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Centro de Estudos em Políticas Públicas (Igepp online)

Karina Gomes Mansur Costa

Identificação de três tipos de erro de técnicas legislativas

Brasília
2022 / 1º semestre
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Centro de Estudos em Políticas Públicas (Igepp online)

Karina Gomes Mansur Costa

Matrícula __________

Identificação de três tipos de erro de técnicas legislativas

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Estudo em Políticas


Públicas (Igepp Online) como requisito para aprovação no curso de Pós-Graduação
em Direito Parlamentar e Processo Legislativo.

Brasília
2022/ 1º semestre
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Karina Gomes Mansur Costa

Matrícula __________

Identificação de três tipos de erro de técnicas legislativas

Monografia apresentada ao Centro de Estudo em Políticas Públicas (Igepp Online) como requisito
para a aprovação no curso de Pós-Graduação em Gestão Pública Legislativa.

Nota: _______ Data: __/__/2022

_____________________________
Prof. Dr. Carlos Alberto La Selva

____________________________
Prof. ____________

____________________________
Prof. ____________
4

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação


_________________________________________________________________
COSTA, Karina G. Mansur.

C837i Identificação de três tipos de erro de técnicas legislativas / Karina G.


Mansur Costa. — Brasília, 2022.

40 p.

Inclui bibliografia.

Orientador: Carlos Alberto La Selva.

Trabalho de conclusão de curso (especialização) — Instituto de Gestão,


Economia e Políticas Públicas (IGEPP online), Centro de Estudos em Políticas
Públicas, Programa de Pós-Graduação em Administração, 2022.

1. Erro linguístico. 2. Gramática. 3. Técnica legislativa. I. Carlos Alberto


La Selva, orient. II. Título.
CDD 340.328
_______________________________________________________________
Bibliotecário-Documentalista: Ana Paula Soares de Araújo — CRB1/ 1.176
5

A meus filhos, Cecília e Davi, e a meus


sobrinhos Carlos Paulo, Paula, Jamile, Bia e
Nick, para que possa lhes servir de inspiração
o fato de que para o estudo não importa a
idade.
6

AGRADECIMENTO

A Deus, por tudo da minha vida, inclusive mais esta conquista.

À minha mãe, pelo apoio de sempre, seja moral seja de logística com a família.

Ao meu pai, um intelectual que foi inspiração de como não fazer na sua profissão
e na vida pessoal, mas que soube guiar suas três filhas ao caminho da investigação
criativa, contestação e honestidade.

Ao meu esposo Rogério (um leitor voraz, exemplo de ‘CDF’, um amigo, um


companheiro, meu amor!) pela sua aceitação a mim do jeito que sou!

Às minhas amigas do CESO — Adriana, Renata e Paula, pela amizade desde


1989, que se solidificou nestes últimos anos, e por terem justamente sido o incentivo
a meu retorno aos estudos em plena pandemia.

À amiga Marizilda (in memoriam) pelo incentivo à conclusão dos meus estudos
desde a minha primeira pós-graduação.

Ao professor Álvaro, do IGEPP, pela boa vontade e paciência com que me


atendeu em todas as reclamações tecnológicas.
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IDENTIFICAÇÃO DE TRÊS TIPOS DE ERRO DE TÉCNICAS LEGISLATIVAS

RESUMO

Neste trabalho, serão apresentados três tipos de erros materiais que foram
identificados na legislação brasileira: erro linguístico, exemplificado pelo uso incorreto
do hífen no lugar do travessão e do símbolo da reticência na redação legislativa; erro
conceitual ou de imprecisão vocabular, ocasionado pela incompatibilidade de
conceitos utilizados nas normas do Poder Legislativo; e a desatualização, decorrente
de defasagem temporal, exemplificado principalmente pela Lei de Patentes. Para
tratar do presente tema, além de buscar o conceito de em que consiste o erro material,
o estudo se desenvolveu a partir do método de pesquisa bibliográfica, com análise
sistêmica de leis e decretos e pesquisa nas gramáticas e na legislação de técnica
legislativa (em especial, a Lei Complementar nº 95, de 1998, e o Decreto nº 9.191, de
2017) e as normas constantes de manuais de órgãos públicos, tais como o Manual de
Redação da Presidência. Pretende-se, com este trabalho, demonstrar que a falta de
revisão dos textos legislativos e os equívocos ou ausências constantes nas normas
orientadoras da confecção desses textos são os principais fatores que permitem a
escapada dos erros materiais nas leis; bem como apontar as consequências desses
erros para o usuário e para os cofres públicos.

Palavras-chave: técnicas de redação legislativa; hífen; travessão; reticências; linha


pontilhada; erro material.
8

ABSTRACT

THREE TYPES OF ERROR IN LEGISLATIVE TECHNIQUES IDENTIFICATION

In this thesis, three types of errors that were identified in brazilian legislation will be
presented: the linguistic error, exemplified by the incorrect use of the hyphen in the
place of the dash, and the ellipsis (reticence symbol) use; the conceptual error or
vocabulary imprecision, caused by the incompatibility of concepts used in the
legislative norms; and outdated, due to time lag, exemplified mainly by the Patent Law.
To address this topic, the study was developed from bibliographic research, with a
systemic analysis of grammars, legislation of legislative technique (especially LC nº
95, of 1998, and Decree nº 9.191, 2017) and manuals of governments agencies. such
as the Manual de Redação da Presidência da República (Presidency Writing Manual).
It is intended, with this work, to demonstrate that the lack of revision of the legislative
texts and the constant errors in the guiding norms of the making of texts are what cause
the material errors, which generate a problem of understanding by the citizen who will
use the law as much as rework to legislators, in addition to avoidable costs to public
coffers, when the public administration has to republish or rectify or apostille the laws
or, yet, generate a new legislative process.

Keywords: legislative writing techniques; hyphen; dash; ellipsis; dotted line; material
errors.
9

SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 6

1 O QUE É O ERRO MATERIAL? .................................................................................................. 8

2 ERRO LINGUÍSTICO (POR AUSÊNCIA GRAMATICAL ?) ................................................ 12

2.1 HÍFEN E TRAVESSÃO...................................................................................................... 12


2.2 RETICÊNCIAS E LINHA PONTILHADA ......................................................................... 16
3 ERRO SEMÂNTICO – INCOMPATIBILIDADE DE CONCEITOS......................................... 25

3.1 SESSÃO x REUNIÃO ........................................................................................................ 25


3.2 PRESIDENTE DO SENADO e REGIMENTO COMUM ............................................... 28
CAPÍTULO 4 DEFASAGEM TEMPORAL, O TERCEIRO ERRO .......................................... 29

4.1 DEFASAGEM DA RESOLUÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL Nº 1, DE 1970... 30


4.2 DEFASAGEM DA LEI GERAL DE PATENTES ................................................................. 31
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 34
6

INTRODUÇÃO
Leis, Decretos, sites oficiais do governo federal brasileiro, manuais de técnicas
legislativas e outros ordenamentos jurídicos têm trazido em seu texto o uso do “hífen”
no lugar do “travessão”.

Em algumas gramáticas da língua portuguesa e no Novo Acordo Ortográfico de


2008, há a citação/exemplificação do uso de ambos os sinais gráficos, porém em
nenhuma das fontes foram encontrados exemplos do uso em Leis e isso faz com que
os profissionais que elaboram as minutas de matérias legislativas não tenham os
corretos recursos discursivos para essa elaboração redacional e acabem cometendo
incorreção no uso.

Mas o que o uso equivocado desse sinal tão ínfimo impacta no ordenamento
jurídico?

A questão é que não foi apenas esse o erro material encontrado na legislação,
e o fato é que a partir do encontro desse, foi levantada a possibilidade de haver outros
equívocos na legislação e iniciou-se uma pesquisa que demonstrou que o erro
ortográfico era apenas um dos muitos tipos de erro material encontrados na
legislação brasileira e que prejudicam a técnica legislativa.

