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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ENGENHARIA

Licenciatura em Engenharia Electrotécnica

Técnicas de alta tensão

Harmônicas

António A. Simbe

Jorge luis jaime

3o Ano

Chimoio, Setembro de 2023


Antonio Simbe

Jorge luis jaime

Harmónicas

Trabalho apresentado a Universidade


Católica de Moçambique, FENG – Chimoio,
como requisito para obtenção da nota
curricular em técnicas de alta tensão.

Docente:

Engo. Dembuenda

Chimoio, setembro de 2023


Índice

Introdução ........................................................................................................................................5

1. Frequência ............................................................................................................................... 6

2. Harmônicas ..............................................................................................................................6

3. Harmônicas: O que causam? ................................................................................................... 7

4. Harmônicas: Como são criadas? ............................................................................................. 7

5. Medidas a tomar contra as harmónicas ................................................................................... 8

I. Distribuição de cargas em outras fontes ...............................................................................9

II. Aumento da potência das fontes .......................................................................................9

III. Uso adequado de transformadores defasadores ................................................................9

IV. Especificação de cargas .................................................................................................... 9

6. Filtros .................................................................................................................................... 10

I. Filtros passivos ...................................................................................................................10

II. Filtros activos ................................................................................................................. 10

III. Filtros passivos Vs filtros activos ...................................................................................10

i. Percepção dos efeitos ......................................................................................................11

7. Indicadores para a medição de harmônicas ...........................................................................12

I. Factor de potência (FP) ...................................................................................................... 12

II. Factor de crista (FC) ....................................................................................................... 13

III. Potência activa (P) .......................................................................................................... 13

IV. Potência reativa (Q): .......................................................................................................14

V. Potência de distorção (D): .............................................................................................. 14

8. Espectro de frequência e taxa de harmônicas ........................................................................15

I. Distorção harmônica individual ou de ordem h ................................................................. 15


II. O espectro em frequência ............................................................................................... 15

III. Taxa de distorção harmônica (THD) .............................................................................. 16

IV. THDF de intensidade ou tensão ...................................................................................... 17

9. Relação entre o fator de potência e a thd .............................................................................. 18

I. Utilidade de cada um dos indicadores ................................................................................18

10. Selecção de equipamentos ..................................................................................................19

I. Selecção do dispositivo de medida .....................................................................................19

i. Osciloscopios para observações ..................................................................................... 19

ii. Analisadores espectrais analógicos .............................................................................19

II. Analisadores digitais .......................................................................................................19

11. Metodologia de medição .................................................................................................... 20

I. Uso dos aparelhos de medição ........................................................................................... 20

12. Análise de resultados ..........................................................................................................21

I. A THD de tensão ................................................................................................................21

II. A THD de corrente ......................................................................................................... 22

13. Conclusão ........................................................................................................................... 23

Referências bibliográficas ............................................................................................................. 24


Introdução

Corrente harmônica é uma corrente elétrica com frequência múltipla da original da rede (60
Hertz, chamada de frequência fundamental) e surgem nas instalações elétricas devido à presença
de cargas não lineares.

Na rede elétrica, as correntes harmônicas se somam com a corrente fundamental causando


distorções na forma de onda original da rede. são correntes com frequências múltiplas da
fundamental que no nosso caso é de 60Hz, que transitam no sistema e causam grandes danos a
equipamentos e condutores.

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1. Frequência

Frequência é uma grandeza que faz referência à um número de acontecimentos em certo tempo.

Na corrente elétrica, a frequência indica o número de oscilações da corrente no período de 1


segundo (geralmente 60 vezes em corrente alternada), sendo expressa em Hertz (Hz).

2. Harmônicas

Harmônicas são componentes sinusoidais de uma tensão ou corrente alternada com frequência
igual ou múltipla inteira da frequência do sistema, 60 Hz, sendo que a ordem da harmônica é
contabilizada pelo número de vezes que a frequência da mesma é múltipla da fundamental.

Na rede elétrica, as correntes harmônicas se somam com a corrente fundamental causando


distorções na forma de onda original da rede. São causadas por equipamento que têm carga não-
linear (transistores, tiristores, diodos, etc).

Exemplos: computadores, vídeo-games, eletrônicos, no-breaks, etc.

Esta é algumas entre outras razões pelas quais a medição de harmônicas em instalações elétricas
é tão importante.

