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LEITURA

DA IMAGEM
Leitura da Imagem

Laura Célia Sant'Ana Cabral Cava


© 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Cava, Laura Célia Sant’Ana Cabral


C376l Leitura da imagem / Laura Célia Sant’Ana Cabral Cava
– Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A.,
2015.
192 p.

ISBN 978-85-8482-117-4

1. Alfabetização. 2. Linguagem. I. Título.

CDD 370.157
Sumário

Unidade 1 | Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 7


Seção 1 - Linguagem verbal, não verbal e mista 11
1.1 Linguagem verbal 12
1.2 Linguagem não verbal 12
1.1.2 Linguagem mista 19

Seção 2 - Leitura de imagem formal, informal, interpretativa e


contextualizada 21
2.1 Leitura de imagem formal, informal, interpretativa e contextualizada 21
2.2 Leitura de imagem no contexto escolar 25

Unidade 2 | Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 51


Seção 1 - Canal de comunicação 55
1.1 A linguagem e o sistema de signos 56
1.2 Linguagens verbais, não verbais - sistemas de signos 57
1.3 Teoria da comunicação 64
1.4 Funções da linguagem 66

Seção 2 - Leitura de obra de arte e propostas artísticas de leitura de


imagem na educação básica 73

Unidade 3 | Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 97


Seção 1 - Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 101
1.1 Curadoria educativa 101

Seção 2 - Arte e tecnologia 111


2.1 Arte, a língua do mundo 111
2.1.1 Internet art 119
2.2 Propostas artísticas interdisciplinares 121
Unidade 4 | A leitura de imagem na educação básica 141
Seção 1 - Proposta triangular 145
1.1 Campos conceituais da arte 145
1.2 Releitura de obra de arte 151

Seção 2 - Propostas interdisciplinares 161


2.1 Didática do ensino de artes visuais 161
2.2 Educação infantil 163
2.3 Propostas artísticas variadas 178
Apresentação

Olá caros leitores, sou a professora Laura Célia e apresento a vocês o livro Lei-
tura de Imagem. Espero que este livro possa auxiliá-los na consolidação de seus
conhecimentos, possibilite reflexões diversas e experiências estéticas.

A abordagem dos conteúdos será feita de maneira crítica e questionadora,


orientando você, prezado aluno leitor, a traçar paralelos com sua realidade para
uma aprendizagem significativa e contextualizada. De forma didática, o livro
explora a leitura de imagens e suas possibilidades no contexto escolar.

Vivemos rodeados por imagens, pois elas se encontram nos muros, nos
cartazes, nas paredes, nos outdoors, enfim, por toda parte e junto com as imagens
percebemos também, a forte presença da arte. Ela aparece nas apresentações
artísticas, nas apresentações circenses, no design dos diversos objetos, na
composição dos bordados, nas formas dos entalhes, na arquitetura, na interferência
urbana registrada em muros, como a dos grafiteiros, em praças, paredes, em
igrejas, nas revistas, jornais, televisão, cinema e tantos outros.

Para Camargo (apud REZENDE, 2005), a imagem foi o primeiro meio de


comunicação com o outro, ela, a imagem, constrói significado e esse significado
é simbólico. Esse mesmo autor nos diz que dialogamos com o mundo por meio
das imagens.

Nesse “dialogar com o mundo”, Freire (2003), já nos alertava em relação à


leitura, para ele, a leitura é bem mais que decodificar palavras: é ler o mundo.
E neste mundo moderno, repleto de mensagens pictóricas, a leitura também
envolve as imagens. Aprender a ler imagens vem primeiramente da necessidade de
compreensão do próprio mundo natural e, depois, da construção e compreensão
do mundo da cultura.

As imagens exercem uma função, como não são alheias aos fatos e
acontecimentos, elas revelam lugares, costumes, etnias, tempos, enfim, se
comunicam.

Ver, segundo Cava (2009), significa conhecer, perceber, apropriar-se de algo.


Pela visão alcançamos as pessoas, os objetos, as formas, enfim, o mundo ao nosso
redor. Ver também é um exercício de construção perceptiva, onde os elementos
selecionados e o percurso visual podem ser educados.

Sendo assim, convido você a uma imersão no mundo das imagens e


consequentemente no mundo da arte! Espero contagiá-lo com a minha
fascinação pela arte e provocá-lo, no sentido de refletirmos juntos sobre esta área
do conhecimento tão relevante para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, cultural
e estético! Espero que juntos possamos compartilhar experiências sensíveis.

Na unidade I, Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo, abor-


daremos, na seção 1, o conceito de linguagem que é o uso da língua como
forma de expressão e comunicação entre as pessoas. Apresentaremos também
alguns exemplos de linguagem verbal, de linguagem não verbal e a linguagem mis-
ta. Na seção 2, mencionaremos a possibilidade de ler obras de arte e os aspectos
relacionados à leitura da imagem formal, informal, interpretativa e a contextualizada.

Na Unidade II, Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo,


iniciaremos a seção 1 definindo o que seja linguagem, estudaremos o sistema de
signos e a definição deste, apresentaremos sobre a teoria da comunicação. Na
seção 2, compreenderemos propostas de leitura de imagem nas diversas áreas do
conhecimento, abordaremos os métodos de leitura de imagem dos teóricos em
arte/educação Edmund Feldman, Robert Ott, Michael Parsons e Abigail Housen,
por considerarmos serem os pioneiros em estudos sobre leitura de imagem no
ensino da arte contemporânea.

Na Unidade III, Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino,


iniciaremos na seção 1, abordando a curadoria educativa, que é uma proposta
artística, em que o professor, em sala de aula, trabalha semelhante a um curador
em um museu, dentre as ações exercidas neste trabalho destacamos a escolha
de obras de arte, os critérios utilizados e a leitura destas. Apresentaremos também
algumas sugestões de trabalhos que partem da obra de arte como suporte
interpretativo em uma perspectiva interdisciplinar. Na seção 2, explicaremos
a possibilidade do trabalho de arte articulando-se com a tecnologia, isto é,
estudaremos a possibilidade de leitura e interpretação de imagens em suas diver-
sas formas tecnológicas, midiáticas. Abordaremos alguns movimentos artísticos
que utilizam da tecnologia como recurso.

Na Unidade IV, A leitura de imagem na educação básica, iniciaremos a seção 1


apresentando a proposta de Ana Mae Barbosa denominada de Proposta Triangular,
que difundiu-se por todo o Brasil e foi mal interpretada, por denominarem a
proposta de metodologia e, principalmente em relação à releitura de obra de
arte, que foi confundida como cópia. Na seção 2, compreenderemos algumas
propostas artísticas contextualizadas, tendo como suporte interpretativo a obra de
arte. Estas propostas artísticas poderão ser realizadas na educação infantil, ensino
fundamental e o ensino médio. O que mudará nelas será o grau de complexidade.

Bons estudos!
Unidade 1

ALFABETIZAÇÃO VISUAL:
A IMAGEM COMO OBJETO
DE ESTUDO

Laura Célia Sant’Ana Cabral Cava

Objetivos de aprendizagem:
l Compreender o que seja linguagem;
l Distinguir linguagem verbal e não verbal;
l Perceber as possibilidades de leitura de imagens diversas;
l Compreender os aspectos formais, informais, interpretativos e
contextualizados da leitura de obra de arte.

Seção 1 | Linguagem Verbal, Não Verbal e Mista


Nesta seção, apresentaremos o conceito de linguagem que é o uso
da língua como forma de expressão e comunicação entre as pessoas.
Estudaremos também alguns exemplos de linguagem verbal, linguagem
não verbal e a linguagem mista. Como lidamos com elas? As utilizamos
no nosso dia a dia? Encontramos com frequência estas linguagens?
Como utilizá-las em sala de aula? Que tipo de atividades porpor a partir
da linguagem verbal, não verbal e mista? Sobre estes questionamentos
será nossa conversa a seguir.
U1

Seção 2 | Leitura de imagem formal, informal,


interpretativa e contextualizada
Nesta seção, compreenderemos sobre a imagem formal, informal,
interpretativa e contextualizada. Iniciaremos falando sobre a leitura
imagética, sobre as contribuições que esta atividade promove para o
desenvolvimento do aluno, falaremos também sobre a alfabetização
visual, a leitura de obra de arte: formal, interpretativa e contextualizada e
por fim, sobre releitura de obra de arte.

10 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Introdução à unidade

Caros leitores, nosso objeto principal de estudo neste livro, iniciando por
esta unidade, será a imagem e as possíveis forma de utilizá-la na educação, não
como ilustração, mas em relação à imagem em si, seu potencial de leitura e de
interpretação.

Abordaremos várias questões relevantes até chegar à leitura de imagem pro-


priamente dita e nas possibilidades de propostas que ela sugere. Tendo a imagem
como ponto de partida, distinguiremos os diferentes tipos de leitura: leitura de
imagem formal, informal, interpretativa e contextualizada.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 11


U1

12 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Seção 1

Linguagem verbal, não verbal e mista


Quando nos referimos à linguagem, estamos falando sobre a forma com a
qual nos comunicamos com os outros, isto é, nos comunicamos pela linguagem
verbal, não verbal e mista, ou seja: oral, escrita, visual, gestual, sonora, todas juntas,
às vezes apenas com uma ou duas destas. Todas estas linguagens seguem padrões
definidos pela sociedade e estes são diferentes entre si dependendo da situação
ou do ambiente em que o indivíduo se encontra.

Mas, afinal, o que é linguagem verbal, não verbal e mista?

Simples, o uso da linguagem verbal diz respeito ao uso da escrita ou da fala,


por isso elas são extremamente relevantes no processo de comunicação. Um texto
narrativo, um bilhete, uma carta, uma entrevista, um diálogo, uma reportagem
(jornal escrito ou televisionado) dentre outros. Já o uso da linguagem não verbal,
é uma forma de comunicação que utiliza imagens, figuras, desenhos, símbolos,
dança, tom de voz, postura corporal, pintura, música, mímica, escultura e gestos
como meio de comunicação.

Nosso enfoque neste livro será acerca da linguagem não verbal, no entanto,
faz-se necessário refletir sobre as demais (verbal e mista).

A linguagem mista é aquela que utiliza das duas, verbal e não verbal, ao
mesmo tempo.

Para saber sobre linguagem verbal e não verbal assista ao link:


<https://www.youtube.com/watch?v=EbKhjelBYOM>. Acesso em: 29
dez. 2014.
A relação entre a linguagem não-verbal e verbal - Língua Portuguesa -
Super Aulas ENEM.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 13


U1

1.1 LINGUAGEM VERBAL

Vamos primeiramente exemplificar o que seja uma linguagem verbal, o poeta


Vinícius de Moraes, por meio das palavras, se expressou para falar sobre fidelidade.
Em seu soneto, ele descreve o seu amor por alguém, a sua dedicação, colocando-o
em um pedestal intocável e no final conclui dizendo, que este amor seja infinito,
enquanto dure:

Para conhecer o "Soneto de Fidelidade" de Vinícius de Moraes, confira


o link:
<http://www.releituras.com/viniciusm_fidelidade.asp.>. Acesso em: 29
dez. 2014.

Assim, como Vinícius de Moraes se expressou por meio da poesia, podemos


nos expressar por meio de uma carta, uma crônica, uma canção, uma mensagem
eletrônica, também falando dentre outros. Quando utilizamos um destes meios,
estamos nos referindo a linguagem verbal.

1.2 LINGUAGEM NÃO VERBAL

Agora vamos conhecer a linguagem não verbal. Percebemos muito sobre uma
determinada pessoa, por meio de sua postura, do tom de sua voz, seus gestos e
expressões, etc. Não apenas em seres humanos há esta percepção, mas também
nos animais, por exemplo, quando um cachorro balança a cauda quer dizer que
está feliz ou coloca a cauda entre as pernas expressa medo, insegurança, tristeza.

14 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Figura 1.1- Expressões caninas

Fonte: O autor (2014)

A linguagem não verbal está expressa na simbologia, nas placas de trânsito, nas
cores do semáforo, nos logotipos e na arte, chegando, então, no nosso ponto de
partida para a reflexão sobre leitura de imagem. De acordo com Cava (2009), a
proposta contemporânea para o ensino de Arte é trabalhar com imagens, dentre
elas obras de arte.

Agora vamos a um exemplo de linguagem não verbal:

Figura 1.2 - Leitura

Fonte: Cava (apud CAVA 2009, p. 26).

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 15


U1

Pelo que percebemos a leitura do menino não está sendo muito prazerosa, há
uma interrogação, uma dúvida sobre o que está lendo, parece que está difícil a sua
compreensão. Para percebermos isto, não precisamos de uma legenda, a própria
imagem já nos diz.

Vamos agora a uma obra de arte de Victor Meireles, a seguir. Você acha que
precisa de leitura para entender de que se trata de um evento religioso, o contexto
em que isso ocorre, as cores que foram utilizadas, se é uma obra abstrata ou
figurativa e outros? Pois é, a própria imagem já nos diz. Mas para sabermos com
maiores detalhes e precisão do que se trata, sobre o contexto, nome da obra e
do artista etc., aí sim, precisamos de um relato verbal ou por escrito, isto é, da
linguagem verbal.

Figura 1.3 - Primeira Missa Victor Meireles – Primeira Missa – 1860

Fonte: Disponível em:<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Meirelles-primeiramissa2.jpg?uselang=pt-br>.


Acesso em: 19 nov. 2014.

16 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


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Nossos gestos e atitudes falam por nós! E gritam mais alto que nossas
palavras! No filme VOCÊ SABE EM QUE RUAS NÓS TRABALHAMOS
HOJE? No vídeo Comunicação não verbal - O corpo fala - Linguagem
corporal, com Charlie Chaplin, no link a seguir, podemos conferir o
que estamos dizendo. Para saber sobre linguagem verbal e não verbal
assista ao link:
<https://www.youtube.com/watch?v=1ow1oDkhkjo>. Acesso em: 20
nov. 2014.

Vamos conferir algumas imagens não verbais que estamos habituados a ler:

Figura 1.4 - Silêncio

Fonte: Disponível em: <http://giogiordani.wordpress.com/page/2/>. Acesso em: 20 nov. 2014.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 17


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Figura 1.5 - Amor

Fonte: O autor (2014)

Antes de entrarmos na linguagem mista, pensemos nas imagens e como elas


se comunicam e também como elas nos remetem à arte, pois, assim como as
imagens, a arte exerce esta função de comunicação, por meio dela as pessoas se
comunicam, se expressam, sendo assim, seu ensino é de extrema relevância no
contexto escolar.

A arte são conhecimentos adquiridos e passados de geração por geração.


Por meio do estudo da arte adquirimos conhecimentos artísticos, estéticos e
contextualizados, no entanto, ela também mexe com emoções e sentimentos.
Metaforicamente podemos dizer que a arte faz bem para a alma!

Sobrevivemos sem arte, no entanto, a vida seria muito sem graça sem ela, pois a
arte dá cor, sabor, emoção, encantamento, prazer em nossas vidas, e nos propicia
também conhecimento e muitos outros sentimentos que nos tornam vivos, nos
fazem vibrar, nos sensibilizam e nos tocam!

18 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


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Figura 1.6 - Uma pitada de algo mais

Fonte: Cava (2014, p. 48)

Podemos perguntar: A arte comunica? Existem pessoas que se expressam


por meio da palavra, outras por meio dos sons, dos movimentos, dos gestos, das
imagens, enfim, se expressam por intermédio da arte.

Neste vídeo, logo a seguir, vocês encontrarão uma revisão do ENEM,


realizada pelo professor Luciano Carielo, graduado em Língua
Portuguesa - PUC/Minas, que abordará o texto verbal e não verbal.
Link:
<https://www.youtube.com/watch?v=1W_L5-xZ1DE>. Acesso em: 20
nov. 2014

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 19


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De acordo com Martins, Picosque e Guerra (1998), “Arte”, uma palavra pequena,
em relação à quantidade de letras, porém intensa em relação a seu sentido, ela
comunica, provoca, encanta e ultrapassa as barreiras do tempo, da distância e da
cultura, basta observarmos que os primeiros registros de arte surgem lá na pré-
história, muito antes da escrita ser inventada e acompanha o homem desde lá até
a contemporaneidade. Abaixo, na figura 1.7, observamos uma pintura rupestre na
localidade de Chirapaca, província Andes na Bolívia. A representação parece ser de
bailarinas de Morenada entre os séculos de XVII e XVIII.

Figura 1.7 - Arte Rupestre

Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Morenada_-_pintura_rupestre_de_Chirapaca.
svg?uselang=pt-br>. Acesso em: 20 nov. 2014.

Segundo Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 34), “antes mesmo de saber


escrever, o homem expressou e interpretou o mundo em que vivia pela linguagem
da arte. A caverna, com sua umidade rochosa, foi o ateliê do homem pré-histórico”.

O homem primitivo tinha necessidade de


compreender aquele mundo em que vivia, de se
comunicar e a arte preencheu essa necessidade.
As imagens impressas nas paredes das cavernas
pré-históricas revelavam um conhecimento
de mundo que o homem primitivo construiu.
(CAVA, 2009, p. 63)

20 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


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Figura 1.8 – Pintura rupestre

Fonte: Cava (2009, p. 18)

1.1.2 Linguagem mista

Voltando às linguagens, vocês viram os exemplos de linguagem verbal, lingua-


gem não verbal, portanto nos resta agora apresentar a linguagem mista, que é o
uso simultâneo da linguagem verbal e da linguagem não-verbal, usando palavras
escritas e figuras ao mesmo tempo, como por exemplo, as histórias em quadrinhos.

Na linguagem mista, os textos escritos e imagéticos se inter-relacionam, isto


é, um precisa do outro, para que haja sentido e o leitor possa entender. Veja no
exemplo a seguir:

Figura 1.9 – Balde de água fria

Fonte: Cava (2009, p. 13)

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 21


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Esta imagem sem o texto, provavelmente perderia o sentido e este texto sem a
imagem também não teria sentido, portanto, ambas se completam.

1. Com que tipo de linguagem nós nos comunicamos no


nosso dia a dia?

2. De acordo com o que foi estudado, como é a linguagem


mista?

Pensando no cinema mudo, no trecho do Filme VOCÊ SABE


EM QUE RUAS NÓS TRABALHAMOS HOJE? com Charlie
Chaplin, que apresentamos algumas páginas atrás, você ainda
tem dúvidas de que o corpo fala, de que há uma Linguagem
corporal?

22 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


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Seção 2

Leitura de imagem formal, informal,


interpretativa e contextualizada

Na primeira seção, apresentamos as linguagens verbal, não verbal e mista. A


partir da linguagem não verbal, podemos falar da imagem e se é possível lê-las.
Vocês acham que as imagens podem ser lidas? Será que todos lemos imagens da
mesma forma? O que é leitura interpretativa e contextualizada? Falaremos sobre a
leitura formal, a leitura informal, a leitura interpretativa e a leitura contextualizada.

IMAGENS PODEM SER LIDAS?

Nesta seção, estudaremos sobre a leitura de imagem formal, informal,


interpretativa e contextualizada. Iniciaremos falando sobre leitura imagética,
sobre as contribuições que esta atividade promove para o desenvolvimento
do aluno, abordaremos também a alfabetização visual, uma necessidade na
contemporaneidade, e a leitura de obra de arte.

2.1 Leitura de imagem formal, informal, interpretativa e contextualizada

Será que podemos ler imagens? Vejamos o exemplo a seguir:

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 23


U1

Figura 1.10 - Leitura de imagem

Você acredita que imagens podem ser lidas?

Caso você tenha dito não, vamos


exemplificar: imaginemos que você estivesse
em um deserto, morrendo de sede,
desidratado e encontrasse duas garrafas
contendo líquidos, se você não tomasse água
você morreria, qual dessas duas garrafas você
arriscaria em abrir e tomar o líquido?

Fonte: O autor (2014)

Como somos seres singulares, ou seja, únicos, temos um jeito único e próprio
de ler, perceber e interpretar imagens, pois nossas leituras estão relacionadas
com nosso jeito de ser, nossa história de vida, o contexto em que vivemos, o
conhecimento que temos em relação à arte, nossa idade, dentre outros. Portanto,
diante de uma mesma imagem, temos formas, sensações, percepções e
interpretações diferentes.

Figura 1.11- Pedro Américo - Autorretrato de Pedro Américo na Batalha do Avaí

Fonte: Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Autorretrato_de_Pedro_Am%C3%A9rico_na_


Batalha_do_Ava%C3%AD.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2014.

24 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

O que devemos levar em consideração durante a leitura de uma imagem?


Vejamos a seguir alguns aspectos relevantes que poderão ser utilizados desde a
educação infantil, até o ensino médio, aumentando apenas o grau de complexidade.

Leitura Formal: que elementos compõem esta obra? Quando abordamos os


aspectos formais, estamos nos referindo a elementos expressivos, como a linha,
a forma, a cor, o volume, o equilíbrio, a perspectiva e outros.

Figura 1.12 - Os Gêmeos- SP

Fonte: Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Dewey_Os_Gemeos.JPG?uselang=fr>.


Acesso em: 20 nov. 2014.

Elementos formais é a matéria-prima para produção artística, ou seja,


os recursos empregados numa obra, por exemplo:
Elementos formais da música – altura, duração, timbre, intensidade,
densidade;
Elementos formais das artes visuais – os elementos visuais constituem
a substância básica daquilo que vemos, e seu número é reduzido: o
ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a
escala e o movimento;
Elementos formais do teatro – personagem (expressões corporais,
vocais, faciais), ação e espaço cênico;
Elementos formais da dança – movimento corporal, tempo e espaço;
Composição é o processo de organização e desdobramento dos
elementos formais que constituem uma produção artística.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 25


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Agora vamos para a leitura interpretativa, esta é mais livre no sentido em que
trata-se de uma interpretação, não há conteúdos a seguir, o que há é a percepção
do professor em relação a suas escolhas, a suas perguntas.

Leitura Interpretativa: neste momento vale tudo o que já foi dito anteriormente,
a história de vida do espectador, sua idade, o conhecimento sobre arte que possui,
suas vivências dentre outros.

Será neste momento que o aluno expressará suas percepções. Que lembranças
lhe vêm à cabeça, o que conhece sobre arte, o que aquela imagem lhe diz, enfim,
como ele a interpreta, a percebe.

Contextualização Histórica: Já na contextualização histórica o professor dará


as informações referentes à obra, seu produtor, o contexto em que foi feita, o
estilo, dentre outros, de acordo com a idade de seus alunos. É fora de propósito
dar uma aula de história da Arte a alunos de educação infantil ou dos anos iniciais
do ensino fundamental, com memorização de datas e nomes, já nos anos finais
do ensino fundamental e no ensino médio o professor poderá aumentar o grau de
complexidade quando for contextualizar.

Nesta proposta de leitura de imagem, o espectador falará sobre o contexto em


que a obra foi realizada, dando suas primeiras impressões, após a leitura, o professor
esclarece e complementa sobre suas interpretações de forma contextualizada.

Figura 1.13- O rabequista árabe - Pedro Américo

Fonte: Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pedro_Am%C3%A9rico_-_A_


rabequista_%C3%A1rabe_-_1884.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2014.

26 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Ao lermos determinadas imagens, alguns sentimentos nos provocam como:


encantamento ou estranhamento, de certa forma, estabelecemos um diálogo
com a imagem e seu produtor, pois ler é atribuir significados a algum texto, no
caso de obras artísticas, estamos falando de textos visuais, que são lidos a partir do
momento que começamos a estabelecer relações entre nossas vidas e a imagem,
sobre o que sabemos, sentimos e somos, sobre nossa história de vida, dentre
outros, articulando assim, com a imagem e a mensagem que esta traz. A leitura se
torna real quando estabelecemos essas relações.

2.2 LEITURA DE IMAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR

Bem, como já vimos anteriormente, há milhares de anos as pessoas fazem


imagens que representam o mundo que as rodeiam, utilizando materiais diversos,
técnicas e formas de expressão variadas. Estas imagens, que iniciaram lá nas
paredes das cavernas até a contemporaneidade, comunicavam, sendo assim,
podemos então chamar estas paredes de suporte midiático, pois foi o primeiro
suporte utilizado pelos homens primitivos para se comunicarem.

E no contexto escolar, há professores que utilizam imagens em suas aulas?


Como estes a utilizam?

É muito importante que o professor utilize imagens diversas em suas aulas, a


leitura de imagens é um canal para o ensino de Arte, pois, ao propor atividades
como a de leitura de imagens, o professor estará propiciando aos alunos o
desenvolvimento da percepção, observação, atenção, análise, senso crítico,
senso estético e criação de sentido, dentre outros. De acordo com Martins,
Picosque, Guerra (1998, p. 74),

Da mesma forma que para ler os livros


precisamos decodificar as letras, sílabas,
dominar a gramática, enfim, ser alfabetizados
nessa língua, o mesmo acontece com a arte.
Quanto mais uma pessoa entra em contato com
as formas artísticas, mais se aprofunda nessa
linguagem, enriquece seu repertório, conhece
autores/artistas, tem acesso à compreensão da
produção estética da Humanidade.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 27


U1

Figura 1.14 - Apreciação estética

Fonte: O autor (2014)

A proposta contemporânea para o ensino e aprendizagem


de Arte sugere trabalhar com muitas imagens em sala de
aula, pois, com tantas imagens a nossa volta, a alfabetização
visual torna-se uma necessidade, precisamos estimular
nossos alunos a ver e aprender a ver. Mas afinal, como os
alunos podem aprender a ver? Como estimulá-los a verem?
[...] As pessoas só conseguem ver, perceber determinados
detalhes, nuances daquilo que conhecem que observam
com atenção, por isso a necessidade de trabalhar com
imagens, dentre elas as obras de arte, para aprender
interpretá-las, estimulando assim, o desenvolvimento
do senso crítico e estético nos alunos. Um médico, por
exemplo, olha um exame de ultrassom e entende certos
significados que uma pessoa leiga não compreende isto
porque, ele conhece o assunto e aprendeu a decodificar
aquelas imagens. Quando educamos o olhar dos alunos,
no sentido de diante de uma imagem, eles percebam cores,
formas, linhas, texturas, temáticas, intenções, conceitos,
mensagens, sensações e outros, no caso da obra de arte,
certamente compreenderão melhor os códigos artísticos
(CAVA, 2009, p.11).

28 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Terão mais facilidade em ler e interpretar os códigos artísticos e as mensagens


que estão por detrás de uma imagem.

Conheça o filme “Sonhos de Akira Kurosawa”, trata-se de um espectador


diante de telas (obras de arte) de Vincent Van Gogh, durante a apreciação
estética, o espectador entra dentro do quadro e este cria vida.
Akira Kurosawa
Kurosawa dirigiu 30 filmes. É amplamente considerado como um dos
cineastas mais importantes e influentes da história do cinema.
Akira Kurosawa's Dreams - Van Gogh
<https://www.youtube.com/watch?v=We8NpHPXzwI>. Acesso em: 29
dez. 2014.

