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POLITÉCNICO DI TORINO

Mestrado em Engenharia Mecânica

Fontes de Ruído e Vibração em Motores Elétricos Industriais

Formulários

Supervisor:

Prof. Alessandro Fasana

Candidato:

Matteo Laterra
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Conteúdo
1 Contexto e objetivo ....................................... ................................................ ................ 5

1.1 Estado da Arte ...................................... ................................................ ............................. 5

1.2 Projeto de Ruído de Aplicação .............................. ................................................ ............. 6

2 Fontes de Ruído e Vibração em Motores Elétricos.............................. ......................................... 9

2.1 Princípios de Funcionamento do Motor Trifásico............................... ......................................... 9

2.2 Estator e Campo Magnético Rotativo.......................................... ................................................ 10

2.2.1 Inversor de Frequência Variável ....................................... ................................................ ..... 11

2.3 Tipos de Rotores e Motores Elétricos.......................................... ................................................ ... 14

2.3.1 Rotor de Indução e Velocidade de Escorregamento ....................................... ................................................ 15

2.3.2 Característica de Torque de Escorregamento ....................................... ................................................ ..... 17

2.4 Fontes de ruído e vibração ....................................... ................................................ ........ 19

3 Análise e Diagnóstico ....................................... ................................................ ......................... 21

3.1 Sinais e Teorema de Amostragem ........................................ ................................................ ... 21

3.2 Análise no domínio da frequência ....................................... ................................................ ........ 22

3.2.1 Transformação de Fourier e Transformação Discreta de Fourier ....................................... .23

3.2.2 Teorema da convolução ....................................... ................................................ .......... 26

3.2.3 Transformação delta e impulso de Dirac.............................. ................................ 27

3.2.4 Pulso repetitivo.................................. ................................................ ................... 28

3.2.5 Modulação ....................................... ................................................ ......................... 29

3.2.6 Envelope .............................................. ................................................ ............................. 31

3.3 Análise de Frequência Temporal.................................. ................................................ ............. 33

3.3.1 Transformada de Fourier de Curta Duração e Espectrograma ....................................... ...................... 33

4 Análise de Falha de Motor Elétrico de Indução............................................. ......................................... 35

4.1 Processo de Análise de Vibração.............................. ................................................ .......... 35

4.1.1 Sensores de Vibração ........................................ ................................................ ................ 36

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4.1.2 Conversor Analógico para Digital ....................................... ................................................ ... 39

4.2 Detecção de Danos em Motor Elétrico Trifásico Assíncrono ....................................... .... 40

4.2.1 Linha de Base............................................. ................................................ ............................. 40

4.2.2 Problemas do estator.............................. ................................................ ......................... 41

4.2.3 Problemas do rotor ....................................... ................................................ ......................... 44

4.2.4 Problemas de montagem ........................................ ................................................ ............. 47

5 Vibração dos rolamentos de rolos.............................. ................................................ ................... 49

5.1 Cinemática do rolamento ....................................... ................................................ ................... 49

5.2 Vibração perfeita do mancal........................................... ................................................ ............ 50

5.3 Defeitos superficiais locais ....................................... ................................................ ................ 51

5.3.1 Frequências de defeitos de superfície........................................... ................................................ .52

6 Acústico .................................................. ................................................ ......................................... 55

6.1 Acústica ................................................. ................................................ ......................................... 55

6.1.1 Definição de som ....................................... ................................................ ................ 55

6.1.2 Pressão Sonora ....................................... ................................................ ................... 56

6.1.3 Campos Acústicos ....................................... ................................................ ......................... 58

6.1.4 Intensidade sonora e potência sonora ....................................... ......................................... 59

6.1.5 Nível de Som e Escala de Decibéis ....................................... ................................................ 60

6.2 Psicoacústica ....................................... ................................................ ...................... 61

6.2.1 Sonoridade .............................................. ................................................ ............................. 62

6.3 Fontes de Ruído e Emissão de Som ....................................... ................................................ 63

6.3.1 Radiação Sonora Efetiva.......................................... ................................................ ..... 64

6.3.2 Caminho de Transferência ....................................... ................................................ ...................... 65

6.4 Instrumentação de Medições Acústicas........................................... ......................................... 66

6.4.1 Sonda de Intensidade do Som e Velocidade das Partículas ....................................... ............................. 67

7 Aplicação no escopo ....................................... ................................................ ......................... 69

7.1 Apresentação do Banco de Teste............................... ................................................ ............. 69

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7.1.1 Instrumentação e Configuração de Aquisição de Dados.............................. ......................... 70

7.2 Resultados dos Testes Eletromagnéticos............................................. ................................................ .... 73

7.2.1 Motor Elétrico 6, Linha de Base ....................................... ................................................ ...... 74

7.2.2 Motor Elétrico 2, Excentricidade do Rotor ....................................... ......................................... 79

7.2.3 Motor Elétrico 1, Barra do Rotor Quebrada ....................................... ......................................... 82

7.2.4 Motor Elétrico 8, Linha de Base e Entreferro Aumentado ...................................... ...................... 85

7.2.5 Motor Elétrico A, Linha de Base ....................................... ................................................ ...... 88

7.2.6 Motor Elétrico D, Problemas Elétricos ....................................... ......................................... 90

7.2.7 Motor Elétrico C, Excentricidade Estática ....................................... ......................................... 91

8 Conclusões................................................. ................................................ ......................................... 93

8.1 Progresso Atual do Projeto de Ruído de Aplicação da SKF.............................. ......................... 94

Bibliografia................................................. ................................................ ......................................... 97

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1Histórico e objetivo

No projeto de produtos com peças rotativas, as características de ruído e vibração são aspectos de alta

prioridade. Sons indesejados ou irritantes em casa, transporte e locais de trabalho podem resultar em

desconforto, baixa eficiência no trabalho e até mesmo sérios problemas de saúde. Por esta razão, as

autoridades criam regulamentação e norma para reduzir o nível de ruído e vibração. Para além do contexto

regulamentar, as aplicações silenciosas estão associadas a uma sensação generalizada de segurança,

qualidade e conforto.

A correlação entre a dinâmica de máquinas rotativas e a radiação sonora pode ser difícil de

analisar, envolvendo muitas disciplinas diferentes, como dinâmica estrutural, acústica,

processamento de sinal e análise experimental. Este processo torna-se ainda mais complexo

pela natureza altamente subjetiva da percepção humana do som.

Os rolamentos são um dos componentes mais utilizados e críticos em máquinas rotativas, devido à sua

dissipação de energia relativamente baixa. Como são normalmente usados para transferir altas forças e

cargas pesadas em condições dinâmicas, eles têm uma influência significativa no comportamento

vibratório e acústico do maquinário.

Por estas razões,SKFcomo empresa líder na fabricação de rolamentos e monitoramento

de condições, lançou o “Projeto Ruído de Aplicação”.

Esta tese é o resultado de uma pesquisa experimental de oito meses naFábrica de soluções

SKF Moncalieri (TO)dentro do projeto de ruído e vibração.

1.1 Estado da Arte

De acordo com uma pesquisa interna [SKF Roller Bearing Product Line 2015-2016] entre 147 reclamações nas áreas de

ruído e vibração, apenas 5 foram reconhecidas pelaSKFcomo problemas de qualidade dos rolamentos (consulte a

Figura 1.1-1). Mesmo que a emissão de ruído não possa ser diretamente relacionada à qualidade do rolamento, o

mercado e os clientes destacam a necessidade de suporte especializado para identificar soluções confiáveis e corrigir

problemas de ruído.

Testes de qualidade de componentes atualmente em uso (VKL e MVH da SKF) são usados para analisar com

precisão o ruído e a vibração transmitidos pela estrutura dos tipos de rolamentos mais comuns, com foco no

nível de qualidade dos componentes do rolamento. Devido à grande variedade de diferentes aplicações e

condições operacionais, tais testes não são capazes de simular condições reais de trabalho ou prever a resposta

do sistema final.

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A falta de literatura no campo da solução de problemas de emissão de ruído e de um procedimento operacional

claramente definido pode facilmente levar à falsa identificação do problema. O projeto é definido para permitir

SKFmapear problemas de ruído do ponto de vista da aplicação, desenvolvendo e implantando um processo de

análise padronizado e estruturado para oEngenheiros de aplicação.

Figura 1.1-1Cenário real.

1.2 Projeto de Ruído de Aplicação

OProjeto Ruído de Aplicação, dirigido pelo Eng.Angélico Aprosio(Project Manager), visa preencher a lacuna

entre a crescente solicitação do mercado por aplicativos silenciosos e a falta de uma abordagem

padronizada para problemas de ruído e solução de problemas. O projeto é focado em Motor elétrico

trifásico de induçãoestando presente em muitas aplicações industriais e civis comoTransportadores,

ElevadoreEscada rolante. automotivo eVeículos elétricosnão estão incluídos na primeira fase do projeto.

O projeto está dividido em quatroPacotes de trabalhode acordo com os resultados desejados (ver

Figura 1.2-1):

• Pacote de trabalho 1: identificação clara de emissão de ruído de fontes relacionadas a rolamentos e não

rolamentos.

• Pacote de trabalho 2: permite que os engenheiros de aplicação forneçam soluções técnicas.

• Pacote de trabalho 3: coletar dados e medições úteis para serem usados como banco de dados para

problemas de ruído e como entrada paraDesenvolvimento de produtopara projetar as próximas gerações de

rolamentos.

• Pacote de Trabalho4: garantir uma abordagem padronizada global para lidar com reclamações de ruído.

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Figura 1.2-1Resultados esperados.

Esta tese está centradaPacote de trabalho 1, analisando a emissão sonora do Motor Elétrico Trifásico de

Indução, com especial atenção paraFontes de ruído não relacionadas aos rolamentos. A apresentação será

desenvolvida em três seções principais:

• Introdução geral sobre fontes de ruído do motor elétrico, com foco no motor elétrico trifásico de

indução e seu princípio de funcionamento.

• Apresentação teórica dos fenómenos físicos em causa, analisando vibração,

emissão sonora e aparelhos de aquisição.

• Testar a apresentação da campanha e os resultados relacionados de acordo com os resultados do projeto.

Uma parte limitada do estágio foi dedicada aPacote de trabalho 3, auxiliando no design do banco de

dados. O progresso atual e os resultados finais serão apresentados nas conclusões.

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2Fontes de Ruído e Vibração em Motores Elétricos

O segmento de motores CA representou uma participação de mercado significativa em 2018. Os motores

CA são amplamente utilizados, pois suas aplicações variam de bombas de irrigação à robótica moderna. A

adoção de motores elétricos CA na indústria automotiva aumentou exponencialmente, devido ao advento

de eletrônicos altamente eficientes e de baixo custo, acompanhados de melhorias em materiais

magnéticos permanentes.

A crescente demanda por confiabilidade, segurança e conforto levou a um aumento nas pesquisas tanto na

área de vibração quanto na área de emissão de ruído.

Hoje em diaMotores elétricos trifásicos assíncronoscompõem a maioria de todo o segmento de motores

industriais, devido à sua confiabilidade e acessibilidade.

De acordo com esta tendência, esta seção será dedicada a uma breve visão geral dos tipos de motores

elétricos mais comuns disponíveis no mercado com referência especial aMotores elétricos trifásicos de

indução(usado na campanha de teste apresentada no Capítulo 7).

2.1 Princípios de Funcionamento do Motor Trifásico

Para um melhor entendimento das fontes de vibração em um motor elétrico assíncrono, será proposta uma breve

revisão dos princípios de funcionamento e das principais grandezas, necessárias para o diagnóstico do motor elétrico.

Os princípios de funcionamento de um motor elétrico, numa primeira aproximação, podem ser

resumidos em três princípios básicos, que protagonizam a interação entre os componentes e as trocas de

potência.

• Lei de Laplace: é uma equação que descreve o campo magnético gerado por uma

corrente elétrica que flui em um condutor. Relaciona o campo magnético com a

magnitude, direção, comprimento do condutor e proximidade da corrente elétrica.

• Lei da Indução de Faraday: é uma lei do eletromagnetismo baseada na observação de

que a variação do fluxo magnético através de um circuito fechado gera uma força

eletromotriz induzida no próprio circuito. É o princípio operacional fundamental de

transformadores, indutores e muitos tipos de motores e geradores elétricos.

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• Força de Lorentz: é a força experimentada por um condutor, portando uma corrente elétrica,

quando é colocado em um campo magnético.

Para quase qualquer tipo de motor elétrico CA, o objetivo é gerar um campo magnético rotativo no nível

do estator, enquanto, de acordo com o princípio de funcionamento específico, a principal diferenciação se

deve à interação do rotor com o campo magnético rotativo.

Figura 2.1-1Esquema de componentes do motor de indução.

No parágrafo seguinte serão apresentados os componentes de um motor elétrico trifásico

destacando as principais características e os princípios físicos em jogo.

2.2 Estator e Campo Magnético Rotativo

O estator é a parte estacionária do motor elétrico e é dedicado à geração do campo magnético rotativo.

Este objetivo pode ser alcançado compondo duas partes diferentes, o núcleo do estatore aenrolamentos

do estator. O núcleo do estator é feito de um conjunto de chapas de aço silício ranhuradas chamadas

laminações, permitindo direcionar o fluxo magnético e limitar as perdas por correntes parasitas. A

espessura da laminação é inversamente proporcional à magnitude do campo magnético gerado. Ao longo

das ranhuras estão dispostos um conjunto de bobinas elétricas isoladas, compondo os enrolamentos do

estator responsáveis pela geração do campo magnético.

Figura 2.2-1Construção do estator e enrolamentos.

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Em aplicações industriais comuns, os enrolamentos do estator são alimentados por correntes alternadas

trifásicas que, juntamente com a disposição geométrica do par polar, geram um campo magnético rotativo de

acordo com a lei de Laplace.

a) b)

Figura 2.2-2 a)Campo giratório gerado pela alimentação trifásica.b)Esquematização de enrolamentos e fluxos para um motor de

quatro polos.

A velocidade de rotação do campo magnético gerado é definida comovelocidade síncrona,  

(   [   ]),e será definido pela frequência de alimentação de acordo com o par polar:
 120
 =
 
Ser  a frequência da linha e o número de pólos.
Com base no exposto, fica claro que, uma vez estabelecida a frequência de alimentação,  ,e o número de

pólos, a velocidade de rotação do campo magnético é fixa e pode ser considerada característica da

máquina elétrica.

Exceto em poucas aplicações, a impossibilidade de regular a velocidade do campo magnético e, consequentemente, a

velocidade do rotor, pode ser limitante, por esse motivounidades de velocidade ajustávelsão freqüentemente usados

para controlar sistemas eletromecânicos.

O parágrafo seguinte será dedicado a uma breve apresentação do variador de frequência,

analisando os princípios de funcionamento e os efeitos no campo magnético resultante.