Neste trabalho, que está dividido em 4 capítulos, serão apresentados três tipos
de erros, sendo que o capítulo 1 explora alguns conceitos de erro material, utilizados
para sentenças judiciais, e se apropria do termo, por aproximação, para o uso na
legística1. A seguir, no capítulo 2, é apresentado o erro linguístico, exemplificado pelo
erro ortográfico que inicialmente deu origem à pesquisa — a diferença entre hífen e
travessão — e pelo mal uso das reticências/linha pontilhada. O capítulo mostra, ainda,
onde tais fatos têm ocorrido, em especial o caso da conhecida Lei das Gorjetas, e qual
o impacto para o usuário do ato normativo eventualmente errado. No capítulo 3,
apresenta-se o erro conceitual e a imprecisão vocabular ocasionada pela
incompatibilidade de conceitos utilizados nas normas do Legislativo. E, por fim, no
capítulo 4, o leitor se depara com outro tipo de erro, o de desatualização, decorrente

1
Estudo das técnicas para elaboração de leis (em sentido lato).
7

de defasagem temporal, exemplificado principalmente, mas não apenas, pela Lei de


Patentes.

Tecidas essas considerações iniciais, eis que o desiderato do presente artigo é


demonstrar que poderiam ser evitadas algumas dessas imprecisões — causadas
tanto pela inépcia no uso da língua pelos redatores de normas legais quanto pelo
desprestígio da profissão de revisor ou a falta de revisão quando da elaboração de
normas que substituirão outras, bem como, e principalmente, pela ausência de
regulamentação da técnica legislativa. Além disso, visa a apresentar quais os
impactos dessas imprecisões no ordenamento jurídico, seja no conteúdo das normas
seja na formação de novos leitores e escritores legais que, muitas vezes, perpetuam
o erro por réplica em outras normas, as quais passarão a ensinar e a corroborar com
o equívoco.

A escolha do tema deveu-se, sobretudo, em virtude de os problemas apontados


continuarem a se perpetuar, como consequência da negação da necessidade de
revisão, da ausência de atualização ao longo do tempo e da inobservância das
orientações gramaticais existentes, seja por desconhecimento, seja por contradição
com as normas das técnicas legislativas postas.

Então, este trabalho pretende ser um alerta aos legisladores e contribuir para
as revisões das normas de edição de diplomas legais, em especial da normogenética
LCP nº 95/19982 – que veio para atender ao Art. 59 da Constituição de 1988, que, ao
tratar de Processo Legislativo, estabeleceu que seria editada lei complementar que
dispusesse sobre "a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis" (BRASIL,
1988, art. 59). E, para tratar do presente tema, o estudo se desenvolveu a partir do
método de pesquisa bibliográfica. O marco teórico utilizado foi justamente essa Lei
Complementar, além do Decreto nº 9.191/20173, que substituiu o Decreto nº
2.954/1999, o qual, segundo o jurista Ives Gandra, veio a:

“[...] cuidar da qualidade legislativa, fazendo com que os projetos de


lei, medidas provisórias e decretos editados pelo Poder Executivo
tenham, em sua redação, a clareza e objetividade necessárias para a
rápida e perfeita compreensão de seu conteúdo normativo por parte

2
Lei Complementar n. 95, de 26 de fevereiro de 1998.
3
Decreto n. 9.191, de 1º de novembro de 2017.
8

daqueles que estarão sujeitos ao seu império.” (MARTINS FILHO,


1999, p. 1).

O estudo utilizou método comparativo – trazendo inclusive uma tabela com a


comparação entre diversas normas –, com abordagem qualitativa e metodologia
exploratória, por meio do método de pesquisas bibliográficas em fontes primárias para
o embasamento teórico do estudo, que envolveu pesquisa nas gramáticas, na
legislação de técnica legislativa (Leis e Decretos), nos manuais de órgãos públicos e
em artigos selecionados no Google Scholar4, busca por conceitos e regras como, por
exemplo, em que consiste o erro material, uso da reticências, uso do hífen, uso do
travessão etc. Também houve análise sistêmica em leis e decretos, com objetivo
descritivo para pesquisa aplicada, que visou a encontrar os exemplos de erro citados
no trabalho.

A presente monografia almeja contribuir para evitar-se o retrabalho aos


legisladores e para reduzir custos aos cofres públicos, pois estes custos são evitáveis,
quando a administração pública não tem que republicar, retificar ou apostilar, ou até
passar por novo processo nas casas do Legislativo para corrigir tais leis.

1 O QUE É O ERRO MATERIAL?

No conceito formulado por Estefânia Viveiros, o erro material é de fácil


percepção ao leitor:

Erro material é um ato involuntário, notório, patente, um descuido, um


engano, um equívoco, um lapso que não atinge o conteúdo da decisão
judicial ou do despacho, além de ser, aliás, característica
predominante, perceptível a olho nu. É o erro material uma
inconsistência perceptível à primeira vista e que não está inserida no
conteúdo da decisão judicial. (VIVEIROS, 2013, p. 47).

Além de ser de fácil percepção, o erro material no mundo do direito é


justificável, por ser da natureza humana, e de ocorrência ordinária, relativamente
frequente, já havendo, por isso, previsão de instrumento para correção dos equívocos

4
Neste último, foram procurados os marcadores “travessão”, “hífen”, “legística”, “produção de leis”.
9

em sentenças. Vejam-se os esclarecimentos do STJ nos Embargos de declaração no


agravo interno no Agravo em um Recurso Especial:

Os aclaratórios têm a estatura para propiciar o aprimoramento da


prestação, uma vez que a atividade judicante, como é característico
de qualquer atividade humana, está sujeita a omissões, falta de
clareza, raciocínio contraditório e erros de natureza material. (BRASIL,
2020).

O erro material, nesse caso, é passível de ser corrigido de ofício ou por meio
de uma ferramenta jurídica (os embargos de declaração5), prevista no Código de
Processo Civil:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão


judicial para:

I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II – suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se


pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;

III – corrigir erro material. (BRASIL, 2015, grifo nosso).

Também há previsão da correção do erro quando de sua ocorrência na letra


da lei (nesse caso, as formas de correção são republicação e retificação) e para os
atos administrativos (no instituto do apostilamento). Vejamos a previsão desses
institutos em algumas normas, a começar pelo Decreto nº 9.191:
Apostila
Art. 56. A correção de erro material que não afete a substância
do ato singular de caráter pessoal e os atos relativos à vacância ou ao
provimento, quando decorrentes de alteração de estrutura de órgão,
autarquia ou fundação, será realizada por meio de apostila.

Republicação
Art. 54. O ato publicado no Diário Oficial da União com incorreção em
relação ao original será objeto de republicação.
Parágrafo único. A republicação poderá abranger somente o trecho do

5
Vale dizer, em que pese a injustiça do pronunciamento judicial que não reflete o previsto no ordenamento
jurídico e/ou a realidade dos fatos exposta nos autos, que esse equívoco de julgamento (error in judicando) —
o qual denota erros de raciocínio, de leitura, de critério ou de interpretação —, não é englobado dentre as
falhas que admitem o uso dos embargos de declaração.
10

ato que contenha a incorreção.

Retificação
Art. 55. O ato publicado no Diário Oficial da União com lapso manifesto
será objeto de retificação.
§ 1º A retificação abrangerá apenas o trecho que contenha o lapso
manifesto.
§ 2º A retificação será assinada pelos Ministros de Estado que
referendaram o ato originário e pelo Presidente da República.
(BRASIL, 2017).

E, na Resolução 1, de 2006, o Regimento da Câmara dos Deputados,


encontramos a seguinte previsão:

Art. 152. O projeto de lei aprovado e enviado em autógrafo para


sanção do Presidente da República não poderá ser motivo de
alteração, ressalvado o caso de correção de erro material, verificado
exclusivamente no processamento das proposições apresentadas,
formalmente autorizado pela CMO, por proposta de seu Presidente,
justificando-se cada caso. (BRASIL, 2006, grifo nosso).

A retificação também foi o instrumento escolhido pela Lei nº 13.898, de 2019,


para possibilitar eventuais correções no orçamento anual:

Art. 151. A retificação dos autógrafos dos Projetos da Lei


Orçamentária de 2020 e dos créditos adicionais, na hipótese de
comprovado erro no processamento das deliberações no âmbito
do Congresso Nacional, somente poderá ocorrer:
I – até o dia (...) (BRASIL, 2019, grifos nossos).