É bom que desde cedo os alunos tenham contato com imagens diversas e
dentre elas as obras de arte, conhecendo o artista, a obra e o contexto em que foi
realizada.

A leitura de imagens, se detalhada constitue-se em canais de conhecimento,


aprimorando, desse modo, a sensibilidade. E quando aperfeiçoarmos o olhar de
nossos alunos promovemos a compreensão. No dizer de Fernando Pessoa (apud
CAMPOS, 2007 , p. 31) “[...] O que em mim sente está pensando [...]”.

A imagem é diferente de um texto escrito convencional, no entanto não menos


importante. As imagens constituem uma forma muito importante de veicular as
ideias e as informações e constantemente são utilizadas em outdoors, nas revistas,
nos jornais, nas propagandas, dentre outros.

Quando falamos em leitura de imagens diversas, muitas pessoas ficam confusas


sobre o que realmente seja, pois não concebem as imagens como textos, muito
menos para serem lidos. Mas nós lemos, fazemos constantemente nossas leituras,
não só de textos escritos ou verbais como também de outros. Mesmo que essas
leituras não sejam conscientes, nós lemos. Lemos o mundo a nossa volta e tudo
o que ele nos oferece. Lemos as cores, as formas, as texturas, os sons, as imagens
e as pessoas, a leitura implica em tramitar por tudo isso, as coisas são vistas em
conjunto.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 29


U1

Ler imagens diversas, dentre elas obra de arte, é uma interpretação cultural,
ler uma imagem é o mesmo que decompô-la, que descrevê-la minuciosamente,
de acordo com Pillar (1999), em relação à obra de arte, ler uma obra de arte é
observá-la, perceber suas formas, texturas, cores, seu tema, os sentimentos que
provocam, as lembranças que desencadeiam dentre outros. Essa leitura da obra
de arte propõe uma leitura de mundo e de nós mesmos neste mundo.

A leitura de obras de arte algumas vezes nos provoca sentimentos de


estranhamento, encantamento, nos leva a dialogar com a obra e seu produtor, em
alguns casos, ela nos desvela, isto porque nós nos vemos na obra e vemos a obra
em nós.

A leitura de imagens, dentre elas obras de arte, no contexto escolar, desde a


educação infantil, é aconselhável. Esta leitura deverá ser oralmente, para que o
professor possa saber como os alunos estão observando e interpretando a obra,
para provocá-los, caso seja necessário, a perceberem maiores detalhes e fazerem
perguntas, deixando dessa forma, a aula mais dinâmica e completa.

Depois da leitura de obra, o professor pode contextualizá-la.

O mais importante ao propor leitura de obra de arte, é inseri-la no contexto da


sala de aula, é fazer com que as crianças, desde muito pequenas já convivam com
a arte, é apresentar obras de arte.

Em uma proposta de leitura de obra, o professor deverá iniciar fazendo alguns


questionamentos, mas é bom lembrar que neste tipo de proposta, o professor é
o mediador entre a obra apreciada e o aluno, que deverá fazer suas intervenções
apenas nos momentos oportunos, no primeiro momento, quem mais deverá
falar sobre suas percepções e sensações são as crianças. Estas intervenções, se
necessárias, serão uma forma de instigar o olhar da criança e propiciar que esta,
perceba questões que não foram percebidas.

Elencamos algumas características do professor mediador: o professor


mediador é aquele que dinamiza sua aula, que está entre dois ou mais, age como
um orientador entre conteúdos e alunos, sabe lidar com os erros, ajuda seus
alunos com a organização, é um estimulador de aprendizagens e de superação
de obstáculos, é um instigador, fazendo com que seu aluno seja curioso, levante
hipóteses, construa conceitos, valores, atitudes e habilidades. Este deverá
agir também como um provocador, que desconstrói certezas e problematiza
conteúdos. Outra característica é a interação do professor mediador com seus
alunos, a flexibilidade e o estabelecimento de vínculos. O professor mediador
deverá se mostrar competente na sua área de atuação, transmitindo conhecimento
e domínio teórico na forma de conduzir sua aula, ele favorece a postura reflexiva e
investigativa de seus alunos. Desta maneira, ele irá colaborar para a construção da
autonomia de pensamento e de ação, ampliando a possibilidade de participação

30 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

social e desenvolvimento mental, capacitando os alunos a exercerem o seu papel


de cidadão do mundo.

Para facilitar o entendimento, vamos exemplificar como proceder diante de


uma proposta artística de leitura de obra de arte, lembrando que as perguntas são
apenas sugestões, o importante é que o próprio professor elabore suas perguntas
de acordo com sua sala de aula e seu contexto:

- Esta imagem é boa?

- O que vocês sentem ao vê-la: encantamento, vocês gostam, sente-se


bem ao vê-la? Estranhamento, vocês não gostam, a acham estranha? Ou
não sentem nada, são indiferentes à imagem?

- Que lembranças ela lhes provoca?

- Que música lhes vem à cabeça?

- Você já viu um quadro semelhante a este, onde?

- Quais cores existentes na obra?

- Existem mais cores fortes ou fracas?

- Qual a cor predominante?

- Que formas você encontra na obra?

- Qual o tema?

- A obra tem cores primárias?

- Tem cores secundárias?

- Que tipo de linhas consta na obra?

É claro que o vocabulário terá que ser condizente com a faixa etária das crianças,
para que haja entendimento, mas utilizando paralelamente a nomenclatura correta.
Não precisa necessariamente fazer tantas perguntas, estas são apenas sugestões.
Caso ele esteja trabalhando cores, por exemplo, pode dar mais ênfase na questão
das cores ou formas ou diferentes tipos de linhas, texturas etc.

Quando a criança faz a leitura de uma obra de arte, geralmente ela cria uma
história sobre o que está vendo, o professor deve deixá-la usar a imaginação, isto
contribui, para mais tarde, quando for produzir um texto se saia bem.

Depois que fizerem a leitura da obra, o professor a contextualiza dizendo algumas


informações sobre ela. É importante que diga que a imagem é a reprodução de

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 31


U1

uma obra de arte, (explique o que é reprodução, por exemplo), caso não seja a
obra original, para Suzuki et al. (2012, p. 52)

Reprodução é como se fosse a foto da obra, pois


a obra verdadeira está no museu ou com um
colecionador ou em outro lugar desconhecido.
Em uma reprodução, o tamanho quase nunca é
real, basta olharmos para uma fotografia nossa,
ela nos representa, nos reproduz, no entanto,
não somos nós, não é do nosso tamanho real.

As informações relativas às obras trabalhadas deverão ser breves, pois é fora


de propósito dar uma aula de história da arte nos moldes da escola tradicional,
com memorização de datas e locais a crianças da educação infantil ou ensino
fundamental (anos iniciais). A contextualização histórica deverá ser breve, de
acordo com a idade dos alunos, com seu tempo de concentração e também com
a sua curiosidade.

A leitura de obra de arte permite que o aluno desenvolva sua percepção,


observação, imaginação, sensibilidade, senso estético e a criticidade, propicia,
também, o conhecimento da obra e seu produtor e quando o aluno, desde a
educação infantil a lê e tece comentários sobre ambos (obra e produtor), ele estará
sendo estimulado a desenvolver a oralidade, descontração, tolerância (esperar sua
vez) e a expressar sua opinião sobre algo.

No link a seguir vocês refletirão sobre:

O que fazemos quando


apreciamos?

Apreciação de artes visuais Constituindo OLHARES


<http://files.comunidades.net/bethoarte/Apreciacao_13e14_09_11EI.
pdf>. Acesso em: 29 dez. 2014

32 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Pensando no Ensino Médio, da mesma forma podemos trabalhar, elaborando


questões mais complexas. Como exemplo, apresentaremos um relato da autora,
de uma atividade proposta para a 8ª série (9º ano) que se encaixaria no Ensino
Médio.

A proposta era representar o tema amor, a partir de variados textos (visual,


sonoro, escrito), iniciei tendo como suporte interpretativo, a obra “O Beijo" de
Auguste Rodin, trata-se de uma escultura em mármore e está atualmente no
(Musée Rodin), em Paris. O artista inspirou-se nos delírios amorosos vividos com
sua assistente Camille Claudel para esculpi-la. Utilizei em sala de aula um pôster,
para representar a escultura. Houve uma participação muito grande dos alunos,
falaram sobre a escultura, sobre a habilidade de Rodin, sobre o beijo. Depois que
eu contextualizei, falando sobre a obra e produtor, pedi que se organizassem em
grupos, no primeiro momento, solicitei que imaginassem a escultura feita por eles,
nos dias de hoje, como seria? Neste trabalho foi utilizada a técnica de colagem.

No encontro seguinte, espalhei textos (crônicas, poemas, versos, pensamentos


etc.) sobre a temática "Amor". Três grupos escolheram o soneto de Camões [...] o
amor é fogo que arde sem se ver [...]. Na outra aula, cada grupo trouxe um CD,
com canções relativas ao tema.

O objetivo de leitura de obra de arte deve ser o de apreciação estética, de exercício


de observação e percepção visual, a construção de sentido e a possibilidade,
por intermédio das observações e relatos dos alunos, do desenvolvimento da
criticidade, oralidade, descontração, sensibilidade, imaginação, senso estético
e outros, além da reflexão em torno da obra de arte, o contexto em que foi
realizada e seu produtor. O professor poderá trabalhar também com o relato dos
sentimentos e sensações provocados e aspectos formais, cores, formas, linhas,
equilíbrio, simetria, etc. e não utilizá-la apenas como ilustração.

Estamos falando sobre imagens, ou seja, linguagem visual, sobre a proposta de


trabalharmos com leitura de imagens, sendo assim, faz-se necessário conhecermos
seus elementos básicos, isto é, aqueles elementos que formam a imagem como:
ponto, linha, forma, cor, textura dentre outros. Vamos conhecer alguns destes:

Ponto: por ser um elemento básico na produção artística é utilizado por todo
artista na realização de seus trabalhos artísticos. O ponto tem como característica
a simplicidade este não pode ser reduzido, não possui formato nem dimensão.
Quando estão agrupados apresentam um expressivo efeito visual com formas
ordenadas ou aleatórias em que o olho reúne os pontos em uma única imagem. O
ponto constrói a imagem e funciona como referência no espaço visual por ter um
grande poder de atração para a visão humana.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 33


U1

Como nosso assunto é o ponto, é importante conhecermos alguns


movimentos artísticos que este elemento básico faz-se muito presente,
como o Pontilhismo e a Pop Art.
Pontilhismo: desenvolvida por Georges Seurat no final do séc. XIX, o
pontilhismo foi uma técnica inovadora de pintura, que propunha formar
imagens por meio de pontos, minúsculos pontos de cores pincelados
na tela, fazendo com que, ao ser observado a uma certa distância, que
estes pontos se misturavam formando a imagem.

Figura 1.15 - Domingo à tarde na Ilha Grande Jatte

Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tarde_de_Domingo_na_Ilha_de_Grande_


Jatte#mediaviewer/File:A_Sunday_on_La_Grande_Jatte,_Georges_Seurat,_1884.jpg>. Acesso em: 09 dez. 2014.

Temos também a Pop Art que utiliza os pontos em suas produções.

34 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Pop Art é um movimento artístico surgido na década de 50 na Inglaterra,


mas que alcançou sua maturidade na década de 60 em Nova Iorque. A
Pop Art propunha que se admitisse a crise da arte que assolava o século
XX, desta maneira pretendia demonstrar com suas obras a massificação
da cultura popular capitalista. Procurava a estética das massas, tentando
achar a definição do que seria a cultura pop, aproximando-se do que
costuma chamar de kitsch.
Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pop_art>. Acesso
em: 09 dez. 2014.

Figura 1.16 - POP ART

Fonte: Disponível em: <http://saatis.com.br/blog/2009/07/a-arte-de-roy-lichtenstein-pop-art-1/ >. Acesso em:


09 dez. 2014.

Linha: ao agrupar vários pontos ordenadamente, um após outro, do mesmo


tamanho, obtemos a linha, ou seja, temos a ilusão óptica de linha.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 35


U1

Vocês já observaram como a linha está presente em nosso dia a dia,


principalmente na natureza? Então convido vocês a começarem olhar o mundo
de outra maneira, pois a linha está presente em nossa vida e em todas as coisas
que estão ao nosso redor. Observem a folha de uma árvore, veja como ela possui
muitas linhas. Vamos ver as linhas.

Figura 1.17 - Folha

Fonte: Disponível em: <http://www.papeldeparede.fotosdahora.com.br/papeisdeparede/2709/folha_verde_chuva/>.


Acesso em: 09 dez. 2014.

Figura 1.18 - Flor

Fonte: O autor (2014)

36 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Veja um trabalho realizado utilizando linhas e canetas esferográficas:

Figura 1.19 - Linhas

Fonte: O autor (2014)

Vejam as linhas na obra de Van Gogh.

Linhas quebradas não estão nem na vertical nem


na horizontal, e portanto estão em movimento.
Elas nos passam uma sensação de raiva e força.
Linhas diagonais são confusas, vibrantes. Nas
composições bidimensionais linhas diagonais
indicam profundidade, criando uma ilusão de
perspectiva.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 37


U1

Linhas curvas e espirais criam movimento,


fluidez e passam a sensação de sonho.
Linhas sinuosas são sensuais e suaves, e podem
nos transmitir uma sensação de sonho.
Observe este trabalho de Van Gogh, pintor
holandês pós-impressionista. Ele usou linhas
curvas para desenhar a textura do campo de
trigo e das plantas, e também para desenhar
as montanhas e as nuvens, transmitindo uma
sensação de movimento, de alucinação (POUGY,
2014, p. 13).

Figura 1.20 - Campo de trigo e ciprestes

Fonte: Disponível em:<http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/arte/elementos/mod02/04__linha_expr.


htm>. Acesso em: 09 dez. 2014.

38 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Forma: Ao nosso redor encontramos diversas formas, pois todas as coisas


têm forma, muitas vezes elas estão ligadas a sua função. Observe um prato, por
exemplo, sua função é a mesma de todos os pratos, suporte ou vasilha para colocar
alimento, o que muda é o seu “design”, ou seja, o desenho dele que poderá ser
oval, circular, quadrado, liso, com pinturas, branco, transparente, colorido etc.

A organização imaginária que damos a um conjunto de linhas dando um


sentido de orientação espacial e de reconhecimento da imagem representada se
deriva da forma.

Pensando na arte, temos obras de arte cuja as formas são figurativas e outras
formas abstratas.

A pintura figurativa é um termo usado para descrever as manifestações artísticas


que representam: a forma humana, os elementos da natureza e os objetos criados
pelo homem, ou seja, são aquelas formas que olhamos e identificamos o que são,
por exemplo: uma xícara, uma cadeira, um sapato. A pintura figurativa pode ser
realista ou estilizada, desde que haja o reconhecimento do que foi desenhado.

Figura 1.21 - Figurativa - Robert Duncan

Fonte: Disponível em:<http://essaseoutras.xpg.uol.com.br/veja-maravilhosas-pinturas-do-fazendeiro-robert-


duncan-confira/>. Acesso em: 09 dez. 2014.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 39


U1

Já as formas abstratas, são chamadas de indefinidas. Por exemplo: Manchas,


linhas, pontos, formas.

A arte abstrata ou abstracionismo é


geralmente entendido como uma forma
de arte (especialmente nas artes visuais) que não
representa objetos próprios da nossa realidade
concreta exterior. Ao invés disso, usa as relações
formais entre cores, linhas e superfícies para
compor a realidade da obra, de uma maneira
"não representacional" (ARTE...2014).

Figura 1.22 - Abstrata - Tomie Ohtake, sem título, 1959

Fonte: Disponível em: <http://monadorf.ig.com.br/2011/04/13/as-pinturas-cegas-de-tomie-ohtake/>. Acesso


em: 10 dez. 2014.

40 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

EXPRESSIONISMO ABSTRATO: Pingos, gotejamentos, gestos rápidos,


criados geralmente em suportes imensos, estas são as características do
movimento artístico Expressionismo Abstrato, american-type painting,
ou então, action painting como era conhecido. O Expressionismo
Abstrato foi um movimento artístico dos anos 40, muito popular, que
surgiu após Segunda Guerra Mundial e teve suas origens nos Estados
Unidos. Foi o primeiro movimento especificamente americano a atingir
influência mundial e também que colocou Nova Iorque no centro do
mundo artístico, posição esta que antes era exercida por Paris na França.

Textura: é o aspecto de uma superfície, ou seja, a "pele"


de uma forma, que permite identificá-la e distingui-la de
outras formas. Quando tocamos ou olhamos para um
objeto ou superfície sentimos se a sua pele é lisa, rugosa,
macia, áspera ou ondulada. A textura é, por isso, uma
sensação visual ou tocável (TEXTURA...2014).

Figura 1.23 - Dürer - Lebre jovem

Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Textura#mediaviewer/


File:Durer_Young_Hare.jpg>. Acesso em: 09 dez. 2014.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 41


U1

Uma pintura, é a sensação tátil da tela. Pode basear-se na tinta e na


técnica da sua aplicação ou por materiais adicionais como borracha,
metal, madeira, tecidos, couro, terra, areia, etc., e tem impacto visual
e tátil. A textura na pintura estimula dois sentidos diferentes. Torna-se,
por isso num elemento único da arte plástica. (TEXTURA...2014).

Veja a textura do papel neste trabalho, ou seja, a sua superfície:

Figura 1.24 - Vincos no papel

Fonte: Do autor (2014).

1. Qual objetivo da leitura de obra de arte?

2. O que fazemos quando apreciamos uma obra de arte?

42 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Desta forma, podemos sugerir a leitura de imagens desde a educação infantil


até o ensino superior, o que mudará é o repertório imagético e a complexidade
das questões levantadas, juntamente com a contextualização histórica, que quanto
maior for o aluno, mais aprofundada poderá ser.

Vamos ver um exemplo de como trabalhar com imagens: Jean-François Millet


Mulher na janela.

Figura 1.25- Jean-François Millet Mulher na janela - Inst. de Arte – Chicago - (1844)

Fonte: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0a/Jean-Fran%C3%A7ois_Millet_


Mulher_na_janela.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 20 nov. 2014.

SUGESTÃO ATIVIDADE ENSINO MÉDIO: A partir desta temática,


escolha duas obras de arte com esta mesma temática e escreva um
texto fazendo a comparação entre ambas: as cores, as semelhanças, as
diferenças, os períodos históricos de ambas, seus produtores etc.
Sugerimos que o professor, a partir desta obra de arte apresentada na

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 43


U1

figura 1.25, trabalhe, nesta atividade, com outras obras de arte, veja a
seguir algumas sugestões de obras:
Mulher na Janela - Salvador Dalí - 1925
Disponível em:
< http://comentada.blogspot.com.br/2011_06_01_archive.html >.

Mulher da janela...
Disponível em:
< http://cefaleiapoetica.blogspot.com.br/2009/02/mulher-da-janela.
html >.

Reflita sobre o que a autora Analice Dutra Pillar (1999)


escreveu e estabeleça um paralelo entre esta reflexão e as
leituras que você já realizou diante uma imagem.

OLHAR
“... pensar sobre uma
imagem, o que ela mostra e
como ela mostra, é ler, é
atribuir-lhe um
significado, é estabelecer
uma relação de produção de
sentido...”

Pillar (1999)

44 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Ao sugerirmos leitura de imagens, dentre elas obras de arte, faz-se necessário


lembrar, que esta leitura poderá acontecer tanto em sala de aula, como também
em visita a museus, galerias, exposições em lugares diversos etc. Para Manguel
(apud REZENDE, 2005),

Ao ler uma imagem, no primeiro momento a


leitura se configura naquilo que é possível ver.
Assim, o autor diz que ao visitarmos um museu
ou uma exposição de arte, por mais que se
conheça aquilo que se vê ou que anteriormente
o visitante tenha lido os catálogos que
comentam a exposição, a primeira leitura será
sempre a do significado mais básico e visível
do que está sendo visto. Assim, ao ver um
quadro com barcos em uma praia, toda pessoa
perceberá que os barcos são as figuras centrais
do quadro. Somente depois dessa percepção
inicial é que o leitor pode ater-se aos detalhes,
realizar correlações, e deixar que a subjetividade
aconteça. Isso acontece porque, segundo
Manguel: “O que vemos é a pintura traduzida
nos termos da nossa própria experiência” (2006,
p. 27, grifo do autor). Ou seja, cada expectador
em especial fará a correlação da pintura vista
com as suas próprias experiências. Uma pessoa
que adora andar de barco terá uma percepção,
outra que já sofreu um sério acidente de barco,
perceberá e será afetado pela cena de outra
forma. Em continuidade a essa idéia de que
a imagem tem relação com nossas próprias
experiências, o escritor afirma: “Só podemos ver
aquilo que já vemos, ou identificamos” (2005, p.
29, grifo do autor).

Essa aproximação ou não aos elementos pintados na obra de arte, que o autor
alude, é o que nos faz, muitas vezes, termos uma experiência estética.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 45


U1

Em relação ao trabalho com leitura de obras na educação infantil e fundamental


I, de acordo com o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil - RCNEIs
(BRASIL, 1998, p. 101-103),

As histórias, as imagens significativas ou os fatos


do cotidiano podem ampliar a possibilidade de
as crianças escolherem temas para trabalhar
expressivamente.[...] No que diz respeito às
leituras das imagens, deve-se eleger materiais
que contemplem a maior diversidade possível
e que sejam significativos para as crianças. É
aconselhável que, por meio da apreciação, as
crianças reconheçam e estabeleçam relações
com o seu universo, podendo conter pessoas,
animais, objetos específicos às culturas regionais,
cenas familiares, cores, formas, linhas etc.
Entretanto, imagens abstratas ou renascentistas,
por exemplo, também podem ser mostradas
para as crianças.

Quanto menor a criança, mais receptiva a obras ela é, inclusive as obras não
figurativas. Uma sugestão é trabalhar desde educação infantil, além das temáticas
sugeridas pelos RCNEIs, as obras de artistas Naïf, que em geral são coloridas,
figurativas, apresentando temáticas simples do cotidiano como: festas, casamentos,
brincadeiras, animais, etc.

A seguir, apresentaremos uma sugestão de trabalho com leitura de imagem


que instiga o aluno a pensar, a fazer analogia entre duas ou mais obras de arte,
a encontrar um fio condutor entre elas, ou seja, algo que as três imagens / obras
apresentadas, a seguir, tenham em comum:

46 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Figura 1.26 - Noite estrelada

Fonte: Disponível em: <http://livreopiniao.com/2014/01/29/van-gogh-da-arte-para-a-astronomia/>. Acesso


em: 09 dez. 2014.

Figura 1.27 - Noite Estrelada Sobre o Ródano

Fonte: Disponível em: <https://arteemtodaaparte.files.wordpress.com/2011/06/noite-estrelada-sobre-o-


rc3b3dano1.jpg>. Acesso em: 09 dez. 2014.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 47


U1

Figura 1.28 - Noite de São João

Fonte: Disponível em: < http://jensoares.blogspot.com.br/p/junho-justica-seja-feita-joao-pedro.html>. Acesso


em: 09 dez. 2014

Aconselhamos que o professor apresente as obras sem dizer o pintor e o título.


Vejam algumas perguntas que poderíamos fazer para aprofundar esta leitura:

Você conhece estas obras? As três parecem ser do mesmo pintor? Por quê?

Que título você daria a elas?

Qual o fio condutor entre elas, ou seja, o que as três têm em comum? Que
palavra poderia ser utilizada para traduzir esta obra?

Há o predomínio de qual cor em cada uma delas?

Que tipos de linhas você vê na figura 1.26? Curva ou sinuosa? Quais?

Que pergunta você faria sobre estas pinturas?

Podemos encontrar vários pontos de convergência entre as obras. Analisar


estes pontos é um excelente exercício de análise, observação, percepção e
interpretação.

48 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

• Vimos nesta unidade o que é linguagem. Apresentamos


a linguagem verbal: carta, bilhete, relatório, fala, etc., a
linguagem não verbal: imagens, gestos, movimentos, sons,
etc., e a linguagem mista que une a escrita e a imagem:
histórias em quadrinhos, charges, etc.

• Abordamos os diferentes aspectos que poderão ser


abordados na leitura de obra de arte: aspectos formais,
informais, interpretativos e contextualizados;

• Apresentamos a importância da leitura imagética, dentre elas


a de obras de arte para o desenvolvimento da observação,
percepção, senso crítico, estético, sensibilidade, criação de
sentido dentre outros.

• Refletimos sobre a importância do professor mediador.

Caros leitores, acreditamos que vocês tenham compreendido


sobre a linguagem verbal, não verbal e mista, que entendam
a relevância do trabalho com leitura de imagens, pois uma
preocupação básica dos professores é que o ensino flua com
naturalidade, e para tanto, é necessário certo compromisso e
comprometimento do aluno com as tarefas estipuladas. Para
que isso aconteça, o conteúdo e as atividades devem adequar-se
às possibilidades dos alunos e representar desafios estimulantes.
Propor aos alunos variadas formas de ensino, trazer imagens,
obras de arte, fazer a interpretação destas, faz com que a
educação seja significativa e, quanto mais envolvente a proposta,
mais possibilidade o professor, assim, terá que estabelecer um
vínculo afetivo com seu aluno e esta união de fatores só tende a
trazer resultados positivos.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 49


U1

Ao ler imagens os alunos desenvolvem muitas potencialidades e


estas potencialidades contribuirão no ensino e aprendizagem de
outras áreas do conhecimento também.

Não podemos nos esquecer de que cada leitura é única, pois os


alunos são singulares e têm um jeito único e próprio de ser.

1. Ao ler uma imagem quais habilidades são desenvolvidas?

a. ( ) de raciocínio lógico, intuição e humor.


b. ( ) observação, percepção, senso crítico, estético,
sensibilidade, criatividade intuição, raciocínio e
imaginação obeservação, percepção, intuição, raciocí-
nio e imaginação.
c. ( ) a sensibilidade, raciocínio lógico, a noção espacial, etc.
d. ( ) apenas de criatividade.

2. O que é leitura de obra de arte?

3. Qual é o papel do professor na leitura de obra de arte?

4. Como o professor atua no final da leitura da imagem / obra


de arte que foi analisada?

5. Ana Paula em sua aula de artes visuais apresentou a


imagem abaixo para sua turma do ensino médio.

50 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


U1

Figura 1.30 – Joseph Beuys

Fonte: Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Joseph_Beuys_


installation_stamp.jpg>. Acesso em: 29 mar. 2014.

Marque a alternativa correta:

I. Trata-se de uma imagem da arte barroca.

II. Refere-se a uma modalidade ou linguagem das artes


visuais: a performace.

III. Com este trabalho, ou seja, com essa imagem, podemos


promover uma reflexão e debate sobre os suportes e
técnicas de criação visual.

IV. A instalação é uma modalidade ou linguagem das artes


visuais.

É correto o que se afirma em:

A. Apenas as afirmativas I e II estão corretas.


B. Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
C. Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
D. Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
E. Todas as afirmativas estão corretas.

Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo 51


U1

Referências

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dominical. 24 jan. 2007. Disponível em: < http://www.jornaldepoesia.jor.br/har17.
html>. Acesso em: nov. 2011.

CAVA, Laura Célia Sant’Ana Cabral. Ensino das artes: pedagogia. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2009.

CAVA, Laura Célia Sant’Ana Cabral. Ensino de Arte e música. Londrina: UNOPAR,
2014.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. In:______. A importância do ato de ler


em três artigos que se completam. 45. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha


Telles. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer
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PILLAR, Analice Dutra. A educação do olhar do ensino das artes. Porto Alegre:
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POUGY, Eliana. Elementos da arte visual: elementos da linguagem: ponto, linha


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REZENDE, Lucinea Aparecida de. Leitura e visão de mundo: peças de um quebra


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SUZUKI, Juliana Telles Faria et al. Ludicidade e educação. São Paulo: Pearson
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TEXTURA. Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Textura>. Acesso


em: 09 dez. 2014.

52 Alfabetização visual: a imagem como objeto de estudo


Unidade 2

EDUCAÇÃO DO OLHAR:
AS IMAGENS NA LEITURA
E VISÃO DE MUNDO
Laura Célia Sant’Ana Cabral Cava

Objetivos de aprendizagem:

l Compreender o que seja linguagem;

l Conceituar semiótica e sistema de signo;

l Conhecer e compreender a teoria da comunicação;

l Conhecer os estágios da leitura de obra de arte proposta por Parsons.

Seção 1 | Canal de comunicação


Iniciaremos a seção 1 definindo o que seja linguagem, apresentaremos
o estudo da semiótica e o sistema de signos e a definição deste. Falaremos
sobre a teoria da comunicação.

Seção 2 | Leitura de obra de arte e propostas artísticas de


leitura de imagem na educação básica

Nesta seção, apresentaremos propostas de leitura de imagem nas


diversas áreas do conhecimento, abordaremos “os métodos de leitura de
imagem dos teóricos em arte/educação Edmund Feldman, Robert Ott,
Michael Parsons e Abigail Housen, por considerarmos serem os pioneiros
em estudos sobre leitura de imagem no ensino da arte contemporânea”
(ARAUJO; OLIVEIRA, 2013, p. 23).
U2

54 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Introdução à unidade

Como vivemos em um mundo imagético, acreditamos que a alfabetização


visual torna-se uma necessidade. Transpondo ao contexto escolar, é importante
que as imagens sejam trabalhadas desde a educação infantil, mas não apenas
como mera ilustração, e sim para a interpretação e análise. Assim como o texto
escrito é importante, da mesma maneira é o texto visual.

As imagens são linguagens, sendo assim, possibilitam ao homem manifestar


suas emoções, desejos, anseios, seus pensamentos, ou seja, se comunicarem e
interagirem.

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 55


U2

56 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Seção 1

Canal de comunicação

Estudar o conceito de linguagem e compreeder seu funcionamento constitui


entender melhor os seres humanos e/ou animais, suas culturas e suas interações.
Uma vez que é a linguagem que possibilita ao homem manifestar suas emoções,
desejos, anseios, em suma, seus pensamentos. Por meio dela os membros de uma
mesma cultura interagem. Há quem afirme que os animais também desenvolveram
linguagens, mas não com a complexidade humana.

SISTEMA DE COMUNICAÇÃO HUMANA

O sistema de comunicação humana está pautado em um sistema complexo de


signos convencionais e de sons emitidos por um aparelho fonador.

O estudo dos signos inicia na antiguidade clássica, a partir de estudos


desenvolvidos por filósofos gregos e latinos.

Platão analisa e observa a estrutura trágica do signo:

• onoma (o nome)

• eido ou logos (a noção, ideia)

• pragma (a coisa referente)

Ao longo dos séculos, o signo foi abordado por diversos pensadores como
Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Leonino de Pádua, e também Roger Bacon
e São Tomás de Aquino que escrevem os livros, De Signis e Tractotus de Signis,
respectivamente.

Mas é no final do século XIX e início do século XX que surgem dois grandes
expoentes para a questão: Charles Sandres Pierce, instrumentalizando os estudos
filosóficos e o pai da linguística, Ferdinand Saussure.

Para Saussure (1988), um signo apresenta um significante e suscita um

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 57


U2

significado.

1.1 A linguagem e o sistema de signos

A linguagem é um sistema de signos. Talvez você esteja pensando o que seja


signo, e será sobre isso que falaremos a seguir.

Falar de signo, nos remete ao filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce


(1839 - 1914) que foi o criador de uma teoria geral dos signos, denominada de
semiótica.

O objeto de estudo da semiótica é a representação. Os signos servem para


produzir referência, representar algo.

Para Nöth (1995, p. 19):

[...] a semiótica é a ciência dos signos e dos


processos significativos (semiose) na natureza
e na cultura. A investigação semiótica abrange
virtualmente todas as áreas do conhecimento
envolvidas com as linguagens ou sistemas de
significação, tais como a lingüística (linguagem
verbal), a matemática (linguagem dos números),
a biologia (linguagem da vida), o direito
(linguagem das leis), as artes (linguagem estética)
etc.

Para Santaella (1983, p. 15, grifo do autor) a semiótica "é a ciência que tem por
objeto de investigação todas as linguagens possíveis".

Bom, vimos que a semiótica estuda os signos. E os signos? Como operam os


signos e o pensamento do homem? Vamos exemplificar para melhor entender-
mos.

Podemos dizer, metaforicamente, que a semiótica é como se fosse uma ciência


que nos ensina a "ver" por meio dos nossos sentidos, como se fossem "antenas" de
captação de mensagens verbais e não verbais, visíveis e invisíveis na estrutura dos
textos com que interagimos diariamente.

Dessa forma,

58 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Somos rodeados por ruidosas linguagens verbais


e não-verbais - sistemas de signos - que servem
de meio de expressão e comunicação entre nós,
humanos, e podem ser percebidas por diversos
órgãos dos sentidos, o que nos permite identificar
e diferenciar, por exemplo, uma linguagem oral
(fala), de uma linguagem gráfica (a escrita, um
gráfico), de uma linguagem tátil (o sistema de
escrita braile, um beijo), uma linguagem auditiva
(o apito do guarda ou juiz de futebol), uma
linguagem olfativa (um aroma como o perfume
de alguém querido), uma linguagem gustativa (o
gosto apimentado do acarajé baiano ou o gosto
doce do creme de cupuaçu) ou as linguagens
artísticas. Delas fazem parte (a música, o canto)
e a linguagem visual (o desenho, a pintura, a
escultura, a fotografia, o cinema), entre outras.
(MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998, p. 13)

1.2 Linguagens verbais, não verbais - sistemas de signos

Figura 2.1 - Linguagem oral - a fala

Fonte: Do autor (2014)

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 59


U2

Linguagem gráfica - escrita, gráfico, texto

O conhecimento sensível parte da percepção


corporal e é imprescindível no processo
educativo. Algumas visualidades têm o corpo
como eixo central e produzem um discurso
visual próprio; há casos em que ele mesmo é o
suporte, como na arte da francesa Orlan e do
australiano Stelarc. Isso ocorre também entre os
jovens que fazem intervenções corporais como
tatuagens ou piercings, entre outras ações que
traduzem códigos sociais de identidades e
comportamentos (SINAES, 2011, p. 16).

Figura 2.2- Línguagem tátil

Fonte: Do autor (2014)

60 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Figura 2.3 - Linguagem auditiva

Fonte: Disponível em: <http://eradasmentespoderosas.blogspot.com.br/2012/01/sons-que-podem-ajudar.


html>. Acesso em: 11 dez. 2014.

Figura 2.4 - Linguagem olfativa

Fonte: Disponível em: <http://www.zastavki.com/eng/Food/Drinks/wallpaper-41239.htm>. Acesso em: 11 dez.


2014

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 61


U2

Figura 2.5 - Linguagem gustativa - comida

Fonte: Do autor (2014)

Figura 2.6 - Linguagens artísticas – trabalhos artísticos

Fonte: Do autor (2014)

62 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Como a linguagem é um sistema de representação pelo qual olhamos, agimos


e nos tornamos conscientes da realidade, podemos dizer então, que por meio
da linguagem, apresentamos nosso estar-no-mundo. Estamos constantemente
lendo e produzindo linguagens, que são ao mesmo tempo, leitura e produção de
sistemas de signos.

De acordo com (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998), a palavra carro, o de-


senho de um carro, o esquema de um carro, a fotografia de um carro, a escultura
de um carro, são todos signos do objeto carro.

Figura 2.7 - Signos

PALAVRA PINTURA FOTOGRAFIA ESCULTURA


CARRO

Fonte: Do autor Fonte: Fonte: Disponível em:


(2014). Disponível em: <http://blogautoplanet.
<http://www. blogspot.com.br/2011/10/
descomplicando. c a r ro - d e - l a t i n h a s u m a -
com/img/fotos/ escultura-genial.html>.
carro%20de%20 Acesso em: 08 dez. 2014.
controle%204.jpg>.
Acesso em: 08 dez.
2014.

Para Peirce (apud MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998, p. 26):

[...] um signo é alguma coisa que representa


uma outra coisa: seu objeto (ideia ou coisa) para
alguém sob algum aspecto ou qualidade. Tanto
a palavra quanto o desenho ou o esquema, a
fotografia ou a escultura de um carro não são o
próprio carro. São signos dele, um representante.
Cada um deles, de um certo modo, representa a
realidade carro.

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 63


U2

Só é considerado signo, quando este tem o poder de representar algo para


alguém (intérprete), ou seja, quando está no lugar de algo.

Para este intérprete, o signo que é representado em sua mente, um segundo


signo que traduz o significado do primeiro. Parece difícil, mas não é. De acordo
com (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998, p. 35):

Quando você olha o desenho de um carro, olha


um signo (a representação) do objeto carro. Sua
mente processará esse signo fazendo vir ao seu
pensamento um segundo signo (a representação
que sua mente faz a partir do objeto carro
representado). Este é o interpretante, que traduz
para você o significado do primeiro signo.
Como intérprete, você olhou o desenho de um
carro (signo) e sua mente o interpretou criando
um outro signo (interpretante), que mostra a
você que é um carro.

Para Peirce (1972), não há pensamento sem signos. O pensamento é totalmente


estruturado em uma corrente de signos. Voltando ao intérprete o signo-objeto
deverá fazer parte das referências pessoais e culturais, caso contrário, não há
possibilidade de o signo denotar o objeto para o intérprete.

Podemos afirmar, de acordo com as ideias de Peirce (1972), que o mundo


está repleto de signos entre os quais o homem também se faz signo, suas ideias
são signos. A ideia deste autor, é que não há lugar no mundo vazio de signos.
Respiramos e transpiramos representações, sistemas sígnicos que se compõem
em linguagens.

Se toda e qualquer linguagem é o instrumento para recortar, categorizar


e perceber o mundo, também é, como diz o sociólogo francês, historiador da
ciência, Pierre Levy (1995, p. 72):

64 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

[...] um instrumento com o qual os seres


humanos podem se desligar parcialmente
da experiência corrente e recordar, evocar,
imaginar, jogar, simular. Assim eles descolam
para outros lugares, outros momentos e outros
mundos. Não devemos esses poderes às línguas,
mas igualmente às linguagens plásticas, visuais,
musicais, matemáticas, etc. Quanto mais as
linguagens se enriquecem e se entendem,
maiores são as possibilidades de simular,
imaginar, fazer imaginar um alhures ou uma
alteridade.

Pensando na linguagem artística, para (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998,


p. 39):

Toda linguagem artística é um modo singular


de o homem refletir - reflexão/reflexo - seu
estar-no-mundo. Quando o homem trabalha
a linguagem, seu coração e sua mente atuam
juntos em poética intimidade.
Na leitura da linguagem da arte, do seu
sistema sígnico, o homem leva ao extremo sua
capacidade de inventar e ler signos com fins
artísticos-estéticos.

Vamos a outro exemplo: imagine que você esteja assistindo um mímico


encenando um despertar, o abrir os olhos, bater a mão no despertador, o
despreguiçar, o bocejar e o levantar. Este não precisou usar as palavras para que
os espectadores entendessem do que se tratava, pois seus gestos, seu corpo
comunicou, eles leram os signos (gesto/postura - linguagem cênica) e a partir

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 65


U2

desta encenação de um despertar o espectador pôde compreendê-la.

Vejam “O Pensador”, a famosa estátua do escultor francês René François Augus-


te Rodin (1840 - 1917). Esta é um signo, que nos remete à reflexão, pensamento.

Figura 2.8 - O PENSADOR Auguste Rodin - após 1917

Fonte: Disponível: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Auguste_Rodin_-_O_Pensador_01.


jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 20 nov. 2011.

1.3 TEORIA DA COMUNICAÇÃO

Para se comunicar, o ser humano utiliza-se não apenas da linguagem verbal,


como vimos anteriormente, mas também de sinais que estão organizados e
transmitem algo a alguém, isto é, a outra pessoa.

Para que haja a comunicação temos o emissor e o receptor, ou seja, um emite


a mensagem e o outro a recebe. Esta mensagem, além de verbal, poderá ser
de outras formas, a partir de variados códigos de comunicação como: palavras,
gestos, desenhos, sinais de trânsito, etc.

Para que haja a mensagem, há que se pensar também em um meio transmissor,


este denominamos de canal de comunicação e refere-se a um contexto, a uma
situação.

Para que você, caro leitor, compreenda melhor esta explicação, apresentaremos.
São, então, os seguintes elementos da comunicação: emissor, receptor, mensagem,

66 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

código, canal de comunicação e contexto:

Emissor - trata-se daquele que emite a


mensagem.
Receptor - trata-se daquele que recebe a
mensagem.
Mensagem - É o conjunto de informações
transmitidas.
Código - É a combinação de signos utilizados na
transmissão de uma mensagem. A comunicação
só se concretizará, se o receptor souber
decodificar a mensagem.
Canal de Comunicação - trata-se do canal
por onde a mensagem é transmitida: TV, rádio,
jornal, revista, cordas vocais, ar.
Contexto - trata-se da situação a que a
mensagem se refere, também chamado de
referente. (CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA PAULA SOUZA, 2006).

Figura 2.9 - Teoria da Comunicação

Fonte: Do autor (2014)

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 67


U2

1. Quem foi o criador de uma teoria geral dos signos


denominada semiótica?

2. De alguns exemplos de linguagem tátil.

No processo de comunicação, há necessidade de que as palavras


tenham um significado, que cada palavra represente um conceito. Essa
combinação de conceito e palavra é chamada de signo. O signo une um
elemento concreto, material, perceptível (um som ou letras impressas)
chamado significante, a um elemento inteligível (o conceito) ou
imagem mental, chamado significado. Por exemplo, a "abóbora" é o
significante - sozinha ela nada representa; com os olhos, o nariz e a
boca, ela passa a ter o significado do Dia das Bruxas, do Halloween.
Signo = significante + significado.
Significado = idéia ou conceito (inteligível)

Fonte: Disponível em: <http://www.olimpogo.com.br/arq/portugues/1


AnoElementosDaComunicacao.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2014

1.4 Funções da Linguagem:

As funções constituem os usos que a linguagem pode ter.

68 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

O emissor, ao transmitir uma mensagem,


sempre tem um objetivo: informar algo,
ou demonstrar seus sentimentos, ou
convencer alguém a fazer algo, entre outros;
consequentemente, a linguagem passa a ter
uma função, que são as seguintes:
Função Referencial
Quando o objetivo do emissor é informar,
ocorre a função referencial, também chamada
de Denotativa ou de Informativa. São exemplos
de função denotativa a linguagem jornalística e
a científica.
Ex.: Numa mochila há três cadernos,
dois livros, um boné e um estojo.
O texto acima tem por objetivo informar o que
contém na mochila, portanto sua função é
referencial (CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA PAULA SOUZA, 2006, grifo do
autor).

Esta está relacionada a tutoriais, documentos, receitas, legendas etc.

Figura 2.10 - Documento

Fonte: Do autor (2014).

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 69


U2

Função Conativa

Podemos chamá-la de

[...] função Conativa, ou Apelativa, isto é, quando


o emissor tenta convencer o receptor a praticar
determinada ação. É comum o uso do verbo
no Imperativo, como: "Compre batom" ou
"compre três e pague um". É uma tentativa
de convencimento por parte do emissor ao
receptor para que este pratique a ação de
comprar ali (CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA PAULA SOUZA, 2006, grifo do
autor).

Por isso é muito frequente o uso de verbos no imperativo.

Função Emotiva

Também chamada de Expressiva, diz respeito à demonstração de sentimentos,


ou seja, “quando o emissor demonstra seus sentimentos ou emite suas opiniões
ou sensações a respeito de algum assunto ou pessoa” (FUNÇÕES...,2014). Não
raro, se for em texto verbal, haver o uso da primeira pessoa.

Ex.: Guernica é um símbolo doloroso do terror que pode ser produzido pelas
guerras.

Função Metalinguística

Constiui a utilização do código para falar dele mesmo: mãos representando o


ato de desenhar ou uma pessoa mostrado o ato de silenciar ou falando do ato de
falar.

Ex.: Canto porque gosto de cantar. Ao passar as ideias para o papel, sinto-me
realizada...

70 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Figura 2.11 - "Mãos de Escher" - 1948

Fonte: Disponível em: http://www.coroflot.com/thomashynes/black-and-white-art-mediums>. Acesso em: 11


dez. 2014.

Função Fática

É o tipo de função usada para abrir, manter ou fechar a comunicação. Tem


pouca carga informativa.

Ela é mais comum quando o emissor testa o canal de comunicação, a fim


de observar se está sendo entendido pelo receptor, a função é fática, ou seja,
pode ocorrer quando o emissor quebrar a linearidade contida na comunicação
comumente nessa função observam-se perguntas como "é isto?", "entendeu?", "tá
ligado?", "ouviram?", ou frases como "alô!", "oi".

Ex.: Alô vó! Fiz o que pediu, certo? Devo voltar à nave? Alô!!

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 71


U2

Figura 2.12 - Criança ao telefone

Fonte: Do autor (2014)

Função Poética

Normalmente essa função ocorre quando há um tratamento na linguagem ou


palavras, estas não foram escritas ao acaso, ou seja, ela opera com palavras bem
selecionadas. Nessa função estamos nos referindo à linguagem das obras literárias,
principalmente das poesias, em que as palavras são escolhidas e dispostas de
maneira que se tornem singulares, ou seja, à função poética.

Ex.: "O amor é fogo que se arde sem se ver..."

Em um mesmo contexto, duas ou mais funções podem ocorrer


simultaneamente: uma poesia em que o autor discorra sobre o que ele
sente ao escrever poesias tem as linguagens poética, emotiva e, por
vezes, até a metalinguística ao mesmo tempo.
Fonte: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAlJIAI/
portugues-concurso-1>. Acesso em: 12 dez. 2014.

72 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Reflita sobre o que é necessário para que haja a mensagem?

1. Qual função normalmente ocorre quando há um tratamento


na linguagem ou palavras?

2. E quando o objetivo do emissor é informar, qual função


ocorre?

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 73


U2

74 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Seção 2

Leitura de obra de arte e propostas artísticas de


leitura de imagem na educação básica

A leitura de imagens, dentre elas obras de arte, é de extrema relevância no


contexto escolar, pois possibilita o desenvolvimento da observação, percepção,
imaginação, intuição, senso estético, senso crítico, análise, interpretação,
sensibilidade, reconstrução, criação de sentido e conhecimento.

A leitura que as pessoas fazem não são as mesmas, pois cada pessoa é única e
ao analisar e interpretar uma obra de arte, por exemplo, sua leitura será relacionada
à sua história de vida, seu contexto, o conhecimento que traz em relação à arte,
sua idade, o momento que está vivendo, dentre outros.

Apresentaremos propostas de leitura de imagem e os métodos de leitura de


imagem dos teóricos em arte/educação Edmund Feldman, Robert Ott, Michael
Parsons e Abigail Housen, por considerarmos serem os pioneiros em estudos
sobre leitura de imagem no ensino da arte contemporânea.

Vejamos a seguir duas propostas artísticas a partir da leitura de obra de arte:

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 75


U2

Figura 2.13 - Duas mulheres à janela

Fonte: Disponível em: <http://mariana-oficinamultimedia.blogspot.com.br/2012/02/recriacao-de-quadros.


html>. Acesso em: 11 dez. 2014.

O que poderá ser proposto na aula de Arte?

• Leitura da obra;

• Analisar o uso de luz e sombra;

• Utilizar a obra como referência e imaginar o que as mulheres estão vendo. Fazer
uma composição pictórica sobre o imaginado;

• Relacionar uma música à imagem retratada na tela;

• Dar vida a esta cena (teatro).

Outras disciplinas que possam ser envolvidas:

• Língua Portuguesa: Criar um diálogo entre as mulheres;

76 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Veja no link abaixo, que interessante a recriação de pinturas trazendo


para os dias atuais.

Fonte: Disponível em: <http://mariana-oficinamultimedia.blogspot.


com.br/2012/02/recriacao-de-quadros.html>. Acesso em: 29 dez.
2014.

METODOS DE LEITURA DE IMAGEM

De acordo com Feldman (1993 apud ARAUJO; OLIVEIRA, 2013)

[...] nos anos 1970 o teórico Edmund Burke


Feldman, em sua obra intitulada Becoming
Human Through Art: Aesthetic Experience In The
School, que propõe uma metodologia de leitura
de imagem no ensino da arte que deveria ser
aprendida pelo indivíduo por meio da técnica,
da crítica e da criação.

Ou seja, “[...] sua metodologia propõe formar um olhar crítico e trabalhar a


construção de uma pessoa mais crítica em termos de arte” (LÉLIS, 2004, p. 40).

Veremos inicialmente o método de Edmund Feldman que utilizando o método


comparativo de leitura, analisa duas ou mais obras de arte com o objetivo do
indivíduo apontar as diferenças e semelhanças visuais entre as obras analisadas,
seguindo quatro estágios de análises, como pode ser visto na tabela 2.1:

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 77


U2

Tabela 2.1 - Método de leitura de imagem de Edmund Feldman

Estágios Descrição
Descrever Identificar apenas o que está evidente na obra de arte.
Analisar Identificar elementos da composição visual, estabelecendo
relações entre os elementos encontrados na obra de arte.
Interpretar Procurar identificar quais os sentidos, ideias, sentimentos e
expressões intencionadas pelo autor, ou seja, dar sentido ao que
observou na obra de arte.
Julgar Emitir juízo de valor sobre a obra de arte, se ela é importante ou
não, se tem qualidade estética.
Fonte: Do autor (2014)

Na década de 80 surge um método de Robert William, que propõe o


desenvolvimento estético e o conhecimento da arte, baseado na produção
artística, crítica, estética e história da arte (OTT, 1989; 1997), através de seis estágios,
descritos na tabela 2.2:

Tabela 2.2 - Método de leitura de imagem de Robert William Ott

Estágios Descrição
Aquecer/
Preparar o material visual e/ou obra de arte que será apreciado.
Sensibilizar
Descrever Descrever os aspectos formais da imagem.
Analisar os conceitos formais da obra visual, como o artista
Analisar
organizou a sua composição visual.
O leitor interpreta a obra visual, apontando que sentimentos lhe
Interpretar
são trazidos, ideias ou sensações.
É ampliado ao leitor o conhecimento da obra visual por meio
Fundamentar
da contextualização histórica.
O fazer artístico, ou seja, a realização de produção artística a
Revelar
partir da obra observada.
Fonte: Do autor (2014)

78 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


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Em 1980, Michael Parsons, em sua obra Compreender a Arte (PARSONS, 1992),


propôs um método que se baseava na compreensão das imagens pela pessoa em
diferentes estágios. De acordo com este autor, a pessoa passa por cinco estágios.
Veja na tabela 2.3:

Tabela 2.3 Método de leitura de imagem de Michael Parsons

Estágios Descrição
Favoritismo/
Primeiramente a pessoa faz uma seleção de uma obra visual ou
Preferência/
parte dela que goste.
Gosto Pessoal
Beleza/ Em seguida, ela escolhe imagens ou obras visuais que são
Realismo “bonitas” ou o tema que considera “bonito”.
Nesta fase, o importante é a expressão do artista, para
Expressão compreender as intenções dele ao produzir a obra visual; que
sentimentos, ideias ou sensações a obra expressa.
Nesta fase, o espectador demonstra interesse pelo estilo
Estilo/Forma e composição visual da obra, buscando relacionar com a
expressividade dela.
Juízo/ Entender a validade da obra segundo seu contexto social e
Interpretação/ histórico, buscando compreender os sentidos e experiência que
Autonomia ela traz ao espectador.
Fonte: Do autor (2014)

A metodologia proposta por Abigail Housen (1983) se refere ao desenvolvimento


da compreensão dos estágios de leitura de imagem pelo indivíduo, em quatro
fases, indicadas na tabela 2.4:

Tabela 2.4 - Método de leitura de imagem de Abigail Housen


Estágios Descrição
Descritivo/
Como a obra visual foi feita, sua composição, como o artista a
Narrativo/
produziu.
construtivo
Quem é o artista que produziu a obra, em que ano e época a
Classificativo obra foi feita, quais os materiais e procedimentos utilizados na sua
produção.
Interpretativo Que sensações, ideias ou sentimentos a obra expressa.
Recriativo Fazer artístico baseado na mesma obra visual observada.
Fonte: Do autor (2014)

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 79


U2

Podemos afirmar que essas propostas e estudos sobre a leitura da imagem


no ensino da arte foram fundamentais para que uma metodologia deste ensino
no Brasil fosse criada. Inicialmente com o nome equivocado de Metodologia
Triangular a Proposta Triangular teve na pesquisadora em arte/educação Ana Mae
Barbosa a sua principal pioneira e referência nos estudos sobre leitura da imagem
na arte e educação no Brasil. Na tabela 2.5, elencamos essa Proposta para melhor
entendimento:

Tabela 2.5 - Método de leitura de imagem de Ana Mae Barbosa

Estágios Descrição
Contextualização da obra de arte. Conhecer/analisar a
história da obra e o contexto de sua produção, bem como
o artista e época em que foi produzida, relacionando-a
Contextualização
com o contexto atual, pensando a obra de arte de uma
forma mais ampla, para, consequentemente, ampliar o
conhecimento em arte.
Apreciação, percepção, sensibilização, leitura de imagem
por meio da gramática visual.
Leitura da Conhecer os elementos visuais da obra, para descobrir
Obra de arte/ e discutir questões que ela revela. Conhecer a obra e
Apreciação compará-la com obras e
artistas de outras épocas ou não, interpretando-a
subjetivamente.
Momento de criação, produção, de representação e
expressão artística.
A obra observada é uma boa referência para estimular
Fazer artístico o indivíduo a criar artisticamente, experimentando
diferentes linguagens, sem que seja uma cópia ou modelo
estereotipado da obra observada. Deve-se preservar a
criatividade e a livre expressão na criação de uma nova obra.
Fonte: Do autor (2014)

80 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Sugestão de leitura imagética

Sugiro que leiam algumas obras surrealistas, elas nos remetem ao


mundo da imaginação, os surrealistas brincam com as imagens, as
apresentam de uma forma fora da realidade, surreal.