2.2.1 Unidade de Frequência Variável

AUnidade de Frequência Variável(VFD) é um controlador eletrônico que permite definir a velocidade, o torque e

a direção de rotação do motor CA, atuando na frequência e tensão de entrada do motor. As melhorias nas

tecnologias de eletrônica de potência juntamente com as demandas do mercado por uma

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produto adaptável, contribuíram para a redução de custos e tamanho dos VFD, tornando-se hoje

difundidos.

Entre as principais vantagens de usar controladores VFD estão:

• Redução de custos de energia: em aplicações que não exigem que o motor elétrico funcione em

velocidade máxima, o VFD permite adequar a velocidade de rotação aos requisitos de carga.

• Controle de processo mais rígido: permitindo que o motor opere na velocidade mais eficiente para

sua aplicação.

Embora o mercado ofereça diferentes tipos de VFDs, de acordo com as topologias e aplicações,

o mais comum na prática industrial é oInversor de fonte de tensão (VSI) acoplado a um motor

de indução trifásico. Nesta tese será analisado apenas o drive VSI sendo o tipo utilizado na

campanha de teste.

Figura 2.2-3Esquemas de componentes VFD e saída esperada.

Conforme a Figura 2.2-3, um VFD é composto por três componentes principais. O sinal de entrada é

retificado por meio de uma ponte de diodos, que produz uma tensão CC influenciada pela ondulação

CA. Para se livrar dessa oscilação, um capacitor (funcionando como um filtro) é adicionado, fornecendo

uma tensão suave aoDC para AC inversor. Atuando nas chaves que compõem o inversor CC para CA, é

possível controlar o sinal de tensão e a largura de pulso para cada fase (ver Figura 2.2-4).

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Figura 2.2-4Modulação da tensão de saída do VFD para diferentes frequências.

A forma de onda de saída de tensão final é conhecida comoModulação por Largura de Pulso(PWM) e é gerado

por múltiplos pulsos das chaves do inversor em intervalos curtos. A frequência de modulação de pulso é definida

comofrequência portadora.

É importante observar (consulte a Figura 2.2-5) que, embora a tensão de entrada siga a forma de onda PMW, a

corrente assume uma tendência senoidal suave. Essa característica se deve aos enrolamentos do estator que se

comportam como indutores.

Figura 2.2-5Medições de tensão PWM (linha azul) e corrente (linha vermelha) para um motor de indução real acionado por

VFD.

A forma de onda PWM apresenta alguns problemas críticos, uma vez que os enrolamentos do estator estão

sujeitos a picos de tensão altos e repetitivos. Quando o diferencial de tensão se torna grande o suficiente (de

fase para fase ou espira para espira), alguma energia pode ser liberada na forma de faíscas, danificando a

camada de isolamento entre os condutores do estator. Além disso, operar um motor a uma velocidade inferior à

condição de projeto pode causar uma ventilação insuficiente, limitando o efeito de resfriamento e

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gerando danos por superaquecimento (que é uma das principais causas de falha do motor

elétrico).

Por estas razõesNEMA(Associação Nacional de Fabricantes Elétricos) norma regula Motor de Serviço do

Inversor. De acordo com a norma, um Inverter Duty Motor deve ser capaz de mitigar possíveis modos de

falha de um motor alimentado por VFD adotando sistemas de isolamentos capazes de suportar picos de

tensão e proteger contra superaquecimento. Além disso, o padrão NEMA regula os dispositivos de

aterramento e o grau de isolamento dos mancais. Mais informações podem ser encontradas emNEMA

MG1 Parte 31.4.4.2.

2.3 Tipos de Rotores e Motores Elétricos

Uma vez explicado como um campo magnético rotativo pode ser obtido no nível do estator, temos que

transformar a energia elétrica de entrada em energia mecânica, essa é a tarefa doRotor. O rotor é a parte

rotativa do motor elétrico e, como o estator, é feito de um conjunto de lâminas de aço silício com fendas

pressionadas juntas para formar um circuito magnético cilíndrico. Dependendo do tipo de interação

magnética entre estator e rotor, uma primeira distinção pode ser feita (ver Figura 2.3-1):

• Motor Síncrono: nos tipos mais comuns de motor síncrono, o rotor gera seu próprio campo

magnético que visa alinhar-se com o campo magnético do estator gerando torque. Isso

significa que a velocidade do rotor  , é igual à velocidade do campo magnético rotativo do

estator  . O campo magnético do rotor pode ser obtido usandoimãs permanentes ou

adotando umRotor excitado por CCem que o campo magnético local é gerado usando

eletroímãs excitados por CC.

Outros tipos de motores síncronos (Motores de Relutância, Motores de Histerese)

estão hoje disponíveis no mercado, mas não serão tratados nesta tese.

• Motor Assíncrono: o campo magnético do rotor é induzido pela variação do fluxo do campo magnético

do estator ao longo dos circuitos elétricos do rotor. Sendo o princípio de funcionamento deste tipo de

motor baseado na variação do fluxo (segundo a lei da Indução de Faraday), para se obter o torque deve

haver um movimento relativo entre o campo magnético girante e os circuitos elétricos que compõem o

rotor, de modo que a velocidade do rotor  deve ser menor que a velocidade do campo magnético do

estator  .

O motor assíncrono e seu rotor serão apresentados no próximo parágrafo.

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Estator campo magnético

motor motor

Rotor
- excitado
rotor magnético rotor rotor

Figura 2.3-1Tipos de rotor principal e, uma diferença de motor elétrico.

2.3.1 Rotor de Indução e Velocidade de Deslizamento

Para motores de indução assíncronos, o tipo mais comum de rotor é ogaiola de esquilotipo, constituído por um

conjunto de barras de cobre ou alumínio instaladas nos slots das laminas. As barras do rotor são então

conectadas a um anel localizado em cada extremidade do rotor que é responsável por fechar o circuito elétrico

(ver Figura 2.3-2). As formas da barra do rotor influenciam as características do motor, permitindo minimizar as

correntes de partida ou maximizar o torque de baixa velocidade, dependendo da aplicação específica. Graças à

sua confiabilidade e aos baixos custos de fabricação, os motores de indução tipo gaiola de esquilo são

difundidos na indústria, desde aplicações de baixa potência (menos de 1 [  ])até10[  ].

a) b)

Figura 2.3-2 a)Esquema do rotor em gaiola de esquilob)Imagem real do rotor da gaiola de esquilo.

Para entender melhor os princípios de funcionamento, vamos nos concentrar em apenas um enrolamento que

compõe o rotor (ver Figura 2.3-3).

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Figura 2.3-3Esquema qualitativo de mudança de fluxo através de um enrolamento do rotor.

De acordo com a lei de indução de Faraday, a variação do fluxo (devido à rotação do campo

magnético do estator) gera no enrolamento umaforça eletromotriz(EMF) proporcional à taxa

de variação do fluxo magnético de acordo com a lei:


 
휀( ) = −
  
Ser휀o EMF e  o fluxo do campo magnético ao longo do enrolamento (   [  ]). A EMF induzida

gera, de acordo com aimpedânciado enrolamento, uma corrente no próprio enrolamento

que irá interagir com o campo magnético do estator produzindo torque. A magnitude da

força em cada ramo do enrolamento será coerente com a lei de Lorentz, que para um

condutor pode ser escrita na forma:

?⃗? =    × ?⃗?

Ser?⃗?é a força experimentada pelo condutor enquanto “×”expressa o produto vetorial

entre o vetor de direção atual “  ”e o campo magnético.


É interessante notar que os mesmos fenômenos poderiam ser explicados pela interação entre o

campo magnético do estator e o campo magnético do rotor gerado de acordo com a Lei de

Laplace.

É claro que, para gerar torque, deve haver um movimento relativo entre o campo magnético rotativo e

os enrolamentos que constituem a gaiola de esquilo. A presença da carga mecânica fará com que o rotor

seja sempre mais lento que o campo giratório do estator. A diferença entre o campo magnético do

estator rotativo e a velocidade do rotor pode ser expressa pelaEscorregarparâmetro, definido como:

 
= −   
  
O parâmetro de escorregamento fornece informações não apenas sobre a diferença de velocidade entre o rotor e o

campo magnético do estator, mas também sobre a frequência das correntes induzidas no rotor

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enrolamentos. A variação do fluxo através do enrolamento do rotor irá gerar uma corrente CA

nos próprios enrolamentos cuja frequência  (   [  ])é correlata a deslizar pela relação:

 
 =
60
Esse comportamento é de fundamental importância para entender oEscorregamento-Torquecaracterística de um

motor trifásico de indução tratado no próximo parágrafo.

2.3.2 Característica de Torque de Escorregamento

Conforme o parágrafo anterior, o torque fornecido por um motor de indução está estritamente relacionado ao

escorregamento, sendo um parâmetro da rapidez da variação do fluxo ao longo do enrolamento do rotor.

Na Figura 2.3-4, a característica Slip-Torque pode ser dividida em duas zonas, uma região instável, identificada pelo

torque de partida    e o transiente inicial, e uma região estável onde, de acordo com a carga externa, o ponto de trabalho

pode ser colocado. A região estável pode ainda ser dividida em duas partes em relação à sua dependência do

deslizamento. Para valores de escorregamento baixos (movendo-se da direita para a esquerda no eixo de

escorregamento azul na Figura 2.3-4), uma tendência linear pode ser mostrada, enquanto aumenta o escorregamento

(aproximando-se do valor máximo de torque    ) uma mudança drástica na inclinação da curva determina uma

degradação do comportamento do torque.

Figura 2.3-4Característica de torque de escorregamento e ponto de trabalho para um motor de indução trifásico.

Este fenômeno está estritamente relacionado com a frequência de escorregamento e com a característica

das correntes nas barras do rotor. Conforme o parágrafo anterior, por causa do EMF induzido, nos

elementos condutores do rotor haverá uma corrente AC oscilando na frequência de escorregamento. Do

ponto de vista elétrico, o circuito fechado, constituindo o enrolamento do rotor, pode ser

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considerado como uma impedância elétrica caracterizada por uma resistência e uma indutância interna

que introduz um atraso nas correntes da barra do rotor em relação ao EMF induzido. Este deslocamento

de fase será proporcional à frequência de escorregamento. Além disso, o deslocamento de fase terá

efeitos nas forças de Lorentz que atuam no condutor: um atraso na geração de correntes resultará em

uma interação mais fraca com o campo magnético rotativo.

Do ponto de vista prático, temos que equilibrar dois princípios contrastantes, por um lado, aumentar o

escorregamento resulta em um crescimento da taxa de variação de fluxo nos enrolamentos do rotor (de

acordo com a lei de indução de Faraday), por outro lado, a fase lag resulta na quebra da força de Lorentz.

Para valores de escorregamento baixos, variando de1%em grandes motores até8%em motores menores, o

EMF induzido varia em uma frequência muito baixa. Nesta condição, a reatância indutiva do rotor tem um efeito

secundário promovendo uma proporcionalidade direta entre escorregamento e torque (ver Figura 2.a3)-5 a).

b)

Figura 2.3-5 a)Diagrama de fase do rotor para valores de escorregamento baixos.b)Diagrama de fases do rotor para altos valores de escorregamento.

Para altos valores de escorregamento, o efeito da degradação da força de Lorentz, devido ao deslocamento de

fase (ver Figura 2.3-5 b), torna-se predominante resultando em uma diminuição do torque que influencia

fortemente o torque de partida    .

Para ultrapassar esta característica foram desenvolvidas várias soluções técnicas. ORotor enrolado

construção será apresentada como exemplo.

Em vez de barras de rotor, um rotor enrolado apresenta três conjuntos de enrolamentos com conexões trazidas

para três anéis coletores montados no eixo (consulte a Figura 2.3-6). Ao conectar os anéis deslizantes do rotor a

resistências externas, é possível alterar a característica de impedância do enrolamento diminuindo a diferença

de fase resultando em um maior torque de partida.

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a) b)

Figura 2.3-6 a)Construção do Rotor Ferido.b)Característica de torque de escorregamento para diferentes valores de resistências

externas.

Mesmo que este tipo de motor exija uma manutenção mais severa, eles são utilizados em aplicações que

requerem altos torques de partida como elevadores e talhas.

2.4 Fontes de ruído e vibração

O próprio motor elétrico é um sistema mecânico no qual diferentes partes interagem trocando

forças, movimento e potência.

Conforme sugerido pela sabedoria convencional, o som emitido e a vibração são fenômenos

estritamente relacionados, mas a correlação entre as fontes de vibração e a superfície emissora é

muito menos intuitiva. Para esclarecer este conceito vamos pensar em um violão. Ao tocar um

acorde geramos uma fonte de vibração, mas o som será emitido pelo Mesa de som. O som

irradiado será, portanto, o resultado não só da vibração do acorde, mas também da interação

entre todos os componentes do instrumento. Este exemplo fácil introduz dois conceitos

fundamentais (que serão apresentados no Capítulo 6):

• Caminho de transferência: é o caminho entre a fonte de vibração e a superfície emissora.

• Eficácia da radiação sonora: é a capacidade de uma estrutura emitir som.


A caracterização da radiação sonora emitida por um motor elétrico envolve diferentes etapas: a

identificação das fontes de vibração e da superfície emissora, e a detecção do caminho de

transferência entre elas.

As fontes de vibração no motor elétrico podem ser divididas, em uma primeira aproximação, em duas

categorias principais:mecânicoeeletromagnético.

Por fontes de vibração mecânica entende-se toda a perturbação induzida pelo comportamento

dinâmico do sistema rotativo.

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As fontes de vibração mecânica mais comuns são:

• Desequilíbrio: o desequilíbrio residual inevitável do rotor gerará vibrações no sistema.

• Rolamentos: eles são um componente crítico dos sistemas rotativos. Os rolamentos podem atuar como

um elemento passivo no caminho de transferência, transmitindo vibrações de sua fonte para a

superfície emissora, ou, devido à sua dinâmica, como um elemento ativo gerando vibrações. As

vibrações do rolamento de rolos serão discutidas mais adiante no Capítulo 5.

• Desalinhamento: o desalinhamento do eixo geralmente é introduzido pelo acoplamento da

máquina elétrica com a aplicação.

• Sistema de refrigeração: a ventilação necessária para o sistema de refrigeração do motor elétrico

geralmente é fornecida por ventiladores integrados. O ventilador introduz perturbações

vibracionais e acústicas. Se por um lado influencia a dinâmica do rotor, por outro lado o

movimento das pás no ar gera uma perturbação conhecida comosom no ar.

Por fontes eletromagnéticas entende-se todas as vibrações derivadas da interação magnética entre

estator e rotor ou pelos sistemas de alimentação. A título de exemplo, a alimentação VFD introduzirá no

sistema uma componente de alto ruído caracterizada por um som tonal no mesmo comprimento de onda

da frequência portadora estabelecida (ver parágrafo 2.2.1).

