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4º CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS,

ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL

“BIODIESEL: COMBUSTÍVEL ECOLÓGICO”

Editores:

Pedro Castro Neto


Antônio Carlos Fraga

REVISTA DE RESUMOS

Varginha, 03 de julho de 2007


Minas Gerais – Brasil

i
Ficha Catalográfica preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da Universidade Federal de Lavras

Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel (4.: 2007:


Varginha, MG)
Resumos do 4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e
Biodiesel - “Biodiesel: Combustível Ecológico”, Varginha, 03 de julho de 2007 /
editores, Pedro Castro Neto, Antônio Carlos Fraga – Lavras: UFLA, 2007.
272p.

1. Plantas Oleaginosas. 2. Óleos. 3. Gorduras. 4. Biodiesel. I. Universidade Federal


de Lavras. II. Título

CDD-633.85

ii
APRESENTAÇÃO

O 4ª Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel,


“Biodiesel – Combustível Ecológico” promovido pela Universidade Federal de Lavras,
SEST SENAT e Prefeitura Municipal de Varginha, em sua quarta edição, já se constituiu
numa referência nacional para as áreas de produção de plantas oleaginosas, óleos, gorduras e
biodiesel.
A relevância dos temas propostos no 4º Congresso está consolidada nas ações e
programas estratégicos para a produção de biodiesel no Brasil, que permitirá reduzir os gastos
com a importação de petróleo e óleo diesel, sendo um importante produto para a
independência energética brasileira. Os duzentos e setenta e dois trabalhos técnicos-
científicos, além das palestras, simpósios, conferências, mesas redondas e dinâmicas serão
uma excelente oportunidade para o aprimoramento do conhecimento técnico-científico.

Cordialmente,

Professor Pedro Castro Neto


Presidente do Congresso

iii
A Comissão Organizadora do 4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos,
Gorduras e Biodiesel, responsável pela realização deste quarto evento, se isenta de toda e
qualquer responsabilidade sobre opiniões, pareceres, indicações e conclusões contidas nos
272 artigos aqui apresentados, sendo esta responsabilidade inerente e exclusivamente aos
autores de cada um dos artigos apresentados.

Varginha, 03 de julho de 2007


Comissão Organizadora

iv
COORDENAÇÃO GERAL
Professor Doutor Pedro Castro Neto (DEG / UFLA)
Engenheiro Agrônomo Joadylson Barra Ferreira (P. M. de Varginha)

COORDENADORES DE ÁREA
Professor Doutor Antônio Carlos Fraga (DAG / UFLA)
Engenheiro Agrônomo Hugo de Prado Castro (P. M. de Varginha)

COORDENADORES TÉCNICOS-CIENTÍFICOS
Professor Doutor Antônio Carlos Fraga (DAG / UFLA)
Professor Doutor Pedro Castro Neto (DEG / UFLA)
Doutor Élberis Pereira Botrel (DAG / UFLA)
Professor Doutor Anfonso Lopes (FCAV / UNESP)
Doutor Napoleão Esberard de Macedo Beltrão (CNPA / EMBRAPA)
Professor Doutor Expedito José de Sá Parente (UFC / TECBIO)

COMISSÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO


Professor Doutor Pedro Castro Neto (DEG / UFLA)
Professor Doutor Antônio Carlos Fraga (DAG / UFLA)
Jaime Daniel Corrêa Mendes (BCC / G-ÓLEO / UFLA)
Ronaldo Aparecido da Silva (BCC / G-ÓLEO / UFLA)

v
COMISSÃO ORGANIZADORA

G-ÓLEO

O G-Óleo - Núcleo de Estudos em Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e


Biocombustíveis é um órgão submetido as normas da Pró-Reitoria de Extensão da
Universidade Federal de Lavras - Lavras - Minas Gerais, destinado a congregar profissionais
e estudantes aptos e interessados em desenvolver tecnologias na área de Produção de Plantas
Oleaginosas e Óleos Vegetais e Biodiesel, tendo por finalidade promover cursos, palestras,
debates e demais eventos que possam contribuir para a elevação dos conhecimentos desta
ciência. A estrutura atual do G-Óleo é composta por:

• Coordenador Geral: Rogner Carvalho Avelar


• Coordenador Administrativo: Jaime Daniel Corrêa Mendes
• Coordenador Financeiro: Danilo Fonseca Cunha
• Coordenador de Fitotecnia: João Paulo Felicori Carvalho
• Coordenador de Extração: David Cardoso Dourado
• Coordenador de Tecnologia da Informação: Ronaldo Aparecido da Silva
• Membros: Alexandre Aureliano Quintiliano, Ana Carolina Cunha Arantes, André
Esteves Nogueira, Antônio Carlos Fraga, Carlos Diego Lima de Albuquerque, Daniele
do Nascimento Marcelo, Filipe Bittencourt Machado de Souza, Franz Rodrigues
Ferreira, Gabrielle de Faria, Jairo Boaventura de Oliveira Júnior, Júlio César de
Araújo, Lúcia Helena Teles, Maick José Alcântara, Marcelo Teixeira Rezende, Milton
Aparecido Deperon Júnior, Osmária Ribeiro Bessa, Pedro Castro Neto, Rita de Cássia
Mirela Resende Nassur, Sadjô Danfá, Thalita Fernanda Abbruzzini, Valéria Campos
dos Santos, Wellington Alves de Freitas.

vi
COMISSÃO EXECUTORA

G-ÓLEO
ALEX DIAS DEBS
DANIELA GARCIA FERNANDES
EDUARDO AUGUSTO AGNELLOS BARBOSA
ESTER ALVARENGA SANTOS BUIATE
FÁBIO ENRIQUE MARCONATO
FELIPE OLIVEIRA E SILVA
JANICE ALVARENGA SANTOS FRAGA
JOÃO PAULO DE ARAÚJO
JOÃO VIEIRA MONTEIRO
MAYRA PERON CASTRO
PAULO ALMEIDA SCHMIDT
RAFAEL ARGENTON GIANELLO
RAFAEL PERON CASTRO
SANDRA REGINA PERON CASTRO

vii
ARTIGOS:

OBTENÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE OLEAGINOSAS DO NORTE E


1
NORDESTE BRASILEIRO

TEOR E COMPOSIÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DO CAPIM CITRONELA


9
(Cymbopogon nardus L.) EM CINCO ÉPOCAS DE COLHEITA

POTÊNCIA REQUERIDA E CONSUMO DE ENERGIA NA OPERAÇÃO DE


20
SEMEADURA COM BIODIESEL (B5)

CONSUMO DE BIODIESEL ETÍLICO DESTILADO DE ÓLEO RESIDUAL DE


27
SOJA EM DUAS VELOCIDADES NA SEMEADURA

TRATOR TRABALHANDO COM BIODIESEL 34

IDENTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS GRAXOS PARA PRODUÇÃO DE


42
BIODIESEL NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA

EFEITO DE DOSES DE SILICATO DE CÁLCIO SOBRE A PRODUÇÃO DE


44
MATÉRIA SECA DA PARTE AÉREA DO GIRASSOL (Helianthus annuus L.)

EFEITO DE DOSES DE SILICATO DE CÁLCIO NO CRESCIMENTO DO


56
GIRASSOL (Helianthus annuus L.)

EFEITO DO SILICATO DE CÁLCIO NO CONTROLE DE DOENÇAS PELO


66
GIRASSOL (Helianthus annuus L.)

O CONSUMO E A PRODUÇÃO DE BIODIESEL E A NECESSIDADE DE


73
AÇÕES MITIGADORAS DE EFEITO ESTUFA

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS DUAS ESPÉCIES DE


ANDIROBA (Carapa procera D.C. e Carapa guianensis Aubl.) EM PLANTIO NA 84
AMAZÔNIA CENTRAL
POSSIBILIDADES PARA O BIODIESEL: ANÁLISE DA EFICIÊNCIA NA
PRODUÇÃO DE ALGODÃO, AMENDOIM E SOJA NAS REGIONAIS DE 98
DESENVOLVIMENTO RURAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

LEVANTAMENTO DO MERCADO DOS ÓLEOS DE ANDIROBA E COPAÍBA


114
NA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES, AMAZONAS

viii
AVALIAÇÃO DOS TEORES DE N, P E K DE UM ADUBO ORGÂNICO
OBTIDO POR DIFERENTES COMBINAÇÕES DE TORTA E CASCA DE 123
MAMONA

PRODUÇÃO DO GIRASSOL EM CULTIVO INTERCALAR COM CANA-


129
PLANTA EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

CULTIVO DO GIRASSOL EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE


136
FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA VERÃO (2006/2007)

RENDIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM


142
EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

RENDIMENTO DE GRÃOS DE CULTIVARES DE AMENDOIM COM E SEM


ADUBAÇÃO DE FUNDAÇÃO EM CARAPEBEUS, REGIÃO NORTE 147
FLUMINENSE

PRODUÇÃO DO AMENDOIM EM CULTIVO INTERCALAR COM CANA-


152
PLANTA EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

RENDIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM


AVALIADOS EM DIFERENTES TIPOS DE SOLO EM CAMPOS DOS 158
GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

CULTIVO DO GERGELIM EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE


164
FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA-VERÃO

CULTIVO DO GERGELIM EM CARAPEBUS, REGIÃO NORTE


169
FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA VERÃO (2006/2007)

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE GERGELIM EM ÁREA DE


RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO 175
NORTE FLUMINENSE

CULTIVO DA SOJA EM ÁREA DE RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM


181
CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

CULTIVO DA SOJA EM ROTAÇÂO COM CANA-DE-AÇÚCAR NO


186
MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

RENDIMENTO DE GRÃOS DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM EM


DIFERENTES ADUBAÇÕES DE COBERTURA EM CAMPOS DOS 191
GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

ix
RENDIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM
EM DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS EM CAMPOS DOS 197
GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

APRIMORAMENTO DA UTILIZAÇÃO DO AMENDOIM NO NORTE


202
FLUMINENSE

CULTIVO DO GIRASSOL EM CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO


NORTE FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA-VERÃO DE 206
2006/2007

DESEMPENHO PRODUTIVO DE CULTIVARES DE SOJA EM CAMPOS DOS


211
GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

UMA ABORDAGEM TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL DE FONTES


217
POTENCIAIS PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL

DESCRITORES PARA CARACTERIZAÇÃO DE GERMOPLASMA DE


236
FAVELEIRA (Cnidoscolus phyllacanthus (Mart.) Pax. et K. Hoffm.)

EFEITO DE TRATAMENTO DE SEMENTES E USO DE INSETICIDAS E


FUNGICIDAS SOBRE A OCORRÊNCIA DE PRAGAS, DOENÇAS E
246
PRODUTIVIDADE NA CULTURA DO AMENDOIM. CULTIVAR IAC 886
(TIPO RUNNER)

UTILIZAÇÃO DE BIODIESEL COMO FONTE DE ENERGIA EM PRAÇAS DE


255
PEDÁGIO: UMA ANÁLISE ECONÔMICA E AMBIENTAL

INTRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MAMONEIRA NA


267
BACIA DO RIO JEQUITINHONHA

ARRANJO DE FILEIRAS DE MAMONEIRA CONSORCIADA COM


272
ALGODÃO, FEIJÃO-CAUPI, SORGO, GERGELIM, AMENDOIM E MILHO

IMPLANTAÇÃO DE UNIDADES DE VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIAS PARA


276
A CULTURA DA MAMONA NO NORTE DE MINAS GERAIS

PRODUÇÃO DO BIODIESEL A PARTIR DA REAÇÃO DE


TRANSESTERIFICAÇÃO DA GORDURA DE COCO UTILIZANDO-SE 282
METANOL
PRODUÇÃO DE BIODIESEL ATRAVÉS DA REAÇÃO DE
TRANSESTERIFICAÇÃO DO ÓLEO DE GIRASSOL VIA CATÁLISE BÁSICA 292
UTILIZANDO-SE ETANOL

x
POTENCIALIDADE DO SUDOESTE DE MINAS GERAIS PARA PRODUÇÃO
302
DE OLEAGINOSAS NA SAFRINHA EM SUCESSÃO A CULTURA DO MILHO

EFEITO DE INSETICIDAS EM PULVERIZAÇÃO NO CONTROLE DO TRIPES


(Enneothrips flavens) E DA LAGARTA-DO-PESCOÇO-VERMELHO (Stegasta 312
Bosquella) NA CULTURA DO AMENDOIM CULTIVAR IAC-CAIAPÓ

COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL EM ÁREA DE RENOVAÇÃO


320
DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES, NORTE FLUMINENSE

RESPOSTA DO GIRASSOL À CALAGEM E DOSES DE BORO EM ÁREA DE


RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES, NORTE 326
FLUMINENSE
RESPOSTA DO GIRASSOL A DOSES DE POTÀSSIO EM ÁREA DE
RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES, NORTE 335
FLUMINENSE

RENDIMENTO EM ÓLEO DAS VARIEDADES DE GIRASSOL CULTIVADAS


341
NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PARA O PROJETO RIOBIODIESEL

SECAGEM DE BAGAÇO DE CANA POR FRITURA DE IMERSÃO 346

PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS DE SOJA PRODUZIDA SOB PLANTIO


355
DIRETO EM CERRADO DE RORAIMA 2006

PRODUTIVIDADE, QUALIDADE FISIOLÓGICA E TEORES DE POTÁSSIO


EM SOJA PRODUZIDA NO CERRADO DE RORAIMA, COM MANEJO DE 365
POTÁSSIO

A QUALIDADE E A PRODUTIVIDADE NA AGROINDUSTRIA DE ÓLEO DE


371
PALMA: O CASO DE UMA GRANDE EMPRESA DA REGIÃO NORTE

POTENCIAL DE REDUÇÃO DA POLUIÇÃO DO AR CAUSADA PELAS


EMISSÕES DE MOTORES DIESEL, COM A IMPLEMENTAÇÃO DO 383
BIODIESEL

EFEITO DA DERIVA DO HERBICÍDA 2,4-D SOBRE A PRODUTIVIDADE DO


398
ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.), VARIEDADE DELTA OPAL

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA AVALIAÇÃO DA


409
QUALIDADE DE SEMENTES DE MAMONA

xi
POTENCIAL DO CULTIVO DE TUNGUE (Aleurites) NO SUL DE MINAS 419

EFICIÊNCIA NA TRANSESTERIFICAÇÃO ETÍLICA DO ÓLEO DE SOJA


430
DEGOMADO E REFINADO

AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE


438
MAMONA PARA O ESTADO DE MINAS GERAIS

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE SEIS GENÓTIPOS DE GIRASSOL EM


444
DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA EM CAMPOS DOS GOYTACAZES

DIVERGÊNCIA GENÉTICA ENTRE GENÓTIPOS DE MAMONA


450
UTILIZANDO CARACTERES DE RÁCEMOS E FRUTOS

DIVERGÊNCIA GENÉTICA EM ACESSOS DE MAMONA COM BASE NOS


456
COMPONENTES PRINCIPAIS

CARACTERIZAÇÃO DE RÁCEMOS E FRUTOS DE TREZE ACESSOS DE


460
MAMONA

DESIDRATAÇÃO DA GLICERINA OBTIDA A PARTIR DO BIODIESEL POR


464
DESTILAÇÃO AZEOTRÓPICA COM TOLUENO

EFEITO DO TRATAMENTO QUÍMICO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA E


476
SANITÁRIA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.)

ESTUDO COMPARATIVO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA ENTRE


485
DIFERENTES AMOSTRAS DE BIODIESEL

PRODUTIVIDADE DE MATERIAIS DE AMENDOIM DE PORTE ERETO


501
CULTIVADO EM CERRADO DE RORAIMA

BRS 151 L-7: CULTIVAR DE AMENDOIM PARA AS CONDIÇÕES DO


507
CERRADO DE RORAIMA

ANÁLISE DE IMAGENS RADIOGRAFICAS DE SEMENTES DE DIFERENTES


516
CULTIVARES DE MAMONA

xii
BIODIESEL X VELOCIDADE: DESEMPENHO DE UM TRATOR AGRÍCOLA 524

DESEMPENHO PRODUTIVO DE CULTIVARES DE GIRASSOL EM


531
CERRADO DE RORAIMA

ANÁLISE DA INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA EM UM TRATOR


538
AGRÍCOLA ENSAIADO COM BIODIESEL

EFEITO DE DIFERENTES ADUBAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO INICIAL


547
DE MUDAS DE PINHÃO MANSO (Jatropha curca L.)

REDUÇÃO NA EMISSÃO DE ÓLEO DE COZINHA NO RIO PARAÍBA DO


555
SUL

A CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO NO ESTADO DE MINAS GERAIS 560

OTIMIZACÃO DE VARIÁVEIS NA DETERMINACÃO DE SÓDIO, POTÁSSIO,


CÁLCIO E MAGNÉSIO POR ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO ATÔMICA 565
(FAAS)

CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE UM TRATOR AGRÍCOLA


566
TRACIONANDO UM PROTÓTIPO “AEROSSOLO”

BIODIESEL DE GORDURA HIDROGENADA EM TRATOR AGRÍCOLA 572

BIOSEP - NOVO MODELO DE FABRICAÇÃO DE BIODIESEL 579

CONSUMO E OPACIDADE DA FUMAÇA DE TRATOR AGRÍCOLA COM


580
DIESEL ADITIVADO

BIODIESEL DE DENDÊ: OPACIDADE DA FUMAÇA DE UM TRATOR


586
AGRÍCOLA

CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE UM TRATOR AGRÍCOLA


592
FUNCIONANDO COM BIODIESEL ETÍLICO DE AMENDOIM

xiii
DESENVOLVIMENTO DE UMA TÉCNICA DE RMN DE BAIXA POTÊNCIA
599
PARA ANÁLISE DA QUALIDADE DE ÓLEO EM SEMENTES INTACTAS

AVALIAÇÃO DA PUREZA FÍSICA DA SEMENTE DE PINHÃO MANSO


609
(Jatropha curcas L.)

ANÁLISE DA QUALIDADE DE ÓLEOS VEGETAIS EM SEMENTES


612
INTACTAS PELA ESPECTROSCOPIA DE RMN-CWFP

DENSIDADE DE BIODIESEL DE AMENDOIM EM FUNÇÃO DA


619
PROPORÇÃO DE MISTURA E DA TEMPERATURA

DIESEL S500 x INTERIOR: OPACIDADE DA FUMAÇA DE TRATOR


625
AGRÍCOLA – PARTE I

FORMAÇÃO DE MACAUBAIS POR TRANSPLANTIO DE BROTOS NATIVOS 629

DIESEL S500 x INTERIOR: CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE TRATOR


634
AGRÍCOLA – PARTE II

EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE GIRASSOL: DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL


DE CARACTERÍSTICAS DA MATÉRIA-PRIMA E MODELAGEM 640
MATEMÁTICA.

DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE ÓLEO NA MICELA DE


656
GIRASSOL ATRAVÉS DA SUA MASSA ESPECÍFICA

CRESCIMENTO VEGETATIVO DE MAMONEIRAS DE PORTE MÉDIO E


665
BAIXO EM RESPOSTA A ADUBAÇÃO NO CARIRI CEARENSE

EFEITO DA REAPLICAÇÃO DE LODO DE ESGOTO NA PRODUTIVIDADE E


673
NO TEOR DE ÓLEO CONTIDO NOS GRÃOS DE GIRASSOL

CRESCIMENTO DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DE MAMONEIRAS DE


PORTE MÉDIO E BAIXO EM RESPOSTA A ADUBAÇÃO NO CARIRI 679
CEARENSE

CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DE SEMENTES DE MELANCIA


686
FORRAGEIRA

xiv
ESTUDO DA REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO CATALISADA POR
689
ETÓXIDO DE SÓDIO

INFLUÊNCIA DE CULTURAS INTERCALARES NO CRESCIMENTO DO


697
DENDEZEIRO EM ÁREAS DEGRADADAS

ANÁLISE FINANCEIRA DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO DENDEZEIRO


(Elaeis guineensis Jacq.). EM MONOCULTIVO E INTERCALADO COM
702
ABACAXI (Ananas comusus L. Merril) EM ÁREAS DEGRADADAS NA
AMAZÔNIA OCIDENTAL

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MAMONA EM DUAS DENSIDADES


709
DE PLANTIO NA SAFRINHA (VALE DO PARAÍBA/SP, 2006-07)

MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE


720
JATROPHA CURCAS L.

ESPAÇAMENTO E PODA NA CULTURA DO PINHÂO MANSO (Jatropha


725
curcas L.)

CONSIDERAÇÕES SOBRE PRAGAS E DOENÇAS DE PINHÃO-MANSO NO


729
ESTADO DE SÃO PAULO

DETERMINAÇÃO DA MATÉRIA SECA DE SEMENTES DE CASTANHA-DO-


736
BRASIL COLETADAS EM RORAIMA

CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE UM TRATOR AGRÍCOLA COM AR-


741
CONDICIONADO LIGADO E DESLIGADO

DENSIDADE DE BIODIESEL DE GIRASSOL EM FUNÇÃO DA PROPORÇÃO


747
DE MISTURA E DA TEMPERATURA

OPACIDADE DA FUMAÇA DE UM TRATOR AGRÍCOLA FUNCIONANDO


753
COM BIODIESEL METÍLICO DE GORDURA HIDROGENADA

MONITORAMENTO DE CRESCIMENTO DE MAMONA BRS 149


759
NORDESTINA EM CERRADO DE RORAIMA

EFEITOS DE ARRANJOS POPULACIONAIS DA MAMONEIRA (Ricinus


765
communis) AL GUARANY 2002,SOBRE O TAMANHO DE CACHOS

xv
ESTOQUE DE CARBONO DO COMPONETE AÉREO DA CULTURA DO
772
PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas


779
L.) DO BANCO DE GERMOPLASMA DA UFLA

AMOSTRAGEM SEQÜENCIAL NA CONDUÇÃO DO TESTE DE RAIOS X EM


787
SEMENTES DE MAMONA

MONITORAMENTO DE CRESCIMENTO DE PINHAO MANSO EM


794
CERRADO DE RORAIMA

ANÁLISE FINANCEIRA DE DOIS SISTEMAS DE CULTIVO DE


DENDEZEIRO (Elaeis guineensis Jacq.). EM ÁREAS DEGRADADAS NA 801
AMAZÔNIA OCIDENTAL.

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE SOJA NA REGIÃO DE ITUTINGA


807
- MG

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICA DA CASCA DO FRUTO DA


MAMONEIRA COMO COMPONENTE DE SUBSTRATO PARA CULTIVO DE 814
PLANTAS EM RECIPIENTES.

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO FISICA DE LOTES DE NABO


823
FORRAGEIRO

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE SOJA NO MUNICÍPIO DE LAVRAS -


827
MG

AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE MOFO CINZENTO EM GENÓTIPOS DE


834
MAMONEIRA NO PERÍODO OUTONO-INVERNO EM ITAOCARA - RJ

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE


ALGODÃO DA CUTIVAR IAC-20, PRODUZIDAS EM DIFERENTES REGIÕES 841
DE MINAS GERAIS

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)


847
SUBMETIDAS A DIFERENTES CONDIÇÕES DE TEMPERATURAS

EXTRATOS DE MAMONA NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA DA


853
SOJA

xvi
CAPACIDADE GERMINATIVA DE CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus
860
communis L.) EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA

AVALIAÇÃO DE OIDIO (Oidium heveae) EM PINHÃO MANSO DO BANCO


865
DE GERMOPLASMA DA UFLA

PRODUÇÃO DE MISCELAS HIDROALCOÓLICAS PARA A


870
TRANSESTERIFICAÇÃO DIRETA

COMPETIÇÃO DE VARIEDADES DE ALGODÃO COLORIDO (Gossypium


881
hirsutum L.)

CONSÓRCIO DE PINHÃO MANSO COM FEIJÃO PARA PRODUÇÃO


887
ALIMENTAR E ENERGÉTICA

OCORRÊNCIA DE Pachycoris torridus NA CULTURA DO PINHÃO MANSO,


892
EM LAVRAS - MG

SEPARAÇÃO DE SEMENTES DE SOJA POR TAMANHO E SUA


900
INFLUÊNCIA NA QUALIDADE FISIOLÓGICA

QUALIDADE DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus comunnis L.)


906
UTILIZADAS NO ESTADO DE MINAS GERAIS

MERCADO DE BIODIESEL E O CUSTO DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL:


914
MOTIVAÇÕES E DESAFIOS PARA A PECUÁRIA LEITEIRA

TEOR DE SILÍCIO NOS ORGÃOS DA PARTE AÉREA DO GIRASSOL


923
MANEJADO SOBRE DIFERENTES DOSES DE SILICATO DE CÁLCIO

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE NABO FORRAGEIRO CULTIVAR IPR 116 931

TRANSESTERIFICAÇÃO ENZIMÁTICA DE ÓLEO DE SOJA RESIDUAL


942
VISANDO APLICABILIDADE NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE NABIÇA (Raphanus raphanistrum L.) EM


951
TRÊS SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO

xvii
VIABILIDADE DO USO DE ÓLEOS DE GORDURAS RESIDUÁRIAS NO
957
MUNICÍPIO DE PASSOS - MG NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

RENTABILIDADE ECONÔMICA COMPARATIVA ENTRE O CUSTO DE


PRODUÇÃO DO DENDEZEIRO (Elaeis guineensis Jacq.) EM MONOCULTIVO
965
E INTERCALADO COM MANDIOCA (Manihot esculenta ) EM ÁREAS
DEGRADADAS NA AMAZÔNIA OCIDENTAL

EXTRAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE ÓREGANO (Origanum vulgare) 972

ENXERTIA DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) SOBRE ESPÉCIES


981
NATIVAS DE Jatropha DO NORTE DE MINAS GERAIS

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UM MOTOR DIESEL DE BAIXA


POTÊNCIA ALIMENTADO COM MISTURA DE ÓLEO DE SOJA REFINADO E 986
ÓLEO DIESEL

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO DA


994
CADEIA PRODUTIVA DO BIODIESEL NO ESTADO DO CEARÁ

PRODUÇÃO DE PAINÉIS AGLOMERADOS DE UMA MISTURA DE TRÊS


CLONES DE EUCALIPTO (Eucalyptus urophylla) E CASCA DE MAMONA 1007
(Ricinus communis L.)

EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA A PARTIR DE EXPLANTES FOLIARES DE


1015
GENOTIPOS DE DENDEZEIRO (Elaeis guineensis Jacq.)

PRODUÇÃO DE PALHADA POR DUAS VARIEDADES DE GIRASSOL EM


1020
QUATRO DOSAGENS DE ADUBAÇÃO

INDUÇÃO DA EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA EM DENDEZEIRO (Elaeis


1025
guineensis Jacq.) A PARTIR DE INFLORESCÊNCIAS IMATURAS

MATOINTERFERÊNCIA NA CULTURA DA MAMONA (CULTIVAR LYRA),


1031
NO PERÍODO DE SAFRINHA EM CASSILÂNDIA-MS

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE MAMONA SOB CULTIVO


MÍNIMO EM SUCESSÃO A CEREAIS DE INVERNO NO VALE DO 1040
PARAÍBA/SP (2006-07)
TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA AVALIAÇÃO DA
QUALIDADE FISIOLÓGICA DA SEMENTE DE GERGELIM (Sesanun indicum 1050
L.)

xviii
POTENCIAIS ENERGÉTICOS DAS TORTAS DE AMENDOIM E GIRASSOL
1063
PARA A ALIMENTAÇÃO HUMANA

ANÁLISE DE CRESCIMENTO DO PINHÃO-MANSO SUBMETIDO A


1064
DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

PRODUÇÃO DE BIODIESEL E PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NA


1070
AGRICULTURA FAMILIAR

PRODUÇÃO DO ÓLEO DE PEQUI NA REGIÃO NORTE DE MINAS GERAIS E


1082
NA REGIÃO DA CHAPADA DO ARARIPE, SUL DO CEARÁ

EFEITO DA ADUBAÇÃO POTÁSSICA NO CRESCIMENTO INICIAL DO


1096
PINHÃO-MANSO IRRIGADO POR GOTEJAMENTO

AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE


1102
MAMONEIRA EM SISTEMA DE SAFRINHA NO SUL DE MINAS GERAIS

INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE SEMENTES DE


1111
GERGELIM (Sesamum indicum L.)

ADEQUAÇÃO DO TESTE DE GERMINAÇÃO PARA SEMENTES DE


1119
PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)

ANÁLISE DE PARTE DO GENOMA FUNCIONAL DA MICROALGA


THALASSIOSIRA FLUVIATILIS, PRODUTORA DE ALTOS PERFIS DE 1127
ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS ÔMEGA-3

ESTUDO PRELIMINAR DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM


1135
ETANOL SUPERCRÍTICO

USO DE CITOCININAS NA REGENERAÇÃO IN VITRO DE CALOS


1142
EMBRIOGÊNICOS DE MACAÚBA

EFEITO DE DIFERENTES AUXINAS E DO TDZ NA INDUÇÃO DE CALOS


1147
EMBRIOGÊNICOS EM MACAÚBA A PARTIR DE EMBRIÕES ZIGÓTICOS

ESTUDO DO PROCESSO DE TRANSESTERIFICAÇÃO ALCALINA DOS


ÓLEOS DE SOJA RESIDUAL E REFINADO VISANDO A OBTENÇÃO DE 1153
BIODIESEL

xix
CALOGÊNESE EM PINHÃO-MANSO A PARTIR DE DIFERENTES DOSES DE
1161
BAP E ANA

AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO DO MUNICÍPIO DE OLIVEIRA –


1165
MG, PARA O PLANTIO DE OLEAGINOSAS

QUALIDADE DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO COM BASE NA


1171
COLORAÇÃO DOS FRUTOS

SINTOMAS VISUAIS DE DEFICIENCIA DE BORO EM GIRASSOL (Helianthus


1178
annuus L.)

USO DOS RAIOS X PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE


1187
MAMONA

RECICLAGEM DE ÓLEO DE FRITURA COMO ALTERNATIVA PARA


1195
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E PRODUÇÃO DE BIOENERGIA

CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DO BIODIESEL E SEUS PRECURSORES


1201
ATRAVÉS DE TÉCNICAS FOTOTÉRMICAS

CARACTERIZAÇÃO DO BIODIESEL ATRAVÉS DE TÉCNICAS


1209
FOTOTÉRMICAS

OLEAGINOSAS PARA PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO ESTADO DA


1217
BAHIA A PARTIR DA AGRICULTURA FAMILIAR

OS PRINCÍPIOS DA QUÍMICA VERDE E SUAS APLICAÇÕES NA


1227
PRODUÇÃO DE BIODIESEL

ANÁLISE COMPARATIVA PARA OBTENÇÃO DE BIODIESEL VIA


1236
CATÁLISE HOMOGÊNEA (NaOH) E CATÁLISE HETEROGÊNEA (ZnO)

COMPETIÇÃO ENTRE VARIEDADES DE ALGODÃO COLORIDO EM


1244
SAFRINHA

CARACTERÍSTICAS BROMATOLÓGICAS DA TORTA DE NABO


1250
FORRAGEIRO (Raphanus sativus)

xx
PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.) EM DIFERENTES
1256
ARRANJOS POPULACIONAIS

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E LIMITAÇÕES DA UTILIZAÇÃO DA TORTA DE


1271
PINHÃO MANSO (Jatropha curcas) NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

INFLUENCIA DE ADUBO ORGÂNICO SOBRE O CRESCIMENTO DE


MUDAS DE UMA ESPÉCIE OLEAGINOSA DA AMAZONIA: ANDIROBA 1276
(Carapa guianensis Aubl)

AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO NA EXTRAÇÃO DO ÓLEO


1282
DE BABAÇU (Orbignya Speciosa) UTILIZANDO ETANOL COMO SOLVENTE

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE EMULSÕES


COSMÉTICAS COM OS ÓLEOS DE AÇAÍ (Euterpe oleracea Mart) E 1288
MARACUJÁ (Passiflora edulis)
ESTUDO DA CONCENTRAÇÃO DE ÁGAR E AFERIÇÃO DE PH EM MEIO
DE CULTIVO DE EMBRIÕES DE MAMONA (Ricinus communis L.) VISANDO 1299
MAXIMIZAÇÃO DA PROPAGAÇÃO DE MUDAS
PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA
DA MAMONA (CULTIVAR LYRA) NA SAFRA DE VERÃO EM 1307
CASSILÂNDIA-MS

ADUBACÃO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L) COM NITROGÊNIO E


1316
FÓSFORO

ESPÉCIES ARBÓREAS OLEAGINOSAS EM FLORESTA DE TERRA FIRME


NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: TERRA INDÍGENA IPIXUNA, AMAZONAS, 1321
BRASIL.

TESTE DE TETRAZÓLIO EM SEMENTES DE Jatropha curcas L. 1328

ANÁLISE DE DESEMPENHO DE UM MOTOR DE IGNIÇÃO POR


COMPRESSÃO UTILIZANDO ÓLEO DIESEL E ÉSTER ETÍLICO DE ÓLEO DE 1340
SOJA COMO COMBUSTÍVEL

METODOLOGIA PARA A CONDUÇÃO DO TESTE DE GERMINAÇÃO EM


1351
SEMENTES DE Jatropha curcas L.

AVALIAÇÃO DA ADAPTAÇÃO DE CULTIVARES ELITES DE MAMONEIRA


1358
NAS CONDIÇÕES DE CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ

xxi
A CORRETA DESTINAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA PÓS-USO E A
1365
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DAS EMPRESAS FABRICANTES

OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MUDAS DE PINHÃO-MANSO


(JATROPHA CURCAS LINN.) PELO ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO PH E DO 1377
ÁGAR NA DIFERENCIAÇÃO E CULTIVO DE EMBRIÕES IN VITRO
INFLUÊNCIA DE DIFERENTES NÍVEIS DE ADUBAÇÃO DE COBERTURA
NO CRESCIMENTO DE MUDAS DE PAU ROSA (Aniba rosaeodora Ducke) EM
1385
DOIS AMBIENTES: CAPOEIRA E FLORESTA DE TERRA FIRME VISANDO
PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL
SOBREVIVÊNCIA DE MUDAS DE PAU ROSA (ANIBA ROSAEODORA
DUCKE) EM DOIS AMBIENTES: CAPOEIRA E FLORESTA DE TERRA
1394
FIRME, VISANDO PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL, NA AMAZÔNIA
CENTRAL

EFEITOS DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA EMERGÊNCIA DE


1401
PLÂNTULAS DE PINHÃO MANSO

INFLUÊNCIA DA REMOÇÃO DO TEGUMENTO E DA QUANTIDADE DE


ÁGUA NO SUBSTRATO SOBRE A GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES 1412
DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE MAMONA


1421
CULTIVAR BRS ENERGIA

MATOINTERFERÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA


1432
MAMONA UTILIZANDO A CULTIVAR SAVANA

PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE SOJA EM SISTEMAS DE CULTIVO


1439
COM MILHO

BIODIESEL OBTIDO ATRAVÉS DO ÓLEO DE FRITURA USADO COMO


1446
FONTE DE ENERGIA EM SUPERMERCADOS DE MÉDIO E GRANDE PORTE

OCORRÊNCIA DE ÁCARO Tetranychus desertorum Banks, 1900 (Acari


Tetranychidae) EM CULTIVARES DE MAMONA SOB DUAS DENSIDADES DE
1457
PLANTIO NA SAFRINHA (VALE DO PARAÍBA, PINDAMONHANGABA/SP,
2006-07)

OCORRÊNCIA DE FUNGOS EM SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis


1465
L.) CULTIVADAS NO VALE DO PARAÍBA/SP (2006-2007)

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE SEMENTES DE RÁCEMOS PRIMÁRIOS E


1471
SECUNDÁRIOS DE GENÓTIPOS DE MAMONA

xxii
TEOR E QUALIDADE QUÍMICA DO ÓLEO DE SEMENTES DE GERGELIM
1481
ACONDICIONADOS EM DIFERENTES EMBALAGENS E PERÍODOS

ESTUDO TERMOGRAVIMÉTRICO DO BIODIESEL OBTIDO A PARTIR DO


1488
ÓLEO DE SOJA RESIDUAL DE FRITURA

EFEITO DA REMOÇÃO DO TEGUMENTO E DA TEMPERATURA NA


1500
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO


1509
(Jatropha curcas L.) COLHIDAS EM QUATRO SAFRAS DISTINTAS

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SEMENTES DE GERGELIM BRS


196 CNPA G4 (SELEÇÃO BRANCO) PLANTADAS EM DIFERENTES 1516
ESPAÇAMENTOS

ESTUDO DA ESTERIFICAÇÃO ÁCIDA DE ÓLEOS E GORDURAS DE ALTA


1524
ACIDEZ PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL

DESENVOLVIMENTO DO PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.) EM


RESPOSTA A APLICAÇÃO DE ORGANO-MINERAIS-MARINHO + 1532
BIOTECH®, FÓSFORO E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO
CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) IRRIGADO POR
GOTEJAMENTO EM RESPOSTA A APLICAÇÃO DE ORGANO-MINERAIS- 1538
MARINHO + BIOTECH®
RESPOSTA EM CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)
PELA APLICAÇÃO DE FERTILIZANTE ORGANO-MINERAIS-MARINHO + 1544
BIOTECH®

TEOR DE ÓLEO E PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL NAS


1549
CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE BOTUCATU-SP NA SAFRA 2001-2002

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE 22 CULTIVARES DE SOJA NAS


CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE BOTUCATU – SP NA SAFRA 2001- 1554
2002

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE NABO FORRAGEIRO (Raphanus sativus


1565
L.) EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO

CARACTERÍSTICAS FENOLÓGICAS DO GIRASSOL CULTIVADO EM SOLO


1571
TRATADO COM RESÍDUO INDUSTRIAL

xxiii
PROGRAMA DE COLETA DE ÓLEOS RESIDUAIS NA CIDADE DE ITAÚNA
1580
PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM ESCALA PILOTO

AVALIAÇÃO DE TRATAMENTOS PARA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA EM


1587
SEMENTES DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA PARA A REGIÃO CENTRO-


1593
SUL DO ESTADO DO PARANÁ

EQUILÍBRIO TERMODINÂMICO NA TRANSESTERIFICAÇÃO COM


1599
ÉSTERES SIMPLES E TRIOLEÍNA

BIODIESEL DE INAJÁ (Maximiliana maripa Drude) OBTIDO PELA VIA


1610
METANÓLICA E ETANÓLICA

CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DO GERGELIM INFLUENCIADO POR


1620
PLANTIO EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

BIODIESEL: ANÁLISE E PERSPECTIVAS DA SUA INSERÇÃO NA MATRIZ


1625
ENERGÉTICA BRASILEIRA

ANÁLISE QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE DOIS ECOTIPOS DE


1640
LAMIACEAE (Hyptis suaveolens)

AVALIAÇÃO DA DENSIDADE DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO (Jatropha


1652
curcas L.)

BIODIESEL E GESTÃO AMBIENTAL EM GRANDES EMPRESAS 1656

O CRESCIMENTO E O RENDIMENTO DE ÓLEO ESSENCIAL DE PAU-ROSA


1661
(Aniba rosaeodora Ducke) POR HIDRODESTILAÇÃO E ARRASTE A VAPOR

DIFERENTES SUBSTRATOS E VOLUMES DE RECIPIENTES, NA


1671
PRODUÇÃO DE MUDAS DE OLIVEIRA (Olea europaea L.)

CARACTERIZAÇÃO DA FAIXA DE DISTRIBUIÇÃO TRANSVERSAL E


LONGITUDINAL DE SEMENTES DE NABO FORRAGEIRO (Raphanus sativus 1684
L.) UTILIZANDO SEMEADORA A LANÇO

xxiv
AVALIAÇÃO DE MATERIA SECA DA PARTE AÉREA DO GIRASSOL
(Helianthus annuus L.), EM DIFERENTES DOSES DE BORO E ZINCO, 1690
CULTIVADO EM CASA DE VEGETAÇÃO

FORMAÇÃO DE JARDINS CLONAIS DE OLIVEIRA (Olea Europaea L.)


1700
OBJETIVANDO SUA PROPAGAÇÃO POR ESTAQUIA

TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA (RICINUS COMMUNIS L.),


CULTIVAR IAC-80, SUBMETIDA SECAGEM CONTÍNUA A TEMPERATURA 1710
DE 50ºC EM SECADOR DE CAMADA FIXA
COMPORTAMENTO DA SECAGEM DA MAMONA (RICINUS COMMUNIS
L.) CULTIVAR IAC-80 COM TEMPO DE REPOUSO EM SECADOR TIPO 1719
CAMADA FIXA
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA NA SECAGEM DA MAMONA, CULTIVAR
IAC-80, SUBMETIDA À TEMPERATURA DE 50ºC COM INTERVALO DE 1727
REPOUSO EM SECADOR DE CAMADA FIXA

OTIMIZAÇÃO DA SECAGEM DA MAMONA CULTIVAR IAC-80 COM DUAS


1735
METODOLODIAS DE SECAGEM

PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM MATO GROSSO: UMA AVALIAÇÃO DE


1745
ALGUNS INDICADORES DA EFICIÊNCIA DO PROCESSO

UTLIZAÇÃO DE OLEAGINOSAS EM ÁREAS DE RENOVAÇÃO DE


1749
CANAVIAL

OTIMIZAÇÃO DA SECAGEM SOBRE A TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA


1755
MAMONA CULTIVAR IAC-80 COM SECAGEM CONTÍNUA E REPOUSO

DETERMINAÇÃO DOS NUTRIENTES PRESENTES NA CASCA E TORTA DE


1763
PINHÃO-MANSO

OTIMIZAÇÃO DA SECAGEM DA MAMONA CULTIVAR BRANQUINHA


1771
COM DIFERENTES METODOLOGIAS DE SECAGEM

BIOMETRIA DA SEMENTE DE SERINGUEIRA 1779

AVALIAÇÃO DOS TEORES DE ÓLEO DE ALGODÃO COLORIDO BRS RUBI


1785
E SAFIRA EM RELAÇÃO AO ALGODÃO TRADICIONAL

xxv
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA CULTIVAR BRANQUINHA
1793
COM DIFERENTES METODOLOGIAS EM SECADOR MECÂNICO

COMPORTAMENTO DA SECAGEM DE MAMONA (Ricinus communis L.)


CULTIVAR BOLA SETE SUBMETIDA À TEMPERATURA DE 50ºC COM 1801
TEMPO DE REPOUSO EM SECADOR DE CAMADA FIXA
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA NA SECAGEM DA MAMONA (Ricinus
communis L.) CULTIVAR BOLA SETE SUBMETIDA À TEMPERATURA DE 1809
50ºC COM INTERVALO DE REPOUSO EM SECADOR DE CAMADA FIXA
CURVA DE SECAGEM DA MAMONA, CULTIVAR IAC-226, SUBMETIDA À
TEMPERATURA DE 50ºC COM PERÍODO DE REPOUSO EM SECADOR 1818
MECANICO

EFEITO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DO MEIO MS E BAP NO


1825
DESENVOLVIMENTO IN VITRO DO PINHÃO-MANSO

TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA CULTIVAR IAC-226 EM SECADOR


1836
MECÂNICO COM SECAGEM INTERMITENTE

CURVA DE SECAGEM DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR BRS


1845
188 SERTANEJA EM SECADOR MECÂNICO

TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA (Ricinus communis L.)


1853
CULTIVAR BRS 188 SERTANEJA EM SECADOR MECÂNICO

EFEITOS DO ÁCIDO GIBERÉLICO E TRATAMENTO FÍSICO NO VIGOR E


GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Ricinus Communis ENVELHECIDAS 1861
ARTIFICIALMENTE

TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA (Ricinus communis L.)


1870
CULTIVAR BRS 149 NORDESTINA EM SECADOR TIPO CAMADA FIXA

CURVA DE SECAGEM DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR BRS


1878
149 (NORDESTINA) EM SECADOR TIPO CAMADA FIXA

CRESCIMENTO DE MUDAS DE PINHÃO MANSO EM DIFERENTES


1886
TAMANHOS DE RECIPIENTES

CRESCIMENTO E ACÚMULO DE NUTRIENTES PELO PINHÃO MANSO SOB


1892
INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS

xxvi
EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NO CRESCIMENTO DE MUDAS DE
1901
PINHÃO MANSO

CASCA DE MAMONA ASSOCIADA A QUATRO FONTES DE MATÉRIA


1909
ORGÂNICA PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS DE PINHÃO MANSO

BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL: PLANEJAMENTO FOCADO NA


1919
TERRITORIALIDADE

APTIDÃO AGRÍCOLA DA MAMONA PARA A REGIÃO DA ADENE EM


1924
MINAS GERAIS

COMPORTAMENTO DA CULTURA DO MILHO EM TRÊS TIPOS DE


1933
COBERTURAS MANEJADAS COM ROLO-FACA

DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS USANDO


1938
5% DE BIODIESEL

DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS USANDO


1947
5, 10, 20, 50 e 100% DE BIODIESEL

DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS USANDO


1954
10% DE BIODIESEL

DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS USANDO


1963
20% DE BIODIESEL

DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS USANDO


1972
50% DE BIODIESEL

DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS USANDO


1983
100% DE BIODIESEL

INCIDÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E RESISTÊNCIA DO SOLO À


PENETRAÇÃO NO CULTIVO DO MILHO EM TRÊS TIPOS DE 1990
COBERTURAS

DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE ACESSOS DE Jatropha sp. 1995

xxvii
IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA REDE DE CONHECIMENTOS PARA O
2006
SETOR DE AGROENERGIA EM GUINÉ-BISSAU

EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE CAFÉ (Coffea arabica L.) NOS CULTIVARES


2009
ACAIÁ E ICATÚ

COMPARAÇÃO DA EFICIÊNCIA ECONÔMICA E SOCIAL ENTRE OS


SISTEMAS DE CULTIVO DE SOJA EM ROTAÇÃO COM CANOLA DE ALTA 2014
TECNOLOGIA COM O DE MÉDIA TECNOLOGIA NO PARANÁ
ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE DIFERENTES ARRANJOS DE
UNIDADES DE EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE MAMONA NO NORTE DE MINAS 2021
GERAIS

ÓLEOS VEGETAIS COMBUSTÍVEIS 2229

AVALIAÇÃO DA ÁREA FOLIAR DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)


2034
POR MÉTODOS DE FOTOGRAFIAS DIGITALIZADA

SISTEMA COMPUTADORIZADO PARA ANÁLISE DE INTERCEPTAÇÃO DE


RADIAÇÃO SOLAR EM CULTIVOS CONSORCIADOS VISANDO A 2038
PRODUÇÃO DE BIODIESEL

AVALIAÇÃO DE RENDIMENTO DE ALGUNS CULTIVARES DE Brassica


2045
napus CULTIVADOS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

ADAPTAÇÃO DO ALGORITMO GENÉTICO PARA A COLETA DE ÓLEO


USADO VISANDO À REDUÇÃO DO PROBLEMA DE ROTEAMENTO DE 2053
ESTABELECIMENTOS COM JANELA DE TEMPO

AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS DO 4º CONGRESSO BRASILEIRO DE


2054
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL

AVALIAÇÃO DE RENDIMETO DE ALGUNS CULTIVARES Brassica napus


2055
CULTIVADOS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

O IMPACTO NA ECONOMIA DA REGIÃO ALTO PARAOPEBA CAUSADO


2061
PELA INTRODUÇÃO DA CADEIA DE BIODIESEL

xxviii
OBTENÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE OLEAGINOSAS DO NORTE E
NORDESTE BRASILEIRO

Carla Verônica Rodarte de Moura, UFPI, carla@ufpi.br


José Renato de Oliveira Lima, UFPI, joserenato@ufpi.br
Geraldo Magela de Lima, UFMG, gmlima@ufmg.br
Edmilson Miranda de Moura, UFPI, mmoura@ufpi.br

RESUMO: A grande diversidade de palmeiras, nas várias regiões brasileiras, inclusive norte
e nordeste, e a qualidade de seus óleos são fatores estimuladores de pesquisas e exploração
destas oleaginosas, principalmente na produção de biodiesel. Normalmente utiliza-se o
metanol como agente transesterificante e o NaOH como catalisador para produção de
biodiesel. Entretanto o metanol é derivado do petróleo e o Brasil é um grande produtor de
etanol. Diante destes fatos, neste trabalho estudou-se a obtenção e caracterização através das
técnicas de cromatografia gasosa, CCD, infravermelho e análises físico-químicas do biodiesel
dos óleos de tucum (OT), babaçu (OB) e de macaúba (OM) usando-se como agente
transesterificante o álcool etílico. Os resultados são bastante promissores no que diz respeito
ao uso destas oleaginosas e do álcool etílico para produção de biodiesel.

Palavras-Chave: Biodiesel, babaçu, tucum, macaúba.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1
1 INTRODUÇÃO
Ésteres de ácidos graxos são bastante usados na síntese de lubrificantes, surfactantes,
polímeros e nos dias de hoje na obtenção de bioidiesel(1). Biodiesel é um combustível não
tóxico, renovável e biodegradável derivado de óleos vegetais ou gorduras animais e que é
sucedâneo ao diesel mineral(1) Os óleos vegetais ou gorduras animais são convertidas em
alquil ésteres através da reação de transesterificação com um álcool na presença de um
catalisador. Geralmente usa-se o metanol nas transesterificações por ser mais barato e pode
ser obtido facilmente através do gás de síntese, que é um derivado do petróleo(2). Este fato não
concorda com os objetivos de substituição de um combustível derivado do petróleo (diesel)
por um, outro derivado da biomassa (biodiesel). A utilização de outros álcoois vem sendo
vislumbrada e pesquisada, como por exemplo, o butanol(3). Um álcool que se destaca, e que
inclusive já é utilizado como combustível no Brasil é o etanol. Ele é utilizado puro ou em
misturas com a gasolina em motores do ciclo Oto. O etanol é o segundo menor monoálcool e
pode ser obtido de diversas fontes vegetais, inclusive da cana-de-açúcar, além disso, o Brasil é
um grande produtor deste álcool. Existem trabalhos desenvolvidos e uma gama de outros em
andamento nos quais se utiliza o etanol em lugar do metanol para a produção de biodiesel. No
Quadro 1 está apresentada uma comparação entre o metanol e o etanol.

Quadro 1 - Comparação entre o metanol e o etanol.


Fatores Metanol Etanol
Origem Petroquímica Cana
Oferta Importado Produção Nacional
Fonte Não-renovável Renovável
Volatilidade Alta Moderada
Chama Invisível Visível
Toxicidade Elevada Moderada
Custo R$ 700/Ton. R$ 950/Ton.
Fonte: www.biodiesel.gov.br

Em termos de álcool, é imprescindível que se abdique do metanol, pois este provém,


majoritariamente, do petróleo e o que se deseja é uma alternativa para o mesmo. Com relação
ao tipo de óleo a ser transesterificado, é ilógico não fazer uso dos mais acessíveis, adaptáveis
e viáveis em uma região produtora(4).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2
Pelo fato do Brasil possuir uma biodiversidade enorme, algumas organizações mundiais
o apontam como um grande potencial energético num futuro onde o petróleo não seja a base
deste potencial. Esta afirmação é fundamentada, basicamente, na diversidade climática e
vegetal brasileira, pois isto possibilita ao Brasil desenvolver, em todo o território, regiões de
cultivo e exploração de vários vegetais para produção de biodiesel.
Em algumas regiões existem plantações com um alto potencial produtivo (soja no
cerrado), em outras as condições climáticas propiciam cultivos específicos e quase exclusivos
(mamona no sertão). Há ainda regiões em que apenas o extrativismo já seria suficiente para
alavancar uma produção em escala industrial (babaçu no Maranhão e Piauí). As plantas
nativas são, portanto, o carro chefe do desenvolvimento regional. Desta forma, é indiscutível a
necessidade de se estudar as plantas nativas dessas áreas para que se possa avaliar seus
potenciais produtivos e sua disponibilidade para extrativismo ou suas respectivas condições
de cultivo.
Diante destes fatos, neste trabalho estudou-se a obtenção do biodiesel dos óleos de
tucum (OT), babaçu (OB) e de macaúba (OM), plantas da região nordeste do Brasil, usando-
se como agente transesterificante o álcool etílico e o NaOH como catalisador e suas
caracterizações através de técnicas de cromatografia gasosa, CCD, infravermelho e análises
físico-químicas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado na UFPI. Os reagentes utilizados neste trabalho foram
todos de grau analítico. O óleo de babaçu industrializado foi obtido no comércio local de
Teresina. As amêndoas de tucum e macaúba foram obtidas, respectivamente, nas
comunidades do município de Altos e Rio Grande do Piauí, no estado do Piauí. Os óleos
dessas amêndoas foram extraídos de maneira artesanal, de acordo com método descrito na
literatura(5), ou seja, submetendo a amêndoa triturada a um cozimento intenso e separando o
óleo sobrenadante. Em seguida foram utilizados sem nenhum refino.
Foram utilizados 100 gramas do óleo (OB, OT e OM), 20 gramas de metanol ou 40
gramas de etanol, a depender da rota preferida. Utilizou-se uma massa entre 0,5 e 1,0 grama
de hidróxido de sódio como catalisador.
A mistura foi colocada em um béquer de 500 mL e mantida sob agitação magnética por
30 minutos à temperatura de 30 ºC.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

3
Em seguida a mistura foi transferida para um funil de separação de 500 mL, onde foi
decantada a fase inferior (1) composta por glicerina, excesso de álcool e catalisador, e a fase
superior (2) composta pelos ésteres (biodiesel).
A fase 2 foi lavada várias vezes com porções de 20 mL de água cada, filtrada em sulfato
de sódio e aquecida a 100 ºC para secagem da água.
As análises físico-químicas foram realizadas segundo Normas ABNT e ASTM
conforme descrito na Resolução 042 da Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás
Natrual (ANP)(6). As Análises de índice de iodo, acidez, alcalinidade livre e combinada e
glicerina livre e total foram realizadas de acordo com os métodos AOCS Cd 1c-857, Instituto
Adolfo Lutz 1985(8), AOCS Ca 14-56(7), respectivamente. As análises de viscosidade,
densidade, teor de enxofre, e ponto de fulgor, foram medidas nos seguintes equipamentos,
tubo viscosimétrico cinemático Cannon Fenske em banho térmico Koehler KV3000,
densímetro automático Anton Paar DMA 4500, aparelho de raios-x Horiba SLFA 1800 H,
Pensky Martens HFP 380 vaso fechado, respectivamente. Os cromatogramas foram obtidos
por um cromatógrafo Varian CP-3380, Coluna: BP20 12 m x 0,25 mm (SGE), como fase
estacionária carbowax 20 M (polietilenoglicol), detector de ionização de chamas – FID,
temperaturas: Coluna = inicial de 200 ºC, aumentando a temperatura à taxa de 10 ºC por
minuto até 240 ºC; Injetor: 250 ºC Split: 1/100 e Detector: 260 ºC. Os espectros de
infravermelho foram registrados um espectrômetro, Perkin Elmer Spectrum GX FT-IR
System, na região de 4000-400 cm(1), em janela de CsI.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados dos rendimentos das sínteses dos biodieseis de babaçu (BOB), tucum
(BOT) e macaúba (BOM) que, encontram-se listados na tabela 1 diz respeito a rendimentos
em massa de biodiesel obtida.

Tabela 1 – Rendimento das sínteses


Rendimento %
Biodiesel Metílic Etílico
o
BOB 84,39 96,87
BOT 86,55 98,52
BOM 83,45 97,89

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

4
Foram obtidos cromatogramas (CCD), Figura 1, dos óleos e dos biodieseis, e verificou-
se que os Rf dos biodieseis possuem um Rf (médio) da ordem de 0,4 e os óleos possuem Rf
(médio) da ordem de 0,3. Nos cromatogramas dos biodieseis obtidos com metanol observou-
se a presença de uma mancha residual de óleo in natura.

Figura 1 – Cromatogramas dos Óleos in Natura, Biodiesel de Óleo de Babaçu (BOB),


Biodiesel de Óleo de Tucum (BOT), Biodiesel de Óleo de Macaúba (BOM)

Foram analisados parâmetros físico-químicos dos biodieseis como: alcalinidade livre e


combinada, acidez, glicerina livre e combinada, viscosidade, densidade, ponto de fulgor e teor
de enxofre. Os resultados encontram-se na Tabela 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

5
Tabela 2 – Parâmetros Físico-Químicos dos BOB, BOT e BOM
NORMA
BOB BOT BOM
ANALISE 042 ANP
ME ET ME ET ME ET
Índice de iodo
36,4 10,9 16,5 Anotar
(g/100g)
Alcalinidade Livre
ND ND ND ND ND ND NE
(Meq/1g)
Alcalinidade
0,004 0,006 0,008 0,004 0,006 0,055 NE
combinada (Meq/1g)
Acidez do biodiesel
0,22 0,45 0,23 0,24 0,19 0,29 0,8
(mg.KOH/1g)
Glicerina Livre (%
0,01 0,02 ND ND 0,09 0,13 0,02
massa)
Glicierina Total
1,77 0,00 1,91 0,69 0,47 0,21 0,38
(%massa)
Densidade a 20 ºC
0,88 0,87 0,87 0,87 0,88 0,87 0,88
(g/cm3)
Viscosidade 40 ºC
4,0 3,8 3,7 3,5 4,5 3,5 Max. 6,0
(cSt)
Ponto de Fulgor (
112 122 124 126 110 119 Min 100
ºC)
Teor de Enxofre (%
ND ND ND ND ND ND Anotar
massa)
*ND – Não Detectado, NC – Não Exigido pela Resolução 042

Todos os parâmetros físico-químicos analisados encontram-se dentro do estabelecido


pela Resolução 042 da ANP. Os dados de CG estão dentro do especificado pela literatura8 e
mostra a composição basicamente láurica do óleo de babaçu, tucum e macaúba, como
esperado. Os resultados podem ser vistos na Tabela 3.

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6
Tabela 3 - Composição em ácidos graxos dos óleos de babaçu, tucum, macaúba determinadas
por CG.
BABAÇU8 TUCUM9 MACAÚBA10
ÁCIDO GRAXO
(%) (%) (%)
EL DE EL DE EL DE
Ácido caprílico (C8:0) 5,5 3,92 1,9 1,94 0,5 6,16
Ácido cáprico (C10:0) 6,1 4,26 1,7 2,12 4,42 4,99
Ácido láurico (C12:0) 34,0 38,92 50,6 52,51 3,09 49,86
Ácido mirístico (C14:0) 19,2 14,50 23,7 25,04 42,27 12,81
Ácido palmítico (C16:0) 10,6 9,52 5,3 7,46 12,37 8,96
Ácido esteárico (C18:0) 4,3 0,85 2,5 0,45 9,06 0,54
Ácido oléico (C18:1) 17,1 14,92 9,3 8,39 3,53 14,24
Ácido linoléico (C18:2) 3,1 12,15 3,6 2,11 22,11 2,44
Ácido linolênico (C18:3) ND 0,95 0,1 ND 2,68 ND
Ácido araquídico (C20:0) ND ND 0,1 ND ND ND
ND = não determinado

Os espectros de IV dos óleos in natura e dos biodieseis são bastante semelhantes,


entretanto verificou-se um pequeno deslocamento do grupo carbonila, que nos óleos
encontrava-se na faixa de 1740 cm-1 e no biodiesel encontra-se na faixa de 1730 cm-1, devido
a substituição do grupo glicerol pelo radical metoxila e etoxila(11). A temperatura de obtenção
do biodiesel, foi a ambiente.

4 CONCLUSÕES
Os óleos estudados neste trabalho possuem composição basicamente láurica. Neste caso
as reações de tranesterificação com o etanol foram bastante facilitadas o que resultou em
eficiência na obtenção dos biodieseis. Os resultados encontrados para os biodieseis etílicos
são mais satisfatórios que os reusultados encontrados para os biodieseis metílicos. Sendo
assim o uso destes óleos para a obtenção de biodiesel via etílica é bastante promissor.

5 AGRADECIMENTOS

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7
Ao CNPq e FAPEPI pelas bolsas concedidas, LAPETRO-UFPI e Usina Biodiesel Gov
Alberto Silva pelo uso de seus laboratórios para realização do trabalho e análises das
amostras.

6 REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFIA
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

8
TEOR E COMPOSIÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DO CAPIM CITRONELA
(Cymbopogon nardus L.) EM CINCO ÉPOCAS DE COLHEITA

Henrique Guilhon de Castro, UFT, hguilhon@uft.edu.br


Luiz Cláudio de Almeida Barbosa, UFV, lcab@ufv.br
Vilma Borges de Moura Perini, UFT, vilma@uft.edu.br
Fabrício Henrique Moreira Salgado, UFT, fabrício@uft.edu.br
Antônio José Peron, UFT, peronaj@uft.edu.br

RESUMO: Este trabalho objetivou analisar o teor e a composição do óleo essencial do


capim Citronela (Cymbopogon nardus L.), em cinco épocas de colheita no Estado do
Tocantins. As amostras para extração do óleo essencial foram realizadas em cinco épocas de
colheita a partir de 56 dias após transplante, em intervalos regulares de 28 dias, com 3
repetições. A extração do óleo essencial foi realizada por hidrodestilação e a identificação dos
componentes por CG e CG/EM. Verificou-se na segunda época de colheita o maior valor de
teor de óleo essencial, 1,10 %, estatisticamente semelhante ao valor obtido na quinta época de
colheita, 1,07 %. Vinte e três compostos químicos foram identificados dividos em
monoterpenos e sesquiterpenos. Foram identificados três compostos majoritários: o citronelol
(monoterpeno), o geraniol (monoterpeno) e o elemol (sesquiterpeno). Em todas as épocas de
colheita o geraniol foi o composto predominante que obteve a maior concentração relativa.

Palavras-Chave: Capim Citronela, óleo essencial, épocas de colheita.

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9
1 INTRODUÇÃO
A composição qualitativa e quantitativa das plantas é alterada acentuadamente durante
as fases de crescimento (Balbaa, 1983). A produção de metabólitos secundários varia de
acordo com a idade das plantas, o estado reprodutivo, as opções metabólicas determinadas
pelo efeito de hormônios e com ciclos de síntese de substâncias influenciada pelas estações
ou horas do dia (Brown Junior, 1988; Tetényi, 1983; Castro et al., 1999).
Os óleos essenciais são misturas complexas e seus constituintes podem pertencer às
mais diversas classes de compostos, porém os terpenos e os fenilpropenos, são as classes de
compostos mais comumente encontradas. Os terpenos encontrados com maior freqüência nos
óleos essenciais são os monoterpenos e sesquiterpenos, bem como os diterpenos, constituintes
minoritários dos óleos essenciais (Erickson, 1976; Castro et al., 2004).
O capim citronela (C. nardus), planta originada da Índia, é utilizada na Indonésia, como
chá calmante e digestivo. O gênero Cymbopogon pertence à família Poaceae, subfamília
Panicoideae. Este gênero é constituído de oitenta e cinco espécies (Craveiro et al., 1981).
O óleo essencial extraído de C. nardus possui alto teor de geraniol e citronelal. O
citronelal é utilizado como material básico para a síntese de importantes compostos químicos
denominados iononas e para a síntese de vitamina A. Esse óleo apresenta atividade repelente a
insetos, e também ação fungicida e bactericida. Ele é também utilizado na fabricação de
perfumes e cosméticos (Trongtokit et al., 2005; Wong et al., 2005; Billerbeck et al., 2001).
Este trabalho teve por objetivo analisar o teor e a composição do óleo essencial do C.
nardus, em cinco épocas de colheita no Estado do Tocantins, para verificar a variação do teor
e composição do óleo essencial nas épocas de colheita visando o controle da qualidade do
óleo essencial.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na Universidade Federal do Tocantins, campus de Gurupi,
localizado a 11º 43’ S e 49° 04’ W, com altitude de 300m. A exsicata com amostra do
material vegetal foi depositada no herbário da Universidade Federal de Viçosa com o número
VIC 30283.
O preparo das mudas foi realizado por divisão de touceiras e o transplante feito no dia
15 de setembro de 2004. No plantio foi utilizado o espaçamento de 1m entre fileiras e 0.5m
entre covas. Foi utilizada adubação orgânica de 3 Kg de esterco por cova, plantando-se três
perfilhos por cova.

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10
As amostras para extração do óleo essencial foram realizadas em cinco épocas de
colheita a partir de 56 dias após transplante, em intervalos regulares de 28 dias, com 3
repetições.
O óleo essencial foi obtido por hidrodestilação a partir de amostras da planta
desidratada (20 gramas), colocadas em balão de fundo redondo contendo 1L de água
destilada. Após destilação por duas horas foram recolhidos, aproximadamente, 400 mL de
hidrolato (água + óleo).
O óleo foi extraído da fase aquosa utilizando-se pentano (3 x 50 mL). As frações
orgânicas obtidas foram reunidas e secadas com sulfato de magnésio anidro, filtradas e o
solvente foi removido sob pressão reduzida em evaporador rotativo a 40 ºC. A massa do óleo
obtido foi determinada por pesagem em balança analítica com precisão de 0,1 mg.
As amostras de óleo obtidas foram transferidas para frascos de vidro e armazenadas sob
atmosfera de nitrogênio em freezer a -20 °C, até o momento das análises.
A análise qualitativa do óleo essencial foi realizada por cromatografia gasosa associada
à espectrometria de massas (CG-EM), utilizando-se o equipamento da marca Shimadzu,
modelo GCMS-QP 5050A. Para a identificação dos constituintes químicos foi empregada
uma coluna DB-5HT, da marca J & W Scientific®, com 30m de comprimento, diâmetro
interno de 0,25mm, espessura do filme de 0,10 µm, e hélio como gás carreador. As condições
de operação do cromatógrafo a gás foram: pressão interna da coluna de 56,7 kPa, razão de
split de 1:20, fluxo de gás na coluna de 1,0 mL min-1 (a 210 °C), temperatura no injetor de
220 ºC, temperatura no detector ou na interface (CG-EM) de 240 ºC. A temperatura inicial da
coluna foi 60 ºC por 1 min, seguido de um incremento de 3 ºC min-1 até atingir 240 ºC, sendo
mantida constante por 30 min. O espectrômetro de massas foi programado para realizar
leituras numa faixa de 29 Da a 400 Da, em intervalos de 0,5 seg, com energia de ionização de
70 eV. Foi injetado 1 µL de cada amostra, na concentração de 10.000 ppm, dissolvida em
hexano. A identificação dos componentes foi feita pela comparação de seus espectros de
massas com os disponíveis no banco de dados da espectroteca Willey 330.000, e também
pelos índices de Kovats (Adams, 1995; Collins et al., 1997). Para o cálculo dos índices de
Kovats, foi injetada no cromatógrafo uma mistura de alcanos lineares (C10 a C24).
A quantificação dos componentes foi realizada utilizando um cromatógrafo a gás com
detector de ionização de chamas (GC-FID) da marca Shimadzu, modelo GC-17A. As análises
foram realizadas nas mesmas condições descritas para a identificação dos constituintes. Essas
análises foram realizadas em triplicatas.

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11
As análises estatísticas foram realizadas no programa SAEG (Ribeiro Júnior, 2001).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se na segunda época de colheita o maior valor de teor de óleo essencial, 1,10
% (Tabela 1), estatisticamente semelhante ao valor obtido na quinta época de colheita, 1,07
%. Na terceira época de colheita foi obtido o menor valor em teor de óleo essencial, 0,65 %.
A composição qualitativa e quantitativa das plantas medicinais pode mudar
acentuadamente durante as fases de crescimento. Para a melhoria da qualidade das plantas
medicinais, é importante que a planta seja colhida na época apropriada e no estágio certo de
seu desenvolvimento (BALBAA, 1983).
Leal et al. (2001) avaliaram o teor de óleo essencial de Cymbopogon citratus em três
diferentes épocas do ano, verificando diferenças significativas do teor do óleo entre as épocas.
Ocorreu variação no número de compostos do óleo essencial do C. nardus presentes
nas cinco épocas de colheita. Foi obtido na quinta época de colheita o maior número de
compostos, e na segunda época de colheita o menor número de compostos (Tabela 2).

Tabela 1 - Valores médios do teor de óleo essencial, em % (m/m) da planta desidratada, em


cinco épocas de colheita de Cymbopogon nardus.
Épocas Teor de óleo essencial (%)
Época 1 0,73 c
Época 2 1,10 a
Época 3 0,65 c
Época 4 0,97 b
Época 5 1,07 a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05).

Vinte e três compostos químicos foram identificados no óleo essencial do C. nardus,


dividos em monoterpenos e sesquiterpenos, mostrados na Tabela 2 e nas Figuras 1 e 2.
Em todas as épocas de colheita foi obtido maior concentração relativa de compostos
monoterpênicos em relação aos sesquiterpênicos. Na terceira época de colheita foi obtido a
maior concentração relativa de monoterpenos, 73,77 % (Figura 3). O forte odor do óleo
essencial é justificado pela presença dos monoterpenos como componentes majoritários.
Foram identificados três compostos majoritários: o citronelol (monoterpeno), o
geraniol (monoterpeno) e o elemol (sesquiterpeno). Em todas as épocas de colheita o geraniol
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
12
foi o composto predominante que obteve a maior concentração relativa. Na segunda época de
colheita, aos 84 dias após transplante, foi obtido a maior concentração relativa do geraniol
(38,40 %) (Figura 4).

Tabela 2 - Concentração relativa (área %), obtida por cromatografia gasosa, dos constituintes
do óleo essencial da parte aérea de Cymbopogon nardus, em cinco épocas de colheita.
Èpocas de Colheita
Compostos Época 1 Época 2 Época 3 Época 4 Época 5 IK
C1 0,53 - 2,33 - - 1027
C2 0,81 1,15 1,46 0,81 0,76 1098
C3 0,34 0,56 0,61 0,30 0,30 1142
C4 4,03 3,27 3,99 1,80 2,38 1153
C5 10,34 17,77 17,70 18,75 19,27 1233
C6 - 0,25 0,20 0,16 0,13 1240
C7 31,63 38,40 38,30 37,70 38,18 1262
C8 5,73 4,02 4,71 - 1,70 1354
C9 9,80 4,31 4,47 1,86 1,15 1383
C10 1,09 0,83 0,67 1,08 1,23 1389
C11 0,43 0,25 0,16 0,44 0,44 1476
C12 0,10 - - 0,10 0,09 1496
C13 0,42 0,30 0,23 0,46 0,54 1499
C14 - - 0,17 0,24 0,22 1509
C15 0,58 0,38 0,29 0,39 0,37 1520
C16 11,33 8,75 8,76 10,17 10,53 1549
C17 2,39 1,55 1,44 3,83 3,63 1572
C18 - - - 0,27 - 1578
C19 1,92 1,20 0,96 1,94 1,67 1638
C20 2,04 1,57 1,42 1,67 1,60 1645
C21 1,38 - - - - 1650
C22 1,93 2,58 2,39 2,78 2,58 1653
C23 - - 0,17 - - 1711
NC 42 38 43 40 52
C1 = limoneno; C2 = linalol; C3 = isopulegol; C4 = citronelal; C5 = citronelol; C6 = neral; C7 = geraniol C8
= acetato de citronelol; C9 = acetato de geraniol; C10 = beta-elemeno; C11 = germacreno D; C12 = alfa-
muroleno; C13 = germacreno A; C14 = gama-cadineno; C15 = delta-cadineno; C16 = elemol; C17 = germacreno

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13
D-4-ol; C18 = óxido de cariofileno; C19 = tau-cadinol; C20 = beta-eudesmol; C21 = alfa-eudesmol; C22 = alfa-
cadinol; C23 = farnesol; NC = número de compostos; IK = Índice de Kovats.

OH

OH

Limoneno Linalol Isopulegol

O
OH O

C itronelal C itronelol N eral

OH

O Ac
O Ac

Geraniol Acetato de citronelol Acetato de geraniol

Figura 1 - Fórmulas estruturais dos constituintes monoterpênicos presentes no óleo


essencial da parte aérea de Cymbopogon nardus (identificados por cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massa).

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14
H

Beta-elemeno Germacreno D Alfa-muroleno

H H

Germacreno A
Gama-cadineno Delta-cadineno

O H
H

OH OH

Elemol Germacreno D-4-OL Óxido de cariofileno

OH H

OH OH
H H H

Tau-Cadinol Beta-eudesmol Alfa-eudesmol

OH H

OH
Alfa-cadinol Farnesol

Figura 2 - Fórmulas estruturais dos constituintes sesquiterpênicos presentes no óleo


essencial da parte aérea de Cymbopogon nardus (identificados por cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massa).

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15
80
60

Teor (%)
40
20
0
56 84 112 140 168
Dias após plantio

Figura 3- Concentração relativa de monoterpenos (linha descontínua) e


sesquiterpenos (linha contínua) do óleo essencial de Cymbopogon nardus, em
cinco épocas de colheita.

40
30
Teor (%)

20
10
0
56 84 112 140 168
Dias após plantio

Figura 4- Concentração relativa dos compostos majoritários do óleo essencial


de Cymbopogon nardus, geraniol ( ), citronelol ( ) e elemol ( ), em
cinco épocas de colheita.

Resultados semelhantes foram encontrados por Martins (2006) que estudou a ação
acaricida do óleo essencial de Cymbopogon winterianus, encontrando como constituintes
majoritários o citronelal, o geraniol e o citronelol. Os resultados indicaram que o citronelal e o
geraniol tiveram uma ação acaricida significativamente mais forte que o citronelol.
Mahalwal & Ali (2002) identificaram os constituintes do óleo essencial do C. nardus
por CG/EM, encontrando 16 compostos monoterpênicos (79,8%) e 9 compostos
sesquiterpênicos (11,5%). Os compostos monoterpênicos majoritários foram o citronelal
(29,7%) e o geraniol (24,2%) e os compostos sesquiterpênicos majoritários foram o (E)-
nerolidol (4,8%) e o β-cariofileno (2,2%).
Em outro trabalho realizado por Martins et al. (2004), que analisaram o óleo essencial
de Cymbopogon citratus extraído das folhas secas e analisado em cromatógrafo gasoso,
identificaram o geraniol como um dos componentes majoritários do óleo essencial.
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16
Os compostos monoterpênicos limoneno, citronelal, geraniol e neral, atuam na defesa
química da planta contra a ação de predadores. Os vapores do citronelal, utilizados por
formigas, podem causar irritação suficiente em um predador para fazê-lo desistir de um
ataque. O geraniol também possui atividade anti-séptica, inibindo o crescimento de fungos e
bactérias (Simões et al., 2004; Mann, 1995).
O óleo essencial de Cymbopogon citratus é caracterizado por apresentar citral como
componente majoritário na forma de seus dois isômeros: geranial e neral (Martins et al, 2004).
Kasali et al. (2001), estudando a composição do óleo essencial de Cymbopogon citratus por
meio da técnica de CG/EM, encontraram três constituintes majoritários o geranial, neral e o
mirceno. O geranial e o neral possuem atividade antibacteriana comprovada (Martins et al.,
2004).

4 CONCLUSÕES
Ocorreu variação na composição qualitativa e quantitativa do óleo essencial do C.
nardus durante as épocas de colheita. Verificou-se na segunda época de colheita o maior valor
de teor de óleo essencial, 1,10 %, estatisticamente semelhante ao valor obtido na quinta época
de colheita, 1,07 %. Vinte e três compostos químicos foram identificados dividos em
monoterpenos e sesquiterpenos. Foram identificados três compostos majoritários: o citronelol
(monoterpeno), o geraniol (monoterpeno) e o elemol (sesquiterpeno). Em todas as épocas de
colheita o geraniol foi o composto predominante que obteve a maior concentração relativa.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel


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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel


19
POTÊNCIA REQUERIDA E CONSUMO DE ENERGIA NA OPERAÇÃO DE
SEMEADURA COM BIODIESEL (B5)

Jorge Wilson Cortez, FCAV-UNESP, jorge.cortez@posgrad.fcav.unesp.br


Carlos Eduardo Angeli Furlani, FCAV-UNESP, furlani@fcav.unesp.br
Rouverson Pereira da Silva, FCAV-UNESP, rouverson@fcav.unesp.br
Afonso Lopes, FCAV-UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Joaquim Miguel Dabdoub, USP, dabdoube@biodieselbrasil.com.br
Felipe Tomas da Camara, FCAV-UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br

RESUMO: Com o avanço do uso de combustíveis alternativos, a utilização do biodiesel


tornou-se uma opção. Nesse enfoque, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o
requerimento de potência e o consumo de energia na operação de semeadura, com o trator
agrícola trabalhando com biodiesel etílico destilado de óleo de soja na proporção de 5% (B5)
em duas velocidades de deslocamento. O experimento foi realizado na UNESP de Jaboticabal
pelo Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (LAMMA), utilizando-se o
delineamento inteiramente casualizado com duas velocidades (3,3 e 6,6 km h-1) e 12
repetições. Foram mensurados a força na barra de tração, a potência requerida e o consumo de
energia na operação de semeadura. Ficou evidenciado que a maior velocidade resultou em
menor força na barra de tração, maior potência requerida e menor consumo de energia.

Palavras-Chave: Velocidade de deslocamento, semeadura, óleo de soja.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

20
1 INTRODUÇÃO
A viabilização do uso do biodiesel no Brasil vem sendo estudada pelo governo
brasileiro, que busca um volume necessário de combustível de 900 milhões de litros de B2
para o ano de 2008. O biodiesel é um produto constituído de misturas de ésteres metílicos ou
etílicos de ácidos graxos, obtidos de uma reação de transesterificação de óleos vegetais como
o extraído da soja (Miragaya, 2005).
O biodiesel de óleos vegetais tem em média 11% de oxigênio na molécula, sendo menos
poluente, embora isso cause um menor poder calorífico (poder de combustão menor), pois o
oxigênio não gera energia, sendo essa obtida das ligações de carbono-carbono (BELTRÃO,
2005). Esse fato faz com que o biodiesel apresente maiores consumos e mesmo menores
potências se comparado ao diesel.
Assim, existem poucos estudos com o uso do biodiesel, mas pode-se comparar os dados
de B5 com diesel sem nenhum problema. Nesse enfoque Silva e Benez (2001) avaliando o
desempenho do conjunto trator-semeadora em um Latossolo Bruno distrófico, argiloso, sob
plantio direto, em função de duas velocidades de deslocamento do trator de 75,8 kW (103 cv),
concluíram que quando se altera a velocidade, a força de tração não sofre influência da
mesma.
Mahl et al. (2004) trabalhando em um Nitossolo Vermelho distrófico com trator de
88,3 kW (120 cv) e semeadora em função da velocidade de deslocamento (4,4; 6,1 e
8,1 km h-1), observaram que ocorre aumento da força na barra de tração (8,6 kN), potência no
motor (19,5 kW) e da capacidade de campo efetiva (2,2 ha h-1) com o aumento da velocidade.
Pressupõe-se que a potência requerida na operação de semeadura seja alterada pela
velocidade de deslocamento e que o consumo de energia tende a ser maior em menores
velocidades, devido ao maior tempo necessário para se trabalhar um hectare. Desta forma, o
objetivo do presente trabalho foi avaliar o requerimento de potência e o consumo de energia
na operação de semeadura, com o trator agrícola trabalhando com biodiesel etílico destilado
de óleo de soja na proporção de 5% (B5) em duas velocidades de deslocamento.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental do Laboratório de Máquinas e
Mecanização Agrícola (LAMMA) do Departamento de Engenharia Rural pertencente a
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal, SP, localizada nas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

21
coordenadas geodésicas: latitude 21º14’S e longitude 48º16’W, com altitude média de 559 m,
declividade média de 4%, ocupando uma área de aproximadamente 1,0 ha.
A semeadura foi realizada em Latossolo Vermelho Eutroférrico típico, A moderado,
textura argilosa e relevo suave ondulado, conforme o Sistema Brasileiro de Classificação dos
Solos da Embrapa (1999). O clima de acordo com a classificação de Köeppen é Cwa, ou seja,
subtropical úmido, com estiagem no período do inverno.
O trator utilizado foi o Valtra BM 100, 4 x 2 TDA, 73,6 kW (100 cv na rotação de 2.300
rpm) de potência no motor, com massa de 5.400 kg e 40% de lastro no eixo dianteiro (pneus
14.9 – 24 R1 de 3,8 m de perímetro e pressão de 18 psi (124 KPa)), e 60% de lastro no eixo
traseiro (pneus 23.1 – 26 R1 de 4,9 m de perímetro de 4,9 m e pressão de inflação de 22 psi
(152 KPa)). O trator foi abastecido com biodiesel etílico destilado de óleo de soja obtido da
LADETEL/USP de Ribeirão Preto, na proporção de 5% de biodiesel no diesel.
O trator foi instrumentado com um sistema de aquisição de dados que são armazenados
em um micrologger CR23X de marca CAMPBELL SCIENTIFIC, INC. Para mensurar a
velocidade instantânea foi utilizada uma unidade de radar localizada na lateral direita do
trator, tipo RVS II, com inclinação de 45º em relação ao solo. O tempo de cada parcela foi
coletado por meio do sistema de aquisição de dados, o qual dispõe de cronômetro interno com
precisão de centésimos de segundos.
A força de tração foi obtida por meio de uma célula de carga de 10.000 kgf fabricada
por M. SHIMIZU, modelo TF 400 com temperatura de utilização de -20 a 80º C com
alimentação recomendada de 10 a 12 Vcc.
Foi utilizada uma semeadora-adubadora de precisão Marchesan, modelo Cop Suprema,
com sete fileiras de semeadura, dotada de disco de corte para palhada de 18”(45,7 cm), haste
sulcadora de adubo com as seguintes características: 2,7 cm de espessura da ponteira, 1,0 cm
de espessura da haste, distância do disco de corte a haste de 12 cm, relação entre a altura e
comprimento da ponteira (H/L) de 1,06 e ângulo de ataque de 20º; disco duplo desencontrado
de 16” (40,6 cm) para deposição da semente. A máquina possui distribuidor de sementes
pneumático, sendo utilizado disco de sementes de 64 furos. A distribuição de adubo foi
realizada por mecanismo helicoidal. O depósito de adubo possui capacidade para 1310 kg e o
de semente de 200 kg, tendo a semeadora-adubadora 3070 kg de massa, trabalhando com 665
kg de adubo na operação de semeadura.
O delineamento utilizado foi o inteiramente ao acaso com 12 repetições. Os tratamentos
foram: as velocidades de deslocamento de 3,6 e 6,6 km h-1. As parcelas constituíram-se de 25

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

22
metros de comprimento com 15 metros de intervalo para manobras e estabilização do
conjunto.
O sistema de aquisição de dados fornece o valor de força total (kN) por segundo, assim
a força por linha dividiu-se seu valor pelo número de linhas da semeadora e o pico de força
foi obtido retirando-se o maior valor dos dados coletados na parcela.
Para o cálculo da potência total (PB) demandada pelo trator na operação de semeadura
utilizou-se a Eq. 1.
PB = FT v (1)
em que,
PB: potência na barra de tração (kW);
FT: força média de tração na barra (kN); e
V: velocidade real de deslocamento (m s-1).

O consumo de energia por área trabalhada foi obtido pela Eq. 2, descrita por Siquera e
Gamero (2000).
Cea = PB Tef (2)
em que,
Cea: consumo de energia por área trabalhada (kW h ha-1),
PB: potência na barra de tração (kW), e
Tef: tempo efetivo (h ha-1).

Os dados obtidos foram tabulados e submetidos à análise de variância, com auxílio do


programa para microcomputador ESTAT (Sistema para Análises Estatísticas, v. 2.0). Os
dados de força e potência foram projetados em um eixo cartesiano para determinação de uma
correlação, obtido pelo programa computacional Excel.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, pode-se observar a síntese da análise de variância para força de tração na
barra, potência na barra e o consumo de energia, apresentando também as médias referentes a
cada velocidade de deslocamento.
A força de tração diminuiu com o aumento da velocidade em 20%, o que não era de se
esperar, pois a velocidade não é um parâmetro que define força de tração. Esse fato pode-se
explicado pelo efeito de flutuação da semeadora, pois diminuindo a profundidade de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

23
deposição de adubo pode ocorrer variação da força, já que a profundidade é um parâmetro
definidor de força. Silva e Benez (2001), afirmam que quando se altera a velocidade, a força
de tração deve permanecer constante, o que não aconteceu nesse experimento.
Diferentemente da força de tração, a potência na barra é influenciada diretamente pela
velocidade, apresentando aumento de 31% na potência com o aumento da velocidade de 3,6
para 6,6 km h-1, ou seja, 45,5% de variação na velocidade. Esse fato foi também evidenciado
por MAHL et al. (2004), que constatou que o aumento de velocidade ocasiona grande
requerimento de potência pelo trator na operação de semeadura.
O consumo de energia é um parâmetro que envolve a potência e o tempo efetivo, ou
seja, horas por hectare; assim, pode-se observar na Tabela 1, que o aumento na velocidade,
ocasionou diminuição no consumo de energia de 18,9%. MARQUES e BENEZ (2000)
observaram consumo de energia no plantio direto de 6,3 kW h ha-1

Tabela 1. Síntese da análise de variância para força de tração, potência e


consumo de energia utilizando B5.
Fatores Consumo de
Força de Tração Potência
energia
Velocidades kN kW
kW h ha-1
3,6 17,3 A 17,6 B 13,2 A
6,6 13,9 B 25,5 A 10,7 B
Teste F
Velocidade 24,1** 51,7** 22,6**
Média Geral 15,6 21,5 12,0
Erro padrão da média 0,5 0,8 0,4
C.V. 11,0 12,5 10,7
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem pelo Teste de F.NS: não significativo (P>0,05);
*: significativo (P≤0,05); **: significativo (P≤0,01), C.V.: coeficiente de variação (%).

Observando-se os dados de força de tração desse experimento e o cálculo da potência


pode-se notar pela Figura 1, que existe uma relação direta entre esse parâmetro, podendo
relacioná-los por meio de uma equação de primeiro grau. Essa equação pode muito bem ser
utilizada para obter os dados de potência no uso do biodiesel, pois apresenta coeficiente de
determinação de 90%, ou seja, essa equação expressa noventa por cento desse fenômeno.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

24
Força x Potência
23

Potência (kW)
21

19
Y = 0.0073x + 4.7711
17
R2 = 0.9028
15
1600 1800 2000 2200 2400
Força (kgf)

Figura 1. Força de tração e potência, relacionados com dados de semeadura com B5.

4 CONCLUSÕES
O aumento da velocidade ocasionou menor força de tração pelo efeito de flutuação da
semeadora.
A potência na barra aumentou com a velocidade na ordem de 31%, quando a
velocidade aumente 45,5%.
O consumo de energia diminuiu com o aumento da velocidade.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Horizonte, v.26, n.229, p.14-17, 2005.

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Solos. Brasília, 1999. 412p.

MAHL, D.; GAMERO, C.A.; BENEZ, S.H.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, A.R.B. Demanda
energética e eficiência da distribuição de sementes de milho sob variação de velocidade e
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MARQUES, J.P.; BENEZ, S.H. Manejo da vegetação espontânea para a implantação da


cultura do milho (Zea mays L.) em plantio direto e preparo convencional. Energia na
Agricultura, Botucatu, v.15, n.1, p.13-26, 2000.

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diferentes mecanismos sulcadores. Energia na Agricultura, Botucatu, v.16, n.2, p.1-7, 2001.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

25
SIQUEIRA, R.; GAMERO, C.A. Energia requerida em três sistemas de preparo do solo
combinados com quatro condições de cobertura. Energia na Agricultura, Botucatu, v.15,
n.3, p.1-14, 2000.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

26
CONSUMO DE BIODIESEL ETÍLICO DESTILADO DE ÓLEO RESIDUAL
DE SOJA EM DUAS VELOCIDADES NA SEMEADURA

Jorge Wilson Cortez, FCAV-UNESP, jorge.cortez@posgrad.fcav.unesp.br


Carlos Eduardo Angeli Furlani, FCAV-UNESP, furlani@fcav.unesp.br
Rouverson Pereira da Silva, FCAV-UNESP, rouverson@fcav.unesp.br
Afonso Lopes, FCAV-UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Danilo César Checchio Grotta, FCAV-UNESP, dcgrotta@zipmail.com.br
Joaquim Miguel Dabdoub, USP, dabdoub@biodieselbrasil. com.br

RESUMO: A demanda por tecnologias mais limpas faz com que o uso do biodiesel aumente
rapidamente, tornando-se necessário o estudo desse novo combustível. O objetivo do presente
trabalho foi avaliar o consumo de combustível na operação de semeadura em duas
velocidades (3,6 e 6,6 km h-1) com o trator trabalhando com biodiesel (B5) etílico destilado
de óleo residual de soja. Utilizou-se o delineamento inteiramente ao acaso (DIC) constando de
duas velocidades e 12 repetições perfazendo no total, 24 observações. Os parâmetros
analisados foram: consumo de combustível horário ponderal, operacional e específico. Ficou
evidenciado que o aumento da velocidade na operação de semeadura ocasionou aumento no
consumo horário volumétrico e ponderal. O consumo específico foi modificado com o
aumento da velocidade. O consumo operacional de combustível foi menor com o aumento da
velocidade.

Palavras-Chave: Consumo horário, consumo operacional, semeadoras.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

27
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o único país no mundo com áreas agricultáveis para plantio de matérias
primas necessárias a produção do biodiesel, além de possuir tecnologia de ponta para
processamento na agroindústria (Jakubaszko, 2006). O mesmo autor cita que o uso de
biodiesel no diesel é tão benéfico que o país, em 2006, começou a utilizar 2% na mistura, mas
espera-se rapidamente por mudanças que aumentem essa proporção. A mistura de 2% gera
um consumo de 800 milhões de litros de biodiesel anuais. Entretanto, o Brasil ainda está
atrasado na utilização de biodiesel, pois na Europa já se encontram misturas de 50% e até
100%.
Silveira (2006) define o biodiesel como sendo um substituto do petróleo, produzido de
fontes alternativas (oleaginosas e gorduras animais, por exemplo). Sua fabricação, afirma o
autor, é uma reação desses óleos com metanol ou etanol (álcool de cana), que juntamente com
um catalisador, acelera a reação, dando origem ao biodiesel e à glicerina. Essa última é a que
não permite o uso de óleo bruto direto nos motores agrícolas.
Devido a necessidade do uso do biodiesel no Brasil, diversas pesquisas foram feitas no
intuito de comparar o consumo do biodiesel. LOPES et al. (2005) verificaram um consumo
horário de biodiesel (B5) de 11,7 L h-1 e de 9,3 kg h-1. Os mesmos autores confirmam que não
há aumento de consumo quando passa de B0 (0% de biodiesel) para B5 (5% de biodiesel).
Oliveira e Costa (2002) afirmam que as misturas de biodiesel ao diesel demonstram o
potencial dessa tecnologia, obtendo indicações de que até a proporção de 20% de biodiesel
demonstrou-se viável tecnicamente.
Em experimento com diesel e biodiesel verificou-se que o consumo do B100 foi
praticamente o mesmo do diesel mineral, observando-se um consumo de 7,6% maior quando
se utilizou o B50 (Silva, 200?).
Pressupõe-se que o aumento da velocidade possa ocasionar aumentos no consumo de
combustível horário, ponderal e específico, enquanto que o consumo operacional tende a
diminuir.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o consumo de combustível na operação de
semeadura em duas velocidades (3,6 e 6,6 km h-1) com o trator trabalhando com biodiesel
(B5) etílico destilado de óleo residual de soja.

2 MATERIAL E MÉTODOS

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

28
O experimento foi instalado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção (FEPP) da
UNESP, Campus de Jaboticabal, no Estado de São Paulo (Brasil), e conduzido pelo
Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (LAMMA), do Departamento de
Engenharia Rural. A área experimental foi localizada nas coordenadas geodésicas de 21º15''
latitude Sul e 48º18''' longitude Oeste, com altitude média de 570 m ocupando uma área de
aproximadamente 1,5 ha, que estava sob sistema plantio direto.
No local onde foi conduzido o experimento o solo é classificado pela Embrapa (1999)
como Latossolo Vermelho Eutroférrico típico, textura argilosa (55%), areia (20%) e silte
(25%), A moderado caulinítico vídreo, sendo o clima Cwa de acordo com a classificação de
Koeppen, ou seja, subtropical úmido, com estiagem no período do inverno.
O trator utilizado foi o Valtra BM100, 4 x 2 TDA (tração dianteira auxiliar), 73,6 kW
(100 cv) de potência no motor, com 2000 rotações no motor. Apresentava massa de 5.400 kg
(40% dianteiro e 60 % traseiro), pneus dianteiros de 14.9 – 24 R1 com 3,8 m de perímetro e
pressão de inflagem de 18 psi (124 KPa), e pneus traseiros de 23.1 – 26 R1 com 4,9 m de
perímetro e pressão de inflagem de 22 psi (152 KPa). O trator foi abastecido com biodiesel
etílico destilado de óleo de soja obtido da LADETEL/USP de Ribeirão Preto, na proporção de
5% de biodiesel no diesel.
Para aderir o tempo de cada parcela foi utilizado um sistema de aquisição de dados
descrito por Furlani et al. (2005), o qual dispunha de cronômetro interno com precisão de
centésimos de segundos sendo um micrologger CR23X de marca CAMPBELL SCIENTIFIC,
INC. Os dados posteriormente foram descarregados com programa específico (PC 208W 3.2 -
Datalogger Support Software) a um microcomputador convencional via cabo onde eram
construídas planilhas eletrônicas.
Para medir o consumo de combustível foi utilizado um protótipo, construído e descrito
por Lopes et al. (2003), ligado automaticamente com o acionamento do sistema de aquisição
de dados e precisão de 1 mL. A temperatura do combustível foi obtida com equipamento S&E
Instrumentos de Testes e Medições LTDA, modelo SSRP-C ME 6446/02 PT100 com
precisão de 0,01ºC.
Foi utilizada uma semeadora-adubadora de precisão Marchesan modelo COP-Suprema
com sete fileiras de semeadura dotada de haste sulcadora para deposição de trabalhando a
profundidade de 11 cm.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) com dois tratamentos e
com 12 repetições. Sendo as velocidades (V1 = 3,6 km h-1 V2 = 6,6 km h-1). As parcelas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

29
possuíam 25 m de comprimento por 3,6 m de largura com 15 m de intervalo entre parcela
para realização de manobras.

Para o cálculo do consumo de combustível horário (Ch), empregou-se a Eq. 1.


C 3,6
Ch = (1)
t
em que,
Ch é o consumo horário (L h-1);
C é o volume consumido (mL);
t é o tempo de percurso na parcela (s); e
3,6 é o fator de conversão.

Para o cálculo do consumo de combustível operacional (Co), empregou-se a Eq. 2.


Ch
Co =
Cct
(2) em que,
Co é o consumo operacional (L ha-1);
Ch é o consumo horário (L h-1); e
Cct é a capacidade de campo teórica (ha h-1).

Para o cálculo do consumo de combustível ponderal (Chp), empregou-se a Eq. 3.


Ch DC
Chp =
1000
(3)
em que,
Chp é o consumo ponderal, (kg h-1),
DC é a densidade do combustível (g L-1) obtida pela equação de regressão
(DC = 851,04 - 0,6970 T), onde T é a temperatura do combustível (ºC), obtida por GROTTA
(2003), com R² de 0,97, e
1000 é o fator de transformação.

Para o cálculo do consumo de combustível específico (CE), empregou-se a Eq. 4.


DE Ch
CE = (4)
P

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

30
em que,
CE é o consumo específico (g kW h-1);
DE é a densidade do combustível (g L-1);
Ch é o consumo horário (L h-1); e
PB é a potência (kW).

Os dados obtidos foram tabelados e submetidos à análise de variância no teste F (Fisher)


(Pimentel-Gomes, 1987), utilizando programa para microcomputador ESTAT (Sistema para
Análises Estatísticas, v. 2.0), desenvolvido pelo Departamento de Ciências Exatas da UNESP
– de Jaboticabal.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são apresentados os dados do consumo de combustível em função das
duas velocidades de deslocamento na operação de semeadura, juntamente com os dados da
síntese da análise de variância.
Somente para o consumo específico pode-se indicar a média como referência, uma vez
que o teste de F não foi significativo e assim pode-se dizer 415 g kW h-1 expressa o
comportamento das duas velocidades. Esse é um parâmetro utilizado para comparação de
tratores com motores diferentes, ou melhor, potências diferentes já que esse parâmetro está
contido em sua formula. Pode ocorrer também de o consumo específico ser significativo
quando os tratamentos apresentam resultados de potência muito discrepantes, o que não foi o
caso desse experimento.
Os demais consumos foram afetados pelas velocidades de deslocamento, e o consumo
horário indicou que há aumento de 23,5% com o aumento da velocidade de 3,6 para
6,6 km h-1. Considerando o aumento de velocidade de 54,5%, era de se esperar maiores
valores de consumo, o que, entretanto, não foi observado. Resultados similares foram
encontrados por Lopes et al. (2005) trabalhando com esse mesmo conjunto na operação de
semeadura, com velocidade que faz referencia a maior do atual experimento, encontrando
11,7 L h-1 e 9,3 kg h-1, para consumo horário e ponderal, respectivamente.
Cortez et al. (2005) trabalhando com esse mesmo conjunto com diesel puro,
encontraram consumo horário de 15 L h-1 com velocidade de 6 km h-1, demonstrando maior
consumo com diesel do que com biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

31
O consumo ponderal de combustível (kg h-1) apresentou aumento de 23,2% com o
aumento da velocidade. É um fator representativo do consumo de combustível expresso em
massa, pois em função da temperatura o biodiesel pode aumentar ou diminuir de volume
durante o dia, mas a massa (kg) sempre será a mesma.
O consumo de combustível operacional, também conhecido como consumo por área
trabalhada, expressa quantos litros foram gastos para trabalhar um hectare. Nesse aspecto, o
consumo foi maior com a menor velocidade, visto que, é necessário maior tempo de trabalho
em baixas velocidades para realizar a operação de semeadura em um hectare. Assim, com o
aumento da velocidade diminuiu-se 16,0% no consumo de combustível por hectare. Os
resultados para os consumos de combustível operacional concordam com Mahl et al. (2004)
em que os menores consumos foram nas maiores velocidades.

Tabela 1. Síntese da análise de variância para consumo de combustível horário volumétrico


(Ch), operacional (Cho), consumo ponderal (Chp) e específico (CE).
Fatores Ch Cho Chp CE
-1 -1 -1
Velocidades Lh L ha kg h g kW h-1
3,6 9,1 B 12,0 A 7,6 B 432 A
6,6 11,9 A 10,1 B 9,9 A 399 A
Teste F
Velocidade 81,5** 22,8** 85,4** 1,9NS
Média Geral 10,5 11,1 8,7 415
Erro padrão da 0,2 0,3 0,2 17
média
C.V. 7,2 8,7 7,1 14
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem pelo Teste de F.NS: não significativo (P>0,05);
*: significativo (P≤0,05); **: significativo (P≤0,01), C.V.: coeficiente de variação (%).

4 CONCLUSÕES
O aumento da velocidade ocasiona maior consumo horário e ponderal.
Ocorre diminuição no consumo de combustível operacional com o aumento da
velocidade.
O consumo específico de combustível não é influenciado pelas velocidades de trabalho.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

32
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

33
TRATOR TRABALHANDO COM BIODIESEL

Jorge Wilson Cortez, FCAV-UNESP, jorge.cortez@posgrad.fcav.unesp.br


Danilo Cesar Checchio Grotta, FCAV-UNESP, dcgrotta@zipmail.com.br
Afonso Lopes, FCAV-UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Rouverson Pereira da Silva, FCAV-UNESP, rouverson@fcav.unesp.br
Carlos Eduardo Angeli Furlani, FCAV-UNESP, furlani@fcav.unesp.br
Joaquim Miguel Dabdoub, USP, dabdoub@biodieselbrasil.com.br

RESUMO: Atualmente, os tratores agrícolas disponíveis no mercado utilizam como


combustível o diesel. Entretanto, sabe-se que este combustível apresenta preço elevado,
poluição do meio ambiente devido ao lançamento de gases, sendo ainda um recurso natural
não renovável. Nesse enfoque, o objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho de um trator
na operação de preparo do solo com grade pesada variando a proporção de mistura biodiesel –
diesel de petróleo, em quatro velocidades de deslocamento. O experimento foi conduzido na
UNESP/Jaboticabal utilizando trator VALTRA – BM100 instrumentado para avaliar seu
desempenho. O delineamento utilizado foi em blocos ao acaso no esquema fatorial 5 x 4 (5
proporções de mistura e 4 velocidades de deslocamento), com 20 tratamentos e 4 repetições.
Os parâmetros analisados foram: potência disponível na barra, capacidade de campo efetiva e
a rotação do motor. O aumento da velocidade demandou maior potência e proporcionou maior
capacidade de campo efetiva, mas diminuiu a rotação do motor. Nas proporções analisadas
ficou demonstrado que ocorre diminuição da potência, da capacidade de campo efetiva e da
rotação do motor passando de B0 para B100.

Palavras-Chave: Velocidade de deslocamento, gradagem, potência.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

34
1 INTRODUÇÃO
A utilização de óleos vegetais como combustível é de fundamental importância para
países com enorme potencialidade agrícola e em desenvolvimento como o Brasil,
possibilitando criar empregos, reduzindo a poluição ambiental devido à menor quantidade de
enxofre presente no biodiesel e ao reaproveitamento de óleos já utilizados (SILVA et al.,
200?).
Segundo Salazar (2002) a crise energética vem forçando a busca de alternativas
energéticas no mundo todo, resultando na realização de inúmeras pesquisas em outras fontes
não dependentes do petróleo. A investigação do potencial combustível sobre os óleos vegetais
constitui-se em uma destas alternativas e vem apresentando resultados animadores.
Inúmeros erros têm acontecido no campo com uso descriminado de óleos brutos que
causam redução de 7,1 a 10,1% na potência na TDP; aumento de 13,9 a 16,0% no consumo
específico de combustível e escorrimento de óleo combustível na junta da tubulação de escape
com menos de 10 h de funcionamento (Maziero e Correa, 200?). Esses resultados demonstram
a necessidade de se informar a população sobre o correto uso do biodiesel e da não utilização
de óleos vegetais brutos.
Pressupõe-se que o aumento da velocidade aumente a potência exigida e a capacidade
de campo efetiva e que a rotação do motor permaneça em 2000 rpm como programado para a
operação. As misturas de biodiesel devem apresentar diminuição na potência devido ao menor
poder calorífico.
O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho de um trator na operação de preparo do
solo com grade pesada variando a proporção de mistura biodiesel – diesel de petróleo, em
quatro velocidades de deslocamento.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na FCAV-UNESP, Jaboticabal-SP, com localização
geográfica 21º15’ de latitude Sul e 48º18’ de longitude Oeste de Greenwich. Apresenta altitude
média de 570 m. O clima é Cwa (subtropical), de acordo com a classificação de Köeppen.
O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico
típico, textura muito argilosa (Embrapa, 1999).
Utilizou-se um trator Valtra, modelo BM 100, 4x2 TDA, (Figura 1) com potência de
73,6 kW (100 cv @ 2.300 rpm) no motor e massa de 5.400 kg (Pneus dianteiros: 14.9-24R1;
Pneus traseiros: 23.1-26R1). Utilizou-se acoplada à barra de tração uma grade pesada, com

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

35
16 discos recortados de 609,6 mm (24 polegadas) de diâmetro equipado com rodas para
transporte.

Figura 1. Trator utilizado no experimento.

O biodiesel utilizado no ensaio foi do tipo etílico filtrado e produzido no Departamento


de Química (LADETEL) da USP - Ribeirão Preto, sendo o mesmo produzido a base de óleo
residual de soja, coletado no restaurante universitário da própria Unesp, e álcool etílico.
Para determinar a força de tração na barra utilizou-se uma célula de carga (M.
SHIMIZU, modelo TF400 com precisão de 10 N). A rotação na tomada de potência foi
determinada com auxílio de um conjunto formado por uma roda dentada e um sensor ótico
(S&E, modelo GIDP-60-U-12V) instalado na própria tomada de potência. A roda dentada
possui 60 ranhuras, através das quais passa um feixe de luz, produzindo 60 pulsos a cada volta
completa. A velocidade de deslocamento foi obtida por meio de um radar (modelo RVS II)
com 45º de inclinação em relação ao solo; todos os sensores enviaram os sinais a um sistema
de aquisição de dados (Micrologger CR23X).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

36
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em esquema
fatorial 5x4 (5 proporções de mistura e 4 velocidades de deslocamento), com 20 tratamentos e
4 repetições.
As proporções de mistura biodiesel e diesel de petróleo foram: 0 e 100 % (B0), 25 e 75
% (B25), 50 e 50 % (B50), 75 e 25 % (B75) e 100 e 0 % (B100) e, as velocidades de
deslocamento: 2,7 (V1), 4,30 (V2), 6,0 (V3) e 6,7 km h-1 (V4). Cada parcela experimental teve
comprimento de 20 m e entre as parcelas, no sentido longitudinal, reservou-se um intervalo de
15 m, cuja finalidade foi realizar manobras, trânsito de equipamentos e estabilizar as
condições dos testes.

A potência média na barra de tração foi determinada utilizando-se a equação 1.


PB = FT * v
(1)
em que,
PB = potência na barra de tração (kW);
FT = força média de tração na barra (kN); e
v = velocidade real de deslocamento (m s-1).

A capacidade de campo efetiva (Equação 2) é a quantidade de hectares trabalhados por


hora pelo conjunto trator-semeadora que foi calculada pela velocidade do trator e largura
efetiva da semeadora-adubadora.

Lmr x v
CCE = (2)
10

em que,

CCE: capacidade de campo efetiva (ha h-1);

v: velocidade real de deslocamento (km h-1);

Lmr: largura média de trabalho do implemento (m) e

10: fator de conversão para ha h-1.

A rotação do motor foi estimada de acordo com a equação 3.


RM = RTDP * RT
(3)
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

37
em que:
RM = rotação do motor (rpm);
RTDP = rotação da tomada de potência do trator, e
RT = relação de transmissão entre o motor e a TDP (3,47).

Os dados foram submetidos à análise por meio do programa computacional


STATISTICA, onde realizou-se o ajuste para um modelo linear ou quadrático dos dados
levando em consideração as proporções e as velocidades. Foi atribuído o valor de 0,99 para R²
de todas equações tentando obter o melhor ajuste.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 é apresentado o resultado da análise da potência na barra de tração no
momento da gradagem, com as proporções e as velocidades de deslocamento. Pode-se notar
que a velocidade de deslocamento influencia diretamente a potência consumida, o que é
notado pela inclinação acentuada do gráfico. Isso também foi verificado por MAHL et al.
(2004) em que o aumento de velocidade ocasiona grande requerimento de potência pelo trator
na operação de semeadura.
Perante as proporções, pode-se observar que ocorre diminuição da potência
disponibilizada com o aumento da quantidade de biodiesel no diesel. É fácil observar esse fato
ao tomar-se uma linha fixa e comparar nas proporções. Como exemplo, tomando-se a linha
próximo a 3 km h-1 observa-se que a mesma está na classe de potência de 12 kW na proporção
de B0 até B50; a partir da proporção B50 ocorre mudança de classe para potência de 10 kW
(B50 a B100), observando-se então a diminuição da potência fornecida com o aumento da
proporção de biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

38
Potência = 0.608+3.808*x+ -0.016*y
R² = 0,99

28
Potência (kW)
24

20

16 Potência (kW)
10.141
12
12.141
14.141
100
7 16.141
75 18.141
6
50 5 20.141
25 4 22.141
3
0 2 24.141
Proporção (%) Velocidade (km/h) above

Figura 1. Potência na barra de tração no momento da operação de gradagem.

O incremento de biodiesel à mistura reduz o poder calorífico do combustível resultante,


conforme Laforgia e Ardito (1995) e Peterson et al. (1996), o que implica uma queda do
desempenho do motor, diminuindo a velocidade de trabalho e consequentemente a capacidade
de campo efetiva.
Na Figura 2 pode-se notar um comportamento similar a potência para a capacidade de
campo efetiva (CCE), sendo influenciada diretamente pela velocidade (aumentando) e as
proporções de biodiesel que quando atingiram B100 ocasionou na menor CCE.

CCE = 0.05+0.159*x+ -5.48e-4*y


R² = 0,99

1.2
CCE (ha h-1)
1.0

0.8

0.6 CCE (ha h-1)


0.398
0.4 0.498
0.598
100
7
0.698
75 0.798
6
50 5 0.898
4 0.998
25
3
1.098
0 2
Proporção (%) Velocidade (km/h) above

Figura 2 . Capacidade de campo efetiva para a operação de gradagem.

Na Figura 3 são apresentados os resultados para a rotação do motor, e pode-se


observar que ocorreu um ajuste quadrático para esses dados. Entendendo que, até a velocidade
de 5 km h-1 ocorre um aumento da rotação com o aumento da velocidade. Desse ponto em

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

39
diante, a rotação começa a diminuir com o aumento da velocidade. As proporções de
biodiesel resultaram em menores rotações com B100.

RM=1525.01+364.173*x+0.196*y-47.458*x²-0.177*x*y+0.002*y²
R²=0,99

2200
RPM
2000
RPM
1800 1577.776
100 1677.776
1600 1777.776
75
2 1877.776
3 50 1977.776
RPM 4
5 25
2077.773
2177.773
6 2277.773
7 0
Velocidade (km/h) Proporção (%) above

Figura 3. Rotação do motor na operação de gradagem.

4 CONCLUSÕES
O aumento da velocidade ocasionou aumento na potência requerida, na capacidade de
campo efetiva e diminuição da rotação do motor.
O aumento na proporção de biodiesel no diesel diminuiu a potência disponível na
barra, a capacidade de campo efetiva e a rotação nominal do motor.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

41
IDENTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS GRAXOS PARA PRODUÇÃO DE
BIODIESEL NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA

Karla Menandro Pacheco da Silva, UERJ, kapelinha1@yahoo.com.br


Sergio Machado Correa, UERJ, sergio@fat.uerj.br

RESUMO: Além das fontes oleaginosas, outras podem ser usadas na produção de biodiesel,
como a escuma de esgoto, resíduos das indústrias alimentícia, leiteira, matadouros e similares.
Este projeto teve como objetivo identificar, qualitativamente e quantitativamente, as diversas
fontes de materiais graxos para a produção de biodiesel. Acredita-se que este projeto seja uma
contribuição para o incremento da produção de biodiesel, além de dar destinação à rejeitos
que atualmente são um problema ambiental. A produção do biodiesel a partir de fontes
alternativas pode ser realizada em períodos de ociosidade da instalação de produção de
biodiesel a partir de óleo vegetal. O resultado final do projeto foi um levantamento da geração
de resíduos graxos, indicando que na região do Médio Paraíba é possível processar cerca de
276 toneladas mensais destes materiais.

Palavras-Chave: Biodiesel, resíduo, produção.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

42
1 INTRODUÇÃO
O uso do biodiesel no mundo e principalmente no Brasil é uma realidade. Diante do
sucesso do biodiesel no Brasil, o governo já estuda a implantação do B5 já em 2008.
Diante disso, a demanda por matérias graxas será enorme e o uso de matérias oriundas de
fontes não vegetais primárias serão de grande contribuição.
Diversas matérias graxas para a produção de biodiesel já foram testadas, como o óleo
de fritura, gordura animal e gordura vegetal. Existem diversos casos de sucesso,
principalmente no caso do óleo de fritura. É certo que estas matérias não são tão
relevantes, quando comparadas com as extensas quantidades geradas pelas plantações de
oleaginosas.
Um aspecto de cunho social e ambiental deve ser levado em consideração, pois em
geral estes meterias são descartadas no meio ambiente sem tratamento.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O projeto foi conduzido baseado em um questionário padrão que foi distribuído
pessoalmente, juntamente com uma carta de apresentação e esclarecimento do projeto.
Foram respondidos 79 questionários na cidade de Resende-RJ, em diversos ramos de
atividade.
Muitos estabelecimentos não foram receptivos ao questionário, apesar de todas as
explicações acerca do objetivo do projeto. Outros não responderam a contento ou com
informações incompletas ou duvidosas.
Enquanto era aguardado o preenchimento dos questionários para o tratamento dos
dados, foi identificado que uma das mais representativas fontes era o óleo de fritura. Neste
intervalo de tempo, foram realizadas algumas sínteses de biodiesel em nosso laboratório,
apesar deste não ser um dos objetivos iniciais do projeto. Grandes dificuldades foram
obtidas em obter um biodiesel dentro das especificações via síntese com etanol, trabalho
que foi facilitado com o uso do metanol, chegando-se a um rendimento médio de um litro
de biodiesel para cada litro de óleo de fritura processado.

3 RESULTADOS OBTIDOS
Os dados obtidos através dos questionários estão consolidados nas Figuras 1 e 2 e
Tabela 1. Na Figura 1 pode-se observar os diferentes tipos de matérias graxas geradas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

43
pelos 79 estabelecimentos pesquisados e na Figura 2 os tipos de estabelecimentos
pesquisados. Na Tabela 1 são apresentados os dados quantitativos das matérias graxas
geradas mensalmente.

Matérias Graxas

Gordura animal e sebo


37%

Gordura Vegetal
62%
1% Óleo de fritura

Figura 1. Tipos de matérias graxas geradas pelos 79 estabelecimentos pesquisados.

Tipos de Estabelecimentos

Buffets
11% 3% 16% Restaurantes
5%
Padarias
17% 11%
Bares e Lanchonetes
Açougues
Supermercados
37%
Minimercados

Figura 2. Tipos de estabelecimentos pesquisados.

Tabela 1. Quantidades geradas de matérias graxas mensalmente.


Tipo de Resíduo Quantidade (kg)
Gordura animal 8349
Gordura vegetal 180
Óleo de fritura 1733

Os valores apresentados nas Figuras 1 e 2 e na Tabela 1 são a totalização dos dados


consolidados durante a pesquisa. Esses resultados foram extrapolados para os demais
estabelecimentos de Resende com base nas informações obtidas junto à Prefeitura
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

44
Municipal de Resende e a Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Resende
(ACIAR).

Tabela 2. Quantidades de resíduos gerados mensalmente no município de Resende.


N° de
estabelecimentos Tipo Média Total de resíduos
77 Padarias 32,4 L 2492 L
185 Bares e lanchonetes 33,0 L 6108 L
52 Restaurantes 55,1 L 2864 L
2 Buffet 45,0 L 90 L
Indefinidos (bares ou
138 restaurantes ou similares) 44,4 L 6123 L
Subtotal 17679 L
4 Churrascarias 40,0 kg 160 kg
52 Açougues 183,7 kg 9552 kg
2 Buffet 40,0 kg 80 kg
6 Mercados grandes 1146,5 kg 6879 kg
16 Mini mercados 151,9 kg 2430 kg

Subtotal 19101 kg
Total geral 36780 kg

A Tabela 2 apresenta os valores obtidos após a extrapolação. A média foi baseada na


quantidade de resíduos gerados pelos estabelecimentos consultados, classificados por
categorias (bares e lanchonetes, restaurantes, padarias, buffets, churrascarias, açougues,
mercados de grande porte e mini mercados). O número de estabelecimentos da cidade foi
obtido através de uma listagem dos comércios da cidade fornecida pela prefeitura de
Resende. Alguns estabelecimentos presentes nesta lista não estavam especificados quanto à
categoria (se bar ou restaurante etc.), sendo necessária a inclusão de uma nova a qual
denominada indefinidos. Para essa categoria realizou-se uma média entre as categorias
“bares e lanchonetes”, “restaurantes” e “buffets”.
É necessário ressaltar que foi assumida a densidade do óleo de fritura igual a
unidade.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

45
Em seguida extrapolou-se o resultado encontrado na cidade de Resende para as
demais cidades da região Sul Fluminense, tomando como base suas populações. A Tabela
3 apresenta os resultados obtidos.

Tabela 3. Quantidades de resíduos gerados mensalmente no Médio Paraíba


Cidade População (habitantes) Quantidade de resíduos
Barra do Piraí 88503 31135 kg
Barra Mansa 170753 60071 kg
Itatiaia 24739 8703 kg
Pinheiral 19481 6853 kg
Piraí 22118 7781 kg
Porto Real 12095 4255 kg
Quatis 10370 3648 kg
Resende 104549 36780 kg
Rio Claro 16228 5709 kg
Rio das Flores 7625 2682 kg
Valença 66308 23327 kg
Volta Redonda 242063 85158 kg
Total 276102 kg

4 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos após a extrapolação dos dados indicam um quantitativo perto
de 37 toneladas de resíduos graxos mensais. Estes números indicam apenas a contribuição
do comércio da cidade de Resende. Neste levantamento não entraram as grandes empresas
como indústrias químicas, siderúrgicas e automobilísticas, as quais possuem cozinhas
terceirizadas e que até agora não foram receptivas ao questionário. Outra possível
contribuição de matérias graxas, é oriunda dos domicílios. Se cada família pudesse
contribuir com os óleos de fritura, através de uma coleta por garrafas PET por alunos da
rede pública, este valor de matéria graxa poderia ser muito mais elevado. Uma simples
estimativa poderia levar a um valor de cerca de 5 mil litros de óleo de fritura mensal se
cada um dos 16 mil alunos do ensino fundamental de Resende levasse para sua escola
cerca de 300 mL de óleo de fritura armazenado em garrafa PET. Este valor foi obtido em
ensaio prévio realizado com 20 alunos voluntários que recolheram óleo de fritura por um
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

46
mês. Sendo possível implementar a coleta deste óleo vegetal usado, seria possível produzir
volume similar de biodiesel, que usado na proporção de 2%, geraria 250 mil litros de B2
mensais, suficiente para abastecer a frota de veículos da Prefeitura Municipal de Resende e
parte da frota de ônibus urbanos da cidade.
Como sugestão para trabalhos futuros indicamos uma avaliação térmica de todo o
processo de produção do biodiesel, deste a produção do óleo vegetal até a purificação do
biodiesel, assim como um levantamento dos custos energéticos.

5 AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pela bolsa PIBIC para a aluna de Iniciação Científica Karla Menandro
Pacheco da Silva.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA
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48
EFEITO DE DOSES DE SILICATO DE CÁLCIO SOBRE A PRODUÇÃO DE
MATÉRIA SECA DA PARTE AÉREA DO GIRASSOL (Helianthus annuus
L.)

Eduardo Augusto Agnellos Barbosa, UFLA, duducajuru@gmail.com.br


Antonio Carlos Fraga, UFLA/DAG, fraga@ufla.br
Janice Guedes de Carvalho, UFLA/DCS, janicegc@ufla.br
Pedro Castro Neto, UFLA/DEG, pedrocn@ufla.br
Eric Victor de Oliveira Ferreira, UFLA, ericsolos@yahoo.com.br
Júlio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com

RESUMO: O girassol é uma cultura que apresenta um importante papel na recuperação do


solo, principalmente em áreas de reformas canavieiras e em áreas produtoras de grãos como o
milho e a soja e vem ganhando importância nacional com a produção de biodiesel. Hoje, a
principal região produtora do país, é o cerrado, que tem a característica de apresentar solos
ácidos. Sabe-se que o girassol é sensível a este tipo de solo e uma alternativa para a correção
desses solos seria o uso de silicato de cálcio, que representa uma importante fonte de silício
para a planta, onde este elemento confere vários benefícios positivos às plantas como maior
resistência a doenças e melhoria na arquitetura das plantas, fazendo com que elas tenham um
ganho na sua produção de matéria seca. Conduziu assim um trabalho científico objetivando
avaliar o efeito de doses de silicato de cálcio sobre a produção de matéria seca da parte aérea
do girassol. O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Ciência
dos Solos da UFLA no período de novembro de 2006 a fevereiro de 2007, utilizou-se o
delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos sendo as doses de silicato de
cálcio (0; 27,33; 54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) e quatro repetições, resultando em 20
parcelas. Na fase R5 (antese) foi feita a colheita do material da parte aérea onde este foi seco
em estufa e posteriormente pesado tendo assim o rendimento da matéria seca da parte aérea.
Os valores foram avaliados através de análise de variância utilizando-se o programa
estatístico Sisvar. Houve efeito significativo para a produção de matéria da parte aérea, onde a
dose que proporcionou maior efeito para este fator foi à dose de 109,31g vaso-1, verificando a
eficiência do silicato de cálcio na correção do solo para a cultura do girassol.

Palavras-Chave: Girassol, silicato de cálcio, matéria seca, correção do solo.


4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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1 INTRODUÇÂO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Asteraceae, é
uma planta originária da América do Norte, mais precisamente das regiões correspondentes ao
Norte do México e ao Estado de Nebraska, nos Estados Unidos. Atualmente, o girassol é
cultivado em todos os continentes, em área que atinge aproximadamente 22,7 milhões de
hectares e com uma produção mundial próxima das 24,2 milhões de toneladas (Conab, 2005).
Esta cultura vem apresentando boa opção como adubo verde onde ela apresenta
importante papel na recuperação da fertilidade do solo. Em áreas de reforma canavieiras
utilizando o girassol observa–se uma melhoria no desempenho e produtividade da cana-de-
açúcar (Ambrosano et al., 2005), e em áreas de soja e milho que se faz rotação com o girassol
pode se observar um incremento na produtividade de 10% para a soja e de 15-20% para o
milho (Leite, 2005).
No Brasil, a principal região produtora é a dos cerrados, onde a região Centro-Oeste
detém 82,3% da área plantada e 78,6% da produção nacional (Conab, 2005) e seu cultivo
deve ser ampliado nesta região e em todo o Brasil devido à produção de biodiesel, onde ela
será uma das principais culturas utilizadas para a produção deste combustível renovável
(Leite, 2005). Porem esta região possui a característica de apresentar solos muito
intemperizados, geralmente ácidos, pobres em nutrientes e muitas vezes com elevadas
saturações de alumínio trocável, ressaltando a necessidade de utilização de um programa para
a correção e aumento da fertilidade adequada às culturas envolvidas no sistema de produção
(Leite, 2005).
Uma alternativa para corrigir os solos ácidos seria o uso da escoria de siderúrgica, um
resíduo da indústria do aço e ferro-gusa, constituída quimicamente de um silicato de cálcio
(CaSiO3) (Amaral et al., 1994 citado por Prado et al., 2003), que apresenta propriedades
corretivas semelhantes ao calcário (Prado et al., 2000).
Sanches, (2003) estudando os efeitos do silicato de cálcio nos atributos químicos do
solo e planta, produção e qualidade em capim – braquiarão (Brachiaria brizantha) pôde
observar que a produção de matéria seca foi influenciada de forma benéfica com a utilização
de silicato de cálcio e calcário magnesiano e que as doses crescentes de silicato de cálcio
alteraram de forma benéfica os atributos químicos das folhas.
Assim, o presente trabalho teve por objetivo estudar o efeito do silicato de cálcio sobre a
produção de matéria seca da parte aérea do girassol cultivado em casa de vegetação.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Ciência do
Solo da Universidade Federal de Lavras (Lavras-MG). O solo utilizado foi um Latossolo
Vermelho distrófico (LVdf), da camada de 1 - 3 m, proveniente do campus da UFLA, sendo
destorroado, seco ao ar e passado em peneira com malha de 5 mm de abertura.
No experimento o delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos as doses de silicato de cálcio (0; 27,33;
54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) correspondentes a 0, 25, 50, 75 e 100% de substituição ao
carbonato de cálcio (CaCO3) na calagem, resultando em 20 parcelas compondo o
experimento. Cada parcela experimental foi constituída por um vaso com capacidade de 15
dm3.
Foram semeadas quatro sementes por vaso. Após a germinação, deixaram-se duas
plantas uniformes e vigorosas por vaso. Antes do plantio, efetuou-se a aplicação do silicato de
cálcio p.a. e do carbonato de cálcio p.a. complementar para elevar a saturação por base a 70%
de acordo com Leite, (2005). Os vasos permaneceram incubados por 15 dias, com a umidade
do solo em torno de 60% do volume total de poros (VTP).
Após a semeadura, foram adicionadas ao solo quantidades suficientes de
macronutrientes (N= 300, P= 200, K= 300, Mg= 30 e S= 50 mg dm-3) e micronutrientes (B=
0,5; Cu= 1,5; Fe= 5; Mo= 0,1; Mn= 10 e Zn= 5 mg dm-3), na forma de reagente PA, sendo as
doses de N e K parceladas em 2 aplicações (plantio e 30 dias após a emergência). Os
nutrientes foram aplicados em forma de solução para maior uniformização.
A cultivar utilizada foi a Charrua. A semeadura foi realizada no dia 27 de novembro de
2006, a emergência ocorreu cinco dias após a semeadura. Na fase R5, que é o inicio da antese,
às plantas foram colhidas e separadas em colmo, folhas e capitulo. Todos os materiais
vegetais foram lavados em água destilada e deionizada, levadas a secar em estufa de
circulação forçada de ar, a temperatura de 65-70°C até peso constante, e pesado, obtendo-se,
assim, o rendimento em matéria seca da parte aérea.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, onde foi feito estudo de
regressão para as doses, utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000).
Com a utilização de modelos estatísticos adequados determinou-se o efeito das doses
sobre a produção de matéria seca.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

51
A análise de variância para a produção de matéria seca da parte aérea do girassol na
fase R5 (MSPA) revelou-se significativa (p< 0,05) para a aplicação das doses de silicato de
cálcio no solo (Figura 1). Esse resultado induz à inferência de que o silicato de cálcio foi
capaz de incrementar a produção de MSPA das plantas à medida que foram aumentadas as
suas doses.
Uma provável explicação para a resposta positiva do silicato na produção de matéria
seca da parte aérea seria de que o silício provocou uma melhoria na arquitetura da planta,
aumentando a interceptação da luz pela planta e conseqüentemente a produção fotossintética.

Figura 1. Produção de matéria seca da parte aérea do girassol em função das doses de silicato
de cálcio.

Resultados semelhantes foram encontrados por Prado e Natale (2004) quando estes
estudaram o efeito do silicato de cálcio na produção de matéria seca do maracujazeiro, onde
evidenciaram um aumento na produção de matéria seca da parte aérea com o aumento das
doses de silicato de cálcio no solo.
Na produção de matéria seca do caule (MSCa) na fase R5, o efeito do silicato de cálcio
apresentou-se significativa pela analise de variância (p<0,05) onde a equação quadrática foi a
que melhor se ajustou (Figura 2). A dose de silicato de cálcio que apresentou maior produção
de MSCa foi à de 54,66 (g vaso-1). O acumulo de matéria seca do caule se intensifica a partir
dos 48 DAE, quando a matéria seca do caule ultrapassa a das folhas, atingindo sua maior

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

52
produção no florescimento, estágio este que se colheu o experimento, e a partir do
florescimento tem se uma queda no acúmulo de matéria seca do caule, verificando uma maior
exportação e acúmulo no capitulo em conseqüência da produção e enchimento dos grãos
(Leite, 2005).

Figura 2. Produção de matéria seca do caule do girassol em função das doses de silicato de
cálcio.

Os tratamentos com silicato apresentaram uma maior produção de matéria seca. O


principal fator responsável seria devido a uma melhoria na arquitetura provocada pelo silício,
aumentando a fotossíntese e produção de fotossintatos, onde esses foram transportados para o
caule, aumentando a sua produção de matéria seca.
Uma provável resposta a diminuição da produção de matéria seca nos tratamentos 4 e 5
seria de que o silicato de cálcio em doses excessivas no solo poderia estar causando um
desequilíbrio nutricional nas plantas, principalmente pela deficiência de micronutrientes (Cu,
Fe, Zn e Mn) e P, devido às reações de insolubilização (Malavolta, 2006), porém não foi
observado nenhuma deficiência nutricional visualmente.
Na produção de matéria seca do capitulo (MSCp) na fase R5, o efeito da aplicação do
silicato de cálcio revelou-se significativa pela análise de variância (p<0,05) onde o aumento
das doses do silicato de cálcio resultou em uma maior produção da mesma.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

53
A produção de matéria seca do capitulo seguiu um crescimento linear (Figura 3), onde
a maior produção foi constatada na dose de 109,31 g vaso-1 de silicato, ou seja, quando se
usou 100% do silicato de cálcio para corrigir o solo.
Este aumento de MSCp deve-se ao fato das plantas tratadas com maiores doses de
silicato terem apresentado uma melhoria na arquitetura das plantas, aumentando a
interceptação da luz, levando as plantas a terem uma maior taxa fotossintética e produção de
carboidratos.

Figura 3. Produção de matéria seca do capitulo do girassol em função das doses de silicato de
cálcio.

Verifica-se que o efeito da aplicação de silicato de cálcio na produção de matéria seca


das folhas na fase R5 (MSF) não se apresentou significativo com o aumento das doses de
silicato de cálcio. Mesmo com uma tendência de maior produção de matéria seca das folhas
na dose de 109,31 g vaso-1 (Figura 4), não podendo dizer que esta dose obteve maior
produção de MSF, pois estatisticamente as doses obtiveram o mesmo desempenho na
produção de MSF e o ajuste linear para as produções médias de MSF não foi bom (R² =
0,019), não podendo ser usado na prática. Pode-se concluir que usando o carbonato de cálcio,
silicato de cálcio ou eles se complementando para corrigir um latossolo vermelho distrófico, à
produção de matéria seca das folhas do girassol não será alterada.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

54
Figura 4. Produção de matéria seca das folhas do girassol em função das doses de silicato de
cálcio.

Uma explicação seria de que os carboidratos produzidos nas folhas tenham se


translocados para o caule e capitulo, ocasionando uma maior produção de matéria seca nesses
órgãos, e uma produção estatisticamente igual nas folhas.

4 CONCLUSÃO
A produção de matéria seca da parte aérea aumentou a medida que se aumentou as
doses de silicato de cálcio no solo, sendo este fator de fundamental importância para a cultura,
e a melhor explicação para o ocorrido seria que o silício melhorou a arquitetura das plantas
aumentando sua taxa fotossintética e produção de fotoassimilados.
Outro fato importante é de que o silicato de cálcio foi capaz de corrigir bem o solo para
esta cultura sem atrapalhar o seu desenvolvimento e sendo capaz de incrementar um saldo
positivo na sua produção de matéria seca.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e a FAPEMIG.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

55
6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMBROSANO, E.J.; GUIRADO, N.; UNGARO, M.R.G.; CANTARELLA, H.; MENDES,
P.C.D.; ROSSI, F.; AMBROSANO, G.M.B.; SAKAI, R.H.; SCHAMMAS, E.A. Vantagens
da utilização da rotação com girassol e outras leguminosas em áreas de reforma de canavial
em Piracicaba – São Paulo. In: XVI Reunião Nacional de Pesquisa de Girassol e IV Simpósio
Nacional sobre a Cultura do Girassol, 16., Londrina, 2005. Anais... Embrapa, 2005. p. 92-94.

CONAB. Girassol, proposta de preço mínimo: safra: 2006/2007 disponível em <


http://www.conab.gov.br/conabweb/download/precos_minimos/proposta_de_precos_minimos
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FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do SISVAR (Sistema para Análise de


Variância) para Windows 4. 0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA
SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., São Carlos, 2000. Anais...
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LEITE, R. M. V. B. de C.; BRIGHENTI, A. M.; CASTRO, C. de (Ed.). Girassol no Brasil.


1. ed. Londrina: Embrapa Soja, 2005. 613 p.

MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Agronômica Ceres,


2006. 638p.

PRADO, R. de M.; FERNANDES, F. M. Escoria de siderurgia e calcário na correção da


acidez do solo cultivado com cana-de-açúcar em vaso. Scientia Agrícola, Piracicaba, v.57.
n.4. p.739-744, 2000

PRADO, R. de M.; FERNANDES, F. M.; NATALE, W. Efeito residual de escoria de


siderurgia como corretivo de acidez do solo na soqueira de cana-de-açúcar. Revista
Brasileira Ciência do Solo. Viçosa. V.27. n.2. p.287-296, 2003

PRADO, R. de M.; NATALE, W. Aplicação do silicato de cálcio em argissolo vermelho no


desenvolvimento de mudas de maracujá. Acta Scientiarum Agronomy. Maringá, v.6. n.4.
p.387-393, 2004.

SANCHES, A. B. Efeito do silicato de cálcio nos atributos químicos do solo e planta,


produção e qualidade em capim – braquiarão [ Brachiaria brizantha ( Hoechst ex A.
Rich.) Stapf. cv marandu] sob intensidades de pastejo. 2003, 122p. Dissertação (Mestrado
em Qualidade e Produtividade Animal) – Universidade de São Paulo, Pirassununga.

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56
EFEITO DE DOSES DE SILICATO DE CÁLCIO NO CRESCIMENTO DO
GIRASSOL (Helianthus annuus L.)

Eduardo Augusto Agnellos Barbosa, UFLA, duducajuru@gmail.com.br


Antonio Carlos Fraga, UFLA/DAG, fraga@ufla.br
Janice Guedes de Carvalho, UFLA/DCS, janicegc@ufla.br
Pedro Castro Neto, UFLA/DEG, pedrocn@ufla.br
Eric Victor de Oliveira Ferreira, UFLA, ericsolos@yahoo.com.br
Thatiane Padilha de Menezes, UFLA, thatiagro@yahoo.com.br
Maick José Alcântara, UFLA, maick27@oi.com.br

RESUMO: O girassol é uma cultura que vem ganhando importância nacional com a
produção de óleo comestível e biodiesel, onde sua principal região produtora é a dos cerrados
que tem a característica de apresentar solos ácidos. Sabe-se que o girassol é sensível a este
tipo de solo e uma alternativa para a correção desses solos seria o uso de silicato de cálcio,
que possui comportamento no solo similar aos carbonatos de cálcio. Conduziu-se assim, um
trabalho científico objetivando avaliar o efeito de doses de silicato de cálcio sobre o
crescimento e número de folhas do girassol. O experimento foi conduzido em casa de
vegetação no Departamento de Ciência dos Solos da UFLA, utilizou-se o delineamento
inteiramente casualizado, com cinco tratamentos sendo as doses de silicato de cálcio (0;
27,33; 54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) e quatro repetições, resultando em 20 parcelas. As
avaliações foram realizadas semanalmente onde se iniciou a partir do V1 e foram realizadas
até a fase R5 (antese). Na análise de crescimento pode-se observar um mesmo desempenho
das plantas dentre os tratamentos, podendo concluir que o silicato de cálcio foi capaz de
corrigir bem o solo e ainda disponibilizou uma maior quantidade de silício para a planta
melhorando alguns aspectos da mesma.

Palavras-Chave: Girassol, silicato de cálcio, crescimento, correção do solo.

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57
1 INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Asteraceae,
suas sementes possuem, em média, na sua composição cerca de 24% de proteínas, 47% de
matéria graxa, 20% de carboidratos totais e 4% de minerais. É originária da América do
Norte, mais precisamente das regiões correspondentes ao Norte do México e ao Estado de
Nebraska, nos Estados Unidos. Atualmente, o girassol é cultivado em todos os continentes,
em área que atinge aproximadamente 22,7 milhões de hectares e com uma produção mundial
próxima das 24,2 milhões de toneladas. Destacando-se como a quarta oleaginosa em produção
de grãos e a quinta em área cultivada no mundo.
O girassol é uma cultura que apresenta grande capacidade de expansão no Brasil
principalmente para a produção de óleo (comestível ou combustível) apresentando
características físico-químicas ideais à produção de biodiesel e vale ressaltar a ausência de
enxofre no seu óleo o que confere uma grande vantagem em relação ao diesel, pois elimina a
emissão de gases de enxofre causadores da chuva ácida (Leite,2005).
Atualmente, a principal região produtora de girassol no Brasil é a dos cerrados,
caracterizada por solos muito intemperizados, geralmente ácidos, pobres em nutrientes e
muitas vezes com elevadas saturações de alumínio trocável, ressaltando a necessidade de
utilização de um programa para a correção e aumento da fertilidade adequada às culturas
envolvidas no sistema de produção (Leite, 2005).
O girassol é uma espécie sensível à acidez do solo, geralmente apresentando sintomas
de toxidez de Al em pH em CaCl2 0,1 M menor que 5,2 e a taxa de expansão do crescimento
do girassol são inversamente proporcionais ao nível de correção da acidez do solo,
significando que o plantio dessa espécie em solos com baixos níveis de saturação por base
resulta em reduções do crescimento das plantas (Amabile, 2003), isto é devido à diminuição
do sistema radicular (Alcarde, 1992).
A correção do solo é uma prática fundamental para a melhoria do sistema radicular das
plantas e talvez a condição primária para ganhos de produtividade, e com o uso adequado do
corretivo verifica-se alem da correção da acidez do solo, o estimulo à atividade microbiana e
o aumento da disponibilidade da maioria dos nutrientes para a planta (Malavolta, 2006).
Uma alternativa para corrigir os solos ácidos seria o uso da escoria de siderúrgica, um
resíduo da indústria do aço e ferro-gusa, constituída quimicamente de um silicato de cálcio
(CaSiO3) (Amaral et al., 1994 citado por Prado et al., 2003), que apresenta propriedades
corretivas semelhantes ao calcário (Prado et al., 2000). O uso do silicato de cálcio tem

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58
promovido a adequada neutralização da acidez do solo, elevando a saturação por base e
neutralizando o Al tóxico, diminui a concentração dos micronutrientes metálicos presentes no
solo, devido à elevação do pH (Prado et al., 2004).
Amabile (2003) estudando o crescimento do girassol em diferentes níveis de saturação
do solo pode observar que a taxa de crescimento do girassol é inversamente proporcional ao
nível de correção da acidez do solo, significando que o plantio dessa espécie em solos com
baixos níveis de saturação por base resulta em redução do crescimento das plantas e,
conseqüentemente, redução da cobertura do solo. O girassol apresenta um crescimento
vagaroso nos primeiros 30 dias após a emergência, atingindo altura aproximada de 30 cm
neste período. No período seguinte até o florescimento pleno, há um desenvolvimento elevado
da parte aérea com grande acumulo de matéria seca e absorção de nutrientes (Castro, 2005).
Segundo Binancasa, (1988) citado por Cavalcanti et al., (2004) o crescimento de uma
planta pode ser acompanhado através de avaliações periódicas do tamanho da massa e do
numero de suas unidades estruturais morfológicas, cujas informações podem ser muito úteis
no estudo do comportamento vegetal sob diferentes condições de cultivo.
Com isso objetivou avaliar, por meio de análise de crescimento e numero de folhas o
desempenho do girassol manejado sobre diferentes doses de silicato de cálcio.

2 MATERIAL E MÉTODOS:
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Ciência do
Solo da Universidade Federal de Lavras (Lavras-MG). O solo utilizado foi um Latossolo
Vermelho distrófico (LVdf), da camada de 1 - 3 m, proveniente do campus da UFLA, sendo
destorroado, seco ao ar e passado em peneira com malha de 5 mm de abertura.
No experimento o delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos as doses de silicato de cálcio (0; 27,33;
54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) correspondentes a 0, 25, 50, 75 e 100% de substituição ao
CaCO 3 na calagem, resultando em 20 parcelas compondo o experimento. Cada parcela
experimental foi constituída por um vaso com capacidade de 15 dm3.
Foram semeadas quatro sementes por vaso. Após a germinação, deixaram-se duas
plantas uniformes e vigorosas por vaso. Antes do plantio efetuou-se a aplicação do silicato de
cálcio p.a. e do carbonato de cálcio p.a. complementar para elevar a saturação por base a 70%
de acordo com Castro e Oliveira (2005). Os vasos permaneceram incubados por 15 dias, com
a umidade do solo em torno de 60% do volume total de poros (VTP).

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Após a semeadura foram adicionadas ao solo quantidades suficientes de
macronutrientes (N= 300, P= 200, K= 300, Mg= 30 e S= 50 mg dm-3) e micronutrientes (B=
0,5; Cu= 1,5; Fe= 5; Mo= 0,1; Mn= 10 e Zn= 5 mg dm-3), na forma de reagente PA, sendo as
doses de N e K parceladas em 2 aplicações (plantio e 30 dias após a emergência). Os
nutrientes foram aplicados em forma de solução para maior uniformização.
A cultivar utilizada foi a Charrua. A semeadura foi realizada no dia 27 de novembro de
2006, a emergência ocorreu cinco dias após. No dia 15 de dezembro foi realizado o desbaste e
primeira medição da altura e número de folhas, sendo realizada no V1, fase que se caracteriza
pelo aparecimento de folhas verdadeiras e pode ser definido pelo número de folhas, com o
mínimo de 4,0 cm de comprimento (Leite, 2005).
Essas avaliações foram realizadas semanalmente ate o dia 7 de fevereiro de 2007, onde
se constatou a fase R5, esta fase é o inicio da antese, e se caracteriza pelas flores liguladas,
completamente expandidas e todo o disco das flores está visível.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, onde foi feito estudo de
regressão para as doses, utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000).
Com a utilização de modelos estatísticos adequados determinou-se o efeito das doses
sobre o crescimento.

3 RESULTADOS E DICUSSÃO
Na altura das plantas o efeito da aplicação de silicato de cálcio se apresentou não
significativo com o aumento das doses de silicato de cálcio no solo, tendo este o mesmo efeito
do carbonato de cálcio.
O crescimento das plantas se deu de forma cúbica (figura 1), onde o girassol apresentou
um crescimento lento ate o 20 DAE, no período seguinte ate o florescimento houve um
crescimento elevado. Segundo Hooking e Steer, (1983) citado por Castro et al., (2005), esse
período apresenta uma importância substancial na definição do potencial produtivo da cultura.
As equações de regressão e o R² do crescimento do girassol nos diferentes tratamentos
estão na Tabela 1.

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60
180
170
160
150
140
altura das plantas (cm)
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
13 20 27 34 41 48 55 62 69

Dias após emergência


Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Tratamento 4 Tratamento 5

Figura 1. Altura das plantas de girassol nos diferentes tratamentos em função do dia após
emergência das plantas.

Tabela 1. Equação de regressão e R² do crescimento do girassol dentre os tratamentos


Tratamento 1 y = 31,135 – 3,60x + 0,167x² - 0,00128x³ R² = 0,99
Tratamento 2 y = 25,64 – 3,072x + 0,148x² - 0,00111x³ R² = 0,99
Tratamento 3 y = 28,59 – 3,26x + 0,150x² - 0,00111x³ R² = 0,99
Tratamento 4 y = 26,57 – 3,015x + 0,145x² - 0,00105x³ R² = 0,99
Tratamento 5 y = 20,09 – 2,229x + 0,128x² - 0,00096x³ R² = 0,99

Através da tabela 2 podemos verificar o ganho médio em altura da cultura do girassol,


sendo este semanal a partir de sua emergência. Podemos perceber um aumento gradativo na
altura até a 6° semana onde este ganho se estabilizou em 25 cm até a 8° semana, sendo este
período de maior ganho pela cultura, após a 6, 7 e 8º SAE verifica-se uma queda gradativa no
ganho em altura pelo girassol.

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61
Tabela 2. Ganho em altura da planta de girassol em semanas após emergência conduzida em
casa de vegetação.
Semana após emergência (SAE) Ganho em altura (cm)
1° e 2° SAE 10
3° SAE 10
4° SAE 15
5° SAE 20
6° SAE 25
7° SAE 25
8° SAE 25
9° SAE 20
10° SAE 15
Altura Final 160

Podemos observar que a altura e o florescimento ficaram dentro dos padrões


caracterizados pela cultivar, onde a indicação da altura da cultivar esta em 1,5 – 2,2m e a
floração entre o 60 – 65 dias apo emergência em conseqüência deste fator pode-se dizer que o
silicato de cálcio não atrapalhou o ciclo da cultura atuando da mesma forma que o carbonato
de cálcio no solo.
O número de folhas na antese revelou-se significativo pela análise de variância
(p<0,05), onde seu crescimento foi de forma linear (Figura 2), aumentando à medida que se
aumentaram as doses de silicato de cálcio no solo.
Este fato se deve principalmente a incidência de oídio nas plantas, verificando que
quanto maior a incidência de oídio menor será o numero de folhas por planta nesta fase, em
conseqüência de queda da mesma.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

62
Figura 2. Número de folhas do girassol na fase R5 em função das doses de silicato de cálcio.

Analisando a Figura 3 podemos verificar que o tratamento 5 (100% de silicato de


cálcio) se diferenciou dos outros tratamentos, tendo um maior numero de folhas desde o 48
DAE, este fato é de suma importância para a cultura principalmente nesta fase ate a fase de
maturação fisiológica do grão, pois é nesta etapa que a planta vai necessitar dos carboidratos
para o enchimento dos grãos, sendo um ponto fundamental na determinação da produtividade
desta cultura, em conseqüência disto podemos dizer que o silicato atuou de forma indireta no
numero de folhas, criando uma maior resistência à queda.
As equações de regressão e o R² da evolução do numero de folhas dos diferentes
tratamentos em função do desenvolvimento da cultura ate a antese estão na tabela 3.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

63
35

30

N umero de folhas/planta
25

20

15

10

0
13 20 27 34 41 48 55 62 69
Dias após emergência
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Tratamento 4 Tratamento 5

Figura 3. Número de folhas do girassol nos diferentes tratamentos em função do


desenvolvimento da cultura ate a antese.

Tabela 3. Equação de regressão e R² da evolução do numero de folhas dos tratamentos


Tratamento 1 y = - 3,519 + 0,81x – 0,0057x² R² = 0,96
Tratamento 2 y = - 3,08 + 0,79x – 0,00549x² R² = 0,97
Tratamento 3 y = - 0,63 + 0,594x – 0,003x² R² = 0,96
Tratamento 4 y = - 3,67 + 0,78x – 0,00517x² R² = 0,96
Tratamento 5 y = - 2,93 + 0,73x – 0,00409x² R² = 0,97

4 CONCLUSÃO
O silicato de cálcio foi eficiente na correção da acidez do solo para a cultura do
girassol. Sem prejudicar o seu desenvolvimento.
A dose de 109,31g vaso-1 foi a que apresentou maior ganho em relação ao número de
folhas, para as condições analisadas.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e a FAPEMIG.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

64
6 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALCARDE, J.C. Corretivo de acidez do solo: características e interpretação técnicas. São
Paulo: Associação Nacional para Difusão de Adubos e Corretivos Agrícola, 1992. 26p.
(Boletim Técnico, 6).

ALMEIDA, A. M. R.; MACHADO, C. C.; PANIZZI, M. C. C. Doença do girassol:


descrição de sintomas e metodologia para levantamento. Londrina: EMBRAPA-CNPSo,
1981. 24p. (Circular Técnico, 6)

CASTRO, C.; OLIVEIRA, F.A.; VERONESIS, C.O.; SALINET, L.H. Acumulo de matéria
seca, exportação e ciclagem de nutrientes pelo girassol. In: XVI Reunião Nacional de
Pesquisa de Girassol e IV Simpósio Nacional sobre a Cultura do Girassol, 2005, Londrina.
Anais... Embrapa, 2005. p. 29-31.

CAVALCANTI, M. L. F.; BARROS JÚNIOR, G.; CARNEIRO, P. T.; FERNANDES, P.D.;


GHEYR, H.R.; CAVALCANTI, R.S. Crescimento inicial da mamoneira submetida à
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SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., São Carlos, 2000. Anais...
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LEITE, R. M. V. B. de C.; BRIGHENTI, A. M.; CASTRO, C. de (Ed.). Girassol no Brasil.


1. ed. Londrina: Embrapa Soja, 2005. 613 p.

MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Agronômica Ceres,


2006. 638p.

PRADO, R. de M.; FERNANDES, F. M. Escoria de siderurgia e calcário na correção da


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n.4. p.739-744, 2000

PRADO, R. de M.; FERNANDES, F. M.; NATALE, W. Efeito residual de escoria de


siderurgia como corretivo de acidez do solo na soqueira de cana-de-açúcar. Revista
Brasileira Ciência do Solo. Viçosa. V.27. n.2. p.287-296, 2003

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p.387-393, 2004.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

65
EFEITO DO SILICATO DE CÁLCIO NO CONTROLE DE DOENÇAS PELO
GIRASSOL (Helianthus annuus L.)

Eduardo Augusto Agnellos Barbosa, UFLA, duducajuru@gmail.com.br


Antonio Carlos Fraga, UFLA/DAG, fraga@ufla.br
Janice Guedes de Carvalho, UFLA/DCS, janicegc@ufla.br
Pedro Castro Neto, UFLA/DEG, pedrocn@ufla.br
Eric Victor de Oliveira Ferreira, UFLA, ericsolos@yahoo.com.br
Thatiane Padilha de Menezes, UFLA, thatiagro@yahoo.com.br
Milton Aparecido Deperon Júnior, UFLA, miltondp1@ig.com.br

RESUMO: O girassol é uma cultura de grande capacidade de expansão no país


principalmente com a produção de óleo comestível e biodiesel, porém alguns fatores podem
prejudicar essa expansão com o ataque de pragas e fungos. Alguns trabalhos recentes vêm
demonstrando a alta eficiência do silício em controlar doenças fungicas em diversas culturas,
com isso conduziu-se assim um trabalho cientifico objetivando avaliar o efeito de doses de
silicato de cálcio no controle de doenças na cultura do girassol. O experimento foi conduzido
em casa de vegetação no Departamento de Ciência dos Solos da UFLA, utilizou-se o
delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos sendo as doses de silicato de
cálcio (0; 27,33; 54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) e quatro repetições, resultando em 20
parcelas. As avaliações foram realizadas semanalmente onde se iniciou a partir do
aparecimento da doença (oídio) e foram realizadas até a fase R5 (antese), usou-se uma escala
diagramática de índice de infecção para doenças de haste, pecíolo, folhas e capítulo do
girassol. Pode-se observar que com o aumento das doses de silicato de cálcio houve um
controle mais eficiente do oidio, onde a dose de 109,31 g vaso-1 foi a que apresentou maior
resistência a doenças pelo girassol.

Palavras-Chave: Girassol, silicato de cálcio, controle de doença, oídio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

66
1 INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Asteraceae, é
originária da América do Norte, mais precisamente das regiões correspondentes ao Norte do
México e ao Estado de Nebraska, nos Estados Unidos. Atualmente, o girassol é cultivado em
todos os continentes, destacando-se como a quarta oleaginosa em produção de grãos e a
quinta em área cultivada no mundo.
A expansão da cultura no Brasil pode ser prejudicada, entre outros fatores, pela
presença de pragas e doenças, onde suas severidades podem variar anualmente dependendo de
condições bio-climaticas que favoreçam a ocorrência e o processo infectivo de determinados
patógenos (Almeida, 1981).
Em paises onde o girassol é tradicionalmente cultivado já foram assinalados
aproximadamente 35 hospedeiros, tendo como as principais doenças para a cultura a Mancha
de Alternaria (Alternaria sp.), Míldio (Plasmopara halstedii), Ferrugem (Puccinia helianthi),
Murcha de Sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum) e o Oídio (Erysiphe cichoracearum). O
oídio caracteriza-se pelo aparecimento de estruturas aveludadas de coloração branca ou cinza
sobre a parte aérea da planta, ocorrendo principalmente nas folhas. Com a evolução do ciclo
da cultura podem ser observadas pontuações negras distribuída ao acaso, levando a planta a
ter um menor índice de área folia (IAF) (Kimati, 1997).
Com a redução do índice de área foliar tem-se uma menor produção fotossintética,
conseqüentemente uma redução na taxa respiratória e redução na produção de assimilados
levando a planta a ter um menor crescimento e desenvolvimento biológico (Taiz e Zeiger,
2004).
Sabe-se que uma planta bem nutrida possui varias vantagens em relação à resistência a
doenças do que uma planta com deficiência nutricional, e dentre os elementos minerais o
silicio contribui para a redução da intensidade de doença em varias culturas (Malavolta,
2006). Segundo Taiz e Zeiger, (2004) plantas deficientes em silício são mais susceptíveis ao
acamamento e a infecção fungica e o controle de doença por esse elemento é realizado pelo
deposito de sílica amorfa no reticulo endoplasmático, parede celular e espaços intercelular e
também por ele formar complexos com polifenóis servindo como alternativa a lignina no
reforço da parede celular.
Segundo Epstein (1999), plantas em ambientes enriquecido com silício diferem das
cultivadas com deficiência do elemento, principalmente, quanto à composição química,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

67
resistência mecânica das células, características de superfície foliar, tolerância ao estresse
abiótico e a ocorrência de pragas e doenças.
Santos et al. (2003) estudando a influência do silício sobre as principais doenças e
produtividade do arroz irrigado por inundação, observou que a adubação com silício antes do
plantio pode ser eficiente no controle ou redução da incidência de varias doenças importantes,
podendo eliminar ou reduzir o número de aplicações de fungicidas durante o ciclo da cultura,
e verificado maior produtividade nos tratamentos com maiores doses de silício.
Com isso esse trabalho objetivo avaliar a resistência a doenças do girassol manejado
sobre diferentes doses de silicato de cálcio.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Ciência do
Solo da Universidade Federal de Lavras (Lavras-MG). O solo utilizado foi um Latossolo
Vermelho distrófico (LVdf), da camada de 1 - 3 m, proveniente do campus da UFLA, sendo
destorroado, seco ao ar e passado em peneira com malha de 5 mm de abertura.
No experimento o delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos as doses de silicato de cálcio (0; 27,33;
54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) correspondentes a 0, 25, 50, 75 e 100% de substituição ao
CaCO 3 na calagem, resultando em 20 parcelas compondo o experimento. Cada parcela
experimental foi constituída por um vaso com capacidade de 15 dm3.
Foram semeadas quatro sementes por vaso. Após a germinação, deixaram-se duas
plantas uniformes e vigorosas por vaso. Antes do plantio efetuou-se a aplicação do silicato de
cálcio p.a. e do carbonato de cálcio p.a. complementar para elevar a saturação por base a 70%
de acordo com Leite (2005). Os vasos permaneceram incubados por 15 dias, com a umidade
do solo em torno de 60% do volume total de poros (VTP).
Após a semeadura foram adicionadas ao solo quantidades suficientes de
macronutrientes (N= 300, P= 200, K= 300, Mg= 30 e S= 50 mg dm3) e micronutrientes (B=
0,5; Cu= 1,5; Fe= 5; Mo= 0,1; Mn= 10 e Zn= 5 mg dm3), na forma de reagente PA, sendo as
doses de N e K parceladas em 2 aplicações (plantio e 30 dias após a emergência). Os
nutrientes foram aplicados em forma de solução para maior uniformização.
A cultivar utilizada foi a Charrua. A semeadura foi realizada no dia 27 de novembro de
2006, a emergência ocorreu cinco dias após. Durante o desenvolvimento da cultura foi
realizado um levantamento de doenças, usando uma escala diagramática de índice de infecção

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

68
para doenças de haste, pecíolo, folhas e capítulo do girassol (Tabela 1), esta realizada
semanalmente a partir do aparecimento da doença. Foi identificado o aparecimento do Oídio
no dia 5 de janeiro e sua avaliação se inicio no dia 9 de janeiro quando as plantas estavam
com 38 DAE, esta sendo realizada ate a fase R5, fase esta que é o inicio da antese, e se
caracteriza pelas flores liguladas, completamente expandidas e todo o disco das flores está
visível (Leite, 2005).

Tabela 1. Índice de infecção na parte aérea do girassol em porcentagem de área afetada.


Índice de infecção % de infecção na planta
1 0
2 >0 – 7
3 >7 – 15
4 >15 – 40
5 >40 – 60
6 >60

Os resultados foram submetidos à análise de variância, onde foi feito estudo de


regressão para as doses, utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000).
Com a utilização de modelos estatísticos adequados determinou-se o efeito das doses
sobre a resistência a doença pelo girassol.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O efeito do silicato de cálcio no índice de doença do girassol na fase R5 apresentou-se
significativa pela análise de variância (p<0,05), onde foi constatada uma diminuição na
intensidade do fungo à medida que se aumentaram as doses de silicato de cálcio no solo,
observando que nas maiores doses de silicato de cálcio houve menor intensidade do fungo na
área foliar do girassol (Figura 1).
Os mecanismos pelo qual o silicato conferiu resistência à determinada doença podem
ser por barreiras estruturais como o acúmulo do silício na parede das células da epiderme e da
cutícula ou acúmulo no local de penetração do patógeno (Epstein, 1999; Taiz e Zeiger, 2004),
ou por formar complexos com polifenóis e, assim, servindo como alternativa à lignina no
reforço da parede celular (Taiz e Zeiger, 2004). O silício também promove aumento no teor
de lignina como foi verificado por Botelho et al (2004) em estudo com mudas de café

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

69
verificando um aumento no teor de lignina nas plantas, o que pode ter ocasionado uma
redução na intensidade da cercospora em mudas de café.
Estas são possíveis explicações pela redução da intensidade de doença no girassol,
pois ainda não se tem o conhecimento claro da atuação do silício no controle de doença na
planta.

Figura 1. Índice de doença no girassol na fase R5 em função das doses de silicato de cálcio.

Durante o desenvolvimento da doença na cultura verifica-se através da Figura 2, uma


menor intensidade da doença nos tratamentos 4 e 5, onde passando uma linha para ilustração,
observa-se que estes tratamentos ficaram ao longo do ciclo da doença abaixo do nível 4 de
infecção. Podemos observar que os tratamentos 1 e 2 tiveram um índice de infecção bem
maior que os demais tratamentos, ficando acima do nível 5 de infecção da doença, já o
tratamento 3 que representa 50% de silicato de cálcio e 50% de carbonato de cálcio na
correção do solo ficaram em um nível intermediário ás demais doses de silicato, ficando no
nível 4 de infecção da doença.
As equações de regressão e o R² da evolução do índice de doença em função do
desenvolvimento do girassol em função dos diferentes tratamentos estão na tabela 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

70
7

6
Indice de doença (Oídio)

5
Tratamento 1
Tratamento 2
4
Tratamento 3
Tratamento 4
3
Tratamento 5
Nivel de infecção
2

0
38 45 52 59 66
Dias após emergência

Figura 2. Evolução do desenvolvimento da doença em função do desenvolvimento do


girassol.

Tabela 2. Equação de regressão e R² da evolução da doença de cada tratamento


Tratamento 1 y = -14,43 + 0,570x – 0,004x² R² = 0,99
Tratamento 2 y = -15,75 + 0,679x – 0,0054x² R² = 0,92
Tratamento 3 y = -13,76 + 0,562x – 0,0043x² R² = 0,99
Tratamento 4 y = -10,51 + 0,423x – 0,0032x² R² = 0,93
Tratamento 5 y = -3,17 + 0,120x – 0,00036x² R² = 0,93

Verifica-se também que nos últimos dias de avaliação a intensidade da doença começa a
decrescer no tratamento 2, tendo uma maior intensidade de oídio no tratamento 1, isto se deve
provavelmente a uma queda de folhas, ocasionado pelo ataque do fungo na dose 27,33 g vaso-
1 de silicato de cálcio.

4 CONCLUSÕES
A dose de 109,31g vaso-1 foi a que apresentou maior resistência a doenças pelo girassol,
para as condições analisadas. Com isso podemos concluir que o silicato de cálcio foi eficiente

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

71
no controle de oídio na cultura do girassol, o que pode levar a uma diminuição no uso de
produtos químicos no controle de doenças nesta cultura.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e a FAPEMIG.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A. M. R.; MACHADO, C. C.; PANIZZI, M. C. C. Doença do girassol:
descrição de sintomas e metodologia para levantamento. Londrina: EMBRAPA-CNPSo,
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BOTELHO, D.M.S.; POZZA, E.A.; POZZA, A.A.A.; CARVALHO, J.G. de; BOTELHO,
C.E.; SOUZA, P.E. Intensidade da cercosporiose em mudas de cafeeiro em função de fontes e
doses de silício. Fitopatologia brasileira, Brasília, v.30, n.6. p. 582-588, 2005.

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v. 50, p. 641-664, 1999.

FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do SISVAR (Sistema para Análise de


Variância) para Windows 4. 0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA
SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., São Carlos, 2000. Anais...
UFSCar, 2000. p. 255-258.

LEITE, R. M. V. B. de C.; BRIGHENTI, A. M.; CASTRO, C. de (Ed.). Girassol no Brasil.


1. ed. Londrina: Embrapa Soja, 2005. 613 p.

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2006. 638p.

SANTOS, G.R.; KORNDORFER, G.H.; REIS FILHO, J.C.D.; PELÚZIO, J.M. Adubação
com silício: Influencia sobre as principais doenças e sobre produtividade do arroz irrigado por
inundação. Revista Ceres, Piracicaba v.50. n.287. p.1-8, 2003.

TAIZ, L.; ZEIGER, E Fisiologia vegetal. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

72
O CONSUMO E A PRODUÇÃO DE BIODIESEL E A NECESSIDADE DE
AÇÕES MITIGADORAS DE EFEITO ESTUFA

Juliana Eiko Nascimento, GOLDER, jnascimento@golder.com


Janaina Corrêa da Fonseca Dallan, GOLDER, jdallan@golder.com

RESUMO: As modelagens realizadas pelo Intergovernmental Panel on Climate Change


(IPCC) a respeito dos efeitos causados pelas mudanças climáticas e a avaliação das tendências
da economia global considerando os efeitos das mesmas, e do potencial de diferentes
abordagens para adaptação a essas mudanças realizada pela equipe liderada por Sir Nicholas
Stern, ex-economista chefe do Banco Mundial indicam cenários catastróficos para grande
parte da população mundial. Ignorar a necessidade de redução de emissões de gases de efeito
estufa torna-se mais onerosa que intervir no cenário atual. O biodiesel posiciona-se como uma
ação brasileira para redução dos níveis de emissões de alguns gases de efeito estufa gerados
por diesel mineral, redução do consumo deste combustível, além de outros benefícios
adicionais ao país como: menor dependência externa, desenvolvimento regional, geração de
empregos, entre outros.

Palavras-Chave: Combustível renovável, relatório stern, efeitos das mudanças climáticas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

73
1 INTRODUÇÃO
O mais recente relatório elaborado pelo Intergovernmental Panel on Climate Change
(IPCC) enfatiza que as emissões de gases de efeito estufa, devido a ações antrópicas, são as
principais causas para as atuais mudanças climáticas e que os efeitos dessas mudanças serão
catastróficos, caso não sejam realizadas as ações necessárias para mitigar as emissões de
gases de efeito estufa.
Visando conhecer as tendências, a médio e longo prazos, da economia global
considerando os efeitos das mudanças climáticas e avaliar o potencial de diferentes
abordagens para adaptação às mudanças, o governo britânico solicitou um relatório a uma
equipe, liderada por Sir Nicholas Stern, ex-economista chefe do Banco Mundial (STERN,
2006).
O relatório Stern prevê que será mais oneroso ignorar os efeitos das mudanças
climáticas (cerca de 20% do PIB mundial) a combatê-los (aproximadamente 1% do PIB
mundial).
O uso do biodiesel é uma maneira de minimizar tais efeitos, uma vez que o biodiesel
apresenta algumas características vantajosas em relação ao óleo diesel de petróleo: não
contém enxofre, é biodegradável e renovável.
Este trabalho tem como objetivo apresentar os cenários modelados considerando os
efeitos das mudanças climáticas, evidenciando a necessidade de políticas mitigadores de
emissões, e discutir a respeito da característica de recurso energético renovável do biodiesel e
da sua contribuição para a mitigação do efeito estufa e para a economia brasileira.

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O relatório STERN, elaborado por uma equipe liderada por Sir Nicholas Stern, ex-
economista chefe do Banco Mundial, foi divulgado em 30 de outubro de 2006 e visa
apresentar a tendência da economia global, considerando os efeitos das mudanças climáticas,
e avaliar o potencial de diferentes abordagens para adaptação às mudanças.
O relatório Stern foi baseado em consulta a partes interessadas e análise de evidências sobre
(STERN, 2006):
9 Implicações sobre a demanda de energia e emissões de prospecções para crescimento
econômico nas próximas décadas, para países desenvolvidos e em desenvolvimento;
9 As conseqüências econômica, social e ambiental das mudanças climáticas em países
desenvolvidos e em desenvolvimento, considerando os riscos de aumento da volatilidade do

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

74
clima e os principais impactos irreversíveis e a interação climática com outros poluentes
atmosféricos;
9 As possíveis ações para adaptações às mudanças climáticas e os custos associados a
elas;
9 Os custos e benefícios das ações para reduzir o balanço líquido global de emissões de
gases de efeito estufa, considerando o potencial impacto dos avanços tecnológicos nos custos
futuros;
9 Os impactos e a efetividade das políticas nacionais e internacionais.
Os impactos causados pelas mudanças climáticas previstos pelas modelagens apresentados
dizem respeito a: acessos à água, produção de alimentos, saúde humana, área disponível e
meio ambiente.
A disponibilidade de água será afetada através da intensificação do ciclo da água. O
aquecimento da superfície terrestre induzirá a uma maior evaporação e, consequentemente,
uma maior intensidade de chuvas, com maior risco de alagamentos. Estiagens e inundações
serão intensificadas. Haverá maior intensidade de chuvas em altas altitudes, menos
intensidade em subtrópicos secos e, provavelmente, mudanças substanciais nas áreas
tropicais.
Em relação à agricultura, a pior das conseqüências dos efeitos das mudanças climáticas
sobre será o aumento do número de pessoas passando fome no mundo, sem capacidade para
produzir ou para comprar alimento suficiente. Aproximadamente 800 milhões de pessoas
passam fome atualmente (~12% da população mundial) e a desnutrição é a causa de cerca de
4 milhões de mortes anualmente. De acordo com as modelagens, um acréscimo de 2 – 3°C
acarretará em um acréscimo de 30 – 200 milhões de pessoas passando fome.
Além da agricultura, as mudanças climáticas irão impactar na pesca também, afetando
aproximadamente 1 bilhão de pessoas que dependem do peixe como principal fonte de
proteína animal. Enquanto o aumento da temperatura dos oceanos pode aumentar a taxa de
crescimento de alguns peixes, pode também ocasionar redução dos nutrientes, limitando o
crescimento. Outros impactos sobre a produção de alimentos são apresentados na tabela
abaixo:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

75
Tabela 1. Conseqüências das mudanças climáticas na produção de alimentos.

Impacto Conseqüências
As mudanças climáticas irão afetar a distribuição e abundância de
espécies, ameaçando a viabilidade de espécies que são essenciais para
produção agrícola sustentável, incluindo polinizadores nativos das
Perda de espécies
plantações e organismos do solo que mantém a produtividade e
essenciais
fertilidade do local. Polinização é essencial para a reprodução de
muitas espécies vegetais e seu valor econômico global tem sido
estimado em $30 - 60 bilhões.
Aumento da Perdas por inundação da produção de milho pode dobrar nos próximos
ocorrência de 30 anos, causando danos adicionais, totalizando uma quantia estimada
inundações em $3 bilhões/ano.
Incêndios em Em 2003, a onda de calor na Europa e a seca produziram severos
florestas e incêndios em Portugal, Espanha e França, resultando em uma perda
plantações total em florestas e plantações de $15 bilhões.
Indução climática A epidemia de vírus Bluetongue na Europa, uma doença devastadora
de epidemias de em ovinos, foi associada ao aumento da resistência do vírus nos
pestes e doenças invernos mais quentes e a disseminação do vetor.
A queima de combustíveis fósseis aumenta a concentração de Óxido de
Nitrogênio na atmosfera, que aumenta os níveis de Ozônio na
superfície na presença da luz solar e do aumento de temperatura.
Ozônio é tóxico para plantas em concentrações superiores a 30 ppb,
Aumento de
mas esses efeitos são raramente inclusos nas previsões futuras. Muitas
Ozônio superficial
áreas rurais no continente Europeu e Centro-oeste dos EUA estão
prevendo um aumento na média de concentrações de Ozônio de cerca
de 20% até a metade do século, mesmo havendo episódios de pico de
declínio.

Fonte: Adaptado de Stern Review: The Economics of Climate Change 2006

Os impactos das mudanças climáticas na saúde humana serão diversos: aumento no


crescimento e na distribuição de vetores transmissores de doenças, aumento de doenças
cardiovasculares, aumento no número de mortos por exposição ao Ozônio troposférico, por

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

76
desnutrição e por stress por calor e diminuição no número de mortes relacionadas ao frio, nas
altas latitudes.
Considera-se também que o ciclo da água, afetado pelas mudanças climáticas, será a
causa de muitos problemas de saúde, além das mortes por afogamento e desidratação. As
estiagens prolongadas causarão incêndios florestais e consequentemente doenças respiratórias
serão agravadas; os alagamentos proporcionarão o crescimento de fungos e a disseminação de
vetores de doenças, como mosquitos.
O nível do mar será aumentado, não só pelo derretimento de geleiras, como também
pelo aumento do número e da força das tempestades, e as áreas costeiras serão
permanentemente inundadas.
Isso causará grande perda de área, de infra-estrutura instalada, indústrias, portos,
refinarias e estações nucleares. Consequentemente, haverá uma grande migração de pessoas
das zonas costeiras. Além disso, o custo para proteger as cidades das inundações será elevado
ao quadrado do atual aproximadamente. A Tabela 2 apresenta um resumo dos efeitos
causados pelas mudanças climáticas.

Tabela 2. Conseqüências das mudanças climáticas no mundo.


Impacto
Aumen s
Produção
to da Área Meio Abrupto
Água de Saúde
Temp. Disponível Ambiente s e de
Alimentos
(°C) Larga
Escala
Pequenas Pelo menos Derretimen Pelo menos
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Andes pessoas geleiras espécies da A
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na
o ano devido a danos às em risco de quente do
1 produção
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de cereais
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nas regiões
ameaçando o ao clima em partes extermínio a esfriar
temperadas
suprimento (predominante do Canadá dos recifes
de água para mente diarréia, e da Rússia de corais,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

77
50 milhões malária e incluindo o
de pessoas desnutrição) Grande
Redução da Recife de
mortalidade no Corais
inverno em
altas latitudes
(Norte
Europeu,
EUA)
Haverá uma Potencial
15-40% das
diminuição Declínio Até 10 derretime
espécies
de 20-30% acentuado milhões de nto
40-60 estarão em
na água na pessoas irreversív
milhões risco de
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em algumas de serão grandes
2 pessoas Alto risco de
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malária na espécies do
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África Ártico,
África e (5-10% na costeiras a aumento
incluindo o
Mediterrâneo África) cada ano do nível
urso polar
) dos
mares

Risco de
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s
abruptas
3 No Sudeste 150-550 1-3 milhões de 1-170 20-50% das na
Europeu, milhões pessoas milhões de espécies circulaçã
ocorrerão adicionais adicionais pessoas estarão em o
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uma vez a passar (no caso de afetadas 60%
cada 10 anos. fome (no baixa pelas mamíferos,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1-4 bilhões caso de fertilização por inundações 30-40%
de pessoas baixa 78
Carbono) costeiras a aves, 15-
sofrerão com fertilização cada ano 70%
enquanto de África) Risco
1-5 milhões A Colapso da crescente
de pessoas produção Floresta de
receberão agrícola Amazônica colapso
mais água, em altas das
correndo o latitudes geleiras
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produtivo
A Risco
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Acima de 80 tundra do
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de 30-50% África e adicionais corrente
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na água por serão quente do
4 adicionais metade das
disponível no completo afetadas Atlântico
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malária na naturais no
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Mediterrâneo outras costeiras a
cumprirão
regiões cada ano
seus
(partes da
objetivos
Austrália)

5 Possível Aumento O aumento


desaparecim continuado do nível
ento de da acidez dos mares
grandes dos ameaçará
geleiras no oceanos pequenas
Himalaia, causando ilhas, áreas
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
afetando 1/4 um sério costeiras
da população colapso no 79 mais
da China e ecossistem baixas e
milhões de e na pesca cidades do
indianos mundo
como Nova
York,
Londres e
Tóquio
>
Haverá grandes catástrofes e a maior migração populacional.
5

Fonte: Adaptado de Stern Review: The Economics of Climate Change 2006

A matriz energética brasileira apresenta-se muito dependente de combustíveis derivados


de petróleo, conforme está representado pela figura abaixo.

Figura 1 - Matriz energética brasileira – 2003.

Outras fontes não-


Derivados Cana-de-açucar renováveis
12,6% 2,5%
P etróleo e Derivados
Lenha e Carvão vegetal
43,1%
11,9%

Hidráulica e
Eletricidade
14,0%
Urânio e Derivados
1,8%
Carvão Mineral e Derivados Gás Natural
6,6% 7,5%

Fonte: Atratividade do Setor Energético, 2004

A utilização de biodiesel altera a configuração da matriz energética brasileira, uma vez


que os processos produtivos de biodiesel mais utilizados no país são de transesterificação pela
rota metílica ou etílica, que utiliza como matérias primas ácidos graxos (óleo vegetal ou
gordura), catalisador (normalmente NaOH ou KOH) (COSTA, 2006).
O biodiesel é um combustível renovável, principalmente quando é produzido pela rota
etílica.
Conforme estudos, o biodiesel apresenta características próximas ao do diesel, conforme
pode ser observado na Tabela 3 abaixo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

80
Tabela 3 - Comparação entre diesel e biodiesel.

Parâmetro Biodiesel Diesel


Viscosidade cinemática
a 40°C 3.7 - 5.8 2.5 - 5.5
mm²/s
Massa específica
8.7 - 8.9 8.2 - 8.6
kg.m³
Mínimo de
Número de Cetano 46 - 70
42
Poder calorífico
superior 39.4 - 41.8 ~ 45
MJ/kg
Enxofre
0.0 - 0.0024 0.0 - 0.2
%

Fonte: Adaptado de O Biodiesel – Instituto de Tecnologia do Paraná, 2004

As características “viscosidade cinemática” e “poder calorífico” interferem diretamente


no consumo de combustível. Há redução de consumo de combustível em misturas na
proporção de até 50% de biodiesel devido à maior lubricidade desse combustível. Acima
dessa proporção, o consumo aumenta, uma vez que o biodiesel apresenta menor poder
calorífico. Algumas das vantagens da utilização do biodiesel são apresentadas na figura
abaixo:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

81
Figura 2 - Vantagens do biodiesel em relação ao diesel de petróleo.

Fonte: DABDOUB, 2003

O Brasil oficializou o uso de biodiesel com a Lei nº. 11.097, de 13 de janeiro de 2005,
que permite a adição de um percentual mínimo de biodiesel ao óleo diesel mineral
comercializado, em qualquer parte do território nacional. Esse percentual obrigatório será de
2% a partir de 2008 e 5% a partir de 2013.

4 CONCLUSÃO
O uso do biodiesel etílico em sua forma pura como combustível seria um combustível
totalmente nacional e 100% renovável. O uso do biodiesel na sua forma pura diminui a
emissão de dióxido de carbono em 46%, de fumaça preta em 68%, de Enxofre em 100% e de
hidrocarbonetos não queimados em 36%. Deve-se considerar também que a utilização do
biodiesel em misturas com o diesel de petróleo já apresenta melhorias significativas em
relação às emissões citadas acima.
A adoção desse combustível em escala nacional também trará benefícios econômicos,
como menor dependência externa, desenvolvimento regional, geração de empregos, menor
êxodo rural, desenvolvimento da agricultura familiar e implantação de novas indústrias.
É necessário considerar os vazamentos, emissões indiretas de gases de efeito estufa
durante o processo produtivo, na cadeia de produção e consumo de biodiesel. Porém, mesmo

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

82
considerando os vazamentos, é inevitável concluir que a produção e o consumo de biodiesel
seja uma política necessária para minimizar as condições que aumentam o efeito estufa.
Dentro do contexto do Relatório Stern, o Brasil já está tomando a iniciativa ao
promulgar uma lei ( Lei nº. 11.097, de 13 de janeiro de 2005) para uso obrigatório do
biodiesel em mistura ao óleo diesel de petróleo.
Porém, dada a criticidade dos cenários previstos e a capacidade brasileira, tanto
tecnológica como de produção de óleo vegetal ou gordura animal, o Brasil poderia utilizar-se
de políticas mais agressivas em relação ao uso de biodiesel e de desoneração de impostos para
a produção do mesmo, uma vez que o biodiesel brasileiro ainda é mais caro do que o diesel
comum.
Deve-se atentar também a possibilidade de que o incremento da área plantada com
oleaginosas podem invadir florestas tropicais, diminuindo assim o seqüestro de Carbono pelas
florestas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Atratividade do Setor Energético, 2004 – Disponível em:
http://www.ebape.fgv.br/novidades/pdf/D02P01A01.ppt. Acessado em 29/05/2007

Brasil. Lei Nº 11.097 de 13/01/2005. Dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz


energética brasileira; altera as Leis nºs 9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.847, de 26 de outubro
de 1999 e 10.636, de 30 de dezembro de 2002; e dá outras providências.

COSTA, J. B.; OLIVEIRA, S. M. M. Produção de Biodiesel, 2006 – Instituto de Tecnologia


do Paraná

DABDOUB, M.J. Por Um Biodiesel Com Identidade Brasileira, 2003 – Disponível em:
www.camara.gov.br/internet/comissao/index/perm/capr/CAPR_BIOUSP.pdf . Acessado em:
25/05/2007

Instituto de Tecnologia do Paraná. O Biodiesel, 2004, ed 003 – Disponível em:


www.tecpar.br/cerbio/biodiesel/Ed_003.pdf. Acessado em: 30/04/2007

STERN, N. Stern Review: The Economics of Climate Change 2006 – Disponível em:
http://www.hm-
treasury.gov.uk/independent_reviews/stern_review_economics_climate_change/stern_review
_report.cfm. Acessado em: 26/04/2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

83
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS DUAS ESPÉCIES DE
ANDIROBA (Carapa procera D.C. e Carapa guianensis Aubl.) EM PLANTIO
NA AMAZÔNIA CENTRAL

Andreza Pereira Mendonça, INPA, ap_mendonca@click21.com.br


João Baptista Silva Ferraz, INPA, jerraz@inpa.gov.br
Rita Morgana Souza de Melo, INPA, morganas_melo@yahoo.com.br
Tatiane da Silva Reis, INPA, tatis_reis@hotmail.com

RESUMO: Nas regiões tropicais úmidas a manutenção da cobertura florestal assim como a
restauração de áreas degradadas são pré-requisitos para se atingir a sustentabilidade ecológica.
Os programas de recuperação de áreas degradadas têm buscado explorar o potencial de
espécies florestais nativas, o que permite também a utilização de espécies para produção de
produtos florestais não madeireiros. Entre as espécies florestais no Amazonas que vem sendo
empregadas na formação de plantios encontra-se a andiroba. O nome andiroba é atribuído a
duas espécies: Carapa guianensis Aubl. E Carapa procera D. C.. Ambas as espécies são de uso
múltiplo, devido à madeira e ao óleo extraído de suas sementes de larga aplicação nas
indústrias de cosméticos e fitoterápicos. O objetivo do trabalho foi avaliar o estado nutricional
das duas espécies de andiroba na Amazônia Central. Foram coletadas, trimestralmente no
período de um ano, 40 folhas recém-adultas (20 da C. Procera e 20 da C. Guianensis) do terço
superior da copa das árvores de andiroba da Fazenda Santa Cláudia (Presidente Figueiredo-
AM). Os resultados apontaram que as duas espécies de andiroba apresentaram deficiências
nutricionais revelados pelos baixos teores de K, P, Fe e Mn. Tais deficiências, possivelmente,
estão relacionados a forte competição inter-específica com o quicuio da Amazônia (Brachiaria
humidicula (Rendle) Schweickerdt). Roçagens da vegetação secundária ou substituição desta
por leguminosas para a cobertura do solo e adubação verde poderiam contribuir para a
redução das deficiências nutricionais observadas e ainda possibilitar um melhor
desenvolvimento das árvores.

Palavras-Chave: Carapa procera D.C., Carapa guianensis Aubl., restauração de áreas


degradadas, uso múltiplo, plantios florestais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

84
1 INTRODUÇÃO
As formas predominantes de uso dos recursos naturais na Amazônia normalmente
geram trágicas conseqüências para o ambiente, como, a extração ilegal de madeira, a
agricultura intinerante, a pastagem ou ainda a mineração. Além disso, não geram renda a
longo prazo para as populações (Uhl et al.; 1988). Independente da escolha de uma dessas
opções de uso da terra, o resultado final é normalmente o mesmo: áreas extensas convertidas
em ambientes ecologicamente degradados e economicamente empobrecidos (Velho, 1972;
Barbira-Schzzochio, 1980). À medida em que recursos e oportunidades econômicas
escasseiam, as populações rurais pobres são compelidas a migrarem para novas zonas de
fronteiras, onde o ciclo de degradação ambiental recomeça, mantendo assim um ciclo de
insustentabilidade sócio-ambiental (Anderson & Ioris, 2001).
Atualmente, nas regiões tropicais úmidas, a manutenção da cobertura florestal, assim
como a restauração de áreas degradadas, são pré-requisitos para se atingir a sustentabilidade
ecológica (Goodland, 1980). Os programas de revegetação de ecossistemas degradados têm
buscado explorar o potencial de espécies nativas, supostamente mais bem adaptadas às
condições edafoclimáticas, o que facilita o restabelecimento do equilíbrio entre a fauna e a
flora (Moraes Neto et al.; 2000).
Entre as espécies florestais no Amazonas que vem sendo empregadas na formação de
plantios encontra-se a andiroba. O nome andiroba é atribuído a duas espécies: Carapa
guianensis Aubl., com ocorrência em toda a bacia Amazônica, preferencialmente em
ambiente de várzea e Carapa procera D.C., que é mais restrita a algumas áreas na Amazônia,
porém ocorre também na África (Ferraz et al., 2002). Ambas espécies são de uso múltiplo,
devido à madeira e ao óleo extraído de suas sementes.
O plantio de andiroba em aberto tem potencial para produção de sementes e de
madeira e, cultivada em áreas de enriquecimento na sombra, destina-se mais para produção de
madeira (Volpato et al.; 1972). Deve-se considerar que plantio em grande escala pode ser
limitado, pois as gemas terminais da andiroba são susceptíveis ao ataque da broca do ponteiro
(Hypsipyla grandella).
Deve-se ressaltar que a produção sustentável de plantios florestais, a longo prazo,
depende de práticas de manejo que visam manter a diversidade biológica e a conservação de
estoques de nutrientes e, conseqüentemente, assegurem uma relação positiva entre solo-
planta.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

85
Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o estado nutricional das duas espécies
de andiroba na Amazônia Central.

2 MATERIAL E MÉTODOS
A área do plantio situa-se na Fazenda Santa Cláudia, no município de Presidente
Figueiredo, rodovia BR-174, km 109 entre as coordenadas 2º 05’53’’ latitude Sul e 60º
01’46” longitude Oeste.
A região do município de Presidente Figueiredo apresenta clima do tipo Af, segundo a
classificação de Köppen (1948). A umidade relativa do ar apresenta valores sempre acima de
80%. A precipitação média anual (1985-2002) foi de 2594 mm (CPRM, 2003).
A área do plantio foi recoberta por floresta primária até 1983, quando foi realizada a
derrubada manual (motoserra). No ano seguinte foi estabelecida uma pastagem, com quicuio
da Amazônia (Brachiaria humidicula (Rendle) Schweicherdt), de aproximadamente 80 ha,
pastejada por cerca de 120 bovinos por 8 anos (com.pes. C. Cabral, 2000).
No início de 1993 foi plantado guaraná adensado (espaçamento: 3 x 3m) e em 1995 as
plantas de guaraná estavam morrendo, devido à competição com o quicuio da Amazônia, a
compactação do solo e o acúmulo de água nas covas; também foi observado o apodrecimento
das raízes. A área do plantio foi abandonada. Em 1997 a área foi roçada com foice e facão e
queimada a parte mais baixa, dominada pelo lacre. Em seguida, a área foi abandonada até
janeiro de 2000.
Em 2000, foi preparada para o plantio florestal, utilizando-se um trator de esteira (D6)
com lâmina, para retirar a vegetação secundária e amontoá-la em leiras. Em seguida, foi
realizada a aração (com arado de 4 discos, profundidade 20-25 cm) e gradagem em metade da
área do experimento. No restante da área não foi feito o preparo do solo. Foram plantadas as
seguintes espécies nativas: pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav. Ex Lamb. Urb.), cumaru
verdadeiro (Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.), cajuí (Anacardium spruceanum Benth. Ex
Engl.), pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke), mogno (Swietenia macrophylla King.) e cedro
(Cedrela odorata L.). As mudas vieram em sacos plásticos (volume: 1000 cm3) do viveiro da
Estação Experimental de Silvicultura Tropical do INPA (Barbosa et al, 2002). Durante o
primeiro ano de plantio, as mudas de pau-de-balsa, cumaru verdadeiro e cajuí sofreram
herbivoria por caprinos e as outras espécies foram forrageadas.
Após a remoção dos animais foi realizado um novo plantio, em fevereiro de 2001.
Foram utilizadas as seguintes espécies: pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav. Ex Lamb.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

86
Urb.), cumaru verdadeiro (Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.), mogno (Swietenia macrophylla
King.), andiroba (Carapa guianensis Aubl. e Carapa procera D.C.), jatobá (Hymenaea
courbaril L.) e cedro (Cedrela odorata L.). As sementes e mudas foram provenientes da
EEST. As mudas de andiroba foram plantadas com seis meses e aproximadamente 30 cm de
altura.
A área dos plantios foi preparada a partir de janeiro de 2001, perfazendo um total de
12 hectares. Metade dessa área foi arada (trator com arado de quatro discos, profundidade de
20-25 cm), e gradeada (grade de 8 discos lisos e 8 discos dentados, profundidade de 10-15
cm). Em abril de 2001, foram feitos os plantios, no espaçamento 3 x 3 m. As covas foram
abertas com perfurador de solo acoplado ao trator agrícola, nas dimensões de 20 cm de
diâmetro por 30 cm de profundidade (Barbosa et al., 2002).
Na ocasião do plantio foi realizada uma adubação mineral com 150 g/cova de Fosmag
(4:16:8) e 50g de calcário dolomítico, na proporção 3:1 (Barbosa et al., 2002). O plantio de
andiroba tem uma área de 2592 m2, as árvores foram plantadas na direção N-S. Em cada linha
foram plantadas 25 árvores, perfazendo um total de 375 árvores na parcela. (Figura 1).

C. procera
Mapa de localização das espécies de andiroba no plantio da Fazenda Sta. Claúdia - 2005
C. guianensis
Mortas
72
69
66
63
60
57
54
51
48
45
42
39
36

33
30
27
24
21
18
15
12
9
6
3
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42

Figura 1 – Mapa de localização das espécies de andiroba (Carapa procera D.C. e Carapa
guianensis Aubl.) no plantio da Fazenda Santa Cláudia (2.592 m2), espaçamento entre árvores
3 x 3 m, totalizando 375 árvores, levantamento de 2005.

Foram coletadas 40 amostras foliares de andiroba (Carapa guianensis Aubl. (n=20) e


Carapa procera D.C.(n=20)). Em cada árvore selecionada foram coletadas as folhas recém-
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

87
adultas do lançamento mais novo, no terço superior da copa (Reuter et al., 1997; Carmo et al.,
1998; Boaretto et al., 1999).
As folhas recém-maduras são os órgãos que melhor representam o estado nutricional
da planta, pois são os centros dos processos metabólicos e refletem bem a composição e as
mudanças na nutrição (Boaretto et al., 1999).
As folhas das árvores amostradas foram coletadas com o auxílio de um podão e
tesoura de poda, acondicionadas em sacos de papel identificados e levadas, no mesmo dia, ao
Laboratório Temático de Solos e Plantas do INPA. Em seguida, foram colocadas para secar
em estufa com ventilação forçada, com temperatura controlada entre 60-65ºC até atingirem
peso constante (Anderson & Ingran, 1989; Carmo et al., 1998; Miyazawa et al., 1999). Após a
secagem, as folhas foram moídas em moinho de faca – SIEMENS MC 23 - e armazenadas em
frascos de polietileno para as análises de macro e micro-nutrientes conforme a metodologia da
EMBRAPA (1999).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores de potássio encontrados nos tecidos foliares normais (sadios) variam entre 10
a 40 g kg-1, para a maioria das plantas (Mengel & Kirby, 1982; Brady & Weil, 1999). Os
teores de potássio das duas espécies de andiroba variaram 3,4 a 5,1 g kg-1 (Figura 2).

C. guianensis
6,0
C. procera
5,0

4,0
K (g/kg)

3,0

2,0

1,0

0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
Meses (anos 2005-2006)

Figura 2 - Teores foliares médios de potássio em 40 árvores de andiroba (20 C. guianensis e


20 C. procera) no plantio da Fazenda Santa Cláudia, Presidente Figueiredo-AM.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

88
Esses resultados confirmam a diagnose visual de deficiência de potássio durante as
coletas, onde as árvores das duas espécies apresentaram manchas avermelhadas, no ápice e
nas bordas das folhas mais velhas (Figura 3).
O potássio é um elemento muito móvel dentro da planta, sendo translocado dos tecidos
mais velhos para os mais jovens e, quando ocorrem sintomas de deficiência, estes aparecem
primeiro nas folhas mais velhas (Mengel & Kirby, 1982; Brady & Weil, 1999). Esses mesmos
sintomas visuais também foram observados em plantios de andiroba (C. guianensis) na
mesma localidade por Green (2004).
A deficiência de potássio não revela imediatamente sintomas visíveis, ocorre uma
redução nas taxas de crescimento (fome oculta) (Mengel & Kirby, 1982; Raij, 1991;
Marschner, 1995). Em geral, quando há deficiência de potássio, nos ápices e bordas das folhas
adultas (velhas) ocorre clorose e necrose, aparentando que as bordas destas foram queimadas
(Brady & Weil, 1999).

Figura 3 – Diagnose visual de deficiência nutricional nas duas espécies de andiroba no plantio
da Fazenda Santa Cláudia, Presidente Figueiredo –AM.

Os teores de fósforo nas árvores do plantio de andiroba (Figura 4) foram muito baixos
(0,4 a 1,0 g kg-1). Considera-se como deficiência de P, teores foliares inferiores a 2 g kg-1. A
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

89
deficiência de fósforo implica em atraso no crescimento e baixa produção de flores, frutos e
sementes, redução generalizada de muitos processos metabólicos, incluindo divisão e
expansão celular, respiração e fotossíntese. Nos sintomas visuais de deficiência pode aparecer
uma coloração púrpura ao longo das folhas com necrose nas margens (Mengel & Kirkby,
1982; Marschner, 1995; Mills & Jones Jr.; 1996).
Estudo semelhante realizado por Green (2004) na Fazenda Santa Cláudia com árvores
de C.guianensis apontou baixos teores de fósforo (0,67 a 0,81g kg-1).

1,2 C. guianensis
C. procera
1,0

0,8
P (g/kg)

0,6

0,4

0,2

0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
Meses (anos 2005-2006)

Figura 4 - Teores foliares médios de fósforo em 40 árvores de andiroba (20 C. guianensis e 20


C. procera) no plantio da Fazenda Santa Cláudia, Presidente Figueiredo-AM.

Os teores foliares de cálcio entre 3,0 a 12,0 g kg-1 são considerados adequados para as
essências florestais (Malavolta et al.; 1997). Os teores de cálcio nas árvores de andiroba das
duas espécies de andiroba variaram de 5,4 a 11,3 g kg-1 (Figura 5). Green (2004) observou na
mesma área com plantio de C. guianensis teores médios de cálcio na época chuvosa de 6,68 g
kg-1 e na época seca de 8,39 g kg-1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

90
C. guianensis
12,0
C. procera
10,0

8,0

Ca (g/kg)
6,0

4,0

2,0

0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
m eses (anos 2005-2006)

Figura 5 - Teores foliares médios de cálcio em 40 árvores de andiroba (20 C. guianensis e 20


C. procera) no plantio da Fazenda Santa Cláudia, Presidente Figueiredo-AM.

O cálcio é fundamental para a permeabilidade das membranas e manutenção da


integridade celular, sendo requerido para a divisão e expansão das células (Mengel & Kirkby,
1982). A insolubilidade dos compostos de cálcio da planta e sua localização na célula
explicam em parte a falta de redistribuição em condições de deficiência, o que provoca o
aparecimento de sintomas de carência em órgãos ou partes mais novas (Malavolta, 1980).
Os teores de magnésio entre 1,5 a 5,0 g kg-1 são considerados adequados para as
essências florestais (Malavolta et al.; 1997). Os teores de magnésio nas árvores de andiroba
variaram de 2,2 g k g-1 a 4,4 g kg-1 (Figura 6). Resultados semelhantes foram observados por
Green (2004) nas folhas recém-adultas da C. guianensis (época chuvosa 2,03 g kg-1 e de 2,57
g kg-1 na época seca). Ao contrário do cálcio, o magnésio é facilmente translocado para as
regiões de crescimento ativo. Como conseqüência, os sintomas de deficiência aparecem nas
folhas maduras progredindo em direção às folhas mais novas (Epstein, 1975; Bould et
al.;1983).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

91
C. guianensis
5,0
C. procera

4,0

3,0
Mg (g/kg)

2,0

1,0

0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
m eses (anos 2005-2006)

Figura 6 - Teores foliares médios de magnésio em 40 árvores de andiroba (20 C. guianensis e


20 C. procera) no plantio da Fazenda Santa Cláudia, Presidente Figueiredo-AM.

Os teores de ferro na faixa de 50 a 75 mg kg-1 são considerados suficientes para a


maioria das plantas (Mills & Jones Jr.; 1996). Os teores de ferro para as duas espécies de
andiroba sugerem deficiência após a primeira coleta (Figura 7). Green (2004) também
observou deficiência foliar de ferro da C. guianensis nas estações chuvosa e seca, cujos teores
médios foram, respectivamente, de 74 mg kg-1 e 24 mg kg-1.
A deficiência de ferro é similar à deficiência de magnésio, inicia-se nas folhas mais
novas, com clorose internerval e um fino padrão reticulado freqüentemente observado nas
folhas novas, as nervuras verdes escuras contrastando com superfície de cor verde brilhante
ou amarelado das folhas, e as folhas mais novas podem ficar completamente esbranquiçadas e
sem clorofila (Mengel & Kirkby, 1982). Essas variações nos teores de ferro podem ser
influenciadas pela presença de outros cátions na solução do solo (Mengel & Kirkby, 1982),
pois a absorção de ferro sofre efeito competitivo com a presença de outros cátions como
Mn+2, Mg+2, Ca+2, K+ e Zn+2 (Lingle et al.; 1963 apud Marschner, 1995).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

92
140,0 C. guianensis
C. procera
120,0

100,0

Fe (mg/kg)
80,0

60,0

40,0

20,0

0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
Meses (anos 2005-2006)

Figura 7 - Teores foliares médios de ferro em 40 árvores de andiroba (20 C. guianensis e 20


C. procera) no plantio da Fazenda Santa Cláudia, Presidente Figueiredo-AM.

Os teores de manganês entre 10 a 50 mg kg-1 são considerados suficientes para


essências florestais (Mills & Jones Jr.; 1996). Os teores foliares das duas espécies de andiroba
apontaram deficiência de manganês (Figura 8). De modo geral, há pequena redistribuição do
manganês dentro da planta, sendo pouca a quantidade desse nutriente translocada das folhas
velhas para as novas, em desenvolvimento onde o nutriente é deficiente (Malavolta, 1980).
Malavolta et al. (1997) ressalta também que os teores foliares de manganês para as essências
florestais são muito variáveis, podendo ser de 4 mg kg-1 para araucária e de 100-600 mg kg-1
para eucalipto.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

93
60,0 C. guianensis
C. procera
50,0

40,0

Mn (mg/kg)
30,0

20,0

10,0

0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
Meses (anos 2005-2006)

Figura 8 - Teores foliares médios de manganês em 40 árvores de andiroba (20 C. guianensis e


20 C. procera) no plantio da Fazenda Santa Cláudia, Presidente Figueiredo-AM.

Tanto neste estudo como no realizado por Green (2004) foram observadas deficiências
nutricionais das árvores de andiroba, possivelmente resultado da alta competição inter-
específica entre as andirobas e o quicuio-da-Amazônia (Brachiaria humidicula (Rendle)
Schweickerdt), o que influenciaram no desenvolvimento das espécies. Diante do exposto,
observa-se a necessidade de um manejo do plantio, a fim de melhorar o estado nutricional das
andirobas e, conseqüentemente, assegurar um melhor desenvolvimento biométrico das árvores
bem como uma produção de sementes futura.

4 CONCLUSÕES
As duas espécies de andiroba apresentaram deficiências nutricionais. Provavelmente são
resultados do histórico de uso da terra que levaram a degradação dos solos na área do plantio.
Também, a concorrência causada pela intensa cobertura da vegetação secundária (quicuio) na
área do plantio, deve ter contribuído para os baixos teores de nutrientes foliares nas andirobas.
Roçagens da vegetação secundária mais freqüentes, ou a substituição desta por
leguminosas para a cobertura do solo e adubação verde, poderiam contribuir para a redução
das deficiências nutricionais observadas.

5 AGRADECIMENTOS:

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Pelas bolsas concedidas às autoras (CNPq: Edital Nº 032/2005; Nº 553314/2005-0) e a
FAPEAM (Programa de Apoio a Participação em Eventos Científicos e Tecnológicos - PAPE
Edital Nº 023/2006).

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

97
POSSIBILIDADES PARA O BIODIESEL: ANÁLISE DA EFICIÊNCIA NA
PRODUÇÃO DE ALGODÃO, AMENDOIM E SOJA NAS REGIONAIS DE
DESENVOLVIMENTO RURAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Renata Martins, IEA, renata@iea.sp.gov.br


Soraia de Fátima Ramos, IEA, soraia@iea.sp.gov.br
Sérgio Alves Torquato, IEA, storquato@iea.sp.gov.br

RESUMO: O futuro próximo acena para a possibilidade de grandes mudanças na fabricação


e utilização do biodiesel pelo Brasil. Nesta perspectiva e considerando a dimensão espacial do
território brasileiro e sua grande variação edafoclimática, há na diversidade regional,
possibilidades de produção do combustível a partir do aproveitamento de inúmeras fontes de
matérias-primas. No estado de São Paulo encontram-se, também, diversas opções de matérias-
primas decorrentes da multiplicidade de arranjos espaciais de sistemas de produção agrícola.
Este estudo analisou a eficiência relativa das regiões paulistas, representadas pelos Escritórios
de Desenvolvimento Rural (EDR´s) que produziram na safra 2005/06 algodão, soja e
amendoim, visando apontar algumas considerações relacionadas aos desdobramentos do
consumo e produção de biodiesel no estado. Para tanto, utilizou-se a Análise Envoltória de
Dados (DEA), procurando as unidades eficientes que podem servir de referência, auxiliando
na tomada de decisão. Os resultados a partir de duas especificações apontaram as EDR`s
Araçatuba, Dracena, Jaboticabal, Lins e Tupã, como as mais eficientes e Catanduva, Jales,
Presidente Venceslau dentre as EDR de menor eficiência.

Palavras-Chave: Algodão, soja, amendoim, biodiesel, análise envoltória de dados.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

98
1 INTRODUÇÃO
O Brasil têm em sua matriz energética 44,9% de energia renovável, segundo o Balanço
Energético Nacional (BEN) - dados de 2006. O biodiesel no BEN está inserido em outras
fontes renováveis, participando ainda com uma pequena parcela representada por 3,0% do
total da OIE - Oferta Interna de Energia. Entretanto, há um potencial de crescimento, o que
poderá minimizar a dependência do país em relação aos combustíveis fósseis.
O futuro próximo acena para a possibilidade de haver grandes mudanças na fabricação
e utilização de biodiesel pelo Brasil. A expectativa é que o país seja um dos principais
produtores e consumidores de biocombustíveis do mundo. Há indícios de que isto significaria
a diminuição da emissão de gases de efeito estufa e, conseqüentemente, permitiria o uso do
petróleo e seus derivados para outros fins, salientando que a produção de biodiesel deverá ser
feita a partir de uma visão ecológica, ou seja, como a produção encaixada no ambiente natural
e social e assim trazer benefícios à sociedade e ao planeta (CAPRA, 1996).
A renovação da matriz energética tem como instrumento legal a obrigatoriedade,
estabelecida pelo governo brasileiro, de uma percentagem mínima de 5% do uso do biodiesel
em substituição ao diesel comum. A proporção do volume do óleo de biodiesel na composição
final do combustível é expressa no tipo do combustível. O tipo B2, por exemplo, possui 2%
de biodiesel misturado ao diesel de petróleo, já o B5 possui 5%, e assim por diante até chegar
ao B100, o biodiesel puro.
De acordo com a legislação que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz
energética brasileira (Lei nº 11.097, de 13/01/05), o biodiesel é definido como
“biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna
com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de
energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil”. Consta
ainda, no Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, ser “um combustível
biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido por diferentes processos
tais como o craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação. Pode ser produzido a
partir de gorduras animais ou de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no
Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu,
amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras”.
Nesta perspectiva, e considerando-se a dimensão espacial, o Brasil possui um enorme
potencial para a produção do biodiesel é dada a grande variação edafoclimática e agrícola em
seu território. Esta diversidade regional permite a fabricação do novo combustível a partir do

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

99
aproveitamento de inúmeras fontes de matérias-primas produzidas em todo o país. No caso do
estado de São Paulo há, também pelas mesmas razões, inúmeras possibilidades de
aproveitamento de fontes de matérias-primas decorrente da multiplicidade de arranjos
espaciais de sistemas de produção agrícola.
No entanto, alguns setores de movimentos sociais e ambientalistas são críticos severos
em relação à nova tecnologia em pauta (PINTO e MENDONÇA, 2007). Apontam com dados
alarmantes os possíveis aumentos de desmatamentos, a expansão de monoculturas e de todos
os problemas decorrentes como: a perda da biodiversidade, os prejuízos em relação à
soberania alimentar, a elevação dos índices de poluição provocados pelo aumento do uso de
insumos químicos nas lavouras e uma maior vulnerabilidade do pequeno produtor. Outro
questionamento diz respeito a quem está realmente apto a fabricar e comercializar o biodiesel,
conforme a Instrução Normativa nº 516 de 22/02/05, a Lei n º 11.116 de 18/05/2005 e a
Portaria n º 483, de 03/10/05. O papel central que deve ter a ANP (Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), órgão do Ministério de Minas e Energia, em
fiscalizar de forma criteriosa as atividades relacionadas à produção, importação, exportação,
armazenagem, estocagem, distribuição, revenda e comercialização e certificação do biodiesel
(Lei nº 11.097, 13/01/05).
Destaca-se que é de suma importância a participação do poder público no controle da
produção e uso de fontes energéticas alternativas, como o biodiesel, tendo-se em vista
alcançar uma realidade de desenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental,
econômico e social. No tocante ao aspecto social, é preciso fazer valer o inciso 4º da citada
Lei 11.097, a qual determina que a fabricação do biodiesel seja realizada, preferencialmente, a
partir de matérias-primas produzidas por agricultor familiar. E, neste sentido, a criação pelo
governo federal do “Selo Combustível Social” (Decreto n º 5.297 de 06/12/04 e Instrução
Normativa nº 1 de 05/07/05) pode ser um importante instrumento que garanta de fato tanto a
descentralização do desenvolvimento regional como a inclusão social, a partir da geração de
emprego e renda aos agricultores familiares. Para isto é fundamental o cumprimento da lei
que determina no contrato de compra e venda, a prestação de serviços e a capacitação técnica
por parte do produtor de biodiesel a todos os agricultores familiares, fornecedores das
matérias-primas às usinas de fabricação de biodiesel.
Portanto, este estudo vem somar-se às pesquisas voltadas à dinamização da capacidade
produtiva e da disponibilidade de matéria-prima para fabricação do biodiesel. A análise da
eficiência relativa das regiões paulistas na produção de óleos de soja, algodão e amendoim
pretende contribuir com os trabalhos que buscam examinar as possibilidades de aumento da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

100
geração deste combustível. Tal fato poderá facilitar a adesão ao uso do biodiesel pelo
mercado, trazendo prováveis benefícios tanto para a sociedade como para o meio ambiente e,
deste modo, atender a legislação federal que torna obrigatório, gradualmente, a introdução do
biodiesel na fabricação de combustível no país. A Resolução n º 3, de 23/09/05, coloca ao
CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) a tarefa de propor políticas relacionadas ao
aproveitamento racional dos recursos energéticos em solo brasileiro e, portanto, acompanhar a
eficácia das metas propostas com base em um desenvolvimento territorial e social mais justo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
A abordagem por Análise de Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis –
DEA) é um método de construção de fronteiras de produção desenvolvida por Charnes et al.
(1978) e utilizada para determinar a eficiência de unidades de produção ou unidades
tomadoras de decisão (Decision Making Unit - DMU´s), a partir da programação linear
incorporando diversos insumos (inputs) e produtos (outputs).
A eficiência relativa de uma determinada DMU é obtida pela distância de cada ponto até
a fronteira (VICENTE e MARTINS, 2006), comparada com outras DMU´s que realizam
tarefas similares e se diferenciam nas quantidades de inputs que consomem e de outputs que
produzem (MELLO et al. 2003). Um modelo DEA insumo-orientado define a fronteira a
partir da máxima redução proporcional no uso dos insumos mantendo constante o nível de
produto de cada observação; um modelo DEA produto-orientado define a fronteira
procurando o máximo de produto que poderia ser obtido, mantendo constante o nível de
insumos de cada observação.
Para este estudo optou-se pelo DEA modelo CCR que assume retornos constantes à
escala, isto é, qualquer variação nos inputs produz variação proporcional nos outputs; a partir
do insumo orientado que procura a máxima redução possível nos insumos, mantendo o
mesmo nível de produto.
É freqüente a ocorrência de empates para as unidades 100% eficientes, ocorrendo baixa
discriminação entre as DMU´s; nesses casos adota-se o cálculo de fronteiras invertidas,
efetuando a troca entre insumo e produto no modelo original, formando fronteiras a partir das
DMU´s com piores desempenhos (VICENTE e MARTINS, 2006), sendo os índices de
eficiência obtidos a partir de médias aritméticas entre os resultados das fronteiras clássica e
invertida (MELLO et al., 2005).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

101
Foram trabalhadas duas especificações, com informações primárias coletadas junto ao
banco de dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA): a primeira considerou como insumo
a terra, calculado com base nos preços de arrendamento de terra em dinheiro e na área
plantada com cada cultura na safra 2005/2006, ambos referentes a cada uma das 40 EDR´s. O
produto corresponde ao valor da produção de cada cultura e para cada EDR, calculado a partir
do total produzido e da média dos preços recebidos pelos produtores no estado de São Paulo.
A segunda especificação considerou como insumo o custo de produção por hectare e a
área total plantada com cada lavoura em cada uma das EDR´s. Como produto utilizou-se mais
uma vez o valor da produção para cada EDR e lavouras correspondentes, a partir do total
produzido e dos preços médios recebidos pelo produtor.
Para ambas especificações trabalhou-se com um insumo e um produto, a partir do
modelo CCR buscou as DMU´s mais eficientes em uma determinada lavoura, ou seja, a EDR
mais eficiente entre as que plantaram algodão, seguindo o mesmo procedimento para as
lavouras de amendoim e soja.
Posteriormente, dentre as 40 DMU´s foram selecionadas as que produziram pelo menos
uma das três lavouras em estudo; em seguida optou-se por selecionar as DMU´s que
plantaram pelo menos duas e as que plantaram as três lavouras em análise. Para as três
situações foi utilizada a somatória dos insumos e dos produtos referentes a cada EDR e a cada
lavoura. E dessa maneira, procurou-se identificar as regiões de maior eficiência econômica na
produção das três lavouras.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na intenção de melhor conduzir a análise, considerou-se importante posicionar as EDR´s
em relação à produção, área plantada e produtividade, buscando evidenciar o comportamento dessas
variáveis nas principais regiões produtoras de cada uma das lavouras em avaliação neste estudo.
Desta forma, a seguir são apresentadas algumas evidências necessárias para compreender a
participação de cada EDR´s na produção total do estado de São Paulo.
As principais EDR´s produtoras de algodão na safra 2005/06 foram Avaré, Fernandópolis,
Votuporanga, Presidente Venceslau, Jales, Limeira, Orlândia, Presidente Prudente e Andradina,
juntas representam 73% da área total plantada e 72% da produção total do estado de São Paulo. Por
outro lado, as EDR´s de menor participação na área plantada de algodão eram Assis, Bauru,
Catanduva, Franca, Jaboticabal, Jaú, Lins, Piracicaba e Tupã. As maiores produtividades foram

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

102
encontradas nas EDR´s de Araraquara, Avaré, Franca, Itapeva, Mogi Mirim, Orlândia e Piracicaba,
em média 32% superiores à média de 166@/ha registrada para todo o estado.
Para o amendoim, as EDR´s paulistas que mais se destacaram no plantio e na produção
foram Assis, Catanduva, Dracena, Jaboticabal, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Tupã,
juntas responderam por cerca de 80% da área total plantada e da produção paulista de amendoim,
sendo Botucatu, Bragança Paulista, Fernandópolis, Itapeva, Jales, São João da Boa Vista e
Sorocaba, as EDR´s que menos contribuíram na safra 2005/06. Nesta mesma safra a produtividade
média atingiu 104 sacos (25 kg)/ha e pode-se observar que as EDR´s de Andradina, Barretos,
General Salgado, Jaboticabal, Jaú, Lins, Orlândia, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São João da
Boa Vista, apresentaram produtividade acima dessa média.
As EDR´s de Assis, Barretos, Itapeva, Orlândia, Ourinhos e Presidente Prudente juntas
representavam em torno de 74% da área plantada e produção total de soja no Estado de São Paulo.
A produtividade média foi de 38 sacas (60 kg)/ha, sendo que as seguintes EDR´s registraram
valores acima dessa média: Araçatuba, Araraquara, Bauru, Botucatu, Campinas, Catanduva,
Fernandópolis, Franca, General Salgado, Itapetininga, Itapeva, Jales, Jaú, Limeira, Marília, Mogi
Mirim, Ourinhos, Pindamonhangaba, Piracicaba, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto,
Tupã e Votuporanga; por outro lado, as menores produtividades foram encontradas nas EDR´s de
São José do Rio Preto e Presidente Venceslau.
Para trabalhar as especificações propostas, os insumos e produtos foram calculados para
cada uma das 40 EDR´s, a partir dos dados referentes à área plantada, produção, preços médios para
arrendamento de terras; custo de produção e preços médios recebidos pelos produtores (Tabela 1).
Nota-se a existência de EDR´s que não produziram nenhuma das 3 lavouras em análise, como por
exemplo Guaratinguetá e de outras que produziram apenas uma ou duas, como Itapetininga e Avaré,
bem como as que possuíam as três, como Assis.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

103
Tabela 1 - Insumos e Produtos de cada unidade produtora.

Insumos Produtos

DMU´s Algodão Amendoim Soja Algodão Amendoim Soja

Terra Custo Terra Custo Terra Custo VP VP VP

Andradina 842738 7673559 627690 5375516 1469225 5530676 4989248 5174511 3880770

Araçatuba 174470 1291845 316087 2706956 8761469 29527171 1036920 2298029 27088600

Araraquara 155061 2041115 780990 5759481 2305214 7730995 2065729 4006236 6389951

5532905
Assis 16093 180858 1595925 17654181 158753760 86523 12504508 107523228
1

Avaré 4132200 25836900 0 0 6105442 25023026 35149833 0 17515813

2574123
Barretos 767974 5335320 1112738 6713909 92403793 4099687 8001156 65311674
0

Bauru 55040 573579 170330 1256115 831211 3179898 495207 1190504 2816227

Botucatu 0 0 7438 54852 507029 1745743 0 30312 1453771

Bragança 0 0 4959 32911 0 0 0 3031 0

Campinas 0 0 0 0 52274 176068 0 0 136972

Catanduva 36174 250618 1992976 13891320 638084 2603675 137409 7985949 2022620

Dracena 264129 3139183 1333099 14933511 102273 586894 1942704 12533886 420255

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

104
Fernandópolis 1162810 10613799 6364 60337 1440473 6199735 7811780 56077 4853167

Franca 44628 310043 433881 1919827 4577847 18239598 356906 1098810 13805532

G.Salgado 770556 6446307 174149 1390503 2023740 7531451 4844228 1659835 5959963

Guaratinguetá 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Itapetininga 0 0 0 0 1880200 7469560 0 0 6044408

1313771
Itapeva 1239675 6459225 669 8228 57115457 9125438 6062 46321440
1

Jaboticabal 111879 775107 4674783 34474608 1857076 7576268 500209 46487241 5401055

Jales 1065981 9138512 31157 238607 279829 1057476 5252778 117004 814568

Jaú 24793 258369 164380 1212234 629185 2119221 162230 1206569 1646569

Limeira 1276162 8965404 0 0 2010632 8083131 7050921 0 6441835

Lins 9917 103348 876196 6461589 519800 1917543 43261 7488479 1288678

Marília 0 0 1694748 12498074 515463 1971964 0 9543481 1579080

M. Cruzes 0 0 0 0 0 0 0 0 0

M.Mirim 836771 3487982 0 0 800725 1408546 4001673 0 1229635

3566110
Orlândia 1320245 9172100 309915 1371305 115351348 9483695 1540860 79325466
9

1049770
Ourinhos 0 0 0 0 38446892 0 0 32698952
1

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

105
Pindamonhangaba 0 0 0 0 82644 213416 0 0 166027

Piracicaba 14876 129185 0 0 156510 538875 121673 0 419217

P.Prudente 735910 8270392 3089048 31221872 15156290 65594475 4867360 33881238 48754768

P.Venceslau 660691 10425189 108884 1275314 1295360 7779013 6011027 1009137 3465807

Registro 0 0 0 0 0 0 0 0 0

R. Preto 0 0 4381728 24178850 3229590 13071730 0 24401160 10044613

S.J.Boa Vista 868764 4526625 24851 137131 2260278 11791234 3900550 151560 10351763

S.J.R.Preto 219007 1369356 811826 4898301 885132 3047580 845624 4284702 2005000

S.Paulo 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Sorocaba 0 0 223 2743 291465 981714 0 2273 761647

Tupã 72891 759605 3313682 29195083 292557 1259154 409685 22970130 871640

Votuporanga 1354234 12771180 54381 515611 1204140 5015276 7417210 379708 3785408

Fonte: Resultados da pesquisa, a partir de dados básicos do Instituto de Economia Agrícola (IEA).

Os resultados da especificação I para as DMU´s que trabalharam lavouras de algodão,


num total de 27 DMU´s; a EDR mais eficiente foi Araraquara (1,00), seguida pelas EDR´s de
Bauru (0,68) e Avaré (0,64) e as de menor eficiência são as EDR´s de Catanduva (0,29), São
José do Rio Preto (0, 290) e Jaboticabal (0,34). Para o amendoim, a EDR de Presidente
Prudente mostrou-se a mais eficiente, seguida de Sorocaba (0,93) e Jaboticabal (0,91), sendo
as EDR´s de Bragança Paulista, Franca e Jales as que apontaram os piores resultados, para um
total de 28 DMU´s. Na soja, São João da Boa Vista foi a EDR mais eficiente seguida por

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

106
Dracena e Itapeva e as DMU´s de menor desempenho foram Mogi Mirim (0,34), Assis (0,42)
e Pindamonhangaba (0,44), sendo agrupadas 35 unidades (Tabela 2).
Ainda na especificação I, porém considerando as EDR´s que produziram pelo menos
uma das três lavouras, ou seja, 36 DMU`s, os resultados apontaram a EDR de Dracena como a
de maior eficiência, seguida por Jaboticabal e Tupã e as unidades menos eficientes Assis,
Orlândia, Sorocaba e Pindamonhangaba. Os mesmos resultados foram alcançados quando do
agrupamento das DMU´s que plantaram as três lavouras, 23 EDR´s ou pelo menos duas
lavouras, num total de 31 EDR´s. Como a DMU que determinou a fronteira de eficiência
cultiva as três lavouras (Dracena), os resultados se repetem para o agrupamento das EDR´s
que cultivaram duas ou as três lavouras, não comportando discussão adicional.
Na especificação II, baseada no custo de produção como insumo e no valor da
produção como produto, os resultados obtidos a partir da seleção das EDR´s que produziram
pelo menos uma das três lavouras, apontaram a EDR de Jaboticabal como a mais eficiente,
seguida por Mogi Mirim (0,87), Lins e Avaré com 0,85. Por outro lado as de menor eficiência
foram Presidente Venceslau, Jales e Catanduva com resultados entre 0,44 e 0,50 (Tabela 3).
Para o grupo de DMU´s que produziram algodão, os resultados a partir da
especificação II, apontaram a EDR de Itapeva na fronteira de eficiência, em seguida Franca e
Mogi Mirim com 0,81. As EDR´s de menor eficiência foram Lins, Assis e Tupã.
Considerando as lavouras de amendoim, Jaboticabal se destacou como a EDR mais eficiente,
bem como General Salgado (0,89) e Barretos (0,88); por outro lado, Jales, Botucatu e Franca
figuraram como as unidades de menor eficiência. Para a soja, Araçatuba traçou a fronteira de
eficiência, seguida por Bauru (0,97) e Mogi Mirim (0,95); e as EDR´s de Presidente
Venceslau, São José do Rio Preto e Lins foram menos eficientes com resultados que variaram
entre 0,47 e 0,73.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

107
Tabela 2 - Eficiências relativas das unidades produtoras, a partir da especificação I, modelo
DEA CCR, insumo orientado.
Eficiência Padrão
DMU
Algodão Amendoim Soja Pelo menos 1 lavoura
Andradina 0,4444 0,7516 0,5767 0,5451
Aracatuba 0,4461 0,6628 0,6751 0,3751
Araraquara 1,0000 0,4677 0,6052 0,4386
Assis 0,4036 0,7144 0,4243 0,2407
Avare 0,6385 0,6264 0,5869
Barretos 0,4007 0,6556 0,5540 0,3197
Bauru 0,6754 0,6372 0,7398 0,4861
Botucatu 0,3716 0,6261 0,3291
Bragança 0,0557 0,0697
Campinas 0,5721 0,2989
Catanduva 0,2851 0,3653 0,6921 0,4340
Dracena 0,5521 0,8572 0,8972 1,0000
Fernandopolis 0,5043 0,8034 0,7356 0,5561
Franca 0,6003 0,2309 0,6585 0,3443
GSalgado 0,4719 0,8690 0,6430 0,4790
Itapetininga 0,7019 0,3668
Itapeva 0,5526 0,8261 0,7699 0,4400
Jaboticabal 0,3356 0,9066 0,6350 0,8996
Jales 0,3699 0,3424 0,6356 0,5124
Jau 0,4912 0,6692 0,5714 0,4204
Limeira 0,4147 0,6996 0,4683
Lins 0,3275 0,7792 0,5413 0,7157
Marilia 0,5134 0,6689 0,5741
MMirim 0,3590 0,3353 0,3645
Orlandia 0,5392 0,4533 0,4857 0,2764
Ourinhos 0,6801 0,3554
Pindamonhangaba 0,4386 0,2292
Piracicaba 0,6140 0,5849 0,3600
PPrudente 0,4965 1,0000 0,7024 0,5259
PVenceslau 0,6829 0,8450 0,5842 0,5793
RPreto 0,5077 0,6791 0,5163
SJBoaVista 0,3370 0,5560 1,0000 0,5210
SJRPreto 0,2898 0,4812 0,4946 0,4249
Sorocaba 0,9293 0,5706 0,2988
Tupa 0,4219 0,6320 0,6505 0,7520
Votuporanga 0,4111 0,6366 0,6864 0,5057

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

108
Tabela 3 - Eficiências relativas das unidades produtoras, a partir da especificação II, modelo
DEA CCR, insumo orientado.
Eficiência Padrão
DMU
Algodão Amendoim Soja Pelo menos 1 lavoura
Andradina 0,4602 0,7139 0,7648 0,6179
Aracatuba 0,5681 0,6296 1,0000 0,7418
Araraquara 0,7164 0,5158 0,9009 0,6559
Assis 0,3386 0,5253 0,7383 0,5560
Avare 0,9630 0,7630 0,8465
Barretos 0,5439 0,8838 0,7704 0,6058
Bauru 0,6111 0,7029 0,9654 0,7346
Botucatu 0,4098 0,9077 0,6738
Bragança 0,0683 0,0753
Campinas 0,8480 0,6360
Catanduva 0,3881 0,4263 0,8468 0,4953
Dracena 0,4380 0,6224 0,7805 0,6526
Fernandopolis 0,5210 0,6892 0,8533 0,6163
Franca 0,8148 0,4245 0,8250 0,6095
GSalgado 0,5319 0,8852 0,8626 0,6630
Itapetininga 0,8821 0,6615
Itapeva 1,0000 0,5464 0,8840 0,7129
Jaboticabal 0,4568 1,0000 0,7771 1,0000
Jales 0,4069 0,3637 0,8396 0,4845
Jau 0,4444 0,7381 0,8469 0,6867
Limeira 0,5567 0,8687 0,6470
Lins 0,2963 0,8594 0,7325 0,8500
Marilia 0,5663 0,8729 0,6284
MMirim 0,8121 0,9516 0,8734
Orlandia 0,7319 0,8333 0,7496 0,5867
Ourinhos 0,9271 0,6953
Pindamonhangaba 0,8480 0,6360
Piracicaba 0,6667 0,8480 0,6619
PPrudente 0,4166 0,8048 0,8102 0,6807
PVenceslau 0,4081 0,5868 0,4856 0,4401
RPreto 0,7484 0,8376 0,7559
SJBoaVista 0,6099 0,8196 0,9570 0,7156
SJRPreto 0,4371 0,6487 0,7171 0,6262
Sorocaba 0,6145 0,8457 0,6343
Tupa 0,3818 0,5835 0,7546 0,6351
Votuporanga 0,4111 0,5461 0,8227 0,5173

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

109
Na especificação I, quando analisadas as DMU´s agrupadas por lavouras, no caso o
algodão e a soja, os resultados apontaram que a maior parte das EDR´s ficaram distantes das
mais eficientes e também das de menor eficiência; o mesmo não ocorreu com o amendoim.
Na especificação II, houve um maior equilíbrio entre as DMU´s que plantaram soja, quando
comparados aos resultados com as demais lavouras analisadas. Porém, quando agrupadas as
DMU´s que plantaram duas ou as três lavouras houve novamente um distanciamento entre as
EDR´s mais eficientes e as de menor eficiência.
Conforme mencionado anteriormente, são várias as espécies vegetais que podem ser
utilizadas como fonte de matéria-prima para o biodiesel e da mesma forma são múltiplas as
possibilidades de arranjos espaciais de sistemas de produção agrícola, porém há diversas
razões para que uma região ou local se dedique à produção de uns e não de outros produtos
agrícolas. Além das condições de clima, solo, topologia dentre outras se destacam, também, a
disponibilidade e custo de terras, a proximidade e acesso viário aos mercados, bem como a
disposição dos empreendedores rurais, estímulo pela transferência de conhecimentos e a
habilidade com determinada cultura (ANDRIETTA, 2001).
Ao considerar uma das razões acima citadas, a especificação I, que utilizou como
insumos valores baseados no preço do arrendamento da terra e na produção total de cada EDR
e de cada lavoura, os resultados apontaram que as DMU´s mais eficientes na produção das
três lavouras foram Dracena, Jaboticabal e Tupã.
A EDR de Dracena mostrou-se uma das mais eficientes em soja e amendoim e se
destacou como uma região importante na produção de amendoim, porém não apresentou o
mesmo desempenho em lavouras de algodão. Já a EDR de Jaboticabal, ficou entre as três
DMU´s mais eficientes em amendoim e entre as três menos eficientes em algodão. Por outro
lado, a EDR de Tupã não foi apontada entre as mais eficientes e nem entre as menos
eficientes em nenhuma das três lavouras, porém se desataca como uma das principais regiões
produtoras de amendoim no estado de São Paulo, e com potencial para lavoura de soja, uma
vez que seus resultados apontaram eficiência maior para soja quando comparada ao algodão.
Dessa forma, considerando as eficiências relativas dessas EDR´s elas teriam condições
de contribuir para a expansão das três lavouras, mas em especial soja e amendoim. Outras
DMU´s também podem ser relacionadas dentre as de maior eficiência como as EDR´s de
Andradina e Votuporanga que se destacaram na produção de algodão e soja, a de Presidente
Prudente no plantio de amendoim, São João da Boa Vista de soja, Jales de algodão e
Fernandópolis que apresentou equilíbrio na produção das três lavouras.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

110
Possivelmente na produção de grãos para óleo, sem maiores preocupações com a
qualidade do produto, menores custos de produção possibilitem maiores níveis de eficiência
relativa, apesar da provável queda nos preços recebidos.
Na especificação II buscou indicar as DMU´s mais eficientes, utilizando como base para
cálculo dos insumos o custo de produção e área plantada das lavouras em cada EDR.
Os resultados para esta especificação e no conjunto das DMU´s que trabalharam as três
lavouras, apontaram as EDR´s de Jaboticabal, Lins e Araçatuba e as menores eficiências
ficaram nas EDR´s de Presidente Venceslau, Jales e Catanduva.
Dentre as mais eficientes a EDR de Jaboticabal também foi a mais eficiente entre as
DMU´s que produziram amendoim, lavoura que se destaca na região. A EDR de Lins também
ficou entre as mais eficientes para o amendoim, lavoura que ocupou maior área plantada
quando comparada às demais, porém mostrou-se uma das menos eficientes em soja e algodão.
Araçatuba foi a mais eficiente na produção de soja, lavoura que quando comparada às demais
tem a maior área plantada. Dentre as DMU´s de menor eficiência, as EDR´s de Jales e
Catanduva, quando analisadas no grupo das DMU´s que plantaram soja, mostraram-se
próximas à fronteira de eficiência, indicando que embora não tenham sido eficientes no
conjunto das três lavouras, apresentaram bom desempenho em uma das três lavouras.
Assim, a partir dos resultados obtidos na especificação II, novamente, as EDR´s mais
eficientes se dedicaram especialmente à produção de soja e amendoim, o mesmo acontecendo
com outras DMU´s que também se posicionaram próximas à fronteira de eficiência, como as
EDR´s de Ribeirão Preto e Bauru que se destacaram no plantio de amendoim, Araçatuba e
São João da Boa Vista na lavoura de soja. A diferença ficou para a EDR de Itapeva, que foi a
mais eficiente entre as DMU´s que produziram algodão.

4. CONCLUSÃO
Considerando a possibilidade de que toda a produção da Safra 2005/06 de algodão
(caroço), amendoim e soja, fosse destinada à indústria esmagadora, visando atender à
demanda paulista por biodiesel, o total em óleo seria de cerca de 373 mil toneladas ou
aproximadamente 406.318 m3 - 5% óleo de algodão, 73% óleo de soja e 22% óleo de
amendoim - o que poderia suprir 112,58 % da necessidade paulista para o B2 e 85% para B5,
baseados nos dados de consumo de 2006, de acordo com o Balanço Energético Nacional
publicado pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

111
Sendo assim, o futuro do biodiesel no estado de São Paulo está atrelado a sua oferta e,
por conseqüência, à disponibilidade de matéria-prima para suprir tal demanda de consumo e
em muito dependerá do custo de produção, da concorrência de outros produtos, bem como da
viabilidade econômica na produção de matéria-prima para tal fim.
O estudo procurou avaliar a eficiência econômica das regiões paulistas que produzem
algodão, amendoim e soja, na intenção contribuir na decisão de investimentos em lavouras
com potencial para atender a demanda por óleo visando o abastecimento do estado de São
Paulo por biodiesel. Porém os resultados foram obtidos a partir de informações da safra
2005/06 e dessa forma, alterações nas condições de produção, como por exemplo, problemas
climáticos ou fitossanitários, poderiam afetar o desempenho de uma região ou de uma ou mais
lavouras, influenciando nos resultados. O mesmo poderia acorrer como reflexo de mudança
nos preços relativos recebidos pelos produtores, diretamente relacionados ao valor da
produção.
Acredita-se, também, que esta análise poderia futuramente ser complementada com
outras variáveis, como por exemplo, o custo de produção do óleo, a distribuição de outras
lavouras que concorrem por áreas aptas e adequadas à produção agrícola e de outros fatores
que podem determinar a vocação agrícola de uma região.

5. REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS
ANDRIETTA, A. J. Desempenho agrícola e desenvolvimento: uma análise regionalizada do
Estado de São Paulo, Informações Econômicas, SP, v. 32, n. 2, fev, 2002, p. 43-55.
CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão dos sistemas vivos. Trad.Newton
Roberval Eichemberg. São Paulo: Cultrix,. 256p, 1996.
CASTRO, E.F. et al. Biodiesel, Série Reuniões Técnicas, Conselho Nacional dos Sistemas
Estaduais de Pesquisa Agropecuária (CONSEPA), dezembro, 2005.
CHARNES, A.; COOPER, W.W.; RHODES, E. Measuring the efficiency of decision-
marking units. European Journal of Operational Research, v. 2, n.6, 1978.
GOMES, E.G., MELLO, J.C.B.S.; BIONDI NETO, L. Avaliação de eficiência por análise
de envoltória de dados: conceitos, aplicações à agricultura e integração com sistemas de
informação geográfica. Campinas, EMBRAPA, 2003 (Documento 28).
IEA, Instituto de Economia Agrícola. Prognóstico Agrícola Safra 2005/06, disponível em
<www.iea.sp.gov.br/out/VerTexto.php?codTexto=3700>, Acesso em: 9. mar 2007.
IEA, Instituto de Economia Agrícola. Previsão de Safras, disponível em
<www.iea.sp.gov.br/out/producao/prev_safra.php>, acesso em 04 mar 2007
LIMA, J.R.F. Análise Envoltória de Dados (DEA): uma introdução, versão mimeo, 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

112
MELLO, J.C.C.B.S, et al. Análise de envoltória de dados no estudo da eficiência e dos
benchmarks para companhias aéreas brasileiras. Pesquisa Operacional, v.23, n.2, p.325-345,
2003.
REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, Ministério de Minas e Energia. Balanço
Energético Nacional. Disponível em
<http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=1432>, Acesso
em: 27.mar 2007.
PINTO, E.; MENDONÇA, M.M. O papel do Brasil na substituição dos combustíveis fósseis –
seria fornecer energia barata para países ricos, representando uma nova fase da colonização,
Brasil de Fato. Disponível em http://www.brasildefato.com.br, acesso em 22 fev 2007.
República Federativa do Brasil, Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.
Legislação e Normas. Disponível em <http://www.biodiesel.org.br/legislação.html>, Acesso
em: 30. mar 2007.
VICENTE, J.R.; MARTINS, R. Eficiência na geração e transferência de tecnologia: uma
análise de institutos de pesquisa agropecuária do estado de São Paulo. In: SIMPÓSIO DE
GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 24, Gramado – RS, outubro, 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

113
LEVANTAMENTO DO MERCADO DOS ÓLEOS DE ANDIROBA E
COPAÍBA NA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES, AMAZONAS

Andreza Pereira Mendonça, INPA, ap_mendonca@click21.com.br


Noemia Kazue Ishikawa, INPA, noemia@inpa.gov.br

RESUMO: Atualmente, a exploração de produtos florestais não madeireiros tende a


aumentar, devido às pressões internacionais para preservação das florestas tropicais e por
apresentar-se como uma alternativa para um desenvolvimento socioeconômico para as
populações no interior do Amazonas com baixo impacto ambiental. Entretanto, pouco se sabe
do potencial dos recursos naturais, suas formas de extração, os canais de comercialização, a
capacitação tecnológica e os mecanismos e sistemas para melhorar a competitividade de seus
produtos com objetivo de conseguir mercados. O objetivo do trabalho foi levantar o mercado
dos óleos de copaíba e andiroba na região do Alto Solimões, AM por meio de visita as feiras
livres de Tabatinga, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença e em Letícia e ainda por
consulta as Autorizações de Transportes de Produtos Florestais (ATPFs) aprovados pelo
IBAMA-AM (1998-2002). Os feirantes obtêm maiores lucros com o comércio fracionado dos
óleos vegetais. O acondicionamento dos óleos foi em vidros transparentes e sem identificação,
no lugar de vidros de cor âmbar. Os óleos comercializados na Região do Alto Solimões
foram, predominantemente, extraído das comunidades e municípios circunvizinhos as zonas
urbanas avaliadas. Enquanto, os registrados nas ATPFs indicaram procedência dos municípios
ao longo dos rios Madeira e Purus. As ATPFs indicaram um aumento da comercialização dos
óleos ao longo do período avaliado com uma, significativa, exportação nacional.

Palavras-Chave: Andiroba, Copaíba, comércio de óleos vegetais, região do Alto Solimões,


Amazonas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

114
1 INTRODUÇÃO
O Estado do Amazonas teve a sua presença garantida no cenário econômico nacional
graças aos recursos que podiam ser extraídos de sua floresta. Não se pode esquecer que a
atividade extrativista foi responsável pela ocupação demográfica de origem européia, pela
acumulação inicial de riquezas e inserção da região nos mercados capitalistas internacionais
(Filocreão, 2002). Desde o século XVII o extrativismo florestal de diversos produtos foi uma
das fontes de renda das populações locais (Silva, 1996).
Atualmente, a exploração de produtos florestais não madeireiros tende a aumentar,
devido às pressões internacionais para preservação das florestas tropicais e por apresentar-se
como uma alternativa para um desenvolvimento socioeconômico para as populações no
interior do Amazonas com baixo impacto ambiental. O mercado é crescente para os produtos
naturais, e isto pode beneficiar as populações tradicionais desde que estas estejam organizadas
e usem técnicas que permitam o melhor aproveitamento do recurso disponível bem como
forneçam produtos de qualidade (Andrade, 2003).
A transformação do recurso natural, de uso local e popular, em artigos refinados que
trazem o apelo de ser ecológicos e socialmente sustentáveis, pode ser uma oportunidade e, ao
mesmo tempo, um grande desafio amazônico. O óleo de andiroba, por exemplo, de uma
ampla utilização na indústria de sabão em pedra, nos anos 40, passou a ser matéria-prima de
produtos de “fronteira” lançados por renomadas indústrias de cosméticos nacionais e
internacionais (Gilbert, 2000 apud Silva, 2004).
O uso múltiplo das espécies florestais, em especial, para extração de óleo apresenta
baixos níveis de investimentos em relação a outros usos da terra e, provavelmente, exibe
menor variabilidade de ano para ano, assim como apresenta menor quantidade de resíduos em
comparação a atividade madeireira. Entretanto, pouco se sabe do potencial dos recursos
naturais, suas formas de extração, os canais de comercialização, a capacitação tecnológica e
os mecanismos e sistemas para melhorar a competitividade de seus produtos com objetivo de
conseguir mercados, principalmente, na região do Alto Solimões.
Diante deste cenário, o objetivo do trabalho foi levantar o mercado local dos óleos de
andiroba e copaíba, na região do Alto Solimões no Amazonas.

2 MATERIAL E MÉTODOS

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

115
O levantamento do comércio dos óleos de andiroba e copaíba na região do Alto
Solimões no Amazonas foi realizado por meio consulta as Autorizações de Transportes de
Produtos Florestais (ATPF) registrados no IBAMA-AM em cinco anos (1998 a 2002) e visita
as feiras livres (n= 5) na zona urbana de Tabatinga, Benjamin Constant e São Paulo de
Olivença (Amazonas-Brasil) e em Letícia cidade colombiana que faz fronteira com o Brasil.
Foi levantado sobre o uso dos óleos, preço de compra e venda do litro, procedência e forma de
acondicionamento do óleo.

3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os principais óleos comercializados nas feiras livres foram a copaíba e a andiroba. O
óleo de copaíba foi indicado contra dor de garganta, gonorréia e cicatrizante. Os feirantes
compraram um litro do óleo a um valor que varou de R$ 12,00 a 40,00 e revendeu o litro a um
preço de R$ 15,00 a 70,00. Os comerciantes repassaram o litro do óleo para embalagens
menores de plástico de 30 e 300 ml (geralmente, frascos reaproveitados de água ou
refrigerantes) que foram revendidos a preços que variaram de R$ 5,00 a 15,00, possibilitando
maior margem de lucro com o produto (Tabela 1).
O óleo de andiroba foi indicado contra gripe, diabetes, reumatismo, coceiras e
cicatrizante. Os feirantes compraram o litro do óleo a um preço que variou de R$ 10,00 a
25,00 e o revendeu a um valor de R$ 15,00 a 20,00. Notou-se que o maior interesse dos
comerciantes nesse óleo foi na sua venda fracionado, pois obtém maior lucro. O óleo foi
repassado para frascos de plásticos transparentes de 100, 300 e 600 ml e revendidos a valores
que variaram de R$ 5,00 a 15,00 (Tabela 1). Os feirantes relataram que a procura por esses
óleos foi sempre maior que a oferta, o que indica potencial de mercado local.
Notou-se também que a compra desses óleos foi realizada de produtores e regatões. Os
feirantes consultados sobre a procedência dos óleos indicaram que, a maioria, são
provenientes das comunidades indígenas da etnia Tikuna como Feijoal, São Leopoldo,
Umariaçu, Belém do Solimões e Javari e ainda dos municípios de Atalaia do Norte, Fonte
Boa, Parintins e Maués.
Apenas em Letícia observou-se o comércio dos óleos com embalagens rotuladas com os
nomes das espécies, embora exista duas espécies de andiroba C. procera e C. guianensis,
neste local a andiroba era conhecida apenas como C. guianensis e a copaíba, embora existam
várias espécies de copaíba, era conhecida apenas como Copaifera multijuga) e a venda da

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

116
casca de andiroba e copaíba para fazer chá. O quilo da casca das duas espécies foi vendida a
R$ 6,00.
Nas sedes dos municípios, os óleos de copaíba e andiroba também foram encontrados
em drogarias na forma líquida, acondicionadas em frasco de cor âmbar, e ainda em cápsulas.
As marcas comercializadas foram procedentes de Manaus. O valor de 30 ml para as duas
espécies foi de R$ 3,00, enquanto a cápsula de andiroba foi vendida por R$ 6,25 e a copaíba
por R$ 4,50.

Tabela 1 – Preço pago pelos óleos de andiroba e copaíba nas feiras livres de
Tabatinga,Benjamin Constant, São Paulo de Olivença e Letícia em Julho de 2006.

Local Óleo (unidade) Preço pago ao produtor Preço de Revenda


(R$) (R$)
Óleo de copaíba
1 litro 40,00 70,00
Tabatinga

300 ml ---- 15,00


Óleo de andiroba
1 litro 15,00 20,00
100 ml ---- 10,00
30 ml ---- 5,00
Óleo de copaíba
Benjamin
Constant

1 litro 15,00 15,00-25,00


Óleo de andiroba 12,00-25,00 ----
600 ml ---- 15,00
Óleo de copaíba
São Paulo

Olivença

1 litro 10,00-15,00 15,00-25,00


de

Óleo de andiroba
1 litro 10,00 15,00
Óleo de copaíba
1 litro 12,00-15,00 15,00-20,00
30 ml ---- 5,00
Letícia

Óleo de andiroba
1 litro 12,00-15,00 15,00-20,00
15 ml ---- 5,00
100 ml ---- 10,00

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117
Estudos semelhantes realizados por Mendonça & Ferraz (2005) nas feiras livres em
Manaus, Manacapuru e Silves quanto ao comércio do óleo de andiroba observaram que os
feirantes obtêm maior lucro com o comércio do óleo fracionado (100 e 600 ml) a um preço
que variou de US$ 0,67 a 2,68. Os feirantes em Manaus indicaram que óleo foi proveniente
dos municípios da região do rio Purus e dos municípios de Autazes, Manaquiri, Parintins e
Santarém. Deve-se ressaltar que os feirantes entrevistados em Manaus também conhecem a
andiroba apenas como C. guianensis, tanto que rotulam as garrafas do óleo com informações:
como nome científico e uso medicinal do óleo.
Gonçalves (2001) levantou o mercado dos óleos de copaíba e andiroba nas feiras de
Manaus, Belém e Santarém. O litro do óleo de copaíba revendido nessas feiras variaram de
US$ 8,77 a 10,52, enquanto o mesmo litro do óleo de andiroba variou de US$ 3,50 a 8,77.
Gonçalves relatou também que esses óleos de origem amazônica têm sido comercializados
para outras regiões do país, além de serem exportadas principalmente para indústrias de
cosméticos da França, da Alemanha e dos Estados Unidos.
Shanley et al (1998) ressaltaram que o valor do litro do óleo de andiroba depende da
época do ano e do lugar de venda. Em 1995, no mercado de Belém - PA, um litro do óleo de
andiroba custou entre R$ 4,00 a R$ 12,00, enquanto na mesma época em Cametá, os produtos
receberam R$ 2,00 por litro.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

118
Nos estudos citados anteriormente observaram também o uso de garrafas transparentes
de plástico e vidro como uma forma de avaliação da qualidade dos óleos pelos feirantes, no
lugar de vidros de cor âmbar.
Filocreão (2002) observou que nas comunidades dos rios Jarí e Cajari, no Sul do
Amapá, os produtos não madeireiros (castanha-do-pará, borracha, açaí, copaíba e andiroba)
são comercializados a atravessadores. Observou também que o aviamento é um mecanismo
eficiente na manutenção da economia extrativista, além disso, é favorecido pelo isolamento
geográfico da região e fortemente relacionado à cultura extrativista.
A exigência de Autorização de Transporte de Produtos Florestais (ATPF) foi
regulamentada pela Portaria Normativa nº 44-N de 6 de Abril de 1993. A ATPF foi
substituída a partir de 18 de Agosto de 2006 pelo Documento de Origem Florestal – DOF
(Portaria Nº 253 de 18 de Agosto de 2006).
Nas ATPFs aprovadas pelo IBAMA os produtos florestais não-madeireiros
identificados do Amazonas em cinco anos (1998 a 2002) foram em ordem de importância: o
óleo de pau-rosa, óleo de copaíba, óleo de andiroba, fibras de piaçava e sementes de cumaru.
O óleo de copaíba aparece nas ATPF, com exceção do ano de 1999, com uma variação na
comercialização ao longo do período avaliado (Figura 1). O óleo foi identificado apenas como
de origem da C. multijuga. Nas ATPFs o óleo de copaíba teve como destino, em 95% dos
casos, o Estado de São Paulo e os outros 5% as cidades de Manaus e Belém. Os municípios
fornecedores foram Humaitá, Manicoré, Maués, Manacapuru, Coari e Lábrea - AM. O preço
do litro do óleo variou entre US$ 4,37 a 7,16 (Figura 2).
O óleo de andiroba apareceu nas ATPFs somente a partir de 2000 com cerca de 10
toneladas, com acréscimo de 506% de vendas em 2002 com a comercialização de 50
toneladas (Figura 1). O óleo foi identificado apenas de origem da C. guianensis. O óleo teve
como destino, em mais de 95% dos casos, o Estado de São Paulo e outros 5% a cidade de
Manaus. Os municípios fornecedores do óleo de andiroba de acordo com as ATPFs foram
Carauari, Lábrea e Presidente Figueiredo - AM. O óleo teve uma pequena desvalorização ao
longo dos cinco anos avaliados. Em 2000 o litro do óleo custava US$ 4,04 e em 2002 US$
3,41 (Figura 2).

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119
90 Copaíba

80 Andiroba

70
60
Toneladas

50
40
30
20
10
0
1998 1999 2000 2001 2002
Anos

Figura 1 – Participação dos óleos de copaíba e andiroba nas Autorizações de Transportes de


Produtos Florestais (ATPFs) em cinco anos (1998 a 2002) aprovados pelo IBAMA-AM.

9 Copaíba
8 Andiroba

7
6
US$/litro

5
4

3
2

0
1998 1999 2000 2001 2002
Anos
Figura 2 – Preço do
litro dos óleos de copaíba e andiroba identificados nas Autorizações de Transportes de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

120
Produtos Florestais (ATPFs) em cinco anos (1998 a 2002) aprovados pelo IBAMA-AM.

O óleo de copaíba é mencionado dentre os produtos extrativos exportados do


Amazonas. Entre 1974 e 1979 uma média de 89 t/ano foi exportada com um valor médio de
US$ 2,42/l. Em 1994 foram exportados 87 toneladas, com valor de US$ 3,95/l e 84 toneladas
em 1995 por US$ 6,27/l (IBGE, 1980; Benchimol, 1996).
Pode-se observar que os óleos comercializados na Região do Alto Solimões foram,
predominantemente, extraídos das comunidades e municípios circunvizinhos das zonas
urbanas avaliadas. Enquanto, os óleos de andiroba e copaíba registrados nas ATPFs foram
procedentes dos municípios ao longo das calhas dos rios Madeira e Purus.

4 CONCLUSÃO
Os feirantes obtêm maiores lucros com o comércio fracionado dos óleos de copaíba e
andiroba. O acondicionamento dos óleos foi em vidros transparentes e sem identificação,
apesar de não ser aconselhável, pois a qualidade dos óleos foi avaliada popularmente pela cor
e odor.
A demanda pelos óleos vegetais nas feiras indicou um potencial de mercado que pode
ser suprido pela produção nas áreas circunvizinhas. Assim como, expandir-se a níveis
regional e nacional, entretanto critérios embasados em pesquisas técnicos-científicos sobre o
manejo das espécies, métodos de extração, acondicionamento, transporte e comercialização
dos óleos são necessários.
As Autorizações de Transporte de Produtos Florestais indicaram um aumento da
comercialização dos óleos ao longo do período avaliado com variação no preço do litro do
óleo. Notou-se também uma exportação nacional significativa dos óleos de andiroba e
copaíba.

5 AGRADECIMENTOS
Pela bolsa concedida à primeira autora (CNPq: Edital Nº 032/2005; Nº 553314/2005-
0). Pelo apoio financeiro à FAPEAM (Programa de Apoio a Participação em Eventos
Científicos e Tecnológicos - PAPE Edital Nº 023/2006 e ao Programa Amazonas de Apoio à
Pesquisa em Políticas Públicas em Áreas Estratégicas – POPPE, Fase I Edital Nº 016/2004).
Pelo apoio logístico a Fundação Estadual dos Povos Indígenas - FEPI .
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121
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrade, A.A.L.G de. 2003. Artesãos da floresta. População tradicional e inovação
tecnológica: O caso do “couro vegetal” na reserva extrativista do Alto Juruá, Acre.
Dissertação de mestrado. Universidade Estadual de Campinas.

Benchimol, S. 1996. Exportação e exportadores da Amazônia legal: 1996. Imprensa Oficial,


Manaus, 80p.

Filocreão, A.S.M. 2002. Extrativismo e capitalismo na Amazônia: a manutenção, o


funcionamento e a reprodução da economia extrativista do sul do Amapá. Macapá: Secretaria
de Estado e Meio Ambiente, 170p.

Gonçalves, V.A. 2001. Levantamento de mercado de produtos florestais não-madeireiros.


Santarém: ProManejo, IBAMA, 65p.

IBGE. 1980. Tabelas de Composição dos Alimentos. Estudo Nacional de Despesas Familiar,
Vol. 3. Fund. Inst. Bras. de Geografia e Estatística do Brasil, Rio de Janeiro, 202p.

Mendonça, A.P e Ferraz, I.D.K. 2005. Extração tradicional do óleo de andiroba no Estado do
Amazonas. Anais do II Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e
Biodiesel. Lavras:UFLA, 418-423 p.

Shanley, P.; Cymers, M & Galvão, J. 1998. Frutíferas da mata na vida amazônica. Belém, 87-
90 p.

Silva, J.A. 1996. Análise quali-quantitativa da extração e do manejo dos recursos florestais da
Amazônia Brasileira: uma abordagem geral e localizada – Floresta Estadual do Antimary,
Tese de doutorado, 110 p.

Silva, M.A.R da. 2004. Biodiversidade Amazônica – As possibilidades da andiroba.


Disponível em: www. Bioflorestal.com.br/andiroba.htm. Acesso em: 15 de Abril de 2004.

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122
AVALIAÇÃO DOS TEORES DE N, P E K DE UM ADUBO ORGÂNICO
OBTIDO POR DIFERENTES COMBINAÇÕES DE TORTA E CASCA DE
MAMONA

Julio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com


Antônio Carlos Fraga, UFLA/DAG, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, UFLA/DEG, pedrocn@ufla.br
Eduardo Augusto Agnellos Barbosa, UFLA, duducajuru@yahoo.com.br

RESUMO: Os dois principais resíduos do beneficiamento e industrialização da mamona são


as cascas do fruto e a torta resultante do processo de extração de óleo. Os dois produtos vêm
tradicionalmente sendo utilizados separadamente como adubo orgânico. Este trabalho
objetivou avaliar a melhor combinação entre determinadas proporções de torta e casca de
mamona para a obtenção de um adubo orgânico com elevado teor nutricional, principalmente
dos macronutrientes N, P e K, para o melhor aproveitamento racional e econômico destes
subprodutos na agricultura. Utilizou-se nesse experimento delineamento inteiramente
casualizado com nove tratamentos e duas repetições. Sendo os fatores noves combinações de
torta e casca de mamona da variedade Al Guarany 2002, variando seus valores de 90% a 10%,
em intervalos de 10%, resultando em dezoito parcelas experimentais. Foram quantificados os
teores de nitrogênio, fósforo e potássio dos nove adubos orgânicos formados pelas diferentes
proporções das misturas dos dois materiais. O adubo orgânico nove (10% casca – 90% torta)
foi o que apresentou maiores quantidades percentuais de nitrogênio e fósforo, sendo o mais
indicado na adubação para suprir as necessidades desses nutrientes, o adubo orgânico um
(90% de casca – 10% torta) demonstrou maiores percentuais de potássio e devido a esse fator
deve ser o mais indicado na adubação para suprir as necessidades para este nutriente.
Contudo, se a adubação recomendada for para atender tanto as exigências em nitrogênio,
fósforo como para o potássio, o adubo orgânico cinco (50% casca – 50% torta) apresenta
quantidades significativas para os três macronutrientes, alem de baixa relação C/N.

Palavras-Chave: Mamona, resíduo, macronutrientes, adubo orgânico, subprodutos

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123
1 INTRODUÇÃO
A mamona (Ricinus communis L.) pertence à família Euphorbiaceae, que engloba vasto
número de tipos de plantas nativas da região tropical. É uma planta de hábito arbustivo, com
diversas colorações de caule, folhas e racemos (cachos). É monóica, sua inflorescência
contém flores femininas na parte superior e flores masculinas na inferior.
O óleo de mamona ou de rícino, extraído pela prensagem das sementes, contém 90% de
ácido graxo ricinoléico, o qual confere ao óleo suas características singulares, possibilitando
ampla gama de utilização industrial, podendo ser também utilizado na produção de biodiesel,
usado como fonte de energia para motores de ciclo diesel, tornando a cultura da mamoneira
um importante potencial econômico e estratégico ao país.
O Brasil é o terceiro produtor mundial de mamona, tendo produzido aproximadamente
210 mil toneladas na safra 2004/2005 (Severino, 2005). A produção concentra-se na região
Nordeste, destacando-se o estado da Bahia, Piauí e Ceará como responsáveis por cerca de
90% do volume total produzido no Brasil. O processo de descascamento e extração do óleo de
mamona produz dois importantes resíduos: a casca do fruto e a torta. O adequado
aproveitamento desses produtos permite o aumento das receitas da cadeia produtiva e
conseqüentemente a sua rentabilidade (Savy Filho, 2005).
Para cada tonelada de semente de mamona processada, são gerados 620 kg de casca e
530 kg de torta de mamona (Severino, 2005). Como a produção brasileira de mamona foi de
210 mil toneladas em 2005, estima-se que tenham sido produzidas aproximadamente 130 mil
t de cascas e 111 mil t de torta. Tradicionalmente, estes dois produtos têm sido utilizados
separadamente como adubos orgânicos, sendo a torta comercializada por conter alto teor de
nitrogênio e as cascas apenas levadas de volta para dentro da lavoura ou aproveitada em
outras plantações na própria fazenda (Severino, 2005).
Os adubos orgânicos são fertilizantes constituídos de compostos animais ou vegetais
que visam suprir as deficiências em substâncias vitais à sobrevivência dos vegetais, são
aplicados na agricultura com o intuito de aumentar a produção, sendo de ação mais lenta que
os adubos minerais, visto que necessitam transformações maiores antes de serem separados os
elementos. Promove o desenvolvimento da flora microbiana e por conseqüência melhorar as
condições físicas do solo.
Assim, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo geral de avaliar a melhor
combinação entre determinadas proporções de torta e casca de mamona para obtenção de um

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

124
adubo orgânico com elevado teor nutricional, principalmente dos macronutrientes N, P e K,
para o melhor aproveitamento racional e econômico destes subprodutos na agricultura.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no setor de grandes culturas, do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras, Lavras – MG, entre outubro de 2006 e
janeiro de 2007 situada a 21° 14´ de latitude Sul 45° 00´de longitude Oeste, localizada a 918
metros de altitude.
Utilizou-se nesse experimento delineamento inteiramente casualizado com nove
tratamentos e duas repetições. Sendo os fatores nove combinações da mistura de torta e casca
de mamona da variedade Al Guarany 2002, variando seus valores de 90% a 10%, em
intervalos de 10%, (90% torta de mamona – 10% casca; 80% torta – 20% casca; 70% torta –
30% casca; 60% torta- 40%casca; 50% torta de mamona – 50% casca; 40% torta – 60%
casca; 30% torta – 70% casca; 20% torta- 80% e 10% torta – 90% casca de mamona),
resultando em 18 parcelas experimentais.
Cada parcela experimental constou de um vaso de 10 litros com 1,00 kg de adubo
orgânico obtido pelas diferentes proporções de torta e casaca de mamona. A composição
química básica dos dois materiais encontra-se na Tabela 1.

Tabela 1 - Teor (%) de Nitrogênio, Fósforo e Potássio na casca do fruto e na torta de mamona
Al Guarany 2002, Lavras – MG, 2007.
Materiais Nitrogênio Fósforo Potássio Relação C/N
------%------
Casca de mamona 1,86 0,26 4,5 41/1

Torta de mamona 7,54 3,11 0,66 12/1

Utilizou-se o programa MATLAB e a análise de superfície de resposta na determinação


das quantidades N, P e K em cada um dos adubos orgânicos obtidos pelas diferentes
proporções de torta e casca de mamona. Os dados foram submetidos ao sistema de regressão
segundo recomendações de Lima (2001), utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira,
2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios de Nitrogênio, Fósforo e Potássio em função das proporções de casca
e torta de mamona utilizados nos adubos estão apresentados na Tabela 2.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

125
Tabela 2 - Teor (%) de Nitrogênio, Fósforo e Potássio. (Lavras - MG, 2007)

Nitrogênio Fósforo Potássio


Adubo orgânico
----------%---------
1- (90% casca -10% torta) 2.43 0.55 4.12
2- (80% casca -20% torta) 3.00 0.83 3.73
3- (70% casca -30% torta) 3.56 1.12 3.35
4- (60% casca -40% torta) 4.13 1.40 2.96
5- (50% casca -50% torta) 4.70 1.69 2.58
6- (40% casca -60% torta) 5.27 1.97 2.20
7- (30% casca -70% torta) 5.84 2.26 1.81
8- (20% casca -80% torta) 6.40 2.54 1.43
9- (10% casca -90% torta) 6.97 2.83 1.04

A analise de variância para as quantidades de nitrogênio e fósforo disponibilizado em


cada um dos adubos revelou significância (p< 0,05) para concentrações maiores de torta de
mamona em relação à casca de mamona. Esse resultado mostra que quanto maior for à
proporção de torta de mamona no adubo, maior será a disponibilidade de nitrogênio e fósforo
(Figura 1 e 2).

Teor de P (%)
Teor de N (%)
3
8
2,5 7
6
2
5
1,5 4
y = 0,25375 + 0,28425x 3 y= 1.855 + 0.568x
1 R² = 99,9 2 R ²= 99,8
0,5 1
0
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Adubo Orgânico
Adubo Orgânico

Figura 1. Equação de regressão entre teor Figura 2. Equação de regressão entre teor
de Nitrogênio (%) e a proporção de casca e de Fósforo (%) e a proporção de casca e
torta de mamona (%) usada em cada um dos torta de mamona (%) usada em cada um dos
adubos orgânicos. Lavras, MG, 2007. adubos orgânicos. Lavras, MG, 2007.

Alguns estudos já demonstraram a rapidez com que à torta de mamona se mineraliza e


conseqüentemente disponibiliza seus nutrientes. Segundo Jones (1947) citado Severino
(2005), entre 75 e 100% do nitrogênio da torta de mamona foi nitrificado em três meses.
Severino (2004) demonstrou que a velocidade de mineralização da torta de mamona medida
pela respiração microbiana, é cerca de seis vezes mais rápida que a de esterco bovino e
quatorze vezes mais rápido que o bagaço de cana. A mineralização da torta de mamona é
muito mais rápida que a do esterco bovino e bagaço de cana, o que permite que a liberação de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

126
nutrientes seja mais rápida que nestes outros materiais, mas também não seja tão rápida
quanto à dos fertilizantes químicos. Esta rápida decomposição ocorre devido aos altos teores
de nitrogênio e fósforo presentes na torta. As condições ótimas para a atividade microbiana
deste tipo de material são: alta umidade, boa aeração e temperatura em torno de 28ºC
(Severino, 2005).
O fósforo tem sido o elemento que mais de destaca na nutrição mineral, não somente
por se encontrar em menor teor nos solos brasileiros, como também por influenciar
decisivamente na produção de frutos e em peso e numero de frutos por racemo. O fósforo
estimula a antecipação da emissão do racemo primário. Na região semi-árida, sua importância
é evidente, pois estimula o desenvolvimento do sistema radicular predispondo a planta para
suportar períodos prolongados de seca (Savy Filho, 2005).
A analise de variância para a quantidade de potássio disponibilizado em cada um dos
adubos revelou significância (p< 0,05) para concentrações maiores de casca de mamona em
relação à torta de mamona. Esse resultado mostra que quanto maior for à proporção de casca
de mamona no adubo, maior será a disponibilidade de potássio (Figura 3).

Teor de K (%)
5

2
y = 4,495 - 0,384x
1 R² = 99,6

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Adubo Orgânico

Figura 3. Equação de regressão entre teor de


Potássio (%) e a proporção de casca e torta de
mamona (%) usada em cada um dos adubos
orgânicos. Lavras, MG, 2007.

A casca de mamona é um resíduo produzido dentro das lavouras de produção ou em


suas proximidades e geralmente é utilizada como adubo orgânico. A casca do fruto de
mamona possui baixo teor de nitrogênio e, conseqüentemente, alta relação C/N, porem
contem alto teor de potássio, tornando-o uma excelente fonte desse macronutriente. Essa alta
relação C/N faz com que esse material, ao ser utilizado diretamente como adubo orgânico,
induza à carência de N devido à rápida decomposição do material orgânico. Quando a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

127
aplicação é feita em lavouras onde o material não fica concentrado em pequenas áreas, esse
problema da relação C/N não é considerável. Mas quando se objetiva utilizar o material em
doses mais elevadas, como em hortas ou adubação de vasos, é preciso que antes se submeta o
material a um processo de compostagem e decomposição ou aplicá-lo juntamente com outra
fonte de nitrogênio para reduzir sua relação C/N. Dessa forma, o problema de carência de
nitrogênio pode ser superado (Severino, 2005).

4 CONCLUSÃO
O adubo orgânico nove (10% casca – 90% torta) foi o que apresentou maiores
quantidades percentuais de nitrogênio e fósforo, sendo o mais indicado na adubação para
suprir as necessidades desses nutrientes.
O adubo um (90% casca – 10% torta) apresentou maiores percentuais de potássio e,
devido a esse fator é o mais indicado em adubação para suprir as necessidades para este
nutriente.
Contudo, se a adubação a ser feita for para atender tanto as exigências em nitrogênio,
fósforo como para o potássio, o adubo cinco (50% casca – 50% torta) é o mais recomendado,
por apresentar quantidades expressivas para os três macronutrientes e níveis equilibrados de N
e K, alem de baixa relação C/N.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MG, 2001, Lavras - MG: Editora UFLA, 2001. 95p.

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SEVERINO, L. S. O que sabemos sobre a torta de mamona. Campina Grande: Embrapa


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mamona. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 15p. (Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento, 56).

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M.M.B. Mineralização da torta de mamona, esterco bovino e bagaço de cana estimada pela
respiração microbiana. Revista de Biologia e Ciências da Terra v. 5, n. 1, 2004.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

128
PRODUÇÃO DO GIRASSOL EM CULTIVO INTERCALAR COM CANA-
PLANTA EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE

Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagr@yahoo.com.br


José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, marciopesagro@yahoo.com.br
Lenício José Ribeiro, PESAGRO-RIO, wanderpesagr@yahoo.com.br
José Geraldo Custódio dos Santos, PESAGRO-RIO, wanderpesagr@yahoo.com.br
Saul de Barros Ribas Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagr@yahoo.com.br

RESUMO: O cultivo de espécies vegetais em sistema de consócio ou cultivo intercalar é


prática adotada em várias regiões produtoras, já que as vantagens desse sistema em relação ao
monocultivo são indiscutíveis. No Estado do Rio de Janeiro a cultura do girassol vem sendo
recentemente avaliada, envolvendo o cultivo solteiro, em avaliações realizadas tanto no
período de outono-inverno quanto na primavera-verão. Procurando alternativa aos produtores
interessados no cultivo do girassol no Norte Fluminense, as ações da pesquisa têm-se voltado
ao sistema consorciado. Nesse sentido, foi conduzido trabalho inicial avaliando o rendimento
do girassol em cultivo intercalar a cana-planta. O ensaio foi instalado em Conceição de
Macabu, região Norte Fluminense, em área do produtor Francisco Jorge Ribeiro. Não foi
adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo intercalar instalado
em área de 1 hectare. O trabalho foi conduzido com a cultivar de girassol Catissol, fazendo-se
a semeadura no banco da cana (uma linha e duas linhas), já com a cana RB 72454 em início
de brotação. Concluiu-se que o cultivo intercalar do girassol com a cana-planta reduz a
produção de grãos; que a semeadura de duas linhas de girassol nas laterais do banco da cana-
planta tem maior produtividade de grãos em relação a apenas uma linha no meio do banco e
que estudos posteriores devem ser desenvolvidos, para viabilizar esta prática de cultivo.

Palavras-Chave: Helianthus annuus L., Saccharum officinarum L., Estado do Rio de


Janeiro, cultivo associado, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

129
1 INTRODUÇÃO
O cultivo de espécies vegetais em sistema de consócio ou cultivo intercalar é prática
adotada em várias regiões produtoras, já que as vantagens desse sistema em relação ao
monocultivo são indiscutíveis. Como principal vantagem tem-se melhor uso dos fatores de
produção e maior produção por área e, como desvantagem, a dificuldade na realização de
algumas práticas culturais, sobretudo em culturas com elevado grau de mecanização (Cunha,
2004).
No Estado do Rio de Janeiro a cultura do girassol vem sendo recentemente avaliada,
conforme estudos desenvolvidos por Oliveira, 2006 e Rêgo Filho et al., 2006 a, b e c. Estes
estudos envolveram o girassol solteiro, e em avaliações realizadas tanto no período de outono-
inverno quanto na primavera-verão, envolvendo vários municípios fluminenses.
Procurando alternativa aos produtores interessados no cultivo do girassol no Norte
Fluminense, as ações da pesquisa têm se voltado ao sistema consorciado. Nesse sentido, foi
conduzido trabalho por Souza Filho et al., 2006, avaliando o rendimento do amendoim em
consórcio com o girassol. Como o enfoque do trabalho era voltado ao amendoim, não foram
obtidos dados do girassol. Nesse caso, o trabalho foi encerrado com a colheita do amendoim,
cuja produção final não foi afetada pela cultura do girassol.
Partindo de trabalhos conduzidos por outros autores, em que é possível consorciar-se o
girassol com abacaxi (Cunha, 2004) e milho para silagem (Banys et al., 1999), conduziu-se o
presente trabalho com o objetivo de avaliar o comportamento do girassol em cultivo intercalar
com a cana-planta. A cana-de-açúcar é cultura de expressão para o Norte Fluminense e a
viabilidade de seu cultivo em sistema de consórcio é de interesse para o pequeno produtor.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO
(dag kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46
(médio); m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo);
Zn (mg dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

130
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
intercalar instalado em área de 1 hectare, onde foram feitas as avaliações do girassol em
amostragens.
O trabalho foi conduzido com a cultivar de girassol Catissol e instalado em
11.10.2006, fazendo-se a semeadura do girassol no banco da cana (uma linha e duas linhas),
já com a cana em início de brotação. A cana foi plantada pelo produtor em 20.09.2006,
utilizando a variedade RB 72454, empregando-se como adubação 100 gramas da formulação
04-14-08 por metro de sulco, espaçados entre si a 1,40 metros.
Como adubação para o girassol, empregou-se 500 kg ha-1 da formulação
anteriormente citada, distribuída no sulco de plantio e incorporada manualmente, antes da
semeadura. A semeadura foi realizada manualmente com 10 sementes por metro de sulco, não
sendo realizado desbaste. Como cobertura, utilizou-se 100 kg ha-1 da formulação 20-00-20,
mais 2,0 kg ha-1 de boro, tendo como fonte o ácido bórico.
Foram avaliadas as seguintes características para o girassol: altura de planta (cm),
obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm),
obtido a cinco centímetros do nível do solo, na floração plena; curvatura do capítulo (cm)
obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm),
obtido por meio de uma régua graduada, na colheita; número de plantas quebradas e
acamadas, massa de 1000 aquênios (g) e produção de grãos (kg ha-1). O girassol foi colhido
em 25.01.2007, e para a cana-de-açúcar foi avaliada apenas a altura (cm), medida do solo até
a bainha da última folha.
Foram realizadas capinas manuais quando necessário, não sendo feitas intervenções
para controle de doenças e pragas.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos na
Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca do município vizinho de Carapebus.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo da cultivar Catissol foi de 107 dias, mais precoce do que o obtido pela CATI,
instituição que desenvolveu a cultivar – colheita entre 115 e 130 dias após a semeadura
(Oliveira, 2006).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

131
O rendimento de grãos do girassol, bem como as demais características avaliadas,
encontra-se no Quadro 1.
Com relação a produção de grãos, no girassol em cultivo intercalar com a cana-planta
com 1 linha no banco, obteve-se 314 kg ha-1e, no caso de duas linhas laterais no banco, 623
kg ha-1. Comparando-se estes dados aos obtidos por Oliveira, 2006, em cultivo solteiro, em
que a produtividade média alcançada pela Catissol em diversas localidades fluminenses foi de
1.100kg ha-1, verifica-se que o cultivo intercalar diminui a produção de grãos. Em relação ao
potencial citado para a referida cultivar (2.500 kg ha-1), a redução é drástica. Cunha, 2004,
cita produtividades de 390 kg ha-1 de grãos para o girassol, quando em cultivo intercalar ao
abacaxi.
O número de plantas colhidas por ocasião das amostragens mostra média de 6 plantas de
girassol por metro de sulco, densidade esta considerada satisfatória.
Todas as características avaliadas para o girassol em cultivo intercalar estão abaixo do
citado para a cultivar (Oliveira, 2006), o que justifica a baixa produtividade obtida.
Verifica-se que no girassol intercalar com duas linhas houve tendência de aumento no
número de plantas quebradas e acamadas.
Para a cultura da cana-de-açúcar só foram obtidos dados de altura de planta, que mostra
que o cultivo intercalar do girassol com duas linhas não alterou esta característica, enquanto
que o cultivo intercalar com uma linha proporcionou ligeiro aumento na altura da cana-planta.
Os dados de precipitação obtidos no período experimental (outubro de 2006 a janeiro de
2007) foram: outubro – 99 mm; novembro – 198 mm; dezembro – 128 mm e janeiro – 460
mm. Verifica-se que na fase final de desenvolvimento do girassol o volume de chuva foi
elevado, o que contribuiu para a baixa produtividade obtida. Considerando-se que o início da
floração ocorreu no início de dezembro de 2006, desta fase até a colheita final foram 588 mm
de precipitação pluviométrica.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

132
Quadro 1 – Altura de planta, diâmetro do caule, curvatura do caule, diâmetro de capítulo,
número de plantas colhidas, número de plantas quebradas e acamadas, produção de grãos e
peso de 1.000 aquênios da cultivar Catissol e altura de planta para a cultura da cana-de-
açúcar, em unidade conduzida em Conceição de Macabu, Norte Fluminense, 2006/2007.
Girassol Cana consorciada Girassol
Características consorciado Cana
Uma Duas Uma Duas solteira Solteiro* Instituição
linha linhas linha linhas Origem**
Altura de 86,5 88,9 73,8 62,1 64,8 86,5 160 - 200
Planta (cm)
Diâmetro 8,1 9,8 - - - 13 -
Caule (mm)
Curvatura 80,8 85,3 - - - - -
caule (cm)
Diâmetro 8,3 8,7 - - - 14 -
capítulo (cm)
Nº Plantas 31 61 - - - - -
colhidas
Nº Plantas 0 2 - - - - -
quebradas
Nº Plantas 2 5 - - - - -
acamadas
Prod. Grãos 314 623 - - - 1.100 2.500
(kg/ha)-13%
Massa 1000 37 38 - - - - 62
aquênios (g)
* Dados de altura de planta, diâmetro de caule e diâmetro de capítulo obtido por Oliveira, 2006 em Campos dos
Goytacazes, no período outono-inverno de 2005. Para produtividade, média de seis ensaios conduzidos no
outono-inverno de 2005. ** Características da cultivar Catissol conforme a instituição de origem, citado por
Oliveira, 2006. A produtividade refere-se à potencial de ser obtida pela cultivar.

4 CONCLUSÃO
O cultivo intercalar do girassol com a cana-planta reduz a produção de grãos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

133
A semeadura de duas linhas de girassol nas laterais do banco da cana-planta tem maior
produtividade de grãos em relação a apenas uma linha no meio do banco.
Estudos posteriores devem ser desenvolvidos, para viabilizar esta prática de cultivo.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
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5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

BANYS, V.L.; VON TIESENHAUSEN, I.M.E.V.; PAIVA, P.C. de A.; REZENDE, C.A.P.
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consorciado com girassol: composição química, consumo voluntário, ganho em peso,
digestibilidade e balanço de nitrogênio. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 23, n. 3, p.
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CUNHA, G.A.P. da. Cultivo do abacaxizeiro – consorciação e rotação de culturas. Cruz das
Almas : Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004. 4 p. (Embrapa Mandioca e Fruticultura.
Comunicado Técnico, 108).

OLIVEIRA, L.A.A. de. Projeto: Avaliações agronômicas, edafoclimáticas e econômicas e


implantação de banco de germoplasma de espécies oleaginosas no Estado do Rio de
Janeiro. Niterói : Pesagro-Rio. Relatório técnico final encaminhado à Faperj. 65p. 2006

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BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
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REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
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CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
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REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
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In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

134
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006. p. 30.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

135
CULTIVO DO GIRASSOL EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO
NORTE FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA VERÃO
(2006/2007)

Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, marciopesagro@yahoo.com.br
Luiz de Morais Rêgo Filho, PESAGRO-RIO, lmorais@pesagro.rj.gov.br
Lenício José Ribeiro, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Em área de produção como o Estado do Rio de Janeiro a época de semeadura


mais recomendada seria o período de fevereiro a março. Esta recomendação foi comprovada
por pesquisas já realizadas, que concluíram ser o início de abril a mais favorável à produção
de girassol, empregando-se irrigação suplementar. A época de plantio normalmente influencia
a produção de grãos e seus componentes, sendo também necessária a correta escolha da
cultivar a ser plantada. Se utilizada cultivar adequada em época de semeadura ideal haverá
incremento em produtividade, sem onerar o custo de produção. Dando continuidade a esses
estudos de épocas de semeadura no período de primavera verão, conduziu-se o presente
trabalho, nas condições edafoclimáticas do Norte Fluminense. O ensaio foi instalado em
Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do produtor Francisco Jorge
Ribeiro. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo do
girassol instalado em área de 1 hectare. O trabalho foi conduzido com a cultivar Catissol,
fazendo-se a semeadura mecanizada. Concluiu-se que a produtividade média obtida de 760 kg
ha-1 está abaixo do potencial produtivo da cultivar, mas igualando-se em produtividade a
outras épocas de semeadura, e que outros ensaios devem ser conduzidos no Norte Fluminense,
para melhor ajuste da época de semeadura.

Palavras-Chave: Helianthus annuus L., época de semeadura, produção de grãos, Estado do


Rio de Janeiro, biodiesel.