LENDO IMAGENS EM OUTRAS DISCIPLINAS

Síntese e adaptações de Leitura de imagens em todas as disciplinas


Disponível em: <http://pt.slideshare.net/FabiolaOliveira2/leitura-de-
imagens-em-todas-as-disciplinas>. Acesso em: 29 dez. 2014.

MATEMÁTICA

Você já ouviu falar do homem vitruviano? Pois bem, vamos conhecê-lo:

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 81


U2

Figura 2.14 - Homem Vitruviano

Fonte: Disponível em: <http://www.educasaude.org/quem-somos/HomemVitruviano.png/view>. Acesso em:


12 dez. 2014

O nome “homem vitruviano” deriva de um trabalho realizado


pelo arquiteto romano chamado Marcus Vitruvius Pollio que
apresentou um estudo matemático no século I a. C. Nesse
estudo Vitruvius descreve, num Tratado de Arquitetura,
as proporções ideais do corpo humano. Esse conceito do
modelo ideal para o ser humano inspirou Leonardo Da Vinci
que em 1490, com base na descrição de Vitruvius fez o famoso
desenho. Nele, Da Vinci representou as proporções ideais
do corpo humano masculino. As proporções são perfeitas e
expressam o ideal clássico da beleza. As posições dos braços
e pernas expressam quatro posturas diferentes, inseridas
num círculo e num quadrado, ao mesmo tempo. Expressa o
conceito da “Divina Proporção” que se fundamenta numa das
leis que regem o equilíbrio dos corpos, a harmonia das formas
e dos movimentos. (O HOMEM..., 2011, p. 1, grifo do autor).

Isto quer dizer que a figura que corresponde proporcionalmente a do homem


deverá ter o tamanho de oito cabeças. As medidas foram pensadas a partir do
dedo, do palmo e do pé. Viram? Pura matemática!

No Renascimento o ideal vinha destas proporções harmoniosas. E hoje, na

82 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

contemporaneidade, há esta preocupação?

Vejamos uma pintura de Fernando Botero, será que as proporções estudadas


por Da Vinci funcionaram com este pintor, neste período histórico?

Sugestão de atividades

A sugestão é que os alunos, com réguas, primeiro confiram no homem vitruviano


as medidas e em seguida, confiram as medidas de Botero. O professor pode, em
seguida, pedir que façam uma releitura de uma das pinturas. Outra sugestão é uma
pesquisa sobre o homem vitruviano, para saber sobre as proporções.

Sugestão de perguntas:

• Ambas as imagens têm como elemento principal a proporção?

• Esta preocupação com a proporção está presente nas produções artísticas


contemporâneas?

• Em que momento da história da arte o elemento proporção foi importante?

Figura 2.15 - Fernando Botero

Fonte: Disponível em: <http://www.wikiart.org/en/fernando-botero/the-musicians>. Acesso em: 12 dez. 2014

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 83


U2

EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 2.16 - Discóbolo

Fonte: Disponível em: <http://egr-storiadellarte.blogspot.com.br/2009/12/el-discobolo-miron.html>. Acesso


em: 12 dez. 2014.

Esta escultura realizada por Míron é a representação de um atleta momentos


antes de lançar o disco, talvez seja a mais famosa do mundo.

Sugestão de atividade

• Fazer uma pesquisa sobre os jogos olímpicos na antiguidade.

• Encenar a ação (teatro)

Sugestão de perguntas

• Nesta escultura a cena é estática?

• Qual atividade o atleta está prestes a realizar?

84 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

HISTÓRIA
Figura 2.17 - Monumento às Bandeiras

Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Monumento_%C3%A0s_Bandeiras>. Acesso em: 11 dez. 2014.

O Monumento às Bandeiras foi feito pelo escultor ítalo-brasileiro Victor


Brecheret, localizada na entrada do Parque do Ibirapuera na cidade
de São Paulo. Foi erguida na Praça Armando Salles de Oliveira, em frente
ao Palácio Nove de Julho, sede da Assembleia Legislativa, e ao Parque
do Ibirapuera, tendo sido encomendada em 1921 e inaugurada em 1954,
juntamente com o Parque do Ibirapuera para as comemorações do IV
Centenário da cidade de São Paulo. A obra representa os bandeirantes,
expondo suas diversas etnias.
Fonte: Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/
Monumento_%C3%A0s_Bandeiras>. Acesso em: 29 dez. 2014.
Para saber mais acesse ao link:
Disponível em:<http://www.parqueibirapuera.org/areas-externas-do-
parque-ibirapuera/monumento-as-bandeiras/>. Acesso em: 29 dez. 2014.

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 85


U2

Sugestão de atividades

• Encontre algumas releituras da obra. Faça uma encenação dessa escultura,


dando vida aos personagens. Pesquise sobre o Monumento às Bandeiras. Faça
uma réplica ou uma releitura desta escultura utilizando a argila.

CIÊNCIAS

Figura 2.18 - Animais em Extinção

Fonte: Disponível em: <http://consciencianodiaadia.com/2012/07/10/vive-mais-quem-fica-menos-tempo-na-


cadeira-e-no-sofa/>. Acesso em: 12 dez. 2014

Sugestão de atividade

• Faça uma tira (charge) ou escreva um texto sobre animal em extinção.

Sugestões de perguntas

• Você conhece este animal?

• Você sabe o que é animal em extinção?

• O que você entende por preservação?

• Que sentimento esta imagem lhe provoca?

86 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Sugestão do livro do artista plástico contemporâneo, que além do


trabalho visual plástico, também faz um trabalho de preservação do
ambiente, denunciando as queimadas e desmatamentos.
Autor: Roseli Ventrella, Silvia Bortolozzo
Faixa etária: A partir de 11 anos
Indicação: 6º Ano (EF2), 7º Ano (EF2), 8º Ano (EF2), 9º Ano (EF2)
Assunto: Arte contemporânea, Frans Krajcberg e sua obra, Meio
ambiente
Tema transversal: Pluralidade Cultural, Ética, Meio Ambiente

LÍNGUA PORTUGUESA

Figura 2.19 - Operários

Fonte: Disponível: <http://artefontedeconhecimento.blogspot.com.br/2010/07/operarios-de-tarsila-do-


amaral.html>. Acesso em: 12 dez. 2014

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 87


U2

A pintura retrata o momento da industrialização


brasileira, principalmente, a paulistana. Com
Getúlio Vargas, o País passou a se industrializar
a classe operária começou a surgir. O quadro
mostra a diversidade cultural de um povo
oprimido pelas elites, representada pela fábrica
ao fundo. Embora as pessoas estejam em
primeiro plano e todas tenham traços diferentes,
não é fácil diferenciá-las. Elas parecem todas
iguais, representando, portanto, um sistema que
massifica o cidadão (CONHEÇA, ..., 2012, p. 25).

Sugestão de perguntas

• Estas pessoas aparentam ser da mesma idade ou há diferença entre a idade de


algumas delas?

• Em que contexto, de acordo com a imagem e o título, esta obra foi pintada?

• Como será que cada pessoa se comunica, será que são todas do mesmo lugar
ou há uma variação linguística?

• Você sabe o que é variação linguística?

• Somos compreendidos por pessoas que vivem em outras regiões?

Sugestão de atividades

• Fazer uma releitura em alto relevo ou fotográfica ou cênica, veja a seguir:

88 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Figura 2.20 - Releitura Operários

Fonte: Do autor, (2014)

GEOGRAFIA

Figura 2.21 - "As Respigadeiras"

Fonte: Disponível em: <http://deniseludwig.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html>. Acesso em: 12 dez. 2014.

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 89


U2

Figura 2.22 - Releitura das "As Respidadeiras"

Fonte: Disponível em: <http://sergiobuccomarxiano.blogspot.com.br/2011/03/nuclearizacao-das-escolas-em-


candoi-iv.html>. Acesso em: 12 dez. 2014.

Sugestão de perguntas

• Quantas pessoas vemos em cada imagem?

• O que estas pessoas estão fazendo?

• São homens ou mulheres?

• Qual o cenário (pano de fundo) da primeira imagem, e o da segunda imagem?

• Tire três palavras destas duas imagens relacionadas ao lugar e à ação.

• Como se chama a ação da pessoa que sai do campo para a cidade?

• Que fatores podem ter influenciado nesta trajetória?

• Você sabe a diferença de Imigração e Emigração?

90 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Veja uma releitura realizada por Vincent Van Gogh, da obra de Millet.

Figura 2.23 - Releitura

Fonte: Disponível em: <http://abstracaocoletiva.com.br/2013/01/17/vincent-van-gogh-releituras-das-obras-


de-millet/>. Acesso em: 12 dez. 2014

Sugestão de atividades

• Faça uma pesquisa sobre imigração e emigração.

• Qual outro título você daria à obra de Millet?

• Que música você relaciona com a obra de arte "As Respidadeiras" de Millet?

• Faça uma paisagem rural, por meio da pintura e uma paisagem urbana.

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 91


U2

1. Nos anos 1970, o teórico Edmund Burke Feldman propõe


uma metodologia de leitura de imagem no ensino da arte
que deveria ser aprendida pelo indivíduo por meio da técnica,
da crítica e da criação (FELDMAN, 1993), ou seja, “[...] sua
metodologia propõe formar um olhar crítico e trabalhar a
construção de uma pessoa mais crítica em termos de arte”
(LÉLIS, 2004, p. 40). Quais eram os estágios e a descrição de
cada um, propostos por Feldman?

2. Nos anos 1980, Michael Parsons, em sua obra Compreender


a Arte (PARSONS, 1992) propôs um método que se baseava na
compreensão das imagens pela pessoa em cinco diferentes
estágios. Quais eram os estágios e a descrição de cada um
proposto por Parsons?

Reflita sobre o estágio proposto por Parsons (1992), você se


encontra?
Você acha importante um professor de Arte conhecer tais
estágios?

• Nesta unidade abordamos o que seja linguagem,


apresentamos o estudo da semiótica;

• Abordamos o sistema de signos e a definição deste;

• Falamos sobre o canal de comunicação e as funções da


linguagem;

• Apresentamos a pesquisa relizada por Parsons sobre como


as pessoas compreendem as obras de arte;

92 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Enfatizamos a relevância da leitura da imagem e do papel do


professor, como mediador, lembrando que o professor não
deverá direcionar a interpretação do aluno, ele deverá instigá-lo,
provocá-lo a refletir sobre vários aspectos da obra, a organizar seus
pensamentos, a tentar ler não apenas o explícito, o óbvio, claro que
de acordo com a idade e maturidade que estes se encontram.

Nesta proposta de leitura de obras de arte, é essencial o trabalho


com a oralidade, pois o aluno dirá suas percepções em relação à
ou às obras analisadas, o registro de suas opiniões cabe a cada
professor, embora entendamos que se todas as vezes que fizerem
a leitura de obras de arte, tiverem que registrar o que perceberam,
talvez este exercício se torne rotineiro e cansativo e o impeça
de participar muito, pois se este não gosta de escrever, falará o
menos possível. Também é importante a questão da oralidade,
pois neste momento o professor perceberá como os alunos
estão analisando e interpretando a obra de arte, para provocá-los,
caso seja necessário, a perceberem maiores detalhes e fazerem
perguntas, deixando dessa forma, a aula mais dinâmica.

A contextualização histórica deverá ser breve, de acordo com a


idade dos alunos, com seu tempo de concentração e também
com a sua curiosidade. De acordo com Martins; Picosque;
Guerra (1998, p.74):

Para cultivarmos o hábito da leitura de obras artísticas, é


fundamental não só o contato com as reproduções de
obras de arte (já que nossa presença frente às originais
nem sempre é possível), como também a freqüência a
galerias de arte, museus, teatros, concertos óperas, etc.
[...] ler é produzir sentido. Lemos a cor vermelha em
uma obra figurativa ou abstrata, da mesma maneira
que a cor vermelha do semáfaro? Nesse momento,
lidamos com códigos fechados, que são signos
utilitários, porque o homem lhes atribuiu um único
significado para melhor organizar sua vida. [...] Diante
do elemento cor na obra de arte, abre-se possibilidade
da multiplicidade de leituras. Nesse momento você,
enquanto fruidor aprecia uma composição estruturada
por códigos abertos, cuja decodificação permite uma
infinidade inesgotável de interpretações.

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 93


U2

1. Para uma pessoa que não domina o francês, tentar se


arriscar e conversar em francês seria um fracasso porque:

a) não domina os signos.


b) não domina o código.
c) não conhece o referente.
d) não conhece o receptor.
e) não conhece a mensagem.

2. Para que haja a mensagem, há que se pensar também em


um meio transmissor, que refere-se a um contexto, a uma
situação que denominamos de:

3. Carlos recebeu uma carta de Rebeca, com o cheirinho do


perfume que ela costumava usar. Ela o convidava para comer
uma comida mineira em sua casa. Uma carta, uma comida e o
cheiro de um perfume são respetivamente:

4. Em uma coversa realizada ao celular entre Ana Maria e sua


mãe, esta lhe perguntou: você vem me visitar hoje?
Nesta situação, podemos dizer que o canal é:

a) o pai.
b) a filha.
c) o celular.
d) o código.
e) a fala.

5. A palavra casa, o desenho de uma casa, a planta de uma


casa, a fotografia de uma casa, a escultura de uma casa, o que
são do objeto casa?

94 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Referências
ARAUJO, G. C.; OLIVEIRA, A. A. Sobre métodos de leitura de imagem no ensino
da arte contemporânea. Imagens da educação, Maringá, v.3, n. 2, p. 70-76, 2013.
Disponível em:<http://www.academia.edu/9121992/SOBRE_M%C3%89TODOS_
DE_LEITURA_DE_IMAGEM_NO_ENSINO_DA_ARTE_CONTEMPOR%C3%82NEA>.
Acesso em: 12 dez. 2014.

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA.


Administração: guia de estudo. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2006.

CONHEÇA operários, de Tarsilia do Amaral. Universia Brasil: Notícias de


atualidades. 22 maio 2012. Disponível em: <http://noticias.universia.com.br/
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Acesso em: 12 dez. 2014.

FELDMAN, E. B. Metodologia de trabalho. São Paulo: USP, 1993.

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gramaticaonline.com.br/page.aspx?id=9&iddetalhe=264&idsubcat=56&idcateg=3>.
Acesso em: 29 dez. 2014.

HOUSEN, A. The eye of the beholder: measuring aesthetic development.


Michigan: Harvard University, 1983.

LÉLIS, S. C. C. Poéticas visuais em construção: o fazer artístico e a educação (do)


sensível no contexto escolar. 2004. 191f. Dissertação (Mestrado em Educação)-
Universidade de Campinas,Campinas, 2004.

LEVY, P. As tecnologias da inteligência: O futuro do pensamento na era da


informática. São Paulo, editora 34, 1995.

MARTINS, M. C. F. D.; PICOSQUE, G.; GUERRA, M. T.T. Didática do ensino de arte:


a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.

NÖTH, W. Panorama da semiótica: De Platão a Peirce. São Paulo: Annablume,


1995.

PEIRCE, C. S. Semiótica e filosofia. São Paulo: Cultrix, 1972.

SANTAELLA, L. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.

SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1988.

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 95


U2

SINAES. ENADE 2011: artes visuais. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/


educacao_superior/enade/provas/2011/ARTES_VISUAIS.pdf>. Acesso em: 29 ago.
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issoeunaosabia.wordpress.com/2011/11/16/homem-vitruviano/>. Acesso em: 29
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OTT, R. W. Aprendendo a olhar: a educação orientada pelo objeto em museus e


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______. Ensinando crítica nos museus. In: BARBOSA, A. M. (Org.). Arte-Educação:


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PARSONS, M. Compreender a arte. Lisboa: Presença, 1992.

96 Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo


U2

Educação do olhar: as imagens na leitura e visão de mundo 97


Unidade 3

LEITURA IMAGÉTICA:
UMA PROPOSTA
INTERDISCIPLINAR DE
ENSINO

Laura Célia Sant’Ana Cabral Cava

Objetivos de aprendizagem:

l Compreender o que seja curadoria educativa;

l Realizar leitura de obra de arte;

l Exercitar a organização e escolha de obras de arte;

l Encontrar um fio condutor entre obras de arte;

l Articular propostas artísticas com a tecnologia;

l Compreender o professor mediador;

l Realizar propostas artísticas interdisciplinares.

Seção 1 | Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de


ensino

Iniciaremos abordando a curadoria educativa, que é uma proposta


artística, em que o professor trabalha semelhante a um curador em um
museu, dentre as ações exercidas neste trabalho destacamos a leitura
de obra de arte, a organização e escolha de obras de arte e os critérios
utilizados.
U3

Seção 2 | Arte e tecnologia

Apresentaremos a possibilidade do trabalho de arte articulando-se


com a tecnologia, ou seja, compreenderemos a possibilidade de leitura
e interpretação de imagens em suas diversas formas tecnológicas,
midiáticas, além disso, mostraremos alguns movimentos artísticos que
utilizam da tecnologia como recurso. O objetivo desta alfabetização
visual é propor a leitura de obras de arte, tendo a tecnologia digital como
ferramenta e o professor como mediador. Em seguida, apresentaremos
algumas propostas artísticas interdisciplinares.

100 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

Introdução à unidade

Esta unidade aborda a relevância da leitura imagética, mais especificamente a


leitura de obras de arte. Ela visa orientar o professor sobre como trabalhar com a
alfabetização visual e cultural na educação básica, a partir da leitura de obras de
arte e a visita a espaços culturais como museus, galerias e outros, como também
na sala de aula.

O professor, nesta proposta, além de mediador, atua como se fosse um curador,


fazendo uma curadoria educativa, articulando momentos de apreciação estética,
atividades artísticas práticas, juntamente com a reflexão e a contextualização
histórica, pois é ele quem escolhe as imagens/obras de arte que irá trabalhar,
levando em conta uma unidade entre elas e a organização destas no espaço da
sala de aula. Uma questão importante neste trabalho é a compreensão da imagem
como linguagem.

Veremos também nesta unidade uma proposta de articulação entre arte e


tecnologia.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 101


U3

102 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

Seção 1

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar


de ensino
A proposta de curadoria educativa propicia o exercício da escolha e os critérios
utilizados para realizá-la, é o de organização, de seleção e da sensibilidade. Ao
realizar este exercício o professor terá mais condições de promover, na sala de
aula, um ambiente provocador, instigante e envolvente. Outro aspecto relevante
nesta proposta é que ela propicia ao aluno este mesmo exercício, fazendo com
que este tenha um olhar diferenciado em relação à arte e possibilite experiências
estéticas.

1.1 Curadoria Educativa

A arte deve ser pensada como uma área do conhecimento que possibilita uma
reflexão sobre os valores artísticos e estéticos em nossa sociedade.

A Arte é conhecimento e também mexe com emoções e sentimentos. Por


meio das propostas artísticas os alunos adquirem seus conhecimentos artísticos,
estéticos e contextualizados. Ela é também linguagem, pois comunica desta
maneira importante, e sendo por meio dela os alunos se expressam e são
estimulados à reflexão, à investigação, a experimentações, a comparações, a ter
curiosidade, a levantar hipóteses, ao trabalho em equipe dentre outros.

Consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (BRASIL, 1997) que é


limitada a experiência de quem não tem contato algum com a arte.

Dentro do ensino de arte, uma proposta interessante é a de curadoria educativa.


Sendo assim, a nossa conversa nesta seção será acerca desta proposta em que
o professor, além de mediador, atua como se fosse um curador em um museu,
exercendo algumas funções semelhantes a este. De acordo com Martins (2006), o
curador de qualquer exposição é sempre o primeiro responsável pelo conceito da
mostra a ser exibida, pelas escolhas dos trabalhos, da cor das paredes, iluminação
etc.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 103


U3

O curador é aquele que, de certa forma, conduz um projeto, uma proposta que
culmina em uma exposição em um museu, galeria ou outro espaço destinado à
arte. É ele quem faz uma leitura, em relação aos trabalhos que serão expostos e os
organiza neste espaço. O curador precisa ter uma percepção aguçada e sensível,
no sentido de promover um espaço estimulante, interrogante e provocador ao
público. Pensando no contexto escolar, o espaço estimulante, interrogante e
provocador seria a própria sala de aula.

Esta imagem a seguir, é uma imagem estática ou em movimento?

Figura 3.1 - Ilusão Ótica

Fonte: Disponível em: <http://ensinarevt.com/ilusoes_optic/>. Acesso em: 09 dez. 2014.

O termo ilusão de óptica ou ilusão de ótica aplica-se a todas as ilusões


que "enganam" o sistema visual humano fazendo-nos ver qualquer
coisa que não está presente ou fazendo-nos vê-la de um modo errôneo.
Algumas são de caráter fisiológico, outras de caráter cognitivo.
As ilusões de ótica podem surgir naturalmente ou serem criadas por
astúcias visuais específicas que demonstram certas hipóteses sobre o
funcionamento do sistema visual humano. Imagens que causam ilusão de
ótica são largamente utilizadas nas artes.

104 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

Voltando a nossa conversa acerca do professor como curador, este é quem


seleciona as obras de arte que irá trabalhar, respeitando uma unidade entre
elas, organiza o espaço escolar onde irá expô-las e planeja propostas artísticas
a partir da leitura de obra de arte e apreciação estética. Nesta analogia entre
ambos e suas funções, realizar uma curadoria educativa é saber fazer escolhas
de obras de arte com o objetivo de explorar a potência da arte como veículo de
ação cultural. O curador tem a função de tornar a arte acessível a um público
diversificado para dinamizar a relação entre arte/indivíduo/sociedade, da mesma
forma o professor neste papel, articulando arte, aluno e sociedade.

A curadoria educativa propõe as seguintes atividades, tanto aos alunos, como


também aos professores: escolha de obras de arte, levando em conta o critério
a ser escolhido, a percepção de um fio condutor entre obras de arte, que poderá
ser por temática, contexto histórico, cor, estilo etc., leitura de obra de arte,
organização destas obras em um determinado local, que poderá ser a sala de
aula ou outro, a produção artística, tendo como suporte interpretativo as obras
escolhidas, visita a espaços culturais como museus, galerias, exposições dentre
outros, além do conhecimento de espaços culturais de sua cidade, saber sobre
eles, sua importância, como funcionam, como encontrar no catálogo de uma
exposição, o nome da obra, do artista e outras informações relevantes.

O professor, nesta proposta, é o mediador que articula momentos de apreciação


estética, produção artística, juntamente com a reflexão e a contextualização
histórica.

Em relação à seleção das obras de arte e os critérios escolhidos, para Martins


(2006, p. 3):

[...] pode-se realizar a seleção numa visão


cronológica ou não, fazendo conexões com
elas, isto é, pensar como um mapa, ligando uma
obra com outra de diferentes partes. Não precisa
seguir uma linha histórica, para os educadores
curadores é necessário pensar e definir: O que
escolhemos para mostrar? Com quais critérios?
Escolhemos apenas o que gostamos? Apenas as
obras de arte que conhecemos que “sabemos
falar sobre” ou o que nos provoca? Como propor
os encontros entre os alunos e as imagens? De
onde vêem as imagens que utilizamos? Originais
ou reproduções? Nossa seleção pode ser
chamada de curadoria educativa?

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 105


U3

Segundo Martins (2006), a ideia de curadoria educativa partiu de Luis


Guilherme Vergara. Este aponta que a curadoria educativa tem como objetivo:
“explorar a potência da arte como veículo de ação cultural. [...] constituindo-se
como uma proposta de dinamização de experiências estéticas junto ao objeto
artístico exposto perante um público diversificado” (MARTINS, 2006, p. 32). A
ideia de experiência estética está para ele intimamente ligada à construção da
“consciência do olhar”, como uma “experiência da consciência ativa”.

Como a leitura imagética, mais especificamente, a leitura de obra de arte, está


intimamente ligada à curadoria educativa, torna-se pertinente aprofundamos este
assunto.

Apresento a vocês uma sugestão de leitura, este livro auxiliará na


sua compreensão e consolidação de seus conhecimentos acerca
do ensino de arte. O livro traz: Leitura e releitura; A compreensão
do desenvolvimento estético; Tecnologias, produção artística e
sensibilização dos sentidos; As relações arte/tecnologia no ensino da
arte; Convocações multissensoriais da arte do século XX; As Escuelas
de Pintura al Aire Libre do México: liberdade, forma e cultura; Educação
estética, arte e cultura do cotidiano; O ator e a visualidade: uma
experiência com alunos-atores.
PILLAR, A. D. (Org.) A educação do olhar no ensino das artes. Porto
Alegre: Mediação, 2009.
Fonte: Disponível em: <http://www.briquetdelemos.com.br/artes/arte-
educacao/educac-o-do-olhar-no-ensino-das-artes.html>. Acesso em:
10. Dez. 2014.

De acordo com Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 74):

Para cultivarmos o hábito da leitura de obras


artísticas, é fundamental não só o contato com
as reproduções de obras de arte (já que nossa
presença frente às originais nem sempre é
possível), como também a frequência a galerias

106 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

de arte, museus, teatros, concertos óperas, etc.


[...] ler é produzir sentido. Lemos a cor vermelha
em uma obra figurativa ou abstrata, da mesma
maneira que a cor vermelha do semáfaro? Nesse
momento, lidamos com códigos fechados,
que são signos utilitários, porque o homem
lhes atribuiu um único significado para melhor
organizar sua vida.
Diante do elemento cor na obra de arte, abre-se
possibilidade da multiplicidade de leituras. Nesse
momento você, enquanto fruidor aprecia uma
composição estruturada por códigos abertos,
cuja decodificação permite uma infinidade
inesgotável de interpretações.

Na leitura de obra de arte, o professor poderá trabalhar com uma ou mais


obras. Neste trabalho com mais de uma obra, aconselhamos que o professor
escolha obras de arte que tenham um fio condutor, que haja unidade entre elas.
As atividades realizadas na curadoria educativa desenvolvida juntamente com os
alunos, possibilitam também que os alunos compreendam certos códigos artísticos
e elementos como: ponto, linha, cor, equilíbrio, volume, movimento, harmonia,
entre outros.

Monocromia – pintura feita utilizando apenas uma cor (matiz)


com gradações (variações) de tonalidades.

Policromia – pintura realizada utilizando-se várias cores


(matrizes).

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 107


U3

As questões levantadas durante a leitura de imagem ficam a critério do


professor, mas sempre de forma problematizadora, lembrando que a imagem em
si e o aluno são os principais elementos desta ação. O professor deverá mediar
esta proposta entre obra de arte e espectador/aluno com sensibilidade, aberto
as percepções destes, sem querer direcionar suas opiniões e após esgotarem os
questionamentos, observações e críticas, é interessante que o professor mediador
faça a contextualização histórica da obra de arte que foi analisada.

