatilho, aumentamos ou
diminuímos a intensidade da luz na lâmpada. Importante salientar que somente lâmpadas
incandescentes podem ser controladas desta forma.

Outras aplicações de SCR são o controle de motores e carregadores de bateria. Note


que, apesar de só trabalhar no estado conduzindo ou não conduzindo, ele transfere mais
ou menos tensão para carga, assim podemos controlar a velocidade de motores, a corrente
de carregamento das baterias e a intensidade da iluminação (se usarmos lâmpadas
incandescentes).

2.2 TRIAC

Os TRIACs são a abreviatura em inglês de Triodo de Corrente Alternada, e seu símbolo é


mostrado na Figura 4 - Símbolo do TRIAC. Nele podemos verificar que o desenho se
assemelha a dois SCRs em antiparalelos, ou seja, dois SCR com os polos invertidos. Assim,
em um terminal, temos o anodo do SCR 1 e o catodo do SCR 2, e, no outro terminal, o
catodo do SCR 1 e o anodo do SCR 2, porém os terminais de gatilho são ligados juntos. Como
em um mesmo terminal temos anodo e catodo, convencionou-se chamar apenas T1
(terminal 1) e T2 (terminal 2); o gatilho mantém o nome já que é único.

Figura 4 - Símbolo do TRIAC

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Na prática, eles se diferenciam dos SCR por conduzirem tanto no semiciclo positivo
quanto no semiciclo negativo. O acionamento é feito da mesma forma, ou seja, com um
pulso no gatilho, o TRIAC conduz até que a tensão entre anodo e catodo (no caso do TRIAC,
tensão entre T1 e T2) vá a zero. No semiciclo negativo, porém, também é necessário dar um
pulso no gatilho para que ele conduza neste semiciclo igualmente. A Figura 5 - Formas de
onda em um TRIAC com gatilhos em pontos diferentes da onda mostra as diferentes formas
de onda considerando pulsos no gatilho mais próximos ou mais distantes do início da onda.

Figura 5 - Formas de onda em um TRIAC com gatilhos em pontos diferentes da onda

A vantagem dos TRIACs sempre em relação aos SCRs é que eles controlam uma faixa
de potência maior. Enquanto nos SCR temos só 50% da potência controlada, já que um
semiciclo é cortado, nos TRIAC conseguimos trabalhar com 100% da onda, pois controlamos
os dois semiciclos. Isto propicia maior simplicidade, praticidade e eficiência no controle de
motores e resistência de aquecimento que trabalham em corrente alternada.

Uma aplicação do TRIAC é o controle de temperatura de chuveiros eletrônicos. O


chuveiro eletrônico é um chuveiro em que podemos ajustar a temperatura através de um
potenciômetro localizado no próprio corpo do chuveiro. Ao girarmos o potenciômetro,
podemos aumentar ou diminuir a tensão que fica sobre o resistor de aquecimento, fazendo
com que ele aumente ou diminua a temperatura da água. Um exemplo de chuveiro
eletrônico e a posição do potenciômetro são mostrados na Figura 6 - Chuveiro eletrônico.

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Figura 6 - Chuveiro eletrônico

A função do potenciômetro do chuveiro é justamente ajustar a posição do gatilho do


TRIAC. Se quisermos uma temperatura maior, fazemos o gatilho dar o disparo logo no início
da onda, e, se quisermos uma temperatura menor, fazemos o gatilho ser disparado ao final
da onda. Com isso, mais ou menos tensão vai para o resistor de aquecimento do chuveiro,
aumentando ou diminuindo a temperatura da água.

2.3 DIAC

O DIAC é abreviatura em inglês de Diodo para Corrente Alternada. Ele possui apenas
dois terminais e seu símbolo é mostrado na Figura 7 - Símbolo do DIAC. O símbolo lembra
dois diodos em antiparalelo, ou seja, em paralelos, porém com as polaridades trocadas.
Assim, é como se de um lado tivéssemos o anodo do diodo 1 e o catodo do diodo 2 e, no
outro lado, o catodo do diodo 1 e o anodo do diodo 2; por isso, convencionou-se chamar
apenas de A1 (anodo 1) e A2 (anodo 2). E, dessa forma, ele se comporta como um diodo
que conduz nos dois sentidos.

Figura 7 - Símbolo do DIAC

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Mas você deve estar se perguntando: para que serve um diodo que conduz nos dois
sentidos? Bastaria ter um fio que ele conduziria nos dois sentidos.

