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Faculdade De Campinas, FACAMP.

Graduação em Direito.

Isadora Bueno Ferreira.


Luísa Ferraz de Assis.

Relatório circunstânciado.: 1930 - Tempo de Revolução, de Eduardo Escorel.

Relatório Circunstanciado.

Volume 1.

Campinas.
25 de agosto 2023.
Isadora Bueno Ferreira.
Luísa Ferraz de Assis.

Relatório circunstânciado.: 1930 - Tempo de Revolução, de Eduardo Escorel.

Relatório circunstanciado apresentado ao


curso de História do Direito do Brasil, como
parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de graduação em Direito.

Orientador: Oswaldo Akamine.

Volume 1.

Campinas.
25 de agosto 2023.
Resumo

Esse relatório busca evidenciar os pontos mais importantes do documentário 1930


-Tempo de Revolução, de Eduardo Escorel, abordando os pontos principais apontados pelo
documentário juntamente com as falas dos especialistas sobre cada assunto abordado.
Palavras-chave: Relatório, 1930, pontos principais, especialistas.
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Fala de Boris Fausto no minuto 4:48 “Existe um tipo de sistema político e de


políticas no Brasil anterior a 1930 que é regionalista oligárquico, liberal elitista que
morre com a Revolução de 30.” O especialista dá a sua primeira contextualização sobre a
esperança de um novo Brasil, para ele o Brasil que nasce com a Revolução é completamente
diferente do antigo, em outubro de 1930 a República Velha deixa de existir e dá início
ao governo provisório de Getúlio Vargas, o novo Brasil havia chegado, era assim que a
população queria acreditar, antes de necessitarem ir atrás de outra revolta, pois Getúlio
Vargas não cumprirá com o que prometera.
Antônio Cândido no minuto 10:56, onde o documentário está dizendo como o Brasil
chegou a primeira revolta militar que levaria até a Revolução de 30, diz: “A partir de 1930
os políticos tiveram que incorporar na sua retórica muita coisa para satisfazer as
reivindicações populares. Foi a primeira vez, por exemplo, em que a retórica oficial
admitiu que havia miséria no Brasil, que havia uma desigualdade gritante e que o
trabalhador tinha direitos.”
Pouco tempo depois da Semana da Arte Moderna Artur Bernardes é eleito a presi-
dente da República, a população fica inconformada com a ditadura imposta pelos barões
do café, foi reivindicado uma nova eleição sob a política do café com leite, e com essa insa-
tisfação que é fundado o partido comunista do Brasil composto por comunistas e militantes
anarco sindicalista.
Boris Fausto fala sobre os motivos que levaram aos acontecimentos da revolta de 22
e em como determinada população estava insatisfeita com tudo que estava ocorrendo, sua
fala está localizada no minuto 15:44 “A revolta de 22 foi uma revolta de sentido muito
corporativo, mas é claro que de um ponto de vista mais amplo a revolta está refletindo
uma insatisfação geral de certas camadas urbanas da sociedade e sobretudo reflete
uma insatisfação da posição do exército no interior do sistema político da primeira
República.” A revolta dos 18 do forte de Copacabana ocorreu em 2 de julho de 1922,
na cidade do Rio de Janeiro e foi a primeira revolta do movimento tenentista no Brasil,
no contexto da República velha, e tinha por finalidade derrubar o governo da época e
demonstrar a insatisfação com as eleições que ocorreram naquele ano.
Os tenentes paulistas se rebelaram após o exército bombardear a cidade de São
Paulo, a rebelião ocorreu em 5 de julho, um dos estopim fora a condenação de tenentes
que eram a favor da violência, algo que estava mudando o governo e a constituição do
país. Edgar de Decca fala no minuto 20:09 “Para os revolucionários, para aqueles que
a gente ficou conhecendo como tenentes a questão democrática era uma questão
de segunda ordem.” Os tenentistas em geral de baixa e média patente defendiam o
liberalismo, porém é importante ressaltar que dentro desse grupo também existiam outras
ideologias como o comunismo. Além disso acreditavam em uma república autoritária que
promovesse mudanças necessárias.
Boris Fausto no minuto 21:50 nos dá uma explicação mais aprofundada do que é
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o tenentismo no Brasil, seus ideais e nos apresenta também sua própria opinião sobre o
movimento. “O tenentismo é um movimento que mais faz do que fala, ele explora e
articula conspirações, o tenentismo não escreve muito, não é retórico, o tenentismo
reunia elementos militares e elementos civis em torno de algumas ideias muito gerais,
são elas: Renovação dos costumes políticos do Brasil, contenção dos interesses
