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ESCOLA SECUNDÁRIA GERAL 7 DE ABRIL

=CHIMOIO=

História

Trabalho

Tema:

O ENVOLIVIMENTO DA ÁFRICA NA 1ª GUERRA MUNDIAL

Discente:
Lucas Armando António

10ª Classe

PESD-2B

Docente:

Charles Manuel

Chimoio, Maio de 2023


Índice
Introdução..........................................................................................................................3

1. O envolvimento dos africanos na I Guerra Mundial..................................................4

2. O fim da Primeira Guerra Mundial (o Armistício de 11 de novembro de 1918).......6

3. Conferência de Paris e o Tratado de Versalhes (1919)..............................................7

I. Conferência de Paris e 14 pontos de Wilson – janeiro de 1919.............................7

II. Tratado de Versalhes e a derrocada alemã – junho de 1919..................................8

4. A sociedade das nações (SDN)..................................................................................9

I. O fracasso da SDN.................................................................................................9

II. Razões do fracasso...............................................................................................10

5. As consequências da Primeira Guerra Mundial.......................................................11

I. As principais consequências da Primeira Guerra Mundial...................................11

i. Mortes...............................................................................................................11

ii. Instabilidade econômica e política....................................................................12

iii. Reconfiguração territorial.................................................................................12

iv. Ascensão do totalitarismo.................................................................................13

6. O significado da Primeira Guerra Mundial.............................................................13

7. Conclusão................................................................................................................15

Referências Bibliográficas...............................................................................................16
Introdução

O presente trabalho acadêmico aborda sobre o envolvimento dos africanos na I Guerra


Mundial.

"A Primeira Guerra Mundial foi um conflito armado que ocorreu entre 1914 e 1918 com
as principais potências da Europa. O seu carácter mundial estava relacionado ao facto de
os conflitos envolverem todas as grandes potências do mundo capitalista ocidental.

Vários foram os factores de eclosão da Primeira Guerra Mundial.

Esta iniciou-se na Europa, mas, pouco tempo depois, atingiu a África onde os países
beligerantes disputavam colónias.

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1. O envolvimento dos africanos na I Guerra Mundial

Foi do resultado das rivalidades entre as potências europeias pela partilha do mundo
que, em 1914, começou a Primeira Guerra Mundial.

A Primeira Guerra Mundial, embora tenha sido essencialmente europeia, acabou


afectando o nosso continente, já que, a África já estava sob domínio europeu, por isso,
vamos analisar os efeitos dela em África.

Como já foi acima dito, a guerra relacionava-se com a concorrência das potências
europeias pelo controlo de territórios. A Alemanha, por exemplo, que se industrializou
tardiamente, considerava-se prejudicada na parte que lhe cabia nas zonas de influência e
de colónias e exigia uma redistribuição destas. Os seus interesses chocavam com os
interesses das velhas potências, como a Inglaterra e a França e punham em causa os
domínios doutras, como Portugal e Bélgica, em África. Esta situação provocou tensão
entre os países europeus, tensão que levou à eclosão da Primeira Guerra Mundial, em
1914.

A Primeira Guerra Mundial iniciou-se na Europa, mas, pouco tempo depois, atingiu a
África onde os países beligerantes disputavam colónias.

A Alemanha nos finais do século XIX atingiu um desenvolvimento industrial muito alto
que ameaçava os interesses hegemónicos das velhas potências, em particular, da
Inglaterra. Foi só nessa altura que a Alemanha iniciou a sua corrida colonial, numa
altura em que as outras potências tinham praticamente dividido o mundo entre si. Ela
vai exigir a redistribuição do mundo. Queria, por exemplo, constituir um vasto império
em África, unindo as colónias de Camarões, do leste e sudoeste africano, anexando
belgas e francesas do Congo e as colónias portuguesas de Angola e Moçambique.

A vinculação da África aos interesses imperialistas das potências europeias determinou


o seu envolvimento na Primeira Guerra Mundial, facto que possibilitou um despertar da
consciência histórica dos africanos. A Primeira Guerra Mundial redesenhou o mapa da
África, através da partilha definitiva do continente pelas potências vencedoras da
guerra.

