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A marcha do imperialismo japonês

O caminho da política e militares japoneses para a guerra e as divergências político-


econômicas que levaram a Pearl Harbor.

A China era uma presa tentadora para o imperialismo nipônico dos anos 30. Débil, dividida
entre as facções comunista e nacionalista, não podia, reduzida às forças do Marechal Chiang
Kai-shek, resistir a um ataque repentino. Deste modo foi progredindo, nos círculos
conservadores e por instigação dos militares, a idéia de colocar o Governo japonês e a opinião
internacional perante um fato consumado. A 19 de setembro de 1931, com o pretexto de que
os chineses haviam sabotado a via férrea japonesa do sul da Manchúria, as tropas do Japão,
sem que o Governo de Tóquio tivesse conhecimento do fato, invadiram a Manchúria e
ocuparam Mukden. As guarnições chinesas cederam e, dois dias mais tarde, todo o sul da
Manchúria caía em poder das tropas nipônicas.

Em fins de janeiro de 1932, a ocupação da Manchúria estava consumada. Perante esta


flagrante violação dos pactos de não-agressão, a China apelou para a Liga das Nações. Depois
de alguns confusos debates, esta ordenou ao Japão que procedesse à retirada das suas
tropas. Mas, embora o Japão continuasse a sua penetração da Manchúria, a LDN não decretou
sanções contra o agressor, limitando-se a condená-lo moralmente.

Os Estados Unidos, mais diretamente ameaçados nos seus interesses, projetaram a aplicação
de represálias econômicas. Mas tendo, entretanto, de lutar com dificuldades internas,
acabaram também por contentar-se com uma simples condenação moral. Os japoneses
puderam, pois, sem quaisquer conseqüências, apoderar-se de um enorme território, rico em
minério de ferro e em recursos agrícolas, instalando nele um imperador fantoche como seu
representante. O novo Império de Manchukus, subordinado aos interesses japoneses, ia
permitir que os militares de Tóquio alargassem os seus planos de conquista e se apoderassem
rapidamente do governo.

O clã militar, depois de ter banido a política liberal, em 1932, orientou a política japonesa à
maneira imperialista. Em 27 de março de 1933 o Japão retirou-se da LDN, enquanto
organizava um exército moderno, mecanizado graças ao aço da Manchúria e que não tardaria
a dar provas da sua eficácia na China.

Em 1933, Jehol, a região montanhosa situada nos confins ocidentais da Manchúria, foi
invadida; e nesse mesmo ano as tropas nipônicas, depois de atravessarem a Grande Muralha
da China, estenderam-se pela região de Hopeh, ameaçando Pequim. Em 1934 foi a vez da
província mongólica de Chahar. Resignar-se-iam as potências ocidentais a assistir, sem
reação, à forma como o Japão ia devorando a China, pouco a pouco? A Inglaterra e os Estados
Unidos foram os primeiros a compreender que os seus interesses, tanto na China como em
todo o Extremo Oriente, estavam ameaçados. Mas a tensão política européia e, pouco depois,
a revolução espanhola, distraíram a sua atenção deste teatro de operações. O Japão soube
aproveitar-se da situação e obter vantagens da superioridade estratégica das suas forças.

Em novembro de 1936, assinou com a Alemanha o pacto anticomintern, a que a Itália aderiu no
ano seguinte. Frente às potências ocidentais divididas, o Japão, violentamente hostil à
ideologia democrática, lançado numa política imperialista de que só esperava benefícios,
estabelecia com Hitler as bases de uma aliança que viria converter-se no Eixo.

Os japoneses, desejosos de submeter quanto antes a China e esbarrando com a negativa de


Chiang Kai-shek à sua proposta de um tratado cujas cláusulas teriam transformado a China
numa simples colônia japonesa, resolveram precipitar os acontecimentos. A 7 de julho de 1937,
e como represália de um tiroteio verificado em Pequim contra os soldados japoneses, as tropas
nipônicas apoderaram-se da cidade. Respondendo aos protestos internacionais, Tóquio
diminuiu a importância do fato, dizendo que se tratava apenas de "um incidente chinês''. Este
"incidente" duraria até 1945 e seria a origem de horríveis desastres. Mas o Governo japonês,
dominado pelos militares, aproveitou a ocasião para iniciar operações de grande envergadura.
A 26 de julho de 1937, sem prévia declaração de guerra, os japoneses iniciaram as hostilidades
e avançaram até ao sul. Os chineses foram forçados a retroceder perante os seus adversários,
melhor equipados e apoiados por uma esmagadora superioridade aérea. Em agosto, tropas
japonesas desembarcadas em Xangai, depois de ocuparem a cidade, progrediram até
Nanquim, chegando a atingir o Iang-tsé Kiang.