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136
1 INTRODUÇÃO
Por ser uma planta extremamente adaptável, o girassol pode ser cultivado, no Brasil,
durante todo o ano, considerando-se as regiões produtoras de grãos (Silveira et al., 2005).
Segundo esses autores, em área de produção como o Estado do Rio de Janeiro a época de
semeadura mais recomendada seria no período de fevereiro a março. Esta recomendação foi
comprovada por Rêgo Filho et al., 2006a, que ao avaliarem as épocas de semeadura de
fevereiro, março e abril, concluíram ser o início de abril a mais favorável à produção de
girassol, empregando-se irrigação complementar.
Para Paes, 2005, a época de plantio normalmente influencia a produção de grãos e seus
componentes. Ainda segundo este autor, outro fator a ser considerado em relação a época de
semeadura é a escolha correta da cultivar a ser plantada. Se utilizada cultivar adequada em
época de semeadura ideal haverá incremento em produtividade, sem onerar o custo de
produção.
Com os estudos de avaliação de épocas de semeadura, alguns materiais foram testados
e, em função de seu desempenho, recomendado para cultivo no Estado do Rio de Janeiro: a
cultivar Catissol e os híbridos simples Helio 250 e Helio 251 (Oliveira, 2006).
Estudos também envolvendo a época de semeadura de primavera verão foram
conduzidos (Oliveira, 2006), mas com resultados de produtividade inferior à época de
semeadura de abril.
Dando continuidade a esses estudos de épocas de semeadura no período de primavera
verão, conduziu-se o presente trabalho, nas condições edafoclimáticas do Norte Fluminense.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO (dag
kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46 (médio);
m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo); Zn (mg
dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
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137
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
instalado em área de 1 hectare, onde foram feitas as avaliações do girassol em amostragens.
A adubação utilizada no plantio foi a de 500 kg ha-1 da formulação 04-14-08,
juntamente com 2 kg de B ha-1 (fonte ácido bórico). Foi também realizada adubação
nitrogenada em cobertura, na dosagem de 100 kg de N ha-1, tendo como fonte o de sulfato de
amônio.
A semeadura foi realizada mecanicamente no dia 28.11.2006, utilizando-se o
espaçamento de 1,0m entre linhas de plantio, e densidade de 10 sementes por metro. A
cultivar utilizada foi a Catissol e, por ocasião da colheita, realizada manualmente em
08.03.2007, foram avaliada a altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm), obtido a cinco centímetros do nível do
solo, na floração plena; curvatura do capítulo (cm) obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na colheita; diâmetro do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, na
colheita; o estande final obtido, o peso de 1000 aquênios (g) e produção de grãos (kg ha-1).
No controle de plantas daninhas, foram realizadas capinas manuais nas linhas e nas
entrelinhas, conforme necessidade da cultura. Não foram necessárias intervenções para
controle de doenças e pragas.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos na
Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca do município vizinho de Carapebus.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo da cultivar Catissol foi de 100 dias, inferior ao ciclo normal da cultivar (115 –
130 dias), mas de acordo com outras informações obtidas nessa época de semeadura.
No Quadro 1 encontram-se os resultados médios obtidos para as características
avaliadas. Para efeito comparativo, são apresentados os dados obtidos por Rêgo Filho et al.,
2006a, ao avaliarem esta cultivar no município de Campos dos Goytacazes, também na região
Norte Fluminense, mas em condição de outono inverno.
Verifica-se que os dados de altura de planta, diâmetro de caule e curvatura do caule
obtidos na semeadura de primavera verão (Conceição de Macabu) são semelhantes aos
obtidos no outono inverno (Campos dos Goytacazes) e, para as demais características, foram
bem inferiores, particularmente quanto à produção de grãos.

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138
Quadro 1 – Altura de planta (cm), diâmetro de caule (mm), curvatura do caule (cm), diâmetro
do capítulo (cm), estande final obtido (plantas por metro), peso de 1.000 aquênios e produção
de grãos (kg ha-1). Conceição de Macabu, primavera verão de 2006/2007.
Características Conceição de Campos dos
Macabu Goytacazes*
Altura de planta 94 100
Diâmetro do caule 15 14
Curvatura do caule 86 87
Diâmetro de capítulo 9,7 14
Estande final 4,0 -
Peso aquênios 46 60
Produção de grãos 760 1.990
*
Rêgo Filho et al., 2006a.

Considerando-se que o período de semeadura avaliado nesse trabalho foi atípico, em


função da elevada precipitação pluviométrica no período de desenvolvimento da cultura
(Quadro 2), justifica-se, em parte, os dados de produtividade obtidos. Somente nos primeiros
sessenta dias após a semeadura, o total de chuva foi de 588 mm.

Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental


(dezembro de 2006 a março de 2007). Dados obtidos na Secretaria Municipal de Agricultura,
Abastecimento e Pesca de Carapebus (município vizinho). Conceição de Macabu, RJ, maio
de 2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Dezembro de 2006 128
Janeiro de 2007 460
Fevereiro de 2007 72
Março de 2007 83
Total 743

Além da questão da precipitação pluviométrica, também influenciaram na


produtividade o espaçamento adotado (1,0 m entre linhas), em função do equipamento
disponível na semeadura, e o baixo estande final obtido (4 plantas metro).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

139
Apesar da baixa produtividade média, de apenas 760 kg ha-1, estes resultados se
assemelham aos obtidos no período de outono inverno, nas semeaduras de março de 2005
(Rêgo Filho et al., 2006b) e de fevereiro de 2006 (Rêgo Filho et al., 2006c) em Campos dos
Goytacazes.
Para a região Norte Fluminense deverão ser conduzidos mais ensaios, procurando-se
ajustes na parte agronômica, envolvendo outras épocas de semeadura, cultivares, espaçamento
e densidade de semeadura.

4 CONCLUSÕES
A produtividade média obtida de 760 kg ha-1 está abaixo do potencial produtivo da
cultivar, mas igualando-se em produtividade a outras épocas de semeadura na região.
Outros ensaios devem ser conduzidos no Norte Fluminense, para melhor ajuste da época
de semeadura.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

OLIVEIRA, L.A.A. de. Projeto: Avaliações agronômicas, edafoclimáticas e econômicas e


implantação de banco de germoplasma de espécies oleaginosas no Estado do Rio de
Janeiro. Niterói : Pesagro-Rio. Relatório técnico final encaminhado à Faperj. 65p. 2006.

PAES, J.M.V. Utilização do girassol em sistemas de cultivo. Informe Agropecuário, Belo


Horizonte, v. 36, n. 229, p. 34—41, 2005.

REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
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na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Segunda época de semeadura (abril 2005). In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006 a. p. 25.

REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Primeira época de semeadura (março 2005).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006 b. p. 24.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

140
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Terceira época de semeadura (fevereiro 2006).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006 c. p. 26.

SILVEIRA, J.M.; CASTRO, C. de.; MESQUITA, C. de M.; PORTUGAL, F.A.F. Semeadura


e manejo da cultura do girassol. In: LEITE, R.M.V.B. de C.; BRIGHENTI, A.M.; CASTRO,
C. de. Girassol no Brasil. Londrina : Embrapa soja, 2005. p. 375-409.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

141
RENDIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE
AMENDOIM EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE

Benedito Fernandes de Souza Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
José Geraldo Custódio dos Santos, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: A região Norte Fluminense detém cerca de 90% da área do Estado, cultivada
com cana-de-açúcar com rendimento médio de 46 toneladas por hectare, atividade esta que
está concentrada no município de Campos dos Goytacazes, que reúne cerca de sete mil
produtores, dos quais 92% possuem área de até 100 ha. Os estudos iniciais desenvolvidos pela
Pesagro-Rio enfocando a cultura do amendoim nas áreas de reforma dos canaviais, foram
conduzidos em Campos dos Goytacazes, visando principalmente à caracterização fenotípica
de cultivares, rendimento agronômico e industrial, consorciação com outras culturas,
densidade de semeadura e acúmulo de nutrientes na palhada. Considerando-se a necessidade
de avaliar o potencial de produção agrícola e industrial do amendoim em diferentes condições
edafoclimáticas do Norte Fluminense, conduziu-se o presente trabalho no município de
Conceição de Macabu. Concluiu-se que maior rendimento de amêndoas e de óleo foi obtido
pela cultivar IAC 886 Runner, no ano agrícola 2006/2007.

Palavras-Chave: Competição, produção de óleo, produção de grãos, amendoim, biodesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

142
1 INTRODUÇÃO
Atualmente as regiões que produzem cana-de-açúcar no Estado do Rio de Janeiro são a
Norte Fluminense (128.603 ha), Baixada Litorânea (3.916 ha), Noroeste Fluminense (2.745
ha), Médio Paraíba (1.158 ha), Metropolitana (296 ha) e Costa Verde (224 ha), totalizando
136.942 ha (Viana, 2006).
A região Norte Fluminense detém cerca de 90% da área do Estado, com rendimento
médio de 46 toneladas de cana-de-açúcar por hectare. Esta atividade está concentrada no
município de Campos dos Goytacazes, que reúne cerca de sete mil produtores, dos quais 92%
possuem área de até 100 ha (Viana, 2006).
Os estudos iniciais desenvolvidos pela Pesagro-Rio enfocando a cultura do amendoim
para a rotação com a cana-de-açúcar, foram conduzidos em Campos dos Goytacazes,
principalmente para caracterização fenotípica de cultivares (Souza Filho et al., 2006 a),
rendimento agronômico e industrial (Souza Filho et al., 2006 b), consorciação com outras
culturas (Souza Filho et al., 2006 c), densidade de semeadura (Souza Filho et al., 2006 d) e
acúmulo de nutrientes na palhada (Andrade et al., 2006).
Considerando-se a necessidade de avaliar o potencial de produção agrícola e industrial
do amendoim em diferentes condições edafoclimáticas do Norte Fluminense, conduziu-se o
presente trabalho no município de Conceição de Macabu.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO
(dag kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46
(médio); m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo);
Zn (mg dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

143
Foi utilizada adubação de fundação com 300 kg kg-1 da formulação 04-14-08,
distribuída no sulco de semeadura e levemente incorporados. Como adubação de cobertura,
aos 30 dias após a emergência foi aplicado 100 kg kg-1da formulação 20-00-20.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 27.11.06, n o espaçamento de 0,8
metros entre linhas de cultivo e densidade na linha de semeadura de 12 sementes por metro
linear de sulco.
Foram utilizadas quatro cultivares de hábito de crescimento ereto (IAC 8112, IAC 22,
IAC Tatu e IAC 5) e uma cultivar de hábito prostrado (IAC 886 Runner). Não foi utilizado
nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo as cultivares plantadas em parcelões de
100 m2 para cada genótipo, onde foram feitas as avaliações deste trabalho por ocasião da
colheita (23.03.07), relacionado à produtividade com casca e amêndoas (kg ha-1) e produção
de óleo bruto (litros por ha-1).
Como tratos culturais, foi realizada aos 40 dias após a emergência uma capina, seguida
de amontoa e uma pulverização para controle da cigarrinha verde, com o produto comercial
Decis (200 ml ha-1). Não foram constatadas ocorrências de doenças de expressão econômica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares, de 117 dias, está um pouco acima do obtido por Souza Filho et
al., 2006 a, para as cultivares de hábito de crescimento ereto (95 dias) e próximo dos 125 dias
obtidos pela cultivar de hábito prostrado, em ensaio conduzido em Campos dos Goytacazes,
na mesma região.
O rendimento agrícola e industrial dos genótipos de amendoim avaliados encontra-se no
Quadro 1.
Maior produtividade de amêndoa foi obtida pelas cultivares IAC 886 Runner
(prostrado), com menor produtividade sendo obtida pela cultivar IAC 5. Estes dados de
produção estão abaixo dos obtidos por Souza Filho et al., 2006 b, em ensaio conduzido em
Campos dos Goytacazes, na mesma região.
O percentual de perdas obtido, relacionado à diferença observada entre o peso com
casca e o peso de amêndoas, foi da ordem de 30%. Ou seja, a cada tonelada de grãos em casca
se obtém 700 kg de amêndoas e 300 kg de resíduos (casca).
O teor de óleo acompanhou a produção de amêndoas e, também nesse caso, com
rendimento de óleo inferior ao obtido por Souza Filho et al., 2006 b, em outro ensaio
conduzido na mesma região.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

144
Quadro 1 – Rendimento agrícola (kg ha-1) e industrial (óleo bruto em l ha) de cinco genótipos
de amendoim em Conceição de Macabu, 2006/2007.
Genótipo Com casca Amêndoa Óleo
IAC 886 Runner 2.040 1.450 638
IAC 8112 1.920 1.320 630
IAC 22 1.890 1.220 586
IAC Tatu 1.800 1.230 565
IAC 5 1.400 950 418
Média 1.810 1.234 567

Os dados de precipitação pluviométrica obtidos durante o período de condução do


ensaio encontram-se no Quadro 2, evidenciando que a fase de enchimento de grãos foi
prejudicada por déficit hídrico. Considerando-se o total de 941 mm no período de condução
do ensaio, o problema foi causado por má distribuição.

Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental


(dezembro de 2006 a abril de 2007). Dados obtidos na Secretaria Municipal de Agricultura,
Abastecimento e Pesca de Carapebus (município vizinho). Conceição de Macabu, RJ, maio
de 2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Novembro de 2006 198
Dezembro de 2006 128
Janeiro de 2007 460
Fevereiro de 2007 72
Março de 2007 83
Total 941

4 CONCLUSÃO
Maior rendimento de amêndoas e de óleo foi obtido pela cultivar IAC 886 Runner. O
cultivo do amendoim é viável para a rotação com a cultura da cana-de-açúcar.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

145
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

ANDRADE, W.E. de B.; SOUZA FILHO, B.F. de; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J.; GOMES, J.M.R.; SANTOS, P.S.B.S. dos. Acumulação de nutrientes pela
palhada do amendoim no Norte Fluminense em semeadura de primavera-verão. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de
Varginha, 2006. (CD ROM). p. 138 – 143.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 a. (CD ROM). p. 116 – 121.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 b. (CD ROM). p.
122 – 127.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento do amendoim em consórcio com o girassol e a mamona no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 c. (CD ROM). p.
128 – 132.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Densidade de semeadura da cultivar IAC Tatu - ST no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 d. (CD ROM). p. 133 – 137.

VIANA, A.R. Rotação do plantio de cana-de-açúcar através de oleagionosas. Projeto


aprovado pela Faperj, ano de execução 2006/2007. 6 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

146
RENDIMENTO DE GRÃOS DE CULTIVARES DE AMENDOIM COM E
SEM ADUBAÇÃO DE FUNDAÇÃO EM CARAPEBEUS, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE

Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


Benedito Fernandes de Souza Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
José Geraldo Custódiodos Santos, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Estudos conduzidos no Estado de São Paulo relatam que as maiores respostas da
cultura do amendoim à adubação tem sido em relação ao fósforo. Já a calagem tem sido mais
utilizada no fornecimento de nutrientes para a cultura, particularmente o cálcio, do que seu
efeito na correção da acidez. Entretanto, estas respostas não podem ser atribuídas ao melhor
desenvolvimento radicular. Considerando-se que um dos objetivos principais do plantio do
amendoim em área de renovação de canavial é o seu uso na recuperação de solo, procurou-se,
nesse trabalho, estudar-se o efeito da adubação de fundação na produção de amêndoas e,
posteriormente, avaliar o desempenho da cultura da cana-de-açúcar nessas áreas. Concluiu-se
que houve ganho médio em produção de amêndoas em 30% quando da presença da adubação
de fundação, sendo a cultivar IAC 886 Runner mais responsiva à adubação do que a cultivar
IAC Tatu.

Palavras-Chave: Adubação de fundação, produção de grãos, macronutrientes, amendoim,


biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

147
1 INTRODUÇÃO
Ao avaliarem os efeitos de fontes de fósforo e de calagem na produção do amendoim,
Nakagawa et al., 1993, relatam em revisão de literatura que, no Estado de São Paulo, as
maiores respostas da cultura tem sido em relação ao fósforo. Já a calagem tem sido mais
utilizada no fornecimento de nutrientes para a cultura, particularmente o cálcio, do que seu
efeito na correção da acidez.
Apesar do efeito positivo do fósforo na nutrição do amendoim, tal efeito não pode ser
atribuído a um possível melhor desenvolvimento radicular. Marubayashi et al., 1994, ao
avaliarem o sistema radicular do amendoim em função da adubação fosfatada, não
observaram resposta significativa à dose do nutriente aplicada. Ocorreram diferenças entre
cultivares, sendo que as raízes encontram-se mais concentradas nos primeiros 15 cm do solo.
Considerando-se que um dos objetivos principais do plantio do amendoim em área de
renovação de canavial é o seu uso na recuperação de solo, procurou-se, nesse trabalho,
estudar-se o efeito da adubação de fundação na produção de amêndoas e, posteriormente,
avaliar o desempenho da cultura da cana-de-açúcar nessas áreas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Carapebus, região Norte Fluminense, no Horto Municipal
administrado pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Pecuária e Pesca.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Campus Dr. Leonel
Miranda), mostra: pH (água) 7,6 (alcalinidade fraca); P (mg dm-3) 28 (bom); K (cmolc dm-3)
0,08 (baixo); Ca (cmolc dm-3) 1,1 (baixo); Mg (cmolc dm-3) 0,4 (baixo); Al (cmolc dm-3) 0,0
(muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 2,9 (médio); MO (dag kg-1) 1,16 (baixo); CTC (cmolc dm-
3
) 4,5 (médio); SB (cmolc dm-3) 1,6 (baixo); V (%) 36 (baixo); m (%) 0 (muito baixo); Fe (mg
dm-3) 14,1 (baixo); Cu (mg dm-3) 0,2 (muito baixo); Zn (mg dm-3) 0,6 (baixo); Mn (mg dm-3)
3,8 (baixo) e B (mg dm-3) 0,28 (baixo). A classificação entre parêntesis refere-se à avaliação
de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
Nas parcelas que receberam adubação, foi feita a aplicação do fertilizante em fundação,
empregando-se 400 kg ha-1 da formulação 04-14-08, complementada por uma adubação de
cobertura de 150 kg ha-1 da mistura de uma parte de sulfato de amônio e uma parte de cloreto
de potássio. A adubação de fundação, quando presente, foi feita no sulco de plantio, e
ligeiramente incorporada. A adubação de cobertura foi feita aos 30 dias após a emergência.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

148
A semeadura foi realizada manualmente no dia 19.12.06, empregando-se o
espaçamento de 0,9 metros entre linhas de cultivo e densidade na linha de semeadura de 13
sementes por metro linear de sulco.
Foram utilizadas as cultivares IAC Tatu e a IAC 886 Runner. Não foi adotado nenhum
delineamento ou arranjo experimental, sendo as cultivares plantadas em parcelões de 100 m2,
onde foram feitas as avaliações de rendimento agrícola, determinando-se a produção do
amendoim em casca e de amêndoa, em kg ha-1.
Para o controle de plantas daninhas foi realizada uma capina, seguida de uma amontoa
(15.01.07).
Foi necessária uma pulverização para controle da cigarrinha verde, com o produto
comercial Decis (200 ml ha-1). Não foram constatadas ocorrências de doenças de expressão
econômica.
A colheita foi realizada em 22.04.07 para todos os genótipos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares utilizadas foi de 125 dias, acima dos 95 dias de ciclo obtido pela
IAC Tatu e semelhante aos 125 dias obtidos pela IAC 886 Runner por Souza Filho et al., 2006
a, ao avaliarem estes materiais em Campos dos Goytacazes, na mesma região.
O rendimento agrícola das cultivares de amendoim, em função da presença ou da
ausência da adubação de fundação, encontra-se no Quadro 1.
Os resultados de produtividade evidenciam a necessidade de adubação do amendoim
em Carapebus, com ganhos de 30% em produtividade de amêndoa quando da ausência da
adubação. As produtividades obtidas estão inferiores ao obtido por Souza Filho et al., 2006 b,
que alcançaram patamares de produtividade de 2.535 kg ha-1 para a cultivar IAC 886 Runner
e 2.400 kg ha-1 para a cultivar IAC Tatu, ao conduzirem ensaios nesta mesma região.
Com relação às cultivares utilizadas, a IAC 886 Runner foi a mais responsiva à
adubação de fundação.
O percentual de perdas obtido, na faixa de 40%, representado pela renda média das
cultivares após o descascamento, está na faixa citada para essas cultivares. Não foi observado
efeito da adubação nesse fator.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

149
Quadro 1 – Rendimento agrícola (kg ha-1) de duas cultivares de amendoim com e sem
adubação de fundação. Carapebus, 2006/2007.
Com adubo Sem adubo
Cultivar Com casca Amêndoa Com casca Amêndoa
IAC Tatu 810 360 720 325
IAC 886 Runner 1.900 1.250 1.250 810
Média 1.355 805 985 567

Os dados de precipitação pluviométrica obtidos durante o período de condução do


ensaio encontram-se no Quadro 2 e ajudam explicar os rendimentos baixos da cultivar IAC
Tatu, que sendo mais precoce foi altamente afetada na fase de enchimento de grãos por déficit
hídrico.

Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental


(dezembro de 2006 a março de 2007). Dados obtidos na Secretaria Municipal de Agricultura,
Abastecimento, Pecuária e Pesca. Carapebus, primavera verão de 2006/2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Dezembro de 2006 128
Janeiro de 2007 460
Fevereiro de 2007 72
Março de 2007 83
Abril 23
Total 766

4 CONCLUSÕES
Há ganho médio em produção de amêndoas de 30% quando da presença da adubação
de fundação.
A cultivar IAC 886 Runner é mais responsiva à adubação do que a cultivar IAC Tatu.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

150
MARUBAYASHI, O.M.; ROSOLEM, C.A.; ZANOTTO, M.D. Sistema radicular de
amendoim em função da adubação fosfatada. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.
29, n. 11, p. 1669 – 1673, nov. 1994.

NAKAGAWA, J.; NAKAGAWA, J.; IMAIZUMI, I.; ROSSETTO, C.A.V. Efeito de fontes
de fósforo e da calagem na produção de amendoim. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 28, n. 4, p. 421 – 431, abr. 1993.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 a. (CD ROM). p. 116 – 121.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 b. (CD ROM). p.
122 – 127.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

151
PRODUÇÃO DO AMENDOIM EM CULTIVO INTERCALAR COM CANA-
PLANTA EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE

Benedito Fernandes de Souza Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
José Geraldo Custódio dos Santos, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: A Pesagro-Rio, através da Estação Experimental de Campos, tem proposto o


aprimoramento da cultura do amendoim como uma das culturas alternativas para incremento
da produção de óleo na região Norte Fluminense. Tradicionalmente, a base econômica da
agricultura no Norte Fluminense consiste na cultura da cana-de-açúcar, que após um período
de crise ressurge com força devido à questão energética, mais voltado para a produção de
álcool. Procurando aliar o amendoim e a cana-de-açúcar com a finalidade de produção de
energia – álcool e óleo, para uso na produção de biodiesel, vislumbrou-se a possibilidade de
avaliar o rendimento do amendoim em cultivo intercalar com a cana-planta. O ensaio foi
instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do produtor Francisco
Jorge Ribeiro. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o
cultivo intercalar instalado em área de 1 hectare. O trabalho foi conduzido com as cultivares
de amendoim IAC Tatu e IAC Runner, fazendo-se a semeadura no meio do banco da cana, já
com a cana RB 72454 em início de brotação. Concluiu-se que o cultivo intercalar do
amendoim com a cana-planta reduziu a produção de amêndoas; a cultivar IAC Tatu, em
condições de cultivo intercalar, não foi responsiva à adubação de fundação; o uso de sementes
com casca reduziu a produtividade da cultivar IAC Runner. Estudos posteriores devem ser
desenvolvidos, para viabilizar esta prática de cultivo.

Palavras-Chave: Arachis hipogaea, Saccharum officinarum L., cultivo associado, Estado


do Rio de Janeiro, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

152
1 INTRODUÇÃO
A Pesagro-Rio, através da Estação Experimental de Campos, tem proposto o
aprimoramento da cultura do amendoim como uma das culturas alternativas para incremento
da produção de óleo na região Norte Fluminense. Nesse sentido, já foram conduzidos
trabalhos procurando caracterizar fenotipicamente cultivares de amendoim de interesse para
essa região (Souza Filho et al., 2006a), o rendimento agronômico e industrial desses materiais
(Souza Filho et al., 2006b) e o comportamento da cultura em diferentes densidade de
semeadura (Souza Filho et al., 2006c). Além dos plantios solteiros, foi também avaliado o
rendimento do amendoim em consórcio com o girassol e a mamona (Souza Filho et al.,
2006d).
Tradicionalmente, a base econômica da agricultura no Norte Fluminense consiste na
cultura da cana-de-açúcar, que após um período de crise ressurge com força devido à questão
energética, mais voltado para a produção de álcool.
Procurando aliar o amendoim e a cana-de-açúcar com a finalidade de produção de
energia – álcool e óleo, para uso na produção de biodiesel, vislumbrou-se a possibilidade de
avaliar o rendimento do amendoim em cultivo intercalar com a cana-planta.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO
(dag kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46
(médio); m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo);
Zn (mg dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
intercalar instalado em área de 1 hectare, onde foram feitas as avaliações do girassol em
amostragens.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

153
O trabalho foi conduzido com as variedades Tatu e Runner e instalado em 11.10.2006,
fazendo-se a semeadura do amendoim em uma linha no meio do banco da cana, já com a cana
em início de brotação. A cana foi plantada pelo produtor em 20.09.2006, utilizando a
variedade RB 72454, empregando-se como adubação 100 gramas da formulação 04-14-08 por
metro linear, espaçados entre si a 1,40 metros.
Para a variedade Tatu (porte ereto), avaliou-se o comportamento em cultivo intercalar
com adubação de fundação e sem adubação de fundação. Quando utilizada, a adubação foi de
250 kg ha-1 da formulação 04-14-08, distribuída no sulco de plantio e incorporado
manualmente antes da semeadura. A semeadura foi realizada manualmente com 10 sementes
por metro linear.
Para a variedade Runner (porte prostrado), avaliou-se o comportamento em cultivo
intercalar com a semeadura sendo realizada com as sementes com casca e sem casca
(debulhadas) Para esta variedade não foi utilizada adubação de fundação.
Ambas cultivares receberam adubação foliar em cobertura, tendo com fonte o
Complex 151 (Green Top), em duas pulverizações (30 e 45 dias após a emergência), na
dosagem de 1,0 litro do produto por aplicação.
Foram avaliadas as seguintes características para o amendoim: rendimento da
amêndoa com casca e sem casca, em kg ha-1, índice de colheita (%), massa de 100 sementes
(g), óleo bruto (litros ha-1) e estande final. Para a cana foi medida apenas a altura de planta no
momento da colheita do amendoim, realizada em 15.02.2007, medindo-se do solo até a bainha
da última folha.
Não foram necessários o controle de plantas daninhas e de doenças e, quanto a pragas,
houve necessidade do controle da cigarrinha verde com produto comercial em duas épocas:
aos 30 e 45 dias após a emergência, aplicados conjuntamente à adubação foliar de cobertura.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos na
Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca do município vizinho de Carapebus.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo normal para colheita da variedade Tatu é de 90 – 100 dias - considerada como
precoce e, a variedade Runner, ciclo de 130 dias - considerada como de intermediário (Souza
Filho et al., 2006a). O ciclo final obtido pelas variedades foi praticamente o mesmo, sendo a
colheita realizada aos 122 dias, atrasando a colheita da variedade Tatu aguardando chuva para
facilitar o processo de colheita, realizada por arranquio manual.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

154
O rendimento de grãos de amendoim, bem como das demais características avaliadas
tanto para o amendoim quanto para a cana-planta, encontram-se no Quadro 1.

Quadro 1 – Rendimento do amendoim em kg ha-1 (com casca e sem casca), índice de colheita
(IC, %), massa de 100 sementes (M, 100 g), óleo bruto (OB, litros ha-1), estande final (EF,
1000 plantas ha-1) e altura da cana (AC, cm) obtidos em Conceição de Macabu, Norte
Fluminense, 2006/2007.
Tratamentos Rendimento IC M OB EF AC
100
Com Amêndoa (%) (g) (litros ha-1) mil plantas (cm)
casca ha-1
Tatu c/af 1285 771 28 52 354 58 100
Tatu s/af 1174 704 29 53 324 62 98
Runner c/c 1453 1017 28 66 447 60 110
Runner s/c 1842 1290 30 67 567 63 105
Cana solteira - - - - - - 105
Média 1438 945 29 60 423 61 104
* c/af (com adubação de fundação), s/af (sem adubação fundação), c/c (com casca) e s/c (sem casca).

A produção das cultivares IAC Tatu e IAC Runner em sistema de cultivo intercalar com
a cana-de-açúcar (média de 1230 kg ha-1 e 1648 kg ha-1, respectivamente), ficaram abaixo do
obtido por estes mesmos materiais em cultivo solteiro, da ordem de 2.400 kg ha-1 e 2.535 kg
ha-1 de produção total, respectivamente (Souza Filho et al., 2006b), compatível para o
sistema.
Em sistema de consórcio a cultivar Tatu não foi responsivo à adubação de fundação,
com incremento de apenas 67 kg ha-1 de amêndoas. Já em relação a cultivar IAC Runner, o
uso de sementes com casca prejudicou ainda mais a produção final, sendo que o uso da
semente debulhada incrementou a produtividade em 273 kg ha-1 de amêndoas.
Apesar da redução na produtividade em função do cultivo intercalar, destaca-se a
produção de óleo bruto, em média de 423 litros por hectare.
Até a colheita do amendoim praticamente não foram observadas diferenças em altura da
cana-planta, considerando-se os dados obtidos em cultivo intercalar e a cana solteira.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

155
Os dados de precipitação obtidos no período experimental (outubro de 2006 a fevereiro
de 2007) foram: outubro – 99 mm; novembro – 198 mm; dezembro – 128 mm; janeiro – 460
mm e fevereiro – 72 mm. Verifica-se que na fase final de desenvolvimento do amendoim o
volume de chuva foi elevado, o que contribuiu para a baixa produtividade obtida.
Foi verificado que em cultivo intercalar com a cana planta, o amendoim foi eficiente no
controle de ervas daninhas no banco (entrelinhas da cana), notadamente com a cultivar de
hábito prostrado (IAC 886 Runner).
Os dados obtidos em cultivo intercalar com a cana-de-açúcar diferem dos obtidos em
relação ao cultivo intercalar do amendoim com o girassol e a mamona (Souza Filho et al.,
2006 d), em que até a colheita não houve efeito dessas culturas no rendimento do amendoim.

4 CONCLUSÃO
O cultivo intercalar do amendoim com a cana-planta reduziu a produção de amêndoas.
A cultivar IAC Tatu, em condições de cultivo intercalar, não foi responsiva à adubação
de fundação.
O uso de sementes com casca reduz a produtividade da cultivar IAC Runner. Estudos
posteriores devem ser desenvolvidos, para viabilizar esta prática de cultivo.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V. V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006a. (CD ROM). p. 116 – 121.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006b. (CD ROM). p.
122 – 127.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Densidade de semeadura da cultivar IAC Tatu - ST no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

156
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006c. (CD ROM). p. 133 – 137.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento do amendoim em consórcio com o girassol e a mamona no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006d. (CD ROM). p.
128 – 132.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

157
RENDIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE
AMENDOIM AVALIADOS EM DIFERENTES TIPOS DE SOLO EM
CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


Benedito Fernandes de Souza Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
José Geraldo Custódio dos Santos, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Jakeline Moisés Ribeiro Gomes, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Penha Sebastiana Barbosa Simeão dos Santos, PESAGRO-RIO, anderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: O amendoim, além da semente, que pode ser consumida de diversas formas,
também produz um óleo de especial qualidade, somente superado pelo óleo de oliva. O
amendoim deve ser plantado, de preferência, nos solos mais arenosos (leves), que facilitam a
penetração do ginóforo para a formação do fruto. Já os solos mais argilosos (compactos)
apresentam algumas desvantagens, como menor produção de amêndoas e dificultar a
operação de colheita. A cultura do amendoim vem sendo avaliada ultimamente na região
Norte Fluminense, como uma das possíveis culturas para plantio em áreas de reforma de
canaviais, o que significa 20.000 hectares disponíveis anualmente. Considerando-se que o
cultivo da cana-de-açúcar ocorre em vários tipos de solo, procurou-se neste trabalho avaliar o
comportamento de oito genótipos de amendoim em três tipos de solo: arenoso, intermediário e
argiloso, em Campos dos Goytacazes. Concluiu-se que os genótipos de hábito de crescimento
ereto foram mais produtivos do que os de hábito prostrado, e com maior produtividade de
grãos obtida no solo mais leve, com menor teor de argila. O rendimento industrial (46% de
rendimento de óleo bruto) acompanhou a produtividade de amêndoa.

Palavras-Chave: Arachis hipogaea, tipos de solo, produção de grãos, rendimento de óleo,


biodiesel.

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158
1 INTRODUÇÃO
O amendoim é uma leguminosa muito usada pela população, que fazem largo emprego
de suas sementes na alimentação humana, e com uso de co-produtos de sua industrialização
na alimentação animal. Além da semente, que pode ser consumida de diversas formas, o
amendoim produz um óleo de especial qualidade, somente superado pelo óleo de oliva (Prata,
1968).
O amendoim deve ser plantado, de preferência, nos solos mais arenosos (leves), que
facilitam a penetração do ginóforo para a formação do fruto. Já os solos mais argilosos
(compactos) apresentam algumas desvantagens, quais sejam a menor produção de amêndoas e
dificultar a operação de colheita (Prata, 1968).
A cultura do amendoim vem sendo avaliada ultimamente na região Norte Fluminense,
como uma das possíveis culturas para plantio em áreas de reforma de canaviais, que só na
região Norte significa 20.000 hectares disponíveis anualmente.
Considerando-se que o cultivo da cana-de-açúcar ocorre em vários tipos de solo,
procurou-se neste trabalho avaliar o comportamento do amendoim em três tipos de solo:
arenoso, intermediário e argiloso. Espera-se, assim, contribuir para que a cultura do
amendoim se estabeleça na região dentro de critérios técnicos e avalizados pela pesquisa.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
O ensaio foi conduzido em área aonde vinha sendo cultivada cana-de-açúcar, variedade
SP 792233 (seis cortes). Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
Na área destinada ao ensaio foi possível identificar três tipos de solo. Cada solo foi
amostrado, na profundidade de 0 – 20 cm, e encaminhado para análise química e física
(granulométrica), que foram realizadas nos laboratórios da Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro, Campus Dr. Leonel Miranda, em Campos dos Goytacazes. Os resultados constam
do Quadro 1. Pelo resultado da análise fica evidenciado os três tipos de solo inicialmente
separados: arenoso (solo 1), intermediário (solo 2) e argiloso (solo 3). A classificação entre
parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

159
Quadro 1 – Resultado da análise química e física (granulométrica) de amostras de material de
solo da área experimental de Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Análises Tipos de Solo
Realizadas Solo 1 (arenoso) Solo 2 (intermediário) Solo 3 (argiloso)
pH (água) 5,5 (Acidez Média) 5,2 (Acidez Média) 5,4 (Acidez Média)
P (mg dm-3) 21 (Médio) 8 (Baixo) 6 (Baixo)
K (mg dm-3) 43 (Médio) 88 (Bom) 74 (Bom)
Ca (cmolc dm-3) 1,1 (Baixo) 1,2 (Baixo) 2,8 (Bom)
Mg (cmolc dm-3) 0,7 (Médio) 0,8 (Médio) 2,6 (Muito Bom)
Al (cmolc dm-3) 0,2 (Muito Baixo) 1,5 (Alta) 0,7 (Médio)
H+Al (cmolc dm-3) 3,5 (Médio) 7,1 (Alta) 7,2 (Alta)
MO (g dm-3) 13,6 (Baixa) 21,9 (Médio) 26,9 (Médio)
SB (cmolc dm-3) 1,9 (Médio) 2,3 (Médio) 5,7 (Bom)
T (cmolc dm-3) 5,4 (Médio) 9,4 (Bom) 12,9 (Bom)
t (cmolc dm-3) 2,1 (Baixo) 3,8 (Médio) 6,4 (Bom)
m (%) 9 (Muito Baixo) 39 (Médio) 11 (Muito Baixo)
V (%) 36 (Baixo) 25 (baixo) 44 (Médio)
Fe (mg dm-3) 37,5 (Bom) 53,0 (Alta) 35,4 (Bom)
Cu (mg dm-3) 0,5 (Baixo) 2,0 (Alto) 2,3 (Alto)
Zn (mg dm-3) 1,4 (Médio) 0,7 (Baixo) 1,7 (Bom)
-3
Mn (mg dm ) 4,4 (Baixo) 5,5 (Baixo) 8,6 (Médio)
S (mg dm-3) 10,7 14,9 17,4
B (mg dm-3) 0,27 (Baixo) 0,12 (Muito Baixo) 0,67 (Bom)
Areia (%) 87 57 32
Silte (%) 3 12 27
Argila (%) 10 31 41

Como adubação não foi empregada aplicação de nutrientes por ocasião da semeadura,
optando-se pela cobertura. A adubação de cobertura, aplicada em uma única vez aos 30 dias
após a emergência (28.12.06), consistiu de adubação foliar utilizando o produto Complex 151
da Green Top, na dosagem de 1 litro do produto por hectare.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

160
A semeadura foi realizada manualmente no dia 24.11.06, empregando-se o
espaçamento de 0,8 metros entre linhas de cultivo e densidade na linha de semeadura de 10
sementes por metro linear de sulco.
Foram utilizadas as cultivares IAC Tatu – ST, Runner IAC 886, IAC Caiapó, IAC 5,
IAC 22 e IAC 8112, acrescido de duas “coletas”, realizadas no Estado do Rio de Janeiro e no
Estado do Espírito Santo. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental,
sendo as cultivares plantadas em parcelões de 100 m2, onde foram feitas as avaliações
constantes deste trabalho: ciclo (dias), produção de amêndoas (kg ha-1) e produção de óleo
bruto (l ha-1).
Para o controle de plantas daninhas, problema sério no cultivo das águas, foi realizada
uma capina (12.12.06), seguida de uma amontoa (28.12.06) e um cultivo mecânico
(10.01.07).
Foi necessária uma pulverização para controle da cigarrinha verde, com o produto
comercial Decis (200 ml ha-1). Não foram constatadas ocorrências de doenças de expressão
econômica.
A colheita foi realizada em 21.03.2007 para os genótipos de hábito ereto e em
18.04.2007 para os genótipos de hábito prostrado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto ao ciclo, os materiais de hábito de crescimento eretos foram colhidos aos 118
dias e, os de hábito prostrado, aos 146 dias. Os dados obtidos se assemelham aos citados por
Souza Filho et al., 2006 a, em que os materiais eretos foram colhidos com 95 dias e os
prostrados de 110 a 125 dias.
O rendimento agrícola e industrial dos genótipos de amendoim, em função do tipo de
solo, encontra-se no Quadro 2.
Quanto ao rendimento agrícola, independentemente do tipo de solo, destacaram-se os
materiais de hábito ereto. Considerando-se a média dos genótipos, os de hábito ereto tiveram
produção de amêndoas variando de 1.019 kg ha-1 a 1.400 kg ha-1, e os de hábito prostrado
produção entre 313 kg ha-1 e 598 kg ha-1. Estas produtividades estão abaixo do obtido por
Souza Filho et a., 2006 b, ao avaliarem estes mesmos genótipos, também na região Norte
Fluminense, possivelmente devido o ao regime pluviométrico no período experimental
(Quadro 3).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

161
Para o tipo de solo, os resultados comprovam a superioridade dos solos mais leves (solo
1) para a produção de grãos, em relação aos mais argilosos (solo 3). O ganho de rendimento
de amêndoas do solo 1 foi da ordem de 82% em relação ao solo 3 e a 55% em relação ao solo
2. A maior riqueza natural em fósforo no solo 1 talvez ajude a explicar este ganho.

Quadro 2 – Rendimento agrícola (amêndoas em kg ha-1) e industrial (óleo bruto em litros ha-
1) de oito genótipos de amendoim avaliados em três tipos de solo no Norte Fluminense, no
ano agrícola 2006/2007.
Tipos de Solo
Genótipo Solo 1 Solo 2 Solo 3 Média
Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo
IAC 8112 2.325 1.107 966 460 911 433 1.400 666
IAC 22 1.998 955 1.040 497 877 419 1.305 624
IAC 5 1.887 834 1.224 541 954 422 1.355 599
IAC Tatu 1.237 571 996 460 824 381 1.019 470
IAC 886 513 224 619 271 662 289 598 261
Coleta ES 526 225 337 144 202 86 355 151
IAC Caiapó 409 229 334 187 267 149 337 189
Coleta 252 112 385 171 302 134 313 139
RJ
Média 1.143 532 738 341 625 289 835 387

O rendimento industrial, medido em produção de óleo bruto por hectare acompanhou


o rendimento agrícola. Em termos médios obteve-se 46% de rendimento de óleo bruto.
Os dados de precipitação pluviométrica obtidos durante o período de condução do
ensaio encontram-se no Quadro 3. Verifica-se que houve um volume elevado de precipitação
nos primeiros sessenta dias de cultivo, o que pode ter prejudicado o estabelecimento dos
genótipos prostrados, justificando, em parte, sua baixa produtividade.

4 CONCLUSÕES
Os genótipos de hábito de crescimento ereto foram mais produtivos do que os de
hábito prostrado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

162
Maior produtividade de grãos foi obtida no solo mais leve, com menor teor de argila e
mais rico em fósforo.
O rendimento industrial (46% de rendimento de óleo bruto) acompanhou a
produtividade de amêndoa, com destaque para os genótipos IAC 8112 e IAC 22.

Quadro 3 - Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental


(novembro de 2006 a abril de 2007). Campos dos Goytacazes, primavera verão de 2006/2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Novembro de 2006 207
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Abril de 2007 65
Total 896

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

PRATA, F. da C. Principais culturas do Nordeste. Fortaleza : Imprensa Universitária, 1968.


v1. 193 p.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 a. (CD ROM). p. 116 – 121.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 b. (CD ROM). p.
122 – 127.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

163
CULTIVO DO GERGELIM EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO
NORTE FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA-VERÃO

José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, marciopesagro@yahoo.com.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Nair Helena Castro Arriel, EMBRAPA, wanderpesagro@yahoo.com.br
Lenício José Ribeiro, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Com a criação do Programa Estadual de produção de óleo vegetal, voltado para
a produção de biodiesel, o Estado do Rio de Janeiro tem dado atenção, nos últimos anos, a
culturas oleaginosas de uso não tradicionais em termos fluminenses. Assim foi feita a
introdução da cultura do gergelim, que inicialmente foi avaliada em relação à introdução de
cultivares e avaliação de seu comportamento tanto em cultivo de outono-inverno quanto de
primavera-verão, na região Norte Fluminense. Procurando expandir o cultivo do gergelim em
terras fluminenses procurou-se, neste trabalho, avaliar o potencial produtivo da cultivar G4 no
município de Conceição de Macabu, nessa mesma região. O ensaio foi instalado em
Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do produtor Francisco Jorge
Ribeiro. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo do
gergelim instalado em área de 2.000 m2, onde foram feitas as avaliações, através de
amostragens. Concluiu-se nas condições do trabalho, que a produtividade média obtida foi
baixa, mas igualando-se à média nacional, e que outros ensaios devem ser conduzidos na
região Norte Fluminense, procurando-se melhor ajuste na época de semeadura.

Palavras-Chave: Sesamum indicum L., Estado do Rio de Janeiro, produção de grãos, época
de semeadura, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

164
1 INTRODUÇÃO
Com a criação do Programa Estadual de produção de óleo vegetal, voltado para a
produção de biodiesel, o Estado do Rio de Janeiro tem dado atenção, nos últimos anos, a
culturas oleaginosas de uso não tradicionais em termos fluminenses.
Assim foi feita a introdução da cultura do gergelim, que inicialmente foi avaliada em
relação à introdução de cultivares e avaliação de seu comportamento tanto em cultivo de
outono-inverno quanto de primavera-verão, na região Norte Fluminense.
No cultivo de outono-inverno (Ferreira et al., 2006a), apesar de cultivado fora do
período adequado de semeadura que é o período mais quente do ano, a cultivar Seridó foi a
mais produtiva, com produtividade de grãos de 736 kg ha-1. Como no período avaliado houve
redução no ciclo da cultura, as cultivares de ciclo mais tardio foram favorecidas. Já no período
de primavera-verão (Ferreira et al., 2006b), época normal de cultivo, não houve o
favorecimento das cultivares mais tardias, obtendo média experimental de 1.482 kg ha-1.
Apenas para efeito comparativo, a produtividade média mundial é de 591 kg ha-1 (Barros et
al., 2001).
Procurando expandir o cultivo do gergelim em terras fluminenses procurou-se, neste
trabalho, avaliar o potencial produtivo da cultivar G4 no município de Conceição de Macabu,
região Norte Fluminense.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO (dag
kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46 (médio);
m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo); Zn (mg
dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo do
gergelim instalado em área de 2.000 m2, onde foram feitas as avaliações, através de
amostragens.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

165
A adubação utilizada no plantio foi a de 500 kg ha-1 da formulação 04-14-08, aplicada
no sulco por ocasião da semeadura e levemente incorporada. Foi também realizada adubação
nitrogenada em cobertura, logo após o desbaste, na dosagem de 100 kg de N ha-1, tendo como
fonte o de sulfato de amônio.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 19.12.2006, empregando-se maior
quantidade de sementes por sulco para posterior desbaste. A recomendação para o desbaste,
feito pelo produtor, era para deixar estande de 10 plantas por metro de sulco. Utilizou-se o
espaçamento de 1,0 m entre linhas de plantio.
A cultivar utilizada foi a G4, obtida junto ao CNPA da Embrapa, e selecionada por ser
de ciclo médio e alcançar boa produtividade no período avaliado, conforme atesta trabalho
conduzido no município de Campos dos Goytacazes, também na região Norte Fluminense
(Ferreira et al., 2006b).
Na colheita, realizada em 10.04.2007, foram avaliados: altura de planta (m), altura de
inserção da primeira vagem (m), diâmetro de caule (mm), número de vagem por planta,
estande final obtido (plantas m-1) e produtividade (kg ha-1, a 13% umidade). Exceto para
produtividade e estande final obtido, todas as demais características foram realizadas em dez
plantas por amostragem.
Para o controle de plantas daninhas, foram realizadas duas capinas, sendo uma por
ocasião do desbaste e a outra próxima à colheita.
Não foram necessárias intervenções com relação a pragas e doenças, exceto o controle
de formigas cortadeiras, feito com o uso de iscas granuladas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto ao ciclo, a cultivar G4 foi colhida com 112 dias, praticamente o mesmo obtido
em Ferreira et al., 2006b, de 109 dias, ao conduzirem ensaio no município de Campos dos
Goytacazes, também localizado na mesma região.
Os resultados médios obtidos para as características avaliadas encontram-se no Quadro
1. Para efeito comparativo, são apresentados os dados obtidos anteriormente em Ferreira et
al., 2006b.
Verifica-se que os dados obtidos em Conceição de Macabu foram bem inferiores ao
obtido no município de Campos dos Goytacazes, chamando-se a atenção para a produtividade
obtida. Estes dados se devem, em parte, ao período de primavera-verão atípico na região,
onde foi constatada alta precipitação pluviométrica, conforme se observa no Quadro 2.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

166
Somente no período inicial de desenvolvimento da cultura foram 588 mm de precipitação
pluviométrica.

Quadro 1 – Altura de planta (m), altura de inserção da 1ª vagem (m), diâmetro do caule (mm),
número de vagem por planta, estande final obtido (número de plantas por metro) e produção
de grãos (kg ha-1 – 13% de umidade). Conceição de Macabu, RJ, maio de 2007.
Característica Conceição de Macabu Campos dos Goytacazes
Altura de planta 1,5 2,2
Inserção 1ª vagem 1,1 -
Diâmetro do caule 9,7 -
Número de vagens 26 184
Estande final 16 9
Produção de grãos 605 1.297

Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental


(dezembro de 2006 a abril de 2007). Dados obtidos na Secretaria Municipal de Agricultura,
Abastecimento e Pesca de Carapebus (município vizinho). Conceição de Macabu, RJ, maio
de 2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Dezembro de 2006 128
Janeiro de 2007 460
Fevereiro de 2007 72
Março de 2007 83
Abril de 2007 23
Total 766

Outra característica que chama atenção no Quadro 1 é a altura de inserção da 1ª vagem,


que aconteceu a 1,1 metros de altura. Considerando-se a altura final obtida, de 1,5 m, verifica-
se que a produção de vagens foi prejudicada (26 vagens por planta), bem abaixo da obtida em
Campos dos Goytacazes (184 vagens por planta). Além da precipitação pluviométrica, outro
fator negativo na produtividade é o estande final obtido, de 16 plantas por metro, onde o

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

167
esperado era de 10 plantas por metro, o que foi obtido no ensaio de Campos dos Goytacazes,
com média de 9 plantas por metro.
Apesar da baixa produtividade obtida (605 kg ha-1) estar próxima da média nacional
(599 kg ha-1), ajustes na parte agronômica terão que ser feitos, estudando-se outras épocas de
semeadura, cultivares e densidades de plantio.

4 CONCLUSÕES
Nas condições do trabalho a produtividade média obtida foi baixa (605 kg ha-1), mas
igualando-se à média nacional (599 kg ha-1).
Outros ensaios devem ser conduzidos na região Norte Fluminense, procurando-se
melhor ajuste na época de semeadura.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

BARROS, M.A.L.; SANTOS, R.F. dos; BENATI, T.; FIRMINO, P. de T. Importância


econômica e social In: BELTRÃO, N.E. de M.; VIEIRA, D.J. O agronegócio do gergelim
no Brasil. Brasília : Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p. 21-35.

FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; ARRIEL, N.H.; VALENTINI, L.; OLIVEIRA,
L.A.A. de; REGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J. Avaliação de cultivares de gergelim no
verão na região Norte Fluminense. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro
de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006a. p. 27.

FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; OLIVEIRA, L.A.A. de; ARRIEL, N.H.;
VALENTINI, L.; REGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J.; SANTOS, Z.M. dos. Primeira
avaliação de cultivares de gergelim no outono-inverno na região Norte Fluminense. In:
CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL (1.; 2006 :
Brasília, DF). Anais ... Brasília, 2006b. p. 51 – 54.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

168
CULTIVO DO GERGELIM EM CARAPEBUS, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA VERÃO (2006/2007)

José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, marciopesagro@yahoo.com.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Nair Helena Castro Arriel, EMBRAPA, wanderpesagro@yahoo.com.br
Lenício José Ribeiro, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Comercialmente, o gergelim iniciou seu cultivo no Nordeste a partir de 1986,


em áreas anteriormente exploradas com o algodão, quase sempre sendo tratada como de fundo
de quintal, resumindo-se em pequenos plantios para uso doméstico e quase que restrito ao
consumo do próprio produtor. Nas últimas décadas, entretanto, teve incremento em seu
cultivo. Na região Norte Fluminense vem sendo avaliada para a produção de óleo, devido ao
incentivo governamental, com a criação do Programa RioBiodiesel. Considerando-se que o
gergelim é cultura de interesse para o pequeno produtor fluminense, e que seu cultivo poderá
aumentar a opção por culturas passíveis de extração de óleo, conduziu-se o presente trabalho
para avaliar o seu desempenho produtivo no município de Carapebus, Norte Fluminense, em
semeadura de primavera verão. O ensaio foi instalado no Horto Municipal administrado pela
Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Pecuária e Pesca. Não foi adotado nenhum
delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo das variedades G4, Skoba e Blanco
instalado em área de 200 m2 cada, na presença e na ausência de adubação. Concluiu-se que a
produtividade média obtida está abaixo do potencial produtivo das cultivares, mas igualando-
se em produtividade a outras épocas de semeadura (outono-inverno), e que outros ensaios
devem ser conduzidos no Norte Fluminense, para melhor ajuste da época de semeadura.

Palavras-Chave: Sesamum indicum L., época de semeadura, produção de grãos, Estado do


Rio de Janeiro, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

169
1 INTRODUÇÃO
O gergelim foi introduzido no Brasil pelos portugueses, provavelmente com sementes
trazidas de suas colônias africanas (Prata, 1969). Comercialmente, o gergelim iniciou seu
cultivo no Nordeste a partir de 1986, em áreas anteriormente exploradas com o algodão
(Araújo et al., 1999).
A cultura do gergelim sempre foi tratada como de fundo de quintal, resumindo-se em
pequenos plantios para uso doméstico e quase que restrito ao consumo do próprio produtor.
Nas últimas décadas, entretanto, teve incremento em seu cultivo.
Na região Norte Fluminense vem sendo avaliada para a produção de óleo, devido ao
incentivo governamental, com a criação do Programa RioBiodiesel (Ferreira et al., 2006 a e
b). Além de suas características de tolerância à seca, facilidade de cultivo e sementes com teor
de 50% de óleo de elevada qualidade (Arriel, 2006), o gergelim, como oleaginosa, é rico em
proteínas, podendo diminuir esta carência onde outras fontes, como a de origem animal, não é
possível (Firmino et al., 2006).
Considerando-se que o gergelim é cultura de interesse para o pequeno produtor
fluminense, e que seu cultivo poderá aumentar a opção por culturas passíveis de extração de
óleo, conduziu-se o presente trabalho para avaliar o seu desempenho produtivo no município
de Carapebus, Norte Fluminense, em semeadura de primavera verão.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Carapebus, região Norte Fluminense, no Horto Municipal
administrado pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Pecuária e Pesca.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Campus Dr. Leonel
Miranda), mostra: pH (água) 7,6 (alcalinidade fraca); P (mg dm-3) 28 (bom); K (cmolc dm-3)
0,08 (baixo); Ca (cmolc dm-3) 1,1 (baixo); Mg (cmolc dm-3) 0,4 (baixo); Al (cmolc dm-3) 0,0
(muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 2,9 (médio); MO (dag kg-1) 1,16 (baixo); CTC (cmolc dm-
3
) 4,5 (médio); SB (cmolc dm-3) 1,6 (baixo); V (%) 36 (baixo); m (%) 0 (muito baixo); Fe (mg
dm-3) 14,1 (baixo); Cu (mg dm-3) 0,2 (muito baixo); Zn (mg dm-3) 0,6 (baixo); Mn (mg dm-3)
3,8 (baixo) e B (mg dm-3) 0,28 (baixo). A classificação entre parêntesis refere-se à avaliação
de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

170
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
instalado em área de 200 m2 para cada variedade utilizada, onde foram feitas as avaliações por
amostragens.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 19.12.2006, utilizando-se o espaçamento
de 1,0m entre linhas de plantio. As cultivares utilizadas foram a G4, Skoba e Blanco. Foi
realizado um desbaste, quando se deixou a densidade de 10 plantas por metro de sulco. Cada
cultivar foi semeada na presença e ausência de adubação. Quando presente, a adubação
utilizada na semeadura foi a de 300 kg ha-1 da formulação 04-14-08, aplicada no sulco por
ocasião da semeadura e levemente incorporada. Foi também realizada adubação nitrogenada
em cobertura, na dosagem de 100 kg de N ha-1, tendo como fonte o de sulfato de amônio.
Por ocasião da colheita, realizada manualmente em 25.04.2007 para todas as cultivares,
foi avaliada a altura de planta (cm), altura de inserção da 1ª vagem (cm), número de vagens
por planta, estande final obtido (número de plantas por metro de sulco) e produção de grãos
(kg ha-1, a 13% de umidade).
No controle de plantas daninhas, foram realizadas capinas manuais, conforme
necessidade da cultura. Não foram necessárias intervenções para controle de doenças e
pragas.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos na
Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares foi de 127 dias, ciclo este superior ao obtido com estes mesmos
materiais (109 dias) por Ferreira et al., 2006a, ao conduzirem trabalho em Campos dos
Goytacazes, nessa mesma região.
No Quadro 1 encontram-se os resultados médios obtidos para as características
avaliadas.
Os dados de altura de planta, número de vagens e produção de grãos estão abaixo do
encontrado por Ferreira et al., 2006 a, ao avaliarem estes mesmos materiais em Campos dos
Goytacazes, município localizado na mesma região e semeado na mesma época (primavera
verão). Nesta condição, foram obtidas produtividades de 1.297 kg ha-1 de grãos para a G4,
2.026 kg ha-1 de grãos para a Skoba e 2.203 kg ha-1 de grãos para a Blanco; mas igualando-se
em produtividade a outras épocas de semeadura (outono-inverno) (Ferreira et al., 2006 b).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

171
Quadro 1 – Altura de planta (cm), altura de inserção da 1ª vagem (cm), número de vagens por
planta, estande final (número de plantas por metro de sulco) e produção de grãos (kg ha-1, a
13% de umidade). Carapebus, primavera verão de 2006/2007.
Avaliação/ G4 Skoba Blanco
Cultivares A NA A NA A NA
Alt. Planta 135 123 129 127 134 122
Ins. vagem 97 89 76 78 85 72
Nº Vagem 47 49 47 52 42 51
Estande 13 13 11 17 15 13
Produção 542 406 544 458 490 478
A – adubado.
NA – não adubado.

Considerando-se que o período de semeadura avaliado nesse trabalho foi atípico, em


função da elevada precipitação pluviométrica no período inicial de desenvolvimento da
cultura (Quadro 2), justifica-se, em parte, os dados de produtividade obtidos.

Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental


(dezembro de 2006 a março de 2007). Dados obtidos na Secretaria Municipal de Agricultura,
Abastecimento, Pecuária e Pesca. Carapebus, primavera verão de 2006/2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Dezembro de 2006 128
Janeiro de 2007 460
Fevereiro de 2007 72
Março de 2007 83
Abril 23
Total 766

Outro fator que poderia estar afetando na produtividade é o estande final obtido, acima
das 10 plantas por metro inicialmente preconizado.
Quanto à adubação, quando presente elevou a altura de plantas, bem como a altura de
inserção da 1ª vagem, exceto para a Skoba, e a produção de grãos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

172
Para a região Norte Fluminense deverão ser conduzidos mais ensaios, procurando-se
ajustes na parte agronômica, envolvendo outras épocas de semeadura, cultivares e efeito da
adubação.

4 CONCLUSÕES
A produtividade média obtida está abaixo do potencial produtivo das cultivares, mas
igualando-se em produtividade a outras épocas de semeadura (outono-inverno).
Outros ensaios deverão ser conduzidos no Norte Fluminense, para melhor ajuste da
época de semeadura.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

ARAUJO, J.M. de; OLIVEIRA, J.M.C. de; CARTAXO, W.V.; VALE, D.G.; SILVA, M.B.
da. Vamos plantar gergelim. Campina Grande : Embrapa Centro Nacional de Pesquisa de
Algodão, 1999. 19 p.

ARRIEL, N.H.C.; ARRIEL,E.F.; FIRMINO, P. de T. Potencialidades de genótipos de


gergelim para fins de melhoramento. In : CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3, Varginha, MG, 2006. Anais...
CD ROM.

PRATA, F. da C. Principais culturas do Nordeste. Volume I. Fortaleza : Imprensa


Universitária do Ceará, 1969. 193 p.

FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; ARRIEL, N.H.C.; VALENTINI, L.; OLIVEIRA,
L.A.A. de; RÊGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J. Avaliação de cultivares de gergelim no
verão na região Norte Fluminense. In : CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3, Varginha, MG, 2006a. Anais...
CD ROM.

FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; OLIVEIRA, L.A.A. de; ARRIEL, N.H.C.;
VALENTINI, L.; RÊGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J.; SANTOS, Z.M. dos. Primeira
avaliação de cultivares de gergelim no outono – inverno na região Norte Fluminense. In :
CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL, 1, Brasília,
DF, 2006b. Anais... p. 51 - 54.

FIRMINO, P. de T.; OLIVEIRA, D.M.; SOUSA, J. dos S.; ARRIEL, N.H.C.; SCARSO,
M.E.; SILVA, A.C.; ANJOS, G.G. dos. Avaliações físico-químicas e nutricionais de co-
produtos (tortas) de sementes de gergelim CNPA G4. In : CONGRESSO BRASILEIRO DE

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

173
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3, Varginha, MG,
2006. Anais... CD ROM.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

174
DESEMPENHO DE CULTIVARES DE GERGELIM EM ÁREA DE
RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES,
REGIÃO NORTE FLUMINENSE

José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Nair Helena Castro Arriel, EMBRAPA, wanderpesagro@yahoo.com.br
Lenício José Ribeiro, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: O Norte Fluminense ocupa cerca de um terço da área estadual, e tem atividade
econômica concentrada em grande parte na agroindústria álcool - açucareira. O quadro
econômico-social da região, em face da monocultura da cana-de-açúcar, está prejudicado com
a crise que passa o setor, mas com boas perspectivas a partir do interesse mundial na produção
de álcool e outros combustíveis alternativos. Apesar do potencial geográfico, a exploração
agrícola não tem sido direcionada para a diversificação cultural. Este trabalho teve como
objetivo a implantação de unidade de experimentação com a cultura do gergelim, procurando
fornecer subsídios técnicos que justifiquem sua adoção como alternativa para áreas de
renovação de canaviais, atendendo às demandas do Programa RioBiodiesel e mantendo a
mão-de-obra rural na entressafra da cana-de-açúcar. O ensaio foi instalado em Campos dos
Goytacazes (Norte Fluminense). Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo
experimental, sendo o cultivo das variedades CNPA G4, CNPA G2, Skoba e Blanco instalado
em área de 200 m2 cada. Concluiu-se que a produtividade média obtida está abaixo do
potencial produtivo das cultivares, mas igualando-se em produtividade a outras épocas de
semeadura (outono inverno), e que outros ensaios devem ser conduzidos no Norte
Fluminense, para melhor ajuste da época de semeadura.

Palavras-Chave: Sesamum indicum L., época de semeadura, produção de grãos, Estado do


Rio de Janeiro, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

175
1 INTRODUÇÃO
Apesar de apresentar menos de 10% da população Estadual, as regiões Norte e Noroeste
Fluminense são de fundamental importância para a economia fluminense. Somente a Região
Norte Fluminense ocupa cerca de um terço da área do Estado, e tem atividade econômica
concentrada em grande parte na agroindústria álcool-açucareiro. O quadro econômico-social
da região, em face de exploração da monocultura da cana-de-açúcar, está bastante prejudicado
com a crise que passa o setor, mas com boas perspectivas a partir do interesse mundial na
produção de álcool e outros combustíveis alternativos. Apesar do potencial geográfico
existente, a exploração agrícola não tem sido direcionada para a diversificação cultural.
Nestas regiões a distribuição da população é semelhante, apresentando mais de 40% da
população no meio rural. Entretanto, verifica-se através dos dados estatísticos que nos últimos
anos, tem sido crescente a taxa de migração da população para os grandes centros urbanos.
Essa população vai em busca de melhores condições de vida, que na maioria dos casos não
correspondem às expectativas (Viana, 1987 e Fóruns Regionais de Desenvolvimento, 1992).
Este trabalho teve como objetivo a implantação de unidade de experimentação com a
cultura do gergelim, procurando fornecer subsídios técnicos que justifiquem sua adoção como
cultura alternativa para áreas de renovação de canaviais, atendendo às demandas do Programa
RioBioidesel e mantendo a mão-de-obra rural na entressafra da cana-de-açúcar.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,5 (acidez média); P (mg dm-3) 7,0
(baixo); K (cmolc dm-3) 0,25 (bom); Ca (cmolc dm-3) 2,49 (bom); Mg (cmolc dm-3) 1,83
(muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,15 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 3,83 (médio); MO
(dag kg-1) 2,35 (médio); CTC (cmolc dm-3) 8,52 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,69; V (%) 55
(médio); m (%) 3 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 40,46 (bom); Cu (mg dm-3) 1,42 (bom); Zn
(mg dm-3) 1,25 (médio); Mn (mg dm-3) 16,10 (alto) e B (mg dm-3) 0,97 (alto). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

176
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
instalado em área de 200 m2 para cada variedade utilizada, onde foram feitas as avaliações por
amostragens.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 01.12.2006, utilizando-se o espaçamento
de 1,0m entre linhas de plantio. As cultivares utilizadas foram a Skoba, Blanco, CNPA G4 E
CNPA G2. Na semeadura foi empregado maior número de sementes, sendo posteriormente
realizado um desbaste, ajustando a densidade para 10 plantas por metro de sulco. A adubação
utilizada na semeadura foi a de 300 kg ha-1 da formulação 04-14-08, aplicada no sulco por
ocasião da semeadura e levemente incorporada. Foi também realizada adubação nitrogenada
em cobertura, na dosagem de 100 kg de N ha-1, tendo como fonte o de sulfato de amônio.
Por ocasião da colheita, realizada manualmente em 16.04.2007 para as cultivares Skoba
e Blanco, e em 04.05.2007 para as cultivares CNPA G4 E CNPA G2, foram avaliadas a altura
de planta (cm), altura de inserção da 1ª vagem (cm), número de vagens por planta, estande
final obtido (número de plantas por metro de sulco) e produção de grãos (kg ha-1, a 13% de
umidade).
No controle de plantas daninhas, foram realizadas capinas manuais, conforme
necessidade da cultura. Não foram necessárias intervenções para controle de doenças e
pragas.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos em Estação
evapotranspirométrica localizada próximo ao local do ensaio.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares Skoba e Blanco foi de 138 dias, e o das cultivares CNPA G4 E
CNPA G2 de 157 dias. O ciclo foi superior ao obtido por Ferreira et al., 2006 a, ao avaliarem
estes mesmos materiais em ensaio anterior no mesmo local e época de semeadura (Campos
dos Goytacazes, primavera verão), mas com semeadura mais tardia, no final de dezembro de
2006.
No Quadro 1 encontram-se os resultados médios obtidos para as características
avaliadas.
Verifica-se que para altura de planta, número de vagens e produção de grãos está abaixo
do encontrado por Ferreira et al., 2006a, ao avaliarem estes mesmos materiais no mesmo
local.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

177
Quadro 1 – Altura de planta (cm), altura de inserção da 1ª vagem (cm), número de vagens por
planta, estande final (número de plantas por metro de sulco) e produção de grãos (kg ha-1, a
13% de umidade). Campos dos Goytacazes, primavera verão de 2006/2007.
Avaliação/ Cultivares Skoba Blanco G4 G2

Altura de Planta 127 143 108 122


Inserção vagem 86 98 64 65
Número vagem 21 29 45 46
Estande final 105 91 55 49
Produção grãos 370 386 276 335
Dados obtidos em Ferreira et al., 2006a
Altura de Planta 2,17 2,20 2,21 2,09
Inserção vagem - - - -
Número vagem 103 116 184 142
Estande final - - - -
Produção grãos 2.026 2.203 1.297 1.118

Os dados obtidos neste trabalho igualam-se em produtividade aos obtidos por Ferreira et
al., 2006 b, que ao avaliarem o gergelim em semeadura de outono inverno obtiveram
produtividade média de 254 kg ha-1 para a cultivar CNPA G 4 e 552 kg ha-1para a CNPA G2.
Contribuíram para a baixa produtividade o elevado estande em alguns materiais como
na Skoba e na Blanco (21 e 18 plantas por metro, respectivamente), quando o esperado era o
de 10 plantas por metro, obtido nas cultivares CNPA G4 e CNPA G2. Outro fator que pode
ter contribuído na obtenção de baixa produtividade é a inserção da primeira vagem, mais alta,
com perda no número de vagens por planta (Quadro 1). Essa maior altura de inserção de
vagem pode estar relacionada à elevada precipitação pluviométrica obtida nos primeiros
sessenta dias de cultivo, conforme se observa pelo Quadro 2.
Para a região Norte Fluminense deverão ser conduzidos mais ensaios, procurando-se
ajustes na parte agronômica, envolvendo outras épocas de semeadura (primavera verão e
outono inverno), cultivares e locais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

178
Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental
(dezembro de 2006 a maio de 2007). Campos dos Goytacazes, primavera verão de 2006/2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Abril 65
Total 689

4 CONCLUSÕES
A produtividade média obtida de está abaixo do potencial produtivo das cultivares, mas
igualando-se em produtividade a outras épocas de semeadura (outono-inverno).
Outros ensaios devem ser conduzidos no Norte Fluminense, para melhor ajuste da época
de semeadura.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; ARRIEL, N.H.C.; VALENTINI, L.; OLIVEIRA,
L.A.A. de; RÊGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J. Avaliação de cultivares de gergelim no
verão na região Norte Fluminense. In : CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3, Varginha, MG, 2006 a. CD
ROM.

FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; OLIVEIRA, L.A.A. de; ARRIEL, N.H.C.;
VALENTINI, L.; RÊGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J.; SANTOS, Z.M. dos. Primeira
avaliação de cultivares de gergelim no outono – inverno na região Norte Fluminense. In :
CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL, 1, Brasília,
DF, 2006 b. Anais... p. 51 - 54.

FÓRUNS REGIONAIS DE DESENVOLVIMENTO. A Região Norte Fluminense. Rio de


Janeiro : Governo do Estado/BANERJ/Jornal do Brasil. 80p. 1992.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

179
FÓRUNS REGIONAIS DE DESENVOLVIMENTO. A Região Noroeste Fluminense. Rio
de Janeiro:Governo do Estado/BANERJ/Jornal do Brasil. 80p. 1992.

VIANA, A.R. Agricultura não canavieira em Campos. In: EVOLUÇÃO DA


AGRICULTURA EM CAMPOS - RJ, 1987. Anais ... Campos:CEPECAM/FCMC, 1987.
p.40-49.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

180
CULTIVO DA SOJA EM ÁREA DE RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM
CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO, arivaldo@pesagro.rj.gov.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, marciopesagro@yahoo.com.br
Saul de Barros Ribas Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: A situação fundiária dos produtores de cana-de-açúcar no Norte Fluminense é


caracterizada, em sua maioria, por pequenos e médios produtores. A maioria não tem
condições de renovar as lavouras, existindo casos de plantios com mais de 10 anos, sem
melhorias do sistema produtivo, principalmente quando se trata da introdução de novas
variedades. O cultivo de culturas de ciclo mais curto passa a ser uma oportunidade de retorno
financeiro mais rápido, permitindo disponibilidade financeira para melhor investimento na
cultura da cana-de-açúcar, além de outros benefícios como melhoria dos solos e
disponibilidade de outros produtos. Procurando avaliar o cultivo da soja em diferentes
condições edafoclimáticas do Estado do Rio de Janeiro, particularmente em áreas de rotação
com a cana-de-açucar, conduziu-se o presente trabalho no município de Campos dos
Goytacazes, região Norte Fluminense. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo
experimental, sendo o cultivo da soja instalado em área de 1 hectare. O trabalho foi conduzido
com a cultivar Emgopa 316. Concluiu-se que a produtividade obtida (1.582 kg ha-1) está
abaixo do potencial de produção obtido na região, ocorrido principalmente por fatores
climáticos adversos, correção do solo em tempo hábil e baixa densidade de semeadura.

Palavras-Chave: Glycine max L. Merrill, época de semeadura, produção de grãos, Estado


do Rio de Janeiro, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

181
1 INTRODUÇÃO
A situação fundiária dos produtores de cana-de-açúcar no Norte Fluminense é
caracterizada, em sua maioria, por pequenos e médios produtores, cujas dificuldades
financeiras são marcantes, o que os impedem de maiores investimentos na atividade, o que
passa a ser grande gargalo no incremento da produtividade. A maioria não tem condições de
renovar as lavouras, existindo casos de plantios com mais de 10 anos, sem melhorias do
sistema produtivo, principalmente quando se trata da introdução de novas variedades, que a
cada ciclo de renovação sempre novos materiais são recomendados pela pesquisa. O cultivo
de culturas de ciclo mais curto passa a ser uma oportunidade de retorno financeiro mais
rápido, permitindo disponibilidade financeira para melhor investimento na cultura da cana-de-
açúcar, além de outros benefícios como melhoria dos solos e disponibilidade de outros
produtos. Outro fator positivo da diversificação com culturas oleaginosas é o fato das mesmas
poderem ser cultivadas nos tipos de solo onde a cultura da cana-de-açúcar predomina. Com a
melhor utilização das áreas o setor canavieiro no estado tende a melhorar, pois as áreas serão
mais bem trabalhadas, podendo culminar com aumentos na produção de cana-de-açúcar no
estado (Viana, 2006).
Procurando avaliar o cultivo da soja em diferentes condições edafoclimáticas do Estado
do Rio de Janeiro, particularmente em áreas de rotação de canavieira, conduziu-se o presente
trabalho no município de Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,5 (acidez média); P (mg dm-3) 7,0
(baixo); K (cmolc dm-3) 0,25 (bom); Ca (cmolc dm-3) 2,49 (bom); Mg (cmolc dm-3) 1,83
(muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,15 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 3,83 (médio); MO
(dag kg-1) 2,35 (médio); CTC (cmolc dm-3) 8,52 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,69; V (%) 55
(médio); m (%) 3 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 40,46 (bom); Cu (mg dm-3) 1,42 (bom); Zn
(mg dm-3) 1,25 (médio); Mn (mg dm-3) 16,10 (alto) e B (mg dm-3) 0,97 (alto). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

182
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
instalado em área de 1 hectare, onde foram feitas as avaliações da soja em amostragens em
áreas de 100 m2 cada.
O trabalho foi conduzido com a cultivar Emgopa 316 e instalado em 20.11.2006, com
plantio mecanizado em sulcos espaçados em 0,50 m.
O ensaio foi conduzido sem adubação de fundação e/ou cobertura, em função do
resultado da análise do solo, já que é uma área aonde a cana, variedade SP 792233, vinha
sendo cultivada há muitos anos (seis cortes). Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com
aração e gradagem. No momento da semeadura foi feita a inoculação das sementes com o
inoculante Gelfix, na dosagem de 150ml/50 kg de sementes. Este inoculante é de natureza
física fluído, que contém bactérias da espécie Bradyrhizobium elkanii, fixadoras de
nitrogênio. Foi feita ainda apenas uma capina manual, não sendo necessárias intervenções
para controle de doenças e, para pragas, uma pulverização para controle de lagartas.
Foram avaliadas as seguintes características para a soja: altura de planta (cm), obtida da
média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita; altura da inserção da 1ª vagem,
obtida da média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita; número médio de
vagens por planta, obtida da média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita;
número de plantas por metro de sulco, no momento da colheita e produção de grãos, em kg
ha-1, a 13% de umidade. A colheita foi realizada em 15.03.2007.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos em Estação
evapotranspirométrica localizada próximo ao local do ensaio.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo precoce obtido pela Emgopa 316 (116 dias) é de interesse para as áreas de
renovação, ajustando-se ao período entre a colheita da cana-de-açúcar, em outubro/novembro,
ao preparo do solo, semeadura e colheita antes do próximo plantio da cana, em março do ano
seguinte. O ciclo obtido é o mesmo citado para a variedade, de até 118 dias (CTPA, s.d.).
Outra característica interessante das variedades precoces, conforme resultados obtidos
em Oliveira et al., 1991, ao avaliarem a qualidade da soja produzida em áreas de reforma de
canaviais, é que foi obtida associação positiva entre o teor de óleo e a maturação precoce. Há
que se ressaltar que, de maneira geral, materiais mais precoces são menos produtivos.
O rendimento de grãos de soja, bem como as demais características avaliadas, encontra-
se no Quadro 1.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

183
Quadro 1 – Rendimento de grãos (kg ha-1), altura de planta (cm) altura de inserção da 1ª
vagem (cm), número de vagens por planta e estande final obtido (número de plantas por
metro). Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Avaliação Resultados obtidos Indicadores Técnicos*
Produção de grãos 1.582 -
Altura de planta 92 87
Altura inserção 1ª vagem 22 18
Número de vagens por 37 -
planta
Estande final 12 16 - 20
Fonte: CPTA, s.d.

O rendimento de grãos foi de 1.582 kg ha-1, aproximando-se do potencial produtivo já


obtido na região de 1.800 kg ha-1 (Pesagro-Rio, 2007). Deve-se destacar, ainda, o fato da soja
não ter recebido adubação no plantio nem em cobertura.
A produtividade obtida pode ser devida, entre outros fatores, ao baixo estande final
obtido (12 plantas por metro) e o elevado índice de precipitação pluviométrica, o que
caracteriza este período como atípico (Quadro 2). O ideal era se obter em torno de 17 – 20
plantas por metro, que no espaçamento recomendado daria uma população final entre 350.000
e 400.000 plantas por hectare (Seprotec Sementes, 2007).
As características avaliadas altura de planta e inserção da 1ª vagem para a soja estão
próximo do citado para a variedade (CTPA, s.d.).

Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental


(novembro de 2006 a março de 2007). Conceição de Macabu, 2006/2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Novembro de 2006 207
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Total 831

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

184
4 CONCLUSÃO
A produtividade média obtida (1.582 kg ha-1) está abaixo do potencial de produção
obtido por outros materiais em testes na Pesagro-Rio.
Ajustes na parte agronômica devem ser feitos, avaliando-se outras épocas de semeadura,
cultivares e densidades de semeadura.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V. V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

CTPA. Indicadores técnicos das cultivares de soja 2004/2005. s.d. Folder.

OLIVEIRA, A.F.F.de; ATHAYDE, M.L.F.; SADER, R. Avaliação da qualidade da soja


produzida em área de reforma de canavial. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília – DF,
v. 26, n. 5, p. 613 – 621, maio 1991.

PESAGRO-RIO. Soja. Niterói : Pesagro-Rio, 2007. n.p. Folder.

SEPROTEC SEMENTES. Soja ciclo precoce: Emgopa 316. Disponível em


www.seprotec.com.br/produtoss_soja_316.asp, acessado em 07.05.2007.

VIANA, A.R. Rotação do plantio de cana-de-açúcar através de oleaginosas. Projeto de


pesquisa aprovado pela Faperj, 2006. 11 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

185
CULTIVO DA SOJA EM ROTAÇÂO COM CANA-DE-AÇÚCAR NO
MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE

Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO, arivaldo@pesagro.rj.gov.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Saul de Barros Ribas Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: A cultura da soja no Estado do Rio de Janeiro teve suas primeiras avaliações
realizadas pela pesquisa em 1993. Com a ampliação das pesquisas até 1998, foram
recomendadas duas cultivares para o Estado, a Emgopa 302 e a Primavera, para áreas de
rotação com a cultura da cana-de-açúcar. Com a criação do Programa RioBiodiesel, diversas
oleaginosas estão sendo testadas em áreas da região Norte Fluminense, visando à extração de
óleo para produção de biodiesel. Neste aspecto a soja poderá ser importante alternativa,
principalmente devido à produção da torta, subproduto da extração do óleo que constitui
excelente fonte nutricional. Procurando avaliar o cultivo da soja em diferentes condições
edafoclimáticas do Estado do Rio de Janeiro, conduziu-se o presente trabalho no município de
Conceição de Macabu, região Norte Fluminense. O ensaio foi instalado em área do produtor
Francisco Jorge Ribeiro. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental,
sendo o cultivo da soja instalado em área de 1 hectare. O trabalho foi conduzido com a
cultivar Emgopa 316. Concluiu-se que a produtividade média obtida foi baixa (750 kg ha-1),
abaixo do potencial de produção obtido por outros materiais na região, devido entre outros
fatores às condições climáticas adversas e atraso na colheita, e que ajustes na parte
agronômica também devem ser feitos, avaliando-se melhores espaçamentos e densidade de
semeadura, correção do solo em tempo hábil, colheita na época certa, além de outros
genótipos.

Palavras-Chave: Glycine max L. Merrill, época de semeadura, produção de grãos, Estado


do Rio de Janeiro, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

186
1 INTRODUÇÃO
A cultura da soja no Estado do Rio de Janeiro teve suas primeiras avaliações realizadas
pela pesquisa em 1993. Na época, constatou-se baixa capacidade de adaptação de diversas
cultivares e linhagens. Com a ampliação das pesquisas até 1998, foram recomendadas duas
cultivares para o Estado, a Emgopa 302 e a Primavera, para áreas de rotação com a cultura da
cana-de-açúcar. Os testes de campo mostraram produtividades de 1.800 kg há-1, com ciclo de
produção de 120 dias, se adequando às áreas de renovação de canaviais (Pesagro-Rio, 2007).
Com a criação do Programa RioBiodiesel, diversas oleaginosas estão sendo testadas em
áreas da região Norte Fluminense, visando à extração de óleo para produção de biodiesel.
Neste aspecto a soja poderá ser importante alternativa, principalmente devido à
produção da torta, subproduto da extração do óleo que constitui excelente fonte nutricional
(Pesagro-Rio, 2007).
Procurando avaliar o cultivo da soja em diferentes condições edafoclimáticas do Estado
do Rio de Janeiro, conduziu-se o presente trabalho no município de Conceição de Macabu,
região Norte Fluminense.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO (dag
kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46 (médio);
m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo); Zn (mg
dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
intercalar instalado em área de 1 hectare, onde foram feitas as avaliações da soja em
amostragens em áreas de 100 m2 cada.
O trabalho foi conduzido com a cultivar Emgopa 316 e instalado em 27.11.2006, com
plantio mecanizado em sulcos espaçados em 0,50 m.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

187
Como adubação, utilizou-se 200 kg ha-1 da formulação 04-14-08 no plantio. No
momento da semeadura foi feita a inoculação das sementes com o inoculante Gelfix, na
dosagem de 150ml/50 kg de sementes. Este inoculante é de natureza física fluído, que contém
bactérias da espécie Bradyrhizobium elkanii, fixadoras de nitrogênio. Foi feita ainda apenas
uma capina manual, não sendo necessárias intervenções para controle de pragas e doenças.
Foram avaliadas as seguintes características para soja: altura de planta (cm), obtida da
média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita; altura da inserção da 1ª vagem,
obtida da média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita; número médio de
vagens por planta, obtida da média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita;
número de plantas por metro de sulco, no momento da colheita e produção de grãos, em kg
ha-1, a 13% de umidade. A colheita foi realizada em 23.03.2007, já com a soja bem seca.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos na
Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca do município vizinho de Carapebus.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo da variedade Emgopa 316 foi de 115 dias, o que a caracteriza como de ciclo
precoce (de até 120 dias), de acordo com o descrito pela Seprotec Sementes, 2007.
Considerando-se a colheita atrasada, o ciclo é um pouco inferior ao citado.
O rendimento de grãos de soja, bem como as demais características avaliadas, encontra-
se no Quadro 1.
O rendimento de grãos foi de apenas 750 kg ha-1, o que pode ser devido, entre outros
fatores, ao baixo estande final. O ideal era se obter em torno de 17 – 20 plantas por metro, que
no espaçamento recomendado daria uma população final entre 350.000 e 400.000 plantas por
hectare (Seprotec Sementes, 2007). A colheita tardia também pode ter afetado na
produtividade final, com a perda de grãos na colheita, que foi feita manualmente.
As características avaliadas altura de planta e inserção da 1ª vagem para a soja estão
próximo do citado para a variedade (CTPA, s.d.).
Deve-se levar em consideração, ainda, ao período de primavera verão atípico na região,
com elevada precipitação pluviométrica e seca na fase de enchimento dos grãos, conforme se
observa no Quadro 2. Somente nos primeiros 60 dias de desenvolvimento da cultura, foram
588 mm de precipitação pluviométrica.
A época de colheita deverá também ser levada em consideração na escolha da época de
semeadura, em função das altas temperaturas verificadas no mês de março de 2007.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

188
Quadro 1 – Rendimento de grãos (kg ha-1), altura de planta (cm) altura de inserção da 1ª
vagem (cm), número de vagens por planta e estande final obtido (número de plantas por
metro). Conceição de Macabu, 2006/2007.
Avaliação Resultados obtidos Indicadores Técnicos*
Produção de grãos 750 -
Altura de planta 75 87
Altura inserção 1ª vagem 17 18
Número de vagens por 37 -
planta
Estande final 8 16 - 20
Fonte: CPTA, s.d.

Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental


(dezembro de 2006 a março de 2007). Conceição de Macabu, 2006/2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Dezembro de 2006 128
Janeiro de 2007 460
Fevereiro de 2007 72
Março de 2007 83
Total 743

4 CONCLUSÃO
A produtividade média obtida foi baixa (750 kg ha-1), abaixo do potencial de produção
obtido por outros materiais em testes na Pesagro-Rio.
Ajustes na parte agronômica devem ser feitos, avaliando-se outras épocas de semeadura,
ajustes na densidade de semeadura e colheita na época adequada.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V. V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

CTPA. Indicadores técnicos das cultivares de soja 2004/2005. s.d. Folder.


4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

189
PESAGRO-RIO. Soja. Niterói : Pesagro-Rio, 2007. n.p. Folder.

SEPROTEC SEMENTES. Soja ciclo precoce: Emgopa 316. Disponível em


www.seprotec.com.br/produtoss_soja_316.asp, acessado em 07.05.2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

190
RENDIMENTO DE GRÃOS DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM EM
DIFERENTES ADUBAÇÕES DE COBERTURA EM CAMPOS DOS
GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

Benedito Fernandes de Souza Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, marciopesagro@yahoo.com.br
Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO, arivaldo@pesagro.rj.gov.br
José Geraldo Custódio dos Santos, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Como adubação para a cultura do amendoim, normalmente recomenda-se a


aplicação do fósforo e do potássio em adubação de fundação, no sulco de plantio, em
quantidades recomendadas pela análise de solo. A prática da calagem, quando necessária
(solos ácidos), deve ser feita de maneira que o pH do solo se situe acima de 5,5, sendo
considerada ótima a faixa de 6,0 – 6,5. Nesse caso, deve-se optar pelo uso do calcário
dolomítico. Normalmente a adubação nitrogenada não é utilizada, devido ao processo de
fixação simbiótica de nitrogênio. A adubação do amendoim é tecnologia que exige mais
experimentação por parte da pesquisa, já que solos férteis podem proporcionar boas
produtividades e o amendoim aproveita muito bem resíduo de adubação de outras culturas o
que complementaria seu uso em áreas de renovação de canaviais. Deste modo, conduziu-se o
presente trabalho, com o objetivo de avaliar o rendimento de grãos de genótipos de
amendoim, empregando-se somente adubação de cobertura. Concluiu-se que os genótipos
IAC 8112 e IAC 22 foram os mais produtivos, seja na ausência ou na presença da adubação
em cobertura, com maior produtividade sendo obtida com o uso de adubação em cobertura. A
aplicação via foliar se destacou, pois pode ser associada a outras práticas utilizadas pelos
produtores.

Palavras-Chave: Adubação foliar, adubação cobertura, produção de grãos, Norte


Fluminense, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

191
1 INTRODUÇÃO
Como adubação para a cultura do amendoim, normalmente recomenda-se a aplicação do
fósforo e do potássio em adubação de fundação, no sulco de plantio, em quantidades
recomendadas pela análise de solo. A prática da calagem, quando necessária (solos ácidos),
deve ser feita de maneira que o pH do solo se situe acima de 5,5, sendo considerada ótima a
faixa de 6,0 – 6,5. Nesse caso, deve-se optar pelo uso do calcário dolomítico. Normalmente a
adubação nitrogenada não é utilizada, devido ao processo de fixação simbiótica de nitrogênio
(Agrobyte, 2005 e CNPA, 2005). Gerin et al., 1996, ao avaliarem a cultivar Tatu em área de
reforma de canavial, observaram que o amendoim beneficiou-se da adubação residual da
cana-de-açúcar, não necessitando de adubação adicional de fósforo e potássio.
A adubação do amendoim é tecnologia que exige mais experimentação por parte da
pesquisa, já que solos férteis podem proporcionar boas produtividades e o amendoim
aproveita muito bem resíduo de adubação de outras culturas (Criar e Plantar, 2006), o que
complementaria seu uso em áreas de renovação de canaviais.
Deste modo conduziu-se o presente trabalho, com o objetivo de avaliar o rendimento de
grãos de genótipos de amendoim, empregando-se somente adubação em cobertura.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
O ensaio foi conduzido em área aonde vinha sendo cultivada cana-de-açúcar, variedade
SP 792233 (seis cortes). Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
Por ocasião da instalação do ensaio foi retirada amostra de solo na profundidade de 0 –
20 cm, e encaminhado para análise química e física (granulométrica), que foram realizadas
nos laboratórios da Fundenor, em Campos dos Goytacazes. Os resultados são: pH (água) 5,4
(Acidez Média); P (mg dm-3) 6 (Baixo); K (mg dm-3) 74 (Bom); Ca (cmolc dm-3) 2,8 (Bom);
Mg (cmolc dm-3) 2,6 (Muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,7 (Médio); H+Al (cmolc dm-3) 7,2
(Alta); MO (g dm-3) 26,9 (Médio); SB (cmolc dm-3) 5,7 (Bom); T (cmolc dm-3) 12,9 (Bom); t
(cmolc dm-3) 6,4 (Bom); m (%) 11 (Muito Baixo); V (%) 44 (Médio); Fe (mg dm-3) 35,4
(Bom); Cu (mg dm-3) 2,3 (Alto); Zn (mg dm-3) 1,7 (Bom); Mn (mg dm-3) 8,6 (Médio); S (mg
dm-3) 17,4; B (mg dm-3) 0,67 (Bom); Areia (%) 32; Silte (%) 27 e Argila (%) 41. A

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

192
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.
Não foi utilizada adubação de fundação e, como cobertura, foi utilizada três tipos de
adubação: adubação em cobertura via solo, adubação em cobertura via foliar e adubação em
cobertura via solo e foliar, comparados com a testemunha (sem adubação em cobertura). Na
adubação em cobertura via solo, realizada aos 40 dias após a emergência, empregou-se 100 kg
ha-1 da formulação 20-05-20. Na adubação em cobertura foliar, também realizada aos 40 dias
após a emergência, utilizou-se de pulverização do produto Complex 151 (Green Top), na
dosagem de 1,5 litros do produto comercial por hectare. Na adubação via solo e foliar,
também realizada na mesma época, associou-se as duas formas anteriormente descritas.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 24.11.06, n o espaçamento de 0,8 metros
entre linhas de cultivo e densidade na linha de semeadura de 12 sementes por metro linear de
sulco.
Neste trabalho foram avaliadas quatro cultivares de hábito de crescimento ereto (IAC
8112, IAC 22, IAC Tatu e IAC 5).
Não foi utilizado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo as cultivares
plantadas em parcelões de 100 m2 para cada genótipo, onde foram feitas as avaliações deste
trabalho por ocasião da colheita (22.03.07), relacionado à produtividade com casca e
amêndoas (kg ha-1).
Como tratos culturais, foram realizadas duas capinas seguida de amontoa (12.12.06 e
28.12.06). Não foram constatadas ocorrências de doenças e pragas de expressão econômica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares, de 119 dias, está um pouco acima do obtido por Souza Filho et
al., 2006 a, para as cultivares de hábito de crescimento ereto (95 dias), em ensaio conduzido
em Campos dos Goytacazes, na mesma região. O rendimento agrícola dos genótipos de
amendoim avaliados encontra-se no Quadro 1.
Considerando-se a média dos genótipos, independentemente dos tratamentos de
adubação em cobertura, destacaram-se em produtividade de amêndoas os genótipos IAC 8112
(1.872 kg ha-1) e o IAC 22 (1.599 kg ha-1). Estas produtividades estão também próximas do
obtido por Souza Filho et al., 2006 b, ao avaliarem estes mesmos materiais no mesmo local,
em ano agrícola anterior.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

193
Quadro 1 – Rendimento agrícola (kg ha-1) de quatro genótipos de amendoim em Campos dos
Goytacazes, 2006/2007.
Tipo de adubação em cobertura

Genótipos Testemunha Solo Foliar Solo + Foliar Média

Casca Amêndoa Casca Amêndoa Casca Amêndoa Casca Amêndoa Casca Amêndoa

IAC 8112 1.625 1.121 2.990 2.063 2.860 1.973 3.380 2.332 2.714 1.872

IAC 22 1.950 1.267 2.509 1.631 2.418 1.572 2.964 1.927 2.460 1.599

IAC 5
1.469 998 1.703 1.158 1.898 1.291 1.820 1.238 1.722 1.171

IAC Tatu 884 610 1.105 762 1.248 861 1.222 843 1.115 769

Média 1.482 999 2.077 1.403 2.106 1.424 2.346 1.585 2.003 1.353

Quanto à adubação em cobertura, os resultados obtidos mostram que, na testemunha


sem adubação, a produtividade média de amêndoas foi inferior a 1.000 kg ha-1 e, quando
presente, acima de 1.400 kg de amêndoas ha-1. Destacaram-se em produtividade os genótipos
IAC 8112 e IAC 22, sempre superior, independentemente da forma de adubação utilizada. O
pequeno acréscimo em produtividade com o uso da adubação via solo + via foliar não
justificaria o seu uso. A vantagem do uso da adubação em cobertura via foliar se deve ao fato
de poder ser aplicada conjuntamente a outros produtos, em eventual controle fitossanitário.
Os dados de precipitação pluviométrica obtidos durante o período de condução do
ensaio encontram-se no Quadro 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

194
Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental
(dezembro de 2006 a abril de 2007) na Estação Evapotranspirométria localizada em Campos
dos Goytacazes.
Meses Precipitação Pluviométrica
Novembro de 2006 207
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Total 831

4 CONCLUSÕES
Os genótipos IAC 8112 e IAC 22 foram os mais produtivos, seja na ausência ou na
presença da adubação em cobertura.
Maior produtividade foi obtida com o uso de adubação em cobertura, podendo a foliar
substituir a no solo.
A aplicação via foliar se destacou, pois pode ser associada a outras práticas utilizadas
pelos produtores.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGROBYTE. Amendoim. Disponível em: www.agrobyte.com.br/amendoim Acesso em
28.04.05.

ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

CNPA. Como plantar amendoim. Disponível em: www.cnpa.embrapa.br/como plantar


amendoim Acesso em 28.04.05.

CRIAR E PLANTAR. Amendoim: clima e solo. Disponível em:


www.criareplantar.com.br/agricultura. Acesso em 14.06.06.

GERIN, M.A.N.; FEITOSA, C.T.; RODRIGUES FILHO, F.S.O.; PEREIRA, J.C.V.N.A.;


NOGUERIA, S.S.S.; IGUE, T. Adubação do amendoim (Arachis hypogaea L.) em área de
reforma de3 canavial. Piracicaba, Scientia Agrícola, v. 53, n. 1, Jan./Apr. 1996.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

195
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 a. (CD ROM). p. 116 – 121.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 b. (CD ROM). p.
122 – 127.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

196
RENDIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE
AMENDOIM EM DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS EM
CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

Benedito Fernandes de Souza Filho, PESAGRO-RIO/EEC, wanderpesagro@yahoo.com.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO/EEC, wanderpesagro@yahoo.com.br
José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO/EEC, marciopesagro@yahoo.com.br
Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO/EEC, arivaldo@pesagro.rj.gov.br
José Geraldo Custódio dos Santos, PESAGRO-RIO/EEC, wanderpesagro@yahoo.com.br
Jakeline Moisés Ribeiro Gomes, PESAGRO-RIO/EEC, wanderpesagro@yahoo.com.br
Penha Sebastiana Barbosa Simeão dos Santos, PESAGRO-RIO/EEC,
wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Estudos anteriores conduzidos em Campos dos Goytacazes (2005/2006),


concluíram que o aumento na densidade de plantio corresponde a aumento no rendimento de
amêndoas. Assim, a maior densidade de semeadura utilizada teve produtividade de amêndoas
de 2.748 kg ha-1, superior às demais densidades utilizadas. Deve-se destacar, entretanto, que
esse ensaio não foi conduzido em área de renovação de canaviais. Os estudos atualmente
conduzidos com a cultura do amendoim têm como objetivo o seu uso em áreas de renovação
de canaviais, como cultura alternativa visando a produção de óleo para atender o Programa
RioBiodiesel. Por envolver muita mão-de-obra, a cultura tem sido preconizada para uso por
agricultores familiares. O objetivo deste trabalho é avaliar o rendimento agrícola e industrial
de genótipos de amendoim em diferentes populações de plantas, em Campos dos Goytacazes,
região Norte Fluminense, em área de renovação de canavial. Concluiu-se que os genótipos
IAC 8112 e IAC 22 foram os mais produtivos, na média das diferentes populações estudadas,
e que à medida que se aumentou a população de plantas aumentou-se a produção de grãos.
Pelo ganho em produtividade, recomenda-se para áreas de renovação de canaviais 150.000
plantas de amendoim por hectare.

Palavras-Chave: Densidade de plantio, Arachis hipogaea L., produção de óleo, produção de


grãos, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

197
1 INTRODUÇÃO
Ao avaliarem o rendimento agronômico da cultivar IAC Tatu em diferentes densidades
de semeadura em Campos dos Goytacazes, no ano agrícola 2005/2006, Souza Filho et al.,
2006 a observaram que o aumento na densidade de plantio corresponde a aumento no
rendimento de amêndoas. Assim, a maior densidade de semeadura utilizada (32 sementes por
metro de sulco) obteve produtividade de amêndoas de 2.748 kg ha-1, superior à produtividade
com densidade de 16 sementes por metro e à densidade de 8 sementes por metro. Deve-se
destacar, entretanto, que esse ensaio não foi conduzido em área de renovação de canaviais.
Os estudos atualmente conduzidos com a cultura do amendoim têm como objetivo o seu
uso em áreas de renovação de canaviais, como cultura alternativa visando a produção de óleo
para atender o Programa RioBiodiesel. Como a cultura do amendoim envolve muita mão-de-
obra, sobretudo para arranquio, a cultura tem sido preconizada para uso por agricultores
familiares, em áreas menores, também característico das áreas de exploração com a cultura da
cana-de-açúcar no Norte Fluminense.
Este é um princípio importante, já que faz com que a produção de oleaginosas seja uma
alternativa importante para eliminação da pobreza na agricultura familiar, pela ocupação de
grande contingente de mão-de-obra.
O objetivo deste trabalho é avaliar o rendimento agrícola e industrial de genótipos de
amendoim em diferentes populações de plantas, em Campos dos Goytacazes, região Norte
Fluminense.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
O ensaio foi conduzido em área aonde vinha sendo cultivada cana-de-açúcar, variedade
SP 792233 (seis cortes). Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
Por ocasião da instalação do ensaio foi retirada amostra de solo na profundidade de 0 –
20 cm, e encaminhado para análise química e física (granulométrica), que foram realizadas
nos laboratórios da Fundenor, em Campos dos Goytacazes. Os resultados são: pH (água) 5,5
(Acidez Média); P (mg dm-3) 21 (Médio); K (mg dm-3) 43 (Médio); Ca (cmolc dm-3) 1,1
(Baixo); Mg (cmolc dm-3) 0,7 (Médio); Al (cmolc dm-3) 0,2 (Muito Baixo); H+Al (cmolc dm-
3
) 3,5 (Médio); MO (g dm-3) 13,6 (Baixa); SB (cmolc dm-3) 1,9 (Médio); T (cmolc dm-3) 5,4
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

198
(Médio); t (cmolc dm-3) 2,1 (Baixo); m (%) 9 (Muito Baixo); V (%) 36 (Baixo); Fe (mg dm-3)
37,5 (Bom); Cu (mg dm-3) 0,5 (Baixo); Zn (mg dm-3) 1,4 (Médio); Mn (mg dm-3) 4,4 (Baixo);
S (mg dm-3) 10,7; B (mg dm-3) 0,27 (Baixo); Areia (%) 87; Silte (%) 3 e Argila (%) 10. A
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.
Não foi utilizada adubação de fundação e, como cobertura, optou-se pela via foliar,
fazendo-se duas aplicações de Complex 151 (Green Top) aos 30 e 40 dias após a emergência,
na dosagem de um litro por hectare do produto comercial por aplicação.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 24.11.06, no espaçamento de 0,8 metros
entre linhas de cultivo, utilizando-se três densidades de sementes por metro de sulco: 8
sementes (100.000 plantas ha), 12 (150.000 plantas ha) e 16 (200.000 plantas ha).
Foram utilizadas quatro cultivares de hábito de crescimento ereto (IAC 8112, IAC 22,
IAC Tatu e IAC 5).
Não foi utilizado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo as cultivares
plantadas em parcelões de 100 m2 para cada genótipo, onde foram feitas as avaliações deste
trabalho por ocasião da colheita (22.03.07), relacionado à produção de amêndoas (kg ha-1) e
produção de óleo bruto (litros por ha-1).
Como tratos culturais, foram realizadas duas capinas, seguida de amontoa e não foram
constatadas ocorrências de pragas e doenças de expressão econômica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares, de 117 dias, está um pouco acima do obtido por Souza Filho et
al., 2006 a, para as cultivares de hábito de crescimento ereto (95 dias) e próximo dos 125 dias
obtidos pela cultivar de hábito prostrado, em ensaio conduzido em Campos dos Goytacazes,
na mesma região.
O rendimento agrícola e industrial dos genótipos de amendoim avaliados encontra-se no
Quadro 1.
Considerando-se a média do ensaio, independentemente da população de plantas,
destacaram-se na produção de amêndoas os genótipos IAC 8112 (2.090 kg ha-1) e a IAC 22
(1.859 kg ha-1), resultados esses coerentes com dados anteriormente obtidos por Souza Filho
et al., 2006 c.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

199
Quadro 1 – Rendimento agrícola (kg ha-1) e industrial (óleo bruto em l ha) de quatro
genótipos de amendoim em três populações de plantas no Norte Fluminense. Campos dos
Goytacazes, 2006/2007.
Genó- 100.000 plantas ha 150.000 plantas ha 200.000 plantas ha Média
tipo
(IAC) Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo
8112 1.417 608 2.225 954 2.628 1.127 2.090 896
22 1.394 585 1.986 834 2.197 923 1.859 781
5 1.264 518 2.475 1.015 2.678 1.098 1.604 877
Tatu 866 355 1.406 576 1.733 710 1.001 410
Média 1.235 516 2.013 845 2.309 964 1.638 741

Quanto a população de plantas, os resultados obtidos demonstram que, à medida que se


aumentou a população de plantas, aumentou-se a produção de grãos. Estes resultados são
coerentes ao obtido por Souza Filho et al., 2006 a, ao avaliarem o comportamento da cultivar
IAC Tatu em diferentes densidades. Os resultados em produtividade são inferiores ao
anteriormente conduzido para a cultivar Tatu, em que na maior densidade (32 sementes por
metro de sulco) obteve produtividade de 2.748 kg ha-1 de amêndoas. Vale destacar, ainda, o
ganho em produtividade de amêndoas ao se passar da população de 100.000 plantas ha (1.235
kg ha-1) para a população de 150.000 plantas ha (2.023 kg ha-1).
Os dados de precipitação pluviométrica obtidos durante o período de condução do
ensaio encontram-se no Quadro 2, evidenciando que a fase de enchimento de grãos foi
prejudicada por déficit hídrico.

4 CONCLUSÕES
Os genótipos IAC 8112 e IAC 22 foram os mais produtivos, na média das diferentes
populações estudadas.
À medida que se aumentou a população de plantas aumentou-se a produção de grãos.
Pelo ganho em produtividade, recomenda-se para áreas de renovação de canaviais
150.000 plantas de amendoim por hectare.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

200
Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental
(dezembro de 2006 a abril de 2007) na Estação Evapotranspirométria localizada em Campos
dos Goytacazes.
Meses Precipitação Pluviométrica
Novembro de 2006 207
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Total 831

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Densidade de semeadura da cultivar IAC Tatu - ST no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 a. (CD ROM). p. 133 – 137.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 b. (CD ROM). p. 116 – 121.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 c. (CD ROM). p.
122 – 127.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

201
APRIMORAMENTO DA UTILIZAÇÃO DO AMENDOIM NO NORTE
FLUMINENSE

Benedito Fernandes de Souza Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO, arivaldo@pesagro.rj.br

RESUMO: Tradicionalmente, a região Norte Fluminense caracteriza-se como canavieira,


com destaque para a produção de açúcar e álcool. A partir de 2005, a Estação Experimental de
Campos, uma das Unidades de pesquisa da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do
Rio de Janeiro – PESAGRO-RIO, vêm desenvolvendo ações para utilizar adequadamente
algumas oleaginosas para rotação com a cana-de-açúcar e atender o Programa Rio Biodiesel.
Nesse sentido, procura-se aumentar a produção de álcool pela melhoria dos solos com a
rotação, nas áreas de renovação, como também produzir óleo com destino ao biodiesel. O
amendoim para esse sistema tem demonstrado ser adequado, pois produz óleo, recupera o solo
pelo fornecimento de nutrientes pela palhada e resulta no processo de extração de óleo, torta
de elevadíssima riqueza para a alimentação animal. Utilizando-se dados obtidos em pesquisa
no último biênio, foi verificado que cultivos de amendoim produziram por hectare mais de
800 kg de óleo, 5 t de massa seca e 950 kg de torta de excelente qualidade.

Palavras-Chave: Utilização, Arachis hipogaea L., Estado do Rio de Janeiro, subproduto.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

202
1 INTRODUÇÃO
A utilização adequada de oleaginosas pode ser importantíssima para as condições do
Norte Fluminense. Aumento da produção de álcool pode ser obtido pela recuperação de solos
degradados por cultivos sucessivos da cana-de-açúcar, que têm resultado em baixos
rendimentos agrícola e industrial. Nesse sentido, a rotação de culturas nas áreas de renovação
dos canaviais com oleaginosas é interessante porque a renovação ocorre no período mais
quente e chuvoso (outubro-fevereiro) e, para essas condições, as oleaginosas são adaptadas,
com alta produção de massa verde. Além disso, não afeta o plantio da cana-de-açúcar, que
regionalmente ocorre no período de março – maio. Na rotação com oleaginosas é a produção
de óleo que pode através do processo industrial adequado ser transformado em biodiesel.
Outro aspecto importante é a utilização adequada dos resíduos industriais, notadamente para a
alimentação animal.
Para essas condições, a cultura do amendoim foi avaliada no biênio 2005/2006 e
2006/2007 para produção de amêndoa, massa seca, óleo e torta, utilizando-se vários genótipos
e análises de resíduos.

2 MATERIAL E MÉTODOS
No ano agrícola 2005/2006 foram implantados ensaios no município de Campos dos
Goytacazes, nas coordenadas geográficas de 21o19’23” latitude Sul, 41o19’40” longitude
Oeste e altitude de 11 metros, em Neossolo, conhecido como tabuleiro do rio Paraíba do Sul.
Foram realizados análises de solo e procedimentos agronômicos adequados para a cultura do
amendoim, exceto irrigação. Foram avaliados seis genótipos provenientes do IAC (IAC Ta tu;
IAC 886 Runner; IAC Caiapó; IAC 5; IAC 22 e IAC 8112) e dois provenientes de coletas nos
estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Em parcelas de 100 m2 de cada material foram
avaliadas a produção total, produção de amêndoas, produção de óleo, produção de massa seca
e produção de torta no processo industrial de esmagamento.
No ano agrícola 2006/2007, ensaios com procedimentos semelhantes ao citado,
envolveram quatro genótipos provenientes do IAC (IAC Ta tu; IAC 5; IAC 22 e IAC 8112),
todos de hábito ereto.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

203
Conforme mostra o Quadro 1, os resultados médios do biênio 2005/2006 (Souza Filho
et al., 2006) e 2006/2007, evidenciaram mais de 1700 kg ha-1 de amêndoas, 5 t ha-1 de massa
seca, 800 kg ha-1 de óleo e 900 kg ha-1 de torta.

Quadro 1 - Rendimento de amêndoa, massa seca, óleo e torta de amendoim no biênio


2005/2006 e 2006/2007 no Norte Fluminense.
Especificação 2005/2006 2006/2007 Média
(kg ha-1) (kg ha-1) (kg ha-1)
Amêndoa 1.709 1.861 1.785
Massa seca 5.000 5.500 5.250
Óleo 801 867 834
Torta 908 995 951

Para a renovação do solo através da rotação com amendoim, análise da massa seca
(palha) forneceu por hectare mais de 100 kg de cálcio, 80 kg de nitrogênio, 50 kg de potássio,
20 kg de magnésio, 5 kg de fósforo e 5 kg de enxofre. Para os micronutrientes houve um
acúmulo de mais de 400 g de ferro, 190 g de boro, 100 g de zinco, 80 g de manganês, 18 g de
cloro e 10 g de cobre (Andrade et al., 2006).
Para alimentação animal, a análise da torta de amendoim (resíduo da extração do óleo)
apresentou excelente qualidade, fornecendo por tonelada mais de 100 kg de nitrogênio (35%
de proteína), 17 kg de potássio, 12 kg de fósforo, 3 kg de magnésio, 2 kg de enxofre e 1 kg de
cálcio. Os micronutrientes contidos na torta superaram por tonelada 1.000g de cloro, 80 g de
zinco, 60 g de ferro, 20 g de cobre, 20 g de manganês e 14 g de boro.
Enquanto que na palhada do amendoim (massa seca) o macronutriente cálcio e o
micronutriente ferro sobressaíram, na torta o nitrogênio (proteína) e o cloro estiveram em
maior ordem de acúmulo.
Vale lembrar que na extração do óleo, através do aquecimento, a aflatoxina porventura
existente na amêndoa é inativada, ficando a torta isenta de toxicidade.
Os resultados obtidos na experimentação com a cultura do amendoim no Norte
Fluminense evidenciaram que esta oleaginosa produziu óleo de qualidade e resíduos
importantes na recuperação de solo e alimentação animal. Podendo, através de melhoria do
sistema de cultivo, contribuir para o desenvolvimento regional.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

204
4 CONCLUSÃO
O amendoim apresentou-se viável para as condições do Norte Fluminense, notadamente
nas áreas de renovação dos canaviais, produzindo óleo de qualidade e resíduos benéficos para
a recuperação do solo e alimentação animal.

5 REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, W.E. de B.; SOUZA FILHO, B.F. de; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J.; GOMES, J.M.R.; SANTOS, P.S.B.S. dos. Acumulação de nutrientes pela
palhada do amendoim no Norte Fluminense em semeadura de primavera-verão. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de
Varginha, 2006. (CD ROM). p. 138 – 143.

SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006. (CD ROM). p. 122
– 127.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

205
CULTIVO DO GIRASSOL EM CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO
NORTE FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA-VERÃO DE
2006/2007

Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, marciopesagro@yahoo.com.br
Luiz de Morais Rêgo Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Luiz Antônio Antunes de Oliveira, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Lenício José Ribeiro, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Max Lacerda Ribas, MESTRANDO UENF, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Com o interesse do Estado do Rio de Janeiro em produzir óleo voltado para a
produção do biodiesel, diversas culturas têm sido estudadas, dentre elas o girassol. Estudos
iniciais desenvolvidos indicam como promissoras para o cultivo no Estado do Rio de janeiro
os híbridos simples Helio 250 e Helio 251 e a variedade Catissol, sendo primeiramente
avaliados em plantio de outono-inverno. O estudo de épocas de semeadura é fundamental,
pois pode afetar o desenvolvimento vegetativo das plantas e, conseqüentemente, a
produtividade. Dando continuidade aos trabalhos de avaliação de genótipos x época de
semeadura, conduziu-se o presente trabalho procurando melhor caracterizar a produção de
girassol no período de primavera verão, na região Norte Fluminense. O ensaio foi instalado
em Campos dos Goytacazes, em base física da Pesagro-Rio/EEC. Não foi adotado nenhum
delineamento ou arranjo experimental, sendo os materiais instalados em parcelões, onde
foram feitas amostragens para determinação da produção e demais características avaliadas.
Foram avaliados os híbridos simples Helio 250 e Helio 358, e as cultivares Catissol e
Embrapa 122 V2000. Concluiu-se que a produtividade média de grãos obtida está abaixo do
potencial produtivo das variedades e híbridos simples avaliadas e que há tendência das
variedades, mais precoces, de obter maior produtividade em relação aos híbridos.

Palavras-Chave: Helianthus annuus L., época de semeadura, produção de grãos,


competição de cultivares, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

206
1 INTRODUÇÃO
Com o interesse do Estado do Rio de Janeiro em produzir óleo voltado para a produção
do biodiesel, diversas culturas têm sido estudadas, dentre elas o girassol.
Como se trata de uma cultura que não é de cultivo tradicional em terras fluminenses,
uma das principais preocupações da pesquisa está no estudo do desempenho produtivo de
diferentes materiais introduzidos em diferentes épocas de semeadura.
Estudos preliminares desenvolvidos por Oliveira, 2006, indicam como promissoras para
o cultivo no Estado do Rio de janeiro os híbridos simples Helio 250 e Helio 251 e a variedade
Catissol.
Estes materiais foram primeiramente avaliados em plantio de outono-inverno, sendo
desenvolvidas avaliações nas épocas de semeadura de março de 2005 (Rêgo Filho et al.,
2006a), abril de 2005 (Rêgo Filho et al., 2006b) e fevereiro de 2006 (Rêgo Filho et al.,
2006c). Destas épocas a que mais se destacou foi a de abril, com produtividade média obtida
entre os genótipos avaliados de 2.160 kg ha-1 de grãos.
O estudo de épocas de semeadura é, portanto, fundamental, pois pode afetar o
desenvolvimento vegetativo das plantas e, conseqüentemente, a produtividade (Almeida e
Silva, 1993; Silva e Almeida, 1994).
Dando continuidade aos trabalhos de avaliação de genótipos x época de semeadura,
conduziu-se o presente trabalho procurando melhor caracterizar a produção de girassol no
período e primavera verão, na região Norte Fluminense.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, em solo
classificado como Neossolo Flúvico, nas coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e
41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11 metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química e granulométrica, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,9 (acidez média); P (mg
dm-3) 44 (muito bom); K (mg dm-3) 86 (bom); Ca (cmolc dm-3) 3,1 (bom); Mg (cmolc dm-3)
0,8 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,0 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,2 (baixo); MO (dag kg-
1
) 1,5 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 5,4 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,2 (bom); V (%) 78 (bom); m
(%) (muito baixo); Fe (mg dm-3) 26 (médio); Cu (mg dm-3) 0,2 (muito baixo); Zn (mg dm-3)
5,0 (alto); Mn (mg dm-3) 9,2 (bom) e B (mg dm-3) 0,27 (baixo); Areia (%) 77; Silte (%) 5 e

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

207
Argila (%) 18. A classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade,
segundo Alvarez V. et al., 1999.
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo os materiais
instalados em parcelões, onde foram feitas amostragens para determinação da produção e
demais características avaliadas.
A adubação utilizada no plantio foi a de 300 kg ha-1 da fórmula 04-14-08, juntamente
com 3,0 kg de B, tendo como fonte o ácido bórico, distribuída no sulco de plantio e
incorporada manualmente, antes da semeadura. A semeadura foi realizada manualmente no
dia 04.10.2006 com 10 sementes por metro de sulco, com desbaste para cinco plantas por
metro, quinze dias após a emergência. Como adubação de cobertura empregou-se 100 kg ha-1
de sulfato de amônio. Utilizou-se o espaçamento de 0,8 m entre linhas de plantio.
Foram avaliados os híbridos simples Helio 250 e Helio 358, e as cultivares Catissol e
Embrapa 122 V2000. Foram avaliadas as seguintes características: altura de planta (cm),
obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na floração plena; curvatura do caule (cm)
obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm),
obtido por meio de uma régua graduada na colheita e produção de grãos (kg ha-1).
No controle de plantas daninhas, com predominância de tiririca (Cyperus rotundus L.),
foram realizadas capinas manual. Não foram necessárias intervenções para controle de
doenças e pragas.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos em estação
evapotranspirométrica localizada ao lado da área experimental.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A colheita foi realizada manualmente em 05.01.2007, aos 93 dias após a semeadura.
Tanto os híbridos quanto as variedades utilizadas encurtaram seu ciclo, provavelmente em
função das chuvas que caíram na fase final do ciclo da cultura.
No Quadro 1 encontram-se as médias obtidas para cultivares e híbridos, bem como a
média geral do ensaio.
Para produção de grãos, verifica-se que houve tendência das variedades obterem
maiores produtividades em relação aos híbridos, ressaltando-se o fato de que as
produtividades obtidas estão abaixo do potencial de produção dos materiais avaliados,
conforme descrito em Oliveira, 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

208
Quadro 1 – Média para variedades e híbridos de girassol para altura de planta (cm), curvatura
de caule (cm), tamanho do capítulo (cm) e produtividade de grãos (kg ha-1). Campos dos
Goytacazes, primavera verão de 2006/2007.
Variedades e/ou Altura de Curvatura do Tamanho do Produção de
Híbridos Planta Caule Capítulo Grãos
Embrapa 122 V2000 130 91 13 1.080
Catissol 128 107 15 1.060
Helio 250 126 106 15 892
Helio 358 142 116 15 831
Média 132 105 15 966

Com relação aos trabalhos já desenvolvidos na época de outono-inverno, as


produtividades obtidas estão acima das encontradas nas épocas de março de 2005 e fevereiro
de 2006 (Rêgo Filho et al., 2006 a e c) e abaixo da média obtida em abril de 2006 (Rêgo Filho
et al., 2006 b).
Os dados de precipitação pluviométrica obtidos no período experimental (outubro de
2006 a janeiro de 2007) foram: outubro – 122 mm, novembro – 207 mm, dezembro – 84 mm
e janeiro – 198 mm (até o dia de colheita). Verifica-se que o volume de chuva foi muito
elevado, o que contribuiu para a baixa produtividade obtida.

4 CONCLUSÕES
A produtividade média obtida, de 966 kg ha-1 de grãos, está abaixo do potencial
produtivo das variedades e híbridos simples avaliadas.
Há tendência das variedades, mais precoces, de obter maior produtividade em relação
aos híbridos.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M.L. de; SILVA, P.R.F. da. Efeito de densidade e época de semeadura e de
adubação nas características agronômicas de girassol. I. Rendimento de grãos e de óleo e seus
componentes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 28, n. 7, p. 833-841, jul. 1993.

ALVAREZ V. V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

209
OLIVEIRA, L.A.A. de. Projeto: Avaliações agronômicas, edafoclimáticas e econômicas e
implantação de banco de germoplasma de espécies oleaginosas no Estado do Rio de
Janeiro. Niterói : Pesagro-Rio. Relatório técnico final encaminhado à Faperj. 65p. 2006

REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Primeira época de semeadura (março 2005).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006a. p. 24.

REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Segunda época de semeadura (abril 2005). In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006b. p. 25.

REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Terceira época de semeadura (fevereiro 2006).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006c. p. 26.

SILVA, P.R.F. da.; ALMEIDA, M.L. de. Respostas de girassol à densidade em duas épocas
de semeadura e dois níveis de adubação. II. Características da planta associadas à colheita.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 29, n. 9, p. 1.365-1.371, set. 1994.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

210
DESEMPENHO PRODUTIVO DE CULTIVARES DE SOJA EM CAMPOS
DOS GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE

Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO, arivaldo@pesagro.rj.gov.br


Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Saul de Barros Ribas Filho, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Na região Norte Fluminense constata-se, quanto à utilização das terras, a grande
participação das áreas de lavouras ocupadas pelas culturas temporárias, o que demonstra a
grande participação deste setor agrícola na manutenção da mão-de-obra rural. A introdução da
cultura da soja nessas áreas, sobretudo como cultivo alternativo em áreas de renovação de
canaviais, é uma ação inserida dentro de um programa de Estado. Com a introdução de
culturas oleaginosas, visa-se abastecer o Programa Rio Biodiesel, gerando renda e atividade
agrícola, mantendo os trabalhadores da cana-de-açúcar empregados ao longo dos anos, e não
somente na safra. Conduziu-se assim o presente trabalho, com a introdução de sete cultivares
de soja no município de Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, de modo a
fornecer subsídios técnicos que justifiquem sua adoção como cultura alternativa para os
produtores, bem como identificar materiais mais modernos e promissores para o Estado do
Rio de Janeiro. Concluiu-se que as cultivares apresentaram ciclo de 137 dias, considerado
adequado para uso em áreas de renovação de canaviais; que as cultivares Luziânia, Emgopa
316, Mineiros e Emgopa 302 obtiveram as maiores produtividades e que outros estudos
envolvendo essas cultivares em áreas extensivas e outros locais deverão ser conduzidos,
visando sua recomendação final.

Palavras-Chave: Glycine max L. Merrill, época de semeadura, produção de grãos, Estado


do Rio de Janeiro, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

211
1 INTRODUÇÃO
Na região Norte Fluminense constata-se, quanto à utilização das terras, a grande
participação das áreas de lavouras ocupadas pelas culturas temporárias, o que demonstra a
grande participação deste setor agrícola na manutenção da mão-de-obra rural. O problema é
que grande parte das áreas ocupadas pelas culturas temporárias é com a cana-de-açúcar, que
absorve mão-de-obra em períodos sazonais. Verifica-se ainda a predominância de pequenas
propriedades, com estabelecimentos de menos de 10 hectares contribuindo com 63,0% do
número total de estabelecimentos rurais, mas ocupando apenas 5,3% da área total (Viana,
1987 e Fóruns Regionais de Desenvolvimento, 1992).
A introdução da cultura da soja nessas áreas, sobretudo como cultivo alternativo em
áreas de renovação de canaviais, é uma ação inserida dentro de um programa de Estado. Com
a introdução de culturas oleaginosas, visa-se abastecer o Programa Rio Biodiesel, gerando
renda e atividade agrícola, mantendo os trabalhadores da cana-de-açúcar empregados ao
longo dos anos, e não somente na safra.
Conduziu-se assim o presente trabalho, com a introdução de sete cultivares de soja, de
modo a fornecer subsídios técnicos que justifiquem sua adoção como cultura alternativa para
os produtores, bem como identificar materiais mais modernos e promissores para o Estado do
Rio de Janeiro.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 6,2 (acidez fraca); P (mg dm-3) 270
(muito bom); K (mg dm-3) 420 (muito bom); Ca (cmolc dm-3) 6,0 (muito bom); Mg (cmolc
dm-3) 1,9 (muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,0 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 2,8 (médio);
MO (dag kg-1) 3,47 (médio); CTC (cmolc dm-3) 11,8 (bom); SB (cmolc dm-3) 9,0 (muito bom);
V (%) 76 (bom); m (%) 0 (muito baixo); Areia (%) 59, Silte (%) 17 e Argila (%) 24. A
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

212
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
instalado em área de 400 m2 para cada cultivar, onde foram feitas as avaliações da soja em
amostragens em áreas de 30 m2 cada.
O trabalho foi conduzido com as cultivares Emgopa 302, Emgopa 316, Mineiros,
Luziânia, Araçú, Caiapônia e Emgopa 315 e instalado em 11.12.2006, com plantio
mecanizado em sulcos espaçados em 0,50 m.
O ensaio foi adubado com 400 kg ha-1 da formulação 04-14-08 no momento da
semeadura. No momento da semeadura foi feita a inoculação das sementes com o inoculante
Gelfix, na dosagem de 150ml/50 kg de sementes. Este inoculante é de natureza física fluído,
que contém bactérias da espécie Bradyrhizobium elkanii, fixadoras de nitrogênio. Foi feita
ainda apenas uma capina manual, não sendo necessárias intervenções para controle de
doenças e, para pragas, uma pulverização para controle de lagartas.
Foram avaliadas as seguintes características para a soja: altura de planta (cm), obtida da
média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita; número de plantas por metro
de sulco, no momento da colheita e produção de grãos, em kg ha-1, a 13% de umidade. A
colheita foi realizada manualmente em 26.04.2007.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos em Estação
evapotranspirométrica localizada próximo ao local do ensaio.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo obtido pelas cultivares, de 137 dias, é de interesse para as áreas de renovação de
cana-de-açúcar, com área potencial de cerca de 20.000 hectares anuais. Assim a soja seria
plantada na época recomendada para o Estado, da segunda quinzena de outubro até a primeira
quinzena de dezembro (Viana et al., 1988), e com colheita anterior ao próximo plantio da
cana, em março/abril do ano seguinte. Deve-se ressaltar que o ciclo obtido pela Emgopa 316
está acima dos 118 dias citados em CTPA, s.d. Há que se ressaltar ainda que, de maneira
geral, materiais mais precoces são menos produtivos mas apresentam maior teor de óleo
(Oliveira et al., 1991).
O rendimento de grãos de soja, bem como as demais características avaliadas, encontra-
se no Quadro 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

213
Quadro 1 – Produção de grãos (kg ha-1), altura de planta (cm) e estande final obtido (número
de plantas por metro). Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Cultivares Produção de grãos Estande final Altura de planta
Emgopa 302 1.566 23 75
Emgopa 316 2.900 27 88
Mineiros 2.900 24 83
Luziânia 3.766 21 88
Araçú 2.200 27 91
Caiapônia 500 15 72
Emgopa 315 2.833 25 66
Média 2.381 - -

O rendimento de grãos pode ser estratificado em três níveis, inicialmente com maior
rendimento a cultivar Luziânia (3.766 kg ha-1), seguida pelas cultivares Emgopa 316,
Mineiros, Araçú e Emgopa 315 (2.200 kg ha-1 a 2.900 kg ha-1) e finalmente pelas cultivares
Emgopa 302 e Caiapônia (1.566 kg ha-1 e 500 kg ha-1). Viana et al., 1988, avaliando diversas
linhagens de soja em Campos dos Goytacazes obteve média de 2.765 kg ha-1 e, no município
de Itaperuna, 1.889 kg ha-1, em nível experimental.
Os resultados obtidos demonstram o potencial das cultivares introduzidas, destacando-
se a Luziânia, Emgopa 316, Mineiros e Emgopa 315.
Com a introdução destes materiais espera-se aumentar a base genética da soja plantada
em território fluminense, já que as cultivares atualmente recomendadas são a Primavera e a
Emgopa 302 (Viana et al., 1988).
Para a cultivar Caiapônia, além da baixa adaptabilidade produtiva, deve-se ainda
destacar problemas obtidos no estande, apresentando apenas 15 plantas por metro, enquanto o
ideal seria na faixa de 17 a 20 plantas por metro, no que foi obtido pelas demais cultivares
avaliadas (Quadro 1).
Outros estudos envolvendo essas cultivares em áreas extensivas e outros locais deverão
ser conduzidos, visando sua recomendação final.
O índice de precipitação pluviométrica obtido durante o período experimental encontra-
se no Quadro 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

214
Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental
(novembro de 2006 a março de 2007). Conceição de Macabu, 2006/2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Abril de 2007 23
Total 647

4 CONCLUSÃO
As cultivares apresentaram ciclo de 137 dias, considerado adequado para uso em áreas
de renovação de canaviais.
As cultivares Luziânia, Emgopa 316, Mineiros e Emgopa 302 obtiveram as maiores
produtividades.
Outros estudos envolvendo essas cultivares em áreas extensivas e outros locais deverão
ser conduzidos, visando sua recomendação final.
Outras cultivares de ciclo curto mostraram potencialidades de exploração em áreas de
rotação com cana-de-açúcar.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.

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FÓRUNS REGIONAIS DE DESENVOLVIMENTO. A Região Norte Fluminense. Rio de


Janeiro : Governo do Estado/BANERJ/Jornal do Brasil. 80p. 1992.

FÓRUNS REGIONAIS DE DESENVOLVIMENTO. A Região Noroeste Fluminense. Rio


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OLIVEIRA, A.F.F.de; ATHAYDE, M.L.F.; SADER, R. Avaliação da qualidade da soja


produzida em área de reforma de canavial. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília – DF,
v. 26, n. 5, p. 613 – 621, maio 1991.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

215
VIANA, A.R.; SOUZA FILHO, B.F. de; FERNANDES, G.M.B. Informações básicas sobre
a cultura da soja. Niterói : Pesagro-Rio, 1988. n.p. Folder.

VIANA, A.R. Agricultura não canavieira em Campos. In: EVOLUÇÃO DA


AGRICULTURA EM CAMPOS - RJ, 1987. Anais ... Campos:CEPECAM/FCMC, 1987.
p.40-49.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

216
UMA ABORDAGEM TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL DE
FONTES POTENCIAIS PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Carlo Alessandro Castellanelli, UFSM, castellanelli@bol.com.br


Carolina Iuva de Mello, UFSM, carolinaiuva@hotmail.com
Márcio Castellanelli, UNIOESTE, engcastellanelli@yahoo.com.br
Ronaldo Hoffmann, UFSM, hoffmann@ct.ufsm.br

RESUMO: A busca por fontes alternativas e renováveis de energia tornou-se uma constante
no mundo contemporâneo devido à escassez e aos impactos ambientais causados por fontes
não renováveis. Dentre as fontes renováveis, destaca-se o Biodiesel, o qual pode ser obtido
através de diversas matérias-primas e que ocupa posição de destaque nas discussões
energéticas e ambientais atuais. No entanto, muitas das fontes potenciais para a sua produção
estão sendo desperdiçadas e/ou possuem pouca divulgação de seu potencial. Este artigo
apresenta algumas destas fontes que podem vir a contribuir com o setor energético global, e
evitar impactos ambientais.

Palavras-Chave: Biodiesel, energia, impactos ambientais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

217
1 INTRODUÇÃO
PRICE (1995), em um trabalho sobre a energia e a evolução humana, ressaltou a
capacidade única da humanidade, em relação às outras formas de vida do planeta, de
adaptação extra-somática. Este tipo de adaptação faria com que a tradicional tendência da
evolução fosse acelerada. Com ela o homem poderia dispor dos recursos ao seu alcance para
contornar as eventuais dificuldades que o clima e a busca por alimentos apresentassem o que
corroboraria a teoria de WHITE (1949). Neste trajeto, a humanidade aprendeu como gerar
mais energia, de um modo diverso do que era proporcionado pelas próprias mãos humanas, ou
posteriormente por animais.
Enquanto esta energia extra-somática provinha de fontes naturais ou renováveis não
houve na atmosfera mudança significativa de origem antrópica, salvo a mais rápida
devastação de florestas do que a natureza conseguia naturalmente renovar. Esta fase da
humanidade é historicamente encerrada em meados do século XVIII. A partir de então a nova
‘’revolução’’ em curso, baseada na força do vapor como força motriz, passou a demandar
mais do que a natureza conseguiria repor, nos acelerados prazos que esta nova ‘’revolução’’
determinava.
A lenha para alimentar as caldeiras já não seria mais suficiente, e passou-se a usar o
carvão mineral como combustível. Toda a tecnologia advinda deste processo acelerou de
forma nunca vista a produção de bens e o consumo cada vez maior de recursos. Porém um
limite estava sendo ultrapassado. Ao se queimar cada vez mais combustíveis fósseis o nível de
gás carbônico na atmosfera começou a aumentar, não sendo suficientes os recursos naturais
de absorção deste gás para que o equilíbrio se restabelecesse. A temperatura média da
superfície do planeta desde então vem aumentando pelo agravamento artificial do “Efeito
Estufa”. O aproveitamento do petróleo sucedeu rapidamente, a partir do final do século XIX,
ao carvão como principal combustível da máquina desenvolvimentista das nações mais ricas.
Deste somatório de ofertas de combustíveis fósseis resultou o aceleramento do processo de
acúmulo dos gases responsáveis pelo efeito de aquecimento, muito além do equilíbrio
conhecido. A maior facilidade de obtenção e uso dos subprodutos do petróleo tornou a queima
deste combustível quase que universal pela inércia da infra-estrutura técnica e dos hábitos
(MARTIN, 1990), pela disponibilidade de tecnologia e pelo preço sem concorrente. Quem
não consumisse petróleo, ou seu eventual substituto o carvão, estaria fora do concerto das
nações. Enquanto esta dependência do petróleo continua vigendo, alternativas renováveis aos

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

218
combustíveis fósseis, devido à escassez dos mesmos e as diversas questões ambientais atuais,
estão sendo desenvolvidas e pesquisadas cada vez mais.
Neste contexto surge o Biodiesel, um combustível renovável e biodegradável,
ambientalmente correto, obtido a partir de uma reação de óleos vegetais com um
intermediário ativo, formado pela reação de um álcool com um catalisador, processo
conhecido como trasesterificação.
O biodiesel passou a ser mais divulgado no Brasil através do Probiodiesel (Programa
Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico de Biodiesel), criado pelo Ministério da Ciência
e Tecnologia. A tradição agrícola e a pesquisa voltam-se para a produção deste combustível e
tem se mostrado viável pela grande extensão territorial para plantação. O principal insumo é a
soja, já que o país é um dos grandes produtores mundiais do grão e, em 2003, ocupou o
primeiro lugar em exportação de oleaginosas como mamona, dendê, algodão e soja. No
entanto, o Brasil, país de grande biodiversidade, muito rico em oleaginosas, muitas das
culturas que estão sendo destinadas à produção de biodiesel, ainda estão direcionadas
principalemente a fins alimentícios. Há um grande potencial de fontes de matérias-primas de
biodiesel a ser explorado, tanto em relação ao aproveitamento energético de culturas
temporárias e perenes, como em relação ao aproveitamento energético do óleo residual
proveniente da alimentação, resíduos de certos processos, e ainda oleaginosas com grande
potencial de aproveitamento para a produção de Biodiesel que ainda não são exploradas e
amplamente conhecidas.
Este artigo visa apresentar algumas fontes potenciais de produção do Biodiesel, ainda
pouco exploradas, que podem contribuir com o aumento do volume produzido, mitigar
impactos ambientais e gerar empregos, não só no Brasil, como em todo o mundo.

2 O BIODIESEL
O uso de óleos vegetais em motores de combustão interna começou com Rudolf Diesel
utilizando óleo de amendoim em 1900. Razões de natureza econômica levaram ao completo
abandono dos óleos vegetais como combustíveis à época. Entretanto, na década de 70, o
mercado de petróleo foi marcado por dois súbitos desequilíbrios entre oferta e demandas
mundiais conhecidos como 1° e 2° Choques do Petróleo. Em respostas a estas crises, o
mercado sentiu a necessidade de diminuir a dependência do petróleo, levando ao investimento
no desenvolvimento de tecnologia de produção e uso de fontes alternativas de energia
(OLIVEIRA, 2001).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

219
De acordo com a lógica de usar fontes alternativas de energia redutoras de poluição,
capazes de gerar empregos e com custos competitivos, o biodiesel apresenta-se como
candidato natural a um programa global e que também vem ganhando espaço nas discussões
energéticas do Brasil. A Agência Nacional do Petróleo do Brasil definiu, através da portaria
225 de setembro de 2003, o biodiesel como o conjunto de ésteres de ácidos graxos oriundos
de biomassa, que atendam a especificações determinadas para evitar danos aos motores.
O biodiesel é uma evolução na tentativa de substituição do óleo diesel por biomassa,
iniciada pelo aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. É obtido através da reação de
óleos vegetais, novos ou usados, gorduras animais, com um intermediário ativo, formado pela
reação de um álcool com um catalisador, processo conhecido como transesterificação (Figura
1).

Figura 1 – Reação de transesterificação


Fonte: Ceplac

Os produtos da reação química são um éster (o biodiesel) e glicerol. No caso da


utilização de insumos ácidos, como esgoto sanitário ou ácidos graxos, a reação é de
esterificação e não há formação de glicerol, mas de água simultaneamente ao biodiesel. Os
ésteres têm características físico-químicas muito semelhantes às do diesel, conforme
demonstram as experiências realizadas em diversos países (ROSA et al., 2003), o que
possibilita a utilização destes ésteres em motores de ignição por compressão (motores do ciclo
Diesel).
A reação de transesterificação pode empregar diversos tipos de álcoois,
preferencialmente os de baixo peso molecular, sendo os mais estudados os álcoois metílico e
etílico. FREEDMAN et al (1986) demonstraram que a reação com o metanol é tecnicamente
mais viável do que com etanol. O etanol pode ser utilizado desde que anidro (com teor de
água inferior a 2%), visto que a água atuaria como inibidor da reação. A separação da

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

220
glicerina obtida como subproduto, no caso da síntese do éster metílico é resolvida mediante
simples decantação, bem mais facilmente do que com o éster etílico, processo que requer um
maior número de etapas.
Quanto ao catalisador, a reação pode utilizar os do tipo ácido ou alcalino ou, ainda, pode
ser empregada a catálise enzimática. Entretanto, geralmente a reação empregada na indústria é
feita em meio alcalino, uma vez que este apresenta melhor rendimento e menor tempo de
reação que o meio ácido, além de apresentar menores problemas relacionados à corrosão dos
equipamentos. Por outro lado, os triglicerídeos precisam ter acidez máxima de 3%, o que
eleva seus custos e pode inviabilizar o processo em países onde o óleo diesel mineral conta
com subsídios cruzados, como no Brasil.
Sob o aspecto ambiental, o uso de biodiesel reduz significativamente as emissões de
poluentes, quando comparado ao óleo diesel, podendo atingir 98% de redução de enxofre,
30% de aromáticos e 50% de material particulado e, no mínimo, 78% d e gases do efeito
estufa (ROSA et al, 2003).

3 GERAÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE RESÍDUOS URBANOS


O lixo, para a geração elétrica (OLIVEIRA, 2000), e o biodiesel, principalmente para
propulsão veicular, mas, em alguns casos, também para geração elétrica apresentam
qualidades adicionais à biomassa cultivada. Suas principais vantagens são: (i) os
equipamentos e insumos necessários para sua produção são de origem nacional e, por isto, são
cotados em moeda brasileira; (ii) são intensivos em mão-de-obra, uma vez que requerem
triagem – do lixo, para obter biomassa residual e reciclável, e dos insumos residuais para a
produção de biodiesel – e cultivo e extração, para obtenção de insumos novos para biodiesel;
(iii) estão disponíveis, normalmente, junto aos consumidores, o que reduz o custo de
transporte, seja da energia ou do combustível; e (iv) acarretam a redução da poluição,
decorrente da substituição de combustíveis fósseis por Fontes Alternativas de Energia e,
quando estas são oriundas de resíduos, conseqüência da coibição de sua decomposição. No
caso do biodiesel, é reduzida a importação de óleo diesel e petróleo.
Estas qualidades adicionais podem ser comprovadas através de uma análise integrada
(técnica, social, econômica e ambiental) dos diversos efeitos deste aproveitamento. Entre eles
está o potencial de aumentar em 30% a oferta de energia elétrica e substituir 1% do óleo
diesel imediatamente, a custos já competitivos (ROSA et al, 2003); e alavancar a produção
agrícola para atender à demanda interna e externa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

221
Na esfera residual ocupam lugar de destaque os insumos derivados de processos
industriais, pecuária, e principalmente da indústria alimentícia, que apresentam potencial
químico para transformação em biocombustível. Os mais representativos são os óleos vegetais
utilizados na fritura de alimentos, e os ácidos graxos encontrados tanto na gordura animal
quanto no esgoto sanitário (este é um resíduo público, enquanto os demais são resíduos
privados).
A isto, somam-se os fatos de estarem disponíveis imediatamente, uma vez que não é
necessário planejar sua produção, e de sua localização ser a mesma dos consumidores de
energia, quer estejam nas cercanias das cidades (uma vez que o lixo é praticamente
padronizado em todo o território nacional) ou nas unidades produtivas rurais (onde os
insumos são mais específicos), sinalizando para a prioridade de seu aproveitamento.
Assim, ao contrário da energia eólica e das PCHs (Pequenas Centrais Termelétricas),
cuja exploração depende da disponibilidade do recurso natural e cujas áreas para instalação de
empreendimentos normalmente ficam longe dos centros urbanos, a biomassa residual pode ser
utilizada em usinas instaladas nas áreas de vazadouro de lixo, o que exige menos investimento
em linhas de transmissão, ou nas fazendas de cultivo.
A questão econômica, refletida pela modicidade dos preços, já pode ser atingida com os
insumos residuais. A quantidade disponível de insumos residuais, no Brasil, é pequena,
quando comparada ao consumo de óleo diesel, é de cerca de 1% do consumo, ou 500 milhões
de litros por ano, (HIDROVEG, 2005), o que demonstra que o óleo diesel continuaria
majoritariamente no mercado mesmo com o uso de todos os insumos residuais para a
produção de biodiesel. Embora pouco representativa em escala global, estes insumos, que
envolvem óleo de fritura usado, ácidos graxos, gordura animal e esgoto sanitário, além de
terem menores custos, apresentam a vantagem de poderem ser consumidos imediatamente e
estarem disponíveis junto aos aglomerados urbanos. Além disto, esta transformação dos
resíduos em biocombustíveis permite reduzir o impacto ambiental causado pela sua má
disposição final, e diminui a emissão de gases de efeito estufa, outrora emitidos em larga
escala pelo diesel convencional.

3.1 Óleo de Fritura Usado


A reciclagem de resíduos de frituras vem ganhando espaço investigativo no Brasil, com
proposição de metodologias de reciclo apropriados, destacando-se, entre outros, a produção
de ésteres de ácidos graxos, os biocombustíveis. Além disso, os ésteres de ácidos graxos não
contribuem com a formação do “smog” fotoquímico, fenômeno que é caracterizado pela
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

222
formação de substâncias tóxicas e irritantes como o de peroxiacetileno, a partir de nitrogênio e
hidrocarbonetos, na presença de energia solar. Este aspecto positivo dos ésteres de ácidos
pode ser explicado pelo fato de que estes compostos não apresentam nitrogênio em suas
estruturas. Convém ressaltar que os ésteres de ácidos graxos também não apresentam enxofre,
e desta forma, também não contribuem com fenômenos com o de acidificação das
precipitações.
O descarte de óleos de fritura usados nas pias e vasos sanitários, ou diretamente na rede
de esgotos, além de provocar graves problemas ambientais, pode provocar o mau
funcionamento das Estações de Tratamento de Águas Residuais e representa um desperdício
de uma fonte de energia. Os óleos de frituras usados, se lançados na rede hídrica e nos solos,
provocam a poluição dos mesmos. Se o produto for para a rede de esgoto encarece o
tratamento dos resíduos, e o que permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e
terrenos adjacentes que contribuem para a enchente. Também provoca a obstrução dos filtros
de gorduras das Estações de Tratamento, sendo um obstáculo ao seu funcionamento ótimo
(FELIZARDO, 2003).
O resíduo óleo de fritura usado, pode ser processado de várias formas interessantes, para
produção de artigos de uso comum como o sabão, lubrificante ou biocombustivel. Levando
em conta que a utilização para produção de biocombustiveis traz vantagens do ponto de vista
ambiental, e apresenta a melhor relação preço x eficácia, em termos de recolhimento e
recuperação.
QUERCUS (2002), relata que a produção de Biodiesel a partir de óleos alimentares
usados permite reutilizar e reduzir em 88% o volume destes resíduos, sendo 2% matéria
sólida, 10% glicerina e 88% éster com valor energético. Ou seja, recupera um resíduo que de
outra forma provoca danos ao ser despejado nos esgotos. Segundo PETERSON E REECE
(1994), testes nas emissões mostraram uma diminuição de 54% em HC, 46% de CO2 E 14,7
de NOx , na utilização do biodiesel obtido através de óleos de fritura usados, em comparação
ao diesel convencional.
De acordo com MITTLEBACH e TRITTHART (1988), o biodiesel resultante da
transesterificação de óleos de fritura apresentou características bastante semelhantes aos
ésteres de óleos antes da utilização para fritura. Apesar de ser um combustível oriundo de um
óleo parcialmente oxidado, suas características foram bastante próximas as do óleo diesel
convencional, apresentando, inclusive boa homogeneidade obtida quando da análise da curva
de destilação. Os autores realizaram testes de performance utilizando ésteres metílicos
resultantes da transesterificação de óleos residuais de fritura. Os ésteres metílicos foram
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

223
misturados ao diesel convencional na proporção de 1/1 e o teste realizado com 100 litros, sem
que nenhuma mudança de operação dos veículos tenha sido observada. A emissão de fumaça
foi extremamente menor e foi possível observar um leve cheiro de gordura queimada. O
consumo do biocombustível foi praticamente o mesmo observado com a utilização do diesel
convencional. O biodiesel obtido por estes dois pesquisadores foram confrontados com um
padrão de diesel convencional, o US-2D (US number 2). Os resultados estão na Tabela 1:

Tabela 1 – Especificações de combustíveis.

PARÂMETROS US-2D Ésteres metílicos de óleo


residual de fritura

Densidade a 15oC (Kg/m3) 0.849 0.888


Ponto de ebulição inicial (oC)a 189 307(1%)
10% 220 319
20% 234 328
50% 263 333
70% 286 335
80% 299 337
90% 317 340
Ponto de ebulição final (oC) 349 342(95%)
Aromáticos (%v/v)b 31.5 --
Análises
Carbono(%) 86.0 77.4
Hidrogênio(%) 13.4 12.0
Oxigênio(%) 0.0 11.2
Enxofre(%) 0.3 0.03
Índice de Cetanoc 46.1 44.6
Número de Cetanod 46.2 50.8
Proporção H/Ce 1.81 3.62
Valor Calorífico líquido(MJ/Kg) 42.30 37.50
Fonte: MITTELBACH, M., TRITTHART, P., (1988)

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

224
a - ASTM D - 86 correlação para ASTM D-2887.
b - ASTM D – 1019 , olefinas + hidrocarbonetos aromáticos em destilados de p e t r ó l e o .
c - Este índice estima o número de cetano a partir da gravidade API e 50% do ponto de
ebulição dos combustíveis destilados, ASTMD - 96.
d - O numero de cetano descreve a qual idade da ignição dos combustíveis diesel, ASTMD –
613 .
De acordo com a Tabela 1, o biodiesel obtido por estes pesquisadores, apresentou valor
calorífico muito próximo ao diesel convencional de referência. Com relação à curva de
destilação, as temperaturas registradas para o ponto de ebulição inicial e volumes estilados de
10 a 50% são consideravelmente superiores às verificadas para o diesel convencional de
referência. As temperaturas registradas para o ponto de ebulição final foram semelhantes.
De acordo com o IPCC (1996), as emissões totais de Gazes de Efeito Estufa no ciclo de
vida do biodiesel de óleo residual são aquelas geradas na coleta do óleo usado, no consumo de
energia elétrica pela planta química, acrescidas das emissões que ocorrem na sua distribuição
e na sua combustão.
Apesar dos excelentes resultados obtidos por diversos autores (ROSA et al., 2003), é
inevitável admitir que o óleo de fritura traz consigo muitas impurezas, oriundas do próprio
processo de cocção de alimentos. Portanto, para minimizar esse problema, é sempre
aconselhável proceder a uma pré-purificação e secagem dos óleos antes da reação de
transesterificação.

3.2 Escuma de esgoto


A produção de biodiesel da escuma de esgoto é uma inovação mundial e que a
solicitação de patente foi depositada a 06/05/2003 pela UFRJ, que licenciou a exploração para
a empresa GERAR Ltda., selecionada para instalar-se na Incubadora de Empresas de Base
Tecnológica da COPPE/UFRJ, em julho de 2003. Este tipo de insumo representa um potencial
pequeno, 0,25% quando analisado o consumo nacional, mas sua disponibilidade imediata,
proximidade aos consumidores, produção continuada (espécie de extrativismo urbano), baixo
custo de produção e potencial de redução de poluição configuram uma oportunidade para
iniciar o uso deste combustível, além do potencial de exportação da tecnologia.
A partir do domínio da reação de esterificação foi possível utilizar insumos mais
baratos, como a gordura presente no esgoto sanitário, cuja média de produção diária por

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

225
pessoa é de 200 litros de esgoto, onde há 160 gramas de sólidos flutuantes (escuma), dos
quais 10% é gordura.

3.3 Sebo bovino


O Brasil possui o segundo maior rebanho de gado bovino do mundo, produzindo
anualmente 200.000 toneladas de sebo bovino. Esse resíduo gorduroso é constituído por
triacilglicerídeos que tem na sua composição principalmente os ácidos palmítico (~30%),
esteárico (~20-25%) e oléico (~45%), (ABOISSA, 2006). Considerando a sua alta produção e
baixo custo de comercialização, o sebo bovino apresenta-se como uma opção de matéria-
prima para a produção de biodiesel, combustível alternativo ao diesel de petróleo.
A determinação das características físico-químicas e da estabilidade térmica e/ou
oxidativa do sebo bovino devem ser monitoradas, visando a sua utilização como matéria
prima na produção de biodiesel. O controle da qualidade do biodiesel do sebo bovino,
também deve ser realizado para evitar problemas com o seu manuseio, transporte e
armazenamento desse combustível. Na determinação das propriedades físico-químicas do
biodiesel utilizam-se as normas da Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) e da
“American Society for Testing and Material” (ASTM), indicadas pela ANP. No caso da
estabilidade oxidativa as técnicas termoanalíticas podem ser empregadas, com várias
vantagens diante das técnicas convencionais (SOUZA et al, 2004).
É importante salientar ainda, que outras fontes de gordura animal podem ser utilzadas
para obter o biodiesel, como a gordura suína.

3.4 Óleo de Frango


Na cadeia produtiva de carne de frango é gerado um resíduo, óleo de frango, com
potencial para produção de biodiesel. Segundo estudo realizado na cidade de Cascavel – PR
por SOUZA (2002), o óleo obtido a partir das vísceras de frango apresentou grau de acidez
compatível com a rota proposta, álcool e catalisador. O índice de peróxido encontrado para as
amostras foi de zero, caracterizando seu baixo grau de degradação, e o percentual de umidade
de 0,127%, também não se mostrou problemático, tanto no que dizia respeito ao
favorecimento de reações secundarias ou consumo dos reagentes. Depois de realizado o
processo de transesterificação em laboratório, conforme metodologia proposta, utilizando 1,8
g de catalisador e 35 ml de álcool, avaliou-se qualitativamente a efetivação da reação de
transesterificação, e a conversão dos triglecerídeos em ésteres de álcool primário.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

226
No abate de aves são descartadas as seguintes partes, conforme tabela 2, gerando uma
quebra, resíduos, de 30,0% do peso da ave viva, sendo extraído deste percentual de resíduos
11,3% de gordura.
Tabela 2 - Partes descartadas no abate e processamento de aves

Parte %
Sangue 2.368
Penas 6.335
Vísceras não comestíveis 7.290
Quebra (Ossos, resíduos e rejeitos) 14.007
Fonte: Souza (2006).

As cooperativas do oeste do estado do Paraná operam plantas modernas de abate de


aves, geralmente com capacidade de abate de 10.000 aves/h em cada linha, sendo que
algumas destas possuem duas linhas instaladas. Sendo a capacidade total de aves abatidas nas
cooperativas do oeste do Paraná de 1.140.000 aves/dia ou 300.960.000 aves/ano, o qual gera
uma produção diária de 77.292,00 Kg de óleo de frango ou anual de 20.405.088,00 Kg.
Todas estas cooperativas encontram-se em raio em torno de 70 Km, o que justifica a
instalação de uma planta industrial para processamento desta matéria-prima. A qual poderia
abastecer as máquinas agrícolas dos próprios cooperados, com B100, eliminando assim
problemas relacionados à revenda e transporte do biodiesel até as empresas que fariam a
mistura B2 ou B5, com a autorização da ANP.
Resultados apontaram um rendimento, de 95%, foi satisfatório para a rota utilizada,
podendo as cooperativas citadas produzirem 73.959,13 Kg/dia ou 19.525.209,00 Kg/ano de
biodiesel. As cooperativas podem operar uma planta para produção de biodiesel para atender
com 37,1% a quantidade total de biodiesel necessária no estado como aditivo legal na forma
de B2 (2%).

4 BIODIESEL OBTIDO A PARTIR DE MICROALGAS


Os óleos encontrados nas microalgas possuem características físico-químicas e químicas
similares aos de óleos vegetais e por isto elas podem ser consideradas como potencial
matéria-prima para a produção de biodiesel (SHEEHAN et al 1998). Do Quadro 1, pode-se
verificar que os óleos de algumas microalgas promissoras como matéria-prima para a
produção de biodiesel apresentam composição em ácidos graxos semelhante à de óleos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

227
vegetais; não foram disponibilizados dados sobre as propriedades físico-químicas destes.
Sabe-se que entre os óleos vegetais, a composição em ácidos graxos varia e, por conseguinte,
variam as suas propriedades físico-químicas (exemplo, a estabilidade à oxidação) o mesmo
ocorrerá com o óleo extraído de diferentes microalgas e de condições variadas de cultivo.

Quadro 1 – Microalgas potenciais.

Microalgas Principais ácidos graxos1

Dunaliella Salina C14:0/ C14:1/ C16:0/ C16:3/ C16:4/ C18:2/ C18:3

Isocrysis sp. C14:0/ C14:1/ C16:0/ C16:1/ C18:1/ C18:3/ C18:4/ C22:6
Nannochloris sp. C14:0/ C14:1/ C16:0/ C16:1/ C16:3/ C20:5
Nitzchia sp. C14:0/ C14:1/ C16:0/ C16:1/ C16:3/ C20:6
[1]C14:0(miristico),C14:1(miristoléico),C16:0(palmítico),C16:1(palmitoléico),C18:0(oléico), C18:2(linoléico),
C18:3(linolênico), C20:5(eicosapenteneóico).

As microalgas são potencialmente adequadas para a produção de combustíveis,


entretanto, os dados de laboratório acerca desta produção são limitados e não existe um
redimensionamento, assim como não existem muitos dados sobre o cultivo de microalgas para
a produção de combustíveis. Desta forma, a discussão sobre a utilização destes
microorganismos na produção de combustíveis tem que ser baseada em extrapolações.
O cultivo de microalgas apresenta várias características interessantes: custos
relativamente baixos para a colheita e transporte e menor gasto de água, comparados aos de
cultivo de plantas; pode ser realizado em condições não adequadas para a produção de
culturas convencionais (SHEEHAN et al 1998). Segundo BROWN (1993), as microalgas
apresentam maior eficiência fotossintética que os vegetais superiores e podem ser cultivadas
em meio salino simples; além disto, são eficientes fixadoras de CO2.
Estudos recentes mostraram que no caso de algas com 50% de sua massa seca em óleo,
somente 0,3% da área cultivada dos EUA poderiam ser utilizadas para produzir biodiesel
sufciente para repor todo o combustível usado em transporte; além disto, a terra utilizada para
o cultivo de microalgas é desértica, com baixo valor econômico para outros usos e com alta
irradiação solar e que neste cultivo podem ser utilizados resíduos de outras produções, como o
CO2 de processos industriais e resíduos orgânicos (BENNEMAN 1997).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

228
Conforme WU (2006), em relação ao rendimento em óleo, o de microalgas é pelo
menos quinze vezes maior que o de palma, e existe uma estimativa de produção de óleo de
microalgas de 15.000 a 30.000 L/Km2. A sua extração é simples, pode ser realizada com
hexano, exatamente como em indústria alimentícia. Existe, ainda, a possibilidade de um
máximo aproveitamento dos resíduos, como exemplo, a fermentação a metano. Os teores em
lipídios e triglicerídios (TG) dependem das condições das culturas, sendo que nos anos de
1940, foram relatados percentuais bastante elevados, de 70 a 85% em lipídios, em vista do seu
percentual de lipídios. Em relação à Dunaliella, do lipídio produzido pelas células, obteve-se
até 57% como TG – molécula de partida para a produção do biodiesel (TAGAKI, 2006).

5 BIODIESEL A PARTIR DE INSUMOS DO EXTRATIVISMO VEGETAL


Os insumos oriundos do extrativismo, como babaçu, buriti e castanha do Pará, também
estão disponíveis imediatamente e têm potencial para empregar um maior número de mão-de-
obra do que os insumos residuais. Ainda que estejam disponíveis em locais remotos, o que
implicará em custos de transporte elevados, seu potencial é de 3 bilhões de litros anuais, cerca
de 8% do consumo nacional (LA ROVERE, 1981), (DI LÁSCIO, 2001). Esta característica
pode beneficiar a substituição do óleo diesel também para geração elétrica, uma vez que
nestas regiões estão os principais sistemas elétricos isolados, aqueles abastecidos por grupo-
geradores ciclo diesel, cuja substituição por combustíveis renováveis já conta com incentivo
federal, através da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) (ANEEL, 1999). Os custos,
ainda que superiores ao preço do óleo diesel, podem ser compensados, tanto pela CCC,
quanto pela redução do custo de transporte de derivados das refinarias, muito distantes da
região norte, e, muitas vezes obtido via importação.
Com exceção do esgoto e dos ácidos graxos (cujo subproduto é água), o processamento
dos demais insumos gera, como subproduto, o glicerol, que atualmente é usado na indústria
farmacêutica, sobretudo de cosméticos e alimentícia, e só não está sendo utilizado como
insumo para fluido de perfuração na indústria de petróleo por ser caro. Nesse momento a
PETROBRÁS está realizando testes para identificar o nível de beneficiamento necessário, o
que pode representar uma receita adicional e facilitar a viabilização do sistema.

6 OUTRAS OLEAGINOSAS POTENCIAIS


Em relação ao uso de oleaginosas para a produção de biodiesel, há diversas
possibilidades como soja, girassol, milho, pequi, dendê, macaúba, algodão, amendoim, entre

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

229
outros. A seguir serão apresentadas algumas fontes promissoras, as quais ainda não são
amplamente conhecidas para o fim energético.

6.1 Maconha (Cannabis Sativa L.)


Segundo TICKELL (2003), a maconha vem sendo cultivada e processada há mais de 5
mil anos na Rússia, China e em outras partes da Ásia, onde é usada como fonte de fibra e para
a alimentação. Alguns países vêm testando a maconha na fabricação de papel e fibras têxteis.
A maconha é uma planta com um potencial de produção de óleo a partir de sua semente
de 0.5 a 2 toneladas por hectare, dependendo de sua forma de extração. A semente de
maconha produz aproximadamente 30% de óleo, similar à canola, enquanto a soja contem
18% de óleo apenas (CAMPBELL, 1997). O óleo obtido se degrada no meio ambiente ainda
mais rápido do que outros óleos vegetais. Nos Estados Unidos um projeto denomidado
“Hemp Car Trasmerica” utiliza o Biodiesel obtido através da maconha, com o propósito de
demonstrar o conceito deste combustível, através da sua utilização em um veículo diesel,
promovendo a idéia da utilidade da maconha com fins legais e principalmente como mitigador
ambiental.
No momento, porém, esta alternativa esbarra nas questões legais, sendo que a maconha
até agora é considerada uma substância ilegal em muitos países, e sua produção é mais
onerosa do que a soja ou a canola por exemplo. É preciso considerar o fato que a maconha
não é amplamente cultivada como a soja, sendo que a ampliação de seu cultivo pode tornar a
sua utilização viável para a produção de biodiesel.

6.2 Oiticica (Licania rigida Benth)


Originária da família Chrysobalanaceae, é uma espécie ciliar dos cursos de água
temporários do Semi-Árido nordestino, e tem grande importância, quer pelo aspecto
ambiental de ser uma espécie arbórea perene sempre verde que preserva as margens dos rios e
riachos temporários na região da caatinga, quer como espécie produtora de óleo. Essa espécie
está concentrada nas margens das bacias hidrográficas nos estados do Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte e Paraíba. A semente de um fruto maduro contém uma amêndoa rica em um
óleo secante, atualmente empregado na indústria de tintas de automóvel e para tintas de
impressoras jato de tinta, além de vernizes e outros. Essa espécie pode ser importante para a
sustentabilidade do biodiesel no Semi-Árido, aliado ao fato da época de colheita ser realizada

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

230
entre os meses de dezembro a fevereiro, período de total escassez de renda para a agricultura
familiar (Palmeira, 2006).
Segundo estudo realizado por MELLO et al (2006), através do uso da extração com
hexano foi determinado que as amêndoas das sementes de oiticica apresentaram um teor
médio de óleo de 54% em base seca. Foi observada uma variabilidade 2% no teor de óleo
entre diferentes tipos de amostras que foi atribuída a diversos fatores, tais como: variabilidade
genética, graus de maturação variados e diferentes estados de conservação dos frutos.
O óleo obtido apresentou cor amarelada a castanha. O biodiesel produzido por
transesterifcação metílica apresentou valores de massa específica e viscosidade cinemática
elevados, sendo importante sua mistura com biodiesel de outras oleaginosas e/ou com óleo
diesel de petróleo. O ponto de fulgor e índice de acidez apresentaram valores dentro dos
padrões estabelecidos pela ANP tanto para o B100 como para o óleo diesel de petróleo.

6.3 Pinhão Manso (Jatropha Curcas L.)


O pinhão manso pode ser considerado uma das mais promissoras oleaginosas para
substituir o diesel de petróleo, pois as amêndoas podem gerar de 50 a 52% de óleo depois de
extraído com solventes e 32 a 35% em caso de extração por expressão (PINHÃO MANSO,
2006). Seu óleo é empregado como lubrificante em motores a diesel e na fabricação de sabão
e tinta. Além disso, a torta que resta é um fertilizante rico em nitrogênio, potássio, fósforo e
matéria orgânica, porém, pela substância tóxica presente não pode ser utilizada para
alimentação animal. A casca dos pinhões pode ser usada como carvão vegetal e matéria-prima
na fabricação de papel.
Observa-se que a cultura do pinhão-manso está entre as mais promissoras fontes de
grãos oleaginosos, pois, além do alto índice de produtividade, as maiores facilidades de
manejo e, principalmente, de colheita das sementes em relação a outras espécies como
palmáceas, tornam a cultura bastante atrativa e especialmente recomendada para um programa
de produção de óleos vegetais. Outros aspectos positivos se referem à possibilidade de
armazenagem das sementes por longos períodos de tempo, sem os inconvenientes da
deterioração do óleo por aumento da acidez livre, conforme acontece com os frutos de dendê,
por exemplo, os quais devem ser processados o mais rapidamente possível.

6.4 Gergelim (Sesamum indicum)


Adaptada aos climas tropical e subtropical, apresenta tolerância à seca e facilidade de
cultivo, possuindo alto potencial agronômico, podendo ser usada em rotação e sucessão de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

231
culturas. O sistema de consórcio pode ser vantajoso desde que verificado os aspectos sobre a
configuração de plantio a fim de se obter um sistema eficiente e mais estável que o
monocultivo. Em muitos países o gergelim é usado em consórcio com o algodão, milho,
sorgo, amendoim, soja e outras variedades de Phaseolus. Além disso, existe a possibilidade de
se cultivar o gergelim em consórcio com fruteiras (caju, por exemplo), árvores florestais ou
palmeiras com benefícios significativos para o ecossistema, sendo recomendada para as
regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Atualmente o gergelim é cultivado em 71
países, especialmente na Ásia e África. A produção mundial está estimada em 3,16 milhões de
toneladas, obtidas em 6,56 milhões de hectares, com uma produtividade de 480 kg/ha. Índia e
Myanmar são responsáveis por 49% da produção mundial. O Brasil é um pequeno produtor,
com 15 mil toneladas produzidas em 25 mil hectares e rendimento em torno de 750 kg/ha
(FAO, 2006). Além do cultivo tradicional na maioria dos Estados nordestinos, o gergelim é
cultivado em São Paulo, Goiás (maior produtor), Mato Grosso e Minas Gerais.
O gergelim é um alimento de alto valor nutricional, rico em óleo e proteínas. As
sementes fornecem óleo muito rico em ácidos graxos insaturados, oleico e linoleico, além de
vários constituintes secundários como sesamol, sesamina, sesamolina e gama tocoferol que
determinam sua elevada qualidade, em especial a estabilidade química devido à resistência a
rancificação por oxidação, propriedade atribuída ao sesamol (EMBRAPA ALGODÃO, 2006).
A torta restante é rica em proteínas e possui baixo teor de fibras, podendo ser destinada à
alimentação humana e animal, sem quaisquer restrições. Além dos fins alimentares, seus
grãos encontram diversas aplicações na indústria farmacêutica, cosmética e óleo-química.
Embora com produção inferior a maioria das oleaginosas cultivadas, como por exemplo,
a soja, o dendê, o girassol e a mamona, o cultivo do gergelim merece um grande incentivo na
sua exploração por representar uma excelente opção agrícola ao alcance do pequeno e médio
produtor, exigindo práticas agrícolas simples e de fácil assimilação e com preço de mercado
representativo no que tange a lucratividade por hectare.

7 CONCLUSÃO
Além das fontes conhecidas utilizadas na produção de biocombustíveis, a quantidade de
matérias-primas que podem ser utilizadas parece ser imprevisível. Em nível mundial, o
crescente interesse em tecnologias limpas, sustentáveis e orgânicas, na obtenção de produtos
para o consumo humano, demanda uma contínua busca por espécies e/ou variedades capazes
de sintetizar grandes quantidades de compostos específicos e de como é possível potencializar

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

232
a biossíntese destes (condições de cultivo, melhoramento genético etc.). Igualmente, há a
necessidade de pesquisas visando ao desenvolvimento e, principalmente, ao aperfeiçoamento
dos sistemas de produção em escala comercial, a fim de tornar comercialmente viáveis alguns
dos sistemas conhecidos. Estas pesquisas, por fim, também, se fazem necessárias à
identificação dos produtos que podem ser extraídos das microalgas, resíduos, plantas
oleaginosas, entre outros.
Somado a isso, os insumos cultivados, soja, mamona, girassol, dendê e coco, no Brasil,
por exemplo, não estão disponíveis imediatamente, visto que já têm mercado definido
(alimentício e químico). Apesar de todas as vantagens provenientes da produção de biodiesel,
esta atividade encontra dificuldades com relação às áreas cultivadas e problemas de
distribuição.
Desta forma, se faz necessário aproveitar outras fontes que podem ser utilzadas na
fabricação de biocombustíveis, inclusive a matéria-prima obtida do enorme volume de
resíduos sólidos e líquidos gerados diariamente nos centros urbanos que tem trazido uma série
de problemas ambientais, sociais, econômicos e administrativos, todos ligados a crescente
dificuldade de implementar uma disposição adequada desses resíduos. Este trabalho objetivou
demonstrar que é possível obter biodiesel de várias fontes que ainda não são amplamente
conhecidas, possibilitando ganhos sociais, econômicos e ambientais.
Em um momento em que os problemas relacionados ao meio ambiente atingiram um
nível crítico, como a poluição das águas, o efeito estufa e o conseqüente aquecimento global,
a proteção ambiental deixou de ser uma questão ligada apenas a grupos radicais (partidários e
apartidários) para se tornar patrimônio comum de todas as forças sociais. Isto contribuiu para
a difusão de uma consciência ambiental que se manifesta tanto no âmbito individual como no
âmbito institucional. Daí o extraordinário desenvolvimento das ciências, que devem continuar
a buscar meios de reduzir a dependência de fontes poluidoras e escassas de energia.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

235
DESCRITORES PARA CARACTERIZAÇÃO DE GERMOPLASMA DE
FAVELEIRA (Cnidoscolus phyllacanthus (Mart.) Pax. et K. Hoffm.)

Eder Ferreira Arriel, UFCG, earriel@cstr.ufcg.edu.br


Rinaldo Cesar de Paula, FCAV UNESP, rcpaula@fcav.unesp.br
Elisabeth de Oliveira, UFCG, betholiveira@buynet.com.br
Nair Helena Castro Arriel, EMBRAPA, nair@cnpa.embrapa.br
Karla Cecília de Sousa Ferreira, UFCG, kykyta@yahoo.com.br

RESUMO: A faveleira é uma planta conhecida também por favela, faveleiro, mandioca-
brava, queimadeira, cansanção, favela-de-cachorro e favela-de-galinha. Pode ser empregada
para recuperação de áreas degradadas, alimentação animal e humana, medicina, serraria e
energia, dentre outros. É encontrada em todos os estados do nordeste brasileiro até o norte de
Minas Gerais, principalmente nas regiões do Sertão e Caatinga. Com o uso do método de
análise multivariada por Componentes Principais, é possível identificar os descritores mais
importantes para a avaliação e caracterização de germoplasma de determinada espécie,
resultando em economia de tempo e recursos financeiros. O objetivo deste trabalho foi
selecionar descritores associados a caracteres do fruto e sementes para caracterizar acessos de
faveleira. Foram estudados 15 descritores, sendo nove associados a características biométricas
do fruto e semente e seis associados a características químicas das sementes. Foi empregado o
método de análise multivariada por Componentes Principais para conhecer a influência desses
caracteres na discriminação de indivíduos. Os resultados mostraram que considerando os
caracteres biométricos de frutos e sementes os descritores mais importantes para a
caracterização de germoplasma de faveleira são o comprimento do fruto, número de sementes
por fruto, massa de sementes por fruto e massa do pericarpo. Os caracteres biométricos
comprimento do fruto e massa de sementes por fruto e; os caracteres relativos à avaliação
química foram mais importantes para a discriminação das matrizes na análise envolvendo
todos os caracteres dos frutos e sementes, representando uma redução de mais de 50% dos
descritores avaliados.

Palavras-Chave: Oleaginosas, favela, análise multivariada, banco de germoplasma.

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236
1 INTRODUÇÃO
Espécies do gênero Cnidoscolus são tipicamente encontradas em ambientes semi-árido
e subtropical seco como aqueles do norte do México e nordeste do Brasil (LUZ et al., 1999).
No Brasil, é encontrada a Cnidoscolus pubescens, conhecida por "urtiga-de-mamão”, sugerida
principalmente para programas de reflorestamento heterogêneos destinados a recuperação da
vegetação de áreas degradadas e a Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira).
A faveleira é uma planta conhecida também por favela, faveleiro, mandioca-brava,
queimadeira, cansanção, favela-de-cachorro e favela-de-galinha. Pode ser empregada para
recuperação de áreas degradadas, alimentação animal e humana, medicina, serraria e energia,
dentre outros. (MAIA, 2004). É encontrada em todos os estados do nordeste brasileiro até o
norte de Minas Gerais, principalmente nas regiões do Sertão e Caatinga.
As técnicas de análises multivariadas tem sido usadas, com sucesso, para medir a
diversidade genética entre materiais genéticos, assim como conhecer os caracteres que mais
influenciam nesta divergência. Por exemplo, com o uso do método de análise multivariada por
Componentes Principais, é possível identificar os descritores mais importantes para a avaliação
e caracterização de germoplasma de determinada espécie, resultando em economia de tempo e
recursos financeiros (CRUZ, 1990), uma vez que muitas variáveis são redundantes por serem
correlacionadas, ou dispensáveis, por representarem uma fração desprezível da variação total.
O objetivo deste trabalho foi selecionar descritores associados a caracteres do fruto e
sementes para caracterizar acessos de faveleira.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram usados frutos e sementes de 45 matrizes de faveleira. A colheita dos frutos foi
realizada no período de abril a junho de 2001. Foram estudados 15 descritores, sendo nove
associados a características físicas do fruto e semente: a) do fruto – comprimento (mm),
diâmetro (mm), número de sementes, massa de sementes (g) e massa do pericarpo (g); b) da
semente: comprimento (mm), largura (mm), espessura (mm) e massa média (g) e; seis
associados a características químicas das sementes: teores de óleo (%), proteína bruta (%),
matéria seca (%), matéria mineral (%), fibra em detergente neutro (%) e carboidratos totais
(%).
Para a determinação dos caracteres físicos foram usados 60 frutos e 145 sementes por
matriz. Para as análises químicas foram usadas duas amostras dessas sementes. A massa

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

237
média da semente por fruto foi calculada pelo quociente entre a massa de sementes por fruto e
o número de sementes por fruto.
As medições dos frutos foram efetuadas logo após a colheita, no Laboratório de
Botânica da UFCG e os demais dados no Laboratório de Sementes da FCAV/UNESP.
As análises químicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal, do
Departamento de Zootecnia e no Laboratório de Tecnologia de Produtos Agropecuários, do
Departamento de Tecnologia, ambos da FCAV/UNESP.
As análises estatísticas foram realizadas de três formas, usando as médias de cada
matriz: 1) com os caracteres físicos de frutos e sementes obtidas de 39 matrizes; 2) com os
caracteres químicos de sementes obtidas de 40 matrizes e; 3) envolvendo os caracteres físicos
de frutos e sementes e também os caracteres químicos de sementes de 34 matrizes comuns às
duas determinações.
Em todas as três situações apresentadas acima, foi empregado o método de análise
multivariada por Componentes Principais para descartar variáveis com pouca influência na
discriminação das matrizes. Foram considerados de menor importância os caracteres com
maiores coeficientes de ponderação (elemento do autovetor) associados aos autovalores com
coeficientes menores que 0,7. Quando em um componente de menor variância o maior
coeficiente de ponderação estava associado a um caráter já previamente considerado passível
de descarte, optou-se por não fazer nenhum outro tipo de descarte com base nos coeficientes
daquele componente, mas prosseguir a identificação da importância relativa dos caracteres no
outro componente de variância imediatamente superior (CRUZ & CARNEIRO, 2003).
Na determinação do grau de associação os descritores, foram estimados os coeficientes
de correlação de Pearson. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do
aplicativo computacional GENES (CRUZ, 2001).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, é mostrado as variâncias associadas aos componentes principais e
respectivos coeficientes de ponderação para as características físicas do fruto e semente.
Verifica-se que os caracteres massa média de sementes (MMS - CP9 = 0,70), diâmetro do
fruto (DF - CP8 = 0,73), comprimento de semente (CS -CP7 = 0,67), largura da semente (LS -
CP6 = 0,50 e CP4 = -0,65) e espessura de semente (ES - CP5 = 0,74) são passíveis de
descartes, pois apresentam maiores coeficientes de ponderação nos componentes com
autovalores inferiores a 0,7 (Tabela 1).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

238
Tabela 1. Variâncias (autovalores) associadas aos componentes principais (CP) e respectivos
coeficientes de ponderação (autovetores) para os caracteres do fruto: comprimento (CF),
diâmetro (DF), número de semente (NS), massa de sementes (MSFR) e massa do pericarpo
(MP) e da semente: comprimento (CS), largura (LS), espessura (ES) e massa média (MMS),
em 39 matrizes de Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira). Patos-PB, 2002.
Var. Var. Coeficiente de ponderação associado à:
CP (auto Acu
valor) m. CF DF NS MSFR MP CS LS ES MMS
(%)
CP1 5,13 57,1 0,36 0,34 0,05 0,39 0,35 0,32 0,32 0,31 0,40
CP2 1,34 72,1 -0,10 0,40 0,67 -0,01 0,40 -0,36 -0,06 -0,15 -0,23
CP3 1,06 83,9 0,23 -0,35 0,52 0,26 -0,17 0,45 -0,38 -0,31 0,07
CP4 0,52 89,7 0,38 0,17 -0,18 -0,30 0,24 0,14 -0,65 0,35 -0,25
CP5 0,48 95,1 -0,45 -0,13 0,29 0,19 -0,21 -0,09 -0,21 0,74 0,13
CP6 0,25 97,9 0,30 -0,11 0,34 -0,38 -0,27 0,20 0,50 0,30 -0,42
CP7 0,10 99,2 -0,59 0,02 -0,03 -0,20 0,37 0,67 0,07 -0,06 -0,15
CP8 0,06 99,9 -0,10 0,73 -0,01 0,02 -0,61 0,22 -0,11 -0,11 -0,01
CP9 0,01 100,0 0,01 0,02 0,22 -0,67 -0,02 -0,02 -0,03 -0,04 0,70

Portanto, os caracteres largura (CF), número de semente (NS), massa de sementes por
fruto (MSFR) e massa de pericarpo (MP) foram os que mais contribuíram para a divergência e
representam apenas 44% dos caracteres considerados neste trabalho. Em Theobroma
grandiflorum (cupuaçuzeiro), tem sido usado um número excessivo de variáveis para a
caracterização do germoplasma da espécie, em razão do completo desconhecimento sobre a
importância de cada uma em descrever a variação existente entre os acessos (ALVES et al.,
2003). Estes pesquisadores avaliaram 53 descritores botânico-agronômicos, usando técnicas
multivariadas, constatando a possibilidade de descartar 64% dos descritores, tornando a
caracterização e avaliação preliminar dos acessos em menor tempo e custo.
Na Tabela 2, constata-se que os três maiores coeficientes de correlação foram entre
MSFR e MMS (0,93); DF e MP (0,91) e CF e CS (0,78). Verifica-se que cada par envolve um
caráter mais importante para a divergência de acordo com a técnica dos Componentes
Principais e outro passível de descarte, ou seja, estes últimos estão representados pelos
primeiros. CRUZ (1990) enfatiza que muitas variáveis são redundantes por serem
correlacionadas ou dispensáveis, por representarem uma fração desprezível da variação total.
Portanto, os caracteres passíveis de descarte são redundantes porque estão correlacionados

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

239
com os quatro mais importantes e, ou, representam uma fração desprezível da variação total
para a divergência.

Tabela 2. Coeficientes de correlação entre os caracteres do fruto: comprimento (CF), diâmetro


(DF), número de semente (NS), massa de sementes (MSFR) e massa do pericarpo (MP) e da
semente: comprimento (CS), largura (LS), espessura (ES) e massa média (MMS), em 39
matrizes de Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira). Patos-PB, 2002.
Caráter DF NS MSFR MP CS LS ES MMS
CF 0,54** 0,07 0,69** 0,62** 0,78** 0,47** 0,47** 0,70**
DF 0,22 0,56** 0,91** 0,22 0,61** 0,55** 0,52**
NS 0,28 0,30 0,01 -0,09 -0,12 -0,05
MSFR 0,62** 0,72** 0,58** 0,54** 0,93**
MP 0,33* 0,53** 0,50** 0,56**
CS 0,36* 0,45** 0,75**
LS 0,50* 0,66**
ES 0,64**
** P < 0,01; * P < 0,05; pelo teste t.

Os caracteres CF, NS, MSFR e MP foram os que mais contribuíram para a divergência
e representam apenas 44% dos caracteres avaliados.
Entre os seis caracteres avaliados quanto aos componentes químicos, observa-se que
fibra em detergente neutro (FDN - CP6 = -0,66) e teor de óleo (O - CP5 = -0,54)
apresentaram os maiores coeficientes de ponderação nos componentes com autovalores
menores que 0,7 (Tabela 3), sendo considerados, a princípio, menos importantes para a
divergência de acordo com o critério já exposto anteriormente. Como estes dois caracteres
apresentaram o maior coeficiente de correlação (Tabela 4), esperava-se que pelo menos um
deles seria selecionado e figurasse entre os caracteres mais importantes.
Uma explicação para isto é que FDN e O, excetuando a magnitude da correlação entre
si, apresentaram correlações maiores com outros caracteres selecionados, sendo descartados
pela redundância, e o caráter matéria seca (MS), por exemplo, de um modo geral, apresentou
correlações baixas com a maioria dos caracteres, sendo por isso selecionado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

240
Tabela 3. Variâncias (autovalores) associadas aos componentes principais (CP) e respectivos
coeficientes de ponderação (autovetores) para os caracteres teor de óleo (O), proteína bruta
(PB), matéria seca (MS), matéria mineral (MM), fibra em detergente neutro (FDN) e
carboidratos totais (CT), em sementes de 40 matrizes de Cnidoscolus phyllacanthus
(faveleira). Patos-PB, 2002.
Variância Variância Coeficiente de ponderação associado à:
CP (autovalo Acumula
r) da O PB MS MM FDN CT
(%)
CP1 1,92 32,0 0,51 0,24 0,01 0,40 -0,55 -0,45
CP2 1,37 55,0 -0,07 0,54 0,63 -0,48 -0,23 0,08
CP3 0,88 69,8 -0,05 -0,58 0,58 0,32 -0,32 0,31
CP4 0,76 82,5 0,58 0,06 -0,26 -0,16 -0,16 0,72
CP5 0,63 93,1 -0,54 0,45 -0,21 0,49 -0,25 0,37
CP6 0,41 100,0 -0,30 -0,29 -0,36 -0,47 -0,66 -0,11

Tabela 4. Coeficientes de correlação entre os caracteres teor de óleo (O), proteína bruta (PB),
matéria seca (MS), matéria mineral (MM), fibra em detergente neutro (FDN) e carboidratos
totais (CT), em sementes de 40 matrizes de Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira). Patos-PB,
2002.
Caráter PB MS MM FDN CT
O 0,12 -0,07 0,24 -0,40* -0,26
PB 0,14 -0,14 -0,26 -0,16
MS -0,20 -0,21 0,04
MM -0,29 -0,26
FDN 0,25
* P < 0,05; pelo teste t.

Contudo, salienta-se que de um modo geral todas as correlações foram de baixas


magnitudes, com apenas um coeficiente significativo (Tabela 4). Diante disso, sugere-se
prudência nesta situação envolvendo estes seis caracteres, no sentido de indicar variáveis
passíveis de descarte.
Considerando os caracteres biométricos e químicos, em 34 matrizes comuns aos dois
experimentos os caracteres com maiores coeficientes de ponderação nos componentes com
autovalores inferiores a 0,7 foram MMS (CP15 = 0,69), DF (CP14 = 0,67), CS (CP13 = 0,62),
LS (CP12 = 0,60), MP (CP11 = -0,69), NS (CP10 = 0,39) e ES (CP9 = 0,59) (Tabela 5).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

241
Nota-se que todos esses caracteres, indicados como passíveis de descarte, são relativos a
avaliação biométrica de frutos e sementes, ficando fora desta lista apenas o caráter CF e
MSFR. Assim, estes caracteres juntamente com aqueles relativos à avaliação química (O,
proteína bruta - PB, matéria mineral - MM, FDN e carboidratos totais – CT e MS) foram mais
importantes para a discriminação das matrizes. Estes resultados podem ser explicados pelos
coeficientes de correlação entre os 15 caracteres em estudo, pois, os coeficientes de correlação
envolvendo os caracteres selecionados, exceto para CF e MSFR, foram de baixas magnitudes
(P > 0,05). Já, os caracteres passíveis de descarte obtiveram coeficientes significativos (P <
0,05) com o CF e, ou, MSFR (Tabela 6).
Sabe-se que cada caráter deve contribuir algo para a variabilidade e que nenhum
descritor sozinho pode ser responsável pela descrição de toda a variação. Entretanto, a
redução do número de descritores, com a eliminação daqueles que menos contribuem, deve
facilitar as interpretações, sem causar perda considerável da informação.
Assim, neste trabalho, constatou-se também que caracteres passíveis de descarte são
redundantes porque estão correlacionados com aqueles selecionados e, ou, representam uma
fração desprezível da variação total para a divergência.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

242
Tabela 5. Variâncias (autovalores) associadas aos componentes principais (CP) e respectivos
coeficientes de ponderação (autovetores) para os caracteres do fruto: comprimento (CF),
diâmetro (DF), número de semente (NS), massa de sementes (MSFR) e massa do pericarpo
(MP) e da semente: comprimento (CS), largura (LS), espessura (ES), massa média (MMS),
teor de óleo (O), proteína bruta (PB), matéria seca (MS), matéria mineral (MM), fibra em
detergente neutro (FDN) e carboidratos totais (CT), em sementes de 34 matrizes de
Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira). Patos-PB, 2002.
Variâ Variâ Coeficiente de ponderação associado à:
CP ncia ncia CF DF NS MSFR MP CS LS ES MM O PB MS MM FDN CT
(auto Acu S
valor) mula
da
(%)
CP1 5,52 36,8 -0,35 0,35 0,12 0,37 0,35 0,33 0,32 0,28 0,37 0,04 -0,01 -0,06 -0,08 -0,08 0,01
CP2 2,16 51,2 0,08 -0,17 -0,30 -0,03 -0,15 0,21 0,09 0,03 0,09 -0,46 -0,08 -0,01 -0,43 0,47 0,37
CP3 1,45 61,0 0,09 -0,11 0,37 0,10 -0,04 0,13 -0,15 -0,17 -0,02 -0,11 0,31 0,68 -0,32 -0,23 0,08
CP4 1,25 69,3 -0,15 0,05 0,40 0,07 -0,12 -0,19 0,33 0,22 0,08 -0,05 0,58 0,02 -0,25 -0,13 -0,40
CP5 1,03 76,2 0,25 0,25 -0,01 -0,30 0,28 -0,21 -0,01 0,07 -0,34 -0,03 0,35 -0,18 -0,02 -0,17 0,56
CP6 0,82 81,7 -0,05 -0,04 0,46 0,08 -0,03 0,05 -0,04 -0,16 -0,04 0,31 0,39 -0,41 -0,27 0,47 -0,09
CP7 0,73 86,6 -0,36 0,23 0,15 -0,12 0,19 -0,29 0,01 0,40 -0,11 0,20 -0,37 0,25 -0,43 0,16 0,01
CP8 0,70 91,3 0,01 0,29 0,27 -0,06 0,25 -0,18 0,09 -0,25 -0,14 -0,67 -0,07 -0,05 0,03 0,13 -0,39
CP9 0,51 94,7 -0,02 0,05 0,04 0,02 0,01 0,12 -0,47 0,59 0,01 -0,19 0,28 0,14 0,39 0,33 -0,07
CP10 0,30 96,7 -0,06 -0,33 0,39 0,17 -0,27 -0,25 0,03 0,38 0,08 -0,30 -0,07 -0,36 -0,09 -0,38 0,11
CP11 0,18 98,0 0,30 0,08 0,20 -0,38 -0,43 0,35 0,33 0,22 -0,39 0,07 -0,13 0,05 0,04 0,01 -0,18
CP12 0,16 99,1 -0,33 -0,08 0,18 0,13 0,01 -0,11 0,60 -0,02 -0,01 -0,01 0,14 0,24 0,44 0,23 0,33
CP13 0,08 99,7 0,54 0,15 -0,01 0,15 -0,35 -0,62 -0,01 -0,03 0,17 0,11 -0,05 0,16 0,04 0,25 0,01
CP14 0,32 99,9 -0,33 0,67 -0,02 0,22 -0,50 0,13 -0,14 -0,13 -0,01 -0,07 0,02 -0,09 -0,01 -0,12 0,20
CP15 0,01 100,0 - 0,08 0,09 0,21 -0,65 -0,06 0,01 -0,01 -0,06 0,69 -0,01 0,03 0,01 0,05 -0,02 0,06

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

243
Tabela 6. Coeficientes de correlação entre os caracteres do fruto: comprimento (CF), diâmetro
(DF), número de semente (NS), massa de sementes (MSFR) e massa do pericarpo (MP) e da
semente: comprimento (CS), largura (LS), espessura (ES), massa média (MMS), teor de óleo
(O), proteína bruta (PB), matéria seca (MS), matéria mineral (MM), fibra em detergente
neutro (FDN) e carboidratos totais (CT), em sementes de 34 matrizes de Cnidoscolus
phyllacanthus (faveleira). Jaboticabal-SP, 2002.
Caráter DF NS MSFR MP CS LS ES MMS O PB MS MM FDN CT
CF 0,65* 0,25 0,68** 0,68** 0,76** 0,56** 0,42* 0,66** -0,08 0,04 -0,13 -0,14 -0,19 0,30
DF 0,29 0,58** 0,91** 0,40* 0,64** 0,61** 0,55** 0,17 0,01 -0,19 -0,01 -0,28 -0,09
NS 0,39* 0,38* 0,19 -0,06 -0,02 0,08 0,27 0,01 0,15 0,04 -0,23 -0,08
MSF 0,60** 0,50** 0,93** 0,13 -0,06 -0,03 -0,14 -0,18 -0,09
MP 0,63** 0,77** 0,55** 0,52** 0,56** 0,15 -0,06 -0,16 -0,01 -0,28 0,06
CS 0,49** 0,40* 0,78** -0,07 -0,10 -0,01 -0,25 0,08 0,21
LS 0,46** 0,52** 0,71** -0,02 0,03 -0,25 -0,32 -0,12 -0,06
ES 0,60** 0,09 0,01 -0,14 -0,16 -0,07 0,04
MMS 0,02 -0,09 -0,10 -0,23 -0,08 -0,06
O 0,02 -0,13 0,30 - -0,22
PB 0,10 -0,16 0,35* -0,13
MS -0,20 -0,18 -0,01
MM -0,24 -0,27
FDN -0,30 0,22

** P < 0,01; * P < 0,05; pelo teste t.

4 CONCLUSÃO
Considerando os caracteres biométricos de frutos e sementes os descritores mais
importantes para a caracterização de germoplasma de faveleira são: comprimento do fruto,
número de sementes por fruto, massa de sementes por fruto e massa do pericarpo. De um
modo geral, as correlações entre os caracteres relativos à avaliação química de sementes
foram de baixa magnitude. Os caracteres biométricos comprimento do fruto e massa de
sementes por fruto e; os caracteres relativos à avaliação química foram mais importantes para
a discriminação das matrizes na análise envolvendo todos os caracteres dos frutos e sementes,
representando uma redução de mais de 50% dos descritores avaliados.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, R. M.; GARCIA, A. A. G. F.; CRUZ, E. D.; FILGUEIRA, A. Seleção de descritores
botânico-agronômicos para caracterização de germoplasma de cupuaçuzeiro, Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 38, n. 7, p. 807-818, 2003.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

244
CRUZ, C. D. Aplicação de algumas técnicas multivariadas no melhoramento de plantas.
1990. 188 f. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas) – Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1990.

CRUZ, C. D. Programa GENES: versão Windows; aplicativo computacional em genética e


estatística. Viçosa: Imprensa Universitária, 2001. 648p.

CRUZ, C. D.; CARNEIRO, P. C. S. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento


genético. Viçosa: Imprensa Universitária, 2003. 585p.

LUZ, J. L. L.; DIÉGUEZ, E. T.; NIEBLAS, M. M. O.; GUTIÉRREZ, F. L. "Caribe"


(Cnidoscolus angustidens Torr.), a promising oilseed geophyte from north-west Mexico.
Journal of Arid Enviroments, London, v. 41, p. 299-308, 1999.

MAIA, G.N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. 1a ed., São Paulo: D&Z, 2004.
413p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

245
EFEITO DE TRATAMENTO DE SEMENTES E USO DE INSETICIDAS E
FUNGICIDAS SOBRE A OCORRÊNCIA DE PRAGAS, DOENÇAS E
PRODUTIVIDADE NA CULTURA DO AMENDOIM. CULTIVAR IAC 886
(TIPO RUNNER)

Jose Roberto Scarpellini, APTA REGIOAL, jrscarpellini@aptaregional.sp.gov.br


Daniel Junior de Andrade, FCAV/UNESP, danieldwv@yahoo.com.br
Alípio Coelho, BAYER S.A., alípio.coelho@bayercropscience.com

RESUMO: Atualmente para a região de Ribeirão Preto, SP, o tripes Enneothrips flavens e a
lagarta-do-pescoço-vermelho Stegasta bosquella constituem nas principais pragas,
incrementando a ocorrência de doenças fúngicas. As doenças fúngicas mais comumente
encontradas no amendoim são: cercosporiose Cercospora arachidicola; ferrugem Puccinia
arachidicola e verrugose Sphaceloma arachidis. Para observar seu controle foi desenvolvido
este trabalho, no município de Ribeirão Preto,SP, utilizando-se o cultivar ‘IAC 886’ (Tipo
Runner), plantado em 07/11/2006, e germinado em 12/11/2006. O experimento foi em faixas
de cultura (12 linhas de 60 m), utilizando-se os seguintes tratamentos: 1 – CropStar®
(imidacloprido + tiodicarbe) a 0,4 L/100 kg + complementação com fungicidas e inseticidas;
2 – CropStar a 0,5 L/100 kg + complementação com fungicidas e inseticidas; 3- Sem
tratamento de sementes + complementação com fungicidas e inseticidas; 4 - CropStar a 0,4
L/100 kg sem complementação com fungicidas e inseticidas; 5 – CropStar a 0,5 L/100 kg sem
complementação com fungicidas e 6 – Testemunha total. Para efeito de avaliações de pragas e
doenças foram coletadas semanalmente 15 folhas por parcela, com contagem direta para tripes
e lagarta-do-pescoço-vermelho e atribuição de notas de danos (Escala de notas de 1 a 9) para
Cercosporiose; ferrugem e verrugose. Para avaliação da produtividade final foi colhida uma
amostragem de 4 ruas de 10 m de comprimento e pesando-se o amendoim em casca. O
tratamento de sementes com CropStar independentemente da dosagem propiciou bom
controle inicial de pragas, resultando em menor infestação de doenças, especialmente
verrugose. O programa de aplicações foliares foi eficaz, com ótimos resultados para trips E.
Flavens e lagarta-do-pescoço-vermelho S. Bosquella, bem como para ferrugem P.
Arachidicola e verrugose S. Arachidis e bom controle para cercosporiose C. Arachidicola.

Palavras-Chave: Amendoim, pragas, doenças, controle quimico.


4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

246
1 INTRODUÇÃO
A cultura do amendoim Arachis hypogaea L. é mais cultivada no Estado de São Paulo,
em relação aos demais estados do país, sendo importantíssima para fornecimento de matéria
prima à industrialização de óleos vegetais e doces. A macro-região de Ribeirão Preto, SP,
destaca-se como a maior produtora do Estado de São Paulo, com cerca de 21.258 ha plantados
(INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, 2004), geralmente, em consorciação ao plantio
de cana-de-açúcar. O custo de produção da cultura, gira em torno de 10% do rendimento
bruto, mas em anos de grande incidência de pragas, o lavrador precisa estar atento, pois a falta
de controle no momento certo pode tirar toda margem de lucro gerada por esta leguminosa.
Em anos favoráveis para pragas e doenças o controle químico sobrecarrega o custo de
produção (LASCA, 1986).
Diversas são as pragas que podem atacar as lavouras de amendoim. Atualmente para a
região de Ribeirão Preto, SP, os tripes Enneothrips flavens (Moulton, 1941) (Thysanoptera:
Thripidae); a lagarta-do-pescoço-vermelho Stegasta bosquella (Chambres, 1875)
(Lepidoptera: Gelechiidae) e a lagarta Anticarsia gemmatalis constituem os principais
problemas, acelerando a queda de folhas e incrementando a ocorrência de doenças fúngicas
(GALLO et al., 1988). ROSSETTO et al. (1968) encontraram a espécie E. flavens nos
ponteiros de amendoinzeiro, causando estrias prateadas e deformações nos folíolos, com
grandes prejuízos para a cultura. ALMEIDA et al. (1965) mostraram os danos produzidos por
Frankliniella fusca em plantio de amendoim das águas. BATISTA (1967) estudando o tripes
E. flavens obteve que o período critico vai até 70 dias, após a germinação do amendoim,
praticamente não causando prejuízos após este período, apresentando baixa incidência.
ALMEIDA et al. (1965) estimaram que para o tripes F. fusca, uma infestação média de 2
tripes/folíolo até aos 70 dias da emergência, provocou um prejuízo de 15% na produção final.
NAKANO et al. (1981) estimaram os prejuízos do tripes E. flavens, em 1% para cada
tripes/folíolo, em média, até aos 70 dias da germinação da cultura, ou seja, se durante o
período crítico houver uma infestação média de 10 tripes/ folíolo, haverá uma perda de 10%
na produtividade. Existe divergências quanto aos efeitos sobre a produção, enquanto LARA et
al. (1975) obtiveram uma redução próxima a 50% em áreas sem controle, bem como
SCARPELLINI & NAKAMURA (2002) utilizando thiamethoxam 700 WS a partir de 52,5 g
i.a./ 100 kg em tratamento de sementes observaram eficiência de controle satisfatória até 31
dias após a emergência e acréscimos significativos na produtividade da ordem de 23, 1 a
46,3%,em áreas tratadas, em relação às sem tratamento de sementes. As doenças fúngicas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

247
mais comumente encontradas no amendoim são: cercosporiose, verrugose, mancha barrenta e
ferrugem (ALMEIDA, 2001), sendo o seu controle, na maioria das vezes determinados por
aplicações por calendário, o que procurou-se realizar dentro da necessidade no presente
trabalho.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no campo experimental do Pólo Regional de
Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Leste –APTA (Agencia Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios), no município de Ribeirão Preto (Latitude 21º. 10’ 42’’,
longitude 47º. 48’24’’, altitude de 544 m). O cultivar utilizado foi amendoim ‘IAC Runner
886’, plantado em 07/11/2006, em espaçamento de 0,9 m entre plantas, densidade de 18
sementes/metro linear, adubação de plantio de 200 kg/ha de 8-28-16, com semeadora
mecânica Exacta, utilizando-se previamente Trifluralina a 2,4 L/ha + Alachlor a 6,5 L/ha (no
preparo do solo) germinado em 12/11/2006.
O experimento foi em faixas de cultura (12 linhas de 60 m), utilizando-se os seguintes
tratamentos: 1 – CropStar® (imidacloprido + Tiodicarbe) a 0,4 L/100 kg + complementação
com fungicidas e inseticidas; 2 – CropStar a 0,5 L/100 kg + complementação com fungicidas
e inseticidas; 3- Sem tratamento de sementes + complementação com fungicidas e inseticidas;
4 - CropStar a 0,4 L/100 kg sem complementação com fungicidas e inseticidas; 5 – CropStar
a 0,5 L/100 kg sem complementação com fungicidas e 6 – Testemunha total. As
pulverizações complementares realizadas nos tratamentos em que houveram complementação
com fungicidas e inseticidas foram: Conect® (Imidacloprid + Betaciflutrina) a 0,8 L/ha em
8/12/06; Nativo® (Tebuconazol + Trifloxistrobina) a 0,75 L/ha + Larvin 800 WG®
(tiodicarbe) 150 g p.c./ha + Lanzar® (adjuvante) a 0,2 L/ha em 15/12/06; Daconil 500®
(Clorotalonil) a 2 L/ha + Folicur EC® (Tebuconazol) a 0,5 L/ha + Tamaron BR®
(metamidofos) a 1,0 L./ha em 08/01/07; Nativo 0,75 L/ha + Tamaron a 1,0 L/ha + Lanzar a
0,2 L/ha em 12/01/07; Daconil 2 L/ha + Folicur 0,5 L/ha + Conect a 0,8 l/ha em 27/01/07;
Nativo 0,75 L/ha + Tamaron a 1,0 L/ha + Lanzar a 0,2 L/ha em 8/2/07.
Para efeito de avaliações de pragas e doenças foram coletadas semanalmente 15 folhas
por parcela para avaliação de tripes Enneothrips flavens (contagem direta de ninfas com
auxilio de uma lupa de dez aumentos), 15 ponteiros para contagem de lagartas-do-pescoço-
vermelho Stegasta bosquella (contagem direta de lagartas com auxilio de uma lupa de dez
aumentos) e 15 plantas escolhidas para atribuição de notas de danos (conforme Escala de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

248
notas de 1 a 9, onde 1 = 0 %; 2 = 1-5 %; 3= 6-10%; 4= 11-20%; 5=21 a 30 %; 6 = 31 a 40 %;
7=41 a 60 %; 8= 61 a 80 % e 9 = 81 a 100 %) de Cercosporiose Cercospora arachidicola;
ferrugem Puccinia arachidicola e verrugose Sphaceloma arachidis.
Para avaliação da produtividade final foram colhidos uma amostragem de 4 ruas de 10
m de comprimento, contando-se o numero de plantas e pesando-se o amendoim em casca,
extrapolando-se para o peso de amendoim em casca por hectare. Foram feitos gráficos de
flutuação de pragas (tripes e lagarta-do-pescoço-vermelho) e de doenças (Cercosporiose,
ferrugem e verrugose), bem como da produtividade dos tratamentos.

3 RESULTADOS E DISCUSSãO
Os resultados obtidos da flutuação de pragas (tripes E. flavens e lagarta-do-pescoço-
vermelho S. bosquella) e de doenças (Cercosporiose C. arachidicola, ferrugem P.
arachidicola e verrugose S. arachidis), bem como da produtividade dos tratamentos, estão
expressos nos gráficos de 1 a 6, apresentados a seguir.
Verificou-se que nos tratamentos onde houveram tratamento de sementes com CropStar
a 0,4 L/100 kg ou CropStar a 0,5 L/100 kg os tripes E. flavens e lagarta-do-pescoço-vermelho
S. bosquella iniciaram seu ataque aos 28 dias após a germinação, enquanto nos tratamentos
sem tratamento de sementes, já com 15 dias observou-se altos índices de tripes (Figura 1).
Resultados semelhantes foram obtidos para lagarta-do-pescoço-vermelho (Figura 2), que
apresentaram menor infestação no inicio do cultivo, em detrimento de altas populações no
período chuvoso (meio do ciclo). As aplicações foliares iniciais reduziram a população de
tripes, que sempre se apresentou com menor infestação nos tratamentos onde foi realizado
tratamento de sementes.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

249
900 Connect

800 Nativo + Lanzar + Larvin

Numero de Tripes/15 folhas 700 Clorotalonil + Folicur


+ Tamaron
600

500

400

300

200

100

0
20 28 35 43
DAG DAG 50 57
DAG DAG 65 80
DAG DAG 95
DAG DAG DAG
1 - CropStar 0,4 l/100 kg + Pulv 2 - CropStar 0,5 l/100 kg + Pulv
3 - Testemunha Aplicada 4 - CropStar 0,4 l/100 kg Sem Pulv
5 - CropStar 0,5 l/100 kg Sem Pulv 6 - Testemunha Total Sem Pulv

Figura 1: Numero de ninfas de Tripes enneothrips flavens obtido em 60 folhas no tratamento.


Ribeirão Preto, SP, 07/11/2006 a 17/04/2007.

10
Numero de lagarta-do-pescoço vermelho/60 folhas

1 Connect

0 Nativo + Lanzar +
20 Larvin
28 35
DAG DAG 43
DAG 50 Clorotalonil + Folicur
DAG 57
DAG 65 + Tamaron
DAG 80
DAG 95
DAG
DAG

1 - CropStar 0,4 l/100 kg + Pulv 2 - CropStar 0,5 l/100 kg + Pulv


3 - Testemunha Aplicada 4 - CropStar 0,4 l/100 kg Sem Pulv
5 - CropStar 0,5 l/100 kg Sem Pulv 6 - Testemunha Total Sem Pulv

Figura 2: Numero de lagarta-do-pescoço-vermelho Stegasta bosquella obtido em 60 folhas no


tratamento. Ribeirão Preto, SP, 07/11/2006 a 17/04/2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

250
6

Connect

Nativo + Lanzar + Larvin

4
Notas cercosoporiose/15 folhas

Clorotalonil + Folicur + Tamaron

0
45 DAG 57 DAG 65 DAG 80 DAG

-1
1 - CropStar 0,4 l/100 kg + Pulv 2 - CropStar 0,5 l/100 kg + Pulv
3 - Testemunha Aplicada 4 - CropStar 0,4 l/100 kg Sem Pulv
5 - CropStar 0,5 l/100 kg Sem Pulv 6 - Testemunha Total

Figura 3: Notas de danos de Cercosporiose Cercospora arachidicola em 60 folhas no


tratamento. Ribeirão Preto, SP, 07/11/2006 a 17/04/2007

Connect

5
Nativo + lanzar + larvin

4
Clorotalonil + Folicur + Tamaron
Notas ferrugem/15 folhas

0
45 DAG 57 DAG 65 DAG 80 DAG

-1
1 - CropStar 0,4 l/100 kg + Pulv 2 - CropStar 0,5 l/100 kg = Pulv
3 - Testemunha Aplicada 4 - CropStar 0,4 l/100 kg Sem Pulv
5 - CropStar 0,5 l/100 kg Sem Pulv 6 - Testemunha Total

Figura 4: Notas de danos de ferrugem Puccinia arachidicola. em 60 folhas no tratamento.


Ribeirão Preto, SP, 07/11/2006 a 17/04/2007
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

251
6

Connect
5
Nativo + lanzar + larvin

Clorotalonil + Folicur + Tamaron


4
Notas verrugose/15 folhas

0
45 DAG 57 DAG 65 DAG 80 DAG

-1
1 - CropStar 0,4 l/100 kg + Pulv 2 - CropStar 0,5 l/100 kg + Pulv
3 - Testemunha Aplicada 4 - CropStar 0,4 l/100 kg Sem Pulv
5 - CropStar 0,5 l/100 kg Sem Pulv 6 - Testemunha Total

Figura 5: Notas de danos de verrugose Sphaceloma arachidis em 60 folhas no tratamento.


Ribeirão Preto, SP, 07/11/2006 a 17/04/2007

6000

5000
amendoim em casca (kg/ha)

4000

3000

2000

1000

0
1 - CropStar 0,4 2 - CropStar 0,5 3 - Testemunha 4 - CropStar 0,4 5 - CropStar 0,5 6 - Testemunha
l/100 kg + Pulv l/100 kg + Pulv Aplicada l/100 kg Sem Pulv l/100 kg Sem Pulv Total Sem Pulv

1 - CropStar 0,4 l/100 kg + Pulv 2 - CropStar 0,5 l/100 kg + Pulv


3 - Testemunha Aplicada 4 - CropStar 0,4 l/100 kg Sem Pulv
5 - CropStar 0,5 l/100 kg Sem Pulv 6 - Testemunha Total Sem Pulv

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

252
Figura 6: Produtividade média no experimento (Kg de amendoim em casca/ha). Ribeirão
Preto, SP, 07/11/2006 a 17/04/2007
Quanto ao controle de doenças as parcelas pulverizadas conseguiram manter a
cercosporiose, a ferrugem e a verrugose em níveis aceitáveis, embora com grande pressão de
incremento nos danos, devido à alta pluviosidade e temperaturas elevadas, o que obrigou a
redução dos intervalos de aplicação de fungicidas e inseticidas previstos serem quinzenais.
O tratamento de sementes com CropStar, independente da dosagem utilizada, assegurou
um menor potencial de inoculo das doenças, mas quando não complementado com aplicações
foliares tornou-se muito infestada de pragas e doenças resultando em índices muito elevados.
Os programas de aplicações realizados resultaram em ótimo resultado para ferrugem P.
arachidicola e para verrugose S. arachidis (Figuras 4 e 5) e bom resultado para cercosporiose
(Figura 3).
O tratamento completo, com sementes tratadas com fungicida e inseticida, bem como
complementação com inseticidas e inseticidas, permitiu um acréscimo na produtividade ao
redor de 20 % (Figura 6), enquanto que a diferença entre as produtividades dos tratamentos
com CropStar a 0,4 e 0,5 L p.c./100 kg sementes + complementação foi insignificante.
Já com relação aos tratamentos que tiveram ou não tratamento de sementes, mas sem
complementação de aplicações foliares (inseticidas e fungicidas) a produtividade foi
insignificante, não compensando a colheita do amendoim pelo produtor, neste caso.

4 CONCLUSÕES
O tratamento de sementes com CropStar (imidacloprido + Tiodicarbe) independente
da dosagem propiciou bom controle inicial de pragas, resultando em menor infestação de
doenças, especialmente verrugose. As complementações com aplicações de inseticidas e
fungicidas são necessárias, sem as quais não foram possíveis a produções de amendoim. O
programa de aplicações foliares foi eficaz, com ótimos resultados para trips E. flavens e
lagarta-do-pescoço-vermelho S. bosquella, bem como para ferrugem P. arachidicola e
verrugose S. arachidis. Obteve-se bom resultado para cercosporiose C. arachidicola.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A.M. Principais doenças fúngicas do amendoim e controle. Anais da IV Reunião
itinerante de fitossanidade do Instituto Biológico/V Encontro sobre pragas e doenças do
cafeeiro. SCARPELLINI et. al Ed., Ribeirão Preto, SP. p. 43-48, 2001.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

253
BATISTA, G.C. Controle dos tripes do amendoim, séria praga da cultura no Estado de São
Paulo. Rev. Agric., Piracicaba, v.42, n.2, p.59-64, 1967.

CALCAGNOLO, G.; RENSI, A.A.; GALLO, J.R. Efeitos da infestação o tripes nos folíolos
do amendoinzeiro Enneothrips flavens (Moulton, 1941), no desenvolvimento das plantas, na
qualidade e quantidade da produção de uma cultura "das águas". Biológico, São Paulo, v.40,
n.8, p.241-242, 1974.

LARA, f; SÁ, L.A.N.; SOBUE, S.; FERREIRA, M.T. Controle do tripes do amendoim
Enneothrips flavens Moulton, 1941, em "cultura da seca". Biológico, São Paulo, v.41, n.9,
p.251-255, 1975.

LASCA, D.H.C. Amendoim (Arachis hypogaea) In: SÃO PAULO(Estado).


COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA INTEGRAL. Manual técnico das
culturas.Campinas: CATI, 1986. p. 64-80 (Manual Cati n. 8).

NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R.A. Entomologia Econômica. Ed.
Livroceres, São Paulo, 314p., 1981.

SCARPELLINI, J. R. & G. NAKAMURA Controle do tripes Enneothrips flavens (Moulton,


1941) (Thysanoptera: Thripidae) e efeito na produtividade do amendoim. Arq. Inst. Biol., São
Paulo, v.69, n.3, p.85-88, jul./set., 2002.

SCARPELLINI, J.R. Manejo integrado de pragas na cultura do amendoim. In: Anais da IV


Reunião itinerante de fitossanidade do Instituto Biológico/V Encontro sobre pragas e
doenças do cafeeiro. SCARPELLINI et. al Ed., Ribeirão Preto, SP. p. 37-42, 2001.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

254
UTILIZAÇÃO DE BIODIESEL COMO FONTE DE ENERGIA EM PRAÇAS
DE PEDÁGIO: UMA ANÁLISE ECONÔMICA E AMBIENTAL

Carlo Alessandro Castellanelli, UFSM, castellanelli@bol.com.br


Cristiano Roos, UFRGS, v0391201@via.com.br
Márcio Castellanelli, UNIOESTE, engcastellanelli@yahoo.com.br
Leandro Cantorski da Rosa, UFSM, leski78@hotmail.com
Ronaldo Hoffmann, UFSM, hoffmann@ct.ufsm.br

RESUMO: A busca por fontes alternativas e renováveis de energia tornou-se uma constante
no mundo contemporâneo devido à escassez e aos impactos ambientais causados por fontes
não renováveis. Dentre as fontes renováveis, destaca-se o biodiesel, o qual pode ser obtido
através de diversas matérias-primas e que ocupa posição de destaque nas discussões
energéticas e ambientais atuais. Neste sentido, o presente trabalho visa demonstrar a
viabilidade econômica e as vantagens ambientais da substituição do diesel pelo biodiesel,
obtido através do óleo de fritura usado, em geradores de energia elétrica. Para tanto, realizou-
se um estudo de caso em três praças de pedágio do estado do Rio Grande do Sul que possuem
geradores diesel. Os parâmetros técnicos para o estudo dos geradores diesel foram obtidos em
experimentos de bancada realizados pelo grupo de pesquisa para nortear o estudo. Os
resultados do trabalho foram alcançados ao se verificar que o biodiesel pode ser empregado
como substituto do diesel nos geradores das praças de pedágio estudadas, seja pelas vantagens
econômicas, como ambientais. Deste modo, a realização do presente estudo de caso
proporcionou um maior entendimento acerca da temática proposta, além de mostrar a
importância das fontes de energia renováveis frente aos acontecimentos ambientais, políticos
e econômicos.

Palavras-Chave: Fontes alternativas de energia, impactos ambientais, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

255
1 INTRODUÇÃO

Atualmente a sociedade brasileira apresenta uma forte preocupação com o setor


energético nacional. Em todos os segmentos busca-se a cada dia a otimização dos recursos
energéticos através da redução do consumo, seja isso feito por meio de simples
conscientização ou pela aplicação de tecnologias e conceitos de eficiência energética. O
racionamento de energia elétrica é exemplo disto, pois em 2001 quando veio a público a crise
do setor elétrico, fez crescer em todo o país o sentimento de economia desta fonte.
A geração de energia elétrica vem crescendo por motivos econômicos e de segurança no
fornecimento aos consumidores, que, todavia tem a possibilidade cada vez mais acentuada de
gerar sua própria energia elétrica a partir do óleo diesel. No entanto para Corrêa et al. (2001),
razões ambientais relativas ao uso de combustíveis fósseis têm aumentado a demanda por
novas tecnologias de geração de energia não poluentes. Além de seus impactos ambientais,
observa-se a tendência de crise e escassez relacionada aos combustíveis fósseis não
renováveis, e sua iminente elevação de preços viabiliza sua substituição por fontes renováveis
de energia, como é o caso do biodiesel produzido a partir de plantas oleaginosas e gorduras
animais.
Neste sentido, o presente trabalho apresenta um estudo realizado com o intuito de
verificar a viabilidade de implantação do biodiesel como fonte de alento para a geração de
energia elétrica em três praças de pedágio da região central do Rio Grande do Sul. O estudo
contemplou uma avaliação do biodiesel originado do óleo de fritura usado, um exame
experimental do rendimento de motores quando alimentados pelo biodiesel, uma análise de
redução de poluentes e uma avaliação dos resultados com o objetivo de verificar as vantagens
de geração de energia nos postos de pedágio a partir dos motores examinados.
O uso de óleos vegetais em motores de combustão interna iniciou com Rodolf Diesel
utilizando óleo de amendoim em 1900. Razões de natureza econômica levaram ao completo
abandono dos óleos vegetais como combustíveis à época. Entretanto, na década de 70, o
mercado de petróleo foi marcado por dois súbitos desequilíbrios entre oferta e demandas
mundiais conhecidos como 1° e 2° Choques do Petróleo. Em respostas a estas crises, o
mercado sentiu a necessidade de diminuir a dependência do petróleo, levando ao investimento
no desenvolvimento de tecnologia de produção e uso de fontes alternativas de energia
(OLIVEIRA, 2001).
De acordo com a lógica de usar fontes alternativas de energia redutoras de poluição,
capazes de gerar empregos e com custos competitivos, o biodiesel apresenta-se como

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

256
candidato natural a um programa global e que também vem ganhando espaço nas discussões
energéticas do Brasil. A Agência Nacional do Petróleo do Brasil definiu, através da portaria
225 de setembro de 2003, o biodiesel como o conjunto de ésteres de ácidos graxos oriundos
de biomassa, que atendam a especificações determinadas para evitar danos aos motores.
O biodiesel é uma evolução na tentativa de substituição do óleo diesel por biomassa,
iniciada pelo aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. É obtido através da reação de
óleos vegetais, novos ou usados, gorduras animais, com um intermediário ativo, formado pela
reação de um álcool com um catalisador, processo conhecido como transesterificação (Figura
1).

ÓLEO VEGETAL BIODIESEL

METANOL OU ETANOL REAÇÃO QUIMICA

CATALISADOR GLICERINA

Figura 1 – Reação de transesterificação (Ceplac)

Os produtos da reação química são um éster (o biodiesel) e glicerol. No caso da


utilização de insumos ácidos, como esgoto sanitário ou ácidos graxos, a reação é de
esterificação e não há formação de glicerol, mas de água simultaneamente ao biodiesel. Os
ésteres têm características físico-químicas muito semelhantes às do diesel, conforme
demonstram as experiências realizadas em diversos países (ROSA et al, 2003), o que
possibilita a utilização destes ésteres em motores de ignição por compressão (motores de ciclo
diesel).
A reação de transesterificação pode empregar diversos tipos de álcoois,
preferencialmente os de baixo peso molecular, sendo os mais estudados os álcoois metílico e
etílico. Freedman et al. (1986) demonstraram que a reação com o metanol é tecnicamente
mais viável do que com etanol. O etanol pode ser utilizado desde que anidro (com teor de
água inferior a 2%), visto que a água atuaria como inibidor da reação. A separação da
glicerina obtida como subproduto, no caso da síntese do éster metílico é resolvida mediante
simples decantação, bem mais facilmente do que com o éster etílico, processo que requer um
maior número de etapas.
Quanto ao catalisador, a reação pode utilizar os do tipo ácido ou alcalino ou, ainda, pode
ser empregada a catálise enzimática. Entretanto, geralmente a reação empregada na indústria é
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

257
feita em meio alcalino, uma vez que este apresenta melhor rendimento e menor tempo de
reação que o meio ácido, além de apresentar menores problemas relacionados à corrosão dos
equipamentos. Por outro lado, os triglicerídeos precisam ter acidez máxima de 3%, o que
eleva seus custos e pode inviabilizar o processo em países onde o óleo diesel mineral conta
com subsídios cruzados, como no Brasil.
Segundo Laforgia et al (1994) a reação de transestirificação proporciona uma melhora
significativa das seguintes propriedades físico-químicas: redução da viscosidade, um pequeno
acréscimo no número de cetano e poder calorífico próximo ao do óleo diesel convencional,
com isso consegue-se uma boa qualidade da combustão nos motores diesel.
Sob o aspecto ambiental, o uso de biodiesel reduz significativamente as emissões de
poluentes, quando comparado ao óleo diesel, podendo atingir 98% de redução de enxofre,
30% de aromáticos e 50% de material particulado e, no mínimo, 78% de gases do efeito
estufa (ROSA et al, 2003).
A reciclagem de resíduos de frituras vem ganhando espaço investigativo no Brasil, com
proposição de metodologias de reciclo apropriados, destacando-se, entre outros, a produção
de ésteres de ácidos graxos, os biocombustíveis. Além disso, os ésteres de ácidos graxos não
contribuem com a formação do “smog” fotoquímico, fenômeno que é caracterizado pela
formação de substâncias tóxicas e irritantes como o de peroxiacetileno, a partir de nitrogênio e
hidrocarbonetos, na presença de energia solar. Este aspecto positivo dos ésteres de ácidos
pode ser explicado pelo fato de que estes compostos não apresentam nitrogênio em suas
estruturas. Convém ressaltar que os ésteres de ácidos graxos também não apresentam enxofre,
e desta forma, também não contribuem com fenômenos com o de acidificação das
precipitações.
O descarte de óleos de fritura usados nas pias e vasos sanitários, ou diretamente na rede
de esgotos, além de provocar graves problemas ambientais, pode provocar o mau
funcionamento das estações de tratamento de águas residuais e representa um desperdício de
uma fonte de energia. Os óleos de frituras usados, se lançados na rede hídrica e nos solos,
provocam a poluição dos mesmos. Se o produto for para a rede de esgoto encarece o
tratamento dos resíduos, e o que permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e
terrenos adjacentes que contribuem para a enchente. Também provoca a obstrução dos filtros
de gorduras das estações de tratamento, sendo um obstáculo ao seu funcionamento ótimo
(FELIZARDO, 2003).
O resíduo óleo de fritura usado pode ser processado de várias formas interessantes, para
produção de artigos de uso comum como o sabão, lubrificante ou biocombustível. Levando
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

258
em conta que a utilização para produção de biocombustíveis traz vantagens do ponto de vista
ambiental, e apresenta a melhor relação preço versus eficácia, em termos de recolhimento e
recuperação.
Quercus (2002), relata que a produção de biodiesel a partir de óleos alimentares usados
permite reutilizar e reduzir em 88% o volume destes resíduos, sendo 2% matéria sólida, 10%
glicerina e 88% éster com valor energético. Ou seja, recupera-se um resíduo que de outra
forma provoca danos ao ser despejado nos esgotos. Segundo Peterson e Reece (1994), testes
nas emissões mostraram uma diminuição de 54% em HC, 46% de CO2 e 14,7 de Nox, na
utilização do biodiesel obtido através de óleos de fritura usados, em comparação ao diesel
convencional.
De acordo com Mittlebach e Tritthart (1988), o biodiesel resultante da transesterificação
de óleos de fritura apresentou características bastante semelhantes aos ésteres de óleos antes
da utilização para fritura. Apesar de ser um combustível oriundo de um óleo parcialmente
oxidado, suas características foram bastante próximas as do óleo diesel convencional,
apresentando, inclusive boa homogeneidade obtida quando da análise da curva de destilação.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Para o desenvolvimento deste trabalho realizou-se um estudo de caso com abordagem


qualitativa e com complementação de dados quantitativos. Segundo Gil (2002, p. 54), um
estudo de caso é caracterizado pelo “estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de
maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”. Para Salomon (2001), enquanto
os dados quantitativos de uma pesquisa são utilizados para descrever uma variável quanto a
sua tendência central e sua freqüência, os dados qualitativos são basicamente úteis para quem
busca entender o contexto onde algum fenômeno ocorre.
O estudo de caso realizado teve seu marco inicial numa oportunidade identificada no
sentido da implantação do biodiesel como combustível em geradores de energia elétrica. Isto
é, a partir de uma análise em diferentes setores da economia, identificou-se as praças de
pedágio em estudo, que prontamente oportunizaram o desenvolvimento da pesquisa. Partiu-se
então para os experimentos em laboratório onde foram testados motores identicos aos das
praças de pedágio. Após a realização dos experimentos os resultados foram avaliados e
serviram de base para verificar a viabiliadade de utilização do biodiesel nas praças de
pedágio.
A empresa em que se realizou o estudo de caso possui três praças de pedágio, cada uma

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

259
delas com um gerador de energia elétrica capaz de suprir toda sua demanda. Atualmente os
motores dos geradores são alimentados por óleo diesel e são ligados apenas quinze minutos
por dia para fins de teste, isto é, no restante do tempo, as praças utilizam a energia elétrica da
concessionária. As praças possuem um consumo mensal de energia elétrica conforme as
médias anuais da Figura 2. Este consumo representa um custo variável mensal conforme as
médias anuais também apresentadas na Figura 2.

Praça de pedágio Consumo médio mensal Custo médio mensal


Praça 1 3.500,75 kVA R$ 1.208,28
Praça 2 3.280,25 kVA R$ 1.324,00
Praça 3 3.886,33 kVA R$ 1.576,37

Figura 2 – Características do consumo de energia elétrica por praça de pedágio

A marca e o modelo dos motores dos geradores de cada praça de pedágio, assim como
a capacidade máxima horária de geração de energia elétrica e o consumo de óleo diesel médio
horário, para atender a demanda das respectivas praças de pedágio estão representados na
Figura 3.

Praça de Capacidade Consumo de


Marca \ Modelo
pedágio máxima óleo diesel
Praça 1 MWM \ D2296 81 kVA/hora 2,4 litros/hora
Praça 2 MWM \ D2296 81 kVA/hora 2,6 litros/hora
Praça 3 MWM \ S10T 180 kVA/hora 3,2 litros/hora

Figura 3 – Características dos geradores de energia elétrica das praças de pedágio

Testes com motores de mesmos modelos e marcas dos utilizados nas praças foram
realizados em bancada dinamométrica, utilizando somente o biodiesel B100, ou seja, o
biodiesel obtido através do óleo de fritura usado de uma rede fast food, sem misturas com o
diesel convencional, de forma a se obter uma maior vantagem econômica à empresa.
A reação de transesterificação foi realizada em um reator de 5L, provido de camisa de
circulação de água aquecida e agitação mecânica. As matéria-prima (óleo usado em fritura),
etanol anidro e catalisador alcalino (NaOH) nas proporções 100:50:0,5 foram utilizadas para a
obtenção de biodiesel, sendo que o ponto de fulgor e índice de acidez apresentaram valores

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

260
dentro dos padrões estabelecidos pela ANP tanto para o B100 como para o óleo diesel de
petróleo.
Como a análise baseia-se basicamente na questão econômica e ambiental, os testes nos
motores limitaram-se ao consumo de diesel e biodiesel e emissões dos mesmos. Os testes
foram realizados durante 40 horas com um grupo gerador de 81 kVA/hora e com outro 180
kVA/hora de potência nominal respectivamente para operação contínua. Os geradores eram
equipados com motores MWM D2296 e MWM S10T.
As emissões gasosas foram avaliadas a partir de um analisador contínuo de gases marca
Tempest, modelo 100. As concentrações medidas foram: CO2, HC, NOX. Para análise dos
resultados foi utilizado um estudo elaborado pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro – COPPE/UFRJ o qual indica US$0,25 como
custo médio de produção por litro de biodiesel, a partir do óleo de fritura, o baixo custo deve-
se que ao fato que o óleo de fritura geralmente é obtido gratuitamente em restaurantes,
lanchonetes e outros estabelecimentos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos rendimentos obtidos dos motores em bancada, pode-se observar que o
consumo de biodiesel aumentaria em relação ao diesel convencional nas praças de pedágio
(Figura 4). De acordo com os dados coletados e analisados, pode-se observar que o
desempenho do motor operando com os dois combustíveis são próximos. O biodiesel testado
mostrou uma breve desvantagem com relação ao consumo específico diante do diesel. Este
fato pode ser explicado, devido ao poder calorífico do biodiesel ser inferior ao do diesel fóssil.

Praça de Consumo de Consumo de


Marca \ Modelo
pedágio óleo diesel biodiesel B100
Praça 1 MWM \ D2296 2,4 litros/hora 2,52 litros/hora
Praça 2 MWM \ D2296 2,6 litros/hora 2,73 litros/hora
Praça 3 MWM \ S10T 3,2 litros/hora 3,59 litros/hora

Figura 4 – Diferença de consumo dos geradores de energia elétrica quando abastecidos com
diesel e biodiesel

Já o aspecto econômico, considerando-se o valor do diesel de referencia de abril de


2007 (ANP), e a cotação do dólar do dia 24 de abril, verificou-se que a geração com o diesel
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

261
convencional não é economicamente viável devido ao fato de que a empresa não possui
tarifação diferenciada nos horários de ponta, sendo a tarifa energética constante, como um
consumidor doméstico convencional. A geração através de geradores diesel torna-se atraente
para consumidores que optem pela tarifação horo-sazonal, por estabelecer um custo de
energia bastante alto no horário de ponta e bastante baixo no horário fora de ponta, bem como
um único valor de demanda contratada, pode proporcionar uma maior redução de custos,
desde que a empresa não opere no horário de ponta, tendo sua energia obtida através de
geradores diesel.
No entanto, devido ao baixo ou inexistente valor da matéria-prima do biodiesel em
questão, a geração com o mesmo se apresentou viável à empresa, configurando-se mais
atraente que o consumo energético advindo das concessionárias, já considerando os
rendimentos respectivos (Figura 5).

Praça de Custo - fonte: Custo - fonte: Custo - fonte:


pedágio energia elétrica diesel biodiesel
Praça 1 R$ 1.208,28 R$ 3.214,08 R$ 919.90
Praça 2 R$ 1.324,00 R$ 3.481.92 R$ 997,54
Praça 3 R$ 1.576,37 R$ 4.298,83 R$ 1.310,49

Figura 5 – Comparação de custos entre as fontes de energia elétrica, de diesel e de biodiesel

Para completar o estudo de viabilidade econômica em questão, é necessário ainda se


considerar alguns custos na geração de diesel/biodiesel, tais como:

a) Custo de Manutenção: cálculos a partir do aplicativo Life Cycle Cost da


Cummins, apontam para uma média de 12,00 dólares por MWh gerado, para as máquinas
acima de 500kW, podendo oscilar em torno da média com mais ou menos 4,00 dólares (8
a 16 dólares). Inclui deslocamentos do mecânico até 50 km da sede, revisões periódicas de
250, 500, 1000, 5000 e 10000 horas de operação.
b) Consumo de lubrificante: considerado 0,3% do consumo do combustível, para
0,27 litros de combustível, temos 0,0008 litros por kWh ou 0,81 litros por MWh. A custo
de 4,50 reais por litro, resulta R$ 3,65 por MWh (dados obtidos em novembro de 2006).

Sendo assim, obtem-se um custo extra de R$ 73,5 para a praça 1, R$ 80,22 praça 2 e
R$81,48 para a praça 3, podendo variar entre a geração de diesel e biodiesel devido as suas
diferentes propriedades.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

262
A partir dos resultados das medições foram obtidas reduções na utilização do biodiesel
obtido através do óleo de fritura usado, em comparação ao diesel convencional (Figura 6).

Praça de
CO2 HC NOX
pedágio
Praça 1 -43% -37% -13,4%
Praça 2 -43% -37% -13,4%
Praça 3 -40,7% -39% -12,1%

Figura 6 – Diminuição das emissões nos motores testados com o biodiesel B100 em
comparação ao diesel

Além na redução das emissões dos poluentes CO2, HC e Nox, contribuindo com a
mitigação do efeito estufa, o emprego do biodiesel como combustível, em substituição total
ou parcial ao diesel, também está associado a outros relevantes benefícios, como a redução
das emissões de enxofre e compostos aromáticos tóxicos (como o benzeno), já que o biodiesel
não contém estes contaminantes e a combustão mais completa, decorrente do maior
porcentual de oxigênio presente nas moléculas que compõem o biodiesel.
Verificou-se um leve odor de óleo de frituras expelido pelo escapamento, sendo que
uma notável diferença pôde ser verificada da relação da emissão de fumaça, cuja redução
média foi 36% no motor equivalente da praça 1 e 40,5% no motor equivalente da praça 2,
medido em escala Bosch.
Esse tipo de geração de energia através de geradores também faz com que as empresas
contribuam com o meio ambiente, sendo que se o consumo de energia fornecido pelas
concessionárias aumentar a ponto do sistema não conseguir acompanhar tal demanda, novas
usinas para a geração de energia inclusive hidrelétricas, terão de ser construídas, causando
malefícios ambientais. Os impactos advindos da utilização do diesel fóssil podem ser
mitigados pela utilização de combustíveis limpos, como é o caso do biodiesel obtido a partir
do óleo de fritura usado.
Leite (2005), afirma que a implantação de hidrelétricas pode gerar impactos ambientais
na hidrologia, clima, erosão e assoreamento, sismologia, flora, fauna e alteração da paisagem.
Soma-se a isso a inundação de cidades, ocasionando o deslocamento de populações, o
eventual mau uso da água, que é um bem de múltipla utilização, e a possibilidade de emissão
de gás metano, pela decomposição orgânica gerada pelos alagamentos.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

263
Atualmente, as áreas de preocupação ambiental incluem a poluição da água, do ar,
visual e sonora, assim como a poluição por resíduo sólido e perigoso. É preciso, a qualquer
custo, otimizar o uso da energia, da água e da matéria-prima como forma de manutenção da
biodiversidade do planeta, com a manutenção da qualidade dos mananciais, do solo e do ar,
mediante conservação e uso parcimonioso das fontes de energia não renováveis.
A sociedade está assimilando cada vez mais a idéia de que a variável ambiental é
importante e que ela diz respeito a todos. Cornely (2002), cita que é importante salientar que o
homem é Natureza, é a parte da Natureza que tem consciência de si mesma. Será essa
consciência do homem que pode vir a salvá-lo da destruição, pois se trata de sua
sobrevivência, bem como do próprio Planeta.
Ferraz et al (1995), demonstram que, dada a capacitação produtiva e tecnológica
existente no país, a questão ambiental oferece a oportunidade das empresas tornarem-se
ambientalmente responsáveis perante a sociedade.

4 CONCLUSÃO

A utilização de biodiesel como combustível tem apresentado um potencial promissor no


mundo inteiro. Em primeiro lugar, pela sua enorme contribuição ao meio ambiente, com a
redução qualitativa e quantitativa dos níveis de poluição ambiental, e, em segundo lugar,
como fonte estratégica de energia renovável em substituição ao óleo diesel e outros derivados
do petróleo.
A auto-suficiência energética através de geradores diesel, caracteriza-se em uma
alternativa que visa não somente benefícios econômicos, mas também benefícios ambientais.
Entretanto, é preciso uma visão sistêmica por parte das empresas, para verificar se este tipo de
geração se apresenta economicamente viável e procurar alternativas aos combustíveis fosseis.
O biodiesel gerado a partir de óleos alimentares usados, destinados a serem utilizados no lugar
do diesel convencional nos geradores, constitui-se em um ótimo exemplo desta gestão
ambiental ampla que deve vigorar.
Constatou-se a partir dos resultados obtidos neste trabalho, que a geração de energia
através de geradores diesel, utilizando o biodiesel obtido através do óleo de fritura usado,
pode vir a ser uma alternativa viável tanto economicamente, quanto ambientalmente. O óleo
de fritura é um resíduo que pode ser facilmente obtido, conforme (Costa Neto et al., 2000),
estima-se que somente nos restaurantes industriais da cidade e região metropolitana de
Curitiba, são mensalmente geradas cerca de 100 toneladas de óleos de fritura, cujos destinos

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

264
incluem muitas vezes a rede de esgoto, rios e riachos e que acabam causando prejuízos tanto
econômicos quanto ambientais.
Considera-se que 2/3 do preço final da produção do biodiesel seja devido ao custo da
matéria prima, desta forma o biodiesel fabricado a partir de óleos de fritura usados, pode vir a
ser um combustível de baixo custo e com inúmeros ganhos ambientais. No entanto, é
fundamental continuar a investigação nesse campo de tecnologia para que métodos eficazes
de produção de combustível limpo sejam cada vez mais difundidos.
O enorme volume de resíduos produzido nos centros urbanos é insustentável, e urge
reduzir e encontrar soluções criativas para tal volume de resíduos. Agravando este fato, no
Brasil boa parte do que é gerado não é coletado e do que é coletado a maior parte é disposta
de forma inadequada.
Finalmente, é importante ressaltar que um programa de substituição parcial de óleo
diesel por biodiesel de óleo de fritura dependeria da criação de um eficiente sistema de coleta
de óleos usados, o que ainda encontra-se distante de nossa realidade.
O meio ambiente pode andar de mãos dadas com a economia, para isso basta que
passemos a conhecer e entender os impactos ambientais, evoluindo gradativamente a
qualidade dos produtos e criando assim novas oportunidades para as empresas, a estratégia de
respeito ao meio ambiente pode também significar vantagem concorrencial.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Resolução nº 245. Brasil,
1999. Versa sobre a Conta de Consumo de Combustíveis.

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Performance of Proton Exchange Membrane Fuel Cells Using an Electrochemical
Model. IEEE IECON’01, p.141–146, 2001.

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671, dez. 1992.

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biocombustível alternativo ao óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja
usado em frituras. Química Nova, 23(4), p. 531- 537, 2000.

FELIZARDO, P.M. Produção de Biodiesel a Partir de Óleos Usados de Fritura. Relatório


de estágio. Lisboa: IST, 2003.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

265
FERRAZ, J.C.; KUPFER, D. & HAGUENAUER, L. Made in Brazil: desafios competitivos
para a indústria. Rio de Janeiro: Campus, 1995.

FREEDMAN, B.; BUTTERFIED, R. O.; PRYDE, E. H. J. Am. Oil Chem. Soc. 63, 1375.
[s.l], 1986.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

LAFORGIA, D.; ARDITO V.; INSTITO DI MAMACCHINE ED ENERGÉTICA,


POLYTECHINE OF BARI, ITALY. Biodiesel fueled IDI Engines: Peformances,
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LEITE, M. A. Impacto Ambiental das Usinas Hidrelétricas. II Semana do Meio Ambiente.


UNESP. Ilha Solteira, junho 2005.

MITTELBACH, M.; TRITTHART, P. J. Am. Oil Chem. Soc., 65, 1185, [s,l], 1988.

OLIVEIRA, L. B. Aproveitamento energético de resíduos sólidos urbanos e abatimento


de gases do efeito estufa. Dissertação (de mestrado). Programa de Planejamento Energético.
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PETERSON, C.L. & REECE, D.L. Emissions tests with an on-road vehicle fueled with
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de Informação de Resíduos. Estratégia para gestão de óleos alimentares usados. Portugal,
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SALAMON, D. V. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

266
INTRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MAMONEIRA NA
BACIA DO RIO JEQUITINHONHA

Nívio Poubel Gonçalves, EPAMIG/CTNM, niviopg@epamig.br


Dilermando Dourado Pacheco, EPAMIG/CTNM, dd-pacheco@epamig.br
Heloisa Mattana Saturnino, EPAMIG/CTNM, heloisams@epamig.br
Dalton Lúcio Silveira, EPAMIG/CTNM, dalton@epamig.br
Henrique Queiroz Borges, EMATER, hqborges@ibest.com.br
Dalton Afonso Santos, EPAMIG/CTNM, feac@epamig.br
Leandro Andrade Fernandes, UNIMONTES, leandro jba@yahoo.com.br
Pollyanna Santiago Lopes, UNIMONTES, polliannasantiago@yahoo.com.br
Cristiane Ramos Coutinho, UNIMONTES, cris.ramos@yahoo.com.br
Paula Caroline Silva Moura, UNIMONTES, paulacarol4@yahho.com.br
Gleice Viviane Nunes Pereira, UNIMONTES, gleicenunes@yahoo.com.br

RESUMO: O cultivo da mamona foi estimulado no Norte e Vale do Jequitinhonha em


Minas Gerais, na safra agrícola 1999/2000, os produtores semearam as cultivares IAC 80, de
frutos semideiscentes, e IAC 226, de frutos indeiscentes, em razão destas terem sido avaliadas
em campos de demonstração, entretanto, sem nenhum rigor científico. A existência de outras
cultivares em instituições de pesquisa do país e do exterior indica a necessidade da realização,
nestas áreas do estado de Minas, de ensaios comparativos. No ano agrícola 2005/06
avaliaram-se as variedades IAC 80, Nordestina, IAC 226, Mirante, Al Guarany 2002, Branca
e Lavras 1, e os híbridos Savana, Savana especial, Íris, Cerradão , Lyra, PL 01, PL 02 e Pl 03.
Cinco materiais obtiveram produtividade superior a 1.500 kg/ha-1 de mamona em baga (com
casca). A precipitação pluviométrica, ocorrida durante o período de condução do ensaio, em
quantidade (355 mm) e distribuição (janeiro = 9,5 e fevereiro= 66 mm), foi bastante
desfavorável para a consecução de boas produtividades. Entretanto, ensaios desta natureza
necessitam ser repetidos por um período mínimo de três safras consecutivas, para que haja
segurança na indicação de novas variedades ou híbridos a serem plantados pelos agricultores.
A variedade Nordestina, como verificado em outros testes, foi a mais produtiva em condições
de déficit hídrico ao lado dos híbridos e da variedade Al Guarany 2002, que, talvez, por serem
mais precoces, aproveitaram melhor a pouca chuva ocorrida durante a condução do ensaio.

Palavras-Chave: Mamona, cultivares, produtividade, Vale do Jequitinhonha.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

267
1 INTRODUÇÃO
O preço pago pela mamona, proporcionando boa margem de lucro ao agricultor, aliado
à garantia de comercialização pelas unidades fabris implantadas em Montes Claros,
Itacarambi e São Francisco, estimulou uma grande expansão do programa de cultura da
mamoneira, que de inexistente no ano agrícola 1997/98, atingiu uma área plantada, superior a
20.000 ha, na safra 1999/2000, com uma produção prevista de 25.000 t e a geração de um
milhão de serviços em oito meses.
A explosão da área plantada foi acompanhada de dificuldades inerentes à retomada da
atividade tais como: inexistência de um programa de geração e/ou adaptação de tecnologia;
ausência de um programa de produção de sementes no Estado e desorganização dos diferentes
elos da cadeia produtiva da mamona e outras dificuldades menores.
Na safra 1999/2000, os produtores plantaram sementes das cultivares IAC 80 (frutos
deiscentes) e IAC 226 (frutos indeiscentes), avaliadas, preliminarmente, em campos de
demonstração sem nenhum rigor científico. Porém, em instituições de pesquisa agropecuária,
do país e do exterior, encontram-se disponíveis outras linhagens e cultivares de mamona,
fazendo-se necessário, a realização de ensaios comparativos entre estes materiais e as
cultivares usadas na região Semi-Árida de Minas Gerais. Assim, pretende-se introduzir de
oito a dez cultivares e avaliá-las quanto à sua adaptabilidade às condições locais e às
exigências da indústria de óleo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi implantado em 10/12/2005, na EPAMIG - Fazenda Experimental de
Acauã, no município de Leme do Prado, semi-árido mineiro. Usou-se o delineamento
experimental de blocos ao acaso, com 15 tratamentos em quatro repetições. No ano agrícola
2005/06, avaliaram-se as variedades IAC 80, Nordestina, IAC 226, Mirante, Al Guarany
2002, Branca e Lavras 1, e os híbridos Savana, Savana especial, Íris, Cerradão , Lyra, PL 01,
PL 02 e Pl 03.
A parcela experimental era composta por uma área de 12,0 mm de largura e 6,0 m de
comprimento, totalizando 72,0 m2. As variedades de porte alto foram plantadas no
espaçamento de 3,0 m entre fileiras e 1,0 m entre plantas, enquanto, os híbridos e a variedade
Al Guarany 2002, no espaçamento de 1,0 m entre fileiras e 0,5 m entre plantas.
Consideraram-se área útil, os 24,0 m2 centrais da parcela. Analisaram-se as seguintes
características: florescimento primário, peso de 100 sementes e produtividade. Os dados
obtidos foram submetidos à análise de variância e ao teste de média.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

268
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelos resultados apresentados no Quadro 1 não houve diferença significativa entre o
híbridos PL 01,PL 02, Lyra, Savana especial, PL 03, Íris, Savana e as variedades Nordestina e
Al Guarany (Quadro 1). Dos materiais testados, oito apresentaram produtividade superior a
1.500 kg /ha-1, e dentre eles, seis foram os híbridos que floresceram mais cedo, mostrando-se
mais precoces. A precipitação pluviométrica (Tabela 1) ocorrida durante o período de
condução do ensaio, em quantidade e distribuição, foi bastante desfavorável para a
consecução de boas produtividades.

Quadro 1 - Produtividades médias e dias até o florescimento de variedades e híbridos de


mamoneira, EPAMIG-FEAC, Leme do Prado, MG, safra 2005/06.
Florescimento Peso de cem sementes Produtividade de mamona
Tratamentos primário (dias) (g) com casca (kg/ha-1)
PL 02 38,00 e 45,625 bcde 2208,35 a
Nordestina 56,75 b 83,000 a 2081,27 ab
PL 01 38,00 e 48,500 b 1791,68 abc
Al Guarany 39,75 de 46,250 bcde 1750,01 abc
Lyra 36,50 e 47,125 bcd 1638,90 abc
Savana Especial 38,25 e 45,500 bcde 1.583,35 abcd
PL 03 34,75 e 48,125 bc 1541,68 abcde
Íris 38,00 e 49,875 b 1527,79 abcde
Savana 43,50 cd 49,875 b 1250,01 abcdef
Branca 36,75 e 46,250 bcde 1079,87 cdef
Cerradão 37,25 e 44,000 bcde 986,12 cdef
Lavras 1 62,25 a 35,500 cde 956,26 cdef
IAC 80 48,25 c 33,125 e 692,37 def
Mirante 37,00 e 38,750 bcde 631,26 ef
IAC 226 46,50 c 33,625 de 611,12 f
C.V. 4,89 12,46 28,99
Médias seguidas pela mesma letra não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste de Tukey ao nível
de 5.%

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

269
TABELA 1 – Precipitação pluviométrica mensal na EPAMIG – FEAC, município de Leme
do Prado, MG, safra 2005/2006
Local Precipitação pluviométrica mensal (mm) 2005/06 Total
Dez Jan. Fev. Mar. Abr.
Acauã 196,00 9,50 66,60 0,00 63,00 335,10

Caracterização química da amostra de solo da área experimental, retirada antes da


implantação da pesquisa, encontra-se no Quadro 2. Pelo resultado analítico, o solo
apresentava necessidades de correções para o pleno desenvolvimento da mamoneira, com pH
abaixo de 6,0 e eliminação de Al3+, a presença de Ca e Mg em quantidades adequadas, e
disponibilidade alta de K e P. Também mereceu destaque o valor alto de matéria orgânica.

Quadro 2 - Caracterização química do solo coletado, antes do plantio, na camada de 0 a 20


cm de profundidade. Fonte: EPAMIG-CTNM, 2005.
..............................................Composição Química..................................................
pH MO P K Ca Mg Al H+Al B Cu Fe Mn Zn
dag/kg mg/dm3 ..........cmolc/dm3............ .............mg/dm3................
5,5 4,8 62,9 46 4,5 1,9 0,1 4,1 0,4 0,2 32,8 12,3 2,8

4 CONCLUSÃO
Variedade Nordestina, como verificado em outros testes, foi a mais produtiva em
condições de déficit hídrico ao lado dos híbridos e da variedade Al Guarany 2002, que talvez,
por serem mais precoces, aproveitou melhor a pouca chuva que ocorreu durante a condução
do ensaio.

5 AGRADECIMENTOS
Projeto financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, E.C.; LIMA, E.F.; ANDRADE, F.P. Melhoramento genético. In: AZEVEDO,
D.M.P. de.; LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa
Informação Tecnológica/Campina Grande: Embrapa Algodão, 2001. cap.8, p.77-88.

GONÇALVES, N.P.; PACHECO, D.D.; SATURNINO, H.M.; NÓBREGA, M.B.M.


Introdução e avaliação de cultivares de mamoneira no Norte de Minas Gerais. In:
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

270
CONGRESSO DA MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Resumos expandidos... I
Congresso da mamona: energia e sustentabilidade. Campina Grande: Embrapa Algodão,
2004. 4p. CD-ROM.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

271
ARRANJO DE FILEIRAS DE MAMONEIRA CONSORCIADA COM
ALGODÃO, FEIJÃO-CAUPI, SORGO, GERGELIM, AMENDOIM E MILHO

Nívio Poubel Gonçalves, EPAMIG/CTNM, niviopg@epamig.br


Heloisa Mattana Saturnino, EPAMIG/CTNM, heloisams@epamig.br
Dilermando Dourado Pacheco, EPAMIG/CTNM, dd-pacheco@epamig.br
Henrique Queiroz Borges, EMATER, hqborges@ibest.com.br
Dalton Afonso Santos, EPAMIG/CTNM, feac@epamig.br
Dalton Lúcio Siqueira, EPAMIG/CTNM, dalton@epamig.br
Gleice Viviane Nunes Pereira, UNIMONTES, gleicenunes@yahoo.com.br
Leandro Andrade Fernandes, UNIMONTES, leandro jba@yahoo.com.br
Pollyanna Santiago Lopes, UNIMONTES, polliannasantiago@yahoo.com.br
Cristiane Ramos Coutinho, UNIMONTES, cris.ramos@yahoo.com.br

RESUMO: Na região Semi-Árida de Minas Gerais, cerca de 90% do cultivo de mamoneira


é conduzido por pequenos produtores rurais, os quais, por possuírem pouca terra e/ou
disporem de pouca mão-de-obra familiar, plantam essa oleaginosa em associação com outra
cultura. Alguns insucessos da safra 1999/2000 podem ser atribuídos ao arranjo (sistema de
consórcio) utilizado pelos agricultores, resultando em redução na produtividade da mamona,
dificuldade de colheita, etc. Com objetivo de se investigar os efeitos de modalidades de
arranjo das fileiras, no consórcio de mamona com diversas culturas, implantou-se o presente
trabalho nas condições do semi-árido Mineiro. Avaliaram-se os arranjos da cultura da
mamona com algodão, feijão-caupi, sorgo, gergelim, amendoim e milho. De acordo com os
resultados, a produtividade da mamona foi afetada pelos arranjos onde se fez o consórcio com
algodão, milho, sorgo e feijão. O arranjo onde se usou o amendoim em associação com a
mamona foi o que proporcionou maior receita bruta por unidade de área, seguido da
associação da mamona com o gergelim, os demais tratamentos foram iguais estatisticamente
entre si.

Palavras-Chave: Mamona, associação de culturas, Norte de Minas Gerais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

272
1 INTRODUÇÃO
A região Semi-Árida de Minas Gerais, cerca de 90% das culturas de mamoneira vêm
sendo conduzidas por pequenos produtores rurais, os quais, por possuírem pouca terra e/ou
disporem de pouca mão-de-obra familiar, plantam essa oleaginosa em associação com outra
cultura. Alguns insucessos da safra 1999/2000 podem ser atribuídos ao arranjo (sistema de
consórcio) utilizado pelos agricultores, resultando em redução na produtividade da mamona,
dificuldade de colheita, etc. Faz-se necessária a determinação dos melhores arranjos de
fileiras no cultivo de mamoneira em associação com outra cultura.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi implantado na EPAMIG - Fazenda Experimental de Acauã, no município
de Leme do Prado, semi-árido mineiro, em uma área de mamona ‘soca’ plantada na safra
anterior e podada a 40 cm do solo no início do período chuvoso em novembro de 2005 . O
delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com 11 tratamentos em 5 repetições. As
parcelas foram constituídas de três fileiras duplas de mamona espaçadas de 4,0 m, com
espaçamento de 1,2 m dentro das fileiras duplas, e 1,0 m entre as plantas. As culturas
intercalares foram plantadas distantes 1,0 m de cada fileira, 20 dias após a brotação da
mamona. Os arranjos testados:
Mamona solteira
Mamona + três fileiras de algodão
Mamona + cinco fileiras de amendoim
Mamona + cinco fileiras de feijão-caupi
Mamona + três fileiras de gergelim
Mamona + três fileiras de milho
Mamona + três fileiras de sorgo

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 1 pode-se observar a produtividade e receita com as diferentes associações
de culturas. Os arranjos que proporcionaram rendimentos maiores que o plantio da mamona
solteira foi, pela ordem, mamona com amendoim, mamona com gergelim e mamona com
feijão-caupi. O déficit hídrico, devido ao veranico ocorrido em janeiro e fevereiro, não afetou
a produção da mamona em razão do sistema radicular já estar formado, e, portanto explorando
um volume maior de solo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

273
As mamoneiras consorciadas com amendoim e gergelim foram mais produtivas que
aquelas provenientes de monocultivo. Isto demonstra ação benéfica do consórcio,
possivelmente justificada pelo aumento na disponibilidade de nutriente, principalmente de
nitrogênio, para a mamoneira desenvolvida nesse sistema de associação com as duas espécies
vegetais mencionadas.

Tabela 1 – Precipitação pluviométrica mensal na Fazenda Experimental de Acauã – Leme do


Prado – MG- 2005/06.
Precipitação pluviométrica mensal (mm) Total
Dez/05 Jan/06 Fev./06 Mar/06 Abr./06 (mm)
196,00 9,50 66,60 0,0 63,00 335,10

Quadro 1 – Produtividade em kg.ha-1 e receita bruta (R$1,00), médias dos diferentes


consórcios de culturas. EPAMIG - FEAC, Leme do Prado, 2005/06.
Tratamentos Produtividades (kg ha -1) Receita bruta
Mamona Cultura consorciada R$ 1,001
Mamona com amendoim 2791,83 1172,50 2437,22 a
Mamona com gergelim 2669,23 645,63 1964,64 b
Mamona com feijão-caupi 2271,63 437,88 1603,81 c
Mamona solteira 2451,44 1470,87 c
Mamona com algodão 1855,29 331,50 1444,66 c
Mamona com sorgo 2240,38 189,06 1387,71 c
Mamona com milho 2205,77 110,00 1348,76 c
C.V. (%) 19,80
1Preços: mamona (R$0,60/kg), algodão (R$1,00/kg), amendoim (R$0,65/kg), feijão-caupi
(R$0,55/kg), milho (R$0,23/kg) e sorgo (R$0,23/kg), gergelim (R$ 0,56/kg)
Médias seguidas pela mesma letra não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste de Scott-Knot ao
nível de 5.%

4 CONCLUSÃO
A produtividade da mamona foi afetada pelos arranjos onde se fez o consórcio com
algodão, milho, sorgo e feijão. O arranjo onde se usou o amendoim em associação com a
mamona foi o que proporcionou maior receita bruta por unidade de área, seguido da

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

274
associação da mamona com o gergelim, os demais tratamentos foram iguais estatisticamente
entre si.

5 AGRADECIMENTOS
Projeto financiado pelo MDA-Ministério do Desenvolvimento Agrário.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, E.C.; LIMA, E.F.; ANDRADE, F.P. Melhoramento genético. In: AZEVEDO,
D.M.P. de.; LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa
Informação Tecnológica/Campina Grande: Embrapa Algodão, 2001. cap.8, p.77-88.

GONÇALVES, N.P.; PACHECO, D.D.; SATURNINO, H.M.; NÓBREGA, M.B.M.


Introdução e avaliação de cultivares de mamoneira no Norte de Minas Gerais. In:
CONGRESSO DA MAMONA,1., 2004, Campina Grande. Resumos expandidos... I
Congresso da mamona: energia e sustentabilidade. Campina Grande: Embrapa Algodão,
2004. 4p. CD-ROM.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

275
IMPLANTAÇÃO DE UNIDADES DE VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIAS
PARA A CULTURA DA MAMONA NO NORTE DE MINAS GERAIS

Nívio Poubel Gonçalves, EPAMIG/CTNM, niviopg@epamig.br


Dilermando Dourado Pacheco, EPAMIG/CTNM, dd-pacheco@epamig.br
Heloisa Mattana Saturnino, EPAMIG/CTNM, heloisams@epamig.br
Dalton Lúcio Silveira, EPAMIG/CTNM, dalton@epamig.br
Renato Soares de Farias, EPAMIG/CTNM, tecnicosfegr@epamig.br
Marco Aurélio Caldeira Torres, EPAMIG/CTNM, caldeiratorres@hotmail.com
Leandro Andrade Fernandes, UNIMONTES, leandro_jba@yahoo.com.br
Pollyanna Santiago Lopes, UNIMONTES, polliannasantiago@yahoo.com.br
Gleice Viviane Nunes Perreira, UNIMONTES, gleicenunes@yahoo.com.br
Alexandre Reis Machado, UNIMONTES, xande_janauba@yahoo.com.br

RESUMO: A pesquisa agropecuária busca avaliar nas condições das unidades produtoras as
tecnologias geradas e/ou adaptadas nas estações experimentais. Ajustar os pacotes
tecnológicos às realidades existentes no campo e com a participação efetiva dos agricultores,
usuários diretos da tecnologia tem-se constituído numa das maneiras eficazes de difundir os
resultados da pesquisa. Ajustar as tecnologias disponibilizadas para a cultura da mamoneira às
condições das pequenas propriedades rurais é o objetivo deste trabalho. O trabalho foi
implantado em unidades produtoras, nos municípios de Bonito de Minas, Capitão Enéas,
Januária, único implantado em local público, Matias Cardoso e Porteirinha, no semi-árido
mineiro. Fizeram-se o plantio de duas variedades de mamona (IAC 226 e Nordestina) com e
sem adubo. Os resultados de pesquisas disponibilizados nestas unidades de validação de
tecnologia, mesmo em condições de baixa precipitação pluviométrica, foram satisfatórios.
Quando os solos utilizados possuíam uma maior fertilidade natural, e, possivelmente maior
capacidade de reter água de chuva, os resultados foram melhores.

Palavras-Chave: Mamona, tecnologia, Norte de Minas Gerais, produção, variedades.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

276
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa agropecuária tem buscado avaliar nas condições das unidades produtoras as
tecnologias geradas e/ou adaptadas nas estações experimentais. Ajustar os pacotes
tecnológicos às realidades existentes no campo e com a participação efetiva dos agricultores,
usuários diretos da tecnologia, tem-se constituído numa das maneiras eficazes de difundir os
resultados da pesquisa. Ajustar as tecnologias disponibilizadas para a cultura da mamoneira às
condições das pequenas propriedades rurais é o objetivo deste trabalho.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi implantado em unidades produtoras, nos municípios de Bonito de Minas,
Capitão Enéas, Januária (único implantado em local público, em uma área do CEFET) Matias
Cardoso e Porteirinha, no semi-árido mineiro, fizeram-se o plantio de duas variedades de
mamona (IAC 226 e Nordestina) com e sem adubo. O tamanho de cada parcela de mamona
foi de 25% da área, com um máximo de 2500 m2.
Os espaçamentos utilizados foram para a mamona fileira dupla: quatro metros entre
fileiras duplas, 1,20 metros entre fileira de mamona e 1,0 m entre covas. Deixou-se no plantio
duas sementes por cova. Desbastou-se para uma planta por cova quando o solo estava úmido e
as plântulas atingiram 10 a 15 cm de altura.
O espaçamento utilizado, para feijão-caupi foi de 0,50 m entre fileiras, com uma
densidade de 12 a 14 sementes por metro linear. Foram plantadas cinco fileiras de feijão no
centro da fileira dupla de mamona. O plantio do feijão-caupi foi feito 20 dias após a
germinação da mamona.

Croqui da Unidade de Validação de Tecnologia da Cultura da Mamona.

IAC 226 + feijão Nordestina + feijão


C/ adubo + calcário C/ adubo + calcário
Área de mais ou menos 2500 m2 Área de mais ou menos 2500 m2

IAC 226 + feijão Nordestina


Sem adubo + calcário Sem adubo + calcário
Área de mais ou menos 2500 m2 Área de mais ou menos 2500 m2

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

277
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 1 observa-se que a produção da mamona foi baixa, severamente afetada pela
baixa precipitação pluviométrica ocorrida durante o ciclo da cultura (Tabela 1). Nos locais
onde os solos aparentemente possuíam maior capacidade de retenção de umidade, a adubação
favoreceu aumento na produção da mamona (Tabela 2).
Existiu uma pequena variação entre as produções de sistema de cultivo com e sem
adubação na localidade de Porteirinha (Quadro 1). Isto se explica possivelmente pela menor
capacidade do solo dessa localidade de armazenar água e disponibilizar os nutrientes
essenciais ao desenvolvimento da planta.
Observando-se o Quadro 2, o solo de Bonito de Minas foi aquele que ofereceu pior
condição para o desenvolvimento da mamoneira, dada às baixíssimas concentrações de
nutrientes. Por ser um Neossolo Quartzarênico, além da pouca reserva nutricional, o solo
desse local também possui o inconveniente de pouca capacidade de retenção da água da
chuva, o que potencializa a ação nociva de veranicos sobre a cultura.
Em Januária, o solo foi mais fértil, havendo com isto uma pequena diferença entre as
produções de mamona nas parcelas com e sem adubação (Quadro 1 e 2). Nesta localidade,
dada à limitação na disponibilidade de água no solo, a adubação não proporcionou acréscimo
de produções que fossem economicamente viáveis.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

278
Quadro 1 – Produtividades de mamona e feijão-caupi em kg ha-1 de mamona em baga no
experimento de unidades de validação de tecnologia para a cultura da mamona- 2005/06 –
Nova Porteirinha.
Tratamentos Produção em kg.ha-1 de mamona em baga
Bonito de Capitão Porteirinha Matias Januária Média
Minas Enéas Cardoso
IAC226 com adubo 700,00 1924,00 986,00 1703,06 1606,73 1383,96
Feijão 312,00
IAC 226 sem adubo 150,00 476,00 821,25 524,00 900,58 574,37
Feijão 292,00
Diferença entre sistemas
(%) 366,67 304,20 20,06 225,01 78,41 140,95
Diferença entre sistemas
(kg ha-1) 550 1448,00 164,75 1179,06 706,14 809,59
Nordestina com adubo 900,00 2228,57 860,75 1198,41 2364,04 1510,35
Feijão 328,00
Nordestina sem adubo 150,00 640,82 761,50 372,00 2292,40 843,34
Feijão 300,00
Diferença entre sistemas
(%) 500,00 247,77 13,03 222,15 3,13 79,09
Diferença entre sistemas
(kg ha-1) 750,00 1587,76 99,25 826,41 71,64 667,01

Tabela 1 – Características químicas e físicas dos solos nas localidades de Bonito de Minas
(A), Capitão Enéas (B), Porteirinha (C), Matias Cardoso (D) e Januária (E). 2005/06
..........................................Composição Química..............................................
pH MO P K Ca Mg Al H+ B Cu Fe Mn Zn
Al
dag/kg ...mg/dm3. ..........cmolc/dm3.......... ................mg/dm3...............
A 5,5 - 0,6 7 0,2 0,1 0,3 1,0 - 1,0 3,3 0,9 1,1
B 6,2 2,8 1,7 273 6,7 1,4 0,0 2,3 0,7 0,8 11,9 84,9 2,4
C 5,9 0,9 3,6 128 2,7 0,5 0,2 2,1 0,3 1,1 9,3 14,2 0,8
D 6,2 2,1 6,0 89 3,4 0,7 0,0 1,2 0,7 0,5 60,8 11,3 1,9
C 5,6 0,5 28,9 21 1,5 0,2 0,0 1,1 0,4 0,9 11,7 21,4 2,3

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

279
Tabela 2 – Adubação efetuada nas unidades de validação de tecnologia da cultura da mamona
– Nova Porteirinha – 2005/06.
Local Plantio Cobertura
Bonito de Minas Calcário; 2 ton. ha-1 Não efetuada devido à falta
150 kg ha-1 do adubo de umidade no solo
formulado 4-30-16
KCL 30 kg ha-1
FTE BR 12 20 kg ha-1
Capitão Enéas 200 kg há-1 de MAP Não efetuada devido à falta
de umidade no solo

Porteirinha Calcário dolomítico 400 kg 160 kg ha-1 sulfato de


ha-1 amônio
300 kg ha-1 do adubo
formulado 4-30-16
Matias Cardoso 300 kg ha-1 do adubo Não efetuada devido à falta
formulado 4-30-16 de umidade no solo

Januária 170 kg ha-1 do adubo Não efetuada devido à falta


formulado 4-30-16 de umidade no solo

Tabela 3 – Precipitação pluviométrica mensal dos municípios onde foram implantadas ações
de pesquisa com oleaginosas. 2005/06
Municípios Precipitação pluviométrica mensal (mm) 2005/06 TOTAL
Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril
Matias Cardoso 65,00 0,00 140,90 100,00 36,40 342,30
Porteirinha 132,80 7,90 87,30 180,00 47,00 455,00
Januária 235,90 2,80 41,00 355,60 85,40 720,70
Capitão Enéas 206,90 3,20 77,20 248,00 80,38 615,68
Bonito de Minas 265,20 31,60 86,40 217,80 87,00 688,00
Média mensal (mm) 181,16 9,10 86,56 220,28 67,24 564,34

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

280
4 CONCLUSÕES
Os resultados de pesquisas disponibilizados nestas unidades de validação de tecnologia,
mesmo em condições de baixa precipitação pluviométrica, foram satisfatórios. Quando os
solos utilizados possuíam uma maior fertilidade natural, e, possivelmente o solo tinha uma
maior capacidade de reter água de chuva, os resultados foram melhores.

5 AGRADECIMENTO
Projeto financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, E.C.; LIMA, E.F.; ANDRADE, F.P. Melhoramento genético. In: AZEVEDO,
D.M.P. de.; LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa
Informação Tecnológica/Campina Grande: Embrapa Algodão, 2001. cap.8, p.77-88.

GONÇALVES, N.P.; PACHECO, D.D.; SATURNINO, H.M.; NÓBREGA, M.B.M.


Introdução e avaliação de cultivares de mamoneira no Norte de Minas Gerais. In:
CONGRESSO DA MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Resumos expandidos... I
Congresso da mamona: energia e sustentabilidade. Campina Grande: Embrapa Algodão,
2004. 4p. CD-ROM.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

281
PRODUÇÃO DO BIODIESEL A PARTIR DA REAÇÃO DE
TRANSESTERIFICAÇÃO DA GORDURA DE COCO UTILIZANDO-SE
METANOL

Andreia de Araújo Morandim, FEI, preamorandim@fei.edu.br


Sheila Nubie Vieira, FEI, shenubie@gmail.com
Vanessa Yamashita, FEI, vanessa_yama@yahoo.com.br
Ricardo Belchior Torres, FEI, belchior@fei.edu.br

RESUMO: Atualmente, devido a grande demanda de energia consumida novas fontes


energéticas começam a ser exploradas e, nesse contexto, a utilização de biodiesel torna-se
uma alternativa interessante. O mesmo pode ser produzido a partir de qualquer óleo vegetal
novo ou usado e até com resíduos ou borras de empresas moageiras através da reação de
transesterificação. Assim, o presente trabalho mostra a viabilidade de produção do biodiesel
através da reação de transesterificação gordura de coco utilizando-se a rota metílica e etóxido
de sódio como catalisador bem como um estudo visando determinar a melhor temperatura de
reação e relação molar óleo: álcool. Para isso, foram realizados experimentos a 40, 50 e 60ºC
e relações molares de 1:6 e 1:8. Todos os produtos obtidos, biodiesel, foram caracterizados
através de medidas de densidade, viscosidade cinemática, pressão de vapor, ponto de fulgor,
corrosão ao cobre, porcentagem de glicerina livre, iodometria e cromatografia gasosa. Pelas
análises de iodometria e via cromatografia gasosa, foi possível verificar a melhor condição
reacional foi a realizada a 50ºC utilizando-se uma relação molar de 1:6 (86,68% e 94,50% de
conversão, respectivamente). Já, analisando-se o padrão de qualidade dos produtos obtidos,
foi possível verificar que todos os valores referentes as análises físico-químicas encontram-se
dentro dos padrões estabelecidos mostrando a viabilidade da utilização da gordura de coco
para a produção de biodiesel. Com relação à análise da composição do biodiesel, a mesma foi
feita através de cromatografia gasosa utilizando-se padrões previamente obtidos e o mesmo
mostrou uma maior porcentagem de éster láurico (de 46-48%) o que confirma os dados
obtidos pela literatura.

Palavras-Chave: Biodiesel, rota metílica e gordura de coco.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

282
1 INTRODUÇÃO
O biodiesel é um combustível renovável e biodegradável constituído de uma mistura de
ésteres metílicos ou etílico de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de
qualquer triglicerídeo com um álcool de cadeia curta na presença de um catalisador (Parente,
2003). O mesmo pode ser produzido a partir de qualquer óleo vegetal novo ou usado e até
com resíduos ou borras de empresas moageiras (Figura 1). Por isso é um combustível
renovável, conhecido como petróleo verde.

Figura 1: Esquema ilustrativo da reação de transesterificação para a produção de biodiesel

Isso é possível uma vez que os óleos vegetais são produtos naturais constituídos por
uma mistura de ésteres derivados do glicerol (triacilgliceróis ou triglicerídios), cujos ácidos
graxos contêm cadeias de 8 a 24 átomos de carbono com diferentes graus de insaturação.
Conforme a espécie de oleaginosa, variações na composição química do óleo vegetal são
expressas por variações na relação molar entre diferentes ácidos graxos presentes na estrutura.
Portanto, a análise da composição de ácidos graxos constitui o primeiro procedimento para a
avaliação preliminar da qualidade do óleo bruto e/ou de seus produtos de transformação
(Costa Neto et al., 2000).
Quanto à avaliação da qualidade carburante de óleos vegetais, a mesma é realizada
através da determinação analítica de seu poder calorífico, índice de cetano, curva de
destilação, viscosidade e ponto de névoa. Destes parâmetros, o poder calorífico do
biocombustível depende da potência máxima a ser atingida pelo motor em operação, enquanto
o índice de cetano define o poder de autoinflamação e combustão do óleo. Essas propriedades
condicionam o desempenho global do motor, refletindo na partida a frio, ruído e gradiente de
pressão que, quando comparadas ao do óleo diesel, apresentam menor calor de combustão e
índice de cetano similar (Costa Neto et al., 2000). Já a viscosidade, que é a medida da
resistência interna ao escoamento de um líquido, tem considerável influência no mecanismo
de atomização do jato de combustível, ou seja, no funcionamento do sistema de injeção. Esta
propriedade também se reflete no processo de combustão, cuja eficiência dependerá da
potência máxima desenvolvida pelo motor. Em relação ao diesel convencional, os óleos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

283
vegetais apresentam valores de viscosidade bastante elevados, podendo excedê-los em até 100
vezes, como no caso do óleo de mamona (Costa Neto , 2000)
Com relação ao ponto de névoa, o mesmo é a temperatura na qual o líquido, por
refrigeração, começa a ficar turvo, e o ponto de fluidez é a temperatura na qual o líquido não
mais escoa livremente. Tanto o ponto de fluidez como o de névoa varia com a fonte de
matéria prima, bem como o álcool empregado na reação de transesterificação. Essas
propriedades são consideradas importantes no que diz respeito às condições nas quais o
combustível deve ser armazenado e utilizado (Parente, 2003), influenciando negativamente o
sistema de alimentação do motor, bem como o filtro de combustível, sobretudo quando o
motor é acionado sob condições de baixas temperaturas. Estas são, portanto, propriedades que
desfavorecem o uso de óleos vegetais in natura em motores do ciclo diesel, particularmente
em regiões de clima temperado, pois todos os óleos vegetais até hoje investigados apresentam
ponto de névoa superior ao do óleo diesel convencional (Costa Neto, 2000).
Analisando essas características, os óleos combustíveis derivados do petróleo são
estáveis á temperatura de destilação, mesmo na presença de excesso de oxigênio.
Contrariamente aos óleos vegetais que contêm triacilgliceróis de estrutura predominantemente
insaturada, reações de oxidação podem ser observadas até à temperatura ambiente e o
aquecimento a temperaturas próximas a 250°C ocasiona reações complementares de
decomposição térmica, cujos resultados podem inclusive levar á formação de compostos
poliméricos mediante reações de condensação. A presença de compostos poliméricos aumenta
a temperatura de destilação e o nível de fumaça do motor, diminui a viscosidade do óleo
lubrificante e acarreta diminuição da potência pela queima incompleta de produtos
secundários.
Assim, visando reduzir a viscosidade dos óleos vegetais, diferentes alternativas têm
sido consideradas, tais como: microemulsão com metanol e etanol, craqueamento catalítico e
reação de transesterificação com etanol ou metanol (Figura 2).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

284
Preparo da Matéria

Matéria Prima
Metanol ou
Catalisador Óleo, gordura ou etanol
Reação de

Separação de fases

Fase leve

Desidratação do álcool

Recuperação do álcool Recuperação do álcool


da glicerina dos ésteres
Gliecerina Excesso de
álcool
Destilação da glicerina Purificação dos

Resíduo Glicerina
glicérico Biodiesel
destilada
Figura 2: Esquema do processo de produção de biodiesel (Lima, 2004).

2 MATERIAL E MÉTODOS
Pesou-se 400g de gordura de coco e em seguida essa massa foi colocada em um balão
de três bocas de 1000 ml. Em um becker pesou-se uma massa de etóxido de sódio que foi
diluída em metanol P.A. com a relação molar óleo/álcool de 1:6 e de 1:8. Essas misturas
foram colocadas em refluxo sob agitação de um selo mecânico com rotação aproximada de
360 rpm, as temperaturas estudadas (40°C, 50°C e 60°C), por aproximadamente 60 min.
Após o refluxo, retirou-se a mistura reacional, a qual foi neutralizada
estequiometricamente, em relação ao catalisador (etóxido de sódio), com ácido sulfúrico
concentrado. Após esse procedimento, o produto obtido foi colocado em um funil de
separação de 1000ml. Após três dias em repouso, ocorreu a separação das fases com a
obtenção do biodiesel na fase superior e da glicerina bruta na fase inferior (Figura 3)

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

285
Figura 3: Separação das fases onde a inferior é a glicerina e a superior é o Biodiesel.

Em um funil de separação de 500 ml, foram colocados 3 g do biodiesel e foram


adicionados em seguida 20 mL de água destilada e 0,5 mL de ácido sulfúrico (1:4). A amostra
foi homogeneizada e deixada em repouso até formação de 2 fases. A fase mais densa, foram
adicionados 50 mL de solução de periodoato de sódio 5,5g/L e a mesma foi deixada em
repouso por 10 min. Em seguida foram adicionados 4 g de bicarbonato de sódio e 1,5 g de
iodeto de potássio. A amostra foi homogeneizada e titulada com arsenito de sódio 0,1 mol/L
até a coloração ficar mais clara e em seguida foram adicionadas 3 gotas de solução de amido e
foi finalizada a titulação até mudança de coloração. A glicerina livre foi determinada por
titulação de óxido redução, sendo que a mesma é oxidada, gerando metanal (aldeído) e ácido
metanóico (um ácido carboxílico).

Reação seletiva de hidroxilas vicinais com HIO4

C – OH C–O O C=O
| | I + HIO3
O
C - OH C-O C=O

Glicerina + 2NaIO4 → 2CH2O + HCOOH + 2H2O + NaIO3


NaIO3 + 5I- + 5H+ → 3I2 + 3H2O
Durante essa etapa é gerado iodo e o mesmo é analisado via titulação com arsenito de
sódio.
Também será realizado um ensaio em branco, uma vez que a reação também ocorre em
meio ácido e, subtraindo-se os volumes.

(5)
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

286
Onde: VB é o volume gasto na titulção do branco (água), V1 é o volume gasto na
titulaçã oda amostra, T é o título em massa da sulução de arsenito de sódio (2,22) e m é a
massa de amostra pesada (biodiesel).
A densidade relativa das amostras foi determinada no densímetro descrito segundo as
normas ASTM D 1298, D-4052 ou NBR 7148. Cabe salientar que as medidas foram
realizadas a 25ªC.
A viscosidade das amostras foi determinada utilizando-se o viscosímetro SVM 3000,
Anton Paar segundo as normas ASTM Standard D 445.
A pressão de vapor foi determinada utilizando-se o aparelho HVP972, mostrado na
Figura 5. Segundo a NORMA ASTM D5191.
O ponto de fulgor foi determinado utilizando-se Pensle-marting, Petrodidática,
conforme Figura 6. Segundo a NORMA D93 [15].
A taxa de corrosão ao cobre foi determinada pelo aparelho ASTM/METHOD segundo
as normas D130/IP154 com resultado obtido segundo parâmetros de comparação da
respectiva norma.
As análises via cromatografia gasosa foram realizadas utilizando-se um Cromatógrafo
Gasoso Varian Star 3600 com detector FID e uma coluna DBWAX (Polietilenoglicol) de 0,25
mmX60 m e espessura do filme de 0,25 m. A condição de análise está descrita na Tabela 1,
sendo a pressão de H2 = 2,5 Kg/cm2, N2 = 2,0 Kg/cm2, ar = 0,35 Kg/cm2 e o range de 103 e o
volume de injeção = 0,6 L.

Tabela 1: Condições de análise utilizadas na cromatografia gasosa.


