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GUIA DO ARTISTA VISUAL


Inserção e Internacionalização
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MAPA DE CONTEÚDO

- MAPA DE CONTEÚDO -
Apresentação 07 Introdução 08

PARTE A - O ARTISTA E O SISTEMA


1 - O sistema da arte e suas especificidades 13 4 - Os agentes do sistema 29

-3-
•A
 s 3 dimensões do sistema da arte 13 •M
 useus e instituições 29
•A
 s dinâmicas do sistema da arte 14 •E
 spaços autônomos 30
•A
 gentes do sistema da arte 15 •C
 uradores de arte 32
•P
 lataformas do sistema da arte 17 •C
 ríticos de arte 34
•C
 olecionadores 35
2 - O sistema da arte no Brasil 20 •B
 ienais 36
•C
 alendário de bienais no mundo 39 - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
•F
 ormação histórica 20 •G
 alerias de arte 40
•L
 eis de incentivo 24 •M
 ercado primário 40
•E
 ditais públicos e privados 26 •M
 ercado secundário 42
•P
 rêmios públicos e privados 26 •C
 onsultores de arte 43
•P
 olíticas públicas 27 •C
 asas de leilão 44
•F
 eiras de arte 46
3 - O artista e o sistema da arte 28 •C
 alendário de feiras no mundo 49
•O
 papel das feiras e das bienais 51
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PARTE B - PRODUÇÃO
1 - Formação e capacitação do artista 53 4 - Uso das plataformas digitais 75

•C
 ontexto 53 •C
 ontexto 75
•A
 cademia x mercado 53 •C
 omo criar suas 76

- MAPA DE CONTEÚDO -
plataformas digitais
2 - Relação entre o artista e a obra 54 •  Site 76
•P lataformas institucionais 77
•O
 bras seriadas, edições e múltiplos 54 e comerciais
•O
 bras comissionadas 55 •R edes sociais 78
•S
 ite-specific 56
•P
 rojetos 56 5 - Apresentação de projetos 79
•L
 ivro de artista 56 para bolsas, prêmios e residências
•F
 ormas de catalogação 57
•C omo organizar as informações 57 •C
 omo se informar 79
•C omo catalogar a sua obra 58 •F
 azendo escolhas estratégicas 80
•F
 icha técnica 58 •C
 omo preparar uma candidatura 81
•C omo preencher uma 59 •Q
 uestões práticas e legais de 82
ficha técnica residências internacionais
•R
 egistro fotográfico 59 •R
 epatriação de obras 82
•P asso a passo para fazer 59 produzidas no exterior

-4-
o registro fotográfico •M
 udança de país: isenção fiscal 83
•R egistro profissional 62
por fotógrafo 6 - Planejamento e execução de uma exposição 84
•N
 oções básicas de conservação, 63
restauro e armazenagem • Idealização 84
•  Como cuidar do seu acervo 63 • Pré-produção 84
•O
 utros documentos 68 • Cronograma e orçamento 85
•T ransporte de obras 68 • Produção 86
•C ertificado de autenticidade 69 • Pós-produção 87 - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
• Ações socioeducativas e monitoria 87
3 - Apresentação da produção 70
7 - Relação com imprensa, editoras e demais canais 88
•E
 laboração de textos autorais 70
(artists’ statements) • Material de divulgação 88
•C
 urrículo profissional e minibio 71 • Press release 89
•C
 omo fazer seu currículo 71 •M ailing list e e-mails 89
•C
 omo fazer sua minibio 73 de divulgação
•C
 onstrução do portfolio 73 • Relacionamento com a mídia 90
•C
 omo organizar visitas ao 74 • Editoras e publicações próprias 91
ateliê (studio visits) •P asso a passo para fazer 92
a sua publicação
•V enda independente 93

8 - Arte aplicada, licenciamento e indústria criativa 94


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PARTE C - OPERACIONALIZAÇÃO
1 - Pessoa jurídica x pessoa física 96 5 - Relação com a galeria nacional e internacional 121
•Q
 ual é a diferença? 96 •R
 elação comercial 121
•P
 lanejando virar PJ 97 •T
 rabalho sem vínculo 121
•C
 aracterísticas da pessoa física 97 •R
 epresentação comercial 122

- MAPA DE CONTEÚDO -
•C
 aracterísticas da pessoa jurídica 101 •T
 abela das comissões pagas a 123
galerias pelo agenciamento
2 - Como virar pessoa jurídica 103 •R
 elação jurídica: tipos de contrato 123
•C
 ontrato de consignação 123
•P
 or que virar PJ 103
de obra de arte
•M
 EI 103
•C
 ontrato de representação exclusiva 124
•L
 imite de faturamento 103
•C
 ontrato de parceria e 124
•B
 enefícios 104
comercialização de obra
•T
 ributos e obrigações 104
•C
 ontrato de compra 124
•P
 reparação 105
e venda de obra
•D
 esenquadramento 106
•C
 ontrato de compra de 124
•S
 imples nacional 107
obra sob encomenda
•L
 imite de faturamento 108
•T
 ermos dos contratos 124
•B
 enefícios 108
•T
 ributos e obrigações 108
6 - Relação com instituições 126
•P
 reparação 111
nacionais e internacionais
•8
 passos para abrir uma 111
microempresa ou empresa •V
 endas 126

-5-
de pequeno porte •E
 mpréstimos 126
•C
 ontratação de colaboradores 112 •D
 oações 127
•C
 omo fica a empresa 114
em caso de dívida 7 - Relações com coleções privadas e corporativas 128
•H
 istórico 128
3 - Planejamento de carreira 114
•V
 endas 128
•T
 raçando estratégias 114 •E
 mpréstimos e doações 129
•P
 or que se profissionalizar 115 •M
 ecenato 129 - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
•P
 lanejamento de carreira 115
•N
 etworking: construindo 117 8 - Plataformas de venda online 130
redes de contato
•C
 ontexto 130
4 - Direitos autorais 117
9 - Precificação das obras 130
•D
 ireito patrimonial e 117
•C
 omo encontrar o valor ideal? 130
direito de autor
•O
 que é o valor por metro? 133
•D
 ireitos morais 118
•T
 rabalho em série 133
•R
 equisitos para proteção de obras 118
•É
 bom dar desconto? 134
•D
 ireitos de imagem da obra 119
•L
 imites da citação 119
10 - Obrigações de comunicação ao Iphan 134
•D
 ireitos de terceiros x plágio 119
•D
 ireito da personalidade 119 •M
 edidas para prevenir a 134
•D
 ireito de sequência 120 lavagem de dinheiro
•L
 iberdade de expressão 121 •S
 ituações consideradas suspeitas 135
de lavagem de dinheiro
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PARTE D – INTERNACIONALIZAÇÃO
1 - Um breve histórico 138 5 - As modalidades de exportação 150

2 - Por que pensar em internacionalização 140 •E


 xportação definitiva 150
•E
 xportação em consignação 151

- MAPA DE CONTEÚDO -
•3
 razões para internacionalizar 140 •E
 xportação temporária 152
sua arte •E
 xportação direta 154
•2
 estratégias para se 141 •E
 xportação indireta 155
internacionalizar •E
 xportação de serviços 156
•C
 riar suas próprias oportunidades 141
•A
 tuar com agentes e plataformas 141 6 - As modalidades de importação 157
de internacionalização
•A
 gentes e plataformas de 141 • I mportação definitiva 158
internacionalização •R  egime de admissão temporária 159
•C
 omo se preparar 143
7 - Formação de preços para o 160
3 – Comércio exterior: definições 143 mercado internacional

•O  que é 143 •C
 ustos que impactam 160
•Q  uais são as regras 143 a exportação
•O  perações básicas 144 •C
 ustos que impactam 160
•E  xportação 144 a importação
• I mportação 144 •S
 imulação da formação de preços 161

-6-
•P  arcerias internacionais 145
•V  endas diretas 145 8 – Transações comerciais internacionais 162
•Ó  rgãos públicos e facilitadores 146
envolvidos no processo •Q
 uem pode fazer a venda 162
•R  eceita Federal do Brasil (RFB) 146 •C
 omo receber pela transação 163
•D  espachante aduaneiro 147 •D
 ocumentos necessários 163
•C  orretoras de câmbio 147
•B  anco Central do Brasil 148
• I phan 148 - GUIA DO ARTISTA VISUAL -

4 - Como se preparar: requisitos jurídicos, 148


administrativos e burocráticos

•P
 essoa física ou jurídica? 148
•P
 or onde começar 149
•H
 abilitação no Radar 149
•R
 egistro no SISCOMEX 150

Referências Bibliográficas 165 Ficha Técnica 170

Agradecimentos 169
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- APRESENTAÇÃO -
APRESENTAÇÃO
Responsáveis por 2,64% do PIB brasileiro, as atividades culturais
e criativas são vocações da sociedade brasileira e constituem um
setor dinâmico da economia e da vida social do país. Apresentam
elevado impacto sobre a geração de renda, emprego, exportação,
valor agregado e arrecadação de impostos. Têm ainda uma
presença crescente no dia a dia dos cidadãos, contribuindo
decisivamente para a formação e a qualificação dos indivíduos, o
reforço dos elos identitários e a construção de uma imagem positiva
do Brasil. Produzem ativos com duplo benefício: econômico e
social. São, portanto, vetores de desenvolvimento.

O lançamento deste Guia integra o esforço do Ministério da

-7-
Cultura para estimular o crescimento da economia criativa
brasileira e valorizar o setor, que pode (e deve) ser apoiado pelo
poder público. A política cultural é essencialmente uma política de
promoção de desenvolvimento econômico e social. E o estímulo
à profissionalização de artistas, produtores e empreendedores
constitui um elemento fundamental desta política. Espero que
as informações e orientações apresentadas aqui sirvam para
impulsionar a produção dos nossos artistas visuais e sua difusão
nos mercados interno e externo. Desta forma, as artes visuais
brasileiras contribuirão ainda mais para o país. Talento não falta.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

Sérgio Sá Leitão,
Ministro da Cultura
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INTRODUÇÃO

O
Guia do artista visual: inserção sobre a qual falaremos a seguir –, pro-
e internacionalização se tornou posta pelo projeto e conduzida junto a
possível por meio de um edital artistas em atividade.
aberto pelo Departamento de Promo- Além disso, houve o convite a re-
ção Internacional do Ministério da Cul- presentantes do setor de artes visuais
tura em parceria com a UNESCO. A feliz para aconselhamento sobre as diretri-

- INTRODUÇÃO -
iniciativa foi motivada pela percepção zes tomadas e sobre o conteúdo em
de que só são possíveis a organização si. A esse grupo chamou-se Comitê
e o crescimento saudáveis de um setor Científico, e ele foi composto por uma
por meio da consolidação das forças artista, uma gestora cultural e uma
que o erguem e o fazem operar. produtora cultural, além da equipe do
No caso do setor das artes visuais, próprio Ministério da Cultura.
considera-se o próprio artista elemen- Por fim, para finalização do mate-
to propulsor do sistema e, sua produ- rial e tradução deste denso documento
ção intelectual e plástica, a única razão em uma linguagem de fácil consulta e
de ser da prática de todos os demais entendimento, trabalhamos com uma
agentes envolvidos nesta cadeia. Por- equipe de duas editoras, uma revisora
tanto, acredita-se que, quanto melhor e dois designers.
for a atuação do artista, melhor se da- Ficamos agradecidos pela oportuni-
rão as relações entre os demais partici- dade de ter trabalhado com tantos co-
pantes do setor e mais assertivas serão laboradores diferentes em contato com
as ações que levarão suas proposições a equipe técnica. A troca constante e em
aos diferentes públicos. tantas frentes tornou o material muito

-8-
mais rico e, esperamos, mais propenso a
Colaboradores atingir os objetivos colocados.
A Ficha Técnica que nomeia todos
PARA CUMPRIR O DESAFIO de reunir em um os citados acima encontra-se no final
só documento as várias questões que do Guia.
orbitam, regem e impactam a prática do
artista, entendeu-se que seria necessário Premissas e objetivos
a formação de uma equipe multidiscipli-
nar para somar diferentes saberes e dar HOUVE MUITAS MUDANÇAS nos últimos
densidade aos assuntos de interesse. quinze anos no setor de artes visuais
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Essa equipe técnica foi formada no Brasil. Com a crescente profissio-
por convite feito em março de 2018 a nalização do sistema da arte no Brasil
profissionais que atuam no sistema da e sua internacionalização como um
arte e têm contato diário com as ques- todo, surge a necessidade do artista
tões abordadas. Colegas das seguintes também buscar o aperfeiçoamento
áreas se comprometeram: administra- de suas práticas administrando difi-
tiva, contábil, jurídica e de comércio ex- culdades e eliminando obstáculos de
terior, comunicação e curadoria. O grupo diferentes naturezas que possam estar
trabalhou por oito meses e constituiu o impedindo o desenvolvimento de todo
núcleo duro responsável pelo projeto. seu potencial.
Somou-se a essa equipe técnica,
paralelamente, uma turma de cinco TENDO ISSO EM VISTA, A EQUIPE DO PROJE-
alunos voluntários do curso de artes TO ACORDOU AS SEGUINTES PREMISSAS:
visuais por meio de uma parceria com •R
 econhecer e acolher a diversidade
o Centro Universitário Belas Artes de de oportunidades profissionais que se
São Paulo. Essa turma realizou a aná- apresentam a artistas de diferentes ter-
lise de dados da pesquisa interna – ritórios, origens, formações e gerações;
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•A
 presentar ao artista os cenários, Pesquisa interna
ferramentas e regulações para que
ele próprio decida quais são as me- PARA CUMPRIR AS PREMISSAS citadas ante-
lhores estratégias e caminhos a se- riormente, a equipe mobilizou-se para
rem seguidos de acordo com seu realizar uma pesquisa interna que per-
propósito; mitisse consultar os artistas sobre seu
•N
 ão oferecer uma receita de suces- perfil, sua forma de atuação, suas prin-
so, pois acreditamos que isso não cipais dificuldades e obstáculos. Este
exista. Ao invés disso, apresentar item não estava previsto no edital e foi

- INTRODUÇÃO -
opções para que o artista perca me- uma iniciativa da equipe técnica para
nos tempo e energia em seus esfor- alicerçar e alinhar nossas decisões às
ços a fim de atingir seus objetivos práticas correntes dos artistas.
mais assertivamente; Foi criado internamente um ques-
•O
 rganizar a informação e adequar a tionário online de cerca de 80 ques-
linguagem de forma a facilitar a lei- tões. Este questionário foi distribuído a
tura e a consulta. A pesquisa: uma lista de inicial de 220 artistas com

80
a ajuda de cerca de 25 multiplicadores.
E, A PARTIR DESSAS PREMISSAS, A lista de artistas foi construída a partir
FORAM TRAÇADOS OBJETIVOS PARA
questões de contatos dos próprios membros da
ESTE DOCUMENTO. SÃO ELES: equipe técnica e o critério de constru-
ção foi buscar a diversidade nas ques-
•F
 ormular um conteúdo abrangente
o suficiente para ser útil integral ou 220 tões geracionais e de território, além
do grau de maturidade e experiência.
parcialmente a artistas com dife- artistas Foram incluídos alguns artistas brasi-
rentes graus de maturidade, opor- contatados leiros residentes fora do país e artistas
tunidades profissionais e objetivos diretamente estrangeiros residentes no Brasil.

-9-
de carreira; Em relação aos multiplicadores,
•S
 ensibilizar o artista para a im- buscamos ajuda de curadores, gesto-
portância de desenvolver com-
petências decisórias, de gestão e
25 res, produtores, jornalistas e professo-
res para distribuir o questionário em
multiplicadores
comunicação para que, além do seus círculos, ampliando o alcance
desenvolvimento do seu trabalho quantitativo e qualitativo de potenciais
artístico, ele também esteja prepa-
rado para administrar sua carreira a 117 respondentes. Ao final tivemos 118 res-
pondentes sendo que 1 não permitiu
médio e longo prazos; respondentes o uso de suas respostas. Portanto, na
•O
 rganizar os temas de maneira a prática, foram 117 respondentes.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
permitir consultas pontuais a ques- Como condição fundamental, as
tões mais urgentes e específicas ou respostas foram anônimas e só fo-
uma leitura corrida com desencade- ram divulgadas de forma consolidada
amento de assuntos interligados; e não individualizada. O questionário
•C
 riar um material que também pos- concentrou-se nas seguintes sessões:
sa ser útil a demais agentes do sis-
tema e pesquisadores da área, orga- 1 - Formação
nizando, por exemplo, uma extensa 2 - Práticas profissionais
lista de referências bibliográficas. 3 - Inserção comercial
4 - Inserção institucional
5 - Vivendo de arte
6 - Esferas de atuação
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Perfil dos respondentes:

Onde residem Representação comercial

1,7 %
9,4 %
Região Sul
Região Centro-Oeste
50, 4%
12 % são representados por galerias de
No exterior arte nacionais ou internacionais

- INTRODUÇÃO -
58,1 % Deste grupo,
Região Sudeste
5%
são
representados
18,8 % por galerias
Região Nordeste internacionais
76 , 2 %
Formação são representados
18 , 6 % por galerias
são
Artes visuais,
nacionais
representados
por galerias
Arquitetura, nacionais e
internacionais
Design,
Cinema/ Audiovisual
e Publicidade e propaganda

22%
IMPORTANTE

- 10 -
Dos artistas respondentes possuem A equipe entende que esta
mais de uma área de formação pesquisa é uma referência.
Seus resultados e alcance
Nível de estudo certamente são limitados e
estão longe de representar o
47 % universo de artistas em atividade
no Brasil. Lembramos que
35 % esta iniciativa não é o principal
objetivo deste documento
e sequer foi elaborada e
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
analisada por profissionais
12,8 % especializados em estatística.
5,13 % Ela é um acessório ao conteúdo
Especialização Graduação Doutorado Ensino principal desenvolvido para
ou mestrado fundamental suportá-lo e confrontá-lo com
ou ensino
médio a realidade de um segmento.
Resultados coletados
Tempo de carreira e analisados a partir das
respostas ao questionário
12 % estão distribuídos ao longo dos
Mais de 26 anos
capítulos engajando-se com os
respectivos temas. Nestes casos,
24 , 8 % 63 , 2 % a fonte dos dados sempre será
Até 10 anos Entre 11 e 25 anos
citada como “Pesquisa própria”.
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Como usar? ficada, visando esclarecer e auxiliar o


artista a tomar a melhor decisão na
NÃO EXISTE UMA ORDEM determinada para hora de se estabelecer juridicamente,
uso do Guia. A sua organização convi- contratar colaboradores. Também são
da a uma leitura corrida ou consulta fornecidas informações importantes
pontual. O leitor pode usufruir da infor- sobre planejamento e gestão de car-
mação conforme sua necessidade es- reira. Questões comerciais com outros
pecífica ou fazer uma apreensão mais agentes, de precificação de obras e
panorâmica do conteúdo na ordem direito autoral são encontradas nesta

- INTRODUÇÃO -
que mais lhe convier. parte do Guia.
O conteúdo está organizado em
quatro grandes partes. Estas se refe- POR FIM, A PARTE D apresenta o tema
rem aos diferentes universos que per- da Internacionalização. São expos-
meiam a carreira do artista visual. Não tas aqui razões, formas e estratégias
há hierarquia entre elas até porque, na para se internacionalizar e os diver-
prática, são como pratos que o artis- sos agentes e plataformas envolvidos
ta mantém rodando simultaneamen- nesse processo, bem como noções de
te. As partes e o posicionamento dos comércio exterior e suas operações
conteúdos não sugerem um encadea- em diversas modalidades. Além disso,
mento linear de ações, roteiro, percur- esta parte aborda temas da comer-
so ou passo a passo. cialização de obras como precificação
para o mercado internacional e transa-
A PARTE A trata do Artista e o siste- ções internacionais, seus procedimen-
ma da arte, e aqui estão informações tos e documentos necessários.
gerais sobre as dimensões e dinâmicas
do sistema da arte no Brasil, seus agen- COM ESTE MATERIAL em mãos o artista é

- 11 -
tes, plataformas e outras informações capaz de cuidar de sua carreira de for-
históricas que ajudam o artista a situar ma consciente, estabelecendo estraté-
o sistema da arte dentro de um con- gias e relações criteriosas para sua ges-
texto maior e situar a si próprio dentro tão. Trata-se também de uma valiosa
da cadeia produtiva da arte. Esta parte ferramenta que vai ajudar a reconhecer
traz também uma descrição genérica e superar os diversos desafios que po-
sobre cada um dos agentes do siste- dem aparecer no que, esperamos, seja
ma e suas plataformas. uma longa e gratificante carreira.

A PARTE B abrange temas relacionados Boa leitura!


- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
à Produção, à formação do artista, à
criação de arquivo, noções de cata- Equipe técnica:
logação, manutenção, conservação Cristiana Tejo
e restauro de obras, documentação Cristiane Olivieri
necessária para a proteção do artista Danielle Giovi Abrahamsson
e sua obra. Além disso, discorre sobre Júlia Frate Bolliger
a elaboração do currículo, portfólio, e Márcio Cândido
textos autorais e a formulação de pro- Mônica Novaes Esmanhotto
jetos para diferentes fins. Assuntos li- Victor Gomes
gados à comunicação e à difusão da Willian Galdino
obra do artista são também tratados
nesta parte.

À PARTE C chamamos de Operaciona-


lização e aborda assuntos de cunho
administrativo, contábil e jurídico. Aqui
estão explicados de maneira simpli-
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O
ARTISTA
EO
SISTEMA
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1 O sistema da
arte e suas
especificidades DIMENSÃO POLÍTICA
Rege a relação da arte com a política
cultural e tem o Estado idealmente

- O ARTISTA E O SISTEMA -
As 3 dimensões do como garantidor da relevância social
sistema da arte das obras (por meio da preservação
de acervos, por exemplo), apoiador
direto e indireto de projetos artísticos,
O SISTEMA DA arte é o termo genérico facilitador da formação e formaliza-
que denomina o espaço onde circulam ção da cadeia produtiva e promotor do
ideias, pessoas, obras e trajetórias liga- próprio sistema como pilar de desen-
das a uma cena artística. É uma ca- volvimento para o país ao posicionar a
deia de trabalho dinâmica e orgânica. cultura no âmbito educativo, econômi-
Suas relações simbióticas envolvem co e estratégico.
indivíduos, organizações e o poder pú- Nessa dimensão, encontram-se
blico para promover o encontro entre os agentes institucionais, todas as po-
proposições artísticas e as pessoas, líticas públicas para aquisição e cir-
contribuindo assim para o desenvolvi- culação de obras e pessoas, apoios e
mento humano e social. fomentos a projetos, subsídios à capa-
Todas essas instâncias são res- citação e profissionalização de agentes
ponsáveis, direta e indiretamente, pela do sistema e manutenção, expansão e
produção, difusão, validação e comer- multiplicação dos espaços públicos de
cialização não apenas de objetos, mas experimentação e exposição.

- 13 -
também de eventos e projetos artísti-
cos, oportunidades de intercâmbio e DIMENSÃO ECONÔMICA
extensão em pesquisa. Esse sistema se Trata das relações de trabalho e co-
organiza, portanto, em três dimensões mércio que acontecem dentro da ca-
que regem as ações, relações e trocas deia produtiva da arte (como a con-
que se dão dentro do sistema e entre o tratação de serviço entre agentes do
sistema e a sociedade em geral. sistema), do mercado de arte que rege
a comercialização de obras e projetos
DIMENSÃO SIMBÓLICA artísticos e, finalmente, de todas as re-
É a que trata o discurso artístico como verberações econômicas que as plata-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
reflexo e amplificações de manifesta- formas do sistema, como por exemplo
ções do pensamento de seu tempo. as feiras e bienais geram (como a mo-
Proposições que elaboram, reverbe- vimentação de fluxo de visitantes que
ram, confirmam e contradizem discur- podem causar impactos nos setores
sos construídos coletivamente por vo- hoteleiros, turísticos e gastronômicos).
zes diversas: público, teóricos, agentes Sua lógica é semelhante à de qualquer
institucionais e acadêmicos. outra cadeia de produção e consumo
É justamente a dimensão simbó- de bens. Essa dimensão compreende
lica que diferencia o setor cultural – a produção (o artista), a distribuição
em todas as suas manifestações – de (todos os intermediários e eventos que
outros setores da sociedade produ- promovam venda de obra como leilões
tiva. Nessa dimensão, encontram-se e feiras de arte) e o consumo (colecio-
em plena atividade o grande público nadores, fundos de investimento, ins-
da arte e também jornalistas, críticos, tituição). Nessa dimensão, o público
curadores, pesquisadores, editores de geral não é considerado consumidor.
livros, entre outros. É nela que se vali-
dam e se legitimam a obra e o artista.
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As dinâmicas do PRODUÇÃO
sistema da arte Criação, elaboração, desenvolvi-
mento e execução de proposições
Antes de comentarmos cada um dos artísticas que podem vir a se enunciar
agentes e das plataformas envolvi- ou materializar em forma de projeto,
dos no sistema da arte, é importante ação, ocupação ou objeto artístico.
entender as ações executadas pelos Agentes: artista ou coletivo artístico.

- O ARTISTA E O SISTEMA -
agentes e viabilizadas pelas platafor- Plataformas: locais de formação e prá-
mas. São elas: produção, difusão, cir- tica do artista (ateliês, oficinas, escolas
culação, validação e comercialização e faculdades) e residências artísticas.
da produção artística.
DIFUSÃO
Expansão ou transbordamento do
conteúdo e pensamento crítico so-
bre a obra produzido pelo artista e for-
madores de opinião para atingir outros
agentes do sistema e o público.
produção Agentes: artistas, curadores e críticos.
Plataformas: publicações impressas e
digitais, canais de comunicação e re-
des sociais.

CIRCULAÇÃO
Apresentação da proposição artís-
tica, no formato escolhido pelo artista
(objeto, intervenção no espaço, ação

- 14 -
performática, etc.), e em seu encon-
tro com o público. A circulação prevê a
possibilidade de deslocar essa oportu-
nidade fisicamente para outros espa-
ços, perseguindo o contato com outros
circulação difusão públicos.
Agentes: produtores culturais, galerias
de arte, museus.
Plataformas: exposições, bienais, fei-
ras e salões de arte.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

VALIDAÇÃO
A validação ou legitimação da propo-
sição artística passa pela análise, ab-
sorção e ratificação de um discurso
cultural que aquela obra promove ou
representa. Está intimamente liga-
da à dimensão simbólica do sistema
da arte, em que os valores subjetivos
comercialização validação atrelados à obra encontram aderên-
cia com um conjunto de práticas so-
ciais (do popular ao intelectual) mais
amplo. A validação passa por filtros
que não estão relacionados somente
à relevância cultural da obra ou ideia,
mas também por chancelas ligadas a
notoriedade, reputação e rede de rela-
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cionamento dos agentes validadores. Agentes do


Agentes: curadores, críticos, museus e sistema da arte
coleções.
Plataformas: bienais, exposições, edi- O SISTEMA DA arte é composto por uma
tais, salões, prêmios, feiras, publica- cadeia produtiva formada por indiví-
ções e residências. duos, empresas, organizações e ins-
tituições que promovem ações e re-

- O ARTISTA E O SISTEMA -
COMERCIALIZAÇÃO lacionam-se entre si. Em um cenário
Diz respeito ao que acontece no âm- ideal, um sistema da arte em equilíbrio
bito do mercado de arte, que, por sua não tem hierarquia entre os agentes.
vez, está fundido ao sistema da arte. Como num ecossistema ou organismo
A objetificação da proposição artísti- biológico, a carência ou profusão de
ca, sua precificação e o vínculo entre a um agente, assim como o enfraque-
construção de valor econômico e sim- cimento ou preponderância de outro,
bólico são alguns dos vários temas que são sinais de desequilíbrio que prejudi-
derivam da prática de comercializar cam o sistema como um todo.
algo que, à princípio, tem uma função O artista é o elemento propulsor
social não objetiva. desse sistema: sem ele, o resto da
Agentes: galerias de arte, marchands cadeia passa a não ter propósito. No
e escritórios de arte, casas de leilão e entanto, o artista sozinho dificilmente
coleções (particulares, institucionais e consegue promover, divulgar, apresen-
corporativas). tar e comercializar seu próprio traba-
Plataforma: feiras de arte, galerias, ca- lho. Como seus objetivos são difundir
sas de leilão. e multiplicar o seu conteúdo artístico
Todas essas ações ocorrem não de e criar impacto num âmbito social que
forma linear, mas de forma dinâmica, tri- extrapola o sistema da arte, é impor-

- 15 -
dimensional, simultânea e encadeada. tante que ele se apoie em outros agen-
Todas as manifestações dentro do siste- tes, criando relações vantajosas para
ma da arte, no circuito mais hegemônico todas as partes envolvidas.
e no circuito alternativo, estão ligadas a Estes são os agentes que fazem
uma ou mais ações das cinco descritas parte do sistema da arte, no qual fre-
acima e, consequentemente, reverbe- quentemente um indivíduo ou organi-
ram as noções contidas pelas dimen- zação assume papéis simultâneos.
sões simbólica, política e econômica.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Agentes do Sistema Intermediários Final

Produtoras
Culturais
Concursos
/Editais Coleções
públicas
/Prêmios
/Museus
Co Críticos
/Curadores

Ar le tivos Coleções

tis
particulares
Casas / Corporativas

tas Espaços
de leilão
/Marchand

independetes Fundos de
investimentos
/Residências
Galerias

Bienais e Feiras
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COLETIVOS E ARTISTAS CRÍTICOS E CURADORES


O artista é o motor e a razão de existir Esses agentes possuem papel bastan-
do sistema, o criador da proposição ar- te flexível pela diversidade de ativida-
tística. Por meio do formato, do supor- des que podem exercer (crítico, orga-
te e do discurso de sua produção, ele nizador de exposições, consultor para
desafia e configura, constantemente, a coleções, professor, diretor de institui-
maneira de o sistema operar. ções, programador cultural, etc).

- O ARTISTA E O SISTEMA -
Os coletivos atuam sob uma identi- Seu papel original como conser-
dade criativa única e em geral reúnem vador de obras de arte dentro do mu-
artistas e criadores de diferentes forma- seu complexificou-se a partir dos anos
ções. É muito comum que membros de 1960, quando o curador se tornou um
um coletivo desenvolvam paralelamen- cocriador de obras e arranjos expositi-
te suas práticas autorais individuais. vos, um formador de opinião, um ba-
lizador, um filtro, uma figura da qual os
ESPAÇOS INDEPENDENTES outros agentes e instâncias do sistema
Iniciativas sem fins lucrativos estabe- esperam chancela.
lecidas e geridas comumente por artis-
tas, curadores e gestores. São espaços CASAS DE LEILÃO E MARCHANDS
que oferecem ao artista a possibilida- Captam obras em circulação no mer-
de de experimentar, pesquisar, trocar cado e buscam a melhor oportunidade
com colegas, ampliar sua rede de con- de negócio para sua revenda. Os pro-
tatos e exibir sua produção. fissionais (marchands) e as casas de
Espaços independentes ganharam leilão de boa reputação são também
grande relevância por serem ambientes fonte de referência para preços de
de formação de público e de desen- mercado das obras e artistas.
volvimento de novas práticas de crítica

- 16 -
autônomas em relação ao mercado de GALERIAS DE ARTE
arte e ao sistema institucional. O termo Expõem, difundem e comercializam
“espaço independente” não é unânime; obras dos seus artistas representados.
espaços com esse mesmo caráter são As galerias fazem um papel de agen-
também chamados de espaços autô- ciadores da obra e gestores da carreira
nomos, espaços geridos por artistas, etc. dos artistas, cumprindo uma função
dupla: promoção comercial e institu-
PRODUTORES CULTURAIS cional do artista.
São indivíduos ou empresas dedicadas

70 %
a elaborar, formatar, organizar, adminis- MUSEUS E INSTITUIÇÕES
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
trar e executar projetos culturais que São, em teoria, os depositários finais
tomam forma como exposições, even- dos artistas das obras. O museu conserva, pesqui-
tos de outros formatos, publicações, etc. têm obras em sa, expõe a obra e a trabalha em con-
As produtoras não são só execu- museus ou texto com o restante da sua coleção.
toras, mas são frequentemente pro- instituições É também uma importante interface
ponentes criativas que estão frequen- nacionais com o público por meio de seus pro-
temente em contato direto com os gramas educativos, cumprindo um
artistas e curadores, com as institui- papel social fundamental de forma-
ções validadoras e com o mercado. As
produtoras culturais também podem
28 , 2 % ção de público e ampliação de cam-
pos do debate cultural.
fazer um importante papel de capta- possuem obras A coleção que ele forma, cura, pes-
ção de recursos e viabilização de par- em museus ou quisa, conserva, divulga, circula e ex-
cerias para os projetos que propõem. instituições põe é um conjunto cultural significati-
internacionais vo para toda a sociedade. Os museus e
as instituições culturais podem ser pú-
Fonte blicos, privados ou terem gestão mista.
pesquisa própria
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COLECIONADORES PRIVADOS Entre os eventos há aqueles com


Agentes fundamentais que atuam
no mercado e também na esfera ins- 70 % caráter institucional (com intuito de
fomento à experimentação artística,
titucional (integrando conselhos de dos artistas promoção cultural e ação educativa,
museus e instituições culturais, pa- possuem obras como as exposições institucionais, bie-
trocinando atividades e promovendo em coleções nais e os salões de arte) e os com cará-
aquisições), apoiam a carreira do ar- privadas ou ter comercial, como as exposições em

- O ARTISTA E O SISTEMA -
tista, direta ou indiretamente. corporativas galerias e feiras de arte.
Eles também podem estar por trás nacionais Concursos, editais e prêmios, resi-
de importantes coleções corporativas dências artísticas e publicações e pla-
e constituir coleções privadas que, por taformas digitais são ferramentas de
vezes, alcançam uma dimensão públi-
ca, tornando-se aberta à visitação ou
36,7% naturezas bastante distintas mas que,
no geral, operam na pesquisa e experi-
cedida para exposição em instituições. têm obras mentação, construção crítica e de re-
em coleções des e difusão de conteúdo.
COLEÇÕES CORPORATIVAS privadas ou Muitas dessas plataformas, como
Coleções pertencentes a grandes em- corporativas editais, salões, prêmios e residências
presas, em geral bancos. Inicialmente internacionais artísticas, são importantes instrumen-
eram instauradas por um desejo parti- tos tanto para a inserção de artistas
cular do dirigente da empresa. A prática Fonte no circuito estabelecido – por consti-
se ampliou e ganhou outras dimensões pesquisa própria tuírem um interessante filtro e chan-
para engajar os funcionários e funcio- cela para os iniciantes – como para a
nar como ferramenta de relações articulação de artistas que atuam fora
públicas para a empresa, trazendo do circuito estabelecido e privilegiam
prestígio e externalizando seus valores, maior mobilidade e capilaridade e/ou
além, claro, de constituir um conjunto buscam outros meios de subsistência

- 17 -
de bens que integra o seu patrimônio. que independem do mercado de arte.

FUNDOS DE INVESTIMENTO
Trata-se de um grupo de acionistas que
aposta na aquisição de um conjunto
de obras escolhidas por seu potencial Plataformas de Difusão e Validação
de valorização entre o investimento e o
desinvestimento.
Constituem um movimento ainda
tímido, tanto no Brasil como em ou-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tros países, possivelmente pela pouca
previsibilidade de incremento de valor prêmios
econômico, dado que o objeto de in- bienais
publi-
vestimento tem muito do seu valor cal- cações espaços
cado em fatores subjetivos e voláteis.
indepen- con-
dentes cursos
Plataformas do
salões
sistema da arte
feiras
SÃO OS EVENTOS e ferramentas que pro- de arte
movem o encontro entre os diferentes
agentes e opera como interface entre
a produção artística e o público. As
plataformas viabilizam, potencializam
e multiplicam as dinâmicas de produ-
ção, difusão, circulação, comercializa-
ção e validação no sistema da arte.
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78 , 6 %
dos artistas já
PLATAFORMAS DE DIFUSÃO E VALIDAÇÃO exposições coletivas de grande formato
participaram espalhadas nos cinco continentes. As
EXPOSIÇÕES de exposições mais consagradas são uma chancela
É o momento de encontro da obra (coletivas e/ extremamente relevante para o artista.
com o público e da consagração social ou individuais)
do artista. São promovidas por galerias, em museus/ SALÕES
museus, centros culturais e espaços in- instituições Talvez uma das formas mais antigas

- O ARTISTA E O SISTEMA -
dependentes, organizadas por produ- nacionais de reconhecimento artístico, os salões
tores culturais, gestores, curadores e, de arte são exposições coletivas que
muitas vezes, pelos próprios artistas/ resultam de uma seleção de artistas e
exibidores.
As exposições geralmente acon-
59 , 8 % obras feita por um corpo técnico-críti-
co formado por agentes consagrados
já estiveram
tecem por tempo determinado, po- do sistema de arte local, regional, na-
dem ser tanto individuais (mostrando em exposições cional ou internacional.
a obra de um só artista) quanto cole- (coletivas e/ Em geral os artistas concorrem en-
tivas e, geralmente, implicam na pro- ou individuais) viando portfólio ou trabalhos especí-
posição de uma programação educa- em museus/ ficos que são julgados e selecionados.
tiva para aproximação com o público e instituições Os salões têm frequência anual e são
aprofundamento do conteúdo. internacionais promovidos por instituições públicas.
As exposições podem ter caráter A seleção e participação na exposição
comercial (quando as obras expos- Fonte constituem uma forma de consagração
tas estão à venda) ou institucional pesquisa própria e validação para o artista e lhe confe-
(quando as mostras têm fins culturais rem prestígio. Por serem acessíveis a
de caráter informativo, educativo, for- qualquer artista, de acordo com as re-
mador de público e de opinião). A de- gras de cada salão, são uma ferramenta
pender da reputação da instituição que importante para visibilização de artistas

- 18 -
a apresenta, dos artistas envolvidos e baseados em diferentes territórios.
dos organizadores, as exposições po-
dem ser importantes plataformas de FEIRAS
circulação e validação para o artista.
70 % São eventos comerciais cujo modelo
se formatou na Alemanha, no final da
BIENAIS dos artistas década de 1960. Mantêm uma frequên-
Genericamente conhecidas como bie- respondentes cia anual, em territórios e datas fixas no
nais por sua ocorrência a cada dois possuem obras calendário, de modo que os agentes atu-
anos, essa categoria de exposição de- que já foram ando direta e indiretamente no evento,
fine mostras coletivas institucionais assim como o público interessado, pro-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
expostas e/
de grande formato que ocorrem em gramam-se para acompanhar o circuito.
ou vendidas
uma mesma cidade, com uma frequ- As feiras ganharam profusão, capi-
em feiras de
ência pré-definida de dois, três, quatro laridade e notoriedade imensas desde
e até cinco anos e de duração de cerca arte nacionais a virada do milênio, chegando a quase
de três meses. 100 feiras principais (sem contar as
As bienais procuram ser um frag- feiras satélites que acontecem parale-
mento ou uma síntese do estado da
arte no momento em que ela ocorre. 42 , 7 % lamente a uma grande feira estabele-
cida), segundo o site da artnet.
Dessa forma, buscam diálogo com o têm obras Hoje, há feiras de arte acontecendo
local em que acontecem, ao mesmo que já foram também nos cinco continentes e em
tempo em que reúnem artistas de di- expostas e/ou todos os meses do ano e com diversas
ferentes gerações, origens e práticas. vendidas em modalidades de acordo com o perfil
O modelo de bienal como conhece- feiras de arte dos exibidores e obras à venda: feira de
mos hoje foi iniciado no final do século internacionais arte moderna, feira de arte contempo-
XIX em Veneza. Atualmente, segundo rânea, feiras de foto e/ou vídeo, feiras
o site da Biennial Foundation, existem Fonte de livro de artista, etc.
cerca de 240 eventos no calendário de pesquisa própria
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CONCURSOS, EDITAIS E PRÊMIOS seu caráter experimental. Elas se ma-


São ferramentas importantes para o nifestam nos mais diferentes forma-
artista ganhar visibilidade e reconhe- tos: livros, monografias, periódicos e
cimento e poder ter meios para produ- catálogos, impressos ou digitais.
zir uma obra ou realizar um projeto. Pro- As publicações preservam seu pa-
movidos tanto pelo poder público como pel relevante na validação e difusão
por instituições privadas e até empre- das obras dos artistas, para o pensa-

- O ARTISTA E O SISTEMA -
sas, os concursos, editais e prêmios lan- mento crítico e para informar o públi-
çam publicamente uma chamada para co a respeito do calendário do circuito
envio de projetos e proposições dentro global de grandes eventos, como fei-
de escopos e critérios estabelecidos ras, bienais e exposições, além de ser-
pelos próprios organizadores. virem de registro para todos eles.
As candidaturas recebidas são ava-
liadas criticamente por um corpo de PLATAFORMAS DIGITAIS
jurados apontado pelo organizador. A internet se tornou uma ferramenta
Dessa seleção, resulta um ou mais ven- poderosa para disseminação de con-
cedores que têm a possibilidade de via- teúdo sobre os principais eventos do
bilizar o projeto proposto sendo ele uma circuito e também sobre a produção ar-
obra, uma exposição, uma intervenção tística. Além da versão digital de tradi-
ou até mesmo uma publicação ou, sim- cionais publicações impressas, existem
plesmente, receber uma premiação em manifestações das mais diferentes for-
dinheiro pela qualificação obtida. mas, como newsletters especializadas
com notícias e textos críticos, canais de
RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS venda de obras e as mais diferentes re-
Promovidas por universidades, espa- des sociais – todos usados por artistas
ços independentes, instituições, cole- para promover e comercializar sua pro-

- 19 -
cionadores e até galerias comerciais, dução e promover sua programação
as residências propiciam ao artista sem intermediários.
deslocamento e ambiente favorável à
pesquisa, experimentação e trocas
com colegas e curadores, possibilitan-
do a ampliação de sua rede de conta-
tos e o incremento de sua produção.
As residências existem hoje no
mundo inteiro, e essa capilaridade per-
mite ao artista ser um articulador en-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tre diferentes territórios e compartilhar
experiências culturais fundamentais
para a produção contemporânea.
As residências possuem os mais di-
ferentes formatos, duração, critérios e
entregas; não existe um padrão entre
elas. É um espaço essencialmente de
pesquisa e produção artística, para os
quais o artista pode ser convidado ou se
candidatar por meio de sistema seletivo
estabelecido pela própria residência.

PUBLICAÇÕES
Provavelmente o meio mais tradicio-
nal de difusão de conteúdo artístico
e crítico, as publicações sobrevivem
à era digital e mantêm seu prestígio e
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2. O sistema da arte no Brasil


Formação histórica

O BRASIL TEM uma história muito peculiar de sa para o Rio de Janeiro, o Brasil foi a única
formação de seu sistema de arte, principal- colônia a virar sede do reino. Essa mudança

- O ARTISTA E O SISTEMA -
mente se a comparamos às demais ex-co- favoreceu o estabelecimento das principais
lônias portuguesas, hispânicas, holandesas, instituições de formação e consagração ar-
alemãs, belgas, inglesas e francesas. tística do país, por muitos anos sem paralelo
Devido à fuga da família real portugue- na América do Sul.

1816
Seguindo a tendência expansionis- consagração da vida artística carioca –
ta europeia, museus foram criados e centro de muitas disputas estéticas
mundo afora nas principais cidades e de mudanças de paradigmas, em es-
dos impérios. Por aqui, D. João VI ini- pecial a transição dos códigos acadê-
ciou um projeto de renovação artísti- micos para os modernos e dos moder-
ca com a chegada da Missão Artística nos para os contemporâneos.
Francesa nesse ano para implemen-
tar o ensino de arte no Brasil. Anos 1930
Chefiada por Joachim Lebreton, Até a primeira metade do século XX, o
um dos organizadores do Museu do comércio de arte privado era pratica-

- 20 -
Louvre, a missão era composta pelos mente inexistente. As elites tradicio-
artistas Jean-Baptiste Debret (pintor nais cultivavam a literatura e a música,
de história), Nicolas-Antoine Taunay mas dedicavam pouca atenção às ar-
(pintor de batalhas), August-Marie tes plásticas. Os artistas acadêmicos
Taunay (escultor), Marc Ferrez (ho- e alguns modernos, a partir de 1930,
mônimo e tio do conhecido fotógrafo puderam sobreviver com seus traba-
Marc Ferrez) e o arquiteto Henri Victor lhos graças às encomendas públicas.
Grandjean de Montigny, entre outros. A fundação da Universidade de
Com a comitiva vinham 54 obras São Paulo em 1934 e a do Departa-
originais de artistas italianos e fran- mento de Cultura, criado por Mário de
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
ceses, entre os quais Leonardo da Andrade em 1935, são importantes
Vinci, Canaletto, Poussin, Lebrun e para compreender a efervescência que
Bourdon, além de cópias de várias tomou conta da vida cultural da capi-
obras de artistas italianos, que se- tal paulista em meados dos anos 1940.
riam as primeiras obras da coleção “A primeira instituição foi centro
da pinacoteca da futura Academia formador de novos tipos de intelec-
Imperial de Belas Artes. tuais: críticos, sociólogos e historia-
dores, e a segunda, espaço que pro-
1840 moveu pesquisas e debates culturais.
A partir desse ano, a Academia Im- Outro elemento foi a proliferação das
perial de Belas Artes começou a editoras devido à ampliação do ensi-
promover exposições, e entre seus no, que criou a necessidade de uma
prêmios estavam as viagens para produção mais significativa do livro
estudo no exterior. Até sua separa- didático e multiplicou os leitores.”
ção do Museu Nacional de Belas Ar- (NEVES, 2012, pp. 40).
tes, em 1937, ela foi a organizadora
oficial das esferas de formação e de
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Anos 1940 RIO DE JANEIRO ENTRA EM CENA


Estudos sociológicos no âmbito das ar- Apesar da gradativa transferência de
tes visuais recentes apontam para um importância econômica para São Pau-
ambiente de baixa institucionalidade lo desde o início do século XX e de não
até a década de 1940. O país já havia ter gerado até os anos 1950 um movi-
abrigado lampejos de vanguardismo mento de vanguarda como a Semana
a exemplo das exposições de Lasar Se- de Arte de 22, o Rio de Janeiro concen-
gall (1913) e de Anita Malfatti (1917) e trava grande parte da intelectualidade
da Semana de Arte de 1922, mas foram cultural do país, atraindo jovens artistas
iniciativas isoladas e sem adesão estru- e intelectuais de todas as regiões brasi-
tural aos rompantes modernistas. leiras que participariam ativamente da
construção do campo da arte moder-
1945 na brasileira, tais como: Mario Pedrosa
A instauração de um campo de arte (PE), Iberê Camargo (RS), Lygia Clark
ocorreu no momento de virada pela (MG), Antonio Bento (PB), Ferreira
qual passou a instância cultural com a Gullar (MA), Abraham Palatnik (RN),
chegada de imigrantes, principalmen- Manuel Bandeira (PE), Cícero Dias (PE),
te italianos, na cidade de São Paulo, e Eros Martim Gonçalves (PE) e Augusto
com o processo de industrialização que Rodrigues (PE), para citar alguns.
reconfigurou a sociedade brasileira. A diáspora causada pelas duas
A Segunda Guerra Mundial afetou Grandes Guerras e a perseguição na-
a organização da arte e da cultura, ali- zista também causaram impacto no
cerçando as bases da sociedade mun- cotidiano carioca com a chegada de
dializada. O pré-guerra e o pós-guerra dezenas de intelectuais e artistas com
acionaram a desterritorialização de grande capital cultural, mas que, por

- 21 -
pessoas, ideias, imagens e modos de conta da ausência de investimento pri-
vida, numa dimensão até então inédita. vado e forte presença do capital estatal
Uma parte dos exilados italianos (e de sua burocracia), tiveram dificulda-
que chegaram ao país depois de 1945 de em se inserir nas instituições oficiais.
contou com o respaldo da burguesia Foram as iniciativas alternativas, como
industrial de origem italiana, da qual cursos livres e galerias, que garantiram
um dos principais representantes era certa circulação de suas ideias e muitas
Francisco Matarazzo Sobrinho, respon- vezes seu sustento.
sável pela criação do MAM–SP e da A presença desses imigrantes foi
Fundação Bienal (da qual falaremos em de grande importância na fermenta-
seguida). Os italianos vinham de uma ção de um imenso caldeirão cultu-
longa tradição de fomento, produção e ral em que os códigos artísticos mais
apreciação das artes visuais e busca- atuais eram compartilhados em redes
ram replicar o ambiente intelectual e de de sociabilidade, contribuindo para a
sociabilidade de sua terra natal. renovação da linguagem artística lo-
A criação de instituições culturais foi cal. Quando o Museu de Arte Moder-
uma das vias de reconhecimento e de na do Rio de Janeiro abriu suas portas
acesso ao reservado meio social da ci- em 1949, havia uma cena artística em
dade. De 1947 ao fim dos anos 1960, a ebulição no caldo moderno.
maioria dos galeristas e colecionadores
de arte moderna no país eram estran-
geiros que aqui se fixaram após a guerra.
Eles tiveram papel decisivo na constru-
ção dos fundamentos de uma cultura
artística modernizada, não apenas nas
artes plásticas, mas também no teatro,
na música, no cinema, na televisão.
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Graças a uma disputa por distin- Anos 1950


ção entre grandes empresários da A expansão das empresas jornalísti-
época, entre 1947 e 1951, as cidades cas – vinculadas às instituições que
de São Paulo e Rio de Janeiro passa- promoviam a arte moderna – favorece
ram a contar com museus de arte de a crítica de arte, que passou por uma
maior envergadura. A capital paulista fase de desenvolvimento e profissiona-
recebeu o Museu de Arte de São Pau- lização. No Brasil, a crítica de arte está

- O ARTISTA E O SISTEMA -
lo (MASP, 1947), iniciativa do empre- presente de forma esparsa nos jornais
sário da comunicação Assis Chateau- e revistas desde meados do século XIX,
briand (Diários Associados, Rádio e geralmente dividindo espaço e atenção
TV Tupi), o Museu de Arte Moderna de de seus praticantes com outros assun-
São Paulo (MAM-SP, 1948), fundado tos como literatura, música ou política.
pelo industrial Francisco Matarazzo Os anos 1950 foram o período áu-
Sobrinho, e a I Bienal de São Paulo reo da crítica de arte como campo e
(1951), também uma iniciativa de Ma- parte do sistema da arte moderna,
tarazzo Sobrinho. não apenas no Brasil, mas também no
No mesmo período, a primeira ga- mundo. Em 1948, foi fundada, em Pa-
leria especializada em arte moderna, ris, a Associação Internacional de Críti-
a Domus, em São Paulo, foi fundada cos de Arte, que reuniu em seu primei-
em 1947 por um casal de italianos que ro encontro participantes de 35 países,
também se estabelecera na cidade sendo o Brasil representado por Sergio
após a guerra. Milliet, Antonio Bento e Mário Barata.
O Rio de Janeiro, ainda capital fede- Em 1951, concomitante à realiza-
ral, também acolheu novidades que iriam ção da 1a Bienal de arte, aconteceu
atualizar seu meio artístico. Em 1949, em São Paulo o I Congresso Interna-
é criado o Museu de Arte Moderna do cional de Críticos de Arte no MASP,

- 22 -
Rio de Janeiro (MAM-RJ), fundado pelo instalado no edifício dos Diários As-
empresário Raymundo Ottoni de Castro sociados – considerado o grande mo-
Maya em articulação com o empresário mento da crítica de arte brasileira. No
do petróleo Nelson Rockefeller, então Rio de Janeiro, desponta uma geração
presidente do MoMA, de Nova Iorque. de críticos, articulada em torno de Má-
Para gerenciar os novos espaços, rio Pedrosa, que contrastava com a
chegam agentes culturais qualifica- do período anterior por suas posturas
dos e com concepções avançadas, vanguardistas e sua intimidade com o
como o crítico belga Léon Degand universo das artes plásticas.
(1907-1958), o primeiro diretor do Mu-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
seu de Arte Moderna de São Paulo
(MAM-SP), e o italiano Pietro Maria
Bardi, que transformou o MASP num
dos principais polos culturais paulista-
nos, ao assumir sua direção em 1947.
Este é o período considerado
de autonomização do campo artísti-
co brasileiro, quando apareceram ins-
tâncias de consagração propriamente
modernas, agentes especializados e
locais de exposição fixos, como mu-
seus e galerias de arte.
A constituição da rede de museus
e de bienais em São Paulo contou com
o financiamento integral da burguesia
local. No Rio de Janeiro, o Estado parti-
cipou do empreendimento.
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O PROTAGONISMO DOS MUSEUS PAULISTAS ção dos artistas e problematização do


Em uma década de existência, o MASP, contexto da obra (o sujeito social que a
o MAM-SP e a Bienal de São Paulo re- faz, o espaço expositivo que não é neu-
configuraram padrões museológicos tro e carrega interesses de várias ordens
no país e na América do Sul tanto do e o sistema da arte em geral), além da
ponto de vista da educação do olhar contaminação de saberes e conceitos
como na profissionalização de uma de outras disciplinas como a sociologia,

- O ARTISTA E O SISTEMA -
cadeia produtiva das artes. Pietro Ma- psicologia, antropologia, comunicação
ria Bardi e Lina Bo Bardi trouxeram e os questionamentos trazidos pelos
uma ampla experiência profissional movimentos sociais e a contracultura.
em gestão cultural, museografia, edi- Ficam para trás as especulações
toração e coleções de arte que não ha- formais e de componentes caracterís-
via paralelo no Brasil, e isso corroborou ticos da pintura e da escultura e entra
para que desde o início seu projeto de em cena o transbordamento para o
museu fosse muito claro, o que de an- mundo. No caso brasileiro, encontra-se
temão já lhe colocava em vantagem ainda o embate com o regime militar
com relação ao museu correlato exis- e uma nova dimensão do capitalismo.
tente, a Pinacoteca de São Paulo. Consequentemente, essas mudanças
A Bienal tornou-se um catalisador causaram estremecimentos na relação
de mudanças profundas no meio artísti- do crítico de arte com o artista, as ins-
co brasileiro e foi peça importante na ge- tituições e seus próprios pressupostos.
opolítica das artes no período da Guerra Com a mudança no perfil dos em-
Fria. Não apenas passou a atualizar o presários e da indústria cultural, muda
país com as principais discussões esté- o capital que financia um mercado
ticas que ocorriam mundo afora, mas para as artes (salões, prêmios e cole-
democratizou informações visuais e te- cionadores) e ocorre entrelaçamento

- 23 -
óricas que até então só se conseguiam entre interesses de multinacionais e o
em viagens à Europa e Estados Unidos, mercado publicitário.
além de dinamizar intercâmbios e em-
preender outros parâmetros profissio-
nais para os agentes da arte no país.
AS ARTES E OS ANOS DE CHUMBO
Dois momentos pontuam a relação
da ditadura militar com as artes visu-
Anos 1960 ais. De 1964 até a instauração do AI-
Em meados dos anos 1960, o sistema 5, há pouca interferência no cotidiano
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
da arte moderna brasileira estava con- institucional artístico, sendo relatadas
solidado nos grandes centros urbanos tentativas de censura a obras de arte,
com museus e coleções, salões e ga- como no IV Salão de Arte Moderna de
lerias comerciais especializadas tanto Brasília (1967). A partir de final de 1968
em São Paulo quanto no Rio de Janeiro. até 1977, o controle tornou-se mais ri-
Entretanto, mudanças entraram goroso e autoritário, tendo um impac-
em marcha tanto no âmbito do próprio to enorme principalmente na Bienal
fazer artístico em sua lógica interna de São Paulo. Com o fechamento da
(como o esgotamento do vocabulário II Bienal da Bahia (1968) e da mostra
e ideais modernistas) como no contex- montada no MAM-RJ com a represen-
to político e econômico no Brasil e no tação brasileira escolhida para a Bie-
mundo, em especial a ditadura militar nal de Paris (1969), dois dos episódios
e o fortalecimento de uma sociedade mais graves de censura, críticos de arte
de consumo, levando ao alicerçamen- e artistas protestaram publicamente.
to de um mercado de bens culturais.
A década de 1960 foi caracteriza-
da por uma acentuada intelectualiza-
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Os anos 1960 e 1970 consolidaram com objetivos e temporalidades dife-


a profissionalização de um merca- rentes das quais o mercado opera.
do de galerias de arte moderna. Não Essa disparidade que o sistema
eram muitas, mas tiveram um gran- contemporâneo da arte apresenta no
de impacto na classificação da arte Brasil, além de outras não menos im-
não acadêmica, dando fundamento à portantes, como a concentração de
construção de uma história da arte mo- atividades institucionais e comerciais

- O ARTISTA E O SISTEMA -
derna brasileira, processo que ocorreu no eixo Rio-São Paulo e a contrastante
em paralelo ao surgimento do primeiro defasagem de oportunidades em ou-
curso de pós-graduação em artes, da tras partes deste país continental, cria
USP, em 1967. Por motivos distintos, distorções e afeta diretamente a traje-
mercado e universidade geraram uma tória do artista visual.
historiografia primeira da arte moder-
na. Destacamos as galerias Bonino, a Leis de incentivo
Petite Galerie e a Galeria Relevo.
O MECANISMO DE incentivos fiscais é uma
Hoje forma de estimular o apoio da iniciati-
No Brasil, onde o mercado de arte tem va privada ao setor cultural. Por meio
as condições para se profissionalizar dele, o governo abre mão de parte de
e aumentar sua competitividade, ele impostos para que esses valores se-
acaba gerando um desequilíbrio com jam investidos em projetos culturais.
os demais agentes do sistema: mu-
seus e instituições não possuem as LEIS FEDERAIS
mesmas premissas de financiamento
e funcionamento. O INCENTIVO FISCAL à cultura é praticado
A missão social dos agentes do em nível federal no Brasil desde 1986,

- 24 -
mercado é diferente daquelas dos quando foi sancionada a Lei 7.505, co-
agentes institucionais. Para estes últi- nhecida como Lei Sarney. Isso se deu
mos, preservação da memória, forma- logo no início do processo de redemo-
ção de acervos e de público são, por cratização do país e da posse de José
exemplo, objetivos excessivamente Sarney como presidente. Por meio de
precarizados e frequentemente des- sua aplicação, a sociedade civil pode-
continuados por um desequilíbrio no ria escolher pelo menos parte do que
sistema causado por deformações nas queria ver produzido e distribuído.
dimensões sociais e políticas. A Lei Sarney foi criticada porque
Nos últimos 10 anos, com a ex- não exigia aprovação técnica prévia
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tenuação dos agentes institucionais, dos projetos culturais, mas apenas o
os agentes do mercado acabam ocu- cadastramento do proponente como
pando lacunas no sistema, criando entidade cultural junto ao Ministério
um protagonismo e assumindo pa- da Cultura (MinC). Outra crítica que
péis que extrapolam sua missões ori- se fazia é que ela não distinguia, entre
ginais. Não raramente, proposições as iniciativas culturais, aquelas que de
artísticas experimentais e disruptivas fato precisavam de incentivo, o que,
ou aquelas com alto custo de produ- aliás, é também um questionamento
ção são apresentadas diretamente ao incentivo fiscal executado na Lei
pelas mãos de agentes do mercado Rouanet, em vigência desde 1991.
por meios dos seus próprios espaços A Lei Sarney vigorou até março de
ou por meio de plataformas como 1990, quando foi revogada pelo presi-
feiras de arte, e não pelas mãos das dente Fernando Collor de Mello, que
instituições que teriam esse papel de acreditava que o mercado substituiria
provocação como missão social, sen- o governo no fomento à cultura.
do capazes de aprofundar aquele dis- Collor também havia extinto o Mi-
curso e debatê-lo com a sociedade nistério da Cultura e fechado fundações
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e autarquias federais. Era um momento PATROCÍNIO DE EMPRESAS


turbulento e de desconfiança, que ge- Projetos de artes visuais aprovados
rou resistência do campo cultural e le- pelo Lei Rouanet conferem até 100%
vou à mobilização de produtores, agen- de incentivo fiscal ao patrocinador. Se
tes culturais e artistas, que exigiam a o patrocinador for uma empresa que
criação de uma nova lei de incentivo. recolhe imposto sobre o lucro real, po-
Em 1991, Collor aprovou a Lei 8.313, derá usar até 4% do imposto de renda

- O ARTISTA E O SISTEMA -
elaborada pelo então secretário da devido, como demonstrado abaixo:
cultura Sérgio Paulo Rouanet, visando
à retomada do processo de produção
cultural no país. Em vigência até hoje,
ela permite o uso de parte do imposto
de renda para custeio de projetos ar-
100 %
do valor depositado
tísticos previamente aprovados no Mi- para o projeto incentivado para
nistério da Cultura.