O aparecimento das harmônicas é avaliado pela THD (Total Harmonic Distortion), que surgiu
devido a necessidade de quantificar as harmônicas presentes no sistema. Existem três aspectos
que são considerados gerais se tratando de harmônicas, são eles:

1. É um fenômeno de longa duração;

2. Quanto maior a ordem da harmônica, menor sua intensidade;

3. As harmônicas de ordem ímpar são mais frequentes, de maior intensidade, gerando mais
problemas.

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3. Harmônicas: O que causam?

As harmônicas interferem na maior parte dos componentes eléctricos, eletrônicos e também nos
condutores. Os indutores e capacitores têm a sua reatância dependente da frequência. Desta
forma, quando existem harmônicas na rede eléctrica, há uma variação nas reatâncias capacitivas
e indutivas.

Os motores também sofrem impacto quando o índice de qualidade da energia é baixo, devido a
alta quantidade de distorção harmônica. Harmônicas podem causar sobrecarga no condutor
neutro e diminuir a vida útil dos transformadores, capacitores, motores, dentre outros acima
citados.

4. Harmônicas: Como são criadas?

A princípio, qualquer componente que utilize energia da rede eléctrica de forma não linear pode
causar harmônicas.

Forma não linear, refere-se à aparelhos que consomem energia durante apenas uma parte do ciclo
da onda como por exemplo, um dimmer.

 Fontes chaveadas
 Lâmpadas fluorescentes ou de LED
 Computadores
 Carregadores de celular
 Eletrônicos em geral

Todos estes aparelhos causam harmônicas que se acumulam e se somam na rede eléctrica. A
distorção harmônica pode existir na tensão e na corrente.

Devido a algumas características físicas, as harmônicas mais comuns de aparecerem na rede são
as ímpares (terceira, quinta, sétima, etc.), sendo que normalmente a terceira é a maior, se
tornando a mais problemática.

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O aparecimento das harmônicas, como elas são somadas à corrente fundamental, provoca perdas
de potência na rede e aumentam o nível de corrente e tensão na rede e nos aparelhos, causando a
diminuição da vida útil nos mesmos. Em casos graves de harmônicas, recomenda-se utilizar
"filtros de harmônicas".

É importante notar que cada uma dessas correntes harmônicas possuem ângulos de fase em cada
uma das frequências características, fazendo a soma escalar de diversas correntes harmônicas em
uma mesma frequência, não representando a corrente harmônica total nessa frequência no
circuito alimentador. Em outras palavras, se um determinado quadro de distribuição de
alimentação das cargas “A”, “B” e “C” que possuem em seus espectros correntes de 5ª
harmônica de 100A, 80A e 50A respectivamente, a corrente no alimentador geral não será
necessariamente de 230A, será necessário avaliar o ângulo de fase de cada uma dessas correntes
e proceder à soma vetorial.

A circulação de correntes harmônicas nos circuitos e nas fontes (transformadores, geradores,


UPS, etc.) causa o surgimento das tensões harmônicas proporcionais às próprias correntes
harmônicas e às impedâncias desses circuitos e fontes. As limitações das normas que versam
sobre este assunto tratam de estabelecer limites de distorções de tensão em função do ponto da
instalação e dos níveis de tensão. Normalmente, essas normas são referenciadas no ponto de
acoplamento comum (PAC) entre a concessionária e o consumidor, podendo variar de 5% a 10%
dependendo da norma e do nível de tensão.

5. Medidas a tomar contra as harmónicas

Uma das formas de reduzir a circulação destas correntes harmônicas é filtrá-las, evitando, assim,
que as tensões dos barramentos sejam distorcidas pela alimentação das cargas não lineares.

O objectivo fundamental de um filtro harmônico consiste em reduzir a amplitude de uma ou mais


correntes ou tensões harmônicas, em uma determinada parte do sistema. Todavia, já que as
instalações que apresentam problemas de perturbações harmônicas normalmente também
necessitam de compensação reativa, os filtros, conectados em paralelo com o sistema e próximos
às fontes harmônicas, poderão também servir à tarefa adicional de prover potência reativa a

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frequência fundamental. Naturalmente, outras possibilidades de redução das distorções de tensão
são:

I. Distribuição de cargas em outras fontes

Nesta situação, cargas não lineares são relocadas na instalação, de modo a reduzir os valores de
distorção de tensão nos barramentos em que elas são conectadas.