O Presidente Roosevelt reagiu, proibindo aos navios norte-americanos o transporte de material


de guerra que pudesse ser utilizado pelos beligerantes. Algumas semanas mais tarde
denunciou publicamente a agressão e pediu que fossem tomadas medidas para "pôr de
quarentena" os agressores e proteger o Mundo daquela epidemia de imperialismo. Mas ainda
era cedo para que a opinião pública norte-americana aceitasse comprometer-se mais na luta e,
assim, o expansionismo japonês prosseguiu sem estorvos.

Em 6 de outubro, a LDN condenou novamente o Japão; os militares japoneses sabiam agora


que nada tinham a temer das tempestades verbais daquela "assembléia de fracos",
completamente desacreditada, tanto aos seus olhos como aos de Hitler.

A 14 de dezembro de 1937, Nanquim caiu depois de um intenso bombardeio seguido de


matanças, causando 40.000 mortos entre a população civil. Durante o ano de 1937, o norte da
China foi ocupado. Os exércitos de Chiang Kai-shek, apesar das suas derrotas, continuavam a
resistir, e os japoneses, impacientes por dar uma organização aos territórios conquistados,
tentaram negociar com o marechal chinês um reconhecimento do seu domínio. Ante o fracasso
das negociações e a resistência dos chineses que lhes haviam infligido um importante revés
em Taiert Chuang, trataram, em março de 1938, de implantar, tal como na Manchúria, um
governo pró-Japão, instituindo o Governo Central da República Chinesa, que só conseguiu
impor a sua autoridade nas cidades. Nos campos, hostilizavam as tropas japonesas que
avançavam muito lentamente. Apesar disso, Chiang Kai-shek teve de abandonar Han-Keu em
outubro de 1938 e refugiar-se no curso superior do Iang-tsé Kiang, onde instalou o seu quartel-
general. Essa zona montanhosa, de difícil acesso, foi convertida pelas tropas chinesas num
reduto inexpugnável. As repetidas ofensivas japonesas não conseguiram expulsá-las dali; e os
japoneses compreenderam que, para eliminar os exércitos chineses, era necessário cortar
suas vias de reabastecimento; numa palavra, bloquear a China por terra e por mar. Este projeto
oferecia o perigo de alargar o conflito e, inclusive, de o generalizar.

Embriagados pelas suas conquistas e convencidos da fraqueza dos ocidentais - que haviam
capitulado em Munique -, os japoneses não retrocederam perante este "risco calculado". Três
vias de acesso à China escapavam à sua fiscalização e permitiam conduzir provisões até às
tropas de Chiang Kai-shek: a ferrovia de Yunan, a partir do Tonquim francês, a ferrovia de
Cantão, que estava nas mãos da Inglaterra, e, por fim, a estrada da Mongólia, sob controle
soviético. Depois de efetuarem inutilmente pressões diplomáticas junto ao Governo francês, os
japoneses voltaram-se contra a segunda via de acesso: Cantão-Han-Keu. Em outubro de 1938,
as tropas japonesas desembarcam em Cantão e apoderam-se da cidade; poucos dias mais
tarde, toda a ferrovia estava nas suas mãos, Os governos francês e britânico, ainda sob a
impressão de Munique, limitaram-se a protestar. Mas, através da Birmânia, os ingleses abriram
uma nova estrada até à China, fazendo afrouxar o efeito das tenazes que oprimiam Chiang Kai-
shek.

Quanto aos russos, preocupados com o avanço japonês na China e desconfiando dos objetivos
a que visava o seu antigo adversário da guerra de 1905, deram à China de Chiang Kai-shek - a
que Mao Tsé-tung se aliara contra o inimigo comum - uma ajuda preciosa em armas e material,
através da Mongólia. Apesar dos protestos japoneses, denunciaram a agressão de Tóquio e
aumentaram o volume do seu auxílio aos chineses.