4%
O financiamento de projetos de ex-
posições, criação de obras, produção e
impressão de livros e catálogos, obras de desconto do
de arte pública, projetos de arte onli- imposto de renda
ne, entre outros, podem ser propostos da empresa
pelo artista (por meio de sua empresa

96 %
ou de produtor cultural) no sistema
online do Ministério da Cultura.

- 25 -
Como funciona o incentivo ATENÇÃO!
fiscal pela Lei Rouanet?
O patrocínio é um investimento da
1 empresa para obter retorno na comu-
nicação institucional ou nas ações de
PROJETO marketing. Por isso, elas procuram pro-
MinC

jetos e artistas que “conversem” com


Projeto Cultural sua marca e com seu público.
é inscrito Já as doações incentivadas feitas
por cidadãos, elas têm, como regra ge-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
2 3 ral, uma relação direta com a percep-
ção de que o trabalho daquele artista
PROJETO ou a missão de determinada instituição
são relevantes para a sociedade como
um todo e para as crenças do doador.

MinC faz avaliação técnica, Captação é DOAÇÃO DE PESSOAS FÍSICAS


sem julgamento de mérito autorizada Pessoas físicas também podem ser
4 5 patrocinadoras ou doadoras utilizan-
do os incentivos fiscais previstos na Lei
Rouanet. Para tanto, precisam declarar
PROJETO PROJETO PROJETO
seu imposto de renda no modelo com-
$ pleto de Declaração Anual de Ajuste
do Imposto de Renda, e poderão dis-
Valor investido por de até 6% do imposto de renda
MinC Patrocinadores escolhem é abatido no devido. O interessante nesse tipo de
o projeto no qual investir Imposto de Renda doador é seu provável compromisso
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com a causa das artes visuais, e não LINKS ÚTEIS


com a exposição da marca, ainda que
possa ter recursos menos expressivos.
MINISTÉRIO DA CULTURA
LEIS ESTADUAIS E MUNICIPAIS www.cultura.gov.br/editais
Atualmente, existem leis de incentivo
fiscal para apoio à cultura também em AGÊNCIA NACIONAL DO CINEMA (ANCINE)

- O ARTISTA E O SISTEMA -
níveis estadual e municipal. Ao modelo www.ancine.gov.br/fomento/
da federal, elas permitem que o patro- editais-fomento
cinador – pessoa jurídica ou pessoa fí-
sica – use parte de seus impostos (fe- FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTES
derais, estaduais ou municipais) para (FUNARTE)
viabilizar projetos culturais. www.funarte.gov.br/editais/
Todas as leis adotam o mesmo
modelo: o proponente do projeto (pro- EDITAIS E AFINS
dutor ou artista) aprova sua proposta www.editaiseafins.com.br
junto a comissões de cultura institu-
ídas para análise e depois disso pode CALL FOR ENTRIES
captar patrocínio com incentivo fiscal. www.callforentries.com/category/art/
O valor doado é abatido no valor do
imposto do doador.

Editais públicos e privados Prêmios públicos e privados

FUNDOS DE CULTURA são verbas distribu- ALÉM DOS FUNDOS públicos, existem
ídas pelo poder público e por algumas também os prêmios relativos à obra

- 26 -
instituições sem fins lucrativos para fo- já produzida, à exposição realizada ou
mentar, ou seja, fornecer subsídios ao ainda à carreira global do artista. Nes-
artista e possibilitar a expressão esté- ses casos, o prêmio é conferido para
tica livre, e não em razão do impacto uso livre pelo artista, e em alguns ca-
econômico direto ou da exposição de sos, dependem de inscrição. Existem
marcas. Os fundos promovem, por- também os prêmios para produção de
tanto, o desenvolvimento e o estímulo obra, livro ou exposição. Nesses casos,
ao artista, à produção cultural e à ex- o artista se obriga a entregar o prome-
perimentação, pretendendo alcançar tido quando do aceite do prêmio.
públicos e estratos da sociedade não Normalmente, as premiações para
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
atendidos por outros financiamentos. além do pagamento em dinheiro con-
Os fundos nacionais e internacio- ferem notoriedade e reconhecimento
nais, em geral, são distribuídos por ao artista e a sua carreira. No Brasil os
uma comissão que analisa, com crité- principais são:
rios próprios, predefinidos e públicos,
os projetos apresentados. É impor- Bolsa de Fotografia ZUM |
tante acompanhar os sites do Minis- Instituto Moreira Salles
tério da Cultura, assim como os das
secretarias estaduais e municipais de Prêmio Aniceto Matti
cultura, além dos sites de instituições (para artistas domiciliados em Maringá)
com prêmios tradicionais ou platafor-
mas agregadoras de informação para Prêmio Luiz de Castro Faria | IPHAN
acompanhar prazos e requisitos da
premiação dos fundos. Prêmio SeLecT Arte e Educação

Prêmio Ibema Gravura


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Prêmio Pernambuco de Fotografia Políticas públicas


(para artistas domiciliados em Pernambuco)
CABE AO ESTADO implementar políticas
Prêmio EDP nas Artes | públicas que garantam a produção,
Instituto Tomie Ohtake (artistas difusão, circulação, comercialização,
com idade entre 18 e 29 anos) fruição e acesso à arte, assim como
a liberdade de expressão artística,

- O ARTISTA E O SISTEMA -
Transborda Brasília devendo atuar não de forma reativa,
(artistas nascidos ou domiciliados no DF) mas de forma estratégica e de fo-
mento, para que a sociedade possa
Prêmio Diário Contemporâneo produzir e se expressar livremente e
de Fotografia com diversidade.
Nesse sentido, cabe ao Estado im-
Rumos Itaú Cultural plementar políticas que incluam:

Prêmio Brasil Fotografia ACORDOS


A formalização de acordos nacionais
Prêmio Fundação Conrado Wessel e internacionais garante a troca de
de Arte (para fotografia) experiências e intercâmbio de ideias
e métodos, além de possibilitar o al-
Prêmio CNI-Sesi Marcantonio cance de regiões mais remotas com
Vilaça para as Artes Plásticas convênios e acordos com as demais
esferas de poder público (estados e
Prêmio Aquisição | Casa da Xilogravura municípios).

Prêmio CCBB Contemporâneo AÇÕES CONJUNTAS

- 27 -
A definição de ações em conjunto com
Prêmio Reynaldo Roels Jr. | os demais ministérios e agências pú-
Escola de Arte Visuais do Parque Lage blicas viabiliza projetos e ideias inter-
disciplinares com educação, turismo,
Prêmio Gávea de Fotografia exportação, etc. Elas criam estímulos
e parcerias diretas com a sociedade
Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade civil, que pode atuar de forma mais
| IPHAN (patrimônio cultural) efetiva por meio de organizações sem
fins lucrativos.
Prêmio Funarte Conexão e
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Circulação Artes Visuais LEIS
A regulação do setor por meio de le-
Pipa (Prêmio Investidor gislação e regras específicas visa esti-
Profissional de Arte) mular ou evitar determinadas ações e
comportamentos.
Prêmio Foco Bradesco ArtRio
FINANCIAMENTO
Prêmio de Residência SP-Arte Pode ser direto (concursos, prêmios e
Illy Sustain Art editais) ou indireto (estímulo pela re-
dução de impostos).
Prêmio de Arte Marcos Amaro
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Como o Estado pode garantir uma política inclusiva e diversa

políticas públicas: frentes de ação

- O ARTISTA E O SISTEMA -
ampliação e
alianças e apoio à
multiplicação de regulações investimentos
parcerias sociedade civil
oportunidades

acordos nacionais interseção com organizações dos legislação e


investimento
e internacionais outras áreas: terceiro setor regras claras
direto: sistema
educação,
nacional,
turismo,
estímulo à infraestrutura,
integração dos exportação,
comunidades regionalização e equipamentos,
municípios trabalho,
especificidades programas
economia

bloco América formação e parceria com


autogestão
Latina capacitação iniciativa privada
investimento
indireto: parcerias,
entretenimento
países e estímulo aos soluções criativas incentivo fiscal
e produtos da

- 28 -
instituições negócios e locais
indústria criativa

3. O artista e o incluía uma contraposição ao gosto


vigente. Nos anos 1960, já totalmente
sistema da arte assimilada pelas instituições de arte
moderna e o mercado, a vanguarda
transforma-se em história. A arte que
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

A
relação entre o artista e o sistema surge como resposta aos movimentos
que o suporta sempre foi com- sociais e à contracultura coloca-se no-
plexa. Em vários momentos da vamente em contraposição aos códi-
história da arte, os artistas financiaram gos instituídos, incluindo o sistema da
suas próprias experimentações, como arte moderna. Tratava-se de uma arte
em alguns exemplos das vanguardas antimercado, imaterial e calcada em
históricas (Marcel Duchamp talvez seja conceitos e atitudes e não mais numa
o mais famoso), ou contaram com co- estética autoral.
lecionadores afinados com a estética Os momentos de transição de có-
emergente e com o risco do novo, le- digos artísticos ocorrem nas margens
vando alguns anos até serem reconhe- dos grandes centros. O novo precisa de
cidos pelas instituições culturais. espaço e liberdade para construir seus
A arte moderna ostentava um pressupostos e subverter o que já está
discurso contrário ao estabelecido, assimilado como importante e válido.
incluindo as academias de arte, os Mas, para transgredir, o artista preci-
museus, as elites, o público e as con- sa já ser reconhecido por seus pares e
venções artísticas. O choque do novo pelo circuito de legitimação.
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Assim, os saltos artísticos ocorrem vados seguem o gosto e as escolhas do


dentro do sistema e vão reverberando colecionador, sem necessariamente ter
até alcançar seu núcleo. Nesse processo, em vista o interesse público.
os gatekeepers, aqueles que são respon- Coleções privadas podem preencher
sáveis pela seleção e reconhecimento vácuos de coleções públicas por meio do
dos artistas, vão se renovando, e os já comodato ou até mesmo ser o pontapé
consolidados acabam por assimilar as para a construção de um museu público, a

- O ARTISTA E O SISTEMA -
novas convenções. exemplo do Museu de Arte Contemporâ-
Esse período de tempo, que outrora nea de Niterói e a coleção João Sattamini.
podia durar cerca de 50 anos, acelerou- Os centros culturais, por sua vez, são
se com a disseminação de códigos e de espaços de exposição e de formação que
informações e o aumento da circulação não têm coleções e promovem eventos
de pessoas e de referências. A fricção en- pensados por equipe própria, recebem
tre inovação artística e sistema continua mostras itinerantes ou fomentam editais
existindo, pois faz parte do discurso artís- para ocupação de sua agenda cultural.
tico essa perspectiva crítica de estar fora Podem ser geridos pelo estado ou por
ao mesmo tempo em que se está dentro. entidades privadas.

4. O
 s agentes FORMAÇÃO DAS COLEÇÕES
Um museu só existe por causa de sua
do sistema coleção, e é definido por ela. Quando
surgiram, na França, essas instituições ti-
nham o papel de tornar público o acesso
Museus e instituições a objetos e obras de arte pertencentes à
aristocracia, assim como os troféus con-
UM SISTEMA DA arte equilibrado é composto seguidos em guerras. Em mais de 200

- 29 -
por várias instâncias de legitimação, circu- anos de trajetória, os museus se profis-
lação, interpretação e proteção, que são sionalizaram e aperfeiçoaram sua forma
interdependentes, sendo cada uma res- de iniciar, manter e expandir suas cole-
ponsável por exercer um papel. ções – as mais comuns são a aquisição,
Os museus de arte têm como atribui- o comissionamento, a doação e o como-
ção salvaguardar, conservar, estudar dato de obras.
e divulgar seu acervo, e todas as suas A história dos museus no Brasil apon-
ações partem do perfil de sua coleção e ta para a importância dos prêmios aquisi-
da missão estipulada em cada instituição. tivos de salões e de prêmios de arte, assim
Eles podem ser públicos, privados ou de como de doações de artistas e colecio-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
parceria público-privada, mas são sempre nadores, para a formação de acervos pú-
definidos por seu patrimônio e por sua for- blicos, a exemplo do Museu Nacional de
ma de gerenciamento. Belas Artes e da Pinacoteca de São Paulo
Os museus públicos são geridos – que foram enriquecidos com obras dos
pelo poder municipal, estadual ou fe- artistas selecionados e premiados em cer-
deral, podendo ser administrados numa tames oficiais – e do Museu de Arte Mo-
parceria público-privada, como no caso derna do Rio e do Museu de Arte Moderna
das organizações sociais, dispositivo que de São Paulo, cuja coleção se iniciou com
busca flexibilizar administrativamente as obras doadas pelos sócios fundadores.
instituições museais. Hoje, alguns museus de arte têm co-
Os museus privados podem derivar missões formadas por curadores, funcio-
do conjunto de obras arregimentadas nários, patronos e colecionadores, que
por um colecionador, como o Instituto filtram a entrada das obras (por meio de
Inhotim, ou ser fruto da doação de vários doação, aquisição, comodato ou comis-
colecionadores, a exemplo do Museu de sionamento) para manter escolhas que
Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em li- sejam compatíveis com a missão do mu-
nhas gerais, as coleções dos museus pri- seu, e não baseadas em gostos pessoais.
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COMODATO
Como as obras É a cessão temporária de uma obra ou

chegam ao museu de uma coleção privada para uma insti-


tuição museal. Dessa forma, obras que
muitas vezes não estavam ao alcance do
AQUISIÇÃO público por encontrarem-se em casas ou

- O ARTISTA E O SISTEMA -
É uma compra que pode ser feita direta- reservas técnicas privadas são mostradas
mente com o artista, com a galeria que o nos museus, em exposições temporárias,
representa, com o dono da obra de arte ou em catálogos e sites. Além disso, o mu-
com a instituição que gere o patrimônio de seu passa a salvaguardar os trabalhos
um artista. Outra forma comum de adquirir artísticos em suas reservas técnicas e a
obras de arte para instituições e fundos de ampliar seu valor com sua chancela. Por
investimento é por meio de prêmios conce- meio do comodato, os museus acabam
didos aos artistas (prêmios que muitas ve- por acrescentar obras que preenchem
zes valem menos financeiramente do que ausências de suas coleções, o que difi-
o valor corrente da obra em questão). Para cilmente poderia acontecer por falta de
muitos artistas, o prestígio de constar nas recursos para aquisição ou por conta da
coleções dessas instituições ou de ser pre- ausência dessas obras no mercado de arte.
miado compensa essa diferença monetária.
DOAÇÃO
COMISSIONAMENTO Museus pelo Brasil afora baseiam suas
É a forma mais antiga de patrocínio coleções em doações feitas por artistas,
das artes, praticado pela igreja, pela colecionadores privados e por galerias de

- 30 -
monarquia, pela aristocracia, pela bur- arte por não contarem com orçamento ou
guesia e pelo Estado. Trata-se da enco- base legal para comprá-las. Por sua vez,
menda de obras para um determinado ter uma obra na coleção de um museu de
fim ou local, feita por instituições pú- prestígio aumenta a importância de um
blicas, privadas ou colecionadores. artista, assim como seu valor no mercado.

Espaços autônomos Os espaços independentes ou au-


togeridos são espécies de laboratórios
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
O SISTEMA DA arte é uma cadeia interde- de ideias e de experimentos de todas
pendente de agentes, posicionamen- as ordens, um território de maior liber-
tos e instâncias de consagração e pre- dade de experimentação com poucos
servação. Para que ele seja estável e filtros. O erro, o fracasso, as experiên-
sustentável, é fundamental haver uma cias desinteressadas, as colaborações
diversidade de perfis de agentes e de de cunho afetivo são muito importantes
espaços que abarque a complexidade para gerar novas linguagens e expandir
de uma cena artística pulsante. as possibilidades de atuação. As inova-
Os espaços independentes são uma ções de fato ocorrem fora dos espaços
peça importante dessa engrenagem, já centrais de poder, justamente pela fle-
que museus, galerias e centros cultu- xibilidade e liberdade de experimentos.
rais são estruturas hierárquicas e cum- Os espaços independentes sur-
prem o papel de selecionar, legitimar e gem por uma urgência de um grupo
divulgar artistas que já contam com um com os mesmos interesses e questio-
lastro de investimento de vários agen- namentos, sendo muitas vezes artis-
tes (curadores, galerias e críticos), e por tas e pensadores que não se sentem
isso não se arriscam totalmente. identificados com o discurso institu-
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cional, não se alinham ao perfil já ins- PRINCIPAIS ESPAÇOS EM ATIVIDADE


titucionalizado ou que buscam com
seus projetos experimentais chamar a Berlim
NO BRASIL
atenção de instituições. Bethanien Haus
Os perfis desses espaços têm se São Paulo
Casa do Povo Barcelona
diversificado mundialmente e se pro- Halfhouse
Pivô
fissionalizado, mas, em geral, eles bus- Ateliê 397 Hangar

- O ARTISTA E O SISTEMA -
cam manter um baixo custo para po- BREU
der garantir maior flexibilidade, leveza AMÉRICA DO
Rio de Janeiro
e vivacidade de suas ações. As pala- Capacete NORTE E LATINA
vras-chaves para esse tipo de iniciativa Despina Bogotá
Solar dos Abacaxis Espaço Flora
são: trabalho em rede, cumplicidade, Saracura
colaboração, autonomia, experiência, Buenos Aires
alternativa, fluidez, horizontalidade, Recife Centro de Investigaciones
Maumau artísticas
questionamento, diálogo. Mesbla – Lesbian Bar El Basilisco
Em países desenvolvidos há uma
ampla rede de apoio estatal aos espa- São Luís Cali
Galpão Chão Lugar a dudas
ços independentes justamente pelo en-
tendimento de sua importância e esses Fortaleza Cidade da Guatemala
programas de suporte financeiro tam- Espaço Sem título Proyectos Ultravioleta
bém abarcam os artistas como agentes Itaparica Cidade do México
autônomos. Na Holanda, por exemplo, Sacatar SOMA
o governo financia não apenas as inicia- Lima
Belém
tivas nacionais por meio da Mondriaan Fotoativa Residência Revólver
Foundation como também as de outros
Belo Horizonte Nova Iorque
países, principalmente do chamado Sul

- 31 -
Ja.Ca Residency Unlimited
Global, graças à Prince Claus Founda- ISCP – International
tion. Esse tipo de investimento é visto Brasília Studio & Curatorial
Nave Program
por países europeus como estratégico
Elefante
para seu posicionamento na geopolíti- San José
ca cultural contemporânea, pois causa Florianópolis TEOR/éTica
Embarcação
visibilidade e amplia o networking de San Juan
seus agentes nacionais. NO EXTERIOR Beta-local
A América Latina não é uma massa
EUROPA Santa Cruz de la Sierra
uniforme, e sim uma teia complexa de Kiosko
países que muitas vezes não se comu-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Lisboa
nicam e não têm intercâmbio. Entre- Hangar Valparaíso
Kunsthalle Lissabon CRAC
tanto, a precariedade governamental Zararatan
no suporte aos espaços independen- Air 351 ÁSIA E ÁFRICA
tes é um traço comum entre os paí- Roundabout.LX Beijing, Guangzhou
Zé dos Bois Vitamin Creative Space
ses no continente americano. Alguns Largo Residências
se baseiam em auxílios internacionais Mau Maus Cairo
Plataforma Revólver Townhouse Gallery
dos países ricos, que enviam artistas
nacionais para residências no exterior; Porto Dakar
outros contam com o apoio de colecio- Maus Hábitos Raw Material
nadores ou implementam projetos que Mira
Hong Kong
viabilizem economicamente o espaço. Açores ParaSite
Arquipélago
Lagos
Londres Center for
Gasworks Contemporary Art
Delfina Foundation
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Curadores de arte zação ampla sobre a teia de articula-


ção de poder e de sentido nas mostras
A CURADORIA DE artes plásticas tem se que influenciaram o mundo da arte.
tornado um campo do saber e uma
profissão em escala global. Tanto em
eventos institucionais como nos que
O ponto de virada
são estritamente mercadológicos, a

- O ARTISTA E O SISTEMA -
presença dos curadores tem se tor- A PARTIR DOS anos 1960, muitas das
nado massiva, apontando uma clara obras de arte passaram a ser feitas
reorganização das posições ocupadas especificamente para uma exposição,
pelos agentes do campo da arte. respondendo ao contexto, o que alte-
rou profundamente o status das ins-
HISTÓRICO tituições, deixando de ser um espaço
Há 70 anos não havia curadores (até o de simples apresentação para virar
início da década de 1980 só existiam 3 um lugar discursivo. Isso transformou
bienais no mundo), pelo menos no sen- o curador em um cúmplice ou colabo-
tido como hoje os conhecemos. Os cura- rador direto do artista – ele não seria
dores trabalhavam nos bastidores dos mais visto como aquele que salva-
museus, e eram chamados de conser- guarda fisicamente ou distribui uma
vadores dos museus. Suas atribuições obra de arte nas paredes da galeria.
compreendiam salvaguardar, analisar e Houve, assim, uma redistribuição e
apresentar um patrimônio cultural. uma redefinição das funções tradicio-
Não havia, então, um protagonis- nalmente atribuídas ao curador, e no-
mo, uma “assinatura”, uma autoria vas posições começaram a surgir. A ta-
das exposições. Se olharmos histori- refa que ocupava o nível mais baixo da
camente, notaremos que alguns dire- hierarquia entre as quatro que definiam

- 32 -
tores de museu estabeleceram suas o trabalho do curador (salvaguarda do
marcas no início do século 20, ao ini- patrimônio, enriquecimento das cole-
ciarem exposições inovadoras com ar- ções, pesquisa e apresentação) passa
tistas, designers e arquitetos, transfor- a constar como a principal, numa clara
mando o museu, antes um repositório alteração da economia da arte, estru-
de arte histórica, em um lugar para ex- turada nas cada vez mais frequentes
posições da arte contemporânea. Mas exposições temporárias, que passam
essas eram atitudes isoladas. a dividir o espaço com as mostras per-
As exposições têm moldado, desde manentes das coleções nos museus.
o século 20, a forma como a arte é expe- Ao mesmo tempo, a exposição, ou seja,
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
rienciada, feita ou discutida. Em muitos a apresentação pública, aliada à capa-
casos, a posição do curador foi ocupada cidade de colaboração com o artista, é
pelos artistas, mas, a partir de novas di- o único âmbito em que existe permis-
nâmicas artísticas, econômicas, sociais são para uma personalização.
e políticas, esse agente tem ganhado Gradualmente, o curador passa a
poder, sintoma de um novo sistema. ser um autor.
Nos anos 2000, o mundo da arte No processo de autonomização do
viu emergir os estudos curatoriais campo da curadoria surge a função dos
(curatorial studies), que buscavam faiseur d’expositions (em francês) ou
dar conta da análise crítica do fazer Ausstellungsmacher (em alemão), que
curatorial, além de fornecer ferramen- são os organizadores de exposições de
tas práticas de profissionalização dos arte contemporânea que trabalham de
aprendizes. Nos anos 2010, surgiu ou- forma independente a partir de convites
tro campo de estudo: o da história das de instituições. O que até então era uma
exposições. Trata-se de uma forma de profissão atrelada às coleções públicas
observar as múltiplas camadas de uma nos museus transformou-se em uma
exposição e oferecer uma contextuali- prática profissional mais independente.
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Até o final dos anos 1960, a fun- pecializada. As primeiras escolas sur-
ção de curador freelancer permaneceu giram justamente onde já havia um
relativamente localizada. Ele atuava sistema de museus e uma regulamen-
nacionalmente, mas também fazia ex- tação da profissão de curador: em
posições e acompanhava o trabalho Grénoble (França, em 1986), em Nova
de artistas locais. Todavia, curadores Iorque, (Bard College, em 1988) e na
como Germano Celant (França), Lucy Holanda (De Appel, em 1991). Nelas,

- O ARTISTA E O SISTEMA -
Lippard (EUA), Seth Siegelaub (EUA) os alunos são encorajados a empreen-
e Haraald Szeemann (Suíça) começa- der um percurso investigativo que leve
ram a contextualizar cenas distintas à construção de um projeto curatorial.
de arte contemporânea – com artis- Essas escolas criam redes de rela-
tas ligados ao movimento Fluxus, à ções em que afinidades se convirjam,
Arte Povera, ao pós-minimalismo e ao fomentam uma pausa reflexiva sobre
conceitualismo dos Estados Unidos, curadoria que é enriquecida por dis-
Europa, Reino Unido e América Latina cussões coletivas e causam a aproxi-
– em exposições coletivas internacio- mação com referências precisas. Tam-
nais pela primeira vez. Muitas dessas bém oferecem a chance de entrar de
exposições lograram o reconhecimen- forma mais direcionada no mercado
to internacional tanto dos artistas par- de trabalho.
ticipantes quanto dos curadores. A O contato com profissionais ma-
curadoria passou a ser produtora de duros contribui para uma transmissão
conhecimento de ponta. de conhecimento geracional que será
ressignificado, gera trocas de opiniões
e ajuda a talhar a personalidade do
discípulo. Ainda assim, tudo isso pode
A FORMAÇÃO DO CURADOR ser conseguido também com estágios

- 33 -
em instituições, frequência em ateliês
O CURADOR, hoje, é um autor. Sua po- de artistas, circulação sistemática por
sição atual se afasta do processo de exposições institucionais e indepen-
qualificação profissional esboçado an- dentes e contato direto com profissio-
teriormente, e o aumento de uma de- nais admirados.
manda por curadores em nível global A obtenção de certificados que
desde os anos 1980 levou ao estabe- oficializem a aquisição de certas fer-
lecimento de novas formas de recruta- ramentas importantes para o exercí-
mento, formação e legitimação. cio da curadoria tem pesos diferentes
Mesmo não sendo uma profissão na Europa, nos Estados Unidos e nas
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
regulada por lei, o campo da curadoria regiões que têm sistemas da arte em
é protegido pelo reconhecimento dos desenvolvimento. Conforme aponta-
pares e por leis invisíveis para os leigos. do em uma matéria do US News and
Assim como em qualquer ofício criati- World Report, ao contratar curadores
vo, este é dependente de uma rede de a maior parte das instituições norte-a-
relações, de acúmulo de capital cul- mericanas leva em consideração títu-
tural e de um rol de projetos conside- los de mestrado e doutorado na área
rados bem-sucedidos pelo campo da de conhecimento do candidato, como
arte. Não há regras, receitas e estágios História da Arte ou Museologia. Toda-
prontos e certeiros para chegar ao topo via, o critério de peso para convites e
da carreira; a curadoria é uma profis- seleção de concursos abertos para a
são entrelaçada com as novas leis do ocupação de postos institucionais são
mercado internacional do trabalho. as realizações alcançadas pelo cura-
Apesar de a entrada na profissão dor em termos de exposições, publica-
não exigir diploma, cursos de curado- ções e projetos. Na Europa, idem.
ria foram criados para atender a essa O campo da curadoria tem firma-
nova demanda por mão de obra es- do sua dinâmica interna, baseada na
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interrelação com a produção artística Além da crítica veiculada nos


e com a própria produção curatorial. jornais, voltada para o grande público,
Como campo de saber, espera-se que seu território de atuação se expandiu
as exposições acrescentem perspec- para os catálogos de mostras e revistas
tivas e entendimentos ao que já está especializadas em arte e áreas afins,
constituído. como, no Brasil, a Habitat (anos 1950)
Entretanto, o alargamento do cir- e a Malasartes (anos 1970), para citar

- O ARTISTA E O SISTEMA -
cuito da arte contemporânea torna a algumas das mais importantes.
tarefa de estar atualizado com o que Com a ascensão de um sistema
se produz praticamente impossível. Ao da arte contemporânea baseado
mesmo tempo em que atende a um no conceito, na imaterialidade do
movimento de globalização e de sofis- objeto artístico e na contracultura,
ticação cognitiva, o campo da curado- a apresentação em exposições e
ria busca singularidade. É entre para- acontecimentos passou a ser o principal
doxos, dilemas e ressignificações que meio de concretização, legitimação e
novas ecologias são constituídas no inteligibilidade das relações entre as
mundo da arte, sendo a curadoria um obras, requerendo a adesão de um
de seus pontos mais relevantes. novo tipo de gatekeeper: o curador.
O estatuto da crítica de arte tem se
Críticos de arte modificado em especial nos últimos 30
anos com a consolidação dessa nova
HISTÓRICO economia da arte. Os espaços para o
A crítica de arte surgiu no século XVIII, exercício da crítica têm diminuído no
com a história da arte e a estética, e mesmo passo da perda de protagonismo
passou a fazer parte da engrenagem da imprensa no relato dos fatos, assim
do sistema da arte a partir do período como a sua relevância no processo de

- 34 -
moderno. No século XIX, ela acabou por legitimação de artistas. Os textos críticos
substituir as guildas e as academias de podem ser encontrados em catálogos,
arte como instituições legitimadoras do textos de apresentação de exposições
processo de acesso à carreira artística. na parede e em folders e nas resenhas
Nessa época, passou a cumprir o de revistas especializadas, cumprindo
papel de não apenas informar e mediar mais a função de agenda cultural do
o discurso, mas principalmente de que propriamente de balizamento da
educar o gosto do público em geral e produção atual.
do próprio artista para a nova arte que
estava sendo feita, longe dos cânones
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
clássicos já estabilizados.
Se o historiador da arte construía
A importância de acompanhar
a carreira do artista
narrativas sobre o passado em livros,
coleções e exposições nos museus, a A OBRA DE um artista nunca foi e nunca
crítica de arte lidava com o presente da será resultado apenas de seu esforço
produção, criando vocabulários e filtros individual, mas efeito da sua interação
para julgar, decodificar e organizar com ideias, materiais, consensos, códi-
as obras imbuídas da nova estética. gos estabelecidos e pessoas. O interlo-
O terreno de atuação da crítica era o cutor do artista pode ser outro artista
recente e crescente mercado editorial, ou outro agente do sistema cujo papel
e o discurso crítico foi sedimentando- seja justamente o de pensar o trabalho
se principalmente na primeira pessoal em relação à produção coletiva
metade do século XX. O surgimento de um determinado tempo e lugar.
da Associação Internacional dos Esse papel já foi desempenhado
Críticos de Arte (AICA), em 1948, pelo crítico, depois passou a ser divi-
sinaliza a consolidação de um campo dido com o curador e hoje em dia com
profissional em termos transnacionais.
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possuir uma obra de arte original, me-


outros agentes, como o galerista e até lhor será para os artistas e também
mesmo o colecionador. A importância para o mercado. Todos se beneficiam.
de ter uma interlocução crítica é pensar Chamamos de colecionador aquele
a obra e suas ressonâncias além do seu que adquire obras de forma sistemática,
círculo pessoal e restrito. visando formar uma coleção.
Ser acompanhado por um crítico de Não importa se inicialmente ele

- O ARTISTA E O SISTEMA -
arte ou um curador significa confron- expõe essas obras em sua residência
tar-se com um ser social que não tem ou se em algum momento vai abrir a
a obrigação de agradar o artista nem sua coleção para o público. Normal-
de analisar uma obra apenas em rela- mente, o que difere esses dois tipos
ção ao seu gosto pessoal, e sim para de colecionador é o foco, o método e a
contextualizar o trabalho de forma disponibilidade financeira de continuar
mais ampla e contribuir para a constru- comprando regularmente.
ção de significados. Há entre esses colecionadores pa-
Um acompanhamento crítico pode tronos de arte e doadores – o que dife-
se constituir a partir do interesse sus- rencia um do outro é uma disposição
citado em um curador ou crítico pelo de fomentar concretamente a produ-
trabalho do artista numa exposição, ção de certos artistas. Em um senti-
em uma visita ao ateliê ou mesmo por do mais amplo, fala-se de mecenato
meio de um portfólio. para designar a manutenção de insti-
Por vezes, a orientação pode surgir tuições, o incentivo financeiro de ativi-
por meio de escolas ou de prêmios que dades culturais, como exposições de
selam o encontro entre curador e artis- arte, feiras, restauro de obras de arte e
ta. Atualmente, vários artistas, curado- monumentos.
res e críticos oferecem como freelan- Eles podem financiar a produção

- 35 -
cers acompanhamentos individuais ou – só ou em grupo – ou ajudar uma ins-
em grupo em várias partes do Brasil. tituição que deseja adquirir obras por
meio de doações em espécie ou mes-
mo compra e posterior doação da obra
(tratamos desse assunto com mais de-
Colecionadores
talhe na Parte C – Operacionalização).
Algumas coleções privadas abrem-
COLECIONAR É O ato de selecionar, orga- se ao público de forma permanente,
nizar, guardar, trocar e expor diversos institucionalizando-se, ou informal-
itens por categoria ou interesses pes- mente, sob agendamento para grupos
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
soais. Essa atividade não é recente: e chamados específicos.
o homem coleciona objetos desde a As coleções públicas, em museus
Antiguidade, por muitas razões além ou instituições, devem ser pensadas
do valor financeiro desses bens e da a partir da natureza de cada museu
necessidade de guardá-los e preservá- para que disso decorram as diretrizes
-los ao longo do tempo. de seus acervos (falamos sobre esse
No caso das coleções de arte, elas tipo de coleção no tópico sobre mu-
podem seguir simplesmente o gosto seus e instituições).
de quem compra (e aparentemente
não ter método ou foco) ou podem ter
um fio condutor claro, seja um suporte
específico ou um tema, recorte estéti-
co, temporal ou territorial.
Há pessoas que iniciam coleções
de forma despretensiosa porque es-
tão montando uma casa, por exemplo.
Quanto mais pessoas interessadas em
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Bienais A Bienal de São Paulo é a segunda


mais antiga do mundo e uma das mais
IMPORTÂNCIA HISTÓRICA respeitadas, mesmo diante dos per-
A importância individual de uma bie- calços políticos e econômicos viven-
nal não é tão estável quanto se pen- ciados desde a sua criação em 1951.
sa. Seu prestígio flutua de acordo com Isso ocorre por sua longevidade e im-
a recepção crítica de suas edições e o
232 portância histórica, por estar fora dos

- O ARTISTA E O SISTEMA -
conjunto de artistas, curadores, gale- centros hegemônicos de poder, des-
ristas, colecionadores e público espe- Bienais ou locando a peregrinação dos jet setters
cializado que elas atraem. mostras para a América do Sul e por ter oferta-
A Bienal de Veneza mantém seu de grande do novas miradas para a arte interna-
destaque ao longo do tempo, mes- formato foram cional, em especial na bienal de 1998,
mo quando algumas de suas exposi- catalogadas capitaneada por Paulo Herkenhoff, no
ções não empolgam o mundo da arte, pelo Biennial auge do processo de globalização do
e continua sendo uma das principais mundo da arte contemporânea.
Foundation
plataformas de consagração.
Dividida em duas partes – a expo-
sição curada pelo curador-geral e os
pavilhões nacionais –, Veneza se torna
vitrine para governos e colecionado-
30 , 7 %
dos artistas já participaram
res mostrarem seus artistas ou obras, de bienais nacionais
muitas vezes em palácios renascentis-
tas ou em edifícios alugados, já que os
pavilhões fixos e próprios no Giardini li-
mitam-se a abrigar delegações de me-
26 , 5 %
nos de 30 países. já participaram de bienais internacionais

- 36 -
O fato de a mostra principal da Bie-
nal de Veneza não contar com um or-
çamento governamental a coloca em
uma chave mais comercial e sem mui-
91 , 5 %
dos artistas respondentes
tos riscos, pois artistas participantes visitam bienais nacionais
precisam contar com apoio financeiro
de galerias de arte ou de seus países.
A mostra mais prestigiosa do mun-
do na atualidade é a documenta de
56 , 5 %
visitam bienais internacionais - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Kassel, evento que ocorre a cada cin-
co anos na cidade alemã de Kassel.
Fonte pesquisa própria
Fundada em 1955 com o propósito de
recolocar a Alemanha nos trilhos da
arte avançada após a perseguição na-
zista à arte e aos artistas modernos, a BIENAL DE VENEZA
Documenta tornou-se uma espécie de A avó do circuito bienal global, Veneza é
bússola que aponta para onde os ven- visita obrigatória no calendário, com as
tos da arte global estão soprando. representações nacionais dos pavilhões
Sua generosa temporalidade e o ro- permanentes no Giardini e Arsenale e os
busto orçamento estatal permitem pes- pavilhões pop-up salpicados nos pala-
quisas curatoriais de fôlego, contrapon- zzi da cidade. É um evento de posicio-
do-se à rapidez e ao imediatismo que a namento diplomático entre nações no
economia da arte impõe aos curadores campo da produção artística.
freelancers ou mesmo institucionais. A
densidade teórica de cada edição acaba CARNEGIE INTERNATIONAL
se diluindo ao longo dos anos, gerando Exposição internacional de arte realiza-
expectativas para o próximo evento. da no museu de mesmo nome e usada
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como seu principal canal para a aquisição ticamente graças, em grande parte, ao
de arte contemporânea para sua coleção seu status como a exposição interativa
permanente. É a segunda exposição mais mais bem financiada.
antiga e recorrente do mundo. Seu lança-
mento (em 1896, apenas um ano após BIENAL DE SIDNEY
a primeira Bienal de Veneza) é conheci- Segunda bienal mais antiga do Hemisfério
da por ter exibido praticamente todos os Sul, tornou-se um caso excepcionalmente

- O ARTISTA E O SISTEMA -
grandes artistas modernos. Acontece a internacional, trazendo projetos de gran-
cada três ou cinco anos e, inicialmente, foi de escala por dezenas de artistas em
uma iniciativa educativa para introduzir os toda cidade, desde locais convencionais
telespectadores norte-americanos ao me- como o Museum of Contemporary Art e
lhor da arte mundial, mas evoluiu para ser da Art Gallery of New South Wales, até lo-
uma bem curada vitrine internacional . cais pouco óbvios, como o Royal Bothanic
Gardens, uma antiga prisão em Cockatoo
WHITNEY BIENNIAL Island, piers remodelados em Walsh Bay
Ocorre no museu nova-iorquino de mesmo e, naturalmente, a Sydney Opera House.
nome e funciona como rito de passagem
para jovens artistas, que são conduzidos a BIENAL DE HAVANA
escalões superiores da hierarquia do mun- Lançada em 1984, tem se destacado
do da arte. Também é uma oportunidade por seu foco exclusivo em artistas “non-
para os favoritos de longa data que orga- -westerns”. A edição inaugural só incluiu
nizam retrospectivas de final da carreira artistas do Caribe e da América Latina,
– ou, como aconteceu há dois anos com com as edições subsequentes expandin-
Forrest Bess, um projeto curatorial que de- do para adicionar artistas do Oriente Mé-
sencadeou grande interesse por um artis- dio, da África e da Ásia. Outra característi-
ta já morto e por muito tempo esquecido. ca pouco habitual da Bienal cubana é sua

- 37 -
Criticada ou elogiada, a Whitney Biennial política curatorial: em vez de um elenco
serve como um termômetro confiável a rotativo de curadores globetrotters e ce-
respeito do modo como as coisas ocorrem lebridades, cada edição é supervisiona-
no mundo da arte dos Estados Unidos. da por uma equipe curatorial do Wifredo
Lam Contemporary Art Center de Havana.
BIENAL DE SÃO PAULO
A segunda mais antiga do mundo de- BIENAL DE ISTAMBUL
pois de Veneza, ocorre a cada dois anos Fundada em 1987, as primeiras duas edi-
desde 1951, quando foi fundada pelo ções da Bienal de Istambul foram orga-
empresário brasileiro Ciccillo Matarazzo. nizadas pelo curador local e crítico Beral
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Desde 1957, seu lugar é no Pavilhão Cic- Madra, mas, desde então, a exposição tem
cillo Matarazzo, desenhado por Oscar assumido um caráter cada vez mais glo-
Niemeyer e Hélio Uchôa. Desde o início, bal, trazendo curadores de renome mun-
aderiu ao modelo organizacional da Bie- dial, como René Block (em 1995), Dan
nal de Veneza (por representações na- Cameron (em 2003), Adriano Pedrosa, e
cionais), o que durou até a 27a Edição Jens Hoffmann (cocuradoria em 2011).
em 2006, curada por Lisette Lagnado.
BIENAL DE LYON
DOCUMENTA Lançada em 1991 pelo dinâmico diretor
A cada cinco anos, o mundo da arte faz do museu de arte contemporânea da ci-
uma peregrinação à pequena cidade dade, Thierry Raspail, a Bienal de Lyon
alemã de Kassel. Fundado em 1955, o estabeleceu-se como o principal even-
evento tinha um foco mais regional no to desse tipo na França. O curador su-
início. Destinado a unificar o país dividido íço Harald Szeemann deu à bienal uma
geopoliticamente com base na cultura, visão firmemente internacional com sua
Kassel foi escolhido por sua localização. edição O Outro, em 1997. Desde então, os
Edições recentes têm expandido drama- curadores têm enfrentado grandes ques-
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tões, como o exotismo (Jean-Hubert BIENAL DE XANGAI


Martin, 2000), a temporalidade (Le Con- Maior bienal da China, existe desde 1996,
sortium de Dijon, 2003) e a duração (Ni- quando o Museu de Arte de Xangai reali-
colas Bourriaud e Jérôme Sans, 2005), zou sua edição inaugural. Desde então,
trabalhando com palavras-chave te- a exposição se manteve focada naquele
máticas selecionadas por Raspail por local, com projetos públicos adicionais:
três edições. O ciclo 2015-2019 centra-se performances, palestras e programação

- O ARTISTA E O SISTEMA -
no “moderno”, e foi inaugurada pelo dire- se espalhando por toda a cidade.
tor da Hayward Gallery, em Londres, Ral-
ph Rugoff, em setembro de 2015. BIENAL DE LIVERPOOL
A autoproclamada “Bienal Britânica de
BIENAL DE SHARJAH Arte Contemporânea” tem muito a ver
Embora os Emirados Árabes Unidos te- com a reinvenção de uma cidade que
nham visto uma explosão de institui- ainda sofre pelo declínio como porto in-
ções de arte ao longo da última déca- ternacional. Os prédios vazios encontra-
da, a Sharjah Biennial é um dinossauro dos praticamente em todos os lugares de
na região, tendo sido lançada em 1993. Liverpool são excelentes espaços de ex-
Fundada pelo Departamento de Cultu- posição, embora incomuns. A Bienal tam-
bém atua como uma comissionadora de
ra e Informação, é gerido desde 2006
obras de arte temporárias e permanentes.
pela fundação sem fins lucrativos Shar-
jah Art, que organiza a programação de
TRIENAL DE YOKOHAMA
arte visual entre bienais também. Cada
A mostra mais importante do Japão reú-
edição é organizada em torno de um
ne alguns dos maiores artistas asiáticos
tema, que pode ser conceitual ou aber-
do momento, incluindo previsíveis nomes
tamente político.
japoneses, europeus e norte-americanos.

- 38 -
A Trienal é a peça central da iniciativa
BIENAL DE GWANGJU
Yokohama Cidade Criativa, lançada em
Em termos de orçamento, presença e in- 2004 e que vê a arte e a cultura como uma
fluência, a Bienal de Gwangju está, sem prioridade no desenvolvimento da cidade
dúvida, no topo dos eventos mundiais de portuária. Sua quarta edição ocorreu logo
arte. Localizado no berço da democra- após o tsunami de 2011, que devastou a
cia coreana – o Massacre Gwangju, em costa japonesa, dando pungência adicio-
1980, ajudou a impulsionar o fim da di- nal para o tema daquele ano: o relaciona-
tadura –, ela foi conhecida por projetos mento do Japão com o resto do mundo.
curatoriais surpreendentes.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
BIENAL DE MARRAKECH
MANIFESTA Um dos pontos que distinguem Marrake-
Bienal europeia itinerante concebida ch de outras bienais é sua multidisci-
após a queda da União Soviética e lança- plinaridade, com seções dedicadas ao
da em 1996, em Roterdã, tem seu centro cinema e vídeo, artes cênicas e literatura,
de operações em Amsterdã. O evento tem cada um com seu próprio curador de-
uma orientação clara de não se estabele- dicado. Esse é um dos fatores determi-
cer em centros de arte tradicionais e de se nantes da excepcional alta participação
envolver com as especificidades do local de artistas. Outra característica única da
de acolhimento de cada edição e da cida- Bienal de Marrakech é seu formato trilín-
de. O histórico da Manifesta é de impres- gue, com obras e textos apresentados em
sionante rigor curatorial (um novo tema e árabe, francês e inglês. A exposição se ex-
curador, ou grupo de curadores, é escolhi- pande em seus arredores mais profunda-
do para cada edição) e incentivo a artis- mente do que muitas outras bienais, com
tas emergentes para criar projetos ambi- projetos apresentados em templos secu-
ciosos e experimentais que eles podem lares, prédios da era colonial, um teatro
não ser capazes de executar no âmbito de inacabado e o museu de arte local, entre
uma exposição mais convencional. outros locais espalhados pela cidade.
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CALENDÁRIO DE BIENAIS NO MUNDO


CONFIRA AS DATAS DOS EVENTOS NOS SITES DAS INSTITUIÇÕES

JAN FEV MAR


02/2019 7/3 a 10/6/2019
Chobi Mela X International Festival of Sharjah Biennial 14 – Leaving the Echo
Photography Chamber
Dhaka, Bangladesh Emirados Árabes
9/2/2019

- O ARTISTA E O SISTEMA -
8/3 a 5/5/2019
Desert X
Bienal de Honolulu
Palm Springs and Coachella
Havaí
Valley, Estados Unidos
14/2 a 21/4/2019
Manif d’art 9
Québec, Canadá
ABR MAI JUN
2/6 a 28/10/2018
12/4 a 12/5/2019 5/5 a 16/9/2018
RIBOCA Riga International Biennial of
Bienal de Havana Trienal de Bruges
Contemporary Art
Havana, Cuba Bélgica
Riga, Letônia
Abertura em 2019 9/6 a 9/9/2018
Bienal de Oslo Bienal de Berlim
Noruega Alemanha
11/5 a 24/11/2019 9/6 a 19/9/2018
Bienal de Veneza Bienal de Yinchuan
Itália China
16/6 a 4/11/2018
Manifesta 12

- 39 -
Palermo, Itália
Junho a setembro de 2019
Biennial of Graphic Arts
Ljubljana, Eslovênia
18/6 a 25/9/2022
documenta 15
Kassel, Alemanha
JUL AGO SET
3/8/2018 a 6/1/ 2019
7/7 a 30/9/2018
SITElines 6/9 a 18/11/2018
Front International Cleveland - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
New Perspectives on Art Seoul Mediacity Biennale
Exhibition for Contemporary
of the Americas Seul, Coreia do Sul
Art, Estados Unidos
Santa Fé, NM, Estados Unidos
29/7 a 17/9/2018 16/8 a 16/9/2018 7/9 a 11/11/2018
Echigo-Tsumari Art Trienalle 21 Bienal de Arte Paiz 12th Gwangju Biennale
Japão Cidade da Guatemala Coreia do Sul
14/7 a 28/10/2018 25/8 a 28/10/2018 7/9 a 9/12/2018
Bienal de Liverpool Open Spaces Bienal de São Paulo
Grã-Bretanha Kansas City, Estados Unidos Brasil
29/9 a 2/12/2018
1/8 a 14/10/2019
Les Ateliers de Rennes
Aichi Triennale
Contemporary Art Biennale
Aichi/Nagoya, Japão
Rennes, França
30/8 a 29/9/2019
Setembro a Dezembro de 2019
LIAF – Lofoten International
Toronto Biennial of Art
Art Festival
Ontario, Canadá
Lofoten Islands, Noruega
14/9 a 10/11/2019
Bienal de Istambul
Turquia
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OUT NOV DEZ


6/10/2018
Qalandiya International 8/11/2018 a 3/2/2019 12/12/2018 a 29/3/2019
Eventos em cidades e vilas Biennale de l'Image en Mouvement 4 th Kochi-Muziris Biennale
palestinas e em Nova York, Genebra, Suíça Kochi e Muziris, Índia
Cidade do Cabo e Pequim
13/10/2018 a 25/3/2019 10/11/2018 a 10/3/2019

- O ARTISTA E O SISTEMA -
57th Carnegie International 12th Shanghai Biennale
Pittsburgh, Estados Unidos China
15/10/2017 a 1/6/2019 17/11/2018 a 10/3/2019
KölnSkulptur #9 11th Taipei Biennial
Colônia, Alemanha Taiwan
27/10 a 2/12/2018 24/11/2018 a 28/4/2019
4th International Biennial APT9 9th Asia Pacific Triennial
of Casablanca of Contemporary Art
Marrocos Brisbane, Austrália

Galerias de arte
Às vezes, a hierarquia econômica
não corresponde à hierarquia cultural;
GALERIAS DE ARTE se diferenciam em re- existem galerias cujo poder econômico
lação à natureza de suas operações. não é grande, mas têm um grande pres-
Quando representam os artistas em tígio cultural. Do mesmo modo, também
atividade diretamente, são chamadas observamos que o prestígio cultural não
de mercado primário; quando não têm é igual mesmo entre as que possuem
representação e vendem obras de par- poder econômico semelhante. O prestí-

- 40 -
ticulares, são chamadas de mercado gio cultural das galerias às vezes se con-
secundário. Também existem galerias funde com o seu prestígio social.
que atuam nos dois mercados simulta- Outra confusão bastante comum
neamente. é qualificar o artista pela galeria que
o representa, e não pela obra que
MERCADO PRIMÁRIO produz, como se o valor simbólico do
artista e de sua obra estivesse direta-
NESSE GRUPO, as galerias têm um papel mente ligado aos valores econômico e
duplo: atuam na esfera comercial ven- cultural dessas galerias. Fica a impres-
dendo obras de arte e na esfera insti- são de que o todo é mais importan-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tucional, representando e promovendo te do que as suas partes; essa visão
o trabalho dos artistas. Dependendo equivocada gera, em alguns agentes
de seu tempo de atuação no mercado, que atuam no mercado, a ideia de que
do conhecimento e da influência junto o artista que não pertence a nenhuma
a outros agentes, o peso vai ser maior galeria não tem valor.
para um ou outro lado.
Também existe uma hierarquia eco-
nômica entre elas. O capital financeiro
(recursos disponíveis para investimento
no negócio) e o capital social (campo
81 , 2 %
dos artistas visitam galerias nacionais
de influência) impactam e ajudam nas três ou mais vezes ao ano
relações com colecionadores e institui-

30 , 7 %
ções e na participação em feiras e outros
eventos. Quanto mais capital financeiro
e social tem a galeria, mais potente é o nunca visitam galerias internacionais
negócio – essa regra se aplica tanto ao
mercado primário como ao secundário. Fonte pesquisa própria
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Há galerias com diversos perfis,


Artista sem galeria
e nos últimos 10 anos surgiram, com
é artista morto? maior ou menor sucesso, galerias que
se dedicam exclusivamente à venda de
múltiplos, de Street Art; de edições para
ESSA FRASE, surpreendentemente re- mídias digitais, de livros de artista, gale-
petida vez ou outra por coleciona- rias online. Elas são mais comuns fora

- O ARTISTA E O SISTEMA -
dores, galerias e curadores, nasce do do Brasil, como a Artsy.net, a Seditionart.
equívoco de considerar que o artista com – especializada em obras sonoras e
que não pertence a uma galeria é in- imateriais e com venda somente online
visibilizado ou não tem valor. É com- – e a www.saatchiart.com, que, além
preensível que galerias e coleciona- de ter um espaço dedicado a edições,
dores digam isso, mas curadores e faz uma feira de arte exclusiva para ar-
artistas não deveriam reproduzir tal tistas chamada The other art fair.
discurso, porque é possível adicionar
prestígio cultural e econômico a um
artista por outras formas que não a
representação comercial por meio
50 , 4 % Para saber mais sobre as galerias brasileiras
do mercado primário, visite:
dos artistas são
de galerias de arte. representados http://abact.com.br/
Um artista que não é represen- http://latitudebrasil.org/
tado por galeria é um artista, e vai por galerias
ser sempre um artista. No centro do de arte
sistema da arte está o artista, produ- nacionais ou
zindo o que será comercializado por internacionais COMO O ARTISTA
galerias, exibido em museus e insti- CHEGA ÀS GALERIAS?
tuições e adquirido por os todos que No mundo ideal, as galerias vão até os

- 41 -
se interessam por arte. Deste grupo, artistas quando veem seu trabalho em
Não queremos incitar a discus-
são sobre quem é mais importante: 76 , 2 %
por galerias
alguma exposição ou quando algum
curador ou colecionador o recomenda.
se é a galeria que faz o artista ou o Um artista já representado também
artista que faz a galeria, já que am- nacionais, pode apresentar à galeria outro artista.

5%
bos se beneficiam quando há uma Participar de salões, prêmios, editais é
parceira equilibrada. Se um artista uma maneira de entrar nesse mercado e
consagrado passa a ser represen- começar a conhecer as pessoas que po-
tado por uma galeria jovem, cer-
por galerias dem levar o artista até uma galeria. Mas
tamente vai ajudar a galeria a ter internacionais, não existe regra para esse encontro.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
projetos aprovados em feiras, ou
mesmo atrair curadores e coleciona-
dores que ela não teria como aces-
18 , 6 % Trata-se de um relacionamento
que deve ser construído. Primeiro com
seus pares, depois com outros agen-
por galerias
sar de outra forma. O mesmo pode nacionais e tes do mercado – todas essas relações
acontecer a um artista jovem que é podem virar um convite para represen-
representado por uma galeria esta-
internacionais tação. Mas isso leva tempo e requer
belecida e se beneficia dos muitos Fonte pesquisa própria disposição para abrir alguns caminhos
contatos institucionais e de colecio- com ações como:
nadores que frequentam a galeria,
podendo até facilitar a internaciona- • Ir a exposições, entender qual é o
lização da sua obra. perfil dos artistas representados
pela galeria e verificar se o
seu perfil está de acordo.
• Conhecer artistas que já são
representados pelas galerias e que
podem indicar o seu trabalho.
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• Conversar com as pessoas que obras dos artistas ou famílias de artis-


trabalham nas galerias, perguntar tas mortos, ou mesmo recebam obras
se pode enviar um portfólio em consignação. Nessas situações, eles
ou mesmo o link para o site. desempenham uma função de agente
comercial que, do ponto de vista econô-
Se o artista não interage com seus mico, se aproxima da função de galeris-
pares ou com o mercado, não frequenta ta de mercado primário, mas não tem o

- O ARTISTA E O SISTEMA -
as galerias da cidade onde vive, não par- componente de representação institu-
ticipa de nenhuma iniciativa que faz com cional. No geral, eles consignam direta-
que o trabalho seja exibido e circule, exis- mente com o atual proprietário da obra.
te o risco de que nada aconteça – essa Diferentemente do que acontece
é uma preocupação de muitos artistas no mercado primário, essas galerias
que vivem fora dos grandes centros. não têm acesso direto e privilegiado à
O isolamento e a falta de opor- produção atual dos artistas nem dis-
tunidades podem ser reduzidos se põem de acervos atualizados frequen-
os artistas se unem e começam a se temente. As obras que possuem para
movimentar para fazer exposições ou vender devem ser captadas no mer-
mesmo montar espaços independen- cado, e eles devem construir uma rede
tes (há vários espalhados pelo país). com seus pares e com colecionadores
Um curador local pode fortalecer es- para acessarem as obras que já estão
sas ações, e instituições locais, quando em circulação.
existem, podem dar apoio. Planejar as Curiosamente, diferentemente do
ações com os recursos e as redes dis- que acontece no mercado primário, as
poníveis pode diminuir o isolamento. galerias que trabalham com merca-
do secundário atuam em rede, e não
MERCADO SECUNDÁRIO raro fazem negócios em conjunto e se

- 42 -
unem para adquirir uma obra ou mes-
O TERMO MERCADO secundário designa mo vender obras.
todos os investimentos que trocaram Algumas galerias de mercado se-
de mãos entre agentes que possuem o cundário compram obras de artistas
ativo, ou seja, trabalham com revenda. que se encontrem em uma etapa inter-
As operações em mercado secundário mediária em suas carreiras, para guardá-
são as que acontecem entre colecio- -las e vendê-las posteriormente, como
nadores, após a primeira compra, dire- um investimento. Também é comum
tamente ou por intermédio de galerias que as próprias galerias adquiram as
do mercado secundário, leilões ou mar- obras quando alguém oferece à venda.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
chands e consultores de arte – esses Eles podem guardá-las para fazer uma
dois últimos podem atuar no mercado exposição no futuro ou mesmo lucrar
secundário como agentes que com- com a revenda, quando a obra é ofere-
pram e vendem por comissionamen- cida por um valor atrativo, ou mesmo
to obras de arte dispensando galerias, abaixo do valor de mercado. É comum
atividades regulares de exposição ou que essas galerias façam exposições
mesmo empresas estabelecidas. quando possuem espaço para isso.
Representantes do mercado se- O processo de entrada da obra é
cundário não têm compromisso com a muito semelhante ao processo realiza-
representação do artista, ou seja, não do por leilões, com a diferença de que
fazem o trabalho institucional que as nem sempre as obras serão fotografa-
galerias de mercado primário fazem, das ou mesmo colocadas em um catá-
por exemplo. Dessa forma, não há con- logo. Definido o valor para a obra e a co-
signação de obra direta com artistas missão que o atual proprietário pagará
para posterior venda. em caso de venda, gera-se um contrato
Pode até haver casos em que esses de consignação da obra, assinado por
comerciantes comprem diretamente ambos, e o marchand pode começar a
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promover a venda da obra, oferecendo- e estímulo, fica cada vez mais difícil en-
-a para seus clientes. Interessa, portan- contrar tempo livre para se dedicar à
to, ao agente do mercado secundário, apreciação e ao entendimento da arte.
ter acesso às melhores obras à venda e Há também o fato de que colecio-
a uma cartela de clientes qualificada e nar é um símbolo de status, e o dinhei-
disposta a pagar pelas obras. ro novo se estabelece na sociedade
O comissionamento varia de acor- por meio da aquisição de capital cul-

- O ARTISTA E O SISTEMA -
do com o valor da obra, na faixa entre tural. Hoje em dia um número crescen-
3% a 20%, dependendo da negocia- te de compradores busca consultores
ção entre o atual proprietário da obra com o conhecimento necessário para
e o marchand. Há casos em que o pro- adquirir uma coleção.
prietário diz qual é o valor mínimo que
aceita receber pela obra e o marchand
fica livre para colocar sobre esse valor
o comissionamento que deseja. Não
há uma regra; isso é definido na hora O QUE FAZ UM CONSELHEIRO?
da negociação. Os conselheiros (em inglês, advisors)
diferenciam-se dos consultores de
DIREITO DE SEQUÊNCIA arte na forma como são remunerados
No mercado secundário, nos casos de pelo trabalho. É praxe no mercado que
valorização da obra, os direitos de se- o consultor seja remunerado por co-
quência são devidos ao artista e de- missionamento pago pelas galerias.
veriam ser pagos, mas esse ainda é Conselheiros normalmente são remu-
um assunto delicado e que gera muito nerados pelos próprios solicitantes, no
debate entre colecionadores, galeris- caso, os interessados na compra.
tas e leiloeiros, que não chegam a uma Arquitetos e decoradores podem

- 43 -
conclusão sobre como proceder. Neste atuar como consultores, assim como
guia explicamos como funciona o Di- colecionadores mais experientes quan-
reito de Sequência previsto na Lei de do orientam seus amigos ou colegas de
Direito Autoral e o que o artista deve trabalho. Há até casos em que artistas
fazer para garantir a sua execução em fazem o mesmo; tudo depende do grau
caso de revenda de obra de sua autoria. de confiança entre essas pessoas.

