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ETP AMAURY CESAR VIEIRA - APOSTILA 3º ANO - 2º TRIMESTRE – PROFº ELCIO

APOSTILA DE HISTÓRIA Nº 5 – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)

1. INTRODUÇÃO
A Primeira Guerra Mundial - "feita para pôr fim a todas as guerras" - transformou-se no ponto de
partida de novos e irreconciliáveis conflitos, pois o Tratado de Versalhes (1919) disseminou um
forte sentimento nacionalista, que culminou no totalitarismo nazi-fascista. As contradições se
aguçaram com os efeitos da Grande Depressão. Além disso, a política de apaziguamento,
adotada por alguns líderes políticos do período entre guerras e que se caracterizou por
concessões para evitar um confronto, não conseguiu garantir a paz internacional.
A Segunda Guerra Mundial, iniciada setembro de 1939, foi a maior catástrofe provocada pelo
homem em toda a sua longa história. Envolveu setenta e duas nações e foi travada em todos os
continentes (direta ou indiretamente). O número de mortos superou os cinqüenta milhões havendo
ainda uns vinte e oito milhões de mutilados. É difícil de calcular quantos outros milhões saíram do
conflito vivos, mas completamente inutilizados devido aos traumatismos psíquicos a que foram
submetidos (bombardeios aéreos, torturas, fome e medo permanente).
Outra de suas características, talvez a mais brutal, foi ter afetado de igual modo aqueles que
combateram no front e a população civil na retaguarda. Foi uma guerra total.
A Segunda Guerra Mundial (1939–1945) opôs os Aliados às Potências do Eixo, tendo sido o
conflito que causou mais vítimas em toda a história da Humanidade. As principais potências
Aliadas eram a China, a França, a Inglaterra, a União Soviética e os Estados Unidos. O Brasil se
integrou aos Aliados em 1943. A Alemanha, a Itália e o Japão, por sua vez, perfaziam as Forças
do Eixo. Muitos outros países participaram na guerra, seja por terem se aliado a um dos lados,
seja por terem sido invadidos, ou ainda por haver participado de conflitos paralelos.

2. CAUSAS
Vários foram os fatores que influenciaram o início do conflito, que teve início na Europa e que
rapidamente se espalhou pela África e Ásia. Um dos mais importantes motivos foi o surgimento,
na década de 1930, na Europa, de governos totalitários com fortes objetivos militaristas e
expansionistas.
Na Alemanha, o nazismo, liderado por Hitler, implementava o programa de expansão do território
germânico, desrespeitando o Tratado de Versalhes, inclusive reconquistando territórios perdidos
com o fim da Primeira Guerra. Fazia parte do programa do Partido Nazista, a busca do “espaço
vital” alemão, que seria dotar a Alemanha de uma área territorial compatível com sua população e
com o potencial de seu crescimento econômico. A conquista desse território passava pela
reconquista dos territórios cedidos após 1918, mas não se limitava a ela.
Na Itália o crescimento do Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, dava ao Duce plenos
poderes. Insatisfeito com os ganhos territoriais que a Itália teve após a Segunda Guerra, Mussolini
evocava retomar a grandeza do antigo Império Romano.
Nos dois casos mencionados a crise econômica na década de 1930 foi um fator preponderante,
para a ascensão dos respectivos regimes totalitários. Uma das soluções encontradas pelos
governos desses dois países (Itália e Alemanha) para o desemprego resultado dessa crise foi o
crescimento industrial, principalmente no que diz respeito ao incentivo à produção de armamentos
e equipamentos bélicos (aviões de guerra, navios, tanques etc.). E esse incentivo só se justificaria
diante de uma perspectiva de envolvimento em um conflito próximo.
Do outro lado do Mundo, na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de expandir seus
domínios para territórios vizinhos e ilhas da região, com o objetivo de suprir de matérias-primas e
fornecer mercado consumidor ao seu crescente parque industrial. Estes três países, com objetivos
expansionistas, uniram-se e formaram o Eixo, um acordo com fortes características militares e
com planos de conquistas elaborados em comum acordo.