II. Aumento da potência das fontes

O aumento da potência das fontes reduz a impedância de curto-circuito à montante da carga,


reduzindo as distorções de tensão nos barramentos;

III. Uso adequado de transformadores defasadores

IV. Especificação de cargas

Com controle de emissão ou escolha de cargas com melhores características.

A discussão sobre o quanto uma carga é distorcida deve considerar não somente a distorção total
de corrente (THDI), ou as correntes harmônicas relacionadas à corrente da componente
fundamental, mas também estas correntes harmônicas relacionadas à capacidade de corrente da
fonte (transformador, por exemplo).

A instalação de filtros de correntes harmônicas, ou simplesmente filtros de harmônicas, surge


como outra possibilidade para adequação dos valores registrados de distorção de tensão por
conta do controle das correntes harmônicas. De uma forma geral, os filtros evitam que as
harmônicas circulem pelas fontes, reduzindo, portanto, as tensões harmônicas à montante e, por
consequência, reduzindo também as distorções de tensão nos barramentos de baixa tensão. Os
filtros mais comumente aplicáveis são os filtros passivos e, ultimamente, os filtros activos vem
tomando espaço. Ambas as aplicações estão descritas na sequência.

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6. Filtros

I. Filtros passivos

Os filtros passivos são normalmente compostos por conjuntos de indutores e capacitores


sintonizados em uma frequência de ressonância característica. Podem também ser construídos
em conjuntos, de forma a serem sintonizados em várias frequências desejáveis simultaneamente.
A função dos filtros passivos é de absorver as correntes harmônicas da carga, impedindo que elas
circulem pela rede. Devido à sua própria construção, também injetam energia reativa na rede,
enquanto as harmônicas são absorvidas (em geral, a absorção das harmônicas não é total, mas,
normalmente, é uma parcela daquelas geradas pela carga). Caso a carga seja variável, a
construção desses filtros deve prever o arranjo em grupos de filtros para adequar a sua operação
à variação da carga, evitando sobre compensação de energia reativa.

II. Filtros activos

Os filtros activos, apesar de terem a mesma função dos passivos, são concebidos por
equipamentos eletrônicos que injetam correntes harmônicas defasadas adequadamente daquelas
geradas pelas cargas, de modo que, ao se somarem, se cancelem. Enquanto os filtros passivos são
normalmente dependentes e especificados pelos valores dos indutores, capacitores e elementos
de manobra que os compõe, os filtros activos são especificados pelos “amperes” que irão filtrar.

O entendimento do filtro activo pode ser o de uma “máquina de corrente eléctrica”, em que são
geradas não só correntes harmônicas em diversas frequências em função da presença de cada
uma delas, como na própria frequência fundamental, que poderão servir para equilibrar as
correntes nas fases, ou até mesmo para adiantar as correntes da frequência fundamental em
relação à tensão, melhorando, assim, o factor de potência.

III. Filtros passivos Vs filtros activos

Pelo exposto, a solução de escolha entre filtros activos e passivos dependerá fundamentalmente
da aplicação relacionada ao custo-benefício da escolha.

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i. Percepção dos efeitos

Nos Transformadores:

 As harmónicas de tensão podem aumentar as perdas no ferro;


 Aumentam as correntes induzidas devido ao fluxo de dispersão;
 Elevação da temperatura do ponto mais quente;
 Amplificam as reactâncias de dispersão;
 Capacitâncias parasitas podem produzir ressonâncias internas com possíveis
sobretensões.

Nos motores e geradores:

 Diminui a eficiência e torque disponível;


 Oscilações mecânicas, vibrações devido a torque em sentido oposto;
 Rapido desgaste do rolamento;
 Aumento do ruído audível (torques pulsantes);
 Aumento de perdas no ferro;
 Perda de vida útil.

Nos capacitores:

 A reactância capacitiva é reduzida aumentando-se as correntes;


 Problemas relacionadas a ressonância;
 Aumento de perdas, elevação da temperatura e a consequente redução de vida útil.

Nos equipamentos de protecção:

Operação inadequada dos elos fusíveis devido o aumento da corrente eficaz relacionado a
presença de harmónicas.