Conselheiros também podem aju-


Consultores de arte dar um colecionador a adquirir obras
de artistas mais cobiçados em galerias
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
A EXISTÊNCIA DEconsultores de arte atu- nacionais e internacionais. Um colecio-
ando no mercado não é algo novo, mas nador menos conhecido muitas vezes
na última década essa prática vem se não consegue entrar em uma galeria e
tornando cada vez mais popular. Se, adquirir o que deseja, e fora do Brasil
no passado, os colecionadores deci- o processo é ainda mais complicado
diam o que comprar sozinhos, no má- (algumas galerias não dizem nem o
ximo ouvindo a opinião de um galerista valor da obra, principalmente quando
ou curador de sua confiança, passou a se trata de um artista com muita de-
ter sinônimo de status ser assessora- manda do mercado).
do por um consultor ou ter um curador Cada galeria precisa confiar que
como conselheiro. o colecionador não está comprando
Vários são os fatores que colabo- para colocar a obra em um leilão no
ram para isso, mas o principal deles é momento seguinte ou especulando, e
a falta de tempo. É preciso ter tempo essa confiança leva tempo para se es-
para estudar, para olhar e amadurecer tabelecer. Os principais conselheiros já
esse olhar. Em tempos em que as pes- têm esses contatos na maioria dos ca-
soas lidam com excesso de informação sos e facilitam o acesso a essas obras.
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Nos dois casos existem profissio- as casas de leilão conduzem rigorosa


nais que fazem sugestões bastante avaliação tanto do estado de conser-
diretas e indicam o que seus clientes vação da obra como de sua proveni-
devem comprar. A desvantagem dessa ência. Dessa forma, evita-se qualquer
prática é que ela contribui para a uni- problema com relação à autenticidade.
formização das coleções. O pensamen- Também é possível checar se as obras
to que rege essa forma de trabalhar é se encontram livres e desembaraçadas

- O ARTISTA E O SISTEMA -
sempre indicar o que está sendo con- de quaisquer ônus, espólio, partilha e
siderado “um bom investimento”, se- garantem que o vendedor está apto a
guindo o mesmo princípio de ações em assinar um recibo e dar a transferên-
uma carteira financeira. É por isso que cia de propriedade da obra em caso de
vemos tanta similitude na maioria das venda.
coleções, o que é uma pena, já que há De acordo com James Lisboa, Lei-
tanta diversidade na arte brasileira. loeiro Oficial e Perito Judicial do Esta-
Mas existem profissionais que do de São Paulo com mais de quatro
acreditam que o gosto do coleciona- décadas de experiência nesse merca-
dor deve ser levado em conta, já que do, 90% das obras captadas para um
são eles que pagam pelas obras. Nesse leilão são provenientes do mercado
caso, eles podem fazer uma pré-sele- secundário, e é raro que venham do
ção, orientar e deixar que os coleciona- mercado primário, ou seja, que sejam
dores decidam o que vai ser adquirido. consignadas diretamente com artistas.
Qualquer pessoa que entenda so- Diferentemente das galerias do
bre o funcionamento do mercado e de mercado primário ou secundário, as
arte, tenha conhecimento sobre história casas de leilão têm suas práticas re-
da arte e sobre os artistas contemporâ- guladas, e a atividade do leiloeiro é fis-
neos pode se tornar um advisor, porém calizada e regulamentada por Decreto

- 44 -
existem dificuldades para quem quer no 21.981 de 19 de outubro de 1932.
começar a atuar. Esse é um mercado A comissão a ser paga em caso de
que tem grandes barreiras para novos venda varia de acordo com o valor da
entrantes. Quanto maior o tempo de obra podendo, em alguns casos, che-
experiência nesse mercado, maiores as gar a 23%. Importante pontuar que o
chances de trabalho. Se o profissional leiloeiro pode ser comissionado tanto
trabalhou em grandes galerias ou ca- pelo vendedor, quanto pelo comprador
sas de leilão, suas chances de conse- numa mesma transação.
guir clientes são maiores. De qualquer
modo, é desejável que esse profissional
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tenha uma vasta rede de contatos.

Casas de leilão

COMO FUNCIONAM
Os leilões, assim como as galerias que
trabalham com mercado secundário,
são locais procurados por quem tem
obras e quer colocá-las à venda. Não
importa se se trata de um espólio, de
obras que ganhou ou trocou ou peças
que já não fazem mais sentido em uma
coleção. Elas podem ser vendidas por
um marchand em mercado secundário
ou uma casa de leilão.
Nos dois locais o processo de traba-
lho é muito semelhante. Primeiramente,
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O LEILÃO PASSO A PASSO

ETAPA 1: AVALIAÇÃO É importante assinar, datar dos leilões. Pode haver tam-
e fornecer certificado de auten- bém uma curta exposição das
EM GERAL AS CASAS de leilão ticidade quando se vende uma peças a serem leiloadas, para
consideram os seguintes fato- obra. Além de ajudar muito na que interessados possam ver
res na avaliação das obras: verificação da autenticidade da e examinar pessoalmente as

- O ARTISTA E O SISTEMA -
obra, isso garante que ela não obras antes da data do leilão.
AUTORIA, TEMA E FASE perca valor pela falta de ambos
O mesmo autor pode ter va- no futuro. ETAPA 4: VENDA
lores distintos dependendo
da fase ou mesmo do tema ETAPA 2: PREÇO LEILÕES NORMALMENTE SÃO
da obra. abertos ao público. Não é pre-
APÓS ESSA FASE, pode-se defi- ciso apresentar convite para
TÉCNICA nir com o proprietário da obra participar, nem é cobrada
A valorização é feita de acordo um valor de reserva, que é o entrada. Mas para participar
com a técnica, da mais à me- valor mínimo que os lances dando lances é necessário fa-
nos valorizada: devem alcançar para que a zer um cadastro prévio. O fun-
obra seja vendida, conforme cionamento nas principais ca-
• Óleo e/ou acrílica sobre valor acertado entre o proprie- sas de leilão no mundo todo é
tela, madeira ou cartão; tário e o leiloeiro. bastante parecido: os primei-
• Guache ou têmpera Já a estimativa de venda ros lances são anunciados e
sobre cartão ou papel; da obra, publicada no catálo- os compradores seguem dan-
• Aquarela, pastel, lápis de go e divulgada pela casa de do seus lances, presenciais ou
cor ou ecoline sobre papel; leilão, é uma instrução sobre não, até que cessem e o leilo-
• Desenhos a nanquim, os valores praticados no mer- eiro bata o martelo.
carvão, sanguínea, cado, e não necessariamen-
sépia ou lápis; te corresponde ao valor de O PAPEL DO LEILOEIRO

- 45 -
• Gravuras (litografia, reserva. O valor mínimo gira O principal objetivo do leilo-
xilogravura, gravura em em torno de 80% do valor de eiro é dar liquidez para o pro-
metal, serigrafia). mercado da obra, pois dessa prietário da obra e obter o me-
forma é possível atrair com- lhor preço de venda, de acordo
DIMENSÕES pradores para o leilão, e o va- com seu deveres fiduciários,
O tamanho influencia o preço: lor máximo seria o que o mer- controlados por diferentes leis
quanto maior a obra, maior o cado estaria disposto a pagar. e regulamentos. Leiloeiros são
valor atribuído a ela. O valor final de venda está responsáveis pela avaliação,
condicionado ao apetite do por determinar junto ao ven-
ESTADO DE CONSERVAÇÃO mercado para aquela oferta. dedor se um preço de reserva
Quanto melhor o estado de Não raro, obras mais disputa- ou garantia será estabelecido, - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
conservação da obra, maior o das excedem o valor máximo por promover a obra, conduzir
valor atribuído a ela. estimado. Há casos em que o leilão de forma que o resul-
as obras não recebem lances tado seja a venda e, ao final,
ASSINATURA E DATAÇÃO ou os lances recebidos estão recolher os fundos do com-
Obras que não estão assina- abaixo do valor de reserva. prador e remetê-los para o
das e datadas normalmente Nesses casos, a obra retorna vendedor. No caso de venda,
valem menos do que as que ao proprietário. depois de recebido do com-
possuem assinatura e data. prador o valor total, a casa de
ETAPA 3: PRODUÇÃO leilão paga o vendedor, dedu-
ORIGEM DO CATÁLOGO zidas as comissões, serviços e
De onde veio e em que cole- impostos devidos.
ção está, qual a documenta- PARA A PRODUÇÃO do catálo-
ção que acompanha a obra, se go, as obras são fotografa-
está livre e desembaraçada. das, há um levantamento de
informações sobre ela para
PARTICIPAÇÃO EM EXPOSIÇÕES produzir conteúdo e torná-las
É preciso ter a documentação ainda mais atraentes, e esse
dessa participação na forma catálogo é enviado aos cole-
de convites e catálogos. cionadores e frequentadores
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Leilão virtual
Diferentemente das galerias por internet,
os leilões virtuais são muito populares.
A internet revolucionou o mercado para
os leilões, aumentou a quantidade de

- O ARTISTA E O SISTEMA -
participantes, já que o comprador pode
dar lances de qualquer lugar do mundo.
Isso não só aumentou o volume de vendas,
como a base de clientes de casas de leilão.

Feiras de arte
UMA BALIZA PARA O MERCADO
Leilões são importantes reguladores
do mercado de arte porque estabele- IMPORTÂNCIA HISTÓRICA
cem padrões para comparação de va- Foi necessário que o entendimento do
lores. É comum que as referências de comércio de arte ganhasse corpo, ma-
preços e as avaliações, assim como os turidade e volume para que o primeiro
resultados do leilão, sejam um termô- encontro comercial da categoria acon-

- 46 -
metro do mercado de artes visuais. tecesse nos moldes que conhecemos
Em um leilão, o valor da estimativa hoje. É muito interessante observar que
é divulgado antes do leilão. Esse dado a primeira feira não ocorreu em Miami,
é público. Ao vender uma obra, os va- nem em Londres ou em Nova Iorque. A
lores finais também são divulgados. primeira feira contemporânea de arte
Dessa forma, pode-se acompanhar foi realizada em 1967, na então Alema-
a subida e descida dos preços, o que nha Ocidental, na cidade de Colônia.
é impossível nas galerias de mercado Após a inauguração da KUNSTMARKT
secundário, cujas vendas são privadas. 67 em setembro daquele ano, a tipo-
Os leilões acabam sendo também logia que foi estabelecida permanece
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
um termômetro das “bolhas” – da bastante similar até hoje.
especulação - quando elas surgem e Não eram só estandes abarrota-
da aceleração ou desaceleração dos dos de arte, mas também havia já a
mercados, ou mesmo da atenção re- rixa entre os dealers que funcionavam
cebida por um artista em particular. como gatekeepers (reguladores dos
sistema) e aqueles que foram deixa-

41 %
dos artistas já tiveram sua obra ofertada
dos intencionalmente de fora do even-
to. Além dessa semelhança com as fei-
ras atuais, havia várias outras, como a
e/ou vendida em leilão de arte nacional existência de pequenas mostras para-
lelas (que hoje deram origem às feiras

6 ,8 %
satélites), exposições monográficas
que procuram assegurar a qualidade
já tiveram sua obra ofertada e/ou vendida estética da mostra (similarmente à
em leilão de arte internacional função das sessões curadas das feiras,
como Solo Projects) e também a inclu-
Fonte pesquisa própria são de trabalhos de grande escala.
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Para conseguir investimento munici- Três aspectos fizeram dessa feira e


pal para para lançar a feira, dois dealers de seus primeiros anos um marco:
locais (Hein Stünke e Rudolf Zwirner,
pai do galerista David Zwirner) se uni- • Estabelecimento do modelo
ram a 16 dealers e montaram uma or- atual praticamente imutável de
ganização: a Associação de Dealers feira de arte contemporânea sob
de Arte Alemã Progressiva. Segundo o aspectos como objetivo do evento,

- O ARTISTA E O SISTEMA -
30 , 7 %
site oficial da feira, o projeto foi moti- estrutura arquitetônica, seleção
vado pela urgência da necessidade de de conteúdo e participantes,
dar nova vida ao apagado mercado de visitação, relacionamento com
arte na Alemanha Ocidental. dos artistas os clientes, impacto local com
Poucos anos antes, Paris esta- respondentes advento de eventos paralelos;
va à beira de perder o seu papel cen- nunca visitam
tral como a capital do mundo da arte feiras nacionais • Plataforma para uma discussão
moderna, e a arte moderna francesa livre e de grande repercussão
estava prestes a perder a liderança
do mercado. Isso ocorreu na esteira
da segunda edição da documenta –
64 , 9 % de arte como bem de consumo,
como nunca havia existido;
nunca estiveram
certamente uma das mais relevantes • Reconexão da Alemanha Ocidental
em feiras
mostras periódicas de grande formato com o mundo da arte internacional.
do mundo – em 1959. Com o boom da internacionais
arte moderna americana, Nova Iorque Fonte Após o advento bem-sucedido da
pesquisa própria
passou a ser a nova capital mundial da Art Cologne, outras feiras ocidentais se
arte. No final da guerra, a Alemanha seguiram: Art Basel na Basileia (1970),
Ocidental tinha perdido a sua capital e FIAC em Paris (1974), Art Chicago em
seus focos culturais. Com Bonn como Chicago (1979), The Armory Show em

- 47 -
a nova capital do país, a Renânia – Nova Iorque (1998) e Frieze em Lon-
uma potência industrial no centro da dres (2003). Todas elas (com exceção
Europa impulsionando a economia da da Art Chicago) seguem até os dias
Alemanha Ocidental e atuando como atuais ininterruptamente e com gran-
um hub para toda a economia da Eu- de prestígio.
ropa Ocidental – assumiu a posição de Na América Latina, a feira mais
centro do mundo da arte da Alemanha longeva é arteBA, em Buenos Aires,
Ocidental. que ocorre desde 1991. Em 2003, sur-
Alta concentração de negócios, in- giu a mexicana Zona Maco e, em 2005,
dústrias e colecionadores de arte – es- a paulistana SP-Arte. - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
sas eram as pré-condições ideais para
qualquer projeto voltado ao mercado
de arte nos anos 1960. O projeto inicial
de Stünke e Zwirner era de curto prazo.
Mas seu objetivo a longo prazo era pro-
mover a nova arte que estava sendo
produzida por jovens artistas alemães.
Eles queriam apresentar esses artistas
a um mercado internacional e atrair
novos compradores.
A feira, hoje conhecida como Art
Cologne (que em 2019 tem sua 53a
edição), teve um papel definitivo no
desenvolvimento do mercado inter-
nacional e estabeleceu o formato que
influenciou todas as iniciativas subse-
quentes do mercado de arte.
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Principais feiras no mundo por número de visitantes


Relatório da Skate’s Art Market Research considerando as edições de 2017

Visitantes

- O ARTISTA E O SISTEMA -
Exibidores

Arco Madrid 100.000


200

Art Basel 95.000


291

FIAC 86.000
193

Art Basel Miami Beach 82.000


268

Arte BA 80.000
90

Armory Show 65.000


198

- 48 -
Frieze 60.000
160

Art Cologne 55.000


242

Artissima 52.000
95 - GUIA DO ARTISTA VISUAL -

SP-Arte 30.000
134

Art Brussels 24.000


145

Fonte sites das feiras

As feiras de arte contemporânea


mais prestigiosas, portanto mais con-
corridas, são: Art Basel (Basilea, com
sucursais também em Miami e Hong
Kong), Frieze (Londres e Nova Iorque),
The Armory Show (Nova Iorque), FIAC
(Paris) e ArcoMadrid (Madri).
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CALENDÁRIO DE FEIRAS NO MUNDO


Confira as datas dos eventos nos sites das instituições

EXISTEM MUITO MAIS feiras paralelas em ses eventos em uma grande marato-
cada cidade do que listamos abaixo, na de volta ao mundo em 12 meses.
mas o intuito é dar uma ideia de como Há muito debate entre as galerias
as feiras se multiplicaram. Hoje elas sobre a viabilidade dessa expansão,
são muitas, em todos os continentes, dada a atual saturação e proliferação
tornando a tarefa de acompanhar es- das feiras.

- O ARTISTA E O SISTEMA -
JAN FEV MAR
2 a 14 1a4 7 a 11
UNTITLED, artgenève Collectible
São Francisco, Estados Unidos Genebra, Suíça Bruxelas, Bélgica
1a4
17 a 21 7 a 11
SetUp Contemporary
London Art Fair, VOLTA NY
Art Fair
Londres, Grã-Bretanha Nova York, Estados Unidos
Bolonha, Itália
18 a 21 1a4 7 a 11
Outsider Art Fair Art City Bologna Armory Show
Nova York, Estados Unidos Bolonha, Itália Nova York, Estados Unidos
25 a 28 1a5 8 a 11
Art Los Angeles Contemporary Arte Fiera Bologna, SCOPE Art Fair
Los Angeles, Estados Unidos Bolonha, Itália Nova York, Estados Unidos
25 a 28 7 a 11 8 a 11
Art Stage Singapore Art Rotterdam Independent New York
República de Singapura Holanda Nova York, Estados Unidos
26/1 a 4/2 7 a 11 8 a 11
BRAFA Art Fair ZonaMaco NADA New York
Bruxelas, Bélgica Cidade do México, México Nova York, Estados Unidos

- 49 -
9 a 12 7 a 18
India Art Fair TEFAF Maastricht,
Nova Delhi, Índia Maastricht, Holanda
16 a 18 21 a 24
Cape Town Art Fair Art Duba Dubai,
Cidade do Cabo, África do Sul Emirados Árabes
20 a 25 27 a 31
ARCO Madrid Art Basel Hong Kong,
Madri, Espanha China
20 a 25 27 a 31
JUSTMAD Art Central
Madri, Espanha Hong Kong, China
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
20 a 25
Art Madrid
Madri, Espanha
22 a 25
Art Karlsruhe
Alemanha
24 a 25
1-54 Contemporary African Art Fair
Marrakech, Marrocos
27/2 a 4/3
ADAA Art Show
Nova York, Estados Unidos
ABR MAI JUN
4a8 2a6 12 a 17
Art Paris Art Fair Frieze Art Fair NY Art Basel
Paris França Nova York, Estados Unidos Basel, Suíça
11 a 15 3a6 12 a 17
SP-Arte Art New York SCOPE Basel
São Paulo, Brasil Nova York, Estados Unidos Basel, Suíça
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12 a 15 4a6 12 a 17
Market Art Fair 1-54 Contemporary African Art Fair Design Miami/Basel
Estocolmo, Suécia Nova York, Estados Unidos Basel, Suíça
18 a 22 3a8 12 a 17
Art Cologne TEFAF New York Spring Art Basel
Alemanha Nova York, Estados Unidos Basel, Suíça
19 a 22 17 a 20 11 a 17
Art Brussels ARCO Lisbon Liste

- O ARTISTA E O SISTEMA -
Bélgica, Bruxelas Lisboa, Portugal Basel, Suíça
19 a 22 17 a 20 28 a 05/Jul
Independent Photo London Masterpiece London
Bélgica, Bruxelas Londres, Grã-Bretanha Londres, Grã-Bretanha
19/4 a 2/5 24 a 27
Art Beijing Art Fair ArteBA
Beijing, China Buenos Aires, Argentina
JUL AGO SET
12 a 15 2a5 06 a 09
Art Santa Fe Seattle Art Fair Cosmoscow
Santa Fé, Estados Unidos Seattle, Estados Unidos Moscou, Rússia
22 a 26 13 a 16
ZONAMACO FOTO & SALÓN Positions Berlin
Cidade do México, México Berlim, Alemanha
30/8 a 2/9 21 a 23
Code Art Fair Unseen Amsterdam
Copenhague, Dinamarca Amsterdã, Holanda
31/8 a 3/9 27 a 30
Chart Art Fair Art Berlin
Copenhague, Dinamarca Berlim, Alemanha
27 a 30

- 50 -
Art Rio
Rio de Janeiro, Brasil
27 a 30
Vienna Contemporary
Viena, Áustria
OUT NOV DEZ
4a7 4a7 4a9
Frieze Art Fair Artissima CONTEXT Art Miami
Londres, Grã-Bretanha Turim, Itália Miami, Estados Unidos
4a7 4a7 4a9
Frieze Masters Paris Photo UNTITLED
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Londres, Grã-Bretanha Paris, França Miami, Estados Unidos
4a7 8 a 11 5a9
1-54 Contemporary African Art Fair ART021 Art Basel Miami Beach
Londres, Grã-Bretanha Shanghai, China Miami, Estados Unidos
1a7 16 a 18 6a9
PAD London Art + Design Art Düsseldorf PULSE
Londres, Grã-Bretanha Alemanha Miami, Estados Unidos
4a7
Korea International Art Fair (KIAF)
Seul, Coreia do Sul
18 a 21
FIAC
Paris, França
25 a 28
ARTBO
Bogotá, Colômbia
27 a 31
TEFAF New York Fall
Nova York, Estados Unidos
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O papel das feiras


e das bienais

NOS ÚLTIMOS CINCO anos, parece haver encontro a uma valorização monetária
um rearranjo de forças entre as feiras instantânea ou de curto prazo, prejudi-
de arte e as bienais. A diminuição de cando a aposta em possíveis futuros
verbas públicas em bienais e museus da produção artística.

- O ARTISTA E O SISTEMA -
mundo afora tem reforçado a presen- Dessa forma, os papéis das feiras
ça de capital privado nos eventos insti- e das bienais no sistema da arte têm
tucionais, enfraquecendo a autonomia se confundido. Além disso, as feiras
de museus e centros de arte com rela- têm incorporado formatos de proje-
ção ao mercado. tos, como seminários de especialistas
Chegou-se ao ponto do novo Whit- e mostras de performances, que há
ney Museum, em Nova Iorque, dedicar até pouco tempo atrás eram marcas
uma sala para exposições de galerias; de bienais ou iniciativas institucionais.
seu diretor afirma que esses são, de Grosso modo, as fronteiras entre feiras
fato, os artistas da atualidade. Em um e bienais de arte têm se diluído, mes-
sistema equilibrado, galerias atuariam mo sendo seus propósitos sistêmi-
na legitimação de artistas de uma for- cos tão distintos, pois um evento tem
ma diferente dos museus, assim como como missão vender as obras e o outro
feiras e bienais teriam e tinham focos e busca dar visibilidade institucional por
modelos distintos. meio de um discurso curatorial.
Concomitantemente, desde a crise Um aspecto que tem contribuído
financeira de 2008, a arte passou a ser para esgarçar as fronteiras entre feiras
encarada como um bom investimento e bienais é o poder de atração que as
por investidores globais temerosos em feiras têm conseguido ao juntar, em

- 51 -
continuar a perder dinheiro, o que tem suas edições ao redor do mundo, pro-
gerado bolhas de especulação finan- fissionais de todas as posições do sis-
ceira em cenas artísticas mundo afora. tema da arte, transformando-se em
O interesse mercadológico tem se so- um fórum de discussão e encontro
bressaído em relação a outros interes- tão importante para a visibilidade e le-
ses que não necessariamente vão de gitimação que as bienais.

- GUIA DO ARTISTA VISUAL -


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PRODUÇÃO
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A formação do artista

12 , 8 % têm doutorado

1
47 % fizeram especialização ou mestrado

Formação e 35% completaram a graduação

capacitação do artista 5,13% estudaram até o ensino


fundamental ou ensino médio.

- PRODUÇÃO -
Contexto
As 5 áreas de formação mais citadas foram

N
ão existe um consenso ou pen-
samento uniforme a respeito da Artes Visuais
formação de um artista no Bra-
sil. As convenções sobre o que é arte
Arquitetura
ou sobre o que torna uma obra rele- Design
vante, assim como as aptidões espe-
radas de um artista, mudam de tem-
Cinema/Audiovisual
pos em tempos. Publicidade e Propaganda
Desde os anos 1960, discurso e
Fonte pesquisa própria
conceito vêm adquirindo relevância
na arte contemporânea. Isso faz com
que o domínio técnico atualmente
seja insuficiente para um artista. Não
basta saber tudo de uma técnica, um ACADEMIA X MERCADO

- 53 -
suporte ou uma linguagem. É preciso
compreender esses elementos criti- ESCOLAS DE ARTE ainda são a principal
camente para desconstruí-los, trans- forma de acesso à educação artística,
gredi-los e renová-los, numa operação seja em universidades ou em espaços
que amplia possibilidades semânticas de formação não acadêmicos. Além
e formulações artísticas. da indicação de uma bibliografia se-
Em sua formação, é essencial que lecionada, da sistematização de uma
o artista frequente ambientes estimu- literatura específica, de assuntos, de
lantes, tenha interlocutores relevantes métodos e de práticas, esses ambien-
e mentores com ampla bagagem te- tes são espaços de socialização e de
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
órica e prática. A formação de um ar- debate, e também de criação de redes
tista nunca termina. Mesmo quando já de troca e de trabalho.
possui uma linguagem própria, é preci- No exterior, a universidade é prati-
so continuar a se inteirar dos aconteci- camente o único portão de entrada no
mentos e a responder ao mundo e ao mundo da arte. Mestrados e doutora-
contexto. dos para artistas têm se tornado algo
Diferentemente do artista moderno, cada vez mais comum nos mais varia-
o artista contemporâneo não necessa- dos pontos.
riamente se detém em um único mate- As universidades brasileiras muitas
rial ou tema ou desenvolve um “estilo” vezes tratam a pesquisa de arte com
com o qual é facilmente reconhecido. regras e expectativas semelhantes às
Na atualidade, os artistas têm gerado das ciências humanas, não reconhecen-
métodos de trabalho que atravessam do as formas próprias de fomento e de
assuntos e suportes. A sua “voz” é reco- mensuração de aprendizado das artes.
nhecida pela forma de endereçar ques- Exemplo disso é a exigência de uma
tões, formando um corpo de trabalhos monografia teórica como requisito para
muitas vezes heterogêneo. a obtenção de grau de mestre ou doutor.
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As universidades públicas exigem o resultado da materialização para


titulação acadêmica para o ensino ar- desenvolver a conceituação.
tístico superior, o que leva a duas situ- •U
 se a internet para acompanhar
ações: muitos artistas se veem obriga- eventos artísticos e o trabalho de
dos a fazer cursos de pós-graduação agentes do mundo da arte, pesqui-
para lecionar e, no corpo docente, sar instituições e oportunidades,
muitas vezes faltam professores com baixar textos e entrar em contato
trajetórias artísticas de peso ou tra- com profissionais envolvidos em
balhos de influência no meio artístico, projetos interessantes.
embora possam ser bons orientadores

- PRODUÇÃO -
na construção da poética pessoal dos SABER PESQUISAR E FILTRARconteúdos
alunos. – em suma, fazer uma curadoria das
De todo modo, apenas o curso de informações – é uma tarefa primor-
formação não garante inserção pro- dial para todos. Mas um artista em
fissional certa. O mercado de arte tem formação também deve estar pre-
uma forma de atuação peculiar, que se sente nas redes sociais.
baseia menos em títulos acadêmicos
e mais no percurso de participações
em mostras e projetos.
2. R
 elação entre o
FICA A DICA
artista e a obra
NA UNIVERSIDADE...
Obras seriadas,
 á além da aula: leia os livros teóri-
•V edições e múltiplos
cos e as publicações especializadas

- 54 -
da área. O QUE É?
•P
 articipe de palestras, debates, se- As obras seriadas são aquelas que não
minários e workshops. foram pensadas de forma individual, e
 isite exposições em instituições e
•V sim como parte de um grupo –o ad-
espaços alternativos. jetivo vem do verbo “seriar”, que signi-
•E
 xponha-se ao maior número de fica dispor em série (agrupar) ou fazer
informações possível para ganhar uma classificação de algo (classificar).
fluência na linguagem artística, Esse é um trabalho idealizado dentro
compreender as regras do sistema de um conjunto de regras que determi-
da arte, situar-se e compreender a nam a sua composição ou uma série
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
qual grupo você deseja pertencer, já de composições.
que são vários os segmentos da arte.
QUEM FAZ?
NA PRÁTICA... Vários artistas apresentam obras em
série, principalmente fotógrafos e gra-
• Visite ateliês de artistas mais ex- vadores, mas existem séries em quase
perientes e inspiradores. todos os suportes, não apenas em fo-
• Trabalhe como assistente de um tografia e gravura. Além de fazer parte
artista já consolidado e que seja de uma série, individualmente as obras
generoso e aberto. A oportunida- podem ter edições ou múltiplos. Isso
de pode servir de grande escola, se aplica mais a obras reproduzíveis,
pois a troca intergeracional é pro- que são elaboradas com técnicas que
fícua. permitem a reprodução, como gravura,
• I nvista tempo na escolha e na ex- fotografia e escultura. Suportes como
perimentação de materiais, na desenhos e pinturas, por exemplo, po-
discussão com colegas e críticos dem fazer parte de uma série, mas são
sobre o seu processo de trabalho e obras únicas.
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O QUE É UMA EDIÇÃO? O PREÇO MUDA?


Cada edição costuma ter o mesmo
É uma série de impressões ou impres- valor das demais, mas, quando a edi-
sões idênticas feitas a partir de uma mes- ção se esgota e as provas começam a
ma superfície ou matriz. O termo pode ser vendidas, é normal que o valor das
ser aplicado a séries de mídias diversas, provas aumente, seguindo as mesmas
como escultura, fotografia e vídeo. regras de valorização de mercado –
Nesse caso, cada unidade rece- quanto mais raro, mais caro. O número
be uma numeração. Cabe ao artista de edições, bem como a quantidade
definir, de partida, o número máximo de provas, causa impacto no valor da

- PRODUÇÃO -
de edições de cada obra, bem como obra. Obras com edições amplas como
a quantidade de provas que ela terá. dezenas ou centenas de múltiplos, ou
O artista deve ficar com pelo mesmo edição aberta, tendem a ter
menos uma cópia para si para que valor unitário menor. Falaremos sobre
tenha sempre uma disponível caso isso no capítulo de formação de preço. O ar-
precise exibir, já que emprestar tista pode pedir uma tiragem a mais do
obras de colecionadores é um pro- trabalho para seu arquivo, exposição,
cesso mais complicado. A última ou mesmo para presentear. Essa tira-
prova, no mundo ideal, nunca é ven- gem vai ter o mesmo valor das demais.
dida e permanece para sempre com
o artista.
ATENÇÃO!
AS PROVAS, OU REPRODUÇÕES especiais, Se o responsável pela impressão fizer
distinguidas das demais, são definidas cópias por conta própria, sem consen-
conforme as siglas abaixo: timento do artista, essas cópias serão
consideradas uma fraude, comprovada

- 55 -
•P
 E (PROVA DE ESTADO): são o registro pela ausência da assinatura do autor.
da criação, o passo a passo da colo- Por isso é importante ter controle do que
cação de cores. é impresso. Caso uma segunda tiragem
seja feita, a pedido do artista, depois da
•P
 A (PROVA DO ARTISTA): pode ter até primeira, deve-se colocar um B ou II após
10% do número original da tiragem a numeração, para informar que aquela
(por exemplo: uma tiragem de 100 é uma cópia da segunda tiragem. Esta é
cópias pode ter até 10 PAs), e exis- uma questão ética fundamental.
te para que o artista possa conser-
var pelo menos uma cópia de suas Obras comissionadas
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
edições para si (para, por exemplo,
expor caso a edição seja totalmente COMISSIONAR É O ATO de encomendar a
vendida). criação de uma obra. Nesse caso, o ar-
tista recebe apoio financeiro para criar
•P
 I (PROVA DO IMPRESSOR): é comum e produzir o trabalho, para que ele seja
quando não é o artista que imprime exibido ou doado. Particulares, empre-
o trabalho. sas e até governos podem comissio-
nar obras de arte, numa relação que
•H
 C (HORS COMMERCE): são as cópias muitas vezes possui características de
não comercializáveis, doadas e que patrocínio. Obras públicas podem ser
não podem ser vendidas. encomendadas por benfeitores que
desejam doar arte para uma cidade.
• HS OU F/N (HORS SÉRIE OU FORA DE NUME- Trabalhar em uma comissão não
RAÇÃO): são reproduções sem tiragem, é o mesmo que fazer uma obra no
podem até ser únicas. Nesse caso, a ateliê sem nenhum tipo de influência
precificação segue a mesma lógica da externa. Uma comissão implica um
precificação de uma obra única. relacionamento e um compromisso,
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um objetivo a se cumprir dentro de Projetos


um cronograma e de um orçamento, a
partir dos pedidos feitos pela parte so- COMO O NOME indica, trata-se do desejo
licitante. Se o artista acha complicado ou da intenção de realizar algo no fu-
aceitar qualquer tipo de interferência turo. Um projeto é um plano. Para que
no seu trabalho, deve pensar duas ve- uma ideia vire um projeto, ela deve ser
zes antes de aceitar uma comissão. descrita em detalhes, com imagens,
Mesmo que as partes sejam conhe- textos e outras informações que per-
cidas, é aconselhável que essa relação mitam que qualquer pessoa que tenha
seja regida por algum tipo de contra- acesso entenda o propósito do projeto

- PRODUÇÃO -
to ou acordo – leia mais sobre isso no e o produto final que pode sair dali.
Capítulo C – Operacionalização. Em Projetos têm função importante.
linhas gerais, o documento deve abor- Além de organizar e ajudar a desenvol-
dar pontos relevantes, como descrição ver ideias, são, por exemplo, as propos-
da obra e suas características, crono- tas que o artista faz para participar de
grama de pagamento, adiantamento um edital, prêmio, bolsa, até mesmo
de valores para produção, tempo de de uma residência; ou quando é con-
conclusão etc. vidado por um curador, instituição ou
É bom envolver quem comissiona galeria para uma exposição.
a obra no processo e apresentar as Projetos são necessários também
ideias, ou mesmo alguns estágios do para a captação de recursos, seja para
processo de criação da obra (duas vi- uma obra específica ou mesmo uma ex-
sitas durante o processo devem ser- posição, então é imprescindível que o ar-
vir) para garantir que todos estão ali- tista seja capaz de fazer um bom projeto.
nhados e que o resultado final será do Um bom projeto começa na leitura
agrado de todos os envolvidos. detalhada da solicitação – do edital,

- 56 -
por exemplo – para garantir que aqui-
Site-specific lo que vai propor está alinhado com as
suas demandas. Depois, segue com a
TERMO EM INGLÊS que pode ser traduzido estruturação em diversas partes: con-
como sítio específico ou arte-ambien- tém não apenas a ideia da obra, mas
te. Surge entre as décadas de 1960 e outros dados que se referem ao proje-
70, quando começa a ser usado para to, como o objetivo do artista, um des-
designar toda e qualquer obra criada critivo do que será criado, instruções
em diálogo, em linha com elementos para a montagem, lista de materiais
culturais, arquitetônicos, históricos e necessários, orçamento, descrição do
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
humanos informados pelo local onde pessoal necessário para realizar o pro-
será instalada. São trabalhos elabora- jeto, cronograma.
dos – assim como obras comissiona-
das e arte pública – para estar em um Livro de artista
local determinado, normalmente fora
dos espaços tradicionais da arte. TRATA-SE DE UMA obra de arte que se ba-
Segundo a curadora Rosalind seia no formato e na função do livro, e
Krauss, as intervenções na paisagem também pode extrapolar esta configu-
(land art) são o primeiro momento do ração. O termo se refere principalmen-
site-specific e seu deslocamento para o te a um suporte de experimentação
espaço expositivo do museu, o segun- artística que pode envolver objetos,
do. Essas obras estão sempre ligadas materiais e processos distintos e que
ao ambiente. Transformam e integram desafia as convenções do que deve ser
o espaço onde estão, seja uma galeria, uma obra de arte ou mesmo um livro.
museu, um espaço aberto natural ou ur- O livro de artista pode ser uma obra
bano e modificam, de forma permanen- única ou ter uma seriação estabeleci-
te ou temporária, o que está ao redor. da pelo artista.
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Formas de catalogação independentemente da iniciativa da


galeria. Aconselha-se a precaução,
NÃO EXISTE PADRÃO definido para a cata- pois os históricos salvos estão sem-
logação de obras de arte, mas algumas pre suscetíveis a perda, por motivos
diretrizes são observadas por todos os diversos, sejam os artistas represen-
que trabalham na área. tados ou não por galerias.
Algumas sugestões para facilitar a
relação do artista com as plataformas O sistema de catalogação de obras
e agentes do mercado: é parte fundamental da gestão
de carreira do artista e é de sua in-

- PRODUÇÃO -
•M
 USEUS E INSTITUIÇÕESsão mais mi- teira responsabilidade. Catalogar a
nuciosos na forma de coletar in- produção garante a organização do
formações, incluindo a proveniên- trabalho e facilita uma série de ou-
cia da obra, seu “currículo” ou as tras ações de gestão das obras que
exposições de que já participou, se são seus desdobramentos, como
já houve restauro, como foi feito e consultas futuras, criação de lógica
por quem, para citar apenas alguns de precificação, gestão de conta-
pontos, além das informações bási- tos, atualização de currículo, elabo-
cas sobre a obra como título, ano e ração de portfólio e projetos etc.
descrição dos materiais e suportes.

•A muitas vezes não


 RTISTAS E GALERIAS COMO ORGANIZAR AS INFORMAÇÕES
fazem a catalogação de obras iné-
ditas com grande nível de detalha- UMA DAS VANTAGENS da organização é ter
mento, até porque não há histórico agilidade para responder a demandas
para anotar. Mas, mesmo assim, é re- externas com assertividade e não per-

- 57 -
comendado ter atenção. Talvez pelo der oportunidades. Se o artista já visitou
volume de trabalho, pela falta de alguma feira, deve ter reparado como
tempo ou de profissionais especiali- os galeristas são focados e mandam
zados, muitas vezes as informações informações com rapidez para os cole-
não são corretamente cadastradas cionadores, pois quem é mais eficien-
nas galerias. te tem mais chance de venda. Essa é
uma prática que artistas podem adotar
•O
 ARTISTA DEVE prestar atenção à ca- quando cuidam de vender as obras ou
talogação e enviar as informações quando precisam informar a um cura-
para a galeria ou garantir que a gale- dor a localização e o currículo de um
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
ria as anote corretamente quando a determinado trabalho, por exemplo.
obra for enviada. Checar o que está Se o artista mantiver um registro
escrito no documento de consig- atualizado das obras na medida em
nação, quando não é o artista que a que elas forem produzidas, verá que
elabora, é uma maneira de descobrir não é difícil. Mas, se deixar acumular,
e corrigir esses erros. pode ser complicado. Uma vez que
esses arquivos estiverem prontos, é
 BEM COMUM que
•É as galerias utilizem simples acessá-los e encontrar as in-
um sistema para gestão e organi- formações desejadas, inclusive a lo-
zação dos acervos. A maioria dos sis- calização dos trabalhos, dentro e fora
temas disponíveis no mercado tem do ateliê. Também será fácil gerar uma
funções muito parecidas e capaci- lista de obras à venda, caso alguém
dade de armazenar praticamente solicite.
os mesmos tipos de informação. É Softwares e programas com essa
recomendável que o artista contrate finalidade podem ser comprados ou
ou instale um desses sistemas que assinados, com o pagamento de uma
permitem controlar sua produção mensalidade. Também existem apli-
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cativos gratuitos disponíveis na inter- •N quando for o caso,


 ÚMERO DE EDIÇÃO:
net. No Brasil, existem programas de incluindo a quantidade de provas de
catalogação e gestão de informações artista (PA) ou de exibição
de obras de arte que propõem reunir
todas as informações num só lugar, fa- EXEMPLO: Ed. 15/100 + 2 PA]
cilitando o compartilhamento – ima-
gens em alta, informações da obra e •N
 ÚMERO DE INVENTÁRIO: forma de in-
de montagem, histórico, localização, dexar as informações referentes à
preço etc. obra (do ponto de vista organizacio-
Se decidir usar o Excel para a cata- nal, contábil e jurídico). É um núme-

- PRODUÇÃO -
logação, o arquivo pode ter filtros para ro sequencial e único para facilitar
facilitar a busca. Caso opte por organizar a identificação, especialmente útil
as informações em planilhas, cada infor- para quando o artista não dá títulos
mação descrita nos itens abaixo pode específicos às obras
se dispor, por exemplo, em colunas, en-
quanto cada obra compõe uma linha. 2 - GASTOS E VALOR
Quantias despendidas na obra, incluin-
do impressão, montagem e moldura,
RECEITA PARA UM ARQUIVO EFICIENTE quando for o caso.

•U
 nidade para garantir a 3 - CONSIGNAÇÃO
padronização dos dados Para quem consignou, é preciso in-
•A
 tualização frequente formar o contato, quando começa e
 acilidade de manuseio, consulta
•F quando termina a consignação.
e manutenção
4 - VENDA

- 58 -
Registro de quem vendeu, quando
COMO CATALOGAR A SUA OBRA vendeu, para quem e por quanto.
As 5 informações que não podem fal-
tar na organização 5 - CURRÍCULO
Participação da obra em eventos
1 - OBRA (exposições, feiras, bienais) e
•A
 UTOR: nome do artista premiações (editais, prêmios etc.)
•T
 ÍTULO: se a obra não tem título, es-
creva “Sem título” FICA A DICA
•T  ÍTULO DA SÉRIE: quando se aplica – Mantenha o arquivo preenchido e atu-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
da série “______________” alizado e separe as imagens em pastas
•A  NO: a data em que foi finalizada. por ano, nomeando-as de acordo com
Caso se trate de uma reedição, re- o número do inventário, com imagens
comenda-se acrescentar a data de salvas em alta e baixa resolução, de
criação ao lado da data da última preferência em pastas separadas.
reedição [exemplo: 1974/2018]
• TÉCNICA: meios e materiais usados na pro- Ficha técnica
dução da obra, incluindo o seu suporte
•D  IMENSÕES: deve-se começar sempre SE A CATALOGAÇÃO da obra for feita de
pela altura, seguida pela largura e forma correta, é muito simples elabo-
profundidade. Se a obra for um díp- rar uma ficha técnica, que é um resu-
tico, tríptico ou políptico, as medidas mo das informações relativas a uma
são tiradas e anotadas uma a uma, obra. Elas são muito úteis no desenvol-
mesmo que os tamanhos sejam di- vimento de portfólios, listas de obras
ferentes para exposições ou venda, catálogos e
EXEMPLO: 40 cm x 30 cm cada – díptico = publicações.
30 cm x 30cm, 40 cm x 30 cm - díptico] Também são usadas em consig-
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nações, nas apólices de seguro, nos FICA A DICA


documentos emitidos por órgãos pú- Evite informações vagas como “Téc-
blicos, como o Instituto do Patrimônio nica mista”, “Sem data” e “Dimensões
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) variadas”. Toda obra da qual se conhe-
e nos documentos para exportação, cem as medidas, a técnica e as datas
entre outros. Então, precisam ser feitas deve estar acompanhada de tais infor-
da forma correta. mações.
Essa mesma regra deve ser aplica-
da nas obras bidimensionais (pinturas, Registro fotográfico
desenhos, fotografias, gravuras e edi-

- PRODUÇÃO -
ções) e nas tridimensionais (escultu- COM A OBRA PRONTA e a ficha técnica pre-
ras, objetos, instalações). enchida, o próximo passo é fazer o re-
gistro fotográfico. Contar com serviços
COMO PREENCHER UMA FICHA TÉCNICA de um fotógrafo profissional que capte
da melhor forma os aspectos plásticos
 UTOR: nome
•A do artista da obra é o ideal. Se não for possível, o
•T
 ÍTULO:se a obra não tem título, es- artista pode fazer seus próprios regis-
creva “Sem título” tros. Dessa forma, registra-se a obra e
 ÍTULO DA SÉRIE: quando se aplica –
•T garante-se o arquivo de imagens no
da série “______________” futuro. Pode ser complicado no início,
 NO: data em que foi finalizada. Caso
•A mas com a prática a tarefa fica auto-
se trate de uma reedição, a data de matizada. É muito importante ter ima-
criação e a data da última reedi- gens de qualidade da sua obra para
ção são mencionadas lado a lado múltiplas finalidades.
[exemplo: 1974/2018]
 ÉCNICA: técnica e materiais usados
•T PASSO A PASSO PARA FAZER

- 59 -
na produção da obra, incluindo o su- O REGISTRO FOTOGRÁFICO
porte
 IMENSÕES: comece sempre pela al-
•D 1 - ESCOLHA DO EQUIPAMENTO
tura, depois largura e profundidade.
Se a obra for um díptico, tríptico ou CÂMERA IDEAL
políptico, deve-se tirar e anotar as Se usar uma câmera com lentes in-
medidas uma a uma, mesmo que os tercambiáveis, escolha uma objetiva
tamanhos sejam diferentes com distância focal igual ou superior
a 50 mm para evitar a distorção cau-
EXEMPLO: 40 cm x 30 cm cada – díp- sada pela construção ótica das lentes.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tico = 30 cm x 30cm, 40 cm x 30 cm
- díptico] CÂMERAS DIGITAIS COMPACTAS
Quem usa um modelo que não per-
•N
 ÚMERO DE EDIÇÃO: a depender do mite a troca de lentes pode melhorar
caso, incluindo a quantidade de pro- a qualidade da imagem com um pou-
vas de artista (PA) ou de exibição co de zoom. Os melhores resultados
são obtidos usando um zoom médio
EXEMPLO: Ed. 15/100 + 2 PA] (evite o mínimo e o máximo zoom).
Recomenda-se limpar regularmente
ALÉM DESSAS INFORMAÇÕES, outras po- a lente, com a ajuda de um pano ade-
dem ser inseridas, tais como: quado para garantir que nenhuma po-
eira interfira no resultado final.
•C
 ódigos
•D
 ados da galeria TRIPÉ
•N
 úmeros de inventário Garante a qualidade da imagem. Caso
•V
 alor da obra não possua, uma superfície plana e
nivelada pode servir de apoio para
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que a câmera fique imóvel e tenha pre- servação, que influenciam o modo
cisão. como o trabalho será visto. Nesses ca-
TEMPORIZADOR sos em que uma só imagem não cap-
É um bom recurso contra foto tremi- tura o todo, é recomendado estudar as
da, pois cria um intervalo entre a pres- melhores opções. É bom pensar um
são do botão e o momento de pro- pouco a respeito, quando for o caso,
dução da imagem, evitando qualquer e definir com calma a melhor maneira
movimento indesejado. de fazer os registros.

2 – TIPO DE OBRA 3 – COMO FOTOGRAFAR

- PRODUÇÃO -
SUPORTES TRADICIONAIS SEM DISTORÇÃO
No caso de pintura, desenho e escul- Para evitar a distorção, a câmera deve
tura, o ponto de observação pode ser ficar paralela à obra que vai ser foto-
único e frontal. grafada e centralizada em relação a
ela, tanto na altura como na largura.
OBRA BIDIMENSIONAL Se a obra estiver pendurada na pare-
A melhor forma de fotografar é pendu- de, a câmera deverá estar paralela à
rá-la ou apoiá-la em uma parede. Se parede. Se a obra estiver apoiada em
a obra em questão é uma pintura, ou ângulo, a câmera deverá ser posicio-
está emoldurada, isso pode ser mais nada no mesmo ângulo de inclinação.
fácil. Mas, se o trabalho estiver em ou- Além disso, a câmera deve ser posta
tro suporte ou sem moldura, deve-se em uma distância que garanta que a
fixá-lo com algo que permita pendu- obra fique toda no quadro.
rá-lo ou apoiá-lo verticalmente. Pins
ou mesmo alfinetes podem ajudar a RESOLUÇÃO

- 60 -
manter uma obra em posição para fo- Maximize a resolução: tente deixar
tografia. apenas um pequeno espaço ao redor
das bordas do trabalho quando estiver
INSTALAÇÃO OU ESCULTURA preparando o enquadramento. A câ-
Pedem fundo simples e claro. É bom mera deve ser colocada na horizontal
que o trabalho seja o único objeto na ou na vertical, de acordo com a forma
fotografia. Não é complicado fazer um do trabalho.
fundo infinito: um tecido branco ou
mesmo cartolinas, quando o trabalho ILUMINAÇÃO
é pequeno, cumprem a função. Nes- Se usar luz artificial, prefira lâmpadas
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
te caso, a participação das sombras que emitem uma luz difusa e bran-
contribui para informar dados como ca. Podem ser apenas duas fontes de
profundidade e para evidenciar a es- luz de mesma potência e intensidade,
cala, o formato, os materiais e o con- colocadas em um ângulo de 45o em
torno da obra. relação à obra, para iluminar de for-
ma equilibrada, homogênea, sem criar
OBRAS COM VIDRO sombras nem brilhos. Evite luz dura e
Para evitar o reflexo no vidro, a solução direta, pois isso pode causar sombras
mais simples é encontrar um tecido e reflexos.
preto grande o suficiente para cobrir
quem fotografa, o tripé e a máquina.
Faça um furo no meio do pano e passe
a lente por ele. O preto vai absorver a luz
que incide por trás, evitando o reflexo.

INSTALAÇÕES E PERFORMANCES
É preciso ter diferentes pontos de ob-
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LUZ NATURAL ISO


É uma boa alternativa na falta de luz ar- Use sempre um valor de ISO baixo.
tificial. O local pode ser próximo a uma
janela grande, com boa entrada de luz. COR E CLAREZA
O ideal é que a janela tenha uma cortina Depois dos primeiros cliques, cheque
branca fina ou que o dia esteja nublado se a imagem está clara ou escura e, se
para que a luz seja difusa. A obra deve necessário, deve-se utilizar o recurso
ser posicionada de frente para a janela, de compensação de exposição da pró-
tomando cuidado para que a sombra do pria câmera para corrigir o problema.
fotógrafo não se projete sobre a obra. É melhor fazer essas correções na câ-

- PRODUÇÃO -
mera do que num editor de imagem.
SEM LUZ A cor e o brilho da foto devem es-
Se usar luz natural em ambiente inter- tar o mais próximo possível do trabalho
no, não se deve esquecer de desligar original. Só depois deve-se fazer ajustes
as luzes para não produzir uma mis- no computador. Muitas correções no ar-
tura de luzes de cores diferentes (a luz quivo digital ameaçam a fidelidade da
natural e as luzes artificiais internas). imagem, que perde as referências do ob-
jeto original. Por isso, ajuste a câmera da
AO AR LIVRE melhor forma possível na hora da foto.
Uma obra também pode ser fotografa-
da em lugar aberto, quando há possi- OLHO NO FOCO
bilidade. O ideal é posicionar a obra de Como pode haver algum movimen-
modo a evitar a incidência direta do sol to na hora de bater a foto, ou mesmo
sobre ela – para evitar brilhos e sombras. uma falha no foco automático, é reco-
mendável tirar várias fotos do mesmo
SEM FLASH ângulo, mesmo que, aparentemente,

- 61 -
Em todos os casos, o flash da câmera a primeira tenha saído boa. O cuidado
deve estar desligado para não haver extra pode dar menos trabalho do que
nenhum reflexo na obra. Se o artista ter que remontar a cena, mais tarde,
não souber como fazer isso, é preciso para refazer uma única imagem. Tam-
consultar o manual da câmera. bém por este motivo, recomenda-se
não desmontar a cena até aprovar o
BALANÇO DE BRANCO resultado no computador.
Seja qual for a luz que usamos para
fazer a fotografia, ela pode ter muitos 4 - EDIÇÃO DE IMAGENS
tons diferentes, e a câmera pode ter
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
problemas em adaptar-se a eles. Para EXISTEM BOAS OPÇÕES de programas gra-
isso, existe um controle chamado “ba- tuitos de edição de imagem, como Gimp
lanço de branco”. Devemos ajustar para para Linux, Picassa para Windows e
que a imagem reproduzida fique o mais iPhoto para Mac.
próximo possível do que os olhos veem.
É preciso utilizar a configuração apro- EDIÇÃO PASSO A PASSO
priada ao tipo de luz que está usando.
Se usar luzes artificiais, o branco deve •B
 AIXE TODAS AS FOTOS no computador
ser regulado com a fonte de luz. Para e selecione as melhores.
tanto, é preciso consultar a temperatura  OM O SOFTWARE DE EDIÇÃO, selecione
•C
de cor ideal. Pode-se usar também uma a ferramenta de corte de imagem e
tabela de cores próxima ao objeto a ser a aplique para que apenas o traba-
fotografado e fazer o ajuste do balanço lho seja visível, não o plano de fun-
de branco depois, em softwares de edi- do; cheque se não há bordas visíveis
ção de imagens. Para tanto, é necessário (se for uma escultura, o fundo pode
selecionar o formato raw (CR2 ou NEFF) aparecer, só garanta que a obra es-
na câmera antes de fotografar. teja bem centralizada).
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•A
 MPLIE A IMAGEM até 100% e verifique todos os meios de divulgação, para
a foto para checar se não há nada arquivo e controle, e também para in-
que não esteja no trabalho original. clusão em catálogos, livros, revistas,
 E PRECISAR, use a ferramenta de re-
•S sites, mídias digitais.
toque para eliminar pequenas irre-
gularidades. Faça um contrato
 UMENTAR UM POUCO o contraste pode
•A Questões jurídicas relevantes
fazer com que a fotografia pareça ao recrutar um fotógrafo
mais viva, mas cuidado para não
exagerar. •O
 fotógrafo, ainda que contratado para

- PRODUÇÃO -
 ALVE EM FORMATO jpeg ou tiff, no HD
•S fazer um trabalho específico (no caso,
do computador e HD externo (man- o registro de uma obra), tem direito
tenha sempre um back-up atualiza- patrimonial e moral sobre a fotografia
do dos seus arquivos). produzida, uma vez que imprime o
 OMEIE A IMAGEM com seu respectivo
•N seu olhar pessoal no registro. Por isso
número de inventário. é indispensável formalizar contrato
 ERTIFIQUE-SE DE QUE, ao salvar, a ima-
•C com o artista para a transferência dos
gem está na mais alta qualidade. direitos patrimoniais de autor, em caráter
 AÇA UMA PASTA ESPELHADA das mes-
•F
definitivo, irrevogável e irretratável para
mas imagens com baixa qualidade, ele, permitindo assim que o artista use as
imagens conforme o seu critério.
para facilitar trocas de arquivos pela
internet e celular.
•O
 utro documento importante é o
termo escrito para cessão definitiva ou
EXEMPLO
licença definitiva dos direitos autorais
File.imagens
patrimoniais do fotógrafo. A cessão é a
•a
 lta resolução

- 62 -
transferência total da titularidade dos
•0
 001_St_2018_Alta.jpg
direitos e a licença, uma transferência
•b
 aixa resolução
limitada.
•0
 001_St_2018_Baixa.jpg

• Os direitos morais são intransferíveis,


5 – IMPRESSÃO DAS FOTOS por isso o artista deve garantir o crédito
das imagens para o fotógrafo sempre
OUTRO FATOR QUE REQUER cuidado na que as publicar, a não ser que haja acordo
apresentação do trabalho é o acompa- expresso e por escrito entre o fotógrafo
nhamento da impressão das imagens e o artista em que o fotógrafo opte pelo
das obras. A produção das fotos deve, anonimato.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
na medida do possível e a depender
do fim (portfólio impresso, inscrição •E
 m alguns casos, o artista faz acordo
em edital etc.), ser feita em laboratório com o fotógrafo, no qual não paga pelos
especializado, em papel adequado e serviços de registro, mas garante ao
acompanhada pelo artista para a ga- fotógrafo o pagamento a cada uso de
rantia da fidelidade das cores. uma imagem por terceiros. Neste caso, há
entre o artista e o fotógrafo um contrato
REGISTRO PROFISSIONAL, estabelecendo as condições para uso e
POR FOTÓGRAFO preço das imagens.

MUITOS ARTISTAS E GALERIAS contratam


fotógrafos para fazer um registro pro- PERFORMANCE ARTÍSTICA
fissional da obra do artista, seja pin- O registro fotográfico de performance
tura, desenho, escultura, performance artística merece especial atenção em
etc. É uma forma de ter uma imagem sua contratação. Existem dois direitos
de qualidade assegurada para a divul- distintos garantidos quando tratamos
gação do artista e do seu acervo em desse assunto: o direito do artista (que,
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ao criar e realizar uma performance, COMO CUIDAR


torna-se autor da performance) e o di- DO SEU ACERVO
reito do fotógrafo (que, ao registrar a
obra performática, imprime seu olhar 1 - PREPARE O AMBIENTE
no ato fotográfico, fazendo com que ele Para manter sua integridade, as obras
seja o autor da foto). Assim, a cada um devem ser armazenadas em um local:
dos autores pertencem os direitos au- •L
 impo
torais patrimoniais e morais sobre a •S
 eco
obra que criou – performance ou foto. •C
 om boa ventilação
Quando faz um registro espontâ- •P
 rotegido da luz

- PRODUÇÃO -
neo da obra de um terceiro – no caso •S
 em infestação por insetos
aqui tratado, um ato performático –, o •S
 em mofo
fotógrafo expressa seu olhar único so-
bre a performance e, por essa razão, ERROS COMUNS
torna-se o autor da fotografia criada •S
 uperlotação
e o titular dos seus direitos morais e •E
 mpilhamento de obras
patrimoniais. O fato de o fotógrafo •E
 mbalagens de baixa qualidade
ser o autor da foto não exclui, porém, a •F
 alta de limpeza e de manuseio
obrigação de solicitar ao artista, autor adequado
da obra, autorização para reproduzir
a imagem. Muito menos a de obter DICAS DE ARMAZENAGEM
autorização dos fotografados – todos
os que, por ventura, tenham partici- CUIDADO COM A MADEIRA
pado da performance e apareçam na Se o local escolhido tiver piso de ma-
imagem. deira, vale a pena comprar pallets de
plástico para apoiar obras maiores, ou

- 63 -
Noções básicas de conserva- um tipo de calço que evite o contato
ção, restauro e armazenagem com o chão. Cuidado com pallets de
madeira: eles também podem trazer
A PRODUÇÃO DE OBRAS, por si só, já de- insetos e infestações.
manda investimento em material e
tempo. Por isso problemas gerados PREFIRA A ESTANTE DE METAL
por armazenagem inadequada são, Elas são baratas e boas alternativas
sem dúvida, um prejuízo. Alguns são para armazenar livros, objetos, escul-
simples de resolver, outros pedem um turas e obras menores, além de arqui-
restaurador e, nos casos mais graves, o vos suspensos com papéis e caixas di-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
dano é irreversível. versas. E são de fácil limpeza.
Não são poucos os riscos. Obras
de arte em países de clima quente e FICA A DICA
úmido, como o Brasil, estão sujeitas a Uma mapoteca também é um bom in-
todo tipo de agressão: temperaturas vestimento para quem tem papéis ou
altas e oscilantes, umidade elevada do fotografias para armazenar. Outra peça
ar, infestações por insetos e roedores de mobiliário útil, especialmente para
e ataques microbiológicos, para citar trabalhos bidimensionais, é o teleiro.
apenas as mais comuns.
As obras também sofrem com a MANTENHA DISTÂNCIA DA PAREDE
poluição, com a maresia nas cidades As estantes que guardam livros, obras
do litoral, e com acidentes como vaza- e outros materiais devem estar afasta-
mentos de água ou fogo. Se para cole- das pelo menos 7 cm das paredes para
cionadores, galerias e instituições, que garantir uma boa circulação de ar.
dispõem de recursos, a manutenção e a
armazenagem são um desafio, o assun- FAÇA A LIMPEZA
to é ainda mais desafiador para o artista. Para reduzir a poeira e a sujeira que
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se acumulam sobre embalagens, nos TIPOS DE MATERIAL


livros e prateleiras, os locais de arma-
zenagem devem ser aspirados perio- PAPEL FILIFOLD DOCUMENTA
dicamente. Não é indicado o uso de  QUE É: Papel especial de cor de pa-
•O
vassoura ou espanador, pois ambos lha, livre de ácido e pH neutro, fa-
só levantam o pó, que vai se acumular bricado com reserva alcalina e de
novamente no ambiente. carbonato de cálcio, que garante
O piso pode ser lavado de tempos proteção contra ácidos presentes
em tempos. O mesmo vale para as pra- no ar poluído, não alterando o que
teleiras e estantes: podem ser lavadas embala. É vendido em três grama-

- PRODUÇÃO -
com sabão suave. Se o local tem carpe- turas e formatos diferentes. Possui
te, deve ser aspirado sempre que possí- 30% de fibras longas na sua com-
vel. Nas prateleiras, o melhor é usar uma posição, que garantem alta resis-
flanela magnética, que atrai e segura a tência a dobras e vincos.
poeira com uma carga eletrostática. Exis-
te também um tipo de flanela quimica- • I NDICADO PARA: pastas de proteção e
mente tratada para segurar a poeira. conservação de fotos e documen-
tos e papéis variados.
E O DESUMIDIFICADOR?
MYLAR FILME DE POLIÉSTER CRISTAL
O desumidificador de ar e o apare-  QUE É: é um filme de proteção trans-
•O
lho de ar condicionado servem para parente, livre de ácido e pH neutro,
manter a temperatura constante e vendido em rolos de 100cm e 130cm
o ar seco. É bom lembrar de fazer e diversas metragens. De alta dura-
sempre manutenção para prevenir bilidade e proteção, é maleável e de
vazamento. A instalação elétrica fácil manuseio para vincos.

