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TRABALHO INTERDISCIPLINAR 2º ANOS

MENTES BRILHANTES: DESVENDANDO MISTÉRIOS

Nome: Marcos Costa Castanheira

Idade: 20 anos

PRIMEIRO CRIME:

Se vocês estão lendo essa história, certamente eu morri. Parece um tanto clichê essa
frase, que se lê em tantas histórias, mas trata-se de uma realidade cruel, notaram que sou
um tanto dramático, não é mesmo ?!
Eu sempre acreditei no amor, aquele que é visceral, arrebatador, então se fosse para amar
alguém, seria dessa forma, vou contar minha história para que entendam o que levou a essa
carta.
Nasci no Rio de Janeiro, em 1832, somos quatro irmãos, contando comigo, Richard de
22 anos, Albert de 21, eu com 19 e a caçula Brianna com 14, minha família é titulada como
ilustre, acredito que seja pelas posses de meu pai. Minha casa está sempre cheia, por
empregados, amigos, tutores dos meus irmãos e eu, moramos em uma casa com muitos
cômodos, jardins lindos, conservados pelo Sr Donald, fiel serviçal de meu pai, por mais de
trinta anos.
Morarmos aqui sempre foi uma rotina incessante e extrema, acordar, tomar café, ir para
faculdade, voltar, fazer nossas tarefas diárias… Duas vezes por semana eu fazia aula de
música com o professor Inácio, sempre muito exigente comigo - sim, eu sou o único com
talento musical, meus irmãos mais velhos viviam em seus mundos, trabalhos e suas
respectivas famílias, minha irmã tem muitas atividades extracurriculares, pouco a vejo,
somente no jantar e reuniões de família nos finais de semana.
Meu mundo é meu quarto e a linda praça no final da rua em que moro e onde conheci
Madeleine, dona de uma beleza estonteante, uma voz macia e delicada, um tanto tímida, de
família conservadora, muito amiga da minha. Nas grandes festas oferecidas pelos nossos
pais, nunca a via, somente em raros momentos no Grande Jardim, como chamávamos a
praça, lá trocamos olhares e sorrisos, mas nada além disso.
Em um dia razoavelmente frio, um final de tarde típico do inverno, estava na porta da
cozinha que era o acesso ao jardim dos fundos de minha casa, quando o Sr. Donald me
entregou uma carta, ela era perfumada, com uma letra respectivamente linda, ele me
entregou com um ar de reprovação e saiu, não entendi muito bem sua reação, talvez, pelo
fato de quem nos entregava nossas correspondências era nosso mordomo Luís, mas como
estava curioso entrei para meu quarto para ler.

“Caro Sr. Marcos,

Gostaria de convidá-lo para um chá em minha casa amanhã às 16 horas. Aguardo ansiosamente por
sua resposta.”

Madeleine.