Nós também, em Moçambique, fomos afectados por esta guerra. A história regista que
os alemães, que controlavam Tanganyka (actual Tanzânia), atravessaram o rio Rovuma

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penetrando o actual Território de Moçambique e provocando conflitos militares com o
exército português. Aliás este facto pressionou o governo colonial a intensificar a
ocupação colonial no norte de Moçambique.

Interessa-nos agora analisar os efeitos desta guerra sobre África. Michael Growder
escreveu que “(…) no total mais de 2,5 milhões de africanos, cifra que corresponde a
bem mais de 1% da população do continente, participaram de uma forma ou de outra do
esforço de guerra.”

Com efeito, todas as regiões de África sentiram directa ou indirectamente os efeitos da


guerra. Os africanos não só eram recrutados para combater em África, mas em muitos
casos também para auxiliarem os exércitos europeus fora da África. Assim, soldados
africanos e europeus, combateram lado a lado como camaradas. Soldados negros e
brancos descobriram que eram iguais e que todos tinham sentimentos. Para B.A. Ogot,
“o soldado africano não tardou a descobrir os pontos fortes e a fraqueza do europeu, até
então considerado pela maioria dos africanos como um indivíduo superior. De facto,
sargentos africanos foram encarregados de ensinar a voluntários europeus técnicas de
guerra moderna. Tornava-se evidente que os europeus não sabiam de tudo. De volta à
sua terra, soldados e carregadores difundiram essa nova imagem do homem branco; isso
explica, em grande parte, a confiança e a segurança revelados (…)”

Na sua participação nos combates, lado a lado, com os europeus, o homem africano
concluiu que o africano e o branco têm os mesmos poderes como homens; têm os
mesmos sentimentos face à dominação. Ora, isto inspira nos africanos confiança e
segurança, pois eles ganham uma nova ideia sobre o homem branco.

Mas, como todas as guerras, a Primeira Guerra Mundial teve consequências económicas
pesadas sobre o nosso continente: Michael Crowder escreveria mais tarde: “A
declaração de guerra prejudicou consideravelmente a vida económica da África. De
modo geral, provocou a queda dos preços dos produtos básicos e a elevação dos preços
dos artigos importados, dada a redução da oferta (…)”. Os produtos básicos,
constituídos pelas matérias-primas e produtos agrícolas baixaram de preço, devido ao
excesso de produtos em oferta no mercado. Estes produtos, são os que a África exporta.
Com a queda dos seus preços, prejudicaram o produtor africano. Enquanto os nossos
produtos baixavam, os produtos industrializados, importados de fora do continente,

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subiram de preço. Está clara a situação desvantajosa dos africanos: vender mais barato e
comprar mais caro!

A nível político, uma das consequências da Primeira Guerra Mundial a assinalar é a


alteração do mapa da África.

No fim da guerra a Alemanha tinha sido derrotada e as suas pretensões foram goradas.
A Alemanha possuía algumas colónias em África, como a Tanganyka, Namíbia e partes
dos Camarões, Togo, Ruanda e Burundi. No fim da guerra os países vencedores
decidiram dividir entre si as antigas colónias alemãs. Assim a Alemanha, derrotada, saiu
do grupo das potências coloniais, sendo substituída pela França e pelo Reino Unido, em
Camarões e Togo; pela União Sul-Africana (África do Sul), no sudoeste africano
(Namíbia) e pela Bélgica e Reino Unido na antiga África oriental alemã (Tanganyka,
Ruanda e Burundi). A África ficou dividida, no fim da Primeira Guerra Mundial, no que
consideramos divisão definitiva da África pelas potências coloniais.

2. O fim da Primeira Guerra Mundial (o Armistício de 11 de novembro de 1918)

A Primeira Guerra Mundial terminou em 11 de novembro de 1918 com a assinatura do


Armistício de Compiègne. De acordo com a Associação Comemorativa do Armistício
(Armistice Memorial Association), a última reunião antes da assinatura começou às
2h15 da madrugada e contou com três horas de discussão. Finalmente, alemães e aliados
assinaram o acordo, "encerrando oficialmente os combates em todas as frentes" a partir
das 11h daquele dia 11.

Precisamente, o pacto entrou em vigor seis horas após a sua assinatura. "Composto por
18 artigos, o tratado impôs duras condições à Alemanha, com o particular
desarmamento de seu exército", diz o memorial.