Todos esses aspectos serão detalhados nos próximos capítulos analisando os procedimentos

de medição e seus efeitos no sistema.

20
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

3Análise e Diagnóstico

No campo de ruído e vibrações, entender os fundamentos da teoria do sinal é essencial para realizar

medições úteis e interpretar corretamente os resultados das medições. Neste capítulo serão

apresentados diferentes métodos de análise de sinal destacando as vantagens, mas também os limites.

3.1 Sinais e Teorema de Amostragem

Os sinais podem descrever qualquer fenômeno físico que muda com o tempo. Os conversores analógicos para

digitais são usados para digitalizar um sinal, passando de um comportamento contínuo, que caracteriza o

fenômeno físico, para uma sequência discreta de números chamadaamostras(consulte a Figura 3.1-1).

Figura 3.1-1Conversão analógica para digital.

O intervalo de tempo entre duas medições consecutivas é chamadointervalo de amostragem  e

seu inverso é definido comofrequência de amostragem(  = 1⁄ ).


 

Sob a hipótese de um sinal de tempo contínuo de largura de banda finita,Teorema de amostragem de Nyquist-

Shannon,estabelece uma condição suficiente, para a frequência de amostragem, de modo que nenhuma

informação real seja perdida no processo de digitalização. Este teorema afirma que um sinal deve ser amostrado

pelo menos duas vezes a frequência mais alta presente no próprio sinal:

 = 2    
Embora este teorema dê uma prescrição importante, na investigação prática quase nunca é possível saber

antecipadamente o conteúdo de frequência de um sinal e assim respeitar a hipótese de largura de banda

finita. Desconsiderar este requisito implica não só na perda de informação, mas também, o conteúdo de

alta frequência irá interferir no conteúdo de baixa frequência gerando um fenômeno chamadoaliasing(veja

a Figura 3.1-2).

21
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a) b)

Figura 3.1-2 a)Frequência de amostragem adequada para analisar o sinal.b)Sinal subamostrado, faz com que a

frequência aparente do sinal reconstruído seja muito menor do que o sinal original.

Dada uma certa frequência de amostragem, qualquer frequência no sinal maior que o Nyquist

frequência (  =  ⁄2)causará aliasing.

Os sinais medidos geralmente contêm uma ampla faixa de frequências, portanto, para evitar o aliasing, é necessário

um pré-filtro para limitar a frequência mais alta do sinal antes da amostragem.

Com uma frequência de amostragem escolhida, deve ser usado um filtro passa-baixo com a frequência de Nyquist

como frequência de corte.

Sendo o filtro não ideal, para evitar qualquer aliasing inesperado, a prática laboratorial prescreve a utilização

de uma frequência de amostragem de pelo menos 2,56 vezes a frequência máxima do sinal (indicada pela

frequência de corte).

Graças à sua abordagem relativamente simples, o processamento de sinais no domínio do tempo é geralmente

usado para caracterizar a resposta de um sistema a uma excitação. No entanto, não é possível analisar o

conteúdo de frequência do sinal que, por outro lado, está estritamente relacionado às fontes de excitação.

Conteúdos de frequência específicos podem estar diretamente relacionados a características ou problemas de

aplicações acionadas por motores elétricos, tornando-se um instrumento fundamental nos campos de manutenção

preditiva e solução de problemas.

3.2 Análise no domínio da frequência

Joseph Fourier descobriu que os sinais não só podem ser expressos no domínio do tempo, mas também

podem ser representados no chamadodomínio de frequência. Isso significa que um sinal pode ser

representado por uma soma de senoides, cada uma com sua própria fase e amplitude.

22
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

A análise no domínio da frequência mostra vantagens claras em aplicações de máquinas rotativas e na

identificação de defeitos em rolamentos.

Este parágrafo será dedicado à definição do domínio da frequência, analisando o modelo

matemático e o método utilizado para superar seus limites em aplicações reais.

3.2.1 Transformação de Fourier e Transformação Discreta de Fourier

A transformada de Fourier é uma ferramenta matemática para expressar uma função em uma série de

funções trigonométricas. No campo da dinâmica e análise de ruído e vibração é geralmente usado para

transformar sinais entre o domínio do tempo e o domínio da frequência.

A transformada de Fourier é uma extensão daSéries de Fourierque resulta quando o período da

função representada é alongado e pode se aproximar do infinito.

Figura 3.2-1Um sinal (vermelho) decomposto em seus componentes harmônicos.

Considere um sinal geral “ ( )”como o vermelho na Figura 3.2-1. De acordo com a transformação de

Fourier, pode ser definido como uma série de contribuições harmônicas de acordo com a lei (

transformada inversa de Fourier):


+∞
( ) = ∫  (̂ )  2     
−∞

ser (̂ ) = ℱ[ ( )]a transformação de Fourier do sinal de tempo ( ),definida de acordo com a


seguinte equação.
+∞
(̂ ) = ℱ[ ( )] ≝ ∫  ( ) − 2     
−∞

Joseph Fourier foi o primeiro matemático a introduzir o teorema inverso, permitindo transpor

um sinal do domínio do tempo para o domínio da frequência.

23
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Como qualquer outro instrumento matemático, a transformação de Fourier, para ser confiável precisa de

algumas condições. Neste caso, a função de tempo ( )deve ser integrável no intervalo ]−∞,+∞[. Essa

solicitação vai fortemente contra a aplicação prática, na qual:

• A função do tempo quase nunca é conhecida a priori

• O tempo de gravação é limitado.

A transformada de Fourier aplicada a sinais digitais deve ser ajustada e o resultado é chamadotransformação

discreta de Fourier(DFT).

Conforme explicado no parágrafo 3.1, os resultados do processo de amostragem consistem em uma sequência [ ]de

N registros igualmente espaçados de um fenômeno de tempo contínuo ( ),para que:

[ ] =  (   ),   = 0,1,2,…,   − 1


ser  o intervalo de amostragem de um intervalo de tempo geral de  =    .

Ao usar sinais discretos, a transformação de Fourier é calculada por meio da série de

Fourier:
 −1
⁄ 
?̂?[  ] ≝ ∑  [ ] −     
 =0

ser  a frequência discreta em [   / ].A resolução de frequência, que é a alteração mínima no conteúdo

de frequência detectável no espectro, está estritamente relacionada à frequência de amostragem de

acordo com a lei:

1 1   
∆  = = =
     

24
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

a)

b)

Figura 3.2-2 a)DFT de um sinal.b)Espectros reais de um sinal acústico.

Na prática umTransformação rápida de Fourier(FFT) é usado para calcular a

transformação discreta.

A FFT pode ser aplicada a sinais de tempo finito, replicando o próprio sinal para atingir a

periodicidade (ver Figura 3.2-3).

Figura 3.2-3Esquematização da repetição do sinal.

Sendo a periodicidade do sinal analisado quase nunca conhecida antecipadamente, e em alguns

casos mesmo inexistente, a replicação do sinal gera descontinuidades. Este desvio do

25
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

modelo matemático causa no espectro de Fourier um espalhamento de energia em torno das

verdadeiras frequências do sinal. Este fenômeno é chamadovazamentoe pode ser reduzido

multiplicando o sinal para um chamadojanelasfunção.

Como regra geral, as funções de janela fazem com que o limite do sinal seja suprimido enquanto

retém a parte central do sinal. Existem muitos tipos diferentes de função de janelas de acordo com

as necessidades de uma aplicação específica, neste parágrafo oHannjanela será apresentada a

título de exemplo.

A janela de Hann (ou cosseno) para um sinal no intervalo de tempo entre 0 e é
definido por:
2  
 ( ) = 0,5 − 0,5 ∗ cos( )
 

Figura 3.2-4Transformação de sinal por Hann windowing.

3.2.2 Teorema da convolução

A convolução é uma técnica importante usada na análise de sinais e processamento de imagens. O

teorema da convolução é particularmente útil para entender espectros de dois sinais multiplicados

entre si.

26
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Do ponto de vista matemático, a convolução entre dois sinais no domínio do tempo é definida

como:
+∞
( ) ∗  ( ) = ∫  ( ) (  −  )  
−∞

Que indica formalmente a multiplicação da função ( )com a função ( )quando o primeiro é


deslocado sobre o segundo.
A principal desvantagem da convolução é sua complexidade computacional e a interpretação de seus

resultados. No entanto, pode-se provar que a convolução no domínio do tempo pode ser transformada em uma

simples multiplicação no domínio da frequência e vice-versa:



( ) ∗  ( ) ⇔  (̂ )?̂?( )

(̂ ) ∗ ?̂?( ) ⇔  ( ) ( )

ser (̂ )e?( )a transformada de Fourier de ( )e ( ).


Este comportamento torna a convolução mais fácil de ser realizada no domínio da frequência e seus

resultados mais intuitivos.

3.2.3 Delta de Dirac e transformação de impulso

Excitações do tipo impulso são bastante comuns na análise de máquinas rotativas, pois podem ser geradas

por defeitos locais nos componentes do rolamento ou por partículas de sujeira.

Para entender como interpretar o espectro precisamos de um modelo matemático para ser

adaptado a casos reais.

A distribuição delta de Dirac é definida pela seguinte propriedade:

0 ≠0
δ(t) = {
∞ =0

com,
+∞
∫ δ(t)   = 1
−∞

É “infinitamente aguçado” em  = 0com a área total da unidade.

A propriedade importante da distribuição delta é que, dada uma função de tempo ( ),é

possível afirmar:
+∞
∫ s(t)δ(t)   =  (0)
−∞

27
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

para qualquer funçãos(t).

Pode-se provar que a transformada de Fourier da distribuição delta de Dirac é:


+∞
ℱ[δ(t)] = ∫ δ(t) − 2      = 1
−∞

Que é uma função constante unitária no domínio da frequência.

A distribuição delta de Dirac é, em aplicações reais, nunca alcançável, a excitação do tipo pulso é mais

semelhante à função retangular curta.

Dada uma função retangular no tempo ( ),com comprimento e amplitude unitários, sua transformada

de Fourier será:
+∞
pecado(  )
ℱ[ ( )] = ∫ (t) − 2      =
−∞   

Figura 3.2-5Função retangular e sua transformada de Fourier.

3.2.4 Pulso repetitivo

Em aplicações reais é bastante comum enfrentar pulsos repetitivos; esse fenômeno pode ser causado

por defeitos na superfície dos rolamentos. Cada vez que um elemento rolante rola sobre um defeito, um

pulso será gerado.

Para entender o que esperar, vamos considerar uma função retangular ( )que se repete com um

ponto  (consulte a Figura 3.2-6).

Figura 3.2-6Trem de pulsos retangulares de período T.

28
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Tal trem de pulso pode ser visto como a convolução da função de tempo x(t) com uma série de

pulsos de Dirac ( ) = ∑∞ =−∞ (  −   ),de modo que o sinal final pode ser escrito como:
+∞ ∞
( ) =  ( ) ∗  ( ) = ∫ [∑ (  −   )]  (  −  )  
−∞ =−∞

Transportando-o no domínio da frequência, obtemos:

(̂ ) =  (̂ )?̂?( )
Pode-se provar que a transformada de Fourier de um trem de pulsos é novamente um trem de pulsos, então (̂ )

será um trem de pulso cuja amplitude segue ?̂?( ) (consulte a Figura 3.2-7).

Figura 3.2-7Magnitude do coeficiente da transformada de Fourier.

Os pulsos excitam todas as frequências do sistema gerando espectros amplos, esse fenômeno somado

ao ruído de fundo do maquinário poderia dificultar, na aplicação prática, o reconhecimento de excitações

de pulsos repetitivos.

3.2.5 Modulação

Flutuação de carga ou mudança na distância entre a excitação e o aparelho de detecção

resultará em ummodulaçãodo sinal. A modulação ocorre quando o comportamento de um

sinal é modificado por outro sinal.

29
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Figura 3.2-8Modulação de sinal.

A título de exemplo, vamos supor ter um40 [  ] (figura 3.2-7 a) sinal de cosseno modulado por

um3 [  ]sinal de cosseno (figura 3.2-7 b), o sinal resultante ( )vai ser:


1
( ) = cos(3 ) cos(40 ) = (cos((40 + 3)  ) + cos((40 − 3)  ))
2

Figura 3.2-9Espectros resultantes de um sinal modulado.

30
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Como é possível ver na Figura 3.2-9 o40 [  ]frequência desaparece e é substituída por duas bandas

laterais em37 [  ]e43 [  ].Nesse caso, o resultado pode ser facilmente obtido usando a equação

trigonométrica, mas pode-se provar que os mesmos resultados podem ser obtidos usando a

convolução no domínio da frequência. Embora possa parecer uma complicação na análise, a modulação

pode ser utilizada como marca registrada de alguns tipos específicos de danos.

3.2.6 Envelope

Como dito no parágrafo anterior, a propagação de energia ao longo do espectro devido a pulsos ou trem de pulsos

pode fazer com que defeitos sejam ocultados quando análises relativamente simples no domínio do tempo ou no

domínio da frequência são realizadas. Métodos de análise especializados foram desenvolvidos para detectar melhor

esse sinal.

Envelopetécnica é de grande utilidade na análise de defeitos de rolamentos. Quando um elemento rolante

rola sobre um defeito de superfície ou uma partícula de poeira, ele gera pulsos caracterizados por baixa

amplitude em frequências mais altas do que a vibração normal da aplicação.

O algoritmo do envelope será explicado seguindo o exemplo da Figura 3.2-11. Um sinal

(senoidal) em10 [  ]é perturbado por uma excitação tipo pulso com uma frequência de

repetição de30 [  ]e uma frequência de pulso central de250 [  ] (consulte a Figura 3.2-10).

Figura 3.2-10Pulso senoidal modulado gaussiano com uma frequência de pulso central de 250 [Hz] e sua FFT.

Apesar de30 [  ]a excitação é quase clara no domínio do tempo, não há traço no espectro

(consulte a Figura 3.2-11 a).

O algoritmo do envelope é feito de diferentes etapas, nesta seção, elas serão listadas e

explicadas:

• Filtro passa-banda: na primeira etapa é estabelecida uma faixa de frequência de interesse. Desta

forma é possível evitar a interferência de outros fenômenos. Esta etapa é fundamental porque

31
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

pode ser difícil saber antecipadamente em qual banda o evento impulsivo repetitivo está

localizado. A experiência de campo e um bom conhecimento do ponto de trabalho e dos

componentes da aplicação podem ajudar a definir a banda certa.