Meu coração quase parou! Como falei anteriormente, sou um tanto dramático, mas um
romântico incorrigível. Ao terminar de ler, imediatamente mandei minha resposta por Luís,
comunicando meus pais sobre o chá, minha mãe que também estava convidada, ficou muito
feliz pelo convite que se estendia a mim.
As horas não passavam, tudo parecia mais moroso, quando finalmente chegou a hora
marcada, nos direcionamos à casa de Madeleine, eu me sentia febril, talvez fosse o
nervosismo, a espera por esse momento.Quando chegamos, fomos recepcionados por sua
governanta, que nos conduziu a uma sala bastante convidativa, com muitas rosas,bem
decorada, sim, eu era sensível a esse ponto de notar até mesmo a decoração, minha mãe diz
que herdei sua parte mais delicada.
Estávamos na sala, aguardando, quando a Madeleine e sua mãe entraram, sorridentes e
cordiais como sempre, nos cumprimentamos e sentamos, sua governanta providenciou o chá
com tantas outras delícias que pude provar. Alguns minutos de conversa, eu ainda estava
extasiado com a beleza e o encanto de Madeleine, acredite: eu já estava apaixonado.
Cerca de duas horas depois de muita conversa e risadas, minha mãe levantou-se,
agradeceu o convite e a companhia, com a promessa de que o próximo seria em nossa casa,
ao irmos em direção a porta, irmão mais velho de Madeleine surge, Carlos era um homem
alto um tanto quanto forte, o advogado da família Queiroz, educado, porém muito sério,
apenas chegou cumprimentando todos, nos pediu licença e entrou para o que eu entendi ser
um escritório, nos despedimos e fomos embora.
Os meses se passaram, eu tinha a rotina de ir ao Grande Jardim, encontrava Madeleine
seguidamente, com a supervisão de sua tutora, fomos nos apaixonando ainda mais um pelo
outro, queríamos ficar juntos, trocamos cartas diariamente, começamos a fazer planos para
um futuro próximo. Em um jantar comuniquei meus pais minha intenção de cortejá-la, minha
mãe já fazia mil planos, quando meu pai disse que faria uma janta com os pais dela para
firmarmos o compromisso, fui dormir aquela noite imensamente feliz, eu teria o amor da
minha vida para sempre.
Alguns dias depois, o jantar de nosso noivado foi marcado, chovia muito quando saí do
banco, chegando em casa ensopado, me sequei e fui ao encontro de minha mãe em seu
quarto, ela presenteou a mim e Madeleine com a aliança que seria o laço de nossa promessa
de compromisso e amor incondicional, nesse mesmo dia meu pai me deu uma arma como
gesto de nova missão masculina. Para ele, todos nós teríamos que ter, como forma de
proteção da nova família pela qual eu seria responsável. Também recebi uma posição em
seu banco para que eu trabalhasse e nada nos faltasse, uma masculinidade que eu não
entendia, mas aceitei de bom grado, afinal era meu pai.
O grande dia chegou com a velocidade de uma lesma, dia 22 de março de 1861, um dia
antes de meu aniversário, eu ficaria noivo da mulher mais linda e gentil que eu conhecia,
minha casa estava cheia de pessoas organizando a cerimônia, flores, prataria sendo polida,
comidas, bebidas, uma confusão ao meu ver.
Eu não estava me sentindo bem, a sensação febril voltara, fazia alguns dias que a tosse
não me deixava, meu corpo doía muito, principalmente as costas, mas não falaria nada,
hoje era o dia do amor, dia de Madeleine. Peguei um xarope que havia tomado em outro
momento e tudo ficaria bem.
A noite estava perfeita, todos felizes, comemorando até mesmo a parceria de negócio de
nossos pais, casamento era exatamente isso, mas comemoramos nosso momento, meu
professor de música tocou algumas de suas composições, ao vir me cumprimentar,
questionou-me se eu desistiria das aulas, disse que me dedicaria à família que estava
prestes a construir, ele pareceu chateado e afastou-se.
A festa ainda corria animada, Madeleine estava deslumbrante, radiante, sua felicidade era
visível. Algum tempo depois, os convidados começaram a se despedir, restando no grande
salão somente nossas famílias. Todos se foram, não parece certo, mas agradeci
internamente, pois não estava me sentindo bem.
Ao acordar me senti pior que o dia anterior, minha mãe estranhou minha ausência no
café da manhã, devido meu estado febril, chamou Dr. Benedito para uma consulta, que me
diagnosticou com tuberculose. Meus pais acharam melhor que eu fosse para o sítio, para
melhores cuidados e preservação de meus irmãos.Não era longe, como era o início da
doença poderia viajar, os cuidados serão redobrados, sentirei tanta falta de Madeleine,
como conseguirei viver esse tempo sem vê-la, mas lutarei contra essa doença para tê-la em
meus braços futuramente.
Chegamos, Sr. Donald e eu, lá estavam os cuidadores Sr. Vicente e Sra.Virgínia,
ambos trabalhavam no sítio há décadas, a Sra. Virgínia era conhecida na região pelos seus
chás milagrosos, por isso minha mãe não hesitou em me enviar para cá. Me direcionei ao
quarto, estava cansado e com um pouco de falta de ar, ela imediatamente me ajudou a
deitar e me deu um chá, de cheiro horrível e gosto ainda pior!.
Dias se passaram e eu levemente fui melhorando, mandava cartas para Madeleine
explicando meu estado, o quanto nosso amor era valioso e que sobreviveria além de
qualquer tempo, meu pai levou o Doutor até a mim, minha melhora foi dada como mínima e
os sintomas estavam piorando, mas eu me sentia melhor, mas era uma doença sem cura,
eu iria morrer de qualquer forma. Dei início a medicações experimentais, pouco tempo
depois, entre chás, alimentação rica em vitaminas e as medicações, não estava 100%, mas
estava no caminho, então todos vieram me visitar, a casa estava cheia, família de
Madeleine, minha família, empregados.
Naquela noite, me sentia muito bem, então resolvi caminhar com minha amada no
jardim, ele era muito bem cuidado pelo Sr. Donald, não era um calor intenso como a capital,
estava agradável, fui em direção às coxilhas era um tanto afastado da casa, mas esse
momento me faria bem um momento a sós com ela, com pensamento longe, quando de
repente não mais conseguia respirar, escutei um grito abafado de Madeleine e apaguei.