A grande diferença é que é necessária uma tensão determinada entre A1 e A2 para que
ele conduza, e esta tensão varia de modelo para modelo, podendo ser entre 20V a 40V.

Eles são muito utilizados no disparo dos circuitos com TRIAC. A Figura 8 - Circuito de
controle de luminosidade da lâmpada mostra um exemplo disso. Nela vemos um TRIAC que
alimenta uma lâmpada, como havíamos visto anteriormente, porém temos um DIAC ligado
no gatilho do TRIAC, fazendo o papel do circuito de disparo. A lógica é a seguinte: o
potenciômetro POT é ajustável e é utilizado para aumentar e diminuir a luminosidade da
lâmpada. Mas como ele faz isso? Quanto maior a resistência que colocamos no
potenciômetro, menor será a corrente no capacitor C1, então a onda de tensão alternada
irá demorar mais tempo para carregar o capacitor.

Figura 8 - Circuito de controle de luminosidade da lâmpada


Fonte: Vida de Silício,2020

O DIAC, por sua vez, só dará o disparo no gatilho do TRIAC quando a tensão sobre ele
for de 20V, ou seja, quando a tensão no capacitor for de 20V. A tensão de 20V no capacitor
será alcançada antes se o potenciômetro POT estiver regulado para uma resistência menor,
e será alcançada depois se POT estiver com uma resistência maior.

Em resumo, com o potenciômetro e a ajuda do DIAC, conseguimos dar um pulso no


gatilho no início ou no final da onda, enviando mais ou menos tensão para a lâmpada,
aumentando ou diminuindo a sua luminosidade.
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Você precisará conhecer os TRIACs, pois eles são utilizados, por exemplo, em lavadoras de roupa no
acionamento dos atuadores da máquina.

IMPORTANTE: SCR, TRIACs e DIACs apresentam tensões máximas e correntes máximas


suportadas.

NUNCA SUBSTITUA UM SCR, TRIAC OU DIAC POR OUTRO DE MODELO DIFERENTE.

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3 FONTES CHAVEADAS

Vimos anteriormente que muitos eletrodomésticos necessitam de uma alimentação


em corrente contínua para a sua placa de controle e processamento. E vimos que podemos
fazê-lo a partir de fontes lineares.

Porém, qual o grande problema das fontes lineares? O seu tamanho e peso
principalmente, devido ao tamanho do transformador rebaixador. À medida que
necessitamos maior potência e corrente, o transformador cresce consideravelmente. Além
disso, as fontes lineares têm uma eficiência baixa e apresentam variação na tensão de saída.

Porém, as fontes lineares são mais simples, robustas e possuem menos componentes;
assim, em alguns casos, elas podem ser boas opções. Mas principalmente para
equipamentos que consomem muita corrente ou equipamentos mais modernos, elas não
são tão interessantes.

Uma alternativa às fontes lineares são as fontes chaveadas. Elas têm maior rendimento
e menor peso e volume.

Para entendermos o princípio de funcionamento de fontes chaveadas, vamos nos


basear em um diagrama de blocos em que temos uma fonte linear e uma fonte chaveada.
O diagrama pode ser visto na Figura 9 - Diagrama de Blocos comparativo entre fontes
lineares e chaveadas.

Primeiro vamos recapitular os estágios de uma fonte linear:

 Transformador: A tensão da tomada é rebaixada no transformador de 110V ou


220V para uma tensão de 12V, por exemplo.
 Retificação: Com um conjunto de 4 ou 2 diodos, se estivermos usando o tap
central, transformamos a onda de alternada para pulsante positiva.
 Filtragem: Utilizando um capacitor, suavizamos a onda pulsante e a tornamos
mais próxima a uma tensão contínua.

Já na fonte chaveada temos:

 Retificação;
 Filtragem;
 Chaveamento;
 Retificação;
 Filtragem.

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Figura 9 - Diagrama de Blocos comparativo entre fontes lineares e chaveadas


Fonte: ROCHA, 2019. Adaptado

Na retificação, a tensão alternada de entrada passa por um retificador de onda


completa, tornando-se uma onda pulsante positiva.

Logo após, temos a filtragem em que um capacitor suaviza a onda pulsante e a torna
próxima a uma tensão CC. Lembre-se de que neste estágio ainda estamos com uma tensão
de valor elevado em torno de 317V em 220V e 182V em 110V.

Com uma tensão CC elevada, passamos para a etapa de chaveamento. Este é o


diferencial da fonte e dá nome a ela. Temos um transistor trabalhando como chave; ele
abre e fecha o circuito em uma frequência (velocidade) muito maior que a tensão da
tomada. Na tensão residencial, temos 60Hz enquanto este chaveamento é de 20KHz, ou
ainda maior, ou seja, no mínimo 300 vezes maior.