Temperatura Tempo (min)
Inicial = 40 ºC 1 min
Rampa de aquecimento = 7ºC/min 30 min
Final = 250ºC 20 min

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Visando identificar a melhor temperatura e relação molar óleo:álcool, necessários


durante a transesterificação da gordura de coco utilizando-se metanol e como catalisador
etóxido de sódio, as amostras de biodiesel foram obtidas em diferentes temperaturas (40, 50 e
60 º C) e utilizando-se relações molares diferentes (1:6 e 1:8).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

287
Através da iodometria (em triplicata) e por cromatografia gasosa foi possível determinar
qual a melhor condição operacional com relação à temperatura e relação molar, sendo essa
estabelecida como sendo 50 ºC e relação 1:6 (Tabela 1). Pode-se verificar que os resultados
foram bem semelhantes, o que confirma o resultado obtido.

Tabela1: Conversão obtida no biodiesel através da análise via iodometria e via cromatografia
gasosa

Iodometria Cromatografia gasosa


Relação molar Temperatura Temperatura
40°C 50°C 60°C 40°C 50°C 60°C
1:6 73,35 86,68 75,11 86,01 94.95 94,80
1:8 82,925 83,16 66,095 94,52 94,41 94,82

Após a determinação das melhores condições reacionais, foram caracterizados todos os


produtos obtidos por análises físico-químicas, visando verificar a qualidade dos mesmos. Para
isso, foram realizados experimentos visando determinar a glicerina livre total no biodiesel
(Tabela 2), a densidade (Tabela 3), a viscosidade (Tabela 4), o ponto de fulgor (Tabela 5), a
pressão de vapor (Tabela 6) e a taxa de corrosão ao cobre (Tabela 7).

Tabela 2: Porcentagem de glicerina presente no Biodiesel.

Temperatura
Relação Molar Especificação
40°C 50°C 60°C
1 para 6 0,058 0,055 0,0465
< 0,02
1 para 8 0,0567 0,0525 0,056

Tabela 3: Densidades do biodiesel para cada temperatura de processo, para as diferentes


relações molares, a 25 oC.

Temperatura
Relação Molar Especificação a 25°C
40°C 50°C 60°C
1:6 0,8731 0,8721 0,8715
0,875 a 0,900
1:8 0,8705 0,8691 0,8703

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

288
Tabela 4: Viscosidades do biodiesel para cada temperatura de processo, para as diferentes
relações molares, a 40o C.

Temperatura
Relação Molar Especificação a 40°C
Viscosidades 40°C 50°C 60°C
Dinâmica (mPa.s) 2,3653 2,2327 2,1297
1:6 Cinemática
3,0001 2,854 2,7385
(mm2/s) 2,5 a 5,5
Dinâmica (mPa.s) 2,5011 2,4348 2,4890 (mm2/s ou cStoke)
1:8 Cinemática
2,925 2,8510 2,9112
(mm2/s)

Tabela 5: Temperaturas de ponto de fulgor para cada temperatura estudada e para as


diferentes relações molares.

Temperatura
Relação Molar Especificação
40°C 50°C 60°C
1:6 100°C 100°C 100°C
>100°C
1:8 100°C 100°C 100°C

Tabela 6: Pressão de vapor em kPa para cada temperatura e relação molar estudadas.

Temperatura
Relação Molar Especificação
40°C 50°C 60°C
1:6 3,7 3,7 3,1
Não há
1:8 9,2 9,5 7,9

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

289
Tabela 7: Valores de corrosão ao cobre para cada temperatura estudada em suas respectivas
relações molares.

Temperatura
Relação Molar Especificação
40°C 50°C 60°C
1:6 1A 1A 1A
Até 1A
1:8 1A 1A 1A
1A = Freshly Posished

Analisando-se os resultados obtidos, pode-se verificar que somente a porcentagem de


glicerina livre não se encontra dentro das normas estabelecidas pela ANP, porém, mesmo
assim, são bem baixos, podendo ser reduzido através de lavagens mais eficientes.
A densidade do biodiesel obtido neste trabalho está um pouco abaixo da especificação
estabelecido pela ANP e isso se deve, possivelmente, ao fato de a gordura de coco ter uma
densidade menor do que a dos outros óleos provenientes de oleaginosas.
Já, os resultados da viscosidade das amostras de biodiesel analisados estão de acordo
com a especificação ASTM D 445, apresentando valores dentro do intervalo da viscosidade
para o óleo diesel natural, 2,5 a 5,5 (mm2/s), segundo a ANP.
Também foi possível verificar que os pontos de fulgor, que é a menor temperatura onde
um líquido libera vapor ou gás em quantidade suficiente para formar uma mistura inflamável
estão de acordo com as normas. O teste foi efetuado de acordo com a norma ASTM D 93,
conforme determinação da ANP, e estabelece temperatura mínima de 100ºC.
Com relação ao último teste, que foi o da taxa de corrosão ao cobre, que avalia a
intensidade de reação do biodiesel em contato com o cobre, pode-se verificar que os valores
estão dentro das normas.
Cabe salientar que a corrosão pode afetar todos os materiais metálicos em contato com o
combustível, componentes do motor e equipamentos que entram em contato. Assim, o teste de
corrosão ao cobre é empregado tanto para o diesel de petróleo como para o biodiesel puro e
suas misturas e indicam as possíveis dificuldades de corrosão ao cobre, bronze e outro metal.
Foi normatizado pela ANP o padrão adequado do combustível natural a classificação 1,
conforme norma ASTM D 130. De acordo com a coloração da placa de cobre após o teste, o
biodiesel produzido se enquadrou no valor 1A.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

290
4 CONCLUSÃO
Pode-se verificar a viabilidade da produção de biodiesel a partir do óleo de coco
palmiste, e que os rendimentos nas reações de transesterificação foram bastante satisfatórios.
Com relação às condições de trabalho estudadas, a melhor foi a da relação molar
óleo:álcool de 1:6 a 50°C, uma vez que a mesma proporcionou as melhores taxas de
conversão (na cromatografia gasosa no biodiesel a conversão foi de 83,62%, na cromatografia
e pelo método da iodometria com metaperiodato de sódio foi de 86,68%).
Também foi possível verificar que os valores obtidos durante as análises das
propriedades físico-químicas determinadas estão praticamente dentro das normas
governamentais, o que mais uma vez justifica a viabilidade do processo apresentado.
Pode-se verificar também que o catalisador utilizado (etóxido de sódio), possibilitou
uma boa separação das fases, o que foi confirmado por cromatografia gasosa e por análise
titulométrica no biodiesel, pois as quantidades de glicerinas encontradas foram baixas.
Justificando assim a escolha do mesmo no processo. Essa escolha se torna ainda mais viável,
levando-se em conta à baixa possibilidade de saponificação, utilizando-se catalisadores
básicos mais fracos ao invés do NaOH e do KOH.
Com relação à escolha da rota metílica, a mesma é justificada pela maior estabilidade do
biodiesel formado e também pela menor possibilidade de saponificação.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA NETO, P. R., ROSSI, F. S. Produção de biocombustível alternativo do óleo de
seja usado em frituras. Química Nova. v. 23, p. 531. 2000.

LIMA, P. C. R. O biodiesel e a inclusão social, Câmara dos Deputados. Praça dos 3 Poderes,
Consultoria Legislativa. Anexo III, Brasília, 2004.

MORETTO, E. FETT, R. Óleos e gorduras vegetais (Processamento e análises). 2ª ed.


Editora da UFSC. Florianópolis, 1989.

PARENTE, E. J. S. “Biodiesel: Uma aventura tecnológica num país engraçado.”


Expedito@tecbio.com.br – acessado em 20 de novembro de 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

291
PRODUÇÃO DE BIODIESEL ATRAVÉS DA REAÇÃO DE
TRANSESTERIFICAÇÃO DO ÓLEO DE GIRASSOL VIA CATÁLISE
BÁSICA UTILIZANDO-SE ETANOL

Andréia de Araújo Morandim, FEI, preamorandim@fei.edu.br


Alessandra Moreira Cairrão, FEI, alecairrao1@hotmail.com
Bruno Gardinalli Fernandes, FEI, brunogardinalli@hotmail.com
Gustavo Henrique Cardoso Marin, FEI, gustavohcmarin@gmail.com
Priscila de Araujo Lotto, FEI, plotto@uol.com.br
Ricardo Belchior Torres, FEI, belchior@fei.edu.br

RESUMO: A maior parte de toda a energia consumida no mundo provém do petróleo, do


carvão e do gás natural, porém, essas fontes são limitadas e com previsão de esgotamento
num futuro próximo. Neste contexto, a utilização de biodiesel torna-se uma alternativa
interessante, sendo que o mesmo pode ser produzido a partir de qualquer óleo vegetal novo ou
usado e até com resíduos ou borras de empresas moageiras através da reação de
transesterificação. Assim, o presente trabalho mostra a viabilidade de produção do biodiesel
através da reação de transesterificação do óleo de girassol utilizando-se a rota etílica e etóxido
de sódio como catalisador. A temperatura de reação foi de 50ºC e a reação se processou em 90
min. A massa de catalisador utilizada foi de 0,75% em relação à massa de óleo e a relação
molar óleo: álcool foi de 1:12. Essa condição possibilitou uma conversão de
aproximadamente 93 %, mostrando a viabilidade do processo utilizado. O produto obtido
(biodiesel) foi caracterizado através de medidas de índice de acidez (0,002196
mgKOH/gamostra), índice de iodo (0,23%), tensão superficial (27,42696 dina/cm), densidade
(0,87967 g/cm-3), viscosidade cinemática (7,7721 mm2/s), pressão de vapor (6,9 kPa), ponto
de fulgor (120ºC), corrosão ao cobre (Freshly Posished, 1A), porcentagem de glicerina livre
(0,0315 %), estando somente a viscosidade acima dos valores estabelecidos (3,2 mm2/s).
Com relação a análise da composição do biodiesel obtido, a mesma foi feita através de
cromatografia gasosa utilizando-se padrões previamente obtidos e o mesmo mostrou uma
maior porcentagem de éster linoléico (58,8%) o que confirma os dados obtidos pela literatura.

Palavras-Chave: Biodiesel, óleo de girassol, rota etílica

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

292
1 INTRODUÇÃO
O biodiesel é um combustível renovável e biodegradável constituído de uma mistura de
ésteres metílicos ou etílico de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de
qualquer triglicerídeo com um álcool de cadeia curta na presença de um catalisador (Parente,
2003).O mesmo pode ser produzido a partir de qualquer óleo vegetal novo ou usado e até com
resíduos ou borras de empresas moageiras (Figura 1). Por isso é um combustível renovável,
conhecido como petróleo verde.

Figura 1: Esquema ilustrativo da reação de transesterificação para a produção de biodiesel

Isso é possível uma vez que os óleos vegetais são produtos naturais constituídos por
uma mistura de ésteres derivados do glicerol (triacilgliceróis ou triglicerídios), cujos ácidos
graxos contêm cadeias de 8 a 24 átomos de carbono com diferentes graus de insaturação.
Conforme a espécie de oleaginosa, variações na composição química do óleo vegetal são
expressas por variações na relação molar entre diferentes ácidos graxos presentes na estrutura.
Portanto, a análise da composição de ácidos graxos constitui o primeiro procedimento para a
avaliação preliminar da qualidade do óleo bruto e/ou de seus produtos de transformação
(Costa Neto et al ., 2000).
Quanto à avaliação da qualidade carburante de óleos vegetais, a mesma é realizada
através da determinação analítica de seu poder calorífico, índice de cetano, curva de
destilação, viscosidade e ponto de névoa. Destes parâmetros, o poder calorífico do
biocombustível depende da potência máxima a ser atingida pelo motor em operação, enquanto
o índice de cetano define o poder de autoinflamação e combustão do óleo. Essas propriedades
condicionam o desempenho global do motor, refletindo na partida a frio, ruído e gradiente de
pressão que, quando comparadas ao do óleo diesel, apresentam menor calor de combustão e
índice de cetano similar (Costa Neto, 2000). Já a viscosidade, que é a medida da resistência
interna ao escoamento de um líquido, tem considerável influência no mecanismo de
atomização do jato de combustível, ou seja, no funcionamento do sistema de injeção. Esta
propriedade também se reflete no processo de combustão, cuja eficiência dependerá da
potência máxima desenvolvida pelo motor. Em relação ao diesel convencional, os óleos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

293
vegetais apresentam valores de viscosidade bastante elevados, podendo excedê-los em até 100
vezes, como no caso do óleo de mamona (Costa Neto, 2000)
Com relação ao ponto de névoa, o mesmo é a temperatura na qual o líquido, por
refrigeração, começa a ficar turvo, e o ponto de fluidez é a temperatura na qual o líquido não
mais escoa livremente. Tanto o ponto de fluidez como o de névoa varia com a fonte de
matéria prima, bem como o álcool empregado na reação de transesterificação. Essas
propriedades são consideradas importantes no que diz respeito às condições nas quais o
combustível deve ser armazenado e utilizado (Parente, 2003)., influenciando negativamente o
sistema de alimentação do motor, bem como o filtro de combustível, sobretudo quando o
motor é acionado sob condições de baixas temperaturas. Estas são, portanto, propriedades que
desfavorecem o uso de óleos vegetais in natura em motores do ciclo diesel, particularmente
em regiões de clima temperado, pois todos os óleos vegetais até hoje investigados apresentam
ponto de névoa superior ao do óleo diesel convencional (Costa Neto, 2000).
Analisando essas características, os óleos combustíveis derivados do petróleo são
estáveis á temperatura de destilação, mesmo na presença de excesso de oxigênio.
Contrariamente aos óleos vegetais que contêm triacilgliceróis de estrutura predominantemente
insaturada, reações de oxidação podem ser observadas até à temperatura ambiente e o
aquecimento a temperaturas próximas a 250°C ocasiona reações complementares de
decomposição térmica, cujos resultados podem inclusive levar á formação de compostos
poliméricos mediante reações de condensação. A presença de compostos poliméricos aumenta
a temperatura de destilação e o nível de fumaça do motor, diminui a viscosidade do óleo
lubrificante e acarreta diminuição da potência pela queima incompleta de produtos
secundários.
Assim, visando reduzir a viscosidade dos óleos vegetais, diferentes alternativas têm
sido consideradas, tais como: microemulsão com metanol e etanol, craqueamento catalítico e
reação de transesterificação com etanol ou metanol (Figura 2).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

294
Preparo da Matéria

Matéria Prima
Metanol ou
Catalisador Óleo, gordura ou etanol
Reação de

Separação de fases

Fase leve

Desidratação do álcool

Recuperação do álcool Recuperação do álcool


da glicerina dos ésteres
Gliecerina Excesso de
álcool
Destilação da glicerina Purificação dos

Resíduo Glicerina
glicérico Biodiesel
destilada
Figura 2: Esquema do processo de produção de biodiesel (Lima, 2004)

2 MATERIAIS E MÉTODOS
Pesou-se em um erlenmeyer 0,68g (0,75% da massa do óleo) de catalisador (etóxido de
sódio) e adicionou-se 56,4g (aproximadamente 70ml) de álcool etílico. Após esse
procedimento, a mistura foi aquecida em chapa elétrica até 50ºC. Essa mistura foi, então,
transferida para um balão de fundo redondo sob agitação que já continha o óleo de girassol
previamente aquecido e a reação se processou a durante 90 min com agitação de 360 rpm. A
relação molar óleo: álcool foi de 1:12.
Decorrido o tempo, desligou-se o aquecimento adicionou-se uma gota de ácido
sulfúrico para neutralizar o meio reacional. Esperou-se a separação de fases (cerca de quatro
dias) e a fase superior (biodiesel) foi submetida as análises físico-químicas e análises
cromatográficas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

295
O índice de acidez foi determinado conforme metodologia descrita por Moretto e Fett
(1989). Em um frasco Erlenmeyer de 125 mL, foram colocados 2 g de óleo e 25 mL de
solução neutralizada de éter de petróleo e álcool etílico (2:1). Foram adicionadas 2 gotas de
fenolftaleína e a amostra foi titulada com solução 0,1 mol/L de NaOH.
O índice de acidez é dado por:
VcM
IA = (1)
m
onde: IA é o índice de acidez (dado em mg KOH/g), V é o volume do titulante gasto em L, c a
concentração mol/L do titulante padronizada, M a massa molar do KOH (mgmol-1) e m a
massa de amostra em g. Essa equação foi definida baseado na seguinte reação química:
Uma quantidade conhecida de amostra foi dissolvida em tetracloreto de carbono ou em
clorofórmio permitindo a reação da solução como o excesso de halogênio durante um tempo
determinado à temperatura ambiente e na ausência de luz. O iodo na solução quebra as
ligações insaturadas das moléculas que compõem as gorduras ou óleos, permanecendo ligado
a estas. Após a reação, a diferença na quantidade de iodo foi determinada por titulação com
uma solução de tiossulfato de sódio de concentração conhecida.
O índice de iodo é calculado pela seguinte expressão:
ctio (v 2 − v1)
I iodo = x100 (3)
m
onde: ctio é o coeficiente do tiossulfato de sódio, m é a massa da amostra (dada em gramas), v1
é o volume da solução de tiossulfato gasto na determinação (expresso em mL),e v2 é o volume
da solução de tiossulfato gasto no ensaio em branco, sem gordura, (expresso em mL).
O coeficiente de tiossulfato de sódio (ctio) é determinado por titulação de uma mistura
composta por dicromato de potássio (20 mL), água (50 mL), solução de iodeto de potássio 0,1
g/mL em água (15 mL) e ácido clorídrico concentrado (5 mL). O valor do coeficiente do
tiossulfato de sódio é dado pela expressão:
0,20
ctio = (4)
v
onde: v é o volume de tiossulfato gasto (dado em mL).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

296
A densidade relativa das amostras foi determinada no densímetro descrito segundo as
normas ASTM D 1298, D-4052 ou NBR 7148. Cabe salientar que as medidas foram
realizadas a 25ªC.
A viscosidade das amostras foi determinada utilizando-se o viscosímetro SVM 3000,
Anton Paar segundo as normas ASTM Standard D 7042.
Colocou-se aproximadamente 30ml de amostra no becker (50ml), adaptou-se o mesmo
na parte inferior do estalagmômetro e succionou-se pela parte superior com auxílio da pêra.
Iniciou-se a contagem (acertar o número de gotas para 25 gotas por minuto) quando o líquido
passar no primeiro traço, encerrando-se ao passar no segundo (indicado na Figura 2).
O cálculo da tensão superficial é dado pela relação:
n H 2O ⋅ d B δB
=
n B ⋅ d H 2O δH O
2

18 ⋅ 0,87967 δ
= B
42 ⋅ 1 72,75
δ B = 27,42696dina / cm

Sendo, n: número de gotas; d: densidade em g/cm3 e δ : a tensão superficial em

dina/cm.

A pressão de vapor foi determinada utilizando-se


Primeiro traçoo aparelho HVP972, mostrado na
Figura 5. Segundo a NORMA ASTM D5191.
O ponto de fulgor foi determinado utilizando-se Pensle-marting, Petrodidática,
conforme Figura 6. Segundo a NORMA D93 [15].
A taxa de corrosão ao cobre foi determinada pelo aparelho ASTM/METHOD seguindo
as normas D130/IP154 com resultado obtido segundo parâmetros de comparação da
respectiva norma.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

297
As análises via cromatografia gasosa foram realizadas utilizando-se um Cromatógrafo
Gasoso Varian Star 3600 com detector FID e uma coluna DBWAX (Polietilenoglicol) de 0,25
mmX60 m e espessura do filme de 0,25 m. A condição de análise está descrita na Tabela 1,
sendo a pressão de H2 = 2,5 Kg/cm2, N2 = 2,0 Kg/cm2, ar = 0,35 Kg/cm2 e o range de 103 e o
volume de injeção = 0,6 L.

Tabela 1: Condições de análise utilizadas na cromatografia gasosa.


Temperatura Tempo (min)
Inicial = 40 ºC 1 min
Rampa de aquecimento = 7ºC/min 30 min
Final = 250ºC 20 min

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi possível observar durante a realização do trabalho que grandes excessos de etanol
favorecem a emulsão, dificultando a separação de fases, porém, o catalisador , etóxido de
sódio mostrou-se eficaz e essencial na redução da saponificação durante a reação, bem como
em uma maior eficiência do processo. Também é possível observar que o procedimento
utilizado mostrou-se viável, uma vez que foi possível uma conversão de aproximadamente 93
% durante a realização da reação de transesterificação e que o produto obtido apresentou
características dentro dos padrões exigidos, exceto no que diz respeito a viscosidade
cinemática, resultado o qual é influenciado pela massa molar do óleo. (Tabela 3).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

298
Tabela 3: Resultados obtidos experimentalmente.
RESULTADOS RESULTADOS
TESTES
EXPERIMENTAIS TEÓRICOS
Índice de Acidez 0,002196 0,3
(mgKOH/gamostra)
Índice de Hidroxila 2,78 -
(mgKOH/gamostra)
Índice de Iodo (%) 0,23% < 0,3%
Tensão Superficial 27,42696 -
(dina/cm)
Densidade (g/cm3) 0,87967 0,850 – 0,920
Viscosidade 7,7721 3,2
Cinemática (mm2/s)
Pressão de Vapor (kPa) 6,9 -
Ponto de Fulgor (ºC) 120 100 - 310
Corrosão ao Cobre Freshly Polished (1 A) -
Porcentagem de Glicerina 0,0315 0,1 – 0,8
no Biodiesel (%)

Com relação à composição do biodiesel obtido, foi possível verificar uma maior
porcentagem do éster linoléico, o que condiz com o esperado, uma vez que o componente
encontrado em maior teor no óleo de girassol é o ácido graxo linoléico. Também é possível
verificar a baixa concentração de ácidos graxos livres, o que confirma os bons resultados da
reação de transesterificação utilizando-se etanol (Tabela 4).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

299
Tabela 4: Resultados experimentais da cromatografia.
Composto Porcentagem Composto Porcentagem

Éster Láurico 0 Éster Linoléico 58,871

Éster Mirístico 0,2847 Ácido Mirístico 1,4288

Éster Palmítico 32,5139 Ácido Esteárico 0,7396

Éster Palmitoléico 0,1603 Ácido Palmítico 0,0444

Éster Esteárico 0,1648 Ácido Palmitoléico 0,0712

Éster Oleico 0,3917 Ácido Oleico 0

Ácido Láurico 0,1648 Ácido Linoléico 5,1651

Com relação a separação das fases, a relação molar utilizada possibilitou uma boa
separação das masmas, o que não foi observado, principalmente, com a utilização um maior
excesso de etanol. Já utilizando-se álcool em menor concentração foi observada uma menor
conversão do óleo vegetal em biodiesel inviabilizando o processo.

4 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que as melhores condições para a ocorrência da reação de
transesterificação do óleo de girassol pela rota etílica foram: Temperatura de 50ºC, Tempo de
reação de 90 minutos, concentração de catalisador de 0,75% da massa de óleo e relação molar
óleo: álcool de 1:12.
Com relação à caracterização, os testes comprovam a viabilidade da produção de
Biodiesel a partir do óleo de girassol, sendo que todos os valores obtidos nos teste de
caracterização estão dentro ou abaixo dos padrões demonstrando assim um Biodiesel de
excelente qualidade com exceção da viscosidade.
É importante ressaltar que os testes de Tensão Superficial, Pressão de Vapor e Taxa de
Corrosão ao Cobre não podem ser comparados com dados da literatura pelo fato de não se
aplicarem, e/ou não possuírem artigos ou textos publicados sendo assim impossível
mencionar se os mesmo já foram realizados.
Já a análise cromatográfica é de suma importância pois, através dela, foi possível a
determinação do rendimento da reação assim como as porcentagens dos compostos
separadamente.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

300
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA NETO, P. R., ROSSI, F. S. Produção de biocombustível alternativo do óleo de
seja usado em frituras. Química Nova. v. 23, p. 531. 2000.

LIMA, P. C. R. O biodiesel e a inclusão social, Câmara dos Deputados. Praça dos 3


Poderes, Consultoria Legislativa. Anexo III, Brasília, 2004.

MORETTO, E. FETT, R. Óleos e gorduras vegetais (Processamento e análises). 2ª ed.


Editora da UFSC. Florianópolis, 1989.

PARENTE, E. J. S. “Biodiesel: Uma aventura tecnológica num país engraçado.”


Expedito@tecbio.com.br – acessado em 20 de novembro de 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

301
POTENCIALIDADE DO SUDOESTE DE MINAS GERAIS PARA
PRODUÇÃO DE OLEAGINOSAS NA SAFRINHA EM SUCESSÃO A
CULTURA DO MILHO

Júlio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com


Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br
Alexandre Aureliano Quintiliano, UFLA, aleradar@yahoo.com.br
Milton Aparecido Deperon Júnior, UFLA, miltondp1@ig.com.br
David Cardoso Dourado, UFLA, davidssp@yahoo.com.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: O milho (Zea mays L.) é um dos cereais mais importantes do mundo. Utilizado
diretamente na alimentação humana e de animais domésticos, bem como na indústria para a
produção de rações, amido, óleo, álcool, além de outros produtos. No país, são cultivadas
diversas espécies oleaginosas que possuem potencial para serem utilizadas como matéria-
prima na produção de biodiesel, tais como a soja, a mamona, o girassol, o milho, nabo
forrageiro etc. O objetivo deste trabalho foi identificar as regiões produtoras de milho do
Sudoeste de Minas Gerais, com potencial para produção de plantas oleaginosas em safrinha,
como estratégia de sucessão com a cultura do milho. Foram realizados os levantamentos das
produções de milho (grãos) em treze Microrregiões da região Sudoeste do Estado de Minas
Gerais, compostas por 156 municípios, levando em consideração a latitude, longitude e as
cidades pólo destas Microrregiões e, tendo como fator de estudo a área plantada com milho,
porcentagem de área plantada, produtividade e produção. A região Sudoeste de Minas Geraos
apresenta imenso potencial para o cultivo de oleaginosas em safrinha no sistema de sucessão
de cultura, para as áreas de produção de milho. As Microrregiões de Passos, Boa Esperança,
Três Corações, Guaxupé, são as que apresentam maior potencialidade para o cultivo de
oleaginosas em safrinha em áreas de cultivo de milho.

Palavras-Chave: Zea mays L., rotação de cultura, plantio direto, plantas oleaginosas,
biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

302
1 INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) é um dos cereais mais importantes cultivados no mundo. Há
muitos séculos, vem sendo utilizado diretamente na alimentação humana e de animais
domésticos, bem como na indústria para a produção de rações, amido, óleo, álcool, além de
outros produtos. O milho possui de 8 à 10% de óleo no grão, com 61 - 78% referente ao
conteúdo de amido e 6 - 12% referente ao conteúdo de proteína. (EMBRAPA, 2006)
A cultura do milho ocupou no Brasil em 2006, uma área em torno de 13,8 milhões de
hectares, responsável por uma produção de cerca de 50,65 milhões de toneladas de grãos,
apresentando um rendimento médio de 3.656 kg ha -1 (3.871 kg ha -1 na safra e 3.189 kg ha -
1 na safrinha). Minas Gerais foi responsável por 4,4 milhões de toneladas de grãos de milho e
uma área de 1,4 milhões de hectares, de acordo com a CONAB, (2007).
A produção de milho no Brasil tem se caracterizado pela divisão da produção em duas
épocas de plantio. Os plantios de verão, ou primeira safra, são realizados na época tradicional,
durante o período chuvoso, que varia entre fins de agosto na região Sul até os meses de
outubro/novembro no Sudeste e Centro Oeste (no Nordeste este período ocorre no início do
ano). Mais recentemente tem aumentado à produção obtida na chamada "safrinha", ou
segunda safra. A "safrinha" se refere ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, em
fevereiro ou março. (FANCELLI, 2000)
Em áreas onde as explorações agrícolas são mais intensivas, como em agricultura
irrigada e em sucessões de culturas, a exemplo da "safrinha" de milho, em que o solo é mais
intensamente trabalhado, a probabilidade de acelerar sua degradação, aumentando os
problemas de compactação, erosão e redução de sua produtividade, é bem maior. Nesse caso,
sempre que possível, deve-se optar pelo sistema de plantio direto. (SALTON, 1998)
Na implantação e condução do Sistema de Plantio Direto de maneira eficiente, é
indispensável o esquema de rotação de culturas, principalmente que promova na superfície do
solo, a manutenção permanente de uma quantidade mínima de palhada, que nunca deverá ser
inferior a 4,0 t/ha de fitomassa seca. (SALTON, 1998)
No País, são cultivadas diversas espécies oleaginosas que possuem potencial para serem
utilizadas como matéria-prima na produção de biodiesel, tais como a soja, a mamona, o
girassol, o milho, nabo forrageiro etc. A substituição total ou parcial de combustíveis de
origem fóssil (óleo diesel), sempre teve um claro apelo ambiental, pois é de domínio público
que as emissões derivadas de seu uso geram um aumento na concentração atmosférica dos
gases causadores do efeito estufa, chuva ácida e redução da camada de ozônio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

303
O objetivo deste trabalho foi identificar as regiões produtoras de milho do Sudoeste de
Minas Gerais, com potencial para produção de plantas oleaginosas em safrinha, como
estratégia de rotação com a cultura do milho, para produção de biodiesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Esse trabalho foi realizado no setor de Grandes Culturas do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras, Lavras – MG, no ano de 2007, situada a 21°
14’ de latitude Sul 45° 00’ de longitude Oeste, localizada a 918 metros de altitude.
Foi feito os levantamentos das produções de milho (grãos) em treze Microrregiões da
região Sudoeste do estado de Minas Gerais, compostas por 156 municípios (Tabela 1),
levando em consideração a latitude, longitude e as cidades pólo destas Microrregiões e, tendo
como fator de estudo a área plantada, porcentagem de área plantada, produtividade e
produção.
Os dados para este estudo, foram obtidos através de resultados de produções agrícolas,
fornecidos pela Emater, Empresas de Planejamento Agrícola, Secretarias Municipais de
Agricultura e CONAB.
Utilizou-se os programas computacionais Excel e Google Earth para o cruzamento dos
dados e posterior obtenção, analise e visualização dos resultados das 13 microregiões.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 1. As 13 microrregiões e seus municípios.


1 - Unidade Regional de 6 - Unidades Regional de 11 - Unidade Regional
Lavras Poços de Caldas Itajubá
CARRANCAS ALBERTINA MARMELOPOLIS
IJACI ANDRADAS WENCESLAU BRAZ
CARMO DA CACHOEIRA POÇOS DE CALDAS DELFIM MOREIRA
BOM SUCESSO CALDAS CONSOLAÇÃO
NEPOMUCENO SENADOR JOSÉ BENTO PIRANGUINHO
IBITURUNA BOTELHOS PIRANGUÇU
PERDÕES CABO VERDE CONCEIÇÃO DOS OUROS
CANA VERDE SANTA RITA DE CALDAS SOLEDADE DE MINAS
ITUTINGA CAMPESTRE DOM VIÇOSO

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

304
ITUMIRIN IPUIUNA ITAJUBÁ
7 - Unidade Regional de
LAVRAS CACHOEIRA DE MINAS
Passos
SANTO ANTÔNIO DO
SÃO ROQUE DE MINAS CRISTINA
AMAPARO
INGAÍ CAPITÓLIO PEDRALVA
RIBEIRÃO VERMELHO DELFINÓPOLIS BRASÓPOLIS
2 - Unidade Regional de
CAPETINGA SANTA RITA DO SAPUCAI
Guaxupé
MONTE SANTO DE MINAS FORTALEZA DE MINAS CARMO DE MINAS
12 - Unidade Regional de São
JACUÍ ALPINÓPOLIS
Lourenço
BANDEIRA DO SUL ITAÚ DE MINAS SÃO LOURENÇO
SÃO SEBASTIÃO DO
GUARANÉSIA ITAMONTE
PARAISO
GUAXUPÉ CLARAVAL PASSA QUATRO
ARCEBURGO CÁSSIA POUSO ALTO
ITAMOGI PASSOS BOM JARDIM DE MINAS
SÃO JOÃO BATISTA DO
DIVISA NOVA PASSA-VINTE
GLÓRIA
MONTE BELO PIUMHI VIRGINIA
SÃO PEDRO DA UNIÃO SÃO JOSÉ DA BARRA ALAGOA
JURUAIA PRATAPOLIS BOCAINA DE MINAS
8 - Unidade Regional de Ouro
SÃO TOMÁS DE AQUINO LIBERDADE
Fino
NOVA RESENDE BUENO BRANDÃO OLIMPIO NORONHA
MUZAMBINHO INCONFIDENTES ITANHANDU
BOM JESUS DA PENHA MONTE SIÃO SERRANOS
3 - Unidade Regional de
TOCOS DO MOJI CAXAMBU
Alfenas
CONCEIÇÃO DA
BOM REPOUSO AIURUOCA
APARECIDA
FAMA JACUTINGA SERITINGA
AREADO OURO FINO ANDRELÂNDIA

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

305
CAMPOS GERAIS MUNHOZ SÃO VICENTE DE MINAS
ALFENAS TOLEDO ARANTINA
CAMPO DO MEIO SENADOR AMARAL CARVALHOS
ALTEROSA BORDA DA MATA MINDURI
9 - Unidade Regional de 13 - Unidade Regional de
CORDISLANDIA
Pouso Alegre Três Corações
4 - Unidade Regional de SÃO SEBATIÃO DO RIO
CAMANDUCAIA
Machado VERDE
CARVALHÓPOLIS ESTIVA JESUANIA
POÇO FUNDO IBITIURA DE MINAS VARGINHA
ESPRITO SANTO DO
ELÓI MENDES BAEPENDI
DOURADO
SERRANIA CAMBUÍ LUMINÁRIAS
MACHADO EXTREMA CRUZILIA
CONCEIÇÃO DO RIO
PARAGUAÇU SILVIANÓPOLIS
VERDE
5- Unidade Regional de Boa
CONGONHAL CAMBUQUIRA
Esperança
SANATANA DO JACARÉ ITAPEVA SÃO THOMÉ DAS LETRAS
AGUANIL CORREGO DO BOM JESUS TRÊS CORAÇÕES
CANDEIAS POUSO ALEGRE SÃO BENTO ABADE
10 - Unidade Regional de São
ILICÍNEA
Gonçalo
CAMPO BELO HELIODORA
TRÊS PONTAS CAREAÇU
SANTANA DA VARGEM NATÉRCIA
CRISTAIS MONSENHOR PAULO
SÃO GONÇALO DE
BOA ESPERANÇA
SAPUCAI
COQUEIRAL TURVOLÂNDIA
CARMO DO RIO CLARO CAMPANHA

Na Tabela 2 encontram-se os valores totais de área plantada, produtividade e produção


de cada uma das treze Microrregiões em estudo. Verifica – se que a Microrregião de Passos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

306
tem a maior área plantada e, que a Microrregião de Pouso Alegre tem a menor área plantada.
A maior produtividade é a da Microrregião Passos e, a menor a Microrregião de Itajubá e, a
maior produção foi também da Microrregião de Passos e, a menor a da Microrregião de
Itajubá.

Tabela 2. Área plantada, Produtividade e Produção das treze Microrregiões do Sudoeste de


Minas Gerais. Lavras, 2007.
UNIDADE REGIONAL Área Plantada (ha) Produtividade (kg/ha) Produção (t)
Passos (Microrregião) 62.800 5.473 363.780
Boa Esperança (Microrregião) 39.550 4.978 196.665
Três Corações (Microrregião) 37.491 4.882 204.398
Guaxupé (Microrregião) 36.280 4.587 167.914
Lavras (Microrregião) 28.975 4.957 145.038
Poços de Caldas (Microrregião) 23.540 5.000 120.798
Alfenas (Microrregião) 23.050 5.350 127.255
Machado (Microrregião) 19.180 5.133 102.696
São Lourenço (Microrregião) 14.135 3.960 64.182
São Gonçalo (Microrregião) 9.080 4.957 49.940
Itajubá (Microrregião) 8.605 3.734 23.590
Ouro Fino (Microrregião) 8.330 4.928 35.850
Pouso Alegre (Microrregião) 8.174 4.211 34.873
TOTAL 319.190 1.636.979
MÉDIA TOTAL 24.553 4.781 125.921

As Microrregiões do sudoeste de Minas Gerais, exceto Itajubá, São Lourenço e Pouso


Alegre apresentam produtividades maiores que as produtividades dos maiores regiões
produtoras de milho do Brasil, entre elas as regiões Sudeste e Centro-Oeste.
A Alta produtividade de milho nessas Microrregiões (4.781 kg por hectare) reflete o
bom nível tecnológico já alcançado por boa parte dos produtores voltados para lavouras
comerciais, uma vez que as médias são obtidas em lavouras com diferentes sistemas de
cultivos e finalidades, esta alta tecnologia envolve sementes de qualidade, Sistema de Plantio
Direto, Adubação, manejo de plantas invasoras etc.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

307
Nas Microrregiões Itajubá, São Lourenço e Pouso Alegre, onde as suas produtividades
não alcançaram níveis tão elevados, uma das possíveis causas, é a baixa tecnologia empregada
por seus produtores.
A área total destas 13 microrregiões (319.190 ha), representando 23% da área total
plantada no estado de Minas Gerais (1.407.900 ha).
Na Tabela 3 encontram-se os valores da área total do município e área plantada dos
vinte maiores municípios em produção do sudoeste de Minas Gerais.
Para as regiões de maior tecnologia, poderiam ser usadas 20% das suas áreas agrícolas
para o plantio de safrinha com cultura de oleaginosas, tais como, girassol, nabo forrageiro e
canola, utilizando o sistema de plantio direto, pois oferece maior rapidez nas operações,
principalmente no plantio realizado imediatamente após a colheita, permitindo o plantio o
mais cedo possível. Além disso, um sistema de plantio direto, com adequada cobertura da
superfície do solo, permitirá o aumento da infiltração da água no solo e a redução da
evaporação, com conseqüente aumento no teor de água disponível para as plantas. (SALTON,
1998).
O plantio direto é uma técnica de cultivo conservacionista na qual procura-se manter o
solo sempre coberto por plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais. Essa cobertura
tem por finalidade protegê-lo do impacto das gotas de chuva, do escorrimento superficial e
das erosões hídrica e eólica. (SALTON, 1998)
A Tabela 4 apresenta os dez maiores municípios em produtividade. Destacam-se os
municípios de Alterosa e Campestre com as maiores produtividades de milho. Três Corações
e Passos são os municípios com as maiores áreas plantadas de acordo com a Tabela 5. Os
Municípios presentes nas Tabela 3, Tabela 4 e Tabela 5 são os que apresentam maior
potencialidade para este tipo de consorcio, devido as suas altas produções, excelentes
produtividades e grandes áreas plantadas.

Tabela 3. Vinte maiores municípios do Sudoeste de Minas Gerais em produção de milho.


Lavras, 2007.
MUNICÍPIOS Área Total do Municipio (Km2) Área Plantada (ha) Produção (t)
SÃO BENTO ABADE 826 13.000 85.800
BOM JESUS DA PENHA 1339 11.600 76.560
CORDISLANDIA 902 8.200 53.300
TRÊS CORAÇÕES 1065 10.000 50.000

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308
MUZAMBINHO 848 6.000 36.000
PRATAPOLIS 822 7.000 35.000
SÃO THOMÉ DAS LETRAS 859 7.000 35.000
PARAGUAÇU 1375 5.800 34.220
CAMBUQUIRA 425 5.500 31.900
NOVA RESENDE 584 5.600 30.800
SÃO TOMÁS DE AQUINO 209 5.000 30.000
SÃO JOSÉ DA BARRA 553 5.000 30.000
CONCEIÇÃO DO RIO VERDE 644 5.500 29.700
IPUIUNA 577 5.500 27.500
RIBEIRÃO VERMELHO 409 6.000 25.800
JURUAIA 769 5.000 25.000
MACHADO 689 4.500 24.750
ALTEROSA 179 3.200 22.400
CAMPESTRE 336 3.200 22.080
CAMPANHA 628 4.400 22.000

Tabela 4. Dez maiores municípios do Sudoeste de Minas Gerais em produtividade. Lavras,


2007.
MUNICÍPIOS Área Total do Municipio (Km2) Área Plantada (ha) Produtividade (kg/ha)
ALTEROSA 179 3.200 7.000
CAMPESTRE 336 3.200 6.900
SÃO BENTO ABADE 826 13.000 6.600
BOM JESUS DA PENHA 1339 11.600 6.600
CORDISLANDIA 902 8.200 6.500
ITUTINGA 334 2.000 6.500
PASSOS 214 3.000 6.200
DIVISA NOVA 80 2.000 6.200
IBITURUNA 522 1.600 6.200
MUZAMBINHO 848 6.000 6.000

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

309
Tabela 5. Vinte maiores municípios do Sudoeste de Minas Gerais em área plantada com
milho. Lavras, 2007.
MUNICIPIOS Área Plantada Produtividade (kg/ha) Produção (t)
(ha)
TRÊS CORAÇÕES 13.000 6.600 85.800
PASSOS 11.600 6.600 76.560
CARMO DO RIO CLARO 10.000 5.000 50.000
PIUMHI 8.200 6.500 53.300
SÃO SEBASTIÃO DO PARAISO 7.000 5.000 35.000
BOA ESPERANÇA 7.000 5.000 35.000
ALFENAS 6.000 6.000 36.000
MUZAMBINHO 6.000 4.300 25.800
DELFINÓPOLIS 5.800 5.900 34.220
MACHADO 5.600 5.500 30.800
PARAGUAÇU 5.500 5.800 31.900
CÁSSIA 5.500 5.400 29.700
CAMPESTRE 5.500 5.000 27.500
BOM JESUS DA PENHA 5.000 6.000 30.000
SÃO JOÃO BATISTA DO GLÓRIA 5.000 6.000 30.000
CAMPOS GERAIS 5.000 5.000 25.000
SÃO THOMÉ DAS LETRAS 5.000 4.200 21.000
CRUZILIA 4.921 3.900 19.192
TRÊS PONTAS 4.500 5.500 24.750
NOVA RESENDE 4.500 4.500 20.250

4 CONCLUSÃO
A região do sudoeste de minas gerais é composta por treze microrregiões, que
apresentam elevado potencial para o cultivo de oleaginosas em safrinha no sistema de
sucessões de cultura, para as áreas de produção de milho. Estas treze Microrregiões têm
produtividade semelhante e, até mesmo superiores as principais regiões produtoras de milho
no Brasil. O sudoeste mineiro corresponde a 23% de total área plantada com milho no estado
de Minas Gerais. As microrregiões de Passos, Boa Esperança, Três Corações, Guaxupé, são
as que apresentam maior potencialidade para o cultivo de oleaginosas em safrinha em áreas de
cultivo de milho, para produção de biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

310
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONAB, Milho, safra: 2006/2007 disponível em < http://www,conab,gov,br/
conabweb/download/safra/safra_2006_07_milho,pdf > Acesso em: 07 de Janeiro de 2007.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, Recomendações técnicas


para o cultivo do milho, 1, ed, Brasília: EMBRAPA-SPI, 2006, 204p.

FANCELLI, A. L.; DOURADO NETO, D. Produção de milho. Guaíba: Agropecuária, 2000.


360p.

SALTON, J,C,; HERNANI, L,C,; FONTES, C,Z, Sistema plantio direto, Brasília:
EMBRAPA-SPI/ Dourados: Embrapa-CPAO, 1998, 248p, (Coleção 500 perguntas 500
respostas).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

311
EFEITO DE INSETICIDAS EM PULVERIZAÇÃO NO CONTROLE DO
TRIPES (Enneothrips flavens) E DA LAGARTA-DO-PESCOÇO-VERMELHO
(Stegasta Bosquella) NA CULTURA DO AMENDOIM CULTIVAR IAC-
CAIAPÓ

Jose Roberto Scarpellini, APTA REGIONAL, jrscarpellini@aptaregional.sp.gov.br


Daniel Junior de Andrade, UNESP/FCAV, danieldwv@yahoo.com.br
Alipio Coelho, BAYER, alipio.coelho@bayercropscience.com

RESUMO: Com o objetivo de verificar o efeito de diversos inseticidas em pulverização no


controle do tripes Enneothrips flavens e da lagarta-do-pescoço-vermelho Stegasta bosquella
na cultura do amendoim cultivar IAC-Caiapó, foi realizado um experimento no Município de
Ribeirão Preto, SP, no periodo de 03/01 a 21/01/2005. Foram estabelecidos os seguintes
tratamentos: Connect a 500 e 750 mL p. C./ha; Engeo Max a 100 e 150 mL p. C./ha;
Tamaron BR a 1000 mL p. C./ha; Orthene 750 BR a 500 g p. C./ha e Testemunha. As
aplicações (2) foram realizadas com pulverizador costal CO2, equipado com 2 bicos 11002.
Utilizou-se 45 lb/pol² de pressão no pulverizador e um volume de calda de 200 L/ha. As
avaliações foram realizadas aos 3 e 7 dias após a primeira aplicação e 3, 8 e 11 dias após a
segunda aplicação, amostrando-se 60 folíolos ao acaso por parcela (15 folhas completas), nas
duas ruas centrais, anotando-se o número de tripes e lagarta-do-pescoço-vermelho presentes.
A análise estatística dos resultados demonstrou que quanto ao controle do tripes E. Flavens
todos os tratamentos apresentaram eficiência de controle satisfatória aos 3 dias após a 1ª.
Aplicação, sendo que aos 7 dias após praticamente todos os tratamentos já não apresentaram
eficiência de controle satisfatória, denotando a necessidade de reaplicação. Novamente aos 3
dias após a 2ª. Aplicação todos os tratamentos apresentaram eficiência de controle satisfatória,
mas aos 8 dias após apenas o Engeo Maxx a partir de 100 mL p. C./ha e o Connect a partir de
500 mL p. C./ha apresentaram eficiência de controle satisfatória, enquanto os demais
mostraram menor efeito residual. No caso da lagarta-do-pescoço-vermelho, com excessão do
Tamaron BR a 1000 mL p. C./ha e o Orthene 750 BR a 500 g p. C./ha (que tiveram menor
efeito residual), todos os tratamentos apresentaram excelente controle de S. Bosquella em
todas as avaliações realizadas, podendo ser utilizados no seu controle.

Palavras-Chave: Manejo integrado de pragas, controle químico, tripes, lagartas


4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

312
1 INTRODUÇÃO
A cultura do amendoim Arachis hypogaea L. é mais cultivada no Estado de São Paulo,
em relação aos demais estados do país, sendo importantíssima para fornecimento de matéria
prima à industrialização de óleos vegetais e doces. A macro-região de Ribeirão Preto, SP,
destaca-se como a maior produtora do Estado de São Paulo, com cerca de 21.258 ha plantados
(INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, 2004), geralmente, em consorciação ao plantio
de cana-de-açúcar. O custo de produção da cultura, gira em torno de 10% do rendimento
bruto, mas em anos de grande incidência de pragas, o lavrador precisa estar atento, pois a falta
de controle no momento certo pode tirar toda margem de lucro gerada por esta leguminosa.
Em anos favoráveis para pragas e doenças o controle químico sobrecarrega o custo de
produção (LASCA, 1986).
Diversas são as pragas que podem atacar as lavouras de amendoim. Atualmente para a
região de Ribeirão Preto, SP, os tripes Enneothrips flavens (Moulton, 1941) (Thysanoptera:
Thripidae); a lagarta-do-pescoço vermelho Stegasta bosquella (Chambers, 1875)
(Lepidoptera: Gelechidae) e a lagarta Anticarsia gemmatalis constituem os principais
problemas, acelerando a queda de folhas e incrementando a ocorrência de doenças fúngicas
(GALLO et al., 1988). ROSSETTO et al. (1968) encontraram a espécie E. flavens nos
ponteiros de amendoinzeiro, causando estrias prateadas e deformações nos folíolos, com
grandes prejuizos para a cultura. ALMEIDA et al. (1965) mostraram os danos produzidos por
Frankliniella fusca em plantio de amendoim das águas. BATISTA (1967) estudando o tripes
E. flavens obteve que o período crítico vai até 70 dias, após a germinação do amendoim,
praticamente não apresentando prejuízos após este período, apresentando baixa incidência.
GALLO et al. (1988) citaram que o ciclo ovo-adulto dos tripes é em média 13 dias. As formas
jovens são amareladas e sem asas, enquanto os adultos são de coloração escura (2 mm de
comprimento) e com asas franjadas. Os tripes extraem sucos de folíolos jovens e causam
danos que vão desde ferimentos até a abscissão dos folíolos. Existem muitas variáveis quanto
ao efeito do tripes sobre a produtividade da cultura, mas todos os trabalhos comprovam a
importância econômica dessa praga. O uso de inseticidas é o único método utilizado pelos
agricultores e as recomendações baseiam-se nas características varietais do cultivar 'tatú',
precoce e susceptível à praga (GABRIEL et al., 1998). ALMEIDA et al. (1965) estimaram
que para o tripes F. fusca, uma infestação média de 2 tripes/folíolo até aos 70 dias da
emergência, provocou um prejuízo de 15% na produção final de amendoim.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

313
NAKANO et al. (1981) estimaram os prejuízos do tripes E. flavens, em 1% para cada
tripes/folíolo, em média, até aos 70 dias da germinação da cultura, ou seja, se durante o
período crítico houver uma infestação média de 10 tripes/ folíolo, haverá uma perda de 10%
na produtividade. GABRIEL et al. (1996) mostraram que variedades de ciclo longo, como
IAC-Caiapó e IAC-Jumbo tendem a ser menos atacadas pelos tripes em ausência de controle
químico, enquanto que variedades precoces como tatu são mais atacadas e portanto
necessitam de maior cuidado quanto aos tripes. GABRIEL et al. (1998) não observou
diferenças representativas entre áreas com controle e sem controle do tripes em amendoim, na
região de Campinas, SP, a não ser para o cultivar IAC-Jumbo, embora melhores respostas ao
tratamento químico tenham sido obtidas com o cultivar tatú.
Existe divergências quanto aos efeitos sobre a produção, enquanto LARA et al. (1975)
obtiveram uma redução próxima a 50% em áreas sem controle, bem como SCARPELLINI &
NAKAMURA (2002) utilizando thiamethoxam 700 WS a partir de 52,5 g i.a./ 100 kg em
tratamento de sementes observaram eficiência de controle satisfatória até 31 dias após a
emergência e acréscimos significativos na produtividade da ordem de 23, 1 a 46,3%,em áreas
tratadas, em relação às sem tratamento de sementes. SILVA (1977) concluiu que os
tratamentos de sementes ou foliares realizados, não proporcionaram aumentos de produção
em relação à testemunha. Também MORGAN et al. (1970) não observaram influência no
crescimento, florescimento e aumento de produção, realizando o controle químico do tripes
em amendoim.
Dessa forma, dada a importância dos tripes E. flavens e da lagarta-do-pescoço-vermelho
S. bosquella, especialmente no inicio da cultura, realizou- se o presente estudo, com o
objetivo avaliar em condições de campo, a praticabilidade e a eficiência agronômica do
inseticida Connect (Imidacloprid + Betaciflutrina); comparados ao Engeo Maxx (Tiametoxam
+ Lambdacialotrina); Orthene 750 BR (Acephate) e Tamaron BR (Metamidofos), no controle
do tripes E. flavens e na lagarta-do-pescoço-vermelho S. bosquella na cultura do amendoim.

2 MATERIAL E METODOS
O trabalho foi desenvolvido no campo experimental do Pólo Regional de
Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Leste –APTA (Agencia Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios), no município de Ribeirão Preto (Latitude 21º. 10’ 42’’,
longitude 47º. 48’24’’, altitude de 544 m), no periodo de 03/01 a 21/01/2005, utilizando-se o

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

314
cultivar IAC-caiapó, plantio em 28/11/2004, espaçamento de 0,5 m e adubação de 280 kg 4-
14-8/ha. Foram estabelecidos os tratamentos, conforme apresentados na tabela 1:

Tabela 1: Tratamentos e Dosagens utilizados no experimento:


No. TRATAMENTOS ING. ATIVO g i. a./ha g ou mL p. c./ha
01 Connect Imidacloprid + Betacyflutrina 75 + 9,37 500
02 Connect Imidacloprid + Betacyflutrina 100 + 12,5 750
03 Engeo Maxx Tiametoxam + Lambdacialotrin 14,1 + 10,6 100
04 Engeo Maxx Tiametoxam + Lambdacialotrin 21,2 + 15,9 150
05 Tamaron BR Methamidofos 600 1000
06 Orthene 750 BR Acephate 375 500
07 Testemunha -------------- ------- -------
Nas aplicações foram adicionados 0,03 % de espalhante adesivo (Extravon)

As aplicações foliares (1ª aplic. - 03/01 e 2ª aplic. – 11/01) foram realizadas no período
da manhã, utilizando-se de um pulverizador costal CO2, equipado com 2 bicos Jacto D2 preto
- cone vazio, utilizando-se 45 lb/pol² de pressão no pulverizador e um volume de calda de 200
L/ha, nas aplicações realizadas conforme a seguir:
Foi realizada a contagem do número de ninfas de tripes aos 3 e 7 dias após a 1ª.
Aplicação e aos 3, 8 e 11 dias após a segunda aplicação, amostrando-se 15 ponteiros (15
folhas completas com 4 folíolos fechados por folha) na parcela, observando-se
cuidadosamente na região de inserção das folhas novas. As avaliações foram realizadas aos 3
e 7 dias após a primeira aplicação e aos 3, 8 e 11 dias após a segunda aplicação, amostrando-
se 60 folíolos ao acaso por parcela, nas duas ruas centrais, anotando-se o número de tripes
presentes. Na mesma amostragem e datas observou-se o numero de lagarta-do-pescoço-
vermelho presentes. Os resultados obtidos foram submetidos aos testes F de variância e ao
X + 0 ,5
teste de Tukey a 5 % de probabilidade, após serem transformados em . As
porcentagens de eficiência (% E) foram calculados utilizando-se a fórmula de ABOTT (1925),
citado por NAKANO et al. (1981).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

315
Os resultados obtidos no decorrer do experimento estão expressos de forma resumida
na tabela 2 e 3, a seguir: Verificou-se pela tabela 2, quanto ao controle do tripes E. flavens que
na avaliação realizada aos 3 dias após a 1ª. aplicação todos os tratamentos apresentaram
eficiência de controle satisfatória. Aos 7 dias após praticamente todos os tratamentos já não
apresentaram eficiência satisfatória, denotando a necessidade de reaplicação. Novamente aos
3 dias após a 2ª. aplicação todos os tratamentos apresentaram eficiência de controle
satisfatória, mas aos 8 dias após apenas o Engeo Maxx a partir de 100 mL p.c./ha e o Connect
a partir de 500 mL p.c./ha apresentaram eficiência de controle satisfatória, enquanto os
demais mostraram menor efeito residual. Estes resultados foram confirmados aos 11 dias após
a 2ª. aplicação, quando ainda os tratamentos citados apresentaram eficiência de controle
satisfatória dos tripes.
No caso da lagarta-do-pescoço-vermelho, com excessão do Tamaron BR a 1000 mL
p.c./ha e o Orthene 750 BR a 500 g p.c./ha (que tiveram menor efeito residual), todos os
tratamentos apresentaram excelente controle de S. bosquella em todas as avaliações
realizadas, podendo ser recomendados no seu controle.

Tabela 2: Número total de tripes E. flavens por tratamento. Teste de Tukey ao nível de 5 %
de probabilidade e porcentagem de eficiência de controle. Ribeirão Preto, SP, 03/01 a
21/01/2005.
TRATAMENTOS DOSES 3 DA1A 7 DA1A 3 DA2A 8 DA2A 11 DA2A
NOMECOMUM p.c./100 Nº¹ No 1 % E No 1 % E No 1 % E No 1 % E
L
01 – Connect 500 4 cd 99 217 b 66 8 b 98 30 c 96 27 c 96
02 – Connect 750 1 d 99 192 b 70 6 b 99 31 c 95 56 c 93
03 – Engeo maxx 100 3 cd 99 136 b 79 6 b 99 28 c 96 44 c 94
04 – Engeo maxx 150 6 cd 99 102 b 84 3 b 99 25 c 96 25 c 97
05 – Tamaron BR 1000 55 b 91 212 b 68 8 b 98 177 b 74 195 b 75
06 – Orthene 750 500 62 b 90 252 b 61 18 b 96 157 b 77 185 b 76
07 – Testemunha ------ 604 a --- 638 a --- 461 a --- 674 a --- 769 a ---
-
Coeficiente de variação (%) 21,42 21,28 44,60 13,95 20,45

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

316
F de tratamentos 112,69** 8,53** 90,11** 41,95**
35,78**
¹ Número total de ninfas de tripes em 15 ponteiros por parcela.
Valores seguidos de mesma letra nas colunas não diferem entre sí por Tukey a 5 %
Tabela 3: Número total de lagarta-do-pescoço-vermelho S bosquella por tratamento. Teste de
Tukey ao nível de 5 % de probabilidade e porcentagem de eficiência de controle. Ribeirão
Preto, SP, 03/01 a 21/01/2005.
TRATAMENTOS DOSES 3 DA1A 7 DA1A 3 DA2A 8 DA2A 11 DA2A
NOMECOMUM p.c./100 Nº¹ No 1 % E No 1 % E No 1 % E No 1 % E
L
01 – Connect 500 3 b 91 2 bc 89 2 b 85 0 d 1 b 91
100
02 – Connect 750 0 b 100 3 bc 83 0 b 100 0 d 0 b 100
100
03 – Engeo maxx 100 0 b 100 0 c 100 1 b 92 0 d 0 b 100
100
04 – Engeo maxx 150 0 b 100 1 bc 94 0 b 100 0 d 0 b 100
100
05 – Tamaron BR 1000 3 b 91 7 b 61 0 b 100 7 bc 3 b
68 73
06 – Orthene 750 500 2 b 93 4 bc 78 0 b 100 9 b 3 b 73
59
07 – Testemunha ------ 32 a --- 18 a --- 13 a --- 22 a -- 11 a ---
-
Coeficiente de variação (%) 30,43 25,09 23,88 24,67 27,81
F de tratamentos 19,00** 7,22**
12,66** 32,15** 19,96**
¹ Número total de ninfas de tripes em 15 ponteiros por parcela.
Valores seguidos de mesma letra nas colunas não diferem entre sí por tukey a 5 %

4 CONCLUSÃO

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

317
Connect (Imidacloprid + Betaciflutrina) a partir de 500 mL p.c./ha apresentou bom controle
do tripes E. flavens e da lagarta-do-pescoço-vermelho S. bosquella na cultura do amendoim,
podendo ser utilizado no seu controle. Nenhum dos produtos, nas doses empregadas no
experimento, apresentou efeito fitotóxico à cultura do amendoim.

5 REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, P.R.; ARRUDA, H.V.; NEVES, G.S. Efeito do tripés Frankliniella fusca sobre
a produção de amendoinzeiro. Biológico, São Paulo, v.31, n.9, p.181-191, 1965.

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controle de pragas do amendoinzeiro. Biológico, São Paulo, v.43, n.7/8, p.167-171, 1977.

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do amendoinzeiro Enneothrips flavens (Moulton, 1941), no desenvolvimento das plantas, na
qualidade e quantidade da produção de uma cultura "das águas". Biológico, São Paulo, v.40,
n.8, p.241-242, 1974.

GABRIEL, D.; NOVO, J.P.S.; GODOY, I.J. DE; BARBOZA, J.P. Flutuação populacional de
Enneothrips flavens Moul., em cultivares de amendoim. Bragantia, v.55, n.2, p.253-257,
1996.

GABRIEL, D.; NOVO, J.P.S.; GODOY, I.J. Efeito do controle químico na população de
Enneothrips flavens Moul., e na produtividade de cultivares de amendoim Arachis hipogaea
L. Arq. Inst. Biol., v.65, n.2, p. 51-56, 1998.

GALLO, D. (Coord.) Manual de entomologia agrícola. São Paulo, Agronômica Ceres,


1988. 531p.

INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, Estimativa e previsão de safras. Informações


Econômicas. São Paulo, v.33 n.12, p.107. 2003.

LARA, F.M.; SÁ, L.A.N.; SOBUE, S.; FERREIRA, M.T. Controle do tripes do amendoim
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NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R.A. Entomologia Econômica. Ed.
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

318
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SCARPELLINI, J. R. & G. NAKAMURA Controle do tripes Enneothrips flavens (Moulton,


1941) (Thysanoptera: Thripidae) e efeito na produtividade do amendoim. Arq. Inst. Biol., São
Paulo, v.69, n.3, p.85-88, jul./set., 2002.

SILVA, J.E.R. Programas de tratamento fitossanitário no controle do tripes


(Enneothrips flavens Moulton, 1941) do amendoim (Arachis hipogaea L.) Jaboticabal:
1977. 63p. [Monografia (Graduação) - FCAV, Universidade Estadual Paulista "Júlio de
Mesquista Filho"].

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

319
COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL EM ÁREA DE
RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES,
NORTE FLUMINENSE

Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, marciopesagro@yahoo.com.br
Luiz de Morais Rêgo Filho, PESAGRO-RIO, lmorais@pesagro.rj.gov.br
Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO, arivaldo@pesagro.rj.gov.br
Lenício Jospe Ribeiro, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Max Lacerda Ribas, UENF, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Com a introdução da cultura do girassol como uma das oleaginosas que poderão
ser utilizadas no Estado do Rio de Janeiro para a produção de óleo, voltado para a produção
de biodiesel, alguns estudos já foram conduzidos enfocando a competição de genótipos. Estes
estudos foram conduzidos prioritariamente em condições de outono-inverno, testando várias
épocas de semeadura na região Norte Fluminense. Atualmente os estudos com oleaginosas
nesta região estão voltados para a utilização das áreas de renovação de canaviais. As áreas de
renovação são normalmente liberadas a partir de setembro-outubro, e o plantio da cana
somente será realizado no ano seguinte, em março-abril. Procurando estudar o desempenho de
genótipos de girassol em áreas de renovação de canaviais, conduziu-se o presente trabalho no
Norte Fluminense, avaliando três híbridos simples, um híbrido triplo e uma cultivar, incluídas
as já recomendadas. O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte
Fluminense, em área onde a cana, variedade SP 792233, estava sendo cultivada há seis cortes.
Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos, procurando-se identificar
genótipos de girassol mais adaptáveis ao desenvolvimento nas condições do Norte
Fluminense, particularmente em áreas de renovação de canaviais.

Palavras-Chave: Helianthus annuus L., cultivar, híbridos, produção de grãos, Estado do


Rio de Janeiro, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

320
1 INTRODUÇÃO
Com a introdução da cultura do girassol como uma das oleaginosas que poderão ser
utilizadas no Estado do Rio de Janeiro para a produção de óleo, voltado para a produção de
biodiesel, alguns estudos já foram conduzidos enfocando a competição de genótipos, visando
identificar aqueles mais adaptados às diferentes condições edafoclimáticas das regiões
produtoras. Estudos preliminares conduzidos por Oliveira, 2006, baseado em ensaios
conduzidos em vários municípios fluminense, recomenda-se híbridos simples Helio 250 e
Helio 251 e a cultivar Catissol para plantio.
Estes estudos foram conduzidos prioritariamente em condições de outono-inverno,
testando várias épocas de semeadura na região Norte Fluminense (Rêgo Filho et al., 2006 a,b
e c).
Atualmente os estudos com oleaginosas nesta região estão voltados para a utilização das
áreas de renovação de canaviais, estimado em cerca de 20.000 hectares anuais. O girassol
seria cultura de interesse para estas áreas, podendo ser cultivada sem atrapalhar o próximo
plantio da cana. As áreas de renovação são normalmente liberadas a partir de setembro-
outubro, e o plantio da cana somente será realizado no ano seguinte, em março-abril.
Procurando estudar o desempenho de cultivares e híbridos de girassol em áreas de
renovação de canaviais, conduziu-se o presente trabalho no Norte Fluminense, avaliando três
híbridos simples, um híbrido triplo e uma cultivar, incluídas as já recomendadas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,5 (acidez média); P (mg dm-3) 7,0
(baixo); K (cmolc dm-3) 0,25 (bom); Ca (cmolc dm-3) 2,49 (bom); Mg (cmolc dm-3) 1,83
(muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,15 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 3,83 (médio); MO
(dag kg-1) 2,35 (médio); CTC (cmolc dm-3) 8,52 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,69; V (%) 55
(médio); m (%) 3 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 40,46 (bom); Cu (mg dm-3) 1,42 (bom); Zn
(mg dm-3) 1,25 (médio); Mn (mg dm-3) 16,10 (alto) e B (mg dm-3) 0,97 (alto). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez et al. (1999).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

321
O ensaio foi conduzido em área aonde a cana, variedade SP 792233, vinha sendo
cultivada há seis cortes. Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
A adubação utilizada no plantio foi de 20 kg de N ha-1 (fonte sulfato de amônio), 70 kg de
P2O5 ha-1 (fonte superfosfato simples), 40 kg de K2O ha-1 (fonte cloreto de potássio) e 1 kg de
B ha-1 (fonte ácido bórico), distribuídos no sulco de plantio e incorporados antes da
semeadura. Como cobertura, aplicou-se 20 kg ha-1 de N (fonte sulfato de amônio). A
semeadura foi realizada manualmente no dia 28.11.2006. A distância entre plantas na linha foi
de 0,2 m, totalizando cinco covas por metro de sulco, com duas sementes por cova. Sete dias
após a emergência foi realizado desbaste deixando-se cinco plantas por metro de sulco.
Foi utilizado os híbridos simples Helio 250, Helio 251 e Helio 358, o híbrido triplo
Helio 360 e a cultivar Catissol, no delineamento experimental de blocos casualizados, em
quatro repetições. Cada unidade experimental constou de sete linhas de nove metros de
comprimento, espaçadas em 0,80 m, constituindo área total de 50,4 m2.
Por ocasião da colheita foram consideradas como área útil apenas as cinco linhas
centrais, eliminando 1,0 m em cada extremidade, totalizando 28,0 m2. Foram avaliadas as
seguintes características: altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm), obtido a cinco centímetros do nível do
solo, na floração plena; curvatura do caule (cm) obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, na
colheita; massa de 1000 aquênios (g) e produção de grãos (kg ha-1).
No controle de plantas daninhas, com predominância de corda-de-viola (Merremia
cissoides L.), foram realizadas capinas manuais. A presença desta erva daninha tornou a
prática de capina mais difícil, por usar o girassol como suporte para seu crescimento
indeterminado, formando verdadeiras teias na lavoura. Não foram necessárias intervenções
para controle de doenças e pragas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A colheita foi realizada manualmente em 05.03.2007, aos 100 dias após a semeadura.
Segundo Helianthus do Brasil, s.d., da germinação até a maturação fisiológica são necessários
de 80 a 100 dias (Helio 358 e Helio 360) e de 85 a 105 dias para a Helio 250 e de 90 a 115

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

322
dias para a Hélio 251. O resumo da análise de variância para as características avaliadas nos
genótipos encontra-se no Quadro 1.

Quadro 1 - Resumo das análises de variância dos dados das características altura da planta
(AP), diâmetro do caule (DC), curvatura do caule (CC), tamanho do capitulo (TC),
produtividade de grãos (PR) e massa de 1000 aquênios (M1000A) avaliadas no ensaio de
girassol conduzido em Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Fonte de Graus QM
Variação Liberdade AP DC CC TC PR M1000A
Genótipos 4 165,8ns 3,9ns 158,6* 5,0** 51082,4ns 11,1ns
Blocos 3 144,2 1,9 88,3 1,3 53510,6 19,8
Erro 12 99,3 3,7 39,2 0,7 46825,5 4,8
CV (%) - 11,32 14,36 8,43 8,93 39,20 5,94
ns
Não significativo pelo teste F. * Significativo pelo teste F a 5% de probabilidade. ** Significativo pelo teste F a
1% de probabilidade.

A análise de variância somente detectou diferenças significativas para curvatura de


caule (P<0,05) e tamanho do capítulo (P<0,01). Para a produção de grãos deve-se destacar o
alto coeficiente de variação obtido.
As médias obtidas para cada característica avaliada em função das doses de potássio
empregadas encontram-se no Quadro 2.
As médias obtidas para cada característica avaliada estão inferiores a outros valores
encontrados na região. Segundo Helianthus do Brasil, s.d., a altura média das plantas é de 155
a 175 cm (Helio 358 e Helio 360) e de 160 a 180 cm para a Helio 250 e de 170 a 210 cm para
a Hélio 251.
A produção de grãos obtida, média de 552 kg ha-1, está abaixo da média obtida em
outras épocas de semeadura (outono-inverno), de 746 kg ha-1, 2.160 kg ha-1 e 791 kg ha-1 e
(Rêgo Filho et al., 2006 a,b,c).
Apesar da análise de variância ter acusado efeito significativo para curvatura do caule
para os genótipos avaliados, o teste de média utilizado não detectou diferenças significativas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

323
Quadro 2 - Médias dos híbridos e da cultivar utilizada para as características altura da planta
(AP), diâmetro do caule (DC), curvatura do caule (CC), tamanho do capitulo (TC),
produtividade de grãos (PR) e massa de 1000 aquênios (M1000A) avaliadas no ensaio de
girassol conduzido em Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Genótipo AP DC CC TC PROD M1000A
Helio 360 90 a 14 a 75 a 10,0 ab 702 a 38 a
Catissol 92 a 13 a 81 a 9,7 abc 594 a 39 a
Helio 250 83 a 14 a 67 a 11,0 a 586 a 36 a
Helio 251 80 a 12 a 69 a 8,0 c 442 a 37 a
Helio 358 95 a 14 a 80 a 9,0 bc 436 a 34 a
Média 88 13 74 10 552 37
Médias seguidas de letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Durante o período experimental foram computados os dados de precipitação


pluviométrica, coletando-se dados em estação evapotranspirométrica próxima à área de
experimentação, cujos dados encontram-se no Quadro 3.

Quadro 3 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental


(novembro de 2006 a março de 2007). Campos dos Goytacazes, 2006/2007. Dados obtidos
em estação evapotranspirométrica localizada ao lado da área experimental (CCTA/UENF).
Meses Precipitação Pluviométrica (mm)
Novembro de 2006 207
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Total 831

Um dos motivos da baixa produtividade média pode estar no total de água disponível
para a cultura durante o seu período inicial, acima de 500 mm.
Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos, procurando-se
identificar genótipos de girassol mais adaptáveis ao desenvolvimento nas condições do Norte
Fluminense.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

324
4 CONCLUSÃO
Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos, procurando-se
identificar genótipos de girassol mais adaptáveis ao desenvolvimento nas condições do Norte
Fluminense, particularmente em áreas de renovação de canaviais.

5 AGRADECIMENTO
À Helianthus do Brasil Ltda, pelo fornecimento das sementes dos híbridos avaliados.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ, V. V. H.; NOVAIS, R. F. de; BARROS, N. F.; CANTARUTTI, R. B.
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G.; ALVAREZ, V. V. H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais – 5ª Aproximação. Viçosa : CFSEMN, 1999. p. 25-32.

HELIANTHUS DO BRASIL LTDA. Para produção de biodiesel a melhor opção é plantar


girassol. Folder, s.d.

OLIVEIRA, L.A.A. de. Projeto: Avaliações agronômicas, edafoclimáticas e econômicas e


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CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
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REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
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In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006c. p. 26.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

325
RESPOSTA DO GIRASSOL À CALAGEM E DOSES DE BORO EM ÁREA
DE RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES,
NORTE FLUMINENSE

Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, marciopesagro@yahoo.com.br
Luiz de Morais Rêgo Filho, PESAGRO-RIO, lmorais@pesagro.rj.gov.br
Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO, arivaldo@pesagro.rj.gov.br
Aldo Shimoya, UNIVERSO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Lenício Jospe Ribeiro, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Max Lacerda Ribas, UENF, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Apesar dos benefícios proporcionados pela calagem, um de seus efeitos é


interferir na disponibilidade de boro no solo, pelo aumento do pH. Este é um dado importante,
por ser este micronutriente o mais limitante no cultivo do girassol . Considerando-se que a
cultura do girassol vem sendo introduzida e avaliada no Norte Fluminense como opção de
cultivo para áreas de renovação de canaviais, conduziu-se este estudo, procurando analisar o
desempenho da cultura a doses de boro na presença e na ausência de calagem. Foi utilizada a
cultivar Catissol, no delineamento experimental de blocos casualizados em esquema de
parcelas subdivididas, em quatro repetições, sendo o ensaio conduzido em Campos dos
Goytacazes, Norte Fluminense. Na parcela ficou a presença e/ou ausência de calagem e, na
subparcela, as doses de boro. Na calagem, quando presente, foi utilizado o calcário
dolomítico, na recomendação de 2 toneladas por hectare. As doses de boro empregadas foram
0; 2; 4 e 6 kg ha-1 (fonte ácido bórico). Concluiu-se que não houve resposta significativa em
nenhuma das características avaliadas quanto à aplicação de calcário dolomítico, com resposta
significativa da maioria das características avaliadas, incluindo produção de grãos, a doses de
boro, com ajuste quadrático em relação às doses utilizadas.

Palavras-Chave: Helianthus annuus L., macronutriente, micronutriente, produção de grãos,


biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

326
1 INTRODUÇÃO
A calagem é prática fundamental para a melhoria do ambiente radicular das plantas,
constituindo-se, talvez, em condição primária para ganhos de produtividade nos solos
(Alvarez e Ribeiro, 1999).
Os solos, além de serem ácidos nas condições naturais, tornam-se mais ácidos com a
prática da adubação e pelo próprio processo de absorção de nutrientes, onde há uma troca de
cátions por íons H+ extrudados pela raiz (Malavolta e Violante Netto, 1989).
O girassol é uma espécie sensível à acidez do solo, sendo importante o seu cultivo em
solos com pH corrigidos (Paes, 2005). Amabile et al., 2003, ao analisarem o crescimento do
girassol em latossolo com diferentes níveis de saturação por bases no cerrado, concluíram que
o crescimento da planta é reduzido quando o nível de saturação por bases do solo situa-se em
18%.
Apesar dos benefícios proporcionados pela calagem, um de seus efeitos é interferir na
disponibilidade de boro no solo, pelo aumento do pH (Dantas, 1991). Este é um dado
importante, por ser este micronutriente o mais limitante ao cultivo do girassol (Castro e
Oliveira, 2005).
Considerando-se que a cultura do girassol vem sendo introduzida e avaliada no Norte
Fluminense como opção de cultivo para áreas de renovação de canaviais, conduziu-se este
estudo, procurando analisar o desempenho da cultura a doses de boro na presença e na
ausência de calagem.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,5 (acidez média); P (mg dm-3) 7,0
(baixo); K (cmolc dm-3) 0,25 (bom); Ca (cmolc dm-3) 2,49 (bom); Mg (cmolc dm-3) 1,83
(muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,15 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 3,83 (médio); MO
(dag kg-1) 2,35 (médio); CTC (cmolc dm-3) 8,52 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,69; V (%) 55
(médio); m (%) 3 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 40,46 (bom); Cu (mg dm-3) 1,42 (bom); Zn
(mg dm-3) 1,25 (médio); Mn (mg dm-3) 16,10 (alto) e B (mg dm-3) 0,97 (alto). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez et al. (1999).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

327
O ensaio foi conduzido em área aonde a cana, variedade SP 792233, vinha sendo
cultivada há seis cortes. Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
A adubação utilizada no plantio foi de 500 kg ha-1 da fórmula 04-14-08, distribuída no sulco
de plantio e incorporada antes da semeadura. Como cobertura, aplicou-se 20 kg ha-1 de N
(fonte sulfato de amônio). A semeadura foi realizada manualmente no dia 28.11.2006. A
distância entre plantas na linha foi de 0,2 m, totalizando cinco covas por metro de sulco, com
duas sementes por cova. Sete dias após a emergência foi realizado desbaste deixando-se cinco
plantas por metro de sulco.
Foi utilizada a cultivar Catissol, no delineamento experimental de blocos casualizados
em esquema de parcelas subdivididas, em quatro repetições. Na parcela ficou a presença e/ou
ausência de calagem e, na subparcela, as doses de boro via solo: 0; 2; 4 e 6 kg ha-1, utilizando
como fonte o ácido bórico. Cada unidade experimental constou de sete linhas de nove metros
de comprimento, espaçadas em 0,80 m, constituindo área total de 50,4 m2. Na calagem,
quando presente, foi utilizado o calcário dolomítico, na recomendação de 2 toneladas por
hectare.
Por ocasião da colheita foram consideradas como área útil apenas as cinco linhas
centrais, eliminando 1,0 m em cada extremidade, totalizando 28,0 m2. Foram avaliadas as
seguintes características: altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm), obtido a cinco centímetros do nível do
solo, na floração plena; curvatura do caule (cm) obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, na
colheita; massa de 1000 aquênios (g); produção de grãos (kg ha-1) e estande final.
No controle de plantas daninhas, com predominância de corda-de-viola (Merremia
cissoides L.), foram realizadas capinas manuais. A presença desta erva daninha tornou a
prática de capina mais difícil, por usar o girassol como suporte para seu crescimento
indeterminado, formando verdadeiras teias na lavoura. Não foram necessárias intervenções
para controle de doenças e pragas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A colheita foi realizada manualmente em 06.03.2007, aos 100 dias após a semeadura.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

328
A análise de variância somente detectou diferenças significativas para as características
avaliadas com relação ao efeito de doses de boro, exceto para número de plantas quebradas.
Os tratamentos calagem (presença e ausência), bem como a interação entre a calagem e as
doses de Boro não apresentaram significância (Quadro 1).

Quadro 1 - Resumo das análises de variância dos dados das características altura da planta
(AP), diâmetro do caule (DC), curvatura do caule (CC), tamanho do capitulo (TC),
produtividade de grãos (PR), massa de 1000 aquênios (M100A) e estande final (EF) avaliadas
no ensaio de girassol conduzido em Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Fonte de QM
Variação GL AP DC CC TC
Blocos 3 206,83 1,12 79,58 1,38
Calagem (C) 1 24,50 ns 3,12ns 55,12ns 0,12ns
Erro A 3 135,00 1,79 31,21 1,21
** ** **
Doses de Boro (B) 3 46853,42 570,71 26533,50 287,38**
Interação C x B 3 98,92 ns 1,38ns 25,12ns 0,38ns
Erro B 18 164,28 1,15 69,56 0,65
CVparcela (%) 17,54 18,30 11,20 21,19
CVsubparcela (%) 19,35 14,68 16,72 15,57
Fonte de QM
Variação GL PR M1000A EF
Blocos 3 22294,03 10,88 66,58
ns ns
Calagem (C) 1 53382,78 4,50 24,50ns
Erro A 3 26751,03 1,75 43,58
Doses de Boro (B) 3 1687575,28** 4510,12** 22584,75**
Interação C x B 3 48650,28ns 1,83 ns 68,92ns
Erro B 18 23334,97 4,76 26,89
CVparcela (%) 41,92 6,43 14,35
CVsubparcela (%) 39,15 10,61 11,27
**, ns
Significativo a 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

329
Com relação à análise de regressão polinomial apenas a característica estande final não
apresentou diferença significativa. Já as demais características apresentaram uma resposta
quadrática (P<0,01) em relação às doses de Boro, com exceção da curvatura do caule que
apresentou resposta linear (P<0,01) quando submetidas as diferentes doses de boro. Deve-se
destacar que o teor de boro no solo é alto.
As regressões polinomiais obtidas para altura de planta (cm), curvatura do caule (cm),
massa de 1000 aquênios (g) e estande final (número de plantas colhidas) encontram-se na
Figura 1.

AP y = -0.34375x2 + 1.6625x + 131.1375


160 2
R = 0.7818**
140
120
100
80 CC y = 0.8x + 98.225
R2 = 0.5361**
60
EF y = ns
40
2
M1000A y = -0.2266x + 1.6156x + 40.1688
20
R2 = 0.8439**
0
0 2 4 6
doses de Boro (kg/ha)

AP CC M1000A EF

Figura 1 - Regressões polinomiais obtidas para altura de planta (AP), curvatura do caule (CC),
massa de 1000 aquênios (M1000A) e estande final (EF).

As regressões polinomiais obtidas para diâmetro de caule (mm), número de plantas


acamadas e quebradas e diâmetro do capítulo (cm) encontram-se na Figura 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

330
16
15
14
2
DC y = -0.1172x + 0.6969x + 14.0812
13 2
R = 0.8695**
12
11
10
TC y = -0.0313x2 + 0.1375x + 10.275
9 2
R = 0.9**
8
0 2 4 6
doses de Boro (kg/ha)

DC TC

Figura 2 - Regressões polinomiais obtidas para diâmetro de caule (DC), e tamanho do capítulo
(TC).

A regressão polinomial obtida para a produção de grãos (kg ha-1) encontra-se na


Figura 3.

950
900
850
800
750 2
y = -17.3672x + 117.0594x + 698.3062
700 2
R = 0.9999**
650
600
550
500
0 2 4 6
doses de Boro (kg/ha)

PR

Figura 3 - Regressão polinomial obtida para produção de grãos (PR).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

331
Pode-se verificar pelas regressões que, de maneira geral, para todas as características
avaliadas doses de boro superior a 4 kg ha-1 (ponto de máximo para produção de grãos
alcançada com 3,4 kg de B ha-1) é prejudicial ao girassol, nas condições avaliadas.
As médias obtidas para cada característica avaliada em função das doses de boro
empregadas encontram-se no Quadro 2.

Quadro 2 - Médias da cultivar Catissol para as características avaliadas. Campos dos


Goytacazes, RJ, março de 2007.
Doses de Altura Diâmetro Curvatura Tamanho Massa 1000 Produção
Boro planta (cm) caule (mm) capítulo (cm) capítulo (cm) Aquênios Grãos
(kg ha-1) (g) (kg ha-1)
0 131 14 97 10 40 699
2 134 15 102 11 42 862
4 131 15 100 10 44 890
6 129 14 103 10 42 775
Média 131 15 101 10 42 807

Quanto à ausência de resposta da calagem, o resultado da análise de solo pode, em


parte, explicar os resultados. Verifica-se que o valor de pH (água) 5,5 (acidez média) está de
acordo com o recomendado para a cultura, assim como os valores de cálcio bom e de
magnésio muito bom, além do alumínio muito baixo e o volume de saturação por bases de
55%, considerado médio.
Durante o período experimental foram computados os dados de precipitação
pluviométrica, coletando-se dados em estação evapotranspirométrica próxima à área de
experimentação, cujos dados encontram-se no Quadro 3.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

332
Quadro 3 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental
(novembro de 2006 a março de 2007). Campos dos Goytacazes, 2006/2007. Dados obtidos
em estação evapotranspirométrica localizada ao lado da área experimental (CCTA/UENF).
Meses Precipitação Pluviométrica (mm)
Novembro de 2006 207
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Total 831

Um dos motivos da baixa produtividade média (807 kg ha-1) pode estar no total de água
disponível para a cultura durante o seu período inicial, acima de 500 mm.
Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos, procurando-se
identificar doses de boro mais favoráveis ao desenvolvimento da cultura no Norte
Fluminense, bem como da recomendação da calagem.

4 CONCLUSÕES
Não houve resposta significativa em nenhuma das características avaliadas quanto à
aplicação de calcário dolomítico.
Houve resposta significativa da maioria das características avaliadas, incluindo
produção de grãos, a doses de boro, com ajuste quadrático em relação às doses utilizadas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ, V. V. H.; NOVAIS, R. F. de; BARROS, N. F.; CANTARUTTI, R. B.
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G.; ALVAREZ, V. V. H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais – 5ª Aproximação. Viçosa : CFSEMN, 1999. p. 25-32.

ALVAREZ, V. V. H.; RIBEIRO, A. C. Calagem. In: RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T.


G.; ALVAREZ, V. V. H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais – 5ª Aproximação. Viçosa : CFSEMN, 1999. p. 43-60.

AMABILE, R. F.; GUIMARÃES, D. P.; FARIA NETO, A. L. de. Análise de crescimento de


girassol em latossolo com diferentes níveis de saturação por bases no cerrado. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v. 38, n. 2, p. 219-224, fev. 2003.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

333
CASTRO, C. de; OLIVEIRA, F. A. de. Nutrição e adubação do girassol. In: LEITE,
R.M.V.B. de C.; BRIGHENTI, A.M.; CASTRO, C. de. Girassol no Brasil. Londrina:
Embrapa Soja, 2005. p. 317-373.

DANTAS, J. P. Boro. In: FERREIRA, M. E.; CRUZ, M. C. P. da. SIMPÓSIO SOBRE


MICRONUTRIENTES NA AGRICULTURA, 1., Jaboticabal, 1988. Anais ...Piracicaba :
POTAFOS/CNPq, 1991. p. 113-130.

MALAVOLTA, E.; VIOLANTE NETTO, A. Nutrição mineral, calagem, gessagem e


adubação dos citros. Piracicaba : POTAFOS, 1989. 153 p.

PAES, J. M. V. Utilização do girassol em sistemas de cultivo. Informe Agropecuário, Belo


Horizonte, v. 26, n. 229, p. 34-41, 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

334
RESPOSTA DO GIRASSOL A DOSES DE POTÀSSIO EM ÁREA DE
RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES,
NORTE FLUMINENSE

Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br


José Márcio Ferreira, PESAGRO-RIO, marciopesagro@yahoo.com.br
Luiz de Morais Rêgo Filho, PESAGRO-RIO, lmorais@pesagro.rj.gov.br
Arivaldo Ribeiro Viana, PESAGRO-RIO, arivaldo@pesagro.rj.gov.br
Lenício Jospe Ribeiro, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br
Max Lacerda Ribas, UENF, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Ocorre diferença na quantidade absorvida de K, devido sua absorção do solo ser
influenciada não só pela exigência da própria cultura, mas também pela sua disponibilidade e
condições físicas, químicas e biológicas do ambiente onde a cultura se desenvolve. Dentre as
oleaginosas o girassol remove do solo 240 kg de K2O ha-1, enquanto a soja retira 170, a colza
220 e o amendoim 110. Apesar de não ser limitante nos solos da região, o uso contínuo das
áreas com a cana-de-açúcar e adubação nem sempre em doses adequadas, podem estar
limitando sua disponibilidade. Com este objetivo foi conduzido este trabalho, testando-se
doses de potássio via solo (fundação), avaliando-se seus efeitos na cultura do girassol, em
área de renovação de canaviais. O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região
Norte Fluminense, em área aonde a cana, variedade SP 792233, vinha sendo cultivada há seis
cortes. A adubação utilizada no plantio foi de 20 kg de N ha-1 (fonte sulfato de amônio) e de
70 kg de P2O5 ha-1 (fonte superfosfato simples), juntamente com as doses de K: testemunha
(sem K), 20 kg de K2O ha-1, 40 kg de K2O ha-1 e 60 kg de K2O ha-1 (fonte cloreto de
potássio), distribuídos no sulco e incorporados antes da semeadura. Conclui-se que não houve
resposta significativa em nenhuma das características avaliadas quanto à aplicação de doses
de potássio.

Palavras-Chave: Helianthus annuus L., adubação potássica, produção de grãos, Estado do


Rio de Janeiro, bioidesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

335
1 INTRODUÇÃO
No Estado do Rio de Janeiro a expectativa em torno do cultivo do girassol é grande,
devido, principalmente, ao lançamento do Programa RioBiodiesel pelo Governo Estadual, em
2005. A partir daí a pesquisa iniciou seus estudos com a cultura no estado, visando sua
produção voltada para o biodiesel.
Paes, 2005, cita que até 1981 eram escassos os estudos que envolviam a nutrição e
adubação desta oleaginosa, sendo recomendado para a decisão da dosagem do fertilizante, a
análise de solo.
A importância da análise de solo como indicador da necessidade de adubação potássica
no girassol também foi destacado por Castro e Oliveira, 2005.
Segundo a Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1990, ocorrem
grandes diferenças na quantidade absorvida deste macronutriente por diversas culturas. Esta
diferença ocorre devida sua absorção do solo ser influenciada não só pela exigência da própria
cultura, mas também pela sua disponibilidade no solo e pelas condições físicas, químicas e
biológicas do ambiente onde a cultura se desenvolve. Segundo ainda essa Associação, dentre
as oleaginosas o girassol remove do solo 240 kg de K2O ha-1, enquanto a soja retira 170, a
colza 220 e o amendoim 110.
Apesar de não ser limitante nos solos da região, o uso contínuo das áreas com a cana-
de-açúcar e adubação nem sempre em doses adequadas, podem estar limitando a
disponibilidade de potássio. Como este macronutriente também tem participação efetiva no
teor de óleo final, sua disponibilidade nas áreas de renovação deverá ser mais bem avaliada.
Com este objetivo foi conduzido este trabalho, testando-se doses de potássio via solo
(fundação), avaliando-se seus efeitos na cultura do girassol, em área de renovação de
canaviais.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,5 (acidez média); P (mg dm-3) 7,0
(baixo); K (cmolc dm-3) 0,25 (bom); Ca (cmolc dm-3) 2,49 (bom); Mg (cmolc dm-3) 1,83
(muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,15 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 3,83 (médio); MO

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

336
(dag kg-1) 2,35 (médio); CTC (cmolc dm-3) 8,52 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,69; V (%) 55
(médio); m (%) 3 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 40,46 (bom); Cu (mg dm-3) 1,42 (bom); Zn
(mg dm-3) 1,25 (médio); Mn (mg dm-3) 16,10 (alto) e B (mg dm-3) 0,97 (alto). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez et al. (1999).
O ensaio foi conduzido em área aonde a cana, variedade SP 792233, vinha sendo
cultivada há seis cortes. Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
A adubação utilizada no plantio foi de 20 kg de N ha-1 (fonte sulfato de amônio), 70 kg de
P2O5 ha-1 (fonte superfosfato simples) e 1 kg de boro ha-1 (fonte ácido bórico), juntamente
com as doses de K: testemunha (sem K), 20 kg de K2O ha-1, 40 kg de K2O ha-1 e 60 kg de
K2O ha-1 (fonte cloreto de potássio), distribuídos no sulco de plantio e incorporados antes da
semeadura. Como cobertura, aplicou-se 20 kg ha-1 de N (fonte sulfato de amônio). A
semeadura foi realizada manualmente no dia 29.11.2006. A distância entre plantas na linha foi
de 0,2 m, totalizando cinco covas por metro de sulco, com duas sementes sendo aplicadas por
cova. Sete dias após a emergência foi realizado desbaste deixando-se cinco plantas por metro
de sulco.
Foi utilizada a cultivar Catissol, no delineamento experimental de blocos casualizados,
em quatro repetições. Cada unidade experimental constou de sete linhas de nove metros de
comprimento, espaçadas em 0,80 m, constituindo área total de 50,4 m2.
Por ocasião da colheita foram consideradas como área útil apenas as cinco linhas
centrais, eliminando 1,0 m em cada extremidade, totalizando 28,0 m2. Foram avaliadas as
seguintes características: altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm), obtido a cinco centímetros do nível do
solo, na floração plena; curvatura do caule (cm) obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, na
colheita; massa de 1000 aquênios (g) e produção de grãos (kg ha-1).
No controle de plantas daninhas, com predominância de corda-de-viola (Merremia
cissoides L.), foram realizadas capinas manuais. A presença desta erva daninha tornou a
prática de capina mais difícil, por usar o girassol como suporte para seu crescimento
indeterminado, formando verdadeiras teias na lavoura. Não foram necessárias intervenções
para controle de doenças e pragas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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337
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A colheita foi realizada manualmente em 07.03.2007, aos 100 dias após a semeadura.
A análise de variância não detectou diferenças significativas para as características
avaliadas com relação ao efeito de doses de potássio (Quadro 1).

Quadro 1 - Resumo das análises de variância dos dados das características altura da planta
(AP), diâmetro do caule (DC), curvatura do caule (CC), tamanho do capitulo (TC),
produtividade de grãos (PR) e massa de 1000 aquênios (M1000A) avaliadas no ensaio de
girassol conduzido em Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Fonte de Graus QM
Variação Liberdade AP DC CC TC PR M1000A
Doses K 3 248,9ns 0,73ns 36,0ns 0,63ns 37804,06ns 5,69ns
Blocos 3 147,7 1,21 87,1 4,17 58219,23 36,69
Erro 9 136,9 0,42 47,2 1,10 48189,12 7,73
CV (%) - 8,24 4,53 6,42 8,89 32,30 6,98
ns Não significativo pelo teste F a 1% de probabilidade.

A ausência de resposta ao potássio pode estar relacionado com o teor inicial do solo,
classificado como bom (análise de solo), que atendeu às exigências da cultura. Outro fator que
pode ter contribuído para que a produção de grãos não tenha aumentado em função da
adubação potássica é que a queima da cana-de-açúcar, sistema de colheita adotado na região.
Assim, a queima da palhada resultaria em cinzas que, acumuladas no solo, manteriam seu teor
em níveis adequados.
As médias obtidas para cada característica avaliada em função das doses de potássio
empregadas encontram-se no Quadro 2.
As médias obtidas para cada característica avaliada estão inferiores a outros valores
encontrados na região para a cultivar Catissol.
Durante o período experimental foram computados os dados de precipitação
pluviométrica, coletando-se dados em estação evapotranspirométrica próxima à área de
experimentação, cujos dados encontram-se no Quadro 3.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

338
Quadro 2 - Médias da cultivar Catissol para as características altura da planta (AP), diâmetro
do caule (DC), curvatura do caule (CC), tamanho do capitulo (TC), produtividade de grãos
(PR) e massa de 1000 aquênios (M1000A) avaliadas no ensaio de girassol conduzido em
Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Características Doses de K (kg ha-1) Média
Avaliadas Testemunha 20 40 60 Geral
AP 137 a 143 a 136 a 153 a 142
DC 14 a 15 a 14 a 14 a 14
CC 107 a 110 a 103 a 107 a 107
TC 12 a 12 a 11 a 12 a 12
PR 552 a 744 a 656 a 766 a 680 a
M1000A 39 a 41 a 39 a 40 a 40
Médias seguidas pela mesma letra na linha para cada característica avaliada, não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5%.

Quadro 3 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental


(novembro de 2006 a março de 2007). Campos dos Goytacazes, 2006/2007. Dados obtidos
em estação evapotranspirométrica localizada ao lado da área experimental (CCTA/UENF).
Meses Precipitação Pluviométrica (mm)
Novembro de 2006 207
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Total 831

Um dos motivos da baixa produtividade média (680 kg ha-1) pode estar no total de água
disponível para a cultura durante o seu período inicial, acima de 500 mm.
Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos, procurando-se
identificar doses de potássio mais favoráveis ao desenvolvimento da cultura no Norte
Fluminense.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

339
4 CONCLUSÃO
Não houve resposta significativa em nenhuma das características avaliadas quanto à
aplicação de doses de potássio em áreas de renovação de canaviais.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ, V. V. H.; NOVAIS, R. F. de; BARROS, N. F.; CANTARUTTI, R. B.
Interpretação dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T.
G.; ALVAREZ, V. V. H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais – 5ª Aproximação. Viçosa : CFSEMN, 1999. p. 25-32.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA PESQUISA DA POTASSA E DO FOSFATO.


Potássio: necessidade e uso na agricultura moderna. Tradução de Bernardo van Raij.
Piracicaba : POTAFOS, 1990.

CASTRO, C. de; OLIVEIRA, F. A. de. Nutrição e adubação do girassol. In: LEITE,


R.M.V.B. de C.; BRIGHENTI, A.M.; CASTRO, C. de. Girassol no Brasil. Londrina:
Embrapa Soja, 2005. p. 317-373.

PAES, J. M. V. Utilização do girassol em sistemas de cultivo. Informe Agropecuário, Belo


Horizonte, v. 26, n. 229, p. 34-41, 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

340
RENDIMENTO EM ÓLEO DAS VARIEDADES DE GIRASSOL
CULTIVADAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PARA O PROJETO
RIOBIODIESEL

Leonardo Moreira de Lima, UFRRJ, wanderpesagro@yahoo.com.br


Rafael Silveira Chiaro, UFRRJ, wanderpesagro@yahoo.com.br
Rosemar Antoniassi, EMBRAPA, wanderpesagro@yahoo.com.br
Sidinéa Cordeiro de Freitas, EMBRAPA, wanderpesagro@yahoo.com.br
Luiz Antônio Antunes de Oliveira, PESAGRO-RIO, laoliveira@pesagro.rj.gov.br
Luiz de Morais Rêgo Filho, PESAGRO-RIO, lmorais@pesagro.rj.gov.br
Wander Eustáquio de Bastos Andrade, PESAGRO-RIO, wanderpesagro@yahoo.com.br

RESUMO: O Estado do Rio de Janeiro caracteriza-se pela presença de pequenas e médias


propriedades rurais, predominando o sistema de agricultura familiar. Neste contexto, o projeto
RioBiodiesel do Estado do Rio de Janeiro se propõe a estimular o plantio de oleaginosas em
diversas regiões do Estado, em parceria com diversos municípios. A viabilidade técnica,
sócio-ambiental e econômica do projeto só poderá ser avaliada após obtenção dos
rendimentos de produção das sementes (incluindo quantidade e qualidade do óleo) e dos
farelos desengordurados para que se possa propor utilização que venha a agregar valor aos
subprodutos. Para atender a este projeto, a Pesagro-Rio instalou unidades de produção com
espécies oleaginosas em diferentes regiões do Estado do Rio de Janeiro, que foram analisados
na Embrapa Agroindústria de Alimentos. Foram implantados cultivos de girassol, mamona e
gergelim. Neste trabalho são apresentados resultados de rendimento em óleo de cinco
variedades de girassol cultivadas em cinco locais: Seropédica, Avelar, Silva Jardim, Campos
dos Goytacazes e Itaocara. Os resultados de teor de óleo serão incorporados aos resultados
obtidos pela Pesagro-Rio de rendimento de grãos por hectare, de maneira a selecionar
variedades para se obter maior quantidade de óleo por hectare, bem como na definição das
variedades indicadas para cada local.

Palavras-Chave: Lipídios, produtividade, Helianthus annuus L., rendimento de óleo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

341
1 INTRODUÇÃO
Entre os biocombustíveis destacam-se os óleos graxos como fonte direta de
combustível, os combustíveis obtidos do craqueamento de óleos graxos, e os ésteres etílicos
ou metílicos de ácidos graxos obtidos a partir de catálise entre óleos graxos e metanol ou
etanol, respectivamente (Ma e Hanna, 1999).
Pesquisas realizadas com apoio do Ministério da Indústria e Comércio na década de 80
permitiram concluir que combustíveis alternativos para uso em motores de combustão interna,
obtidos a partir de óleos vegetais modificados, representavam soluções tecnicamente
satisfatórias para substituir o óleo diesel (Brasil, 1985).
O Estado do Rio de Janeiro caracteriza-se pela presença de pequenas e médias
propriedades rurais sendo 90% inferiores a 10 ha, predominando o sistema de agricultura
familiar. Neste contexto, o projeto Rio Biodiesel do Estado do Rio de Janeiro, se propõe a
estimular o plantio de oleaginosas em diversas regiões do Estado, em parceria com os
diversos municípios que fornecerão terras para o plantio (Banco..., 2003). A viabilidade
técnica, sócio-ambiental e econômica do projeto só poderá ser avaliada após obtenção dos
rendimentos de produção de grãos (incluindo quantidade e qualidade do óleo) e dos farelos
desengordurados para que sua utilização venha a agregar valor aos agricultores.
O projeto “Implantação do biodiesel na matriz energética do Estado do Rio de Janeiro”
se propõe a estimular o domínio de tecnologia de instituições fluminenses nos processos de
plantio de oleaginosas, a transformação de óleo vegetal em Biodiesel e de caracterização e de
avaliação deste novo combustível, de forma a adequá-lo aos padrões exigidos pela indústria
automotiva e pela Agência Nacional do Petróleo (BANCO.., 2003).
Para atender a este projeto, a Pesagro-Rio (Empresa de Pesquisa Agropecuária do
Estado do Rio de Janeiro), instalou unidades de produção com espécies oleaginosas em
diferentes regiões do Estado do Rio de Janeiro (BANCO..., 2003), que foram analisados na
Embrapa Agroindústria de Alimentos. Foram implantados cultivos de girassol, mamona e
gergelim. Neste trabalho serão apresentados resultados de rendimento em óleo das cinco
variedades de girassol cultivadas nos cinco locais selecionados: Seropédica, Avelar, Silva
Jardim, Campos dos Goytacazes e Itaocara, sendo que nestas duas últimas foram implantados
dois cultivos no ano de 2005, codificados como 1a e 2 a épocas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

342
2 MATERIAL E MÉTODOS
O cultivo do girassol compreendeu cinco variedades comerciais em cinco regiões, no
delineamento experimental de blocos casualizados com quatro repetições. Na colheita foram
selecionadas duas linhas úteis com 20 plantas cada, excluindo-se as linhas laterais como
bordadura. Foram tomadas 12 sub-amostras de girassol para cada variedade/local e foram
analisadas quanto ao teor de óleo, umidade e teor de umidade na amêndoa, até que se
obtivessem pelo menos oito resultados válidos. As análises foram realizadas segundo a
AOCS, 2004.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Resultados das variedades (V) de girassol para diversas áreas de cultivo no Estado
do Rio de Janeiro para umidade (%), produção de óleo (%) e casca (%).
Local V Umidade % % Óleo %Casca
Seropédica 1 5,3 37,4 26,2
2 5,5 38,6 26,6
3 5,4 38,1 27,6
4 5,2 39,0 25,0
5 5,0 39,2 24,9
Silva Jardim 1 6,5 31,9 29,4
2 6,4 38,1 23,9
3 6,2 35,4 26,4
4 5,5 37,3 25,9
5 5,7 37,2 26,2
Avelar 1 5,8 43,0 25,0
2 5,9 46,1 23,8
3 5,8 42,4 27,9
4 5,6 44,7 23,4
5 5,8 45,1 24,7
Campos 1 1 5,3 41,6 30,8
2 4,6 48,0 22,6

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

343
3 5,1 44,2 24,8
4 4,8 50,6 21,6
5 4,8 48,9 22,5
Itaocara 1 1 9,9 37,7 30,0
2 9,3 39,5 26,0
3 9,4 37,5 27,3
4 9,0 39,5 22,3
5 9,8 39,3 24,6
Campos 2 1 5,8 46,1 25,0
2 5,6 46,7 23,6
3 5,9 44,8 25,3
4 5,7 46,6 23,7
5 5,8 44,3 28,8
Itaocara 2 1 8,7 30,8 28,1
2 9,6 34,2 26,3
3 10,1 33,6 25,9
4 10,1 31,2 29,3
5 9,9 33,9 26,0

Os valores de umidade estão abaixo de 10%, importante para se manter a estabilidade


da semente. O percentual de casca esteve entre 20 e 30%, sendo este um parâmetro importante
para a avaliação de rendimento do girassol, pois a casca praticamente não apresenta óleo e por
outro lado apresenta grande quantidade de ceras. Quanto maior a percentagem de casca,
menor o rendimento em óleo. No Brasil já foram observadas em algumas áreas percentuais de
casca que chegam a 40%.
O teor de óleo variou de 27 e 52%, sendo que em alguns casos os resultados são
comparáveis aos maiores rendimentos de outras áreas do país, para variedades utilizadas
comercialmente. Os maiores teores de óleo foram obtidos nas variedades cultivadas em
Campos e Avelar. Mas os resultados de rendimento por hectare dependem os resultados da
área agronômica quanto ao rendimento de grãos por hectare.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

344
4 CONCLUSÃO
Os resultados de teor de óleo serão incorporados aos resultados da Pesagro-Rio de
rendimento de grãos por hectare, de maneira a selecionar variedades para se obter maior
rendimento de óleo por hectare, bem como na definição das variedades mais indicadas para
cada local.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AOCS - AMERICAN OIL CHEMISTS’ SOCIETY. Official Methods and Recommended
Practices of the American Oil Chemists’ Society, Champaign, IL., 2004.

BANCO DE GERMOPLASMA DE ESPÉCIES OLEAGINOSAS NO ESTADO DO RIO DE


JANEIRO. Avaliações agronômicas; edafoclimáticas e econômicas sobre a produção de
biodiesel. Pesagro-Rio (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro),
Projeto, 2003.

BRASIL. MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO, SECRETARIA DE


TECNOLOGIA INDUSTRIAL. Obtenção de combustível de óleo vegetal em nível de
propriedade rural. Brasília, 98p., 1985.

MA, F.; HANNA, M.A. Biodiesel production: a review. Bioresource Technology, v.70, p.1-
15, 1999

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

345
SECAGEM DE BAGAÇO DE CANA POR FRITURA DE IMERSÃO

Jefferson Luiz Gomes Corrêa, UFLA, jefferson@ufla.br


Victor Rudolph, UQ, victorr@cheque.uq.edu.au

RESUMO: A busca por energia renovável vem se tornando cada vez mais intensa, frente ao
atual cenário mundial. A cana de açúcar é uma das importantes fontes de energia renovável. O
bagaço de cana, um dos derivados da cana, o bagaço apresenta um grande potencial de
utilização. Este potencial vai desta sua queima para geração de energia à hidrólise e
transformação em etanol ou polímeros biodegradáveis. A secagem do bagaço contribui para a
otimização dos processos que o utilizam. Estudou-se, neste trabalho, a secagem de bagaço de
cana por fritura por imersão. O óleo usado para a fritura foi o óleo de soja comercial e as
temperaturas do óleo testadas, 120 e 150ºC. Os ensaios foram realizados com a imersão de
uma massa média de 2,5 g de bagaço em 1,5L de óleo. Observou-se as influências de
variáveis como tempo e temperatura de fritura. Obtiveram-se curvas de secagem e de
incorporação de óleo com o tempo. Observou-se uma relação direta entre remoção de
umidade e incorporação de óleo e entre a temperatura do óleo e o teor de umidade.

Palavras-Chave: Óleo, energia, biomassa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

346
1 INTRODUÇÃO
A biomassa deixou de ser sinônimo de subdesenvolvimento para significar energia
limpa. Os Fatores como a crise energética mundial e o efeito estufa têm contribuído para a
busca de energias limpas como a energia da biomassa. Neste sentido, o programa do álcool
combustível coloca o Brasil em posição de destaque na utilização de uma fonte que além de
renovável, não eleva as taxas de CO2. A nova realidade dos carros bi-combustível traz uma
etapa bastante promissora ao uso da cana de açúcar.
Além do álcool combustível, o processamento da cana de açúcar resulta no bagaço de
cana, outra importante fonte de biomassa. Atualmente, a maioria das usinas apresenta-se auto-
suficientes energeticamente, pela geração de energia através da queima de bagaço de cana,
resultando ainda em excedentes que podem ser vendidos às redes distribuidoras. A secagem
de bagaço resulta em uma maior eficiência da caldeira e, conseqüentemente, em uma maior
eficiência energética do processo (Corrêa et al., 2004a e b; Sosa-Arnao, 2006).
Dentre as formas de secagem, pode-se apontar a operação de fritura, que consiste na
imersão do material úmido em um banho de óleo ou gordura com temperatura mais alta que o
ponto de ebulição da água. Uma vez que se retira a umidade do material (transferência de
massa) conjuntamente com transferência de calor, a fritura pode ser classificada como uma
das formas de secagem. Esta operação tem sido bastante usada com alimentos (Debnath et al.,
2003). Uma variação atual e ainda muito pouco estudada é a utilização deste processo para
outros materiais que não alimentos, como os trabalhos de Vitrac (2000), Arbalosse (2001),
Silva et al. (2005) e Peregrina et al. (2006) Estes últimos autores trabalharam com resíduo de
tratamento de água municipal e obtiveram um produto de menor volume, teor de umidade
bastante baixo em poucos minutos de processamento, ainda com óleo absorvido. O produto
final apresenta alto poder calorífico e facilmente manipulável. No estágio técnico aqui
realizado, testou-se a secagem por fritura de bagaço de cana. A curva de secagem foi obtida
durante o processo. A influencia da temperatura do óleo de fritura foi verificada.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O sistema experimental utilizado na secagem por fritura é uma fritadeira do tipo
domestica, aquecida com uma resistência elétrica de 2000 W localizada próxima ao fundo do
equipamento. O equipamento ainda contém um agitador para agitação do banho e
homogeneização da temperatura do óleo. A temperatura do banho é medida com termopares
tipo K, previamente calibrados, imersos em espessuras diferentes do banho e controlada por
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

347
termostato.
O bagaço de cana foi caracterizado quanto à distribuição de tamanhos das partículas por
análise granulométrica em conjunto de peneiras com padrão Tyler.
O teor de umidade do material foi obtido em estufa a 105ºC anterior e posteriormente
aos experimentos. A determinação consiste em secar uma amostra de massa conhecida em
estufa à 105ºC até obtenção de peso constante. É comum estabelecer o tempo de 24 horas para
esta secagem em estufa. A massa de água inicialmente na amostra é obtida pela diferença
entre as massas obtidas anteriormente e posteriormente à secagem em estufa. O teor de
umidade é então obtido em base úmida ou base seca pelas equações 1 e 2, respectivamente.
ma
X a , bu = (1)
mt


X a , bs = (2)
ms
Onde a massa de bagaço seco (ms) é obtida pela equação 3 para o caso de teor de
umidade inicial e pela equação 4 para o teor de umidade final:
m s = mt − m a (3)

m s = mt − m a − m o (4)

Após a caracterização do bagaço, procedeu-se a secagem do mesmo por fritura em óleo


de soja no equipamento citado anteriormente. Como o bagaço é um material particulado
composto também de partículas bastante pequenas, cada amostra foi acondicionada em
saquinhos de papel para que não houvesse perda de material durante a fritura. Os saquinhos
de papel foram os mesmos que costumam ser utilizados como recipientes para ervas na
manipulação de chás. Dizem-se os mesmos, pois foram adquiridos em supermercado local,
retirada a amostra de erva e utilizados os saquinhos nos experimentos. A escolha destes
saquinhos foi devido ao papel que o constitui permitir facilmente a passagem do óleo através
dos mesmos.
Os saquinhos eram inicialmente pesados e então recebiam as amostras de bagaço. O
conjunto era pesado e por diferença era obtida a massa de bagaço úmido. As amostras eram
então fritas por imersão em óleo a temperaturas pré-estabelecidas. O óleo utilizado foi o óleo

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

348
de soja comum para uso doméstico, adquirido no mercado local. A tabela 1 apresenta a
composição química de um óleo de soja comum. A quantidade de óleo utilizada foi 1,5L e era
utilizada uma amostra de aproximadamente 2,5g de bagaço em cada ensaio. Os experimentos
foram realizados em tempos pré-determinados, de maneira descontinua e em triplicata. Após a
fritura, os sacos de papel, com o material frito, eram removidos do óleo e colocados para
descansar em um leito de papel absorvente. Depois, o bagaço frito era cuidadosamente
retirado do saquinho de papel e colocado em uma placa de petre para pesagem em uma
balança com precisão de 0,0001g. Pela diferença de massa da placa de petre, determinava-se a
massa do bagaço frito correspondente à soma da massa de bagaço seco, ms, de água
remanescente, ma, e de óleo incorporado, mo. Após esta etapa, a amostra era levada a uma
estufa a 105ºC por 24 horas e novamente pesada. O resultado desta pesagem correspondia à
massa de bagaço seco, ms, e do óleo incorporado, mo. Através do conhecimento da massa
inicial da amostra (mi) e do teor de umidade inicial obtido pelo método da estufa a 105ºC,
obtém-se a massa de bagaço seco (ms). Pelas equações 1 e 2 obteve-se o teor de umidade
inicial do bagaço (em base úmida e seca) e pelas equações 5 e 6, os teores de óleo incorporado
pelo bagaço, em base úmida e base seca, respectivamente. O teor de umidade final também é
determinado pelas equações 1 e 2, porém, faz-se importante notar que no caso do teor de
umidade final, mt corresponde a um somatório de ma, mo e ms (equação 4).
mo
X o ,bu = (5)
mt

mo
X o ,bs = (6)
ms

Tabela 1 – Composição química média do óleo de soja comum


C14:0 C16:0 C17:0 C18:0 C20:0 C22:0 C16:1 C18:1 C18:2 C18:3
0.1 10.6 0.1 4.0 0.3 0.3 0.1 23.2 53.7 7.6
Fonte: Stauffer (1996)

A influência da temperatura do banho de óleo foi aqui estudada ao se fazer


experimentos a 120ºC e 150ºC.
Uma alternativa seria fazer a medição de massa continuamente com o acoplamento de
uma balança a fritadeira e, desta forma, obter a variação da massa durante o processo. Porém,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

349
há três inconvenientes neste procedimento: Ruídos na leitura da balança durante o processo de
expulsão do vapor (Peregrina et al., 2006); comprometimento da precisão da leitura da
balança frente ao ruído; e permanência de certa quantidade de água no leito de óleo, formando
uma emulsão. Este último fator acarreta em uma leitura subestimada da umidade retirada
(Silva, 2003).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 2 apresenta o resultado de análise granulométrica de uma amostra do bagaço
utilizada nos experimentos de secagem por fritura. Sabe-se que a distribuição granulométrica
de bagaço de cana costuma ser função do tipo de moenda ou difusor em que é obtido. Desta
forma, esta análise se torna importante para a analise dos resultados de secagem por fritura
obtidos frente à distribuição granulométrica do material. Observa-se na presente tabela que a
grande maioria da fração mássica do material estudado se concentra em partículas de maiores
valores de diâmetro médio. Os resultados do processo de fritura obtidos neste trabalho devem
ser função desta distribuição, uma vez que a secagem é função da área superficial das
partículas.

Tabela 2 – Distribuição granulométrica do bagaço de cana


Abertura da peneira [mm] Fração mássica Diâmetro médio
[%] [mm]
4,70 59,42 4,70
4,00 1,54 4,35
3,35 1,85 3,68
2,80 4,79 3,10
1,70 2,24 2,25
1,40 6,61 1,55
1,00 9,69 1,20
0,36 11,20 0,68
0,30 0,84 0,33
fundo 1,82 0,15

Durante a secagem por fritura, foram feitos experimentos em triplicata em vários


períodos de tempo para que se determinasse a curva de secagem a 120ºC e 150ºC. A figura 1

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

350
apresenta uma curva de secagem com a relação entre o teor de umidade obtido a cada tempo
de fritura (valor médio das triplicatas) com o teor de umidade inicial. Observa-se nesta figura
que, em ambas as temperaturas estudadas, há uma grande redução do teor de umidade nos
primeiros 15 segundos e, ao se comparar as duas curvas observa-se uma forte dependência do
teor de umidade com a temperatura do óleo de fritura.

0,8 150ºC
120ºC
Xa,bs/Xa,bsi [-]

0,6

0,4

0,2

0
0 50 100 150 200 250
tempo [s]

Figura 1 – Curva de secagem de bagaço de cana por fritura em temperaturas diferentes

A Figura 2 apresenta a curva de incorporação de óleo no bagaço. Observa-se nesta


figura que há uma grande incorporação de óleo no bagaço de cana. Ao final dos experimentos
retratados nesta figura verifica-se que o óleo representa cerca de 65% da massa total. Ao se
comparar as figura 1 e 2, verifica-se que há uma certa relação entre o teor de umidade perdido
pelo bagaço e a quantidade de óleo incorporada. A figura 3 apresenta esta relação de maneira
mais explicita. A relação apresentada nesta figura também foi observada em outros trabalhos
de secagem por fritura, como os de Silva et al. (2005) e Gamble et al. (1987) que trabalharam
com cilindros de lodo de esgoto e batata, respectivamente. Nos dois trabalhos citados, a
proporção máxima de óleo observada ao se ter teor de umidade nulo foi no máximo de 35%.
Porém, aqui, a proporção máxima de óleo observada foi de aproximadamente 70%. Acredita-
se que esta diferença venha do tipo de umidade contida no material. A maior parte da umidade
presente no bagaço de cana é umidade superficial. Conforme Peregrina et al. (2006), o óleo
tende a se acomodar nos sítios anteriormente ocupados pela umidade. Desta forma, o óleo
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

351
tende a permanecer superficialmente nas partículas de bagaço predominando a adsorção de
óleo com relação à absorção do mesmo. Outro fator que deve ser observado é que neste
trabalho, utilizou-se um material particulado e os casos presentes na literatura são sobre
sólidos de maiores dimensões.

0,8

0,7

0,6

0,5
Xo,bu [-]

0,4

0,3
120ºC
0,2 150ºC

0,1

0
0 50 100 150 200 250
tempo [s]
Figura 2 – Curva de incorporação de óleo na secagem por fritura de bagaço

0,7
150ºC
0,6
120ºC
0,5
Xo,bu [-]

0,4

0,3

0,2

0,1

0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
Xa,bu

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

352
Figura 3 – Incorporação de óleo em função do teor de umidade

4 CONCLUSÕES
A secagem por fritura representa uma alternativa para a obtenção de um combustível de
alto poder calorífico, uma vez que agrega o poder calorífico bagaço e do óleo.
A incorporação de óleo é relacionada à redução de umidade na secagem por fritura.
Um curto período de tempo pode ser suficiente para a redução de todo o teor de
umidade do bagaço de cana por fritura.
A temperatura apresenta grande influência na redução do teor de umidade por fritura.
O processo aqui apresentado pode ser indicado para casos em que se necessite
seqüestrar grandes quantidades de óleo, uma vez que a incorporação de óleo é bastante
grande.
Influência de fatores como tamanho das partículas, temperatura do óleo de secagem,
determinação do poder calorífico do produto final, relação óleo/bagaço e cálculo da energia
gasta no processo de secagem serão analisados no prosseguimento deste trabalho.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de agradecer a FAPEMIG pela bolsa de Estágio Técnico no
Exterior (Processo 756/07) e à FINEP pelo apoio financeiro (Contrato 01/06/004700).

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Sewage Sludges; Report no. 99-0217=1A; Ecole des Mines d’Albi Carmaux & Association
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CORRÊA, J.L.G., Discussão de Parâmetros de Projeto de Secadores Ciclônicos. 169p.


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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

354
PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS DE SOJA PRODUZIDA SOB
PLANTIO DIRETO EM CERRADO DE RORAIMA 2006

Oscar José Smiderle, EMBRAPA, ojsmider@cpafrr.embrapa.br


Vicente Gianluppi, EMBRAPA, vicente@cpafrr.embrapa.br
Aloisio Alcantara Vilarinho, EMBRAPA, aloisio@cpafrr.embrapa.br

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produtividade de genótipos de


soja dos grupos de maturação precoce, médio e tardio cultivados sobre palhada de milheto
dessecada no cerrado de Roraima. O trabalho foi realizado em campo, desde o preparo da área
até a colheita e avaliação da produtividade. A fase de campo do experimento foi conduzida
durante a safra agrícola de 2006 no Campo Experimental Água Boa pertencente à Embrapa
Roraima, localizada no município de Boa Vista Roraima. Foram semeados 24 genótipos de
soja precoce, 24 genótipos de soja média e 11 genótipos de soja tardia. Os experimentos
foram instalados em maio de 2006. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, com
quatro repetições. Cada parcela era constituída de quatro fileiras com 5 m de comprimento,
espaçadas entre si de 0,5 m. A área útil das parcelas foi constituída das duas fileiras centrais,
eliminando-se 0,5 m das extremidades. A adubação foi realizada na linha de semeadura com
120 kg ha-1 de P2O5 (superfosfato simples) e de 100 kg ha-1 de K2O (cloreto de potássio, ½
na semeadura e ½ em cobertura). As sementes foram tratadas com 100 mL de
fludioxonil+metalaxyl-M para cada 100 kg de sementes e em seguida inoculadas com
Bradyrhizobium japonicum e semeadas com plantadeira de parcelas. A inoculação foi
realizada na linha de plantio com o inoculante dissolvido em água e pulverizado, com o uso
de pulverizador costal, diretamente sobre a semente no sulco de plantio. Foram avaliadas
características agronômicas como altura de plantas e produtividade de grãos. Os genótipos de
soja de ciclo precoce menos produtivos apresentaram produtividade média acima de 48 sacos
por hectare (2890 kg ha-1); os de ciclo médio com 59 sacos por hectare (3590 kg ha-1) e os de
ciclo tardio 63 sacos por hectare (3789,9 kg ha-1).

Palavras-Chave: Soja, ciclo precoce, ciclo médio, ciclo tardio, plantio direto.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

355
1 INTRODUÇÃO
O estado de Roraima dispõe de um estoque de, aproximadamente, 4 milhões de hectares
de cerrados (17% da superfície do Estado) dos quais 1,5 milhões são aptos para a produção
intensiva de grãos, principalmente para a commodite soja. O acesso aos mercados, seja para a
comercialização dos grãos ou para a aquisição de insumos, é efetuado via o porto de
Itacoatiara (AM) e Porto Ordaz (Venezuela). Pelo fato das chuvas no estado de Roraima
ocorrerem nos meses de abril a agosto, faculta aos produtores roraimenses produzir na
entressafra brasileira (colheita em agosto/setembro) com perspectivas, portanto, de melhor
remuneração em comparação a produção brasileira de soja.
Existem também problemas, como a baixa fertilidade natural dos solos nas áreas de
cerrado que, em sua maioria, são solos tidos como arenosos (apenas 15% a 20% de argila) e
pobres em nutrientes e a lentidão na regularização fundiária dessas áreas, dificulta o acesso ao
crédito bancário, mais notadamente ao de investimento.
Apesar dos entraves supramencionados a área com soja no Estado vem se mantendo,
sendo que na última safra (2006) foram semeados sete mil hectares. As cultivares
preferencialmente utilizadas pelos produtores restringem-se praticamente a duas, a BRS
Tracajá e BRS Sambaíba, com 80 e 15% da área cultivada, respectivamente.
A expansão da área com soja no cerrado roraimense não pode, no entanto, basear-se
apenas em duas cultivares. É preciso disponibilizar aos produtores novas opções de cultivares
mais adaptadas que as atuais para que a cultura da soja se consolide no Estado.
As condições climáticas prevalecentes na maior parte da dos cerrados não são
favoráveis à produção de sementes de soja de boa qualidade, devido à ocorrência de altas
temperaturas e chuvas intensas durante as fases de maturação e colheita das sementes. Esta
situação torna-se ainda mais grave quando se trata da produção de sementes de soja de
cultivares de ciclo precoce, ou pelo encurtamento do ciclo como ocorre em Roraima, onde o
ciclo produtivo é reduzido em pelo menos 30 dias, fazendo com que a colheita para a maioria
das cultivares fique em torno de 110 dias.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produtividade de genótipos de soja de
ciclos precoce, médio e tardio cultivados sobre palhada de milheto dessecada no cerrado de
Roraima.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

356
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado em duas fases: uma de campo, desde o preparo da área até a
colheita e avaliação da produtividade e outra de laboratório, para a avaliação do teor de água
nos grãos.
Os experimentos foram conduzidos no município de Boa Vista, no Campo
Experimental Água Boa, pertencente a Embrapa Roraima na safra 2006, entre os meses de
maio a setembro em Latossolo Vermelho Amarelo, textura arenosa (14,3% de argila) com as
seguintes características químicas originais na camada de 0 a 20 cm de profundidade: pH
(H2O) = 4,6; M.O. = 1,25%; P (Mehlich) = 0,00; K, Ca, Mg, CTC = 0,02, 0,00, 0,01 e 2,8
cmolc dm-3, respectivamente; e V = 1,1%.
Os tratamentos (genótipos) avaliados foram dispostos em blocos ao acaso com quatro
repetições. Cada parcela foi constituída de quatro fileiras com cinco metros de comprimento,
com espaçamento entre fileiras de 0,5 m e densidade de 12 plantas por metro linear de fileira.
A área útil das parcelas foi constituída das duas fileiras centrais, eliminando-se 0,5 m das
extremidades.
A correção do solo foi realizada utilizando-se 1,5 t ha-1 de calcário dolomítico com
80% de PRNT, 100 kg ha-1 de P2O5 (superfosfato simples) e 50 kg ha-1 de FTE – BR 12. A
adubação de manutenção foi realizada na linha de semeadura com 80 kg ha-1 de P2O5
(superfosfato simples), 120 kg ha-1 de K2O (cloreto de potássio), sendo 50 kg na linha de
semeadura, no plantio, e 70 kg em cobertura, aos 30 dias após a emergência das plantas.
As sementes foram tratadas com 100 mL de fludioxonil+metalaxyl-M para cada 100 kg
de sementes e em seguida inoculadas com Bradyrhizobium japonicum e semeadas com
plantadeira de parcelas. A inoculação foi realizada na linha de plantio com o inoculante
dissolvido em água e pulverizado, com o uso de pulverizador costal, diretamente sobre a
semente no sulco de plantio.
As características avaliadas no campo foram número de dias da emergência à floração,
altura de plantas, estande final e produção de grãos corrigida para 13% de umidade e
transformada para kg ha-1.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de altura de plantas (AP, em cm) e de produtividade de grãos (PROD, em
kg ha-1) de 24 genótipos do grupo de maturação precoce (ciclo precoce), 24 do grupo de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

357
maturação médio (ciclo médio) e 11 do grupo de maturação tardio (ciclo tardio) avaliados
foram submetidos a análises de variância e comparadas pelo teste de médias (Cruz, 1997).
Para o experimento com genótipos de ciclo precoce foram observadas diferenças
significativas entre os genótipos avaliados em relação a ambas as características. A
produtividade de grãos apresentou variação de 2.890 a 4.570 kg ha-1, com média de 3642 kg
ha-1. Na altura de plantas (AP), os valores observados nas parcelas variaram de 33,5 a 785
cm, com média de 54 cm.
Na Tabela 2 são apresentadas às médias de altura de planta (AP, em cm) e de
produtividade dos 24 genótipos de ciclo precoce avaliados.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

358
Tabela 2. Médias de altura de planta (AP, em cm) e produtividade de grãos (PROD, em kg ha-
1) de 24 genótipos de soja de ciclo precoce, avaliados no Campo Experimental Água Boa no
ano de 2006, Embrapa Roraima.
Genótipo AP PROD (kg ha-1)
MABR0120830 78,5 b 4570 a
MABR01-20845 77,3 bc 4568 a
BRS Tracajá 62,8 cde 4314 ab
MABR00-20994 94,0 a 4004 ab
BR008975 49,3 efghi 3930 ab
MABR02-1151 42,8 hij 3892 ab
MABR02-1159 47,0 fghij 3834 ab
MABR99-11191 50,0 efghi 3815 ab
BR0081160 61,3 def 3786 ab
MABR02-2145 43,8 hij 3776 ab
MABR02-1466 65,8 bcd 3745 ab
BRS Boa Vista 50,0 efghi 3736 ab
MABR02-1198 59,0 defg 3691 ab
MABR02-1954 57,3 defgh 3527 ab
MABR02-1456 60,0 def 3508 ab
MABR02-1952 45,0 ghij 3435 ab
MABR02-2170 54,8 defghi 3371 ab
BR00-8975 41,3 ij 3360 ab
M-Soy 8866 48,0 efghij 3356 ab
BR00-437 50,3 efghi 3179 ab
MABR02-2435 42,5 hij 3089 b
MABR02-2068 47,8 fghij 3039 b
MABR99-13172 40,8 ij 2991 b
BRS Uirapurú 33,5 j 2890 b
*Médias seguidas por pelo menos uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade.

A média dos dois genótipos mais produtivos diferiu estatisticamente da média dos
quatro genótipos menos produtivos, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. O genótipo
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

359
mais produtivo (MABR 0120830) apresentou média de 4.570 kg ha-1 de grãos, enquanto que
no menos produtivo a média foi de 2.890 kg ha-1. Dos 24 genótipos avaliados, quatro
apresentaram produtividades superiores a 4.000 kg ha-1 e os dois mais produtivos superaram,
em valores absolutos, a cultivar BRS Tracajá, cultivar mais plantada em Roraima e
testemunha mais produtiva neste ensaio, com 4.314 kg ha-1.
Como verificado, mesmo os genótipos menos produtivos apresentam média de
produtividade acima de 48 sacos por hectare, demonstrando o potencial produtivo desses
genótipos de soja nas áreas de cerrado do estado de Roraima.
No experimento com genótipos de ciclo médio foram observadas diferenças
significativas entre os materiais avaliados para as duas características. Na Tabela 3 são
apresentadas as médias de altura de planta (AP, em cm) e produtividade de grãos (PROD, em
kg ha-1) dos 24 genótipos avaliados.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

360
Tabela 3. Médias de altura de planta (AP, em cm) e produtividade de grãos de soja (PROD,
em kg ha-1) de 24 genótipos de ciclo médio, avaliados no Campo Experimental Água Boa no
ano de 2006, Embrapa Roraima.
Genótipo AP PROD (kg ha-1)
MABR0017024 72,5 a 4823 a
MABR02-1876 73,3 a 4746 a
MABR02-1029 66,8 abcd 4699 a
BRS Candeia 74,8 a 4516 a
MABR02-2102 72,3 a 4516 a
BRS Sambaíba VNH 65,8 abcd 4514 a
MABR02-1835 63,8 abcdef 4470 a
BR008085 62,5 abcdefg 4470 a
MABR01-13273 69,3 abc 4455 a
BRS Pirarara 71,0 ab 4448 a
MABR9914773 64,0 abcde 4371 a
BRS Barreiras 62,0 abcdefg 4343 a
MABR99-17406 64,0 abcde 4327 a
MABR0120438 73,8 a 4136 a
BRS Sambaíba 63,3 abcdef 4034 a
MABR0019472 67,5 abcd 3974 a
MABR02-2147 58,8 bcdefg 3958 a
MABR99-14773 49,5 g 3909 a
BRS Carnaúba 55,8 defg 3884 a
MABR02-1982 52,3 efg 3753 a
BR00-9622 50,8 fg 3737 a
MABR02-1971 58,3 bcdefg 3652 a
MABR02-1966 56,3 cdefg 3634 a
BR003192 72,5 a 3590 a
*Na coluna, médias seguidas por pelo menos uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.

A produtividade de grãos das parcelas, corrigida para umidade de 13% e transformada


para kg ha-1, variou de 2.532 a 5.834 kg ha-1, com média de 4.207 kg ha-1. Com relação a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

361
altura de plantas, os valores observados nas parcelas variaram de 44 a 83 cm, com média de
64 cm (Tabela 3).
Com relação a produtividade de grãos, não houve diferença estatisticamente
significativa entre as médias dos genótipos avaliados, pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. O genótipo mais produtivo apresentou média de 4.823 kg ha-1, enquanto que
no menos produtivo a média foi de 3.590 kg ha-1. Três genótipos apresentaram média de
produtividade de grãos superior à média da melhor testemunha, o cultivar BRS Candeia, com
4.516 kg ha-1. A média de altura de plantas variou de 49,5 a 74,8 cm.
Como pode ser visto, mesmo os genótipos menos produtivos apresentam média de
produtividade acima de 59 sacos por hectare, demonstrando o potencial produtivo da soja em
áreas de cerrado do estado de Roraima.
No experimento com genótipos do grupo de maturação tardio foram observadas
diferenças significativas entre os materiais em relação a ambas as características avaliadas. Na
Tabela 4 são apresentadas as médias de altura de planta (AP, em cm) e produtividade de grãos
(PROD, em kg ha-1) dos 11 genótipos avaliados.
A produtividade de grãos das parcelas, corrigida para umidade de 13% e transformada
para kg ha-1, variou de 2.894 a 5.650 kg ha-1, com média de 4.370 kg ha-1. A altura média de
plantas variou de 43,8 cm a 99,8 cm.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

362
Tabela 4. Médias de altura de planta (AP, em cm) e produtividade de grãos de soja (PROD,
em kg ha-1) de 11 genótipos de ciclo tardio, avaliados no Campo Experimental Água Boa no
ano de 2006, Embrapa Roraima.
Genótipo AP PROD (kg ha-1)
MABR00-19009 84,0 b 5085,7 a
MABR01-20047 68,5 d 4854,5 a
BRS Babaçu 99,8 a 4782,7 ab
TRATAM.19(CEMC) 56,3 f 4515,6 ab
BRS Seridó 69,0 cd 4337,6 ab
MABR00-16443 78,8 bc 4328,2 ab
MABR02-1828 68,8 cd 4304,0 ab
MABR00-16808 67,3 de 4126,4 ab
MABR00-13685 57,8 ef 4119,9 ab
Msoy-9350 43,8 g 3830,0 b
MABR01-20283 56,0 f 3789,9 b
*Na coluna, médias seguidas por pelo menos uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.

A média dos dois genótipos mais produtivos diferiu estatisticamente da média dos dois
genótipos menos produtivos, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. O genótipo mais
produtivo (MABR00- 19009) apresentou média de 5.085,7 kg ha-1 (aproximadamente 85 sc
ha-1), enquanto que, no menos produtivo, a média foi de 3.789,9 kg ha-1. Os dois genótipos
mais produtivos superaram significativamente a testemunha Msoy-9350.

4 CONCLUSÃO
Os dois melhores genótipos de ciclo precoce produziram em média acima de 4560 kg
ha-1, A produtividade média dos 24 genótipos de ciclo médio variou de 3590 a 4823 kg ha-1,
Os dois melhores genótipos de ciclo tardio produziram em média mais de 4854 kg ha-1.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ, C.D. Programa Genes: aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa:
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

363
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TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA - região central do Brasil - 2007. Londrina:


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Soja. Sistemas de Produção, 11).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

364
PRODUTIVIDADE, QUALIDADE FISIOLÓGICA E TEORES DE POTÁSSIO
EM SOJA PRODUZIDA NO CERRADO DE RORAIMA, COM MANEJO DE
POTÁSSIO

Oscar José Smiderle, EMBRAPA, ojsmider@cpafrr.embrapa.br


Daniel Gianluppi, EMBRAPA, daniel@cpafrr.embrapa.br
Vicente Gianluppi, EMBRAPA, vicente@cpafrr.embrapa.br

RESUMO: O trabalho objetivou avaliar efeitos de doses e manejo de potássio, na


produtividade, qualidade e teores de potássio em sementes de soja (BRS Sambaiba). O
experimento foi instalado em 25 de maio de 2004, em área de produtor na Fazenda Novidade,
Alto Alegre - Roraima. A área se tratava de um solo de segundo cultivo corrigido em 2003 com
2.500 kg ha-1 de calcário (34% de Ca, 6% de Mg e PRNT 85%), mais 500 kg ha-1 de fosfato
natural reativo, contendo 7% de FTE, 6,75% de magnesita, 7,1% de enxofre, 27% de cálcio e
31% de P2O5 (7% H2O e 24% ácido cítrico) foi instalado o experimento organizado da seguinte
forma: seis faixas onde foram aplicadas zero; 30; 60; 90; 120; 150 kg ha-1 de K2O (KCl) no
plantio. Transversais a essas foram traçadas mais quatro faixas, a primeira não recebeu K2O em
cobertura, nas demais 120 kg ha-1 em cobertura, sendo que a 2a faixa recebeu todo o potássio aos
30 dias após a emergência, a 3a faixa 60 kg ha-1 aos 30 dias e mais 60 kg ha-1 aos 50 dias e, a 4a
faixa recebeu 40 kg ha-1 aplicado aos 30, 40 kg ha-1 aos 50 dias e 40 kg ha-1 aos 70 dias após a
emergência. A adubação de plantio foi de 100 kg ha-1 de P2O5 na linha. As sementes foram
tratadas com vitavax + thiram, antecipadamente, e na semeadura foram tratadas com quatro doses
de inoculante Biagro 10. O espaçamento utilizado entre fileiras foi de 0,45 m. Avaliou-se a
produtividade na colheita, a qualidade fisiológica e os teores de potássio das sementes
produzidas. As melhores produtividades foram obtidas com uma ou duas coberturas associadas a
120 kg de KCl no plantio. A melhor qualidade foi obtida nas sementes produzidas com uma
cobertura única aos 30 dias de emergência (79%, G) sendo 44% superior das sem aplicação de
coberturas com potássio. Os maiores teores de potássio foram constatados nas sementes
produzidas com 120 kg de potássio no plantio e em duas coberturas aos 30 e 50 dias.

Palavras-Chave: Glycine max L., adubação, manejo, cultivares.


4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

365
1 INTRODUÇÃO
A cultura da soja não tem apresentado respostas elevadas à adubação potássica nas áreas
tradicionais de cultivo. Uma das justificativas refere-se à elevada capacidade de extração do
nutriente do solo pelas plantas, não só pelo desenvolvimento do sistema radicular, mas pelo
aproveitamento de formas de K não trocáveis no solo (Rosolem et al., 1988).
No entanto, a expansão da soja nos cerrados tem incorporado ao processo produtivo áreas
de solos de textura média a arenosa, com teores de argila inferiores a 200 g kg-1, CTC baixa e
originalmente pobres em potássio. A elevação do K trocável nesses solos está associada à
adubação corretiva em quantidades superiores à expectativa de exportação pela soja e,
normalmente, associada à recomendação de parcelamento (Vilela et al., 2002; Zancanaro, 2004).
Como o potássio apresenta elevada mobilidade no solo e suas perdas estão freqüentemente
associadas ao processo de lixiviação, torna-se discutível a eficiência da adubação corretiva para o
aumento da disponibilidade desse nutriente nesses solos.
O trabalho objetivou avaliar efeitos de doses e manejo de potássio, na produtividade,
qualidade e teores de potássio em sementes de soja BRS Sambaíba.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado em 25 de maio de 2004, na Fazenda Novidade, Alto Alegre -
RR. Em solo de segundo cultivo corrigido em 2003 com 2500 kg ha-1 de calcário (34% de Ca,
6% de Mg e PRNT 85%), mais 500 kg ha-1 de fosfato natural reativo, contendo 7% de FTE,
6,75% de magnesita, 7,1% de enxofre, 27% de cálcio e 31% de P2O5 (7% H2O e 24% ácido
cítrico) foi instalado o experimento organizado da seguinte forma: seis faixas onde foram
aplicadas zero; 30; 60; 90; 120; 150 kg ha-1 de K2O (KCl) no plantio. Transversais a essas foram
traçadas mais quatro faixas, a primeira não recebeu K2O em cobertura, nas demais 120 kg ha-1
em cobertura, sendo que a 2a faixa recebeu todo o potássio aos 30 dias após a emergência, a 3a
faixa 60 kg ha-1 aos 30 dias e mais 60 kg ha-1 aos 50 dias e, a 4a faixa recebeu 40 kg ha-1,
aplicados aos 30 dias, 40 kg ha-1 aos 50 dias e 40 kg ha-1 aos 70 dias após a emergência.
A adubação de plantio foi de 100 kg ha-1 de P2O5 na linha. As sementes foram tratadas com
vitavax + thiram, antecipadamente, e na semeadura foram tratadas com quatro doses de
inoculante Biagro 10. O espaçamento utilizado entre fileiras foi de 0,45 m. Na colheita
mecanizada foi avaliada a produtividade em 70 m2 (7,0 x 10 m). Avaliou-se, posteriormente no
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

366
Laboratório de Análise de Sementes da Embrapa Roraima a qualidade fisiológica das sementes
produzidas, logo após a colheita, e o teor de potássio após oito meses de armazenamento em
laboratório. A metodologia utilizada para as avaliações de qualidade das sementes seguiu as
regras para análise de sementes (Brasil, 1992) e para os teores de potássio obtidos segundo
Tedesco et al. (1995).
Os resultados médios obtidos na produtividade, na qualidade de sementes e nos teores de
potássio em sementes de soja BRS Sambaíba foram submetidos a análises de variância e teste de
médias pelo pacote estatístico SANEST (Zonta & Machado, 1993).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As melhores produtividades (kg ha-1) de soja BRS Sambaíba foram obtidas com uma
(2.956) ou duas (2.997) coberturas associadas a 120 kg ha-1 de potássio no plantio (Tabela 1,
Figura 1). Estes valores constatados foram semelhantes aos obtidos pelo produtor.

Tabela 1. Resultados médios de produtividade (kg ha-1) de soja BRS Sambaíba em função dos
manejos aplicados e as doses de potássio utilizadas.

K2O Coberturas média


Plantio Zero 1x 120 2 x 60 3 x 40 kg ha-1

0 281 2.407 2.052 1.510 1.563a


30 611 2.545 2.153 2.314 1.906a
60 655 2.612 2.692 2.659 2.155a
90 873 2.825 2.621 2.936 2.314a
120 1092 2.956 2.997 2.410 2.364a
150 764 2.628 2.971 2.154 2.130a
Média 713 b 2.662a 2.581a 2.330a
*Na coluna e linha, letras distintas diferem significativamente pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

Na figura 1 visualiza-se melhor a resposta em produtividade da soja em relação às doses de


potássio tanto no plantio quanto posteriormente em coberturas aplicadas nas parcelas. Sem a
aplicação de potássio em cobertura resultou em teto próximo de 1000 kg, enquanto com as
coberturas o teto foi elevado para 3000 kg ha-1.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

367
3500
3000
2500

(kg ha )
-1
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3
Coberturas com Potassio
0 30 60 90 120 150

Figura 1. Representação dos resultados de produtividade obtidos para soja


BRS Sambaíba produzida nos cerrados de Roraima, com aplicação de potássio.

A melhor qualidade foi obtida nas sementes produzidas com uma cobertura única, com 120
kg ha-1 de Cloreto de potássio, aplicada aos 30 dias após a emergência das plântulas (79%,
germinação) sendo que este valor é 24% superior do obtido para as sementes sem aplicação de
coberturas com potássio (Tabela 2).

Tabela 2. Resultados médios de vigor e germinação (%) obtidos nas sementes de soja BRS
Sambaíba produzidas em função das doses e com os manejos de potássio aplicados.
Doses Coberturas
de K2O no zero 3x40 2x60 1x120 zero 3x40 2x60 1x120
plantio Vigor Germinação
0 33 23 30 23 40 57 58 62
30 32 42 23 28 43 77 53 62
60 19 42 36 32 38 82 75 69
90 30 66 38 40 53 81 70 77
120 47 48 32 39 59 95 83 82
150 65 68 71 83 87 85 100 100
Médias 38 41 38 38 55c 76b 73b 79a
C.V.% 6,3
*Na linha, letras distintas diferem significativamente pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

368
Quanto aos valores médios de vigor das sementes, obtidos nos tratamentos de manejo e
doses de potássio não houve variações evidentes. A justificativa para estes valores pode estar nas
chuvas ocorridas na pré-colheita, pois as sementes estavam com baixa umidade, prontas para a
colheita quando passou a chover não permitindo a colheita do experimento. Colheita esta que foi
realizada de forma mecanizada para aproximar mais as informações do que ocorre nas lavouras
comerciais.
Nos resultados médios de teores de potássio determinados nas sementes de soja, os maiores
valores foram verificados com a aplicação de 120 kg de potássio no plantio, acrescido por duas
coberturas de 60 kg de Cloreto de potássio (Tabela 3), aplicados manualmente em cobertura aos
30 e 50 dias após a emergência.

Tabela 3. Valores médios de potássio (mg dm-3) verificados em sementes de soja BRS Sambaíba
com aplicação de doses crescentes de potássio.
kg de Coberturas
K2O zero 3x40 2x60 1x120 média

0 13,1 e 16,2 d 19,3 c 17,8 d 17,0 f


30 13,1 d 18,5 b 19,3 c 17,8 d 17,2 e
60 15,4 c 17,0 c 19,3 c 19,3 b 17,8 d
90 19,3 b 19,3 a 20,1 b 19,5 a 19,6 b
120 19,3 b 17,0 c 24,8 a 19,5 a 20,2 a
150 20,1 a 16,2 d 19,3 c 18,5 c 18,5 c
médias 16,7 D 17,6 C 20,3 A 18,7 B
C.V.% 0,111
*Na coluna, letras distintas diferem significativamente pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

4 CONCLUSÕES
As melhores produtividades foram obtidas com uma ou duas coberturas associadas a 120
kg ha-1de KCl no plantio.
A melhor qualidade foi obtida nas sementes produzidas com uma única aplicação em
cobertura realizada aos 30 dias de emergência (79%, G).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

369
Os maiores teores de potássio foram constatados em sementes produzidas com 120 kg de
potássio aplicado no plantio acrescido de duas coberturas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.
Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p.

EMBRAPA SOLOS; EMBRAPA INFORMÁTICA AGROPECUÁRIA. Manual de análises


químicas de solos, plantas e fertilizantes. Brasília: Embrapa-ECTT, 1999. 370p

ROSOLEM, C.A.; MACHADO, J.R.; RIBEIRO, D.B.O. Formas de potássio no solo e nutrição
potássica da soja. Revista Brasileira Ciência do Solo, 12: 121-125, 1988.

VILELA, L.; SOUSA, D.M.G.de; SILVA, J.E.da. Adubação potássica. In: Sousa, D.M.G.de &
LOBATO, E. Cerrado: Correção do solo e adubação. Planaltina, DF, Embrapa Cerrados, 2002.
p 169 – 183.

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de solo, planta e outros materiais. 2a ed. Revisada e ampliada. Porto Alegre: UFRGS -
Faculdade de Agronomia, 1995. 174 p. (Boletim técnico, 5)

ZANCANARO, L. Nutrição e Adubação. In: SUSUKI, S. & YUYAMA, M.M. Boletim


técnico de soja 2004 – Fundação MT, 8. Rondonópolis, Fundação MT, 2004. 178 – 216.

ZONTA, E.P.; MACHADO, A.A. SANEST: Sistema de análise estatística para


microcomputadores. Piracicaba: CIAGRI/ESALQ/USP, 1993. 138p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

370
A QUALIDADE E A PRODUTIVIDADE NA AGROINDUSTRIA DE ÓLEO
DE PALMA: O CASO DE UMA GRANDE EMPRESA DA REGIÃO NORTE

Washington Cunha do Nascimento, UFLA, washingtonproducao@bol.com.br


Nhandejara Viana de Aguiar, UFLA, nhandejara@yahoo.com.br
Cleber Carvalho de Castro, UFLA, clebercastro@ufla.br

RESUMO: O presente estudo teve como objetivo analisar a influência da esterilização na


qualidade e produtividade da extração de óleo de palma e também identificar oportunidades
de melhoria da qualidade e produtividade no processo industrial de uma grande agroindústria
situada na região norte do Brasil. Ao longo deste trabalho observou-se que diversos fatores
devem ser considerados com relação às condições ideais de esterilização, como natureza dos
cachos, frutos e tempo de esterilização e que é necessário se fazer a separação dos materiais
genéticos (pretos e brancos) na indústria para se obter ganhos de produtividade e qualidade. A
redução das perdas no processo e tempo de esterilização poderá trazer grandes benefícios para
melhoria da produtividade e qualidade. Para induzir melhoramentos na empresa e obter ganho
de qualidade e produtividade, sugeriu-se a utilização do controle do processo, utilizando ciclo
do PDCA e o sistema de verificação de processo 5W1H, pois são métodos práticos de
gerenciamento da qualidade e produtividade que podem trazer importantes benefícios para a
empresa.

Palavras-Chave: Extração de óleo de Palma, esterilização, qualidade e produtividade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

371
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho foi realizado em uma empresa da região norte do Brasil, grande produtora
de óleo de palma, que compreende um complexo de quatro indústrias de extração de óleo de
palma e cinco fazendas com 32.000 ha de palma plantados, produzindo frutos com
características físicas e químicas distintas. Os cortes dos cachos são feitos somente quando se
observa a coloração “cor de cenoura forte” nos frutos, ocasionando a retirada de cachos
maduros. Após o corte, os cachos são carreados e transportados para área industrial. Na
indústria os frutos são esterilizados em um vaso de pressão com diferentes temperaturas e
tempos de esterilização, depois se segue o processo mecânico de prensagem, extraindo o óleo
de palma e liberando a matéria-prima para o óleo de palmiste.
Como a principal atividade é a extração física do óleo de palma e palmiste a partir do
fruto do dendezeiro, um dos fatores que vem preocupando a indústria hoje são as perdas
destes óleos no processo industrial, principalmente em função das condições e influência da
esterilização. As condições de esterilização podem exercer uma influência acentuada na
qualidade do óleo de palma e palmiste, recuperados do fruto e nas etapas de processamento
necessárias para essa recuperação. Se a esterilização (temperatura e tempo) não for feita de
maneira adequada, podem ocorrer problemas no debulhamento, com maior dificuldade de
soltura dos frutos. As perdas provocadas nesta etapa podem ser provocas em função da falta
de padronização do fruto (natureza, tamanho e estado de maturação dos cachos) no
processamento na indústria.
Hoje a qualidade e produtividade são fatores importantes para a competitividade e
sempre foram preocupação dos setores produtivos, em maior ou menor escala. A qualidade
passou por diferentes abordagens ao longo do tempo, sendo até hoje fator chave de sucesso
para as empresas. Com o acirramento da competição, como conseqüência da economia
globalizada, a questão da adequada abordagem da qualidade e produtividade passou a ser uma
questão de sobrevivência no mundo empresarial.
A competição no mundo global exige que as empresas estejam comprometidas com o
contínuo e completo aperfeiçoamento de seus produtos, processos e colaboradores. Uma
empresa se torna uma WCM (Word Class Manufacturing) dentro da filosofia de excelência
empresarial quando sua missão fica apoiada pelos vetores de contínuo aperfeiçoamento
(Kaizen) e de eliminação de desperdício (ROBLES JÚNIOR, 1994, p.18).
Vários autores destacaram a importância da adoção da filosofia da qualidade por parte
das empresas, dentre eles pode-se destacar Deming (1990) e Ishikawa (1993). De modo

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

372
bastante abrangente, Garvin (1992) identificou quatro fases da evolução do conceito da gestão
da qualidade: inspeção, controle estatístico da qualidade, garantia da qualidade e gestão
estratégica da qualidade.
Deming demonstrou que o melhoramento contínuo da qualidade é a chave para o
sucesso industrial. Mostrou a reação em cadeia, que é a essência do binômio qualidade-
produtividade: melhorando a qualidade consegue-se diminuir custos, devido a menos
retrabalho, menos erros, menores atrasos e obstáculos, e melhor uso do tempo, das máquinas e
dos insumos, o que aumenta a produtividade. Daí conquista-se mercados, pois a qualidade é
melhor e o preço menor, mantém-se no negócio e amplia-se o mercado de trabalho
(CONTADOR, 2006).
A análise das empresas bem sucedidas notadamente as japonesas, permite concluir que
há forte correlação entre produtividade e outras vantagens competitivas. Para Contador
(2006), as empresas altamente produtivas têm alta qualidade no processo, recebem insumos
de boa qualidade, trabalham com estoques reduzidos, possuem rapidez na manufatura,
desfrutam de flexibilidade para trocar de produtos e são ágeis para lançar novos produtos. Ou
seja, há forte correlação entre produtividade e competitividade.
Embora os conceitos de gestão da qualidade total tenham surgido a partir de reflexões e
experiências em empresas industriais, atualmente é bastante difundida as aplicações no meio
rural, conforme é destacado por Bonilla (1994) e Antunes e Arno (1994).
Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo analisar a influência da esterilização
na qualidade e produtividade da extração de óleo de palma e também identificar
oportunidades de melhoria da qualidade e produtividade no processo industrial de uma grande
agroindústria situada na região norte do Brasil.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi desenvolvido em duas fases. Na primeira fase realizou-se testes de
esterilização em laboratório para avaliar diferentes materiais genéticos (frutos brancos e
pretos) quanto a sua qualidade e produtividade no processo produtivo. Na segunda fase do
trabalho procurou-se identificar metodologias de melhoria no gerenciamento da qualidade e
produtividade no setor industrial.
Na primeira fase do estudo, foram analisados 20 materiais em uma área de 3.618,81 há,
distribuídos proporcionalmente para os seguintes materiais: Lamé plantio 84: 9 materiais
(pretos – cruzamentos que foram desenvolvidos na África com institutos Franceses e que tem

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

373
como característica a cor vermelha escura quando maduros); Avros plantio 91: 2 materiais;
Avros plantio 92: 2 materiais; Avros plantio 93: 3 materiais; Avros plantio 94: 1 material;
Ekona plantio 94: 3 materiais (brancos – desenvolvidos no sudeste asiático por institutos
ingleses e que tem como característica a coloração vermelha alaranjado quando maduros). De
cada material foram coletados 03 cachos. Estes cachos foram coletados nas áreas e levados ao
laboratório para determinação da taxa de extração, com diferentes minutos de esterilização
(com 20 e 30 minutos). Todos os cachos foram pesados e a seguir foram feitos os seguintes
procedimentos para identificação da taxa extração:
a) foi separado cerca de 150g de frutos de cada cacho analisado, respeitando a
proporção de frutos paternocárpicos e normais;
b) esterilizou-se os frutos em autoclave vertical a aproximadamente 127ºC e
1,5Kgf de pressão por 20 e 30 minutos;
c) pesou-se uma amostra de cada cacho, cerca de 50g de frutos esterilizados em
porcelana (cadinho) ou placa de petri;
d) levou-se uma amostra de cada cacho ao forno microondas por 5 minutos para
secagem;
e) os frutos foram abertos com faca e macerados no mini-processador para
facilitar a extração do óleo;
f) os frutos macerados foram colocados em cartucho (papel de filtro), dentro do
extrator;
g) adicionou-se o hexano até que ocorresse duas vezes o refluxo;
h) foi levada à chapa aquecedora acoplando o balão com o extrator ao
condensador, a torneira de água fria foi aberta e deixada por tempo suficiente para
remoção de todo óleo contido nos frutos;
i) o balão com extrator foi retirado da chapa e removido com uma pinça (o
cartucho do extrator) deixando escorrer todo o hexano;
j) retornou-se o balão com extrator para a chapa para a recuperação do hexano;
k) o balão com óleo foi levado à estufa a 110 ºC por cerca de 4:00h;
l) o balão com óleo foi pesado e determinou-se o peso de óleo em gramas por
diferença do peso do balão vazio;
m) o calculo da taxa de extração foi feito de acordo com a fórmula abaixo:

Fruto esterilizado x 4 x óleo da amostra x 100


Peso do cacho x 50

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

374
Com base nos dados coletados de laboratório, os materiais genéticos, foram avaliados
em tempo de esterilização para verificação da melhoria da qualidade e produtividade no
processo de extração de óleo de palma.
Na segunda fase do trabalho procedeu-se a identificação de oportunidades de melhoria
no gerenciamento da qualidade e produtividade do setor industrial, utilizando-se para isto uma
pesquisa bibliográfica

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a sistematização dos dados do laboratório obtiveram-se ao quadro 1 e figura 1. Na
figura 1 verifica-se que no tempo de esterilização dado com 20 e 30 min para as variedades
Avros- 91 e Ekona-94 (materiais brancos), obteve-se um resultado maior de teor de óleo em
relação ao Lame 84 (material preto). Utilizando o teste Tuckey a 5% para variável teor de
óleo, estatisticamente não houve diferença entre as variedades nos dois tempos.

Quadro 1 - Sistematização dos dados referentes ao tempo de esterilização, ano de plantio,


material genético, n° de coletas realizadas e a taxa de extração de óleo de palma.
20 MINUTOS 30 MINUTOS
MATERIAL GENÉTICO
1 2 3 1 2 3
1 AVROS - 94 20,59 23,13 28,33 24,28 23,17 29,58
2 AVROS - 93 24,5 35,94 27,81 23,26 34,35 28,35
3 AVROS - 93 25,65 28,76 30,55 24,21 31,47 31,31
4 AVROS - 93 28,02 24,52 24,65 29,45 24,77 22,91
5 AVROS - 92 25,43 17,59 27,35 28,92 19,6 29,17
6 AVROS - 92 27,95 25,96 26,54 29,94 27,46 26,11
7 AVROS - 91 27,66 29,07 28,89 29,09 28,51 29,34
8 AVROS - 91 34,32 35,18 40,46 32,83 41,02 33,93
9 EKONA - 94 30,91 34,92 23,32 30,59 33,39 33,39
10 EKONA - 94 29,63 29,31 21,08 25,25 29,92 27,19
11 EKONA - 94 29,18 31,54 31,28 27,77 28,95 31,74
12 LAMÉ - 84 24,05 27,3 33,62 24,63 29,12 31,81
13 LAMÉ - 84 29,26 30,26 20,94 26,63 29,33 21,76
14 LAMÉ - 84 32,31 33,95 29,32 26,28 31,61 28,81

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375
15 LAMÉ - 84 31,75 20,86 27,48 32,47 30,58 19,71
16 LAMÉ - 84 41,57 30,76 33,98 24,06 29,25 33,16
17 LAMÉ - 84 30,67 30,1 27,85 29,01 27,38 29,58
18 LAMÉ - 84 24,38 12,64 27,07 23,96 12,2 25,89
19 LAMÉ - 84 28,49 29,6 26,98 29,21 32,4 26,3
20 LAMÉ - 84 27,22 35,43 31,94 26,82 35,85 29,69

32,45 29,80
27,79 26,87 28,69
25,68
32,60
27,82 29,02 27,69
25,14 20' (media)
24,02
30' (media)

AVROS - 94 AVROS - 93 AVROS - 92 AVROS - 91 EKONA - 94 LAMÉ - 84

Figura 1: Sistematização dos dados referentes ao tempo de esterilização e à média da taxa de


extração das variedades genéticas por ano de plantio.

Fazendo um comparativo com a indústria isso pode interferir na esterilização em relação


à produtividade quando não se utiliza um tempo de esterilização adequado ao tipo de material
genético. Para a indústria com capacidade de processamento de 864 ton CFF/dia que
comporta 3 caixas de frutos de aproximadamente 26 ton, a esterilização se processa com
admissão de vapor a temperatura de 140º C, pressão 3 Kg/cm² por um tempo 90 min até 110
min dependendo da qualidade do fruto. No final do processo, quando houver a misturas entre
variedades genéticas (preto e branco), pode haver uma menor quantidade de fruto fresco
processado e consequentemente maior lead time para obtenção do óleo de palma ,em função
de que é necessário um tempo maior para a esterilização do material branco. Por outro lado,
pode-se ter perdas no processo aumentando o percentual óleo no cacho e óleo saindo junto
com vapor condensado, porque fruto preto (Lamé) requer um tempo de esterilização menor
que o branco (Avros e Ekona). Além disso, é importante salientar que tempos excessivos na
esterilização pode favorecer um escurecimento nas amêndoas do endocarpo (RITNER,1996)
Para Ritner (1996,), quando se processa, simultaneamente, cachos de palmeiras de
idades diferentes, as condições de esterilização adotadas deverão ser as correspondentes as
árvores mais velhas, cujos cachos serão mais difíceis de esterilizar.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

376
A temperatura e o tempo de esterilização, requeridos para um processamento adequado,
são inversamente proporcionais, existindo, porém uma limitação na temperatura máxima
apropriada, para que sejam evitados problemas de degradação na qualidade do óleo de palma
e de palmiste (RITTNER, 1996).
As perdas geradas no processo de esterilização deverão interferir na melhoria da
qualidade para indústria, pois haverá maior retrabalho, desperdício e menor produtividade.
Com isso é necessário a busca permanente de inovações, inclusive em nível permanente de
chão de fábrica, onde pequenas alterações na melhoria das variedades genéticas (através de,
por exemplo: frutos mais uniformes na indústria com maior taxa de extração), impliquem ,via
de regra , na melhoria da qualidade e no aumento da produtividade, contribuindo para maior
eficiência do sistema, com conseqüente redução dos custos.
Então para se evitar esses problemas na esterilização e aumentar a produtividade e
qualidade na indústria, primeiramente deve ser adotado a separação das caixas dos frutos no
pátio da indústria em “preto” e “branco”. Além disso, é importante frisar a utilização também
do sistema PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) para se evitar a mistura de frutos novos
com velhos, pois os frutos novos requerem um tempo menor para esterilização. A seguir
apresenta-se um fluxograma (Figura 2) como sugestão para entrada dos frutos na indústria,
com vistas a automatização do processo de esterilização.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

377
INÍCIO

Corte do fruto

Carregamento

“Preencher boleto com as informações sobre a


variedade do fruto “coco preto” ou coco branco”

Transporte até a indústria

Pesagem na balança da indústria e comparação de


parâmetros de mínimo e máximo de pesagem

A caixa com fruto Não Gerar uma não-


fresco está dentro dos conformidade
parâmetros de 8,5 ton interna para a área
à 9 ton? agrícola

Sim
Fazer abastecimento
Há caixas de frutos estocadas no Não diretamente nos trilhos de
pátio para serem processadas entrada dos esterilizadores
respeitando a identificação
Sim

Colocar caixa junto a Não


quantidade já existente Os frutos são de
identificada como material genético
“coco preto” “coco branco”?

Sim
Colocar caixa junto a quantidade já
existente identificada como “coco branco”

FIM

Figura 2 - Fluxograma de entrada de fruto na indústria

É importante destacar que a redução das perdas no processo e tempo de esterilização


deverá trazer grandes benefícios para melhoria da produtividade e qualidade.
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378
Para controle do processo na empresa, a utilização do ciclo do PDCA (Plan, Do, Check,
Action) poderá induzir melhoramentos no método de gerenciamento da qualidade, que faz
parte da proposta do Controle da Qualidade Total ou TQC (Total Quality Control). A figura
3, a seguir, apresenta o ciclo PDCA.

Definir as metas sobre


os itens de controle
Agir
corretivamente

Definir o método
para alcançar as
metas

Educar e treinar
segundo o método

Verificar os Realizar o trabalho e


resultados coletar dados

Figura 3 - Ciclo do PDCA do TQC

Para organizar seus itens de controle sobre o programa de produção, sugere-se a


implantação de um sistema de verificação dos processos, a partir de seis questões a serem
respondidas, conhecidas como 5W1H (what, when, where, why, who, how), proposta pelo
TQC. O quadro 2 apresenta os itens de controle para ser usado no programa de produção da
indústria. Este modelo deverá incorporar a função de verificar como está o desempenho ou a
qualidade do atendimento do programa de produção, projetado para o período, sendo este
então o “processo” a ser acompanhado e avaliado. Neste aspecto, o controle da qualidade total
para identificação, análise e solução de problemas pode indicar o caminho para o
melhoramento contínuo da empresa (TUBINO, 2000).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

379
Quadro 2 - Itens de controle para a indústria (ciclo PDCA).

Área O que? Quem? Quando? Porque? Onde? Como?


Funcional
Financeiro Analisa Área Mensalmente Para garantir Sede Fazendo controle
investimentos, financeira reserva de adminis- de entradas e
controla custos econtrola- capital,lucro e trativa saídas
doria novos
investimentos
Agrícola Plantio e colheita Engenhei- Diariamente Para proporcionar Zona Através do plantio
do fruto ros agrôno- rotatividade no Agrícola e colheita de frutos
mos e serviço, e garantir
técnicos a entrega de
pedidos.
Indústria Separação dos Área de Diariamente Para agregar valor Zona Extraindo o óleo
frutos,extração e extração e a matéria-prima industrial do fruto e posterior
refino do óleo refino refino
Controle Controla a Área de Diariamente Para garantir a Zona Verificação
de qualidade da controle de certificação do industrial constante de
qualidade semente , do qualidade ISO e qualidade amostras e
fruto e da pureza operacio- do produto final regulagem de
do óleo nal produção
Comercial Realiza a venda Área de Mensalmente/ Para dar Sede Contactando
para o cliente. vendas e anualmente continuidade no adminis- clientes,
Define Marketing processo de trativa identificando suas
preços,analisa fabricação e venda necessidades,analis
mercado da empresa ando feedbeack e
consumidor e ,garantindo lucro execultando o pós-
divulga o produto e rentabilidade venda
Logística Transporta a Área de Diariamente Para garantir o Sede Integrando todos os
matéria prima da transporte nível de serviço e adminis- setores, e
área agrícola à otimizar processos trativa analisando de
industrial, forma sistêmica os
entrega o produto fatos internos e
ao cliente externos a empresa

Conforme destaca Paladini (2000), de todos os componentes operacionais das


organizações que sofreram alterações por força da adoção do conceito da qualidade total, o
que registrou o impacto mais visível foi à gestão da qualidade no processo. Por meio desse
modelo gerencial sugere-se a utilização do modelo prático para viabilizar a gestão da
qualidade no processo envolvendo a implantação de atividades agrupadas em três etapas: A
eliminação de perdas, a eliminação das causas das perdas e a otimização do processo.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

380
A etapa da otimização do processo envolve a noção de melhoria contínua, típica do
sistema de gestão da qualidade total. Outro aspecto relevante a considerar é o direcionamento
do processo aos objetivos globais da organização. Em termos gerenciais, isso significa
harmonizar metas operacionais, táticas e estratégicas.
A prática tem mostrado que, se bem conduzida, a gestão da qualidade no processo gera
mudanças que têm efeitos didáticos e psicológicos muito positivos. Esses efeitos são mais
imediatos e visíveis na primeira fase, quando os resultados são rápidos e mais bem
caracterizados. Ao mesmo tempo em que se enfatiza a relação entre causa e efeitos, cria-se a
certeza de que a qualidade no processo produz resultados benéficos para todos os envolvidos.
Conforme destaca Paladini (2000), o que se tem aqui são resultados de fácil percepção, mas
de forte impacto, que envolvem áreas sensíveis da empresa. Esse resultado tem efeito
motivacional intenso, útil nas fases seguintes em que o empenho requerido para a promoção
de melhorias torna-se mais intenso.

4 CONCLUSÃO
Ao longo deste trabalho observou-se que diversos fatores devem ser considerados em
relação às condições de esterilização, como: natureza dos cachos, frutos e tempo de
esterilização, bem como a separação dos frutos em “pretos” e “brancos” na indústria. Desta
forma, pode-se obter ganhos de produtividade e qualidade. É importante salientar a
necessidade ainda de mais estudos na área de melhoramento genético, para obtenção de
palmeiras mais uniformes e de maior produtividade em frutos e óleo e que possa obter melhor
rendimento na indústria.
Para verificação do melhor material genético para indústria (branco e preto) em relação
a produtividade, a utilização de um sistema de simulação de processo, comparando os tempos
de esterilização para cada um, poderá ser um caminho para análises futuras de estudo.
A utilização de um método de gerenciamento proposto pelo TQC, utilizando o ciclo
PDCA e o sistema de verificação 5W1H, poderá induzir melhoramentos na empresa. Desta
forma, a utilização de um modelo prático gerencial, que pode ser utilizado na indústria,
poderá contribuir para a otimização do processo, melhoria da qualidade e aumento da
produtividade. Esse modelo se for bem conduzido na organização, poderá gerar mudanças
com efeitos muito positivos para a competitividade das empresas.

5 REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

381
ANTUNES, L.; ARNO, E. Agroqualidade: qualidade total na agropecuária. Guaíba:
Agropecuária, 1997.

BONILLA, J. Qualidade total na agricultura: fundamentos e aplicações. Belo Horizonte:


Centro de Estudos de Qualidade Total na Agricultura, 1994.

CONTADOR, José Celso. Gestão de operações: engenharia de produção a serviço da


modernização da empresa. 2° ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1998.

DEMING, W. E. Qualidade: a revolução da administração. São Paulo: Saraiva, 1990.

GARVIN, D. A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de


Janeiro: Qualitymark, 1992.

ISHIKAWA, K. Controle da qualidade total à maneira japonesa. 2ª ed. Rio de Janeiro:


Campus, 1993.

PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da qualidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000.

RITTNER, Herman. Óleo de palma: tecnologia e utilização. São Paulo: Hittner, 1995.

ROBLES JUNIOR, Antônio. Custo de qualidade: uma estratégia para competição global.
São Paulo: Atlas, 1994.

TUBINO, Dalvio Ferrari. Manual de planejamento e controle da produção. 2 ed. São


Paulo: Atlas, 2000.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

382
POTENCIAL DE REDUÇÃO DA POLUIÇÃO DO AR CAUSADA PELAS
EMISSÕES DE MOTORES DIESEL, COM A IMPLEMENTAÇÃO DO
BIODIESEL

Daniel Pena Pereira, UFLA, daniel@geraes.org


Antonio Augusto Aguilar Dantas, UFLA/DEG, aaugusto@yahoo.com.br

RESUMO: Este trabalho apresenta o resultado de um estudo das possibilidades do biodiesel


como um combustível alternativo, baseado em considerações estratégicas, para reduzir a
poluição do ar. Abordou-se a poluição do ar, em particular, os efeitos do aquecimento global e
o efeito estufa; as medidas mundiais para reduzir os impactos da poluição e o Protocolo de
Kioto. Outras investigações foram devotadas para avaliar alguns aspectos ambientais do
biodiesel: a possibilidade de redução na emissão de poluentes atmosféricos (CO2, CO, HC e
NOx), benefícios do óleo vegetal como combustível e preparo de motores. Os limites sócio-
ambientais foram averiguados, desse novo boom de produção de biocombustíveis.

Palavras-Chave: Aquecimento global, poluição do ar, motores diesel, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

383
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a consciência dos problemas ambientais e de energia encorajou
muitos pesquisadores para investigar a possibilidade do uso de combustíveis alternativos ao
petróleo e seus derivados. Entre eles, biodiesel, produzido de diferentes óleos vegetais (soja,
canola, mamona, pinhão manso e girassol são exemplos), parecem muito interessantes por
diversas razões: pode substituir o óleo diesel em motores de combustão interna sem muitos
ajustes; somente um pequeno número de redução na performance é reportado; quase zero
emissão de enxofre; emissão de poluentes comparáveis com as do óleo diesel. Por essas
razões, muitas campanhas têm sido feitas em muitos países para introduzir e promover o uso
de biodiesel. Entretanto, algumas incertezas ainda existem sobre as reais potencialidades do
biodiesel como substituto do óleo diesel.
O aumento do efeito estufa, afetando o clima de todo o planeta e podendo ocasionar um
aquecimento sem precedentes, já aparece hoje em dia com secas e tempestades fora do
normal, quedas na produção agrícola e pesqueira e derretimento do gelo. E por acaso, o
principal agente em todo esse processo é o próprio homem.
A emissão de CO2 é consideravelmente menor do que a do óleo diesel e são muitos os
benefícios do uso do óleo vegetal como combustível. Entretanto, a demanda mundial de
energia cresce em ritmo acelerado, agravando o problema do aquecimento global. Pelo nível
atual de consumo global de combustíveis fósseis, suas reservas estão perto do fim. O cenário
das mudanças climáticas e o Protocolo de Kioto fizeram o setor sucroalcooleiro enxergar
grandes oportunidades de colocação de seu produto no mercado, surgindo com isso algumas
implicações ambientais, entre elas, a expansão da fronteira agrícola e o desmatamento e a
eliminação de fragmentos florestais. Se por um lado os biocombustíveis ajudam a resolver o
problema das mudanças climáticas, por outro eles tendem a agravar problemas ambientais
locais. A soja e a cana-de-açúcar podem sobrepor outras culturas e empurrá-las em direção à
região amazônica. Isso pode fragilizar o compromisso de aumentar a inclusão social, gerar
emprego, atender e resolver questões do campo.

2 ESTUDO DE VIABILIDADE DO BIODIESEL


A definição de poluição é a emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos em
quantidade superior à capacidade de absorção do meio ambiente. Esse desequilíbrio interfere
na vida dos animais e vegetais e nos mecanismos de proteção do planeta. Poluentes
atmosféricos são substâncias transportadas pelo ar (sólidos, líquidos ou gases) que ocorrem na

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

384
atmosfera terrestre em concentrações altas o suficiente para comprometer a saúde de pessoas e
animais, danificar plantas e estruturas e contaminar o ambiente.
Existem diversos tipos de poluição, tais como: poluição atmosférica, aquática, sonora,
luminosa, visual. Destes, a poluição atmosférica ou poluição do ar está constantemente na
mídia devido aos problemas do aquecimento global.
A poluição do ar não é um problema recente. A própria natureza tem na sua constituição
fenômenos geológicos que são grandes fontes de poluentes. São exemplos, as erupções
vulcânicas e os incêndios florestais. A participação humana no processo de poluição do ar se
iniciou quando o homem aprendeu a utilizar o fogo e, desde então, só cresceu.
Conforme visto na tabela 1, as principais atividades humanas que produzem poluição do
ar estão relacionadas às atividades industriais, à produção de energia, aos transportes, às
cidades e residências e às atividades agropecuárias (Dantas, 2003).

Tabela 1 - Principais fontes de poluição do ar e seus principais poluentes.


ATIVIDADES POLUENTES
Queima de carvão Cinzas, óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio
Queima de óleo combustível Monóxido de carbono, óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio
Refinarias Hidrocarbonetos, óxidos de enxofre, monóxido de carbono
Indústria do aço Poeiras, fumaça, fuligem, óxidos de metais, gases orgânicos e
inorgânicos
Indústria química Óxidos de enxofre, ácido sulfúrico
Indústria de fertilizantes Material particulado, gás fluorídrico
Indústria de celulose Material particulado, óxidos de enxofre
Indústria de plásticos Resinas gasosas
Transportes Dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, compostos orgânicos
voláteis, material particulado
Agropecuárias Dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, metano, óxido nitroso,
material particulado
Residências Monóxido de carbono, material particulado
Fonte: Dantas, 2003.

Com a crise do petróleo, na década de 1970, houve uma conscientização do alto grau de
poluição causado pelos combustíveis fósseis (petróleo/carvão mineral) e intensificaram-se os
estudos com combustíveis alternativos aos derivados de petróleo (Saturnino et al., 2005).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

385
Nabi et al. (2006) ilustram que, enquanto as fontes do petróleo do mundo se estão
tornando confinadas, a atenção foi dirigida a encontrar fontes alternativas dos combustíveis
para os motores. A natureza não renovável e os recursos limitados de combustíveis do
petróleo transformaram-se em uma matéria de grande interesse. Após o embargo do óleo em
1973, tornou-se muito importante estudar as fontes alternativas do combustível para o motor
diesel, por causa do interesse sobre a disponibilidade e o preço do petróleo. O reservatório
atual dos combustíveis usados nos motores internos da combustão, incluindo o diesel,
esgotará dentro de quarenta anos se consumido em uma taxa crescente estimada na ordem de
3% por ano. Todos estes aspectos atraíram a atenção para conservar e esticar as reservas do
óleo com a pesquisa alternativa de combustível.
Em Bangladesh, o diesel é usado primeiramente para a geração do transporte, da
agricultura e de eletricidade. Bangladesh, que cresce indústrias rapidamente, tem ainda um
muito baixo consumo de energia per capita de 245 quilogramas do óleo equivalente por ano,
em comparação a 7.200 quilogramas para EUA e a 670 quilogramas para a China (Nabi et al.,
2006).
Nos últimos anos, diversos setores da economia do Brasil vêm contribuindo para esse
aumento nas emissões de gases de efeito estufa (GEE). Um deles é o setor de transportes,
grande consumidor de combustíveis fósseis. Foram consumidos 84.074.421 m3 de
combustíveis fósseis, em 2005. Destes, 39.137.364 m3 foram de óleo diesel. No Estado do
Espírito Santo, o volume de diesel consumido chegou a 741.141 m3 no mesmo ano, gerando
emissões de gases de efeito estufa correspondentes a 2.035.003,5 ton CO2 1 (Agência Nacional
do Petróleo, 2007).
Segundo IPCC (2001), as concentrações de gases atmosféricos do efeito estufa
aumentaram no século XX em conseqüência das atividades humanas, segundo estudos
recentes do painel climático da ONU, Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática
(IPCC). Quase todos os gases do efeito estufa alcançaram seus níveis gravados mais elevados
nos anos 1990 e continuam a aumentar (veja figura 1). O dióxido de carbono atmosférico e o
metano variaram substancialmente durante ciclos glacial-interglacial nos 420.000 anos
passados, mas mesmo o maior destes valores primitivos é muito menor do que suas
concentrações atmosféricas atuais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

386
Figura 1 - Indicador da influência humana em relação ao dióxido de carbono no período
industrial.

Fonte: IPCC, 2001.

De acordo com Labeckas & Slavinskas (2006), a poluição ambiental do ar aumentou


drasticamente durante as últimas décadas por causa do número crescente de trens pesados,
tratores poderosos, modernas máquinas agrícolas e carros pessoais. A comissão de política
européia de papel prediz que, pelo ano 2010, as emissões do CO2 do transporte se terão
levantado a aproximadamente 1.113 milhões toneladas anualmente com a responsabilidade
principal sobre o transporte rodoviário, que explica 84% das emissões de CO2 relacionadas ao
transporte.
Assim, no último século, as atividades humanas tiveram um papel cada vez mais
importante na mudança ambiental global. Os impactos humanos no ambiente aumentaram
enormemente enquanto a população do mundo cresceu e a escala de atividades humanas tais
Como a indústria, a agricultura, e a extração de recursos naturais aumentaram. As
emissões industriais na atmosfera podem influenciar o clima. As mudanças no uso de terra,
como derrubar florestas para a produção agrícola, podem quebrar ecossistemas naturais e
afetar a química da atmosfera. As atividades humanas afetam o ambiente e a vida e a
sociedade humana é afetada em muitas maneiras importantes por mudanças no sistema
ambiental global. Secas causam falhas nas colheitas, faltas do alimento, má nutrição e
inanição. A seca persistente pode tornar a terra agrícola fértil em deserto (Interamerican
Institute for Global Change Research, 2007).
Conforme descrito por Aracruz Celulose S.A. (2007), presente em discussões teóricas
há cerca de duzentos anos e conhecido por esse nome há mais de um século, o efeito estufa é
um fenômeno natural da atmosfera terrestre pelo qual o calor das irradiações solares é
parcialmente retido. Não fosse assim, o calor do sol se dissiparia no espaço e tornaria a Terra
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

387
inabitável para a maioria das espécies. No entanto, nos últimos anos observou-se uma
perigosa intensificação desse fenômeno, devido ao aumento da concentração dos gases de
efeito estufa na atmosfera causada pelas atividades humanas. Cientistas apontam que a
temperatura média global aumentou entre 0,3ºC e 0,6ºC desde o final do século XIX e de
0,2ºC a 0,3ºC nos últimos quarenta anos. Projeções do IPCC estimam uma variação de cerca
de 2ºC até 2100, que poderá alterar o equilíbrio do sistema climático e trazer sérias
conseqüências para a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas do planeta.
O Protocolo de Kioto, adotado em 1997 como um componente da Convenção Marco
sobre Mudanças Climáticas, continha, pela primeira vez, um acordo vinculante que obrigava
os países industrializados a reduzir suas emissões de GEE em 5,2% entre 2008 e 2012, em
relação aos níveis verificados em 1990. As negociações em torno do Protocolo se estenderam
até 2004, quando a Rússia ratificou o documento. Com o Protocolo de Kioto, cria-se um
mercado mundial de crédito de carbono. Os países que não conseguirem reduzir suas
emissões de GEE poderão comprar créditos dos países que contribuem para retirar esses gases
da atmosfera em quantidade maior do que emitem.
Controle (2007) relatou que o IPCC emitiu seu primeiro relatório em fevereiro de 2007,
dizendo que pelo menos 90% da culpa pelo aquecimento podem ser atribuídos aos humanos.
O segundo, em abril, advertiu para o perigo de mais secas, fome, ondas de calor e elevação
dos níveis do mar. Ambientalistas alertam que acabou o tempo de contestação dos governos.
O relatório calcula que a estabilização das emissões nocivas custará entre 0,2% a 3% do
produto interno bruto mundial até 2030, dependendo da rigidez dos cortes. Afirma que as
temperaturas subirão entre 2 e 2,4 graus centígrados acima dos níveis pré-industriais, mesmo
com as medidas dos cortes. A União Européia deixa claro que a elevação de dois graus pode
significar mudanças perigosas para o sistema climático.
Teixeira Júnior (2006) alerta que o clima do planeta Terra nunca registrou alterações tão
dramáticas quanto agora. O aumento de dois graus centígrados pode afetar um sexto da
população do planeta. A emissão dos gases do efeito estufa continua crescendo, apesar do
Protocolo de Kioto e dos limites impostos aos países ricos. China e Índia continuam
queimando carvão para empurrar sua economia adiante. O Brasil vive a situação ambígua de
ser o país das hidrelétricas e do etanol, mas também de ser visto como vilão do desmatamento
na Amazônia. Para estabilizar os níveis de CO2 na atmosfera a níveis seguros amanhã, o
trabalho precisa começar hoje. Cada vez mais, consumidores, políticos e investidores
acreditam que essa é uma tarefa que também cabe às empresas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

388
A popularidade crescente de combustíveis renováveis apóia-se na intenção de criar
novas oportunidades para uma agricultura multifuncional e sustentável no desenvolvimento
rural em mercados orientados de produção de óleos vegetais não alimentares. O uso total dos
biocombustíveis, como a energia limpa e renovável no transporte em estradas, linhas de ferro,
ônibus da cidade e os setores agrícola e florestal, com um respeito especial aos parques
nacionais, são a única maneira lidar com os desafios novos de problemas ambientais. Assim,
preserva-se a diversidade da natureza e protege-se a saúde dos povos e a vida selvagem
também (Labeckas & Slavinskas, 2006).
Para mitigar todo o efeito maléfico do aquecimento global, Controle (2007) divulgou as
medidas sugeridas pelo IPCC. A utilização do chamado preço do carbono seria uma das
principais opções para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa. Quanto mais alto for
esse preço, mais interessará aos usuários de energias fósseis recorrerem a tecnologias e modos
de consumo mais sábios e mais rápida e abundante será a redução das emissões. Todos os
setores têm potencial significativo de redução de emissões até 2030. De acordo com as
medidas sugeridas pelo IPCC, a ampla utilização dos biocombustíveis traz alívio para o
planeta, como uma atitude ambientalmente mais amigável. Dentro deste aspecto, muitos
estudos estão sendo feitos para viabilizar a sua implementação..
Dente elas, reduzir a poluição dos transportes é uma das alternativas. Reforçar as
restrições de emissão de CO2 para os veículos, incentivar os transportes públicos e os meios
de transportes não motorizados, aumentar os impostos de compra de automóveis e
combustíveis. A um preço de 25 dólares a tonelada de CO2, os biocombustíveis
representariam uma parte do mercado de 10%.
Cem anos atrás, óleo vegetal foi testado por Rudolf Diesel como o combustível para seu
motor. Com o advento do petróleo barato, frações apropriadas do óleo cru foram refinadas
para servir como combustível. Nos anos 1930 e 1940, os óleos vegetais foram usados como
combustível diesel, mas somente em situações da emergência. Recentemente, por causa dos
aumentos em preços de óleo cru, dos recursos limitados do óleo fóssil e dos interesses
ambientais houve um foco renovado nos óleos vegetais e nas gorduras animais para produzir
biodiesel. O uso continuado e crescente do petróleo intensifica a poluição de ar local e amplia
os problemas do aquecimento global causado por CO2 (Ma & Hanna, 1999).
Segundo Miragaya (2005), consideram-se como biocombustíveis os produtos originados
da biomassa usados na produção de energia, os quais podem se sólidos: lenha e carvão
vegetal; gasoso: biogás; e líquidos: álcoois (etanol produzido de cana-de-açúcar e metanol, de
madeira), óleos e gorduras de origem vegetal ou animal e o biodiesel. O uso de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

389
biocombustíveis apresenta várias justificativas econômicas, sociais e ambientais, conforme as
regiões de sua fabricação e emprego. Dentre as vantagens ambientais do uso de
biocombustíveis líquidos destaca-se a diminuição das emissões, pelos veículos automotores,
de gases e/ou partículas prejudiciais à saúde humana ou ao meio ambiente, como o monóxido
de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de enxofre e nitrogênio e de gases do chamado efeito
estufa, principalmente o dióxido de carbono.
Embora a maioria da população urbana associe combustível apenas ao abastecimento de
veículos, ônibus e caminhões, essa questão é muito mais ampla e complexa. Implica no
abastecimento de tratores e máquinas agrícolas, navegação aérea, marítima e fluvial,
funcionamento de motores estacionários, tanto na geração de energia elétrica, como no
funcionamento de muitas máquinas de beneficiamento de produtos nas comunidades do
interior sem acesso à energia elétrica. Também, na substituição da lenha e carvão mineral ou
vegetal no fogão doméstico (Saturnino et al., 2005).
Biodiesel, um combustível diesel alternativo, é feito das fontes biológicas renováveis
tais como os óleos vegetais e as gorduras animais. É biodegradável e não tóxico, tem perfis
baixos da emissão e, assim, é ambientalmente benéfico (Ma & Hanna, 1999).
O biodiesel é um combustível constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou
etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação química de transesterificação de qualquer
triglicerídeo (óleos vegetais, óleos/gorduras animais, reaproveitamento de óleos usados em
frituras e de rejeitos da extração e purificação de diversos óleos) com um álcool de cadeia
curta, metanol ou etanol. Há registros da utilização do combustível de óleos vegetais ou de
seus ésteres, conhecidos como biodiesel, desde a montagem dos primeiros protótipos de
motores de ignição por compressão por Rudolf Diesel, no final do século XIX (Miragaya,
2005).
Labeckas & Slavinskas (2006) ressalta que para solucionar os inconvenientes do uso
direto de óleos vegetais nos motores diesel, estudos iniciados na Bélgica em 1940 visaram a
transesterificação. Foi feita produção em escala semi-industrial da mistura de ésteres etílicos
com o óleo de dendê, para utilização direta em motores diesel. O processo industrial não
apresentou dificuldades técnicas, sendo muito baixo o consumo energético para sua obtenção
(Martins, 1981). De diversos métodos disponíveis para produzir o biodiesel, a
transesterificação de óleos naturais e as gorduras é atualmente o método escolhido. A
finalidade do processo é abaixar a viscosidade do óleo ou da gordura (Ma & Hanna, 1999).
A transesterificação melhora as propriedades técnicas do RME de modo que se encontre
com as exigências ser usado nos motores diesel modernos. A vantagem principal relacionada
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

390
ao uso de biodiesel de canola nos motores diesel é o índice de oxigênio elevado dos ácidos
graxos. Assim, causa uma combustão mais completa e origina emissões mais baixas de
espécies prejudiciais, tais como material particulado e a fumaça. Como outros combustíveis
renováveis, RME são biodegradáveis, não-tóxicos e livres de enxofre e, conseqüentemente,
nenhum sulfato é formado e as emissões do material particulado podem ser reduzidas em até
24%. Adição de biodiesel de canola ao combustível diesel também melhora as propriedades
lubrificantes das misturas de combustível quando comparadas ao combustível diesel
convencional de baixo teor de enxofre (Labeckas & Slavinskas, 2006).
Segundo Labeckas & Slavinskas (2006) e Carraretto et al. (2004), as características da
emissão dos motores diesel que operam em RME e das suas misturas com combustível diesel
foram relatadas nos vários papéis de pesquisa. Em muitas investigações, as reduções em
monóxido de carbono, hidrocarbonetos (HC) e emissões de fumaça e material particulado,
junto com um NOx mais elevado, nas exaustões foram determinadas. Testes conduzidos em
motor diesel operado com mistura de 20% biodiesel de soja com combustível diesel provou
que o índice de fumaça, os CO e os HC estiveram diminuídos de 8% a 63%, 2% a 29% e 3% a
60%, respectivamente, enquanto que as emissões de NOx aumentaram de 0.5% a 18%
(Labeckas & Slavinskas, 2006).
Carraretto et al. (2004) observaram que a média de redução em CO e HC, com uso de
biodiesel a 30% em mistura, foi de 13,5% e 3% respectivamente. Grande contribuição foi o
teor de oxigênio presente no biodiesel. Os valores de NOx, ao contrário, tiveram um aumento
de 9%, sendo de acordo com os muitos resultados na literatura.
A Caterpillar Brasil, em 1980, usou em motores com câmara de pré-combustão uma
mistura do óleo vegetal de 10%. Com isso, manteve o poder total sem nenhuma alteração ou
ajuste no motor. Nesse ponto, não era prática substituir o óleo vegetal em 100% para o
combustível diesel, mas uma mistura do óleo vegetal de 20% e do combustível diesel de 80%
era bem sucedida. Algumas experiências a curto prazo usaram até uma relação de 50/50 (Ma
& Hanna, 1999).
Na Alemanha, já existem carros andando com o B100, ou seja, 100% biodiesel e o
motorista nem sente a diferença. No Brasil, todas as montadoras estão se preparando para a
utilização do biodiesel. Ford, Mercedes-Benz e Volvo prepararam os motores de seus
caminhões e ônibus para receber o B2, atendendo às especificações da Agência Nacional do
Petróleo (ANP). O percentual de 2% do biodiesel mostra tendências de redução entre 2% e
4% das emissões de material particulado, hidrocarbonetos e monóxido de carbono. O uso de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

391
B2 não alterou nenhum resultado tanto em performance, quanto em consumo ou durabilidade
do motor (Reis, 2006).
Algumas indústrias (Volkswagen, Audi, Mercedez-Benz) garantiram seus motores para
uso de biodiesel (Carraretto et al., 2004).
O desempenho de motor em RME e suas misturas com combustível diesel, assim como
as características de suas emissões, dependem das características técnicas dos motores, tais
como pressão na câmara de combustão e ângulo de injeção. Conseqüentemente, os resultados
de teste de diferentes motores podem variar substancialmente. Adicionalmente, a maioria de
emissões reguladas, produzidas pelo biodiesel, depende das rotações do motor e das
condições de carga.
Labeckas & Slavinskas (2006) elucidaram que somente as misturas baixas da
concentração RME poderiam ser reconhecidas como as candidatas potenciais a serem
certificadas para o uso em escala nos motores não modificados. A concentração mais elevada
mistura B20, B35 e RME puros provaram-se como alternativas eficientes a ser usadas
principalmente em rotações baixas e em cargas pesadas. Em velocidades mais elevadas, o
desempenho de motor nas misturas B20, B35 e RME tiveram mudanças significativas,
gerando energia em média 8.7-8.0% mais baixa e um consumo específico 4.7-6.4% mais alto.
Em todas as velocidades, as emissões do monóxido de carbono (CO) para todos os
biocombustíveis permanecem até 51.6% mais baixos e a opacidade da fumaça em relação ao
combustível diesel em média 13.5-60.3% mais baixo.
Os resultados de teste indicam que devido ao custo completamente comparável e às
vantagens reais nos termos da eficiência do desempenho e ambiental em emissões amigáveis,
misturas do biocombustível de até 10% poderia ser considerado como as candidatas
preliminares a serem postas em prática para o uso em escala nos motores diesel não
modificados.
As oleaginosas são representadas por diversas famílias botânicas. As regiões tropicais
do planeta possuem condições privilegiadas de adaptação e com bons rendimentos para essas
plantas. Além do óleo como principal importância econômica, as plantas oleaginosas reúnem
uma ampla diversidade no seu aproveitamento. A torta de extração possui alto teor protéico,
com potencialidade para uso na alimentação humana ou animal e também como adubo
natural. Outras partes dos vegetais podem fornecer outros produtos úteis: folhas (chás,
medicamentos), frutos (corantes, bebidas), troncos (material para construção, palmitos) e
raízes (fontes de açúcar e álcool).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

392
O plantio de muitas oleaginosas permite combate à erosão, recuperação de solos em
processo de degradação, manejo de água no solo, cerca-viva ou fixação de nitrogênio no solo
(no caso das leguminosas). Com esses interesses primários do plantio, a produção paralela de
óleo acaba sendo uma vantagem adicional, pois representa uma renda adicional no meio rural
(tabela 2), assim como uma diversificação de produtos (Empresa de Pesquisa Agropecuária de
Minas Gerais, 2005). A tabela 3 ilustra os rendimentos de algumas plantas oleginosas.

Tabela 2 – Benefícios do uso do óleo vegetal para o campo e para o Brasil.


No campo No país como um todo
Auto-suficiência energética Menor dependência de sistemas de distribuição
de eletricidade
Conservação do solo Mecanização rural
Desenvolvimento da infra-estrutura rural Substituição do diesel fóssil
Diversificação de atividades Economia de divisas
Fixação do homem no campo Menor dependência de hidroeletricidade
Melhoria das condições de vida no campo Desenvolvimento industrial
Renda rural maior e mais segura Desenvolvimento da infra-estrutura rural
Suprimento com alimentícios Vantagens ecológicas
Fonte: Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, 2005.

Tabela 3 - Valores médios de produtividade de óleo encontrados na literatura mundial.


Nome comum Nome científico Produção (kg/ha.ano de óleo)
Milho Zea mays L. 143
Soja Glycine max L. Merrill 379
Mamona Ricinus communis L. 1172
Amendoim Arachis hypogaea L. 935
Colza Brassica napus L. 1006
Pinhão manso Jatropha curcas L. 1589
Macaúba Acrocomia sp 3304
Dendê Elaeis guineensis Jacq. 7026
Fonte: Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, 2005.

A demanda mundial de energia cresce em ritmo acelerado, agravando o problema do


aquecimento global. Sem revisão dos modelos de consumo, sobretudo no setor de transporte,
ausência de políticas e programas definidos condena a sociedade a reproduzir erros
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393
ambientais e sociais do passado. À medida que cresce a preocupação com os impactos do
aquecimento global, as discussões sobre mudança da matriz energética mundial ganham força.
Nesse cenário, os combustíveis à base de biomassa (biocombustíveis) assumem a liderança.
Antes da popularização do fenômeno do aquecimento global, a maior preocupação em
relação à dependência de energia, em especial a derivada de combustíveis fósseis (petróleo,
carvão e gás), devia-se ao esgotamento dessas fontes energéticas. Segundo alguns estudos, no
nível atual de consumo global de combustíveis fósseis, as reservas de petróleo agüentariam
mais quarenta anos, as de gás natural, sessenta e as de carvão 220 anos.
De um lado, os altos preços do petróleo; do outro, os impactos ambientais da queima
desse combustível; no meio, a crescente demanda global de energia. Para sustentar uma
matriz energética menos nociva ao meio ambiente e economicamente mais viável, o Brasil
tem, como outras nações, investido no biodiesel - considerado uma das formas mais eficazes
de minimizar a emissão de poluentes na atmosfera. Um dos motivos para a aposta no
biodiesel é a gama de matérias-primas que pode ser utilizada, como soja, mamona, dendê,
babaçu, girassol, algodão, amendoim, canola ou colza, maracujá, abacate, oiticica, linhaça e
tomate. Também podem ser usadas gorduras animais e residuais.
O cenário das mudanças climáticas e o Protocolo de Kioto fizeram o setor
sucroalcooleiro enxergar grandes oportunidades de colocação de seu produto no mercado,
surgindo com isso algumas implicações: aumento do consumo de água e de agrotóxicos,
expansão da fronteira agrícola, contaminação de lençóis subterrâneos e o desmatamento e a
eliminação de fragmentos florestais.
Se por um lado os biocombustíveis ajudam a resolver o problema das mudanças
climáticas, por outro eles tendem a agravar problemas ambientais locais. A soja e a cana-de-
açúcar podem sobrepor outras culturas e empurrá-las em direção à região amazônica. Isso
pode fragilizar o compromisso de aumentar a inclusão social, gerar emprego, atender e
resolver questões do campo.
A maioria dos cidadãos brasileiros desconhece a dimensão social e ambiental da
expansão do mercado de biocombustíveis. Sem essas informações e revisão dos níveis de
consumo, o erro da abundância poderá se repetir, mesmo diante de tantos esforços para mudar
a matriz energética (Victor, 2006).

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394
3 CONCLUSÃO
Os resultados da investigação na literatura nas potencialidades do biodiesel, como um
combustível alternativo ao diesel de petróleo, foram apresentados neste trabalho.
A poluição do ar tem causado sérios problemas ambientais, conforme divulgado
largamente pelo IPCC, painel de estudos de mudanças climáticas da ONU. E o principal
agente em todo esse processo é a atividade humana.
Biodiesel forma um ciclo fechado do uso do carbono, sendo captado do ar pelas plantas
oleaginosas e transformado em um combustível renovável. O óleo vegetal traz muitos
benefícios para o campo. Além do óleo como principal produto, seus subprodutos podem ser
usados na alimentação animal e humana e como adubo orgânico. Além disso, como culturas
perenes, permitem conservar melhor o solo contra erosão.
Para solucionar os inconvenientes do uso direto de óleos vegetais nos motores diesel,
para produzir o biodiesel, a transesterificação de óleos naturais e as gorduras é atualmente o
método escolhido. A finalidade do processo é abaixar a viscosidade do óleo ou da gordura.
Biodiesel parece ser uma promissora solução para motores diesel, desde que pequenos
ajustes forem feitos; a performance é comparável com a operação com óleo diesel
convencional. As investigações elucidaram que o funcionamento de motores usando biodiesel
puro e em mistura com óleo diesel apresentou pequena redução na performance no consumo.
Emissões de CO foram reduzidas, mas as de NOx tiveram aumento. Entretanto, testes
preliminares com ângulo de injeção podem melhorar tanto o consumo quanto as emissões.
O crescimento desordenado de plantio de culturas de biomassa pode gerar impactos
ambientais indesejáveis como a expansão da fronteira agrícola e o desmatamento e a
eliminação de fragmentos florestais.
Apesar de tudo, a promoção do biodiesel é justificada pelo fato de que as emissões
globais de CO2 são grandemente reduzidas. Adicionalmente, o uso de biodiesel envolve uma
apreciável redução na emissão de alguns poluentes. Isso pode vir a ser solução-chave para
reduzir a poluição urbana.

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EFEITO DA DERIVA DO HERBICÍDA 2,4-D SOBRE A PRODUTIVIDADE
DO ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.), VARIEDADE DELTA OPAL

Victor Shigueru Mine, UFLA, shigow@hotmail.com


Júlio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
Antonio Carlos Fraga, UFLA/DAG, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, UFLA/DEG, pedrocn@ufla.br

RESUMO: A aplicação de defensivos agrícolas, no contexto da agricultura convencional, é


uma das mais importantes etapas realizadas no processo de produção. Contudo, o manejo
inadequado destes produtos, pode ocasionar danos irreparáveis à cultura tratada e a adjacente
a ela. Não existem normas protegendo estas culturas próximas ao alvo primário, mesmo
porque é difícil estabelecê-las, pois há diversos fatores variáveis influenciando na propagação
do produto, sendo assim, a cultura vizinha torna-se irrelevante no momento da escolha do
produto. No presente trabalho, a cultura do algodão (Gossypium hirsutum L.), que apresenta
alta sensibilidade ao herbicida 2,4-D foi avaliada, quantificando e qualificando os danos
causados por conseqüente deriva de aplicação. Os resultados mostraram que o efeito do
herbicida sobre a cultura causou elevadas perdas na produção e na qualidade da fibra em
comparação à parcela não afetada.

Palavras-Chave: Algodão, defensivo agrícola, tecnologia de aplicação, deriva, 2,4-D.

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1 INTRODUÇÃO
O algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L.) é entre as plantas fibrosas, a mais
importante na economia mundial, com uma produção anual de vinte e quatro milhões de
toneladas de algodão em pluma (Conab, 2006). Plantada em diversas regiões do país, é uma
cultura que se adapta a diversas situações climáticas. Altamente demandada em diversos
setores, torna-se uma cultura muito atrativa para o produtor, seja pequeno, com mão de obra
familiar ou grande o qual adota tecnologia de última geração alcançando elevadas
produtividades.
O algodão é cultivado em todo o país e possui várias recomendações técnicas para a sua
instalação. Segundo Ferreira & Lamas (2006) o plantio inicia-se no início do período
chuvoso, utiliza-se uma semeadura com profundidade que varia de três centímetros se o solo
for argiloso e a cinco centímetros se arenoso, densidade de 80 a 120 mil plantas por hectare,
com espaçamento presumindo 2/3 da altura podendo variar de 0.76 a 1.0 metros entre linhas,
utilizam-se de 11 a 15 quilos por hectare para se obter de sete a dez plantas por metro
quadrado.
O algodão, por ser uma planta perene de crescimento indeterminado, é altamente
influenciado por condições atmosféricas e manejo cultural. Cultivada em lugares que varia de
700 a 1000 milímetros de precipitação e altitudes que vai desde o nível do mar até 1200
metros de altitude (MDM, 2006). Se não sofrer condições de estresse, por motivos práticos,
pode ser dividido sucessivamente em cinco fases: plantio a emergência, primeiro botão floral,
primeira flor, primeiro capulho e colheita. A primeira fase dura em torno de quatro a dez dias,
no qual a semente sofre a embebição, germinando e estabelecendo os cotilédones, a segunda
fase acontece aos trinta dias, à terceira acontece aos quarenta e cinco dias, a quarta fase ocorre
aos noventa dias e finalmente a última ocorre em torno dos 126 dias, sendo que pode variar
dependendo da região e cultivar plantada (Beltrão, 1999).
A cultivar “Delta Opal” oriunda da MDM sementes é a mais plantada no Brasil
atualmente. Entre suas características agronômicas apresentam alto rendimento, qualidade de
pluma e produtividade.
Segundo a MDM (2006), é uma planta de porte alto, medindo em torno de 1,5 a 1,6
metros, necessitando de reguladores de crescimento para chegar à altura ideal de 1,2 metros
de altura, ideal para colheita mecanizada e evitar acamamento, apesar da resistência desta
cultivar, que possui um ciclo médio que varia de 140 a 160 dias, ocorrendo o florescimento
aos 55 dias.
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399
Em relação à estrutura da planta, o formato é cônico com quatro a cinco ramos
vegetativos e 16 a 18 ramos frutíferos e possui os frutos pequenos e ovalados que quando
aberto, pesa em torno de 4,5 a 6 gramas. A cultivar possui um rendimento de fibra entre 39 a
42%, um comprimento de 30 a 33 milímetros e micronaire de 3,8 a 4,5 ug/pol.
A cultivar é susceptível à Ramulária (Ramularia aréola), medianamente susceptível à
Ramulose (Colletotrichum gossypii var. Cephalosporioides) e Nematóides (Meloidogyne
incógnita raça 1 e 3, Rotylenchulus reniformis, Pratylenchus brachyurus e Helicotylenchus
sp.), medianamente resistente à Alternaria (Alternaria macrospora e Alternaria tênues) e
resistente à viroses e bacterioses em geral. Sendo as mais importantes para o algodoeiro, as
viroses, ramulose e nematóides.
Com estas características, ela pode ser plantada em todo Brasil e segundo as
recomendações técnicas (MDM, 2006), esta cultivar deve ser plantada a uma profundidade
rasa de três a quatro centímetros, com espaçamento de 0,8 a 1 metro entre linhas. Gasta-se em
torno de onze a treze quilos de semente por hectare para se obter em torno de oito a dez
sementes por metro, totalizando cerca de 80 a 100 mil plantas por hectare.
Os acidentes com aplicações de defensivos agrícolas são problemas sérios que causam
muitos danos para a cultura atingida, ocorrendo prejuízos para todos os envolvidos nesta
situação. Processos Jurídicos são constantemente realizados a fim de ressarcir os prejuízos
causados pelo acidente. Não existem normas protegendo a cultura sensível, ocorrendo assim o
uso indiscriminado destes produtos.
O fenômeno da deriva é considerado um dos maiores problemas da agricultura (Sumner
& Sumner, 1997) e consiste no deslocamento horizontal das gotas desde o seu ponto de
lançamento até o seu destino (o solo ou as plantas). Quando a distância percorrida pelas gotas
não é grande o suficiente para que elas saiam da área em tratamento, dizemos que a deriva é
tolerável e denomina-se “endoderiva”; já quando esta conduz as gotas para fora da área em
tratamento, dizemos que é intolerável e denominada “exoderiva”. Segundo Lobo Júnior
(2005) a deriva é influenciada por diversos fatores e divididos como: características da
pulverização onde envolve a formulação do produto químico e o tamanho das gotas;
equipamentos e aplicação envolvendo os tipos de bicos, pressão de operação e altura de
liberação das gotas; Condições metereológicas que incluem o movimento do ar (direção e
velocidade), temperatura, umidade, estabilidade do ar e inversão térmica. A temperatura é
muito importante devido as correntes ascendentes que podem arrastar as gotas para níveis
mais altos ou a alta taxa de evaporação diminuindo o tamanho das gotas (Alves, 1999.).
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400
Assim as condições ideais para aplicação são encontradas nas primeiras horas do dia e no
final da tarde (Schroder, 1996).
Certamente o controle de plantas daninhas é necessário, porém existem formulações de
produtos que favorecem a ocorrência deste fenômeno. A deriva de herbicidas tem sido um
grave problema que ocorre no mundo todo, ocasionando grandes danos às culturas. Em
especial, o 2,4-D é um herbicida frequentemente usado em diversas culturas, sendo o
algodoeiro extremamente sensível a este, acarretando grandes prejuízos. A importância da
tecnologia de aplicação é essencial a fim de evitar a ocorrência de indesejáveis derivas às
quais prejudicam culturas vizinhas e danos irreparáveis ao meio ambiente. Com o estudo e
uso de técnicas de aplicação adequadas, o risco de deriva diminui consideravelmente.
Segundo Ahrens (1994) e Rodrigues & AImeida (1998), o herbicída 2,4-D ou 2,4-D sal
amina do ácido 2,4 diclorofenoxiacético, é pertencente ao grupo químico dos fenoxiacéticos,
possui fórmula molecular C8H6Cl2O3, peso molecular de 221,04, temperatura de inativação de
135 a 138°C, pressão de vapor de 5,5xl0-7 mmHg a 30°C e solubilidade em água de 600 ppm
a 25°C. A formula estrutural é apresentada na Figura 1.

Figura 1. Formula estrutural do herbicida 2,4-D.

Na sua forma comercial é conhecido com 2,4-D Fersol e 2,4-D Amina, equivalente ao
sal de dimetilamina e ambos extremamente tóxicos (Classe I) e altamente perigosos ao meio
ambiente (Classe III) (Andrei, 2005).
O 2,4-D é um herbicida hormonal de ação seletiva, que mimetiza as auxinas, ou seja,
um ácido indolacético sintético que pode ser absorvido pelas folhas, caule e raiz. Provoca
intensa divisão celular no câmbio, endoderma, periciclo e floema, causa multiplicação e
engrossamento e rachaduras de raízes e caules, tumores no meristema intercalar, formação de
raízes aéreas e hipertrofia das raízes laterais, formação de gemas múltiplas, encurtamento das
nervuras das folhas e epinastia (curvatura dos ponteiros da planta resultante do maior
crescimento da sua parte superior) (Melhorança, 2002; Rodrigues & Almeida, 1998).

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401
O 2,4-D pode ser formulado na forma sais de amina e de éster. Na formulação éster é
muito mais volátil, não podendo, portanto, ser utilizado em regiões de clima quente. Em
temperaturas acima de 30°C ocorre uma volatilização intensa, havendo a possibilidade de o
produto ser deslocado pelo vento a grandes distâncias. Portanto, a formulação recomendada
de 2,4-D para uso nas regiões mais quentes é a forma amina (Melhorança, 2002).
2,4-D é um herbicida hormonal de aplicação em pré ou pós-emergência, eficiente sobre
mono e dicotiledôneas com persistência curta no solo. O produto não apresenta fitotoxidez às
culturas recomendadas dentro das dosagens e usos recomendados, sendo elas: arroz, milho,
trigo, cana-de-açúcar e pastagem de Cynodon dactylon e Brachiaria decumbens (Andrei,
2005).
A aplicação do produto pode ser feita via costal ou tratorizada, utilizando-se uma vazão
de 200 a 400 L/ha , uma pressão média de 2,78 kg/cm2 gerando um tamanho de gotas de 200
a 500 μ e 20 a 30 gotas/cm2.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no município de Buritis localizado na latitude sul 15°52',
longitude oeste 46°25', com altitude de 900 metros. O clima da região consiste em
temperatura média anual de 24,1°C, precipitação média anual de 1304 mm, solo classificado
como latosolo vermelho de textura argilosa e área sem declividade.
A cultura do algodão foi implantada na primeira quinzena de dezembro de 2005 com o
sistema de plantio direto sobre palhada de milho onde foi dessecada com dois quilos por
hectare de Round-up. A cultivar utilizada foi a “Delta Opal” e a semeadura foi realizada
mecanicamente sendo a semeadora regulada para obter de oito a dez sementes por metro
linear e com espaçamento de 91 centímetros entre linhas.
A adubação foi realizada com a formulação: 140 quilos de fósforo, 100 quilos de
nitrogênio e 100 quilos de potássio, sendo o nitrogênio e o potássio parcelado no plantio, com
40 kg/ha e duas coberturas, sendo uma aos 30 e outra as 55 dias. Foram feitas adubações
foliares com 1% de uréia aproveitando outras aplicações.
Foi realizado o controle de plantas daninhas, utilizando-se o clomazone em pré-
emergência e também uma mistura dos herbicidas MSMA+DIURON com jato dirigido nas
entrelinhas aos 50 dias após emergência. Houve uma infestação na área de pulgões (Aphis
gossypi e Myzus persicae), curuquerê (Alabama argillaceae), lagarta da maçã (Heliothis
virescens), Spodoptera (Spodoptera frugiperda), Lagarta Rosada (Pectinophora gossypiella) e
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402
Ácaro rajado (Tetranychus urticae) em ambos os tratamentos, porém todos controlados. A
única doença que teve que ser controlada foi a ramulária (Ramularia areola).
A deriva foi identificada no início do florescimento, em torno dos 50 a 60 dias após
emergência, suspeitando-se de uma aplicação aérea sobre uma pastagem que é irregular a
aplicação deste produto desta forma ainda mais na forma éster que é muito mais volátil. A
colheita foi realizada nos meses de maio e junho obtendo uma produtividade média de
320@/ha.
A área com cerca de 1.000 hectares, foi divida em duas glebas de aproximadamente 500
hectares cada, sendo uma gleba com presença de sintomatologia de deriva de 2,4-D e a outra
com ausência, totalizando dois tratamentos. O delineamento estatístico utilizado no
experimento foi o inteiramente casualizado (DIC). Para fins de avaliação experimental, dentro
de cada tratamento foram sorteados dez pontos aleatórios de amostragem que foram marcados
e identificados para a avaliação das plantas, sendo que em cada ponto de amostragem foram
escolhidas dez plantas.
Foram realizadas avaliações do efeito da deriva do herbicida 2,4-D sobre a altura das
plantas, número de plantas por metro, número de frutos por planta, severidade, peso dos
capulhos, rendimento de fibra (%) e produtividade estimada da cultura do algodão.
A avaliação relativa à severidade, foi avaliada visualmente utilizando-se de uma escala
de severidade (Tabela 1) aos 90 dias após emergência. Os outros parâmetros foram
observados na época da colheita, onde a análise da altura e o número de plantas por metro,
foram utilizados uma trena graduada para medir a distância entre o nível do solo até a gema
terminal e um metro para contagem do número de plantas.

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403
Tabela 1 - Escala de Avaliação de severidade do sintoma de 2,4-D no algodoeiro.
NOTA SEVERIDADE
0 Ausência de sintomas
1 Sintoma leve (até 5%)
2 Sintoma moderado (até 25%)
3 Sintoma severo (até 50%)
4 Sintoma muito severo (acima de 50%)

A planta possui uma desunirfomidade no amadurecimento dos frutos sendo os frutos do


ponteiro raramente aproveitáveis, além de frutos com doenças ou atacados por insetos
formando frutos do tipo “carimã”, não aproveitáveis para a indústria sendo assim descartados.
A colheita foi realizada manualmente e somente os frutos completamente abertos foram
utilizados para a análise de número de frutos por planta.
Com os frutos identificados e contabilizados, os mesmos foram submetidos à análise de
peso dos capulhos, sendo este, considerado somente a fibra e a semente, retirando-se o
exocarpo do ovário e pesado o restante na balança de precisão. Logo após a pesagem dos
capulhos, a semente foi separada da fibra e esta pesada para obter o rendimento de fibra total.
A produtividade estimada foi obtida relacionando os fatores de número de plantas por
metro, número de frutos por planta, peso dos capulhos e o espaçamento de 0,91 metros entre
linhas. Com os dados calculados, estimou-se a produtividade em quilos por hectare.
Os dados do experimento foram submetidos à análise de variância e ao teste de F a 1 e a
5 % de probabilidade. A única variável que sofreu transformação foi a nota de severidade do
sintoma, no qual foi transformada pela equação: raiz quadrada de x mais 0,5. Os
procedimentos foram analisados no programa Sisvar 4.3.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os sintomas de fitotoxidade no algodoeiro encontrados no campo são característicos e
podem ser observados na Figura 2. As plantas de uma forma geral definham no ponteiro,
ocorrendo um sintoma de encarquilhamento leve nas folhas mais velhas e um severo dano nas
folhas mais novas, ocorre também embolhamento e nos casos mais acentuados, a queda das
mesmas.

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404
Figura 2 - Sintomas de fitotoxicidade do herbicida 2,4-D no algodão (Gossypium hirsutum
L.).

Os resultados dos teste de Tukey a 5%, mostra o efeito significativo do herbicida 2,4-D
para as variáveis analisadas. Pode-se observar o efeito significativo no número de frutos por
planta, severidade, peso dos capulhos, porcentagem de fibra e produtividade estimada.
Segundo Beltrão (1999), todos os coeficiente de variação (C.V.) estão com uma boa precisão
para os fatores avaliados na cultura do algodão.
Os resultados referentes às diferenças significativas entre as médias das variáveis
analisadas encontram-se a seguir no Quadro 1.
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405
Quadro 1 - Resumo das médias de altura, número de plantas por metro, número de frutos
por planta, severidade, peso dos capulhos, porcentagem de fibra e produtividade
estimada.
VARIÁVEIS
Tratamentos Alturas Nº. Nº. Sev. Peso Rend. Prod.est.
plantas/ frutos/ dos Fibra kg/ha
metro planta capulhos (%)
Sem deriva 1,40 a 6,91 a 7,70 a 0,73 b 5,89 a 39,81 a 3442,70 a
Com deriva 1,43 a 6,93 a 5,38 b 1,88 a 5,01 b 39,26 b 2047,70 b
Em cada coluna, as médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas não diferem entre si o nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.

Os valores médios registrados para a altura e número de plantas por metro verificam-se
indiferença entre a parcela afetada pela deriva e a testemunha. Este fato pode ser atribuído às
folhas não afetadas pela deriva que sustentou a produção de assimilados para as plantas
afetadas pelo 2,4-D, não conseguindo matar planta no estádio em que foi afetada.
O quadro 1 mostra o efeito do herbicida no número de frutos entre o tratamento e a
testemunha. A deriva ocorreu 50 dias após emergência, afetando assim o início da floração,
explica-se o fato da redução em torno 30% no número de frutos por planta, que poderia ser
maior se a planta não possuísse gemas acessórias que substituírem as flores que foram
afetadas pela deriva.
As diferenças observadas nas médias referentes à severidade do dano são perfeitamente
visíveis no campo. Este contraste na severidade entre a parcela afetada e a testemunha
confirma a sensibilidade do algodoeiro ao herbicida 2,4-D.
O peso dos capulhos, dado essencial no cálculo da produtividade, foi verificado
diferença significativa, reduzindo em torno de 15% em relação à testemunha, devido às
possíveis diferenças na quantidade de folhas e reações metabólicas causado pelo herbicida na
planta. As médias referentes ao rendimento de fibra (%) mostram também diferença
significativa entre a parcela afetada e a testemunha, porém dentro da faixa indicada pela
empresa produtora de sementes sendo o rendimento entre 39 a 42 por cento de fibra (MDM,
2006).
A partir de todos os dados referentes aos outros fatores, a diferença significativa é
constatada mínima, porém ao juntar os dados destes para formar a produção estimada, a
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406
diferença é muito grande, havendo uma redução de cerca de 40% na produção de algodão em
caroço entre a parcela afetada pela deriva e a testemunha.

4 CONCLUSÕES
O dano causado pelo herbicida foi verificado em todos os estádios de desenvolvimento
da cultura após a ocasião da deriva. Diante dos resultados obtidos no experimento pode-se
concluir que:
1. O herbicida 2,4-D em ocasião de deriva acidental não conseguiu matar a planta de
algodão (Gossypium hirsutum L.) no início da floração.
2. As folhas afetadas pela deriva sofrem danos irreversíveis e as folhas novas que
nascem, apresentam maior severidade.
3. No estádio de pré-floração a deriva afeta a quantidade final de frutos reduzindo cerca
de 30% não sendo maior pelo fato da planta possuir gemas acessórias que substituíram as
flores afetadas.
4. O peso do fruto é afetado pelo herbicida 2,4-D reduzindo por volta de 15%.
5. O rendimento da fibra é afetado pelo herbicida, porém a planta apresenta o
rendimento especificado pelo produtor de sementes.
6 . O maior prejuízo é constatado na produção estimada, aonde as perdas chegaram a
40% na produção final de algodão em caroço.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

408
TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA AVALIAÇÃO DA
QUALIDADE DE SEMENTES DE MAMONA

Luciana Aparecida de Souza, UFLA, luapsouza2003@yahoo.com.br


Maria Laene Moreira de Carvalho, UFLA, mlaenemc@ufla.br
Veronica Yumi Kataoka, UFLA, veronicayumi@terra.com.br
Diego dos Santos Coelho, UFLA, diego.coelho@gmail.com
Antonio Lucrécio Santos Neto, UFLA, santosneto@gmail.com

RESUMO: O aumento na demanda por sementes de mamona no Brasil, vem desencadeando


um grande interesse em testes rápidos que possibilitem a diferenciação de lotes de qualidade
superior. Para investigar a possibilidade de utilização do teste de condutividade elétrica para
avaliação da qualidade de sementes de mamona, foram utilizados dez lotes das cultivares AL
Guarany 2002 e IAC 80. As sementes foram submetidas ao teste de condutividade elétrica de
massa e individual em quatro períodos de embebição (6, 12, 18 e 24 horas). A caracterização
dos lotes foi realizada pelos testes de germinação, primeira contagem, emergência, estande
inicial, índice de velocidade de emergência, tetrazólio e teor de água das sementes. O teste de
condutividade elétrica de massa foi realizado em aparelho condutivímetro CD-21, utilizando-
se copos plásticos contendo 25 sementes em 75 ml de água deionizada, acondicionados em
BOD, à temperatura de 25°C. A determinação da condutividade individual foi realizada com
analisador automático de sementes SAD-9000S. Ao contrário da determinação da
condutividade elétrica individual, o teste de condutividade elétrica de massa é eficiente na
detecção de diferenças de qualidade em lotes de sementes de mamona, sendo o período de 6
horas de embebição o indicado para a realização do teste.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., lixiviação, vigor

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

409
1 INTRODUÇÃO
A demanda por sementes de mamona (Ricinus communis L.) aumenta a cada dia devido
à importância econômica do óleo extraído de suas bagas, utilizado principalmente na indústria
e também como fonte de matéria-prima para a fabricação do biodiesel, entretanto, um dos
desafios para a produção desse combustível alternativo proveniente da mamona tem sido o
suprimento de sementes em quantidade e qualidade para atender o crescente mercado dessa
cultura (Souza, 2007).
O teste atualmente utilizado para a determinação da qualidade de sementes de mamona
é o teste de germinação (Brasil, 1992), que apresenta limitações por não detectar variações na
qualidade dos lotes em estágio inicial de deterioração (Krzyzanowski et al., 1999). Por essa
razão, métodos de vigor têm sido indicados para uma avaliação mais precisa da qualidade de
lotes de sementes, pois estes permitem detectar com eficiência e rapidez as variações entre os
lotes e as possíveis causas da baixa qualidade dessas sementes.
Dentre os métodos utilizados, a condutividade elétrica se destaca por ser um teste rápido
e objetivo que têm sido utilizado com sucesso na avaliação do vigor em muitas espécies. O
teste de condutividade elétrica é um dos dois testes de vigor incluídos nas Regras
Internacionais para Análise de Sementes (ISTA, 2006), mas sua utilização é atualmente
recomendada apenas para sementes de ervilha.
Existem poucos relatos de pesquisas com ênfase no teste de condutividade elétrica para
avaliação da qualidade em sementes de mamona. Segundo Matthews & Powell (2006), um
dos primeiros relatos do emprego da condutividade elétrica como teste de vigor foi realizado
em sementes dessa espécie. Para Fonseca et al. (2004), a condutividade elétrica não
evidenciou diferença de vigor entre os lotes de sementes de mamona estudados, resultado
justificado devido ao fato de que o tegumento das sementes mostrou resistência à entrada de
água, não permitindo dessa forma a lixiviação de solutos. Lima et al. (2005), verificaram que
sementes de mamona armazenadas absorveram mais água e tiveram maiores valores de
condutividade elétrica quando comparadas às sementes recém colhidas, demostrando serem
mais deterioradas e que, quanto menor a absorção de água e condutividade elétrica, melhor a
qualidade das sementes.
Um fator importante a ser considerado na avaliação do vigor de sementes é a rapidez
para a realização do teste (Vieira, 1994). O período de 24 horas de embebição tem sido
recomendado para a avaliação da condutividade, entretanto, existem possibilidades de
redução desse período na avaliação de várias espécies (Dias e Marcos Filho, 1996; Vanzolini

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

410
e Nakagawa, 1999), visando agilizar os resultados e auxiliar as tomadas de decisão em relação
ao destino dos lotes.
Assim, nessa pesquisa, objetivou-se investigar a possibilidade de utilização do teste de
condutividade elétrica (de massa e individual) para avaliação da qualidade de sementes de
mamona (Ricinus communis L.).

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 10 lotes de sementes de mamona das cultivares IAC 80 e AL Guarany
2002 produzidas em Nepomuceno, MG na safra 2005/2006. As sementes foram colhidas e
secas naturalmente em terreiro e armazenadas em câmara fria e seca (10°C e 40%UR) até a
realização das avaliações. Na caracterização dos lotes foram realizados os seguintes testes e
determinações: teor de água pelo método de estufa a 105° ± 3°C por 24 horas; teste de
germinação, segundo as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992); primeira contagem
de germinação; emergência em canteiro; estande inicial e índice de velocidade de emergência
de acordo com Maguire, (1962) além do teste de tetrazólio que foi realizado embebendo-se as
sementes em água a 30°C por 3 horas entre papel. Logo após, o tegumento das sementes foi
retirado e realizou-se cortes nas laterais dos embriões que foram imersos em solução de
tetrazólio a 0,5% e mantidos no escuro a 30°C, por 6 horas (Oliveira et al., 2006).
A condutividade elétrica de massa foi realizada com 4 repetições de 25 sementes que
foram pesadas e colocadas para embeber em copos plásticos contendo 75 ml de água
deionizada e mantidas em BOD, a 25°C por diferentes períodos de embebição (6, 12, 18 e 24
horas). A leitura da condutividade elétrica da solução foi medida em aparelho condutivímetro
marca Digimed, modelo CD-21. Na água de embebição após 24 horas foi efetuada a
determinação de potássio lixiviado empregando-se a fotometria de chama. Para o método
individual foi utilizado o analisador automático de sementes SAD 9000-S, sendo analisadas 4
repetições de 50 sementes por lote. As sementes foram mantidas, à temperatura constante de
25°C, por quatro períodos de embebição: 6, 12, 18 e 24 horas. Os resultados dos testes
realizados foram analisados segundo delineamento inteiramente casualizado, exceto para o
teste de condutividade individual que foi analisado em blocos casualizados. Os dados de
condutividade elétrica em massa e lixiviação de potássio da cultivar IAC 80 foram
transformados em 1/y (transformação recíproca). As médias foram comparadas pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

411
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios referentes ao teor de água das sementes foram de 7,8% para a
cultivar IAC 80 e 6,5% para a cultivar AL Guarany 2002 (Tabela 1). A análise da germinação
das sementes da cultivar IAC 80 evidenciou que todos os lotes apresentaram baixa
germinação, mas com diferentes níveis de qualidade. Os lotes 1, 2 e 3 foram considerados
como o de pior qualidade fisiológica, e os lotes 4 e 5 como os melhor qualidade. Assim como
na germinação, os resultados da primeira contagem de germinação, estande inicial,
emergência, índice de velocidade de emergência e tetrazólio, destacaram o lote 4 como sendo
de qualidade fisiológica superior em relação aos demais.

Tabela 1 - Valores médios (%) dos resultados da determinação do teor de água (U), teste de
germinação (G), primeira contagem de germinação (PC), estande inicial de emergência (EI),
emergência (E), tetrazólio (TZ), e o índice de velocidade de emergência (IVE), dos lotes de
sementes das cultivares IAC 80 e AL Guarany 2002. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Caracterização dos Lotes
Cultivar Lote U G PC EI E IVE TZ
IAC-80 1 8,8 7b 4b 1b 23 c 0,764 c 12 b
2 7,3 55 a 10 b 0b 52 b 1,737 b 36 a
3 8,1 22 b 13 b 1b 51 b 1,788 b 37 a
4 7,7 59 a 27 a 7a 81 a 2,988 a 45 a
5 7,4 58 a 31 a 1b 58 b 1,961 b 45 a
CV (%) 36,82 47,18 78,57 16,67 16,03 30,42
Al Guarany 2002 1 6,1 84 a 72 b 18 a 84 b 4,363 b 49 b
2 6,7 94 a 87 a 16 a 87 b 4,479 b 60 b
3 7 87 a 81 a 30 a 90 a 5,241 a 71 a
4 6,7 90 a 82 a 33 a 91 a 5,342 a
5 6,2 95 a 87 a 32 a 90 a 5,387 a 78 a
CV (%) 6,29 7,48 49,57 3,57 7,45 19,68
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.

Para a cultivar AL Guarany 2002, os lotes não diferiram entre si em sua germinação. A
classificação do lote 1 como de pior qualidade foi obtida pelos testes de primeira contagem de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

412
germinação, emergência, índice de velocidade de emergência e tetrazólio, embora tenha sido
acompanhado pelo lote 2 em alguns destes testes. Os lotes 3, 4, 5 foram considerados de
qualidade superior em todos os testes realizados.
Para a cultivar IAC 80 verificou-se com os resultados do teste de condutividade elétrica
de massa (Tabela 2), uma intensa lixiviação de eletrólitos logo no início do teste, sendo mais
evidente no lote 1 que foi classificado pelos demais testes como de qualidade inferior. O teste
de condutividade elétrica de massa evidenciou a superioridade do lote 4 em relação aos
demais em todas as avaliações. Ocorreram algumas variações na classificação dos lotes de
IAC 80 quando se comparou os dados de condutividade elétrica de massa com a germinação e
os testes de vigor utilizados para caracterização do perfil dos lotes, porém todos destacaram o
lote 4 como de melhor desempenho e o lote 1 como o pior.

Tabela 2 - Valores médios (μS.cm-1.g-1) dos resultados da condutividade elétrica de massa e


lixiviação de potássio - LP (ppm/g) para sementes de mamona dos lotes das cultivares IAC 80
e AL Guarany 2002, em cada período de pré-condicionamento. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Períodos de Embebição (h)
Lote
6 12 18 24 LP
1 145,61 d 153,82 d 172,20 d 186,13 c 99,45 a
2 85,60 c 100,08 c 116,52 c 128,18 b 179,42 b
IAC 80 3 69,80 b 73,41 b 85,14 b 95,28 a 100,47 a
4 62,64 a 67,26 a 75,29 a 83,85 a 93,90 a
5 67,60 b 74,63 b 88,55 b 97,13 b 94,20 a
CV (%) 6,11 7,11 7,94 11,63 5,12
1 41,75 b 50,24 b 61,58 a 75,35 b 68,00 a
AL 2 31,56 a 42,10 a 53,93 a 62,66 a 56,70 a
Guarany 3 30,12 a 40,83 a 50,46 a 60,44 a 61,77 a
2002 4 33,44 a 42,70 a 55,10 a 62,81 a 60,00 a
5 32,74 a 41,78 a 55,47 a 61,70 a 58,97 a
CV (%) 8,99 5,82 8,28 6,82 8,71
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.

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413
Não houve alteração na classificação quanto aos níveis de qualidade dos lotes até 18
horas de embebição, após esse período uma pequena alteração nessa classificação foi
observada. Segundo Loeffler et al. (1988), lotes que apresentam diferenças de vigor menos
acentuadas, precisam de períodos mais longos de condicionamento para que a diferença de
qualidade entre os lotes seja detectada. A lixiviação de íons K+ foi avaliada após a medição da
condutividade da solução e foi possível observar maior lixiviação das sementes do lote 2.
Para a cultivar AL Guarany 2002 verificou-se que a maioria dos tratamentos, com
exceção do período de 18 horas de embebição, proporcionaram a mesma tendência na
separação dos lotes em dois níveis de qualidade. Todas as avaliações identificaram o lote 1
como de pior qualidade. Os demais lotes apresentaram baixos valores de condutividade
elétrica, portanto foram considerados como mais vigorosos. Pelos resultados do teste de
lixiviação de K+ não foi possível detectar diferenças significativas entre os lotes desta cultivar,
embora haja uma tendência dos dados em classificar o lote 1 como de pior qualidade por
apresentar maior lixiviação de eletrólitos.
Houve um aumento gradativo nos valores de condutividade elétrica com o decorrer do
teste para ambas cultivares. Verificou-se que à partir de 6 horas de embebição já foi possível
separar os lotes das duas cultivares em diferentes níveis de vigor, com redução significativa
no período de embebição das sementes, em relação ao período padrão de 24 horas, adotado
para testes de condutividade elétrica em algumas espécies como soja e ervilha (Hampton &
Tekrony, 1995; Krzyzanowski et al., 1999). De modo geral, o método de condutividade
elétrica de massa na separação dos níveis de qualidade fisiológica em sementes de mamona
foi eficiente tanto para a cultivar IAC 80 quanto para Guarany, pois os resultados foram
semelhantes aos dos testes convencionais.
Os resultados do teste de condutividade elétrica individual relativos aos lotes das
cultivares IAC 80 e AL Guarany 2002 estão apresentados na Tabela 3.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

414
Tabela 3 - Valores médios (μS/cm) de condutividade elétrica individual para as sementes dos
lotes das cultivares IAC 80 e AL Guarany 2002, em cada período de pré-condicionamento.
UFLA, Lavras, MG, 2007.
Períodos de embebição (h)
Lote
6 12 18 24
1 344,92 d 357,92 e 367,51 d 382,36 d
2 302,75 c 316,73 d 333,67 c 363,49 c
3 258,98 b 271,50 b 294,77 b 314,49 a
IAC 80 4 230,33 a 248,91 a 273,77 a 302,99 a
5 266,27 b 285,54 c 301,23 b 326,22 b
CV (%) 2,72 4,76 2,51
1 191,91 d 206,83 c 250,13 c 308,22 c
2 174,52 c 195,59 b 278,55 b
AL Guarany 3 144,15 a 171,75 a 259,56 a
2002 4 163,36 b 191,36 b 224,82 b 269,86 b
5 188,07 d 213,53 c 255,77 c 306,20 c
CV (%) 4,17 2,80 3,21 3,08
As médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade.

Foram observadas algumas variações na ordem de classificação dos lotes da cultivar


IAC 80 em relação ao vigor, durante os períodos de embebição. Entretanto, a classificação
dos lotes 1 e 2 como de pior vigor e o lote 4 como o mais vigoroso, já nas primeiras 6 horas
de condicionamento, corresponde aos resultados obtidos pelos demais testes.
Pelos resultados do teste de condutividade elétrica individual para a cultivar AL
Guarany 2002, a separação dos lotes foi possível logo após 6 horas de embebição. Após este
período, não houve alteração na classificação dos lotes nos demais tempos de avaliação. O
lote 3 se destacou, pelo método individual, como o mais vigoroso entre os demais, fato não
verificado com a condutividade elétrica de massa, na qual esse lote foi considerado de
potencial fisiológico semelhante ao dos lotes 2, 4 e 5. Como nos demais resultados, a
classificação do lote 1 como o de pior qualidade prevaleceu, porém, o lote 5 também se
destacou com altos valores de condutividade, ou seja, nesta avaliação, esse lote também foi
considerado de qualidade inferior.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

415
Apesar de ter sido mais sensível em agrupar os lotes de sementes de mamona em mais
níveis diferentes de qualidade, o método de condutividade elétrica individual não possibilitou
caracterizar de maneira eficiente os lotes, pois ocorreram muitas variações entre os resultados
deste teste e os dos demais testes convencionais, principalmente para a cultivar AL Guarany
2002. Dias & Marcos Filho (1996) concluíram que a condutividade elétrica individual não
forneceu informações consistentes sobre o potencial relativo dos lotes, apresentando
eficiência variável de acordo com a cultivar de soja estudada.

4 CONCLUSÃO
O teste de condutividade elétrica de massa é eficiente em detectar diferenças na
qualidade de lotes de sementes de mamona;
O período de 6 horas de embebição é indicado para realização do teste de condutividade
elétrica de massa para avaliar a qualidade de sementes de mamona;
O teste de condutividade elétrica individual não é adequado para a avaliação da
qualidade em sementes de mamona.

5 AGRADECIMENTO
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
concessão da bolsa de estudos.

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418
POTENCIAL DO CULTIVO DE TUNGUE (Aleurites fordii) NO SUL DE
MINAS

João Paulo Felicori Carvalho, UFLA, jpfelicori@gmail.com


Ana Carolina Cunha Arantes, UFLA, aninhacunha@gmail.com
Valéria Campos dos Santos, UFLA, valcampos07@hotmail.com
André Esteves Nogueira, UFLA, andreesteves86@bol.com.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: O tungue é uma planta nativa da Ásia, onde é cultivado predominantemente na


China. É plantado comercialmente também na América do Sul, nos Estados Unidos e na
África. E das suas sementes é extraído um óleo, que é conhecido como “tung oil” ou “wood
oil” (“óleo de madeira”). As sementes do tungue possuem em torno de 33% de óleo. A. Fordii
é descrita como uma árvore caducifólia de 3 a 9 metros de altura com ramos robustos,
glabros, com superfície lenticelada e folhas glabras, ovadas ou cordadas de 7 a 12 cm de
comprimento. O tungue é uma cultura perene de baixo custo de manutenção, e resistente a
moléstias nas nossas condições ambientais, e seus frutos são de fácil armazenamento. O
tungue necessita de 350 a 400 horas de frio (< 7,2° C). O cultivo do Tungue é realizado
predominantemente em pequenas propriedades com economia baseada na exploração da mão-
de-obra familiar.

Palavras-Chave: Oleaginosa, tunge, Aleurites fordii.

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419
1 INTRODUÇÃO
O tungue é uma planta nativa da Ásia, onde é cultivado predominantemente na China. É
plantado comercialmente também na América do Sul, nos Estados Unidos e na África. E das
suas sementes e extraído um óleo, que é conhecido como “tung oil” ou “wood oil” (“óleo de
madeira”).

As sementes do tungue possuem em torno de 33% de óleo, e esse óleo contém uma alta
percentagem de ácido oleosteárico, sendo o único óleo vegetal produzido comercialmente que
possui esse componente, ao qual é atribuída a alta qualidade do tungue como óleo de secagem
rápida. Os teores de óleo na semente podem variar entre 30 e 40%, sendo esse composto por
75-80% de óleo alfa-esteárico, 15% oléico, 4% palmítico e 1% ácido esteárico. Taninos,
fitoesteróis e uma saponina tóxica também são encontrados.

A. montana (Lour.) Wils, produzida predominantemente no sul da China, é também


conhecida com Mu tree (Chang, 1983). Segundo De Geus (1973), essa espécie tinha a maior
área plantada em Malawi, no continente africano, onde o clima tropical favorecia seu cultivo.
Segundo Duke (1983), outras espécies de Aleurites são usadas para produzir óleo, geralmente
de baixa qualidade. A. molucanna é citada por Pio Corrêa (apud Reitz, 1988), como produtora
de amêndoas com mais ou menos 60 % de óleo graxo, muito bom combustível e excelente
lubrificante, utilizado também na fabricação verniz, sabão e velas. As flores e madeira têm
aroma resinífero, e as cascas são usadas no curtimento do couro.

O óleo é secativo, de padrão superior ao da linhaça. Presta-se como revestimento e


acabamento de trabalhos de esmalte e vernizes, nas construções, mobílias, acessórios,
decorações, indústrias de automóvel, de eletricidade, têxteis, tintas especializadas, aplicações
domésticas, roupas, lonas isolantes, fios elétricos, revestimento de paredes, sacos, papéis,
madeiras, tubos para cosméticos, pastas dentifrícias, vernizes de assoalhos, cascos de navios,
couros, calafetagem de barcos, lacres e sabão. (Aboissa Óleos Vegetais)

A torta de tungue, resíduo composto pela semente de tungue sem a testa, após a
extração do óleo, possui em torno de 25% de proteína bruta, sendo tóxica para os animais e só
usada como fertilizantes (Vaughan, 1970).

A espécie cultivada na região colonial da Serra do Nordeste, no Rio Grande do Sul, é a


A. fordii, de porte um pouco menor que A. montana e também mais rústica e adaptada ao
clima frio. Com a industrialização centralizada na Cooperativa de Plantadores de Tungue
Paulo Monteiro Barros Ltda., em Caxias do Sul, e na Indústria de Óleos Varella, em Fagundes

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420
Varela, a produção de tungue na safra 1999/2000 foi de aproximadamente 1.200 toneladas de
frutos adquiridos pela Cooperativa e em torno de 350 toneladas adquiridos pela Óleos Varella,
com a comercialização distribuída de junho a janeiro. Em 1996, segundo o IBGE, o Rio
Grande do Sul produziu 1.359 toneladas do produto, o que representava 98% da produção
nacional. Os principais municípios produtores são: Veranópolis (863 t), Cotiporã (182 t), São
Valentim do Sul (52 t), Vila Flores (51 t), Nova Bréscia (34 t), Farroupilha (27 t), Ilópolis (17
t), Fagundes Varela (16 t), Nova Prata (15 t) Arvorezinha (14 t) e Caxias do Sul (13 t).

O sistema de cultivo no RS é extensivo, as plantas são distribuídas em meio as


pastagens, onde o cultivo de outras culturas é restrito. Como a maturação dos frutos do tungue
não é uniforme, a colheita é feita com duas ou mais operações, quando os frutos maduros
caem no chão. Antes da comercialização, as sementes precisam estar com umidade abaixo de
30%, e para atingirem esse percentual passam de duas a três semanas em sacos dentro de
galpões. A produtividade alcançada nos cultivos norte-americanos é de 4.500 kg a 5.000 kg de
frutos por hectare (Duke, 1983). Segundo o IBGE (1996), a área cultivada no Rio Grande do
Sul era de 365,37 hectares, com uma produtividade média alcançada de 3.719 kg de frutos por
hectare.
No Brasil o cultivo é realizado predominantemente em pequenas propriedades com
economia baseada na exploração da mão-de-obra familiar. Conforme dados do IBGE, em
1996 a totalidade da produção foi oriunda de propriedades com menos de 100 hectares e 74%
do tungue no Rio Grande do Sul (RS) tiveram origem em propriedades com menos de 50 ha.

2 PLANTA, FOLHA, FLOR, FRUTO E SEMENTE


O tungue é uma cultura perene de baixo custo de manutenção, e resistente a moléstias
nas nossas condições ambientais, e seus frutos são de fácil armazenamento.
Reitz (1988) descreve A. fordii como árvore caducifólia de 3 a 9 metros de altura com
ramos robustos, glabros, com superfície lenticelada e folhas glabras, ovadas ou cordadas de 7
a 12 cm de comprimento. Segundo esse autor, as flores do tungue aparecem antes das folhas,
após o período de dormência hibernal, com pétalas brancas com estrias roxas e oito a dez
estames.
A planta do tungue é uma árvore pequena de casca lisa, ramos grossos e produtora de
seiva leitosa. Folhas em forma de coração, flores reunidas em grandes inflorescências nas
extremidades dos ramos, de coloração rosa-pálida ou branca, com estrias escuras
longitudinais, frutos globulares, verde-escuros ou marrons. Apresenta um óleo de coloração

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421
amarelo-escuro, representando de 59 a 63% do peso da semente. (Ambiente Brasil - ambiente
agropecuário).
O tungue é uma árvore de porte frondoso, ramos mais ou menos tomentosos capaz de
alcançar 10 metros de altura, casca fina cinza-pálida, numerosos ramos reunidos em
ramalhetes, com copas de 5 a 10 metros de diâmetro e quase sempre monóicas. Os pecíolos
podem alcançar 40 cm de comprimento. (Aboissa Óleos Vegetais).
As folhas, unissexuadas, surgem antes das folhas na A. fordii e na A. molucana, depois
se agrupam com folhas nas pontas dos ramos do ano anterior.
Segundo Barroso et al (1999), os frutos são do tipo drupóide (Figura 1), com pericarpo
nitidamente diferenciado em epicarpo, mesocarpo e endocarpo. O epicarpo e o mesocarpo têm
consistência fibrosa. O endocarpo tem consistência coriácea, apresentando o espaço central
dividido em falsos septos transversais, formando, em geral, quatro a cinco câmaras, cada uma
com uma semente.

Figura 1 - Fruto inteiro (A), em corte (B) e semente (C) de Aleurites fordii (Barroso et al.,
1999).
As sementes (Figura 2) da A. fordii tem de 14 a 35 cm de comprimento. Formato é
próximo a triangular na sua seção transversal, com superfície convexa. A casca é espessa (1 a
5 mm), e o endosperma de cor creme. O comprimento das fibras da testa pode atingir
aproximadamente 880 μm, o dobro do de Ricinus. (Vaughan, 1970).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

422
Figura 2 - Sementes

O tungue floresce em setembro e outubro no sul do Brasil, em ramos de crescimento da


estação anterior. Segundo Duke (1983), A. fordii tem desenvolvimento ótimo em regiões com
verões longos, quentes e com precipitação abundante (1.120 mm de chuva anual). De acordo
com esse autor, o tungue necessita de 350 a 400 horas de frio (< 7,2° C) para a dormência
hibernal, sem as quais as plantas tendem a produzir ramos inférteis a partir dos galhos
principais. Essas árvores desenvolvem-se melhor em áreas de encosta bem drenadas, onde o
risco de geada na primavera é reduzido, e em solo com valor de pH entre 6,0 a 6,5, tolerando
entre 5,4 e 7,1.

3 TIPOS DE PROPAGAÇÃO
A propagação pode ser realizada por sementes ou enxertia. Em cultivos comerciais
intensivos, como os existentes nos Estados Unidos da América, a produção é realizada com
plantas enxertadas, com copa selecionada de plantas matrizes mais produtivas, e com porta-
enxerto originário de mudas de um ano, produzidas a partir de sementes de plantas também
selecionadas para esse fim. Isso gera maior uniformidade no cultivo e na maturação, além de
maior teor de óleo nos frutos (Duke, 1983).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

423
4 ÉPOCA DE PLANTIO E ADUBAÇÕES
Como as mudas são produzidas no RS são sem enxertia, muitas vezes a partir de plantas
espontâneas, oriundas de frutos não colhidos que ficaram sob as árvores de produção, descrito
por não são também realizadas adubações e o custo direto se resume aos serviços de roçada
sob as árvores, à colheita e ao ensacamento para a pré-secagem. Isso resulta em menor
produção e menor teor de óleo na semente.
A adubação é melhor praticada com base na análise se solo, empregando-se as
quantidades de adubos recomendados.

5 PRODUÇÃO
A sua produção pode ser enquadrada em um sistema sustentável de agricultura, definida
em Gliessman (2000) como "aquela agricultura que reconhece a natureza sistêmica da
produção de alimentos, forragens e fibras, equilibrando, com eqüidade, preocupações
relacionadas à saúde ambiental, justiça social e viabilidade econômica, entre os diferentes
setores da população”.
No Brasil o cultivo é realizado em pequenas propriedades, com economia baseada na
exploração de mão-de-obra familiar. Conforme dados do IBGE, em 1996 a totalidade da
produção foi oriunda de propriedades com menos de 100 hectares e 74% do tungue no Rio
Grande do Sul (RS) tiveram origem em propriedades com menos de 50 ha.
O rendimento do óleo por hectare é de 450 kg ou mais. Há rendimento de 7 t/ha com
660 plantas de 4x4 m. Uma A. montana tem produzido com 8 anos, 993,5 K/ha/ano rendendo
347kg de óleo.
O sistema de cultivo do tungue no Rio Grande do Sul (RS) é extensivo. As plantas são
distribuídas em meio a pastagens e aproveitando áreas impróprias para culturas anuais. A
produtividade alcançada nos cultivos norte-americanos é de 4.500 kg a 5.000 kg de frutos por
hectare (Duke, 1983). No Paraguai apresentam altos rendimentos que podem chegar até
12000 kg/ha. Segundo o IBGE (1996), a área cultivada no Rio Grande do Sul era de 365,37
hectares, com uma produtividade média alcançada de 3.719 kg de frutos por hectare.
A produção se inicia com 3 anos, é plena aos 10 anos e permanece até mais ou menos
aos 30 anos. (Aboissa Óleos Vegetais). A safra de tungue segue um ciclo sendo um ano bom e
outro ruim.
O rendimento varia muito de espécie para espécie, de tungueiro para tungueiro, na
mesma espécie, de ano para ano. Esta variação decorre do clima, temperatura e irregularidade

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424
das chuvas, da heterogeneidade das plantas por falta de seleção, do espaçamento, do solo por
falta de adubação, de matéria orgânica, da deficiência e irregularidade das capinas, do
combate às pragas e doenças. A variabilidade das safras, de um ano para outro, pode elevar-se
a 80 - 90%.
Segundo Univaldo Vedana (2006), colheita é simples, pois os frutos maduros caem no
chão, bastando apenas juntar os frutos caídos. Inicialmente nós acreditamos nesta cultura para
a agricultura familiar, nas pequenas propriedades rurais, onde esses agricultores poderão
produzir cerca de 1.500 litros de óleo por hectare.
Antonio Rigo, diretor-presidente de uma empresa que comercializa tungue também
falou sobre o assunto. Além de disponibilizar a semente para o plantio, Rigo esclareceu
algumas dúvidas quanto ao espaçamento e a área mínima necessária. Segundo ele, o produto é
comprado a R$0,35 o quilo e, além de ter uma mão-de-obra barata, pode render de dois a três
mil reais por hectare.

6 COLHEITA
A colheita é realizada à medida que os frutos, contendo de quatro a cinco sementes,
caem no chão. Em geral, são necessárias duas ou mais operações de colheita, pois a
maturação do tungue não é uniforme. Antes da comercialização, o material é colocado em
sacos e deixado para secar em galpões, até alcançar umidade abaixo de 30%. Esse processo
leva duas ou mais semanas e é realizado pelo produtor.
O sinal de maturação é a queda natural dos frutos, ainda na árvore os frutos perdem a
cor verde natural, tornam-se verde-escuro, depois pardos e caem naturalmente, a começar do
fim de março (FIGURA 3). A colheita dos frutos é da seguinte maneira: eles são apanhados
no chão limpo de mato e folhas, antes de se abrirem, para evitar a fermentação da casca,
aquecendo as sementes, o que acidifica o óleo. Colhem-se, varejando as árvores no último
estágio do amadurecimento dos frutos, que são abertos à mão e secados antes do
ensacamento, para recolhimento ao armazém. (Aboissa Óleos vegetais)

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425
Figura 3 – Frutos

7 ÓLEO
Em 1994 a 1995, a produção do óleo de tungue no mundo foi de 170.000 toneladas. Já
em 1998 os maiores produtores que são China, Paraguai e Argentina produziram
respectivamente 35.000, 7.800, 3.900. (Aboissa Óleos Vegetais).
Para se obter um bom rendimento de Óleo de Tungue é necessário um correto
armazenamento das sementes para evitar que elas se acidifiquem ou estraguem. O rendimento
de semente em óleo gira em torno de 18%. O Óleo de Tungue apresenta-se como um óleo de
cor amarelo claro com odor característico. É um óleo venenoso e não comestível. (SBRT -
Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas).
As sementes do tungue possuem em torno de 33% de óleo, Vaughan (1970), e esse óleo
contém uma alta percentagem de ácido oleosteárico, sendo o único óleo vegetal produzido
comercialmente que possui esse componente, ao qual é atribuída a alta qualidade do tungue
como óleo de secagem rápida. Segundo List & Horhammer (apud Duke, 1983) afirmam que
os teores de óleo na semente podem variar entre 30 e 40%, sendo esse composto por 75-80%
de óleo alfa-esteárico, 15% oléico, 4% palmítico e 1% ácido esteárico. Taninos, fitoesteróis e
uma saponina tóxica também são encontrados.
A. molucanna é citada por Pio Corrêa (apud Reitz, 1988), como produtora de amêndoas
com mais ou menos 60 % de óleo graxo, muito bom combustível e excelente lubrificante,
utilizado também na fabricação verniz, sabão e velas. As flores e madeira têm aroma
resinífero, e as cascas são usadas no curtimento do couro.
O óleo é secativo, de padrão superior ao da linhaça. Presta-se como revestimento e
acabamento de trabalhos de esmalte e vernizes, nas construções, mobílias, acessórios,
decorações, indústrias de automóvel, de eletricidade, têxteis, tintas especializadas, aplicações
domésticas, roupas, lonas isolantes, fios elétricos, revestimento de paredes, sacos, papéis,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

426
madeiras, tubos para cosméticos, pastas dentifrícias, vernizes de assoalhos, cascos de navios,
couros, calafetagem de barcos, lacres e sabão. (Aboissa Óleos Vegetais).

7.1 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO ÓLEO DE TUNGUE

Índices Unidades Valores de Referência


Peso Específico (15°C) g / cm³ 0935 – 0943
Índice de refração (40°C) - 1,514 – 1,520
Índice de Iodo g I2 / 100g 160 – 175
Índice de Saponificação mg KOH/g 189 – 195
Matéria Insaponificável % <1,0
Valores de Referência: Physical and Chemical Characteristics of Oils, Fats, and Waxes - AOCS; Oli, Grassi e
Derivati - 3a.Edizione.Fonte: Campestre Disponível em: <
http://www.campestre.com.br/especificacao_tungue.shtml>.

7.2 COMPOSIÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS

Ácidos Graxos Estrutura Valores de Referência


Ácido Palmítico C16:0 2,0
Ácido Esteárico C18:0 3,0
Ácido Oleico (Ômega 9) C18:1 4,0 – 10,0
Ácido Linoleico (Ômega 6) C18:2 8,0 – 15,0
Ácido Linolênico (Ômega C18:3 2,0
Ácido alfa-Eleosteárico C18:3 71 - 82
Valores de Referência: Physical and Chemical Characteristics of Oils, Fats, and Waxes - AOCS.
Fonte:Campestre Disponível em: < http://www.campestre.com.br/especificacao_tungue.shtml >.

7.3 PRINCIPAIS PAISES IMPORTADORES DE ÓLEO DE TUNGUE


Japão, Estados Unidos, União Européia, Korea, Taiwan, Rússia, Hong Kong, são os
principais importadores.
A China é maior exportador de óleo de Tungue, em 1994 ela exportou 28000 toneladas
de óleo, sendo 45,60% deste destinado ao Japão e a Korea e 44,40% para União Européia, já
em 1996, este quadro se alterou sendo 50% para o Japão e Korea e 36,30% para União

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

427
Européia. O Paraguai é um grande produtor e consequentemente um grande exportador.
(Aboissa Óleos Vegetais).
8 CLIMA DO SUL DE MINAS GERAIS
Estado de Minas Gerais apresenta vasta abrangência territorial, e é cortado por extensas
cadeias de montanhas. Massas de ar provenientes do extremo sul do continente e da região
equatorial freqüentemente atingem o Estado. Sendo assim, Minas Gerais é afetado por
precipitações de origem orográfica, precipitações de origem ciclônica, tanto frentes frias de
origem polar (sistema atmosférico frontal), com chuvas de longa duração e de baixa a média
intensidade, quanto frentes quentes e úmidas oriundas da região equatorial (Amazônia), que
caracteriza um sistema atmosférico não frontal (Moreira, 1999, 2002; Vianello & Alves,
2000). Durante o verão, também é comum a ocorrência do fenômeno conhecido como zonas
de convergência do Atlântico Sul, gerado por zonas de baixa pressão atmosférica no Oceano
Atlântico, com acúmulo de grande quantidade de nuvens. Este fenômeno, combinado com os
sistemas ciclônicos, gera grandes volumes de precipitações (Moreira, 1999). Há de se
mencionar ainda a ocorrência de precipitações convectivas, de alta intensidade e curta
duração, porém, de pequeno alcance espacial, que produz eventos de chuva erosivos de
magnitude considerável no Estado, especialmente nas regiões mais quentes e úmidas
(Moreira, 2002).
Cada uma das situações acima pode predominar, com maior ou menor peso, nas regiões
do Estado, devido às características climáticas e do relevo, entre outros fatores. Segundo
Antunes (1986), o Estado apresenta, com base na classificação de Köppen, desde clima do
tipo Cwb, temperado com invernos frios e verões brandos, no Sul de Minas, até BSw,
caracterizado como semi-árido, no extremo norte e nordeste do Estado.

9 CONCLUSÃO
O tungue poderá ser a planta pelas suas características e produtividade a cultura
energética permanente para o sul do Brasil. Pois para as outras regiões do Brasil já se
destacam outras culturas, e também o tungue possui uma vantagem, é uma planta que precisa
de frio, 350 a 400 horas de frio (< 7,2° C).
E o Sul de Minas possui regiões com essas características. Com base na classificação de
Köppen, o Sul de Minas é classificado como, clima tipo Cwb, temperado com invernos frios e
verões brandos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

428
O cultivo do Tungue se encaixa no Sul de Minas, porque além dessa rusticidade e
adaptabilidade ao frio, o tungue é visto como alternativa de renda para grupos de pequenos
produtores com mão-de-obra familiar. E o Sul de Minas possui essas áreas com economia
baseada na exploração da mão-de-obra familiar.

10 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e a FAPEMIG.

11 REFERÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Agência Fepagro, Palombini defende o cultivo de tungue em Butiá, disponível em <
http://www.fepagro.rs.gov.br/index.php?acao=not&cod_noticia=261&int_novidade=&pag=4
>, acessado em 10/06/07.

Indústrias resgatam a cultura do tungue, disponível em <


http://www.esteditora.com.br/correio/5036/right.htm >, acessado em 05/06/07.

Gruszynski, C.; Resíduo Agro-industrial “Casca de Tungue” como componente de


substrato para plantas, disponível em < http://www.cultivodeflores.com.br/IntrodRevi.pdf
>, acessado em 07/06/07, < http://arquivosbrasilbio.blogspot.com/2007/01/tungue.html >,
acessado em 07/06/07 <
http://www.combustivelsaudavel.com.br/culturas.php?noticia=30&mes= >, acessado em
07/06/07.

Mello C. R.; Sá, M. A. C.; Curi, N.; Mello, J. M.; Viola, M. R.; Silva, A. M. Erosividade
mensal e anual da chuva no Estado de Minas Gerais, disponível em < http://www.scielo.br
>, acessado em 07/06/07.

Programa Paraense é destaque na Conferência Internacional de Agroenergia, disponível


em < http://www.aenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=25012 >, acessado
em 05/06/07.

Vedana. U., Tungue: O Pinhão-Manso da região Sul, disponível em <


http://www.biodieselbr.com/blog/2006/09/tungue-pinhao-manso-do-sul/ >, acessado em
05/06/07.

Tungue, disponível em <


http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agropecuario/index.html&conteudo
=agropecuario/plantas_toxicas/tungue.html >, acessado em 07/06/07.

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429
EFICIÊNCIA NA TRANSESTERIFICAÇÃO ETÍLICA DO ÓLEO DE SOJA
DEGOMADO E REFINADO

Maria de Fátima CarvalhoAlcântara, CETEC, fatima.carvalho@cetec.br

Lincoln Cambraia Teixeira, CETEC, lincoln.cambraia@cetec.br

Eloisa Silva Neves, CETEC, eloisa.neves@cetec.br

RESUMO: Os estudos para a produção de biodiesel estão tomando proporções cada vez
maiores, devido à necessidade de substituir o diesel, em parte pelo aumento do petróleo e
principalmente por questões ambientais. Neste trabalho foram realizados estudos de etanólise
do óleo de soja refinado e do óleo de soja degomado, com as seguintes variáveis: razão molar
etanol/óleo (RM) de 6/1 até 12/1, variação da concentração de NaOH de 0.8 a 1,4% (p/p) em
relação a massa de óleo, tempo de reação e temperatura de reação. A diminuição do
rendimento foi observada também na etapa de elaboração do processo de lavagem, devido a
formação de emulsão, que pode ocorrer na transesterificação pela rota etílica. A razão molar
etanol/óleo e a concentração de catalisador tiveram maior influência no rendimento da reação,
enquanto que a alta concentração de catalisador levou a uma perda no rendimento, devido a
formação de sabão. O rendimento do éster etílico para o óleo de soja degomado foi de 72,3 a
86,6%, enquanto para o óleo refinado foi de 88,4 a 95,3%.

Palavras-Chave: Etanólise, transesterificação, óleo de soja, ésteres etílico.

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430
1 INTRODUÇÃO
O uso de óleos vegetais como alternativa na produção de combustíveis, tem sido
incentivado em vários centros de pesquisa do mundo. Além das vantagens de ser fonte
renovável de energia e trazer mais benefícios ao meio ambiente, ainda pode levar maior
desenvolvimento a regiões menos desenvolvidas, podendo ser um fator de inclusão social. O
uso direto de óleos vegetais como combustíveis implica em vários problemas, sendo por isso
necessária algumas modificações químicas. A transesterificação dos óleos vegetais tem sido a
opção mais vantajosa para a formação do biodiesel.
A transesterificação ou alcoólise é a troca de um álcool por um outro, num processo
similar a hidrólise, com a diferença que o álcool é usado ao invés da água. Este processo tem
sido usado para reduzir a alta viscosidade dos triglicerídeos. Esta reação utiliza
estequiometricamente 3 moles de álcool para 1 mol de triglicerídeo. Entretanto a
transesterificação é uma reação reversível, sendo necessária grande quantidade de álcool para
que o equilíbrio seja deslocado para a direita, ou seja, na direção dos ésteres.
A presença de um catalisador (uma base ou um ácido forte) acelera a conversão. Como
na reação ocorre a formação dos intermediários monoglicerídeos (MG) e diglicerídeos (DG),
a eficiência da reação depende da conversão máxima ao ésteres, porque esses mono- e
diglicerídeos formados cristalizam facilmente no biodiesel, podendo causar entupimento do
filtro e outros problemas na eficiência do motor. Uma vez que a eficiência da reação é o
melhor parâmetro de qualidade do combustível (Van Gerpen, J.H., 2005); a combinação entre
o tempo de reação, a temperatura, razão molar óleo álcool e catalisador fornece as condições
importantes para essa eficiência.
A reação de transesterificação com o metanol em meio básico já foi estudada por
diversos pesquisadores. Como exemplo podemos citar o óleo de soja (Freedman,B; 1986),
óleo de palma (Darnoko, D; 2000), óleo de girassol, mamona, algodão (Meneghetti, S.M.P.,
2006), entre outros. Na metanólise, devido a baixa solubilidade da glicerina nos ésteres e no
álcool, a separação ocorre facilmente, e o rendimento chega a 95-98%, usando uma proporção
molar de 6/1, metanol/óleo (Freedman, B.; 1984). Apesar do excesso de álcool dificultar a
separação; o álcool, geralmente, não é retirado do reator antes que as duas fases, glicerol e
ésteres, estejam separadas, devido a reversibilidade da reação de transesterificação.
Na metanólise a separação das duas fases se dá através da decantação. A centrifugação
também é utilizada para agilizar o processo. Já existem alguns estudos sobre a adição de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

431
outras substâncias no meio de reação para melhorar a separação do glicerol, quando a reação
é feita com o metanol. (W.D. Stidham, 2000).
Na etanólise a separação de fases não ocorre com facilidade (Ferrari, R.A., 2005).
Apesar de ser mais fácil a obtenção dos ésteres metílicos (Zhou W., 2003), em algumas
regiões do país, o uso do etanol pode ser mais vantajoso, por ser uma fonte renovável, além de
que o Brasil é um grande produtor de álcool etílico.
A soja representa a maior fonte de óleo vegetal no país. O levantamento feito em 2004,
conforme mostrado pelo IBGE, indica que, para uma safra total de leguminosas de 120,5
milhões de toneladas no Brasil, a soja representou 41,1% , seguido pelo milho com 43,75%
(IBGE, 2007) sendo cultivada em todas as regiões do país.
O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de investigar a etanólise de dois tipos do
óleo de soja: degomado e refinado; os efeitos da razão molar álcool/óleo, a concentração do
catalisador, o tempo de reação, para se obter melhor rendimento e consequentemente, melhor
separação de fases.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O óleo de soja refinado e óleo de soja degomado foi obtido da Granol Ltda. (Anápolis -
GO), o etanol anidro, obtido da Sulfal Comércio Ltda. (Belo Horizonte – MG). Todos os
reagentes foram utilizados sem purificação prévia. Os ácidos graxos livres presentes nos óleos
foram determinados de acordo com a norma ABNT 14448, sendo encontrado o índice de
acidez para o óleo de soja degomado e óleo de soja refinado o valor de 1,2%; e 0,16%,
respectivamente.
As reações de transesteirificação foram realizadas em um reator de 500 mL com camisa
de circulação de água. Ao reator estavam acoplados um agitador mecânico, um condensador
de refluxo e um termômetro. A temperatura de reação foi mantida constante através do banho
de aquecimento. As reações foram realizadas a 60 oC e 50 oC.
Colocou-se o óleo de soja (200 g) no reator e após a temperatura atingir o equilíbrio, foi
adicionada com agitação vigorosa, a mistura homogênea de etanol e hidróxido de sódio a uma
temperatura de 30 oC. A reação foi realizada sob agitação vigorosa, sendo acompanhada
através da cromatografia em camada delgada CCD, utilizando como eluente n-hexano/acetato
de etila (8/2). Após o término da reação, foi adicionada 46 g de glicerina para facilitar na
separação das fases (Ferrari, R.A., 2005).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

432
Após a separação das duas fases por decantação, a fração rica em ésteres foi purificada
através de 3 lavagens sucessivas, primeiramente com uma solução aquosa de HCl 0,5% e em
seguida com água deionizada a 80 oC. A última água de lavagem apresentou pH 7,0,
confirmando a neutralização da fração de ésteres. Após ter sido lavada, esta fração foi
colocada em uma estufa com aeração a 30 oC. Cada reação foi realizada em triplicata. O
cálculo de rendimento foi feito através do balanço de massa em relação a massa de óleo de
soja utilizado na reação e a massa da fração de ésteres após secagem, considerando o peso
molecular de 872,4 para o óleo de soja.
A média dos resultados obtidos para o óleo de soja degomado e óleo de soja refinado se
encontra na tabela 1 e tabela 2, respectivamente.

RM NaOH % Rendimento %
6/1 1,0 78,1
9/1 1,0 86,6
12/1 1.0 85,1
12/1 1,4 72,3
Tabela 1. Reação feita com o óleo de soja degomado.
Tempo de reação: 1 hora, temperatura 50 oC.
RM: razão molar: etanol/óleo de soja.
NaOH % : massa de NaOH em relação á massa de óleo.

RM NaOH % Rendimento %
6/1 0,8 88,4
6/1 1,0 90,5
8/1 0,8 93,7
9/1 0,8 95,3
10/1 0,8 94,2
Tabela 2. Reação feita com o óleo de soja refinado.
Tempo de reação: 30 minutos.
RM: razão molar: etanol/óleo de soja.
Catalisador: massa de NaOH em relação a massa de óleo.

3 RESULTADOS DE DISCUSSÃO
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

433
A eficiência na conversão do óleo de soja aos ésteres depende de maneira distinta das
variáveis aqui estudadas, bem como da elaboração e purificação do produto obtido. A
conversão dos triglicerídeos em ésteres etílico ocorre principalmente no primeiro minuto de
reação. O meio reacional torna-se acinzentado imediatamente após a adição da mistura
etanol/catalisador, e em seguida torna-se límpida, com coloração semelhante ao óleo original,
porém mais translúcida.
O etanol não é miscível em triglicerídeos, tornando-se necessária a agitação vigorosa,
para que a transferência de massa seja eficaz. Inicialmente a reação é controlada pela
transferência de massa; á medida que vai havendo a formação dos intermediários
monoglicerídeos (MG) e diglicerídeos (DG), a interação entre o etanol não reagido e o grupo
polar dos MG e DG facilita a homogeneidade da reação. Porém esta interação facilita a
formação de emulsão, dificultando a separação das duas fases, na etapa seguinte. Portanto na
reação de etanólise, quanto maior a quantidade de MG e DG formados, maior a dificuldade de
separação de fases. O etanol por ter um átomo de carbono a mais que o metanol, facilita mais
a interação com a parte não polar dos produtos formados, o que faz com que a separação de
fases seja muito lenta.
Freedman e colaboradores apresentaram resultados de estudos da reação de metanólise,
sobre as variáveis que incluíam temperatura, raio molar de álcool em relação ao óleo, tipo de
catalisador e tempo de reação. Eles observaram que a reação ocorria completamente em 1
hora a um temperatura de 60 oC e que a 32 oC o tempo necessário para a reação se completar
era de 4 horas. (Freedman, 1984).
O estudo de comparação entre as reações de metanólise e etanólise, utillizando NaOH
como catalisador, para o óleo da mamona, mostrou que o tempo de reação com o etanol é de 4
horas, com um rendimento de 70%. Mas a reação do óleo de mamona com o metanol, em
apenas 1 hora levou a um rendimento de 60%, utilizando temperaturas mais baixas
(Meneghetti, S.M.P; 2006).
Estudando a rota metílica para o óleo de soja com RM 6/1, Allen G. observou que com
20 minutos de reação o rendimento de ésteres era: 95% a 50 oC e 98% a 65 oC. Porém com 5
minutos de reação notou-se que o rendimento de ésteres ficava em torno de 70% a 50 oC e de
88% para 65 oC (Allen, G., 2007). Esse fator mostra que quanto menor o tempo de reação
maior o efeito da temperetura.
No experimento, observamos que a 60 oC e a 50 oC a mudança na viscosidade,
mudanças de cor, mostrando a formação de ésteres, ocorre com dois minutos de reação,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

434
porém através da análise de CCD, observa-se a formação dos produtos intermediários MG e
DG. Observou-se que a 50 oC e 30 minutos de reação, o óleo de soja refinado levou a bons
resultados (88,4% - 95,3%). Porém com o óleo de soja degomado a reação levou a
rendimentos mais baixos (78,1% - 85,1%) com 1 hora de reação. O aumento da quantidade
de massa de catalisador, contribuiu também para a diminuição do rendimento, devido a maior
formação de sabão, e consequentemente, dificuldade na elaboração dos produtos, como
mostra a tabela 1. Nota-se que o aumento da razão molar álcool/óleo influi no rendimento da
reação, porém não possibilita a eficácia do processo. Os melhores resultados com a RM 9/1
mostra que na etanólise, a proporção de álcool tem que estar muito acima da quantidade
estequiométrica, porém a eficiência não é aumentada para RM acima de 9/1 a 50 oC.
A diferença entre óleo vegetal refinado e óleo bruto foi observada para o rendimento
dos ésteres metílicos: 93% a 98% (óleo refinado) e 67% a 86% (óleo bruto) (Vam Gerpen,
J.H., 2002). Essa diferença foi atribuída em grande parte á presença de ácidos graxos livres
no óleo bruto, apesar dos fosfolipídeos serem considerados como uma fonte de destruição do
catalisador. No estudo dos efeitos dos fosfolipídeos na produção do biodiesel, com metanol,
Van Gerpen (Vam Gerpen, J.H., 2002) descobriu que compostos fosforados no óleo não são
levados para a fração de ésteres metílicos. E que enquanto o rendimento foi reduzido de 3 –
5% para níveis de fósforos acima de 50 ppm, a dificuldade se encontra na separação do
glicerol dos ésteres, gerando perdas no produto final.
Os experimentos feitos com o óleo de soja refinado mostraram bons rendimentos,
porém diferentemente do que ocorre na metanólise, em que a razão molar álcool/óleo de 6/1
proporciona bons resultados (Boocock, D.G.B., 1996), a reação com etanol necessita de maior
quantidade de álcool, como mostrado na tabela 2, com a vantagem de adicionar quantidade
menor de catalisador.

4 CONCLUSÃO
Neste trabalho constatou-se que a eficiência da transesterificação do óleo de soja via
rota etílica é atingida a uma RM 9/1. Já que grande quantidade de mono- e diglicerídeos são
formados no início da reação, é necessário para a etanólise do óleo de soja, tempos maiores de
reação, e maior RM álcool/óleo que na metanólise, para se obter melhores resultados.
Observou-se também a possibilidade de menor quantidade de catalisador a uma temperatura
de 50 oC. O uso de óleo degomado através de catálise básica em uma etapa intensifica a
formação de emulsão, trazendo problemas na elaboração do produto e consequentemente no
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

435
rendimento final. A maior facilidade na etanólise do óleo de soja refinado possibilita a
obtenção com eficiência do biodiesel, em uma etapa, através de um processo simples e rápido.

5 AGRADECIMENTOS
CEMIG, FAPEMIG, ANEEL, FINEP.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://journeytoforever.org/biofuel_library/macromodix.html >; acessado em 30 de Janeiro de
2007.

BOOCOCK, D.G.B.; KONAR, S.K., et al; Fast one-phase oil rich processes for the
preparation of vegetable oil methyl esters, Biomass and Bioenergy, v. 11, 1, p. 43-50, 1996.
DARNOKO D.; CHERYAN, M.; et al.; Kinetics of palm oil transesterification in batch
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FERRARI, R.A., OLIVEIRA, V. S., et al.; Biodiesel de soja – Taxa de conversão em


ésteres etílicos, caracterização físico-química e consumo em gerador de energia, Química
Nova, São Paulo, v. 28, n. 1, 2005, disponível em <
thttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- >
40422005000100004&lng=en&nrm=iso. Acesso em 16 de novembro de 2006.

FREEDMAN B, BUTTERFIEL, R.O. AND E.H. PRYDE; Transesterification kinetics of


soybean oil , J. Am. Oil Chem. Soc. , v.63, 10, p. 1375-1380, 1986.

FREEDMAN B., E.H. PRYDE AND T.L. MOUNTS, Variables affecting the yields of fatty
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ASSMAN, G. BLASEY, B. GUTSCHE, L. JEROMIN, J. RIGAL, R. ARMENGAND, B.
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MENEGHETTI, S.M.P; MENEGHETTI, M.R, et al.; Ethanolysis of castor and cottonseed


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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

436
VAN GERPEN, J.H. AND B. DVORAK, The effect of phosphorus level on the total glycerol
and reaction yield of biodiesel Bioenergy 2002, The 10th Biennial Bioenergy Conference,
Boise, ID, Sept. 22–26, 2002 (2002).

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

437
AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE
MAMONA PARA O ESTADO DE MINAS GERAIS

Lucas Souza Costa, UFLA/FEM, lscbg@yahoo.com.br


Helen Cristina de Arruda Rodrigues, UFLA, helenarruda@yahoo.com.br
Cleide Mara Martins de Oliveira, UFLA, cleideoliva@hotmail.com
Samuel Pereira de Carvalho, UFLA, samuelpc@ufla.br
Luciano Santiago Ribeiro, UFLA, tatuqem@hotmail.com
Antonio Carlos Fraga, UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: A mamona se destaca por ser uma cultura temporária, que pode vir a ser a
principal fonte de óleo para a produção de biodiesel no Brasil. Estudos multidisciplinares
recentes sobre o agronegócio da mamona concluíram que ela constitui, no momento, a cultura
de sequeiro mais rentável de certas áreas do Brasil. Devido aos poucos estudos existentes na
literatura sobre o melhoramento da mamona e a crescente importância desta espécie,
objetivou-se este trabalho. O experimento foi conduzido na área experimental do Setor de
Grandes Culturas do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras,
Lavras, Minas Gerais. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados,
com dois blocos, sendo cada bloco composto de 25 tratamentos, consistindo em parcelas de
oito plantas. As variáveis analisadas foram: peso de cachos (kg), peso de sementes (kg),
número de cachos por acesso e número de plantas vivas. De acordo com a análise de variância
SAS, não houve diferença significativa entre os tratamentos, mostrando-nos que essas
variáveis não diferem entre si estatisticamente. A avaliação destes acessos permitiu um
acompanhamento, sendo que para o melhoramento destes é necessário a continuação do
experimento, sendo necessário um novo plantio. Por se tratar de um experimento de campo, e
com vistas ao melhoramento e seleção de cultivares adaptáveis ao sul de Minas Gerais.