A atitude dos Estados Unidos, em face da guerra sino-japonesa, era mais ambígua. O fato não
derivava do governo, cuja posição se tornara evidente no famoso "discurso da quarentena"
proferido por Roosevelt, mas sim da opinião pública que, na sua maioria, era hostil a uma
intervenção a favor dos chineses, a qual poderia prejudicar o tradicional "isolacionismo" norte-
americano. O discurso de Roosevelt, apesar da sua moderação, provocara reclamações dos
isolacionistas que acusavam o presidente de preparar o caminho para a guerra, pelo que
Roosevelt teve de retificar algumas das suas declarações, embora sem modificá-las no seu
sentido fundamental. A nova política naval japonesa e a importância da sua frota - que atingia,
já em 1937, 800.000 toneladas - inquietavam os estrategistas e os políticos norte-americanos.
O ataque à China em 1937 e o fulminante avanço dos japoneses nos primeiros meses
confirmaram os seus receios. A opinião americana, favorável aos chineses, escandalizou-se
com a brutalidade da conquista japonesa; e quando, a 12 de dezembro de 1937, a canhoneira
dos Estados Unidos Panay foi bombardeada por aviões japoneses no Iang-tsé Kiang, embora
ostentasse de forma bem visível o seu pavilhão, a maioria da imprensa aprovou a firme atitude
do Governo norte-americano, que exigiu imediatamente de Tóquio a apresentação de
desculpas e uma indenização pelos prejuízos. O Japão, preocupado então com a neutralidade
dos Estados Unidos, acedeu nessa altura à exigência e até prometeu punir os culpados.
Entretanto, perante os progressos do avanço japonês, foi concedido um crédito de 25 milhões
de dólares a Chiang Kai-shek e, em dezembro de 1938, intensificou-se o "bloqueio moral" ao
Japão.

O salto em frente

A guerra na Europa e as esmagadoras vitórias de Hitler iam modificar os planos japoneses e


lançá-los numa política ainda mais ambiciosa do que a conquista da China. Tal como o Führer
impunha à Europa a "nova ordem'' alemã, os militares nipônicos pretendiam submeter todo o
Sudeste Asiático ao Império do Sol Nascente. Na opinião dos japoneses, as derrotas francesa,
inglesa e holandesa deviam, igualmente, resultar em benefícios para eles no Extremo Oriente.
As possessões holandesas, em particular, poderiam fornecer ao Japão as matérias-primas
indispensáveis para a guerra, que, por causa do "bloqueio moral" aplicado pelos Estados
Unidos, principiavam a escassear. Além do mais, tanto a ferrovia de Tonquim como a Estrada
da Birmânia deviam ser cortadas, para "asfixiar" Chiang Kai-shek. Com este objetivo, os
militares aconselhavam o emprego de uma política de violência: apoderarem-se da Indochina e
da Birmânia. Mas a Marinha nipônica mostrava-se refratária a este plano, na aparência tão
sedutor, receosa de uma intervenção norte-americana se os interesses britânicos e franceses
fossem ameaçados. Em conseqüência disto, o Japão procedeu, até, julho de 1941, com
relativa prudência nos seus "saltos em frente". Em junho de 1940, o Governo japonês pediu à
França que fechasse a sua fronteira da Indochina, à Inglaterra que não permitisse a utilização
da Estrada da Birmânia e à Holanda que fizesse importantes concessões econômicas nas
Índias Holandesas.

Os britânicos, atravessando os dias sombrios da Batalha da Inglaterra, não estavam em


condições de repelir categoricamente as exigências nipônicas. Os Estados Unidos, a quem
Churchill propusera uma defesa comum de Cingapura, negaram-se a adotar qualquer atitude
francamente "belicosa" pelo que a Inglaterra teve de ceder; e, em julho de 1940, fechou por um
prazo de três meses a Estrada da Birmânia, cuja construção terminara recentemente à custa
de grandes sacrifícios. Não obstante, Roosevelt decidiu mostrar a sua desaprovação à política
de Tóquio, proibindo a exportação para o Japão de certo número de mercadorias. Mas o
petróleo ficou excluído destas tímidas "represálias econômicas".