"Errar é humano", diz a máxima popular, e o erro no campo da confecção


legislativa pode ser de diversas naturezas: inconsciente, por lapso de escrita, por
negligência, mas também pode ser grosseiro, por falta de observância das regras
mínimas de cuidado com a língua portuguesa ou dos manuais da técnica legislativa.
Ratifica esse entendimento, Francisco Etelvino Biondo, diretor da SSFAC
(Subsecretaria de Formação e Atendimento à Comunidade do Legislativo) do Senado
Federal que, em entrevista à Interlegis, explicou sobre o erro:
11

É uma questão cultural. Somos um grande produtor de leis, mas


deixamos de atualizá-las, revisá-las e por aí vai. As próprias emendas
constitucionais, subsequentes a lei, interferem nesses documentos
legais. Tudo tem que ser cotidianamente revisados, não só devido a
mudanças na Constituição, mas também devido a dinâmica do
município. Limeira mesmo era um município rural e está virando um
município de serviço entrando na área industrial, de alguma forma isso
tem que estar refletido na Lei Orgânica. (CLEMENTE, 2013).

Se, por um lado, a simples retificação de erros materiais gramaticais (como


os meramente ortográficos, por exemplo, que sejam incapazes de gerar nova
compreensão do regramento jurídico) deve ser realizada por meio de nova publicação
da mesma lei — afinal, nas hipóteses de erro material, a norma jurídica não se altera
com a correção e nem o sentido do texto escrito é alterado com a retificação de erro
material —, por outro lado, quando a retificação implica alteração de sentido, faz-se
necessário que entre em ação todo o processo legislativo, com trâmites de discussão
e votação, nas casas responsáveis do Legislativo ou no Executivo, que permitirão a
revogação do ato ou parte dele para possibilitar sua correção.
O custo de todo esse processo deveria ser levado em consideração quando
da atenção na confecção original, bem como reforça a necessidade do trabalho de
revisão para que se evite todo esse custo e retrabalho futuro. Assim, temos que

[...] a Legística, ciência do bem legislar, ganhou relevância


no mundo todo. Objetivou estabelecer parâmetros e
recomendações para tratar da qualidade da norma jurídica
em termos materiais (efetividade quanto aos fins
intencionados) e em termos formais (compreensibilidade
do texto e uso de técnica adequada) (MENEGUIN; MELO,
2020, p.3).
Para o leitor, que não deixa de ser o “consumidor” da norma, tamanha é a
importância de se escrever corretamente que, há alguns anos, no sul de Minas Gerais,
a Prefeitura de Pouso Alegre chegou a editar uma lei municipal para combater os erros
gramaticais que aparecem em faixas, cartazes, outdoors e placas de publicidade
espalhadas pela cidade (PEIXOTO, 1997). Imagine se a “moda se espalha” e os
vereadores, deputados e senadores pudessem ser multados quando elaborassem leis
com erros materiais! Mas aí é hipótese/história para outra esfera de estudo, fugindo-
se do objetivo que se pretende com este...
12

2 ERRO LINGUÍSTICO (POR AUSÊNCIA GRAMATICAL ?)


Dois subtipos de erro linguísticos serão analisados neste capítulo, a saber: a
troca, pelo legislador, dos sinais do hífen e do travessão e a confusão gerada com o
uso (equivocado) do sinal de reticências ou ausência do pontilhado nas alterações de
leis.
Ambos vêm sendo ocasionados pelo mesmo motivo: confusão nas regras
norteadoras, seja pela ausência de exemplos de uso jurídico nas gramáticas, seja pela
ausência da definição ou de padronização nos conceitos nessa fonte e em normas
legísticas.

2.1 HÍFEN E TRAVESSÃO


Como citado na introdução, Leis, Decretos, sites oficiais do governo federal e
outros ordenamentos jurídicos têm trazido em seu texto o uso do hífen no lugar do
travessão.
Porém, ocorre que o hífen é um sinal ortográfico, um elemento morfológico e
deve ser utilizado numa palavra para sua formação, independentemente de um
contexto ou frase. Enquanto o travessão é um sinal de pontuação, ou seja, um
elemento sintático, relacionado à estrutura de uma frase e utilizado em um conjunto
de palavras que possuem funções sintáticas. Nas palavras resumidas do professor
Dr. Cláudio Moreno, “[...] o hífen (...) é um sinal que atua no interior do vocábulo; o
travessão (...) é um sinal de pontuação interna da frase” (MORENO, s/d, grifo nosso).
No mesmo sentido de esclarecimento da funcionalidade de hífen, também se
filia o gramático normativos Rocha Lima, porém ele não trata do travessão:

Só se ligam por hífen os elementos das palavras compostas em que


se mantém a noção da composição, isto é, os elementos das palavras
compostas que mantêm a sua independência fonética, conservando
cada um a sua própria acentuação, porém formando o conjunto
perfeita unidade de sentido. (LIMA, 2011, p. 56, grifo nosso).

E Napoleão de Almeida (1999, p.581), que apresenta, inclusive, a possibilidade


de se substituir outros elementos da sintaxe (vírgulas, parênteses e dois pontos) pelo
travessão. Esse autor traz, também, a possibilidade de uso do travessão para
substituir um termo e “evitar repetição de um termo já mencionado, emprego este
13

comum nos dicionários” e, até a versão anterior da norma ABNT NBR 6023 — que
vigorou até 2018 – nas referências bibliográficas dos trabalhos acadêmicos.
Porém, em que pese os conceitos convergentes nas gramáticas normativas da
língua portuguesa, algumas conceituadas normas não gramaticais relacionadas a
confecção legislativa — aliadas às normas que ditam as técnicas legislativas, a saber:
Lei Complementar nº 95, para o legislativo, e Decreto nº 9.191, para o executivo —
também costumam fazer alguma referência ao tema, de modo a trazer aplicabilidade
das regras gramaticais à confecção de leis, porém às vezes discordância com as
regras das gramáticas6.

Outro exemplo de norma não gramatical em que encontramos vaga referência


ao tema é o Manual de Redação da Presidência da República, cuja última atualização
é recente, de 2019, e que traz uma definição que permite ainda mais confusão entre
seus leitores e corrobora a inépcia no uso da língua pelos redatores de normas legais,
pois diz que “O travessão, que é um hífen prolongado (–), é empregado nos
seguintes casos[...]” (BRASIL, 2019, p. 57, grifo nosso) e utiliza equivocadamente o
sinal gráfico da meia-risca para exemplificar. Além disso, esse manual, que é
referência nacional para outros, faz uma mistura de enquadramento não muito didática
ao citar tanto os itens morfológicos quanto os sintáticos dentro do subitem USO DE
SINAIS, haja vista que os primeiros são marcas ortográficas (como o til ou os acentos),
enquanto os segundos são sinais de pontuação.
Aqui cabe um especial esclarecimento, feito por Possenti (Apud DAHLET,
2006, p.90),de que, em que pese haver a diferenciação visual tipográfica do hífen e
do travessão, não é o tamanho do sinal que o torna um hífen ou um travessão, mas
sim os fatos de i) ter ou não espaço antes e depois do traço e ii) sua funcionalidade
ser de ligação “interdiscursiva” ou de ligação de “vocábulos gramaticais, isto é, não
lexicais”.
Retomando a análise do referido manual base do executivo, observa-se que há
a cópia da orientação de técnica legislativa contida no Decreto nº 9.191, de 1º de
novembro de 2017 o que agravou a confusão, pois esse decreto, que dispõe sobre
normas e diretrizes para elaboração de atos normativos do Executivo, além de utilizar
equivocadamente o hífen no lugar do travessão no corpo de seu texto, cita
explicitamente que essa passa a ser a regra: “IX - os incisos são indicados por

6
No sentido lato da palavra.
14

algarismos romanos seguidos de hífen, separado do algarismo e do texto por um


espaço em branco (BRASIL, 2017, art. 15, grifo nosso) (sic).