Palavras-Chave: Melhoramento, seleção, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

438
1 INTRODUÇÃO
O óleo de mamona ou de rícino, extraído pela prensagem das sementes, contém 90% de
ácido graxo ricinoléico, o qual confere ao óleo suas características singulares, possibilitando
ampla gama de utilização industrial, tornando a cultura da mamoneira importante potencial
econômico e estratégico ao País. Neste contexto, apesar de, há mais de 20 anos, estudos
demonstrarem a plena viabilidade técnica do óleo diesel vegetal, quando adequadamente
produzido, o biodiesel da mamona surge no Brasil com o grande desafio de disputar mercado
com o biodiesel de outras oleaginosas e substituir parcialmente o mercado de diesel do
petróleo.A facilidade de propagação e de adaptação em diferentes condições climáticas
propiciou à mamona ser encontrada ou cultivada nas mais variadas regiões do mundo, como
no norte dos Estados Unidos da América e na Escócia. O clima tropical, predominante no
Brasil, facilitou o seu alastramento. Assim, hoje podemos encontrar a mamoneira em quase
toda a extensão territorial, como se fosse um planta nativa, e em cultivos destinados à
produção de óleo (Monteiro, 2005).O melhoramento vegetal visando à obtenção de novos
cultivares é primordial para o sucesso econômico da cultura da mamoneira, pois é através do
plantio de material com alto potencial de produtividade, aliado, obviamente, à tecnologia de
produção adequada que o potencial produtivo se expressa (Savy Filho et al., 1983).
Na mamoneira, em particular, o melhoramento genético visa à obtenção de cultivares
com porte baixo, pois facilitam a colheita e proporcionam economia de espaço no campo,
cultivares com frutos semi-indeiscentes para se evitar perdas, antes e durante a colheita. Visa
também a obtenção de genótipos com rendimento maiores que aqueles apresentados pelas
cultivares em distribuição, sementes de tamanho médio e com alto teor de óleo, obtenção de
cultivares precoces que tenham a capacidade de se adaptarem a um curto período de chuvas e
por fim, uma cultivar com níveis satisfatórios de resistência ás principais doenças e pragas
que ocorrem nas regiões produtoras de mamona (Moreira et al., 1996).
Devido aos poucos estudos existentes na literatura sobre o melhoramento da mamona e
a crescente importância desta espécie, objetivou-se este trabalho de acompanhamento da
avaliação de acessos de mamona já implantados em campo experimental.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental do Setor de Grandes Culturas do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

439
O clima da região é temperado suave (mesotérmico), tipo Cwb. A região está localiza a
uma altitude de 913 metros, 21°14’ 06”latitude S e 45° 00’ 00’’ longitude O, tem precipitação
média anual de 1493,2 mm ocorrendo uma maior concentração entre os meses de novembro e
fevereiro, sua temperatura média anual é 19,3 °C e umidade relativa do ar é 80% (CASTRO
NETO & SILVEIRA, 1981).
As sementes de mamona utilizadas, foram retiradas de várias localidades de Minas
Gerais, em que cada acesso continha apenas sementes da mesma localidade. O delineamento
estatístico será o de blocos casualizados, consistindo de 2 blocos, cada bloco consistindo de
25 acessos de mamona, cada acesso com 8 plantas perfazendo uma parcela. As plantas foram
espaçadas entre si de 1m e nas entrelinhas de 3m. As ruas foram intercaladas com o plantio de
duas ruas de amendoim. Foi utilizados bordadura com as cultivares IAC 226 e STP 20. Tal
plantio já se encontra no seu 2º ano, sendo que foi implantado em dezembro de 2005.
As variáveis analisadas foram: peso de cachos (kg), peso de sementes (kg), número de
cachos por acesso e número de plantas vivas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise de variância, referente a peso de cachos (kg); peso de
sementes (kg); número de cachos por acesso e número de plantas vivas estão apresentados na
Tabela 1. Onde observa-se que não houve efeito significativo para nenhuma das
características estudadas.

Tabela 1. Resumo da análise de variância, referente a peso de cachos (kg); peso de sementes
(kg); número de cachos por acesso e número de plantas vivas.UFLA-Lavras-MG, 2006.
FV GL QM
Peso de Peso de Nº cachos/ Nº plantas
cachos sementes acesso vivas
Tratamentos 24 0.1386 0.1166 0.0522 3.9556

Blocos 1 1.0728 1.0429 0.6659 9.1875


Erro 24 0.1652 0.1404 0.0759 2.9266

CV (%) 36.7852 36.0349 25.2011 32.4567


Pr>F 0.6614 0.6707 0.8124 0.2378

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

440
Os dados são apresentados nas figuras de 1 a 4, tanto para o bloco 1, quanto para o
bloco 2. Os dados apresentados foram avaliados estatisticamente, sendo que para nenhuma
das variáveis apresentaram resultados significativos.

bloco 1
bloco 2

4
Peso dos cachos (kg)

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Acessos de mamona

Figura 1. Peso de cachos em função dos acesos estudados. UFLA, 2007.

4,5

bloco 1
4
bloco 2

3,5

3
Peso das sementes (kg)

2,5

1,5

0,5

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Acessos de mamona

Figura 2. Peso das sementes em função dos acessos estudados. UFLA, 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

441
6

5 bloco 1
bloco 2

4
Nº da cachos por planta

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Acesos de mamona

Figura 3. Número de cachos por planta em função dos acessos estudados. UFLA, 2007.

6
bloco 1
bloco 2

4
Nº de plantas vivas

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Acessos de mamona

Figura 4. Número de plantas vivas em função dos acessos estudados. UFLA, 2007.

Segundo Pinheiro (2006), em um trabalho verificando características de altura até a


inserção do primeiro racemo (APR), número de colmos até o primeiro racimo (NCPR),
relação peso do primeiro racimo e peso total (PPR/PT) do primeiro extrato, peso total de
mamona, concluiu que apesar de não serem detectadas diferenças significativas para a relação

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

442
peso do primeiro extrato/peso total, os valores observados nos dão um bom indicio de que os
acessos/cultivares que apresentaram maior percentagem podem sofrer uma redução no
espaçamento de plantio, aumentando de densidade de plantio e conseqüentemente a
produtividade e que em relação a essa mesma mostrou diferença como é proposto por Savy
Filho et al. (1999), que consideram a produtividade nas seguintes faixas: menor que 1500
kg/ha - baixa 1500-2000 kg/ha. – média 2001-3000 Kg/ha – alta, acima de 3000 kg/ha. muito
alta. Em nosso trabalho a produtividade, nesse contexto, é considerada uma produtividade
média, mas deve se levar em conta que a cultura da mamona estava em final de ciclo.
Poucos trabalhos foram encontrados visando estudar o melhoramento da mamoneira e
caracterização morfológica e agronômica dessa espécie.

4 CONCLUSÃO
Não houve diferença significativa entre peso de cachos (kg), peso de sementes (kg),
número de cachos por acesso e número de plantas vivas, mostrando-nos que essas variáveis
não diferem entre si estatisticamente.
A avaliação destes acessos permitiu um acompanhamento, sendo que para o
melhoramento destes é necessário a continuação do experimento, sendo necessário um novo
plantio. Por se tratar de um experimento de campo, e com vistas ao melhoramento e seleção
de cultivares adaptáveis ao sul de Minas Gerais.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO NETO, P.; SILVEIRA, S.V. Precipitação provável para Lavras, Região Sul de
Minas Gerais, baseada na função de distribuição de probabilidade gama. l Período
mensais. Ciência e Prática, Lavras, v.5, n.2, p.144-151, Jul. dez., 1981.

MONTEIRO, J. V. Produtividade da mamoneira ‘Al Guarany 2002’ (Ricinus communis


L.) em função de diferentes arranjos populacionais. 2005. 89 p. Tese (Doutorado) -
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.

MOREIRA, J. A. N.; LIMA, E.F.; FARIAS, F. J. C.; AZEVÊDO, D. M. P. Melhoramento


da mamoneira (Ricinus communis L.). Campina Grande: EMBRAPA – CNPA, 1996. 30 p.
(EMBRAPA – CNPA. Documentos, 44).

PINHEIRO, D. W. Competição de acessos e cultivares de mamoneira (Ricinus communis


L.) para a região sul do estado de Minas Gerais. 2006. 22 p. Monografia (Graduação em
Agronomia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.

SAVY FILHO, A. e BANZATTO, N.V. Mamona. In FURLANI, A. M. C. (ed.): O


Melhoramento de Plantas no Instituto Agronômico, vol. 1. Instituto Agronômico, Campinas,
1983. 524p.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

443
AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE SEIS GENÓTIPOS DE GIRASSOL EM
DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA EM CAMPOS DOS GOYTACAZES

Francisco Valdevino Bezerra Neto, UENF, fvbn@uenf.br


Luiz de Morais Rego Filho, PESAGRO-RIO, imorais@pesagro.rj.gov.br
Ziraldo Moreno dos Santos, UENF, ziraldomoreno@yahoo.com.br
Nilton Rocha Leal, UENF, nilton@uenf.br
Rose Maria Rangel, UENF, l_m_r_f_@hotmail.com
Aline de Almeida Gomes, UENF, uenfaline@yahoo.com.br
Beatriz da Silva Rosa, UENF, beatriz_brs@yahoo.com.br

RESUMO: A cultura do girassol tem sido estudada no Estado do Rio de Janeiro, visando
sua utilização no Programa Riobiodiesel lançado pelo governo estadual em 2005. Como parte
destes estudos, este trabalho teve como objetivo avaliar agronomicamente seis genótipos de
girassol em duas épocas de semeadura (Dezembro de 2005 e fevereiro de 2006). Foram
utilizados os híbridos simples Hélio 250, Hélio 251 e Hélio 358, e as cultivares Catissol,
Embrapa V2000 e Iarama, no delineamento experimental de blocos casualizados, em quatro
repetições. Foi encontrado diferença significativa entre os genótipos somente na semeadura
realizada em dezembro de 2005. Uma análise conjunta foi realizada, na qual constatou-se uma
interação entre genótipo x época de semeadura, demonstrando efeito de ambiente nas
características em estudo, a qual deve ser avaliada em mais épocas para que se possa tirar
conclusões mais precisas da melhor época ou condições de plantio na região.

Palavras-Chave: Helianthus annuus L., interação genótipo ambiente, competição de


cultivares.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

444
1 INTRODUÇÃO
A cultura de girassol (Helianthus annuus), possui grande importância no mundo pela
excelente qualidade do óleo comestível que se extrai de sua semente, além de ser um cultivo
econômico, rústico e que não requer maquinários especializados. Têm um ciclo vegetativo
curto e se adapta perfeitamente a condições do solo e clima pouco favoráveis.
Com a implantação do Programa RioBiodiesel a partir de 2005 pelo Governo do Estado
do Rio de Janeiro, e com os resultados iniciais obtidos pela cultura do girassol na região Norte
Fluminense (Rêgo Filho et al., 2005), a PESAGRO-RIO deu continuidade aos trabalhos com
esta cultura, procurando informações relacionadas às demandas tecnológicas ainda não
atendidas, particularmente a época de semeadura e cultivares e/ou híbridos adaptadas à região
(Rêgo Filho et al, 2006).
Essa oleaginosa em cultivo de sucessão da cultura principal, poderá ser encontrado, em
futuro próximo, vegetando em extensas áreas, que no momento estão ociosas a espera de boas
opções de plantio (Smiderle et al., 2006). Desse modo o girassol apresenta-se como um
cultivo potencial para o estado do Rio de Janeiro com possibilidade de semeaduras durante o
ano, restando definir apenas as épocas e as cultivares mais apropriadas.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar cinco características agronômicas de três
híbridos e três cultivares de girassol em duas épocas de plantio.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, em solo
classificado como Cambissolo, nas coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’
longitude oeste, e altitude de 11 metros.
A adubação utilizada no plantio foi a de 300 kg ha-1 da fórmula 04-14-08, distribuídos
no sulco de plantio e incorporados manualmente, antes da semeadura. As semeaduras foram
realizadas manualmente nos dias 20/12/2005 e 01/02/2006, na primeira e segunda época de
plantio respectivamente, com 10 sementes por metro de sulco, com desbaste para cinco
plantas por metro quinze dias após a emergência das plântulas.
Foram utilizados os híbridos simples Helio 250, Helio 251 e Helio 358, e as cultivares
Catissol, Embrapa 122 V2000 e Iarama, no delineamento experimental de blocos
casualizados, em quatro repetições. Cada parcela experimental constou de quatro linhas de
seis metros de comprimento, espaçadas em 0,90 metro, constituindo área total de 21,6 m2. Por
ocasião da colheita foram consideradas como área útil apenas as duas linhas centrais,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

445
deixando-se um metro em cada extremidade, totalizando 7,20 m2. As seguintes características
foram avaliadas: altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na
floração plena; diâmetro do caule (cm), obtido a cinco centímetros do nível do solo, na
floração plena; tamanho do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, no ponto
de maturação fisiológica; peso de 1000 grãos (g) e produção de grãos (t ha-1).
No controle de plantas daninhas, com predominância de tiririca (Cyperus rotundus L.),
foram realizadas capinas manuais nas linhas e capinas mecânicas nas entrelinhas, até o pleno
estabelecimento da cultura. Foi também empregada irrigação por aspersão, sempre que o
déficit hídrico assim o exigiu.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância conjunta e as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, sendo estas análises realizadas com o
auxílio do programa computacional Genes (Cruz, 2001).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 encontra-se o resumo da análise de variância conjunta. Encontrou-se
diferença significativa para os efeitos de épocas para as características produção de grãos e
diâmetro do caule. Para a característica altura da planta os efeitos de genótipos, épocas e
interação genótipos x épocas não foram significativos, indicando que os genótipos
apresentaram médias semelhantes nas duas épocas de plantio. A interação genótipos x épocas
mostrou-se significativa para diâmetro do caule, tamanho do capítulo e produção de grãos,
demonstrando que essas características são influenciadas pelo ambiente.
Nas Tabelas 2 e 3 encontra-se as médias das características avaliadas na primeira e
segunda época de semeadura respectivamente, onde pode-se observar que somente na
primeira época foi encontrado diferença significativa entre os genótipos.
Com exceção da produtividade de grãos na primeira época de semeadura (Dezembro de
2005), que foi muito baixa, os resultados encontrados estão próximos aos encontrados por
Rêgo Filho et al. (2006 a) com plantio efetuado em março de 2005. Levando-se em
consideração a produtividade média, esta foi inferior a média nacional que encontra-se em
torno de 1500 kg.há-1, e muito abaixo dos resultados encontrados por Rêgo Filho et al. (2006
b) com os mesmos genótipos na mesma região só que em outra época de semeadura (Abril de
2005), onde obteve-se uma média de produção de 2,16 t ha-1.

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446
Tabela 1 – Resumo da análise de variância conjunta de duas épocas de semeadura de
girassol em Campos dos Goytacazes.
Altura Diâmetro Peso de Tamanho Produção
FV GL
planta caule (cm) 1000 capítulo Grãos
1
Blocos/Época 6 204,475 0,056 42,932 7,732 0,005
Genótipo 5 387,586 0,352 74,995 34,00 0,081
*
Época 1 90,915 0,026 435,487 1,187 2,354**
Gen x Époc 5 101,483 0,377** 69,576 * 45,622** 0,165**
Erro 30 133,687 0,030 27,441 3,070 0,041
Média 92,09 1,22 55,349 12,29 0,569
C.V.% 12,55 14,21 9,46 14,25 35,89
* **
e significativos a 5% e 1% de probabilidade pelo teste F.

Tabela 2 - Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das
características avaliadas em Campos dos Goytacazes, RJ, Dezembro de 2005.
Cultivares Altura Diâmetro Peso de 1000 Tamanho Produção
planta caule (cm) grãos (g) capítulo (cm) Grãos
(cm) (t ha-1)
Catissol 97,74 a 1,09 bc 56,96 ab 11,62 b 0,33 b
Embrapa 122 74,03 b 0,78 c 64,88 a 9,41 b 0,13 b
Helio 251 98,16 a 2,04 a 50,46 b 21,13 a 0,73 a
Helio 250 97, 65 a 1,16 bc 58, 91 ab 11,53 b 0,34 b
Helio 358 94,84 a 1,16 bc 59,55 ab 10,19 b 0,35 b
Iarama 81,88 a 1,23 b 59,38 ab 10,83 b 0,2 0 b
Média 90,71 1,24 58,36 12,45 0,35
CV (%) 9,59 15,42 8,37 15,45 32,74
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

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447
Tabela 3 - Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das
características avaliadas em Campos dos Goytacazes, RJ, Fevereiro de 2006.
Cultivares Altura Diâmetro Peso de 1000 Tamanho Produção
planta caule (cm) grãos (g) capítulo (cm) Grãos
(cm) (t ha-1)
Catissol 97,34 1,21 53,45 13,06 0,94
Embrapa 122 86,88 1,07 49,15 10,50 0,67
Helio 251 97,03 1,12 49,37 11,12 0,64
Helio 250 91,72 1,25 57,05 12,56 0,66
Helio 358 96,17 1,27 48,72 12,48 0,91
Iarama 91,65 1,24 56,27 13,08 0,90
Média 93,47 1,19 52,34 12,13 0,79
CV (%) 14,81 12,78 10,63 12,86 33,59

4 CONCLUSÃO
O ambiente influenciou nas características de produção, devendo-se dessa forma
realizar mais estudos com diferentes genótipos e épocas de plantio, para que dessa forma
possa ser retiradas conclusões mais seguras de épocas e genótipos a serem utilizados na
região.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, C. DE; CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A.; LEITE, R.M.V.B. DE C.; MELO,
H.C.; GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J.R. A cultura do girassol. Londrina,
EMBRAPA/CNPSo. 1997. 36p. (Circular Técnica, 13).

CRUZ, C.D. Programa GENES: Biometria. Editora UFV. Viçosa, MG. 2006, V.1, 382p.

RÊGO FILHO, L. de M.; OLIVEIRA, L.A.A. de; ANDRADE, W.E. de B. Mamona e girassol
como matéria-prima para produção de biodiesel na região Norte Fluminense. Primeiros
resultados. In: Congresso Brasileiro Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. 2005,
CD ROM.

RÊGO FILHO, L. de M.;; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, M.J.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J. Avaliação de genótipos de girassol
na região norte do Estado do Rio de Janeiro – primeira época de semeadura (Março 2005). In:
3º Congresso Brasileiro Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 2006 a (CD
ROM).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

448
RÊGO FILHO, L. de M.;; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, M.J.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J. Avaliação de genótipos de girassol
na região norte do Estado do Rio de Janeiro – segunda época de semeadura (abril 2005). In: 3º
Congresso Brasileiro Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 2006 b (CD ROM).

SMIDERLE, O.J.; MOURÃO JR, M.; GIANLUPPI, D. Avaliação de épocas de semeadura e


cultivares de girassol no cerrado de Roraima. In: 3º Congresso Brasileiro Plantas Oleaginosas,
Óleos, Gorduras e Biodiesel, 2006 (CD ROM).

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449
DIVERGÊNCIA GENÉTICA ENTRE GENÓTIPOS DE MAMONA
UTILIZANDO CARACTERES DE RÁCEMOS E FRUTOS

Beatriz da Silva Rosa, UENF, beatriz_brs@yahoo.com.br


Luiz de Morais Rego Filho, PESAGRO-RIO, lmorais@pesagro.rj.gov.br
Francisco Valdevino Bezerra Neto, UENF, fvbn@uenf.br
Ziraldo Moreno dos Santos, UENF, ziraldomoreno@yahoo.com.br
Rose Maria Rangel, UENF, l_m_r_f_@hotmail.com
Aline de Almeida Gomes, UENF, uenfaline@yahoo.com.br
Nilton Rocha Leal, UENF, nilton@uenf.br

RESUMO: A mamoneira possui uma grande variabilidade natural entre os seus genótipos.
Nos programas de melhoramento de plantas, a informação quanto à diversidade e à
divergência genética dentro de uma espécie é essencial para o uso racional dos recursos
genéticos. O presente trabalho teve como objetivo estudar a diversidade genética entre
genótipos de mamoneira utilizando a técnica dos componentes principais, baseando-se em
características do rácemo e dos frutos. Foram avaliados 13 genótipos de mamoneira,
utilizando 13 descritores morfoagronômicos referentes ao rácemo e frutos. A técnica dos
componentes principais mostrou-se eficiente em determinar a divergência genética entre os
genótipos utilizados, onde os dois primeiros componentes explicaram 87,81% da variação,
sendo esta complementada com a dispersão dos escores em gráfico.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., divergência genética, componentes principais.

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450
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta oleaginosa tropical, rústica, heliófila
e tolerante à seca, tendo se destacado como uma fonte alternativa de energia, na produção de
biodiesel. A previsão de escassez dos combustíveis fósseis e os problemas de poluição
ambiental decorrentes do uso dos mesmos, têm demonstrado a necessidade da busca por
fontes alternativas de energia.
Existe várias cultivares de mamoneira, disponíveis para o plantio, variando em porte,
deiscência dos frutos, tipo dos cachos e outras características. A variabilidade genética está
sob constante pressão em direção à sua extinção, por várias causas, entre as quais, o uso de
variedades uniformes, que constitui uma exigência de mercado da agricultura conceitualmente
tida como moderna.
Nos programas de melhoramento de plantas, a informação quanto à diversidade e à
divergência genética dentro de uma espécie é essencial para o uso racional dos recursos
genéticos (Loarce et al., 1996). Na predição da divergência genética, vários métodos
multivariados podem ser aplicados, cuja escolha baseia-se na precisão desejada pelo
pesquisador, na facilidade da análise e na forma como os dados foram obtidos, destacando-se
a análise por componentes principais (Cruz et al., 2004).
Além de possibilitar o estudo da diversidade genética de um grupo de progenitores, a
técnica dos componentes principais tem a vantagem de possibilitar a avaliação da importância
de cada caráter estudado sobre a variação total disponível entre os genótipos avaliados. O
interesse nesta avaliação reside na possibilidade de se descartarem caracteres que contribuam
pouco para discriminação do material avaliado, reduzindo, dessa forma, mão-de-obra, tempo e
custo despendidos na experimentação agrícola.
O presente trabalho teve como objetivo estudar a diversidade genética entre genótipos
de mamona utilizando a técnica dos componentes principais, baseando-se em características
do rácemo e dos frutos.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados 13 genótipos de mamoneira (os híbridos Lyra e Savana e as cultivares
IAC – 80, Al Guarany, Paraguaçu, Nordestina, Mirante, Nativa, Cafelista, Tito (Sementes
doadas por um produtor, no qual posteriormente foi identificado como sendo da cultivar
Nordestina), IAC 226, BRS188 e BRS 149)provenientes do ensaio de competição de
cultivares realizado na PESAGRO-RIO Estação experimental de Campos dos Goytacazes.

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451
Para realização das avaliações foram colhidos 12 rácemos aleatórios de cada genótipo.
Os descritores comprimento total dos rácemos, comprimento da região com frutificação do
rácemo, diâmetro basal do racemo, diâmetro apical do rácemo, número de hastes, distância da
inserção das hastes, número de frutos por rácemo, diâmetro longitudinal dos frutos, diâmetro
transversal dos frutos, peso dos frutos, peso da casca dos frutos, peso das sementes e peso de
100 sementes foram utilizados para o estudo da diversidade genética, com base na
metodologia dos Componentes Principais. Para tanto empregou-se os recursos
computacionais do programa GENES (Cruz, 2006).

3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Na análise da divergência genética, os dois primeiros componentes principais
explicaram 87,81% da variação (Tabela 1). Nos casos em que este limite é atingido nos dois
primeiros componentes, a análise é complementada com a dispersão dos escores em gráficos
(Cruz et al,2004).
Pelo critério sugerido por Cruz et al.(2004), as variáveis de menor importância, no
presente estudo, foram na ordem de: número de frutos por rácemo, peso dos frutos, número de
hastes, diâmetro transversal dos frutos e peso de 100 sementes. Estas 5 variáveis, de um total
de 13, são dispensáveis ou redundantes, por apresentarem alta correlação com variáveis mais
importantes. Adotando este critério, Choer & Silva (2000) identificaram 21 caracteres
redundantes na divergência genética de Cucurbita ssp.
A dispersão dos escores em eixos cartesianos é apresentada na Figura 1. Observa-se
que, os genótipos ficaram dispersos, denotando grande variabilidade genética. Em relação aos
caracteres estudados, os genótipos 2, 3 e 4 apresentam considerável divergência. Pensando-se
em futuros trabalhos de melhoramento, a indicação de progenitores para combinações
híbridas deve ser feita com base no potencial per se dos progenitores e na magnitude de suas
dissimilaridades (Cruz et al., 2004). Desta forma, os genótipos 3 e 10 que apresentaram maior
peso de 100 sementes (dados não apresentados), são recomendados para intercruzamentos
com os genótipos 4, 7 e 9 que possuem maiores (dados não apresentados). A Figura 1 é útil
para identificar tanto os cruzamentos promissores quanto aqueles cuja variabilidade
disponível em gerações segregantes deverá ser restrita.

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452
Tabela 1 – Componentes principais obtidos da análise de cinco caracteres de sementes de mamona: X1
(comprimento total do rácemo), X2 (comprimento da região com frutificação), X3 (diâmetro basal do rácemo),
X4 (diâmetro apical do rácemo), X5 (número de hastes), X6 (distância da inserção das hastes), X7 (número de
frutos por rácemo), X8 (diâmetro longitudinal dos frutos), X9 (diâmetro transversal dos frutos), X10 (peso dos
frutos), X11 (peso da casca dos frutos), X12 (peso das sementes), X13 (peso de 100 sementes).
Variânci
Variância Coeficientes de ponderação associado a:
Componente a
(autovalor
Principal Acumula
) x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x8 x9 x10 x11 x12 x13
da (%)

Y1 6,1830 47,56 -0.196 -0.211 0.149 0.368 -0.099 -0.061 -0.087 0.391 0.391 0.317 0.307 0.308 0.378

Y2 5,2323 87,81 0.357 0.353 0.380 0.077 0.399 0.269 0.412 -0.046 -0.056 0.258 0.225 0.255 -0.100

Y3 0,8270 94,17 0.176 -0.011 -0.190 -0.207 -0.314 0.813 -0.240 0.114 -0.098 0.064 0.007 0.131 0.173

Y4 0,3162 96,60 -0.252 -0.210 0.283 0.356 0.235 0.370 0.174 -0.043 0.074 -0.147 -0.617 -0.153 0.173

Y5 0,1489 97,75 -0.442 -0.370 0.392 -0.539 0.060 0.172 0.039 -0.171 0.163 0.040 0.262 0.004 -0.252

Y6 0,1242 98,70 0.098 0.319 0.305 -0.055 0.044 0.088 -0.174 0.401 0.252 -0.352 0.230 -0.590 0.061

Y7 0,0696 99,24 0.006 0.403 0.384 -0.386 -0.172 -0.225 -0.225 -0.071 0.147 0.040 -0.435 0.326 0.295

Y8 0,0497 99,62 0.593 -0.571 0.358 -0.047 -0.158 -0.157 0.037 0.137 -0.166 -0.282 -0.034 0.113 0.038

Y9 0,02423 99,81 0.085 -0.082 -0.239 -0.243 0.215 -0.023 0.297 -0.335 0.159 -0.210 0.208 -0.087 0.709

Y10 0,0170 99,94 0.313 -0.050 -0.224 -0.025 -0.101 0.056 0.145 -0.110 0.809 -0.012 -0.187 0.041 -0.333

Y11 0,0061 99,990 0.011 -0.122 -0.287 -0.360 0.600 -0.051 -0.062 0.575 -0.005 0.022 -0.217 0.164 -0.030

Y12 0,0013 99,999 -0.034 0.046 0.000 0.233 0.321 0.086 -0.494 -0.258 0.084 -0.537 0.189 0.424 -0.102

Y13 1-7 100,00 -0.278 0.183 -0.076 -0.030 -0.313 0.030 0.543 0.308 -0.048 -0.517 0.040 0.341 -0.081

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453
Figura 1 – Dispersão de 14 genótipos* de mamoneira em relação aos dois primeiros componentes
principais (Y1 e Y2).
*1- Nordestina, 2 – Lyra, 3-Nativa, 4-IAC-80, 5-Mirante, 6-Savana, 7-IAC-226, 8-Cafelista, 9-Al Guarany, 10-
Paraguaçu, 11-BRS 188, 12-Tito, 13-BRS 149.

4 CONCLUSÕES
A análise de componentes principais mostrou-se eficiente em agrupar e dimensionar a
diversidade existente nos genótipos. As variáveis de menor importância, no presente estudo,
foram número de frutos por rácemo, peso dos frutos, número de hastes, diâmetro transversal
dos frutos e peso de 100 sementes.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHOER, E.; SILVA, J. B. da. Avaliação da divergência genética entre acessos de Cucurbita
spp. através de análise multivariada. Agropecuária de Clima Temperado, Pelotas, v. 3, n. 2,
p. 213-219, 2000.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

454
CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J.; CARNEIRO, P.C.S. Modelos biométricos aplicados ao
melhoramento genético. 3.ed. Viçosa:UFV, 2004 , v.1, 480p.

LOARCE, Y.; GALLEGO, R.; FERRER, E. A comparative analysis of the genetic


relationship between rye cultivars using RFLP and RAPD markers. Euphytica, Wageningen,
v. 88, p. 107-115, 1996.

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455
DIVERGÊNCIA GENÉTICA EM ACESSOS DE MAMONA COM BASE
NOS COMPONENTES PRINCIPAIS

Aline de Almeida Gomes, UENF, uenfaline@yahoo.com.br


Luiz de Morais Rego Filho, PESAGRO-RIO, lmorais@pesagro.rj.gov.br
Francisco Valdevino Bezerra Neto, UENF, fvbn@uenf.br
Ziraldo Moreno dos Santos, UENF, ziraldomoreno@yahoo.com.br
Rose Maria Rangel, UENF, l_m_r_f_@hotmail.com
Beatriz da Silva Rosa, UENF, beatriz_brs@yahoo.com.br
Nilton Rocha Leal, UENF, nilton@uenf.br

RESUMO: Foi utilizada a análise de componentes principais para estimar a divergência


genética entre 14 genótipos de mamona com base em cinco características das sementes. Os
dois primeiros componentes principais contiveram 96,54 % da variação total. Por meio da
dispersão dos escores foi feito um gráfico onde se pode observar a formação de quatro grupos.
Considerável divergência foi observada entre dois grupos, no qual contiveram três genótipos.
A análise de componentes principais com base nas características das sementes foi eficiente
em agrupar e dimensionar a diversidade existente nos genótipos.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., divergência genética, componentes principais.

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456
1 INTRODUÇÃO
A mamona (Ricinus communis L) tem-se destacado como uma fonte alternativa de
energia, na produção de biodiesel que é obtido através da extração do óleo de suas sementes.
A previsão de escassez dos combustíveis fósseis e os problemas de poluição ambiental
decorrentes do uso dos mesmos têm demonstrado a necessidade da busca por fontes
alternativas de energia.
Embora a mamona seja de grande importância econômica para o país, o seu cultivo, na
grande maioria dos casos, ainda é feito com sementes dos próprios agricultores acarretando
assim um alto grau de heterogeneidade e grande diversidade de tipos locais.
De acordo com Azevedo et al. (1997) existe uma grande variabilidade nesta
Euphorbiaceae, devendo esta variabilidade observada em características botânicas e
agronômicas ser conhecida e conservada porque pode se tornar fonte importante de genes para
os programas de melhoramento. No entanto, a utilidade do germoplasma é mínima sem a
correta classificação e conhecimento desta variabilidade e da diversidade existente.
Desta forma torna-se importante classificar os materiais genéticos, e para isso vários
métodos são usados, dentre eles o estudo da diversidade genética, que tem sido usada para
identificar as combinações híbridas de maior efeito heterótico e maior hetrozigose,
aumentando a possibilidade de obtenção de genótipos superiores nas populações segregantes
(Cruz et al., 2004).
O objetivo deste trabalho foi estudar a diversidade genética em cultivares de mamoneira
com auxilio de técnicas multivariadas baseando-se nas características das sementes.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados 14 genótipos de mamoneira, 13 provenientes do ensaio de competição
de cultivares realizado na PESAGRO-RIO Estação experimental de Campos dos Goytacazes,
e um genótipo silvestre coletado nas adjacências da estação experimental.
Os descritores comprimento, largura, espessura e relação comprimento/largura das
sementes, e peso de 100 sementes foram utilizados para o estudo da diversidade genética, com
base na metodologia dos Componentes Principais. Para tanto empregou-se os recursos
computacionais do programa GENES (Cruz, 2006).
As dimensões das sementes foram realizadas com o auxílio de um paquímetro em 20
sementes amostradas manualmente em cada genótipo. Para o peso de sementes foi realizada a
pesagem de 100 sementes aleatórias de cada genótipo em cinco repetições.

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457
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os dois primeiros componentes principais (Tabela 1) contiveram 96,54 % da variação
total, sendo, portanto, seu uso satisfatório em estudos da divergência genética, por meio da
dispersão dos escores em gráficos cujos eixos são os referidos componentes.
Tabela 1 – Componentes principais obtidos da análise de cinco caracteres de sementes de
mamona: X1 (comprimento), X2 (largura), X3 (espessura), X4 (comp/larg), X5 (Peso de 100
sementes).

Componente Variância Variância


Coeficientes de ponderação associado a:
Principal (autovalor) Acumulada (%)
x1 x2 x3 x4 x5
Y1 4,517 90,34 0,4557 0,4675 0,4602 -0,3976 0,4515
Y2 0,400 98,35 0,3594 0,0493 -0,069 0,84,4 0,3967
Y3 0,059 99,54 0,1136 -0,384 0,815 0,2115 -0,3616
Y4 0,019 99,93 -0,6761 -0,2197 0,2733 0,0187 0,6478
Y5 0,003 100,00 0,4395 0,7637 0,211 0,3009 -0,2974

Por meio da dispersão destes escores em eixos cartesianos (Figura 1) verifica-se que em
relação aos caracteres considerados, pode-se distinguir quatro grupos, sendo que a maioria
dos genótipos foram alocados em dois grupos, respectivamente II e III, em que se observa
maior dispersão intra-grupos. Considerável divergência foi observada entre os grupos I e IV
que contiveram apenas os genótipos 14, 10 e 3.
Pensando-se em futuros trabalhos de melhoramento, a indicação de progenitores para
combinações híbridas deve ser feita com base no potencial per se dos progenitores e na
magnitude de suas dissimilaridades (Cruz et al., 2004). Desta forma, os genótipos 3 e 10 que
apresentaram maior peso de 100 sementes (dados não apresentados), são recomendados para
intercruzamentos com os genótipos dos grupos I, II e III.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

458
Figura 1 – Dispersão de 14 genótipos* de mamoneira em relação aos dois primeiros
componentes principais (Y1 e Y2).
*1- Nordestina, 2 – Lyra, 3-Nativa, 4-IAC-80, 5-Mirante, 6-Savana, 7-IAC-226, 8-Cafelista, 9-Al Guarany, 10-
Paraguaçu, 11-BRS 188, 12-Tito, 13-BRS 149, 14-silvestre.

4 CONCLUSÕES
A análise de componentes principais com base nas características das sementes foi
eficiente em agrupar e dimensionar a diversidade existente nos genótipos. Recomenda-se
cruzamento entre os genótipos 3 e 10 com genótipos dos grupos I, II e III.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P; LIMA, E.F; BATISTA, F.A.Z; BELTRÃO, N.E de M.; SOARES, J.J.;
VIEIRA, R.M. de; MOREIRA, J.A.M. Recomendações técnicas para o cultivo da
mamoneira Ricinus communis L. no nordeste do Brasil. Campina Grande: EMBRAPA-
CNPA, 1997, 39p. (EMBRAPA-CNPA. Circular Técnica, 25).

CRUZ, C.D. Programa GENES: Biometria. Editora UFV. Viçosa, MG. 2006, V.1, 382p.

CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J.; CARNEIRO, P.C.S. Modelos biométricos aplicados ao


melhoramento genético. 3.ed. Viçosa:UFV, 2004 , v.1, 480p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

459
CARACTERIZAÇÃO DE RÁCEMOS E FRUTOS DE TREZE ACESSOS DE
MAMONA

Rose Maria Rangel, UENF, l_m_r_f_@hotmail.com


Luiz de Morais Rego Filho, PESAGRO-RIO, lmorais@pesagro.rj.gov.br
Francisco Valdevino Bezerra Neto, UENF, fvbn@uenf.br
Ziraldo Moreno dos Santos, UENF, ziraldomoreno@yahoo.com.br
Aline de Almeida Gomes, UENF, uenfaline@yahoo.com.br
Beatriz da Silva Rosa, UENF, beatriz_brs@yahoo.com.br
Nilton Rocha Leal, UENF, nilton@uenf.br

RESUMO: A mamoneira é uma oleaginosa de alto valor social, econômico e fonte de


divisas para o país, sendo antigo o cultivo desta cultura no Brasil. Observa-se nesta cultura
uma grande variabilidade nas características botânicas e agronômicas, devendo-se esta
variabilidade ser conhecida e conservada. A caracterização e avaliação são consideradas
essenciais tanto para estabelecer diferenças ou semelhanças entre acessos de germoplasma,
como para estimular o desenvolvimento das culturas. Informações sobre a caracterização de
rácemos da mamoneira são muito escassas na literatura. Desta forma, o presente trabalho teve
como objetivo caracterizar os rácemos e frutos de treze acessos de mamona. Para tanto,
coletou-se doze rácemos aleatórios de cada genótipo, nos quais foram avaliados onze
características dos rácemos e seis de frutos. Com os dados obtidos conseguiu-se obter
informações que possibilitou conhecer um pouco mais da variabilidade genética desse
material , e que poderão ser úteis em futuros trabalhos com esta cultura.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., caracterização, rácemos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

460
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira é uma oleaginosa de alto valor social, econômico e constitui fonte de
divisas para o país, sendo antigo o cultivo desta cultura no Brasil, visto ter sido introduzida
pelos portugueses há alguns séculos e, desde o início do século passado, é uma das culturas
importantes para os pequenos e médios produtores do País, tendo grande valor social como
geradora de renda e empregos no campo (Beltrão, 2004).
É uma planta de fácil adaptação a diversos ambientes e encontra-se espalhada por todo o
território nacional, chegando a ser confundida como planta nativa do Brasil. Trata-se de
excelente alternativa agrícola para cultivo em diversas regiões, destacando-se o semi-árido
devido a sua considerável resistência à seca.
As plantas da espécie apresentam grande variabilidade em diversas características,
como hábito de crescimento, cor das folhas e do caule, tamanho, teor de óleo das sementes
etc, podendo-se, encontrar tipos botânicos com porte baixo ou arbóreo, ciclo anual ou
semiperene, com folhas e caule verde, vermelho ou rosa, com a presença ou não de cera no
caule, com frutos inermes ou com espinhos, deiscentes ou indeiscentes, com sementes de
diversos tamanhos e colorações e diferentes teores de óleo (Krug e Mendes, 1942).
A caracterização e avaliação desta variabilidade são consideradas essenciais tanto para
estabelecer diferenças ou semelhanças entre acessos de germoplasma, como para estimular
sua utilização para resgatar o desenvolvimento das culturas.
Como na literatura encontra-se poucas informações sobre a caracterização dos rácemos
da mamoneira, o presente trabalho teve como objetivo fazer uma caracterização de rácemos
de treze genótipos de mamona utilizadas no ensaio de competição de cultivares da
PESAGRO-RIO.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados 13 genótipos de mamoneira (os híbridos Lyra e Savana e as cultivares
IAC – 80, Al Guarany, Paraguaçu, Nordestina, Mirante, Nativa, Cafelista, Tito (Sementes
doadas por um produtor, no qual posteriormente foi identificado como sendo da cultivar
Nordestina), IAC 226, BRS188 e BRS 149) provenientes do ensaio de competição de
cultivares realizado na PESAGRO-RIO Estação experimental de Campos dos Goytacazes.

Doze rácemos de cada genótipo foram colhidos para a realização das avaliações, onde
as seguintes características dos rácemos e frutos foram avaliadas: comprimento total dos
rácemos (CTR) em cm; comprimento do pedúnculo do racemo (CPR) em cm; comprimento
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

461
da região com frutificação do rácemo (CFR), em cm; diâmetro basal do racemo (DBR), em
mm; diâmetro mediano do racemo (DMR), em mm; diâmetro apical do racemo (DAR), em
mm; número de hastes (NH); comprimento das hastes (CH) em cm; diâmetro médio das
hastes (DMH), em mm; distância da inserção das hastes (DIH), em mm; número de frutos por
rácemo (NFR); diâmetro longitudinal dos frutos (DLF), em mm; diâmetro transversal dos
frutos (DTF), em mm; peso dos frutos (PF), em g; peso da casca dos frutos (PCF), em g; peso
das sementes (PS), em g; peso de 100 sementes (P100), em g.

3 RESULTADOS E DISCUÇÃO
O resultado da análise descritiva e os dados originais das variáveis avaliadas encontram-
se na Tabela 1. Verifica-se que o coeficiente de variação nas 17 variáveis estudadas teve uma
amplitude de 23,30 a 59,38 % para DBR e DMH, respectivamente.
A média do comprimento total do racemo foi de 31,56 cm, com uma amplitude de 9,96
a 56,81 cm para os genótipos BRS 188 e IAC-80 respectivamente. O comprimento parcial do
rácemo (região onde não há frutificação) teve uma amplitude que variou de 3,53 cm no
genótipo BRS 188 a 25,51 cm no genótipo Al Guarany e média de 11,33 cm.
Os genótipos Lyra e IAC-80 apresentaram as maiores amplitudes tanto para diâmetro
basal do rácemo que apresentou uma média de 11,32 mm, com uma amplitude de 7,38 a 17,73
mm, quanto para diâmetro mediano do rácemo com variação de 4,68 a 10,93 mm,. Já para
diâmetro apical do racemo a variação foi de 0,7 mm no genótipo Lyra a 6,29 mm no genótipo
Nativa.
Observa-se que para o número de frutos por rácemo a média foi de 39,13 frutos com
uma variação de 22,75 a 87,00 frutos para os genótipos Paraguaçu e IAC-80 respectivamente.
Para o diâmetro longitudinal dos frutos a variação foi de 15,33 mm no genótipo IAC-226 a
25,26 mm no genótipo Nativa, com uma média de 19,19 mm. Já para o diâmetro transversal
dos frutos a média foi de 19,67 mm, com uma variação de 16,11 a 24,92 mm para os
genótipos Lyra e Nativa respectivamente.
Ainda na Tabela 1 observa-se que para o peso de frutos a média foi de 102,78 g com
uma variação de 33,65 g a 160,70 g para os genótipos Lyra e Nordestina respectivamente, no
qual apresentaram uma variação do peso de sementes sem casca de 24,88 a Savana,58 g
respectivamente, com uma média de 68,92 g. Já o peso de 100 sementes a média foi de 63,40
g, com uma variação de 33,14 a 118,46 g nos genótipos Lyra e Nativa respectivamente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

462
Tabela 1 – Dados originais das variáveis comprimento total dos rácemos; comprimento do pedúnculo do racemo; comprimento da região
com frutificação do rácemo; diâmetro basal do racemo; diâmetro mediano do racemo; número de hastes; comprimento das hastes;
diâmetro médio das hastes; distância da inserção das hastes; número de frutos por rácemo; diâmetro longitudinal dos frutos; diâmetro
transversal dos frutos; peso dos frutos; peso da casca dos frutos; peso das sementes; peso de 100 sementes.

Genótipos CTR CPR CFR DBR DMR DAR NH CH DMH DIH NFR DLF DTF PF PCF PS p100
Nordestina 33,79 11,63 22,17 13,71 9,64 4,83 43,92 6,50 1,79 3,66 43,17 21,64 22,52 160,70 53,94 106,58 81,94

Lyra 29,35 10,91 18,44 7,38 4,68 0,70 25,42 4,35 0,32 3,13 23,08 15,90 16,11 33,65 10,06 24,86 33,14

Nativa 26,96 11,30 15,63 12,02 10,42 6,29 31,50 5,63 2,23 3,79 29,25 25,26 24,92 160,33 60,31 104,06 118,46

IAC-80 56,81 15,73 41,09 17,73 10,93 4,28 109,64 - 1,44 3,27 87,00 17,59 18,55 141,75 56,05 87,21 31,46

Mirante 28,66 6,96 21,71 7,86 5,77 2,67 34,92 2,89 0,47 1,73 29,33 16,70 15,68 51,89 12,27 34,46 42,15

Savana 31,38 6,08 25,29 9,39 6,58 2,24 41,25 4,00 0,96 2,71 33,75 16,08 16,45 53,30 15,88 35,82 40,42

IAC-226 46,30 18,83 27,50 11,96 8,28 2,77 68,83 4,67 0,39 4,20 62,00 15,33 15,20 99,95 28,33 69,78 40,70

Cafelista 32,10 12,00 20,11 9,66 6,08 2,44 34,22 3,22 0,71 2,33 32,56 18,91 18,61 103,23 54,63 66,15 48,48

Al Guarany 52,77 25,51 27,25 11,75 7,32 2,92 52,29 3,18 0,79 3,25 48,50 17,70 16,32 91,51 33,64 70,29 45,07

Paraguaçu 13,08 5,00 8,08 10,84 9,12 5,60 22,83 - 2,71 22,75 23,01 25,22 105,23 45,81 65,59 102,45

BRS 188 9,96 3,53 6,43 10,94 9,29 5,47 35,83 4,63 1,87 1,28 31,58 20,83 23,27 110,29 35,15 73,51 78,29

Tito 20,00 - - 12,46 10,04 3,47 33,27 4,27 1,17 2,91 28,09 20,65 21,14 97,58 35,34 67,68 80,85

BRS 149 29,08 8,54 20,96 11,53 9,99 3,82 41,42 5,00 1,43 2,00 37,67 19,85 21,74 126,68 45,60 90,04 80,86

Média 31,56 11,33 21,22 11,32 8,32 3,65 44,26 4,40 1,25 2,85 39,13 19,19 19,67 102,78 37,46 68,92 63,40

Desvio
13,82 6,27 9,15 2,64 2,02 1,59 22,94 1,08 0,74 0,88 18,01 3,02 3,63 39,58 17,15 25,33 28,46
Padrão
Erro Padrão 3,83 1,81 2,64 0,73 0,56 0,44 6,36 0,33 0,21 0,25 4,99 0,84 1,01 10,98 4,76 7,03 7,89

CV 43,80 55,32 43,10 23,30 24,32 43,54 51,84 24,65 59,38 30,87 46,02 15,72 18,47 38,51 45,77 36,76 44,89

4 CONCLUSÕES
A variação observada nos dá uma tendência da utilidade destas características com
relação ao seu poder de discriminação entre os genótipos.
Com os dados obtidos conseguiu-se obter informações que possibilitou conhecer um
pouco mais da variabilidade genética desse material, que poderão ser úteis em futuros
trabalhos com esta cultura.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N.E.M. A Cadeia da Mamona no Brasil, com Ênfase para o Segmento P&D:
Estado da Arte, Demandas de Pesquisa e Ações Necessárias para o Desenvolvimento.
Documentos Embrapa Algodão (Documento 129), Campina Grande, 2004, 19 p.

KRUG, C.A.; MENDES, P.T. Melhoramento da mamoneira (Ricinus communis L.). II.
Observações gerais sobre a variabilidade do gênero Ricinus. Bragantia, Campinas, v. 2, n. 5,
p. 155-157, 1942.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

463
DESIDRATAÇÃO DA GLICERINA OBTIDA A PARTIR DO BIODIESEL
POR DESTILAÇÃO AZEOTRÓPICA COM TOLUENO

Evelyn Edith Gutiérrez Oppe, LSTM/EPQI/USP, evelyn.oppe@poli.usp.br


Wilson Miguel Salvagnini, LSTM/EPQI/USP, jackwill@uol.com
Maria Elena Santos Taqueda, LSTM/EPQI/USP, mtaqueda@usp.br

RESUMO: O presente trabalho visa substituir processos comercialmente usados na indústria


química para purificação da glicerina obtida a partir de biodiesel. A obtenção da glicerina
tanto técnica como grau USP, implica em fortes gastos, devido ao grande consumo de energia
nos processos de evaporação e destilação pela necessidade de altos vácuos. Como alternativa
se apresenta a destilação azeotrópica heterogênea para a desidratação da glicerina, usando
Tolueno como arrastador. A destilação azeotrópica é feita a baixas temperaturas e a pressão
atmosférica, reduzindo assim o gasto de energia para a geração de vácuo. O objetivo deste
trabalho é avaliar se a destilação azeotrópica seria um método de purificação viável para
glicerina crua obtida da produção de biodiesel por transesterificação. Com o presente estudo
atingiu-se uma concentração de saída da glicerina 98,7 ± 0,6 % em massa que foi avaliada
mediante o índice de refração, justificando a importância do uso do tolueno como fluido de
arraste.

Palavras-Chave: Biodiesel, glicerina, tolueno, destilação azeotrópica, superfície de resposta

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

464
1 INTRODUÇÃO
Nestes últimos anos, o crescimento da produção de Biodiesel no mundo, tem sido de
maneira exponencial. No Brasil, segundo a lei 11.097/2005 (Lei do Biodiesel) a adição de 2%
será obrigatória entre os anos 2008 a 2012, e 5 % a partir do ano 2013. Assim, a produção
total de biodiesel até o ano 2010 será aproximadamente de 1,73 bilhões de litros/ano (MME,
2006).
Um fator determinante para a viabilidade econômica da produção do Biodiesel, é o
lucro obtido pela venda dos subprodutos com valor agregado. Entre os principais subprodutos
podem-se citar: a glicerina, a lecitina, o farelo e a torta oleaginosa (KNOTHE; GERPEN;
KRHAL; PEREIRA, 2006). A glicerina é um subproduto cuja venda como glicerina grau
USP (99,5 % glicerol), até mesmo glicerina grau técnico, gera importantes ganhos para a
indústria do Biodiesel.
A glicerina bruta (glicerol, sabões, água, álcool, ácidos graxos e sais), gerada na
obtenção de biodiesel se constitui em 10% da produção e destes 10%, 80% é glicerol
(GERPEN, 2005). Estima-se uma oferta de 138 milhões de litros/ano de glicerol no ano 2010.
No entanto, até o ano 2005 a demanda da glicerina no Brasil foi de 5,61 milhões de litros/ano
(ABIQUIM, 2006), necessitando, que as indústrias empreguem mais a glicerina com o
objetivo de superar a oferta da mesma.
Dependendo da infra-estrutura da fábrica e do valor da produção a glicerina é destinada
para uso como combustível junto à biomassa ou é purificada. Assim, da oferta disponível,
uma parte de glicerina será destinada à elaboração de produtos tradicionais como: cosméticos
(48,9 %), farmacêuticos (14,5 %), tintas e vernizes (11,9 %), alimentícios (1,9 %), explosivos
(1,0 %), borrachas (0,4 %) e outras (21,4 %) (ABIQUIM, 2006). Em alternativas de uso
podem ser para a fabricação de: 1,3-propanediol, hidrogênio, ácido succínico, 1,2
propanediol, dihidroxiacetona, poliésteres (NARESH; BRIAN, 2006), lubrificantes,
polímeros uretânicos, fluidos conservantes e derivados da glicerina como poliglicerois,
acetinas (KNOTHE; GERPEN; KRHAL; PEREIRA, 2006), carbonato de glicerina, ácido
acrílico, oligomerização (CALDEIRA; MOTA, 2005), filmes biodegradáveis (DINIZ, 2005).
A glicerina bruta obtida na produção do biodiesel pode ser tratada por dois tipos de processo:
processo convencional e troca iônica.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

465
Consiste na adição de HCl e FeCl3 à glicerina bruta, até um PH de 4 ou 4,5, para
eliminar sabões e outras impurezas orgânicas, seguindo-se a filtração dos ácidos graxos
formados. O filtrado é neutralizado com NaOH até um PH de 6,5. Após este tratamento a
glicerina bruta contém então: glicerol, água, NaCl, metanol e resíduos de outras matérias
orgânicas. Após a neutralização, o filtrado é evaporado até 80 a 88% de glicerol (em massa).
É uma das operações de maior consumo energético, geralmente, efetuada em evaporadores de
múltiplos efeitos, utilizando baixas pressões (46,7 mm Hg no 1° efeito e 18,67 mm Hg no 2°
efeito), devido à degradação da glicerina acima dos 204°C. Durante a evaporação da água
concentram-se o glicerol e o sal, este último começa a cristalizar, por isso precisa ser
continuamente removido, mediante uma saída no fundo do evaporador para evitar
incrustações no equipamento. O produto removido é conduzido a uma centrifuga. O sal
restante dissolvido na glicerina concentrada é sedimentado em tanques cônicos durante seis
horas para separação. Depois a glicerina sobrenadante é armazenada e pode ser vendida como
glicerina de grau técnico (SPITZ, 1990). Para obter uma glicerina com grau USP, efetua-se o
refino da mesma por meio de destilação. Como a glicerina polimeriza e se decompõe à
temperaturas superiores a 204 °C, a destilação deve ser realizada à altos vácuos. As pressões
usuais reinantes na coluna devem estar entre 5-10 mm Hg. Esta operação retira os resíduos de
água, sais, matéria orgânica não glicerida e outras impurezas. (MINER,1953; GERVAIJO,
2005; ATTARAKIH; FARA; SAYED, 2001). Após a destilação é feita a desodorização e
descoloração com carbono ativo, seguida de filtração e armazenagem. Um esquema do
processo convencional pode ser visto na Figura 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

466
ACIDIFICAÇAO DECANTAÇAO E NEUTRALIZAÇAO
PH = 4-4,5 FILTRAÇAO PH = 6,5

Glicerol
Água
Glicerina Álcool
NaCl
bruta HCL Ác. Graxos Na OH Traças de ac.graxos
Cl3
DESODORIZAÇAO E Cl3Fe
DESTILAÇAO EVAPORAÇAO
DESCOLORAÇAO P = 10 mmHg P = 46,7 mm Hg ( 1° E)
Glicerina
e 18,67 mm Hg (2° E)
Técnica:
Glicerol 80-88%
Odores Água, com traças de
e cores NaCl e ac.graxos
Água, NaCl pp
Glicerina USP Água
99,5% traços de ác. graxos
NaCl

Figura 1 - Esquema do Processo Convencional para produção de glicerina purificada.

O tratamento da glicerina bruta é similar ao processo convencional até a obtenção do


filtrado neutralizado. Após disso, segue a purificação da glicerina por troca iônica, que
consiste na passagem do material filtrado por sucessivos leitos de resina catiônica forte, resina
aniônica fraca e de resinas mistas de cátion e ânion fortes. As unidades de troca iônica
funcionam com eficiência para soluções diluídas contendo de 20 a 40% de glicerina. Com a
passagem do material através do leito de resinas, ocorre a eliminação de traços de ácidos
graxos livres, a cor, o odor e outras impurezas minerais presentes. A concentração
subseqüente da solução purificada de glicerina é feita através de evaporação a vácuo, com o
uso de evaporadores de múltiplo efeito, de modo a se obter no final uma glicerina com pureza
de mais de 99%. Uma descoloração final é feita pela passagem do material através de um leito
de carbono ativado seguido por filtração. O produto final é uma glicerina de grau
farmacêutico. (MINER,1953; KIRK,1947). O esquema do processo pode ser visualizado na
Figura 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

467
ACIDIFICAÇÃO DECANTAÇÃO E NEUTRALIZAÇÃO
PH = 4-4,5 FILTRAÇAO PH = 6,5

Glicerol
Glicerina Água
Álcool
bruta HCl Ác. Graxos NaOH NaCl
Traças de ac.graxos
Cl3Fe

DESODORIZAÇÃO E TROCA
DESCOLORAÇÃO EVAPORAÇÃO IONICA
NaCl
Traças de
Odores ac.graxos

e cores
Glicerina USP Água
99,5%

Figura 2 - Esquema do Processo usando Trocadores Iônicos para produção de glicerina


purificada.

Os gastos gerados pela utilização de vácuo em ambos os processos, justificam um


processo alternativo de retirada de água de glicerina, que leve a um menor consumo de
energia. Assim, uma alternativa seria a destilação por arraste de água contida na glicerina com
o uso de um solvente.
Na França, existe uma patente do ano 1924 pela Société Ricard Allenet & CIE que
afirma que os líquidos orgânicos podem ser desidratados mediante a adição de outro
composto chamado de arrastador. Arrastadores recomendáveis podem ser: benzeno, tolueno,
xileno, nafta, ésteres, derivados nitrados e derivados clorinados. Apresentaram-se como
exemplos a desidratação da glicerina e a de álcool propílico. No caso da glicerina, o tolueno é
colocado sobre os pratos da coluna e é aquecido até a temperatura de 120°C. A glicerina é
adicionada pelo topo da coluna e vapor de água e tolueno a 83,7°C é condensado. O
condensado separa-se em duas camadas, a primeira é a água e a segunda que é o arrastador, a
segunda camada retorna ao destilador. A glicerina é separada no fundo da coluna e esfriada.
Com base nas informações apresentadas, justifica-se então o estudo da viabilidade
técnica da desidratação da glicerina por destilação azeotrópica com tolueno. É possível que a
desidratação da glicerina possa ser feita até mesmo a pressão atmosférica, reduzindo o gasto
de energia para a geração de vácuo.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

468
Portanto o objetivo deste trabalho é testar a desidratação da glicerina mediante a
destilação azeotrópica heterogênea empregando o tolueno como fluido de arraste.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Aparato de Destilação: geralmente, a destilação azeotrópica com imiscibilidade de
fases liquida é conduzida em colunas de pratos, visto que para uma boa eficiência de
separação é preciso um bom contato entre as fases líquidas e a fase vapor. Esse bom contato,
se traduz em uma grande área de contato obtida nos pratos, graças à grande agitação no
liquido produzida pela corrente de vapor (PERRY, 1997). De acordo com o anteriormente
mencionado, o aparelho foi montado no LSTM (Laboratório de Separações Térmicas e
Mecânicas) cujos componentes estão feitos de vidro Pyrex (Figura 3), e consta de:
- refervedor: recipiente de vidro, provido de uma resistência elétrica cuja tensão pode
ser controlada através de um reostato. O sistema elétrico pode fornecer uma potencia de 0 a
2000 W para o aquecimento;
- coluna: constituída de dez pratos de teflon perfurados, e vertedor de tipo circular
isolada termicamente, com as seguintes características: diâmetro do prato: d =5 cm; área do
prato: A = 19,6 cm2; altura do vertedor: h = 0,5 cm; diâmetro de furos: d = 0,1 cm; n° de furos
por prato: 90;
- condensador de topo: o condensador está fixo verticalmente no topo da coluna, que
condensa, retira o produto de topo e permite a decantação das fases. Um termômetro colocado
no final do condensador registra a temperatura do vapor de topo.
- sistema de alimentação da glicerina: a solução de glicerina com água é alimentada no
topo da coluna por meio de uma bomba peristáltica, que permite o controle da vazão.
A operação da coluna baseia-se na metodologia seguida por Salvagnini, 1984. O
princípio de funcionamento consiste na alimentação lateral de vapor de tolueno, que sobe pela
coluna e faz contato com a mistura água-glicerol, a qual é alimentada pelo topo. O ponto de
azeótropo da mistura água-tolueno-glicerina forma-se, aproximadamente, a 94 °C à pressão
atmosférica. No produto de topo, obtém-se uma fase com dois líquidos imiscíveis: O Tolueno,
que constitui o refluxo da coluna; e a água que é separada por decantação e retirada. No fundo
obtém-se uma fase com dois líquidos imiscíveis: a fase superior é o tolueno, que volta para o
refervedor; e a fase inferior é a glicerina que é retirada como o produto desejado.

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469
Figura 3 - Esquema do aparato de destilação usado no LSTM

Fluidos de processo: foram utilizadas soluções aquosas com glicerina P.A. e como
arrastador usou-se tolueno P.A. Posteriormente, será também testada a glicerina obtida a partir
do biodiesel.
Para a escolha do solvente levou-se em conta critérios que satisfaçam a separação por
destilação azeotrópica como: um solvente cuja temperatura de ebulição esteja entre as
temperaturas de ebulição da água e da glicerina, insolúvel tanto na água quanto na glicerina,
inerte com a glicerina, baixo custo, fácil obtenção e não demasiadamente agressivo à saúde. O
Tolueno é um solvente aromático de alta pureza que satisfaz os requisitos mencionados, com
ponto de ebulição compreendida entre 110,2ºC e 111ºC.
Medida da Concentração da Glicerina: a determinação da pureza da glicerina será feita
usando o método de medida de índice de refração (refratômetro ABBE), posteriormente para
os experimentos finais será usado o método de cromatografia de líquidos. Para construir a
curva de calibração do índice de refração em função da porcentagem de glicerina, obtiveram-
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470
se dados teóricos do índice de refração (η) da mistura água-glicerina (GLI-LIT) em diferentes
concentrações (MINER;1953). Usou-se glicerina (GLI) P.A. e soluções aquosas com
concentrações de 10 a 90 % (com um intervalo de variação de 10 %). Por outro lado,
preparou-se uma amostra de glicerina que ficou um dia em contato com tolueno (GLI-TOL),
fazendo-se depois a separação mediante um decantador. Com a glicerina decantada (com
traços de tolueno) foram feitas soluções nas concentrações mencionadas. Os resultados estão
apresentados na Tabela 1 e na Figura 4.

Tabela 1 - Índice de Refração da Glicerina


% EM η η η
MASSA GLI -LIT GLI GLI-TOL
99,5 1,4732 1,4723 1,4722
90 1,4584 1,4580 1,4551
80 1,4429 1,4427 1,4425
70 1,4279 1,4275 1,4254
60 1,4130 1,4135 1,4119
50 1,3981 1,4011 1,3977
40 1,3841 1,3845 1,3856
30 1,3707 1,3704 1,3693
20 1,3575 1,3572 1,3548
10 1,3448 1,3449 1,3422
0 1,3330 1,3330 1,3330

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471
η 1,5000

1,4800

1,4600

1,4400

1,4200

1,4000

1,3800

1,3600

1,3400

1,3200
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100

GLI GLI-TOL GLI-LIT %

Figura 4 - Comparação do índice de refração da glicerina pura, glicerina que ficou em contato
com tolueno e glicerina da literatura.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realizaram-se alguns testes de caráter exploratório, no equipamento descrito na
FIGURA 3, utilizando soluções aquosas com a glicerina P.A. entre 80 e 90%. O objetivo dos
testes foi verificar a viabilidade da separação da água da glicerina com o tolueno, sem
nenhuma interferência. A vazão de vapor de tolueno usada foi de 1,1 g/s e vazão de
alimentação de glicerina de 0,82 g/s na temperatura ambiente. A glicerina obtida da destilação
apresentou uma leve turbidez. Então, fez-se uma evaporação para tirar as gotículas de tolueno
imersas na glicerina e poder efetuar a leitura do índice de refração com a solução límpida.
Os dados estão apresentados na Tabela 2 e Figura 5, junto com as percentagens
correspondentes:

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472
Tabela 2 - Dados de Índice de Refração e Percentagem da Glicerina
Índice de Percentagem Índice de Percentagem
N° Refração Inicial de Refração Final de
Exp. Inicial glicerina Final glicerina
η (% i) η (% f)
1 1,4417 80 1,4694 97,7
2 1,4431 82 1,4710 98,8
3 1,4494 84 1,4712 98,9
4 1,4518 86 1,4714 99,1
5 1,4572 88 1,4702 98,3
6 1,4592 90 1,4717 99,3

%
100

95

90

85

80

75

70
0 1 2 3 4 5 6 7
% i glicerina % f glicerina N° experimento

Figura 5 – Comparação entre a percentagem inicial da glicerina em solução aquosa e a


percentagem final dessa glicerina obtida por destilação azeotrópica com tolueno.

Como se pode observar na Figura 5, o sistema de destilação azeotrópica com tolueno,


promete ser um método apropriado para a desidratação da glicerina com baixo consumo de
energia.

4 RESULTADOS ESPERADOS

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473
Os ensaios preliminares aqui apresentados já deram indicação de que o método é
promissor, espera-se conseguir condições de operação para a coluna, usando as variáveis de
entrada: vazão de alimentação de glicerina (g/s), vazão de alimentação de vapor de tolueno
(g/s), temperatura de alimentação da glicerina (°C) e concentração inicial de glicerina (% em
peso), por meio da metodologia da superfície de resposta.

5 REFERÊNCIAS BIBIBLIOGRÁFICAS
ABIQUIM – Associação da Industria Química Brasileira. Anuário da Industria Química
Brasileira. São Paulo, 2006.

CALDEIRA, A.; MOTA, C. Reações de conversão de Glicerina a intermediários


petroquímicos. I Reunião da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel, Brasília, 2005.
Disponível em: <www.biodiesel.gov.br/rede_arquivos/rede_documentos.htm>. Acesso em:
23 fev. 2007.

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Entrevista a Luiz Pereira Ramos (CEPESQ-UFPR). Ciência Hoje Online, 19 out. 2005.
Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/3973. Acesso em: 19
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GERPEN, V. J. Biodiesel processing and production. Fuel Processing Technology, 25 Jun.


2005. v. 86, p. 1097– 1107.

GERVAJIO, Gregorio C. Fatty Acids and Derivatives from Coconut Oil. IN: Bailey’s
Industrial Oil and Fat Products, 6.a ed. John Wiley & Sons, Inc. 2005. Disponível em:
<http://media.wiley.com/product_data/excerpt/68/04713854/0471385468.pdf>. Acesso em:
10 abr. 2007.

KIRK, R.E & OTHMER, D.F. Encyclopedia of Chemical Technology, Fourth Edition,
1947. v. 8, p. 359- 395.

Knothe, G; Gerpen, J.V.; Krhal.J.; RAMOS, L.P. Implicações ambientais do Biodiesel.


Manual de Biodiesel, Ed. Edgard Blucher, 2006.

MINER, CARL; DALTON. Glycerol, American Chemical Society, Monograph series; no.
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MME-MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA. Brasil e a Futura Matriz Energética, 2006.


(Palestra proferida na Câmara de Comércio Americana, 04 dez. 2006). Disponível em
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Production: A Survey of Current Research Activities, ASABE-American Society of
Agricultural and Biological Engineers (Annual International Meeting Portland, Oregon, 9 dez.
2006). Disponível em <www.webpages.uidaho.edu/~bhe/pdfs/asabe066223.pdf > Acesso em:
04 fev. 2007.

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474
PERRY, R. H.; GREEN, D. W.; MALONEY, J. O. Perry´s chemical engineer´s handbook.
7th ed. New York: McGraw Hill, 1997.

SALVAGNINI, WILSON MIGUEL. Montagem de Coluna experimental de Destilação e


Elaboração de Método para Determinação da Eficiência de Prato. 1984. 1v. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Química) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 1984.

SOCIÉTÉ RICARD ALLENET & C. Procede continue et appareillage pour la


déshydratation des liquides organiques. Office National de la Propriété Industrielle, Patente
N°578.306. 23 set. 1924.

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475
EFEITO DO TRATAMENTO QUÍMICO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA E
SANITÁRIA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.)

Leandro Tropaldi, UEMS/UUC, tropaldi@ibest.com.br


Jaine Aparecida de Camargo, UEMS/UUC, inecamargo_agr@yahoo.com.br
Stela Maris Kulczynski, UEMS/UUC, stelamk@terra.com.br
Ronny Clayton Smarsi, UEMS/UUC, ronnycs1@hotmail.com
Cristina Gonçalves de Mendonça, UEMS/UUC, cristinagm@uems.br
Manoel Murilo Macedo Barbosa, UEMS/UUC, manoel_agro@hotmail.com

RESUMO: O tratamento químico de sementes visa à erradicação de patógenos presentes nas


sementes, bem como a proteção dessas contra os patógenos no solo por ocasião da
germinação e patógenos da parte aérea nos primeiros estádios de crescimento. O presente
trabalho avaliou o efeito dos fungicidas (g i. A./100 kg de sementes) carbendazim (15, 30 e
60), carboxim + thiram (25+25, 50+50, 100+100) e formol 0,15 %(v/v) sobre a qualidade
sanitária e fisiológica de sementes de mamona. Para avaliação da qualidade fisiológica das
sementes, determinou-se: germinação, primeira contagem, condutividade elétrica, emergência
de plântulas aos 21 dias, índice de velocidade de emergência, número de folhas, comprimento
de parte aérea, peso de matéria verde e seca da parte aérea. Na avaliação da qualidade
sanitária utilizou-se o método de papel filtro (“Blotter Test”). Em laboratório foi usado o
delineamento inteiramente casualizado e no campo blocos casualizados, ambos com quatro
repetições. A germinação não diferiu estatisticamente entre os tratamentos, mas sementes
tratadas com fungicidas apresentaram maiores valores. Pela primeira contagem nota-se que o
tratamento com formol e carbendazin 60 (maior dosagem) diferiram estatisticamente dos
demais tratamentos, apresentando menor vigor e que os tratamentos com carbendazin 15 e
carboxim + thiram 25+25 proporcionaram maior vigor. O formol reduziu a emergência de
plântulas a campo aos 21. Os patógenos identificados foram: Cladosporium spp, Bipolares
spp, Curvularia spp, Aspergillus flavus, Aspergillus niger, Aspergillus sp, Rhizopus sp,
Penicillium sp, Rhizoctonia sp, Verticillium sp, Fusarium sp, Arthrobotrys sp, Epicocum sp,
Alternaria sp e Tricoderma sp e Bactérias. Os fungicidas testados independentemente da dose
proporcionaram 100% de eficiência no controle de patógenos.

Palavras-Chave: Tratamento químico, patologia de sementes, qualidade fisiológica e


sanitária.

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476
1 INTRODUÇÃO
A crescente preocupação pelas questões ambientais tem requerido a utilização de fontes
alternativas, no qual a cultura da mamona (Ricimuns communis) vem ganhando grande
importância, principalmente pela produção de biodiesel e seu grande poder de inclusão social,
sendo a ricinocultura, vista atualmente como uma alternativa viável (URQUIAGA, ALVES &
BOODEY, 2005). Porém Freire, Lima & Andrade (2001) reforça que mesmo sendo de grande
importância a ricinocultura brasileira enfrenta dificuldades, devido à baixa oferta de cultivares
melhoradas e resistentes a doenças, sem considerar as recomendações de novas técnicas de
cultivos que propiciem retorno financeiro ao produtor.
De acordo com a concepção moderna de controle de doenças de plantas, dentre as
inúmeras medidas que podem ser empregadas pelo agricultor, o uso de sementes sadias ou
sementes com qualidade sanitária, dentro de padrões pré-estabelecidos, é de grande
significado.
O tratamento químico de sementes atualmente constitui uma medida indispensável de
grande importância na produção agrícola, principalmente no controle de patógenos veiculados
a semente. Os objetivos principais do tratamento de sementes consistem em evitar a
introdução de patógenos na área de cultivo; evitar o desenvolvimento de doenças que venham
afetar o rendimento e ou/a quantidade da colheita; garantir a germinação e o estande que
proporcionem o máximo de rendimento, intervindo na qualidade fisiológica da semente,
fazendo com que a planta consiga demonstrar todo seu potencial genético (MACHADO,1988;
MENTEN,1995).
O presente estudo teve como objetivos avaliar o efeito do tratamento químico sobre a
qualidade fisiológica e sanitária de sementes de mamona.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido nas instalações da Universidade Estadual de Mato Grosso
do Sul – UEMS, Unidade Universitária de Cassilândia – UUC, no período de setembro a
novembro de 2006, no município de Cassilândia-MS, utilizando sementes de mamona cultivar
Lyra oriundas da safra 2005/06.
O tratamento químico das sementes (g i.a./100 kg de sementes) foi realizado com os
produtos carbendazim (15, 30 e 60), carboxim + thiram (25+25, 50+50, 100+100), formol
0,15 %(v/v) e testemunha (água destilada), totalizando 8 tratamentos. As sementes foram
colocadas em imersão por 20 minutos em cada tratamento, seca a temperatura ambiente e

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477
após submetidas aos diversos testes para avaliar a interferência dos produtos químicos na
qualidade fisiológica e sanitária de sementes.
Para avaliar a qualidade fisiológica as sementes foram submetidas aos testes:
Germinação: conduzido com quatro repetições de 100 sementes por tratamento, distribuídas
em rolos de três folhas de papel germitest, umedecidos com água na quantidade equivalente a
2,5 vezes o peso do substrato seco, colocadas em germinador a uma temperatura 25°C +/- 2,
UR do ar de 85% e fotoperíodo de 12 horas. A condução do teste foi de acordo com Brasil
(1992) e as contagens feitas aos 7 e 14 dias.
Primeira contagem: conduzido em conjunto com o teste de germinação, registrando-se a
porcentagem de plântulas normais da primeira contagem da germinação.
Teste de condutividade: utilizou-se 100 sementes de cada tratamento, em quatro
subamostras de 25 sementes. As mesmas foram incubadas por 24 horas na temperatura de
25+/-2°C em BOD, utilizando copos descartáveis com 75 mL de água deionizada. Decorrido
esse período, a condutividade da solução foi determinada com o uso de um condutivímetro de
marca MARCONI CA 150 e os valores obtidos no aparelho foram divididos pelo peso da
amostra. Os resultados foram expressos em μS cm-1 g-1 de sementes.
Índice de velocidade de emergência (IVE): 100 sementes de cada tratamento, em quatro
subamostras de 25, foram semeadas no campo. As sementes de cada subamostra foram
semeadas a 0,05m de profundidade. Foram realizadas contagens diárias do número de
plântulas emersas, considerando aquelas que apresentavam dois folíolos completamente
abertos até a estabilização do estande. Para cada repetição, calculou-se o índice de velocidade
de emergência (IVE), através da fórmula de (Maguire, 1962).

E1 E 2 E
IVE = + +Κ + n
N1 N 2 Nn

Sendo: IVE = índice de velocidade de emergência;


E1, E2, En = número de plântulas normais computadas na primeira contagem,
na segunda e na última contagem;
N1, N2, Nn = número de dias da semeadura à primeira, à segunda e à última
contagem.
Emergência de plântulas a campo: conduzido juntamente com o índice de velocidade de
emergência. As avaliações foram realizadas aos 21 dias após a semeadura, determinando-se as
porcentagens de emergência de plântulas.
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478
Desempenho de plântulas: O desempenho de plântulas foi avaliado através do comprimento
(cm) de parte aérea, número de folhas e peso (g) de massa verde e massa seca. O
comprimento de plântula foi realizado com uma régua milimetrada, após o corte na altura do
colo. Nessas mesmas plântulas foi determinado o número de folhas e com o auxílio de uma
balança analítica o peso de massa verde. Em seguida as plântulas foram acondicionadas em
sacos de papel e colocadas para secar em estufa a 650C, até atingir peso constante. Estas
medidas foram realizadas em 10 plantas escolhidas aleatoriamente de cada parcela.
A qualidade sanitária das sementes de mamona foi determinada através do método do
“Blotter-test”, sem assepsia. Para isto, 4 repetições de 25 sementes foram acondicionadas em
caixas gerbox, contendo três folhas de papel germitest previamente umedecidas em água
deionizada. A seguir as caixas foram incubadas por sete dias à temperatura de 25ºC (±2), sob
fotoperíodo de 12 horas. As sementes foram examinadas sob microscópio estereoscópico,
sendo o resultado expresso em porcentagem de sementes contaminadas e ocorrência de
fungos. Quando necessário, foram confeccionadas lâminas que, observadas sob microscópio
ótico, permitiram a identificação dos fungos comparando a morfologia das estruturas
presentes com a literatura.

Delineamento experimental: foi empregado o delineamento inteiramente casualizado para os


testes de laboratório e em blocos ao acaso para os testes de campo. Os dados obtidos em cada
teste foram submetidos à análise de variância, determinando-se os valores de F. A
comparação de médias foi realizada pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As análises
foram realizadas, utilizando o Programa SISVAR.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A qualidade fisiológica das sementes foi determinada através dos testes de germinação e
vigor. Na Tabela 1 estão expostos os resultados de germinação (% de plântulas), e os
seguintes testes de vigor: primeira contagem (PC), condutividade elétrica (CE) e emergência a
campo aos 21 dias ( EC21).
De acordo com a Tabela 1, observamos que a germinação não diferiu estatisticamente
entre os tratamentos, entretanto podemos observar que as sementes tratadas com fungicidas
apresentaram maiores valores de germinação se comparadas com a testemunha e com formol.
Resultado semelhante foi encontrado por (Fernandes, 2006) que ao avaliar o efeito do
tratamento químico de sementes de mamona observou que o efeito fungicida isoladamente
obteve um aumento no percentual de germinação.
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479
Tabela 1. Médias obtidas com os testes de germinação e os testes de vigor (PC= primeira
contagem, CE= condutividade elétrica, EC21= Emergência a campo aos 21 dias. UEMS/UUC
- Cassilândia-MS, 2007.
Germinação Vigor
Tratamentos % plântulas PC CE EC21
% μS cm-1 g-1 %
testemunha (H2O) 90.00 a 72.50a 17,71 b 90,00 ab
formol 0,15 %(v/v) 90.00 a 43.00 b 16,52 b 83,00 b
carbendazim 15 90.00 a 84.00a 48,17 a 95,00 a
carbendazim 30 93.00 a 70.50a 46,84 a 94,00 ab
carbendazim 60 91.00 a 65.00ab 49,53 a 95,00 a
carboxim + thiram 25+25 95.50 a 83.00a 45,93 a 90,00 ab
carboxim + thiram 50+50 95.50 a 76.50a 46,11 a 96,00 a
carboxim + thiram 100+100 92.50 a 71.00a 43,69 a 94,00 ab
CV (%) 3.56 13.99 7,32 5,25
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5%.

Entretanto, (Dringra & Açuña, 1997) relataram que em sementes de soja o tratamento
de sementes só traz efeitos benéficos imediatos na germinação de sementes de má qualidade,
não aumentando a taxa de germinação das sementes de boa qualidade.
Os testes de primeira contagem e emergência a campo aos 21 dias, demonstraram que o
tratamento químico com determinados produtos interfere no vigor das sementes. Pela primeira
contagem nota-se que o tratamento com formol e carbendazin 60 (maior dosagem) diferiram
estatisticamente dos demais tratamentos, apresentando menor vigor e que os tratamentos com
carbendazin 15 e carboxim + thiram 25+25 proporcionaram maior vigor. A emergência de
plântulas a campo aos 21 foi reduzida em sementes tratadas com formol (Tabela 1).
Estes resultados demonstram que o formol não causa uma boa desinfestação das
sementes e que o tratamento químico com fungicidas proporcionaram maior vigor devido
provavelmente a eliminação dos patógenos veiculados a semente. Poletine (2006) constatou
que o tratamento de sementes com fungicida proporcionou aumento de produtividade e
enfatizou que a mistura carboxyn + thiram entre os produtos testados foi o que proporcionou a
maior produtividade. Segundo Mentem (1995) os efeitos não são imediatos com, por
exemplo, na germinação da soja e sim a médio e longo prazo.

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480
As sementes tratadas com fungicidas, em todas as concentrações, apresentaram maiores
valores de condutividade elétrica, quando comparadas a testemunha e ao formol (Tabela 1).
Estes resultados demonstram que o fungicida afetou os resultados da condutividade e que os
valores obtidos não são indicativos de sementes de baixo vigor. (Marcos Filho, 2005) relata
que existem vários fatores que podem afetar os resultados da condutividade e um deles é o
tratamento químico.
O fato das sementes que apresentaram melhor potencial fisiológico (Testemunha e
Formol) não estarem correlacionados com maior emergência a campo é que os resultados do
teste de condutividade elétrica só permitem comparações do potencial fisiológico entre lotes
avaliados, sendo muito difícil inferir sobre o comportamento de lotes de semente, em
condições de campo, visto que esse comportamento estará na dependência das condições
climáticas predominantes durante a semeadura e a emergência de plântulas e também porque
os produtos químicos podem ter alterado a concentração de lixiviados.
Pelos resultados das avaliações do IVE, número de folhas, comprimento da parte aérea,
massa verde e seca de parte área não se observou diferença estatística entre sementes tratadas
quimicamente e a testemunha, ou seja, todas apresentaram o mesmo nível de vigor (Tabela 2).
Quanto à análise sanitária das sementes os tratamentos com carbendazim (15, 30 e 60) e
carboxim + thiram (25+25, 50+50, 100+100) em todas as concentrações proporcionaram um
índice de 100% de controle, porém no tratamento com formol e na testemunha foi verificado a
alta incidência de patógenos (Tabela 3). No entanto, apesar do alto índice de contaminação a
utilização de formol foi mais eficiente no controle dos patógenos veiculados a sementes de
mamona, quando comparado com a testemunha.

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481
Tabela 2. Médias obtidas com os seguintes testes de vigor: IVE= índice de velocidade de
emergência, NF= número de folhas, CPA= comprimento de parte aérea, MV= massa verde da
parte aérea e MS= massa seca da parte aérea. UEMS/UUC - Cassilândia-MS, 2006.
Vigor
Tratamentos IVE NF CPA MV MS
unid. cm g g
testemunha (H2O) 6.74 a 6.25 a 12.50 a 197.75 a 35.75 a
formol 0,15 %(v/v) 5.83 a 6.25 a 12.50 a 178.25 a 32.75 a
carbendazim 15 6.52 a 6.00 a 13.25 a 197.25 a 38.00 a
carbendazim 30 7.45 a 6.25 a 14.00 a 206.00 a 36.50 a
carbendazim 60 6.76 a 6.00 a 13.00 a 168.00 a 31.75 a
carboxim + thiram 25+25 6.44 a 6.00 a 14.00 a 198.25 a 37.25 a
carboxim + thiram 50+50 7.51 a 6.75 a 13.50 a 212.25 a 40.75 a
carboxim + thiram 100+100 6.98 a 6.25 a 13.25 a 212.75 a 38.50 a
CV (%) 17.15 8.88 10.32 20.26 17.08
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5%.

Tabela 3. Porcentagem de contaminação de fungos associados a sementes submetidas ao


análise sanitárias das mesmas. UEMS/UUC - Cassilândia-MS, 2007.
Tratamentos Contaminação (%)
Testeminha (H2O) 100.00 c
formol 0,15 %(v/v) 97.25 b
carbendazim 15 0.00a
carbendazim 30 0.00a
carbendazim 60 0.00a
carboxim + thiram 25+25 0.00a
carboxim + thiram 50+50 0.00a
carboxim + thiram 100+100 0.00a
CV (%) 4.59
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5%.

Na Tabela 4 encontram-se os resultados da incidência de fungos nas sementes tratadas


com formol e com água destilada. Os principais fungos detectados nas sementes foram
Cladosporium spp, Bipolares spp, Curvularia spp, Aspergillus flavus, Aspergillus niger,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

482
Aspergillus sp, Rhizopus sp, Penicillium sp, Rhizoctonia sp, Verticillium sp, Fusarium sp,
Arthrobotrys sp, Epicocum sp e Bactérias. Somente no tratamento com formol apareceram
também Alternaria sp e Tricoderma sp.
Tabela 4. Incidência de fungos (%) associadas as sementes de mamona submetidas aos
diferentes tratamentos. Os fungos mensionados nesta Tabela são: Cladosporium spp. (Cla),
Bipolares spp. (Bip), Curvularia spp. (Cur.), Aspergillus flavus (A.fl.), Aspergillus niger
(A.ni.), Penicillium sp. (Pen.), Fusarium sp. (Fus.) e Epicocum sp. (Epi.). UEMS/UUC -
Cassilândia-MS, 2006.
Incidência de fungos (%)
Tratamentos Cla. Bip. Cur. A.fl. A.ni. Pen. Fus. Epi.
H2O 58,77 a 6,72 a 9,43 a 31,87 a 29,60 a 30,55 a 3,94 a 1,31 a
formol 29,60 b 7,96 a 9,50 a 42,61 a 0,00 b 13,30 b 9,28 a 1,31 a
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5%.

4 CONCLUSÕES
Os fungicidas usados no controle químico de sementes não interferiram na germinação.
Os testes de vigor demonstraram heterogeneidade de resultados, entretanto pelos testes
PC, CE e EC21 as sementes tratadas com fungicidas proporcionaram maior vigor .
O formol embora seja recomendado pela literatura para o tratamento de sementes não
proporcionou resultados satisfatórios quanto ao vigor.
Os fungicidas testados independentemente da dose proporcionaram 100% de eficiência
no controle de patógenos

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 365 p., 1992.
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483
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46.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

484
ESTUDO COMPARATIVO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA ENTRE
DIFERENTES AMOSTRAS DE BIODIESEL

Daniel Bastos de Rezende, FIAT, daniel.rezende@fiat.com.br


Ronaldo Nunes de Andrade Ávila, FIAT, ronaldo.avila@fiat.com.br
Sara Araújo do Nascimento, FIAT, saraaraujost@yahoo.com.br

RESUMO: O conhecimento de informações a respeito da estabilidade oxidativa do


biodiesel pode evitar problemas com manuseio, transporte, armazenamento e uso desse
combustível. O presente artigo estuda o comportamento oxidativo de amostras de biodiesel
produzidas por rota metílica a partir de óleos de soja, canola, girassol, milho e banha de
porco, através de adaptação da metodologia de avaliação da estabilidade à oxidação da
gasolina ASTM D 525 (Período de Indução) e determinação do índice de acidez. Além disso,
o trabalho apresenta um estudo termogravimétrico comparativo entre as amostras de óleos
vegetais e banha, utilizadas como matérias-primas, e seus respectivos produtos da
transesterificação.

Palavras-Chave: Biodiesel, transesterificação, período de indução, oxidação,


termogravimetria.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

485
1 INTRODUÇÃO
A cada ano, intensifica-se a busca por fontes limpas e renováveis de energia em
substituição aos combustíveis fósseis. O biodiesel é um combustível produzido através de
fontes renováveis como óleos vegetais e gordura animal, utilizado puro ou misturado ao diesel
de petróleo. Pode ser utilizado em motores de combustão a diesel convencionais, sem a
necessidade de modificação nos mesmos. Dentre as formas conhecidas de produção desse
combustível, a mais comum, devido à praticidade, eficiência de processo e viabilidade
econômica, é a reação de transesterificação. Nessa reação, o óleo vegetal ou gordura animal
reage com álcool em excesso, na presença de catalisador, formando éster (biodiesel) e
glicerina. Ela pode ser catalisada por ácido ou base, sendo esta última mais comum, devido à
maior velocidade e conversão dos reagentes.
O Brasil é considerado um país de grande potencial para a exploração da biomassa para
fins diversos devido a sua grande extensão territorial e as diversidades de solo e clima. Dentre
as potenciais fontes de triglicerídeos para a produção do biodiesel brasileiro, encontram-se
oleaginosas como o dendê, o algodão, o girassol, a mamona, a soja, a canola e o milho, dentre
outras, além da possibilidade de utilização de gordura animal e óleo de fritura.
O conhecimento de informações a respeito da estabilidade térmica do biodiesel pode
evitar problemas com manuseio, transporte, armazenamento e uso desse combustível. A
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por meio da Resolução
ANP N° 42, de 24/11/2004, determina os parâmetros de qualidade do biodiesel, que incluem a
Estabilidade à Oxidação a 110°C (ISO/EN 14112) e Índice de Iodo (ISO/EN 14111), que
estão diretamente ligadas à tendência de oxidação deste biocombustível.
Os processos de degradação oxidativa do biodiesel dependem da natureza dos ácidos
graxos utilizados na sua produção, do grau de insaturação dos ésteres que o compõem, do
processo de produção adotado, teor de umidade, temperatura, luz e da presença de
antioxidantes. Dentre as implicações negativas deste processo, destacam-se o aumento da
viscosidade, a elevação da acidez e a formação de depósitos e compostos poliméricos
indesejáveis (que podem causar problemas nos motores, como entupimento das válvulas de
injeção e aumento do cisalhamento no interior das câmaras de combustão) [FERRARI, 2005].
Apesar das diversas variáveis que afetam a oxidação do biodiesel citadas anteriormente,
sabe-se que a presença de ligações duplas entre carbonos (grau de insaturação) é uma
característica de influência direta na estabilidade oxidativa do combustível.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

486
A reação em cadeia responsável pela degradação do óleo e do biodiesel ocorre
conforme o mecanismo genérico a seguir [WAYNICK, 2005]:

Iniciação: RH + I → R· + IH

R· + O2 → ROO·
Propagação: ROO· + RH → ROOH + R·

R· + R· → R-R
Terminação:
ROO· + ROO· → produto estável

A primeira etapa, chamada de iniciação, ocorre quando há a formação de um radical


livre na cadeia carbônica devido a um agente externo (luz, calor, catalisador, pressão, dentre
outros), representado pelo caractere “I” no esquema anterior. Esse radical livre pode ser
formado pela remoção de um átomo de hidrogênio ou pelo rompimento da ligação π de uma
insaturação, sendo este último caso o mais comum.
Uma vez formado, o radical livre reage com uma molécula de oxigênio, formando um
radical peróxido em uma reação extremamente rápida. O peróxido formado é suficientemente
reativo para remover o hidrogênio de outra cadeia carbônica, gerando outro radical livre
igualmente reativo. A essa etapa cíclica dá-se o nome de propagação. A reação em cadeia
termina quando dois radicais livres reagem entre si, numa etapa chamada de terminação. Em
alguns casos, é necessária a utilização de um antioxidante, cuja função é justamente
interromper a cadeia de formação de radicais livres no mecanismo de oxidação.
Durante o período inicial da oxidação, a concentração de ROOH (hidroperóxidos) no
óleo ou combustível é baixa. Após certo tempo, sua concentração aumenta rapidamente. Esse
período de tempo equivalente ao aumento da concentração de hidroperóxidos recebe o nome
de período de indução. Existem várias metodologias para determinação do período de
indução, que variará conforme as condições sob as quais a amostra é submetida.
Uma vez que hidroperóxidos de óleos graxos são formados, eles se decompõem para
formar aldeídos. Um estudo detectou aproximadamente 25 aldeídos durante a oxidação dos
óleos vegetais. Álcoois alifáticos, ácido fórmico e ésteres também foram detectados. Devido à
formação de ácidos de cadeias mais curtas, a oxidação dos óleos e biodiesel é sempre
acompanhada pelo aumento da acidez [WAYNICK, 2005].

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

487
Enquanto os hidroperóxidos de óleos graxos se decompõem, ligações oxidativas entre
as cadeias de ácidos graxos podem se formar, resultando em espécies com pesos moleculares
mais elevados (polimerização oxidativa). Tais espécies poliméricas raramente tornam-se
maiores do que os trímeros ou o tetrameros, embora não exista uma razão encontrada na
literatura disponível. Uma das evidências da formação do polímero é um aumento na
viscosidade do óleo. Na presença de oxigênio, os ácidos podem ser unidos tanto por ligações
C – C quanto por ligações C – O – C. A polimerização só ocorre em temperaturas superiores a
250°C. Logo, este mecanismo de degradação térmica não tem grande impacto na estabilidade
do produto armazenado [WAYNICK, 2005].
Existem diversas metodologias para verificação da estabilidade oxidativa de óleos,
gorduras e combustíveis. A maioria delas consiste em acelerar as reações de oxidação por
intermédio da temperatura, pressão de oxigênio, exposição à luz, adição de metais e agitação.
Da mesma forma que a maioria dos países, o Brasil, por intermédio da ANP, estabelece
a norma européia EN 14112 como referência para a realização dos ensaios de estabilidade à
oxidação. Neste teste, também conhecido como método Rancimat, a amostra é exposta a um
fluxo de ar (10 L/h) a 110ºC a fim de se acelerar o processo de oxidação. O fluxo de ar carreia
os ácidos voláteis (produtos de oxidação) para um vaso, contendo inicialmente água destilada,
onde se mede continuamente a condutividade elétrica [LUTTERBACH, 2007]. Encerra-se o
teste quando se observa um aumento brusco na condutividade da água (Período de Indução).
Um procedimento muito utilizado para verificação da estabilidade à oxidação da
gasolina é descrito pela norma ASTM D 525 (correspondente à norma brasileira NBR 14478).
Neste teste, uma amostra é colocada em um vaso de pressão e pressurizada com oxigênio na
faixa de 690 kPa a 705 kPa (100 psi a 102 psi) e aquecida a uma temperatura entre 98°C e
102°C. A pressão é lida e registrada continuamente até que o período de indução seja
atingido, o qual é precedido por uma queda de pressão de exatamente 14 kPa em 15 minutos
sucedida por outra queda de pressão igual ou maior que 14 kPa em 15 minutos [NBR 14478].
Para a gasolina, o teste visa avaliar a estabilidade à estocagem de modo que cada 60 minutos
decorridos permitam prever a estabilidade a um mês de estocagem [SANTOS, 2004].
Pesquisas recentes mostram que os períodos de indução determinados através do EN
14112 correlacionam-se bem com os determinados pelo método de determinação da
estabilidade oxidativa para gasolina (ASTM D 525) [WESTBROOK, 2005].
Este trabalho tem como objetivos estudar a estabilidade oxidativa de biodiesel metílico
produzido a partir de óleos de soja, canola, girassol e milho e banha de porco, e verificar a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

488
possibilidade da utilização do ensaio de determinação da estabilidade oxidativa de gasolina
para o biodiesel (ASTM D 525).
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram produzidas amostras de biodiesel a partir de óleos de soja, canola, girassol e
milho e banha de porco, todos produtos comerciais para fins alimentícios. Para a reação de
transesterificação utilizaram-se álcool metílico p.a. (99,85% de pureza), na razão molar de 6:1
álcool/óleo, e hidróxido de sódio anidro como catalisador, na proporção de 1% da massa de
óleo utilizada.
Em cada batelada, o hidróxido de sódio era previamente solubilizado no metanol em
agitador magnético e adicionado em um erlenmeyer de 2L, contendo o óleo a 60°C. A mistura
era submetida à agitação vigorosa por 1 hora em agitador mecânico e, em seguida, descansava
por 24 horas para separação das fases éster e glicerina.
Após a separação, à fase éster adicionava-se silicato de magnésio (2% m/m) para
adsorção das impurezas (metanol, NaOH, água, glicerina, etc) e agitava-se por 20 minutos em
agitador magnético. O excesso de silicato de magnésio era retirado por sedimentação e o que
permanecia em suspensão era removido por centrifugação em equipamento Jouan B4i (1800
rpm por 20 minutos).
Em todas as fontes de triglicerídeos utilizadas foram determinados teor de água (Karl-
Fisher) e acidez (titulação colorimétrica), sendo esta última análise realizada também nas
amostras íntegras e oxidadas de biodiesel. Faixas de viscosidade cinemática dos óleos, das
amostras de biodiesel íntegras e oxidadas foram determinadas em viscosímetro Anton Paar
SVM3000.
Para oxidação das amostras de biodiesel e determinação do período de indução,
utilizou-se equipamento de oxidação acelerada Scavini Beveno-Italy, de acordo com os
procedimentos descritos pela norma ASTM D 525, com temperatura de 110°C. As amostras
permaneceram sob as condições de ensaio por quatro horas para fins comparativos. Neste
tempo, todas elas já haviam atingido seus períodos de indução.
Para avaliação da estabilidade térmica, utilizou-se um analisador termogravimétrico
His-Res TGA2950 TA Instruments, com taxa de aquecimento de 10°C/min e vazão de
50ml/min para nitrogênio e 85ml/min para ar sintético.
A presença de metanol nas amostras de biodiesel foi avaliada qualitativamente através
de espectrometria na região do infravermelho médio por transformada de Fourier. O
equipamento utilizado foi um Nicolet Nexus 470 FT-IR da Thermo Electron Corporation.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

489
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As Figuras 1 e 2 a seguir mostram o comportamento viscométrico dos óleos e
amostras de biodiesel íntegras e oxidadas em função da temperatura.

90

80

70

60 Óleo de soja
Óleo de canola
Viscosidade (cSt)

Óleo de girassol
50
Óleo de milho
Biodiesel de soja
Biodiesel de canola
40
Biodiesel de girassol
Biodiesel de milho
30 Biodiesel de banha

20

10

0
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Temperatura (°C)

Figura 1: Viscosidades dos óleos e amostras de biodiesel em função da temperatura.


9

6 Biodiesel de soja
Biodiesel de canola
Viscosidade (cSt)

Biodiesel de girassol
5 Biodiesel de milho
Biodiesel de banha
Oxidado de soja
4 Oxidado de canola
Oxidado de girassol
Oxidado de milho
3 Oxidado de banha

0
20 30 40 50 60 70 80 90
Temperatura (°C)

Figura 2: Viscosidades das amostras de biodiesel íntegras e oxidadas em função da


temperatura.

A viscosidade da banha de porco não foi avaliada por ser sólida a temperatura ambiente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

490
Observa-se que as viscosidades dos óleos, apesar de diferentes, apresentam o mesmo
comportamento em função da temperatura. As diferenças nos valores de viscosidade
diminuem proporcionalmente com o aumento da temperatura, tanto entre os óleos quanto
entre as amostras de biodiesel. As viscosidades das amostras oxidadas de biodiesel mostraram
comportamento muito semelhante às amostras íntegras, porém, com valores mais elevados,
indício da ocorrência de polimerização.
A semelhança nos valores de viscosidade das amostras de biodiesel provenientes de
matérias-primas diferentes possibilita a utilização de blendas sem que haja alteração
significativa no comportamento fluidodinâmico do combustível.
Apesar da programação de análises utilizada no viscosímetro (com leituras de
viscosidade de 20°C a 100°C, a cada 10°C) ocorreu erro de medição para as amostras de
biodiesel nas temperaturas próximas de 70°C. Como o equipamento possui faixa de medição
de 0,2 a 20.000 cSt, o erro de leitura sugeriu presença de voláteis nas amostras a essa
temperatura. Suspeitou-se então da presença de metanol remanescente do processo de
transesterificação. Porém, essa hipótese não foi confirmada pela análise dos espectros na
região do infravermelho médio, que sugeriram a presença de traços ou ausência de hidroxilas
nas amostras (região de número de onda ao redor de 3460 cm-1). Os espectros obtidos podem
ser visualizados na Figura 3.
Logo, acredita-se que os voláteis formados tenham sido resultado da oxidação das
amostras quando aquecidas no interior do viscosímetro, ou mesmo frações leves constituintes
do biocombustível.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

491
Figura 3: Espectros na região do infravermelho médio das amostras de biodiesel.

Avaliações dos espectros sugerem presenças predominantes de ésteres, olefínas e


hidrocarbonetos alifáticos.
A Tabela 1, a seguir, apresenta os valores das determinações do teor de água, acidez e
período de indução das amostras. Todos os ensaios foram realizados em triplicata. Os desvios
para os valores de teor de água e acidez são de + 0,02% m/m e 0,03 mg KOH/g,
respectivamente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

492
Tabela 1: Ensaios realizados na matéria-prima e nas amostras de biodiesel.
Fonte de Teor de água Acidez Período de
Produto
Triglicerídeo (% m/m) mg KOH/g Indução (min)
Óleo 0,08 0,29 -
Soja Biodiesel - 0,20 163
Biodiesel oxidado - 3,09 -
Óleo 0,07 0,13 -
Canola Biodiesel - 0,15 197
Biodiesel oxidado - 2,89 -
Óleo 0,06 0,17 -
Girassol Biodiesel - 0,15 122
Biodiesel oxidado - 3,60 -
Óleo 0,08 0,25 -
Milho Biodiesel - 0,16 286
Biodiesel oxidado - 2,30 -
Óleo 0,19 0,44 -
Banha Biodiesel - 0,07 218
Biodiesel oxidado - 2,24 -

A transesterificação é afetada pelas características da fonte de triglicerídeos utilizadas.


Para se ter um bom rendimento na reação, é necessário ter índice de acidez menores que 2 mg
KOH/g e umidade inferior a 0,5% m/m no óleo ou gordura utilizado [DANTAS]. Portanto, de
acordo com as análises, as matérias-primas utilizadas eram suficientemente isentas de
umidade e acidez para a produção de biodiesel.
Com relação às análises do produto acabado, como era esperado, observa-se que os
valores de período de indução são inversamente proporcionais aos índices de acidez, como
pode ser melhor visualizado no gráfico apresentado na Figura 4. Os valores de acidez
apresentados no gráfico são os valores obtidos para as amostras de biodiesel subtraídos dos
valores obtidos das amostras oxidadas, ou seja, acidez relativa aos produtos de oxidação.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

493
Período de Indução vs Índice de Acidez

300 4,00

3,50
250

3,00

Índice de Acidez (mg KOH/g)


200
Período de Indução (min)

2,50

Período de Indução
150 2,00
Índice de Acidez

1,50
100

1,00

50
0,50

0 0,00
Canola Milho Soja Girassol Banha
Biodiesel

Figura 4: Comparação entre os valores de período de indução e índice de acidez.

Este resultado evidencia a relação entre a oxidação do biodiesel e o aumento da acidez,


além de mostrar que a metodologia de determinação do período de indução para a gasolina
pode ser adaptada para a determinação dessa propriedade para o biodiesel.
A Figura 5 mostra que a tendência da correlação entre o índice de acidez e o período de
indução independe da fonte de triglicerídeos utilizada para a produção do biodiesel, fato que
torna possível a utilização de uma mesma metodologia de avaliação da estabilidade oxidativa
para qualquer biodiesel. O ponto de período de indução de 218 minutos, correspondente ao
biodiesel de banha de porco é o que apresenta maior desvio da linha de tendência.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

494
Correlação entre Período de Indução e Índice de Acidez

4,00

3,50

3,00
Índice da Acidez (mg KOH/g)

2,50

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
Período de Indução (min)

Figura 5: Correlação entre o período de indução e o índice de acidez, independentemente da


fonte de triglicerídeos utilizada para a produção do biodiesel.
Período de Indução a 110°C de Amostras de Biodiesel

1050

1000

950

900
Pressão (kPa)

850

800

750

700

650

Canola Milho Soja Girassol Banha

Figura 6: Curva para determinação do período de indução (ASTM D 525).

Através da Figura 6 pode-se ver a resposta da pressão em cada ensaio de estabilidade à


oxidação em função do tempo. Em todos os casos observa-se um aumento inicial da pressão,
que corresponde do deslocamento do equilíbrio líquido-vapor com o aumento da temperatura
das amostras no início de cada ensaio. A subseqüente queda de pressão está relacionada ao
consumo de oxigênio pela reação de oxidação.
Vê-se claramente que a taxa de queda da pressão para o biodiesel de girassol é maior
comparada às outras amostras, levando a um período de indução inferior. A queda ocorreu a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

495
uma taxa menor para o biodiesel de milho, resultando no maior período de indução
observado.
As Figuras 7, 8, 9 e 10, bem como as Tabelas 2 e 3 apresentam os resultados obtidos nas
análises termogravimétricas dos óleos, banha e amostras de biodiesel.

Figura 7: Curvas TG/DTG (perda de massa e derivada) das amostras de banha e de óleos de
canola, girassol, milho e soja em atmosfera oxidante.

Figura 8: Curvas TG/DTG (perda de massa e derivada) das amostras de banha e de óleos de
canola, girassol, milho e soja em atmosfera inerte.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

496
Figura 9: Curvas TG/DTG das amostras de biodiesel em atmosfera oxidante.

Figura 10: Curvas TG/DTG das amostras de biodiesel em atmosfera inerte.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

497
Tabela 2: Dados retirados das análises termogravimétricas das amostras de banha e de óleos
de soja, girassol, milho, canola.
Temp. Temp.
Massa da Intervalo
inicial - final - Variação da
Óleo Atmosfera amostra de reação
Onset Onset massa (%)
(mg) (°C) *
Point (°C) Point (°C)
Ar sintético 24,48 334,45 526,42 191,97 36,9/55,6/8,5
Soja
Nitrogênio 26,22 392,75 454,55 61,80 99,7
Ar Sintético 31,21 341,10 560,02 218,92 41,7/50,2/8,0
Girassol
Nitrogênio 28,77 388,20 446,40 58,20 99,4
Ar Sintético 26,94 342,67 548,40 205,73 47,1/46,0/6,9
Milho
Nitrogênio 29,60 388,30 446,08 57,78 99,2
Ar Sintético 30,28 336,26 526,61 190,35 46,2/46,5/7,3
Canola
Nitrogênio 29,35 390,89 440,23 49,34 99,3
Ar Sintético 32,20 332,47 558,20 225,73 69,2/25,3/5,6
Banha
Nitrogênio 33,39 395,65 441,82 46,17 99,4

Tabela 3: Dados retirados das análises termogravimétricas das amostras de biodiesel


produzidas a partir de banha e de óleos de soja, girassol, milho, canola.
Temp.
Massa da Temp. final Intervalo de
inicial - Variação da
Biodiesel Atmosfera amostra - Onset reação (°C)
Onset Point *
massa (%)
(mg) Point (°C)
(°C)
Ar sintético 29,17 213,81 269,22 55,41 98,0
Soja
Nitrogênio 24,69 216,28 263,91 47,63 98,7
Ar Sintético 29,02 215,15 269,35 54,20 97,02
Girassol
Nitrogênio 29,23 219,94 268,65 48,71 98,16
Ar Sintético 29,13 211,10 267,03 55,93 92,8
Milho
Nitrogênio 28,51 216,12 267,11 50,99 95,7
Ar Sintético 26,53 216,47 266,05 49,58 97,3
Canola
Nitrogênio 26,98 221,12 269,05 47,93 98,9
Ar Sintético 28,68 210,72 264,48 53,76 98,1
Banha
Nitrogênio 28,90 216,10 265,81 49,71 98,8

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

498
* IONASHIRO, M.; GIOLITO, I. Nomenclatura, padrões e apresentação dos resultados em análise térmica.
Departamento de Química Fundamental. Instituto de Química da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP,
Brasil.
As curvas termogravimétricas dos óleos, obtidas a partir das análises realizadas com
atmosfera de ar sintético (atmosfera oxidante), apresentaram três etapas de perda de massa
(Figura 7). Estes três estágios estão relacionados com a decomposição dos ácidos graxos
poliinsaturados, monoinsaturados, e saturados, respectivamente [SOUZA]. Tal seqüência de
decomposição é devida à presença das ligações duplas, que diminuem a resistência ao ataque
das moléculas de oxigênio, formando assim, mais radicais livres e acelerando a oxidação. Já
na curva referente às amostras de biodiesel (Figura 9), foi verificada a presença de uma única
etapa de perda de massa. Uma hipótese para este evento é a volatização dos ácidos
insaturados antes que estes atinjam a temperatura de degradação inicial.
As curvas obtidas na análise das amostras de óleo e de biodiesel em atmosfera de
nitrogênio (atmosfera inerte) apresentaram apenas uma etapa de perda de massa concernente
à decomposição e volatilização, respectivamente, conforme indicado nas Figuras 8 e 10.
Evidenciaram-se, a partir dos dados das Tabelas 2 e 3, que as amostras de biodiesel
apresentaram temperaturas iniciais de degradação menores que as dos óleos, indicando uma
maior volatilidade e assim favorecendo a sua utilização como combustível.
Em atmosfera oxidante, os perfis termogravimétricos para os óleos e banha deslocaram-
se para menores temperaturas, devido ao favorecimento do processo de decomposição. Os
perfis para as amostras de biodiesel em atmosfera inerte deslocaram cercar de 5°C com
relação aos perfis em atmosfera oxidante. Esse fato pode ser explicado pela maior vazão
utilizada com ar sintético, capaz de carrear os voláteis com maior facilidade.

4 CONCLUSÃO
Análises de espectrometria na região do infravermelho médio sugeriram a obtenção de
um biodiesel com baixos teores ou isenção de umidade e metanol. Além disso, os valores de
acidez dos mesmos se mostraram abaixo da especificação brasileira – 0,80 mg KOH/g –
[ANP], o que indica que processo de produção do biocombustível (produção e tratamento)
ocorreu de forma satisfatória.
Constatou-se também a semelhança nos valores de viscosidade das amostras de
biodiesel provenientes de matérias-primas diferentes, fato que possibilita a utilização de
blendas de biodiesel sem alteração significativa no comportamento fluidodinâmico do
combustível.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

499
Foi evidenciada a relação entre a oxidação do biodiesel e o aumento da acidez. Além
disso, confirmou-se a possibilidade de utilização da metodologia de determinação do período
de indução da gasolina para avaliação da estabilidade à oxidação do biodiesel, podendo se
tornar uma alternativa para avaliação qualitativa deste parâmetro de qualidade. Observou-se,
também, que a tendência da correlação entre o índice de acidez e o período de indução
independe da fonte de triglicerídeos utilizada para a produção do biodiesel.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natura e Biocombustíveis - Resolução ANP N°
42, de 24/11/2004 – DOU 9/12/2004 – RET. DOU 19/04/2005.

DANTAS, H. J. et al. Caracterização Físico-Química e Estudo Térmico de Biodiesel


Etílico de Algodão. Disponível em: <http://www.biodiesel.gov.br/docs/congressso2006/
/Caracterizacao/PaginasFisio1.pdf> Acesso em: 08 de junho de 2007.

FERRARI, R. A.; OLIVEIRA, V.S.; SCABIO, A. Oxidative stability of biodiesel from


soybean oil fatty acid ethyl esters, Scientia Agrícola, v. 62, n.3, p. 291-295, 2005.

LUTTERBACH, M. et al. Avaliação da Tendência à Biocorrosão e da Estabilidade à


Oxidação de Biodiesel Metílico de Soja e Mistura B5. Disponível em:
<http://www.biodiesel.gov.br/docs/congressso2006/Armazenamento/AvaliacaoTendencia8.pd
f> Acesso em: 23 de maio de 2007.

NBR 14478:2000 – Gasolina – Determinação da estabilidade à oxidação pelo método do


período de indução.

SANTOS, J. A. Produtos Petrobras. Gasolina Automotiva. 5ª ed. Novembro de 2000.


SOUZA, A. G de. A thermoanalytic and kinetic study of sunflower oil. Brazilian Journal of
Chemical Engineering. Vol. 21, Nº. 02 pp. 265-273. Abril-junho de 2004.

WAYNICK, J. A, et al. Characterization of Biodiesel Oxidation and Oxidation Products.


Letter Report No. SwRI 08-10721-2005, For National Renewable Energy Laboratory, CRC
Project No. AVFL-2b, agosto de 2005.

WESTBROOK, S. R. An Evaluation and Comparison or Test Methods to Measure the


Oxidation Stability of Neat Biodiesel. National Renewable Energy Laboratory, San
Antonio, Texas: novembro de 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

500
PRODUTIVIDADE DE MATERIAIS DE AMENDOIM DE PORTE ERETO
CULTIVADO EM CERRADO DE RORAIMA

Oscar José Smiderle, EMBRAPA RORAIMA, ojsmider@cpafrr.embrapa.br


Taís Falleiro Suassuna, EMBRAPA ALGODÃO, tais@cnpa.embrapa.br
Sebastião Robison da Silva, EMBRAPA RORAIMA, robisongaldino@hotmail.com

RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar a produtividade de grãos e características


agronômicas de cultivares e linhagens avançadas de amendoim em cerrado de Roraima. Foram
comparados 15 materiais de amendoim de porte ereto (BR- 1; Havana; L-7; Tatu-ST; L7bege
(184AM); 270AM; 271AM; Caiapó; 178AM; 166AM; 178AM; 179AM; 202AM; Serrinha e 76AM,
respectivamente tratamentos de 1 a 15) em 2006 no campo experimental Serra da Prata, localizado no
município de Mucajaí, Roraima. O espaçamento utilizado foi de 0,5 m x 0,2 m. As parcelas foram
constituídas por quatro linhas de 5 m de comprimento, sendo a parcela útil, as duas linhas centrais, e
as duas externas a bordadura. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com
quatro repetições. A adubação de plantio constou da aplicação nos sulcos de semeadura de 100 kg ha-
1 de P2O5 e 80 kg ha-1 de K2O. A colheita foi realizada manualmente e individualmente por parcela.
Em seguida, após a secagem à sombra, foi realizada a separação das vagens. Foram realizadas
avaliações de produtividade e algumas características agronômicas como o florescimento, ciclo de
cultivo e número de vagens em 10 plantas. As cultivares de amendoim avaliadas apresentam menor
adaptabilidade em relação as linhagens, em condições de instalação de cultivo em área de cerrado em
Roraima. As linhagens 180AM (3.633 kg ha-1 de grãos) e 180AM (3.492 kg ha-1 de grãos)
mostraram-se bastante produtivas para cultivo em cerrado de Roraima.

Palavras-Chave: Época de semeadura; ciclo; cultivares; Arachis hypogea.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

501
1 INTRODUÇÃO
Os cultivos com a cultura do amendoim visam a obtenção de sementes destinadas
principalmente à extração de óleo, podendo, também, as sementes serem consumidas in
natura, torradas ou empregadas para fabricação de doces. O grão é processado para a
extração do óleo bruto, que refinado, pode ser consumido diretamente na alimentação
humana ou utilizado na indústria de conservas (alimento enlatado) e de produtos
medicinais. Presta-se ainda para fins carburantes tendo sido incluído em proposta de um
programa de óleos vegetais para fins energéticos no País.
O amendoim in natura, parcial ou totalmente processado industrialmente, proporciona
uma série de produtos e subprodutos que atendem a mercados específicos, gerando
empregos e renda desde aos pequenos produtores familiares, que manufaturam os grãos
nas denominadas "fabriquetas de fundo de quintal", até às grandes agroindústrias
nacionais e multinacionais. Portanto, a importância sócio econômica da cultura reside na
comercialização e utilização dos produtos e subprodutos.
Em Roraima, considerada a fronteira agrícola mais setentrional do Brasil, está em
desenvolvimento um projeto de melhoramento de oleaginosas (mamona e amendoim)
liderado pela Embrapa Algodão, estudos de adaptação de cultivares e linhagens avançadas de
amendoim de porte ereto (cores creme e vermelha) e ajustes do sistema produtivo, para as
condições dos cerrados do Estado de Roraima.
O objetivo do trabalho foi de avaliar a produtividade de grãos e características
agronômicas de cultivares e linhagens avançadas de amendoim de porte ereto em cerrado de
Roraima.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados 15 materiais de amendoim de porte ereto (BR- 1; Havana; L-7; Tatu-
ST; L7bege (184AM); 270AM; 271AM; Caiapó; 178AM; 166AM; 178AM; 179AM;
202AM; Serrinha e 76AM, respectivamente tratamentos de 1 a 15) em 2006 no campo
experimental Serra da Prata, localizado no município de Mucajaí, Roraima. O espaçamento
utilizado foi de 0,5 m x 0,2 m. As parcelas foram constituídas por quatro linhas de 5 m de
comprimento, sendo as duas linhas centrais com quatro metros de comprimento, a parcela útil
e as duas externas a bordadura. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao
acaso, com quatro repetições.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

502
O solo foi preparado com uma aração e duas gradagens. A adubação constou da
aplicação em sulcos de semeadura de 100 kg ha-1 de P2O5 e 80 kg ha-1 de K2O. O controle de
plantas daninhas foi realizado com a aplicação de herbicida alachlor® em pré-emergência 2
kg ha-1 de i.a., e por uma capina manual durante o desenvolvimento da cultura quando foi
realizado o chegamento de terra junto às plantas, assim que surgiram as primeiras flores.
A colheita foi realizada manualmente e individualmente por parcela. Em seguida, após a
secagem a sombra, foi realizada a separação das vagens, retirando-se as impurezas (torrões,
folhas e ramos).
Foram realizadas avaliações de produtividade de vagens e grãos e características
agronômicas como o florescimento; ciclo de cultivo; número de vagens em 10 plantas.
Os resultados médios obtidos na produtividade e número de vagens em 10 plantas, safra
2006, foram submetidos a análises de variância e teste de médias pelo pacote estatístico
SANEST (Zonta & Machado, 1993) segundo o delineamento em blocos ao acaso, com quatro
repetições e apresentados na Tabela 1. Nas comparações de médias dos tratamentos adotou-se
o teste de Tukey a 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na análise de variância dos dados coletados, verificou-se significância estatística para
os tratamentos (cultivares/ linhagens) no numero de vagens por 10 plantas e a produtividade
de grãos (kg ha-1), ambos apresentaram diferenças entre os materiais (Tabela 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

503
Tabela 1. Resumo da análise de variância das características número de vagens por 10 plantas
(NV10P, unidade) e produtividade de grãos (PROD, em kg ha-1) de amendoim de porte ereto.
F.V. G.L. Q.M.
NV10P PROD
BLOCOS 3 8914,72 ns 2813,29 ns
TRATAMENTOS 14 27187,8** 24447,05**
RESÍDUO 42 4903,08 1352,84
MÍNIMO 88,7 375
MÉDIA 332,5 2569
MÁXIMO 429,2 3633
CV% 21,06 14,32
DMS-Tukey (5%) 178,35 936,9
** Significativo, pelo teste F, a 1% de probabilidade. nsnão significativo
Os materiais de amendoim apresentaram florescimento entre 21 e 23 dias e o ciclo de
cultivo para a maioria ficou entre 92 e 93 dias, a cultivar Caiapó apresentou ciclo mais longo
com 126 dias (Tabela 2).
Quanto ao número médio de vagens em 10 plantas constatou-se semelhança para os
materiais avaliados e variando de 254 a 429, destoando das demais apenas a cultivar Tatu-ST
com 89 vagens.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

504
Tabela 2. Valores médios de componentes de produção dos materiais de amendoim de porte
ereto produzidos em cerrado de Roraima 2006, ordenados segundo o teste de Tukey (α=0,05)
Materiais Produtividade florescimento NV10P Ciclo
BR-1 2906 277
abcd 23 a 93
Havana 2055 d 21 300 a 92
BRS 151 L7 2695 bcd 22 348 a 92
Tatu-ST 375 e 23 89 b 93
L7bege-(184AM) 3492 ab 23 353 a 93
270 AM 2625 bcd 22 353 a 93
271 AM 3203 abc 22 336 a 93
Caiapó 1992 d 21 350 a 126
180 AM 3633 a 21 392 a 92
166 AM 2891 abcd 22 429 a 93
178 AM 3031 abc 21 423 a 92
179 AM 2555 cd 22 346 a 93
202 AM 2055 d 22 369 a 93
Serrinha 2648 bcd 21 254 ab 93
76 AM 2375 cd 22 370 a 92

Média 2569 332,5


* Prod – produtividade de grãos (kg ha-1); florescimento (dias após a emergência das plântulas); NV10P –
número de vagens em 10 plantas (unidade); Ciclo (dias após a emergência)
As seis cultivares avaliadas apresentaram produtividades médias de grãos de amendoim
entre 1.992 e 2.906 kg ha-1 de grãos, enquanto as produtividades das linhagens 180 AM
(3.639 kg ha-1 de grãos) e L7bege 184AM; 3.492 kg ha-1 de grãos) foram bem superiores a
média do experimento (2.569 kg ha-1 de grãos) indicando bom desempenho da cultura para as
condições de Roraima. Verifica-se a perspectiva da utilização do amendoim, especialmente
em pequenas propriedades do Estado, como alternativa para diversificação da produção e
renda, bem como para algumas áreas maiores com adoção de alta tecnologia incluindo a
mecanização.
Os melhores resultados médios de produtividade de grãos obtidos neste experimento
(Tabela 2) conduzido no campo Serra da Prata são inferiores aos obtidos nos anos de 2004 e
2005 por Smiderle et al. (2006b), indicando oscilação de resultados produtivos entre anos de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

505
cultivo. Assim como sao inferiores aos obtidos em 2005 no campo experimental Água Boa
(Smiderle et al., 2006).

4 CONCLUSÕES
As cultivares de amendoim avaliadas apresentaram menor adaptabilidade em relação as
linhagens, em condições de instalação de cultivo em área de cerrado em Roraima;
As linhagens 180AM (3.633 kg ha-1 de grãos) e 180AM (3.492 kg ha-1 de grãos)
mostraram-se bastante produtivas para cultivo em cerrado de Roraima.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SMIDERLE, O.J.; MOURÃO JR, M.; SUASSUNA, T.M.F. Produtividade de materiais de
amendoim cultivado no cerrado de Roraima. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3, 2006, Varginha.
Resumos. Lavras: UFLA, 2006. p. 279-283.

SMIDERLE, O.J.; MOURÃO JR. M.; SUASSUNA, T.F. Produtividade e características


agronômicas de materiais de amendoim produzidos em Roraima. In: SIMPOSIO DO
AGRONEGÓCIO DE PLANTAS OLEAGINOSAS: MATÉRIAS PRIMAS PARA
BIODIESEL, 2. 2006. Resumos...Piracicaba: ESALQ/USP/LPV, p.56-58. 2006b.

ZONTA, E.P.; MACHADO, A.A.SANEST: Sistema de análise estatística para


microcomputadores. Piracicaba: CIAGRI/ESALQ/USP, 1993. 138p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

506
BRS 151 L-7: CULTIVAR DE AMENDOIM PARA AS CONDIÇÕES
DO CERRADO DE RORAIMA

Oscar José Smiderle, EMBRAPA, ojsmider@cpafrr.embrapa.br


Taís Falleiro Suassuna, EMBRAPA ALGODÃO, tais@cnpa.embrapa.br

RESUMO: A BRS 151 L-7 é uma cultivar de amendoim, de sementes de coloração


vermelha, de forma oblonga, desenvolvida pela Embrapa Algodão (CNPA), e destinada ao
consumo in natura e à indústria de alimentos. A cultivar é de porte ereto, resultante do
cruzamento entre as cultivares produtivas IAC-Tupã (tipo Valência) e a cultivar Senegal 55-
437 (tipo Spanish), de ciclo curto. Em ensaios regionais realizados em 2 municípios do estado
de Roraima de 2004 a 2006, a cultivar apresentou grande potencial para produtividade de
sementes, ciclo vegetativo de 90 dias, tolerância ao estresse hídrico, e grande adaptação ao
cultivo. Sua produtividade média de grãos em condições experimentais de Roraima é de 3.577
kg ha-1 em cultivo de sequeiro, o que corresponde a uma elevação na ordem de 9%, com
relação à produtividade da cultivar BR 1. No aspecto nutricional, a cultivar BRS 151 L-7
apresenta um teor de óleo de 46%, e sua farinha desengordurada contém 55% de proteína;
entre os aminoácidos essenciais, é limitante apenas no teor de lisina, em comparação com o
padrão da FAO/85. Em função dos bons resultados em produtividade e características
agronômicas desejáveis indica-se a extensão para cultivo da BRS 151 L-7 em áreas de cerrado
de Roraima.

Palavras-Chave: Produtividade de amendoim, cultivar, qualidade, Arachis hypogea.

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507
1 INTRODUÇÃO
O amendoim (Arachis hypogaea L) é uma oleaginosa de importância mundial, razão por
que é responsável 10% da produção mundial de óleo comestível e o quinto mais consumido,
com produção superior a quatro milhões de toneladas (GODOY et. al. 2004). No aspecto
botânico, trata-se de uma planta que se pode desenvolver em ambientes com condições
climáticas adversas e de baixa precipitação pluvial. Nas regiões semi-áridas e áridas da África
e Ásia, maiores produtores mundiais, o amendoim é cultivado extensivamente em regime de
sequeiro (SANTOS, 1999; GODOY et al. 2004).
A produção mundial de grãos de amendoim, atualmente, atinge a marca de 23,5 milhões
de toneladas anuais; deste total, 60% são destinados ao esmagamento para extração do óleo
comestível, gerando ainda um subproduto industrial (torta ou farelo), utilizado em ração
animal; os 40% restantes, cerca de 8 milhões de toneladas, são utilizados como alimento
humano, in natura, como componente de iguarias caseiras ou processados pela indústria de
confeitaria. Os países em desenvolvimento são responsáveis por 80% da produção de
amendoim, e aproximadamente 67% é originária dos trópicos semi-áridos (SANTOS, 1997).
No Brasil, a cultura é explorada em larga escala no Estado de São Paulo, respondendo
por cerca de 80% da produção. A região Nordeste detém cerca de 14%, a maioria conduzida
por pequenos produtores que vivem da agricultura familiar (SANTOS et al, 1999). Para as
condições climáticas dessa região, onde as adversidades de clima são expressivas, o
amendoim se constitui numa excelente alternativa agrícola. As cultivares precoces
desenvolvidas pela Embrapa têm apresentado grande adaptação e estabilidade em ambientes
semi-áridos (SANTOS et al. 1999; NOGUEIRA et al. 1998; NOGUEIRA e SANTOS, 2000).
Em Roraima, considerada a fronteira agrícola mais setentrional do Brasil, está em
desenvolvimento, um projeto de melhoramento de oleaginosas (mamona e amendoim)
liderado pela Embrapa Algodão, estudos de adaptação de cultivares e linhagens avançadas de
amendoim de porte ereto (cores creme e vermelha) e ajustes do sistema produtivo, para as
condições dos cerrados do Estado de Roraima.
A indicação da extensão da BRS 151 L-7 vem suprir a ausência de cultivares de
amendoim de porte ereto indicadas pela pesquisa para cultivo em cerrado de Roraima.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

508
2 MATERIAL E MÉTODOS
A BRS 151 L-7 foi obtida mediante hibridação entre as cultivares IAC-Tupã, material
desenvolvido para a Região Sudeste do Brasil e a Senegal 55-437, material de origem africana
(Tabela 1). Quatro linhagens isogênicas, entre outras 24, foram selecionadas desse
cruzamento, para compor a BRS 151 L-7, que apresenta ciclo vegetativo de 87 dias em
condições de sequeiro, tolerante à seca e de grande adaptação ao cultivo em regiões semi-
áridas assim como em cerrado de Roraima com ciclo de 90 dias.
A cultivar mantém as características do grupo Valência; é de porte ereto, medindo em
torno de 45 cm. As hastes e os ginóforos são de coloração verde-arroxeada. As vagens são de
tamanho médio, apresentando constrição e reticulação moderadas (VEIGA et al., 1996),
contendo uma a duas sementes; estas são de coloração vermelha, de forma alongada e
tamanho grande, sendo indicada para o mercado de consumo in natura e para indústria de
alimentos.

Tabela 1. Características agronômicas das cultivares de amendoim de porte ereto, BRS 151
L7 e IAC – Tupã.
Cultivar
Característica BRS 151 L-7 IAC - Tupã
Ciclo (DAE)1 92 105
Inicio da floração (DAE) 21 26
Altura da haste principal (cm) 45 42
No. sementes por vagem 2 2-3
Cor da semente vermelha vermelha
Tamanho da semente grande grande
Formato da semente oblonga oblonga
Óleo bruto na semente (%) 46 49
Proteína bruta na semente 30 29
Comportamento quanto ao estresse
tolerante sensível
hídrico2
1 Dias após a emergência 2 Dez dias de suspensão hídrica, iniciada aos 20 dias após a semeadura (Santos et al.,
1997; Nogueira et al., 1998).

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509
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O rendimento de amêndoas apresentado fica entre 75 e 76%, 3 a 4% superior do obtido
quando cultivada no Nordeste brasileiro. O inicio da floração ocorre aos 20 dias após a
emergência de plântulas.
Em quatro ensaios conduzidos em condições de sequeiro nos Municípios de Mucajaí e
Boa Vista, entre 2004 e 2006, a BRS 151 L-7 apresentou produtividade média de grãos de
3.304 kg ha-1, apresentando variações nos valores médios para os três anos de avaliação em
Mucajaí. Comparada com a cultivar tradicional BR 1, a BRS 151 L-7 supera em 9% na
produtividade de sementes. Em 2005 quando foi avaliada também no campo experimental
Água Boa produziu em média 4398 kg ha-1 de grãos. Considerando os quatro cultivos a
média da cultivar é de pelo menos 3.577 kg ha-1 de grãos.
Os valores médios de componentes de produção de amendoim, cultivar BRS 151 L-7 e
demais genótipos, obtidos por Smiderle et al. (2006b e 2006) nos campos experimentais Serra
da Prata em 2004 e 2005 estão na Tabela 2 e no Água Boa em 2005 (Tabela 3). Em 2006 a
produtividade média baixou e foi de 2.695.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

510
Tabela 2. Valores médios de produtividade e massa de 100 vagens dos genótipos avaliados,
em função dos anos de cultivo no campo experimental Serra da Prata, Mucajaí – Roraima.
Produtividade Massa 100 vagens
(kg ha-1) (g vagem-1)
Genótipos 2004 2005 2004 2005
Linhagens 076AM 3188 a 3099 c 64,8 de 78 fg
166AM 4198 a 3249 c 61,3 de 68,6 h
178 AM 3551 a 3824 abc 67,8 cde 79,3 ef
179AM 3486 a 3467 bc 71,1 cd 87 de
180 AM 3998 a 4756 ab 85 ab 96,4 abc
184 AM 3448 a 5086 a 84,8 ab 103,7 a
202 AM 2098 a 3945 abc 58,5 e 70,2 gh
Cultivares BR-01 3021 a 3189 c 89,9 ab 103,6 ab
L-07 3518 a 3700 abc 78,6 bc 92,2 cd
Serrinha 3390 a 2851 c 94 a 95,1 bcd
C.V. (%) 38% 30% 19% 15%
g.l. (9;30) (9;30) (9;30) (9;30)
Teste F F 0,72 2,12 8,50 19,31
p n.s. * ** **
* Valores precedidos de mesma letra, na vertical, não diferem significativamente, segundo o teste de Tukey, no
nível de 5%. Fonte: Smiderle et at. (2006b)

Quanto a qualidade nutricional, a BRS 151 L-7 possui alto valor nutricional com
relação à qualidade da sua proteína (aminoácidos) e do óleo (ácidos graxos). Mediante análise
por ressonância magnética, a cultivar apresentou 46% de óleo bruto nas suas sementes,
podendo este óleo ser utilizado também como biocombustível. A proteína, determinada pelo
método semimicro Kjeldahl e utilizando o fator de transformação de 5,46, situa-se em 30%,
cuja farinha, após desengordurada, apresenta 55% de proteína, superior à média das cultivares
do grupo Valência (53%) e Spanish (48%).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

511
Tabela 3. Valores médios dos componentes de produção dos materiais de amendoim de porte
ereto produzidos no campo experimental Água Boa, em cerrado de Roraima 2005, ordenados
segundo o teste de Tukey (α=0,05)
VP
Materiais Prod PV100 PS100 PVC100 NSV10 PSV100
(%)
BR-01 3776 a 121,61 a 88,00 ab 37,15 c 31,73 ab 26,25 a 89,90 ab
L-07 4398 a 104,48 dcba 82,00 ab 49,98 a 25,85 cd 19,00 c 78,63 abcd
Serrinha 4237 a 128,06 a 94,75 a 41,98 b 34,35 a 24,75 a 94,00 a
076-AM 3985 a 84,13 ed 87,25 ab 38,18 bc 19,60 fg 23,00 ab 64,75 cd
166-AM 5248 a 77,86 e 85,75 ab 35,78 c 16,35 g 18,50 c 61,30 d
179-AM 4358 a 93,68 edcb 82,50 ab 42,43 b 22,38 def 19,75 bc 71,08 bcd
178-AM 4439 a 88,12 edc 80,00 ab 42,53 b 20,40 efg 18,50 c 67,80 cd
180-AM 4998 a 109,20 cba 80,75 ab 51,75 a 23,95 de 19,75 bc 84,95 abc
184-AM 4310 a 115,59 ba 84,25 ab 54,23 a 29,35 bc 19,50 bc 84,78 abc
202-AM 2623 a 76,20 e 76,25 b 36,85 c 18,80 fg 19,25 c 58,53 d
Média 4237 99,89 84,15 43,08 24,28 20,83 75,57
C.V. (%) 38,2 19,8 8,9 15,4 24,3 14,4 18,8
P n.s. ** * ** ** ** **
*Prod – produtividade de grãos (kg ha-1); PV100 – peso de 100 vagens (g); VP(%) – percentual de vagens
perfeitas (%); PS100 – peso de 100 sementes (g); PVC100 – peso de casca de 100 vagens (g); NSV10 – número
de sementes em 10 vagens (unidade); PSV100 – peso de sementes em 100 vagens (g)ç Fonte: Smiderle et al.
(2006)

O resultado da análise completa de aminoácidos (FREIRE, 1997) consta na Tabela 4,


onde pode ser observado que a composição de aminoácidos da BRS 151 L-7, pouco difere da
BR 1, outra cultivar precoce desenvolvida pela Embrapa Algodão, e da tradicional Tatu, e
ainda similar ou superior ao seu progenitor, Senegal 55-437, na maioria dos aminoácidos,
com exceção da lisina e fenilalanina.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

512
Tabela 4. Composição de aminoácidos (g/ 100 g de proteína) na farinha desengordurada de
quatro cultivares de amendoim, comparada ao padrão FAO-85.
Aminoácidos BRS 151 L- Padrão FAO-
Tatu BR 1 Senegal 55437
essenciais 7 85
ILE 3,21 3,07 3,17 3,08 2,80
LEU 6,51 6,51 6,65 6,45 4,40
LYS 3,68 3,66 3,47 3,89 4,40
PHE 6,00 5,88 5,80 5,86 2,20
PHE + TYR 11,26 10,98 11,08 10,54 -
MET+ 1/2CYS 3,16 2,82 2,73 2,03 2,20
THR 3,39 3,42 3,27 3,14 2,80
TRP 0,98 0,93 0,87 0,85 0,90
VAL 3,36 3,35 3,50 3,49 2,50
HIS 2,74 2,64 2,58 2,53 1,90
Fonte: Freire (1997)

Com relação ao padrão da FAO-85, que é um referencial de aminoácidos, indicado para


dieta alimentar (FAO, 1985), a composição da cultivar supera em todos os aspectos, com
exceção da lisina e do triptofano. Quanto aos ácidos graxos, o óleo da BRS 151 L-7 é
composto principalmente pelos ácidos oléico, linoléico e palmítico, perfazendo mais de 80%
do total dos ácidos graxos (SANTOS et al., 1997).
Com relação ao aspecto fitossanitário, reação às doenças em condições naturais de
campo, a cultivar BRS 151 L-7 tem-se comportado como moderadamente tolerante à pinta-
preta (Cercosporidium personatum) (SOARES et al., 1986).
A cultivar é suscetível ao ataque de pragas como tripes, cigarrinhas e lagarta-do-
pescoço-vermelho. Cuidados especiais devem ser tomados, visto que podem ser transmitidas
viroses pela cigarrinha e pelo tripes (PIO-RIBEIRO et al., 1996).

4 CONCLUSÃO
Em função dos bons resultados de produtividade de grãos e das boas características
agronômicas apresentadas, indica-se a extensão para cultivo em cerrado de Roraima da
cultivar de amendoim BRS 151 L-7.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

513
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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515
ANÁLISE DE IMAGENS RADIOGRAFICAS DE SEMENTES DE
DIFERENTES CULTIVARES DE MAMONA

Renato Augusto Alves, DAG/UFLA, renato.agro@hotmail.com


Maria Laene Moreira de Carvalho, DAG/UFLA, mlaebemc@ufla.br
Antônio Lucrécio dos Santos Neto, DAG/UFLA, santosneto@gmail.br
Luciano Magda de Oliveira, DAG/UFLA, lumagda@lavras.br

RESUMO: A mamoneira é uma cultura de grande valor sócio-econômico para o Brasil, mas
sua produção tem sido afetada por fatores que reduzem seu rendimento como a baixa
qualidade das sementes utilizadas para a semeadura. A avaliação rápida e precisa da qualidade
das sementes poderia auxiliar nos programas de controle de qualidade, minimizando esses
efeitos. Dentre os testes rápidos, o teste de raios-X que permite a avaliação da morfologia
interna das sementes por análise de imagem se destaca por ser um teste não destrutivo, no
entanto, pouco se sabe sobre a interpretação do tipo de imagem gerada na radiografia e sua
correlação com a qualidade da semente. Este trabalho foi realizado com intuito de verificar a
possibilidade de identificar variações nos tecidos internos e seus efeitos na qualidade
fisiológica de sementes de mamona. O trabalho foi conduzido na Universidade Federal de
Lavras e as sementes utilizadas foram das cultivares Guarani e IAC-80. As sementes foram
classificadas de acordo com a morfologia interna visualizada nas radiografias, e foram
submetidas aos testes de germinação, primeira contagem de germinação, emergência e índice
de velocidade de emergência (IVE). Pela análise dos resultados obtidos, conclui-se que é
possível identificar os diferentes tipos de tecidos internos e danos morfológicos e físicos em
sementes de mamona pela utilização de raios-X. A análise radiográfica é eficiente como
instrumento de melhoria da qualidade de lotes de sementes de mamona. Tecidos que geram
imagens translúcidas, deformações no embrião, com tecido de reserva inferior a 50% do
endosperma ou manchadas, afetam negativamente o potencial fisiológico dos lotes.

Palavras-Chave: Ricinus communis L, Analise de imagem, Qualidade fisiológica.

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516
1 INTRODUÇÃO
A cultura da mamona tornou-se uma das mais tradicionais do semi-árido brasileiro, e
tem sido valorizada devido ao aumento do consumo de combustíveis de origem vegetal, além
de fazer parte da matéria-prima para outros produtos, entretanto seu comércio no Brasil tem
apresentado alguns problemas, segundo (FORNAZIERI JÚNIOR, 1986) pela escassez de
sementes produzidas e pela ausência de controle da qualidade na sua produção.
A produção de frutos de mamona no campo está diretamente relacionada com o plantio
de sementes de alta qualidade, que nessa cultura pode ser prejudicada pela ocorrência de
sementes vazias, porosas ou danificadas internamente (Severino et al, 2004). A avaliação da
qualidade fisiológica das sementes é um fator fundamental e de grande valia para os diversos
segmentos que compõem um sistema de produção de sementes, contribuindo
significativamente para a manutenção e o aprimoramento da qualidade deste insumo básico,
com reflexos diretos na produtividade agrícola (Carvalho et al, 2006). Desta forma programas
de controle da qualidade física e fisiológica de sementes são fundamentais e consistem no
primeiro passo para a expansão e o aumento da produtividade da cultura
Dentre os diversos testes para avaliação de qualidade de sementes, o teste de raios X,
por se tratar de método não destrutivo, permitem que as sementes em análise possam ser
submetidas a testes fisiológicos e, desta forma, propiciar o estabelecimento de relações entre
os danos e os prejuízos causados à qualidade (Cicero et al., 1998).
Alguns autores observaram também que o uso do teste de raios X em sementes pode
auxiliar na avaliação da viabilidade das mesmas; porém, é necessário estabelecer relações
entre estrutura interna e plântulas formadas.
Diante da escassez de informações sobre os efeitos de danos internos em sementes de
mamona, objetivou-se com este trabalho investigar o potencial da análise de imagens
radiográficas na avaliação de qualidade das sementes e seu utilização como instrumento de
auxílio à melhoria da qualidade de lotes.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Sementes do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras.
As sementes utilizadas foram das cultivares Guarani e IAC-80, provenientes de campos
experimentais da região sul de Minas Gerais com umidades de 6,5% e 7,5% respectivamente.

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517
Para obtenção das imagens radiográficas foram conduzidos pré-testes para seleção do
tempo e intensidade de radiação, necessários à visualização da morfologia interna de sementes
de mamona sendo testadas intensidades de radiação variando de 20 a 50Kv e tempos de
exposição de 15 a 75 segundos, em equipamento de raios X Faxitron HP modelo 43855A X e
filme Kodak MR 2000. Definidos o tempo de exposição e a intensidade de radiação, todas as
sementes foram dispostas em placas de isopor (18x24x1cm), contendo 100 sementes por placa
e radiografadas.
De acordo com a morfologia interna visualizada nas radiografias, as sementes foram
classificadas em 7 categorias: sementes cheias com aparência opaca ou perfeita (C – opaca),
sementes cheias com aparência manchada (C – manchada), sementes parcialmente cheias com
aparência opaca ou perfeita (PC – opaca), sementes parcialmente cheias com imagem
translúcida (PC – translúcida), sementes parcialmente cheias com deformação no embrião
(PC – def. embrião), sementes parcialmente cheias com aparência manchada (PC –
manchada) e sementes vazias, com menos de 50% do tecido de reserva de acordo com a ISTA
(2005).
As sementes de cada categoria foram submetidas aos testes de germinação, primeira
contagem de germinação, emergência e índice de velocidade de emergência (IVE).
O teste de germinação foi realizado em papel toalha germitest na forma de rolos,
umedecido com água destilada, em quantidade equivalente a 2,5 vezes o peso do papel,
mantidos em germinador à temperatura de 25oC. Foram utilizadas oito repetições de 25
sementes, por categoria. Os resultados foram expressos em porcentagens de plântulas normais
de acordo com as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992). A primeira contagem de
germinação foi realizada no 7o dia após a semeadura.
Para o teste de emergência em campo, a semeadura foi feita em substrato terra e areia na
proporção 1:2, com regas regulares. Foram utilizadas oito repetições de 25 sementes por
categoria. Foram calculados o estande inicial e final e também o índice de velocidade de
emergência, determinado segundo fórmula proposta por Maguire (1962).
O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualisado. Foi utilizado o
programa estatístico SISVAR para a comparação das médias por meio do teste de Scott-Knott
ao nível de probabilidade de 5% de erro.

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518
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da avaliação da primeira contagem do teste de germinação das sementes
de mamona das cultivares Guarani e IAC 80 separadas em diferentes categorias separadas são
apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Primeira contagem da germinação (%) de sementes de mamona das cultivares


Guarani e IAC 80, *classificadas nas categorias cheias (C) e parcialmente cheias (PC). UFLA
– Lavras, 2007.
CULTIVAR
Categorias*
Guarani IAC 80
C – opaca 94,0 aA 73,5 aB
C – manchada 68,5 bA 19,0 bB
PC – opaca 68,0 bA 8,5 cB
PC – translúcida 26,0 dA 3,5 cB
PC – def. embrião 25,0 dA 1,5 cB
PC – manchada 44,5 cA 5,5 cB
Vazias 0,0 eA 0,0 cA
Obs.: Médias seguidas na mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste
Scott-Knott a 5% de probabilidade

Para cultivar Guarani observa-se variação do vigor das sementes classificadas nas
diferentes categorias, já na cultivar IAC 80, apenas as sementes totalmente cheias se
mostraram mais vigorosas na 1ª contagem da germinação em relação às demais categorias.
Essas diferenças de resposta a subdivisão nas categorias entre as cultivares podem ser
explicadas pelo nível de deterioração e capacidade de absorção de água que pode diferir entre
materiais genéticos. De acordo com CARVALHO et al (Informativo Abrates 2006) as
imagens radiográficas podem ser afetadas pela umidade e composição química do material
analisado. De modo geral as sementes parcialmente cheias e vazias apresentaram menor
germinação na primeira contagem. Na segunda contagem do teste de germinação (Tabela 2), a
classificação estatística das categorias da cultivar Guarani se manteve, já com a cultivar IAC
80 as diferenças entre as categorias aumentaram, sendo que as sementes opacas apresentaram
germinação superior as das outras categorias. Com as duas cultivares pode-se observar que as
sementes com danos internos observados através das radiografias foram afetadas
negativamente em sua germinação. Isto comprova a eficiência de se avaliar por meio de
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519
análise de imagens a morfologia interna de sementes de mamona. Resultados semelhantes
foram encontrados para outras espécies como Oliveira et al (2003) que utilizou o teste de
raios-x na avaliação da qualidade de sementes de canafístula, Leon et al. (1986), que utilizou
técnicas de raios-X para avaliar injúrias em sementes de diversas cultivares e Cicero et al.
(1998), utilizou a análise de imagens para identificar os efeitos dos danos mecânicos sobre a
germinação de sementes de milho.

Tabela 2 - Germinação (%) de sementes de mamona das cultivares Guarani e IAC 80,
*classificadas nas categorias cheias (C) e parcialmente cheias (PC). UFLA – Lavras, 2007
Categorias* CULTIVAR
Guarani IAC 80
C – opaca 94,0 aA 88,5 aA
C – manchada 79,0 bA 51,5 bB
PC – opaca 85,5 bA 50,5 bB
PC – translúcida 46,0 dA 18,5 cB
PC – def. embrião 42,5 dA 13,0 cB
PC – manchada 56,5 cA 41,5 bB
Vazias 1,0 eA 0,5 dA
Obs.: Médias seguidas na mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste
Scott-Knott a 5% de probabilidade

Com os resultados da determinação das plântulas anormais no teste de germinação


(Tabela 3) é possível observar em todas as categorias, exceto com as cheias opacas e com as
vazias, que as sementes da cultivar IAC 80 apresentaram percentagem estatisticamente maior
comparada com a cultivar Guarani. Quando avaliamos as percentagens de plântulas anormais
infectadas (Tabela 3) encontramos comportamento semelhante exceto com as categorias PC –
def. embrião e PC – manchada que se mostraram estatisticamente iguais.
Para as duas cultivares quando avaliada a ocorrência de sementes mortas (Tabela 3)
observa-se semelhanças, onde as três primeiras categorias apresentaram menor percentagem e
a última categoria apresentou a maior percentagem de sementes mortas.

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520
Tabela 3 - Resultado da determinação de plântulas anormais deformadas (%), anormais
infectadas (%) e sementes mortas (%) de sementes de mamona das cultivares Guarani e IAC
80, *classificadas nas categorias cheias (C) e parcialmente cheias (PC). UFLA – Lavras, 2007
e submetidas ao teste de germinação.
Categorias* Pl. anormais deformadas Pl. anormais infectadas Sementes mortas
Guarani IAC 80 Guarani IAC 80 Guarani IAC 80
C – opaca 2,0 bA 6,0 bA 0,5 aA 4,0 bA 3,5 eA 1,5 dA
C – manchada 5,5 bB 26,5 aA 3,0 aB 17,0 aA 12,5 eA 5,0 dA
PC – opaca 2,5 bB 23,0 aA 4,5 aB 24,0 aA 7,5 eA 2,5 dA
PC – translúcida 3,0 bB 21,0 aA 3,0 aB 15,5 aA 48,0 bA 45,0 bA
PC – def. embrião 13, 0 aB 32,5 aA 7,0 aA 14,0 aA 37,5 cA 40,5 bA
PC – manchada 0,5 aB 26,5 aA 10,0 aA 13,5 aA 23,0 dA 18,5 cA
Vazias 2,0 bA 5,0 bA 1,0 aA 0,0 bA 96,0 aA 94,5 aA
Obs.: Médias seguidas na mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha para cada tipo de plântula ou
semente não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade

Pelos resultados da contagem da emergência com 14 dias, com 21 dias e o IVE


(Tabela 4) observa-se significativa diferença entre as categorias. Para as duas cultivares as
sementes vazias obtiveram o menor índice seguidas das parcialmente cheias com aparência
translúcida e com deformação no embrião, já as sementes cheias com aparência opaca
emergiram com mais rapidez indicando maior vigor. Quando comparadas as duas cultivares,
em todas as categorias a cultivar Guarani foi superior a IAC 80 com exceção das sementes
vazias que se demonstraram estatisticamente iguais.

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521
Tabela 3 - Resultado do teste de Emergência aos 14 dias (%) aos 21 dias (%) e índice de
velocidade de emergência IVE (%) de sementes de mamona das cultivares Guarani e IAC 80,
*classificadas nas categorias cheias (C) e parcialmente cheias (PC). UFLA – Lavras, 2007
Categorias* Emergência aos 14 dias Emergência aos 21 dias IVE
Guarani IAC 80 Guarani IAC 80 Guarani IAC 80
C – opaca 95,0 aA 49,5 aB 98,5 aA 82,5 aB 4,82 aA 3,18 aB
C – manchada 77,0 bA 40,0 bB 88,5 bA 74,0 bB 3,93 bA 2,61 bB
PC – opaca 76,0 bA 10,5 cB 89,0 bA 55,5 cB 3,92 bA 1,66 cB
PC – translúcida 32,5 eA 5,5 dB 48,5 dA 24,0 eB 1,87 dA 0,71 eB
PC – def. embrião 45,0 dA 6,0 dB 66,0 cA 35,5 dB 2,59 cA 1,04 dB
PC – manchada 55,0 cA 14,0 cB 71,0 cA 56,5 cB 2,85 cA 1,74 cB
Vazias 0,0 fA 0,5 dA 0,0 eA 1,0 fA 0,00 eA 0,03 fA
Obs.: Médias seguidas na mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste
Scott-Knott a 5% de probabilidade

A análise radiográfica permite inferir que as sementes parcialmente cheias observadas


através do raios X, apresentam menor germinação, emergência e vigor, além de serem mais
afetadas pelos danos. Dos tipos de imagens observadas as sementes vazias são as que mais
afetam a qualidade dos lotes, seguidas das sementes com deformação no embrião e com
aparência translúcida.

4 CONCLUSÕES
A utilização da analise de imagens geradas por raios X é eficiente na avaliação de
qualidade de sementes de mamona e como instrumento de auxílio à melhoria da qualidade de
lotes.
É possível identificar através de imagens geradas por raios X, os diferentes tipos de
tecidos internos e danos morfológicos e físicos que podem ocorrer em sementes de mamona e
que afetam a qualidade fisiológica dos lotes.
Tecidos que geram imagens translúcidas, deformações no embrião, com tecido de
reserva inferior a 50% do endosperma ou manchadas, afetam negativamente a qualidade dos
lotes.

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522
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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of some economic plants. Indiam Journal of Genetics & Plant Breeding, v.21, n.2, p.129-135,
1961.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

523
BIODIESEL X VELOCIDADE: DESEMPENHO DE UM TRATOR
AGRÍCOLA

Jorge Wilson Cortez, FCAV - UNESP, jorge.cortez@yahoo.com.br


Danilo Cesar Checchio Grotta, FCAV - UNESP, dcgrotta@zipmail.com.br
Gustavo Naves dos Reis, FCAV - UNESP, gn_reis@yahoo.com.br
Carlos Eduardo Angeli Furlani, FCAV - UNESP, furlani@fcav.unesp.br
Afonso Lopes, FCAV - UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Joaquim Miguel Dabdoub, USP, migjodab@usp.br

RESUMO: O uso de biocombustíveis vem sendo alavancado pelos países desenvolvidos


como a alternativa para a redução das emissões de CO2 e diminuição da dependência do
petróleo. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho do trator agrícola movido a
biodiesel de óleo de fritura (residual) com diferentes proporções (biodiesel no diesel) e
velocidades de deslocamento na operação de gradagem. O experimento foi conduzido na
UNESP de Jaboticabal (SP) utilizando-se do delineamento em blocos ao acaso no esquema
fatorial 5x4, com quatro repetições. Foram avaliados o consumo de combustível horário e
ponderal e a variação da velocidade de deslocamento. O aumento da velocidade e da
proporção de biodiesel no diesel ocasiona aumento de consumo de combustível horário e
podenral, sendo que a interação desses fatores ocorre de maneira linear. A variação da
velocidade ocorre de maneira mais acentuada a partir de 5,5 km h-1, sendo o comportamento
dos dados de forma quadrática.

Palavras-Chave: Biocombustíveis, consumo de combustível, gradagem.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

524
1 INTRODUÇÃO
As alternativas energéticas aliadas à crise energética vê resultando na realização de
inúmeras pesquisas em outras fontes não dependentes do petróleo. A investigação do
potencial combustível sobre os óleos vegetais constitui-se em uma dessas alternativas e vem
apresentando resultados animadores (SALAZAR, 2002).
O uso do biodiesel de óleo usado em frituras utilizado em ônibus do transporte coletivo
da cidade de Curitiba, cedido pela Prefeitura Municipal por meio da Companhia de
Urbanização (URBS) utilizado com motor turbinado e potência de 238 CV, percorrendo 915
km utilizando 20% de biodiesel e 80% de diesel convencional, apresentou desempenho
normal, exceto por leve odor de óleo de frituras expelido pelo escapamento, sendo a média de
consumo de biodiesel de 2,1 km L-1, que esteve na faixa de normalidade para veículos desse
porte, que normalmente utilizam óleo diesel puro (ZAGONEL et al.,1999).
RABELO (2001) ressalta a necessidade de reciclar resíduos e assim o óleo de fritura
vem contribuir como combustível alternativo de excelente qualidade. O mesmo autor
trabalhando com motor de ciclo diesel, sem adaptações, observou que a mistura de biodiesel e
diesel resultou num aumento de potência e torque quando se aumentou a proporção de
biodiesel no diesel, principalmente para faixas de rotações mais baixas e o consumo
específico dessas misturas se apresentou mais elevado.
O uso do biodiesel nos motores a combustão do ciclo diesel podem contribuir para
melhoria do desempenho do trator fica evidenciado que não existe definições quanto as
melhores proporções de biodiesel e diesel para serem usadas.
Dessa forma, objetivou-se avaliar o desempenho do trator agrícola na operação de
gradagem em diferentes proporções de biodiesel no diesel juntamente com a velocidade de
deslocamento do conjunto.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção (FEPP) da
UNESP, Campus de Jaboticabal, no Estado de São Paulo (Brasil), e conduzido pelo
Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (LAMMA), do Departamento de
Engenharia Rural. A área experimental foi localizada nas coordenadas geodésicas de 21º15''
latitude Sul e 48º18''' longitude Oeste, com altitude média de 570.
No local onde foi conduzido o experimento o solo é classificado pela EMBRAPA
(1999) como Latossolo Vermelho Eutroférrico típico, textura argilosa (55%), areia (20%) e

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

525
silte (25%), a moderado caulinítico vídreo, sendo o clima Cwa de acordo com a classificação
de Koeppen, ou seja, subtropical úmido, com estiagem no período do inverno.
O trator utilizado foi o Valtra BM100, 4 x 2 TDA (tração dianteira auxiliar), 73,6 kW
(100 cv) de potência no motor, com 2000 rotações no motor. Apresentava massa de 5.400 kg
(40% dianteiro e 60 % traseiro), pneus dianteiros de 14.9 – 24 R1 com 3,8 m de perímetro e
pressão de inflagem de 18 psi (124 KPa), e pneus traseiros de 23.1 – 26 R1 com 4,9 m de
perímetro e pressão de inflagem de 22 psi (152 KPa).
O biodiesel utilizado no ensaio foi do tipo etílico, filtrado e produzido a base de óleo
residual. Tal produto foi desenvolvido pelo Laboratório de Química (LADETEL - Laboratório
de Tecnologias Limpas) da USP - Ribeirão Preto.
Para aderir o tempo de cada parcela foi utilizado um sistema de aquisição de dados
descrito por FURLANI et al. (2005), o qual dispunha de cronômetro interno com precisão de
centésimos de segundos sendo um micrologger CR23X de marca CAMPBELL SCIENTIFIC,
INC. Os dados posteriormente foram descarregados em um microcomputador convencional
via cabo onde eram construídas planilhas eletrônicas em um programa específico (PC 208W
3.2 - Datalogger Support Software).
Para medir o consumo de combustível foi utilizado um protótipo, construído e descrito
por LOPES et al. (2003), ligado automaticamente com o acionamento do sistema de aquisição
de dados e precisão de 1 mL. A temperatura do combustível foi obtida com equipamento S&E
Instrumentos de Testes e Medições LTDA, modelo SSRP-C ME 6446/02 PT100 com
precisão de 0,01ºC.
Com a finalidade de oferecer resistência ao trator testado, foi acoplada à barra de tração
uma grade aradora de arrasto com as seguintes características: Marchesan/Tatu, 16 discos
recortados com diâmetro de 24” e possuía rodas de transporte acionadas por controle remoto.
O delineamento experimental foi conduzido em blocos inteiramente casualizados,
esquema fatorial 5x4, com 20 tratamentos e 4 repetições, totalizando 80 observações. Sendo 5
proporções (B0, B25, B50, B75 e B100) com as velocidades de 2,7, 4,3, 6,0 e 6,7 km h-1.
Cada parcela experimental ocupou uma área de 60 m2 (20 x 3,0 m) e entre as parcelas,
no sentido longitudinal, reservou-se um intervalo de 15 m, cuja finalidade foi realizar
manobras, trânsito de máquinas e equipamentos e estabilizar as determinações em cada
tratamento.
Para o cálculo do consumo de combustível horário (Ch), empregou-se a Eq. 1.
C 3,6
Ch = (1)
t
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

526
em que,
Ch é o consumo horário (L h-1);
C é o volume consumido (mL);
t é o tempo de percurso na parcela (s); e
3,6 é o fator de conversão.

Para o cálculo do consumo de combustível ponderal (Chp), empregou-se a Eq. 3.


Chv DC
Chp =
1000
(3)
em que,
Chp é o consumo ponderal, (kg h-1),
DC é a densidade do combustível (g L-1) e equação de regressão (DC = 851,04 – 0,6970
T), onde T é a temperatura do combustível (ºC), obtida por GROTTA (2003), com R² de 0,97,
e 1000 é o fator de transformação.

A variação da velocidade foi obtida através da diferença entre as velocidades do trator


operando sem carga (teórica) e com a grade pesada (real), ambas obtidas pela unidade de
radar com o trator funcionando em regime de rotação máxima (1.800 rpm).
Os dados obtidos foram tabelados e submetidos à análise de variância no teste F (Fisher)
(PIMENTEL-GOMES, 1987) e quando a análise foi significativa fez-se a construção dos
gráficos de superfície.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 é apresentado o resultado da interação entre as proporções de biodiesel no
diesel e as velocidades de deslocamento para o consumo horário volumétrico.
Analisando-se o fator proporção verifica-se que para com o aumento do mesmo, ocorre
aumento no consumo de combustível. Isso pode-se observado com maior clareza pelo ponto
de início no eixo do consumo, que é 9,6 L h-1 para B100, as menores proporções têm menor
consumo. Pode-se notar que o ajuste foi linear para o consumo horário e ponderal.
O aumento da velocidade ocasiona aumento no consumo de combustível devido ao
aumento de potência requerida.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

527
Consumo (L/h) = 6.192 + 1.319*x + 0.006*y
R² = 0.99

17
16
15
14
13
12
11
10
9
9.628
100 10.426
80 7 11.225
6 12.024
60 12.823
5
40 4 13.622
20 14.421
3
15.22
0 2 above
Proporção (%) Velocidade (km/h)
(a)

Consumo (kg/h) = 5.18 + 1.113*x + 0.01*y


R² = 0.99

15
14
13
12
11
10
9
8
7.977
100 8.977
80 7 9.977
6 10.977
60 11.977
5
40 12.977
4
20 13.977
3
14.977
0 2 above
Proporção (%) Velocidade (km/h)
(b)
Figura 1. Consumo de combustível horário (a) e ponderal (b) nas proporções e velocidades de
deslocamento

De maneira análoga ao consumo de combustível horário o consumo ponderal aumentou


com o incremento das velocidades e das proporções de biodiesel no diesel. Claro que os
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

528
valores absolutos são menores que do anterior devido o cálculo utilizar a densidade do
combustível. Mas pela observação da Figura 1 (b) é possível notar que a variação é mais
drástica que do consumo horário, observado pelo ponto inicial no eixo Z para a proporção
B100 e B0.
Na Figura 2 é apresentado a variação da velocidade entre a real e a obtida com o trator
na operação de gradagem. Fato observado é que a variação diminui até a velocidade de 4,5
km h-1 e depois começa a aumentar novamente mais intensamente. Desse modo o ajuste
proposto foi quadrático devido ao comportamento que os dados apresentaram.

Variação (km/h) = 4.647-2.416*x-0.002*y+0.32*x²+0.002*x*y-2.629e-5*y²


R² = 0.99

1
0.462
100 0.962
80 7 1.462
6 1.962
60 2.462
5
40 2.962
4
20 3.462
3
3.962
0 2 above
Proporção (%) Velocidade (km/h)

Figura 2. Variação da velocidade em função das proporções e velocidades de deslocamento

4 CONCLUSÃO
Ocorreu aumento de maneira linear do consumo de combustível horário e ponderal com
o incremento da velocidade e da proporção de biodiesel.
A variação da velocidade em relação a real foi maior a partir de 5,5 km h-1. O aumento
da proporção de biodiesel aumenta a variação da velocidade. A interação desses fatores age de
forma quadrática na variação da velocidade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

529
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos. Brasília, 1999.412p.

FURLANI, C.E.A.; LOPES, A.; SILVA, R.P. Avaliação de semeadora-adubadora de


precisão trabalhando em três sistemas de preparo do solo. Engenharia Agrícola, Jaboticabal,
v.25, n.2, p.458-64, maio/ago 2005.

GROTTA, D.C.C. Desempenho de um trator agrícola em operação de gradagem utilizando


biodiesel etílico filtrado de óleo residual como combustível. 2003 44f. Dissertação (Mestrado
– Ciência do Solo), UNESP, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal.

JAKUBASZKO, R. Biocombustíveis. DBO Agrotecnologia, São Paulo, v.7, p.6-8,2006.

LOPES, A.; FURLANI, C.E.A., SILVA, R.P. Desenvolvimento de um protótipo para


medição do consumo de combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática,
Lavras, v.5, n.1, p.24-31, 2003.

PIMENTEL-GOMES, F. A estatística moderna na agropecuária. Piracicaba: Associação


Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1987. 162p.
RABELO, I.D. Estudo de desempenho de combustíveis convencionais associados a
biodiesel obtido pela transesterificação de óleo usado em fritura. 2001. 99 f. Dissertação
(mestrado em Tecnologia) – Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba,
2001.

SALAZAR, E. Óleos Vegetais: combustíveis alternativos. Cidade Virtual: Bionline, Pelotas,


dez. 2002. Disponível em <http://www.terra-cidadevirtual.html>. Acesso em: 19 dez. 2002.
ZAGONEL, G.; COSTA NETO, P. R.; RAMOS, L. P.; In: Anais do Congresso Brasileiro
de Soja; Centro Nacional de Pesquisa de Soja; Empresa Nacional de Pesquisa Agropecuária;
Londrina, PR, 17 a 20 de maio, 1999; p. 342 .

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

530
DESEMPENHO PRODUTIVO DE CULTIVARES DE GIRASSOL EM
CERRADO DE RORAIMA

Oscar José Smiderle, EMBRAPA, ojsmider@cpafrr.embrapa.br


Joelma Bezerra da Silva, EMBRAPA, baby_joelma1@hotmail.com
Sebastião Robison Galdino da Silva, EMBRAPA, robisongaldino@hotmail.com

RESUMO: A cultura do girassol (Helianthus annuus L.) pode ser conduzida em diversas
épocas do ano, destacando-se desta forma, entre as culturas viáveis de serem exploradas em
cerrado (lavrados) de Roraima. Entretanto, as cultivares podem apresentar diferenças de
adaptação e desenvolvimento dependendo da área de cultivo. Assim, desenvolveu-se este
estudo comparativo em área experimental da Embrapa Roraima em 2006/7, visando avaliar o
desempenho de seis cultivares (Hélio 250; Hélio 251; Hélio 253; Hélio 358; Hélio 360 e IAC)
semeadas manualmente em época seca, com irrigação suplementar no campo experimental
Monte Cristo, pertencente a Embrapa Roraima, em Boa Vista, Roraima. Utilizou-se parcelas
de 4 fileiras de 5 metros, distanciadas de 0,70 m, 52.000 plantas por hectare, num
delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições, sendo a semeadura realizada em 01
de dezembro de 2006. Foram avaliadas a altura de plantas, altura de capítulos, diâmetro das
hastes e de capítulos bem como a produtividade de aquênios. O ciclo médio de cultivo para as
cultivares avaliadas foi de 79 dias. Os resultados obtidos para girassol cultivado em época
seca, com irrigação, mostram a cultivar Hélio 360 como a mais adaptada e produtiva (3.140
kg ha–1) para o cultivo em condições do cerrado de Roraima.

Palavras-Chave: Produtividade, ciclo, aquênios, Helianthus annuus L..

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

531
1 INTRODUÇÃO
A cultura do girassol apresenta-se como uma opção promissora para a agricultura no
cerrado de Roraima. Dentre as oleaginosas é uma cultura que possui um dos maiores índices
de crescimento no mundo. O interesse que o girassol está despertando deve-se a qualidade e
ao múltiplo uso de seus produtos derivados e à sua ampla adaptabilidade, podendo se
constituir numa alternativa adicional para cultivo e, principalmente, compor um sistema de
produção de grãos, com grande potencial de utilização (ENDRES, 1993).
Dentre os óleos vegetais, o óleo de girassol destaca-se por suas excelentes
características físico-químicas e nutricionais. Possui alta relação de ácidos graxos
poliinsaturados (65,3%)/ saturados (11,6%), sendo que o teor de poliinsaturados é constituído,
em grande parte, pelo ácido linoléico (65%). Este é essencial ao desempenho das funções
fisiológicas do organismo humano e deve ser ingerido através dos alimentos, já que não é
sintetizado pelo organismo (CASTRO et al., 1997).
Na condução do cultivo do girassol, é importante o conhecimento da fenologia da planta
em cada fase do desenvolvimento da cultura. Da emergência aos 30 dias (aparecimento do
botão floral), o crescimento é lento, consumindo pouca água e nutrientes. A partir desse
período até o final do florescimento, o crescimento é rápido, aumentando o consumo de água
e de nutrientes (CASTRO et al., 1997).
A época de semeadura é importante para se obter sucesso no cultivo do girassol, sendo
bastante variável e dependente das características climáticas de cada região de cultivo
(CASTRO et al., 1997). A cultura pode ser semeada durante o ano todo, caso haja
disponibilidade de água.
Essa oleaginosa em cultivo de sucessão da cultura principal, poderá ser encontrada, em
futuro próximo, vegetando em extensas áreas, que no momento estão ociosas a espera de boas
opções de plantio, principalmente em função da produção de óleo para uso como
biocombustivel. Desse modo o girassol apresenta-se como um cultivo potencial para o estado
de Roraima com possibilidade de semeaduras durante o ano, restando definir as cultivares
mais produtivas e adaptadas para as condições edafoclimáticas de cerrado em Roraima.
Pelo exposto acima, em Roraima, existe ainda carência de resultados que permitam
indicar materiais de girassol aos agricultores. Portanto, neste trabalho objetivou-se avaliar seis
cultivares de girassol semeadas na época seca no cerrado de Roraima.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

532
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas sementes de seis cultivares de girassol (Hélio 250; Hélio 251; Hélio 253;
Hélio 358; Hélio 360; e IAC) obtidas no Brasil central. O trabalho foi realizado no campo
experimental do Monte Cristo, da Embrapa Roraima, com utilização de irrigação por aspersão
para a suplementação de água.
O experimento foi instalado em 01 de dezembro de 2006 no campo experimental Monte
Cristo, pertencente a Embrapa Roraima, em delineamento de blocos ao acaso, com quatro
repetições, sendo as parcelas compostas por quatro fileiras de 5 m de comprimento, em 0,70
m entre linhas com população de 53.000 plantas por hectare. As duas fileiras centrais foram
utilizadas como área útil.
O solo para o cultivo apresentava as seguintes características: pH (índice SMP)= 6,8; Al
trocável (cmolc dm-3)= 0,01; Ca+Mg (cmolc dm-3) = 3,85; P2O5 (mg dm-3)= 180,36; K2O (mg
dm-3)= 129,48; Matéria orgânica = 20,2 g dm-3, e textura com 29,72% de argila e 14,11% de
silte.
A adubação de semeadura foi realizada manualmente aplicando-se 400 kg ha-1 da
fórmula 02-20-20, e em cobertura 80 kg ha-1 de uréia, além de 10 kg ha-1 de Bórax (11,5% de
B). A semeadura foi realizada com duas sementes espaçadas de 0,20 m em sulco (utilizado
para adubação), sendo feito posteriormente desbaste aos 12 dias após a emergência, deixando-
se apenas uma plântula.
Os parâmetros avaliados foram: altura de plantas, tomando como medida a inserção do
capítulo até o colo da planta, no florescimento pleno, R5.5 (SCHNEITER & MILLER, 1981);
altura do capítulo, tomada do nível do solo até a base do capítulo; diâmetro da haste, no final
do florescimento pleno, medindo-se com paquímetro 20 plantas a 0,05m do nível do solo;
diâmetro de capítulos, medindo-se 40 capítulos da área útil no momento da colheita; e, a
produtividade, pela pesagem dos aquênios produzidos na área útil e corrigidos para 11% de
umidade e para um hectare de cultivo.
Os componentes de variância para as variáveis agronômicas foram obtidos através do
método de esperança de quadrados médios (EQM). Os valores médios foram ordenados
segundo o teste de Tukey. Tanto no teste de ordenção de médias, quanto na análise de
variância o nível de significância adotado foi o de 5%.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

533
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O efeito das cultivares (C) foi significante na maioria das variáveis agronômicas (Tabela
1). A contribuição deste efeito foi elevada na produtividade (PROD), bem como nos
indicadores de crescimento como a altura de plantas (ALT) e a altura de capítulos (ALTCAP)
(Tabela 1).
Também foi determinada influência significativa do efeito de blocos (B) em três
variáveis agronômicas (Tabela 1). A produtividade de aquênios foi influenciada
significativamente (Tabela 1).

Tabela 1 - Valores de quadrado médio e componentes de variância para as variáveis


agronômicas avaliadas em função do modelo de análise adotado.
ALT ALTCAP DHAS
FV g.l. QM p QM p QM p
ns
B 3 250,8 ** 618,6 ** 9,99
ns
C 5 530,8 ** 487,6 ** 18,56
Erro 15 31,22 48,69 11,39

DCAP PROD M100AQ


FV g.l. QM p QM p p
ns ns
B 3 178,4 436000,4 * 0,614
ns
C 5 577,1 * 756184,4 ** 2,676
Erro 15 161,1 97457,0 1,287
*ALT – Altura das plantas; ALTCAP – altura de capítulos; DHAS – Diâmetro da haste; DCAP –
Diâmetro do capítulo; PROD – Produtividade; M100AQ – massa de 100 aquênios; n.s. – não
significativo; * - significativo; ** - altamente significativo

Com relação à duração do ciclo, as cultivares apresentaram ciclo curto variando de 73


dias para a cultivar IAC, para 80 dias na Hélio 251 e de 85 dias para as demais.
Quanto a altura das plantas de girassol, 3 cultivares apresentaram maiores valores
(Hélio 253, Hélio 358 e Hélio 360). A maior altura de capítulos foi constatada na cultivar
Hélio 253 seguida da Hélio 360 e não houve diferenças significativas entre as cultivares
quanto ao diâmetro da haste (Tabela 2), apresentando valores médios entre 1,75 e 2,35 cm.
No tamanho dos capítulos (DCAP) destacou-se a cultivar Hélio 360 com maiores
valores em relação ao Hélio 250 e Hélio 358. Quanto a massa de 100 aquênios das seis
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

534
cultivares avaliadas, estes não apresentaram diferenças significativas variando os valores
obtidos entre 92,7 e 117,5 gramas por 100 aquênios (Tabela 2).
Os resultados em produtividade de aquênios de girassol apresentaram diferenças
significativas entre as cultivares, destacando-se a Hélio 360 com produtividade média de
3.140 kg ha-1, sendo superior comparativamente aos materiais Hélio 250 (2.380 kg ha-1) e ao
IAC, que produziu 1.928 kg ha-1 (Tabela 2). Esta produtividade baixa pode, em parte, deve-se
ao baixo vigor apresentado pelas sementes, resultando em menor estande inicial, bem como
pela presença de sintomas de Alternaria nas folhas das plantas já em pré-florada, o que
possivelmente reduziu a capacidade fotossintética das plantas. Os valores médios de
produtividade de aquênios de girassol obtidos neste trabalho foram todos superiores da média
nacional para a cultura do girassol, que está em 1.600 kg ha-1. Evidenciando mais uma vez a
capacidade produtiva do girassol para cultivo em Roraima.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

535
Tabela 2. Valores médios de variáveis agronômicas de girassol em função das cultivares,
produzido em época seca em Roraima, ordenados segundo o teste de Tukey (α=0,05).
Cultivares ALT ALTCAP DHAS

Hélio 250 139,2 bc 97,1 bc 1,81 a


Hélio 251 130,8 c 92,2 c 2,11 a
Hélio 253 147,3 ab 122,5 a 2,05 a
Hélio 358 154,0 a 100,2 bc 1,75 a
Hélio 360 157,3 a 111,6 ab 2,04 a
IAC 130,5 c 101,0 bc 2,35 a
CV% 3,90 6,70 16,73
DMS (Tukey) 12,85 16,05 7,76

DCAP PROD M100AQ

Hélio 250 11,2 b 2380 bc 109,0 a


Hélio 251 13,1 ab 2955 ab 117,5 a
Hélio 253 13,0 ab 2786 ab 110,2 a
Hélio 358 11,2 b 2642 abc 108,7 a
Hélio 360 14,2 a 3140 a 110,2 a
IAC 11,9 ab 1928 c 92,7 a
CV% 10,19 11,8 10,49
DMS (Tukey) 29,19 718,0 2,61
*ALT – Altura das plantas; ALTCAP – altura de capítulos; DHAS – Diâmetro da haste; DCAP –
Diâmetro do capítulo; PROD – Produtividade; M100AQ – massa de 100 aquênios. **Na coluna, letras
distintas diferem significativamente a pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Verifica-se a superioridade no desempenho da cultivar Hélio 360 nas variáveis


agronômicas analisadas (características das plantas e na produtividade de aquênios). O que
certamente a conduziram para destaque na produtividade para a época de cultivo estudada,
produzindo em média mais de 3.100 kg ha-1 em período seco em cerrado de Roraima. Esta
produtividade é semelhante a que foi obtida, no período seco com irrigação em 2000, no
cerrado de Roraima (Smiderle et al., 2006) avaliando o desempenho produtivos de cultivares
de girassol em duas épocas de cultivo (seca e chuvosa).
O desempenho dos materiais Hélio avaliados neste trabalho foi considerado como
positivo e resultou em valores de produtividade média superior a 2.380 kg ha-1 de aquênios.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

536
4 CONCLUSÃO
A cultivar Hélio 360 é a mais adaptada e produtiva (3.140 kg ha-1) para cultivo de
girassol, com irrigação, em cerrado de Roraima na época seca.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTRO, C. de; CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A.; LEITE, R.M.V.B. de C.; MELO,
H.C.; GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J.R. A cultura do girassol. Londrina,
EMBRAPA/CNPSo. 1997. 36p. (Circular Técnica, 13).

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REUNIÃO NACIONAL DO GIRASSOL. 10, 1993. Goiânia. Anais… Goiânia: IAC, v.1,
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Madison, v.21, p.901-903. 1981.

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cultivares de girassol no cerrado de Roraima. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3, 2006, Varginha.
Resumos. Lavras: UFLA, 2006. p. 162-165.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

537
ANÁLISE DA INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA EM UM TRATOR
AGRÍCOLA ENSAIADO COM BIODIESEL

Thiago Castro Vidal dos Santos, DEG/UFLA, castrovidal@bol.com.br


Eduardo Oliveira de Moraes, DEG/UFLA, edumoaes@hotmail.com
Wellington Alves de Freitas, DEG/UFLA, freitao@pop.com.br
Jackson Antônio Barbosa, DEG/UFLA, jackson_barbosa@hotmail.com
Carlos Eduardo Silva Volpato, DEG/UFLA, volpato@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi baseado no ensaio de um trator agrícola, realizado no


Laboratório de Protótipos do Setor de Máquinas e Mecanização Agrícola do Departamento de
Engenharia da Universidade Federal de Lavras – MG. O objetivo do ensaio foi obter os
gráficos de potência, torque, consumo específico e consumo horário de combustível,
utilizando como combustíveis o diesel mineral, biodiesel de soja e biodiesel de azeite, do tipo
B100, para averiguação de possíveis variações dos gráficos obtidos com biodiesel,
comparados ao gráfico obtido com óleo diesel mineral. O trator utilizado nos ensaios foi o MF
275F, compacto, motor de 4 cilindros aspirado, potência de 75cv a 2200rpm, 4x2, marca
Massey Ferguson, com indicação no horômetro de 1h. Os aparelhos utilizados na
instrumentação do trator foram um fluxômetro, um totalizador, um coletor de dados, um Tubo
de Pitot do tipo Venturi, um dinamômetro de absorção, um frasco de plástico graduado e um
cronômetro. O objetivo desse trabalho foi analisar a instrumentação feita no trator utilizado no
ensaio, buscando avaliar se diferentes disposições dos aparelhos, utilizados no experimento,
influenciam na confiabilidade dos dados adquiridos. Os resultados demonstraram que,
possivelmente, diferentes posições do fluxômetro no sistema de alimentação do motor podem
interferir na confiabilidade dos dados finais. Já os dados que dependeram da leitura humana
mostraram ser muito passíveis a erros.

Palavras-Chave: Instrumentação, ensaio de motores, utilização de biodiesel

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

538
1 INTRODUÇÃO
A crise de petróleo dos anos 70 despertou o mundo para a busca de formas alternativas
de energia. No Brasil houve a criação do Pró-Álcool nos anos 80 e outros programas de
incentivo ao uso de combustíveis alternativos como óleos vegetais, gasogênio, gás natural,
biogás e outros. A partir daí que os combustíveis alternativos e renováveis oriundos da
biomassa vêm à tona, como uma das soluções para o desenvolvimento auto-sustentado.
Uma das opções que se tem estudado para a substituição do diesel para os motores de
combustão por compressão é o biodiesel, um biocombustível, que resulta da transesterificação
de óleos vegetais e pode ser obtido a partir do óleo de girassol, amendoim, algodão, soja,
mamona, e diversas outras plantas oleaginosas.
Os biocombustíveis são caracterizados como combustíveis derivados de biomassa
renovável para uso em motores a combustão interna ou, conforme regulamento, para outro
tipo de geração de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustível de origem
fóssil, definição conforme Lei nº 9.478/97.
Os primeiros estudos com biodiesel começaram segundo Peterson et al. (1999), com o
uso de óleo de colza, em 1979, como combustível alternativo. De lá para cá diversos outros
trabalhos foram realizados, com diferentes tipos de óleos vegetais puros ou misturados com
diesel. O estudo do uso de 12 combustíveis alternativos, produzidos pela mistura de óleos
vegetais com óleo diesel tipo 2, em um motor diesel, realizado por Ali et al. (1996), em
bancada dinamométrica, mostrou que o desempenho do motor foi similar ao obtido com óleo
diesel.
No Brasil, a instituição do Programa Nacional de Óleos Vegetais (OVEG I) permitiu a
realização de testes com óleos vegetais de composição química e grau de insaturação
variados. Os principais óleos que estão sendo testados são os derivados de macaúba, pinhão-
manso, indaiá, buriti, pequi, mamona, soja, babaçu, cotieira, tinguí e pupunha. A partir dessa
liberação vários testes começaram a ser feitos, nas diversas instituições de pesquisa do país,
utilizando o biodiesel em tratores agrícolas, este nas diversas proporções com o óleo diesel,
inclusive na forma B100. Diferentes parâmetros têm sido estudados em relação ao uso do
biodiesel, sendo um deles muito importante, a determinação da curva de potência, da curva de
torque, do consumo específico e do consumo horário de combustível. Estes parâmetros
citados são determinados utilizando um dinamômetro acoplado à TDP (dinamômetro de
absorção ou freio Prony), seguindo a metodologia prescrita pela NBR 13400 Silveira (2001),

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

539
fluxômetro, Tubo de Pitot do tipo Venturi, responsável pela mensuração da relação
estequiométrica (ar/combustível), cronômetro e coletor de dados.
Um freio Prony é a forma mais elementar do dinamômetro de absorção. Um
dinamômetro de absorção é aquele que mede a potência aplicada e, ao mesmo tempo,
converte-a em qualquer outra forma de energia, normalmente calor. O freio Prony não é
inteiramente apropriado para as determinações de potência versus velocidade, de um motor de
combustão interna, pois as curvas do conjugado versus velocidade, do freio e do motor, são
aproximadamente as mesmas. Desse modo, o controle de velocidade é fraco. Quando
empregado com precaução, pode-se esperar que o freio Prony meça a potência com um erro
de cerca de 1%, Filho e Garcia (2001).
Apesar do conhecimento dos biocombustíveis ter já décadas, os experimentos
científicos nessa área são relativamente recentes. Assim sendo, não existe ainda uma
metodologia universal aplicada para todos os tipos de pesquisas no assunto, havendo assim a
necessidade de se testar e qualificar quais são métodos e os parâmetros mais pertinentes na
confiabilidade dos resultados obtidos. Foi pensando neste propósito que este trabalho foi
executado, onde o objetivo central era o de se averiguar quais os fatores, pertinentes à
instrumentação utilizada, são relevantes para a obtenção de uma maior confiabilidade dos
dados adquiridos.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio do trator agrícola foi realizado no Laboratório de Protótipos do Setor de
Máquinas e Mecanização Agrícola do Departamento de Engenharia da Universidade Federal
de Lavras – MG. Foi utilizado um dinamômetro de absorção, modelo NEB 200, marca AW
DYNAMOMETER, que transforma energia mecânica em calor por meio de um freio
hidráulico, onde o calor gerado no freio é dissipado por água de arrefecimento, um
fluxômetro, um totalizador, um coletor de dados, um Tubo de Pitot do tipo Venturi,
recipientes plásticos devidamente graduados e um cronômetro. As proporções de
combustíveis utilizados nos ensaios foram da ordem de 50 litros de diesel mineral, 50 litros de
biodiesel de soja e 50 litros de biodiesel de azeite, ambos biocombustíveis do tipo B100.
O dinamômetro foi instalado de maneira que o eixo cardã, que o acoplava ao trator,
ficasse nivelado horizontalmente, conforme prescreve a NBR 13400 com respeito a ensaios de
tratores agrícolas utilizando este tipo de dinamômetro.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

540
A Figura 1 mostra de maneira figurativa o modelo de acoplagem do dinamômetro à
TDP do trator.

Figura 1 – Esquema de acoplagem do dinamômetro a TDP

A Figura 2 mostra o acoplamento do dinamômetro à TDP do trator na hora do ensaio e


a Figura 3 mostra o coletor de dados utilizado junto ao dinamômetro.

Figura 2 - Dinamômetro instalado Figura 3 – Coletor de dados

O aparelho instalado responsável pela mensuração da relação estequiométrica


(ar/combustível), foi o Tubo de Pitot do tipo Venturi. A este aparelho foi ligado uma
mangueira transparente em dois distintos pontos, uma ponta era o começo e a outra o fim da
mangueira, semi-preenchida com água. Uma ponta era acoplada na superfície dorsal do tubo,
e a outra ao lado direito do mesmo. Esta mangueira foi presa na forma de “U”, em uma
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

541
pilastra que fazia parte da estrutura do galpão onde o ensaio foi realizado, sobre papel
milimetrado, formando um tubo piezométrico. Com o motor do trator desligado, o nível da
água em cada parte da mangueira se mantinha à mesma altura, portanto na mesma leitura do
papel milimetrado. Com o motor ligado, e aumentando a rotação de giro deste, a demanda de
ar também aumenta, criando assim uma diferença de nível crescente em cada parte da
mangueira, correspondendo leituras diferentes no papel milimetrado. Essa diferença de nível
era, portanto, uma diferença de pressão entre a entrada de ar para o motor (ponta acoplada ao
lado direito do tubo) e a pressão atmosférica (ponta acoplada no dorso superior do tubo).
A Figura 4 mostra a forma que foi utilizada o Tubo de Pitot no ensaio. A figura 5 mostra a
disposição da mangueira na pilastra do galpão.

Figura 4 – Tubo de Pitot instalado Figura 5 – Mangueira presa na pilastra

Com os dados fornecidos pelo fluxômetro, consumo específico de combustível e o


consumo horário de combustível, os dados obtidos com o Tubo de Pitot e a vazão de retorno
de combustível da bomba injetora, a relação estequiométrica era obtida.
A instalação do Tubo de Pitot foi feita na entrada do filtro de ar, sendo utilizado na sua
vedação tiras de borracha para evitar que o filtro succionasse o ar por fora do Tubo. O Tubo
de Pitot instalado dessa forma, não apresentou complicações e nem variação dos dados
obtidos, sendo que para averiguação foram realizadas baterias de testes pré-eliminares.
Funcionando o motor do trator a mesma rotação, em cada bateria, não houve diferença na
leitura da coluna de água no papel milimetrado.
O fluxômetro utilizado no ensaio foi o OVAL M – III, modelo LSF41, do tipo rotativo,
sendo seu funcionamento realizado com a passagem do combustível por rotores internos, na
forma de lóbulos. Em um dos lóbulos vão fixados dois pinos magnéticos que, quando giram,
criam um pequeno campo magnético captado pelo sensor, este emite um sinal analógico ao
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

542
coletor de dados onde este último faz a decodificação do sinal em forma digital e apresenta o
consumo de combustível, horário ou específico conforme o desejado, no totalizador. Cada
mililitro de combustível que passa pelo fluxômetro é registrado como um pulso elétrico,
Silva, Mahl e Benez (2007). A sua instalação deve ser feita no circuito de alimentação do
motor do Trator Agrícola.
A Figura 6 mostra o fluxômetro instalado no sistema de alimentação do trator e a Figura 7
mostra o totalizador instalado.

Figura 5 – Fluxômetro no trator Figura 6 – Totalizador instalado

Primeiramente o fluxômetro foi instalado entre o filtro primário de combustível e a


bomba alternativa auxiliar (tipo diafragma). Neste local, a mensuração do consumo de
combustível não foi eficiente, devido ao fato de apresentaram diversas bolhas de ar na
mangueira de condução de combustível, tanto para o óleo diesel mineral quanto para o
biodiesel. Estas bolhas de ar mascaravam o consumo de combustível, dando valores
discrepantes e incoerentes, fato esse explicado pela facilidade de compressão do ar. O ar antes
de entrar no fluxômetro, às vezes comprimido, havendo uma expansão de seu volume de
forma rápida, aumentando assim a velocidade de rotação dos lóbulos e consequentemente
decodificando um sinal de consumo acima do real. A formação das bolhas de ar ocorreu,
provavelmente, por uma má vedação da mangueira que interligava o fluxômetro com o filtro
primário, mas fato não comprovado na hora do ensaio..
Uma segunda instalação do fluxômetro no sistema de alimentação do trator foi tentada
depois da bomba alternativa de combustível, posteriormente ao filtro secundário. Neste local
o fluxômetro funcionou adequadamente, não apresentando quaisquer bolhas de ar para
nenhum dos tipos de combustíveis utilizados no experimento. A confiabilidade dos dados

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

543
obtidos foi averiguada da mesma forma, e nas mesmas baterias realizadas, de averiguação da
vedação e precisão do Tubo de Pitot.
Para se obter o consumo de combustível real pelo motor há a necessidade de quantificar
a quantidade de combustível que volta para o filtro secundário através do retorno da bomba
injetora. Essa quantificação foi feita de modo mais rudimentar, utilizando para tal propósito
uma mangueira de PVC de 40 mm de diâmetro nominal, um frasco plástico graduado com
capacidade de 1000 ml, um cronômetro e uma pessoa responsável por coletar uma
determinada quantidade de combustível retornado sincronizando com o tempo, ou seja, a
vazão de retorno.
A Figura 7 e a figura 8 mostram como era coletado o combustível retornado da bomba
injetora.

Figura 7 – Saída do retorno de combustível Figura 8 – Coleta do combustível

O retorno de combustível neste tipo de trator é do tipo que sai da bomba injetora e volta
novamente para o filtro de combustível secundário. A metodologia de coleta desse
combustível retornado foi na forma de coleta direta, sendo colocada na saída do retorno da
mangueira de PVC. Esta conduzia o combustível até ao frasco plástico graduado, e com um
cronômetro, uma pessoa marcava qual era o tempo para que a quantidade de combustível
retornado somasse 100 ml. Pela diferença de combustível que passava no fluxômetro, que
estava instalado antes da bomba injetora, e a quantidade de combustível que retornava, tinha-
se assim a quantidade de combustível real que o motor consumia em dado momento do
experimento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

544
O torque e a potência do motor foram mensurados através da TDP do trator, em regime
de plena carga. As rotações da TDP foram pré-definidas para esse ensaio em 650, 570, 490,
410, 330 e 250 rpm. Cada ensaio durou em média 20 minutos para cada bloco de aquisição de
dados, sendo um total de 4 blocos por combustível analisado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados sobre a análise da instrumentação utilizada no ensaio do Trator Agrícola
demonstraram que algumas considerações poderiam ser feitas.
Sobre o questionamento da influência das diferentes posições do fluxômetro, no sistema
de alimentação, na confiabilidade dos dados obtidos, não se pôde chegar a uma afirmação
concreta de que há alguma interferência. Assim que surgiram bolhas no sistema, a primeira
providência tomada foi mudar o local da instalação do fluxômetro, sem haver uma posterior
averiguação do problema.
A excessiva intervenção humana na coleta dos dados demonstrou ser também um fator
ponderante na falta de confiabilidade de obtenção dos mesmos.
A forma de coleta de combustível retornado da bomba injetora, apesar de dar números
relativamente coerentes, não demonstrou ser uma forma confiável de adquirir e quantificar
esse tipo de dado. Uma hipótese que não foi levada em consideração, quando se optou por
fazer a coleta dessa forma, foi a influência da pressão de saída sobre o retorno do
combustível, pois quando ligada ao filtro secundário havia uma certa pressão contrária ao
fluxo do combustível retornável, e quando esse retorno foi posto à pressão atmosférica, essa
pressão contrária parou ser exercida. Assim sendo, não há também uma confiabilidade dessa
mensuração de combustível retornável.

4 CONCLUSÃO
Para uma melhor confiabilidade dos dados a solução seria automatizar mais os
processos de coleta de dados, retirando a participação das leituras humanas que são mais
passíveis a erro;
Na captação da vazão do combustível retornável da bomba injetora, a inserção de outro
fluxômetro no circuito do retorno possibilitaria maior confiabilidade dos dados coletados. Há
também de assinalar que quanto à dúvida da influência da pressão atmosférica sobre o
combustível retornado, não se tornaria mais um possível problema, visto que o circuito de
retorno continuaria fechado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

545
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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configurações semelhantes. Revista Cultivar Máquinas, Botucatu, ano VII, nº 61, p. 14-16,
março 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

546
EFEITO DE DIFERENTES ADUBAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO
INICIAL DE MUDAS DE PINHÃO MANSO (Jatropha curca L.)

Sidnei dos Santos, FESP/UEMG, sidsntos@yahoo.com.br


Edivaldo José Ferreira Júnior, FESP/UEMG, edivaldoferreira@uol.com.br
Bruno Pires, DCS/UFLA, piresbruno@passosuemg.br
Antônio Paulino da Costa Netto, FESP/UEMG, apcnetto@passosuemg.br

RESUMO: A exploração humana dos recursos naturais ao longo do tempo gerou


conseqüências ambientais inerentes da ação antrópica, como por exemplo, o uso de
combustíveis fósseis, que de maneira direta contribui para o aquecimento global. Uma
alternativa a esse uso é o biodiesel, um combustível biodegradável derivado de fontes
renováveis, que pode ser obtido por diferentes processos usando como matriz energética uma
enorme gama de espécies vegetais. Dentre as diferentes espécies usadas, o pinhão manso tem
se destacado por ser uma espécie nativa, de boa rusticidade e produção de sementes para o uso
industrial. No entanto, ainda são escassos os relatos técnicos – científicos sobre o cultivo
dessa espécie, e dentre os vários aspectos a serem estudados, um de grande importância, diz
respeito às necessidades nutricionais desta cultura. O presente trabalho teve como objetivo
avaliar a resposta de plantas jovens de pinhão manso submetidas a diferentes níveis e fontes
de adubações de plantio, onde foi observada uma resposta positiva à presença desses
nutrientes na adubação de plantio.

Palavras-Chave: Adubação, fósforo, potássio, Pinhão Manso

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

547
1 INTRODUÇÃO
A exploração humana dos recursos naturais ao longo do tempo sempre objetivou uma
preocupação com questões exclusivamente sócio-econômicas, em detrimento na maioria das
vezes as conseqüências ambientais inerentes da ação antrópica. Vários são os exemplos, de
momentos na história onde o homem simplesmente preocupado com o desenvolvimento a
todo custo, realizou atividades predatórias sobre o meio ambiente, gerando mudanças sociais,
na qualidade de vida, na preservação ambiental e na cadeia produtiva (Bertoni & Lombardi
Neto, 1990).
Os combustíveis fósseis são a fonte de energia mais utilizada pela sociedade para sua
locomoção, no entanto, a sua combustão libera uma grande quantidade de CO2 que contribui
para o aquecimento global. A utilização de fontes renováveis de energia principalmente
aquelas que possam ser utilizadas pelos veículos torna-se uma importante ferramenta afim de
amenizar este impacto ambiental causado pelo uso de combustíveis fósseis.
O Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode
ser obtido por diferentes processos usando como matriz energética uma enorme gama de
espécies vegetais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, soja e pinhão
manso. A adoção deste biocombustível possui várias vantagens em relação ao diesel fóssil,
como por exemplo na queima onde o Biodiesel reduz em 55% a emissão de fuligem e em
35% a liberação de hidrocarboneto (Carnielli, 2003).
Outro importante fator é o uso do gás carbônico gerado na queima de combustíveis em
processos biológicos como a fotossíntese (pela incorporação de CO2 na fitomassa de plantas)
estimulando dessa forma o crescimento e desenvolvimento das lavouras de plantas
oleaginosas, devolvendo ainda à atmosfera o oxigênio. Dessa forma, encontramos um ciclo
fechado de produção sem sobras poluentes (Carnielli, 2003).
O Pinhão manso (Jatropha curca L.), é uma espécie nativa do Brasil, da família das
Euforbiáceas, uma planta geneticamente próxima à mamona, e está sendo apresentada como
uma importante alternativa para o fornecimento de óleo vegetal para a fabricação do
biodiesel. Atualmente, essa espécie não está sendo explorada comercialmente no Brasil, mas
segundo Azevedo (2006) é uma planta oleaginosa viável para a obtenção do biodiesel, pois
produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare, levando de três a quatro anos para
atingir a idade produtiva, que pode se estender por 40 anos.
Cortesão (1956) e Peixoto (1973), narram que sua distribuição geográfica é bastante
vasta devido a sua rusticidade, resistência a longas estiagens, bem como às pragas e doenças,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

548
sendo adaptável a condições edafoclimáticas muito variáveis, desde o Nordeste até São Paulo
e Paraná. Estes autores ainda relatam que o pinhão manso se desenvolve bem nas regiões
tropicais secas, nas zonas equatoriais úmidas e em terrenos áridos e pedregosos, podendo, sem
perigo, suportar longos períodos de seca, sendo encontrado plantas de pinhão manso desde a
orla marítima até 1.000 m de altitude, com seu cultivo mais indicado em regiões que
apresentam – se entre 500 e 800 m de altitude.
O pinhão manso pode ser reproduzido via sexuada ou multiplicado por estacas. Em
ambos os casos, a seleção das matrizes deve ser rigorosa, escolhendo-se as melhores plantas.
De modo geral, as plantas oriundas de sementes são mais resistentes e de maior longevidade,
atingindo idade produtiva após quatro anos e produzindo por 30 a 50 anos. Enquanto as
provenientes de estacas são de vida mais curta e sistema radicular menos vigoroso, mas
começam a produzir no segundo ano, possuindo esse processo a vantagem de ser mais
simples e econômico (Arruda et al., 2004).
Segundo Purcino e Drummond (1986) o fato do pinhão manso ser uma cultura perene
de fácil manejo com grande quantidade de óleo extraído das sementes, boa conservação das
sementes após a colheita o torna uma excelente matriz energética para a fabricação do
biodisel, podendo ainda ser produzido nas pequenas propriedades, com a mão-de-obra
familiar disponível.
A crescente expectativa em torno de culturas potencialmente fontes de matéria prima
para a produção de óleo com fins energéticos, tem resultado em uma grande demanda de
informações a cerca de espécies nativas e como o pinhão manso.
Dentre os vários aspectos a serem estudados, um de grande importância diz respeito as
necessidades nutricionais desta cultura, sendo ainda raros os trabalhos encontrados na
literatura, com relação ao uso de importantes macronutrientes como o fósforo e o potássio.
Sabe-se, no entanto, que o pinhão manso pode responder positivamente a presença destes
elementos minerais como demonstrado por Kurihara et al (2006) e Silva et al (2006).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a resposta de plantas jovens de pinhão
manso submetidas a diferentes níveis e fontes de adubação de plantio.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido entre novembro de 2006 a abril de 2007, na Fazenda
Experimental da Fundação de Ensino Superior de Passos – FESP/UEMG localizada no
município de Passos – MG, a uma latitude de 19º S, e longitude 43º W de Greenwich.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

549
A área do ensaio encontra-se a uma altitude média de 700 m, com temperatura média
anual de 18º a 20º C e precipitação média anual de 1709,4 mm.
O relevo é suave ondulado com declividade de 5%. O solo da área de estudo foi
classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico e textura media (Embrapa, 1999).
O experimento foi implantado utilizando o delineamento inteiramente casualizado em
uma área de 0,1 ha. O preparo da área constituiu em uma aplicação de herbicida (glifosato) e
abertura das covas com dimensão de 0,20 x 0,20 m, o espaçamento entre mudas utilizado foi
de 3 x 3 m. As mudas utilizadas no plantio, foram adquiridas por sementes sendo utilizado um
total de 108 mudas. Foram plantadas 9 linhas com doze plantas cada, a cada três linhas coleta-
se dados apenas da linha central.

Os tratamentos utilizados foram os seguintes:

Tratamento 1: 3 litros de esterco bovino curtido por cova.

Tratamento 2: 225 gramas de MAP/cova + 87 gramas de Cloreto de Potássio/cova


(137,5 kg de P2O5/ha e 56 kg de K2O/ha).

Tratamento 3: 450 gramas de MAP/cova + 112 gramas de Cloreto de potássio/cova (275


kg de P2O5/ha e 112 kg de K2O/ha).

Toda a adubação foi realizada na ocasião do plantio misturando as fontes de nutrientes à


terra de enchimento das covas.

Durante o experimento foram realizadas três capinas, sendo uma química e as outras
duas mecânicas (enxada).

Foram realizadas três medições de altura (régua) e diâmetro (paquímetro) para se


acompanhar o desenvolvimento inicial das mudas. Estas medições foram realizadas nas
seguintes datas: 30/02/2007, 30/03/2007 e 30/04/2007.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos das medições foram analisados com o auxilio do programa estatístico
SISVAR (Ferreira, 2000) e foi utilizado teste de Duncan a 5%.
Pela análise da Figura 1, observamos que na primeira coleta de dados referente ao mês
de Fevereiro não houve diferença entre os tratamentos 1 (esterco bovino) e 2 (225 gramas de
MAP/cova + 87 gramas de Cloreto de Potássio/cova), no entanto, no tratamento 3 (450
gramas de MAP/cova + 112 gramas de Cloreto de potássio/cova) foram encontradas plantas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

550
mais altas, demonstrando uma melhor resposta a altas doses de fósforo e potássio no
desenvolvimento inicial das mudas.
Na segunda medição referente ao mês de Março a adubação orgânica permaneceu
inferior aos demais tratamentos. Já o tratamento 2 apresar de ainda apresentar plantas menores
que o tratamento 3, demonstrou um maior crescimento relativo neste intervalo e obteve
também bons resultados, igualando-se estatisticamente ao tratamento 3, onde ainda foram
encontradas as plantas mais altas (Figura 1).
Essa mesma tendência também foi observada na medição subseqüente referente ao mês
de Abril (Figura 1).

Altura de Plantas

90 A
Altura de Plantas (cm)

80
70 A A
60 A
A Trat 1
50 B B
B Trat 2
40 B
30 Trat 3
20
10
0
Fevereiro Março Abril
Meses

Figura 1. Altura de plantas de pinhão manso sob o efeito de diferentes adubações. Médias
seguidas da mesma letra não se diferem estatisticamente entre si (Duncan a 5%).

Pela análise da Figura 2, da mesma forma que o observado na Figura 1, notamos que na
primeira coleta de dados referente ao mês de Fevereiro, não se encontrou diferença entre os
tratamentos 1 (esterco bovino) e 2 (225 gramas de MAP/cova + 87 gramas de Cloreto de
Potássio/cova), no entanto, no tratamento 3 (450 gramas de MAP/cova + 112 gramas de
Cloreto de potássio/cova) foram encontradas plantas com diâmetro maior, demonstrando uma
melhor resposta a altas doses de fósforo e potássio no desenvolvimento inicial das mudas.
Na segunda medição referente ao mês de Março nos tratamentos 1 e 2 foram observadas
plantas com diâmetros inferiores ao tratamento 3, ainda não sendo encontradas diferenças
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

551
estatísticas entre esse tratamentos. Já o tratamento 3 novamente demonstrou um maior
crescimento relativo neste intervalo produzindo plantas com maior diâmetro (Figura 2). Vale
a pena ressaltar que no caso da altura de plantas a resposta foi diferente, pois nesse estágio de
desenvolvimento as plantas do tratamento 2 já se encontravam maiores que as plantas do
tratamento 1 e estatisticamente iguais as descritas no tratamento 3.
As medições realizadas no mês de Abril mostraram um aumento no diâmetro das
plantas do tratamento 2, que possibilitou a formação de um grupo intermediário de plantas
para essa avaliação, pois nesse intervalo não foram encontradas diferenças estatísticas entre
este tratamento e os demais tratamentos estudados. Isso pode demonstrar uma pequena
resposta a adubação tendendo a essa se igualar à maior dose aplicada nas covas. Por sua vez, o
tratamento 1 permaneceu como sempre, inferior aos demais (Figura 2).

Diâmetro de Plantas
Diâmetro de Plantas (cm)

3,5 A
3 AB
A
2,5 B
A B B Trat 1
2
B B Trat 2
1,5
Trat 3
1
0,5
0
Fevereiro Março Abril
Meses

Figura 2. Diâmetro de plantas de pinhão manso sob o efeito de diferentes adubações. Médias
seguidas da mesma letra não se diferem estatisticamente entre si (Duncan a 5%).

Observando os dados apresentados acima, podemos inferir que o tratamento 3, promove


um melhor desenvolvimento inicial de mudas de pinhão manso, seguido de perto pelo
tratamento 2, que possui uma menor dose de fósforo e potássio na ocasião do plantio. Além
disso, o tratamento 1, a base de esterco bovino, sempre demonstrou uma menor performance,
produzindo plantas com menores altura e menores diâmetros.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

552
Esses dados corroboram aos resultados apresentados por Kurihara et al. (2006), onde
ocorreu uma relação aditiva entre o aumento das doses de fósforo e o incremento na altura de
plantas.
Com relação ao potássio, os dados apresentados corroboram em parte com os resultados
descritos por Kurihara et al. (2006). Principalmente por não se observar um decréscimo na
altura de plantas em doses maiores de potássio. No entanto, ocorreu uma tendência de
aumento uniforme entre as doses estudadas, pois com o aumento no intervalo das coletas de
dados as plantas tendem a se igualar no quesito altura.

4 CONCLUSÕES
O pinhão manso é responsivo a adubação fosfatada e a adubação potássica.
Nos primeiros três meses de desenvolvimento, o pinhão manso se desenvolveu melhor
com altas doses de fósforo e potássio.
Após o quarto mês de plantio, as respostas as diferentes doses de fósforo e potássio,
apresentaram tendência a se igualarem.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, F. P.; BELTRÃO, N. E. M.; ANDRADE, A. P.; PEREIRA, W. E. e SEVERINO,


L. S. Cultivo de Pinhão Manso (Jatropha curca L.) como alternativa para o semi-árido
nordestino. Revista Brasileira de Ol. e Fibros., Campina Grande, v.8, n.1, p.789-799, jan –
abr 2004.

AZEVEDO, H., “Pinhão manso é lançado pelo presidente Lula como opção para o
biodiesel – Vegetal é de fácil cultivo”. Hoje em Dia, 14/01/2006, Brasília-DF.

BERTONI, J. & LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 4ª. Ed. Editora Ícone. São
Paulo: SP. 355 p. 1990.

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www.ufmg.br/boletim/bul1413. >

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EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de


Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999.
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DE BIOMETRIA. UFSCAR, São Carlos, SP, p. 255–258, 2000.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

553
KURIHARA, C. H.; ROSCOE, R.; SILVA, W. M.; MAEDA, S.; GORDIN, C. L. e SATOS,
G. Crescimento inicial de pinhão – manso sob efeito de calagem e adubação, em solos de
mato grosso do sul. Bonito: FERTBIO, 2006.

PEIXOTO, A.R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 284p.

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SILVA, W. M.; KURIHARA, C. H.; ROSCOE, R.; MAEDA, S.; GORDIN, C. L. e


SANTOS, G. Teores de nutrientes em pinhão manso sob efeito de calagem e adubação.
Bonito: FERTBIO, 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

554
REDUÇÃO NA EMISSÃO DE ÓLEO DE COZINHA NO RIO PARAÍBA DO
SUL

Humberto Dias Souza, UFLA, betoadulterado@ig.com.br

RESUMO: Nada é mais abundante do que a água. Por isso, é difícil imaginar que sua
escassez possa causar mortes, conflitos internacionais, ameaças a sobrevivência de animais e
plantas e comprometer alguns setores da economia. Entretanto, tal cenário é cada vez mais
recorrente. Apenas um quarto da humanidade terá água para as suas necessidades mínimas em
2025. A estimativa é da ONU, que considera os recursos hídricos uma de suas preocupações
prioritárias. O óleo de cozinha jogado diretamente na pia pode prejudicar o meio ambiente. Se
o produto for para a rede de esgoto encarece o tratamento dos resíduos em até 45%, e o que
permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e terrenos adjacentes que
contribuem para a enchente. Quem sofre com tudo isto é o contribuinte que tem que pagar
mais pela conta de água e esgoto e os comerciantes e moradores das áreas afetadas pelas
enchentes.

Palavras-Chave: Óleo, poluição, água, rio Paraíba do Sul.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

555
1 INTRODUÇÃO
Nada é mais abundante do que a água. Por isso, é difícil imaginar que sua escassez
possa causar mortes, conflitos internacionais, ameaças a sobrevivência de animais e plantas e
comprometer alguns setores da economia. Entretanto, tal cenário é cada vez mais recorrente.
Apenas um quarto da humanidade terá água para as suas necessidades mínimas em 2025. A
estimativa é da ONU, que considera os recursos hídricos uma de suas preocupações
prioritárias.
Em algumas partes do planeta, a crise já começou. Nos 40 países mais secos, a maioria
deles na Ásia e na África, um cidadão tem direito a, no máximo, oito litros de água por dia. É
muito pouco. Pelos cálculos da ONU, um indivíduo adulto precisa de algo em torno de 50
litros diários para viver, ou seja, para ingestão, preparo de alimentos, diluição de esgotos e
higiene pessoal. O cálculo não inclui dezenas de milhares de litros gastos na agricultura, na
pecuária ou na indústria. Como já declarou Koichiro Matsuura, diretor geral da Unesco, órgão
da ONU que coordenou um dos maiores estudos já realizados sobre a situação da água no
mundo, nenhuma região será poupada do impacto dessa crise que afeta todos os aspectos da
vida, da saúde das crianças à capacidade das nações de providenciar comida.
De fato, no mundo moderno, é mais fácil morrer por falta de água, ou de saneamento do que
de Aids, tuberculose ou doenças infantis, como o sarampo. Pelo menos 6 mil pessoas, na sua
maioria crianças expostas à água não potável, morreram a cada dia em decorrência de
diarréias que culminam em desidratação fatal. Isso sem contar outras doenças de origem
hídrica, como a malária e a esquistossomose, transmitidas respectivamente por mosquitos e
caramujos que proliferam na água.
A degradação da água não compromete apenas a qualidade de vida humana. Ela
também põe em risco a sobrevivência de inúmeras espécies animais e vegetais. Pelo menos
20% das cerca de 10 mil espécies de peixes de água doce, estão ameaçadas ou em vias de
desaparecer. De acordo com a FAO, 69% dos estoques pesqueiros marinhos estão totalmente
explorados, expostos à sobrepesca, degradados ou em lenta recuperação.Animais terrestes
enfrentam declínio similar. Aproximadamente 24% dos mamíferos e 12% das aves estão na
lista de espécies que correm risco de extinção. Um dos principais motivos é que eles já não
encontram as condições mínimas para sobrevivência.
O óleo de cozinha jogado diretamente na pia pode prejudicar o meio ambiente. Se o
produto for para a rede de esgoto encarece o tratamento dos resíduos em até 45%, e o que
permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e terrenos adjacentes que

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

556
contribuem para a enchente. Quem sofre com tudo isto é o contribuinte que tem que pagar
mais pela conta de água e esgoto e os comerciantes e moradores das áreas afetadas pelas
enchentes
A adoção de práticas de prevenção e controle da degradação do meio ambiente tem
representado uma mudança de comportamento na gestão de organizações1 , que buscam a
sustentabilidade dos recursos naturais através da integração dos componentes sociais,
ambientais e econômicos nos processos de planejamento, implantação e operação de suas
atividades.O gerenciamento de resíduos sólidos e fluentes, via de regra, constitui-se em
aspecto ambiental fundamental para a maioria das organizações que implantam sistemas de
gestão ambiental. Empreendimentos lindeiros aos cursos d’água e altamente dependentes da
qualidade da água, da paisagem e da estética.Ruschmann (1997) inclui a poluição hídrica de
represas, rios, lagos e cachoeiras entre os danos causados pelo crescimento descontrolado de
atividades de turismo e recreação, devido ao lançamento de esgotos e à geração de resíduos
em embarcações de recreio que expelem gases, óleos e graxas, determinada pela ineficiência
ou falta de coleta de lixo e pela falta de orientação dos próprios usuários.

PROPOSTA PARA DIMINUIÇÃO DE LANÇAMENTO DE ÓLEO DE COZINHA NO RIO


PARAÍBA DO SUL NA CIDADE DE BARRA DO PIRAÍ-RJ
Como já vimos o óleo jogado nas pias das residências e que vão parar nos rios,
encarecem até 45% o tratamento da água, o que atinge diretamente a população fora os danos
ambientais.
Existem diversas formas para o uso desse óleo, como por exemplo o uso de
decomposteira caseiras, método já utilizado na cidade de Volta Redonda-RJ e também a
fabricação de biodiesel, esse tendo restrições conforme as normas da ANP por isso não fica
viável a utilização desse método para a cidade de Barra do Piraí, já que não conta com
entidades de pesquisa.
Dois artigos se sobressaem nessas normas:

Art. 3. O biodiesel só poderá ser comercializado pelos Produtores de biodiesel,


Importadores e Exportadores de biodiesel, Distribuidores de combustíveis líquidos e
Refinarias.

Parágrafo único. Somente os Distribuidores de combustíveis líquidos e as Refinarias,


autorizados pela ANP poderão proceder a mistura óleo diesel/biodiesel – B2, contendo 98%

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

557
em volume de óleo diesel, conforme a especificação da ANP, e 2% em volume de biodiesel,
respectivamente, para efetivar sua comercialização

Art. 7. Para o uso automotivo só poderá ser comercializada mistura óleo


diesel/biodiesel – B2, observado o estabelecido na Portaria ANP nº 310, de 27 de dezembro
de 2001, e suas alterações.

Parágrafo único. Para a mistura autorizada óleo diesel/biodiesel deverá ser atendida a
Portaria ANP nº 240, de 25 de agosto de 2003.
Portanto querendo diminuir a poluição e querendo integrar a população envolvendo com
isso a parte social surge uma nova forma de utilização desse óleo.Este seria utilizado para
fabricação de sabão, que seria revertido para creches e escolas do município diminuindo o
custo com materiais de limpeza.
Para isso a população seria cadastrada e seria estipulado uma cota mensal de entrega de
óleo por família e isso se chamaria “moeda óleo”.A família que atingisse a cota mensal
receberia um desconto na taxa de água e esgoto da cidade, já que está contribuindo com a
redução dos custos na parte de tratamento da água.Isso também acontecendo para
supermercados, bares, restaurantes, lanchonetes e outros estabelecimentos, com os quais a
prefeitura poderá estabelecer convênios e recolher óleo desses locais, os quais receberiam o
benefício do desconto das taxas mais um selo de amigo do ambiente, feito pela própria
prefeitura.
A coleta desse óleo seria realizada em data estipulada e em locais estipulados pela
prefeitura que seriam os “bancos de óleo”.
Esse método envolverá governo e população, com benefícios para todos e conservação
da água e do ambiente.

2 CONCLUSÃO
O método é viável, e a curto prazo pôde demonstrar efeito não só na área ambiental,
mas na diminuição dos gastos públicos. Assim, não envolvendo somente os políticos, mas
também toda a população da cidade na tomada de consciência da todos os benefícios causados
pelo método.

3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACHOA, G.L. Análise e avaliação dos resíduos decorrentes de área portuária e de
terminais de armazenamento, tendo em vista a implantação de um centro de tratamento

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

558
e disposição final. 1992. 154f. Dissertação (Mestrado em EngenhariaQuímica) - Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo.

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Paulo: Edgard Blucher/Cetesb, 1977. 186p.

BRASIL, Lei n° 9966 – 28 abr. 2000. Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização
da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas
em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. Brasília, 29 de abril de 2000.

CARDWELL, R.D.; KOONS R.R. Biological consideration for the sitting and design of
marinas and affiliated structures in Puget Sound. Washington Department of Fisheries
Protection. 1981 (Technical Report n.60).

QUEIROZ, O.T.M.M. Impacto das atividades turísticas em reservatórios: uma avaliação


sócioambiental do uso e ocupação na área da represa do Lobo, município de Itirapina,
SP. 2000. 238p. Tese (Doutorado). EESC, Universidade de São Paulo. São Carlos.

RUSCHMAN, D. V. D. M. Turismo e planejamento sustentável. 7.ed. Campinas: Papirus,


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Escrituras, 1999. p.195-225.

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PETROBRAS (Petróleo Brasileiro S.A.), 1995. Relatório Anual de Atividades. Rio de


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REBOUÇAS, A. C., 1996. Diagnóstico do setor de hidrologia. Caderno Técnico, 2:42-46

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

559
A CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO NO ESTADO DE MINAS
GERAIS

Rafael Gontijo Baêta Neves, UFLA, rafalbaeta@yahoo.com.br


Júlio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
Antônio Carlos Fraga, UFLA/DAG, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, UFLA/DEG, pedrocn@ufla.br

RESUMO: A cadeia produtiva do algodão é uma das principais do Brasil, empregando mais
de 1 milhão de pessoas diretamente. A produção algodoeira do Brasil concentra se
principalmente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, principalmente nos Estados do Mato
Grosso e Bahia, que responde aproximadamente 80% da produção brasileira. Minas Gerais já
foi um grande estado produtor de algodão e atualmente possui cerca de 30 mil hectares de
algodão distribuídos nas regiões Norte, Triangulo Mineiro, Noroeste e Alto Paranaíba. O
programa mineiro de incentivo à cultura do algodoeiro (PROALMINAS) tem como
expectativas a incorporação de 120 mil hectares de produção de algodão em Minas Gerais,
visando assim atender as necessidades de fibras do Estado de Minas Gerias.

Palavras-Chave: Cultura do algodão, cadeia produtiva, APL, Gossypium hirsutum L.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

560
1 INTRODUÇÃO
A cadeia produtiva do algodão, apesar da crise por que passa atualmente a cotonicultura
nacional, é uma das principais do Brasil e também do mundo, empregando mais de um milhão
de pessoas diretamente, apenas nos setores industriais, gerando com isso uma receita de US$
1,5 bilhão/ano, considerando apenas nosso país (Beltrão,1999).
O Brasil já chegou a ser o quarto exportador de algodão, hoje apesar do incremento da
produtividade, a área plantada é insuficiente para abastecer o mercado interno.
No mundo, os grandes produtores, também são grandes consumidores da fibra, o que
indica que em um futuro próximo será de suma importância produzir a própria matéria prima,
assim, a demanda por tecnologias que promovam aumento da produtividade, redução dos
custos e melhoria na qualidade da fibra devem ser buscadas (Lima Filho,2005).
O levantamento de safra realizado pela CONAB (Companhia Nacional de
Abastecimento), em 2006, demonstra uma redução da área plantada visando algodão em
caroço de cerca de 27,3%, isso significa uma redução de 322,4 mil hectares em relação à safra
anterior, seguindo uma tendência mundial..
Ainda segundo a CONAB, produção de algodão em caroço nesta safra está estimada em
2,7 milhões de toneladas, o que evidencia uma redução de 21,2% comparada à safra passada.
A produção algodoeira no Brasil se concentra na região Centro-Oeste e Nordeste. Os
principais estados produtores são Mato Grosso e Bahia correspondendo juntos a 76,1% da
produção nacional de algodão em caroço.
O Estado de Minas Gerais apresenta uma área de plantio de próximo de 30.000 ha,
distribuída nas regiões: Noroeste, Alto Parnaíba, Triangula Mineiro e Norte de Minas,
No Estado de Minas Gerais segundo a AMIPA (Associação Mineira dos Produtores de
Algodão), a área cultivada com algodão está dividida da seguinte forma:
• 6.500 hectares no Alto Paranaíba.
• 5.200 hectares no Triangulo Mineiro.
• 3.700 hectares no Pontal do Triangulo
• 10.300 hectares no Noroeste Mineiro.
• 3.800 hectares no Norte de Minas.
A região Norte de Minas apresenta ainda, cerca de 3.000 hectares de algodão no sistema
de rebrota, correspondendo com cerca de 10% da área plantada anualmente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

561
Tanto os dados da AMIPA quanto os dados da CONAB convergem para valores
semelhantes, porém demonstram que as metas traçadas no ano de 2000 pelo PROALMINAS
(Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodoeiro) não foram atingidas.
A meta era que para a safra 05/06 a área plantada chegasse aos 120 mil hectares e uma
produção de 300 mil toneladas, uma redução de cerca de 75% em relação à área plantada
prevista e uma produção 64,46% menor que o esperado no programa.
Existem hoje no Brasil estoques públicos reguladores, e estoques privados. Dados
fornecidos pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) confirmam
estoques públicos em torno de 4558 toneladas, valor pequeno se comparado aos estoques
reguladores do final da década de 80 ou mesmo se comparado aos estoques mantidos no início
do ano de 2000.
A cotonicultura hoje está intimamente ligada à tecnologia e ao dinamismo. A utilização
de sistemas modernos de irrigação, sementes de alto valor agronômico uso de produtos
fitosanitários cada vez mais especializados, utilização de mão-de-obra especializada,
monitoramento de pragas e doenças e o alto valor de custeio vem fazendo com que a
cotonicultura seja cada vez mais profissional e competitiva, restringindo a participação do
pequeno produtor ou da produção familiar. A falta de incentivo quanto à remuneração a ser
paga ao produtor por algodão de uma tipagem melhor fazem com que a cada dia a
cotonicultura torne-se uma especialidade dos grandes produtores, que estão mais bem
preparados para esse tipo de mercado.
Hoje no estado de Minas Gerais existe o programa PROALMINAS que vem por trazer
propostas para o fomento da cultura algodoeiro. Outro programa que visa fortificar a
produção da fibra no estado, está sendo criado pela AMIPA é o Programa de Controle e
Erradicação do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), principal praga da cultura.
Através de um programa fitossanitário, e de legislação que prevê datas para destruição de
restos culturais e enfoques na execução de cultura isca, este programa está sendo montado nos
moldes do que vem sendo executado no estado de Goiás.
Na outra ponta da cadeia produtiva encontra-se a industria têxtil, uma das mais
tradicionais do país. Os primeiros dados de financiamento por parte do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento) data de 1965 com o intuito de fortalecer o setor e
modernização do parque têxtil nacional. Uma crise enfrentada na década de 90 quando o saldo
da balança comercial têxtil chegou a ficar negativa na casa de US$ 1 bilhão graças a políticas
de incentivo a importações (tanto de pano quanto de peças confeccionadas) e maxi
desvalorização do cambio, fez com que houvesse uma redução de 50% do parque têxtil
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

562
nacional segundo a SINDTEXTIL (Sindicato das Industrias Têxteis). Mas a política de
importações também favoreceu a modernização das industrias têxteis nacionais que
importaram máquinas e novas tecnologias de produção, além de aumentarem sua participação
no mercado interno, uma vez que assumiram as cotas de mercado das empresas que deixaram
de existir com a crise. Como reflexo dessa modernização, houve uma reação do setor por
volta do ano 2000.
Segundo a ITMF (International Textiles Manufatures Federation) em publicação da
ABIT (Associação Brasileira da Industria Têxtil), o Brasil se mostra como um dos países mais
competitivos no setor de fiação e tecelagem com fios comuns, ficando em desvantagem
comparativamente aos países com expressiva produção têxtil apenas no quesito custo de
capital.
Minas Gerais possui o terceiro parque industrial têxtil do Brasil com capacidade de
consumo estimado de 150 mil toneladas de algodão em pluma, sendo que deste consumo
apenas 14% provem da produção estadual da fibra (PROALMINAS). Existe por parte das
industrias mineiras uma preferência por compra de algodão em pluma de outros estados como
Mato Grosso e Goiás, seja por incentivo financeiro seja por questões de qualidade.
De acordo com citações feitas em relatório do INDI-MG (Instituto de Desenvolvimento
Integrado de Minas Gerais) já no ano 2000 a industria têxtil mineira trabalhava com 100% da
capacidade produtiva.
Neste cenário o INDI-MG indica em seu relatório do panorama têxtil (2000) que a as
perspectivas são de investimentos e promoção industrial com a ampliação das plantas
existentes e implantações de novas unidades. O estado de São Paulo é o destino de cerca de
39% da produção têxtil mineira, cerca de 12% da produção fica dentro do próprio estado, as
exportações não chegaram a 9% no ano de 2000. Os outros estados da federação compram os
40% restantes da produção.

2 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP, FAMEMIG e MDA.

3 REFERÊRENCIA BIBLIOGRÁFICA

ABIT. A Real Conjuntura da Indústria Têxtil e de Confecção Brasileira. 2006.16 p.

BELTRÃO, N.E.M. O Agronegócio do Algodão no Brasil. Brasília: Embrapa


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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

563
COELHO, J. R. R. Indice Fiesp de Competitividade das Nações (Ic-Fiesp). São Paulo.
2005. 44p.

LIMA FILHO, N. O.; LADCHUMANANANDASIVAM R.; VERÍSSIMO S. A.,


MEDEIROS J. I. A Importância Da Fibra De Algodão No Mercado Brasileiro E Suas
Perspectivas. 2005. 8p.

MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Avaliação da Safra Agrícola


2005/2006 – Décimo Levantamento. Conab, 2006. 27p.

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NOGUEIRA, A. H.; MOURÃO, M. A. C.; FONTES, R. R. Panorama da Indústria Têxtil de


Minas Gerais 1997/2000. Minas Gerais: Instituto de Desenvolvimento Integrado de
Minas Gerais, 2000. 41p.

PROALMINAS. Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão. Minas Gerais:


Governo de Minas, 2003/2006. 58p.

ABRAPA, http://www.abrapa.com.br/multissitios_abrapa/publicacao/engine.wsp?tmp. area


=193. Acessado em 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

564
OTIMIZACÃO DE VARIÁVEIS NA DETERMINACÃO DE SÓDIO,
POTÁSSIO, CÁLCIO E MAGNÉSIO POR ESPECTROMETRIA DE
ABSORÇÃO ATÔMICA (FAAS)

Paula Machado Baptista, PUC-RIO, laatom@rdc.puc-rio.br


Reinaldo Calixto de Campos, PUC-RIO, rccampos@rdc.puc-rio.br
Rodrigo Araújo Gonçalves, PUC-RIO, laatom@rdc.puc-rio.br

RESUMO: A presença de Na, K, Ca e Mg, geralmente oriundos de catalisadores (Na e K) e


da água de lavagem (Ca e Mg) do processo de obtenção do biodiesel, pode comprometer a
qualidade do mesmo como combustível. A determinação desses elementos faz parte de um
procedimento de controle de qualidade e caracterização do biodiesel, puro ou em mistura com
o diesel derivado do petróleo. De acordo com as normas européias, as determinações de Na e
K devem ser realizadas por absorção atômica na chama e as de Ca e Mg, por ICP-OES.
Porém, nada impede que todas estas determinações venham a ser feitas por absorção atômica,
o que pode implicar em economia de meios e na habilitação de um maior número de
laboratórios para a realização deste tipo de análise. O presente estudo visou a determinação
destes elementos por absorção atômica na chama, otimizando parâmetros como taxa de
aspiração, altura de observação e vazão dos gases que compõem a chama. Especial atenção
foi dada à questão do ajuste de viscosidade entre as soluções amostra e as soluções de
calibração, considerando as diversas origens do biodiesel. Além disso, para validação do
procedimento em relação ao Ca e Mg, realizaram-se comparações com resultados obtidos por
ICP-OES. Os resultados indicaram que os fatores estudados devem ser cuidadosamente
otimizados para que curvas analíticas externas, preconizadas pelas normas, possam ser
utilizadas sem riscos de erros devidos a efeitos de matriz. A adição de óleo mineral (vaselina
líquida) às soluções de calibração, em proporções adequadas, mostrou-se eficiente para
minimizar o efeito das diferenças de viscosidade entre as amostras e as soluções de
calibração. Para Ca e Mg, a técnica de absorção atômica desenvolvida obteve resultados
equivalentes aos encontrados por ICP-OES.

Palavras-Chave: Biodiesel, absorção atômica, sódio, potássio, magnésio, cálcio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

565
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE UM TRATOR AGRÍCOLA
TRACIONANDO UM PROTÓTIPO “AEROSSOLO”

Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br


Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Newton la Scala Júnior, FCAV/UNESP, lascala@fcav.unesp.br
Ana Lucia Paschoa Botelho Ferreira Barbosa, FCAV/UNESP, anapaschoa@gmail.com
Edinan Augusto Borsatto, FCAV/UNESP, eborsatto@techs.com.br
Carlos Eduardo Angeli Furlani, FCAV/UNESP, furlani@fcav.unesp.br

RESUMO: As máquinas e implementos agrícolas necessitam passar por testes de


desempenho utilizando-se combustíveis alternativos ao diesel de petróleo. Em virtude disto, o
presente trabalho teve por objetivo avaliar o consumo de combustível de um trator Valtra
BM100 4x2 TDA tracionando um protótipo “Aerossolo”, funcionando com Biodiesel na
proporção B5 (5% de biodiesel e 95% de diesel). O trabalho foi conduzido no Departamento
de Engenharia Rural da UNESP – Jaboticabal, em delineamento em blocos casualizados, no
esquema fatorial 3 x 3, com quatro repetições. A combinação dos fatores foram três condições
de lastragem (0; 960 e 1.307 kg) e três ângulos das seções (0º; 7º e 14º). Os resultados
evidenciaram aumento no consumo de combustível relacionado à adição de lastros, bem como
com o aumento do ângulo das seções.

Palavras-Chave: Preparo do solo, biocombustível, ensaio de tratores.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

566
1 INTRODUÇÃO
O interesse em aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção, bem como a
preocupação com a qualidade e a preservação do meio ambiente denota-se pela necessidade
do desenvolvimento de novos equipamentos agrícolas destinados ao preparo do solo.
Ressalta-se, também, que os atrativos dessas inovações se relacionam com o menor consumo
de combustível do trator e maior desempenho operacional, mantendo ou melhorando a
qualidade das operações agrícolas.
Dentre as operações agrícolas, as de preparo do solo estão entre as técnicas que
freqüentemente melhoram as produções das culturas, mas devem ser adaptadas às condições
especificas para um distinto sistema de produção. MORAES & BENEZ (1996) observaram
que um grande número de máquinas e implementos agrícolas destinados à operação de
preparo do solo foram e continuam sendo desenvolvidos.
Aliado ao desenvolvimento de novas máquinas e implementos, DABDOUB et al.
(2003) relataram que o aumento do preço do petróleo, bem como o dos derivados, causou
crescente interesse pelas energias renováveis. De acordo com os autores, é necessário destacar
a importância dos óleos vegetais para produzir energia alternativa, como é o caso do
Biodiesel.
Para tanto, tais máquinas e implementos necessitam passar por testes de desempenho
utilizando-se combustíveis alternativos ao diesel de petróleo, como o realizado por LOPES et
al. (2004), que utilizaram Biodiesel num trator de 73,4 kW (100 cv), em operação de preparo
do solo com grade aradora, e concluíram que, em proporções de 5 até 50%, não há alteração
no consumo de combustível; entretanto, para as proporções de Biodiesel de 75% e 100%, o
consumo aumentou 5 e 10%, respectivamente, em relação ao diesel de petróleo.
Em função do apresentado acima, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o
consumo de combustível de um trator agrícola tracionando um protótipo “Aerossolo”, e
funcionando com Biodiesel na proporção B5 (5% de Biodiesel e 95% de diesel).

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola
(LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização
geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude sul e
48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, e clima tropical úmido com estação
chuvosa no verão e seca no inverno (Aw), de acordo com a classificação de Köeppen.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

567
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico
típico (EMBRAPA, 1999), com relevo suave ondulado e declividade de 7%. Apresentou teor
médio de água, nos dias dos ensaios, de 22 e 28% no perfil de 0-10 e 10-20 cm de
profundidade, respectivamente.
Neste trabalho, utilizou-se como combustível a proporção B5, 5% de Biodiesel e 95% de
diesel. Tal Biodiesel foi produzido no Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias
Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto.
O protótipo utilizado é um equipamento construído inicialmente com a finalidade de
recuperar pastagens degradadas, favorecendo a aeração do solo após a utilização do mesmo,
em função disso foi patenteado como Aerossolo. Neste trabalho procurou-se avaliá-lo como
equipamento de preparo reduzido do solo. Tal implemento é constituído por comando
hidráulico, cabeçalho com luva telescópica para regulagem longitudinal, duas seções
dispostas lateralmente, contando com 28 hastes de 24 cm de comprimento e espessura de
4 cm. Como opcional, pode ser adicionado lastros de concreto para aumentar a profundidade
de trabalho, rodas de transporte e rolo destorroador para conferir o nivelamento da superfície.
Como principais regulagens têm-se a adição de lastros (máximo de 1.307 kg) e cinco
variações do ângulo das seções (0; 4; 7; 11 e 14º).
Para tracionar o equipamento, foi utilizado um trator da marca Valtra, modelo BM100,
4X2 TDA, com 74 kW (100 cv) de potência no motor, trabalhando a 2.300 rpm, sendo
instrumentado para a realização do teste, conforme descrito em LOPES (2006).
O delineamento experimental foi em blocos casualizados, esquema fatorial 3 x 3, com
nove tratamentos e quatro repetições, totalizando 36 observações. As combinações dos fatores
foram três condições de lastragem (L1 = 0 kg de lastro; L2 = 960 kg de lastro, e L3 = 1.307
kg de lastro) e três ângulos das seções (A1 = 0º; A2 = 7º, e A3 = 14º).
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003). Para calcular o consumo de combustível volumétrico, ponderal e
operacional foram utilizadas as equações descritas por LOPES (2006).
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA
(2006).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

568
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação; porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
Pela Tabela 1, observa-se que à medida que se adicionou lastro ao equipamento
aumentou o consumo volumétrico, sendo este 25% maior na condição L3 comparado a L1.
Em relação ao ângulo das seções, o menor valor se deu para A = 0o, entretanto essa variável
foi semelhante para A = 7 e 14º. Tal comportamento é explicado pelo aumento da força de
tração relacionada às regulagens realizadas. Tais resultados são equivalentes com aqueles
encontrados por FURLANI (2000) e LEVIEN et al. (2003) trabalhando com grades de arrasto
em profundidades semelhantes.

Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para o consumo horário


(volumétrico – Chv e ponderal – Chp) e consumo operacional (CO).
Chv Chp CO
FATORES
L h-1 kg h-1 L ha-1
Lastragem (L)
L1 11,6 A 9,6 A 10,8 A
L2 13,2 B 11,0 B 12,8 B
L3 14,5 C 12,1 C 14,3 C
Ângulo (A)
A1 12,5 A 10,4 A 11,2 A
A2 13,2 B 11,0 B 12,5 B
A3 13,7 B 11,4 B 14,2 C
Teste F
L 66,08 ** 68,05 ** 77,90 **
A 10,89 ** 11,20 ** 54,43 **
LxA 0,17 NS 0,21 NS 0,44 NS
C.V.% 4,79 4,75 5,49
Em cada coluna, para cada fator, médias seguidas de mesmas letras maiúsculas, não diferem entre si, pelo teste
de Tukey, a 5% de probabilidade.
NS: não significativo
**: significativo (P<0,01)
C.V.: coeficiente de variação

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

569
De acordo com a Tabela 1, nota-se que o comportamento do consumo horário ponderal,
corrigido pela densidade do combustível no momento do ensaio, foi semelhante ao
volumétrico. Tal situação evidencia que a temperatura no momento do ensaio, não variou
significativamente a ponto de influenciar a densidade do combustível de um ensaio para o
outro.
Pela Tabela 1, verifica-se que o consumo operacional aumentou tanto com o
crescimento do fator lastragem quanto para o ângulo das seções. Este comportamento está
relacionado com a alteração na profundidade de trabalho, velocidade de deslocamento e
largura de trabalho resultante das regulagens realizadas no equipamento, visto que com o
aumento do ângulo das seções, a largura de trabalho diminui. Resultados semelhantes foram
encontrados por FURLANI et al. (1999) quando ensaiaram grade niveladora, trabalhando com
velocidade e largura equivalentes.

4 CONCLUSÃO
Os consumos volumétrico, ponderal e operacional aumentaram com a adição de lastros
no aerossolo e com o aumento do ângulo das seções.

5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS E VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos tratores
de testes e sua instrumentação e a UNIMÁQUINAS, pela concessão do aerossolo.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.

DABDOUB, M. J.; DABDOUB, V. B.; HURTADO C. R.; BATISTA, A. C. F.; AGUIAR, F.


B.; HURTADO, G. R.; VIEIRA, A. T. Utilização de óleos usados para produção de
Biodiesel. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE BIODIESEL, 1., 2003, Ribeirão Preto.
Anais... Ribeirão Preto: LADETEL, 2003. 1 CD-ROM.

EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro


Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, 1999.
412 p.

FURLANI, C.E.A.; LEVIEN, R.; GAMERO, C.A. Consumo de combustível e capacidade


operacional de preparos do solo em diferentes manejos do consórcio aveia preta (Avena
strigosa) e nabo forrageiro (Raphanus sativus). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ENGENHARIA AGRÍCOLA, 28., 1999, Pelotas. Anais... Jaboticabal: Sociedade Brasileira
de Engenharia Agrícola, 1999. 1 CD-ROM.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

570
FURLANI, C.E.A. Efeito do preparo do solo e do manejo da cobertura de inverno na
cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.). 2000. 221 f. Tese (Doutorado em Energia na
Agricultura) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista,
Botucatu, 2000.

LEVIEN, R.; GAMERO, C.A.; FURLANI, C.E.A. Preparo convencional e reduzido em


solo argiloso em diferentes condições de cobertura de inverno. Engenharia Agrícola,
Jaboticabal, v. 23, n. 2, p. 277-89, 2003.

LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003.

LOPES, A.; GROTTA, D.C.C.; FURLANI, C.E.A.; CAMARA, F.T.; DABDOUB, M.J.;
HURTADO, G.R. Biodiesel etílico de óleo residual: consumo de combustível de um trator
agrícola em função do percentual de mistura Biodiesel e diesel de petróleo. In:
CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA, 3., 2004, Belém. Anais...
Belém: Associação Brasileira de Engenharia Mecânica, 2004. 1 CD-ROM.

LOPES, A. Biodiesel em trator agrícola: desempenho e opacidade. 2006. 158 f. Tese (Livre
docência em Mecanização Agrícola) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2006.

MORAES, M.H.; BENEZ, S.H. Efeitos de diferentes sistemas de preparo do solo em


algumas propriedades físicas de uma Terra Roxa Estruturada e na produção de milho
para um ano de cultivo. Engenharia Agrícola, v. 16, n. 2, p. 31-41, 1996.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

571
BIODIESEL DE GORDURA HIDROGENADA EM TRATOR AGRÍCOLA

Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br


Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Miguel Joaquim Dabdoub, USP, dabdoub@biodieselbrasil.com.br
Antonio Carlos Ferreira Batista, UFU, flesh@pontal.ufu.br
Gabriela ramos Hurtado, USP, gabriela@biodieselbrasil.com.br
Ana Lucia Paschoa Botelho Ferreira Barbosa, FCAV/UNESP, anapaschoa@gmail.com

RESUMO: Grande parte da produção mundial de óleo é utilizada no processo de fritura;


entretanto, após o uso, tal produto torna-se resíduo indesejável, com os métodos usuais de
descarte desses resíduos geralmente contaminando o meio ambiente, principalmente os rios.
Em função disto, a utilização de óleos e gorduras residuais na fabricação de Biodiesel, além
de evitar contaminação ambiental, torna um resíduo indesejável em combustível. O presente
trabalho teve por objetivo avaliar o consumo de combustível de um trator Valtra BM100 4x2
TDA funcionando com Biodiesel metílico de gordura hidrogenada filtrado e destilado em sete
proporções de mistura. O trabalho foi conduzido no Departamento de Engenharia Rural da
UNESP – Jaboticabal, em delineamento inteiramente casualizado, no esquema fatorial 2 x 7,
com três repetições. A combinação dos fatores foram dois tipos de Biodiesel de gordura
hidrogenada metílico (filtrado e destilado) e sete proporções de mistura (B0, B5, B15, B25,
B50, B75 e B100). Os resultados evidenciaram na adição de até 15% de Biodiesel ao diesel o
consumo específico foi semelhante, e o Biodiesel filtrado proporcionou maior consumo do
que o destilado.

Palavras-Chave: Consumo de combustível, biocombustível, ensaio de trator.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

572
1 INTRODUÇÃO
Devido ao grande desenvolvimento ocorrido no planeta após a segunda guerra
mundial e o estabelecimento de padrões de consumo cada vez mais intensos, a demanda
energética elevou-se a tal ponto, colocando em risco as fontes de energia não renováveis,
como o petróleo, carvão mineral, entre outros.
Visto isso, DABDOUB et al. (2003) relataram que o aumento do preço do petróleo, bem
como o dos derivados, causou crescente interesse pelas energias renováveis. De acordo com
os autores, é necessário destacar a importância dos óleos vegetais para produzir energia
alternativa, como é o caso do Biodiesel. Nesse trabalho, ressalta-se ainda que a produção na
Europa e nos Estados Unidos adota processos que podem limitar a utilização do referido
combustível devido ao custo ser igual ou superior ao diesel de petróleo. Em virtude disso, os
autores defendem método alternativo, como recolhimento de óleos residuais de frituras para a
produção de Biodiesel pelo processo de transesterificação. Tal atitude minimiza custos e
oferece destino racional para esse resíduo nocivo ao meio ambiente.
RABELO (2001) ressalta que o óleo residual de fritura torna-se muito semelhante ao
diesel em termos de viscosidade e de poder calorífico ao sofrer uma transformação química,
a transesterificação. Convertendo-se desta forma, em Biodiesel, que, adicionado ao diesel
melhora a lubricidade, dispensando aditivos mais poluentes. Também, por conter oxigênio
na cadeia química, tem melhor queima, com conseqüente diminuição de monóxido de
carbono e de hidrocarbonetos.
Dentro deste contexto, este trabalho teve por objetivo avaliar o consumo de
combustível de um trator agrícola funcionando com Biodiesel de gordura hidrogenada
metílico filtrado e metílico destilado, em sete proporções de mistura ao diesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola
(LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização
geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude sul e
48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, e clima tropical úmido com estação
chuvosa no verão e seca no inverno (Aw), de acordo com a classificação de Köeppen.
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico
típico (EMBRAPA, 1999), com relevo suave ondulado e declividade de 2%.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

573
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2 x 7, com
três repetições, totalizando 42 observações. As combinações dos fatores foram dois tipos de
Biodiesel de gordura hidrogenada metílico (filtrado e destilado) e sete proporções de mistura
(B0, B5, B15, B25, B50, B75 e B100, em que o número subscrito indica a % de Biodiesel no
diesel).
Os Biodiesel de gordura hidrogendada utilizados foram produzidos no Laboratório de
Desenvolvimento de Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto, com a
gordura hidrogenada utilizada sendo fornecida pelo McDonald´s, após seu uso na fritura de
batatas.
Para obtenção da carga imposta na barra de tração do trator de testes, foi utilizado um
trator de frenagem unido ao trator de tração por meio de um cabo de aço, formando um
comboio.
Os tratores utilizados no experimento foram:
• Trator 1, denominado trator de tração, foi da marca Valtra, modelo BM100,
4X2 com tração dianteira auxiliar, 74 kW (100 cv) a 2.300 rpm no motor, equipado
com pneus 14.9-24 no eixo dianteiro e 23.1-26 no eixo traseiro, sendo tal trator
instrumentado para a realização do teste, segundo LOPES et al. (2003).
• Trator 2, denominado trator de frenagem, foi da marca Valtra, modelo
BH140, 4X2 com tração dianteira auxiliar, 103 kW (140 cv) a 2.400 rpm no motor,
utilizado para oferecer resistências de 22 kN ao trator de tração, engrenado em 3ª
marcha.
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003).
Para a determinação do consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal
(Chp), consumo específico (Ce) e potência na barra de tração (PB) foram utilizadas
respectivamente as equações 1, 2, 3 e 4.

C * 3,6 D Chp
Chv = (1) Chp = Chv * (2) Ce = (3) PB = Ft * v (4)
t 1000 PB

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

574
Em que,
Chv = consumo horário volumétrico (L h-1); Ce - consumo específico (g kWh-1);

C = volume consumido (mL); PB - potência na barra de tração (kW);

t = tempo de percurso na parcela (s); Ft = força de tração na barra (kN), e

Chp = consumo horário ponderal (kg h-1); ν = velocidade de deslocamento (m s-1).

D - densidade do combustível (g L-1);

Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias de Tukey, a 5% de


probabilidade, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA (2006).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação; porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
De acordo com a Tabela 1, observa-se que o processo de purificação do Biodiesel de
gordura hidrogenada metílico interferiu no consumo de combustível volumétrico, ponderal e
específico, com melhores resultados para o Biodiesel destilado, resultado este importante para
a definição do melhor processo de purificação do Biodiesel, uma vez que para efetuar a
destilação do Biodiesel é necessário filtrá-lo primeiro, o que aumenta o custo de produção.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

575
Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para as variáveis consumo
horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal (Chp) e consumo específico (Ce).
Chv Chp Ce
FATORES
L h-1 kg h-1 g kWh-1
TIPO DE BIODIESEL (TB)
filtrado 13,5 b 11,6 b 364 b
destilado 13,3 a 11,2 a 351 a
PROPORÇÃO (Bn)
B0 12,5 a 10,6 a 328 a
B5 12,9 a b 10,8 a b 334 a b
B15 13,1 b c 11,1 b c 340 a b c
B25 13,3 b c 11,3 c d 350 b c
B50 13,6 c d 11,7 d 364 c d
B75 13,9 d e 12,1 e 373 d e
B100 14,2 e 12,5 e 387 e
TESTE F
TB 5,94 * 31,70 ** 13,85 **
Bn 27,90 ** 55,62 ** 23,70 **
TBxBn 1,90 NS 1,52 NS 0,67 NS
C.V.% 1,99 1,94 3,12
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. NS: não significativo (P>0,05). **: significativo (P<0,01). C.V.: coeficiente de variação

Com relação às proporções de mistura de Biodiesel no diesel, nota-se que até a adição
de 5% de Biodiesel não ocorreu diferença significativa no consumo volumétrico e ponderal,
porém o consumo específico foi semelhante até a adição de 15% de Biodiesel, tais resultados
diferem dos encontrados por LOPES et al. (2005) que não encontraram diferenças com adição
de até 25% de Biodiesel residual de óleo de soja utilizado em frituras do tipo filtrado e
destilado, com aumento no consumo específico de B0 a B100 de 18%, valor semelhante ao
encontrado neste trabalho para o Biodiesel de gordura hidrogenada.
A curva de regressão do consumo específico de combustível em função da proporção de
mistura de Biodiesel de gordura hidrogenada metílico teve um comportamento linear, sendo
ilustrada na Figura 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

576
400 Cesp = 334,69 + 0,58 * P
P = proporção de Biodiesel de gordura hidrogenada metílica
390 R2 = 0,949

380
Consumo específico (g kWh -1)

370

360

350

340

330

320
B
0 0 B5 B15 B25
25 B
5050 B75
75 B100
100
Proporção de mistura (%)

Figura 1. Representação gráfica do consumo específico em função da proporção de mistura de


Biodiesel de gordura hidrogenada metílico e diesel.

4 CONCLUSÃO
O consumo de combustível do trator utilizando-se Biodiesel de gordura hidrogenada
metílico filtrado foi maior do que o destilado, e até a adição de 15% de Biodiesel ao diesel o
consumo específico foi semelhante.

5 AGRADECIMENTOS
À Fapesp, Coopercitrus e Valtra do Brasil, pela concessão dos tratores de testes e sua
instrumentação.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.

DABDOUB, M. J.; DABDOUB, V. B.; HURTADO C. R.; BATISTA, A. C. F.; AGUIAR, F.


B.; HURTADO, G. R.; VIEIRA, A. T. Utilização de óleos usados para produção de
Biodiesel. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE BIODIESEL, 1., 2003, Ribeirão Preto.
Anais... Ribeirão Preto: LADETEL, 2003. 1 CD-ROM.

EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro


Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, 1999.
412 p.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

577
LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003.

LOPES, A.; REIS, G. N. dos; DABDOUB, M. J.; FURLANI, C. E. A.; SILVA, R. P. da;
CAMARA, F. T.; BATISTA, A. C. F. Biodiesel filtrado x Biodiesel destilado: uso em
trator agrícola. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 34.,
2005, Canoas. Anais... Jaboticabal: Associação Brasileira de Engenharia Agrícola, 2005. 1
CD-ROM.

LOPES, A. Biodiesel em trator agrícola: desempenho e opacidade. 2006. 158 f. Tese


(Livre docência em Mecanização Agrícola) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2006.

RABELO, I. D. Estudo de desempenho de combustíveis convencionais associados a


Biodiesel obtido pela transesterificação de óleo usado em fritura. 2001. 99 f. Dissertação
(Mestrado em Tecnologia) - Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba,
2001.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

578
BIOSEP - NOVO MODELO DE FABRICAÇÃO DE BIODIESEL

Afafe Zakka, BIOSEP, afafe@e-sep.com.br

RESUMO: Empresa da área de energia de fontes renováveis, voltada à produção de


Biodiesel. A primeira unidade industrial, a ser instalada em Guapé, apresenta um diferencial
em relação às demais indústrias do setor, uma vez que está baseada na integração da cadeia
produtiva, com ênfase na agricultura, passando pela difusão de tecnologias para produção de
oleaginosas, suporte técnico, política de incentivos para aquisição de sementes e outros
insumos, até a contratação da safra com garantia de compra.

Palavras-Chave: Biodiesel, Biosep, Guapé.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

579
CONSUMO E OPACIDADE DA FUMAÇA DE TRATOR AGRÍCOLA COM
DIESEL ADITIVADO

Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br


Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Rubens André Tabile, FCAV/UNESP, rubens.tabile@gmail.com
Ana Lucia Paschoa Botelho Ferreira Barbosa, FCAV/UNESP, anapaschoa@gmail.com
Adilson José Rocha Mello, FCAV/UNESP, ajrmello@yahoo.com.br
Jorge Wilson Cortez, FCAV/UNESP, jorge.cortez@yahoo.com.br

RESUMO: A poluição atmosférica dos centros urbanos implica problema da sociedade


contemporânea, cujos hábitos estão vinculados a combustíveis de origem fóssil. Ressalta-se
que o uso de aditivos podem melhorar a combustão, reduzindo o consumo de combustível e
emissão de poluentes. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a opacidade e o consumo
de combustível de um trator Valtra BM100 4x2 TDA, funcionando com diesel interior, com e
sem aditivo, em duas forças exigidas na barra de tração. O trabalho foi conduzido no
Departamento de Engenharia Rural da UNESP – Jaboticabal, em delineamento inteiramente
casualizado, no esquema fatorial 2 x 2, com quatro repetições. A combinação dos fatores
foram diesel automotivo interior, com e sem aditivo, e duas forças exigidas na barra de tração
(Ft1 = 17 kN e Ft2 = 22 kN). Os resultados evidenciaram redução no consumo de combustível
relacionado ao uso de aditivo, bem como com a redução da força exigida na barra de tração. A
opacidade diminuiu com o uso do aditivo

Palavras-Chave: Diesel, máquinas agrícolas, desempenho operacional.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

580
1 INTRODUÇÃO
A preocupação com o meio ambiente tem levado o homem a encontrar formas de
reduzir a emissão de gases poluentes para a atmosfera, dentre eles destaca-se o dióxido de
enxofre que é lançado para a atmosfera após a queima de combustíveis fósseis, com
evidencias de que o dióxido de enxofre, em concentrações elevadas, provoca danos a saúde
humana (GUARDANI & MARTINS, 2000).
Os atrativos das inovações, principalmente com relação a utilização de aditivos no
combustível visam diminuir o consumo de combustível do trator e manter ou melhorar o
desempenho operacional.
Para motores movidos a óleo diesel automotivo, há uma preocupação especial com o
material particulado, que segundo BRAWN et al. (2003) vários estudos comprovam que
mudanças na qualidade do diesel podem resultar em modificações no nível das emissões, com
melhoria na qualidade da fumaça a medida que se reduz o teor de enxofre e de aromáticos e
aumenta-se o número de cetano do combustível. Os mesmos autores afirmam que os aditivos
do diesel permitem diminuir a massa de material particulado produzido, mas as
micropartículas de catalisador agregadas à massa de material particulado remanescente são
libertadas para a atmosfera.
Em função do exposto acima, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar a opacidade
da fumaça e o consumo horário volumétrico, ponderal e específico em função do uso de um
aditivo ao diesel de petróleo e da força exigida na barra de tração.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nas dependências do Laboratório de Máquinas e Mecanização
Agrícola (LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A
localização geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’
latitude sul e 48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, pressão atmosférica de
94,24 kPa. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido
como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno.
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico
típico (EMBRAPA, 1999), com relevo suave ondulado e declividade de 2%.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2 x 2, com
quatro tratamentos e quatro repetições, totalizando 16 observações. As combinações dos

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

581
fatores foram dois tipos de diesel automotivo interior com e sem aditivo, e duas forças
exigidas na barra de tração (Ft1 = 17 kN e Ft2 = 22 kN).
Neste trabalho, utilizou-se o diesel automotivo interior, classificado como Tipo "B”
tendo quantidade de enxofre total máximo de 3.500 mg.kg-1, advindo da cidade de
Jaboticabal-SP, cujas características estão de acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22
março de 2005 (BRASIL, 2005).
O aditivo utilizado foi o Petrocrystal, fabricado e fornecido pela empresa
EXPOGLOBE, na proporção 0,025% (1:4000), ou seja, para cada litro de diesel foi
adicionado 0,25 mL de aditivo.
Para obtenção das cargas na barra de tração, foi utilizado um trator denominado trator
de frenagem ligado ao trator de tração por meio de um cabo de aço, formando um comboio.
As cargas foram obtidas variando duas marchas do trator de frenagem.
Os tratores utilizados no experimento foram:
• Trator 1, denominado trator de tração, foi da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 com
tração dianteira auxiliar, 74 kW (100 cv) a 2.300 rpm no motor, equipado com pneus
14.9-24 no eixo dianteiro e 23.1-26 no eixo traseiro, sendo tal trator instrumentado
para a realização do teste, segundo LOPES et al. (2003).
• Trator 2, denominado trator de frenagem, foi da marca Valtra, modelo BH140, 4X2
com tração dianteira auxiliar, 103 kW (140 cv) a 2.400 rpm no motor, utilizado para
oferecer resistências de 17 e 22 kN ao trator de tração, engrenando a 3ª e 2ª marchas,
respectivamente.
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003).
Para a determinação do consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal
(Chp), consumo específico (Ce) e potência na barra de tração (PB) foram utilizadas
respectivamente as equações 1, 2, 3 e 4.

C * 3,6 D Chm
Chv = (1) Chp = Chv * (2) Ce = (3) PB = Ft * v (4)
t 1000 PB

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

582
Onde:
Chv = consumo horário volumétrico (L h-1)
C = volume consumido (mL)
t = tempo de percurso na parcela (s);
Chp = consumo horário ponderal (kg h-1);
D - densidade do combustível
Ce - consumo específico (g kWh-1)
PB - potência na barra de tração (kW).
Ft = força média de tração na barra (kN)
v = velocidade de deslocamento (m/s)

O ensaio de opacidade da fumaça foi realizado em condição estática no Laboratório de


Máquinas e Mecanização agrícola, em delineamento inteiramente casualizado, com cinco
repetições e sete replicações. Foi medida por um opacímetro de absorção de luz com fluxo
parcial, modelo TM 133. O opacímetro de fluxo parcial realiza a medição da fuligem do gás
de escapamento com somente uma parte do fluxo de gás, feita por meio de um tubo de
captação e uma sonda, sendo montado no cano de escape do trator.
A opacidade da fumaça foi determinada para o diesel com e sem aditivo. Ao término de
cada determinação, realizou-se a drenagem completa do sistema de alimentação, evitando,
com isso, a contaminação do ensaio seguinte. Além disso, depois de trocado o combustível, o
motor ficou em funcionamento em torno de dez minutos antes do início de cada teste.
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendado por BANZATTO & KRONKA
(2006).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação; porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

583
Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para as variáveis consumo
horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal (Chp) e consumo específico (Ce).
Fatores Chv Chp Ce
L h-1 kg h-1 g kWh-1
Aditivo (A)
Sem 10,2 B 8,5 B 363 B
Com 9,8 A 8,3 A 355 A
Força de Tração (Ft)
17 kN 9,6 A 8,1 A 391 B
22 kN 10,4 B 8,7 B 328 A
Teste F
A 36,4 ** 41,3 ** 13,2 **
Ft 168,1 ** 195,6 ** 769,3 **
A x Ft 0,8 NS 0,6 NS 0,0 NS
C.V.% 1,35 1,29 1,55
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. **: significativo (P<0,01); *: significativo (P<0,05); NS: não significativo; C.V.: coeficiente de
variação.

Na Tabela 1, verifica-se que o uso de aditivo petrocrystal proporcionou redução no


consumo de combustível volumétrico, ponderal e específico, em 4, 2 e 3%, respectivamente.
Verifica-se, também, que o aumento na força exigida na barra de tração de 5 kN ocasionou
um acréscimo no consumo ponderal de 7%.
Na Tabela 2, o aditivo Petrocrystal, mesmo em pequenas quantidades, 0,025 mL por
Litro de diesel, melhora significativamente a opacidade da fumaça, reduzindo em 6% a
opacidade da fumaça. Esta informação confirma os benefícios do aditivo na redução de
material particulado, conforme descrito por BRAWN et al. (2003), porém novos trabalhos
visando adequar a quantidade a ser adicionada ao diesel devem ser feitos em busca de
maximizar os benefícios de tal aditivo, tanto em relação a opacidade da fumaça quanto ao
consumo de combustível, fator este importantíssimo para a viabilidade deste aditivo.

Tabela 2. Síntese da análise de variância e do teste de médias para a opacidade da fumaça.


Aditivo (AD) Opacidade (m-1)
Sem Aditivo 1,12 B
Com Aditivo 1,05 A
TESTE F
AD 17,72 **
C.V.% 3,54
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. **:
significativo (P<0,01); *: significativo (P<0,05); NS: não significativo; C.V.: coeficiente de variação.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

584
4 CONCLUSÕES
O consumo volumétrico, ponderal e específico diminuiu com o uso de aditivo e com o
aumento da força exigida na barra de tração.
O aditivo contribuiu para a redução na opacidade da fumaça.

5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS E VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos tratores
de testes e sua instrumentação e a EXPOGLOBE pela concessão do aditivo.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 2006.
237 p.

BRASIL. Agência Nacional de Petróleo. Portaria ANP nº 12, de 22 março de 2005.


Disponível em: <www.anp.gov.br/petro/legis>. Acesso em: 3 nov. 2006.

BRAWN, S.; APPEL, L.G.; SCHMAL, M. A poluição gerada por máquinas de combustão
interna movidas à diesel - a questão dos particulados, estratégias atuais para a redução e
controle das emissões e tendências futuras. Química Nova, v.27, n.3, p.472-82, 2003.

EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional


de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, 1999. 412 p.

GUARDANI, M.L.G.; MARTINS, M.H.R.B. Monitor passivo de dióxido de enxofre –


construção e teste de avaliação. In: CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA
SANITÁRIA E AMBIENTAL, 27., 2000, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2000, p.1-9.

LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

585
BIODIESEL DE DENDÊ: OPACIDADE DA FUMAÇA DE UM TRATOR
AGRÍCOLA

Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br


Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Miguel Joaquim Dabdoub, USP, dabdoub@biodieselbrasil.com.br
Ednan Augusto Borsatto, FCAV/UNESP, eborsatto@techs.com.br
Rogério P. de C. Zanotto, VALTRA, rogerio.zanotto@sa.agcocorp.com
Gustavo Naves dos Reis, FCAV/UNESP, gn_reis@yahoo.com.br

RESUMO: O Biodiesel é um combustível natural usado em motores diesel, produzido


através de fontes renováveis e que atende às especificações da ANP, podendo ser utilizado
puro ou em mistura com o óleo diesel em qualquer proporção. O presente trabalho teve por
objetivo avaliar a opacidade da fumaça de um trator Valtra BM100 4x2 TDA funcionando
com Biodiesel de dendê etílico destilado em sete proporções de mistura. O trabalho foi
conduzido no Departamento de Engenharia Rural da UNESP – Jaboticabal, em delineamento
inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos foram,
cinco proporções de mistura (B0, B5, B25, B50 e B100, em que o número subscrito indica a
% de Biodiesel no diesel). Os resultados evidenciaram redução na opacidade da fumaça com a
adição de Biodiesel de dendê etílico destilado.

Palavras-Chave: Emissão, biocombustível, ensaio de trator.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

586
1 INTRODUÇÃO
O Biodiesel é um combustível natural usado em motores diesel, produzido através
de fontes renováveis e que atende às especificações da ANP, podendo ser utilizado puro
ou em mistura com o óleo diesel em qualquer proporção (BILICH & SILVA, 2006).
Pode então ser definido como sendo um mono-alquil éster de ácidos graxos
derivado de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais, obtidos através
de um processo de transesterificação, no qual ocorre a transformação de triglicerídeos
em moléculas menores de ésteres de ácidos graxos (MONYEM et al. 2001, CANAKCI
& GERPEN 2001). Encontra-se registrado na “Environment Protection Agency – EPA
– USA” como combustível e como aditivo para combustíveis podendo ser usado puro
(B100), em mistura com o diesel de petróleo (B20), ou numa proporção baixa de 1 a
5%, como aditivo. Sua utilização está associada à substituição de combustíveis fósseis
em motores do ciclo diesel, sem haver a necessidade de nenhuma modificação no motor
(LUE et al., 2001).
Uma grande vantagem do Biodiesel é sua eficácia como aditivo, podendo ser
agregado ao diesel de petróleo. Preocupados com a iminência do esgotamento de
reservas de petróleo e em manter o equilíbrio ambiental, governos e corporações
passaram a investir cada vez mais na pesquisa de combustíveis mais “limpos”, como
alternativa energética. Estes combustíveis estão sendo alvos de pesquisas destinadas a
torná-los economicamente viável, desta vez substituindo o diesel fóssil pelo Biodiesel,
nome dado ao “diesel” extraído de óleos vegetais. (BILICH & SILVA, 2006)
MAZIERO et al. (2006) utilizando biodiesel de girassol em motor de ignição por
compressão, verificaram redução na emissão de monóxido de carbono, hidrocarbonetos
e material particulado de 32,2; 31 e 41%, respectivamente, porém aumentou a emissão
de óxido de nitrogênio em 5,7%.
Neste contexto, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar a opacidade da
fumaça de um trator agrícola em função de cinco misturas de biodiesel de dendê etílico
destilado ao diesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em condição de campo, nas dependências do
Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (LAMMA), do Departamento de
Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização geográfica da área de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

587
realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude Sul e 48º18’
longitude Oeste, sendo a altitude média de 570 m, e o clima da região, segundo a
classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido como tropical úmido com estação
chuvosa no verão e seca no inverno.
O Biodiesel utilizado foi produzido no Laboratório de Desenvolvimento de
Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto.
Foi utilizado um trator da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 TDA, com 74 kW
(100 cv) de potência no motor a 2300 rpm. A opacidade da fumaça foi medida por um
opacímetro de absorção de luz, modelo TM 133. O opacímetro realiza a medição da
fuligem do gás de escapamento com somente uma parte do fluxo de gás, coletada por
meio de um tubo de captação e uma sonda, sendo montado no cano de escape do trator.
O método utilizado é o da aceleração livre, que consiste em acelerar rapidamente o
trator por três segundos, registrando o máximo valor de opacidade ocorrido neste
período. A opacidade da fumaça indica a cor da fumaça, inferindo que quanto mais
escura for a fumaça, maior será a opacidade e a quantidade de material particulado.
A opacidade da fumaça foi determinada para as cinco misturas de
Biodiesel/diesel, e ao término de cada determinação, realizou-se a drenagem completa
do sistema de alimentação, evitando, com isso, a contaminação do ensaio seguinte.
Além disso, depois de trocado o combustível, o motor ficou em funcionamento em
torno de dez minutos antes do início de cada teste.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos
e cinco repetições, totalizando 25 observações. Os tratamentos foram cinco proporções
de mistura (B0, B5, B25, B50 e B100, em que o número subscrito indica a % de Biodiesel
no diesel).
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de
médias de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendação de BANZATTO &
KRONKA (2006).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a Tabela 1, observa-se que a adição de 5% de Biodiesel de dendê
ao diesel já melhora significativamente a opacidade da fumaça, com tais resultados
sendo melhores quanto mais próximos do uso de Biodiesel puro, resultados semelhantes
foram encontrados por LOPES et al. (2006) trabalhando com Biodiesel de girassol.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

588
Nota-se que o biodiesel de dendê reduziu a opacidade da fumaça em 53%, quando
comparado ao diesel puro.

Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para a opacidade da


fumaça.

PROPORÇÃO (Bn) OPACIDADE (m-1)


B0 1,23 A
B5 1,16 B
B25 0,94 C
B50 0,74 D
B100 0,58 E
TESTE F 279,6 **
C.V.% 3,93
Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.
**: significativo (P<0,01)
C.V.: coeficiente de variação

A opacidade da fumaça em função da proporção de mistura de Biodiesel de dendê


etílico destilado está ilustrada na Figura 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

589
1,4 2
Opacidade = 1,2268 - 0,0131*P + 0,00007*P
P - Proporção de Biodesel (%)
1,2 2
R = 0,999
Opacidade da fumaça (m )
-1
1

0,8

0,6

0,4

0,2

B0 B0 5 B25 25 B5050 75 B100100


Proporção de mistura (%)

Figura 1. Representação gráfica da opacidade da fumaça em função da proporção de


mistura de Biodiesel de dendê etílico destilado e diesel.

4 CONCLUSÃO
À medida que se adicionou Biodiesel de dendê etílico destilado ao diesel a
opacidade da fumaça foi reduzida.

5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS e VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos
tratores de testes e sua instrumentação.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.

BILICH, F., DA SILVA, R., Análise da produção de Biodiesel utilizando


multicriterio, Biodiesel o Novo Combustível do Brasil, 2006

BRASIL. Agência Nacional de Petróleo. Portaria ANP nº 12, de 22 março de 2005.


Disponível em: <www.anp.gov.br/petro/legis>. Acesso em: 3 nov. 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

590
CANAKCI, M.; VAN GERPEN, J.; Trans. ASAE 2001, 44, 1429.

EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro


Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília,
1999. 412 p.

LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para


medição de combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1.
p.24-31, 2003a.

LOPES, A.; CAMARA, F.T.; DABDOUB, M.J.; PEREIRA, G.T.; FURLANI, C.E.A.;
SILVA, R.P. Opacidade da fumaça de trator em função do tipo de Biodiesel e da
proporção de mistura. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS VEGETAIS E BIODIESEL, 3., 2006, Varginha. Anais...
Varginha: Universidade Federal de Lavras, 2006. 1 CD-ROM.

LUE, Y. F.; YEH, Y. Y.; WU, C. H.; J. Environ. Sci. Health, Part A: Toxic/ Hazard.
Subst. Environ. Eng. 2001, 36, 845.

MAZIERO, J.V.G.; CORRÊA, I.M.; TRIELLI, M.A.; BERNARDI, J.A.;


D’AGOSTINI, M.F. Avaliação de emissões poluentes de um motor diesel utilizando
biodiesel de girassol como combustível. Engenharia na Agricultura, Viçosa, v.14, n.4,
p. 287-292, 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

591
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE UM TRATOR AGRÍCOLA
FUNCIONANDO COM BIODIESEL ETÍLICO DE AMENDOIM

Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br


Miguel Joaquim Dabdoub, USP, dabdoub@biodieselbrasil.com.br
Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, dabdoub@biodieselbrasil.com.br
Gabriela Ramos Hurtado, USP, gabriela@biodieselbrasil.com.br
Carlos Eduardo Angeli Furlani, FCAV/UNESP, furlani@fcav.unesp.br
Rouverson Pereira da Silva, FCAV/UNESP, rouverson@fcav.unesp.br

RESUMO: Devido ao grande desenvolvimento ocorrido no planeta após a segunda guerra


mundial e o estabelecimento de padrões de consumo cada vez mais intensos, a demanda
energética elevou-se a tal ponto, colocando em risco as fontes de energia não renováveis,
como o petróleo, carvão mineral, entre outros. Com crescente interesse pelas energias
renováveis, dentre as quais o Biodiesel tem se destacado. Neste sentido, o presente trabalho
teve por objetivo avaliar o consumo de combustível de um trator Valtra BM100 4x2 TDA
funcionando com Biodiesel etílico de amendoim filtrado e destilado em sete proporções de
mistura. O trabalho foi conduzido no Departamento de Engenharia Rural da UNESP –
Jaboticabal, em delineamento inteiramente casualizado, no esquema fatorial 2 x 7, com três
repetições. A combinação dos tratamentos foram dois tipos de Biodiesel de amendoim etílico
(filtrado e destilado) e sete proporções de mistura (B0, B5, B15, B25, B50, B75 e B100). Os
resultados evidenciaram que a adição de até 25% de Biodiesel ao diesel não alterou o
consumo de combustível, e não houve diferença entre filtrado e destilado.

Palavras-Chave: Consumo específico, biocombustível, ensaio de trator.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

592
1 INTRODUÇÃO
O Biodiesel é produzido majoritariamente pela transesterificação de óleos vegetais e
gorduras animais por catálise básica homogênea, em que são obtidos Biodiesel e glicerol
(FARIA et al., 2003). Segundo a Agência Nacional de Petróleo (BRASIL, 2002), o óleo
diesel é o derivado de petróleo mais consumido no Brasil. Nesse contexto, sobretudo tendo-se
em conta o potencial agrícola brasileiro e os condicionantes ambientais, torna-se oportuno
discutir a adoção de alternativas sustentáveis para esse derivado de petróleo.
Uma das alternativas é o uso de Biodiesel, que pode ser produzido a partir de qualquer
óleo vegetal, entre eles o do amendoim, que segundo CENTURION & CENTURION (1998)
é uma oleaginosa cultivada em larga escala na Índia, na China, na África, no sul dos EUA, na
Indonésia e em diversos países da América Latina, entre os quais se destaca o Brasil. No País,
São Paulo produz 90% do amendoim consumido, utilizando recursos tecnológicos
comparados às regiões do primeiro mundo. Nesse Estado, a produtividade média do cultivo
de primavera-verão ultrapassa 2.000 kg ha-1, podendo ser encontrada produtividade entre
3.000 e 4.000 kg ha-1, e na região de Ribeirão Preto, o amendoim assume especial
importância, pois, em função do ciclo curto, constitui a principal alternativa na reforma dos
canaviais, podendo ser utilizado como fonte para fabricação de Biodiesel.
O uso de Biodiesel em tratores foi o alvo de estudo de LOPES et al. (2005), que
compararam o consumo de combustível de um trator funcionando alternadamente com
Biodiesel filtrado e destilado em operação de semeadura, cuja força média imposta na barra
de tração foi de 27 kN. Evidenciaram diferença no consumo específico quando o trator
utilizou Biodiesel filtrado do destilado; entretanto, de B0 até B25, não se observou diferença no
consumo específico de combustível, porém, quando se comparou B0 até B100, a diferença foi
de 18%.
Em virtude do exposto acima, o presente trabalho teve por objetivo medir o consumo de
combustível de um trator agrícola funcionando com Biodiesel de amendoim etílico filtrado e
etílico destilado, em sete proporções de mistura ao diesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola
(LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização
geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude sul e

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

593
48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, e clima tropical úmido com estação
chuvosa no verão e seca no inverno (Aw), de acordo com a classificação de Köeppen.
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico
típico (EMBRAPA, 1999), com relevo suave ondulado e declividade de 2%.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2 x 7, com
três repetições, totalizando 42 observações. As combinações dos fatores foram dois tipos de
Biodiesel de amendoim etílico (filtrado e destilado) e sete proporções de mistura (B0, B5, B15,
B25, B50, B75 e B100, em que o número subscrito indica a % de Biodiesel no diesel).
Os Biodiesel de amendoim utilizados foram produzidos no Laboratório de
Desenvolvimento de Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto.
Para obtenção da carga imposta na barra de tração do trator de testes, foi utilizado um
trator de frenagem unido ao trator de tração por meio de um cabo de aço, formando um
comboio.
Os tratores utilizados no experimento foram:
• Trator 1, denominado trator de tração, foi da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 com
tração dianteira auxiliar, 74 kW (100 cv) a 2.300 rpm no motor, equipado com pneus
14.9-24 no eixo dianteiro e 23.1-26 no eixo traseiro, sendo tal trator instrumentado
para a realização do teste, segundo LOPES et al. (2003).
• Trator 2, denominado trator de frenagem, foi da marca Valtra, modelo BH140, 4X2
com tração dianteira auxiliar, 103 kW (140 cv) a 2.400 rpm no motor, utilizado para
oferecer resistências de 20 kN ao trator de tração, engrenado em 3ª marcha.
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003).
Para a determinação do consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal
(Chp), consumo específico (CE) e potência na barra de tração (PB) foram utilizadas
respectivamente as equações 1, 2, 3 e 4.

C * 3,6 D Chp
Chv = (1) Chm = Chv * (2) Ce = (3) PB = Ft * v (4)
t 1000 PB

Em que,
Chv = consumo horário volumétrico (L h-1); Ce - consumo específico (g kWh-1);
C = volume consumido (mL); PB - potência na barra de tração (kW);
t = tempo de percurso na parcela (s); Ft = força de tração na barra (kN), e

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

594
Chp = consumo horário ponderal (kg h-1); ν = velocidade de deslocamento (m s-1).
D - densidade do combustível (g L-1);

Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias

de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA

(2006).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação, porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
De acordo com a Tabela 1, observa-se que o processo de purificação do Biodiesel de
amendoim etílico não interferiu no consumo de combustível volumétrico, ponderal e
específico, resultado este importante para a definição do melhor processo de purificação do
Biodiesel, uma vez que para efetuar a destilação do Biodiesel é necessário filtrá-lo primeiro, o
que aumenta o custo de produção.
Com relação às proporções de mistura de Biodiesel no diesel, nota-se que até a adição
de 25% de Biodiesel de amendoim ao diesel não ocorreu diferença significativa no consumo
volumétrico, ponderal e específico, tais resultados são semelhantes aos encontrados por
LOPES et al. (2005) trabalhando com Biodiesel residual de fritura filtrado e destilado, em que
neste trabalho o aumento no consumo de B0 a B100 foi de 18%, valor semelhante ao
encontrado neste trabalho, uma vez que a força exigida na barra de tração foi semelhante entre
os experimentos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

595
Tabela 1 - Síntese da análise de variância e do teste de médias para as variáveis consumo
horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal (Chp) e consumo específico (CE).
Fatores Chv Chp Ce
-1 -1
Lh kg h g kWh-1
TIPO DE BIODIESEL (TB)
filtrado 13,3 a 11,3 a 351 a
destilado 13,5 a 11,4 a 356 a
PROPORÇÃO (Bn)
B0 12,5 a 10,6 a 328 a
B5 12,8 a 10,7 a 334 a
B15 13,0 a b 10,9 a 340 a b
B25 13,3 a b c 11,2 a b 350 a b c
B50 13,8 b c d 11,6 b c 364 b c d
B75 14,0 cd 11,9 cd 373 cd
B100 14,4 d 12,3 d 387 d
TESTE F
TB 1,14 NS 0,86 NS 1,24 NS
** **
Bn 14,85 20,72 14,17 **
TBxBn 0,45 NS 0,32 NS 0,50 NS
C.V.% 3,23 3,09 4,00
Médias seguidas pela mesma letra minuscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. **: significativo (P<0,01); *: significativo (P<0,05); NS: não significativo; C.V.: coeficiente de
variação.