Nos medidores de energia:

Sensíveis aos componentes harmónicas podendo resultar em erros possitivos ou negativos na


medição, dependendo do tipo de medidor e das componentes harmónicas dos sinais.

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Nos equipamentos electrónicos:

Sensíveis a distorção harmónica da tensão quando a utilizam em tensoes de referência para a sua
operação (ex: conversores estáticos, reguladores de tensão).

Nos sistemas de comunicacao:

A indução electromagnética produzida pelas harmónicas no sistema de potência provoca ruídos e


interferências, dependendo das intensidades das correntes, da faixa da frequência de operação e
naturalmente de proximidade física dos circuítos.

7. Indicadores para a medição de harmônicas

Estes indicadores são indispensáveis para a determinação das acções corretivas requeridas.

I. Factor de potência (FP)

O fator de potência define-se como a relação entre a potência activa (P) e a potência aparente (S).

FP

No jargão eléctrico, o factor de potência é frequentemente confundido com o cosseno phi (cos φ),
cuja definição é:

Onde:

P1 = Potência activa do fundamental.

S1 = Potência aparente do fundamental.

Portanto, o «cos φ» refere-se somente à frequência fundamental, e na presença de harmônicas, é


diferente do factor de potência FP.

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Interpretação do valor do factor de potência

Uma primeira indicação da presença significativa de harmônicas é quando o factor de potência


medido é diferente do «cosφ» (o factor de potência será inferior a «cosφ»).

II. Factor de crista (FC)

Define-se como a relação entre o valor pico do sinal de corrente ou de tensão (Ip ou Up) e o
valor eficaz (rms).

Para um sinal senoidal, o factor de crista é igual a √2. Para um sinal não senoidal, o factor de
crista pode ter um valor superior ou inferior a √2.

Este factor é particularmente útil para detectar a presença de valores de crista excepcionais com
relação ao valor eficaz.

Interpretação do valor do fator de crista.

O factor de crista típico de correntes absorvidas por cargas no lineares é muito maior que √2;
pode tomar valores iguais a 1,5 ou 2, chegando inclusive ao valor de 5 em casos críticos.

Um factor de crista muito elevado implica sobre intensidades pontuais importantes. Estas
sobreintensidades são detectadas pelos dispositivos de proteção de tempo instantâneo, como
disjuntores, que podem ser a origem de desligamentos indesejados.

III. Potência activa (P)

A potência activa “P” de um sinal distorcido por harmônicas é a soma das potências activas
correspondentes às tensões e intensidades da mesma ordem.

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A decomposição da tensão e a intensidade em seus componentes harmônicas pode ser escrita
como:

Sendo φh ou defasagem entre a tensão e a intensidade do harmônica de ordem h.

Nota:

 Supõe-se que o sinal não contém componente contínua: Udc= Idc = 0;


 Na ausência de harmônicas, a equação P = U1 I1 cos φ1 indica a potência de um sinal
senoidal, onde cos φ1 é igual a «cosφ».

IV. Potência reativa (Q):

A potência reativa define-se somente para a fundamental e vem dada pela equação:

V. Potência de distorção (D):

Consideramos a potência aparente S:

Na presença de harmônicas, pode-se reescrever a equação como:

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Consequentemente, na presença de harmônicas, a relação S2 = P2+Q2 não é válida.

Define-se a potência de distorção D de tal forma que: S2 = P2+Q2+D2. Assim sendo:

8. Espectro de frequência e taxa de harmônicas

Cada aparelho que causa harmônicas tem suas próprias correntes harmônicas com amplitudes e
defasagens diferentes.

Estes valores, sobretudo a amplitude de cada ordem harmônica, são essenciais para a análise da
distorção harmônica.

I. Distorção harmônica individual ou de ordem h

A distorção harmônica individual define-se como o nível de distorção, em porcentagem, de


ordem h, com relação à fundamental.

II. O espectro em frequência

Representando a amplitude de cada ordem harmônica em um gráfico, obtém-se uma


representação gráfica do espectro em frequência. Esta técnica denomina-se análise espectral.

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Valor eficaz

O valor eficaz de corrente ou de tensão pode ser calculado em função dos valores eficazes das
diferentes ordens de harmônicas:

III. Taxa de distorção harmônica (THD)

A THD é definida em consequência da necessidade de determinar numericamente as harmônicas


presentes em um ponto dado da instalação.