2.1 A POLÍTICA DE APAZIGUAMENTO E O INÍCIO DA EXPANSÃO ALEMÃ


Os governos que saíram vencedores na Primeira Guerra Mundial viam com complacência a
ascensão de Hitler ao poder e sua política racista e expansionista. Em muitas situações, além de
não intervir, países como Inglaterra e França acabaram por legitimar as ações nazistas. Essa
estratégia ficou conhecida como Política de apaziguamento, e se baseava na crença de que era
melhor dar liberdade de ação a Hitler do que se opor e levar o continente a um novo conflito.
Alguns historiadores, porém, interpretam essa política de maneira diferente e vêem nessa
“liberdade” concedida a Hitler uma forma de fortalecer a Alemanha nazista para um futuro embate
desta contra a União Soviética, uma vez que para os governos das democracias européias o
Comunismo constituía uma ameaça real.
O plano de expansão de Hitler organizava-se segundo etapas bem calculadas. Em 1938, com o
apoio da maioria da população austríaca, anexou a Áustria à Alemanha. Em seguida, reivindicou a
integração das minorias germânicas que habitavam os Sudetos (região montanhosa da
Tchecoslováquia). Como a Tchecoslováquia não estava disposta a ceder, a guerra se mostrava
iminente. Ingleses e franceses tentam na Conferência de Munique (1938) apaziguar os ânimos e
cedem a Hitler parte do território. Hitler, que havia prometido na Conferência não fazer novas
exigências após receber os Sudetos, no ano seguinte (1939) invade e ocupa o restante da
Tchecoslováquia.

3. O INÍCIO DA GUERRA
O passo seguinte da expansão de Hitler seria a Polônia. Para invadir a Polônia, havia a
necessidade da neutralização de uma das potências vizinhas da Alemanha. A Inglaterra e a
França já tinham cedido a Tchecoslováquia e provavelmente iriam à guerra se a Polônia fosse
invadida. Por outro lado ainda havia a possibilidade de uma intervenção da URSS. Assim, Hitler
assinou, em 1939, um acordo com Stalin: o Pacto de não agressão germano-soviético.
Por meio desse acordo, a Alemanha se comprometia a não atacar a União Soviética nos 10 anos
seguintes. Com isso, Hitler ficava com as mãos livres para por em prática seu expansionismo,
sem o perigo de ter de lutar em duas frentes (ocidental e oriental).
Um anexo secreto desse acordo previa que parte da Polônia deveria ser anexada pela URSS e a
outra parte passaria a pertencer à Alemanha. Em setembro de 1939, o exército alemão lançou
uma ofensiva surpresa contra a Polônia. As tropas alemãs conseguiram derrotar as tropas
polonesas em apenas um mês. A União Soviética cumpriu sua parte no acordo e ocupou a parte
oriental da Polônia. A Inglaterra e a França, que tinham acordo de proteção com a Polônia,
responderam à ocupação declarando guerra à Alemanha, mas não entrando imediatamente em
combate.
Na Ásia, a guerra já havia começado desde 1937, com a ofensiva japonesa sobre a China.
4. O DESENVOLVIMENTO DA GUERRA
Pode-se dividir a Segunda Guerra Mundial em três fases:
1ª Fase – Expansão dos países do Eixo (setembro de 1939 a junho de 1942):
Esta fase foi marcada pela rápida expansão das potências do Eixo. Sobretudo na Europa, os
alemães aplicavam com muito sucesso a tática das Guerras-relâmpago (Blitzkrieg), que consistia
em rápidos e intensos ataques combinados de tanques blindados e da Força Aérea (Luftwafe). A
conquista da Polônia levou poucos dias. Em abril de 1940, os alemães ocuparam a Dinamarca e a
Noruega. Em maio, a Holanda e a Bélgica foram invadidas e ocupadas. E, utilizando a passagem
pelos territórios holandeses e belgas, a Alemanha invadiu a França. A maior parte do território
francês foi ocupada pelas tropas alemãs, mas a Alemanha concordou em deixar parte do território
livre de ocupação, porém colocando no governo francês o marechal Pétain, que se submetia às
ordens alemãs. A tentativa alemã de derrotar os ingleses com o uso da Força Aérea foi frustrada
pela resistência heróica deles.
Na frente ocidental, com a França neutralizada e a Inglaterra sem condições de um ataque bem
sucedido por terra, a Alemanha passou a ocupar outros territórios a leste. Utilizando a mesma
tática da Blitzkrieg, invadiu e dominou a Hungria, a Romênia, a Bulgária, a Iugoslávia e Grécia.
Com isso, o caminho até a Rússia estava livre.
Em 22 de junho de 1941, Hitler reuniu cerca de 2 milhões de soldados e milhares de tanques e
aviões para invadir a União Soviética, desrespeitando o Acordo de não agressão firmado
anteriormente. O avanço das tropas no interior do território soviético, no princípio foi rápido, o que
criou, nos alemães, a ilusão de uma conquista rápida, sobretudo quando as tropas alemãs
chegaram aos subúrbios de Moscou.
Outro fato importante nos destinos da guerra viria também no ano de 1941: a entrada dos Estados
Unidos. Em 7 de dezembro de 1941, o Japão, que via a presença norte-americana no Oceano
Pacífico como o maior obstáculo às suas pretensões expansionistas, desfechou um ataque
surpresa à base militar de Pearl Harbor, no Havaí. No dia seguinte, os Estados Unidos declararam
guerra ao Japão e aos demais países do Eixo. Entre dezembro de 1941 e junho de 1942, os
japoneses conquistaram as possessões britânicas de Hong Kong, na China, de Cingapura, na
Malásia, as Índias Orientais Holandesas, toda a Birmânia e quase todo o arquipélago das
Filipinas.
2ª Fase – Contenção das forças do Eixo (junho de 1942 a fevereiro de 1943).
Em junho de 1942 tanto na Europa quanto na África e no Oceano Pacífico, as potências do Eixo
atingem a sua maior extensão de territórios ocupados. A partir daí, os países Aliados conseguem
equilibrar as forças e evitar novos avanços. Na União Soviética, a batalha pelo controle da cidade
de Stalingrado (novembro de 1942 a fevereiro de 1943) é vista como um ponto de inflexão ou de
“virada” dos destinos da guerra. A grande tenacidade do exército soviético e a ajuda do rigoroso
inverno russo (com temperaturas que chegavam a -40°C), fizeram com que o Exército Alemão
experimentasse sua primeira grande derrota.
As tropas aliadas, agora com o reforço dos Estados Unidos, conseguiram “virar o jogo” também
contra os alemães e italianos no norte da África e contra os japoneses na Ásia.
3ª Fase – A recuperação dos territórios pelos Aliados (março de 1943 a setembro de 1945)

