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Objetivo
Aprender as diferentes relações desarmônicas, com pelo menos um exemplo específico de cada
relação.
Curiosidade
As relações desarmônicas estão relacionadas com diversas outras áreas da biologia: ecologia de
populações, especiação, evolução e seleção natural. Uma das razões para isso acontecer é que
relações negativas podem acabar reduzindo ou extinguindo uma determinada população.
Teoria
Vimos no último capítulo de biologia as relações ecológicas harmônicas, em que os seres vivos
interagem sem causar nenhum tipo de prejuízo um ao outro. Neste capítulo, vamos aprender sobre
as relações desarmônicas, nas quais pelo menos um dos indivíduos é prejudicado.
E vamos revisar alguns conceitos antes de começar: as relações também podem ser classificadas
como intraespecíficas (mesma espécie) ou interespecíficas (espécies diferentes). São utilizados os
símbolos de positivo + (para indicar uma vantagem na relação), de negativo – (para indicar um
prejuízo para o indivíduo) e o 0 (representando uma indiferença na relação, ou seja, o indivíduo não
se afeta nem positivamente nem negativamente).
Veja, a seguir, uma tabela que resume as principais relações ecológicas desarmônicas:
Canibalismo (+,-)
Intraespecíficas
Competição (-,-)
Amensalismo (0,-)
Parasitismo (+,-)
Relações
desarmônicas
Herbivoria (+,-)
Interespecíficas
Predatismo (+,-)
Esclavagismo (+,-)
Competição (-,-)
Biologia
Canibalismo (+,-)
Nesta relação, um ser se alimenta de outro da mesma espécie. Pode estar relacionado a
comportamentos reprodutivos, como em alguns artrópodes como o louva-deus e a viúva-negra (em
que as fêmeas se alimentam dos machos após a cópula para obter energia para o desenvolvimento
dos filhotes). Pode ocorrer também canibalismo por conta de estresse, devido ao aumento
exagerado da população, fato, por exemplo, observado em algumas populações de ursos polares,
por causa da baixa disponibilidade de alimento pela perda de habitat.
Amensalismo (0,-)
Também conhecido como antibiose. Uma espécie causa prejuízos para o desenvolvimento ou
mesmo para a sobrevivência de outra espécie. Dentre os exemplos podemos citar o fungo
Penicillium, que secreta uma substância que inibe o desenvolvimento de bactérias e é usado como
antibiótico, e também a maré vermelha, em que a superproliferação de algas dinoflageladas libera
toxinas na água, e isso afeta a fauna marinha, podendo levar alguns organismos à morte.
Parasitismo (+,-)
Um ser parasita se beneficia do outro, chamado de hospedeiro. Nesta relação, não é interessante
para o parasita matar o seu hospedeiro, pois como o parasita depende das atividades metabólicas
do outro, caso o hospedeiro morra, o parasita também irá morrer. Os parasitas podem viver fora do
corpo do hospedeiro (ectoparasitas, como piolhos e pulgas) ou dentro (endoparasitas, como a
solitária ou o bicho geográfico). Todos os vírus são classificados como parasitas.
Biologia
Nas plantas, podemos classificar os parasitas como holoparasitas (não realizam fotossíntese, e
parasitam roubando a seiva elaborada, com glicose, de seu hospedeiro, como o cipó-chumbo) ou
hemiparasitas (realizam fotossíntese, mas parasitam o hospedeiro roubando a seiva bruta, com
água e sais minerais, como a erva-de-passarinho).
Também temos os animais que são parasitoides, que causam indiretamente a morte de seu
hospedeiro. Esses animais depositam ovos nos hospedeiros e esses ovos se desenvolvem. Quando
os ovos eclodem, as larvas comem o hospedeiro para obter nutrientes, levando à sua morte. Os
parasitoides são bastante estudados para realizar controle biológico de pragas em plantações.
Biologia
Herbivoria (+.-)
Ocorre quando um animal se alimenta de uma planta ou de parte dela. Os elefantes são exemplos
de animais herbívoros, ou seja, aqueles que só realizam a herbivoria.
Predatismo (+,-)
Também conhecido como predação. Ocorre quando um ser vivo de uma espécie mata ou causa a
morte de outra espécie para se alimentar.
Biologia
Esclavagismo (+,-)
Quando um ser vivo se aproveita das atividades, do trabalho ou de produtos produzidos por outros
seres vivos. São exemplos as aves fragatas, que roubam peixes capturados por gaivotas para se
alimentar, e os cucos, cujos ovos são colocados em ninhos de outras aves para que elas cuidem e
alimentem os filhotes.