A curva de regressão do consumo específico de combustível em função da proporção de


mistura de Biodiesel de amendoim etílico teve um comportamento linear, sendo ilustrada na
Figura 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

596
400
Cesp = 332,03 + 0,5659 * P
P = proporção de biodiesel de amendoim etílico
390
R2 = 0,979

380
Consumo espeífico (g kWh -1)

370

360

350

340

330

320
B
0 0 B5 B15 B25
25 B
5050 B
7575 B100
100
Proporção de mistura (%)

Figura 1. Representação gráfica do consumo específico em função da proporção de mistura de


Biodiesel de amendoim etílico e diesel.

4 CONCLUSÃO
O consumo de combustível do trator utilizando-se Biodiesel de amendoim etílico
filtrado foi semelhante ao destilado, e até a adição de 25% de Biodiesel ao diesel o consumo
de combustível foi semelhante.

5 AGRADECIMENTOS
À Fapesp, Coopercitrus e Valtra do Brasil, pela concessão dos tratores de testes e sua
instrumentação

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.

BRASIL. Agência Nacional de Petróleo. Biodiesel: novas perspectivas de sustentabilidade.


Rio de Janeiro, 2002. 27 p.

CENTURION, M. A. P. C.; CENTURION, J. F. Cultura do amendoim. Jaboticabal:


UNESP, 1998. 23 p. (Apostila)
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

597
EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro
Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, 1999.
412 p.

FARIA, W. L. S.; CARVALHO, L. M.; MONTEIRO JÚNIOR, N.; VIEIRA, E. C.;


CONSTANTINO, A. M.; SILVA, C. M.; ARANDA, D. A. G. Esterificação de ácido graxo
para produção de Biodiesel. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CATÁLISE, 12., 2003,
Angra dos Reis. Anais ... Angra dos Reis: Sociedade Brasileira de Catálise, 2003. v. 2, p.943-
946.

LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003.

LOPES, A.; REIS, G. N. dos; DABDOUB, M. J.; FURLANI, C. E. A.; SILVA, R. P. da;
CAMARA, F. T.; BATISTA, A. C. F. Biodiesel filtrado x biodiesel destilado: uso em trator
agrícola. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 34., 2005,
Canoas. Anais... Jaboticabal: Associação Brasileira de Engenharia Agrícola, 2005. 1 CD-
ROM.

LOPES, A. Biodiesel em trator agrícola: desempenho e opacidade. 2006. 158 p. Tese


(Livre docência em Mecanização Agrícola) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

598
DESENVOLVIMENTO DE UMA TÉCNICA DE RMN DE BAIXA
POTÊNCIA PARA ANÁLISE DA QUALIDADE DE ÓLEO EM SEMENTES
INTACTAS

Fabiana Diuk de Andrade, IQSC/USP, fabianadiuk@cnpdia.embrapa.br


Daniela Toma, IQSC/USP, daniela@cnpdia.embrapa.br
Luiz Alberto Colnago, EMBRAPA/CNPDIA, colnago@cnpdia.embrapa.br

RESUMO: A ressonância magnética nuclear (RMN) de baixa resolução vem sendo usada a
mais de 30 anos na determinação do teor de óleo em sementes intactas, para melhoramento
genético de oleaginosas, pois além de não destrutiva, é bastante rápida. Recentemente
desenvolvemos uma técnica rápida de RMN de baixa resolução para medida da qualidade do
óleo nas sementes, baseada na seqüência posposta por Carr-Purcell-Meiboom-Gill,
denominada CPMG. Essa seqüência consiste de um pulso de 90 graus, seguido por um tempo
T e um trem de pulsos de 180 graus separados por um tempo 2T (90° x’ _ T _(180°y’ _ T
_(eco)_ T)n). O sinal gerado pela CPMG tem um decaimento exponencial, com constante de
tempo de relaxação transversal T2, que é inversamente proporcional à viscosidade do óleo nas
sementes, e também ao número de cetano, índice de iodo ao teor e tipo de ácidos graxos.
Apesar do grande potencial dessa técnica, quando seu uso é intensivo, pode acarretar um
menor tempo de vida dos componentes. Além disso, pode levar a um aquecimento indesejável
na semente, reduzindo seu poder germinativo e a resultados errôneos, uma vez que a
viscosidade varia com a temperatura. Assim, estamos apresentando uma nova técnica de
medida de T2, similar à CPMG, porém usando somente pulsos de 90 graus denominada
CPMG90, a qual tem demonstrado desempenho idêntico a CPMG convencional, na análise da
qualidade de óleo de sementes. A CPMG90 tem a vantagem de se usar apenas 25% da
potência da técnica convencional aumentando o tempo de vida do espectrômetro e também
uma menor influência na temperatura da amostra. Essa técnica já está sendo utilizada para
seleção de sementes de amendoim com alto teor de ácido oléico que é o componente ideal
para produção de biodiesel, por possuir maior estabilidade oxidativa que os ácidos graxos
poliinsaturados.

Palavras-Chave: RMN, biodiesel, CPMG, CPMG90, sementes oleaginosas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

599
1 INTRODUÇÃO
A ressonância magnética nuclear (RMN) de baixa resolução vem sendo usada a mais de
30 anos na determinação não-destrutiva do teor de óleo em sementes intactas, para
melhoramento genético de oleaginosas. É um método padrão usado por melhoristas em todo o
mundo, pois além de não destruir as sementes, é bastante rápido, chegando a analisar mais de
três sementes por minuto (Colnago et al., 1996; Azeredo et al., 2000; Azeredo et al., 2003;
Venâncio et al., 2005 e Colnago et al., 2007).
Recentemente desenvolvemos um novo método de RMN baseada na seqüência de
pulsos denominada CWFP (Continuous Wave Free Precession) que consiste de um trem de
pulsos de 90 graus, calculado pela equação 1, separados por um intervalo de tempo τ na
ordem de 300 microsegundos (Azeredo et al., 2003; Venâncio et al., 2005 e Colnago et al.,
2007). Essa seqüência é repetida milhares de vezes (n) até a aquisição total dos sinais de
RMN. O esquema da seqüência CWFP está na Figura 1.

θ = γB1T p (1)

onde θ é o ângulo de excitação em graus, γ = constante magnetogírica, característica de cada


isótopo, B1, a intensidade do campo de radiofreqüência (rf) aplicado sobre a amostra e Tp, o
tempo de duração do pulso. Com essa equação observa-se que é possível ajustar o ângulo de
excitação da amostra, variando a intensidade do campo B1 ou o tempo de duração do pulso Tp.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

600
1,0

Amplidude do pulso (ua)


0,5

0,0 ( )n
0 100 200 300
Tempo (μs)

Figura 1 - Diagrama da seqüência CWFP ((90 _ τ)n) com um pulso de 90 graus de 10


microsegundos e um intervalo τ de 300 microsegundos. A amplitude do pulso de rf está em
unidades arbitrárias (ua).

Essa técnica viabiliza a determinação do teor de óleo em mais de 20 mil sementes


intactas por hora e está sendo utilizada na avaliação do teor de óleo em sementes, na seleção
de material genético para produção de biodiesel.
Desenvolvemos também uma outra técnica rápida de RMN de baixa resolução para
medida da qualidade do óleo nas sementes, baseada na seqüência de pulsos desenvolvida por
Carr-Purcell-Meiboom-Gill, denominada CPMG (Prestes et al., 2007). Essa seqüência (Figura
2) consiste da aplicação de um pulso de excitação de 90x graus (pulso aplicado no eixo x do
modelo de coordenadas girantes) de alguns microsegundos de duração, seguido por um tempo
(τ) de dezenas a centenas de microsegundos, então é aplicado um pulso de 180y graus (pulso
aplicado no eixo y), com o dobro do tempo do pulso de 90 graus. Após esse segundo pulso,
espera-se um tempo de 2τ. A aquisição do sinal da técnica CPMG (Figura 1) ocorre após um
tempo τ do pulso de 180 graus. Após o tempo de 2τ, repete-se a seqüência de pulsos de 180y
graus, n vezes (n= 102 a 103), até o desaparecimento do sinal de RMN. O sinal gerado pela
seqüência CPMG é caracterizado por um decaimento exponencial, cuja constante de tempo,
denominada T2, é relativa à relaxação transversal dos spins nucleares.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

601
90°X’ 180°X’
eco
τ τ τ

n
Figura 1 - Seqüência de pulso da técnica CPMG.

O decaimento exponencial T2 é inversamente proporcional à viscosidade do óleo nas


sementes (Figura 3) que por sua vez está diretamente relacionado aos teores e tipos de ácidos
graxos (Prestes et al., 2007).

1,0
CPMG echo amplitude (au)

0,5
CAS

LIN
SOY

MAC
0,0

0,0 0,5 1,0


Time (s)

Figura 2 - Curvas de decaimento do sinal de RMN obtidos com a seqüência CPMG.

Na Figura 3 a semente de linhaça (LIN) apresenta o decaimento mais longo, por ser rica
em ácido linolênico (> 50%), um ácido graxo com 18 carbonos e três insaturações (C18:3),
cujos ésteres são os menos viscosos. O biodiesel produzido a partir do óleo de linhaça possui
viscosidade cinemática (μ) 3,6 mm2 s-1. A semente de soja (SOY) por apresentar mais que
50% de ácido linoléico (C18:2) produz biodiesel mais viscoso (4,1 mm2 s-1 ) que a linhaça e
menos viscoso que a macadâmia (4,4 mm2 s-1), a qual contém mais de 70% de ácido oléico
(C18:1) em sua composição. A mamona possui um óleo muito mais viscoso que as outras três

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

602
sementes, uma vez que contém mais de 80% de ácido ricinoléico, um ácido graxo C18:1, mas
com uma hidroxila no C12. Essa hidroxila permite ligações de hidrogênio intramoleculares,
responsável pela alta viscosidade (12,8 mm2 s-1) do biodiesel produzido com o óleo da
mamona (Knothe, 2005 e Prestes et al., 2007).
Como as propriedades do biodiesel, tais como viscosidade, número de cetano e índice
de iodo são dependentes do tipo e da concentração dos ácidos graxos presentes no óleo,
desenvolveu-se a aplicação da técnica CPMG para a medida desses parâmetros diretamente
nas sementes. Na Figura 4 são apresentadas as curvas de calibração para a viscosidade
(coeficiente de correlação r = 0,94) e número de cetano (r = 0,92) calculados pela técnica
CPMG diretamente em sementes como soja, pinhão-manso, amendoim, girassol entre outras
(Prestes et al. 2007). Nesta técnica a semente deve ficar imóvel durante a análise por cerca de
1 segundo (stop and flow), demandando maior tempo de análise que a técnica CWFP,
utilizada para medir o teor de óleo nas sementes, apesar de poder analisar mais de 1000
amostras por hora.

a) b)
4,6
54
Cetane number from NMR

4,4
μ (mm .s ) from NMR

51
4,2
48
2 -1

4,0
45
3,8
42
3,6
3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 39 42 45 48 51 54 57
2 -1
μ (mm .s ) calculated from GC Cetane number calculated from GC

Figura 3 - Curvas de correlação relativas às propriedades do biodiesel, calculadas por GC e


preditas pelo método CPMG , a) curva de calibração da viscosidade cinemática e b) curva de
calibração do número de cetano.

Apesar do grande potencial da técnica CPMG, tem-se encontrado alguns problemas


quando seu uso é intensivo. A aplicação dos pulsos de 180 graus com cerca de 20
microsegundos, em intervalos de tempo τ de 100 microsegundos e uma potência de rf de
aproximadamente 100 Watts, causam no equipamento, principalmente no amplificador de
potência e na sonda detectora, uma sobrecarga, acarretando uma menor durabilidade nos
componentes. Além disso, esse trem de pulsos praticamente contínuo, pode levar a um
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

603
aquecimento indesejável na semente. O aquecimento, além de reduzir o poder germinativo da
mesma, também pode levar a resultados errôneos, uma vez que a viscosidade varia
exponencialmente com a temperatura (Prestes et al., 2007).
Assim, neste trabalho estamos apresentando uma nova técnica de medida do tempo de
relaxação T2, similar ao CPMG, porém usando somente pulsos de 90 graus, que denominamos
CPMG90. Como vamos demonstrar nesse trabalho, essa técnica usa apenas ¼ da potência da
técnica de CPMG convencional.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados sementes intactas de pinhão-manso, amendoim, baru, abóbora,
amêndoa, castanha do Brasil, castanha de caju, pati, colza, gergelim branco e preto, girassol,
linhaça, macadâmia, mamona, macaúba, moringa, niger, noz, piaçava, pipoca, rabanete e soja.
Utilizou-se um espectrômetro de RMN baseado em um transmissor/receptor CAT-100
da Tecmag e um ímã de 2,1 T Oxford com 30 cm de bore. A freqüência de ressonância do 1H
é de 85 MHz e 5 MHz para 1H).
As análises dos sinais de RMN foram realizadas com as técnicas CPMG convencional
(Figura 2) 90o x’ _ τ _(180oy’ _ τ _(eco)_ τ)n, e CPMG90 (Figura 5): 90o x’ _ τ _ (90oy’ _ τ
_(eco)_ τ)n.

90°X’ 90°Y’
eco
τ τ τ

Figura 4. Seqüência de pulsos da técnica de CPMG90.

Os parâmetros de análise para essas técnicas foram: largura de pulso de 10 μs, tempo
entre os pulsos (τ) de 100µs, números de ecos (n) = 600 ecos. Todas as medidas foram
executadas na temperatura de 22 ºC ± 0.5 ºC.
As constantes de tempo (T2) dos decaimentos das curvas CPMG foram analisadas no
software Origin 6.1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

604
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 6 apresenta os decaimentos das sementes de linhaça, amendoim e baru,
obtidos com as técnicas, CPMG convencional com trem de pulsos de 180 graus e com a
técnica proposta, CPMG90, com um trem de pulsos de 90 graus. É possível visualizar nesta
figura, uma sobreposição quase completa entre os decaimento medidos pelas duas técnicas.
Assim como discutido na introdução, as diferenças entre as velocidades de decaimento dos
sinais são relativas à sua viscosidade, composição etc.

1,0 CPMG 90
CPMG
Amplitude do sinal (ua)

0,5
Linhaça
Amendoim
Baru

0,0

0,0 0,5 1,0


Tempo (s)
Figura 5. Curvas de decaimento do sinal de RMN obtidos com a seqüência CPMG
convencional e CPMG90, das sementes de linhaça, amendoim e baru.

Para uma análise quantitativa das similaridades dos dois métodos, fez-se uma correlação
entre os T2 medidos para 24 sementes de diferentes espécies. Na Figura 7 a curva de
calibração entre os dados medidos com a CPMG convencional e CPMG90 com um
coeficiente de correlação r = 0,997, que confirma que a técnica CPMG90 pode substituir
totalmente as medidas realizadas com CPMG convencional para a determinação da qualidade
do óleo em sementes.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

605
200

150

CPMG90 Tempo (ms)

100

50

50 100 150
CPMG - Tempo (ms)

Figura 6. Curva de correlação nos tempos de relaxação T2 medidos com as técnicas de CPMG
convencional e CPMG90.

É possível observar pela equação 1, que o ângulo de excitação (θ ) dos spins nucleares
pode ser ajustado tanto pelo intensidade de B1, quanto pelo tempo Tp. Desses fatores, a
duração do pulso deve ser curta o suficiente para que a banda de irradiação gerada, seja

T p << 1
superior a banda espectral a ser analisada (8f), onde Δf . Assim, na seqüência CPMG

convencional, o valor máximo de Tp é limitado pelo tempo de duração do pulso de 180 graus,
uma vez que a largura do pulso de 90 graus é metade desse valor e conseqüentemente tem o
dobro da banda de irradiação. Com isso para a técnica CPMG90, pode-se apenas reduzir o
tempo de duração do pulso, que leva a uma redução de 50% da potência incidida, mas com o
dobro da banda espectral (8f) necessária. Uma maneira mais eficiente de reduzir a potência
consiste em utilizar a largura dos pulsos de 90 graus com a mesma duração dos pulsos de 180
graus da técnica CPMG convencional. Para isso reduz se pela metade a intensidade de B1,
que depende da potência (P) do pulso de rf do fator de qualidade da sonda (Q), da freqüência
de ressonância (ν0) e do o volume da bobina detectora (V) de acordo com a equação 2.
1

B1 ≅ 3⎛⎜ PQ ⎞2

⎝ ν 0V ⎠ (2)
onde P é a dado em Watts (W), ν0 em megahertz (MHz) e V em cm3.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

606
Como Q, ν0 e V são constantes para uma mesma sonda/espectrômetro, o B1 depende
apenas da raiz quadrada da potência, ou seja, B1~ P½. Assim, a redução de B1 pela metade
para os pulsos de 90 graus equivale a uma redução de 4 vezes da potência incidida na
amostra. Experimentalmente isso está equivalendo a uma mudança de potência de cerca de
100W usada na técnica CPMG convencional para apenas 25W em CPMG90.

4 CONCLUSÃO
A técnica CPMG90 tem desempenho idêntico a CPMG convencional, podendo ser
utilizada para a análise da qualidade de óleo de sementes. A CPMG90 apresenta a vantagem
de utilizar apenas 25% da potência da técnica convencional, aumentando a durabilidade do
espectrômetro com uma menor influência na temperatura da amostra. Essa técnica já está
sendo utilizada para seleção de sementes de amendoim com alto teor de ácido oléico que é o
componente ideal para produção de biodiesel. O ácido oléico tem maior estabilidade oxidativa
que os ácidos graxos poliinsaturados, como o linoléico e linolênico, principais componentes
da maioria das sementes oleaginosas e a mesmo tempo menos viscoso que os ácidos graxos
saturados e ricinoléico.

5 AGRADECIMENTOS

À FAPESP, FINEP, CNPq e CAPES pelas bolsas e financiamento do projeto.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, R. B. V.; COLNAGO, L. A.; ENGELSBERG, M. Quantitative analysis using
steady-state free precession nuclear magnetic resonance. Analytical Chemistry, v. 72, p.
2401-2405, 2000.

AZEREDO, R. B. V.; COLNAGO, L. A.; SOUSA, A. A.; ENGELSBERG, M. Continuous


wave free precession: a practical analytical tool for low resolution NMR measuremnts.
Analytica Chimica Acta, v. 478, p. 313-320, 2003.

COLNAGO, L. A; TORRE NETO, A; FERRAZINI. J.; OSTE, R. Espectrômetro de RMN


para análises quantitativas. INPI, MU7602306-0, 1996.

Colnago, L.A.; ENGELSBERG, M.; SOUZA,A.A.; Barbosa, L.L. High-throughput, non-


destructive, determination of oil content in intact seeds by continuous wave free precession
nuclear magnetic resonance. Analytical Chemistry, v. 79, p. 1271-1274, 2007.

KNOTHE, G. Kinematic viscosity of biodiesel fuel components and related compounds.


Influence of compound structure and comparison to petrodiesel fuel components. Fuel,
v. 84, p. 1059–1065, 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

607
PRESTES, R.A.; COLNAGO, L.A.; FORATO, L.A.; VIZZOTTO, L.; NOVOTNY, E.H.;
CARRILHO E. A rapid and automated low resolution NMR method to select intact oilseeds
with a modified fatty acid profile. Analytica Chimica Acta, 2007. No prelo.

VENÂNCIO, T.; ENGELSBERG, M.; AZEREDO, R. B. V.; ALEM, N. E. R.; COLNAGO,


L.A. Fast and simultaneous measurement of longitudinal and transverse NMR relaxation
times in a single continuous wave free precession experiment. Journal of Magnetic
Resonance, v. 173, p. 34-39, 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

608
AVALIAÇÃO DA PUREZA FÍSICA DA SEMENTE DE PINHÃO MANSO
(Jatropha curcas L.)

Osmária Ribeiro Bessa, UFLA, osmaria.agro@gmail.com


David Cardoso Dourado, UFLA, davidssp@yahoo.com.br
Thalita Fernanda Abbruzzini, UFLA, thatif_e@hotmail.com
Vanessa Silva Gontijo, UNIFAL, vanessagontijo@yahoo.com.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo avaliar a diferença de pureza física da
semente de pinhão manso ( Jatropha curcas L.) e a eficácia da mesa densimétrica, em um
mesmo lote. A pesquisa foi realizada na Unidade de Beneficiamento de Semente (UBS)
localizada na Universidade Federal de Lavras. Foram usados três lotes ( junho/05, janeiro/06,
dezembro/06), os quais passaram por uma mesa densimétrica, e foram separados em dois
novos lotes (BOCA1, BOCA2). Os resultados mostraram que existem diferenças significantes
de densidade dentro de um mesmo lote, comprovando a eficácia da separação das sementes
em uma mesa densimétrica e desuniformidade de densidade de sementes em um mesmo lote.

Palavras-Chave: Pinhão Manso, pureza física, mesa densimétrica.

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609
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta da Família Euforbiácea, originária
provavelmente da América Central e do Sul (HELLER, 1996), vem sendo estudada como
alternativa para produção de óleo como matéria-prima com vistas à fabricação de biodiesel no
Brasil e em diversos outros países. Sua principal vantagem é a grande tolerância ao estresse
hídrico, adaptação às condições adversas, sobretudo, e por se tratar de uma cultura perene
(ARRUDA et al., 2004), observa-se, no entanto que a planta, embora tolerante tem o
crescimento afetado pela salinidade ou compactação do solo (VALE et al., 2006a b). Em
muitas espécies o peso da semente é um indicativo de sua qualidade fisiológica. Segundo
Carvalho e Nakagawa (2000), a classificação das sementes por densidade é uma estratégia
que pode ser adotada, para uniformizar a emergência das plântulas obtendo-se mudas de
tamanho e vigor semelhante, assim, as sementes de maior densidade são potencialmente mais
vigorosas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no setor de Grandes Culturas do Departamento de
Agricultura da UFLA. Foram utilizados três lotes de sementes de pinhão-manso, de diferentes
épocas de armazenamento, os quais foram passados em uma mesa densimétrica, gerando dois
sub-lotes. Em seguida, as sementes dos sublotes (BOCA1 e BOCA2) foram avaliados quanto
a pureza física e peso hectolitro. Os dados foram analisados no SISVAR, em delineamento
inteiramente casualizado (DIC), pelo teste Tukey, ao nível de 5% de significância.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de pureza física dos sub-lotes, não mostraram diferenças. Sendo que em
todos os seis sub-lotes, os valores foram próximo a 100%.
Os resultados de peso hectolitro obtidos mostraram que houve diferenças significativas
entre as bocas em um mesmo lote, o que evidencia diferentes densidades de sementes que
foram armazenadas em uma mesma época. Logo, a BOCA1 selecionou sementes de melhor
qualidade em relação à BOCA2. Evidencia também, que as maiores densidades se encontram
no lote de armazenamento em junho de 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

610
0,520
a
0,499

b a a
0,482 0,481 0,481
0,480 b
0,467
b
0,456 BOCA 1
BOCA 2

0,440

0,400
2005/JUN 2006/JAN 2006/DEZ

Gráfico 1 - Peso hectolitro de sementes de pinhão manso de seis lotes provenientes de


diferentes épocas de armazenamento.

4 CONCLUSÃO
A separação de sementes pelas bocas da mesa densimétrica, independente da época de
colheita, foi eficiente e demonstrou que o equipamento é importante para o beneficiamento
das mesmas.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4. ed.
Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p.

FRAZÃO, D.A.C.; COSTA, J.D.; CORAL, F.J.; AZEVEDO, J.A.; FIGUEIREDO, F.J.C.
Influência do peso da semente no desenvolvimento e vigor de mudas de cacau. Revista
Brasileira de Sementes, Londrina, v.6, n.3, p. 31-39, 1984.

FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS. Produção de combustíveis


líquidos a partir de óleos vegetais. Relatório final. Belo Horizonte, 1983. 2º volume.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

611
ANÁLISE DA QUALIDADE DE ÓLEOS VEGETAIS EM SEMENTES
INTACTAS PELA ESPECTROSCOPIA DE RMN-CWFP

Daniela Toma, IQSC/USP, daniela@cnpdia.embrapa.br


Fabiana Diuk de Andrade, IQSC/USP, fabianadiuk@cnpdia.embrapa.br
Luiz Alberto Colnago, EMBRAPA /CNPDIA, colnago@cnpdia.embrapa.br

RESUMO: O biodiesel vem sendo avaliado como uma alternativa renovável ao diesel com
vantagens ambientais, como a redução da emissão de gás carbônico, um dos gases envolvidos
no efeito estufa. No entanto, existem duas questões que poderão dificultar a implantação deste
combustível no Brasil. A primeira questão é aumentar a produtividade das plantas atualmente
disponíveis para a produção de biodiesel. Para isso, será necessário um amplo programa de
melhoramento genético das espécies de sementes. A segunda questão é relativa à qualidade
dos óleos vegetais disponíveis para a produção de biodiesel, que em sua maioria possuem alta
concentração de ácidos graxos poliinsaturados, induzindo à produção de biodiesel com baixo
número de cetano e baixa estabilidade oxidativa. Neste trabalho estamos apresentando uma
técnica de RMN de 1H para a medida da qualidade do óleo diretamente nas sementes, baseada
na técnica CWFP (Continuous Wave Free Precession). Essa técnica é diferente da CWFP
usada para medida de quantidade de óleo e abrange um comportamento similar ao da CPMG
(Carr-Purcell-Meiboom-Gill). Além da velocidade, a técnica CWFP não é destrutiva,
permitindo com que as sementes analisadas sejam utilizadas diretamente para produção
futura. A qualidade do óleo foi analisada em sementes intactas através dos dados de CWFP,
mostrando que a técnica é uma ferramenta poderosa e rápida para a seleção das sementes
oleaginosas. Foi observado também que a técnica de CWFP abrange um comportamento
similar ao da CPMG, porém utilizando menor potência de excitação, permitindo uma maior
durabilidade e estabilidade do equipamento e com a dependência de dois parâmetros de
relaxação (T1) e (T2), descriminando altamente as diferenças de composição do óleo das
sementes oleaginosas.

Palavras-Chave: RMN, biodiesel, CWFP e sementes oleaginosas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

612
1 INTRODUÇÃO
O uso de biodiesel como uma alternativa renovável ao diesel deverá enfrentar nos
próximos anos dois problemas relativos à produção e a qualidade dos óleos disponíveis no
mercado.
A solução do primeiro problema será aumentar a produtividade das plantas atualmente
disponíveis, uma vez que a produtividade média está abaixo de 1 tonelada por hectare por ano
(1t/ha/ano) (Plano Nacional de Agroenergia, Brasília, 2005). Essa produtividade não é
suficiente para suprir a demanda futura de biodiesel sem um grande aumento da área plantada.
Atualmente, somente o dendê tem alta produtividade, na ordem de 5 t/ha/ano, mas se restringe
à região amazônica. Assim, a meta proposta pelo MAPA (Ministério da Agricultura e
Pecuária e Abastecimento) no Plano Nacional de Agroenergia (2005) é de um aumento da
produtividade de cerca de 500% em 30 anos, atingindo um patamar similar ao do dendê. Para
isso será necessário um amplo programa de melhoramento genético das espécies comerciais
como: soja, amendoim, girassol, entre outras; bem como a domesticação e melhoramento
genético de plantas silvestres como pinhão manso, macaúba, pequi, etc.
Para que os programas de melhoramento e seleção de novas plantas sejam rápidos, será
necessária a análise do teor de óleo de milhares de sementes por ano. Como os métodos
disponíveis (extração com solventes, espectroscopia no infravermelho próximo e
espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN)) são lentos, desenvolveu-se
recentemente a técnica não-destrutiva e ultra-rápida de RMN de 1H, baseada na precessão
livre em onda contínua (CWFP- Continuous Wave Free Precession) que tem potencial para
analisar mais de 20 mil sementes por hora (Colnago et al, 2007).
A qualidade dos óleos vegetais disponíveis como os óleos de soja, girassol, etc, possui
alta concentração de ácidos graxos poliinsaturados, levando a um biodiesel com baixo número
de cetano e baixa estabilidade oxidativa. O óleo da mamona contém alta proporção de ácido
ricinoléico, portanto, possui alta viscosidade. Conseqüentemente, restringe a utilização do
respectivo biodiesel em alta proporção na mistura com diesel, induzindo a um combustível
fora das especificações. Assim, os programas de melhoramento genético deverão focar não
apenas o aumento da produtividade, mas também a melhoria da qualidade do seu óleo.
Segundo Knothe (2005b), o biodiesel ideal possui alta concentração de ácido oléico que é
mais estável, possui maior número de cetano que os ácidos graxos poliinsaturados e também
menor viscosidade que os ácidos graxos totalmente saturados.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

613
Para suprir a demanda dos programas de melhoramento genético quanto à qualidade do
óleo também foi desenvolvido um outro método de RMN de 1H, baseado na seqüência
desenvolvida por Carr-Purcell-Meiboom-Gill, conhecida como CPMG (Prestes et al, 2007).
Essa técnica fornece a constante de tempo de relaxação transversal (T2) do óleo nas sementes
apresentando alta correlação (r > 0,92) com a viscosidade, número de cetano, índice de iodo
(medida de insaturação) e composição química do óleo. Nesse método as amostras são
colocadas na mesma esteira usada na medida da quantidade de óleo pela técnica CWFP
(Colnago et al, 2007). Porém, o movimento da esteira, onde se encontram as sementes, é
interrompido na região do sensor durante a análise (stop flow) (Prestes et al, 2007). Esse
método automatizado possui um potencial de analisar mais de 1000 amostras por hora.
Neste trabalho estamos apresentando uma nova técnica de medida da qualidade do óleo
diretamente nas sementes baseado também na seqüência CWFP. Essa técnica é diferente da
CWFP usada para medida de quantidade de óleo (Colnago et al, 2007) e apresenta um
comportamento similar à CPMG. As possíveis vantagens dessa seqüência em relação à
CPMG são: o uso de menor potência de excitação (1/4 da potência do CPMG), permitindo
uma maior durabilidade e estabilidade do equipamento; e a dependência de dois parâmetros
de relaxação longitudinal (T1) e transversal (T2) (Venâncio et al, 2005), com maior
capacidade na discriminação composição do óleo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
As sementes oleaginosas utilizadas foram: pinhão manso, amendoim, baru, abóbora,
linhaça, macadâmia, amêndoa, castanha do Brasil, castanha de caju, macaúba, pati, colza,
gergelim branco, gergelim preto, girassol, moringa, niger, noz, piaçava, milho, rabanete e
soja.
As medidas do sinal de RMN-CWFP foram realizadas em espectrômetro de RMN de
2.1T em conjunto com um transmissor/receptor Tecmag CAT-100 (Colnago et al, 2007,
Prestes et al, 2007). Os dados de CWFP foram coletados com a aplicação de 1000 pulsos de
10 μs (90o), com o tempo de repetição τ = 300 μs, e o ângulo de precessão Ψ= 3π. Os dados
das composições de ácidos graxos das sementes utilizadas foram obtidos de Prestes et al
(2007).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

614
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na figura 1 observa-se a comparação entre os sinais de RMN de uma semente de soja
obtidos com a técnica convencional para medida da qualidade de óleo, CPMG (A) e com a
técnica proposta neste trabalho, CWFP (B).

M0

Estado quasi-estacionário

Estado estacionário (Mz)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0


Tempo (s)

Figura 1 - Sinal de RMN do óleo de uma semente de soja obtido com as técnicas CPMG(A) e
CWFP(B). M0 é intensidade do sinal após o primeiro pulso de 90º e é proporcional a
magnetização no equilíbrio térmico e Mz é intensidade do sinal no estado estacionário.

O sinal CPMG é apenas um decaimento exponencial cuja constante de tempo (T2)


reflete a relaxação transversal. Por outro lado o sinal CWFP é bem mais complexo (Venâncio
et al, 2005). Do primeiro pulso de 90º (equilíbrio térmico, M0) até atingir o estado
estacionário, o sinal de RMN passa por dois regimes transientes (Figura 1B). O primeiro
regime é caracterizado por uma alternância de amplitude do sinal entre valores negativos e
positivos (Venâncio et al, 2005). Este regime ocorre nos primeiros milisegundos do sinal.
Após esse tempo, cessa a oscilação atingindo o estado quasi-estacionário com decaimento
exponencial até alcançar o estado estacionário final com uma constante de tempo (T*), que
depende tanto do T1 quando de T2, dada pela equação 1 (Venâncio et al, 2005).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

615
T*=2T1T2/(T1+T2) (1)
A intensidade do sinal no estado estacionário (Mz), também dependente dos tempos de
relaxação T1 e T2, dada pela equação 2, isso consiste em uma vantagem da técnica CWFP
sobre a CPMG, que depende apenas de T2.

│Mz│/M0=T2/(T1+T2) (2)

Com o rearranjo dessas duas equações pode-se calcular os valores de T1 e T2 (equações


3 e 4) com a medida da intensidade do sinal após o primeiro pulso (M0) e no estado
estacionário (Mz) e com a determinação da constante de Tempo T*.

T1=(T*/2)/(│Mz│/M0) (3)

T2=(T*/2)/[1-(│Mz│/M0)] (4)

A Figura 2 apresenta os decaimentos dos sinais de CPMG (A) e CWFP (B) dos óleos
das sementes de: linhaça, soja e mamona. A constante de tempo de relaxação transversal (T2)
do sinal CPMG reflete as diferenças na viscosidade do óleo que é dependente do principal
ácido graxo do óleo (Allen, 1999; Knothe, 2005a e Knothe 2005b). Normalmente a
viscosidade em ácidos graxos de ésteres de metil (FAME) e em triglicerídeos aumenta com
comprimento da cadeia (número do carbono) e decresce com o aumento da insaturação para
ácidos graxos com o mesmo número de carbonos.

1,0 1,5
Amplitude do sinal de CWFP (ua)
Amplitude do sinal CPMG (ua)

1,0

0,5

Linha
Linhaça 0,5 Soja
Soja
Mamona

0,0
Mamo
0,0 0,5 1,0 1,5
0,0
0 1500 3000 4500
Tempo (s)
Tempo (s)

Figura 2 - Decaimento do sinal de RMN dos óleos nas sementes de: linhaça, soja e mamona.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

616
Obtidos com as técnicas CPMG (A) e CWFP (B).
Como o T2 tem uma correlação negativa com viscosidade (Prestes et al, 2007), isto
explica o decaimento mais longo do sinal para o óleo da linhaça, devido alta concentração de
ácido linolênico (~50%) e baixa viscosidade cinemática (μ = 3.6mm2.s-1). O óleo de soja é
rico em ácido linoléico (~50%) e possui viscosidade de 4,1mm2.s-1 e portanto, o respectivo
sinal possui decaimento intermediário. O decaimento do sinal da mamona é mais curto devido
à elevada concentração de ácido ricinoléico (~80%) no óleo, que possui um grupo hidroxila
no C12, permitindo as ligações intermoleculares do hidrogênio que aumentam a viscosidade
do óleo (μ=12.8mm2.s-1) (Knothe, 2005b). O óleo de mamona é a única fonte que produz
biodiesel fora das especificações da ASTM (American Society for Testing and Materials) e da
EN (European Normalization) (Knothe, 2005a).
Na Figura 2B são observados os decaimentos dos sinais CWFP dos óleos das mesmas
sementes analisadas por CPMG, apresentando os sinais equivalentes aos observados por
CPMG. O sinal de decaimento da linhaça é maior que o da soja, e muito maior que o da
mamona, ou seja, é possível obter os mesmos resultados que a técnica CPMG, com a
vantagem de usar apenas 1/4 da potência de irradiação da amostra e ser dependente tanto de
T1 quanto de T2.

4 CONCLUSÕES
Neste trabalho foi possível analisar a qualidade do óleo em sementes intactas através
dos dados de CWFP, evidenciando que este método é uma ferramenta poderosa e rápida para
seleção das sementes oleaginosas de alta qualidade. Com a técnica de RMN-CWFP acoplada
a um sistema de medidas on-line, é possível analisar a qualidade dos óleos nas sementes com
maior rapidez e menor custo.
Foi observado também que a técnica de CWFP abrange um comportamento similar ao
da CPMG, porém utilizando menor potência de excitação, permitindo uma maior durabilidade
e estabilidade do equipamento e com a dependência de dois parâmetros de relaxação (T1) e
(T2), descriminando altamente as diferenças de composição do óleo das sementes oleaginosas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

617
5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, CAPES, FINEP e CNPq pela concessão de bolsa e financiamento do
projeto.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLEN, C.A.W.; WATTS, K.C.; ACKMAN, R.G.; PEGG, M.J. Predicting the viscosity of
biodiesel fuels from their fatty acid ester composition. Fuel, v.78, p. 1319–1326, 1999.

COLNAGO, L.A.; ENGELSBERG, M.; SOUZA,A.A.; BARBOSA, L.L. High-throughput,


non-destructive, determination of oil content in intact seeds by continuous wave free
precession nuclear magnetic resonance, Analytical Chemistry, v. 79, p. 1271-1274, 2007.

aKNOTHE, G. Dependence of biodiesel fuel properties on the structure of fatty acid alkyl
esters. Fuel Processing Technology, v. 86, p. 1059– 1070, 2005.

bKNOTHE, G. Kinematic viscosity of biodiesel fuel components and related compounds.


Influence of compound structure and comparison to petrodiesel fuel components. Fuel, v. 84,
p. 1059– 1065, 2005.

VENÂNCIO, T.; ENGELSBERG, M.; AZEREDO, R.B. de V.; ALEM, N.E.R.; COLNAGO,
L.A. Fast and simultaneous measurement of longitudinal and transverse NMR relaxation
times in a single continuous wave free precession experiment. Journal of Magnetic
Resonance, v.173, p. 34-36, 2005.

PRESTES, R.A.; COLNAGO, L.A.; FORATO, L.A.; VIZZOTTO, L.; NOVOTNY, E.H.;
CARRILHO E. A rapid and automated low resolution NMR method to select intact oilseeds
with a modified fatty acid profile. Analytica Chimica Acta, 2007. No prelo.

Plano Nacional de Agroenergia, Brasília, 2005. Página da Embrapa Instrumentação


Agropecuária, <http://www.cnpdia.embrapa.br>Acesso em: 24 de abril 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

618
DENSIDADE DE BIODIESEL DE AMENDOIM EM FUNÇÃO DA
PROPORÇÃO DE MISTURA E DA TEMPERATURA

Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br


Miguel Joaquim Dabdoub, USP, dabdoub@biodieselbrasil.com.br
Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br
Gener Tadeu Perreira, FCAV/UNESP, genertp@fcav.unesp.br
Carlos Eduardo Angeli Furlani, FCAV/UNESP, furlani@fcav.unesp.br
Rouverson Pereira da Silva, FCAV/UNESP, rouverson@fcav.unesp.br

RESUMO: O conhecimento do comportamento da densidade de um Biodiesel em função da


temperatura e proporção de mistura ao diesel é de fundamental importância, pois em condição
de ambiente não-protegido, como é o caso do trabalho de tratores, pode ser observada
variações de temperatura no tanque de combustível de 12,5 a 50 ºC. Por esse motivo, quando
se avalia o consumo de combustível, a densidade do mesmo é de suma importância, para
corrigir o efeito da temperatura sobre o consumo de combustível. O presente trabalho teve por
objetivo determinar a superfície de resposta de segunda ordem ajustada à densidade do
Biodiesel etílico de amendoim (filtrado e destilado) em função da temperatura do combustível
e da proporção de mistura de Biodiesel no diesel. Os resultados evidenciaram que o
comportamento da densidade a 20 oC do Biodiesel etílico de amendoim filtrado foi maior que
o destilado.

Palavras-Chave: Biocombustível, máquinas agrícolas, oleaginosas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

619
1 INTRODUÇÃO
ALMEIDA (2000) define o biodiesel como sendo uma mistura de ésteres metílicos de
ácidos graxos e ésteres como substâncias resultantes da reação de um ácido carboxílico com
um álcool e ainda que ésteres metílicos de ácidos graxos derivam de reações de metanol com
ácidos graxos (ácidos carboxílicos com número de átomos de carbono ao redor de 18).
De acordo com COOK (1993) a produção de biodiesel tem como grande fonte de
matéria prima os óleos residuais ou óleos produzidos a partir de produtos vegetais, o que
causou interesse científico em vários países europeus. O autor ressalta a importância de
estudos com o objetivo de reduzir o custo de produção e procurar alternativas de uso de tal
produto. Desse modo, é imprescindível o suporte governamental para tornar viável a produção
e uso do biodiesel.
De acordo com PARENTE (2003), pelas semelhanças de propriedades fluidodinâmicas
e termodinâmicas, o biodiesel e o diesel do petróleo possuem características de completa
equivalência, especialmente vistas sob os aspectos de combustibilidade em motores do ciclo
diesel, portanto o desempenho e o consumo são praticamente equivalentes, e ainda, não há
necessidade de qualquer modificação ou adaptação dos motores para funcionar regularmente
com um ou com o outro combustível.
Entretanto ao longo de uma jornada de trabalho, a temperatura em ambiente protegido
pode variar de 12,5 a 30,6 ºC, caso particular medido em série de 30 anos em Jaboticabal,
conforme UNESP (2007). Porém, em condição de ambiente não-protegido, como é o caso do
trabalho de tratores, pode ser observada temperatura de até 45 ºC ao meio-dia. Nessas
condições, ressalta-se, entretanto, que a temperatura do combustível no tanque das máquinas
pode variar de 12,5 a 50 ºC. Por esse motivo, quando se avalia o consumo de combustível, a
densidade do mesmo é de suma importância, para corrigir o efeito da temperatura sobre o
consumo de combustível.
O presente trabalho teve por objetivo determinar a superfície de resposta de segunda
ordem ajustada à densidade do Biodiesel etílico de amendoim (filtrado e destilado) em função
da temperatura do combustível e da proporção de mistura de Biodiesel no diesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nas dependências do Laboratório de Máquinas e Mecanização
Agrícola (LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A
localização geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

620
latitude sul e 48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, pressão atmosférica de
94,24 kPa. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido
como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno.
Neste trabalho, utilizou-se o diesel automotivo interior, classificado como Tipo "B”
tendo quantidade de enxofre total máximo de 3.500 mg.kg-1, advindo da cidade de
Jaboticabal-SP, cujas características estão de acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22 de
março de 2005 (BRASIL, 2005).
Os Biodiesel de amendoim utilizados foram produzidos no Laboratório de
Desenvolvimento de Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto.
Para determinar a densidade dos combustíveis utilizou-se de balança de precisão, manta
aquecedora e termômetro digital. No momento das avaliações, a temperatura ambiente era
superior ao menor limite de temperatura do ensaio, por isso a amostra do combustível foi
submersa em gelo a fim de que a temperatura se reduzisse a 10 ºC, que correspondia ao limite
inferior do ensaio. A partir desse ponto, a amostra foi aquecida até atingir a temperatura de
70 ºC, limite máximo do ensaio. No início da determinação, a 10 ºC, mediu-se um volume de
100 mL, verificou-se a massa e, depois, foi monitorada a variação do volume referente ao
acréscimo de cada 5 ºC. Tal procedimento foi repetido para os 2 combustíveis do trabalho e,
em cada um desses, em sete proporções de misturas (B0, B5, B15, B25, B50, B75, B100, em que o
número subscrito indica a % de Biodiesel no diesel). Com base na análise de variância, os
dados foram ajustados por meio de regressão quadrática. Esse procedimento originou 2
modelos de equações do tipo:

D = C − C1 * T + C 2 * P ± C 3 * T 2 ± C 4 * P 2 ± C 5 * T * P
Em que,
D = densidade do combustível (g L-1);
C, C1, C2, C3, C4 e C5 = coeficientes da regressão;
P = proporção de Biodiesel (%), e
T = temperatura do combustível (oC).

Os dados foram submetidos à análise de variância para seleção do modelo de maior grau
significativo, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA (2006).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

621
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da densidade estão apresentados em forma de Figura e Equação para cada
tipo de Biodiesel ensaiado. Sendo assim, foi possível determinar a variação da densidade dos
biocombustíveis em função da temperatura e da proporção de mistura de Biodiesel e diesel, o
que proporcionou ajustes de modelos de superfícies de resposta de segunda ordem. O modelo
de ajuste selecionado foi o de maior grau, cujo teste F da análise de variância foi significativo
para explicar as diferenças da densidade no fator proporção para cada tipo de Biodiesel. Os
resultados estão apresentados nas Figuras 1 e 2.

D = 850 - 0,858*T + 0,378*P + 0,0028*T2 - 0,0006*T*P + 0,0002*P2


890

880

870
T = temperatura (oC)
P = proporção (%)
Densidade (g L-1)

860

850

840

830

820

810
880
B100
70 870
B75 65
60 860
B50 55
50 850
B25 45
Proporção (%) 40 840
35
B15 30 Temperatura (ºC) 830
25
B5 20 820
B0 15
10 810

Figura 1 - Superfície de resposta de segunda ordem ajustada à densidade do Biodiesel de


amendoim etílico filtrado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

622
880 D = 849 - 0,754*T + 0,259*P + 0,0013*T2 - 0,0007*T*P + 0,0005*P2
870

860 T = temperatura (oC)


Densidade (g L-1)

850 P = proporção (%)

840

830

820

810

800

B100
B75 70 870
65
B50 60 860
55
50 850
B25 45
Proporção (%) 40 840
B15 35
30 Temperatura (ºC) 830
B5 25
B0 20 820
15
10 810

Figura 2 - Superfície de resposta de segunda ordem ajustada à densidade do Biodiesel de


amendoim etílico destilado.

Comparando o comportamento da densidade por tipo de Biodiesel, observou-se que o


Biodiesel etílico de amendoim filtrado (875 g L-1) teve densidade maior que o destilado
(863 g L-1). Para servir de comparação, a densidade do diesel automotivo interior foi de
837 g L-1, sendo a variação em função da temperatura de 35 g L-1.

4 CONCLUSÃO
A densidade do combustível é reduzida com o incremento da temperatura; aumenta à
medida que cresce a proporção de Biodiesel e tem variação diferente em função do tipo de
Biodiesel.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, R. Biodiesel: Caminhão com mostarda. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 out.,
2000. Resumão/Química, p. 7.

BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,


2006. 237 p.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

623
BRASIL. Agência Nacional de Petróleo. Portaria ANP nº 12, de 22 março de 2005.
Disponível em: <www.anp.gov.br/petro/legis>. Acesso em: 3 nov. 2006.

COOK, P.; WALKER, K. C.; BOOTH, E. J.; ENTWISTLE, G. The potencial for biodiesel
production in the UK. Farm Management, London, v.8, n.8, p.361–8, 1993.

PARENTE, E. J. S. Biodiesel: Uma aventura tecnológica em um país engraçado.


Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 65p.

UNESP. Universidade Estadual Paulista - Faculdade de Ciencias Agrarias e Veterinárias


campus Jaboticabal. Departamento de Ciências Exatas Estação Agroclimatológica,
disponível em :http://www.exatas.fcav.unesp.br/estacao/ acessado em 11 de junho de 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

624
DIESEL S500 x INTERIOR: OPACIDADE DA FUMAÇA DE TRATOR
AGRÍCOLA – PARTE I

Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br


Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br
Rubens André Tabile, FCAV/UNESP, rubens.tabile@gmail.com
Rouverson Pereira da Silva, FCAV/UNESP, rouveson@fcav.unesp.br
Carlos Eduardo Angeli Furlani, FCAV/UNESP, furlani@fcav.unesp.br
Ana Lucia Paschoa Botelho Ferreira Barbosa, FCAV/UNESP, anapaschoa@gmail.com

RESUMO: A medição dos níveis de emissão da fumaça preta (opacidade) se tornou um


instrumento poderoso na identificação de possíveis desconformidades relacionadas ao mal
estado de conservação dos veículos do ciclo diesel. E o combate à fumaça preta passou a
significar redução do desperdício de combustível, observado pela queima incompleta do óleo
diesel nos veículos com desconformidades mecânicas e operacionais. O presente trabalho teve
por objetivo avaliar a opacidade da fumaça de um trator Valtra BM100 4x2 TDA funcionando
com diesel S500 e interior. O trabalho foi conduzido no Departamento de Engenharia Rural
da UNESP – Jaboticabal, em delineamento inteiramente casualizado, com 2 tratamentos que
foram dois tipos de diesel (S500 e interior), com seis repetições e sete replicações, totalizando
84 observações. Os resultados evidenciaram menor opacidade da fumaça para o diesel S500.

Palavras-Chave: Combustível, máquinas agrícolas, desempenho operacional.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

625
1 INTRODUÇÃO
A poluição atmosférica dos centros urbanos implica problema da sociedade
contemporânea, cujos hábitos estão vinculados a combustíveis de origem fóssil. Ressalta-se
que as substâncias originadas na combustão desses acarretam mal-estar e inúmeras doenças
respiratórias, ocasionando grandes custos hospitalares.
Segundo CAYRES & YUKI (2006), a maioria da população tem uma preocupação com
a questão ambiental, porém, a maioria, não toma nenhuma atitude específica visando verificar
e/ou manter a emissão de poluentes de seus veículos de acordo com a legislação, que para
veículos diesel somente é avaliado o índice de opacidade, ou seja, o quanto a fumaça está
escura.
Para motores movidos a óleo diesel automotivo, há uma preocupação especial com o
material particulado, que segundo BRAUN et al. (2003) vários estudos comprovam que
mudanças na qualidade do diesel podem resultar em modificações no nível das emissões, com
melhoria na qualidade da fumaça a medida que se reduz o teor de enxofre e de aromáticos e
aumenta-se o número de cetana do combustível.
Com relação a mudanças na qualidade do diesel, a Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis têm se preocupado cada vez mais com o teor de enxofre do óleo
diesel automotivo, que de acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22 março de 2005, o óleo
diesel fica classificado, de acordo com sua aplicação: Óleo Diesel Automotivo S500,
concentração máxima de enxofre de 500 mg.kg-1; Óleo Diesel Automotivo Metropolitano,
concentração máxima de enxofre de 2000 mg.kg-1; Óleo Diesel Automotivo Interior,
concentração máxima de enxofre de 3500 mg.kg-1. (BRASIL, 2005)
Pressupõe-se que com a diminuição da concentração de enxofre reduza a opacidade da
fumaça, com o objetivo do presente trabalho sendo avaliar a opacidade da fumaça de um
trator agrícola funcionando com diesel automotivo interior e S500.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nas dependências do Laboratório de Máquinas e Mecanização
Agrícola (LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A
localização geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’
latitude sul e 48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, pressão atmosférica de
94,24 kPa. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido
como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

626
Neste trabalho, utilizaram-se dois tipos de diesel, o interior classificado como Tipo "B”
tendo quantidade de enxofre total máximo de 3.500 mg.kg-1, advindo da cidade de
Jaboticabal-SP, e o S500 classificado como Tipo S500 tendo quantidade de enxofre total
máximo de 500 mg.kg-1 advindo da cidade de São Paulo-SP, cujas características estão de
acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22 março de 2005 (BRASIL, 2005).
Foi utilizado um trator da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 TDA, com 74 kW (100
cv) de potência no motor a 2300 rpm. A opacidade da fumaça foi medida por um opacímetro
de absorção de luz com fluxo parcial, modelo TM 133. O opacímetro de fluxo parcial, realiza
a medição da fuligem do gás de escapamento com somente parte do fluxo de gás, feita por
meio de um tubo de captação e uma sonda, sendo montado no cano de escape do trator.
A opacidade da fumaça foi determinada para os dois tipos de diesel. Ao término de cada
determinação, realizou-se a drenagem completa do sistema de alimentação, evitando, com
isso, a contaminação do ensaio seguinte. Além disso, depois de trocado o combustível, o
motor ficou em funcionamento em torno de dez minutos antes do início de cada teste.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 2 tratamentos que
foram dois tipos de diesel (S500 e interior), com seis repetições e sete replicações, totalizando
84 observações.
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA
(2006).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1, em que observa-se que o diesel S500,
por conter menor teor de enxofre, ocasionou menor opacidade da fumaça do que o diesel
interior. A opacidade do diesel interior foi 17% superior a do S500. Tais resultados
evidenciam que a decisão da ANP em diminuir o teor de enxofre do diesel contribui para a
melhoria da qualidade do ar, no que se refere a emissão de material particulado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

627
Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para a opacidade da fumaça.

TIPO DE BIODIESEL (TB) OPACIDADE (m-1)


Diesel S500 1,00 a
Diesel Interior 1,17 b
TESTE F
TB 121,66 **
C.V.% 3,54
Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
NS: não significativo (P>0,05)
**: significativo (P<0,01)
C.V.: coeficiente de variação

4 CONCLUSÃO
A opacidade da fumaça do trator utilizando-se diesel S500 foi menor do que com o
diesel interior.

5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS E VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos tratores
de testes e sua instrumentação.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.

BRAUN, S.; APPEL, L.G.; SCHMAL, M. A poluição gerada por máquinas de combustão
interna movidas à diesel - a questão dos particulados, estratégias atuais para a redução e
controle das emissões e tendências futuras. Química Nova, v.27, n.3, p.472-82, 2003.

BRASIL. Agência Nacional de Petróleo. Portaria ANP nº 12, de 22 março de 2005.


Disponível em: <www.anp.gov.br/petro/legis>. Acesso em: 3 nov. 2006.

CAYRES, E.B.; YUKI, H.S. Inspeção veicular e conscientização da população. Revista


Ciências do Ambiente, v.2, n.1, p.47-52, 2006.

CONPET, Programa nacional de racionalização do uso de derivados do petróleo e do gás


natural. A opacidade e o consumo de óleo diesel, Apostila, 20 pag, 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

628
FORMAÇÃO DE MACAUBAIS POR TRANSPLANTIO DE BROTOS
NATIVOS

Francisco Augusto de Moura Oliveira, ONGTREM, ongtrem@ig.com.br


Cecília Fakhouri de Oliveira, DBI/UFLA, cissafo@gmail.com

RESUMO: Este trabalho relata um experimento de transplantio de mudas nativas de


macaúba (Acrocomia aculeata), para formação de um pequeno macaubal, em Betim, MG.
Apresentamos uma técnica de retirada de mudas nativas, plantio, e os resultados ao longo de
um período de 9 meses iniciais do experimento.

Palavras-Chave: Bocaiúva, macaúba, macaubal, transplantio.

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1
1 INTRODUÇÃO
A produção de mudas de macaúba pelo plantio de caroços apresenta um baixo
percentual de germinação, inferior a 3%, uma vez que ainda não é conhecido um método
eficaz de quebra de dormência dos caroços desta palmeira.
O cultivo de embriões da macaúba tem sido pesquisado, e a literatura apresenta alguns
casos de sucesso. Entretanto, este método requer pessoal qualificado, e não está ao alcance do
pequeno produtor.
O presente estudo apresenta um terceiro método de formação de macaubais, através do
transplantio de mudas nascidas ao redor de palmeiras-mãe. Este método foi empregado em
Jequitibá, MG, por volta de 1965, em área de 1 ha. As palmeiras tiveram desenvolvimento
normal, estão produzindo na atualidade frutos com dimensões e quantidades de frutos
semelhantes a palmeiras nativas, não transplantadas. Em visita ao local, na fazenda da
Adelina, entre os municípios de Jequitibá e Santana do Pirapama, MG, não foram constatadas
patologias causadas por ácaros, insetos ou fungos.
Um macaubal, de aproximadamente 7.000 brotos, também formado através do
transplantio, foi visitado em Bodoquena, MS, conforme relatado por Aristone, do
departamento de física da UFMS. Neste, foi estimada perda de 30% das mudas
transplantadas, explicada por diversos fatores, dentre eles, deficiências nos tratos culturais e
ataques de tatus. Outro macaubal formado por transplantio de macaúbas de maior porte foi
encontrado em Dourados, MS.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento de transplantio foi iniciado em agosto de 2006, na localidade de
Bandeirinhas, Betim, MG, com a preparação da área de plantio das mudas, aproximadamente
1.000 m², em que foram feitas aração e gradagem. Seguiu-se o lançamento de calcário
dolomítico nos locais previstos para abertura das covas, com espaçamento de 6 x 6 m, 3
meses antes do plantio.
Em outubro 2006 foram pesquisados em campo, na própria região a ocorrência de
mudas nativas nas proximidades de palmeiras macaúba adultas.
Foi constatada no local a existência de diversas palmeiras-mãe com quantidades
variáveis de brotos nos seus entornos, variando de 3 até 37 brotos por palmeira-mãe. Nos
locais com maior presença de brotos foram observadas as seguintes condições:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

629
• Grande quantidade de côcos encontrado no chão, em processo de decomposição,
formando-se uma camada superior de húmus;
• Locais medianamente sombreados;
• Solo argiloso, com boa retenção de umidade;
Os caroços que germinaram estavam cobertos por camada de húmus de 4 a 6 cm.
Foram escolhidas mudas de 10 a 30 cm de altura, para transplantio, sendo que a altura foi
medida entre o solo e a parte mais alta do broto.
Todos os transplantios foram feitos no período chuvoso, entre outubro de 2006 e
fevereiro de 2007.
A retirada do broto foi feita com enxada ou enxadão, que foram fincados no solo,
batendo-se com uma marreta na sua parte superior. Retira-se a enxada sem retirar a terra,
deixando o sulco profundo, repete-se a operação sucessivamente até formar um quadrado de
sulcos nos 4 lados do broto, com o broto ao centro. O lado do quadrado tem aproximadamente
30 cm. Retira-se a terra de um dos lados externos do quadrado, para facilitar a retirada do
cubo, ou torrão, contendo o broto com suas raízes. É importante que o solo esteja úmido para
manter o torrão coeso, evitando-se os esfarelamento da terra que envolve as raízes. Após a
retirada do torrão este é colocado em uma caixa de madeira, para transporte.
O broto deve ser plantado em covas já preparadas, preferencialmente de 50 por 50 cm,
contendo esterco misturado com terra no fundo. Utilizou-se o mesmo método de preparação
de covas para o plantio de árvores frutíferas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se que o transplantio é uma operação delicada que requer muito cuidado na
retirada, no manuseio, transporte e plantio do broto, uma vez que todas estas operações podem
romper a integridade do conjunto terra-raízes.
Foram feitos 26 transplantios com 16 brotos sobreviventes, 62% de sucesso, após 9
meses do experimento.
As causas prováveis da morte dos brotos foram as seguintes:
• Crescimento excessivo de ervas daninhas em decorrência da quantidade excepcional
de chuvas na região entre outubro e fevereiro de 2006. No local do plantio observou-se
forte incidência de capim colonião com altura superior a 2 m, além de outras ervas
daninhas de menor porte;

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

630
• Esfarelamento da terra que cobre as raízes, no no ato da retirada do brôto, no manuseio
ou transporte;
• Lesões no meristema apical dos brotos, por flexão ou torção das folhas. Sabe-se que
esta parte do caule das palmáceas é muito delicada nos primeiros meses de vida.
Não foram observados ataques de formigas, embora houvesse formigueiros ativos
próximos às covas.
Foram observadas pegadas recentes de bovinos, junto a duas covas, mas sem danos aos
brotos plantados.
No período mais seco, que na região do experimento foi de abril a junho, não foram
observados mortes por ressecamento dos brotos transplantados. Sabe-se que a macaúba tem
boa resistência à vários meses sem chuva, mesmo no seus primeiros meses de vida.
Nos 8 meses após o plantio observou-se um lento crescimento dos brotos
transplantados. Este padrão de crescimento também foi observado em brotos nativos não
transplantados de alturas semelhantes.
Ao longo dos 9 meses do experimento, foi também observado o crescimento de
macaúbas em diferentes fases de crescimento. Principais constatações:
• O crescimento inicial, medido entre o surgimento da primeira folha e a altura de 40 a
50 cm, é muito lento, mesmo com boas condições de solo e umidade. Mudas nativas
não transplantadas e transplantadas apresentaram crescimento semelhante, de alguns
centímetros apenas, em 9 meses;
• Acidentalmente, na região, no mês de abril de 2007, um broto nativo de
aproximadamente 40 cm de altura não transplantado foi cortado, rente ao solo por
roçadeira à gasolina. Foi observada uma rápida rebrota do sistema foliar, e em 60 dias
o broto atingiu a altura anterior, emitindo inicialmente apenas uma folha, e a seguir
outra folha.
Este tipo de poda deve ser objeto de experimento de manejo, para confirmar uma
possível aceleração do crescimento nesta fase.
• A partir de 40 a 50 cm, o crescimento é acelerado. Observou-se que uma macaúba
de 110 cm de altura, não transplantada, cresceu 80 cm em apenas 50 dias. Este fato
sugere que a partir de certa altura, com a consolidação do meristema e do sistema
radicular, além de boa pluviosidade e boas condições de nutrientes no solo, o
crescimento da macaúba é acelerado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

631
• Estes padrões de crescimento sugerem que há pelo menos 3 fases de crescimento
para a macaúba: a infância, com crescimento lento, a adolescência, com
crescimento muito rápido, e a fase adulta com crescimento médio e contínuo.
Serão necessários medições de altura e idade, de pelo menos 5 anos, para
estabelecer uma função idade/altura, e sua correlação aos períodos secos e
chuvosos.

4 RESULTADOS ESPERADOS
As evidências deste experimento mostram que é viável a formação de macaubais através
de brotos nativos, desde que a operação de transplantio seja realizada cuidadosamente, no
período chuvoso, ou no período seco, com irrigação.
A escolha dos brotos deve recair sobre indivíduos com poucos centímetros de altura, de
modo que seja retirado intacto todo o sistema radicular. O transplantio deve ser feito em covas
para árvores frutíferas, previamente preparadas.
Para manter a maior variabilidade genética deve-se plantar brotos alternadamente, de
diferentes palmeiras doadoras, considerando-se que a polinização da macaúba se dá de forma
biótica e abiótica, por autopolinização e por anemopolização.
Nestas condições, e com base em experimentos anteriores, é de se esperar que
ocorreram produções semelhantes aos macaubais nativos. Espera-se que haja também
aumento de produção com a adoção de tratos culturais adequados como adubação orgânica e
mineral, cobertura morta e irrigação.
Em razão da necessidade de erradicação de ervas daninhas que têm crescimento
acelerado no período chuvoso, recomendam-se experimentos de plantio consorciado de
oleaginosas de ciclo curto e crescimento rápido, junto com a macaúba; esta teria então
espaçamentos adequados, 7 x 7, ou 8 x 8 m. Sugerem-se experimentos consorciados da
macaúba com o girassol, gergelim, nabo forrageiro e colza, que poderão ser rotacionados, de
acordo com o clima e as estações do ano.
Outras importantes possibilidades que devem ser objetos de experimentos são os
plantios da macaúba como componente de matas ciliares plantadas, e o plantio em regiões de
topografia acidentada, uma vez esta ocorre naturalmente nestas áreas, e onde poderia ter
importante papel econômico, dados a grande produção de côcos por hectare, de 20 a 25 t/ano,
e a possibilidade de aproveitamento integral do côco para produção simultânea de óleos

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

632
vegetais, alimentos para consumo humano, rações para animais e carvão vegetal de alto poder
calorífico.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTONE, FLÁVIO, Relato de visitas técnicas a macaubais no Mato Grosso do Sul
Departamento de Física – UFMS- http://www.dfi.ufms.br/flavio

MARTINS, H e OUTROS, A Produção de Óleos Vegetais para Combustíveis, relatório de


pesquisa, Belo Horizonte, Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais, CETEC.

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633
DIESEL S500 x INTERIOR: CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE TRATOR
AGRÍCOLA – PARTE II

Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br


Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br
Rubens André Tabile, FCAV/UNESP, rubens.tabile@gmail.com
Rouverson Pereira da Silva, FCAV/UNESP, rouverson@fcav.unesp.br
Carlos Eduardo Angeli Furlani, FCAV/UNESP, furlani@fcav.unesp.br
Ana Lucia Paschoa Botelho Ferreira Barbosa, FCAV/UNESP, anapaschoa@gmail.com

RESUMO: O óleo diesel automotivo é classificado de acordo com o teor de enxofre, o que
implica na necessidade de se avaliar o comportamento destes, pois se pressupõem que estas
alterações tenham efeito significativo sobre o consumo de combustível. Por isso, o presente
trabalho teve por objetivo avaliar o consumo de combustível de um trator Valtra BM100 4x2
TDA, funcionando com diesel automotivo interior e S500, em duas forças exigidas na barra
de tração. O trabalho foi conduzido no Departamento de Engenharia Rural da UNESP –
Jaboticabal, em delineamento inteiramente casualizados, no esquema fatorial 2 x 2, com seis
repetições. A combinação dos fatores foram dois tipos de diesel (D1 = interior e D2 = S500) e
duas forças exigidas na barra de tração (Ft1 = 17 kN e Ft2 = 22 kN). Os resultados
evidenciaram redução no consumo de combustível relacionado ao uso de diesel S500 e com a
redução da força exigida na barra de tração.

Palavras-Chave: Máquinas agrícolas, desempenho operacional.

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634
1 INTRODUÇÃO
A preocupação com o meio ambiente tem levado o homem a encontrar formas de
reduzir a emissão de gases poluentes para a atmosfera, dentre eles destaca-se o dióxido de
enxofre que é lançado para a atmosfera após a queima de combustíveis fósseis, com
evidencias de que o dióxido de enxofre, em concentrações elevadas, provoca danos a saúde
humana (GUARDANI & MARTINS, 2000).
Em função desta preocupação, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis têm procurado reduzir cada vez mais o teor de enxofre do óleo diesel
automotivo, classificando-o em S500, metropolitano e interior, cuja principal diferença é o
teor de enxofre, uma vez que o diesel S500 tem menor teor de enxofre em função de ser
utilizado nas cidades brasileiras com maior frota de veículos automotivos, procurando com
isto minimizar a emissão de poluentes.
De acordo com o Regulamento Técnico ANP nº 12, de 22 março de 2005, o diesel
automotivo deve conter no máximo 500, 2000 e 3500 mg.kg-1 de enxofre no diesel S500,
metropolitano e interior, respectivamente (BRASIL, 2005). Porém, o Regulamento Técnico
ANP nº 2, anexo da Portaria ANP nº 15 de 17 de julho de 2006, estabelece novas
especificações para o óleo diesel utilizado no transporte rodoviário a partir de 2009, em que o
teor de enxofre máximo passa a ser de 500, 2000 mg.kg-1 para o diesel metropolitano e
interior, respectivamente, com a exclusão do diesel S500 (BRASIL, 2006).
Nota-se que o óleo diesel automotivo vem sofrendo alterações nos últimos anos, o que
implica na necessidade de se avaliar o comportamento destes combustíveis, pois se supõem
que estas alterações tenham efeito significativo sobre o consumo de combustível. Em função
disto, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar o consumo horário volumétrico e ponderal
e o consumo específico em função do uso de dois tipos de diesel, do uso de aditivo e da força
exigida na barra de tração.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola
(LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização
geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude Sul
e 48º18’ longitude Oeste, sendo a altitude média de 570 m. O clima da região, segundo a
classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido como tropical úmido com estação chuvosa no

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel


635
verão e seca no inverno. O solo da área experimental foi classificado como Latossolo
Vermelho Eutroférrico típico (EMBRAPA, 1999), com declividade de 2%.
Neste trabalho, utilizaram-se dois tipos de diesel, o interior classificado como Tipo "B”
tendo quantidade de enxofre total máximo de 3.500 mg.kg-1, advindo da cidade de
Jaboticabal-SP, e o S500 classificado como Tipo S500 tendo quantidade de enxofre total
máximo de 500 mg.kg-1 advindo da cidade de São Paulo-SP, cujas características estão de
acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22 março de 2005 (BRASIL, 2005).
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2x3, com
três repetições, totalizando 18 observações. Cada unidade experimental tinha 25 x 5 m com
intervalo de 10 m entre as parcelas para manobras e estabilização do conjunto mecanizado. As
combinações dos fatores foram diesel S500 e diesel interior com duas cargas na barra de
tração (17 e 22 kN).
Para obtenção das cargas na barra de tração foi utilizado um trator denominado trator de
frenagem ligado ao trator de tração por meio de um cabo de aço, formando um comboio. As
cargas foram obtidas variando a marcha do trator de frenagem.
Os tratores utilizados no experimento foram:
• Trator 1, denominado trator de tração, foi da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 com
tração dianteira auxiliar, 74 kW (100 cv) a 2.300 rpm no motor, equipado com pneus
14.9-24 no eixo dianteiro e 23.1-26 no eixo traseiro, sendo tal trator instrumentado
para a realização do teste, segundo LOPES et al. (2003).
• Trator 2, denominado trator de frenagem, foi da marca Valtra, modelo BH140, 4X2
com tração dianteira auxiliar, 103 kW (140 cv) a 2.400 rpm no motor, utilizado para
oferecer resistências de 17 e 22 kN ao trator de tração, engrenado na 3ª e 2ª marcha,
respectivamente.
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003).
Para a determinação do consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal
(Chm), consumo específico (Ce) e potência na barra de tração (PB) foram utilizadas
respectivamente as equações 1, 2, 3 e 4.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel


636
C * 3,6 D Chm
Chv = (1) Chp = Chv * (2) Ce = (3) PB = Ft * v (4)
t 1000 PB

Em que,
Chv = consumo horário volumétrico (L h- D - densidade do combustível (g L-1);
1
); CE - consumo específico (g kWh-1);
C = volume consumido (mL); PB - potência na barra de tração (kW);
t = tempo de percurso na parcela (s); Ft = força média de tração na barra (kN), e
-1
Chp = consumo horário ponderal (kg h ); v = velocidade de deslocamento (m s-1).
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendado por BANZATTO & KRONKA
(2006).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1, em que médias com ausências de letras
nas colunas implicam em interação significativa entre dois fatores, tendo assim, tabela
complementar de desdobramento.
Na Tabela 1, verifica-se que o consumo horário ponderal foi maior para o diesel
interior, com um aumento no consumo de 11% em relação ao S500. Verifica-se, também, que
o aumento na força exigida na barra de tração em 5 kN ocasionou um acréscimo no consumo
ponderal de 7%.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel


637
Tabela 1 - Síntese da análise de variância e do teste de médias para as variáveis consumo
horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal (Chp) e consumo específico (Ce).
FATORES Chv Chp Ce
L h-1 kg h-1 g kWh-1
DIESEL (D)
S500 9,5 A 8,0 A 341 A
Interior 10,6 B 8,9 B 377 B
FORÇA DE TRAÇÃO (Ft)
17 kN 9,6 A 8,1 A 391 B
22 kN 10,4 B 8,7 B 328 A
Teste F
D 396,0 ** 416,6 ** 243,8 **
Ft 168,1 ** 195,6 ** 769,3 **
D x Ft 4,5 * 3,6 NS 8,0 *
C.V.% 1,35 1,29 1,55
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
**: significativo (P<0,01); *: significativo (P<0,05); NS: não significativo; C.V.: coeficiente de variação

Pela Tabela 2, nota-se que o consumo volumétrico foi maior quando o trator estava
utilizando diesel interior. Para a força de tração de 22 kN o consumo volumétrico foi maior,
comportamento este esperado.
Tabela 2 - Interação entre os fatores diesel e força na barra de tração para a variável consumo
horário volumétrico (L h-1).
DIESEL FORÇA DE TRAÇÃO
17 kN 22 kN
S500 9,0 a A 9,9 a B
Interior 10,3 b A 10,9 b B
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente
entre si segundo o teste de TuKey a 5% de probabilidade.

Na Tabela 3, observa-se que o consumo específico foi menor quando se utilizou diesel
S500 e na força de tração de 22 kN.

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638
Tabela 3 - Interação entre os fatores diesel e força na barra de tração para a variável consumo
específico (g kWh-1).
DIESEL FORÇA DE TRAÇÃO
17 kN 22 kN
S500 370 a A 313 a B
Interior 412 b A 342 b B
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente
entre si segundo o teste de TuKey a 5% de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
O consumo volumétrico, ponderal e específico diminuiu com o uso de diesel S500 e
com o aumento da força exigida na barra de tração.

5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS E VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos tratores
de testes e sua instrumentação.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.

BRASIL. Agência Nacional de Petróleo. Portaria ANP nº 12, de 22 março de 2005.


Disponível em: <www.anp.gov.br/petro/legis>. Acesso em: 3 nov. 2006.

BRASIL. Agência Nacional de Petróleo. Portaria nº 15, de 17 de julho de 2006. Disponível


em: <www.anp.gov.br/petro/legis>. Acesso em: 21 nov. 2006.

EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional


de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, 1999. 412 p.

GUARDANI, M.L.G.; MARTINS, M.H.R.B. Monitor passivo de dióxido de enxofre –


construção e teste de avaliação. In: CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA
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639
EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE GIRASSOL: DETERMINAÇÃO
EXPERIMENTAL DE CARACTERÍSTICAS DA MATÉRIA-PRIMA E
MODELAGEM MATEMÁTICA

Gilberto Carlos Thomas, UNIJUI, gcthomas@uol.com.br


Gilmar de Oliveira Veloso, UNIJUI, gilmar.veloso@unijui.edu.br
João Henrique Bley, UNIJUI, bley@terra.com.br

RESUMO: O setor industrial de extração de óleos vegetais tem se expandido bastante no


Brasil, impulsionado pela crescente produção de biodiesel. O girassol possui alto percentual
de óleo, sendo um dos mais indicados para a alimentação humana, bem como para a produção
de combustível vegetal. Para produção em larga escala, as indústrias de óleos vegetais
utilizam grandes instalações para extração com uso de solvente. A otimização desses
equipamentos requer modelos matemáticos que descrevem eficientemente os processos.
Neste trabalho realizou-se a modelagem matemática da extração de óleo de girassol em um
extrator de leito fixo, bem como, a determinação experimental de características da matéria-
prima, como: porosidades, massas específicas, coeficiente de equilíbrio entre as fases poro e
bulk, diâmetro médio da partícula e concentrações de óleo, dentre outras, requeridas no
modelo. As simulações experimentais foram realizadas em equipamento laboratorial
construído para a pesquisa, controlando-se a temperatura a níveis utilizados nas indústrias.
Com o modelo matemático composto por equações diferenciais foram realizadas simulações
numéricas, cujos resultados foram comparados com os dados obtidos experimentalmente

Palavras-Chave: Extração, óleo, girassol, modelagem, solvente.

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640
1 INTRODUÇÃO
A área industrial voltada à extração de óleos vegetais, como óleo de soja, canola, arroz e
girassol é bastante considerável no Brasil e no mundo. Tradicionalmente essas instalações
industriais estão voltadas à produção de óleo comestível, todavia, atualmente está havendo
altos investimentos para a extração em escala industrial para a fabricação de biodiesel.
Como o girassol é uma cultura que apresenta um percentual de óleo entre 40% e 50% da
massa bruta, o mesmo se credencia como um dos mais rentáveis para a produção de óleo
comestível ou combustível vegetal.
Cada vez mais as indústrias de óleos vegetais estão investindo em programas de
melhoria da qualidade e eficiência. A modelagem matemática do processo de extração de
óleo do girassol pode dar suporte às indústrias para tomadas de decisões acerca de
características de matérias-primas e instalações, ou outras variáveis que influenciam no
processo.
As indústrias de óleo usam instalações de grande porte predominando extratores por
solvente do tipo “Rotocell”, “De Smet” e “Crow-Model”. Nota-se à necessidade de modelos
matemáticos que descrevem este processo com eficiência para poder otimizar o procedimento
de extração. Para a modelagem dos processos nesses equipamentos, é necessário o
entendimento de extratores de complexidade menor como o de leito fixo, já que extratores
industriais a ele se assemelham-se, atuando em um sistema contra corrente cruzado (CCC).
Como a bibliografia possui dados incompletos e divergentes relativos às matérias-
primas e que estes dados são necessários à modelagem, neste trabalho desenvolveu-se um
equipamento laboratorial do tipo leito fixo, através de apoio da FAPERGS – Fundação de
Apoio à Pesquisa do Estado do Rio G. do Sul, que permite determinar características da
matéria-prima ausentes na literatura. O extrator concebido para a pesquisa permitiu obter
dados confiáveis, semelhantes aos resultados industriais, possibilitando controlar a
temperatura do sistema e todas as massas envolvidas no processo. Os resultados referem-se à
matéria-prima girassol, após passar por um processo de preparação e prensagem, onde parte
do óleo já foi extraída.
Através do modelo matemático composto por equações diferenciais parciais, que foram
semi-discretizadas pelo método de linhas e resolvidas por Runge-Kutta, foram realizadas
simulações numéricas que revelam propriedades do campo de extração. Estes resultados são
comparados aos obtidos durante a extração no extrator de leito fixo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

641
2 MATERIAL E MÉTODOS
O leito fixo é constituído de uma coluna vertical onde são depositadas as partículas de
matéria-prima, que ficam inertes na extração. O solvente entra no topo e percola entre as
partículas extraindo o soluto. Cada partícula é constituída por duas fases, a fase poro e a fase
sólida. Os espaços entre partículas de matéria-prima formam a fase “bulk”, onde ocorre a
percolação da micela (mistura de solvente com óleo). A mistura enriquecida sai do leito
através do fundo perfurado. Este dispositivo é importante para determinar as características do
processo de extração e da matéria-prima, e para criar os modelos para instalações industriais.
No modelo de leito fixo para extração do óleo de girassol, é considerado que ocorre a
transferência do óleo contido na fase sólida para a fase poro e, desta, para a fase “bulk”; a
percolação da micela pela matéria-prima e a difusão do óleo em sentido ascendente. São
hipóteses simplificadoras: no interior das partículas a concentração de óleo é uniforme; não
existem gradientes radiais de concentração na fase “bulk”; o solvente não penetra na fase
sólida; as paredes celulares da matéria-prima estão rompidas e; a temperatura e porosidades
das partículas e do leito são constantes e uniformes.
O modelo é composto por quatro equações, em derivadas ordinárias e parciais,
unidimensionais evolutivas, representando as variações da vazão da fase “bulk”, a alteração
das concentrações de óleo das fases poro e “bulk” durante a extração e a evolução da
concentração média da micela no reservatório.
Equação da continuidade para a fase "bulk":
1− εb
dU s
dz
=
εb
(
k f ap C p − C ) (1)

Equação da continuidade das espécies na fase "bulk":


∂C ∂UC ∂ 2 C (1 − ε b )
=− + D AB + k f a p (C p − C ) (2)
∂t ∂z ∂z 2
εb
Equação da continuidade na fase poro:

∂C p ⎡ ∂C N ⎤
∂t ⎣ ∂C ⎦
( p
)
⎢ε b + (1 − ε p ) p ⎥ + k f a p C − C = 0 (3)

Equação da concentração média da micela no reservatório:

d C Uε b Av (C L − C )
= (4)
dτ Vb

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642
As equações estão sujeitas às condições de contorno: - em z = 0, US = U0,
∂C ∂C
U 0 C − D AB = U 0 C m quando t > 0 ; - para z = L, = 0 quando t > 0 .
∂z ∂z
A equação (3) está sujeita a condição inicial em t=0, C P = C iP , U = U 0 para todo x.
Foram aplicados as seguintes trocas de variáveis:
US U t
U= ; z = xL ; τ = 0 (5)
U0 L
e considerando os grupos adimensionais:
kf dp U0d p D AB 1d p kf Sh
Sh = ; Pein = ; =− ; =
D AB D AB U0L Pein L U 0 Pein

então, pode-se escrever as equações na forma final:


1− εb
dU
dz
=
εb
(a p L)
Sh
Pein
(C p − C) (6)

∂C ∂ (UC ) 1 d p ∂ 2C ⎛ 1 − ε b ⎞
∂τ
=−
∂x
+ + ⎜⎜ ⎟⎟a p L
Sh
(C p − C) (7)
Pein L ∂x ⎝ εb ⎠
2
Pein

∂C p ⎡ ⎛ 1 − ε b ⎞ ∂C N ⎤ 1 Sh
⎢1 + ⎜
∂τ ⎣ ⎜⎝ ε b
⎟⎟ p ⎥
+ ( )
(a p L ) C p − C = 0 (8)
⎠ ∂C ⎦ ε b Pein

d C Uε b Av (C L − C )
= (9)
dτ Vb

Av -área de secção transversal do extrator; U 0 − velocidade inicial; U S − velocidade

real; U – velocidade relativa; z–coordenada da altura do leito; t –tempo; ρ -massa específica


da micela; L –altura do leito; k f -coeficiente de transferência de massa entre a fase poro e a

micela; C L –concentração da micela na saída do extrator; C –concentração de óleo na micela;

D AB − coeficiente de difusão; C p -concentração de óleo na fase poro; C -concentração média

no reservatório; d p -diâmetro médio da partícula; C N - concentração residual de óleo na fase

sólida da matéria-prima; Vb -volume de micela no reservatório; x–coordenada relativa da altura

do leito; τ -tempo relativo; ε b -porosidade “bulk”; ε p -porosidade poro; Re -número de

Reynolds; Sc -número de Schmdt; Pein -número de Peclet.


O número de Sherwood (Sh), é dado por:
Sh = 2,4 Re 0.34 Sc 0.42 válido para 0,08 < Re < 125 (10)
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643
Sh = 0,442 Re0.69 Sc 0.42 válido para 125 < Re < 5000 (11)

A relação de equilíbrio, obtida experimentalmente, entre o óleo residual do grão ( C N ) e a


concentração na fase poro ( C p ), é dada por: C N = 0,8337C p .
Em função da necessidade de dados para aplicação no modelo matemático, foram
realizados experimentos para determinação de características da matéria-prima girassol, do
solvente utilizado na extração e, da micela, pois as informações necessárias no modelo
relativas ao girassol são inexistentes.
Os dados existentes na bibliografia consultada (Majumdar et al., 1995, Thomas, et al.,
2005 e Veloso, et al.,1999) referem-se a ensaios realizados com outras oleaginosas e à
temperatura ambiente, o que difere da situação real das indústrias que usam temperaturas
próximas à 50ºC. Da mesma forma, os dados são faltantes para porosidades, densidades,
constante de equilíbrio, dentre outras, relativas à matéria-prima girassol.
Nesta pesquisa os experimentos foram realizados em equipamentos montados nos
Laboratórios de Química e do Núcleo de Alimentos do Pólo de Modernização Tecnológica da
UNIJUI – Campus Santa Rosa/RS. Um extrator laboratorial, conforme esquema demonstrado
(Fig. 1), foi construído para a pesquisa, permitindo o controle de temperatura de extração,
massas e volumes, permitindo dados confiáveis equiparados aos produzidos na indústria.

Figura 1 – Esquema físico do extrator laboratorial de Leito Fixo.

A matéria-prima é depositada na coluna de metal (D), com 0.14 metros de diâmetro


interno e 0.6 metros de altura. A coluna é provida de um cesto de tela, que retém a matéria-
prima e deixa fluir a micela, sendo montada sobre uma balança analítica (J). A micela circula
continuamente pela bomba centrífuga (B), percola pela coluna através da força da gravidade,
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644
sai da coluna e entra num reservatório (A), sendo re-circulada pela bomba por 60 minutos,
podendo ser coletadas amostras de micela através da válvula (L). A micela passa pelo
fluxômetro (C) e na serpentina (E) submersa em água aquecida mantida por uma caldeira à
temperatura constante. As temperaturas da micela são medidas pelos termômetros (F), (G),
(H) e (I). O fluxo de micela é constante, medida pelo fluxômetro e no medidor de nível (K).
Foram determinadas as porosidades interna e externa da matéria-prima, sendo a
primeira caracterizada pelos espaços porosos que existem no interior das partículas e
denominada de fase poro (ε p ) e, a segunda, chamada de fase bulk (ε b ) , são os espaços entre

as partículas. Concebe-se que os meios porosos da matéria-prima e as relações de troca se


dão de acordo com o esquema apresentado (Fig. 2), sendo: fluxo de micela (1), difusão do
óleo da fase poro (2), fase poro (3), fase sólida da matéria-prima e passagem do óleo para a
fase poro (4), partícula de matéria-prima (5).

Figura 2 – Esquema das porosidades e transferências de óleo entre as fases.

Para simular a extração, coloca-se uma massa (1 Kg) de matéria-prima no extrator


laboratorial (Fig. 3), medindo a altura que atinge na coluna (D). Insere-se, então, o solvente
até essa mesma altura, sendo que a massa de solvente representa a soma da fase poro e da fase
bulk existentes no leito. Ao final da extração, estando a micela no nível superior da matéria-
prima, deixa-se escoar a mesma pela válvula (L), sendo esse volume a medida da fase bulk
( Vbu ), eis que a matéria-prima retém micela em sua porosidade interna ( V p ).

As porosidades ε T , ε b , ε p determinou-se pelos seus volumes em relação ao um volume

total ( VΣ ), considerando-se o volume da fase sólida da matéria-prima ( VN ):

Vbu Vbu
εb = = (12)
VΣ VN + V p + Vbu

Vp
εp = (13)
VN + V p

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645
Vbu + V p
εT = (14)
VN + V p + Vbu

Figura 3 – Extrator laboratorial de Leito Fixo.

Durante as simulações foram coletadas amostras de micela, a cada 10 minutos, através


da válvula (L), para calcular a concentração de óleo na micela em função do tempo ( g mt ) .
Depois, as amostras coletadas tiveram suas massas determinadas, foram aquecidas com uso de
copos de Becker em chapa própria, até que evaporasse todo o solvente da amostra, levados à
estufa por 3 horas, ao dessecador por 12 horas e determinadas novamente às massas. A razão
ente massa de óleo resultante ( M olm ) e a massa de micela ( M m ) nos dão à concentração de
óleo na micela em cada coleta.
M olm
g =
t
m (15)
Mm
Após 70 minutos o sistema está em equilíbrio, isto é, não existe mais transferência de
óleo entre as fases da matéria prima e micela. Todavia, nem todo o óleo foi extraído, a mesma
concentração existente na micela coletada, existe, também, na micela que preenche a
porosidade interna da matéria-prima e na fase sólida.
Estando determinadas a concentração residual na matéria-prima ( g NR ) e a extraída ( g m ) ,

calculamos o total de óleo presente na matéria-prima ( g N ) , e a constante de equilíbrio entre


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646
as fases sólida e poro ( Ed ) que relaciona a maneira como se estabelece o equilíbrio entre as
concentrações de óleo existentes na fase sólida e na fase poro da matéria-prima durante a
extração do óleo pelo solvente:

g N = g m + g NR (16)

g NR
Ed = (17)
gm

A massa especifica do solvente hexano (ρ he ) , da matéria-prima ( ρ Mn ) , da micela ( ρ m ) e

do óleo ( ρ ol ) foram determinadas com provetas volumétricas e balança de precisão,


relacionando a massa das amostras com o seu volume.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos com os experimentos estão nas tabelas 1 a 3, e nas figuras 4 e 5.
Apesar de terem sido feitos vários experimentos, estão sendo considerados oito resultados,
que foram mais significativos e apresentaram valores médios, muito aproximados entre si. A
análise da massa específica do solvente hexano ( ρ he ) demonstrou resultados condizentes com
os da literatura (Majumdar et al., 1995, Thomas, et al., 2005 e Veloso, et al.,1999, Moreira,
1998). Para fins de cálculos adotou-se a média encontrada, ρ he = 0.6672 g/cm³.

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647
Tabela 1. Resultados das determinações experimentais.
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
ρ he 0.6704 0.6690 0.6697 0.6695 0,6690 0,6683 0,6702 0,6685 0.6693
V∑ 2463 2463 2486 2390 2445 2440 2460 2450 2449.62
VN 454 535.8 573.7 430 446 424 518 523 488.06
Vbu 1645 1620 1540 1610 1543 1535 1590 1574 1582.12
Vp 364 307.2 372.3 350 456 481 352 353 379.43
εT 0.816 0.782 0.769 0.820 0.817 0.826 0.789 0.786 0.8009
εb 0.6668 0.658 0.619 0.674 0.631 0.629 0.646 0.642 0.6459
εp 0.445 0.364 0.393 0.449 0.505 0.531 0.404 0.403 0.4370
ρ Mn 0.406 0.406 0.402 0.418 0.409 0.410 0.406 0.408 0.4083
R
g N 0.037 0.037 0.046 0.044 0.037 0.038 0.040 0.037 0.0396
gm 0.045 0.044 0.053 0.052 0.045 0.047 0.048 0.046 0.0475
Ed 0.825 0.856 0.867 0.843 0.831 0.806 0.827 0.803 0.8337

Onde: V∑ , VN , Vbu , V p - volumes total, da fase sólida, bulk e poro (cm³),

respectivamente, g m - óleo na micela, ε T , ε b , ε p - porosidades total, bulk e poro,

respectivamente, ρ Mn - massa específica da matéria-prima (g/cm³), g NR - óleo remanescente na

matéria-prima, E d - constante de equilíbrio sólido / poro.


A baixa massa específica da matéria-prima do girassol preparada para a extração por
solvente denota que suas porosidades são elevadas. Ainda que as diferenças de massas
específicas não sejam tão salientes, as porosidades determinadas de amostras de girassol são
acentuadamente maiores do que as das outras espécies, descritas na literatura (Majumdar et
al., 1995, Thomas, et al., 2000).
As porosidades são de grande importância para o processo de extração (Thomas et al.,
2000). Implica que se a porosidade bulk for muito grande a concentração da micela na saída
do extrator será menor, aumentando a sua vazão, necessitando de mais energia para o seu
bombeamento. Todavia se a porosidade interna (poro) for grande, haverá uma retenção maior
de micela na matéria-prima, aumentado os gastos em energia para a evaporação do hexano,
mas por outro lado a área de contato da partícula aumenta, tornando-se favorável ao processo.
O comportamento de troca entre as fases sólida e poro é dada pela constante de
equilíbrio ( Ed ) resultante da razão entre os teores de óleo, residual na matéria-prima após o

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648
equilíbrio ( g NR ) e contido na micela ( g m ) . Os resultados experimentais obtidos mostram
variações acentuadas se comparados com dados pesquisados de outras oleaginosas.

Tabela 2. Comparativo com dados de outras oleaginosas.


Girassol Soja Arroz
εb 0.6546 0.321 0.400

εp 0.4051 0.366 0.300

Ed 0.8482 0.190 0.203

ρ Mn 0.4081 0.564 0.592

A análise da massa específica do óleo bruto de girassol produzido nos experimentos


demonstra valores muito aproximados dos encontrados na literatura para essa espécie, bem
como em comparação com o óleo de soja. Foram coletadas seis amostras de cada experimento
cujos resultados médios estão na tabela 3.

Tabela 3. Análise da massa específica do óleo de girassol produzido.


E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
M ol 90.35 90.49 89.61 89.61 90.01 90.47 90.42 90.14 90.32

Vol 100 100 100 100 100 100 100 100 100

ρol 0.903 0.905 0.896 0.896 0.910 0.905 0.904 0.901 0.9032

M ol - massa da amostra (g), Vol - volume (cm³), ρol - massa específica do óleo (g/cm³)

O comportamento do processo de extração pôde ser determinado com a análise dos


dados obtidos da coleta de amostras de micela durante os 70 minutos de cada experimento. As
Figuras 4 e 5 mostram a variação da concentração de óleo e da massa específica da micela,
respectivamente. Pode-se ver que nos primeiros 20 minutos ocorre a maior variação de
concentração da micela.. A variação posterior é mais lenta e a contar de 50 minutos o
processo já está em equilíbrio, não havendo mais troca de óleo entre a fase sólida e poro.

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649
5

4,5

3,5

Concentração (%) 3

2,5

1,5

0,5

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

Tempo (min)

Figura 4 – Variação da concentração de óleo na micela pelo tempo de extração.

0,678

0,677

0,676

0,675
Massa específica (g/cm 3)

0,674

0,673

0,672

0,671

0,67

0,669

0,668
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (min)

Figura 5 – Variação da massa específica da micela pelo tempo de extração.

Tanto pela variação da concentração de óleo, quanto pela variação da massa específica,
foi possível traçar um perfil da eficiência do processo em função do tempo. A variação da
quantidade de óleo extraída por unidade de tempo é maior, enquanto a concentração na
matéria-prima for grande e, menor, a medida que a concentração na micela aumenta.

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650
Para realizar as simulações numéricas foi desenvolvido um aplicativo no qual foi
utilizado como algoritmo de cálculo o método de linhas para semi-discretizar as derivadas em
relação ao espaço e conservar as derivadas temporais. Com isso, o novo sistema é composto
de duas equações ordinárias e duas equações algébricas. É resolvido numericamente pelo
método de Runge-Kutta de quarta ordem, onde existe a necessidade de avaliar os parâmetros
de sistema, suas características principais e as influências dos mesmos, sendo necessário
estabelecer um regime básico, com dados iniciais extraídos da matéria-prima nos
experimentos laboratoriais.
Supõe-se que no momento inicial o hexano já preencheu o espaço entre os poros da
matéria-prima e está limpo. Na fig. 6 é apresentada a variação média experimental de C
(concentração da micela) e a obtida na simulação numérica com o regime básico.

4,5

3,5
Concentração (%)

2,5

1,5 Numérico

Experimental
1

0,5

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)

Figura 6 - Variação da concentração de óleo na micela ( C ) pelo tempo. Comparativo entre a


simulação numérica (regime básico) e experimental.

No início do processo a concentração do óleo na micela é praticamente ”zero”, e o óleo


com velocidade considerável, sob ação da diferença das concentrações começa migrar para a
fase “bulk”. Depois de algum tempo, a transferência de óleo diminui pois as concentrações
existentes na micela e na matéria-prima tendem a equilibrarem-se.
O preparo da matéria-prima tem papel importante na eficiência da extração. A variação
de qualquer característica, modifica outras. Alterando-se o diâmetro da partícula, haverá
alterações nas porosidades e área de contato entre as fases. Caso se deixe uma partícula com
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

651
diâmetro muito grande, isso automaticamente determina uma menor área de contato entre a
porosidade poro e “bulk”. Ao mesmo tempo, a alocação das partículas no leito de extração
fica prejudicada, resultando em espaços maiores entre as partículas, o que altera a porosidade
“bulk” e a massa específica da matéria-prima que ingressa no extrator.
Pelo exposto, a partir do regime básico realizaram-se modificações nos dados
característicos da matéria-prima como porosidades, diâmetro das partículas e área específica
de contato e, com simulações numéricas verificou-se para quais dados o processo de extração
é mais eficiente. Na figura 7, pode-se ver que quanto menor for o tamanho da partícula e
conseqüentemente, maior a área específica de contato, menor será a porosidade bulk e maior a
a porosidade poro. Com isso, o processo de extração é mais eficiente, atingindo maiores
concentrações de óleo na micela em tempo menor.

6,5

5,5

4,5
Concentração (%)

3,5

2,5
ε Eb:0.60,
b : 0 , 60 − ε p : 0 , 50-ap:30,
-Ep:0.50, − a p -dp:1.0
: 30 − dmm
p : 1, 0
2
ε Eb:0.62,
b : 0 , 62 − ε p : 0 , 45-ap:25,
-Ep:0.45, − a p -dp:2.0
: 25 − dmm
p : 2 ,0
1,5
ε Eb:0.65,
b : 0 , 65 − ε p : 0 , 40-ap:23,
-Ep:0.40, − a p -dp:2.5
: 23 − dmm
p : 2 ,5
1
ε Eb:0.67,
b : 0 , 67 − ε p : 0 , 35 − a p : 20 − d p : 3 , 0
-Ep:0.35, -ap:20, -dp:3.0 mm
0,5 ε Eb:0.70,
b : 0 , 70 − ε p : 0 , 30 − a p : 18 − d p : 4 , 0
-Ep:0.30, -ap:18, -dp:4.0 mm
0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)

Figura 7– Variação da concentração de óleo na micela, pelo tempo, para diferentes


porosidades “bulk”( ε b ), poro( ε p ), área de contato entre as fases( a p ) e diâmetro médio das

partículas( d p ).

Iguais conclusões são extraídas na análise da variação da concentração na matéria-


prima, através da figura 8. O óleo é extraído com maior velocidade, diminuindo mais
rapidamente o C p , quando a matéria-prima é mais bem preparada.
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652
20

18

ε b :Eb:0.60,
0,60 − ε-Ep:0.50,
p : 0,50 − a p : 30 − d p : 1,0
-ap:30, -dp:1.0 mm
16
ε b : 0,62 − ε p : 0,45 − a p : 25 − d p : 2,0
Eb:0.62, -Ep:0.45, -ap:25, -dp:2.0 mm
14
Eb:0.65, -Ep:0.40, -ap:23, -dp:2.5 mm
ε b : 0,65 − ε p : 0,40 − a p : 23 − d p : 2,5
Concentração (%)

12 Eb:0.67, -Ep:0.35, -ap:20, -dp:3.0 mm


ε b : 0,67 − ε p : 0,35 − a p : 20 − d p : 3,0
10 Eb:0.70, -Ep:0.30, -ap:18, -dp:4.0 mm
ε b : 0,70 − ε p : 0,30 − a p : 18 − d p : 4,0
8

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)

Figura 8 – Variação da concentração de óleo na matéria-prima pelo tempo para diferentes


porosidades “bulk”( ε b ), poro( ε p ), área de contato( a p ) e diâmetro médio das partículas ( d p ).

Uma análise comparativa entre os resultados do regime básico utilizado e os resultados


mais eficientes conseguidos com as simulações se mostrou necessária. Vislumbrou-se através
da pesquisa numérica a possibilidade de melhorias significativas na extração real. Colocou-se
lado a lado os dados obtidos para a variação da concentração de óleo na micela ( C p ) e para a
variação da concentração de óleo na matéria-prima ( C ), para ambas as simulações (regime
básico e resultado melhor). Ainda, foi inserido o resultado das simulações experimentais para
enriquecer a comparação, que pode ser feita por meio da figura 9.
Aprofundando-se o exame do gráfico verifica-se que a tentativa de preparo de uma
matéria-prima nos moldes sugeridos pela simulação numérica mais eficiente deve ser
perseguida pela indústria, possibilitando economia de mão-de-obra, de tempo e de energia e,
por conseguinte aumento dos lucros. Isso por que, a concentração de óleo na micela é maior e
esse patamar pode ser atingido em tempo inferior.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

653
18

16
CCpp −Melhorado
Melhorado
14 − Melhorado
CC Melhorado
CCpp −Regime
Concentração (%)

12
Regime básico
Básico

− Regime
CC Regime básico
Básico
10
− Experimental
CC Experimental
8

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)

Figura 9 – Variação de C experimental e, em C p e C , pelo tempo, para o regime básico e


para a simulação mais eficiente de extração.

4 CONCLUSÃO
Neste trabalho, apresentou-se a determinação experimental de dados utilizados como
parâmetros em modelos matemáticos de extração de óleo vegetal. Estes dados são inexistentes
na literatura, ou incompletos, tratando-se da matéria-prima girassol, cultura que pode ser
utilizada tanto para fabricação de óleo comestível como para biodiesel.
O equipamento construído, que simula um extrator real de leito fixo, é importante para a
determinação de características da matéria-prima e para a simulação de extração. Os
resultados obtidos usando esse equipamento, podem ser utilizados como informações para
modelos matemáticos de equipamentos de grande porte e utilizados pelas indústrias de
extração de óleo vegetal.
As simulações numéricas geraram resultados condizentes com aqueles colhidos nas
simulações experimentais e isso permite a validação do modelo matemático empregado. A
solução do modelo matemático, que se baseia em fenômenos que ocorrem no processo de
extração e nas propriedades da matéria-prima e solvente, através da resolução numérica das
equações pelo método de Runge-Kutta de quarta ordem, mostra que o maior gradiente de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

654
extração ocorre nos primeiros dez minutos do processo, pela diferença de concentração
existente entre a matéria-prima e a micela.
Os resultados obtidos permitem ver que a extração pode ser efetivada em um tempo
aproximado de cinqüenta minutos e denotam que a eficiência do processo de extração do óleo
de girassol por solvente pode ser melhorada na indústria com ajustes no preparo da matéria-
prima que resultem em redução da porosidade “bulk”, na diminuição do diâmetro das
partículas, com o conseqüente aumento da área de contato entre as fases poro e “bulk”.

5 AGRADECIMENTOS
Agradecemos a FAPERGS – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande
do Sul pelo apoio financeiro no projeto No. 05/1813.6. Também, a Giovelli Indústria de Óleos
Vegetais Ltda pelo apoio na aquisição de dados experimentais.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAHAM, G., HORN, R.J., KOLTIN, S. P., 1998. Modeling the solvent extraction of
oilseeds. V.65, I, Champaing, jan. pp.129-135.

BLEY, J. H., 2007. Modelagem Matemática da Extração de Óleo de Girassol por Solvente.
Ijuí. Pp. 122. Dissertação de Mestrado. Unijuí, RS-Brasil.

MAJUMDAR, G. C. et al., 1995. Modeling solvente extraction of vegetable oil in a packed


bed. JAOCS, Campaing, v.t, n.9, pp.971-979.

MOREIRA, L. G., 1998. Modelagem matemática do processo de extração de óleo vegetal por
solvente em extrator de leito fixo. Ijuí. pp. 83. Dissertação de Mestrado. Unijuí, RS-Brasil.

THOMAS, G. C., KRIOUKOV, V., 2000. Simulação numérica da transferência do óleo entre
fluxos contra-corrente cruzados em extrator “Rotocell”, ENCIT 2000, 8TH Brazilian
Congress of Thermal Engineering and Sciences, Porto Alegre, RS-Brasil,
D:\encit\arquivos\s13\s13 p30.pdf.

THOMAS, G. C., KRIOUKOV, V., VIELMO, H. A. 2005. Simulation of vegetable oil


extraction in counter-current crossed flows using the artificial neural network, Chemical
engineering and processing, Elsevier, 44, pp. 581-592.

VELOSO, G. O., KRIUKOV, V., 1999. Mathematical model for extraction of vegetable oil in
a industrial installation of the type “De-Smet”. In: XV Brasilian Congress of Mechanical
Enineering, Águas de Lindóia – SP.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

655
DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE ÓLEO NA MICELA DE
GIRASSOL ATRAVÉS DA SUA MASSA ESPECÍFICA

Gilmar de Oliveira Veloso, UNIJUÍ, gilmar.veloso@unijui.edu.br


Gilberto Carlos Thomas, UNIJUÍ, gcthomas@uol.com.br
João Henrique Bley, UNIJUÍ, joao.bley@unijui.tche.br

RESUMO: A extração de óleos vegetais em larga escala, para a produção de biodiesel ou


alimentação humana, é feita com uso de solvente em grandes instalações industriais que
podem processar até 10.000 toneladas de matéria-prima por dia de operação. O solvente, ao
percolar pela matéria-prima, extrai o óleo, formando uma mistura denominada micela. As
indústrias verificam a eficiência do seu processo de extração inúmeras vezes ao dia, através da
análise da concentração de óleo existente na micela. As determinações de concentrações são
realizadas em laboratório, gerando custos e, também, desperdício do tempo necessário para
que o resultado seja rigorosamente correto. Essa demora na obtenção dos resultados pode
acarretar prejuízos enormes durante o tempo de extração que não for tão eficiente. Neste
trabalho, através de experimentos e dedução de fórmulas matemáticas, criou-se um método
rápido de análise da concentração de óleo na micela de girassol, tendo presente a massa
específica da micela. Dessa forma podem-se obter os resultados desejados em tempo real, no
momento de coleta da amostra.

Palavras-Chave: Extração de óleo, girassol, concentração, massa específica, solvente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

656
1 INTRODUÇÃO
A grande demanda de extração de óleos vegetais de sementes oleaginosas como soja,
canola e girassol, para atender a alimentação humana e a produção de biodiesel, requer o uso
do método que utiliza solvente para realizar o processo de obtenção do óleo, pela velocidade
propiciada e eficiência econômica. A quase que totalidade das indústrias utilizam o solvente
hexano neste processo.
Os extratores por solvente constituem-se de equipamentos onde a matéria-prima
continuamente entra e recebe banhos de solvente, ocasionando a migração do óleo da semente
para o solvente, que sai do extrator enriquecido pelo óleo. A essa mistura formada do solvente
com o óleo extraído, dá-se o nome de micela, que posteriormente é processada para que o
óleo seja separado.
Cada espécie e cultivar de semente oleaginosa têm suas particularidades e precisa de
prévia preparação para ingressar no extrator, visando uma extração eficiente. Influenciam,
também, no processo, a velocidade de operação do equipamento e o volume de entrada de
solvente e matéria-prima no extrator.
A verificação da eficiência do processo de extração da indústria é realizada inúmeras
vezes ao dia através da análise da concentração de óleo existente na micela que sai do
extrator. Se o percentual de óleo na micela está abaixo do normal significa que está sendo
perdido óleo retido no resíduo de matéria-prima, causando prejuízos à indústria. Tanto maior
será a perda financeira quanto for a demora na constatação da ineficiência citada.
O método tradicional de verificação da concentração de óleo na micela consiste num
procedimento laboratorial que pode despender um tempo de uma hora, ou mais, para obtenção
de um resultado confiável. Durante esse tempo os prejuízos podem ser consideráveis, se os
resultados não forem os esperados.
Neste trabalho, através de experimentos e dedução de fórmulas matemáticas, criou-se
um método rápido de análise da concentração de óleo na micela de girassol, tendo presente a
massa específica da micela. Dessa forma podem-se obter os resultados desejados em tempo
real, no momento de coleta da amostra.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O solvente hexano e o óleo bruto de girassol são perfeitamente miscíveis e formam,
quando da extração, uma nova substância homogênea, a micela. A massa específica de uma
micela depende do percentual de óleo e de solvente que a compõe, sendo que, um acréscimo

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

657
do percentual de óleo na micela, gera um aumento proporcional na massa específica da
micela, já que o óleo tem uma densidade maior que a do solvente.
Embora sejam encontrados na literatura dados sobre a massa especifica do solvente
hexano, neste trabalho foi feita a determinação experimental desta característica do solvente e
do óleo bruto de girassol, este último proveniente de sementes colhidas nas safras 2004/2005
e 2005/2006, na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Foram utilizados
equipamentos do Laboratório do Núcleo de Alimentos do Pólo de Modernização Tecnológica
do Campus de Santa Rosa da UNIJUÍ. Tanto para o solvente como para o óleo, foram
determinadas - através de balança analítica de precisão – as massa de amostras, cujos volumes
foram controlados em provetas volumétricas.
Após a determinação das massas específicas do óleo bruto de girassol e do solvente
hexano, foram produzidas várias amostras de micela com proporções mássicas diferentes de
óleo e solvente. Também para essas amostras de micela foram determinadas as massas
específicas.
Conhecidas as massas específicas do óleo e do solvente, foi deduzida uma fórmula (1)
que relaciona uma massa total de micela, ao percentual mássico e massa específica de cada
um de seus componentes, óleo e solvente.

ρ m = [(C mol / ρ ol + (100 − C mol ) / ρ he ) / 100]−1 (1)

onde: ρ m -massa específica de micela (g/cm³), ρ ol - massa específica do óleo de girassol

(g/cm³), ρ he - massa específica do solvente hexano (g/cm³), C mol -concentração mássica de óleo
na micela (%).

Através da fórmula (1), foram calculadas massas específicas de algumas micelas


com concentrações de óleo pré-estipuladas. Posteriormente foram interpolados os valores
obtidos entre as massas específicas do solvente hexano (concentração de óleo igual a 0%) e do
óleo bruto de girassol (concentração de óleo igual a 100%) e estabelecida uma relação
matemática (2), com a qual é possível calcular em poucos segundos a concentração de óleo
em uma porção de micela de girassol de qualquer massa específica.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

658
C mol ( ρ m ) = −530,85 ρ m + 1.253,4 ρ m − 601,22 ;
2
(2)
A função criada (2) tem domínio entre os valores da massa específica do solvente e do
óleo de girassol e imagem entre 0 e 100 (percentuais mínimo e máximo possíveis de óleo na
micela).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo a literatura (THOMAS, 1999 e VELOSO, 1999) o hexano comercial tem
aproximadamente 0,671 g/cm3 de massa específica. Pequenas variações nas massas
específicas podem acontecer dependendo da refinaria fornecedora do produto. Os
experimentos realizados neste trabalho apontam um resultado médio, de um grupo de 48
amostras, da ordem de 0,6693 g/cm³.
A massa específica determinada para o óleo bruto de girassol também mostra resultados
semelhantes aos pesquisados. ARAÚJO, et l. (2006) aponta um valor de 0,923 g/cm³, em
INOUE, et al. (2005), tem-se 0,91 g/cm³, enquanto que a média das 48 amostras calculadas
experimentalmente foi de 0,9032 g/cm³.
Os experimentos referentes às massas específicas de micelas com diferentes
concentrações de óleo confirmam a exatidão dos cálculos efetuados com as fórmulas 1 e 2. Os
resultados experimentais estão na tabela 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

659
Tabela 1 - Massa específica x Concentração percentual mássica de óleo na Micela.

Amostra M mol Mm Vm ρm C mol

A1 0,5328 33,558 50 0,6712 1,58

A2 1,6010 33,830 50 0,6766 4,73

A3 1,9072 20,682 30 0,6894 9,22

A4 1,9972 17,257 25 0,6903 11,57

A5 2,8972 14,079 20 0,7040 20,58

A6 15,8270 37,221 50 0,7444 34,46

A7 13,2635 36,754 50 0,7351 36,08

A8 11,0872 28,470 38,5 0,7395 38,94

A9 15,8270 32,810 43,3 0,7577 48,24

A10 13,6635 26,804 35 0,7658 50,97

A11 14,8635 24,021 29,5 0,8143 61,88

A12 24,5988 30,452 36 0,8458 80,77


Fonte: Experimentos

sendo: A1...A12 -Amostras, M mol -massa de óleo na micela (g), M m -massa de micela (g),

Vm -volume de micela (cm³), ρ m -massa específica de micela (g/cm³), C mol -concentração


mássica de óleo na micela (%).
No gráfico (fig.1) podem ser comparados os resultados experimentais com os resultados
obtidos pelas relações matemáticas criadas, sendo que aqueles confirmam a exatidão destes, e
vice-versa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

660
100

90

80

70
C on centração (% )

60

50

40 Cálculo
Experimentos
30
Polinômio
20

10

0
0,67 0,69 0,71 0,73 0,75 0,77 0,79 0,81 0,83 0,85 0,87 0,89 0,91
Massa Específica (g/cm³)

Figura 1 - Massa específica da micela de girassol x concentração mássica percentual de óleo.


Através da função polinomial (fórmula 2) foram calculadas as concentrações mássicas
percentuais de óleo para uma gama de massas específicas de micelas e montada uma planilha
de consulta que pode ser utilizada na indústria sem qualquer necessidade de cálculo.
A partir da coleta da amostra que antes ia ser analisada em laboratório, demandando
tempo e gastos, verifica-se o volume e massa da amostra através de uma balança analítica de
precisão e uma proveta ou seringa volumétrica. Com a obtenção da massa específica da
micela, basta comparar com a planilha criada (tab.2) e saber se o processo está de acordo com
o esperado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

661
Tabela 2 - Massa específica da micela de girassol ( ρ m ) x Concentração mássica de óleo na

micela ( C mol ).

ρm ρm ρm
C mol (%) C mol (%) C mol (%)
(g/cm³) (g/cm³) (g/cm³)

0,670 0 0,704 14,17 0,732 25,83

0,673 1,88 0,705 14,58 0,733 26,25

0,676 3,49 0,706 19,09 0,734 32,78

0,679 5,09 0,707 19,59 0,735 33,25

0,680 4,17 0,708 20,09 0,736 33,72

0,681 5,63 0,709 20,59 0,737 34,19

0,682 6,69 0,710 21,09 0,739 35,13

0,683 7,22 0,711 21,59 0,740 35,60

0,684 7,74 0,712 22,09 0,741 36,07

0,685 8,27 0,713 22,59 0,742 36,54

0,686 8,80 0,714 23,08 0,743 37,00

0,687 9,32 0,715 23,58 0,744 37,46

0,688 9,84 0,716 24,07 0,745 37,93

0,689 10,37 0,717 24,56 0,746 38,39

0,690 10,89 0,718 25,06 0,747 38,85

0,691 11,41 0,719 25,55 0,748 39,31

0,692 11,93 0,720 26,04 0,749 39,77

0,693 12,45 0,721 26,52 0,750 40,23

0,694 12,96 0,722 27,01 0,760 44,75

0,695 13,48 0,723 27,50 0,770 49,16

0,696 13,99 0,724 27,98 0,780 53,46

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662
0,697 14,51 0,725 28,47 0,790 57,66

0,698 15,02 0,726 28,95 0,800 61,76

0,699 15,53 0,727 29,43 0,810 65,74

0,700 16,04 0,728 29,91 0,830 73,40

0,701 16,55 0,729 30,39 0,860 84,09

0,702 17,06 0,730 30,87 0,890 93,82

0,703 17,57 0,731 31,35 0,910 100

Fonte: Cálculos conforme fórmula 2, criada a partir da dedução da fórmula 1.

4 CONCLUSÃO
Um importante passo foi dado para auxiliar as indústrias na verificação da eficiência
diária do seu processo de extração. Com os experimentos e cálculos realizados criou-se uma
relação simples, mas eficiente, para se verificar em curto espaço de tempo, a concentração de
óleo de girassol na micela, tendo presente a massa específica desta. Os resultados
experimentais muito semelhantes e, em alguns momentos coincidentes, corroboram a exatidão
dos cálculos efetuados através das fórmulas deduzidas.
Cabe salientar que mesmo diante de todo o rigor de um experimento, este pode trazer
erro, enquanto que o cálculo é exato, o que é mais um ganho creditado a esse trabalho.
Com isso as indústrias podem economizar pelo menos uma hora no tempo de
verificação da eficiência de sua extração, podendo alterar seu regime de funcionamento, caso
o resultado não esteja satisfatório.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, K. M. et al. Estudo comparativo técnico e econômico de diferentes óleos vegetais
brasileiros para a produção de biocombustível. 9p. Grupo de pesquisas em engenharias de
custos e processos. Departamento de engenharia Química. Natal. UFRGN. 2006. Disponível
em: <www.seeds.usp.br>. Acesso em 17/07/2006.

INOUE, G. H., et al. Variação da viscosidade cinemática de óleos vegetais brutos em função
da temperatura. In: II Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e
Biodiesel. Anais...Lavras. UFLA. 2005 p. 636-640.

RICKLES, R. N. Extraction. Chemical Engineering. New York. Vol 15. 1965. p. 157-172.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

663
THOMAS, G. C. Modelagem matemática da extração de óleo em instalação do tipo
“Rotocell”. Dissertação de Mestrado. UNIJUI. 1999.

VELOSO, G. O. Modelo matemático evolutivo 2D na extração de óleo vegetal por


solvente em extrator industrial do tipo “De Smet”. Dissertação de Mestrado. UNIJUI.
1999.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

664
CRESCIMENTO VEGETATIVO DE MAMONEIRAS DE PORTE MÉDIO E
BAIXO EM RESPOSTA A ADUBAÇÃO NO CARIRI CEARENSE

Tarcísio Marcos de Souza Gondim, EMBRAPA, tarcisio@cnpa.embrapa.br


Gilvan Barbosa Ferreira, EMBRAPA, gilvan@cpafrr.embrapa.br
Ramon Araújo de Vasconcelos, EMBRAPA, ramon@cnpa.embrapa.br
Liv Soares Severino, EMBRAPA, liv@cnpa.embrapa.br
Magna Maria Macedo Ferreira, UFRR, magna.m.m.ferreira@bol.com.br
José Rodrigues Pereira, EMBRAPA, rodrigue@cnpa.embrapa.br
José Pires Dantas, UEPB, gpcnpq@terra.com.br

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento vegetativo de


mamoneiras de porte médio (cv. BRS 149 Nordestina) e baixo (Híbrido Savana )em resposta a
adubação, no cariri cearense. Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso, com três
repetições e 13 tratamentos constituídos pelas combinações de adubação geradas pela Matriz
Baconiana com quatro doses de N (0, 25, 50 e 100 kg/ha), P2O5 (0, 30, 60 e 120 kg/ha) e
K2O (0, 20, 40 e 80 kg/ha) e três níveis do conjunto de vários micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn,
e Zn). O padrão de crescimento das plantas é diferente nos genótipos testados. Em termos de
cobertura de vegetal do solo, a área foliar da cv. BRS-149 Nordestina e a do híbrido Savana
tendem a se aproximar. O número de nós, o diâmetro e a altura do caule e altura da planta
caracterizam a diferença entre os genótipos. O comprimento dos entrenós é quase duas vezes
maior na cv. BRS-149 Nordestina. O nitrogênio foi o elemento mais limitante, seguido do
fósforo, pois o crescimento vegetativo foi mínimo na sua ausência e presença dos demais
nutrientes. A resposta ao potássio foi de baixa intensidade; quase não houve resposta aos
micronutrientes.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., macronutriente, micronutriente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

665
1 INTRODUÇÃO
A expectativa do uso da mamoneira para produção, como fonte de energia alternativa,
vem demandando eficiência no sistema de produção. Exige-se também cultivares capazes de
responder a aumentos de tecnologia, como o uso de adubação com macro e micronutrientes.
A produtividade média nacional vem aumentando. Em 2001 era de 582 kg.ha-1,
elevando-se para 803 kg.ha-1 em 2004 (IBGE, 2006). Com o uso de variedades melhoradas e
o emprego de um sistema de produção adequado às várias características edafoclimáticas das
regiões produtoras, inclusive com uso de adubação equilibrada e outras tecnologias, essa
produtividade pode superar o rendimento da Índia (1237 kg/ha), citado por FERREIRA et al.
(2006).
Entre as características ligadas ao crescimento da planta – altura da planta, altura de
inserção do primeiro cacho, número de nós até o primeiro cacho, comprimento médio do
internódio e diâmetro caulinar – os únicos efeitos significativos foram observados no
tratamento testemunha sobre a altura do primeiro cacho, número, comprimento médio do
internódio e diâmetro caulinar, indicando maior crescimento vegetativo nas plantas adubadas
(NAKAGAWA & NEPTUNE, 1971).
Quando há boa disponibilidade de água e de nutrientes, essas plantas tendem a crescer
excessivamente, como relatado por Severino et al. (2004).
Segundo Severino et al. (2006), a altura das plantas de mamoneira BRS-149 Nordestina
foi muito influenciada pela adubação com macro e micronutrientes, enquanto que nas plantas
que não receberam adubação, a altura foi 31% menor, reduzindo-se de 2,62 m para 1,8 m.
Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento vegetativo
de mamoneiras de porte médio e baixo em resposta a adubação mineral, no cariri cearense.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão, no
município de Missão Velha, CE. Foram utilizadas mamoneiras (Ricinus communis L.) da
cultivar BRS-149 Nordestina e do híbrido comercial Savana.
O cultivo em sequeiro teve a semeadura efetuada em 16/02/2006, em solo de
classificação textural Areia Franca, e porosidade total em torno de 38%. A análise de
fertilidade do solo determinou: pH (H2O) = 5,8; Ca+2 = 18,4 mmolc/dm3; Mg+2 = 8,3
mmolc/dm3; Na+ = 0,6 mmolc/dm3; K+ = 3,4 mmolc/dm3; H+Al = 12,4 mmolc/dm3; Al+3 = 0,5
mmolc/dm3; P = 19,8 mg/dm3 e M.O. = 5,7 g/kg.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

666
Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso, com três repetições e 13 tratamentos
constituídos pelas combinações de adubação geradas pela Matriz Baconiana com quatro doses
de N (0, 25, 50 e 100 kg/ha), P2O5 (0, 30, 60 e 120 kg/ha) e K2O (0, 20, 40 e 80 kg/ha) e três
níveis do conjunto de vários micronutrientes (Tabela 1), dentro de duas variedades de
mamona (Híbrido Savana, de porte baixo, e cv. BRS 149 Nordestina, de porte médio).

Tabela 1 - Distribuição das doses dos nutrientes NPK, em Matriz Baconiana


Doses de Nutrientes (kg/ha)
Tratamentos N P2O5 K2O Micronutrientes1/
(B-Cu-Fe-Mn-Zn)
1. 0 0 0 0
2. 0 60 40 1
3. 25 60 40 1
4. 100 60 40 1
5. 50 0 40 1
6. 50 30 40 1
7. 50 120 40 1
8. 50 60 0 1
9. 50 60 20 1
10. 50 60 40 1
11. 50 60 80 1
12. 50 60 40 0
13. 50 60 40 2
1/
Nível 0 = 0 (ausência de todos os micronutrientes); Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0 e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0,
2.0 e 2,0 kg/ha de B, Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente.

Os tratamentos serão distribuídos em parcelas subdividas no campo, onde as doses


comporão as subparcelas e as variedades, as parcelas. A subparcela foi constituída de uma
área de 12,0m x 5,0m, resultando em uma área total de 60 m2, sendo úteis apenas as cinco
linhas centrais para Savana e as duas linhas centrais para a BRS 149 Nordestina, equivalente a
30 m2.
Foi feita adubação de fundação e de cobertura, conforme os tratamentos utilizados. O N
foi aplicado 50%, no plantio e 50% depois de 45 dias. Os demais nutrientes, foram aplicados

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667
somente no plantio. O controle das ervas daninhas foi feito manualmente, com auxílio de
enxada.
O espaçamento foi 1,0 m x 0,5 m, na variedade baixa e de 3,0 m x 1,0 m, para a de porte
médio. Foram avaliados aos 90 dias do plantio (DAP): estande, área foliar, número de nós do
caule, diâmetro do caule, altura do 1º cacho (caule) e da planta.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2, observa-se que foram detectadas diferenças significativas entre as
variedades para todas as características avaliadas, constituindo diferentes padrões de
crescimento das plantas.

Tabela 2 - Médias de estande, área foliar por planta (cm2/planta), número de nós do caule
(NNC), diâmetro do caule (DC, mm), altura do caule (ALT1C, cm) e altura da planta (ALTP,
cm) aos 90 dias da semeadura para as variedades testadas. Missão Velha, CE, 2006.
VARIEDADE Estande AFNP NNC DC ALT1C ALTP
BRS-149 Nordestina 10,6 31575,0 15,4 30,6 72,4 142,3
Híbrido Savana 45,3 5754,6 12,2 17,8 32,2 89,7
Siginificância *** *** *** *** *** ***
Média 27,9 18664,8 13,8 24,2 52,3 116,0
*** significativo a 0,1%, pelo teste F.

Quanto ao estande, o número de plantas/parcela é maior no híbrido Savana devido ao


espaçamento usado (1,0 m x 0,5 m). Na BRS-149 Nordestina foi de 3,0 m x 1,0 m.
A área foliar/planta é muito maior na cv. BRS-149 Nordestina (3,16m2). No entanto,
isto projeta uma área fotossintética em torno de 11000 m2/ha. Considerando-se a menor área
foliar do híbrido Savana (0,58 m2/planta), essa diferença tende a se aproximar por área,
obtendo um index parecido (10509 m2/ha). Entretanto, como a duração da área foliar é menor
no híbrido (depende do ciclo da cultura) a tendência é seu potencial produtivo ser igualmente
menor durante o ano agrícola.
Os valores obtidos para o número de nós, diâmetro e altura do caule e altura da planta
caracterizam a diferença entre os genótipos. Observa-se que o comprimento dos entrenós e
quase duas vezes maior na cv. BRS-149 Nordestina.

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668
Na Tabela 3, observa-se que a adubação afetou praticamente todas as variáveis em
estudo.

Tabela 3 - Efeito dos tratamentos aplicados sobre os valores médios de estande


(planta/parcela), área foliar por planta (cm2/planta), número de nós do caule (NNC), diâmetro
do caule (DC, mm), altura do caule (ALT1C, cm) e altura da planta (ALTP, cm) aos 90 dias
da semeadura para a variedade BRS-149 Nordestina. Missão Velha, CE, 2006.
Estande AFNP NNOS DC ALT1C ALTP
TRATAMENTO APLICADO
BRS Nordestina
Sem adubo 10,7 18803,0 14,7 24,2 58,3 99,3
Com adubo 10,6 31575,0 15,4 30,6 72,4 142,3
Significância ns ** *** *** *** ***
Adubação com Nitrogênio
0 10,7 8854,1 15,1 15,9 50,3 59,3
25 11,7 34394,4 15,5 34,2 75,6 164,0
50 10,7 23876,7 16,3 29,1 72,4 127,8
100 11,3 45180,9 15,9 36,0 84,5 175,8
Efeito s.a. EL s.a. EQ EQ EL
Significância ns *** ns * * ***
Adubação com Fósforo
0 10,7 20345,1 15,7 22,4 63,6 95,6
30 10,7 41603,0 15,6 33,5 78,2 166,4
60 10,7 23876,7 16,3 29,1 72,4 127,8
120 10,3 41607,5 14,8 35,6 70,8 166,1
Efeito s.a. EL EQ EL EQ EL
Significância ns * o *** * *
Adubação com Potássio
0 10,0 28549,6 15,3 30,5 72,7 144,2
20 10,3 38902,0 15,8 34,9 86,5 169,7
40 10,7 23876,7 16,3 29,1 72,4 127,8
80 9,7 41328,0 15,0 34,3 73,2 159,1
Efeito s.a. EC EQ EC EC EC
Significância ns * * o ** *
1/
Adubação com Micronutrientes (B-Cu-Fe-Mn-Zn)
0 10,7 26481,8 16,4 33,3 79,7 153,6
1 10,7 23876,7 16,3 29,1 72,4 127,8
2 10,7 40549,3 14,6 34,5 75,2 168,5

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669
Efeito s.a. EL EL s.a. s.a. s.a.
Significância ns o *** ns ns ns
CV(%) 14,0 48,1 5,1 17,6 12,6 22,4
1/
Nível 0 = 0 (ausência de todos os micronutrientes); Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0 e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0,
2.0 e 2,0 kg/ha de B, Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente. ns, o, *, ** e *** não significativo e significativo a 10,
5, 1 e 0,1%, respectivamente, pelo teste F. EL, EQ, EC = Efeitos linear, quadrático e cúbico, respectivamente.
s.a. = sem ajuste.

O nitrogênio foi o mais limitante, seguido do fósforo, pois o crescimento vegetativo foi
mínimo na sua ausência e presença dos demais nutrientes.
A resposta ao potássio foi de baixa intensidade; quase não houve resposta aos
micronutrientes. O teor daquele elemento no solo pode ter comprometido a resposta da
adubação com potássio. O crescimento em altura e a área foliar aumentaram tremendamente
com as doses de nitrogênio e, com menor intensidade, de fósforo.
Na Tabela 4, verifica-se resposta ao uso de nitrogênio, ao contrário da cultivar, apesar
de haver crescimento nos valores médios de diversas variáveis com o aumento das doses dos
nutrientes usados.

Tabela 4 - Efeito dos tratamentos aplicados sobre os valores médios de estande


(planta/parcela), área foliar por planta (cm2/planta), número de nós do caule (NNC), diâmetro
do caule (DC, mm), altura do caule (ALT1C, cm) e altura da planta (ALTP, cm) aos 90 dias
da semeadura para o híbrido Savana. Missão Velha, CE, 2006.
Estande AFNP NNOS DC ALT1C ALTP
TRATAMENTO APLICADO
Híbrido Savana
Sem adubo 43,7 4425,5 12,4 17,4 29,6 79,1
Com adubo 45,4 5865,3 12,2 17,9 32,4 90,5
Significância ns ns ns ns ns ns
Adubação com Nitrogênio
0 42,3 1900,4 13,0 13,7 26,8 59,4
25 44,7 5194,5 11,7 17,8 31,8 79,0
50 46,3 6093,9 12,7 17,3 32,2 81,0
100 49,7 7525,4 11,6 20,2 35,6 109,3
Efeito s.a. s.a. EC EL EL EL
Significância ns ns * o ns *
Adubação com Fósforo
0 42,3 6605,4 12,1 17,4 30,6 96,5
30 44,3 4101,5 12,3 16,8 30,2 86,8
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60 46,3 6093,9 12,7 17,3 32,2 81,0
120 41,7 5693,8 13,0 17,8 33,6 89,7
Efeito s.a. s.a. EL s.a. s.a. s.a.
Significância ns ns o ns ns ns
Adubação com Potássio
0 48,7 5683,0 12,8 17,9 33,0 98,2
20 48,3 6151,0 11,6 19,4 33,5 99,3
40 46,3 6093,9 12,7 17,3 32,2 81,0
80 43,0 7021,5 11,8 16,0 32,3 93,0
Efeito EL s.a. EC s.a. s.a. s.a.
Significância * ns * ns ns ns
CONTINUAÇÃO…
Adubação com Micronutrientes 1/(B-Cu-Fe-Mn-Zn)
0 46,0 7726,2 11,4 20,5 36,3 98,8
1 46,3 6093,9 12,7 17,3 32,2 81,0
2 47,3 6687,4 12,0 19,7 32,9 95,3
Efeito s.a. s.a. EQ s.a. s.a. s.a.
Significância ns ns o ns ns ns
CV(%) 14,0 48,1 5,1 17,6 12,6 22,4
1/
Nível 0 = 0 (ausência de todos os micronutrientes); Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0 e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0,
2.0 e 2,0 kg/ha de B, Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente. ns, o e * não significativo e significativo a 10, 5, 1 e
0,1%, respectivamente, pelo teste F. EL, EQ, EC = Efeitos linear, quadrático e cúbico, respectivamente. s.a. =
sem ajuste.

Provavelmente, isso se deve ao fato de que o tamanho da resposta é pequena no híbrido


e, quase sempre, se mantém dentro do intervalo de variação permitida pela variação do acaso
com o uso conjunto dos dados da variedade, cujos valores são sempre muito grandes
comparados com aqueles obtidos do híbrido.

4 CONCLUSÃO
O padrão de crescimento das plantas é diferente nos genótipos testados. Em termos de
cobertura de vegetal do solo, a área foliar da cv. BRS-149 Nordestina e a do híbrido Savana
tendem a se aproximar. O número de nós, o diâmetro e a altura do caule e altura da planta
caracterizam a diferença entre os genótipos. O comprimento dos entrenós é quase duas vezes
maior na cv. BRS-149 Nordestina. O nitrogênio foi o elemento mais limitante, seguido do
fósforo, pois o crescimento vegetativo foi mínimo na sua ausência e presença dos demais

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671
nutrientes. A resposta ao potássio foi de baixa intensidade e quase não houve resposta aos
micronutrientes.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio financeiro recebido do Fundeci (Banco do Nordeste) para
a realização deste estudo.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, G. B.; BELTRÃO, N. E. M.; SEVERINO, L.S.; GONDIM, T. M. S.;
PEDROSA, M. B.. A cultura da mamona no cerrado: riscos e oportunidades. Campina
Grande: Embrapa Algodão, 2006. 36 p. (Embrapa Algodão. Documento). (NO PRELO)

IBGE. SIDRA. Banco de Dados Agregado. Disponível em:


http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?c=99&z=p&o=18. Acesso em 13 de abril
de 2006.

NAKAGAWA, J.; NEPTUNE, A.M.L. Marcha de absorção de nitrogênio, fósforo, potássio,


cálcio e magnésio na cultura da mamoneira (Ricinus communis L.) cultivar Campinas. Anais
da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, v.28, p.323- 337, 1971.

SEVERINO, L. S.; FERREIRA, G. B.; MORAES, C. R. A.; GONDIM, T. M. de S.; FREIRE,


W. S. A.; CASTRO, D. A. C.; CARDOSO, G. D.; BELTRÃO, N.E.M. Crescimento e
produtividade da mamoneira adubada com macronutrientes e micronutrientes. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v.41, n.4, p.563-568, abr. 2006.

SEVERINO, L. S; MORAES, C. R. A.; FERREIRA, G. B.; GONDIM, T. M. S.; FREIRE, W.


S. A.; CASTRO, D. A.; CARDOSO, G. D.; BELTRÃO, N. E. M. Adubação química da
mamoneira com NPK, Cálcio, Magnésio e micronutrientes em Quixeramobim, CE. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Energia e
sustentabilidade: Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. CD-ROM.

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672
EFEITO DA REAPLICAÇÃO DE LODO DE ESGOTO NA
PRODUTIVIDADE E NO TEOR DE ÓLEO CONTIDO NOS GRÃOS DE
GIRASSOL

Thomaz Figueiredo Lobo, FCA/UNESP, thomaz@fca.unesp.br


Hélio Grassi Filho, FCA/UNESP, heliograssi@fca.unesp.br
Rone Batista de Oliveira, FCA/UNESP, rbatista@fca.unesp.br
Rogério de Oliveira Sá, FCA/UNESP, sarural@fca.unesp.br

RESUMO: Devido à falta de informações com relação ao uso de lodo de esgoto na


adubação de culturas de alto valor econômico, como o girassol, o presente trabalho teve como
objetivo de avaliar a eficiência do lodo de esgoto como fonte de nitrogênio na cultura do
girassol para as características agronômicas e teor de óleo contido nos grãos. O experimento
foi conduzido na Fazenda Experimental da UNESP em São Manuel, campus de Botucatu-SP.
O delineamento estatístico foi em blocos inteiramente casualizados com 6 tratamentos e 5
blocos (repetições). Os tratamentos consistiram de adubações químicas e diferentes
quantidades de lodo de esgoto como fonte de nitrogênio. Os resultados mostraram que as
variáveis teores de óleo e peso de mil sementes contidos nos grãos de girassol não
apresentaram diferenças nos tratamentos avaliados. A produção de sementes nos tratamentos
com adição de lodo de esgoto apresentaram os melhores resultados em relação aos
tratamentos que não receberam lodo de esgoto. O lodo de esgoto utilizado como fonte de
nitrogênio (N) mostrou-se ser uma boa alternativa para a cultura do girassol.

Palavras-Chave: Helianthus annus L., resíduo orgânico, nitrogênio.

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673
1 INTRODUÇÃO
O girassol é uma cultura de grande potencial por permitir cultivos tanto no verão como
no outono inverno na maioria das regiões do Brasil. Além disso, ela se presta para a produção
de grãos e óleo vegetal, forragem e adubo verde. Dentre as oleaginosas, o girassol é
atualmente a cultura que apresenta o maior índice de crescimento no mundo. Sua importância
econômica em termos de utilidade e produção supera a soja que é a nossa principal
oleaginosa. O óleo é de excelente qualidade nutritiva para consumo humano, por apresentar
em sua composição química alto conteúdo de ácidos graxos não saturados (SMIDERLE,
2001).
A utilização de lodo de esgoto na agricultura brasileira é uma prática pouco expressiva.
No entanto com a elaboração, pela CETESB de uma norma técnica (P4.240) regulamentando
a aplicação de lodo de esgoto em solos agrícolas, a utilização desta fonte de matéria orgânica
deve aumentar significativamente (LAMBAIS, 1999).
O N contido no lodo de esgoto poderá restringir a taxa de aplicação mais do que teores
de metais pesados, devido a mineralização de sua carga orgânica e subseqüente à lixiviação de
nitrato (Oliveira, 2000), quando em doses acima de 50 t ha-1 ano-1, ou equivalente em N,
acima de 300 kg-1 ha-1 ano-1. A maioria dos nutrientes do lodo está na forma orgânica, como é
destacado por Sabey (1980) e Munhoz (2001), embora apenas cerca de 30 a 50 % do N total
esteja na forma prontamente aproveitável pelas plantas.
Assim seguindo-se à risca as recomendações obtidas pela pesquisa, a utilização de lodo
de esgoto como adubo nitrogenado pode trazer benefícios ao produtor, por ser um resíduo
barato, e também ao ambiente, por aliviar a carga de esgotos nos mananciais de água.
Regiões de clima tropical e subtropical apresentam predominância de solos muito
intemperizados, com baixo conteúdo de matéria orgânica e nutriente disponíveis (KIEHL,
2003). Nessas situações, o uso agrícola de resíduos orgânicos como lodo de esgoto pode ser
vantajoso. O uso agrícola destes resíduos tem sido recomendado por proporcionar benefícios
agronômicos, como elevação do pH do solo (QUAGIO et al., 2001), redução da acidez
potencial e aumento na disponibilidade de nutrientes, além de representar um benefício de
ordem social pela disposição final menos impactante do resíduo no ambiente.
O presente trabalho teve como objetivo de avaliar a eficiência do lodo de esgoto como
fonte de nitrogênio na cultura do girassol para características agronômicas e teor de óleo
contido no grão.

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674
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Fazenda de São Manuel da Faculdade de Ciências
Agronômicas da UNESP de Botucatu, município de São Manuel, situada na Latitude de 22º
25’ Sul e Longitude de 48º 34’ Oeste de Greenwich, com altitude de 750 metros.
O manejo da adubação foi realizado através de uma reaplicação de lodo de esgoto nas
seguintes quantidades, conforme a Tabela 1.

Tabela 1 – Quantidades de lodo de esgoto e nitrogênio mineral nos tratamentos


Tratamentos Lodo de esgoto (Mg ha-1) Nitrogênio mineral (kg ha-1)
T0 0,00 0,00
T1 0,00 50,00
T2 7,50 25,00
T3 15,00 0,00
T4 22,50 0,00
T5 30,00 0,00
T0 – sem adubação; T1 – adubação química de acordo com o boletim técnico 100 do IAC sem a adubação com o
lodo de esgoto; T2 – foi utilizado 50% do N proveniente do lodo de esgoto e o restante foi da adubação química;
T3 – foi utilizado 100 % do N proveniente do lodo de esgoto; T4 – foi utilizado 150% do N proveniente do lodo
de esgoto; T5 – foi utilizado 200% do N proveniente do lodo de esgoto, distribuídos a lanço antes da semeadura.

Para avaliação do lodo de esgoto, conforme metodologia escrita por Lanarv (1988), foi
retirada uma amostra composta, que apresentou as seguintes características, de acordo com a
Tabela 2. A análise foi realizada no Laboratório de Fertilizantes e Corretivos do
Departamento de Recursos Naturais / Ciência do Solo da Faculdade de Ciências Agronômica
de Botucatu – SP.

Tabela 2 - Características químicas do lodo de esgoto utilizado no experimento.


N P2O5 K2O Umid. MO C Ca Mg S Na Cu Fe Mn Zn C/N pH
-1 -1
------------------------------g kg ------------------------ --------------- mg kg ---------
36,0 16,0 2,2 675,8 580 322,3 17,3 3,0 17,6 1760 650 11850 670 500 9/1 6,0

O delineamento experimental utilizado foi em blocos inteiramente casualizados (DBC)


constituído por 6 tratamentos e 5 blocos (repetições). Os tratamentos foram: T0 – sem
adubação; T1 – adubação química de acordo com o boletim técnico 100 do IAC sem a
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675
adubação com o lodo de esgoto; T2 – foi utilizado 50% do N proveniente do lodo de esgoto e
o restante foi da adubação química; T3 – foi utilizado 100 % do N proveniente do lodo de
esgoto; T4 – foi utilizado 150% do N proveniente do lodo de esgoto; T5 – foi utilizado 200%
do N proveniente do lodo de esgoto, distribuídos a lanço antes da semeadura. O cálculo do N
proveniente do lodo de esgoto foi feito levando em consideração a sua taxa de mineralização
de 30% do N durante o ciclo da cultura. O lodo de esgoto foi proveniente da estação de
tratamento de esgoto da cidade de Jundiaí/SP.
As fontes químicas de N, P, K e B foram uréia, cloreto de potássio, superfosfato simples
e ácido bórico, respectivamente.
Cada parcela experimental foi constituída de 100 m2 com espaço de 3 metros entre
parcelas. A cultivar utilizada foi a HELIO 251 semeada em espaçamento de 0,9 metros entre
linha e 30 cm entre plantas.
Para as avaliações foram retiradas dez plantas por parcela medindo-se as seguintes
variáveis: produção de sementes em kg/ha (PSEM), teor de óleo contido no grão em
porcentagem (ÓLEO) e peso de 1000 sementes em gramas (1000SEM).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 3, observa-se que a variável produtividade nos tratamentos que receberam
lodo de esgoto apresentam diferenças significativas em relação aos tratamentos que não
receberam lodo de esgoto, isto pode ser explicado pelo efeito acumulativo do lodo de esgoto e
da maior produtividade de matéria seca da safra anterior de girassol, que chegou em torno de
2000 kg ha-1 de matéria seca a diferença entre o tratamento que não recebeu o lodo com o que
recebeu, este fato também ajudou na diferença de produtividade, embora a produtividade
deste ano foi inferior ao ano anterior devido as condições climáticas menos favoráveis a
cultura. Podemos observar que o teor de óleo não variou nos tratamentos, este fato pode ser
explicado que quando é aplicado N a tendência seria diminuit o teor de óleo, porém quando é
aplicado o P a tendência é elevar o teor de óleo, como o lodo contém N e uma boa quantidade
de P, então não ocorreu essa variação. O peso de mil sementes não variou porque as
condições climáticas não foram tão favoráveis, isto quer dizer que a mineralização do lodo de
esgoto foi inferior ao ano anterior.

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676
Tabela 3 – Características avaliadas no experimento.
Tratamentos Variáveis
PSEM (kg ha-1) Teor óleo (%) 1000SEM (gramas)
T0 1293,04 b 42,47 47,24
T1 2216,03 ab 37,29 56,21
T2 2997,48 a 39,13 61,49
T3 2835,98 a 39,83 60,51
T4 2787,62 a 36,88 59,93
T5 2482,21 a 42,18 58,04
Média 2435,39 39,63 57,24
CV 20,61 14,32 12,78
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não apresentam diferença significativa pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
A produção de sementes nos tratamentos com adição de lodo de esgoto apresentaram os
melhores resultados em relação aos tratamentos que não receberam lodo de esgoto.
O lodo de esgoto utilizado como fonte de N mostrou-se ser uma boa alternativa para a
cultura do girassol, podendo substituir o N mineral.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KIEHL J.C. Efeito do lodo de esgoto em um argissolo e no crescimento e nutrição do milho.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 38, n 10, p. 1187 – 1195, out, 2003.

LAMBAIS, M.R.; de SOUZA, AG. Impacto de biossolido nas comunidades microbianas dos
solo. SEMINARIO SOBRE GERENCIAMENTO DE BIOSSOLIDO NO MERCOSUL. 2,
1959, Campinas. Anais... Campinas/SP, 1999.

LANARV, Análise de corretivos, fertilizantes e inoculantes: métodos oficiais. Brasília:


Ministério da Agricultura, 1988. 104p.

MUNHOZ, R.O. Disponibilidade de fósforo para o milho em solo que recebeu lodo de
esgoto. Campinas, Instituto Agronômico, 2001. 74p. (tese de mestrado).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

677
OLIVEIRA, F.C. Disposição de resíduos orgânico e composto de lixo urbano num latossolo
vermelho amarelo cultivado com cana-de-açúcar. Piracicaba, Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz, 2000. 247p. (tese de doutorado).

QUAGGIO, J.A.; SILVA, N.M; BERTON, R.S. Culturas oleaginosas. In: Ferreira, M.E.
(Coord). Micronutrientes na agricultura. Piracicaba, POTAFOS/CNPQ,1991. p 445-484.
SABEY, B.R. The use of sewage as a fertilizer. In: BEWICK, M.W. Handbook of organic
waste conversion, van Nostrand Reinhold, 1980. p.72-107.

SMIDERLE, O.J.; SILVA, D.P da; SILVA, D.P da S.; SOUZA, R.C.P.; de GIANLUPPI, D.
Composição química de aquênios de girassol cultivado em Roraima. In REUNIÃO
NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL, 14, 2001, Rio Verde. Resumos... Rio Verde:
FESURV, 2001 v.3; p69-71.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

678
CRESCIMENTO DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DE MAMONEIRAS
DE PORTE MÉDIO E BAIXO EM RESPOSTA A ADUBAÇÃO NO CARIRI
CEARENSE

Gilvan Barbosa Ferreira, EMBRAPA, gilvan@cpafrr.embrapa.br


Tarcísio Marcos de Souza Gondim, EMBRAPA, tarcisio@cnpa.embrapa.br
Liv Soares Severino, EMBRAPA, liv@cnpa.embrapa.br
Ramon de Araújo Vasconcelos, EMBRAPA, ramon@cnpa.embrapa.br
Magna Maria Macedo Ferreira, UFRR, magna.m.m.ferre
José Rodrigues Pereira, EMBRAPA, rodrigue@cnpa.embrapa.br
José Pires Dantas, UEPB, gpcnpq@terra.com.br

RESUMO: Objetivando avaliar o crescimento de estruturas reprodutivas das mamoneiras de


porte médio (cv. BRS 149 Nordestina) e baixo (Híbrido Savana) em resposta a adubação,
utilizou-se delineamento em blocos ao acaso, com três repetições e 13 tratamentos, em
distribuição de Matriz Baconiana (N - 0, 25, 50 e 100 kg/ha; P2O5 - 0, 30, 60 e 120 kg/ha; e
K2O - 0, 20, 40 e 80 kg/ha) e três conjuntos (0, 1 e 2) dos micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn, e
Zn). O comprimento do racemo e, em conseqüência, o tamanho do primeiro cacho é maior na
cv. BRS-149 Nordestina. O híbrido Savana forma maior número de cachos, aos 90 dias do
plantio, devido ser mais precoce. Aos 130 dias, com a emissão de racemos de ordem
secundária e terciária a cv. BRS-149 Nordestina superou o híbrido. Em 40 dias, a cultivar
BRS-149 Nordestina apresentou incremento de racemos em mais de 100% (2,4 para 4,9
racemos/planta). Para o híbrido o aumento foi próximo a 27% (3,0 para 3,8 racemos/planta).
O nitrogênio, principalmente, e o fósforo também aumentou o comprimento do racemo, assim
como aumentaram o número de cachos/planta, na cv. BRS-149 Nordestina. Para o híbrido
Savana, apenas o N promoveu crescimento do racemo e do seu número. Não houve resposta
aos micronutrientes.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., adubação, inflorescência.

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679
1 INTRODUÇÃO
A adubação é uma das principais tecnologias usadas para aumentar a produtividade e a
rentabilidade das culturas, embora tenha alto custo e possa aumentar o risco do investimento
agrícola (SEVERINO et al., 2006). A mamona aproveita de modo eficiente a adubação
residual da cultura anterior, sendo ótima para compor o sistema de rotação na propriedade.
Em solos bem corrigidos e adubados, apenas o uso da adubação nitrogenada de cobertura, no
início do florescimento, é suficiente para atingir seu potencial produtivo (FERREIRA et al.,
2006).
Na mamoneira, quando há boa disponibilidade de água e de nutrientes, essas plantas
tendem a crescer excessivamente, como relatado por Severino et al. (2004). Savy Filho (2005)
menciona que a produtividade é influenciada pela adubação, não somente por aumentar a
produção de frutos, tanto em peso como em número, o número de frutos por racemo, a
produção de sementes por racemo, mas também porque tornam as sementes maiores e mais
pesadas.
Segundo Severino et al. (2006), o aumento nas doses de P promoveu a elevação do teor
de óleo nas sementes e o aumento da disponibilidade de N e K promoveu alteração na
expressão sexual da mamoneira, favorecendo o aumento de produtividade. Estes autores
observaram que a produtividade aumentou significativamente de 1.072 para 2.298 kg ha-1
com o fornecimento de adubo nitrogenado.
Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento das
estruturas reprodutivas de mamoneiras de porte médio e baixo em resposta a adubação
mineral, no cariri cearense.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão, no
município de Missão Velha, CE. Foram utilizadas mamoneiras (Ricinus communis L.) da
cultivar BRS-149 Nordestina e do híbrido comercial Savana.
O cultivo em sequeiro teve a semeadura efetuada em 16/02/2006, em solo de
classificação textural Areia Franca, e porosidade total em torno de 38%. A análise de
fertilidade do solo determinou: pH (H2O) = 5,8; Ca+2 = 18,4 mmolc/dm3; Mg+2 = 8,3
mmolc/dm3; Na+ = 0,6 mmolc/dm3; K+ = 3,4 mmolc/dm3; H+Al = 12,4 mmolc/dm3; Al+3 = 0,5
mmolc/dm3; P = 19,8 mg/dm3 e M.O. = 5,7 g/kg.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

680
Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso, com três repetições e 13 tratamentos
constituídos pelas combinações de adubação geradas pela Matriz Baconiana com quatro doses
de N (0, 25, 50 e 100 kg/ha), P2O5 (0, 30, 60 e 120 kg/ha) e K2O (0, 20, 40 e 80 kg/ha) e três
níveis do conjunto de vários micronutrientes (Tabela 1), dentro de duas variedades de
mamona (Híbrido Savana, de porte baixo, e cv. BRS 149 Nordestina, de porte médio).

Tabela 1 - Distribuição das doses dos nutrientes NPK, em Matriz Baconiana


Tratamentos Doses de Nutrientes (kg/ha)
N P2O5 K2O Micronutrientes1/
(B-Cu-Fe-Mn-Zn)
1. 0 0 0 0
2. 0 60 40 1
3. 25 60 40 1
4. 100 60 40 1
5. 50 0 40 1
6. 50 30 40 1
7. 50 120 40 1
8. 50 60 0 1
9. 50 60 20 1
10. 50 60 40 1
11. 50 60 80 1
12. 50 60 40 0
13. 50 60 40 2
1/
Nível 0 = 0 (ausência de todos os micronutrientes); Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0 e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0,
2.0 e 2,0 kg/ha de B, Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente.

Os tratamentos serão distribuídos em parcelas subdividas no campo, onde as doses


comporão as subparcelas e as variedades, as parcelas. A subparcela foi constituída de uma
área de 12,0m x 5,0m, resultando em uma área total de 60 m2, sendo úteis apenas as cinco
linhas centrais para Savana e as duas linhas centrais para a BRS 149 Nordestina, equivalente a
30 m2.
Foi feita adubação de fundação e de cobertura, conforme os tratamentos utilizados. O N
foi aplicado 50%, no plantio e 50% depois de 45 dias. Os demais nutrientes, foram aplicados
somente no plantio. O controle das ervas daninhas foi feito manualmente, com auxílio de
enxada.
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681
O espaçamento foi 1,0 m x 0,5 m, na variedade baixa e de 3,0 m x 1,0 m, para a de porte
médio. Aos 90 dias do plantio (DAP), foram avaliados o comprimento do 1º cacho e o
número de cachos por planta. Esta última característica também foi avaliada aos 130 DAP.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2, observa-se que foram detectadas diferenças significativas entre as
variedades para todas as características avaliadas. Ocorrem diferentes padrões de crescimento
das estruturas reprodutivas das plantas.

Tabela 2 - Médias de comprimento de racemo (cm) e número de racemos, aos 90 e 130 dias
do plantio (DAP) para as variedades testadas. Missão Velha, CE, 2006.
Comprimento Número de Racemos Número de Racemos
VARIEDADE
de Racemo (90DAP) (130DAP)
BRS-149
36,5 2,4 4,9
Nordestina
Híbrido Savana 27,5 3,0 3,8
Siginificância *** ** ***
Média 32,0 2,7 4,4
** e *** significativo a 1 e 0,1%, respectivamente, pelo teste F.

O comprimento do racemo e, em conseqüência, o tamanho do primeiro cacho é maior


na cv. BRS-149 Nordestina. Quanto ao número de cachos, aos 90 dias, é formado maior no
híbrido Savana, pois ele é mais precoce. Posteriormente, com o aumento da idade (após 40
dias) a cv. BRS-149 Nordestina superou o híbrido, por meio da emissão de racemos de ordem
secundária e terciária, pois tem maior tempo de período produtivo. Nesse período, a cultivar
apresentou incremento de racemos em mais de 100%. Para o híbrido o aumento ficou próximo
a 27%, devido a sua precocidade. Na Tabela 3, observa-se que a adubação afetou as variáveis
analisadas.

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682
Tabela 3 - Efeito dos tratamentos aplicados sobre os valores médios de comprimento de
racemo (CR, cm) e número de racemos, aos 90 dias do plantio (NR90DAP) e 130
(NR130DAP) para a variedade BRS-149 Nordestina. Missão Velha, CE, 2006.
TRATAMENTO APLICADO CR NR NR CR NR NR
90DAP 130DAP 90DAP 130DAP
BRS Nordestina Híbrido Savana
Sem adubo 27,2 1,6 4,1 24,4 2,8 3,4
Com adubo 36,5 2,4 4,9 27,8 3,0 3,9
Significância *** o o ns Ns ns
Adubação com Nitrogênio
0 19,1 0,7 1,7 20,6 1,9 2,4
25 38,6 2,5 4,9 27,3 2,9 3,4
50 33,4 1,8 4,3 26,9 2,7 3,4
100 47,2 2,9 5,7 32,0 3,2 4,4
Efeito EL EL EL EL EL EL
Significância *** * *** * O *
Adubação com Fósforo
0 29,8 1,3 3,2 27,9 3,4 4,2
30 36,2 2,9 5,8 25,6 2,9 3,8
60 33,4 1,8 4,3 26,9 2,7 3,4
120 43,0 3,7 6,2 27,8 2,9 3,5
Efeito EL EL EL s.a. s.a. s.a.
Significância *** *** * ns Ns ns
Adubação com Potássio
0 36,2 2,2 4,8 28,7 3,1 4,3
20 43,5 2,7 6,1 26,7 3,3 4,2
40 33,4 1,8 4,3 26,9 2,7 3,4
80 41,5 2,6 6,0 27,5 3,1 3,9
Efeito EC s.a. EC s.a. s.a. s.a.
Significância * ns * ns Ns ns
1/
Adubação com Micronutrientes (B-Cu-Fe-Mn-Zn)
0 38,3 2,5 5,0 32,7 3,4 5,1
1 33,4 1,8 4,3 26,9 2,7 3,4
2 41,0 3,3 5,5 29,8 3,4 3,8
Efeito s.a. s.a. s.a. s.a. s.a. s.a.

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683
Significância ns ns ns ns Ns ns
CV(%) 16,6 33,2 27,8 16,6 33,2 27,8
1/
Nível 0 = 0 (ausência de todos os micronutrientes); Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0 e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0,
2.0 e 2,0 kg/ha de B, Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente. ns, o, * e *** não significativo e significativo a 10, 5 e
0,1%, respectivamente, pelo teste F. EL, EQ, EC = Efeitos linear, quadrático e cúbico, respectivamente. s.a. =
sem ajuste.

O nitrogênio, principalmente, e o fósforo também, aumentaram o comprimento do


racemo, assim como aumentaram o número de cachos/planta. Isto significa que maior
quantidade de frutos e sementes serão formados por cachos e mais cachos serão produzidos,
forçosamente aumentando a produtividade. Nesse sentido, Severino et al. (2006) afirmam que
a adubação mineral com N e K promove mudança na expressão sexual da mamoneira,
favorecendo o aumento de produtividade. A resposta ao potássio foi de baixa intensidade. Não
houve resposta aos micronutrientes. Segundo Beltrão et al. (2004), o número de cacho por
planta é a principal variável envolvida no aumento da produtividade quando se consideram os
componentes da produção.
Verifica-se também, na Tabela 3, resposta do híbrido Savana apenas ao uso de
nitrogênio, ocorrendo relativa influência deste elemento no comprimento do racemo e número
de cachos aos 130 DAP. A explicação mais provável para isso se deve ao fato de que o
tamanho da resposta é pequena no híbrido e, quase sempre, se mantém dentro do intervalo de
variação permitida pela variação do acaso (QM) com o uso conjunto dos dados da variedade,
cujos valores são sempre muito grandes comparados com aqueles obtidos do híbrido.

4 CONCLUSÃO
O comprimento do racemo e, em conseqüência, o tamanho do primeiro cacho é maior
na cv. BRS-149 Nordestina. O híbrido Savana forma maior número de cachos, aos 90 dias do
plantio (DAP), devido ser mais precoce. Aos 130 DAP, com a emissão de racemos de ordem
secundária e terciária a cv. BRS-149 Nordestina superou o híbrido, pois tem maior tempo de
período produtivo. O nitrogênio, principalmente, e o fósforo também aumentou o
comprimento do racemo, assim como aumentaram o número de cachos/planta, na cv. BRS-
149 Nordestina. Para o híbrido Savana, apenas o N promoveu crescimento do racemo e do seu
número. Não houve resposta aos micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn).

5 AGRADECIMENTOS
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684
Os autores agradecem o apoio financeiro recebido do Fundeci (Banco do Nordeste) para
a realização deste estudo.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. M.; SEVERINO, L.S.; CARDOSO, G. D.; GONDIM, T. M. de S.;
PEREIRA, J.R. Estimativa da produtividade da cultura da mamona em função dos
componentes da produção. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004,
Campina Grande. Energia e sustentabilidade: Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão,
2004. CD-ROM.

FERREIRA, G. B.;.; PEDROSA, M. B.. A cultura da mamona no cerrado: riscos e


oportunidades. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. 36 p. (Embrapa Algodão.
Documento). (NO PRELO)

SAVY FILHO, A. Mamona: tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105 p.

SEVERINO, L. S.; FERREIRA, G. B.; MORAES, C. R. A.; GONDIM, T. M. de S.; FREIRE,


W. S. A.; CASTRO, D. A. C.; CARDOSO, G. D.; BELTRÃO, N.E.M. Crescimento e
produtividade da mamoneira adubada com macronutrientes e micronutrientes. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v.41, n.4, p.563-568, abr. 2006.

SEVERINO, L. S; MORAES, C. R. A.; FERREIRA, G. B.; GONDIM, T. M. S.; FREIRE, W.


S. A.; CASTRO, D. A.; CARDOSO, G. D.; BELTRÃO, N. E. M. Adubação química da
mamoneira com NPK, Cálcio, Magnésio e micronutrientes em Quixeramobim, CE. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Energia e
sustentabilidade: Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. CD-ROM.

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685
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DE SEMENTES DE MELANCIA
FORRAGEIRA

Marcos Antonio Drumond, EMBRAPA, drumond@cpatsa.embrapa.br


José Barbosa dos Anjos, EMBRAPA, jbanjos@cpatsa.embrapa.br
Luiz Balbino Morgado, EMBRAPA, lmorgado@cpatsa.embrapa.br

RESUMO: A melancia forrageira (Citrullus lanatus cv. Citroides), também conhecida como
melancia-de-cavalo, originária da África, é uma planta rústica, tolerante à seca e resistente a
doenças, tendo adaptado-se às condições semi-áridas do Nordeste e, através de cruzamentos
naturais com outros tipos de melancia, espalhou-se para diferentes partes da região. A sua
polpa é branca, consistente, com baixo teor de sacarose, possuindo elevada proporção de
sementes, que a torna inaceitável para o consumo humano. Entretanto, ela é bastante utilizada
na alimentação animal por pequenos criadores do Nordeste. Sua utilização como forrageira
tem sido intensificada como conseqüência das secas periódicas que castigam o Semi-árido
nordestino principalmente na Bahia e em Pernambuco. Com o objetivo de identificar a
potencialidade da melancia forrageira como produtora de sementes oleaginosas, foram
coletadas sementes ao acaso de um lote de frutos colhidos em 2004 no Campo Experimental
da Caatinga da Embrapa Semi-Árido, em Petrolina-PE, localizado entre as coordenadas de
9°09’S, 40°22’W numa altitude de 365,5 m. A precipitação média anual da região é 500 mm,
concentrada nos meses de fevereiro, março e abril, com temperatura média de 26,4ºC,
evaporação de 7,4 mm/dia, insolação 7,3 horas/dia e umidade relativa média anual de 61,8%.
As sementes foram separadas em cinco lotes, secas a 70ºC, moídas e submetidas à análise
química no laboratório do SENAI-CERTA em Petrolina-PE. Os resultados obtidos mostraram
que as sementes apresentam, em média, 12,81% de proteína bruta, 0,58% de fósforo, 0,56%
de potássio e 27,27% de gordura. Concluiu-se que a melancia forrageira, além de ser indicada
como uma alternativa viável para a complementação alimentar dos rebanhos nas épocas secas,
produz sementes que apresentam elevado teor de gordura, tornando-a uma fonte promissora
para produção de biodiesel.

Palavras-Chave: Melancia de cavalo, biodiesel, óleo vegetal.

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686
1 INTRODUÇÃO
A melancia forrageira (Citrullus lanatus cv. citroides), também conhecida como melancia-de-
cavalo, originária da África, é uma planta rústica, tolerante à seca e resistente às doenças, que
se adaptou às condições do Nordeste e se espalhou através de cruzamentos naturais com
outros tipos de melancia. A sua polpa é branca, consistente, com baixo teor de sacarose,
possuindo ainda elevada proporção de sementes, daí não ter boa aceitação para o consumo
humano, sendo usada na alimentação animal por pequenos criadores do Nordeste.
Como conseqüência das últimas secas que castigaram o semi-árido, sua utilização como
forrageira cresceu, havendo a intensificação dos plantios, principalmente na Bahia e em
Pernambuco. Estudos realizados pela Embrapa Semi-Árido, em Petrolina-PE, indicam que a
melancia forrageira é um alimento considerado de boa qualidade, composta, em média, por
90% de água e 10% de matéria seca, com 7 a 10% de proteína e muito rica em sais minerais.
A digestibilidade é da ordem de 60% (Donald 2005). A produtividade média obtida em
áreas de sequeiro com precipitação pluvial média de 500 mm é de 30.000 kg ha-1 por safra
(Oliveira,1999). Em áreas irrigadas, a produtividade pode alcançar 80.000 kg ha-1 por safra,
com frutos pesando, individualmente, de 10 a 15 kg (Oliveira e Bernardino, 2000). O presente
trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar a potencialidade das sementes de
melancia forrageira para produção de óleo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletadas sementes ao acaso de um lote de frutos colhidos em 2004 (Figura 1).
As sementes foram separadas em cinco lotes, secas a ±70ºC, moídas e submetidas à análise
química no laboratório do SENAI-CERTA. As plantas que deram origem às sementes foram
produzidas numa área de sequeiro no Campo Experimental da Caatinga da Embrapa Semi-
Árido, situado no sertão pernambucano, em Petrolina-PE, entre as coordenadas de 9°09’S,
40°22’W numa altitude de 365,5m. A precipitação média anual da região é 500 mm,
concentrada nos meses de fevereiro, março e abril, com temperatura média de 26,4ºC,
evaporação de 7,4mm/dia, insolação 7,3 horas/dia e umidade relativa média anual de 61,8%.
Foram avaliados o teor de proteína pelo método ME – 3.19.16 e o teor de gordura pelo
método M – 3.19.13.

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687
Figura 1. Campo de produção de melancia forrageira

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise obtidos mostraram que as sementes da melancia forrageira
apresentam, em média, 12,81% de proteína bruta, 0,58% de fósforo, 0,56% de potássio,
27,27% de gordura. Este teor de gordura nas sementes faz com que a melancia forrageira, que
já é usada como alternativa viável para a complementação alimentar dos rebanhos nos
períodos secos, passe a ser uma fonte promissora para a produção de biodiesel no Semi-árido
Nordestino. Considerando-se uma produtividade média de frutos de 30 t ha-1 e as sementes
correspondendo a 10% do peso do fruto, estima-se uma produção de óleo em torno de 818 kg
ha-1.

4 CONCLUSÃO
A cultura da melancia forrageira, além de ser uma alternativa viável para a
complementação alimentar dos rebanhos nos períodos secos, possui sementes com teor de
gordura alto que a tornam uma fonte promissora para a produção de biodiesel no Semi-árido
Nordestino.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DONALD, E.R.C. Melancia forrageira: uma nova opção para alimentar os animais na seca
http://www.cpatc.embrapa.br/index.php?idpagina=artigos&artigo=329 consultado em 23 de
setembro de 2005.

OLIVEIRA, M.C. de. Melancia Forrageira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, Instruções


Técnicas da Embrapa Semi-Árido, 18. 1999.

OLIVEIRA, M.C. de; BERNARDINO, F.A. Melancia forrageira, um novo recurso alimentar
para a pecuária das regiões secas do Nordeste brasileiro. Petrolina: Embrapa Semi-Árido,
Circular Técnica da Embrapa Semi-Árido, 49. 2000.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

688
ESTUDO DA REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO CATALISADA POR
ETÓXIDO DE SÓDIO

Arthur Alaím Bernardes, LKSO/FURG, alaimmaquine@yahoo.com.br


Bárbara Catarina Bastos de Freitas, LKSO/FURG, babikatarina@hotmail.com
Janaína Fernandes de Medeiros Burkert, LEBP/FURG, jfmb@vetorial.net
Rafael Carlos Guadagnin, LPCH/FCF/USP, rcguadagnin@yahoo.com.br
Marcelo Gonçalves Montes D'Oca, LKSO/FURG, dqmdoca@furg.com.br
Joaquín Ariel Morón-Villarreyes, GEQ/FURG, dqmjamv@furg.com.br

RESUMO: São apresentados resultados da síntese de biodiesel etílico de óleo de soja


refinado em grau comestível utilizando como catalisador etóxido de sódio preparado in situ. O
desempenho deste sistema catalítico foi avaliado através de 11 experimentos estatisticamente
planejados num projeto fatorial 23 completo com ponto central. As variáveis estudadas foram
a temperatura, a concentração do catalisador e a relação molar Óleo:Etanol. A variável de
resposta estudada, nas onze reações, foi o tempo de conversão completa do óleo em éster
etílico e co-produtos, verificado por cromatografia de camada delgada em intervalos de 10
minutos. Através de uma Análise de Variância, do coeficiente de regressão e do teste F
construiu-se um modelo que se mostrou preditivo e significativo.

Palavras-Chave: Biodiesel etílico, etóxido de sódio.

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689
1 INTRODUÇÃO
A transesterificação, também chamada alcoólise, é a troca do grupo alcóxi de um éster
por outro grupo alcóxi de um álcool, em um processo similar ao da hidrólise, exceto o fato de
que se trata de um álcool no lugar da água. Os álcoois utilizados são o metanol, etanol,
propanol, butanol ou álcool amílico, sendo os de menor cadeia os mais utilizados.
O O
H2CO C R1 H3CH2C O C R1 H2C OH
O O
CH3CH2ONa
HCO C R2 + CH CH OH H3CH2C O C R2 + HC OH
3 2
O O
H2CO C R3 H3CH2C O C R3 H2C OH
Triglicerídeo Álcool Biodiesel Glicerina

Nesse sentido, a catálise alcalina convencional com NaOH e KOH para a produção de
biodiesel em larga escala é bastante conhecida e dominada. Entretanto, a pesar de ser uma
idéia promissora, relativamente poucas pesquisas tem sido realizadas empregando alcóxidos
metálicos, produzidos in situ como catalisadores.
O metanol tem sido o mais empregado devido a seu baixo custo e grande
disponibilidade na Europa, Japão e EUA. No Brasil o etanol vem se consolidando como o
substrato para o biodiesel nacional.

2 MATERIAL E MÉTODOS
A reação de transesterificação foi realizada usando como reagentes: óleo de soja
refinado em grau comestível (Soya, Bunge Alimentos), com a seguinte caracterização
oleoquímica: índice de acidez IA=1,0; índice de saponificação IS=192,0 e índice de iodo
II=130,5, etanol PA (Synth) e etóxido de sódio preparado in situ, a partir de sódio metálico
em um volume apropriado de etanol, sob agitação, antes da adição no óleo. O desempenho
deste sistema catalítico foi avaliado experimentalmente através de um planejamento
estatístico num projeto fatorial 23 completo com ponto central (11 experimentos). As variáveis
estudadas foram a temperatura T (30, 40, 50ºC), a concentração do catalisador C (0,5, 1,0,
1,5% em relação à massa de óleo) e a razão molar Óleo:Etanol r (1:4, 1:5, 1:6). A variável de
resposta estudada, nas onze reações, foi o tempo t, em minutos, necessário para a conversão
completa do óleo em éster etílico (biodiesel) e glicerina, verificado em intervalos de 10
minutos por cromatografia de camada delgada. Em todas as reações utilizou-se 100g do óleo,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

690
em balões de fundo redondo (250mL) sob agitação magnética e temperatura constante. A
seguir, foi adicionado ao óleo à solução alcoólica de alcóxido de sódio. No término da reação,
a mistura reacional foi transferida a um funil de separação (250mL) para retirada da glicerina,
sais de sódio e substâncias polares, do biodiesel, por 24h.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta a matriz, com valores reais e codificados, do planejamento
experimental 23 em dois níveis e três variáveis: T é a temperatura (ºC); C a concentração do
catalisador etóxido de sódio (% em relação à massa de óleo) e r a relação molar Óleo:Etanol.
A variável de resposta t é o tempo da reação de transesterificação total observado por
cromatografia de camada delgada. A tabela apresenta também o rendimento percentual dos
produtos biodiesel (BD) e glicerina (GL) medidos em cada ensaio experimental.

Tabela 1 - Planejamento experimental 23 (variáveis codificadas).


Ensaio Temperatura Catalisador Óleo:Etanol Tempo Rendimento Rendimento
(ºC) (%) (mol/mol) (min) Biodiesel Glicerina (g)
nº T XT C XT r XT t (%) (%)

1 30 (-1) 0,5 (-1) 1:6 (-1) 90 98,272 97,01


2 50 (+1) 0,5 (-1) 1:6 (-1) 80 95,572 98,75
3 30 (-1) 1,5 (+1) 1:6 (-1) 70 99,634 103,94
4 50 (+1) 1,5 (+1) 1:6 (-1) 45 95,204 112,88
5 30 (-1) 0,5 (-1) 1:4 (+1) 180 97,202 98,55
6 50 (+1) 0,5 (-1) 1:4 (+1) 120 94,771 101,73
7 30 (-1) 1,5 (+1) 1:4 (+1) 60 (*) (*)
8 50 (+1) 1,5 (+1) 1:4 (+1) 50 86,407 120,0
9 40 (0) 1,0 (0) 1:5 (0) 110 93,82 116,15
10 40 (0) 1,0 (0) 1:5 (0) 120 96,5 111,34
11 40 (0) 1,0 (0) 1:5 (0) 125 95,52 108,65
(*) Separação impossível, devido ao limite mínimo entre a quantidade de catalisador e a quantidade de etanol
empregado na reação.

A análise dos resultados mostra nitidamente o efeito da razão molar r e a concentração


do catalisador sobre a reação de transesterificação. Nos procedimentos em que se aplicou uma
quantidade de catalisador em massa de 0,5% de catalisador, tanto utilizando uma razão molar
de 1:4, quanto 1:6, verificam-se altos rendimentos de biodiesel. Nos procedimentos o qual se

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

691
utilizou r=1:4, constatou-se uma separação difícil entre o biodiesel e glicerina devido à
mistura ser muito viscosa por deficiência de álcool e pela alta concentração de catalisador.
Nos procedimentos com 1,5% de catalisador as misturas reacionais finais apresentaram
intensa cor avermelhada e nos que se usa r=1:6 as separações foram mais eficazes.
Os resultados experimentais mostram, em todos os casos, que o catalisador em alta
concentração diminui o tempo de reação. A figura 1 mostra que o curso da reação é
favorecido na maior temperatura e na presença de grande excesso de etanol, segundo
confirmam os menores tempos de transesterificação observados.

Figura 1 - Efeito das variáveis T, C e r sobre o tempo da reação t.

O Planejamento estatístico de experimentos tem sido aplicado, em diversas pesquisas,


para identificar as variáveis que mais influenciam na reação de transesterificação e na
obtenção de modelos matemáticos que predizem as condições reacionais em que são obtidos
os melhores rendimentos de biodiesel. Korus et al. (1991), propuseram um processo de
produção baseado num projeto fatorial 24-1. Vicente et al. (1998) estudaram a catálise alcalina
convencional, com NaOH, num projeto fatorial 22 com ponto central constatando que a
concentração do catalisador é a variável mais influente no rendimento (Y) de biodiesel. Eles
obtiveram um modelo de segunda ordem e apresentaram tanto o modelo tecnológico (com
variáveis reais) como o modelo estatístico (com variáveis codificadas):

Y =97,77+2,098× X T +3,894× X C −2,95 X T × X C +0.094 X T2 −1,73× X C2


Neste trabalho, através da análise de coeficientes de regressão (tabela 2) foi possível
desenvolver uma equação que prevê o tempo da reação, t, em função das variáveis

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

692
independentes significativas T, C e r. O modelo codificado obtido é de primeira ordem e
apresenta os valores significativos (variáveis não significativas foram acopladas aos resíduos):
t =95,45−13,12× X T −30,62× X C +15,62× X r −16,87 X C × X r
A seguir mostram-se os valores estimados pelo modelo e comparados com os
experimentais.

Ensaio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
t (experimental) 90 80 70 45 180 120 60 50 110 120 125
t (modelo) 106.67 80.43 79.17 52.93 171.71 145.47 76.73 50.49 95.45 95.45 95.45
Desv. rel. (%) -18.52 -0.5 -13.1 -17.62 4.6 -21.22 -27.88 -0.8 13.22 20.45 23.64

Os desvios relativos obtidos são bons, aproximadamente 20% em média, na condição


otimizada (ensaio 4).

Tabela 2 - Análise de coeficiente de regressão para o tempo da reação de transesterificação.


Fator Coeficiente de Erro t(2) p -95% +95%
regressão padrão Cnf. Limt Cf. Limt
Média 95,45 2,30 41,41 0,00058 85,54 105,36
T -13,12 2,70 -4,86 0,03982 -24,74 -1,51
C -30,62 2,70 -11,34 0,00768 -42,24 -19,00
r 15,62 2,70 -5,79 0,02859 -27,24 -4,00
T×C 4,37 2,70 1,62 0,24663 -7,24 15,99
T×r -4,37 2,70 1,62 0,24663 -7,24 15,99
C×r -16,87 2,70 6,25 0,02466 5,26 28,49

Com a Análise de Variância apresentada na tabela 3 verificou-se através do coeficiente


de regressão de 0,9 e o teste F, que o modelo é preditivo e significativo (Fcalculado>Ftabelado).
Portanto, foi possível construir as superfícies de respostas apresentadas na Figura 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

693
Tabela 3 - Análise de Variância para o Planejamento experimental 23
Fonte de variação Soma quadrática Graus de liberdade Média quadrática F calculado
Regressão 13112,5 4 3278,125 6,32
Resíduos 3110,23 6 518,37
Falta de ajuste 2993,56 4
Erro puro 116,7 2
Total 16222,73 10

,95;4;6 = 4,53 r=0,90


F0tabel

a)

b)

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694
c)

Figura 2. Superfícies de resposta e curvas de contorno para, a) tempo de reação em função da


temperatura e concentração do catalisador. b) tempo de reação em função da temperatura e
relação Óleo:Álcool. c) tempo de reação em função da relação óleo:álcool e concentração do
catalisador.

Pode-se observar na Figura 2.-a que independente do nível da temperatura o incremento


da concentração de catalisador diminuiu o tempo da reação, onde os menores tempos de
reação ocorreram nas temperaturas próximas a 50ºC utilizando concentrações altas de
catalisador, de 1,5% (ensaio 4 e 8), alcançando aproximadamente 50 minutos de reação.
Na Figura 2. b independente da relação molar o incremento da temperatura reduziu o
tempo de reação, sendo os menores tempos de reação obtidos com temperaturas próximas a
50ºC e relação molar no nível inferior de 1:6, ou seja, excesso de álcool.
Na Figura 2. c observa-se que, em excesso de álcool, na relação molar e nas mais altas
concentrações de catalisador obteve-se o menor tempo reacional.
Com as condições estudadas neste trabalho durante a otimização do tempo de reação
para síntese do biodiesel etílico, utilizando a técnica de planejamento experimental e análise
de superfície de resposta, foi possível obter uma redução no tempo reacional de
aproximadamente 75%, diminuindo de 180 minutos (ensaio 5) e para 45 minutos (ensaio 4).
Assim, a condição otimizada para esta síntese, minimizando o tempo de reação para 45
minutos foi à temperatura no nível superior de 50ºC, a concentração de catalisador de 1,5% e
a relação molar (óleo:álcool) no nível inferior de 1:6, ou seja, excesso de substrato alcoólico.

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695
4 CONCLUSÃO
Na análise dos resultados, observou-se nitidamente o efeito da relação molar
(triglicerídeo:etanol) e do catalisador sobre a reação de transesterificação, catalisada por
alcóxidos metálicos. O efeito individual e combinado das variáveis demonstrou que o
catalisador, juntamente com a relação molar óleo:álcool, tem a maior influência no tempo
reacional. Como se pode perceber, a temperatura tem pouca influência no tempo de reação,
quando analisada individualmente e/ou combinada com a quantidade de EtOH e concentração
de catalisador. Através da análise de coeficientes de regressão foi possível desenvolver uma
equação que prevê o tempo da reação, t, em função das variáveis independentes significativas
T, C e r.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLARK, S. J.; WANGNER, L.; SCHROCK, M. D.; PIENNAAR, P. G. Methyl and ethyl
soybean esters as renewable fuels for diesel engines. (1984).

KORUS, R. A.; HOFFMAN, D. S.; BARN, N.; PETERSON, C. L.; DROWN, D.C.;
Department of Chemical Engineering University of Idaho, Moscow, ID 83843, U.S.
Department of Agriculture-ARS Cooperative Agreement #58-43YK-7-0045 Amendment #4.
Sem data.

VICENTE, G.; COTERON, A.; MARTINEZ, M.; ARACIL, J.; Application of the factorial
design of experiments and response surface methodology to optimize biodiesel production.
Industrial Crops and Products. 8: 29–35 (1998).

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696
INFLUÊNCIA DE CULTURAS INTERCALARES NO CRESCIMENTO DO
DENDEZEIRO EM ÁREAS DEGRADADAS

Raimundo Nonato Carvalho Rocha, CPAA/EMBRAPA, rocha@cpaa.embrapa.br


Maria do Rosário Lobato Rodrigues, CPAA/EMBRAPA, chgeral@cpaa.embrapa.br
Paulo César Teixeira, CPAA/EMBRAPA, paulo@cpaa.embrapa.br
Jeferson Luis Vasconcelos de Macêdo, CPAA/EMBRAPA, jmacedo@cpaa.embrapa.br
Raimundo Nonato Viera da Cunha, CPAA/EMBRAPA, rnonato@cpaa.embrapa.br
Ricardo Lopes, CPAA/EMBRAPA, ricardo@cpaa.embrapa.br

RESUMO: O grande desafio para a pesquisa agrícola nos trópicos úmidos é desenvolver
sistemas de produção, ecologicamente adequados à região. O cultivo do dendê atende às
premissas de que nas condições edafoclimáticas da Amazônia, deve-se cultivar espécies
perenes, por oferecerem maior proteção do solo, por apresentarem menor impacto ao
ambiente e por melhor se adaptarem à sua baixa fertilidade natural. O desenvolvimento de
práticas agrícolas para a conversão de áreas degradadas em sistemas agrícolas sustentáveis,
indicam um caminho promissor na proteção da floresta primária contra novos desmatamentos,
bem como para o assentamento de pequenos produtores em áreas atualmente improdutivas. O
presente trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento do dendezeiro consorciado
com banana, macaxeira, abacaxi e vegetação natural durante os três primeiros anos de cultivo.
O experimento foi instalado na Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM. Foi utilizado o
delineamento em blocos ao acaso com três repetições. Os tratamentos foram constituídos de
quatro sistemas de cultivos; dendê x banana, dendê x macaxeira, dendê x abacaxi e dendê x
vegetação espontânea, com e sem calagem. O experimento teve duração de três anos. Durante
a condução, os tratos culturais foram realizados conforme necessidade para cada sistema. O
crescimento do dendezeiro foi avaliado por meio de medições da circunferência do coleto, nº
de folhas/planta e comprimento da folha 9 aos 12 e 30 meses. Os dados foram submetidos à
análise de variância e as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. Os sistemas dendê x abacaxi e dendê x macaxeira proporcionaram as maiores
taxas de crescimento do dendezeiro; o sistema dendê x banana proporcionou a menor taxa de
crescimento do dendezeiro.

Palavras-Chave: Elaeis guineensis, sistemas de cultivos, áreas degradadas.


1 INTRODUÇÃO

O grande desafio para a pesquisa agrícola nos trópicos úmidos é desenvolver sistemas
de produção, ecologicamente adequados à região. O cultivo do dendê (Elaeis guineensis)
atende às premissas de que nas condições edafoclimáticas da Amazônia, deve-se cultivar
espécies perenes, por oferecerem maior proteção do solo, por apresentarem menor impacto
ao ambiente e por melhor se adaptarem à sua baixa fertilidade natural. As práticas culturais
adotadas na dendeicultura, como a utilização de leguminosas para a cobertura do solo ou a
associação com culturas alimentares no período pré-produtivo, aliados ao aspecto de cultura
perene permitem perfeita cobertura do solo e propicia reconstituição do ambiente florestal,
possibilitando ainda, sua implantação em áreas degradadas, com as vantagens de se ter um
sistema intensivo altamente produtivo e permanentemente valorizado.
De acordo com informações levantadas por Hanson e Cassman (1994), a área de solos
degradadas no planeta saltou de 6% em 1945 para 17% em 1990, e com a manutenção dos
modelos de uso da terra atuais, em 2005 cerca de 25% das terras agricultáveis estarão em
estado de degradação. A degradação de áreas agrícolas em todo o mundo tem causado um
significativo impacto na produção agrícola. Entre 1945 e 1990 cerca de 17% de perda de
produtividade tem sido atribuída à degradação de solos (Scherr e Yadav, 1997).
Na Amazônia brasileira cerca de 70 milhões de hectares de florestas já foram
desmatados, sendo 95% desta superfície transformada em pastagens. Estima-se atualmente
que metade desta área de pastagens, em zonas de terra firme, encontram-se em diferentes
estágios de degradação (Fearnside, 1997).
Entretanto, são poucas as informações para atender à demanda, por parte dos vários
segmentos da sociedade interessados na cultura do dendê, para ocupar essas áreas. O
desenvolvimento de práticas agrícolas para a conversão destas áreas degradadas em sistemas
agrícolas sustentáveis, indicam um caminho promissor na proteção da floresta primária contra
novos desmatamentos, bem como para o assentamento de pequenos produtores em áreas
atualmente improdutivas.
Esse trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o desenvolvimento do
dendezeiro consorciado com banana, macaxeira, abacaxi e vegetação natural durante os três
primeiros anos de cultivo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

697
2 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado no Campo Experimental do Distrito Agropecuário da


Suframa DAS, da Embrapa Amazônia Ocidental/CPAA, localizado no km-54, da BR-174, em
área de terra firme, entre as coordenadas geográficas 2º 31’ a 2º32’ de latitude Sul e 60º 01’ a
60º 02’ de longitude Oeste. A ocupação da área do experimento teve início em 1977, quando a
floresta primária foi derrubada e queimada para dar lugar à atividade pecuária. A partir de
1986, devido à degradação e a baixa produtividade, as áreas de pastagens foram abandonados.
O solo da área de estudo foi classificado como Latossolo Amarelo muito argiloso com
baixo teor de nutrientes disponíveis e alta saturação por alumínio. O clima local é
caracterizado pelas estações quentes úmida, do tipo Ami, conforme a classificação de
Koppen, com temperatura média entre 25 e 28 ºC e precipitações pluviométricas anuais na
ordem de 2000 a 2800mm. A umidade relativa do ar se mantém elevada, sendo a média anual
entre 85 a 90%, e a luminosidade na região varia de 1500 a 3000 horas/ano de radiação solar.
Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso com três repetições. Os tratamentos
foram constituídos de quatro sistemas de cultivos; dendê x banana, dendê x macaxeira, dendê
x abacaxi e dendê x vegetação espontânea, com e sem calagem, tendo o dendezeiro como
cultura principal. Cada bloco foi constituído de oito parcelas e estas por sua vez foram
constituídas de 24 plantas de dendê (4 linhas de 6 plantas), sendo oito plantas úteis. O plantio
do dendê seguiu o dispositivo em triângulo eqüilátero de 9 m de lado (9 m dentro da linha e
7,80 m entre as linhas de plantio), perfazendo uma população de 143 plantas/ha, ocupando,
portanto, uma área de cerca de 4,02 ha com 576 plantas. As culturas intercalares foram
dispostas nas entrelinhas do dendê (carreador), obedecendo à distância mínima de 1,5 m das
entrelinhas de plantio do dendê.
O experimento teve duração de três anos (2004 a 2006). Durante a condução, os tratos
culturais foram realizados conforme necessidade para cada sistema. O crescimento do
dendezeiro foi avaliado por meio de medições da circunferência do coleto, largura e
espessura do ráquis, número de folhas por planta e comprimento da folha 9 aos 12 e 30
meses após o plantio. Os dados foram submetidos à análise de variância, com o auxílio do
programa estatístico SAEG, com as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

698
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os maiores valores da circunferência do coleto (CC) observados foram para os
sistemas de cultivo dendê x abacaxi e dendê x macaxeira, significativamente superiores
comparados ao sistema dendê x banana. As maiores taxas de crescimento apresentadas pelo
dendezeiro foram para os sistemas dendê x abacaxi e dendê x macaxeira. O sistema dendê x
vegetação espontânea apresentou taxa de crescimento para circunferência do coleto (CC)
intermediária, inferior aos sistemas dendê x abacaxi e macaxeira e semelhante ao sistema
dendê x banana. Os menores incrementos ocorridos no sistema dendê x banana foram
atribuídos a uma maior competição interespecífica por luz gerada nesse sistema (Tabela 1).

Tabela 1 - Médias da circunferência do coleto (CC), largura (LR) e espessura do ráquis (ER),
comprimento da folha 09 (CF9), número de folíolos da folha 09 (NFP) e número de folhas
por planta (NF9) em função de diferentes sistemas de cultivo de dendezeiro aos 30 meses
após o plantio
Sistemas de CC1 CC LR ER CF9 NFP NF9
-----------------------------cm------------------------
Dendê x Banana 90,98 a 175,98 b 2,66 a 4,33 a 306 a 38 a 107 a
Dendê x Macaxeira 91,09 a 193,00 a 2,76 a 4,51 a 284 b 39 a 105 a
Dendê x Abacaxi 94,94 a 201,15 a 2,78 a 4,50 a 278 b 39 a 106 a
Dendê x V. natural 93,07 a 189,43 ab 2,62 a 4,28 a 271 b 39 a 106 a
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

O sistema de dendê x banana apresentou o maior comprimento da folha 9, diferindo


estatisticamente dos demais sistemas. Esse resultado ratifica o efeito competitivo
interespecífico, sobretudo por luz, entre a bananeira e o dendezeiro no arranjo espacial em
que foram submetidas às plantas de banana nas entrelinhas do dendê (Tabela 1).

Os resultados obtidos nos sistemas dendê x macaxeira, dendê x abacaxi e dendê x


vegetação espontânea para o crescimento da circunferência do coleto, aos 30 meses, foram
similares aos encontrados por Rodrigues et al. (1993), estudando a resposta do dendezeiro a
aplicação de fertilizante em um Latossolo Amarelo textura muito argilosa nas condições do
médio Amazonas. Portanto, podemos inferir que o crescimento do dendezeiro cultivado em
áreas alteradas, empobrecidas nutricionalmente, apresentou comportamento semelhante ao
cultivado em áreas recém desbravadas. O bom desempenho do dendezeiro em solos álicos e

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

699
de baixa fertilidade comprova a adaptação da cultura para estas condições.

Tabela 2 - Médias da circunferência do coleto (CC), largura (LR) e espessura do ráquis (ER),
comprimento da folha 9 (CF9), número de folíolos da folha 9 (NF9) e número de folhas por
planta (NFP) de plantas de dendezeiro em diferentes sistemas de cultivo com e sem calagem

Sistemas/Calagem CC11/ CC LR ER CF9 NFP NF9

com* sem Com Sem com sem com Sem com sem com sem com sem
-----------------------------------cm-------------------------------
Dendê x Banana 89,16a 92,5a 167,3b 184,6a 4,29a 4,37a 2,72a 2,6a 311 a 301a 36a 40a 106a 107a
Dendê x 93,20a 88,9a 192,3a 193,6 4,63a 4,38a 2,86a 2,67a 291ab 278a 38a 40a 103a 106a
Macaxeira a
Dendê x Abacaxi 96,12a 93,7a 200,4 a 201,8 4,56a 4,44a 2,79a 2,77a 283b 274a 39a 38a 106a 104a
a
Dendê x V. natural 93,64a 92,5a 188,4ab 190,3 4,29a 4,27a 2,66a 2,59a 274b 267a 38a 40a 106a 103a
a

Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de
Tukey.
Medição feita aos 12 meses de idade
* 1,5 t/há de calcário dolomítico

A calagem não influenciou o crescimento do dendezeiro em nenhumas das


características avaliadas nos quatro sistemas de cultivos (Tabela 2). Esses resultados
confirmam a baixa responsividade do dendezeiro a calagem, em função da grande eficiência
de desenvolvimento em solos pobres e ácidos. Essas características apresentadas pelo
dendezeiro fazem com que a cultura se destaque como uma das mais promissoras no aporte de
matéria prima para produção de biocombustíveis.

4 CONCLUSÕES
O uso de práticas para a conversão de áreas degradadas em sistemas agrícolas
sustentáveis é uma alternativa promissora para a proteção da floresta primária, ao se reduzir a
necessidade de novos desmatamentos, bem como, constituindo-se em uma alternativa para a
revitalização de áreas atualmente improdutivas;
Os sistemas dendê x abacaxi e dendê x macaxeira proporcionaram as maiores taxas de
crescimento do dendezeiro;
O sistema dendê x banana proporcionou a menor taxa de crescimento do dendezeiro.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

700
5 APOIO FINANCEIRO
CNPq, PRODETAB, Embrapa Amazônia Ocidental, CPAA e Embrapa Transferência
de Tecnologia/Escritório de Negócios da Amazônia.

6 REFERÊNCIAS bIBLIOGRÁFICAS
FEARNSIDE P.M. Amazonie: la déforestation, repart de plus belle. La Recherche, p.44-46.
1997.

HANSON, R.G.; CASSMAN, K.G. Soil management and sustainable agriculture in the
developing world. In: 15th World Congress of Soil Science, Acapulco, Mexico, v.7A:
Commission VI Symposia. Sociedad Mexicana de la Ciencia del Suelo, Mexico, p.17-33,
1994.

RODRIGUES, M.R.L. Resposta de dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) à aplicação de


fertilizantes nas condições de médio Amazonas. 1993. 81 p. (Tese de Mestrado).

SCHERR, S.J.; YADAV, S. Land degradation in the developing world: Issues and Policy
options for 2020. International food policy research institute. <
www.ifpri.cgiar.org/2020/briefs >.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

701
ANÁLISE FINANCEIRA DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO DENDEZEIRO
(Elaeis guineensis Jacq.) EM MONOCULTIVO E INTERCALADO COM
ABACAXI (Ananas comusus L. Merril) EM ÁREAS DEGRADADAS NA
AMAZÔNIA OCIDENTAL

Raimundo Nonato Carvalho Rocha, CPAA/EMBRAPA, rocha@cpaa.embrapa.br


Maria do Rosário Lobato Rodrigues, CPAA/EMBRAPA, chgeral@cpaa.embrapa.br
Jeferson Luis Vasconcelos de Macêdo, CPAA/EMBRAPA, jmacedo@cpaa.embrapa.br
Ricardo Lopes, CPAA/EMBRAPA, ricardo@cpaa.embrapa.br
Paulo Cesar Teixeira, CPAA/EMBRAPA, paulo@cpaa.embrapa.br
Wanderlei Antônio Alves de Lima, CPAA/EMBRAPA, wanderlei@cpaa.embrapa.br

RESUMO: Uma alternativa para se estudar a rentabilidade e comparar sistemas de produção


diferentes é o uso de instrumentos de análise que apresentam indicadores a partir de
estimativas sobre fluxos de caixa. Este estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade
econômica do cultivo do dendezeiro em monocultivo e intercalado com abacaxi em áreas
degradadas da Amazônia Ocidental. O experimento foi instalado na Embrapa Amazônia
Ocidental, Manaus, AM. Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso com três
repetições. Os tratamentos foram constituídos de dois sistemas de cultivos (dendê x abacaxi e
dendê em monocultivo) com e sem calagem, tendo o dendezeiro como cultura principal. O
experimento teve duração de três anos (2004/2006). Durante a condução, os tratos culturais
(adubação, controle de plantas daninhas e controle de pragas e etc.) foram realizados
conforme necessidade para cada sistema. Os dados de produção do abacaxi foram coletados e
convertidos para hectare de consórcio. Para o cálculo das receitas, considerou-se os preços
reais de mercado pago aos produtores durante a safra do abacaxi. Os indicadores utilizados
para avaliar o desempenho financeiro dos sistemas de cultivo foram: Valor Presente Líquido
(VPL) - diferença positiva entre receitas e custos atualizados para determinada taxa de
desconto e Relação Benefício Custo (B/C) - relação entre o valor presente dos benefícios e o
valor presente dos custos, para determinada taxa de juros. O sistema dendê x abacaxi
proporcionou amortização de 100 % dos custos de implantação e manutenção do sistema no
período de três anos; o dendê intercalado com abacaxi mostrou-se altamente viável podendo
ser recomendado como alternativa econômica para produção de dendê voltado para
agricultura familiar.

Palavras-Chave: Elaeis guineensis Jacq, Ananas comusus L. Merril, análise financeira,


recuperação de áreas degradas.

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702
1 INTRODUÇÃO
O grande desafio para a pesquisa agrícola nos trópicos úmidos é desenvolver sistemas
de produção, ecologicamente adequados à região. Na Amazônia brasileira cerca de 70
milhões de hectares de florestas já foram desmatados, sendo 95% desta superfície
transformada em pastagens. Estima-se atualmente que metade desta área de pastagens, em
zonas de terra firme, encontra-se em diferentes estágios de degradação (Fearnside, 1997).
Os solos agricultáveis existentes no mundo são recursos finitos, 78 % da superfície do
planeta não é utilizável para fins agrícolas. Dos 22 % restantes utilizáveis para a agricultura,
13 % possuem baixa capacidade produtiva, 6 % média e apenas 3 % é caracterizada como de
alta capacidade produtiva para produção agrícola intensiva (Lal e Stewart, 1992).
De acordo com informações levantadas por Hanson e Cassman (1994), a área de solos
degradadas no planeta saltou de 6% em 1945 para 17% em 1990, e com a manutenção dos
modelos de uso da terra atuais, em 2005 cerca de 25% das terras agricultáveis estarão em
estado de degradação.
A degradação de áreas agrícolas em todo mundo tem causado um significativo impacto
na produção agrícola. Entre 1945 e 1990 cerca de 17% de perda de produtividade tem sido
atribuída à degradação de solos (Scherr e Yadav, 1997).
O cultivo do dendê atende às premissas de que nas condições edafoclimáticas da
Amazônia, deve-se cultivar espécies perenes, por oferecerem maior proteção do solo, por
apresentarem menor impacto ao ambiente e por melhor se adaptarem à sua baixa fertilidade
natural. As práticas culturais adotadas na dendeicultura, como a utilização de leguminosas
para a cobertura do solo ou a associação com culturas alimentares no período improdutivo,
aliados ao aspecto de cultura perene permitem perfeita cobertura do solo e propicia
reconstituição do ambiente florestal, possibilitando ainda, sua implantação em áreas
degradadas, com as vantagens de se ter um sistema intensivo altamente produtivo e
permanentemente valorizado. Entretanto, são poucas as informações para atender à demanda,
por parte dos vários segmentos da sociedade potencialmente interessados na cultura do dendê,
para ocupar essas áreas. Por outro lado, Smith et al. (1992) afirmam ser a cultura do dendê
recomendada para reabilitação de áreas degradadas, em regiões tropicais, citando o caso de
regiões da África, onde o dendê está sendo cultivado, com sucesso, em áreas degradadas.
Gonçalves (1981) ressaltou que os consórcios, por lidarem com diferentes ciclos de
culturas, propiciam otimização da força de trabalho, safras mais elevadas e,
consequentemente, maior rentabilidade para o produtor rural. Além disso, o consórcio entre

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

703
plantas com diferentes ciclos e/ou portes reduz o crescimento de ervas daninhas, controla a
erosão e aperfeiçoa o uso de insumos agrícolas.
Dentro deste contexto encontram-se os sistemas de cultivos intercalares que se baseiam
no cultivo simultâneo, em uma mesma área, de duas ou mais culturas por um período
considerável de seu ciclo de desenvolvimento. São utilizados pelos agricultores há séculos e
muito comun nos países menos desenvolvidos, sobretudo em pequenas propriedades.
Este estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade econômica do cultivo do
dendezeiro em monocultivo e intercalado com abacaxi em áreas degradadas da Amazônia
Ocidental.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no Campo Experimental do Distrito Agropecuário da
Suframa DAS, da Embrapa Amazônia Ocidental/CPAA, localizado no km-54, da BR-174, em
área de terra firme, entre as coordenadas geográficas 2º 31’ a 2º32’ de latitude Sul e 60º 01’ a
60º 02’ de longitude Oeste.
O solo da área de estudo foi classificado como Latossolo Amarelo muito argiloso com
baixo teor de nutrientes disponíveis e alta saturação por alumínio. O clima local conforme a
classificação de Koppen apresenta temperatura média entre 25 e 28 ºC e precipitações anuais
de 2000 a 2800 mm. A umidade relativa média anual entre 85 a 90%, e a luminosidade na
região varia de 1500 a 3000 horas/ano de radiação solar.
Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso com três repetições. Os tratamentos
foram constituídos de dois sistemas de cultivos: dendê x abacaxi e dendê em monocultivo,
com e sem calagem. Cada bloco foi constituído de quatro parcelas e estas por sua vez foram
constituídas de 24 plantas de dendê, sendo oito plantas úteis. O plantio do dendê seguiu o
dispositivo em triângulo eqüilátero de 9 m de lado, totalizando 143 plantas/ha.
No sistema dendê x abacaxi quatro fileiras duplas de abacaxi, variedade Regional foi
plantada nas entrelinhas do dendê no espaçamento de 1,0 x 0,4 x 0,4 m, sendo 1,0 m entre
fileiras duplas, 0,4 m entre plantas na fileira dupla e 0,4 m entre plantas na linha. Cada parcela
de abacaxi foi composta por 1.928 plantas, ocupando uma área de 540 m2, sendo 270 m2 por
carreador. O arranjo espacial utilizado proporcionou uma população de 12.850 plantas de
abacaxi por hectare de consórcio, correspondendo a 36% de ocupação da área.
Durante a condução, os tratos culturais foram realizados conforme necessidade para
cada sistema. Os dados de produção do abacaxi foram convertidos para hectare de consórcio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

704
Para o cálculo das receitas, considerou-se os preços reais de mercado pago aos
produtores durante a safra seguindo a seguinte classificação 1ª, 2ª e 3ª (R$ 1,20; R$ 0,80 e R$
0,30, respectivamente. Os indicadores utilizados para avaliar o desempenho financeiro dos
sistemas de cultivo foram: Valor Presente Líquido (VPL) - diferença positiva entre receitas e
custos atualizados para determinada taxa de desconto e Relação Benefício Custo (B/C) -
relação entre o valor presente dos benefícios e o valor presente dos custos, para determinada
taxa de juros.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os custos de implantação e manutenção por hectare nos três anos de cultivo dos
sistemas dendê x abacaxi e dendê em monocultivo foram da ordem de R$ 11.000,00 e R$
7.006,00 respectivamente. Analisando separadamente cada sistema, os itens que se
destacaram pelo maior volume de recursos alocados no sistema dendê x abacaxi foram
fertilizantes e tratos culturais com 33% e 29% respectivamente. Para o dendê em monocultivo
foram tratos culturais e fertilizantes com 37% e 25% respectivamente.
Constatou-se que os itens relacionados com mão-de-obra tiveram importante
participação nos custos dos sistemas produtivos, sendo responsáveis por 53% e 59% para
dendê x abacaxi e dendê em monocultivo respectivamente. A intensiva utilização de mão-de-
obra para a realização das atividades demonstra o importante papel desses sistemas na
ocupação e fixação do homem ao campo. Nas figuras 1 e 2 são apresentados os custos totais
por hectare dos sistemas dendê x abacaxi e dendê em monocultivo para implantação e
manutenção anual, receitas obtidas e o fluxo de caixa durante os três primeiros anos agrícolas.
Verifica-se que no sistema dendê x abacaxi o custo total para a implantação de 1,0 ha do
sistema oscilou em torno de R$ 7.191,00; R$ 2.038,00 e R$ 1.771,00 para a manutenção do
primeiro, segundo e terceiro anos após a implantação, respectivamente (Figura 1). A cultura
do abacaxi teve seu ciclo variando de 16 a 18 meses, assim, não apresentou receita no ano de
implantação. Porém, no segundo ano, obteve-se uma receita bruta total de R$ 11.636,00 o
qual foi proveniente da comercialização de produção de 6.766; 4.115 e 750 fruto de abacaxi
de 1ª, 2ª e 3ª categorias, vendidos a R$ 1,20, R$ 0,80 e R$ 0,30 a unidade, respectivamente. A
receita bruta total obtida pela venda do abacaxi, além de amortizar 100% os custos de
implantação e manutenção do sistema, proporcionou receita líquida de R$ 636,00 no
transcorrer de três anos de implantação do sistema (Figura 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

705
Para o dendê em monocultivo constatou-se que o custo total para a implantação de 1 ha
de dendê, considerando somente a parte agrícola, sem levar em consideração investimentos de
infra-estrutura e máquinas, oscilou em torno de R$ 4.063,00; R$ 1.181,00 e R$ 1.761,00 para
a implantação do primeiro ano e manutenção do segundo e terceiro ano após a implantação,
respectivamente (Figura 2). Estes custos estão de acordo com os apresentados por Lima et al.
(2000) e FNP (2005) e cuja região referencial é o Estado do Pará.

Cus to s Re ceitas Fluxo de caixa Custos Receitas Fluxo de caixa

150 0 0 7006
11636 1100011636
8000
12 0 0 0 9598 6000 4063
9000 7191 4000
1761

Valores (R$)
1181
6000 2000 0.0 0.0 0.0 0.0
2038 1771 0
3000 636
0,00 0,00
-2000 1 2 3 Total
0 -1181 -1761
-4000
-3 0 0 0 1 2 3 To tal
-1771 -6000 -4063
-6 0 0 0 -8000 -7006
-9 0 0 0 -7191 Ano s Anos

Figura 1. Custos, receitas e fluxo de caixa do sistema Figura 2. Custos, receitas e fluxo de caixa do dendê
de cultivo de dendê x abacaxi durante três anos. em monocultivo durante três anos.

Ao analisarmos os fluxos de caixa do sistema de cultivo dendê x abacaxi observamos


que o mesmo apresentou um VPL positivo (R$ 1.914,00 e R$ 346,00), o que se verificou no
segundo e terceiro ano após implantação do sistema, respectivamente (Figura 3). Podemos
inferir que com apenas um ciclo do abacaxizeiro este sistema foi altamente positivo
contribuindo grandemente para custear a implantação do sistema e ainda amortizar todos os
custos de implantação do dendezeiro durante três anos da fase pré-produtiva.
Os resultados obtidos no sistema dendê x abacaxi corroboram os encontrados por
Coelho (1991), estudando consórcio de laranja x abacaxi na Embrapa Mandioca e
Fruticultura. Utilizando um arranjo espacial que permitiu uma ocupação da área consorciada
equivalente a 60% de um hectare, a cultura do abacaxi proporcionou uma produtividade de
20.000 mil frutos por hectare de consórcio. A rentabilidade da cultura do abacaxi com apenas
um ciclo de cultivo correspondeu ao custo de implantação de dois hectares de laranja.
Trabalhos semelhantes feitos também no Estado do Amazonas por Corrêa et al. (1981),
testando o consórcio de guaraná com abacaxi Smooth Cayenne, concluíram que o produtor de
guaraná pode beneficiar-se desse sistema e ressarcir as despesas de implantação do
guaranazal. O aproveitamento da área do consórcio pela cultura do abacaxi foi de 70%, com
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

706
uma população de 20.000 plantas/ha de consórcio e uma produtividade de 32,8 t/ha de frutos
de abacaxi.
O dendê em monocultivo a curva do VPL apresentou tendência descendente, que
permanecerá até o início da colheita, que começará a partir do terceiro ano. Estudo realizado
por Lima et al. (2000) mostrou que o ponto de equilíbrio do componente agrícola é atingindo
somente a partir do 9º ano de exploração do dendezeiro em monocultivo. A antecipação do
ponto de equilíbrio pode aumentar a viabilidade de exploração da cultura para pequenos
agricultores, neste trabalho, quando o dendezeiro foi intercalado com o abacaxizeiro na fase
pré-produtiva, o ponto de equilíbrio foi atingindo logo no terceiro ano de cultivo (Figura 3). A
cultura do dendê comportaria nas entrelinhas mais um ciclo com a cultura do abacaxi, não
avaliado neste estudo, que tornaria muito mais favorável o sistema de consorcio do dendê x
abacaxi.
O adequado desempenho econômico apresentado na fase pré-produtiva do dendezeiro
nos sistemas de cultivos consorciados vem de encontro com um dos principais gargalos
apresentados para dendeicultura em relação à agricultura familiar. É notório que um dos
principais fatores limitantes ao desenvolvimento da cadeia produtiva do dendê é o tempo que
transcorre entre a implantação da cultura e a obtenção dos primeiros retornos econômicos
positivos. Mesmo na fase compreendida entre os três e os seis anos da implantação (fase
inicial da colheita), a receita apenas empata com as despesas, quando o dendê é cultivado em
monocultura (Lima et al., 2000). Por esse motivo, torna-se fundamental o uso de sistemas
consorciados no seguimento de exploração da dendeicultura no âmbito da agricultura familiar.

Re laçã o B /C - Ta xa de 6% ao ano
4.000,00
2.000,00 3
0,00
-2.000,00 1 2 3 2

-4.000,00
7
-6.000,00 1

-8.000,00
De ndê x Aba c a xi De ndê e m m o no c ultivo
P e río do (a no s )

Dend ê x Ab acaxi Dend ê em mo no cultivo Re to rno pa ra cada R $ 1,0 inve s tido

Figura 3. Valor presente líquido (VPL) dos sistemas Figura 4. Relação Benefício/Custo dos sistemas
dendê x abacaxi e dendê em monocultivo a uma taxa dendê x abacaxi e dendê em monocultivo a uma taxa
de desconto de 6% ao ano. de desconto de 6% ao ano.

Os coeficientes da relação Benefício Custo (B/C) superiores à unidade, demonstram a


viabilidade financeira dos sistemas. Na Figura 4 observa-se que o sistema de cultivo dendê x
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

707
abacaxi, a partir do 2º ano após a implantação, já apresentou uma relação B/C da ordem de
1,21, significando que, para cada real investido obteve-se um lucro de R$ 0,21 centavos,
enquanto que dendê em monocultivo não houve entrada de caixa, conseqüentemente a relação
B/C permaneceu zero.

4 CONCLUSÃO
O sistema de cultivo dendê x abacaxi foi altamente viável proporcionando amortização
de 100% dos custos de implantação e manutenção do sistema no período de três anos. O
dendê intercalado com abacaxi mostrou-se altamente viável podendo ser recomendado como
alternativa econômica para produção de dendê voltado para agricultura familiar. O uso de
práticas para a conversão de áreas degradadas em sistemas agrícolas sustentáveis é uma
alternativa promissora para a proteção da floresta primária, ao se reduzir a necessidade de
novos desmatamentos, bem como, constituindo-se em uma alternativa para a revitalização de
áreas atualmente improdutivas.

5 AGRADECIMENTOS
CNPq, PRODETAB, Embrapa Amazônia Ocidental, CPAA e Embrapa Transferência
de Tecnologia/Escritório de Negócios da Amazônia.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, S.R. Consorciação de culturas – técnicas de análises e estudos da
distribuição. UnB, Brasília. 1981. 217 p. (Tese de Mestrado).

HANSON, R.G.; CASSMAN, K.G. Soil management and sustainable agriculture in the
developing world. In: 15th World Congress of Soil Science, Acapulco, Mexico, v.7A:
Commission VI Symposia. Sociedad Mexicana de la Ciencia del Suelo, Mexico, p.17-33,
1994.

LIMA, S.M.V.; FREITAS FILHO, A.; CASTRO, A.M.G.; SOUZA, H.R. Desempenho da
cadeia produtiva do dendê na Amazônia legal. In: MULLER, A.A.; FURLAN JUNIOR, J.
AGRONEGÓCIO DÊNDE: uma alternativa social, econômica e ambiental para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia. 2000. p.251-288.

OIL WORLD. Oil World Annual. Hamburg: ISTA Mielke, 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

708
DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MAMONA EM DUAS
DENSIDADES DE PLANTIO NA SAFRINHA (VALE DO PARAÍBA/SP,
2006-07)

Antonio Carlos Pries Devide, APTA/REGIONAL, antoniodevide@aptaregional.sp.gov.br


Cristina Maria de Castro, APTA/FUNDAG, crimcastro@terra.com.br
Hélio Minoru Takada, APTA/REGIONAL, minoru@aptaregional.sp.gov.br

RESUMO: A ricinocultura está em destaque no Vale do Paraíba paulista devido à instalação


de agroindústrias para extração de óleos e o incentivo governamental para a produção de
biodiesel. Com objetivo de atender a demanda por informações técnicas a APTA – Agência
Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, por meio do Pólo Regional do Vale do Paraíba;
órgão da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo; realizou um experimento para
avaliar o desempenho agronômico de três cultivares de mamona em duas densidades de
plantio na safrinha, conduzidas para produção de duas safras consecutivas, sem a realização
de poda após a primeira colheita. Foram observados os aspectos fitotécnicos relacionados ao
desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da espécie. A primeira colheita revelou produções
na média nacional (646 kg ha-¹), com exceção da cv. IAC 2028, que apresentou o pior
desempenho. Porém, na segunda colheita e no total de grãos colhidos as três cultivares não
diferiram entre si. A segunda colheita representou cerca de 70 % do total acumulado (média
2.400 kg ha-¹). O cultivo adensado na safrinha não refletiu em ganho na produção. Novos
estudos devem ser desenvolvidos a fim de confirmar as produções obtidas. Os resultados
demonstraram a viabilidade técnica do plantio das cultivares CATI AL Guarany 2002, IAC
Guarani e IAC 2028 no período da entressafra no Vale do Paraíba para duas colheitas
sucessivas.

Palavras-Chave: Mamona, Ricinus communis, safrinha, cultivares, espaçamento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

709
1 INTRODUÇÃO
A ricinocultura está em destaque no Vale do Paraíba paulista devido à instalação de
agroindústrias de extração de óleos e incentivo governamental por meio do Programa
Nacional de Biodiesel (PNB). Entretanto, o levantamento da aptidão climática considerou o
Vale como marginal ao cultivo da mamoneira, devido à estação seca pouco pronunciada e
restrições térmicas (IAC, 1977ab), não havendo informações do comportamento frente às
condições regionais.
O plantio de mamona na safrinha pode ser viável para a região, considerando a época
recomendada para o Estado (outubro-novembro) predisponente a ocorrência de mofo cinzento
(Amphobotrys ricini), principal doença que afeta a inflorescência e impede a completa
formação dos frutos (SAVY FILHO, 2005; SILVA, 2005; LIMA et al., 1997). Na safrinha, a
cultura pode vir a ser uma alternativa de renda extra para o agricultor (SAVY FILHO et al.,
2007; SAVY FILHO, 2005), além de possibilitar a colheita mecânica devido ao menor
desenvolvimento vegetativo (POLETINE, 2004).
A pesquisa em sistemas sustentáveis de produção é uma das demandas da região e
podem representar mudanças na paisagem do Vale com a introdução do cultivo de mamona
na safrinha. Porém, esses sistemas ainda precisam ser avaliados para uma recomendação
efetiva aos produtores (RAMOS et al., 2006).
A presente pesquisa teve por fim avaliar o comportamento de três cultivares de mamona
em duas densidades de plantio na safrinha, conduzidas para produzirem duas safras
consecutivas, sem a realização de poda após a primeira colheita. O plantio adensado e as duas
colheitas consecutivas podem compensar a baixa produção da mamoneira, previsível na
safrinha.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado em 30/03/2006 no Pólo Regional do Vale do Paraíba,
APTA/SAA em Latossolo Vermelho Amarelo, textura franco-argilosa, relevo suave ondulado
no Terciário, em Pindamonhangaba/SP. A caracterização química do solo consta na Tabela 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

710
Tabela 1. Resultados da análise de solo da unidade experimental cultivada com mamona, Pólo
Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-07).
MO pH P K Ca Mg Al H+Al SB CTC V B Cu Fe Mn Zn
g/dm³ CaCl2 mg/dm³ ----------------- mmolc/dm³ ------------------ % ------------ mg/dm³ -------------
32,5 4,35 5,5 0,8 10,5 7,5 12 58 18,8 76,8 25 0,31 1,05 78,5 8,05 0,9

O clima baseado na classificação de Köppen é caracterizado como Cwa – quente com


inverno seco (VERDADE et al., 1961). A Figura 1 representa os dados relativos temperatura
mínima e média, precipitação e insolação na Estação Climatológica Agrícola do Pólo
Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP.

28 210
Temp. mínima mensal
Temp. média

precipitação pluviométrica (mm)


24 180
PPT
Insolação média
número de horas de luz

20 150

16 120

12 90

8 60

4 30

0 0
mar/06

mai/06

mar/07

mai/07
ab/06

jun/06

set/06

out/06
jul/06

ag/06

nov/06

dez/06

jan/07

ab/07
fev/07

Figura 1. Temperatura mínima e média, precipitação e insolação na Estação Climatológica


Agrícola do Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP. Fonte: Centro
Integrado de Informações Agrometeorológicas CIIAGRO-INFOSECA (INSTITUTO
AGRONÔMICO DE CAMPINAS, 2007).

O delineamento utilizado foi em blocos ao acaso no esquema fatorial 3x2 (três


cultivares x dois espaçamentos) com quatro repetições. As parcelas de cinco linhas com cinco
metros tiveram 25 e 40 plantas (15 e 24 na área útil) nos espaçamentos 1,0 x 1,0 e 1,0 x 0,6 m.
O ciclo de 180 dias após o plantio (dap) e frutos indeiscentes, são características comuns das
cultivares avaliadas: CATI AL Guarany 2002, IAC Guarani e IAC 2028.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

711
Foi realizada calagem em área total com calcário dolomítico (2,0 Mg ha-¹ PRNT 75%),
incorporado com aração e gradagem. O plantio foi manual na safrinha (30/03/2006) com três
sementes por cova adubada com 600g de esterco de curral curtido+10g de cloreto de
potássio+100g de termofosfato magnesiano, desbaste realizado 40 dias após a germinação,
deixando-se uma planta/cova. A primeira colheita foi realizada 182 dap (27/09/2006). A
segunda, aos 287 dap (10/01/2007). Os cachos colhidos manualmente foram debulhados secos
ao sol em terreiro de cimento. Foram realizadas três capinas a enxada (03/05, 25/07/2006). A
terceira antecedeu a adubação de cobertura (25g planta-¹ 20-5-20) 203 dap. Pulverizações
mensais com o biofertilizante Agrobio (16 litros : 400 litros de calda ha-¹) para melhorias na
nutrição, foram alternadas com o defensivo Calda Sulfocálcica (4litros : 400 litros de calda ha-
¹) para o controle do ácaro vermelho (Tetranychus desertorum) (julho a agosto).
Foram avaliados os componentes de produção da planta - número de racemos, número
de frutos nos racemos e massa de 100 grãos; e do comportamento vegetativo e reprodutivo -
altura das plantas, comprimento do racemo, relação comprimento do racemo com
frutos/comprimento total do racemo. Os dados de produção na primeira colheita sofreram
transformação por meio da opção: Raiz quadrada de Y+0.5-SQRT (Y+0.5).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A extensão do período de cultivo para obtenção de colheitas sucessivas compensou a
baixa produção previsível na safrinha. A média total das cultivares superou em duas vezes e
meia a média nacional de 646 kg ha-¹ (CONAB, 2006), que é considerada baixa. As cultivares
apresentaram produções semelhantes nos dois espaçamentos testados (Tukey, p<0,05). A
segunda colheita representou cerca de 70% do total colhido (média 2.450 kg ha-¹) (Tabela2).
A cultivar IAC 2028 diferiu das demais apresentando reduzida produção aos 182 dap (487,9
kg ha-¹).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

712
Tabela 2. Produção de grãos na safrinha de três cultivares de mamona conduzidas para
obtenção de duas safras sucessivas no Pólo Regional do Vale do Paraíba,
Pindamonhangaba/SP ( 2006-07).
Produção (kg ha-1)
Cultivar 1ª colheita 2ª colheita
Total
(182dap) (287 dap)
IAC Guarani 817,67 ab 1.717,04 a 2.534,71a
IAC 2028 489,97 a 1.738,85 a 2.228,82 a
CATI AL Guarany 2002 872,93 b 1.714,26 a 2.587,20 a
CV 19,14 19,27 20,28
DMS 539,94 445,17 664,27
*valores representam médias de quatro repetições; letras minúsculas iguais nas colunas indicam diferenças não-
significativas (Tukey p<0,05).

Comparando as cultivares IAC 2028 e IAC Guarani em três localidades do Estado de


São Paulo em quatro safras agrícolas (1999/2000, 2002/2003, 2003/2004 e 2006), SAVY
FILHO et al. (2007) obtiveram produção média de 1.950 kg ha-1 para a cv. IAC 2028,
superando em 15,8% a cv. IAC Guarani. No ano de 2006 os ensaios foram desenvolvidos na
safrinha, obtendo-se produtividade de 1.071 kg ha-1 para a cv. IAC 2028 contra 984 kg ha-1 da
cv. IAC Guarani. No presente experimento apesar da primeira colheita da cv. IAC 2028 ser
muito baixa, a segunda colheita e o montante acumulado foram superiores em cerca de 60 e
108% o valor obtido por SAVY FILHO et al. (2007) na safrinha. Estes autores reportaram
reduções de produtividade nesta época de cerca de 50%, devendo-se considerar ser este
cultivo uma segunda renda para o produtor, indicando populações maiores de 11.000 a 20.000
plantas por hectare, na safrinha, conforme a disponibilidade hídrica e o sistema de colheita
adotado.
POLETINE et al. (2004) verificaram que a redução no espaçamento para a cv. CATI
AL Guarany 2002 favoreceu a competição entre plantas e o estiolamento, revelando
produtividade média de 853,6 kg ha-¹ na safrinha sob o espaçamento 1,0 x 0,5m. Por possuir
porte médio, o espaçamento recomendado é o 1,5 x 1,0 m (DSMM, 2002). Entretanto, SAVY
FILHO (2005) recomenda para a cv. IAC Guarani, também de porte médio, o espaçamento
1,0 x 1,0 m como mais adequado.
A análise dos dados de massa de 100 grãos revelou diferenças significativas entre
cultivares (Tabela 3). Na primeira colheita, IAC Guarani e CATI AL Guarany 2002
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

713
superaram a cv. IAC 2028 nos dois espaçamentos. Por sua vez, IAC Guarani apresentou o
melhor rendimento no espaçamento 1,0 x 1,0 m. Na segunda colheita, as diferenças entre
cultivares foram menos perceptíveis. Contudo, nota-se a tendência de reduções no peso de
100 grãos na segunda colheita para as cultivares IAC Guarani e CATI AL Guarany 2002,
provavelmente em ocorrência de mofo cinzento no segundo ciclo de produção, beneficiado
pelo aumento da umidade relativa do ar. Os valores de massa de 100 grãos obtidos foram
próximos aos reportados por SAVY FILHO et. al. (2007) para a cultivar IAC 2028 (45 g) e
SAVY FILHO (2005) para a cv. IAC Guarani (43 g).

Tabela 3. Massa de 100 grãos expressa em gramas, de três cultivares de mamona em duas
densidades de plantio na safrinha, conduzidas para duas safras consecutivas no Pólo Regional
do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-07).
Massa de 100 grãos
Cultivar 1ª colheita 2ª colheita
DMS DMS
1,0x1,0 1,0x0,6 1,0x1,0 1,0x 0,6
IAC 2028 44,25aA 42,90aA 3,793 43,25abA 42,38abA 2,919
IAC Guarani 53,82bA 48,50bB 3,793 40,00aA 38,75aA 2,919
CATI AL Guarany 54,17bA 50,29bA 4,097 44,63bA 42,67bA 3,153
CV ------- 5,11------ ------ 4,59 ------
DMS 4,631 4,882 3,564 3,757
*os valores representam médias de quatro repetições; letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas iguais
nas linhas e indicam diferenças não-significativas (Tukey p<0,05).

As cultivares IAC Guarani e CATI AL Guarany 2002 superaram a cv. IAC 2028 na
primeira colheita para número de racemos por planta no espaçamento 1,0 x 1,0 m (Tabela 4).
SAVY FILHO et. al. (2007) descreve a cv. IAC 2028 como emitente em média de uma
inflorescência primária, cinco a sete secundárias e sete a nove terciárias. A média encontrada
no presente experimento foi de 1,1 racemos na primeira colheita (racemos primários) e 2,3 na
segunda (racemos secundários e terciários). Na segunda colheita essas diferenças foram
menos perceptíveis.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

714
Tabela 4. Número de racemos em três cultivares de mamona sob duas densidades de plantio
na safrinha, conduzidas para duas safras consecutivas no Pólo Regional do Vale do Paraíba,
Pindamonhangaba/SP (2006-07).
1ª colheita (182dap) 2ª colheita (287dap)
Cultivar Nº racemos Nº racemos
DMS DMS
1,0x1,0 1,0x0,6 1,0x1,0 1,0x0,6
IAC 2028 1,1 aA 1,1 aA 0,539 3,2 aA 2,3 aB 0,793
IAC Guarani 1,9 bA 1,7 aA 0,539 4,1 abA 3,3 bB 0,793
CATI AL Guarany 2002 2,3 bA 1,7 aB 0,582 4,3 bA 2,9 abB 0,857
CV 21,72 15,60
DMS 0,658 0,694 0,969 1,021
*os valores representam médias de quatro repetições; letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas iguais
nas linhas indicam diferenças não-significativas (Tukey p<0,05).

Todas as cultivares apresentaram na segunda colheita reduções do número de racemos


por planta no espaçamento 1,0 x 0,6 m em relação ao espaçamento 1,0 x 1,0 m. A cv. CATI
AL Guarany 2002 revelou essas diferenças já na primeira colheita, indicando a necessidade de
espaçamentos maiores para seu cultivo.
O efeito do estresse hídrico na emissão da inflorescência da mamoneira foi pesquisado
por BARROS JUNIOR et. al. (2004), nas cultivares Nordestina e Paraguaçu, sob condições
de estufa em Campina Grande/PB, confirmando a diminuição no número de inflorescências
das cultivares mantidas sob estresse hídrico. Com 100% de água disponível, as cultivares
produziram em média oito inflorescências, e com 60 e 80% de água disponível, um e três
racemos por planta.
Ainda na primeira colheita as diferenças foram significativas para o número de frutos
por racemo, apenas para o espaçamento, não diferindo entre cultivares. No espaçamento 1,0 x
0,6 m foram computados 23(a) contra 27(b) frutos por racemo obtidos no espaçamento 1,0 x
1,0 m [CV (%) 16,21; DMS 3,66, Tukey p<0,05]. Essas diferenças não foram observadas
entre cultivares e, também, não houve interações significativas entre as cultivares e os
espaçamentos testados, para todos os parâmetros avaliados no experimento.
Os valores percentuais referentes ao tamanho do racemo com flores femininas em
relação ao comprimento total do racemo indicam a ocorrência de inversão sexual na primeira
colheita (Figura 3 e 4). O percentual de 85% do racemo com frutos na segunda colheita está
próximo aos valores obtidos por SAVY FILHO et. al. (2007) com a cv. IAC 2028.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

715
proporção de flores fem ininas
proporção de flores m asculinas
21

18

comprimento do racemo
15
66.52% 62.98% 62.81%
12

cm
9

6
33.48% 37.02% 37.19%
3

0
Guarani IAC 2028 Al Guarany

Primeira colheita (27/09/2007)


Figura 2. Comprimento do racemo e % com frutos nas três cultivares de mamona na primeira
colheita (182 dap), Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP, 2006-07.

proporção de flores fem ininas


proporção de flores m asculinas
30

25
comprimento do racemo

20
85.44% 84.19% 84.42%
cm

15

10

5
14.56% 15.81% 15.58%

0
Guarani IAC 2028 Al Guarany

Segunda colheita (10/01/2007)


Figura 3. Comprimento do racemo e % com frutos nas três cultivares de mamona na segunda
colheita (287 dap), Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP, 2006-07.

A mamoneira apresenta elevada plasticidade fenotípica devido a interações de fatores


genéticos e ambientais (TÁVORA, 1982; SAVY FILHO, 2005). É uma espécie de dias
longos necessitando ao menos de 13 horas de luz para uma floração plena. Dias longos
favorecem a formação de flores femininas enquanto que dias curtos, de flores masculinas.
Abaixo de nove horas ocorre inversão sexual. Segundo MOSKIN (1986), a alta nebulosidade
interfere no balanço hormonal das giberelinas promovendo a inversão sexual das flores, que
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

716
também é estimulada por deficiência nutricional e temperaturas elevadas. Em revisão
bibliográfica, BELTRÃO (2006), afirma que o fotoperiodismo é o fator mais importante na
mudança da sexualidade da mamona. A melhor relação de flores femininas/masculinas ocorre
com 15 horas de luz, na proporção de 2,3:1 feminina:masculina. Assim, as condições de baixa
luminosidade no Vale do Paraíba, devido a alta nebulosidade, pode representar reduções
significativas na relação flor feminina/masculina.
O desenvolvimento inicial lento, produção de racemos menores e menor proporção de
frutos por racemo possivelmente estão relacionados, também, ao déficit hídrico. No presente
experimento, foi notável o incremento nos valores de todos os parâmetros avaliados após a
primeira colheita, possivelmente devido às chuvas neste período, com destaque para altura da
planta (Figura 4).

120
a
100 a
b
80
altura(cm)

60

40

CATI AL Guarany
20 IAC 2028
IAC Guarany
0
jun/06 ago/06 out/06 de z/06

Figura 4. Desenvolvimento vegetativo de três cultivares de mamona na safrinha, conduzidas para


duas colheitas consecutivas no Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP, 2006-07.

Porém, a mamoneira possui capacidade de se recuperar de condições ambientais


adversas. Com o aumento da precipitação pluviométrica, as cultivares apresentaram vigoroso
crescimento. Ao final, IAC Guarani e CATI AL Guarany 2002 apresentaram porte
significativamente mais elevado que a cv. IAC 2028 (Figura 3). SAVY FILHO et. al. (2007)
citam que altura média dessa cultivar pode variar entre 150 e 180 cm, sendo considerada de
porte baixo, confirmando com as observações da presente pesquisa (Figura 4).
POLETINE et al. (2004), em avaliações de cultivares na safrinha para lavoura
mecanizada no Estado de São Paulo, observaram na cv. CATI AL Guarany 2002 altura média
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

717
de 171 cm no espaçamento 1,0 x 0,5 m, destacando o estiolamento ocorrido em virtude do
plantio adensado. Sendo este cultivar considerado de porte médio, recomenda-se o
espaçamento 1,5 x 1,0 m (DSMM, 2002).
Apesar do inverno seco limitante ao desenvolvimento e produção da mamoneira, o seu
cultivo pode trazer benefícios, por meio da melhor utilização da unidade de produção,
rotacionando culturas rústicas, ciclando nutrientes e aumentando a biodiversidade. A baixa
precipitação pluviométrica nessa época do ano não ocasiona os processos erosivos de solo que
normalmente podem se instalar, em virtude do lento desenvolvimento inicial das plantas e
baixo índice de área foliar nesse período (SAVY FILHO, 2005), além de não contribuir para a
ocorrência de mofo cinzento (Amphobotrys ricini).

4 CONCLUSÃO
A segunda colheita representou cerca de 70 % do total acumulado (média de 2.400 kg
ha-¹).
A cv. IAC 2028 apresentou porte baixo e a cv. CATI AL Guarany 2002 demanda
espaçamentos maiores para seu cultivo.
Os resultados demonstram a viabilidade técnica do plantio de todas as cultivares na
safrinha no Vale do Paraíba, para duas colheitas consecutivas.
O cultivo adensado não refletiu ganho de produção.
Novos estudos devem ser realizados a fim de confirmar o comportamento das
cultivares.

5 AGRADECIMENTO
À FUNDAG – Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola e à Empresa ETR Óleos S/A,
que financiaram a pesquisa.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS JUNIOR; G.; GUERRA, H.O.C.; LACERDA, R.D. de; CAVALCANTI, M.L.F.;
BARROS, A.L. Efeito do estresse hídrico na emissão da inflorescência de duas cultivares de
mamona. In: I Congresso Brasileiro de Mamona: Energia e Sustentabilidade. Resumos...
Campina Grande (PB). 2004. CD-ROM.

BELTRÃO, N.E.M. O clima e seus efeitos na floração e capacidade de produção da


mamoneira. Considerações preliminares. In: II Congresso Brasileiro de Mamona. Resumos...,
Aracaju. 2006. CD-ROM.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

718
CONAB. Mamona Brasil: serie histórica de produtividade (safras 1976/77a 2005/06).
Disponível em: < http:www.conab.gov.br/conabweb/dowload/safra/mamonaseriehist.xls. >
Acesso em 15 jan. 2007.

DEPARTAMENTO DE SEMENTES E MUDAS (DSMM). Mamona Al Guarany 2002.


CECOR, SAA/CATI, 2002. (folder).

IAC - INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS. Aptidão Climática para a Cultura da


Mamona no Estado de São Paulo, Campinas: SAA - Secretaria de Agricultura e
Abastecimento, Coordenadoria de Pesquisa Agropecuária. Mapa. 1977a.

IAC - INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS. Zoneamento Ecológico da Cultura da


Mamona no Estado de São Paulo, Campinas: SAA - Secretaria de Agricultura e
Abastecimento, Coordenadoria de Pesquisa Agropecuária. Mapa. 1977b.

MOSHKIN, V.A. Flowering and pollination. In: MOSHKIN, V.A (ed). Castor. New Deli,
Indian. Amerind Publishing Co. Pvt. Ltd. P.43-49, 1986.

POLETINE, J.P.; AMARAL, J.G.C. do; ZANOTTO, M.D.; MACIEL, C.D.G. Avaliação de
cultivares de mamona (Ricinus communis L.) para o Estado de São Paulo. I Congresso
Brasileiro de Mamona. Resumos... Campina Grande, 2004. CD-ROM.

RAMOS, N.P.; AMORIM, E.P.; GALLI, J.A; MARTINS, AL.M.; BRANCALIÃO, S.R.;
SAVY, A.; BOLONHEZI, D. Desempenho vegetativo de mamona sob diferentes sistemas de
manejo de solo. In: II Congresso Brasileiro de Mamona. Resumos... Aracaju. 2006. CD-
ROM.

SAVY FILHO, A; AMORIM, E. P.; RAMOS, N. P.; MARTINS, A. L. M.; CAVICHIOLI, J.


C. Novas Cultivares IAC-2028: nova cultivar de mamona. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v. 42, n. 3, p. 449-452. 2007.

SAVY FILHO, A. Mamona Tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105p.

SILVA, S. D. dos A. A cultura da mamona na região de clima temperado: informações


preliminares. 33p. 2005. Documentos 149. <
http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/download/documentos/documento_149.pdf. >
TAVORA, F. J. A. A cultura da mamona. Fortaleza: EPACE, 111p., 1982.

VERDADE, F.C.; HUNGRIA, L.S.; RUSSO, R.; NASCIMENTO, A.C.; GROHMANN, F.;
PENNA MEDINA, H. Solos da Bacia de Taubaté (Vale do Paraíba): levantamento de
reconhecimento. Séries monotípicas, suas propriedades genético-morfológicas, físicas e
químicas. In: Bragancia, Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, v.20, n.4, 322p.,
1961.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

719
MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE
JATROPHA CURCAS L.

Maria Regina Gonçalves Ungaro, IAC, ungaro@iac.sp.gov.br


Amadeu Regitano Neto, IAC, regitano@iac.sp.gov.br

RESUMO: Os estudos com pinhão manso (Jatropha curcas L.) tiveram como objetivos a
avaliação de mudas produzidas por diferentes métodos de propagação para seleção do mais
adequado, aliado à germinação das sementes obtidas a partir de plantas originadas pelos
diferentes tipos de propagação. A avaliação do método de propagação envolveu estudos com
estacas e com sementes. As estacas foram oriundas de poda em plantas de J. Curcas,
existentes em Tatuí, SP, em área pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas, IAC. Os
tratamentos constaram de: 1) Haste principal seccionada; 2) Haste principal não-seccionada;
3) Ramo principal; 4) Sementes. A haste seccionada recebeu um corte na porção apical antes
de ser colocada para enraizar. As mudas formadas foram mantidas por 105 dias em casa-de-
vegetação e transplantadas com cerca de 30cm de altura. O experimento de campo foi
instalado no delineamento de blocos ao acaso, com 4 tratamentos e 6 repetições. Cada parcela
foi constituída por 1 linha de 5 plantas, no espaçamento de 3 x 3m. Os resultados mostraram
que o desenvolvimento inicial das mudas de pinhão transplantadas no campo é maior nas
plantas originárias de mudas de haste principal seccionada (HPS) e menor para aquelas
oriundas de sementes (S); a produção de grãos não foi influenciada pela origem das mudas; as
sementes das plantas originadas de mudas obtidas de hastes principais não seccionadas
mostraram melhor conservação, com maior viabilidade das sementes após 1 ano de estocagem
em condições ambientais.

Palavras-Chave: Mudas, estacas, produção de grãos, pinhão manso, Jatropha curcas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

720
1 INTRODUÇÃO
Entre os diversos óleos de espécies brasileiras, testados para utilização como
combustível para motores de ciclo diesel, o óleo obtido a partir de sementes de pinhão manso,
é um dos que apresentaram melhores características técnicas. Além de não ser comestível,
pode ser cultivado em áreas marginais, de difícil utilização para cultivos tradicionais; quando
em solos de melhor qualidade, permitem o cultivo intercalar, com culturas comestíveis e
energéticas, como girassol, ou culturas de subsistência como o milho, o feijão, o algodão e o
amendoim (SALEME, 2005). Além disso, segundo (SWAMY & SINGH, 2006), sobrevive
sob condições de seca extrema e pode adicionar grande quantidade de matéria orgânica ao
solo através da derrubada das folhas no inverno e pelo extenso sistema radicular.
No Estado de São Paulo, segundo observações preliminares, o pinhão manso apresenta
dormência nos meses mais frios (junho a setembro), quando ocorre a queda das folhas e
ausência de crescimento vegetativo; o florescimento inicia-se em outubro e os frutos são
colhidos entre janeiro e início de março. A multiplicação pode ser feita por sementes, estacas
e enxertia (CANECCHIO, 1949). Nas zonas equatoriais, ele chega a florescer duas vezes no
ano. Em Minas Gerais, a colheita das sementes ocorre apenas uma vez, pelo menos nas
condições de desenvolvimento espontâneo da planta, embora a produção se distribua entre
janeiro e julho, quando então o pinhão-manso entra em repouso vegetativo, com perda das
folhas, até o início das chuvas em outubro, período em que se inicia nova brotação.
As sementes utilizadas na disseminação devem provir de plantas robustas e saudáveis,
dotadas de boa produtividade, que tenham entre 2-15 anos de idade. Os frutos devem estar
entre verde claro e amarelo e devem ser secos na sombra por uma semana (SWAMY &
SINGH, 2006). O sistema de propagação em viveiros é mais racional e deve ser o
recomendado, pois as plantas novas têm um melhor acompanhamento, resultando em menor
número de falhas no campo, melhor sanidade e robustez.
O comportamento da semente depende de muitos parâmetros como espécie, ano de
coleta, época e modo de colheita, tempo e condição de estocagem, manuseio durante o
armazenamento e a colheita (SWARUP, 2006).
O trabalho teve por objetivo o estudo do melhor método de propagação de J. curcas,
aliado à germinação das sementes obtidas a partir de plantas originadas pelos diferentes
métodos de propagação.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

721
2 MATERIAL E MÉTODOS
A avaliação do método de propagação envolveu estudos com estacas e com sementes.
As estacas foram oriundas de poda em plantas de J. curcas, existentes em Tatuí, SP, em área
pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas, IAC. Os tratamentos constaram de: 1)
Haste principal seccionada; 2) Haste principal não-seccionada; 3) Ramo principal; 4)
Sementes. A haste seccionada recebeu um corte na porção apical antes de ser colocada para
enraizar.
A formação das mudas foi feita em sacos de polietileno, sendo as estacas e as sementes
plantadas simultaneamente. Cada repetição era composta por 15 estacas. As mudas formadas
foram mantidas por 105 dias em casa-de-vegetação e transplantadas com cerca de 30cm de
altura.
O experimento de campo foi instalado no delineamento de blocos ao acaso, com 4
tratamentos e 6 repetições. Cada parcela foi constituída por 1 linha de 5 plantas, no
espaçamento de 3 x 3m.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pela Tabela 1 pode-se observar que o desenvolvimento inicial das mudas de pinhão
transplantadas no campo é maior nas plantas originárias de mudas de haste principal
seccionada (HPS) e menor para aquelas oriundas de sementes. No entanto, na fase adulta
essas diferenças foram eliminadas, resultando em mesma produção de grãos, como
visualizado na Tabela 2.
Com relação à germinação de sementes oriundas de plantas podadas e não podadas, os
resultados obtidos são encontrados na Tabela III. Observa-se uma melhor conservação das
sementes oriundas de mudas de hastes principais não seccionadas, com número
significativamente menor de sementes mortas e maior número de sementes normais, viáveis,
apesar de não terem diferido estatisticamente por Tukey a 5%. Os tratamentos HPS e S
tiveram conservação de sementes bastante semelhante com respeito à porcentagem de
sementes viáveis, dormentes e mortas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

722
Tabela 2 - Média de altura de planta, diâmetro de copa e número de ramos secundários,
avaliados em mudas obtidas de haste principal não seccionada (HPN), haste principal
seccionada (HPS), ramo primário não seccionado (RP) e de sementes (S), 130 e 160 dias após
o estaqueamento/semeadura.
Tratamentos Parâmetros avaliados*
Altura de planta Diâmetro da copa Número de ramos
(cm) (cm) secundários
HPN 28,6 21,0 1,9
47,2 31,5 1,9

HPS 44,1 31,6 2,7


64,8 41,2 2,7

RP 25,2 18,9 0,2


48,3 28,9 0,2

S 6,0 7,5 -
16,4 15,6 -
*Para cada item, o número superior se refere às observações feitas aos 130 dias após o
estaqueamento/semeadura, e o inferior, aos 160 dias.

Tabela 2 - Produção de grãos obtida no ensaio envolvendo diferentes materiais de propagação


de pinhão manso no estágio adulto (média de 6 repetições), plantado no espaçamento de 3 x
3m.
Tratamentos Produção de grãos
g/parcela g/planta
HPN 5958 a 1192 a
HPS 5692 a 1138 a
RP 5521 a 1101 a
S 6208 a 1242 a
Médias seguidas por mesma letra não diferem por Tukey a 5%.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

723
Tabela 3 - Resultados da avaliação de germinação das sementes obtidas de plantas que
passaram ou não por poda em comparação com aquelas oriundas de sementes, após 1 ano de
estocagem em condições ambientais. Média de 6 repetições.
Tipo de Germinação
planta
Normais Anormais Dormentes Mortas
HPN 71,50 a 2,50 a 13,33 a 11,50 b
RP 63,33 a 2,00 a 13,00 a 20,50 a
HPS 57,00 a 1,17 a 17,17 a 24,50 a
S 58,17 a 2,33 a 15,33 a 23,50 a
Médias seguidas por mesma letra não diferem por Tukey a 5%.

4 CONCLUSÕES
O desenvolvimento inicial das mudas de pinhão transplantadas no campo é maior nas
plantas originárias de mudas de haste principal seccionada (HPS) e menor para aquelas
oriundas de sementes (S);
A produção de grãos não foi influenciada pela origem das mudas;
As sementes das plantas originadas de mudas obtidas de hastes principais não
seccionadas mostraram melhor conservação, com maior viabilidade das sementes após 1 ano
de estocagem em condições ambientais.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SALEME, W.J.L. Potencial do Pinhão-Manso para o Programa Nacional de Biodiesel.
Instituto Fênix de Pesquisa e Desenvolvimento Sustentável, Brasília, 2005. 11p. In:
POTENCIAL DO PINHÃO-MANSO PARA O PROGRAMA NACIONAL DE BIODIESEL.
Fundação de Estudos e Pesquisa em Administração e Desenvolvimento- FEPAD Acessado
em 27 de abril de 2006. Disponível em: <
http://www.fepad.org.br/NovoSite/%5Fdinamico/?Link=seminario. >

SWAMY, S.L.; SINGH, L. Jatropha curcas for biofuel plantations. In: BIODIESEL
CONFERENCE TOWARDS ENERGY INDEPENDENCE- Focus on Jatropha,
Proceedings..., Hiderabad, p.143-157, 2006.

SWARUP, R., Quality planting material and seed standards in Jatropha. In: BIODIESEL
CONFERENCE TOWARDS ENERGY INDEPENDENCE- Focus on Jatropha,
Proceedings..., Hiderabad, p.129-135, 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

724
ESPAÇAMENTO E PODA NA CULTURA DO PINHÂO MANSO (Jatropha
curcas L.)

Maria Regina Gonçalves Ungaro, IAC, ungaro@iac.sp.gov.br


Lizz Kezzi de Morais, IAC, lizz@iac.sp.gov.br
Amadeu Regitano Neto, IAC, regitano@iac.sp.gov.br
Ignacio José de Godoy, IAC, ijgodoy@iac.sp.gov.br

RESUMO: O trabalho teve por objetivo estudar o efeito da densidade de plantas e da poda
dos ramos na produtividade em grãos de plantas de pinhão-manso. Sementes obtidas no
Estado de Minas Gerais foram semeadas em sacos plásticos e germinadas em condições de
casa-de-vegetação, sendo transplantadas no campo 3 meses após a semeadura. O experimento
de campo foi instalado no delineamento em parcelas sub-divididas, com 4 repetições, em
latossolo vermelho-amarelo orto, em Tatuí, SP, em área pertencente ao IAC. Foram estudados
dois níveis de espaçamento entre linhas (2 e 3m) e dois entre plantas (1 e 2m). Para cada
combinação de espaçamento, as parcelas foram divididas de maneira a receberem dois tipos
de poda e um terceiro tratamento sem poda. Cada unidade experimental foi constituída por
três linhas de seis plantas, num total de 864 plantas. Os resultados indicam que quanto mais
adensado o número de plantas por hectare, maior a produtividade em grãos; a produção de
cada planta, individualmente, não foi influenciada pelas densidades populacionais; não houve
vantagens produtivas com a realização de poda dos galhos de J. Curcas.

Palavras-Chave: Produção de grãos, densidade populacional, pinhão manso, Jatropha


curcas L.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

725
1 INTRODUÇÃO
Jatropha curcas produz sementes com cerca de 40% de óleo, que pode ser utilizado
para a fabricação de biodiesel, entre outras utilizações. A planta pode-se desenvolver em
diferentes condições de uso do solo (DATTA & PANDEY, 2005), sendo facilmente
propagada por sementes e mudas, começando a produzir em dois anos, estendendo-se para
mais de 40 anos.
Segundo SALEME (2005), a planta de pinhão-manso cresce de forma espontânea em
solos secos, pedregosos e pouco férteis, em clima desfavorável à maioria das culturas
alimentares tradicionais. Apresenta raízes profundas, melhora o microclima, diminui a erosão,
fertiliza o solo com a queda de suas folhas, além de poder ser plantado em consorciação com
outras oleaginosas ou culturas de subsistência como o milho, o feijão, o algodão e o
amendoim.
Com relação à produtividade, existem grandes controvérsias nas literaturas disponíveis,
que por si só já justificam o desenvolvimento de um trabalho mais amplo de pesquisa. Sabe-se
que os rendimentos por planta variam conforme as condições edafoclimáticas, regularidade
pluviométrica e tratos durante o cultivo. De acordo com os dados obtidos de plantios
organizados de J. curcas, desenvolvidos no Centro Experimental de Ségou, na antiga África
Ocidental Francesa, a produtividade da cultura alcançava índices em torno de 8.000 Kg de
sementes por hectare.
Em Minas Gerais, DRUMMOND et al. (1984) recomendam que, em terrenos mais
pobres, o pinhão-manso pode ser plantado nos espaçamentos de 3 x 3m ou 3 x 2m.
Na Índia, estudos com poda indicam que ela deve ser feita podando-se a gema apical da
haste principal com 1 ano de idade aumenta o número de brotações principais e secundárias,
aumentando o número de ramos por planta.
O trabalho teve por objetivo estudar o efeito da densidade de plantas e da poda dos
ramos na produtividade em grãos de plantas de pinhão-manso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
As sementes para o experimento foram obtidas no Estado de Minas Gerais. Elas foram
semeadas em sacos plásticos e germinadas em condições de casa-de-vegetação, sendo
transplantadas no campo 3 meses após a semeadura.
O experimento foi instalado no delineamento em parcelas sub-divididas, com 4
repetições, em latosolo vermelho-amarelo orto, em Tatuí, SP, em área pertencente ao IAC.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

726
Foram estudados dois níveis de espaçamento entre linhas (2 e 3m) e dois entre plantas
(1 e 2m). Para cada combinação de espaçamento, as parcelas foram divididas de maneira a
receberem dois tipos de poda e um terceiro tratamento sem poda. Cada unidade experimental
foi constituída por três linhas de seis plantas, num total de 864 plantas.
Foram utilizados os seguintes tipos de poda:
P1- sem poda
P2- poda de ramos secundários, com 1 ano de idade
P3- poda do ramo apical, com 1 ano de idade

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1- Resultados da produção de grãos por planta e por hectare, nos diferentes
espaçamentos e podas, após 4 anos de plantio das mudas no campo. Média de 4 repetições.
Espaçam Poda 1 Poda 2 Poda 3 Média
g/pl kg/ha g/pl kg/ha g/pl kg/ha g/pl kg/ha
2x1 718 3594 937 4626 797 3984 817 a 4088 a
3x1 1052 3510 749 2748 687 2291 829 a 2850 ab
2x2 804 2010 742 1855 702 1757 749 a 1874 bc
3x2 781 1302 675 1061 807 1346 754 a 1236 c
Média 838 a 2604 a 776 a 2588 a 748 a 2345 a
Médias seguidas por mesma letra não diferem por Tukey a 5%.

Os resultados apresentados na Tabela 1 foram obtidos no ensaio de poda x


espaçamento, quatro anos após o plantio das mudas no campo. Não houve diferença
estatística, por Tukey a 5%, para a produção de grãos por planta nos diferentes espaçamentos
e tipos de poda; no entanto, quando se calculou a produção obtida em cada tratamento, em
kg/ha, os tratamentos de poda não mostraram influência na produção. Para o pinhão-manso, a
produção por planta não se modificou nos diferentes espaçamentos. Por seu lado, a produção
por hectare apresentou-se diretamente relacionada ao número de plantas por área, resultado
nas maiores produções de grãos nos espaçamentos mais adensados de 2 e 3m2 por planta,
correspondentes aos espaçamentos 2 x 1 e 3 x 1, respectivamente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

727
4 CONCLUSÃO
Nas condições do experimento, no quarto ano após o plantio das mudas, observou-se
que:
Quanto mais adensado o número de plantas por hectare, maior a produção de grãos;
A produção de grãos, por planta, não foi influenciada nas diferentes densidades
populacionais, indicativo de que o pinhão-manso não consegue compensar eventuais falhas de
estande;
Não houve vantagens produtivas com a realização de poda dos galhos de J. curcas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DATTA, S.K.; PANDEY, R.K. Cultivation of Jatropha curcas- a viable biodiesel source. J.
Rural Technology, v. 1, n. 6, p. 304 – 308, 2005..

DRUMMOND, O.A.; PURCINO, A.A.C.; CUNHA, L.H.S.; VELOSO, J.M. Cultura do


pinhão-manso. Pesquisando, EPAMIG, Belo Horizonte, n.131, 6p. 1984.

SALEME, W.J.L. Potencial do Pinhão-Manso para o Programa Nacional de Biodiesel.


Instituto Fênix de Pesquisa e Desenvolvimento Sustentável, Brasília, 2005. 11p. In:
Potencial do Pinhão-Manso para o Programa Nacional de Biodiesel. Fundação de Estudos e
Pesquisa em Administração e Desenvolvimento- FEPAD. Disponível em: <
http://www.fepad.org.br/NovoSite/%5Fdinamico/?Link=seminario >, Acessado em 27 de
abril de 2006.

UNGARO, M.R.G.; CRUZ, L.S.P.; AMBROSIO, L.A. Efeito da densidade de plantas e da


modalidade de controle de mato em girassol (H. annuus L.). Revista de Agricultura,
Piracicaba, v.71, n.2, p.165-185, 1996.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

728
CONSIDERAÇÕES SOBRE PRAGAS E DOENÇAS DE PINHÃO-MANSO
NO ESTADO DE SÃO PAULO

Maria Regina Gonçalves Ungaro, IAC, ungaro@iac.sp.gov.br


Amadeu Regitano Neto, IAC, regitano@iac.sp.gov.br

RESUMO: Mesmo disseminado por vários estados brasileiros, como cerca viva, o pinhão é
praticamente desconhecido como cultura no Brasil. Pouquíssimos levantamentos sobre pragas
e doenças têm sido realizados, na maioria das vezes como simples constatações de ocorrência.
As pragas mais freqüentes têm sido os ácaros branco e vermelho, cupins e brocas; com
relação às doenças, destaca-se o oídio e o coletotrichum. Medidas de controle precisam ser
desenvolvidas, principalmente para as brocas, de difícil acesso.

Palavras-Chave: Pinhão manso, Jatropha curcas, pragas, doenças.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

729
1 INTRODUÇÃO
Observações realizadas no Estado de São Paulo detectaram vários insetos que utilizam
as plantas de pinhão-manso para sua alimentação e reprodução, muitas vezes tornando-se
pragas em decorrência do aumento acentuado de sua população.
O pinhão-manso é tido como uma planta pouco atacada por pragas e doenças,
entretanto, de acordo com SATURNINO (2005), ataques severos do ácaro branco
Polyphagotarsonemus latus Banks foram observados no mês de março de 2006 em Eldorado-
MS e Nova Porteirinha-MG. Segundo este mesmo autor, o pinhão-manso ainda pode ser
atacado por ácaro vermelho, tripes, percevejos fitófagos (Pachicoris torridus), cigarrinha
verde (Empoasca sp.) e cupins.
No início da década de 80, levantamentos realizados pela EPAMIG (SATURNINO,
2006) encontraram formigas “rapa-rapa” alimentando-se da casca da estaca ou da própria
muda, muitas vezes matando-a; ácaro branco e vermelho, trips e saúva; quando as condições
climáticas eram favoráveis, havia o aparecimento de oídio, facilmente controlado com
pulverizações à base de enxofre.

2 MATERIAL E MÉTODOS
As avaliações de incidência de pragas e doenças foram feitas nos ensaios realizados em
Tatuí e Campinas, em áreas pertencentes ao IAC, SP e durante a produção de mudas, em
Campinas, SP.
A confirmação das espécies foi feita nos laboratórios do Centro de Fitossanidade do
IAC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As seguintes pragas foram encontradas nos ensaios, muitas vezes causando danos
consideráveis e outras, sem maiores prejuízos: Sternocoelus notaticeps: Foi observado o
ataque intenso e de difícil controle de um Coleóptero da família Curculionidae. O adulto
coloca seus ovos no tecido parenquimatoso, os quais eclodem em larvas que se alimentam dos
tecidos internos do caule e dos ramos, formando verdadeiras galerias no interior dos mesmos.
A fase pupal se dá no interior dos tecidos e o inseto emerge para infestar novas plantas.
Os danos podem ser consideráveis, com perda das plantas fortemente infestadas. Sugere-se
fertilização com boro, uma vez que a carência desse elemento torna as plantas mais
susceptíveis às brocas.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

730
Em mandioca, (DANTAS et al., 1983; FARIAS, 1991 e 2000) discutem que o controle
químico dessas brocas não é aconselhável, uma vez que é difícil atingir as larvas no interior
das hastes; recomendam o monitoramento da cultura, especialmente durante o verão. As
hastes atacadas devem ser cortadas e queimadas, a fim de evitar o desenvolvimento das
larvas.
Polyphagotarsonemus latus (Banks): O ácaro branco pode ser encontrado na superfície
ventral das folhas, especialmente nas mais jovens. As folhas atacadas mostraram uma leve
curvatura para dentro, com rugosidade na superfície dorsal. Segundo SILVA et al. (1998) em
pimenta doce, as gemas terminais paralisam o crescimento e se formam pequenos tufos de
folhas deformadas; em temperaturas elevadas, tanto as durações dos estágios imaturos e
período de ovo - adulto foram reduzidas, muito embora não se possa descartar também a
influência da umidade relativa, fotofase, planta hospedeira e tipo de arena utilizada nos
estudos biológicos; a temperatura de 25 °C foi a mais adequada para a fertilidade (27,9 ovos).
VIEIRA (1995) obteve resultados semelhantes, quanto aos parâmetros biológicos da fase
adulta de P. latus, em experimentos desenvolvidos, respectivamente, em folhas novas de
algodoeiro (Gossypium hirsutum) e frutos novos de limoeiro: pre-oviposição (1,1; 0,9 dias),
oviposição (6,8; 8,9 dias), fertilidade (29,6; 24,9 ovos) e longevidade (fêmea - 10,0; 13,6;
macho - 8,8; 12,0 dias). Apesar de a autora ter usado metodologia e plantas hospedeiras
diferentes, ficou mais uma vez evidenciado que a temperatura é um dos fatores mais
importantes na biologia de P. latus.
De acordo com ALBUQUERQUE et al. (2004), nos brotos e folhas novas verificou-se
ataque intenso do ácaro branco. As folhas novas apresentavam os bordos voltados para baixo,
coriáceas e com aspecto vítreo na face abaxial. À medida que as plantas se desenvolviam, as
folhas foram apresentando ondulações e um aspecto enrijecido com significativo
comprometimento da área fotossintética. As plantas atacadas apresentavam redução no
desenvolvimento. Não foi observado o ataque do ácaro em plantas cultivadas na casa de
vegetação. As infestações foram observadas a partir do início do mês de junho. A temperatura
média neste período foi de 22,1 ºC, umidade relativa do ar de 83% e precipitação de 5,6 mm.
A época de ocorrência do ácaro branco no município de Campina Grande coincide com
o mesmo período de ocorrência no Estado de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, conforme
verificado por SATURNINO et al. (2005).
Controle deve ser realizado logo após os primeiros sintomas do ácaro, pulverizando
com abamectin, na dosagem de 100ml por 100 litros de água.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

731
Empoasca spp.: Cigarrinha que apareceu no final da estação chuvosa, com infestação
entre leve e média. Inseto de coloração verde-clara e medindo 2 mm de comprimento, aloja-se
na face ventral das folhas que, como conseqüência, tornam-se ligeiramente recurvadas para
dentro.
A Embrapa (2007), descrevendo os principais insetos da mamona, também
Euphorbiacea como o pinhão, cita que as cigarrinhas não são específicas da mamoneira,
atacando diversas outras espécies. São insetos pequenos e bastante ágeis que sugam a seiva da
planta. As formas jovens têm o hábito de se locomoverem lateralmente. O principal sintoma
do ataque de cigarrinha é a curvatura dos lóbulos foliares para cima, como se fosse uma mão
se fechando.
O controle pode ser feito com inseticidas à base de monocrotofós na dose de 60g/ha.
Pachycoris sp.: Observou-se a presença de ovos, ninfas e adultos de um inseto
pertencente à ordem Hemiptera. As formas ninfais parecem se alimentar dos frutos já
maduros, sugando por entre as fendas abertas na casca. Pachycoris torridus (Scopoli),
conhecido vulgarmente no Brasil como "percevejo do pinhão bravo" (SILVA et al. 1968), é
uma espécie com ampla distribuição na América, sendo registrada desde os Estados Unidos
(Califórnia) até a Argentina (FROESCHNER, 1988). Do mesmo modo que outras
espécies da família Scutelleridae (SCHUH & SLATER 1995), P. torridus apresenta ampla
variabilidade nos desenhos e cores do seu corpo (MONTE 1937), o que levou a espécie a ser
descrita oito vezes como nova (COSTA LIMA 1940). De acordo com MONTE, (1937), a
forma mais freqüente desse percevejo é a que apresenta colorido básico preto ou vináceo
escuro, com pontuações finas; cabeça escura, pronoto e escudo com 22 manchas (8 no
pronoto e 14 no escudo) vermelhas ou amareladas. A parte ventral do corpo é verde metálico.
As pernas são escuras com reflexos esverdeados. Segundo BONDAR (1913), o percevejo
mede de 12 a 14 mm de comprimento e de 8 a 9 mm de largura.
P. torridus é a espécie mais conhecida da família Scutelleridae no Brasil (GALLO et al.
1988), sendo constatado em araçazeiro (Psidium araça), arroz (Oryza sativa), cajueiro
(Anacardium occidentale), eucalipto (Eucalyptus sp.), goiabeira (Psidium guajava), laranjeira
(Citrus sinensis), mandioca (Manihot esculenta), mangueira (Mangifera indica), pinhão
(Jatropha curcas) e tungue (Aleurites fordii) (SILVA et al. 1968).
Entre as pragas nocivas ao desenvolvimento do pinhão-manso, que não são muitas,
conseqüência da presença do látex cáustico nas diversas partes da planta, pode-se citar, ainda,
Corynorhynchus radula, Stiphra robusta Leitão, Retithrips syriacus Mayet e Sternocolaspis
quatuordecim Costata, mas que não foram constatadas no Estado de São Paulo.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

732
Na Índia também já foi detectada a presença de Nezara viridula, comum no Brasil em
outras espécies. Segundo a EMBRAPA (2007), na mamona, os percevejos são insetos
sugadores que se alimentam dos frutos ainda verdes. Pode se perceber que a lavoura está
sofrendo ataque dessa praga pela presença de frutos pretos e chochos entre frutos normais
num mesmo cacho. Tanto os adultos quanto as formas jovens vivem em colônias sobre a
planta, alimentando-se de seiva e provocando o secamento dos frutos. O controle dessa praga
pode ser feito com inseticidas à base de endossulfan na dose de 70g/ha. A pulverização deve
ser direcionada para os cachos.
Quanto às doenças, pode-se destacar:
Doenças dos “seedlings”
Vários tipos de patógenos foram encontrados nas plântulas de pinhão; um secamento da
porção apical e das folhas cotiledonares foi relacionado ao fungo Colletotrichum
gloespoiroides; manchas necróticas no caule continham Fusarium sp e Colletotrichum
dematium.
Planta adulta
Oidium: apresentou, em Tatuí, infestação mais intensa nos meses de novembro e
dezembro, que se caracterizam por serem meses de alta umidade relativa e temperaturas
amenas. Não parece ser doença que vá trazer preocupações para a cultura.
Na Índia, SWAMY & SINGH (2006) descrevem a existência de problemas com
Macrophomina phaseolina e Rhizoctonia bataticola, causadores de “colar rot”. As lesões no
colo da planta costumam aparecer quando sob condições de solo encharcado por longos
períodos ou em monoculturas irrigadas; Cercospora jatrophae-curcas causando manchas nas
folhas. O controle pode ser feito com aplicação de calda bordalesa a 1%

4 CONCLUSÕES
O pinhão manso vem apresentando maiores problemas com pragas que com doenças;
Sternocoelus notaticeps foi a espécie com maior potencial de dano, aliado à dificuldade
de controle;
Há necessidade de desenvolvimento de formas de controle de insetos, principalmente
alternativos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

733
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, F.A.; OLIVEIRA, J.M.C.; BELTRÃO, N.E.M.; SILVA, J.C.A.; SOUSA,
M.F.; VALE, D.G. Ocorrência do ácaro Polyphagotarsonemus latus banks (acari:
Tarsonemidae) sobre plantas de pinhão manso, Jatropha curcas l., (Euphorbiaceae), no Estado
da Paraíba. CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2, 2004, Campina Grande.
Pesquisado no site em 6 de junho de 2007. <
http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/publicacoes/trabalhos_cbm2/048.pdf >

BONDAR, G. 1913. Insetos daninhos na agricultura, 2. Bol. Agric. 14: 434-470.


COSTA LIMA, A. C. 1940. Insetos do Brasil, 2o tomo, capítulo 22, Hemípteros. Série
Didática Núm. 3. Escola Nacional de Agronomia, Rio de Janeiro, 351p.
DANTAS, J.L.L.; SOUZA, J. da S.; FARIAS, A.R.N.; MACÊDO, M.M.C. Cultivo da
mandioca. A Lavoura, Rio de Janeiro, v.85, p.38-44, 1983.

EMBRAPA Algodão. Pesquisado no site em 6 de junho de 2007. <


http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/controle_pragas.html >

GALLO, D., NAKANO, O.; NETO, S.S; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA, G.C.; BERTI
FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D. 1988.
Manual de entomologia agrícola. Ceres, São Paulo, 649p.

FARIAS, A.R.N. Insetos e ácaros pragas associados à cultura da mandioca no Brasil e meios
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Técnica, 14).

FARIAS, A.R.N. Principais pragas e seu controle. In: MATTOS, P.L.P. de; GOMES, J. de C.
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FROESCHNER, R.C. 1988. Family Scutelleridae Leach, 1815. The shield bugs, p. 684-
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SATURNINO, H.M.; PACHECO, D.D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES,


N.P. Cultura do pinhão-manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, v. 26, p.44-78,
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SCHUH, R.T.; SLATER, J.A.. 1995. True bugs of the world (Hemiptera: Heteroptera)
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J.; SILVA ,M.N.; SIMONI, L. 1968. Quarto catálogo dos insetos que vivem nas plantas do
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

734
SILVA, E.A.; OLIVEIRA, J.V.; GONDIM JR., M.G.C.; MENEZES, D. Biology of
Polyphagotarsonemus latus (Banks) (Acari: Tarsonemidae) on sweet pepper. An. Soc.
Entomol. Bras., v.27, n.2, 1998.

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735
DETERMINAÇÃO DA MATÉRIA SECA DE SEMENTES DE CASTANHA-
DO-BRASIL COLETADAS EM RORAIMA

Luís Augusto Melo Schwengber, EMBRAPA, luis@technet.com.br


Oscar José Smiderle, EMBRAPA, ojsmider@cpafrr.embrapa.br

RESUMO: A Bertholletia excelsa H. B. K, conhecida popularmente como Castanha-do-


Brasil, é uma espécie de grande importância socioeconômica para a Amazônia. Sua semente é
recalcitrante, isto é, perde significativas quantidades de água em curto período quando
retiradas de suas condições naturais, perdendo assim a sua viabilidade rapidamente. O estudo
teve por objetivo determinar a massa da matéria seca nas sementes, o tempo para obtenção de
massa constante e características físicas das sementes. As sementes foram coletadas em um
castanhal, monitorado pelo projeto Kamukaia, localizado na vicinal do Itâ, no município de
Caracaraí, distante 206 Km de Boa Vista (capital), estado de Roraima, em maio de 2006. As
sementes foram separadas em duas amostras. Uma amostra pesando 1096,75 g e a outra
1185,1 g. Após esse procedimento as sementes foram acondicionadas em sacos de papel e
levadas para estufa, com circulação de ar, mantida à temperatura constante de 60°C. Para
determinação da matéria seca foram feitas pesagens diárias durante 10 dias. A massa da
matéria seca das sementes de castanha é obtida após 72 horas em estufa a 60°C. As sementes
apresentam valores médios de 4,2 cm de altura, 2,9 de largura e 2,3 cm de espessura e a massa
da matéria seca foi de 9,8 gramas.

Palavras-Chave: Bertholletia excelsa H.B.K., Amazônia, Perda de água.

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736
1 INTRODUÇÃO
A espécie Bertolletia excela H.B.K. é uma árvore de grande porte podendo alcançar
mais de 50 metros de altura, sendo encontrada na floresta de terra firme da Amazônia. É
conhecida popularmente como Castanha-do-Brasil, possui uma madeira de ótima qualidade e
de grande valor econômico, porém com restrições legais quanto à exploração de sua madeira a
partir de árvores naturais. Os frutos apresentam-se em forma de cápsulas (ouriços) grandes e
arredondadas (10 a 12 cm de diâmetro), bastante pesadas (0,5 a 2,5 kg), com aspecto de
madeira, contendo 10 a 25 sementes em seu interior. As sementes possuem corte transversal
triangular e medem 3,5 a 5 cm de comprimento por 2 cm de largura e apresentam peso de 4 a
10 g cada uma.
A parte comestível do fruto da castanha-do-brasil é, de fato, sua semente, conhecida
como “castanha” na linguagem popular (CLAY et al., 2000) e devido ser rica em proteínas e
minerais é conhecida também como a carne vegetal. As amêndoas apresentam teores de
lipídios em torno de 67 g/ 100 g numa umidade de 4,40 g/ 100g (SOUZA & MENEZES,
2004). Suas sementes apresentam comportamento recalcitrante, onde a perda de água faz com
que percam junto rapidamente a viabilidade, a capacidade de originar novas plantas. Portanto
a perda de água pelas sementes/amêndoas dessa espécie é considerada danosa à germinação e
emergência das plântulas (MULLER, 1982; FIGUEIREDO & CARVALHO, 1990).
O estudo teve como objetivo determinar a massa de matéria seca (MMS) em sementes
de Castanha-do-Brasil, tempo para obtenção de massa constante e características físicas das
sementes.

2 MATERIAL E MÉTODOS
As sementes foram coletadas em um castanhal (Latitude 1°28’35,1’’N e Longitude O
60°44’41,2’’), monitorado pelo projeto Kamukaia, localizado na vicinal do Itâ, no município
de Caracaraí, distante 206 Km de Boa Vista (capital), estado de Roraima, no período de maio
de 2006.
A floresta é do tipo tropical aberta com palmeira e o clima predominante é o Awi
conforme classificação de Köppen.
Os ouriços foram coletados e trazidos ao LAS (Laboratório de Análise de Sementes),
onde foram lavadas em água, sendo retiradas as que ficaram na superfície, então separadas em
duas amostras ao acaso. Uma amostra pesando 1096,75 g e outra 1185,1 g. Após esse
procedimento as sementes foram acondicionadas em sacos de papel e levadas para estufa,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

737
com circulação de ar modelo Q314M242, mantida à temperatura constante de 60°C. Para
determinação da MMS foram realizadas pesagens diárias durante 10 dias até certificação de
que a massa não variava, estava constante/estabilizada. Nas sementes secas, após a última
pesagem, foram determinadas suas dimensões (largura, espessura, altura), assim como a
massa da MS para caracterização física das sementes.
Foram escolhidas 10 sementes ao acaso, sendo 5 sementes de cada amostra. As
sementes foram medidas tendo como base à altura, largura, espessura e o peso. Foi utilizado
um paquímetro digital para as medidas e uma balança de precisão decimal para obtenção dos
valores de massa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A média da massa da matéria seca (MMS) das sementes da amostra era composta de
844,9 g, representando 74% da massa da matéria fresca (MMF). Isso indica que as sementes
apresentavam 26 % de umidade.
Os resultados da massa seca da Castanha-do-Brasil mostraram que nas primeiras 48
horas retirou-se a maior parte da água presente nas sementes, sendo 25% da massa inicial da
amostra. Após 72 horas, a perda foi de 26% do valor inicial da amostra, representando um
acréscimo de 1% na perda de água em relação às 48 horas. Após as 72 horas a massa seca das
sementes das amostras estabilizou (Figura 1), não havendo portanto mais retirada de água.
Na caracterização física das sementes, obtivemos uma altura média de 4,2 cm, a largura
média foi de 2,9 cm. Os dados de altura média de sementes de Castanha do Brasil e largura
média obtidos neste trabalho corroboram com os dados obtidos por Mori & Prance (1990) e
FAO (1986), porém, quanto à média da MMF, os resultados obtidos no trabalho foram
superiores a média por eles citada (13,34 g). Além desses dados, obtivemos também a média
da espessura das sementes que foi de 2,3 cm e a média da MMS foi de 9,89 gramas por
semente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

738
1200

1150

1100
Massa (g) 1050

1000

950

900

850

800
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (dias)

Figura 1. Comportamento da massa das sementes de castanha-do-Brasil em função do tempo


de permanência no interior de estufa a 60ºC.

4 CONCLUSÃO
A massa da matéria seca das sementes de Castanha-do-Brasil é obtida após 72 horas em
estufa a 60°C.
As sementes apresentam valores médios de 4,2 cm de altura, 2,9 cm de largura e 2,3 cm
de espessura com massa da matéria seca de 9,89 g.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLAY, J.W; SAMPAIO, P.T.B.; CLEMENT, C.R. Biodiversidade amazônica. Exemplos e
estratégias de utilização. Manaus: INPA, 2000. 409 p

FAO. 1986. Food and Fruit-bearing Forest Species. 3. Examples from Latin America. FAO
Forestry Paper 44/3, Rome, Italia.

FIGUEIREDO, F.J.C; CARVALHO, J.E.U. Adiamento da semeadura de sementes de


castanha-do-brasil.Belém: Embrapa CPATU, 1990, 18 p. (Embrapa CPATU, Boletim de
Pesquisa, 112)

MORI, S.A. & PRAMCE, G.T. 1990. Lecythidaceae – Part II. The zygomorphic-flowered
New World genera (Bertholletia, Corythophory, Couropita, Eschweilera, and Lecythis). Flora
Neotropica Monographs 21 (II): 1-376

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

739
MULLER, C.H. Quebra da dormência da semente e enxertia em castanha-do-brasil.
Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 1982, 40 p. (Embrapa Amazônia Oriental, Documentos,
16).

SOUZA, M.L.; MENEZES, H.C. Processing of Brazil nut and meal and cassava flour: quality
parameters. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Jan./Mar. 2004, v.24, n.1, p. 120-128.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

740
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE UM TRATOR AGRÍCOLA COM AR-
CONDICIONADO LIGADO E DESLIGADO

Rubens André Tabile, FCAV/UNESP, rubens.tabile@gmail.com


Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br
Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Ana Lucia Paschoa Botelho Ferreira Barbosa, FCAV/UNESP, anapaschoa@gmail.com
Jorge Wilson Cortez, FCAV/UNESP, jorge.cortez@yahoo.com.br
Adilson José Rocha Mello, FCAV/UNESP, ajrmello@yahoo.com.br

RESUMO: Procurar formas de economizar combustível é primordial para o bom sucesso de


qualquer empreendimento. Assim sendo, o objetivo desse trabalho foi avaliar o consumo de
combustível de um trator agrícola com o ar-condicionado ligado e desligado em função da
carga na barra de tração. Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado, esquema
fatorial 2x3, sendo os fatores ar-condicionado (ligado e desligado) e três cargas na barra de
tração (15, 20 e 25 kN). Foram avaliados consumo de combustível horário volumétrico,
horário ponderal e específico, ocorrendo aumento de 3% com o ar-condicionado ligado.

Palavras-Chave: Ensaio de tratores, força de tração, mecanização agrícola.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

741
1 INTRODUÇÃO
A questão energética sempre foi de extrema importância na história da humanidade.
Para SAWIN (2004), “Tudo o que consumimos ou utilizamos – nossos lares, seu conteúdo,
nossos carros e as vias que percorremos, as roupas que usamos e os alimentos que comemos –
requer energia para ser produzido e embalado, distribuído às lojas ou em domicílio, operado e
depois descartado”.
A crise energética, de acordo com SALAZAR (2002), vem forçando a busca de
alternativas energéticas no mundo todo, resultando na realização de inúmeras pesquisas em
outras fontes não dependentes do petróleo.

Um fator desencadeado pela crise energética da década de setenta, onde o meio rural,
que dependia integralmente do óleo diesel como combustível para mover seus tratores, bem
como dos demais derivados de petróleo para outras atividades, sofreu um grande impacto
(CAMPANI, 1996).
Sendo assim qualquer redução no consumo de combustível proporciona um ganho para
a economia e o meio ambiente, e desenvolver novas técnicas é o desafio que muitos
pesquisadores têm almejado vencer.
Dentro do contexto da mecânica, pressupõe-se que ao ligar o ar-condicionado de um
trator agrícola este tenha um aumento no consumo de combustível, devido o requerimento de
energia que o sistema de ar-condicionado demanda para seu funcionamento, sendo este
provido pelo motor do trator.
Em função do apresentado acima, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o
consumo de combustível de um trator agrícola com o ar-condicionado ligado e desligado em
função da carga na barra de tração.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola
(LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização
geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude sul e
48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, O clima da região, segundo a
classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido como tropical úmido com estação chuvosa no
verão e seca no inverno. O solo da área experimental foi classificado como Latossolo
Vermelho Eutroférrico típico (EMBRAPA, 1999), com relevo suave ondulado e declividade
de 2%.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

742
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2x3, com
três repetições, totalizando 18 observações. Cada unidade experimental tinha 25 x 5 m com
intervalo de 10 m entre as parcelas para manobras e estabilização do conjunto mecanizado. As
combinações dos fatores foram ar-condicionado (ligado e desligado) e três cargas na barra de
tração (15, 20 e 25 kN).
Para obtenção das cargas na barra de tração um trator denominado trator de frenagem
foi ligado ao trator de tração por meio de um cabo de aço, formando um comboio. As cargas
foram obtidas variando três marchas do trator de frenagem.
Os tratores utilizados no experimento foram:
• Trator 1, denominado trator de tração, foi da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 com
tração dianteira auxiliar, 74 kW (100 cv) a 2.300 rpm no motor, equipado com pneus
14.9-24 no eixo dianteiro e 23.1-26 no eixo traseiro, sendo tal trator instrumentado
para a realização do teste, segundo LOPES et al. (2003a).
• Trator 2, denominado trator de frenagem, foi da marca Valtra, modelo BH140, 4X2
com tração dianteira auxiliar, 103 kW (140 cv) a 2.400 rpm no motor, utilizado para
oferecer resistências de 15, 20 e 25 kN ao trator de tração, engrenado em 4ª, 3ª e 2ª
marchas, respectivamente.
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003a).
Para a determinação do consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal
(Chm), consumo específico (Ce) e potência na barra de tração (PB) foram utilizadas
respectivamente as equações 1, 2, 3 e 4.