Essa fase marca a derrota das forças do Eixo. Em maio de 1943, os países do Eixo perderam o
controle do Mar Mediterrâneo. Em 6 de junho de 1944, o dia D, os aliados desembarcaram na
Normandia (norte da França), procedentes da Inglaterra. Paris foi libertada em agosto do mesmo
ano e, no início de 1945, os aliados (EUA, Inglaterra e França) atravessaram a fronteira alemã
pelo oeste. Ao mesmo tempo, pelo leste, os exércitos soviéticos empurravam as tropas alemãs de
volta para o seu território. A união entre os dois blocos aliados ocorreu na cidade de Berlim
(capital da Alemanha de Hitler). Os alemães aceitaram a rendição incondicional em maio de 1945.
Os japoneses se renderam em agosto de 1945, após o lançamento das bombas atômicas sobre
as cidades de Hiroshima (06/09) e Nagasaki (09/09).

5. AS CONFERÊNCIAS DOS PAÍSES ALIADOS

A questão da redefinição do papel que caberia às grandes potências no pós-guerra foi discutida
enquanto o próprio conflito se desenrolava e a vitória dos aliados já era dada como certa nos
primeiros meses de 1945. Nesse contexto, realizaram-se duas importantes conferências que
reuniram os líderes das três potências vitoriosas: Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética.

5.1 CONFERÊNCIA DE YALTA (Ucrânia, fevereiro de 1945)


A questão da redefinição do papel que caberia às grandes potências no pós-guerra foi discutida
enquanto o próprio conflito se desenrolava e a vitória dos aliados já era dada como certa nos
primeiros meses de 1945. Nesse contexto, realizaram-se duas importantes conferências que
reuniram os líderes das três potências vitoriosas: Estados Unidos (Roosevelt), Grã-Bretanha
(Churchill) e União Soviética (Stálin).
Ali, ficou decidido que a Polônia receberia os territórios ocupados pelos alemães situados no rio
Oder, assim como a Alemanha seria dividida em zonas de ocupação. Decidiu-se também a
entrada da URSS na guerra contra o Japão e concessões territoriais no oriente. Também foram
aprovados planos para a futura constituição da Organização das Nações Unidas.