• Retificação: uma vez filtrado o sinal horário, este é retificado por uma função de potência. Conforme

visto no parágrafo 3.2.4, quando um padrão é repetido no domínio do tempo, seu conteúdo de

frequência é “amostrado” no domínio da frequência. A frequência de amostragem será igual à

frequência de repetição. Na Figura 3.2-11a é possível ver duas bandas laterais em

30 [  ]da frequência de pulso central de250 [  ].Usando uma função de potência do sinal no

domínio do tempo, implica convolução no domínio da frequência. Isso significa que o 30 [  ]

espaçamento resultará em uma alta resposta em30 [  ] (veja a Figura 3.2-11 c).

• Filtro passa-baixo: para tornar os resultados mais claros, adiciona-se um filtro passa-baixo final. Desta

forma, os resultados são mais suaves e a interferência com fenômenos de frequência mais alta é

evitada.

Figura 3.2-11Esquematização do algoritmo de envelope.

32
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Embora a técnica de envelope seja um instrumento poderoso na análise de defeitos em rolamentos, ela possui

alguns limites. Como dito anteriormente, seus resultados dependem fortemente da escolha do filtro passa-banda

e, além disso, pequenas irregularidades na rotação do mancal podem causar oscilações do período de repetição.

Outros métodos mais avançados têm sido desenvolvidos, baseados em envelope, para

superar esses limites, mas não serão analisados nesta tese.

3.3 Análise de Frequência Temporal

Uma análise de frequência de tempo visualiza as mudanças de um espectro ao longo do tempo. Esses métodos são

geralmente usados para analisar fenômenos não estacionários, como transientes, ou para detectar fenômenos

impulsivos ou temporários que não são repetitivos, como partículas de sujeira ou gradientes de temperatura.

3.3.1 Transformada de Fourier de Curta Duração e Espectrograma

Os espectrogramas são usados para traçar a tendência do conteúdo de frequência de um fenômeno que

muda no tempo. Eles são obtidos deslizando uma janela ( )sobre o sinal adquirido ( ).O espectro de

frequência, em cada posição de tempo, será definido pela transformada de Fourier do sinal situado sob a

janela. Este algoritmo é chamadoTransformada de Fourier de Tempo Curto.

Figura 3.3-1Exemplo de espectrograma.

33
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Do ponto de vista operacional, o espectrograma requer uma escolha adequada das janelas e um

longo tempo de aquisição, mas é um instrumento poderoso para detectar fenômenos impulsivos ou

obter uma visão geral preliminar da condição de aplicação.

34
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

4Análise de falha de motor elétrico de indução

Este capítulo será dedicado à análise de falha de umMotor elétrico de indução trifásica,

fornecendo uma ponte do conhecimento teórico dos princípios de trabalho e análise de sinal,

para monitoramento real e prática de medição.

O capítulo será dividido em duas partes, uma apresentação geral da instrumentação e


dos parâmetros de ajuste, relevantes para as medições, e a análise das causas de falha
mais comuns, tanto do ponto de vista físico quanto vibracional.

4.1 Processo de Análise de Vibração

Medir e apresentar um sinal de vibração requer uma série de dispositivos eletrônicos, todos

cumprindo uma tarefa essencial (ver Figura 4.1-1).

vibrando
Superfície

Sensor de vibração

Amplificador de entrada

Filtro anti-alias

analógico para digital


Conversor

Frequência
Domínio do tempo
Domínio

Figura 4.1-1Visão esquemática de um processo de medição de vibração.

A vibração inicial é captada pelo sensor, que produz um sinal muito fraco que deve ser amplificado. Depois

de amplificado, o sinal é filtrado para evitar aliasing e digitalizado em uma frequência de amostragem fixa.

O sinal obtido pode ser finalmente apresentado no domínio do tempo ou pode ser usado para posterior

pós-processamento (como FFT ou Envelope) com base nos itens sob investigação.

35
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

A medição resultante é estritamente influenciada pelos elementos envolvidos no processo, por isso é

importante entender o papel e os limites dos componentes.

4.1.1 Sensores de vibração

Uma vibração medida na superfície de uma estrutura pode ser expressa em uma das três variáveis

dependentes do tempo na equação do movimento: deslocamento "  ",velocidade" "e aceleração" ".Esta

quantidade pode ser medida diretamente (de acordo com o tipo de sensor) ou derivada uma da outra.

Uma vez relatados no domínio da frequência, eles podem ser convertidos usando simples multiplicação

ou divisão da amplitude do sinal original (consulte a Figura 4.1-2).

Figura 4.1-2Relação típica entre deslocamento, velocidade e aceleração para uma vibração senoidal de frequência

única.

É claro que, mesmo que cada grandeza possa ser derivada de qualquer uma das outras, diferentes tipos de

sensores são mais adequados ou, em alguns casos, estritamente necessários, em diferentes aplicações. Os

acelerômetros são os sensores mais utilizados em medições de vibração, devido ao seu custo-benefício, boa

resolução obtida e porque seu design pode ser facilmente adaptado para uma faixa de frequência específica.

O mercado oferece uma ampla gama de acelerômetros diferentes por campos de tecnologia e

aplicação. Nesta tese oAcelerômetros Piezoelétricosserão analisados, sendo o mais comum e o tipo

utilizado na campanha teste apresentada no Capítulo 7.

A Figura 4.1-3 mostra o esquema de funcionamento de um acelerômetro piezoelétrico montado

em um elemento vibratório. Indicando com o subscrito " "a grandeza relativa ao embasamento

vibratório, a equação de movimento do sistema pode ser escrita como:

?¨? +  ?̇? +    =   ?̇?+    


36
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

ser a massa sísmica em [  ],  o amortecimento em [  / ]e a rigidez em [ / ].

Figura 4.1-3Desenho esquemático de um acelerômetro piezoelétrico.

A função de transferência pode ser calculada entre o movimento da base vibratória e o movimento da

massa sísmica obtendo-se aFunção de resposta de frequência(FRF):

( ) 1 + 2  ( ⁄ )  
( ) = = 2
 ( )
1 − ( ⁄ ) + 2  ( ⁄ )
   

com  = √ ⁄  ,   =   e é a unidade imaginária.


⁄2√  

Figura 4.1-4Diagrama de Bode de um acelerômetro.

Ao rastrear odiagrama de Bodedo acelerômetro (ver Figura 4.1-4) é possível entender que existe

uma zona linear na qual a amplitude do sinal de resposta quase não é influenciada pela

frequência de vibração. Este comportamento (obtido escolhendo corretamente o

37
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

parâmetros do acelerômetro ,  e )influencia um dos principais parâmetros do

acelerômetro, olargura de banda.

Outro aspecto importante na escolha de um acelerômetro é suaSensibilidade, que se refere à relação de

conversão entre a grandeza física e a tensão de saída. A sensibilidade é geralmente medida em Volts por

unidade de aceleração ([ / ]).Poderia ser melhorado aumentando a massa sísmica, mas isso também

diminuiria a frequência de ressonância, implicando em uma redução da largura de banda.

Figura 4.1-5Folha de dados do acelerômetro real.

A resposta adequada do acelerômetro também depende de sua montagem (consulte a Figura 4.1-6). Para

obter medições confiáveis, a conexão deve ser sempre o mais rígida possível (especialmente para

conteúdo de alta frequência). Por esta razão, a adesão por meio de cera de abelha, cola de cimento ou

conexão aparafusada são os métodos de montagem de sensores mais comuns.

Figura 4.1-6Relação esquemática entre montagem e largura de banda.

38
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

4.1.2 Conversor analógico para digital

Os sensores vibratórios fornecem sinal de tempo contínuo que deve ser discretizado antes de ser

processado. Como apresentado no capítulo anterior, esta é a tarefa doConversores analógicos para

digitais(CDA).

Detalhes da arquitetura e princípios de funcionamento do ADC estão fora do escopo desta tese,

portanto, a apresentação será limitada ao principal parâmetro do ADC que influencia a medição. Um

dos principais parâmetros do ADC é a suaResolução.Resolução, ,indica a discretização da amplitude

(eixos verticais). Este parâmetro está estritamente relacionado com onúmero de bits"     "do ADC de

acordo com a relação:

   
 =
2     − 1
onde    é ofaixa de tensão em escala real, definido pela faixa geral de medições de tensão. A

resolução determina a variação mensurável mínima e a magnitude do erro de quantização.

Enquanto o número de bits é imposto pelo ADC, a faixa de escala completa é, em muitos

dispositivos reais, regulável em função dos resultados esperados. A escolha do intervalo correto

permite minimizar os erros e obter medições confiáveis.

Outro parâmetro importante a ter em mente ao definir o ADC é oresolução de frequência, que

conforme expresso no Capítulo 5, depende da frequência de amostragem e do número de

amostragens (assim como o tempo de aquisição) pela relação:

1 1   
∆  = = =
     
Uma resolução de frequência muito curta implica um alongamento do tempo de medição e

processamento, o que na prática de monitoramento atual não é aconselhável. Além disso, como se espera

que uma medição seja representativa de uma condição de trabalho específica da aplicação, um tempo de

aquisição muito longo aumenta a possibilidade de perturbação externa.

39
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Figura 4.1-7Interface de configuração do usuário de um analisador de vibração portátil real.

A Figura 4.1-7 mostra a interface de configuração de um analisador de vibração. A resolução de

frequência, neste caso, não é expressa diretamente, mas pode ser derivada pelo parâmetro “linhas”,

dividindo a faixa de frequência (de 0 a 5000 [  ])pelo número de linhas (6400), com relação ao

exemplo da Figura 4.1-7. É interessante notar que neste caso o tempo de aquisição não é

configurável, mas será definido pelo sistema em relação à resolução de frequência desejada.

4.2 Detecção de Danos em Motor Elétrico Assíncrono Trifásico

Nesta parte do capítulo serão analisados os principais danos detectáveis em motores elétricos

assíncronos trifásicos do ponto de vista vibracional. A apresentação será dividida em quatro partes:

linha de base (vibração normal para um bom funcionamento do motor), danos no estator, danos no

rotor e problemas de montagem.

4.2.1 Linha de base

Conforme apresentado no Capítulo 2, forças muito fortes são trocadas entre o rotor e o estator. A

impossibilidade de operar com um entreferro constante ideal e a propriedade dinâmica do rotor

40
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

de qualquer maneira, gerará vibrações, também para um motor que funcione bem.

Figura 4.2-1Espectro esperado para um bom funcionamento do motor.

A Figura 4.2-1 mostra os espectros esperados para um motor elétrico novo sem danos evidentes. 1 

indicava a velocidade de rotação do rotor, consequentemente “# ”serão seus múltiplos inteiros.

Esta notação é bastante comum na análise vibracional quando se trata de máquina rotacional e

será utilizada a partir de agora.

O espectro mostra dois efeitos principais:

• Picos na velocidade rotacional 1X, e seu harmônico em 2X: são gerados pelo

desbalanceamento residual do rotor.

• Um pico com o dobro da frequência de linha “2xLF”: é devido à interação magnética entre o

rotor e o estator que varia com o dobro da frequência de alimentação. Este efeito é conhecido

comoMagnetostricçãoe está sempre presente nos espectros do motor elétrico.

É interessante notar que o segundo harmônico da velocidade rotacional pode ser muito semelhante ao

pico no dobro da frequência da linha, mas não igual (no caso do motor assíncrono). Um alto nível de

resolução de frequência pode ser solicitado para distingui-los bem em um espectro real.

4.2.2 Problemas do estator

Danos no estator podem ser de natureza elétrica ou mecânica. O estator é a parte estacionária

da máquina elétrica e deve fornecer suporte estrutural e conexão à rede elétrica.

4.2.2.1 Desequilíbrio do Campo Magnético Estático

Quando o campo magnético é estaticamente desequilibrado, o efeito resultará em um aumento

localizado do efeito de magnetoestricção. Este efeito, visto para a linha de base, gera vibração com o

dobro da frequência da linha.

41
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Figura 4.2-2Espectro esperado para desequilíbrio do campo magnético.

Os problemas que podem gerar um desequilíbrio do campo magnético podem ser de diferentes naturezas:

• Excentricidade do estator: é o caso em que o rotor não gira no centro do


estator.

Figura 4.2-3Descontinuidade do entreferro para uma excentricidade estática do rotor.

• Ferro solto e laminações em curto: é o caso em que os problemas envolvem problemas

elétricos no estator. Ferro solto e laminações em curto geram uma perda localizada de

energia elétrica que resulta na variação da intensidade do campo magnético do estator. O

espectro resultante é o mesmo da Figura 4.2-2.

• Pé manco e bases empenadas: são problemas relacionados à ancoragem do motor. Se a base do

motor não for perfeitamente plana, os parafusos de fixação geram uma distorção da carcaça,

resultando em um entreferro desigual. Este problema pode ser facilmente resolvido com o uso

de calços ou atuando na fundação.

4.2.2.2 Conexão solta

A vibração normal do motor pode fazer com que as conexões elétricas fiquem fracas. No caso limite de

faltar uma fase de alimentação, o espectro resultará como na Figura 4.2-4.

42
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Figura 4.2-4Espectro esperado para problemas de conexão frouxa.

Como outros problemas do estator, os efeitos devem ser pesquisados na proximidade de duas vezes a

frequência da linha. O espectro mostra bandas laterais (de “2xLF”) espaçadas de um terço da frequência da linha,

que é um exemplo típico de modulação (conforme apresentado no Capítulo 5). A ausência de uma fase de

alimentação irá gerar uma descontinuidade na velocidade do campo rotativo. De acordo com a teoria da

modulação, o sinal resultante pode ser visto como a composição de dois sinais, o campo magnético rotativo e

uma perturbação atuando em um terço da frequência do campo rotativo.

4.2.2.3 Motor Alimentado por VFD

Quando o motor é alimentado por VFD, a frequência da linha dependerá das configurações escolhidas, portanto,

o pico no dobro da frequência da linha será traduzido. Outra característica importante do motor acionado por

VFD é o conteúdo de alta frequência gerado por seu princípio de funcionamento.

43
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a)

b)

Figura 4.2-5Espectros do motor acionado por VFD para duas frequências portadoras diferentes:a)4 [   ],b)6 [   ].

A Figura 4.2-5 mostra como o VFD introduz conteúdo de alta frequência em relação à frequência

portadora imposta e seus harmônicos.

4.2.3 Problemas do Rotor

Problemas relacionados ao rotor podem ser de natureza mecânica ou elétrica. Rotor é a parte rotativa da

máquina, dedicada à transmissão de energia mecânica. A vibração do rotor pode ser gerada pelos

próprios problemas do rotor ou pode ser induzida pela carga acoplada. Nesta parte analisaremos apenas

os danos do rotor sem considerar sua conexão com a carga externa. Como regra geral, problemas de

rotor induzem fenômenos de desbalanceamento girando no espaço. A posição relativa entre os sensores

e os fenômenos de desbalanceamento irão, portanto, mudar com o tempo, induzindo fenômenos de

modulação.

4.2.3.1 Rotor Excêntrico

Como no caso do estator excêntrico, este fenômeno gera um entreferro desigual, mas neste

caso ele gira na mesma velocidade do rotor. O movimento das fontes de descontinuidade em

relação à posição do sensor gera modulação e bandas laterais.