Um travessão ou uma meia-risca seriam os símbolos gramaticalmente


adequados na utilização após o inciso, pois servem (como visto nos conceitos e regras
de uso contidos nas gramáticas), ao contrário do hífen, para marcar maior grau de
separação entre termos da frase do que a vírgula e para enfatizar, no caso, o
numerador. Ou seja: em vez de o inciso ser “I -“ (hífen), como descrito no decreto,
deveria ser: “I –“ (meia-risca) ou “I —" (travessão).
Ao efetuar pesquisa na lei sobre as técnicas legislativas no poder legislativo,
verifica-se a ausência de orientação a respeito na Lei Complementar nº 95/1988, que
é a norma que justamente dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a
consolidação das leis (BRASIL, 1988).
Já nos manuais desse poder, encontramos o primeiro guia a exemplificar o que
se pretende para os legisladores, a saber: o “Técnica Legislativa” (Orientação para a
padronização de trabalhos), de 2002, do Senado Federal. Essa obra trouxe
informação do uso do travessão na confecção das leis, tanto após o inciso quanto
quando da definição de SIGLAS, porém tal manual não utiliza o sinal gráfico do
travessão, mas sim da meia-risca. Do mesmo órgão — porém não mais uma norma
de técnica legislativa —, o “Manual de Comunicação da Secom” apresenta, dentre
outras coisas, a diferenciação gráfica7 de hífen, meia-risca e travessão: “o travessão
(—) é maior que o hífen (-) e que o meia-risca (–). Não os use no lugar do travessão”
(BRASIL, 2008b). Em que pese esse manual ter utilizado corretamente o sinal gráfico
do travessão (e não apenas o conceito tipográfico), quando trouxe o exemplo do
projeto de lei (PLS 86/2012 — Complementar), ele ainda não apresentou o uso na
confecção legal, como no caso dos incisos, talvez até por não ser o foco do manual.

Em análise a mais um “Manual de Elaboração de Textos” do legislativo, desta


vez do Senado, encontramos a seguinte informação:

Em caso de dúvida quanto ao emprego dos sinais de pontuação,


recomenda-se a consulta ao Manual de Redação da Presidência da
República, que aborda o tema de forma clara e concisa. Dele, aliás,

7
Livros de editoração na língua inglesa distinguem entre o m-dash, o mm-dash e o mmm-dash, denominação
tipográfica antiga utilizada nas gráficas (físicas) e que se refere a um traço da largura de uma, duas ou três
letras “M“.
15

foram extraídas quase todas as informações deste capítulo (BRASIL,


1999, p. 68).

Com isso, observa-se o agravamento do problema quando um erro que era


pontual do poder executivo, passa, na administração pública, a ser replicado como
correto em normas de confecção legislativa no outro poder e até em outra instância,
como veremos adiante.

Em outra esfera, encontramos a seguinte orientação da Diretoria de


Assistência ao Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná: “...siglas
devem ser utilizadas após o nome por extenso, separadas por hífen, sem pontos
intermediários e sem ponto final. Exemplo: Assembleia Legislativa do Estado do
Paraná – Alep” (PARANÁ, 2018, p. 33). Dois equívocos podem ser notados aí: o
primeiro é estar contrário ao que preconizam o Manual de Redação da Presidência da
República e as Gramáticas (quanto à orientação do uso do travessão e não do hífen
nesse caso) e o segundo é estar contrariando a si próprio, pois fez uso no exemplo
do caractere da meia-risca e não do hífen tampouco do travessão.
Ainda de autoria do mesmo estado, encontra-se publicada a Lei
Complementar nº 176/2014, que trouxe idêntico uso (equivocado) do hífen do Decreto
federal nº 9.191, no que tange ao inciso. Trata-se de outro exemplo que corrobora a
tese da perpetuação do erro por cópia de normas equivocadas e reforça a importância
de se corrigir tais normas, em especial as normas federais (LC nº 95 e Decreto nº
9.191) e os manuais de redação dos 3 principais legisladores: Câmara, Senado e
Presidência da República.

Correlaciona-se o posicionamento gramatical acerca dos conceitos de hífen e


travessão com o posicionamento dos manuais de técnica legislativa e percebe-se a
unanimidade quanto a seu emprego ser distinto, mas a desuniformização quanto aos
exemplos de uso. O problema maior reside na escassez de exemplos gramaticais que
tivessem previsto expressamente a legitimidade de se utilizar o travessão — e não o
hífen — no âmbito dos textos jurídicos, a exemplo do inciso, o que faz com que as
regras de manuais (erroneamente confeccionados) e não da gramática passem a ser
utilizadas na confecção de leis. Se as leis de confecção legislativa dos poderes
legislativo e executivo federais, respectivamente LC nº 95 e Decreto nº 9.191,
contivessem as regras corretas, os demais manuais se ajustariam por consequência.
16

Uma suposição de fato que corrobora para a ocorrência dessa mixórdia é que
o equívoco quanto ao uso de travessão e hífen passou a ocorrer por causa da
massificação do uso dos computadores, cujo teclado não possui uma tecla específica
para o travessão, mas, sim, apenas para o hífen. Assim, atualmente é necessário o
usuário teclar, junto à tecla do hífen, um comando (Alt Gr) para que se forme o
travessão, porém esse conhecimento não é amplamente divulgado8. Alguns softwares
corretores ortográficos também possuem a função de troca automática de hífen para
travessão quando se pressiona o espaço, pois sua programação entende (como na
regra de POSSENTI) que se não está “colado” na palavra é porque não é hífen, e sim
travessão, mas isso também corroborou para que muitos usuários simplesmente
passassem a utilizar a tecla do hífen, contando que o corretor fará a adaptação quando
necessária.

Diante de tantas normas propagando a forma errada de uso do hífen e do


travessão, de ausência de uma tecla específica nos teclados dos computadores e
tendo em vista a lacuna de discussão especializada e a escassez de abordagem
acadêmica de legística, faz-se mister um esclarecimento técnico sobre o assunto,
motivo pelo qual efetuamos esta análise sobre a relevância de se efetuar o correto
uso dos já referidos sinais nessa forma redacional (de escritura das normas legais),
bem como do impacto na precisão informacional que essa normatização sem a devida
utilização das regras da língua portuguesa pode acarretar, haja vista o exemplo do
manual copiado do outro com erro, que por sua vez copiou da lei (decreto, no caso)
com incorreção.
Claro que esse subcapítulo abordou apenas um exemplo de erro material e que
não implica a necessidade de urgência na correção ou republicação da norma, mas
sugere-se que a atualização poderia pegar carona quando da correção da norma para
se evitar um outro erro linguístico mais complicado — por gerar confusão semântica
— conforme verificar-se-á a seguir.

2.2 RETICÊNCIAS E LINHA PONTILHADA


“As reticências indicam interrupção ou suspensão do pensamento ou, ainda,
hesitação ou desnecessidade de exprimi-lo” (ALMEIDA, 1999, p. 579).

8
Outras opções são o uso do Alt+0151 ou inserir o símbolo por meio da seleção nas opções da janela de
“Symbol” no Word.
17

Tanto nas gramáticas como nas regras da ABNT – Associação Brasileira de


Normas Técnicas, encontramos a possibilidade de utilização das reticências entre
colchetes para a substituição de um termo ou um trecho do texto, assim: [...].

Porém, o gramático Celso Cunha (2008, p. 668) defende que os três pontos
entre colchetes não devem ser confundidos com reticências, cujo valor é estilístico,
de suspensão de pensamento, por exemplo, enquanto os três pontos entre colchetes
seriam indicados para supressão de partes de uma citação, motivo pelo qual ele
sugere o uso de quatro pontos em lugar de três, para que estes fiquem exclusivos
para representar as reticências.

E o gramático Napoleão (1999) acrescenta: “Os pontos de reticências podem


formar uma linha inteira de pontos para indicar a supressão de palavras ou de linhas
omitidas na cópia ou tradução de uma obra. Neste caso, os pontos de reticência
podem também chamar-se ‘pontinhos’ (..)” (ALMEIDA, 1999, p. 579).
De forma análoga, as reticências foram substituídas na técnica legislativa por
esse novo signo, que é a linha pontilhada, com a mesma função dos três pontos no
colchete (ou dos quatro pontos de Cunha). O uso dessa linha pontilhada – que nada
mais é do que uma sucessão de reticências – faz ficar subentendida a informação de
que aquela parte de texto suprimida não será modificada pela lei alteradora, mas
manter-se-á idêntica. O objetivo de se utilizar na letra da lei a linha pontilhada é indicar
a inalterabilidade de dispositivo pela norma alteradora daquele momento.

Ocorre, porém, que o uso da linha pontilhado se trata de uma tradição, mas
até pouco tempo não havia especificação para esse uso. Atualmente, continua sem
previsão em nenhuma lei federal, sua referência está apenas no Decreto nº
9.191/2017, transcrita no Manual de Redação da Presidência, e há referência
tangencial nos manuais de técnica legislativa pesquisados para este trabalho. O jurista
Ives Gandra, primeiro a formalizar esta orientação, em artigo publicado nos idos do
século passado, já alertava para o fato de que não consta de regra escrita, apenas a
“praxe tradicional na redação legislativa” (MARTINS FILHO, 1999, p.5).