5.2 CONFERÊNCIA DE POTSDAM (Alemanha, junho/agosto de 1945)


Nesta conferência ficou decidido que a Alemanha pagaria 20 bilhões de dólares de indenização
de guerra aos países aliados. Decidiu-se também pelo julgamento dos líderes nazistas por crimes
de guerra, a ser realizado em um tribunal da cidade de Nuremberg. Finalmente confirmou-se a
divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação dos países aliados. No lado Oriental, ficaria a
administração sob incumbência da União Soviética e, no lado Ocidental, a administração ficaria
sob a incumbência dos Estados Unidos, França e Inglaterra. A Itália perderia todas as suas
colônias.
O grande beneficiário da Conferência de Potsdam foi a União Soviética, pois esta conseguiu
liberdade de ação no Leste europeu e utilizou essa liberdade para influenciar os governos dos
países dessa região.

6. O HOLOCAUSTO JUDEU
Somente após a fim da guerra, foram expostas algumas das reais dimensões do conflito, como o
extermínio de cerca de 6 milhões de judeus nos campos de concentração nazistas. O ódio aos
judeus constituía um dos principais pilares do nazismo. Segundo Hitler, cabia ao Estado proteger
a raça alemã para que pudesse cumprir sua missão de dominar o mundo. Isso significava, por
exemplo, eliminar as pessoas portadoras de qualquer tipo de deficiência.
No caso dos judeus, eles deviam ser separados para não “contaminar” os demais alemães. As
Leis de Nuremberg, de 1935, foram o primeiro passo para concretizar o isolamento dos judeus
das mais diferentes esferas da sociedade. A partir de 1938, essa política de intolerância foi
ampliada, com a proliferação dos guetos e campos de concentração, onde os judeus, sem direito
algum, eram confinados e submetidos a diversas atrocidades, desde trabalhos forçados até
execuções sumárias.
A partir de 1941, teve início a última etapa dos planos nazistas. Conhecida como “solução final”,
tratava-se da morte em massa dos judeus. Vários campos de concentração foram transformados
em campos de extermínio, como os de Auschwitz, Treblinka, Sobibor, Chelmno e Belzec. Neles,
os nazistas utilizaram formas de eliminação rápidas e eficientes, como as câmaras de gás e
fornos crematórios.
Além dos judeus, foram exterminados outros grupos sociais considerados indesejáveis, como
homossexuais, ciganos, comunistas e testemunhas de Jeová. Esse extermínio constituiu um dos
maiores crimes da humanidade. Os crimes de guerra nazistas foram julgados por um tribunal
formado por juízes escolhidos pelos quatro líderes aliados em Nuremberg – o Julgamento de
Nuremberg. Nem todos os líderes nazistas foram condenados; boa parte deles (incluindo Hitler,
Goebles e Himmler) se suicidou antes de ser capturada. Outros conseguiram fugir, principalmente
para a América do Sul, onde viveram clandestinamente. Um exemplo destes foi o famoso médico
nazista Josef Mengele, que viveu entre o Paraguai e o Brasil, até falecer vítima de afogamento
em uma praia do litoral de São Paulo, em 1979, quando contava 68 anos de idade.

7. CONSEQÜÊNCIAS
Durante a Segunda Guerra, foram mobilizados cerca de 110 milhões de soldados pelos 72 países
envolvidos no conflito. Esses países gastaram um trilhão e meio de dólares, aproximadamente, e
o número de mortos ultrapassou a casa dos 50 milhões, enquanto o número de feridos chegou a
35 milhões. Dos 50 milhões de mortos, quase 6 milhões eram judeus, vítimas não apenas do
conflito em si mas também, e principalmente, do extermínio sistemático colocado em prática pelos
nazistas. Dentre as principais conseqüências da guerra, destacam-se:
 Redefinição da ordem mundial em favor das superpotências: Estados Unidos, que
confirmaram a sua hegemonia no bloco capitalista e União Soviética, que passou a
exercer uma forte influência na Europa Oriental;
 Declínio da influência política, econômica e mesmo cultural dos países da Europa;
 Início do processo de descolonização afro-asiática, uma vez que os países europeus
estavam fragilizados demais econômica e militarmente para reprimir os movimentos
separatistas;
 Expansão do bloco de países socialistas, com a inclusão de vários países da Europa
central que foram libertados do nazismo pelo Exército soviético;
 Intensificação do intervencionismo estatal na economia;
 Criação da Organização das Nações Unidas (ONU), tendo como atribuição principal a
mediação de conflitos internacionais, substituindo a extinta Liga das Nações;
 Início de um conflito político-ideológico entre as duas grandes potências (Estados Unidos e
União Soviética), conhecido como Guerra Fria e que assinalou o começo de um sistema
bipolar de poder.

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