44
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Figura 4.2-6Espectro esperado para problemas de conexão frouxa.

A Figura 4.2-6 mostra as bandas laterais da velocidade do rotor “1X” e duas vezes a frequência da linha. As

bandas laterais são espaçadas peloFrequência de passagem de pólos(PPF), que é definido como a frequência de

escorregamento multiplicada pelo número de pólos.

=    
A modulação não está relacionada com a velocidade absoluta das fontes de descontinuidade, mas com o

movimento relativo entre a excentricidade do rotor e o campo magnético rotativo do estator.

Os valores de escorregamento são geralmente muito baixos (1%para motores grandes), portanto, para identificar bem as bandas laterais, um

alto nível de resolução deve ser definido.

4.2.3.2 Barra do rotor quebrada

Os problemas da barra do rotor são bastante comuns no funcionamento do motor em condições frequentes de partida/

parada. Durante o transiente, as correntes no rotor aumentam em um nível muito maior do que a condição de trabalho estável,

gerando superaquecimento e rápida expansão térmica. Esse comportamento causa deformações que, juntamente com alto

nível de torque, podem causar rachaduras ou frouxidão na barra. Problemas na barra do rotor induzem um aumento em outras

correntes da barra do rotor, que tentam compensar a perda de torque desencadeando uma reação em cadeia.

45
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Figura 4.2-7Barra do rotor rachada com espectro esperado e barra do rotor solta.

A Figura 4.2-7 mostra dois casos de problemas na barra do rotor. No primeiro caso, a barra do rotor não é

mais capaz de conduzir corrente, isso irá gerar forças do tipo impulso que geralmente amplificam os

harmônicos da velocidade de rotação “1X”. As bandas laterais (como no caso do rotor excêntrico) serão

proporcionais ao movimento relativo da barra quebrada do rotor em relação ao campo magnético rotativo

e ao número de pólos (PPF). No segundo caso, um dano menos severo gera fenômenos de modulação na

faixa de alta frequência. No caso da barra do rotor solta, outros elementos condutores visam compensar

induzindo correntes mais intensas, este fenômeno pode ser visto noFrequência de passagem da barra do

rotor(RBF).

=     
ser  o número de barras do rotor e  a velocidade do rotor.

As bandas laterais espaçadas pelo dobro da frequência da linha do RBF são devidas ao aumento da

interação magnética entre o campo magnético rotativo e as correntes que fluem no condutor do rotor.

Figura 4.2-8Medições reais em um motor elétrico com uma barra do rotor danificada.

46
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4.2.4 Problemas de Montagem

Os problemas de montagem não são causados diretamente por problemas no motor elétrico, mas

no acoplamento com o sistema. O mais comum é o desalinhamento entre o motor e a carga. O

desalinhamento pode ser de dois tipos, paralelo ou angular.

a) b)

Figura 4.2-9 a)Desalinhamento paralelo.b)Desalinhamento angular.

O desalinhamento paralelo gera uma excentricidade estática no motor, produzindo o mesmo espectro

caracterizado pelo “1X” e seus harmônicos. A origem da vibração pode ser investigada desacoplando a

carga e comparando os resultados das medições. A Figura 4.2-10 mostra um espectro real para um

problema de desalinhamento paralelo; o “1X” e seu segundo harmônico são claramente visíveis.

Figura 4.2-9Espectro real de um motor montado com desalinhamento paralelo.

O desalinhamento angular gera espectros semelhantes, induzindo sempre uma deformação do

entreferro. Para distinguir entre os dois tipos diferentes, é necessária uma segunda medida. Enquanto o

desalinhamento paralelo gera forças desequilibradas direcionadas radialmente em relação à rotação do

eixo, o desalinhamento angular introduz um componente axial. Uma segunda medida (realizada no

sentido axial) poderia confirmar a presença de desalinhamento angular.

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5Vibração dos Rolamentos

Os rolamentos de rolos permitem o movimento relativo entre o estator e a parte rotativa da máquina,

transferindo a carga aplicada para a estrutura.

Do ponto de vista dinâmico, o rolamento é tanto um elemento passivo da máquina quanto um excitador

ativo. O comportamento dinâmico do conjunto completo em termos de rigidez, propriedade de

amortecimento e massa será altamente influenciado pelas características do rolamento. Além disso,

durante a operação, o movimento do conjunto de corpos rolantes introduzirá vibrações inevitáveis. Mesmo

que as vibrações relacionadas aos rolamentos não tenham sido analisadas na campanha de testes, o

objetivo deste capítulo é apresentar a vibração de um rolamento e compará-las com as vibrações geradas

devido ao desvio da geometria ideal.

5.1 Cinemática do Mancal

As vibrações dos rolamentos estão estritamente relacionadas com a sua velocidade e geometria. Neste parágrafo,

serão apresentadas as principais relações cinemáticas para correlacionar a velocidade de trabalho com o

conteúdo de frequência da excitação gerada.

Para manter a apresentação o mais geral possível, a relação cinemática será escrita para um rolamento

angular de esferas (consulte a Figura 5.1-1).

Figura 5.1-1Velocidade tangencial para o elemento rolante de um rolamento angular de esferas com um anel interno girando no sentido

horário.

Supondo que a diferença no ângulo das forças de contato entre o anel interno e o contato do

anel externo seja pequena, a velocidade no ponto de contato da pista do anel interno pode ser

expressa como:

49
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 = 2   (     ℎ−    cos  )
ser  a velocidade de rotação do anel interno,     ℎo raio de passo,   o raio do elemento rolante e

o ângulo de contato.

Da mesma forma, a velocidade no contato na pista do anel externo pode ser escrita como:

 = 2   (     ℎ+    cos  )
com  a velocidade angular do anel externo.

Se não houver deslizamento nos pontos de contato a velocidade,  , no centro do elemento rolante pode ser

derivado:

 +   
 =
2
que em frequência angular pode ser escrito como:

   (1 +  )
 = (1 −  ) +
2 2
 
ser  =  ⁄     ℎ cos  .É normal ligar  velocidade da gaiolapara evitar confusão com o rolamento

frequência do elemento   que é a frequência de rotação do elemento rolante em torno de seu próprio eixo:

 
  =    ℎ(  −   ) 1  (−)
  

5.2 Vibração perfeita do rolamento

Um mancal rotativo gerará vibrações devido à rotação do conjunto de corpos rolantes. Isso também é

válido para rolamentos com pistas geometricamente perfeitas e ótimo acabamento superficial. Ao girar o

conjunto de corpos rolantes, a pista é carregada por forças de contato móveis que geram vibração.

Na análise apresentada nesta seção, será assumido que os contatos são igualmente carregados. Essa

hipótese contrasta com as condições reais de trabalho do rolamento, nas quais a carga geralmente não é

distribuída uniformemente, mas é consistente com o procedimento de teste real usado para a análise de

defeitos do rolamento. No procedimento de teste de defeitos de rolamento, é necessário carregar rolamentos

(também rolamentos radiais) com uma força axial: desta forma, os pontos de contato são carregados

igualmente e a probabilidade de detectar defeitos nos componentes é aumentada.

A Figura 5.2.1 mostra um rolamento radial de esferas carregado axialmente para obter a condição de contatos

igualmente carregados. Os rigs externos se comportarão como um elemento elástico transmitindo movimento ao

sensor que perceberá a passagem de cada elemento rolante como um pulso. O trem de pulso

50
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a frequência de repetição dependerá da frequência da gaiola  e no número de corpos

rolantes .

Ofrequência de passe de bola,   , pode ser definido como:

  =    

Figura 5.2-1Esquema de vibração de rolamento perfeito.

Tais vibrações são geralmente muito baixas em amplitude e não influenciam a análise geral do

sistema.

5.3 Defeitos superficiais locais

Defeitos de superfície são imperfeições locais em uma pista que perturbam a distribuição da pressão de contato

nominal durante o movimento dos corpos rolantes. Exemplos típicos de defeitos de superfície são entalhes e lascas

devido à fadiga da superfície. Quando um elemento rolante passa por um defeito de superfície, ele encontra uma

mudança na carga de contato e na rigidez de contato.

O defeito superficial pode ser classificado comopequenoougrandeem relação ao tamanho da área de contato

(consulte a Figura 5.3-1).Pequenos defeitos superficiaisinfluenciam a área de contato hertziana e a distribuição de

carga. Isso implica que a resposta a um pequeno defeito de superfície é semelhante a um impacto.

51
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Figura 5.3-1Propagação da trinca e efeito no tamanho do defeito.

Paragrande defeito de superfíciea carga no elemento rolante diminui significativamente e pode

até desaparecer durante a passagem. A resposta a tal excitação contém um "pulso duplo" com

um possível conteúdo de frequência variável devido à diferença de rigidez.

5.3.1 Frequências de defeitos de superfície

Aplicando uma prática de monitoramento regular, quase sempre é possível detectar defeitos de superfície

na fase inicial, permitindo evitar falhas e programar paradas de manutenção. Conforme expresso no

parágrafo anterior, pequenos defeitos de superfície geram excitação do tipo impulso cuja frequência de

repetição e sinal característico podem estar relacionados com a localização da descontinuidade (ver Figura).

Figura 5.3-2Medições típicas para um rolamento apresentando defeitos no anel externo (sinal vermelho), no anel

interno (sinal azul) e nos corpos rolantes (sinal verde) para anel externo estacionário,  = 0.

Devido à geometria fixa cada defeito apresenta sua própria frequência de repetição, denominadafrequência de defeito de

rolamento.

Um dos principais parâmetros a ter em conta quando se trata de defeitos na superfície do

rolamento é a posição do defeito e a sua variabilidade no tempo em relação ao sensor. A mudança

no tempo da posição dos defeitos gera sinais modulados:anel internoeanel externomodulação são

relatados na Figura 5.3-2.

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A equação sequencial pode ser derivada:

• Frequência de defeito do anel externo:

   =  |  −   | ±   


É importante observar que quando  não é zero, fenômenos de modulação podem ocorrer também para

defeito no anel externo.

• Frequência de defeito do anel interno:

   =  |  −   | ±   


• Frequência de defeito do elemento rolante:

   = 2   ±   
Por definição, defeitos de superfície podem ser detectados como fenômenos impulsivos que se repetem em

uma frequência determinada, dependendo da geometria e cinemática do rolamento. Conforme

apresentado no Capítulo 3, a Transformada Rápida de Fourier não é adequada para uma análise rápida e

intuitiva deste tipo de sinal. A técnica do envelope é usada para analisar o trem de pulso.

Figura 5.3-3Exemplo de medição real em um motor elétrico e técnicas de Envelope para análise de defeitos em

rolamentos.

A Figura 5.3-4 mostra uma medição real realizada de um motor elétrico de indução apresentando um

defeito na pista do anel interno. A frequência de repetição e as bandas laterais são claramente visíveis no

envelope, permitindo definir a natureza dos pulsos.

53
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6Acústico

Um dos principais resultados desta tese experimental é associar a análise vibracional de um

típico motor de indução trifásico à sua emissão sonora.

Neste capítulo, uma breve introdução aoAcústicoserão apresentadas analisando as principais

grandezas características, a percepção do som e a instrumentação necessária para as

medições.

Embora compartilhem a mesma natureza oscilante,barulhoevibração estruturalsão geralmente estudados

como fenômenos separados. Isso se deve principalmente à natureza altamente subjetiva da percepção humana

do som.

Vamos nos referir comosompara propagação de ondas em um fluido (líquido ou gases) e paravibraçãopara ondas que

se propagam em um meio sólido.

6.1 Acústica

Acústica é o ramo da física que trata do estudo de todas as ondas mecânicas em


gases e líquidos, analisando a geração, propagação ePsicoacústica.

6.1.1 Definição de som

Onda sonora é definida como uma perturbação, no nível médio de pressão, viajando em um meio

fluido.

Uma perturbação (fonte) induz as partículas a oscilar em torno de sua posição de equilíbrio gerando uma

alternância de zonas de alta-baixa densidade se propagando comoonda longitudinal(consulte a Figura

6.1-1).

Figura 6.1-1Diferença de onda longitudinal e transversal.

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Os valores típicos para perturbação de pressão audível variam de10−6[  ]para101[  ]que são muito

baixos se comparados a um nível médio de pressão, em condição padrão, de105[  ]. De acordo com a

característica física do meio, a velocidade de propagação, para uma onda longitudinal é definida:

0= √   
ser o módulo de volume, a constante do gás e a temperatura absoluta. O valor típico para ar

seco em condição padrão é aproximadamente343 [ / ].

Como qualquer fenômeno oscilatório, o som pode ser estudado em termos de (ver Figura 6.1-2):

• Comprimento de onda,  (   [ ]):que é a distância percorrida pela onda de pressão em um

ciclo completo.

• Frequência,  (   [  ]):que é o número de oscilações completas em um segundo.


Essas duas quantidades principais estão relacionadas pela velocidade de propagação de acordo com a regra:

2  0=  0
 =
   
ser  = 2  a frequência angular (   [   / ]).

Figura 6.1-2Relação esquemática entre comprimento de onda e frequência.

Faixa de audição humanaé comumente dado como 20 a 20.000 [  ] (comprimentos de onda de

17,2 a 0,017 [ ],em estado normal).

Ondas longas não são facilmente interrompidas por obstáculos ou materiais de absorção, por outro lado, sinais de alta

frequência carregam uma quantidade maior de energia, mas, devido ao seu menor comprimento de onda, podem ser

facilmente absorvidos ou refletidos.

Do ponto de vista técnico isso pode ser traduzido na necessidade de um entendimento claro das

frequências predominantes em um sinal, a fim de escolher o sistema de controle de ruído mais

eficiente em relação à banda analisada.

6.1.2 Pressão Sonora

Supondo que haja uma fonte sonora emitindo ruído em todas as direções (consulte a Figura 6.1-3), a

pressão do ar (?⃗?,  ) ([  ])vai depender do vetor posição?⃗?no espaço e no tempo .Ele consiste no

56
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parte estática 0(?⃗?) (que é a pressão atmosférica) e uma parte oscilante (?⃗?,  )excitado pela
perturbação de viagem:
(?⃗?,  ) =  0(?⃗?) +  (?⃗?,  )
O termo flutuante (?⃗?,  )é referido comoPressão sonora,no entanto, é bastante comum expressá-lo

em termos de valores quadráticos médios:

1  
√ ∫  ( )2   ,                 
  0
   =
  ,                     √2
{

Isso ocorre principalmente porque o    é proporcional à energia do sinal que é de grande interesse

em medições acústicas.

Figura 6.1-3Distribuição esférica do nível de pressão sonora.