C * 3,6 D Chm
Chv = (1) Chp = Chv * (2) Ce = (3) PB = Ft * v (4)
t 1000 PB

Em que,
Chv = consumo horário volumétrico (L h-1); D - densidade do combustível (g L-1);

C = volume consumido (mL); Ce - consumo específico (g kWh-1);

t = tempo de percurso na parcela (s); PB - potência na barra de tração (kW);

Chp = consumo horário ponderal (kg h-1); Ft = força de tração na barra (kN), e
v = velocidade de deslocamento (m s-1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

743
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendado por BANZATTO & KRONKA
(2006).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação; porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
Observa-se que à medida que se aumentou a potência exigida na barra de tração o
consumo volumétrico e o ponderal aumentaram como era de se esperar, tal comportamento é
explicado pelo aumento da força de tração, resultados comprovados por FURLANI (2000),
LEVIEN et al. (2003) e LOPES et al. (2003b), que trabalharam com diferentes exigências de
potência na barra de tração
Observa-se que o comportamento do consumo horário ponderal, foi semelhante ao
volumétrico. Tal situação evidencia que a temperatura no momento do ensaio, não variou
significativamente a ponto de influenciar a densidade do combustível de um ensaio para o
outro.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

744
Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para as variáveis potência na
barra de tração (PB), consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal (Chp) e
consumo específico (CE).
PB Chv Chp Ce
Fatores
kW L h-1 kg h-1 g kWh-1
Força de Tração
(F)
15 kN 27,5 12,2 C 10,2 C 372 A
C
20 kN 37,3 B 14,2 B 11,9 B 319 B
25 kN 45,2 A 16,0 A 13,4 A 296 C
Ar-condicionado
(A)
Ligado 36,6 A 14,3 A 12,0 A 334 A
Desligado 36,7 A 13,9 B 11,6 B 324 B
Teste F
F 605,3 ** 211,9 ** 220,7 ** 211,0
**

A 0,1 NS 7,9 * 8,6 ** 10,2


**

FxA 0,2 NS 1,0 NS 1,1 NS 0,2


NS

C.V.% 3,41 3,24 3,12


2,80
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
**: significativo (P<0,01); *: significativo (P<0,05); NS: não significativo; C.V.: coeficiente de variação

Para o fator ar-condicionado, confirmou-se a hipótese levantada de aumento do


consumo de combustível. Observaram-se um aumento de 3% para consumo horário
volumétrico, consumo horário ponderal e consumo específico, devido à exigência extra de
energia que o motor sofreu para movimentar o compressor do sistema de ar-condicionado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

745
4 CONCLUSÕES
O consumo de combustível horário volumétrico e ponderal aumentou com o aumento da
potência exigida na barra de tração.
O consumo de combustível horário volumétrico e ponderal e o consumo específico
aumentaram com o ar-condicionado ligado.

5 AGRADECIMENTOS
À Fapesp, Coopercitrus e Valtra do Brasil, pela concessão dos tratores de testes e sua
instrumentação.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 2006.
237 p.

CAMPANI, D.B. O papel do engenheiro no planejamento energético do meio rural. In:


CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 25. CONGRESSO
LATINOAMERICANO DE INGENIERÍA AGRICOLA, 2., 1996, Bauru. Anais... Bauru:
Faculdade de Engenharia e Tecnologia/Sociedade de Engenharia Agrícola/Associación
Latinoamericana de Ingeniería Agricola, 1996. p.275. Arquivo PoP217, 1 CD-ROM.

EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro


Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, 1999.
412 p.

LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003a.

LOPES, A.; LANÇAS, K.P.; FURLANI, C.E.A.; NAGAOKA, A.K., CASTRO NETO, P.;
GROTTA, D.C.C. Consumo de combustível de um trator em função do tipo de pneu, da
lastragem e da velocidade de trabalho. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, Campina Grande, v.7, n.2, p.375-79, 2003b

SALAZAR, E. Óleos vegetais: combustíveis alternativos. Cidade Virtual: Bionline. Pelotas,


dez. 2002. Disponível em <http://www.terra-cidadevirtual.html>. Acesso em: 19 dez. 2002.

SAWIN, J.L. Estado do Mundo, 2004: Estado do consumo e o consumo sustentável /


Worldwatch Institute; apresentação Enrique Iglesias ; tradução Henry Mallett e Célia
Mallett.- Salvador, BA : Uma Ed., 2004.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

746
DENSIDADE DE BIODIESEL DE GIRASSOL EM FUNÇÃO DA
PROPORÇÃO DE MISTURA E DA TEMPERATURA

Rubens André Tabile, FCAV/UNESP, rubens.tabile@gmail.com


Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Miguel Joaquim Dabdoub, USP, dabdoub@biodieselbrasil.com.br
Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br
Antônio Carlos Ferreira Batista, UFU, flesh@pontal.ufu.br
João Paulo Ferreira de Assis, FCAV/UNESP, jpfagro@hotmail.com

RESUMO: O conhecimento do comportamento da densidade de um Biodiesel em função da


temperatura e proporção de mistura ao diesel é de fundamental importância, pois em condição
de ambiente não-protegido, como é o caso do trabalho de tratores, pode ser observada
variações de temperatura no tanque de combustível de 12,5 a 50 ºC, por esse motivo, quando
se avalia o consumo de combustível, a densidade do mesmo é de suma importância, para
corrigir o efeito da temperatura sobre o consumo de combustível. O presente trabalho teve por
objetivo determinar a superfície de resposta de segunda ordem ajustada à densidade do
Biodiesel filtrado de girassol (etílico e metílico) em função da temperatura do combustível e
da proporção de mistura de Biodiesel no diesel. Os resultados evidenciaram que o
comportamento da densidade do Biodiesel de girassol filtrado metílico teve densidade
observada a 20 oC maior do que a do etílico.

Palavras-Chave: Biocombustível, maquinas agrícolas, oleaginosas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

747
1 INTRODUÇÃO
O Biodiesel é produzido majoritariamente pela transesterificação de óleos vegetais e
gorduras animais por catálise básica homogênea, em que são obtidos Biodiesel e glicerol
(FARIA et al., 2003).
De acordo com LOPES et al (2003) e MIALHE et al (1996), o consumo de combustível
pode ser apresentado como unidade de volume por unidade de tempo (L h-1), onde não se
considera a influência da variação da temperatura e nem relaciona com a potência
desenvolvida, outra forma de apresentar o consumo de combustível é por meio da unidade de
massa por unidade de tempo (kg h-1); nesta forma, apesar de considerar a influência da
temperatura, também não contempla a potência; visto isso, a maneira mais técnica de
apresentar o consumo é expressa-lo em unidade de massa por unidade de potência (g kWh-1).
Esta forma é conhecida como consumo específico, e pelo fato de considerar a massa e a
potência, pode ser usado para comparar tratores de tamanhos e formas diferentes.
Ao longo de uma jornada de trabalho, a temperatura em ambiente protegido pode variar
de 12,5 a 30,6 ºC, caso particular medido em série de 30 anos em Jaboticabal, conforme
UNESP (2006). Porém, em condição de ambiente não-protegido, como é o caso do trabalho
de tratores, pode ser observada temperatura de até 45 ºC ao meio-dia. Nessas condições,
ressalta-se, entretanto, que a temperatura do combustível no tanque das máquinas pode variar
de 12,5 a 50 ºC. Por esse motivo, quando se avalia o consumo de combustível, a densidade do
mesmo é de suma importância, para corrigir o efeito da temperatura sobre o consumo de
combustível.
O presente trabalho teve por objetivo determinar a superfície de resposta de segunda
ordem ajustada à densidade do Biodiesel filtrado de girassol (etílico e metílico).

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nas dependências do Laboratório de Máquinas e Mecanização
Agrícola (LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A
localização geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’
latitude sul e 48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, pressão atmosférica de
94,24 kPa. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido
como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno.
Neste trabalho, utilizou-se o diesel automotivo interior, classificado como Tipo "B”
tendo quantidade de enxofre total máximo de 3.500 mg.kg-1, advindo da cidade de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

748
Jaboticabal-SP, cujas características estão de acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22
março de 2005 (BRASIL, 2005).
As misturas de Biodiesel de girassol utilizados foram produzidos no Laboratório de
Desenvolvimento de Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto.
Para determinar a densidade dos combustíveis utilizou-se de balança de precisão, manta
aquecedora e termômetro digital. No momento das avaliações, a temperatura ambiente era
superior ao menor limite de temperatura do ensaio, por isso a amostra do combustível foi
submersa em gelo a fim de que a temperatura se reduzisse a 10 ºC, que correspondia ao limite
inferior do ensaio. A partir desse ponto, a amostra foi aquecida até atingir a temperatura de
70 ºC, limite máximo do ensaio. No início da determinação, a 10 ºC, mediu-se um volume de
100 mL, verificou-se a massa e, depois, foi monitorada a variação do volume referente ao
acréscimo de cada 5 ºC. Tal procedimento foi repetido para os 2 combustíveis do trabalho e,
em cada um desses, em sete proporções de misturas (B0, B5, B15, B25, B50, B75, B100, em que o
número subscrito indica a % de Biodiesel no diesel). Com base na análise de variância, os
dados foram ajustados por meio de regressão quadrática. Esse procedimento originou 2
modelos de equações do tipo:

D = C − C1 * T + C 2 * P ± C 3 * T 2 ± C 4 * P 2 ± C 5 * T * P
Em que,
D = densidade do combustível (g L-1);
C, C1, C2, C3, C4 e C5 = coeficientes da regressão;
P = proporção de Biodiesel (%), e
T = temperatura do combustível (oC).

Os dados foram submetidos à análise de variância para seleção do modelo de maior grau
significativo, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA (2006).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da densidade estão apresentados em forma de Figura e Equação para cada
tipo de Biodiesel ensaiado. Sendo assim, foi possível determinar a variação da densidade dos
biocombustíveis em função da temperatura e da proporção de mistura de Biodiesel e diesel, o
que proporcionou ajustes de modelos de superfícies de resposta de segunda ordem. O modelo
de ajuste selecionado foi o de maior grau, cujo teste F da análise de variância foi significativo
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

749
para explicar as diferenças da densidade no fator proporção para cada tipo de Biodiesel. Os
resultados estão apresentados nas Figuras 1 e 2.

D = 850 - 0,858*T + 0,378*P + 0,0028*T2 - 0,0006*T*P + 0,0002*P2

890

880

870
T = temperatura (oC)
Densidade (g L-1)

860 P = proporção (%)


850

840

830

820

810

B100 880
B75 70 870
65 860
B50 60
55
B25 50 850
Proporção (%) 45
40 840
B15 35
30 Temperatura (ºC) 830
B5 25
B0 20 820
15
10 810

Figura 1 - Superfície de resposta de segunda ordem ajustada à densidade do Biodiesel de


girassol filtrado etílico.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

750
D = 849 - 0,759*T + 0,426*P + 0,0015*T2 - 0,0006*T*P - 0,0002*P2

890

880

870
T = temperatura (oC)
Densidade (g L-1)

860 P = proporção (%)


850

840

830

820

810
800

B100 880
B75 870
70
65 860
B50 60
55 850
B25 50
45
Proporção (%) 40 840
B15 35
30 Temperatura (ºC) 830
B5 25
B0 20 820
15
10 810

Figura 2. Superfície de resposta de segunda ordem ajustada à densidade do Biodiesel de


girassol filtrado metílico.

Comparando o comportamento da densidade por tipo de Biodiesel, observou-se que o


Biodiesel de girassol filtrado metílico teve maior densidade observada a 20 oC (875 g L-1) do
que o etílico (865 g L-1). Para servir de comparação, a densidade do diesel automotivo interior
foi 837 g L-1, sendo 35 g L-1 de variação em função da temperatura.

4 CONCLUSÃO
A densidade do combustível é reduzida com o incremento da temperatura; aumenta à
medida que cresce a proporção de Biodiesel e tem variação diferente em função do tipo de
Biodiesel.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 2006.
237 p.

BRASIL. Agência Nacional de Petróleo. Portaria ANP nº 12, de 22 março de 2005.


Disponível em: < www.anp.gov.br/petro/legis >. Acesso em: 3 nov. 2006.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

751
FARIA, W. L. S.; CARVALHO, L. M.; MONTEIRO JÚNIOR, N.; VIEIRA, E. C.;
CONSTANTINO, A. M.; SILVA, C. M.; ARANDA, D. A. G. Esterificação de ácido graxo
para produção de Biodiesel. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CATÁLISE, 12., 2003,
Angra dos Reis. Anais ... Angra dos Reis: Sociedade Brasileira de Catálise, 2003. v. 2, p.943-
946.

LOPES, A.; LANÇAS, K. P.; FURLANI, C. E. A.; NAGAOKA, A. K.; CASTRO NETO, P.;
GROTTA, D. C. C. Consumo de combustível de um trator agrícola em função do tipo de
pneu, da lastragem e da velocidade de trabalho em condição de preparo dolo solo com
escarificador. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande,
v.7, n.2, p.375-379, 2003.

MIALHE, L.G. Máquinas agrícolas: ensaios & certificação. Piracicaba: FEALQ, 1996. 722p.
UNESP. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”–
CÂMPUS DE JABOTICABAL. Departamento de Ciências Exatas: Estação meteorológica -
Dados normais. 2006. Disponível em: < www.fcav.unesp.br >. Acesso em: 7-1-2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

752
OPACIDADE DA FUMAÇA DE UM TRATOR AGRÍCOLA
FUNCIONANDO COM BIODIESEL METÍLICO DE GORDURA
HIDROGENADA

Rubens André Tabile, FCAV/UNESP, rubens.tabile@gmail.com


Afonso Lopes, FCAV/UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Miguel Joaquim Dabdoub, USP, dabdoub@biodieselbrasil.com.br
Felipe Thomaz da Camara, FCAV/UNESP, felipetdacamara@yahoo.com.br
Rogério Pinto de Carvalho Zanotto, VALTRA, rogerio.zanotto@sa.agcocorp.com
Gustavo Naves dos Reis, FCAV/UNESP, gn_reis@yahoo.com.br

RESUMO: A medição dos níveis de emissão da fumaça preta (opacidade) se tornou um


instrumento poderoso na identificação de possíveis desconformidades relacionadas ao mal
estado de conservação dos veículos do ciclo diesel. E o combate à fumaça preta passou a
significar redução do desperdício de combustível observado pela queima incompleta do óleo
diesel nos veículos com desconformidades mecânicas e operacionais. O presente trabalho teve
por objetivo avaliar a opacidade da fumaça de um trator Valtra BM100 4x2 TDA funcionando
com Biodiesel metílico de gordura hidrogenada filtrado e destilado em sete proporções de
mistura. O trabalho foi conduzido no Departamento de Engenharia Rural da UNESP –
Jaboticabal, em delineamento inteiramente casualizado, no esquema fatorial 2 x 7, com três
repetições. A combinação dos tratamentos foram dois tipos de Biodiesel de gordura
hidrogenada metílico (filtrado e destilado) e sete proporções de mistura (B0, B5, B15, B25,
B50, B75 e B100, em que o número subscrito indica a % de Biodiesel no diesel). Os
resultados evidenciaram redução na opacidade da fumaça com a adição de Biodiesel metílico
de gordura hidrogenada e maiores valores de opacidade para o Biodiesel filtrado.

Palavras-Chave: Emissão, biocombustível, ensaio de trator.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

753
1 INTRODUÇÃO
Segundo o CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (1986), o conceito de
impacto ambiental refere-se a qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, segurança e bem-estar da
população, atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estáticas e sanitárias do
meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.
De acordo com LOPES et al. (2004), grande parte da produção mundial de óleo é
utilizada no processo de fritura; entretanto, após o uso, tal produto torna-se resíduo
indesejável. Os métodos usuais de descarte desses resíduos geralmente contaminam o meio
ambiente, principalmente os rios.
O Brasil é o país de maior biodiversidade, o que explica a riqueza em produção de
oleaginosas, entretanto restringe as culturas para fins alimentícios, desprezando algumas
espécies com alto rendimento lipídico. Existe grande potencial a ser explorado em relação ao
aproveitamento energético de culturas temporárias e perenes, bem como do óleo residual
proveniente da alimentação humana. A busca de alternativa energética para os combustíveis
fósseis retoma a agenda internacional com um elemento novo, a crescente preocupação
ambiental (OLIVEIRA & COSTA, 2002).
De acordo com SUMMERS et al. (1986), com a utilização de Biodiesel, ocorreu
redução de 78% nas emissões de gases do efeito estufa. O material particulado foi reduzido
em 50% e os óxidos de enxofre em 98%; porém, observou-se aumento de 13% para os óxidos
nitrogenados (NOx).
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a opacidade da fumaça de um trator
agrícola funcionando com Biodiesel de gordura hidrogenada metílico filtrado e metílico
destilado, em sete proporções de mistura.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nas dependências do Laboratório de Máquinas e Mecanização
Agrícola (LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A
localização geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’
latitude sul e 48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, e o clima da região,
segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido como tropical úmido com estação
chuvosa no verão e seca no inverno.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

754
Os Biodiesel utilizados foram produzidos no Laboratório de Desenvolvimento de
Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto, e a gordura hidrogenada foi cedida
pelo McDonald´s.
Foi utilizado um trator da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 TDA, com 74 kW (100
cv) de potência no motor a 2300 rpm. A opacidade da fumaça foi medida por um opacímetro
de absorção de luz com fluxo parcial, modelo TM 133. O opacímetro de fluxo parcial, realiza
a medição da fuligem do gás de escapamento com somente uma parte do fluxo de gás, feita
por meio de um tubo de captação e uma sonda, sendo montado no cano de escape do trator.
A opacidade da fumaça foi determinada para os dois tipos de Biodiesel, em sete
proporções de mistura. Ao término de cada determinação, realizou-se a drenagem completa
do sistema de alimentação, evitando, com isso, a contaminação do ensaio seguinte. Além
disso, depois de trocado o combustível, o motor ficou em funcionamento em torno de dez
minutos antes do início de cada teste.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2 x 7, com
três repetições, totalizando 42 observações. As combinações dos tratamentos foram dois tipos
de Biodiesel de gordura hidrogenada metílico (filtrado e destilado) e sete proporções de
mistura (B0, B5, B15, B25, B50, B75 e B100, em que o número subscrito indica a % de Biodiesel
no diesel).
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA
(2006).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação; porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
De acordo com a Tabela 1, observa-se que o processo de purificação do Biodiesel de
gordura hidrogenada metílico interferiu na opacidade da fumaça, com o Biodiesel filtrado
propiciando maior opacidade do que o destilado, resultado este que implica na necessidade de
uma boa purificação da gordura hidrogenada, uma vez que esta foi um produto já utilizado na
fritura de batatas no McDonald´s.
Com relação às proporções de mistura de Biodiesel no diesel, nota-se que a adição de
5% de Biodiesel ao diesel já melhora significativamente a opacidade da fumaça, com tais

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

755
resultados sendo melhores quanto mais próximos do uso de Biodiesel puro, resultados
semelhantes foram encontrados por LOPES et al. (2006) trabalhando com Biodiesel de
girassol.

Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para a opacidade da fumaça.

TIPO DE BIODIESEL (TB) OPACIDADE (m-1)


Filtrado 1,14 b
Destilado 1,08 b
PROPORÇÃO (Bn)
B0 1,48 a
B5 1,41 b
B15 1,36 c
B25 0,99 d
B50 0,91 e
B75 0,85 f
B100 0,77 g
TESTE F
TB 47,82 **
Bn 855,50 **
TBxBn 1,87 NS
C.V.% 2,27
Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
NS: não significativo (P>0,05)
**: significativo (P<0,01)
C.V.: coeficiente de variação

A opacidade da fumaça em função da proporção de mistura de Biodiesel de gordura


hidrogenada metílico está ilustrada na Figura 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

756
1,6 Opacidade = 1,484 - 0,016*P + 0,0001*P2
P = Proporção de biodiesel (%)
1,4 R2 = 0,93

Opacidade (m-1)
1,2

0,8

0,6

0,4
0
B0 B B15 B2525 B50 50 B75 75 B100100
5
Proporção de mistura (%)

Figura 1. Representação gráfica da opacidade da fumaça em função da proporção de mistura


de Biodiesel de gordura hidrogenada metílico e diesel.

4 CONCLUSÃO
A opacidade da fumaça do trator utilizando-se Biodiesel de gordura hidrogenada
metílico filtrado foi maior do que no destilado, e à medida que se adicionou Biodiesel ao
diesel a opacidade da fumaça foi reduzida.

5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS e VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos tratores
de testes e sua instrumentação.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. CONAMA. Resolução n. 001, de 23 de


janeiro de 1986. Disponível em: < www.ambientebrasil.com.br >. Acesso em: 18 ago. 2004.

LOPES, A.; SILVA, R. P. da; FURLANI, C. E. A.; CASTRO NETO, P.; FRAGA, A. C.;
REIS, G. N. dos; NAGAOKA, A. K. Potencialidades do Biodiesel no Brasil. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS VEGETAIS E
BIODIESEL, 1., 2004, Varginha. Anais... Varginha: UFLA, 2004. 1 CD-ROM.

LOPES, A.; CAMARA, F.T.; DABDOUB, M.J.; PEREIRA, G.T.; FURLANI, C.E.A.;
SILVA, R.P. Opacidade da fumaça de trator em função do tipo de Biodiesel e da proporção de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

757
mistura. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS
VEGETAIS E BIODIESEL, 3., 2006, Varginha. Anais... Varginha: Universidade Federal de
Lavras, 2006. 1 CD-ROM.

OLIVEIRA, L. B.; COSTA, A. O. da. Biodiesel: uma experiência de desenvolvimento


sustentável. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENERGIA, 9., 2002, Rio de Janeiro.
Anais... Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Energia, 2002. v. 1, p. 445-453.

SUMMERS, H. R.; HELLWING, R. E.; MONROE, G. E. Measuring implement power


requeriments from tractor fuel consumption. Transaction of the ASAE, St Joseph, v. 29,
n. 1, p. 85-89, 1986.

CONPET, Programa nacional de racionalização do uso de derivados do petróleo e do gás


natural. A opacidade e o consumo de óleo diesel, Apostila, 20 pag, 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

758
MONITORAMENTO DE CRESCIMENTO DE MAMONA BRS 149
NORDESTINA EM CERRADO DE RORAIMA

Oscar José Smiderle, EMBRAPA, ojsmider@cpafrr.embrapa.br


Vendelino José Kroetz, UFRR, vendelino@ewv.com.br
José Alberto Martell Mattioni, EMBRAPA, mattioni@cpafrr.embrapa.br

RESUMO: O objetivo do trabalho foi monitorar o crescimento vegetativo de plantas de


mamona (Ricinus communis L.) cultivar BRS 149 Nordestina nas condições edafoclimáticas
de Roraima. O experimento foi instalado na fazenda Santa Cecília, no município do Cantá,
Boa Vista. A semeadura foi realizada em 23 de dezembro de 2005, duas sementes por cova,
espaçadas de 1,5 metros entre filas e plantas. Aos 15 dias realizou-se desbaste para a
permanência de apenas uma plântula por cova. Ao solo foi aplicado, 1000 kg por hectare de
calcário dolomítico (PRNT 98%), e no plantio aplicou-se 444 kg ha-1, utilizando-se 100 g por
cova de fertilizante da fórmula 04-28-20. O delineamento experimental utilizado foi o de
blocos casualizados, com quatro repetições. Foram implantados quatro blocos com irrigação
por aspersão, contendo quatro parcelas cada bloco. A coleta de dados se constituiu na
medição da parte aérea (nível do solo para cima) e pesagem em balança digital tanto da parte
aérea quanto das raízes (nível do solo para baixo) de cada grupo de plantas avaliadas a
intervalos de cinco semanas. Determinou-se também em laboratório os teores de Nitrogênio e
de Carbono orgânico. Foram obtidos a massa fresca e seca, para determinar a massa seca o
material foi seco em estufa com circulação de ar mantida a 60º C durante o período de 96
horas, até atingir massa constante. Para a medição de altura foram mantidas 16 plantas não
destrutivas por bloco que receberam monitoramento durante 245 dias. Os resultados indicam
que a mamona BRS 149 Nordestina cresce descrevendo uma curva polinomial tanto para a
altura quanto para a massa seca de parte aérea e de raízes durante os 245 dias de
monitoramento. Os teores médios de Nitrogênio decrescem no período monitorado em campo
enquanto os de carbono orgânico assim como a relação C:N tendem a crescer.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., altura de plantas, massa seca, carbono orgânico.

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759
1 INTRODUÇÃO
Na região nordeste do estado de Roraima encontra-se, aproximadamente 1,5 milhão de
hectares de cerrados propícios para a produção de grãos e culturas com finalidade industrial,
como a mamona. As condições climáticas são apropriadas à exploração das culturas, com uma
precipitação média anual de 1608 mm e temperatura média anual de 27,0ºC.
O óleo de mamona é usado nas indústrias para a manufatura de produtos como o nylon
11, óleo hidrogenado, óleo desidratado e seus ácidos graxos, óleo sulfatado e sulfonatado,
ácido sebácico, poliuretanos e óleo oxidado e polimerizado. Ele é também usado em grande
quantidade de cosméticos, artigos de toalete e sabões transparentes (CasChem, 1982).
No Brasil, a produção comercial desenvolveu-se inicialmente nas regiões Sudeste, Sul e
Nordeste. Atualmente, a Bahia responde por 85% da produção de mamona em baga (Santos et
al., 2001). Esta produção advém basicamente de pequenos produtores que usam a mamona
como segunda cultura, em sistemas de plantios consorciados.
A mamona tem recebido destacada importância recentemente em função da necessidade
de verificar as alternativas para a produção de biodiesel que podem ser disponibilizadas em
cada região do Brasil. A adaptação e o crescimento das plantas são um primeiro indicativo da
possibilidade de se estabelecer como cultivo de valor econômico agregado. A mamona se
adapta bem para as condições de cultivo em pequenas propriedades em função da utilização
de mão-de-obra principalmente no período da colheita, assim como pode ser cultivada em
áreas maiores com mecanização.
O trabalho foi realizado com o objetivo de monitorar o crescimento vegetativo da
mamona BRS 149 Nordestina, nas condições edafoclimáticas do cerrado de Roraima.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho se caracterizou pela experimentação agrícola do tipo preliminar realizado em
campo aberto, através da implantação em janeiro de 2006 da unidade experimental na fazenda
Santa Cecília (banho do Mimi), localizada no Município do Cantá, Roraima.
As sementes da cultivar de mamona BRS 149 Nordestina utilizadas para o experimento
foram obtidas junto a Embrapa Algodão. Foram semeadas duas sementes por cova, espaçadas
de 1,5 metros entre filas e plantas. Aos 15 dias realizou-se desbaste para a permanência de
apenas uma plântula por cova.
Ao solo foi aplicado, como corretivo, calcário dolomítico (PRNT 98%) na proporção de
1000 kg por hectare, e na adubação de plantio foram aplicados 444 kg ha-1, utilizando-se 100

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

760
g por cova da fórmula de fertilizante 04-28-20. Este procedimento resultou na utilização de
124,4 kg de P2O5 , 88,8 kg de K2O e 17,7 kg de N por hectare.
Foram implantados quatro blocos com irrigação por aspersão, contendo quatro parcelas
cada bloco. Cada bloco recebeu a distribuição das sementes adotando-se o princípio da
casualização. As parcelas foram subdivididas em quatro sub-parcelas. Cada sub-parcela
recebeu três linhas de sete plantas, sendo oito não destrutivas para monitoramento de altura, e
as demais foram destinadas às colheitas para as determinações de laboratório. Em cada coleta
foram retiradas plantas que representavam a média dos indivíduos remanescentes a campo.
Todas as parcelas continham uma bordadura com a espécie estudada e cada sub-parcela foi
delimitada com uma linha de plantas que poderiam participar das avaliações. Foram colhidas
16 plantas na forma aleatória para cada avaliação realizada.
A coleta de dados se constituiu na medição da parte aérea (nível do solo para cima) e
pesagem em balança digital tanto da parte aérea quanto das raízes (nível do solo para baixo)
de cada grupo de plantas avaliadas a intervalos de cinco semanas. Foram obtidos a massa
fresca e a massa seca, para determinar a massa seca o material foi seco em estufa com
circulação de ar mantida a 60º C durante o período de 96 horas, para atingir peso constante.
Para a medição de altura das plantas foram mantidas 16 plantas não destrutivas por
bloco que receberam monitoramento de tamanho por 245 dias a intervalos de 35 dias, no
decorrer do trabalho. Amostras da parte aérea e de raízes, após a secagem foram moídas e
posteriormente analisadas quanto aos teores de Nitrogênio (Combustão via seca (LECO) 0,1g
de amostra) e Carbono orgânico (Incineração em Mufla - 1g de amostra).
Os resultados obtidos após tabulados em planilhas eletrônicas foram analisados e
testados por meio de F, adotando-se o nível de significância de 5%. Os valores médios foram
ordenados segundo o teste de Tukey.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No experimento verificou-se o comportamento crescente (tipo polinomial) das médias
das plantas mantidas para as medições de altura, conforme ilustrado pela figura 1 e
representado pela equação em que descreve a tendência de seguimento (y= - 32,473 +
48,964x - 21,616x2 + 5,2472x3 - 0,3619x4, R2=0,9962) com precisão superior a 99% ao
transcorrer de 245 dias (35 semanas). No período monitorado, as plantas já apresentavam
redução nos valores indicando o final do ciclo da cultura.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

761
Semelhante comportamento, descrevendo uma curva ascendente segundo a equação y =
- 276,05+ 477,25x - 263,5x2 + 58,7x3 -3,955x4 com coeficiente de determinação R2 = 0,9903,
é obtido para os valores médios de massa seca de parte aérea (Figura 2) e da mesma forma
para a massa seca de raízes, onde segue a equação y = -74,999 + 117,47x - 58,319x2 +
12,615x3 -0,8298x4, com coeficiente de determinação R2 = 0,9852 (Figura 2) de mamona
cultivada em área de cerrado por um período de 245 dias. Nestas duas determinações
igualmente definem um crescimento aumentando com a idade das plantas até um máximo
(pico) aos 210 dias, e tendência de declínio. Foram produzidos três ou mais cachos pelas
plantas, sem no entanto serem quantificados nesta fase do trabalho.

200
Altura da planta (cm)

180
y = -0,3619x 4 + 5,2472x 3 - 21,616x 2 + 48,964x - 32,473
160
R2 = 0,9962
140
120
100
80
60
40
20
0
Plantio 35 70 105 140 175 210 245

Periodo (dias)

Figura 1 - Monitoramento da altura de plantas de mamona BRS 149 Nordestina cultivada em


área de cerrado em Roraima por 245 dias.

Observa-se que com o inicio do período das chuvas (140 dias) a altura das plantas tem
acelerado o aumento (Figura 1). Este fato é um indicativo de que a irrigação fornecida e as
condições iniciais de cultivo limitaram o maior crescimento das plantas. O plantio antecipado
ao período chuvoso de Roraima, com a utilização de irrigação poderá propiciar melhor
estabelecimento inicial da lavoura de mamona em área de cerrado de Roraima. Este
procedimento reduz a mortalidade de plantas novas em função da intensidade das chuvas
ocorrentes, o que retarda a emergência e o desenvolvimento inicial, propiciando ao
estabelecimento de doenças pelo ataque de fungos presentes no solo.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

762
Verifica-se nitidamente um pico de máxima produção de massa seca de parte aérea e de
raízes em torno dos 210 dias, seguido de decréscimo tendendo ao final do ciclo da cultivar.
Quanto ao comportamento dos teores médios de Nitrogênio, carbono orgânico e a
relação C:N (Figura 3a e 3b), verifica-se decréscimo dos valores de N ao longo do
monitoramento, mais pronunciado para a parte aérea (y = 31,257 - 0,1036x; R2 = 0,9553) do
que nas raízes (y = 10,861 - 0,025x; R2 = 0,9622). Os teores médios de carbono orgânico
(Figura 3) tendem a crescer de forma linear (y = 43,231 + 0,0265x; R2 = 0,9455) na parte
aérea e polinomial nas raízes (y = 42,308+ 0,0677x - 0,0001x2 +; R2 = 0,9631).
A relação C:N tende a ser crescente tanto para a parte aérea (y = 2,4491 - 0,0236x +
0,0002x2; R2 = 0,9827) quanto nas raízes (y = 3,2364 + 0,0275x; R2 = 0,9705). Os valores da
relação variaram de 1,49 a 8,15 na parte aérea e de 4,46 a 9,57 para as raízes.

800
yPA = -3,955x 4 + 58,7x 3 - 263,5x 2 + 477,25x - 276,05
700
R2 = 0,9803
600
Massa seca (g)

500 Aéreo
400 Raízes
yR = -0,8298x 4 + 12,615x 3 - 58,319x 2 + 117,47x - 74,999
300 R2 = 0,9852

200

100

0
Plantio 35 70 105 140 175 210 245

Periodo (dias)

Figura 2 - Massa seca de parte aérea e raiz de mamona BRS 149 Nordestina produzida nas
condições de Roraima, durante 35 semanas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

763
60 60

50 50

y = 0,0265x + 43,231 y = -0,0001x 2 + 0,0677x + 42,308

Teores - raízes
40 40
R2 = 0,9455 R2 = 0,9631
Teores

30 30

y = -0,1036x + 31,257 y = -0,025x + 10,861 y = 0,0275x + 3,2364


20 20
R2 = 0,9553 R2 = 0,9622 R2 = 0,9705
y = 0,0002x 2 - 0,0236x + 2,4491 10
10
R2 = 0,9827
0 0
0 35 70 105 140 175 210 245 280 0 35 70 105 140 175 210 245 280

Período (dias) Período (dias)


N (%) C (g/kg) C/N N (%) C (g/kg) C/N

A B
Figura 3. Comportamento dos teores médios de Nitrogênio, Carbono orgânico e a relação C N de
parte aérea (A) e raízes (B) de Mamona BRS 149 Nordestina cultivada em cerrado de Roraima e
monitorada por 245 dias.

4 CONLUSÕES
A mamona BRS 149 Nordestina cresce descrevendo uma curva polinomial tanto para a
altura quanto para a massa seca de parte aérea e de raízes durante os 245 dias de
monitoramento;
Os teores médios de Nitrogênio decrescem no período monitorado em campo enquanto
os de carbono orgânico assim como a relação C:N tendem a crescer.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASCHEM. Urethanes, Castor Oil, Chemical derivatives. Tech. Bull. 100. CasChem, Inc.
Bayonne, NJ. 1982.

SANTOS, R.F.; BARROS, M.A.L.; MARQUES, F.M.; FIRMINO, P.T.: REQUIÃO, L.E.G.
Análise econômica. In.: AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F. O agronegócio da mamona no
Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica/ Campina Grande: Embrapa Algodão. p.
17-36, 2001

SMIDERLE, O.J.; NASCIMENTO JUNIOR, A.; DUARTE, O.R. Cultivo da mamoneira nas
savanas de Roraima. Boa Vista: Embrapa Roraima, 2001. 5 p. (Embrapa Roraima.
Comunicado Técnico, 04).

SMIDERLE, O.J.; NASCIMENTO JÚNIOR, A. Indicação de cultivares de mamona para


cultivo em Roraima. Embrapa Roraima, 2002, 5p. (Comunicado Técnico, 03).

SMIDERLE, O.J.; NASCIMENTO JUNIOR, A.; MATTIONI, J.A.M. Indicações técnicas


para o cultivo da mamoneira no estado de Roraima. Boa Vista: Embrapa Roraima, 2002.
10p. (Embrapa Roraima. Circular Técnica, 04).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

764
EFEITOS DE ARRANJOS POPULACIONAIS DA MAMONEIRA (Ricinus
communis) AL GUARANY 2002,SOBRE O TAMANHO DE CACHOS

João Vieira Monteiro, UFLA, jovimon@ufla.br


Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@ufla.br
David Cardoso Dourado, UFLA, davidssp@yahoo.com.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Paulo Almeida Schmidt, UFLA, paulosch@gmail.com

RESUMO: A mamona se constitui em uma considerável alternativa para a economia do


país, tanto como cultura alternativa de reconhecida resistência á seca, como fator fixador de
mão-de-obra, gerador de empregos e de matéria-prima para indústria nacional e biodiesel. A
mamona possui um ciclo vegetativo longo, porte avantajado, com estrutura aérea planofoliar.
Este trabalho tem por objetivo avaliar o efeito de diversos arranjos populacionais sobre o
tamanho dos cachos para a cultivar AL Guarany 2002. A densidade de planta não alterou o
tamanho dos cachos primarios e segundarios, já a medida que se aumentou o espaçamento os
cachos se tornaram maiores.

Palavras-Chave: Mamona, arranjos populacionais, cachos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

765
1 INTRODUÇÃO
A ricinocultura constitui-se numa importante cultura para o programa nacional de
produção de biodiesel. O seu sistema de produção é praticado principalmente por pequenos
produtores, com uso intensivo de mão de obra, podendo ser produzida de forma solteira,em
consórcio ou rotação com outras culturas.
A mamoneira desenvolve-se bem agronomicamente nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste
do Brasil. Nas regiões Sudeste e Sul, para se garantir a competitividade com outros produtos
concorrentes, tornou-se necessário o desenvolvimento de técnicas que facilitassem a
mecanização e o desenvolvimento de variedades mais rentáveis. Deste modo tornou-se
possível cultivar variedades anãs e indeiscentes, cuja maturação ocorre aproximadamente ao
mesmo tempo em todas as bagas, permitido a colheita mecânica única anual.
Sendo uma cultura de clima tropical, ela é explorada em dois sistemas de distintos de
cultivo. O cultivo isolado é mais utilizado por grandes produtores, que utilizam cultivares de
menor porte e ou materiais híbridos, enquanto que no sistema consorciado predomina o uso
de cultivares de porte médio a alto.
No caso da cultura da mamona, por se tratar de uma espécie de ciclo vegetativo longo,
de porte avantajado, com estrutura aérea planofoliar, isto é, ramos e folhas horizontalizadas e
sistema radicular secundário um tanto superficial, torna-se necessário determinar o arranjo
populacional ideal para o plantio da cultura da mamona consorciado ou não para que se
obtenha a maior eficiência em termos de produtividade.
A cultura da mamona é tradicional no Nordeste brasileiro, onde já foi bastante
cultivada, sendo explorada na atualidade em muitos estados brasileiros, com um elevado
número de pequenos produtores, com área inferior a 5 hectares a cultivam, (OLIVEIRA,
2001, PARENTE, 2003, FUNDAÇÃO DALMO...2003). A mamoneira (Ricinus communis
L.) é uma planta de elevada complexidade morfológica e fisiológica, seu crescimento é
diferenciado em cada ramo, dicotômico e heterogônico, com cachos de várias idades
fisiológicas, desenvolvimento heteroblástico, metabolismo fotossintético C3, ineficiente, com
taxa fotossintética entre 18 e 27 mg CO2/dm2/h, elevada taxa de fotorrespiração e necessita de
pelo menos 2.900 graus/dias de calor para chegar a maturidade (STREET E OPIK, 1974;
D’YAKOV, 1986; MOSHKIN, 1986b e BELTRÃO et al., 2001).
A mamona se constitui num considerável potencial para a economia do país, tanto como
cultura alternativa de reconhecida resistência à seca, como fator fixador de mão-de-obra,
gerador de empregos e matéria prima para a indústria nacional.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

766
O objetivo do trabalho foi estudar a resposta da cultura da mamoniera Al Guarany 2002
em função de diferentes arranjos populacionais em plantios solteiros, atendendo à necessidade
da obtenção de mais informações sobre a cultura em questão, para atender o interesse dos
produtores do Sul de Minas Gerais.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Departamento de Agricultura da Universidade Federal
de Lavras (UFLA). A classificação climática de Lavras de acordo com Köpen é Cwa, e está
situada a 21o14' de latitude sul, 45o00' de longitude oeste, a 918,8 metros de altitude, em solo
originariamente sob vegetação de cerrado, classificado como Latossolo Vermelho
Distroférrico (EMBRAPA, 1999), a uma distância de aproximadamente 500 metros do
experimento, na direção oeste.
Os tratamentos constaram de populações de mamona da variedade IAC Guarany 2002,
formada pelo seguintes arranjos populacionais (T1 – 1,0 m x 0,5 m - 20.000 plantas ha-1, T2 –
1,0 m x 1,0 m - 10.000 plantas ha-1, T3 - 1,5 m x 0,5 m - 13.333,3 plantas ha-1, T4 – 1,5 m x
1,0 m – 6.666,6 plantas ha-1, T5 - 2,0 m x 0,5 m - 10.000 plantas ha-1, T6 - 2,0 m x 1,0 m -
5.000 plantas ha-1, T7 - 2,5 m x 0,5 m - 8.000 plantas ha-1, T8 - 2,5 m x 1,0 m - 4.000 plantas
ha-1, T9 - 3,0 m x 0,5 m - 6.666,6 plantas ha-1 e T10 - 3,0 m x 1,0 m – 3.333,3 plantas ha-1),
com um total de dez tratamentos. Foi utilizado o delineamento estatístico em blocos ao acaso
com 4 (quatro) repetições, perfazendo um total de 40 parcelas. As combinações forneceram as
populações de plantas apresentadas na Tabela 2. As parcelas da cultivar AL Guarany 2002
foram constituídas por quatro linhas de 6 m e a área útil foi formada pelas duas linhas
centrais, eliminando-se 0,5 m em cada extremidade.
Foram realizados dois desbastes, de forma a garantir o estande planejado: o primeiro,
aos 15 dias após a emergência das plantas, deixando-se o dobro do estande pretendido; o
segundo, aos 30 dias após a emergência, caracterizando-se os estandes definidos nos
tratamentos.
A adubação no plantio foi constituida de 250 kg.ha-1 de um adubo formulado (NPK) 08-
28-16 e foram realizadas duas coberturas manualmente, sendo a primeira com adubo
formulado 20-00-20 na dosagem de 120 kg. ha-1 e a segunda com o mesmo adubo citado na
dosagem de 100 kg. ha-1, sempre de acordo com as exigências da variedade utilizada e as
condições de fertilidade indicadas na análise de solo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

767
A contagem do número de cachos foi realizada no ato da colheita, onde separou-se os
cachos de primeira posição (cachos primários), de segunda posição (secundários) e de
terceira e quarta posições (terciários e quaternários).
O comprimento dos cachos correspondeu ao comprimento total do cacho, medido com o
auxílio de régua graduada, e esta medida representa o espaço existente entre a base do cacho,
ponto de ligação com o caule e o ápice do cacho de mamona.
Para todos os parâmetros analisados foram realizadas análises de variâncias. Para a
comparação entre médias, empregou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade e os dados
foram ajustados em curvas de regressão.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados médios obtidos de comprimento de cachos, (Tabela 1) evidenciou que não
houve diferença estatística significativa para a variação da densidade.

Tabela 1. Resultados de comprimento médio do cacho primário obtido em diferente densidade


de plantio. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Densidade (Plantas.m-1) Médias
2 52,18 a
1 53,28 a
Na coluna, as médias seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a
5% de probabilidade.

Nota-se ainda pela analise de regressão quadrática que à medida que se aumentou o
espaçamento, aumentou-se o comprimento do cacho primário (Figura 1). Pode-se constatar
também que a variação da densidade nas condições em que foi desenvolvido o experimento,
não foram observadas diferenças estatística significativa para os tratamentos estudados.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

768
60,0

Comprimento (cm)
55,0

50,0

2
y = 0,6679x + 1,7461x + 46,25
2
R = 0,8892
45,0
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Espaçamentos (m)

Figura 1. Comprimento de cacho primário (cm), obtida em diferentes espaçamentos de


plantio. UFLA, Lavras, MG, 2005.

Os resultados médios obtidos de comprimento de cacho secundário são apresentados na


Tabela 2. Nas condições em que foi desenvolvido o experimento, os resultados mostrados na
analise de variância, verificou-se que houve uma diferença significativa ao nível de 5 % de
probabilidade, quando se variou o espaçamento. A analise de regressão linear, com um
coeficiente de determinação R2= 0,972, foi o suficiente para mostrar como os resultados
comportaram-se em função dos diferentes espaçamentos utilizados no experimento. Os
menores espaçamentos utilizados no experimento (Figura 2), 1,0 metros entre linha de plantio,
apresentaram cachos secundários com comprimento de 38,4 cm, ao passo que o espaçamento
maior, 3,0 metros entre linha de plantio, apresentaram cachos de comprimento de 46,9 cm,
justificando ate certo ponto a necessidade de espaçamentos maiores para a cultura da
mamona, pois o cacho secundário representa 30,2% da produção final em uma lavoura de
mamona.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

769
Tabela 2. Resultados médios de comprimento de cacho secundário (cm), obtidos em
diferentes densidades de plantio. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Densidade (Plantas. m-1) Médias
2 44,24 a
1 45,38 a
Na coluna, as médias seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si, pelo teste de Tukey,
a 5% de probabilidade.

Figura 2. Comprimento de cacho secundário (cm), obtida em diferentes espaçamentos de


plantio. UFLA, Lavras, MG, 2005.

4 CONCLUSÃO
O tamanho dos cachos primários, secundários e tercearios não foram influenciados pela
densidade de plantas.
Em espaçamentos maiores, ocorreu maior crescimento dos cachos primários e
secundarios.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e a FAPEMIG

6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, L.B. Biodiesel: combustível limpo para o transporte sustentável. In: RIBEIRO,
S.K. (Org.) Transporte sustentável. Alternativas para ônibus urbanos. Rio de Janeiro,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

770
RJ:COPPE/UFRJ, 2001. p.79-112. p .31-99.

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São Paulo: Editora Polígono 1974. 332p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

771
ESTOQUE DE CARBONO DO COMPONETE AÉREO DA CULTURA DO
PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)

Diego de Paula Toledo, DEF/UFV, diegoptoledo@yahoo.com.br


Laércio Antônio Gonçalves Jacovine, DEF/UFV, jacovine@ufv.br
Victor Ramirez Nery, DEF/UFV, victornery@gmail.com
Carlos Pedro Boechat Soares, DEF/UFV, csoares@ufv.br
Sabina Cerruto Ribeiro, DEF/UFV, sabina_ribeiro@yahoo.com.br

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo quantificar o estoque de carbono do


componente aéreo (folhas e ramos) da cultura do pinhão manso (Jatropha curcas L.). Á área
estudada apresentava 1 ano de idade e foi dividida em 5 extratos de acordo com as condições
do terreno e desenvolvimento da cultura. Para a quantificação da biomassa, foi utilizado o
método direto e destrutivo, aplicado às árvores-amostras que foram selecionadas de acordo
com as medidas da altura, do diâmetro das copas e do número de ramos. A determinação da
biomassa seca no campo foi obtida pelo método da proporcionalidade. O estoque de carbono
foi estimado através da multiplicação da biomassa seca pelo fator 0,5. A estimativa do CO2
estocado foi obtida pela multiplicação do estoque de carbono pelo fator 3,67. O estoque de
carbono encontrado para o componente aéreo da cultura foi de 0,47 tC. Ha-1, correspondendo
a 1,74 tCO2. Ha-1 estocado.

Palavras-Chave: Biomassa, créditos de carbono, Protocolo de Kyoto, Jatropha curcas L.,


biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

772
1 INTRODUÇÃO
Devido ao aumento da concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera
terrestre, tem-se observado a intensificação do efeito estufa o que vem ocasionando o
aumento da temperatura global. A queima de combustíveis fósseis e o desmatamento podem
ser considerados as principais fontes de GEE na atualidade. A estimativa da mudança de
temperatura da superfície terrestre é de 0,6 oC de acréscimo, desde o século XIX (IPCC,
2001). Modelos climáticos prevêem que a temperatura global irá aumentar cerca de 1,4 a 5,8
o
C até o ano de 2100. Essas alterações deverão ser as maiores mudanças climáticas
experimentadas nos últimos 10.000 anos (UNEP & UNFCCC, 2002).
A evidência do aumento da emissão dos GEE e o aquecimento global tornaram mundial
a preocupação com o clima. Desde então inúmeras reuniões internacionais vêm ocorrendo, na
intenção de se estabelecer políticas públicas que tragam possíveis soluções para evitar ou,
pelo menos, reduzir a emissão destes gases.
A 3º Conferência das Partes, que foi palco da elaboração do Protocolo de Kyoto, talvez
tenha sido o mais importante dos encontros internacionais. Este protocolo determina que os
países desenvolvidos, denominados países do Anexo I, devem reduzir suas emissões em
5,2%, em média, abaixo dos níveis observados em 1990, entre 2008 e 2012. Para isso, é
prevista a utilização de mecanismos de flexibilização (Comércio de Emissões, Implementação
Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), de forma a facilitar o atendimento aos
compromissos destes países (COTTA, 2005).
Dentre estes mecanismos, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é o de
maior interesse para o Brasil, pois é o único que permite que os países do Anexo I financiem
projetos de redução de emissões ou absorção de carbono nos países em desenvolvimento,
como parte de suas metas de redução. Como comprovação de suas reduções, os países
implementadores do projeto receberiam as Reduções Certificadas de Emissões, que podem ser
utilizadas, posteriormente, no mercado de carbono.
Neste contexto, o pinhão manso (Jatropha curcas L.) surge como alternativa tanto na
redução de emissões, visto que a produção de sementes é destinada à produção de biodiesel,
quanto na absorção de carbono por parte da cultura. Diante disso, esse estudo teve como
objetivo avaliar o potencial da cultura do pinhão manso na estocagem de carbono.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

773
2 MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo está situada na propriedade de Paulo Afonso, município de Viçosa. A
propriedade se localiza nas coordenadas 20o 48’ de latitude sul e 42o 52’ de longitude oeste
sendo a altitude média de 700 m. A área plantada corresponde a 4,5315 ha. O plantio foi feito
no espaçamento 3,5 x 3,0 m, totalizando 4.300 plantas de pinhão manso.
Uma vez definida a área para a realização do estudo, foi determinada a distribuição das
árvores do plantio, de acordo com o número de ramos, altura e diâmetro de copa. Para isso,
foram feitas medições de altura, diâmetro de copa e dos ramos presentes na planta. Após as
medições, calculou-se o valor do número de ramos que ocorreu com maior freqüência (moda),
e das médias da altura e do diâmetro de copa (BANZATTO & KRONKA, 2006):
N N

∑ X i ∑ Yi
m a = i =1
m d = i =1
N N
Em que: ma = média das alturas; md = média dos diâmetros de copa;
Xi = altura; Yi = diâmetro de copa.
N = Total da população.

Baseando-se na moda do número de ramos e nas médias da altura e do diâmetro de


copa, foram selecionadas as árvores-amostras para a quantificação da biomassa dos
componentes da parte aérea (folhas e ramos) (CAMPOS & LEITE, 2002; SOARES, et. al.,
2006). Para tanto a área de estudo, por se mostrar heterogênea, foi dividida em cinco extratos:
encosta 1 (E1), encosta 2 (E2), baixada 1 (B1), baixada 2 (B2) e baixada 3 (B3).
A determinação da biomassa foi feita utilizando-se o método direto e destrutivo de
árvores (TEIXEIRA et. al., 1994; WATZLAWICK et. al., 2002). Uma vez derrubada cada
árvore-amostra, procedeu-se ao desfolhamento, por meio do qual todas as folhas e ramos
foram ensacados e pesados. Em seguida, retirou-se e pesou-se uma amostra representativa de
cada material, para determinação do peso de matéria seca.
Depois do desfolhamento de cada árvore, procedeu-se à retirada e pesagem de seus
ramos. Após a pesagem, foram retiradas e pesadas amostras úmidas representativas, para
determinação do peso de matéria seca.
As amostras úmidas das folhas e dos ramos das árvores, depois de coletadas e pesadas,
foram levadas para o laboratório e colocadas em estufa de circulação forçada de ar a uma
temperatura de aproximadamente 65oC, até a estabilização do peso de matéria seca.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

774
A determinação da biomassa seca no campo foi obtida através do método da
proporcionalidade, utilizado também em trabalhos realizados por TEIXEIRA et. al. (1994) e
SOARES et. al. (1996). Para isso, utilizou-se a seguinte fórmula:

PS (C) = Pu (c) * Ps (a)


Pu (a)

Em que: PS (C) = peso de matéria seca total no campo, em kg;


Ps (a) = peso de matéria seca das amostras, em kg;
Pu (a) = peso de matéria úmida das amostras, em kg;
Pu (c) = peso de matéria úmida total no campo, em kg.

Os cálculos para obter a biomassa seca de cada compartimento da árvore foram


efetuados utilizando-se a média dos valores do peso de matéria úmida de cada compartimento
das árvores-amostra, bem como a média do peso de matéria úmida e matéria seca das
amostras dos mesmos. Por meio da soma das médias da biomassa seca dos compartimentos,
foi obtida a biomassa total de um indivíduo.
A quantificação da biomassa total do plantio foi obtida pela multiplicação da biomassa
seca de pinhão manso pelo número de árvores por hectare. Para isso, foi considerada uma
densidade de 950 árvores por hectare, baseado no espaçamento de 3,5 x 3,0 m no qual foi
implantada a área estudada.
O estoque de carbono foi estimado através da multiplicação da biomassa seca pelo fator
0,5, o qual tem sido utilizado por vários autores, entre eles DEWAR & CANNEL (1992) e
SOARES & OLIVEIRA (2002). Em seguida, o estoque de carbono foi extrapolado para
toneladas por hectare.
Pelo fato de as negociações no mercado de créditos de carbono serem efetuadas em
tonelada de CO2 equivalente, tornou-se necessária à conversão do carbono em CO2 (eq). Para
isso, usou-se o fator 3,67, conforme com FACE (1994).

3 RESULTADOS E DISCUSÃO
Como resultado das medições de campo, obteve-se maior média de altura no extrato B3
com 1,6902cm (s = 0,2926cm) e menor no extrato E2 com 0,9292cm (s = 0,2767cm); a maior
média do diâmetro de copa foi observada no extrato E1 com 1,0094cm (s = 0,2567cm) e a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

775
menor no extrato E2 com 0,4559cm (s = 0,1519cm) (Quadro 1). Os menores valores
observados no extrato E2 foram, possivelmente, devidos à menor exposição ao sol e ao menor
acúmulo de água das chuvas desta encosta, por esta se mostrar mais íngreme.

Quadro 1 – Médias das alturas (ma) e dos diâmetros de copa (md) de cada extrato do plantio
de Jatropha curcas L., Viçosa – MG.
ma (cm) md (cm)
Encosta 1 1,6502 1,0094
Encosta 2 0,9393 0,4559
Baixada 1 1,5087 0,7760
Baixada 2 1,6100 0,9205
Baixada 3 1,6902 0,8845
Total 1,3913 0,7533

A quantidade de carbono estocada na parte aérea do pinhão manso, no primeiro ano do


plantio, foi maior nos ramos (75,45%) do que nas folhas (24,55%) (Quadro 2). Tais medidas
podem ser explicadas, pelo fato dos tecidos do caule apresentarem maior acúmulo de
celuloses, hemiceluloses e ligninas nas paredes de suas células, já que este tecido apresenta
função estrutural na planta (TAIZ & ZEIGER, 2004).

Tabela 2 – Quantidade de carbono estocado, em kilogramas por hectare, nas folhas e ramos de
Jatropha curcas L, Viçosa – MG.
Carbono estocado (kg.ha-1) %
Folhas 116,1232 24,55
Ramos 356,8854 78,45
Total 473,0086

O valor total do carbono estocado, para o primeiro ano da cultura do pinhão manso, foi
de 0,47 tC.ha-1. Esse valor foi inferior quando comparado ao incremento médio de 12,38
tC.ha-1.ano-1 para cultura do eucalipto, aos 7 anos de idade, citado por NISHI et. al. (2005).
Porém, este valor não foi tão inferior quando comparado aos incrementos médios de 0,87
tC.ha-1.ano-1 para cultura do cacaueiro, aos 6 anos de idade, e de 2,50 tC.ha-1.ano-1 para a

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776
cultura da seringueira, aos 34 anos de idade, observados por COTTA (2005) no consórcio
seringueira-cacau.
Espera-se que os valores finais de estoque de carbono dessa cultura, aumentem após a
inclusão dos teores de carbono estocado pelas raízes e do teor de carbono estocado na idade
máxima de crescimento, aproximadamente no quinto ano.
Outro fator a ser considerado é que as técnicas de implantação e manutenção da cultura
são recentes, havendo espaço para a utilização de novas tecnologias que permitam maior
desenvolvimento da cultura e, conseqüentemente, maior estocagem de carbono.

4 CONCLUSÕES
A altura média para o primeiro ano da cultura do pinhão manso foi de 1,39 cm e o
diâmetro de copa foi de 0,75 cm. O total de carbono estocado pela cultura foi de 0,47 tC.ha-1,
o que equivale a 1,74 tCO2(eq).ha-1.
Mais estudos necessitam ser feitos quanto à inclusão do componente radicular na
quantificação do estoque de carbono da cultura, além de medições na idade de máximo
crescimento, no quinto ano.

5 AGRADECIMENTOS
Agradeço à Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Engenharia Florestal,
pela infra-estrutura fornecida. Ao CNPq pela concessão da bolsa, pelo programa
PIBIC/CNPq. Ao meu orientador Prof. Laércio Antônio Gonçalves Jacovine. Ao produtor
Paulo Afonso, por permitir a realização deste estudo em sua propriedade. Aos amigos
Alberto, André e Pâmela, pela ajuda nas medições de campo.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D. A.; KRONKA, S. N. Experimentação Agrícola. 4. ed. Jaboticabal: Funep,
2006. 237 p.

CAMPOS, J.C.C.; LEITE, H. G. Mensuração florestal: perguntas e respostas. Viçosa:


UFV, 2002. 407p.

COTTA, M. K. Quantificação de biomassa e análise econômica do consórcio seringueira-


cacau para geração de créditos de carbono. Viçosa, 2005. 89 p. Dissertação (Mestrado em
Ciência Florestal) - Universidade Federal de Viçosa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

777
DEWAR, R.C.; CANNELL, M.G.R. Carbon sequestration in the trees, products and soils of
forest plantations: an analysis using UK examples. Tree Physiology, v. 11, n. 1, p. 49-71,
1992.

FACE. Forest absorbing carbon dioxide emission. Annual Report. 1993. Arnheim:
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IPCC – INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE. Climate change


2001: the scientific basis. 2001. Disponível em: <http://www.grida.no/climate/
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NISHI, M. H.; JACOVINE, L. A. G.; SILVA, M. L.; VALVERDE, S. R.; NOGUEIRA, H.


P.; ALVARENGA, A. P. Influência dos Créditos de Carbono na Viabilidade Financeira de
Três Projetos Florestais. Revista Árvore. v.29, n.2, p. 263-270, 2005.

SOARES, C. P. B.; OLIVEIRA, M. L. R. Equações para estimar a quantidade de carbono na


parte aérea de árvores de eucalipto em Viçosa, Minas Gerais. Revista Árvore, v.26, n.5, p.
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SOARES, C. P. B; PAULA NETO, F.; SOUZA, A. L. Dendrometria e Inventário Florestal.


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SOARES, C. P. B; PAULA NETO, F.; SOUZA, A. L.; LEITE, H. G. Modelos para estimar a
biomassa da parte aérea em um povoamento de Eucalyptus grandis na região de Viçosa,
Minas Gerais. Revista Árvore, v.20, n.2, p. 179-189,1996.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. Porto Alegre: Artamed. 2004. 719 p.

TEIXEIRA, L.B.; BASTOS, J.B.; OLIVEIRA, R. F. Biomassa vegetal em agroecossistemas


de seringueira consorciada com cacaueiro no Nordeste Paranaense. Boletim de Pesquisa,
153. Belém: EMBRAPA CPATU, 1994. 15 p.

UNEP – UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME; UNFCCC – UNITED


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Information Kit. 2002. Disponível em: <http://unfccc.int/essential_background/
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WATZLAWICK, L. F.; KIRCHER, F. F.; SANQUETTA, C. R.; SCHUMACHER, M.V.


Fixação de carbono em floresta ombrófila mista em diferentes estágios de regeneração. In:
SANQUETTA, C. R. et al. (Eds.). As florestas e o carbono. Curitiba: Imprensa Universitária
da UFPR, 2002. p.153 -173.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

778
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DE PINHÃO MANSO (Jatropha
curcas L.) DO BANCO DE GERMOPLASMA DA UFLA

Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rogner@oi.com.br


Julio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
João Paulo Fellicori Carvalho, UFLA, jpfelicori@yahoo.com.br
Alexandre Aureliano Quintiliano, UFLA, aleradar@yahoo.com.br
David Cardoso Dourado, UFLA, davidssp@yahoo.com.br
Danilo Fonseca Cunha, UFLA, danilofcunha@yahoo.com.br
Milton Aparecido Deperon Júnior, UFLA, miltondp1@ig.com.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: O biodiesel é um biocombustivel com base em óleos vegetais, com isso a


demanda por estes óleos cresce mediante ao crescimento do consumo deste biocombustivel. O
maior consumo de óleos trás consigo o aumento na produtividade de oleaginosas fornecedoras
deste óleo. O pinhão manso vem sendo uma oleaginosa alternativa para a produção de óleo.
Para que haja o aumento na produtividade nesta e preciso que, se conheça a variabilidade
genética existente. A Universidade Federal de Lavras – UFLA possui um banco de
germoplasma com materiais, de diferentes origens do Brasil e do Mundo. Os resultados de
altura de planta, diâmetro de caule e número de brotações, indicam a existência de
comportamentos diferentes entre os materiais genéticos testados.

Palavras-Chave: Pinhão Manso, germoplasma, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

779
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso é uma planta da família Euphorbiáceae, denominada cientificamente
como Jatropha curcas L. e popularmente como pinhão manso, purgueira, pinha de purga.
As plantas de pinhão manso podem chegar até 12m de altura, com um diâmetro de
tronco de até 30 cm. O caule é liso, macio, esverdeado, acinzento ou castanho. Seu xilema não
possui boa resistência, o floema encerra canais compridos que vão até as raízes, nos quais
circula o látex. O tronco tem a tendência de se ramificar desde a base. Os ramos são
espalhados e longos com folhas alternadas a sub-opostas, filotaxia em espiral. As folhas são
lobadas, e quando novas apresentam coloração vermelho-vinho, cobertas com lanugem
branca, e à medida que envelhecem se tornam verdes, pálidas, brilhantes e glabras, com
nervuras esbranquiçadas e salientes em sua base inferior. O pecíolo é longo e esverdeado, do
qual partem as nervuras divergentes. Os pecíolos caem, em parte ou totalmente, no final da
época seca, ou durante a estação fria. A planta permanece em repouso até o início da
primavera, ou início da estação chuvosa.
As inflorescências surgem junto com as folhas novas. A inflorescência do pinhão
manso, assim como na mamona, surge no ápice do caule impedindo seu desenvolvimento
apical. As flores são amarelo-esverdeadas, monóicas, unissexuais e produzidas em uma
mesma inflorescência. As flores femininas apresentam um pedúnculo longo, não articulado,
com três células elípticas, ovário com três carpelos, cada um com um lóculo que produz um
óvulo com três estigmas bifurcados separados, isoladas em menor número que as masculinas,
as quais se localizam nas ramificações. As flores masculinas com dez estames, cinco unidos à
coluna, são mais numerosas e situadas nas pontas das ramificações.
A planta de pinhão manso segue a arquitetura clássica das Euforbiaceas, onde a primeira
inflorescência é apical e assim que surge o brotamento de dois novos ramos, ramos
secundários, que passam a serem axilares até o surgimento de novas inflorescências, que por
sua vez impedem novamente o crescimento apical, surgindo dois novos ramos, ramos
terciários.
O sistema radicular do pinhão manso é do tipo pivotante, com uma raiz principal que
atinge grandes profundidades. Apresenta grande quantidade de raízes laterais, responsáveis
pela nutrição da planta. De uma forma geral, pode-se dizer que a profundidade do sistema
radicular é equivalente à altura da planta, assim como o diâmetro de exploração de solo.
O fruto e do tipo cápsula trilocular carnudo e amarelo, quando maduro, que se racha
ainda amarelo em três valvas, cada uma contendo uma semente preta.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

780
O pinhão manso possui uma maior diversidade na América Central e do Sul. Sadakorn,
citado por Saturnino et al. (2005), relata que o número de cromossomos do pinhão manso é 2
n = 18. Também foram realizados estudos com a espécie Jatropha curcas L. que apresentam
indivíduos tetraploides 2 n = 44. Em sua normalidade as espécies de Jatropha curcas a
apresentam indivíduos 2 n = 22. A espécie Jatropha curcas L. ainda não apresentam
variedades melhoradas ou cultivares de pinhão manso.
A maioria dos países interessados na produção de pinhão manso recorre às plantas
contidas em seu território e em países do mundo, buscando uma maior variabilidade genética
para enriquecer seu banco de germoplasmas.
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o comportamento dos
acessos genéticos do banco de germoplasma de pinhão manso da UFLA.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no campo experimental de setor de grandes culturas do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, Minas Gerais. O
local está situado a uma latitude média de 21°14’Sul, longitude média de 45°00’ Oeste e
altitude de 930 m. A região apresenta clima Cwa, de acordo com a classificação de Köppen.
A formação das mudas foi feita no dia 15/10/2005 utilizando sementes provenientes do
banco de germoplasmas da UFLA, produzidas em tubetes de 120 ml, utilizando-se como o
substrato comercial Plantimax. O transplantio das mudas foi feito no dia 22/12/2005, disposto
no arranjo experimental de blocos casualisados (DBC), com 19 tratamentos e 7 repetições.
As primeiras avaliações foram feitas no dia 25/06/2006, a segunda avaliação foi
realizada em 26/05/2007. Em todas as avaliações foram feitas medições de altura de plantas e
número de brotações totais. Foi também gerado um índice de seleção com base no fenótipo
dos acessos, e nos parâmetros analisados. As análises estatísticas foram realizadas com
auxílio do programa SISVAR e feito o teste de Tukey 5%.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das primeiras avaliações de altura das plantas, de acordo com teste de
Tukey 5% mostraram diferenças entre os acessos do banco de germoplasmas de pinhão
manso(Tabela 1), onde o acesso PM-19 (128 cm) apresentou um maior desenvolvimento.

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781
Tabela 1 – Altura média de plantas (cm) do banco de germoplasma da UFLA (1º avaliação).
Tratamentos Médias
PM-12 78,7 a
PM-2 78,8 a
PM-1 79,7 a
PM-7 85,4 ab
PM-17 86,4 ab
PM-8 87,1 ab
PM-6 88,5 ab
PM-9 90,4 ab
PM-3 91,7 ab
PM-10 93,8 ab
PM-18 94,1 ab
PM-5 96,1 ab
PM-13 98,8 abc
PM-11 100,00 abc
PM-15 100,2 abc
PM-4 103,4 abc
PM-14 104,5 abc
PM-16 115,0 bc
PM-19 128,0 c
As médias seguidas pelas mesmas letras e números não diferenciam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey
5%.
A Tabela 2 mostra os valores médios da primeira avalicao, do número de brotações dos
acessos de pinhão manso, onde pelo teste de Tukey 5%, o maior resultado ocorreu no acesso
PM-19 (5 brotações).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

782
Tabela 2 – Brotações por planta (nº) do banco de germoplasma da UFLA (1º avaliação).
Tratamentos Médias
PM-1 0,7 a
PM-7 0,8 a
PM-2 1,0 a
PM-9 1,1 a
PM-8 1,2 a
PM-12 1,2 a
PM-18 1,4 a
PM-15 1,4 a
PM-10 1,5 a
PM-6 1,8 a
PM-17 1,8 a
PM-4 2,1 a
PM-5 2,1 a
PM-14 2,1 a
PM-11 2,2 a
PM-16 2,4 a
PM-3 2,4 a
PM-13 3,0 ab
PM-19 5,0 b
As médias seguidas pelas mesmas letras e números não diferenciam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey
5%.

A Tabela 3 apresenta os resultados da segunda avaliação da altura do pinhão manso,


onde o acesso PM-19 e PM-16 destacaram-se como os mais altos.

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783
Tabela 3 – Altura média de plantas (cm) do banco de germoplasma da UFLA (2º avaliação).
Tratamentos Médias
PM-12 1.6 a
PM-17 1.7 ab
PM-18 1.7 ab
PM-1 1.8 abc
PM-15 1.8 abc
PM-9 1.9 bc
PM-6 1.9 bcd
PM-10 1.9 bcd
PM-2 1.9 bcd
PM-8 2.0 cd
PM-7 2.0 cd
PM-5 2.0 cd
PM-11 2.1 d
PM-13 2.2 d
PM-3 2.2 d
PM-14 2.2 d
PM-4 2.2 d
PM-16 2.5 e
PM-19 2.5 e
As médias seguidas pelas mesmas letras e números não diferenciam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey
5%.

Na Tabela 4 estão apresentadas as médias do número de brotações totais obtidas na


segunda avaliação, contadas no dia 25/05/2007, onde o acesso PM-19 apresentou o maior
numero de brotações, seguindo o mesmo padrão da primeira avaliação.

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784
Tabela 4 – Brotações por planta (nº ) do banco de germoplasma da UFLA (2º avaliação).
Tratamentos Médias

PM-1 12,8 a

PM-2 13,1 a

PM-7 13,5 a

PM-8 13,7 a

PM-5 14,0 ab

PM-6 14,2 ab

PM-10 14,8 ab

PM-9 16,4 ab

PM-14 16,7 ab

PM-4 18,2 ab

PM-11 18,2 ab

PM-17 18,4 ab

PM-3 20,0 ab

PM-15 20,1 ab

PM-12 20,1 ab

PM-18 23,4 abc

PM-13 23,4 abc

PM-16 25,8 bc

PM-19 33,0 c

As médias seguidas pelas mesmas letras e números não diferenciam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey
5%.
No Gráfico 1, estão apresentados os índices individuais de seleção dos acessos do
banco de germoplasma da UFLA. Os acessos PM-19, PM-16, PM-13, PM-3, PM-4, PM-11,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

785
PM-14 e PM-5, foram os que apresentaram os melhores índices de seleção, com grande
potencialidade para serem considerados os acessos destaque.

Gráfico 1 – Índice de seleção dos acessos do banco de germoplasma de pinhão manso da


UFLA.

16

14

12

10
INDICE

0
PM-19

PM-16

PM-13

PM-3

PM-4

PM-11

PM-14

PM-5

PM-8

PM-6

PM-7

PM-10

PM-2

PM-9

PM-15

PM-18

PM-17

PM-1

PM-12
ACESSOS

4 CONCLUSÃO
O PM-19 foi o acesso que apresentou os maiores resultados de altura de planta e
número de brotações, nas duas avaliações. O índice de seleção evidenciou também, que os
PM-16, PM-13, PM-3, PM-4, PM-11, PM-14 e PM-5, apresentam também condições para
serem selecionados.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SATURNINO, H.M.; Pacheco, D. D.; KAKIDA, J. ; TOMINAGA N. ; GONÇALVES, N. P.
Cultura do Pinhão Manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, Brasil, v.26 n.229
p.44-78 2005.

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786
AMOSTRAGEM SEQÜENCIAL NA CONDUÇÃO DO TESTE DE
RAIOS X EM SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.)

Verônica Yumi Kataoka, DEX/UFLA, veronicayumi@terra.com.br


Débora Gabriela Silva, DAG/UFLA, debora-gabi@hotmail.com
Carla Massimo Caldeira, DAG/UFLA, carlaufla@yaho.com.br
Maria Laene Moreira de Carvalho, DAG/UFLA, mlaenemc@ufla.br
Adriana Lopes Gouveia, DEX/UFLA, drigouveabr@yahoo.com.br

RESUMO: Foi investigada a possibilidade de se estabelecer um limite de porcentagem de


sementes com danos internos, detectados pelo teste de raios X em lotes de sementes de
mamona que possibilitasse sua comercialização dentro dos padrões estabelecidos no processo
de certificação de sementes. Foi também objetivo da pesquisa determinar o tamanho da
amostra necessária no teste de raios X para avaliar a qualidade do lote por meio de um plano
de amostragem seqüencial truncado. As sementes provenientes de diferentes bicas após
classificação em mesa densimetrica, foram dispostas em placas de isopor com 100 sementes e
radiografadas. Formaram-se posteriormente sub-lotes com 0%, 5%, 10%, 15%, 20% e 25% de
danos leves, severos e sementes vazias, que foram submetidas ao teste de germinação. Após o
estabelecimento de um limite inicial para a porcentagem de sementes com danos e a
germinação para comercialização, foram avaliados novamente os resultados do teste de raios
X por meio de um plano de amostragem seqüencial truncada, sendo estabelecido o valor de p0
= 15% e de p1 = 20%. Para o sub-lote da bica 1 os resultados indicaram que, em 67,57% dos
testes, 125 sementes avaliadas seriam suficientes para que o lote fosse considerado dentro do
padrão de germinação, já para o sub-lote da bica 4 em 71,98% dos testes indicaram que com
50 sementes o lote poderia ser rejeitado. Os resultados do teste global com as médias
coincidiram com os dos testes individuais. Conclui-se que lotes de sementes de mamona com
alta porcentagem de danos (acima de 15%) tem sua germinação afetada negativamente e que
amostras de 125 sementes são suficientes para a detecção de até 15% de danos.

Palavras-Chave: Análise de Imagem, danos internos, dimensionamento de amostra.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

787
1 INTRODUÇÃO
A cultura da mamoneira (Ricinus communis L. - Euphorbiaceae) é importante por seus
vários produtos e co-produtos, destacando-se o óleo e a torta de mamona. Um dos grandes
desafios para a produção do óleo de mamona para o suprimento da demanda de combustíveis
alternativos ao petróleo é a produção de sementes em quantidade e qualidade suficientes. Na
avaliação da qualidade de sementes de mamona é tradicionalmente utilizado o teste de
germinação que apresenta limitação pela sua característica destrutiva e por demandar em
torno de 15 dias para sua realização, segundo Brasil (1992).
O teste de raios X vem se destacando como uma alternativa viável na avaliação da
qualidade por sua simplicidade, rapidez e eficiência na detecção de danos internos nas
sementes de acordo com Carvalho e Oliveira (2006), Oliveira (2004).
No controle da qualidade de sementes os testes são realizados em amostras dos lotes,
sendo a representatividade das amostras e a viabilidade operacional fatores fundamentais para
a utilização de procedimento de amostragem e inferência estatística neste controle. Neste
contexto, a amostragem seqüencial tem um papel de destaque, pois, este tipo de plano
amostral vem sendo desenvolvido na tentativa de conseguir amostras que expressem a real
qualidade dos lotes e, ao mesmo tempo possibilite a redução do tamanho da amostra do teste,
o que se traduz em eficiência de uso das sementes, confiança nos dados obtidos e igualdade
dos riscos na tomada de decisões, ou seja, controle simultâneo dos erros tipo I e tipo II (Wald,
1947).
Porém, deve se observar que em algumas situações, como por exemplo, em lotes com
qualidade fisiológica mediana, o procedimento seqüencial apresenta como fator limitante à
necessidade de amostras relativamente grandes, ou pelo menos não vantajosa em relação à
amostragem tradicional de tamanho fixo. Uma solução para este problema seria limitar o
número de sementes ensaiadas em um valor n-máximo; desta forma, construindo-se um teste
seqüencial truncado (Santana, 1994).
Objetivou-se com este trabalho, verificar a possibilidade de estabelecer um limite para a
porcentagem de sementes com danos internos detectados no teste de raios X, em lotes de
sementes de mamona que possibilitasse sua comercialização, dentro dos padrões estabelecidos
no processo de certificação de sementes. Alem disso, determinar o tamanho da amostra
necessária no teste de raios X para avaliar a qualidade do lote, por meio de um plano de
amostragem seqüencial truncado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

788
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Sementes da Universidade
Federal de Lavras. Foi utilizado um lote de sementes da cultivar Guarani, produzida e
comercializada no estado de Minas Gerais. As sementes foram beneficiadas por meio de mesa
densimétrica e classificadas em sementes provenientes das bicas 1, 2, 3 e 4.
Em uma primeira fase, as sementes provenientes das bicas 1 e 4 foram dispostas em
placas de isopor com 100 sementes (4 repetições de 25), e radiografadas em equipamento HP
faxitron modelo 43855A com intensidade de 30Kv por 1 minuto. De acordo com a morfologia
interna visualizada nas radiografias, foi efetuada a classificação em: a) sementes cheias:
aquelas que contêm todos os tecidos essenciais para a germinação; b) sementes com danos
leves: aquelas que contêm menos que 40% de tecido danificado, c) sementes com danos
severos: aquelas que contêm mais de 40% de tecido danificado; d) sementes vazias: sementes
sem embrião.
Formaram-se posteriormente sub-lotes com 0%, 5%, 10%, 15%, 20% e 25% de danos
leves, severos e sementes vazias, proporcionais aos resultados obtidos na avaliação do perfil
dos lotes. As sementes desses sub-lotes foram submetidas ao teste de germinação, segundo
Brasil (1992), e avaliados estatisticamente por meio da Análise de Variância, sendo as médias
comparadas pelo teste de Scott- Knott, com nível de significância de 5%.
Após o estabelecimento de um limite para a porcentagem de sementes com danos e a
germinação para comercialização de sementes de mamona, foram avaliados novamente os
resultados do teste de raios X por meio de um plano de amostragem seqüencial truncada. A
intenção era verificar qual seria o tamanho de amostra necessária para se tomar uma decisão
sobre a qualidade fisiológica dos sub-lotes de sementes (bicas 1 e 4) quanto a porcentagem de
danos (p); sendo testada a hipótese H0: p=p0 contra H1: p = p1.
O desenvolvimento do teste seqüencial da razão de probabilidade (TSRP) truncado para
esta situação determinou que em cada grupo amostrado (tamanho m) deveria ser contado o
número de sementes com dano (X1 para o primeiro grupo, X2 para o segundo, etc) e
comparado com os limites de decisão L0, limite inferior e L1, limite superior.
Se para um dado tamanho n de amostra, proveniente de k grupos de m sementes, isto é,
k
n = km, o total acumulado ∑X
i =1
i de sementes com dano era igual ou menor do que L0, então

tomava-se a decisão de não rejeitar H0, considerando então que o lote deveria ser aceito . Se
k

∑X
i =1
i era igual ou maior que L1, rejeitava-se H0 considerando o lote como rejeitado quanto a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

789
k
porcentagem de sementes com danos. Se L0 < ∑ X i < L1 continuava-se amostrando. Para a
i =1

determinação dos valores de Lo, e L1 foram utilizados os seguintes modelos matemáticos


(Wald, 1947):
L0 = h0 + sn e L1 = h1 + sn
1 − p0 β 1− β
Ln Ln Ln
1 − p1 1 − α α
s= , h0 = e h1 =
p (1 − p0 ) p (1 − p0 ) p (1 − p0 )
Ln 1 Ln 1 Ln 1
p0 (1 − p1 ) p0 (1 − p1 ) p0 (1 − p1 )

em que: α e β são as probabilidades de se cometer os erros tipo I e tipo II, respectivamente.

Cada placa de isopor contendo as sementes radiografadas foi dividida em 4 quadrantes,


dessa forma o tamanho dos grupos de sementes ensaiados sequencialmente foi fixado em 25
(m), formando-se 8 (k) grupos, utilizando-se 2 placas para cada teste seqüencial, totalizando
200 sementes. Como, por exemplo, para a bica 1 tinha-se a disposição 11 placas (1100
sementes), então foram feitos arranjos de 2 placas, perfazendo um total de 110 testes
possíveis. Para bica 4, com 14 placas foram realizados 182 testes. Além dos testes individuais
k
foi realizado um teste global para cada bica a partir da média dos valores do ∑X
i =1
i de

sementes com dano para cada grupo k de todos os testes.


Vale salientar que este procedimento foi possível porque cada placa foi considerada
como um ensaio independente, ou seja, a formação de um teste com a placa 1 e placa 2 nesta
ordem, foi considerada diferente do teste da placa 2 e placa 1.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado do teste de Scott-Knott para comparação das médias de germinação (%) de
acordo com as 5 proporções de sementes com danos estão apresentadas na Tabela 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

790
Tabela 1 - Resultado da média de germinação (%) de acordo com 5 proporções de sementes
com danos no ensaio com mamona.
Proporção de sementes com dano (%) Média
0 83,00 a
5 79,50 a
10 80,50 a
15 76,00 a
20 69,00 b
25 64,50 b
Médias seguidas de mesma letra, na linha, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de
Scott-Knott.
Pode-se verificar que para as amostras com 0% a 15% de danos às médias de
germinação foram consideradas estatisticamente iguais. De posse dessa informação foi
possível estabelecer o limite de 15% para a porcentagem de danos críticos que não afetasses a
germinação para comercialização de sementes de mamona, sendo então determinado o valor
de p0 para o TSRP truncado com este valor, e de p1 = 20%, que indica que o lote pode ser
descartado sem a necessidade da realização do teste de germinação.
Para o sub-lote da bica 1 os resultados da avaliação dos 110 testes seqüenciais
indicaram que, em 67,57% dos casos, 125 sementes avaliadas seriam suficientes para que o
lote fosse considerado dentro do padrão de germinação, baseado no percentual de danos; e em
apenas 3,64% dos testes deveria se continuar amostrando.
Já para o sub-lote da bica 4 em 71,98% dos 182 testes mostraram que o lote poderia ser
rejeitado com base no percentual de danos com a avaliação de 25 a 75 sementes, reduzindo
drasticamente a quantidade, tempo e os custos necessários numa amostragem convencional de
tamanho fixo igual a 200 sementes.
Para os resultados do TSRP truncado para as médias de todos os testes foram esboçados
8
os gráficos para as bicas 1 e 4 (Figura 2) com as linhas de decisão e os valores do ∑X
i =1
i , em

que L0 = -8,453+0,174n e L1 = 8,453+0,174n, e α=β=5%.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

791
80

80
Número de sementes com dano

Número de sementes com dano


60

60
Rejeita o lote Rejeita o lote
40

40
20

20
Não rejeita o lote Não rejeita o lote
0

0
50 100 150 200 50 100 150 200
Tamanho da amostra (n) Tamanho da amostra (n)

(a) (b)
Figura 1 – Resultado do TSRP truncado para as médias de todos os testes das bicas 1 (a) e 4
(b).
Com os resultados apresentados na Figura para a bica 1 a recomendação seria a análise
de amostras de 125 sementes para que o lote fosse considerado dentro do padrão de
germinação, baseado no percentual de danos, e para a bica 4 seria rejeitar o lote com 50
sementes, o que coincide com os resultados dos testes individuais e com a qualidade
fisiológica observada nos lotes.
Esses resultados já eram esperados uma vez que o percentual de danos detectados no
sub-lote da bica 1 foi de 10,55%, abaixo do valor de p0, enquanto da bica 4 foi de 36,93%.

4 CONCLUSÃO
Lotes de sementes de mamona com alta porcentagem de danos (acima de 15%),
visualizados por meio do teste de Raios X, tem sua germinação afetada negativamente.
O tamanho da amostra necessária para a detecção de danos internos em sementes de
mamona é variável em função da qualidade fisiológica do lote, sendo que amostras de 125
sementes são suficientes para a detecção de até 15% de danos.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise de Sementes.
Brasília: CLAV/DNDV; SNAD/MA, 1992. 365p.

CARVALHO, M.L.M; OLIVEIRA, L.M.. Raios X na avaliação da qualidade de sementes.


Informativo ABRATES, v.16, nºs 1,2,3, p. 93-99. 2006

SANTANA, D. Adaptação do teste do pH do exsudato e viabilidade do uso da


amostragem seqüencial na rápida definição sobre o destino de lotes de sementes de
milho (Zea mays L.). 1994. 79p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Fitotecnia) –
Universidade Federal de Lavras, Lavras.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

792
OLIVEIRA, L.M. Avaliação da qualidade de sementes de Tabebuia seratifolia Vahl Nich.
E T. impertiginosa (Martins Ex A.P. de Candollle Standley) envelhecidos natural e
artificialmente. Lavras: UFLA, 2004. 160p (Tese de Doutorado).

WALD,A. Sequential Analysis. New York:John Wiley, 1947. 212p.

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793
MONITORAMENTO DE CRESCIMENTO DE PINHAO MANSO EM
CERRADO DE RORAIMA

Oscar José Smiderle, EMBRAPA, ojsmider@cpafrr.embrapa.br


Vendelino José Kroetz, UFRR, vendelino@ewv.com.br

RESUMO: O objetivo do trabalho foi monitorar o crescimento vegetativo de pinhão manso


(Jatropha curcas L.) nas condições edafoclimáticas de Roraima. O cultivo foi instalado na
fazenda Santa Cecília, no municipio do Cantá, Boa Vista. A semeadura foi realizada em 23 de
dezembro de 2005, duas sementes por cova, espaçadas de 1,5 metros entre filas e plantas. Aos
15 dias realizou-se desbaste para a permanência de apenas uma plântula por cova. Ao solo
foram aplicados 1000 kg por hectare de calcário dolomítico (PRNT 98%), e no plantio
aplicou-se 444 kg ha-1, utilizando-se 100 g por cova da fórmula de fertilizante 04-28-20. O
delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições.
Foram implantados quatro blocos com irrigação por aspersão, contendo quatro parcelas cada
bloco. A coleta de dados se constituiu na medição da parte aérea (nível do solo para cima) e
pesagem em balança digital tanto da parte aérea quanto das raízes (nível do solo para baixo)
de cada grupo de plantas avaliadas a intervalos de cinco semanas. Determinou-se também em
laboratório os teores de Nitrogênio e de Carbono orgânico. Foram obtidos a massa fresca e
seca, para determinar a massa seca o material foi seco em estufa com circulação de ar mantida
a 60º C durante o período de 96 horas, até atingir massa constante. Para a medição de altura
das plantas foram mantidas 16 plantas não destrutivas por bloco que receberam
monitoramento durante 245 dias. Os resultados indicam que o crescimento das plantas de
pinhão manso tem comportamento polinomial tanto para o incremento em altura quanto para a
massa seca de parte aérea e de raízes em 245 dias de monitoramento. Os teores médios de
nitrogênio decrescem enquanto os de carbono orgânico aumentam durante os 245 dias de
monitoramento em campo.

Palavras-Chave: Jatropha curcas, altura de plantas, massa seca, teores de carbono.

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794
1 INTRODUÇÃO
Na região nordeste do estado de Roraima encontra-se, aproximadamente, 1,5 milhão de
hectares de cerrados propícios para a produção de grãos e outras culturas como o pinhão
manso. As condições climáticas são apropriadas à exploração das culturas, com uma
precipitação média anual de 1608 mm e temperatura média anual de 27,0ºC.
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) - pinhão branco no Norte e Nordeste de Minas
Gerais - é uma planta, cujas sementes contêm cerca de 27 a 35% de óleo, utilizável na
fabricação de biodiesel. Esta planta, além de resistente à seca, pode se desenvolver em vários
tipos de solo, inclusive naqueles arenosos, pedregosos, salinos, alcalinos e rochosos, os quais,
sob o ponto de vista nutricional e físico, são restritivos ao pleno desenvolvimento de raízes. O
pinhão manso vem sendo plantado visando o controle de erosão, a recuperação de áreas
degradadas, a contenção de encostas e de dunas, e ao longo de canais, rodovias, ferrovias, e
como cerca viva em divisões internas ou nos limites de propriedades rurais.
O pinhão manso, também conhecido como pinhão branco ou purga, é uma planta nativa
da América Central e cultivada no Brasil principalmente no Nordeste. É perene, rústica e
tolerante a seca. Tem despertado grande interesse por seus efeitos medicinais, terapêuticos,
biocida e combustível. Entretanto, têm-se poucos conhecimentos do manejo da cultura e da
produção de sementes. É uma planta, de cujas sementes se extrai óleo que pode ser usado na
fabricação de biodiesel, e considerada adaptada a solos marginais e de baixa fertilidade.
Nas últimas décadas, o cultivo e emprego do pinhão manso restringiram-se quase que
exclusivamente ao uso medicinal, pois a maioria das comunidades rurais passou a contar com
energia elétrica e ter facilidade para adquirir sabões industriais, e poucas comunidades ainda
utilizam as sementes de pinhão manso para estes fins. As pessoas mais idosas conhecem a
planta e sabem utilizá-la, enquanto a maioria dos jovens não, tanto a planta como seu
potencial de uso. Estudos efetivados em diversos países mostram a potencialidade do emprego
do óleo das sementes de pinhão manso para a fabricação de biodiesel e a expansão de seu
cultivo em diversos países (BRASIL, 1985, HELLER, 1996, HENNING, 1996, THE
POTENTIAL...1998).
O pinhão manso tem recebido destaque recentemente em função da necessidade de
avaliar as alternativas para a produção de biodiesel que podem ser disponibilizadas em cada
região do Brasil. A adaptação e o crescimento das plantas são um primeiro indicativo da
possibilidade de se estabelecer como cultivo de valor econômico agregado. A Jatropha se

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

795
adapta bem para as condições de cultivo em pequenas propriedades em função da utilização
de mão-de-obra principalmente no período da colheita.
O trabalho foi realizado com o objetivo de monitorar o crescimento vegetativo do
pinhão manso, nas condições edafoclimáticas de cerrado em Roraima.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho se caracterizou pela experimentação agrícola do tipo preliminar realizado a
campo aberto, através da implantação em janeiro de 2006 da unidade experimental na fazenda
Santa Cecília (banho do Mimi), localizada no Município do Cantá, Roraima.
As sementes de pinhão manso utilizadas para o experimento foram obtidas de uma
matriz produtiva em Roraima. Foram semeadas duas sementes por cova, espaçadas de 1,5
metros entre filas e plantas. Aos 15 dias realizou-se desbaste para a permanência de apenas
uma plântula por cova.
Ao solo foi aplicado, como corretivo, calcário dolomítico (PRNT 98%) na proporção de
1000 kg por hectare, e na adubação de plantio foram aplicados 444 kg ha-1, utilizando-se 100
g por cova de fertilizante 04-28-20, com base em Smiderle et al. (2002). O que resultou na
utilização de 124,4 kg de P2O5 , 88,8 kg de K2O e 17,7 kg de N por hectare.
Foram implantados quatro blocos com irrigação por aspersão, contendo quatro parcelas
cada bloco. Cada bloco recebeu a distribuição das sementes adotando-se o princípio da
casualização. As parcelas foram subdivididas em quatro sub-parcelas. Cada sub-parcela
recebeu três linhas de sete plantas, sendo oito não destrutivas para monitoramento de altura, e
as demais foram destinadas às colheitas para as determinações de laboratório. Em cada coleta
foram retiradas plantas que representavam a média dos indivíduos remanescentes a campo.
Todas as parcelas continham uma bordadura com a espécie estudada e cada sub-parcela foi
delimitada com uma linha de plantas que poderiam participar do processo de avaliação.
Foram colhidas 16 plantas na forma aleatória para cada avaliação realizada.
A coleta de dados se constituiu na medição da parte aérea (nível do solo para cima) e
pesagem em balança digital tanto da parte aérea quanto das raízes (nível do solo para baixo)
de cada grupo de plantas avaliadas a intervalos de cinco semanas. Foram obtidos a massa
fresca e a massa seca, para determinar a massa seca o material foi seco em estufa com
circulação de ar mantida a 60º C durante o período de 96 horas, para atingir peso constante.
Para a medição de altura das plantas foram mantidas 16 plantas não destrutivas por
bloco que receberam monitoramento de tamanho 245 dias a intervalos de 35 dias, no decorrer

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

796
do trabalho. Amostras da parte aérea e de raízes, após secagem e moídas foram analisadas
quanto aos teores de Nitrogênio (Combustão via seca “LECO” - 0,1g de amostra) e Carbono
orgânico (Incineração em Mufla - 1g de amostra).
Os resultados obtidos foram analisados e testados por meio de F, adotando-se o nível de
significância de 5%. Os valores médios foram ordenados segundo o teste de Tukey.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No experimento verificou-se o comportamento crescente (tipo polinomial) das médias
das plantas mantidas para as medições de monitoramento da altura, conforme ilustrado pela
figura 1 e representado pela equação em que descreve a tendência de crescimento das plantas
em 245 dias (35 semanas). No período monitorado as plantas ainda estavam em crescimento.

200
180
Altura da planta (cm)

160 y = 0,1843x 4 - 3,7869x 3 + 25,279x 2 - 40,718x + 19,509


140 R2 = 0,9983
120
100
80
60
40
20
0
Plantio 35 70 105 140 175 210 245

Periodo (dias)

Figura 1 - Comportamento da altura de plantas de pinhão manso em área de cerrado em


Roraima monitorada por 245 dias.

A matéria seca da parte aérea e de raízes apresenta semelhante comportamento,


descrevendo uma curva ascendente segundo a equação y = 70,827 - 115,23x + 48,932x2 -
4,6323x3 + 0,2186x4, com coeficiente de determinação R2 = 0,9964, é obtido para os valores
médios de massa seca de parte aérea (Figura 2) e da mesma forma para massa seca de raízes,
onde segue a equação y = 22,394 - 39,653x + 19,002x2 - 2,4192x3 + 0,1696x4, com
coeficiente de determinação R2 = 0,9997 (Figura 2) de pinhão manso cultivado em área de
cerrado roraimense por um período de 245 dias. Nestas duas determinações igualmente
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

797
definem um crescimento aumentando com a idade das plantas, sem tendência ainda de
estabilidade. Foram produzidos alguns frutos pelas plantas, sem no entanto serem
quantificados neste período, apenas coleta para propagação e estudos com as sementes.
Observa-se que com o início do período das chuvas a altura das plantas tem reduzido o
crescimento, sem no entanto estagnar (figura 1). Este fato é um indicativo de que as plantas
não se adaptam bem com a alta intensidade das chuvas ocorrentes limitando maior
crescimento das plantas. O plantio antecipado ao período chuvoso de Roraima, com a
utilização de irrigação poderá propiciar melhor estabelecimento inicial das plântulas de
pinhão manso em área de cerrado de Roraima.

800

yPA = 0,2186x 4 - 4,6323x 3 + 48,932x 2 - 115,23x + 70,827 R2 = 0,9964


700

600
Aéreo
Massa seca (g)

500 Raízes

400

300

200

100 yR = 0,1696x 4 - 2,4192x 3 + 19,002x 2 - 39,653x + 22,394


R2 = 0,9997
0
Plantio 35 70 105 140 175 210 245

periodo (dias)

Figura 2 - Massa seca de parte aérea e de raízes de pinhão manso cultivado em cerrado de
Roraima, monitorado por 245 dias em 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

798
60
y = 0,025x + 43,873 60
y = -0,0001x 2 + 0,0567x + 42,069
50 R2 = 0,9744 R2 = 0,9385
50
Te ores - aé re a

Te ore s - ra íze s
40
40

30 30
y = 0,0006x 2 - 0,2654x + 41,064
20 20 y = 0,0002x 2 - 0,0815x + 13,243 y = 0,0297x + 3,7217
R2 = 0,8713
R2 = 0,7835 R2 = 0,8692
10 y = 0,0163x + 0,792
10
R2 = 0,9155
0 0
0 35 70 105 140 175 210 245 280 0 35 70 105 140 175 210 245 280

período (dias) Períodos (dias)


N (%) C (g/kg) C/N N (%) C (g/kg) C/N

A B
Figura 3 - Teores médios de nitrogênio, carbono orgânico e a relação C: N de parte aérea (A) e
raízes (B) de pinhão manso produzido em Boa Vista, Roraima durante 245 dias.

Na produção de massa seca de parte aérea e de raízes verifica-se crescimento constante


e acelerado até os 245 dias de monitoramento (Figura 2).
Quanto ao comportamento dos teores médios de Nitrogênio, carbono orgânico e a
relação C:N (Figura 3a e 3b), verifica-se decréscimo dos valores de N ao longo do
monitoramento, mais pronunciado para a parte aérea (y = 41,064 - 0,2654x + 0,0006x2; R2 =
0,8713) do que nas raízes (y = 13,243 - 0,0815x + 0,0002x2; R2 = 0,7835). Os teores médios
de carbono orgânico (Figura 3) tendem a crescer de forma linear (y = 43,873 + 0,025x; R2 =
0,9744) na parte aérea e polinomial nas raízes (y = 42,069 + 0,0567x -0,0001x2; R2 = 0,9385).
A relação C:N tende a ser crescente tanto para a parte aérea (y = 0,792 + 0,0163x; R2 =
0,9155) quanto nas raízes (y= 3,7217 + 0,0297x; R2 = 0,8692). Os valores da relação variaram
de 1,23 a 5,08 na parte aérea e de 3,61 a 11,30 para as raízes.

4 CONCLUSÕES
O crescimento das plantas do pinhão manso tem comportamento polinomial tanto para o
incremento em altura quanto para a massa seca de parte aérea e de raízes durante 245 dias de
monitoramento.
Os teores médios de nitrogênio decrescem no período monitorado em campo enquanto
os de carbono orgânico assim como a relação C:N, tendem a crescer.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Indústria e Comércio – Secretaria de Tecnologia Industrial.
Produção de combustíveis líquidos a partir de óleos vegetais. Brasília: MIC/STI, 1985. 364 p.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

799
HELLER, J. Physic nut, Jatropha curcas. Promoting the conservation and use of underutilized
and neglected crops. Roma: International Plant Genetic Resources Institute – IPGRI,
1996.

HENNING, R.K. The Jatropha project in Mali. Weissensberg, Germany: Rothkreuz 11, D-
88138, 1996.

THE POTENTIAL of Jatropha curcas in development and environment protection – an


explotation . Workshop Rockfeller Foudation and Scientific & Industrial Research &
Development Centre, Harare, Zimbabwe, may 1998, Concept paper: final report. Disponível:
< http://www.indutourismnews.com >, Acesso em 14 jan. 2005.

SMIDERLE, O.J.; NASCIMENTO JUNIOR, A.; MATTIONI, J.A.M. Indicações técnicas


para o cultivo da mamoneira no estado de Roraima. Boa Vista: Embrapa Roraima, 2002.
10p. (Embrapa Roraima. Circular Técnica, 04).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

800
ANÁLISE FINANCEIRA DE DOIS SISTEMAS DE CULTIVO DE DENDEZEIRO (Elaeis
guineensis Jacq.). EM ÁREAS DEGRADADAS NA AMAZÔNIA OCIDENTAL

Raimundo Nonato Carvalho Rocha, EMBRAPA/CPAA, rocha@cpaa.embrapa.br


Maria do Rosário Lobato Rodrigues, EMBRAPA/CPAA, chgeral@cpaa.embrapa.br
Jeferson Luis Vasconcelos de Macêdo, EMBRAPA/CPAA, jmacedo@cpaa.embrapa.br
Paulo César Teixeira, EMBRAPA/CPAA, paulo@cpaa.embrapa.br
Ricardo Lopes, EMBRAPA/CPAA, ricardo@cpaa.embrapa.br
Wanderlei Antônio Alves de Lima, EMBRAPA/CPAA, wanderlei@cpaa.embrapa.br

RESUMO: Uma alternativa para se estudar a rentabilidade e comparar sistemas de produção


diferentes é o uso de instrumentos de análise que apresentam indicadores a partir de
estimativas sobre fluxos de caixa. Este estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade
econômica de dois sistemas de cultivo de dendezeiro cultivados em áreas degradadas. O
experimento foi instalado na Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM. Foi utilizado o
delineamento em blocos ao acaso com três repetições. Os tratamentos foram constituídos de
dois sistemas de cultivos (dendê x banana e dendê em monocultivo) com e sem calagem,
tendo o dendezeiro como cultura principal. O experimento teve duração de três anos (2004/
2006). Durante a condução, os tratos culturais (adubação, controle de plantas daninhas e
controle de pragas e etc.) foram realizados conforme necessidade para cada sistema. Os dados
de produção da banana foram coletados e convertidos para hectare de consórcio. Para o
cálculo das receitas, considerou-se os preços reais de mercado pago aos produtores durante os
três anos. Os indicadores utilizados para avaliar o desempenho financeiro dos sistemas de
cultivo foram: Valor Presente Líquido (VPL) - diferença positiva entre receitas e custos
atualizados para determinada taxa de desconto e Relação Benefício Custo (B/C) - relação
entre o valor presente dos benefícios e o valor presente dos custos, para determinada taxa de
juros. O sistema dendê x banana proporcionou amortização de 89,7% dos custos de
implantação e manutenção do sistema no período de três anos; o dendê intercalado com
banana mostrou-se economicamente viável podendo ser recomendado como alternativa
econômica para produção de dendê voltado para agricultura familiar.

Palavras-Chave: Elaeis guineensis, análise financeira, recuperação de áreas degradas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

801
1 INTRODUÇÃO
O dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) é uma espécie perene tropical de origem africana
que expressa melhor seu potencial de produção em condições de alta temperatura, radiação
solar, alta precipitação e umidade relativa do ar, por isso, as principais áreas de cultivo estão
localizadas nas regiões tropicais úmidas na África, Ásia e América.
Em 2004/05 a produção mundial de óleo de dendê (extraído do mesocarpo) foi de 33,2
milhões de toneladas métricas e a de óleo de palmiste (extraído da amêndoa) mais de 3,5
milhões de toneladas métricas, em uma área de produção de 8,5 milhões de hectares, enquanto
a produção de óleo de soja, com área cultivada aproximadamente dez vezes superior a do
dendezeiro (89,5 milhões de hectares), foi de 32,4 milhões de toneladas métricas (OIL
WORD, 2005). Essas estatísticas demonstram que o dendezeiro é atualmente a principal fonte
mundial de óleo vegetal. Além da alta produtividade, exigindo menor área de produção, a
cultura ainda destaca-se pela alta capacidade de fixação de carbono, longo ciclo de exploração
com cobertura permanente do solo, e grande capacidade de geração de emprego.
O grande desafio para a pesquisa agrícola nos trópicos úmidos é desenvolver sistemas
de produção, ecologicamente adequados à região. De acordo com informações levantadas por
Hanson e Cassman (1994), a área de solos degradadas no planeta saltou de 6% em 1945 para
17% em 1990, e com a manutenção dos modelos de uso da terra atuais, em 2005 cerca de
25% das terras agricultáveis estarão em estado de degradação. Na Amazônia brasileira cerca
de 70 milhões de hectares de florestas já foram desmatados, sendo 95% desta superfície
transformada em pastagens. Estima-se atualmente que metade desta área de pastagens, em
zonas de terra firme, encontram-se em diferentes estágios de degradação.
Gonçalves (1981) ressaltou que os consórcios, por lidarem com diferentes ciclos de
culturas, propiciam otimização da força de trabalho, safras mais elevadas e,
consequentemente, maior rentabilidade para o produtor rural. Além disso, o consórcio entre
plantas com diferentes ciclos e/ou portes reduz o crescimento de ervas daninhas, controla a
erosão e aperfeiçoa o uso de insumos agrícolas.
Dentro deste contexto encontram-se os sistemas de cultivos intercalares que se baseiam
no cultivo simultâneo, em uma mesma área, de duas ou mais culturas por um período
considerável de seu ciclo de desenvolvimento. São utilizados pelos agricultores há séculos e
muito comuns nos países menos desenvolvidos, sobretudo em pequenas propriedades.
Esse trabalho foi desenvolvido com o como objetivo avaliar a viabilidade econômica de
dois sistemas de cultivo de dendezeiro cultivados em áreas degradadas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

802
2 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado no Campo Experimental do Distrito Agropecuário da


Suframa DAS, da Embrapa Amazônia Ocidental/CPAA, localizado no km-54, da BR-174, em
área de terra firme, entre as coordenadas geográficas 2º 31’ a 2º32’ de latitude Sul e 60º 01’ a
60º 02’ de longitude Oeste.
O solo da área de estudo foi classificado como Latossolo Amarelo muito argiloso com
baixo teor de nutrientes disponíveis e alta saturação por alumínio. O clima local conforme a
classificação de Koppen apresenta temperatura média entre 25 e 28 ºC e precipitações anuais
de 2000 a 2800 mm. A umidade relativa média anual entre 85 a 90%, e a luminosidade na
região varia de 1500 a 3000 horas/ano de radiação solar.
Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso com três repetições. Os tratamentos
foram constituídos de dois sistemas de cultivos: dendê x banana e dendê em monocultivo,
com e sem calagem. Cada bloco foi constituído de quatro parcelas e estas por sua vez foram
constituídas de 24 plantas de dendê, sendo oito plantas úteis. O plantio do dendê seguiu o
dispositivo em triângulo eqüilátero de 9 m de lado, totalizando 143 plantas/ha. No sistema
dendê x banana duas linhas de banana da variedade Tape Maeo foram plantadas no
espaçamento de 2,5 m na linha e 3,0 m entre as linhas; cada parcela de banana foi composta
por 84 plantas, 42 em cada carreador.
Durante a condução, os tratos culturais foram realizados conforme necessidade para
cada sistema. Os dados de produção da banana foram convertidos para hectare de consórcio.
Para o cálculo das receitas, considerou-se os preços reais de mercado pago aos produtores
durante os três anos. Os indicadores utilizados para avaliar o desempenho financeiro dos
sistemas de cultivo foram: Valor Presente Líquido (VPL) - diferença positiva entre receitas e
custos atualizados para determinada taxa de desconto e Relação Benefício Custo (B/C) -
relação entre o valor presente dos benefícios e o valor presente dos custos, para determinada
taxa de juros.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os custos de implantação e manutenção por hectare nos três anos de cultivo dos
sistemas dendê x banana e dendê em monocultivo foram da ordem de R$ 13.142,00 e R$
7.006,00 respectivamente. Analisando separadamente cada sistema, os itens que se
destacaram pelo maior volume de recursos alocados no sistema dendê x banana foram
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

803
fertilizantes e tratos culturais com 29% e 29% respectivamente. Para o dendê em monocultivo
foram tratos culturais e fertilizantes com 37% e 25% respectivamente.
Constatou-se que os itens relacionados com mão-de-obra tiveram importante
participação nos custos dos sistemas produtivos, sendo responsáveis por 57% e 59% para
dendê x banana e dendê em monocultivo respectivamente. A intensiva utilização de mão-de-
obra para a realização das atividades demonstra o importante papel desses sistemas na
ocupação e fixação do homem ao campo. Nas figuras 1 e 2 são apresentados os custos totais
por hectare dos sistemas dendê x banana e dendê em monocultivo para implantação e
manutenção anual, receitas obtidas e o fluxo de caixa durante os três primeiros anos agrícolas.
Verifica-se que no sistema dendê x banana o custo total para a implantação de 1 hectare
do sistema oscilou em torno de R$ 6.942,00; R$ 2.204,00 e R$ 3.045,00 para a manutenção
do primeiro, segundo e terceiro anos após a implantação, respectivamente (Figura 1). Com a
venda da banana em palmas a valores médios de R$ 0,50/kg, obteve-se receita bruta total de
R$ 10.938,00 nos três primeiros anos, receita suficiente para cobrir 89,7% de todos os custos
de implantação e manutenção do sistema.
Para o dendê em monocultivo, o custo total para a implantação de 1 ha de dendê,
considerando somente a parte agrícola, oscilou em torno de R$ 4.063,00; R$ 1.181,00 e R$
1.761,00 para a implantação do primeiro ano e manutenção do segundo e terceiro ano após a
implantação, respectivamente (Figura 2).

Custos Receitas Fluxo de caixa


Custos Receitas Fluxo de caixa

15000 12191
10938
10000 7006
10000 6942 6920
4063
Valores (R$)

5000 2204 30454018 5000


1181 1761
Valores (R$)

0,0 973 0,0 0,0 0,0 0,0


0 0
1 2 3 Total-1253 1 2 -1181 3 Total
-1761
-5000 -5000
-4716 -4063
-10000 -6942 -10000 -7006

Anos Anos

Figura 1 - Custos, receitas e fluxo de caixa Figura 2 - Custos, receitas e fluxo de caixa
do sistema de cultivo de dendê x banana do sistema de monocultivo de dendê durante
durante três anos. três anos.

O sistema dendê x banana apresentou VPL negativo de R$ 1.428,00 até o terceiro ano
de avaliação. Na figura 3 a curva que representa esse sistema apresenta tendência ascendente,
o que nos permite prever que com mais um ciclo produtivo, as despesas poderão igualar as

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

804
receitas e o sistema atingirá o ponto de equilíbrio. O dendê em monocultivo a curva do VPL
apresentou tendência descendente, que continuará até o início da colheita, a partir do terceiro
ano. Estudo realizado por Lima et al. (2000) mostrou que o ponto de equilíbrio do
componente agrícola é atingindo somente a partir do 9º ano de exploração do dendezeiro em
monocultivo.
Período (anos) Relação B/C - Taxa de 6% ao ano
0,00
-1.000,00 1 2 3

0,88

0,00
-2.000,00 3

Período (anos)
VPL (R$)

-3.000,00

0,75

0,00
-4.000,00 2
-5.000,00
-6.000,00

0,51

0,00
1
-7.000,00
-8.000,00
Retorno para cada R$ 1,0 investido
Dendê x Banana Dendê em mocultivo
Dendê x Banana Dendê em monocultivo

Figura 3 - Valor presente líquido (VPL) dos Figura 4 - Relação Benefício/Custo dos
sistemas dendê x banana e dendê em sistemas dendê x banana e dendê em
monocultivo a uma taxa de desconto de 6% monocultivo a uma taxa de desconto de 6%
ao ano. ao ano.

É notório que um dos principais fatores limitantes ao desenvolvimento da cadeia


produtiva do dendê é o tempo que transcorre entre a implantação da cultura e a obtenção dos
primeiros retornos econômicos. Mesmo na fase compreendida entre os três e os seis anos da
implantação, a receita apenas empata com as despesas, quando o dendê é cultivado em
monocultura (Lima et al., 2000). Por esse motivo, torna-se fundamental o uso de cultivos
intercalares na exploração da dendeicultura no âmbito da agricultura familiar.
Na Figura 4 observa-se que o sistema dendê x banana apresentou uma relação B/C
inferior à unidade na ordem de R$ 0,51; R$ 0,72 e R$ 0,82 para o primeiro, segundo e terceiro
respectivamente. O dendê em monocultivo não houve entrada de caixa, conseqüentemente a
relação B/C permaneceu zero. Ainda que a relação B/C do sistema dendê x banana não tenha
sido positiva no período analisado, observa-se uma tendência de aumento ao longo do tempo
em função da receita proporcionada pela cultura.

4 CONCLUSÕES
O sistema dendê x banana proporcionou amortização de 89,7% dos custos de
implantação e manutenção do sistema no período de três anos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

805
O dendê intercalado com banana mostrou-se economicamente viável podendo ser
recomendado como alternativa econômica para produção de dendê voltado para agricultura
familiar.

5 APOIO FINANCEIRO
CNPq, PRODETAB e Embrapa Transferência de Tecnologia/Escritório de Negócios da
Amazônia.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, S.R. Consorciação de culturas – técnicas de análises e estudos da
distribuição. UnB, Brasília. 1981. 217 p. (Tese de Mestrado).

HANSON, R.G.; CASSMAN, K.G. Soil management and sustainable agriculture in the
developing world. In: 15th World Congress of Soil Science, Acapulco, Mexico, v.7A:
Commission VI Symposia. Sociedad Mexicana de la Ciencia del Suelo, Mexico, p.17-33,
1994.

LIMA, S.M.V.; FREITAS FILHO, A.; CASTRO, A.M.G.; SOUZA, H.R. Desempenho da
cadeia produtiva do dendê na Amazônia legal. In: MULLER, A.A.; FURLAN JUNIOR, J.
AGRONEGÓCIO DÊNDE: uma alternativa social, econômica e ambiental para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia. 2000. p.251-288.

OIL WORLD. Oil World Annual. Hamburg: ISTA Mielke, 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

806
COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE SOJA NA REGIÃO DE
ITUTINGA - MG

Everson Reis Carvalho, DAG/UFLA, eversonreiscarvalho@hotmail.com


Pedro Milanez de Rezende, DAG/UFLA, pmrezend@ufla.br
Eudes de Arruda Carvalho, DFP/UFLA, eudes@agronomia.ufla.br
Luis Eduardo Yamada da Silva, UFLA, eduyamada@hotmail.com

RESUMO: O Brasil destaca-se no cenário mundial como importante país produtor de soja.
A expansão dessa cultura tornou-se possível a partir do desenvolvimento de cultivares
adaptadas às mais variadas condições edafoclimáticas. O grande número de cultivares
disponível tem gerado o questionamento comum a muitos produtores, em relação à utilização
desses genótipos. Nesse sentido, objetivou-se com o presente trabalho estudar o
comportamento de 49 cultivares de soja na região de Itutinga - MG, em cultivo de verão. O
experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados com três repetições sendo
os tratamentos constituídos pelas cultivares: Aventis 7002, Aventis 7003, Aventis 7005, BR 9
‘Savana’, BRS 136, BR/Emgopa 314 ‘Garça Branca’, BR/IAC 21, BRS Carla, BRS Milena,
BRS Sambaíba, BRS/GO 204 ‘Goiânia’, BRSGO Luziânia, BRSMG 68 ‘Vencedora’,
BRSMG Confiança, BRSMG Garantia, BRSMG Nobreza, BRSMG Renascença, BRSMG
Robusta, CAC 1, Carrera, DM 118, DM 339, DM Nobre, DM Vitória, Elite, Embrapa 20
(Doko RC), Embrapa 48, Emgopa 313, Emgopa 315 (Rio Vermelho), Emgopa 316, FMT
Perdiz, FMT Tucunaré, IAC 19, MG/BR 46 ‘Conquista’, Monarca, Monsoy 108, Monsoy
6101, Monsoy 8001, Monsoy 8329, Monsoy 8411, Monsoy 8866, MT/BR 45 ‘Paiaguás’,
MT/BR 53 ‘Tucano’, Performa, Preta, Santa Rosa, STTE 02, Suprema e UFV 16
‘Capinópolis’. Todas as cultivares avaliadas mostraram bom crescimento vegetativo com
altura de plantas variando de 54 a 98 cm. Quanto à altura de inserção do primeiro legume,
observaram-se variações de 11 a 27 cm. Não houve diferenças significativas entre os índices
de acamamento das cultivares avaliadas, verificando-se notas de 1,0 a 2,0, consideradas
favoráveis à colheita mecanizada. As cultivares formaram grupos em relação à produtividade,
e no grupo mais produtivo destacou-se a cultivar Emgopa 314 por apresentar maior altura de
planta.

Palavras-Chave: Glycine max, sojicultura, produtividade.

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807
1 INTRODUÇÃO
A soja [Glycine max (L.) Merrill] é a principal oleaginosa cultivada no mundo. O
desenvolvimento de novas tecnologias e o aperfeiçoamento de técnicas de cultivo
possibilitaram a expansão da cultura às mais variadas condições edafoclimáticas, fazendo do
Brasil o segundo maior produtor mundial de soja.
Dentre os fatores ambientais que exercem efeitos sobre o desenvolvimento da cultura da
soja, os mais importantes são fotoperíodo, temperatura do ar e umidade do solo, que variam
com as diferentes épocas do ano, apresentando variações mais acentuadas em regiões de
maior latitude (Câmara, 1992). Cada cultivar possui seu fotoperíodo crítico abaixo do qual
tem início o processo de florescimento. A temperatura do ar tem grande influência no
desenvolvimento dessa leguminosa e normalmente interage com o fotoperíodo. A soja é uma
espécie termo e fotossensível e pode apresentar características não satisfatórias quando
cultivada sob condições climáticas adversas. A previsão de comportamento de cultivares de
soja em um determinado local é dificultada, visto que em latitudes semelhantes ocorrem
disponibilidade térmicas diferentes, tornando-se necessário a realização de ensaios de campo
para se conhecer a fenologia das diferentes cultivares (Vernetti, 1983).
Schoffel (2001), utilizando as cultivares de soja Dourados, IAC 20 e IAC 28, verificou
os maiores rendimentos com a cultivar Dourados, tanto para épocas recomendadas quanto em
semeaduras tardias. Nunes Júnior et al. (2005) avaliando três épocas de semeadura e onze
cultivares constataram melhores produtividades com a cultivar Monsoy 6101 em todas as
épocas testadas.
Carvalho et al. (2004) trabalhando com quarenta e quatro cultivares de soja, em duas
localidades do Sul de Minas Gerais, verificaram melhor desempenho das cultivares
Vencedora, Emgopa 313, Paiáguas e Garantia, apresentando características agronômicas
favoráveis a colheita mecanizada. Assim, é desejável que no cultivo da soja, além do aspecto
da produção de grãos, a cultivar utilizada apresente altura de planta e altura de inserção de
primeiro legume favoráveis à colheita mecanizada.
Diante do crescente interesse de produtores do Sul de Minas Gerais pelo cultivo da soja
e considerando-se o potencial da cultura como fonte de combustíveis renováveis, objetivou-se
com o presente trabalho avaliar o comportamento de cultivares de soja na região de Itutinga –
MG.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

808
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no município de Itutinga - MG no ano agrícola 2006/07, em
solo classificado como Cambissol, cujas características são: pH em água 5,9 (acidez média);
P: 1,8 mg.dm-3 (muito baixo); K: 70 mg.dm-3 (médio); Ca: 1,7 cmolc.dm-3 (médio); Mg: 1,3
cmolc.dm-3 (bom); M.O.: 3,5 dag.kg-1 (médio).
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com 49 tratamentos
e três repetições. Os tratamentos foram constituídos pelas cultivares: Aventis 7002, Aventis
7003, Aventis 7005, BR 9 ‘Savana’, BRS 136, BR/Emgopa 314 ‘Garça Branca’, BR/IAC 21,
BRS Carla, BRS Milena, BRS Sambaíba, BRS/GO 204 ‘Goiânia’, BRSGO Luziânia,
BRSMG 68 ‘Vencedora’, BRSMG Confiança, BRSMG Garantia, BRSMG Nobreza, BRSMG
Renascença, BRSMG Robusta, CAC 1, Carrera, DM 118, DM 339, DM Nobre, DM Vitória,
Elite, Embrapa 20 (Doko RC), Embrapa 48, Emgopa 313, Emgopa 315 (Rio Vermelho),
Emgopa 316, FMT Perdiz, FMT Tucunaré, IAC 19, MG/BR 46 ‘Conquista’, Monarca,
Monsoy 108, Monsoy 6101, Monsoy 8001, Monsoy 8329, Monsoy 8411, Monsoy 8866,
MT/BR 45 ‘Paiaguás’, MT/BR 53 ‘Tucano’, Performa, Preta, Santa Rosa, STTE 02, Suprema
e UFV 16 ‘Capinópolis’. As parcelas experimentais foram constituídas por quatro linhas de 5
m de comprimento, espaçadas de 0,50 m. Como área útil foram utilizadas as duas linhas
centrais, eliminando-se 0,50 m nas extremidades das mesmas, a título de bordadura.
O preparo do solo constituiu-se de uma aração seguida de duas gradagens, a saturação
de bases foi elevada a 60%, após a prática de calagem, e a adubação química realizada de
acordo com a análise do solo aplicando-se 120 kg.ha-1 de P2O5 e 60 kg.ha-1 de K2O,
distribuídos e incorporados aos sulcos de semeadura. A abertura de sulcos foi realizada
utilizando-se tração mecânica e a semeadura foi realizada manualmente no dia 27 de
novembro. As sementes foram inoculadas com Bradyrhizobium japonicum utilizando-se
inoculante turfoso com concentração de 4x109 células por grama, na proporção de 125 g por
50 kg de semente. Os desbastes foram realizados quinze dias após a emergência das plântulas,
mantendo-se a densidade de 15 plantas por metro. Os demais tratos culturais exigidos pela
cultura foram realizados uniformemente em todos as parcelas experimentais.
Na colheita foram avaliadas as seguintes características na área útil: altura da planta
(medida em cm, do colo da planta até a extremidade superior da haste principal), altura de
inserção do primeiro legume (medida em cm, do colo da planta até o nó de inserção do
primeiro legume), ambas tomadas aleatoriamente em cinco plantas, índice de acamamento de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

809
acordo com escala de notas de Bernard et al. (1965), e rendimento de grãos (kg.ha-1), após
correção para 13% de umidade.
Os dados coletados na área útil de cada parcela para as diferentes variáveis foram
submetidos à análise estatística no programa Sisvar® (Ferreira, 2000), aplicando-se o teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade, para comparação de médias.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificaram-se diferenças significativas (P<0,05) entre as produtividades das cultivares,
indicando possíveis variabilidade na adaptação desses genótipos à região (Tabela 1).
Tabela 1 - Resultados médios de produtividades, altura de planta e de inserção do primeiro
legume e índice de acamamento obtidos no ensaio de comportamento de cultivares na região
de Itutinga - MG, ano agrícola 2006/07, UFLA, Lavras - MG*.

Altura (cm) Acamamento


Produtividade
Cultivares
(Notas 1 a 5)
(kg.ha-1) Planta 1º Legume
DM Nobre 2688 a 62 d 21 a 1,33 a
Emgopa 315 2417 a 66 d 24 a 1,00 a
Emgopa 314 2414 a 98 a 22 a 1,67 a
Paiaguás 2254 a 71 c 22 a 1,67 a
UFV 16 2224 a 73 c 21 a 1,33 a
Doko RC 2221 a 80 b 27 a 1,00 a
Santa Rosa 2144 a 65 d 19 b 1,00 a
Monsoy 8001 2139 a 62 d 15 b 1,00 a
Vencedora 2104 a 54 d 20 a 1,00 a
IAC 21 2074 a 74 c 18 b 1,00 a
Perdiz 2071 a 72 c 24 a 1,00 a
IAC 19 2062 a 73 c 16 b 1,00 a
STTE 02 2052 a 62 d 19 b 1,00 a
Milena 2020 a 67 d 21 a 1,00 a
Aventis 7003 2019 a 71 c 19 b 1,00 a
Conquista 2007 a 68 d 20 a 1,00 a
Monsoy 6101 1973 a 82 b 20 a 1,00 a
Emgopa 316 1963 a 66 d 19 a 1,00 a

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810
Luziania 1958 a 65 d 23 a 1,00 a
Aventis 7002 1946 a 66 d 15 b 1,00 a
Elite 1943 a 73 c 17 b 1,00 a
Embrapa 48 1925 a 55 d 14 b 1,00 a
Sambaíba 1884 a 71 c 22 a 1,33 a
Tucano 1836 a 71 c 19 b 2,00 a
DM Vitória 1834 a 86 b 25 a 1,33 a
Nobreza 1787 b 63 d 21 a 1,33 a
CAC 1 1786 b 60 d 11 b 1,33 a
Suprema 1771 b 70 c 20 a 1,33 a
DM 339 1745 b 72 c 26 a 1,33 a
Carla 1734 b 68 d 22 a 1,67 a
Emgopa 313 1717 b 66 d 23 a 1,00 a
Monsoy 8411 1672 b 71 c 20 a 1,00 a
Monsoy 108 1646 b 83 b 26 a 1,33 a
BRS 136 1587 b 57 d 18 b 1,00 a
Performa 1572 b 62 d 16 b 1,33 a
Monsoy 8866 1571 b 70 c 26 a 1,00 a
Garantia 1566 b 76 c 25 a 1,33 a
Monsoy 8329 1552 b 70 c 22 a 1,00 a
Preta 1540 b 61 d 20 a 1,33 a
Robusta 1518 b 59 d 18 b 1,00 a
Monarca 1451 b 73 c 16 b 1,33 a
Aventis 7005 1418 b 67 d 22 a 1,33 a
Goiânia 1405 b 77 c 23 a 1,33 a
Savana 1342 b 70 c 17 b 1,67 a
Carrera 1279 b 70 c 15 b 1,67 a
DM 118 1246 b 64 d 14 b 1,00 a
Confiança 1233 b 66 d 18 b 1,33 a
Renascença 1082 b 61 d 14 b 1,67 a
Tucunaré 1061 b 62 d 27 a 1,33 a
*Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.

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811
As cultivares avaliadas formaram dois grupos estatisticamente distintos em relação à
produtividade, com variações de 1834 a 2688 kg.ha-1 e de 1061 a 1787 kg.ha-1. Dentre as
cultivares mais produtivas destaca-se Emgopa 314 (2414 kg.ha-1), demonstrando
desenvolvimento vegetativo satisfatório, evidenciado pela altura de planta, além de altura de
inserção do primeiro legume e índice de acamamento favoráveis à mecanização da colheita,
conforme Tabela 1.
Observaram-se diferenças estatísticas entre as alturas de plantas, agrupando as
cultivares em quatro categorias. A cultivar Emgopa 314 apresentou porte superior
estatisticamente às demais com altura de 98 cm, seguida por DM Vitória (86 cm), Monsoy
108 (83 cm), Monsoy 6101 (82 cm) e Doko RC (80 cm). As demais cultivares foram
separadas em dois grupos com variações de 70 a 77 cm e de 54 a 68 cm.
A maioria das cultivares avaliadas apresentou altura de inserção do primeiro legume
favorável a colheita mecanizada, com exceção da cultivar CAC 1 (11 cm). Segundo Marcos
Filho (1986), a altura de inserção do primeiro legume mínima necessária à colheita mecanizada
é de 12 cm. Nesse trabalho foram observadas médias de 11 a 27 cm. Quanto ao índice de
acamamento, não houve diferenças significativas entre os tratamentos, observando-se notas de
1,0 a 2,0.

4 CONCLUSÕES
As cultivares diferiram estatisticamente em relação à produtividade, e no grupo mais
produtivo destaca-se a cultivar Emgopa 314 por apresentar maior altura de planta, altura de
inserção do primeiro legume e índice de acamamento favoráveis à colheita mecanizada.
As alturas de plantas e de inserção do primeiro legume variaram de 54 a 98 cm e de 11 a
27 cm, respectivamente.
Todas as cultivares mostraram índices de acamamento compatíveis à colheita
mecanizada.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CARVALHO, E. A.; REZENDE, P. M.; GRIS, C.F.; SANTOS, J. P.; MASSAROTO, J.A;
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Campinas, v.1, 1983. 463 p.

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813
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICA DA CASCA DO FRUTO DA
MAMONEIRA COMO COMPONENTE DE SUBSTRATO PARA CULTIVO
DE PLANTAS EM RECIPIENTES

Guilherme Eugênio Machado Lopes, PESAGRO-RIO, gemlopes@gmail.com


Henrique Duarte Vieira, UENF, henrique@uenf.br
Aldo Shimoya, UNIVERSO, aldoshimoya@yahoo.com.br
Lúcia Valentini, PESAGRO-RIO, luciapesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Este trabalho foi conduzido na Estação Experimental de Itaocara da PESAGRO-


RIO, com o objetivo de analisar as características químicas e físicas do material casca de fruto
da mamoneira para uso como substrato no cultivo de plantas em recipientes. O delineamento
experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com 6 tratamentos e 3 repetições. Os
tratamentos originaram-se de um fatorial 2 x 3, proveniente da combinação dos fatores:
material casca de fruto da mamoneira in natura e compostado e três granulometrias (peneira 3
mm, 5 mm e 10 mm). Foram avaliados os teores de macro e micronutrientes e as seguintes
características químicas: pH em água, teor total de sólidos solúveis e condutividade elétrica, e
características físicas: densidade úmida, densidade seca, porosidade total, espaço de aeração,
água disponível e capacidade de retenção de água em diferentes pressões de sucção (10, 50 e
100 cm). A casca de fruto da mamoneira apresenta potencial para uso como substrato após o
processo de compostagem.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., substrato, casca de fruto da mamoneira,


características química e física.

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814
1 INTRODUÇÃO
O substrato é responsável por boa parte do custo de produção de uma muda. Por
exemplo, segundo Guimarães et al. (1998), aproximadamente 38 % da produção de mudas de
cafeeiro em tubetes refere-se ao substrato. Portanto, o desenvolvimento de culturas em
substratos, nas diferentes regiões do Brasil, depende dentre outros fatores, da disponibilidade
de matérias primas abundantes e baratas, com potencial de utilização como substrato para as
plantas (ANDRIOLO et al., 1999).
Segundo Hartmann et al. (1997), não existe substrato ideal para a produção de mudas,
mas sim um substrato apropriado, que depende da espécie vegetal, do tipo de propágulo, da
época do ano, do sistema de propagação utilizado, além do custo e disponibilidade dos
componentes.
Segundo Kämpf (2000), no mundo todo, a indústria de substratos busca materiais
substitutos para a turfa, consagrada como componente padrão. Resíduos da agroindústria,
fibra de coco e materiais orgânicos decompostos aparecem como alternativas promissoras
para misturas.
Amaral et al. (1996) recomenda a utilização de resíduos agroindustriais para produção
de mudas, por permitirem a redução de custos de produção e o aproveitamento de resíduos
cujo descarte poderia representar impacto negativo ao ambiente.
Entre os materiais freqüentemente utilizados como substrato na produção de mudas de
diferentes espécies cita-se: turfa, casca de arroz carbonizada, esterco bovino, bagaço de cana e
torta de filtro, cama de frango, moinha de café, casca de acácia-negra, entre outros.
Condicionador de substrato é o componente que irá melhorar de modo significativo as
propriedades do meio de cultivo. É preciso conhecer a qualidade dos componentes que serão
empregados no preparo do substrato a partir do exame de suas propriedades físicas e
químicas. O conhecimento das propriedades químicas e físicas dos substratos é fator
determinante no manejo e controle da qualidade dos cultivos em recipientes (SCHMITZ et al.,
2002).
A casca de fruto da mamoneira é um material orgânico proveniente do descascamento
da mamoneira, atualmente jogado fora, utilizado como adubo ou combustível na geração de
calor. Silva et al. (2004) relataram rendimento médio de casca entre 28 e 36 %, variando de
acordo com o genótipo. Atualmente com o advento do Programa Nacional do Biodíesel,
Almeida et al. (2004) estimam que para substituir 2% do consumo interno de diesel,
considerando 40% do óleo vegetal proveniente da mamoneira e uma produtividade agrícola

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

815
otimista de 1.800 Kg ha-1 em grãos, seriam necessários o plantio anual de 360 mil ha de
mamona. Considerando os rendimentos médios de casca relatados acima, estes números
remetem a uma produção bruta da ordem de 247.000 a 396.000 toneladas de casca.
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar as características químicas e físicas da casca
de fruto da mamoneira (CFM) para uso potencial como substrato na produção de mudas, puro
ou como componente de misturas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O material foi obtido a partir da área de produção de mamona da Estação Experimental
de Itaocara, da PESAGRO-RIO. Após a colheita, secagem dos frutos em terreiro ao sol e
descascamento mecânico em descascador marca ECIRTEC, modelo DME 100, as cascas
foram submetidas a compostagem por cerca de 180 dias, a céu aberto, seguindo-se as
recomendações de Kiehl (1985). Amostras do material sem compostagem (in natura) e
compostado, foram encaminhadas para análise química de resíduo (macro e micrunutrientes)
no laboratório de análise da UFRRJ.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com 6 tratamentos e 3
repetições. Os tratamentos originaram-se de um fatorial 2 x 3, proveniente da combinação dos
fatores: material casca de fruto da mamoneira in natura e compostado e três granulometrias
(peneira 3 mm, 5 mm e 10 mm).
O material in natura e compostado foi triturado em moinho triturador marca Nogueira,
modelo DPM 500, em três granulometrias: peneiras 3 mm, 5mm e 10 mm. Após padronizada
a granulometria, amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Análise de Substrato da
Escola de Agronomia da UFRGS, onde foram realizadas as seguintes análises de
caracterização química: pH em água (pH); teor total de sais solúveis (TTSS), em kg m-3 e
condutividade elétrica (CE), em dS m-1 e análises de caracterização física: densidade úmida
(DU), em kg m-3; densidade seca (DS), em kg m-3; porosidade total (PT), em m3 m-3; espaço
de aeração (EA), em m3 m-3; água disponível (AD) em m3 m-3 e capacidade de retenção de
água nas pressões de sucção de 10 cm, 50 cm e 100 cm (CRA10, CRA50 e CRA100), em m3
m-3. Não foi possível completar a curva de retenção de água das amostras in natura devido à
fermentação do material.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade. As análises estatísticas foram realizadas utilizando os
procedimentos do programa Genes (CRUZ, 2006).

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816
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todas as características avaliadas apresentaram significância (P<0,01) para os efeitos de
compostagem, granulometria e interação compostagem x granulometria (Tabela 1).

Tabela 1 - Resumo das análises de variância dos dados das características densidade úmida
(DU), em kg m-3; densidade seca (DS), em kg m-3; teor total de sólidos solúveis (TTSS), em
kg m-3; condutividade elétrica (CE), em dS m-1; pH em água (pH); porosidade total (PT), em
m3 m-3; e espaço de aeração (EA), em m3 m-3, do material casca de fruto da mamoneira in
natura e compostado em três granulometrias no ensaio conduzido na PESAGRO-RIO/Estação
Experimental de Itaocara. Itaocara, RJ. 2007.
Fonte de QM
Variação GL DU DS TTSS
Blocos 2 78,7737 10,7493 0,0367
Compostagem (C) 2 13846,9245** 5040,8404** 8,0894**
Granulometria (G) 1 16594,1689** 10351,6864** 150,8584**
Interação C x G 2 222,9934** 590,6668** 5,0236**
Resíduo 10 29,9262 13,9244 0,0841
CV (%) 1,1 1,5 6,4

Fonte de QM
Variação GL CE pH PT EA
Blocos 2 0,0048 0,0028 0,00002 0,00014
Compostagem (C) 2 0,6927** 0,5215** 0,01728** 0,00494**
Granulometria (G) 1 29,8455** 3,4584** 0,02316** 0,08979**
Interação C x G 2 0,4986** 0,3879** 0,02006** 0,01654**
Resíduo 10 0,0156 0,0006 0,00014 0,0001
CV (%) 6,6 0,4 1,6 3,2
** F significativo a 1% de probabilidade.

A Tabela 2 apresenta os teores de macro e micronutrientes encontrados na CFM in


natura e após compostagem por 180 dias. Observa-se que com a compostagem ocorreu
redução dos teores de K, Cl e Na possivelmente devido à forma de compostagem a céu aberto
e lixiviação desses elementos pela água da chuva. Observa-se ainda com a compostagem a
redução nos teores de S, C e B e o aumento dos teores de N, P, Ca, Mg, Fe, Cu, Zn e Mn. Os
altos teores de Fe e Mn observados antes e após a compostagem são considerados adequados
à produção de plantas envasadas (RODRIGUES e MEDEIROS, 2000).
Analisando-se as Tabelas 2 e 3 observa-se que a CFM in natura apresentou altos valores
de salinidade, expressa pelo teor médio total de sólidos solúveis (TTSS) de 7,40 kgm-3 e pela
condutividade elétrica (CE) de 3,19 dS m-1. Após a compostagem, a redução nos teores de K,
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817
Cl e Na citados anteriormente, contribuiu significativamente para a redução do TTSS e da CE
com valores médios de 1,61 kg m-3 e 0,61 dS m-1, respectivamente. Mesmo após compostada,
o valor de TTSS ainda se manteve acima da faixa de 0 a 0,5 g L-1, citado pela literatura como
ideal (SCHMITZ et al., 2002), já os valores de CE se mantiveram dentro da faixa considerada
adequada (SOUZA, 2001). Tanto o TTSS quanto a CE aumentaram com a redução da
granulometria (Tabelas 4 e 5).

Tabela 2 - Teores de macro e micronutrientes do material casca de fruto da mamoneira (CFM)


in natura e após compostagem por 180 dias.

Tratamentos N P2O5 K2O Ca Mg Cl S Na C


g kg-1
CFM in natura 24,14 5,50 37,72 8,89 3,43 7,5 2,67 3,31 420,00
CFM compostada 29,02 7,32 4,00 20,18 4,99 2,50 2,49 0,51 391,20

Fe Cu Zn Mn B
Tratamentos
mg kg-1
CFM in natura 724 6 32 58 40,18
CFM compostada 1800 24 108 154 31,66
Fonte: UFFRJ.

Tabela 3 - Médias do material casca de fruto da mamoneira (CFM) compostada e in natura


para as características densidade úmida (DU), densidade seca (DS), teor total de sólidos
solúveis (TTSS), condutividade elétrica (CE), pH em água (pH), porosidade total (PT) e
espaço de aeração (EA) no ensaio conduzido na PESAGRO-RIO/Estação Experimental de
Itaocara. Itaocara, RJ. 2007.
DU DS TTSS CE pH PT EA
Tratamentos (kg m-3) (kg m-3) (kg m-3) (dS m-1) (H2O) (m3 m-3) (m3 m-3)
In natura 451,13 b 218,15 b 7,40 a 3,19 a 5,98 b 0,71 b 0,25 b
Compostada 511,85 a 266,11 a 1,61 b 0,61 b 6,86 a 0,78 a 0,39 a
Média 481,49 242,13 4,51 1,90 6,42 0,75 0,32
Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Segundo Kämpf (2000), o pH ideal para substratos de base orgânica encontra-se na


faixa de 5,2 e 5,5. Os valores de pH da CFM que mais se aproximaram destes valores foi o do
material in natura nas granulometrias mais grosseiras, peneiras 5mm e 10 mm. Houve um
aumento no pH com a compostagem e com a redução da granulometria (Tabelas 3, 4 e 5).
Os valores de densidade seca (DS) considerados ideais situam-se entre 400-500 kg m-3
(SCHMITZ et al., 2002). Tanto a CFM in natura como compostada não apresentaram valores

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818
de DS dentro da faixa ideal, embora tenha havido um aumento de valor com a redução da
granulometria. Segundo Schmitz et al. (2002), materiais de baixa densidade podem acarretar
problemas de fixação das plantas e tombamento se o cultivo for feito em recipientes altos,
entretanto são adequados para o cultivo em bandejas e para uso como condicionadores em
misturas com materiais de alta densidade como solo e areia (Tabelas 4 e 5).

Tabela 4 - Médias das granulometrias peneiras 3 mm, 5 mm e 10 mm, do material casca de


fruto da mamoneira (CFM) compostada para as características densidade úmida (DU),
densidade seca (DS), teor total de sólidos solúveis (TTSS), condutividade elétrica (CE), pH
em água (pH), porosidade total (PT), espaço de aeração (EA), água disponível (AD),
capacidade de retenção de água na pressão de sucção de 10 cm (CRA 10), capacidade de
retenção de água na pressão de sucção de 50 cm (CRA 50) e capacidade de retenção de água
na pressão de sucção de 100 cm (CRA 100) do ensaio conduzido na PESAGRO-RIO/Estação
Experimental de Itaocara. Itaocara, RJ. 2007.
Tratamentos DU DS TTSS CE pH PT
(kg m-3) (kg m-3) (kg m-3) (dS m-1) (H2O) (m3 m-3)
P 3 mm 541,47 a 285,04 a 1,87 a 0,68 a 7,30 a 0,82 a
P 5 mm 539,47 a 282,44 a 1,64 b 0,60 b 6,75 b 0,80 a
P 10 mm 454,65 b 230,85 b 1,30 c 0,56 c 6,53 c 0,73 b
Média 511,86 266,11 1,61 0,61 6,86 0,78

Tratamentos EA AD CRA 10 CRA 50 CRA100


(m3 m-3) (m3 m-3) (m3 m-3) (m3 m-3) (m3 m-3)
P 3 mm 0,32 c 0,18 a 0,50 a 0,33 a 0,32 a
P 5 mm 0,37 b 0,08 b 0,37 b 0,30 b 0,29 b
P 10 mm 0,48 a 0,06 c 0,33 c 0,27 c 0,27 c
Média 0,39 0,1029 0,3963 0,3014 0,2936
Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Para a porosidade total (PT), o valor ideal é de 0,85 m3 m-3 para substratos hortícolas
(SCHMITZ et al., 2002). Verificou-se que a PT da CFM aumentou com o processo de
compostagem se aproximando do valor considerado ideal, principalmente na granulometria
3mm (0,82 m3 m-3) (Tabelas 4 e 5).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

819
Tabela 5 - Médias das granulometrias peneiras 3 mm, 5 mm e 10 mm, do material casca de
fruto da mamoneira (CFM) in natura para as características densidade úmida (DU), densidade
seca (DS), teor total de sólidos solúveis (TTSS), condutividade elétrica (CE), pH em água
(pH), porosidade total (PT) e espaço de aeração (EA) do ensaio conduzido na PESAGRO-
RIO/Estação Experimental de Itaocara. Itaocara, RJ. 2007.

DU DS TTSS CE pH PT EA
Tratamentos (kg m-3) (kg m-3) (kg m-3) (dS m-1) (H2O) (m3 m-3) (m3 m-3)
P 3 mm 490,07 a 251,51 a 9,76 a 3,91 a 6,39 a 0,79 a 0,27 a
P 5 mm 464,80 b 211,85 b 6,54 b 2,90 b 5,93 b 0,74 b 0,26 a
P 10 mm 398,52 c 191,07 c 5,90 b 2,76 b 5,64 c 0,60 c 0,21 b
Média 451,13 218,14 7,40 3,19 5,99 0,71 0,25
Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

O valor considerado ideal para o espaço de aeração (EA) de substratos hortícolas é de


0,30 m3 m-3 (SCHMITZ et al., 2002). A CFM in natura apresentou valores de EA inferiores
àquele considerado ideal, entretanto a compostagem elevou esses valores com a granulometria
de 3 mm, ficando bem próxima do ideal. As granulometrias de 5 mm e 10 mm na CFM
compostada apresentaram valores de EA acima do ideal, 0,37 m3 m-3 e 0,48 m3 m-3,
respectivamente, o que segundo Schmitz et al. (2002) pode trazer deficiência hídrica às
plantas, principalmente no caso de irrigações pouco freqüentes, mas seu uso é indicado como
condicionadores de substrato.
Não foi possível realizar as análises de curvas de retenção de água do material in natura
devido à fermentação das amostras, sendo assim, os resultados de água disponível (AD) e
capacidade de retenção de água (CRA) constantes da Tabela 4 referem-se ao material
compostado.
A água disponível (AD) corresponde ao volume de água nas tensões entre 10 e 100 hPa.
O volume de AD considerado ideal de substratos utilizados para o cultivo em recipientes é de
0,24 a 0,40 m3 m-3 (SCHMITZ et al., 2002). A CFM após a compostagem apresentou volume
reduzido de AD em todas as três granulometrias estudadas (Tabela 4), o que indica baixa
disponibilidade de água do material e restrição ao seu uso como substrato único para cultivos
em recipientes. A granulometria peneira 3 mm foi a que mais se aproximou da faixa ideal
(0,18 m3 m-3 ).
A CRA100 (Tabela 4), corresponde ao volume de água remanescente na tensão acima
de 100 hPa, cujos valores ideais para substratos hortícolas, segundo Schmitz et al. (2002),
encontra-se na faixa de 0,25 a 0,30 m3 m-3. Os valores encontrados para a CFM após

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

820
compostagem e nas granulometrias estudadas indicaram que as peneiras 5 mm e 10 mm
apresentaram valores de água remanescente situados dentro desta faixa considerada ideal,
com a granulometria de 3 mm ligeiramente acima. Valores de água remanescente superiores
podem apresentar problemas por excesso de umidade para as raízes de algumas plantas,
enquanto valores baixos demonstram deficiência do material para o cultivo de plantas em
recipientes em função da baixa capacidade de armazenamento de água (SCHMITZ et al.,
2002).

4 CONCLUSÕES
O processo de compostagem melhora as características químicas e físicas da CFM.
A CFM apresenta potencial para uso como componente de substrato, em misturas no
cultivo de plantas em recipiente.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Convênio MCT/SECTI/FINEP/FAPERJ, nº 0.1.04.0821,
pelo financiamento do trabalho.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, C. M.; ALMEIDA NETO, J. A. de; PIRES M. de M.; ROCHA, P. K. A produção
de mamona no Brasil e o PROBIODIESEL. I CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA,
Campina Grande, PB, 2004. Anais... Campina Grande, EMBRAPA Algodão, 2004. CD
ROOM

AMARAL, R. D.; BARROS, N. F.; COSTA, L. M.; FONTES, M. P. F. Efeito de um resíduo


da indústria de zinco sobre a química de amostras de solo e plantas de milho. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, v. 20, n. 3, p. 433-440, 1996.

ANDRIOLO, J. L.; DUARTE, T. S.; LUDKE, L.; SKRESKY, E. C.; Características de


substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo. Horticultura Brasileira, v. 17, n. 3, p.
215-219, 1999.

CRUZ, C. D. Programa GENES: estatística experimental e matrizes. Viçosa: Ed. UFV,


2006. 285 p.

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SILVA, E. M. da. Produção de mudas de cafeeiros em tubetes. Informe Agropecuário, v. 19,
n. 193, p. 98-108, 1998.

HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E.; DAVIES JR., F. T.; GENEVE, R. L. Plant


Propagation: Principles and Practices, 1997, 770 p.

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821
KÄMPF, A. N. Seleção de materiais para uso como substrato. In: KÄMPF, A. N.;
FERMINO, M. N. Substratos para plantas: a base da produção vegetal em recipientes.
Porto Alegre: Gênesis, 2000, p. 139-145.

KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Ceres, 1985, 492 p.

RODRIGUES, L. T.; MEDEIROS, C. A. B. Caracterização química de substratos elaborados


a partir de casca de eucalipto, casca de acácia, casca de Pinus e casca de arroz carbonizada. II
Encontro Nacional Sobre Substratos Para Plantas. Florianópolis, p.54, 2000.
SCHMITZ, J. A. K.; SOUZA, P. V. D. de; KÄMPF, A. N. Propriedades químicas e físicas de
substratos de origem mineral e orgânica para o cultivo de mudas de recipiente. Ciência
Rural, v. 32, n. 6, p. 937-944, 2002.

SILVA, S. D. dos A. e; GOMES, C. B.; UENO, B.; ANTHONISEN. D. G.; GALHARÇA, S.


P.; BAMMANN, I.; ZANATTA, Z. G. C. N. Avaliação de cultivares de mamona em Pelotas-
RS, safra 2003/04. In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, Campina Grande, PB,
2004. Anais... Campina Grande, EMBRAPA Algodão, 2004. CD ROOM.

SOUZA, C. S. da S. Caracterização física e química de diferentes substratos: influência


na produção de mudas de Cróton (Codiaeum variegatum Blume) e acalifa (Acalypha
wilkesiana M. Arg.). 2001, 130 p. Tese (Mestrado em Agronomia) – UNESP, Ilha Solteira,
SP.

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822
AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO FISICA DE LOTES DE NABO
FORRAGEIRO

Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br


Bruno Bustamante junco, UFLA, brunobjunco@hotmail.com
Osmaria Ribeiro Bessa, UFLA, goianabj10@hotmail.com
Danilo Fonseca Cunha, UFLA, danilofcunha@yahoo.com.br
Franz Rodrigues Ferreira, UFLA, frazcouto@yahoo.com.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, oleo@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: O biodiesel é um combustível de fontes renováveis e surgem como uma


alternativa para contornar estes problemas. O nabo forrageiro é uma oleaginosa utilizada para
a produção deste combustível com grande potencial por apresentar uma boa produtividade por
área e apresentar baixo custo. O objetivo deste trabalho é verificar a composição física de um
lote se sementes de nabo forrageiro para verificação de sementes viáveis para obtenção de
óleo. As sementes de nabo forrageiro destinadas a extração do óleo correspodem a 82,4% dos
lotes.

Palavras-Chave: Matéria prima, nabo forrageiro, sementes, biodiesel.

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823
1 INTRODUÇÃO
O nabo forrageiro é uma planta da família Brassicaceae, com sistema radicular
pivotante que se desenvolve muito bem ajudando a melhorar as características físicas do solo.
Além disso o nabo forrageiro possui uma particularidade em suas sementes que possuem
cerca de 40% de óleo, sendo um excelente fornecedor de matéria prima para o biodiesel.
Para a obtenção de óleo é necessário que se faça à extração deste óleo, que está contido
nas sementes. Este processo consiste em esmagar fisicamente as sementes, extraindo o óleo e
torta. Quanto maior for a percentagem de impurezas dentro do lote de sementes menor será a
quantidade de óleo produzida e com uma torta de menor qualidade bromatológica. Os lotes de
sementes podem ser beneficiados com a utilização de procedimentos físicos, com o uso de
equipamentos que utilizam parâmetros específicos das sementes tais como tamanho e
densidade (Carvalho e Nakagawa, 2000).
O biodiesel é um combustível ecológico de fontes renováveis feito a partir de óleos
vegetais ou gorduras animais misturados ao álcool, metílico ou etílico, na presença de um
catalisador.
No mundo moderno e desde há muito tempo, os derivados do petróleo constituem-se na
maior parte da energia obtida mundialmente. A sempre crescente demanda mundial; a
constante variação dos preços no mercado internacional; a elevada poluição ambiental gerada
por sua extração, uso e ainda, por se tratar de um combustível fóssil finito, organismos
internacionais tem se pautado na criação de vários programas para a busca e desenvolvimento
tecnológico de fontes energéticas alternativas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na Unidade de Beneficiamento de Sementes da Universidade
Federal de Lavras, em Lavras Minas Gerais.
O trabalho consistiu em avaliar lotes de sementes de nabo forrageiro produzidas em
2006. Os lotes foram pesados o sub-divididos em sub lotes de 200 kg e classificados em uma
máquina de ar e peneira modelo CA-25 onde foi em separando em sementes graúdas, leves,
quebradas, palha e impurezas as quais foram pesadas e distribuídas percentualmente dentro do
peso total do lote.
O trabalho foi conduzido no arranjo experimental de delineamento inteiramente
casualizado com10 lotes, de 200kg.

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824
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na figura 1 estão apresentados os resultados da distribuição física dos lotes de sementes
de nabo forrageiro. As sementes graúdas participaram com 61,1% do peso total dos lotes, as
leves participaram com 8%, as quebradas com 13,3% e as impurezas com 1,1%. As palhas
obtidas na colheita contribuíram com 16,5%. Esta composição evidencia que para a extração
total de óleo os lotes de sementes terão 82,4% de aproveitamento efetivo de material para ser
prensado.

Figura 1 - Composição física de lotes de sementes de nabo forrageiro, 2006

16,5 % Semente Graudas

% Semente
Quebradas
8,0
% Palha
1,1

% Semente Leves
61,1
13,3
% Impurezas

Estes resultados são muito importantes para que as empresas esmagadoras possam
compor o rendimento industrial da extração de óleo de nabo forrageiro e os valores
contratuais de matéria prima.

4 CONCLUSÃO
A análise de mostrou que 82,4% das sementes podem ser destinadas à extração de óleo.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.

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825
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SATURNINO, H.M. Informe Agropecuário, Brasil, v.26 n.229 p. 2005.

PARENTE, E.J. de S. Biodiesel: Uma aventura tecnológica num pais engraçado. Fortaleza,
Ceará: Tecbio. 2003. 66p.

CONAB. Balanço de oferta e demanda brasileira 2005/06. Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento. Junho, 2006 [Online] Disponível: <
http://www.conab.gov.br/conabweb/download/indicadores/0301-oferta-e-demanda-
brasileira.pdf >.

CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4. ed.


Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p.

FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS. Produção de combustíveis


líquidos a partir de óleos vegetais. Relatório final. Belo Horizonte, 1983. 2º volume.

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826
DESEMPENHO DE CULTIVARES DE SOJA NO MUNICÍPIO DE LAVRAS
- MG

Everson Reis Carvalho, DAG/UFLA, eversonreiscarvalho@hotmail.com


Pedro Milanez de Rezende, DAG/UFLA, pmrezend@ufla.br
Eudes de Arruda Carvalho, DFP/UFLA, eudes@agronomia.ufla.br
Francis Gustavo Aratani Ogoshi, UFLA, francisogoshi@hotmail.com

RESUMO: A soja assume papel de destaque dentre as culturas com potencial de produção
de energia renovável devido a sua potencialidade de cultivo em diversas regiões e a complexa
estrutura de produção e comercialização já consolidada. O Sul de Minas apresenta crescente
interesse pela soja, contudo, o estudo da adaptabilidade é indispensável na introdução da
cultura em novas regiões. Objetivou-se avaliar o desempenho de cinqüenta cultivares de soja
em cultivo de verão no município de Lavras - MG. O experimento foi conduzido em
delineamento de blocos casualizados com três repetições sendo os tratamentos constituídos
pelas cultivares: Aventis 7002, Aventis 7003, Aventis 7005, BR 9 ‘Savana’, BRS 136,
BR/Emgopa 314 ‘Garça Branca’, BR/IAC 21, BRS Carla, BRS Milena, BRS Sambaíba,
BRS/GO 204 ‘Goiânia’, BRSGO Luziânia, BRSMG 68 ‘Vencedora’, BRSMG Confiança,
BRSMG Garantia, BRSMG Nobreza, BRSMG Renascença, BRSMG Robusta, CAC 1,
Carrera, DM 118, DM 339, DM Nobre, DM Vitória, Elite, Embrapa 20 (Doko RC), Embrapa
48, Emgopa 313, Emgopa 315 (Rio Vermelho), Emgopa 316, FMT Nambu, FMT Perdiz,
FMT Tucunaré, IAC 19, MG/BR 46 ‘Conquista’, Monarca, Monsoy 108, Monsoy 6101,
Monsoy 8001, Monsoy 8329, Monsoy 8411, Monsoy 8866, MT/BR 45 ‘Paiaguás’, MT/BR
53 ‘Tucano’, Performa, Preta, Santa Rosa, STTE 02, Suprema e UFV 16 ‘Capinópolis’. As
cultivares foram agrupadas em quatro categorias de acordo com as produtividades
apresentadas, com destaque para Monsoy 6101 (3571 kg. Ha-1), UFV 16 (3333 kg. Ha-1),
DM 118 (3203 kg. Ha-1), Santa Rosa (3196 kg. Ha-1) e Conquista (3159 kg. Ha-1) com
rendimentos estatisticamente superiores às demais. As cultivares de maior porte atingiram
alturas de plantas de 73 a 93 cm, já as menores médias variaram de 58 a 72 cm. As alturas de
inserção do primeiro legume variaram entre 14 e 34 cm e índices de acamamento de 1,00 a
2,17, ambas características compatíveis à mecanização da colheita.

Palavras-Chave: Glycine max, cultivo de verão, características agronômicas.

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827
1 INTRODUÇÃO
A soja é uma das principais oleaginosas produzidas no mundo e matéria prima
empregada na elaboração de diversos produtos. Em função de seu valor econômico e de sua
potencialidade de cultivo em diversas condições edafoclimáticas, essa leguminosa foi
responsável pela formação de uma complexa estrutura de produção, de armazenamento, de
processamento e de comercialização. Com a otimização da estrutura já estabelecida e a
incorporação de novas áreas de cultivo, a soja assume papel de destaque dentre as culturas
com potencial de produção de energia renovável.
O Sul de Minas Gerais, região de destaque na produção de café e importante bacia
leiteira, apresenta crescente interesse pela cultura da soja, produzindo na safra 20005/06
17.132 toneladas do grão (Emater, 2006). No entanto, a grande variabilidade existente entre as
cultivares de soja quanto à reposta ao fotoperíodo e outros fatores ambientais é característica
relevante na introdução da cultura em novas regiões. Nestes casos, ganha importância o
caráter juvenilidade longa (Kiihl & Garcia, 1989). De acordo com Yuyama (1991) a radiação
solar, o fotoperíodo, a temperatura do ar, os nutrientes e o vento são fatores ambientais que
podem influenciar diretamente a expressão do máximo potencial genético da planta de soja,
caracterizado pelo maior crescimento e desenvolvimento.
Avaliações de adaptabilidade e estabilidade de genótipos disponíveis são realizadas em
diversas regiões do Brasil. Rocha (2002) avaliou a magnitude da interação genótipos x
ambientes, e a sua conseqüência na adaptabilidade e na estabilidade fenotípica de 100
linhagens experimentais de soja, em Piracicaba - SP, em cultivo de verão. Dentre as linhagens
estudadas, as que reuniram maior adaptabilidade com estabilidade para produção de grãos e
óleo, dentro de cada ciclo de maturação, foram USP 94-1086 (precoce), USP 93-2316
(semiprecoce), USP 93-5243 (intermediária) e USP 94-5684 (semitardia). Peluzio (1996)
estudando a interação entre cultivares de soja e ambiente, no estado de Tocantins, constatou
que as cultivares Teresina RC e Seridó foram as que mais se destacaram, apresentando altura
de planta satisfatória à colheita mecanizada e alta capacidade produtiva.
O florescimento precoce da soja pode afetar o porte das plantas e a altura de inserção do
primeiro legume, ocasionando quedas no rendimento da lavoura devido a menor produção por
planta e a elevadas perdas na colheita mecanizada. Dessa forma, a cultivar a ser semeada deve
apresentar bom rendimento de grãos aliado a características agronômicas que minimizem de
perdas na colheita.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

828
Objetivou-se com esse trabalho avaliar o desempenho de 49 cultivares de soja em
cultivo de verão quanto ao rendimento de grãos e outras características agronômicas, no
município de Lavras – MG.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de Agricultura da
Universidade Federal de Lavras, Lavras – MG, ano agrícola 2006/07, em solo classificado
como Latossolo Vermelho Distroférrico típico (LVdf), cujas características são: pH em água
5,9 (acidez média); P: 10 mg.dm-3 (baixo); K: 25 mg.dm-3 (baixo); Ca: 1,5 cmolc.dm-3
(médio); Mg: 0,4 cmolc.dm-3 (baixo); M.O.: 1,8 dag.kg-1 (baixo).
Adotou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com 49 tratamentos e três
repetições. Os tratamentos foram constituídos pelas cultivares: Aventis 7002, Aventis 7003,
Aventis 7005, BR 9 ‘Savana’, BRS 136, BR/Emgopa 314 ‘Garça Branca’, BR/IAC 21, BRS
Carla, BRS Milena, BRS Sambaíba, BRS/GO 204 ‘Goiânia’, BRSGO Luziânia, BRSMG 68
‘Vencedora’, BRSMG Confiança, BRSMG Garantia, BRSMG Nobreza, BRSMG
Renascença, BRSMG Robusta, CAC 1, Carrera, DM 118, DM 339, DM Nobre, DM Vitória,
Elite, Embrapa 20 (Doko RC), Embrapa 48, Emgopa 313, Emgopa 315 (Rio Vermelho),
Emgopa 316, FMT Nambu, FMT Perdiz, FMT Tucunaré, IAC 19, MG/BR 46 ‘Conquista’,
Monarca, Monsoy 108, Monsoy 6101, Monsoy 8001, Monsoy 8329, Monsoy 8411, Monsoy
8866, MT/BR 45 ‘Paiaguás’, MT/BR 53 ‘Tucano’, Performa, Preta, Santa Rosa, STTE 02,
Suprema e UFV 16 ‘Capinópolis’. As parcelas experimentais foram constituídas por quatro
linhas de 5 m de comprimento, espaçadas de 0,50 m. Como área útil foram utilizadas as duas
linhas centrais, eliminando-se 0,50 m nas extremidades das mesmas, a título de bordadura.
O solo foi preparado de maneira convencional, com saturação de bases elevada a 60% e
adubação química, de acordo com a análise do solo, aplicando-se 120 kg.ha-1 de P2O5 e 60
kg.ha-1 de K2O, distribuídos e incorporados aos sulcos de semeadura. A abertura de sulcos foi
realizada utilizando-se tração mecânica e semeadura realizada manualmente no dia 27 de
novembro. As sementes foram inoculadas com Bradyrhizobium japonicum utilizando-se
inoculante turfoso com concentração de 4x109 células por grama, na proporção de 125 g por
50 kg de semente. Os desbastes foram realizados quinze dias após a emergência das plântulas,
mantendo-se a densidade de 15 plantas por metro. Os demais tratos culturais exigidos pela
cultura foram realizados uniformemente em todos as parcelas experimentais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

829
Na colheita foram avaliadas as alturas de plantas (medida em cm, do colo da planta até a
extremidade superior da haste principal), alturas de inserção do primeiro legume (medida em
cm, do colo da planta até o nó de inserção do primeiro legume), ambas tomadas
aleatoriamente em cinco plantas, índice de acamamento de acordo com escala de notas de
Bernard et al. (1965) e produtividade (kg.ha-1), após correção para 13% de umidade.
Os dados coletados foram submetidos à análise estatística no programa Sisvar®
(Ferreira, 2000), aplicando-se o teste de Scott-Knott a 5%, para comparação de médias.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se efeito significativo das cultivares sobre as produtividades (Tabela 1).

Tabela 1. Resultados médios de produtividades, alturas de planta e de inserção do primeiro


legume e índice de acamamento obtidos no ensaio de desempenho de cultivares de soja no
município de Lavras - MG, ano agrícola 2006/07, UFLA, Lavras - MG*.
Altura (cm)
Produtividade Acamamento
Cultivares
(kg.ha-1) Planta 1º Legume (Notas de 1 a 5)

Monsoy 6101 3571 a 78 a 20 c 1,33 a

UFV 16 3333 a 85 a 21 c 1,83 b

DM 118 3203 a 74 a 17 d 1,0 a


Santa Rosa 3196 a 69 b 20 c 1,5 b

Conquista 3159 a 62 b 18 c 1,0 a

IAC 21 2922 b 73 a 19 c 1,17 a

Sambaíba 2802 b 80 a 25 b 1,0 a


DM Nobre 2786 b 60 b 20 c 1,33 a

IAC 19 2612 b 73 a 20 c 1,33 a


Doko RC 2548 b 88 a 33 a 1,33 a

Nobreza 2436 b 77 a 19 c 2,17 c

Monsoy 8001 2302 c 58 b 15 d 1,0 a

Monsoy 8329 2294 c 84 a 21 c 1,67 b

DM Vitória 2221 c 93 a 34 a 1,17 a


4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

830
Suprema 2193 c 78 a 14 d 1,0 a

Garantia 2187 c 77 a 26 b 1,17 a


Aventis 7003 2131 c 62 b 16 d 1,0 a

Emgopa 316 2127 c 78 a 22 c 1,0 a


Monarca 2126 c 84 a 16 d 1,0 a

DM 339 2125 c 74 a 24 b 1,0 a


Monsoy 108 2117 c 93 a 28 b 1,0 a

Performa 2034 c 69 b 21 c 1,0 a


Milena 2024 c 72 b 20 c 1,33 a

Vencedora 2021 c 65 b 21 c 1,17 a

Luziania 1973 c 80 a 24 b 1,33 a

Tucunaré 1838 c 61 b 20 c 1,0 a

CAC 1 1809 c 66 b 14 d 1,0 a


Emgopa 314 1807 d 85 a 20 c 1,0 a

Perdiz 1804 d 71 b 23 b 1,67 b

STTE 02 1746 d 71 b 20 c 1,17 a

Confiança 1738 d 76 a 22 c 1,0 a

Goiânia 1701 d 65 b 17 d 1,33 a

Emgopa 315 1670 d 66 b 18 c 1,17 a

Robusta 1634 d 64 b 18 c 1,0 a

Monsoy 8866 1577 d 63 b 23 b 1,5 b


BRS 136 1568 d 62 b 15 d 1,17 a
Nambu 1563 d 62 b 20 c 1,17 a

Aventis 7005 1556 d 60 b 17 d 1,17 a

Renascença 1487 d 69 b 16 d 1,33 a


Savana 1441 d 66 b 23 b 1,0 a
Aventis 7002 1439 d 70 b 15 d 1,17 a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

831
Paiaguás 1437 d 79 a 23 b 1,17 a

Elite 1437 d 71 b 24 b 1,0 a


Embrapa 48 1425 d 58 b 15 d 1,0 a
Emgopa 313 1332 d 62 b 19 c 1,33 a

Carla 1279 d 61 b 19 c 1,33 a

Carrera 1272 d 70 b 18 c 1,17 a

Monsoy 8411 1268 d 59 b 17 d 1,0 a

Preta 1087 d 63 b 23 b 1,17 a


Tucano 985 d 60 b 17 d 1,0 a

*Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott, a 5%.

As cultivares foram agrupadas em quatro categorias distintas, segundo o seu potencial


produtivo, no presente trabalho. As cultivares mais produtivas foram Monsoy 6101 (3571
kg.ha-1), UFV (16 3333 kg.ha-1), DM 118 (3203 kg.ha-1), Santa Rosa (3196 kg.ha-1) e
Conquista (3159 kg.ha-1). Rendimentos de grãos intermediários foram encontrados para IAC
21, Sambaíba, DM Nobre, IAC 19, Doko RC e Nobreza variando de 2922 a 2436 kg.ha-1,
superiores estatisticamente a outras dezesseis cultivares com produtividades entre 2302 e
1809 kg.ha-1. Vinte e três cultivares apresentaram os menores rendimentos de grãos, inferiores
estatisticamente, com variação de 1807 a 985 kg.ha-1, conforme Tabela 1.
Verificaram-se diferenças significativas (P<0,05) para as alturas de planta, cujas médias
alternaram de 73 a 93 cm nas cultivares de maior porte e de 58 a 72 cm nas menores.
Todas as cultivares estudadas apresentaram altura de inserção do primeiro legume
favorável à colheita mecanizada, com médias compreendidas entre 14 e 34 cm. Os índices de
acamamentos encontrados, embora significativamente distintos, são considerados compatíveis
à mecanização da colheita, com notas entre 1,00 e 1,33 para as cultivares mais eretas e de 1,5
a 2,17 nas demais.

4 CONCLUSÃO
As cultivares foram agrupadas em quatro categorias segundo as produtividades
apresentadas, com destaque para Monsoy 6101, UFV, DM 118, Santa Rosa e Conquista com
rendimentos estatisticamente superiores às demais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

832
As alturas de plantas variaram de 73 a 93 cm nas cultivares de maior porte e de 58 a 72
cm nas menores cultivares.
Todas as cultivares avaliadas apresentaram alturas de inserção do primeiro legume e
índices de acamamento satisfatórios à colheita mecanizada.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNARD, R. L.; CHAMBERLAIN, D. W.; LAWRENCE, R. D. Result of the cooperative
uniform soybeans tests. Washington: USDA, 1965. 134p.

EMATER - MG. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas


Gerais. Relatório de Safra Agrícola. Cultura Anual - Grãos (Por região de
Planejamento). Disponível em: <http://www.emater.mg.govbr/portal.cgi?flagweb=site_tpl
paginas_internas&id=17 > Acesso em: 15 jun. de 2007.

FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In:
REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INETRNACIONAL DE
BIOMETRIA, 2000, São Carlos, SP. Anais... São Carlos: RBRAS/UFSCar, 2000. p. 255-258.

KIIHL, R.A.S.; GARCIA, A. The use of the long-juvenile trait in breeding soybean cultivars.
In: WORLD SOYBEAN RESEARCH CONFERENCE, 4., Buenos Aires, 1989.
Proceedings. Buenos Aires: World Soybean Research Conference, 1989. p.994-1000.

PELUZIO, J. M. Interação cultivar x Ambiente e correlação fenotípicas, genotípicas e de


ambiente entre cultivares de soja no estado de Tocantins. 1996. 80p. Tese (Doutorado em
em Genética e Melhoramento)- Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

ROCHA, M. M. Seleção de linhagens experimentais de soja para adaptabilidade e


estabilidade fenotípica. 2002. 173p. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento de
Plantas) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo,
Piracicaba, SP.

YUYAMA, K. Avaliação de algumas características agronômicas e morfofisiológica de


cinco cultivares de soja [Glycine max (L.) Merrill], cultivados em solo de várzea e de
terra firme da Amazônia Central. 1991. 123p. Tese (Doutorado em Produção Vegetal).
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal,
SP.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

833
AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE MOFO CINZENTO EM GENÓTIPOS
DE MAMONEIRA NO PERÍODO OUTONO-INVERNO EM ITAOCARA -
RJ

Guilherme Eugênio Machado Lopes, PESAGRO-RIO, gemlopes@gmail.com


Aldo Shimoya, UNIVERSO, aldoshimoya@yahoo.com.br
Luiz Antônio Antunes de Oliveira, PEAGRO-RIO, laoliveira@pesagro.rj.gov.br
Lúcia Valentini, PESAGRO-RIO, luciapesagro@yahoo.com.br

RESUMO: Este trabalho foi conduzido em condições de campo no município de Itaocara,


RJ, região Noroeste Fluminense, em delineamento experimental de blocos casualizados com
12 tratamentos constituídos pelos genótipos: IAC 80, AL Guarany 2002, BRS 149
Nordestina, BRS 188 Paraguaçu, Savana, Lyra, Mirante, V1, IAC 226, Cafelista, G1 e T1,
com quatro repetições, durante o período de abril a outubro de 2005. Utilizou-se parcela com
área de 42 m2 e área útil de 20 m2, com espaçamento de 2,0 m entre linhas e 1,0 m entre
plantas, marcando-se cinco plantas na área útil de cada parcela para as avaliações. As
observações foram feitas durante todo o ciclo das plantas, de acordo com o desenvolvimento
dos rácemos, avaliando-se o índice de doença por parcela. Houve diferença significativa entre
os genótipos. O genótipo Lyra apresentou a maior porcentagem de mofo cinzento e o genótipo
G1 não apresentou sintomas visíveis da doença.

Palavras-Chave: Mamona, índice de doença, Amphobotrys ricini.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

834
1 INTRODUÇÃO
Como forma de criar novas alternativas de geração de emprego e renda nas
propriedades agrícolas, recentemente foi lançado o Programa RioBiodíesel e com ele a
oportunidade de avaliar a viabilidade técnica, socioambiental e econômica da produção de
espécies de oleaginosas no Estado do Rio de Janeiro. Com objetivo de dar o embasamento
agrícola necessário para suporte ao programa, ações de pesquisa vêm sendo conduzidas em
diferentes regiões do estado visando o desenvolvimento do cultivo de espécies oleaginosas,
entre elas a mamoneira.
Segundo Lima et al. (2001) mesmo sendo uma planta rústica, com grande capacidade de
adaptação a todas as regiões brasileiras, a mamoneira é bastante afetada por vários
microorganismos, tais como fungos, bactérias e vírus, alguns dos quais chegam a causar
prejuízos de grande expressão econômica, se as condições climáticas forem favoráveis ao seu
desenvolvimento.
Como uma das principais doenças da mamoneira, o mofo cinzento, segundo Hoffmann
et al. (2003), é causado por um fungo identificado inicialmente como Botrytis ricini,
posteriormente transferido para o gênero Anphobotrys. Kimati (1980) cita a mamoneira como
seu único hospedeiro, entretanto, Hoffmann et al. (2003), citam relatos de ocorrência desse
patógeno em outras espécies vegetais, sendo o mesmo responsável por sérios prejuízos à
cultura da mamoneira (FORNAZIERI JÚNIOR, 1986; LIMA e SOARES, 1990).
Segundo Milani et al. (2005) o uso de cultivares com resistência ao mofo cinzento é a
tática de manejo mais eficaz e desejável, no entanto, cultivares com níveis elevados de
resistência a essa doença ainda estão sendo desenvolvidas. Com o aumento do interesse no
cultivo da mamoneira em regiões com condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do
mofo cinzento são necessários estudos tanto para avaliação de genótipos resistentes à doença,
quanto para a adaptação de novas cultivares a essas regiões.
Trabalhos de avaliação da resistência de cultivares de mamoneira que têm sido
conduzidos em diferentes regiões do país (LIMA e SOARES, 1990; BATISTA et. Al., 1998;
UENO et al., 2004; COSTA et al., 2004; LIMA et al., 2005). FREIRE et al. (1990) relataram
que cultivares e híbridos melhorados apresentaram alta susceptibilidade, enquanto tipos locais
apresentaram alto nível de resistência ao mofo cinzento. Segundo Costa et al. (2004), aspectos
relacionados à morfologia dos racemos, aliados as condições climáticas favoráveis, podem
conferir maior ou menor resistência às cultivares.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

835
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar a incidência de mofo cinzento, em diferentes
genótipos de mamoneira, nas condições climáticas de Itaocara, RJ, região Noroeste
Fluminense, no período outono-inverno.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em condições de campo na Estação Experimental da
PESAGRO-RIO no município de Itaocara, RJ, região Noroeste Fluminense, a 60 m de
altitude, 21º40’09’’ de Latitude Sul e 42º04’34’’ de Longitude Oeste, com precipitação média
anual em torno de 1000 mm, concentrados no período de outubro-novembro a março-abril.
Foram avaliados 12 genótipos: IAC 80, AL Guarany 2002, BRS 149 Nordestina, BRS 188
Paraguaçu, Savana, Lyra, Mirante, V1, IAC 226, Cafelista, G1 e T1.
O plantio foi efetuado em 01.04.2005 e as avaliações foram feitas durante o período de
abril a outubro de 2005. Utilizou-se delineamento em blocos casualizados com quatro
repetições, sendo cada parcela com área de 7 m x 6 m (42 m2) e área útil de 5 m x 4 m (20
m2), com espaçamento de 2,0 m entre linhas e 1,0 m entre plantas com uma planta por cova.
Com base em análise de solo foram utilizados como adubação de plantio 200 Kg.ha-1 de 04-
14-08 e em cobertura 50 Kg.ha-1 de sulfato de amônio e 60 Kg.ha-1 de cloreto de potássio. A
precipitação pluviométrica no período foi de 257 mm. Na área útil de cada parcela foram
marcadas cinco plantas ao acaso para acompanhamento da evolução da doença. Não foi
efetuado nenhum tipo de tratamento fitossanitário para o controle da doença. As observações
foram feitas durante todo o ciclo das plantas, de acordo com o desenvolvimento dos racemos,
avaliando-se o número de racemos doentes e a porcentagem afetada do racemo utilizando-se a
seguinte escala de notas: Grau 0 = racemo sadio, sem sintomas visíveis; Grau 1 = entre 0 e
25% do racemo afetado; Grau 2 = de 25 a 50% do racemo afetado; Grau 3 = de 50 a 75% do
racemo afetado e Grau 4 = de 75 a 100% do racemo afetado. Essas notas foram atribuídas
individualmente por categoria de racemo. A partir dos níveis de severidade da doença
calculou-se o índice de doença (ID) segundo a metodologia proposta por Cirulli e Alexander
(1966), citados por Lima e Soares (1990). Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As análises
estatísticas foram realizadas utilizando os procedimentos do programa Genes (CRUZ, 2001).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

836
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância apresentou significância (P<0,01), indicando a existência de
variabilidade genética entre os genótipos com relação à incidência de mofo cinzento de
mamoneira em Itaocara, RJ. A precisão experimental foi considerada média (CV = 23,69%).
Outros autores também encontraram diferenças significativas entre genótipos com
relação a incidência de mofo cinzento, em diferentes regiões do país (LIMA e SOARES,
1990; BATISTA et al., 1998; UENO et al., 2004). Costa et al. (2004) relataram a influência
do grau de compactação do cacho na maior ou menor susceptibilidade entre genótipos ao
mofo cinzento. Lima et al. (2005) relataram diferenças no grau de incidência de mofo
cinzento na cultivar AL Guarany 2002 relacionado a diferentes espaçamentos.
Na Tabela 1, estão apresentadas as médias da incidência de mofo cinzento em genótipos
de mamoneira no experimento conduzido em Itaocara, RJ. Pode-se observar que cerca de 50%
dos genótipos mostraram incidência da doença superior á media do ensaio. De modo geral
observou-se que os genótipos de porte anão, como Lyra e Savana, apresentaram maior
incidência do fungo, possivelmente em função da arquitetura mais compacta das plantas que
favorece a maior retenção de umidade e a evolução da doença. Segundo Milani et al. (2005),
teoricamente, plantas mais abertas são menos afetadas pela doença do que plantas compactas,
assim como aquelas cujos cachos estão acima das folhas, pois plantas compactas ou com a
inflorescência cercada pelas folhas, formam um microclima propício ao desenvolvimento do
fungo.
O genótipo Lyra foi o que apresentou maior incidência da doença (77,13%), seguida
pelos genótipos Savana, V1, T1, Mirante e AL Guarany 2002 com índice de doença acima da
média geral.
Os genótipos IAC 226, BRS 149-Nordestina, IAC 80, Cafelista e BRS 188 Paraguaçu
foram menos afetados, não diferindo significativamente entre si quanto ao índice de doença,
abaixo da média geral, apresentando um comportamento intermediário com relação à
resistência. Destacou-se o genótipo G1, que não apresentou sintomas visíveis da doença ao
nível de campo, com índice de doença igual a 0,00%.
Deve-se ressaltar que o genótipo G1 apresentou o melhor resultado quanto à incidência
da doença, nas condições ambientais de Itaocara e na época em que foi conduzido o presente
estudo, portanto, deve ser testado em outras épocas e ambientes para que confirme ou não seu
comportamento de baixa incidência em relação ao mofo cinzento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

837
Tabela 1 - Médias da incidência de mofo cinzento em genótipos de mamoneira, em Itaocara,
RJ, no período de outono/inverno 2005.
Genótipos Índice de doença – ID
(%)
Lyra 77,13 a
Savana 65,68 ab
V1 59,38 ab
T1 54,43 abc
Mirante 51,13 abc
AL Guarany 2002 46,67 bc
IAC 226 44,11 bc
BRS 149
Nordestina 42,51 bc
IAC 80 42,31 bc
Cafelista 41,00 bc
BRS 188
Paraguaçu 30,27 bc
G1 00,00 c
Mínimo 00,00
Máximo 85,50
Média 46,22
CV (%) 23,69
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
O genótipo G1 destacou-se dos demais apresentando menor incidência de mofo
cinzento, sem sintomas visíveis ao nível de campo.
Os genótipos Lyra e Savana, de porte anão, foram os mais afetados pelo mofo cinzento.
São necessárias outras avaliações em épocas diferentes da testada no presente
experimento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

838
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Convênio MCT/SECTI/FINEP/FAPERJ, nº 0.1.04.0821,
pelo apoio financeiro a este trabalho.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, F. A. S.; LIMA, E. F.; MOREIRA, J. A. N.; AZEVEDO, D. M. P.; PIRES, V. A.;
VIEIRA, R. M.; SANTOS, J. W. Avaliação da resistência de genótipos de mamoneira
Ricinus communis L. ao mofo cinzento cauzado por Botrytis ricini Godfrey. EMBRAPA-
Algodão, 1998. 5 p. (EMBRAPA-Algodão. Comunicado Técnico, 73).

COSTA, R. da S.; SUASSUNA, T. de M. F.; MILANI, M.; COSTA, M. N. da; SUASSUNA,


N. D. Avaliação da resistência de genótipos de mamoneira ao mofo cinzento (Amphobotrys
ricini). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, I., 2004, Campina Grande, PB.
Anais..., Campina Grande: EMBRAPA, 2004. 1 CD-ROM..

CRUZ, C. D. Programa Genes – versão windows: aplicativo computacional em genética e


estatística. Viçosa, MG: Ed. UFV, 2001. 648 p.

FORNAZIERI JÚNIOR, A. Pragas e doenças: um problema pouco grave. In: Mamona, uma
rica fonte de óleo e de divisas. São Paulo: Icone, 1986, p. 35-56.

FREIRE, E. C.; ANDRADE, F. P.; MEDEIROS, L. C.; LIMA, E. F.; SOARES, J. J.


Competição de cultivares e híbridos de mamona no Nordeste do Brasil.
EMBRAPA/CNPA, 1990 (Pesquisa em Andamento, 11).

HOFFMAN L. V.; T. de C. COUTINHO; E. A. A. DUARTE; C. de M. B.; N. D. S. Cultivo


e analise enzimática de Amphobotrys ricini agente causal do mofo da mamoneira.
Campina Grande: Embrapa CNPA, 2003. Comunicado Técnico 184 Disponivel em:
http://www.cnpa.embrapa.br/publicacoes/2003/COMTEC184.PDF.

KIMATI, H. Doenças da mamoneira. In: GALLI, F. Manual de Fitopatologia, 2 ed. São


Paulo: Agronômica Ceres, 1980, p. 347-351. v. 2.

LIMA, E. F.; SOARES, J. J. Resistência de cultivares de mamoneira ao mofo cinzento


causado por Botrytis ricini. Fitopatologia Brasileira, v. 15, n. 1, p. 96-97, 1990.

LIMA, E. F.; ARAÚJO, A. E. de; BATISTA, F. A. S. Doenças e seu controle. In: O


agronegócio da mamona no Brasil. AZEVEDO, D. M. P. de; LIMA E. F. (eds.). Embrapa
Algodão (Campina Grande-PB) - Brasília: Embrapa Informação Tecnológica. 350 p., 2001.

LIMA, V. P. de T.; LEITE, E. A. da G.; BOTREL, E. P.; FRAGA, A. C.; NETO; P. C.


Avaliação de ataque de mofo cinzento na mamoneira, variedade AL Guarany 2002, em
diferentes espaçamentos. In: Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e
Biodíesel, II., 2005, Varginha, MG. Anais... Varginha: UFLA e Prefeitura Municipal de
Varginha, 2005. 1 CD-ROM.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

839
MILANI, M.; NÓBREGA, M. B. M.; SUASSUNA, N. D.; COUTINHO, W. M. Resistência
da mamoneira (Ricinus communis L.) ao mofo cinzento causado por Amphobotrys ricini.
Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 22p. (Embrapa Algodão. Documentos, 137).

UENO, B.; ZANATTA, Z. G. C. N.; SILVA, S. D. dos A. e; GOMES, A. da C. Resistência à


mancha-de-cercóspora, mofo cinzento e nematóides fitoparasitas de seis cultivares de
mamoneira cultivadas na região de Pelotas, RS, safra 2003/2004. In: Congresso Brasileiro de
Mamona, I., 2004, Campina Grande, PB. Anais... Campina Grande: EMBRAPA, 2004. 1 CD-
ROM.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

840
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE
ALGODÃO DA CULTIVAR IAC-20, PRODUZIDAS EM DIFERENTES
REGIÕES DE MINAS GERAIS

Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br


Ester Alvarenga Santos Buiate, UFLA, esteragro@yahoo.com.br
Paulo Almeida Schmidt, UFLA, paulosch@gmail.com
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Com a crescente demanda por fontes de energias renováveis no mundo, há uma
intensa procura por novos recursos. O biodiesel é um combustível cuja as matérias primas são
óleos vegetais e gorduras animais. A cotonicultura tem um grande potencial de ser
fornecedora de matéria prima para a cadeia de produção do biodiesel, apresentando uma boa
produção de fibras e considerável quantidade de caroço. Para uma boa produção é necessário
um “stand” satisfatorio, e para isso é necessário que as sementes sejam de boa qualidade, com
boa germinação e alto vigor. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de
sementes de algodão produzidas em diferentes regiões de Minas Gerais.

Palavras-Chave: Biodiesel, sementes, germinação, vigor, stand.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

841
1 INTRODUÇÃO
A cultura do algodoeiro é de grande importância para o Brasil, principalmente para a
produção de fibras para o mercado interno e também para a exportação. Alem da produção de
fibra é responsável pela produção de óleo para o mercado alimentício e torta para o mercado
da alimentação animal. Todas estas atividades fazem com que o algodão gere uma grande
necessidade de mão de obra gerando um grande número de empregos (FERRAZ, 1976).
A produtividade média nacional é muito variável de uma região para outra. No estado
de Minas Gerais, a cultura do algodoeiro concentra-se praticamente nas regiões do Triângulo
Mineiro, Alto Paranaíba, Noroeste e Norte de Minas (COSTA & OLIVEIRA, 1982). A região
do Norte de Minas, apresenta uma menor produtividade média em comparação com a região
do Triângulo Mineiro, apesar de suas condições climáticas favoráveis (PAOLINELLI &
FALLIERI, 1982).
Dentre os problemas que afetam a produtividade do algodoeiro, pode-se destacar a
baixa qualidade das sementes utilizadas pelos cotonicultores brasileiros. Sabe-se que este
fator é essencial para o aumento da produtividade, uma vez que a capacidade de produção por
unidade de área está diretamente relacionada com a capacidade da semente em responder com
eficácia à aplicação de todos os outros insumos modernos e à utilização das melhores e mais
avançadas técnicas de cultivo (VECHI, 1976).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica de sementes deslintadas e
com linter de diferentes lotes da cultivar IAC-20, produzidas nas regiões do Triângulo
Mineiro e Norte de Minas Gerais.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no laboratório da Universidade Federal de Lavras
(UFLA), Lavras, MG.
Os tratamentos constaram 8 lotes de sementes, variedade IAC-20, deslintados e com
linter, produzidos nas regiões do Triângulo e Norte de Minas Gerais.
A avaliação do percentual de germinação (TPG) seguiu as prescrições das Regras para
Analise de Sementes do Ministério da Agricultura (1976), com modificação no número de
sementes. Foram utilizadas 8 repetições de 25 sementes, perfazendo um total de 200 sementes
por lotes. A semeadura foi processada no sistema rolo de papel, utilizando-se como substrato,
o papel tipo “germitest” umedecido na proporção 3/1 (três vezes o volume de água em relação

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

842
ao seu peso). Os rolos de papel foram levados para um germinador “biomatic”, previamente
regulado à temperatura de 25°C. A avaliação foi feita 4 dias após a semeadura.
As sementes foram tratadas com fungicida Vitavax + Thiram na dosagem de 250g/100
kg de sementes deslintadas e 500 g/100 kg de sementes com linter. A avaliação do percentual
de germinação seguiu as mesmas prescrições descritas no item anterior, havendo no entanto
alterações no número de repetições. Foram utilizadas 4 repetições de 50 sementes, totalizando
200 sementes por lote.
O teste de condutividade elétrica foi realizado tomando-se 200 sementes por lote,
divididos em quatro de 50 sementes. As 50 sementes foram pesadas e colocadas em copos
plásticos com 250ml de água destilada. Em seguida foram colocadas em um germinador à
temperatura constante de 25°C por um período de 48 horas. No final deste período foi feita a
leitura da solução contendo os eletrólitos lixiviados através de um condutivimetro digital. O
resultado foi expresso em microsiemens por grama de semente (µs/g), calculado pela seguinte
expressão:
µs/g=(condutividade de sementes-condutividade da água destilada)/peso sementes

As sementes ficaram submersas por 48 horas para o testes de condutividade elétrica,


foram depois deste período, submetidas a um teste padrão de germinação com 4 repetições de
50 sementes. A metodologia utilizada foi a mesma descrita nos itens 2.2.1 e 2.2.2.
Para o teste de tetrazólio foram utilizados 4 repetições de 25 sementes, totalizando-se
100 sementes por lote. As sementes foram pré-condicionadas por um período de 16 horas, a
30°C em substratos de papel “germitest”, umidecido em água. Posteriormente procedem-se a
remoção do tegumentos das sementes e a imersão das mesmas em solução de cloreto 2,3,5
trifenil tetrazólio, a uma concentração de 0,1%, por um período de 4 horas, na ausência de luz
e mantidas à temperatura de 25°C. Em seguida,as sementes foram lavadas em água corrente e
avaliadas, atribuindo-se notas de 1 a 3 para as vigorosas.
Para a determinação da viabilidade utilizou-se as mesmas sementes para o vigor,
atribuindo-se, no entanto, notas de 1 a 5 sementes viáveis e acima de 5 para as enviáveis.
Para este teste, utilizou-se canteiros com solo na proporção de 50% de areia. Na
realização deste teste foram utilizadas 2 repetições de 50 sementes por lote de sementes
tratadas e não tratadas. A profundidade de semeadura foi padronizada a 4 cm para todos os
lotes.
A velocidade de emergência foi determinada contando-se todas as plântulas emergidas a
cada dia. Foram consideradas emergências as plântulas que se apresentaram com cotilédones
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

843
acima do solo. Os dados observados foram transformados em índices de velocidade de
emergência de acordo com POPINIGIS (1985).
Calculou-se o “stand” aos 8 e 21 dias após a semeadura, utilizando-se as mesmas
plântulas do teste de velocidade de emergência.
Cada lote foi considerado um tratamento. Para as análises de laboratório, o delinamento
utilizado foi o inteiramente casualizado, com 4 repetições de 50 sementes para os testes de
tetrazólio, submersão, condutividade elétrica e germinação de sementes tratadas e 8 repetições
de 25 sementes para o teste de germinação de sementes não tratadas. Para os testes de
velocidade e percentagem de emergência em campo utilizou-se o delineamento em blocos
casualizados com 2 prepetições de 50 sementes, por lote de sementes tratadas e não tratadas.
Os dados dos testes de germinação, vigor, viabilidade, submersão, velocidade de
emergência e porcentagem de emergência em campo foram previamente transformadas em
arco sen √(X/100).
Para a comparação entre médias, empregou-se o teste de TUKEY, a 5% de
probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em todos os testes de laboratório, houve diferenças significativas entre os lotes
estudados. Para os testes de campo, onde testou-se sementes tratadas com fungicidas e
sementes não tratadas, houve diferenças significativas apenas para os lotes e tratamentos
químicos.
Pelos testes de laboratório (tabela 1), pode-se observar que os lotes 7 e 8 foram os que
melhor sobressaíram seguidos do lote 6 que apresenta juntamente com o lote 5 o melhor
resultado para o teste de condutividade elétrica. Este resultado pode ser explicado pelo fato
dos lotes 5 e 6 serem de sementes com linter e os lotes 7 e 8 se sementes deslintadas. De um
modo geral, os lotes 3 e 4 foram os que apresentaram resultados inferiores.
Nos testes de campo o lote 8 foi o que mais se destacou, seguido dos lotes 7, 6 e 4,
sendo que o lote 2 apresentou o menor resultado, conforme tabela 2. Neste quadro observa-se
que houve redução do “stand” aos 8 dias após o plantio, para o “stand”aos 21 dias (final), em
todos os lotes. Este fato sugere que todos os lotes necessitam ser tratados com fungicida
(tabela 3).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

844
Tabela 1. Testes de vigor (VG), viabilidade (VB), germinação de sementes não tratadas
(TPG), germinação de sementes tratadas (TPGT), submerso (SB) e condutividade elétrica
(CE) de oito lotes de sementes de algodão.
CE VG VB TPG TPGT SB
LOTES %
L1 29,27cd 19,33 b 64,20 c 45,38 cd 72,60 a 41,95 bc
L2 25,39 cd 33,85 ab 77,26 bc 35,25 cd 50,00 bc 36,36 bc
L3 80,31 a 30,85 ab 63,29 c 48,99 c 32,94 c 23,17 c
L4 78,20 a 39,96 a 72,18 c 29,26 d 41,46 c 42,88 abc
L5 19,34 de 43,82 a 80,97 abc 37,78 cd 41,81 c 39,25 bc
L6 11,02 e 40,90 a 96,47 a 51,57 bc 45,46 c 54,00 ab
L7 38,60 bc 40,85 a 94,93 ab 68,32 ab 64,20 bc 53,56 ab
L8 43,45 b 35,90 ab 95,64 ab 80,66 a 35,46 c 64,12 a
DMS/TUKEY 5% 12,14 17,39 11,24 10,12 12,33 13,6
As medias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.

Tabela 2. Porcentagens dos índices de velocidade de emergência (IVE), stand aos 8 dias
(STB) e aos 21 dias (STB21), de oito lotes de sementes de algodão.
Lotes IVE STB STB21
L1 7,34ab 65,96 cd 25,57 b
L2 6,48 b 52,56 d 24,83 b
L3 6,65 b 64,09 cd 55,57ab
L4 7,34ab 74,80abc 64,53a
L5 6,38 b 62,05 cd 38,32ab
L6 6,74ab 68,92 bc 60,05a
L7 8,08ab 80,74ab 66,67a
L8 8,47a 82,98a 61,11a
DMS/TUKEY 5% 1,75 9,51 20,26
As medias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

845
Tabela 3. Porcentagem dos índices de velocidade de emergência (IVE), stand aos 8 dias (ST8)
e aos 21 dias (ST21), de sementes tratadas e não tratadas.
Tratamento IVE ST8 ST21
Tratadas 7,90a 78,32a 62,69a
Não tratadas 6,51 b 59,76 b 36,29 b
DMS/TUKEY 5% 0,54 2,91 6,20
As medias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
O lote 8 foi o que apresentou melhores resultados, tanto nos testes de laboratótio quanto
nos de campo, seguido do lote 7.
De um modo geral os lotes 5, 6, 7 e 8, produzidos na região do Norte de Minas,
mostraram-se de qualidade superior aos demais lotes, produzidos na região do Triangulo
Mineiro.
Na região do Norte de Minas, as sementes deslintadas sobressaíram às sementes com
linter.
As sementes de todos os lotes estudados devem ser tratadas com fungicida antes do
plantio.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília,
Departamento Nacional de Produção Vegetal, 1976. 182p.

COSTA, M. T. P. M. da; OLIVEIRA, A. C. S. de. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,


8(92):3-7, ago 1982.

FERRAZ, C. A. M. Produção de sementes do algodoeiro. O Agronômico, 27/28:154-93,


jan/dez. 1975/76.

PAOLINELLI, G. de P; FALLIERI, J. Qualidade de sementes de algodão em Minas Gerais.


Informe Agropecuário, Belo Horizonte, 8(92):81-5, ago. 1982.

POPINIGIS, F. Fisiologia de semente. Brasília, Agiplan – M. A., 1977 p.290.

VECHI, C. Em sementes, qualidade é o fator de importância. Divulgação Agronômica, São


Paulo, 41:17-20.1976.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

846
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)
SUBMETIDAS A DIFERENTES CONDIÇÕES DE TEMPERATURAS

Danúbia Aparecida Costa Nobre, UNIMONTES, danubia_nobre@yahoo.com.br


Juliana Aparecida Santos Andrade, UNIMONTES, juandrade08@yahoo.com.br
Andréia Márcia Santos de Souza David, UFV, andreiamssdavid@yahoo.com.br
José Carlos Fialho de Resende, EPAMIG, jresende@epamig.br
Maria Aparecida Vilela Resende Faria, UNIMONTES, tida@nortecnet.com.br
Dorismar Alves David, UNIMONTES, dorismar.alves@unimontes.br

RESUMO: A temperatura na camara de germinacao e um fator que influencia a


porcentagem das sementes, sendo que a temperatura ideal para a conducao do teste padrao de
germinacao varia entre especies. Face as consideracoes feitas e considerando a escassez de
informacoes literarias sobre temperaturas ideais para o teste de germinacao para sementes de
pinhao manso Jatropha curcas, foram avaliadas diferentes condicoes de temperaturas para
conducao do teste de germinacao dessa especie. O trabalho foi conduzido no Laboratorio de
Analise de Sementes da Empresa de Pesquisa Agropecuaria de Minas Gerais Epamig, em
Nova Porteirinha MG. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado,
com quatro tratamentos e oito repeticoes, de 25 sementes por repeticao. Os tratamentos
consistiram em quatro condicoes de temperatura diarias temperatura constante de 25 graus
celsius durante todo o dia; temperatura constante de 30 graus celsius durante todo o dia;
temperatura constante de 20 graus celsius durante a noite e 30 graus celsius durante o dia e
temperatura constante de 20 graus celsius durante a noite e 35 graus celsius durante o dia. O
substrato utilizado para conducao do teste foi o papel germitest, na forma de rolo. As
contagens da germinacao foram realizadas aos cinco e dez dias, contabilizando-se no final do
teste a percentagem de plantulas normais. Os resultados foram submetidos a analise de
variancia, e as medias foram testadas pelo Student Newman Keuls, a cinco por cento de
significancia. A temperatura de 25 graus celsius reduziu a germinacao das sementes de
pinhao manso nas duas contagens. A viabilidade de sementes foi similar nas temperaturas 30
graus celsius , 20-30 graus celsius e 20-35 graus celsius , que foram superiores a temperatura
de 25 graus celsius nas duas avaliacoes.

Palavras-Chave: Pinhão-manso, Jatropha curcas L., germinação, temperatura.

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847
1 INTRODUÇÃO
Pertencente à família Euphorbiaceae, o pinhão-manso (Jatropha curcas L.), também
conhecido popularmente como purgueira, pinha de purga, pinhão-paraguaio e pinhão-de-
cerca, é uma das 8.000 espécies da família. Acredita-se que o pinhão-manso proceda da
América do Sul e possivelmente originária do Brasil.
A planta apresenta frutos do tipo cápsulo trilocular composto de 53 a 62 % de sementes.
As sementes são compostas por 45 % de casca e 55 % de amêndoa, sendo que estes
percentuais são variáveis em função de variedades, tratos culturais e condições ecológicas
(Saturnino, 2005). A semente apresenta forma ovalada, de dorso convexo, endospérmica, de
envoltório liso, coloração preta, marcada por suaves estrias. Apresenta rafe pouco evidente e
presença de carúncula, uma excrescência da testa, situada próximo à micrópila, presa na parte
ventral. A carúncula tem a extremidade cônica, com dois lóculos, pouco visíveis, quando a
semente está seca. As sementes do pinhão-manso tornam-se maduras quando a coloração dos
frutos passam de verde para amarelo com cerca de dois a quatro meses de idade.
O ciclo produtivo do pinhão-manso é variável, conforme plantio realizado por estacas
ou por sementes. Por ser uma planta dióica de fecundação cruzada e entomófila, resulta em
uma grande variação entre indivíduos da espécie. Saturnino (2005) relata que as plantas
oriundas de sementes florescem nove meses depois de semeadas, enquanto as multiplicadas
via estaquia, aos seis meses depois de plantadas. Severino (2006) ressalta que o plantio por
sementes é o mais recomendado em virtude de permitir melhor formação do sistema radicular.
O pinhão-manso é uma planta de ciclo perene e que possui uma ótima produtividade,
podendo produzir de um a seis toneladas de óleo por hectare dependendo, principalmente, da
idade da planta, que começa a produzir aos 10 meses, podendo produzir até os 50 anos de
idade. Além disso, a principal característica desta planta é que ela é uma planta nativa e de
grande resistência à seca. Sua vantagem em relação à mamona está no fato de ela ser uma
planta perene, e de ser mais resistente que a mamona à seca. Caso não haja chuva em certo
ano, o pinhão-manso não morre, podendo produzir normalmente no ano seguinte (Amorim,
2005).
Até então não há no Brasil produção em larga escala desta oleaginosa porque o mercado
para seus subprodutos não está consolidado. Mesmo assim, suas características são muito
atrativas para a produção de biodiesel e essa oleaginosa certamente virá a ser utilizada para
esse fim no Brasil (Amorim, 2005).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

848
Assim como para diversas espécies, o insumo semente tem função imprescindível no
êxito da cadeia produtiva do pinhão-manso. Neste contexto, as qualidades genética, física,
fisiológica e sanitária das sementes surgem como importantes áreas a serem pesquisadas,
garantindo que o insumo semente seja realmente um meio pelo qual os avanços tecnológicos
chegam até o agricultor.
A determinação da qualidade das sementes depende de métodos de avaliação que
permitam detectar com eficiência e rapidez as variações entre lotes e as possíveis causas da
baixa qualidade dessas sementes, auxiliando nas tomadas de decisão em relação ao destino do
lote (Souza, 2007). Neste sentido, deve-se destacar que não existem preconizações nas Regras
para Análises de Sementes (Brasil, 1992) que recomendam avaliar a qualidade de lotes de
sementes de pinhão-manso.
O teste padrão de germinação é referência para avaliar a qualidade e comercialização
das sementes. A temperatura na câmara de germinação é um fator que influencia a
porcentagem das sementes, sendo que a temperatura ideal para a condução do padrão de
germinação varia entre espécies. Face às considerações feitas e considerando a escassez de
informações literárias sobre temperaturas ideais para o teste de germinação para sementes de
pinhão-manso, foram avaliadas diferentes condições de temperaturas para condução do teste
de germinação dessa espécie.
Diante da importância que as sementes representam à implantação de qualquer cultura,
o objetivo desse trabalho foi avaliar diferentes condições de temperaturas para a condução do
teste de germinação de sementes de pinhão-manso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análises de Sementes da Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em Nova Porteirinha-MG. Foram
utilizadas sementes de pinhão manso, provenientes do campo da Fazenda Experimental do
Gorutuba, Epamig/CTNM, colhidas em fevereiro de 2007.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com oito
repetições de 25 sementes por repetição.
Os tratamentos consistiram em quatro condições de temperaturas diárias: T1 =
temperatura constante de 25 ºC durante todo o dia; T2 = temperatura constante de 30 ºC
durante todo o dia; T3 = temperatura constante de 20 ºC durante a noite e 30 ºC durante o dia e
T4 = temperatura constante de 20 ºC durante a noite e 35 ºC durante o dia.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

849
O grau de umidade das sementes por ocasião das análises laboratoriais era de 7,0 %, e o
peso de 100 sementes em média foi de 77,67 g. Para determinação do grau de umidade foi
utilizado o método da estufa a 105ºC ± 3 por 24h, com quatro repetições de 50 sementes. Para
o cálculo do peso de 100 sementes, foi utilizada a média de quatro repetições (Brasil, 1992).
O substrato utilizado para o teste de germinação foi papel germitest umedecido com
água destilada, utilizando-se volume equivalente a 3,0 vezes o peso do papel. Foram
realizadas duas avaliações no 5º e 10º dia após a montagem do teste. Os resultados foram
expressos em percentagem de plântulas normais (Brasil, 1992).
O teste de primeira contagem foi obtido por meio do número de plântulas normais,
determinado por ocasião da primeira contagem do teste de germinação (5º dia após a
montagem) (Brasil, 1992). Os resultados foram expressos em percentagem de plântulas
normais.
Os dados obtidos no ensaio foram submetidos à análise de variância e teste “F”, de
acordo com o delineamento experimental adotado. As comparações entre médias foram feitas
utilizando-se o teste de Student Newman Keuls, a 5% de probabilidade, conforme
preconizado pelo Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas - SAEG (UFV, 2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados na Tabela 1 indicaram que a percentagem de germinação em
rolo de papel foram inferiores na temperatura de 25 °C, nas duas contagens realizadas, em
relação às demais temperaturas testadas. Verificou-se também que ocorreram diferenças
significativas entre as temperaturas 20-30 °C e 25 °C na primeira contagem, entretanto,
diferenças estatisticamente significativas não foram observadas entre as temperaturas 20-30
°C , 20-35 °C e 30 °C nas avaliações feitas.
Comparando-se com a mamona, o pinhão-manso como oleaginosa, apresentou
comportamento similar em laboratório, e pode-se recomendar a mesma temperatura (20-30
°C) que consta nas Regras para Análises de Sementes (Brasil, 1992) para a mamona,
conforme os resultados encontrados nesse trabalho. Entretanto, o período para as avaliações
foram diferenciados entre as duas espécies, sendo 7 e 14 dias para a mamona, e 5 e 10 dias
para o pinhão-manso.
A temperatura é um fator de grande influência sobre as reações bioquímicas que
regulam o metabolismo necessário para iniciar o processo de germinação, e em conseqüência
sobre a porcentagem e velocidade do processo (Carvalho e Nakagwa, 2000). As espécies,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

850
entretanto, apresentam comportamento variável quanto à temperatura de germinação, não
havendo uma única temperatura ótima para todas as plantas.

Tabela 1 - Primeira e segunda contagem do teste de germinação, em porcentagem de plântulas


normais, para sementes de pinhão manso, em função da temperatura
Tratamento
Contagem CV (%)
25ºC1 30ºC2 20-30ºC3 20-35ºC4
5 dias 61,50b 74,00ab 77,50a 75,00ab 15,725
10 dias 63,50 b 77,00 a 79,00a 76,00a 12,734
1 2
Temperatura constante de 25ºC durante todo o dia; Temperatura constante de 30ºC durante todo o dia;3
Temperatura constante de 20ºC durante a noite e 30ºC durante o dia; 4 Temperatura constante de 20ºC durante a
noite e 35ºC durante o dia. Médias seguidas por mesmas letras sobrescritas na mesma linha não diferem (P<0,05)
pelo teste de SNK

4 CONCLUSÃO
A temperatura diária constante de 25º C reduziu a germinação das sementes de pinhão-
manso nas duas contagens, não sendo indicada para essa espécie.
Nas duas contagens, a viabilidade de sementes foi similar nas temperaturas 30 ºC, 20-30
ºC e 20-35 °C, que foram superiores à temperatura de 25 ºC.
Pelos valores absolutos, as temperaturas alternadas 20-30 °C pode ser recomendada
para o pinhão-manso para o teste de germinação.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, P. Q. R. Perspectiva histórica da cadeia da mamona e a introdução da
produção de biodiesel no semi-árido brasileiro sob o enfoque da teoria dos custos de
transação. 2005. Monografia (Bacharel) - Escola superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
São Paulo, SP.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília:


SND/CLAV,1992, 365p.

CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4 ed.


Jaboticabal: Funep, 2000. 588p.

SATURNINO, H. M.; PACHECO, D. D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N.


P. Produção de oleaginosas para o biodiesel. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.26,
n.229, p.44-74, 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

851
SEVERINO, L. S.; LIMA, R. L. S.; BELTRÃO, N. E. M. Produção de mudas de pinhão
manso. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. (Folder).

SOUZA, L. A. de Teste de condutividade elétrica para avaliação da qualidade de


sementes de mamona. 2007. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras,
Lavras, MG.

Universidade Federal de Viçosa / UFV. 2000. Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas -


SAEG. Versão 8.0. Viçosa, MG.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

852
EXTRATOS DE MAMONA NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA
DA SOJA

Jorge da Silva Júnior, FASB, jsjbaiano@uol.com.br


Verônica Andrade dos Santos, DAG/UFLA, veronicaandrad@yahoo.com.br
Eudes de Arruda Carvalho, DFP/UFLA, eudes@agronomia.ufla.br
Everson Reis Carvalho, DAG/UFLA, eversonreiscarvalho@hotmail.com
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Pedro Milanez de Rezende, DAG/UFLA, pmrezend@ufla.br

RESUMO: O Brasil é o segundo maior produtor de soja, sendo que essa leguminosa é
explorada em extensas áreas em monocultivo, o que facilita a ocorrência de epidemias, como
a ferrugem asiática, principal doença da sojicultura nacional. A pulverização de fungicidas é o
principal método de controle dessa enfermidade, no entanto, seu uso indiscriminado desses
produtos, além de onerar os custos de produção, podem levar à seleção de populações do
patógeno e ocasionar sérios danos ao meio ambiente. Diversos subprodutos da indústria de
biodiesel de mamona têm apresentado efeitos promissores no controle de fitonematóides e na
inibição de fungos fitopatogênicos. Escórias de siderurgia, sobretudo na forma de silicatos,
também apresentam bons resultados no controle de doenças de plantas. Neste sentido,
objetivou-se verificar o efeito de extratos de mamona no controle da ferrugem asiática
(Phakopsora pachyrhizi) e na produtividade da soja. O experimento foi conduzido no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em delineamento de blocos
ao acaso, cultivar MG/BR 46 ‘Conquista’, com três repetições e cinco tratamentos: extrato de
casca de mamona, extrato de torta de mamona e extrato de torta de mamona+silicato de
potássio, em três estádios fenológicos, o fungicida Pyraclostrobin + Epoxiconazole como
tratamento químico padrão, e a testemunha, sem nenhum controle da doença. As menores
severidades da doença foram verificadas com o controle químico e com o extrato de torta de
mamona+silicato de potássio. A melhor produtividade foi apresentada pelo fungicida,
significativamente superior aos demais tratamentos, seguido por extrato de torta de
mamona+silicato de potássio. Não houveram diferenças significativas para o peso de cem
sementes.

Palavras-Chave: Ricinus communis, severidade, Phakopsora pachyrhizi.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

853
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, sendo responsável por 53,4
milhões de toneladas na safra 2005/06 (Conab, 2006). No entanto, características intrínsecas
do cultivo da soja, como extensas áreas com cultivares susceptíveis e época de semeadura,
têm proporcionado ambiente favorável à ocorrência de doenças. Dentre essas doenças, a
ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi Sydow & P. Sydow) é considerada a mais
importante, devido a seu alto potencial destrutivo (Andrade & Araripe-Andrade, 2002).
A pulverização de fungicidas é o método de controle mais indicado para essa
enfermidade. Segundo Sinclair & Hartman, (1996), são necessárias de três a cinco aplicações
em condições severas da epidemia. Contudo, a utilização desses produtos pode se tornar
inviáveis por onerar os custos de produção da soja. Por outro lado, o monocultivo e o controle
químico continuado poderão trazer conseqüências sérias ao meio ambiente e ao rendimento da
soja, por multiplicar novas raças resultantes da seleção de populações do patógeno (Yorinori
et al., 2004).
A mamona (Ricinus communis L.) é uma planta oleaginosa, de grande importância na
área industrial. A partir de suas sementes, é extraído um óleo de excelentes propriedades.
Dentre os subprodutos desse processo destacam-se a torta de mamona, obtida após a extração
do óleo, que possui alta taxa de proteína bruta e um elevado teor tóxico sendo utilizado como
fertilizante, fungicidas e biocontrolador de fitonematóides (Sasser, 1989). Segundo Bueno et
al. (1990), extratos obtidos de plantas de mamona podem inibir o crescimento de fungos
associados a substratos de formigueiros. Ribeiro & Bedendo (1999) verificaram efeito
altamente eficiente do extrato aquoso de folhas de mamona na redução da esporulação do
fungo Colletotrichum gloesporioides, “in vitro”, além da inibição do crescimento micelial em
concentrações de 200 a 1000 ppm do extrato em meio de cultura Batata-Dextrose-Ágar
(BDA).
Avaliando o efeito fungitóxico de extratos a base de torta, semente e folha e do óleo da
mamona sobre o crescimento do Colletotrichum lindemuthianum, Castro et al. (2005)
constataram que o extrato da torta água inibe o crescimento do fungo e que os extratos de
folha-álcool, extrato de sementes e extrato de torta-álcool retardam o seu desenvolvimento. A
produção de escória de siderurgia supera três milhões de toneladas por ano, além do estoque
que se acumulou ao longo do tempo (Prado et al., 2001). A utilização desse material na
agricultura é uma alternativa viável. Isso vem ocorrendo de diversas maneiras, sobretudo na
forma de aplicações de silicatos como corretivos de solo, fontes de nutrientes e elementos

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

854
benéficos, além do seu emprego no controle de doenças de plantas. Trabalhos realizados com
diversas culturas confirmaram o potencial do silício na redução da intensidade de doenças.
Nascimento et al. (2005) verificaram que plantas de soja pulverizadas com silicato de potássio
apresentaram redução de 34% na severidade da ferrugem asiática. Os mesmos autores
constataram que a associação do silicato com fungicidas mostrou-se ainda mais eficiente. Da
mesma forma, aplicações de silicato de potássio juntamente com extratos de mamona poderão
viabilizar o emprego desses subprodutos no controle da ferrugem asiática.
Diante da crescente preocupação com a preservação de recursos naturais seja pela
reutilização de subprodutos ou pela redução da utilização de produtos químicos na agricultura,
realizou-se este trabalho com o objetivo de verificar o efeito de diferentes extratos de mamona
no controle da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) e na produtividade da soja.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na área experimental do Departamento de Agricultura da
Universidade Federal de Lavras, em Lavras, MG, em delineamento de blocos casualizados
com cinco tratamentos e três repetições. Foram aplicados os extratos de casca de mamona, de
torta de mamona e o extrato de torta de mamona + silicato de potássio em três estádios
fenológicos da cultura da soja (V6+R1+R5), de acordo com escala de Fehr & Cavines, (1977),
o fungicida Pyraclostrobin+Epoxiconazole (66,5 + 25 g i.a.) foi aplicado nos estádios R1+R5,
como tratamento químico padrão, além da testemunha, sem nenhum controle da doença. As
aplicações foram realizadas com um pulverizador costal pressurizado com CO2 e volume de
calda de 200 L.ha-1 sob pressão constante de 60 lb.pol2. As parcelas experimentais foram
constituídas por quatro linhas de 5,0m espaçadas de 0,50m, usando como área útil as duas
linhas centrais, com eliminação de 0,50m em cada extremidade a título de bordadura,
perfazendo área útil de 4,0 m2. Foi utilizada a cultivar MG/BR 46 ‘Conquista’, considerada
susceptível à ferrugem asiática. A doença ocorreu naturalmente na área experimental a partir
do início do florescimento (R1), devido ao elevado potencial de inóculo.
Avaliou-se a severidade da doença pela contagem do número de pústulas/cm² com
microscópio esterioscópio, aos 7, 14, 21, 28 e 45 dias após a primeira aplicação. Foram
amostrados os folíolos centrais de duas folhas trifolioladas tomadas ao acaso no terço médio
de 10 plantas por parcela. Esses dados foram integrados na área abaixo da curva de progresso
do número de pústulas por folha (AACPPF), obtida de acordo com a equação proposta por
Campbell & Madden, (1990). Por ocasião da colheita, foram avaliados os pesos de cem

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

855
sementes (g) e a produtividade (kg.ha-1), após correção para 13% de umidade. Os dados foram
submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade utilizando-se o programa estatístico Sisvar® (Ferreira, 2000).
Dados climatológicos foram registrados pela Estação Climatológica de Lavras no
campus da UFLA durante o período de condução do experimento (Figura 1).

80,0 30

70,0 26

60,0 22

Temperatura Média (ºC)


Precipitação (mm)

50,0 18

40,0 14

30,0 10

20,0 6

10,0 2
Precipitação (mm)
0,0 -2
Temperatura Média (ºC)
10 20 30 10 20 31 10 20 31 10 20 28 10 20 31 10 20 30
Nov Dez Jan Fev Març Abr
Dias

Fonte: Estação Climatológica de Lavras, MG.


Figura 1. Variação diária da temperatura média do ar e precipitação pluvial no período de 10
de novembro de 2005 a 30 de abril de 2006.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se efeito significativo de controle da ferrugem asiática pelos diferentes
extratos de mamona testados e pelo fungicida.
O tratamento com Pyraclostrobin + Epoxiconazole apresentou a maior eficiência no
controle da ferrugem asiática com a menor área abaixo da curva de progresso do número de
pústulas por folha (AACPPF) comprovando a eficiência do fungicida no controle da doença
(Canteri et al., 2005; Gomes, 2005; Reis, 2005). Dentre os extratos de mamona avaliados,
verificou-se menor AACPPF com aplicações do extrato de torta de mamona + silicato de
potássio, que não diferiu significativamente do controle padrão com fungicida, nas condições
do presente trabalho. Esses resultados podem ser atribuídos ao efeito sinérgico de
características inibitórias do extrato de torta de mamona (Castro et al., 2005; Ribeiro &
Bedendo, 1999) e de possíveis barreiras física e/ou química conferidas pelo silicato. As
aplicações do extrato de torta de mamona isoladamente reduziram o progresso da doença,
contudo, sem a mesma eficiência alcançada pela associação com silicato de potássio. O
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

856
extrato de casca de mamona apresentou a maior severidade da ferrugem asiática, sendo
superada somente pelo tratamento que não recebeu nenhum controle da doença (testemunha),
conforme tabela 1.

Tabela 1. Valores médios para área abaixo da curva de progresso do número de pústulas por
folha (AACPPF), peso de cem sementes e produtividades obtidos no experimento de extratos
de mamona no controle da ferrugem asiática da soja. UFLA, Lavras, MG, 2006.*

AACPPF Peso de cem Produtividades


Tratamentos
(Nº pústulas. cm-2) sementes (g) (kg.ha-1)

Extrato de casca de mamona 1832,54 b 11,46 a 2035 c

Extrato de torta de mamona 1744.75 b 11,57 a 2663 b

Extrato de torta de mamona +


1311,25 ab 12,68 a 2704 b
silicato de potássio

Pyraclostrobin + Epoxiconazole 656,50 a 13,29 a 3012 a

Testemunha 5026,50 c 11,71 a 1336 d


*Médias seguidas de mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Não houve diferenças entre os pesos de cem sementes dos tratamentos testados. Embora
seja notável tendência de maiores pesos com aplicações de Pyraclostrobin + Epoxiconazole e
extrato de torta de mamona + silicato de potássio, com incrementos de peso de 13,5% e de
8,3% em relação à testemunha, respectivamente.
O controle eficaz conferido pelo fungicida Pyraclostrobin + Epoxiconazole, menor
AACPPF, refletiu na produtividade da soja garantindo o maior rendimento. Da mesma forma,
o melhor rendimento de grãos dentre os extratos de mamona foi alcançado pelo extrato de
torta de mamona + silicato de potássio com produtividade de 2704 kg.ha-1, embora não tenha
diferido significativamente do extrato de torta de mamona. Diversos trabalhos ratificam a
eficiência do fungicida Pyraclostrobin + Epoxiconazole no controle da ferrugem asiática da
soja (Canteri et al., 2005; Gomes, 2005; Reis, 2005). As produtividades obtidas com
aplicações dos extratos de mamona podem ter sido alcançadas em função de aplicações antes
mesmos que houve os primeiros sinais da doença até estádios mais avançados da cultura da
soja. A superioridade dos extratos de torta de mamona em relação à produtividade do extrato
da casca pode ser atribuída a propriedades específicas desses extratos, como a presença de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

857
compostos secundários ativos somente na torta de mamona. Dessa forma, ainda não se
conhecendo o modo de ação desses extratos sobre o patógeno, há a possibilidade de que eles
tenham atuado em processos iniciais do estabelecimento da enfermidade com possível efeito
de retardamento do progresso da doença, promovendo maior longevidade das folhas e
conseqüentemente, maior produtividade.
A superioridade do fungicida se deve a seu maior espectro de ação, dado a combinação
de ingredientes ativos que agem em pontos específicos do metabolismo do fungo. Os extratos
de mamona, como quaisquer extratos vegetais ou óleos essenciais, apresentam limitações e não
alcançarão os mesmos resultados obtidos com o controle químico. Novas investigações do
efeito desses extratos sobre o fungo Phakopsora pachyrhizi em doses e fases específicas como
germinação, formação de estruturas de penetração e penetração propriamente dita, além de seu
efeito como inibidor ou promotor de germinação de urediniósporos se fazem necessárias.
Devendo-se considerar a utilização dos extratos de mamona em associação com outros métodos
de controle da doença.

4 CONCLUSÃO
Todos os extratos de mamona avaliados apresentaram controle da ferrugem asiática da
soja e incrementos em produtividade, em relação à testemunha.
Os extratos de torta de mamona controlaram mais eficientemente a ferrugem asiática da
soja frente ao extrato de casca de mamona, apresentando também melhores produtividades.
A menor severidade da ferrugem asiática e a maior produtividade da soja foram
alcançadas com aplicações do fungicida pyraclostrobin + epoxiconazole.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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sojicultura brasileira. Brasília, DF: Embrapa Agropecuária Oeste, 2002. 11 p. (Circular
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1990, 532 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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de ferrugem asiática da soja, aplicados após início dos sintomas. Resumos, XXVII Reunião
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286.

CASTRO, R. A.; MENDES-COSTA, M. C.; CASTRO, A.H.F.; NETO, P.; FRAGA, A.C.;
GUIMARÃES, I.; NATÁLIA GUIMARÃES NEVES, N. G.; Avaliação biológica e atividade
fungitóxica do óleo fixo e de extratos de Ricinus communis L. em Colletotrichum
lindemuthianum. Resumos, II Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos,
Gorduras e Biodiesel, Varginha, MG. 2005. pp. 650 – 654.

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859
CAPACIDADE GERMINATIVA DE CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus
communis L.) EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA

Juliana Aparecida Santos Andrade, UNIMONTES, juandrade08@yahoo.com.br


Danúbia Aparecida Costa Nobre, UNIMONTES, danubia_nobre@yahoo.com.br
José Carlos Fialho de Resende, EPAMIG, jresende@epamig.br
Andréia Márcia Santos de Souza David, UFV, andreiamssdavid@yahoo.com.br
Dorismar Alves David, UNIMONTES, dorismar.alves@unimontes.br

RESUMO: A germinação de sementes de mamona é do tipo epígea e demanda quatorze dias


para ocorrer sob condições ideais. Nas Regras para Análises de Sementes, as temperaturas
indicadas para o teste de germinação são de 20°-30°C alternadas, com a primeira contagem
aos sete dias. Considerando a semente como um insumo principal na produção agrícola e
sendo a qualidade da semente o ponto de partida para o sucesso de qualquer cultura, o
objetivo deste trabalho foi verificar a influência de temperaturas na capacidade germinativa de
sementes das cultivares de mamona, Guarani e Nordestina. O trabalho foi conduzido no
Laboratório de Análise de Sementes da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
(Epamig), em Nova Porteirinha – MG. O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e oito repetições, de 25 sementes por
repetição. Os tratamentos consistiram em quatro condições de temperatura diárias: T1 =
temperatura constante de 25 ºC durante todo o dia; T2 = temperatura constante de 30 ºC
durante todo o dia; T3 = temperatura constante de 20 ºC durante a noite e 30 ºC durante o dia
e T4 = temperatura constante de 20ºC durante a noite e 35 ºC durante o dia. O substrato
utilizado para condução do teste foi o papel germitest, na forma de rolo. As contagens da
germinação foram realizadas aos sete e quatorze dias, contabilizando-se no final do teste a
percentagem de plântulas normais. Os dados foram submetidos à análise de variância, de
acordo com o delineamento experimental adotado, sendo que as médias foram testadas ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Student Newman Keuls. Foram observadas
maiores percentagem de germinação de sementes de mamona cultivar Guarani à temperatura
de 30 ºC e não houve efeito de temperaturas na viabilidade de sementes da cultivar Nordestina
nas duas contagens realizadas.

Palavras-Chave: Mamona, semente, cultivar, temperatura.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

860
1 INTRODUÇÃO
A demanda atual por sementes de mamona de qualidade é grande devido ao programa
de produção do biodiesel. Para suprir essa demanda, a semente se tornou um insumo escasso e
caro, o que impulsiona o mercado de sementes “piratas” e de má qualidade, que associada à
falta de cultivares melhoradas, se constitui em ameaça à produção dessa oleaginosa (Oliveira
et al. 2006).
A germinação das sementes de mamona é do tipo epígea e demanda 14 dias para ocorrer
sob condições ideais. Nas Regras para Análises de Sementes (Brasil, 1992), as temperaturas
indicadas para o teste de germinação são de 20°-30°C alternadas, com a primeira contagem
aos sete dias. Entretanto, um melhor desempenho de lotes foi obtido com temperaturas de
30ºC, do que com 20-35ºC e 20-30ºC alternadas e 25oC constantes (Carneiro e Pires, 1983),
tornando-se necessários estudos adicionais e testes comparativos com sementes desta espécie,
para facilitar e otimizar a utilização do teste de germinação pelas empresas e laboratórios de
análise de sementes.
A temperatura é um fator de grande influência sobre as reações bioquímicas que
regulam o metabolismo necessário para iniciar a germinação, e em conseqüência sobre a
porcentagem e velocidade do processo (Carvalho e Nakagwa, 2000). As espécies, entretanto,
apresentam comportamento variável quanto à temperatura de germinação, não havendo uma
única temperatura ótima para todas as plantas.
Considerando a semente como um insumo principal na produção agrícola e sendo a
qualidade da semente o ponto de partida para o sucesso de qualquer cultura, o objetivo deste
trabalho foi verificar a influência de temperaturas na capacidade germinativa de sementes de
duas cultivares de mamona.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análises de Sementes da Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Nova Porteirinha-MG. Foram
utilizadas as cultivares de sementes de mamona, Nordestina e Guarani, colhidas em março e
junho de 2006, respectivamente. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente
casualizado, com oito repetições de 25 sementes por repetição, para cada cultivar.
Os tratamentos consistiram em quatro condições de temperaturas diárias: T1 =
temperatura constante de 25ºC durante todo o dia; T2 = temperatura constante de 30ºC durante

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

861
todo o dia; T3 = temperatura constante de 20ºC durante a noite e 30ºC durante o dia e T4 =
temperatura constante de 20ºC durante a noite e 35ºC durante o dia.
Para o cálculo do peso de 100 sementes, foram utilizadas quatro repetições para cada
cultivar, com resultados médios de 51,5 g e 55, 8 g para as cultivares Guarani e Nordestina,
respectivamente.
Na determinação do grau de umidade foi utilizado o método da estufa a 105ºC ± 3 por
24 h, com quatro repetições de 50 sementes, e os resultados expressos em percentagem de
base úmida (Brasil, 1992). As umidades anotadas foram 6,30 % e 6,20 % para as cultivares de
mamona Nordestina e Guarani, respectivamente.
O substrato utilizado para o teste de germinação foi papel germitest umedecido com
água destilada, utilizando-se volume equivalente a 3,0 vezes o peso do papel. Foram
realizadas duas avaliações aos 7 º e 14 º dias após a montagem do teste. Os resultados foram
expressos em percentagem de plântulas normais (Brasil, 1992).
O teste de primeira contagem foi obtido por meio do número de plântulas normais,
determinado por ocasião da primeira contagem do teste de germinação (7º dia após a
montagem) (Brasil, 1992). Os resultados foram expressos em percentagem de plântulas
normais.
Os dados foram submetidos à análise de variância e teste “F”, de acordo com o
delineamento experimental adotado, sendo que as médias foram testadas ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Student Newman Keuls pelo Sistema de Análises Estatísticas e
Genéticas - SAEG (UFV, 2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a cultivar Guarani, a temperatura de 30 ºC proporcionou maior porcentagem
(P<0,05) de plântulas normais tanto na primeira contagem, aos sete dias, como na segunda
contagem, aos 14 dias de avaliação (Tabela 1). Esses resultados estão de acordo com os
obtidos por Carneiro e Pires (1983), que observaram que a temperatura 30oC proporcionou
melhor germinação das sementes de mamona, entretanto, discordantes dos resultados
apresentados por Morgot e Harty (1981). As recomendações das Regras para Análise de
Sementes (Brasil, 1992) são 20 – 30 º C, e também discordantes da temperatura encontrada
nesse ensaio. Isso ocorreu, porque, de acordo com Carvalho e Nakawa (2000), quanto maior a
temperatura, maior a velocidade de germinação. Já Santos et al. (2006) recomenda que a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

862
germinação de sementes de mamona deve ser realizada em germinadores do tipo
Mangelsdorf, regulado à temperatura de 25ºC.

Tabela 1 - Primeira e segunda contagem do teste de germinação, em porcentagem de plântulas


normais, para sementes de mamona cv. Guarani, em função da temperatura
Temperatura
Contagem CV (%)
25ºC1 30ºC2 20-30ºC3 20-35ºC4
7 dias 35,00b 56,00a 29,50b 33,50b 22,870
14 dias 53,50 b 74,50 a 59,50b 63,50b 14,364
1 2
Temperatura constante de 25ºC durante todo o dia; Temperatura constante de 30ºC durante todo o dia;3
Temperatura constante de 20ºC durante a noite e 30ºC durante o dia; 4 Temperatura constante de 20ºC durante a
noite e 35ºC durante o dia. Médias seguidas por letras sobrescritas diferentes na mesma linha diferem entre si
(P<0,05) pelo teste de SNK;

Para a cultivar Nordestina os resultados obtidos para germinação nas duas contagens
mostraram que não houve diferenças significativas entre os tratamentos testados (Tabela 2). È
provável que a origem do lote de sementes e a cultivar utilizada possam ter contribuído para
os resultados obtidos, devendo, oportunamente, serem novamente estudados. A qualidade das
sementes tem influência na germinação, havendo modificação nas exigências dos lotes quanto
à melhor temperatura a ser usada (Popinigis, 1977).

Tabela 2 - Primeira e segunda contagem do teste de germinação, em porcentagem de plântulas


normais, para sementes de mamona cv. Nordestina, em função da temperatura.
Temperatura
Contagem
25ºC1 30ºC2 20-30ºC3 20-35ºC4
7 dias 80,00a 76,00a 82,50a 76,50a
14 dias 80,00 a 78,50 a 83,50a 76,50a
1 2
Temperatura constante de 25ºC durante todo o dia; Temperatura constante de 30ºC durante todo o dia;3
Temperatura constante de 20ºC durante a noite e 30ºC durante o dia; 4 Temperatura constante de 20ºC durante a
noite e 35ºC durante o dia. Médias seguidas por letras sobrescritas iguais na mesma linha não diferem entre si
(P<0,05) pelo teste de SNK

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

863
4 CONCLUSÃO
Maiores percentagem de germinação de sementes de mamona cultivar Guarani foram
observadas à temperatura de 30 º C.
Não houve efeito de temperaturas na viabilidade de sementes da cultivar Nordestina
nas duas contagens realizadas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília:
SND/CLAV,1992, 365p.

CARNEIRO, J.W.P.; PIRES, J.C. Influëncia da temperatura e do substrato na germinação de


sementes de mamona. Revista Brasileira de Sementes, v. 5 n. 3, p.127-131. 1983.

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Jaboticabal: Funep, 2000. 588p.

MARGOT, E.H.J.; HARTY, R.L. Report of the germination comitte working group on
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OLIVEIRA, L. M. de; CARVALHO, M. L. M.; CALDEIRA, C. M.; SILVA, C. D. de;


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DE MAMONA, 2., 2006, Aracaju. Anais... Aracaju, 2006. 1CD-ROM.

POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. Brasília: AGIPLAN, 1977. 209p.

SANTOS, D. C.; CARVALHO, M. L. M. de; OLIVEIRA, L. M. de; KATAOKA, V. Y.;


NETO, A. L. dos S. Teste de germinação em sementes de mamona. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MAMONA, 2., 2006, Aracaju. Anais... Aracaju, 2006. 1CD-ROM.

Universidade Federal de Viçosa / UFV. 2000. Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas -


SAEG. Versão 8.0. Viçosa, MG.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

864
AVALIAÇÃO DE OÍDIO (Oidium heveae) EM PINHÃO MANSO DO
BANCO DE GERMOPLASMA DA UFLA

Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br


Bruno Bustamante Junco, UFLA, brunobjunco@yahoo.com.br
Danilo Fonseca Cunha, UFLA, danilofcunha@yahoo.com.br
Maick José Alcântara, UFLA, maick27@oi.com.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: O pinhão manso é considerado por muitos, como uma oleaginosa resistente a
pragas e a doenças. Um problema encontrado na região de Lavras - MG, foi o aparecimento
do oídio em todos os acessos do banco de germoplasma da UFLA. O presente trabalho tem
como objetivo avaliar a resistência dos acessos de pinhão manso ao ataque do oidio.

Palavras-Chave: Pinhão manso, biodiesel, oídio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

865
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma oleaginosa da família Euphorbiaceae
nativa das Américas, hoje também muito plantada na Ásia e África, e considerado arbusto de
grande porte. Seu plantio pode ser feito em vários locais das regiões tropicais e subtropicais
do mundo, crescendo rapidamente e de grande tolerância a seca, podendo ser usado em áreas
com problema de erosão, e em regiões semi-áridas. A madeira e as sementes podem ser
usados para inúmero propósitos, inclusive produção de combustíveis. As sementes de
Jatropha curcas contém em média 30% de óleo, que pode ser usado na produção de velas,
sabões, na indústria cosmética, ou como substituto do diesel, este último muito importante
para suprir a demanda de energia nos serviços rurais, além de diminuir a utilização de
combustíveis fósseis (Heller, 1996).
O pinhão manso é uma planta rústica, com poucos relatos de ataques por doenças. Na
literatura, foram descritos alguns casos no Zimbábue, com danos em folhas e frutos por
míldio e perda prematura de folhas por Alternaria. As condições ecológicas deste país não são
favoráveis para as plantas, que ficam estressadas, tornando-se mais suscetíveis a
enfermidades. Já foram descritos também ataques de Phytophthora spp., Pythium spp. e
Fusarium spp. causando damping off e apodrecimento de raízes, Helminthosporium tetramera
e Pestalotiopsis paraguarensis e P. versicolor causando manchas foliares (Singh, 1983;
Philips, 1975), e Cercospora jatrophae-curces também causando manchas foliares (Kar et al.,
1988).
Além disso, sabe-se que a planta é hospedeiro de vírus que causam doenças em
mandioca, como o Vírus do Mosaico Comum da Mandioca - Cassava common mosaic virus
(CsCMV), não devendo ser plantado perto de áreas com essa cultura (Joker, 2003). Outros
autores citam que a doença do superalongamento da mandioca, causada pelo fungo
(Sphaceloma manihoticola), pode ser transmitida pelo pinhão manso (Heller, 1996).

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no campo experimental de setor de grandes culturas do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, Minas Gerais. O
local está situado a uma latitude média de 21°14’Sul, longitude média de 45°00’ Oeste e
altitude de 930 m. A região apresenta clima Cwa, de acordo com a classificação de Köppen.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

866
A formação das mudas foi feita no dia 15/10/2005 utilizando sementes provenientes do
banco de germoplasmas da UFLA, produzidas em tubetes de 120 ml, utilizando-se como o
substrato comercial Plantimax.
O transplantio das mudas foi feito no dia 22/12/2005, disposto no arranjo experimental
de blocos casualisados (DBC), com 19 tratamentos e 5 repetições.
As avaliações foram feitas utilizando avaliação visual, e classificado a severidade de
ataque do oídio pelo sistema de notas, onde as escalas estão relacionadas na Tabela 1.

Tabela 1. Severidade de ataque de oídio no banco de germoplasma da UFLA, 2007.


NOTA SEVERIDADE
0 nenhum ataque
1 40% de ataque
2 50% de ataque
3 60% de ataque
4 80% de ataque
5 100% de ataque
As notas foram analisadas e feito teste de média com auxilio do SISVAR, utilizando o teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme mostra a Tabela 2, o oídio este presente em todos os acessos do banco de
germoplasma da UFLA e não houve diferença estatística na severidade da doença. Na Figura
1 encontram-se fotos de folhas e caule de pinhão manso atacados por oidio.

Tabela 2. Médias das notas para o oídio.

Tratamentos Médias Resultados do teste


Acesso 12 1.0 a1
Acesso 7 1.0 a1
Acesso 13 1.2 a1
Acesso 4 1.2 a1
Acesso 2 1.2 a1
Acesso 6 1.4 a1
Acesso 17 1.4 a1
Acesso 8 1.4 a1
Acesso 9 1.4 a1
Acesso 15 1.4 a1
Acesso 10 1.6 a1
Acesso 5 1.6 a1
Acesso 16 1.8 a1
Acesso 1 2.0 a1
Acesso 18 2.0 a1
Acesso 19 2.2 a1
Acesso 11 2.4 a1
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

867
Figura 1 – Fotos de oidio nas folhas e caule de pinhão manso.

4 CONCLUSÃO
Os acessos de pinhão manso do banco de germoplasma da UFLA apresentaram a
mesma severidade do oídio.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KAR, A.K.; DAS, A. New records of fungi from India. Indian Phytopathology, v. 41, p.
505.1998.

JOKER, D.; JEPSEN, J. Jatropha curcas L. Seed Leaflet, Danida Forest Seed Centre, n. 83.
2003.

PHILLIPS, S. A new record of Pestalotiopsis versicolor on the leaves of Jatropha curcas.


Indian Phytopathology, v.28, n.4, p.546. 1975.

SINGH, I.D. New leaf spot diseases of two medicinal plants. Madras Agric. J., v.70, n.7, p.
490. 1983.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

868
Heller J. Physic nut, Jatropha curcas: promoting the conservation and use of underutilized
and neglected crops. International Plant Genetic Resources Institute (IPGRI), Rome, Italy.
1996. 66 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

869
PRODUÇÃO DE MICELAS HIDROALCOÓLICAS PARA A
TRANSESTERIFICAÇÃO DIRETA

Filipe Alonso Saad, ESALQ/USP, fasaad@esalq.usp.br


Marisa Aparecida Bismara Regitano d'Arce, ESALQ/USP, mabra@esalq.usp.br
Thais Maria Ferreira de Souza Vieira, ESALQ/USP, tvieira@esalq.usp.br
Érico Rolim Mattos, ESALQ/USP, erico@esalq.usp.br

RESUMO: O trabalho teve o objetivo de identificar as condições de determinação e


obtenção de micelas de óleo de soja para a transesterificação direta. Nas condições do
experimento, a granulometria não influenciou o rendimento do processo. Foi adotado um
procedimento de extração em escala de laboratório que permitiu atingir a formação das duas
micelas, rica e pobre em óleo, isso deverá propiciar a transesterificação direta. A partir da
micela rica em óleo será produzido o biodiesel.

Palavras-Chave: Etanol, óleo de soja, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

870
1 INTRODUÇÃO
A grande dependência dos combustíveis fósseis, o petróleo principalmente, sempre foi
um problema para a sociedade ocidental no que se refere ao seu consumo como fonte
energética. A busca por fontes alternativas de energia é de fundamental importância e, nesse
contexto, o uso de óleos vegetais é uma alternativa para substituição ao óleo diesel nos
motores de ignição. Seu uso já foi testado em fins do século XX, produzindo resultados
satisfatórios no próprio motor diesel. A possibilidade de se usar combustíveis de origem
vegetal em motores do ciclo diesel é bastante atrativa tendo em vista o aspecto biorenovável.
Afinal, além de ser uma fonte renovável de energia, seu desenvolvimento permite a
redução da dependência de importação do petróleo. Como combustível, o biodiesel possui
ainda outras características vantajosas sobre os combustíveis derivados do petróleo, tais como,
virtualmente livre de enxofre e de compostos aromáticos, alto número de cetano, teor médio
de oxigênio e maior ponto de fulgor e sua queima resulta em menor emissão de partículas
tóxicas como HC, CO e CO2.
O emprego desse biocombustível utilizando uma matéria-prima oleaginosa, como fonte
de energia agrícola, está sendo amplamente explorado em pesquisas que buscam aproveitar
essa característica de fornecimento de energia limpa ao ambiente. Considerando esses óleos
vegetais, o Brasil vem ganhando o mercado mundial de soja a cada ano e a expectativa é que
o país passe a liderar a produção mundial do grão. Em 2004, o país foi o segundo maior
produtor mundial de soja, com produção de 50 milhões de toneladas, ou 25% da safra
mundial (EMBRAPA). Essa commodity vem sendo responsável pela captação de divisas no
mercado internacional da ordem de US$ 10 bilhões (Abiove, 2006). A estimativa da Abiove,
segundo seu presidente Carlo Lovatelli é de que, em 2007, pelos menos 250 mil toneladas de
óleo de soja sejam destinadas para produção de biodiesel.
Para se realizar a extração industrial de oleaginosas, utiliza-se um solvente que separa o
óleo do farelo. Vários solventes podem ser utilizados, mas o que impera é o uso generalizado
de hexano. Este é um solvente não renovável, altamente tóxico, inflamável e explosivo.
A extração do óleo de soja utilizando um solvente alternativo, que possa ser utilizado
em grande escala, e que apresenta baixa toxicidade e baixo custo é bastante desejável.
Algumas características físico-químicas também são importantes como um ponto de ebulição
suficientemente alto para facilitar a eliminação do solvente do óleo e do farelo, e um ponto de
fusão superior a 0ºC para evitar cristalizações indesejáveis. Regitano d’Arce (1991)

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

871
considerou a influência da temperatura no processo de extração do óleo. Segundo a autora, o
trabalho no ponto de ebulição do solvente pode até substituir qualquer tipo de agitação.
Existem duas formas de obtenção desse óleo, uma através da dissolução, na qual o óleo
se libera com a quebra das células, dissolvendo-se prontamente no solvente, e outra, pela
difusão, na qual o óleo se dissolve mais lentamente porque se encontra encerrado nas células
intactas do grão. Isso justifica a importância do preparo do grão, ou seja, os processos de
trituração e aquecimento para obtenção do óleo.
Embora os óleos vegetais sejam solúveis em álcool, a solubilidade aumenta com a
elevação de temperatura e da concentração etanólica (Regitano-d’Arce & Lima, 1987;
Regitano-d’Arce, 1991; Gandhi et al., 2003). Segundo Gandhi et al. (2003), um alto grau de
pureza do óleo é obtido com a extração com os solventes n-propanol, isopropanol e com o
etanol.
No Brasil, o etanol é um solvente que apresenta essas qualidades citadas. Afinal, além
de ser renovável, é facilmente produzido em grandes quantidades, sendo uma alternativa ao
uso do hexano. O álcool etílico, além disso, não é corrosivo aos metais e pode ser armazenado
em tanques de ferro, aço, cobre ou alumínio. É inflamável, porém não é considerado tóxico
nas condições industriais.
Estudos para a avaliação da viabilidade da extração de óleo e oligossacarídeos presentes
na soja através do emprego de etanol estão sendo desenvolvidos pela equipe do Laboratório
de Óleos e Gorduras do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da
ESALQ/USP, dando continuidade a pesquisas iniciadas há 25 anos.
O propósito deste trabalho é chegar à produção de biodiesel a partir de soja através do
processo de extração de óleo com etanol seguido da transesterificação química direto na
micela.
Segundo RAMOS (2001), o biodiesel pode ser definido como ésteres monoalquílicos de
ácidos graxos que podem ser obtidos através da transesterificação de matérias graxas com
álcoois de cadeia curta, como o etanol, na presença de um catalisador ácido ou básico.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
Os materiais foram constituídos de matéria-prima e solvente, respectivamente, soja -
cultivar BRSMG-68 - e etanol anidro 99 v/v (%).
Inicialmente triturou-se a soja em moinho de grãos da TECNAL modelo 532/OC-BR.
Após a trituração, a soja foi transferida para peneiras U.S. Standard Sieve Series, A.S.T.M.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

872
specifications (Fisher Scientific Company) de 35, 48 e 60 mesh, respectivamente 420, 297 e
250 micra. Essas peneiras ficaram sobrepostas no aparelho Combs Gyratory Riddle MFD, da
empresa Great Western MFD. Co. Cada peneiramento durou aproximadamente 3 minutos,
separando-se a soja peneirada em amostras maiores que 35 mesh, entre 35 e 48 mesh e
menores que 60 mesh (Figuras 1 e 2). As amostras foram armazenadas em recipientes
fechados, evitando o ganho de umidade.

Figura 1 - Esquema representando as peneiras (35, 48 e 60 mesh) superpostas; área com


textura indica a fração da soja triturada que foi utilizada.

Figura 2 - Esquema de montagem das peneira para agitação e separação das frações.

Após essas separações, foram determinados os teores de óleo das frações conforme a
metodologia da AOCS (Ac 3-44, 2003), em equipamento Soxhlet com solvente hexano.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

873
A umidade das frações de soja triturada e dos farelos foram determinadas em estufa a
100°C por uma noite, seguida de pesagem até peso constante conforme metodologia do IAL
(1976).
Na extração de óleo buscou-se estabelecer a relação entre soja triturada e etanol anidro
99 v/v (%) que apresentasse o melhor rendimento. A extração do óleo de soja foi feita em
balões de destilação de 1000 mL acoplados a colunas de condensação sobre placas de
aquecimento com agitação magnética em equipamentos das marcas MARCONI, FANEM,
FISATOM e IKA (Figura 3).

Figura 3 - Esquema do modelo de extração de óleo por batelada.

A princípio, na extração do óleo, foi avaliada a proporção de 1:3 (50 gramas de soja:
150 mililitros de etanol anidro 99 v/v (%)). Utilizando essa proporção, a extração foi mantida
à temperatura de 70ºC, durante uma hora, sendo que foram realizados quatro banhos com essa
farinha visando à máxima extração de óleo de cada amostra (frações 35, 48 e 60 mesh).
Utilizou-se em cada banho uma quantidade nova de etanol anidro, sendo as micelas recolhidas
após filtrações sobre papel de filtro com separação da massa por extrair e armazenamento da
micela. Também neste caso, as condições pré-estabelecidas de granulometria e de temperatura
de processo, próxima à ebulição do etanol garantiram um bom rendimento em óleo, porém
ainda aquém da concentração ideal para que ocorresse a separação da micela resfriada à
temperatura ambiente em micela rica e pobre em óleo.
Após a extração de três lotes de soja triturada, foram misturadas as três micelas dos
testes para se definir o ponto de capacidade de saturação do óleo no etanol e a possibilidade
de separação das micelas em micela rica e pobre de óleo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

874
Foram utilizadas dez amostras contendo 10 mL da micela total, e uma com etanol puro,
em tubos de ensaio. Em cada uma dessas 10 amostras foi acrescentado um número conhecido
de gotas de óleo de soja refinado (marca Purilev). Cada gota apresentava massa de 0,0326g.
As gotas foram adicionadas com a intenção de separar as micelas, pobre e rica, arrastando
óleo para a rica, e encontrar o ponto de saturação do óleo.
No tubo que apresentava apenas etanol anidro, somente a partir da oitava gota de óleo
de soja observou-se uma gotícula de micela rica se destacando e precipitando. Através da
adição de óleo de soja e da variação na temperatura, realizou-se a recuperação da micela, com
avaliação da capacidade de separação da micela pobre e micela rica em óleo.
Foi utilizado um minishaker da empresa IKA, com 2000 rpm, para homogeneizar as
amostras contidas nos tubos. Após um tempo de repouso de aproximadamente 3 minutos
verificou-se o início da separação das micelas pobre e rica em óleo em alguns tubos.
Amostras de volume conhecido foram coletadas para determinação do teor de óleo da
micela pobre.
A micela pobre foi analisada gravimetricamente quanto ao teor de óleo através da
evaporação do etanol, de volume conhecido (5 mL), colocado em placa de Petri, em estufa a
100°C seguido por pesagens até peso constante.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As três frações de soja triturada foram empregadas nos testes de extração por batelada.
Da análise do seu teor de óleo apresentado na Tabela 1, depreende-se que com a redução da
granulometria, o teor de cascas, provavelmente sendo menor, sobram mais partículas finas do
endosperma que carregam o óleo, justificando esse leve incremento nas frações.

Tabela 1 - Teor de óleo das frações de soja (%).


Frações de 35 mesh 48 mesh 60 mesh
soja
Teor de
óleo da 22,39 23,38 23,47
soja

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

875
Após a extração em batelada, foi determinado o teor de óleo residual dos farelos
segundo o método da AOCS (Ac 3-44, 2003), em equipamento Soxhlet com solvente hexano,
sendo os resultados apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Teor de óleo residual nas diferentes amostras de farelo de soja (g/100g).
Farelo 35 mesh 48 mesh 60 mesh
Frações
Teor de
óleo 0,6935 1,1315
residual 0,999

Os resultados de análise das micelas indicaram comportamentos bastante semelhantes


entre as frações quanto ao rendimento em óleo e grau de esgotamento (Tabelas 3 e 4).

Tabela 3 - Características das micelas.


Soja frações 35 mesh 48 mesh 60 mesh

Volume total da
micela (mL) 350 295 345
Quantidade total
de óleo extraído 7,252 5,841 7,6866
(g)
Teor de óleo 0,0207 0,0198 0,0222
(g/mL)

Para garantir maior representatividade nos testes foram misturadas as três micelas sendo
obtidos os seguintes valores (Tabela 4).

Tabela 4 - Dados obtidos a partir da mistura das micelas das frações 35, 48 e 60 mesh.
Miscela Total
Volume (mL) 770
Teor de óleo (g/mL) 0,01778
Óleo Total (g) 13,6906

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

876
Após a adição do óleo de soja refinado e homogeneização do material, observou-se o
início da separação das micelas pobre e rica em óleo em alguns tubos. No primeiro tubo não
houve separação. Todo o óleo adicionado se dissolveu na micela fazendo com que esta
atingisse um teor de óleo próximo ao ponto de saturação, ainda por ser determinado.
A partir do segundo tubo, houve separação e o teor de óleo na micela pobre ficou
próximo ao teor da micela original (0,01778 g/mL), o que deve explicar a não separação
anterior.
A figura 4 ilustra os resultados obtidos.
Figura 4 - Esquema dos 10 tubos contendo 10 mL da micela total adicionado de uma
quantidade crescente de óleo.

Percebe-se que ao se separar resta sempre óleo na mesma faixa de concentração na


micela pobre.
As micelas pobres obtidas foram analisadas quanto ao teor de óleo ou não-voláteis,
como se observa na Tabela 5.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

877
Tabela 5. Teor de óleo na micela pobre.

Tubos Solubilidade
(g/mL)
1 0,01870
2 0,01690
3 0,01790
4 0,01760
5 0,01695
6 0,01795
7 0,01825
8 0,01855
9 0,01895
10 0,01885

Novos ensaios de extração foram feitos com uma diferente relação entre massa e
solvente (50 g de soja : 125 mL de etanol anidro), usando apenas a farinha obtida com soja
triturada 60 mesh, e aplicando quatro banhos de solvente puro. Os dados obtidos estão
expostos na Tabela 6.

Tabela 6. Teor de óleo das micelas pobres após os banhos 1,2,3 e 4 de duas extrações em
batelada.
Banhos Teor de óleo Volume da Massa total
(g/mL) micela (mL) de óleo na
micela (g)
1 0,03166 55 1,741
1’ 0,03174 57 1,809
2 0,02936 92 2,701
2’ 0,02874 94 2,701
3 0,01824 100 1,824
3’ 0,01934 105 2,031
4 0,00666 109 0,726

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878
4’ 0,00768 112 0,860
O rendimento desse processo no qual foi usada uma relação menor de massa e solvente
(1 massa de soja : 2,5 volume de solvente), apresentou valores superiores de teor de óleo
(g/mL) aos encontrados nas extrações iniciais. Nestas extrações, usando-se a relação de 1:3, e
fração 60 mesh, obteve-se como resultado um teor de óleo de 0,0222 g/mL, enquanto
naquelas, a média das duas primeiras extrações (1 e 1’) foi de 0,0317 g/mL. Além disso,
mesmo considerando o primeiro e o segundo banho, e suas duplicatas (1’ e 2’), os teores de
óleo obtidos foram superiores comparativamente às extrações 1:3 (soja : etanol anidro),
levando-se em conta todas as granulometrias. Pode-se concluir, então, que é possível utilizar
um menor volume de solvente no processo de extração de óleo, obtendo-se valores iguais, ou
até mesmo superiores, de teor de óleo (g/mL) na micela.

4 CONCLUSÃO
Estamos muito próximos de conseguirmos a separação das micelas em rica e pobre.
Ainda temos que aumentar o rendimento em óleo das extrações. A fase seguinte consistirá do
preparo dos ésteres etílicos ou biodiesel a partir da micela rica. Um catalisador para catálise
heterogênea deverá ser empregado.

5 AGRADECIMENTOS
Ao PIBIC-CNPq e FAPESP, pelo financiamento da pesquisa.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-ABIOVE - Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal. Estatísticas do complexo
soja no Brasil. Disponível em < http://www.abiove.com.br (acesso em maio de 2006). >
-AMERICAN OIL CHEMISTS´ SOCIETY, Official Methods and recommended practices
of the AOCS, fifth edition, 2003.

-EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Disponível em <


http://www.cnpso.embrapa.br > (acesso em janeiro de 2007).

-GANDHI, A.P.; JOSHI, K.C.; KRISHNA, J.; PARIHAR, V.S.; SRIVASTAV, D.C.
RAGHUNADH, P.; KAWALKAR, J.; JAIN, S.K.; TRIPATHI, R.N. Studies on alternative
solvents for the extraction of oil - l soybean. International Journal of Food Science and
Technology, v.38, p.369-375, 2003.

-INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1976. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz.v.1.


Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 2ª ed. São Paulo, IAL; 371 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

879
-RAMOS, L.P.; ZAGONEL, G.F.; Produção de biocombustível alternativo ao óleo diesel
através da transesterificação de óleos vegetais, Revista de Química Industrial, v.717,
p.17, 2001.

-REGITANO-D’ARCE, M.A.B. Extração de óleo de girassol com etanol: cinética, ácido


clorogênico, fração insaponificável. Tese de doutorado, São Paulo, 145p, 1991.

-REGITANO-D’ARCE, M.A.B.; LIMA, V.A. Emprego do álcool etílico na extração de


óleo de girassol (Helianthus annuus). Ciência e tecnologia de alimentos, v.7, n.1, p.1-14,
1987.

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880
COMPETIÇÃO DE VARIEDADES DE ALGODÃO COLORIDO (Gossypium
hirsutum L.)

Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br


Julio César Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
Maick José Alcântara, UFLA, maick27@oi.com.br
João Paulo Felicori Carvalho, UFLA, jpfelicori@yahoo.com.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, oleo@ufla.br

RESUMO: A fibra do algodão é considerada a mais importante fibra textil natural. Essa
importância deve-se a fatores como a multiplicidade dos produtos dele originado. Um novo
mercado que está em ascensão, é a utilização de fibras coloridas naturalmente para a
confecção de roupas. Estas fibras apresentam-se nas cores marrom, marrom claro e verde.O
presente trabalho tem por objetivo avaliar a produtividade de variedades de algodão colorido
em Lavras - MG, em plantio de verão.

Palavras-Chave: Matérias prima, fibra colorida, caroço, algodão.

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881
1 INTRODUÇÃO
A fibra do algodão é considerada a mais importante fibra têxtil natural, considerando o
aparecimento de inúmeras fibras sintéticas. Essa importância deve-se a fatores como a
multiplicidade dos produtos deles originados, ou a posição de destaque no setor
socioeconômico, uma vez que se encontra entre as principais culturas, na maioria dos países
nos quais se explora o seu cultivo comercial.
Um novo mercado que esta em ascensão é a utilização de fibras coloridas naturalmente
para confecção de roupas. Estas novas fibras, são provenientes de materiais de algodão
desenvolvidos pela EMBRAPA Algodão, são coloridas naturalmente e tem as cores marrom,
marrom claro e verde.
Estas novas variedades são da espécie Gossypium hirsutum, uma variedade de algodão
herbáceo de ciclo anual que apresenta uma boa produtividade nas regiões semi-áridas. Isto se
deu por uma intensa pesquisa em materiais genéticos do CNPA EMBRAPA. Estas variedades
possuem características boas em termos de qualidade de fibras, tendo fibras de médias a
longas, com boa finura e alta resistência.
A adoção de tecnologias que visam à elevação dos atuais níveis de produtividade da
cultura torna-se bastante importante, em razão dos constantes aumentos nos custos de
produção em nosso país. Este objetivo pode ser alcançado, por exemplo, mediante a utilização
de sementes melhoradas, população ajustada, tratos culturais adequados, época de plantio
apropriada e fertilização equilibrada. Todos esses fatores variam de região para região e de
ano para ano, necessitando sempre de experimentação, visando à melhoria e à adequação das
técnicas a determinadas situações específicas.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de variedade de
algodão colorido na região de Lavras - MG.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Departamento de Agricultura da Universidade Federal
de Lavras (UFLA), setor de grandes culturas, durante o ano agrícola 2006/07. A classificação
climática de Lavras de acordo com Köpen é Cwa, e está situada a 21o14' de latitude sul,
45o00' de longitude oeste, a 918,8 metros de altitude, em solo originariamente sob vegetação
de cerrado, classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico (EMBRAPA, 1999).
Foram utilizadas as cultivares de algodão BRS 200 marrom, Rubi e Safira. Essa
cultivares foram semeadas em parcelas dispostas num delineamento de blocos casualizados,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

882
com 10 repetições por tratamento. Avaliações de campo foram: alturas das plantas, número de
ramos, número de frutos e peso da fibra e produtividade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme mostra a figura 1 as cultivares utilizadas apresentaram um bom crescimento
de altura que é uma característica desejável na planta de algodão, ou seja, um porte proxime
de 140 cm, o que facilita os tratos culturais e principalmente a colheita. As plantas das
variedades estudadas não precisaram ter a sua altura controlada com hormônio o que
certamente reduz custo de produção.

Figura 1 - Altura média em cm.

Altura média (cm)

140
a1
135
Altura (cm)

130
125 a1
a1
120
115
110
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades

Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.

A Figura 2 mostra o maior numero de frutos na cultivar BRS 200 marrom. Este fator
de produção é essencial para que uma variedade possa produzir maiores produtividades.

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883
Figura 2 - Número de frutos por planta.

Número de frutos por planta

40 a2
35
Número de frutos

30
25 a1 a1
20
15
10
5
0
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades

Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.

A Figura 3 traz o número de ramos por planta e mostra que não houve diferença
significativa entre as cultivares.

Figura 3 - Número de ramos por planta.

Número de ramos por planta

30
a1
Número de ramos

25 a1
a1
20
15
10
5
0
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades

Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.

A Figura 4 mostra a produção de fibra por planta, onde se destacou a variedade BRS
200 marrom obtendo um peso maior de fibra em relação as demais cultivares.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

884
Figura 4 - Peso de fibra por planta.

Peso total de fibra por planta

180 a2
160
140 a1 a 2
120
Peso g

100 a1
80
60
40
20
0
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades

Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.

Apesar de um menor peso total de fibra por planta a fibra da cultivar Rubi se mostrou
um fruto mais pesado, e a cultivar BRS 200 marrom é estatisticamente igual a cultivar rubi,
como mostra a Figura 5.

Figura 5 - Peso médio do capulho.

Peso médio do capulho g

6 a2

5 a1 a2
a1
4
Peso g

3
2
1
0
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades

Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

885
A Figura 6 mostra as produtividade das cultivares onde a cultivar BRS 200 marrom
obteve uma maior produtividade, em kg/há, em razão da sua maior quantidade de fruto por
planta e do maior peso de fibra por planta.

Figura 6 Produtividade Kg/ha de 3 cultivares de algodão colorido

Produtividade (Populaçào 20000 plantas/há) em


kg/ha

4000 a2

3000
Peso kg/ha

a1 a2

2000 a1

1000

0
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades

Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.

4 CONCLUSÃO
A cultivar BRS 200 marrom se mostrou interessante devido ao seu potencial produtivo e
pela sua altura, já que estes são parâmetros exigidos em uma boa cultivar de algodão.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP E FAPEMIG.

6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de solo (Rio de Janeiro, RJ). Sistema Brasileiro
de classificação de solo. - Brasília: Embrapa Produção de Informações; Rio de Janeiro:
Embrapa Solos, 1999. XXVI, 412p. iiL.

COSTA, M. T. P. M. da; OLIVEIRA, A. C. S. de. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,


8(92):3-7, ago 1982.

FERRAZ, C. A. M. Produção de sementes do algodoeiro. O Agronômico, 27/28:154-93,


jan/dez. 1975/76.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

886
CONSÓRCIO DE PINHÃO MANSO COM FEIJÃO PARA PRODUÇÃO
ALIMENTAR E ENERGÉTICA

Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br


Osmaria Ribeiro Bessa, UFLA, goianabj10@hotmil.com
João Vieira Monteiro, UEMG, jovimon@ufla.br
Paulo Almeida Schmidt, UFLA, paulosch@gmail.com
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Messias José Bastos Andrade, DAG/UFLA, mandrade@ufla.br

RESUMO: Consórcios de plantas envolvendo cereais, leguminosas e oleaginosas são


amplamente praticadas nas regiões tropicais. Sistemas envolvendo leguminosas e plantas
oleaginosas podem beneficiar a dieta e equilibrar a receita ecônomica. O consórcio
envolvendo feijão e pinhão manso, visa aumentar o aproveitamento do solo na pequena
propriedade. O sistema de agricultura familiar pode se beneficiar muito dos sistemas de
cultivo consorciados. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a viabilidade da
produção em consórcio de pinhão Manso e feijão para a produção alimentar e energética.

Palavras-Chave: Consórcio, produção alimentar, energia, feijão, pinhão manso.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

887
1 INTRODUÇÃO
Consórcios envolvendo cereais, leguminosas e culturas oleaginosas são amplamente
praticados nas regiões tropicais. Os cereais, em geral, apresentam metabolismo fotossintético
C4, são muito competitivos, tendem a esgotar o nitrogênio do solo e produzem carboidratos,
enquanto as leguminosas são espécies de metabolismo fotossintético C3, são menos
competitivas, são fixadoras de nitrogênio atmosférico e produzem proteínas. Sistemas
envolvendo leguminosas e espécies oleaginosas podem beneficiar a dieta e equilibrar a receita
econômica do produtor (Azevedo et al., 1999).
O consorciamento da cultura do feijão e do pinhão manso, visa aumentar o
aproveitamento do solo na pequena propriedade, e em conseqüência a rentabilidade. No
Brasil, a agricultura familiar, na maioria das culturas de ciclo anual, utilizam-se sistemas de
cultivo consorciados, com duas ou mais culturas exploradas na mesma área e tempo.
Por apresentar ciclo curto e porte baixo, o feijão é indicado para ser cultivado em
sistema de consórcio com a cultura do pinhão manso, que apresenta porte alto e ciclo perene.
A interceptação na radiação fotossinteticamente ativa pelo dossel exerce grande
influência sobre o rendimento da cultura quando outros fatores ambientais são favoráveis.
Uma das formas de se aumentar a interceptação de radiação e, conseqüentemente, o
rendimento das culturas é por meio da escolha adequada do arranjo de plantas (Argenta et al.,
2001). O arranjo de plantas pode ser manipulado por alterações na densidade de plantio, no
espaçamento entre linhas, na distribuição de plantas na linha, na variabilidade entre plantas ou
na utilização de diferentes espécies vegetais na mesma área.
Os principais fatores a influenciar a escolha do arranjo de plantas são: características
das espécies e/ou cultivares utilizadas, objetivo do produtor, nível de tecnologia a ser
aplicada, época de semeadura e duração da estação de crescimento de cada espécie na região
de cultivo.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a produtividade de feijão carioquinha em
consórcio com o pinhão manso visando a produção alimentar e energética.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no campo experimental de setor de grandes culturas do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, Minas Gerais. O
local está situado a uma latitude média de 21°14’Sul, longitude média de 45°00’ Oeste e
altitude de 930 m. A região apresenta clima Cwa, de acordo com a classificação de Köppen.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

888
A formação das mudas foi feita no dia 15/10/2005 utilizando sementes provenientes do
banco de germoplasmas da UFLA, produzidas em tubetes de 120 ml, utilizando-se como o
substrato comercial Plantimax.
O transplantio das mudas foi feito no dia 22/12/2005 com o espaçamento de 2x2m. A
semeadura do feijão foi feita em 9/01/2006, sendo feita com auxilio de matracas, utilizando
uma adubação com formulado com 8-28-16 seguindo as orientações de adubação da 5ª
Aproximação. Foi colhido no dia 15/03/2006. A segunda semeadura foi realizada em
8/12/2006, seguindo a mesma metodologia do primeiro plantio. Foi colhido no dia
20/03/2007. O espaçamento utilizado para o plantio da cultura do feijão foi de 0,5m entre
linhas de feijão e 0,75m entre linhas de feijão carioquinha e Pinhão Manso.
No período da cultura de feijão no campo foram obtidas as precipitações de cada mês.
No primeiro cultivo, ano de 2006, foi constatado no período precipitação de 716,3mm e no
ano de 2007 foi verificado uma precipitação de 741,4mm.
As colheitas foram realizadas de maneira manual retirando 1m em cada linha de feijão.
O ensaio foi conduzido segundo delineamento inteiramente casualisado com 20
repetições objetivando avaliar a produtividade da cultura do feijão em consórcio com o pinhão
manso.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na figura 1 estão disposta as populações especificas e em área total de feijão. Os
resultados mostram que as populações de feijão foram bastante próximas entre os anos de
2006 – 2007. Para chegar a um parâmetro desta produtividade foi feita a população de plantas
em área total e especifica conforme figura 1. No quadro mostra que o primeiro ano obteve um
numero de plantas maior, isso reflete na produtividade. A menor população no ano de 2007 se
deu provavelmente pela de chuvas no mês de Janeiro. Impedindo que se entrasse com controle
contra pragas e doenças que atacaram a área experimental.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

889
Figura 1 População de plantas em área especifica e total nos anos agrícolas de 2006 e 2007.

Pode-se observar na figura 2 as produtividade no ano de 2007 foi menor do que ano de
2006. Estes resultados mostram o efeito do excesso de chuvas refletiu sobre a produtividade
do feijão.

Figura 2 Produtividade em área total e especifica nos anos agrícolas de 2006 e 2007.

4 CONCLUSÃO
A produtividade da cultura do feijão se mostrou satisfatória, independente do ano de cultivo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

890
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SATURNINO, H.M.; Pacheco, D. D.; KAKIDA, J. ; TOMINAGA N. ; GONÇALVES, N. P.
Cultura do Pinhão Manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, Brasil, v.26 n.229
p.44-78 2005.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de solo (Rio de Janeiro, RJ). Sistema Brasileiro
de classificação de solo. - Brasília: Embrapa Produção de Informações; Rio de Janeiro:
Embrapa Solos, 1999. XXVI, 412p. iiL.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

891
OCORRÊNCIA DE (Pachycoris torridus) NA CULTURA DO PINHÃO
MANSO, EM LAVRAS - MG

Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br


Alexanndre Aureliano Quinitiano, UFLA, aleradar@yahoo.com.br
Gabriele de Faria, UFLA, gabifaria@gmail.com
Daivd Cardoso Dourado, UFLA, davidssp@yahoo.com.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: O Pinhão Manso é uma nova cultura que vem sendo estudada e cultivada para
ser fonte de matéria prima para a produção de biodiesel e para que a cultura tenha alta
produtividade é necessário que haja um bom controle fitossanitário da mesma. Com o cultivo
em maiores área o pinhão manso tornou-se atrativo para uma espécie de percevejo,
Pachycoris torridus, que pode causar chochamento de seus frutos, com prejuizo para a
qualidade da sementes e consequentemente do óleo. O presente trabalho teve como objetivo
avaliar o aparecimento desta praga no banco de germoplasma, de pinhão manso da
Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG.

Palavras-Chave: Pachycoris torridus, praga, pinhão manso

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

892
1 INTRODUÇÃO
O aparecimento de uma praga depende de fatores que o favoreçam como idade da
planta, estado nutricional, clima, quantidade de alimento, etc. Com o uso indiscriminado de
inseticidas e o desmatamento vem trazendo um desequilíbrio em agroecosistemas fazendo
com que insetos que não eram considerados como inseto praga ou uma praga secundaria de
alguma cultura venha a se tornar uma praga chave de uma cultura.
De acordo com Peixoto, citado por Saturnino (2005), o são poucos os insetos que
atacam o Pinhão Manso, que os repele com a exudação do látex cáustico, quando recebe o um
ferimento.
O Pachycoris torridus é um inseto da ordem Hemíptera, subordem Heteroptera, nesta
subordem estão os insetos chamados de percevejos. A ordem Hemíptera tem como
característica insetos com o aparelho bucal do tipo sugador labial tetraqueta, portanto insetos
sugadores. São percevejos globosos, com coloração preta, com os escutelos muito
desenvolvidos, repletos de bolinhas coloridas de vermelho ou amarelo, que escondem suas
asas. Colocam os ovos rosados nas folhas em forma de placa.
Suas ninfas são de coloração verde metálica, e tanto as ninfas e os adultos atacam o
pinhão manso sugando seus frutos imaturos causando chochamento das sementes. Este inseto
é uma praga secundária de acerola, que encontrou no Pinhão Manso características favoráveis
ao seu desenvolvimento.
Este trabalho teve como objetivo avaliar a presença de Pachycoris torridus junto aos
acessos de pinhão manso do banco de germoplasma da UFLA.

2 MATERIAL E MÉTODOS
A cultura onde foi registrada o aparecimento da praga esta situada na área experimental
do Departamento de Agricultura, Setor de Grandes Culturas da Universidade Federal de
Lavras em Lavras Minas Gerais. A classificação climática de Lavras de acordo com Köpen é
Cwa. O local está situado a 21o14' de latitude sul, 45o00' de longitude oeste, a 918,8 metros
de altitude, em solo originariamente sob vegetação de cerrado, classificado como Latossolo
Vermelho Distroférrico (EMBRAPA, 1999).
Na área foi somente constatado se havia a presença do percevejo e o sintoma de ataque
nas plantas, constatados se havia frutos chochos e sementes mal formadas nos materiais do
banco de germoplasma da UFLA.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

893
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na área foi constatado o sintoma de ataque nos 19 materiais do banco de germoplasma
da UFLA, e também foi encontrado o inseto nos estádios de ovo, ninfa e inseto adulto.
O inseto teve presença no campo nos meses de dezembro à maio, após esta data com a
diminuição da temperatura o inseto desapareceu da área.
Na Figura 1 mostra o inseto na sua fase adulta, caracterizando sua forma e cor.

Figura 1 - Fase adulta do Pachycoris torridus.

Na Figura 2 mostra uma fêmea com seus ovos, uma cacteristica da espécie é a proteção
dos ovos pela fêmea, e na figura 3 mostra os ovos do inseto sempre ovipositados em forma de
placa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

894
Figura 2 - Fêmea do Pachycoris torridus protegendo seus ovos contra possíveis predadores.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

895
Figura 3 - Ovos do Pachycoris torridus.

Na Figura 4 mostra uma ninfa do inseto, na Figura 5 mostra frutos atacados pelo inseto.

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896
Figura 4 - Ninfas do Pachycoris torridus.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

897
Figura 5 - Frutos atacados pelo Pachycoris torridus.

4 CONCLUSÃO
O inseto pode ser um grande problema para a cultura do Pinhão Manso se tornado um
praga chave para a cultura. Para isso de ser estudado os níveis de infestação da praga e
observar qual a densidade populacional que está em equilíbrio (Nível de Equilíbrio-NE),
quando esta densidade chega a um nível de controle (Nivel de Controle-NC) e quando ela
causa dano econômico (Nível de Dano Econômico-NDE).
Para controlar o inseto é necessário estudar seu ciclo, modo de vida, possíveis
predadores e conhecer melhor a interação entre o inseto e a planta para o emprego do Manejo
Integrado de Pragas, o MIP, para o uso do controle químico ainda não existe um produto
registrado no Ministério da Agricultura para combate do Pachycoris torridus para a cultura do
Pinhão Manso.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.

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898
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SATURNINO, H.M.; Pacheco, D. D.; KAKIDA, J. ; TOMINAGA N. ; GONÇALVES, N. P.
Cultura do Pinhão Manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, Brasil, v.26 n.229
p.44-78 2005.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de solo (Rio de Janeiro, RJ). Sistema Brasileiro de
classificação de solo. - Brasília: Embrapa Produção de Informações; Rio de Janeiro:
Embrapa Solos, 1999. XXVI, 412p. iiL.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

899
SEPARAÇÃO DE SEMENTES DE SOJA POR TAMANHO E SUA
INFLUÊNCIA NA QUALIDADE FISIOLÓGICA

Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br


Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, óleo@ufla.br
Rita de Cássia Mirela Resende Mansur, UFLA, ritarnassur@hotmail.com
Franz Rodrigues Ferreira, UFLA, franzcouto@yahoo.com.br
Marcelo Teixeira Resende, UFLA, vmarceloteixeira@yahoo.com.br

RESUMO: O beneficiamento de sementes de soja, retira as impurezas tais como, torrões,


pedaços de haste, ramos, vagem, sementes de outras espécies, sementes partidas, sementes
quebradas, das sementes perfeitas. Entretanto, o lote comercial de sementes de soja é
composto de sementes que variam de tamanho, apresentando diferentes diametros. A presente
pesquisa teve por objetivo verificar a influencia da classificação física do lote original de
sementes de soja, por tamanho, sobre a qualidade fisiológica.