- 64 -
tem que estar em ordem para evi- • INDICADO PARA: guardar documentos,
tar incêndio. Quem não tem esses fotografias, diversas obras em pa-
equipamentos precisa criar uma pel, mapas etc.
rotina de limpeza e verificação das
obras e do espaço de armazena- PORTA-SLIDE E ENVELOPE PLÁSTICO
gem para evitar a deterioração. •F
 EITO DE POLIPROPILENO quimicamente
tratado, inerte, livre de ácido e PVC.
Deve ser de qualidade arquivística
2 - EMBALE BEM AS OBRAS para armazenamento em longo prazo.
• I NDICADO PARA: guardar fotografias.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
A MAIORIA DAS CASAS especializadas em su-
primentos para artistas possui materiais PASSE-PARTOUT
próprios para guarda e embalagem, • O QUE É:cartão de arquivo montado,
muitas vezes vendidos pela internet. com composição 100% de fibras de
Vale a pena investir em bons materiais. algodão ou linho, e pode ser descrito
Esses materiais devem ter qua- como de “baixa lignina” ou “sem lig-
lidade, estabilidade (inalterável em nina”. Os melhores, para fins de con-
condições ambientes normais), com- servação, são os alcalinos, pois não
patibilidade, durabilidade, acessibili- se tornam ácidos com o envelheci-
dade e custo. mento. São encontrados em várias
É bom verificar ao menos uma cores.
vez por ano os materiais de acondicio- • INDICADO PARA: proteção padrão de
namento e trocá-los se houver neces- artefatos de papel.
sidade, porque, com o passar do tem-
po, os materiais de acondicionamento
podem estar contaminados ou ter per-
dido a estabilidade.
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PAPEL GLASSINE PLÁSTICO DE POLIONDA


 QUE É: é um papel livre de ácido e
•O •O
 QUE É: tipo de plástico corrugado,
PH neutro, liso, translúcido, branco, resistente à água, umidade, calor e
que também pode envolver obras choques. Não permite a formação
de arte, protegendo-as para sua de mofo ou de corpos estranhos.
conservação ou traslado. • I NDICADO PARA: fabricar caixas ou ar-
• I NDICADO PARA: grande variedade de quivos.
usos, como intercalar obras de arte
em papel, fotografias, documentos, PAPELÃO CORRUGADO OU ONDULADO
negativos e têxteis. Pode ser usado  QUE É: serve apenas para embala-
•O

- PRODUÇÃO -
na fabricação de álbuns. gem externa em caso de transporte
e não deve nunca estar em contato
PAPEL VEGETAL direto com as obras.
 QUE É: é um papel livre de ácido e
•O
pH neutro, liso, translúcido e bran- CAIXAS PARA TRANSPORTE
co. Alguns possuem até tratamento  QUE É: feitas com madeira e forradas
•O
contra fungos e bactérias. com isopor e espuma, com alças ex-
ternas para transporte, garantem a
PAPEL SILICONADO integridade das obras, por absorver
•O
 QUE É: papel de gramatura maior. vibrações externas que poderiam
Possui uma face siliconada que não danificá-las. A madeira deve ser tra-
adere à cola ou adesivo. tada antes de utilizada, deve estar
• I NDICADO PARA: embalar pinturas a seca, livre de ácidos e climatizada,
óleo, que demoram a secar. não esquecendo que é necessário
ter especial atenção para a presen-
PLÁSTICO-BOLHA ça de adesivos. Podem ser utiliza-

- 65 -
 QUE É: plástico que protege objetos
•O das várias vezes, se forem mantidas
durante o transporte. O ideal é que limpas e bem conservadas.
não entre em contato direto com
as obras. Se for usado para emba- COMO ARMAZENAR
lar pinturas, garanta que as bolhas
fiquem para fora, para não marcar LIVRO
a obra. Em outros países, é fácil DEVE SER GUARDADO de pé, sem ultrapas-
encontrar esse material de melhor sar as margens da estante ou pratelei-
qualidade, e até com TNT na parte ra, preenchendo o espaço para evitar
lisa, o que facilita o reuso. inclinação, mas sem apertá-lo para
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
• INDICADO PARA: embalar objetos para que não se danifique ao ser retirado da
transporte. estante. Organize livros por tamanho
para melhorar o suporte na estante.
ISOMANTA Se não for possível preencher as
 QUE É: material em polietileno ex-
•O prateleiras, use bibliocantos para
pandido, vendido em diferentes es- manter os livros de pé. Eles também
pessuras e tamanhos. A vantagem podem ser guardados com a lombada
é que, diferente do bolha, que rasga para baixo, evitando que folhas se des-
ao desembalar, este pode ser usado colem da encadernação por força de
várias vezes se os adesivos forem seu peso.
removidos com cuidado e estiver
limpo. Mas nunca deve estar em LIVRO-OBRA
contato direto com as obras. O IDEAL É QUE esteja embalado em papel
• INDICADO PARA: alternativa ao plás- alcalino e seja colocado em uma caixa
tico-bolha contra riscos, umidade, ou luva de proteção feitas de cartolina
impactos e manchas. ou cartão (melhores para livros peque-
nos), para evitar problema.
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OBJETOS E ESCULTURAS A melhor armazenagem para pa-


DEVEM SER DEVIDAMENTE embalados e guar- péis grandes é a mapoteca ou caixas
dados em caixas que podem ficar apoia- grandes de qualidade. Se forem colo-
das nas estantes. Cuidado com objetos pe- cadas várias obras na mesma pasta ou
sados: coloque-os nas partes mais baixas. gaveta, sobretudo se forem coloridas,
é indicado pôr folhas de papel alcali-
FICA A DICA no entre elas, para evitar que as cores
Evite colocar objetos no chão ou em passem de um papel para o outro.
locais de passagem. Se for possível
guardar em caixas de madeira, devida- ROLOS

- PRODUÇÃO -
mente protegidas, melhor. Caso opte
por guardar sem embalagem, garanta SE NÃO ESTIVEREM quebradiços e frágeis,
apenas que as obras serão checadas e os materiais de grande formato po-
limpas com frequência. dem ser enrolados e guardados em tu-
bos. Assegure-se de que os materiais
PAPÉIS estejam em condições de aguentar o
enrolamento e o desenrolamento.
PAPÉIS SOLTOS DEVEM ser separados por Alguns itens precisam ser enrola-
tamanho e categoria e armazenados dos individualmente, enquanto outros
juntos em envelope de papel alcali- podem ser enrolados em grupos de
no, já que diferenças de volume e peso quatro a seis de tamanho semelhante,
criam riscos de danos físicos. dependendo do número exato e da es-
Se estiverem guardados em caixas, pessura do papel. Eles devem ser en-
os papéis não devem ser misturados rolados com a face para fora e o rolo
com livros ou objetos pesados e volu- deve ser amarrado sem pressão com
mosos, pois isso causa pressão desi- cadarço de linho, algodão ou poliéster.

- 66 -
gual dentro das caixas. É bom lembrar O tubo usado na armazenagem
que o ácido migra do papel de quali- deve ser 10 cm mais longo do que o
dade inferior para qualquer papel com maior item a ser enrolado, com pelo
o qual esteja em contato direto, então menos 10 cm de diâmetro, ou diâme-
não é bom guardar papéis de qualida- tros maiores. Os tubos devem ser guar-
de diferentes no mesmo lugar. dados horizontalmente, já que na posi-
É melhor armazenar documentos, ção vertical as bordas podem amassar.
folhetos e convites em pastas de ar-
quivo alcalinas. Todas as pastas den- FOTOGRAFIAS
tro de uma caixa devem ter o mesmo
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tamanho e se adequar às dimensões O IDEAL É QUE CADA uma delas tenha a
da caixa. própria jaqueta, evitando dano e dan-
As caixas podem ser guardadas do proteção e apoio físico a todas. Pa-
em posição vertical ou horizontal. Nes- péis e plásticos de boa qualidade são
te último caso, elas devem ser empi- materiais adequados para armazena-
lhadas apenas de duas em duas, para gem. A vantagem dos invólucros de
facilitar o manuseio. A armazenagem plástico transparente é que eles per-
em posição horizontal dá melhor mitem ver a imagem sem removê-lo,
apoio aos documentos e evita danos reduzindo assim a possibilidade de ar-
nas margens, enrolamento e dobras. ranhá-la ou raspá-la.
Para papéis pequenos, até formato Os invólucros de papel devem ser
A4, uma solução boa e barata é o ar- alcalinos e de pH neutro. Os de plás-
mazenamento em pastas suspensas tico mais adequados à armazenagem
para escritório, que já possuem caixas são o poliéster, o polipropileno e o po-
para apoio, mas desde que sejam fei- lietileno. Uma vez que as fotografias
tas de bom material. Essas caixas são tenham sido acondicionadas em pas-
encontradas em qualquer papelaria. tas, invólucros ou envelopes devem ser
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armazenados na horizontal, em caixas de algodão, e a obra deve ser enrolada


com tampa articulada. As caixas de- com a superfície virada para fora.
vem ser acomodadas em prateleiras Finalmente, o rolo deverá ser em-
ou em armários de metal. balado com papel glassine ou folhas
Itens de tamanho semelhante de- de papel de seda para proteger a su-
vem ser armazenados juntos; a mistura perfície. Idealmente, o rolo deve ser
de diferentes tamanhos pode provocar mantido suspenso em apoios laterais,
atrito e dano. A melhor armazenagem para evitar que a matéria da pintu-
é a horizontal, pois evita danos me- ra seja esmagada, mas ele pode ser
cânicos e deformações. Caso não seja guardado, com cuidado, na posição

- PRODUÇÃO -
possível, elas podem ser armazenadas vertical. Dessa maneira também é fácil
verticalmente, desde que sejam colo- mover e transportar as obras.
cadas em pastas ou envelopes livres Alguns materiais podem ter efeitos
de ácido, e estes, por sua vez, acomo- nocivos quando entram em contato di-
dados em pastas de arquivo suspen- reto com as fibras têxteis do suporte da
sas ou em caixas de armazenagem de pintura. Alguns deles, como o PVC, as
documentos. fitas adesivas, a madeira e as etiquetas
Atenção extra para as reproduções em papel ácido, passam acidez para as
fotográficas de tamanho extragrande, fibras. Embalagens feitas de polietileno
que devem ser cuidadosamente ma- também não são aconselháveis porque
nuseadas e armazenadas, usando-se, impedem a ventilação dentro da em-
quando necessário, invólucros especial- balagem e facilitam o desenvolvimen-
mente confeccionados. Em todos os to de microrganismos. Espuma de po-
casos, a superlotação deve ser evitada. liuretano se degrada, libertando gases
que contaminam e provocam resseca-
PINTURAS mento e manchas nas telas.

- 67 -
UMA VEZ SECAS e esticadas em chassis, ETIQUETAS
as pinturas devem ser embaladas e
identificadas para ser guardadas. A UMA DICA QUE FACILITA a vida do artista
embalagem protege contra o acúmulo e reduz a manipulação e a chance de
de pó, sujeira, choques, impactos etc. danificar a obra é identificar o exterior
Pinturas podem ser embaladas da embalagem com uma etiqueta. Na
apenas em papel glassine ou ter uma hora de procurar algo, uma etiqueta
camada de plástico-bolha ou isoman- que contenha a ficha técnica, o núme-
ta por fora. Depois, podem ser guarda- ro de inventário ou mesmo uma ima-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
das na posição vertical ou em caixas gem impressa da obra vai ajudar a lo-
de madeira. Deve-se evitar apoiar uma calizar o objeto com maior rapidez.
pintura na outra, pois isso pode danifi-
cá-las. Pinturas pequenas embaladas MOLDURAS
da mesma forma podem ser colocadas
dentro de caixas ou em estantes na po- É BOM CONVERSAR com o moldurei-
sição vertical. ro antes de fazer qualquer serviço
Pinturas muito grandes, com ca- e checar a qualidade dos materiais.
racterísticas técnicas que o permitem, Chapas de Eucatex nas molduras,
podem ser enroladas. O rolo onde muito usadas no passado, são fei-
a obra vai ser guardada deve ter um tas de material extremamente áci-
diâmetro largo (mínimo 25 cm) e o do, que deteriora as obras e deve ser
comprimento deve passar o da pintu- evitado. O artista também pode dis-
ra (mínimo de 15 cm para cada lado). cutir a montagem com o moldureiro,
Deve ser previamente isolado com es- sugerir materiais e procedimentos
puma de polietileno de baixa densida- quando há abertura para isso.
de, papel acid-free ou com um pano
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• COM PASSE-PARTOUT: nesse tipo de


montagem, o cartão da janela e o PARA SABER MAIS
do fundo devem ter o mesmo tama-
nho e as duas folhas deverão se en- Se quiser se informar mais e se
caixar com precisão na moldura. O aprofundar no tema da conser-
cartão da janela deve ter espessura vação, recomendamos a coleção
suficiente para garantir um espaço “Conservação Preventiva em Bi-
com ar entre a proteção transparen- bliotecas e Arquivos” (Rio de Ja-
te e a obra. E, se a obra tiver que ser neiro, 2001), composta de 16 ar-
fixada entre os passe-partouts, o quivos que tratam do assunto em

- PRODUÇÃO -
adesivo deve ser especial para isso, detalhes, incluindo preservação de
com pH neutro, e usado apenas nas filmes, fitas magnéticas e material
pontas superiores, para não colar sonoro. Os dados encontram-se
toda a obra. nas referências bibliográficas.

•S
 EM PASSE-PARTOUT: montagem co-
mum em obras contemporâneas. Outros documentos
A obra deve ser presa, por meio de
juntas, a um fundo de cartão que TRANSPORTE DE OBRAS
não seja ácido e que esteja emoldu-
rado de maneira que não entre em É UM DOCUMENTO simples, mas valioso
contato com o vidro ou acrílico da porque controla o ir e vir das obras
moldura. É essencial deixar espaço para galerias e outros espaços. Esse
para o ar entre a obra e a superfície documento garante que o artista sem-
protetora. Não é bom deixar a obra pre saberá onde estão as obras, em
em contato com vidro. Se for o caso, que estado de conservação saíram do

- 68 -
prefira acrílico. ateliê e em qual data. E protege o artis-
ta contra possíveis confusões.
•F
 ORRO E VEDAÇÃO:uma boa moldu- Não é raro que obras retornem aos
ra deve ser forrada e vedada com artistas sujas ou danificadas ou que
pelo menos uma folha de cartão de desapareçam. Se o artista não tem ne-
arquivo por trás do fundo ao qual o nhum documento que comprove em
objeto está preso, para oferecer pro- que estado foram entregues e para
teção adequada. A moldura deve ser onde foram enviadas, não pode fazer
profunda o suficiente para acomo- muita coisa. Por isso, esse documento
dar todas as camadas e não deve deve ser assinado no momento da saí-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
se projetar para trás do quadro. O da das obras, quando o receptor se de-
ideal é que a camada final de cartão clara ciente tanto da chegada da obra
seja encaixada no quadro para que como de seu estado de conservação e
haja espaço entre o cartão e a pa- da data da entrega.
rede. Ela também deve ser vedada
para impedir a entrada de qualquer O QUE O DOCUMENTO DEVE CONTER:
elemento e estabilizar o interior con-
tra flutuações de temperatura e de •D
 ados completos de quem envia, in-
umidade. A camada final de cartão cluindo endereço, telefone e e-mail
pode ser lacrada na moldura com ti- •D
 ados completos de quem rece-
ras de fita de papel, ou o forro pode be, incluindo endereço, telefone e
ser coberto com papel ou poliéster. e-mail
Ele deverá ser colado a todas as bor- •D
 ata em que ocorre o transporte
das da moldura com fita tipo dupla •L
 ista das obras com imagem, ficha
face ou adesivo não aquoso. técnica completa e valor, quando
necessário
•U
 m texto que informe o estado de
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conservação das obras, que deve escrever o valor de venda no certifi-


ser verificado no momento da en- cado, provavelmente porque essa in-
trega e o que se espera que aconte- formação já consta na nota fiscal que
ça, caso haja algum problema deve acompanhar a comercialização
•N
 ome e assinatura de quem envia e de cada obra.
de quem recebe Certificados de autenticidade são
individuais – cada objeto deve ter o
seu. A não ser que seja um díptico, tríp-
EXEMPLO tico ou políptico, ou uma instalação.
Nesses casos, o conjunto é tratado

- PRODUÇÃO -
“Certifico que as obras saíram do como obra única.
meu ateliê em perfeito estado de Abaixo, uma sugestão simplificada
conservação [incluindo suas mol- de um certificado de autenticidade:
duras e suportes] e que deverão ser
verificadas no momento da entrega
antes da assinatura deste documen-
SEUNOME
to. Qualquer reclamação posterior
à assinatura deste documento não
será reconhecida pelo ateliê. Obras
danificadas deverão ser restauradas
por profissional aprovado pelo ate-
liê, e devolvidas no mesmo estado Título de obra, ano
Técnica

de conservação em que foram en- Dimensão [ a x l x p]


Edição
Série

tregues”.
Nome do artista

- 69 -
Cidade, data, mês, ano

SEUNOME
SEUNOME
Transporte de obra
QUANDO EMITIR: o certificado de autenti-
De: Para:
cidade deve ser emitido após a venda
Data:
e pagamento da obra. Não é aconse-
lhado enviar o certificado antes de a
obra ser vendida. O ideal é que o pró-
prio artista providencie os certificados,
ou pelo menos os assine quando são
emitidos por galerias. Há galerias que
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
sempre seguem esse procedimento;
outras assinam pelo artista.
Assinar seus certificados pode ser
uma ótima maneira de se manter atu-
alizado sobre as vendas. Se o artista
não cuida das suas vendas, e se a gale-
ria assina pelo artista, fica complicado
acompanhar suas movimentações de
acervo e finanças.
CERTIFICADO DE AUTENTICIDADE Este documento é enviado para o
colecionador arquivar, pois compro-
É O DOCUMENTO que atesta que uma va a procedência da obra. A ideia é que
obra é autêntica e foi produzida pelo acompanhe a obra em vendas subse-
artista em determinada data. Ele deve quentes, no mercado secundário ou
obrigatoriamente conter uma imagem em leilão. Por isso, o artista deve assi-
da obra, a ficha técnica completa e a nar: sua anuência atesta a autentici-
assinatura do artista. Não é comum dade da obra.
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ATENÇÃO! e publicizada por artistas em seus ma-


Mesmo com esse cuidado, não é raro nifestos, livros e exposições.
que certificados sejam falsificados. Al- A virada conceitual dos anos 1960
gumas galerias tomam atitudes para trouxe a discursividade ao mesmo
reduzir o risco, como usar papéis com tempo em que evidenciou todas as di-
marca d’água e relevo seco sobre a as- mensões de uma obra de arte. A ques-
sinatura. Alguns artistas também fa- tão é que se espera cada vez mais dos
zem isso – e não é difícil mandar fazer artistas uma conceituação do traba-
um carimbo em relevo seco com seu lho, tanto por escrito como na fala, e
nome para usar nesses documentos. muitos não se sentem confortáveis na

- PRODUÇÃO -
Lojas de encadernação de documen- tarefa, talvez por dois motivos.
tos e teses costumam fazer o carim- A dificuldade pode ser fruto da se-
bo em relevo seco. Qualquer iniciativa paração entre arte e crítica: a crença
para dificultar a adulteração dos docu- de que o artista faz a obra e o crítico a
mentos é válida. resenha. Esses dois textos, porém, são
complementares, já que são poucos os
CASO O ARTISTA CUIDE do processo sozi- artistas que de fato possuem uma du-
nho, pode montar uma pasta com ou- pla inserção profissional como artistas
tras informações, além do certificado e como críticos.
e da nota fiscal ou recibo de venda. É Outra razão é que a escrita é um
bom, demonstra profissionalismo. exercício que requer empenho e dis-
ciplina. Em qualquer campo profissio-
OUTROS DOCUMENTOS nal, escrever de forma clara e objetiva
Que o artista pode enviar a comprado- é um desafio. No campo da arte, espe-
res ou detentores das suas obras: ra-se que a escrita seja mais elabora-
da, uma mediação de tópicos profun-

- 70 -
•C
 V (currículo) atualizado dos e complexos para uma audiência
•B
 reve dossiê do seu trabalho (tex- especializada e é aí que pode estar o
tos relevantes, notas relevantes na maior obstáculo, que intimida artistas
imprensa) a escrever. Mas não se espera de um
•P  resença da obra em publicações artista uma tese, a não ser que se este-
• I magem digital da obra ja escrevendo para uma publicação ou
uma monografia acadêmica.
TUDO ISSO PODE seguir acompanhado de
uma carta de agradecimento e breve
descrição do material que está enviando.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Esta é uma atitude bastante bem-vinda. 5 utilidades do texto autoral

•E
 sclarece as próprias ideias sobre o seu
trabalho.
3. Apresentação •U
 m galerista, curador, pesquisador ou o
público pode ter acesso à descrição do
da produção seu trabalho com suas próprias palavras.
•É
 um documento que pode ser
usado para se inscrever em projetos
Elaboração de textos e candidaturas diversas de cunho
autorais (artists’ statements) institucional, acadêmico ou comercial.
•P
 ode ser uma ótima introdução para uma
HISTORICAMENTE, SER ARTISTA significava
palestra ou aula.
também ser teórico e cientista, como •P
 ode integrar materiais de comunicação
(site, press release, catálogo ou artigo em
nos ensina o Renascimento italiano.
revista).
Mais recentemente, tivemos o exem-
plo da Arte Moderna, que foi teorizada
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ser desenvolvida por qualquer um que


POR QUE ESCREVER se disponha a aprimorar o texto, a co-
SOBRE MEU TRABALHO? meçar pela observação das regras gra-
maticais e da ortografia e pela elabo-
Escrever sobre o próprio trabalho é ração de frases curtas e concisas.
contextualizá-lo em relação à pro- A construção de vocabulário se
dução artística contemporânea e à dá com a leitura de literatura e textos
árvore genealógica da arte à qual a especializados. A fluência na língua
sua poética pertence. Entretanto, o passa pela maior familiaridade do in-
mais importante é explicitar suas divíduo com o conjunto de regras e

- PRODUÇÃO -
intenções de forma objetiva para possibilidades, mesmo quando se tra-
que alguém que não o conhece e ta da própria língua. Ser exposto aos
que não está ao seu lado, para con- termos, conceitos, palavras por meio
versar e tirar dúvidas, possa com- da leitura é algo incontornável.
preender. Antes de começar a redigir o texto,
Um texto escrito pelo próprio deve-se listar o conteúdo a ser incluído
artista sobre o seu trabalho é sem- e organizá-lo, formando uma espécie de
pre um material útil para candida- esqueleto, a estrutura do depoimento.
tar-se a residências artísticas, prê- Não se deve esquecer que, em teoria, o
mios, para compartilhar em seu texto está sendo escrito para alguém
site, com a sua galeria, espaços de que não conhece absolutamente nada
exposição e outras partes interes- sobre o trabalho. Esse leitor não tem
sadas. Escrever sobre a prática é conhecimento prévio sobre a prática do
também um exercício de reflexão artista, por isso recomenda-se dirigir-se
que pode ser útil para construir um a ele da forma mais clara possível.
discurso confiante para jornalistas,

- 71 -
curadores e galeristas. O QUE PODE ENTRAR NO SEU TEXTO

•M
 otivações do seu trabalho e a sua
COMO ESCREVER trajetória
•S
 ua visão geral do trabalho
ESPERA-SE QUE O TEXTO de um artista ofe- •O
 que espera do seu público e da
reça a sua visão sobre o seu trabalho, sua reação
interesse e pesquisa e tenha informa- •C
 omo seu trabalho atual está rela-
ções sobre a sua prática que apenas cionado a produções anteriores
imagens de seus trabalhos não dariam •P
 ontos de conexão entre seu traba-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
conta de fornecer. lho e a produção contemporânea
O texto autoral do artista pode ter atual (local, regional, nacional ou
uma página ou simplesmente um pa- internacional)
rágrafo que antecede a sua minibiogra- •F
 ontes de inspiração e influências
fia. A linguagem e o conteúdo do texto de outros artistas
dependem da prática e da identidade •C
 omentários sobre uso de materiais
de cada artista, e é recomendável usar e pesquisa de suportes
linguagem direta e não acadêmica. É
também comum que tais depoimen- Currículo profissional
tos incluam tanto conteúdo conceitu- e minibio
al e teórico como detalhes práticos do
trabalho, como materiais e processos COMO FAZER SEU CURRÍCULO
utilizados, além de influências ou o
contexto local no qual sua prática vem UM CURRÍCULO PROFISSIONALdeve expres-
se desenvolvendo. sar de modo objetivo o percurso for-
Apesar de existirem pessoas com mativo, a inserção institucional e a
forte inclinação para a escrita, ela pode rede de contatos (network) do artista.
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Ele também pode ser reconfigura- SUGESTÃO DE ORGANIZAÇÃO


do de acordo com o propósito (uma
candidatura ou um determinado des- •N
 ome, local e ano de nascimento,
tinatário). Nesse caso, o artista deve local onde mora e trabalha.
ressaltar aspectos que o favoreçam •F
 ormação (título acadêmico, enti-
em cada propósito, deixando de lado dade, local e data). Incluir somente
informações que não sejam relevantes graduação e pós-graduação).
para a ocasião. •E
 xposições individuais (em galerias,
Uma boa ideia é criar e alimentar museus, centros culturais, espaços
um documento maior, em que todas autônomos e outras instituições).

- PRODUÇÃO -
as atividades sejam registradas, inde- •E
 xposições coletivas (em galerias,
pendentemente do grau de relevância. museus, centros culturais, espaços
Desse documento podem derivar ou- autônomos e outras instituições).
tros menores, conforme a demanda e •P
 rojetos especiais (intervenções ur-
a finalidade. banas e outros projetos que sejam
diferentes pelo formato ou resulta-
O QUE COLOCAR NO CURRÍCULO? do da produção regular do artista).
•R
 esidências artísticas (entidade, lo-
INÍCIO DE CARREIRA cal e data).
Nessa fase não há muitos itens para •P
 rêmios, editais e salões (entidade,
informar, então é preciso focar na for- local e data).
mação (acadêmica ou não). Reúna o •P
 ublicações sobre o artista (livros
maior volume de informações, como coletivos, monografias, artigos em
exposições coletivas das quais o artis- periódicos, catálogos e textos curato-
ta participou na escola de arte ou em riais).
outros espaços e projetos desenvolvi-  ursos e workshops ministrados
•C

- 72 -
dos na formação (workshops e cursos pelo artista (entidade, local e data).
de que participou; exposições, eventos •C
 oleções (públicas, privadas e cor-
e publicações etc.). porativas). No caso das coleções
privadas, liste somente aquelas
MATURIDADE PROFISSIONAL abertas à visitação pública e com
Quando o artista vai adquirindo expe- autorização dos responsáveis.
riência e inserção institucional, pode
passar a selecionar participações em
projetos que sejam prestigiosos e sig- FICA A DICA
nificativos para a formação do seu É possível também fundir em uma úni-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
perfil profissional, evidenciando assim ca listagem as exposições individuais
a sua filiação a um determinado grupo e coletivas, diferenciando na forma de
da arte. Não é recomendável mentir no diagramar as que são individuais das
currículo para que ele fique mais ro- coletivas. Uma sugestão é dar desta-
busto ou atraente, já que atualmente que em negrito aos títulos das expo-
é fácil pesquisar e checar informações. sições individuais. Participações em
feiras não devem fazer parte dessa
COMO FORMATAR seção, já que feiras de arte não são
consideradas exposições coletivas e
Em geral, o currículo é uma listagem sim plataformas comerciais.
cronológica de fatos da vida do artista,
ordenados a partir do mais recente. É
escrito em tópicos e em terceira pes-
soa. Para se inspirar, pode-se buscar
boas referências em sites de galerias.
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COMO FAZER SUA MINIBIO apresentando algo para alguém que


não o conhece e não viu suas obras ao
OUTRA DEMANDA BASTANTE frequente para vivo. O portfólio é seu porta-voz.
sites, editais e apresentações no geral é O primeiro passo para a elabo-
uma minibiografia do artista, ou minibio. ração do portfólio é a conceituação
Esse texto difere do currículo pelo que o artista faz do próprio trabalho,
formato e pelo conteúdo. A minibio é pois esse entendimento vai levá-lo à
um texto corrido curto, de um ou dois escolha de obras, séries ou projetos
parágrafos, que descreve a trajetória representativos das questões que lhe
do artista em prosa, e não em listagem interessam e sobre as quais pesquisa,

- PRODUÇÃO -
ou tópicos. Ela não traz todos os fatos assim como conduzir a organização do
da trajetória do artista, mas os princi- material.
pais destaques de sua formação, ex- O portfólio pode ser estruturado
posições, publicações etc. Assim como por tópicos, por cronologia ou por su-
o currículo, a minibio traz as informa- portes usados pelo artista. Não há es-
ções em terceira pessoa. Na prática, é trutura correta, mas ela deve comuni-
uma versão resumida do currículo. car do melhor modo possível a poética
do artista.
ESTRUTURA DE UMA MINIBIO Bons registros fotográficos das
obras são imprescindíveis, pois elas não
[Nome do artista], [ano de nasci- estão presentes para serem avaliadas.
mento], [cidade, país de nascimen- No caso de pinturas, a qualidade das
to]. Vive e trabalha em [cidade, país imagens deve ser ainda maior, devido à
de residência] dificuldade da fotografia em reproduzir
texturas, tonalidades e mesmo a pre-
[Nome do artista] trabalha com [mí- sença pictórica. Não precisa haver de-

- 73 -
dia x], explora/pesquisa [questões y] zenas de imagens do mesmo trabalho,
por meio de [z]. [Detalhes da forma- apenas as que sejam suficientes para
ção do artista se relevante], [Desta- a compreensão da produção do artisra
ques de exposições solo e coletivas por parte de uma pessoa que não o co-
com datas e locais], [Prêmios e ou- nhece ou esteja diante da obra.
tras atividades] Em seleções de prêmios ou editais,
há centenas de inscritos, e a comissão
CONSTRUÇÃO DO PORTFÓLIO muitas vezes tem pouco tempo para
avaliar todos. Por isso, ser sintético
O PORTFÓLIO É, ao mesmo tempo, o do- na apresentação do trabalho é fun-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
cumento de identidade e o cartão damental, mas sem ocultar dados da
de visitas do artista. Ele condensa em pesquisa ou da obra úteis à sua avalia-
imagens e textos o corpo de trabalho ção. Uma página com uma ou poucas
e a trajetória da pesquisa artística, ou imagens da obra, um parágrafo expli-
seja, apresenta o artista a curadores, cativo abaixo da imagem e ficha técni-
críticos, galeristas, colecionadores e ca são suficientes.
jornalistas especializados, já que não Ao organizar seu portfólio, lembre-
existe artista sem obra. se que ele não é uma obra em si, nem
É muitas vezes por meio do portfó- um livro de artista. Ele é um documen-
lio que um artista é escolhido ou se- to que ilustra e apresenta o trabalho.
lecionado para exposições, prêmios,
residências artísticas e projetos, por
isso ele deve ser objetivo, conter bons
registros das obras e fornecer todos os
dados necessários para o entendimen-
to da obra ou da trajetória do artista.
O artista deve ter em mente que está
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O QUE PODE FAVORECER SEU PORTFÓLIO CAPRICHE NO PORTUGUÊS...


Para evitar erros de português que pos-
DESTAQUE SEUS PONTOS POSITIVOS sam prejudicar sua imagem, o artista
Escolha as melhores imagens e ex- deve revisar com atenção ou mesmo,
plore-as nas páginas para criar uma quando possível, contratar um revisor
dinâmica que intercale textos e fotos. de textos para checar seu portfólio, tex-
Dê destaque às que mais revelam e re- tos autorais, minibio e outros materiais.
presentam o seu trabalho. Mantenha
fotos de obras, mas também de traba- ...E NO INGLÊS
lhos dentro do espaço expositivo e até É bom também fazer uma versão em um

- PRODUÇÃO -
do ateliê, se achar relevante. Em rela- segundo idioma do material. Inglês cos-
ção aos textos, escolha os que mais tuma atender a uma série de demandas,
falem do seu trabalho e da sua trajetó- mas isso pode variar de acordo com as
ria. Textos autorais do artista, currículo estratégias de inserção do artista
e textos assinados por curadores são
bem-vindos _sempre em linguagem Como organizar visitas
acessível. ao ateliê (studio visits)

ORGANIZE A LEITURA A VISITA DE REPRESENTANTES do mundo


Um sumário não é necessário, mas dei- da arte ao ateliê do artista ou a outro
xe clara a organização do seu portfólio ambiente para conhecer suas obras ou
e pense em como vai demonstrar sua portfólio é parte fundamental do pro-
trajetória, evidenciando os momentos cesso de profissionalização.
mais significativos da sua carreira. Não Trata-se do momento em que re-
é preciso colocar uma imagem de cada presentantes de instituições, gestores,
obra, de cada exposição. O portfólio é produtores, curadores, críticos, galeris-

- 74 -
um filtro. tas e colecionadores entram em con-
tato direto com o artista em seu am-
ATENTE PARA OS FORMATOS biente de trabalho e podem ver obras
Pense tanto na forma impressa quanto em primeira mão, rever trabalhos
na digital. No primeiro caso, pense em históricos e entender seu método de
um formato e em um tamanho fáceis pesquisa, além de tirar dúvidas, trocar
de serem manipulados, pelo leitor, e de ideias e ter uma percepção mais com-
executado, pelo artista. Evite colagens pleta do universo do artista. Para al-
ou interferências, escolha um bom pa- guns agentes da arte, o trato pessoal é
pel e proteja-o com uma capa. No for- valioso, pois várias relações profissio-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
mato digital, prefira sempre o PDF. Cui- nais vêm de relações pessoais de afeto
dado com o tamanho final do arquivo. ou de afinidade.
O ideal é que não passe de 5MB para
ser enviado a editais e instituições ou
ser encaminhado por e-mail. Em am-
bos os casos, pense também no nú-
mero total de páginas: de preferência,
70,9%
dos artistas respondentes produzem seu trabalho
não mais do que 15. em casa ou em ateliê dentro de casa.

APOSTE NO DESIGN
Desde a escolha da fonte até a dia-
19 , 6 %
produzem seu trabalho em ateliê fora de casa.
gramação final, faça escolhas que evi-
denciem seu trabalho. Se não tem ha-
bilidade com design ou não domina as
9,4%
ferramentas necessárias, peça ajuda compartilham ateliê com outro(s) artista(s).
de alguém que saiba ou contrate um
profissional, se houver a chance. Fonte pesquisa própria
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COMO ORGANIZAR A VISITA tante faça demandas ou pedidos es-


pecíficos de envio de textos, imagens e
OBJETIVO materiais no geral, anote-os e entre em
De antemão, é indispensável saber o contato com o visitante logo depois,
tempo que o profissional dispõe para agradecendo-o por seu tempo e inte-
a visita e seu propósito – ver um tra- resse e enviando o material combinado.
balho específico, conhecer o corpo Ter um cartão de visitas com seu
do trabalho, pesquisar trabalhos para site, endereços nas redes sociais, te-
uma exposição ou projeto. Com essas lefone e e-mail também é valioso. Da
informações, o artista pode organizar mesma forma, fique com os dados dos

- PRODUÇÃO -
o que mostrar –e como. visitantes. É assim que se forma a rede
de contatos. Esses contatos são muito
ESPAÇO valiosos para alimentar projetos futuros.
É interessante arrumar o espaço de Quanto ao convite, a iniciativa da
trabalho. Não precisa mudar tudo, visita ao ateliê pode partir tanto do ar-
mas dispor as obras, portfólio e mate- tista, que se interessa em mostrar seu
riais de pesquisa de forma a agilizar o trabalho e saber a opinião de deter-
processo e dar condições de fruição. minado profissional, como do profis-
sional em questão. Não se deve forçar
TRADUTOR ou insistir na visita, sob o risco de ter o
Caso receba a visita de um estrangeiro efeito contrário, ou seja, o afastamento
e não se sinta à vontade para apresen- do profissional.
tar o trabalho em outro idioma, organi-
ze-se para ter alguém que possa apoi- CAFÉS E ALMOÇOS
á-lo nesse diálogo. Pela agitação da vida contemporânea
e a dificuldade de circulação nas gran-

- 75 -
COMES E BEBES des cidades, nem sempre é possível
Oferecer água, lanche e refrescos pode visitar um ateliê. Por isso, tem sido co-
ser encarado como gentileza e quebrar mum o encontro entre artistas, cura-
um pouco o gelo. Bebidas alcóolicas dores e críticos em cafés ou restau-
podem ser oferecidas e ingeridas, mas rantes para uma conversa a partir do
sem exageros. portfólio ou de algum trabalho portátil.
As orientações são as mesmas para as
FICA A DICA visitas ao ateliê: organize o material a
O fundamental é ser cordial e aten- ser mostrado de acordo com o tempo
to, porque, no studio visit, o discurso, e o propósito do diálogo.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
a produção e a personalidade do ar-
tista se desnudam. Há uma aproxi-
mação absoluta entre as partes, algo 4. U
 so das plataformas
que uma exposição ou uma conversa
rápida num evento não oferecem. É digitais
um momento fértil para o artista, que
consegue ouvir críticas e discutir o Contexto
trabalho de maneira produtiva. Apre-
sente-o sem uma atitude defensiva, A INTERNET PODE ser uma das principais
mas sim aberta ao diálogo. A inter- ferramentas de comunicação de um
locução com profissionais é sempre artista. É fonte de fácil acesso sobre
primordial, mas receber no ateliê é o seu trabalho, além de ser capaz de
uma forma ímpar de repensar o pró- ampliar o seu alcance.
prio processo de trabalho e criar cola- À medida em que o artista desen-
borações futuras. volve o seu caminho profissional, é ine-
Separe material impresso de brin- vitável que a busca por informações
de para o visitante levar. Caso o visi- online sobre ele aumente. Por isso, é
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recomendável que esteja preparado encontrado por mecanismos de busca,


para essa demanda, seja por meio de seguindo de “.com”, que é a extensão de
redes sociais, de site próprio, de plata- domínio mais conhecida e internacional.
formas institucionais e comerciais ou
de artigos online. 2 - LAYOUT
Não existe modelo ou fórmula cor- Para ter um site customizado, é preci-
retos para a presença digital de um so contratar um designer e um progra-
artista. A única premissa que reco- mador. Juntos, eles decidirão juntos o
mendamos levar em conta em cada melhor formato. Existem também pla-
decisão é que as suas iniciativas online taformas gratuitas para artistas cons-

- PRODUÇÃO -
reflitam a identidade do seu trabalho. truírem sites e portfólios online, como a
cargocollective.com, que oferece tem-
plates prontos e a possibilidade de ser
COMO OS ARTISTAS conectado ao domínio com seu nome.
DIVULGAM SEU TRABALHO
3 - PRODUÇÃO DE TEXTOS
• Redes sociais A internet é repleta de informação – e
• Editais, salões, esidências também de gente que não se dispõe a
ler toda essa informação. Ao produzir

35 % conteúdo para um site, deve-se pensar


em textos curtos e objetivos, informa-
ções de fácil visualização e imagens cla-
dos artistas se consideram pouco familiarizados
com produção e uso de plataformas digitais para ras, que possam sempre ser atualizados,
venda e difusão para acompanhar a carreira do artista.

4 - CRIAÇÃO DE DIFERENTES

- 76 -
Fonte pesquisa própria PÁGINAS INTERNAS
Por se tratar de um site de artista, reco-
menda-se uma forte presença visual,
Como criar suas com uma ou mais imagens que repre-
plataformas digitais sentem bem seu trabalho na página
inicial e um menu de navegação dividi-
SITE do em diferentes páginas internas:
AO PENSAR A COMUNICAÇÃO digital, é bom
lembrar que, quanto mais informações •C
 URRÍCULO
de qualidade forem oferecidas, mais Deve conter dados sobre forma-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
as partes interessadas poderão explo- ção, exposições realizadas – ex-
rar e dialogar com o trabalho. Um site posições solo diferenciadas de
próprio é um ambiente controlado e coletivas, todas listadas por ordem
independente, no qual as pessoas en- cronológica, a começar pela mais
tram em busca de dados confiáveis recente –, residências artísticas,
sobre o artista, seu trabalho e carreira. prêmios, links para textos e catá-
Vale lembrar que a construção de um logos e outras experiências que
site requer gastos e tempo para o desen- julgar relevantes. Participações
volvimento e a manutenção. Isso explica em feiras não devem aparecer, já
também a forte aposta nas redes sociais. que feiras de arte não são con-
COMO CRIAR UM SITE sideradas exposições coletivas
e, sim, plataformas comerciais.
1 - COMPRA DO DOMÍNIO
O primeiro passo é comprar um domí- • INFORMAÇÕES BIOGRÁFICAS
nio, que será o endereço da sua página. Texto curto com informações
Recomenda-se que o domínio seja seu biográficas (ano e local de nas-
próprio nome, para que seja facilmente cimento, onde vive e trabalha
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hoje) seguidas de um texto au- pensam que o mundo da arte cami-


toral sucinto, com informações nha para um futuro mais acessível e
sobre a prática do artista e temas conectado, com redes de contatos e
de interesse para seu trabalho. comércio digitais mais diretos e trans-
parentes nos preços, outros acreditam
• GALERIA DE IMAGENS que a cena da arte depende da exclu-
Seleção de imagens de qualida- sividade do sistema offline.
de do seu trabalho ou de projetos Nas próximas décadas, será pos-
com ficha técnica junto a textos sível testemunhar como as novas ge-
explicativos curtos, se necessário. rações digitais vão transformar a cena

- PRODUÇÃO -
Busque uma lógica de organização da arte. Por enquanto, é seguro afirmar
para as imagens que faça sentido que ter perfis em plataformas digitais é
à sua prática: cronologicamente, uma forma de disseminar o trabalho
por série, exposição ou mídia. do artista, que passa a ser mais fácil de
encontrar em mecanismos de busca.
• CRÍTICAS Existe hoje uma série de platafor-
Se algum texto de qualidade foi mas online, na maior parte comerciais,
escrito sobre seu trabalho por que reúnem perfis e obras de artistas. A
curadores, críticos ou jornalistas, maioria, caso das já conhecidas Artnet
adicione-o ao site, pensando no e Artsy, tem como membros não artis-
visitante que queira informações tas, mas galerias que pagam mensali-
aprofundadas. Isso respalda e dades para hospedar perfis com obras
legitima o seu trabalho. É também de artistas por elas representados,
uma prática comum que o artis- funcionando como réplica do mercado
ta convide ou contrate um crítico de arte offline. Ambas também promo-
ou curador que acompanhe seu vem leilões online, assim como a india-

- 77 -
trabalho para escrever sobre ele. na Saffronart – que opera predomi-
nantemente online – e famosas casas
• LINKS de leilão como Sotheby’s e Christie’s,
Adicione alguns links para notí- que realizam pregões em endereços
cias sobre seu trabalho ou ex- físicos e também recebem lances por
posições de que participou. telefone e pela internet.
No caso dos perfis de artistas
• CONTATOS criados por galerias em sites de venda,
Deixe um e-mail para conta- são as próprias galerias que os man-
to e divulgue os links para os têm, e se responsabilizam e adminis-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
seus perfis em redes sociais. tram os perfis dos artistas. Cabe ao
artista representado por galerias se
PLATAFORMAS INSTITUCIONAIS certificar de que seus galeristas têm
E COMERCIAIS informações precisas e atuais sobre
o artista e seu trabalho e imagens de
MUITOS SITES E APLICATIVOSpara venda boa qualidade de suas obras para in-
de arte ou divulgação de portfólio fo- cluir em seu perfil na plataforma.
ram lançados desde o início da década Existem também outras platafor-
passada, sobretudo depois de 2006, mas nas quais o próprio artista pode
quando a Saatchi Gallery de Londres fazer upload de suas obras e até co-
criou uma plataforma para exposição mercializá-las, como é o caso da Saa-
online que em 2010 passaria também tchi Gallery online, que cobra uma por-
a vender obras. centagem pela intermediação. Cabe
Como a cena e o mercado das ar- ao artista decidir se quer fazer parte de
tes visuais se comportam no âmbito tais plataformas. Vale levar em conta
digital é um debate atual e ainda em que muitas startups que tentam criar
desenvolvimento. Enquanto alguns plataformas e redes sociais para reunir
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artistas online cobram mensalidade e, É cada vez mais comum que co-
até hoje, não há registro de platafor-
mas pagas de destaque que valham o
79 % berturas jornalísticas, oportunidades
de trabalho, visitas a ateliê ou até ven-
dos comprado-
gasto. A maior parte dos artistas ainda da de trabalhos se originem por intera-
opta por um site próprio, aliado ao uso res de arte com ção nas redes sociais.
de redes sociais. menos de 35
anos usaram o 5 PONTOS RELEVANTES
FICA A DICA Instagram para SOBRE AS REDES SOCIAIS
Enquanto a digitalização do mundo da descobrir novos
arte ainda está em desenvolvimento, artistas PERFIL

- PRODUÇÃO -
é recomendável que o artista opte por Não existem regras ou modelos fixos
opções gratuitas ou que não cobrem de comportamento nas redes sociais
mensalidade, apenas comissão sobre
as vendas efetuadas, e fique atento às
mudanças nos próximos anos.
82 % no mundo da arte, mas, como nas ou-
tras plataformas, atente para que as
suas redes reflitam a sua identidade
dos compra-
dores seguem como artista.
As 10 principais plataformas interna- Ao criar o seu perfil, tenha em men-
artistas que
cionais de comércio de arte online te que a ideia é que seja uma página
já conhecem
aberta para dialogar com um grande
na rede para número de pessoas. Por isso, muitos
posição acompanhar o
Site artistas e profissionais optam por ter
em 2018
seu trabalho perfis diferentes na mesma rede social
1 Christie`s (online) para a vida pessoal (codinome) e pro-
2
3
Artsy
Sotheby`s (online)
63 % fissional (nome inteiro ou artístico).
Outro dado importante, principal-
mente em relação às redes sociais, é
das pessoas

- 78 -
4 Artnet que atuam no o quanto é desejável que sua intimi-
dade, seu cotidiano, seus hábitos e
5 1stdibs meio da arte
suas crenças pessoais sejam fundidos
consideram
6 Philips (online) na mesma comunicação e pelos mes-
o Instagram mos canais por onde o artista veicula
7 Paddle8 sua rede social o seu trabalho.
8 Etsy (art and collections) favorita
INTERAÇÃO
9 Saatchi Art
10 Bonhams (online) 38 % Como as redes sociais são um meio de
divulgação e de tecer redes de conta-
to, procure seguir contas de outros ar-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
preferem o
Fonte sexto relatório anual de mercado da arte online, tistas, jornalistas de arte, publicações,
comissionado pela seguradora Hiscox e feito pela agência
Facebook
curadores, galerias. Comentar, repos-
de pesquisa de mercado londrina ArtTatic.
Fonte Relatório
tar algumas publicações e taguear ver-
REDES SOCIAIS anual 2018 da betes-chave também é uma boa for-
Hiscox e ArtTatic ma de começar uma conversa.
SÃO FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO e dis-
seminação de conteúdo cada vez mais CONTEÚDO
essenciais para todas as áreas, regra Quem segue um artista está interessa-
que não é exceção nas artes visuais. do em se informar sobre sua produção,
Suas plataformas são gratuitas e de exposições e eventos. Dessa forma, fo-
fácil uso e, apesar de exigir presença tos de qualidade dos trabalhos, convi-
constante, têm grande potencial para tes para aberturas, bastidores de mon-
serem utilizadas como forma de ex- tagem de exposições ou do seu ateliê
pandir sua rede de contatos, podendo são todos conteúdos bem-vindos.
ampliar o alcance do trabalho tanto Diferentemente do site, as redes
regional quanto internacionalmente. sociais ajudam a travar conversas, não
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são apenas uma vitrine dos trabalhos.


Então, deve-se fazer também posts 5. Apresentação
sobre exposições de outros artistas e
repostar conteúdo de outros usuários de projetos para
que dialoguem com os seus interes-
ses, sempre com as tags de quem pu- bolsas, prêmios
blicou o post original.
e residências
HASHTAGS
Inserir hashtags (#) nas postagens é Como se informar?

- PRODUÇÃO -
uma maneira de fazer com que elas
sejam encontradas mais facilmente EM QUALQUER CAMPO profissional, man-
dentro de categorias e grupos. As hash- ter-se a par das discussões, transfor-
tags fazem com que seu post apareça mações e consensos é fundamental.
ao lado de outros que tenham as mes- No mundo da arte, isso significa acom-
mas hashtags. Assim, pessoas que ain- panhar newsletters como e-flux, Hi-
da não o seguem podem encontrá-lo. perallergic e o Canal Contemporâneo,
Segundo o portal Artsy, posts com assim como informativos de revistas
hashtags recebem 12% mais engaja- especializadas como Artnews, Arte-
mento. Recomenda-se que se utilizem
hashtags específicas e relevantes. Não
79 , 7 % contexto, ArtReview, Mousse, Terremo-
to e Kunstexte.
dos artistas
se devem usar hashtags como nomes Para descobrir oportunidades de
de galerias e museus que não estejam assinam residências artísticas, vale se inscre-
relacionados ao que o artista postou newsletters ver nas newsletters das próprias institui-
só para alcançar mais popularidade, Fonte ções que as promovem ou em organi-
pois isso pode soar pouco profissional. pesquisa própria zações que abarcam várias iniciativas, a

- 79 -
Recomenda-se fazer uma pesqui- exemplo da Resartis e da Triangulo Ne-
sa nas redes sociais de artistas e orga- twork. Hoje também é possível acom-
nizações que o artista admira para en- panhar essas instituições em redes so-
tender qual tipo de hashtags eles usam. ciais como Instagram e Facebook, onde
divulgam atividades e novidades.
GEOLOCALIZAÇÃO Seguir curadores, críticos e gale-
Adicione também o local onde sua foto ristas nas redes também é uma forma
foi tirada, o que faz com que seu post de saber de chances e ficar por dentro
seja agrupado com outros do mesmo de debates atuais.
lugar. Se estiver no conjunto de posts Revistas e blogs especializados
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
de uma exposição coletiva, bienal ou atualizam discussões e conceitos do
feira de arte, qualquer pessoa que cli- mundo da arte, mas sua leitura deve vir
que na localização pode encontrar o acompanhada da leitura de monogra-
seu post. O Instagram e o Facebook fias sobre artistas influenciadores, livros
dão a opção de adicionar a localização teóricos que abordem a história da arte
em todos os seus posts. uma sob uma perspectiva mais recente
e ensaios sobre tópicos desafiadores.
A leitura sistemática de jornais e
revistas que abordem criticamente as
questões políticas, econômicas e so-
ciais locais, nacionais e internacionais
também constitui parte do trabalho de
formação e informação do artista, aju-
dando-o a amadurecer percepções e
opiniões sobre o mundo, o que acaba
por resvalar na sua poética e no desen-
volvimento de sua obra.
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Fazendo escolhas tada a artistas consolidados, com vasta


estratégicas experiência e pesquisa. Ou então um ar-
tista com investigação de embasamento
depende mais
A TRAJETÓRIA DE UM ARTISTA modernista se inscrever num edital para
de suas próprias escolhas do que da de- pesquisas de cunho contemporâneo. Es-
cisão dos outros. Descubra o que deve colha estrategicamente para evitar frus-
ser levado em conta para tomar as me- trações e perda de tempo.
lhores decisões ao longo do caminho. Comissões e júris de seleção e de
premiação são sempre uma surpresa,
COMPREENDA SUA SUBJETIVIDADE pois são a junção de especialistas com

- PRODUÇÃO -
O percurso começa pela compreen- referenciais teóricos, interesses de pes-
são da sua subjetividade e do tipo de quisa e posicionamentos no sistema
trabalho que o artista deseja e pode distintos. O resultado também tem a ver
desenvolver. A partir daí é possível pla- com as propostas inscritas e com a inte-
nejar formação necessária para de- ração dessas variáveis todas. Entretanto,
senvolver habilidades e materializar seleções ressoam principalmente o per-
ideias e pelo entendimento do mundo fil do projeto.
da arte a que almeja pertencer. Criar
redes de interlocução é tanto fruto de APRENDA COM O “NÃO”
escolhas como do aproveitamento de Receber respostas negativas será uma
oportunidades. Portanto, a autorrefle- constante na vida dos artistas. Por isso, é
xão e a análise atenta de um objetivo preciso aprender a lidar com os retornos
são o ponto de partida para fazer es- de forma produtiva. Às vezes, um “não” é
colhas estratégicas. mais enriquecedor para um artista que um
“sim”. Saiba ler o resultado e não esmore-
FILTRE OPORTUNIDADES cer porque, com uma observação atenta

- 80 -
Há uma grande oferta de prêmios, bol- ao seu trabalho, às regras do circuito da
sas e residências. Entenda a si mes- arte e aos perfis dos concursos, mais cedo
mo, ao seu trabalho, e crie um filtro ou mais tarde se consegue aceitação.
para localizar oportunidades compatí- É bom participar sempre de sele-
veis com seu perfil e suas metas. Não ções: este é um modo de os profissionais
adianta se inscrever num prêmio vol- tomarem conhecimento da sua existên-
tado para discussões étnicas se a sua cia. Muitas vezes, não se entra por pou-
pesquisa não aborda tais questões. O co, mas é interessante fazer o trabalho
mesmo vale para um artista inician- circular e ser visto pelas comissões de
te, com pouca densidade de trabalho, seleção. Isso pode ter desdobramentos
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
que se candidata a uma residência vol- inesperados no futuro.

36 , 7 %
dos artistas respondentes
25 , 6 %
fazem entre três e quatro
82 %
já ganharam prêmios
77 , 7 %
foram escolhidos para
se inscrevem inscrições por ano e bolsas salões de arte
frequentemente em
editais, salões, etc.

5 ,1 % 66 , 6 % 90,6 %
32 , 4 %
não fazem mais do que
nunca se inscrevem
foram selecionados
para residências
já concorreram em editais
e foram selecionados

Fonte pesquisa própria


duas inscrições por ano
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Como preparar AVALIAÇÃO DA INSTITUIÇÃO


a candidatura Estude o perfil da instituição para co-
nhecer a missão e a forma de atuação,
SABER ESCOLHER OS PRÊMIOS, editais, bolsas saber quem faz parte dela e quem já
e residências artísticas mais próximos foi beneficiado. Esse é um bom passo
do seu perfil e da sua meta de carreira é para identificar o perfil e as propostas
metade do processo. A outra parte é sa- da chamada, alinhando valores.
ber compor uma candidatura forte.
CONSULTA DO FORMATO
7 PASSOS PARA UMA BOA CANDIDATURA Confira qual é o formato de envio do

- PRODUÇÃO -
projeto: verifique se pedem impresso,
MONTAGEM DE UM CALENDÁRIO via correio, se há limite de páginas, se
Tome nota das datas de inscrição a inscrição é online, se há necessidade
para não perder os prazos. de tradução de textos

COMPREENSÃO DA DEMANDA
Veja o que exige cada candidatura para ATENÇÃO!
saber o que deve ser preparado para
cada processo seletivo. Não existe um Antes de fazer sua inscrição, atente
modelo único que garanta a aprovação. para estes itens:
Cada processo busca e exige dos can-
didatos uma resposta a uma demanda. PERFIL DO CANDIDATO
Algumas candidaturas vão pedir um pro- Algumas vezes os editais são restri-
jeto inédito, outras vão desafiar o artista tos a uma faixa etária ou território.
a responder a determinado contexto.
DATAS

- 81 -
ELABORAÇÃO DE UM DOSSIÊ De inscrição, julgamento e resposta final
As inscrições costumam pedir um dos-
siê que, em geral, inclui dados básicos FASES
de apresentação do artista (minibio, Confira se a aprovação se dá por fases
CV, textos autorais) e projetos perti-
nentes à chamada. PREMIAÇÕES
Quais são as recompensas finais?
ESCOLHA DO TEMA No caso de residências, atentar para
O artista terá maior chance de aprova- o que está incluído e o que não está
ção se escolher chamadas com assun- incluído, como alimentação, despe-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tos ou pesquisas próximas a ele, por- sas de deslocamento, etc. É possível
que assim poderá atender a demanda que a participação implique em in-
de forma adequada. Quanto mais vestimento financeiro do candidato
assertivo for seu projeto, certamente
maior a possibilidade de ser notado EXIGÊNCIAS BUROCRÁTICAS, LEGAIS E CONTÁBEIS
Verifique se há necessidade de ter
CONHECIMENTO DAS REGRAS conta bancária PF ou PJ, se é neces-
Leia o regulamento com atenção para sário ter uma empresa, se é neces-
listar os documentos e materiais pedi- sário tirar visto etc.
dos e fazer um levantamento do que já
tem e do que precisa ser feito, refeito ou PERÍODO
adequado. Veja o prazo final de inscrição Data de realização do projeto
e elabore um cronograma de trabalho
de trás para frente para organizar me- MÃO DE OBRA
lhor o tempo e não deixar para a última Necessidade de envolvimento de
hora, já que vários contratempos podem equipe para realizar a proposta e,
ocorrer e inviabilizar a candidatura. depois, o projeto
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COMO DESCREVER A OBRA OU PROJETO O visto também requer seu tem-


po, além de uma documentação es-
ENTENDER O QUE O REGULAMENTO pede e pecífica para cada país. Por razões
dar uma resposta específica demons- geopolíticas, requisitos para visitar ou
tra dedicação. residir, mesmo que por pouco tempo,
A maior parte dos prêmios e edi- em terra estrangeira mudam vez por
tais solicita descrição da obra ou da outra. Alguns países oferecem vistos
proposta e justificativa da importân- específicos para artistas, mas a maio-
cia e da pertinência. Em alguns casos ria não, e o trâmite pode demorar me-
há um número máximo de caracteres, ses. Portanto, inicie o processo o mais

- PRODUÇÃO -
palavras ou páginas, mas, quando não rápido possível.
houver, deve-se tentar ser sucinto e Na maioria dos casos, o primei-
direto, pois são muitas as candidatu- ro passo para solicitar o visto é tirar o
ras, e saber expressar as ideias de for- passaporte ou renová-lo, se tiver a va-
ma simples e clara faz diferença. lidade vencida. Vários países só acei-
Descrever o projeto que se quer tam estrangeiros com passaportes vá-
desenvolver ou a obra que se deseja lidos até seis meses depois do período
apresentar é não apenas detalhar fisi- de estadia. É imprescindível receber
camente, com ficha técnica, fotos (ou da organização da residência um do-
esboço) e esquema de montagem (se cumento oficial que a formalize, para
for o caso), mas também contextua- embasar o pedido.
lizar conceitualmente o trabalho nas Importante ainda checar se o país
discussões contemporâneas e no pró- visitado exige alguma vacina, algo
prio universo poético. que também muda de acordo com a
Não esqueça de fornecer informa- ocorrência de epidemias ou a gestão
ções sobre custos e prazos para que de saúde pública. Nos postos de saú-

- 82 -
fique claro para a comissão se propos- de, pode ser feito o cartão interna-
ta é factível. cional de vacinas e a administração
A justificativa deve basear-se no da imunização para as enfermidades
diferencial que sua pesquisa ou obra mais recorrentes, tais como a febre
apresenta com relação ao que já se co- amarela e a malária.
nhece no mundo da arte, assim como Levar materiais para o projeto
no próprio percurso investigativo. também precisa de planejamento, so-
bretudo se forem substâncias, objetos
e elementos não usuais. Estude as leis
Questões práticas e legais de importação e proibições de entrada
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
de residências internacionais do país visitado.