Em acústica, para descrever a flutuação da pressão sonora em função do vetor de tempo e espaço, o

equação de onda acústica homogênea linearizadaé amplamente utilizado. Sob a hipótese de

homogeneidade e gás elástico perfeito é possível obter:

1  2 (?⃗?,  )  2
2 (?⃗?,  ) =
0 2  2

ser 2é o operador de Laplace.

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A Figura 6.1-3 mostra que a energia liberada pela fonte sonora é distribuída em uma

superfície esférica que cresce com a distância da própria fonte. Sob a hipótese de ausência de

fenômenos de reflexão, a pressão sonora diminui à lei do inverso do quadrado.

6.1.3 Campos Acústicos

As medições acústicas estão estritamente relacionadas com o ambiente. A onda acústica interage com

obstáculos e elementos circundantes, que podem absorver ou refletir vibrações. Este conceito é de

fundamental importância nas medições de pressão sonora. Um receptor colocado em um gabinete a uma

certa distância das fontes (ver Figura 6.1-4) não apenas registrará a perturbação direta, mas também sua

reflexão e interferência.

Figura 6.1-4Propagação esquemática da onda sonora de uma fonte esférica em um espaço fechado.

Para levar em conta este fenômeno, diferentes campos acústicos são definidos,
expressando a pressão sonora em função da distância do receptor à fonte sonora (ver
Figura 6.1-5):

• Campo próximo: aquela parte de um campo sonoro, geralmente dentro de cerca de dois comprimentos de

onda de uma fonte de ruído, onde a pressão do som não obedece à lei do inverso do quadrado e a velocidade

da partícula não está em fase com a pressão do som.

• Campo livre: uma região de campo sonoro sem superfícies refletoras adjacentes. Na prática,

pode-se dizer que existe um campo livre se a pressão sonora diminuir de acordo com a lei do

inverso do quadrado. Nesta condição o nível de pressão sonora diminuirá em quase 6 [  ]

dobrando a distância da fonte.

• Campo reverberante: a região em um recinto onde domina o som refletido, em


oposição à região próxima à fonte de ruído onde domina o som direto.

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Figura 6.1-5Campos acústicos em função da distância de uma fonte sonora não pontual.

Por essas razões, a pressão sonora não deve ser considerada uma quantidade característica das

fontes sonoras, mas é estritamente dependente da posição do receptor e da condição de

contorno.

6.1.4 Intensidade Sonora e Potência Sonora

A potência sonora, Π, é uma propriedade das fontes sonoras, é frequentemente utilizada para quantificar o

som irradiado do ponto de vista energético.

Figura 6.1-6Radiação de potência sonora.

A média de tempo da energia que flui em uma unidade de área para um intervalo de tempo [0,  ] (Figura 6.1-6)

é definidoIntensidade do Somvetor, , (em [ ⁄ 2]):

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?⃗? = ∫  ( )⃗      ( )  
0

ser?⃗?( )o vetor velocidade das partículas.

Ao integrar a intensidade do som no  superfície, a potência sonora pode ser definida como:

Π = ∫ ?⃗? ∙ ?⃗?   
Ss

onde?⃗?é o vetor unitário perpendicular à superfície  .

6.1.5 Nível Sonoro e Escala de Decibéis

A evidência experimental (ver Tabela 6.1-1) prova que a sensibilidade humana segue uma

escala logarítmica. Portanto, para vincular medições e percepção, uma escala logarítmica foi

introduzida.

As grandezas acústicas (pressão, intensidade e potência) são, por isso, muitas vezes expressas em escala

de decibéis [  ]em função dos valores de referência:

• Nível de pressão sonora

 
 = 20   10 0

com 0= 20[   ] (limiar auditivo).


• Nível de intensidade sonora

 
 = 20   10 0

com 0= 10−12[ ⁄ 2].
• Nível de potência sonora

Π
Π= 20   10Π0

com Π0= 10−12[ ].

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Fonte de som/ruído Pressão sonora (RMS) Pressão sonora

[µ  ] nível[  ]
200.000.000 140
Limiar da dor (em 1 [   ])
20.000.000 120
Decolagem do avião

2.000.000 100
Broca Pneumatica

200.000 80
Aspirador de pó

20.000 60
Discurso de conversa

2.000 40
Sala de estar

200 20
sussurrando

20 0
Limiar da audição (em 1 [   ])

Tabela 6.1-1Pressão sonora e nível de pressão sonora a um metro de distância de fontes sonoras típicas.

6.2 Psicoacústica

O estudo do ruído tem que lidar com a natureza altamente subjetiva da percepção sonora humana.

A psicoacústica é o ramo da ciência que estuda

as respostas psicológicas e fisiológicas associadas ao som


(incluindo ruído, fala e música).

Figura 6.2-1Anatomia da cavidade timpânica.

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O aparelho de detecção humana é feito de três macrossistemas principais (consulte a Figura 6.2-1):

• Orelha Externa: é a parte dedicada à captação de perturbações. A forma de parábola da orelha

externa direciona a radiação para o canal auditivo.

• Orelha Média: é fundamentalmente feita pela cadeia cinematográfica. Perturbações externas

excitam o tímpano que, através do martelo, bigorna e estribo, transfere a vibração para o

ouvido interno.

• Orelha Interna: é o aparelho transdutor. As vibrações são transformadas em sinais

elétricos que podem ser analisados pelo cérebro.

Como qualquer outro sistema de detecção, o ouvido humano é eficaz em uma faixa limitada, embora ampla, de

frequências.

Para correlacionar impressões auditivas subjetivas com parâmetros físicos, quantidades não físicas

foram introduzidas a partir de testes com seres humanos. Tal estudo foi feito para definir uma forma

objetiva de expressar a impressão auditiva de forma reprodutível, permitindo uma abordagem

científica no estudo do ruído percebido.

6.2.1 Som

Loudness é um parâmetro não físico usado para definir a sensibilidade do ouvido humano a diferentes

frequências.

Como dito no parágrafo anterior, a membrana do tímpano transfere a vibração para o ouvido interno,

portanto sua resposta à excitação externa depende de seus comportamentos físicos em termos de rigidez,

amortecimento e condições de contorno. Como um sistema vibratório físico, o tímpano experimentará

fenômenos de ressonância e anti-ressonância, em relação à frequência de excitação.

Para quantificar esse fenômeno, a escala Loudness foi introduzida. O volume é declarado

na unidadetelefonese é escalado de tal forma que em 1 [   ]a escala phon é igual à [  ]

escala (ver Figura 6.2-2 a).


Experimentalmente foi visto que o ouvido humano é mais sensível a frequências entre 1 [   ]e 5 [

].Seguindo essa observação, as curvas de isófonas são derivadas de experimentos psicoacústicos

nos quais as pessoas tinham que julgar quando um tom puro tinha o mesmo volume que o tom

de referência em 1 [   ].

O comportamento não linear do ouvido humano e a faixa de sensibilidade de frequência são de grande

importância para o problema de ruído em aplicações industriais. Entre todas as fontes de vibração é

importante identificar não apenas o emissor mais alto, mas aquele que é mais percebido pelo operador.

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a)

b)

Figura 6.2-2 a)Contorno de sonoridade igual (isofones) para tons puros.b)Filtro de ponderação A

A fim de corrigir o nível de som medido para a dependência de frequência do ouvido humano,

foram introduzidos filtros. Um dos mais utilizados é oFiltro de ponderação A.os 40 [ ℎ  ]isofone

(Figura 6.3-2 a) foi usado como referência para construir o filtro, normalizando-o para 0 [  ] em 1

[   ]e invertendo-o (ver Figura 6.2-2 b).

6.3 Fontes de Ruído e Emissão Sonora

Nos parágrafos anteriores o som foi analisado do ponto de vista físico apresentando sua característica e a

quantidade utilizada para medição sem analisar sua geração. Tratando-se de motor de indução, as forças

de excitação, que geram vibração, podem ser de natureza diferente (conforme apresentado no Capítulo 4

e no Capítulo 5). Embora atuem como excitadores, as fontes de vibração raramente são os componentes

que efetivamente irradiam o som. Os componentes do sistema como a carcaça, carcaça e blindagens são

geralmente responsáveis pela maior parte da radiação sonora.

A capacidade da vibração estrutural de gerar som dependerá de sua forma, tamanho e

frequência de vibração.

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6.3.1 Radiação sonora efetiva

A eficácia da radiação sonora expressa a capacidade de um elemento vibratório de realmente

gerar som. Para entender este conceito, será relatado o exemplo de um pistão defletor (consulte a

Figura 6.3-1).

Figura 6.3-1Esquema de pistão confuso.

Um pistão defletor funciona como um alto-falante e, a princípio, assumimos que o pistão vibra em uma

frequência muito baixa. Nesta condição as mudanças de pressão geradas pela superfície móvel são

transduzidas em uma mudança de velocidade do fluido que segue o pistão. Este processo é muito ineficaz

para a radiação sonora porque a perturbação gera uma vazão mássica em vez de uma onda de pressão

real. Para irradiar efetivamente o som, a frequência do pistão precisa aumentar o suficiente para gerar

uma perturbação de deslocamento. Outro parâmetro importante é a superfície do pistão. Na mesma

frequência, um pistão grande é mais capaz de irradiar som do que um pistão pequeno.

A frequência com que o processo se torna efetivo é definida comofrequência crítica,   , e depende do

tamanho e forma do pistão. Este conceito pode ser estendido para um contexto mais amplo referindo-se

a uma placa retangular (que pode ser usada para modelar uma blindagem ou uma parte crítica de uma

caixa de aplicação).

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Figura 6.3-2Múltiplos automodos de placas retangulares simplesmente apoiadas.

Se o tamanho das placas for considerado fixo, para cada modo (ver Figura 6.3-2) pode ser encontrada uma

frequência crítica efetiva de emissão sonora.

Sem entrar em detalhes, um fenômeno excitante atuando nas placas, resultará em uma vibração

que será uma composição de seus modos. Se a frequência for alta o suficiente (de acordo com o

tamanho da superfície emissiva) cada modo contribuirá para o som final emitido em relação à

frequência excitada.

6.3.2 Caminho de Transferência

A emissão sonora resultante de uma estrutura, ou em geral de um sistema, está estritamente correlacionada

com a fonte de vibração e com a superfície emissiva. No que diz respeito aos motores elétricos, esses dois

fenômenos normalmente estão relacionados a componentes diferentes. Para realizar uma análise confiável do

som emitido é importante levar em conta todas as variáveis envolvidas. Isso leva ao conceito decaminho de

transferência.

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Figura 6.3-3Exemplo de caminho de transferência para um motor elétrico.

A Figura 6.3-3 mostra um exemplo de caminho de transferência, a emissão acústica será a composição das

fontes de vibração interna e externa, mas também da característica do revestimento. Além disso, na

prática de monitoramento real, as medições são complicadas pelos fenômenos de absorção e reflexão e

pelo ruído de fundo. Todos esses conceitos devem ser considerados ao realizar uma medição de som.

6.4 Instrumentação de Medições Acústicas

Sinais acústicos, como vibrações estruturais, podem ser adquiridos e analisados conforme explicado no

Capítulo 3, sendo a principal diferença o aparelho sensor. Sensores acústicos são usados para medir

quantidades características como oscilação de pressão, velocidade de partículas e intensidade do som. O

sensor mais comum em campo sonoro é oMicrofone, que, com base na definição de som, é um transdutor

de pressão projetado para operar em um amplo espectro de frequência (ou pelo menos na faixa de

comprimento de onda audível). Os microfones são compostos por um diafragma móvel e um transdutor de

deslocamento que converte o movimento da membrana em sinal elétrico. Os tipos de microfone diferem

da tecnologia usada, mas o princípio de funcionamento é quase o mesmo para todos. O mais utilizado na

prática de medições é oMicrofone condensador(consulte a Figura 6.3-4).

66
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Figura 6.4-1Esquema de microfone condensador.

A mudança na distância entre o diafragma e a placa traseira é transduzida em uma mudança na

capacitância do circuito, gerando uma variação na tensão de saída. Assim como o sensor de vibração

apresentado no Capítulo 4, os microfones diferem em termos de sensibilidade e largura de banda. A

sensibilidade está relacionada à tensão no diafragma, enquanto a largura de banda depende de sua

dimensão. Geralmente, quanto maior o tamanho do diafragma, menor é a frequência mínima que pode

ser medida. Microfones reais são capazes de medir em uma faixa de alguns Hertz até o limite de

frequências audíveis.

6.4.1 Sonda de Intensidade do Som e Velocidade das Partículas

Para caracterizar a fonte sonora em termos de energia emitida, a medição da intensidade sonora deve ser

realizada. UmSonda de Intensidadeé um instrumento usado para medir a intensidade do som em uma direção

de emissão.

A sonda de intensidade é composta por dois microfones colocados a curta distância um do outro.

Figura 6.4-2Esquema de sonda de intensidade.

67
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Referindo-se à Figura 6.4-2, das medições de pressão  e  , é possível determinar a velocidade das

partículas ao longo do direção. A pressão média e a velocidade das partículas podem então ser usadas

para calcular a intensidade do som de acordo com a lei apresentada no parágrafo 6.1.4.

68
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

7Aplicação no escopo

Dentro doProjeto de Ruído de Aplicação de Motor Elétrico da SKF, vários problemas de ruído e

vibração foram simulados em um ambiente controlado.

Neste capítulo, a campanha de teste realizada emFábrica de soluções SKF Moncalieri (TO), será

apresentado.

De acordo com as fontes de ruído e vibração apresentadas no Capítulo 4, diferentes danos em

motores elétricos foram isolados e simulados.

A campanha de teste foi implementada de acordo com três objetivos principais:

• Simule problemas reais de motores elétricos.

• Validar o modelo teórico.


• Compare medições de vibração e som.
Seguindo os principais resultados do projeto, uma sessão de testes foi planejada para destacar a

emissão de ruído decorrente de problemas não relacionados aos rolamentos.

7.1 Apresentação da Bancada de Teste

A bancada de teste é composta por dez motores elétricos trifásicos de três tipos diferentes (consulte a

Tabela 7.1-1). Para cada tipo, um motor foi revisado e balanceado para obter uma referência (Baseline)

tanto do ponto de vista de vibração quanto de emissão sonora, enquanto o outro foi danificado

especificamente para investigar separadamente diferentes fontes de ruído.

Motores elétricos disponíveis NSNrbQuantidade de energia EU IA p dr Velocidade

[KW] [milímetros] [rpm]


Tipo 1 5 BES 100 LA 4 36 28 1.6 4 1;2;6;7 4 89,40 1430
Tipo 25 BES 100 L 2 24 18 1.6 2 8;5 2 79,30 2910
Tipo 3 D391 24 34 0,37 4 A,B,C,D 2 80,40 2850
Tabela 7.1-1Tipos de motores analisados e suas características.