Palavras-Chave: Soja, sementes, classificação.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

900
1 INTRODUÇÃO
O aumento na necessidade de maximizar a produtividade tem exigido das companhias
produtoras de sementes e oferta de material genético promissor, não possuindo somente uma
elevada germinação, mas também capaz de produzir emergência uniforme com plantas
vigorosas.
O processo atual retira do lote proveniente da colheita impurezas tais como torrões,
pequenas pedras, pedaços de astes e ramos, vagens não trilhadas, sementes de outras espécies,
sementes paridas e ou quebradas. Entretanto, o lote comercial é ainda composto de sementes
que variam em tamanho, ou seja, sementes que apresentam diferentes diâmetro.
A maioria das pesquisas relacionadas com o tamanho da semente de soja tem
apresentado resultados conflitantes. SINGH et alii (1972) observaram que o tamanho da
semente não afetou a germinação em laboratório ou em condições de campo, muito embora
tenham registrado que as maiores sementes produziram plantas com maior peso seco e maior
altura, sem contudo, afetar significativamente a produção. JOHNSON & LUEDDERS (1974),
trabalhado com linhas isogênicas de soja diferindo apenas no tamanho da semente, chegaram
a resultados idênticos. As linhas de soja que apresentam sementes pequenas apresentam
germinação mais rápida e sistemas radiculares mais desenvolvidos (EDWARDS &
HARTWIG, 1971). Já PLUEMSAB (1972) observou o contrario em duas variedades de soja,
nas quais a germinação foi mais baixa em sementes de tamanho menor.
FLEDMANN (1976), efetuando a separação de sementes registradas de soja cv. IAC-2
em diferentes categorias de peso gravitacional e de tamanho, concluiu que os pesos e
tamanhos testados não exercem influência sobre os testes de qualidade fisiológica e sobre a
produção obtida no campo.
NAKAGAWA (1981) observou a correlação negativa e significativa entre peso de 100
sementes e percentagem de germinação e de emergência de plântulas em experimentos
conduzidos nos anos agrícolas de 1978/79 e 1979/80.
Segundo revisão feita por WETZEL ( 1979), nos trabalhos que apresentavam efeitos do
tamanho de sementes, a ordem qualitativa teve a seguinte seqüência: primeiro sementes de
tamanho intermediário, em segundo as de tamanho menor e por ultimo as maiores, com os
menores efeitos.
A presente pesquisa teve por objetivo verificar as possíveis influencias da
classificação do lote original por tamanho, sobre a qualidade fisiológica de sementes de soja
cv. UFV-5.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

901
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Departamento de Agricultura da Universidade Federal de
Lavras-MG. Foram utilizadas sementes de soja cv. UFV-5 e os tratamentos empregados
foram obtidos pela classificação das sementes de tamanho maior que o crivo 10/64”x3/4”,
através das peneiras de crivos oblongos de 14/64”x3/4”(T1),13/64”x3/4 (T2),
11/64”x3/4”(T3) e 10/64”x3/4”(T4), mais um tratamento adicional ou controle (C),
representando o lote original de sementes, sem classificação por tamanho.
O teste de germinação foi realizado empregando-se 4 repetições de 50 sementes por
tratamento, totalizando 200 sementes. O substrato utilizado foi o rolo de papel (RP)
umedecido de modo a alcançar o peso três vezes superior ao original. O teste foi conduzido a
temperatura constante de 30o C, sendo a avaliação realizada em primeira e segunda
contagens, aos 5 e 8 dias após a montagem, respectivamente, segundo as prescrições das
Regras para Analise de Sementes (Brasil, 1976).
O vigor das sementes foi também testado, pelo método de envelhecimento rápido,
utilizando-se 200 sementes para cada tratamento. As sementes para cada tratamento foram
colocadas em recipientes plásticos contendo 400ml de água e sobre uma cesta de tela gerbox,
e colocadas em câmara de envelhecimento rápido a 42 o C e aproximadamente 100% de
umidade relativa. O período de envelhecimento utilizado foi de 48 horas. Após este período,
as sementes correspondentes a cada tratamento foram colocadas para germinar da mesma
forma descrita para o teste de germinação, sendo a avaliação feita no 5o dia, computando-se
as percentagens de plântulas normais e anormais.
A percentagem de embebição foi determinada em um período de 5 horas, utilizando-se
4 repetições de 100 sementes por cada tratamento. Após a determinação do peso inicial (PI)
das amostras, elas foram colocadas em placas de Petri de 9 cm de diâmetro com 60 ml de
água desmineralizada e deixadas em embebição sob condições ambientais. O nível de água na
placa foi mantido constante. Passado o período estabelecido, determinou-se o peso final (PF)
depois de eliminada a água da placa e enxutas as sementes com auxilio de bandejas plásticas e
papel mata-borrão. Com os dados do peso final e inicial, determinou-se a percentagem de
embebição, em relação ao peso inicial, para cada tratamento e repetição, utilizando a formúla :
%Embebição=PF-PI/PIx100.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

902
As análises de variância das características estudadas foram realizadas em delineamento
enteiramente casualizado com 4 repetições. Para comparação das médias empregou-se o teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As sementes de soja quando danificadas em diferentes peneiras, mostraram uma
distribuição, onde sementes danificadas na peneira 14 obteve 25,0% do lote original, a 13
representou 28,0%, a peneira 11 representou 39% e peneira 10 representou 8%.
A amplitude do peso de 100 sementes nos diverso tratamentos foi de 9,4g, sendo que o
maior tamanho (18,6g) correspondeu às sementes retidas na peneira 14 e o menor (9,2g) às
sementes retidas na peneira 10. O peso médio de 100 sementes do lote original controle (C),
não submetido ao peneiramento, foi de 14,2 g.
O teste de vigor da a primeira contagem do teste de germinação (TPG); feita no 5º dia
após a instalação do teste, pode dar uma idéia razoável do potencial de vigor de um lote; neste
caso, os dados obtidos evidenciam maiores valores para os tratamentos controle (C) e peneira
14, sendo que o controlo (C) diferiu significativamente em relação aos tratamentos P13, P11
e P10, as sementes de menor tamanho.
A germinação mostrou os maiores valores para os tratamentos C, P14 e P13; entretanto,
as diferenças nos foram significativas. Alguns trabalhos mostram que sementes de soja de
tamanho maior produziram plantas mais vigorosas, ainda que esta característica não tenha se
correlacionado com a produtividade (SINGH et alii, 1972; JOHSON & LUEDDERS, 1974;
PLUEMSAB, 1972); outros encontraram que sementes de soja de menor tamanho apresentam
maior teor de germinação (EDWARDS & HARTWIG, 1972).
Os dados de embebiçào evidenciaram que com a diminuição no tamanho da semente
houve uma tendência de acrescemo na percentagem de embebição, no periode de 5 horas. A
menor porcentagem de embebição foi apresentada pelas sementes de maior tamanho. As
sementes de menor tamanho (P10), atingiram o valor de 97% de embebição. Uma maior ou
menor embebição pode estar associada ao grau de deterioração das sementes.
Os dados referentes ao teste de envelhecimento rápido não mostraram diferenças
relevantes para os diversos tratamentos estudados, sugerindo desta maneira, um vigor
semelhante para as deferentes classes. A percentagem de plantas anormais obtida pelo
envelhecimento rápido foi superior àquela obtido pelo teste padrão de germinação, em todos
os tratamentos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

903
No geral, tanto os resultados do teste de padrão de germinação, como os de
envelhecimento rápido e embebição mostraram que o tratamento controle (C) não diferiu dos
tratamentos de sementes classificadas por tamanho (P14, P13, P11 e P10). As sementes de
menor tamanho (P10) apresentaram apenas tendência para qualidade infrior.

Quadro-1 Peso médio de 100 sementes, embebição e germinação de sementes de soja cv.
UFV-5 não classificadas (C) e classificadas de acordo com as peneiras oblongas 14, 13, 11 e
10.
Germinacao (%)
Teste de
Peso Médio Vigor Envelhecimento
100 sementes* Teste de Embebição
Tratamento (g) 1ª contagem Germinacao Rápido (%)
C 14,2 c 68 a 85 45 83
Peneira 14 18,6 a 61 ab 85 42 78
Peneira 13 15,3 b 54 b 84 51 84
Peneira 11 12,1 d 54 b 79 45 88
Peneira 10 9,2 e 52 b 74 48 97
Média 13,9 57,8 81,4 46,2 86
CV (%) 3,5 10,6 10,8 19,6 2,8
*Em cada coluna, as medias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey
ao nivel de 5% de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
A classificação de sementes original, em caso da semeadura mecanizada, poderia
melhorar a eficiência da semeadura, proporcionado melhor regulagem do equipamento e uma
população de plantas mais uniformes na lavoura.

5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRASIL, Ministério da Agricultura, Departamento Nacional de Produção Vegetal. Divisão de
Sementes e Mudas. Regras para Analise de Sementes. S.L. p. 188. 1976

EDWARDS, JR., C.J. & HARTWIG, E. E. Effects of seed size upon rate of germination in
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NAKAGAWA, J. Efeitos da época de semeadura na produção e qualidade de sementes
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ROCHA, V. S. Avaliação de qualidade fisiológica de sementes de genótipos de soja (Glycine


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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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QUALIDADE DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus comunnis L.)
UTILIZADAS NO ESTADO DE MINAS GERAIS

Nádia Nardely Lacerda Durães Parrella, DAG/UFLA, nadiaduraes@bol.com.br


Maria Laene Moreira de Carvalho, DAG/UFLA, mlaenemc@ufla.br
Rafael Augusto da Costa Parrella, DBI/UFLA, rafaelparrella@bol.com.br
Leandro Fidanza, DAG/UFLA, le_ufla@hotmail.com

RESUMO: A qualidade fisiológica das sementes é um fator fundamental e grande valia para
os diversos segmentos que compõe um sistema de produção de sementes, contribuindo para a
manutenção e aprimoramento desse insumo básico, com reflexos diretos na produtividade
agrícola. Com o objetivo de verificar a qualidade das sementes de mamona utilizadas no
estado de Minas Gerais, foram coletadas sementes de 9 diferentes municípios do estado pela
da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, EMATER-
MG. Os lotes eram compostos de 5 variedades: Al Guarany 2002, IAC-226, IAC-80, BRS-
149 Nordestina e Paraguaçu. A qualidade das sementes foi determinada pelos testes de
pureza, germinação, primeira contagem, tetrazólio, condutividade elétrica e lixiviação de
potássio. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, sendo as médias comparadas
pelo teste Scott-Knott, em nível de 5% de probabilidade. Foram também estabelecidos
coeficientes de correlação entre os testes. Os testes de germinação, primeira contagem e
tetrazólio utilizados foram eficientes em detectar diferenças na qualidade de lotes de sementes
de mamona semeadas em Minas Gerais no ano de 2007. Foi verificada grande variação na
qualidade fisiológica das sementes utilizadas em Minas Gerais, sendo que 75% apresentou
germinação abaixo do padrão nacional. Os lotes com potencial de germinação não atingiram
desempenho superior pela ação de microorganismos que afetam o estabelecimento de
plântulas.

Palavras-Chave: Mamona, sementes, testes de vigor.

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1 INTRODUÇÃO
O setor energético é indubitavelmente estratégico na economia dos países do mundo
contemporâneo. O biodiesel, apesar de ter sido tema de estudos e programas de combustíveis
alternativos no país desde o século passado, especialmente nas décadas de 70 e 80, somente
agora se torna uma realidade mais próxima de revolucionar a economia do Brasil, que por sua
vez, possui comprovado potencial para liderar a produção global do biocombustível nas
próximas décadas.
Dentre as matérias primas para a produção de biodiesel, a mamona se destaca como
uma das fontes de óleo, uma vez que, de acordo com Holanda (2004), em estudos
multidisciplinares sobre o agronegócio, essa oleaginosa foi considerada a cultura de sequeiro
mais rentável em certas áreas semi-áridas. Além disso, seu óleo é mais denso e viscoso que os
provenientes de outras plantas, como dendê, babaçu, girassol, algodão, entre outras; possui
alto rendimento e substitui plenamente os óleos derivados do petróleo; sendo ainda o único na
natureza solúvel em álcool; com inúmeras aplicações na indústria como, plásticos, fibras
sintéticas, tintas e esmaltes, lubrificantes entre outros.
Para atender à demanda de biodiesel do Brasil, a produção e rendimento da cultura
precisam ser incrementados. A produtividade da mamoneira, em kg.ha-1, apresenta faixas
variáveis, sendo a média nacional em torno de 600 a 900 Kg/ha. As variações das
produtividades são devidas a diferenças dos genótipos, modelos de produção adotados e
manejo. Segundo Smiderle (2006), já foram conseguidos rendimentos de até 6.705 kg.ha-1,
evidenciando o potencial de aumento da produtividade desta cultura.
O cultivo da mamona tem sido estimulado no Norte de Minas Gerais, principalmente
devido a algumas condições favoráveis, tais como a garantia de comercialização com boa
margem de lucro pelas unidades fabris de Montes Claros, Itacarambi e São Francisco. No
entanto, como acontece em outras regiões do país, a ricinocultura apresenta um acervo de
informações tecnológicas bastante reduzido (Freire et al.,2001). No ano agrícola 2004/2005,
foi cultivada área de 2.941 hectares, com produção de 3.792 toneladas e uma proditividade
média de 1,289 kg/ha em Minas Gerais (Emater, 2005).
Um dos principais problemas para a exploração racional da mamona, está relacionado
segundo Moreira et al., (1996), à inadequada disponibilidade de sementes de cultivares
adaptadas, produtivas, com alto teor de óleo e tolerantes às pragas e doenças, que possam
atender às necessidades dos agricultores e processadores. Da qualidade das sementes
utilizada depende o estabelecimento de lavouras produtivas, já que a semente encerra todo

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907
potencial produtivo da cultura. Um dos grandes desafios da implantação das lavouras de
mamona é a produção de sementes em quantidade e qualidade para suprir a demanda e Minas
Gerais vem enfrentando problemas de produtividade que provavelmente se relaciona entre
outros fatores com a baixa qualidade das sementes. O objetivo da pesquisa foi avaliar a
qualidade da semente utilizada em Minas Gerais.

2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Sementes da Universidade Federal de Lavras
(UFLA), em Lavras –MG no período de Janeiro à Maio de 2007. Após levantamento das
regiões produtoras do estado de Minas Gerais, foram amostrados 52 municípios com
produção de mamona no ano agrícola de 2005, porém, foram utilizados somente 12 lotes de
sementes de mamona de 9 municípios produtores, coletadas pela da Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, EMATER-MG. Juntamente com a
coleta, através de um questionário, foi realizado um levantamento das principais
características das sementes enviadas, como procedência, empresa produtora, categoria das
sementes, safra, método de coleta e % de germinação e produtividade esperadas. Os lotes
foram enviados ao laboratório onde permaneceram armazenados em câmara fria e seca (10ºC
e 40% UR) até a realização das avaliações.
Para avaliação da qualidade de sementes de mamona foram utilizados teste de pureza,
germinação seguindo critérios estabelecidos na RAS (Brasil, 1992), além dos testes de
tetrazólio e condutividade elétrica de massa e lixiviação de potássio.
O teste de germinação foi realizado em substrato papel Germitest na forma de solos,
umedecidos com uma quantidade de água equivalente 2,5 vezes o peso seco do papel. As
contagens do teste de germinação foram realizadas aos 7 (Primeira contagem) e 14 dias após a
semeadura, e os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais.
Para o teste de tetrazólio, as sementes de mamona foram embebidas entre papel a 30oC
por 3 horas. O tegumento foi retirado e as laterais das sementes cortadas longitudinalmente,
sendo então imersas em 0.5% da solução de tetrazólio e mantidas no escuro a 30oC, por 6
horas. Foram utilizadas quatro repetições de 25 sementes para cada tratamento.
O teste de condutividade elétrica de massa foi realizado seguindo os procedimentos
propostos por Souza (2007). Foram utilizadas com 8 repetições de 25 sementes. Estas foram
pesadas e colocadas para embeber em copos plásticos de 200 ml, contendo 75 ml de água
deionizada. As sementes foram mantidas em BOD, à temperatura constante de 25°C, onde

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908
permaneceram por 6 horas. A condutividade elétrica da solução foi medida em
condutivímetro modelo Digimed, modelo CD-21, com resultados expressos em μS/cm-1.
Após a leitura da condutividade elétrica de massa, as sementes foram descartadas e a
solução de embebição após 6 horas, foi acondicionada em recipiente plástico. A determinação
de potássio foi realizada empregando-se a fotometria de chama após diluição de 19,5 vezes e
os resultados expressos em porcentagem (%).
Os resultados dos testes de germinação, primeira contagem de germinação, teste de
tetrazólio, condutividade elétrica de massa e lixiviação de potássio foram analisados segundo
delineamento inteiramente casualizados, para cada lote separado. Os dados de condutividade
elétrica de massa foram transformados em 1/y (transformação recíproca). As médias foram
comparadas pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade. Também foram calculados os
coeficientes de correlação para todas as combinações entre testes.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apesar de serem seguidos critérios de amostragem, a coleta de amostras foi afetada pelo
baixo índice de coleta nas regiões produtoras. Das 52 solicitações apenas 9 foram atendidas,
sendo então representantes de 4 das 10 regiões mineiras. As amostras coletadas na semeadura
efetuada no ano de 2006 em Minas Gerais, foram provenientes dos municípios de Divino
(Zona da Mata), Nova Resende e Guapé (Sul de Minas), Ubaporanga (Vale do Rio Doce) e
Itacarambi, Manga e São João das Missões, Mato Verde e São Francisco (Norte de Minas).
As cultivares avaliadas foram: Guarany, IAC-80, BRS149 Nordestina, IAC226 e Paraguaçu
com maior representatividade da cultivar Guarany em 41% do total amostrado.
A análise do potencial fisiológico das sementes evidenciou que houve diferença na
germinação e no vigor dos lotes avaliados (Tabela 1).
O percentual de germinação variou de zero a 88% o que indica grande variabilidade da
qualidade fisiológica das sementes utilizadas. Apenas 25% dos lotes apresentaram germinação
superior ao padrão nacional de 85% para comercialização de sementes certificadas (DOU,
2005). Aqueles mesmos lotes que apresentaram germinação superior ao padrão nacional se
destacaram em relação ao vigor avaliado pela primeira contagem.
Com relação à viabilidade, avaliada pelo tetrazólio, observa-se a mesma tendência de
superioridade dos lotes 8 a 12 com exceção do nº 9. O teste de tetrazólio de modo geral.

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909
Tabela 1 - Valores médios dos resultados de Germinação (G), Primeira contagem de
germinação (PC), Tetrazólio (TZ) e Lixiviação de K+ (LK+) dados em %, Condutividade
elétrica de massa (CE) dados em µS.cm -1.g-1 de sementes dos lotes avaliados em Lavras-
MG, no período de Janeiro a Maio de 2007.
TESTES
Amostras/Município 1
G PC TZ CE LK+
1 – Divino (Guarany) 67c 50,00b 80,00b 44,55d 0,0875c
2 - Nova Resende (Guarany) 61d 36,00c 83,00b 34,84b 0,0700b
3-Guapé 21e 2,00e 68,00c 44,55d 0,0925d
4 - Ubaporanga (Guarany) 62d 44,50b 73,00c 27,49a 0,0600a
5 – Ubaporanga (IAC-80) 0f 0,01e 0,01d 44,56d 0,0825c
6 – Itacarambi (BRS-149
66c 24,00d 86,00b 41,30c 0,0950d
Nordestina)
7 – Itacarambi (Guarany) 59d 54,50b 77,00c 42,59c 0,0725b
8 – Manga (IAC-226) 88a 70,50a 100,00a 40.01c 0,0687b
9 - Manga (Guarany) 88a 70,00a 77,00c 47,31d 0,1012d
10 - São João das Missões (IAC-
83b 70,00a 100,00a 37,15b 0,0564a
226)
11 - Mato Verde (IAC-226) 87a 75,00a 99,00a 40,35c 0,0625a
12 - São Francisco (Paraguçu) 79b 72,00a 92,00a 39,78c 0,0775b
CV (%) 4,24 24,37 6,88 7,61 12,51
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade. 1, Entre parênteses refere-se à cultivar.

Superestimou o potencial de germinação pelos valores sempre superiores. Esse fato


pode ser explicado pela alta incidência de plântulas anormais infeccionadas, o que índia a
presença de microorganismos que afetam o estabelecimento de plântulas. Apesar do lote ter
potencial de germinação ou viabilidade, sua germinação completa é impedida pela ação de
microorganismos, o que é uma das limitações da utilização do teste de germinação segundo
Krzyzanowski et al. (1999).
Foram calculados os coeficientes de correlações entre os vários testes realizados (Tabela
2). Pode-se observar que houve correlação significativa entre a germinação e os testes de
vigor como a primeira contagem e tetrazólio, com valores altos e positivos (92% e 87%,
respectivamente), indicando a consistência nas avaliações das características estudadas. Esses
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910
resultados indicam que estes testes propiciaram classificações semelhantes dos lotes.
Observou-se também, correlação positiva (73%) entre os testes de vigor, tetrazólio e primeira

Tabela 2 - Coeficientes de correlação entre testes de germinação (G), primeira contagem (PC),
tetrazólio (TZ), Condutividade Elétrica (CE) e Lixiviação de K+ (LK+). UFLA, Lavras, MG,
2007.
Testes G LK+ CE TZ
PC 0,92** -0,40 -0,14 0,73**
TZ 0,87** -0,30 -0,26
CE -0,19 0,74**
LK+ -0,27
**Significativo à 1% de probabilidade.

Contagem, dando maior confiabilidade nos dados obtidos por meio destes. No entanto,
não houve correlação significativa entre a germinação e os teste de condutividade elétrica e
lixiviação de K+. A baixa correlação entre os testes de avaliação do sistema de membranas
com os testes de germinação e demais testes de vigor, leva a crer que os testes de
Condutividade elétrica e Lixiviação de K + não são os mais indicados para a separação de
lotes de sementes de mamona em diferentes níveis de qualidade.Tais resultados discordam
dos obtidos por Souza (2007), que obteve para a cultivar IAC-80 valores negativos e
significativos entre a condutividade elétrica e os testes de primeira contagem, germinação e
tetrazólio. Essa variação de resultados pode ser explicada uma vez que os testes podem ser
afetados por fatores como as características de composição química da cultivar, a espessura
do tegumento, tamanho da semente entre outros fatores (Powell, 1998; Albuquerque et al.
2001).

4 CONCLUSÃO
Os testes de germinação, primeira contagem e tetrazólio utilizados foram eficientes em
detectar diferenças na qualidade de lotes de sementes de mamona semeadas em Minas Gerais
no ano de 2007.
Existe grande variação na qualidade fisiológica das sementes utilizadas em Minas
Gerais, sendo que 75% apresentam germinação abaixo do padrão nacional.

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Lotes com potencial de germinação não atingem desempenho superior pela ação de
microorganismos que afetam o estabelecimento de plântulas.
5 AGRADECIMENTOS
À Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais
(EMATER-MG) pela coleta das amostras de sementes utilizadas neste trabalho e à CAPES e
FAPEMIG pelos recursos fornecidos.

6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, M. C. F. E.; MORO, F. V.; FAGIOLI, M.; RIBEIRO, M. C. Teste de
condutividade elétrica e lixiviação de potássio na avaliação de sementes de girassol. Revista
Brasileira de Sementes, Brasília, v. 23, n. 1, p. 1-8, 2001.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília:


SND/CLAV,1992. 365 p.

Diário Oficial da União. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Normas para


produção e comercialização de sementes de mamona. Disponível em <
http://www.agricultura.gov.br/pls/portal/docs/PAGE/MAPA/LEGISLACAO/PUBLICACOE
S_DOU/PUBLICACOES_DOU_2005/PUBLICACOES_DOU_DEZEMBRO_2005/DO1_20
05_12_20-MAPA_MAPA.PDF >Acesso em: 15/06/2007

EMATER, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais.


Relatório de Safras 2005. Disponível em < http://www.emater.mg.gov.br >.

FREIRE, E.C.; LIMA, E.F.;ANDRADE, F.P. Melhoramento genético. In: AZEVEDO,


D.M.P. de.; LIMA, E.F. (eds.). O agronegócio da mamona no Brasil: EMBRAPA-SPI,
2001. p.77-88.

HOLANDA, A. Biodiesel e inclusão social. Brasília: câmara dos deputados, coordenação de


publicações, 2004.

KRYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA NETO, F. B.; HENNING, A. A. Relato dos testes de


vigor disponíveis para as grandes culturas. Informativo ABRATES, Londrina, v. 1, n. 2, p.
15-50, mar. 1991.

MOREIRA, J.A.N.; LIMA, E.F.; SANTOS, J.W. Melhoramento da Mamoneira (Ricinus


communis L.) Campina Grande – PB: 1996. 30p. (MAARA / EMBRAPA – CNPA:

POWELL, A. A. Seed improvement by selection and invigoration. Scientia Agricola,


Piracicaba, v. 55, p. 126-133, Aug. 1998. Número especial.

SMIDERLE, O.J. A mamona que pode gerar emprego e renda. Disponível em: <
http://www.cpafrr.embrapa.br/index.php/cpafrr/artigos/a_mamona_que_pode_gerar_emprego
_e_renda >. Acesso em: 22/04/2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

912
SOUZA, L. A. de,. Teste de condutividade elétrica para avaliação da qualidade de
sementes de mamona. 2007. 53p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Fitotecnia) –
Universidade Federal de Lavras, Lavras.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

913
MERCADO DE BIODIESEL E O CUSTO DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL:
MOTIVAÇÕES E DESAFIOS PARA A PECUÁRIA LEITEIRA

Marcelo Dias Müller, CNPGL/EMBRAPA, muller@cnpgl.embrapa.br


Glauco Rodrigues Carvalho, CNPGL/EMBRAPA, glauco@cnpgl.embrapa.br
Elizabeth Nogueira Fernandes, CNPGL/EMBRAPA, nogueira@cnpgl.embrapa.br

RESUMO: Atualmente, a principal preocupação da sociedade com relação aos


biocombustíveis se refere à segurança alimentar, uma vez que as principais fontes de matéria-
prima para produção de biocombustíveis são culturas tradicionalmente utilizadas na produção
de alimentos (soja, milho, cana-de-açúcar, etc.). Dessa forma, este trabalho teve como
objetivo o estudo do impacto do aumento da demanda por óleo vegetal para a produção de
biodiesel no custo da alimentação animal. Para tanto, foram levantados dados de custos de
produção de alimento. Em seguida, foi feita uma análise do mercado de biodiesel em função
do marco regulatório (Lei 11.097/2005). Após isto, foram feitas projeções da demanda total
por farelo de soja com base em dados da Conab, por meio de modelos de tendência e
finalmente, foi realizada uma análise comparativa entre a demanda total projetada e a oferta
total de farelo de soja, levando em consideração a oferta gerada pela utilização da soja como
insumo para a produção de biodiesel. Com base nos dados da USDA, estimou-se que a
participação brasileira no mercado mundial de soja passará dos atuais 24% (2006) para cerca
de 26% em 2015. Dessa forma, com a utilização da soja para a produção de biodiesel, será
gerado um excedente de 8,9 milhões de toneladas de farelo. Em um segundo cenário, onde se
estima que a soja representará apenas 50% da fonte de óleo vegetal para produção de
biodiesel, este excedente cairá para 4,45 milhões de toneladas. Sendo assim, o desafio será
encontrar a combinação de energia e proteína nas formulação de concentrado que otimize a
relação benefício e custo.

Palavras-Chave: Biodiesel, alimentação animal, pecuária leiteira, agroenergia

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914
1 INTRODUÇÃO
Com a atual perspectiva de esgotamento das reservas de fontes energéticas de origem
fóssil, bem como com as previsões de mudanças climáticas drásticas sinalizadas no último
relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – o IPCC, o uso da
biomassa como insumo energético ganha espaço novamente na discussão sobre o
desenvolvimento de uma matriz energética mundial mais sustentável.
Inúmeras pesquisas apontam a utilização de combustíveis líquidos derivados da
biomassa agrícola, tais como o etanol e o biodiesel, como uma alternativa bastante
promissora. Segundo FISCHER (2001), a utilização de combustíveis derivados da biomassa
está apresentando uma participação cada vez mais crescente na matriz energética mundial e
seu uso até o ano de 2050 deverá ser duplicado.
A valorização da biomassa como insumo energético moderno surgiu na década de 70
com as crises do petróleo (1973 e 1979). Na ocasião, a biomassa passou a ser considerada
como alternativa viável para atendimento às demandas por energia térmica e de centrais
elétricas de pequeno e médio porte. Entretanto, a partir de 1985, os preços do petróleo
voltaram a despencar, diminuindo novamente o interesse em energias alternativas. Mais tarde,
na década de 90, a biomassa volta a ganhar destaque no cenário energético mundial devido ao
desenvolvimento de tecnologias mais avançadas de transformação, pela ameaça de
esgotamento das reservas de combustíveis fósseis e pela incorporação definitiva da temática
ambiental nas discussões sobre desenvolvimento sustentável. Outro marco determinante foi a
assinatura do Protocolo de Quioto em 1997, onde ficou estabelecido que os países
desenvolvidos deverão promover reduções significativas nas emissões de gases de efeito
estufa, indicando que a participação de energias renováveis tenderá a ocupar um lugar de
destaque na matriz energética mundial (NOGUEIRA et.al., 2000; BARROS &
VASCONCELOS, 2001).
Neste sentido, a União Européia tem se destacado como pioneira na tomada de
iniciativas com relação mudanças na sua matriz energética buscando a introdução de energias
alternativas. Com a publicação da Diretiva 2003/03/EC, o Parlamento Europeu determinou
que a partir de 2006, pleo menos 2,0% dos combustíveis utilizados devem ser provenientes de
fontes renováveis, sendo que esta meta é ampliada para 5,75% ao final de 2010 e 20% em
2020 (NAE, 2004). No Brasil, a utilização de biodiesel foi regulamentada por meio da Lei
11.097/2005 que estabelece percentuais mínimos de mistura de biodiesel ao diesel comum e o
monitoramento da introdução do novo combustível no mercado. Pela referida lei, a partir de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

915
2008 todo o diesel comercializado no país deverá ter a adição de 2% de biodiesel e a partir de
2013 esta porcentagem aumenta para para 5%. Com isto, cria-se um mercado firme de
biodiesel de 1 bilhão de litros por ano, a partir de 2008 e a partir de 2013 este mercado se
amplia para 2,4 bilhões de litros (SEBRAE, 2007).
Com relação ao mercado europeu para o biodiesel, vale ressaltar que, apesar de a UE ser
a maior produtora do combustível do mundo, este mercado tem o seu crescimento limitado
em função de dois fatores: i) os custos de produção de biodiesel é de 1,5 a 3 vezes maior do
que o do diesel convencional e não existem perspectivas de redução destes custos, uma vez
que a tecnologia de produção (tanto agrícola como industrial) já se encontra amadurecida e
exaustivamente estudada (NAE, 2004); ii) disponibilidade de áreas para plantio.
Em contrapartida, o Brasil apresenta um grande potencial para produção de
biocombustíveis em grande parte de sua extensão territorial, em função de suas características
edafoclimáticas, biodiversidade (várias espécies potenciais para produção de biocombustíveis
adaptadas a diferentes climas e biomas), disponibilidade de área e mão-de-obra, bem como
comprovada competência técnica no campo da ciência agrícola.
De acordo com estudo realizado pela Embrapa (PERES, 2003), para cumprir a meta de
adição de 5% de biodiesel ao diesel (B5) seriam necessários aproximadamente 3 milhões de
hectares. Para efeito de comparação, estima-se que existem aproximadamente 90 milhões de
hectares aptos à expansão da agricultura de espécies de ciclo anual na região do cerrado, 28
milhões de hectares aptos à cultura do dendê na amazônia (NAE, 2004). Paralelamente a isto,
estima-se que com a elevação do nível tecnológico da pecuária, com maior lotação por
unidade de área, seria possível a ocupação de uma área equivalente a 20 milhões de hectares,
por cultivos energéticos, atualmente ocupadas por pastagens (PASCOTE & MARTINS,
2006).
Com isso, abre-se uma grande discussão em torno do mercado de alimentos, tendo em
vista que em função do aumento na demanda por biocombustíveis, os preços do produto da
agroenergia poderão ser majorados, o que poderá forçar uma alta também nos preços dos
alimentos, uma vez que, as principais lavouras utilizadas para a produção biodiesel são
também são destinadas à produção de alimentos. Na Europa a principal espécie utilizada é a
colza e no Brasil é a soja, em função da grande extensão de área plantada e do domínio do
sistema de produção desta espécie.
Por outro lado, o processo de extração de óleo vegetal, principalmente o de soja, gera
grande quantidade de farelo, que é utilizado na alimentação animal. Normalmente o farelo de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

916
soja é o produto principal e o óleo é o subproduto. No caso da utilização do grão de soja para
a produção de óleo vegetal tendo como subproduto o farelo, espera-se que seja gerado um
excedente deste, o que pode favorecer uma redução de custo do produto.
Dentro deste contexto, este trabalho teve como objetivo fazer uma análise do mercado
de biodiesel e o impacto do aumento da demanda por óleo vegetal no custo da alimentação
animal.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Inicialmente foi realizado um levantamento de custos de produção de leite, por meio de
pesquisas realizadas pela Embrapa Gado de Leite, considerando a participação do alimento no
custo total de produção de leite a participação do concentrado no custo total de alimentação.
Em seguida foi feita uma análise do mercado de biodiesel considerando a demanda atual
e a projeção de demanda futura com base na evolução do consumo interno de óleo diesel e no
marco regulatório que estabelece a adição de percentuais de biodiesel ao óleo diesel (2% a
partir de 2008 e 5% a partir de 2013). Todas as projeções foram realizadas até o ano de 2015.
Posteriormente, foram feitas projeções de demanda interna e exportações de farelo de
soja para estimar a demanda total. Para o calculo da demanda interna utilizou-se um modelo
de tendência com base nos dados da Companhia Nacional de Abastecimento. Para as
exportações de farelo de soja, foram feitas análises qualitativas baseadas em estudos e
projeções de demanda e volume de comércio mundial. Projetou-se então, o volume de
exportações brasileiras baseado na sua participação em relação a exportação mundial,
segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Nesse caso, a
participação brasileira passou dos atuais 24% para 26% no final do período analisado.
Finalmente, foi realizada uma análise comparativa entre a demanda total projetada e a
oferta total de farelo de soja, levando em consideração a oferta gerada pela utilização da soja
como insumo para a produção de biodiesel. Neste contexto foram considerados dois cenários:
um com a utilização de 100% de grãos de soja e outro com a utilização de 50% de grãos de
soja e 50% de outras oleaginosas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O alimento concentrado representa de 25% a 40% do custo total de produção de leite,
dependendo do sistema de produção adotado. Em relação ao custo com alimentação esse
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

917
percentual sobe para 40% a 70%, de acordo com estudos da Embrapa Gado de Leite (STOCK
et al., 2005; CARVALHO et al.,2007). Nesse contexto, verifica-se a importância do alimento
concentrado na produção de leite, sobretudo para animais em produção. O comportamento
dos preços dos farelos tem peso relevante na rentabilidade da atividade leiteira.
Considerando que, atualmente, o biodiesel figura como uma matriz complementar ao
diesel, o seu mercado potencial é determinado pelo mercado de diesel (NAE, 2004). A Tabela
1 mostra a projeção da demanda de biodiesel, no Brasil, no período entre 2006 e 2015,
considerando os marcos regulatórios estabelecidos pela legislação.

Tabela 1 – Projeção da demanda brasileira de óleo diesel e biodiesel (milhões de litros/ano).


Óleo diesel + biodiesel Óleo diesel Biodiesel
Ano
(mil m3) (mil m3) (mil m3)
2006 36.708 36.708 0
2007 37.437 37.437 0
2008 38.181 37.432 749
2009 39.517 38.742 775
2010 40.900 40.098 802
2011 41.922 41.100 822
2012 42.970 42.128 843
2013 44.045 41.947 2.097
2014 45.366 43.206 2.160
2015 46.727 44.502 2.225

Observa-se que os marcos regulatórios exercem uma significativa influência na


expansão da demanda por biodiesel, especialmente a partir de 2013 quando da
obrigatoriedade de adição de 5% de biodiesel ao diesel.
Dessa forma, considerando somente a utilização da soja como insumo para biodiesel,
essa expansão da demanda levará a um aumento proporcional da oferta de farelo como mostra
a Tabela 2.
Tabela 2 – Evolução da oferta de farelo em função da demanda de soja para a produção de
biodiesel.

Ano Demanda biodiesel Demanda soja grão Oferta farelo

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

918
(mil m3) (mil ton)* (mil ton)**

2008 749 4.159 2.995


2009 775 4.305 3.099
2010 802 4.455 3.208
2011 822 4.567 3.288
2012 843 4.681 3.370
2013 2.097 11.652 8.389
2014 2.160 12.002 8.641
2015 2.225 12.362 8.900
* Considerando que o grão contém 18% de óleo

** Considerando que o grão contém 72% de farelo

No caso da demanda total de farelo de soja, considera-se o consumo interno e a


exportação. Portanto, em 2015 estima-se um consumo interno e exportação atingindo 12,8
milhões de toneladas e 17,2 milhões de toneladas, respectivamente, totalizando 30 milhões de
toneladas (Tabela 3). A participação do Brasil nas exportações mundiais foi prevista em 26%.

Tabela 3 – Demanda total de farelo de soja no Brasil e participação nas exportações mundiais
Consumo interno Exportação % exportação mundial
Ano
(mil ton) (mil ton) (%)
2006 9.600 12.332 24,0
2010 10.834 13.800 23,8
2015 12.808 17.200 26,0

As Figuras 1 e 2 ilustram a evolução da oferta e demanda de farelo destacando o


adicional de oferta devido a produção de biodiesel. Na Figura 1, a hipótese é de 100% de
biodiesel oriundo de soja e na Figura 2 apenas 50%, sendo o restando produzido a partir de
outras oleaginosas. Dado o consumo interno projetado, o excedente de produção de farelo
somente seria eliminado se as exportações brasileiras atingissem uma participação mundial de
39,5% e 33,0%, respectivamente para os casos 1 e 2, o que não será facilmente alcançado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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45.000

40.000 38.909

Demanda Oferta
35.000

30.000
(mil toneladas)

30.008
25.000

20.000

15.000

10.000

5.000
0

5
9

1
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20
Fonte: USDA; Conab. Elaboração e projeção: autores

Figura 1 – Oferta e demanda de farelo de soja no Brasil, considerando 100% do biodiesel


derivado da soja

40.000

35.000 34.459

Demanda Oferta
30.000

30.008
(mil toneladas)

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000
90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

Fonte: USDA; Conab. Elaboração e projeção: autores

Figura 2 – Oferta e demanda de farelo de soja no Brasil, considerando 50% do biodiesel


derivado da soja

Nesse contexto, o mercado de biodiesel no Brasil poderá ocasionar uma pressão de


redução nos preços de farelo de soja, o que beneficia a pecuária leiteira. Em nível mundial
espera-se também que a maior demanda de biodiesel ocasione um excedente de farelos.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

920
Portanto, o desafio será encontrar a combinação de energia e proteína na formulação de
concentrado que otimize a relação benefício e custo.

4 CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos conclui-se que:
A demanda interna de biodiesel deverá atingir 2,2 bilhões de litros em 2015,
considerando apenas a exigência do marco regulatório;
Supondo somente o óleo de soja como insumo para a produção de biodiesel estima-se
que a expansão da demanda levará a um aumento proporcional da oferta de farelo da ordem
de 8,9 milhões de toneladas em 2015;
A partir da análise dos dados da USDA, constatou-se que a participação brasileira nas
exportações mundiais de farelo de soja irá passar de 24% em 2006 para 26% em 2015
totalizando 17,2 milhões de toneladas. Somando o consumo interno projetado, de 12,8
milhões de toneladas, estima-se um demanda total de 30 milhões de toneladas no final do
período analisado.
Mantendo-se a participação brasileira nos níveis projetados, estima-se que o excedente
de farelo gerado pelo aumento da demanda de biodiesel poderá refletir em redução nos preços
da ração concentrada e nos custos de produção de leite.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

922
TEOR DE SILICIO NOS ORGÃOS DA PARTE AÉREA DO GIRASSOL
MANEJADO SOBRE DIFERENTES DOSES DE SILICATO DE CALCIO.

Eduardo Augusto Agnellos Barbosa, UFLA, duducajuru@gmail.com


Thatiane Padilha de Menezes, UFLA, thatiagro@yahoo.com.br
Eric Victor de Oliveira Ferreira, UFLA, ericsolos@yahoo.com.br
Janice Guedes de Carvalho, DCS/UFLA, janicegc@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: O girassol é uma cultura que apresenta grande capacidade de expansão no Brasil
principalmente para a produção de óleo (comestível ou combustível). O uso do silício nesta
cultura pode trazer vários benefícios às plantas como melhoria na sua arquitetura, resistência
ao acamamento e resistência ao ataque de pragas e doenças. O silício não é considerado um
elemento essencial para o desenvolvimento das plantas, porém ele é considerado benéfico,
onde confere vários fatores positivos ao desenvolvimento das plantas. De forma geral, ele
possui uma função essencialmente mecânica nas plantas, fortificando e sustentando os
tecidos, órgãos e parede celular. Conduziu assim um trabalho cientifico objetivando avaliar o
teor de silício nas folhas, caule e capítulo do girassol manejado sobre diferentes doses de
silicato de cálcio. O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de
Ciência dos Solos da UFLA, utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos sendo as doses de silicato de cálcio (0; 27,33; 54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) e
quatro repetições, resultando em 20 parcelas. Os resultados foram analisados estatisticamente
apresentando significância em todas as partes estudadas. O órgão que apresentou maior
destaque no acumulo de silício foi às folhas, onde foi encontrado um teor de até 22,36g Kg-1
e conforme foram aumentando as doses de silício no solo aumento-se o teor deste elemento
nos órgão da parte aérea do girassol.

Palavras-chave: Girassol, silicato de cálcio, teor de silício e correção do solo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

923
1 INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Asteraceae,
suas sementes possuem, em média, na sua composição cerca de 24% de proteínas, 47% de
matéria graxa, 20% de carboidratos totais e 4% de minerais. É originária da América do
Norte, mais precisamente das regiões correspondentes ao Norte do México e ao Estado de
Nebraska, nos Estados Unidos. Atualmente, o girassol é cultivado em todos os continentes,
em área que atinge aproximadamente 22,7 milhões de hectares e com uma produção mundial
próxima das 24,2 milhões de toneladas. Destacando-se como a quarta oleaginosa em produção
de grãos e a quinta em área cultivada no mundo.
Atualmente, a principal região produtora de girassol no Brasil é a dos cerrados,
caracterizada por solos muito intemperizados, geralmente ácidos, pobres em nutrientes e
muitas vezes com elevadas saturações de alumínio trocável, ressaltando a necessidade de
utilização de um programa para a correção e aumento da fertilidade adequada às culturas
envolvidas no sistema de produção (Leite, 2005).
O girassol é uma espécie sensível à acidez do solo, geralmente apresentando sintomas
de toxidez de Al em pH em CaCl2 0,1 M menor que 5,2.
Uma alternativa para corrigir os solos ácidos seria o uso da escoria de siderúrgica, um
resíduo da indústria do aço e ferro-gusa, constituída quimicamente de um silicato de cálcio
(CaSiO3), que apresenta propriedades corretivas semelhantes ao calcário. O uso do silicato de
cálcio tem promovido a adequada neutralização da acidez do solo, elevando a saturação por
base e neutralizando o Al tóxico, diminui a concentração dos micronutrientes metálicos
presentes no solo, devido à elevação do pH (Prado et al., 2004).
O silício é o segundo elemento mais abundante da crosta terrestre, representando 27%
em massa, superado apenas pelo oxigênio, sendo o mais abundante em solos tropicais. Porém,
é encontrado, na sua quase totalidade, na forma de óxido de silício predominantemente nas
formas de quartzo, opala e outras não disponíveis às plantas, que se formaram durante os
processos de intemperização dos solos.
As plantas diferem bastante quanto à sua capacidade em absorver silício. Até mesmo
genótipos de uma mesma espécie podem apresentar concentrações diferentes de silício entre
seus órgãos. Sua absorção do solo para a planta se dá de forma passiva, com o elemento
acompanhando a absorção da água pela planta como ácido monossílico (Taiz e Zeiger, 2004).
As diferentes espécies de plantas variam grandemente em sua capacidade de acumular
silício nos tecidos, podendo, em função das porcentagens de SiO2 encontradas na matéria

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

924
seca, serem divididas em acumuladoras (10-15% - muitas gramíneas como o arroz),
intermediárias (1-5% - cereais) e não acumuladoras (< 0,5% - maioria das dicotiledôneas)
(Epstein, 1999).
Os principais locais de acúmulo de silício nas plantas são a parede celular, o lúmen e os
espaços intercelulares ou as camadas cuticulares. O silício acumulado ao redor das paredes
celulares e entre as cutículas da epiderme confere resistência a patógenos, dificultando
inclusive a penetração de hifas de fungos. Além disso, os corpos silicosos opalinos (fitólitos)
ajudam a manter as folhas com porte mais ereto e, consequentemente, aumenta a taxa de
fotossíntese (Epstein, 1999; Taiz e Zeiger, 2004).
Até o momento, o envolvimento do silício no metabolismo de plantas ainda não foi bem
elucidado. A essencialidade do silício para as plantas superiores foi demonstrada apenas para
algumas espécies, principalmente gramínea, apesar de ser um constituinte majoritário dos
vegetais.
De forma geral, o silício possui uma função essencialmente mecânica nas plantas,
fortificando e sustentando os tecidos, órgãos e parede celular (Epstein, 1999).
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar o teor de silício nos diferentes órgãos
do girassol em função do aumento das doses de silicato de cálcio no solo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Ciência do
Solo da Universidade Federal de Lavras (Lavras-MG). O solo utilizado foi um Latossolo
Vermelho distrófico (LVdf), da camada de 1 - 3 m, proveniente do campus da UFLA, sendo
destorroado, seco ao ar e passado em peneira com malha de 5 mm de abertura.
No experimento o delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos as doses de silicato de cálcio (0; 27,33;
54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) correspondentes a 0, 25, 50, 75 e 100% de substituição ao
CaCO 3 na calagem, resultando em 20 parcelas compondo o experimento. Cada parcela
experimental foi constituída por um vaso com capacidade de 15 dm3.
Foram semeadas quatro sementes por vaso. Após a germinação, deixaram-se duas
plantas uniformes e vigorosas por vaso. Antes do plantio efetuou-se a aplicação do silicato de
cálcio p.a. e do carbonato de cálcio p.a. complementar para elevar a saturação por base a 70%
de acordo com Leite (2005). Os vasos permaneceram incubados por 15 dias, com a umidade
do solo em torno de 60% do volume total de poros (VTP).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

925
Após a semeadura foram adicionadas ao solo quantidades suficientes de
macronutrientes (N= 300, P= 200, K= 300, Mg= 30 e S= 50 mg dm-3) e micronutrientes (B=
0,5; Cu= 1,5; Fe= 5; Mo= 0,1; Mn= 10 e Zn= 5 mg dm-3), na forma de reagente PA, sendo as
doses de N e K parceladas em 2 aplicações (plantio e 30 dias após a emergência). Os
nutrientes foram aplicados em forma de solução para maior uniformização.
A cultivar utilizada foi a Charrua da empresa Atlântica sementes. A semeadura foi
realizada no dia 27 de novembro de 2006, a emergência ocorreu cinco dias após. No dia 15 de
dezembro foi realizado o desbaste.
Todo material vegetal foi seco em estufa de circulação forçada de ar, a seguir foi moído
em moinho e submetido à análise química para determinação dos teores de silício pelo
Método Colorimétrico Do “Azul-De-Molibdênio”.
A análise de silício foi realizada segundo o método proposto por Gallo & Furlani
(1978), envolvendo três etapas em sua extração: (a) incineração do material a 500°C por 30
minutos em cadinho de níquel; (b) dissolução do SiO2 com solução de NaOH a 10% e novo
aquecimento a temperatura de 400-500°C, durante 20 minutos; (c) dissolução do silicato de
sódio formado com água destilada no próprio cadinho. O extrato final foi obtido transferindo-
se olíquotas variáveis de 1 a 5 mL dos cadinhos para recipientes de plásticos com volume
final completado com água destilada para 50 mL .A dosagem de Si foi feita por leituras
colorimétricas em olíquotas de 50 mL contendo além do extrato, soluções de ácido sulfúrico,
molibdato de amônio, ácido oxálico e ácido ascórbico, tendo os teores de Si sido calculados
com base em curva padrão preparada de ácido silícico, sendo em seguida corrigidos para teor
de silício.
Os resultados foram submetidos à análise de variância e regressão polinomial
utilizando-se o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000) para determinação do efeito das
doses de silicato de cálcio em folhas, caule e capítulo em função do teor de silício.

3 RESULTADO E DISCUSSÃO
O efeito das doses de silicato de cálcio no teor de silício nos órgãos da parte aérea foi
significativo pela análise de variância (p<0,05), onde com o aumento das doses de silicato de
cálcio no solo promoveu uma maior concentração do silício na parte aérea do girassol.
A maior concentração de silício na parte aérea ocorreu nas folhas como se pode
observar na figura 1. Segundo Korndörfer et al., (1999), o teor de silício nas plantas são
classificados como baixo quando menores que 17 g Kg-1, médios de 17 a 34 g Kg-1 e altos

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

926
acima de 34 g Kg-1 quando este estudou a concentração do silício na cultura do arroz, com
isso podemos observar que as doses de 50, 75 e 100% de silicato de cálcio em substituição ao
carbonato de cálcio apresentaram um índice médio de teor de silício, sendo de grande valor
para a cultura já que o girassol é tido como planta não acumuladora de silício.

Figura 1 - Teores de silício nas folhas de girassol em função de doses crescentes de silicato de
cálcio.

Os resultados encontrados nas folhas são bastante relevantes, pois esta espécie pode
passar de planta não acumuladora para uma planta intermediaria já que segundo Epstein,
(1999), uma planta para ser classificada intermediaria tem que ter de 1-5% de silício na
matéria seca, e os resultados encontrados neste trabalho chegaram a até 2,23% de silício na
matéria seca da folha.
As doses de silicato de cálcio que apresentaram maior teor de silício nas folhas foi a de
81,98 e 109,31 g vaso-1 apresentando um teor de 22,36 e 22,07 g Kg-1. Barbosa, (2007)
avaliando o índice de doença na cultura do girassol manejada sobre diferentes doses de
silicato de cálcio pode observar que utilizando as doses de 81,98 e 109,31 g vaso-1 tem se
uma maior resistencia ao ataque de oidio nas folhas de girassol. Este fato deve-se a maior
resistência que o silício proporciona as plantas, devido à resistência mecânica, por formar uma
barreira estrutural e/ou a resistência química formando complexos com polifenóis servindo
como alternativa a lignina (Taiz e Zeiger, 2004).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

927
O teor de silício no capitulo foi crescente conforme aumentou as doses de silicato de
cálcio no solo, Figura 2. Porem os teores encontrados neste órgão é considerado baixo quando
comparado com os teores encontrados nas folha. Isto é provavelmente devido à baixa
translocação do silício na planta, onde ele se concentrou em maior quantidade nas folhas
tornando-se imóvel para os outros órgãos das plantas (Taiz e Zeiger, 2004).
A dose de silicato de cálcio que promoveu maior teor de silício no capitulo foi a de
109,31 g vaso-1, ou seja, quando se utilizou 100% de silicato de cálcio na correção do solo,
promovendo um teor de 5,27 g Kg-1.

Figura 2 - Teor de silício no capitulo do girassol em função de doses crescentes de silicato de


cálcio.

O teor de silício no caule foi considerado baixo, tendo um teor semelhante em todos os
tratamentos onde se utilizou o silicato de cálcio, Figura 3. Estes resultados não coincidem
com os encontrados por Carvalho, (2003) e Lana (2003) quando estes estudando o teor de
silício na cultura do eucalipto e tomate respectivamente encontraram uma maior concentração
deste elemento no caule e baixa concentração nas folhas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

928
Figura 3 - Teor de silício no caule do girassol em função de doses crescentes de silicato de
cálcio.

4 CONCLUSÃO
Ocorreu uma relação direta entre o aumento nas doses de silicato de cálcio no solo e o
teor de silício nos órgãos da parte aérea.
A folha do girassol é o órgão da planta com maior teor de silício. O girassol pode ser
classificado como uma planta intermediaria na acumulação de silício.

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930
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE NABO FORRAGEIRO
CULTIVAR IPR 116

Marcela Carlota Nery, DAG/UFLA, nery.marcela@gmail.com


Maria Laene Moreira de Carvalho, DAG/UFLA, mlaenemc@ufla.br
Cristiane Fortes Gris, DAG/UFLA, nery.marcela@gmail.com
Fernanda Carlota Nery, DBI/UFLA, nery.marcela@gmail.com
Walter Rodrigues Leal Filho, DAG/UFLA, nery.marcela@gmail.com
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: O estabelecimento de condições ideais no teste de germinação de sementes de


abo forrageiro é extremamente útil para obtenção de estandes adequados que propiciem altos
rendimentos no campo. Para adequar a temperatura ótima e substrato ideal para avaliação da
germinação de sementes de nabo forrageiro foram utilizadas sementes da cultivar IPR 116,
lotes de 2004 e 2005. A semeadura foi efetuada nos substratos papel (sobre papel) e areia, e as
sementes incubadas em seis regimes de temperatura constantes 15ºC; 20ºC; 25ºC; 30ºC; 35ºC
e alternado de 20ºC-30ºC. A qualidade das sementes de nabo forrageiro foi avaliada pelas
determinações do grau de umidade, testes de germinação, primeira contagem da germinação,
índice de velocidade de germinação (IVG), emergência em condições controladas, estande
inicial, índice de velocidade de emergência e teste de sanidade. Os testes para caracterização
do perfil dos lotes permitiram distinção entre eles. A temperatura de 20ºC-30ºC é condições
adequadas para avaliação da germinação das sementes de nabo forrageiro e o substrato areia
favoreceu o crescimento das plântulas de nabo forrageiro., cultivar IPR 116.

Palavras-chave: Raphanus sativus, qualidade, semente.

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1 INTRODUÇÃO
O nabo forrageiro, Raphanus sativus L. var. oleiferus Metzg., por apresentar em suas
sementes consideráveis teores de óleo, relativa facilidade de extração deste, possuir
satisfatório potencial produtivo em épocas de pouca utilização ou pousio das terras
agricultáveis, poderá se tornar matéria-prima de substancial interesse aos produtores rurais
para produção de óleo no Programa do Biodiesel (SILVA, 2007).
Nabo forrageiro é uma planta originária da Ásia Oriental e Europa, pertencente à família
Brassicaceae, da ordem Caparales, com ciclo anual de inverno (MUZILLI, 2002). O fruto é
uma síliqua indeiscente, de 3 a 5cm de comprimento, contendo de 2 a 10 sementes, com
massa de 1000 grãos variando de 6 a 14g, com média de 11g (DERPSCH e CALEGARI,
1992). No entanto, ainda não foram estabelecidos padrões de qualidade para a produção e
comercialização de sementes de nabo forrageiro no Brasil, nem metodologias para realização
do teste de germinação capazes de distinguir a qualidade fisiológica de lotes de sementes.
O conhecimento das condições ideais para a germinação da semente de uma
determinada espécie é de fundamental importância, principalmente, pelas respostas
diferenciadas que ela pode apresentar em função de diversos fatores, como viabilidade,
dormência, condições de ambiente, envolvendo água, luz, temperatura, oxigênio e ausência de
agentes patogênicos, associados ao tipo de substrato para sua germinação (BRASIL, 1992;
BEWLEY e BLACK, 1994; CARVALHO e NAKAGAWA, 2000).
Dentre os fatores do ambiente que afetam a germinação das sementes, a temperatura
exerce acentuada influência na velocidade de germinação e no potencial germinativo. A
temperatura definida como ótima é aquela na qual a semente expressa seu potencial máximo
de germinação e as temperaturas máxima e mínima caracterizam pontos críticos onde acima e
abaixo das quais não ocorre germinação (MAYER e POLJAKOFF-MAYBER, 1989). Além
da temperatura, os substratos utilizados no teste de germinação, em geral, têm como principal
função dar sustentação às sementes, tanto do ponto de vista físico como químico (AGUIAR et
al., 1993). Em função do tamanho e exigências ecofisiológicas das sementes quanto à
umidade e luz, cada substrato é utilizado de maneira que ofereça maior praticidade nas
contagens e avaliação das plântulas (POPPINIGS, 1985).
A temperatura e o substrato ideal de germinação já foram estudados para várias
espécies, como para sementes de Brassica chinensis onde o regime de temperatura
recomendado para germinação é o alternado 20ºC-30ºC (ELLIS et al., 1989). As sementes de
amendoim-do-campo têm a temperatura de germinação ótima entre 18 ºC e 30ºC (NASSIF e
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932
PEREZ, 2000). Já as sementes de bertalha, família Basellaceae, as temperaturas de 30ºC
constante e 20ºC-30ºC alternada, juntamente com os substratos, areia, vermiculita, sobre
papel e rolo de papel são as condições mais adequadas para a germinação desta espécie
(LOPES et al., 2005).
A qualidade sanitária das sementes é outro aspecto a ser considerado visando a
adequação do teste de germinação, pois o grau de infestação de patógenos pode variar de um
substrato para outro, interferindo na germinação e estabelecimento de plântulas (BARBOSA e
BARBOSA, 1985; PEREIRA et al., 2005; MACHADO, 2000). Dentre os patógenos mais
encontrados em sementes de nabo forrageiro, a Alternaria raphani, agente da mancha-foliar, é
um dos principais microrganismos que podem reduzir a germinação por seus danos às
plântulas (RICHARDSON, 1979).
Desta maneira, objetivou-se com esta pesquisa adequar a metodologia do teste de
germinação para sementes de nabo forrageiro, visando definir a temperatura ótima e o
substrato ideal para avaliação da qualidade de sementes da cultivar IPR116.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Laboratório de Análise de Sementes no Departamento
de Agricultura e Laboratório de Patologia de Sementes, da Universidade Federal de Lavras,
MG. As sementes de nabo forrageiro utilizada foram da cultivar IPR 116 (IAPAR), lotes de
2004 e 2005, fornecidas pela Pesagro, RJ.
O grau de umidade foi determinado pelo método de estufa a 105+2oC por 24 horas
(BRASIL, 1992), com 2 repetições de 10g de sementes.
Para adequação do teste de germinação a semeadura foi realizada em caixas acrílicas do
tipo gerbox lacradas sobre substrato papel mata-borrão, umedecido com água destilada em
quantidade equivalente a 2,0 vezes o peso do substrato seco, e substrato areia. As caixas de
gerbox foram transferidas para mesa termogradiente, regulada nas temperaturas de 15ºC;
20°C; 25°C; 30°C e 35°C ± 2°C, sob luz contínua e em câmara do tipo B.O.D. regulada à
temperatura alternada de 20ºC-30°C, com fotoperíodo de 12 horas. Foram utilizadas 4
repetições de 50 sementes e os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais ao
3º dia (primeira contagem) sendo o teste encerrado ao 9º dia. O índice de velocidade de
germinação foi calculado segundo a fórmula proposta por Maguire (1962).
A emergência em condições controladas (ECC) foi realizada em substrato solo e areia
na proporção 1:2 em bandejas plásticas. A umidade do substrato foi ajustada para 60% da
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933
capacidade de retenção (BRASIL, 1992). Após a semeadura, de 4 repetições de 50 sementes,
as bandejas foram mantidas em câmara do tipo B.O.D., previamente regulada à temperatura
de 20ºC, sob luz constante. A partir do início da emergência foram realizadas avaliações
diárias, computando-se o estande inicial e número de plântulas emergidas até a estabilização.
O índice de velocidade de emergência foi determinado segundo fórmula proposta por Maguire
(1962).
Foi realizado o teste de sanidade das sementes de nabo forrageiro pelo método do papel
de filtro ou blotter test, utilizando-se 200 sementes, divididas em 8 repetições de 25 sementes,
dispostas em placas de Petri sobre 3 folhas de papel de filtro embebidas com água destilada.
As placas foram levadas para uma câmara tipo B.O.D. a 8ºC por 1 dia e depois para incubação
a 22-25ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por 5 dias. Foram avaliados a presença de fungos nas
sementes, com auxílio de lupa e microscópio estereoscópio.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 6 x 2 (6 regimes de temperaturas e 2 substratos). Os dados foram submetidos à analise
de variância e as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade e
transformados em √x. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa
estatístico SISVAR® (FERREIRA, 2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, verifica-se para cultivar IPR 116, que para os 2 lotes (2004 e 2005), o grau
de umidade de 5% e o IVE não apresentaram diferenças significativas. O lote produzido na
safra de 2004 apresentou superioridade de resultados em relação ao da safra de 2005 na sua
emergência e estande inicial. Esses resultados não foram observados em relação ao índice de
velocidade de emergência (Tabela 1).

Tabela 1 - Grau de umidade - U (%), Estande inicial - EI (%), Emergência em condições


controladas – ECC (%), IVE de sementes de nabo forrageiro, cultivar IPR 116, safras de 2004
e 2005.
Lotes U EI ECC IVE
2004 5a 38 a 46 a 11,24 a
2005 5a 9b 12 b 6,38 a
CV(%) 0 40,28 38,25 23,50
Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%.
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934
Maiores porcentagens dos fungos Aspergillus flavus e Penicillium foram observados
em lotes produzidos na safra de 2004 em relação ao lote de 2005 (Tabela 2).
O fungo Aspergillus flavus, encontrado nas sementes da safra de 2004, é considerado
um fungo de armazenamento, já Alternaria alternata, segundo Sales e Castro (1994), podem
afetar o desenvolvimento de plântulas, levando a tombamento e redução da germinação
(ROTEM, 1995). Além disso, a associação de sementes a A. alternata, mesmo sendo
considerado um patógeno fraco, pode produzir grandes prejuízos por causar infecções em
sementes e ser transmitido pelas mesmas (NEERGAARD, 1977).

Tabela 2 - Porcentagem (%) dos fungos Aspergillus flavus, Aspergillus niger, Penicillium,
Alternaria alternata e sementes sem fungos de nabo forrageiro, cultivar IPR 116, safras de
2004 e 2005.
Lotes Aspergillus Aspergillus Penicillium Alternaria Sementes sem
flavus niger alternata fungos
2004 42 A 1A 11 A 14 A 37 B
2005 6B 2A 0B 12 A 81 A
CV(%) 29,80 152,95 133,06 45,93 20,65
Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%.

Para os dados obtidos de primeira contagem da germinação verifica-se que o substrato


areia propiciou maior germinação em relação as sementes do substrato sobre papel, não
havendo diferenças significativas na germinação entre os substratos para a temperatura de
20ºC na safra de 2005 (Tabela 3). Para sementes da safra de 2004 desempenho superior foi
observado na temperatura de 20ºC-30ºC em ambos os substratos. Já para safra de 2005 não
houve diferenças significativas entre os tratamentos.

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Tabela 3 - Primeira contagem da germinação (%) de sementes de nabo forrageiro, cultivar
IPR 116, safras de 2004 e 2005, em função das temperaturas e dos substratos.
Lotes
T (ºC) 2004 2005
Sobre Papel Areia Sobre Papel Areia
15 23 b AB 40 a B 17 b A 53 a A
20 26 b AB 52 a AB 30 a A 48 a A
25 19 b B 57 a AB 26 b A 59 a A
30 21 b B 53 a AB 11 b A 59 a A
35 5bB 54 a AB 14 b A 72 a A
20-30 44 b A 65 a A 25 b A 74 a A
CV (%) 20,43 27,32
Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, pelo teste de
Tukey a 5%.

A porcentagem de germinação foi superior no substrato areia em relação ao sobre papel,


conforme observado na Tabela 4, exceto para safra de 2004, que não apresentou diferenças
significativas entre os substratos.
Para sementes de cubiu (LOPES e PEREIRA, 2005), bertalha (LOPES et al., 2005) e
cataia (ABREU et al., 2005), o substrato areia associado a alternância de temperatura, como
relatado para sementes de nabo forrageiro, também proporcionaram germinação superior,
porém para sementes de mamona, a alternância de temperaturas pode inibir parcialmente o
desenvolvimento da germinação (CARNEIRO e PIRES, 1983).
As sementes de ambas as safras apresentaram desempenho superior a 20ºC-30ºC em
substrato sobre papel e areia (Tabela 4). Para o substrato areia na safra de 2004 não houve
diferenças significativas na germinação sob diferentes temperaturas.
Na temperatura de 35ºC em substrato sobre papel foram observados valores de
germinação superior (Tabela 4). Maiores porcentagens de plântulas com danos, nas
temperaturas de 30ºC e 35ºC, em ambas as safras, foram observadas em substrato sobre papel
(dados não apresentados), sendo computado maiores porcentagens de sementes mortas a
35ºC. O dano por temperatura nas plântulas pôde ser detectado por regiões secas na radícula.

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Altas temperaturas afetam a germinação de sementes de outras espécies, como aipo
(BROCKLEHURST et al., 1983), alface (NASCIMENTO, 2002), cenoura (CANTLIFFE e
ELBALLA, 1994) e espinafre (ATHERTON e FAROQUE, 1983).

Tabela 4 - Porcentagem de germinação (%) de sementes de nabo forrageiro, cultivar IPR 116,
safras 2004 e 2005, em função de diferentes temperaturas e substratos.
Lotes
T (ºC) 2004 2005
Sobre Papel Areia Sobre Papel Areia
15 35 b BC 65 a A 32 b B 68 a B
20 37 b B 69 a A 49 b B 63 a B
25 45 b AB 71 a A 44 b B 71 a B
30 26 b BC 69 a A 15 b BC 73 a B
35 8bC 68 a A 11 b C 78 a AB
20-30 71 a A 74 a A 79 b A 94 a A
CV (%) 15,76 10,32
Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, pelo teste de
Tukey a 5%.

Na temperatura alternada de 20ºC-30ºC, IVG superior foi obtido para o substrato sobre
areia, exceto para safra de 2004 que não apresentou diferenças significativas entre os
substratos (Tabela 5). Resultados inferiores de IVG foram observados a 35ºC em todas os
tratamentos e a 25ºC em substrato areia na safra de 2005 (Tabela 7).

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Tabela 5 - Índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes de nabo forrageiro,
cultivar IPR 116, safras 2004 e 2005, em função de diferentes temperaturas e substratos.
Lotes
T (ºC) 2004 2005
Sobre Papel Areia Sobre Papel Areia
15 6,57 b BC 13,84 a A 10,29 b BCD 18,87 a AB
20 7,14 b BC 16,79 a A 13,38 b ABC 18,11 a B
25 9,17 b B 16,94 a A 14,29 b AB 19,73 a AB
30 8,65 b BC 16,93 a A 8,88 b CD 20,04 a AB
35 4,23 b C 16,85 a A 6,28 b D 21,90 a AB
20-30 16,38 a A 17,52 a A 15,76 b A 24,02 a A
CV (%) 12,14 8,78
Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, pelo teste de
Tukey a 5%.

Os substratos testados, nesse estudo, influenciaram a germinação das sementes de nabo


forrageiro, uma vez que, em substrato areia houve um escape das sementes aos fungos. Além
disso, em substrato sobre papel de filtro em caixas gerbox, ocorreu uma desidratação rápida,
excessiva e desigual, sendo necessário reumedecê-lo durante o decorrer do teste. É importante
salientar, que quando se utilizou 2,5 vezes o peso do papel, conforme recomendado por Brasil
(1992) as sementes morreram devido maior incidência de fungos, sendo, portanto utilizado
2,0 vezes o peso do papel.
Por esta pesquisa, observa-se ainda a necessidade de estudos envolvendo diferentes
alternâncias de temperaturas, já que na alternância de 20ºC-30ºC não foram observadas
diferenças entre os substratos sobre papel e areia.
Na Figura 1, pode ser visualizado a germinação em substrato sobre papel e areia das
sementes de nabo forrageiro.

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938
(a) (b)
Figura 1 – Germinação das sementes de nabo forrageiro em substrato sobre papel (a) e areia
(b).

4 CONCLUSÃO
A temperatura de 20ºC-30ºC é condições adequadas para avaliação da germinação das
sementes de nabo forrageiro, cultivar IPR 116.
O substrato areia favoreceu o crescimento das plântulas de nabo forrageiro.

5 AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Pesagro- Rio/EEC, em especial ao pesquisador José Márcio Ferreira
pelo fornecimento das sementes.
Aos Professores do Setor de Sementes da Universidade Federal de Lavras pelas valiosas
sugestões.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

941
TRANSESTERIFICAÇÃO ENZIMÁTICA DE ÓLEO DE SOJA RESIDUAL
VISANDO APLICABILIDADE NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Luciana Cristina Lins de Aquino, DEQ/UFS, lcl@ufs.br


Erica Mara Dantas, DEQ/UFS, em_cv@hotmail.com
Monica Carvalho Santos, DEQ/UFS, monics@ibest.com.br

RESUMO: A interesterificação de óleos e gorduras pelo processo químico, embora seja


simples apresenta algumas desvantagens tais como a recuperação do catalisador e o tipo de
álcool comumente utilizado, metanol, o qual é bastante tóxico. Essas dificuldades podem ser
minimizadas por meio da adoção de um processo enzimático, possibilitando a obtenção tanto
do biodiesel como glicerina, com maior grau de pureza e ainda permitindo a reutilização do
biocatalisador. Recentes estudos têm demonstrado a possibilidade do uso de um método
alternativo para a produção de ésteres pelo uso de enzimas, tais como lipases, como
catalisadores, utilizando como matéria prima, óleos vegetais de baixo custo e grande produção
regional. O presente trabalho teve como objetivo a transesterificação enzimática de óleo de
soja residual utilizando lipase, visando aplicação futura na produção de Biodiesel. A enzima
lipase foi obtida através de fermentação submersa utilizando o microrganismo Aspergillus
niger. Foram realizadas reações de transesterificação do óleo de soja residual com o extrato
bruto enzimático variando-se o tipo de álcool utilizado, etanol ou metanol. As condições das
reações foram avaliadas em termos de quantidade ésteres produzidos. Os resultados obtidos
demonstraram que a reação com etanol foi mais eficiente do que a reação com metanol
obtendo-se aproximadamente 1031 mg e 776 mg de ésteres, respectivamente. A alcoólise
enzimática com o etanol apresenta diversas vantagens em relação ao metanol, tais como custo
e toxidade. Além disso, o etanol é um produto obtido a partir de biomassas e, dessa maneira, o
processo se torna totalmente independente do petróleo.

Palavras-Chave: Lipase, biodiesel, óleo residual

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1 INTRODUÇÃO
Biodiesel é um biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a
combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de
outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem
fóssil. Pode ser usado em um motor de ignição a compressão (diesel) sem necessidade de
modificação. Ele é simples de ser usado, biodegradável, não tóxico e essencialmente livre de
compostos sulfurados e aromáticos e pode ser obtido por diferentes processos tais como o
craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação (NELSON et al., 1996).
Esse combustível pode ser produzido a partir de qualquer fonte de ácidos graxos, óleos
e gorduras animais (como sebo) ou vegetais (tais como mamona, dendê (palma), girassol,
babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras), porém nem todas as fontes de ácidos
graxos viabilizam o processo a nível industrial. Os resíduos graxos também aparecem como
matérias primas para a produção do biodiesel. Nesse sentido, podem ser citadas as borras de
refinação, a matéria graxa dos esgotos, óleos ou gorduras vegetais ou animais fora de
especificação, ácidos graxos, os óleos de frituras, etc. Um levantamento primário da oferta de
óleos residuais de frituras, suscetíveis de serem coletados (produção > 100kg/mês), revela um
valor da oferta brasileira superior a 30.000 toneladas anuais (FUKUDA et al., 2001).
O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores
ciclodiesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou
estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc). Pode ser usado puro ou misturado ao
diesel em diversas proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada
de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100 (FUKUDA et al.,
2001).
Por ser biodegradável, não-tóxico e praticamente livre de enxofre e aromáticos, é
considerado um combustível ecológico. Como se trata de uma energia limpa, não poluente, o
seu uso num motor diesel convencional resulta, quando comparado com a queima do diesel
mineral, numa redução substancial de monóxido de carbono e de hidrocarbonetos não
queimados (FUKUDA et al., 2001).
A transesterificação é o processo mais utilizado atualmente para a produção de
biodiesel. É catalisada por ácido ou base, dependendo das características do óleo e/ou gordura
utilizados. Consiste numa reação química dos óleos vegetais ou gorduras animais com o
álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador (ácido, básico ou

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943
enzimático), da qual também se extrai a glicerina, produto com aplicações diversas na
indústria química (FUKUDA et al., 2001).
A interesterificação de óleos e gorduras pelo processo químico, embora seja simples,
rápida e com alto rendimento, apresenta algumas desvantagens. A primeira refere-se ao
catalisador (ácido ou base), que, ao final do processo, permanece misturado com o principal
subproduto da reação, a glicerina, dificultando sua separação e purificação. Essas dificuldades
podem ser minimizadas por meio da adoção de um processo enzimático, possibilitando a
obtenção tanto do biodiesel como glicerina, com maior grau de pureza e ainda permitindo a
reutilização do biocatalisador (FUKUDA et al., 2001).
Recentes estudos têm demonstrado a possibilidade do uso de um método alternativo
para a produção de ésteres pelo uso de enzimas, tais como lipases, como catalisadores,
utilizando como matéria prima óleos vegetais de baixo custo e grande produção regional. A
crescente ênfase no uso de biocatalisadores devido às suas propriedades favoráveis de reação
tais como condições amenas ambientalmente compatíveis e sua alta especificidade tem
resultado em um aumento do uso de enzimas, especialmente, imobilizadas em suportes inertes
(BARZANO et al., 1989;. CARVALHO et al., 2005; DALLA-VECCHIA et al., 2005).
Lipases (triglicerol acil-hidrolases, E.C. 3.1.1.3), são enzimas de origem animal, vegetal
ou microbiana, que atuam sobre as ligações ésteres de tri, di e monoacilgliceróis. Enzimas
lipolíticas são definidas como hidrolases de ésteres contendo ácidos graxos de cadeia longa,
saturados ou insaturados, com doze ou mais átomos de carbono (CARVALHO et al., 2005;
DALLA-VECCHIA et al., 2005)
Dependendo da fonte, as lipases podem ter massa molecular variando entre 20 a 75 kDa,
atividade em pH na faixa entre 4 a 9 e em temperaturas variando desde a ambiente até 70 °C.
Lipases são usualmente estáveis em soluções aquosas neutras à temperatura ambiente
apresentando, em sua maioria, uma atividade ótima na faixa de temperatura entre 30 e 40 °C.
Contudo, sua termoestabilidade varia consideravelmente em função da origem, sendo as
lipases microbianas as que possuem maior estabilidade térmica (CARVALHO et al., 2005).
Essas enzimas constituem o mais importante grupo de biocatalisadores para aplicações
biotecnológicas. As reações de hidrólise, interesterificação e sínteses de ésteres por lipases
estão entre os processos mais promissores para a modificação de lipídeos. As reações de
hidrólise envolvem o ataque na ligação éster do triglicerídeo na presença de moléculas de
água para produzir glicerol e ácidos graxos (CARVALHO et al., 2005; DALLA-VECCHIA et
al., 2005).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

944
As enzimas microbianas extracelulares podem ser produzidas em meio líquido ou
sólido. O uso de meio sólido, ao contrário do meio líquido, permite a triagem de uma grande
quantidade de microorganismos, além de possibilitar uma rápida detecção de enzimas
específicas (CARVALHO et al., 2005).
Do ponto de vista industrial, os fungos são especialmente valorizados porque as
enzimas por eles produzidas normalmente são extracelulares, o que facilita sua recuperação
do meio de fermentação (CARVALHO et al., 2005; DALLA-VECCHIA et al., 2005).
Considerando o crescimento da utilização do biodiesel em âmbito mundial, não somente
pelo aspecto de meio ambiente, mas, principalmente, por se tratar de uma fonte de energia
renovável, a investigação do uso de lipases para produção de biodiesel é de relevante
importância.
As matérias-primas para a produção de biodiesel podem ter as seguintes origens: óleos
vegetais, gorduras de animais, óleos e gorduras residuais.
Todos os óleos vegetais, enquadrados na categoria de óleos fixos ou triglicerídicos,
podem ser transformados em biodiesel. Dessa forma, podem constituir matéria prima para a
produção de biodiesel, os óleos das seguintes espécies vegetais: grão de amendoim, polpa do
dendê, amêndoa do coco de dendê, amêndoa do coco da praia, caroço de algodão, amêndoa do
coco de babaçu, semente de girassol, baga de mamona, semente de colza, semente de
maracujá, polpa de abacate, caroço de oiticica, semente de linhaça, semente de tomate, entre
muitos outros vegetais em forma de sementes, amêndoas ou polpas (NETO et al., 2000).
Além dos óleos e gorduras virgens, constituem também matéria-prima para a produção
de biodiesel os óleos e gorduras residuais, resultantes de processamentos domésticos,
comerciais e industriais (SAMPAIO, 2003; NETO et al., 2000) .
As possíveis fontes dos óleos e gorduras residuais são:
- As lanchonetes e as cozinha industriais, comerciais e domésticas, onde são praticadas
as frituras de alimentos;
- As indústrias nas quais processam frituras de produtos alimentícios, como amêndoas,
tubérculos, salgadinhos, e várias outras modalidades de petiscos;
- Os esgotos municipais onde a nata sobrenadante é rica em matéria graxa, possível de
extraírem-se óleos e gorduras;
- Águas residuais de processos de certas indústrias alimentícias, como as indústrias de
pescados, de couro, etc.
O óleo, depois de usado, torna-se um resíduo indesejado e sua reciclagem como
biocombustível alternativo não só retiraria do meio ambiente um poluente, mas também
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

945
permitiria a geração de uma fonte alternativa de energia. Assim, duas necessidades básicas
seriam atendidas de uma só vez (SAMPAIO, 2003; NETO et al., 2000). Desta maneira o
presente trabalho teve como objetivo a transesterificação enzimática de óleo de soja residual
utilizando a lipase como biocatalizador, visando aplicação futura na produção de Biodiesel.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
O microrganismo Aspergillus niger foi adquirido da coleção de culturas do Instituto
Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro) e mantido sob refrigeração (4ºC) em tubos de ensaio
inclinados contendo meio PDA.
Os reagentes glicose, extrato de levedura, peptona, KNO3, KH2PO4, MgSO4.7H2O,
KOH, H2SO4, NAOH, fenolftaleína foram de grau analítico. Azeite de oliva foi adquirido
comercialmente.
O óleo de soja residual foi adquirido em estabelecimentos comerciais da cidade de
Aracajú-SE.
Inicialmente o óleo residual utilizado em frituras foi filtrado à vácuo para a remoção de
partículas sólidas. Após o processo de filtração, o óleo foi secado à temperatura entre 110°C e
120°C, até que não se observasse a fritura do óleo. A seguir, o óleo seco foi armazenado em
recipiente seco e bem vedado para evitar a absorção de umidade do ambiente.
A lipase foi produzida segundo a metodologia de Carvalho et al .(2005). Para os
experimentos de fermentação preparou-se uma suspensão de esporos do fungo pela adição de
5 mL de água destilada estéril ao tubo de ensaio inclinado contendo o microrganismo em
meio PDA. A suspensão de esporos (3,5 mL) foi adicionada a um Erlenmeyer de 500 mL
contendo 420 mL do meio de cultura com a seguinte composição (p/v): glicose 1,0%, peptona
2,0%, extrato de levedura 0,5%, óleo de oliva 1,0%, KNO3 0,1%, KH2PO4 0,1%,
MgSO4.7H2O 0,05%, em tampão fosfato 0,1M pH 6,5. O meio fermentativo foi mantido sob
agitação durante 72 horas à temperatura de aproximadamente 30ºC.
O meio fermentado foi filtrado em gaze e centrifugado durante 20 minutos, o
sobrenadante obtido foi denominado extrato enzimático bruto. A biomassa residual foi
determinada após secagem em estufa à temperatura de 80 ˚C, até obter peso constante.
A atividade da lipase produzida foi determinada através de uma reação de
interesterificação com óleo de oliva, utilizando o extrato bruto enzimático. A reação consistiu
em misturar 1mL de óleo de oliva, 4mL de tampão fosfato pH 6,5 e 1mL de extrato bruto
enzimático. A solução foi mantida sob agitação a 130 rpm e temperatura de aproximadamente

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

946
30ºC durante 60 min. A reação foi paralisada pela adição de 15mL de acetona:etanol (1:1 v/v)
e a atividade foi medida pela titulação dos ácidos graxos liberados com solução de KOH
50mM usando fenolftaleína como indicador.
Um branco contendo separadamente 1mL de óleo de oliva e 1mL de extrato bruto (E.B.)
foi titulado da mesma forma que os ensaios, para determinação da quantidade pré-existente de
ácidos graxos livres no substrato empregado. Uma unidade de atividade foi definida como a
quantidade de enzima necessária para liberar 1μmol de ácido graxo por minuto de reação, nas
condições do ensaio.
As reações de transesterificação do óleo de soja residual foram realizadas de acordo
Noureddini et al (2005). As reações foram preparadas com óleo de soja residual, água e
extrato bruto enzimático (E.B.E), diferindo no álcool utilizado, etanol ou metanol, nas
seguintes proporções:
Reação 1 Æ 60,6% de óleo de soja residual, 18,2% de E.B.E. , 3% de água e 18,2% de
metanol.
Reação 2 Æ 54,6% do óleo de soja residual, 16,4% de E.B.E., 1,6% de água e 27,4% de
etanol.
As reações foram mantidas, sob agitação, à temperatura de aproximadamente 30ºC
durante 60 minutos.
Após a reação de transesterificação, as amostras foram fervidas durante 5 minutos para
inativação da enzima. A massa reacional final foi constituída de duas fases separadas, em
seguida, por decantação. A fase pesada continha glicerina bruta, excessos de álcool e água e
impurezas inerentes à matéria –prima. A fase leve continha uma mistura de ésteres, conforme
a natureza do álcool originalmente adotado e excessos reacionais de álcool.
A fase leve contendo os ésteres foram secadas à temperatura de 80-90°C antes dos
experimentos de quantificação.
A quantificação dos ésteres produzidos baseou-se na saponificação destes com
hidróxido de sódio. Os experimentos foram realizados de acordo com a metodologia analítica
descrita pelo Instituto Adolfo Lutz (2007). Amostras de 10 mL dos ésteres etílicos ou
metílicos foram inicialmente tituladas com solução de hidróxido de sódio 0,1 M usando
fenolftaleína como indicador. Em seguida adicionou-se um excesso de 1mL de solução de
hidróxido de sódio e deixou-se em repouso por 24 horas. Como não houve mudança na
coloração, adicionou-se 1mL de solução de ácido sulfúrico 0,1 M e titulou-se o excesso com
solução de hidróxido de sódio, até verificar a mudança de coloração.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

947
A quantidade de ésteres foi calculada utilizando-se a equação (2) a seguir:

mg de ésteres por mL de amostra= (B-C) x N x PM (2)


V

Onde:
B = volume de solução de hidróxido de sódio adicionado, em excesso, mais o volume
de hidróxido de sódio gasto na titulação, multiplicado pelo fator da solução (mL);
C = volume de ácido sulfúrico adicionado, multiplicado pelo respectivo fator da solução
(mL);
N = normalidade das soluções (0,1N);
V = volume da amostra usada na titulação (mL);
PM = peso molecular Æ para acetato de etila (88,1 g/mol) e para acetato de metila
(74,1 g/mol).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o término da fermentação, o fermentado foi filtrado e centrifugado, sendo o
sobrenadante chamado de extrato bruto enzimático. As células retidas na filtração e as
precipitadas na centrifugação foram secadas em estufa até obtenção de peso constante. A
biomassa residual foi pesada em balança analítica, obtendo-se um valor de 6,3 g.
A atividade enzimática do extrato bruto enzimático foi determinada como descrito no
item 2.2.3 da metodologia, sendo obtido 6,7 U/mL. Os valores de atividade enzimática podem
variar significativamente dependendo da composição do meio de cultivo e de variáveis do
processo fermentativo, tais como pH, temperatura de incubação e indutores da síntese da
lipase como os óleos vegetais.
As reações de transesterificação foram realizadas utilizando-se extrato bruto enzimático,
água e óleo de soja residual, variando-se o tipo de álcool utilizado, etanol ou metanol. Sendo a
reação 1 constituída de E.B.E, água, óleo residual e metanol e a reação 2 constituída de
E.B.E, água, óleo residual e etanol.
Após as reações, as amostras foram colocadas em decantadores, para separação das
fases, por 24 horas. Após este procedimento verificou-se a separação de duas fases, uma
contendo os ésteres (leve) e outra contendo glicerina e impurezas (densa). Foi verificado

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

948
também que os ésteres metílicos permaneceram na fase inferior e os ésteres etílicos na fase
superior do decantador.
A quantidade de ésteres totais produzidos foi determinada analiticamente, como descrito
no item 2.2.6 da metodologia, sendo obtidos 776 mg de ésteres metílicos e 1031 mg de ésteres
etílicos. Estes resultados demonstraram que a reação com etanol foi mais eficiente na
produção de ésteres do que a reação com metanol. A utilização de etanol nas reações de
transesterificação enzimática favorece a viabilidade do processo tendo em vista a
disponibilidade no Brasil, além do produto ser de baixo custo, não tóxico e mais seguro para
manipulação. Experimentos posteriores serão realizados com o intuito de avaliar os ésteres
obtidos segundo as especificações da ANP para caracterização como biodiesel.

4 CONCLUSÃO
A transesterificação enzimática de triglicerídeos constitui uma opção ambientalmente
mais atrativa do que os processos químicos convencionais. O desenvolvimento da tecnologia
enzimática acoplada ao aproveitamento de óleos residuais, comumente descartados em
esgotos consiste em uma alternativa promissora para a obtenção de biodiesel. Neste trabalho
foi verificada a possibilidade de realizar a transesterificação enzimática do óleo de soja
residual. Um fator essencial para o desenvolvimento do processo consiste no estudo das
condições reacionais de transesterificação, tendo sido avaliado neste caso a influência do tipo
de álcool (metanol ou etanol) a ser utilizado. Contudo foi verificado que o etanol seria o mais
adequado, visto que além de resultar em maiores quantidades de ésteres, é um produto de
baixo custo, não tóxico e de alta disponibilidade.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARZANO, E., KAREL, M., KLIBANOV, A.M. Enzymatic oxidation of ethanol in the
gaseous phase. Biotechnology and Bioengeneering , v.34, p.1178-1185, 1989.

CARVALHO, P. O.; CALAFATTI, S. A.; MARASSI, M., DA SILVA, D. M., CONTESINI,


F. J.; BIZACO R.; Potencial de biocatálise enantiosseletiva de lipases microbianas. Química.
Nova, vol. 28, n.. 4, p. 614-621, 2005.

DALLA-VECCHIA, R., NASCIMENTO, M.G., SOLDI, V. Aplicações sintéticas de lipases


imobilizadas em polímeros. Química Nova, v.27, n.4, p.623-630, 2004.

FUKUDA H. ; KONDO A. ; NODA H. Biodiesel Fuel Production by Transesterification of


Oils. Journal of Bioscience and Bioengeneering, v.. 92, n. 5,p.405-416, .2001.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ; Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos,


Editora: Instituto Adolfo Lutz, 2ª edição, 2007.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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NELSON, L. A.; FOGLIA, T. A.; MARMER, W. N. Lipase-catalyzed production of
biodiesel. Journal of American Oil Chemists´Society, v. 73, n. 9, 1996, p.1191-1195,1996 .

NETO, P. R. C.; ROSSI, L. F.S.; ZAGONEL, G. F.; RAMOS, L.P. Produção de


biocombustível alternativo ao óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja usado
em frituras. Química Nova, v.l. 23, n.4, 2000.

NOUREDDINI, H.; GAO, X.; PHILKANA, R.S. Immobilized Pseudomonas cepacia lipase
for biodiesel fuel production from soy bean oil; Bioresource Technology, v. 96, p.769-777,
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SAMPAIO, L. A.G. Reaproveitamento de óleos e gorduras residuais de frituras:


tratamento da matéria-prima para produção de biodiesel . Tese de Mestrado - Programa
regional de pós-graduação em desenvolvimento e meio ambiente– Universidade Estadual de
Santa Cruz, Ilhéus, Ba, 2003.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

950
DESEMPENHO AGRONÔMICO DE NABIÇA (Raphanus raphanistrum L.)
EM TRÊS SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO

Cassio Roberto Piffer, FCA/UNESP, cassiopiffer@fca.unesp.br


Erick Vinicius Bertolini, FCA/UNESP, evbertolini@fca.unesp.br
Sergio Hugo Benez, FCA/UNESP, benez@fca.unesp.br

RESUMO: O experimento foi instalado e conduzido na Fazenda Experimental Lageado, da


Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, Campus de Botucatu-SP. O delineamento
experimental utilizado foi de blocos ao acaso com quatro repetições, sendo os tratamentos
constituídos pelos sistemas de manejo do solo (preparo convencional; preparo reduzido e
plantio direto). Para a implantação do experimento, utilizaram-se sementes de nabiça
(Raphanus raphanistrum L.), semeadas no espaçamento de 0,40 m entre linhas com
densidade de 12 kg ha-1. Os resultados mostraram que a nabiça apresentou melhor
desempenho no preparo convencional; é capaz de fornecer boa quantidade de massa seca da
parte aérea e apresenta consideráveis teores de óleo nos grãos.

Palavras-Chave: Raphanus raphanistrum, preparo do solo, teor de óleo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

951
1 INTRODUÇÃO
Devido à necessidade de se produzir alimentos em larga escala, alguns sistemas de
produção vêm esgotando e empobrecendo os solos, pois são usados de maneira inadequada.
Diante destes fatores, a agricultura tem buscado sistemas e práticas que visam a maior
preservação do solo e dos recursos naturais. Um desses sistemas de manejo que tem
desenvolvido bastante no cenário agrícola nacional é o sistema de semeadura direta (MELLO
et al., 1998).
O plantio direto procura, fundamentalmente, a substituição gradativa de processos
mecânico-químico por processos biológico-culturais de manejo do solo e uma maior
eficiência econômica decorrente da redução dos gastos com insumos, energia e controle da
erosão (MUZZILI et al., 1997).
A permanência da palha na superfície do solo é de fundamental importância para a
manutenção do sistema plantio direto. A Nabiça (Raphanus raphanistrum L.) vem sendo
estudada como tentativa de cobertura do solo em áreas de plantio direto. O uso da nabiça
como cobertura de inverno apresenta características importantes, dentre elas: permite obter até
100% de cobertura do solo, é de fácil dessecação com glyphosate, promove melhoria das
características físicas do solo pelo seu sistema radicular agressivo e necessita baixa
quantidade de água (DECICINO et al., 2006). Além disso, por apresentar consideráveis teores
de óleo em suas sementes, relativa facilidade de extração e apresentar satisfatório potencial
produtivo em épocas de pouca utilização das terras agricultáveis poderá vir a ser mais atrativa
para os produtores rurais.
Com o objetivo de avaliar o desempenho de nabiça (Raphanus raphanistrum L.) em três
sistemas de manejo do solo (convencional, reduzido e direto) foi realizado este estudo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido no período compreendido entre fevereiro e
outubro de 2005, na Fazenda Experimental Lageado, da Faculdade de Ciências Agronômicas
da UNESP, Campus de Botucatu-SP. A localização geográfica é definida pelas coordenadas
22°49’41’’ de Latitude Sul, 48°25’37’’ de Longitude Oeste de Greenwich, altitude média de
770 metros. O clima predominante no município de Botucatu, segundo classificação de
Köppen, é tipo cfa, temperado (mesotérmico). O solo da área experimental pode ser
denominado Nitossolo Vermelho Distroférrico (EMBRAPA, 1999).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

952
O experimento foi constituído de três tratamentos com quatro repetições utilizando o
delineamento experimental de blocos ao acaso. Os sistemas de manejo do solo empregados
foram: preparo convencional, constituído por uma gradagem pesada e duas gradagens leves;
preparo reduzido com escarificador equipado com disco de corte e rolo destorroador,
trabalhando na profundidade entre 25 e 30 cm e plantio direto, com dessecação da vegetação
de cobertura por meio de aplicação de herbicida.
Para a implantação do experimento, utilizaram-se sementes de nabiça (Raphanus
raphanistrum L.), semeada em maio de 2005 com espaçamento de 0,40 m entre linhas com
densidade de 12 kg ha-1.
Foram avaliadas as seguintes características: o número de síliquas foi determinado em
quinze plantas, contando-se as síliquas presentes em cada planta; número de grãos por síliqua
foi obtido em trinta síliquas das quinze plantas descritas anteriormente; massa seca das plantas
foi determinada colhendo-se manualmente às plantas em cinco metros de cada uma das linhas
úteis de cada parcela e após secagem, os valores obtidos foram transformados em kg ha-1;
produtividade foi determinada colhendo-se manualmente as plantas contidas em cinco metros
de cada uma das linhas úteis das parcelas e após a trilha manual das síliquas, a produtividade
foi corrigida para kg ha-1 com 13% de água; teor de óleo foi obtido pelo método químico
Soxhlet, técnica adaptada por Zanotto (1986); rendimento de óleo foi calculado pela equação
produtividade x teor de óleo / 100.
Foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparar as médias dos
resultados utilizando o programa estatístico ESTAT (Sistema para análises estatísticas) versão
2.0.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são apresentados os resultados obtidos do número de síliquas por planta,
número de grãos por síliqua e massa seca da parte aérea de nabiça em três sistemas de manejo
do solo. Verifica-se que o número de síliquas por planta foi superior no preparo reduzido,
diferindo-se estatisticamente do plantio direto, tendo o preparo convencional apresentado
valores intermediários. Decicino et al. (2006), encontrou valores semelhantes em sistema de
plantio direto, quando utilizou a mesma densidade populacional adotada neste trabalho.
O número de grãos por síliqua e a massa seca da parte aérea não apresentaram
diferenças estatística entre os sistemas de manejo do solo (Tabela 1). Lima et al. (2007),

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

953
trabalhando em preparo convencional encontrou 5.447,7 kg ha-1 de massa seca da parte aérea
de nabiça, valores superiores aos encontrados neste estudo.

Tabela 1. Número de síliquas por planta, número de grãos por síliqua e massa seca da parte
aérea de nabiça em três sistemas de manejo do solo.
Manejo do solo Nº. de síliquas Grãos/síliqua Massa seca
(planta) (unidade) (kg ha-1)
Preparo convencional 116 ab 6a 4.609 a
Preparo reduzido 140 a 6a 4.312 a
Plantio direto 89 b 5a 3.615 a
CV (%) 16,97 7,97 23,76
Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.

As maiores produtividades foram encontradas nos preparos convencional e reduzido,


respectivamente, que diferiram estatisticamente do plantio direto (Tabela 2). A baixa
produtividade neste manejo pode ser explicada por sua maior densidade do solo em relação às
observadas nos preparos convencional e reduzido, encontrando-se valores na camada de 0-10
cm de profundidade de 1,40; 1,19; 1,20 Mg m-3 e na camada de 10-20 cm de 1,42; 1,31; 1,33
Mg m-3, respectivamente.
Verifica-se na Tabela 2, que o teor de óleo não apresentou diferença estatística entre os
sistemas de manejo do solo. No entanto o rendimento de óleo diferiu entre o preparo
convencional e o plantio direto, pois este parâmetro está diretamente relacionado com a
produtividade de grãos.

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954
Tabela 2. Produtividade, teor e rendimento de óleo de nabiça em três sistemas de manejo do
solo.
Manejo do solo Produtividade Teor de óleo Rendimento de óleo
(kg ha-1) (%) (kg ha-1)
Preparo convencional 485 a 38 a 187 a
Preparo reduzido 465 a 39 a 181 ab
Plantio direto 343 b 38 a 133 b
CV (%) 12,76 2,47 14,14
Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.

4 CONCLUSÃO
Nas condições em que este estudo foi realizado os resultados permitem concluir que; no
preparo convencional a nabiça apresentou melhor desempenho, quando comparado ao preparo
reduzido e plantio direto; a nabiça é capaz de fornecer boa quantidade de massa seca,
concretizando sua viabilidade para produção de cobertura vegetal no solo durante o inverno;
os grãos de nabiça apresentam consideráveis teores de óleo, podendo ser cultivada com o
propósito de extração para produção de biodiesel, porém é necessário que se realizem novas
pesquisas visando o aumento de sua produtividade de grãos e conseqüentemente, do
rendimento de óleo.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DECICINO, T. O et al. Uso da nabiça (Raphanus raphanistrum) como planta de cobertura do
solo em sistema de plantio direto de pequenas propriedades. In: 3º CONGRESSO ITEANO
DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 2006, Bauru. Anais... Bauru: Instituição Toledo de Ensino,
2006 (CD-ROM).

EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação dos Solos. Sistema


brasileiro de classificação de solos. Brasília: Embrapa Produção de Informação, 1999. 412 p.

LIMA, J. D. et al. Comportamento do nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) e da nabiça


(Raphanus raphanistrum L.) como adubo verde. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia,
v. 37, n. 1, p. 60-63, 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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MELLO, L. M. M.; FERREIRA, S. R.; YANO, E. H. Desempenho do equipamento sobre o
tamanho do fragmento do Guandu (Cajanus cajan (L.) Millsp.). Ingenieria Rural y
Mecanización Agraria em el Ámbito Latinoamericano, La Plata, p. 143-148, 1998.

MUZZILI, O.; BORGES, G. O.; MIRANDA, M. A sustentabilidade agrícola e o plantio


direto. In: PEIXOTO, R. T. G.; AHRENS, D. C.; SAMAHA, M. J. Plantio direto: o
caminho para uma agricultura agricultura sustentável. Ponta Grossa: Instituto
Agronômico do Paraná, 1997. p. 48-49.

ZANOTTO, M. D. Variabilidade genética e endogamia em duas populações de milho


(Zea mays L.) contrastantes para teor de óleo. 1986. 59 f. Dissertação (Mestrado em
Agronomia/Genética e Melhoramento de Plantas) – Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1986.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

956
VIABILIDADE DO USO DE ÓLEOS DE GORDURAS RESIDUÁRIAS NO
MUNICÍPIO DE PASSOS - MG NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Fred Alberto de Tulio, FESP\UEMG, fredtulio2@hotmail.com


João Vieira Monteiro, FESP\UEMG, jovimon@ufla.br
Emar Gustavo Faria, FESP\UEMG, emargustavo@yahoo.co.br
Saulo Gomes Costa, FESP\UEMG, sagoco2@hotmail.com
Leandro da Silva, FESP\UEMG, leandrod@uai.com.br

RESUMO: Dentre as alternativas estudadas, a reutilização de óleos e gorduras vegetais


residuais (OGR) de processos de fritura de alimentos tem se mostrado atraente, na medida em
que aproveita o óleo vegetal como combustível após a sua utilização na cadeia alimentar,
resultando assim num segundo uso, ou mesmo numa destinação alternativa a um resíduo da
produção de alimentos. Observa-se ainda que só uma pequena percentagem dos OGR vem
sendo coletada para a fabricação de sabão ou de rações para animais, sendo que a maioria
ainda é eliminada através do sistema de esgoto e lixo, gerando uma sobrecarga adicional para
o tratamento de esgoto. E alguns poucos restaurantes e lanchonetes vendem os OGR para
fabricação de sabão. Devido a algumas de suas propriedades físico-químicas, os OGR não
podem ser utilizados diretamente como combustível ou lubrificante em motores diesel. Esta
pesquisa tem por objetivo a elaboração de estudos de caráter sócio econômico e estratégico,
como a formação e manutenção de bancos de dados, o desenvolvimento de cenários, a
preparação de subsídios para políticas públicas na área energética e suas conexões com temas
ambientais, econômicos, sociais e negociais. Criar uma interface com as redes de pesquisa
para a reutilização de óleos e gorduras vegetais residuais para fins energéticos.

Palavras-Chave: Reaproveitamento, matéria prima, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1
1 INTRODUÇÃO
O uso energético de óleos vegetais no Brasil foi proposto em 1975, originando o Pró-
Óleo – Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos. Seu objetivo era gerar um
excedente de óleo vegetal capaz de tornar seus custos de produção competitivos com os do
petróleo. Previa-se uma mistura de 30% de óleo vegetal no óleo diesel, com perspectivas para
sua substituição integral em longo prazo.
Nas últimas duas décadas houve um avanço respeitável nas pesquisas relativas ao
biodiesel, assim, além dos vários testes de motores, algumas plantas de piloto começaram a
ser construídas em diferentes cidades. Recentemente, o biodiesel deixou de ser um
combustível puramente experimental e passou para as fases iniciais de comercialização. O
biodiesel pode ser obtido a partir de óleos vegetais novos, residuais, gorduras animais e ácidos
graxos oriundos do refino dos óleos vegetais.
Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser
obtido por diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela
transesterificação. Esta última, mais utilizada, consiste numa reação química de óleos vegetais
ou de gorduras animais com o álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um
catalisador. Desse processo também se extrai a glicerina, empregada para fabricação de
sabonetes e diversos outros cosméticos.
O biodiesel é produzido pela reação do óleo vegetal com um álcool de cadeia curta
(metanol ou etanol). Como regra geral, podemos dizer que 100 kg de óleo reagem com 10 kg
de álcool gerando 100 kg de biodiesel e 10 kg de glicerina.
O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclo
diesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários
(geradores de eletricidade, calor, etc). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas
proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim
sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.
Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se podem produzir o biodiesel, tais
como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre
outras, embora se fabrique biodiesel também com óleos residuais de fritura e resíduos
gordurosos. Empregar uma única matéria-prima para produzir biodiesel num País com a
diversidade do Brasil seria um grande equívoco. Na Europa se usa predominantemente a
colza, por falta de alternativas. Esta pesquisa tem como foco na pesquisa a gordura e os óleos
residuais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

957
No hábito alimentar do brasileiro o consumo de óleos e gorduras vegetais é bastante
comum. Pode-se afirmar sem medo de errar que as “frituras” em geral, fazem parte do
cardápio da culinária nacional. Muitos pratos típicos são fritos em óleos vegetais, como por
exemplo, o acarajé, a mandioca, a batata, o bife à milanesa, o pastel e muitos outros. Observa-
se ainda que só uma pequena percentagem dos óleos e gorduras vegetais residuais (OGR) vem
sendo coletada para a fabricação de sabão ou de rações para animais, sendo que a maioria
ainda é eliminada através do sistema de esgoto e lixo, gerando uma sobrecarga adicional para
o tratamento de esgoto (MITTELBACH, 1988). E alguns poucos restaurantes e lanchonetes
vendem os OGR para fabricação de sabão. Dentre as alternativas estudadas, a reutilização de
OGR de processos de fritura de alimentos tem se mostrado atraente, na medida em que
aproveita o óleo vegetal como combustível após a sua utilização na cadeia alimentar,
resultando assim num segundo uso, ou mesmo numa destinação alternativa a um resíduo da
produção de alimentos (ANGGRAINI, 1999).
Devido a algumas de suas propriedades físico-químicas, os OGR não podem ser
utilizados diretamente como combustível ou lubrificante em motores diesel. Para a sua
conversão em combustível tipo diesel, um dos processos mais simples e econômicos é a
transesterificação em meio alcalino. Apesar dos possíveis benefícios ambientais no emprego
de óleos vegetais como substituto ao diesel, barreiras do ponto de vista econômico e ético
motivaram a busca de matérias-primas alternativas para a produção de biocombustíveis
(MITTELBACH, 1992).
O Biodiesel é um combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto,
constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação
de transesterificação de qualquer triglicéride com um álcool de cadeia curta, metanol ou
etanol, (Parente, 2003).
Costa Neto et al., (2000) mencionam a definição da National Biodiesel Board, que de
modo geral, biodiesel pode ser definido como um monoalquil éster de ácidos graxos de cadeia
longa, proveniente de fontes renováveis como óleos vegetais ou gordura animal, utilizado em
substituição aos combustíveis fósseis em motores de ignição por compressão, do ciclo Diesel.
Os autores ressaltam ainda que o biodiesel enquanto produto é virtualmente livre de
enxofre e aromático, possui alto número de cetano e médio de oxigênio, apresenta maior
ponto de fulgor e viscosidade que o diesel convencional e, no caso do biodiesel de óleo de
fritura, tem forte apelo ambiental. A viabilidade técnica de um combustível para motores
diesel pode ser vista sob os aspectos de combustibilidade, impactos ambientais das emissões,
compatibilidade do uso e manuseio. Dentre as vantagens do Biodiesel destaca-se o fato de que
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

958
as propriedades são semelhantes a do diesel mineral, podendo substituí-lo sem exigir
mudanças no motor ou outro tipo de adaptação. Outro ponto positivo é a redução na emissão
de poluentes na atmosfera (Oliveira & Costa, 2004).
Atualmente a grande desvantagem do Biodiesel é o preço, uma vez que o diesel mineral
ainda é mais barato, talvez por questão de escala de produção ou por decisão política. Óleos
combustíveis derivados do petróleo são estáveis à temperatura de destilação, mesmo na
presença de excesso de oxigênio; ao contrário disso, nos óleos vegetais, reações de oxidação
podem ser observadas até à temperatura ambiente. O aquecimento a temperaturas próximas a
250ºC ocasionam reações complementares de decomposição térmica, cujos resultados podem
levar à formação de compostos poliméricos mediante reações de condensação, aumentando a
temperatura de destilação e o nível de fumaça do motor. Com isso ocorre a redução da
viscosidade do óleo lubrificante acarretando diminuição da potência pela queima incompleta
de produtos secundários.
No Brasil com a crise energética iniciada 1973, teve início a era da consciência de
economizar energia juntamente com a idéia de usar produtos alternativos aos combustíveis
fósseis.
De acordo com a literatura o assunto biodiesel no Brasil, iniciou-se pela iniciativa de
instituições de ensino e pesquisas. Neste aspecto destaca-se o grupo liderado pelo Prof. Dr.
Expedito José de Sá Parente, vinculado a Universidade Federal do Ceará, que entre outros
fatos, relata a organização de um Seminário Internacional de Biomassa, realizado em
Fortaleza no ano de 1978, contando com a presença de especialista nacionais e internacionais,
entre os quais, havia um Prêmio Nobel de Química, e menciona também a primeira patente
mundial de biodiesel denominada de “PI-8007957 de 1980”. Esse grupo tem sido referência
mundial sobre o assunto, contribuindo com várias publicações técnicas, didáticas e científicas.
Outros grupos igualmente importantes sobre o assunto surgiram em vários estados como
é o caso da EMBRAPA, COPE-UFRJ (RJ), LADETEL (Laboratório de Desenvolvimento de
Tecnologias Limpas) da USP-Ribeirão Preto (São Paulo), UFPR (PR). Mais recentemente um
grupo da UFLA (MG), vem se destacando na linha de óleos essenciais e cultivo de plantas
oleaginosas voltada para a produção de biodiesel. Outro grupo é o LAMMA (Laboratório de
Máquinas e Mecanização Agrícola) da UNESP de Jaboticabal (SP), que em parceria com o
LADETEL-USP, desenvolve trabalhos na área de ensaios de tratores com diversos tipos e
percentuais de biodiesel; no momento evidenciam-se outros grupos por hora não citados.
Assim como as instituições públicas, a iniciativa privada tem se destacado no assunto
biodiesel.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

959
Com o avanço tecnológico relacionado ao processo de produção do biodiesel, várias
publicações de caráter científico e a maciça cobertura da impressa, as lideranças políticas
ficaram atentas, inclusive demonstrando apoio bem como tratando da parte de legislação.
Recentemente o Governo Federal anunciou o Pólo de Biocombustível para Pesquisa e
Desenvolvimento, na cidade de Piracicaba, SP, assim como também foram anunciadas as
atividades do Ministério de Ciências e Tecnologia e do Grupo de Trabalho Interministerial
coordenado pela Casa Civil da Presidência da República, com o objetivo de montar um amplo
plano de produção do biodiesel.
No dia 29 de junho de 2004, o Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo pela
Resolução SAA-13, designou os membros da Câmara Setorial de Biocombustíveis, conforme
publicado em 30 de junho de 2004, no Diário Oficial do estado de São Paulo volume 114,
número 122, Seção I. Nesta Câmara temos como coordenador o Prof. Dr. Miguel Joaquim
Dabdoub, o qual também é coordenador do Projeto Biodiesel Brasil e do LADETEL.
O consumo de petróleo no Brasil é comandado pela demanda de óleo diesel, para
atender a esta demanda, as refinarias do país processam petróleo nacional e petróleo
importado maximizando a produção de óleo diesel. Por isso, o volume produzido nas
refinarias resulta ser aproximadamente 35% do volume de petróleo processado. Apesar disto,
uma parte significativa da demanda de óleo diesel ainda precisa ser suprido com a importação
deste derivado.
Embora a parte correspondente ao óleo diesel oriundo do petróleo nacional tenha
aumentado durante a última década, ainda 40% do óleo diesel consumido no País em 2003 foi
suprido a partir de importações. Assim, é evidente que qualquer programa de utilização de
combustíveis alternativos deve estar voltado, principalmente, à substituição do óleo diesel.
Dentre as diversas possibilidades consideradas na literatura, os glicerídeos ou óleos
vegetais constituem a fonte renovável mais promissora para a obtenção de combustíveis
líquidos capazes de substituir o óleo diesel.
Os óleos vegetais apresentam qualidades que os diferenciam como combustíveis
sustentáveis, destacam-se: o alto poder calorífico, a ausência de enxofre na sua composição
química, o fato que a sua produção industrial não gera substâncias danosas ao meio ambiente
e serem elaborados a partir de culturas vegetais que consomem o dióxido de carbono da
atmosfera durante a fotossíntese. Deve-se mencionar que a tecnologia de sua produção está
amplamente dominada e que, quando processados para formarem ésteres de álcoois, os óleos
transesterificados, que recebem a denominação genérica de biodiesel, podem ser utilizados
nos motores diesel atualmente existentes, sem a necessidade de fazer modificações neles.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

960
Além disso, pelo fato do biodiesel ser atóxico e biodegradável ele se torna um excelente
combustível para ser usado em locais ecologicamente sensíveis como lagos, parques
nacionais, estuários, etc (PIANOVSKI JR., 2002).
O processo de produção do biodiesel a partir de frutos ou sementes oleaginosas foi
primeiramente patenteado por um brasileiro, o professor Expedito José de Sá Parente, da
Universidade Federal do Ceará (Parente, 1983). Consultando o site de Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI), foram encontradas mais duas patentes, concedidas no ano de
2001, mostrando variações na forma de obtenção do biodiesel, tendo sido uma requerida por
Nei Hansen de Almeida e outra pela Petrobrás (PI0104107 e PI0105888, respectivamente).
Sob a coordenação do Ministério da Ciência e Tecnologia, pela sua Secretaria de
Política Tecnológica e Empresarial, está sendo elaborado o Probiodiesel, cujo objetivo é o de
criar as condições necessárias para se viabilizar a introdução deste combustível na matriz
energética brasileira. No âmbito do Probiodiesel, definiu-se que este produto será inicialmente
comercializado misturado ao óleo diesel na proporção de 2% em base de volume, cabendo à
Agência Nacional do Petróleo (ANP), que participa deste grupo, a responsabilidade de
elaborar a especificação deste combustível, garantindo a sua qualidade e preservando os
interesses do consumidor brasileiro (Nogueira & Pikman, 2002).
Grande parte das substâncias graxas presentes nos esgotos urbano e industrial, óleos e
gorduras, são geralmente descartadas em nossas redes de esgoto, rios e mares. Isso ocasiona
problemas de ordem econômica, sanitária e ambiental.
O principal problema de ordem econômica, é que as gorduras descartadas na rede de
coleta de esgoto urbano são responsáveis pelo entupimento de tubulações e desgaste de
bombas de estações elevatórias, além de reduzir drasticamente a vida útil de sistemas de
sumidouro ou de infiltração no solo, devido a colmatação do solo provocado pelo descarte de
gorduras.
De ordem ambiental, ocorre que a camada de óleos que fica flutuando sobre a superfície
da água, transformando o ambiente hídrico local em um ambiente anaeróbio, ou seja a camada
de óleo impede as trocas gasosas de ar atmosfera / superfície da água, e assim produz maus
odores devido a anaerobiose. Esses gases, denominado biogás, possui como principal
elemento o metano (CH4), que possui um potencial de agressão da atmosfera, no tocante ao
efeito estufa, de cerca de 33 vezes mais que o causado pelo descarte de gás carbônico (CO2).
Normalmente, as sustâncias graxas retiradas dos efluentes tem como destino final, o
descarte em lixões, aterros sanitários ou industriais. Porém existem alternativas,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

961
ambientalmente corretas, sendo algumas delas: a) a utilização dos óleos e gorduras após
filtragem na fabricação de sabonáceos; b) a utilização dos óleos após refino na fabricação de
massa de vidreiro; c) a utilização dessas substâncias graxas na produção do biodiesel.
Seguramente já se justifica economicamente em estações de tratamento de esgoto para
populações superiores a 250.000 habitantes, o aproveitamento de óleo de esgoto na produção
de biodiesel, segundo Oliveira (2005).
De acordo com Oliveira (2005), “Um litro de biodiesel a base de matéria-prima vegetal
reduz 2,5 kg de CO2 na atmosfera, já a redução obtida com o combustível a partir da gordura
retirada do esgoto, chega a 4 kg de CO2, levando-se em conta o efeito estufa”.
Este trabalho tem como objetivos levantar o potencial dos óleos e gorduras residuais
(OGR) produzidos no município de Passos - MG (restaurantes, fabricas e indústria que
tenham restaurante, assim como hospitais e escolas da rede municipal), estabelecer
parâmetros para o projeto de uma planta piloto visando a obtenção de Biodiesel, elaborar um
plano de logística de coleta destes óleos e gorduras vegetais, mostrar a viabilidade da
reutilização de gorduras e óleos, descartados no meio ambiente, como fonte de matéria prima
na produção de biocombustível para o município de Passos – MG e reduzir a eliminação dos
resíduos da culinária através do sistema de esgoto e lixo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos serão conduzidos no Município de Passos – MG, nas indústrias e
fabricas que apresentem no seu interior restaurante para seus funcionários, assim como
também nos hospitais, hotéis, escolas municipais e nas redes de restaurantes do município.
Num primeiro momento, será levantado o potencial de diferentes matérias-primas locais
para a produção de biocombustível. Serão avaliados os OGR descartados em estabelecimentos
comerciais (cantinas e restaurantes), industrias, fabricas, hospitais, escolas municipais
localizados no município.
Para o levantamento dos OGR, serão entrevistados diversos estabelecimentos do setor
alimentício (cantinas, restaurantes, lanchonetes, Hospitais, industrias, fabricas e escolas
municipais). Através de questionários padrão serão coletados dados sobre o volume e a
freqüência de descarte, tipos de óleos e/ou gorduras utilizados, variação do volume descartado
ao longo do ano e interesse do estabelecimento em fornecer seus resíduos gordurosos para o
projeto de pesquisa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

962
Na parte do modelo de logística de coleta do OGR nos estabelecimentos de pesquisa,
será simulado a seguinte configuração de trabalho: vasilhames de 60 Litros de capacidade
(usados originalmente para o transporte de leite), veículo leve (Saveiro) com capacidade de
carga de 6 vasilhames. Vasilhames de 200 Litros de capacidade (usados originalmente para o
transporte de óleo), veículo de porte médio (caminhões) com capacidade de carga de 6
vasilhames.
Num segundo momento já de posse dos questionários devidamente preenchidos, será
elaborado um modelo de logística para a coleta dos OGR. Será simulado um modelo em
escala menor do que poderia acontecer numa coleta de OGR numa cidade, por exemplo.
Dentro ainda dessa proposta, será elaborado um modelo (em EXCEL) que simula os custo de
um veículo responsável pela coleta dos OGR semanal ou quinzenalmente.
Numa terceira etapa do projeto será desenvolvido um grupo de estudos em Biodiesel –
GEBIO. Com a finalidade de difusão do conhecimento de toda a cadeia produtiva do
agronegócio do Biodiesel ao nível municipal e regional, congregando os diversos seguimentos
envolvidos com a cadeia produtiva de Biodiesel. Conclamando as lideranças rurais,
pesquisadores, professores, produtores rurais e a sociedade em geral, a se integrarem neste
esforço nacional, para transformar estas oportunidades em realizações. Juntos, vamos
construir um novo paradigma de desenvolvimento, em bases sustentáveis da nossa
agroenergia.

3 REFERÊNIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANGGRAINI-SÜB, A.A.: Wiederverwertung von gebrauchten Speiseölen/-fetten im
energetisch-technischen Bereich: Ein Verfahren und dessen Bewertung. Tese de
doutorado. Fortschr. Ber. VDI Série 15 no 219, Editora VDI. Duesseldorf, 1999, 210 pp

COSTA NETO, P.R.; ROSSI, L.F.S.; ZAGONEL, G.F.; RAMOS, L.P. Produção de
biocombustível alternativo ao óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja
usado em frituras. Química Nova, v. 23, n. 4. p. 531-7.São Paulo: 2000.

MITTELBACH, M. & P. TRITTHART: Diesel fuel derived from vegetable oils, III.
Emission tests using methil esters of used frying oil. JAOCS, Vol. 65, n° 7, Julho 1988, p.
1185-1187.

MITTELBACH, M. et. al.: Production and Fuel Properties of Fatty Acid Methyl Ester
from used Frying Oil. In : Liquid Fuels from Renewable Sources. Nashville, Tennesse, 1992

NOGUEIRA, L.A.H.; PIKMAN, B. Biodiesel: novas perspectivas de sustentabilidade.


Conjuntura & Informação, Agencia Nacional do Petróleo, n.19. ago-out de 2002. p. 1-4.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

963
OLIVEIRA, L. B.. A era do biodiesel. Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente,
o
ABES, N 33,Rio de Janeiro, jan/mar 2005.

OLIVEIRA, L.B.; COSTA, A.O. Biodiesel: uma experiência de desenvolvimento


sustentável. Disponível em < http://www.ivig.coppe.ufrj.br/doc/biodiesel.pdf >. Acesso em
05/07/2004.

PARENTE, E.J.S. Biodiesel: Uma Aventura Tecnológica num País Engraçado. 2003. 65
p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

964
RENTABILIDADE ECONÔMICA COMPARATIVA ENTRE O CUSTO DE
PRODUÇÃO DO DENDEZEIRO (Elaeis guineensis Jacq.) EM
MONOCULTIVO E INTERCALADO COM MANDIOCA (Manihot esculenta
) EM ÁREAS DEGRADADAS NA AMAZÔNIA OCIDENTAL

Raimundo Nonato Carvalho Rocha, CPAA, rocha@cpaa.embrapa.br


Maria do Rosário Lobato Rodrigues, CPAA, chgeral@cpaa.embrapa.br
Paulo César Teixeira, CPAA, paulo@cpaa.embrapa.br
Ricardo Lopes, CPAA, ricardo@cpaa.embrapa.br
Raimundo Nonato Vieira da Cunha, CPAA, rnonato@cpaa.embrapa.br
Jéferson Luis Vasconcelos Macêdo, CPAA, jmacedo@cpaa.embrapa.br

RESUMO: Uma alternativa para se estudar a rentabilidade e comparar sistemas de produção


diferentes é o uso de instrumentos de análise que apresentam indicadores a partir de
estimativas sobre fluxos de caixa. Este trabalho foi desenvolvido com objetivo avaliar a
viabilidade financeira do dendezeiro intercalado com mandioca e em monocultivo durante os
três primeiros anos de cultivo em áreas degradadas da Amazônia Ocidental. O experimento
foi instalado na Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM. Foi utilizado o delineamento em
blocos ao acaso com três repetições. Os tratamentos foram constituídos de dois sistemas de
cultivos (dendê x mandioca e dendê em monocultivo) com e sem calagem, tendo o dendezeiro
como cultura principal. O experimento teve duração de três anos (2004/ 2006). Durante a
condução, os tratos culturais (adubação, controle de plantas daninhas e controle de pragas e
etc.) foram realizados conforme necessidade para cada sistema. Os dados de produção da
mandioca foram coletados e convertidos para hectare de consórcio. Para o cálculo das
receitas, considerou-se os preços reais de mercado pago aos produtores durante os três anos.
Os indicadores utilizados para avaliar o desempenho financeiro dos sistemas de cultivo foram:
Valor Presente Líquido (VPL) - diferença positiva entre receitas e custos atualizados para
determinada taxa de desconto e Relação Benefício Custo (B/C) - relação entre o valor
presente dos benefícios e o valor presente dos custos, para determinada taxa de juros. O
sistema dendê x mandioca proporcionou amortização de 66,6 % dos custos de implantação e
manutenção do sistema no período de três anos. O dendê intercalado com mandioca mostrou-
se economicamente viável podendo ser recomendado como alternativa econômica para
produção de dendê voltado para agricultura familiar.

Palavras-Chave: Elaeis guineensis, Manihot esculeta, recuperação de áreas degradas,


análise financeira.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

965
1 INTRODUÇÃO
O dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) é uma espécie perene tropical de origem
africana que expressa melhor seu potencial de produção em condições de alta temperatura,
radiação solar, alta precipitação e umidade relativa do ar, por isso, as principais áreas de
cultivo estão localizadas nas regiões tropicais úmidas na África, Ásia e América.
A dendeicultura é uma atividade agrícola que tem balanço energético extremamente
positivo, pois além de utilizar pouquíssimo combustível fóssil, seu óleo figura como
substituto direto do óleo diesel em motores multicombustíveis. Estima-se que o total de
combustível necessário para a produção de uma tonelada de óleo de dendê seja de 18 kg de
óleo diesel; ao passo que a soja, fonte do óleo vegetal mais utilizado no Brasil, requer mais de
200 kg de óleo diesel por tonelada de óleo, apenas na sua produção agrícola (Veiga et al.,
2000).
Além disso o dendê é uma cultura perene com produção contínua ao longo do ano e
apresenta relativamente pouca sazonalidade. Tem vida útil econômica superior a 25 anos e é a
oleaginosa cultivada de maior produtividade mundial com rendimentos superando 25 t/ha/ano
de cachos. Dentre as oleaginosas plantadas, o dendê é a que apresenta a maior produtividade
em todo o mundo, com rendimentos médios entre 4 a 6 t/ha/ano de óleo, o que equivale a 1,5
vezes a produtividade de óleo de coco e aproximadamente 10 vezes a produtividade de óleo
de soja.
Dentro deste contexto o grande desafio para a pesquisa agrícola nos trópicos úmidos é
desenvolver sistemas de produção, ecologicamente adequados à região O cultivo do dendê
atende às premissas de que nas condições edafoclimáticas da Amazônia, deve-se cultivar
espécies perenes, por oferecerem maior proteção do solo, por apresentarem menor impacto ao
ambiente e por melhor se adaptarem à sua baixa fertilidade natural. As práticas culturais
adotadas na dendeicultura, como a utilização de leguminosas para a cobertura do solo ou a
associação com culturas alimentares no período improdutivo, aliados ao aspecto de cultura
perene permitem perfeita cobertura do solo e propicia reconstituição do ambiente florestal,
possibilitando ainda, sua implantação em áreas degradadas, com as vantagens de se ter um
sistema intensivo altamente produtivo e permanentemente valorizado.
Gonçalves (1981) ressaltou que os consórcios, por lidarem com diferentes ciclos de
culturas, propiciam otimização da força de trabalho, safras mais elevadas e,
consequentemente, maior rentabilidade para o produtor rural. Além disso, o consórcio entre

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

966
plantas com diferentes ciclos e/ou portes reduz o crescimento de ervas daninhas, controla a
erosão e aperfeiçoa o uso de insumos agrícolas.
Na região norte, em especial o Estado do Amazonas, é evidente a importância sócio-
econômica da mandioca (Manihot esculenta). Pode-se assegurar que a grande maioria dos
pequenos agricultores dos municípios do Estado cultivam para produção de farinha e outros
produtos. O que mostra sua relevância em termo de geração de emprego no meio rural.
Atualmente a mandioca é a cultura de maior área plantada no Estado, tanto em solo de
terra firme com em solos de várzea. Não obstante, a produção é insuficiente para atender a
demanda de farinha, principal produto da mandioca no Estado, cujo consumo per capita é de
aproximadamente 58 kg/pessoa/ano (IBGE 2005).
Este trabalho foi desenvolvido com objetivo avaliar a viabilidade financeira do
dendezeiro intercalado com mandioca e em monocultivo durante os três primeiros anos de
cultivo em áreas degradadas da Amazônia Ocidental.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no Campo Experimental do Distrito Agropecuário da
Suframa DAS, da Embrapa Amazônia Ocidental/CPAA, localizado no km-54, da BR-174,
em área de terra firme, entre as coordenadas geográficas 2º 31’ a 2º32’ de latitude Sul e 60º
01’ a 60º 02’ de longitude Oeste.

O solo da área de estudo foi classificado como Latossolo Amarelo muito argiloso com
baixo teor de nutrientes disponíveis e alta saturação por alumínio. O clima local conforme a
classificação de Köppen apresenta temperatura média entre 25 e 28 ºC e precipitações anuais
de 2000 a 2800 mm. A umidade relativa média anual entre 85 a 90%, e a luminosidade na
região varia de 1500 a 3000 horas/ano de radiação solar.
Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso com três repetições. Os tratamentos
foram constituídos de dois sistemas de cultivos: dendê x mandioca e dendê em monocultivo,
com e sem calagem. Cada bloco foi constituído de quatro parcelas e estas por sua vez foram
constituídas de 24 plantas de dendê, sendo oito plantas úteis. O plantio do dendê seguiu o
dispositivo em triângulo eqüilátero de 9 m de lado, totalizando 143 plantas/ha.

No sistema dendê x mandioca cinco linhas de macaxeira, variedade Aipim Manteiga,


foram plantadas nas entrelinhas do dendê em junho de 2004, abril de 2005 e janeiro de 2006,
proporcionando três ciclos de cultivo sucessivos. Foi utilizado o espaçamento de 1,0 x 1,0 m;

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

967
cada parcela de macaxeira foi composta por 540 plantas, ocupando uma área de 540 m2, sendo
270 m2 por carreador. O arranjo espacial utilizado proporcionou uma população de 3.200
plantas de macaxeira por hectare de consórcio, correspondendo a 32% de ocupação da área.
Durante a condução, os tratos culturais foram realizados conforme necessidade para
cada sistema. Os dados de produção da mandioca foram convertidos para hectare de
consórcio. Para o cálculo das receitas, considerou-se os preços reais de mercado pago aos
produtores durante os três anos, sendo para – 1ª, 2ª e 3ª safra (R$ 0,24; R$ 0,30 e R$ 0,40/kg
de raiz fresca, respectivamente).
Os indicadores utilizados para avaliar o desempenho financeiro dos sistemas de cultivo
foram: Valor Presente Líquido (VPL) - diferença positiva entre receitas e custos atualizados
para determinada taxa de desconto e Relação Benefício Custo (B/C) - relação entre o valor
presente dos benefícios e o valor presente dos custos, para determinada taxa de juros.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os custos de implantação e manutenção por hectare nos três anos de cultivo dos
sistemas dendê x mandioca e dendê em monocultivo foram da ordem de R$ R$ 9.136, e R$
7.006,00 respectivamente. Analisando separadamente os dois sistemas, os itens que se
destacaram pelo maior volume de recursos alocados no sistema dendê x mandioca foram
fertilizantes e tratos culturais com 36% e 25% respectivamente. Para o dendê em monocultivo
foram tratos culturais e fertilizantes com 37% e 25% respectivamente.
Constatou-se que os itens relacionados com mão-de-obra tiveram importante
participação nos custos dos sistemas produtivos, sendo responsáveis por 59 % e 59 % para
dendê x mandioca e dendê em monocultivo respectivamente. A intensiva utilização de mão-
de-obra para a realização das atividades demonstra o importante papel desses sistemas na
ocupação e fixação do homem ao campo. Nas figuras 1 e 2 são apresentados os custos totais
por hectare dos sistemas dendê x mandioca e dendê em monocultivo para implantação e
manutenção anual, receitas obtidas e o fluxo de caixa durante os três primeiros anos agrícolas.
No sistema de cultivo dendê x mandioca, observou-se que o custo total para a
implantação de 1ha do sistema oscilou em torno de R$ 4.812,00 R$ 1.828,00 e R$ 2.495,00
para a manutenção do primeiro, segundo e terceiro ano após a implantação, respectivamente
(Figura 1). O sistema dendê x mandioca proporcionou receita no ano de implantação, por esse
motivo se verifica uma entrada de capital de R$ 1.475,00 proveniente da produção de
6.146,00 kg/ha de raiz fresca no sistema, comercializada a R$ 0,24/kg de raiz. Nos anos

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

968
seguintes, com o cultivo sucessivo na mesma área, obteve-se receitas de R$ 1.724,00 e de R$
2.886,00 pela comercialização de 5.747,00 e 7.218,00 kg/ha de raízes fresca ao preço de R$
0,30 e 0,40/kg de raiz, no segundo e terceiro ano, respectivamente. A receita bruta total obtida
pela venda da macaxeira de R$ 6.085,00 nos três primeiros anos de cultivo, foi suficiente para
cobrir 66,6% de todos os custos de implantação e manutenção do sistema, que foi da ordem
de R$ 9.135,98 (Figura 1).
Para o dendê em monocultivo, o custo total para a implantação de 1ha de dendê,
considerando somente a parte agrícola, oscilou em torno de R$ 4.063,00; R$ 1.181,00 e R$
1.761,00 para a implantação do primeiro ano e manutenção do segundo e terceiro ano após a
implantação, respectivamente (Figura 2).
Custos Receitas Fluxo de caixa
Custos Receitas Fluxo de caixa

10000 9135
7006
8000
8000
6085 6000 4063
6000 4812
Valores (R$)

4000 1761
1181
2495 2886
Valores (R$)
4000 2000 0,0 0,0 0,0 0,0
1475 1828 1724
2000 390 0
-2000 1 2 3 Total
0 -1181 -1761
-4000
-2000 1 2 -104 3 Total
-6000 -4063
-4000 -3050 -8000
-3337 -7006
Anos
Anos

Figura 1. Custos, receitas e fluxo de caixa do Figura 2. Custos, receitas e fluxo de caixa do
sistema de cultivo de dendê x mandioca durante sistema de monocultivo de dendê durante três
três anos. anos.

Os sistemas de cultivo dendê x mandioca apresentou VPL negativo de R$ 3.026,00 até


o terceiro ano de avaliação como ilustrado na Figura 3. A curva que representa esse sistema
de cultivo apresenta tendência ascendente, o que nos permite fazer previsões que com mais
duas safras de mandioca, as despesas poderão igualar as receitas e o sistema possivelmente
atingirá o ponto de equilíbrio. Quando o sistema atingir ponto de equilíbrio 100% dos custos
do sistema serão amortizados, e desta forma o dendezeiro começará a fase produtiva, que terá
início a partir do terceiro ano com os custos totalmente amortizados.
Estudos realizados por Mora et al. (1986) demonstraram a viabilidade econômica dos
cultivos intercalados com dendê em solos da Venezuela. A análise de rentabilidade dos
diversos sistemas de cultivo adotados mostrou que a associação dendê x banana x mandioca
gerou, não somente, os maiores ingressos brutos, cobrindo 87% dos custos totais de
implantação já no primeiro ano, como também promoveram melhor desenvolvimento do
dendê.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

969
O dendê em monocultivo a curva do VPL apresentou tendência descendente, que
continuará até o início da colheita, a partir do terceiro ano. Estudo realizado por Lima et al.
(2000) mostrou que o ponto de equilíbrio do componente agrícola é atingindo somente a partir
do 9º ano de exploração do dendezeiro em monocultivo. A antecipação do ponto de equilíbrio
pode aumentar a viabilidade de exploração da cultura para pequenos agricultores.

Perí o d o (ano s ) Relação B/C - Taxa de 6% ao ano


0 ,0 0
1 2 3
-1.0 0 0 ,0 0

0,65

0,00
3
-2 .0 0 0 ,0 0

Período (anos)
-3 .0 0 0 ,0 0

0,48

0,00
-4 .0 0 0 ,0 0 2
-5.0 0 0 ,0 0

-6 .0 0 0 ,0 0

0,32

0,00
1
-7.0 0 0 ,0 0

-8 .0 0 0 ,0 0
Dendê x Mandioca Dendê em monocultivo
Dend ê x M acaxeira Dend ê em mo no cult ivo
Retorno para cada R$ 1,0 investido

Figura 3. Valor presente líquido (VPL) dos Figura 4. Relação Benefício/Custo dos
sistemas dendê x mandioca e dendê em sistemas dendê x banana e dendê em
monocultivo a uma taxa de desconto de 6% monocultivo a uma taxa de desconto de 6%
ao ano. ao ano.

É notório que um dos principais fatores limitantes ao desenvolvimento da cadeia


produtiva do dendê é o tempo que transcorre entre a implantação da cultura e a obtenção dos
primeiros retornos econômicos. Mesmo na fase compreendida entre os três e os seis anos da
implantação, a receita apenas empata com as despesas, quando o dendê é cultivado em
monocultura (Lima et al., 2000). Por esse motivo, torna-se fundamental o uso de cultivos
intercalares na exploração da dendeicultura no âmbito da agricultura familiar.
Na Figura 4 observa-se que o sistema dendê x mandioca apresentou uma relação B/C
inferior à unidade na ordem de R$ 0,32; R$ 0,48 e R$ 0,65 para o primeiro, segundo e terceiro
respectivamente. O dendê em monocultivo não houve entrada de caixa, conseqüentemente a
relação B/C permaneceu zero. Ainda que a relação B/C do sistema dendê x mandioca não
tenha sido positiva no período analisado, observa-se uma tendência de aumento ao longo do
tempo em função da receita proporcionada pela cultura.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

970
4 CONCLUSÃO
O sistema dendê x mandioca proporcionou amortização de 66,6 % dos custos de
implantação e manutenção do sistema no período de três anos.
O dendê intercalado com mandioca mostrou-se economicamente viável podendo ser
recomendado como alternativa econômica para produção de dendê voltado para agricultura
familiar.

5 AGRADECIMENTOS
CNPq, PRODETAB, Embrapa Amazônia Ocidental e Embrapa Transferência de
Tecnologia/Escritório de Negócios da Amazônia.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, S.R. Consorciação de culturas – técnicas de análises e estudos da
distribuição. UnB, Brasília. 1981. 217 p. (Tese de Mestrado).

IBGE. Pesquisa agrícola municipal. Instituto brasileiro de geografia e estatística. 2005.


Disponível em http\\:www.ibge.gov.br. Acessado em dezembro de 2006.

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AGRONEGÓCIO DÊNDE: uma alternativa social, econômica e ambiental para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia. 2000. p.251-288.

MORA O.G.; COLIN J.; BERRIOS C.; OCHOA A. Cultivos intercalados con palma africana
en el sur del lago de maracaibo Estado Zulia. Coco y Palma, Caracas, n. 36, p.8-12, 1985.

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seqüestro de carbono na Amazônia. In: VIÉGAS, I. J. M.; MÜLLER, A. A., ed. A cultura
do dendezeiro na Amazônia brasileira. EMBRAPA, 2000. p.125-144.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

971
EXTRAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE ÓREGANO (Origanum vulgare)

Tatiane Diersmann, UPF, loirathaty@yahoo.com.br


Vera Maria Rodrigues, UPF, veramro@upf.br
Mônia Stremel, UPF, moni@upf.br

RESUMO: Originário das regiões da Ásia e Europa mediterrânea, o orégano (Origanum


vulgare) apresenta muitas espécies, todas muito aromáticas com quantidade significativa de
óleo essencial. As folhas secas e o óleo essencial de Origanum vulgare têm sido usados
medicinalmente por vários séculos em diferentes partes do mundo, e seu efeito positivo sobre
a saúde humana tem sido atribuído à presença de compostos antioxidantes na erva. Os óleos
essenciais, também denominados óleos volatéis, óleos etéreos ou essências são produtos
obtidos de partes de plantas através da destilação por arraste a vapor, por expressão de
pericarpos de alguns frutos (cítricos) e por extração usando solventes orgânicos. São
importantes matérias-primas para as indústrias de perfumaria, cosmética, farmacêutica,
alimentos e química em geral, são ótimas fontes de matéria-prima, particularmente para
síntese de compostos de alto valor comercial. O óleo essencial extraído teve seu perfil
cromatográfico identificado via cromatografia gasosa (CG-FID). Este óleo essencial foi
extraído por hidrodestilação e arraste a vapor e os rendimentos foram de 0,46% e 0,05%
respectivamente. O tempo médio de extração foi de cinco horas em ambos os processos.

Palavras-Chave: Extração, plantas medicinais, óleo essencial.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

972
1 INTRODUÇÃO
Segundo definição da Interntional Standard Organization (ISO), óleos essenciais são
produtos do metabolismo secundário de certos vegetais, originando misturas complexas de
substâncias e podem ser obtidos por destilação por arraste com vapor d’água. Atualmente
atribui-se aos óleos essenciais funções inibidoras em germinações (ex. alelopatia), proteção
contra predadores, atração de polinizadores, entre outras (Harborne, 1993).
Os óleos essenciais apresentam valor comercial cada vez maior, devido ao alto consumo
como matéria-prima para a indústria de alimentos (essências), perfumaria (perfumes),
cosmética (sabonetes, cremes) e química em geral (produtos químicos). A produção destes
óleos ocorre em regiões pouco desenvolvidas, mas decorrentes de intensa atividade no setor
primário. Os países desenvolvidos importam estes óleos brutos que são posteriormente
refinados ou destilados, originando produtos com alto valor agregado. O isolamento de
substâncias puras também apresenta alto valor comercial pois são usadas como fonte de
matéria-prima para a industria de química fina.
O Origanum vulgare é uma erva perene, na forma de arbusto e nativa das regiões Euro-
Siberiana e Irano-Siberiana. Crescem abundantemente em áreas pedregosas e montanhas
rochosas em uma ampla faixa de altitude (0-400m) (Guner et al., 2000). Bastante ramificados,
produz folhas pequenas, ovais e pecioladas, medindo de 1 a 5cm. As flores são pequenas e
apresentam cores como o púrpura, rosa, branco ou um mistura delas, surgindo do início do
verão até meados do outono. A planta se desenvolve bem sob sol pleno e precisa de proteção
contra ventos fortes e frios.
As folhas secas e o óleo essencial do Origanum vulgare têm sido usados
medicinalmente por vários séculos em diferentes partes do mundo, e seu efeito positivo sobre
a saúde humana tem sido atribuído à presença de compostos antioxidantes na erva e
conseqüentemente em seus produtos derivados. Fresco ou seco, o orégano exala um perfumo
intenso e muito agradável, porém depois de seco deve ser usado de preferência antes de
completar um ano, pois começa a perder suas propriedades aromáticas.
Silva (1998) afirma que o óleo essencial de orégano é indicado para tosse, resfriado,
catarro, inflamação da traquéia, nevralgia, reumatismo, torcicolo, dermatite, aerofagia,
vesícula biliar, amenorréia (ausência de menstruação) e escabiose (sarna). Também possui
propriedades medicinais como anticelulítico, carminativo, antiespasmódico, cicatrizante,
expectorante, anticaspa, laxante, antivirótico, diurético, parasiticida. Deve-se tomar
precauções pois o orégano pode irritar a pele e as mucosas nasais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

973
2 MATERIAL E MÉTODOS
A amostra de Orégano foi adquirida em estabelecimento comercial da cidade de Passo
Fundo-RS, mas cujo fornecer e produtor era de São Paulo. O orégano estava seco e
acondicionado em saco plástico transparente contendo 1 kg de folhas já trituradas.
Para a extração por arraste a vapor foi montado um sistema constituído por um balão
volumétrico (500 mL) contendo 400 mL de água destilada, acoplado a uma manta de
aquecimento para a geração do vapor que foi enviado a outro balão volumétrico de 3 bocas,
contendo uma massa conhecida de amostra e mantido sob leve aquecimento através de outra
manta de aquecimento. Na saída deste ultimo balão conectou-se um condensador reto e na
saída do condensador, um béquer de 250 mL acondicionado a um recipiente com gelo, para a
coleta do material condensado. Após ligadas as mantas de aquecimento e abertas as torneiras
do condensador, iniciou-se a contagem de tempo da extração. A figura 1 mostra o esquema de
extração por arraste a vapor.

Figura 1 - Sistema de extração via Arraste a vapor.

Na extração por hidrodestilação usou-se um balão volumétrico de 500 mL, contendo


uma massa conhecida de amostra que foi acoplado a uma manta de aquecimento. A este balão
foi conectado um extrator tipo destilador clevenger. Após ligada a manta de aquecimento e
aberta a torneira do destilador iniciou-se a contagem de tempo da extração. A figura 2 mostra
a montagem da extração por hidrodestilação.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

974
Figura 2 - Sistema de extração via Hidrodestilação.

Os óleos foram coletados por separação de fases entre a água e o óleo coletando-se o
óleo em frasco tipo penicilina e guardados até a secagem completa do óleo para a preparação
da solução a ser analisada para analise cromatográfica. Para a secagem colocou-se algumas
miligramas de sulfato de sódio anidro p.a. dentro do frasco contendo o óleo e dilui-se com n-
Hexano. O solvente n-Hexano foi então evaporado e calculou-se o rendimento do óleo com
base na massa de amostra colocada em cada extração e na massa de óleo obtida. Para isso
pesou-se em balança analítica a massa de óleo livre de água após a secagem com sulfato de
sódio.
A análise cromatográfica foi realizada via cromatografia gasosa, injetando-se uma
solução de óleo diluído em n –hexano usando-se 0,0025 g de óleo em 0,5 ml de n-hexano.
Após a homogenização da solução, injetou-se 1,0 μL da solução no cromatógrafo gasoso
(Varian, 3400). Foi usada uma coluna capilar DB-1 (30mX0,25 mm, 0,25 μm) com a seguinte
programação, 50ºC (0 min), 50-250ºC, 4ºC/min. A temperatura do detector foi de 280ºC e do
injetor de 220ºC e o fluxo de gás de arraste (hidrogênio) de 2,0mL/min. A caracterização dos
compostos foi baseada nos tempos de retenção dos compostos e nos dados da literatura
(Adams 1995).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

975
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O óleo obtido na hidrodestilação apresentou uma coloração amarelo clara e o óleo
obtido por arraste a vapor parecia mais claro, quase incolor. Na hidrodestilação ocorreu a
formação de uma emulsão água/óleo que se separou após algumas horas de repouso, e só
depois disso foi possível a coleta do óleo para posterior secagem e análise cromatográfica. A
Tabela 1 apresenta a quantidade de óleo obtido nas extrações em função da quantidade de
amostra e as condições experimentais.

Tabela 1 - Condições experimentais e resultados obtidos.


Experimento Massa amostra Método extrativo Volume óleo Massa óleo
(g) obtido (mL) coletada (g)
1 45,01 Hidrodestilação 0,6 0,21
2 50,06 Hidrodestilação 0,6 0,24
3 22,56 Arraste a vapor < 0,1 0,02
4 26,35 Arraste a vapor < 0,1 0,02

O rendimento médio do óleo (m/m) em função da massa de amostra usada então


apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Rendimento médio de óleo.


Experimento Método extrativo Massa amostra Massa de óleo Rendimento do
(g) coletado (g) óleo (%)
1 Hidrodestilação 45,01 0,21 0,46
2 Hidrodestilação 50,06 0,24 0,47
3 Arraste a vapor 22,56 0,02 0,08
4 Arraste a vapor 26,35 0,02 0,03

Após a análise dos cromatogramas identificam-se quatro picos majoritários. Pela análise
dos tempos de retenção e pesquisas em bibliografia da área, sugere-se que os picos podem ser
dos compostos γ-terpineno, cujo tempo de retenção é de aproximadamente de 1062; ρ-cimeno
com tempo de retenção é de 1200; timol que tem tempo de retenção aproximado é de 1290 e
do carvacrol cujo tempo de retenção é aproximadamente 1298 minutos quando as condições

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

976
cromatográficas são as mesmas adotadas neste trabalho. As Figura 3 a 6 apresentam os
cromatogramas do óleo de orégano.

Figura 3 - Cromatograma do óleo de orégano obtido por hidrodestilação no experimento 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

977
Figura 4 - Cromatograma do óleo de orégano obtido por hidrodestilação no experimento 2.

Figura 5. Cromatograma do óleo de orégano obtido por arraste a vapor no experimento 3.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

978
Figura 6. Cromatograma do óleo de orégano obtido por arraste a vapor no experimento 4.

4 CONCLUSÃO
A composição química de produtos de origem vegetal, tais como em óleos essenciais e
outros extratos vegetais, dependem de vários fatores de ordens climáticas, sazonais,
geográficas, bem como do período de colheita do vegetal, e técnica de obtenção do produto
derivado. (Baydar et al., 2004)
O maior rendimento em óleo (0,47%) foi para a extração realizada por hidrodestilação
enquanto a extração por arraste a vapor apresentou um rendimento médio de (0,05%). Isso
pode ter ocorrido, pois no arraste a vapor usou-se uma pequena quantidade de amostra que
ficou no balão volumétrico sob levemente aquecimento, impedindo a penetração do vapor em
toda massa de folhas, na matriz vegetal ou por que a quantidade de vapor d’água, proveniente
do balão com água em ebulição era muito pequena ou estava em baixa pressão, ou baixa
temperatura, impedindo a solubilização do óleo no vapor e a saída do óleo das células do
vegetal, já que o material ficava compactado dentro de um balão volumétrico. O sistema,
improvisado, para a extração por araste a vapor necessita de ajustes para otimizar a extração.
O baixo rendimento, relativo a ambas extrações podem também ter sido influenciado
pelo tempo de extração 5 horas ter sido insuficiente para a melhor liberação do óleo contido
na matriz vegetal.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

979
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS R.P. Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/Mass
Spectroscopy. 1. ed. Allured Publishing Corporation, Illinois 1995

ALIGIANS, N.; KALPOUTZAKIS, E.; MITAKU, S.; CHINOU, I.B.Composition and


antimicrobial activity of the essential oil of two Origanum speceies. Journal of Agriculture
and Food Chemistry. 49:4168-4170, 2001.

BAYDAR, H.; SAGDIÇ, O.; OZKAN, G.; KARADOGAN, T. Antibacterial activity and
composition of essential oil from Origanum, Thymba and Satureja species with commercial
importance in Turkey. Food control. 15: 169-172, 2004

CERVATO, C.; CARABELLI, M.; GERVASIO, S.; CITTERA, A.; CAZZOLA, R.;
CESTARO, B.Antioxidant properties of orégano (Origanum vulgare) leaf extracts. Journal
of food biochemestry. 24: 453-465, 2002

CORAZZA, Sônia. Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros. São Paulo: SENAC,
2002

COLLINS C.H., BRAGA G.L.; BONATO P.S. Introdução a Métodos Cromatográficos. 6st
Ed. Editora da Unicamp, Campinas, Brasil, 1995.

GUENTER, E. Essential Oil Of The Plant Family Labiatae, In: The Essencial Oils. Robert
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GUNER, A.; OZHATAY, N.; EKIM, T.; BASER, K.H.C.Flora or Turkey and the East
Aegean Island. Vol. 11 Suplemento II. Edinburgh: Endinburgh University press, 2000

HARBONE, J. B. Ecological Biochemistry. 4Ed., London, Academic, 1993.

JACOBS, M.B. The Chemical Analysis of Food and Food Products 3. ed.; Robert Krieger
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LAVABRE, Marcel. Aromaterapia: a cura pelos óleos essenciais; Tradução de Raffaella de


Fillippis. 4. ed. Rio de Janeiro: Record: Nova Era, 1997.

LAWRENCE, M. B. TOBACCO, R. J. R. Progress in Essential Oil. Perfumer & Flavorist,


V.21. may/jun, p 55-68, 1996.

SILVA, Adão Roberto da. Tudo sobre aromaterapia: como usá-la para melhorar sua
saúde física, emocional e financeira. São Paulo: Roka, 1998.

SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Porto


Alegre/Florianópolis: Ed. da UFRGS/Ed. da UFSC, 2004.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

980
ENXERTIA DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) SOBRE ESPÉCIES
NATIVAS DE Jatropha DO NORTE DE MINAS GERAIS

Daniel Saraiva Marques, UNIMONTES, saraivaagro@yahoo.com.br


Heloisa Mattana Saturnino, EPAMIG, heloisams@epamig.br
Maria Aparecida Vilela de Resende Faria, UNIMONTES, tida@nortecnet.com.br
Paulo Gomes dos Santos, UNIMONTES, santospg@yahoo.com.br
Danielle de Lourdes Batista Morais, UNIMONTES, moraisdlb@yahoo.com.br

RESUMO: Dentre as plantas com potencial de produção de óleo para a fabricação de


biodiesel, encontra-se Jatropha curcas L., o pinhão manso. Essa planta ainda encontra-se em
processo de domesticação e somente nos últimos anos começou a ser mais pesquisada
agronomicamente. Tem sido considerada resistente a pragas e doenças, porém em muitas
plantações comerciais tem-se constatado podridões radiculares, mostrando sua fragilidade
quanto a patógenos de solos. A enxertia é uma técnica que possibilita a combinação de copas
geneticamente superiores com sistemas radiculares resistentes, justificando o seu estudo para
espécies como o pinhão manso. Avaliou-se a taxa de brotações (pegamento) de dois tipos de
enxertia de pinhão manso sobre as espécies J. Pohliana Mull. Arg e J. Gossypiifolia L. O
método de enxertia por “garfagem em fenda cheia” de pinhão manso sobre espécies nativas
de Jatropha apresenta pegamento de 89% , sendo uma técnica promissora para a obtenção de
plantas clonadas com sistemas radiculares mais resistentes.

Palavras-Chave: Jatropha curcas L., propagação vegetativa, oleaginosa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

981
1 INTRODUÇÃO
Dentre as plantas com potencial de produção de óleo para a fabricação de biodiesel,
encontra-se a Euforbiácea Jatropha curcas L, o pinhão manso. Embora seja uma planta
conhecida e cultivada no continente americano desde a época pré-colombiana, esta planta
ainda se encontra em estádio de domesticação. Tem sido considerada resistente a pragas e
doenças, porém em muitas plantações comerciais tem-se constatado podridões radiculares,
mostrando sua fragilidade quanto à patógenos de solos. Por outro lado, outras espécies de
Jatropha encontram-se disseminadas ou são nativas em diversas regiões brasileiras, como o
pinhão roxo (J. gossypiifolia L.) e o pinhão-bravo (J. pohliana Mull. Arg.) (Lorenzi e Matos,
2002 ; Saturnino et al., 2005)
Essas espécies podem ser propagadas assexuadamente por enxertia, uma forma eficiente
de combinar características desejáveis de duas plantas, podendo-se obter dessas combinações,
plantas com sistemas radiculares mais vigorosos, profundos e adaptados a tipos específicos de
solo, resistentes a pragas e doenças, com melhor qualidade de frutos e precocidade de
produção (Hartmann e Kester, 1975). Peixoto, (1973) sugere o emprego de enxertia para a
substituição de indivíduos pouco produtivos de uma plantação.
Além da obtenção de plantas com sistemas radiculares mais resistentes, esse método de
multiplicação clonal possibilita também o aumento rápido da população de plantas superiores,
e tem sido empregado na multiplicação de clones de alta produtividade de seringueira (Hevea
brasiliensis), planta da mesma família do pinhão manso (Martins et al., 2000). A
possibilidade de se obter plantas com resistência a podridões radiculares e a tombamentos é
muito vantajosa para a cultura do pinhão manso.
No presente trabalho avaliou-se a taxa de brotações (pegamento) de dois tipos de
enxertia de pinhão manso sobre as espécies J. pohliana Mull. Arg e J. gossypiifolia L.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no viveiro de produção de mudas do Departamento de
Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES, Campus de
Janaúba, em 8 de janeiro de 2007.
Para porta-enxerto de Jatropha curcas L. foram utilizadas mudas de pé-franco das
espécies J. gossypiifolia L. (pinhão-roxo) e de J. pohliana velutina (pinhão-bravo), utilizando-
se sementes colhidas nos municípios de Janaúba e de Nova Porteirinha, respectivamente. As
sementes de J. pohliana velutina foram coletadas em plantas, multiplicadas via estaquia e,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

982
mantidas na Fazenda Experimental do Gorutuba, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de
Minas Gerais, EPAMIG.
As espécies usadas como porta-enxerto foram semeadas em sacolas de polietileno preto
de 24 cm de altura e 12 cm de diâmetro, preenchidas com substrato de areia, terra e esterco,
em na proporção de 1: 2: 1. O experimento foi realizado sob condições de telado com 75% de
luminosidade e irrigação por micro aspersão.
Foram realizadas ao todo 52 enxertias, 32 enxertias em pinhão-roxo, sendo 16 do tipo
inglesa simples e 16 do tipo garfagem em fenda cheia. Utilizando o pinhão-bravo como porta
enxerto foram feitas 20 enxertias, sendo 10 do tipo inglesa simples e 10 do tipo garfagem em
fenda cheia.
Procedeu-se a enxertia quando o diâmetro do caule dos porta-enxertos atingiram cerca
de 1,5cm. O material (garfos) para a enxertia foi retirado de brotações novas de J. curcas L.,
sendo que cada garfo continha três gemas e o corte foi feito um pouco abaixo e um pouco
acima dos nós. Não foram realizados tratamentos dos porta-enxertos e garfos utilizados. Após
a realização da enxertia as partes foram atadas com fita plástica bem ajustada, uma fita
plástica também foi amarrada na parte de cima do enxerto para evitar a perda de látex. Para
evitar a perda de umidade, foi colocado um saco plástico cobrindo a parte superior do enxerto.
O amarrilho e o plástico de cobertura foram retirados três semanas após a enxertia.
Aos três meses, foram avaliadas a quantidade de brotações (porcentagem de pegamento)
das mudas enxertadas, e a eficiência dos tipos de enxertia. As mudas foram plantadas a campo
para a continuidade da avaliação do seu desenvolvimento e produção.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A taxa de pegamento de enxertia de pinhão manso sobre as duas espécies nativas foi
de 75%, sendo que o método de enxertia por garfagem em fenda cheia se mostrou mais
eficiente para as duas espécies utilizadas como porta enxertos (Tabela 1). Quando se utilizou
Jatropha gossypiifolia (pinhão-roxo) como porta enxerto e garfagem em fenda cheia como
método se obteve 87,5% de pegamento. Resultado semelhante foi obtido quando se utilizou a
espécie J. pohliana como porta enxerto, no mesmo método de enxertia, obtendo-se 90% de
pegamento (Figura 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

983
J.gossypiifolia (pinhão-roxo) J. pohliana (pinhão bravo)
Tipo de Enxertos Enxertos Taxa Pega- Enxertos Enxertos Taxa Pega-
enxertia realizados pegos mento (%) realizados pegos mento (%)
Garfagem 16 14 87,5 10 9 90
fenda cheia
Inglesa 16 10 62,5 10 6 60
simples
Total 32 24 75,0 20 17 75
Tabela 1 - Resultados de porcentagem de pegamento de enxertos realizados pelo método
garfagem fenda cheia e inglesa simples em J.gossypiifolia (pinhão-roxo) J. pohliana (pinhão
bravo). Unimontes, Janaúba, 2007

Figura 1 - Mudas de pinhão manso enxertadas sobre pinhão-roxo (Jatropha gossypiifoliaL.)


pelo método de garfagem em fenda cheia. Unimontes, Janaúba, 2007.

Pôde ser constatado que a enxertia entre espécies do gênero Jatropha apresentou
facilidade de pegamento, sendo uma técnica simples e promissora para a obtenção de plantas
clonadas com sistemas radiculares mais resistentes a doenças, pragas e tombamentos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

984
4 CONCLUSÃO
A enxertia por “garfagem em fenda cheia” de pinhão manso sobre espécies nativas de
Jatropha apresenta pegamento de 89% , sendo uma técnica promissora para a obtenção de
plantas clonadas com sistemas radiculares mais resistentes.

5 AGRADECIMENTOS
O autor agradece à pesquisadora da EPAMIG, Heloisa Mattana Saturnino pela
disponibilizaçao de material bibliográfico, sementes e pelo incentivo e apoio incondicional à
realização de trabalhos científicos.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E. Plant propagation: principles and practices. 3.ed.
Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1975. 662p.

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas.


Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. 568p

MARTINS, A.L. M.; RAMOS, N. P.; GONÇALVES, P.S.,DO VAL, K. S. Influência de


porta-enxertos no crescimento de clones de seringueira no estado de São Paulo.Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.9, set.. 2000.

PEIXOTO, A.R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 282p.

SATURNINO, H. M.; PACHECO, D. D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N.


P. Cultura do pinhão manso ( Jatrofa curcas L. ) . Informe agropecuário, Belo Horizonte; v.
26, n. 229, p. 44 – 78, 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

985
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UM MOTOR DIESEL DE BAIXA
POTÊNCIA ALIMENTADO COM MISTURA DE ÓLEO DE SOJA
REFINADO E ÓLEO DIESEL

Guilherme Ladeira Santos, UFV, santosladeira@hotmail.com


Gerson Haruo Inoue, DEA/UFV-UFRR, inouegh@yahoo.com.br
Haroldo Carlos Fernandes, DEA/UFV, haroldo@ufv.br
Luciano Baião Vieira, DEA/UFV, lbaiao@ufv.br
Adilio Flauzino de Lacerda Filho, DEA/UFV, alacerda@ufv.br

RESUMO: As questões energéticas sempre foram um grande entrave para o


desenvolvimento dos setores produtivos no país. A utilização de óleos vegetais em
substituição ao óleo diesel tem sido satisfatória, sendo as formas mais usuais o Biodiesel, na
forma de óleo vegetal in natura e mais recentemente na forma de Hbio. Os ensaios foram
realizados em um motor diesel Yanmar modelo NSB 75, com potência nominal de 5,8 kW a
2.400 rpm, injeção direta e refrigerado a água. Os testes foram realizados nas dependências do
Laboratório de Mecanização Agrícola do Departamento de Engenharia Agrícola da
Universidade Federal de Viçosa (LMA-DEA-UFV). Foi utilizado como combustível o óleo
diesel puro (OD) e misturas de óleo diesel e óleo refinado de soja na proporção de
50%(ORS50). Ocorrereu aumento nos valores da potência, torque e consumo específico nos
valores de 19, 16 e 5%, respectivamente, quando o motor foi alimentado com ORS50. Os
números justificam a utilização do ORS50, porém, aspectos técnicos, principalmente quanto
ao desgaste do motor deverão ser avaliados para indicar o uso desta mistura por um longo
período de funcionamento.

Palavras-Chave: motor diesel; óleo de soja; energia renovável.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

986
1 INTRODUÇÃO
A energia poderá ser o grande entrave para o desenvolvimento dos países
industrializados. Segundo o MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (2007), no Brasil, em
2005, cerca de 44,5% da OIE (Oferta Interna de Energia) teve origem em fontes renováveis,
enquanto que no mundo essa taxa é de 13,2% e nos países membros da OECD é de apenas
6,1%. Dessa participação da energia renovável, 14,8% correspondem à geração hidráulica e
29,7% a outras fontes renováveis. Os 55,5% restantes da OIE vieram de fontes fósseis e
outras não renováveis.
O Brasil atingiu no ano de 2006 a auto-suficiência na produção do petróleo, além disso,
tecnologias na utilização de biocombustíveis têm sido desenvolvidas por meio da utilização
do etanol em substituição à gasolina e dos óleos vegetais em substituição ao óleo diesel. A
utilização de óleos vegetais tem sido satisfatória, sendo as formas mais usuais o Biodiesel, na
forma de óleo vegetal in natura e mais recentemente na forma de Hbio.
O biodiesel é definido como um produto resultante de processo químico denominado
transesterificação, em que os óleos vegetais, animais ou residuais são misturados ao
catalisador e álcool. Após a reação completa tem-se um subproduto denominado glicerina,
além do éster, que recebe o nome de biodiesel.
Para a PETROBRÁS (2007), O Hbio é produzido por um sistema denominado
hidrorefino. O processo acontece dentro de um catalisador, que fica em movimento
ininterrupto e os óleos de origem animal ou vegetal são adicionados ao diesel tradicional,
sendo bombardeada por moléculas de hidrogênio. A hidrogenação diminui a concentração de
partículas poluentes, como o enxofre, e aumenta as que contribuem para a eficiência do
produto, como a parafina, que melhora a qualidade da ignição dos veículos. A meta da
Petrobrás em 2007 é produzir 256 milhões de litros de diesel a partir do processo HBio.
Para KALTNER (2004), os principais problemas no uso de óleos vegetais nos motores
diesel são a dificuldade de partida a frio, em razão da elevada viscosidade dos óleos vegetais;
a formação de gomas nos bicos injetores; o desgaste de componentes da bomba injetora,
devido à acidez do óleo; e formação de depósitos de carvão na câmara de combustão, nos
cilindros e nas válvulas.
TORRES (2000) avaliou um motor Agrale M80, injeção indireta, com potência de 7 cv,
alimentado com óleo de dendê, operando com rotação constante, e potência variando de 50 a
100% da potência máxima. O autor concluiu que ocorreu redução na potência máxima na
faixa de 5 a 15%, na carga máxima, quando o motor foi alimentado com óleo de dendê.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

987
Para MAZIEIRO & CORRÊA (2004), ao avaliarem um motor MWM D229-3, injeção
direta, que acionava um trator Valmet modelo 68, que foi alimentado com óleo diesel durante
as 50 primeiras horas e depois exclusivamente com óleo bruto de girassol, verificaram que
ocorreu redução de 7,1 a 10,1% na potência da TDP e aumento de 13,9 a 16% no consumo
específico. O teste de 200 horas foi interrompido com menos de 60 horas devido à elevação
da temperatura do lubrificante. Foram detectados previamente alterações neste óleo e acúmulo
de carvão no injetor. Os autores ainda relataram que a alta viscosidade do óleo bruto de
girassol dificulta a pulverização dos bicos injetores, propiciando queima do combustível e
conseqüentemente, formando depósitos nos bicos e cabeçotes, que levam à redução do
desempenho e da durabilidade do motor.
Para MORAES (1982) o óleo vegetal misturado ao óleo diesel e na forma in natura na
substituição do óleo diesel são alternativas viáveis, considerando especialmente os aspectos
sociais.
O Óleo Refinado de Soja (ORS) tem sido utilizado em mistura com óleo diesel,
principalmente, para redução do custo do combustível. Sendo assim este trabalho teve como
objetivo avaliar o desempenho de um motor do ciclo diesel para verificar as possíveis
vantagens da mistura de ORS com o diesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foi utilizado um conjunto gerador composto por um motor diesel Yanmar modelo NSB
75, com potência nominal de 5,8 kW a 2.400 rpm, injeção direta e refrigerado a água. Os
testes foram realizados nas dependências do Laboratório de Mecanização Agrícola do
Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (LMA-DEA-UFV).
Como combustível foi utilizada o óleo diesel puro (OD) e uma mistura de óleo refinado
de soja com óleo diesel na proporção de 50%(OR50). Para a realização dos ensaios foram
utilizados: - dinamômetro elétrico montado em berço, - fluxômetro de combustível, -
tacômetro digital e cronômetro. Os ensaios seguiram a Norma NBR ISO 1585, e para isto foi
utilizado um termômetro de bulbo úmido e seco e dados de pressão barométrica da estação
meteorológica da UFV.
Nos ensaios foi utilizado o tempo de coleta de 5 minutos, coletando-se rotação, carga no
dinamômetro, consumo e temperaturas, foram realizadas três repetições para cada
combustível, de forma aleatória. Após a realização do ensaio foi coletada a rotação do motor
sem carga, para verificar a sua regulagem, que foi fixada para o óleo diesel em 2440 rpm.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

988
As cargas aplicadas pelo dinamômetro no motor foram fixadas e os valores foram de 7;
9; 11; 13; 15; 17; 19 e 21,5 lb. O motor foi acoplado ao dinamômetro com o auxílio de polias
e correias do tipo V, com relação de transmissão de 1:1,879.
Após a coleta, com o auxílio do Software EXCELL 2000, os dados foram tabulados,
convertidos e corrigidos de acordo com a norma e foram analisados estatisticamente com o
auxílio do software SAS (Statistical Analysis System) for Windows, versão 9.1.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio da análise de regressão foram geradas equações para estimar a potência,
torque e consumo específico que são apresentadas na tabela 1, 2 e 3, respectivamente. Todas
as equações foram significativas ao nível de 5% pelo teste F. Os modelos foram lineares para
os duas primeiras e quadrática para a curva de consumo específico, as estimativas das
equações podem ser visualizados nas figuras 1, 2 e 3.
Nos ensaios notou-se rotação sempre superior do motor quando alimentado com o
ORS50, para as mesmas condições de carga, tanto que a média da rotação livre do motor
quando alimentado com o ORS50 foi de 2455 rpm e quando alimentado com o óleo diesel a
média foi de 2434 rpm. O regime de rotação do motor para as cargas aplicadas variou de 2403
a 2295 rpm quando alimentado com o OD e de 2424 a 2309 rpm quando alimentado com
ORS50.

Tabela 1 - Equações geradas para estimativa da potência .


Equação R2 Combustível
P = −0,04366n + 107,16075 99,71% OD
P = −0,04350n + 107,89822 96,54% ORS50
Onde: P – Potência do Motor em kW;
n – Rotação do Motor em rpm.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

989
Tabela 2 - Equações geradas para estimativa do torque.
Equação R2 Combustível
τ = −0,18687n + 457,80652 99,70% OD
τ = −0,18270n + 452,4480 97,24% ORS50
Onde: τ – Torque do motor em mN;
n – Rotação do Motor em rpm.

Tabela 3 - Equações geradas para estimativa do consumo específico .


Equação R2 Combustível
CE = 0,02029n 2 − 94,80071n + 110988 99,50% OD

CE = 0,02289n 2 − 107,93874n + 127517 98,76% ORS50


Onde: CE – Potência do Motor em kW;
n – Rotação do Motor em rpm.

10 Potência OR50
Potência
Potência OD
8

6
kW

0
2300 2330 2360 2390 2420
rpm

Figura 1 - Potência do motor.

Pode-se verificar na figura 1, que os combustíveis testados no motor influenciaram na


sua potência, sendo que o combustível OR50 teve potência sempre superior ao OD.
Considerando a rotação de trabalho ideal para o motor a rotação de 2350, verifica-se que para
esta rotação a potência foi de 5,52kW quando se utilizou o ORS50 e de 4,47 quando se utilizou
o OD, ocasionando uma variação de 19%.

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990
35 Torque OR50
Torque
Torque OD
30

25

20
Nm 15

10

0
2300 2330 2360 2390 2420
rpm

Figura 2 - Torque do motor

A variação do torque pode ser verificada na figura 2, onde se verifica também valores
superiores quando o motor é alimentado com ORS50. Considerando também como rotação de
trabalho ideal de 2350 rpm, verifica-se que para esta rotação o torque é de 22,40 e 18,59 mN,
respectivamente para o motor alimentado com ORS50 e OD, com a variação de torque nesta
rotação sendo de 16 %.

C E OR50
400 Consumo Específico
C E OD

350
g kWh -1

300

250

200
2300 2330 2360 2390 2420
rpm

Figura 3 - Consumo específico do motor

Com relação ao consumo específico, verificou-se tendências diferentes nas curvas


quando o motor foi alimentado com OD e ORS50. Quando alimentado com OD, o consumo
específico mínimo ficou entre as rotações de 2330 a 2350 rpm e quando alimentado com o
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

991
ORS50, ficou entre 2350 e 2370 rpm. Pode-se verificar ainda que as curvas se cruzam na
rotação próxima a 2360 rpm, e para rotações menores a 2360 rpm, o consumo específico é
maior quando o motor é alimentado com ORS50, já para rotações maiores a 2360 rpm, o
consumo específico é maior quando o motor é alimentado com o OD. Porém, para a rotação
de trabalho do motor de 2350 rpm, verificou-se um consumo específico de 271 g kWh-1 para o
ORS50 e de 258 g kWh-1, ou seja, uma variação de 5%.
Analisando de uma forma geral, o desempenho foi diferente em função dos
combustíveis testados. Ocorreu aumento nos valores de potência, torque e consumo específico
em cerca de 19, 16 e 5%, respectivamente, quando o motor foi alimentado com ORS50. Os
números justificam a utilização do ORS50, porém, aspectos técnicos, principalmente quanto ao
desgaste do motor deverão ser avaliados para indicar o uso desta mistura por um longo
período de funcionamento.

4 CONCLUSÃO
Pode-se concluir por meio dos resultados apresentados neste trabalho que:
Para o motor utilizado ocorreu um aumento da potência em todas as rotações do motor,
e na rotação de trabalho do motor selecionada, o aumento foi de 19%;
No torque ocorreram também, valores superiores quando o motor foi alimentado com
ORS50, e na rotação de trabalho selecionada o aumento é de 16%;
O consumo específico apresentou curvas distintas, porém, para a rotação de trabalho
selecionada, o aumento foi de 5%.
A será necessário promover estudos referentes ao desgaste do motor para utilização de
ORS50 por longos períodos de funcionamento.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KALTNER, F. J. Geração de energia elétrica em pequenas comunidades da Amazônia,
utilizando óleo vegetal “in natura” de espécies nativas como combustível em motores
diesel. SAEX` 2004. Módulo 1-Biomassa. P 9.

MAZIEIRO, J. V. G.; CORRÊA, I.M. Biocombustível em xeque. Revista Cultivar


Máquinas. N. 32, p. 6-9.julho de 2004.

MIRANDA, R. de M.; MOURA, R. D. Óleo de dendê, alternativa ao óleo diesel como


combustível para geradores de energia em comunidades da Amazônia. In: ENCONTRO DE
ENERGIA NO MEIO RURAL-AGRENER, 3.,2000, Campinas. Anais... Campinas: [s.n.],
2000.

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992
MORAES, J. R. Manual dos óleos vegetais e suas possibilidades energéticas. CNI,1980. 78
p.

TORRES, E. A. Avaliação de um motor de ciclo diesel operando com óleo de dendê para
suprimento energético em comunidades rurais. . In: ENCONTRO DE ENERGIA NO MEIO
RURAL-AGRENER, 4.,2002, Campinas. Anais... Campinas: [s.n.], 2002.

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993
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO DA
CADEIA PRODUTIVA DO BIODIESEL NO ESTADO DO CEARÁ

Breno Barros Telles do Carmo, UFC, brenotelles@hotmail.com


Marcos Ronaldo Albertin, UFC, albertin@ufc.br
José Belo Torres, UFC, belo@ufc.br
David Custódio de Sena, UFC, davidc.sena@gmail.com

RESUMO: Este trabalho propõe um sistema de monitoramento da cadeia produtiva do


Biodiesel no estado do Ceará. Objetiva-se, inicialmente, mapear oportunidades, demandas e
ofertas tecnológicas de produtos, de processos e de gestão para, posteriormente, propor ações
de desenvolvimento e adensamento regional. É apresentado um sistema de monitoramento de
arranjos produtivos que está sendo desenvolvido para a identificação dos elos da cadeia
produtiva, respectivas empresas, tecnologias, sistemas e subsistemas de gestão, requisitos de
produtos, processos, entre outros. Esta pesquisa iniciou-se em 2006 no Observatório
Tecnológico do Centro de Tecnologia da UFC.

Palavras-Chave: Cadeias produtivas, biodiesel, tecnologias

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994
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos tem-se buscado aprimorar a produtividade das cadeias produtivas e,
em muitos casos, nas suas formas regionalizadas através de iniciativas público-privadas. Entre
os programas atuais de desenvolvimento setorial está o PROMINP – Programa de
Mobilização da Indústria do Petróleo que objetiva aumentar o conteúdo de fornecimento
nacional e regional a esta indústria.
Desta maneira, o Prominp busca o fortalecimento da indústria nacional de bens e
serviços e está centrado na área de petróleo e gás natural. As metas do programa, elaboradas
em conjunto com as empresas do setor, levarão à maximização da participação da indústria
nacional no fornecimento de bens e serviços, em bases competitivas e sustentáveis, atendendo
demandas nacionais e internacionais. Busca-se, assim, agregar valor na cadeia produtiva local
através do fortalecimento da indústria regional.
O planejamento e controle das cadeias produtivas têm se apresentado de fundamental
importância para melhoria macro-econômica de uma região. Em função de informações
integradas de toda cadeia é possível que instituições tomem decisões com o intuito de
melhorar a sua eficiência.
Esse trabalho faz parte de um projeto denominado “Propostas de Ações Horizontais de
Dinamização da Cadeia Produtiva do Petróleo e Gás do Ceará através do Mapeamento e
Levantamento de Demandas e Ofertas Tecnológicas” em parceria com o Banco do Nordeste
do Brasil, Petrobrás, IEL-CE e CNPq e tem como objetivo geral desenvolver um sistema de
monitoramento dos Arranjos Produtivos (APs) com o intuito de subsidiar a tomada de decisão
em relação ao adensamento e melhorias dos elos das cadeias produtivas.
Assim, para o planejamento e controle da cadeia produtiva do Biodiesel, foi criado um
programa que integra as informações de requisitos de tecnologias, processos, produtos e bens
e as disponibilidades da região. O objetivo deste trabalho é apresentar um sistema de
monitoramento da cadeia regionalizada do Biodiesel que permita fomentar ações
colaborativas e cooperativas.
Como método de trabalho foi desenvolvido um sistema de informação baseado no
modelo de identidades e relacionamentos. Para testá-lo realizou-se o mapeamento do arranjo
produtivo, no Ceará, através de pesquisa bibliográfica e entrevistas com especialistas e
consultores. Por último usou-se um questionário para identificar as demandas e ofertas
tecnológicas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

995
2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
A importância dos sistemas de informação tem sido relacionada com conceitos como
capital social, sistemas de inovação regional, identidade regional, governança entre outros
(ALBERTIN, 2003) e IADH (2006). Este último autor descreve a dimensão do uso de
sistemas de informações em macro-processos para desenvolvimento territorial e local como:
• Sensibilização, mobilização e planejamento para o desenvolvimento territorial;
• Organização, direção e coordenação para o desenvolvimento territorial;
• Controle social no desenvolvimento territorial.
Vila Nova em IADH (2006) propõe as seguintes características para o sistema de
informação, além do monitoramento e avaliação de projetos:
• Facilitação da sistematização e registros de experiências;
• Criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento através de visibilidade de
ações e resultados de projetos;
• Estimulo a formação de parcerias entre atores;
• Contribuição para a consolidação da cultura de processos participativos;
• Subsidio a satisfação e expectativas dos beneficiários;
• Permissão a análise de esforços e resultados efetivamente alcançados.

3 O SISTEMA DE MONITORAMENTO DE APs

O sistema de monitoramento de APs tem como o objetivo apoiar a gestão da cadeia


produtiva através da visualização e manuseio das informações, que vão, por exemplo, desde o
número de elos constituintes até a identificação das necessidades das empresas que participam
dos elos. O sistema, aqui proposto, tem como papel principal apoiar a tomada de decisões
importantes para o funcionamento do Laboratório Tecnológico da UFC, fornecendo dados
que irão fomentar uma sólida transação entre empresas, elos e suas respectivas cadeias.
Para a modelagem do banco de dados do sistema de gestão dos APs, figura 1, foi
utilizado o Modelo Entidade e Relacionamento (MER). Este modelo é baseado na
identificação das entidades e relacionamentos existentes no sistema. Entidade pode ser
definida como uma representação abstrata de um objeto do mundo real e é representada por
um retângulo. Já o relacionamento representa associações entre entidades e é representado por
um losango. O relacionamento, também, define o número de ocorrências ou cardinalidade do
relacionamento. Assim, a cardinalidade N x N entre as entidades Elo e Requisito observados

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

996
na figura 1 tem duas leituras. A primeira, partindo de Elo em direção a Requisito, diz-se que 1
(um) Elo Necessita (relacionamento) de N Requisito(s), enquanto em uma direção contrária
lê-se que 1 (um) Requisito é necessário (relacionamento em direção oposta) em N Elo(s).
Dessa forma, para a concretização do modelo, esta atividade é realizada para todos os pares de
entidades identificados no sistema. Para mais detalhe sobre o MER ver Chen (1990).
O modelo, como pode ser observado na figura 1, foi dividido em duas partes. A
primeira parte refere-se às demandas, por parte das cadeias produtivas, de requisitos,
tecnologias, sistemas e sub-sistemas de gestão. Essa primeira parte, portanto, modela as
necessidades dos elos das cadeias produtivas. O elo aqui modelado é constituído por empresas
em um dado nível dos APs. Observa-se, assim, que para um determinado elo da cadeia existe
a demanda de determinadas tecnologias e de sistemas de gestão, por exemplo.
Já a segunda parte do modelo refere-se as ofertas pelas empresas de tecnologias e de
sistemas de gestão, por exemplo. Em função disso confrontando-se as demandas das cadeias
com a situação das empresas em relação as ofertas pode-se tomar decisões para melhorar a
eficiência e adensamento dos APs. Observam-se, dessa forma, quais empresas de um
determinado elo possuem determinadas tecnologias e sistemas de gestão, a importância
destes, como também, quais tecnologias e sistemas de gestão são utilizados por quais
empresas. O sistema permite, também, o acompanhamento no tempo do progresso dos APs
em função das aquisições de tecnologias e sistemas de gestões inexistentes anteriormente.
Tecnologias no modelo apresentado representam conhecimentos aplicados em produtos,
processos e gestão, como exemplo, criogenia para reservatórios de gás. Os sistemas de gestão
são subdivididos em gestão de produto, gestão financeira, gestão de produção, entre outros.
Para o sistema de gestão de produção relacionam-se os subsistemas de MRP, manutenção
preventiva e troca rápida de ferramenta, entre outras ferramentas. Para cada produto e ou
serviço são relacionados requisitos que são demandados pelos elos. Como exemplos de
requisitos citam-se percentuais de componentes químicos em lubrificantes e combustíveis.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

997
Figura 1 – Modelagem do Sistema Proposto

Para o monitoramento desta cadeia produtiva faz-se necessário a classificação das


empresas quanto ao nível de implantação dos subsistemas. Para tanto, foram identificados os
seguintes subsistemas:
• Sistemas Integrados de Gestão: ISO 9001, ISO 14000, 5S, SA 8000, OSHAS 18000;
• Gestão da Produção: controle de processos, produtos e matéria-prima, custos da má
qualidade, tempo médio de setup, rejeição etc;
• Gestão de Produtos: domínio e uso de normas técnicas, lead time de desenvolvimento
de produtos, etc;
• Gestão Estratégica: uso de indicadores, benchmarking, etc;
• Gestão da Logística: controle e rotatividade dos estoques, roterização, rastreabilidade,
integração de processos, etc;
• Gestão de Recursos Humanos: plano de treinamento, programas participativos, etc;
• Gestão Financeira: método de custeio que utiliza, análise de investimento.
A tabela 1 ilustra o subsistema de gestão da produção, percentual de implantação ou
utilização ou ainda desempenho das ferramentas.

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998
IMP.% N 0 25 50 75 100 Importância
A
G. DA PRODUÇÃO

Controle de produto e matéria 1 2 3 4 5


prima

Defeitos - ppm 1 2 3 4 5

Custos da (má) qualidade 1 2 3 4 5

Controle de processos 1 2 3 4 5

Tempo médio de setup 1 2 3 4 5

Estudos de capabilidade 1 2 3 4 5

Planejamento e Controle da 1 2 3 4 5
Produção

Manutenção Corretiva – 1 2 3 4 5
Preventiva-TPM

Filosofia e Ferramentas JIT 1 2 3 4 5

Desenvolvimento de 1 2 3 4 5
Fornecedores

Idade média dos equipamentos 1 2 3 4 5

Tabela 1 – Subsistema de gestão da produção

Cada subsistema é composto de indicadores de desempenho e de utilização de


ferramentas e técnicas. A tabela 2 exemplifica a metodologia para o subsistema de gestão da
produção com respectivos percentuais (0 a 100%).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

999
0 25 50 75 100
Controle de Inspeção Especificaçõ Especificaçõ Laboratório Laboratóri
produto/matéri informal es es interno o
a-prima padronizada conforme acreditado
s normas
Defeitos - informal monitorado 1-10 % < 10000 < 1000
PPM ppm ppm
Custos da (má) informal monitora 1-10% <1% < 0,5%
Qualidade faturamento faturamento faturament
o
Controle de Parâmetros Parâmetros Parâmetros Instrumentos Estudos de
processos informais padronizado controlados calibrados capabilida
s de
Tempo médio informal Procediment Tempo < 60 Tempo < 40 < 10
de setup o min min (SMED)
formalizado
Estudos de informal Processos Processos CEP Cpk > 2
capabilidade instáveis estáveis
PCP informal Planilhas software MRP MRP II
eletrônicas
Manutenção Ênfase de plano de preventiva preditiva TPM
corretiva manutenção
Filosofia e não utiliza uma duas três nº > 3
Ferramentas ferramentas ferramenta ferramentas ferramentas
JIT
Desenvolvime Informal Formal Monitora Programas Estabelece
nto de desempenho de parcerias
Fornecedores capacitação
Idade média desconheci Maior 20 10 a 20 anos 5 a 10 anos < 5 anos
dos da anos
equipamentos
Tabela 2 – Metodologia de avaliação.
A importância dos elementos dos subsistemas (1-5) é dada pelo mercado, cliente
principal ou percepção da direção, sendo 1 para pouco importante e 5 para muito importante.
O monitoramento da cadeia produtiva ocorre pela resultado da multiplicação do
percentual de implantação pela importância dada, permitindo quantificar o posicionamento
das empresas por elo e a sua evolução no tempo.

4 CADEIA PRODUTIVA DO BIODIESEL


Holanda (2004) define o Biodiesel como sendo a denominação genérica para
combustíveis e aditivos provenientes de fontes renováveis de energia, como as plantas
oleaginosas, o babaçu, a soja, a palma e a mamona.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1000
Apesar de se esta discutindo muito a temática do Biodiesel, o início desta pesquisa no
Brasil se iniciou no estado do Ceará, na Universidade Federal. Holanda (2006) entende que é
extremamente viável para o país a produção do Biodiesel por ser uma medida de inclusão
social, na criação de emprego e renda para população; o grande potencial para a produção das
plantas oleaginosas, devido ao clima extremamente favorável a estas culturas e a grande
extensão territorial; e a questão econômica que pode significar uma independência energética
para o país. Vale também ressaltar que o Biodiesel vem ao encontro da atual temática de
redução dos níveis de poluição.
Para o funcionamento da cadeia produtiva do Biodiesel, faz-se necessário a
identificação das necessidades em cada elo da cadeia produtiva do Biodiesel. A figura 2
demonstra o que tem que ser feito para a produção do Biodiesel no estado.

Fonte: Abiove
Figura 2 – Necessidades do Biodiesel
A visibilidade de gaps tecnológicos e oportunidade da cadeia produtiva permite espaços
para realização de projetos de inserção e adensamento de empresas regionais, atendendo o
objetivo do PROMINP.
O Ceará tem um grande potencial para a produção do Biodiesel, pela sua reconhecida
tradição em pesquisa nesta área, pela sua capacidade de produção de oleaginosas através da
agricultura familiar e por possuir as tecnologias para realizar projetos de usinas, o
esmagamento e a produção deste combustível. A figura 3, ilustra a cadeia produtiva primária
e auxiliar deste combustível no Estado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1001
Figura 3 - Cadeia Regionalizada do Biodiesel

Na cadeia primária ocorre a transformação da matéria prima em biodiesel e subprodutos


e na auxiliar os processos que apóiam esta transformação. È importante considerar a cadeia
auxiliar pois ela contribui para o desempenho produtivo e econômico dos processos de
transformação e muitas vezes criam os diferenciais competitivos destes processos
(ALBERTIN, 2003).

A cadeia produtiva regionalizada do Biodiesel no Ceará inicia com o cultivo da


mamona, onde o Estado possui grande potencial para a produção das plantas oleaginosas,
devido ao clima favorável a estas culturas, a grande extensão territorial e a mão de obra
disponível.

O segundo elo trata da extração do óleo de mamona, onde a tecnologia identificada é o


esmagamento mecânico. Existem empresas que dominam este processo no Estado e que não
é similar a tecnologia tradicionalmente utilizada na produção do algodão.

Além das vantagens econômicas e ambientais, há o aspecto social, de fundamental


importância, sobretudo em se considerando a possibilidade de conciliar sinergicamente todas
essas potencialidades. De fato, o cultivo de matérias-primas e a produção industrial de
biodiesel, ou seja, a cadeia produtiva do biodiesel, tem grande potencial de geração de
empregos, promovendo, dessa forma, a inclusão social, especialmente quando se considera o
amplo potencial produtivo da agricultura familiar. No Semi-Árido brasileiro e na região
Norte, a inclusão social é ainda mais premente, o que pode ser alcançado com a produção de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1002
biodiesel de mamona e de palma (dendê). Para se ter uma visão geral sobre a criação de novos
postos de trabalho, é suficiente registrar que a adição de 2% de biodiesel ao diesel mineral
poderá proporcionar o emprego de mais de 200 mil famílias (HOLANDA, 2005).

No elo que trata do refino e produção do Biodiesel, foram listadas algumas tecnologias
como:

• Processo de produção em batelada, contínuo e semi-contínuo;


• Análises laboratoriais por cromatografia;
• Processo de transesterificação de rota etílica e metílica.
Entre os produtos destacam-se o Biodiesel como produto final, a glicerina e a torta de
mamona como subprodutos. A torta de mamona é matéria prima para a produção de adubo e
ração animal. Em ambos os casos pode-se adicionar valor agregado a este subproduto no
Estado. Por último, a glicerina representa um potencial enorme para a indústria de cosméticos
e fármacos já em desenvolvimento no Ceará.
Os outros elos da cadeia produtiva tratam de dar suporte à produção do Biodiesel.
Assim, pode-se citar tecnologias ligadas a estes elos:
• Metodologias de análise do óleo;
• Realização de projetos de plantas de usina;
• Logística de distribuição do biodiesel e da mamona;
• Fabricante de equipamentos para as usinas de Biodiesel.

Para pesquisar os gaps tecnológicos foram identificadas as empresas regionais (Figura


4) participantes dos elos, suas ofertas tecnológicas para produtos, processos e sistemas de
gestão.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1003
EMPRESA ELO A QUE PERTENCE PRODUTO/SERVIÇO
Associação de agricultores Cultivo Mamona
Quixeramobim e Crateús
OLVEQ Extração de óleo Estação de esmagamento
Embrapa Pesquisa de sementes Desenvolvimento de
sementes
GLEN – Grupo de Logística Pesquisa
Estudos e Pesquisa em
Infra-estruturas
OFICINA AURELIANO Fabricante de equipamentos Prensa, usinagem
TECBIO Projeto de usinas Serviços de consultoria e
projetos de fábricas de
Biodiesel
BRASIL ECODIESEL Refino Indústria de Biodiesel
NUTEC Análise laboratorial, Biodiesel, análises
Refino e Pesquisa
Petrobras - Quixadá Refino Indústria de Biodiesel
LUBNOR - Fortaleza Análises laboratoriais Análise de óleos
BR Distribuição Transporte
LABORATÓRIOS UFC Laboratórios Análise de óleos
Figura 4 – Relação de empresas regionais e respectivos elos
Estas ofertas estão sendo confrontadas com as demandas identificadas dos elos. Os
gaps tecnológicos representam as oportunidades de desenvolvimento e adensamento dos elos.

5 CONCLUSÃO

Esse trabalho teve como objetivo principal descrever um sistema de monitoramento do


arranjo produtivo do Biodiesel desenvolvido para subsidiar a tomada de decisão e contribuir
para o adensamento e aumento do conteúdo de fornecimento local. A confrontação entre a
demanda dos Elos e a oferta existente pelas empresas se constitui numa fonte de informação
importante para que as instituições públicas e privadas possam elaborar ações de
desenvolvimento que permitam diminuir carências de tecnologias e de gestão, por exemplo.
O acompanhamento dos indicadores permitirá medir a movimentação dos elos e o
progresso regional.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1004
Desta maneira, acredita-se que este trabalho de pesquisa colabora com a iniciativa do
Prominp que busca o fortalecimento da indústria nacional de bens e serviços na área de
petróleo e gás natural. O monitoramento da cadeia produtiva do biodiesel por meio de
atualizações contínuas de seus dados permite que decisões mais seguras sejam tomadas
tornando mais eficiente essa cadeia produtiva. Essas decisões, quando apoiadas por um
sistema de informação, poderão no futuro influenciar positivamente no aumento da
competitividade do Estado do Ceará.
Um aspecto importante no desenvolvimento do sistema foi sua divisão em duas partes e
de forma integrada. Essa divisão permitiu uma visão melhor do sistema e, assim identificar os
problemas como maior facilidade. Na primeira parte, portanto, o problema foi focado nas
necessidades de demandas dos elos da cadeia produtiva, enquanto na segunda parte do
modelo, focou-se nos problemas das potencialidades das empresas em função da existência ou
carência das necessidades demandadas na primeira parte do sistema. Portanto, em função
desta divisão proposta pelo modelo, conseguiu-se distribuir melhor os trabalhos entre as
equipes e, assim, melhorar o tempo estimado do projeto.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Fornecedores Regionais na Cadeia Petróleo & Gás do Ceará. Ceará, 2006.

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automotiva do RGS. Tese de Doutorado do PPGEP da UFRGS. Porto Alegre, 2003.

BESSA, T. Entrevista realizada em 22/01/2007. Ceará, 2007.

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15/12/2006.

CARDOSO, L. C. S. Logística do Petróleo. Transporte e Armazenamento. Rio de Janeiro:


Interciência, 2004.

CD-Prominp. Fórum Regional do PROMINP no Ceará. Ceará, 2006.

CHEN, Peter. Modelagem de Dados: A Abordagem Entidade Relacionamento para


Projeto Lógico; Tradução Cecília Camargo Bartalotti. São Paulo, McGraw-Hill, 1990.

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HOLANDA, A . Biodiesel e Inclusão Social. Brasília, 2006.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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Paulo: Atlas, 2003.

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Acessado em 12.03.2006.

PETROBRAS. Disponível em: <www.petrobras.com.br>. Acessado em 09/09/2006.

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www.sebrae.com.br/br/cooperecrescer/arranjosprodutivoslocais.asp >. Acessado em
20/04/2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1006
PRODUÇÃO DE PAINÉIS AGLOMERADOS DE UMA MISTURA DE
TRÊS CLONES DE EUCALIPTO (Eucalyptus urophylla) E CASCA DE
MAMONA (Ricinus communis L.)

Leandro Bortoli de Freitas, UFLA, leandro_florestal@yahoo.com.br


Lourival Marin Mendes, UFLA, lourival@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a


influência da inclusão de casca de mamona (Ricinus communis L.) na composição das
chapas de partículas de madeira aglomerada de clones de Eucalipto (Eucalyptus
urophylla). Foram utilizadas partículas destinadas à produção industrial de aglomerados,
casca de mamona com partículas padronizadas ao uso industrial, as resinas uréia-
formoldeido, fenol-formaldeido e parafina. Os painéis serão produzidos com densidade
nominal de 0,70 g/cm³ utilizando dois tipos de resina uréia-formaldeido e fenol-
formaldeido, variando nas proporções de 6%, 9% e 12%. Será adicionado 1% de
parafina, sendo utilizados três repetições e variação de partículas de três clones (C-19,
C-36 e C-26 da Companhia Mineira de Metais) na proporção de 25, 50 e 75%. Como
fontes de variação para a análise estatística serão confeccionados painéis com 100% de
casca de mamona e 100% de eucalipto. Serão feitos testes físicos e mecânicos segundo
as normas da ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS) para
determinar a relação entre o Módulo de elasticidade em flexão (MOE), Módulo de
ruptura em flexão estática (MOR), Absorção de Água em 2 e 24 horas (AA2 e AA24),
Inchamento em espessura 2 e 24 horas (IE2 e IE24) e Ligação Interna (LI) (ABNT,
1986).

Palavras-Chave: Aglomerado, painéis, mamona, eucalipto, clones, uréia formaldeído,


fenol formaldeído.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1007
1 INTRODUÇÃO
Os painéis de Madeira aglomerada começaram a ser produzidos no Brasil em 1966, pela
Placas do Paraná S.A., instalada na cidade de Curituba-PR. Na condição de um produto novo
no mercado brasileiro, o aglomerado passou por períodos de questionamento, principalmente,
quanto às limitações técnicas, como alta absorção de água e inchamento em espessura,
usinabilidade de bordos e problemas quanto à fixação de parafusos. No decorrer do tempo,
foram incorporadas novas tecnologias, como uso de parafina, controle do gradiente de
densidade e sistemas de parafusamento mais eficientes, visando minimizar tais problemas.
Atualmente, o aglomerado é uma das principais matérias-primas para o setor moveleiro
brasileiro e sua produção em 2003 foi de 1.808.000 m³ (ABIPA, 2002).
O processamento mecânico da madeira remonta aos primórdios do ser humano e, seu
desenvolvimento, acompanhou a evolução da civilização humana, partindo dos primeiros
instrumentos rudimentares, até chegar aos equipamentos computadorizados da atualidade
(Albuquerque, 1995).
O setor florestal brasileiro, atualmente, já representa cerca de 5% do PIB nacional.
Todavia, esta participação é muito modesta diante das potencialidades do país. Portanto, é
possível afirmar que o Brasil ainda é um gigante adormecido no setor florestal. Vale ressaltar
que, considerando apenas a produção de celulose e papel, o Brasil conseguiu desenvolver a
maior silvicultura de eucaliptos do mundo (Albuquerque, 1996).
No que diz respeito à utilização de folhosas nativas, o custo de exploração, as grandes
distâncias a serem vencidas com o transporte de toras, de lâminas, ou do compensado já
manufaturado até os grandes centros de consumo, as fortes pressões dos grupos ambientalistas
em relação à origem da madeira e a necessidade de certificação, são fatores que encarecem os
custos podendo ser restritivos à plenitude do mercado de aglomerados tropicais e justificam
momentaneamente a tendência de substituição por madeiras oriundas de florestas plantadas.
Diante do cenário apresentado e de acordo com a ABIMCI (1999), pode-se esperar que
o eucalipto venha ter uma penetração via substituição de nativas e também poderá cobrir a
limitação no suprimento de madeira de pinus.
O painel de aglomerado é formado a partir da redução da madeira em partículas. Após a
obtenção das partículas de madeira, estas são impregnadas com resina sintética e, arranjadas
de maneira consistente e uniforme, forma um colchão. Esse colchão, pela ação controlada do
calor, pressão e umidade, adquire a forma definitiva e estável denominada aglomerado. O
painel de aglomerado pode ser pintado ou revestido com vários materiais, destacando-se

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1008
papéis impregnados com resinas melamínicas, papéis envernizáveis e lâminas ou folhas de
madeira natural.
Grande parte da demanda de painéis de aglomerado está associada ao setor moveleiro,
sendo o consumo restante dividido entre a fabricação de racks, caixas acústicas, gabinetes de
televisão e divisórias.
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma das 7000 espécies da família das
Euforbiáceas, da classe Dicotiledônea, originária da África. A mamoneira é um arbusto de
cujo fruto se extrai um óleo de excelentes propriedades, de largo uso como insumo industrial.
Da industrialização da mamona, obtém-se como produto principal o óleo e, como subproduto,
a torta de mamona. Os resíduos agrícolas, provenientes do processo de industrialização da
mamona são denominados subprodutos e considerados tão importantes quanto o produto
principal, o óleo.
O mais tradicional e importante subproduto industrial da mamona é a torta, oriunda do
processo de extração do óleo, e conhecida há muitos anos pelos agricultores como um
excelente adubo orgânico. Os agricultores também podem utilizar-se das cascas, caules e
folhas para a melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo. As sementes
da mamona diferem das outras oleaginosas em relação ao conteúdo de componentes
específicos, como a proteína ricina, o alcalóide ricinina e o alergênico CBA, que é uma
mistura de proteínas de baixo peso molecular. Estes princípios (proteínas, alcalóides e
alergênicos) limitam bastante o uso da torta como alimentação animal e o seu principal
emprego é como adubo orgânico, de uso isolado ou em misturas com fertilizantes minerais
para o fornecimento de nutrientes para a produção agrícola e ou recuperação dos solos.
A semente é o óvulo da flor após a fertilização, apresentando diferentes cores, formas,
tamanhos, pesos, proporção do tegumento, presença ou ausência de carúncula, e maior ou
menos aderência do tegumento ao endosperma. O tegumento externo da semente é
representado pela casca dura e quebradiça, tendo ainda uma película interna fina, que envolve
o albúmen, que é branco, compacto e rico em óleo.
Este trabalho tem como objetivos, diminuir em proporção a quantidade de madeira
utilizada no beneficiamento do aglomerado, utilizando a adição proporcional de casca de
mamona sem interferir nas propriedades físicas do aglomerado. Utilizar resíduos da produção
agroindustrial como fonte de matéria prima para a produção de aglomerados. Integrar a
produção florestal com a produção agroindustrial por meio de resíduos sólidos provenientes
do mesmo. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a viabilidade de adição da casca de
mamona com a mistura de três clones de eucalipto e selecionar os melhores tratamentos com
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1009
variação de três teores de partículas e três variações de resina, observando sua viabilidade
para a produção industrial. Determinar a relação entre o Módulo de elasticidade em flexão
(MOE), Módulo de ruptura em flexão estática (MOR), Absorção de Água em 2 e 24 horas
(AA2 e AA24), Inchamento em espessura 2 e 24 horas (IE2 e IE24) e Ligação Interna (LI).

2 MATERIAL E METODOS
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a influência da inclusão
de casca de mamona na composição das chapas de partículas de madeira aglomerada de
clones de Eucalipto. Foram utilizadas partículas destinadas à produção industrial de
aglomerados, casca de mamona com partículas padronizadas ao uso industrial, as resinas
uréia-formoldeido e fenol-formaldeido e parafina.
O delineamento experimental foi formulado em 22 tratamentos com três repetições cada
tratamento variando em 25, 50 e 75% de casca de mamona, sendo T1, T2 e T3 – chapas com
6% de resina uréia-formaldeido, T4, T5 e T6 – chapas com 9% de resina uréia-formaldeido,
T7, T8 e T9 – chapas com 12% de resina uréia-formaldeido, T10 - chapas com 100% de
eucalipto e variando nas três repetições os teores de resina uréia-formaldeido, T11 – chapas
com 100% de casca de mamona e variando nas três repetições os teores de resina uréia-
formaldeido, T12, T13 e T14 – chapas com 6% de resina fenol-formaldeido, T15, T16 e T17
– chapas com 9% de fenol-formaldeido, T18, T19 e T20 – chapas com 12% de resina fenol-
formaldeido, T21 – chapas com 100% de eucalipto e variando nas três repetições os teores de
resina fenol-formaldeido e T22 – chapas com 100% de casca de mamona e variando nas três
repetições os teores de resina fenol-formaldeido. Todos os painéis tiveram em sua composição
um acréscimo de 1% de parafina.

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1010
Secagem:
• Temperatura 75 a 80ºC ± 3
• Umidade atingida 3%

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1011
Encoladeira:
• Admissão de resinas e parafina.

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1012
Formação do colchão:
• Pré-prensagem

Formação inicial do colchão:


• Prensagem a frio
• Tempo 5 minutos
• Pressão 6 toneladas

Prensagem final:
• Prensagem à temperatura de 140ºC e 160ºC
• Tempo 8 minutos
• Pressão 42 kgf./cm²

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1013
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, C. E. C. de. Processamento mecânico da madeira na
evolução humana. Revista da Madeira, Caxias do Sul, v. 4, n.23, p.36-37. julho-agosto.
1995.

ALBUQUERQUE, C. E. C. de. Laminação: da madeira dos sarcófagos à moderna indústria.


Revista da Madeira, Curitiba, v.5, n.29, p.38-40. 1996.

ABIMCI - Associação Brasileira da Indústria de Madeira. Estudo setorial. Curitiba, 1999.


54p.

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Chapas de madeira compensada:


classificação. Rio de Janeiro, 1986. (Norma Brasileira NBR-9531).

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Chapas de madeira compensada:


especificação. Rio de Janeiro, 1986. (Norma Brasileira NBR-9532)

IWAKIRI, Painéis de madeira reconstituída, Curitiba, 247p

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1014
EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA A PARTIR DE EXPLANTES FOLIARES DE
GENOTIPOS DE DENDEZEIRO (Elaeis guineensis Jacq.)

Mychelle Carvalho, UFV, mcarv78@yahoo.com.br


Adauto Quirino de Sá Júnior, UFV, quirinocabrobo@yahoo.com.br
Candida Elisa Manfio, UFV, cemanfio@yahoo.com.br
Elisa Ferreira Moura, UFV, ferrmoura@yahoo.com.br
Sérgio Yoshimitsu Motoike, UFV, motoike@ufv.br

RESUMO: A cultura de tecidos constitui-se como uma alternativa promissora para a


multiplicação clonal do dendezeiro, sendo que em função de sua natureza morfoanatômica e
fisiológica, a propagação de clones elite só é possível por meio da embriogênese somática.
Assim, os objetivos deste trabalho foram testar dois métodos de desinfestação e diferentes
concentrações de ácido 2,4 diclorofenoxiacético (2,4-D) na indução da embriogênese
somática a partir de explantes foliares de diferentes genótipos de dendezeiro. As folhas
imaturas foram retiradas de dois genótipos (G1001 e G2301) de dendê de 1,5 anos de idade e,
em seguida, submetidas a dois métodos de desinfestação. Após desinfestação, as folhas
imaturas foram seccionadas transversalmente em pedaços de cinco milímetros de espessura e
inoculados em meio de cultura Y3, adicionado de 0,3% de carvão ativado. Quatro
concentrações de 2,4-D (800, 1000, 1200 e 1400µM) foram testadas. O experimento foi
montado em fatorial 2 x 4, o delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado,
com quatro repetições, sendo cada repetição representado por cinco tubos de ensaio. Os
métodos de desinfestação testados foram eficazes no controle de infecções in vitro, não
diferindo significativamente ao nível de 5,0% pelo teste de X2. A indução da embriogênese
variou em função do genótipo e da dose de 2,4-D utilizada. Para o genótipo G1001 a melhor
dose de 2,4-D foi de 800 µM, com 30,0% de explantes apresentando formação de massa pró-
embriogênica. Para o genótipo G2301 a morfogênese foi observada em todos os tratamentos,
não havendo diferença significativa em função das doses de 2,4-D testadas.

Palavras-Chave: Cultura de tecidos, desinfestação, auxina, Elaeis guineensis.

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1015
1 INTRODUÇÃO
A maior parte de toda a energia consumida no mundo provém do petróleo, do carvão
e do gás natural. Essas fontes, no entanto, são limitadas e com previsão de esgotamento no
futuro, sendo de suma importância a busca por fontes alternativas de energia. Visando
diminuir a dependência do petróleo, reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa
e gerar emprego e renda, principalmente pelo estímulo da agricultura familiar, o governo
nacional lançou em 2002 o Programa Brasileiro de Biocombustíveis que tem por meta a
substituição parcial do óleo diesel por biodiesel.
Para produzir combustíveis alternativos, o Brasil possui diversas espécies
oleaginosas. No entanto, o dendê se apresenta como a oleaginosa mais promissora sob o
ponto de vista de produção de óleo, pois atinge o extraordinário patamar de 5.000 kg de
óleo por hectare por ano, índice este, por exemplo, cerca de 25 vezes maior que o
rendimento de produção de óleo da soja.
Para a dendeicultura no Brasil ser competitiva, torna-se necessário a adoção de
cultivares melhoradas e mais produtivas. Contudo, em função da alta heterozigose desta
espécie, a propagação por sementes, como é feito no Brasil, apresenta o inconveniente de
formação de plantios heterogêneos, o que promove a desuniformidade na produção e
dificuldades nas práticas de manejo (Srisawat & Kanchanapoom, 2005). Além disso, nos
programas de melhoramento da espécie, a multiplicação de genótipos e/ou progênies
também ocorre por sementes, fato que impede que características agronômicas desejáveis
em um genótipo sejam perpetuadas.
Nesse sentido, a cultura de tecidos, constitui-se como uma alternativa promissora
para a multiplicação clonal desta espécie. Em função da natureza morfoanatômica e
fisiológica do dendezeiro, a propagação de clones elite só é possível por meio da
embriogênese somática.
Apesar de diversos protocolos de embriogênese somática do dendezeiro já terem sido
publicados, a micropropagação do dendezeiro é ainda cercada de mistérios e segredos
industriais (Rajesh et al., 2003), fazendo com que o custo de obtenção de uma muda
micropropagada seja mais que sete vezes superior ao obtido por método convencional.
Assim, os objetivos deste trabalho foram testar dois métodos de desinfestação e diferentes
concentrações de ácido 2,4 diclorofenoxiacético (2,4-D) na indução da embriogênese
somática a partir de explantes foliares de diferentes genótipos de dendezeiro.
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1016
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Cultura de Células e Tecidos Vegetais
do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa-MG.
As folhas imaturas foram retiradas de dois genótipos (G1001 e G2301) de dendê de 1,5
anos de idade.
As folhas imaturas foram, inicialmente, lavadas em água corrente e, em seguida,
submetidas a tratamento de desinfestação. Dois métodos de desinfestação foram testados.
O primeiro método de desinfestação (D1) consistiu da imersão dos explantes em bicloreto
de mercúrio (0,075%) por 15 minutos, mais imersão em solução de hipoclorito de sódio
(2,0% cloro ativo) por 10 minutos, seguida de quatro enxágües em água deionizada estéril.
O segundo método de desinfestação (D2) consistiu na imersão dos explantes em
hipoclorito de sódio (2,0% cloro ativo) por 30 minutos, seguido de quatro enxágües em
água deionizada estéril.
Após desinfestação, as folhas imaturas foram seccionadas transversalmente em
pedaços de cinco milímetros de espessura e inoculados em meio de cultura Y3 (Eeuwens,
1978), adicionado de 0,3% de carvão ativado. Quatro concentrações de 2,4-D (800, 1000,
1200 e 1400μM) foram testadas. O experimento foi montado em fatorial 2 x 4, em tubos de
ensaio de 25 mm x 150 mm, contendo 10 mL do meio de cultura. O delineamento
experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo cada
repetição representado por cinco tubos de ensaio, com um explante por tubo. Os explantes
foram incubados no escuro, em sala de cultura mantido a 27°C + 2°C por 90 dias.

3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os métodos de desinfestação testados foram eficazes no controle de infecções in
vitro, apresentando 91,25% (D1) e 86,25% (D2) de eficácia. Estes resultados não diferiram
significativamente ao nível de 5,0% pelo teste de X2. Observou-se também, que estes
métodos de desinfestação não inviabilizaram a resposta morfogênica dos explantes aos
tratamentos de indução da embriogênese somática.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1017
Considerando que o método D1 utiliza bicloreto de mercúrio, um agente muito
agressivo ao meio ambiente, o método D2 deve ser preferido na desinfestação de explantes
de dendezeiro.
O início da morfogênese foi observado aos 60 dias de incubação in vitro, culminando
com a formação de massa pró-embriogênica aos 90 dias. Massas pró-embriogênicas eram
de cor amarelada e apresentavam aspecto nodular com algumas estruturas globulares
(Figura1).

Figura 1 - Formação de massa pró-embriogênica em folhas imaturas de dendezeiro. A-B.


Calo aos 60 dias da inoculação. C. Massa pró-embriogênica formada aos 90 dias da
inoculação.

A indução da embriogênese variou em função do genótipo e da dose de 2,4-D


utilizada. Para o genótipo G1001 a melhor dose de 2,4-D foi de 800μM (Tabela 1), com
30,0% de explantes apresentando formação de massa pró-embriogênica. Em doses acima
de 1000μM, não ocorreu resposta morfogênica. Para o genótipo G2301 a morfogênese foi
observada em todos os tratamentos, não havendo diferença significativa em função das
doses de 2,4-D testadas. Contudo, a porcentagem de explantes com formação de massa
pró-embriogênica foi menor, sendo a média observada de 10,0%. Efeito similar de
genótipo na indução da embriogênese somática em dendezeiro, também foi verificado por
Teixeira et al. 1995.

Tabela 1 - Porcentagem de explantes foliares com calos de genótipos de dendezeiro, aos 3


meses de cultivo em meio Y3, suplementado com diferentes concentrações de 2,4-D.

2,4-D (μ) Genótipos


G1001 G2301
800 30,0 a 10,5 a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1018
1000 5,9 b 11,1 a
1200 0,0 b 11,8 a
1400 0,0 b 6,7 a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.

4 CONCLUSÃO
A desinfestação de explante foliares de dendezeiro com hipoclorito de sódio é eficaz
no controle de infecções in vitro.
A resposta embriogênica em explantes foliares de dendezeiro é dependente do
genótipo e da dose de 2,4-D utilizada.

5 AGRADECIMENTO
Ao CNPq pelo apoio financeiro.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Eeuwens, C.J. Effects of organic nutrient and hormones on growth and development of
tissue explants from coconut (Cocos nucifera) and date (Phoenix dactylifera) palms
cultured in vitro. Physiol Plant, 42, p. 173-178, 1978.

Teixeira J.B., Sondahl M.R., Nakamura T., Kirby E.G. Establishment of oil palm cell
suspensions and plant regeneration. Plant Cell, Tissue and Organ Culture 40, p. 105-
111, 1995.

Rajesh M.K., Radha E., Anitha Karun, Parthasarathy V.A. Plant regeneration from
embryo-derived callus of oil palm – the effect of exogenous polyamines. Plant Cell,
Tissue and Organ Culture 75, p. 41-47, 2003.

Srisawat, T. & Kanchanapoom, K. The influence of physical conditions on embryo and


protoplast culture in oil palm (Elaeis guineensis Jacq.). ScienceAsia, 31, p. 23-28, 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1019
PRODUÇÃO DE PALHADA POR DUAS VARIEDADES DE
GIRASSOL EM QUATRO DOSAGENS DE ADUBAÇÃO

Bruno Bustamante Junco, UFLA, brunojunco@yahoo.com.br


Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br
Ester Alvarenga Santos Buiate, UFLA, esteragro@yahoo.com.br
João Paulo Felicori Carvalho, UFLA, jpfelicori@yahoo.com.br
Julio César Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Com advento do aquecimento global, a procura por energias menos


poluidoras ou recicladoras de carbono está se tornando cada vez maior. O biodiesel é
um combustível de fontes renovável que usa como matéria-prima óleos vegetais, que
por sua vez é proveniente de plantas que capturam o carbono da atmosfera para
transformá-lo em produto. O girassol é uma planta de ciclo metabólico C3 com grande
potencial oleaginoso além de características agronômicas desejáveis para seu cultivo
em rotação de culturas. O girassol é uma cultura resistente a estresse hídrico e por tanto
uma ótima opção para plantio em safrinha. Tendo em vista estas características pode ser
empregada para a rotação de culturas para o sistema de plantio direto, já que também
possui uma facilidade em reciclar nutrientes e ter um bom retorno de palha no campo.

Palavras-Chave: Rotação de cultura, plantio direto, biodiesel, matéria prima.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1020
1 INTRODUÇÃO

A cultura de girassol (Helianthus annuus) possui grande importância no mundo


pela excelente qualidade do óleo comestível que se extrai de sua semente, além de ser
um cultivo econômico, rústico e que não requer maquinários especializados. Têm um
ciclo vegetativo curto e se adapta perfeitamente a condições do solo e clima pouco
favoráveis. A produtividade do girassol está intimamente ligada ao diâmetro do capítulo
que varia geralmente de 10 a 40 cm, e uma média de 20 cm dependendo da variedade
ou do híbrido e das condições de desenvolvimento devido ao solo e ao clima (Castro et
al., 2005).
O girassol é uma planta anual, das famílias das Asteraceas possui caule robusto,
ereto, provido ou não de pêlos, com altura variando de 0,50 a 4,00 m, diâmetro de 1,5 a
9,0 cm. As folhas são cordiformes, pecioladas e alternadas no caule cilíndrico, sendo
que o tamanho de ambos é variado, de acordo com a cultivar. As flores do girassol,
reunidas em inflorescência característica, são chamadas de capítulo. A raiz principal da
planta é pivotante, chegando a alcançar mais de 1,0 m de profundidade e muitas
radicelas secundárias em forma de extensa cabeleira, atingindo até 50 cm de diâmetro, o
que permite à planta suportar maiores períodos de secas, conferindo também maior
resistência ao tombamento (Castro et al., 2005).
A população ótima de plantas por unidade de área varia de acordo com o porte
vigor e precocidade da variedade ou híbrido escolhido. De modo geral, é considerado
como uma população ideal por ocasião da colheita, variando na faixa de 30 a 60 mil
plantas ha-1. O espaçamento entre as fileiras varia de 50 a 80 cm, com aproximadamente
quatro a cinco plantas por metro quadrado (Castro et al., 2005).
Os padrões de crescimento podem ajudar a comparar o desenvolvimento da planta
como o de outras regiões, permitindo adequar épocas de plantio, expectativa de colheita
e outras informações. O girassol e uma espécie de múltiplo uso que vai desde a
produção de óleo a alimentação de bovinos e a rotação de culturas no sistema de plantio
direto (Castro et al., 2005).
O plantio direto é uma técnica de cultivo conservacionista na qual procura-se
manter o solo sempre coberto por plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais.
Essa cobertura tem por finalidade protegê-lo do impacto das gotas de chuva, do
escorrimento superficial e das erosões hídrica e eólica. Existem diversos sinônimos ou
termos equivalentes para plantio direto: plantio direto na palha, cultivo zero, sem

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1021
preparo ("no-tillage"), cultivo reduzido, entre outros. Efetivamente, poderia considerar-
se o plantio direto como um cultivo mínimo, visto que o preparo do solo limita-se ao
sulco de semeadura, procedendo-se à semeadura, à adubação e, eventualmente, à
aplicação de herbicidas em uma única operação (Castro et al., 2005).
As vantagens ou desvantagens do plantio direto dependem de uma série de fatores
e características edafoclimáticas da região onde esse sistema é ou será utilizado e é
fundamental que, em cada região, o sistema seja adaptado seguindo suas vocações
naturais, de forma que o sistema seja o mais eficiente possível. Além disso, verifica-se
que, à medida que o agricultor se torna mais familiarizado com o sistema, novas
vantagens são adicionadas e novas alternativas para resolver problemas vão surgindo
(Castro et al., 2005).
Na implantação e condução do Sistema de Plantio Direto de maneira eficiente, é
indispensável que o esquema de rotação de culturas promova, na superfície do solo, a
manutenção permanente de uma quantidade mínima de palhada, que nunca deverá ser
inferior a 4,0 t/ha de fitomassa seca. Como segurança, indica-se que devem ser adotados
sistemas de rotação que produzam, em média, 6,0 t/ha/ano ou mais de fitomassa seca.
Neste caso, a soja contribui com muito pouco, raramente ultrapassando 2,5 t/ha de
fitomassa seca. Por outro lado, gramíneas como o milho, de ampla adaptação a
diferentes condições, tem ainda a vantagem de deixar uma grande quantidade de restos
culturais que, uma vez bem manejados, proporcionam vantagens adicionais aos
sistemas, conforme já mencionado (Castro et al., 2005).
O girassol pode se tornar um grande aliado para o sistema de plantio direto,
devido a sua pouca exigência em chuvas, a planta de girassol, pode ser empregada como
cultura de safrinha após o milho. Conseguindo com isso uma melhora para o sistema de
plantio direto do milho fazendo com que esta cultura consiga maiores produtividades e
diminuindo problemas com doenças e pragas. Alem disso haverá uma maior produção
de palha, que é um dos fatores mais importantes para o plantio direto (Castro et al.,
2005).
O girassol é uma planta exigente em fertilidade, acumulando grande quantidade
de nutrientes. No entanto, sua resposta à adubação é limitada pelo potencial produtivo e
também pela taxa de exportação de nutrientes, que não é elevada. Em parte, porque a
exploração pelo sistema radicular profundo aumenta a eficiência de aproveitamento da
fertilidade natural dos solos e das adubações nos cultivos anteriores (Castro et al.,
2005).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1022
O girassol apresenta uma maior necessidade de avaliação do controle da
compactação do solo e da acidez subsuperficial que podem limitar o desenvolvimento
radicular da planta, intensificando os problemas nutricionais associados ao déficit
hídrico e reduzindo o potencial produtivo da cultura. Ele é considerado uma cultura
melhoradora da fertilidade do solo por apresentar uma elevada capacidade de
reciclagem de nutrientes, absorvendo aqueles presentes em camada mais profundas
através de suas raízes pivotantes, levando-os novamente à camada arável do solo. Pela
grande quantidade de massa seca gerada pela cultura, mesmo após a colheita dos
capítulos, os níveis de matéria orgânica do solo se mantêm elevados, o que, além de
proporcionar melhor estrutura, impede perda de nutrientes, que são posteriormente
disponilizados pela mineralização dos restos culturais (Castro et al., 2005). Os
rendimentos de matéria seca podem variar com a cultivar, espaçamento, densidade de
semeadura, época de semeadura, fertilidade do solo e manejo, e podem atingir valores
de 4 a 7 toneladas por hectare quando o plantio é realizado na época da safrinha e a
planta é colhida em estádio avançado de maturação.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado no campo experimental de setor de grandes culturas


do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, Minas
Gerais. O local está situado a uma latitude média de 21°14’Sul, longitude média de
45°00’ Oeste e altitude de 930 m. A região apresenta clima Cwa, de acordo com a
classificação de Köppen.
Foram utilizadas duas cultivares de girassol, Aguará 3 e Aguará 4, e com 4
dosagens de adubação, 0, 100, 200 e 300 kg/ha, utilizando o adubo formulado NPK (8-
28-26). O experimento foi implantado com um espaçamento de 0,8m e com uma
população de 45000 plantas/ha. Foram coletadas plantas, no ponto de colheita (plantas
secas). Estas amostras foram pesadas e em seguida trituradas, e secador até peso
constante.
As analises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SISVAR e
submetidas ao teste de Tukey com nível de probabilidade de 5%.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1023
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
De acordo com a Figura 1 a cultivar Aguará 3 possui um maior desenvolvimento
com uma dosagem de adubação menor em comparação com comparação com a Aguará
4. Já a cultivar Aguará 4 obteve um crescimento de acordo com a adubação que ela
recebeu.

Retorno de palha kg/ha

6000 5612
5212
4887 4949
Quantidade de palha kg/ha

5000 4674 4512


4312
3962
4000
A3
3000
A4
2000

1000

0
0 100 200 300
Niveis de Adubação

Figura 1 - Rorno de palha do girassol em kg/ha.

4 CONCLUSÃO

A cultivar Aguará 3 apresenta um retorno de cerca de 5.000 kg/ha e a Aguará 4


cerca de 4.400 kg/ha.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, C.; OLIVEIRA, F.A. Nutrição e adubação do girassol. p. 317 – 373. In:
LEITE, R.M.V.B.C.; BRIGHENTI, A.M.; CASTRO, C. (eds.). Girassol no Brasil.
Embrapa Soja, Londrina, 2005. 613 p.

OLIVEIRA, MAURO DAL SECCO DE. Girassol na alimentação de bovinos.


Jaboticabal, 20p., Funep, 2005.

SILVA, MAURÍCIO NUNES DA. A cultura do girassol. Jaboticabal, 67p., Funep


1990.

UFRGS. Girassol, Indicações para o cultivo no Rio Grande do Sul. 71p., 3º edição,
1990.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1024
INDUÇÃO DA EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA EM DENDEZEIRO (Elaeis
guineensis Jacq.) A PARTIR DE INFLORESCÊNCIAS IMATURAS

Mychelle Carvalho, UFV, mcarv78@yahoo.com.br


Adauto Quirino de Sá Júnior, UFV, quirinocabrobo@yahoo.com.br
Candida Elisa Manfio, UFV, cemanfio@yahoo.com.br
Elisa Ferreira Moura, UFV, ferrmoura@yahoo.com.br
Sérgio Yoshimitsu Motoike, UFV, motoike@ufv.br

RESUMO: A indução da embriogênese somática é um importante passo para a clonagem de


plantas elites de dendezeiro. Dentre os diversos tipos de explantes utilizados, as
inflorescências se constituem numa importante fonte, pois são de fácil obtenção e sua retirada
não compromete o vigor da planta matriz, além de ser disponível em abundância em plantas
adultas. Assim, o trabalho teve como objetivo a indução de embriogênese somática em
dendezeiro a partir de explantes obtidos de inflorescência imatura. As inflorescências
imaturas foram extraídas de plantas matrizes da coleção de plantas de dendê da Universidade
Federal de Viçosa, localizada na Fazenda Experimental de Sementeira, no município de
Visconde do Rio Branco-MG. Em câmara de fluxo, as ráquilas foram separadas da
inflorescência e seccionadas transversalmente em pedaços de 3 mm de comprimento e
inoculadas em meio de cultura Y3, acrescido de 475µM de 2,4-D e 0,3% de carvão ativado
para desenvolvimento das flores. As flores formadas in vitro foram destacadas das ráquilas,
individualizadas e subcultivadas em meio de cultura Y3 acrescido de 0,3% de carvão ativado
com diferentes concentrações de 2,4-D (500, 900, 1100 e 1400µM). O experimento foi
montado em delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições e 5 flores por
repetição, sendo cada repetição representada por uma placa de Petri. Após um mês de cultivo,
observou-se na base da flor o início da formação de uma massa de calos composta por
estruturas globulares e nodulares. Aos dois meses de cultivo observou-se uma resposta
quadrática da porcentagem de calogênese em relação às concentrações de 2,4-D. A maior
porcentagem de calogênese observada foi de 66,6% dos explantes, com a concentração de
900µM, sendo que concentrações maiores ocasionaram redução na porcentagem de
calogênese.

Palavras-Chave: Elaeis guineensis, embriogênese somática, auxina.

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1025
1 INTRODUÇÃO
O uso de plantas oleaginosas para a produção de biocombustíveis visa obter a
combinação entre o desenvolvimento e a conservação ambiental, visando diminuir a
dependência do petróleo, reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa e gerar
emprego e renda no país. E, para atender a legislação 11.097/2005 que estabelece a partir de
2008 a obrigatoriedade de adição de um percentual de 2% (B2-biodiesel) ao diesel de
petróleo, demanda-se um aumento considerável na produção agrícola das espécies oleaginosas
promissoras.
Existe grande expectativa em relação às espécies perenes que produzem óleos, já que
elas apresentam custos muito mais baixos que as espécies anuais. As palmáceas constituem o
grupo de espécies mais propício, sendo o dendê a planta que apresenta a maior produtividade
de óleo, com rendimento entre 4 e 6 t por hectare, dentre as oleaginosas cultivadas.
Para o país se estabelecer como um grande produtor e exportador de óleo de palma e
seus derivados torna-se necessário o cultivo de plantas melhoradas e mais produtivas. A
indução da embriogênese somática é um importante passo para a clonagem de plantas elites
de dendezeiro. Atualmente, o método mais empregado é a indução da embriogênese
utilizando explantes foliares obtidos de folhas imaturas. Contudo, a retirada de folhas
imaturas de dendezeiro adulto inviabiliza a planta matriz por quatro anos, pois o método
disponível para obtenção deste tipo de explante é bastante invasivo, enfraquecendo a planta.
Nesse contexto, inflorescências se constituem numa importante fonte de explante, pois é
de fácil obtenção e sua retirada não compromete o vigor da planta matriz (Verdeil et al.,
1994), além de ser disponível em abundância em plantas adultas. A regeneração de plântulas
utilizando inflorescências já foi descrito para algumas palmeiras como Cocos nucífera L.
(Verdeil et al., 1994), Euterpe edulis Mart. (Guerra e Handro, 1998) e também para Elaeis
guineensis (Teixeira et al., 1994). No entanto, a porcentagem de indução embriões e a
regeneração de plântulas ainda é muito baixa.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo a indução de embriogênese
somática em dendezeiro a partir de explantes obtidos de inflorescência imatura.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Cultura de Células e Tecidos Vegetais do
Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1026
As inflorescências imaturas foram extraídas de plantas matrizes da coleção de plantas de
dendê da Universidade Federal de Viçosa, localizada na Fazenda Experimental de Sementeira,
no município de Visconde do Rio Branco-MG.
Inflorescências imaturas foram, inicialmente, lavadas em água corrente e, em seguida,
submetidas a tratamento de desinfestação com hipoclorito de sódio (2%) por 1 hora. Em
câmara de fluxo, as ráquilas foram separadas da inflorescência e seccionadas transversalmente
em pedaços de 3 mm de comprimento e inoculadas em tubos de ensaio de 25 mm x 150 mm,
contendo 10 mL do meio de cultura Y3 (Eeuwens, 1978), acrescido de 475 μM de 2,4-D e
0,3% de carvão ativado. Utilizou-se quatro repetições, sendo cada repetição representado por
10 tubos de ensaio, com um explante por tubo. Os tubos foram incubados no escuro, em sala
de cultura mantida a 25°C ± 2 sendo subcultivados mensalmente, até a formação das flores.
Flores formadas in vitro foram destacadas das ráquilas, individualizadas e subcultivadas
em meio de cultura Y3 acrescido de 0,3% de carvão ativado com diferentes concentrações de
2,4-D (500, 900, 1100 e 1400μM). O experimento foi montado em placas de Petri
descartáveis de poliestireno, de 90,0mm x 15,0mm, contendo 30,0 mL de meio de cultura, em
delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições e 5 flores por repetição, sendo
cada repetição representada por uma placa de Petri. Após inoculação, as placas de Petri foram
incubadas no escuro, em sala de cultura mantida a 27°C + 2°C por 60 dias.
Todo meio de cultivo foi solidificado com 0,8% de ágar (Isofar). A concentração de
sacarose foi de 3% e o pH foi ajustado para 5,7+0,01. O meio foi autoclavado a 121ºC e 1,5
atm por 20 minutos.
A avaliação realizada referiu-se à porcentagem de flores com formação de calos após 60
dias de cultivo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após um mês de cultivo, observou-se na base da flor o início da formação de uma
massa de calos (Figura 1A). Essa massa de calos era composta por estruturas globulares e
nodulares.

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1027
B
A B

Figura 1 - Indução da embriogênese somática a partir de inflorescência masculina. A. Início


da calogênese aos 30 dias após incubação, em regiões meristemáticas ao redor dos feixes
vasculares na base da flor de dendê. B. Massa de calos formados na base da flor aos 60 dias
após a incubação.

Aos dois meses de cultivo observou-se uma resposta quadrática da porcentagem de


calogênese em relação às concentrações de 2,4-D (ácido 2,4 diclorofenoxiacético). O
incremento da concentração de 2,4-D foi benéfico até 900μM, sendo que concentrações
maiores ocasionaram redução na porcentagem de calogênese (Figura 2). A maior
porcentagem de calogênese observada foi de 66,6% dos explantes, com a concentração de
900μM (Figura 1B).
Conforme descrito por Teixeira et al. (1994) o sucesso da calogênese em inflorescências
de dendezeiro depende da presença da auxina 2,4-D em associação com carvão ativado e do
uso de inflorescências imaturas. E como descrito para Cocus nucífera (Verdeil et al., 1994) a
real competência embriogênica é dependente da presença de altos níveis de 2,4-D.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1028
70
2
y = -0,0002x + 0,4365x - 136,07
2
60 R = 0,9521

50
Porcentagem de calogênese

40

30

20

10

0
0 500 1000 1500
Doses de 2,4-D

Figura 2 - Porcentagem de calogênese in vitro formada a partir de flores de dendezeiro (Elaeis


guineensis) em resposta às concentrações de 2,4-D (ácido 2,4 diclorofenoxiacético).

4 CONCLUSÃO
A indução da embriogênese somática em inflorescências de dendezeiro depende da
presença de altos níveis da auxina 2,4-D em associação com carvão ativado e do uso de
inflorescências imaturas.

5 AGRADECIMENTO
Ao CNPq pelo apoio financeiro.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Eeuwens, C.J. Effects of organic nutrient and hormones on growth and development of tissue
explants from coconut (Cocos nucifera) and date (Phoenix dactylifera) palms cultured in
vitro. Physiol Plant, 42, p. 173-178, 1978.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1029
Guerra M.P, Handro W. Somatic embryogenesis and plant regeneration in different organs of
Euterpe edulis Mart. (Palmae): Control and structural features. J Plant Res 111, p. 65–71,
1998.

Teixeira J.B, Sondahl M.R, Kirby E.G. Somatic embryogenesis from immature inflorescences
of oil palm. Plant Cell Rep 13, p. 247–250, 1994.

Verdeil J.L, Huet C., Grosdemange F., Buffard-Morel, J. Plant regeneration from cultured
immature inflorescences of coconut (Cocos nucifera L): Evidence for somatic embryogenesis.
Plant Cell Rep 13, p. 218–221, 1994.

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1030
MATOINTERFERÊNCIA NA CULTURA DA MAMONA (CULTIVAR
LYRA), NO PERÍODO DE SAFRINHA EM CASSILÂNDIA-MS

Leandro Tropaldi, UUC/UEMS, tropaldi@ibest.com.br


Ronny Clayton Smarsi, UUC/UEMS, ronnycs1@hotmail.com
Cristiane Gonçalves de Mendonça, UUC/UEMS, cgmendonca@uems.br
Cristina Gonçalves de Mendonça, UUC/UEMS, cristinagm@uems.br
Diógenes Martins Bardiviesso, UUC/UEMS, bardiviesso@yahoo.com.br
Rogério Peres Soratto, FCA/UNESP, soratto@fca.unesp.br
Hugo da Silva Oliveira, UUC/UEMS, niutin_hugo@hotmail.com

RESUMO: O cultivo da cultura da mamona vem sendo fortemente incentivado em


decorrência das inúmeras aplicações de seu óleo e também com o advento do biodiesel, desta
forma novas técnicas de manejo cultural se fazem necessárias para alcançar o objetivo
esperado. As plantas daninhas são causadoras de interferências negativas que geram aumento
de custo e redução de produção, o presente trabalho teve como objetivo determinar os
períodos de interferência das plantas daninhas na cultura da mamona utilizando a cultivar
Lyra nas condições locais de Cassilândia-MS. O delineamento experimental usado foi em
blocos inteiramente casualizados, com quatro repetições. Os períodos de interferência
consistiram em manter a cultura na presença e na ausência de espécies daninhas por 14, 28,
42, 56, 70 e 98 dias após a emergência (DAE) da cultura. A comunidade infestante na área
experimental foi composta, principalmente, de carrapicho (Cenchrus echinatus L.), malva-
branca (Sida cordifolia L.), malva vermelha (Croton glandulosus L), guaxuma (Sida
santaremnensis H. Monteiro), beldroega (Portulaca oleracea L.) e capim colchão (Digitaria
horizontalis Willd). Foram determinados a densidade, o peso da biomassa seca das plantas
daninhas e a produção da cultura. A densidade no início do ciclo foi alta chegando a 369
plantas. M-2 decrescendo com a evolução do ciclo da cultura e a biomassa seca apresentou
comportamento inverso da densidade, ou seja, aumento com o decorrer do ciclo da cultura da
mamona. Não foi observada diferença estatística entre os tratamentos para os dados de
produtividade (kg. ha-1).

Palavras-Chave: Ricinus communis L., interferência, plantas daninhas.

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1031
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira pertencente à família Euphorbiceae possivelmente originária da antiga
Abissínia (LAVRES JUNIOR et al., 2005), no entanto, encontra-se amplamente distribuída
em todo o território brasileiro. Possui como produto principal o óleo e vários outros
subprodutos, ou seja, têm-se o aproveitamento integral de seu fruto sob o ponto de vista
agroindustrial. Há um favorecimento da ocorrência de plantas daninhas durante seu ciclo de
desenvolvimento em decorrência à sua arquitetura e espaçamento. Além da germinação e o
desenvolvimento inicial serem lentos e progressivos acarretando mais uma desvantagem na
competição com as plantas daninhas (QUEIROZ et al., 2004).
O grau de interferência das plantas daninhas na cultura pode ser influenciado por
diversos fatores, alguns autores, como Duarte & Deuber (1999) atribui à duração do período
em que a comunidade de plantas daninhas e as plantas cultivadas estão competindo. No
entanto a comunidade infestante (espécie, densidade e distribuição), a cultura (cultivar,
espaçamento e densidade), os fatores ambientais de clima, solo e tratos culturais apresentam
também considerável interação (DUARTE &DEUBER, 1999; KOZLOWSKI, 2002;
BRIGHENTI, 2004).
São três períodos estabelecidos por Pitelli & Durigan (1984) quando se trabalha com a
época e a duração dos períodos de convivência da cultura com as plantas daninhas, sendo
eles: período anterior à interferência (PAI), quando o meio ainda é capaz de manter as plantas
daninhas e a cultura sem que haja competição entre elas; período total de prevenção da
interferência (PTPI), período a partir da emergência em que a cultura deve ficar livre da
interferência da comunidade infestante, até que sua produtividade não seja afetada; e período
crítico de prevenção de interferência (PCPI), período este que efetivamente as práticas de
controle das infestantes devem ser adotadas. O conhecimento desses períodos é de extrema
importância, pois poderá minimizar os custo do produtor, evitando a adoção de práticas de
controle desnecessárias (FREITAS et al., 2004).
O presente trabalho teve como objetivo determinar o período de interferência das
plantas daninhas na cultura da mamona utilizando a cultivar Lyra, que reúne como principais
características: o porte baixo e precocidade, em condições locais no período de safrinha no
município de Cassilândia-MS.

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1032
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido na área experimental de culturas anuais do Campus da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Cassilândia -
UEMS/UUC (19o06’48” S; 51o44’03” W - 470m de altitude), no município de Cassilândia-
MS, durante o período de março a julho de 2006, cultivado em solo classificado como
Neossolo Quartzarênico cujas principais características químicas estão expressas na Tabela 1.

Tabela 1 – Análise química do solo, para a camada de 0-20 cm, da área experimental.
Cassilândia-MS, 2006.
pH M.O. P H+Al K Ca Mg SB CTC V
CaCl2 g/kg mg/dm³ mmolc/dm³ %
4,8 17,58 3,78 21,91 1,23 12,6 5,2 19,0 41 46

Os tratamentos foram constituídos por dois grupos de controle: um manteve-se a cultura


na ausência das plantas daninhas em períodos iniciais após a emergência (grupo com controle)
e no outro a cultura foi mantida na presença das plantas daninhas em períodos iniciais após a
emergência (grupo sem controle). Os períodos analisados foram 14, 28, 42, 56, 70 e 98 dias
após a emergência (DAE), totalizando 12 tratamentos, que foram dispostos em blocos
inteiramente casualizados com quatro repetições.
A mamona cultivar Lyra foi semeada em 24/03/2006, no espaçamento de 0,45 metros
nas entrelinhas e população de 66.500 plantas.ha-¹. A área de cada parcelas foi de 10,8 m²
(1,8x6m), com área útil de 4,5 m² (0,9x5m). A adubação de semeadura foi constituída de 500
kg.ha-1 de NPK (formulação 04-14-08), distribuída na linha de plantio.
A emergência ocorreu em 03/04/2006, após de sete dias da emergência efetuou-se o
desbaste deixando uma população de 44.500 plantas.ha-1. Durante o desenvolvimento da
cultura as condições climáticas de temperaturas estão descritas na Tabela 2 e de precipitação
durante o ciclo da cultura apresentadas na Figura 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1033
Tabela 2 – Temperatura média, máxima e mínima, medidas durante o período de condução do
experimento. Cassilândia-MS, 2006.
Temperatura (°C)
Mês
Máxima Média Mínima
Abr/06 24,37 20,87 29,51
Mai/06 20,25 13,48 26,59
Jun/06 21,44 15,16 29,42
Jul/06 22,25 15,36 30,59

Precipitação ocorrida durante o ciclo da


cultura da mamona

60,00
precipitaçãoemmm

50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00

5
10

20

30

45

55

65

75

85

95
1

10
ciclo DAE

Figura 1 – Precipitação em mm, ocorrida durante o desenvolvimento da cultura da mamona.

A colheita foi realizada no dia 18/07/2006, quando a cultura completou 106 dias após a
emergência, de forma manual, cortando-se os cachos com tesoura de poda. Para determinação
da produção (kg), os grãos foram debulhados dos cachos e pesados em balança de precisão no
Laboratório de Fitotecnia (UEMS/Cassilândia – MS). A produtividade foi calculada em
função da área útil da parcela.
As avaliações de plantas daninhas foram realizadas no grupo de tratamentos com
controle, no final de cada período de convivência. Utilizou-se um quadrado vazado de ferro
com dimensão 0,25 m² (0,5x0,5 m), jogado aleatoriamente na parcela útil. Todas as plantas
daninhas que estavam na área amostrada foram coletadas, identificadas, determinando a
densidade de cada espécie (n° de indivíduos/m²) e determinação da biomassa seca (g.m-2),
após serem submetidas à secagem em estufa de ventilação forçada a 65°C. Não houve
necessidade de distribuição de sementes de plantas daninhas, pois o banco de sementes da

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1034
área do experimento foi suficiente tanto em quantidade como em variedades de plantas
daninhas para a execução do experimento.
Os dados de produtividade foram analisados estatisticamente através do programa
estatístico SISVAR, utilizando o Teste F para análise de variância e Teste de Tukey a 5 % de
probabilidade para comparação de médias.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na área do delineamento experimental foi observada a presença de 12 espécies, porém
as plantas daninhas predominantes foram: o carrapicho (Cenchrus echinatus L.), malva-
branca (Sida cordifolia L.), malva vermelha (Croton glandulosus L), guaxuma (Sida
santaremnensis H. Monteiro), beldroega (Portulaca oleracea L.) e capim-colchão (Digitaria
horizontalis. Willd); e em menor intensidade de ocorrência foram: carrapichinho
(Acanthospermum australe. (Loefl) Kuntze), braquiária (Brachiaria brizantha), junquinho
(Cyperus ferax. Rich), agriãozinho (Synedrellopsis grisebachii. Hieron), poaia-branca
(Richardia brasiliensis. Gomes) e caruru (Amaranthus deflexus L.).
Na Figura 2 estão apresentadas as médias das densidades das plantas daninhas ocorridas
em cada tratamento, quando a cultura da mamona foi mantida por períodos crescentes de
convivência com a comunidade infestante (grupo sem controle). Foram observadas altas
densidades de plantas daninhas aos 14 e 28 DAE da cultura (337 e 369 plantas m-²,
respectivamente), com o decorrer do ciclo houve queda da densidade da comunidade
infestante. Isso pode ser explicado pelo longo período de estiagem (Figura 1), afetando a
população de plantas daninhas. Além do aparecimento de espécies, como a malva-vermelha,
que competiram com o carrapicho, reduzindo sua população e também pela sua senescência e
morte.
Embora densidade de plantas daninhas tenha diminuído no decorrer do ciclo da
mamona, o peso da biomassa seca aumentou (Figura 3), pois o período de convivência com as
plantas daninhas foi aumentando, ou seja, as plantas daninhas tiveram um período maior para
acúmulo de biomassa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1035
400

Densidade (n° plantas m-²)


350
300
250
200
150
100
50
0

ita
14

28

42

56

70

98

e
lh
co
Dias após a emergência com convivência

Figura 2 – Médias da densidade das plantas daninhas ocorridas na área, em função dos
períodos crescentes de convivência com a comunidade infestante. UEMS/UUC, Cassilândia-
MS, 2006.

200
Biomassa seca (g/m²)

180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
ita
70

98
14

28

42

56

e
lh
co

Dias após a emergencia com convivência

Figura 3 - Biomassa seca de plantas daninhas, em função dos diferentes períodos crescentes
de convivência com a comunidade infestante. UEMS/UUC, Cassilândia-MS, 2006.

Na Tabela 3 estão apresentados os dados de produtividade da cultivar Lyra da mamona,


nos tratamentos do grupo com e sem controle, expressos em kg/ha. Nas condições em que foi
conduzido o experimento os tratamentos não apresentaram diferenças estatística. Pela
avaliação da análise estatística observaram-se valores de F não significativos no nível de 5%
de probabilidade, ou seja, não foi detectado diferenças estatísticas nos tratamentos,
confirmados pela comparação das médias utilizando o Teste de Tukey a 5 % de probabilidade
apresentando o valor da mínima diferença significativa de 317,66 kg.ha-1. O coeficiente de

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1036
variação (CV%) foi alto neste experimento devido ao longo período de estiagem durante o
ciclo da cultura.

Tabela 3 – Produtividades médias dos tratamentos de períodos de convivência da cultura da


mamona com a comunidade infestante. Cassilândia – MS, 2006.

Produtividade (kg.ha-1)
Tratamentos
Grupo com controle Grupo sem controle

0-14 251,50 201,75

0-28 262,50 235,00

0-42 377,75 170,50

0-56 333,75 199,00

0-70 290,75 251,25

0-98 325,75 202,75

0-colheita 272,50 191,00

F tratamento 14854,81ns

F bloco 29464,40ns

DMS1 317,66

CV % 49,29
ns
não significativo no nível de 5 % de probabilidade pelo Teste F. 1 Diferença mínima significativa pelo Teste de
Tukey no nível de 5% de probabilidade

Observou-se que os dados não apresentaram a tendência clássica dos experimentos de


matocompetição (OLIVER, 1988), ou seja, os tratamentos no limpo interceptando os
tratamentos no mato. As diferenças estatísticas não foram detectadas, porém observou-se
grandes diferenças de produtividades nos tratamentos 0-42 e 0-56 quando comparados os
grupos com e sem controle, caracterizando que o período crítico esteja provavelmente entre
estes períodos. Porém, pelos dados obtidos observa-se a necessidade de repetição do
experimento com semeadura em início de fevereiro. Desta maneira, não foi possível

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1037
determinar com exatidão científica os períodos de interferência, o que se pôde concluir foi a
não recomendação do cultivo da mamona na região de Cassilândia-MS em plantios não
irrigados a partir de meados de março. Em experimento avaliando o efeito da largura da faixa
de capina na cultura da mamona, utilizando a variedade IAC-80, Paulo Kasei et al., (1997),
observaram que faixas de capina inferiores a 1,0 m sobre a linha de plantio diminuíram a
produção de grãos, número de racemos e altura da mamoneira. Apesar da variedade IAC-80
ser de porte alto, quando comparados com os resultados obtidos com a cultivar Lyra de porte
baixo, observou-se também interferência na produtividade com a presença de plantas
daninhas.

4 CONCLUSÃO
Nas condições em que foi conduzido o experimento, principalmente de no período de
semeadura em meados de março, não se recomenda o plantio de mamona não irrigado na
região de Cassilândia-MS, devido a característica do clima desta área.

5 AGRADECIMENTOS
À PIBIC/UEMS, pelo financiamento desta pesquisa e pela concessão da Bolsa de
Pesquisa de Iniciação Científica ao primeiro autor.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRIGHENTI, A.M. et al. Períodos de Interferência de plantas daninhas na cultura do girassol.
Planta Daninha, Viçosa-MG, v.22, n.2, p.251-257, 2004.

FREITAS, R.S. et al. Períodos de Interferência de Plantas Daninhas na Cultura da


Mandioquinha-Salsa. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.22, n.4, p.499-506, 2004.

KOZLOWSKI, L.A. Período crítico de interferência das plantas daninhas na cultura do milho
baseado na fenologia da cultura. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.20, n.3, p.365-372, 2002.

LAVRES JUNIOR, J.; BOARETTO, R.M.; SILVA, M.L.S. Deficiências de macronutrientes


no estado nutricional da mamona cultivar Íris. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília,
v.40, n.2, p.145-151, fev.2005.

OLIVER, L.R. Principles of weed threshold research. Weed Technology, v. 15, n.4, p.398-
403, 1988

PITELLI, R.a. & DURIGAN, J.C. Terminologia para períodos de controle de plantas
daninhas em culturas anuais e bianuais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HERBICIDAS
E PLANTAS DANINHAS, 15., Belo Horizonte, 1984. Resumos... Piracicaba: 1984. p.37.

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1038
QUEIROZ, J.A. et al. Efeito da remoção da carúncula, tratamento químico e tempo de
armazenamento na germinação de sementes de mamona (Ricinus communis L.). In: I
Congresso Brasileiro de Mamona: Energia e Sustentabilidade. Campina Grande – PB,
Anais... Campina Grande – PB, nov. 2004.

PAULO, E. M.; KASAI, F. S.; SAVY FILHO, A. Efeitos da largura da faixa de capina na
cultura da mamona. Bragantia v. 56, n.1, p.145-153, Capinas 1997.

DUARTE, A. P. e DEUBER, R. Levantamento de plantas infestantes em lavouras de milho


safrinha no estado de São Paulo. Planta Daninha, v.17, n.2, 1999.

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1039
COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE MAMONA SOB CULTIVO
MÍNIMO EM SUCESSÃO A CEREAIS DE INVERNO NO VALE DO
PARAÍBA/SP (2006-07)

Antonio Carlos Pries Devide, APTA REGIONAL, antoniodevide@aptaregional.sp.gov.br


Cristina Maria de Castro, APTA REGIONAL, crimcastro@terra.com.br
Héio Minoru Takada, APTA REGIONAL, minoru@aptaregional.sp.gov.br
Rodrigo Dametto, ETR ÓLEOS S/A, rodrigodametto@hotmail.com

RESUMO: A instalação de agroindústrias para extração de óleos e o incentivo


governamental para a produção de biodiesel deram destaque à cultura da mamona no Vale do
Paraíba paulista. Atendendo a demanda por informações técnológicas, a APTA – Agência
Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, por meio do Pólo Regional do Vale do Paraíba;
órgão da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo; desenvolveu um experimento para
avaliar o comportamento de três cultivares de mamona de porte médio, frutos indeiscentes e
ciclo de 180 dias (colheita de racemos terciários) sob cultivo mínimo em sucessão a cereais de
inverno. A produção média de grãos foi satisfatória para as condições experimentais não
diferindo entre cultivares (1902,73 kg ha-¹). A cv. IAC 2028 apresentou reduzido peso de 100
grãos, sendo a produtividade compensada provavelmente devido ao maior número de frutos
por racemo em relação às demais. A mamoneira apresentou significativo aporte de matéria
fresca na parte aérea (12,38 Mg ha-¹), sendo isto relevante para sistemas conservacionstas que
visam a sustentabilidade da unidade produtiva. A cv. IAC 2028, conforme previsto,
apresentou porte mais baixo. A cv. CATI AL Guarany 2002 possivelmente sofreu
estiolamento, tendo em vista a classificação como de porte médio, demandando espaçamentos
maiores (1,5x1,0m).

Palavras-Chave: Ricinus communis L., cultivares, cultivo mínimo, rotação de culturas,


cereais de inverno.

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1040
1 INTRODUÇÃO
A cultura da mamona está em destaque no Vale do Paraíba paulista devido à instalação
de agroindústrias de extração de óleo e inventivo governamental para a produção de biodiesel.
Entretanto, o levantamento da aptidão climática considerou o Vale como marginal ao plantio,
devido à estação seca pouco pronunciada e restrições térmicas (IAC, 1977), não havendo
informações do comportamento da mamoneira frente às condições regionais.
As áreas destinadas ao cultivo possuem relevo ondulado, e a época recomendada para o
plantio; de outubro a novembro; coincide com as mais altas taxas de precipitação
pluviométrica. O crescimento inicial lento e o baixo índice de área foliar, além do amplo
espaçamento preconizado deixam o solo descoberto nos primeiros 60 dias que sucedem o
plantio. Nessas condições, além de processos erosivos, é previsível a ocorrência de mofo
cinzento (Amphobotrys ricini), principal doença que afeta a inflorescência e impede a
completa formação dos frutos (SAVY FILHO, 2005; SILVA, 2005; LIMA et al., 1997),
permanecendo o inóculo do patógeno no solo em restos culturais (KIMATI et al., 1997).
A busca por sistemas sustentáveis de produção é uma das necessidades da pesquisa,
possibilitando mudanças na paisagem do Vale. Entretanto, sistemas alternativos e
conservacionistas como o Sistema de Plantio Direto (SPD) e cultivo mínimo ou reduzido,
ainda precisam ser avaliados para uma recomendação efetiva aos produtores (RAMOS et al.,
2006). Os benefícios desses sistemas para culturas subseqüentes, melhorando a eficiência da
unidade produtiva por meio da reciclagem de nutrientes, aporte de matéria orgânica e
aumento da biodiversidade são citados por diversos autores. O cultivo mínimo segue
princípios do sistema plantio direto, porém, difere em função da incorporação superficial dos
restos da cultura, com o mínimo revolvimento do solo (SILVA, 2005).
O objetivo dessa pesquisa foi avaliar o comportamento de três cultivares de mamona em
sistema conservacionista de cultivo mínimo em sucessão a dois cereais de inverno (aveia e
triticale).

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no Setor de Fitotecnia do Pólo Regional do Vale do
Paraíba, Pindamonhangaba/SP em Latossolo Vermelho Amarelo, textura franco-argilosa,
relevo suave ondulado no Terciário, terraceado em faixas e sob pousio havia cinco anos
predominando braquiária (Brachiaria decumbens). As Tabelas 1 e 2 demonstram a
caracterização química de duas faixas cultivadas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1041
Tabela 1 - Resultados da análise de solo da unidade experimental cultivada no inverno com
aveia cv. IAC-7, Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-07).
M.O. P K Ca Mg S.B. H+Al CTC V
pH
g dm-3 Mg dm-3 --------------------- mmolcdm-3 -------------------- %
23 4,8 5 0,8 18 11 29,8 38 67,8 44

Tabela 2 - Resultados da análise de solo da unidade experimental cultivada no inverno com


triticale cv. IAC-2, Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-07).
M.O. P K Ca Mg S.B. H+Al CTC V
pH
g dm-3 Mg dm-3 --------------------- mmolcdm-3 -------------------- %
21 4,9 3 0,6 20 13 33,6 38 71,6 47

O clima baseado na classificação de Köppen é caracterizado como Cwa – quente com


inverno seco (VERDADE et al., 1961). A Figura 1 representa os dados relativos temperatura
mínima e média, precipitação e insolação na Estação Climatológica Agrícola do Pólo
Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP.

28 210
Temp. mínima mensal
Temp. média

precipitação pluviométrica (mm)


24 180
PPT
Insolação média
número de horas de luz

20 150

16 120

12 90

8 60

4 30

0 0
mar/06

mai/06

mar/07

mai/07
ab/06

jun/06

set/06
jul/06

ag/06

out/06

nov/06

dez/06

jan/07

ab/07
fev/07

Figura 1 - Temperatura mínima e média, precipitação e insolação na Estação


Climatológica Agrícola do Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP.
Fonte: Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas CIIAGRO-INFOSECA
(INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS, 2007).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1042
O experimento foi conduzido em blocos ao acaso no esquema de parcelas sub-divididas
em faixas. Nas parcelas (16 linhas de 10 m de comprimento) foram sorteadas as cultivares de
mamona e as sub-parcelas (oito linhas de 10 m de comprimento), sistematizadas na forma de
faixas, foram semeados os cereais de inverno, totalizando seis tratamentos e cinco repetições.
A correção do solo em área total foi parcelada em duas vezes (antes e após o cultivo dos
cereais) com calcário dolomítico (4,7 Mg ha-¹ PRNT 75%) e termofosfato magnesiano (1,35
Mg ha-¹).
Os cereais de inverno avaliados quanto à produção de grãos beneficiados foram aveia
cv. IAC-7 e triticale cv. IAC-2, cultivados em duas faixas de 10m de largura por 150m de
comprimento, previamente ao plantio da mamona. O plantio foi mecânico em linhas
espaçadas 30cm entre si na densidade de 40 plantas por metro linear, visando à produção de
grãos, palhada e identificação de manchas de solo, observando-se o tamanho da panícula e
espigueta em campo. Os tratos culturais consistiram de uma adubação de cobertura, realizada
a lanço 43 dap (01/07/2006) com 146 kg ha-¹ da formulação 20-5-20 A colheita mecânica 120
dap (14/09/2006), seguida da segunda dose de calcário em superfície, incorporado com grade
leve.
As cultivares de mamona avaliadas foram: CATI AL Guarany 2002, IAC Guarani e
IAC 2028, que têm em comum o porte médio, ciclo de 180 dias após o plantio (dap) (colheita
de cachos terciários) e frutos indeiscentes. Estas foram distribuídas por sorteio nas faixas. O
plantio foi manual (30/03/2006) no espaçamento 1,0x1,0m. A adubação de cova consistiu de
250 kg ha-¹ da formulação 8-28-16 (25g cova-¹), recebendo três sementes, sendo o desbaste
realizado 40 dias após a germinação, deixando-se uma planta cova-¹. Os tratos culturais
consistiram de uma adubação de cobertura realizada com 100 kg uréia ha-1 40 dap. Para o
controle de mofo cinzento alternou-se fungicidas dos grupos químicos hidantoínas
(600ml:400 litros ha-¹ SL [500g/l]) e benzimidazóis (280g:400 litros ha-¹ PM [700g/kg]),
pulverizados quinzenalmente a partir de janeiro. Outras quatro pulverizações foram alternadas
entre si e intercaladas aos fungicidas com o biofertilizante Agrobio (16 litros:400 litros de
calda) e urina de vaca (8 litros:400 litros de calda), executando-se duas capinas a enxada
(14/11 e 13/12/2006). A colheita da mamona foi parcelada em função da notável ocorrência
de mofo cinzento nos racemos primários já maduros (16/02/2007), levando à queda prematura
de frutos que não foram computados na estimativa da produção. Da segunda vez
(26/03/2007), foram colhidos todos os racemos restantes.
Os componentes de produção das cultivares de mamona avaliados foram: número de
racemos, de frutos nos racemos, massa de 100 grãos e umidade das sementes; e
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1043
comportamento vegetativo e reprodutivo: altura das plantas, comprimento do racemo, relação
comprimento do racemo com frutos/comprimento total do racemo, diâmetro do caule 20 cm
acima do nível do solo e matéria fresca da parte aérea por hectare.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A baixa produção dos cereais (aveia = 340 e triticale 418 kg ha-1), contra 1.377 a 2.191
kg ha-1 citados por SEIXAS et al. (2004) para aveia e 2500-400O kg ha-1 para triticale (IAC,
1999), foi o reflexo da baixa qualidade do solo, característica marcante da paisagem de
pastagens degradadas do Vale do Paraíba; devido à estiagem prolongada (Figura 1) que
certamente prejudicou o desenvolvimento das culturas, além do curto intervalo entre calagem
e plantio, insuficiente para a reação dos corretivos no solo. Com isso, o efeito residual dos
cereais de inverno não contribuiu para as significativas diferenças reveladas pelas cultivares
de mamona, em relação à altura da planta e dos racemos primário e terciário (Tabela 3).
A cv. IAC 2028 se destacou pelo porte baixo, posição elevada do racemo primário e
posição mais baixa do terciário na planta, não diferindo das demais quanto o expressivo
aporte de massa fresca da parte aérea (12,38 Mg ha-¹) (Tukey p<0,05). Dados estes
corroborados por SAVY et al (2007ab) para a cv IAC 2028 com inserção de 60, 75 e 120 cm
de altura para inflorescências primária, secundária e terciária.

Tabela 3 - Comportamento vegetativo de três cultivares de mamona sob cultivo mínimo em


sucessão a cereais de inverno no Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP
(2006-07).
Cultivar Alturas Massa
Planta -------------- Racemo ------------- fresca
Primário Secundário Terciário
----------------------- cm ------------------------ Mg ha-¹
IAC Guarani 187,11 ab 38,11 b 74,22 a 109,33 b 13,63 a
CATI AL Guarany 2002 203,80 b 45,30 ab 80,70 a 119,80 b 13,11 a
IAC 2028 170,90 a 46,60 a 84,80 a 102,80 a 10,40 a
CV 10,94 13,92 15,67 15,75 30,18
DMS 26,70 7,89 16,36 22,72 4,85
*os valores representam médias de cinco repetições; letras minúsculas iguais nas colunas indicam diferenças
não-significativas (Tukey p<0,05).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1044
SILVA (2005), em experimento realizado em Pelotas/RS com as cultivares CATI AL
Guarany 2002 e IAC Guarany obteve valores de altura mais baixos (média 160 cm) na safra
2003/04. SAVY FILHO et al (2007) descreveu a cv IAC 2028 como de porte baixo com
altura média de 150 a 180 cm podendo ser indicado arranjos populacionais mais adensados; e
POLETINE et al. (2004), em avaliações de cultivares para lavoura mecanizada no Estado de
São Paulo, observaram na cv. CATI AL Guarany 2002 altura média de 171 cm no
espaçamento 1,0x0,5 m, destacando o estiolamento ocorrido em virtude do plantio adensado.
Sendo este cultivar considerado de porte médio, recomenda-se o espaçamento 1,5x1,0 m
(DSMM, 2002).
Os cereais de inverno proporcionaram diferenças significativas apenas para o diâmetro
do caule da mamoneira, sendo os maiores valores observados na faixa de cultivo com triticale
(36,50 mm) em relação à aveia (32,90 mm) [CV (%) 8,83; DMS 2,50] (Tukey p<0,05). Para a
colheita mecânica, é desejável que as plantas apresentem valores mais baixos possíveis de
altura e diâmetro do caule fino (POLETINE et al., 2004).
A produção total de grãos de mamona (Tabela 4) superou as expectativas, considerando
os resultados insatisfatórios dos cereais, apresentando valores acima da média nacional de
646 kg ha-¹ (CONAB, 2006).

Tabela 4 - Produção total e peso de 100 grãos de três cultivares de mamona sob cultivo
mínimo em sucessão a cereais de inverno no Pólo Regional do Vale do Paraíba,
Pindamonhangaba/SP (2006-07).
Cultivar Produção total Peso 100 grãos por racemo
Primário Secundário+Terciário
Kg ha-¹ -------------- g -------------
IAC Guarani 1.851,37 a 44,00 b 41,17 b
CATI AL Guarany 2002 2.045,81 a 43,70 b 39,55 b
IAC 2028 1.811,37 a 35,70 a 34,45 a
CV 13,51 2,44 4,28
DMS 335,28 1,31 2,14
*os valores representam médias de cinco repetições; letras minúsculas iguais nas colunas indicam diferenças
não-significativas (Tukey p<0,05).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1045
Não foram observadas diferenças entre cultivares e os cereais não exerceram
influências significativas na produção total de grãos. Entretanto, entre cultivares para o peso
de 100 grãos, estas diferenças foram notáveis, com destaque para as cultivares IAC Guarani e
CATI AL Guarany 2002. SAVY FILHO et al. (2007) em experimentos de avaliação da cv.
IAC 2028 em quatro safras (1999 a 2006), obtiveram produtividade média de 1.950 kg ha-¹,
semelhante aos dados aqui revelados, superando em 15,8 % a produção da cv. IAC Guarani,
utilizada como testemunha, com peso médio de 100 grãos equivalente a 45 g.
A análise estatística dos dados coligidos para número de racemos por planta e número
de frutos por racemo revelou significativas diferenças entre as cultivares. A Tabela 5
demonstra a superioridade da cv. CATI AL Guarany 2002 e IAC Guarani na produção de
racemos secundário/terciário por planta. Entretanto, a cv. IAC 2028 produziu um maior
número de frutos por racemos em geral. SAVY FILHO et al. (2007) faz referência à
produção de uma inflorescência primária, cinco a sete secundárias e de sete a nove terciárias.

Tabela 5 - Número de racemos e de frutos por racemo, em colheita parcelada de três


cultivares de mamona sob cultivo mínimo em sucessão a cereais de inverno, no Pólo
Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-07).

Cultivares Racemo Primário Racemo Secundário + Terciário


Número Número Número Número
racemo/planta frutos/racemo racemo/planta frutos/racemo
IAC Guarani 0,90 a 41,24 a 5,84 b 24,87 a
CATI AL Guarany 2002 0,93 a 39,66 a 6,17 b 26,16 ab
IAC 2028 0,95 a 53,12 b 4,48 a 31,43 b
CV 8,42 10,45 18,18 14,96
DMS 0,102 6,098 53,309 5,375
*os valores representam médias de cinco repetições; letras minúsculas iguais nas colunas indicam diferenças
não-significativas (Tukey p<0,05).

Além de provocar a redução na emissão dos cachos, estresses ambientais (hídrico,


térmico, nutricional e luminoso), também, provocam alterações na expressão do sexo nas
flores da mamoneira. No presente experimento, foi notável o incremento no percentual do
racemo com frutos em relação ao tamanho total do racemo na segunda colheita (85%), em
relação ao racemo primário (65%) (Figura 3 e 4).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1046
A mamoneira apresenta elevada plasticidade fenotípica devido a interações de fatores
genéticos e ambientais (TÁVORA, 1982; SAVY FILHO, 2005). É uma espécie de dias
longos necessitando de 13 horas de luz para a formação plena de flores femininas. Segundo
MOSKIN (1986) a alta nebulosidade interfere no balanço hormonal das giberelinas
promovendo a inversão sexual das flores, que também é estimulada por deficiência nutricional
e temperaturas elevadas. Em revisão bibliográfica, BELTRÃO (2006), afirma que o
fotoperiodismo é o fator mais importante na mudança da sexualidade da mamona. A melhor
relação de flores femininas/masculinas ocorre com 15 horas de luz, na proporção de 2,3:1
feminina:masculina. Assim, as condições de baixa insolação no Vale do Paraíba devido a alta
nebulosidade, pode representar reduções significativas na relação flor feminina:masculina.

Primeira colheita Segunda colheita

inflorescência masculina inflorescência feminina


inflorescência masculina inflorescência feminina
30
21

18 25
com prim ento cacho
comprimento cacho

15 20
66.52% 62.98% 62.81%
cm

12 84.19%
85.44% 84.42%
cm

15
9
10
6

33.48% 37.02% 37.19% 5


3 14.56% 15.81% 15.58%
0 0
Guarani IAC 2028 Al Guarany Guarani IAC 2028 Al Guarany

Figura 2. Comprimento do racemo primário e Figura 3. Comprimento do racemo secundário e


% do racemo com frutos em três cultivares de terciário e % do racemo com frutos em três
mamona, no Pólo Regional do Vale do cultivares de mamona, no Pólo Regional do
Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-07). Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-
07).

4 CONCLUSÃO
A produção média de grãos foi satisfatória para as condições experimentais não
diferindo entre cultivares (1902,73 kg ha-¹).
A cv. IAC 2028 apresentou reduzido peso de 100 grãos, sendo a produtividade
compensada provavelmente devido ao maior número de frutos por racemo em relação às
demais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1047
A mamoneira apresentou significativo aporte de matéria fresca na parte aérea de 12,38
Mg ha-¹, sendo isto relevante para sistemas conservacionstas que visam a sustentabilidade da
unidade produtiva.
A cv. IAC 2028, conforme previsto, apresentou porte mais baixo deveno ser
desenvolvido novos estudos para adensamento, visando recomendações para o cultivo
mecanizado, enquanto a cv. CATI AL Guarany 2002 possivelmente sofreu estiolamento,
tendo em vista a classificação como de porte médio, demandando espaçamentos maiores.

5 AGRADECIMENTOS
À FUNDAG – Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola e a Empresa ETR
Óleos S/A, que financiaram a pesquisa.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N.E.M. O clima e seus efeitos na floração e capacidade de produção da
mamoneira. Considerações preliminares. In: II Congresso Brasileiro de Mamona. Resumos...
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1049
TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA AVALIAÇÃO DA
QUALIDADE FISIOLÓGICA DA SEMENTE DE GERGELIM (Sesanun
indicum L.)

Emerson Costa Machado, UEMS/UUC, linnejacke@hotmail.com


Stela Maris Kulczynski, UEMS/UUC, stelamk@terra.com.br
Cristina Gonçalves de Mendonça, UEMS/UUC, cristinamg@uems.br
Cristiane Gonçalves de Mendonça, UEMS/UUC, cgmendonca@uems.br
Fabiana Lima Abrantes, UEMS/UUC, fabianaabrantes@hotmail.com
Leandro Tropaldi, UEMS/UUC, tropaldi@ibest.com.br
Manoel Murilo Macedo Barbosa, UEMS/UUC, manoel_agro@hotmail.com

RESUMO: O teste de condutividade elétrica tem potencial para ser empregado no controle
de qualidade pelas empresas produtoras de sementes. Nesse sentido o trabalho teve como
objetivo estudar os efeitos do número de sementes de gergelim (Sesamum indicum L.) e da
temperatura de incubação das mesmas, sobre os resultados do teste de condutividade elétrica
para avaliação do vigor. Realizou-se a caracterização dos cultivares (Trebol e a Cultivar Cnpa
G4, e a Cultivar Comum) e após a avaliação de condutividade elétrica variando o número de
sementes (25, 50 e 100) e a temperatura de incubação (20, 25 e 30ºC). Utilizou-se o
delineamento experimental inteiramente casualizado. A caracterização das cultivares realizou-
se através do teste de germinação e testes de vigor (físico, fisiológicos e bioquímicos), os
quais classificaram a cultivar Trebol com melhor potencial fisiológico seguida das cultivares
Cnpa G4 e Comum. Os resultados mostraram que o teste de condutividade elétrica é eficiente
para avaliar o potencial fisiológico de sementes de gergelim quando conduzidos com 25
sementes, imersas em 75 mL de água a uma temperatura de 25ºC por um período de 24 horas.

Palavras-Chave: Vigor, temperatura, tempo de embebição, número de sementes.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1050
1 INTRODUÇÃO
O gergelim (Sesanum indicum L.), espécie pertencente à família pedaliácea, é uma das
oleaginosas mais antigas em utilização pela humanidade, cultivada como fonte de óleo.
Cultura inicialmente sem expressão, mas que atualmente vem despertando interesse pelo seu
uso não somente para a produção de óleo, mas também na indústria de panificação.
Dentre os principais produtores destacam-se China, Índia e Sudão (EPSTEIN, 2000). Os
maiores produtores, no Brasil, em ordem decrescente são os estados de Goiás e Mato Grosso,
o Triangulo Mineiro e o Nordeste (BARROS, 2001).
O vigor das sementes é o reflexo de um conjunto de características ou propriedades que
determinam o seu potencial fisiológico, ou seja, a capacidade de apresentar desempenho
adequado quando expostas as diferentes condições de ambiente (MARCOS FILHO,1994).
A avaliação do potencial fisiológico é um importante componente nos programas de
controle de qualidade destinados a garantir um desempenho satisfatório das sementes. Como o
teste padrão de germinação é conduzido em condições ideais, geralmente superestima o
potencial fisiológico dos lotes, o que torna necessário o aprimoramento dos testes para a
avaliação do vigor.
A condutividade elétrica é um teste de vigor rápido e objetivo que pode ser conduzido
pelos laboratórios de sementes, com o mínimo de gastos em equipamentos e treinamento de
pessoal (NAKAGAWA, 1994; VIEIRA, 1994).
O teste de condutividade elétrica é tido como um dos testes de vigor mais promissores
quanto à possibilidade de padronização da metodologia, pelo menos para uma mesma espécie.
Mas existem fatores que podem interferir nos resultados como: qualidade da água,
temperatura, duração do período de embebição, grau de umidade, número de sementes
testadas e genótipo (DIAS & MARCOS FILHO, 1996; NAKAGAWA ,1994).
Alguns trabalhos vem sendo realizados com outras culturas buscando uma padronização
no número de sementes utilizados no teste de condutividade elétrica, podendo-se citar os
trabalhos de MARQUES et al., (2002), realizado com jacarandá-da-bahia, no qual os autores
realizaram testes de condutividade utilizando 25, 50 e 75 sementes, de Rodo et al (1998) que
utilizou 25 e 50 sementes em testes realizados com tomate e de SANTOS & PAULA (2005)
em que os autores estudaram a influencia do número de sementes em testes realizado com
Sebastiana commersoniana (branquilho).
A temperatura de embebição pode influenciar na velocidade de embebição e de
lixiviação de eletrólitos do interior das células para o meio externo (LEOPOLD, 1980).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1051
LOEFFLER (1981) constatou que a diminuição na temperatura causa um decréscimo na
mobilidade de íons e conseqüente redução da condutividade; em contrapartida as altas
temperaturas aumentam a dissociação de íons e reduzem a viscosidade da solução, o que
resulta em alta condutividade.
Embora alguns resultados do teste de condutividade demonstrem a potencialidade deste
teste, torna-se necessário o ajuste de sua metodologia para várias culturas. Este ajuste, além de
proporcionar resultados confiáveis, poderá reduzir consideravelmente o tempo de avaliação da
qualidade fisiológica de lotes de sementes.
Neste sentido o presente trabalho teve como objetivos verificar a aplicabilidade e ajustar
a metodologia do teste de condutividade elétrica para avaliar o vigor de sementes de gergelim,
no que se refere ao número de sementes e temperatura de incubação utilizados no teste, bem
como correlacionar esses resultados com dados de laboratório e campo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi conduzido no Laboratório de Fitossanidade do curso de
Agronomia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS, Unidade de
Cassilândia - UUC, e a parte referente ao trabalho de campo na cidade de Amambai - MS.
O experimento foi realizado no período de agosto a outubro de 2006, utilizando
sementes de Gergelim de três cultivares: Cultivar Comum; Cultivar Cnpa G4 e Cultivar
Trebol.
Para avaliar a qualidade fisiológica, as sementes foram submetidas aos seguintes testes:
Peso de 1000 sementes: baseando-se nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL,
1992).
Teor de água das sementes: baseando-se pelo método da estufa a 105ºC ± 3 por 24 horas
(BRASIL, 1992).
Germinação: conduzido com quatro repetições de 100 sementes por tratamento,
distribuídas em caixas gerbox sobre duas folhas de papel germitest, colocadas no germinador
regulado com temperatura constante de 25ºC (± 2), com umidade relativa do ar variando entre
80-85% e com fotoperíodo de doze horas. As contagens foram realizadas aos três e aos seis
dias após a semeadura, de acordo com os critérios estabelecidos na Regras para Análise de
Sementes (BRASIL, 1992).
Primeira contagem: realizada em conjunto com o teste de germinação, determinando-se
a porcentagem de plântulas normais no terceiro dia após a sua instalação.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1052
Comprimento da parte aérea e da raiz: foram utilizadas quatro repetições de 12 plântulas
normais escolhidas ao acaso, sendo 6 plântulas normais fortes e 6 plântulas normais fracas,
provenientes da última contagem do teste de germinação.
Massa verde e seca a campo: 10 plantas do teste de emergência aos 21 dias foram
utilizadas para determinar o peso de massa verde, e, posteriormente, foram colocadas em
estufa, com circulação de ar a 65ºC, até atingirem peso constante, quando, novamente,
realizou-se a pesagem em balança com precisão de duas casas decimais.
Condutividade elétrica: foi conduzido conforme o método padrão descrito por Marcos
Filho (2005), onde as quatro repetições de 50 sementes por tratamento foram previamente
pesadas. Após a pesagem de cada amostra as sementes foram colocadas em copos plásticos
contendo 75 mL de água deionizada e mantidas em germinador a temperatura de 25ºC (±2),
com fotoperíodo de 12 horas, durante 24 horas. Decorrido esse período, a condutividade da
solução foi determinada com o uso de um condutivímetro de marca MARCONI/Modelo CA
150. Os valores obtidos no aparelho foram divididos pelo peso da amostra (g) e os resultados
expressos em μS cm-1 g-1 de sementes.
Índice de velocidade de emergência: foi realizado a partir da semeadura de quatro
repetições de 50 sementes por tratamento em solo umedecido, conduzido em condições
ambientais, distribuídas em sulcos e cobertas com uma fina camada de terra, computando-se
diariamente, a partir do início da emergência, o número de plântulas que atingiram um estádio
pré-determinado, até que o processo se estabilize. O cálculo do índice de velocidade de
germinação foi realizado através da fórmula Maguire (1962).
E1 E 2 E
IVE = + +Κ + n
N1 N 2 Nn
Sendo: IVE = índice de velocidade de emergência;
E1, E2, En = número de plântulas normais computadas na primeira contagem, na segunda e na
última contagem;
N1, N2, Nn = número de dias da semeadura à primeira, à segunda e à última contagem.
Para cada repetição, calcula-se o índice de velocidade de emergência (IVE),
empregando a fórmula, onde a média aritmética das quatro repetições será o índice.
Emergência de plântulas em campo: conduzido com quatro repetições de 50 sementes
por tratamento, distribuídas em sulcos de 20 cm, cobertas com uma fina camada de terra. As
avaliações foram realizadas aos 21 dias após a semeadura, determinando-se as porcentagens
de emergência de plântulas.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1053
Envelhecimento acelerado: conduzido conforme descrição de Marcos Filho (1999)
modificado. Em caixas plásticas, contendo uma lâmina de 40 mL água as sementes foram
dispostas sobre a superfície de uma tela, posicionada acima da lâmina de água, mantidas em
estufa a 42ºC, por 36 horas. Após esse período, foi conduzido o teste de germinação, com
quatro repetições de 50 sementes por tratamento, distribuídas em caixas gerbox sobre três
folhas de papel germitest, mantidas no germinador regulado com temperatura constante de
25ºC (±2) e fotoperíodo de 12 horas. A contagem foi realizada aos seis dias após a semeadura,
de acordo com os critérios estabelecidos na Regras para Análise de Sementes (BRASIL,
1992).
Para padronização da metodologia do teste de condutividade elétrica para sementes de
gergelim avaliou-se diferentes temperaturas e quantidades de sementes.
Condutividade elétrica: utilizaram-se quatro repetições de 25, 50 e 100 sementes,
colocadas em copos descartáveis de 200 mL, em três temperaturas 20º, 25º e 30ºC. As
amostras foram mantidas em câmaras por 24 horas, decorrido o período estipulado para cada
amostra, à condutividade da solução foi determinada com o uso de um condutivímetro de
marca MARCONI/Modelo CA 150. E os valores obtidos no aparelho foram expressos em
μS/cm/g de sementes.
O delineamento experimental empregado em todos os testes foi o inteiramente
casualizado. Na análise estatística dos dados, para caracterização das cultivares, consideram-
se 3 cultivares e 4 repetições e para o avaliação da temperatura e quantidades de sementes
utilizou-se fatorial, cultivar x número de sementes x temperatura de embebição (3x3x3). As
médias foram comparadas pelo teste de Tukey.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 estão os dados referentes às características físicas das sementes (peso de
1000 sementes e umidade), e as características fisiológicas das sementes expressas pelos
índices de germinação e vigor das três cultivares.
As cultivares não diferiram quanto a qualidade fisiológica avaliada pela maioria dos
testes realizados. Analisando a Tabela 1 pode-se observar que as cultivares não apresentaram
diferença estatística com relação à germinação, mas a cultivar Cnpa G4 foi a que apresentou
maior valor (82%). Os testes de vigor representados pela 1ª contagem, envelhecimento
acelerado, índice de velocidade de emergência, emergência a campo, comprimento de parte
aérea a campo, matéria verde e matéria seca não apresentaram diferença estatística
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1054
significativa, demonstrando, portanto que todas as cultivares de gergelim apresentam o
mesmo vigor.
Entretanto o vigor avaliado pelo teste de condutividade elétrica demonstrou que a
cultivar de gergelim mais vigorosa é a Trebol, diferindo da cultivar Cnpa G4 e a Cultivar
Comum é a menos vigorosa. Essa diferenciação baseou-se nos valores da condutividade
elétrica onde os menores valores indicam menor liberação de solutos e, portanto, maior
integridade das membranas celulares.
O vigor avaliado através do desempenho de plântulas (comprimento de parte aérea,
comprimento radicular e comprimento de plântulas) demonstraram diferença entres as
cultivares. A cultivar Cnpa G4 foi a que apresentou desempenho superior as demais, resultado
também observado pelos valores dos parâmetros de germinação (82%) e primeira contagem
(2%), que embora não tenham demonstrado diferenças significativas estatisticamente, também
foram superiores aos das demais cultivares. Além disso, essa cultivar é resultado de
melhoramento genético, portanto, justificando seu maior potencial de crescimento,
principalmente em relação a cultivar comum que é um material rústico.
Com base na Tabela 1 observamos que a maioria dos testes de vigor realizados em
laboratório (primeira contagem, envelhecimento acelerado, condutividade elétrica,
comprimento de parte aérea, comprimento radicular e comprimento de plântula) e todos os de
campo (índice de velocidade de emergência, emergência a campo e matéria verde e matéria
seca a campo), não demonstraram diferenças estatísticas que possam diferenciar as cultivares
de gergelim quanto ao nível de vigor, o que justifica que a constituição genética é um fator
preponderante que influencia no vigor das sementes (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000;
OLIVEIRA et al., 2004).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1055
Tabela 1 - Características de três cultivares de sementes de gergelim, quanto ao Peso de 1000 sementes (P1000), porcentagem de umidade (%
U), Germinação (G), Primeira contagem (PC), Envelhecimento acelerado (EA), Condutividade elétrica (CE), Comprimento de parte aérea
(CPA), comprimento radicular (CR), Comprimento de plântula (CP), Índice de velocidade de emergência a campo (IVE), Emergência a campo
(EC), Comprimento de parte aérea a campo (CPAC), Matéria verde a campo (MVC), Matéria seca a campo (MSC). Cassilândia – MS, 2006.