PARTICIPAR DE RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS no Repatriação de obras


exterior requer planejamento e orga- produzidas no exterior
nização. Os dois pontos principais a
serem observados de antemão são o CASO O ARTISTA TENHA produzido obras
domínio de uma língua estrangeira e no exterior, em uma residência, poderá
o visto ou permissão de estadia pelo ter problemas para trazê-las ao Brasil,
prazo do projeto. em razão de um entendimento polê-
A fluência ou nível instrumental mico e questionável da Receita Fede-
de uma língua estrangeira leva tem- ral. Isso porque a produção do artista
po para se consolidar. Portanto, esse será tida como produto importado e
aspecto precisa ser trabalhado com taxada como tal.
antecedência pelo artista e deve ser Na parte D - Internacionalização deste
levado em consideração até mesmo guia explicamos que quando um bem
na hora de se decidir pela inscrição ou estrangeiro ingressa no território adu-
não para a residência. aneiro brasileiro, independentemente
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de ser ou não objeto de uma transação


comercial, isso é considerado uma im- QUESTIONAMENTO NA JUSTIÇA
portação. Assim, qualquer entrada de
bem estrangeiro em território brasileiro Esse entendimento da Receita Fe-
configura importação e pode estar su- deral é questionável, porque atribui
jeita à incidência de tributos. mais importância ao aspecto físico
É importante entender o conceito (local da produção) do que ao eco-
de bem estrangeiro. Para fins jurídicos nômico (titularidade e nacionalida-
e aduaneiros, é um bem produzido no de do autor) da obra. Assim, exis-
exterior ou, ainda, um bem brasileiro tem argumentos sólidos o bastante

- PRODUÇÃO -
que tenha sido objeto de uma expor- para se questionar juridicamente a
tação definitiva em momento anterior leitura da Receita Federal. Também
e retorna ao Brasil – o chamado bem há precedentes: decisões judiciais
desnacionalizado. que afastaram a tributação em ca-
Para a Receita Federal, a noção de sos semelhantes.
“bem produzido no exterior” é ligada Por tanto, é recomendável que
ao aspecto físico e geográfico. Ou seja, o artista consulte um advogado an-
qualquer bem fabricado ou criado fora tes de embarcar para o Brasil, para
do Brasil é estrangeiro, ainda que feito saber se é possível fazer algo para
por brasileiro com materiais brasileiros, evitar questionamentos no mo-
e deve ser tributado ao entrar no país, mento da chegada das obras.
pois a entrada configura importação.
Isso significa uma carga tributária
de aproximadamente 43%, com a inci-
dência de Imposto de Importação, PIS, Mudança de país:
Cofins e ICMS – esse percentual pode isenção fiscal

- 83 -
variar para mais ou para menos de
acordo com o endereço de residência CASO TENHA FICADO bastante tempo no
do o artista, porque os percentuais de exterior e tenha comunicado formal-
ICMS variam de Estado para Estado. mente sua saída à Receita Federal
Os tributos incidirão sobre o va- (tornando-se um não-residente para
lor da obra, declarado pelo artista no fins fiscais), o artista poderá trazer as
desembarque. Segundo as regras do obras quando voltar, como bens inte-
comércio exterior, o valor declarado grantes da sua mudança.
tem que ser compatível com o valor de A mudança internacional tem tra-
mercado das obras. Os fiscais do ae- tamento fiscal diferenciado e não está
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
roporto poderão fazer pesquisas para sujeita à incidência de tributos. Mas é
verificar se o valor declarado é mesmo necessário um procedimento especial
compatível com o valor de mercado, junto à Receita Federal. Neste caso, é
se houver fontes confiáveis para apu- recomendável a consulta a um despa-
rar a informação, como vendas feitas chante aduaneiro ou outro profissio-
pela galeria que representa o artista. nal especializado.
Os fiscais poderão até mesmo re-
ter as obras e iniciar um processo ad-
ministrativo para apuração do valor de
mercado. Se o processo concluir que o
artista declarou um valor inferior ao de
mercado, ele estará sujeito a multa.
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6. Planejamento e execução
de uma exposição

Idealização Pré-produção

EXPOSIÇÕES SÃO UMA BOA oportunidade TERMINADA A FASE de idealização, é hora


não apenas para o artista apresen- de iniciar a pré-produção. Todos os
tar sua produção, mas também para profissionais do núcleo duro do proje-

- PRODUÇÃO -
entrar em contato com colegas, gale- to já devem ter sido contratados para
ristas, representantes de instituições e atuar de maneira efetiva agora: produ-
do mercado e com o público em geral. tor, curador, artista, arquiteto, designer.
Para quem raramente tem acesso aos Todos, de alguma forma, serão respon-
ateliês, este é um momento especial sáveis pela organização, planejamen-
de encontro com a arte. Por isso, pense to e áreas criativas do projeto. Outros
com cuidado na mostra e nas informa- profissionais e prestadores de serviço
ções sobre os trabalhos que irá dispo- serão cotados na fase de pré-produ-
nibilizar aos visitantes, que, além de se ção, mas só trabalharão efetivamente
divertir, vão à exposição para se educar. na produção.
A construção de uma exposição é
4 etapas para produzir um trabalho interdisciplinar e inte-
sua exposição grado. A equipe deve estar alinhada e
orientada por um produtor ou coorde-
PLANEJE O QUE EXIBIR nador capaz de liderar e garantir que o
Decida o que será exibido a partir da definição do projeto seja finalizado no tempo corre-

- 84 -
público-alvo e do espaço da mostra. Desenhe o to, da melhor maneira possível. O pro-
conteúdo com base em um recorte, intenção, tema e dutor ou coordenador também deverá
cronologia –e em diálogo com uma equipe: parceiros, acompanhar cuidadosamente cada
curador, produtor e a própria instituição ou galeria. etapa e estar atento aos fatores que
podem afetar o seu êxito, como a ne-
CHEQUE OS RECURSOS cessidade de prestação de contas ao
Descubra se a mostra trará obras prontas ou final da exposição.
comissionadas –pode ser uma ação ou um site-specific – e O documento que dá início ao pro-
se os trabalhos estarão à venda, quais os recursos humanos cesso de planejamento e desencadeia
e financeiros disponíveis para executar a exposição, em que todos os demais é a lista de obras.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
período ela ficará em cartaz e por quanto tempo. Organizada em planilha, ela reúne a
imagem do trabalho, a ficha técnica
ESCALE A EQUIPE completa, a localização, o proprietá-
Defina quem vai trabalhar na produção e em qual rio e suas necessidades de exibição
papel. Alguns agentes que trabalham no processo (equipamento de audiovisual, cabine,
além do artista são: produtor executivo, curador, necessidades estruturais, de energia e
assessor de imprensa, designer e arquiteto. iluminação, vitrine, base, etc.).

FAÇA CRONOGRAMA E ORÇAMENTO


Quem já tem uma ideia clara do valor e do tempo
necessários para realizar o projeto pode estabelecer
um cronograma de ações, com indicação de data
limite para entrega e dos respectivos responsáveis,
além de um orçamento detalhado sobre o custo
de cada fase até a pós-produção. O planejamento
deve ser minucioso e permanentemente
acompanhado e revisto
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O QUE PLANEJAR? guiar o trabalho de execução. Devem


ser previstos gastos nas seguintes áre-
PRODUÇÃO DE OBRAS as: equipe fixa, expografia e projetos
Projetos a materializar, digitalização, complementares, transporte e armaze-
impressão e execução de molduras, nagem, produção de obras, viagens, co-
edição de vídeos etc. municação, administração e impostos.
Uma vez mensuradas e quantifi-
PROJETO EXPOGRÁFICO cadas, as demandas devem ser apu-
Arquitetura do espaço que organiza as radas no mercado: cotações junto a
obras segundo as necessidades espe- fornecedores e prestadores de serviço,

- PRODUÇÃO -
cíficas de exibição. para que, na medida do possível, o or-
çamento tenha valores reais. Depen-
PROJETOS COMPLEMENTARES dendo da forma de financiamento, o
Iluminação, elétrica e segurança. artista, por descumprimento de cláu-
sulas, pode ter problemas como falta
LOGÍSTICA de verba ou receber ordem para devol-
Itens como transporte, seguro e mon- ver recursos ao realizador.
tagem, empréstimos de obras (insti- Se o plano é de que a exposição
tuições querem um pedido formal de tenha ações socioeducativas e conte
empréstimo meses antes da realiza- com uma equipe educativa, elas devem
ção da montagem). ser pensadas e organizadas na pré-pro-
dução. Assim como detalhar como será
VIAGENS DE PESQUISA organizada a monitoria da exposição –
Arquivos ou acervos. incluindo o quantitativo de estagiários
de cursos superiores de artes visuais e
ALUGUEL DE EQUIPAMENTO a disponibilização dos monitores ao pú-

- 85 -
Áudio ou vídeo. blico –, faz-se necessário descrever as
ações que contribuam com a democra-
tização do acesso, com a formação de
Cronograma público e a capacitação.
e orçamento Assessoria legal e assessoria
jurídica: dois serviços não menos re-
UMA VEZ LEVANTADAS as necessidades, é levantes nesta fase, que depois terão
hora de elaborar o cronograma deta- de ser acompanhados pela produção.
lhado de atividades nas diversas fren- A assessoria legal auxilia o produtor
tes de trabalho – expografia, comu- nas questões de direitos autorais e
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
nicação, produção, curadoria – e um contratos com artistas, fornecedores
orçamento condizente com as neces- e prestadores de serviço. A assessoria
sidades do projeto e os valores prati- contábil o auxilia na execução de pa-
cados pelo mercado. O cronograma e gamentos e prestação de contas. As
o orçamento são as bússolas para a duas áreas são importantes para pro-
boa gestão do projeto, da pré-produ- jetos que envolvem financiados por lei
ção à pós-produção. de incentivo ou outros mecanismos
O cronograma deve ser monitora- público-privados.
do sempre. Antes de decidir a data de Por fim, de maneira geral, a fase
abertura, verifique o calendário do pe- de pré-produção é quando uma ideia
ríodo: eventos, datas comemorativas e se materializa em projeto, com todos
feriados previstos. A duração da expo- os detalhes possíveis. A estratégia de
sição também influi nas decisões so- atuação na fase de produção, quando
bre a melhor forma de realizar a mon- o projeto é erguido, já deve estar toda
tagem e manter a exposição. desenhada na pré-produção.
Um orçamento detalhado, a par
das necessidades levantadas, deve
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Produção ANTES DA ABERTURA

A FASE DE PRODUÇÃO põe em execução LISTA DE CONVIDADOS


tudo o que foi preparado na pré-pro- Selecionar com atenção as pessoas que
dução. A partir da definição da lista de se pretende convidar: artistas, curadores,
obras, das necessidades, do cronogra- galeristas, críticos, colecionadores, amigos
ma e do orçamento, os prestadores de e familiares. É bom que os profissionais
serviço são contratados e coordena- envolvidos no projeto também possam
dos pela equipe de produção. convidar suas redes – e, assim, a do artis-
A área de comunicação elabora ta expositor se amplia. Os convites devem

- PRODUÇÃO -
o texto curatorial, a identidade vi- ser enviados cerca de 15 a 20 dias antes
sual do projeto e o planejamento de da exposição, a depender do formato do
materiais informativos (sinalização, convite. A rede social também deve ser
publicações e canais digitais). O cura- usada para anunciar a exposição.
dor deve conduzir a equipe, amparado
por um profissional de design. A meta FOTOGRAFE A MOSTRA
é apresentar o trabalho da melhor ma- Não se esqueça de fotografar o espaço
neira possível, e da forma mais clara, antes da abertura, quando está tudo ab-
para que o público possa se engajar. solutamente em ordem. Se não for pos-
Se o texto for distribuído em folha, sível, faça isso logo após a abertura. Caso
folder ou catálogo, deverá ser im- haja uma performance, não se esqueça
presso com antecedência para que es- de se encarregar da cessão dos direitos.
teja disponível na abertura da exposi-
ção. Naturalmente, o convite – digital DEPOIS DA ABERTURA
ou impresso – também. Caso opte por
convites impressos, reserve pelo me- VISITAS GUIADAS

- 86 -
nos um mês para organizar o mailing, Às pessoas que o artista quer muito
imprimir etiquetas, manusear e postar. receber, vale ligar e reforçar o convite
Isso garante que os convites cheguem dias antes da abertura, para garantir
antes da abertura, e não depois. que eles não se esqueçam. Caso elas
Os textos de parede e etiquetas não possam comparecer, o artista
também devem ser produzidos com pode marcar outra data para acompa-
antecedência e checados para garantir nhá-las em uma visita guiada. É muito
que não haja nenhuma informação er- bom programar visitas guiadas no pe-
rada ou em falta. O ideal é iniciar logo ríodo da exposição ou organizar uma
o trabalho de assessoria de imprensa. palestra com a presença do curador.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
É preciso, também, selecionar a Todas essas ações têm impacto direto
equipe de cenotecnia – construção no sucesso da exposição.
do espaço expositivo – e os profissio-
nais de iluminação e projetos comple- MONITORE A EXPOSIÇÃO
mentares. Cheque com frequência a segurança das
A equipe de transporte deve apre- obras e o desgaste da mostra. Se os impres-
sentar um plano logístico e o trabalho sos acabaram, é preciso repor. O espaço
de coleta de obras em emprestadores deve estar sempre em ordem e limpo, com
deve ser acompanhado por um muse- tudo funcionando como no primeiro dia.
ólogo. A embalagem e deslocamento
das obras para o local da exposição FALE COM OS MONITORES
também devem ser vistos com ante- Não se esqueça de dar suporte e aten-
cedência, levando em consideração a ção às equipes do educativo e monito-
natureza de cada obra. Um transporte res, caso existam. É bom checar se eles
inadequado pode danificar as obras, o estão precisando de ajuda, de materiais
que será um transtorno, especialmen- e também se estão trabalhando confor-
te se pertencem a terceiros. me o combinado.
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Pós-produção cópia de todo o material, por segurança


e para a atualização do seu arquivo.
QUANDO ACABA UMA exposição, tem início Por fim, caso ainda tenha catálogos
um novo trabalho. Todas as obras de- ou folders para distribuir, essa é uma
vem ser removidas e embaladas para boa hora para fazer isso. Recomenda-
o transporte e devolução, tarefas que, se que o artista conserve, para arquivo
quando possível, devem ser acompa- próprio, alguns exemplares do material.
nhadas por um museólogo, que ve-
rificará se houve algum dano e tomar Ações socioeducativas
as providências necessárias. Caso não e monitoria

- PRODUÇÃO -
haja disponibilidade de acompanha-
mento do museólogo, o artista deve PARA UMA EXPOSIÇÃO de um mês, o ar-
acompanhar presencialmente o pro- tista pode considerar contratar dois
cesso para garantir que as obras serão arte-educadores com carga de tra-
manuseadas corretamente. É também balho de 40 horas semanais cada um.
o momento de devolver equipamentos Essas horas podem ser divididas da
alugados, como o expositivo e equipa- seguinte forma: de terça a sexta-feira,
mento audiovisual. cada educador trabalha 7 horas (10h
Em alguns casos, a tarefa é simples às 17h). No sábado e no domingo, cada
e termina quando as obras são removi- um trabalha 6 horas em um dos dois
das do espaço expositivo, como quan- dias (10h às 17h).
do a mostra tem lugar em uma galeria. A ideia é que ambos trabalhem no
Mas, se a exposição se der em um es- mesmo horário para que seja possível
paço institucional, o artista deve devol- realizar visitas de uma hora com tur-
ver o espaço como encontrou. mas agendadas de até 40 pessoas
Se as paredes eram brancas e fo- (a depender da capacidade do es-

- 87 -
ram pintadas de outra cor, elas devem paço). Assim, cada um pode atender
ser novamente cobertas de branco. metade do grupo. O número corres-
Parafusos e textos adesivados devem ponde à capacidade média dos ôni-
ser retirados das paredes. Tudo o que bus fretados, que acomodam 40 pes-
foi posto no espaço deve ser recolhi- soas sentadas.
do, a não ser que o combinado seja O agendamento de visitas per-
outro. Também a depender do com- mite a coleta de informações sobre
binado, o artista pode deixar o mobi- os visitantes com antecedência, de
liário expositivo no local, o que é bom modo que é possível levantar assun-
quando ele não possui espaço de de- tos e temas para envolver o grupo da
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
pósito e o local expositivo pode se be- melhor forma, de acordo com o per-
neficiar com o mobiliário, que poderá fil. A supervisão do serviço educativo
ser usado por outros artistas. pode ser desenvolvida pelo produtor
Se há necessidade de prestação da mostra e pelo artista.
de contas, ela deve ser feita imedia-
tamente ao fim da mostra. Por isso, é NA PRÉ-PRODUÇÃO:
preciso que nas fases anteriores todas
as contratações e pagamentos sejam •P
 esquise, separe e organize mate-
realizados rigorosamente de acordo riais de estudo para a semana de
com a legislação, com o acompanha- formação com educadores (que po-
mento de uma assessoria contábil. dem ser textos e apostilas)
Com a prestação de contas, normal- •P
 repare uma escala dos educado-
mente são enviados também o relatório res e os documentos que guiarão
completo das atividades de monitoria e sua rotina de trabalho (planilha de
socioeducativas, o material impres- agendamento, lista de confirmação
so da mostra e o clipping para arquivo. de presença de grupos atendidos,
Aconselha-se a guardar também uma documentos de controle de público,
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breve pesquisa dos grupos agenda- espaços de exposição. Fazem parte


dos) desse pacote básico, entre outros,
•C
 omande os estudos com os edu- os materiais já mencionados neste
cadores dez dias antes da abertura capítulo, como texto autoral do artista,
da exposição currículo e minibio.
•A
 rticule e organize os agendamen- Depois de redigir, reler e revisar
tos de grupos seus materiais, deve-se lembrar de
sempre passar os textos por um ou
NA PRODUÇÃO: mais revisores. Mesmo que não seja
possível contratar um profissional, po-

- PRODUÇÃO -
•A
 gende visitas de grupos cujo perfil de-se pedir para que colegas do mun-
possa ter uma relação direta com a do da arte, professores ou até mesmo
proposta da exposição e foque no amigos ou familiares os leiam e co-
agendamento de visitas com públi- mentem o que foi escrito.
cos especiais (jovens em situação
de vulnerabilidade social, pessoas OUTRAS RECOMENDAÇÕES para facilitar a
com deficiências mentais ou físicas produção e organização do material de
e grupos de terceira idade) e esco- divulgação são:
las públicas
•T
 enha uma equipe de educadores IMAGENS EM ALTA
para divulgar as ações que ocorrem A partir do conjunto dos registros foto-
durante a exposição –o educador gráficos das suas obras, recomenda-
deve ser atento e generoso, respei- se fazer uma seleção reduzida, porém
tando o tempo de fruição e a parti- representativa para enviar à imprensa,
cipação do público às instituições onde vai expor, curado-
•A
 dote a missão de instigar o olhar res, galerias etc. Deve-se escolher no

- 88 -
sensível e crítico sobre as obras, fa- máximo 20 imagens, tanto em versões
zendo delas suporte para a discus- em alta como em baixa resolução.
são da arte e até das realidades ou
interesses do grupo de visitantes PREPARAÇÃO DE UM DOCUMENTO em PDF
•D
 ebata o trabalho e a poética do ar- com as legendas apropriadas, incluin-
tista para potencializar o contato do do crédito para o fotógrafo, de prefe-
público com a obra, tornando a ex- rência em português e inglês. O artista
periência ainda melhor. O educador não deve esquecer de confirmar com
deve estimular os grupos a explorar o fotógrafo o direito de usar a imagem
a exposição, relacionando pontos- para divulgação. Também é recomen-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
chaves da pesquisa do artista com dável selecionar alguns retratos e fo-
o perfil e a idade dos visitantes tos de trabalho, que podem servir para
a imprensa ou para a comunicação de
parceiros.
7. Relação com
INCLUA TEXTOS DE TERCEIROS
imprensa, editoras Seleção e arquivo de textos curatoriais
e críticas sobre o trabalho e exposi-
e demais canais ções ao longo da carreira. Eles podem
encorpar o site e servir como material
de pesquisa para interessados.
Material de divulgação
PRESS RELEASE
TER UM MATERIAL de divulgação é O release é um texto sucinto para a
essencial para usar no próprio site, imprensa que oferece informações bá-
para enviar para galerias, jornalistas, sicas de forma clara sobre um evento
residências, open calls, museus ou ou exposição. Se a instituição ou gale-
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ria em que o artista vai expor tem um MANCHETE


departamento de comunicação ou as- Uma linha que resume o que vai ser
sessoria de imprensa, ele deve se certi- falado no texto
ficar de enviar a eles a maior quantida- EXEMPLO: [Nome do artista] expõe
de possível de informações sobre suas obras com a temática x no [nome do
obras, carreira, biografia etc., para que local] a partir de [data]
tenham conteúdo para redigir um bom
release para a imprensa. Se possível, o LINHA FINA OU SUBTÍTULO
artista deve pedir para ler o texto an- Uma ou duas frases com informa-
tes do disparo para os jornalistas, para ções complementares ao título

- PRODUÇÃO -
checar os dados. EXEMPLO: Com curadoria de [nome
Se a instituição na qual ocorrerá a do curador], a exposição apresenta a
exposição não dispuser de equipe para série inédita [título da série] e revela
redigir um press release, recomenda- a obra comissionada [título da obra]
se contratar alguém para escrevê-lo
ou escrever um por conta própria. PARÁGRAFO DE ABERTURA
Detalhes concretos do que está sen-
PRESS RELEASE do exposto

UM BOM PRESS RELEASE DEVE SER: PARÁGRAFOS 2 E 3


Mais detalhes sobre o evento
INTERESSANTE
O artista deve ter em mente que jornalis- PARÁGRAFO 4
tas recebem dezenas ou centenas de re- Mais informações sobre o artista
leases por semana, até por dia. Por isso,
além de ser objetivo, é preciso destacar PARÁGRAFO 5

- 89 -
informações que podem fazer parte da Contato para mais informações,
manchete e da linha fina (o subtítulo) imagens e pedidos de entrevistas
para atrair a atenção de quem receber o
texto. A ideia é fisgar o jornalista e con- FICA A DICA
vencê-lo de que é uma pauta sobre a Incluir, se possível, uma lista de obras
qual valha escrever a respeito. e uma minibio ao final do texto.

SUCINTO MAILING LIST E E-MAILS DE DIVULGAÇÃO


O texto deve ter cerca de cinco pará-
grafos. Não se trata de um texto cura- É PRÁTICA COMUM no meio da arte en-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
torial aprofundado, com linguagem viar newsletters com convites para
acadêmica, mas sim de apresentação exposições e eventos e notícias so-
de um panorama breve e direto a res- bre publicações, prêmios ou resi-
peito do que pode esperar da exposi- dências das quais o artista tenha
ção. Alguns conceitos-chave devem participado. Além de manter a rede
ser incluídos, mas o fundamental é de contatos informada sobre os
que seja um texto de fácil leitura para progressos da sua carreira, esses
quem quer ler rapidamente. e-mails periódicos funcionam como
um lembrete sutil de que o trabalho
Estrutura sugerida: do artista está sendo desenvolvido.
CABEÇALHO O artista deve adicionar à lista
Nome da exposição de contatos, ou mailing list, to-
Nome do artista das as pessoas com as quais tra-
Nome do curador balhou, outros artistas, curadores,
Período (data a data) galeristas, colecionadores, profes-
Abertura: data e horário sores –desde que o conheçam, te-
Site e redes sociais nham demonstrado interesse por
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seu trabalho e estejam de acordo PRESS RELEASE


em receber convites e novidades. Se o projeto anunciado tiver um rele-
Crie um sistema para separar ase para a imprensa ou algum texto
suas listas por tipo de contato e re- relevante, pode ser enviado como um
alizar buscas por nomes com maior anexo (desde que o arquivo não seja
facilidade. Por exemplo: colecionado- muito pesado).
res, jornalistas, curadores, galeristas,
artistas, amigos e contatos pessoais e FICA A DICA
uma lista geral que reúna todos eles. Existem diversas ferramentas onli-
Dessa forma, é possível criar news- ne gratuitas que permitem customizar

- PRODUÇÃO -
letters personalizadas e direcionar e-mails e enviar para uma lista grande
convites para as pessoas certas. de contatos. No geral, são fáceis de usar
e permitem que a mensagem não tenha
aparência de e-mail marketing, mas sim
ATENÇÃO! de uma mensagem pessoal.
Recomenda-se não incluir nessa lista
alguém com quem o artista não tenha Relacionamento
relação. A newsletter é feita para pes- com a mídia
soas que de fato se interessaram por
acompanhar sua carreira, jamais deve A EXPOSIÇÃO NA IMPRENSA ainda é uma
empreender prática de spam. Também das principais formas de validação de
é possível criar um caminho no site para um artista. Não é possível ter controle
que pessoas se cadastrem para receber sobre o que um jornalista vai escrever,
as novidades, abrindo, assim, a divulga- mas há estratégias para aumentar as
ção para desconhecidos. chances de que ele escreva algo sobre
o trabalho –e de forma precisa.

- 90 -
COMO FAZER UMA BOA NEWSLETTER? Sempre que há uma exposição
coletiva ou feira, o artista deve ter em
BREVE TEXTO mente que os jornalistas destacados
Textos curtos, claros e objetivos têm para cobrir o evento vão selecionar al-
mais chances de leitura. gumas das obras para abordarem na
matéria. Na prática, jornalistas têm
DADOS ESSENCIAIS pouco tempo e espaço para falar da
Todas as informações importantes de- exposição. Uma atitude que pode aju-
vem ser enviadas –uma dica é seguir a dar é muni-los de informações so-
regra de esclarecer sempre “quem”, “o bre a mostra, especialmente antes da
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
quê”, “onde”, “quando” e “por quê”. abertura, para que já cheguem com al-
guma ideia do que vão ver e encontrar.
INFORMALIDADE O artista deve se certificar de que
O texto deve ser escrito em lingua- a assessoria de imprensa ou depar-
gem não acadêmica, mas pessoal, tamento de comunicação do espaço
que retrate o modo de comunicação expositivo tenha o máximo de infor-
do artista. mações possíveis sobre o seu traba-
lho: textos, imagens em alta resolução,
IMAGENS minibio, currículo. A escolha de ima-
Elas são bem-vindas, sobretudo gens de impacto visual também po-
para ilustrar projetos anunciados no dem levar jornalistas a selecionar uma
e-mail. Não se aconselha, porém, adi- foto da obra para ilustrar uma matéria
cionar mais do que quatro imagens, sobre uma mostra coletiva ou feira.
para evitar que os servidores classifi-
quem a mensagem como spam. FICA A DICA
O artista deve se informar sobre os
principais jornalistas especializados
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em arte no Brasil e no mundo, bem suas falas antes da publicação. De-


como deve ler seus textos, segui-los pendendo da relação com o jornalista,
nas redes sociais e, se possível, apre- é possível pedir.
sentar-se a eles e perguntar se gosta- Se no texto publicado existe algo
riam de receber informações sobre o muito diferente do que foi dito, é pos-
seu trabalho. Durante eventos interna- sível requisitar que o jornalista edite
cionais realizados no Brasil, é comum o texto online ou faça uma errata – é
que jornalistas estrangeiros visitem as recomendável que a assessoria de im-
exposições e feiras. Se o artista tiver prensa faça esse tipo de pedido, pre-
a oportunidade de conhecê-los, não servando ao máximo a relação do ar-

- PRODUÇÃO -
deve esquecer de trocar contatos. tista com o jornalista.
Por fim, alguns jornalistas, sobre-
SE O ARTISTA RECEBER um pedido de en- tudo fora do país, concordam com en-
trevista, deve tratar de se informar trevistas por escrito. Se o artista es-
e de informar o jornalista. Ele deve tiver inseguro, essa é uma boa opção
pesquisar sobre o repórter, seus tex- para ter controle sobre o que diz. Nesse
tos e verificar entrevistas com outros caso, as perguntas e respostas são tro-
artistas. É preciso se familiarizar com cadas via e-mail.
seu tipo de escrita e as perguntas que
faz, sobre o que costuma falar etc., e Editoras e
se certificar de que ele tenha recebi- publicações próprias
do um press release atualizado sobre
seu projeto, minibio, imagens e textos A PRODUÇÃO DE publicações impressas,
curatoriais aprofundados. Não se pode catálogos ou livros de artistas é uma
esquecer que, quanto mais material iniciativa interessante de produção de
um jornalista tiver antes da conversa,
71 , 7 % material de divulgação de qualidade e

- 91 -
maiores serão as chances de que ele registro histórico de seu trabalho.
dos artistas
retrate bem o trabalho. Quando um artista realiza uma ex-
Cada jornalista trabalha de manei- responden- posição em galeria, museu ou espaço
ra diferente, mas é bom não esquecer tes possuem independente, é possível que a ins-
de que tudo o que for dito em uma en- catálogo de tituição se ofereça para arcar com os
trevista, mesmo que pareça um papo exposição sobre custos de produção de um catálogo
informal, pode ser publicado. É pos- a sua obra desta mostra específica.
sível pedir para que o jornalista não Há também a possibilidade de ar-
publique algo, mas isso não garante tistas fazerem acordos com editoras
nada. A primeira recomendação, ao li-
dar com um jornalista, é ser amigável
25 , 6 % para a produção de publicações pró-
prias, independentemente de institui-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

e profissional. Quanto mais artista e dos artistas


ções ou exposições pontuais. Para uma
jornalista se entenderem, melhor para respondentes editora, aliás, é interessante que o livro
ambas as partes. possuem livro não esteja ligado a uma exposição, mas
Antes de uma entrevista, é possí- monográfico que tenha uma narrativa em si mesma,
vel pedir que a assessoria de impren- de forma que se torne atemporal e alvo
sa ou departamento de comunicação Fonte pesquisa de interesse do maior público possível.
envolvido na exposição pergunte o própria Existem diversas editoras no Bra-
foco da conversa, para que o artista sil e no mundo que aceitam e avaliam
se prepare melhor. propostas de artistas para a produção
Muitos entrevistados, ao ver suas de publicações. É vantajoso para o ar-
palavras impressas, assustam-se com tista fazer parcerias com editoras mes-
o tom que elas parecem adquirir no mo que tenha que arcar com os custos
texto ou como, em alguns casos, estão da impressão, pois a editora é deten-
fora de contexto. Mesmo assim, é mui- tora de expertise em todas as etapas
to raro que jornalistas permitam que de desenvolvimento, possui uma rede
os entrevistados tenham acesso a de distribuição e canais de promoção.
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PASSO A PASSO PARA FAZER correto para a coleção (o proprietá-


A SUA PUBLICAÇÃO rio prefere “Coleção Nome Sobre-
nome, Cidade, País” ou “Coleção
VANTAGENS DA PUBLICAÇÃO PRÓPRIA Particular, Cidade, País”?) e enviar
Do ponto de vista institucional, uma um exemplar para cada proprietário
publicação própria é um material de quando o livro sair.
apoio útil quando o artista é visita-
do por colecionadores ou prepara um PASSO 3: ORGANIZAR E TRADUZIR TEXTOS
dossiê sobre sua obra para tentar uma Uma publicação requer textos sobre a
bolsa ou residência, dentro ou fora do obra do artista, por isso é bom ter esse

- PRODUÇÃO -
país – daí a importância de ser bilíngue. material preparado. Deve-se traduzir os
A publicação vira o portfólio do artista, textos (de preferência para o inglês) na
ou dá suporte a ele em muitos casos. medida em que forem publicados. As-
Do ponto de vista comercial, ela sim, quando fizer o livro, não haverá um
ajuda nas vendas, uma vez que cole- grande gasto com tradução. Além dis-
cionadores preferem adquirir obras já so, textos traduzidos são bem-vindos
publicadas e as galerias – quando vão a em canais como o site do artista e o da
feiras internacionais, por exemplo – são galeria (se for representado por uma) e
questionadas sobre a existência de pu- para inscrições em residências artísti-
blicações dos artistas, como medida da cas internacionais.
maturidade e legitimação da carreira.
PASSO 4: PREPARE AS IMAGENS
PASSO 1: DESENVOLVA UMA IDEIA O livro pode apresentar imagens de ex-
O artista deve desenvolver uma ideia posições selecionadas para que se veja
do que quer com o seu catálogo ou li- a obra no contexto em que foi apresen-
vro e redigir um projeto com o concei- tada pela primeira vez, por exemplo. É

- 92 -
to do conteúdo, sugestões de pesso- importante que cada mostra gere um
as para escrever os textos, referências arquivo com imagens da exposição
de imagens, tamanho, formato e ma- montada, lista de obras, textos, mate-
teriais de impressão. riais impressos (se for o caso), cópias de
Artistas jovens podem fazer uma notas que tenham saído na imprensa.
publicação com um recorte especí-
fico ou uma intenção assertiva, mas PASSO 5: INCLUA DADOS CATALOGRÁFICOS
uma publicação monográfica faz mais Criado em 1967 e oficializado como nor-
sentido quando o artista tem um cor- ma em 1972, o ISBN (sigla para Interna-
po de trabalho mais maduro. tional Standard Book Number) é um sis-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tema que identifica numericamente os
PASSO 2: ORGANIZE A PRODUÇÃO livros, segundo o título, o autor, o país e a
Sua publicação deve considerar que: editora, individualizando-os por edição.
Seu uso é obrigatório em todas as
•U
 ma publicação requer imagens publicações, sobretudo se o artista
das obras com qualidade plástica e pretende comercializá-las e distribuí-
alta definição; é preciso registrar o -las. Essa obrigatoriedade é prevista
nome do fotógrafo na Lei do Livro Nº 10.753.

•A
 s fichas técnicas completas da COMO OBTER O ISBN
obra não podem faltar, incluindo a
sua localização •V
 áaté o site da Agência Brasileira do
ISBN e se cadastre como editor (caso
•S
 e a obra já foi vendida, os proprie- ainda não seja cadastrado). O ca-
tários devem ser informados de que dastro poderá ser feito em seu nome,
ela vai constar na publicação. Isso como pessoa física, ou em nome de
significa que é preciso dar o crédito sua empresa, como pessoa jurídica.
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publicação e da quantidade impressa,


http://www.isbn.bn.br/website/ pode-se ter um volume grande demais
site/cadastro/inicio para ser guardado, e a armazenagem
incorreta pode danificar os exemplares.
•C
 om o cadastro, peça o ISBN da pu- Quanto aos canais de distribuição,
blicação. As normas para a solicita- são os lugares e formas de venda. Há
ção, bem como as explicações com- uma grande operação logística para
pletas a respeito do código, estão no levar o livro até o consumidor final. No
site do ISBN. Brasil, isso pode ser feito de diferentes
formas, dependendo do modo de atu-

- PRODUÇÃO -
•P
 eça a ficha catalográfica da publica- ação do artista: se independente ou
ção por correio ou por e-mail. Verifi- atrelado a uma editora.
que os valores na tabela de preços do Mesmo que o artista produza o livro
site da Biblioteca Nacional. de forma independente, há maneiras de
contar com apoio externo na distribui-
www.isbn.bn.br/website/conteu- ção. Existem editores independentes
do/pagina=23 no Brasil e no mundo que fazem isso.

Uma editora pode considerar que faz


sentido publicar o livro e fazer uma
proposta de parceria. Algumas casas O QUE FAZ A DISTRIBUIDORA?
editoriais pedem que o artista pa- A distribuidora de livros é uma
gue pela produção, edição, design e empresa especializada em oferecer
impressão e entrega de livros de alta e vender livros para livrarias. Elas
qualidade para venda. Isso costuma já possuem uma estrutura de vende-
garantir uma publicação de bom pa- dores e uma rede de livrarias como

- 93 -
drão, mas demanda investimento. Ou- clientes. A parceria se dá por meio de
tras editoras cobram apenas os custos um contrato entre o artista e a distri-
de impressão e fazem uma tiragem buidora: é preciso verificar as cláusulas
que é dividida com o artista – ele fica antes de assinar e conferir se a propos-
com uma parte para distribuição ou ta é vantajosa ou não. As margens de
venda próprias e a editora, com o res- comissão costumam chegar a 60%
tante para cobrir os custos de edição. do valor do livro, que é consignado, e
o pagamento é realizado entre 30, 60
FICA A DICA ou mesmo 90 dias depois de o livro ser
Se o artista trabalha com instituições, vendido na livraria.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
museus ou galerias interessados em
promover seu trabalho, pode propor VENDA INDEPENDENTE
que custeiem parte da impressão em
troca de parte da tiragem. O ARTISTA PODE diversificar e multiplicar
seus canais de distribuição e venda:
PASSO 6: CUIDE DA ARMAZENAGEM galerias, loja de museus, feiras inde-
E DA DISTRIBUIÇÃO pendentes de livros, as próprias feiras
Caso o processo seja feito com uma de arte etc. A vantagem é que esses
editora, o artista não deverá se pre- são o principal ponto de contato dos
ocupar com ele. Mas, se decidir agir interessados pela obra do artista, fa-
sozinho, deve contratar um produtor cilitando a venda. A desvantagem é o
gráfico para assegurar a qualidade da tempo que consome para coordenar
impressão. individualmente cada processo.
Também será preciso pensar des- O artista deve ter uma boa orga-
de o início na distribuição e na arma- nização para não perder o controle do
zenagem dos exemplares ainda não lugar onde estão os livros e dos paga-
vendidos. Dependendo do tamanho da mentos que precisam ser feitos. Além
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disso, há cada vez mais a possibilidade A distribuição digital das obras, a


de vender por e-commerce ou mesmo criação de objetos com arte aplicada,
pelos sites pessoais. O artista tam- a conexão com diversos públicos, for-
bém pode usar as redes sociais para necedores e contatos possibilitam a
alavancar as vendas. geração de remuneração com o licen-
Se o artista se organiza desde cedo, ciamento do uso da imagem das obras
o trabalho de reunir todo o material – e com ideias criativas prontas (um ob-
bem como a definição dos fatores que jeto especial, por exemplo).
envolvem a produção do início ao fim O licenciamento significa que o uso
– torna-se muito mais facilitado. da imagem de uma obra existente ou

- PRODUÇÃO -
criada sob encomenda será liberada
(autorizada) para aplicação em um
ATENÇÃO! produto, em uma propaganda, em uma
Se o artista decidir trabalhar com um ideia de um terceiro, e gerará para o ar-
editor independente, é importante que tista o pagamento de percentual sobre
essa pessoa também seja responsável a venda de obras ou de imagens. O li-
pela captação e por fazer contato com cenciamento, quando bem planejado
as editoras para a publicação do livro. e negociado, pode resultar não apenas
O produtor deve ser tão responsável em recursos financeiros, mas em di-
quanto o artista. vulgação, popularização da obra, reco-
nhecimento e aumento de público.
É uma possibilidade interessante,
portanto, o artista considerar como
8. Arte aplicada, uma das suas formas de receita a cria-
ção de obras e projetos que possam
licenciamento e gerar ganho de subprodutos, da dis-

- 94 -
tribuição por canais diversificados, de
indústria criativa licenciamento de conteúdo, de arte
aplicada, de objetos de design, e não

O
termo “indústria criativa” é re- apenas da venda direta da obra em si.
cente, e define as atividades
que têm como ponto essencial
a criatividade e o talento individual
aplicados para geração de riqueza e
de empregos por meio, principalmen-
te, da exploração da propriedade inte-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
lectual. Assim, o artista pode usar sua
criatividade para a criação de objetos,
projetos e produtos, ou autorizar o uso
por terceiros, o que gerará o pagamen-
to de royalties, ou seja, receita pelo li-
cenciamento de direitos.
A expansão das atividades das in-
dústrias criativas tem conexão direta
com o desenvolvimento e o acesso
tecnológicos que permitem baratea-
mento e otimização da produção cria-
tiva. E com as novas mídias que geram
possibilidades de exploração, vendas
e distribuição das obras e de produ-
ções culturais, sem as limitações, por
vezes proibitivas, de território, logísti-
ca, replicação e públicos.
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OPERA
CIONA
LIZA
ÇÃO
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1 Pessoa jurídica
x pessoa física
Qual é a diferença?
Como trabalham os artistas?

40, 1%

- OPERACIONALIZAÇÃO -
QUALQUER UM, ao nascer, já é conside- são profissionais autônomos
rado pessoa física (PF), mesmo que
não tenha o Cadastro de Pessoa Física
(CPF), documento emitido pela Recei-
ta Federal para identificar os contri-
buintes. A pessoa jurídica (PJ), por sua
vez, é um indivíduo ou um conjunto
14, 5%
possuem emprego fixo no setor público
de pessoas reconhecido pelo Estado
como detentor de direitos e deveres.
A diferença entre a pessoa física
e a pessoa jurídica é que, enquanto a
primeira se refere a um indivíduo con-
creto, um ser humano, a segunda re-
presenta um sujeito abstrato, como as
4, 2%
têm emprego fixo no setor privado
empresas, as associações e as admi-
nistrações públicas, entre outros.
Uma pessoa jurídica de direito pri-

- 96 -
vado (associações, sociedades, fun- As outras funções que os artistas
dações, organizações religiosas, parti- mais exercem são:
dos políticos, empresas individuais de
responsabilidade limitada) propõe-se professor
a finalidades específicas definidas no pesquisador
momento de seu registro. Ao registrar curador
uma PJ, recebe-se um número único montador de exposições
que a identifica junto à Receita Federal
gestor/produtor cultural
Brasileira. É o chamado Cadastro Na-
cional da Pessoa Jurídica (CNPJ).
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Um indivíduo pode realizar diver-
sas atividades profissionais como au-
tônomo, ou seja, sem a necessidade
de um CNPJ para regular as relações Dedicação à sua produção artística
de trabalho e fazer cumprir os deveres
junto ao Estado.
Saber o momento de se formalizar 5,9% trabalham no
período noturno e
em fins de semana
é importante e faz parte do planeja-
mento de carreira.

42 , 7 % 51 , 2 %
trabalham trabalham em
em tempo tempo integral
parcial

Fonte pesquisa própria


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Planejando virar PJ Características da pessoa física

3 FATORES A SEREM CONSIDERADOS QUAL É A VANTAGEM?


ANTES DE SE OPTAR PELO REGISTRO A grande vantagem de ser pessoa fí-
EM PESSOA JURÍDICA: sica (PF) é a isenção de impostos
quando o artista recebe valor inferior
• A frequência das suas a R$ 1.903,99 por mês. Acima desse
transações comerciais (seja valor são aplicadas as alíquotas de im-
por prestação de serviço ou posto de renda (IR) de acordo com a ta-
comercialização de objetos). bela PF, que podem chegar até 27,5%.

• A exigência de formalização feita


por quem contrata mão de obra. Fonte de renda dos artistas

64,9%
• Faturamento.

FORMATOS
combinam recursos ganhos com a produção
Além do microempreendedor individu- artística e de outra atividade remunerada
al (MEI), que tem um formato fixo de
faturamento e tributação, as empre-
sas podem ter outras formas de esta-
belecimento jurídico, que demandam
um conjunto de escolhas e combina-
20,5%
compõem a renda entre ganhos com a produção artística
ções que passam pelos seguintes as- e ajuda recebida da família ou de outra fonte
pectos:

TIPO SOCIETÁRIO
Determina o modo como é organizada 11,9%
a empresa em torno de seus sócios e vivem totalmente de recursos advindos da produção artística
estabelece suas responsabilidades
com o empreendimento. Neste pon-
to, temos: empresário individual (EI),
empresa individual de responsabili-
dade limitada (Eireli), sociedade em-
1,7%
são totalmente financiados pela família
presarial de responsabilidade limitada
(Ltda.) e sociedade anônima (S.A.). Fonte pesquisa própria

PORTE POR FATURAMENTO


Classifica as empresas por faixa bru-
ta de faturamento anual. A saber: mi-
croempreendedor individual (MEI) até
R$ 81.000; empresa de pequeno porte
(EPP) até R$ 360.000; microempresa
(ME) entre R$ 360.000 e R$ 4.800.000.

ENQUADRAMENTO TRIBUTÁRIO
Simples nacional (Sistema Integrado de
Pagamento de Impostos e Contribuições
das Microempresas e Empresas de Pe-
queno Porte), lucro presumido e lucro real.

OBSERVAÇÃO tabela na página 98


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Opções Onde
Tipo / Categoria Enquadramento/Faturamento Anual Sócio/Titular OBS
tributárias formalizar
PF MEI ME EPP Normal
Até
PF [nota fiscal PF] Não se aplica
R$ 2.000
Até
PF [RPA] Não se aplica
R$ 2.000
A PF se coloca como titular e
responde de forma ilimitada
PJ [Microempreendedor Até Simples Portal do
Um titular pelos débitos do negócio. Os
Individual-MEI] R$ 81 mil/ano nacional Empreendedor
patrimônios de empresa e
empresáro se misturam.
Por opção Simples
Junta comercial
Até ou com nacional,
Até e processo
PJ [Empresário Individual] R$ 4,8 faturamento Um titular lucro
R$ 360 mil/ano feito por meio
milhões acima de presumido
de contador
R$ 4,8 milhões ou lucro real
Por opção Simples O empresário responde sobre
Junta comercial
Até ou com nacional, o valor do capital social da
Até e processo
PJ [EIRELI] R$ 4,8 faturamento Um titular lucro empresa. É necessário ter
R$ 360 mil/ano feito por meio
milhões acima de presumido capital social de 100 vezes
de contador
R$ 4,8 milhões ou lucro real o salário mínimo vigente.
Entre
PJ [Sociedade limitada] R$ 360 mil e
R$ 4,8 milhões
Os sócios
Por opção Simples
Junta comercial respondem sobre
Até ou com nacional,
Dois ou mais e processo o valor do capital
R$ 4,8 faturamento lucro
sócios feito por meio social da empresa.
milhões acima de presumido
de contador Sem valor mínimo
R$ 4,8 milhões ou lucro real
de capital.
Pagamento
dos impostos Necessário optar
Impostos mensal por pelo Simples
meio de guia Nacional
com valor fixo

Fonte site Capital Social. Acesso em 7 de outubro de 2018.


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PAGAMENTOS E IMPOSTOS

Como pessoa física, o artista pode


emitir notas fiscais (NF) ou trabalhar
como autônomo, por meio do Recibo
de Pagamento de Autônomo (RPA).

- OPERACIONALIZAÇÃO -
Nota fiscal (NF) para obter os benefícios) e o IR varia
conforme a tabela progressiva abaixo.
Para emitir uma NF, é preciso consultar
a prefeitura da cidade onde você Se o trabalho do artista for
mora e checar as condições para classificado como serviço, pode
que isso aconteça. Em São Paulo, haver incidência de Imposto Sobre
por exemplo, quem se cadastra na Serviço (ISS), com alíquotas que
prefeitura fica isento dos 5% do ISS. vão de 2% a 5% do valor total.
Recibo de Pagamento de Autônomo (RPA)
Ainda com relação ao RPA, o pagamento
de ISS está condicionado ao cadastro na
Se decidir trabalhar como autônomo com
prefeitura, e o cadastro – documentos
RPA, os impostos serão recolhidos na
necessários, taxas, isenções, Taxa de
fonte por quem vai efetuar o pagamento,
Fiscalização de Estabelecimentos (TFE)

- 99 -
ou seja, o tomador de serviço ou cliente.
– varia de acordo com o município.
O valor do recolhimento de impostos varia
Para os que moram na cidade de
de acordo com o total a ser pago. Em
São Paulo, as regras se encontram
geral, a contribuição do Instituto Nacional
no site da prefeitura:
do Seguro Social (INSS) vai de 11% a 20%
www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/
(em alguns casos, é preciso ter no mínimo
secretarias/fazenda/servicos/iss/
dez meses seguidos de contribuição
index.php?p=5845
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

COMO CALCULAR O IMPOSTO DE RENDA PARA SABER QUAL parte dos seus ren-
dimentos estão sujeitos ao imposto
de renda, deduza dos seus ganhos as
Receitas do mês despesas que estejam relacionadas
ao exercício da profissão e autorizadas
- pela Receita Federal. São despesas
Despesas profissionais profissionais: aluguel e condomínio,
dedutíveis no mesmo mês funcionários, energia elétrica, telefone,
água e todo material usado no exercí-
= cio profissional.
Rendimento líquido profissio- Quanto maior o rendimento lí-
nal sujeito ao imposto de renda quido, maiores são os impostos e as
vantagens de deixar a autonomia para
abrir uma empresa, ou seja, tornar-se
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uma pessoa jurídica. Essas duas op- POSSO TER EMPREGADOS?


ções – emitir NF ou RPA – custam mais O artista autônomo que deseje con-
ao artista do que se tornar um micro- tratar um colaborador deverá apurar e
empreendedor individual (MEI), pois a recolher todos os tributos devidos. É
lei ainda não criou benefícios e incen- obrigação do autônomo gerar e emitir
tivos para a legalização do autônomo. as Guias de Recolhimento do INSS,
Um contador poderá orientar sobre além de apresentar, com conformi-
como realizar o processo. dade e concordância, os dados ne-

- OPERACIONALIZAÇÃO -
cessários para o carnê do IRPF, para
manter-se em conformidade com os
BASE DE CÁLCULO PARCELA A DEDUZIR
MENSAL EM R$
ALÍQUOTA %
DO IMPOSTO
órgãos competentes do fisco. Con-
sulte um contador para tirar dúvidas e
De 1.903,99 saber como ficar em dia como profis-
7,5 R$ 142,80
até 2.826,65 sional autônomo.
De 2.826,66
15,0 R$ 354,80
até 3.751,05
PONTOS DE ATENÇÃO
De 3.751,06 Trabalhar na informalidade significa
22,5 R$ 636,13
até 4.664,68 abrir mão de uma série de benefícios
sociais como: aposentadoria, auxílio
Acima de
27,5 R$ 869,36 doença, auxílio maternidade, auxílio
4.664,68
reclusão e pensão por morte. Esses
benefícios são oferecidos pela Previ-
dência Social e, se não há contribui-
ção, não há direito a eles.
Pela impossibilidade de compro-

- 100 -
var renda, também é mais difícil rece-
OBRA DE ARTE É TRIBUTADA? ber recursos de editais públicos (até
Sim. As obras de arte são considera- mesmo a inscrição em alguns é dificul-
das mercadorias. Por isso, em prin- tada, o que obriga o artista a contratar
cípio, sua venda é tributada com alí- uma produtora para entrar como pro-
quota média de 18% – é uma média, ponente), vender ou prestar serviços
porque o percentual varia de estado para o governo, além de acessar em-
para estado. Vale lembrar que existe préstimos em instituições financeiras.
isenção de ICMS (Imposto de Circu-
lação de Mercadorias) para vendas de
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
obras de arte realizadas pelo próprio
artista (Convênio ICMS 59/91), quando QUANDO É HORA DE VIRAR PJ?
ele é pessoa física. Caso o artista tenha um grande volu-
me de vendas mensais, é conveniente
que abra uma empresa, pois, como PJ,
a carga tributária inicial é mais baixa.
PRECISO REGISTRAR O QUE RECEBO? Mas isso só é vantajoso quando há
Sim. Quem opta pelo trabalho autô- um faturamento mensal que justifi-
nomo fica sujeito a fazer um controle que todo o processo de abertura de
chamado livro caixa, que é obrigatório empresa, já que, a partir do momento
sempre que uma pessoa física recebe em que se abre uma empresa, deve-se
rendimentos de outra pessoa física. O fazer acompanhamento mensal e ser
livro caixa nada mais é do que o regis- assessorado por um contador, o que
tro de todas as receitas e despesas, implica trabalho e custo.
mês a mês. Vários aplicativos gratui-
tos ajudam a fazer esse controle.
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Características da te da empresa e determina a forma de


pessoa jurídica tributação, por isso seu processo é bas-
tante simplificado. O enquadramento no
QUAL É A VANTAGEM? simples nacional é mais complexo. Como
São muitas as vantagens de se tor- PJ, a alíquota inicial, em alguns casos, é
nar PJ quando o faturamento mensal de 4%, mas pode ultrapassar 20%, con-
supera o valor que permite isenção fis- forme o faturamento aumenta. O melhor
cal. Além dos tributos menores, há enquadramento para artistas, tanto na

- OPERACIONALIZAÇÃO -
vantagens no que se refere ao paga- opção MEI quanto nas opções do simples
mento dos impostos e benefícios, ao nacional, será indicado mais adiante.
acesso a crédito bancário, à participa- De todo modo, o enquadramento de
ção em editais públicos e até mesmo cada empresa depende da atividade que
na venda das obras. ela realizar. Recomendamos que aces-
se o site do Planalto para ler tanto a Lei
PAGAMENTOS E IMPOSTOS Complementar nº 155 como a Lei Com-
plementar n.º 123 atualizadas.
MEI OU SIMPLES? Confira quanto um artista pagaria
O MEI é a única configuração que tem em tributos em seis diferentes situações
um modelo fixo que classifica o por- como PF e PJ.

Pessoa física Pessoa jurídica


Cálculo de impostos
incidentes Simples nacional
para diferentes Empresa no
NF PF / RPA MEI Como artista Como comércio Como produtor
enquadramentos lucro presumido
plástico de obras de arte cultural
Venda de obra no
R$ 320* R$ 53,70 R$ 310 R$ 80 R$ 120 R$ 326,60
valor de R$ 2.000
Venda de obra no
R$ 2.180,89* R$ 53,70 R$ 1.240 R$ 320 R$ 480 R$ 1.306,40
valor de R$ 8.000
Venda de obra no
R$ 6.080,89* R$ 53,70 R$ 3.100 R$ 800 R$ 1.200 R$ 3.266
valor de R$ 20.000
Prestação de serviço
R$ 80* R$ 53,70 R$ 77,50 R$ 20 R$ 30 R$ 81,65
no valor de R$ 500
Prestação de serviço
R$ 240* R$ 53,70 R$ 232,50 R$ 60 R$ 90 R$ 224,95
no valor de R$ 1.500
Prestação de serviço
R$ 1.165,12 * R$ 53,70 R$ 775 R$ 200 R$ 300 R$ 816,50
no valor de R$ 5.000

*Cálculo de
impostos RPA INSS ISS IRRF
LÍQUIDO A
incidentes para RECEBER
emissão de RPA
Venda de obra no
R$ 2.000 R$ 220 R$ 100 R$ 0 R$ 1.680
valor de R$ 2.000
Venda de obra no
R$ 8.000 R$ 621,03 R$ 400 R$ 1.159,86 R$ 5.819,11
valor de R$ 8.000
Venda de obra no
R$ 20.000 R$ 621,03 R$ 1.000 R$ 4.459,86 R$ 13.919,11
valor de R$ 20.000
Prestação de serviço
R$ 500 R$ 55 R$ 25 R$ 0 R$ 420
no valor de R$ 500
Prestação de serviço
R$ 1.500 R$ 165 R$ 75 R$ 0 R$ 1.260
no valor de R$ 1.500
Prestação de serviço
R$ 5.000 R$ 550 R$ 250 R$ 365,12 R$ 3.834,88
no valor de R$ 5.000
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OBSERVAÇÃO
O cálculo correto do imposto na mo-
dalidade simples nacional envolve o
faturamento acumulado da empresa.
Aqui, utilizamos a alíquota inicial, sem
considerar o acumulado, já que é um
caso fictício, criado apenas para servir
como exemplo. Para saber como cal-

- OPERACIONALIZAÇÃO -
cular os impostos, leia o texto sobre
o novo simples nacional neste guia.

O que pode ou não ser feito em cada tipo de empresa

Enquadramento
PF [NF/RPA] MEI ME EPP Normal
Venda de uma
pode pode pode pode pode
obra de arte
Aulas ou cursos pode pode pode pode pode
Palestras pode pode pode pode pode
Seminários pode pode pode pode pode
Curadoria pode não pode pode pode pode
Assistência
pode não pode pode pode pode
para artista

- 102 -
Montagem
pode não pode pode pode pode
de obras
Redação
pode não pode pode pode pode
de Texto

PONTOS DE ATENÇÃO jurídica é obrigada a fazer uma série de


As obrigações como PJ são maiores do controles contábeis mensais por meio
que como PF. O controle precisa ser rí- do balanço patrimonial. Esses contro-
gido para evitar problemas e multas. les precisam ser acompanhados por
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
A partir do momento em que há um contador para que os balanços
obrigações fiscais, é importante es- mensais e anuais sejam feitos de for-
tar a par dos impostos que a empresa ma correta.
deve pagar e qual é o tipo de regime. E,
é claro, manter os pagamentos em dia. O QUE FAZ O CONTADOR?
Neste caso, a tributação no simples •É  a interface entre a
nacional ajuda muito, pois é menos empresa e o Fisco.
complicada que em outros regimes, • I nforma-se sobre as leis que
com pagamento unificado de tributos. dizem respeito ao patrimônio
das pessoas jurídicas.
•E  stipula datas e prazos
FICA A DICA dos impostos que a
CONTRATE UM CONTADOR empresa deve pagar.
Mesmo que o artista acompanhe de •C  alcula valores de guias.
perto e faça um controle primoroso da •E  mite notas fiscais.
sua empresa, isso não o desobriga a
contratar um contador. Toda pessoa
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EXEMPLO
Contratar com um contador não Para o MEI que efetuou o registro em
isenta o artista da responsabilida- julho, por exemplo, o limite de fatura-
de de manter os controles bancá- mento para o ano será de
rios, emitir notas e monitorar entra-
das e saídas de receita, que devem 6 MESES X R$ 6.750 = R$ 40.500
ser informadas ao seu contador. A
gestão financeira faz parte da car- Frações de meses devem ser conside-

- OPERACIONALIZAÇÃO -
reira; se não pode fazê-la, delegue radas como um mês inteiro.
a alguém de confiança. Fonte Resolução CGSN nº 140/2018,art. 100, §1º

Se o teto de faturamento for ultrapas-


sado, o contribuinte será desenquadra-
2. Como virar do como MEI e passará, a partir da data
de início dos efeitos do desenquadra-
pessoa jurídica mento, a recolher tributos pela regra do
simples nacional, como microempresa
Por que virar PJ? ou empresa de pequeno porte. A mu-
dança é automática, sem notificação
A PARTIR DOS ANOS 2010, algumas ga- prévia de nenhum órgão. Por isso o
lerias de arte mudaram sua forma controle de notas emitidas e entradas e
de trabalho, passando a atuar como saídas de receita é tão importante.
prestadoras de serviço. Nesse esque- Se o faturamento ultrapassar até
ma, elas emitem uma nota fiscal (NF) 20% do teto permitido para um MEI, o
referente à metade (50%) do que re- negócio migra de categoria a partir do
cebem em uma venda como serviço ano-calendário seguinte, ou seja, a par-

- 103 -
prestado (intermediação). O restante tir de 1º de janeiro do ano subsequente.
(outros 50%) constam da NF emitida Se o faturamento passar em 20%
pelo artista diretamente para o com- ou mais o teto, a empresa é desenqua-
prador. Isso reduziu o volume de im- drada do MEI no ato. Isso pode aumen-
postos pagos pelas galerias. tar até 3 vezes seu custo tributário,
Alguns artistas, então, decidiram além de acarretar em multas e juros
se estabelecer como empresa no sim- retroativos – todas as contas do ano
ples nacional (microempresa ou em- corrente devem ser revistas.
presa de pequeno porte). Quem não
podia arcar com os custos se firmou
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
como microempreendedor individual PRECISO REGISTRAR O QUE RECEBO?
(MEI), mecanismo criado pelo gover-
no federal, em 2009, para formalizar o Sim. O descontrole financeiro pode
trabalhador informal. levar a dívidas e a problemas com a
Receita Federal. Para evitar que isso
MEI ocorra, guarde de maneira sistemática
as informações sobre as vendas que
LIMITE DE FATURAMENTO você fez e os serviços que prestou, para
quem e por quanto. É importante saber
Essa categoria é indicada para artistas separar o faturamento (receita bruta)
que faturam até R$ 81.000 ao ano (ou e os custos (gastos fixos e despesas
R$ 6.750 ao mês). pontuais) para saber qual foi o lucro do
negócio no período. Essa organização é
Ao iniciar as atividades como MEI, faça importante para elaborar a declaração
as contas para não ultrapassar o limi- de imposto de renda e para controlar o
te de faturamento, que é proporcional teto de faturamento da empresa con-
aos meses trabalhados. forme as regras do MEI.
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BENEFÍCIOS O MEI que tem um funcionário


deve recolher mensalmente o FGTS
O MEI TEM DIREITO A: com alíquota de 8% sobre o valor do
salário pago, preencher e entregar
AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA a Guia de Recolhimento do FGTS e
POR INVALIDEZ de Informações à Previdência Social
Desde que tenha ao menos 12 meses (GFIP) à Caixa Econômica Federal até
de contribuição, a contar do primei- o dia 7 do mês seguinte àquele em

- OPERACIONALIZAÇÃO -
ro pagamento em dia. É importante que o salário foi pago. Essa atividade
deve ser feita todos os meses.
saber que, nos casos de acidente de
Os pagamentos devem ser efe-
qualquer natureza ou de doenças es-
tivados por meio da Guia do FGTS e
pecificadas em lei, os benefícios inde-
entregues por meio do sistema online
pendem de carência.
Conectividade Social, da Caixa.
Para isso, o MEI deve ter um con-
APOSENTADORIA POR IDADE
tador: por conta da nova obrigação
60 anos para mulheres, 65 anos para acessória trabalhista, informações er-
homens com pelo menos 15 anos de radas geram multas altas. Vale a pena
contribuição. acessar o Portal do Empreendedor-
MEI e olhar a relação de escritórios de
APOSENTADORIA POR TEMPO contabilidade que fazem atendimento
DE CONTRIBUIÇÃO gratuito ao MEI. Para visualizar a re-
Mínimo de 30 anos para mulheres e 35 lação, acesse o Portal Empreendedor
anos para homens. no item “Escritórios de Contabilidade
para o MEI”. Estes escritórios estão
LICENÇA-MATERNIDADE obrigados a efetuar, gratuitamente, a
A lei prevê o depósito de um valor por formalização do MEI e entrega da pri-

- 104 -
120 dias pelo INSS em caso de gravi- meira declaração apenas.
dez ou adoção. Para isso, é preciso ter,
pelo menos, 10 meses de contribuição TRIBUTOS E OBRIGAÇÕES
para o INSS.
O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) é
enquadrado no simples nacional e fica
isento dos seguintes tributos federais:
POSSO TER EMPREGADOS? imposto de renda (IR), Programa de In-
tegração Social (PIS), Contribuição para
Sim. Como MEI, o artista pode con- o Financiamento da Seguridade Social
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tratar no máximo um funcionário (Cofins), Imposto sobre Produtos Indus-
registrado pelo salário mínimo. Esse trializados (IPI) e Contribuição Social so-
único funcionário terá direito aos bre o Lucro Líquido (CSLL).
mesmos benefícios, além do Fundo Todos os meses, o MEI deve ficar
de Garantia do Tempo de Serviço atento às responsabilidades fiscais e
(FGTS), auxílio-doença e aposen- tributárias. Os impostos a pagar são o
tadoria por invalidez, aposentadoria INSS, o ICMS e o ISS. Abaixo, a tabela
por idade, por tempo de contribui- para o ano de 2018:
ção e licença-maternidade, por gra-
videz ou adoção. O funcionário deve
estar registrado e seu custo total MEIs - Atividade INSS ICMS/ISS Total
para a empresa inclui o salário base Comércio e
R$ 47,70 R$ 1 R$ 48,70
acordado, mais os tributos inciden- Indústria - ICMS

tes sobre ele (3% para o INSS e 8% Serviços - ISS R$ 47,70 R$ 5 R$ 52,70
de FGTS sobre o salário). Comércio e Serviços
R$ 47,70 R$ 6 R$ 53,70
- ICMS e ISS
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OBRIGAÇÕES PREPARAÇÃO

NOTAS FISCAIS ANTES DE VIRAR MEI, AVALIE


São obrigatórias apenas para a presta- OS SEGUINTES PONTOS:
ção de serviços ou vendas para pessoas •A
 formalização como MEI pode can-
jurídicas (PJ). A lei dispensa a emissão de celar algum benefício previdenciá-
nota fiscal para pessoas físicas, mas isso rio já recebido pelo artista, como sa-
não significa que esse recebimento não lário-maternidade ou auxílio-doença.