Ser  o número de slots do estator,   o número de barras do rotor,  o diâmetro do rotor e 


o número de pólos.
A bancada de teste é composta por duas estações (ver Figura 7.1-1), permitindo alimentar os motores elétricos

de indução tanto no modo direct drive quanto no modo VFD, para aplicar uma carga de 20% graças a um

69
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

freio e para introduzir diferentes tipos de desalinhamentos de eixo. Outras características serão

discutidas mais adiante na seção dedicada a danos específicos.

a) b)

A1 A2
C1

C2
B1 B2

Figura 7.1-2 a)Estação para motores tipo 1 e 2 e posição relativa.b)Estação para motor tipo 3 e posição

relativa.

7.1.1 Instrumentação e Configuração de Aquisição de Dados

A instrumentação de medição, conforme descrito no Capítulo 4 e no Capítulo 6, é composta por

sensores acústicos e de vibração e por conversores analógico-digitais.

Todas as medições foram realizadas com dois sistemas de aquisição diferentes para
comparar o resultado obtido.
O primeiro sistema de aquisição é composto por:

• Acelerômetros: 3xPCB TLD352C33 ICP o


Sensibilidade: 10 mV / m/s2 (100mV/g) Faixa

o de frequência (±5%): 0,5 – 10,000 [Hz]

• Microfone: PCB 378B02 ½”microfone condensador de campo livre pré-polarizado

70
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

oSensibilidade: 50mV/Pa

• Aquisição de dados:Tradução de dados DT9837

oFrequência de amostragem: 40[KHz] (para vibração), 100 [KHz] (para emissão de som)

• Tacômetro:Monarch Instruments tacômetro óptico

O segundo sistema de aquisição é composto por:

• Acelerômetros: 1xSKF CMSS 2200 o


Sensibilidade: 100mV/g

o Faixa de frequência (±5%): 0,7 a 10 000 [Hz]

• Aquisição de dados:SKF Microlog AX o

Usado no “modo gravador”

o Frequência de amostragem: 40 [KHz]

71
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Ambos os sistemas de medição retornam resultados compatíveis; por uma questão de brevidade, apenas os

resultados obtidos com o primeiro sistema de aquisição serão relatados nos parágrafos seguintes. A partir de

agora, na apresentação todos os instrumentos citados serão referidos ao primeiro aparelho sensor.

As medições de vibração e som foram realizadas com uma configuração quase fixa:

• Três sensores de vibração (acelerômetros) foram colocados (com o uso de cera) no Extremidade

da unidadelado do motor elétrico de acordo com as direções principais.

Acelerômetro Vertical

Acelerômetro Horizontal

Acelerômetro Axial

Tacômetro

Figura 7.1-2Posição do acelerômetro e tacômetro.

• Um microfone colocado a um metro da fonte sonora e a um metro do chão,


apontado para o emissor.

Microfone

Figura 7.1-3Posição do microfone no caso de estação de teste para motor tipo 3.

72
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Quase todas as medições foram realizadas com a frequência máxima de amostragem para um

tempo de aquisição de 10 [s].

A variação da configuração de aquisição proposta será apresentada junto com os resultados da

medição.

7.2 Resultados dos Testes Eletromagnéticos

Este parágrafo será dedicado à apresentação dos resultados das medições da campanha

de teste realizada emFábrica de soluções da SKF, Moncalieri (TO).

A Tabela 7.2 relata a lista de testes realizados de acordo com a ordem de apresentação. Para

facilitar a comparação entre os resultados obtidos e a expectativa teórica, para cada teste o

Propósitojuntamente com o parágrafo teórico de referência foi relatado.

Motor elétrico Alimentação EM Propósito Teórico


Tipo Referência
(Parágrafo)
Tipo 1 Condução direta Linha de base 4.2.1
Tipo 1 VFD_10[KHz] Acionado por VFD de linha de base 4.2.2.3
Tipo 1 VFD_6[KHz] Acionado por VFD de linha de base 4.2.2.3
Tipo 1 VFD_4[KHz] Acionado por VFD de linha de base 4.2.2.3
Tipo 1 Condução direta Excentricidade do Rotor 4.2.3.1
Tipo 1 Condução direta Excentricidade do rotor 4.2.3.1
20% Carga
Tipo 1 Condução direta Barra Rotora Quebrada 4.2.3.2
Tipo 1 Condução direta Barra Rotora Quebrada 4.2.3.1
Carregar 20%

Tipo 2 Condução direta Linha de base 4.2.1


Tipo 2 Condução direta Aumento do espaço de ar Não Ref.
Tipo 3 Condução direta Linha de base 4.2.1
Tipo 3 VFD_10 [KHz] Acionado por VFD de linha de base 4.2.2.3
Tipo 3 VFD_6 [kHz] Acionado por VFD de linha de base 4.2.2.3
Tipo 3 VFD_4 [kHz] Acionado por VFD de linha de base 4.2.2.3
Tipo 3 VFD_10 [KHz] Desequilíbrio de tensão 4.2.2.1
Tipo 3 VFD_10 [KHz] Perda de fase 4.2.2.2
Tipo 3 VFD_10 [KHz] excentricidade estática 4.2.2.1
Tabela 7.2Lista de testes realizados.

Cada motor analisado será apresentado (em termos de características técnicas e danos específicos)

juntamente com os resultados das medições.

73
Otor Aplicações Industriais | Matteo Laterra

7.2

(baseline) para o motor tipo 1,


b tem n para garantir que não haja
e

a) b)

Figura 7.2-1a) Imagens do rotor.b)Placa de identificação.

A Tabela 7.2-1 relata as características do EM 6, enquanto a Tabela 7.2-2 relata os testes realizados neste

motor elétrico. Cada teste realizado será apresentado posteriormente nos parágrafos seguintes.

NS Nrb EU IA p dr[milímetros] Velocidade DE EQM


[rpm]
EM Tipo 1 36 28 6 4 89,4 1430 6206 2RS2 6206 2RS2
(SKF) (SKF)
Tabela 7.2-1Características do EM 6.

Com a notação “DE” e “NDE” são indicados respectivamente o mancal montado no lado da extremidade da

unidadedo rotor e nolado da extremidade sem acionamento.

Estação de teste Alimentação EM Propósito


1 Condução direta Linha de base

1 VFD_10[KHz] Acionado por VFD de linha de base

1 VFD_6[KHz] Acionado por VFD de linha de base

1 VFD_4[KHz] Acionado por VFD de linha de base

Tabela 7.2-2Teste realizado em EM 6

7.2.1.1 Linha de base

A Tabela 7.2-3 relata a principal quantidade significativa a ser levada em consideração na interpretação dos

resultados. Ser  a velocidade do campo magnético rotativo,  a velocidade do rotor e, o deslizamento.

74
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

EM Trabalhando Fm (Hz) FR [Hz] s


Doença
25 24,95 0,002
Parado

Tabela 7.2-3Principais parâmetros de teste.

a)

b)

Figura 7.2-2 a)Medição de vibração FFT.b)Medição acústica FFT.

A Figura 7.2-2 mostra que o conteúdo de alta frequência (entre 2 e 7 [kHz]) pode ser encontrado em ambos os

espectros, portanto essas frequências são bem irradiadas.

75
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a)

b)
44,4 Hz

Figura 7.2-3 a)Conteúdo de vibração de baixas frequências.b)Conteúdo acústico de baixas frequências.

Analisando o conteúdo de baixa frequência (Figura 7.2-3) é possível apontar algumas diferenças.

Picos nos espectros de vibração relativos a 600, 700 e 800 [Hz] são menos relevantes nos espectros

de som. Isso pode ser atribuído a dois motivos; esta frequência específica não pode ser irradiada de

forma eficiente pelo sistema, ou o som é irradiado direcionalmente e não é percebido pelo

microfone. Outra diferença importante é um pico no espectro acústico em 44,4 [Hz].

Esta vibração não foi identificada no acelerômetro em nenhuma direção, então provavelmente é

devido ao ruído de fundo.

76
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

7.2.1.2 Linha de base VFD alimentada

Os dispositivos VFD permitem variar a frequência e a tensão de entrada do motor elétrico para controlar a

velocidade. Devido aos seus princípios de funcionamento, os VFDs introduzem um som tonal muito irritante em

relação aofrequência portadora. Para esses testes, a frequência de entrada do motor foi igualada à frequência da

linha, enquanto a frequência da portadora foi variada.

A Figura 7.2-4 mostra os espectros de vibração adquiridos para três valores diferentes da frequência

portadora: 4, 6 e 10 [KHz].

a)

b)

c)

Figura 7.2-4Espectro de vibração do EM 6 VFD alimentado, para diferentes frequências portadoras:a)4 [khz],b)6 [khz],c)

10[KHz].

77
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

A Figura 7.2-4 mostra que a amplitude da vibração aumenta com a frequência da portadora. É

importante observar que a frequência de ressonância do sensor está acima de 50[kHz] e a resposta

de frequência dos sensores é considerada dentro de 5% até 10[kHz].

a)

b)

c)

Figura 7.2-5Espectros sonoros de EM 6 VFD alimentados, para diferentes frequências portadoras:a)4 [khz],b)6 [khz],c)

10[KHz].

78
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Comparando a vibração e os resultados acústicos da Figura 7.2-5 é possível observar que os espectros

são bem diferentes. A amplitude dos picos do espectro sonoro não é influenciada pelo aumento da

frequência da portadora. Além disso, os efeitos dos harmônicos da frequência portadora, que são claros

nos espectros de vibração, são mitigados nos espectros de som. Como regra geral, a emissão de som de

alta frequência tende a ser mais direcional, portanto o posicionamento dos microfones torna-se crucial

na aquisição do sinal de alta frequência.

É importante observar que mesmo que o aumento da frequência portadora resulte em uma maior

amplitude das vibrações geradas, do ponto de vista psicoacústico resultará em uma menor

apresentado no Capítulo 6).

7.2

cidade. A EM 2 é da mesma

parcialmente triturada e a 20%

da carga de forma a

b)
a)

Figura 7.2-6 a) Imagens do rotor.b)Esquema de moagem.

A modificação realizada gera um desequilíbrio rotativo do campo magnético.

A Tabela 7.2-4 relata as características do EM 2, enquanto a Tabela 7.2-5 relata os testes realizados neste

motor elétrico. Cada teste realizado será apresentado posteriormente nos parágrafos seguintes.

NS Nrb EU IA p dr[mm] dr*[milímetros] Velocidade

[rpm]
EM Tipo 1 36 28 2 4 89,4 87,9 1430
Tabela 7.2-4Características do EM 2.

79
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Com a notação “  ∗” é indicado o diâmetro do rotor medido no ponto em que o


entreferro é máximo.
Bancada Alimentação EM Propósito
1 Condução direta Excentricidade do rotor
(intervalo de ar variável)

1 Condução direta
Excentricidade do rotor

Carga 20% (resfriamento do freio)

Tabela 7.2-5Teste realizado em EM 2

7.2.2.1 Excentricidade do Rotor em Marcha Lenta

A Tabela 7.2-6 relata a principal quantidade significativa a ser levada em consideração na interpretação dos

resultados.

EM Trabalhando Fm [Hz] FR [Hz] s PPF [Hz]


Doença
25 24,97 0,0012 0,12
Parado

Tabela 7.2-6Parâmetro de teste principal.

Conforme apresentado no Capítulo 4, um entreferro variável gerará bandas laterais da frequência de rotação

espaçadas pela frequência de passagem de pólo (PPF). Na condição inativa, o valor da frequência de escorregamento é

muito baixo, portanto, para identificar corretamente as bandas laterais, é necessária uma resolução de alta frequência.

Por este motivo, o tempo de aquisição dos testes realizados na EM 2 foi estabelecido em 30 [s].

Figura 7.2-7Espectro de vibração EM 2.

Observou-se um aumento geral dos valores de amplitude dos picos (em relação à linha de base). A

Figura 7.2-7 relata o espectro de vibração do EM 2 para banda de baixas frequências em escala de

decibéis. A utilização de tal escala, na apresentação de bandas laterais e fenômenos de modulação,

permite uma melhor visualização dos efeitos dos danos.

80
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

A Figura 7.2-8 mostra uma comparação entre a linha de base (EM 6) e o motor elétrico sob investigação. É

importante notar que as bandas laterais da frequência de rotação estão presentes em ambos os

espectros, a diferença de amplitude entre o pico na frequência de rotação e as bandas laterais é

frequentemente usada para quantificar a extensão do dano.

EM 6 EM 2

Figura 7.2-8Comparação de bandas laterais entre a linha de base (EM 6) e o motor com rotor excêntrico (EM 2).

O mesmo efeito pode ser visto no espectro sonoro (veja a Figura 7.2-9).

Figura 7.2-9Espectro sonoro de EM 2 em condição de funcionamento inativo.

Tal modulação é claramente audível de ouvido, gerando uma emissão sonora muito característica.

7.2.2.2 Excentricidade do rotor 20% carregado

Todos os efeitos analisados no parágrafo anterior são enfatizados pela adição de uma carga (ver Figura

7.2-10). Na segunda fase dos testes realizados no EM 2, foi adicionada uma carga de 20% através de um freio

magnético refrigerado a ar comprimido.

A Tabela 7.2-7 relata os principais parâmetros para EM 2 com 20% de carga.

81
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

EM Trabalhando Fm [Hz] FR [Hz] s PPF [Hz]


Doença
25 24.77 0,0094 0,94
20% Carga
Tabela 7.2-7Parâmetro de teste principal.

Figura 7.2-10Espectro de vibração de EM 2 com 20% de carga.

O sistema de resfriamento necessário para o freio magnético apresenta um alto nível de ruído de

fundo. Portanto, para esta medição, apenas os dados de vibração foram adquiridos.

7.2.3 Motor Elétrico 1, Barra Rotora Quebrada

O Motor Elétrico 1 (EM 1) foi usado para simular problemas na barra do rotor. O EM 1 é do

mesmo tipo da linha de base apresentada no parágrafo 7.2.1. O rotor foi usinado de tal forma

que 3 barras do rotor foram interrompidas. O teste foi realizado em modo inativo e aplicando

20% de carga para amplificar o efeito.

82
s | Matteo Laterra

Figura 7.2-11EM 1, usinagem das barras do rotor.

A interrupção da barra do rotor gera um desequilíbrio rotativo do fluxo magnético.

A Tabela 7.2-8 relata as características do EM 1, enquanto a Tabela 7.2-9 relata os testes realizados neste

motor elétrico. Cada teste realizado será apresentado posteriormente nos parágrafos seguintes.

NS Nrb EU IA p dr[milímetros] Velocidade

[rpm]
EM Tipo 1 36 28 2 4 89,4 1430
Tabela 7.2-8Características do EM 1.

Alimentação EM Propósito
Bancada
1 Condução direta Barra Rotora Quebrada

1 Condução direta
Barra Rotora Quebrada

Carga 20% (resfriamento do freio)

Tabela 7.2-9Teste realizado em EM 1.