Então, em que pese tal regra ser utilizada tanto no legislativo quanto no
executivo e até no judiciário, como se pode observar nas publicações do Portal da
Legislação, no D.O.U9., nos sites das casas do Congresso, nas jurisprudências do

9
Diário Oficial da União
18

judiciário etc., não havia, na esfera federal, legislação que a validasse, apenas nas
esferas estaduais ou municipais, as quais perceberam a lacuna da LC nº 95 e trataram
de providenciar em suas legislações dispositivos que tratassem da linha pontilhada.
Da mesma forma, em 2017, num decreto federal, o qual não abrange a produção de
atos do poder legislativo, foi inserida a orientação sobre o funcionamento da linha
pontilhada.

[...] VI - nas hipóteses previstas no inciso III do caput do art. 16:


a) [...];
b) na alteração parcial de artigo, os dispositivos que não terão o seu
texto alterado serão substituídos por linha pontilhada; e
c) a utilização de linha pontilhada será obrigatória para indicar a
manutenção de dispositivo em vigor e observará o seguinte:
1. no caso de manutenção do texto do caput, a linha pontilhada
empregada será precedida da indicação do artigo a que se refere;
2. no caso de manutenção do texto do caput e do dispositivo
subsequente, duas linhas pontilhadas serão empregadas e a
primeira linha será precedida da indicação do artigo a que se refere;
3. no caso de alteração do texto de unidade inferior dentro de unidade
superior do artigo, a linha pontilhada empregada será precedida da
indicação do dispositivo a que se refere; e
4. a inexistência de linha pontilhada não dispensará a revogação
expressa de parágrafo. (BRASIL, 2017, art.17, grifos nossos).

Tampouco as gramáticas tratam do assunto, pois não há unanimidade nas


regras das reticências (com ou sem os colchetes), menos ainda na dos quatro pontos
e nem se cogita a linha pontilhada. Isso faz com que o operador do processo legislativo
federal, que elabora os projetos de leis, fique desamparado, tendo que recorrer a
colegas com experiências no assunto ou utilizar leis já validadas/publicadas como
exemplo – correndo, com isso, o risco de repetir e perpetuar erros, como já explicado
no subitem 2.1 deste trabalho ou, ainda pior, de gerar um texto defeituoso, com
alteração na norma original de sentido diferente do pretendido pelo autor da norma
modificadora.

No Manual de Redação da Câmara dos Deputados (BRASIL, 2002, item


6.6.7), o assunto é tratado com exemplificação para emendas. Ainda assim, pode ser
uma boa fonte de auxílio aos técnicos que elaboram a proposta de lei.
19

Há uma interessante definição, feita pelo jurista Ives Gandra, para o uso das
reticências (ainda não com a percepção da diferenciação do pontilhado ou dos três
pontos entre colchetes ou dos quatro pontos citados no início deste capítulo), mas não
está na lei ou em qualquer manual, e, sim, em um artigo de revista científica publicado
há mais de 20 anos:
Uso das reticências para identificar texto não alterado no artigo —
Ainda que não conste de regra escrita, a praxe tradicional na redação
legislativa, relativa à alteração de leis, é a da colocação de reticências
para a parte de texto do artigo que não está sendo modificada,
poupando sua repetição. Mesmo quando se altera apenas algum
inciso, parágrafo ou alínea de determinado artigo, a menção ao
dispositivo é sempre do artigo inteiro, colocando-se reticências para o
seu caput e demais partes não alteradas (MARTINS FILHO, 1999, p.
20).

No “Técnica Legislativa”, manual confeccionado há quase 20 anos e que até hoje


orienta a preparação de atos legislativos do Senado Federal, encontramos referência
explícita à linha pontilhada, porém sem explicar claramente sua funcionalidade:

1.7 Qualquer alteração (nova redação, supressão, acréscimo) no


artigo (caput, parágrafo, inciso, alínea ou item) será identificada pelas
letras “NR”, entre parênteses, colocadas no final do último dispositivo
do artigo, inclusive quando esse dispositivo estiver substituído por
linhas pontilhadas. (BRASIL,2002, p.133).

No Manual de Elaboração de Textos, do Senado Federal, encontramos informação


incompleta, mas um pouco melhor do que a constante no “Técnica Legislativa”:

Pode-se suprimir partes da citação, desde que não se altere o sentido


original do texto. As supressões são indicadas pelo uso de reticências.
No caso de poema, texto legal ou teatral, a supressão de uma linha ou
mais do texto deve-se fazer indicar por uma linha pontilhada (BRASIL,
1999, p.30).

Para visualização mais didática e compilada da discussão travada pelos


autores pesquisados, apresentamos, a seguir, as nomenclaturas encontradas na
20

pesquisa e construímos uma proposta visual do que seriam os símbolos, de acordo


com a definição que foi encontrada em cada bibliografia consultada.

Tabela 1 – Sinalização de supressão de texto


Nome da Pontuação Símbolo Fonte onde é encontrada
reticências ... • Gramáticas, em geral
• Artigo Ivez Gandra MARTINS FILHO,
1999
três pontos entre colchetes [...] • Norma ABNT NBR 10520, 2002
pontinhos ... ... ... ... ... • Gramática Napoleão ALMEIDA, 1999
quatro pontos .... • Gramática Celso CUNHA, 2008
linha pontilhada ......................... • Manual de elab. de textos SF, 1999
• Manual de elab. legislativa CD, 2002
• Decreto nº 9191, 2017
• Manual de Redação da PR, 2018
Fonte: tabela elaborada pela autora, 2021.

Assim, conforme pesquisa desse tópico, verificou-se que há ausência de


informação primordial à técnica legislativa, ao mesmo tempo em que há contradições
nas definições de autores renomados e, ainda, onde há de forma mais detalhada
explicação do uso da linha pontilhada na legislação suprimida, essa orientação
somente vale para os atos do poder executivo.

Segue a norma estabelecida no Decreto nº 9.191 para o uso da linha


pontilhada:

[...] b) na alteração parcial de artigo, os dispositivos que não terão o


seu texto alterado serão substituídos por linha pontilhada; e

c) a utilização de linha pontilhada será obrigatória para indicar a


manutenção de dispositivo em vigor e observará o seguinte:

1. no caso de manutenção do texto do caput, a linha pontilhada


empregada será precedida da indicação do artigo a que se refere;

2. no caso de manutenção do texto do caput e do dispositivo


subsequente, duas linhas pontilhadas serão empregadas e a primeira
linha será precedida da indicação do artigo a que se refere;

3. no caso de alteração do texto de unidade inferior dentro de unidade


superior do artigo, a linha pontilhada empregada será precedida da
indicação do dispositivo a que se refere; e
21

4. a inexistência de linha pontilhada não dispensará a revogação


expressa de parágrafo. (BRASIL, 2017, art. 17).

Mas como isso pode impactar na sociedade, destinatária, leitora e usuária das
leis, e também nos próprios legisladores-confeccionadores das leis? O Manual de
Redação da Presidência dá pistas do que pode ocorrer: “Observe-se que inexistência
de linha pontilhada pode ser interpretada como revogação do dispositivo ou como
manutenção (...) (BRASIL, 2018, p.132).

Vejamos um exemplo prático, analisando o Decreto-Lei nº 5.452, de 1943, a


CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), de como essa falta de orientação influencia
ou até incentiva a confecção equivocada de normas legais e prejudica o cidadão. Mais
especificamente, observam-se dispositivos que “sumiram” após a nova redação dada
pela popularmente chamada “lei das gorjetas”. Essa Lei nº 13.467, de 13 de julho de
2017, conforme veremos a seguir, suprimiu os parágrafos 5º ao 11 do Art. 457, da
CLT, por uma falha do legislador que não previu a manutenção dos parágrafos, nem
expressamente nem via utilização do pontilhado:

Art. 1º A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo


Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar com as
seguintes alterações:

“Art. 457. ...........................................................

§ 1º Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações


legais e as comissões pagas pelo empregador.

§ 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de


custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro,
diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração
do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não
constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e
previdenciário.
.............................................................................................

§4º Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo


empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a
empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho
superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades.
(NR) (BRASIL, 1943, art. 457).
22

Percebe-se, nessa citação, que os pontilhados existentes abarcam a


manutenção do caput do art. 457 e do parágrafo terceiro. Porém, observa-se que não
foi inserido o tracejado, ao final do parágrafo 4º, apenas a sigla de Nova Redação
(NR).