Há duas formas de quantificar o THD:

Esta definição cumpre com a norma IEC 61000-2-2.

Nota 1: o valor de THDf pode ser superior a 100%.

De acordo com a norma, geralmente se pode limitar h a 50.

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Esta definição cumpre com a norma IEEE 519-2.

A taxa de distorção harmônica geralmente se expressa em um valor percentual.

A THDr representa o grau de distorção harmônica total com relação ao sinal total, enquanto a
THDf indica a distorção harmônica total com relação à componente fundamental.

Nota 2: a THDr (de tensão ou corrente) sempre é inferior a 100%. Esta permite medidas
analógicas dos sinais, mais simples, mas quando o sinal é pouco distorcido, o resultado é muito
parecido ao de THDf. Além disso, não está bem adaptado para o caso de sinais muito deformados,
já que não pode ultrapassar o valor de 100%, contrariamente à THDf.

IV. THDF de intensidade ou tensão

Quando se trata de harmônicas de intensidade, a expressão se converte em:

Esta equação é equivalente à mostrada a seguir, a qual é mais directa e fácil de utilizar quando se
conhece o valor eficaz total:

Quando se trata com harmônicas de tensão, a expressão se converte em:

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9. Relação entre o fator de potência e a thd

Quando uma tensão é senoidal ou praticamente senoidal, pode-se considerar que:

Em consequência:

Portanto:

I. Utilidade de cada um dos indicadores

 O indicador essencial é a THD, um valor que reflete o nível de distorção nas ondas de
tensão e corrente.
 O espectro dá uma imagem do sinal deformado.
 O espectro (decomposição em frequência do sinal) dá uma representação diferente dos
sinais eléctricos, e permite avaliar a distorção.

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10. Selecção de equipamentos

I. Selecção do dispositivo de medida

Somente os analisadores digitais, baseados nas últimas tecnologias, proporcionam medidas


suficientemente precisas para os indicadores apresentados anteriormente.

Há alguns anos utilizavam-se outros aparelhos de medição.

i. Osciloscopios para observações

Pode-se obter uma indicação geral da distorção de um sinal visualizando a corrente ou a tensão
em um osciloscópio.

Quando a forma de onda não é senoidal, o sinal é distorcido por harmônicas. Os picos de tensão
e corrente podem ser visualizados na tela.

É importante ter em conta que com um osciloscópio não é possível quantificar com exatidão as
componentes harmônicas.

ii. Analisadores espectrais analógicos

Implementados com uma tecnologia antiquada, estes dispositivos são compostos de um filtro
passa-faixa combinado com um voltímetro de valor eficaz.

Estes aparelhos, actualmente obsoletos, dão resultados insuficientes e não proporcionam


nenhuma informação sobre a defasagem.

Os aparelhos de medição empregados actualmente têm características digitais.

II. Analisadores digitais

Os microprocessadores utilizados nos analisadores digitais:

 Calculam os valores dos indicadores de harmônicas (factor de potência, factor de crista,


potência de distorção, THD).
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 Oferecem múltiplas funções adicionais (correção, detecção estatística, gestão de
medições, visualização, comunicação, etc.).
 Quando são aparelhos multicanal, proporcionam simultaneamente e praticamente em
tempo real a análise espectral de tensões e correntes.

11. Metodologia de medição

As medições de tensão e corrente devem ser tomadas:

 Na fonte de alimentação.
 No conjunto de barras do quadro de distribuição principal.
 Em cada uma das saídas do quadro de distribuição principal.

Quando se tomam as medidas, é necessário ter informação precisa das condições, em particular o
estado das baterias de capacitores (em serviço/horas serviço).

I. Uso dos aparelhos de medição

Os aparelhos mostram tanto os efeitos instantâneos das harmônicas quanto os que são produzidos
em longo prazo.

Uma análise correta requer valores integrados sobre tempos, que vão de alguns segundos a
alguns minutos, para períodos de observação na rede, alguns poucos dias.

Os valores requeridos são:

 A amplitude das harmônicas de tensão e corrente.


 A distorção individual harmônica de cada ordem, tanto para corrente quanto para tensão.
 A distorção total harmônica tanto para corrente quanto para tensão.
 Quando for pertinente, a defasagem entre as harmônicas de tensão e corrente da mesma
ordem e a fase das harmônicas com relação a uma referência comum (por exemplo, a
tensão fundamental).

