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1. INTRODUÇÃO
A análise das batalhas nos Teatros de Operações Sul (Sinai) e Norte (Colinas
de Golã) aponta para uma série de ensinamentos colhidos e de lições aprendidas
nos combates com blindados, como o emprego das reservas israelenses nas
Colinas de Golã, o papel do armamento sofisticado utilizado pelos árabes, fornecido
pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), e o planejamento e
execução da transposição do Canal de Suez pelo Exército Egípcio.
2. DESENVOLVIMENTO
A reação não tardou a se configurar. Uma reunião de líderes das nações árabes,
ocorrido no início de agosto de 1967, em Kartum, no Sudão, entrou para a história como a
“Reunião dos Três Não”: não negociar, não à paz, não ao Estado de Israel. Além disso,
ficou resolvido que os países árabes derrotados na Guerra dos Seis Dias deveriam
reconquistar, através da força das armas, os territórios perdidos (DUNSTAN, 2003).
Inseridos no contexto da Guerra Fria, ao mesmo tempo que Israel tinha como
tradicionais aliados os Estados Unidos da América, as nações árabes buscaram um
alinhamento com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, lideradas pela
Rússia, que tratou de reequipar e treinar seus novos aliados do Oriente Médio em
busca de influência nessa estratégica região do globo. Poucos dias antes do início
da guerra, uma grande ponte aérea logística já estava em operação, com
gigantescos aviões de transporte russos Antonov 22 aterrissando a curtos intervalos
em Damasco e no Cairo.
1) O Conflito
No dia do Yom Kippur, feriado judeu da reconciliação, seis de outubro de
1973, Síria e Egito lançaram um ataque surpresa contra Israel. Forças militares
equivalentes ao efetivo de toda a Organização Tratado do Atlântico Norte (OTAN),
estacioandos na Europa, lançaram-se coordenadamente contra as fronteiras
israelenses. Pelo menos nove países árabes apoiaram ativamente o esforço de
guerra sírio-egípcio, fornecendo tropas, aeronaves e auxílio financeiro.
Ao norte, as Colinas de Golã foram palco de uma luta que passou para a
história como um dos exemplos mais destacados de batalha defensiva. Os sírios
possuíam cinco divisões blindadas escalonadas em profundidade, contando com
cerca de 1400 carros de combate, enquanto os israelenses defendiam a região com
duas brigadas blindadas, a 7ª e a Brigada Barak, a dois batalhões cada, com cerca
de 150 carros de combate. Como reserva, Israel mantinha dois comandos de divisão
blindada. Estes comandos não eram mobilizados constantemente; seu pessoal
provinha da reserva e o seu material ficava estocado nas proximidades das colinas.
No momento do ataque, todos estavam desmobilizados.
Pontes sobre
o Rio Jordão
Para fazer face a essas possibilidades, o plano egípcio previa que uma
grande quantidade de armas anticarro seriam transpostas nas primeiras levas do
assalto, garantindo a proteção para as levas seguintes. Além disso, um “guarda-
chuva” de mísseis antiaéreos garantiria a proteção contra aeronaves israelenses que
tentassem atacar alvos no solo. Dessa forma, a tática israelense da “guerra
relâmpago”, com ênfase nos carros de combate e na aviação, estava bastante
comprometida. Como o início das operações seria às quatorze horas, havia uma
previsão de que o choque contra os blindados israelenses ocorreria à noite.
2) Lições Aprendidas
Paradoxalmente, os erros cometidos pelos israelenses na guerra do Yom
Kippur tiveram sua origem na campanha vitoriosa da Guerra dos Seis Dias. Nunca
foi apropriadamente considerado que, por ocasião daquela guerra, as FDI tinham
atacado um Exército Egípcio desdobrado às pressas. Como resultado, os
comandantes israelenses levaram a certeza de que poderiam fazer quase tudo, no
campo militar, com aviões e carros de combate e, assim, organizaram suas forças
armadas de maneira pouco equilibrada. O Exército Israelense, logo após o fim da
guerra de 1967, iniciou um amplo debate referente à sua reorganização, absorvendo
as experiências do combate. Uma das primeiras críticas levantadas foi a ineficiência
da infantaria blindada no conflito. Embora muitos julguem esta assertiva injusta,
alguns comandantes de blindados advogavam a sua extinção, passando a contar
somente com os CC nas brigadas blindadas.
Uma das principais lições da Guerra do Yom Kippur está no que Clausewitz
denominou de “as dimensões morais” e considerou como sendo “o aspecto mais
importante de uma guerra”. As dimensões morais compreendem a habilidade militar
dos comandantes nos diversos escalões, a virtude militar das tropas, o patriotismo,
entre outros. A superioridade nesses aspectos poderia se mostrar vantajosa mesmo
diante de um inimigo dotado de meios de combate com tecnologia superior.
1) Conceitos Básicos
A Doutrina da Batalha Ar-Terra foi concebida, no final da década de 1970,
ante a possibilidade do Exército dos Estados Unidos da América enfrentar, no teatro
de operações europeu, as forças do Pacto de Varsóvia, muito superiores em efetivos
e dotadas de modernos meios de combate. Esse enfrentamento seria em um conflito
de alta intensidade e a doutrina vigente mostrava-se incapaz de se contrapor, com
êxito, à doutrina soviética. A solução para um ataque maciço dos soviéticos era, até
então, o emprego de artefatos nucleares, o que sem dúvida, levaria o mundo a uma
escalada atômica sem precedentes.