Em que pese não constar nas orientações do Decreto nº 9.191, no Manual de


Redação da Presidência há, como já apontamos aqui, a observação complementar
de que a “inexistência de linha pontilhada pode ser interpretada como revogação do
dispositivo ou como manutenção” (BRASIL, 2018, p.132). E, imaginando as
consequências dessa dupla possibilidade no mundo jurídico, o próprio manual orienta
que,

[...] para evitar grave insegurança jurídica é essencial, em especial no


caso de parágrafos, ter o cuidado de colocar a linha pontilhada
deixando explícita a manutenção do dispositivo ou, se a intenção for a
revogação, não colocar linha pontilhada e, simultaneamente, incluir o
dispositivo na cláusula de revogação. (BRASIL, 2018, p.132).

Observe-se que a orientação acima não está em Lei federal, tampouco no


Decreto nº 9.191, mas sim em um manual do poder executivo, ou seja, mais uma vez,
não abrange os poderes legislativo e judiciário, tampouco os executivos estaduais e
municipais.

No caso dos parágrafos 5º ao 11 do Art. 457, da CLT, não houve o pontilhado


e tampouco a inserção dos dispositivos em cláusula de revogação, ficando a
interpretação a cargo de cada um. Isso gerou uma série de reclamação dos
trabalhadores diretamente prejudicados, pois em que pese não haver no ordenamento
jurídico o instituto da revogação implícita, na prática, pelas regras de legística, foi isto
o que ocorreu com tudo que estava abaixo do parágrafo quarto do art.457: foram
retirados do texto da lei no Portal da Legislação do Planalto10. O fato da possibilidade
dessa interpretação levou um Senador a apresentar novo Projeto de Lei11 para (dentre

10
Esse portal, popularmente conhecido como site do Planalto, está disponível em
www.planalto4.gov.br/legislacao
11
O Projeto de Lei n. 19, de 2018. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-
/materia/133062.
23

outras demandas) reinclusão dos tópicos excluídos, o que demonstra que não era a
intenção inicial do legislador essa supressão.

Outro exemplo significativo das consequências da não normatização e não


divulgação do uso do pontilhado (em gramáticas, na LC 95, nos manuais do
legislativo) foi o que gerou divergência de entendimento para o Código Eleitoral. No
site do Planalto, tendo em vista os tachados atuais no texto, percebe-se que o
entendimento foi de que a Lei nº 7.191/1984 deu uma nova redação ao art. 25 do
referido Código. Essa nova redação, por não ter utilizado os pontilhados (ou o colchete
com as reticências), implicitamente revogou os parágrafos do art. 25 do Código
Eleitoral. Como não existe, juridicamente, revogação implícita, diz-se que não
manteve esses parágrafos no texto.

Porém, observa-se que no TSE o entendimento parece ser o de que os


parágrafos do art, 25 não foram suprimidos pela Lei nº 7.191/1984, pois eles constam
normalmente no Código disponibilizado no Código Eleitoral Anotado contido em seu
sítio eletrônico. Esse entendimento é ratificado pela decisão constante no Ac.-STF, de
15.12.1999, no RMS nº 23123 do STF. A seguir, as redações constantes em cada
site.

No site do Planalto, Portal da Legislação (BRASIL, 1965a):

Art. 25. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:


(Redação dada pela Lei nº 7.191, de 1984)
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
▪ (Redação dada pela Lei nº 7.191, de 1984)
a) de dois juizes, dentre os desembargadores do Tribunal de
Justiça; e
▪ (Redação dada pela Lei nº 7.191, de 1984)
b) de dois juizes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
▪ (Redação dada pela Lei nº 7.191, de 1984)
II - do juiz federal e, havendo mais de um, do que for escolhido pelo
Tribunal Federal de Recursos; e
▪ (Redação dada pela Lei nº 7.191, de 1984)
III - por nomeação do Presidente da República de dois dentre seis
cidadãos de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Tribunal de Justiça.
▪ (Incluído pela Lei nº 7.191, de 1984) (grifos nossos)12

12
Os itálicos e marcadores foram colocados por esta autora para diferenciar, do texto da lei, aquilo que faz
parte da funcionalidade informativa do site de cada órgão consultado.
24

No site do TSE (BRASIL, 1965b):

Art. 25. Os tribunais regionais eleitorais compor-se-ão:


▪ A Lei nº 7.191/1984, ao alterar o art. 25, não fez nenhuma
referência aos parágrafos constantes do artigo modificado.
Segundo decisões do TSE (Res.-TSE nºs 12391/1985 e
18318/1992 e Ac.-TSE nº 12641/1996) e do STF (Ac.-STF, de
15.12.1999, no RMS nº 23123), os referidos parágrafos não
foram revogados pela lei citada.
O DL nº 441/1969 revogou os §§ 6º e 7º do art. 25, passando os
§§ 8º e 9º a constituir, respectivamente, os §§ 6º e 7º.
I – mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes, dentre os desembargadores do Tribunal de
Justiça; e
b) de dois juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II – do juiz federal e, havendo mais de um, do que for escolhido pelo
Tribunal Federal de Recursos; e
CF/1988, art. 120, § 1º, II: de um juiz do Tribunal Regional Federal com
sede na capital, ou, não havendo, de um juiz federal.
III – por nomeação do presidente da República, de dois dentre seis
cidadãos de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Tribunal de Justiça.
▪ Incisos I a III com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 7.191/1984.
▪ [...]
§ 1º A lista tríplice organizada pelo Tribunal de Justiça será enviada
ao Tribunal Superior Eleitoral.
▪ [...]
§ 2º A lista não poderá conter nome de magistrado aposentado ou de
membro do Ministério Público.
▪ Parágrafo 2º com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 4.961/1966.
▪ [...]
§ 3º Recebidas as indicações o Tribunal Superior divulgará a lista
através de edital, podendo os partidos, no prazo de cinco dias,
impugná-la com fundamento em incompatibilidade.
▪ [...]
§ 4º Se a impugnação for julgada procedente quanto a qualquer dos
indicados, a lista será devolvida ao Tribunal de origem para
complementação.
§ 5º Não havendo impugnação, ou desprezada esta, o Tribunal
Superior encaminhará a lista ao Poder Executivo para a nomeação.
§ 6º Não podem fazer parte do Tribunal Regional pessoas que tenham
entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º grau, seja o
vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso a que tiver sido
escolhida por último.
25

§ 7º A nomeação de que trata o nº II deste artigo não poderá recair em


cidadão que tenha qualquer das incompatibilidades mencionadas no
art. 16, § 4º. (grifos nossos)13

Ora, não há que se culpar o legislador, tampouco os órgãos divulgadores, pela


confusão instalada, se não há previsão expressa de como utilizar o tracejado ou as
reticências ou a linha pontilhada nas normas de técnica legislativa. Porém, arca-se
com consequências geradas por essa ausência de normatização, pois o custo disso
será ter que ocorrer novo processo legislativo para a correção, sem contar os
processos judiciais que poderão ser desencadeados, advindos da interpretação que
pode ser dada pelo usuário ou pelos órgãos envolvidos, gerando acúmulo de
processos — evitáveis — na Suprema Corte.

Daí a importância de se ter a previsão expressa das regras para o uso —


qualquer que seja a escolha feita, das reticências entre colchetes, do pontilhado, da
linha tracejada etc. — em especial na LC nº 95, que é normogenética, é a base legal
para a confecção dos manuais de técnicas legislativas existentes nos 3 poderes e
estes, por sua vez, frequentemente servem de modelo para os manuais dos estados.

3 ERRO SEMÂNTICO – INCOMPATIBILIDADE DE CONCEITOS

Nesse tópico, a incorreção a ser verificada está relacionada à imprecisão


vocabular e os dois exemplos estudados foram retirados dos regimentos das Casas
Legislativas. A Resolução do Congresso Nacional nº 1, de 1970 — Regimento Comum
—, por exemplo, é pré-constitucional e contém alguns itens não recepcionados pela
Constituição de 1988, além de influenciá-la ao erro.