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12. Análise de resultados

As medições tomam-se como:

Medição preventiva:

 Para obter uma avaliação global da extensão do problema (mapa do sistema de


distribuição).

Medição de identificação:

 Para determinar a origem de uma perturbação e pensar soluções para corrigir o problema.
 Para controlar que as soluções implementadas realmente produzem o efeito desejado.

O resultado da análise será:

 A reclassificação eventual do equipamento já instalado.


 A quantificação da proteção e das soluções de filtragem harmônica que devem ser
instaladas.
 A comparação dos valores medidos com os de referência da rede pública (limites de
distorção harmônica, valores aceitáveis, valores de referência).

A partir dos resultados de THD, factor de potência e factor de crista, pode-se chegar a algumas
conclusões a respeito. Por isso são dados como referência os seguintes indicadores:

I. A THD de tensão

Indica a distorção da onda de tensão.

A THDu medida proporciona informação sobre fenômenos observados em uma instalação:

 Um valor de THDu inferior a 5% pode ser considerado normal. Praticamente não existe
risco de mau funcionamento nos equipamentos.
 Um valor de THDu compreendido entre 5% e 8% indica uma distorção harmônica
significativa. Podem ocorrer funcionamentos anômalos nos equipamentos.
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 Um valor de THDu superior a 8% revela uma distorção harmônica importante. Os
funcionamentos anômalos nos equipamentos são prováveis. Una análise profunda e um
sistema de atenuação tornam-se necessários.

II. A THD de corrente

Indica a distorção da onda de corrente.

Para identificar a carga que causa a distorção, a THD de corrente deve ser medida na entrada e
em cada uma das saídas dos diferentes circuitos.

A THDi medida proporciona informação sobre fenômenos observados em uma instalação:

 Um valor de THDi inferior a 10% pode ser considerado normal. Praticamente não existe
risco de funcionamento anômalo nos equipamentos.
 Um valor de THDi compreendido entre 10% e 50% revela uma distorção harmônica
significativa. Existe o risco de que aumente a temperatura, o que implica o
sobredimensionamento dos cabos e das fontes.
 Um valor de THDi superior a 50% revela uma distorção harmônica importante. É
provável o funcionamento anômalo dos equipamentos. Uma análise profunda para um
sistema de atenuação é necessário.

O factor de potência FP permite avaliar o sobredimensionamento que se deve aplicar à


alimentação de uma instalação.

O fator de crista utiliza-se para caracterizar a amplitude de um gerador (ou alternador) para
proporcionar intensidades instantâneas de valor elevado. Os equipamentos informáticos, por
exemplo, absorvem intensidades muito distorcidas, onde o factor de crista pode ser 3 ou mais.

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13. Conclusão

As harmônicas são frequências múltiplas inteiras de uma frequência fundamental! No caso da


rede elétrica, a frequência fundamental é de 60 Hz, como conhecemos no dia a dia e
conseguimos medir na tomada.

As harmônicas nesse caso são os sinais de frequências múltiplas inteiras misturadas ao sinal de
60 Hz. Existem harmônicas pares que acontecem quando a frequência fundamental da harmônica
(60 Hz), é multiplicada por um número par. Também temos as harmônicas ímpares, que são
formadas pela frequência fundamental (60 Hz), multiplicada por um número ímpar.

Assim as harmônicas são ordenadas de acordo com o múltiplo que dá origem à elas, sendo a
harmônica fundamental de 60Hz, a 2ª harmônica de 120 Hz, a 3ª harmônica de 180 Hz e assim
por diante. Por isso é comum ouvir 2ª harmônica, 3ª harmônica, etc.

A quantidade e amplitude de cada harmônica é um dos parâmetros que usamos para medir a
qualidade da energia elétrica, ou seja, quanto mais harmônicas pior é a qualidade da energia
elétrica na rede!

23
Referências bibliográficas

Waldir Teodoro Júnior Waldir Teodoro Júnior Supervisor de elétrica na Constech Engenharia
Publicado em 16 de mar. de 2016

www.feis.UNESP.br/lqee

https://www.leonardo-energy.org.br/wp-content/uploads/2018/02/Doc-21-3-Cap-2-Medicao-de-
Harmonicas-apostila.pdf

www.tudo_sobre_harmonicas..br

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