Nestas escolhas das obras de arte, é importante que o professor pense em


ampliar o leque de conhecimentos de seus alunos em relação a elas, de forma
a contemplar os diversos movimentos artísticos, os diferentes estilos e épocas,
trabalhar com obras não apenas ocidentais, mas também com a arte Europeia,
Americana, Africana, Asiática e da Oceania, a arte local, regional, nacional e
internacional, com artistas renomados ou não. Não devemos nos esquecer dos
artistas contemporâneos, além dos já falecidos, os contemporâneos vivos, senão
os alunos começarão a acreditar que todo artista plástico só viveu há muito tempo
atrás e estão todos mortos.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte - PCN de (BRASIL,


1997, p. 25):

Conhecendo arte de outras culturas, o aluno


poderá compreender a relatividade dos valores
que estão enraizados nos seus modos de pensar
e agir, que pode criar um campo de sentido para
a valorização do que lhe é próprio e favorecer
abertura à riqueza e à diversidade da imaginação
humana. Além disso, torna-se capaz de perceber
sua realidade cotidiana mais vivamente,
reconhecendo objetos e formas que estão à sua
volta, no exercício de uma observação crítica
do que existe na sua cultura, podendo criar
condições para uma qualidade de vida melhor.

A arte nos faz compreender e respeitar as diferenças existentes entre pessoas,


etnias, lugares, dentre outros.

Martins (2006), na sua pesquisa realizada com professores de Arte e História,

108 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

diz que o critério para a escolha das obras de arte, escolhido por muitos destes
professores é a beleza, outras vezes serviam para ilustrar ou para reafirmar as obras
mais divulgadas, como as de Monet, Picasso, Van Gogh, Leonardo da Vinci, Tarsila
do Amaral, Portinari e Volpi. Em alguns casos, ela é um conteúdo específico e
pode traduzir uma abordagem superficial, valorizando apenas a disciplina de Arte e
não a arte como linguagem, além de não potencializar a mediação das imagens e
as provocações por ela suscitadas.

A mesma autora nos diz que o processo de ensino/aprendizagem ainda é visto


numa perspectiva tradicional: o professor transmite conhecimentos através da
linguagem escrita e/ou verbal e utiliza as imagens / obras de arte como ilustração,
como recurso facilitador, de uma forma premeditada e não partilhada com os
alunos. Há ainda a concepção das imagens como recurso didático, como reforço
para fixar conteúdos, isto é, utilizada como um meio, como "reforço, ilustração e
demonstração do que quer dizer". A imagem também é vista para diversificar a aula,
para torná-Ia “mais agradável e interessante". Desta maneira, serve de motivação,
de estímulo aos alunos, como algo familiar, em função do apelo visual das imagens
no cotidiano, o que não as torna, contudo, mais compreendidas ou significativas.

Para Martins (2006, p. 56, grifos do autor), em relação às justificativas dos


professores pelas escolhas das obras de arte:

[...] poucos professores e estudantes focalizaram


os seus alunos. Apenas um graduando que
leciona afirma que "os alunos fazem parte de
uma geração visual" e que a imagem na sala
de aula possibilita a "discussão estética com
alunos" e o "exercício do pensamento crítico
da criança e seu conhecimento cultural", além
de ser "fundamental a ampliação do repertório".
Contudo, infelizmente este tipo de professor é
minoria, pois os dados nos mostram que mais da
metade dos professores desconsideram o sujeito
para o qual falam, bem como seu repertório
pessoal e as brechas de acesso a ele – processo
crônico da educação.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 109


U3

Sendo assim, há que se focar no aluno, o ator principal neste processo, e na


própria imagem/obra de arte.

Para Martins (2006) mediar não significa ser uma ponte entre quem sabe e
quem não sabe, entre a obra e o espectador, no nosso caso o aluno, mas como
um “estar entre” muitos como: mediar entre as obras escolhidas, entre elas e os
alunos, o estar entre, da mediação cultural não pode desconhecer o interlecutor/
aluno e o desafio maior: provocar uma experiência estética.

Apresento a vocês uma sugestão de leitura: Catadores da Cultura Visual


de Fernando Hernandez, onde o autor apresenta a sua convicção no
poder da educação artística e de um modo bem honesto e frontal, como
é o seu jeito de ser e de escrever, desafia-nos a subverter, a ir mais além
e a ousar abordar a leitura e compreensão de imagens de uma outra
maneira. Através de uma proposta muito fora do comum, baseada na
metáfora dos ‘catadores’. Catadores no sentido de recoletores, aqueles
que procuram, encontram e transformam. Não é maravilhoso este
pensamento? O ensino de arte como processo de procura, encontro e
transformação? Não é isso que aspiramos todos os dias?

HERNANDEZ, F. Catadores da cultura visual: Proposta para uma nova


narrativa educacional. Porto Alegre: Mediação, 2007.

1. Qual é o papel do professor nesta proposta de curadoria


educativa?

2. Quando olhamos as grandes capitais do Brasil nos de-


paramos com muitas interferências urbanas, como por
exemplo: a expressão dos grafiteiros nos muros, prédios e
outros, a presença de monumentos, esculturas, a diversidade

110 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

arquitetônica espalhada em diferentes locais. Pensando nas


dimensões estéticas destas cidades, podemos entendê-las como
um espaço aberto para as diferentes manifestações artísticas,
levando em conta também, os espaços culturais como galerias
e museus. Então, podemos entender este espaço urbano como
um verdadeiro campo de experimentação desordenado. Há
uma diversidade de estilos, tipos de arte e pessoas, que mal se
relacionam com o espaço em que vivem em função do estilo
de vida veloz da contemporaneidade e a variedade de estímulos
visuais.
A partir deste contexto descrito, suponhamos que o professor
Paulo apresentasse a seus alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental a importância destas manifestações artísticas e
culturais espalhadas por diferentes cidades brasileiras, em seu
planejamento da aula de arte, organizasse com seus alunos um
passeio pela cidade. Dessa forma, uma proposta desse tipo,
objetiva oportunizar aos alunos a percepção, a visualização e a
compreensão de quê? Assinale a alternativa correta.

A) Da edificação arquitetônica da cidade como um conjunto


homogêneo que se integra harmoniosamente com as pessoas
que por ali transitam.

B) Das intervenções do homem na cidade, da destruição do


ambiente.

C) Da não existência de obras artísticas no espaço urbano, da


dinâmica das cidades e dos processos de ocupação humana.

D) Das interferências urbanas, das diferentes manifestações


artísticas, levando em conta os espaços culturais, destes
espaços como um verdadeiro campo de experimentação e das
relações das pessoas com estes espaços.

E) Da importância de frequentar museus e apreciar obras de


arte.

Outra característica relevante do professor mediador é a


interação com os alunos, a flexibilidade, o estabelecimento
de vínculos e consequentemente a confiança entre ambos:
professor e alunos. O professor deve se mostrar competente na
sua área de atuação, demonstrando conhecimento e domínio
teórico na forma de conduzir sua aula, apresentando uma
metodologia que promova questionamentos.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 111


U3

Na questão da produção artística sugerimos a utilização des-


tas obras de arte apreciadas, tanto nas salas de aula, como
também em museus, exposições em galerias e outros, como
suportes interpretativos.
Esta articulação entre o fazer artístico, com a apreciação
estética e a contextualização histórica, que sugere este
trabalho com a curadoria educativa, baseia-se na Proposta
Triangular para o ensino de Arte e foi sistematizada por Ana
Mae Barbosa a partir de experiências realizadas no Museu de
Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo no final
dos anos 80 e amplamente difundida desde a década de 90
até a contemporaneidade.

No jogo da criação, “a arte é um tal fazer que, enquanto faz,


inventa o por fazer e o modo de fazer”. (PARSONS, 1992, p. 32)

Reflita sobre a arte no ato de criação de acordo com a visão de Pareyson.


E você, como a classifica? Fulgaz, Dinâmica, flexível, estática, limitada, intocável,
único ou outros?

112 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

Seção 2

Arte e tecnologia

Apresentaremos a possibilidade do trabalho de arte articulando-se com a


tecnologia, ou seja, apresentaremos a possibilidade de leitura e interpretação de
imagens em suas diversas formas tecnológicas, midiáticas, mostraremos alguns
movimentos artísticos que utilizam da tecnologia como recurso. O objetivo desta
alfabetização visual é propor a leitura de obras de arte, tendo a tecnologia digital
como ferramenta e o professor como mediador. Em seguida, apresentaremos
algumas propostas artísticas interdisciplinares.

Abordaremos nesta seção, a leitura de obras de arte articulando a arte e


a tecnologia digital, tendo a tecnologia como ferramenta, e o professor como
mediador e a obra de arte como suporte interpretativo. Pretendemos também,
provocar o leitor / educador no sentido de refletir sobre o ensino de arte articulado
com os meios tecnológicos.

Nesta seção, a ênfase será na relevância do ensino de Arte e do trabalho com a


Tecnologia, isto é, a articulação de duas linguagens: artística e tecnológica, sendo
assim, faz-se necessário refletirmos sobre os dois e as contribuições que ambos
promovem ao desenvolvimento integral dos alunos.

2.1 ARTE, A LÍNGUA DO MUNDO

Para Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 52, grifo do autor):

Entre todas as linguagens, a arte – “quatro


letras: a língua do mundo” – é a linguagem de
um idioma que desconhece fronteiras, etnias,
credos, épocas.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 113


U3

Pensando na arte como atividade humana ligada a manifestações de ordem


estética, feita a partir de percepções, emoções e ideias, com o objetivo de mexer
com emoções e sentimentos de um ou mais espectadores, compreendemos
que a necessidade de criar, recriar, transformar a matéria e se expressar é uma
característica humana, portanto, relevante no contexto escolar. De acordo com
Pareyson (1989, p. 32), no jogo da criação, “a arte é um tal fazer que, enquanto faz,
inventa o por fazer e o modo de fazer”. Isto é, a arte é dinâmica.

De acordo com Bosi (2001, p. 71):

[...] o trabalho de arte passa pela mente, pelo


coração, pelos olhos, pela garganta, pelas mãos;
e pensa e recorda e sente e observa e escuta
e fala e experimenta e não recusa nenhum
momento essencial do processo poético.

Consta nos Parâmetros Curriculares de Arte - PCNs de Arte (BRASIL, 1997), que
o conhecimento em Arte possibilita ao aluno reconhecer as diversidades, construir
uma autoimagem positiva, a se integrar com o grupo, pois a maioria das propostas
artísticas é desenvolvida em grupos, proporcionando também a construção de sua
autonomia.

O ensino em Arte amplia o repertório cultural do aluno a partir dos


conhecimentos estético, artístico e contextualizado, aproximando-o do universo
cultural da humanidade nas suas diversas representações.

Para Santaella (2003), as novas tecnologias não estão revolucionando apenas


o nosso lazer e entretenimento, mas também os meios de trabalho, consumo,
comunicação, educação, etc.

114 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

As inovações tecnológicas invadem cada vez mais o nosso cotidiano,


instigando o imaginário do artista, que em um diálogo com os novos
meios, revela novas poéticas. Dispositivos tecnológicos e recursos do
avanço científico, de áreas como a informática, a medicina e a robótica,
revelam ao homem percepções extra corporais.
O artista tem papel fundamental de aproximar o homem das tecnologias
de uma maneira sensível. Assim como o artista, o professor de artes
visuais também é responsável em propiciar contato de seus alunos com
as novas tecnologias, escolhendo conteúdos que tenham significação
humana e social, visando à inserção do aluno no contexto social.

ALMEIDA, C. Z. As relações arte/tecnologia no ensino da arte. In:


PILLAR, A. D. (Org.) A educação do olhar no ensino das artes. Porto
Alegre: Mediação, 2009, p. 75.

Não cabe mais em nossos dias um ensino nos moldes da escola tradicional, em
que o professor é o dono exclusivo do saber e os alunos recebem tudo passivamente.
Há que se pensar em uma forma de trabalhar os conteúdos de Arte, utilizando a
tecnologia como ferramenta, em que o professor, como mediador, seja importante
neste processo. Precisamos elaborar propostas artísticas novas, estimulantes, que
envolvam os alunos, pois estes convivem cotidianamente com inúmeros atrativos
externos. Para (KENSKI apud LIBÂNEO, 2002, p. 122), em relação aos alunos:

Sabendo muitas coisas ouvidas no rádio, vistas


na televisão, em apelos de outdoors e informes
de mercado e shopping centers que visitam
desde pequenos vídeos-game, discos a laser,
gravadores e muitos outros aparelhos que a
tecnologia vem colocando à disposição para
serem usados na vida cotidiana.
Estes alunos estão acostumados a aprender
através dos sons, das cores, das imagens fixas
das fotografias ou, em movimento, nos filmes
e programas televisivos. [...] O mundo desses
alunos é polifônico e policrômico. É cheio

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 115


U3

de cores, imagens e sons, muito distante do


espaço quase que exclusivamente monótono,
monofônico e monocromático que a escola
costuma lhes oferecer.

Diante desta situação que a autora alude, algumas reflexões tornam-se


pertinentes, como a urgência da mudança de paradigmas, caso contrário, estaremos
cada vez mais distante de nossos alunos e de seus contextos. Entendemos serem
as diversas leituras - visual, sonora, sinestésica, espacial e textual - um dos canais
para aproximarmos esses alunos que vivem em mundos tão distantes de seus
professores e do contexto da sala de aula. Sendo assim, por que não utilizar a
tecnologia digital, o computador, celular e outros?

Os meios de comunicação operam


imediatamente com o sensível, o concreto,
principalmente a imagem em movimento.
Combinam a dimensão espacial com sinestésica,
onde o ritmo torna-se cada vez mais alucinante.
Ao mesmo tempo utilizam a linguagem
conceitual, falada e escrita, mais formalizada
e racional. Imagem, palavra e música, integra-
se dentro de um contexto comunicacional
afetivo, de forte impacto emocional, que
facilita e predispõe a aceitar mais facilmente as
mensagens. (MORAN, 2001 p. 33-34).

Para Santaella (2003) a multimídia nada mais é que o uso de mais de uma
linguagem em uma mesma mídia, como ocorre com o jornal, por exemplo, que
faz uso das linguagens: escrita, fotográfica, gráfica e diagramática. Desta forma,
acreditamos que nossa sugestão é inovadora, apenas no sentido de mudar os
suportes. O professor não deveria ter receio em trabalhar com a tecnologia, e sim
curiosidade em conhecer e saber lidar.

116 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

A nossa proposta sugere não apenas a mudança de suportes, quadros de giz,


cadernos, para obras de arte e computador, como também da postura do professor
e sua metodologia. Isto é, a partir de uma ou mais obras de arte, possibilitar leituras,
pesquisa e produção de textos diversos.

Pensando no ensino de Arte por meio da tecnologia digital, Barbosa (1991, p. 110)
comenta que “para compreender e fruir a arte produzida pelos meios eletrônicos, o
público necessita de uma nova escuta e de um novo olhar”. Conhecimentos sobre
as novas formas de produção e criação de imagens é essencial para repensar o
ensino da arte na atualidade.

A leitura de imagens e o trabalho artístico por meio do computador e da


internet na escola amplia o campo de pesquisa em arte, a apreciação estética, a
interação e o conhecimento das manifestações artísticas diversas, dentre elas as
contemporâneas e tecnológicas.

Diana Domingues (2002) pontua que a arte


transcende a contemplação passiva de imagens,
sons, textos, para a geração de um evento. A
arte é acima de tudo comunicação, ou seja,
um evento a ser vivido em diálogo com um
sistema dotado de hardware e software e
não mais com um objeto. A partilha com os
participantes da experiência modifica a relação
obra-espectador, pois não mais se trata de um
público em atitudes contemplativas, mas de
sujeitos/atuantes que recebem e transformam o
proposto pelo artista, em ações e decisões que
são respondidas por computadores. É o fim do
“espectador” em sua passividade. A passividade
é trocada pela possibilidade. O espectador,
que somente experimentava a dinâmica da
obra nas etapas interpretativas de natureza
mental, troca sua atitude por possibilidades que
devem ser exploradas ao provocar um sistema
(DOMINGUES, 2002, p. 61-62 apud BERTOLETTI,
2011, grifo do autor).

Segundo Silva (2003), essa leitura é "mais visual para uns. Tátil para outros.
Olfativa e auditiva para outros tantos. Cada um utiliza os órgãos dos sentidos que

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 117


U3

lhes são mais aguçados, ou todos ao mesmo tempo”.

Este autor nos remete à tecnologia digital, que permite todos estes sentidos
ao mesmo tempo. Por exemplo, uma pessoa frente a um computador, cores,
sons, imagens, textos, tudo os atrai, promovendo assim, além da interatividade,
uma leitura dinâmica, não linear, esta é, a nosso ver, a grande característica da
contemporaneidade, "a leitura não linear".

A tecnologia digital tem muitas possibilidades e o professor deverá utilizar


delas. Uma das sugestões é navegar pela internet para conhecer alguns museus
espalhados pelo mundo. Aliás, esta é uma das vantagens da tecnologia digital,
transpor as barreiras do tempo e da distância, transcender, isto nos remete à Bach
(1997, p. 27): "Longe é um lugar que não existe”, autor de "Fernão Capelo Gaivota",
que nos leva, por meio de suas metáforas, a reflexões de que estamos onde nosso
coração está, não importa o tempo ou a distância, isto porque os sentimentos,
as emoções são atemporais. Sendo assim, podemos dizer que o computador
veio para colaborar com o nosso coração, com os nossos sentimentos e nossas
emoções, pois a transcendência de épocas, de barreiras e de locais desaparecem
juntamente com a palavra distância.

Quando mencionamos a inexistência da palavra distância na tecnologia digital,


estamos querendo dizer que, por meio desta ferramenta, podemos voltar ao
renascimento e dialogarmos com Pietá e com o próprio Michelângelo. Podemos
nos impactar com a profundidade do estudo de cores, de Vincent Van Gogh, com
suas pinturas que “falavam” sobre seus sentimentos e percepções traduzidas em
pinceladas espessas, densas, atormentadas e belas. Podemos penetrar e conhecer
as grandes obras de arte perpetuadas pelo tempo no Museu do Louvre e também
conhecer a arte contemporânea, traçar um paralelo entre contextos, artistas,
obras, dentre outros sem sairmos de nosso lugar.

A escolha de um trabalho que parte da leitura de obras de arte se efetivará,


pela constância e intimidade com que os alunos lidam com imagens, sons, textos
e escrita, se pensarmos na tecnologia digital e no excesso de estímulos, visual,
sonoro, textual, que esta promove.

Juntamente com a escolha e organização de obras de arte o professor poderá


incluir a organização de textos variados como: textos escritos e sonoros diversos
em torno de uma mesma temática, promovendo um trabalho intertextual, que
certamente terá um envolvimento grande dos participantes, propiciando assim, a
possibilidade de uma aprendizagem significativa. Isto nos remete a uma experiência
pessoal nossa, sobre este trabalho intertextual que estamos sugerindo.

A construção de um hipertexto é uma proposta muito interessante para ser


realizada pelos alunos, pois a partir de uma imagem, por exemplo, o aluno poderá
inserir poesia, canções, vídeos, textos e outros. O hipertexto instiga o aluno à

118 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

pesquisa e à produção textual. Além dos alunos, o hipertexto poderá ser utilizado
também por professores para funções pedagógicas. Utilizar textos de várias turmas
e redistribuí-los é um bom exemplo. Lévy1 (2007) parte da ideia de que o hipertexto
é uma definição anterior às novas mídias, pois faz parte da própria lógica humana
do pensamento.

Quanto a navegar na internet, talvez este seja um receio do professor, em não


saber como lidar com esta “liberdade” de pesquisa, como controlar, para que
não haja pesquisa inadequada na hora da aula. Pensando nesta possibilidade, nos
remetemos a Lévy (2007, p. 59), em seus dizeres:

O papel do educador é o de um orientador,


responsável por ajudar o aluno a entender
os riscos e as possibilidades dos meios, que
se somem à curiosidade dos alunos e lhe
possibilitem, de forma autônoma, entender
problemas e aprender a usar e entender os
dados e mecanismos oriundos, inclusive, de sua
realidade.

Também juntamente com seus alunos, o professor poderá criar um blog. Os


blogs são considerados páginas pessoais, em formato de diários, pode-se dizer
que são ferramentas tecnológicas de inclusão na comunidade Web. Por meio
dos blogs podem inserir charges, vídeos, textos, links, fotos, entrevistas, filmes,
notícias, apresentados, na maioria das vezes, cronologicamente, disponibilizados
por períodos determinados pelo seu criador.

A construção de um vídeo por meio do programa do Windows Movie Maker,


disponível na web para ser baixado gratuitamente no computador, é outra
proposta viável. Este programa é um software de edição de vídeos que possibilita
que os estudantes desenvolvam a experiência da pesquisa e do conhecimento,
propiciando a eles serem autores e co-autores no processo de criação do seu
vídeo educativo. Enfim, a partir de leitura de obras de arte poderão surgir propostas

1 Entrevista realizada em 28.8.07 com Pierre Lévy, em visita ao Brasil, no encontro de trabalho
promovido pelo Laboratório de Inteligência Coletiva da PUC-SP, pela Fundação Vanzolini e pela
Fundação Telefônica.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 119


U3

muito interessantes como as relatadas e tantas outras. O professor poderá utilizar


a tecnologia digital em prol de uma boa educação que vai ao encontro dos
anseios e contextos dos alunos, certamente, de acordo com Antunes (2010),
quando o professor consegue apresentar os conteúdos utilizando a tecnologia
e conectando estes conteúdos aos contextos de seus alunos a aprendizagem
significativa acontecerá.

A nossa proposta nesta reflexão é da possibilidade de utilizarmos a leitura


imagética e, a partir desta, trabalhar com a tecnologia digital, os diferentes textos
(visual, sonoro, escrito e outros). Acreditamos que se trilharmos por caminhos
diferentes dos habituais do contexto escolar, quem sabe chegaremos até nossos
alunos, pois estes apreendem de formas diferentes. Quando agimos como
mediadores entre conteúdos a serem ensinados e alunos, utilizando como
ferramenta a tecnologia digital, propiciando atividades estimulantes, criativas,
certamente nos aproximaremos deles, conheceremos seus contextos e teremos
uma possibilidade muito maior de provocar a curiosidade, o desejo, o envolvimento
e consequentemente uma aprendizagem significativa.

A visualidade contemporânea engloba arte, mídia e imagens do


cotidiano. Por conseguinte, abordagens atuais do ensino em artes
visuais têm enfocado o diálogo entre as criações tanto da arte como
do cotidiano, bem como a interpretação crítica da arte e da imagem
como artefatos culturais. Nesse sentido, a proposta da cultura visual é
questionar e construir um conhecimento que coloque em perspectiva a
relevância que as representações visuais e as práticas culturais têm dado
ao ‘olhar’ em termos das construções de sentido e das subjetividades
no mundo contemporâneo.
HERNÁNDEZ, F. Catadores da cultura visual: proposta para uma
nova narrativa educacional. Porto Alegre: Mediação, 2007, p.27. (com
adaptações).

Fonte: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_


superior/enade/provas/2011/ARTES_VISUAIS.pdf>. Acesso em: 09 dez.
2014.

Apesar de nossos alunos serem nativos digitais, estes não sabem como fazer
uma pesquisa na internet, criar um hipertexto e tantos outros. Sendo assim, nesta

120 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

proposta de trabalho pedagógico, o professor continuará exercendo sua função,


que é de ensinar, trabalhando os conteúdos da disciplina, ele não será um ator
passivo neste processo de ensino e aprendizagem. A inovação proposta nesta
reflexão fica acerca da metodologia utilizada pelo professor, que esta seja inovadora,
criativa e flexível. Ao unirmos arte e tecnologia, possibilitamos o desenvolvimento
da sensibilidade, do senso estético, crítico, da criatividade, curiosidade, flexibilidade
e tantas outras potencialidades ou aspectos que estas duas linguagens: artística e
tecnológica favorecem.

2.1. 1 Internet Art

Como nosso assunto é sobre arte e tecnologia, faz-se necessário falar de um


movimento artístico cultural contemporâneo extremamente importante, que utiliza
da tecnologia, trata-se da Internet Art, que diz respeito a um movimento global que
tem como suporte as redes virtuais. Além da desmaterialização da obra, essa forma
de arte busca a interatividade estética com o expectador, convidando-o a interferir
na obra.

A criação de um trabalho de arte para a internet, parte do princípio de


estabelecerem-se relações com a sensibilidade do internauta, tornando
a navegação, uma experiência insólita, cômica, hermética, repetitiva, labiríntica,
estética etc.

Internet Arte ou Web Arte, apesar de serem recentes, ambos ocupam relevante
espaço no círculo de exposições de arte contemporânea, como, por exemplo, as
bienais.

Figura 3.2 - Fazendo Tecnologia com Arte

Fonte: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/94/Fazendo_Tecnologia_com _Arte.


JPG?uselang=pt-br>. Acesso em: 25 de nov. de 2014.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 121


U3

Para interagir de forma eficaz, a leitura dos usuários da Internet Art depende
da sua habilidade e conhecimento em mexer com estas informações deste
universo, isto é, se ele não conhecer do que se trata, sua leitura corre o sério
risco de não ser satisfatória e ficar somente em nível estético ou da composição
estrutural das imagens. Essa interatividade acontece em tempo real, em uma
junção de ideias do artista e do expectador no decorrer da alteração da obra.
Para isto, a sensibilidade dos envolvidos é fundamental para que o resultado da
obra seja satisfatória e prazerosa durante sua criação e não somente no produto
final.

Abraham Palatnik (Natal RN 1928). Artista cinético, pintor, desenhista. Seu


Aparelho Cinecromático, foi exposto em 1951 na 1ª Bienal Internacional
de SP, e recebe menção honrosa do júri internacional. A partir de 1964
faz os Objetos Cinéticos. Seu rigor matemático, é importante recurso
de ordenação do espaço. É considerado internacionalmente um dos
pioneiros da arte cinética.
Síntese de Abraham Palatnik - Enciclopédia Itaú Cultural
Fonte: Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/
pessoa9891/abraham-palatnik>. Acesso em: 12 dez. 2014.

Você acredita que talvez as bienais do futuro não ocorram mais


num prédio físico, mas possam ser instaladas no hiperespaço,
para que os espectadores interajam ou simplesmente fruam
as obras em exposição?

122 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

E a educação, o que poderá fazer em relação aos meios tecnológicos, a


internet e como propor atividades artísticas após estudar este movimento
artístico? Acreditamos que, como educadores, o que podemos fazer
diante da presença da tecnologia digital, é tirarmos proveito dessa
situação, isto é, frente a tantas informações, novas e provocadoras,
podemos nos colocar como mediadores dos assuntos veiculados na
mídia e nossos alunos, propor atividades estimulantes que façam com
que eles utilizem esta nova tecnologia digital no processo de ensino e
aprendizagem, pois ela lhes é familiar. O professor poderá juntamente
com seus alunos criar um hipertexto juntando imagens, sons e textos.
Ele pode "modernizar" ou "contemporanizar" o ensino.