3.1 SESSÃO x REUNIÃO


Para prosseguir a análise, importa fazer a diferenciação entre as expressões
“sessão” e “reunião”, pois elas não se prestam às mesmas cognições no contexto
legislativo. A primeira é a nomenclatura utilizada para se designar a ocorrência de as
Casas do legislativo se reunirem em seus plenários; enquanto a segunda tanto pode
significar o ato ou efeito de se reunir quanto pode designar tecnicamente a ocorrência
de agrupamento/reunião de parte das Casas do legislativo fora do órgão máximo de

13
Os itálicos e marcadores foram acrescentados ao texto original para diferenciar o texto da lei do que faz
parte da funcionalidade informativa do site de cada órgão consultado.
26

decisões desse Poder, ou seja, fora do Plenário. Isso ocorre quando as Comissões
(permanentes ou temporárias) se reúnem e, nesse caso, essa reunião não é
designada sessão. De todo modo, devem ser evitadas confusões ou o mau uso dos
termos, o que impõe a necessidade de uma definição expressa do termo, a qual não
há atualmente na Constituição.
A Constituição federal, em seu artigo 57, apresenta vários tipos de sessões,
que são definidas pelo objetivo pelo qual as Casas do legislativo se reúnem, a saber:
sessão legislativa ordinária, sessão legislativa preparatória, sessão legislativa
extraordinária. Nos regimentos da Câmara, do Senado e Comum, são apresentados,
ainda, os tipos de sessões: ordinária, deliberativa ou não deliberativa, especial e
solene, todos referentes aos concílios que ocorrem exclusivamente no Plenário das
Casas. No entanto, o título da seção VI, onde está inserido o referido artigo com os
tipos de sessões, é “DAS REUNIÕES”, ou seja, o título utiliza a forma genérica do
termo “reunião”, relacionada apenas ao ato de se reunir. Além disso, não especifica o
nome técnico dessas reuniões, apenas as classifica. Tampouco faz referência a outras
reuniões que não a específica do Plenário.
Uma solução para se evitar confusões seria alterar o título na seção VI da
Constituição para “DAS SESSÕES”, quando estaria se referindo ao nome técnico das
mesmas reuniões. Mas o ideal mesmo é que além disso se precise o valor semântico
do termo “sessões” como sendo um tipo específico de reunião, a ser utilizado
tecnicamente com exclusividade para o concílio que ocorre no Plenário daqueles
Órgãos.
Ainda, a Constituição possui exemplo da correta denominação de reunião para
a Comissão, a qual ela não chamou de sessão:

§ 5º Os programas de desenvolvimento econômico financiados na


forma do § 1º e seus resultados serão anualmente avaliados e
divulgados em meio de comunicação social eletrônico e apresentados
em reunião da comissão mista permanente de que trata o § 1º do art.
166. (BRASIL, 1988, art. 5º).

Ao analisar o Regimento do Senado, identifica-se pequena confusão com os termos


Reunião e Sessão. Isso ocorre quando o regimento traz o termo REUNIÕES
preparatórias como um tipo de reunião que ocorre no Plenário,

§ 2º Nos casos dos incisos I e IV do § 6º do art. 154, o Presidente


27

declarará que não pode ser realizada a sessão, designando a Ordem


do Dia para a seguinte, e despachando, independentemente de leitura,
o expediente que irá integrar a ata da reunião a ser publicada no Diário
do Senado Federal. (BRASIL, 1999, art. 155).

Causa estranheza também, a relação estabelecida pela remissão que consta


do art.201, pois o capítulo desse regimento nomeia o documento utilizado quando da
não realização da sessão de ATA DE REUNIÃO, como pode ser visto em:
[...]
CAPÍTULO V
DAS ATAS E DOS ANAIS DAS SESSÕES
SEÇÃO I
Das Atas
Art. 201. Será elaborada ata circunstanciada de cada sessão,
contendo, entre outros, os incidentes, debates, declarações da
Presidência, listas de presença e chamada, texto das matérias lidas
ou votadas e os discursos, a qual constará, salvo se secreta, do Diário
do Senado Federal, que será publicado diariamente, durante as
sessões legislativas ordinárias e extraordinárias, e, eventualmente,
nos períodos de recesso, sempre que houver matéria para publicação.
§ 1º Não havendo sessão, nos casos do art. 154, § 6º, I e IV, será
publicada ata da reunião, que conterá os nomes do Presidente, dos
Secretários e dos Senadores presentes, e o expediente despachado.
(BRASIL, 1999, art. 201).

Apesar disso, as demais referências ao termo REUNIÃO são sempre


relacionadas à Comissão, seja temporária seja permanente, não aos encontros do
plenário, o que vem justamente ao encontro da proposta de unificação de conceitos
deste trabalho.
No Regimento da Câmara, observa-se que há capítulo com regras próprias
para as Reuniões Seção VII, que não se misturam com as sessões nem no caso das
preparatórias, como ocorreu no RISF,
A realidade dos institutos jurídicos por vezes escapa aos limites da linguagem
na prática, então se tentam definir conceitos por meio de leis, mas no caso específico,
ocorre o contrário: a prática é clara aos servidores do órgão, em que pese a
diferenciação/definição não estar expressa nas leis (em sentido amplo). Porém, ao
leigo cidadão ou servidor de outra esfera de poder, pode ser difícil distinguir quais
reuniões são do tipo sessão sem ter uma definição expressa.
28

No caso do encontro dos membros de uma comissão, verificou-se que recebe,


pela Constituição, tratamento de verdadeira sessão, mas pelo RISF apenas é
denominada de reunião e é no RICD que possuímos a melhor separação do que vem
a ser cada termo, a partir do que seja o encontro: em plenário ou em comissão.

3.2 PRESIDENTE DO SENADO e REGIMENTO COMUM


Outros exemplos de incorreção relacionada à imprecisão vocabular são
oferecidos pela Resolução do Congresso Nacional nº 1, de 1970 — Regimento
Comum. O primeiro exemplo que se apresenta é que esse Regimento, assim como a
Constituição federal, chama a autoridade que preside o Congresso de Presidente do
Senado Federal. Apesar de serem exercidos pela mesma pessoa, os cargos de
Presidente do Senado e Presidente do Congresso são distintos, mas acabam por
serem confundidos justamente pela letra do Regimento Comum e até da Constituição
federal. Tal equívoco, que demonstra insipiência do legislador da época, já poderia ter
sido desfeito se houvesse uma atualização do Regimento Comum, atualmente com
mais de 50 anos de existência, inspirando assim também a alteração da Constituição
federal.
Impende consignar que a segunda incorreção é o próprio nome do Regimento,
que, ao se intitular “comum”, induz o leitor ao erro de que serviria tanto para a Câmara
dos Deputados quanto para o Senado Federal, o que é inverídico, pois, na realidade,
cada uma dessas Casas possui seu próprio regimento, sendo, então, o Regimento
Comum a norma da “terceira” Casa, o Congresso Nacional.
Nesses exemplos percebe-se, ainda, cumulativamente ao problema da
imprecisão vocabular, o problema que será abordado no próximo capítulo: o do
envelhecimento da norma, ou seja, a defasagem temporal entre sua publicação e o
tempo atual sem que se façam as atualizações periodicamente.
29

CAPÍTULO 4 DEFASAGEM TEMPORAL, O TERCEIRO ERRO

Faz-se mister iniciar o capítulo com um esclarecimento de porque a


defasagem temporal foi considerada erro das técnicas legislativas e a importância
desse erro.
Os profissionais de legística material são os responsáveis, na pós-vigência de
uma norma, por avaliar a compreensão da norma pelo cidadão, usuário final da lei, e
a ocorrência dos seus efeitos junto às pessoas, enquanto a legística formal “procura
determinar as melhores modalidades de elaboração, redação, edição e aplicação das
normas” (CHEVALIER, 1995). Assim, essa pretensa ciência deve verificar também se
a comunicação com o destinatário da lei foi efetiva e, ao longo do tempo, se ainda
está válida e atual, e, constatada irregularidade, seja pela desatualização seja pela
por outra qualquer, cabe ao legislador providenciar com urgência a atualização
normativa, para viabilizar a estabilidade, a segurança jurídica e a harmônica
convivência social dos que dependem daquela lei, sanando deficiências encontradas.
Ocorre que a tramitação das leis no Legislativo invariavelmente se dá com o
auxílio dos técnicos das casas daquele poder, que exercem a atividade de pesquisa,
embasamento, assessoria, aos congressistas e utilizam as técnicas legislativas na
confecção das normas, portanto é nessa fase que mais se enxergam as chances de
propostas de correções dos erros ou de atualização nas leis.
Também pelos servidores passam diariamente as ocorrências advindas da
Ouvidoria14, com reclamações ou apontamentos dos cidadãos sobre diversos
assuntos, mas, em especial – o que nos interessa aqui – os referentes às leis,
trazendo insumos para que possam fazer sugestões aos legisladores e propostas de
correções nas normas com que eles lidam diariamente. Assim, entendemos que cabe
justamente aos técnicos a análise de como atualizar as normas, seja por sugestão ou
alerta aos legisladores, seja por possuírem a melhor fonte de insumos (as demandas
da população, que chegam pela Ouvidoria) para corrigirem as novas normas que por
eles passam para ser redigidas diariamente e, ainda, podem contribuir para o
refinamento delas.