- OPERACIONALIZAÇÃO -
deva ser declarado.  e você for sócio de outra empresa
•S
não é possível virar MEI.
DECLARAÇÃO ANUAL SIMPLIFICADA  e você for servidor público, pes-
•S
Assim como as pessoas físicas (PF) pre- quise se a sua legislação permite a
cisam fazer a declaração de imposto de formalização como MEI.
renda, as pessoas jurídicas devem en-
tregar a Declaração Anual Simplificada. DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
É simples fazê-la no site da Receita Fe- •C
 PF
deral. Deve-se preencher o valor total •T
 ítulo de eleitor ou recibo da última
da receita bruta obtida no ano anterior e declaração do imposto de renda
indicar se houve ou não registro de fun- (caso tenha declarado nos últimos
cionários. Aqui, o relatório mensal de re- dois anos)
ceitas brutas mostra todo o seu valor. •C
 EP da residência ou local onde
exercerá a atividade
Não perca o prazo – geralmente, o li- •N
 úmero de telefone ativo
mite é 31 de maio. Caso contrário, será
preciso pagar multa e você corre o risco
de, futuramente, ter o CNPJ cancelado.

- 105 -
O empreendedor que optar pelo MEI fica ATENÇÃO!
dispensado das obrigações de escriturar Quem ficar mal enquadrado nessa
livros contábeis e fiscais. modalidade estará em situação irre-
gular perante a Receita Federal, o que
pode implicar em multa. Se o fiscal
http://www.portaldoempreendedor.gov.br entender a falha como sonegação de
impostos, a multa pode chegar até 150
vezes o valor supostamente sonegado.

ATENÇÃO! FALE COM O CONTADOR


- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Relatório mensal de receitas brutas Se você tiver de mudar de categoria,
Não é uma obrigação, mas o hábito de peça a assessoria de um contador para
preencher o documento todo mês pode não correr o risco de sofrer penalidades.
facilitar a vida do microempreendedor Se não puder arcar com os custos, bus-
individual (MEI). No Portal do Empreen- que um profissional que atenda MEI de
dedor, há um modelo do relatório. Nele, graça. A Lei Complementar LC 123/06
devem constar todas as receitas brutas garante a atuação de contadores so-
do mês anterior. cialmente responsáveis, que prestam
serviço gratuito aos MEIs e podem aju-
dar a fazer o desenquadramento do
MEI para microempresa, se for preciso.
Saiba mais no site do Portal do Empre-
endedor-MEI.
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4 - Falhar na declaração de IR (PJ e


O QUE É CNAE? PF). Mesmo sendo MEI, você precisa
fazer duas declarações, a sua pesso-
A Classificação Nacional de Ativi- al e a da empresa. Veja abaixo:
dade Econômica (CNAE) é o código
padronizado em todo o país para o DECLARAÇÃO PJ
cadastro e registro de empresas e
atividades na administração fede- DASN

- OPERACIONALIZAÇÃO -
ral, estadual e municipal. O artista Incluir:
como MEI deve ter sua empresa en- •R
 eceitas brutas, vendas ou serviços
quadrada no CNAE 4789-0/03 (Co- prestados no período [anterior]
mércio varejista de objetos de arte).
DECLARAÇÃO PF
Onde tirar mais dúvidas:
Portal do Empreendedor IRPF
Incluir:
•R
 eceitas
•C
 ustos
DESENQUADRAMENTO •L
 ucro auferido

OS 5 CASOS EM QUE É NECESSÁRIO 5 - Não pagar o Documento de Arreca-


MUDAR DE MODALIDADE dação do Simples Nacional (DAS) em
dia: o MEI requer pagamento mensal.
1 -Quando exceder, no ano, o limite Caso fique mais de dois anos sem qui-
de faturamento bruto anual de R$ tar o DAS ou sem apresentar a decla-
81.000. Nesse caso, a comunicação ração de IR, seu CNPJ pode ser auto-

- 106 -
deve ser feita até o último dia útil do maticamente cancelado
mês seguinte àquele em que foi regis-
trado o excesso. Isso produz efeitos
variados de desenquadramento, de ATENÇÃO
acordo com o valor ultrapassado: até Ninguém é obrigado a se filiar a nenhu-
20%, efeito no ano-calendário subse- ma instituição, associação ou sindicato,
quente e mais de 20%, efeito imediato ou mesmo pagar qualquer boleto que
e retroativo. chega pelos Correios. Caso alguma co-
brança chegue até você, entre em con-
2 - Deixar de atender a qualquer uma tato com o os canais de atendimento
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
das condições previstas nos incisos de do MEI e verifique se ela é devida.
I a IV do caput do art. 100, da Resolu-
ção CGSN nº 140/2018, para condição MAIS INFORMAÇÕES:
de MEI – CGSN é a sigla para Comitê
Gestor do Simples Nacional. Aqui, a co- •P
 ortal do Empreendedor:
municação deve ser feita até o último www.portaldoempreendedor.gov.br/
dia útil do mês posterior ao da ocorrên-
cia. Isso produz efeitos a partir do mês •S
 ebrae – MEI:
seguinte ao da situação impeditiva. https://goo.gl/zusPLD

3- Incorrer em alguma das situações


previstas para a exclusão do simples
nacional, ficando o desenquadramen-
to sujeito às regras do art. 81 da Reso-
lução CGSN nº 140, de 2018.
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Simples nacional

PARA QUEM É O artista pode trabalhar sozinho


O artista estabelecido como micro- (Empresário Individual ou Eireli) ou,
empreendedor individual (MEI) que ul- no caso de um coletivo de artistas,
trapassar o teto de faturamento anual com sócios (sociedade limitada). Es-
da categoria, de R$ 81 mil, deve migrar sas sociedades empresárias, simples
por lei para o enquadramento simples ou empresários individuais dispõem

- OPERACIONALIZAÇÃO -
nacional. Nessa nova categoria, pode de benefícios fiscais e tratamento ju-
atuar como empresa de pequeno por- rídico, administrativo, previdenciário e
te (EPP, até R$ 360 mil de receita anu- trabalhista simplificados (Lei Comple-
al) ou microempresa (ME, até R$ 4,8 mentar nº 123/06) para estimular seu
milhões faturados por ano). desenvolvimento e suas atividades.

Atividades que o artista pode exercer no Simples nacional

Qual anexo utiliza para


CNAE Denominação Alíquota inicial*
calcular os impostos
Atividades de artistas plásticos,
jornalistas independentes e escritores

Esta subclasse compreende:


•a
 s atividades de artistas plásticos,
9002-7/01 escultores, pintores Anexo V 15,5%
•a
 s atividades de criadores de desenho
animado, gravadores etc.

- 107 -
•a
 s atividades de escritores de todos os
tipos de assuntos, inclusive técnicos
•a
 s atividades de jornalistas independentes
47890/03 Comércio varejista de obras de arte Anexo I 4%
Atividade de produtor cultural

Enquadram-se nesta atividade:


9001-9/99 •C
 uradoria e crítica de arte Anexo III 6%
•A
 ssistência para artistas
•M
 ontagem de exposições
•G
 estor e produtor cultural - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Ensino de arte e cultura não
especificado anteriormente

8592-9/99 Enquadram-se nesta atividade: Anexo III 6%


•A
 ulas e cursos (esporádicos)
•P
 alestras e seminários
•A
 s atividades de professor
Serviços de tradução,
interpretação e similares
7490-1/01 Anexo V 15,5%
Se enquadram nesta atividade:
•T
 radução de textos
•R
 evisão de textos
Pesquisa e desenvolvimento experimental
em ciências sociais e humanas
7220-7/00 Anexo V 15,5%
Enquadram-se nesta atividade:
•A
 s atividades de pesquisador
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LIMITE DE FATURAMENTO • I senção dos rendimentos distribu-


ídos aos sócios e ao titular, na fonte
É variável – confira nos anexos I, III e V. e na declaração de ajuste do bene-
ficiário, exceto os que corresponde-
BENEFÍCIOS rem a pró-labore, aluguéis e servi-
ços prestados, tendo como limite o
O regime tributário simplificado do saldo do livro caixa, desde que não
simples nacional oferece diversos be- ultrapasse a receita bruta.

- OPERACIONALIZAÇÃO -
nefícios:
TRIBUTOS E OBRIGAÇÕES
 ributação com alíquotas favo-
•T
recidas e progressivas de acordo UMA DAS VANTAGENS do simples é que o
com a receita bruta obtida. artista pode ter, na mesma empresa, dis-
•R
 ecolhimento unificado e centra- tintas atividades de diferentes naturezas,
lizado de impostos e contribuições como prestação de serviço e comércio.
federais com a utilização de um Nesse caso, é uma empresa mista.
único documento de arrecadação Quando emitir notas de serviço de
(DAS). artista plástico, as tributações incorrem
•D
 ispensa do pagamento das con- segundo o anexo V. Com a venda de
tribuições previdenciárias e aque- obras, que é uma atividade comercial, as
las instituídas pela União, destina- tributações incorrem conforme o anexo I.
das ao chamado Sistema S (Sesc, Se o artista realiza “atividade de produ-
Sesi, Senai, Senac, Sebrae e seus ção cultural”, é tributado pelo anexo III.
congêneres), bem como as relativas A empresa pode fazer comércio e
ao salário-educação e à Contribui- prestação de serviço ao mesmo tem-
ção Sindical Patronal. po nos enquadramentos Limitada,

- 108 -
•D
 ispensa da sujeição à retenção Eireli, Empresário Individual, que per-
na fonte de tributos e contribuições mitem mais de uma atividade. O que
por parte dos órgãos da administra- muda é que a empresa terá uma ati-
ção federal direta, das autarquias e vidade como a principal e as demais
das fundações federais. como secundárias.

Anexo I - Empresas de comércio


Dedução do valor
Receita bruta em 12 meses Alíquota
a ser recolhido
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
1ª faixa Até R$ 180.000 4% 0
De R$ 180.000,01
2ª faixa 7,3% R$ 5.940
a R$ 360.000
De R$ 360.000,01
3ª faixa 9,5% R$ 13.860
a R$ 720.000
De R$ 720.000,01
4ª faixa 10,7% R$ 22.500
a R$ 1.800.000
De R$ 1.800.000,01
5ª faixa 14,3% R$ 87.300
a R$ 3.600.000
De R$ 3.600.000,01
6ª faixa 19% R$ 378.000
a R$ 4.800.000

Percentual de repartição dos tributos


IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP ICMS
1ª faixa 5,5% 3,5% 12,74% 2,76% 41,5% 34%
2ª faixa 5,5% 3,5% 12,74% 2,76% 41,5% 34%
3ª faixa 5,5% 3,5% 12,74% 2,76% 42% 34,5%
4ª faixa 5,5% 3,5% 12,74% 2,76% 42% 34,5%
5ª faixa 5,5% 3,5% 12,74% 2,76% 42% 34,5%
6ª faixa 13,5% 10% 28,27% 6,13% 42,1%
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Anexo III - Receitas de locação de bens móveis e de prestação de serviços


não relacionados no o § 5o c do art.18 desta lei complementar

Dedução do valor
Receita bruta em 12 meses Alíquota
a ser recolhido
1ª faixa Até R$ 180.000 6% 0
De R$ 180.000,01
2ª faixa 11,2% R$ 9.360
a R$ 360.000
De R$ 360.000,01

- OPERACIONALIZAÇÃO -
3ª faixa 13,5% R$ 17.640
a R$ 720.000
De R$ 720.000,01
4ª faixa 16% R$ 35.640
a R$ 1.800.000
De R$ 1.800.000,01
5ª faixa 21% R$ 125.640
a R$ 3.600.000
De R$ 3.600.000,01
6ª faixa 33% R$ 648.000
a R$ 4.800.000

Percentual de repartição dos tributos


IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP ICMS
1ª faixa 4% 3,5% 12,82% 2,78% 43,4% 33,5%
2ª faixa 4% 3,5% 14,05% 3,05% 43,4% 32%
3ª faixa 4% 3,5% 13,64% 2,96% 43,4% 32,5%
4ª faixa 4% 3,5% 13,64% 2,96% 43,4% 32,5%
5ª faixa 4% 3,5% 12,82% 2,78% 43,4% 33,5% (*)
6ª faixa 35% 15% 16,03% 3,47% 30,5% 0
(*) o percentual efetivo máximo devido ao ISS será de 5%, transferindo-se a diferença, de forma proporcional, aos tributos federais da mesma
faixa de receita bruta anual. Sendo assim, na 5ª faixa, quando a alíquota efetiva for superior a 14,92537%, a repartição será:

- 109 -
faixa IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP ISS*
5ª faixa com
(alíquota efetiva (alíquota efetiva (alíquota efetiva (alíquota efetiva (alíquota efetiva percentual de
alíquita superior
- 5%) x 6,02% - 5%) x 5,26% - 5%) x 19,28% - 5%) x 4,18% - 5%) x 65,26% ISS fixo em 5%
a 14,92537%

Anexo V - Receitas decorrentes da prestação de serviços relacionados


no o § 5o c do art.18 desta lei complementar
Dedução do valor
Receita bruta em 12 meses Alíquota
a ser recolhido
1ª faixa Até R$ 180.000 15,5% 0 - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
De R$ 180.000,01
2ª faixa 18% R$ 4.500
a R$ 360.000
De R$ 360.000,01
3ª faixa 19,5% R$ 9.900
a R$ 720.000
De R$ 720.000,01
4ª faixa 20,5% R$ 17.100
a R$ 1.800.000
De R$ 1.800.000,01
5ª faixa 23% R$ 62.100
a R$ 3.600.000
De R$ 3.600.000,01
6ª faixa 30,5% R$ 540.000
a R$ 4.800.000

Percentual de repartição dos tributos


IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP ICMS
1ª faixa 25% 15% 14,1% 3,05% 28,85% 14%
2ª faixa 23% 15% 14,1% 3,05% 27,85% 17%
3ª faixa 24% 15% 14,92% 3,23% 23,85% 19%
4ª faixa 21% 15% 15,74% 3,41% 23,85% 21%
5ª faixa 23% 15,5% 14,1% 3,05% 23,85% 23,5%
6ª faixa 35% 15,5% 16,44% 3,56% 29,50% 0
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AS OBRIGAÇÕES DO CONTADOR SÃO:


O NOVO SIMPLES NACIONAL
•R
 eunir os documentos e entrar com
O regime tributário simples nacional o requerimento para o processo de
mudou em 2018. Novas atividades abertura da empresa.
foram introduzidas, assim como no- •F
 azer a Inscrição Estadual na Secre-
vos limites de faturamento, além de taria Estadual da Fazenda, obriga-
alterações nas alíquotas. tória para as empresas que traba-

- OPERACIONALIZAÇÃO -
lham com a produção de bens e/ou
Com a Lei Complementar nº 155, com venda de mercadorias.
editada em outubro de 2017 e váli- •S
 olicitar o cadastro na Previdên-
da a partir de janeiro de 2018, dei- cia Social e todo o aparato fiscal.
xou de ser aplicada uma alíquota Só depois de pronto e registrado o
simples sobre a receita bruta men- aparato fiscal, a empresa pode co-
sal. A alíquota cresceu e com um meçar a operar legalmente.
desconto fixo para cada faixa de
enquadramento. Em outras pala- ABRA UMA CONTA BANCÁRIA PESSOA
vras: algumas empresas tiveram EM NOME DE SUA PESSOA JURÍDICA
aumento na carga tributária e ou- Toda empresa deve ter uma conta PJ,
tras, redução. além da conta de pessoa física do seu
proprietário. Artistas que atuam como
MEI podem usar sua própria conta de
CÁLCULO DO IMPOSTO MENSAL PF, mas isso não é recomendado, até
porque, se estourar o teto de fatura-
Para calcular, pegue a receita dos úl- mento, ele vai ter de mudar de cate-
timos 12 meses e multiplique pela goria e precisará ter conta PJ. Pense no

- 110 -
alíquota indicada na tabela. Depois, seu crescimento e organize sua vida
também de olho na tabela, desconte profissional desde o início. Isso facili-
o valor que deve ser deduzido. Divida ta o controle e evita a confusão entre
tudo pela receita dos últimos 12 meses. gastos pessoais e profissionais e ajuda
a comprovar o faturamento e calcular
(Receita dos últimos 12 meses x Alíquo- o imposto de renda.
ta - Parcela a deduzir) X 100
÷ Receita dos últimos 12 meses OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
= Valor devido As empresas optantes pelo simples
nacional devem cumprir uma série de
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
ANTES DE COMEÇAR obrigações acessórias realizadas por
um contador. Ele é responsável pela
CHAME UM CONTADOR contabilidade mensal e entrega das
Abrir e gerenciar uma empresa envolve obrigações acessórias, já que possui o
conhecimento técnico contábil, o que, conhecimento técnico e contábil para
para um artista, pode ser algo de ou- evitar erros e multas.
tro mundo. Além de ser essencial no
processo de abertura da empresa (a DECLARAÇÃO ÚNICA
Inscrição Estadual só pode ser feita A ME e a EPP optantes do simples na-
por um contador), um profissional es- cional devem enviar pela internet, to-
pecializado vai evitar que o artista seja dos os anos, uma declaração única e
multado ou tenha problema com obri- simplificada de informações socioeco-
gações acessórias e procedimentos nômicas e fiscais à Secretaria da Recei-
contábeis mensais e anuais. ta Federal do Brasil (RFB). O prazo é o
último dia de março do ano-calendário
que se segue ao da ocorrência dos fatos
que são passíveis de impostos e contri-
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buições. Com relação aos tributos não LIVRO REGISTRO DOS


abarcados neste regime, a ME e a EPP SERVIÇOS PRESTADOS
no simples nacional deverão observar a Destinado ao registro dos documentos
legislação dos respectivos entes fede- fiscais relativos aos serviços prestados
rativos quanto à prestação de informa- sujeitos ao ISS, quando contribuinte do
ções e entrega de declarações. ISS.

- OPERACIONALIZAÇÃO -
EMISSÃO E ARQUIVAMENTO LIVRO REGISTRO DE SERVIÇOS TOMADOS
DE NOTAS FISCAIS Destinado ao registro dos documentos
As empresas também são obrigadas fiscais relativos aos serviços tomados
a emitir documento fiscal de venda ou sujeitos ao ISS.
prestação de serviço, de acordo com
instruções expedidas pelo Comitê LIVRO DE REGISTRO DE ENTRADA
Gestor do Simples Nacional (CGSN). E SAÍDA DE SELO DE CONTROLE
E a guardar bem os documentos que Caso exigível pela legislação do Impos-
fundamentaram a apuração dos im- to sobre Produtos Industrializados (IPI).
postos e contribuições devidos, assim
como o cumprimento das obrigações NOTA FISCAL ELETRÔNICA
acessórias relativas às informações A empresa que adote o sistema eletrô-
socioeconômicas e fiscais, enquanto nico de emissão de documentos fiscais
não decorrido o prazo decadencial e ou de recepção eletrônica de informa-
não prescritas as eventuais ações per- ções poderá exigi-los de seus contri-
tinentes. buintes optantes pelo simples nacional,
observando os prazos e formas previs-
LIVROS FISCAIS E CONTÁBEIS tos nas respectivas legislações.
As MEs e as EPPs optantes pelo sim-

- 111 -
ples nacional deverão adotar meios já GUARDA DOS DOCUMENTOS
validados para os fazer os registros e Os documentos fiscais relativos a ope-
controles das operações e prestações, rações ou prestações realizadas ou
que são: recebidas, bem como os livros fiscais
e contábeis, deverão ser preservados
LIVRO CAIXA em ordem, enquanto não decorrido o
No qual deverá estar escriturada toda prazo decadencial e não prescritas as
a sua movimentação financeira e ban- eventuais ações pertinentes.
cária.
PREPARAÇÃO
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
LIVRO REGISTRO DE INVENTÁRIO Diferente da categoria MEI, em que se
Do qual deverão constar registrados pode abrir a empresa sozinho, de for-
os estoques existentes no término de ma simplificada, para as empresas en-
cada ano-calendário, quando contri- quadradas no simples nacional o pro-
buinte do ICMS. cesso é mais complexo.

LIVRO REGISTRO DE ENTRADAS 8 passos para abrir uma


Modelo 1 ou 1-A, destinado à escritura- microempresa ou
ção dos documentos fiscais relativos empresa de pequeno porte
às entradas de mercadorias ou bens
e às aquisições de serviços de trans- 1-O enquadramento como ME ou EPP
porte e de comunicação efetuadas a deve ser feito com um protocolo de re-
qualquer título pelo estabelecimento, querimento, elaborado por um conta-
quando contribuinte do ICMS. dor e entregue às Juntas Comerciais
ou Cartórios de Registro Civil de
Pessoas Jurídicas.
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2 - A empresa também precisa se ca- 7 - Osdocumentos informados no site


dastrar junto à Caixa Econômica Fe- devem ser enviados por Sedex ou en-
deral, no sistema Conectividade So- tregues pessoalmente na Secretaria
cial – INSS/FGTS, e obter autorização da Receita Federal. A resposta ao re-
do Corpo de Bombeiros. querimento também sai pela internet.

3- Verifique se o endereço informado 8 - Ao fazer a inscrição no CNPJ, é pre-


permite empresas, pois a prefeitura ciso escolher a atividade – no caso,

- OPERACIONALIZAÇÃO -
não autoriza atividade empresarial em CNAE 9002-7/01, classificação deno-
área residencial. minada “Atividades de artistas plásti-
cos, jornalistas independentes e escri-
4 - O tempo para a abertura da em- tores”. Essa classificação será utilizada
presa varia de estado para estado. na tributação e também na fiscaliza-
Leva de 15 a 40 dias corridos, em mé- ção. A empresa pode ter uma ativi-
dia. Algumas questões mudam de um dade principal e também atividades
lugar para outro, mas, de modo geral, secundárias, que devem ser coerentes
o processo é composto por passos co- com a primária – confira a tabela de
muns como a consulta da viabilidade CNAEs
de abertura e o estabelecimento do
aparato fiscal (autorização para im- CONTRATAÇÃO DE COLABORADORES
pressão das notas fiscais e a autenti-
cação de livros fiscais). Preços e pra- AS MES E EPPS que contratam os serviços
zos para abertura também variam de de profissional autônomo devem reter
estado para estado. o pagamento dos tributos e impostos
previstos em lei. São eles o Imposto
5 - Abertura é feita por um escritório de sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF)

- 112 -
contabilidade, que vai precisar dos se- e o Instituto Nacional do Seguro Social
guintes documentos: (INSS), nos casos em que a prefeitura
•C
 ópia autenticada do CPF e cédula da cidade cobra o Imposto sobre Ser-
de identidade dos sócios viço (ISS).
•C
 ópia autenticada da certidão de Na troca de ano-calendário, a em-
casamento ou divórcio dos sócios presa contratante emite um informe
•C
 omprovante de residência dos só- de rendimentos do ano que se en-
cios cerra. Estas informações são usadas
•C
 ontrato de locação do imóvel na preparação e no preenchimento do
•N
 ome comercial para a empresa imposto de renda.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
•N
 ome fantasia para a empresa
•C
 omprovante de endereço da sede CONTRATAÇÕES CLT
da empresa Para contratar colaboradores no regi-
•C
 ontrato de locação da empresa me CLT (com carteira de trabalho), é
•N
 úmero de registro do imóvel na preciso conhecer as regras e calcular
Prefeitura (Carnê do IPTU do exer- quanto será gasto com cada colabo-
cício atual) rador, já que, além do salário, há bene-
•C
 ópia do último Imposto de Renda fícios obrigatórios, como vale trans-
de Pessoa Física (IPRF) dos sócios porte, férias remuneradas, 13o salário e
fundo de garantia. Há também benefí-
6- O registro do CNPJ é feito apenas cios opcionais, como vale alimentação
pela internet, no site da Receita Fede- ou refeição e assistência médica.
ral, por meio do download de um pro- Embora sejam benefícios previs-
grama específico: o Documento Bási- tos em lei, é importante ressaltar que
co de Entrada. a empresa poderá, com seu contador
e o sindicato de classe, determinar ou-
tras regras, direitos e obrigações que
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não constem da Convenção Coletiva O que é preciso recolher


de Trabalho, por meio de um acordo
coletivo de trabalho. É sempre bom INSS: Alíquota de 11%
confirmar qual a forma correta de pro- sobre o valor bruto
ceder com relação aos benefícios na R$ 3.500 X 11% = R$ 385
sua classe. INSS a recolher: R$ 385
Empresas registradas no simples
nacional não pagam os encargos refe- Caso a empresa contratante não seja

- OPERACIONALIZAÇÃO -
rentes ao INSS patronal, salário edu- optante do simples nacional, adicio-
cação, SAT e contribuições ao Incra, nam-se à conta acima 20% de INSS
Senai, Sesi ou Sebrae. sobre o valor total.

IRRF: O valor está na faixa 3, isto é, alí-


Tabela de encargos sociais quota de 15% e parcela a deduzir de
Encargos sociais Percentual
R$ 354,80
Para começar o cálculo, é preciso
13º salário 8,33%
subtrair o valor do INSS
Férias 11,11%
R$ 3.500 – R$ 385 (INSS) = R$ 3.115
FGTS 8%
FGTS/Provisão de
4% Depois disso, aplica-se
Multa para Rescisão a alíquota de 15%
Previdenciário sobre
7,93% R$ 3.115 X 15% = R$ 467,25
13º/Férias/DSR
Total 39,37% Desse valor, subtrai-se a
parcela a deduzir
R$ 467,25 – R$ 354,80 = R$ 112,45

- 113 -
CONTRATAR COMO PJ
Outra forma de contratar colaboradores IRRF a recolher = R$ 112,45
é como pessoa jurídica (PJ), um profis-
sional autônomo que presta um servi- ISS: Alíquota de 5% sobre o valor bruto
ço e apresenta nota fiscal, desobrigan- R$ 3.500 x 5% = R$ 175
do o contratante a pagar os benefícios INSS a recolher = R$ 175
previstos na CLT. A única obrigação do
empreendedor é pagar a remuneração O cálculo do ISS depende da regra de
presente na nota fiscal. cada município. Para saber qual se
aplica ao seu município, entre em con-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tato com a sua Prefeitura.
ATENÇÃO!
Contratar pessoas como PJ pode expor Por fim, paga-se
sua empresa a riscos, especialmente INSS = R$ 385
os de uma reclamação trabalhista, IRRF = R$ 112,45
caso o colaborador compareça dia- ISS = R$ 175
riamente no local de trabalho ou seu Total de descontos = R$ 672,45
serviço tenha características iguais às Valor a pagar para o
de um trabalho com carteira assinada. autônomo = R$ 2.827,55
Recomenda-se cuidado.
CHAME O CONTADOR
CONTRATAR COM RPA Se o artista está no simples nacional,
Caso opte por contratar um autônomo deve obrigatoriamente ter um contador
com Recibo de Pagamento de Autôno- que fará todos os cálculos corretamente.
mo (RPA), o cálculo dos benefícios varia. Explicamos aqui como o cálculo é feito
Exemplo de contratação de autô- porque é importante que o artista com-
nomo por R$ 3.500 ao mês preenda o processo. Para a contratação
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de um contador, é importante observar FICA A DICA


se o profissional se mantém atualizado, O Sebrae do seu estado também pode
porque, no Brasil, as questões tributárias ser útil para tirar dúvidas sobre a aber-
sofrem constantes mudanças. É impor- tura e a administração de uma empre-
tante checar também se o profissional sa. Vale a pena entrar em contato com
estará disponível quando você precisar e eles e acompanhar seus programas de
se ele tem familiaridade com as especi- assessoramento e capacitação.
ficidades do setor cultural.

- OPERACIONALIZAÇÃO -
Como fica a empresa 3. P
 lanejamento
em caso de dívida
de carreira
A forma como a microempresa (ME)
deve quitar suas dívidas depende do Traçando
tipo societário: estratégias

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL (EI) A PARTIR DO MOMENTO em que o artista


Assim como na Eireli, a pessoa física entende como funciona o sistema da
não precisa de sócios para abrir a em- arte e como operam todos os agentes,
presa. Porém, em caso de dívida, seus criam-se possibilidades de estabelecer
bens privados serão usados para os estratégias convergentes com a sua
devidos pagamentos aos credores. visão de mundo, seus objetivos profis-
Isso também vale para dívidas pesso- sionais e, sobretudo, alinhadas com as
ais, em que bens da empresa podem suas propostas artísticas e todas as
ser utilizados para quitá-las. Se o em- potencialidades que elas apontam.
presário for casado em comunhão de
57 , 2 % É importante ressaltar que en-

- 114 -
bens, os bens do seu cônjuge também tender o sistema da arte e o modo de
dos artistas
podem servir como pagamento. operar de seus agentes não significa
desconhecem mimetizar esses comportamentos ou
EMPRESA DE RESPONSABILIDADE ou se sentem cumprir um passo-a-passo pauta-
LIMITADA (EIRELI) pouco fami- do numa promessa de sucesso. Não
A pessoa física que exerce atividade liarizados com existe apenas uma trajetória possível,
econômica sem sócios. A principal dife- a operacio- e sim a busca pela melhor trajetória
rença é que, em caso de dívida, o patri- nalização e para cada artista, pesquisa e trabalho.
mônio pessoal do empresário não será a gestão da O propósito deste guia é ser uma ferra-
usado para o cumprimento das obriga- menta para reflexão.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
carreira e com o
ções, e sim o capital social da empre- A proposta de um planejamento
relacionamento de carreira não sugere um comporta-
sa. Resumindo, há uma separação dos
bens pessoais e aqueles da empresa. comercial e mento massificado e simplista, mas
O capital social mínimo exigido para a jurídico com a análise de caminhos para a difusão
abertura de uma Eireli é de 100 salários instituições. e circulação de trabalhos para que o
mínimos, comprovado em conta. artista possa traçar com proprieda-
Fonte de e conhecimento o melhor itinerário
SOCIEDADE LIMITADA (LTDA) pesquisa própria rumo aos seus interlocutores, ao seu
Para abrir uma sociedade limitada, é público.
necessário ter sócios. No mínimo um É preciso pensar, portanto, em for-
além do artista, sem limite para inclu- mas de viabilizar e fortalecer a sua in-
são de outros. Em caso de dívida, os serção institucional e comercial, nacio-
sócios responderão com bens pessoais, nal e internacionalmente.
dentro da sua parcela na sociedade. Por
exemplo: se há dois sócios, cada um de-
les com 50% da empresa, eles dividirão
meio a meio a responsabilidade.
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5 PONTOS ESTRATÉGICOS todos. Cada plano de carreira deve


ser personalizado porque cada ar-
QUALIFICAÇÃO tista é único. Mesmo que exista uma
Dedicação à pesquisa, trocas, expe- galeria que o represente, ou alguém
rimentação e a oportunidades que que você contrate para isso, como
contribuam para o aprimoramento do um marchand, esse trabalho deve ser
trabalho. sempre acompanhado.
Essa carreira demanda gestão

- OPERACIONALIZAÇÃO -
DECISÕES ESTRATÉGICAS financeira; o mercado se expande e
Definição de objetivos e melhores ca- retrai, os gostos mudam, as crises
minhos para alcançá-los. vêm e vão. Mesmo sem controlar os
fatores externos, é possível atuar de
PARCERIAS modo assertivo para desenvolver o
Multiplicação de oportunidades por trabalho e a carreira.
meio de parcerias (a relação com o
mercado e seus agentes). Planejamento
de carreira
EXPANSÃO
Ampliação do campo de atuação pen- O PLANEJAMENTO É UM processo em que
sando em inserção comercial e institu- devem estar claros o seu objetivo e as
cional. ações para atingi-lo. No processo, é
preciso definir programas de ação, le-
AUMENTO DE RECEITA vando em conta a evolução esperada
Incremento do negócio para lucrar com e as condições internas e externas à
oportunidades comerciais, partindo de carreira. O processo deve ser coerente
diversos caminhos, como a venda de e realista para se sustentar.

- 115 -
obras e prestação de serviço. O planejamento não é uma ativi-
dade de curto, mas de longo prazo. Por
Por que se isso, pede revisão constante para não
profissionalizar se desviar. E paciência: são necessá-
rios alguns anos para resultados signi-
A CRESCENTE PROFISSIONALIZAÇÃO do sis- ficativos.
tema da arte deve ser encarada como
incentivo, conforme seus colegas e pa- 4 PONTOS ESSENCIAIS
res se especializam e aprimoram seus
fazeres e saberes – são movimentos SABER FALAR SOBRE O TRABALHO
concomitantes, que se beneficiam Em um mundo em que a ideia é tão ou
mutuamente. mais importante que a execução, do-
A profissionalização não deve ser minar a palavra é determinante. Um
encarada como um fator limitante à artista que se comunica bem é com-
sua liberdade e criatividade, mas como preendido por curadores, galeristas e
uma oportunidade de administrar com público. Isso ajuda na gestão de sua
fluência, consciência e eficiência áreas carreira e na sua inserção institucional
de carreira que vão liberar mais tempo e comercial.
e energia para o desenvolvimento das
atividades ligadas à produção. NÃO DEPENDER DE
A gestão da carreira do artista é res- GALERIAS COMERCIAIS
ponsabilidade do artista. Ela pode ser Há outras formas de alcançar o su-
acompanhada por parceiros e colabo- cesso profissional, como buscar la-
radores, mas não delegada a terceiros. ços e plataformas diferentes para
A proposta não é “comoditizar” a difundir e fazer circular o trabalho.
arte ou formatar um padrão único, pois Há muitos artistas pelo país e nem
não existe uma fórmula mágica para todo lugar possui um sistema de arte
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minimamente estabelecido com ins- 3. DESENHE UM PLANO DE AÇÃO


tituições, galerias, cursos de forma- Esse plano pode ser organizado em 3 frentes:
ção, produtores e gestores culturais.
As galerias podem ajudar a planejar •A
 ÇÕES ESTRUTURANTES: elementos
a carreira (porém, não tem completo fundamentais para desenvolvimento
controle sobre ela) e ampliar a rede da produção e operacionalização da
de contatos, mas as oportunidades carreira do artista.
de ser representado por galerias tam- •E
 XEMPLOS: local para desenvolvimen-

- OPERACIONALIZAÇÃO -
bém não são suficientes para absor- to do trabalho, recursos humanos para
ver a oferta de artistas. produção e operacionalização (con-
tratação e assistente, contador, des-
INVESTIR NA REDE DE pachante etc.); recursos financeiros
RELACIONAMENTOS para produção e operacionalização
Ninguém faz nada sozinho. Atuar em (compra de materiais e equipamen-
redes é essencial. Faça uma lista de tos, abertura de empresa, investimen-
quem você já acessa e pense nas pes- to em viagens etc.); dedicação à pes-
soas que ainda precisa alcançar, e quisa, estudos e experimentação para
quem pode apresentar essas pessoas aprimoramento do trabalho; catalo-
a você. Lembre-se de estabelecer re- gação e registro das obras; organiza-
lações verdadeiras, porque é fácil ver ção do administrativo da empresa.
quando uma relação não é honesta. É
uma via de mão dupla: não se aproxi- • COMUNICAÇÃO E DIFUSÃO: divulgação
me das pessoas apenas pensando no do trabalho.
que elas podem fazer por você, mas • EXEMPLOS: elaboração de currículo, por-
também no que você poderá dar em tfólio e site; criação de perfil em redes
troca para construir uma relação. Con- sociais; publicações de livros, catálogos

- 116 -
fira estratégias para aprimorar seus re- e monografias; desenvolvimento de re-
lacionamentos aqui. des de relacionamento profissional.

TER VISÃO CRÍTICA • OPORTUNIDADES: ver e investir em cir-


Um artista precisa saber em que ponto cunstâncias que podem dar chances
de sua carreira se encontra e onde pre- de inserção comercial ou institucional,
tende chegar, para decidir o que fazer. aprimoramento e pesquisa, além de
Defina um plano e se mantenha atento difusão e legitimação do trabalho.
a ele. É claro que ao longo do processo • EXEMPLOS: editais, residências, prê-
pode haver mudanças. Projetos pedem mios, convites para participação em
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
constante revisão e correção de traje- feiras, bienais, exposições, projetos
tória, sem perder objetivos de vista. comissionados

Depois de selecionar as ações que fa-


PLANEJAMENTO PASSO A PASSO zem sentido para a sua visão de mun-
do e de negócios, dentro do seu grau de
1. FAÇA UM DIAGNÓSTICO: avalie critica- maturidade e aspirações, o artista pode
mente a sua trajetória e observe pon- criar uma linha cronológica. Nessa linha
tos de fragilidade e de força. do tempo, devem vir primeiro as priori-
dades, o que é mais urgente.
2. ESTABELEÇA PRAZOS: para alcançar
objetivos, trabalhe com perspectivas de 4. FAÇA AS CONTAS: ao estabelecer pra-
curto, médio e longo prazos. Organize zos, leve em conta os recursos humanos
as ações nessa linha do tempo, tendo e financeiros disponíveis para cumpri-
em mente a viabilidade de realizar cada -los. O plano precisa ter viabilidade real
uma delas em relação aos recursos dis- para ter maior chance de sucesso.
poníveis e ao tempo de execução.
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Networking: construindo APOSTE NAS TROCAS


redes de contato Não procure seus contatos só quan-
do precisar de um favor. Lembre-se de
SOMOS SERES SOCIAIS: faz parte da essên- que, para construir uma boa base de
cia humana buscar vínculos e relações contatos, é preciso estabelecer um re-
interpessoais. Na vida profissional, es- lacionamento sólido e recíproco.
sas relações são sua rede de contatos,
que é formada ao longo da carreira e se

- OPERACIONALIZAÇÃO -
mantém por trazer benefícios mútuos. 4. Direitos autorais
Para que se solidifique, é necessário es-

T
tabelecer laços de respeito e confian- odo criador tem direitos sobre
ça entre as pessoas, de forma madu- aquilo que cria. Os direitos auto-
ra, aproximada e recíproca. rais garantem tanto que o artista
A construção de uma rede é um obtenha resultados financeiros com a
trabalho constante. Cada novo rela- obra como que ninguém possa copiá-
cionamento traz novas oportunidades -la, pois é produção do seu espírito. O
de trocas, aprendizados e ganhos em artista pode contar com as seguintes
diferentes aspectos. Inclusive, a capa- proteções:
cidade e facilidade de potencializar e
realizar novos projetos e negócios. Direito patrimonial
e moral de autor
6 DICAS DE NETWORKING
DIREITOS PATRIMONIAIS
APROXIME-SE DO PROFESSOR Tratam da exploração econômica da
Quem está na faculdade pode estreitar obra – pelo autor ou por terceiros au-
relação com seus professores. Eles são torizados por ele – em diversos meios,

- 117 -
profissionais com experiência de mercado formatos e prazos, como a reprodu-
e também podem ser mentores preciosos ção em catálogos e convites, inclusão
para quem almeja carreira acadêmica. em base de dados, produtos com arte
aplicada.
FALE COM QUEM IMPORTA
Aproveite seu tempo livre para conversar TRANSFERÊNCIA DOS
com pessoas que foram e são importan- DIREITOS PATRIMONIAIS
tes para você, mesmo que não possuam Em contrato, o artista pode passá-los
relação direta com o seu trabalho. a outra pessoa ou a uma empresa,
como uma agência de imagens. Nes-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
TENHA UM PAPO BOM se caso, a agência se torna titular dos
Seja uma pessoa interessante, não só direitos patrimoniais e pode explorar
com conhecimento técnico, mas tam- economicamente a obra. O artista
bém cultural. continua sendo o autor.

LEVE SEU CARTÃO


Nunca se sabe quando vai surgir al- ATENÇÃO!
guém interessante, então tenha seu A venda da obra não transfere ao com-
cartão de visita sempre à mão. prador os direitos de uso de imagem.
Quando alguém compra uma obra
ORGANIZE CONTATOS de arte, adquire o direito de expô-la,
Sistematize os contatos que você pos- apenas. Em uma exposição de arte, o
sui: organize uma agenda, até no seu colecionador (dono da obra) é quem
celular, um arquivo de cartões de visita decide pelo empréstimo, e o artista
e, nas redes sociais, procure seguir pes- (autor) é quem decide sobre o uso da
soas que podem representar diálogo, imagem da obra em catálogos, divul-
inspiração e informações relevantes gação, material gráfico etc.
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Direitos morais PRAZO DE PROTEÇÃO LEGAL


E DOMÍNIO PÚBLICO
Dizem respeito à relação pessoal do
autor com a sua criação. Estão prati- AS OBRAS SÃO PROTEGIDAS pelo direito de
camente vinculados à maternidade autor por prazo determinado. Ao fim
ou paternidade. A obra é filha de seu desse prazo, são consideradas de do-
criador e ele pode impedir que a mo- mínio público e podem ser utilizadas
difiquem ou a utilizem sem a sua au- sem prévia autorização ou pagamento.

- OPERACIONALIZAÇÃO -
torização. Diversamente dos direitos
patrimoniais, os morais não são nem
transferíveis nem comercializáveis.
Serão eternamente do seu autor.
70 anos
É O PRAZO MÁXIMO de proteção de obras
no Brasil depois da morte do autor, a
São direitos morais do autor: contar de 1º de janeiro do ano subse-
Direitos morais Explicação Exemplo quente ao de seu falecimento (ou do
Pintar apenas
último autor, no caso de coautoria).
O artista pode Após esse prazo, entra em domínio
para si, sem
manter a obra
Direito ao inédito
não publicada e
distribuição público e pode ser usada livremente.
gratuita ou Os direitos das obras fotográficas
não distribuída.
onerosa.
e audiovisuais são protegidos por 70
A publicação da
Ter seu nome anos a contar de 1º de janeiro do ano
imagem da obra
ou pseudônimo subsequente ao da sua divulgação.
Direito ao crédito em uma revista
vinculado à obra
para sempre.
deve levar o Para saber se uma obra está em
nome do artista. domínio público acesse o site Domínio
Pode se opor Público, que disponibiliza uma lista,
a quaisquer A obra não pode atualizada anualmente.

- 118 -
Direito à
modificações ser alterada para
integridade
ou atos que caber na parede
da obra
prejudiquem do colecionador. Requisitos para
obra e autor. proteção de obras
Um autor que
O criador pode antes não era No Brasil, para ser protegida pelo direi-
Reivindicar
se declarar autor identificado
a autoria
de uma obra. decide ser to de autor, uma obra precisa apenas
creditado. ser original e estar materializada, ou
Antes ou depois seja, fixada em algum suporte, como
de pronta,
O artista decide
papel ou tela. Uma ideia não materia-
Direito de mediante lizada – que existe apenas no cérebro
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
mudar a cor de
modificar a obra compensação
financeira do
parte da obra. do artista – não é protegida.
proprietário. O direito de autor não depende de
O artista pode nenhuma formalidade ou registro.
entender que uma Quando o artista materializa, a obra já
obra não condiz está protegida. Quando a põe em cir-
com sua trajetória
culação, garante a data da criação, ou
artística e retirá-
Direito ao seja, a anterioridade.
la de circulação,
arrependimento
mediante Uma obra original não precisa ser
compensação uma novidade completa e absoluta,
financeira do
proprietário mas conter algum elemento de novi-
da obra. dade. Nenhuma avaliação estética, críti-
Pela preservação O colecionador ca ou de conteúdo interfere na proteção.
da memória, permite ao
Direito de poderá acessar artista acesso
acesso a um para registrar, à sua obra de
ATENÇÃO!
exemplar único causando o menor início de carreira,
inconveniente para a captação Os projetos culturais não são protegi-
ao detentor. da imagem. dos pelo direito autoral. A proteção é
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para o conteúdo (obras, roteiro, trilha QUANDO NÃO É PRECISO TER AVAL
musical, imagens) e não para o forma- •O
 bras que se inspirem em outras
to de apresentação da ideia (projeto), obras, sem que seja caracterizado
formato de um festival ou de uma ex- plágio.
posição de arte, por exemplo. •O
 bras que reúnam várias partes de
outras obras, de forma que o re-
Direitos de imagem sultado final seja uma obra inteira-
da obra mente nova.

- OPERACIONALIZAÇÃO -
•R
 eleituras de obras já em domínio
Todo indivíduo tem a prerrogativa de público.
autorizar ou não a reprodução ou ex-
posição de sua imagem. Qualquer um
que tenha interesse em usar imagens ATENÇÃO!
de pessoas – públicas ou não – deverá, Esses casos não incluem o uso publici-
como regra, pedir autorização prévia tário e comercial, que precisa, sim, de
escrita e assinada, que normalmente autorização.
será uma licença de uso de imagem.
PLÁGIO
É IMPORTANTE RESSALTAR que os limites
Limites da citação entre obra nova e plágio são bastante
tênues e normalmente dependem da
VIA DE REGRA, a reprodução de uma fundamentação e defesa do próprio
obra de arte em publicações diversas artista contemporâneo. Plágio cor-
(catálogos, livros, table book, publici- responde à apresentação da cópia de
dade etc.) deve ser previamente au- uma obra como se fosse original.
torizada pelo autor. Mas há 3 exce-

- 119 -
ções a essa regra: Direito da personalidade

•A reprodução da obra não é o objeti- ALÉM DOS DIREITOS de autor, a Constitui-
vo principal da peça ou publicação. ção Federal protege os direitos da per-
•A reprodução da imagem não pre- sonalidade, ou seja, a honra, a intimida-
judica o uso e reprodução pelo pró- de, a privacidade e a imagem de cada
prio artista. cidadão. Dessa forma, o uso da ima-
• A exclusão da imagem não invalida o gem de uma pessoa depende, como
texto, que continuará fazendo sentido. regra geral, de autorização prévia.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
EXEMPLO EXCEÇÕES
A inclusão da imagem de uma obra É possível usar a imagem de pesso-
no texto crítico sobre um artista, com as públicas sem autorização quando
a finalidade de auxiliar a compreen- no exercício dessa condição. Exem-
são do leitor sobre uma explicação plo: pode-se usar a imagem de um
apresentada. ex-presidente em evento como chefe
de Estado, mas não da mesma pessoa
Direitos de em sua casa. Imagens e informações
terceiros x plágio essenciais podem ser usadas para a
construção de biografias, uma vez que
ASSIM COMO O ARTISTA tem direitos so- a liberdade de expressão e o direito à
bre as suas criações, o mesmo vale história devem ser preservados.
para os demais autores de obras visu-
ais, músicas, filmes e textos. O uso de
obras de outros autores pode, portan-
to, depender de autorização prévia, ou
pelo menos de indicação de crédito.
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Direito de sequência sequente à morte do artista, sempre


com limite de 10 anos contados a par-
A LEI DE DIREITOS AUTORAIS (Lei 9.610/1998) tir de cada revenda.
prevê o “direito de sequência” (artigo O responsável pelo pagamen-
38), uma remuneração para o autor ou to ao artista ou seus sucessores é o
seus herdeiros toda vez que uma obra vendedor da obra, exceto em caso
é revendida por valor superior à venda de venda em leilões, onde o leiloeiro
anterior. é considerado pela lei como o res-

- OPERACIONALIZAÇÃO -
O artista poderá cobrar direta- ponsável pelo pagamento.
mente o vendedor da obra, caso tenha
acesso a todos os detalhes necessá-
rios (valor da venda e valor da venda BRECHA NA LEI
anterior). Em casos mais difíceis, a Essa lei nem sempre é respeitada por-
contratação de um advogado especia- que não traz todos os procedimentos
lizado pode ajudar. necessários para o cálculo e o pa-
gamento do direito de sequência. Se
EXEMPLO
Se na venda original feita pelo artista o
5% essa transação acontecer em esfera
privada, entre duas pessoas físicas,
sobre o lucro
preço da obra foi de não haverá nenhum tipo de controle,
em cada venda
R$ 1.000 nem por autoridades, porque a lei não
é quanto o prevê esse controle.
E depois a obra foi vendida por autor deve, por As pessoas são obrigadas a re-
R$ 2.000 direito, receber gistrar as compras e vendas em suas
declarações de imposto de renda,
O autor deve receber mas essas declarações são sigilosas.
Assim, o pagamento do direito de se-

- 120 -
R$ 50
quência dependerá basicamente da
Que são os 5% aplicados sobre essa vontade do vendedor, o que dificulta
diferença de muito a cobrança.
R$ 1.000 Além disso, como o direito de se-
quência é calculado com base na
Se a mesma obra for revendida por mais-valia, ainda que o artista tome
R$ 2.500 conhecimento da venda, ele preci-
sa ter meios para comprovar o lucro,
O autor terá direito a já que seus ganhos são de 5% sobre
R$ 25 esse lucro. Em condições normais, isso
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
é muito difícil. Pode ser preciso entrar
QUE SÃO OS 5% sobre a diferença de R$ com uma ação judicial.
500 da nova venda (e assim sucessiva- Se a transação for realizada por
mente). uma galeria ou durante um leilão,
comprovar o preço pode ser mais fácil,
porque as galerias são obrigadas a fa-
ATENÇÃO! zer registros contábeis e emitir notas, e
A norma visa garantir que uma obra leilões são públicos.
que foi vendida no início de carreira
e que depois se tornou valiosa possa
gerar ganhos ao artista e não apenas O DIREITO DE SEQUÊNCIA
para seus vendedores. VALE NO EXTERIOR?
O direito de sequência pode ser Não. O direito de sequência só vale
cobrado pelo artista até 10 anos de- para vendas feitas no Brasil ou do Bra-
pois da venda. Seus herdeiros terão sil para o exterior, ou seja, para tran-
direito de receber o valor por 70 anos, sações realizadas no país. Se a obra
contados do primeiro dia do ano sub- for exportada e depois revendida em
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outros países, a norma brasileira não configura censura, não admitida no


se aplica mais – a não ser que a obra nosso país. Contudo, em questões
retorne para o Brasil ou seja exportada específicas e em caráter de exceção,
para um país que promulga lei sobre eventuais danos causados pelo mau
direito de sequência. uso da liberdade pelo artista podem
Existem outros países com legisla- ser discutidos em processos judiciais
ção a respeito, mas os percentuais va- propostos por quem se sentir lesado,
riam de um lugar para o outro. Assim, com possível ressarcimento financeiro

- OPERACIONALIZAÇÃO -
se a obra for exportada para um país dos danos, se comprovados.
onde há previsão de direito de sequên-
cia e depois revendida por lá, o artista
brasileiro pode receber o percentual 5. Relação com a
previsto na lei local, mas a cobrança
terá que ser feita no próprio país, de galeria nacional
acordo com os procedimentos aí pre-
vistos, e que devem ser examinados. e internacional
Liberdade de expressão Relação comercial

A ARTE É A MANIFESTAÇÃO livre de um ar- EXISTEM DOIS TIPOS de relação comercial


tista ou de um grupo de artistas, e entre artistas e galerias: trabalho sem
poderá ser usufruída livremente pela vínculo com a galeria ou a represen-
sociedade. Se a obra causa mal-estar tação comercial.
pelo assunto, forma ou conteúdo, se
não agrada porque aponta vícios e ma- TRABALHO SEM VÍNCULO
zelas da sociedade ou, simplesmente,

- 121 -
porque é de mau gosto ou mesmo mal É a consignação de obras pela gale-
feita – conceitos muito frágeis e pes- ria com o propósito de vendê-las e a
soais –, não pode nem deve ter sua inclusão do artista em uma exposição
produção e circulação proibidas. coletiva. A consignação dificilmente
A liberdade de expressão artística contará com a apresentação da obra
é garantida pela Constituição Federal e em feiras ou mesmo a curadores.
parte do princípio de que cada cidadão Do ponto de vista legal, um termo
seja tolerante com a opinião e a mani- de consignação das obras assinado
festação do outro, mesmo quando não por ambas as partes é suficiente para
o agrada, quando o critica ou o incomo- proteger o artista e seu trabalho. Em
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
da. A tolerância com o diferente exige caso de venda, o mais comum é que
disponibilidade para aceitar o que não se divida o valor meio a meio. Alguns
é igual, ainda que inoportuno ou agres- contratos estabelecem que o custo
sivo. A liberdade de todos está no res- da produção seja descontado do valor
peito à opinião diversa. da venda antes da divisão, se ele tiver
A expressão artística deve, portan- produzido a obra sozinho e se a despe-
to, ser tolerada pela sociedade, mas sa fizer sentido.
cada cidadão pode escolher, simples- Seja uma relação pontual ou a
mente, não comparecer a uma exposi- longo prazo, no trabalho sem vínculo
ção ou não comprar uma obra. Ou, ain- é importante que galerista e artista
da, expressar seu descontentamento representado conversem antecipa-
ou incompreensão em outras obras vi- damente sobre as condições de par-
suais, jornalísticas, literárias etc., para ceria e combinem os termos em que
as quais será garantido o mesmo direi- a relação vai se dar.
to de livre expressão.
É importante esclarecer que qual-
quer julgamento prévio de uma obra
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REPRESENTAÇÃO COMERCIAL que antecipa eventuais discordâncias


e previne que uma relação com pou-
É um acordo, que pode ser regido por ca chance de sucesso se estabeleça
contrato, no qual o artista passa a in- a longo prazo.
tegrar o grupo de artistas represen-
tados por uma galeria, com direito a O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO
exposição individual, participação nas
feiras nacionais e internacionais, com- NÃO HÁ LEI queregule essa relação. Per-

- OPERACIONALIZAÇÃO -
promisso do galerista de apresentar petuam-se, tanto no mercado nacio-
seu trabalho a curadores e ajudá-lo na nal como no internacional, práticas
inserção institucional e comercial. correntes que se estabeleceram como
Essa relação, que é uma “socieda- padrão. Comissionamento, consig-
de”, dá à galeria o direito de ter 50% do nação, exibição e produção seguem
valor de venda das obras pelo serviço sendo implementadas tanto para as
de agenciamento que prestam aos ar- galerias no Brasil como para as inter-
tistas. Artistas já consagrados ou com nacionais.
muita demanda têm mais poder de ne-
gociação e pagam comissões menores. E AS COMISSÕES?
O contrário, ou seja, comissionamento Há muitas dúvidas sobre as comissões.
maior do que 50%, não deve acontecer. A tabela abaixo mostra como a maio-
Se alguma galeria fizer essa proposta, ria das galerias opera. Veja que, em
convém ao artista avaliar. nenhum caso, o artista recebe menos
Também é comum que galerias de 50%. A saber, a galeria principal do
proponham um período de teste an- artista é aquela com quem ele traba-
tes de fechar um acordo permanen- lha há mais tempo e que faz o trabalho
te de representação comercial. Essa mais constante e dedicado de repre-

- 122 -
prática é mutuamente benéfica por- sentação comercial e institucional.

Discuta a relação

É comum um artista se sentir des- cada parte. Essa é uma relação


confortável para discutir as bases comercial, e é bom que seja sau-
da relação com a galeria no mo- dável e equilibrada.
mento em que é convidado a inte- Deixar para discutir a relação
grar o time de artistas representa- num segundo momento pode trazer - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
dos ou a realizar um projeto pontual, problemas ao artista e mal-estar à
seja por receio de perder a oportu- galeria. Muitas, aliás, já têm contratos-
nidade seja por desconhecimento -padrão e se abrem ao diálogo para
sobre como essa relação se dá. evitar questionamentos futuros.
Mas é muito importante que Mesmo recebendo uma minuta
tudo seja definido, da forma mais de contrato pronta para assinar, o
clara possível, no momento ini- artista pode e deve apontar su-
cial. Esse é o momento de maior gestões e modificações adequa-
“boa vontade” entre as partes. das à sua prática, valores e neces-
Então, recomenda-se que a con- sidades específicas.
versa seja amigável. Se a galeria se mostrar inflexível
Um contrato pode garantir e o artista recuar em suas deman-
que não haja no futuro nenhum das, deve ficar ciente de que terá
mal-entendido ou frustração de que arcar com as consequências
nenhuma das partes, já que tudo dessa decisão no futuro. Não é bom
foi discutido no início da relação e sinal ter um sócio intransigente.
registrado em um documento que Por isso, é importante estabelecer
determina os direitos e deveres de estas bases no início da relação.
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Tabela das comissões pagas comumente a galerias pelo agenciamento

Divisão com uma galeria comercial

Artista: 50% Galeria: 50%

- OPERACIONALIZAÇÃO -
Divisão quando há duas galerias*

2ª Galeria (outro estado)


Artista: 50% 1ª Galeria: 10%
que realiza a venda: 40%

Divisão quando há duas galerias: nacional e internacional*

Galeria internacional que


Artista: 50% 1ª Galeria nacional: 10%
realiza a venda: 40%

Para exposição em outros espaços, quando há venda de obras

Outros espaços que


Artista: 50% 1ª Galeria: 20%
realizam a venda: 30%

* Só é válido caso a galeria principal faça a mediação com uma galeria de outro estado ou país. Se o artista cuida
diretamente da sua representação fora do seu estado, não há comissionamento para a galeria principal.