A escritora e historiadora Patricia Kreibohm detalha o facto histórico no artigo Cem


anos após a assinatura do Armistício de Compiègne: o fim da Grande Guerra e o
nascimento dos Estudos Internacionais, publicado pela Revista Relações Internacionais,
em 2018.

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Segundo Kreibohm, alguns dos termos mais importantes foram: o fim das hostilidades
militares; a posterior desmilitarização alemã; a retirada de suas tropas e a entrega de
material de guerra.

“Assim começou o pós-guerra; uma etapa marcada pelas feridas do conflito e


atravessada por uma série de mudanças que afectariam todos os níveis de vida dos
homens e mulheres que passaram por aquele conflito”, indica o artigo.

“Com a assinatura do Armistício de Compiègne, em 11 de novembro de 1918, cessaram


as acções militares da Grande Guerra e se preparou o caminho para a assinatura dos
Tratados de Paz, que seriam firmados no ano seguinte, em Paris”, conclui a publicação.

3. Conferência de Paris e o Tratado de Versalhes (1919)

A conferência de Paris e o Tratado de Versalhes são os acordos que selam o fim da


Primeira Guerra Mundial e impõem dura derrota à Alemanha e seus aliados. As
consequências desses acordos, sobretudo o de Versalhes, ferem profundamente o ego
das potências derrotadas, principalmente da Alemanha, e é comumente associado à
formação do Partido Nazista e ao início da Segunda Guerra Mundial.

I. Conferência de Paris e 14 pontos de Wilson – janeiro de 1919


A conferência de París ocorreu em janeiro de 1919, em Paris, e foi conduzida pelo
presidente dos Estados Unidos Thomas Woodrow Wilson, que propôs “14 pontos para
a Paz”, os quais pregavam a ideia de uma “Paz sem vencedores”. Os Estados Unidos
passaram a ter real importância no cenário político internacional após entrada decisiva e
tardia na Primeira Guerra Mundial. Wilson pretendia, ao intermediar a negociação de
paz entre os europeus, firmar o local de protetor da democracia e da república
autoproclamada pelos americanos.

Entre os principais pontos do acordo proposto está a criação da Liga das Nações, órgão
que antecedeu a Organização das Nações Unidas, ONU. Wilson visava a ideia de
resoluções diplomáticas para conflitos políticos sem que houvesse a necessidade de
intervenção militar a partir do órgão. Além disso, a Liga das Nações teria os Estados
Unidos em pé de igualdade de decisões com as potências europeias, reorganizando o
poder internacional. Apesar de criada, a Liga das Nações não conseguiu cumprir com
êxito seu papel de intervenção nas diplomacias nacionais e não evitou a Segunda Guerra
Mundial.

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Outro ponto crucial na proposta de Wilson é a limitação da criação e manutenção de
exércitos pela Alemanha, permitida apenas para assegurar a defesa nacional. Apesar de
causar revolta aos alemães, a França e a Inglaterra não ficaram satisfeitas com essa
proposta, acreditando que não era uma punição justa o suficiente.

Por sua proposta de paz e pela criação da Liga das Nações, em 1919, Wilson ganhou o
Prêmio Nobel da Paz, consolidando de vez o papel de intermediador das democracias
dos Estados Unidos.

II. Tratado de Versalhes e a derrocada alemã – junho de 1919


O Tratado de Versalhes foi muito mais duro com a Alemanha do que a proposta de Paz
de Wilson. Apesar de terem destituído a monarquia no país e instaurado uma república,
conhecida como República de Weimar, a Alemanha ainda foi considerada pelas
potências europeias, sobretudo a França, como a única responsável pela Primeira Guerra
Mundial e o tratado impôs duras restrições a sua reconstrução e economia.

Entre os pontos do Tratado de Versalhes estão a devolução dos territórios da Alsácia e


da Lorena para a França, a criação de um corredor na Polônia em antigo território
alemão de administração internacional e a proibição de formar exército e de ter indústria
bélica.

O Tratado de Versalhes ficou popularmente conhecido na Alemanha como o “Ditado de


Versalhes”, já que não houve nenhuma possibilidade de o país negociar as condições da
Alemanha para a paz definitiva. Isso gerou um sentimento de derrota e de humilhação
em toda a população alemã, além de intensa crise econômica e social, factores que
foram muito bem aproveitados pela propaganda nazista nas décadas seguintes.