14
As Ouvidorias são retroalimentadores do serviço público e, portanto, ótima ferramenta para a boa legística.
30

Temos visto algumas iniciativas do poder executivo que corroboram para a


melhoria desse quesito, que são os popularmente chamados “revogaços” de atos que
não mais possuíam eficácia legal. No atual governo, por exemplo, mais de 44 mil atos
passaram por esse processo de revogação, retirando o excesso de legislação
desatualizada do mundo jurídico. Houve um grande “revogaço” também na época do
governo Collor, 1991, com a revogação de mais de 150015 atos nessa situação.
Tecidas essas considerações acerca da legitimidade da defasagem temporal
como um erro das técnicas legislativas, iniciamos com os exemplos a respeito das
consequências da defasagem. Internacionalmente, podemos citar um caso do Reino
Unido, onde a defasagem de uma lei ameaçou comprometer a segurança cibernética
do país, pois não estava atualizada o suficiente para impedir hackers de atuar, e ainda
limitava e ameaçava a atuação de inteligência dos profissionais de segurança
cibernética (TRT, 2020).
Nacionalmente, percebe-se o nível de importância de uma norma estar
atualizada quando se vê o próprio governo publicar um decreto que “estabelece as
condições para o empreendedor desenvolver, executar, operar ou comercializar
produto ou serviço, inclusive de telecomunicações, em desacordo com a norma
técnica desatualizada” (BERBERT, 2020, grifos nossos).
Ratificando esse entendimento, a Advocacia-Geral da União, apud
MENEGUIN; MELO (2020, p.3) alerta que “[...] o excesso de regras, a falta de clareza,
a complexidade da linguagem e a ausência de atualização das normas produzem um
ambiente deletério à segurança jurídica, ao setor regulado, aos usuários de serviços
e ao próprio Estado de Direito”.
Passa-se, a seguir, à análise de dois casos de defasagem temporal
constantes no arcabouço jurídico de nosso país, para que se perceba como esse erro
impacta na prática.

4.1 DEFASAGEM DA RESOLUÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL


Nº 1, DE 1970
O primeiro caso deste capítulo é a norma já citada no capítulo anterior, a
Resolução do Congresso Nacional nº 1, de 1970, o Regimento Comum. Essa norma
é anterior à promulgação da Constituição federal e por isso traz vários conceitos

15
Conforme verifica-se nos Decretos n. 9.999/1991 e 417/1992.
31

divergentes. Legalmente, sabe-se que há o instituto da recepção, então, em 2007 o


texto foi retificado para incluir que “parte de seus dispositivos foi revogada ou alterada
pela Constituição Federal de 1988 e por resoluções subsequentes” mas não se trata
disso, e, sim, de apontar que uma revogação total com criação de novo e atualizado
Regimento Comum do Congresso Nacional poderia ser mais efetivo ao usuário, que,
nesse caso, é o próprio legislador.
Porém, em que pese essa norma ser dada como exemplo neste capítulo, não
vamos citar individualmente os conceitos defasados, apenas citar que deve ser revista
à luz dos conceitos atuais da Constituição em vigor.

4.2 DEFASAGEM DA LEI GERAL DE PATENTES


A defasagem da Lei da Propriedade Intelectual — LPI (também conhecida
como lei geral de patentes, Lei nº 9.279/1996), com mais de 26 anos desde sua
publicação, é o segundo exemplo deste capítulo. Duas servidoras do INPI publicaram
um artigo de em que analisam os 20 anos da referida lei e que diz que “embora a lei
seja muito bem estruturada na opinião dos especialistas da área, é certo que
mudanças precisam ser efetuadas para contemplar temas que em meados da década
de 1990 ainda não tinham a expressão que têm hoje” (PINHEIRO-MACHADO, 2016).
Um exemplo de sua defasagem é, por exemplo, o conceito de “empresário”,
que foi alterado no Código Civil em 2002 – 6 anos após a publicação da LPI – e que
têm implicações em seu regramento e até hoje não foi revisto, mesmo com a recente
alteração feita pela Lei nº 14.200 em 2021.
Da mesma forma, pela existência cada vez maior de prestadores de serviço
freelancer16, percebe-se que não está abarcada essa relação jurídica no rol de crimes
de concorrência desleal da mesma forma que está para o empregado com o “dever
do emprego”.
Outra norma relacionada às patentes e que passou por essa etapa de
defasagem foi a Instrução Normativa INPI nº 68/2017, que determina a apresentação
de um “Regulamento de Uso” (também conhecido como caderno de especificação),
quando do pedido inicial de Indicações Geográficas, mas, apenas 2 anos depois, o
peticionamento passou a ser eletrônico, não mais existindo a forma de petição em
papel (Resolução INPI 233/2019).

16
autônomos
32

Acrescente-se a esses exemplos de defasagens, o fato de que novos


conceitos foram surgindo ao longo dos anos, então, por exemplo, o que a Lei de
Patentes estipula como impedimento para o registro de marca por ser “...contrário à
moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente
contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimento dignos
de respeito e veneração” (BRASIL, 1996, art.124), poderia ser acrescido
explicitamente de conceitos específicos e mais recentes, como signos que contenham
estímulo à misoginia, racismo, cristofobia e outros preconceitos.

CONCLUSÃO

Após analisar normas regulamentares da técnica legislativa, manuais de


redação de órgãos públicos federais, gramáticas normativas e alguns livros de
legística, observou-se que há falha ou ausência de informação, o que ocasionou a
inépcia dos legisladores e, consequentemente, a efetivação de 3 erros formais na
elaboração das leis e aqui classificados como: erro linguístico, erro semântico e erro
por defasagem temporal.

Foram apresentados diversos exemplos dos três tipos de erro que prejudicam
nosso arcabouço jurídico, pois geram a) dificuldade de entendimento pelo cidadão que
utilizará a lei, b) dificuldade de interpretação por magistrados, c) retrabalho aos
legisladores, além de d) custos evitáveis aos cofres públicos quando a administração
pública tem que republicar, retificar ou apostilar, para corrigir tais leis, ou até mesmo
gerar novo processo legislativo.
Finalmente, como contribuição deste trabalho, destacaram-se três obstáculos
à concretização de uma correta técnica legislativa, que são a falta do conteúdo
normativo ou de atualização, a falta de revisão e a não padronização das normas
existentes, alertando-se, então, quanto aos benefícios que a realização desses
procedimentos poderia trazer em favor da confecção de leis17 mais facilmente
compreensíveis pela população e que permitam ao usuário a correta utilização de
acordo com o fim a que se destinam.

17
Entenda-se como sentido generalista, de atos normativos de qualquer instância.
33

Com este artigo, pretendeu-se apontar problemas com vistas a


compartilhamento e divulgação das soluções aplicáveis ao trabalho legístico nos
governos, principalmente por meio da correta utilização das técnicas gramaticais, bem
como pretendeu-se fornecer um alerta, com insumos para que os pesquisadores de
legística possam despertar nas instituições a vontade de confecção de normas que
contenham melhores regras de escrita necessárias à linguagem jurídico-legislativa,
sejam essas normas constantes em manuais ou nas leis e, por fim, o mesmo alerta
para os estudiosos de língua portuguesa, para que possam rever, nas gramáticas, os
tópicos aqui apontados.
Como a alteração de lei complementar exige um processo longo junto ao poder
legislativo, propõe-se, como alternativa inicial, a correção dos manuais das Casas do
poder legislativo, ajustando-se como no Decreto nº 9.191, do poder Executivo, pois
isso já seria base para iniciar-se, certamente, um processo de replicação em outras
normas e orientação aos técnicos de legística, quando da confecção diária dos
próximos atos normativos.
34

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