2.2 PROPOSTAS ARTÍSTICAS INTERDISCIPLINARES

1ª Proposta

Alfredo Volpi pintor italiano que chegou ao Brasil com 18 meses de idade e
aqui viveu até os 92 anos. Sua obra representa as cores, as formas e a cultura do
Brasil. Triângulos, retas, losangos, meios-círculos pintados por ele transformaram-
se em bandeirinhas, meias-luas, barcos, mastros, ogivas, sereias, santos, mulatas,
brinquedos, casas, etc. Muita gente conhece Volpi como o pintor de bandeirinhas.

Figura 3.3 Alfredo Volpi - Carrinho de sorvete - 1950

Fonte:Disponível: < http://bomlero.blogspot.com.br/2014/04/a-arte-de-volpi.html>. Acesso em: 09 dez. 2014.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 123


U3

Figura 3.4 - Alfredo Volpi - Mané Gostoso - 1950

Fonte: Disponível: <http://educacaodialogica.blogspot.com.br/2008/09/trabalho-1-mdulo-vi-noturno-pedagogia.


html >. Acesso em: 09 dez. 2014.

Como o professor a partir das obras de Volpi poderá propôr um trabalho


interdisciplinar?

ARTES VISUAIS

1. Leitura de obra de arte: fazer a leitura de obra de arte e relatar por escrito os
sentimentos que elas lhe provocam e as lembranças que elas lhe remetem.

MATEMÁTICA

2. A imagem é objeto de estudo das artes visuais, ela é composta de formas,


texturas, linhas, cores dentre outros. Em cada imagem, existem muitos tipos
de linhas. Observe com atenção as duas obras de arte acima e procure quais
formas geométricas e linhas você identifica nas duas obras.

124 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

HISTÓRIA

3. Tendo por base as obras de arte de Alfredo Volpi, realize uma pesquisa sobre o
autor, onde nasceu sua trajetória como pintor, porque pinta bandeirinhas em
suas obras, a que grupo de artistas se filiou, enfim, sobre sua vida e obra.

LÍNGUA PORTUGUESA

4. A obras de Volpi nos remetem à infância, a um momento mágico onde o faz-de-


conta está presente. Produza um texto sobre uma das duas imagens.

2ª Proposta

Figura 3.5 - Cena de Família de Adolfo Augusto Pinto

Fonte: Disponível em: <http://warburg.chaa-unicamp.com.br/artistas/view/307>. Acesso em: 09 dez. 2014.

José Ferraz de Almeida Júnior foi um artista tipicamente acadêmico. Nasceu em


Itu, estado de São Paulo. Formou-se pela escola Imperial de Belas-Artes do Rio de
Janeiro, contudo, o que distingue suas pinturas daquelas de seus contemporâneos
da Academia e o tornaram um verdadeiro antecessor da preocupação com o

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 125


U3

nacional, foi o grande número de obras.

D Pedro II, em viagem ao interior paulista, impressionou-se com o trabalho de


Almeida Júnior e lhe concedeu uma bolsa de estudos em Paris.

A pintura s/ título (cena de família de Adolfo Augusto Pinto) soma às demais


cenas de gênero de ambientes urbanos brasileiros. Esse retrato seria uma pintura
banal de encomenda não fora à intenção bem expressa em registrar a marca
civilizada dessa nova sociedade dentro de um ambiente subtropical como o nosso,
evidenciado aqui ainda uma vez na luminosidade irradiante – exterior X interior –
revelando um conjunto harmonioso de pessoas dispostas em linha compositiva
sinuosa pela tela. Os olhos do espectador percorrem a pintura também a partir desse
lado da composição, do foco de luz à penumbra, a partir do primeiro menino que
tem os olhos voltados para o irmão mais velho, a folhar um álbum de fotografias.
O olhar da segunda criança se volta para um bebê e, em linha verticalizante, nosso
olhar é conduzido para a figura feminina, centro e fundo da tela, olhos baixo sobre
a costura, em diálogo atento com a menina que observa seu gesto. Nosso olhar
capta novamente o ponto central da composição, o menino em pé observando
o álbum de fotografias, para finalmente chegar à figura, por certo principal, do
Adolfo Augusto, que ocupa a metade direita da tela, sóbria, porém, nem por essa
razão menos importante.

Quem afinal é Adolfo Augusto Pinto? Nascido em Itú em 1856, da mesma


geração do pintor, era engenheiro, profissão prestigiosa condizente com o
progresso que se desejava para o meio local.

O século XIX foi uma época de transformações. O Brasil passa de colônia


a Império e a arte é promovida pelo estado com finalidades políticas. A cultura
figurativa colonial, largamente dominada pela produção religiosa, é substituída.
É preciso construir a imagem do novo estado, herdeiro do reino católico e da
vocação oceânica de Portugal, destinado a ser grande potência, e a tarefa é
confiada aos integrantes da Missão Artística Francesa. Para isso, eles introduzem as
instituições características das sociedades contemporâneas: o ensino acadêmico,
as exposições e as primeiras formas de crítica. Embora imite os modelos europeus,
a arte brasileira consegue sua originalidade através da resignificação, isto é, da
readaptação às exigências locais.

ARTE

Leitura da obra;

Pontos analisados: o tratamento da luz e sombra na composição, a disposição


dos elementos na obra e o tema.

126 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

Proposta artística: imaginar como seria a parte externa da casa, a fachada, o


jardim e fazer uma composição visual pictórica (pintura);

LÍNGUA PORTUGUESA

Criar uma conversa entre os personagens da cena retratada no quadro;

HISTÓRIA

Faça uma pesquisa e organize um álbum onde tenha as seguintes questões:


como seus pais se conheceram, a profissão de ambos, quantos filhos tiveram,
quando você nasceu, quem escolheu o seu nome e por quê?

3ª Proposta

Figura 3.6 – Guernica

Pablo Picasso

Fonte: Disponível em: <http://www.infoescola.com/pintura/guernica/>. Acessível em: 09 dez. 2014.

ARTE

Leitura de obra de arte - conceitos a explorar: estrutura de composição.

PORTUGUÊS

A história da obra.

História

Guerra civil espanhola.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 127


U3

4ª Proposta

Figura 3.7 - Mona Lisa de Leonardo da Vinci

Fonte: Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Mona_Lisa>. Acesso em: 10 dez. 2014.

ARTE

Leitura de obra de arte - conceitos a explorar: perspectiva de ponto de fuga


central.

128 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

GEOGRAFIA

O relevo evidenciado pelas rochas e pela água.

5ª Proposta
Figura 3.8 - Dança - Henri Matisse

Fonte: Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Matissedance.jpg>. Acesso em: 09 dez. 2014.

O quadro “A Dança” é a síntese da arte contemporânea com a primitiva. Nesta


imagem de cores vibrantes, produzidas pelo pintor fauvista francês Henri Matisse,
vemos um grupo de pessoas que rodopiam de mãos dadas num movimento de
dança. Matisse retratou esta imagem com poucos traços e cores muito intensas.
Estas figuras parecem flutuar no ar. Elas dançam no topo do mundo com o céu a
protegê-las. As cores são as essenciais para a vida: o azul do céu, da água e do ar,
o verde da vegetação e o vermelho da terra, que está pronta para germinar. Nesta
obra fica efidente que a simplificação da imagem e da cor não comprometem
o conteúdo. O quadro representa a união necessária e possível entre os cinco
continentes através do círculo, que é a forma mais perfeita que existe e das cores
essenciais para a vida.

“Dos pintores fauvistas, que exploraram o sensualismo das cores fortes, Matisse
foi o único a evoluir para o equilíbrio entre a cor e o traço em composições planas,
sem profundidade” (MARTINS; IMBROSI, 2001, p. 84).

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 129


U3

ARTE

Leitura de obra de arte - conceitos a explorar: perspectiva de ponto de fuga


central. Fazer uma leitura e releitura desta obra: refazer a obra, mas nos dias atuais,
pondo roupas e características contemporâneas.

LÍNGUA PORTUGUESA

Criar um poema a partir dessa obra analisada.

GEOGRAFIA

O relevo evidenciado pelas rochas e pela água. Fazer uma maquete sobre estes
relevos.

CIÊNCIAS

Fazer a relação entre céu, água e ar.

6ª Proposta

Figura 3.9 – Andy Warhol - 1962

Fonte: Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Campbell's_Soup_Cans>. Acesso em: 09 dez. 2014.

130 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

ARTE

Leitura de obra de arte - conceitos a explorar: técnica da pintura serigrafia. Fazer


trabalhos com isogravura (isopor). Explicar a técnica da gravura.

CIÊNCIAS

Explicar a qualidade de vida, alimentação saudável - alimentos enlatados. Fazer


uma pirâmide de alimentos.

MATEMÁTICA

Trabalhar com os conceitos de geometria.

7ª Proposta

Figura 3.10 - O GRITO

Fonte: Disponível em: <http://ulbra-to.br/encena/2013/01/27/Angustia-e-desespero-existencial-O-Grito-de-


Edvard-Munch>. Acesso em: 11 dez. 2014.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 131


U3

ARTE

Leitura da obra conceitos a explorar - a expressão através da pincelada e da cor.

Proposta artística: Criar um pequeno texto, em que é apresentado o porquê


desse grito e fazer uma releitura cênica deste quadro.

LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizar o título da obra como relato de emoções.

CIÊNCIAS

Ciências: o som que reverbera.

8ª Proposta

Combinando frutas, legumes, flores e animais, o italiano Giuseppe Arcimboldo,


nascido em Milão no séculco XVI, criava composições singulares. Mas que
imaginação! Fazer um retrato formado por imagens que só se viam nas mesas de
cozinhas!

Suas obras principais incluem a série "As quatro estações", em que usou, pela
primeira vez, imagens da natureza, tais como frutas, verduras e flores, para compor
fisionomias humanas. A ideia de reproduzir as estações como pessoas já era usada
desde a época dos romanos, no entanto Arcimboldo foi o pioneiro na utilização de
vegetais de cada época, na composição de rostos humanos.

132 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

Figura 3.11- “A primavera” Giuseppe Arcimboldo

Fonte: Disponível em: <http://abrancoalmeida.com/2009/04/06/primavera-de-giuseppe-arcimboldo/>. Acesso


em: 09 dez. 2014.

Figura 3.12 - “Verão” Giuseppe Arcimboldo

Fonte: Disponível em: <http://www.zazzle.com.br/verao_giuseppe_arcimboldo_


poster-228751768856220626>. Acesso em: 11 dez. 2014.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 133


U3

Sabemos que os vegetais têm fundamental importância na alimentação


humana. É necessário que desde os primeiros anos de escolaridade o assunto
sobre alimentos seja abordado com os alunos.

Diversas pesquisas têm apresentado os benefícios de uma alimentação saudável


para que possamos ter qualidade de vida. Pesquise sobre a pirâmide dos alimentos
e construa uma, utilizando caixas.

Figuras 3.13 e 3.14 – Pirâmide Alimentar

Fonte: Do autor (2014).

1. Qual é o suporte da Internet Art?

2. Além da desmaterialização da obra, o que mais a Internet


Art busca?

134 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

Ricardo Ribenboim e Ricardo Anderáos foram os criadores da primeira


web art no Brasil, em 1998 na 24ª Bienal Internacional de São Paulo. A
proposta era oferecer ao público de qualquer parte do mundo a visita
virtual à Bienal.
Acesse: <http://www.cibercultura.org.br/tikiwiki/tiki-index.php?page=
arte+na+rede%2Fweb+art>. Acesso em: 21 nov. 2014.
Para conhecer mais esta produção, pode ser consultado o conjunto
bastante extenso de proposta de web arte disponível no banco de
dados. Disponível em: <www.territorialidadeterritoriality.blogspot.
com>. Acesso em: 21 nov. 2014
Fonte: Disponível em: <http://www.sul21.com.br/jornal/por-que-arte-
on-line/>. Acesso em: 21 nov. 2014.

• Apresentamos nesta unidade a proposta de curadoria


educativa, que é uma proposta artística, em que o professor
trabalhar semelhante a um curador em um museu, dentre
as ações exercidas neste trabalho destacamos a leitura de
obra de arte, a organização e escolha de obras de arte e os
critérios utilizados.

• Apresentamos o trabalho em que o aluno deva encontrar


um fio condutor entre obras de arte.

• Apresentamos uma proposta de articulação entre arte


e tecnologia, a partir da obra de arte como suporte
interpretativo, o professor atua como um mediador, tendo a
os aparatos tecnológicos como ferramenta.

• Apresentamos como sugestão a possibilidade de um


trabalho interdisciplinar a partir da obra de arte.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 135


U3

Caro aluno, espero que você tenha refletido nesta unidade a


relevância do ensino de arte e mais especificamente a proposta
de leitura de imagens, e também as possibilidades de propostas
interdiciplinares.

1.
Figura 3.15 – Progressão Irregular de altura

Parc Esportiu de Can Drago (Barcelona)


Fonte: Disponível em: < http://commons.wikimedia.org/wiki/File:335_Tall_irregular,_de_
Sol_LeWitt.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 10 dez. 2014.

136 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

A proposta contemporânea para o ensino de Arte envolve


o trabalho com imagens do cotidiano, arte, mídia e novas
tecnologias, pois somos rodeados por eles. A ênfase nesta
proposta é o diálogo entre as criações tanto da arte como
do cotidiano, bem como a interpretação crítica da arte e da
imagem como artefatos culturais. Chamamos esta proposta
de "proposta da cultura visual". Seu objetivo é questionar e
construir um conhecimento que mostre a importância que
as representações visuais e as práticas culturais dão ao nosso
‘olhar’, neste mundo repleto de estímulos e subjetividades.
Marque a alternativa correta. A partir disso, o texto busca:

A. Enaltecer e analisar a significação nos textos literários.

B. Valorizar, questionar e construir um conhecimento que


mostre a importância que as representações visuais e as
práticas culturais dão ao nosso ‘olhar’.

C. Apreciar os monumentos contemporâneos e realizar uma


leitura semiótica apenas das mídias contemporâneas.

D. Estudar formalmente a relevância da apreciação estética


de obras de arte a céu aberto, como a da imagem da questão.

E. Apresentar uma delimitação que ocorre entre a arte e as


mídias.

2. Tanto ao artista, como também o professor de arte


têm um papel de fundamental relevância que é aproximar
o homem das tecnologias de uma maneira sensível, de
escolher conteúdos que tenham significação humana e
social, visando à inserção do aluno no contexto social, pois
as novas tecnologias estão cada vez mais presentes em seu
cotidiano, promovendo assim, um diálogo entre estes, aluno
e tecnologia.
Pensando no avanço tecnológico e nas possibilidades que
a arte tem de propiciar ao espectador, no caso o aluno, um
olhar mais aguçado e sensível sobre questões culturais, leia
com atenção as afirmativas apresentadas na sequência e
assinale a alternativa correta:

I. O artista contemporâneo, a partir da utilização das novas

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 137


U3

tecnologias, tem a possibilidade de chamar o espectador a


participar e interagir com a sua obra.

II. O artista é instigado diariamente a criar, diante das novas


tecnologias, como a fotografia, o cinema e outros, por meio
de equipamentos eletrônicos.

III. O professor de arte deve, em seu planejamento, promover


um encontro entre o ensino de arte e as novas tecnologias,
a fim de possibilitar um diálogo dos indivíduos com o seu
tempo.

IV. As linguagens artísticas como a pintura, a escultura e a


gravura serão substituídas pelas imagens criadas a partir das
novas tecnologias, por apresentarem maior expressividade.

A partir disso, é correto o que se afirma em:

A Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.


B Apenas as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
C Apenas as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
DApenas as afirmativas I, II e III,são verdadeiras.
E Todas as afirmativas são verdadeiras.

3. O objeto de estudo das artes visuais é a imagem, nelas


encontramos elementos básicos como: pontos, linhas,
formas, texturas, dentre outros. Ao levarmos uma imagem
para o trabalho com a leitura de obra de arte, podemos
realizar várias formas de leituras. Marque a alternativa correta
quanto às diferentes abordagens que poderemos utilizar da
leitura e análise entre duas obras de arte.

A. Apenas descrevê-las oralmente e separadamente, em


seguida elas deverão ser contextualizadas e o professor
poderá aplicar um questionário que aborde vida e obra de
seus produtores.
B. Descrevê-las e escolher uma entre as duas para realizar
um exercício de cópia. É importante que as obras sejam
contextualizadas.
C. Descrevê-las, encontrar um fio condutor entre ambas,
construir sentido, analisar os aspectos formais: cor, formas,
linhas, pontos, interpretá-las, relacionar as imagens aos
sentimentos provocados, contextualizar, ou seja, conhecer

138 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

o produtor e o contexto em que as obras foram realizadas,


emitir juízo de valor quanto à qualidade estética, dentre
outros.
D. Deverá fazer um exercício de análise comparando ambas
e pedindo que escolham a mais bonita, a partir desta escolha
fazer a contextualização e aplicar um questionário sobre vida
e obra de seu produtor.
E. Deverá deixá-las de adorno, apenas para apreciação
estética, sem um trabalho de análise, comparação, expressão
de percepções e sentimentos.

4. O professor como curador, este é quem seleciona as


obras de arte que irá trabalhar, respeitando uma unidade
entre elas, organiza o espaço escolar onde irá expô-las e
planeja propostas artísticas a partir da leitura de obra de arte
e apreciação estética. Pensando tanto no curador em um
museu, como o professor realizando um trabalho semelhante
a este curador, quando for trabalhar com reproduções de
obras de arte, podemos afirmar que entre suas inúmeras
funções, realizar uma curadoria educativa é basicamente :

A. Saber fazer escolhas de obras de arte.


B. Saber fazer planejamento.
C. Saber decorar a sala de aula com imagens.
D. Saber indicar museus para visitas.
E. Saber sobre arte moderna.

5. Observe com atenção esta charge e marque a alternativa


correta, que a interpreta.

Figura 3.16 - Sala de Aula

Fonte: Disponível em:<http://api.ning.com/files/8Hk*7aAawXO3MEQ2p86EdoCTrAK7M3iVh2W


CDp-0JGlvhuC6H*6PHsUgqQaLBdgMFDv9S57LMax*QWyCmwMJHsleEYwQksUZ/abcd.JPG>.
Acesso em: 29 dez. 2014.

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 139


U3

Esta imagem diz respeito à integração ou articulação entre:

a. ( ) O ensino e a charge.
b. ( ) A inclusão e o ensino.
c. ( ) O ensino e as crianças.
d. ( ) A tecnologia e o lazer.
e. ( ) A educação e a tecnologia.

140 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


U3

Referências

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Caribe, 22 fev. 2010. Entrevista concedida a Josiane Benedet. Disponível em:
<http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=45300>. Acesso em: 11
dez. 2014.

BACH, Richard. Longe é um lugar que não existe. Europa-América, 1997.

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Perspectiva / criar um hipertexto e Fundação Ioschpe, 1991.

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Conexão, 1. Encontro do NatFap: Núcleo de Arte e Tecnologia da Faculdade
de artes do Paraná. 10, 11 e 12 de agosto de 2011. Disponível em: <http://www.
fap.pr.gov.br/arquivos/File/Comunicacao_2012/Pesquisa_e_PosGraduacao/
Anais_ConexaoI/AndreaBertoletti_Tecnologia_Digital_no_Ensino_da_Arte_
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nacionais – Arte. Brasília, MEC, 1997.

DOMINGUES, D. Criação e interatividade na ciberarte. São Paulo: Experimento,


2002.

HERNÁNDEZ, F. Catadores da cultura visual: proposta para uma nova narrativa


educacional. Porto Alegre: Mediação, 2007.

LÉVY, P. Tecnologia para qual educação? Nominuto.com, 2007.Entrevista


concedida a Guilherme Jeronymo e Elisangela Oliveira em 28 de agosto de 2007

Disponível em: <http://nominuto.com/noticias/vida/pierre-levy-tecnologia-para-


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______, P. Encontro de trabalho promovido pelo Laboratório de Inteligência


Coletiva da PUC-SP. Entrevista realizada em 28 ago. 07 pela Fundação Vanzolini e
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LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, adeus professora: Novas exigências

Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino 141


U3

educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 2002.

MARTINS, M. C. F. D.; PICOSQUE, G.; GUERRA, M.T.T. Didática do ensino de arte:


a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.

MARTINS, M. C. (coord.). Curadoria educativa: inventando conversas. Reflexão e


Ação. Revista do Departamento de Educação/UNISC, v. 14, n.1, jan/jun 2006,
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MARTINS, S. R.; IMBROISI, M.H. Fovismo. In: RODRIGUES, Rennan R. Linha do


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MORAN, J. M. et al. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 3. ed, Campinas:


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PARSONS, M. Compreender a arte. Lisboa, Presença, 1992.

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SILVA, R. J. Leitura, leitores e significação. Março 2003. Disponível em: < www.
ofaj.com.br/colunas>. Acesso em: 28 mar. 2009.

142 Leitura imagética: uma proposta interdisciplinar de ensino


Unidade 4

A LEITURA DE IMAGEM NA
EDUCAÇÃO BÁSICA

Laura Célia Sant’Ana Cabral Cava

Objetivos de aprendizagem:

l Conhecer a Proposta Triangular;

l Articular os campos conceituais da Arte: produção artística, apreciação


estética e contextualização histórica;

l Compreender o trabalho de releitura;

l Refletir e conhecer propostas artísticas na educação básica.

Seção 1 | Proposta triangular


Iniciaremos estudando a proposta de Ana Mae Barbosa denominada de
Proposta Triangular, que difundiu-se por todo o Brasil e foi mal interpretada,
por denominarem a proposta de metodologia e, principalmente em
relação a releitura de obra de arte, que foi confundida com cópia.
Abordaremos sobre à releitura e apresentaremos um exemplo desta.
U4

Seção 2 | Propostas interdisciplinares


Refletiremos sobre algumas questões metodológicas em relação ao
ensino de artes visuais e apresentaremos algumas propostas artísticas
interdisciplinares, que utilizam a imagem / obra de arte como suporte
interpretativo, que poderão ser realizadas desde a educação infantil ao
ensino médio.

144 A leitura de imagem na educação básica


U4

Introdução à unidade

Nesta unidade refletiremos acerca do ensino de Arte, mais especificamente


sobre a proposta de leitura de imagem, dentre elas a de obra de arte, utilizando
a Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa, que articula os campos conceituais:
fazer/produzir – Apreciar/fruir e refletir/contextualizar.

Apresentaremos também uma proposta de releitura, como se faz uma releitura,


que contribuições este exercício de apreciação estética e produção artística pro-
movem para o desenvolvimento do aluno e por fim, refletiremos sobre algumas
propostas artísticas interdisciplinares e sugestões de como trabalhar em sala de
aula, desde a educação infantil até o ensino médio.

A leitura de imagem na educação básica 145


U4

146 A leitura de imagem na educação básica


U4

Seção 1

Proposta triangular

Vamos conhecer mais de perto a arte educadora e pesquisadora Ana Mae


Barbosa, que trouxe ao Brasil sua Proposta Triangular, que foi amplamente difundida
e, em alguns momentos, mal interpretada. Trata-se de uma proposta construtivista,
interacionista, dialogal, multiculturalista e pós-moderna.

1.1 CAMPOS CONCEITUAIS DA ARTE

Nos anos 80, professores do Brasil inteiro estavam incomodados com a


situação do ensino de Arte, desde a educação infantil até o ensino superior, pois as
aulas eram ministradas por outros professores que não os da área, as aulas eram
fragmentadas, voltadas apenas no fazer, sem a contextualização história, sem
pesquisa, sem continuidade. Diante deste cenário, os professores começam a se
comunicar e se encontrar em congressos, em grupos de estudos, em seminários
e surge, então, o Movimento de Arte-Educação, o qual mobilizou parte dos
professores de Arte do ensino formal e informal, a fim de discutir as metodologias
no ensino da Arte e a função desta.

Os membros deste movimento discutiam a questão do ensino de Arte e


o reconhecimento desta área do conhecimento, denominada de Educação
Artística. Em 1988, este movimento ganhou força, com as discussões voltadas
para a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que pretendia retirar
a obrigatoriedade do ensino de Arte, ou seja, Educação Artística, mas este fato
acabou não ocorrendo (BRASIL, 1997).

Ana Mae Barbosa, pesquisadora, arte educadora e atuante neste movimento,


nesta mesma época, tendo a obra de arte, como suporte interpretativo, começou
a proferir palestras em todo o Brasil. Esta pesquisadora tem um papel relevante em
relação à utilização de imagens de obras-de-arte.

Ana Mae propunha o ensino de Arte, partido da leitura de obra de arte desde a
educação infantil, e, a partir deste exercício inicial de leitura de imagem / obra de
arte, a professora faria a contextualização histórica de acordo com o tempo de
concentração da criança e sua curiosidade, sem a preocupação de memorização

A leitura de imagem na educação básica 147


U4

de datas, nomes e fatos e nesta mesma proposta que houvesse também a


produção artística.

Quando apresentada a proposta de Barbosa, houve um pouco de resistência,


ela descreve duas palestras realizadas em Florianópolis que na primeira etapa teve
como público-alvo professores de arte universitários e estudantes dos cursos de
educação artística e que houve muitos questionamentos, em um segundo encontro,
houve pouca participação de professores universitários e a grande maioria era de
professores de educação básica. De acordo com Barbosa (1991, p.22):

A reação contra a palestra foi violenta [...],


principalmente no repúdio à ideia de permitir
que crianças desenhassem a partir de obras de
arte que haviam observado. A maioria recusou
até a ideia de mostrar obras de arte a crianças.

No entanto, apesar de ter sido repudiada por alguns, a proposta Triangular


difundiu-se por todo o Brasil que propunha o ensino de Arte a partir de três ações:
leitura de imagem, produção e contextualização.

Iniciaremos nosso estudo apresentando a proposta de Ana Mae Barbosa


denominada de Proposta Triangular, que difundiu-se por todo o Brasil e foi mal
interpretada, por denominarem a proposta de metodologia e, principalmente em
relação à releitura de obra de arte, que foi confundida com cópia. Abordaremos
sobre releitura e apresentaremos um exemplo desta.

Confira sobre a Metodologia do Ensino de Arte


Neste vídeo você verá uma professora de Arte do Ensino Fundamental
que faz um trabalho de leitura de obra de arte, articulou os eixos:
produzir/fazer – apreciar/fruir e refletir/contextualizar. A professora
explica como avalia. Outra questão relevante neste vídeo é que a
professora expõe os trabalhos de seus alunos.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=m80UV5yLPCU>.
Acesso em: 29 dez. 2014

148 A leitura de imagem na educação básica


U4

Figura 4.1 - Eixos da proposta triangular

Fonte: Do autor (2014)

Articular estes campos conceituais da Arte ou eixos são ações propostas na


abordagem triangular, em que há uma articulação entre as vertentes (produção,
leitura de imagens e contextualização), não importando a ordem, esta deverá ser
de acordo com o planejamento do professor, isto é, não há uma hierarquia e sua
prática promove a construção do conhecimento em arte.