Cuco (maior, direita) sendo alimentado pela “mãe adotiva” (menor, esquerda) em uma
relação de esclavagismo.
Fonte: Oldrich Mikulica/Investigación Y Ciencia. Disponível em:
https://www.investigacionyciencia.es/revistas/investigacion-y-ciencia/por-qu-estamos-solos-
792/parasitismo-de-cra-en-las-aves-ms-all-de-la-puesta-18341. Acessado em 05/09/2021.
Biologia
Espécies com grande sobreposição de nicho apresentam uma competição intensa. Nesses casos,
podemos observar um dentre os três diferentes resultados:
● Uma das espécies é extinta do local;
● Uma das espécies migra para outro habitat;
● Uma ou todas as espécies alteram seu nicho ecológico para evitar a competição.
Para evitar a competição, cada espécie de passarinho realiza seu nicho em locais diferentes de
uma mesma árvore.
Fonte: General Zoology. Disponível em: https://biocyclopedia.com/index/general_zoology/
competition_and_character_displacement.php. Acessado em 05/09/2021.
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Biologia
Exercícios de fixação
3. “As vespas não comem as larvas de mariposa, mas colocam seus ovos dentro delas. Essas
larvas de mariposa são conhecidas por destruir plantações”. A relação ecológica da vespa
com a larva, e da larva com as plantações é de:
(A) Parasitismo E Predação.
(B) Parasitoidismo E Competição.
(C) Parasitoidismo E Herbivoria.
(D) Predação E Herbivoria.
5. Qual dos seguintes fatores justifica a competição ser uma relação (-,-)?
(A) Há Gasto De Tempo E Energia Por Todos Os Envolvidos.
(B) Como Há Um Vencedor, O Correto É Representar A Competição Com (+,-).
(C) Na Competição Sempre Há Brigas Que Causam Ferimentos Nos Envolvidos.
(D) A Competição É (-,-) Apenas Quando Interespecífica.
Biologia
Exercícios de vestibulares
1. (Enem, 2013) No Brasil, cerca de 80% da energia elétrica advém de hidrelétricas, cuja
construção implica o represamento de rios. A formação de um reservatório para esse fim, por
sua vez, pode modificar a ictiofauna local. Um exemplo é o represamento do Rio Paraná, onde
se observou o desaparecimento de peixes cascudos quase que simultaneamente ao aumento
do número de peixes de espécies exóticas introduzidas, como o mapará e a corvina, as três
espécies com nichos ecológicos semelhantes.
PETESSE, M. L.: PETRERE JR., M. Ciência Hoje. São Paulo, n. 293, v. 49. jun, 2012 (adaptado).
2. (Enem, 2011) Os vaga-lumes machos e fêmeas emitem sinais luminosos para se atraírem
para o acasalamento. O macho reconhece a fêmea de sua espécie e, atraído por ela, vai ao
seu encontro. Porém, existe um tipo de vaga-lume, o Photuris, cuja fêmea engana e atrai os
machos de outro tipo, o Photinus, fingindo ser desse gênero. Quando o macho Photinus se
aproxima da fêmea Photuris, muito maior que ele, é atacado e devorado por ela.
A relação descrita no texto, entre a fêmea do gênero Photuris e o macho do gênero Photinus,
é um exemplo de:
(A) Comensalismo.
(B) Inquilinismo.
(C) Cooperação.
(D) Predatismo.
(E) Mutualismo.
Biologia
3. (Enem PPL, 2016) Em uma floresta existiam duas populações herbívoras que habitavam o
mesmo ambiente. A população da espécie X mostrava um grande número de indivíduos,
enquanto a população Z era pequena. Ambas tinham hábitos ecológicos semelhantes. Com a
intervenção humana, ocorreu fragmentação da floresta em duas porções, o que separou as
populações X e Z. Após algum tempo, observou-se que a população X manteve sua taxa
populacional, enquanto a população Z aumentou a sua até que ambas passaram a ter,
aproximadamente, a mesma quantidade de indivíduos.
A relação ecológica entre as espécies X e Z, quando no mesmo ambiente, é de:
(A) Predação.
(B) Parasitismo.
(C) Competição.
(D) Comensalismo.
(E) Protocooperação.