O resultado foi que muitas das forças inimigas em segundo escalão não
puderam entrar em ação. Após quatro dias de combate, com ataques maciços dos
1.400 carros de combate sírios contra Israel, não restou um único CC sírio em
condições de guerrear nas Colinas de Golã (HERZOG, 1984).
Se toda essa maneira de lutar dos israelenses mostrou-se eficaz contra uma
força que lutava com material e doutrina soviéticos, de fato, as lições poderiam ser
aplicadas, também, contra a massa de blindados do Pacto de Varsóvia, por forças
da Organização Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de efetivos menores e sem o uso
de armas nucleares. De forma mais abrangente, poderiam ser utilizadas em outras
partes do mundo, onde vários países estavam montando enormes exércitos
convencionais baseados na velha doutrina de que o simples princípio de guerra da
massa ganharia a batalha (SCHRAMM, 1991).
Para isso, deveria haver um amplo emprego combinado dos vários sistemas
operacionais e também das forças singulares, todos de forma sincronizada. Uma
íntima integração entre a força aérea e a terrestre, por exemplo, seria fundamental
para que a primeira pudesse atacar em profundidade o inimigo, neutralizando seus
centros de comando e controle, suas linhas logísticas e suas defesas aéreas.
1) Conceitos Básicos
O Exército Brasileiro, através da Portaria número 21-EME, de cinco de
dezembro de 1996, instituiu as Instruções Provisórias 100-1 - Bases para a
Modernização da Doutrina de Emprego da Forças Terrestre, que mais tarde se
transformaria no manual C 100-1, também chamado de Doutrina Delta.
Coerente com as novas necessidades impostas pelo combate moderno e da
imperativa necessidade de atualizar os conceitos doutrinários, dentro da visão
dinâmico-evolutiva, o Estado Maior do Exército (EME) estabeleceu novos
fundamentos para orientar a atuação da Força Terrestre no cumprimento de suas
missões constitucionais, em particular, quando atuando em combate convencional
no âmbito da defesa externa, em Área Operacional do Continente (AOC) "exceto a
área estratégica da AMAZÔNIA" (BRASIL, 1996).
Por fim, o texto do C100-1 afirma que não há como fugir às realidades a que
chegaram os pensadores militares dos países mais desenvolvidos e descreve a
necessidade de uma evolução doutrinária, no sentido de acompanhar as
experiências externas, desde que aplicáveis à realidade do Exército Brasileiro. Não
há documento comprobatório de que a Doutrina Delta tenha sido, de fato,
influenciada pela Doutrina da Batalha Ar-Terra. Entretanto, as semelhanças de
princípios e fundamentos evidenciados, inexistentes na concepção doutrinária
brasileira anterior, bem como as citações referentes à Guerra do Golfo, nos
premitem afirmar que houve uma marcante influência da forma de combater norte-
americana sobre a doutrina brasileira.
3. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 HERZOG, Chaim. A Guerra do Yom Kippur. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exército, 1977.
2 TOFFLER, Alvin e Heidi. Guerra e Antiguerra. Rio de Janeiro: BiBliEx, 1995.
3 MAGNOLI, Demétrio (organizador). História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2006.
4 CLAUSEWITZ, Carl Von. Vom Kriege. Berlim: Ullstein, 2002
5 Dunstan, Simon, The Yom Kippur War 1973 (1): The Golan Heights.
Londres: Osprey Publishing, 2003,
6 Dunstan, Simon, The Yom Kippur War 1973 (2): The Sinai. Londres:
Osprey Publishing, 2003.
7 HERZOG, Chaim. The Arab Israeli Wars. Nova Iorque: Vintage Books, 1984.
8 STARRY, Donn A. . Camp Colt to Desert Storm: The History of The
US Armored Forces. Lexington: University Press Of Kentucky, 1999.
9 TEIXEIRA, Décio Pennafirme. A Manobra na Guerra do Yom Kippur. Rio
de janeiro: ECEME, 1980. 28f
10 SOUZA, Nei de. Medidas de Coordenação e Controle na Guerra do Yom
Kippur. Rio de Janeiro: ECEME, 1980. 37f.
11 SCHRAMM, Celso Krause. A Doutrina da Batalha Ar-Terra do Exército
dos Estados Unidos da América. Rio de Janeiro: ECEME, 1991. 60f.
12 BRASIL. Estado-Maior do Exército. C 100-1: A Doutrina Delta. Brasília:
EGGCF, 1996.
13 BRASIL. Estado-Maior do Exército. C 17-20: Forças Tarefas Blindadas.
Brasília: EGGCF, 2002
14 BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 17-10: Força Tarefa Subunidade
Blindada. Brasília: EGGCF,2002
15 BRASIL. Comando de Operações Terrestre. CI 17-36-2: Caderno de
Instrução O Combinado Carro de Combate-Fuzileiro Blindado: EGGCF, 1999
16 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Combined Arms Center. Airland Battle
Doctrine Briefing. Ft Benning, 1987.
17 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Headquarters Department of the Army.
FM 100-5 Operations. Washington, DC, 1982.
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