A proposta triangular surgiu de uma adaptação de vários métodos de


ensino que Barbosa conheceu em sua trajetória como pesquisadora,
entre as quais estão as “Escolas ao Ar Livre” (tradução nossa), do México,
que baseava seu ensino na cultura local, nacional e na expressão
individual. Outras influências advêm do movimento inglês “Estudos
Críticos” (tradução nossa), que enfatizava a leitura crítica ao lado do
fazer artístico e da história da arte; ao movimento literário americano
“Reader Response” (sem tradução), que influenciou a leitura de imagens,
pois, este não desprezava os elementos formais e emocionais na análise.
Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/
anais/pdf/2490_1365.pdf>. Acesso em: 29 dez. 2014.

A leitura de imagem na educação básica 149


U4

Os Parâmetros Curriculares de Arte (BRASIL, 1997), se baseavam na Proposta


Triangular de Ana Mae Barbosa e articulavam seus eixos da seguinte forma, não
importando a ordem: Fazer / produzir – fruir / apreciar e refletir (cabendo neste
último a contextualização).

Conheça um pouco sobre os trabalhos do artista plástico Frans Krajcber,


acessando o seguinte link: Disponível em: <http://www.macniteroi.
com.br/wp-content/uploads/2014/06/Frans-Krajcberg.pdf>. Acesso
em: 29 dez. 2014.

Concluímos esta reflexão apresentando um planejamento a partir de um


trabalho de leitura de obra de arte:

Sugestão de Planejamento

TEMA: Estética do cotidiano

Objetivos:

• Recolher alguns elementos naturais descartados pela natureza (sementes,


vargens, folhas, gravetos, casca de árvores, etc.);

• Fazer uma composição artística com colagens de elementos naturais;

• Refletir e compreender sobre os cuidados que devemos ter com o meio


ambiente;

• Realizar os trabalhos com originalidade;

• Exercitar a imaginação, sensibilidade, a criatividade, o senso estético, a


criticidade e a noção espacial;

150 A leitura de imagem na educação básica


U4

• Conhecer e realizar a técnica da colagem;

• Fazer a análise do próprio trabalho (na hora da leitura do trabalho),


possibilitando o desenvolvimento da oralidade e descontração;

• Conhecer e realizar um trabalho utilizando a técnica do decalque;

• Apreciar e conhecer o trabalho do artista plástico Frans Krajcberg.

Conteúdo: Composição visual (colagem e decalque) e apreciação


estética de obras de arte e seu produtor (Frans Krajcberg).

Metodologia da ação pedagógica:

Esta aula será desenvolvida em uma escola pública, com alunos do 2º


ano do Ensino Fundamental.

1º momento: Organizar a turma em círculo e propor uma conversa


sobre queimadas e desmatamentos. Fazer alguns questionamentos: Como
as pessoas se relacionam com a natureza? Elas cuidam do ambiente em
que vivem? Onde jogam seus lixos? Como cuidam de seus jardins, suas
calçadas, de suas ruas? Para onde vão os lixos jogados nas ruas? Quais as
consequências de queimadas e desmatamentos? Em seguida propor uma
aula de campo: andar pelo bairro para verificar sobre as questões levantadas
e propor que os alunos recolham os elementos naturais (sementes, folhas
secas, gravetos, cascas de árvores, etc.) que estejam jogados nas calçadas,
canteiros de árvores, etc.

2º momento: Apresentar obras de arte do artista plástico Frans


Krajcberg, que além do trabalho plástico que realiza, faz uma denúncia
ao desmatamento e às queimadas, utilizando o que o homem descartou
na natureza (troncos, raízes cortados ou queimados) em seus trabalhos
artísticos, isto é, resignificando-os, transformando-os em arte (esculturas,
painéis, etc.).

3º momento: Propor que utilizem estes elementos naturais descartados


pela natureza, transformando-os em um trabalho artístico de colagem. Colar
sobre um suporte (papel) grosso, do tipo cartolina ou papelão, os elementos
naturais. Os alunos que deverão organizar a disposição dos elementos no
suporte. Utilizar cola de boa qualidade para colar as sementes de forma que
fiquem coladas.

A leitura de imagem na educação básica 151


U4

4º momento: Depois de bem colado os elementos naturais, de


preferência no outro dia, colocar uma folha de papel sulfite sobre a
colagem e em seguida fazer um trabalho de decalque, que é passar (pintar)
o giz de cera, deitado, por cima da colagem fazendo aparecer o desenho
e a textura (que ficarão em alto relevo) dos elementos colados.

Avaliação: A avaliação deverá ser diagnóstica, contínua e somatória,


para saber o que a criança conhece sobre o meio ambiente, quais
conhecimentos prévios que traz, e também, conhecimentos práticos,
sobre a técnica da colagem, em seguida deverá ser avaliada quanto
à participação na roda de conversa, o envolvimento com as atividades
propostas, a execução da proposta artística, o trabalho, seu progresso ou
não, comparado com seus trabalhos anteriores de colagem, caso tenha, e,
por fim, a avaliação deverá estar de acordo com os objetivos do professor.
Sugerimos os portfólios como instrumento avaliativo, pois este, além de
se aprofundar teoricamente, demonstra o progresso da criança e seus
sentimentos em relação aos trabalhos propostos.

Figura 4.2 - Colagem Figura 4.3 - Decalque

Fonte: Do Autor (2012) Fonte: Do Autor (2012)

Fonte: CAVA, Laura Célia Sant’Ana Cabral. Ensino das artes: pedagogia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

152 A leitura de imagem na educação básica


U4

Veja os trabalhos artísticos propostos no plano de aula no site:


Disponível em: <http://aguaderramada1.blogspot.com.br/2010/05/
decalque-descobrindo-texturas.html>. Acesso em: 20 nov. 2014
Confira mais sobre avaliação: Disponível em: <http://www.moodle.
ufba.br/mod/book/view.php?id=12842&chapterid=10489>. Acesso
em: 20 nov. 2014

1.2 RELEITURA DE OBRA DE ARTE

Neste livro, falamos muito sobre a leitura imagética, mais especificamente a


leitura de obra de arte, no entanto, como foi dito anteriormente, quando Ana Mae
propõe o trabalho a partir da obra de arte, em seguida fazer a releitura, houve
muitos equívocos, por todo o Brasil, acerca do que seria releitura, ainda hoje nos
deparamos com estes entendimentos errôneos.

A releitura poderá acontecer após a leitura de obra de arte.

Muitos professores acreditam ser a releitura a cópia fiel do quadro original e


quanto mais próximo do quadro, quanto melhor for a cópia, julgam ser melhor
o trabalho de seus alunos. Estes professores estão equivocados, releitura não é
cópia!

Enquanto a Leitura fica na parte subjetiva, na oralidade e percepção, a releitura


fica na parte prática, no fazer, “por a mão na massa”. Fazer a releitura de uma
obra de arte é o mesmo que, reinterpretá-la, relê-la, no entanto, segundo a visão
de quem a reinterpreta, não é copiá-la, é refazê-la, segundo o olhar e estilo de
quem a refaz, na releitura há criação. Releitura articula-se com o eixo ou campo
conceitual: Produzir / fazer. Reler uma obra é fazer uma nova composição,
fazendo referência ou citação à obra original, porém, segundo o olhar de quem
a reinterpreta, segundo os seus critérios. Em uma releitura a essência da obra, o
principal elemento persiste, porém a composição é reelaborada por outra pessoa,
no nosso caso, o aluno, segundo seus critérios e talvez com outra técnica, portanto,
é outro trabalho. Para Barbosa (1991, p. 107),

A leitura de imagem na educação básica 153


U4

Quando o aluno observa obras de arte e é


estimulado e não obrigado a escolher uma
delas como suporte de seu trabalho plástico a
sua expressão individual se realiza da mesma
maneira que se organiza quando o suporte
estimulador é a paisagem que ele vê ou a cadeira
de seu quarto [...].
O importante é que o professor não exija
representação fiel, pois a obra observada é
suporte interpretativo e não modelo para os
alunos copiarem.

Figura 4.4 - Apreciação Estética

Fonte: Do autor (2014)

154 A leitura de imagem na educação básica


U4

Para conhecer mais sobre releitura, sugerimos alguns links, veja a seguir:
<http://www.youtube.com/watch?v=eh7ynipNFSI>. Acesso em: 20
nov. 2014.
Obras de Cleir Ávila - releitura
<http://www.youtube.com/watch?v=yfIgEiMUg9I>. Acesso em: 20
nov. 2014.
Releitura da obra do artista Heitor dos Prazeres
<http://www.youtube.com/watch?v=tWmAmrbmPq4>. Acesso em: 20
nov. 2014.

Para Pillar (2001) leitura e releitura de obra são: ler uma obra é o mesmo que
perceber, compreender, interpretar esta trama de cores, texturas, volumes, formas,
linhas que constituem uma linguagem. Perceber objetivamente os elementos
presentes na imagem, sua temática, sua estrutura e posteriormente, conhecer o
nome da obra, por quem foi feita, em que contexto, dentre outros.

A releitura possibilita a criação, pois apesar de ser uma reinterpretação de algo


que já foi feito, ela será refeita, por outra pessoa, em outro contexto e, muitas
vezes, utilizando outra técnica diferente da utilizada na obra original.

Para Pillar (2001), leitura e releitura são criações, pois, a constância desta prática
em sala de aula, proporciona à criação de um conceito, o desenvolvimento do
senso crítico e estético, a reestruturação de elementos num determinado espaço,
a elaboração da composição do aluno, tendo a obra original como base, fazendo
uma referência, uma citação a ela.

Reler é criar novos significados. Ao reinterpretarmos, por intermédio do


desenho, da pintura, da escultura ou outra linguagem artística, uma imagem, com a
ideia de recriá-la, reconstruí-la em outro contexto, estamos fazendo uma releitura.
Podemos fazer releituras de imagens diversas, não precisa necessariamente ser
de obras de arte. Um exemplo de releitura de uma imagem seria desenhar o Papai
Noel de verde e amarelo, ou seja, com roupas características de nosso clima, de
nosso país, um “Papai Noel brasileiro”.

A leitura de imagem na educação básica 155


U4

Van Gogh pintou este quadro em Paris, entre 1888 e 1889, porém há
nesta imagem a forte influência da vivência que o artista trouxe das
zonas rurais da Holanda. A aparência deles talvez não surpreendesse
se não fosse o aspecto rude e gasto pelo uso, suas marcas nos contam
um pouco sobre a vida de quem os usa, os caminhos laboriosos que
percorrem e a humildade de suas vidas.
Fonte: Disponível em : <http://artepublicidade.blogspot.com.
br/2011/03/os-sapatos-de-vicent-van-gogh.html>. Acesso em: 20
nov. 2014.

Cuidado para não confundir cópia com releitura. Cópia é aprimoramento


técnico, sem transformação, sem interpretação, sem criação. Na releitura, há
transformação, interpretação, criação de sentido, com base em um texto visual.

Apresentaremos a seguir uma releitura feita em grafite (outra técnica).

Figura 4.5 - Sapatos

Fonte: Do autor, 2014

156 A leitura de imagem na educação básica


U4

A releitura poderá ser realizada com diversas técnicas como: gráfica (desenho),
pictórica (pintura), colagem, construções com sucatas, modelagem, sonora (por
exemplo: sonorizar a cena de uma imagem), cênica (por exemplo: encenar, dar
vida a imagens, dentre outras).

O trabalho com leitura ou releitura pode ser realizado a partir de duas ou mais
obras de arte que utilizem a mesma temática ou que tenham coisas em comum,
o professor pode pedir a seus alunos que encontrem um fio condutor entre elas,
isto é, pedir que procurem o que elas têm em comum, tem de igual. Esse tipo de
proposta faz com que o aluno faça analogia entre diferentes obras, conheça mais
de um pintor e os diferentes estilos entre eles. É uma ótima oportunidade para o
professor mostrar como não existe um jeito único de representar algo, existem
inúmeras formas de ver, interpretar e representar, sendo assim, é errado dizer: eu
não sei desenhar uma árvore, como se tivesse um jeito único de árvore, o que
cabe aqui, no lugar de "não sei", seria eu não tenho habilidade para o desenho.

Em relação à releitura de obras, há teóricos que acreditam ser essa proposta


uma questão de modismo, talvez tenham razão, embora, na história da arte, os
artistas já faziam suas releituras de outras obras de arte. Na releitura, o trabalho
original serve de base, a releitura faz referência ou citação à obra de arte original. Na
releitura podemos acrescentar elementos, tirar elementos, organizar os elementos
de outra maneira, representá-la com uma pitada de humor, isto é, satirizá-la, levá-la
para outro contexto, utilizar outras técnicas, diferentes da imagem original, enfim,
dar “asas à imaginação”! Veja a seguir alguns exemplos de releitura.

Figura 4.6 - Natureza Morta Figura 4.7- Natureza Morta


1: Trabalho original 2: Releitura 1

Fonte: Cava (2009, p. 19) Fonte: Cava (2009, p. 19)

A leitura de imagem na educação básica 157


U4

Figura 4.8 - Natureza Morta Figura 4.9 - Natureza Morta


3: Releitura 2 4: Releitura 3

Fonte: Cava (2009, p. 20) Fonte: Cava (2009, p. 20)

Na releitura 1 (Figura 4.7), o trabalho artístico lembra, isto é, faz referência ao


outro trabalho original (Figura 4.6 – natureza morta), mas não são iguais, alguns
elementos foram tirados, outros acrescentados, a disposição dos elementos no
espaço mudou e as texturas do fundo são diferentes. Já na releitura nº 2 e nº 3,
(Figuras nº 4.8 e 4.9), os trabalhos fazem referência ao trabalho original (Figura
nº 4.6 – natureza morta), no entanto, foram bem modificados, alguns elementos
também foram tirados, outros acrescentados.

De acordo com Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 74),

Para cultivarmos o hábito da leitura de obras


artísticas, é fundamental não só o contato com
as reproduções de obras de arte (já que nossa
presença frente às originais nem sempre é
possível), como também a frequência a galerias
de arte, museus, teatros, concertos óperas, etc.
[...] ler é produzir sentido. Lemos a cor vermelha
em uma obra figurativa ou abstrata, da mesma
maneira que a cor vermelha do semáforo? Nesse

158 A leitura de imagem na educação básica


U4

momento, lidamos com códigos fechados,


que são signos utilitários, porque o homem
lhes atribuiu um único significado para melhor
organizar sua vida.
Diante do elemento cor na obra de arte, abre-se
possibilidade da multiplicidade de leituras. Nesse
momento você, enquanto fruidor aprecia uma
composição estruturada por códigos abertos,
cuja decodificação permite uma infinidade
inesgotável de interpretações.

Na história da Arte temos diversas releituras.

Figura 4.10- Pássaro

Releitura da obra Pássaro de Aldemir

Fonte: 50. Pássaro 1999 Aldemir


Martins.
Disponível em: http://www.4shared.
com/photo/7cvT6c2Q/50_
Pssaro_1999_Aldemir_Martins.
html. Acesso em: 10 dez. 2014.

Veja no endereço eletrônico a seguir, a releitura de “As meninas de


Velásquez, feita por Pablo Picasso”.
Disponível em: <http://clubedeleituraicarai.blogspot.com.br/2009/10/
releituras-deve-se-ler-pouco-e-reler.html>. Acesso em: 29 dez. 2014

A leitura de imagem na educação básica 159


U4

Concluímos esta seçào, pensando naquela criança que tem a oportunidade,


desde a educação infantil, de conhecer diferentes tipos de manifestações artísticas,
de vivenciar momentos culturais diversos, fazendo visitas a museus, galerias,
exposições, assistindo apresentações circenses, espetáculos de teatro, de dança,
concertos musicais e outros, e também, aprender sobre os produtores de arte
em geral (local, regional, nacional e internacional), quando chegar à idade adulta,
não será uma pessoa excluída do contexto cultural em que vive, provavelmente
esta criança será uma pessoa com um leque de conhecimentos maior, será uma
pessoa mais criativa, original e principalmente mais sensível diante dos fatos, das
situações, dos objetos, das pessoas, dos sons, da natureza e, enfim, da vida.

1. De acordo com a Proposta Triangular para o ensino de Arte,


sistematizada por Ana Mae Barbosa, amplamente difundida
desde a década de 90, é correto afirmar que o fazer, apreciar
e contextualizar:

A. Exige uma hierarquia na combinação de suas ações e seus


conteúdos, e deve privilegiar a história da arte europeia.

B. Que suas ações básicas – fazer, apreciar e contextualizar


– não podem ser aplicadas em outras linguagens artísticas,
como da dança e da música.

C. São ações propostas na abordagem triangular, em que


há uma articulação entre as vertentes, não importando a
ordem, isto é, não há uma hierarquia e sua prática promove a
construção do conhecimento em arte.

D. A abordagem triangular insere-se numa visão mais


contemporânea de ensino da arte que valoriza a emoção em
detrimento da cognição.

E. A construção do conhecimento não acontece se o professor


não respeitar a hierarquia das ações do fazer, apreciar e
contextualizar.

2. De acordo com tudo que o já foi discutido neste caderno de

160 A leitura de imagem na educação básica


U4

estudo, assinale a alternativa que define de forma completa o


que é uma releitura?

A. Releitura é a transformação, a interpretação, tendo como


base em um texto escrito. É refazer uma obra literária igual a
original, sem alterar nada.

B. Releitura é uma técnica artística de ler duas vezes um texto


e produzir trabalhos de colagem.

C. Releitura é ler duas vezes um texto que poderá ser escrito


ou imagético.

D. Releitura é aprimoramento técnico, com base em um


texto visual. É copiar uma obra tendo como suporte a
obra original.

E. Releitura é transformação, interpretação, criação de


sentido, com base em um texto visual. É refazer uma
obra tendo como suporte interpretativo a obra original.

Quando você era estudante do Ensino Fundamental ou


Médio, algum professor de arte trabalhou com leitura de
imagem / obra de arte com sua turma? Caso sua resposta
seja sim, o que você achou dessa experiência? Reflita sobre
esta questão, se você acha viável, ou não, após suas leituras
e/ou experiência como aluno a leitura de imagem desde a
Educação Infantil.

A leitura de imagem na educação básica 161


U4

162 A leitura de imagem na educação básica


U4

Seção 2

Propostas interdisciplinares

Apresentaremos a seguir, algumas propostas artísticas. A primeira proposta


abordaremos a partir de obras com a mesma temática, com isso exemplificaremos
algumas sugestões de atividades que iniciam na Educação Infantil e vão até o
Ensino Médio, tendo como suporte interpretativo a obra de arte, ou seja, partindo
da leitura de obra de arte, que foi amplamente apresentada nestas unidades e
lançar propostas artísticas. As obras escolhidas poderão ser: Europeia, Americana,
Africana, Asiática e da Oceania, renomadas ou não, locais, regionais, nacionais e
internacionais, e também, obras de diferentes épocas, estilos, lembrando também
das obras contemporâneas.

A partir da segunda proposta colocaremos sugestões diversas que poderão ser


adequadas a cada etapa da educação básica.

Dessa forma, compreenderemos e apresentaremos nesta seção 2 da Unidade 4


algumas propostas artísticas contextualizadas, tendo como suporte interpretativo a
obra de arte. Estas propostas artísticas poderão ser realizadas na Educação Infantil,
Ensino Fundamental e no Ensino Médio. O que mudará nas propostas será o grau
de complexidade.

Refletiremos sobre algumas questões metodológicas em relação ao ensino de


artes visuais e apresentaremos algumas propostas artísticas interdisciplinares, que
utilizam a imagem / obra de arte como suporte interpretativo, que poderão ser
realizadas desde a educação infantil ao ensino médio.

2.1 DIDÁTICA DO ENSINO DE ARTES VISUAIS

Uma aula de artes visuais não pode se realizar em um clima muito rígido, com
crianças imóveis, por outro lado, não pode ser muito livre, em um clima de “vale
tudo”, onde o que conta é a expressividade da criança, sem parâmetros, sem
ordem, sem objetivos em que o professor torna-se um mero espectador.

De acordo com Cava (2009, p. 28), “há um grande equívoco em achar que
nas aulas de artes visuais vale tudo, tudo é bonito, tudo é certo, não pode haver

A leitura de imagem na educação básica 163


U4

intervenções, nem explicações que está apenas ligada ao fazer”.

O educador deve ter bem claro o que irá propor e quais os objetivos que
pretende atingir.

Com crianças menores, Educação Infantil e de 1º a 2º ano do Ensino


Fundamental, o ideal é que se trabalhe muito com a exploração de materiais
diversos e de diferentes suportes e suas possibilidades. Sendo assim:

[...] o professor deve proporcionar o manuseio


de diferentes materiais como pincéis, giz de
cera, lápis de cor, carvão, tinta, canetinhas etc.
E também realizar os trabalhos em diferentes
suportes como papéis, papelão, muro, chão,
quadro de giz etc. E de diferentes tamanhos
e formas papéis circulares retangulares,
quadrados, pequenos, grandes, médios, de
variadas cores, formas e texturas.
Existe um pensamento equivocado de que o
professor não deve fazer nenhum comentário
sobre o trabalho de seu aluno, para não interferir
em seu processo de criação. Este pensamento é
próprio da escola Nova, onde o professor era um
mero espectador. Hoje o professor deve fazer
suas intervenções, conversar com seu aluno,
sugerir determinados procedimentos, explicar
novamente, caso perceba que seu aluno não
compreendeu. O que o professor não deve fazer
é interferir no trabalho, apagar desproporções,
ditar as cores que o aluno deverá utilizar,
direcionar o trabalho, segundo o seu gosto, o
seu “padrão de beleza” e muito menos retocá-
lo, para ficar mais “bonitinho”, pois irá para uma
exposição! (CAVA, 2009, p. 35).

As atividades em artes visuais envolvem os mais diferentes tipos de materiais e


indicam possibilidades de transformação de re-utilização e de construção de novos
elementos, formas, texturas, etc. A relação que a criança pequena estabelece com
os diferentes materiais se dá, no início, por meio da exploração sensorial, e de
sua utilização em diversas representações bidimensionais e construção de objetos

164 A leitura de imagem na educação básica


U4

tridimensionais, nascem do contato com novos materiais, no fluir de imaginação e


no contato com as obras de arte.

Beatriz Milhazes é uma artista brasileira que trabalha com formas


circulares que sugerem deslocamentos. É possível inferir que as obras
das duas artistas se relacionam também ao artesanato, entretanto, elas
subvertem o aspecto artesanal no momento em que ultrapassam os
limites da pintura convencional e criam novos modos do fazer pictórico.
Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/
enade/provas/2011/ARTES_VISUAIS.pdf>. Acesso em: 29 dez. 2014.

2.2 EDUCAÇÃO INFANTIL

Proposta 1

Esse trabalho terá como suporte interpretativo a obra da artista plástica


contemporânea Regina Silveira. Antes vamos conhecer um pouco sobre a artista.

Regina Silveira: (Porto Alegre, 18 de janeiro de 1939) é uma artista


plástica e arte-educadora brasileira.
Iniciou sua formação em Porto Alegre, principalmente
em pintura e gravura, com importantes artistas, entre eles, Iberê
Camargo.
Na década de 60 entrou em contato com a arte conceitual.
Nos anos 70 iniciou trabalhos com malhas e perspectivas e passou
a atuar no circuito da mail art. Neste período tornou-se importante
artista multimídia e pioneira da vídeo-arte no país.

A leitura de imagem na educação básica 165


U4

Em 1980 realizou a importante série Anamorfas, sobre as distorções


da perspectiva. Logo depois, outro importante trabalho, Simulacros,
foi fruto do uso de sistemas artificiais para a construção das formas no
espaço.

Para conhecer mais sobre a artista, confira no link: Disponível em:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Regina_Silveira>. Acesso em: 09 dez. 2014.

A partir deste link de Regina Silveira segue uma proposta artística para
educação infantil.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Rt0nO7kUZ4>.
Acesso em: 29 dez. 2014.

Figura 4.11- Vamos Conhecer um Trabalho Seu?

Fonte: Disponível em: <https://lusopatia.wordpress.com/2012/03/09/regina-silveira/>. Acesso em: 09 dez. 2014.

166 A leitura de imagem na educação básica


U4

Educação Infantil
Conteúdo: Composição visual pictórica de impressão.
Objetivo: Realizar uma produção artística de impressão.
Possibilitar o desenvolvimento da percepção e exploração dos sentidos: visão,
tato.

Adaptação da sugestão de uma proposta artística realizada com crianças de


creche e de Educação Infantil. Professora: Lourides Francisconi

Com os bebês: (5 a 12 meses) entintar as mãos e os pés e fazer o ‘carimbo’


a impressão dos mesmos sobre suportes diversos: papéis variados em cores,
texturas e gramaturas; tecidos diversos; madeira; calçada do pátio; espelho da
sala de aula (aqui também pode ser utilizada maquiagens específicas para fazer
o carimbo/impressão da boca). Fazer trilhas pelo chão da sala ou espaço do
pátio, carimbando os pezinhos dos pequenos, ajuda na descoberta perceptiva
dos espaços e ambientes. Recomendo a leitura da imagem a partir do corpo
da composição constitutiva do mesmo para que a criança inicie o processo de
desenvolvimento perceptivo de si, do outro e do pertencimento. Enfatizando a
relação com o espaço e os ambientes.

Crianças de 1 a 3 anos: além das impressões com o corpo, fazer impressões


de objetos pessoais (sola dos calçados) e de brinquedos (rodas de carrinhos) de
objetos diversos (pentes, tecidos, pedaços de metais, etc.).

Crianças de 3 anos a 5/6 anos: isogravura: nestas fases, supondo-se que as


crianças já tenham tido as experiências mencionadas acima, o trabalho com a
gravura propriamente dita é fator relevante a ser considerado. Trabalhando com
materiais alternativos (isopor) oportunizar momentos em que a interação com a
visualidade do entorno (paisagem da escola, objetos da sala de aula, os colegas
e suas formas e cores, etc.), observar, registrar e imprimir o visto, percebido e
constatado pelo olhar infantil através do desenho de observação. Após entintar
e fazer a impressão em suportes como papéis, tecidos, lonas, madeira, etc. Veja
abaixo o exemplo desta atividade realizada em uma bandeija de isopor.

A leitura de imagem na educação básica 167


U4

Figuras 4.12 e 4.13- Atividade realizada na E. M. Jovita Kaiser pela Profª Ariane Caminoto
- 2007

Fonte: Do autor (2014).

Figuras 4.14, 4.15 e 4.16 - Gravuras 1, 2 e 3

Fonte: Do autor (2014).

168 A leitura de imagem na educação básica


U4

Veja neste link sobre isogravura.


Disponível em: <http://arteecienciaporquenao.blogspot.com.br/2012
/01/atividade-de-isogravura.html>. Acesso em: 09 dez. 2014.