4. (Enem, 2019) As cutias, pequenos roedores das zonas tropicais, transportam pela boca as
sementes que caem das árvores, mas, em vez de comê-las, enterram-nas em outro lugar. Esse
procedimento lhes permite salvar a maioria de suas sementes enterradas para as épocas
mais secas, quando não há frutos maduros disponíveis. Cientistas descobriram que as cutias
roubam as sementes enterradas por outras, e esse comportamento de “ladroagem” faz com
que uma mesma semente possa ser enterrada dezenas de vezes.
(Disponível em: http://chc.cienciahoje.uol.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012.)
5. (Enem, 2011) O controle biológico, técnica empregada no combate a espécies que causam
danos e prejuízos aos seres humanos, é utilizado no combate à lagarta que se alimenta de
folhas de algodoeiro. Algumas espécies de borboleta depositam seus ovos nessa cultura. A
microvespa Trichogramma sp. introduz seus ovos nos ovos de outros insetos, incluindo os
das borboletas em questão. Os embriões da vespa se alimentam do conteúdo desses ovos e
impedem que as larvas de borboleta se desenvolvam. Assim, é possível reduzir a densidade
populacional das borboletas até níveis que não prejudiquem a cultura.
A técnica de controle biológico realizada pela microvespa Trichogramma sp. consiste na
(A) introdução de um parasita no ambiente da espécie que se deseja combater.
(B) introdução de um gene letal nas borboletas, a fim de diminuir o número de indivíduos.
(C) competição entre a borboleta e a microvespa para a obtenção de recursos.
(D) modificação do ambiente para selecionar indivíduos melhor adaptados.
(E) aplicação de inseticidas a fim de diminuir o número de indivíduos que se deseja combater.
6. (Enem, 2016) Uma nova estratégia para o controle da dengue foi apresentada durante o
Congresso internacional de Medicina Tropical, no Rio de Janeiro, em 2012. O projeto traz uma
abordagem nova e natural para o combate à doença e já está em fase de testes. O objetivo do
programa é cessar a transmissão do vírus da dengue pelo Aedes aegypti, a partir da introdução
da bactéria Wolbachia – que é naturalmente encontrada em insetos — nas populações locais
de mosquitos. Quando essa bactéria é introduzida no A. aegypti, atua como uma “vacina”,
estimulando o sistema imunológico e bloqueando a multiplicação do vírus dentro do inseto.
Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br. Acesso em: 20 dez 2012 (adaptado)
7. (UDESC, 2010) As orquídeas e a erva de passarinho são plantas que fazem fotossíntese e
vivem sobre outras plantas. As orquídeas apenas se apoiam sobre as plantas, enquanto a erva
de passarinho retira água e sais minerais das árvores em que vivem. A diferença é que a
primeira não consome os recursos da planta hospedeira, enquanto a segunda retira recursos
para seu desenvolvimento. Assinale a alternativa correta quanto às relações da erva de
passarinho e das orquídeas com as plantas hospedeiras, respectivamente
(A) amensalismo e parasitismo.
(B) parasitismo e epifitismo.
(C) parasitismo e predatismo.
(D) parasitismo e protocooperação.
(E) protocooperação e epifitismo.
Biologia
8. (PUC-RS, 2006) A construção de cidades altera as condições ambientais de uma área natural,
provocando a substituição da comunidade biótica original por uma comunidade composta
por espécies nativas do local e espécies exóticas (trazidas pelo homem de outras partes do
mundo). Nesta nova comunidade, as espécies exóticas interagem com as espécies locais,
podendo prejudicá-las, beneficiá-las ou, mesmo, não afetá-las significativamente. Os gatos
domésticos, por exemplo, podem comer os ovos de espécies de aves que nidifiquem no chão,
ou próximo dele, exterminando-as, assim, de áreas pequenas. Se a área original fosse coberta
por uma floresta, algumas de suas plantas e animais nativos poderiam permanecer em
parques, enquanto outros desapareceriam. Outras plantas poderiam ser utilizadas em
projetos de paisagismo ou de arborização das vias públicas. Contudo, as populações da
maioria destas espécies seriam menores e os seus indivíduos estariam mais dispersos
espacialmente. Consequentemente, os indivíduos de uma dada espécie com população
pequena poderiam apresentar um maior grau de parentesco e, por serem mais semelhantes,
sua espécie poderia ter uma menor probabilidade de adaptação frente a variações ambientais.
Neste novo contexto, no entanto, as interações entre as espécies e entre elas e o meio abiótico
continuariam desempenhando um papel fundamental para a manutenção da comunidade. A
reprodução de determinadas espécies vegetais, por exemplo, continuaria dependendo do
serviço prestado por animais polinizadores (como morcegos e beija-flores) e dispersores de
sementes (como sabiás e bem-te-vis).