Horas depois…

O Delegado da cidade chegou ao local com seus recrutas e peritos, encontrando todos em
um choro incessante, foi diretamente ao Sr. Donald que estava extremamente sério no
início da descida do jardim, para começar a coleta de depoimentos, é um momento difícil
para família, mas tratava-se de um assassinato, ele teria que fazer seu trabalho, o corpo foi
encaminhado para perícia inicial.

Excelentíssimo Sr. Delegado:

Abaixo segue os dados da perícia inicial:

Peso: 70 Kg

Causa da morte: tiro nas costas e perfuração do pulmão esquerdo.

Local em que foi encontrado: Jardim do sítio

Hora que foi encontrado: 18h30

Temperatura do corpo: 29,4º

Temperatura do ambiente: 25º

Diante dos dados recolhidos, a arma utilizada foi uma espingarda


Rifle Winchester, somente um atirador experiente e treinado,
conseguiria atingir com precisão uma distância de mais ou menos 7 a
12 metros de distância.

Depoimentos:

Sr. Donald:
“Trabalho há mais de 30 anos para família Castanheira, nunca me senti um escravo,
sempre me trataram com muito respeito, vi todos filhos do meu patrão nascer, o jovem
Marcos sempre foi um rapaz quieto, fraco, não tinha amigos, ele passava muito tempo no
jardim comigo, lendo o que ele chamava de melhores amigos, nos últimos dia sentiu fortes
dores e cansaço, mas sempre dizia que estava melhorando, eu faria qualquer coisa por
ele.”

Sra. Irene Costa Castanheira:


“Meu filho sempre foi muito gentil, quando criança tinha problemas de saúde, restrições
para atividades físicas, criou hábitos da leitura e seu mundo era esse, contratamos um
professor de música que o fez muito feliz, ele era introvertido, gostava apenas da música e
dos seus personagens. Era sempre doce com seus irmãos, conosco e qualquer pessoa que
o conhecesse, mas totalmente introspectivo para as amizades. Ele tinha uma alimentação
restrita, não gostava de legumes, verduras e frutas, eventualmente comia algo saudável.

Srta Madeleine Fonseca Queiroz:


“Marcos sempre será o amor mais profundo que terei, em suas atitudes ele era o único
homem que conheci que acredita no amor além de uma vida, seu olhar profundo
guardavam uma tristeza que nunca entendi, mas seu sorriso contradizia seus olhos, era
amável, sempre preocupado com meu bem-estar. Nosso amor sempre será incomum, em
suas últimas cartas, foi como despedida, não sei explicar essa sensação, quando chegamos
aqui meu irmão disse que eu deveria esperar o pior, mas eu não acreditava, ele também
escreveu para meu irmão, mas nunca soube o conteúdo da carta. Vê-lo morrer em meus
braços foi a dor mais aguda que já senti, mesmo sabendo que ele iria partir de qualquer
forma.
Sr. Carlos Fonseca Queiroz:
“Não tive muito contato com Marcos, as poucas vezes que eu o vi, foram em reuniões
familiares, pois nossas famílias se conheciam há longos anos, Madeleine e ele estavam
predestinados ao casamento por nossos pais e eles nem sabiam. Sempre muito educado e
respeitoso, qualidades que admirava nele, ele me enviou uma carta para que eu trouxesse
minha família para vê-lo e os dias que restavam ficar com a minha irmã, faço qualquer coisa
para que Madeleine fique bem e feliz, esses dias longe de Marcos, estavam a deixando
muito triste, achei um gesto corajoso, me fez outro pedido que não recordo, acabei
colocando fora a carta, uma vez que convenci meus pais a virem, não achei importante
guardá-la.”

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