Outros links para conhecer outros trabalhos realizados por Regina


Silveira, por meio de vídeos.

Regina Silveira no CCBB RJ. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=1oQmg6LB8W8>. Acesso em: 21
nov. 2014.

No vídeo sugerido na sequência, aparece um rapaz jogando capoeira


em cima de seu trabalho.
Regina Silveira - Abyssal - Viva Capoeira w Atlasie Sztuki. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=1eotBKVEz4w>. Acesso em: 21
nov. 2014.

Neste vídeo a artista apresenta São Paulo, descreve a cidade, segundo


sua visão, e mostra seus trabalhos artísticos. Veiculada como especial
de fim de ano, em 2008, pela TV Cultura, a série traz 6 programas sobre
6 artistas plásticos brasileiros contemporâneos em relação com as
cidades onde vivem e seu fazer artístico.

Grandes Personagens - Regina Silveira. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=HbY6Ngg21AQ>. Acesso em: 21
nov. 2014.

Conforme foi dito anteriormente, podemos lançar a mesma proposta artística,


para o Fundamental I, aumentando apenas, o grau de complexidade.

A leitura de imagem na educação básica 169


U4

ENSINO FUNDAMENTAL I
Conteúdo: Composição visual de colagem (desenho);
Apreciação estética de uma obra de arte e contextualização histórica.
Objetivo: Fazer uma composição de colagem tendo obras de arte de arte como
suporte interpretativo;
Conhecer uma artista contemporânea e sua produção;
Realizar a técnica da colagem.

Observem as composições realizadas pela artista Regina Silveira. Que


lembranças elas nos provocam? Realizar uma composição de colagem utilizando
mãos e pés.

Figuras 4.17 e 4.18- Impressões de Regina Silveira

Fonte: Disponível em: <http://d.i.uol.com.br/album/regina_silveira_cimino_f_005.jpg>;< https://lusopatia.files.


wordpress.com/2012/03/irruption.gif>. Acesso em: 09 dez. 2014.

170 A leitura de imagem na educação básica


U4

O professor deverá explorar as imagens, pedindo a seus alunos que digam as


lembranças que estas imagens lhes remetem.

Outra proposta é criar imagens a partir do contorno das mãos. Veja a seguir:

Figuras 4.19 e 4.20 Contornos

Fonte: Do autor (2014)

Figuras 4.21 e 4.22 - Criações

Fonte: Do autor (2014)

A leitura de imagem na educação básica 171


U4

Figuras 4.23 e 4.24 - Impressões de mãos e pés

Fonte: Disponível em: <http://www.acrilex.com.br/educadores.asp?conteudo=196&visivel=sim&mes=57>.


Acesso em: 09 dez. 2014.

ENSINO FUNDAMENTAL II
Conteúdo: Composição visual tridimensional (modelagem);
Pré história
Objetivo: Realizar um trabalho tridimensional a partir da análise de três obras de
arte;
Encontrar um fio condutor entre as obras analisadas.

Figuras 4.25 e 4.26 - Impressões II


Pintura Rupestre Regina Silveira

Fonte: Disponível em: <http://diego101museu.blogspot.com.


br/p/pinturas-rupestres.html>. Acesso em: 09 dez. 2014. Fonte: Disponível em: <http://entretenimento.uol.
com.br/album/regina_silveira_cimino_album.htm>.
Acesso em: 09 dez. 2014.

172 A leitura de imagem na educação básica


U4

Qual é o fio condutor entre estas imagens? O que elas têm em comum? Deixar
os alunos falarem tudo que lhes vem à cabeça. O professor vai escrevendo no
quadro. Exemplo:

Mãos, marcas, registro, tapa, aceno, gente, etc...

Pedir que fizessem uma composição visual tridimensional (painel), utilizando


argila ou massa de modelar com o título REGISTROS. Em seguida pedir que façam
uma pesquisa sobre a Pré-história.

Figura 4.27 - Placa de Argila

Fonte: Disponível em: <http://wwwblogdouchoa.blogspot.com.br/2010_03_01_archive.html>. Acesso em: 21


nov. 2014.

ENSINO MÉDIO

Abaixo, veremos três imagens, sendo duas fotográficas e uma gráfica. Os artistas
visuais apresentados são: Sebastião Salgado, Escher e Hugo Delizard.

Sebastião Ribeiro Salgado – figura 4.28 é um fotógrafo brasileiro, nascido em


Aimorés, Minas Gerais, em 1944.

A leitura de imagem na educação básica 173


U4

Sebastião é formado em economia e realiza


doutorados nessa área. Durante o período entre
1971 e 1973, trabalhou para a Organização
Internacional do Café, em Londres. Já, quando
estava em uma viagem na África, onde coordenava
um projeto sobre a cultura do café em angola,
Sebastião decidiu tornar-se fotógrafo. Enquanto
estava em Paris, documentou perturbados
acontecimentos sociais e políticos na Europa e
na África. (SALGADO..., 2014, p.1).

Figura 4.28 - Sebastião Salgado – Sem Título – Ensaio A Luta pela Terra

Fonte: Disponível em: <http://artenaescola.org.br/artebr/material/colher-o-pao-de-todo-dia.php>. Acesso em:


11 dez. 2014.

Maurits Cornelis Escher - figura 4.29 Foi um artista gráfico holandês conhecido
pelas suas xilogravuras, litografias e meios-tons (mezzotints), que tendem a
representar construções impossíveis, preenchimento regular do plano, explorações
do infinito e as metamorfoses - padrões geométricos entrecruzados que se

174 A leitura de imagem na educação básica


U4

transformam gradualmente para formas completamente diferentes.

Figura 4.29 - Maurits Cornelis Escher

Fonte: Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Drawing_Hands#mediaviewer/File:DrawingHands.jpg>.


Acesso em: 11 dez. 2014.

Hugo Delizart – figura 4.30 fotógrafo, psicanalista, documentarista e escritor


Hugo Denizart, vítima de complicações de um câncer. Ao longo das décadas de
1970, 80 e 90, ele estudou principalmente o comportamento humano e grupos
marginalizados através de obras de fotografia e documentários.

A leitura de imagem na educação básica 175


U4

Figura 4.30 – Hugo Delizart - Regiões dos desejos, série Colônia Juliano Moreira

Fonte: Disponível em: <http://artenaescola.org.br/artebr/material/espelho-no-espelho.php>. Acesso em: 11


dez. 2014.

ENSINO MÉDIO
Conteúdo: Composição visual.
Apreciação estética e contextualização histórica.
Objetivo: realizar uma composição visual.

Faça uma análise, isto é, uma leitura das três imagens e elabore perguntas
como:

Que lembranças estas imagens lhes provocam? Que tipos de modalidade


artística se referem (gravura e fotografia)? Qual o fio condutor que há nelas, por

176 A leitura de imagem na educação básica


U4

exemplo, membros, pessoas, corpos, dentre outros?

A partir desta primeira leitura três propostas distintas poderão ser lançadas:

1ª Proposta:Sebastião Salgado

ENSINO MÉDIO
Conteúdo: composição visual pictórica (pintura).
Apreciação estética e contextualização histórica.

Objetivo: realizar uma composição visual.

Você vê na fotografia:

♦ Uma pessoa com três pés?

♦ Três pés que pertencem a uma pessoa?

♦ Três pés que pertencem a três pessoas?

♦ “Imaginar os caminhos por onde aqueles pés irão trilhar”;

♦ Representar esse caminho pictoricamente.

2ª Proposta: Sebastião Salgado, Escher e Hugo Delizart

ENSINO MÉDIO
Conteúdo: Composição visual gráfica e de colagem.
Apreciação estética e contextualização histórica.

Objetivo: Realizar uma composição visual de colagem.


Realizar uma composição visual gráfica (desenho).

A leitura de imagem na educação básica 177


U4

Duas fotos de um mesmo conjunto.


Cada imagem mostra fragmentos de corpos.
Cada imagem mostra um recorte – duas cenas enquadradas pelas fotografias.
Dos corpos, fotografados bem de perto, vemos...,
Partes...
Troncos...
Braços...
Ombros...
Pernas...

Mãos...

Goeldi (2014, p. 3)
Figura 4.31 - Hugo Delizart II

Fonte: Disponível em: <http://artenaescola.org.br/artebr/material/espelho-no-espelho.php>. Acesso em: 11


dez. 2014.

178 A leitura de imagem na educação básica


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Figura 4.32- Sebastião Salgado II - Sem Título – Ensaio A Luta pela Terra

Fonte: Disponível em: <http://artenaescola.org.br/artebr/material/colher-o-pao-de-todo-dia.php>. Acesso em:


11 dez. 2014.

Esse recorte de imagem em que a lente se aproxima – e assim também nos


aproxima – do objeto fotografado chama-se “close”, palavra usada na linguagem
do cinema e que, em inglês, quer dizer “aproximar”.

Os pés e os corpos em “close” nas fotografias apresentadas “olham” diretamente


para nós, nos fazem pensar...

♦Pedir que imaginem uma cena onde pessoas fiquem aglomeradas;

♦Pedir que façam uma composição, por intermédio da colagem, dessa cena;

♦Em um segundo momento, pedir para que recortem uma “janela” em um


papel sulfite e a usem para isolar um pedaço dessa composição de colagem,
revelando em “close” um aspecto importante;

♦Pedir que desenhem esse “close” escolhido numa outra folha, ocupando todo
espaço.

A leitura de imagem na educação básica 179


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ENSINO MÉDIO
Conteúdo: Gravura.
Apreciação estética e contextualização histórica.

Objetivo: realizar uma pesquisa sobre gravura.

2.3 PROPOSTAS ARTÍSTICAS VARIADAS

PROPOSTA 1

Conteúdo: composição visual bidimensional (gráfica) e tridimensional (pictórica).


Leitura de obra de arte (Alfredo Volpi).
Objetivo: Observar, registrar e valorizar o bairro.
Articular arte e tecnologia, utilizar um meio tecnológico como ferramenta
(máquina fotográfica ou celular).
Fazer um desenho.
Fazer um trabalho tridimensional de pintura.
Realizar a leitura de obra de arte (Alfredo Volpi).
Conhecer produtor e obra.

• O professor sai com seus alunos em uma aula de campo;

• O objetivo é fotografar casas e estabelecimentos comerciais, igrejas e outros do


bairro;

• Caso seja possível, cada aluno poderá levar uma máquina fotográfica, ou um
celular, mas como a realidade dos alunos de escolas públicas, não possibilita
que todos os alunos tenham ambos, tenham apenas uma máquina na escola, os
alunos podem escolher as fachadas a serem fotografada e o professor fotografa.

• Apresentar todas as fotografias tiradas aos alunos que poderá ser em multimídia
(Datashow);

• Pedir que cada grupo desenhe a fachada de sua casa;

• Em outro momento, apresentar e fazer a leitura aos alunos, as obras de arte que
retratam fachadas, de Alfredo Volpi;

180 A leitura de imagem na educação básica


U4

• Contextualizar falando sobre vida e obra de Volpi;

• Dependendo do nível da educação básica que o aluno se encontra, e as condi-


ções, pedir que façam uma pesquisa sobre Volpi.

• Em seguida pedir que façam uma composição tridimensional com caixas de


leite (releitura), pinte-as de branco e em seguida pinte as caixas com fachadas
observadas das obras de Alfredo Volpi;

• Montar com papel cráfit um cenário e colocar as caixas nele.

Para saber mais:

Esse trabalho relatado foi adaptado de um trabalho realizado na E. M. Zumbi


dos Palmares (antigo CAIC/Sul), pelas professoras Jucélia e Dileni. Veja as
fotografias a seguir:

Figura 4.33 - Igreja Figura 4.34 - Desenho

Fonte: Do autor (2009) Fonte: Do autor (2009)

Trabalho de desenho realizado por alunos da E. M. Zumbi dos Palmares,


pela Profª Dilene Reis

Fonte: CAVA, Laura Célia Sant’Ana Cabral. Ensino das artes: pedagogia -São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

A leitura de imagem na educação básica 181


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Figura 4.35 - Morro

Fonte: Do autor (2009)

Trabalho de construção com sucatas realizado por alunos da E. M. Zumbi


dos Palmares, pela Profª Dilene Reis

Fonte: CAVA, Laura Célia Sant’Ana Cabral. Ensino das artes: pedagogia. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

OBS* uma sugestão é que de um lado da caixa, façam releitura de Volpi e


do outro lado pintem suas casa ou outras fachadas existentes no bairro.

182 A leitura de imagem na educação básica


U4

Figura 4.36 - Festa de São João

Fonte: Disponível: <http://www.wikiart.org/en/alfredo-volpi/festa-de-s-o-jo-o-1953>. Acesso em: 09 dez. 2014.

Figura 4.37 - Construção com caixas

Fonte: Do autor (2009)

A leitura de imagem na educação básica 183


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PROPOSTA 2

Conteúdo: Leitura de imagem (fotografia)


Objetivo:
Ler uma imagem.
Fazer composições artísticas gráficas visuais bidimensionais (desenho
de observação).
Realizar a técnica da gravura (Xilogravura)

• Esse trabalho relatado a seguir foi adaptado de um trabalho realizado na E. M.


Norman Prochet, em uma turma de 3ª série pela professora Margarida;

• Após fazerem uma leitura de imagem (fotografia de Londrina logo no início) e


estudarem sobre Londrina e seus pioneiros, a professora reproduziu algumas
imagens que tinha no livro estudado e outras que possuía como material de apoio
e pediu que os alunos fizessem um desenho de observação a partir das imagens
fotográficas, sendo assim, ela utilizou duas linguagens artísticas, a fotografia e o
desenho. Veja a seguir o resultado desse trabalho:

Figura 4.38 - Desenho I

Desenho realizado por alunos da E. M. Norman Prochet - Profª Margarida. Fotografia tirada
por Laura Cabral Cava
Fonte: Do autor (2009)

184 A leitura de imagem na educação básica


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Figura 4.39 - Desenho II

Desenho realizado por alunos da E. M. Norman Prochet - Profª Margarida. Fotografia


tirada por Laura Cabral Cava.
Fonte: Do autor (2009)

Figura 4.40 - Desenho III

Desenho realizado por alunos da E. M. Norman Prochet - Profª Margarida. Fotografia


tirada por Laura Cabral Cava.
Fonte: Do autor (2009)

Os professores podem trabalhar com os alunos pedindo que eles resgatem


fotos de seus pais ou avós, parentes e amigos que façam parte de gerações
anteriores; outra possibilidade é propor pesquisas em torno de reportagens de
jornais ou revistas antigas. Uma primeira relação da fotografia com a modernização
urbana pode ser identificada justamente na imprensa. Gostaríamos de ressaltar que
o trabalho do ensino da História e da Geografia pode e deve usar diversas fontes, e

A leitura de imagem na educação básica 185


U4

que o relacionamento do passado com o presente é um dos meios que estamos


propondo, para que se lance um olhar diferente sobre aquilo que nos é contado.
Olhar para os registros das imagens nos dá margem a interpretações. Além disso,
olhamos para as organizações da sociedade e da natureza, a produção do espaço e
a interação desses elementos. O trabalho comparativo é o nosso ponto de partida.

Outra sugestão é passar esses desenhos em outro suporte, bandejas de


isopor (dessas de frios), para apresentar a técnica da gravura;
• Explicar sobre a técnica da gravura e nela a xilogravura;
• Pedir que as crianças acalquem o lápis para deixar um friso nas linhas do
desenho;
• Em seguida passar tinta guache sobre a bandeja desenhada e carimbá-la
em uma folha de sulfite;
• Veja alguns trabalhos feitos com bandejas de isopor:
Atividade realizada na E. M. Jovita Kaiser pela profª Ariane Caminoto / 2007.

Figuras 4.41 e 4.42 - Isogravura II

Fonte: Do autor (2014)

PROPOSTA 3

Conteúdo: Leitura de obra de arte


Composição visual de colagem com formas geométricas
Objetivo: Ler e comparar duas obras de arte.
Realizar uma composição artística visual de colagem a partir do fio
condutor entre as obras (formas geométricas).

186 A leitura de imagem na educação básica


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Observe as obras de arte abaixo:


Figura 4.43 - Alfredo Volpi - Festa de São João 1953

Fonte: Disponível em: <http://www.wikiart.org/en/alfredo-volpi/festa-de-s-o-jo-o-1953.> Acesso em: 09 dez. 2014.

Figura 4.44 - Celebração de Keith Mallett

Fonte: Disponível em: <http://www.allposters.com.br/-sp/Celebracao-posters_i381932_.htm> Acesso em: 09 dez. 2014.

A leitura de imagem na educação básica 187


U4

Alfredo Volpi pintor italiano que chegou ao Brasil com 18 meses de idade e aqui
viveu até os 92 anos. Sua obra representa as cores, as formas e a cultura do Brasil.
Triângulos, retas, losangos, meios-círculos pintados por ele transformaram-se em
bandeirinhas. Apesar do artista utilizar a forma de bandeira em seus trabalhos,
é preciso lembrar o que ele disse: “Eu não pinto bandeirinhas”. As conhecidas
bandeirinhas de Volpi são formas geométricas, um quadrado ou retângulo do qual
se retira um triângulo.

Keite Mallet é um pintor africano contemporâneo. A arte africana representa


os usos e costumes das tribos africanas. O objeto de arte é funcional e expressa
muita sensibilidade. Nas pinturas, assim como nas esculturas, a presença da figura
humana identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos. Seus
motivos, muito variados, vão desde formas essencialmente geométricas até a re-
produção de cenas de caça e guerra

A imagem é objeto de estudo das artes visuais, ela é composta de formas,


texturas, linhas, cores dentre outros. Observem com atenção as obras de arte
(Festa de São João e Celebração) e façam uma composição por meio da colagem
apenas com formas geométricas.

Reflita sobre a viabilidade do trabalho com obras de arte


como suporte interpretativo? E de forma interdisciplinar?

1. Regina em sua aula de artes visuais planejou trabalhar com


o 1º ano do Ensino Médio, leitura de obra de arte, quando
foi fazer as escolhas pelas obras, ficou em dúvida em qual
escolher. Em relação às escolhas do professor de artes visuais,
quanto as obras de arte a serem trabalhadas podemos afirmar
que:

A. As obras escolhidas não poderão ser: Africana, Asiática e


da Oceania, deve trabalhar apenas com obras renomadas e
internacionais, e também, obras de diferentes épocas, estilos,
lembrando-se das obras contemporâneas.

188 A leitura de imagem na educação básica


U4

B. As obras escolhidas poderão ser: Europeia, Americana,


Africana, Asiática e da Oceania, renomadas ou não,
locais, regionais, nacionais e internacionais, e também,
obras de diferentes épocas, estilos, lembrando das obras
contemporâneas.

C. As obras escolhidas poderão ser apenas: Europeia, Africana


e Asiática, renomadas ou não, locais, regionais e também,
obras de diferentes épocas, estilos, lembrando das obras
contemporâneas.

D. As obras escolhidas poderão ser apenas: da Oceania,


renomadas ou não, locais, regionais, nacionais e internacionais,
e também, obras de diferentes épocas, estilos, lembrando-se
das obras contemporâneas.

E. As obras escolhidas poderão ser apenas: Americana, Africana,


Asiática e da Oceania, renomadas nacionais e internacionais,
e também, obras da mesma épocas e estilos, lembrando das
obras contemporâneas.

2. Dentro de uma semana será o primeiro dia de aula de Ana


Flávia como professora de artes visuais do 6 º ano do Ensino
Fundamental. Ela pensou em uma aula em que pudesse
articular os campos conceituais da arte. Sendo assim, ela
deverá:

A. Ter pensamento positivo, dar um desenho livre, pois nas


aulas de artes visuais vale tudo, tudo é bonito, tudo é certo,
não pode haver intervenções, nem explicações.

B. Deverá fazer um esboço do que irá trabalhar, não precisa


fazer o planejamento, traçando apenas as técnicas que serão
trabalhadas.

C. Deverá pedir ajuda a equipe gestora, pois o primeiro dia não


é fácil e trabalhar no improviso, pois quando se fala de arte
tudo é válido.

D. Deverá fazer o planejamento de acordo com os conteúdos


do ano que irá trabalhar, traçando objetivos, estratégias,
materiais a serem utilizados, dentre outros.

E. Deverá ficar tranquila, pois nas aulas de artes visuais vale


tudo, tudo é bonito, tudo é certo, não pode haver intervenções,
nem explicações, pois está apenas ligada ao fazer.

A leitura de imagem na educação básica 189


U4

• Vimos nesta unidade a Proposta Triangular de Ana Mae


Barbosa, que foi difundida por todo o Brasil.

• Apresentamos uma proposta de releitura e o conceito da


releitura.

• Mostramos algumas sugestões de trabalho que partem da obra


de arte como suporte interpretativo nos três níveis da Educação
Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio).

Vocês perceberam que tendo como suporte interpretativo a


imagem, no caso a obra de arte, é possível trabalhar com artistas
e obras diversas, tanto as obras de arte renomadas ou não, como
também as obras locais, regionais, nacionais e internacionais, de
diferentes épocas e culturas.

Este trabalho, além de inserir a arte cotidianamente no contexto


escolar, promovendo um olhar estético, possibilita o trabalho
interdisciplinar.

As propostas artísticas podem, partindo de uma mesma obra,


ser trabalhadas em diferentes níveis: educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio, o que vai diferenciar é o grau de
complexidade.

Espero tê-los contagiado no sentido de pensar a arte de forma


criativa e nas suas inúmeras possibilidades de trabalho.

190 A leitura de imagem na educação básica


U4

1. O professor Otávio lançou uma proposta de artes visuais, com sua


turma de Educação Infantil, tendo como suporte interpretativo uma
obra de arte, utilizando a Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa. A
proposta de Ana Mae Barbosa denominada de Proposta Triangular, que
difundiu-se por todo o Brasil, propunha a articulação de três campos
conceituais, qual a ordem que estes deveriam seguir?

A. Não há uma ordem a seguir, o professor que escolhe a sequência


conforme seu planejamento.
B. Produção, contextualização e leitura de imagem.
C. Leitura de imagem, produção e contextualização.
D. Contextualização, leitura de imagem e produção.
E. Há uma ordem a seguir: leitura de imagem, contextualização e cópia
do trabalho.

2. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, se baseiam na Proposta Trian-


gular de Ana Mae Barbosa, são deniminados de eixos e são:

A. Fazer / refazer – produzir / fruir e contextualização histórica.

B. Apreciar / fazer – produzir / criar – produzir / recriar.

C. Fazer / produzir – fruir / apreciar e refletir (cabendo neste último a


contextualização histórica).

D. Copiar / colorir – fruir / apreciar – refletir (cabendo neste último a


contextualização histórica).

E. Copiar e refletir (cabendo neste último a contextualização histórica).

3. Klésia, juntamente com seus colegas, alunos de um terceiro ano


do Ensino Fundamental, fizeram a leitura de obra de arte de obra de
Leda Catunda, na aula de Arte, com muita desenvoltura e criticidade.
Responda o que é leitura de obra de arte.

A. Ler uma obra é impossível, pois só lemos textos escritos. As obras de


arte não deveriam estar no contexto escolar, pois estas deveriam estar
apenas no museu.

B. Ler uma obra de arte é copiá-la. Em sala de aula, é aconselhável que


essa pré-leitura seja oralmente, para que o educador possa saber como

A leitura de imagem na educação básica 191


U4

seus alunos estão observando-a, para provocá-los, caso seja necessário, a


perceberem maiores detalhes, refletir sobre elas, fazer questionamentos,
proporcionando assim, uma aula mais dinâmica.
C. Não deve ser trabalhado leitura de obra de arte na educação infantil
e ensino fundamental, pois é muito complexo. Ler uma obra de arte é
copiá-la. Em sala de aula, é aconselhável que essa leitura seja oralmente,
para que o educador possa saber como seus alunos estão observando-a,
para provocá-los, caso seja necessário, a perceberem maiores detalhes,
refletir sobre elas, fazer questionamentos, proporcionando assim, uma
aula mais dinâmica.

D.Ler uma obra de arte é copiá-la, depois descrever por escrito o que copiou,
esta proposta é aconselhável apenas na educação infantil. Em sala de aula,
é aconselhável que essa pré-leitura seja oralmente, para que o educador
possa saber como seus alunos estão observando-a, para provocá-los, caso
seja necessário, a perceberem maiores detalhes, refletir sobre elas, fazer
questionamentos, proporcionando assim, uma aula mais dinâmica.

E. Ler uma obra de arte é o mesmo que decompô-la, observando suas


formas, texturas, cores, seu tema, os sentimentos que ela nos provoca
dentre outros. Em sala de aula é aconselhável que essa leitura seja oralmente,
para que o educador possa saber como seus alunos estão observando-a,
para provocá-los, caso seja necessário, a perceberem maiores detalhes,
refletir sobre elas, fazer questionamentos, proporcionando assim, uma
aula mais dinâmica.

4. A Proposta Triangular que articula três eixos: (produzir – apreciar e


contextualizar), não importando a ordem é de:
a. Leda Catunda.
b. Ana Mae Barbosa.
c. Maria Heloisa Ferraz Fusari.
d. Cesar Coll.
e. Mirian Celeste Martins.

5. Além da interpretação incorreta, realizada por muitos professores em


lugares diversos do Brasil, em relação à releitura, apresentada por Ana
Mae Barbosa, houve outro equívoco em relação à sua proposta. Marque a
alternativa correta:
a. A Proposta Triangular foi interpretada e disseminada como cartilha.
b. A Cartilha Triangular foi interpretada e disseminada como Metodologia.
c. A Cartilha Triangular foi interpretada e disseminada como Proposta.
d. A Proposta Triangular foi interpretada e disseminada como Metodologia.
e. A Metodologia Triangular foi interpretada e disseminada como Proposta.

192 A leitura de imagem na educação básica


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Referências

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria e Ensino Fundamental.


Parâmetros curriculares nacionais: artes. Brasília, 1997.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino de arte. São Paulo/Porto Alegre:


Perspectiva / criar um hipertexto e Fundação Ioschpe, 1991.

CAVA, Laura Célia Sant’Ana Cabral. Ensino das artes. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2009.

CAVA, Laura Célia Sant’Ana Cabral. Ensino de Arte e Música – ilustração (sapatos):
CAVA, Thiago Sant’Ana Cabral Cava – Londrina: UNOPAR, 2014.

GOELDI, Oswaldo. Espelho no espelho. Arte na escola. Disponível em:<artenaescola.


org.br/uploads/publicacoes/arquivos/Espelho_no_espelho.pdf>. Acesso em: 29 dez.
2014.

MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha


Telles. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer
arte. São Paulo: FTD, 1998.

PILLAR, Analice Dutra. A educação do olhar do ensino das artes. Porto Alegre:
Mediação, 2001.

SEBASTIÃO, Salgado. A História da fotografia. Disponível em:<https://sites.google.


com/site/7e5histfoto/sebastiao-salgado>. Acesso em: 29 dez. 2014.

A leitura de imagem na educação básica 193

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