Quanto ao governo de Vichy, cedo se viu submetido a ameaçadoras pressões por parte do
governo do Príncipe Konoye, que se encontrava dominado pelo exército e pelos partidários do
emprego da força. Apoiados e animados pelo seu aliado alemão, os japoneses pediram a Vichy
que autorizasse o desembarque de contingentes militares no Tonquim. Em vista dos
adiamentos das autoridades francesas na Indochina - embora a concordância francesa datasse
de 29 de agosto -, os japoneses, impacientes por porem em prática o seu plano e depois de um
ultimato a Saigon em 15 de setembro, desembarcaram tropas no Tonquim no dia 26. Vichy
teve de resignar-se. Nas Índias Holandesas, o Governo da Holanda, apoiado pelos norte-
americanos, tentava, mediante discussões e regateios, atrasar o momento de fazer as
concessões exigidas por Tóquio. Durante o verão de 1940, e perante as ingerências japonesas
no Sudeste Asiático, o Governo americano adotou uma atitude mais rígida; e a 25 de setembro
proibiu a exportação de sucata de ferro e limitou os envios de petróleo ao Japão. Isto equivalia
a atacar diretamente a economia japonesa, a evidenciar, por fim, a hostilidade dos Estados
Unidos à expansão nipônica.

Dois dias depois, o Japão assinou o pacto Tripartite. O pacto anticomintern de 1936 atingia a
sua conclusão lógica: uma aliança militar entre paises totalitários. De maneira quase irredutível,
o Mundo dividia-se em dois blocos, e os Estados Unidos, apesar do seu neutralismo,
convertiam-se nos defensores da democracia ameaçada.
Do mesmo modo que os militares, os políticos de Tóquio desejavam a expansão do Império
japonês; mas, contra a opinião do exército, vacilavam ante a decisão de se oporem ao seu
poderoso e incômodo "vizinho" do Pacífico, os Estados Unidos, indo até às últimas
conseqüências uma política que conduzisse a uma guerra com essa imensa potência
econômica. Portanto, durante o inverno de 1940 e até julho de 1941, o governo japonês
procurou chegar a um acordo com os Estados Unidos, que assegurasse as conquistas
nipônicas sem arrastar Washington para a beligerância. O Governo Konoye queria conseguir
que os Estados Unidos suspendessem o boicote econômico, em troca da promessa japonesa
de limitar à China as suas pretensões territoriais. Numa palavra: o Governo japonês tratava de
convencer os Estados Unidos de que o reconhecimento da "missão especial" do Japão na
China não prejudicaria os interesses norte-americanos. As reservas dos Estados Unidos, como
é de supor, não foram pequenas; e, no próprio Japão, o partido favorável à guerra - fortalecido
com a assinatura em Moscou, a 13 de abril de 1941, de um tratado de neutralidade com a
U.R.S.S., o qual garantia a sua retaguarda contra qualquer ataque procedente do oeste -
criticava violentamente a política de negociações com os americanos. A Armada japonesa, já
bastante convicta da eficácia da sua força, unia-se ao exército na denúncia da "política
derrotista'' do Príncipe Konoye.

Depois do ataque de Hitler à Rússia, em junho de 1941, o Governo japonês, resolvido a


esperar o resultado do combate antes de se atirar para uma guerra contra os soviéticos,
fortaleceu as suas posições no sudeste. Arriscando-se a uma intervenção britânica e norte-
americana - e depois de um ultimato a Vichy em 12 de julho de 1941 - o Japão desembarcou
cerca de 50.000 soldados na Conchinchina. Toda a Indochina caía, assim, sob o "protetorado"
japonês. A reação norte-americana foi imediata. A 26 de julho, os valores japoneses nos
Estados Unidos ficaram congelados e proibiu-se a exportação de gasolina de alta octanagem,
indispensável à aviação japonesa. Roosevelt informou pessoalmente ao embaixador japonês
em Washington de que, se o Japão, para resolver a situação provocada pelo "bloqueio",
tentasse apoderar-se pela força do petróleo das Índias Holandesas, os ingleses entrariam na
guerra e os Estados Unidos, dado o seu pacto de assistência mútua com a Inglaterra, ''ver-se-
iam colocados numa emergência extremamente grave''.