Além da explícita derrota alemã imposta pelo Tratado de Versalhes, outro ponto crucial
foi a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão da Liga das
Nações. A fundação de uma divisão internacional para organizar diretamente o trabalho
é uma resposta à Revolução Russa que havia ocorrido há apenas dois anos e que gerou
em todo o mundo levantes de trabalhadores e camponeses, greves e rebeliões e a
formação de partidos e sindicatos operários e socialistas.

Porém, uma das últimas determinantes mudanças impostas pelo fim da guerra foi o
esfacelamento dos impérios austríaco, russo e turco. O primeiro, como imposição do
Tratado de Versalhes, determinou a independência de uma série de grupos étnicos que

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estavam organizados sob a Áustria. Os impérios russo e turco-otomano foram
derrubados pela sua própria população em uma revolução socialista e em uma liberal-
burguesa, respectivamente.

A criação da Sociedade das Nações foi baseada na proposta de paz conhecida como
"Quatorze Pontos", feita pelo presidente norte-americano Woodrow Wilson numa
mensagem enviada ao Congresso dos EUA, em 8 de Janeiro de 1918. Os "Quatorze
Pontos" propunham a paz e a reorganização das relações internacionais.

4. A sociedade das nações (SDN)

Em 1919, foi criada a Sociedade das Nações, em Genebra, na Suíça. Os países que
assinaram este pacto comprometeram-se a:

 Manter as relações internacionais abertas e francas;


 Reduzir os armamentos;
 Respeitar o direito internacional e os tratados;
 Submeter à análise da Sociedade das Nações as questões que poderiam originar
conflitos;
 Boicotar economicamente o país que desencadeasse uma guerra.

Resumindo, o principal papel da SDN foi recuperar a confiança dos europeus na


possibilidade de uma Europa próspera e pacífica.

No entanto, haviam alguns obstáculos a uma paz segura:

 Os países derrotados foram excluídos dos tratados de paz e da SDN;


 Alguns dos vencedores estavam insatisfeitos com os tratados de paz;
 As minorias nacionais sentiam-se desrespeitadas com o novo mapa político da
Europa, conduzindo a ocupações territoriais;
 Os EUA não integravam a SDN e não aprovaram o Tratado de Versalhes;
 Os países vencedores em vez de procurarem soluções para a crise económica da
Europa, privilegiaram a questão das reparações da guerra, obrigando os países
derrotados a pagar indemnizações aos países vencedores.

Devido a todos estes factores, a SDN mostrou-se incapaz de mediar os conflitos,


comprometendo a sua existência.

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I. O fracasso da SDN
A dissolução da Liga das Nações, no dia 18 de abril de 1946, não passou de uma
formalidade. Na prática, ela deixara de existir alguns anos antes. Além disso, a
Organização das Nações Unidas (ONU) já havia iniciado suas atividades a 24 de
outubro de 1945, como organismo sucessor da Liga.

A Liga (ou Sociedade) das Nações surgiu em consequência dos horrores da Primeira
Guerra Mundial e foi a primeira tentativa de consolidar uma organização universal para
a paz. Acreditava-se que futuros conflitos só poderiam ser impedidos se fosse criada
uma instituição internacional permanente, encarregada de negociar e garantir a paz. O
principal precursor da ideia fora o presidente norte-americano Woodrow Wilson (1856–
1924).

II. Razões do fracasso


A Liga das Nações, porém, fracassou por defeitos de origem. Não dispunha de um
poder executivo forte, nem contava com representantes da União Soviética e dos
Estados Unidos – a nação de seu idealizador. O governo de Moscou não era aceito, e
Washington não ingressou na organização por rejeitar o Tratado de Versalhes. Mesmo
nos melhores tempos, o número de membros não passou de 50. Já em 1923, tornou-se
evidente a fraqueza da Liga, quando os franceses invadiram a região alemã da Renânia,
para cobrar reparações de guerra.

Um dos poucos êxitos da organização foi o pacto de segurança firmado entre Alemanha,
França, Grã-Bretanha e Bélgica, além da resolução diplomática de alguns conflitos
internacionais. Genebra, porém, nada pôde fazer para impedir a crise econômica
mundial, no final da década de 20. A miséria geral impulsionou as forças nacionalistas
que se opunham ao Tratado de Versalhes.