estrangeiros, tendência a resolver os problemas do país por uma via mais centralizada,
necessariamente mais autoritária.”
Em apoio aos tenentes de São Paulo outro grupo de militares se levantou em armas
no Rio Grande do Sul, e da união dos rebeldes Paulistas e gaúchos nasceria a Coluna Pres-
tes. E com suas palavras Luiz Carlos Prestes nos expressa o que o movimento pretendia,
suas falas estão localizadas nos minutos 22:46 “A nossa posição ainda era de conspira-
dores, nós queríamos lutar apenas para colocar Arthur Bernardes (Presidente) abaixo,
então nós esperávamos que mantendo a luta armada no interior do país o governo
seria obrigado a jogar as tropas contra nós, aliviando lá no Rio de Janeiro e São Paulo
onde os nossos conspiradores poderiam colocar Bernardes abaixo. Essa era a nossa
estratégia.” e no minuto 23:25 “Uma das conclusões que a gente tinha da marcha da
coluna é que o brasileiro quando confia na liderança é capaz de toda abnegação, é
capaz de morrer, mas cumprir seu dever. Nós tivemos diversos companheiros que
ficaram em uma situação da qual sabiam que iriam morrer, mas sua obrigação era
apenas dar um tiro de aviso, para nos mostrar que o inimigo estava lá e então eles o
faziam mesmo que lhes causasse a morte.” As reivindicações da Coluna foram atendidas
pelo novo governo, como a suspensão do Estado de sítio e a restauração da liberdade de
imprensa.
A Revolução de 22 deixou resquícios para a próxima Revolução que jamais fora
imaginada por Mário de Andrade, por exemplo, e então com uma ajuda do exterior ocorreu
a Revolução de 30. No minuto 29:12 Boris Fausto comenta: “Em 30 há alguma coisa que
a história tradicional dizia que parece verdade, há uma revolução de alguns estados
contra outros estados, há de algum modo uma revolução contra São Paulo.”
No início dos anos 30 com a quebra da bolsa de Nova York, as economias das bolsas
capitalistas do mundo inteiro, somos sucumbido a rescisões e altas taxas de desemprego,
decorrente dessa quebra as exportações também caíram o Brasil necessitou substituir
os produtos que antes importados por produtos produzidos nacionalmente, assim como
ocorreu durante a primeira guerra.
Os mineiros se sentiram traídos pelo presidente paulista Washington Luís que indicou
e apoiou como sucessor da presidência outro paulista Júlio Prestes e não um mineiro e
isto dá fim a República do café com leite, levando a elite a fazer uma revolução juntamente
atrelada também ao medo do povo e o horror que essas elites tinham da classe trabalhador;
os mineiros cortaram a aliança conservadora do café com leite e deram início a aliança
liberal. Paulo Sérgio Pinheiro no minuto 32:25 retrata bem o pensamento da elite da época:
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“Os tenentes viam a questão operária da pior maneira possível, nas palavras deles
próprios, eu estou pensando no Juarez Távora, por exemplo, que falava da ameaça
do populacho e do perigo da bolchevização das reivindicações. Eles tinham horror a
classe operária, para a maioria dos tenentes, eu arrisco dizer quase para a totalidade
dos tenentes o movimento operário era alguma coisa demoníaca e que deveria ser
evitada e controlada.” No documentário é afirmado que para os industriais a vitória de
Júlio Prestes seria uma garantia da realização do programa financeiro de Washington Luíz.
Percebe-se que os participantes da revolução de 22, os mais jovens, sonhavam com
uma ruptura brusca, tinham a pretensão de um mundo novo, diferente do que estavam, já os
velhos não possuíam tal pretensão. No minuto 34:38 o especialista Bóris Fausto aponta que
“Nos setores mais jovens da aliança como Oswaldo Aranha, tinha uma perspectiva de
alteração brusca do sistema que os velhos oligarcas tradicionais como Borges de
Medeiros que estavam na liderança já não tinham. E o curioso é notar que um homem
relativamente jovem como Getúlio Vargas que acabou sendo a figura de proa para o
movimento de 30 era na verdade o que mais hesitava na perspectiva de uma ruptura.”
Os tenentes contavam com a liderança de Prestes na revolta, mas o mesmo já estava
em outra e lança o manifesto contra a revolução por não acreditar mais que poderia haver
uma mudança. Luiz Carlos Prestes comenta “Antes de lançar este manifesto contra eu
chamei os tenentes à Buenos Aires para informar a eles e disse que iria publicar o
manifesto porque já estava farto desse desentendimento com Getúlio, ele não queria
saber de nada, estava enganando a todos nós, além disso ele não fará revolução
alguma, o que ele quer é substituir a oligarquia paulista que está em decadência por
conta do preço do café que foi lá pra baixo, pela gaúcha.” Esse trecho encontra-se no