Por seu lado, tanto a Inglaterra como a Holanda congelaram igualmente os bens japoneses. O
Japão encontrava-se, agora, entre a espada e a parede: tinha de escolher entre uma retirada -
hipótese excluída pelo partido decidido à guerra - ou um novo "salto em frente" com todas as
suas conseqüências, isto é, a eventual entrada dos Estados Unidos na guerra. Konoye, que
pessoalmente era contrário a esta segunda hipótese, tentou negociar, pela última vez, sobre a
base de "uma colaboração de ambos os países na prosperidade de toda a Grande Ásia
Oriental''. O Governo americano, que estava perfeitamente inteirado das pressões exercidas
pelos militares sobre o Ministério japonês, supôs tratar-se de uma derradeira manobra. Tanto
mais que as exigências japonesas continuavam inalteráveis: supressão da ajuda a Chiang Kai-
shek e do embargo à exportação de sucata de ferro e petróleo, a troco de promessas bastante
vagas, feitas por Tóquio, de evacuar a Indochina quando finalizasse a sua guerra contra a
China. Mas, a 6 de setembro, depois de uma entrevista imperial ultra-secreta realizada em
Tóquio, deu-se conhecimento de que, "se em inícios de outubro não houver esperanças de ver
atendidas as nossas petições, pensaremos em preparar-nos para a guerra contra os Estados
Unidos, a Inglaterra e a Holanda".

Qualquer negociação realizada sobre estes fundamentos e com semelhantes intenções só


podia conduzir a um fracasso. A 16 de outubro, o Príncipe Konoye apresentou a sua demissão.
O General Tojo, ferrenho partidário do emprego da força, foi nomeado primeiro-ministro.
Abriam-se as portas à guerra.

O Japão ataca

Em princípios de novembro de 1941, o novo Gabinete japonês procurou negociar pela última
vez com Washington. Tratava-se de submeter dois planos ao Governo norte-americano, ambos
igualmente favoráveis à política japonesa. Se, por volta de 25 de novembro, Washington os
rechaçasse, o imperador resolveria sobre a atitude a ser tomada, o que para Tojo e a sua
camarilha, significava a guerra. O primeiro plano limitava-se, de fato, a pedir aos Estados
Unidos que reconhecessem definitivamente a ocupação do norte da China pelo Japão e os
interesses japoneses em todo o Sudeste Asiático. O segundo plano tinha por objetivo
restabelecer o intercâmbio comercial americano-japonês, em troca da manutenção do status
quo militar, deixando para mais tarde a resolução sobre a ocupação da China e da Indochina.

A 10 de novembro, Roosevelt recebeu o embaixador japonês Nomura e comunicou-lhe que as


condições do primeiro plano eram inaceitáveis. Em 20 de novembro, o Governo norte-
americano examinou as condições do segundo plano e, a 26, declarou-as igualmente
inaceitáveis. Assim, pois, de acordo com os projetos de Tojo, tornara-se inevitável a guerra. A
29 de novembro fixou-se a data do ataque para 7 de dezembro. E, para que a surpresa fosse
total, resolveu-se em Tóquio que os enviados japoneses prosseguissem as negociações em
Washington até ao último instante. O Governo norte-americano (que conhecia a chave da cifra
dos códigos japoneses) sabia das intenções de Tóquio e esperava um ataque iminente, se bem
que não calculasse com exatidão nem a importância nem o local. Supôs-se que atacariam a
Malásia ou as Índias Orientais.

Quando, em 7 de dezembro, os enviados japoneses, havendo-se demorado a decifrar o


telegrama de Tóquio, entregaram a Cordell Hull a mensagem em que notificavam o rompimento
das negociações, o ataque de surpresa a Pearl Harbor principiara já meia hora antes. Os porta-
aviões de Nagumo faziam fogo contra uma base adormecida; era um fogo que, durante quatro
anos, devastaria o Pacífico.

Fonte deste artigo: Grandes Crônicas da Segunda Guerra Mundial - Seleções

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