A invasão da Manchúria pelo Japão, em 1931, foi uma prova do fracasso da Liga das
Nações. Condenado um ano e meio depois pelo acto de agressão, o Japão abandonou a
organização. A Alemanha seguiu o mesmo caminho a 14 de outubro de 1933. Adolf
Hitler, interessado apenas em armar seu país, usou uma série de pretextos para
abandonar a conferência de desarmamento e ridicularizar a Liga das Nações.

As invasões da Abissínia pela Itália, em 1935, e da Finlândia, pela União Soviética, em


1939, revelaram que a Liga das Nações não passava de uma organização de fachada.
Seu último acto foi expulsar a URSS, que havia sido admitida como membro em 1934.

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A esta altura, porém, a Segunda Guerra Mundial já estava a pleno caminho, o que
frustrou de vez as intenções pacifistas dos idealizadores da Liga das Nações.

5. As consequências da Primeira Guerra Mundial

As consequências da Primeira Guerra Mundial atingiram diversos sectores da sociedade


e produziram uma reconfiguração da ordem social existente até o início do conflito.
Com o término da guerra, países vencidos e vencedores apresentavam um quadro
político, econômico e social intimamente influenciado pelos esforços e investimentos
que haviam sido feitos durante os anos de 1914 e 1918.

Notadamente, o continente europeu foi o mais atingido pelas consequências da Primeira


Guerra Mundial. Isso se explica pelo facto de que o conflito se deu predominantemente
neste território, ainda que países como Estados Unidos, Japão, Canadá e até mesmo o
Brasil tenham participado. Essas nações, assim como outras que se envolveram na
guerra, apoiaram as principais potencias envolvidas.

Nesse sentido, vale ressaltar que as nações que protagonizaram a Primeira Guerra
Mundial se organizaram em dois grupos distintos unidos por acordos de aliança e
cooperação militar, nomeadamente, Tríplice Entente e Tríplice Aliança. O primeiro
grupo era formado por Rússia, Grã-Bretanha e França. No segundo grupo estavam
Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Itália. Esses foram os derrotados e os
que mais sofreram as consequências da Primeira Guerra Mundial.

I. As principais consequências da Primeira Guerra Mundial


A Primeira Guerra Mundial foi um evento de consequências desastrosas para a maior
parte dos países envolvidos. Os danos produzidos pelo conflito afectaram os territórios,
bem como os âmbitos políticos, econômicos e sociais das nações. Além disso, as
consequências da Primeira Guerra Mundial criaram um clima de animosidade que, nem
mesmo os acordos de paz selados conseguiram evitar.

Em verdade, parte do sentimento de frustração que assolou esses países foi decorrente
dos termos desses documentos, que impunham sanções e multas aos derrotados. Em
certa medida, é possível afirmar que a ascensão dos regimes totalitários que culminaram
na Segunda Guerra Mundial foi decorrente do contexto político e social europeu
deixado pela Primeira Guerra Mundial.

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i. Mortes

A Primeira Guerra Mundial foi um evento que afectou drasticamente os níveis


populacionais dos países envolvidos, tenham eles saído como vencedores ou derrotados.
Segundo estimativas, durante os quatro anos de conflito 8 milhões de pessoas foram
mortas. A Alemanha foi o país com o maior contingente de baixa humana, com 1,9
milhões de soldados mortos. Em seguida temos a Rússia, 1,7 milhões; França, 1,4
milhões; Áustria-Hungria, 1 milhão; e Inglaterra com 760 mil.

Além do elevado número de mortes, a guerra deixou 20 milhões de feridos e 6 milhões


de inválidos. Ainda que surja como consequência mais imediata do conflito, a perda de
números tão elevados de pessoas também apresenta implicações de curto e longo prazo.
Nesse sentido, é importante ressaltar que os países tiveram baixa, principalmente, da
população masculina economicamente activa. E isso tem implicações na economia que
precisava ser recuperada, já que durante o conflito todas as atenções estavam voltadas
para o combate aos inimigos.

ii. Instabilidade econômica e política

Ainda no âmbito das consequências da Primeira Guerra Mundial vale destacar o


declínio europeu vivido pós-conflito. Além das perdas humanas, os países envolvidos
na guerra tiveram consideráveis perdas materiais. Com isso, a Europa deixa o lugar de
hegemonia que tinha no panorama mundial e passa a uma situação de dependência
econômica. No pós-guerra, a Inglaterra, que era a maior potência econômica, perde o
lugar para os Estados Unidos.