Após o chaveamento, a onda passa por um transformador que transforma estes pulsos
quadrados (do tipo liga e desliga) em pulsos suaves, voltando a dar um formato senoidal
para a tensão. Mas por que retificamos e voltamos a tornar a onda senoidal? Pois com uma
frequência maior do chaveamento, conseguimos uma onda senoidal de maior frequência e,
assim, com transformadores menores, conseguimos fazer o rebaixamento da tensão de
317V ou 182V para tensões menores como a que queremos, como no exemplo 12V.

Com uma onda senoidal de apenas 12V da saída do transformador, voltamos a retificar
esta nova onda para obtermos uma nova onda pulsante positiva, porém agora de 12V.

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A onda pulsante de 12V passa por nova filtragem, em que outro capacitor suaviza a
onda pulsante positiva para, enfim, fornecer os 12V em corrente contínua para a saída.

Porém, além destes blocos, a fonte chaveada necessita fazer um controle sobre o
chaveamento, isto porque quanto maior for a corrente solicitada pela carga à fonte, mais
rápido deve ser o chaveamento, a fim de fornecer mais corrente sem que a tensão caia.
Para isso, temos:

 Sensor;
 Controlador.

O sensor controla o valor de tensão da saída. Quando este valor cai muito, ela manda
um sinal para que o controlador atue no chaveamento do transistor, aumentando o
chaveamento.

Já o controlador recebe o sinal do sensor e atua diretamente na porta do transistor,


fazendo-o chavear (conduzir e parar de conduzir) mais rápido ou mais devagar, dependendo
da velocidade de chaveamento necessária.

As partes da fonte chaveadas são mostradas na Figura 10 - Fonte Chaveada. Nela


podemos ver os componentes responsáveis pela retificação e filtragem de entrada, o
chaveamento, o transformador e a retificação e filtragem da saída.

Figura 10 - Fonte Chaveada

Assista a um vídeo que mostra a diferença entre fontes lineares e


chaveadas: https://www.youtube.com/watch?v=jlSY0FmIpq4

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Você precisará conhecer o funcionamento das fontes chaveadas, pois elas são utilizadas na maior parte dos
eletrodomésticos modernos que possuem painel de funções, como geladeiras, micro-ondas, lavadoras, entre
outros.

Agora resolva os exercícios para fixar as aprendizagens desse tópico e, assim, efetuar
consertos de eletrodomésticos com presteza, qualidade e principalmente com
segurança!

3.1 Exercícios sobre Transistores e Fontes Chaveadas

1. Analise as afirmações abaixo e marque F para falso ou V para verdadeiro,


justificando as falsas.

1.1. ( ) SCR, TRIAC e DIAC são tipos de tiristores.

1.2. ( ) Tiristores podem ser usados como amplificadores.

1.3. ( ) A vantagem de acionar um circuito a partir de um tiristor em vez de um


transistor é que os tiristores conseguem acionar cargas de potência maior.

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1.4. ( ) A vantagem de acionar um circuito a partir de um tiristor em vez de um


relé é que o tiristor não possui partes mecânicas e, por isso, não sofre desgaste
mecânico, resultando em menor manutenção.

1.5. ( ) O SCR possui 3 terminais: anodo, catodo e gatilho.

1.6. ( ) O SCR, quando recebe um pulso positivo na porta, conduz entre anodo e
catodo.

1.7. ( ) O SCR pode conduzir tanto no semiciclo positivo quanto no semiciclo


negativo.

1.8. ( ) É preciso dar um novo pulso a cada semiciclo positivo no SCR.


1.9. ( ) O SCR só pode ser utilizado para ligar e desligar cargas, não conseguindo
controlar a intensidade de potência enviada a elas.

1.10. ( ) O TRIAC se assemelha à função de dois SCRs em antiparalelo.

1.11. ( ) O TRIAC consegue controlar os dois semiciclos da onda alternada.

1.12. ( ) O TRIAC possui dois gatilhos, sendo necessário acionar um gatilho no


semiciclo positivo e outro no negativo.

1.13. ( ) Para manter a condução, devemos manter a tensão positiva no gatilho do


TRIAC.

1.14. ( ) Um exemplo de aplicação de TRIAC é o controle de temperatura de


chuveiros eletrônicos.

1.15. ( ) O TRIAC para de conduzir naturalmente quando a tensão entre T1 e T2


cai a zero.