Quais das interações abaixo, entre espécies exóticas e nativas, podem causar prejuízos para
estas últimas?
(A) Comensalismo, inquilinismo e mutualismo.
10. (UFPR, 2015) Assinale a alternativa que indica um desenho experimental que permite verificar
se existe competição entre duas espécies por um mesmo recurso.
(A) Aumentar o recurso e verificar qual das duas espécies apresenta maior crescimento
populacional.
(B) Remover uma das espécies e verificar a flutuação populacional da outra.
(C) Inserir uma espécie exótica no ambiente e verificar qual das duas espécies apresenta
maior crescimento populacional.
(D) Selecionar alguns indivíduos de cada uma das espécies e estudar seus hábitos em
relação ao mesmo recurso.
(E) Trocar o recurso em questão por outro tipo de recurso e verificar qual das duas espécies
apresenta maior crescimento populacional.
Gabaritos
Exercícios de fixação
1. Competição interespecífica é entre espécies diferentes, logo a descrição deve conter exemplos
de organismos diferentes competindo por um recurso. Por exemplo: cipós e epífitas
competindo por um local com mais luz, hienas e urubus competindo por uma carcaça, lobos e
raposas competindo por uma presa...
2. A
O canibalismo é uma relação em que um organismo come outro da mesma espécie, sendo
exclusivamente intraespecífica desarmônica.
3. C
A vespa coloca ovos que, ao eclodirem, matam a larva de mariposa (parasitoidismo), enquanto
as larvas comem a vegetação da plantação (herbivoria).
4. C
O parasita nunca pretende matar o hospedeiro, mesmo que isso possa acabar acontecendo;
afinal, se o hospedeiro morrer, há grandes chances de o parasita também morrer.
5. A
Todos os organismos envolvidos em uma competição gastam tempo e energia, além de
reservas calóricas, para competir. As competições não necessariamente envolvem agressões
físicas, podendo ser apenas de movimento (ex. machos dançando e competindo entre si para
atrair uma fêmea).
Exercícios de vestibulares
1. C
O aumento de espécies exóticas fará com que elas compitam com as nativas por recursos,
nutrientes, espaço, etc.
2. D
Vagalumes do gênero Photuris se alimentam do macho do gênero Photinus, um caso de
predação.
3. C
A população X manteve seu tamanho populacional, enquanto Z aumentou seu número
populacional. Ambas as espécies eram herbívoras; logo, quando elas estavam juntas,
competiam por alimento, sendo que Z estava em desvantagem, afinal seu número populacional
era menor e cresceu apenas quando se separou de X.
4. D
A “ladroagem” entre cutias determina uma competição intraespecífica por alimento entre elas.
5. A
O texto descreve a ação de um organismo parasita, uma relação ecológica desarmônica
intraespecífica. Nesse caso, o parasita é a larva da vespa, que irá impedir o desenvolvimento
das larvas de borboleta, pragas agrícolas.
Biologia
6. E
O controle biológico é uma técnica que tem como objetivo diminuir ou acabar com populações
de organismos, normalmente parasitas, utilizando meios naturais, como exemplo outros seres
vivos. Ao utilizar a bactéria Wolbachia para diminuir a população do inseto Aedes aegypti, temos
um controle biológico.
7. B
A tentativa de alcançar locais mais altos e mais iluminados, sem se aproveitar de recursos da
planta hospedeira, é conhecida como epifitismo. Entretanto, a partir do momento que há a
retirada de água e sais minerais, a erva-de-passarinho passa a ser um parasita do tipo
hemiparasita.
8. D
Somente a letra D indica apenas relações ecológicas desarmônicas, que poderiam impactar e
causar danos a espécies nativas.
9. D
Uma vez que a bactéria Wolbachia é parasita intracelular, ela utiliza recursos semelhantes ao
vírus causador da dengue. Desse modo, há a competição interespecífica entre o vírus da
dengue e a bactéria Wolbachia pelos recursos nutricionais limitados nas células do mosquito
Aedes aegypti.
10. B
Espécies em competição apresentam o crescimento populacional mais lento e reduzido. Caso
separássemos duas espécies que vivem juntas, e a flutuação populacional fosse estudada,
poderíamos descobrir se havia competição ou não – caso houvesse competição, a população
das espécies iria aumentar.