minuto 35:26 do documentário.
Quando no Brasil acreditava-se que a revolução já estava perdida e não mais acon-
teceria, um tiro muda todo o curso da história. O assassinato de João Pessoa foi o pretexto
que faltava para reagrupar todas as facções da oposição e reiniciar a conspiração, além
disso esse acontecimento foi cometido por brigas pessoais e divergências políticas local
(a princípio não fora usada como um dos motivos do assassinato), minuto 37:30 Barbosa
Lima Sobrinho aponta que “João Pessoa era contrário à revolução, ele tinha sido no
decurso de sua vida um dos promotores da justiça militar e com seu assassinato ele
passa a ser líder da revolução que condenava, João Pessoa chegou a dizer a Batista
num certo momento que preferia 10 Júlio Prestes à 1 Revolução.”
Paulo Sérgio Pinheiro acredita que por conta da revolução de 30 o país da margem
e entra para um período autoritário, sobretudo com a era Vargas e ditadura do Estado Novo,
esse trecho de sua fala encontra-se no minuto 38:05 “A revolução de 30 abre para a
construção de um período autoritário, é uma contribuição notável para o autoritarismo
político no Brasil.” Após o assassinato de João Pessoa, o assassino João Dantas da início
a uma revolução, muitos desacreditavam que poderia ocorrer, pois já havia sido cancelada
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por falta de planejamento, porém as lideranças mais jovens da aliança liberal e os tenentes
convencem os que desacretivam e uma data é marcada, a revolta tem seu início em 03
de outubro. O confronto em Itararé não ocorre por conta da junta pacificadora do Rio de
Janeiro que anula todas as chances de Washington Luíz, o mesmo é obrigado a renunciar
pela junta militar formada por dois generais e um almirante.
Começo do governo de Vargas onde ele dá direitos aos trabalhadores/operários,
tudo isso é um discurso inovador para a população, Boris Fausto no minuto 43:32 aborda
que “Pela primeira vez o discurso do poder incorpora a classe operária e mais do que
isso há uma política trabalhista instaurada.” um pouco mais para frente no documentário
no minuto 44:19 Boris Fausto retrata também em sua fala que o governo de Vargas foi uma
ruptura/modificação econômica, industrial e social. “Toda a batalha ideológica de 30 foi a
batalha do país único, do país UNO, sob a bandeira de um estado com maior força
em oposição aquilo que Juarez Távora chamava de os 20 estados que eram como 20
feudos de um país descentralizado.”
Getúlio Vargas faz leis sobre voto e trabalho, ele tutela o povo a se envolver na vida
política por meio de leis e não pela vontade do povo, pois antes o voto era regido pelo
voto de cabresto (compra de votos através do coronelismo, e pelo poder econômico que
esses fazendeiros possuíam), os analfabetos e as mulheres não podiam participar das
eleições, mas para Cândido essa obrigação é melhor que nada, nesse trecho podemos ver
com mais clareza o pensamento de Antonio Cândido, minuto 45:16 “Então ao invés do
povo chegar a vida política no Brasil por iniciativa própria, o povo chegou tutelado
pelos organismos governamentais, mas apesar de tudo, para um país que não tinha
participação política de massa, foi uma transformação.”
A revolução de 22 realmente propunha mudanças bruscas e seus ideais eram
concretos diferentemente da revolução de 30 assumida por Vargas, pois conforme se
passava o tempo o governo Vargas ia ficando cada vez mais parecido com o regime anterior,
ou seja, a “revolução” era apenas um jogo de cintura feito por Vargas, tanto que conforme o
tempo passa as oligarquias vão reassumindo o seu poder no governo de Getúlio. “1920 é a
modernidade do controle do Estado é a modernidade da democracia e cidadania, já a
modernidade de 30 é a modernidade do autoritarismo, manipulação e da ilusão” diz
Paulo Sérgio Pinheiro no minuto 46:21.
Washington Luís ainda achava que poderia acabar com a Revolução. Nesse trecho
(minuto 47:16) Boris Fausto evidência os acontecimentos da época “’Existe um desencon-
tro entre as forças econômicas e políticas de São Paulo e Washington Luís, assim
como para com o futuro presidente Júlio Prestes e esse acontecimento se deriva
da crise internacional, dos problemas com café, das respostas que o governo está
encontrando para esses problemas, então dentro desse quadro de perda de susten-
tação dentro de São Paulo e do crescente avanço dessas forças rebeldes surge a
intervenção da chamada junta pacificadora no Rio de Janeiro que acaba por anular
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as últimas chances do governo Washington Luíz.”

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