Outro país que se beneficiou com a instabilidade europeia foi o Japão. Enquanto os
países europeus enfrentavam problemas para reestruturar o setor agrícola e industrial, o
asiático, sem concorrência, teve o caminho livre para investir na diversificação e
estímulo de sua atividade industrial. Os EUA, que já tinha lucrado comercializando com
os Aliados durante a guerra, aumenta suas reservas de ouro no período posterior ao
conflito e passa a ser detentor de, aproximadamente, metade do metal disponível no
mundo.

iii. Reconfiguração territorial

Os acordos firmados no período posterior ao conflito desencadearam em uma das


consequências da Primeira Guerra Mundial: a reconstrução do mapa geopolítico da

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Europa. O Tratado de Versalhes desmembrou os impérios Austro-húngaro, Otomano e
Alemão. E deu origem a países como Turquia, Armênia, Áustria, Estônia, Hungria,
Lituânia, Checoslováquia e Letônia.

Ainda no âmbito das reconfigurações territoriais ocorridas, temos a imposição feita à


Alemanha de desocupar a Alsácia-Lorena, território que pertencia à França. À Polônia
são anexados os territórios da Posnânia e uma parte da Prússia. Este último pertencia à
Alemanha e configura mais uma das perdas territoriais impostas ao país.

iv. Ascensão do totalitarismo

Entre as principais consequências da Primeira Guerra Mundial está a ascensão do


nazismo e fascismo como regimes totalitários. Eles surgem, principalmente, como
resposta ao cenário de devastação política e econômica que o conflito deixa na Europa,
especialmente na Alemanha. O país foi o principal afetado pelo conflito e sanções
impostas pelo Tratado de Versalhes.

Além das perdas territoriais, a Alemanha foi desmilitarizada e obrigada a pagar multas e
indenizações aos países vencedores. Para o Tratado de Versalhes, ela foi a principal
responsável pela guerra, por isso foi obrigada a pagar 22 milhões de marcos para reparar
os danos causados pelo conflito às populações civis. A França e a Grã-Bethanha foram
os países mais beneficiados por essa indenização, ficando com 52% e 22%
respectivamente.

A Itália, por outro lado, terminou a guerra tomada por um sentimento de frustração. O
país acreditava não ter recebido os ganhos materiais que lhe eram justos. Já o Japão, que
encontrou na desestruturação das economias europeias caminho para se desenvolver,
iniciou um projeto imperialista que resultaria na ocupação da Manchúria.

Com o tempo, a Alemanha passou a descumprir os termos do Tratado de Versalhes,


chegando a promover a ocupação da Renânia. A Itália, por sua vez, invade a Etiópia.
Como as nações europeias estavam fragilizadas por conta da crise de 29, os governos
totalitários vão, cada vez mais, ganhando espaço. Como reflexo desse cenário de
expansão dos regimes totalitários, temos o eclodir da Segunda Guerra Mundial.

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6. O significado da Primeira Guerra Mundial

"A Primeira Guerra Mundial foi um conflito armado que ocorreu entre 1914 e 1918 com
as principais potências da Europa. O seu carácter mundial estava relacionado ao facto de
os conflitos envolverem todas as grandes potências do mundo capitalista ocidental.

Vários foram os factores de eclosão da Primeira Guerra Mundial. Desde a década de


1870, um sentimento de nacionalismo estava se acirrando entre as principais potências
europeias. A derrota da França para a Prússia, na Guerra Franco-Prussiana de 1870-
1871, estimulou o revanchismo francês. Mas havia ainda outros conflitos decorrentes do
nacionalismo. Na região dos Balcãs, por exemplo, vários grupos de distintas
nacionalidades estavam sob o poder político de Impérios, como o Austro-Húngaro e o
Turco-Otomano, criando hostilidades e projetando-se uniões nacionais, como a dos
eslavos em torno da Sérvia.