7.2.3.1 Barras do rotor quebradas na condição de marcha lenta

A Tabela 7.2-10 relata a principal quantidade significativa a ser considerada na interpretação dos resultados.

EM Trabalhando Fm [Hz] FR [Hz] s PPF [Hz]


Doença
25 24,93 0,003 0,3
Parado

Tabela 7.2-10Principais parâmetros de teste.

Conforme apresentado no Capítulo 4, a interrupção da barra do rotor gera harmônicos da velocidade de rotação e bandas laterais

espaçadas pela frequência de passagem de pólo (PPF). Na condição de marcha lenta, a frequência de escorregamento

83
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

valor é muito baixo, portanto, para identificar corretamente as bandas laterais, é necessária uma resolução de

alta frequência. Por este motivo, o tempo de aquisição dos testes realizados na EM 1 foi fixado em 30 [s].

a)

b)

Figura 7.2-12 a)Espectro de vibração EM 1.b)Frequência de rotação e ampliação de bandas laterais.

7.2.3.2 Barras do rotor quebradas com 20% de carga

Todos os efeitos analisados no parágrafo anterior são enfatizados pela adição de uma carga (ver Figura

7.2-13). Na segunda fase dos testes realizados no EM 1, foi adicionada uma carga de 20% através de um freio

magnético refrigerado a ar comprimido.

A Tabela 7.2-11 relata os principais parâmetros para EM 1 com 20% de carga.

EM Trabalhando Fm [Hz] FR [Hz] s PPF [Hz]


Doença
25 24.77 0,0094 0,94
20% Carga
Tabela 7.2-11Parâmetro de teste principal.

84
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Parado 20% Carga

Figura 7.2-13Comparação do espectro de vibração para condição de trabalho inativo e carregado.

O sistema de resfriamento necessário para o freio magnético apresenta um alto nível de ruído de fundo.

Portanto, para esta medição, apenas os dados de vibração foram adquiridos.

É importante notar que na literatura é mencionado que barras de rotor danificadas geram picos na

frequência RBF com bandas laterais espaçadas pelo dobro da frequência da linha (ver Capítulo 4). Este

efeito não foi observado (em nenhuma direção de medição) nos espectros dos testes inativo e carregado.

As principais diferenças em relação ao caso do rotor excêntrico (apresentado no parágrafo 7.2.2) podem

ser fundadas na presença predominante de harmônicos de velocidade de rotação (ver Figura 7.2-

14).

Figura 7.2-14Espectros de vibração de ampla faixa para EM 1.

7.2.4 Motor Elétrico 8, Linha de Base e Entreferro Aumentado

O Motor Elétrico 8 (EM 8) foi usado como referência (baseline) para o motor tipo 2, foi

balanceado e revisado antes da campanha de testes para garantir que não haja problemas

evidentes.

85
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Figura 7.2-15Placa de identificação EM 8.

A Tabela 7.2-12 relata as características do EM 8, enquanto a Tabela 7.2-13 relata os testes realizados neste

motor elétrico.

NS Nrb EU IA p dr[milímetros] Velocidade DE EQM


[rpm]
EM Tipo 2 24 18 8 2 79,3 2910 6206 2RS2 6206 2RS2
(SKF) (SKF)
Tabela 7.2-12Características do EM8.

Alimentação EM Propósito
Bancada
1 Condução direta Linha de base

1 Condução direta Aumento do espaço de ar

Tabela 7.2-13Teste realizado em EM 8

Os resultados dos testes realizados estão alinhados com os resultados experimentais derivados deMotor Elétrico Tipo

1.

Os testes foram realizados em duas etapas, primeiro a linha de base foi adquirida, depois o rotor

original foi substituído por um rotor retificado com diâmetro menor (76[mm]). Por uma questão de

brevidade, apenas a consideração principal será relatada. A Tabela 7.2-14 relata a diferença entre os

principais valores medidos.

86
Motor elétrico Aplicações Industriais | Matteo Laterra

Figura 7.2-16Imagem do rotor retificado para teste de entreferro aumentado.

Linha de base EM 8 Velocidade Fr amp. [m/s2] 2xFl amp. [m/s2] RMS


Horizontal 0,014 0,149 0,91
Vertical 0,020 0,063 1.06
Axial 0,015 0,007 2.57

EM 8 com Velocidade Fr amp. [m/s2] 2xFl amp. [m/s2] RMS


Aumento de Ar
Brecha

Horizontal 0,013 0,067 0,76


Vertical 0,019 0,018 0,77
Axial 0,022 0,008 1,59
Tabela 7.2-14Medições de linha de base e aumento do espaço de ar.

Os resultados experimentais apresentados na Tabela 7.2-14 mostram uma leve diminuição geral na amplitude

das excitações que resultará em uma emissão de som amante. Este resultado está relacionado com a dispersão

do campo magnético devido ao aumento do entreferro. Nesta condição de trabalho, as correntes que circulam

nos condutores são menos intensas e o movimento do rotor mais suave. Embora nesta condição haja uma

diminuição do som emitido, isso implica em perda de torque e maiores valores de escorregamento que podem

gerar problemas nas barras do rotor.

87
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

7.2.5 Motor Elétrico A, Linha de Base

O Motor Elétrico A (EM A) foi usado como referência (linha de base) para o motor tipo 3 (consulte a

Figura 7.2-17), foi balanceado e revisado antes da campanha de teste para garantir que não haja

problemas evidentes.

Salvo indicação em contrário, os testes em motores elétricos tipo 3 foram realizados no modo de condução VFD,

estabelecendo uma frequência de linha de 50 [Hz] e uma frequência portadora de 10 [KHz].

Figura 7.2-17Placa de identificação do motor elétrico tipo 3.

A Tabela 7.2-15 relata as características do EM A.

NS Nrb EU IA p dr[milímetros] Velocidade DE EQM


[rpm]
EM Tipo 3 24 34 A 2 80,4 2850 6203 DJ 6203 DJ
(NSK) (NSK)
Tabela 7.2-15Características EM A.

Todos os testes foram realizados na estação de teste para o motor tipo 3 (consulte a Figura 7.1-1). Para

confirmar os resultados dos tipos de motor 1 e 2 e para excluir qualquer dependência da estação de teste,

as medições de vibração e som para a linha de base no modo de acionamento direto e VFD foram

adquiridas.

88
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

A Tabela 7.2-16 relata os testes realizados neste motor elétrico.

Estação de teste Alimentação EM Propósito

2 Condução direta Linha de base

2 VFD_10 [KHz] Acionado por VFD de linha de base

2 VFD_6 [kHz] Acionado por VFD de linha de base

2 VFD_4 [kHz] Acionado por VFD de linha de base

Tabela 7.2-16Teste realizado em EM A

Os resultados dos testes estão perfeitamente alinhados com os provenientes do tipo de motor 1 e 2. Apenas

uma diferença significativa pode ser destacada. O motor tipo 3 está equipado com um funil de refrigeração com

11 pás, esta característica irá introduzir um desequilíbrio e uma emissão de som aéreo que pode ser notado

tanto no espectro sonoro como no espectro de vibração.

a)

b)

Figura 7.2-18EM Um VFD acionado com frequência portadora estabelecida em 10 [KHz]:a)espectro de vibração,b)Espectro

acústico.

89
Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

A Figura 7.2-18 mostra picos nítidos noFrequência de passagem da pá do

ventilador(    =                  ∙   ) e seus harmônicos.

7.2.6 Motor Elétrico D, Problemas Elétricos

O motor elétrico D (EM D) foi usado para simular problemas elétricos. A EM D é do mesmo tipo da linha

de base apresentada no parágrafo anterior. O motor em si não apresenta nenhum dano enquanto os

problemas elétricos foram simulados usando componentes externos que serão apresentados em

parágrafos a seguir.

Bancada Alimentação EM Propósito

2 VFD_10 [KHz] Desequilíbrio de Tensão


2 VFD_10 [KHz] Perda de Fase

Tabela 7.2-17Testes realizados no EM D.

7.2.6.1 Desequilíbrio de Tensão

Para introduzir um desequilíbrio de tensão foi utilizado um reostato conectado apenas a uma fase de

alimentação. O reostato introduz uma perturbação estática (em relação ao aparelho de detecção) que

resultará em um aumento do pico em duas vezes a frequência de alimentação (frequência de linha).

2xFl (100Hz) Linha de base Desequilíbrio de tensão Tensão


Amplitude Mínimo desequilíbrio
Máximo

0,148 0,114 0,348


Horizontal [m/s2]
0,095
Vertical [m/s2] 0,074 0,089
0,011
Microfone [Pa] 0,021 0,008

Tabela 7.2-18Comparação de amplitude 2xFl para diferentes valores de desequilíbrio de tensão.

A Tabela 7.2-18 mostra os resultados de amplitude para o pico com o dobro da frequência da linha. Os

valores de vibração aumentam com o nível de desbalanceamento, mas do ponto de vista acústico não se

destacam alterações significativas.

7.2.6.2 Perda de fase

Para simular problemas de conexão, uma das linhas de alimentação foi desconectada. A falta de uma

fase de alimentação gera um desequilíbrio estático do campo magnético (em relação ao aparelho sensor)

que resultará em um aumento do pico em duas vezes a frequência de alimentação e seus harmônicos

(ver Figura 7.2-19).

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2xFl (100Hz) Linha de base Perda de Fase


Amplitude
0,148 0,692
Horizontal [m/s2]
0,074 0,223
Vertical [m/s2]
0,021 0,026
Microfone [Pa]

Tabela 7.2-19Comparação de amplitude 2xFl no caso de falta de fase de alimentação.

A Tabela 7.2-19 mostra que o nível de vibração é geralmente aumentado em relação à linha de base,

por outro lado não são detectáveis variações significativas no espectro acústico.

D em p

7.2 ntrici

costumava é do mesmo
trapo

Parafusos de ajuste
a) b)

Figura 7.2-20 a)rotor EM C.b)Caixa de rolamentos para EM C.

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A Figura 7.2-20 b mostra como a carcaça do mancal foi modificada (em ambos os lados) para admitir um

desalinhamento do eixo. A carcaça do mancal foi fabricada com 1,5[mm] de folga radial em relação às

dimensões nominais do mancal, atuando nos parafusos de regulagem é possível gerar desalinhamentos

do eixo. Para este teste, o eixo rotativo foi deslocado para não ficar centrado com o campo magnético

rotativo do estator, gerando um desequilíbrio estático (conforme apresentado no parágrafo 4.2.2) que

afetará o pico com o dobro da frequência da linha e seus harmônicos ( consulte a Figura 7.2-21).

Bancada Alimentação EM Propósito

2 VFD_10 [KHz] Excentricidade Estática

Tabela 7.2-20Testes realizados em EM C.

EM A, linha de base

EM C

Figura 7.2-21Comparação entre a linha de base para o motor elétrico tipo 3 e o motor sob investigação.

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8Conclusões

Dentro doProjeto de Ruído de Aplicação da SKF, esta tese atende ao pedido de identificação clara

de problemas de ruído provenientes de fontes não relacionadas a mancais em motores elétricos

trifásicos de indução. Campanha teste realizada noFábrica de soluções SKF Moncalieri (TO),

fornece uma ligação crucial entre fontes de vibração específicas e sua emissão de som. Das

comparações entre os espectros de vibração e som (com referência aos testes realizados) é

possível estabelecer que, em condição de baixo ruído de fundo:

1. O conteúdo de frequência dos espectros de ruído e vibração é comparável na maioria dos casos

analisados. Um exemplo particularmente representativo é o teste relatado no parágrafo 7.a2).2.1.

b)

Figura 8-1Rotor excêntrico EM 2:a)espectro sonoro,b)Espectro de vibração.

2. A importância relativa da amplitude dos picos é diferente do espectro acústico para o espectro

vibratório. Demonstrando o impacto do caminho de transferência e da eficácia da radiação

sonora no ruído emitido. Um exemplo particularmente representativo é o teste relatado no

parágrafo 7.2.1.1.

Resultados experimentais provam que o som emitido é, por um lado, relacionado às fontes de

vibração e, por outro lado, altamente influenciado pelas características do sistema.

93
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a)

b)

Figura 8-2EM 6 Rotor excêntrico:a)espectro de vibração,b)Espectro sonoro.

De acordo com os resultados relatados é possível afirmar que as medições de ruído e vibração

não são técnicas concorrentes, mas, na verdade, são complementares na caracterização de

aplicações de motores elétricos.

Para evitar falsas identificações de problemas, antes de aplicar qualquer técnica de controle de ruído, ambas as

medições são necessárias. A medição do som é necessária para apontar o melhor comprimento de onda

irradiado do sistema, enquanto a análise vibracional é usada para correlacioná-lo à sua fonte.

8.1 Progresso Atual do Projeto de Ruído de Aplicação da SKF

Cooperação entre diferentes equipes de pesquisa que trabalham noProjeto de Ruído de Aplicação da SKF

culminou na apresentação de uma abordagem estruturada para problemas de ruído e solução de problemas. O

método OACS(Observação, Análise, Confirmação, Solução) foi projetado para Engenheiros de Aplicação que

enfrentam uma reclamação de ruído do cliente.

O método OACS é composto por 4 etapas:

94
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• Observação: nesta fase são coletadas todas as informações do aplicativo em termos de

componentes, características e condição de trabalho. As informações adquiridas serão

utilizadas na fase de análise e ao mesmo tempo enriquecem o banco de dados.

• Análise: nesta fase as medições de vibração e som são adquiridas e analisadas para

caracterizar as excitações e a vibração associada. Todas as medições adquiridas são

armazenadas no banco de dados.

• Confirmação e Solução: nestas últimas fases são verificados os problemas detectados e é

proposta uma solução.

De acordo com os principais resultados do projeto, um curso de treinamento interno foi lançado, coletando

grande feedback. Além disso, um site de referência foi instituído com uma dupla intenção; orientar os

Engenheiros de Aplicação no gerenciamento de problemas de ruído e facilitar o preenchimento do banco de

dados.

a)

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b)

Figura 8.1-1 a)Site de ruído e vibração, página inicialb)Site de ruído e vibração, seção de medições.

A Figura 8.1-1 mostra a página da Web de ruído e vibração de referência e um exemplo de menu

suspenso com opções selecionáveis.

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Fontes de Ruído e Vibração em Aplicações Industriais de Motores Elétricos | Matteo Laterra

Bibliografia
[1] SKF,Rolamentos e Retentores em Motores Elétricos e Geradores.PUB 54/P7 13459

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1996.

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[5] SKF,Catálogo Geral SKF.Grupo SKF, 2012.

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e vibração em sistemas de rolamentos. Tecnologia Rep. NL15E005, Engenharia e Pesquisa SKF

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[17]https://www.iec.ch/ , disponível em 01/04/2019

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