1.16. ( ) O TRIAC pode transferir mais potência à carga que o SCR e, por isso, é
mais prático no acionamento de equipamentos em CA.

1.17. ( ) O DIAC se assemelha à função de dois diodos em antiparalelo, porém com


tensão de condução maior, entre 20V e 40V.

1.18. ( ) Um exemplo de aplicação do DIAC é o circuito de disparo de TRIACs.

1.19. ( ) Fontes chaveadas são alternativas às fontes lineares.

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1.20. ( ) Fontes chaveadas são encontradas em eletrodomésticos modernos que


possuem painel com funções.

1.21. ( ) A grande vantagem das fontes chaveadas é o menor peso e volume para
uma mesma potência, principalmente por causa do seu transformador menor.

1.22. ( ) A primeira etapa de uma fonte chaveada é o rebaixamento da tensão


através de um transformador rebaixador.

1.23. ( ) Fontes chaveadas possuem duas etapas de retificação e filtragem, uma


na entrada da corrente alternada e uma após seu transformador.

1.24. ( ) Fontes chaveadas possuem apenas as etapas de retificação, filtragem,


chaveamento, retificação e filtragem novamente.

1.25. ( ) Nas fontes chaveadas, a retificação é feita por um conjunto de diodos.

1.26. ( ) Nas fontes chaveadas, a filtragem é feita pelo transformador.

1.27. ( ) Nas fontes chaveadas, o chaveamento é feito por uma chave manual.

3.2 Respostas dos exercícios sobre Transistores e Fontes


Chaveadas

1.

1.1. V

1.2. F – Os tiristores são utilizados apenas como chaves.

1.3. V

1.4. V

1.5. V

1.6. V

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1.7. F – SCRs conseguem conduzir apenas no semiciclo positivo, cortando o


semiciclo negativo.

1.8. V

1.9. F – Apesar de trabalhar ligando e desligando cargas, os SCRs transferem uma


parte maior ou menor da onda para a carga, transferindo, assim, mais ou
menos potência para a carga.

1.10. V

1.11. V

1.12. F – No TRIAC, o gatilho é único.

1.13. F – Para que o TRIAC conduza, é necessário apenas um pulso de tensão, não
é necessário mantê-la.

1.14. V

1.15. V

1.16. V

1.17. V

1.18. V

1.19. V

1.20. V

1.21. V

1.22. F – A primeira etapa é a retificação da onda sem rebaixá-la.

1.23. V

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1.24. F – Elas possuem um sensor que faz a leitura da tensão da saída e envia um
sinal para o controlador aumentar ou diminuir o chaveamento, conforme o
nível de tensão da saída.

1.25. V

1.26. F – A filtragem é feita por um capacitor ou um conjunto de capacitores que


suaviza a onda pulsante positiva.

1.27. F – O chaveamento é feito por um transistor trabalhando como chave. Na


porta do transistor, é colocado um controlador que envia um sinal para que o
transistor faça o chaveamento (conduzindo e parando de conduzir) mais
rápido ou mais devagar.

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4 FIM DA APOSTILA

Parabéns, estudante!

Você concluiu a apostila Conceitos Fundamentais de Eletricidade e Eletrônica III –


Tiristores e Fontes Chaveadas do curso Reparador de Eletrodomésticos.

Se você já fez todos os exercícios desta apostila, vá até o Moodle e assista ao vídeo
desta aula.

Não fique com dúvidas: utilize o fórum para dirimi-las.

Quando se sentir seguro, responda o questionário deste TÓPICO no Moodle de forma


a ficar apto para seguir para o próximo tópico do curso.

Aplique o que você aprendeu neste curso, preserve sua segurança e a segurança dos
seus clientes, trabalhe com prevenção e tenha tolerância zero com atos e condições
inseguras.

Os efeitos de um acidente no local de trabalho podem durar toda uma vida. Se você for
ferido, a qualidade da sua vida poderá ser seriamente afetada. Se você for morto, sua
família nunca mais será a mesma. E se você causar ferimentos ou a morte de outra pessoa,
terá de carregar esse peso nas costas para o resto de sua vida. A melhor maneira de ajudar
a prevenir um acidente no local de trabalho é fazer da segurança a maior prioridade.

A vida em primeiro lugar. Não confie na sorte, trabalhe com segurança.

TENHA SEMPRE MUITO CUIDADO!


ESTA É A ORDEM DO DIA.
TODO DIA!

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


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BIBLIOGRAFIA
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de Janeiro: Pearson Prentice Hall, 2004.

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