A disputa por territórios coloniais na África e na Ásia pelas potências europeias estava
relacionada à necessidade de manter territórios ricos em matérias-primas necessárias à
grande indústria europeia. A Alemanha e os EUA começavam a desbancar a Inglaterra
como única potência industrial do mundo. Para garantir as fontes de matérias-primas e
os mercados consumidores dos produtos industriais houve uma corrida armamentista,
que fortaleceu os exércitos e estimulou a produção de novos armamentos.

Politicamente houve uma série de alianças entre os países europeus nesse quadro de
ameaças. Formaram-se a Tríplice Entente, entre Inglaterra, França e Rússia; e a Tríplice
Aliança, composta pela Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália, aproximando-se
posteriormente do Império Turco-Otomano.

A relação entre essas potências estava em seu ponto máximo de tensão quando em 28 de
junho de 1914 o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro,
foi assassinado por um membro de uma organização sérvia em Sarajevo. Após o
assassinato, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia. Frente a isso, a Rússia
se colocou ao lado da Sérvia, em virtude do facto de sérvios e russos serem eslavos e
também porque a Rússia tinha interesses na região dos Balcãs.

A partir daí o sistema de alianças entrou em funcionamento, com o envolvimento


directo no conflito da Alemanha, França e Inglaterra. Tinha início a Primeira Guerra
Mundial.

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7. Conclusão

"A Primeira Guerra Mundial foi um conflito armado que ocorreu entre 1914 e 1918 com
as principais potências da Europa. O seu carácter mundial estava relacionado ao facto de
os conflitos envolverem todas as grandes potências do mundo capitalista ocidental.

A Primeira Guerra Mundial foi um evento de consequências desastrosas para a maior


parte dos países envolvidos. Os danos produzidos pelo conflito afectaram os territórios,
bem como os âmbitos políticos, econômicos e sociais das nações. Além disso, as
consequências da Primeira Guerra Mundial criaram um clima de animosidade que, nem
mesmo os acordos de paz selados conseguiram evitar.

Em janeiro de 1918, Wilson apresentou uma proposta de paz revolucionária, contida em


14 pontos: exigência da eliminação da diplomacia secreta em favor de acordos públicos;
liberdade nos mares; abolição das barreiras econômicas entre os países; redução dos
armamentos nacionais; redefinição da política colonialista, levando em consideração o
interesse dos povos colonizados; e retirada dos exércitos de ocupação da Rússia.

Pretendia também a restauração da independência da Bélgica; restituição da Alsácia e


Lorena à França; reformulação das fronteiras italianas; reconhecimento do direito ao
desenvolvimento autônomo dos povos da Áustria-Hungria; restauração da Romênia, da
Sérvia e de Montenegro, assim como o direito de acesso ao mar para a Sérvia;
reconhecimento da autonomia da Turquia a abertura permanente dos estreitos entre o
Mar Negro e Mediterrâneo; independência da Polônia; e criação da Liga das Nações
(League of Nations).

Após complicadas negociações, sobretudo com a França, que exigia da Alemanha


reparações de guerra, foi aprovada em Paris uma versão reformulada do programa de 14
pontos, em 28 de abril de 1919. O estatuto da Liga das Nações foi assinado a 28 de
junho do mesmo ano, como parte do Tratado de Versalhes, firmado com a Alemanha. A
primeira conferência da nova organização, fundada pelos 32 países vencedores da
Primeira Guerra Mundial, foi realizada em 1920, em Genebra.

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Referências Bibliográficas

 https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-primeira-guerra-
mundial.h
 https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-primeira-guerra-
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 GRINBERG, Donald I. (1982) – Housing in e Netherlands 1900-1940.
DelUniversity Press. Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana – Sistema
de Informação para o Património Arquitetónico (SIPA) disponível em:
www.monumentos.pt processos consultados: IPA.00026634,

IPA.00005970, IPA.00024666, IPA.00035100, IPA.00026966,


IPA.00026967, IPA.00026801,
IPA.00027206

 MATOS, Fátima Loureiro de (1994) – Os bairros sociais no espaço urbano do


Porto:1901-1956.

«Análise Social», Vol. XXIX (127-3º). Lisboa: Instituto de Ciências Sociais


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operativas e planejamento estratégico. Revista Perspectiva: Santa Catarina, v.8,
n.14. p.57-72. 2015.

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