Relação jurídica:
tipos de contrato

- 123 -
NUNCA ACEITE A FRASE “é apenas um Existem 5 tipos de contrato que po-
contrato que o meu jurídico definiu, dem ser estabelecidos entre a galeria
mas vale o que combinamos”. O me- e o artista:
lhor contrato é aquele que registra e
retrata, da forma mais clara e exata, o CONTRATO DE CONSIGNAÇÃO
que foi combinado e aceito pelas duas DE OBRA DE ARTE
partes. Além de estimular a reflexão Celebrado quando o artista deixa uma
antes de um negócio e de fazer todo ou várias obras em consignação em
mundo falar uma mesma língua, ele é uma galeria, hipótese em que recebe-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
o melhor instrumento para defender a rá quando – e se – a obra for vendida.
memória do que foi conversado. Além das previsões comuns a todos os
contratos, devem ser estabelecidos: o
Todo contrato deve ter: preço mínimo de venda de cada obra,
•N
 ome e qualificação dos contratan- o percentual que caberá ao artista e à
tes (artista e galeria) galeria, a responsabilidade pela em-
•O
 bjeto (o que está sendo acordado) balagem e pelo transporte ida-e-volta
•O
 brigações e direitos de cada uma e também pelo seguro e pela manu-
das partes tenção da obra enquanto em posse da
•V
 alor (preço) galeria; as condições e prazo de devo-
•F
 orma de pagamento lução; a eventual obrigação da galeria
•P
 razo mostrar obras em feiras nacionais, in-
•T
 erritório (Brasil e exterior) ternacionais e vernissages; eventuais
•P
 enalidades (multas) limites no direito do artista de negociar
•H
 ipóteses de rescisão com outras galerias.
•D
 ata
•A
 ssinaturas
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CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO EXCLUSIVA TERMOS DOS CONTRATOS


Celebrado quando a galeria se torna Antes de assinar contrato,
a única representante e vendedora do deve-se discutir:
acervo e obras novas do artista. Nes-
se caso, o contrato terá a previsão de CUSTO DE PRODUÇÃO
exclusividade de venda pela galeria Não há regra. Há galerias que pagam as
em qualquer hipótese ou para regiões despesas de produção da obra, como
determinadas; impedindo o artista de um adiantamento, para o artista e re-

- OPERACIONALIZAÇÃO -
vender qualquer obra diretamente ou cuperam o valor com a venda. Há ou-
por terceiros. Deverá ser estabelecido tras que dividem a produção com o
o preço mínimo da obra; o percentual artista. E algumas não pagam nem aju-
que caberá a cada parte dos custos de dam. Como não existe regra, tudo de-
produção e em caso de venda; quanti- pende da negociação entre o artista e a
dade de exposições do artista por ano; galeria e do que os custos de produção
relação com outras galerias; forma de representam no preço final da obra.
pagamento e emissão de documen-
tos fiscais; e hipóteses de rescisão. É TRANSPORTE
comum que, em contratos com repre- O galerista deveria pagar pelo trans-
sentação exclusiva, a galeria adqui- porte da obra do ateliê à galeria e pela
ra algumas obras do artista para seu devolução ateliê, mas também não há
acervo e para a venda posterior. regra. Isso deve ser negociado. O mes-
mo vale para exposições nacionais e
CONTRATO DE PARCERIA E internacionais. A galeria não é obriga-
COMERCIALIZAÇÃO DE OBRA da a arcar com o valor dos transportes
Também usado quando a galeria se quando o artista é convidado a parti-
torna a única representante e vende- cipar de uma exposição, já que essas

- 124 -
dora da obra do artista para o todo ou exposições dispõem de verba para a
para uma certa região, mas a relação produção, e o transporte das obras é
é de parceria. Por consequência, parte parte da produção. Se não há verba
das decisões que, em geral, são feitas para o transporte, a galeria pode aju-
pela galeria, passa a ser feita de comum dar, mas não é obrigada a nada. Isso
acordo; e, as vendas são pagas direta- também deve ser conversado.
mente para a galeria e o artista, fican-
do cada um com a emissão de seu do- SEGURO
cumento fiscal, conforme a proporção É responsabilidade da galeria e deve
acordada, reduzindo a carga tributária. constar no contrato de representação
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
ou no termo de consignação. Não é raro
CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE OBRA que obras se danifiquem ou desapa-
É feito em uma relação de compra e venda reçam dentro de uma galeria. Por isso,
normal de uma ou mais obras, mas, muitas tudo deve estar claro desde o início. Se
vezes, substituído por um simples recibo. a obra saiu do ateliê em perfeitas con-
dições, deve retornar da mesma forma.
CONTRATO DE COMPRA DE Isso também vale para o caso de a ga-
OBRA SOB ENCOMENDA leria decidir levar a obra a uma feira in-
Disciplina a compra de uma obra pau- ternacional sem declarar e, na volta, ter
tada pela galeria ou pelo colecionador. o seu trabalho apreendido pela Receita
Esses contratos, em geral, são cele- Federal. A galeria é responsável por suas
brados para obras que já terão tema decisões e, se não faz o processo de for-
ou lugar pré-definido de exposição. Ou ma correta, deve arcar com os erros.
seja, o artista criará sua obra livremen-
te, mas segundo as condições da en- PERIODICIDADE DE EXPOSIÇÕES
comenda, que deverão estar detalha- É interessante combinar com a gale-
das no contrato. ria de quanto em quanto tempo suas
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obras serão expostas, para poder se artista. A justificativa é de que a carga


planejar. Isso garante tempo hábil para tributária alta inviabiliza o negócio da
preparação e saber se passará um galeria, de que os custos operacionais
bom tempo sem expor, já que galerias são altos. Na maioria dos casos, o im-
com muitos artistas podem ter priori- posto pesa mais para o artista, que é
dades diferentes e expor uns mais que PF ou MEI, do que para a galeria, que é
outros. É bom deixar claro quais são PJ. Cada parte da sociedade deve ser
as suas expectativas e verificar se elas responsável pelas obrigações referen-

- OPERACIONALIZAÇÃO -
vão ser atendidas ou não. tes às suas operações.

PREPARAÇÃO PARA EXPOSIÇÕES AUTONOMIA DA CRIAÇÃO


A galeria deve informar a data das ex- O artista é responsável pela concep-
posições com, pelo menos, seis me- ção da obra, e esse direito deve ser as-
ses de antecedência para que o artis- segurado. Não cabe à galeria interferir
ta possa desenvolver um conjunto de nas escolhas do artista, incentivando
obras com qualidade. Ele não deve a produção de obras mais palatáveis
aceitar prazos inexequíveis, a não ser ao mercado. Para se proteger, o artis-
que já possua obras prontas. ta deve estabelecer critérios para sua
criação e a qualidade do trabalho. A
INSERÇÃO INSTITUCIONAL E COMERCIAL relação entre artista e galeria se dá nos
Quando um artista passa a integrar o campos da inserção comercial e insti-
time de representados, há um esforço tucional, e não no da criação.
de promoção que, com o tempo, ten-
de a arrefecer. Aconselha-se deixar
registrado o que você espera da sua CABE AO ARTISTA
galeria neste aspecto e também o que

- 125 -
você vai fazer em troca – porque não Zelar por sua produção, passar in-
é uma via de mão única, ambos de- formações corretas e completas
vem trabalhar por isso. Muitos artistas sobre as obras e, sempre que pos-
se desgastam quando não veem suas sível, conversar com os funcioná-
obras nos estandes das feiras, nacio- rios da galeria e expor seu ponto de
nais e principalmente internacionais, vista sobre questões mais concei-
ou quando percebem que a galeria tuais e poéticas e também sobre
se dedica mais a um artista do que a questões práticas de montagem e
outro. Isso é comum em galerias com manutenção.
grandes times de artistas. Isso ajuda a preservar a obra
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
e difundir um discurso sobre ela.
REGISTRO FOTOGRÁFICO Além disso, é importante fornecer
Não é obrigação da galeria, nem há re- uma imagem que represente o tra-
gra. Há galerias que preferem fotogra- balho; caso a galeria não fotogra-
far as obras porque assim garantem fe, entregar as obras em bom esta-
a qualidade da imagem, e esse é um do e com ficha técnica completa,
importante instrumento de venda. Ou- estar presente aos compromissos
tras não fazem isso. Se a galeria não faz assumidos, ser pontual e assim
nada, trate de garantir que o seu traba- por diante. É preciso ser profissio-
lho seja apresentado da melhor forma nal, da mesma forma que se espe-
possível, produzindo as imagens. ra que a galeria seja.

PAGAMENTO DE IMPOSTOS
Esse assunto é recente. Há galerias
que sugerem descontar o imposto
a pagar pela venda do valor final da
obra, antes da divisão da receita com o
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Empréstimos
6. Relação com
EMPRESTAR OBRAS para um museu tem
instituições muitos aspectos positivos, principal-
mente para o desenvolvimento da
nacionais e carreira e a validação do trabalho. Mas
não podemos deixar de considerar os
internacionais riscos envolvidos nesse processo. Não

- OPERACIONALIZAÇÃO -
importa se o museu é nacional ou in-
Vendas ternacional, os procedimentos envol-
vidos são mais ou menos os mesmos.
NO CASO DE VENDA de obras a museus, Como já dissemos anteriormen-
fundações e instituições culturais que te, é na embalagem e no trans-
mantenham um acervo em boas condi- porte de obras que a maioria dos
ções de conservação e guarda de obras, problemas acontecem. Como o em-
o artista poderá oferecer um desconto préstimo também traz benefícios,
de até 50% do valor da obra. ele pode valer a pena desde que to-
Se a negociação for feita por uma mados alguns cuidados.
galeria, o artista pode negociar com a
galeria para que ela absorva uma par- 5 PRECAUÇÕES AO FAZER
te maior desse desconto, já que irá lu- UM EMPRÉSTIMO
crar com vendas posteriores por conta
da inserção do artista na coleção ins- CONTRATO OU TERMO DE EMPRÉSTIMO
titucional. Vai depender do acordo fir-
mado entre eles. O contrato de empréstimo, também
Na entrega da obra, é importan- conhecido como loan form, é a garan-

- 126 -
te fornecer toda a documentação do tia do artista de que todo o combina-
trabalho – ficha completa e imagens do será cumprido e de que os cuidados
em alta resolução quando existem, necessários serão tomados.
além do certificado de autenticida-
de – para que a entrada na coleção Ele deve abranger:
seja feita de modo correto. Se a obra •C
 ondições de embalagem
é recente e foi pouco exposta, não é •A
 condicionamento
necessário, mas se ela já foi exposta •C
 uidados especiais (se aplicável)
e possui um histórico (publicações, •T
 ransporte (ida e volta)
clipping, locais e datas de exposição), •S
 eguro (calculado a partir do valor
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
ele deverá ser incluído no material en- de mercado da obra atualizado)
tregue para a catalogação. •G
 uarda das obras
Se há instruções de montagem, •F
 inalidade
elas devem ser fornecidas por texto e •P
 eríodo de exposição
desenhos, para facilitar o trabalho da •F
 ormato dos créditos da obra e do
museologia. artista
É provável que o artista seja solici- •F
 ornecimento (ou não) de imagem
tado a dar autorização para o uso da para divulgação
imagem da obra. Isso é perfeitamente •C
 ondição especial que deva ser
normal. dada à obra.
Para as instituições internacio-
nais, vale o mesmo relatado acima, Nesse documento, deve constar ain-
preferencialmente em inglês. O trans- da se há necessidade de courier para
porte deverá seguir as normas que se- acompanhar o transporte e instalação
rão explicadas mais adiante no item da obra, e os respectivos custos; se o
“Exportação”. artista participará da abertura da ex-
posição, quem será o responsável pe-
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los custos de transporte, hospedagem e acompanhamento da movimenta-


e alimentação e, por fim, se o emprés- ção da obra e acondicionamento) e os
timo é gratuito ou oneroso. procedimentos burocráticos do pro-
É importante que o valor de ava- cesso de exportação. Caso a obra siga
liação e relatório de condição constem por correio ou courier internacional,
no contrato de empréstimo. Isso ga- garanta que haja um contrato no qual
rantirá que o artista seja compensado o museu se responsabiliza por qual-
em caso de danos ou roubo. Se o artis- quer dano à obra.

- OPERACIONALIZAÇÃO -
ta tiver algum requisito para a exposi-
ção da obra, recomenda-se verificar se Doações
ele também está listado.
MUITOS MUSEUS NACIONAIS não têm verba
SEGURO DAS OBRAS para aquisição de obras e, em alguns
Deve ser porta a porta, modalidade casos, não possuem recursos nem
também conhecida como cobertura para guardar e manter corretamen-
“de prego a prego”. Isso significa que o te os acervos. Por essa razão, muitas
trabalho estará coberto por restaura- vezes essas instituições contam com
ções ou pelo valor de avaliação mais o apoio de artistas e até de coleciona-
recente, desde o momento em que ele dores para manter suas coleções.
deixa sua “morada” até o retorno. Apesar da dificuldade que têm de
adquirir obras, nem sempre museus e
MUSEÓLOGO instituições aceitam doações espon-
O museu, instituição ou produtor res- tâneas. As instituições costumam ter
ponsável (no caso de exposições) deve um direcionamento curatorial e de
enviar um museólogo para verificar o pesquisa que estabelece um filtro para
estado da obra, registrar suas condições a entrada de novas obras.

- 127 -
em um laudo, acompanhar o acondi- Além disso, ampliar o acervo de-
cionamento e o transporte na coleta e manda mais infraestrutura, recursos hu-
na devolução. Caso algum problema manos e financeiros da instituição. Antes
seja constatado, o museu deve se res- de oferecer obras em doação, o artista
ponsabilizar pelo restauro da obra. deve entender o perfil da instituição e
sua política de ampliação de acervo. A
CLIPPING melhor maneira de fazer uma doação é
É interessante que, após a exposição, entrar em contato com os gestores do
o artista receba do museu exemplares museu e verificar se há interesse.
de todos os materiais impressos, bem
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
como imagens da mostra (em alta defi-
nição) e uma cópia das publicações da
imprensa. Coloque essa obrigação no
termo de empréstimo para que o mu-
seu já separe e planeje a entrega.

MUSEUS INTERNACIONAIS
A única diferença se dá no transpor-
te, já que a logística envolve uma série
de procedimentos necessários para a
exportação da obra. Verifique apenas
se a empresa contratada pelo museu
para o trabalho é especializada no
ramo de obras de arte e se ela segue
padrões internacionais (qualidade dos
materiais de embalagem, presença de
museólogo para fazer o laudo das obra
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râneas e o custo de manutenção das


7. Relações com coleções, que exigem armazenamen-
to com controle climático e seguro. O
coleções privadas cenário econômico é outro desestimu-
lante: quando a economia de um país
e corporativas começa a dar sinais de retração, as
empresas tendem a se concentrar no

C
oleções privadas nacionais ou próprio negócio e evitam diversificar

- OPERACIONALIZAÇÃO -
internacionais, como explicado investimentos.
na primeira parte deste Guia, Os fundos de investimento de
são todas as coleções feitas e manti- arte, por sua vez, se saíram bem em
das por pessoas físicas, não importa o climas econômicos adversos, e os
número de obras. Aqui, falaremos de mercados de arte em geral superaram
outros dois tipos de coleção: coleções o de ações na recessão de 2001. Em
corporativas e fundos de investimento termos gerais, são fundos de investi-
em arte. mento privados que se dedicam à ge-
ração de lucro, adquirindo e alienando
Histórico obras de arte. São geridos por empre-
sas especializadas em administração
NOS ANOS 1960, 70 E 80, grandes em- ou consultoria de investimentos em
presas, principalmente no exterior, arte, que recebem uma taxa de admi-
foram muito ativas no mercado de nistração e uma parte de qualquer re-
arte e construíram importantes cole- torno entregue pelo fundo.
ções corporativas de arte moderna Os fundos são bastante diversos.
e contemporânea. No Brasil também, Enquanto alguns se concentram em
embora em menor escala – em boa arte contemporânea (caso do único

- 128 -
medida, devido aos altos e baixos da fundo Brasileiro, Brazil Golden Art),
economia. outros têm um foco mais tradicional e
Instituições financeiras, princi- preferem apostar em artistas moder-
palmente, sempre estiveram entre nos, já consagrados, e com preços de
as maiores colecionadoras corpo- mercado mais consolidados. Apesar
rativas. Às vezes, essas coleções são da variedade de perfis, todos seguem
desfeitas, por problemas financeiros e a tradicional estratégia de comprar e
falências, como foi no conhecido caso manter, para revender no futuro.
Lehman Brothers, empresa de servi-
ços financeiros norte-americana que Vendas
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
quebrou em 2008 e tinha uma coleção
de mais de 3.500 obras de artistas in- A VENDA PARA uma coleção privada é
ternacionalmente consagrados, como uma transação de pessoa física para
Jasper Johns e Andreas Gurky. Todas pessoa física, de artista para o cole-
as obras foram leiloadas. Empresas cionador. Basta fazer um recibo com
em dificuldades financeiras vendem o valor para registrar a operação e de-
qualquer ativo que possa levantar di- pois declarar o negócio no Imposto de
nheiro, e as coleções são valiosas. Renda (IRPF).
Há sinais de que o apogeu da aqui- Já as vendas para coleções cor-
sição corporativa, até mesmo dos porativas e fundos de investimen-
fundos de investimento em arte, pas- tos são consideradas para pessoa jurí-
sou. Algumas empresas consideram dica e devem ser registradas com nota
um mercado muito volátil, com valo- fiscal ou documento equivalente. Ao
res baseados em critérios pouco tan- vender sua obra como PJ, o artista
gíveis e projeções difíceis de desenhar. emite nota fiscal contra a empresa
Também desmotivam as aquisições que a adquire e deverá encaminhá-la
os altos valores das obras contempo- para a coleção junto com os demais
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documentos. Deixar de emitir a nota za, são bastante incomuns. O artista


ou emiti-la com valor inferior ao do ne- não deveria doar para uma instituição
gócio configura crime tributário ou in- que visa lucrar com a guarda e a venda
fração administrativa. posterior das obras, mas cada um tem
O artista que não possui empresa autonomia para fazer o que considerar
pode usar RPA (Recibo de Pagamento melhor para a carreira.
Autônomo), documento que compro-
va a transação entre um profissional Mecenato

- OPERACIONALIZAÇÃO -
autônomo (na figura de pessoa física)
e uma empresa. MECENATO CORRESPONDE AO APOIO finan-
Quando a venda é intermediada ceiro ou de meios para artistas, sem
por uma galeria, cabe a ela, em geral, o interesse direto nessa produção. Ou
cuidar de todos os trâmites burocráti- seja, o mecenas – também conhecido
cos e financeiros com o comprador. Ao como “patrono da artes” – não teria
artista resta emitir nota fiscal contra a interesse financeiro ou de publicidade.
galeria ou RPA. Ele agiria pelo desejo de apoiar as ati-
vidades culturais e artísticas.
Na prática, o mecenas costuma
ATENÇÃO! ter interesse em melhorar ou qualifi-
Atenção aos contratos que as cole- car sua imagem, ou mesmo garantir
ções corporativas ou mesmo fundos ganhos adicionais, com acesso a infor-
de investimento em arte podem apre- mação privilegiada ou comercializa-
sentar nas aquisições. É importante ção de arte pela valorização da obra.
ler tudo e verificar as cláusulas, princi- O mecenato foi bastante difundido na
palmente as que se referem à cessão Europa renascentista, com a ascensão
dos direitos de imagem ou dos direitos da burguesia, e ainda hoje o termo é

- 129 -
autorais. usado para designar o apoio financeiro
às atividades culturais como um todo.
Empréstimos e doações Uma das formas de mecenato é
a compra de obras de artistas vivos
A PRÁTICA DE EMPRÉSTIMOS para coleções ou de espólios para doação a institui-
particulares e fundos de investimento ções culturais sem fins lucrativos, pú-
não é comum. Porém, coleções cor- blicas ou privadas. Assim, empresas
porativas, quando fazem uma exibi- ou pessoas físicas garantem que mu-
ção, podem solicitar o empréstimo de seus tenham uma coleção represen-
obras e, nestes casos, vale o mesmo tativa e também apoiam a produção
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
processo descrito acima para as cole- de artistas.
ções públicas. Outro forma de apoio às artes é o
A doação para pessoa física é financiamento da compra e instala-
frequente, e os trâmites dependem ção de obras em espaços públicos, ou
do relacionamento do artista com a mesmo o desenvolvimento de proje-
pessoa em questão. A prática é tão tos artísticos especiais para uma área
comum quanto a troca de trabalhos pública. Essas ações garantem a va-
entre artistas. Não se deve esquecer lorização do espaço urbano, o acesso
de enviar também o certificado de au- democrático à produção artística e
tenticidade da obra, pois isso garante também a melhora de percepção de
que, no futuro, o proprietário terá res- imagem do doador.
paldo caso queira vender o trabalho,
ou mesmo os seus herdeiros.
Doações para coleções corpora-
tivas seguem a mesma lógica das
coleções particulares. Já para fundos
de investimento, até por sua nature-
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8. Plataformas de 9. Precificação
venda online das obras

A
Contexto precificação é um assunto sen-
síveL para artistas, que frequen-
COM A EXPANSÃO da internet e a con- temente não gostam de tratar

- OPERACIONALIZAÇÃO -
solidação de serviços e comércio de do tema.
bens online, artistas e galerias cada Precificar uma obra não é fácil,
vez mais usam plataformas digitais – não importa se é a primeira vez ou se o
como site próprio ou perfil nas redes artista faz isso com frequência. Se es-
sociais – para divulgar o seu trabalho tabelecer um valor baixo demais, pode
e currículo, para se conectar com no- haver prejuízo. Se fixar um valor muito
vos colecionadores e efetuar vendas. alto, existe o risco de o trabalho ficar
Outra vantagem das redes sociais é a estacionado no ateliê ou na galeria.
desterritorialização, já que a internet Para dificultar a equação, uma vez
tem acesso ilimitado ao mundo. que se define o valor, não se pode al-
As galerias de arte normalmen- terá-lo sem uma boa razão – prêmios,
te possuem plataformas digitais para exposições importantes etc. A tabela
seus artistas e coleções e para a divul- de preços pede coerência para manter
gação de eventos, mas o artista pode a confiança e o compromisso com o
se valer de uma plataforma própria colecionador que já adquiriu uma obra
para gerir a carreira de forma indepen- do artista.
dente, para criar um relacionamento
direto com o público, mesmo perten-

- 130 -
cendo ao grupo de artistas de uma ga- Como encontrar
leria, e para criar um portfólio digital, o valor ideal?
com imagens de obras suas.
O artista que queira atuar na ven- 1 - Como toda mercadoria, uma obra
da direta pode adotar meios de pa- de arte tem seu valor de merca-
gamento já institucionalizados, como do determinado por um sistema de
PagSeguro ou cartões de crédito, es- compradores, vendedores e inter-
tabelecer uma linha direta com o co- mediários. Precificar uma obra de
lecionador ou optar por se ligar a uma arte é matematizar e tornar tangível
plataforma de venda coletiva. A me- a criação do artista. Esse aspecto
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
lhor decisão é aquela que se adequa abstrato, baseado em valores subje-
ao seu público. tivos, confere ao campo do mercado
Os meios online também são for- de arte uma enorme especificidade,
tes aliados na venda de obras de de- um valor próprio.
sign e arte aplicada, que em geral
têm valor menor que o de uma obra de 2- Preço e valor são coisas distintas.
arte original e exigem menos cuidados O primeiro é o que se paga por um
com transporte e embalagem. produto. O segundo, a maneira como
quem compra o produto percebe aqui-
lo que está adquirindo. Por exemplo:
uma empresa de cosméticos não ven-
de creme ou maquiagem, vende se-
dução, autoestima e sentimentos que
integram os desejos do consumidor na
hora da compra.
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3 - A obra de arte atua de forma diferen- REMUNERAÇÃO


te de produtos resultantes de outras Garante a compensação correta pelo
indústrias que, mais objetivamente, tempo e material gastos na produção. É
têm custos e despesas relativamente comum um artista jovem perceber, de-
fixos, têm concorrência no mercado e pois de fechada a venda e repartido o
dependem da demanda do consumi- valor com a galeria, que a parte que lhe
dor. No mercado de arte, o valor agre- coube não paga o investimento na obra.
gado do produto – ou seja, qualidades
ligadas a simbolismos e desejos – tem Devo ou não devo?
um peso maior no seu preço final. Um guia rápido para precificar a obra
Deve Não deve
4- Como o artista agrega valor ao seu
Comparar preço com Subestimar-se ou
trabalho? Com prêmios, bolsas, residên-
outros artistas da subestimar seu trabalho.
cias, exposições institucionais, coletivas mesma geração, com O contrário, superestimar,
ou individuais, aquisições de obra por produção equivalente. também não é bom.
uma coleção pública. São todos fato- Manter valores iguais
res que trazem validação e valorização. no ateliê e em todos os
Deixar sua emoção ou
Coleções privadas, principalmente as pontos de venda. A tabela
ímpeto sugerir o valor
que estão abertas à visitação, também sempre é única perante
a cobrar pela obra.
qualquer comprador, haja
podem ser consideradas, mas não têm
intermediários ou não.
o mesmo peso que as institucionais.
Manter-se firme em Deixar-se influenciar por
sua decisão, uma vez quem leva vantagem
4 PONTOS PARA PRECIFICAR BEM estabelecido o valor. com a decisão.

CREDIBILIDADE
Colecionadores e negociantes de arte FICA A DICA
prestam atenção aos preços e espe-

- 131 -
ram consistência. Dúvidas e questio- OLHE EM VOLTA
namentos surgem quando falta clare- Considere o trabalho de outros artis-
za e coerência na precificação. tas comparáveis ao seu em termos de
técnica, temática e tempo de carreira,
REPUTAÇÃO trajetórias, redes de contato e locais
Precificar corretamente é essencial, de atuação semelhantes, sem deixar
sobretudo no início da carreira, para de pesar as conquistas (prêmios, ex-
que se construa uma reputação confi- posições), a experiência e a produção
ável e profissional com outros agentes desses artistas. De nada adianta com-
parar-se com um contemporâneo se
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
do mercado. É comum que se compa-
rem os preços entre obras similares ou ele já está em outro patamar de car-
artistas da mesma geração, e a preci- reira. A pesquisa pode ser feita pela
ficação consistente é positiva para a internet, com visitas às galerias e até
avaliação. numa linha direta com os pares. Ten-
te entender como eles precificam seus
LEGALIDADE
trabalhos e por quê. Essa informação
pode ser um excelente indicador para
Evita problemas jurídicos, caso tenha
garantir que seus preços estejam no
que justificar os valores a uma compa-
patamar correto.
nhia de seguros, por exemplo, ao parti-
cipar de uma exposição. É complicado
RECUPERE O INVESTIMENTO
justificar os valores se eles são muito
O artista consome tempo e recursos
voláteis. É difícil que uma seguradora materiais na produção da obra. Um
aceite um valor alto pelo “apego emo- valor por hora trabalhada razoável e os
cional” do artista pela obra, por exem- custos de materiais empregados, as-
plo. As justificativas devem ser ampara- sim como aluguéis e contas do ateliê,
das pelo currículo e histórico de vendas. caso possua um, devem ser levados
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em conta. Essa maneira de precificar é DÊ DESCONTO DE INICIANTE


comum nos Estados Unidos, mas não no Pense no seu valor de forma prática. Artis-
Brasil. É uma forma interessante porque tas em início de carreira devem ter preços
reduz a subjetividade na hora de calcular acessíveis, independente da qualidade do
um valor. trabalho e do ineditismo. A cada ano ou a
cada grande marco, faça um reajuste (tal-
USE UMA FÓRMULA vez de 5% a 10%). Dessa forma, seu valor
Na complexa fórmula da precificação, de mercado deve aumentar naturalmente

- OPERACIONALIZAÇÃO -
pesam ainda fatores como o nível de com base no desenvolvimento de sua car-
conhecimento do artista, trajetória pro- reira artística e produção. Lembre-se que é
fissional, exposições, coleções, prêmios, “uma maratona”, e não uma “corrida curta”.
reconhecimento do mercado, cursos e Se o valor estabelecido no início é muito
outros aprimoramentos culturais e rique- alto, é provável que no meio da carreira as
zas conceituais adquiridas. obras atinjam um patamar que inviabili-
za a comercialização. Há casos nos quais
Uma equação interessante para saber o o valor inicial é estabelecido com peque-
peso de cada custo no preço final é esta: nos ajustes durante um período de teste.
É uma forma subjetiva que se assemelha
à maneira como os leilões estabelecem as
25 % 45 % balizas mercadológicas.
o currículo complexidade
do artista da composição EQUALIZE COM O MERCADO
e técnica, Quem vende percebe como o mercado
pesquisa e reage ao valor estabelecido e, depen-
custos de
dendo da demanda, o valor vai sendo
produção
30 % equalizado até encontrar um equilíbrio.

- 132 -
materiais, Cada vez que o mercado pressiona,
custos fixos quando há muita procura, por exemplo,
e variáveis esses valores sobem. Se o trabalho não
vende, costuma-se reduzir o valor até
NÃO REDUZA O PREÇO À METADE que ele volte a vender. Este tipo de pre-
Se o artista vende o próprio trabalho no cificação subjetiva está bastante ligado
ateliê por metade do preço pedido em à formação das bolhas no mercado e é
uma galeria, está cometendo um erro a razão de alguns artistas muito jovens
grave, além de competir de forma desle- venderem obras por valores muito mais
al com a galeria que o representa. Mui- altos que outros com carreira muito
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
tos pensam que a composição do valor mais consolidada.
é feita pela quantia que o artista deseja
receber mais a comissão da galeria. É e AJUSTE VALORES
não é: quando vende sua obra por meio Caso o valor definido não esteja adequa-
de uma galeria, o artista divide o valor do, ele deve ser repensado, mas sempre
com ela, que recebe a 50% pelo tempo e com coerência. É importante estabele-
esforço dedicado para realizar a venda e cer uma lógica que faça sentido para a
para divulgar o trabalho do artista. produção do artista e mantê-la ao definir
Escritórios e consultores de arte re- preços e também ao revisá-los e incre-
cebem comissionamento menor, de 10% mentá-los ao longo do tempo. Lembran-
a 20%. Quem vende sozinho, sem inter- do que, quanto maior o trabalho, mais ele
mediários, pode até oferecer desconto custará. O mesmo vale para trabalhos
se achar apropriado, mas não pode re- que, embora pequenos, exigiram tanto
duzir o preço pela metade. Isso é desleal esforço quanto trabalhos maiores. Mas,
com aquele que é seu sócio, a galeria, e se alguma obra fica com o valor muito
danifica a reputação. alto, o ideal é ajustar.
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O que é o valor por metro? Multiplique o metro linear


pelo “valor artista”
COMO REFERÊNCIA PARA trabalhos bidimen- 3 × R$ 2.000 = R$ 6.000
sionais, como fotografia e pintura, existe
uma prática simples de calcular o “valor por Some o custo de material
metro”. O cálculo de uma obra que tem 2 m R$ 6.000 + R$ 500 = R$ 6.500
x 1 m, por exemplo, é feito assim:

- OPERACIONALIZAÇÃO -
METRO LINEAR: ATENÇÃO!
soma dos lados Se vender por meio de uma galeria, o
artista ficará com a metade do valor.
2 m + 1 m = 3 metros lineares Essa metade deverá cobrir os custos
que você teve para produzir, além do
METRO QUADRADO: lucro. Se o custo de produção for des-
multiplicação dos lados contado antes da divisão do valor final
entre artista e galeria, a galeria pode
2 m X 1 m = 2 metros quadrados participar dos custos e, com isso, o lu-
cro do artista será maior.
Para medir o metro linear de uma obra,
podemos usar instrumentos como ré- Trabalho em série
guas e trenas, ou mesmo aplicativos que
utilizam a câmera do telefone para rea- EM RELAÇÃO AOS MÚLTIPLOS DE ARTISTA , a
lizar o cálculo, como o Photo Measures. precificação deve seguir a mesma re-
gra, levando em consideração os cus-
Para calcular o preço da obra, o próxi- tos de produção da série, bem como o
mo passo é multiplicar o metro linear “valor artista”, mas elas normalmente

- 133 -
por um valor de referência fixo, o valor são mais baratas que as obras úni-
artista. Esse valor é formado levando cas por se tratar de uma edição. Nesse
em conta a comparação com trabalhos caso, tiragens menores podem ter va-
equivalentes de pares, técnica, grau de lor maior do que tiragens muito gran-
complexidade da obra, currículo do artis- des (acima de 100 cópias).
ta e seu grau de maturidade. A esse valor, Aqui vale a mesma regra: o artis-
o artista adiciona quanto gastou em ma- ta deve pesquisar o valor de edições
teriais para desenvolver a obra (incluin- e múltiplos de outros artistas que
do impressões, montagens e molduras), possuam a mesma tiragem e compa-
pois esse valor deverá retornar ao artista rá-las. Mas lembre-se de que a des-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
quando a obra for vendida. consideração dos custos de produção
Apesar de a conta servir de base pode acarretar prejuízo.
para a definição do valor, evite falar em Se estiver produzindo por meio de
termos como “o metro custa tanto”. O uma editora de múltiplos que também
ideal é calcular e estabelecer um valor vai cuidar das vendas, recomenda-se
para cada obra e justificar falando da que o artista discuta com os respon-
obra em si. sáveis o melhor valor para garantir
algumas cópias para uso ou coleção
EXEMPLO pessoal. É muito importante que todas
Valor de uma pintura de 1 m x 2 m, cujo essas definições constem de um con-
“valor artista” tenha sido definido em R$ trato entre a editora e o artista.
2.000, com custo de material estimado A precificação correta da obra pode
em R$ 500: dar trabalho, mas compensa. Isso traz
vários benefícios para o artista, permite
Calcule o metro linear que construa sua carreira com credibili-
1 m + 2 m = 3 metros lineares dade e estabeleça uma excelente reputa-
ção entre compradores e colecionadores.
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FICA A DICA Para dar esse desconto, algumas gale-


rias aumentam os valores, então o des-
GUARDE BEM OS SEUS TRUNFOS conto que elas oferecem não é real. O
Uma obra que possua características problema é que, ao fazer isso, elas es-
excepcionais do ponto de vista da tabelecem um novo valor para a obra,
criação ou produção pode ser guar- que dificilmente vai ser reduzido.
dada pelo artista para ser exibida em
uma ocasião especial ou vendida em

- OPERACIONALIZAÇÃO -
uma oportunidade única. Não é reco- 10. O
 brigações de
mendado, no entanto, cobrar aleato-
riamente preços variados, alegando comunicação
uma excepcionalidade de qualidade
que não possa ser justificada. ao Iphan
Guardar trabalhos específicos é
bom para a carreira. É importante co- Medidas para prevenir
lecionar o próprio trabalho. Além disso, a lavagem de dinheiro
é um bom mote de venda dizer que
determinado trabalho é o preferido AS PORTARIAS IPHAN nº 396/2016 e nº
do artista. 80/2017 disciplinam as medidas para
prevenir lavagem de dinheiro no mer-
cado de arte e antiguidades. De acordo
É bom dar desconto? com a Lei nº 9.613/1998, as pessoas
físicas e jurídicas que comercializam
APÓS CONSIDERAÇÃO CUIDADOSA sobre o obras de qualquer natureza, de forma
valor da obra, levando em conta todos direta ou indireta, ficaram submetidas
os fatores mencionados anteriormen- às seguintes obrigações:

- 134 -
te, mantenha-se firme e saiba justi-
ficar o valor. Quanto mais confiança o INSCRIÇÃO NO CNART
artista passa ao falar do assunto, me- Quem comercializa obras de arte deve,
nos desconfiança ele gera. obrigatoriamente, fazer inscrição no
Cadastro Nacional de Negociantes de
O artista não deve se deixar abater Antiguidades e Obras de Arte (CNART)
nem pelo colecionador mais insisten- do Instituto do Patrimônio Histórico e
te. O artista deve definir antecipada- Artístico (Iphan).
mente quanto desconto está dispos-
to a dar e em quantas parcelas está TREINAMENTO DE FUNCIONÁRIOS
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
disposto a recebe-las (no ateliê e na Todos os funcionários subordinados
galeria). O artista deve ter confiança a negociantes de arte devem ter co-
em si mesmo, pois ela auxilia a conse- nhecimento das medidas para preve-
guir o valor merecido pelo trabalho. nir a lavagem de dinheiro. Da mesma
forma, o artista que conta com uma
Exemplos de descontos equipe deve promover um treinamen-
•P
 ara pagamento à vista, artistas po- to entre seus colaboradores da área
dem oferecer até 20% de desconto
•P
 ara pagamento parcelado, um
20 % comercial e financeira para explicar
os procedimentos e controles internos
é o limite de
desconto menor (de 5% a 10%) que serão implementados e o papel de
desconto.
•P
 arcelamentos superiores a 10 ve- cada um na aplicação das ações.
Abatimentos
zes não deveriam ter desconto. O treinamento é dispensável para
Lembre-se de que este é o seu tra- superiores a funcionários que não tenham rela-
balho e que nenhum banco financia esse geram uma ção com as vendas, com os clientes e
compras sem cobrar juros. distorção no va- com aspectos financeiros das transa-
lor real da obra. ções. Também é recomendada a ela-
boração de um material escrito para
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distribuição aos funcionários, com ex- COMUNICAÇÃO AO CONSELHO DE CONTROLE DE


plicação acerca das situações que po- ATIVIDADES FINANCEIRAS (COAF)
dem configurar lavagem de dinheiro e A pessoa que comercializa obras de arte é
das ações que devem ser tomadas no obrigada a comunicar ao Coaf a ocorrência
caso de se verificar alguma situação de qualquer operação ou conjunto de ope-
complicada. rações de um mesmo cliente que envolva
o pagamento ou recebimento em dinhei-
MANUTENÇÃO DE CADASTRO DE CLIENTES ro de valor igual ou superior a R$ 10.000,
Pelas normas, a pessoa que comercia- assim como qualquer situação que pareça
liza obras de arte é obrigada a manter o suspeita de lavagem de dinheiro.
cadastro de clientes (pessoas físicas ou
jurídicas) que tenham feito transações
de valor igual ou superior a R$ 10.000, Situações consideradas
bem como operações realizadas em um suspeitas delavagem de dinheiro
mesmo mês inferiores a R$ 10.000, mas
que, somadas, superam este montan- •R
 ealização de repetidas operações em
te. Apesar do limite financeiro indicado valor próximo ao limite mínimo estabe-
pela norma, a rigor é interessante man- lecido para registro (R$ 10.000).
ter cadastro de todos os clientes. O ca-
dastro deverá conter, no mínimo: •O
 peração em que o cliente não se dis-
•N
 ome ou razão social ponha a cumprir as exigências cadas-
•E
 ndereço eletrônico e/ou página da trais ou tente induzir os responsáveis
internet pelo cadastramento a não registrar
•E
 ndereço completo e telefone dados que possam permitir a identifi-
•R
 G/CPF ou CNPJ cação da operação realizada.
•A
 tividade principal desenvolvida
(pessoa jurídica) •O
 perações com pessoas sem tradição
•E
 nquadramento na condição de no mercado, movimentando elevadas
pessoa exposta politicamente quantias na compra e venda de obras.
(PEP), no caso de pessoa física
•N
 ome de controladora(s), contro- •O
 peração em que o cliente não apa-
lada(s) e coligada(s), se for o caso rente possuir condições financeiras
(pessoa jurídica) para sua concretização (como um “la-
ranja” ou “testa de ferro”).
MANUTENÇÃO DE REGISTRO DE OPERAÇÕES
A pessoa que comercializa obras de •O
 peração em que seja proposto pa-
arte é obrigada a manter um relatório gamento por meio de transferência de
com o registro de todas as operações recursos entre contas no exterior, quer
de valor igual ou superior a R$ 10.000, permitindo ou não o rastreamento de
bem como operações realizadas em dinheiro.
um mesmo mês pelo mesmo cliente
que, ainda que sejam inferiores a R$ • Proposta de superfaturamento ou
10.000 superem este valor quando so- subfaturamento em transações com
madas. O relatório deverá conter, no as obras.
mínimo:
•N
 ome do cliente e dos demais en- •O
 peração ou proposta envolvendo pes-
volvidos, inclusive beneficiários fi- soa jurídica cujos beneficiários finais,
nais ou terceiros pagantes sócios, acionistas, procuradores ou re-
•D
 escrição pormenorizada das obras presentantes legais mantenham domi-
vendidas cílio em jurisdições consideradas pelo
•V
 alor da operação Grupo de Ação contra a Lavagem de Di-
•D
 ata da operação nheiro e o Financiamento do Terrorismo
•F
 orma e meio de pagamento (Gafi) de alto risco ou com deficiências
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estratégicas de prevenção e combate à


lavagem de dinheiro e ao financiamen-
to do terrorismo, bem como países ou
dependências consideradas pela Re-
ceita Federal como paraísos fiscais.

•O
 peração de compra ou venda cujo
vendedor ou comprador tenha sido

- OPERACIONALIZAÇÃO -
anteriormente dono do mesmo bem.

•O
 peração cujo pagamento ou rece-
bimento se dê em nome de terceiros,
pessoa física ou jurídica estrangeira
em “paraísos fiscais”, caso isso esteja
sendo usado para mascarar a verda-
deira identidade do comprador, ven-
dedor ou proprietário dos bens.

•Q
 uaisquer operações que, consideran-
do as partes e demais envolvidos, os
valores, os modos de realização, o meio
e a forma de pagamento, ou a falta de
base econômica ou fundamento legal,
possam configurar sérios indícios da
ocorrência dos crimes previstos na Lei
nº 9.613/1998 (lavagem de dinheiro).

- 136 -
•T
 odas as operações, propostas ou
realizadas, envolvendo as situações
descritas na Lei nº 13.260, de 2016
(Lei Antiterrorismo).

COMUNICAÇÃO DE NÃO
OCORRÊNCIA AO COAF
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Caso não tenha havido durante o ano
nenhuma transação que seja de comu-
nicação obrigatória ao Conselho de Con-
trole de Atividades Financeiras (Coaf), o
comerciante deverá realizar uma comu-
nicação de não ocorrência por meio do
Cadastro Nacional de Negociantes de
Antiguidades e Obras de Arte (CNART)
até o último dia de janeiro do ano sub-
sequente.
Apesar de a legislação do Institu-
to do Patrimônio Histórico e Artístico
(Iphan) não mencionar explicitamente
os artistas, ela fala de quaisquer pesso-
as que comercializem obras de arte de
forma direta ou indireta, o que também
abrangeria os artistas.
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INTER
NACIO
NALI
ZAÇÃO
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1
Um

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
Anos 1940
A arte produzida no Brasil começou a breve
despertar o interesse internacional.
histórico

Anos 1960
O contato dos nossos artistas com a Anos 2000
cena estrangeira começa a se estreitar, Criado em 2008 como uma política
notadamente quando o curador britânico pública de apoio à internacionalização,
Guy Brett conhece a produção de Hélio o Projeto Latitude (Platform for
Oiticica, Lygia Clark e Mira Schendel. Brazilian Art Galleries Abroad) é
Nessa época, Mira Schendel apresenta uma parceria público-privada entre
trabalhos na Signals Gallery (1966) e a Agência Brasileira de Promoção
Hélio Oiticica expõe na Whitechapel de Exportações e Investimentos
Gallery (1969), ambas em Londres. (Apex-Brasil) e a Associação
Algumas instituições e curadores Brasileira de Arte Contemporânea

- 138 -
foram fundamentais para divulgar a (ABACT) para representar
obra de artistas brasileiros nos Estados galerias do mercado primário.
Unidos e na Europa – entre eles estão O projeto promove as galerias
o Walker Art Center (Minneapolis), o brasileiras no exterior para aumentar
Jeu de Paume (Paris), o Witte de With os números de exportação do setor.
(Roterdã) e a Tate Modern (Londres). A Para isso, foca em difusão artística
Tate Modern conta, hoje, com 30 artistas e na ampliação de rede de contatos,
brasileiros em sua coleção, cuja obra apresenta a cena brasileira para
foi adquirida nos últimos 20 anos. importantes agentes internacionais e cria
oportunidades para galerias e artistas.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

Anos 1980
Mais agentes brasileiros tornam-se Hoje
importantes vetores da difusão A atuação de colecionadores privados
internacional da produção brasileiros que atuam como patronos
contemporânea brasileira, como os e apoiadores de instituições brasileiras
galeristas Luisa Strina, Marcantônio e estrangeiras certamente influi na
Vilaça e Thomas Cohn, que iniciaram o aquisição de obras por essas instituições
movimento que se tornou uma prática e na programação das mostras. Alguns
corrente de apresentação da nossa deles apoiam e mantêm projetos de
produção no exterior e de introdução de residência que propiciam intercâmbio de
artistas internacionais no Brasil. artistas de diferentes nacionalidades.
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A internacionalização e o amplo reconhecimento
da produção artística brasileira são processos
positivos e irreversíveis, e o papel do

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
mercado tem sido importante. Mas os artistas
necessitam de plataformas e iniciativas que
fomentem produção, circulação, pesquisa e
experimentação, responsabilidade que o mercado,
por sua própria natureza, não deveria assumir
integralmente. O problema consiste em não
termos consolidado no Brasil um sistema das
artes que fomente, pesquise, exiba, critique,
publique e colecione a produção contemporânea,
colocando-a em contexto e construindo narrativas

- 139 -
próprias, de forma a estabelecer um diálogo
horizontal com circuito internacional.
Ana Letícia Fialho, pesquisadora e coordenadora das quatro
primeiras edições da pesquisa setorial do Projeto Latitude

- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

Crescimento das exportações de arte


Exportações temporárias e definitivas realizadas por
galerias brasileiras associadas ao Projeto Latitude

2011 2014

US$ 18 , 6 US$ 33 , 9
milhões milhões
Fonte “Inteligência comercial Projeto Latitude/unidade de planejamento
e orçamento APEX Brasil”, em pesquisa setorial “O Mercado de Arte
Contemporânea no Brasil” (coordenação Dra Ana Leticia Fialho)
http://latitudebrasil.org/pesquisa-setorial/
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2. Por que pensar em


internacionalização?

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
A
internacionalização não é necessariamente o
próximo passo quando o artista atinge a matu-
ridade e consolida seu trabalho no país. Aliás, é
bastante comum haver simultaneidade nesses dois
esforços, e a inserção institucional e comercial in-
ternacional pode ativar positivamente o desenvol-
vimento da carreira nacionalmente.

3 razões para internacionalizar o trabalho do artista

Melhoria do repertório
A abertura para trocas coloca o artista em contato
com a diversidade de contextos, de discursos, de

- 140 -
1
bagagens culturais e de técnicas que enriquecem seu
repertório e são um complemento muito saudável
para o desenvolvimento de suas pesquisas.

Maior difusão
Liberdade de mudança da produção
O artista tem grande mobilidade: como em A soma de todos
geral trabalha de forma independente, seu os pontos acima - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
2 pode multiplicar a
calendário permite planejar deslocamentos e
oportunidades de
imersões para realizar projetos e estudos no
difusão e de circulação
exterior, aproveitando sua autonomia para se do trabalho do artista.
confrontar com realidades que o desafiem.

Ampliação a rede de contatos


Qualquer deslocamento expande as possibilidades
3 de conhecer novas pessoas, instituições e eventos
que levem a oportunidades imediatas ou futuras
de apresentar o trabalho e ser percebido.
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2 estratégias para taformas existentes, como residências


se internacionalizar artísticas, editais e prêmios.
Saiba mais sobre os agentes e as plataformas
O BRASIL VEM se tornando progressiva- para internacionalização no capítulo seguinte.
mente um território internacionalizado
no campo das artes. Como agentes in- Agentes e plataformas
ternacionais atuam cada vez mais em de internacionalização

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
vários países, e também no Brasil, nem
sempre é necessário se deslocar para AGENTES
se internacionalizar. SÃO OS RESPONSÁVEIS por promover, divul-
A preparação é a melhor maneira gar, apresentar e comercializar o traba-
de obter sucesso em qualquer em- lho do artista para difundir e multiplicar
preitada internacional. Isso envolve o conteúdo artístico e criar impacto num
estudar o território, mapear as institui- âmbito. O processo pode se dar a partir
ções e os agentes envolvidos, planejar do que chamamos de “plataformas”.
aspectos práticos (deslocamentos,
hospedagem, alimentação, custos de PLATAFORMAS
produção) e dominar suficientemente SÃO OS EVENTOS e as ferramentas que
o idioma para se comunicar com os lo- reúnem os diferentes agentes, a inter-
cais e com seus interlocutores diretos. face da produção artística e o público.
Nesta etapa, o artista pode escolher Os eventos podem ter caráter ins-
dois caminhos: titucional, de fomento à experimen-
tação artística, promoção cultural e
CRIAR SUAS PRÓPRIAS OPORTUNIDADES ação educativa – como as exposições
institucionais, as bienais, as residên-
e aciona suas redes cias e os salões de arte – ou comer-

- 141 -
O ARTISTA ARTICULA
de contato, e a imersão pode aconte- cial, como as exposições em galerias
cer a partir da recepção de um artista e feiras de arte.
estrangeiro em sua casa, da proposi- Editais, salões, prêmios e residên-
ção de correspondência, de intercâm- cias artísticas são importantes instru-
bio, permuta ou cocriação de trabalho mentos para a inserção de artistas no
com artistas estrangeiros. O artista usa circuito e no mercado de arte – e o mes-
os meios que já possui: suas ideias, sa- mo vale para o mercado internacional.
beres e conhecimentos, sua casa, seu O fato de um artista ser represen-
trabalho e seus meios de produção. tado por uma galeria facilita a apre-
sentação do seu trabalho em feiras
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
ATUAR COM AGENTES E PLATAFORMAS internacionais, já que a grande maio-
DE INTERNACIONALIZAÇÃO ria das feiras aceita apenas galerias
como expositores, apesar de já haver
O ARTISTA USA agentes e plataformas feiras em que artistas podem se ins-
que já existem: apoio de galeristas, crever diretamente.
curadores, colecionadores e institui- Artistas podem ser convidados a
ções. São eles que fazem a interme- participar de uma mostra coletiva,
diação do acesso a outros públicos uma excelente oportunidade de in-
para inserção comercial ou institucio- ternacionalização, principalmente em
nal. Isso depende da representação bienais e trienais, por exemplo.
por um galerista que exponha seu tra- As residências artísticas normal-
balho em uma feira internacional, da mente organizam visitas de curadores
apresentação do trabalho feita por um e outras pessoas do mercado e podem
crítico ou curador em publicações es- ajudar o artista a se inserir nesse meio.
trangeiras, bem como da participação O ideal é que, durante a residência, o ar-
em exposições em instituições fora do tista dedique tempo para ampliar suas
país. O artista também pode usar pla- redes: conhecer pessoas, apresentar
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o trabalho, buscar uma galeria comer-


cial que esteja disposta a representá-
-lo. Alguns sites divulgam residências
e outros eventos semelhantes (o mais
conhecido é o www.resartis.org/en/);
outros divulgam as iniciativas locais e
internacionais, como o Mapa das Artes

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
e o Canal Contemporâneo.

INSERÇÃO INSTITUCIONAL INSERÇÃO COMERCIAL

43 , 6 %
dos artistas afirmam ter
23 , 6 %
dos artistas afirmam ser representados
obras em coleções privadas ou por galerias internacionais
corporativas internacionais

33 , 7 % 27 , 7 %
já tiveram sua obra vendida
têm obras em museus ou em feiras internacionais
instituições internacionais

- 142 -
35 , 6 % 5%
afirmam já ter tido obras vendidas
já tiveram uma exposição individual em leilões internacionais
em instituição internacional

40 , 6 %
já participaram de bienais ou
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

trienais internacionais

Fonte pesquisa própria

E QUEM NÃO TEM


REPRESENTAÇÃO COMERCIAL?
Alguns curadores pesquisam e procuram
artistas diretamente, sem o intermédio de
galerias, e existem fundações internacionais que
financiam artistas sem representação comercial,
como a Horizon, a Fundação Pollock-Krasner,
a Creative Capital e a The Harpo Foundation
Grants for Visual Artists, por exemplo.
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3. Comércio exterior:
61 , 5 % definições
Como se preparar? dos artistas
consultados em O que é?
É IMPORTANTE DOMINAR pelo menos mais nossa pesquisa
um idioma além do português. A ex- falam inglês O COMÉRCIO EXTERIOR engloba as tran-

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
periência é bem mais aproveitada fluente ou têm sações realizadas entre países ou pes-
quando o artista se comunica em in- soas (físicas ou jurídicas) que moram
um domínio
glês ou espanhol e pode falar sobre si em países distintos, resultando no
e seu trabalho sem necessidade de in- avançado trânsito econômico ou jurídico de bens
térpretes, raras vezes disponibilizados. do idioma ou de serviços entre eles. Por meio do
Informe-se sobre o tipo de visto comércio exterior, concretizam-se as
correto para participar de atividades
internacionais. Para evitar problemas,
cheque se o país de destino exige um
32 , 4 % estratégias de internacionalização: é a
partir das importações e exportações
de obras, materiais ou serviços que
falam espanhol
visto especial ou autorização de tra- nesse mesmo acontece o intercâmbio com o público-
balho. Para produzir ou exibir em outro nível -alvo identificado no exterior.
país, o artista normalmente precisa As operações de comércio exterior
de um visto especial. O visto de turis- Fonte podem envolver tanto bens materiais
pesquisa própria
ta não permite essas atividades e não (como obras de arte e material para
protege contra a deportação. Em al- sua elaboração) como serviços (ações
guns países, além do visto, é preciso como, por exemplo, o compromisso de
apresentar autorização de trabalho, Apenas elaborar uma obra de arte por enco-
carta-convite da instituição ou com-
provante de rendimentos. A institui- 16 , 2 % menda, pintar um mural ou ministrar
uma palestra ou workshop).

- 143 -
ção ou residência que recebe o artista dos artistas É importante saber que importa-
pode orientá-lo a esse respeito; se isso consideram-se ções e exportações também podem
não ocorrer, recomenda-se que o artis- muito fami- ser realizadas sem finalidade comer-
ta entre em contato com a embaixada liarizados ou cial ou sem transmissão da proprie-
do país e se informe sobre o procedi- familiarizados dade de um bem, como ocorre com
mento correto. Saiba mais no item Ex- doações, empréstimos ou locação de
em relação a
portação de Serviços bens. O que configura importação ou
noções de co- exportação é o ingresso desses bens
mércio exterior. no território aduaneiro de um determi-
nado país, não importando se houve
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

82 , 9 %
Fonte
pesquisa própria compra e venda. No caso dos serviços,
a importação ou exportação indepen-
de de procedimentos aduaneiros e é
dos artistas frequentam eventos e espaços
muito menos burocrática.
internacionais com alguma regularidade;
galerias, instituições, feiras e bienais Quais são as regras?
são os mais visitados nesta ordem.
Fonte pesquisa própria O COMÉRCIO INTERNACIONAL disciplinado
pelo direito comercial internacional,
pelo direito aduaneiro dos países envol-
vidos e, conforme o caso, pelo direito
tributário, pois algumas operações são
tributadas (em geral, a importação).
Cada país tem autonomia e sobe-
rania para legislar sobre comércio ex-
terior em seu território, mas boa parte
das normas que os países aplicam em
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suas legislações internas tem origem para uma pessoa que vive no exterior,
em tratados internacionais assinados considerando-se que a ação pode re-
pela maioria dos países. Embora não sultar ou não em um bem material.
totalmente padronizadas, as regras A ação que caracteriza o serviço
mais básicas de importação e expor- exportado não precisa, necessaria-
tação aplicadas no comércio trans- mente, ser realizada no exterior, mas,
nacional são bastante parecidas na para que se configure uma exporta-

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
maior parte dos países. ção, o contratante deve residir no ex-
terior e o resultado do serviço deve ser
Operações básicas verificado no exterior, ainda que a ação
tenha se realizado no Brasil.
EXPORTAÇÃO
EXEMPLO
É A SAÍDA de um bem do território adua-
neiro de um país com destino ao exte- Há exportação de serviços, por
rior. Ela pode ser: exemplo, quando um artista é con-
tratado para pintar um painel ou con-
DEFINITIVAquando não há expectativa vidado a dar palestra ou workshop
de retorno do bem, e sim transferência em outro país. No primeiro caso, a
de sua propriedade. A modalidade mais ação foi realizada no exterior, o re-
usual de exportação definitiva de bens sultado é um bem material localiza-
materiais é a venda de bens para uma do em outro país e o objeto principal
pessoa que mora no exterior, mas tam- da contratação é a ação em si (pin-
bém pode haver exportações definitivas tar o mural). No segundo caso, não
devido a doações ou permutas (trocas). há resultado material e é até pos-
sível que a palestra ou o workshop

- 144 -
TEMPORÁRIA se não há transferência da sejam feitos virtualmente, por vide-
propriedade, mas expectativa de re- oconferência a partir do Brasil, des-
torno do bem em um prazo definido. de que seja possível confirmar que o
As exportações temporárias podem resultado ocorre no exterior.
ser feitas em razão de empréstimos,
de cessões de bens para variadas fi-
nalidades (exposições) ou, ainda, com TRIBUTOS
a finalidade de comercialização futura Normalmente não há incidência de tri-
(consignação). butos nas exportações de bens e ser-
viços. O exportador deve apenas cum-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
COM FINS COMERCIAIS há transferência de prir as obrigações cabíveis em cada
propriedade mediante pagamento, feita caso, como emitir notas fiscais e fa-
no contexto da atividade comercial ou zer registros em sistemas de controle,
empresarial do artista com finalidade como SISCOMEX e SISCOSERV.
de lucro por meio de compra e vendas.
IMPORTAÇÃO
SEM FINS COMERCIAIS quando há emprés-
timo ou doação, sem cobrança finan- É A ENTRADA de um bem estrangeiro
ceira e com fins exclusivamente cultu- no território aduaneiro brasileiro. Ela
rais, como as remessas de obras para pode ser:
exposição em museus, galerias e ou-
tras instituições para promoção insti- DEFINITIVA quando não há expectativa
tucional e exibição das obras do artista. de retorno do bem ao exterior, e sim
transferência de sua propriedade. A
E A EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS? modalidade mais usual de importação
Acontece quando se assume a obriga- definitiva de bens materiais é a com-
ção de realizar uma determinada ação pra de bens de uma pessoa que mora
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no exterior, mas também pode haver Parcerias internacionais


importação definitiva devido a doa-
ções ou permutas (trocas). O ARTISTA OU a galeria que o representa
poderá realizar parcerias com galerias in-
TEMPORÁRIA se não há transferência ternacionais ou agentes independentes
da propriedade, mas expectativa de caso deseje iniciar um processo de inter-
retorno do bem em um prazo definido. nacionalização sem poder arcar com os

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
As importações temporárias podem altos custos de uma feira. Elas podem
ser feitas em razão de empréstimos, ser firmadas entre galerias comerciais
de cessões de bens para variadas fi- em qualquer outro país, museu ou cen-
nalidades (exposições) ou, ainda, com tro cultural, com a finalidade de realizar
a finalidade de comercialização futura vendas e promoção das obras do artista.
(consignação).
Vendas diretas
COM FINS COMERCIAIS há transferência
de propriedade mediante pagamento, O ARTISTA PODE vender suas obras dire-
feita no contexto da atividade comer- tamente para clientes internacionais.
cial ou empresarial do artista com fi- Essa venda pode se concretizar no Bra-
nalidade de lucro por meio de compra sil com a entrega da obra em território
e vendas. nacional, caso o cliente esteja no país e
faça contato com o artista; ou no exte-
SEM FINS COMERCIAIS quando há em- rior, com remessa da obra em operação
préstimo ou doação, sem cobrança fi- de exportação, caso o comprador não
nanceira e com fins exclusivamente cul- esteja no Brasil. Essas vendas também
turais, como as remessas de obras para podem decorrer de participação em
exposição em museus, galerias e outras feiras ou exposições internacionais.

- 145 -
instituições para promoção institucio-
nal e exibição das obras do artista.

E A IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS?
Acontece quando uma pessoa que vive
no Brasil contrata outra, que mora no
exterior, para realizar uma ação. A ação
contratada pode tanto ser realizada
no Brasil como no exterior, desde que
o resultado do serviço ocorra no Brasil.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

TRIBUTOS
Na importação de bens materiais ou
de serviços costuma haver tributação,
bem como obrigação de cumprir obri-
gações acessórias.
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Órgãos públicos e facilitadores envolvidos no processo

1 Receita Federal do Brasil (RFB)

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
Ministério da Fazenda

Receita Federal Alfândegas ou SISCOMEX


do Brasil (RFB) aduanas Esse controle é feito
Subordinada ao A administração e por meio do registro
Ministério da Fazenda, a fiscalização do online da operação
coordena e administra comércio exterior são no SISCOMEX e pela
a cobrança de tributos feitos pelas alfândegas intervenção dos fiscais
federais e elabora (também chamadas de da alfândega, que

- 146 -
normas para fiscalizar a aduanas), localizadas conduzem a inspeção
arrecadação. Também é em fronteiras, portos e dos documentos
responsável por elaborar aeroportos brasileiros. do processo ou dos
a política tributária do Qualquer operação bens que estão sendo
poder público federal. de importação ou importados/exportados.
É a RFB que administra exportação deve
e executa as atividades passar pelo controle
de comércio exterior das alfândegas.
e expede normas que
regulam a atividade de
exportação e importação
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
de bens e serviços.

ATENÇÃO!
Em caso de irregularidades, a
fiscalização pode aplicar multas e
outras penalidades, dando origem a
processos administrativos que são
julgados no âmbito da RFB.
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2. DESPACHANTE ADUANEIRO – Coordenação do recebimento


É O PROFISSIONAL que ajuda importado- da carga no exterior
res e exportadores nos procedimentos – Emissão nota fiscal de
administrativos e burocráticos envol- exportação para artistas
vidos nos processos aduaneiros. Sua que são pessoa jurídica.
contratação não é obrigatória, mas é - Comunicação com agentes
de praxe no mercado, uma vez que o logísticos contratados no Brasil e no

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
processo de registro da operação e exterior (ou com representantes do
da liberação dos bens tem muitas pe- comprador ou vendedor no exterior).
culiaridades e costuma ser bastante
complicado. • Atende exigências dos
A participação do despachante no fiscais aduaneiros.
processo de despacho aduaneiro de
bens está prevista no Regulamento Adu- • Representa o importador ou
aneiro (arts. 808 a 810) e os requisitos exportador em processos
para o exercício da atividade estão pre- de fiscalização.
vistos em regulamentação da RFB (Ins-
trução Normativa RFB nº 1209/2011). • Registra a operação no SISCOMEX
Esse sistema poderá parametrizar
O QUE FAZ O DESPACHANTE? a operação da seguinte maneira:
• Atua como procurador dos
importadores e exportadores, Canal verde: liberação automática;
com poder para fazer todos os a carga já é liberada para embarcar.
procedimentos necessários ao
registro das operações de comércio Canal amarelo, vermelho
exterior no SISCOMEX (registro ou cinza: o processo será

- 147 -
das declarações de importação encaminhado aos fiscais da
e registro de exportação). alfândega para análise e verificação
dos documentos ou análise dos
• Recebe, analisa e organiza os documentos e verificação física
documentos necessários para o da carga. Se após as verificações
registro da operação. Em geral são: não forem encontrados erros ou
fatura comercial, AWB, packing list irregularidades, haverá o chamado
e DSBC emitida pelo Iphan, mas, desembaraço aduaneiro, ou seja,
dependendo das circunstâncias a liberação para o embarque.
particulares da operação, poderão
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
ser exigidos outros documentos. OBSERVAÇÃO
Muitos despachantes, especial-
• Orienta os importadores e mente no mercado das artes, assesso-
exportadores sobre procedimentos ram os importadores e exportadores
e ações necessários para sobre como obter regimes aduaneiros
efetivar a operação. especiais de importação ou exportação
temporária, que permitem receber ou
• Coordena as questões enviar obras por tempo determinado.
logísticas, como:
– Definição do meio de 3. CORRETORAS DE CÂMBIO
transporte doméstico e OPERAÇÕES DE COMÉRCIO exterior podem
internacional, armazenagem ser realizadas com ou sem cobertu-
e contratação de seguro ra cambial (pagamento em moeda
– Coleta e embalagem das obras estrangeira). Quando há cobertura
– Contratação de transporte cambial, importador ou exportador
interno até o porto/aeroporto precisam da intervenção de uma so-
– Reserva de voo internacional ciedade corretora de câmbio devida-
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mente estabelecida segundo as nor-


mas do Banco Central do Brasil.
4. Como se preparar:
requisitos jurídicos,
4. BANCO CENTRAL DO BRASIL
ESTABELECE A POLÍTICA cambial brasileira administrativos
e regulamenta o mercado de câmbio.
Essa regulamentação afeta de forma
e burocráticos

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
significativa os importadores e expor-
tadores, porque existem normas a se- Pessoa física ou jurídica?
rem seguidas (requisitos e proibições)
no fechamento dos contratos de câm- TANTO PESSOAS FÍSICAS como jurídicas po-
bio junto às corretoras para pagamen- dem operar no comércio internacional – bas-
tos ou recebimentos relacionados às ta observar quais são os requisitos específi-
importações ou exportações. cos para cada situação.

5. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E PESSOA FÍSICA


ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN)
ÓRGÃO FEDERAL DE proteção ao patrimô- • É a modalidade recomendada para
nio artístico nacional, responsável pela quando o artista espera realizar operações
análise e pela autorização de saída de episódicas – se forem habituais, é melhor
bens culturais do território brasileiro. constituir pessoa jurídica ou se registrar
como microempreendedor individual.

• Para atuar como pessoa física, basta


ATENÇÃO! se cadastrar no SISCOMEX.

- 148 -
Em todas as exportações de bens de caráter
cultural (incluindo obras de arte), o exportador PESSOA JURÍDICA
deve pedir ao Iphan a emissão da Declaração de
Saída de Bens Culturais (DSBC). Esse documento • É a modalidade recomendada para
deve ser anexado ao processo de exportação; quando o artista espera realizar
sem ele a exportação não será autorizada. operações habituais, o que configura
a prática do comércio, que leva a
O que não pode sair do país: obrigações burocráticas e fiscais que são
próprias das empresas.
• Artefatos, coleções ou acervos tombados pelo
Iphan, como pinturas, esculturas, gravuras, • Nesse caso, é preciso prever essas
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
peças de mobiliário, peças ou coleções de operações no objeto social da empresa
moedas e medalhas antigas e outros objetos (compra, venda, importação e exportação
cujo valor excepcional esteja reconhecido de bens). A empresa deve ter inscrição
individualmente ou em conjunto pelo Iphan. estadual devidamente atualizada e válida.

• Obras de arte e ofícios produzidos ou introduzidos •N


 ão há exigência quanto ao tipo
no Brasil até o fim do período monárquico (1889),
societário ou ao regime fiscal escolhido
como pinturas, desenhos, esculturas, obra
pela empresa. Podem operar no
de talha, gravuras, elementos de arquitetura,
comércio exterior as empresas
imaginária, ourivesaria, peças de mobiliário.
organizadas como sociedade limitada,
sociedade anônima, Eireli, microempresa,
• Objeto de interesse arqueológico ou pré-
histórico, incluindo peças ou coleções
empresa de pequeno porte ou mesmo
de moedas e medalhas antigas. microempreendedores individuais.

• Livros e acervos documentais constituídos • Quanto ao regime fiscal, as empresas


de obras brasileiras ou sobre o Brasil, podem ser optantes do lucro real, lucro
editadas nos séculos XVI a XIX. presumido ou simples nacional.
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Para exportadores, não existe limite


do volume de operações, mas para
os importadores há diferentes mo-
dalidades de habilitação no Radar,
Por onde começar? que correspondem a limites máxi-
mos de volume de operações num
Habilitação no Radar determinado período.

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
MODALIDADES DE HABILITAÇÃO

PESSOA FÍSICA só pode realizar opera-


ções de comércio exterior para con-
sumo próprio ou para operações rela-
tivas a coleções particulares. Artistas
podem realizar operações compatíveis
com sua atividade profissional.
Registro no SISCOMEX
PESSOA JURÍDICA será submetida a aná-
lise fiscal no momento da habilitação,
que estimará, entre outros pontos, sua
capacidade financeira e definirá o en-
Apenas quadramento de sua habilitação.

13 , 6 % A MODALIDADE PESSOA JURÍDICA ENGLOBA AS


SEGUINTES SUBMODALIDADES:
dos artistas

- 149 -
se consideram
EXPRESSA
Pronto para o comércio exterior familiariza-
Para operações de exportação sem li-
dos ou muito mite de valores e de importação cuja
familiarizados soma dos valores, em cada período
Habilitação no Radar em relação consecutivo de seis meses, seja inferior
às exigências ou igual a US$ 50.000. Pode ser obtida pela
TANTO O IMPORTADOR como o exporta- jurídicas e internet https://goo.gl/DPPjFX
dor devem se habilitar no Sistema Ra- contábeis para
dar (Ambiente de Registro e Rastrea- importação e LIMITADApara quando a estimativa de
mento da Atuação dos Intervenientes capacidade financeira é igual ou infe-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
exportação.
Aduaneiros), da Receita Federal. Esse rior a US$ 150.000. As importações
é um sistema de registro e análise de Fonte com cobertura cambial são limitadas a
informações pessoais sobre os parti- pesquisa própria US$ 150.000 no período de seis meses.
cipantes das operações de comércio
exterior que visa prevenir fraudes. ILIMITADApara quando a estimativa
Essa fase consiste em um exame de capacidade financeira é superior a
prévio, por parte da fiscalização, de in- US$ 150.000, pois permite importa-
formações cadastrais, econômicas e ções sem limite máximo de valor.
financeiras de quem pretende realizar
operações de comércio exterior, princi- OBSERVAÇÃO
palmente para estimar sua capacida- As modalidades limitada e ilimi-
de financeira para isso (especialmente tada são submetidas a processos mais
na importação) e definir o enquadra- complicados, que poderão ser facilita-
mento de sua habilitação. dos com a assistência de um profissional
A habilitação de exportadores e especializado (despachante aduaneiro).
importadores no Radar é regida pela
Instrução Normativa RFB 1603/2015.
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Registro no SISCOMEX supervalorização do real. Em contra-


partida, há um considerável aumento
DEPOIS DE SE habilitar no Radar e antes das obrigações burocráticas, que são
de exportar ou importar, pessoas físi- mais numerosas e mais complicadas
cas ou jurídicas devem se registrar no do que aquelas previstas para vendas
Sistema Integrado de Comércio Exte- no mercado interno.
rior (SISCOMEX), um sistema online da Se o bem retornar ao Brasil pos-

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
Receita Federal. Esse é o sistema utili- teriormente, será tributado como se
zado por importadores, exportadores, fosse um bem estrangeiro (exceto em
despachantes aduaneiros e autorida- casos muito específicos, como devolu-
des aduaneiras para registro, análise, ção por defeito, troca ou cancelamen-
acompanhamento e autorização das to do negócio por motivos alheios à
operações de comércio exterior. vontade do exportador).
É no SISCOMEX que exportadores
e importadores registram as operações AS 9 FASES DA
de importação e exportação e anexam EXPORTAÇÃO DEFINITIVA
os documentos necessários ao controle
do Fisco. As autoridades fiscais fazem, 1 - NEGOCIAÇÃO
então, as verificações cabíveis para libe- Diálogos com o comprador no exterior
rar a operação. para definição do preço, condição da ven-
da, condições de pagamento e entrega.
Dependendo da negociação e do acordo
5. As modalidades fechado, o custo e a responsabilidade por
algumas das fases da exportação podem
de exportação ser do comprador estrangeiro.

- 150 -
EXISTEM CINCO REGIMES de exportação: 2 - CONTRATAÇÃO DO DESPACHANTE
ADUANEIRO (OPCIONAL)
Exportação definitiva Para que a exportação seja efetivada, é
aconselhável, embora não seja obriga-
O QUE É tório, contratar um despachante adua-
Acontece quando o bem é definitivamente neiro ou uma empresa especializada em
enviado ao exterior, sem expectativa de re- assessoria na área de comércio exterior.
torno. Normalmente é usada em casos de
venda, mas também vale para doações, ATENÇÃO!
trocas (permutas) e outras modalidades Erros (mesmo pequenos), irregu-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
de negócio que resultam em transferência laridades ou informações falsas nos
de propriedade. documentos que amparam a expor-
tação podem travar o processo e dar
TRIBUTOS início ao procedimento de fiscalização
A exportação está livre dos tributos que com pedidos de informações, esclare-
incidem sobre venda de mercadorias no cimentos e/ou novos documentos. O
Brasil, como ICMS, PIS e Cofins. Sobre a processo de fiscalização pode resultar
venda de obras para o mercado externo na aplicação de penalidades, algumas
incide somente o imposto de renda. O bem graves, como a pena de perdi-
artista pode escolher a tributação como mento (confisco) da carga
pessoa física ou jurídica, sendo que a tri-
butação como pessoa jurídica é signifi- 3 - COMPILAÇÃO DOS DOCUMENTOS
cativamente menor. Em geral são: fatura comercial, AWB,
Além disso, o recebimento em moe- packing list e DSBC emitida pelo Iphan,
da estrangeira normalmente traz ganho mas, dependendo das circunstâncias
financeiro/cambial, exceto em períodos, particulares da operação, poderão ser
cada vez mais raros nos últimos anos, de exigidos outros documentos.
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4 - TRANSPORTE Exportação em consignação


Definição do meio de transporte inter-
no e internacional e de outras questões O QUE É?
logísticas, como coleta, embalagem, ar- Esse regime permite a remessa tempo-
mazenagem e contratação de seguro. rária de obras e de outros bens para um
destinatário no exterior sem uma ven-
5 - Registro da operação no SISCOMEX da prévia concluída, mas com objetivo

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
específico de comercialização. É um
6 - DESEMBARAÇO ADUANEIRO,
com procedimento razoavelmente simples
autorização para embarque e muito utilizado na estratégia de inter-
nacionalização de artistas e galerias.
7 - EMBARQUE PARA O EXTERIOR Normalmente, a consignação é uti-
lizada quando há um interessado em
8 - COORDENAÇÃO DA CHEGADA DA adquirir a obra ou uma possibilidade
CARGA NO LOCAL DE DESTINO E EN- de comercialização no exterior (gale-
TREGA AO DESTINATÁRIO ria, museu, colecionador, casa de lei-
lões), mas ainda não há certeza sobre
9 - RECEBIMENTO DO PREÇO a concretização da compra. É muito
E CONTRATAÇÃO DO CÂMBIO utilizada na remessa de obras para fei-
Em caso de exportação com cobertu- ras e casas de leilão.
ra cambial (com recebimento de valo- Caso uma ou mais obras sejam
res em moeda estrangeira), é obrigató- vendidas, a venda deve ser informa-
rio receber o valor acertado pela venda da à Receita Federal para converter
em até 360 dias. Depois desse prazo, a o regime de exportação de consigna-
operação será considerada uma ope- ção em definitiva. Caso uma ou mais
ração financeira e deverá ter um regis- obras não sejam vendidas e retornem

- 151 -
tro específico no Banco Central (ROF). ao Brasil, é feita a reimportação, sem
Existe também a possibilidade de incidência de tributos.
receber o preço no exterior em conta Embora não haja penalidade pre-
devidamente declarada, mas a ma- vista para a falta de retorno de bem
nutenção do valor no exterior estará em consignação, não é recomendável
sujeita a uma declaração anual para a que ele fique indefinidamente no ex-
Receita Federal, por meio da qual o ex- terior sem concretização da venda ou
portador deverá indicar a destinação reimportação.
do dinheiro recebido. Não há um prazo máximo de per-
manência dos bens no exterior definido
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
na legislação, mas sim a obrigação de
comprovar, em 720 dias, o recebimen-
to do preço, embora não haja previsão
de penalidade para a falta de compro-
vação. A exportação em consignação
não pode ter cobertura cambial, por-
que a venda ainda não está concluída.
O fechamento do contrato de câmbio
deverá ser feito se e quando a venda
for concretizada, e a consignação for
convertida em exportação definitiva.

TRIBUTOS
Se o bem não for vendido e retornar ao
país, não sofrerá incidência de tributos.
Se for vendido, a exportação em con-
signação deve ser convertida em ex-
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portação definitiva e receberá o mesmo ção dos bens no prazo fixado ou se houver
tratamento fiscal, cambial e administra- conversão em exportação definitiva. No
tivo que esta recebe. caso de descumprimento das condições,
Se o regime envolver a remessa de requisitos ou prazos estabelecidos para a
vários bens, é possível realizar a venda aplicação do regime, aplica-se multa de
parcial. Nesse caso, os bens não vendi- 5% do valor dos bens exportados. Como
dos retornam ao Brasil e os bens comer- se trata de um regime aduaneiro especial,

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
cializados são considerados exportados é necessário dar entrada em um pedido
definitivamente e tributados de acordo. específico junto à Receita Federal.
Se o prazo de 720 dias para a perma- A exportação temporária não pode ter
nência dos bens no exterior for ultrapas- cobertura cambial, pois o requisito essen-
sado, a Receita Federal pode, ao menos cial para sua aprovação é a destinação
em tese, considerar que o regime de con- dos bens para eventos culturais sem fi-
signação está desfeito e querer tributar o nalidade comercial. Só deve haver fecha-
retorno dos bens, caso ele ocorra. mento de câmbio se, por acaso, as obras
forem comercializadas e a exportação
Exportação temporária temporária for convertida em definitiva.

O QUE É? OS REQUISITOS ESSENCIAIS


A vantagem da exportação temporária EXIGIDOS POR LEI SÃO:
é que ela permite enviar mercadorias ao Os bens devem ser enviados
exterior e não pagar tributos em seu re- ao exterior em caráter cultural
torno ao país, desde que elas retornem (para exposição ou evento)
em prazo determinado e no mesmo es- • É preciso comprovar o caráter
tado em que foram exportadas. cultural da remessa no pedido
É a modalidade mais recomendada de registro do regime

- 152 -
para remessa de obras para exposições no • O prazo máximo de permanência
exterior com fins culturais, embora não seja dos bens no exterior é de 2 anos (12
proibida a comercialização. Esse regime é meses, prorrogado automaticamente
mais usado em remessas para exposição por mais 12); prazos maiores devem
em museus e outras instituições culturais e estar amparados por um contrato.
exposições em galerias e feiras, mas pode
limitar as remessas com finalidade de ven-
da para uma galeria sem a existência de Consignação x temporária
uma exposição específica do artista.
Em termos práticos, a exportação
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
temporária é bastante semelhante à ex- Consignação
portação em consignação, porque am- • Mais indicada quando há
bas permitem a remessa de obras ao expectativa de venda.
exterior por tempo determinado, sem a •A  s obras podem ficar no exterior
cobrança de tributos no retorno. A dife- por 720 dias (ou mais).
• Foco na promoção e na venda das obras.
rença básica está no prazo, pois a expor-
tação em consignação permite a perma-
nência das obras no exterior por 720 dias
(ou ainda mais) e a exportação temporá-
ria tem prazo máximo de 2 anos.
Além disso, a exportação temporária Temporária
X
precisa estar vinculada a um evento cul- • Mais indicada para eventos com fins
tural específico (como uma exposição), culturais.
enquanto a consignação pressupõe o •A  s obras podem ficar no exterior por, no
foco na promoção e venda das obras. máximo, 2 anos.
O regime de exportação temporária é •D  eve estar vinculada a um evento cultural
extinto quando comprovada a reimporta- específico, como uma exposição.
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OBRAS ENVIADAS AO exterior na moda- aeroportos (como o Aeroporto Inter-


lidade de exportação temporária po- nacional de São Paulo, em Guarulhos),
dem ser vendidas. Neste caso, a expor- a fiscalização da Receita Federal, que
tação temporária deve ser convertida fica no setor de desembarque, não faz
em definitiva em um processo feito esse tipo de procedimento. Assim, o
junto à Receita Federal. artista deverá dar entrada no pedido
de baixa no setor competente (que

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
TRIBUTOS funciona somente em horário comer-
Assim como a exportação em consig- cial) e aguardar o processamento do
nação, a exportação temporária per- pedido até a decisão de autorização,
mite a remessa de obras ao exterior que poderá demorar até 60 dias em
por tempo determinado (até 2 anos), casos extremos. O maior incoveniente
sem a cobrança de tributos no retor- é que as obras ficam retidas no aero-
no. Caso uma ou mais obras sejam porto até a finalização desse processo.
vendidas, deve ser feita comunicação Já em outros aeroportos (como o
à Receita Federal para conversão da Aeroporto Internacional Tom Jobim, no
exportação temporária em expor- Rio de Janeiro), a fiscalização do setor
tação definitiva. Caso uma ou mais de desembarque faz o processamen-
obras não sejam vendidas e retornem to da baixa do regime de exportação
ao Brasil, é feita a reimportação, sem temporária, o que, em tese, permite a
incidência de tributos. liberação imediata da obras. Em todo
caso, vale a pena se informar correta-
PRECISO REGISTRAR AS OBRAS mente sobre esses procedimentos an-
QUE ESTOU LEVANDO NA BAGAGEM? tes de embarcar, para evitar surpresas.
Sim. Se o artista está levando obras Existe também a possibilidade de
para o exterior – para vender ou expor argumentar que as obras podem se

- 153 -
–, a rigor deve sempre dar entrada no enquadrar no conceito de objetos de
processo de exportação temporária, uso pessoal do artista e, nessas condi-
desde que tenha atendido aos requisi- ções, serem enquadrados no conceito
tos listados acima. Se as obras forem de bagagem, que é isenta de tributa-
levadas na bagagem sem o registro ção na remessa e no retorno.
do pedido, a fiscalização na alfânde- O problema é que a Receita Fe-
ga poderá apreendê-las. Informe-se deral tem um entendimento bastante
também sobre as regras de importa- restrito a respeito da caracterização
ção no país de destino, porque, mes- de bens de uso pessoal e, aparente-
mo que o artista consiga embarcar no mente, obras de arte não se enqua-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Brasil com as obras na bagagem, ele dram nesse conceito, ainda que sejam
poderá ter problemas ao desembar- de autoria do próprio artista.
car no destino, já que, a rigor, estará É recomendável planejar essa situ-
realizando uma importação que po- ação com antecedência e com a ajuda
derá estar sujeita inclusive ao paga- de um especialista, porque alguns fa-
mento de impostos. tores poderão ser decisivos para o en-
quadramento legal da situação, como
o tipo de obra que está sendo levada,
ATENÇÃO! quantidade e valor de mercado.
BUROCRACIA NO RETORNO
Quando voltar ao Brasil com as obras
na bagagem, o artista pode ter proble-
mas burocráticos no desembarque. Se
as obras saíram do país com base em
um regime de exportação temporária,
é necessário solicitar a baixa do pro-
cesso. O problema é que, em alguns
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AS 10 FASES DA 9 - COORDENAÇÃO DA CHEGADA


EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA da carga no local de destino
e entrega ao destinatário
1 - NEGOCIAÇÃO
Diálogo com o interessado no exterior para RETORNO DOS BENS
10
definição das condições de empréstimo,
prazo, responsabilidade pelos custos en- TRANSFORMAÇÃO DA

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
volvidos na remessa e no retorno. EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA
EM EXPORTAÇÃO DEFINITIVA
2 - CONTRATAÇÃO DO DESPACHANTE
ADUANEIRO (OPCIONAL)
Embora seja um processo razoavelmente Exportação direta
simples, a exportação temporária exige
o conhecimento da legislação aplicável O QUE É?
e da mecânica do comércio exterior. Por Aquela em que o exportador conduz
isso, é recomendável, embora não obriga- todo o processo comercial de exporta-
tória, a contratação de um despachante ção, desde os primeiros contatos com o
aduaneiro ou de uma empresa especiali- comprador em outro país até a conclu-
zada em assessoria no comércio exterior. são da operação de venda e despacho
do bem vendido.
3 - COMPILAÇÃO DOS Neste caso, o exportador cuida de
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS todos os detalhes, desde a negociação e
Os documentos necessários para o regis- entrega do produto até a cobrança. Isso
tro do regime de exportação temporária exige conhecimento do processo de ex-
são essencialmente os mesmos exigidos portação em toda a sua extensão, o que
em uma exportação definitiva, exceto quer dizer ampla atenção administrati-

- 154 -
pela fatura, que deverá uma fatura pro- va, empenho de recursos humanos e de
forma. Devem-se emitir: fatura proforma tempo.
(proforma invoice), Airway Bill (AWB), pa- Embora mais trabalhosa, essa mo-
cking list e DSBC emitida pelo Iphan. Além dalidade pode ser a mais lucrativa e pro-
disso, é exigida a comprovação da exis- piciar um maior crescimento no mercado
tência do evento para o qual os bens se internacional.
destinam ou um contrato de empréstimo. Nessa modalidade, a exportação
Caso o artista tenha uma pessoa jurídica, pode ser desenvolvida por meio de:
também será necessário emitir uma nota
fiscal de exportação e, eventualmente, CONTATO DIRETO COM O COMPRADOR
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
cumprir outros requisitos burocráticos re- O vendedor identifica o comprador estran-
lacionados à empresa. geiro (o que pode ser feito por meio de ne-
tworking, intercâmbio de informações com
4 - PROTOCOLO DO PEDIDO DE REGIME galerias, instituições, agentes e outros) e
DE EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA negocia condições de venda (preço, forma
de pagamento, prazo de entrega e respon-
5 - DEFINIÇÃO DO MEIO DE TRANSPORTE INTERNO sabilidades de cada parte, dentre outros
E INTERNACIONAL e
outras questões logísti- aspectos). Essa modalidade requer do
cas (coleta, embalagem, armazenagem, exportador conhecimento sobre exporta-
contratação de seguro). ção. É preciso, também, que o exportador
estruture sua empresa para essa tarefa ou
6 - REGISTRO DA OPERAÇÃO NO SISCOMEX contrate os serviços de profissionais expe-
rientes na área.
7 - DESEMBARAÇO ADUANEIRO,
com autorização para embarque. AGENTES
São profissionais que trabalham para o
8 - EMBARQUE PARA O EXTERIOR exportador e, mediante a cobrança de
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uma comissão, fazem a mediação das Correios. Tais serviços podem ser usados
vendas entre o exportador e o com- para o despacho das obras exportadas e
prador no exterior. Esse tipo de comer- podem ser opções interessantes em fun-
cialização é o mais comum e o mais ção do preço, prazos de entrega e sim-
adequado quando se deve manter um plicidade para o envio. Nas exportações
fluxo regular de vendas para um grande feitas por meio dessas empresas, elas
número de clientes. A figura do agente se encarregam de fazer os registros ne-

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
é especialmente recomendada quando cessários no SISCOMEX, o que simplifica
o exportador não tem conhecimento da bastante todo o processo. É recomendá-
cultura comercial do mercado-alvo ou vel consultar cada uma delas para verifi-
de aspectos relativos à legislação co- car as condições de preço, prazos de en-
mercial local e às barreiras alfandegá- trega e limites de tamanho/peso.
rias, como forma de evitar gastos com
pesquisa de mercado e eventuais trans- Exportação indireta
tornos na concretização da exportação.
O QUE É?
AGENTE REVENDEDOR (COMERCIANTE) Modalidade em que o exportador uti-
Nesse tipo de parceria comercial, o ar- liza os serviços de outra empresa es-
tista pode fazer acordo com um agente pecializada em atuar no comércio
ou galeria estrangeira, dando-lhes ex- exterior, como trading companies ou
clusividade para a importação de suas empresas comerciais exportadoras.
obras num determinado mercado. Nessa modalidade de exportação,
o artista pode vender suas obras para
COMÉRCIO ELETRÔNICO a empresa que se encarregará da ex-
Opção de algumas pequenas e médias portação. A venda será feita com fim
empresas, que estão incrementando específico de exportação, ou seja, não

- 155 -
suas vendas eletrônicas de produtos se admite qualquer outra destinação
e serviços atendendo diretamente aos para os bens que não seja a expor-
consumidores finais, proporcionando tação, inclusive a revenda da obra no
atendimento mais rápido e simples a mercado interno.
um custo mais baixo. Existe uma submodalidade de ex-
portação indireta, a chamada expor-
VENDAS PELOS CORREIOS tação por conta e ordem, na qual o
O serviço Exporta Fácil dos Correios foi exportador contrata uma empresa co-
desenvolvido em parceria com a Recei- mercial exportadora ou trading compa-
ta Federal, Banco Central, Secretaria de ny para realizar a exportação, mas essa
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Comércio Exterior, Câmara de Comércio empresa não faz a operação em nome
Exterior e outros órgãos relacionados às próprio, e sim em nome do próprio ex-
exportações, com objetivo de simplifi- portador. A diferença desta submoda-
car os processos postais e alfandegá- lidade para a outra é que o artista não
rios. Esse serviço permite efetuar expor- venderá a obra para a empresa comer-
tações no valor de até US$ 50.000 por cial exportadora; essa empresa apenas
pacote. Podem ser enviados quantos agirá como representante do artista na
pacotes o exportador quiser, obedecen- operação de exportação, realizando
do ao limite de peso de 30 kg por pa- todas as etapas burocráticas neces-
cote. O processo de embalagem, nesse sárias até o embarque, ou mesmo até
caso, deve ser feito com todo o cuidado. a entrega ao destinatário no exterior,
conforme for a contratação. Tanto num
EXPORTAÇÃO POR COURIER caso quanto no outro as empresas co-
Também conhecida como remessa pos- merciais exportadoras costumam co-
tal internacional, é realizada por empre- brar uma taxa (fee). Por isso, é preciso
sas como DHL, FEDEX, UPS e outras, avaliar previamente a viabilidade e a
que prestam serviço semelhante ao dos conveniência dessa operação.
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As empresas comerciais exportado- residente no exterior, com pagamento


ras podem facilitar o acesso de exporta- em moeda estrangeira.
dores inexperientes a mercados já esta- Um artista que mora no Brasil
belecidos, em vista de seu know-how e pode ser contratado para produzir
de seus contatos. obras por comissionamento no exte-
rior, fazer uma performance ou uma
TRIBUTOS instalação em feira ou bienal estran-

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
Essa modalidade tem tratamento fis- geiras, ou ser convidado para falar
cal e administrativo de exportação, sobre seu processo de criação para
com a aplicação de todos os benefí- alunos de um curso de artes no exte-
cios fiscais previstos para as exporta- rior. Todos esses atos configurarão ex-
ções e, caso os bens não sejam efeti- portação de serviços se o contratante
vamente exportados, os tributos serão não residir no Brasil e a remuneração
cobrados das partes envolvidas. Nesta for efetivada em moeda estrangeira.
modalidade, quem figura nos docu- Não é necessário fazer um registro
mentos de exportação é a empresa prévio de declarações de exportação,
comercial exportadora. fiscalização prévia na alfândega, ou
grandes preocupações logísticas, já
Exportação de serviços que, normalmente, os serviços depen-
dem fundamentalmente do esforço
O QUE É? pessoal do prestador do serviço.
Prestar um serviço é assumir a obri-
gação de executar algum ato, realizar TRIBUTOS
alguma ação em favor da pessoa con- A exportação de serviços também
tratante. Em sua definição jurídica, é conta com tratamento tributário pri-
uma obrigação de fazer alguma coisa, vilegiado, com isenções dos principais

- 156 -
que pode ou não resultar em um bem tributos que incidem sobre as pres-
tangível, mas que sempre pressupõe tações de serviços normais: Imposto
a configuração de uma utilidade para Sobre Serviços (ISS), Programa de In-
o contratante. Alguns exemplos corri- tegração Social (PIS) e Contribuição
queiros são a consulta médica, em que para o Financiamento da Seguridade
o médico se compromete a oferecer Social (Cofins), havendo basicamen-
um tratamento, e a intermediação de te incidência de imposto de renda, de
compra e venda, quando um interme- acordo com o regime societário e fiscal
diário se compromete a encontrar um escolhido pelo artista. É preciso cuida-
comprador para determinado bem. do, porém, porque as isenções previs-
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Um artista também pode ser con- tas para ISS, PIS e Cofins têm requisi-
tratado para prestar serviços, como tos para serem aplicadas:
pintar um retrato ou produzir uma obra
por encomenda, pintar um mural, fazer é necessário que
ISENÇÃO DE PIS E COFINS:
uma ilustração para a capa de livro ou o contratante do serviço não resida no
website ou dar aulas ou palestras. To- Brasil e deve haver necessariamente
das essas atividades configuram ser- pagamento em moeda estrangeira. O
viços porque a ênfase da contratação serviço pode até mesmo ser prestado
está na atividade intelectual, ainda no Brasil.
que, em algumas situações, o serviço
resulte num bem tangível. ISENÇÃO DE ISS: os requisitos são mais
Com relação aos serviços, a expor- complexos e geram bastante discus-
tação se configura toda vez que uma são jurídica. Só será isento de ISS o
pessoa física ou jurídica residente no serviço que for prestado no exterior
Brasil for contratada para realizar one- ou aquele cujos efeitos se verificarem
rosamente qualquer ato que resulte no exterior (ainda que seja desenvol-
numa utilidade para um contratante vido no Brasil).
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EXEMPLO: 5 - FECHAMENTO DO CÂMBIO


PARA RECEBIMENTO DO PREÇO
Serviço executado no exterior, para
uma pessoa domiciliada no exterior 6 - CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES FISCAIS
e remunerado em moeda estrangei- INTERNAS (COMO EMISSÃO DE NOTA FISCAL)
ra = sempre configurará uma expor-
tação de serviços isenta de ISS. 7 - REGISTRO DO SERVIÇO NO SISCOSERV:

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
Serviço executado no Brasil para é necessário registrar a prestação de
uma pessoa domiciliada no exterior serviço no Sistema Integrado de Co-
e remunerado em moeda estrangei- mércio Exterior de Serviços, Intangíveis
ra, mas cujo resultado se verifica no e Outras Operações que Produzam Va-
Brasil = não será isento de ISS riações no Patrimônio (SISCOSERV),
sistema virtual online administrado
POSSO LEVAR NA BAGAGEM O MATERIAL pela Receita Federal e pelo Ministério
PARA PRESTAR SERVIÇO NO EXTERIOR? da Indústria, Comércio Exterior e Ser-
Sim. Se for necessário levar material viços, que tem funcionamento seme-
para a prestação do serviço no exte- lhante ao SISCOMEX.
rior, ele poderá, em tese, ser levado Se na exportação de bens físicos é
como bagagem na viagem, se isso exigido o registro prévio da operação
for possível em virtude do tamanho, no SISCOMEX, na exportação de servi-
do valor e da quantidade transporta- ços o exportador deve fazer o registro
da. Se por algum desses motivos não somente após a prestação do serviço,
for possível embarcá-los no mesmo até o último dia útil do terceiro mês se-
voo, o material pode ser transportado guinte ao da prestação.
como carga; neste caso, o artista pode
usar o regime de bagagem desacom-

- 157 -
panhada ou de exportação definitiva,
conforme o caso
6. A
 s modalidades
de importação
AS 7 FASES DA EXPORTAÇÃO

A
DE SERVIÇOS importação consiste na entrada
de um bem estrangeiro em terri-
1 - NEGOCIAÇÃO: diálogo com o contratan- tório brasileiro e pode ocorrer de
te no exterior para definição do preço, forma definitiva (quando não há expec-
condições de pagamento. tativa de retorno do bem para o exterior
e há transferência de sua propriedade)
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
2 - ELABORAÇÃO DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO ou temporária (quando não há transfe-
DE SERVIÇOS (OPCIONAL) rência da propriedade e há expectativa
de retorno do bem em prazo definido).
3 - EXECUÇÃO DO SERVIÇO É uma operação que pode ou não ter
fins comerciais (na medida em que haja
4 - EMISSÃO DE COMMERCIAL INVOICE: ao ou não transferência de propriedade e
prestar o serviço, é necessário emitir pagamento de preço) e pode ser reali-
uma fatura comercial, e pode ser útil zada com fins exclusivamente culturais.
fazer um contrato de serviços docu- A modalidade mais comum de im-
mentando os detalhes do negócio. portação definitiva de bens materiais
A fatura comercial é um documen- é a compra de bens de uma pessoa
to obrigatório para fechar o contrato domiciliada no exterior, mas também
de câmbio referente ao recebimento podem ocorrer importações definiti-
do preço. O contrato eventualmen- vas em razão de doações ou permutas
te poderá ser usado como prova em (trocas). As importações temporárias
caso de questionamentos da fiscali- também podem ser feitas em razão
zação tributária. de empréstimos, de cessões de bens
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para variadas finalidades, desde que bém são incluídos na base de cálculo
não haja transferência de propriedade dos tributos e da tarifa de armazenagem
ou pagamento de preço. os valores referentes ao frete e ao seguro.
A importação de serviços é a situ- A carga tributária da importação nor-
ação em que uma pessoa residente no malmente é muito alta, podendo chegar
Brasil contrata uma pessoa domicilia- a 60% ou 70% do valor do bem, depen-
da no exterior para realizar uma ação. dendo do tipo de bem.

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
Na estratégia de internacionaliza-
ção do artista, a importação é menos AS 8 FASES DA IMPORTAÇÃO
relevante do que a exportação, mas DEFINITIVA SÃO:
ainda pode ser útil para a aquisição de
materiais ou de outros bens que sejam 1 - NEGOCIAÇÃO
usados em sua atividade. Diálogo com o vendedor no exterior para
Existem 2 modalidades de impor- definição do preço, condição de compra,
tação: condições de pagamento e entrega. De-
pendendo da negociação e do acordo fe-
Importação definitiva chado, o custo e a responsabilidade por al-
gumas dessas fases pode ser do vendedor.
O QUE É?
Regime em que o bem é definitiva- 2 - CONTRATAÇÃO DO DESPACHANTE
mente trazido do exterior, sem expec- ADUANEIRO (OPCIONAL)
tativa de retorno. Normalmente usado Para que a importação seja efetivada é
em casos de venda, pode também ser aconselhável, embora não seja obrigató-
utilizado em doações, trocas (permu- rio, contratar um despachante aduaneiro
tas) e em outras modalidades de ne- ou uma empresa especializada em as-
gócio que resultam em transferência sessoria na área de comércio exterior que

- 158 -
de propriedade do bem importado. conte com despachantes em sua equipe.
O artista pode recorrer a ela para Em muitos casos, o despachante
adquirir materiais para a produção de aduaneiro ou a empresa de assessoria
sua obra ou mesmo para a aquisição coordena as questões logísticas envolvi-
de qualquer outro bem ou material das, como a coleta da carga no porto/ae-
que seja útil à sua atividade. roporto e entrega no local indicado pelo
importador.
TRIBUTOS
Na importação definitiva há incidência 3 - COMPILAÇÃO DOS DOCUMENTOS
dos seguintes tributos e despesas adu- NECESSÁRIOS
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
aneiras: É importante dedicar atenção à com-
• IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO pilação dos documentos necessários,
(imposto federal) que normalmente são: fatura comercial
•P  IS E COFINS (contribuições (commercial invoice), Airway Bill (AWB) e
sociais federais) packing list.
• IMPOSTO SOBRE PRODUTOS Dependendo das circunstâncias parti-
INDUSTRIALIZADOS (imposto federal) culares da operação, poderão ser exigidos
• ICMS (imposto estadual) outros documentos. Caso o artista tenha
•T  ARIFA DE ARMAZENAGEM no uma pessoa jurídica, também será neces-
porto ou aeroporto em que sário emitir uma nota fiscal de importação
a carga for descarregada e, eventualmente, cumprir outros requisi-
tos burocráticos relacionados à empresa.
Todos esses tributos incidem sobre
o valor aduaneiro do bem importado 4 - DEFINIÇÃO DO MEIO DE TRANSPORTE INTERNO
e são calculados em cascata, ou seja, E INTERNACIONAL E OUTRAS QUESTÕES LOGÍSTI-
com inclusão do valor de cada um de- CAS (coleta, armazenagem, entrega, con-
les na base de cálculo do outro. Tam- tratação de seguro).
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5 - REGISTRO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO Regime de


NO SISCOMEX APÓS O DESEMBARQUE NA CARGA admissão temporária
NO BRASIL
O QUE É?
Regime aduaneiro que permite a en-
ATENÇÃO! trada de mercadorias no país com
Erros (mesmo pequenos), irregularida- suspensão do pagamento de todos os

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
des ou informações falsas nos documen- tributos que incidirem na importação,
tos que amparam a importação podem condicionada ao seu retorno em prazo
travar o processo e dar início ao procedi- determinado, no mesmo estado em
mento de fiscalização com pedidos de in- que foram importadas.
formações, esclarecimentos e/ou novos É uma modalidade muito usada no
documentos. O processo de fiscalização recebimento de obras de arte para expo-
pode resultar na aplicação de penalida- sições temporárias no Brasil, mas pode
des, algumas bem graves, como a pena ser servir para outros bens, desde que
de perdimento (confisco) da carga. sejam destinados a eventos culturais.
O prazo normal do regime é de 1
6 - DESEMBARAÇO ADUANEIRO, COM AUTORIZA- ano (6 meses, renováveis por mais 6
ÇÃO PARA ENTREGA AO IMPORTADOR meses), ou outro prazo maior, desde
que haja um prazo que o ampare. O
7 - COLETA DA CARGA NO PORTO/AEROPORTO E pedido deve ser feito à Receita Fede-
ENTREGA AO IMPORTADOR ral antes do recebimento dos bens,
por isso é recomendável, embora não
8 - CONTRATAÇÃO DO CÂMBIO PARA PAGAMENTO obrigatória, a contratação de um des-
DO PREÇO pachante aduaneiro ou de uma em-
Em caso de importação com cobertura presa especializada em assessoria no

- 159 -
cambial, o importador deverá fechar con- comércio exterior.
trato de câmbio para remessa do paga- A admissão temporária não pode
mento ao vendedor em prazo de até 360 ter cobertura cambial, porque o re-
dias. Acima desse prazo a operação será quisito essencial para sua aprovação
considerada uma operação financeira e é a destinação dos bens para eventos
deverá ter um registro específico no Ban- culturais sem finalidade comercial. Só
co Central (ROF). deve haver fechamento de câmbio se
por acaso os bens forem adquiridos
definitivamente pelo importador.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
TRIBUTOS
A vantagem da admissão temporária é
a possibilidade de receber bens do ex-
terior para determinados usos no Brasil
para depois devolvê-los para o país de
origem sem incidência de tributos, caso
sejam cumpridos todos os requisitos.

AS 9 FASES DA
ADMISSÃO TEMPORÁRIA

1 - NEGOCIAÇÃO
Diálogo com o remetente no exterior
para definição das condições do em-
préstimo, do prazo e da responsabi-
lidade pelos custos envolvidos na re-
messa e no retorno.
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2 - CONTRATAÇÃO DO DESPACHANTE ADUANEI-


RO (OPCIONAL)
7. Formação de preços
para o mercado
3 - COMPILAÇÃO DO
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
internacional
Os documentos necessários são essen-

Q
cialmente os mesmos exigidos em uma uando falamos em formação

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
importação definitiva, com exceção da de preço para o mercado
fatura comercial, que deve ser substi- internacional, além dos fatores
tuída por uma fatura proforma. Outros citados no capítulo Formação de
documentos são necessários, como Apenas preço no item C do Guia, outros fatores
Airway Bill (AWB) e packing list. Além devem ser levados em consideração
disso, é exigida a comprovação da exis-
tência do evento para o qual os bens se
16,2% porque eles também têm impacto nas
vendas externas.
dos artistas
destinam ou um contrato de emprésti- Determinar corretamente o preço
consideram-se
mo. Caso o artista tenha uma pessoa de exportação é importante e será de-
jurídica, também será necessário emitir familiariza- cisivo para garantir o retorno financeiro
uma nota fiscal de importação e, even- dos ou muito nessas operações. O preço de expor-
tualmente, cumprir outros requisitos familiarizados tação compreende o valor definido
burocráticos relacionados à empresa. em relação à para cada obra e adiciona todos os
formação de elementos que deverão integrar o valor
4 - PROTOCOLO DO PEDIDO DE preços para final de venda para o exterior, como o
ADMISSÃO TEMPORÁRIA
o mercado transporte das obras, a embalagem, o
frete, as taxas e os impostos.
internacional.
5 - DEFINIÇÃO DO MEIO DE TRANSPORTE INTER-
Fonte
Custos que impactam

- 160 -
NO E INTERNACIONAL E OUTRAS QUESTÕES LO-
pesquisa própria
GÍSTICAS (coleta, armazenagem, entre- a exportação
ga, contratação de seguro).
•  Custos de produção
6 - REGISTRO DA OPERAÇÃO NO SISCOMEX •E squemas de financiamento
APÓS O DESEMBARQUE NA CARGA NO BRASIL à exportação
•T ratamento tributário
7 - DESEMBARAÇO ADUANEIRO, COM AUTORI- aplicável à exportação
ZAÇÃO PARA ENTREGA AO IMPORTADOR •  Despesas de exportação,
como embalagens específicas
8 - COLETA DA CARGA NO PORTO/ despesas portuárias, despachante,
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
AEROPORTO E ENTREGA AO IMPORTADOR contratação de pessoal
especializado, frete e seguro
9 - DEVOLUÇÃO PARA O EXTERIOR OU NACIO- até o local de embarque.
NALIZAÇÃO (caso em que a admissão
temporária se transforma em impor- Custos que impactam
tação definitiva) a importação

•V  alor do dólar considerado no


processo de importação
•F  rete e seguro internacional
• I mpostos inerentes à entrada
da obra no território brasileiro,
como Imposto de Importação,
IPI, PIS, Cofins e ICMS
•C  ustos de liberação da obra
•T  ransporte da obra pós-
liberação na Receita Federal.
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Muitos desses tributos incidem uns Simulação da formação


sobre os outros, no que é chamado de de preços
incidência em cascata. Por isso, a alí-
quota efetiva (ônus econômico real Considerando que o valor do bem im-
do tributo) acaba sendo maior do que portado convertido em reais na data
a alíquota nominal. Além disso, os tri- do pagamento dos impostos ficou em
butos são calculados sobre o valor do R$ 40.000:

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
bem importado mais o valor do frete e
o valor do seguro. CÁLCULO 1
É importante considerar também VALOR DO BEM IMPORTADO
os outros custos vinculados à im- R$ 40.000
portação, como honorários de des- +
pachantes aduaneiros, tarifas de ar- VALOR DO FRETE INTERNACIONAL
mazenagem e frete interno. Para a R$ 2.000
comercialização da obra importada, +
todos esses valores devem ser agre- VALOR DO SEGURO INTERNACIONAL
gados ao valor da obra para chegar ao R$ 2.000
preço final de venda. Artistas que não =
levam nada disso em consideração VALOR DA BASE DE CÁLCULO DOS
terão prejuízo ao comercializar essas TRIBUTOS DE IMPORTAÇÃO:
obras no Brasil ou no exterior. R$ 44.000

CÁLCULO 2 - TRIBUTOS
O valor da base de cálculo dos tributos
EXEMPLO: é R$ 44.000

- 161 -
A alíquota do ICMS é de 18%, em X 4% (IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO)
média, mas ela vai incidir sobre R$ 1.760
uma base que é composta por: X 2,1% (PIS)
R$ 924,00
X 10,7% (COFINS)
R$ 4.686

Valor do bem Valor do Para calcular o ICMS (18%),


importado + Imposto de é preciso somar
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Importação VALOR DE BASE + IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO +
PIS + COFINS X 18%
R$ 11.276,34
TOTAL:
R$ 18.646,34

+ PIS + Cofins

+ Valor do ICMS
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OUTRAS DESPESAS
8. Transações
comerciais
TARIFA DE ARMAZENAGEM NO AEROPORTO:
R$ 100
HONORÁRIOS DO DESPACHANTE ADUANEIRO:
R$ 1.000
internacionais
FRETE NACIONAL:

A
R$ 200 s transações comerciais interna-

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
TOTAL: cionais são todas as transações
R$ 1.300 (com colecionadores, galerias
ou outros profissionais que atuem no
VALOR TOTAL DO CUSTO DA IMPORTAÇÃO comércio de obras de arte) realizadas
Valor do bem importado + frete fora do país e que geram o envio da
internacional + seguro internacional obra vendida para o exterior (exporta-
+ tributos + outras despesas ção), bem como o recebimento do pa-
R$ 40.000 + R$ 2.000 + R$ 2.000 + gamento pela obra aqui no Brasil (re-
R$ 18.646,34 + R$ 1.300 = R$ 63.946,34 messa internacional de valores).
Não é considerada aqui a venda para
A OBRA QUE TINHA preço de R$ 40.000 estrangeiro quando o mesmo se encon-
(valor pago ao vendedor no exterior) tra no país, e a obra é entregue e quitada
acaba tendo um custo total de impor- em território nacional. Essa é considera-
tação de R$ 63.946,34. A partir desse da uma venda local e deverá receber o
custo total é que deve ser fixado o pre- mesmo tratamento de qualquer venda
ço de venda final, considerando a mar- realizada no país.
gem de lucro, a tributação da venda e Nesse tipo de venda é preciso consi-
outros custos internos não considera- derar uma série de informações, desde a
dos acima. negociação até a entrega da obra, para

- 162 -
É preciso prestar atenção, porque garantir o sucesso da mesma. Artistas
para cada situação haverá um tipo de devem informar o valor da obra sem es-
transporte mais indicado, e é impor- quecer de considerar os custos de trans-
tante contar com um despachante porte, embalagem, imposto e seguro.
aduaneiro para orientar sobre a me-
lhor forma de realizar essas operações Quem pode fazer a venda?
e sobre a documentação necessária
para o processos. A VENDA PODE ser realizada por meio de
uma galeria nacional – o ideal é que a
mesma cuide do processo e pague o
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
artista no país – ou pelo artista. Quem
opta por fazer o processo por conta
própria deve tomar algumas precau-
ções para garantir que tudo vá aconte-
cer da melhor forma possível.
A primeira é lembrar-se de infor-
mar a quem solicita o valor que não
estão sendo considerados os custos
de transporte e impostos, pois dessa
forma fica claro para quem recebe que
aquele valor é apenas o da obra, e que
se deve considerar um valor extra para
os demais procedimentos.
Um simples “Transporte, seguro e
impostos não incluídos/Transport, in-
surance and taxes not included” desta-
cado no documento informa ao com-
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prador que o valor enviado é o valor da to (remessa sem saque, cobrança do-
obra, sem transporte e impostos – um cumentária e carta de crédito).
detalhe que poupa problemas e preju- O prazo máximo para a liquidação
ízos. Todos esses processos são sim- das operações de câmbio é o último
plificados com o acompanhamento e dia útil do 12º mês seguinte ao do em-
auxílio de um despachante aduaneiro. barque da mercadoria ou da prestação
de serviços, ficando a contratação pré-

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
Como receber pela transação? via em 360 dias.
A liquidação poderá ser feita por
O PROCESSO DE venda e pós-venda gera intermédio de seu banco, pela área de
uma série de documentos que devem câmbio. Para isso você vai precisar ter
ser guardados pois, assim que o com- cadastro, os documentos necessários,
prador envia o pagamento, o banco irá de acordo com a natureza da operação
requerê-los para realizar o fechamen- contratada, e todos os formulários es-
to do câmbio e o depósito do valor em pecíficos preenchidos de acordo com
conta. Sem isso, o artista não conse- a operação contratada. Esse processo
gue receber o pagamento. também pode ser realizado por uma
Os artistas podem cuidar desse corretora de câmbio, que pode asses-
processo diretamente com a área de sorar e aconselhar sobre a melhor ma-
câmbio do banco ou podem contratar neira de realizar todo o processo e ne-
uma corretora de câmbio para receber gociar as taxas com os bancos.
(o procedimento é o mesmo). Quem
não tem conta bancária pode solicitar Documentos necessários
a remessa pessoalmente em qualquer
banco com seu passaporte e identida- TER EM MÃOS os documentos necessá-
de, levando todos os dados da pessoa rios garante o sucesso da negociação,

- 163 -
que irá receber o dinheiro (nome com- da remessa e da entrega da obra.
pleto, endereço, país, CPF, nome do
banco, número da conta, etc). FATURA COMERCIAL
Também é possível receber valores Muitas vezes a negociação se dá
do exterior de outras formas, incluindo por meio de uma troca informal de
todas as empresas que fazem envio de e-mails, que também vale como to-
valores. Se o artista for pessoa física, o mada de preço e das condições de
procedimento de fechamento de câm- venda da obra. Mas, quando a venda
bio é ainda mais simples. é fechada, o artista deverá enviar para
Para fazer a liquidação financeira das quem compra uma fatura comercial
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
operações, é necessário entregar toda a (ou commercial invoice) – existem vá-
documentação solicitada ao banco com rios modelos disponíveis na internet.
o qual tenha sido celebrado o contrato Esse documento, redigido em in-
de câmbio da exportação e pagamen- glês, confirma que a operação já foi
to. O recebimento, em moeda nacional, consumada e que o artista deve cuidar
decorrente da exportação, deve ocorrer dos trâmites operacionais de envio da
mediante crédito do correspondente obra (ou obras) para o comprador. Essa
contra valor (em reais) em conta. fatura equivale à nota fiscal brasileira e
Essas operações, sob o aspecto é imprescindível para a liberação adua-
cambial, são consideradas “com co- neira em qualquer parte do mundo. Ela
bertura cambial”, já que ocorre o pa- contém todas as informações pactua-
gamento proveniente do exterior com das na negociação internacional, como:
a remessa da mercadoria. Podem ser •N
 ome e endereço do
fechadas antes do embarque, na mo- artista e do comprador
dalidade pagamento antecipado da •T
 ipo de transporte
exportação, ou após o embarque, sob •L
 ocais de embarque e
as demais modalidades de pagamen- de desembarque
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•D
 escrição completa da mercadoria do banco pela transação financeira e
•Q
 uantidade, peso bruto e líquido o Imposto sobre Operações Financeira
•M
 oeda, preço unitário, valor total (IOF) de 6,38%. As taxas variam muito
•T
 ermos ou condições de venda de banco para banco então é bom fa-
•A
 ssinatura do exportador zer uma pesquisa.
•M
 odalidade de pagamento Quem recebe pagamentos por
•T
 ipo de embalagem, número meios eletrônicos, como o PayPal e o

- INTERNACIONALIZAÇÃO -
e marca de volumes WeTransfer, não se deve esquecer de
•D
 ata de emissão. declarar esses valores, pois com o sis-
tema da Receita Federal do Brasil, as-
sim como da maioria dos países alta-
ATENÇÃO! mente automatizado, pode-se cair na
A falta de qualquer uma das informa- malha fina e pagar multas muito altas.
ções listadas acima poderá levar à co-
brança de multa e ao atraso na libera- PESSOA JURÍDICA
ção da obra. Independentemente do porte da em-
presa (micro, pequena ou média), as
AUTORIZAÇÃO DE SAÍDA operações comerciais são tributadas
O vendedor também deverá providen- pelos seguintes tributos federais e es-
ciar junto ao Iphan a autorização para taduais: Imposto de Renda e Adicional,
saída de obra. O ideal é entrar em conta- Contribuição Social sobre o Lucro Líqui-
to com a superintendência do Iphan em do, PIS e Cofins e ICMS (Imposto sobre
seu estado e checar como eles exigem Circulação de Mercadorias e Serviços).
que o documento seja apresentado. A diferença está na forma de apu-
ração e cobrança desses tributos, que
A lista completa de superintendências depende do enquadramento tributário

- 164 -
do Iphan está no site: da empresa e do regime tributário apli-
http://portal.iphan.gov.br/ cável. É importante notar que existe
imunidade tributária para as receitas
DOCUMENTOS DE EMBARQUE de exportação no caso das contribui-
Os demais documentos essenciais são o ções sociais ao PIS e à Cofins, bem
packing list (ou romaneio de embarque) como ao que se refere ao ICMS.
e o conhecimento de embarque (ou de As receitas de exportação não são
carga ou de transporte), entre outros. excluídas da base de cálculo do Sim-
ples Nacional, por isso não há redu-
TRIBUTOS ção da carga tributária para o artista
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Com relação ao tratamento fiscal, es- cuja empresa está enquadrada nesse
sas transações são altamente bene- regime. Há, todavia, a exclusão das
ficiadas pela isenção da maioria dos operações de exportação dos limites
tributos, federais ou estaduais, que de faturamento para efeito de enqua-
normalmente incidem sobre as opera- dramento no modelo. Considerando
ções de vendas internas. as alíquotas aplicáveis, mesmo sem o
O tipo de tributação vai depender benefício da imunidade fiscal, a ope-
se o artista está realizando o processo ração de exportação é bastante van-
com pessoa física ou jurídica. tajosa para empresas tributadas pelo
Simples Nacional.
PESSOA FÍSICA
Os impostos que incidem sobre o di-
nheiro recebido do exterior variam con-
forme o montante (quem recebe mais,
paga mais; quem recebe menos, paga
menos). Além da tributação explicada
no item C, pagam-se também a taxa
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS POR TEMA

SISTEMA DA ARTE

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LIVROS E PERIÓDICOS

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VASCONCELOS, A. BEZERRA, A. (Org.). Mapeamento de residências artísticas no Brasil. 1ª edição. Rio de Janeiro:
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www.latitudebrasil.org/pesquisa-setorial/. Acesso em: novembro, 2018. - GUIA DO ARTISTA VISUAL -
ATELIÊ 397. Espaços independentes. Livro contemplado pelo edital Conexão Artes Visuais da Funarte, parte da
documentação das atividades do Ateliê 397 (São Paulo – SP), do Arquipélago (Florianópolis – SC), do Branco do
Olho (Recife – PE), do Atelier Subterrânea (Porto Alegre – RS) e do Barracão Maravilha (Rio de Janeiro – RJ), entre
outros espaços independentes brasileiros, 2010. Disponível em: https://issuu.com/atelie397/docs/issu_espacos_
independentes. Acesso em novembro, 2018.
FÓRUM PERMANENTE. O Ibram, o mercado de arte, os desacertos das políticas públicas e a salvaguarda do
patrimônio cultural nacional. São Paulo, 2014. Disponível em: www.forumpermanente.org/imprensa/instituto-
brasileiro-de-museus-ibram/ibram-mercado-de-arte-politicas-publicas-salvaguarda-patrimonio-cultural.
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DADOS E ESTATÍSTICAS DO
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GUIAS, MANUAIS E DISSERTAÇÕES


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latitudebrasil.org/media/uploads/publicacoes/issuu/manualexportaca_1.pdf. Acesso em: novembro, 2018.
MINC/Diretoria dos Direitos Intelectuais DDI. Legislação de Direitos Autorais, 5ª edição, Brasília, 2016.
Manual: Brasil. Ministério das Relações Exteriores. Divisão de Programas de Promoção Comercial. Exportação
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ODGEN, Sherelyn (edição) Projeto conservação preventiva em bibliotecas e arquivos. 1-9: Armazenagem e
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Museums and Galleries Commission/Edusp. Planejamento de exposições (Effective Exhibitions Guidelines for
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FINDLAY, M. The value of Art: money, power, beauty. Who decides what art is worth?. Novembro, 2012. Disponível
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QUEMIN, A. “Mercado de arte, instituições artísticas e... passaportes”. Entrevista por Ilana Golstein. Revista – PROA/
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SEBRAE: www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae. Acesso em: novembro, 2018.
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- AGRADECIMENTOS -
AGRADECIMENTOS
A publicação deste manual seria impossível sem a
revisão e a contribuição dos seguintes profissionais:

Jacqueline Assis [conservadora-restauradora do Laboratório de


Conservação e Restauração de Papel do Museu Nacional de Belas Artes]

James Lisboa [leiloeiro oficial do Estado de São Paulo e perito judicial


da casa de leilão de arte de São Paulo, Leilão de Arte James Lisboa]

Sylvia Sanchez [fotógrafa, filmmaker, artista visual e


professora na Panamericana Escola de Arte e Design]

E dos artistas:
Apolo Torres

- 169 -
Fernanda Chieco
Marcelo Gandhi

Nosso agradecimento especial ao parceiro Centro Universitário


Belas Artes de São Paulo representado pelo coordenador
do curso de artes visuais, Prof. Dr. Roberto Bertani, e pelas
alunas e alunos Amanda Costa Cândido da Silva, Fábio
Hideki Eguchi, Kátia Souza Lee, Leonardo Martins de Oliveira,
Veridiana Mana Carloti, pelos importantes papéis na análise e
cruzamento de dados do questionário da pesquisa interna.
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -

E a todos os artistas, curadores, gestores, jornalistas, produtores e


demais colegas do setor pela divulgação e colaboração, bem como
aos artistas que dedicaram tempo para responder pesquisa interna.
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REALIZAÇÃO
UNESCO [Organização das Nações Unidas
Especialista em comunicação
para a Educação, a Ciência e a Cultura]
Júlia Frate Bolliger
Especialistas em comércio exterior
MINISTÉRIO DA CULTURA
Márcio Cândido e Victor Gomes
Coordenação geral
Ministro de Estado da Cultura
Mônica Novaes Esmanhotto
Sergio Henrique Sá Leitão
[Além Consultoria em Cultura]

- FICHA TÉCNICA -
Consultora para assuntos contábeis
Secretário da Economia Criativa
Ana Paula Silva Almeida e
Douglas Ramiro Capela
Carlos Sousa Santos [Suprema
Contadores Associados]
Chefe de Gabinete
José Mauro Gnaspini ANÁLISE DE DADOS DO QUESTIONÁRIO
Coordenação Prof. Dr. Roberto
Diretora do Departamento de
Bertani [Centro Universitário
Empreendedorismo Cultural
Belas Artes de São Paulo]
Érica Bordinhão Lewis Equipe de alunos
Amanda Costa Cândido da Silva
Coordenadora-Geral de
Fábio Hideki Eguchi
Empreendedorismo e Inovação
Kátia Souza Lee
Andrea Santos Guimarães
Leonardo Martins de Oliveira
Veridiana Mana Carloti
Coordenador de Formação
Técnica, Gestão e Produção EDIÇÃO
Bruna Martins Fontes

- 170 -
Jorge Edson Garcia
Maria Carolina Maia
Diretor do Departamento de
Assuntos Internacionais PROJETO GRÁFICO E INFOGRAFIA
Adam Jayme de Oliveira Muniz Danilo Bandeira
Janaina Pinho
Coordenador-Geral de Cooperação
e Assuntos Multilaterais e Diretor REVISÃO DE TEXTO
Nacional do Projeto 914BRZ4013 Marcela Vieira
Eduardo Pareja Coelho
COMITÊ CIENTÍFICO
- GUIA DO ARTISTA VISUAL -
Coordenadora de Cooperação Internacional Representantes do Ministério da Cultura:
e Coordenadora do Projeto 914BRZ4013 Andrea Santos Guimarães
Luanne Silva Cortes Trigueiro Érica Bordinhão Lewis
Jorge Edson Garcia
Luanne Silva Cortes Trigueiro
EQUIPE TÉCNICA Xico Chaves

Curadoria e conteúdo Representantes do setor:


Cristiana Tejo Ana Letícia Fialho
Carla Chaim
Aspectos jurídicos Tera Queiroz
Cristiane Olivieri e Willian Galdino
[Olivieri Associados] CONTATO
guiadoartistavisual@gmail.com
Desenvolvimento e pesquisa, gestão de carreira
Danielle Giovi Abrahamsson
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Esta publicação tem a cooperação da UNESCO no âmbito do


Projeto 914BRZ4013, o qual tem o objetivo de fortalecer o ministério da
cultura para o desenvolvimento de estudos, projetos e ações voltados
à construção, aperfeiçoamento e extroversão de uma política cultural
fundada nos princípios da intersetorialidade, do compartilhamento
federativo das ações, e da garantia do acesso aos bens, serviços e
expressões culturais.
As indicações de nomes e a apresentação do material ao longo
deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte
da UNESCO a respeito da condição jurídica de qualquer país, território,
cidade, região ou de suas autoridades, tampouco da delimitação
de suas fronteiras ou limites. As ideias e opiniões expressas nesta
publicação são as dos autores e não refletem obrigatoriamente as da
UNESCO nem comprometem a Organização.
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GUIA DO ARTISTA VISUAL


Inserção e Internacionalização

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