_____________________________________________________________
Características ______________________________________________________________
Cultivar P1000 %U G (%) PC (%) EA (%) CE CPA CR CP IVE EC CPAC MVC MSC
(μS cm- (cm) (cm) (cm) (cm) (g) (g)
1
g-1)
Trebol 3,64 a 4,86a 71,25 a 1,25a 90,50a 98,01 c 2,01b 3,2b 5,28b 5,15a 71a 2,20a 0,88a 0,34 a

Comum 2,76 c 3,05 b 75,75 a 0 a 88a 156,80a 1,69b 3,65ab 5,34b 5,72a 92,5a 2,72a 0,84a 0,25 a

Cnpa G4 3,03 b 4,86 a 82,00 a 2 a 85a 134,19b 2,65ª 4,13a 6,38a 5,43a 76,5a 2,52a 0,88a 0,29 a
______________________________________________________________________________________
Valor de F ______________________________________________________________________________________
Cultivar 53,12* 391,56** 4,20 ns 1,66 ns 0,44 ns 9,59* 18,96 ** 4,87 * 12,79 0,19 ns 1,81 ns 2,57 ns 0,20 ns 1,79 ns
* **
CV (%) 4,08 2,14 6,86 136,74 9,43 7,87 10,67 11,55 8,21 23,88 20,73 13,38 10,14 22,62
Médias seguidas de mesma letra, em cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. ns, * e ** são: não significativo e significativo a
5% e 1% pelo teste de F.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1056
No experimento foi estudado o efeito da quantidade de sementes e da temperatura de
embebição nos valores de condutividade elétrica da solução de embebição.
De acordo com a Tabela 2 observamos que os valores de condutividade elétrica
variaram em função das cultivares, número de sementes e temperatura de embebição. A
cultivar Trebol foi a que apresentou melhor viabilidade, devido a menor liberação de
solventes (115,21 μS cm-1 g-1), indicando, portanto maior integridade da membrana.

Tabela 2 - Valores médios de condutividade elétrica, em função de diferentes temperaturas de


embebição e do número de sementes, para três cultivares de gergelim.
_______________
Tratamentos CE (μS cm-1 g-1)____________
Cultivar
Trebol 115,21 b
Cnpa G4 161,68 a
Comum 169,38 a
Número de Sementes
25 224,69 a
50 129,46 b
100 92,12 c
Temperatura (ºC)
20 128,97 c
25 143,38 b
30 173,91 a
_________________
Valor de F________________
Cultivar 103,89 **
Número de Sementes 565,28 **
Temperatura 63,68 **
Cultivar x Número de Sementes 13,20 **
Cultivar x Temperatura 192,32 ns
CV (%) 11,60
Médias seguidas de mesma letra, em cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade. ns, * e ** são: não significativo e significativo a 5% e 1% pelo teste de Tukey.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1057
O número de sementes e a temperatura (Tabela 2) influenciaram significativamente a
liberação de exsudatos. Observou-se que quanto maior o número de sementes menor os
valores de condutividade elétrica. Estes resultados já haviam sido observados em trabalhos
realizados por MARQUES et al., 2002), com Dalbergia nigra (Vell.), e por SANTOS &
PAULA (2005) em trabalho realizado com sementes de Sebastiana commersoniana.
Os maiores valores de condutividade foram observados em temperaturas de incubação
mais altas (Tabela 2), isso provavelmente ocorreu por que o aumento na temperatura de
embebição aumenta a dissociação de íons e reduz a viscosidade da solução, o que resulta em
aumento de condutividade elétrica (LOEFFER et al., 1981). Em outros trabalhos realizados
com sementes de amendoim (NAKAGAWA, 1994), milheto (GASPAR & NAKAGAWA,
2002), e tomate (RODO et al., 1998) também foram observados esse aumento na
condutividade elétrica com aumento da temperatura de embebição.
Na Tabela 3 estão expressos os resultados da interação cultivar versus número de
sementes onde observou-se que o número das sementes interfere na liberação de solutos
permitindo a diferenciação das cultivares quanto ao seu vigor. O número de 25 sementes foi o
que permitiu uma diferenciação entre as 3 cultivares de gergelim, sendo a mais vigorosa a
cultivar ‘Trebol’ (168,97 μS cm-1 g-1 ) com menor liberação de solutos e, portanto, com uma
membrana plasmática mais íntegra. Cinqüenta e cem sementes permitiram classificar as
cultivares em dois níveis de vigor, confirmando também a cultivar ‘Trebol’ como a mais
vigorosa e considerando as cultivares ‘Cnpa G4’ e ‘Comum’, com mesmo nível de vigor.
Analisando o número de sementes para cada cultivar, observa-se que em todas as
cultivares o número de sementes interferiu na liberação da quantidade de solutos (Tabela 3),
ou seja, a condutividade elétrica em todas as cultivares foi inversamente proporcional ao
número de sementes.
A influência do número de sementes sobre determinação de uma metodologia específica
para a condução do teste de condutividade elétrica já foi observada em vários trabalhos.
MARQUÊS et al. (2002) ao avaliarem o efeito do número de sementes e do volume de água
na condutividade elétrica de sementes de Dalbergia nigra, verificaram que amostras de 50
sementes embebidas em 75mL de água por períodos iguais ou superiores à 36 horas melhor
correlacionaram esses resultados com os dados de germinação em laboratório e em viveiro.
SANTOS & PAULA (2005), verificaram que o uso de 75 sementes de branquilho embebidas
em 75 mL, por 24 horas à temperatura de 25ºC foi o que possibilitou a mesma discriminação
dos lotes que o teste de germinação. RODO et al. (1998), trabalhando com sementes de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1058
tomate, observaram que o número de sementes ideais para condução do teste de
condutividade foi variável para cultivares, ou seja, para cultivar ‘IAC’, 50 sementes e para
cultivar ‘Kada’, 25 sementes.

Tabela 3 – Dados médios de condutividade elétrica (μS cm-1 g-1) em função da interação entre
o número de sementes e a temperatura para três cultivares de gergelim.
Cultivares
Número de Sementes
Trebol Cnpa G4 Comum
25 168,97 Ac 242,87 Ab 262,22 Aa
50 101,25 Bb 141,73 Ba 145,39 Ba
100 75,40 Cb 100,43 Ca 100,52 Ca
Temperatura
20 93,11 Bb 146,67 Ba 147,14 Ca
25 108.93Bb 155,10 Aa 166,11 Ba
30 147,58 Ab 183,27 Aa 194,88 Aa
Médias seguidas de mesma letra minúscula, em cada linha, e, maiúscula em cada coluna, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. ns, * e ** são: não significativo e significativo a 5% e 1%
pelo teste de Tukey.

Analisando a interação cultivar versus temperatura (Tabela 3), observa-se que em todas
as temperaturas estudadas podem-se diferenciar estatisticamente as cultivares como na Tabela
1. As cultivares de gergelim diferenciaram-se em dois níveis de vigor, de acordo com a
condutividade elétrica, onde a cultivar Trebol foi a mais vigorosa e as demais não diferiram
entre si. GASPAR & NAKAGAWA (2002), em trabalho realizado com milheto não
observaram diferenças que justificassem a mudança da temperatura usualmente utilizada de
25ºC nos laboratórios por outra temperatura. SANTOS & PAULA (2005), com sementes de
Sebastiania commersoniana, RODO et al.(1998), com sementes de tomate e Nakagawa &
Vanzolini (2005),com sementes de amendoim, também utilizaram a temperatura de 25º C na
execução do teste de condutividade elétrica.
Considerando-se o efeito das diferentes temperaturas em cada cultivar observa-se que
para todas quanto maior a temperatura maior a liberação de lixiviados (Tabela 3).Estes
resultados demonstram realmente que a temperatura influencia a velocidade de embebição e a
lixiviação de eletrólitos do interior das células (MURPHY & NOLAND, 1982). Aumentos
significativos de condutividade observados em função de aumento da temperatura também
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1059
foram verificados por LOEFFLER, TEKRONY & EGLI (1988) ao trabalhar com sementes de
soja.
A recomendação de condicionamento a 20ºC é ainda comum (MARCOS FILHO et al.,
1987; KRZYZANOWSKI et al., 1991), embora a temperatura de 25ºC apresente-se mais
coerente com as condições ambientais do Brasil.
Assim considerando-se o efeito do número de sementes e da temperatura de embebição
que proporcionaram o estabelecimento de uma metodologia específica para condução do teste
de condutividade elétrica para as sementes de gergelim, recomendar-se-ia o uso de 25
sementes, as quais permitiram diferenciar estatisticamente as três cultivares, e temperatura de
25ºC que se apresenta mais coerente com as condições ambientais de Cassilândia. Embora
esses resultados tenham permitido a diferenciação quanto ao potencial fisiológico das
cultivares de gergelim, isso não foi evidenciado na Tabela 1 pelos testes de germinação e
maioria dos testes de vigor.

4 CONCLUSÕES
Para as cultivares de gergelim o teste de condutividade elétrica foi mais eficiente quando
conduzido com 25 sementes, embebidas em 75 mL de água na temperatura de 25ºC.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1062
POTENCIAIS ENERGÉTICOS DAS TORTAS DE AMENDOIM E
GIRASSOL PARA A ALIMENTAÇÃO HUMANA

Álvaro Augusto Guimarães Oliveira, DAG / UFLA, alv_agora@yahoo.com.br


Wanderson Alexandre Valente, DCA / UFLA, wavalente@bol.com.br
Tânia Maria Pereira Alvarenga, DCA / UFLA, tanimpavet@yahoo.com.br
Joelma Pereira, DCA / UFLA, joper@ufla.br

RESUMO: As tortas de amendoim e girassol são subprodutos da extração do óleo das


sementes dessas respectivas plantas. Visando seu uso na alimentação humana, o processo de
extração se dá apenas por prensagem, não utilizando solventes químicos. O presente trabalho
foi realizado com o objetivo de conhecer o potencial energético dessas tortas, segundo testes
bromatológicos. Estes foram realizados em quatro repetições. Os resultados médios foram
convertidos em valores de energia e comparados segundo exigências diárias de um indivíduo
adulto e saudável, com um consumo de 100 g/dia. Na torta de amendoim encontraram-se
valores de: 10,93g de lipídios, 32,66g de proteína bruta e 36,18g de carboidratos (extrato não
nitrogenado) para 100g de amostra. Para de girassol foram observado os valores de: 10,76g de
lipídios, 23,82g de proteína bruta e 40,74g de carboidratos (extrato não nitrogenado) em
mesma quantia amostral. Convertendo estes valores em Kcal, quando totalmente
metabolizados pelo organismo, tem-se: AMENDOIM: 98,37 Kcal provenientes dos lipídios,
130,64 Kcal das proteínas e 144,72 Kcal dos carboidratos. GIRASSOL: 96,84 Kcal dos
lipídios, 95,28 Kcal das proteínas e 162,96 Kcal dos carboidratos. Em comparação com a
exigência diária, para um indivíduo adulto saudável, de 2500 Kcal distribuídas em 625 Kcal
para lipídios, 375 Kcal para proteínas e 1500 Kcal para carboidratos, conclui-se: Se um
indivíduo consumir 100g de torta de amendoim, ele estará ingerindo 16% da exigência em
lipídios, 35% da exigência em proteínas e 10% da exigência em carboidratos. E no consumo
de 100g da torta de girassol, estará ingerindo 15% da exigência em lipídios, 25% da exigência
em proteínas e 11% da exigência de carboidratos. Pode-se perceber que a torta de amendoim
fornece maior quantidade de proteína, sendo portanto, de boa viabilidade ao consumo
humano.

Palavras-Chave: Testes bromatológicos, tortas.

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1063
ANÁLISE DE CRESCIMENTO DO PINHÃO-MANSO SUBMETIDO A
DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

Ednaldo Liberato de Oliveira, CEFET JANUÁRIA, ednaldoliberato@yahoo.com.br


Manoel Alves de Faria, UFLA, mafaria@ufal.br
Augusto Ramalho de Morais, UFLA, armorais@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: No manejo da irrigação das culturas é de fundamental importância o


conhecimento da quantidade ideal de água para as culturas, por este motivo este trabalho teve
como objetivo, estudar o efeito de várias lâminas de irrigação na fase inicial do crescimento
vegetativo do pinhão-manso. As lâminas de água aplicadas em função da evaporação do
tanque classe "A" (ECA), FORAM: L0 = sem irrigação; L40 = 40% da ECA; L80 = 80% da
ECA; L120 = 120% da ECA. Os parâmetros avaliados foram: altura de planta (AP), diâmetro
de copa tanto no dentido longitudinal da linha de plantio (DCopaL), quanto tranversal a esta
linha (DCopaT) e diâmetro de caule (DC), aos 70, 120 e 150 dias após o transplantio (DAT).
Houve efeito significativo das lâminas nos dados de crescimento inicial das plantas, sendo a
lâmina de 120% da ECA a que proporcionou maiores crescimentos para todos os parâmetros
avaliados, o que demonstra a importância da prática da irrigação, mesmo em regiões onde a
precipitação anual é superior a 1000 mm, como é o caso de Lavaras, região Sul de Minas
Gerais.

Palavras-Chave: Manejo de irrigação, Jatropha curcas L., tanque classe "A".

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1064
1 INTRODUÇÃO
Com a crescente demanda por biodiesel no Brasil necessário se faz produzir oleaginosas
ricas em óleo e que não venham a competir com a demanda de alimentos para consumo
humano e animal. Atualmente a Universidade Federal de Lavras (UFLA), vem desenvolvendo
projetos de pesquisa com a cultura do pinhão-manso, no intuito de observar o comportamento
desta cultura em condições de campo. Trata-se de uma espécie que vegeta e produz bem em
altitudes desde o nível do mar até mais de 1.000 m, em regiões áridas, semi-aridas e tropicais.
A semente é uma amêndoa bastante oleaginosa, contendo até 35-38% de óleo (Saturnino et al.
2005; Carvalho et al. 2007).
São cada vez mais freqüentes os problemas climáticos como as estiagens, que acabam
atingindo duramente as áreas cultivadas que não são irrigadas, sendo assim, a irrigação
assume um papel importante na produção das culturas, sendo para o produtor uma técnica que
além de incrementar a produtividade, pode proporcionar a obtenção de um produto
diferenciado, de melhor qualidade, pois a água destaca-se entre os fatores que afetam o
desenvolvimento vegetativo por ser o meio de difusão dos solutos nas células e solvente para
a maioria das reações bioquímicas. Falta ou excesso de água é freqüente fator de diminuição
da produção e, por isso, seu manejo é essencial para a maximização da produção agrícola. O
manejo inadequado de água no solo traz sérios problemas relacionados às perdas de nutrientes
por lixiviação. Já com o controle criterioso da irrigação ocorre redução dessas perdas e
aumento da absorção de nutrientes pela planta (Costa et al. 1986; Cadahia, 1998).
A ausência de pesquisa com irrigação na cultura do pinhão-manso, justificou a presente
pesquisa, que analisou os efeitos de diferentes lâminas de água no solo no crescimento
vegetativo inicial da cultura.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido sob condições de campo, no setor de Fruticultura do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras-MG, no
período de 26 de dezembro de 2006 a 26 de maio de 2007. O clima da região, segundo a
classificação de Koppen, é do tipo Cwb, caracterizado por uma estação seca entre abril e
setembro e uma estação chuvosa de outubro a março (Antunes, 1980). A temperatura média
do mês mais frio é inferior a 18ºC e superior a 3ºC e o verão apresenta temperatura média do
mês mais quente superior a 22ºC. A região apresenta temperatura do ar média anual de
19,4ºC, umidade relativa do ar média de 76,2%, precipitação média anual de 1.529,7 mm e

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1065
evaporação média anual de 1.034,3 mm (Brasil, 1992). O solo da área experimental foi
classificado como Latossolo Vermelho distroférrico. O sistema de irrigação usado foi
gotejamento superficial sendo caracterizado pela aplicação de água no solo de modo a formar
uma faixa contínua.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições.
Os tratamentos constaram de três lâminas de água, aplicadas com base na porcentagem de
evaporação acumulada do Tanque Classe A (ECA), sendo: L0 = sem irrigação, L40 = 40% da
ECA, L80 = 80% da ECA e L120 = 120% da ECA. As parcelas experimentais, constituídas de
seis linhas de pinhão-manso, espaçadas de três metros, com comprimento de dose metros,
compostas por 48 plantas, com área total de 216 m2.
Foram avaliadas as seguintes características: diâmetro de caule (DC): medido a 10 cm
do colo da planta, por meio de paquímetro; Altura de planta (AP): medida do colo da planta a
inserção da folha mais nova localizada no ápice da plana, através de fita métrica; diâmetro de
copa: medido na região mediana da copa, com o auxílio de fita métrica, tangenciando as
extremidades da copa tanto no sentido da linha de plantio (DCopaL), quanto perpendicular a
esta linha (DCopaL).
Os dados foram mensurados aos 70, 120 e 150 dias após o transplantio (DAT) e ao final
analisados estatisticamente utilizando a análise de variância (ANOVA), aplicando o teste de
Tukey a 1% e 5% de probabilidade para a comparação das médias com auxílio do programa
computacional Sisvar, versão 4,0 para análise estatísticas (Ferreira, 2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Um resumo das médias dos dados obtidos para os períodos avaliados estão presentes
nas Tabelas 1. Analisando-se estas tabela, é possível verificar que na primeira avaliação (70
dias após o transplantio) não houve efeito dos tratamentos em altura de planta, no entanto, a
partir de 120 dias após o transplantio começou ocorrer diferenças estatísticas (P < 0,05),
mantendo-se até o final. Todavia, os valores obtidos para altura de planta, aos 150 dias após o
tansplantio, indicam um leve acréscimo nos tratamentos L40, L80 e L120, cujas médias foram de
102, 105 e 110 cm, respectivamente, não diferindo estatisticamente pelo teste de Tukey.
Entretanto, no tratamento L0 a média foi de 91 cm. Mesmo não havendo, diferença estatística
significativa entre os tratamentos irrigados, percebeu-se que as plantas que receberam a
lâmina L120, apresentaram os melhores resultados em relação aos parâmetros avaliados;
detectou-se, no campo, de forma visual, ligeira superioridade no crescimento e

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1066
desenvolvimento dessas plantas quando comparadas com as demais. Em termos percentuais,
quando comparadas as médias de altura de plantas dos tratamentos L40, L80 e L120, com L0,
observou-se que as primeiras são 12,08%; 15,38% e 20,8% mais altas, respectivamente.
Os diâmetros de copas, tanto transversal como longitudinal, seguiram um
comportamento semelhante não havendo diferença significativa no primeiro período
analisado, mas nos períodos seguintes ocorreu efeito significativo para a lâmina L0, nos
demais tratamento não houve diferença significativa.
Com relação ao parâmetro de crescimento, diâmetro de caule, é possível verificar na
que houve efeito significativo dos tratamentos no primeiro período analisado (70 dias após o
transplantio), nesta ocasião o diâmetro de caule das plantas era menor no tratamento L80 (80%
ECA), com 2,42 cm e o maior diâmetro ocorreu nas plantas que receberam a lâmina L120
(120% da ECA), com 5,58 cm. Aos 120 dias após trasplantio o parâmetro diâmetro de caule
apresentou diferença estatística não significativa e aos 150 dias após o transplantio este
parâmetro voltou a apresentar diferença estatística significativa. Neste ultimo período de
avaliação, as plantas que foram irrigadas com as lâminas de L0, L40 e L80 não ocorreu efeito
dos tratamentos, já para as L80 e L120 houve efeito significativo, sendo os valores médios do
diâmetro de caule de 4,73 e 5,05cm, respectivamente.
Avelar et al. (2006), avaliando o desenvolvimento de plantas de pinhão-manso do banco
de germoplasma da UFLA, encontraram altura média de plantas variando de 78,7 a 128 cm e
diâmetro de caule variando de 3,91 a 60,9 cm, em plantas com 180 dias após plantio,
conduzidas em regime de sequeiro.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1067
Tabela 1 - Resumo das médias para altura de planta (AP), diâmetro de copa longitudinal a
linha de plantio (DCopaL) , diâmetro de copa transversal a linha de plantio (DCopaT) e
diâmetro de caule (DC), aos 70, 120 e 150 dias após transplantio (DAT).
Parâmetros avaliados aos 70 DAT
Lâmina de AP DCopaL DCopaT DC
irriação (cm) (cm) (cm) (cm)
(% ECA)
L0 51,17 a1 52,32 a1 52,29 a1 2,53 a1a2
L40 47,72 a1 50,27 a1 48,99 a1 2,44 a1a2
L80 48,12 a1 51,26 a1 50,34 a1 2,42 a1
L120 52,37 a1 52,22 a1 52,81 a1 2,58 a2
Parâmetros avaliados aos 120 DAT
Lâmina de AP DCopaL DCopaT DC
irriação (cm) (cm) (cm) (cm)
(% ECA)
L0 84,93 a1 63,35 a1 62,18 a1 3,84 a1
L40 90,36 a1a2 74,38 a2 74,36 a2 3,92 a1
L80 91,87 a1a2 76,00 a2 76,05 a2 4,01 a1
L120 97,10 a2 8,38 a2 82,25 a2 4,14 a1
Parâmetros avaliados aos 150 DAT
Lâmina de AP DCopaL DCopaT DC
irriação (cm) (cm) (cm) (cm)
(% ECA)
L0 91,53 a1 68,91 a1 66,49 a1 4,56 a1
L40 102,08 a2 80,51 a2 81,64 a2 473 a1
L80 105,15 a2 8,94 a2 84,14 a2 4,83 a1a2
L120 110,02 a2 88,97 a2 89,79 a2 5,05 a2
Valores seguidos de mesma letra e número na coluna não se diferenciam estatisticamente (p<0,05)

4 CONCLUSÃO
A irrigação, mesmo em regiões com precipitações médias anuais acima de 1.000 mm,
como é o caso de Lavras, Sul de Minas Gerais, promoveu acréscimo significativo nos

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1068
parâmetros de crescimento vegetativo de plantas de pinhão-manso, no período inicial de
desenvolvimento.
Dentre as lâminas de irrigação aplicadas a que apresentou os melhores resultados de
crescimento vegetativo do pinhão-manso, aos 150 dias após transplantio das mudas, foi a
lâmina de 120% da ECA.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Agropecuário, Belo Horizonte, v. 6, n. 61, p. 52-63, jan. 1980.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1069
PRODUÇÃO DE BIODIESEL E PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NA
AGRICULTURA FAMILIAR

Telma Côrtes Quadros de Andrade, SECTI, carlas@ufba.br


Ailton Florêncio, SEAGRI/ SUAF, ailton.suaf@seagri.ba.gov.br
Carla Carvalho Simões, UFBA, carlas@ufba.br
Juliano da Silva Lopes, SECTI, jlopes@secti.ba.gov.br

RESUMO: Em um mundo onde, de acordo com as Nações Unidas, 1 bilhão de pessoas


sofre de fome crônica e má nutrição, e 24 mil morrem diariamente de causas relacionadas a
esses problemas, entre estes, 18 mil são crianças, faz-se necessário questionar se as terras do
planeta se destinarão preferencialmente a atender aos cerca de 800 milhões de proprietários de
automóveis, ou à garantia da segurança alimentar mundial. A expansão da fronteira agrícola
com a abertura de grandes áreas para o plantio destinada à produção de energia estabelece
ônus social, econômico, cultural e ambiental que põem em questão as vantagens dos grandes
empreendimentos agrícolas. Nos últimos dez anos, os programas de governo voltados para a
viabilização de políticas agrárias e agrícolas estão redefinindo suas intervenções na tentativa
de levar em consideração as formas específicas de acesso aos recursos naturais. O objetivo é a
valorização e identificação de padrões de uso sustentável e ocupação do solo consorciando
atividades agrícolas de produção de energia e alimento. Os estudos e o desenvolvimento de
comunidades sustentáveis atuais, que utilizam a permacultura como ferramenta, para seu
design ecológico, são de extrema importância. Perante essa situação, este artigo parte da
premissa de que se faz necessária uma revisão do planejamento fragmentado das produções,
buscando um sistema planejamento integrado, com significativo grau de auto-suficiência e
baixo impacto no ambiente.

Palavras-Chave: Permacultura, agricultura familiar e energias alternativas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1070
1 INTRODUÇÃO

Um dos primeiros registros da utilização de óleos vegetais em motores a combustão foi


quando o próprio criador do motor, Rudolf Diesel, utilizou óleo de amendoim para uma
demonstração na Exposição de Paris, em 1900 (ALTIN et al., 2001). Historicamente, porém,
o uso de óleos vegetais in natura como combustível foi rapidamente superado pelo uso de
óleo diesel derivado de petróleo, tanto por fatores econômicos quanto técnicos. Contudo, os
sucessivos aumentos do preço do petróleo e as crescentes preocupações ambientais renovaram
o interesse de muitos países na utilização de combustíveis alternativos. A utilização direta de
óleos vegetais pode causar danos aos motores ciclo diesel, especialmente pela ocorrência de
excessivos depósitos de carbono; obstrução nos filtros de óleo, linhas e bicos injetores;
diluição parcial do combustível no lubrificante e comprometimento da durabilidade do motor
(MA e HANNA,1999). No entanto, por meio de uma reação de transesterificação esses
problemas podem ser superados obtendo-se, assim, além do biodiesel, a glicerina. O biodiesel
é um biocombustível derivado monoalquil éster de ácidos graxos de cadeia longa, proveniente
de fontes renováveis (ABREU et al., 2004), possuindo propriedades físico-químicas similares
ao óleo diesel de petróleo. Pelas suas características é um substituto natural ao diesel,
podendo ser produzido a partir de óleos vegetais, gorduras animais e óleos utilizados em
frituras de alimentos. Embora alguns autores definam biodiesel como um tipo de
biocombustível, outros adotam de forma genérica o termo biodiesel a qualquer tipo de
biocombustível que possa substituir o diesel em uma matriz energética. Assim, óleos vegetais
in natura, puros ou em misturas e bioóleos – produzidos pela conversão catalítica de óleos
vegetais (pirólise) e microemulsões, que envolvem a injeção simultânea de dois ou mais
combustíveis, geralmente imiscíveis, na câmara de combustão de motores do ciclo diesel –
são denominados de biodiesel (RAMOS et al., 2003).
Com sua extensão territorial e diversidade edafoclimática, o Brasil apresenta um grande
potencial para a produção de diferentes espécies oleaginosas (Tabela 1). Assim, o biodiesel
pode ser produzido a partir do dendê, babaçu, milho, girassol, soja, canola, colza, amendoim,
mamona, óleos utilizados em fritura, etc.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1071
Oleaginosas disponíveis por região do território nacional para a produção de biodiesel.

REGIÃO ÓLEOS VEGETAIS DISPONÍVEIS


Norte Dendê, babaçu e soja
Nordeste Babaçu, soja, mamona, dendê, algodão,
milho e coco
Centro- Soja, mamona, algodão, girassol, dendê,
Oeste milho e nabo forrageiro
Sudeste Soja, mamona, algodão, milho e girassol
Sul Soja, canola, girassol, algodão, milho e
nabo forrageiro

O uso dessas fontes de matéria-prima para produção de biodiesel deverá, portanto,


considerar alguns aspectos específicos, destacando-se entre eles: o monitoramento de toda a
cadeia de produção do biocombustível (cultivo, processamento, uso / conversão e destinação
dos resíduos) e os limites da capacidade de regeneração dos recursos naturais (solo, água etc.),
de tal modo que a taxa de utilização não supere a de renovação e possíveis conflitos e
concorrências no uso dessas matérias-primas e recursos naturais utilizados na produção do
biocombustível, como, por exemplo, a produção de alimentos versus produção de energia.
Sob o ponto de vista econômico e ambiental, torna-se relevante analisar a relação entre
a energia gasta na produção de um combustível (Input) e a energia obtida na sua combustão
(Output). Conforme Almeida et al. (2004) verificaram, o balanço energético (O-I) é positivo,
no caso da mamona, tanto para a rota etílica como metílica em todas as alternativas de
alocação dos co-produtos (ração e adubo).
Quanto ao aspecto tecnológico, as características inerentes à matéria-prima empregada
deverão possibilitar a sua viabilidade produtiva e, para tanto, se devem considerar alguns
aspectos como: menor complexidade no processo de extração do óleo, número reduzido de
etapas de tratamento e de componentes indesejáveis no óleo (como fosfolipídeos, presentes no
óleo de soja), adequado teor de ácidos graxos poli-insaturados e de ácidos graxos saturados e
aproveitamento dos co-produtos gerados (hormônios vegetais, vitaminas, antioxidantes,
proteínas e fibras).
Assim, o biodiesel constitui-se em uma alternativa para geração de energia mais limpa,
que além do apelo ambiental, a produção desse combustível, a partir de diversas oleaginosas,
implica na necessidade de expansão da produção agrícola das potenciais culturas para atender
a esse novo mercado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1072
Como resposta a essa maior demanda por oleaginosas, espera-se um aumento no nível
de emprego e uma realocação na distribuição de renda, principalmente em regiões mais
carentes do Norte e Nordeste do país.

• O Brasil ainda é um importador de óleo diesel


• O Brasil é um país de destaque no cenário mundial de biocombustíveis
• Extensão territorial e condições de clima e solo propícias para a produção de biomassa
• O cultivo de oleaginosas é propício em todo território
• A demanda mundial por combustíveis renováveis é crescente
• A produção de biodiesel é considerada estratégica para o país

A partir de 1970 a Bahia experimentou expressivo crescimento econômico, trazendo


reflexos tanto na oferta, quanto na demanda de energia. A entrada em operação do Centro
Industrial de Aratu (CIA) e do Complexo Petroquímico de Camaçari (COPEC) fez com que a
matriz energética estadual apresentasse mudanças em seus perfis quantitativo e qualitativo. A
demanda energética estadual deslocou-se particularmente para as indústrias Metalúrgica,
Química e de Papel e Celulose. Na Bahia a evolução do consumo de energia por fontes, no
período 1980-2003, caracterizou-se pelo crescimento das participações relativas dos
Derivados de Petróleo, Gás Natural e Energia Elétrica. A Oferta Interna de Energia (OIE)
alcançou 14.542.000 tep em 2003, refletindo a participação preponderante da Energia Não
Renovável, sendo seus principais itens o Petróleo e seus Derivados, registrando 54,5%, e o
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1073
Gás Natural com 16,0%, perfazendo o total de 70,5%. Em relação à Energia Renovável, cabe
destacar a participação de 13,5% da Lenha e Carvão Vegetal, seguida pela Energia Hidráulica
e Elétrica com 10,7%. No tocante ao atendimento da demanda, verifica-se que 65,5% da OIE
está direcionada aos diversos setores socioeconômicos, principalmente, o Industrial com
22,5%, Transportes com 15,4% e o Residencial com 14,5%. O consumo final não energético
registra 24,9% de participação na demanda de energia, sendo que perdas na transformação,
armazenagem e distribuição respondem por 9,6%. A Tabela abaixo apresenta as principais
modificações na estrutura da matriz estadual para os anos de 1980, 1994 e 2003, subsidiando
o comparativo entre o início, o meio e o fim da série histórica apresentada neste Balanço.
A OIE evidenciou, em 2003, crescimento de 41,6% em relação ao ano de 1980. Em sua
estrutura observa-se o aumento na participação da Energia Não Renovável de 54,6% para
73,8%, enquanto a parcela relativa à Energia Renovável teve redução na sua participação de
45,4% para 26,2%, entre 1980 e 2003. Dentro do bloco de Energia Não Renovável destaca-se
a evolução da oferta do Gás Natural, registrando incremento de 183,2%, tendo sua
participação elevada de 8,0%, em 1980, para 16,0% em 2003, e a do Petróleo e seus
Derivados que, em 2003, teve valor 67,7% superior ao de 1980.
Quanto à Energia Renovável, as principais modificações ocorridas, dentro da estrutura
da OIE, estão associadas ao declínio na participação da Lenha e Carvão Vegetal de 38,7%, em
1980, para 13,5% em 2003, o que representou redução de 50,6% na quantidade ofertada. A
participação da Energia Hidráulica e Elétrica assinalou crescimento de 5,7%, em 1980, para
10,7% em 2003, ampliando sua oferta em 166,5%.
O consumo final energético apresentou crescimento de 18,6%, muito embora sua
participação na estrutura da demanda de energia tenha caído de 78,2%, em 1980, para 65,5%
em 2003.
O consumo final não energético caracterizado, principalmente, pelo uso de algumas
fontes de energia como matéria prima na indústria Petroquímica (Gás Natural e Nafta),
registrou aumento de 120,3%, crescendo sua participação relativa de 16,0%, em 1980, para
24,9% em 2003.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1074
A Figura representa o fluxo de energia ocorrido ao longo do sistema energético estadual
durante 2003.
A Bahia, desde 1980, apresenta importação de energia maior do que a exportação. Do
lado da importação total, a partir de 1997, em função do Petróleo, a diferença passou a ser
maior do que o dobro de toda a exportação (Gráfico 2.4.1). A diferença diminui, a partir de
2001, quando a exportação total de energia passou a ser incrementada pelo
concentrado de Urânio (U3O8 - yellow cake).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1075
Ao avaliar os sistemas agrícolas e a sustentabilidade ou a insustentabilidade destes
sistemas, em dada área, constata-se que existe relação direta entre o conceito de
sustentabilidade com o enfoque sistêmico, pois “a sustentabilidade é sistêmica” (ROCHA,
2001:40). A passagem do sistema agrícola atualmente dominante para o sistema sustentável a
“pesquisa agropecuária deve ser direcionada para o enfoque sistêmico, de maneira a integrar
os diversos componentes de um agroecossistema” (EHLERS, 1998). O preceito elementar do
estudo de sistemas é o da conectividade. Pode-se compreender sistema como o conjunto de
elementos com ligações entre si e o ambiente, cada sistema se compõe de subsistemas e todos
são partes do sistema maior, cada um deles é autônomo e simultaneamente aberto e integrado
ao meio, existe inter-relação direta com o meio (SANTOS, 1982:21). É somente a relação que
existe entre as coisas que nos permite realmente conhecê-las e defini-las, isto é, “fatos
isolados são abstrações e o que lhes dá concretude é a relação que mantêm entre si”
(SANTOS, 1982:25).
Para se compreender os sistemas agrícolas em nossos dias, temos que ter em mente sua
sustentabilidade, pois “a agricultura é afetada pela evolução dos sistemas socioeconômicos e
naturais” (ALTIERI, 2000:16). De acordo com CAVALCANTI (1998) sustentabilidade
significa a “possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida
para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema” (CAVALCANTI
1998:161).
Ao pensar a sustentabilidade sob a ótica do retorno aos primórdios humanos, em retorno
ao modo de vida selvático dos índios brasileiros, CAVALCANTI (1998) assevera que “os
índios da Amazônia nos oferecem um caminho para a sustentabilidade” já que a procura por
essa sustentabilidade “resume-se à questão de se atingir harmonia entre seres humanos e a
natureza”. Ao contrário do “homem civilizado” o índio vive de maneira sustentável com a
natureza, com estilo de vida baseado “exclusivamente em fontes renováveis de energia”
(CAVALCANTI, 1998:165).
A sustentabilidade, de acordo com SACHS (1991), “constitui-se num conceito
dinâmico, que leva em conta as necessidades crescentes das populações, num contexto
internacional em constante expansão” (SACHS, 1990:235-236). Para ele, a sustentabilidade
tem como base 5 dimensões principais que são as sustentabilidades social, cultural, ecológica,
ambiental e econômica, A sustentabilidade social está vinculada ao padrão estável de
crescimento, melhor distribuição de renda com redução das diferenças sociais. Já a
sustentabilidade econômica está vinculada ao “fluxo constante de inversões públicas e
privadas” além da destinação e administração corretas dos recursos naturais. A dimensão
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1076
sustentabilidade ecológica está vinculada ao uso efetivo dos recursos existentes nos diversos
ecossistemas com mínima deterioração ambiental. A sustentabilidade geográfica está ligada à
má distribuição populacional no planeta, sendo “necessário buscar uma configuração rural
urbana mais equilibrada”. A sustentabilidade cultural que procuraria a realização de mudanças
em harmonia com a continuidade cultural vigente (SACHS, 1990:235-236). Em 2000 este
mesmo autor acrescenta mais quatro dimensões ou critérios de sustentabilidade: ambiental,
territorial, política nacional e política internacional.

Segundo um estudo realizado pelo INCRA no ano de 2000, a Bahia possui a maior
população rural do país com 4,2 milhões de habitantes. Além disso, 89,1% do total de
estabelecimentos rurais baianos são caracterizados como familiares, ocupando 37,9% da área
total e sendo responsável por 39,8% do Valor Bruto da Produção.
Parte considerável desse contingente de agricultores familiares está localizado no semi-
árido.
Em vista disso, e levando em consideração o objetivo estratégico dos governos federal e
estadual em priorizar a produção de biodiesel a partir de uma fonte de matéria-prima oriunda
da agricultura familiar – a mamona é que se justifica a elaboração do presente programa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1077
É preciso garantir o fortalecimento da cultura da produção de oleaginosas de base
familiar para a produção de biodiesel. Essa ação favorecerá a fixação do homem no campo
com geração de renda e diversificação da atividade econômica regional.
Fortalecer a pequena produção familiar, a partir da difusão de novas técnicas, sementes
melhoradas e novos modelos de organização da produção dando ênfase as lavoras
consorciadas, entre outros, é fundamental para garantir os ganhos de produtividade requeridos
pelo mercado de produção de energia, que trabalha com grandes escalas de produção e em
que o fator custo é elemento vital para a construção da competitividade do setor.
Além disso, ao conjugar o fortalecimento da produção de mamona com a implantação
de uma unidade de produção de biodiesel, procede-se a uma verticalização que agrega valor à
produção oriunda da agricultura familiar garantindo, dessa forma, os benefícios integrais da
cadeia de produção. Estas medidas contribuem para evitar reproduzir os erros do Próalcool,
que terminou beneficiando os grandes usineiros e relegando o pequeno produtor a segundo
plano.
Cabe ao Governo, portanto, criar mecanismos de políticas públicas capazes de resgatar
essa dívida social inserindo amplas parcelas da população rural para uma atividade econômica
dinâmica capaz de conferir-lhes a oportunidade de apoderar-se dos benefícios ligados à
produção de biodiesel no estado.

OLEAGINOSA Produtividade ha para produzir Ocupação de terra


(tóleo/ha/ano) 1000t de óleo/ano (ha/família)
Mamona 0,470 2128 2
(lavoura familiar)
Soja 0,210 4762 20
(lavoura mecanizada)
Amendoim 0,450 2222 16
(lavoura mecanizada)
Babaçu 0,120 8333 5
(extrativismo)
Dendê 5 200 5
(cultivo mecanizado)

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1078
PROJEÇÃO DA DEMANDA MUNDIAL DE ÓLEOS VEGETAIS

Fonte: Oil World Monthlies 2006 e Oil World Annual 2005.

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
• Interiorização do desenvolvimento, principalmente do semi-árido.
• Geração de empregos diretos no meio rural, fixando o homem no campo.
• Agregação de valor a matérias-primas locais.
• Geração de novos negócios (torta da mamona, glicerina, etc.).
• Possibilidade de recuperação de áreas degradadas para produção de culturas como o
dendê, a mamona, etc.
• Diversificação da matriz energética estadual.
• Plantio consorciado energia X alimento.

3 CONCLUSÃO
Experiências como a plantação da mamona por pequenos agricultores no Nordeste
demonstraram o risco de dependência a grandes empresas agrícolas, que controlam os preços,
o processamento e a distribuição da produção. Os agricultores são utilizados para dar
legitimidade ao agronegócio, através da distribuição de certificados de "combustível social".
A expansão da produção de biocombustíveis coloca em risco a soberania alimentar e
pode agravar profundamente o problema da fome no mundo. No México, por exemplo, o
aumento das exportações de milho para abastecer o mercado de etanol nos Estados Unidos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1079
causou um aumento de 400% no preço do produto, que é a principal fonte de alimento da
população. Este modelo causa impactos negativos em comunidades camponesas, ribeirinhas,
indígenas e quilombolas, que têm seus territórios ameaçados pela constante expansão do
capital. Silvia Ribeiro alerta que "agora são os automóveis, não as pessoas, os que demandam
a produção anual de cereais. A quantidade de grãos que se exige para encher o reservatório de
uma camionete com etanol é suficiente para alimentar uma pessoa durante um ano". Alguns
analistas empresariais até admitem que há problemas ambientais e risco à produção de
alimentos, mas afirmam que precisamos escolher "o mal menor". Neste caso, defendem até
mesmo a destruição de florestas com o objetivo de expandir seus lucros com a produção de
bioenergia, também conhecidos como "ouro verde".
Na verdade, uma mudança na matriz energética que buscasse realmente preservar a vida
no planeta teria que significar também uma profunda transformação nos padrões atuais de
consumo, no conceito de desenvolvimento" e na própria organização de nossas sociedades. É
preciso investir em alternativas como a energia eólica, solar, fotovoltaica, das marés,
geotérmica. Porém, discutir novas fontes de energia implica, em primeiro lugar, refletir a
serviço de quem estará esta nova matriz. A construção de uma nova matriz energética deve
levar em conta quem se beneficiará ou qual propósito servirá.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1081
PRODUÇÃO DO ÓLEO DE PEQUI NA REGIÃO NORTE DE MINAS
GERAIS E NA REGIÃO DA CHAPADA DO ARARIPE, SUL DO CEARÁ

Teddy Marques Farias, NCA/UFMG, teddymfarias@nca.ufmg.br


Daniel Walker Júnior, FUND. MUSSAMBE, mussambe@gmail.com

RESUMO: A indústria de óleos atualmente se encontra em franca expansão, principalmente


devido ao aumento da demanda por óleos para a produção do biodiesel e como matéria prima
para as indústrias farmacêuticas, cosmética e alimentícia. Além disso, a busca por novas
fontes de ácidos carboxílicos mais saudáveis, insumos de qualidade e economicamente
viáveis para indústria de um modo geral, tem despertado o interesse dos pesquisadores para as
plantas oleaginosas existentes no Brasil. O pequizeiro, árvore da família Cariocaracea, nativa
da América do sul, destaca como uma das plantas oleaginosas mais promissoras, sendo seus
frutos utilizados tradicionalmente pelas populações locais para os mais diversos fins,
principalmente na culinária e para a extração do óleo de pequi. Pesquisas recentes têm
demonstrado novas característica e propriedades deste óleo que tem sido utilizado como
matéria prima em diversos ramos da indústria. Apesar do seu inestimável potencial o óleo do
pequi tem sido produzido em pequena escala e de maneira artesanal por famílias que vivem
do extrativismo, em condições precárias. O óleo produzido dessa maneira tem apresentado
índices de qualidade baixos e também inconstância nas suas propriedades físico-químicas,
dificultando o seu uso como insumo, pois não existe um padrão de qualidade. Neste sentido
este trabalho teve o objetivo de caracterizar as atuais condições de produção do óleo de pequi
no norte de Minas Gerais e no sul do Ceará. Observou-se que as condições atuais de produção
são bastante incipientes e que há a necessidade de um olhar mais profissional para questão,
principalmente por parte das autoridades competentes. Pôde se concluir que as atuais técnicas
de produção utilizadas nos dois locais não permitem a obtenção de um padrão de qualidade
para o óleo de pequi produzido e também podem prejudicar as qualidades nutricionais do
mesmo, devido à falta de procedimentos mais elaborados e sistematizados que possibilitem
uma melhor extração do óleo e ofereçam melhores condições de trabalho às famílias
produtoras.

Palavras-Chave: Pequi, extração, óleo, Caryocar.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1082
1 INTRODUÇÃO
As diretrizes norteadoras do novo horizonte que desponta no cenário mundial em
relação a novas matrizes energéticas menos poluidoras, a busca por alimentos mais saudáveis
e novos insumos para indústria de um modo geral, tem gerado uma demanda por novas fontes
de matéria prima de qualidade e economicamente viáveis. A indústria de extração de óleos se
destaca, como uma promissora via de obtenção de produtos e co-produtos com grande
potencial de utilização, altamente compatíveis com os novos anseios do mercado global.
Neste contexto, a busca por novas fontes de ácidos carboxílicos saudáveis, insumos para
indústria farmacêutica e cosmética, novas fontes biocombustíveis, entre outros, tem voltado
os olhos dos pesquisadores para os recursos naturais existentes no Brasil, cujos potenciais de
utilização ainda não são totalmente conhecidos pela ciência.
Entre as plantas oleaginosas nativas da América do Sul, o pequizeiro, planta pertencente
à família Cariocaracea, gênero Caryocar L., englobando cerca de 20 espécies, ocorre desde a
região central do Brasil, Nordeste, Amazônia, Peru, Suriname, Guianas, estendendo-se até à
América central (ALMEIDA, 1998). Seus frutos são tradicionalmente apreciados e utilizados
pelas populações locais, gerando um importante fluxo de capital na época da sua colheita, que
varia de outubro a março dependendo da região. O pequi é considerado a “carne” do Cerrado,
devido ao seu teor protéico, vitamínico, poliglicerídico e de carboidratos (FIGUEIRA
MATOS, 2007), são utilizados principalmente na culinária para confecção de pratos típicos
doces ou salgados, licores, conservas e principalmente para produção de óleo, entre outros.
O potencial oleaginoso do pequizeiro o coloca entre as plantas nativas mais promissoras
para produção de óleos, podendo variar, quando cultivado de 1000 a 2000 kg de óleo por
hectare (100 plantas por hectare). A composição do fruto pequizeiro varia de acordo com a
espécie e região: Casca 42-58%; Polpa 16-30%; Endocarpo 15-26%; Amêndoa 5-7%. O teor
de óleo em cada parte da planta é a seguinte: Casca 2%; Polpa 62%; Endocarpo 15,8%;
Amêndoa 54,8% (CEFET-MG, 1983). A polpa que envolve o caroço do pequi contém
aproximadamente 75% do óleo presente no fruto.
O óleo extraído da polpa do pequi possui uma coloração que varia do vermelho-
alaranjado ao amarelo-claro dependendo da espécie e do método de extração, podendo
apresentar cristais amarelos à temperatura ambiente (25ºc) devido à sua composição química,
possui um odor forte característico, próximo do odor do fruto da espécie da qual é extraído. O
óleo extraído da Amêndoa é um óleo mais claro e mais fino, cuja coloração varia do amarelo

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1083
claro ao amarelo-esverdeado claro, possui odor característico das amêndoas, não se observa à
formação de cristais.
As propriedades do óleo do Pequi, chamado de óleo milagreiro em algumas regiões
devido as suas muitas aplicações, vêm sendo utilizadas há séculos pelas populações locais,
principalmente na culinária, produção de licores, combustível para iluminação, lubrificante
para máquinas e outros. As propriedades terapêuticas e veterinárias do óleo são comprovadas,
para o tratamento de doenças bronco pulmonares, xenofobias, doenças da pele, inchaços,
dores lombares, como antiinflamatório, cicatrizante, analgésico, afrodisíaco e tratamento de
diversos outros males. Atualmente pesquisas têm demonstrado novas características e
propriedades do óleo, como matéria prima nas indústrias farmacêuticas, cosmética e
alimentícia, sendo encontrada no mercado uma grande variedade de produtos que possuem o
óleo de pequi nas suas formulações, tais como: Emulsão de pequi, Pequióleo, xampus, sabões,
cremes para pele, licores industriais, aditivos para ração animal (fonte de beta caroteno).
Estudos para o uso farmacêutico do óleo se encontram em estágio avançado, como por
exemplo: para administração de medicamentos via cutânea. O óleo de pequi se destaca
também no contexto da bioenergia, como uma promissora matéria prima para a produção do
biodiesel (USP, 2000; CEFET-MG, 1983; TEIXEIRA, 2004; FIGUEIREDO MATOS, 2007;
SEGALL, 2004).
Apesar seu grande potencial químico, sua larga utilização e importância econômica, o
óleo de pequi tem sido produzido no Brasil em pequena escala de forma artesanal, por
famílias que vivem do extrativismo ou em pequenas fábricas de fundo de quintal. Em geral as
condições técnicas e higiênicas destes locais são precárias, o que tem comprometido a
qualidade do produto colocado no mercado, dificultando assim o seu uso como insumo, pois o
óleo encontrado não possui um padrão de qualidade e suas propriedades físico-químicas são
inconstantes, variando de safra para safra e de produtor para produtor.
Este trabalho tem por objetivo principal conhecer as técnicas e as condições nas quais
são produzidos atualmente os óleos de pequi no Norte de Minas Gerais e na região da
Chapada do Araripe, sul do Ceará. Nestas regiões a população, principalmente a de menor
poder aquisitivo, tradicionalmente, vêem no extrativismo um meio de aumentar a renda
familiar.

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1084
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado nos municípios próximos à cidade de Montes Claros região
Norte de Minas Gerais e na região da Chapada do Araripe próximo à cidade do Crato, sul do
Ceará, durante a safra de pequi 2005/2006 e a safra 2006/2007.
Para realização do trabalho utilizou-se o seguinte método:
• Foram realizadas visitas de campo às regiões produtoras, onde foram observadas as
técnicas de extração do óleo da polpa do pequi utilizadas pelos produtores.
• Foram analisados procedimentos de extração de óleos de duas espécies de pequi:
Caryocar brasiliense Camb., espécie mais comum encontrada no Norte de Minas
Gerais e do Caryocar coriaceum Wittm. espécie predominante no Sul do Ceará.
• Formam observados os procedimentos realizados para extração do óleo, locais onde se
realizam as extrações, vasilhames utilizados nos procedimentos, condições higiênicas
dos locais, condições de armazenagem.
• Foram realizadas conversas com os produtores nas quais varias questões foram
colocadas, tais como: capacidade de produção, usos do óleo, preço de venda, destino
final do produto.
• Foi feita também uma revisão bibliográfica sobre os Métodos de extração do óleo de
pequi existentes.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A revisão bibliográfica sobre os métodos de extração do óleo de pequi identificou um
número restrito de publicações sobre o tema.
Segundo CEFET-MG (1983), o óleo de pequi pode ser extraído retirando-se
manualmente a polpa do caroço e depois submetendo a massa amarela à maceração em pilões
de madeira para facilitar a extrusão do óleo. Em seguida, a pasta oleosa resultante é deixada
em água, à temperatura de ebulição, até que todo o óleo venha sobrenadar à superfície sendo
então retirado por meio de colheres de pau e filtrado em sacos de linhagem. O óleo então é
secado ao calor do fogo e embalado.
Segundo FIGUEIREDO MATOS (2007), o processo para obtenção do óleo da polpa do
pequi é o mesmo utilizado para extração do óleo do buriti e do baru, mistura-se em uma
panela de boca larga, a polpa com água e se leva ao fogo. Depois de ferver retira-se o fogo.
Com uma concha coleta-se o óleo da superfície e coloca-se em outra panela para apurar (ou

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1085
seja, retirar toda água). Este autor também diz que talvez a extração por prensagem seja mais
eficiente, porém não cita nenhuma metodologia.
Uma outra técnica descrita por alunos de engenharia de alimentos da UFG
(CRUVINEL, F.W.O. et al, 2004), consiste em cozinhar 3,5 kg de caroços de pequi em uma
panela de aço contendo 4 L de água, aquecer ao fogo até a água secar, adicionar em seguida 3
L de água gelada a uma temperatura de 2oc. Em seguida repetir o experimento por 10h e
adicionar 3L de água deixando decantar até o aparecimento do óleo no sobrenadante. O óleo
pode ser separado de duas maneiras: com funil de separação ou por congelamento, segundo os
autores este método não se mostrou eficiente no quesito rendimento.
Segundo FIGUEIREDO et al (1989), o óleo de pequi pode ser extraído através de um
ligeiro cozimento dos frutos sem casca em tacho de ferro, submetendo-o a uma agitação com
um bastão, onde uma de suas extremidades é envolvida por uma chapa metálica perfurada a
fim de promover através do atrito, a separação da polpa do caroço. Remove-se toda a porção
contendo a polpa e transfere-se para outro tacho onde se deixa ferver por algumas horas, até
que toda substância gordurosa sobrenade. Retira-se então a parte oleosa com uma colher
metálica, obtendo - se desse modo o óleo de pequi.
No Norte de Minas Gerais, o pequi exerce um importante papel na cultura local. Na
época da safra, que varia do final de outubro a fevereiro, famílias inteiras de catadores se
envolvem no processo de “apanha” dos frutos que são utilizados para consumo próprio, para
confecção de pratos típicos, de doces, conservas, licores artesanais, óleo ou para
comercialização dos frutos in natura. A quantidade de frutos comercializados é de
aproximadamente 10.000 toneladas do fruto somente no município de Japonvar - MG, o que
gera recursos de cerca de R$2.500.000,00 na região (TEIXEIRA et al, 2005). Atualmente a
indústria do pequi no Norte de Minas se encontra em processo de expansão, com a abertura de
várias unidades de processamento do fruto, especialmente para produção de polpa em
conserva e para produção de óleo, visando abastecer o mercado interno e externo.
Os óleos de pequi juntamente com a produção da polpa em conserva são os principais
produtos do processamento dos frutos do pequizeiro no Norte de Minas Gerais. O óleo é
produzido em pequenas quantidades de forma artesanal, na zona rural dos municípios pelas
famílias de catadores, utilizando-se técnicas bastante rústicas. O óleo é utilizado para o
consumo próprio na culinária, como medicamento para os mais diferentes males, como
lubrificante de máquinas, combustível para iluminação, entre outros usos. O excedente é
comercializado nos mercados, ruas, margens de rodovias ou vendidos para cooperativas ou
atravessadores, estes dois últimos comercializam o óleo com os centros compradores
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1086
principalmente os localizados nos estados de São Paulo e Goiás. O valor médio pago aos
produtores por litro de óleo varia entre R$7,00 e R$10,00 (3 a 4 vezes o valor do litro de óleo
de soja no varejo) valores da safra 2006/2007.
O óleo da polpa do pequi é produzido no Norte de Minas por meio de várias técnicas de
extração, observou-se que cada produtor tem o seu “segredinho” para a extração do óleo, estas
técnicas são repassadas de pai para filho de geração em geração. A técnica mais difundida e
mais comumente utilizada segue os seguintes passos:
• Os frutos são descascados, separados a casca externa do caroço. Os caroços são então
colocados em uma panela ou tacho com água para o cozimento à temperatura de
ebulição, por cerca de 12h, geralmente são colocados ao fogo no fim da tarde ao cair
da noite e fica cozinhando até o dia seguinte (Figura 1 e 2).

Figura 1 - A foto mostra o local onde é produzido o óleo, geralmente no quintal próximo a
casa em terreno de chão.

Figura 2 - Mostra as condições de cozimento do pequi, observam-se frutos não cobertos pela
água de cozimento. São utilizados vários tipos de recipientes para o cozimento, tais como:
panela de ferro, panela de barro, tacho de cobre, latas de tinta de 20L vazias e outros.

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1087
• Na manhã seguinte o pequi cozido é socado suavemente em um pilão (Figura 3) para o
desprendimento e extrusão da polpa.

Figura 3 - Pilão de madeira utilizado para socar o pequi cozido.

• É obtida uma massa contendo a polpa cozida e os caroços (Figura 4).

Figura 4 - Massa obtida do pequi cozido e socada, contendo a polpa e os caroços.

• A massa é deixada de repouso (sem espalhar) ao sol durante um dia, para secar.

Figura 5 - A massa contendo a polpa e os caroços depois de um dia secando ao sol.

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1088
• O pequi cozido e socado, deixado em repouso é então levado a uma masseira (Figura
6), uma gamela de madeira de aproximadamente 1,2 a 1,6m de comprimento, onde é
revolvido por duas pessoas com duas pás de madeira, geralmente feitas com talos da
folha do buriti.

Figura 6 - Masseira onde é colocada a massa do pequi cozido.

• Em seguida é adicionada água gelada sobre a massa sem parar de mexer (Figura 7).

Figura 7 - É adicionada água gelada sobre a massa.

• Aumenta-se a velocidade das pás e continua-se a adição da água gelada (Figura 8).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1089
Figura 8 - O movimento das pás é acelerado e continua-se a adição de água gelada.

• Continua-se a adição de água até o surgimento de grumos de óleo solidificado no


sobrenadante da mistura (Figura 9).

Obs.: Na ausência de água gelada os produtores realizam este procedimento na parte da amanhã bem cedo antes
do sol sair aproveitando o frescor da manhã, utilizando água de pote de barro.

Figura 9 - A água gelada é adicionada até o aparecimento de grumos de gordura sólida no


sobrenadante.

• O óleo solidificado é então recolhido com as mãos e colocado em um recipiente


(Figura 10).

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1090
Figura10 - O óleo solidificado é recolhido para um recipiente.
• O óleo é então levado ao fogo em uma panela para e eliminação da umidade, depois é
resfriado à temperatura ambiente e filtrado em um pano de algodão e embalado em
garrafas de vidro ou garrafas PET. É então utilizado para consumo próprio ou
comercializado (Figura 11).

Figura 11 - Mostra o óleo de pequi comercializado no mercado municipal de Montes Claros-


MG. Observa-se falta de uniformidade dos óleos e vários tipos de impurezas presentes.

Na produção do óleo geralmente são utilizados os frutos de menor qualidade e sem


valor comercial in natura, os caroços despolpados obtidos no processo são deixados ao sol
para secar e depois são retiradas às castanhas ou são simplesmente descartados.
O processo de extração do óleo é feito pelas famílias de forma contínua durante 2 a 4
semanas no ano, geralmente da metade para o final da safra, envolvendo toda família de
catadores, com uma produção aproximada de 4 a 6 litros de óleo por dia.

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1091
Assim como no Norte de Minas Gerais o pequi exerce uma grande importância na
cultura popular do Sul do Ceará, a espécie predominante nesta região é o Caryocar coriaceum
Wittm. Os frutos são utilizados na culinária local na confecção de pratos típicos e para
extração de óleos e também são comercializados in natura, gerando na época da sua safra que
vai de dezembro a início de março uma importante fonte de renda para as famílias de
catadores. Os frutos do C. coriaceum são um pouco menores e apresentam uma polpa menos
espessa que os frutos do C. brasiliense, também apresentam uma coloração amarelo-clara.
O óleo de pequi é o principal produto do processamento do Pequi no Sul do Ceará, O
óleo é tido como milagreiro e tradicionalmente, é comprado pelos romeiros em visita à cidade
de Juazeiro do Norte – CE que levam o óleo para as suas cidades de origem para ser utilizado
como medicamento para os mais diversos males. O óleo é produzido de forma artesanal pelas
famílias de catadores. A técnica de extração utilizada para a produção do óleo se assemelha à
técnica mais difundida no Brasil que consiste nos seguintes passos:
• Os caroços de pequi descascados são colocados para cozinhar em uma panela de ferro
à temperatura de ebulição da água, até o amolecimento da polpa. Em alguns lugares
são cavadas trincheiras em um barranco de terra sobre a qual é encaixada uma carcaça
de geladeira onde são colocados os caroços de pequi para cozinhar.
• No processo de cozimento os caroços são mexidos com uma pá de madeira ou de
metal com um orifício numa das extremidades, com o objetivo de se desprender a
polpa do caroço por atrito.
• A polpa cozida obtida neste processo é transferida para outro recipiente com água
onde se continua o processo de cozimento até o desprendimento do óleo para o
sobrenadante.
• A parte gordurosa é então retirada com uma colher de pau ou de ferro é transferida
para outra panela.
• A panela contendo o óleo é levada ao fogo para eliminação do excesso de umidade.
É então armazenado me garrafas de vidro ou garrafas PET ou embalados em pequenos
frascos, são utilizados para consumo próprio ou comercializados.
O óleo produzido no Ceará possui uma coloração mais amarelada, diferentemente à
coloração do óleo produzido no Norte de Minas que é vermelho-alaranjado, o óleo produzido
no Ceará também possui um cheiro mais adocicado.

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1092
Observa-se que em ambas as regiões as condições técnicas e higiênicas de produção do
óleo são bastante precárias, no processo os produtores utilizam os recursos que tem em mãos
para a produção do óleo. As condições técnicas e equipamentos utilizados estão bem aquém
do que seria o ideal para a obtenção de um óleo de qualidade. O óleo produzido nessas
condições provavelmente terá um alto teor de umidade, elevados índices de peróxido e acidez
que poderiam ser minimizados com a melhoria das técnicas. Estas técnicas poderão também
comprometer a qualidade nutricional do óleo, pois o cozimento prolongado utilizado em todas
as técnicas observadas, segundo RAMOS et al (2001) diminui em pelo menos 30% o teor de
carotenóides da polpa do pequi. As condições de armazenamento geralmente em frascos
transparentes também podem acelerar os processos de auto-oxidação do óleo.
Os produtores não podem ser culpados pelas condições precárias nas quais se produz
atualmente o óleo de pequi, eles utilizam os recursos que têm em mãos, se mostraram abertos
a absorver os conhecimentos técnicos apresentados, tendo em vista que alguns deles já
sofreram com a rejeição do seu óleo pela falta de qualidade. É necessário um olhar mais
profissional para esta questão, principalmente por parte das autoridades competentes. Estudos
deverão ser feitos para o desenvolvimento de novas tecnologias para padronizar a produção,
com o objetivo de se obter um óleo com um padrão de qualidade sanitária e físico-química e
tendo preservado as suas qualidades nutricionais. Como conseqüência, a melhoria da
qualidade do óleo poderá acarretar em uma maior disseminação do seu uso pela população e
pela indústria, agregando valor ao produto e aumentando a renda dos produtores.
Quanto aos parâmetros de qualidade existentes para o óleo de Pequi, não foram
encontradas nenhuma metodologia sistematizada para a produção do óleo na literatura
pesquisada. A ANVISA define o óleo de pequi como: “Produto constituído de glicerídeos de
ácidos graxos obtidos, exclusivamente, pela expressão dos frutos do pequizeiro, sem qualquer
tratamento com solvente” (ANVISA, 1989), porém, não define nenhum parâmetro
quantitativo para o óleo, apenas diz que o óleo deverá seguir as normas ANVISA - RDC 482,
de 23 de setembro de 1999(Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade para
óleos e gorduras vegetais) (ANVISA, 1999).

4 CONCLUSÃO
Os estudos realizados revelaram que as atuais condições nas quais estão sendo
produzidos os óleos do Pequi no Norte de Minas Gerais e no Sul do Ceará, o que
possivelmente não difere muito do restante do país (não foram encontrados relatos do uso de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1093
tecnologias mais avançadas para extração do óleo), são extremamente rudimentares. A atual
condição de produção do óleo pode afetar negativamente a qualidade do mesmo. Pode se
concluir também que as técnicas de produção utilizadas nas duas regiões estudadas, não
permitem a obtenção um padrão de qualidade para o óleo de pequi produzido e também
podem prejudicar as qualidades nutricionais do mesmo, devido à falta de procedimentos mais
elaborados e sistematizados que possibilitem uma melhor extração do óleo e ofereçam
melhores condições de trabalho às famílias produtoras.

5 AGRADECIMENTOS

CNPq, Antônio Carlos (SEBRAE-MG), Cooperjap.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, S.P. et al; Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina: EMBRAPA – CPAC,
1998, 464p.

ANVISA, Padrão de Identidade e Qualidade para o Óleo de Pequi, Portaria DINAL/MS


no 4, Anvisalegis, Brasília, 1989.

ANVISA, Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Óleos e


Gorduras Vegetais, Resolução no: 482, Anvisalegis, Brasília, 1999.

CEFET-MG; Programa Energia. Produção de combustíveis líquidos a partir de óleos


vegetais. Relatório Final. Belo Horizonte, 1983.

CRUNIVEL, F.W.O. et al; Otimização da extração do óleo de pequi. EMBRAPA,


Documentos167, p.255-258, Santo Antônio de Goiás, 2004.

FIGUEIREDO, R.W. de. Propriedades físico-químicas e composição dos ácidos graxos da


fração lipídica da polpa e amêndoa do Piqui (Caryocar coriaceum Wittm). Ciência
Agronômica, Fortaleza p. 135-139, 1989.

FIGUEIREDO MATOS, E. H. S.; Cultivo do pequi e Extração do óleo. Dossiê Técnico,


CDT/UnB, 2007.

RAMOS, M.I.L. et al, Efeito do cozimento convencional sobre os carotenóides pró-


vitamínicos “A” da polpa do piqui (Caryocar brasiliense Camb.), B. CEPPA, Curitiba, v.
19, n. 1 p. 23-32, 2001.

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1094
SEGALL, S.D.; Análise por CG/EM e CLAE-ESI-EM dos óleos de Pequi, Ouricuri e de
seus produtos de transformação usando lípases. Tese de doutorado, Belo Horizonte:
UFMG/ICEx/ Química, 2004.

USP; Substâncias naturais auxiliam absorção de medicamentos. Agência USP de notícias,


n.503/00, São Paulo, 2000.

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1095
EFEITO DA ADUBAÇÃO POTÁSSICA NO CRESCIMENTO INICIAL
DO PINHÃO-MANSO IRRIGADO POR GOTEJAMENTO

Ednaldo Liberato de Oliveira, CEFET, edanaldoliberato@yahoo.com.br


Manoel Alves de Faria, DEG/UFLA, mafaria@ufla.br
Augusto Ramalho de Morais, DEX/UFLA, armorais@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Com o objetivo de avaliar o comportamento vegetativo da cultura do pinhão-


manso irrigado por gotejamento, sob quatro doses de adubação potássica: 30,60, 90 e 120
kg/ha de K2O nas condições do Sul de Minas Gerais, conduziu-se um experimento no setor
de Fruticultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA),
no município de Lavras-MG, no período de 26 de dezembro de 2006 a 26 de maio de 2007.
Os parâmetros avaliados foram: altura de planta, diâmetro de copa tanto no sentido da linha
de plantio (DCopaL), quanto perpendicular a esta linha e diâmetro de caule, aos 70, 120 e 150
dias após o transplantio. Não houve efeito significativo das doses aplicadas nos dados de
crescimento inicial das plantas de pinhão-manso, até 150 dias após transplantio.

Palavra chave: Irrigação, cloreto de potássio, pinhão-manso.

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1 INTRODUÇÃO
Plantas oleaginosas como o pinhão-manso que produzem sementes ricas em óleo não
comestível pode ser um atrativo para a agricultura visando fornecer matéria prima para a
produção de biodiesel, principalmente por ser uma planta perene e com bom potencial
produtivo de sementes. Todavia há necessidade de avaliações detalhadas desta planta, em
condições de campo, pois é uma planta pouco pesquisada no Brasil. Pacheco et al. (2006),
trabalhando com pinhão-manso em casa de vegetação, concluíram que aos cinco meses após a
emergência, as plantas apresentaram uma maior concentração de potássio em comparação
com os demais macronutrientes (N, P, Ca e Mg). Para Lopes (1989), em muitas culturas de
alta produtividade, o teor de potássio excede o teor de nitrogênio. O íon potássio (K+)
participa em diversas fases do metabolismo das plantas, como o controle de turgidez dos
tecidos, síntese de carboidratos e proteínas, respiração e regulação da abertura e fechamento
dos estômatos. Também é importante no desenvolvimento das raízes e essencial na
frutificação e maturação dos frutos, pois é responsável pela conversão do amido em açucares
além de funcionar como ativador de enzimas, cerca de 46 enzimas exigem K para a sua
atividade (Malavolta et al. 1974).
As informações na literatura sobre nutrição mineral do pinhão-manso são muito
restritas, principalmente com relação às exigências em potássio, época e método de aplicação,
marcha de absorção, sintomatologia de deficiência, etc. Por isso, o presente trabalho teve
como objetivo principal avaliar o comportamento inicial do pinhão-manso submetido a
diferentes dosagens de adubação potássica, em área irrigada por goejamento, sob condições
de campo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido sob condições de campo, no setor de Fruticultura do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras-MG, no
período de 26 de dezembro de 2006 a 26 de maio de 2007. O clima da região, segundo a
classificação de Koppen, é do tipo Cwb, caracterizado por uma estação seca entre abril e
setembro e uma estação chuvosa de outubro a março (Antunes, 1980). A temperatura média
do mês mais frio é inferior a 18ºC e superior a 3ºC e o verão apresenta temperatura média do
mês mais quente superior a 22ºC. A região apresenta temperatura do ar média anual de
19,4ºC, umidade relativa do ar média de 76,2%, precipitação média anual de 1.529,7 mm e
evaporação média anual de 1.034,3 mm (Brasil, 1992). O solo da área experimental foi

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1097
classificado como Latossolo Vermelho distroférrico. O sistema de irrigação usado foi
gotejamento superficial sendo caracterizado pela aplicação de água no solo de modo a formar
uma faixa contínua.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições.
Os tratamentos constaram de quatro doses de adubação potássica: K30 = 30 kg ha-1 (30 + 0 +
0 kg), K60 = 60 kg ha-1 (30 + 30 + 0 kg), K90 = 90 kg ha-1 (30 + 30 + 30 kg) e K120 = 120
kg ha-1 (30 + 45 + 45 kg). As aplicações foram parceladas em três vezes sendo a primeira no
plantio definitivo e as demais em cobertura. A segunda aplicação foi realizada 30 dias após o
transplantio (DAT) e a terceira 60 DAT. Como fonte de potássio foi utilizado o adubo
comercial cloreto de potássio (60% de K2O).
A adubação química no plantio com nitrogênio e fósforo foi realizada na mesma
dosagem para todas as parcelas experimentais, com base nos resultados de análise de
fertilidade do solo, tomando-se como fundamentação teórica ás recomendações de adubação
para a cultura da mamoneira de acordo com Savy Filho (1997) e Comissão de Fertilidade do
Solo do Estado de Minas Gerais (1999), por ser uma cultura da mesma espécie (Euforbiácea)
do pinhão-manso, também produtora de sementes ricas em óleo. Tal procedimento foi
adotado por não existir até o momento recomendações de adubação específica para a cultura
do pinhão-manso.
As parcelas experimentais serão constituídas por seis linhas de pinhão-manso,
espaçadas de 3,0 m, com comprimento de 12 m, compostas por 48 plantas, com área total de
216 m2. A área útil da parcela foi de 108 m2 considerando-se as 4 linhas centrais, com 24
plantas consideradas úteis. Cada bloco foi constituído por 4 parcelas, ocupando uma área de
864 m2. A área total ocupada pelo experimento foi de 3.456 m2.
Foram avaliadas as seguintes características: diâmetro de caule: medido a 10 cm do colo
da planta, por meio de paquímetro; Altura de planta: medida do colo da planta a inserção da
folha mais nova localizada no ápice da plana, através de fita métrica; diâmetro de copa:
medido na região mediana da copa, com o auxílio de fita métrica, tangenciando as
extremidades da copa tanto no sentido da linha de plantio, quanto perpendicular a esta linha.
Os dados foram avaliados aos 70, 120 e 150 dias após o transplantio e ao final
analisados estatisticamente utilizando a análise de variância (ANOVA), aplicando o teste de
Tukey a 1% e 5% de probabilidade para a comparação das médias com auxílio do programa
computacional Sisvar, versão 4,0 para análise estatísticas (Ferreira, 2000).

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1098
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 mostra o comportamento dos parâmetros altura de planta, diâmetro de copa
longitudinal a linha de plantio (DCopaL), diâmetro de copa transversal a linha de plantio
(DCopaT) e diâmetro de caule (DCopa) nas três épocas de avaliações: 70, 120 e 150 dias após
transplantio (DAT), para as plantas de pinhão-manso irrigado. Observou-se que as
características de crescimento de planas de pinhão-manso mantiveram comportamento
semelhante ao longo dos três períodos avaliado
No início, 70 dias após o transplantio, as características altura de planta, diâmetro de
copa, tanto longitudinal como transversal à linha de plantio, apresentavam praticamente os
mesmos valores, variando de 49,53 cm a 52,48 cm. Aos 120 dias após o transplantio o
parâmetro altura de altura de planta começou a se destacar dos demais chegando ao final do
período avaliado com uma altura máxima de 103,34 cm. Neste mesmo período os outros
parâmetros apresentavam valores máximos de 83,61 cm, 84,61 cm e 4,90 cm para diâmetro de
copa longitudinal, diâmetro de copa transversal e diâmetro de caule, respectivamente.
A análise estatística comprovou não haver efeito significativo ao nível de 5% para nos
tratamentos aplicados, em nenhuma época analisada, o que permiti inferir que a adubação
potássica nas dosagens de até 120 quilos de K2O por hectare não influenciam os parâmetros
de crescimento de plantas de pinhão-manso, em área irrigada, até os 150 dias após
transplantio. Este fato deve ter ocorrido devido ao teor inicial de potássio contido no solo da
área experimental, que foi de 101 mg/dm3, pois segundo interpretação da Comissão de
Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999), este teor de potássio no solo é
considerado de disponibilidade boa para a maioria das culturas.

Parâmetros avaliados aos 70 DAT

61.00
Parâmetros avaliados (cm)

41.00 Altura Planta


DCopaL
DCopaT
21.00 DCaule

1.00
30 60 90 120
Dose de potássio (K2O/ha)

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1099
B

Parâmetros avaliados aos 120 DAT

101.00

Parâmetrosavaliados (cm)
76.00
Altura Planta
DCopaL
51.00
DCopaT
DCaule
26.00

1.00
30 60 90 120
Dose de potássio (K2O/ha)

Parâm etros avaliados aos 150 DAT


Parâmetros avaliados (cm)

121.00

91.00
Altura Planta
61.00
DCopaL
31.00 DCopaT
DCaule
1.00
30 60 90 120
Dose de potássio (K2O/ha)

Figura 1 - Variação dos parâmetros altura de planta, diâmetro de copa longitudinal a linha de
plantio (DCopaL), diâmetro de copa transversal a linha de plantio (DCopaT), diâmetro de
caule (DCaule): A) aos 70 dias após transplantio; B) aos 120 dias após transplantio e C) aos
150 dias após transplantio .

4 CONCLUSÃO
A adubação potássica nas condições em que foi desenvolvido o experimento não afetou
os parâmetros de crescimento inicial da cultura do pinhão-manso irrigado no município de
Lavras, região Sul de Minas Gerais.

5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANTUNES, F. Z. Caracterização climática do cerrado em Minas Gerais. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v. 6, n. 61, p. 52-63, jan. 1980.

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Normais climatológias: 1961-1990.


Brasília: SPI/EMBRAPA, 1992. 84 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1100
COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Lavras-
MG. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5a
aproximação. Viçosa, Imprensa Universitária UFV, 1999. 359p.

FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4. 0. In:
REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE
BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos, SP. Anais... São Carlos: Sociedade Internacional de
Biometria, 2000. p. 255-258.

LOPES, A. S. Manual de fertilidade do solo. São Paulo: ANDA/POTAFÓS, 1989. 153 p.

MALAVOLTA, E.; HAAG, H.P.; MELLO, F.A.F.; BRASIL SOBRINHO, M. O.C. Nutrição
mineral e adubação de plantas cultivadas. São Paulo: Pioneira, 1974. p. 668-685, il

SAVY FILHO, A. Cultura da mamoneira: subsídios para o desenvolvimento da


tecnologia de produção para a Região Norte de Minas Gerais. Itacarambi, MG, Petrovasf,
1997. 49p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1101
AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE
MAMONEIRA EM SISTEMA DE SAFRINHA NO SUL DE MINAS GERAIS

Antônio Lucrécio dos Santos Neto, DAG / UFLA, santosneto@gmail.com


Maria Laene Moreira de Carvalho, DAG / UFLA, mlaenemc@ufla.br
Manoel Affonso Giocondo César Filho, DAG / UFLA, manefilho@hotmail.com
Antônio Carlos Fraga, DAG / UFLA, fraga@ufla.br
Luciana Aparecida de Souza, DAG / UFLA, luapsouza2003@yahoo.com.br

RESUMO: Um dos grandes desafios atuais da pesquisa agrícola é a produção de cultivares


melhoradas de mamoneira, com estabilidade genética, alta qualidade e potencial produtivo.
Para isso, os materiais genéticos existentes devem ser bem caracterizados, para sua utilização
em trabalhos de melhoramento. A morfologia e as características agronômicas das cultivares
de mamoneira Brejeira, CNPAM 2000-87, Paraguaçu, IAC 80, Mexicana e Nordestina,
conduzidas em sistema de safrinha no Sul de Minas Gerais, foram avaliadas. As variáveis
qualitativas analisadas foram: coloração e cerosidade do caule; coloração das folhas jovens e
adultas; coloração da nervura das folhas adultas; coloração e cerosidade do fruto e dos acúleos
além do formato do racemo. Foram avaliadas as variáveis quantitativas: altura, diâmetro,
comprimento e número de internódios do caule; comprimento dos racemos e pedúnculos,
número de frutos e produção de bagas dos racemos primários, secundários e totais. O
delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados e em esquema fatorial com
parcelas subdivididas no tempo para as variáveis relacionadas com as diferentes ordens de
racemos. A comparação das médias foi feita pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade,
com utilização do programa SISVAR. Variações morfológicas nas plantas de mamoneira e
especialmente a coloração do caule, permitem a diferenciação dos materiais testados. As
cultivares Mexicana e IAC 80 se destacam em relação ao seu maior potencial produtivo sob
condições de safrinha na região Sul de Minas Gerais.

PALAVRAS-CHAVE: Ricinus communis L., genótipos, caracterização, mamona.

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1102
1 INTRODUÇÃO
A adoção do Programa Nacional de Biodiesel fez surgir no Brasil um grande interesse
em oleaginosas economicamente viáveis e adaptadas para cada região. Sabe-se que são
inúmeras as fontes para a produção de biodiesel no país, porém algumas se destacam, como a
mamoneira, por possuir alto teor de óleo e adaptação a diversas regiões, principalmente
àquelas com baixa pluviosidade (Holanda, 2004).
Apesar de grande adaptação da mamoneira, ainda é notória a existência de problemas
com a produção de bagas e/ou de óleo, que está diretamente relacionada com a
heterogeneidade existente entre as cultivares, ou até mesmo dentro de uma mesma cultivar.
Um dos grandes desafios atuais da pesquisa agrícola é a produção de cultivares
melhoradas de mamoneira, com estabilidade genética, alta qualidade e potencial produtivo
(Savy Filho, 2005). Portanto, os materiais genéticos existentes devem ser bem caracterizados,
para sua utilização em trabalhos de melhoramento.
A descrição morfológica e agronômica dos genótipos é ferramenta importante na
avaliação e caracterização de cultivares, pois possibilita a classificação comercial das
variedades e a identificação de materiais com características desejáveis, sendo uma delas,
mais procurada por produtores, tanto de baga como de sementes de mamona, a capacidade
produtiva (Silva, 1981).
Com a realização do presente trabalho procurou-se avaliar a morfologia e as
características agronômicas de cultivares de mamoneira em sistema de safrinha no sul de
Minas Gerais.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no campo experimental da Universidade Federal de Lavras,
Lavras, MG. Utilizou-se seis cultivares de mamoneira: Brejeira, CNPAM 2000-87,
Paraguaçu, IAC 80, Mexicana e Nordestina. As cultivares foram semeadas em março de 2006,
no espaçamento 2:1 (dois metros entre linhas e um metro entre plantas).
O experimento foi realizado com três repetições, sendo a parcela experimental
constituída de quatro linhas com sete plantas cada. Foi considerada área útil da parcela as
duas linhas centrais, com eliminação de uma planta de cada extremidade. As características
avaliadas seguiram alguns critérios estabelecidos segundo os Descritores Mínimos para o
Registro Institucional de Cultivares de Mamona (Veiga et al., 1989).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1103
No campo, após a maturação do racemo primário de dez plantas da área útil, foram
analisadas variáveis qualitativas: coloração e cerosidade do caule; coloração das folhas jovens
e adultas; coloração da nervura das folhas adultas; coloração e cerosidade do fruto e dos
acúleos, além do formato do racemo. Foram avaliadas as variáveis quantitativas: altura,
diâmetro, comprimento e número de internódios do caule; comprimento dos racemos,
pedúnculos, número de frutos e produção de bagas dos racemos primários, secundários e
totais.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados e em esquema
fatorial com parcelas subdivididas no tempo para as variáveis relacionadas com as diferentes
ordens de racemos. Utilizou-se o programa estatístico SISVAR para a análise de variância e a
comparação das médias foi realizada pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As características morfológicas relativas à coloração das folhas e nervuras das
diferentes cultivares avaliadas são apresentadas na Tabela 1. Verifica-se que para todas as
cultivares foram observadas folhas adultas com coloração verde, com exceção da cultivar
Brejeira, que apresentou uma tonalidade de verde mais intensa. Para a coloração de folhas
jovens, foi observado coloração avermelhada ou bronzeada. Resultados variáveis também
foram encontrados por Araújo et al. (2005) ao estudar cinco genótipos de Manihot esculenta
C. (Euphorbiaceae), caracterizando-os em verde-arroxeado, verde claro e roxo. A coloração
avermelhada encontrada nas nervuras não ocorreu coincidentemente com aquelas plantas que
apresentaram cor da folha jovem avermelhada, indicando que essas duas características
ocorrem independentemente.

Tabela 1 - Caracterização de coloração de folhas adultas, folhas jovens e nervuras das folhas
de seis cultivares de mamoneira cultivada no município de Lavras-MG.
Coloração
Cultivar
Folhas adultas Folhas Jovens Nervuras das folhas
Brejeira verde-escuro avermelhada esverdeada
CNPAM 2000-87 verde avermelhada avermelhada
IAC 80 verde bronzeada esverdeada
Mexicana verde bronzeada avermelhada
Nordestina verde bronzeada esverdeada
Paraguaçu verde avermelhada avermelhada
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1104
A coloração e cerosidade do caule, frutos e acúleos; e formato do racemo são
apresentados na Tabela 2. Para a coloração e cerosidade do caule foi observado na maioria
dos genótipos a coloração rosa e presença de cerosidade. Verificou-se que as cultivares
desenvolvidas e recomendadas para a região de clima semi-árido (CNPAM 2000-87,
Nordestina e Paraguaçu) apresentaram cerosidade no caule, corroborando com Távora (1982)
que justifica essa característica como sendo uma vantagem adaptativa à plantas de regiões de
clima quente. Os frutos avaliados de todas as cultivares apresentaram coloração verde, porém
com intensidade e cerosidades diferenciadas. As cultivares com frutos cerosos também
apresentaram cerosidade no caule. Em relação aos acúleos, a maior parte das cultivares
possuíam coloração verde, exceto na Mexicana e na Paraguaçu nas quais observou-se
coloração rosada, e na CNPAM 2000-87, com coloração roxa. A presença de cerosidade foi
observada nas cultivares CNPAM 2000-87, Mexicana e Paraguaçu. O formato do racemo,
para a maioria das cultivares, foi classificado como esférico, com exceção para as cultivares
IAC-80 e Mexicana, cujo formato foi considerado como troncônico. Os resultados das
características morfológicas avaliadas não foram coincidentes para todos os cultivares, o que
permite uma classificação fenotípica para identificação das cultivares de mamoneira.

Tabela 2 - Caracterização de coloração e cerosidade do caule, frutos e acúleos; e formato do


racemo de seis cultivares de mamoneira cultivada no município de Lavras-MG.
Coloração e cerosidade*
Cultivar Formato do racemo
Caule Frutos Acúleos
Brejeira verde (–) verde (–) verde (–) esférico
CNPAM 2000-87 rosa (+) verde escuro (+) roxo (+) esférico
IAC 80 verde (–) verde (–) verde (–) troncônico
Mexicana rosa (+) verde escuro (+) rosado (+) troncônico
Nordestina verde/rosado (+) verde (+) verde (–) esférico
Paraguaçu rosa (+) verde (+) rosado (+) esférico
* (+) presença de cera; (–) ausência de cera.

Os dados referentes à altura e diâmetro do caule, comprimento e número de internódios


são visualizados na Tabela 3. Segundo a classificação de Veiga (1989), a cultivar Brejeira foi
considerada como muito baixa, a CNPAM 2000-87, IAC-80, Nordestina e Paraguaçu, como
baixas e a Mexicana de porte médio. A respeito do diâmetro do caule, verificou-se que as
cultivares avaliadas não apresentaram diferença significativa para essa característica.
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1105
Observando o comprimento médio de internódio, percebe-se que as cultivares IAC-80 (4,0
cm) e Nordestina (4,2 cm) apresentaram os menores valores em relação às demais, sendo
pertencentes ao grupo médio e alto respectivamente, de acordo com Veiga et al.,(1989).
Apesar de não detectado pela análise estatística, existe uma tendência da cultivar de maior
altura (Mexicana) apresentar maior comprimento de internódios e diâmetro do caule. Para o
número de internódios do caule foi observado que as cultivares IAC-80 e Mexicana
apresentaram os maiores valores, e a cultivar Brejeira o menor valor (10). De acordo com
Távora (1982), o número de internódios produzidos até a emissão da primeira inflorescência é
um caráter fenológico importante, pois está associado à precocidade e rápida maturação.

Tabela 3 – Altura (AC), diâmetro (DC), comprimento médio de internódios (CMI) e número
de internódios do caule (NIC) de seis cultivares de mamoneira cultivada no município de
Lavras-MG.
Cultivares AC (cm) DC (mm) CMI (cm) NIC
Brejeira 58,9b 31,4a 5,8a 10c
CNPAM 2000-87 72,3b 27,0a 6,2a 12b
IAC 80 66,5b 30,5a 4,0b 15a
Mexicana 108,3a 36,8a 7,6a 15a
Nordestina 61,3b 24,7a 4,2b 12b
Paraguaçu 72,8b 29,5a 5,6a 11b
As médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott a
5% de probabilidade.

As variáveis respostas envolvidas com as diferentes ordens dos racemos são mostradas
na Tabela 4. O comprimento médio do racemo nas duas ordens é dependente da cultivar
testada. No racemo primário, a cultivar IAC 80 obteve o maior comprimento médio e a única
que diferenciou do racemo secundário, com valores de 38,0 cm e 15,7 cm respectivamente.
Dentro do racemo secundário, a cultivar Mexicana diferiu significativamente das demais, com
um comprimento médio de 27,8 cm.

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1106
Tabela 4 – Comprimento médio do racemo (CMR) e do pedúnculo do fruto (CP) de diferentes
ordens do racemo de seis cultivares de mamoneira cultivada no município de Lavras-MG.
Ordem do racemo
Cultivares Primário Secundário Primário Secundário
CMR (cm) CP (cm)
Brejeira 20,7cA 17,7bA 4,1a 3,7a
CNPAM 2000-87 16,5cA 16,3bA 4,4a 3,5a
IAC 80 38,0aA 15,7bB 2,3c 2,4c
Mexicana 28,9bA 27,8aA 4,0a 3,8a
Nordestina 20,3cA 14,2bA 3,1b 3,0b
Paraguaçu 22,7cA 15,4bA 4,1a 3,4a
As médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, dentro de cada variável resposta,
não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

As cultivares também responderam de maneira diferenciada em relação ao comprimento


do pedúnculo, com a mesma resposta independente do racemo anterior. A característica da
cultivar IAC 80 em obter tamanho dos pedúnculos, das diferentes ordens dos racemos,
pequenos foi a que mais se distinguiu em relação as demais cultivares, com valores de 2,3 cm
e 2,4 cm para os racemos primário e secundário respectivamente.
Ao verificar o número de frutos por racemo (Figura 1), verifica-se que no racemo
primário, a cultivar IAC 80 foi a que mais produziu (125 frutos), diferenciando
significativamente das demais, já no racemo secundário não foi notado diferença significativa
entre essa cultivar e Mexicana que apresentaram maior número de frutos produzidos.
Comparando o número de frutos entre os racemos primário e secundário para as
cultivares Nordestina e Paraguaçu notou-se uma resposta semelhante. Assim como na
característica anterior, o número de frutos totais por racemo variou conforme a cultivar. Foi
constatado que a cultivar IAC-80 produziu mais frutos (171), seguido da Mexicana (94) e as
demais não diferiram significativamente entre si. No município de Quixadá-CE, os valores de
racemo primário e secundário e total dessas cultivares (Correia et al. 2006), foram superiores
àqueles obtidos no presente trabalho, evidenciando um melhor desenvolvimento desses
genótipos em regiões semi-áridas nordestinas.

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1107
Figura1 – Número de frutos médio dos racemos primário, secundário e total de seis cultivares
de mamoneira cultivada no município de Lavras-MG. As médias seguidas de mesma letra,
minúscula dentro de cada ordem de racemo e maiúscula para o total de frutos dos dois
racemos, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5%.

A produção de bagas (Figura 2) é dependente da cultivar e ordem do racemo. Verifica-


se que a participação dos racemos na produção total da planta é função da cultivar e das
condições de cultivo, corroborando os resultados de Banzato & Rocha (1965). A produção de
bagas é um dos fatores mais complexo a ser trabalhado em programa de melhoramento, uma
vez que possui herança poligênica (quantitativa), sofrendo alta influência do fator ambiental
(Freire et al., 2001).

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1108
Figura 2 – Produção média (kg/ha) dos racemos primário, secundário e total de seis cultivares
de mamoneira cultivada no município de Lavras-MG. As médias seguidas de mesma letra,
minúscula dentro de cada ordem de racemo e maiúscula para o total de frutos dos dois
racemos, não diferem entre si pelo teste de Skott-Knott ao nível de 5%.

Em se tratando de produção de safrinha, as cultivares IAC-80 e Mexicana apresentaram


produtividade significativa, evidenciando grande potencial de utilização para semeadura em
condições mais frias. A falta de produção, principalmente nos meses de agosto e setembro,
poderia ser suprida, levando a uma menor flutuação de produção e consequentemente de
preços.

4 CONCLUSÃO
Variações morfológicas nas plantas de mamoneira permitem a diferenciação de algumas
cultivares utilizadas para o plantio no sul de Minas Gerais;
A coloração do caule é uma característica morfológica qualitativa marcante na
diferenciação de cultivares;
As cultivares Mexicana e IAC 80 se destacaram em relação ao seu maior potencial
produtivo sob condições de safrinha.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, F.S.; OLIVEIRA JÚNIOR, J.O.L.; GOMES, R.L.F.; MORAES, J.C.B.;
SAGRILO, E.; ARAÚJO, A.R. Caracterização morfo-agronômica de acessos de mandioca
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1109
nas condições edafoclimáticas de Teresina, PI. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
MANDIOCA, 11., 2005, Campo Grande. Disponível em: <
http://www.suct.ms.gov.br/mandioca/trabalhos/PASTA61.pdf >. Acesso em: 01 mar. 2007.

BANZATO, N. V.; ROCHA, J. L. V. Florescimento e maturação das cultivares de mamoneira


IAC-38 e Campinas. Bragantia, 24: 29-32, 1965.

CORRÊA, M. L. P.; SILVA, C. S. A.; TÁVORA, F. J. A. F. Avaliação de cultivares de


mamona em sistema de consórcio com caupi e sorgo granífero. In: Congresso Brasileiro de
Mamona, 1, 2004, Campina Grande.

DRUMOND, M.A.; ANJOS, J. B.; MILANE, M.; MORGATO, L. B. E SOARES, S.


Comportamento dos diferentes genótipos de mamona irrigado por gotejamento em Petrolina-
PE. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2, 2006, Aracaju.

FREIRE, E. C.; LIMA, E. F.; ANDRADE, F. P. Melhoramento Genético. In: SILVA, O. R.


R. F.; CARVALHO, O. S.; SILVA, L. C. Colheita e descascamento. In: AZEVEDO, D. M.
P.; LIMA, E. F. O Agronegócio da Mamona no Brasil. Brasília: Embrapa - SPI, 2001. p.
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HOLANDA, A. Biodiesel e inclusão social. Brasília: s.n., 2004, 200p

SAVY FILHO, A. Mamona tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105p.

SILVA, H. T. da. Caracterização morfológica, agronômica e fenológica de cultivares de


feijão ( Phaseolus vulgaris L.) comumente plantada em diversas regiões do Brasil.
Goiânia, GO: Embrapa-CNPAF, 1981. 51p. (Embrapa-CNPAF. Circular técnica; 15)

TÁVORA, F. J. A. F. A cultura da mamona. Fortaleza: EPACE, 1982, 111p.

VEIGA, R. F. A.; SAVY FILHO, A.; BANZATTO, N. V. Descritores mínimos para


caracterização da mamona (Ricinus communis L). Campinas: IAC, 1989, Boletim Técnico
n. 125, 16p.

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1110
INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE SEMENTES
DE GERGELIM (Sesamum indicum L.)

Elisângela Lopes Galvão, DEQ/UFRN, elgalvao@eq.ufrn.br


Joanna de Ângelis da Costa Barros, CCS/UFRN, joanna_barros@yahoo.com.br
Humberto Neves Maia de Oliveira, DEQ/UFRN, beto@eq.ufrn.br
Ana Vládia Bandeira Moreira, CCS/UFRN, anavladiab@yahoo.com.br
Elisa Maria Bittencourt Dutra de Sousa, DEQ/UFRN, elisa@eq.ufrn.br

RESUMO: O presente trabalho avaliou a atividade antioxidante in vitro das sementes de


gergelim a partir da co-oxidação de substratos no sistema β-caroteno/ácido linoléico. Os
extratos etéreo, alcoólico e aquoso foram obtidos de forma seqüencial, submetidos à agitação
a temperatura ambiente e filtrados a vácuo. Foram feitas medidas espectrofotométricas de
soluções contendo o sistema oxidante β-caroteno/ácido linoléico, com leituras a cada 15
min/1h. Entre todos os extratos avaliados, o extrato etéreo apresentou melhor atividade
antioxidante para o volume de 50 uL.

Palavras-chave: gergelim, Sesamum indicum L., atividade antioxidante, sistema β-caroteno/


ácido linoléico.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1111
1 INTRODUÇÃO
Os desenvolvimentos científico, tecnológico e econômico das últimas décadas têm
contribuído para a melhoria da qualidade e expectativa de vida dos seres humanos. Entretanto,
o estilo de vida contemporâneo associado à má alimentação, principalmente nos grandes
centros urbanos, tem contribuído para o aumento no número de casos de doenças
degenerativas crônicas, como câncer, arteriosclerose e cardiopatias. Tais doenças
normalmente são resultado do estresse oxidativo causado pelo excesso de radicais livres no
organismo (MAFRA, ABDALLA e COZOLLINO, 1999). Os radicais livres são
freqüentemente originados no curso normal da energética celular e normalmente sua produção
na célula encontra-se em níveis toleráveis, possibilitando um controle antioxidante satisfatório
realizado pelo próprio organismo (SIGNORINI E SIGNORINI, 1993). No entanto, alguns
fatores podem desencadear produção excessiva de radicais livres, como o acúmulo de ácido
lático (lactoacidose) e de corpos cetônicos (cetoacidose), resultantes do fumo, estresse
emocional e da prática de exercícios extenuantes, havendo um efeito prejudicial às células,
principalmente os causados nas membranas celulares oriundos da peroxidação lipídica
(SIGNORINI E SIGNORINI, 1993).
Estudos têm mostrado que o combate a estes radicais pode ser realizado a partir da
ingestão de antioxidantes. Essas substâncias, quando presentes em pequenas quantidades,
atuam retardando ou inibindo a oxidação do substrato, seqüestrando os radicais livres e
quelando íons metálicos (GALVÃO et al., 2006).
Os antioxidantes podem ser enzimáticos ou não enzimáticos. Os não enzimáticos em
sua maioria são exógenos, ou seja, tem de ser absorvidos por alimentação apropriada (KUSS,
2005). Os principais são as vitaminas lipossolúveis (vitaminas A e E), as hidrossolúveis
(vitamina C e vitaminas do complexo B), o β-caroteno, os oligoelementos (zinco, cobre,
selênio, etc.) e os bioflavonóides, oriundos de vegetais (KUSS, 2005).
Os antioxidantes sintéticos como o butil hidroxitolueno (BHT), normalmente utilizados
em produtos alimentícios, têm causado questionamentos quanto ao seu uso seguro devido ao
aparecimento de sabores estranhos, caráter toxicológico e problemas de solubilidade
(GALVÃO et al., 2006). Desse modo, os antioxidantes sintéticos tendem a ser substituídos
pelos antioxidantes naturais, comumente presente em frutas, sementes oleaginosas, vinhos e
chás.
De acordo com BARROS et al. (2001) Apud BELTRÃO & VIEIRA (2001) o óleo de
gergelim possui elevada estabilidade oxidativa quando comparado com a maioria dos óleos

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1112
vegetais em razão da sua composição de ácidos graxos e pela presença dos antioxidantes
naturais, sesamolina, sesamina, sesamol e gama tocoferol.
Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivos avaliar a atividade antioxidante
in vitro das sementes de gergelim e comparar sua eficiência na inibição da oxidação com a do
antioxidante sintético BHT para a concentração normalmente utilizada nos produtos
alimentícios.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Os reagentes e solventes utilizados foram de grau analítico: éter etílico (CRQ- 97-98%
de pureza) e etanol (VETEC-99,5% de pureza), β-caroteno, Tween 20, ácido linoléico e
clorofórmio.
Aquisição e Preparo da matéria-prima
As sementes de gergelim foram adquiridas em supermercados de Natal-RN,
homogeneizadas e estocadas em frascos.
Para a realização dos experimentos, as sementes foram trituradas em multiprocessador
doméstico (Arno, modelo PRO, Brasil) por 5 segundos e peneiradas em agitador de peneiras
(Produtest-reostat) por 5 min, sendo utilizada nos experimentos a granulometria de 20 mesh.
Obtenção dos extratos de gergelim
Os extratos foram obtidos de forma seqüencial, partindo de 10 g de semente (20mesh) e
200 mL de éter etílico, submetidos à agitação a temperatura ambiente por 1 h e filtração a
vácuo. A obtenção dos extratos etéreo, alcoólico e aquoso encontra-se esquematizada na
Figura 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1113
linhaça m arrom
(20m esh) + éter etílico
(1:20)

ƒ 1 h de agitação
ƒ filtração a vá cuo

Filtrado 1 Precipitado1 + álcool etílico


(extrato etéreo) (1:20)

ƒ 1 h de agitação
ƒ filtração a vácuo

Filtrado 2 Precipitado2 + água destilada


(extrato alcoólico) (1:20)

ƒ 1h de agitação
ƒ centrifugação
ƒ filtração a vácuo

Filtrado 3 Precipitado3
(extrato aquoso) (desprezado)

Figura 1 - Etapas seqüenciais de preparação dos extratos etéreo, alcoólico e aquoso.

Os extratos obtidos na extração seqüencial foram utilizados nos ensaios de


determinação da atividade antioxidante no sistema β-caroteno/ ácido linoléico, que avalia a
atividade de inibição de radicais livres gerados durante a peroxidação do ácido linoléico.
Determinação do peso seco dos extratos
O teor de sólidos existente em cada extrato foi determinado gravimetricamente.
Alíquotas de 5 mL de cada extrato foram introduzidas em placas de Petri, previamente
Pi ). Em seguida, foram secas em estufa a 110ºC por 1 h, resfriadas por
pesadas sem tampa (
Pf
40 minutos em dessecador e pesadas ( ). Os ensaios foram realizados em duplicata para

cada extrato. O peso do extrato seco ( % Psec o ) pode ser calculado a partir da equação 1:

⎛ Pf − Pi ⎞
% Psec o = ⎜⎜ ⎟100

⎝ g ⎠ (1)

P
Sendo Pi o peso inicial, f o peso final e g a quantidade em mL de cada extrato.
Atividade antioxidante dos extratos no sistema β-caroteno/ ácido linoléico
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1114
A metodologia utilizada para a determinação da atividade antioxidante dos extratos foi
proposta por MARCO (1968) e modificada por MILLER (1971), com concentrações
propostas por MOREIRA & MANCINI FILHO (2003). Consiste num método in vitro de co-
oxidação de substratos que utiliza o ácido linoléico, o β-caroteno e o tween como agente
emulsificante. Tal método encontra-se fundamentado em medidas espectrofotométricas da
descoloração (oxidação) do β-caroteno induzida pelos produtos de degradação oxidativa do
ácido linoléico.
A mistura reativa foi preparada em erlenmeyer de 250 mL a partir de 40μL de ácido
linoléico, 14 gotas de Tween 20, 50μL de β-caroteno (20mg/mL de clorofórmio) e 1mL de
clorofórmio para tornar a mistura homogênea. Em seguida, a mistura foi submetida à
completa evaporação do clorofórmio. A esta mistura isenta de clorofórmio foi adicionada
água destilada, previamente tratada com borbulhamento de oxigênio durante 30 minutos, até
se obter uma solução com densidade ótica entre 0,6 e 0,7, num comprimento de onda de 470
nm, medidos em espectrofotômetro (Spectrophotometer Coleman 395-D Digital UV-VIS).
Diferentes volumes de extrato etéreo (20, 50, 100 e 200μL) foram adicionados a tubos de
ensaio contendo a mistura reativa. O sistema obtido foi homogeneizado e mantido a 45ºC em
banho-maria para acelerar as reações de oxidação e iniciar o descoramento do β-caroteno.
Leituras espectrofotométricas foram realizadas imediatamente e repetidas a cada 15 minutos
por um período de uma hora. Este procedimento foi repetido para os extratos alcoólico e
aquoso. Todas as determinações foram realizadas em duplicata e acompanhadas por um
controle sem antioxidantes.
Os resultados são expressos como percentagem de inibição da oxidação (%I), que é
calculada considerando o decaimento da densidade ótica do controle (Dc) como 100% de
oxidação (Equação 2).
⎛ Dc − Dam ⎞
%I = ⎜ ⎟100
⎝ Dc ⎠ (2)

A queda na leitura da densidade ótica das amostras (Dam ) é dada por


Dam = Abs inicial − Abs final Dc = Abs inicial − Abs final
e do controle .

No intuito de comparar os resultados com um antioxidante padrão, foi selecionado o


BHT por ser um dos principais antioxidantes sintéticos utilizados na indústria alimentícia, o
qual foi utilizado a uma concentração de 100ppm.
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1115
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados do potencial antioxidante para os extratos de gergelim foram expressos
em percentual de inibição da oxidação (%I). Como pode ser visualizado na Figura 1, o melhor
porcentual de inibição foi alcançado pelo extrato etéreo (69,27%) para o volume de 50 μL, em
relação a 100% de oxidação no controle sem antioxidantes. Para os extratos alcoólico e
aquoso, foi constatado um aumento linear do percentual de inibição da oxidação na medida
em que se elevou o volume de extrato no meio.
Segundo SILVA et al. (1999), a atividade antioxidante varia com o tipo de composto e
sua concentração. Como já mencionado, o óleo de gergelim apresenta os antioxidantes
naturais: sesamolina, sesamina, sesamol e gama tocoferol (BARROS et al. (2001) Apud
BELTRÃO & VIEIRA (2001), dessa forma os resultados obtidos para o extrato etéreo podem
estar correlacionados com a seletividade de tais antioxidantes por este meio.
Em comparação ao antioxidante sintético BHT (a uma concentração de 100ppm), o
extrato etéreo (nos volumes de 20, 50 e 100μL e concentração de 4800mg/mL), mostrou ser o
mais efetivo ao prevenir a oxidação da emulsão β-caroteno/ ácido linoléico, expressando,
assim, maior estabilidade frente à oxidação. Para o volume de 200 μL, o extrato aquoso
passou a exercer maior proteção.

Aquoso Etéreo Alcoólico BHT

100,00
88,42 86,00
90,00
% Inibição da oxidação (%I)

78,75
80,00
69,27
70,00 63,00 63,66 61,83
60,00
49,14 48,12
50,00 45,93 44,53
42,51
40,00 34,31
31,12
26,43
30,00 24,03
20,00
10,00
0,00
20 uL 50 uL 100 uL 200 uL
Volumes (uL)

Figura 1 - Percentagem de inibição da oxidação dos extratos de gergelim (Sesamum indicum


L.)

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1116
Embora os resultados de inibição da oxidação promovidos pelos extratos de gergelim
tenham sido relevantes, faz-se necessário um estudo mais amplo (com testes adicionais
variando a concentração dos extratos, estudo cinético e estudos de toxicidade), a fim de se
poderem indicá-los seguramente como prováveis substituintes do BHT na indústria de
alimentos.

4 CONCLUSÃO
Os extratos de gergelim apresentaram bons percentuais de inibição da oxidação, tendo
se destacado o extrato etéreo com 69,27% para o volume de 50 μL em relação a 100% de
oxidação no controle sem antioxidantes. Em comparação com o antioxidante sintético BHT (a
uma concentração de 100 ppm), o extrato etéreo (concentração de 4800mg/mL) mostrou ser o
mais efetivo, destacando-se em relação aos demais extratos para os volumes de 20, 50 e
100μL. No entanto, para considerar tais extratos como prováveis substituintes do BHT são
necessários ensaios mais completos, que incluam um estudo cinético e estudos de toxicidade.
Estudos mais aprofundados serão realizados a fim de possibilitar uma aplicação segura na
indústria de alimentos.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Departamento de Nutrição da UFRN por possibilitar a
realização das análises e ao CNPQ pelo suporte financeiro.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, M.A.L.; SANTOS, R.F.; BENATI, T.; FIRMINO P. T. Importância econômica e
social. In: BELTRÃO, N. E. M.; VIEIRA, D. J. (Eds. Tecs) O agronegócio do gergelim no
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1117
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Champaign, v.45, p.594-598, 1968.
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1118
ADEQUAÇÃO DO TESTE DE GERMINAÇÃO PARA SEMENTES DE
PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)

Diego Coelho dos Santos, DAG/UFLA, coelho.diego@gmail.com


Antônio Lucrécio dos Santos Neto, DAG/UFLA, santosneto@gmail.com
Maria Laene Moreira de Carvalho, DAG/UFLA, mlaenemc@ufla.br
João Almir Oliveira, DAG/UFLA, jalmir@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: A cultura do pinhão manso vem se expandindo no Brasil pelo seu potencial
sócio-econômico em programas de combustíveis alternativos. Existem poucas informações
sobre a tecnologia de produção de mudas e sementes dessa espécie, apesar da importância da
qualidade das sementes no processo de implantação de lavouras perenes como as de pinhão-
manso. O teste de germinação é o teste mais recomendado para a definição do potencial
fisiológico de lotes, e deve ser conduzido em condições ideais para a espécie, mas
microrganismos presentes nas sementes podem afetar os seus resultados. Para avaliar o efeito
da temperatura e do tratamento pré-germinativo sobre a qualidade fisiológica de sementes de
Jatropha curcas L. foram utilizados 5 lotes de sementes de diferentes origens, os quais foram
ou não tratados com a mistura fungicida carboxim+tiram e com hipoclorito de sódio. As
sementes foram submetidas ao teste de germinação nas temperatura de 25ºC e alternada de
20-30ºC e também ao teste de emergência em solo e areia em condições controladas de
temperatura de 25ºC. O delineamento foi o inteiramente casualizado com 4 repetições de 50
sementes, sendo as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5%. O teste de germinação
de sementes de pinhão-manso deve ser realizado a temperatura de 25ºC. A resposta ao
tratamento pré-germinativo de sementes de pinhão-manso depende da qualidade fisiológica e
sanitária do lote.

Palavras-chave: Jatropha curcas L., tratamento de sementes, germinação, vigor.

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1119
1 INTRODUÇÃO
O Pinhão Manso (Jatropha curcas L.), também conhecido por Pinhão paraguaio, pinhão
de purga, pinhão de cerca, purgante de cavalo, é uma oleaginosa pertencente à família das
Euphorbiaceae (Cortesão, 1956). A cultura vem sendo considerada como uma opção agrícola
para o Brasil por ser uma espécie nativa, exigente em insolação, com forte resistência à seca e
viável para a obtenção do biodiesel. Produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare,
levando de três a quatro anos para atingir a idade produtiva, que pode se estender por 40 anos
(Carnielli, 2003). Um dos entraves para a utilização da cultura é o desconhecimento da
fisiologia da planta que demonstra a necessidade do desenvolvimento de pesquisas na área
(Saturnino et al. ,2005).
A propagação do pinhão-manso ocorre por via vegetativa ou clonal (estaquia,
micropropagação ou cultura de tecidos ou enxertia) ou por sementes. Existem evidencias que
a germinação das sementes de pinhão-manso se completa em dez dias, e as condições ótimas
para o processo germinativo ocorre em temperaturas acima de 20° C e com alta intensidade de
irrigação. Em temperaturas abaixo de 15°C a germinação é mais lenta, aumentando assim o
tempo médio de germinação (Joker e Jepsen, 2003).
Sabe-se que a temperatura influencia na germinação tanto por agir sobre a velocidade de
absorção de água, como também sobre as reações bioquímicas que determinam o processo,
reações estas que vão desdobrar, ressintetizar e transportar para o eixo embrionário, as
substâncias de reserva (Carvalho e Nakagawa, 2000). A temperatura ótima para a ocorrência
do processo germinativo é peculiar para cada espécie.
Um outro fator importante que afeta a germinação das sementes é a presença de
microrganismos associados às mesmas, principalmente durante os testes de germinação, onde
as condições de proximidade entre as sementes podem propiciar maior contaminação. O
tratamento de sementes pode ser utilizado para diminuir a ação de patógenos presentes nas
sementes em diversas fases do processo de produção (KROHN et al., 2004).
Diante da escassez de informações sobre a influência de fatores que afetam o processo
germinativo de sementes de pinhão-manso, o presente trabalho foi realizado com o objetivo
de investigar o efeito da temperatura e tratamento de sementes na germinação de lotes de
sementes de Jatropha curcas L.

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1120
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG.
Foram utilizados cinco lotes de sementes de pinhão manso provenientes de diferentes
regiões do Brasil e colhidas em diferentes épocas, submetidos aos tratamentos ou não de
desinfestação superficial com hipoclorito de sódio e fungicida e testadas também duas
condições de temperaturas de germinação: 25ºC constante e alternância de 20-30°C.
As sementes puras dos diferentes lotes foram submetidas à desinfestação superficial
com a utilização de hipoclorito de sódio 2% por 1 minuto, de acordo com Machado (2000). O
tratamento fungicida foi com a mistura carboxim+thiram - 500mL do produto comercial
Vitavax-Thiran® para 100 kg de sementes (Queiroz, 2004). Como testemunha, foram
utilizadas também sementes sem tratamento.
Para o teste de germinação, foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes por
tratamento distribuídas uniformemente, tendo como substrato papel do tipo germitest na
forma de rolo, umedecido com água destilada na proporção de 2,5 vezes seu peso. As
sementes foram mantidas em câmaras de germinação com temperatura regulada para 25°C e
com alternância nas temperaturas de 20-30°C. As avaliações foram feitas aos cinco (Primeira
contagem) e dez dias e as plântulas foram classificadas em plântulas normais, anormais
infectadas e anormais deformadas; e as sementes em mortas e dormentes, conforme Brasil
(1992) e os resultados foram expressos em porcentagem.
O teste de emergência foi feito utilizando-se 200 sementes por tratamento divididas em
quatro repetições. As 50 sementes de cada repetição foram semeadas em bandejas contendo
substrato solo + areia na proporção de 1:2 e colocadas em câmaras de crescimento com
temperatura regulada para 25ºC. As contagens de plântulas emergidas foram feitas aos 15 dias
após a semeadura.
O experimento foi instalado no delineamento inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 5 x 2 x 3 (5 lotes, 2 temperaturas e 3 tratamentos de sementes) para a germinação e
fatorial 5x3 (5 lotes e 3 tratamentos de sementes) para a emergência, com quatro repetições.
As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade.

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1121
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da tabela 1 são referentes ao percentual de germinação. Verifica-se que o
tratamento de sementes, bem como o tipo de temperatura testada são dependentes do lote
avaliado. Em geral, a germinação realizada à temperatura de 25ºC constante foi superior ou se
igualou aos resultados de germinação obtidos com alternância de temperatura, indicando
haver possibilidade de realização do teste em temperatura constante.

Tabela 1 - Valores médios (%) referentes à germinação de cinco lotes de sementes de pinhão-
manso semeadas em diferentes temperaturas e três tratamentos de sementes. UFLA, Lavras-
MG, 2007.
Não tratada Fungicida Hipoclorito
Lote
25º 20-30º 25º 20-30º 25º 20-30º
1 69 Bb 85 Aa 77 Ba 64 Ab 71 Ba 70 Aa
2 59 Ca 63 Ba 71 Ba 65 Aa 78 Aa 77 Aa
3 59 Ca 41 Cb 53 Ca 50 Ba 68 Ba 51 Bb
4 84 Aa 69 Bb 74 Ba 69 Aa 85 Aa 71 Ab
5 71 Ba 68 Ba 87 Aa 70 Ab 88 Aa 70 Ab
CV 10,14
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, dentro de cada tratamento, não
diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

O tratamento de sementes beneficiou a germinação dos lotes de sementes de pinhão-


manso submetidas à temperatura de 25ºC (tabela 2). Apenas para o lote 3 a eficiência do pré-
tratamento só foi observada quando ocorreu o tratamento com hipoclorito, indicando
provavelmente uma maior contaminação superficial de microrganismos para esse lote. Já com
alternância de temperatura, não houve resposta significativa quando se utilizou o tratamento
de sementes, exceto para o lote 1, onde a desinfestação superficial e aplicação fungicida
agiram de maneira negativa sobre o percentual de germinação das sementes.
A resposta diferencial dos lotes aos tratamentos se deu provavelmente a variação dos
mesmos em relação à sua base genética e estágio de deterioração. Respostas semelhantes
relativas a interferência da qualidade da semente na resposta ao tratamento também foram
encontradas por Oliveira (2004) em sementes de ipê..

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1122
Tabela 2 - Valores médios (%) referentes à germinação de cinco lotes de sementes de pinhão-
manso, semeadas em diferentes temperaturas e três tratamentos de sementes. UFLA, Lavras-
MG, 2007.
25º 20-30º
Lote
Não tratada Fungicida Hipoclorito Não tratada Fungicida Hipoclorito
1 69 a 77 a 71 a 85 a 64 b 70 b
2 59 b 71 a 78 a 63 b 65 b 77 a
3 59 b 53 b 68 a 41 a 50 a 51 a
4 84 a 74 a 85 a 69 a 69 a 71 a
5 71 b 87 a 88 a 68 a 70 a 70 a
CV 10,14
Médias seguidas pela mesma letra na linha, dentro de cada temperatura testada, não diferem entre si pelo teste de
Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

Na primeira contagem da germinação (Tabela 3), as sementes submetidas à temperatura


de 25ºC e tratadas com hipoclorito ou fungicida, independente do lote avaliado, germinaram
em maior percentagem que aquelas conduzidas em temperatura alternada. Esse resultado vai
de encontro aos propostos por Oliveira (1989), onde este autor sugere a inclusão de
temperaturas alternadas para os testes de germinação de sementes pouco estudadas. Para as
sementes não tratadas, houve resposta variada conforme o lote testado, não havendo efeito das
diferentes temperaturas avaliadas entre os lotes 1, 2 e 5.

Tabela 3 - Valores médios (%) referentes à primeira contagem da germinação de cinco lotes
de sementes de pinhão-manso, semeadas em diferentes temperaturas e três tratamentos de
sementes. UFLA, Lavras-MG, 2007.
Não tratada Fungicida Hipoclorito
Lote
25º 20-30º 25º 20-30º 25º 20-30º
1 57 Ba 49 Aa 69 Aa 31 Bb 55 Ba 42 Ab
2 35 Ca 35 Ba 52 Ba 29 Bb 61 Ba 37 Bb
3 40 Ca 23 Cb 41 Ba 29 Bb 45 Ca 27 Bb
4 79 Aa 52 Ab 71 Aa 45 Ab 79 Aa 47 Ab
5 57 Ba 53 Aa 81 Aa 42 Ab 71 Aa 48 Ab
CV 14,05

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1123
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, dentro de
cada tratamento de sementes, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade.
Verifica-se que o tipo de tratamento de sementes não alterou o vigor (Tabela 4) de 80%
dos lotes de sementes testadas em temperatura de 20-30ºC. Nessa mesma condição, o
fungicida reduziu o vigor das sementes de pinhão-manso pertencentes ao lote 1. Na
temperatura de 25ºC, a resposta em vigor das sementes dependeu do tipo de lote avaliado,
mas que de uma maneira mais ampla, as sementes tratadas (hipoclorito ou fungicida)
obtiveram médias de percentagem de germinação superiores à testemunha.

Tabela 4 - Valores médios (%) referentes à primeira contagem da germinação de cinco lotes
de sementes de pinhão-manso, semeadas em diferentes temperaturas e três tratamentos de
sementes. UFLA, Lavras-MG, 2007.
25º 20-30º
Lote
Não tratada fungicida hipoclorito Não tratada fungicida hipoclorito
1 57 b 69 a 55 b 49 a 31 b 42 a
2 35 b 52 a 61 a 35 a 29 a 37 a
3 40 a 41 a 45 a 23 a 29 a 27 a
4 79 a 71 a 79 a 52 a 45 a 47 a
5 57 b 81 a 71 a 53 a 42 a 48 a
CV 14,05
Médias seguidas pela mesma letra, dentro de cada temperatura, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a
5% de probabilidade.

O tratamento pré-germinativo não influenciou na emergência dos cinco lotes de


sementes de pinhão-manso (Tabela 5), exceto no lote 1 tratado com hipoclorito, que reduziu a
percentagem de emergência. Faiad et al. (1997) comentam que a depender da concentração e
do período de exposição ao hipoclorito, pode haver redução da incidência de fungos, porém,
com diminuição também da viabilidade das sementes. No teste de emergência, os danos
causados pelos fungos não são tão severos quanto no teste de germinação, onde nesse último a
maior parte dos patógenos encontra condições de umidade e temperatura ideais para o seu
crescimento e desenvolvimento.

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1124
Tabela 5 - Valores médios de emergência (%) de cinco lotes de sementes de pinhão-manso em
condições controladas de crescimento. UFLA, Lavras-MG, 2007.
Tratamento de semente
Lotes
Não tratada Fungicida Hipoclorito
1 90 Aa 89 Aa 60 Bb
2 66 Ba 69 Aa 81 Aa
3 52 Ba 52 Ba 67 Ba
4 89 Aa 80 Aa 91 Aa
5 85 Aa 78 Aa 79 Aa
CV 13,24
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si, pelo teste de
Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
O teste de germinação de sementes de pinhão-manso deve ser realizado a temperatura
de 25ºC.
A resposta ao tratamento pré-germinativo de sementes de pinhão-manso depende da
qualidade fisiológica e sanitária do lote.

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1126
ANÁLISE DE PARTE DO GENOMA FUNCIONAL DA MICROALGA
THALASSIOSIRA FLUVIATILIS, PRODUTORA DE ALTOS PERFIS DE
ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS ÔMEGA-3

Cristiane Teresinha Citadin, UnB/Cenargen, ccitadin@cenargen.embrapa.br


Elionor Rita Pereira de Almeida, Cenargen, elionor@cenargen.embrapa.br
Roberto Bianchini Derner, UFSC, robertoderner@lcm.ufsc.br
Damares de Castro Monte, Cenargen, damares@cenargen.embrapa.br
Daniela Garcia Fernandes, UnB/Cenargen, daniela@cenargen.embrapa.br

RESUMO: O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de clonar genes de enzimas
envolvidas na biossíntese de ácidos graxos poliinsaturados ômega-3, moléculas essenciais
para a manutenção da saúde do organismo, para serem utilizados no melhoramento de
alimentos tradicionais. Para isto foi realizado o sequenciamento de 1920 ESTs de uma
biblioteca de cDNA da diatomácea Thalassiosira fluviatilis, escolhida por ser um organismo
produtor de altos perfis de EPA e DHA. Das seqüências geradas 1090 foram validadas
formando 775 clusters, dos quais, apenas 165 apresentaram identidade com proteínas
depositadas no GenBank, 109 apresentaram identidade com seqüências nucleotídicas da
microalga Thalassiosira pseudonana e 36 clusters tiveram identidade com seqüências ESTs do
GenBank. Os 579 clusters restantes não apresentaram identidade com nenhuma seqüência
dentre os bancos analisados, sendo exclusivas de T. fluviatilis. Na mesma análise foram
encontrados 7 genes de enzimas envolvidas com metabolismo de ácidos graxos, sendo que 4
destes genes são de enzimas envolvidas na biossíntese de ácidos graxos poliinsaturados
ômega-3. O presente estudo, além de gerar informações sobre o genoma funcional da
microalga T. fluviatilis mostrou que é possível encontrar genes desta rota biossintética de
ácidos graxo ômega-3 por meio de seqüênciamento massivo, incentivando o seqüênciamento
em maior escala da mesma biblioteca de cDNA.

Palavras-chave: ácidos graxos poliinsaturados ômega-3, microalgas, genoma funcional.

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1127
1 INTRODUÇÃO
Os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 são moléculas lipídicas presentes em óleos
que têm fundamental importância na dieta humana exercendo grande papel na manutenção da
saúde. Dentre esses ácidos graxos, destacam-se o ácido eicosapentaenóico (EPA –
eicosapentaenoic acid) e o ácido docosahexaenóico (DHA – docosahexaenoic acid), também
denominados ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (LCPUFAs – long chain
polyunsaturated fatty acid).
A valorização da importância dos ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 na saúde
humana, em especial EPA e DHA, tem crescido nos últimos 20 anos. Inúmeros trabalhos
científicos têm constatado a influência destes óleos na prevenção e modulação de certas
condições patológicas como a obesidade e doenças cardiovasculares e sua essencialidade no
desenvolvimento do cérebro e retina (Sayanova & Napier, 2004).
Humanos podem sintetizar tanto o ácido EPA quanto o DHA a partir de ALA (ácido
alfa-linolênico), através de uma série de dessaturações (adição de uma ligação dupla) e
elongações (adição de dois átomos de carbono), entretanto o ALA não pode ser sintetizado
pelo organismo humano, por este motivo é considerado essencial e deve ser suprido na
alimentação (Sayanova & Napier, 2004).
A síntese de EPA e DHA em humanos, no entanto, é limitada. A proporção de ALA em
relação ao ácido linoléico (LA) na dieta, um ácido graxo do tipo ômega-6, gera esta
deficiência, pois as mesmas enzimas atuam sobre os dois tipos de substratos na produção de
seus derivados (Schmidt, 2000).
A maior fonte de ácido alfa-linolênico é a semente de linhaça (19,81g/100g), outras
fontes são óleos vegetais como o de canola (6,78g/100g) e de soja (5,72g/100g), em nozes
(8,82g/100g) e vegetais de folhas verdes escuras como brócolis (0,10g/100g) e espinafre
(0,38g/100g), entretanto estes contém maiores concentrações de ômega-6 com exceção da
linhaça e do brócolis (tabela brasileira de composição de alimentos - TACO, 2006).
Estima-se que a proporção de LA:ALA chega a patamares de 16:1, sendo que o ideal
estimado para a manutenção da saúde do organismo é no máximo 6:1. (Eckert et al., 2006).
Considerando essa competição LA versus ALA, o ideal para manter as quantidades
ideais de EPA e DHA no organismo é ingeri-los pré-formados e sua fonte presente na
alimentação tradicional são peixes de águas frias marinhas, como por exemplo: salmão,
cavala, arenque, anchovas, atum e sardinhas. Vários estudos prospectivos encontraram que o
homem que come peixe pelo menos uma vez por semana tem menor taxa de mortalidade de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1128
doenças da artéria coronária (DAC) comparado com homens que não comem peixe
(Kromhout et al., 1995).
Diante disto, a produção destes ácidos graxos em alimentos tradicionais é um objetivo a
ser contemplado e para isto a engenharia genética é uma ferramenta de grande auxílio, sendo
portanto, essencial o estudo e clonagem de genes de enzimas envolvidas na biossíntese de
EPA e DHA a partir de organismos produtores de altos teores desses compostos.
Estudos têm mostrado que os óleos ômega-3 presentes nos peixes provêm da ingestão
de organismos que constituem o zooplâncton, os quais têm as microalgas como seu principal
alimento (Derner, 2005). Algumas microalgas, incluindo diatomáceas, acumulam grandes
quantidades de EPA e DHA em gotículas lipídicas contidas em seu citoplasma, e por esse
motivo destacam-se para o estudo genômico de rotas biossintéticas destes compostos.
Assim, o presente trabalho tem o objetivo de contribuir para o avanço do conhecimento
de rotas biossíntéticas de LCPUFAs por meio da análise parcial do genoma funcional da
microalga Thalassiosira fluviatilis, uma produtora de altos perfis de LCPUFAs.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Uma cepa da diatomácea Thalassiosira fluviatilis foi cedida pelo laboratório de
Camarões Marinhos – UFSC, onde o perfil de ácidos graxos foi previamente caracterizado.
O RNA total de cada cepa foi extraído utilizando-se o Concert Plant RNA Reagent
(Invitrogen) de acordo com o protocolo indicado pelo fabricante. Os RNAs mensageiros
(mRNAs) poliadenilados foram isolados utilizando-se o Kit micro-FastTrack mRNA isolation
(Invitrogen) e usado na produção de bibliotecas de cDNAs segundo o protocolo descrito no
Kit Creator SMART cDNA library da Clontech.
A população de cDNAs foi clonada no plasmídeo pDNR-LIB e em seguida os
plasmídeos recombinantes foram utilizados para transformar células de E. coli (One Shot
TOP10 Competent Cells) através de eletroporação.
As extremidades 5' de 1920 clones da biblioteca de cDNA foram seqüenciadas na
plataforma de seqüênciamento de DNA da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
(http://www/laboratorios/psd/psd.html), utilizando-se o oligonucleotídeo iniciador “M13
forward” (5`- TGT AAA ACG ACG GCC AGT - 3`), DNA molde, BigDye e água, baseando-
se na amplificação por ciclagem de temperatura e incorporação de dideoxinucleotídeos e uso
de equipamento seqüenciador automático ABI3700. Os fragmentos foram lidos a partir de
microplacas de 96 poços durante uma corrida de 10 horas, onde foram lidas cerca de 700 pb.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1129
Os eletroferogramas foram então submetidos ao Sistema GENOMA do Laboratório de
Bioinformática da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
(http://genoma.cenargen.embrapa.br/genoma/) para processamento e análise de seqüências.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 1920 ESTs obtidos, 56,77% foram aceitas sendo consideradas válidas por ter boa
qualidade (Phred >20) e baixo percentual de vetor. A partir das 1090 ESTs de T. fluviatilis
validadas no programa Sistema Genoma, 775 clusters foram gerados, distribuindo-se em 628
singletons e 147 contigs (Tabela 1).
Baseado nas categorias descritas por Lee et al. (2005), observou-se que: cerca de
89,12% dos contigs apresentaram baixa redundância (2-4 reads por contigs), dos quais 92
contigs continham 2 reads, 31 contigs continham 3 reads e 8 contigs continham 4 reads
(Tabela 1); 8,16% apresentaram média redundância (5-10 reads por contig); e apenas 2,72 %
dos ESTs apresentaram alta redundância (>10 reads por contigs), sendo eles: um contig com
22 reads, um contig com 17 reads, um contig com 12 reads e um contig com 11 reads.
Um total de 454 sequencias ESTs foram agrupadas formando os contigs, que unidos aos
singletons somam 1082 ESTs. A análise da clusterização da biblioteca revelou um índice de
81,03% de novidade e 41,96% de redundância o que mostra que a biblioteca ainda pode ser
explorada para a obtenção e identificação de novos genes. A distribuição das “reads” entre os
“contigs” confirma a baixa redundância da biblioteca, baseado nas categorias descritas por
Lee et al. (2005) (Tabela 1).

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1130
Tabela 1 - Sumário do seqüênciamento de ESTs da diatomácea Thalassiosira fluviatilis.

Biblioteca de ESTs
No. de ESTs sequenciados 1920
No. de sequencias válidas 1090
No. de ESTs identificados* 1082
Redundância (%)** 41,96
Novidade (%)*** 81,03
Agrupamento das ESTs (clusters)
No. de singletons 628
No. de contigs 147
No. de reads em contigs 454
No. de clusters 775
Distribuição dos reads nos contigs
2 - 4 reads (%) 89,12
5 - 10 reads (%) 8,16
> 10 reads (%) 2,72
*total de reads em contigs + singletons. **Redundância = numero de ESTs em contigs x 100/numero total de
ESTs. ***Percentual de clusters.

Das 775 ESTs submetidos ao BLASTx contra sequências não redundantes (nr) do
GenBank, 165 clusters tiveram similaridade com proteínas identificadas, totalizando 21,29%
dos clusters.
As seqüências foram também submetidas ao BLASTn contra o banco de ESTs do
GenBank e contra um banco de seqüências de uma biblioteca genômica da microalga
Thalassiosira pseudonana. Para o banco de ESTs, 36 seqüências (4,6%) tiveram similaridade
com algum organismo sendo 29 delas, a microalga diatomácea Phaeodactylum tricornutum.
Para o banco com seqüências genômicas da microalga diatomácea T. pseudonana, 109 das
ESTs (14,06%) apresentaram similaridade.
Das 165 ESTs analisadas pela similaridade com proteínas do GenBank-nr, 7 clusters
apresentaram similaridade com proteínas envolvidas com a síntese de lipídeos (Figura 1) e 4
deles correspondem a enzimas envolvidas com a via biossintética de ácidos graxos
poliinsaturados (Tabela 2). Este resultado é animador, pois evidencia que com o
seqüênciamento de mais clones desta biblioteca, há grandes chances de se obter os outros
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1131
genes envolvidos na rota de síntese de ômega-3 assim como uma análise mais detalhada dos
clones obtidos poderá revelar informações sobre o metabolismo de ácidos graxos desta
microalga que até o momento não apresentava nenhuma informação genômica disponível.

clusters

4,24%

biossíntese de
lipídeos
95,76%
outras funções

Figura 1 - Gráfico de distribuição de ESTs relacionadas a biossíntese de lipídeos.

Tabela 2 - Lista das enzimas envolvidas da biossíntese de ácidos graxos poliinsaturados que
apresentaram similaridade com 4 clusters da biblioteca de cDNA da diatomácea Thalassiosira
fluviatilis.
DEFINIÇÃO ORGANISMO e-value
Thalassiosira
Δ6-dessaturase de ácido graxo pseudonana 3,53E-44
Δ6- dessaturase de ácido graxo / Δ8-dessaturase de
esfingolipídeo Ostreococcus tauri 1,59E-14
Robiginitalea
Provável ligase de ácidos graxos de cadeia longa a CoA biformata 1,43E-11
Gamma
Provável ligase de ácidos graxos de cadeia longa a CoA proteobacterium 2,98E-13

A ligase de ácidos graxos de cadeia longa a CoA consiste na enzima responsável por
ativar os ácidos graxos poliinsaturados ligando-os a coenzima-A e permitindo que entrem em
suas vias catabólicas e anabólicas (como a produção de EPA e DHA) (Li, et al., 2006).
A Δ6-dessaturase de ácido graxo é a primeira enzima a atuar na rota de biossíntese de
EPA e DHA convertendo o ácido alfa-linolênico em ácido estearidônico (STA) (figura 2). Ela
é capaz de inserir uma dupla ligação entre o sexto e o sétimo átomo de carbono do ácido
graxo contado a partir da carboxila. Para ser utilizada em transgenia, esta enzima, além de ser

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1132
necessária por ser a primeira da via, tem a vantagem de que seu derivado STA é absorvido
com maior eficiência do que o ALA no organismo humano para produção de EPA e DHA
pois não compete com LA. Além disso, pode-se esperar que o organismo a ser transformado
tenha as outras enzimas que atuam após a Δ6-dessaturase de ácido graxo (figura 2) .

Figura 2 - Esquema da rota biossintética de EPA e DHA a partir de ALA. As enzimas estão
circuladas. Observe a localização da enzima Δ6-dessaturase de ácidos graxo na rota
metabólica circulada em vermelho.

4 CONCLUSÃO
O presente estudo, além de gerar informações sobre o genoma funcional da microalga
T. fluviatilis mostrou que é possível encontrar genes desta rota biossintética de ácidos graxo
ômega-3 por meio de seqüênciamento massivo, incentivando o seqüênciamento em maior
escala da mesma biblioteca de cDNA.
Atualmente temos como objetivo sequenciar o gene completo da Δ6-dessaturase de
ácidos graxos encontrado na biblioteca, avaliar sua função através da expressão heteróloga em
levedura e em seguida transformar embriões de soja com o intuito de produzir o derivado de
ALA (ácido estearidônico) em sementes.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1133
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLONTECH (2006) Creator™ SMART™ cDNA Library Construction Kit User
Manual.

DERNER RB. Efeito de distintas fontes de carbono no crescimento e na composição


bioquímica das microalgas Thalassiosira fluviatilis e Chaetoceros muelleri (classe
Bacillariophyceae), com ênfase no teor de ácidos graxos poliinsaturados. Florianópolis,
UFSC, 138 p. Tese (Doutorado em Ciência dos Alimentos). Curso de Pós-graduação em
Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina, 2005.

ECKERT H, LA VALLEE B, SCHWEIGER BJ, KINNEY AJ, CAHOON EB, CLEMENTE


T. (2006) Co-expression of the borage Delta 6 desaturase and the Arabidopsis Delta 15
desaturase results in high accumulation of stearidonic acid in the seeds of transgenic
soybean. Planta 224(5):1050-1057

KROMHOUT D, FESKENS EJ, BOWLES CH. (1995) The protective effect of a small
amount of fish on coronary heart disease mortality in an elderly population. Int J
Epidemiol 24(2):340-345.

LEE H, LEE, J-S, NOH E-W, BAE E-K, CHOI Y-I, HAN M-S. (2005) Generation and
analysis of expressed sequence tags from poplar (Populus alba x P. tremula var.
galndulosa) suspension cells. Plant Science, 169 (6):1118-1123.

NEPA-UNICAMP (2006). Tabela brasileira de composição de alimentos. Versão II. 2ª ed.


Campinas, SP. 113 p.

SAYANOVA OV, NAPIER JA. (2004) Eicosapentaenoic acid: Biosynthetic routes and
the potential for synthesis in transgenic plants. Phytochemistry 147-158;

SCHMIDT MA. (2000) Gorduras Inteligentes: como as gorduras e os óleos da dieta


afetam as inteligências mental, física e emocional. Ed. Roca, São Paulo, SP.

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1134
ESTUDO PRELIMINAR DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL
EM ETANOL SUPERCRÍTICO

Humberto Neves Maia de Oliveira, DEQ/UFRN, beto@eq.ufrn.br


Marconi Medeiros, DEQ/UFRN, marconi_medeiros@yahoo.com.br
Marta Costa, DQ/UFRN, martacosta@quimica.ufrn.br
Fabio Pereira Fagundes, DQ/UFRN, ffagundes2003@yahoo.com.br
Elisa Maria Bittencourt Dutra de Sousa, DEQ/UFRN, elisa@eq.ufrn.br

RESUMO: Neste trabalho, avaliou-se de forma preliminar o processo de obtenção de


biodiesel a partir do óleo de mamona e álcool etílico, em condições supercríticas. Os
experimentos foram realizados em um reator construído e projetado para este fim, nas
condições de temperatura de 300ºC e pressão de 300 Bar, em razão molar álcool / óleo de
40:1, durante 30 minutos sob prévia agitação. Foram avaliados o processo de obtenção do
biodiesel e algumas das propriedades do éster obtido. Os ensaios mostraram que o processo é
viável, e que maiores investigações deverão ser realizadas.

Palavras-Chave: Biodiesel, óleo de mamona, etanol supercrítico.

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1135
1 INTRODUÇÃO
Combustíveis alternativos para motores a diesel são cada vez mais importantes devido à
escassez das reservas de petróleo e aos problemas de poluição ambiental. Um grande número
de estudos tem mostrado que os triglicerídeos são uma alternativa promissora ao diesel
(BARTHOLOMEU, 1981).
A mamona (Rycicus communis) é considerada uma matéria prima estratégica para a
produção de biodiesel, pois é uma espécie nativa brasileira, possui versatilidade em relação ao
clima e ao tipo de solo, é abundante na região nordestina e, além disso, contém
aproximadamente 45-55% de óleo extraível.
O processo de produção do biodiesel consiste na linearização da molécula tri-
dimensional do óleo ou gordura (como por exemplo, o óleo de mamona), tornando-a similar à
do óleo diesel, assim como na redução da acidez e no deslocamento de glicerol pela ação do
álcool utilizado.
A transesterificação utilizando a catálise alcalina é o método atualmente mais usado na
produção de biodiesel. A literatura sobre a produção de biodiesel destaca com bastante ênfase
esta rota convencional para a sua obtenção, que já vem sendo testada no Brasil. Entretanto,
esta rota tem apresentado problemas em relação a purificação do produto, visto que exige a
retirada do catalisador presente, como também a retirada do álcool em excesso e presença de
produtos saponificados, devido a reações laterais existentes. Os diversos problemas
encontrados em relação à purificação dos produtos por esta rota, aliados aos custos envolvidos
no processo, sugerem a necessidade de se investigar novas rotas, utilizando-se,
principalmente, tecnologias mais “limpas”. É, portanto, muito importante que novas rotas
tecnológicas sejam investigadas de forma a se avaliar as vantagens e desvantagens das várias
possibilidades existentes.
Na “Rota Supercrítica” aqui estudada, o processo se baseia na reação de obtenção do
produto, utilizando-se determinadas substâncias (no caso o etanol), que na região acima ou
nas proximidades do ponto crítico, atuam com poder solvente/reagente. Esta técnica se
destaca por ser um processo natural, apresentando produtos limpos de alta qualidade e isentos
de qualquer alteração nas propriedades destas matérias primas.
A revisão literária apresenta perspectivas bastante interessantes com esta tecnologia:
Segundo KUSDIANA e SAKA (2001), este pode ser um método seguro e rápido, sem causar
danos ambientais, e necessita de menos energia no processo global, visto que o custo do
equipamento mais elevado é compensado pela rapidez da reação, melhor rendimento e menor

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1136
custo de purificação. Trabalhos realizados por estes autores determinaram que o custo de
energia para produção do biodiesel no método convencional foi de 17,9 MJ/L biodiesel. O
processo de transesterificação sozinho (convencional) consumiu 4,3 MJ/L, enquanto que no
método supercrítico o consumo foi de 3,3 MJ/L (redução de 1 MJ/L por cada litro de
biodiesel produzido). Em relação a custos do processo (utilizando óleo de canola com
metanol), o processo convencional custou US$0,59/L no processo supercrítico, enquanto que
no convencional custou cerca de US$0,63/L. A simplificação do processo de purificação do
biodiesel também pode ser um fator bastante interessante, visto que não havendo catalisador,
não haverá reações laterais indesejáveis como a saponificação ( formação de sabões).
Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar, de forma preliminar, o
desempenho do reator projetado e desenvolvido para este fim, avaliando-se a reação
preliminar e a análise de algumas propriedades consideradas importantes para o biodiesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O óleo de mamona foi cedido gentilmente pela Empresa Bom Brasil ltda., e o álcool
etílico utilizado apresentou pureza de 99,8%. Inicialmente foi feita uma prévia agitação para
garantir uma boa miscibilidade dos reagentes (óleo + álcool). Em seguida, o meio reacional,
(na razão molar álcool/óleo de 40:1), foi introduzido no reator sob agitação a 300 Bar e
300ºC. Após a reação, o reator foi refrigerado bruscamente para paralisar a reação e
posteriormente aberto. O álcool residual foi retirado por destilação. Os experimentos foram
realizados em duplicata.
O reator construído (figura 1) consiste de um vaso cilíndrico composto por duas peças
(corpo e cabeça do reator), com volume útil total da câmara interna do vaso de 40 mL. Para
garantir as solicitações de pressões e temperaturas de trabalho, este equipamento foi
construído em aço inoxidável AISI 310 que atende às necessidades de projeto.
O aquecimento do reator dá-se através de uma resistência elétrica no recipiente
cerâmico que envolve o corpo do reator. Ao redor da superfície externa do recipiente temos
uma manta de isolamento térmico que minimiza as perdas de calor para o ambiente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1137
Figura 1- Aparato Experimental

Onde:
1= reator (Reator + camisa) ; 2= Sistema de arrefecimento do reator;3= controle de
aquecimento; 4= bomba de pressão; 5= Indicador de pressão; 6= Válvula de entrada do
reagente; 7= válvula de saída do produto; 8= Válvula micrométrica (redutora de pressão e
coleta de produtos.
Com o intuito de se observar o processo de transesteritifcação do óleo de mamona em
éster etílico, o produto de reação foi analisado por cromatografia em papel (Whatman),
usando n-hexano como fase eluente, e espectroscopia na região (4000 – 500 cm-1) do
infravermelho médio (Espectrofotômetro IV, modelo ABB, série MB 104-BOMEN, pastilha
de KBr).
Os parâmetros físico-químicos como:, Índice de acidez, pH (pHmetro Digimed Mod:
DM-22), e Poder calorífico superior (Bomba calorimétrica Parr, USA) foram determinados
obedecendo as normas da ANP ( Agência Nacional do Petróleo).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
DEMIRBAS (2002), mostrou que o aumento da pressão e da temperatura da reação de
transesterificação com álcool supercrítico acarreta um aumento na produção de ésteres

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1138
alquílicos (Biodiesel). Baseado nesta informação, foi adotado neste trabalho a condição de
300 bar e 300ºC, condições superiores as supercríticas do etanol (240ºC e 61,48 Bar) e do
meio reacional. Considerando o meio reacional na razão molar (40:1), podemos calcular o
ponto crítico da mistura reacional segundo (KING e BOOT, 1993), apresentados na tabela 1:

Tabela 1 - Propriedades críticas dos componentes individuais e da mistura reacional


Parâmetros Álcool etílico Óleo de mamona Meio reacional
(40:1)
Temperatura crítica (ºC) 240,9 723,27 252,7
Pressão Crítica (Bar) 61,48 3,34 60,06

Neste trabalho o óleo de mamona apresentou uma ótima solubilidade no etanol. O


excesso do agente transesterificante se faz necessário em função da reversibilidade da reação.
Segundo SCHUCHARDT (1998), este excesso desloca o equilíbrio da reação para a direita,
favorecendo o aumento da conversão de óleo em éster, visto que aumenta a superfície de
contato entre o álcool e os triglicerídeos (KUSDIANA e SAKA, 2001). Como MAHESH e
MADRAS (2007) conseguiram excelentes resultados para a síntese do biodiesel utilizando
metanol supercrítico em razões molares próximas de 40:1, esta foi a razão molar escolhida
para os experimentos realizados neste trabalho, visto que a condição supercrítica resolve o
problema associado as duas fases, formando uma única fase e resultando numa diminuição na
constante dielétrica do álcool no estado supercrítico (MADRAS et al., 2004).
Nas análises realizadas neste trabalho, o espectro de infravermelho do produto de reação
-1
mostrou uma série de absorções, em 3393, 3010, 2931-2849, 1735, 1653 cm ,
correspondentes respectivamente aos grupos –OH, H-C=, H–Csat, –C=O, C=C que indicam a
presença do éster. Estes resultados não são, contudo, completamente conclusivos, pois são
característicos tanto do triglicerídeo de partida quanto do éster produto. Observou-se ainda
que a dupla ligação presente no ácido ricinoléico, principal constituinte do óleo de mamona,
ainda permanece após reação em condições supercríticas. Este resultado é bastante satisfatório
indicando que a dupla ligação é estável nas condições empregadas.
Para a análise por cromatografia em papel foi usada como padrão, uma amostra de
biodiesel do LAPET (Laboratório de Pesquisa em Petróleo, do Departamento de Química da
UFRN), previamente analisado e completamente caracterizado. Por se tratar de compostos
com polaridades diferentes, os triglicerídeos de partida e ésteres produtos podem ser

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1139
facilmente observados por cromatografia em papel. Neste caso, o éster, de menor polaridade,
tem mais facilidade de ser deslocado pela fase móvel enquanto os triglicerídeos (óleo de
mamona) têm menor deslocamento, o que comprova a conversão proposta. Isto foi observado
nestas análises, onde a presença de biodiesel foi confirmada neste trabalho em boa
quantidade.
A tabela 2 apresenta algumas propriedades do biodiesel obtido, comparados a alguns
resultados encontrados na literatura. Embora as especificidades do óleo de mamona com seu
alto grau de ácido ricinoleico o faz diferente dos outros óleos vegetais (possui um grupo
hidroxila no carbono 12, onde as características do óleo são transferidas para os ésteres
etílicos de mamona), isto faz aumentar a lubricidade do óleo e de seus derivados em
comparação a outros óleos vegetais, tornando-o um forte candidato a aditivo para o
combustível diesel.
A acidez do biodiesel deve ser menor que 1 e isto indica que não haverá oxidação no
produto. Vale ressaltar que nos dados apresentados na tabela 2 não foi feito nenhum processo
de purificação no produto. Observa-se portanto, que os valores encontrados se apresentam
coerentes com os previstos.

Tabela 2 - Propriedades físico-químicas


Propriedade Presente trabalho Rota convencional Biodiesel/ANP Diesel
Acidez 0,9 0,55*** 0,8* -
pH 5,1 (25ºC) - - -
Poder 8428 kcal /kg 9046kcal/kg** - 10688 kcal/kg**
calorífico
*DANTAS et al, 2006; **CARDOSO et al., 2006; ***MAIA et al., 2006

4 CONCLUSÃO
Neste estudo preliminar verificou-se a possibilidade de transesterificação do óleo de
mamona na ausência de catalisador, empregando-se etanol supercrítico, com boa porcentagem
de conversão em ésteres etílicos (biodiesel), num tempo reacional de 30 minutos. Constatou-
se que após a reação de transesterificação, apresentou-se um produto monofásico altamente
estável. Isto pode ter ocorrido devido a maior interação entre as moléculas de álcool e óleo
vegetal, formando uma única fase. (DAMBISKI et al., 2006). Conclui-se também que é
possível a realização da reação nestas condições em um equipamento construído em preços

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1140
bem inferiores aos de mercado (que são importados, de alto custo, e que não conseguem
chegar até 600 Bar e 500ºC como este construído). Maiores estudos estão sendo realizados
onde se avalia a conversão em termos quantitativos e a influência das variáveis de processo,
com boas perspectivas de aplicação desta técnica.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao FINEP /CNPQ/MCT/FAPERN pelo suporte financeiro, e a
Empresa Bom Brasil Ltda pela doação do óleo de mamona degomado.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1141
USO DE CITOCININAS NA REGENERAÇÃO IN VITRO DE CALOS
EMBRIOGÊNICOS DE MACAÚBA

Elisa Ferreira Moura, DFT/UFV, ferrmoura@yahoo.com.br


Sérgio Yoshimitsu Motoike, DFT/UFV, motoike@ufv.br
Adauto Quirino Sá Junior, DFT/UFV, quirinocabrobo@yahoo.com.br
Mychelle Carvalho, DFT/UFV, mcar78@yahoo.com.br
Candida Elisa Manfio, DFT/UFV, cemanfio@yahoo.com.br

RESUMO: A macaúba (Acrocomia aculeata) é uma das plantas oleaginosas que possui
maior potencial para ser usada como produtora de óleo para fabricação de biodiesel. A
embriogênese somática pode ser utilizada como forma de propagação vegetativa da espécie,
entretanto é um processo que possui várias etapas a serem otimizadas. O objetivo deste
trabalho foi testar o uso de citocininas na fase de regeneração de microplantas de macaúba a
partir de calos embriogênicos. Para isso foram utilizados embriões zigóticos provenientes de
frutos maduros. Após a obtenção e assepsia das amêndoas, os embriões zigóticos foram
inoculados em tubos de ensaio contendo 10 mL de meio sólido Y3 contendo 9µM de 2,4-D
com e sem 1µM de TDZ e mantidos no escuro a 25±2ºC. Após 60 dias, os calos
embriogênicos obtidos foram subcultivados em meio sólido Y3 contendo 9 µM de 2,4-D + 5
µM de 2-ip e mantidos sob fotoperíodo de 16 horas a 25±2ºC por mais 60 dias. Após este
período, os calos embriogênicos foram cultivados em meio sólido Y3 contendo 1 µM de 2,4-
D e 10 µM de BAP e mantidos sob fotoperíodo de 16 horas e a 25±2ºC. Após 80 dias de
cultivo, verificou-se a formação de plântulas em 14% das massas embriogênicas provenientes
tanto de 2,4-D sozinho quanto de 2,4-D + TDZ. Essas plântulas apresentavam sistema
radicular desenvolvido e parte aérea com formação de folhas e não estavam conectadas ao
calo de origem, indicando possível origem a partir de estrutura bipolar ou embrião somático.
Esses resultados indicam que as citocininas devem ser testadas na regeneração de calos
embriogênicos de macaúba.

Palavras-Chave: Embriogênese somática, Acrocomia aculeata, propagação vegetativa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1142
1 INTRODUÇÃO
A macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Martius) é uma palmeira oleaginosa
que tem grande potencial como fonte de matéria-prima para a produção de biodiesel. Além da
sua alta produtividade, a espécie é adaptada a regiões semi-áridas, podendo ser recomendada
para produtores dessas áreas (Arckoll, 1990). Uma das formas de potencializar a
produtividade da macaúba é a utilização de métodos de propagação vegetativa que permitam
obter cultivos clonais de plantas selecionadas mais produtivas. A embriogênese somática é
uma técnica de cultura de tecidos que envolve a regeneração de plântulas por meio da
obtenção de embriões a partir de tecidos somáticos e pode ser uma alternativa para a
multiplicação vegetativa da macaúba.
Um dos principais problemas do processo de embriogênese somática é o
amadurecimento dos embriões somáticos e a sua conversão em plântulas. Muitos autores
relatam baixas taxas de regeneração de embriões somáticos e da conversão destes embriões
em plântulas. Essa limitação já foi relatada para diversas espécies, incluindo palmeiras
(Huong et al., 1999; Riyadi et al., 2005; Perez-Núñez et al., 2006) e tem como motivos a não
formação do meristema apical, o baixo acúmulo de reservas nos embriões, como lipídeos e
amido e a dessecação incompleta dos embriões.
Assim, o objetivo deste trabalho foi testar a inclusão de citocininas ao meio de cultura
na fase de regeneração de massas embriogênicas de macaúba obtidas a partir de embriões
zigóticos.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos e Células
Vegetais do Setor de Fruticultura, Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de
Viçosa em Minas Gerais, Brasil. Foram utilizados no trabalho embriões zigóticos obtidos de
frutos maduros de macaúba, coletados de plantas adultas de populações naturais do Estado de
Pernambuco, Brasil.
Após coleta, os frutos foram armazenados por aproximadamente 20 dias.
Posteriormente, os frutos foram processados, com a remoção manual do epicarpo para a
retirada das amêndoas. As amêndoas foram previamente lavadas com água e sabão líquido,
posteriormente lavadas com Detertec 50% e então desinfestadas da seguinte forma: 15
minutos em HgCl2 a 0,01%, 30 minutos em NaOCl a 6% e mais 20 minutos em nova solução
de NaOCl a 6%. Entre cada etapa, as amêndoas foram enxaguadas com água destilada

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1143
autoclavada por três vezes. Em câmara de fluxo laminar, as amêndoas foram seccionadas e o
embrião zigótico foi retirado com auxílio de pinças e bisturi de lâmina fixa.
Os embriões foram inoculados em tubos de ensaio de dimensão 25 x 150 mm contendo
10 mL de meio de indução (MI). O MI foi composto por sais e vitaminas de Y3 (Euweens,
1978), 68,46 g.L-1 de sacarose, 1g.L-1 de caseína hidrolisada, 100 mg.L-1 de myo-inositol,
solidificado com 2,5 g.L-1 de Gelrite® e suplementado com 9 μM de 2,4-D ou 9 μM de 2,4-D
+ 1μM de TDZ. Foi inoculado um embrião por tubo e os tubos foram mantidos em sala de
crescimento, no escuro, a 25±2ºC por 60 dias.
Após o período de incubação, calos embriogênicas de aproximadamente 5 mm de
diâmetro foram inoculados em tubos de ensaio de dimensão 25 x 150 mm contendo meio de
regeneração. MRI (MI + 9 μM de 2,4-D e 5 μM de 2-ip). Os tubos foram incubados em sala
de cultivo por 60 dias e mantidos sob fotoperíodo de 16 horas e intensidade luminosa de 30
μMol.m-2s-1 e temperatura de 25±2ºC.
Com 60 dias, os calos embriogênicos foram repicados e transferidos para tubos de
ensaio contendo 10 mL de meio MRII (MI + 1 μM de 2,4-D e 10 μM de BAP). Os tubos
foram incubados em sala de cultivo por 60 dias e mantidos com fotoperíodo de 16 horas e
intensidade luminosa de 30 μMol.m-2s-1, obtido com lâmpadas fluorescentes de 40W e
temperatura de 25±2ºC. Os tratamentos foram avaliados na forma descritiva.
Após 60 dias de regeneração, as plântulas regeneradas foram transferidas para tubos de
ensaio de dimensão 25 x 150 mm contendo 10 mL de meio MR suplementado com 9 μM de
NOA. Os tubos foram mantidos sob luz constante e temperatura de 28±2ºC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em experimento anterior, análises histológicas indicaram que calos de macaúba
induzidos com 2,4-D + TDZ a partir de embriões zigóticos apresentam uma grande formação
de proembriões e regiões meristemáticas. Dessa forma, testou-se o uso de citocininas para
verificar o desenvolvimento desses proembriões.
Na primeira fase de regeneração, em que foi usado o 2-iP como citocinina, após 60 dias
de incubação formaram-se calos com aspecto oxidado, de cor marrom e, em alguns casos,
com regeneração de raízes. Os calos não apresentaram formação de estruturas embriogênicas.
Quanto à multiplicação dos calos, ela não foi intensa, como geralmente ocorre com os calos
induzidos com picloram. Os resultados foram semelhantes para calos provenientes de 2,4-D +
TDZ e só com 2,4-D.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1144
Na segunda fase de regeneração, reduziu-se a concentração de 2,4-D do meio (de 9 μM
para 1 μM) e adicionou-se 10 μM de BAP no lugar de 2-iP. Após 80 dias de cultivo,
verificou-se a formação de plântulas em 14% das massas embriogênicas provenientes tanto de
2,4-D sozinho quanto de 2,4-D + TDZ (Figura 1A). Essas plântulas apresentavam sistema
radicular desenvolvido e parte aérea com formação de folhas (Figura 1B). As plântulas não
estavam conectadas ao calo de origem, o que indica provável origem a partir de estrutura
bipolar ou embrião somático.
O 2,4-D é a principal auxina utilizada na embriogênese somática de várias espécies,
incluindo as palmeiras (Chan et al., 1998; Verdeil et al., 1994; Rajesh et al., 2003). Neste
caso, as citocininas foram eficientes na regeneração de plântulas, provavelmente pelo
desenvolvimento de proembriões gerados durante o cultivo com o 2,4-D. Almeida & Almeida
(2006) verificaram a formação de meristemóides em explantes de Bactris gasipaes cultivados
com BAP, que posteriormente se desenvolveram em estruturas bipolares.

Figura 1A - Regeneração in vitro de macaúba a partir de calos embriogênicos. B: Microplanta


individualizada de calo embriogênico, com partes aérea e radicular desenvolvidas.

4 CONCLUSÃO
A utilização de citocininas deve ser testada na regeneração de calos embriogênicos de
macaúba.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1145
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, M., Almeida, C.V. Somatic embryogenesis and in vitro plant regeneration from
pejibaye adult plant leaf primordial. Pesquisa Brasileira Agropecuária, v.41, n.9, p.1149-
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1146
EFEITO DE DIFERENTES AUXINAS E DO TDZ NA INDUÇÃO DE
CALOS EMBRIOGÊNICOS EM MACAÚBA A PARTIR DE EMBRIÕES
ZIGÓTICOS

Elisa Ferreira Moura, DFT/UFV, ferrmoura@yahoo.com.br


Sérgio Yoshimitsu Motoike, DFT/UFV, motoike@ufv.br
Marília Contin Ventrella, DBV/UFV, ventrella@ufv.br
Adauto Quirino Sá Júnior, DFT/UFV, quirinocabrobo@yahoo.com.br
Mychelle Carvalho, DFT/UFV, mcarv78@yahoo.com.br
Candida Elisa Manfio, DFT/UFV, cemanfio@yahoo.com.br

RESUMO: Dentre as espécies oleaginosas que poderiam ser usadas na produção de


biodiesel, a macaúba (Acrocomia aculeata) se destaca por ser uma palmeira produtiva e
adaptada a regiões semi-áridas. A embriogênese somática é uma forma de se obter a
propagação vegetativa da macaúba, que ainda é propagada por sementes. Como para a
macaúba ainda não existem protocolos definidos de embriogênese somática, o objetivo, deste
trabalho foi testar a combinação de reguladores de crescimento na indução de calos
embriogênicos. Para isso, foram utilizados embriões zigóticos provenientes de frutos
maduros. Após a obtenção e assepsia das amêndoas, os embriões zigóticos foram inoculados
em tubos de ensaio contendo 10 mL de meio sólido Y3 contendo 9µM de 2,4-D, picloram,
NOA ou CPA com ou sem 1µM de TDZ, gerando oito combinações. Os tubos foram
mantidos no escuro a 25±2ºC. Após 60 dias, foi avaliada a porcentagem de formação de calos
embriogênicos e algumas amostras foram coletadas para análises anatômicas usando inclusão
em resina. Os cortes de 6 µm foram corados com azul de toluidina para metacromasia. Ao
final de 60 dias, foi verificado que, o 2,4-D e o picloram foram as auxinas mais eficientes na
formação de calos embriogênicos. O TDZ potencializou o efeito do 2,4-D, aumentando em
33,6% sua eficiência, mas diminui a formação de calo quando combinado com as outras
auxinas. Os cortes anatômicos do calo induzido com 2,4-D + TDZ apresentaram muitos
proembriões e os do calo induzido com picloram, muitas células com características
embriogênicas. Já os calos nodulares induzidos com picloram + TDZ apresentaram muitos
primórdios radiculares. Os cortes anatômicos mostraram que o CPA gerou calo nodular
instável, com muitos sinais de degradação celular. O NOA não gerou formação de calo
nodular satisfatória e, na ausência de TDZ, induziu a germinação de 36% dos explantes.

Palavras-Chave: Acrocomia aculeata, Arecaceae, anatomia vegetal, cultura de tecidos.


4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1147
1 INTRODUÇÃO
Dentre as espécies oleaginosas que poderiam ser usadas na produção de biodiesel, a
macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Martius) se destaca por ser uma palmeira
produtiva e adaptada a regiões semi-áridas, podendo ser recomendada para os agricultores
dessas áreas. Entretanto, é necessário o domínio de tratos culturais da espécie para o seu
melhor aproveitamento, já que se trata de uma espécie ainda não domesticada. O
desenvolvimento de protocolos de propagação deve ser obtido, visando a produção de mudas
para plantio comercial. Contudo, devido à sua natureza morfoanatômica e fisiológica, não é
possível obter a propagação vegetativa da macaúba por métodos convencionais (Lorenzi et
al., 2004). A cultura de tecidos, por meio de técnicas de micropropagação, é uma das
alternativas de se obter o processo de propagação clonal em larga escala. Dentre as
metodologias, a embriogênese somática é uma técnica de cultura de tecidos que envolve a
regeneração de plântulas por meio da obtenção de embriões a partir de tecidos somáticos.
O principal grupo de reguladores de crescimento utilizado para obtenção de
embriogênese somática é o das auxinas, em especial o 2,4-D (Raemarkers et al., 1995). Em
palmeiras, o 2,4-D tem sido bastante utilizado (Teixeira et al., 1993; Kanchanapoom &
Domyoas, 1999; Guerra & Handro, 1998) e o picloram já foi utilizado com sucesso para
algumas espécies (Karun et al., 2004; Steinmacher et al. 2007). O TDZ tem sido usado nas
fases de regeneração em palmeiras, mas já foi utilizado como indutor de embriogênese
somática em espécies de outras famílias. Como para a macaúba ainda não existem protocolos
definidos de embriogênese somática, é pertinente o uso de diferentes auxinas combinadas ao
TDZ para verificar a eficiência na indução de calos embriogênicos.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos e Células
Vegetais do Departamento de Fitotecnia e no Laboratório de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa em Minas Gerais.
Foram utilizados embriões zigóticos obtidos de frutos maduros de macaúba, coletados de
plantas adultas de populações naturais do Estado de Pernambuco, Brasil.
As amêndoas obtidas dos frutos maduros foram previamente lavadas com água e sabão
líquido, posteriormente lavadas com Detertec 50% e então desinfestadas da seguinte forma:
15 minutos em HgCl2 a 0,01%, 30 minutos em NaOCl a 6% e mais 20 minutos em nova
solução de NaOCl a 6%. Entre cada etapa, as amêndoas foram enxaguadas com água destilada

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1148
autoclavada por três vezes. Em câmara de fluxo laminar, as amêndoas foram seccionadas e o
embrião zigótico foi retirado com auxílio de pinças e bisturi de lâmina fixa. Os embriões
foram inoculados em tubos de ensaio de dimensão 25 x 150 mm contendo 10 mL de meio
básico (MB). O MB foi composto de sais de Y3 (Euweens, 1978), 68,46 g.L-1 de sacarose,
1g.L-1 de caseína hidrolisada, 100 mg.L-1 de mio-inositol, solidificado com 2,5 g.L-1 de
Gelrite® (Sigma, USA) e suplementado com diferentes combinações de reguladores de
crescimento, sendo T1: 9 M 2,4-D + 1 M TDZ; T2: 9 M 2,4-D; T3: 9 M picloram + 1
M TDZ; T4: 9 M picloram; T5: 9 M NOA + 1 M TDZ; T6: 9 M NOA; T7: 9 M
CPA + 1 M TDZ; T2: 9 M CPA. O experimento foi instalado na forma de delineamento
inteiramente casualizado com 5 repetições, com parcela de 3 tubos, com um embrião por tubo.
Os tubos foram mantidos em sala de crescimento, no escuro, a 25±2ºC por 60 dias. Após este
período, determinou-se a porcentagem de explantes com formação de calos embriogênicos.
Ao final desta fase, calos obtidos nos tratamentos T1, T2, T3 e T8 foram coletados para
estudos anatômicos.
Para a obtenção dos cortes anatômicos, o material foi fixado em FAA50 (formol: ácido
acético: álcool etílico50%, na proporção de 5: 5: 90) e estocado em etanol 70% (Johansen,
1940). As amostras foram incluídas em metacrilato (Historesin-Leica), de acordo com as
recomendações do fabricante. O material emblocado foi seccionado transversal e
longitudinalmente em micrótomo rotativo, com 6 μm de espessura. O material foi corado com
azul de toluidina, para metacromasia (O’Brien et al., 1964) e as lâminas montadas em resina
sintética (Permount®). As imagens foram obtidas em fotomicroscópio (Olympus AX70)
equipado com sistema U-photo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após 30 dias de cultivo no meio de indução, houve a formação de calo, que se formou
principalmente na região distal do embrião zigótico. Aos 60 dias, todos os tratamentos, com
exceção do controle, tiveram a formação de calo. Dois tipos de calo se desenvolveram a partir
dos explantes: calo tipo I ou esponjoso e calo tipo II ou nodular. O calo tipo I foi branco e de
aspecto esponjoso. O calo tipo II foi amarelado, com aspecto nodular e com estruturas
globulares (EG).
Na ausência do TDZ, o calo nodular se desenvolveu em 53,4% dos embriões zigóticos
tratados com picloram, 40% com 2,4-D e 26,6% com CPA. Entretanto, não houve formação
de calo tipo II em embriões tratados com NOA, e ao invés disso, 36% dos embriões

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1149
germinaram. O NOA se assemelha ao ANA, que é uma auxina mais fraca, e por isso pode ter
sido menos eficaz para gerar embriogênese somática. Na presença de TDZ, o calo tipo II se
desenvolveu em 73,6% dos embriões zigóticos tratados com 2,4-D, 33,2% com picloram e
13,2% com NOA, mas não houve formação de calo embriogênico sob efeito do CPA.
Apesar de serem visualmente similares, os calos tipo II gerados por diferentes
tratamentos apresentaram características anatômicas distintas. O calo desenvolvido com T2
(Figura 1A) apresentou muitas EGs, entretanto essas estruturas não apresentaram protoderme
típica, apesar de serem compostas por células pequenas, com citoplasma denso, alta relação
núcleo/citoplasma e núcleos com nucléolos evidentes, sugerindo que se tratavam de embriões
somáticos em fase precoce de desenvolvimento. Os calos desenvolvidos com T3 (Figura 1C)
apresentaram a formação de zonas meristemáticas. As células nessas zonas foram pequenas e
com citoplasma denso, com alta relação núcleo/citoplasma, que as distinguiam das demais
regiões do calo. Muitos proembriões ocorreram nessas áreas (Figura 1D).
Os calos obtidos com T8 se mostraram instáveis, com sinais de degradação dos tecidos
e evidente descamação celular. Os cortes tratados com azul de toluidina mostraram a presença
de mucilagem entre as células, o que indica a degradação de parede celular. O calo obtido
com T1 foi rico em EGs, entretanto as seções histológicas mostraram que essas estruturas não
possuíam protoderme característica e eram constituídas por células organizadas
concentricamente e com elementos traqueários desenvolvidos, indicando que essas estruturas
na verdade correspondiam a primórdios radiculares.

4 CONCLUSÃO
As auxinas 2,4-D e picloram são eficientes para gerar calo embriogênico em macaúba.
O TDZ apresenta interação entre as auxinas, tendo potencializado o efeito do 2,4-D na
indução de calo embriogênico em macaúba.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1150
Figura 1 - Efeito dos diferentes tratamentos na indução de calos embriogênicos de macaúba.
A: Calo gerado com T2. B: Seção anatômica do calo gerado com T2, com detalhe das
estruturas globulares, com células pequenas e de citoplasma denso, mas com ausência de
protoderme. C: Calo gerado com T3. D: Seção anatômica do calo gerado com T3, com
presença de proembriões. E: Calo gerado com T8. F: Seção anatômica do calo gerado com
T8, com estruturas globulares com estrutura instável, com células fenolizadas (verde) e
descamação celular (setas). G: Calo gerado com T1. H: Seção anatômica do calo gerado com
T1, com presença de primórdios radiculares. eg: estruturas globulares; pe: proembrião; pr:
primórdio radicular.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1151
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1152
ESTUDO DO PROCESSO DE TRANSESTERIFICAÇÃO ALCALINA DOS
ÓLEOS DE SOJA RESIDUAL E REFINADO VISANDO A OBTENÇÃO DE
BIODIESEL

Thais marcelo Batista Santos, DEQ/UFS, thaismb@gmail.com


Luciana Cristina Lins de Aquino, DEQ/UFS, lcl@ufs.br
Alessandra almeida castro, DEQ/UFS, alessandra@ufs.br
Gabriel Francisco da Silva, DEQ/UFS, gabriel@ufs.br

RESUMO: O biodiesel é um combustível natural utilizado em motores diesel, produzido


através de fontes renováveis a partir de um processo relativamente simples (transesterificação)
que promove a obtenção de um biocombustível, cujas propriedades são similares às do óleo
diesel. As matérias-primas utilizadas para a obtenção de biodiesel são comumente óleos
vegetais de soja, milho, amendoim, algodão, babaçu e palma. Além destas, os óleos residuais
provenientes de fritura destacam-se como promissores devido a alta disponibilidade e baixo
custo. O presente trabalho teve como objetivo desenvolver metodologias para a obtenção de
ésteres etílicos (biodiesel) a partir dos óleos de soja residual e refinado. Foram realizadas
reações de transesterificação alcalina dos óleos de soja residual e refinado variando-se a
porcentagem do catalisador hidróxido de sódio na reação (1% ou 2%). Foi avaliada a
influência do catalisador na quantidade dos ésteres produzidos (biodiesel), viscosidade,
densidade e ponto de névoa. Os resultados demonstraram que uma maior quantidade de
ésteres foi obtida, para ambos os óleos, quando empregado 2 % de NAOH nas reações de
transesterificação. O estudo das condições reacionais adequadas para a produção de biodiesel
é de fundamental importância para a obtenção de um produto de qualidade e que atenda as
especificações da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Palavras-Chave: Biodiesel, óleo de soja residual, transesterificação alcalina.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1153
1 INTRODUÇÃO
A questão energética sempre foi de extrema importância na história da humanidade.
Pois tudo o que consumimos ou utilizamos requer energia para ser produzido e embalado,
distribuído, operado e depois descartado.
A utilização de biodiesel como combustível vem apresentando um potencial promissor
no mundo inteiro, sendo um mercado que cresce aceleradamente em primeiro lugar devido a
sua enorme contribuição ao meio ambiente, com a redução qualitativa e quantitativa dos
níveis de poluição ambiental, principalmente nos grandes centros urbanos. Em segundo lugar,
como fonte estratégica de energia renovável em substituição ao óleo diesel e outros derivados
do petróleo. Assim, países como França, Áustria, Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Itália,
Holanda, Finlândia, Estados Unidos, Japão e Suécia vêm investindo significativamente na
produção e viabilização comercial do biodiesel, através de unidades de produção com
diferentes capacidades (BARNWAL e SHARMA, 2005)
O biodiesel é definido pela “National Biodiesel Board” (EUA) como o derivado mono-
alquil éster de ácidos graxos de cadeia longa, proveniente de fontes renováveis como óleos
vegetais, cuja utilização está associada à substituição de combustíveis fósseis em motores de
ignição por compressão (motores de ciclo diesel)
As matérias primas para a produção de biodiesel podem ser de diferentes origens: óleos
vegetais, gorduras de animais e óleos e gorduras residuais. No Brasil, óleo de soja é uma fonte
que já é almejada para produção de biodiesel. Não obstante, outras fontes, como girassol, óleo
de palma, coco, babaçu, óleo de rícino, a gordura animal e óleo vegetal residual que já tenha
sido usado em frituras, também podem ser usados como matéria-prima (NETO et al., 2000).
Dentre as matérias-primas, os óleos residuais provenientes de fritura destacam-se como
promissores devido à alta disponibilidade e baixo custo. Uma vez que a coleta seletiva de
óleos residuais descartados em larga escala das canalizações do sistema de esgotamento
sanitário de uma cidade será uma solução que favorecerá não só o ambiente, mas a sociedade
em geral (NETO et al., 2000).
A retirada das gorduras das redes de esgoto diminuirá os custos de manutenção,
podendo ser re-locados recursos para investimentos em ampliação da rede de coleta de esgoto,
beneficiando uma parcela maior da população (SAMPAIO, 2003).
Os óleos de frituras representam um potencial de oferta surpreendente, superando, as
mais otimistas expectativas. Tais óleos têm origem em determinadas indústrias de produção
de alimentos, nos restaurantes comerciais e institucionais, e ainda, nas lanchonetes. Um

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1154
levantamento primário da oferta de óleos residuais de frituras, suscetíveis de serem coletados
(produção > 100kg/mês), revela um valor da oferta brasileira superior a 30.000 toneladas
anuais (SAMPAIO, 2003; MEHER et al., 2004).
O biodiesel é comumente produzido através de uma reação denominada
transesterificação de triglicerídeos (óleos ou gorduras animais ou vegetais) com álcoois de
cadeia curta (metanol ou etanol), tendo, entre outros, a glicerinacomo sub-produtos.
A metodologia comercial de obtenção de biodiesel utiliza frequentemente meios
alcalinos para a transesterificação do óleo ou gordura, na presença de um álcool, produzindo
ésteres metílicos de ácidos graxos e glicerol. A equação (1), a seguir, representa a reação de
conversão, quando se utiliza o metanol (álcool metílico) como agente de transesterificação,
obtendo-se, portanto, como produtos os ésteres metílicos que constituem o biodiesel, e o
glicerol (glicerina). A equação (2) envolve o uso do etanol (álcool etílico), como agente de
transesterificação, resultando como produto o biodiesel representado por ésteres etílicos e
glicerina.A reação resulta em elevadas quantidades de ésteres sendo, entretanto, bastante
lenta exigindo mais de um dia para finalização (MARCHETTI et al., 2005; SAMPAIO,
2003).

Óleo ou Gordura + Metanol Ésteres Metílicos + Glicerol (1)


ou
Óleo ou Gordura + Etanol Ésteres Etílicos + Glicerol (2)

Neste tipo de reação química, o óleo vegetal e o álcool, na presença de um catalisador


ácido ou básico, resultam na obtenção de um éster metílico ou etílico, mais fino e com menor
viscosidade, ou seja, o biocombustível e glicerina. Esta última constitui-se em um
subproduto com usos múltiplos na fabricação de tintas, adesivos, produtos farmacêuticos e
na indústria têxtil, agregando valor ao produto primário – óleo vegetal, inegável ganho
econômico (SAMPAIO, 2003).
Neste contexto o presente trabalho teve como objetivo o estudo das condições
reacionais para a transesterificação alcalina dos óleos de soja residual e refinado visando a
aplicação futura na obtenção de biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1155
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O óleo de soja residual foi adquirido em restaurantes da cidade de Aracajú e óleo de
soja refinado foi adquirido em estabelecimentos comerciais. Os reagentes utilizados foram
todos de grau analítico.
O óleo de soja residual de fritura foi filtrado utilizando papel de filtro e funil para a
remoção de partículas sólidas. Após o processo de filtração, o óleo foi secado à temperatura
entre 110°C e 120°C, até que não se observasse a fritura do mesmo. Em seguida, o óleo seco
foi armazenado em recipiente seco e bem vedado para evitar a absorção de umidade do
ambiente.
As reações de transesterificação foram realizadas para os óleos de soja residual e
refinado utilizando álcool etílico e hidróxido de sódio como catalisador. Foram utilizadas as
seguintes condições reacionais: a) óleo de soja refinado e etanol na proporção (1:2)
empregando 1% e 2% hidróxido de sódio; b) óleo de soja residual e etanol na proporção (1:2)
empregando 1% e 2% hidróxido de sódio.
Inicialmente o álcool foi misturado ao hidróxido de sódio, sob moderada agitação, para
a obtenção do etóxido de sódio. Em seguida adicionou-se o óleo de soja (refinado ou residual)
mantendo sob agitação durante duas horas à temperatura de 48ºC.
Após o término da reação de transesterificação, o produto foi transferido para um balão
de separação e permaneceu em repouso por 24h, decorrido este tempo foi visualizada a
separação de duas fases: superior menos densa (contendo ésteres etílicos) e a inferior mais
densa (resíduo contendo glicerina).
O resíduo foi então separado dos ésteres e estes foram lavados repetidamente com água
destilada até obtenção do pH 7,5 na água de lavagem. A solução resultando contendo ésteres
etílicos foi secada à temperatura de 80 ˚C para eliminar resíduos de água e álcool
remanescentes. Os ésteres secos foram submetidos às análises físico químicas de
quantificação, determinação do ponto névoa, densidade, umidade e viscosidade.
A quantificação dos ésteres produzidos baseou-se na saponificação destes com
hidróxido de sódio. Os experimentos foram realizados de acordo com a metodologia analítica
descrita pelo Instituto Adolfo Lutz (2007). Amostras de 10 mL dos ésteres etílicos ou
metílicos foram inicialmente tituladas com solução de hidróxido de sódio 0,1 M usando
fenolftaleína como indicador. Em seguida adicionou-se um excesso de 1mL de solução de
hidróxido de sódio e deixou-se em repouso por 24 horas. Como não houve mudança na

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1156
coloração, adicionou-se 1mL de solução de ácido sulfúrico 0,1 M e titulou-se o excesso com
solução de hidróxido de sódio, até verificar a mudança de coloração.
A densidade relativa dos ésteres produzidos foi determinada pelo método do picnômetro
e calculada de acordo com a equação 3 a seguir:
(3)
Densidade Relativa = [Picnometro + amostra] – [Picnometro]
[Picnometro + água] – [Picnometro]
A viscosidade foi determinada utilizando-se viscosímetro Cannon-Fanske, de diâmetro
de 200 e 150 nm, à temperatura de 40°C e calculada segundo a equação contida no manual do
fabricante.
A determinação do ponto de névoa dos ésteres foi realizada utilizando-se banho
termostatizado (Tecnal, Brasil) com a temperatura reduzida gradativamente até a observação
do início de turvescência. A temperatura em que isto ocorreu foi medida com a utilização de
termopares introduzidos nas amostras.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram realizadas reações de transesterificação alcalina dos óleos de soja residual e
refinado para a obtenção de ésteres etílicos como descrito no item 2.2.2 da metodologia. Nesta
etapa foi avaliada a influência da porcentagem do catalisador hidróxido de sódio (1% ou 2%)
na quantidade de ésteres produzidos. Após as reações, os ésteres foram recuperados por
decantação e quantificados analiticamente. Os resultados obtidos estão apresentados na
Tabela 1 a seguir:

Tabela 1 - Concentração de ésteres totais resultante da transesterificação do óleo de soja


refinado e residual
Ésteres totais (mg/mL)
Matéria Prima 1% de NAOH 2% de NAOH
Óleo de soja refinado 6,1 17,6
Óleo de soja residual 19,2 29,4

Os resultados apresentados na tabela 1 demonstraram que uma maior quantidade de


ésteres totais foi obtida quando as reações para ambos óleos foi realizada com 2% de NAOH.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1157
Além disso, observou-se que o óleo de soja residual foi mais eficiente na produção de ésteres
etílicos do que o óleo de soja residual.
A densidade relativa dos ésteres foi determinada pelo método do picnômetro e os
resultados obtidos estão apresentados na Tabela 2:

Tabela 2 - Densidade relativa dos ésteres etílicos obtidos a partir dos óleos de soja refinado e
residual:
Densidade relativa
Matéria Prima 1% de NAOH 2% de NAOH
Óleo de soja refinado 0,8631 0,9071
Óleo de soja residual 0,8713 0,8812

A densidade dos ésteres etílicos, obtidos a partir dos óleos de soja refinado e residual,
foi comparável à obtida pelo óleo diesel (0,8497) segundo Neto et al. (2000).
Como observado, as reações com 1% de NAOH resultaram em ésteres com menor
densidade do que as reações com 2 % de NAOH.
A viscosidade dos ésteres totais foi determinada pelo viscosímetro de Cannon-Fanske e
os resultados estão apresentados na Tabela 3:

Tabela 3: Viscosidade cinemática dos ésteres etílicos obtidos a partir dos óleos de soja
refinado e residual:
Viscosidade cinemática (mm2/s)
Matéria Prima 1% de NAOH 2% de NAOH
Óleo de soja refinado 7,9 5,1
Óleo de soja residual 6,8 7,4

Os ésteres obtidos a partir do óleo de soja residual demonstraram menor viscosidade


que o óleo de soja refinado quando utilizado 1% de NAOH nas reações de transesterificação.
Entretanto, quando utilizado 2% de NAOH os ésteres obtidos a partir do óleo de soja refinado
foram menos viscosos. Estes ésteres apresentaram viscosidade (5,1 mm2/s) similar a obtida
pelo diesel (2,5 -5,5 mm2/s) segundo as especificações da ANP.
A viscosidade é de considerável influência no mecanismo de atomização do jato de
combustível, ou seja, no funcionamento do sistema de injeção. Esta propriedade também se

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1158
reflete no processo de combustão, de cuja eficiência dependerá a potência máxima
desenvolvida pelo motor, ou seja, quanto mais distante da viscosidade decorrente do diesel
mais improvável emprego desse substituto (NETO et al., 2000).
O ponto de névoa, que corresponde à temperatura inicial de cristalização do óleo,
influencia negativamente o sistema de alimentação do motor, bem como o filtro de
combustível, sobretudo quando o motor é acionado sob condições de baixas temperaturas.
Esta é, portanto, uma propriedade que desfavorece o uso de óleos vegetais in natura em
motores do ciclo diesel, particularmente em regiões de clima temperado, pois todos os óleos
vegetais até hoje investigados apresentam ponto de névoa superior ao do óleo diesel
convencional (NETO et al., 2000).
O ponto de névoa determinado para os ésteres totais está apresentado na Tabela 4 :

Tabela 4: Ponto de névoa dos ésteres etílicos obtidos a partir dos óleos de soja refinado e
residual:
Ponto de Névoa (˚C)
Matéria Prima 1% de NAOH 2% de NAOH
Óleo de soja refinado 4 6
Óleo de soja residual 6 6

O ponto de névoa dos ésteres etílicos (biodiesel) obtidos a partir do óleo de soja
refinado foi menor do que o obtido pelo óleo de soja residual, em condições reacionais
utilizando 1% de NAOH. Ponto de névoa similar foi obtido para ambos ésteres quando
empregado 2% de NAOH nas reações de transesterificação. Os ésteres apresentaram ponto de
névoa similar ao obtido pelos ésteres de óleo de dendê (6 ˚C) e superior ao do óleo diesel (1
˚C) de acordo com Neto et al. (2000).

4 CONCLUSÃO
Neste trabalho foram avaliadas as condições reacionais de transesterificação dos óleos
de soja refinado e residual para a obtenção de biodiesel (ésteres etílicos). Através dos
resultados verificou-se que uma maior quantidade de ésteres foi obtida quando empregado 2%
de NAOH no processo de transesterificação, para ambos óleos. Nestas condições, o biodiesel
dos óleos apresentou valores similares de ponto de névoa e valores próximos de densidade.
Entretanto em relação à viscosidade, propriedade fundamental para a utilização do produto em

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1159
motores diesel,o biodiesel de óleo de soja refinado apresentou um valor de aproximadamente
1,5 vezes menor do que obtido pelo biodiesel de óleo de soja residual. Contudo, constatou-se
que os óleos residuais apresentam potencial para a utilização na obtenção de biodiesel, sendo
necessário ainda o estudo de melhores condições para que o processo possa resultar em um
produto de qualidade e que atenda as especificações da ANP.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARNWAL, B.K.;. SHARMA, M.P. Prospects of biodiesel production from vegetable oils in
India. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v.9, p. 363–378, 2005.

FUKUDA H. ; KONDO A. ; NODA H. Biodiesel Fuel Production by Transesterification of


Oils. Journal of Bioscience and Bioengeneering, v.. 92, n. 5,p.405-416, .2001.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ; Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos,


Editora: Instituto Adolfo Lutz, 2ª edição, 2007.

MARCHETTI, J.M.; MIGUEL, V.U.; ERRAZU, A.F. Possible methods for biodiesel
production. Renewable and Sustainable Energy Reviews, 2005.

MEHER, L.C.; VIDYA SAGAR, D.;NAIK, S.N. Technical aspects of biodiesel production
by transesterification—A Review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, p. 1–21,
2004.

NETO, P. R. C.; ROSSI, L. F.S.; ZAGONEL, G. F.; RAMOS, L.P. Produção de


biocombustível alternativo ao óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja usado
em frituras. Química Nova, v.l. 23, n.4, 2000.

SAMPAIO, L. A.G. Reaproveitamento de óleos e gorduras residuais de frituras:


tratamento da matéria-prima para produção de biodiesel . Tese de Mestrado - Programa
regional de pós-graduação em desenvolvimento e meio ambiente– Universidade Estadual de
Santa Cruz, Ilhéus, Ba, 2003.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1160
CALOGÊNESE EM PINHÃO-MANSO A PARTIR DE DIFERENTES DOSES
DE BAP E ANA

Adauto Quirino Sá Junior, UFV, quirinocabrobo@yahoo.com.br


Candida Elisa Manfio, UFV, cemanfio@yahoo.com.br
Mychelle Carvalho, UFV, mcarv78@yahoo.com.br
Sergio Yoshimitsu Motoike, UFV, motoike@ufv.br
Marcio Antonio de Oliveira, UFV, quirinocabrobo@yahoo.com.br

RESUMO: O Pinhão Manso (Jatropha curcas L.) é uma planta da família Euphorbiaceae,
originária do Brasil, e que ultimamente vem ganhando importância no cenário nacional
devido a grande capacidade de produção de óleos em suas sementes (aproximadamente
37,5%). Por ser de difícil propagação por estaquia e por possuir alta segregação de suas
sementes por causa da fecundação cruzada, a clonagem de plantas através da
micropropagação torna-se uma saída por ser capaz de produzir clones em grande escala e com
as características da planta matriz. Este trabalho teve por objetivo induzir a calogênese em
plantas de pinhão manso através de diferentes doses de BAP e ANA. Secções de ramos verdes
de pinhão manso foram desinfestadas e após este processo retiraram-se fragmentos contendo
gemas que foram estabelecidas em meio de cultura com sais de MS (M5519) autoclavado e
enriquecido com sacarose (30g/L) e ágar MERCK (7,5g/L). Após 12 dias montaram-se os
tratamentos com as gemas não contaminadas em meio de cultura autoclavado contendo sais
de MS (M5519), sacarose (30g/L), ágar MERCK (7,5g/L), e diferentes doses de BAP (0; 0,5 e
1 µmol/L) (6-Benzilaminopurina) e ANA (0 e 0,5 µmol/L) (ácido naftalenoacético),
perfazendo 13 repetições cada tratamento. Os tratamentos 2, 3 e 5 que possuíam apenas
auxina ou a citocinina, respectivamente, tiveram baixa taxa de calogênese (0, 15,38% e
23,07%), baixo peso médio (0,0g, 0,014g e 0,075g) e diâmetro médio (0,0mm, 0,310mm e
2,080mm). Quando estes hormônios estão presentes juntos ao meio é observado que a taxa de
calogênese, diâmetro médio e peso médio são maiores, como nos tratamentos 4 (84,61%,
13,23mm e 0,780g) e 6 (92,3%, 12,38mm e 0,985g), principalmente neste último que possui
uma maior relação citocinina/auxina. Conclui-se que o melhor meio para indução de
calogênese em pinhão manso é o tratamento T6 com 1µmol de BAP e 0,5 µmol de ANA, pois
foi aquele que obteve a maior porcentagem de calos.

Palavras-Chave: Calogênese, regulador de crescimento, Jatropha curcas L.

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1161
1 INTRODUÇÃO
O Pinhão Manso (Jatropha curcas L.) é uma planta da família das Euphorbiaceae
(assim como mandioca e mamona) originária do Brasil e que ultimamente vem ganhando
importância no cenário nacional devido a grande capacidade de produção de óleos em suas
sementes (aproximadamente 37,5%). Ela é encontrada em boa parte de território nacional, nos
mais diversos climas e tipo de solo. Por ser de difícil propagação por estaquia e por possuir
alta segregação de suas sementes por causa da fecundação cruzada, a clonagem de plantas
através da micropropagação se torna uma saída por ser capaz de produzir clones em grande
escala e com as características da planta matriz. Este trabalho teve por objetivo induzir a
calogênese em plantas de pinhão manso através de diferentes doses de BAP e ANA para
posterior estudo da embriogênese somática.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no laboratório de cultura de tecidos e células vegetais da
Universidade Federal de Viçosa onde, secções com gemas de ramos verdes de pinhão-manso
foram limpas com detergente detertec na proporção de 1:1 (1 parte do produto para 1 de água)
por 10 minutos e em seguida imersas em CERCOBIN 700 PM (THYOPHANATE
METHYL) a 2,5% por 20 minutos. Depois de lavadas com água autoclavada as secções foram
levadas para a câmara de fluxo onde foi adicionado álcool 70% por 1 minuto, bicloreto de
mercúrio a 0,1% por 15 minutos e hipoclorito de sódio a 2,5% por 20 minutos de forma que
entre o uso de um produto e outro ocorreu a lavagem com água autoclavada. Após este
processo foram retiradas das secções fragmentos contendo as gemas que foram estabelecidas
em tubos de ensaio contendo 10 mL de meio de cultura (pH 5,7±0,01) autoclavado
constituído de sais de MS (M5519) e enriquecido com sacarose (30g/L) e ágar MERCK
(7,5g/L). Após 12 dias montou-se os tratamentos com as gemas não contaminadas em meio de
cultura (pH 5,7±0,01) autoclavado contendo sais de MS (M5519), sacarose (30g/L), ágar
MERCK (7,5g/L) e diferentes doses de BAP (6-Benzilaminopurina) e ANA (ácido
nafitalenoacético) (quadro 1), perfazendo 13 repetições cada tratamento.

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1162
Tratamentos BAP (µmol/L) ANA (µmol/L)
1 0,0 0,0
2 0,0 0,5
3 0,5 0,0
4 0,5 0,5
5 1,0 0,0
6 1,0 0,5
Quadro 1 - Tratamentos com diferentes doses de ANA e BAP

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aos 80 dias ocorreu a avaliação onde foram quantificados a porcentagem de calogênese,
o peso médio de cada calo e seu diâmetro médio (quadro 2). Foi observado que o balanço de
citocininas e auxinas possuem influência direta na formação de calos, no seu peso e diâmetro
porque os tratamentos 2, 3 e 5 que possuíam apenas a auxina ou a citocinina, respectivamente,
tiveram baixa taxa de calogênese, peso médio e diâmetro médio. Quando estes hormônios
estão presentes juntos no meio é observada que a taxa de calogênese é bem maior,
principalmente no tratamento 6 que possui uma maior relação citocinina/auxina. Os calos
(FOTO 1) apresentam coloração esverdeada e foram formados a partir das regiões periféricas
e não das gemas, sendo que algumas destas apresentaram organogêse, sem posterior
alongamento dos brotos (FOTO 2).

Figura 1 - Calos de Pinhão Manso. a) calos esverdeados formados na periferia dos explantes;
b) organogênese a partir das gemas.

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1163
Tratamento Quantidade de calos (%) Diâmetro médio (mm) Peso médio (g)
1 0,0 0,0 0,0
2 0,0 0,0 0,0
3 15,38 0,310 0,014
4 84,61 13,23 0,780
5 23,07 2,080 0,075
6 92,3 12,38 0,985
Quadro 2 - Resultados.

4 CONCLUSÃO
Conclui-se que o melhor meio para indução de calogênese em pinhão manso é o
tratamento 6 com 1µmol de BAP e 0,5 µmol de ANA porque foi aquele que obteve a maior
porcentagem de calos.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sujatha, M & Mukta, N (1995) Morphogenesis and plant regeneration from tissue
cultures of Jatropha curcas.

Sujatha, M; Makkar, H.P.S; Becker, K (2005) Shoot bud proliferation from axilarry nodes
and leaf sections of non-toxic Jatropha curcas.

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1164
AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO DO MUNICÍPIO DE
OLIVEIRA – MG, PARA O PLANTIO DE OLEAGINOSAS

Milton Aparecido Deperon Júnior, UFLA, miltondp1@ig.com.br


Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Com base em conhecimentos básicos em fertilidade do solo, objetivou-se neste


trabalho conhecer e traçar o perfil da fertilidade do solo de agricultores da cidade de Oliveira
– MG, através de análises de solo, indicando os principais fatores nutricionais limitantes para
culturas de plantas oleaginosas. Foram utilizadas analises de solos, de 129 agricultores da
cidade de Oliveira – MG, realizadas pelo Laboratório de Analise de Solos da Prefeitura
Municipal de Santo Antonio do Amparo, localizado em Santo Antônio do Amparo – MG. As
análises foram transformadas no Departamento de Engenharia da UFLA, em tabelas na
plataforma Microsoft Excel, obtendo-se as médias, os desvios padrão e os coeficientes de
variação (CV %) para cada elemento da análise de solo. Os agricultores foram separados
baseando-se nas saturações por bases (V%) de seus solos, estas foram divididas em: 0 – 40.0,
40.1 – 60.0 e maior que 60.1. Nas 129 análises utilizadas, aproximadamente 64% dos
agricultores em média apresentaram V(%) muito baixo, 24% dos agricultores obtiveram a
classificação média e 12% dos agricultores obtiveram classificação boa, segundo a
classificação da 5° Aproximação. Conclui-se que o fator mais limitante para a produção de
oleaginosa, em 64% dos agricultores analisados no município de Oliveira – MG, foi a baixa
concentração de bases (cálcio, potássio e magnésio). Entretanto em 12% dos casos analisados
a saturação de bases se mostrou muito alta, e nestes casos uma analise mais criteriosa deverá
ser feita.

Palavras-Chave: Fertilidade, plantas oleaginosas, saturação por bases, Oliveira.

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1165
1 INTRODUÇÃO
A fertilidade de um solo é vital para que as culturas obtenham altas produtividades,
sendo este fator apenas superado em importância pela disponibilidade de água no solo, que é
o fator mais limitante para a produção das diversas culturas. A avaliação das propriedades
químicas de um solo pode ser feita, de maneira simples e barata através da análise de solo,
com isso o técnico poderá fazer as devidas recomendações de adubação/calagem.
Os fatores físicos (textura e estrutura) e químicos do solo estão diretamente relacionados
à disponibilidade e manutenção dos nutrientes, sendo estes fatores extremamente importantes
na escolha dos métodos empregados no preparo do solo. Após cada colheita grande parte dos
nutrientes são extraídos do solo devido a produção das plantas, segundo Malavolta (1980), o
amendoim para uma produção de 3 t/ha de frutos pode retirar 201 kg/ha de N, 140 kg/ha de K,
113 kg/ha de Ca, 21 kg/ha de Mg,, 16 kg/ha de P e 16 kg/ha de S, com isso o retorno dos
nutrientes ao solo é de fundamental importância para garantir o sucesso do próximo plantio.
Uma das leis mais importantes em fertilidade do solo é Lei do Mínimo, que diz que a
produção das culturas é limitada pelo nutriente menos disponível no solo para as plantas, com
isso praticas como calagem e a manutenção da matéria orgânica do solo são de extrema
importância, pois visam a eliminação da acidez e aumento dos teores de Ca e Mg garantindo
que a capacidade de troca de cátions (CTC), promova o equilíbrio entre a quantidade trocável
de um nutriente no solo e sua concentração na solução do solo. A interpretação da análise de
solo, fornece as informações necessárias para traçar o perfil da fertilidade de um solo, onde se
pretende instalar determinada cultura, assim determinando as recomendações de
adubação/calagem, promovendo o equilíbrio dos nutrientes na solução do solo.
Tendo como base este conhecimentos básicos em fertilidade do solo, objetivou-se neste
trabalho conhecer e traçar o perfil da fertilidade do solo de agricultores da cidade de Oliveira
– MG, através de análises de solos indicando os principais fatores nutricionais limitantes para
culturas de plantas oleaginosas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização deste trabalho foram utilizadas análises de solos, de 129 agricultores
da cidade de Oliveira – MG, estas apresentavam os principais indicadores como,
macronutrientes, quantidade de bases e teores de acidez; sendo que a amostragem foi
realizada na camada de 0 – 20 cm, e as análises químicas/quantitativas foram feitas pelo

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1166
Laboratório de Análise de Solos da Prefeitura Municipal de Santo Antonio do Amparo,
localizado em Santo Antônio do Amparo – MG.
As análises foram transformadas no Departamento de Engenharia da UFLA, em tabelas
na plataforma Microsoft Excel, obtendo-se as médias, os desvios padrão e os coeficientes de
variação (CV %) para cada elemento da análise de solo. Os agricultores foram separados
baseando-se nas saturações por bases (V%) de seus solos, estas foram divididas em: 0 – 40.0,
40.1 – 60.0 e maior que 60.1. A interpretação dos resultados foi baseada nas recomendações
de adubação e calagem de Minas Gerais – 5º Aproximação.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em média os agricultores analisados apresentaram teores de cálcio (Ca+²), magnésio
(Mg+²), potassio (K) e CTC a pH 7, classificados como médios. Os valores observados em
média para o pH do solo e para o teor de alumínio (Al+³) são classificados de acordo com a 5º
Aproximação como baixos. Os teores de fósforo (P) não foram analisados neste trabalho, pois
as análises não continham dados sobre fósforo remanescente e teor de argila do solo. Os
valores de saturação por bases (V%) dos agricultores analisados, foram na média classificados
como baixos, sendo identificados como o fator mais limitante na produção de plantas
oleaginosas no município. Na Tabela 1 são apresentados os valores médios, máximos,
mínimos para cada um dos parâmetros analisados e seus respectivos desvios padrão e
coeficiente de variação (CV%).

Tabela 1 – Valores médios, máximos, míninos, devio padrão e coeficiente de variação para os
parâmetros das análises de solo de 129 agricultores de Oliveira – MG.
pH P K Ca+² Mg+² Al+³ T V
-CaCl²- ----Mg/dm³---- ------------cmolc/dm³------------ %
MÉDIA 5,4 4,1 41,2 1,4 0,6 0,5 6,2 33,2
DESVIO
PADRÃO 0,62 8,84 30,08 1,17 0,45 0,93 1,53 20,70
MÁXIMO 7,1 70 216 5,2 2,1 0 11,4 85,2
MÍNIMO 4,3 0,5 10 0,1 0,1 10 3,8 6,3
CV(%) 11,4 215,0 72,9 82,6 75,7 188,4 24,6 62,3

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1167
Na Tabela 2 estão os dados dos agricultores que apresentaram saturação por bases (V%)
entre 0 – 40.0, sendo que do total de 129 análises, 82 se encaixam nesta categoria,
representando aproximadamente 64% dos agricultores. Em média estes apresentam V(%)
muito baixo, sendo que o valor máximo obtido nesta categoria, não chegou a ser o valor limite
da classificação baixa descrita. Os valores observados não seriam suficientes para o cultivo da
soja, que segundo recomendação da 5º Aproximação, necessita que o V(%) do solo seja
elevado para 45 – 50%, para o cultivo da mamona. O IAC recomenda promover a elevação da
saturação por bases à 60%, já para o girassol no Estado do Paraná, recomenda-se elevar o
V(%) para 70%. Campos Leite et. al. (2006), citando Quaggio et. al. (1985) que trabalhando
com girassol, observou elevada resposta do mesmo a calagem, sendo que as maiores
produtividades foram observadas em saturações por bases ao redor de 75%.

Tabela 2 - Valores médios, máximos, mínimos, desvio padrão e coeficiente de variação para
saturação por bases de solos, que apresentam V(%) 0- 40.0.

V(%)

MÉDIA 19,3

DESVIO PADRÃO 7,66

MÁXIMO 39,1

MÍNIMO 6,5

CV(%) 39,6

Na Tabela 3 são apresentados os dados dos agricultores que possuem saturação por
bases (V%) entre 40.1 – 60, sendo que do total de 129 análises, 31 se encaixam nesta
categoria, representando aproximadamente 24% dos agricultores. Na 5º aproximação o V(%)
apresentado por estes agricultores estaria obtendo a classificação média, sendo que o valor
mínimo observado estaria bem próximo ao limite inferior desta classificação (40.1), e o valor
máximo representaria o valor critico desta classificação (60.0).
Nestes solos, em média seria possível, segundo recomendação da 5º Aproximação, o
plantio de soja que requer V(%) de 45 – 50%, e em alguns casos poderiam ser realizados o
plantio de algodão, amendoim e mamona, sendo que estas culturas requerem V(%) em torno
de 60%.
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1168
Tabela 3 - Valores médios, máximos, mínimos, desvio padrão e coeficiente de variação para
saturação por bases de solos, que apresentam V(%) 40.1 – 60.0.

V(%)

MÉDIA 50,2

DESVIO PADRÃO 5,84

MÁXIMO 60

MÍNIMO 40,4

CV(%) 11,6

Os dados dos agricultores que possuem saturação por bases (V%) maior que 60.1, estão
apresentados na Tabela 4, sendo que do total de 129 análises, 16 se encaixam nesta categoria,
representando aproximadamente 12% dos agricultores. As saturações por bases (V%)
apresentadas estariam classificadas como boa, entretanto o valor máximo encontrado seria
classificado com muito bom. Neste solo seria possível o plantio de quase todas as oleaginosas,
como: girassol, mamona, amendoim entre outras.
É importante realizar uma análise mais criteriosa nos solos que apresentaram valores de
V(%) muito alto, pois pode ter ocorrido supercalagem ou altas concentrações de potássio (K)
que junto com cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e sódio (N+), compõem as bases do solo.
Segundo Malavolta (1980) excessos de potássio pode induzir deficiência de magnésio (Mg).

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1169
Tabela 4 - Valores médios, máximos, mínimos, desvio padrão e coeficiente de variação para
saturação por bases de solos, que apresentam V(%) maior que 60.1.

V(%)

MÉDIA 71,5

DESVIO PADRÃO 7,82

MÁXIMO 85,2

MÍNIMO 63,2

CV(%) 10,9

4 CONCLUSÃO
Conclui-se que o fator mais limitante para a produção de oleaginosas, em 64% dos
agricultores analisados no município de Oliveira – MG, foi a baixa concentração de bases
(cálcio, potássio e magnésio). Entretanto em 12% dos casos analisados a saturação de bases se
mostrou muito alta, e nestes casos uma análise mais criteriosa devera ser feita.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COMISSAO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS –
CFSEMG. Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5º
Aproximação. Viçosa, MG, 1999. 359p.

LEITE, Regina Maria Villas Boas de Campos; BRIGHENTI, Alexandre Magno; CASTRO,
César de. Girassol no Brasil. Londrina, PR, Embrapa Soja, 2005. 641p.

LOPES, Alfredo Scheid. Manual de fertilidade do solo. São Paulo, ANDA/POTAFOS,


1989. 153p.

MALAVOLTA, Eurípedes. Elementos de nutrição mineral de plantas. São Paulo:


Agronômica Ceres, 1980. 251p

SAVY FILHO, Angelo. Mamona tecnologia agricola. Campinas: EMOPI, 2005. 105p.

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1170
QUALIDADE DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO COM BASE NA
COLORAÇÃO DOS FRUTOS

Danielle de Lourdes Batista Morais, UNIMONTES, moraisdlb@yahoo.com.br


Maria Aparecida Vilela de Resende Faria, UNIMONTES, tida@nortecnet.com.br
Mirella Batista Fernandes, UNIMONTES, mirellabf@yahoo.com.br
Eliana da Silva Queiroz, UNIMONTES, elianasqueiroz@yahoo.com.br

RESUMO: O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) é uma planta em início de exploração


comercial no Brasil, devido à possibilidade do uso do óleo de suas sementes para a produção
do biodiesel. Para se obter culturas uniformes é importante a utilização de sementes de
qualidade, colhidas no momento adequado, próximo ao ponto de maturidade fisiológica,
evitando que as sementes fiquem expostas às condições ambientais desfavoráveis. No caso do
pinhão-manso, devido à desuniformidade de floração e frutificação, são encontrados no
mesmo rácemo, frutos pretos, amarelos e verdes ao mesmo tempo. Visando inferir sobre o
estádio ideal de colheita dos frutos para produção de sementes, determinou-se a qualidade
fisiológica das sementes de pinhão-manso com base na coloração da casca dos frutos. Os
rácemos foram marcados e os frutos colhidos e classificados de acordo com a coloração da
sua casca em: 1- verde + amarelo; 2- amarelo + amarelo; 3- amarelo + marrom e 4-marrom
+seca. Foram determinados o teor de água, a porcentagem na primeira contagem do teste de
germinação e a taxa de germinação. As sementes das classes intermediárias (amarelo+amarelo
e amarelo+marrom) apresentaram alta germinação, de 98 e 96%, respectivamente, indicando
que este é o estádio ideal para se colher sementes com melhor qualidade fisiológica. A
maturidade fisiológica de sementes de pinhão manso ocorre por volta de 35 a 40% de teor de
água.

Palavras-Chave: Maturidade fisiológica, sementes, Jatropha curcas L..

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1171
1 INTRODUÇÃO
O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) é uma planta em início de exploração comercial
no Brasil, devido à possibilidade do uso do óleo de suas sementes para a produção do
biodiesel, apresentando amplas perspectivas para o crescimento das áreas de plantio na região
semi-árida (Arruda, 2004). Por ser uma espécie não tradicional em plantios com finalidade
produtiva, o pinhão-manso requer o desenvolvimento de tecnologia adequada de cultivo.
Segundo Beltrão et al. (2007), o conhecimento técnico sobre a cultura é limitado e várias
instituições de pesquisa apresentam experiências recentes com o pinhão-manso, havendo
interesse crescente no desenvolvimento de tecnologias para a planta. Carmélio (2006) relata
que vários aspectos relacionados ao cultivo e comercialização do pinhão-manso precisam ser
estudados, citando dentre outros, aspectos do sistema de produção de sementes.
O grande interesse pela planta e seu cultivo tem aumentando muito a procura de
sementes selecionadas ou não, por parte tanto de pequenos como de grandes produtores. A
disponibilidade de sementes de qualidade é importante, uma vez que propicia lavouras
uniformes, produtivas e livres de doenças e pragas.
A alta qualidade das sementes é obtida por meio da condução adequada dos campos de
produção e, principalmente da realização da colheita no momento adequado, próxima ao
ponto de maturidade fisiológica, evitando que as sementes fiquem expostas à condições
ambientais desfavoráveis e ao ataque de pragas e doenças. No caso do pinhão-manso, a
realização da colheita no momento certo é ainda mais importante, uma vez que a floração e
frutificação são desuniformes, devido à emissão de inflorescências contínuas ao longo do
ciclo produtivo, sendo encontrando na planta frutos pretos, amarelos e verdes ao mesmo
tempo (Saturnino et al., 2005).
Dessa forma, é interessante estudar para cada espécie e condições ambientais os
parâmetros que possam auxiliar na decisão sobre o momento da colheita de sementes,
utilizando um marcador morfológico de fácil visualização para aqueles que realizam a
colheita, correlacionando-o com a qualidade fisiológica das sementes naquele estádio.
Visando inferir sobre o estádio ideal de colheita dos frutos para produção de sementes, o
presente trabalho teve como objetivo determinar a qualidade fisiológica das sementes de
pinhão-manso com base na coloração da casca dos frutos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1172
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental e no Laboratório de Sementes
da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) em Janaúba, Minas Gerais.
Foram utilizadas sementes de pinhão manso colhidas em diferentes classes de coloração em
duas épocas (maio e junho de 2007) de plantios em dezembro de 2006, conduzidos sob
irrigação por aspersão.
No campo foram inicialmente realizadas marcações de cachos no estádio de floração,
nos quais foram feitas as colheitas. Os frutos foram colhidos, acondicionados em sacos de
papel e levados ao laboratório onde foram classificados de acordo com a coloração da casca
dos frutos em: 1- verde + amarelo; 2- amarelo + amarelo; 3- amarelo + marrom e 4-marrom +
seco, conforme Figura 1.

1 2 3 4

Figura1 - Classes de coloração da casca dos frutos de pinhão-manso. Unimontes, Janaúba,


2007.
Foi determinada a umidade das sementes pelo método da estufa a 105º C ± 3 º C por 24
horas (Brasil, 1992), utilizando-se duas repetições de vinte sementes por classe de coloração.
Os resultados foram expressos em porcentagem.
O teste de germinação foi realizado com quatro repetições de 50 sementes por classe de
coloração. Foi utilizado o papel tipo germitest umedecido com água destilada na proporção de
3 vezes o peso do papel (Brasil, 1992). Os rolos foram colocados em sacos plásticos e
transferidos para câmara de germinação tipo BOD, regulada para a temperatura de 25º- 30º C
(DAVID, 2006). As leituras foram feitas aos 7 e aos 14 dias após a semeadura e os resultados

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1173
expressos em porcentagem de plântulas normais, sendo que a primeira contagem de
germinação foi considerada como teste de vigor .
Os dados foram analisados e as médias submetidas ao teste de Tukey a 5% de
probabilidade pelo Sistema de análise estatística SISVAR de Ferreira, (2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os cachos marcados na antese tiveram seus frutos colhidos em média aos 52 dias após o
florescimento. Os cachos marcados no mesmo dia apresentaram grande desuniformidade de
coloração de frutos (Figura 2).

Figura 2 - Frutos de pinhao-manso nos diferentes estádios de maturação encontrados na planta


Unimontes, Janaúba, 2007.

O conteúdo de água das sementes reduziu de 47% na classe 1 de coloração atingindo


20% na classe 4 (Figura 3).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1174
50
45
40

Umidade (%
35
30
25 media
20
15
10
5
0
1 2 3 4
Classe

Figura 3 - Teores médios de conteúdo de água das sementes das diferentes classes de
maturação de pinhão-manso. Unimontes, Janaúba, 2007.

Apesar do alto teor de água das sementes em todas as classes, a taxa de germinação foi
alta (95%) (Tabela 1), indicando que a maturidade fisiológica de sementes de pinhão manso
ocorre por volta de 35 a 40% de teor de água.
Não foram detectadas diferenças estatísticas entre as médias de porcentagem final de
germinação, que variaram de 85 a 100%. Porém houve diferença significativa entre as médias
de porcentagem na primeira contagem do teste de germinação (Tabela 1), o que pode ser
analisado como um teste de vigor em função da velocidade de germinação, de acordo com
Carvalho & Nakagawa, (2000). Desta forma, pôde ser constatado que apesar de não ter
ocorrido diferença entre as médias finais de germinação, as sementes das classes
intermediárias (amarelo+amarelo e amarelo+marrom) apresentaram maior vigor e germinação
de 98 e 96%, respectivamente, indicando que este é o estádio ideal para se colher sementes
com melhor qualidade fisiológica.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1175
Tabela 1 - Resultados médios de porcentagem de primeira contagem de germinação e de
porcentagem de germinação das sementes das diferentes classes de coloração dos frutos de
pinhão-manso. Unimontes, Janaúba, 2007.

Classe Descrição 1ª contagem (%) Germinação(%)


1 Verde + amarelo 56 B 100 A
2 Amarelo + amarelo 74 A 98 A
3 Amarelo + marrom 72 A 96 A
4 Marrom + seco 49 C 85 A
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

As sementes da classe 4 (marrom + seca) apresentaram menor valor na primeira


contagem e na porcentagem final de germinação (Figura 4), indicando que não se deve
esperar a semente secar para colher, principalmente no caso de cultivos irrigados, onde os
frutos após atingirem a maturidade fisiológica, permanecem no campo, expostos as
adversidades climáticas, irrigação e períodos de sol intercalados, contribuindo para o processo
de deterioração das sementes.

120

100

80
Germinaçã

vigor
60
germinação
(%)

40

20

0
1 2 3 4
Classe

Figura 4 - Resultados médios de germinação e primeira contagem do teste de germinaçãodas


sementes das diferentes classes de maturação de pinhão-manso. Unimontes, Janaúba, 2007.

4 CONCLUSÃO
Sementes de pinhão manso apresentam maior qualidade fisiológica quando colhidas no
estádio de coloração de frutos variando de amarelo a amarelo/marrom.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1176
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, F. P.; BELTRÃO, N. E. M.; ANDRADE, A. P.; PEREIRA, W. E.; SEVERINO,
L. S. Cultivo de pinhão manso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o semi-árido
nordestino. Revista Brasileira de oleaginosas e fibrosas, Campina Grande, v. 8, n.1, p.789-
799, jan - abr. 2004.

BELTRÃO, N. E. de M, SEVERINO, L.S.;SUINAGA, F.A; VELOSO, J.F. JUNQUEIRA,


N.T.; FIDELIS, M.; GONÇALVES, N.P.; SATURNINO, H.M.;ROSCOE, R. Pinhão
Manso: recomendação técnica sobre o plantio no Brasil. EMBRAPA/CNPA, 2007
(folder).

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.


Brasília: CLAV/DNDV; SNAD/MA, 1992. 365p.
CARMÉLIO, E. C. Considerações sobre o vínculo do pinhão-manso à agricultura
familiar e ao Programa Nacional de Biodiesel. Disponível em: http//www.mda.gov.br.
Acesso em: 03 jul. 2006.

CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4. ed.


Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588 P.

DAVID, A. M.; FARIA, M. A. V. R.; NOBRE, D. A. C.; ANDRADE, J.A. Germinação de


sementes de pinhão-manso submetidas a diferentes condições de temperaturas In: VII
SEMINÁRIO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO E V SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO
CIÊNTÍFICA DA UNIMONTES. Montes Claros: Unimontes, 2006.

FERREIRA, D. F. Sistema de análise estatística – SISVAR. Lavras – MG: UFLA-DCE,


2000.

SATURNINO, H. M.; PACHECO, D. D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N.


P. Cultura do pinhão –manso ( Jatrofa curcas L. ) . Informe agropecuário, Belo Horizonte; v.
26, n. 229, p. 44 – 78, 2005.

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1177
SINTOMAS VISUAIS DE DEFICIENCIA DE BORO EM GIRASSOL
(Helianthus annuus L.)

Milton Aparecido Deperon Júnior, UFLA, miltondp1@ig.com.br


Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Janice Guedes Carvalho, DCS/UFLA, janicegc@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Alexandre Aureliano Quintiliano, UFLA, aleradar@yahoo.com.br
Eduardo Augusto Agnellos Barbosa, UFLA, duducajuru@gmail.com

RESUMO: O girassol é uma planta anual da família Asteraceae, que apresenta boa
adaptação a diferentes condições edafoclimáticas, entretanto altas produções apenas serão
alcançadas quando o solo for corrigido quanto a acidez e apresentando quantidades adequadas
de nutrientes. Entre os micronutrientes, o girassol é altamente exigente pelo boro. No girassol
os sintomas de deficiência de boro aparecem principalmente nas fases de florescimento e de
enchimento de aquênios. Objetivou-se com este trabalho, ilustrar através de fotografias,
sintomas visuais de deficiência de boro nas partes aéreas (folha, caule, capitulo) do girassol. O
experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do Departamento de Ciência do Solo
(DCS), da Universidade Federal de Lavras (Lavras - MG). O delineamento experimental
utilizado foi o de blocos casualizados (DBC), em esquema fatorial 3x4 (três doses de boro e
quatro doses de zinco) com três repetições, em um total de 36 vasos com uma planta em cada.
As fotográficas foram realizadas no decorrer do experimento até aos 66 DAE (dias após
emergência), onde as plantas encontravam-se em floração plena (R5.5), e nesta data ocorreu a
colheita do experimento. A deficiência de boro no girassol foi diagnosticada em todas as
partes aéreas das plantas, ocorrendo principalmente no florescimento. Os órgãos que
apresentaram maiores sintomas foram as folhas novas próximas ao capítulo, e nos próprios
capítulos que sofreram diversas deformações, inclusive abortamento de flores. Pode-se
concluir que a deficiência de boro prejudica principalmente o acúmulo de fotoassimilados, por
tornar folhas novas necróticas, e a produção de grãos, tendo em vista a redução do tamanho,
deformações e abortamento de flores no capitulo.

Palavras-Chave: Girassol, deficiência, boro, sintomas.

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1178
1 INTRODUÇÃO
O girassol é uma planta anual da família Asteraceae, que apresenta boa adaptação a
diferentes condições edafoclimáticas, sendo cultivado desde o Estado do Rio Grande do Sul
ao Estado de Roraima. Podendo ser utilizada como primeiro cultivo, e sua época de
semeadura é principalmente influenciada pela disponibilidade hídrica da região.
Segundo Capoani (2001), citando Ungaro (2000), o girassol é uma planta que
desenvolve bem em solos com fertilidade média, entretanto altas produções apenas serão
alcançadas quando o solo for corrigido quanto a acidez e apresentando quantidades adequadas
de nutrientes. No período compreendido entre a emergência e o aparecimento do botão floral,
o girassol apresenta crescimento lento, e seu consumo de água e nutrientes é baixo, desse
período até o final do florescimento (florescimento pleno), o crescimento é rápido
aumentando a demanda por nutrientes e água.
O girassol extrai grandes quantidades de nutrientes da solução do solo, por isso a
manutenção destes nutrientes é de fundamental importância para elevadas produções. Quando
comparadas as exigências nutricionais do girassol com as do milho, observa-se que as
quantidades de N e P requeridas pelo girassol são superiores as requeridas pelo milho e
nutrientes como K, Ca e Mg estas quantidades são muito maiores. Entre os micronutrientes, o
girassol e altamente exigente pelo boro, sendo umas das plantas utilizadas como indicadora de
deficiência deste nutriente no solo.
Segundo Malavolta (1980), a fonte de boro no solo mais importante, é matéria orgânica,
que através da mineralização libera-o para a solução do solo, e em nossos solos os teores de
boro situam-se entre 0,06 – 0,5 mg kg-1. A carência de boro geralmente é causada por
calagens excessivas, solos pobres em matéria orgânica e excesso de chuva. O boro é um
elemento de baixa mobilidade dentro da planta, sendo que seus sintomas de carência
aparecem primeiramente nos órgãos novos e regiões de crescimento, e a prevenção desta
deficiência deve ser feita pelo fornecimento de boro preferencialmente via radicular
(Malavolta, 1980). As funções primarias do boro ainda não foram esclarecidas, entretanto
diversas funções á ele são atribuídas como: transportes de açúcares e síntese de parede celular.
No girassol os sintomas de deficiência de boro aparecem principalmente nas fases de
florescimento e de enchimento de aquênios, caracterizando-se pela redução do crescimento de
folhas novas que ficam deformadas e necróticas. No capítulo os sintomas ocorrem desde
inicio da floração, determinando redução do tamanho e deformação em vários níveis (Campos
Leite el al., 2005). Segundo Campos Leite et al. (2005), cada nutriente apresenta sintomas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1179
visuais característicos, tendo em vista isso, objetivou-se com este trabalho, ilustrar através de
fotografias, sintomas visuais de deficiência de boro nas partes aéreas (folha, caule, capitulo)
do girassol.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do Departamento de Ciência do
Solo (DCS), da Universidade Federal de Lavras (Lavras - MG), sendo conduzido no período
de março de 2007 a maio de 2007. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
casualizados (DBC), em esquema fatorial 3x4 (três doses de boro e quatro doses de zinco)
com três repetições, em um total de 36 vasos com uma planta em cada.
A semeadura foi realizada dia 12 de março de 2007, colocando-se quarto sementes do
hibrido Aguará 4 por vaso, em 19 de março foi realizado o desbaste mantendo apenas uma
planta por vaso (três dias após emergência). As plantas foram cultivadas em vasos plásticos,
com capacidade de 8 litros. O controle da umidade do solo foi realizado diariamente,
mantendo a quantidade de água entre 50 e 70% da capacidade de retenção do solo.
O solo utilizado foi Latossolo Vermelho Distroférrico típico (EMBRAPA, 1999),
coletado da camada de 1 - 3m, proveniente do campus da Universidade Federal de Lavras
(UFLA). Após destorroamento e homogenização, o solo foi seco ao ar (TFSA), e passado em
peneira com malha de 2mm de abertura. A amostra do solo foi analisada no Laboratório de
Análise de Solo, do Departamento de Ciências do Solo, da UFLA. Seus principais atributos
químicos e físicos, antes da correção, adubação e aplicação dos tratamentos são apresentados
na Tabela 1, o solo apresentou classificação textural muito argilosa.

Tabela 1 - Resultados da análise química e física do latossolo vermelho distroférrico típico.


pH P K Ca+² Mg+² Al+³ H+A l SB t T V m
(CaCl²) -- mg/dm³ -- ---------------------- cmolc/dm³ --------------------- ----- % -----
5,4 0,9 12 0,1 0,0 0,0 1,9 0,1 0,1 2,0 6,4 0

MO P-rem Zn Fe Mn Cu B S Areia Silte Argila


dag/kg mg/L ------------------ mg/dm³ ------------------ -------- dag/kg --------
0,6 1,0 0,3 9,9 0,8 0,8 0,1 29,3 20 6 74

Realizou-se a correção da acidez, promovendo elevação da saturação por bases a 70%.


Foi utilizado na correção CaCO3 na forma de sal pura para análise, onde foram adicionados
4,66g de CaCO3 por vaso, os mesmo ficaram incubados por um período de 30 dias, onde a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1180
umidade foi mantida em 60% da capacidade de retenção do solo (0,36g de água/g de solo).
Após este período foram aplicados 200 mg.kg-1 de P na forma de MAP (Fosfato
monoamônio), o mesmo foi triturado afim de promover uma melhor homogenização, foram
adicionado 6,97g de MAP por vaso, que permaneceram incubados por período de 10 dias,
mantendo-se a umidade em 60% da capacidade de retenção do solo.
O solo recebeu o restante dos macros e micronutrientes, inclusive os tratamentos de
boro e zinco propostos, dia 23 de março aos sete dias após emergência (DAE). Os nutrientes
foram aplicados em forma de solução, assim promovendo maior uniformidade dos mesmos na
solução do solo. Na Tabela 2 encontra-se as doses e os produtos, pelos quais os nutrientes
foram fornecidos em cada vaso.

Tabela 2 – Doses dos nutrientes e produtos químicos fornecidos (mg.kg-1).


Cobertura
Elemento (3) Semeadura 1a 2a Produto
(1)
N 132 84 84 Uréia
P 200 - - NH4H2PO4
K 100 100 100 K2SO4
Mg 40 - - Mg(NO3)2.6H2O
S (2) 44 - - -
Fe 5,0 - - FeSO4.7H2O
Mn 3,0 - - MnSO4.H2O
Cu 1,5 - - CuSO4.5H2O
Mo 0,1 - - (NH4)6Mo7O24.2H2O
(1) O teor de N foi fornecido na semeadura provem parte da fonte de Mg parte da fonte de P. (2) O teor de S foi
fornecido através das fontes de K, Fe, Mn, Cu. (3) O elemento Ca foi fornecido através da calagem.

Foram propostos três dose de boro (0 mg.kg-1, 0,5 mg.kg-1 e 1 mg.kg-1) quatro doses de
zinco (0 mg.kg-1, 2 mg.kg-1, 4 mg.kg-1 e 8 mg.kg-1 ) e suas interações, em um total de 12
tratamentos constituídos por: T1 (0 mg.kg-1 de B, 0 mg.kg-1 de Zn), T2 (0 mg.kg-1 de B, 2
mg.kg-1 de Zn), T3 (0 mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn), T4 (0 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn),
T5 (0,5 mg.kg-1 de B, 0 mg.kg-1 de Zn), T6 (0,5 mg.kg-1 de B, 2 mg.kg-1 de Zn), T7 (0,5
mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn), T8 (0,5 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn), T9 (1 mg.kg-1 de B, 0
mg.kg-1 de Zn), T10 (1 mg.kg-1 de B, 2 mg.kg-1 de Zn), T11 (1 mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn)
e T12 (1 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn). Para o fornecimento de boro e zinco, foram
utilizados respectivamente ácido bórico (H3BO3) e sulfato de zinco (ZnSO4.7H2O). As
coberturas de N e K foram realizadas aos 30 e 50 dias após a emergência, utilizou-se como
fonte respectivamente uréia e cloreto de potássio (KCL), as aplicações foram feitas na forma
de solução.
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1181
As fotografias foram realizadas no decorrer do experimento até aos 66 DAE (dias após
emergência), onde as plantas se encontravam em floração plena (R5.5), e nesta data ocorreu a
colheita do experimento. Diversas marcas e modelos de máquinas digitais foram utilizadas,
durante o trabalho. Aos 49 DAE as plantas apresentaram os primeiros sintomas visuais de
deficiência de boro, que apenas ocorreram nos tratamento onde a dose de boro foi a de 0
mg.kg-1, e apenas foram tiradas fotos das regiões e partes das plantas, que apresentavam tais
sintomas. As fotografias dos sintomas de deficiência foram dividas em folhas, pecíolos,
caules e capítulos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As fotografias dos sintomas visuais de deficiência de boro nas folhas, foram tiradas de
folhas mais novas e superiores das plantas, e realizadas aos 60 DAE, onde estes se mostravam
muito característicos, entretanto os sintomas iniciais foram observados aos 45 DAE. Segundo
Campos Leite et al. (2005), os sintomas característicos da deficiência de boro em folhas
superiores são: Folhas pequenas ou malformadas, grossas, endurecidas e quebradiças, com
coloração bronzeada, evoluindo para necrose marrom. As fotos abaixo mostram os principais
sintomas visuais de deficiência de boro nas folhas, apresentados no experimento, concordando
com as descrições apresentadas acima.
Segundo Malavolta (1980), o boro está ligado à formação de enzimas que atuam
reduzindo o numero de fenóis produzidos pela plantas, que em excesso são responsáveis pelas
necroses dos tecidos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1182
Já para o pecíolo, os primeiros sintomas visuais da deficiência de boro foram
observados aos 49 DAE, caracterizados por manchas marrons próximas ao caule ou na sua
inserção com o mesmo. Castro (1999), em experimento conduzido em casa-de-vegetação com
girassol em diferentes doses de boro e fases de aplicação de estresse hídrico, observou aos 45
DAE nos tratamentos sem estresse hídrico e com dose 0 mg kg-1 de boro, sintomas
semelhantes aos encontrados neste trabalho. Aos 66 DAE, os sintomas apenas se acentuaram.
As fotos abaixo mostram os principais sintomas visuais de deficiência de boro nos pecíolos,
apresentados no experimento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1183
Os sintomas de deficiência de boro no caule foram inicialmente diagnosticados aos 45
DAE, e apresentavam-se como estrias marrons logo abaixo da inserção dos pecíolos, e ao
decorrer dos dias estas estrias tornaram-se necróticas. Campos Leite et al. (2005) relata que no
caule, em situações de deficiência de boro, podem ocorrer pequenos cortes transversais logo
abaixo à inserção do capítulo, sendo este sintoma acentuado em situações de estresse hídrico.
As fotos abaixo, mostram os principais sintomas visuais de deficiência de boro no caule,
apresentados no experimento.

Nos capítulos os sintomas de deficiência de boro apareceram no início do florescimento,


que ocorreu aos 59 DAE, como deformações em diversos níveis, redução de tamanho e em
alguns casos os capítulos não chegaram a se abrir por completo, ocasionado abortamento de
flores. Estes sintomas concordam com os descritos por Campos Leite el al. (2005). As fotos
abaixo, mostram os principais sintomas visuais de deficiência de boro no capitulo,
apresentados no experimento.

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1184
4 CONCLUSÃO
A deficiência de boro no girassol foi diagnosticada em todas as partes aéreas das
plantas, ocorrendo principalmente no florescimento. Os órgãos que apresentaram maiores
sintomas foram as folhas novas próximas ao capítulo, e nos proprios capítulos que sofreram
diversas deformações e inclusive abortamento de flores. Pode-se concluir que a deficiência de
boro prejudica principalmente o acúmulo de fotoassimilados, por tornar folhas novas
necróticas, e a produção de grãos, tendo em vista a redução do tamanho, deformações e
abortamento de flores no capitulo.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPOANI, Marcela Trecenti. Níveis de cálcio e de boro na solução nutritiva para os
cultivares de girassol IAC–Uruguai e Rumbossol-91. 2001. 60p. Dissertação (Mestrado em
Solos e Nutrição de Plantas) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba,
SP.

CASTRO, César de. Boro e estresse hídrico na nutrição e produção do girassol em casa-
de-vegetação. 1999. 120p. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) – Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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LEITE, Regina Maria Villas Boas de CAMPOS; BRIGHENTI, Alexandre Magno; CASTRO,
César de (Ed). Girassol no Brasil. 1°ed. 2005. 641p. Londrina, Embrapa Soja.

MALAVOLTA, Eurípedes. Elementos de nutrição mineral de plantas. 1980. 251p. São


Paulo: Agronômica Ceres.

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USO DOS RAIOS X PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE
SEMENTES DE MAMONA

Debora Gabriela Silva, DAG/UFLA, debora-gabi@hotmail.com


Carla Massimo Caldeira, DAG/UFLA, carlaufla@yahoo.com.br
Maria Laene Moreira Carvalho, DAG/UFLA, debora-gabi@hotmail.com
Luciana Magda Oliveira, DAG/UFLA, lu.magda@ig.com.br
Verônica Yumi Kataoka, DEX/UFLA, debora-gabi@hotmail.com

RESUMO: A expansão da cultura da mamona com vistas à produção de biodiesel tem


demandado a produção de sementes de alta qualidade em larga escala para suprir o mercado.
A avaliação da qualidade das sementes é feita usualmente pelo teste de germinação, que é um
teste que apresenta limitações em relação ao seu tempo de execução e dificuldades inerentes á
presença de microorganismos nas sementes que podem impedir o estabelecimento de
plântulas normais. O teste de raios X tem se destacado por ser um teste não destrutivo que
avalia rapidamente a morfologia interna e conseqüentemente a qualidade das sementes. Para
verificar até que ponto danos morfológicos internos detectados pelo teste de raios X podem
afetar a qualidade fisiológica da semente de mamona, sementes da cultivar Guarani foram
radiografadas com intensidade de 30Kv por 60 segundos, separadas de acordo com a
morfologia interna em cheias, vazias, com danos leves e severos, conforme as imagens
radiográficas geradas. Foram formados sub-lotes com 5%, 10%, 15%, 20% e 25% de danos.
Essas foram avaliadas pelos testes de germinação, índice de velocidade de germinação (IVG),
primeira contagem de germinação, emergência, índice de velocidade de emergência (IVE),
estande inicial e peso seco de plântulas. Pela análise dos resultados obtidos, conclui-se que a
técnica de raios X se mostra eficiente para avaliar a qualidade de sementes de mamona onde a
presença de mais de 15% de danos visualizados pela analise radiográfica afeta negativamente
a germinação das sementes.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., analise de imagem, qualidade de sementes.

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1187
1 INTRODUÇAO
A espécie Ricinus communis L. teve sua introdução no Brasil durante a colonização
portuguesa e sua facilidade de propagação e de adaptação em diferentes condições climáticas
propiciou seu cultivo nas mais variadas regiões agrícolas brasileiras (Távora, 1982).
A cultura da mamoneira é importante por seus vários produtos e co-produtos,
destacando-se o óleo, que pode ser empregado em vários processos industriais e químicos
(EMBRAPA, 2003; Holanda, 2004); e a torta de mamona, produto da extração do óleo, bem
como os restos culturais que podem devolver ao solo até 20 toneladas de biomassa e as folhas
que servem de alimento para o bicho-da-seda.
Os principais produtores tanto em área quanto em produção de mamona em baga e de
óleo de mamona são Índia, China e Brasil. No período de 1978 a 2005 a ricinocultura
brasileira passou por grandes oscilações de área cultivada e de quantidade produzida, com
tendência de declínio devido a não competitividade econômica da mamona com culturas
concorrentes e pela utilização, por parte dos produtores, de sementes impróprias para o
plantio, ou seja, de baixo rendimento e qualidade e de alta susceptibilidade às doenças e
pragas (Vieira et al., 1997; Kouri e Santos, 2006).
Com a divulgação do programa de Biodiesel, o governo brasileiro tornou-se um dos
maiores divulgadores e promotores dessa cultura, fazendo com que em 2004 a produção
nacional chegasse a 137.976 toneladas, impulsionado pelo aumento da área plantada e da
produtividade e em 2005, esse numero subiu 21.1% em comparação com o ano de 2004
(Kouri e Santos, 2006; IBGE).
Na cultura da mamoneira, assim como para as demais culturas, para se obter retorno
econômico é necessário o uso de sementes de qualidade que atendam requisitos físicos,
fisiológicos e sanitários e que sejam provenientes de cultivares adaptadas que possuam
características agronômicas desejáveis (Amaral 2003; Fornazieri Júnior, 1986; Moreira et al.,
1996). No entanto, os agricultores ainda têm problemas com a escassez de sementes de
qualidade que poderiam levar a rendimentos mais elevados e eliminar problemas que
dificultam o manejo da cultura.
Para que se conheça a real qualidade de um lote de sementes é necessária a utilização de
testes que permitam obter resultados uniformes e comparáveis. Dentre os métodos disponíveis
destacam-se os testes de germinação e viabilidade (Weikert, 1991; Marcos Filho, 1994;
McDonald, 1998) e outros mais específicos como o teste de raios X, que avalia não só os
aspectos fisiológicos, mas a morfologia interna das sementes (Oliveira, 2004).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1188
O teste de raios-X não é um teste de viabilidade, porem traz informações que auxiliam a
avaliação da viabilidade, e pode revelar deficiências morfológicas que indicam o seu
potencial. É um procedimento não destrutivo, facilmente reproduzível, simples e rápido, que
proporciona a analise do desenvolvimento do embrião e das estruturas internas das sementes
através da característica morfofisiológicas que indicam o potencial de viabilidade do lote
(Copeland, 1976; Copeland&McDonald, 1985), além de criar um arquivo fotográfico
permanente das sementes encontradas em uma amostra (ISTA, 2004).
A radiação dos raios X passa através de uma semente formando uma imagem
permanente no filme radiográfico (Bino et al.,1993), no qual podem ser diferenciadas
sementes cheias, vazias, com danos causados por insetos e com danos físicos, por meio da
característica morfológica (ISTA,1999).
A informação sobre a ocorrência de sementes vazias e defeituosas em um lote é
extremamente desejável, já que essas sementes influenciam os resultados de germinação de
um lote e quanto maior a percentagem de sementes cheias, maior a possibilidade de um alto
poder germinativo e conseqüentemente o lote poderá ser considerado de alta qualidade.
O objetivo desse trabalho foi à avaliação da qualidade de sementes de mamona através
do uso de raios-X e determinar ate que ponto a intensidade e proporção dos danos
morfológicos internos afetam a germinação das sementes.

2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Análise de Sementes, do Departamento
de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, com sementes do cultivar Guarani. As
sementes foram beneficiadas em mesa densimétrica e classificadas em diferentes bicas (1, 2, 3
e 4) de acordo com sua densidade.
No teste de raios X as sementes foram dispostas em placas de isopor, com 100 sementes
por placa, em 4 repetições de 25 sementes, e radiografadas com intensidade de 30Kv por 1
minuto. De acordo com a morfologia interna visualizada nas radiografias, foram classificadas
em: a) sementes cheias: aquelas que contêm todos os tecidos essenciais para a germinação; b)
sementes com danos leves: aquelas que contêm menos que 40% de tecido danificado, c)
sementes com danos severos: aquelas que contêm mais de 40% de tecido danificado; d)
sementes vazias: sementes sem embrião; e após determinada a proporção de danos de cada
categoria foram formados sub-lotes com 5%, 10%, 15%, 20% e 25% de danos, nas mesmas
proporções encontradas na bica de melhor qualidade (Bica 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1189
Os lotes formados com sementes cheias, dano leve e dano severo e com danos em
proporções conhecidas, para avaliação do efeito do dano na germinação e vigor das sementes,
foram avaliadas pelos testes de germinação, índice de velocidade de germinação (IVG),
primeira contagem de germinação, emergência, índice de velocidade de emergência (IVE),
estande inicial e peso seco de plântulas.
No Teste de germinação foram utilizadas oito repetições de 25 sementes por tratamento
distribuídas uniformemente, tendo como substrato o rolo de papel do tipo Germitest,
umedecido com água destilada na proporção de 2,5 vezes seu peso. As sementes foram postas
para germinar em câmara de germinação a 25ºC. As avaliações foram feitas aos 7 (Primeira
contagem de germinação) e 14 dias, conforme as Regras para Análise de Sementes (Brasil,
1992). O Índice de velocidade de germinação foi conduzido juntamente com o teste de
germinação, sendo as avaliações realizadas diariamente a partir do dia em que se iniciou a
emissão da radícula, e o índice calculado segundo Maguire (1962).
O Teste de emergência foi conduzido com quatro repetições de 50 sementes por lote em
bandejas com areia e terra na proporção 2:1. A emergência das plântulas foi computada aos 7
dias (Estande inicial) e aos 21 dias (Estande final) após a semeadura, avaliando-se o número
de plântulas emergidas. O Índice de velocidade de emergência (IVE) foi feito paralelamente
ao teste de emergência, porém computado diariamente o número de plântulas emersas, e o
cálculo realizado conforme Maguire (1962). Aos final do teste, as plântulas foram cortadas
rente ao substrato e levadas para estufa com circulação de ar regulada para 80ºC durante 24
horas e pesadas em balança de precisão, para a obtenção do peso seco de plântulas.
Foi utilizado o delineamento estatístico inteiramente casualizado, sendo as médias
comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Os dados de Primeira
contagem de germinação para as categorias de danos foram transformados por
arcsen(√PC/100).

3 RESULTADO E DISCUSSÃO
As sementes das categorias avaliadas (cheias, danos leves e severos) apresentaram teor
de água em torno de 6% por ocasião dos experimentos.
Na avaliação das categorias de sementes cheias, danos leves e severos, em relação ao
vigor, as sementes das categorias cheias apresentam melhor desempenho seguido pelas de
danos leves e danos severos, como o esperado, comprovados pelos valores de teste de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1190
Primeira Contagem e Matéria Seca. No teste de Germinação apenas sementes com danos
severos apresentaram menor desempenho (Tabela 1).

Tabela 1 - Resultados das médias de Primeira contagem de germinação (PC), Germinação


(G), Estande inicial (EI), Estande final (EF) e Matéria seca (MS) das categorias de sementes
de mamona cheias, com dano leve e com dano severo.

Categorias PC G EI EF MS
Cheias 74.00 a 83.00 a 1.50 a 74.00 a 8,00 a
Dano leve 57.00 b 75.00 a 2.50 a 66.00 a 5,79 b
Dano severo 11.00 c 18.50 b 2.00 a 18.50 b 0,94 c
*Valores seguidos da mesma letra não diferem entre si pelo Teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Pela análise dos resultados obtidos, observa-se que danos internos severos, visualizados
pela analise radiográfica, prejudicam a germinação das sementes, acarretando em grande
número de sementes mortas e plântulas anormais, confirmando as afirmativas de que a
morfologia interna pode ser um indicativo do potencial de viabilidade (Copeland, 1976;
Marcos Filho, 1994).
O efeito negativo de danos em sementes, destacados pela análise radiográfica, também
foi relatado para sementes de espécies florestais (Oliveira, 2004; Oliveira et al, 2000;
Machado, 2003).
Na Análise de Covariância da matéria seca em função do número de plantas anormais
infectadas, de acordo com as categorias de sementes observa-se efeito significativo para a
regressão, havendo necessidade de se corrigir os dados da matéria seca em função da variação
de plântulas anormais infectadas. Observa-se que o valor de Matéria Seca diminui de acordo
com a qualidade das sementes e com a quantidade de plântulas anormais geradas, sendo que
quanto pior a qualidade do lote menor será o valor de Matéria Seca (Tabela 1).
Com relação aos sub-lotes com proporções de danos conhecidas, no teste de germinação,
as proporções de 0% a 15% não apresentam diferença estatística entre si e as proporções de 20
e 25% apresentaram desempenho inferior. Na Primeira contagem essa diferença não foi
observada, uma vez que as sementes apresentaram um desenvolvimento homogêneo,
diferenciando depois com o numero de sementes mortas. Os valores de Estande inicial,
Estande final e Matéria Seca não apresentam diferença estatística (Tabela 2), o que pode ter

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1191
ocorrido devido à incidência de fungos durante a condução do teste de Emergência, que
ocasionou em tombamento das plântulas.

Tabela 2 - Resultados de Primeira contagem de germinação (PC), Germinação (G), Estande


inicial (EI), Estande final (EF) e Matéria seca (MS) para os sub-lotes com diferentes
proporções de sementes de mamona com danos.
Sub-lotes PC G EI EF MS
0% 74.00 a 83.00 a 1.50 a 74.00 a 8.00 a
5% 68.00 a 79.50 a 2.00 a 68.00 a 6,05 a
10% 68.50 a 80.50 a 1.50 a 66.00 a 6,15 a
15% 64.00 a 76.00 a 1.00 a 80.50 a 7,77 a
20% 55.00 a 69.00 b 3.50 a 64.00 a 5,74 a
25% 60.50 a 64.00 b 3.00 a 71.50 a 6,60 a
*Valores seguidos da mesma letra não diferem entre si pelo Teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
De posse dos dados conclui-se que a técnica de raios X se mostra eficiente para avaliar a
qualidade de sementes de mamona, por meio da identificação de danos internos e que a
qualidade física das sementes influi na qualidade fisiológica do lote, onde a presença de mais
de 15% de danos afeta negativamente a germinação.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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progênies autofecunadadas de mamona (Ricinus communis L.) cv. AL Guarani 2002.
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COPELAND, L.O. Principles of seed science and technology. Minneapolis: Burges


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FORNAZIERI JUNIOR. Mamona: uma rica fonte de óleo e de divisas. São Paulo: Ícone,
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HOLANDA, A. Biodiesel e inclusão social. Brasília: câmara dos deputados, coordenação de


publicações, 2004.

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Grande. Anais... Campina Grande: EMBRAPA-CNPA/MAA/ABIOVE, 1997.p 139-150.
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germinação e tetrazólio na determinação da viabilidade de sementes de café (Coffea
arabica L. cv. Catuaí). Lavras: ESAL, 1991. 58p. (Tese-Mestrado).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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RECICLAGEM DE ÓLEO DE FRITURA COMO ALTERNATIVA PARA
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E PRODUÇÃO DE BIOENERGIA

Maick José Alcântara, UFLA, maick27@oi.com.br


Rita de Cássia Mirela Resende Nassur, UFLA, ritarnassur@hotmail.com
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Juran Roger Guimarães, UNIS, oleo@ufla.br
Carlos Diego Lima de Albuquerque, UFLA, carlostack@ig.com.br
Sadjô Danfá, UFLA, sadjodanfa@hotmail.com

RESUMO: A destinação do lixo produzido pela população está se tornando um dos


problemas mais graves da atualidade. Embora a tecnologia atual já permita reciclar com
eficiência diversos materiais amplamente consumidos, no Brasil a reciclagem não é ainda um
hábito. Dentre os materiais que representam riscos de poluição ambiental e, por isso, merecem
atenção especial, figuram os óleos vegetais usados em processos de fritura por imersão, que
são grandes agentes poluidores da água e do solo. O óleo usado pode ser utilizado para
fabricação de sabão, rações, detergente biodegradável, lubrificante para máquinas agrícolas,
massas para vidros, cola, tintas industriais e biodiesel e a sua reciclagem como
biocombustível alternativo além de retirar do meio ambiente um poluente, permitirá a geração
de uma fonte alternativa de energia, atendendo a duas necessidades básicas de uma só vez
auxiliando na diminuição da importação do petróleo para suprir a demanda por diesel. Este
trabalho tem como objetivo pesquisar diferentes usos e destinos que possam ser dados aos
óleos advindos de frituras.

Palavras-Chave: Óleo usado, biodiesel, energia.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1195
1 INTRODUÇÃO
A reciclagem é uma forma de reutilizar produtos agredindo bem menos a natureza, já
que economiza recursos naturais e evita o lançamento de resíduos no meio ambiente. Apesar
de já serem disponíveis diversas tecnologias para a reciclagem, estas não são utilizadas de
maneira satisfatória no Brasil e também não é um hábito da população. Hoje reciclamos cerca
de 1,5% do lixo urbano orgânico sólido produzido, 10% da borracha consumida, 15% das
garrafas PET, 18% dos óleos lubrificantes, 35% das embalagens de vidro e de latas de aço. Os
números mais favoráveis estão na reciclagem das latas de alumínio, 65%, e na de papel, 71%.
O que vem ganhando muito espaço é a reciclagem de resíduos agrícolas e agroindustriais, pois
estes representam matéria-prima de baixo custo além de degradar menos o meio ambiente.
Um dos meterias que causam grande impacto é o óleo, destacando principalmente os
óleos vegetais usados em processos de fritura por imersão
A maioria das cidades brasileiras ainda não possui uma forma adequada para o descarte
desse material. Estudos revelaram que 70% da população jogam o óleo na pia da cozinha e
20% no lixo doméstico. Os diferentes tipos de óleo lançados diretamente na rede coletora de
esgoto chegam a encarecer o tratamento de efluentes substancialmente;, a presença deste nos
esgotos entope encanamentos, além de provocar graves problemas de higiene e mau cheiro. O
óleo, por ser menos denso que a água, cria uma barreira na superfície dos cursos d´água que
dificulta a entrada de luz e a oxigenação, comprometendo assim, a base da cadeia alimentar
aquática, os fitoplânctons. Algumas pesquisas estimam que um litro de óleo é capaz de
contaminar cerca de 1 milhão de litros de água, valor que seria equivalente ao consumo de
uma pessoa em 14 anos.
O óleo usado pode ser utilizado para fabricação de sabão, rações, detergente
biodegradável, lubrificante para máquinas agrícolas, massas para vidros, cola, tintas
industriais e biodiesel, e a sua reciclagem como biocombustível alternativo além de retirar do
meio ambiente um poluente, permitirá a geração de uma fonte alternativa de energia,
atendendo a duas necessidades básicas de uma só vez, auxiliando na diminuição da
importação do petróleo para suprir a demanda por diesel.
O biodiesel é um combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto,
sucedâneo ao óleo diesel mineral, constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos
de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de qualquer triglicerídeo com um
álcool de cadeia curta, metanol ou etanol, respectivamente. É importante frisar que a
utilização do biodiesel permite que se estabeleça um ciclo fechado do carbono. A planta

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1196
absorve o CO2 que foi liberado para a atmosfera pela combustão que ocorre no interior dos
motores, transformando este CO2 em esqueletos carbônicos que serão utilizados durante as
fases vegetativa e reprodutiva das plantas.
Além na redução das emissões dos poluentes, o emprego do biodiesel como
combustível, em substituição total ou parcial ao diesel, também está associado a outros
relevantes benefícios, como: - redução das emissões de gás carbônico, que contribui para o
efeito estufa; - redução das emissões de enxofre e compostos aromáticos tóxicos (como o
benzeno), já que o biodiesel não contém estes contaminantes; - combustão mais completa,
decorrente do maior percentual de oxigênio presente nas moléculas que compõem o biodiesel;
- geração de empregos no setor primário, mantendo os trabalhadores no campo, evitando o
êxodo rural; - diminuição na importação de petróleo, favorecendo a balança comercial do
país. Os motores a explosão por compressão não necessitam de nenhuma modificação para
funcionar com biodiesel.
O processo de produção de biodiesel no Brasil tem como principal gargalo a produção
de matéria prima e novas alternativas vem surgindo a cada dia para sua produção e a
reciclagem de óleo vem como uma importante alternativa para ajudar no suprimento dessa
demanda.
Com este trabalho, objetivou-se mostrar os diferentes usos e destinos que podem ser
dados ao óleo advindo de frituras por imersão, conscientizando a população da importância da
reciclagem e preservação do meio ambiente, e desenvolver alternativas viáveis para limpeza,
purificação e transformação desse óleo em biodiesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O projeto será desenvolvido inicialmente nos municípios de Lavras e Varginha, com a
finalidade de determinar os parâmetros necessários à logística de coleta de óleos utilizados em
frituras em estabelecimentos comerciais, industriais e em residências.
Inicialmente, serão feitos os seguintes levantamentos:
- Distribuição espacial das residências;
- Distribuição espacial dos estabelecimentos comerciais que utilizam óleo para fritura;
- Distribuição espacial das cozinhas industriais existentes;
- Distribuição espacial das associações de bairros e associações de reciclagem;
- Distribuição espacial das entidades assistenciais e religiosas;
- Distribuição espacial dos postos de coleta de óleo de fritura usado.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1197
Todo o óleo recolhido será conduzido ao laboratório de Plantas Oleaginosas e Biodiesel
da UFLA para avaliação e purificação. O plano de coleta é recolher de duas a três vezes por
semana o material doado pelas empresas participantes do projeto. O óleo de fritura usado será
analisado quanto à quantidade de impurezas físicas, densidade, presença de água, açúcar e sal.
A purificação será feita utilizando-se de equipamento de decantação, filtragem e limpeza a à
vácuo. Após a obtenção dos lotes de óleo, serão avaliados o índice de acidez e a sua
qualidade. O óleo selecionado será transesterificado na Unidade de Produção de Biodiesel de
Varginha, coordenada pela Ambra Energética e Ambiental Ltda e Prefeitura Municipal de
Varginha.
O biodiesel obtido será misturado ao óleo diesel mineral, na proporção de 30% (B30)
para o abastecimento do Laboratório Móvel de Educação Ambiental, montado sobre o chassi
de um caminhão Iveco modelo Daily 70-13, o qual será monitorado quanto ao consumo,
desempenho e emissão de gases.

3 OBJETIVOS
O projeto tem por objetivo geral promover a conscientização da população para a
reciclagem de óleo usado, que é normalmente descartado na rede de esgoto, e para a
importância ambiental da substituição do óleo diesel mineral pelo biodiesel obtido com ações
social e ambientalmente corretas, além de difundir os benefícios da reciclagem do óleo de
fritura usado; estabelecer uma logística de coleta de óleo usado; desenvolver metodologias
para a limpeza e purificação de óleo de fritura usado; desenvolver e testar metodologias para a
transformação de óleos de fritura em biodiesel; demonstrar e difundir os benefícios da
utilização de biodiesel na matriz energética.
O projeto visa ainda promover a melhoria ambiental pela coleta de óleos vegetais
usados, evitando seu descarte no esgoto; aumentar a reciclagem de produtos; estabelecer uma
nova fonte de matéria prima para a produção de combustível renovável; gerar competência
entre os estudantes participantes do projeto em logística de coleta, ; purificação e
transformação de óleo de fritura; diminuir a emissão de gases tóxicos pela substituição parcial
do óleo diesel mineral por biodiesel, com destaque para o enxofre e CO2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1198
4 RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se com esse projeto reduzir o impacto ambiental causado pelo lançamento
indiscriminado de óleo nas redes pluviais, o que causa imensos prejuízos à população em
geral e ao meio ambiente, além de obter uma nova fonte para produção de biodiesel na região.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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microônibus de Campo Grande/MS, empregando como combustível diesel, biodiesel ou gás
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jan./dez., 2004.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1200
CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DO BIODIESEL E SEUS PRECURSORES
ATRAVÉS DE TÉCNICAS FOTOTÉRMICAS

Aline Martins Rocha, UENF/LCFIS, rocha-aline@ig.com.br


Érick Bernabé Zanelato, UENF/LCFIS, 3r1ckbz@gmail.com
Acácio Aparecido Andrade, UENF/LCFIS, andrade@uenf.br
Marcelo Silva Sthel, UENF/LCFIS, sthel@uenf.br
Helion Vargas, UENF/LCFIS, pila@uenf.br
Mendelsson de Pietre, UENF/LCQUI, pila@uenf.br
Fernando Luna, UENF/LCQUI, pila@uenf.br
Maria Priscila Pessanha de Castro, UENF/LCFIS, pila@uenf.br

RESUMO: Na busca pela melhoria de qualidade de vida, como também de menor impacto
ambiental, e a possibilidade da escassez dos combustíveis fósseis buscam-se combustíveis
alternativos ao diesel sendo o óleo vegetal in natura um dos primeiros combustíveis deste
tipo. Porém sua utilização de forma direta está condicionada às adaptações especiais dos
motores. Com o objetivo de resolver os inconvenientes que decorrem de sua utilização direta,
como por exemplo, o entupimento dos sistemas de injeção, decorrente da alta viscosidade
descobri-se um novo combustível renovável, biodegradável e ecologicamente correto
denominado biodiesel. Uma das vantagens vem do fato que o biodiesel e o óleo in natura
apresentarem a capacidade de redução de emissão de alguns tipos de gases poluentes durante
sua combustão. Devido a isto este tipo de material tem despertado o interesse não só no meio
acadêmico, mas também entre diversos setores industriais. Neste trabalho utilizamos a técnica
de Lente Térmica (LT) para a caracterização das propriedades térmicas de vários tipos óleos e
do biodiesel produzido a partir destes óleos. A propriedade térmica estudada foi a
difusividade térmica. As medidas de TL foram realizadas utilizando um laser de Ar+ (Spectra
- Physics, Stabilite 2017) em 457,9 nm, como o feixe da excitação e um laser He-Ne em 632.8
nm de baixa potência, como feixe de prova.

Palavras-Chave: Biodiesel, lente térmica, óleos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1201
1 INTRODUÇÃO
Diante da possibilidade do esgotamento dos recursos fósseis, a pesquisa na área de
combustíveis alternativos tornou-se uma preocupação mundial. Atualmente, na Europa dois
milhões de veículos rodam com o chamado diesel ecológico, e este número deverá aumentar
significativamente nos próximos anos. A comunidade Européia estabeleceu que até 2005,
cerca de dois por cento de todo combustível usado no continente deverá ser proveniente de
fontes renováveis. O Brasil desde a década de 70 possui esta tecnologia e após anos de
tentativas, o atual governo estabeleceu um PROGRAMA NACIONAL DE BIODIESEL
propondo a utilização da mistura dois por cento de óleo vegetal ao diesel, este percentual
aumentará progressivamente para cinco por cento até 2009. Com base nesta meta, calcula-se
que o biodiesel reduzirá em trinta e três por cento o total de 6 bilhões de litros importados
anualmente pelo país, gerando uma economia de 350 milhões de dólares.
O Brasil tem em sua geografia grandes vantagens agrônomas, por se situar em uma
região tropical, associada à disponibilidade hídrica e regularidade de chuvas, torna-se o país
com maior potencial para produção de energia renovável, pois o biodiesel provém de
diferentes fontes como plantações das quais se retira da semente ou flor o óleo para a
produção do biodiesel, como também pode ser feito de gordura de animal, de esgoto ou óleo
de fritura, e neste processo utiliza-se no Brasil o álcool oriundo da cana de açúcar (etanol)
gerando milhares de empregos.
Devido rápida e crescente utilização do biodiesel faz-se necessário o emprego de novas
técnicas para caracterizar a qualidade e pureza deste material. Uma área promissora é a
caracterização das propriedades térmicas através de técnicas foto-térmicas.
A técnica de Lente Térmica é uma técnica foto-térmica que tem mostrado ser altamente
sensível no estudo de amostras transparentes, cujo valor de coeficiente de absorção ótica é da
ordem de 10-7 cm-1,quatro ordens de grandeza maior do que o obtido pela espectroscopia
convencional de transmissão (10-3 cm-1). As principais propriedades termo-ópticas possíveis
de se medir com a técnica de LT são: difusividade térmica (D), condutividade térmica (k),
desvio do caminho óptico com a temperatura (ds/dT) e a fração de energia convertida em
calor (ϕ).
Neste trabalho vamos apresentar uma caracterização térmica do biodiesel e dos seus
precursores através da técnica de LT da propriedade térmica, conhecida como difusividade. A
difusividade térmica (D) que revela importantes informações do processo físico-químico deste

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1202
material e está associada ao tempo da termalização que depende fortemente da composição do
material (Castro et al., 2005).

2 MATERIAL E MÉTODOS
As amostras analisadas neste trabalho foram os óleos de amendoim, girassol, mamona e
nabo, originados de oleaginosas e as amostras de biodiesel foram obtidas através dos óleos
citados acima após passar pelo processo de transesterificação utilizando o etanol.
O efeito de LT consiste na absorção da energia do feixe laser produzindo um
aquecimento na região iluminada, e como a intensidade é maior em seu centro, uma
distribuição radial da temperatura é criada, ocasionando uma variação no índice de refração
em função do aquecimento, e consequentemente variando o caminho ótico percorrido pelo
laser. Isto faz com que a região iluminada se comporte como uma lente que poderá mudar a
intensidade do centro do feixe laser. Esta mudança depende das propriedades ópticas e
térmicas do material analisados, tais como o coeficiente de absorção óptica (A), variação do
índice de refração dependente da temperatura (dn/dT), a condutividade (K) e a difusividade
térmica (D). Devido à variação do índice de refração dependente da temperatura há a
formação de lentes apresentam dois formatos: divergente, onde se detecta uma diminuição na
intensidade do sinal é característico na maioria dos líquidos ou convergente detectado pelo
aumento na intensidade do sinal característico na maioria dos sólidos.
Os experimentos de LT podem ser feitos tanto na configuração de feixe único quanto de
feixe duplo (excitação e prova), sendo que no segundo caso pode ser na configuração casada
ou descasada (Baesso et al., 1994). Na configuração de feixe duplo, um feixe de maior
intensidade (excitação) é utilizado para provocar a LT e outro de menor intensidade (prova)
para provar a LT criada.
Neste trabalho utilizaremos a configuração de modo descasado, veja Fig. 1. Nesta
configuração o feixe de excitação tem sua cintura na amostra e o feixe de prova tem a amostra
na sua posição confocal. A vantagem desta configuração em relação as outras configurações ,
é a sensibilidade pode ser significativamente aumentada com w p > w e .

No experimento de LT, a amostra é exposta a um feixe laser de excitação, de perfil


gaussiano, causando a deposição de calor no material, gerado após uma energia de radiação
laser ter sido absorvida pela amostra, criando uma distribuição de temperatura. Isto pode ser
tratado calculando a evolução temporal do perfil de temperatura na amostra ΔT(r,t). A
propagação de um feixe através da lente formada resulta em uma variação na intensidade

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1203
axial, I(t) que é medido usando um orifício circular em frente ao fotodiodo. Usando a teoria
de difração de Fresnel determinou a expressão analítica para a intensidade do feixe de prova
no detector no regime contínuo, I(t) é dado por:

2
⎡ ⎛ ⎞⎤
⎢ θ ⎜ ⎟⎥
I(t ) = I(0 ) ⎢1 + tan −1 ⎜ 2mV ⎟⎥
⎢ 2 [ ⎜ (1 2m )2 V 2
⎜ + + ]
⎛ t c ⎞ + 1 + 2m + V 2 ⎟ ⎥
⎜ 2t ⎟ ⎟⎥
⎣⎢ ⎝ ⎝ ⎠ ⎠⎦ Equação 1
onde m=(wp/we)2, wp e we são respectivamente os raios do feixe de prova e de excitação na
amostra, zo é o parâmetro confocal do feixe de prova definido como z 0 = πw02 / λ p ; V=z/zo, z

é a distância entre a amostra a cintura do feixe de prova e w0 é a cintura do feixe de prova, λp


é o comprimento de onda do feixe de prova e I(0) o valor de I(t) quando t ou θ é zero; tc é
o tempo característico da difusão de calor e é dado por:

tc = we2 / 4 D , Equação 2
onde é D = K / ρc é a difusividade térmica, ρ é a densidade e c é o calor específico. A
amplitude do sinal de LT, θ , é proporcional a sua variação de fase dada por:

θ = ( PALeff / Kλ p ) dn dT , (Andrade, et al., 1998). Equação 3

sendo P (mW) a potência do feixe de excitação, A (cm −1 ) o coeficiente de absorção da

amostra, λp (nm) o comprimento de onda do feixe de prova, L eff = (1 − e − AL ) A a espessura

efetiva e L (cm) a espessura da amostra, dn/dT a variação do índice de refração em função da


temperatura e K a condutividade térmica.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1204
Laser de excitação rov
a
e r de p
Las

Lente Amostra Trigger

Sistema de
Detector aquisição
Chopper

Sinal

Íris
Figura 1 - Aparato experimental da técnica de LT de feixe duplo de modo descasado

De acordo com a figura 1 para excitar a amostra utilizamos o laser de Argônio (Ar+)
(Spectra – Physics, Stabilite 2017), em 457,9 nm, e para provar o efeito o laser de He-Ne em
632,8 nm. A amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo (L = 2mm).
A figura 2 apresenta uma curva característica do sinal de LT. A curva vermelha na
representa o ajuste matemático que é realizado a partir da equação (1). Ao ajustarmos as
curvas características do sinal de LT e, mantendo os parâmetros m e V fixos, obtemos os
valores da amplitude do sinal (θ) e do tempo característico de formação da Lente (tc).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como o sinal de LT é proporcional ao coeficiente de absorção óptico (Ae), dado pela
equação (3), a medida utilizou um feixe de excitação o laser de Ar+ de λ = 457,9 nm e como
feixe de prova o laser de He-Ne λ = 632,8 nm. A partir de um ajuste matemático obtemos o
valor da difusividade (D) utilizando a equação 2. e para obtermos o valor da amplitude do
sinal utilizamos a equação 3. No caso da figura 2, excitada com a potência de 0,16mW
obtivemos o D = (0,00106 ± 2,3602E-6) x10-3 cm-2/s e o θ = (0,1365 ± 0,00005) rad O
mesmo procedimento foi repetido para as outras amostras e o parâmetro determinado é
apresentado na tabela 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1205
1,02

1,00

0,98
Óleo de mamona filtrada
Sinal de LT (u.a.) 0,96 Ajuste teórico
0,94

0,92

0,90

0,88

0,86

0,84
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Tempo (s)

Figura 2 - Curva característica do sinal de LT para o óleo de mamona filtrada

A Figura 3 apresenta o comportamento linear tanto para as amostras de óleo como de


biodiesel derivado do respectivo óleo, podemos observar a partir desta figura que a amostra de
biodiesel apresenta um sinal maior se comparada à amostra de óleo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1206
0,15

Sinal de LT (u.a.)
0,10

0,05
Óleo de mamona filtrada
Biodiesel de mamona

0,00

0,0 0,5 1,0 1,5


Potência (mW)

Figura 3 - Sinal de LT em função da potência de excitação

De acordo com os resultados obtidos na Tabela 1, observamos que as difusividades


obtidas das amostras de biodiesel originadas de óleos in natura apresentam valores maiores,
de difusividade que os biodiesel, isto se deve ao fato de as amostra de biodiesel por terem
passado pelo processo de transesterificação podem estar apresentando um número menor de
impurezas. Pois para tamanhos pequenos de moléculas, a difusividade térmica da amostra
tende aumentar. Como o biodiesel é obtido da extração via processo de transesterificação com
óleos vegetais que resultam na mistura contendo éster metílico, se a extração é feita com
metanol ou éster etílico para extração com etanol e pequena quantidades de álcool (etanol ou
metanol respectivamente). Os altos valores de D podem estar relacionados com uma
distribuição de pequenas moléculas na sua composição. Estas pequenas moléculas podem
estar associadas aos resíduos de álcool na composição do biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1207
Amostra Difusividade
Óleo de Amendoim 0,00107 ± 6,01E-06
Biodiesel de Amendoim 0,00087 ± 3,08E-06
Óleo de Girassol 0,00111 ± 8,98E-03
Biodiesel de Girassol 0,00103 ± 3,36E-06
Óleo de Mamona 0,00090 ± 5,84E-05
Óleo de Mamona filtrada 0,00106 ± 3,83E-06
Biodiesel de Mamona 0,00093 ± 2,63E-06
Tabela 1 - Propriedades térmicas do biodiesel certificados

4 CONCLUSÃO
Foram medidas amostras de óleos e biodiesel das quais obtivemos os valores da
propriedade de difusividade térmica, porém estes são resultados preliminares e pretendemos
realizar a caracterização térmica de todas as propriedades (difusividade, efusividade e
condutividade térmica).
A difusividade é relacionada ao tamanho das moléculas e pode ser usado como
parâmetro para avaliar a qualidade do material. Por isso, os resultados presentes neste
trabalho indicam que a aplicação das técnicas fototérmicas podem ser utilizadas para avaliar
as propriedades térmicas do biodiesel, sugerindo que os métodos podem ser adotados como
um caminho alternativo para certificação do biodiesel.

5 AGRADECIMENTOS
Agradeço aos órgãos financiadores deste projeto de pesquisa como também da bolsa de
estudos que são a FAPERJ e o CNPq como também a Universidade Estadual do Norte
Fluminense – UENF- por ter possibilitado com sua estrutura a realização desta pesquisa.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
M.P.P Castro, A A Andrade, R.W. A. Franco, P.C.M. Miranda, M.S. Sthel, H. Vargas, R.
Constantino, M.L. Baesso, Chem. Phys. Lett. 411 (2005), 18.

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38, 117-119 (1998).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1208
CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DO BIODIESEL E SEUS PRECURSORES
ATRAVÉS DE TÉCNICAS FOTOTÉRMICAS

Aline Martins Rocha, UENF/LCFIS, rocha-aline@ig.com.br


Érick Bernabé Zanelato, UENF/LCFIS, 3r1ckbz@gmail.com
Acácio Aparecido Andrade, UENF/LCFIS, andrade@uenf.br
Marcelo Silva Sthel, UENF/LCFIS, sthel@uenf.br
Helion Vargas, UENF/LCFIS, pila@uenf.br
Mendelsson de Pietre, UENF/LCQUI, pila@uenf.br
Fernando Luna, UENF/LCQUI, pila@uenf.br
Maria Priscila Pessanha de Castro, UENF/LCFIS, pila@uenf.br

RESUMO: Na busca pela melhoria de qualidade de vida, como também de menor impacto
ambiental, e a possibilidade da escassez dos combustíveis fósseis buscam-se combustíveis
alternativos ao diesel sendo o óleo vegetal in natura um dos primeiros combustíveis deste
tipo. Porém sua utilização de forma direta está condicionada às adaptações especiais dos
motores. Com o objetivo de resolver os inconvenientes que decorrem de sua utilização direta,
como por exemplo, o entupimento dos sistemas de injeção, decorrente da alta viscosidade
descobri-se um novo combustível renovável, biodegradável e ecologicamente correto
denominado biodiesel. Uma das vantagens vem do fato que o biodiesel e o óleo in natura
apresentarem a capacidade de redução de emissão de alguns tipos de gases poluentes durante
sua combustão. Devido a isto este tipo de material tem despertado o interesse não só no meio
acadêmico, mas também entre diversos setores industriais. Neste trabalho utilizamos a técnica
de Lente Térmica (LT) para a caracterização das propriedades térmicas de vários tipos óleos e
do biodiesel produzido a partir destes óleos. A propriedade térmica estudada foi a
difusividade térmica. As medidas de TL foram realizadas utilizando um laser de Ar+ (Spectra
- Physics, Stabilite 2017) em 457,9 nm, como o feixe da excitação e um laser He-Ne em 632.8
nm de baixa potência, como feixe de prova.

Palavras-Chave: Biodiesel, lente térmica, óleos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1209
1 INTRODUÇÃO
Diante da possibilidade de esgotamento dos recursos fósseis, a pesquisa na área de
combustíveis alternativos tornou-se uma preocupação mundial. Devido a vários fatores
favoráveis, o Brasil esta em grande vantagem.
Um dos recursos aqui utilizados é o biodiesel, um combustível renovável,
biodegradável, derivado de óleos vegetais ou gorduras animais, podendo substituir total ou
parcialmente o óleo diesel de origem fóssil para motores a combustão interna com ignição por
compressão.
Uma grande vantagem do biodiesel é que não há necessidade de qualquer adaptação em
motores a diesel, alem de vantagens econômicas (na redução de importação de petróleo, diesel
refinado e mais emprego para agricultores internos) e ambientais (menor emissão de
poluentes no ar em relação ao diesel).
O Biodiesel pode ser definido como éster alquílico de ácidos graxos oriundos de óleos
vegetais ou gordura animal. Em termos diretos, o biodiesel é o produto de reação entre um
álcool e um óleo vegetal, ou uma gordura animal (figura 1). No caso brasileiro, em função do
histórico nacional sucro-alcooleiro, o álcool usado e o etanol. No caso dos EUA e de outros
países europeus o álcool empregado é preferencialmente o metanol. Obviamente o biodiesel
produzido por estes dois processos distintos pode ter pequenas diferenças em algumas de suas
propriedades que podem comprometer a eficiência do combustível.

Figura 1 - Estrutura de diferentes ésteres graxos que podem compor um biodiesel.

Além dos diferentes álcoois que podem ser empregados, diferentes fontes de óleos ou
gorduras também podem ser utilizadas. Entretanto, cada uma destas fontes tem uma
proporção característica de ácidos graxos que formam os respectivos triacilgliceróis e que
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1210
fornecerão o biodiesel depois da transesterificação. Mais ainda, mesmo que levemente, esta
proporção pode variar de uma região para outra, ou de um período do ano para o outro dentro
de uma mesma fonte. Assim pode-se perceber a grande variedade de composição que
diferentes fontes de biodiesel podem gerar.
Com relação à fonte do biodiesel nos EUA, por exemplo, a soja é a matéria prima mais
comum para a sua produção. Outros óleos vegetais tais como o óleo de milho, o óleo de
canola, o óleo da semente de algodão, o óleo de mamona e o óleo de palmáceas também
podem ser eficientemente empregados para a produção do biodiesel (Pinto et al.), . De modo
semelhante, resíduo de óleos de restaurante, como o óleo de frituras, gorduras animais de
modo geral, resíduos de caixas de gordura ou de plantas de tratamento de esgoto também
podem ser empregadas de forma efetivaErro! Indicador não definido.. No caso brasileiro,
dada a grande extensão territorial e diferenças climáticas e socioeconômicas, ficou definido
que não haverá um tipo único de biodiesel, sendo a escolha feita de forma particular por cada
região. Assim, de modo exemplificado, é possível que o biodiesel oriundo do norte seja de
oleaginosas como o babaçu, no nordeste a partir da mamona, no centro-oeste a partir da soja,
no sul a partir do girassol e nas cidades mais populosas a partir do tratamento de esgotos e
outros resíduos. Tal diversidade de matérias primas leva, inexoravelmente, a diferentes tipos
de biodiesel com propriedades químicas e físicas diferentes entre si. Assim torna-se
imprescindível o estudo de novas técnicas analíticas para a diferenciação/caracterização
rápida e eficaz dos diferentes tipos de biodiesel possíveis (Castro et al., 2005).
Portanto neste trabalho apresentamos uma técnica analítica baseada no efeito de Lente
Térmica (LT) para a caracterização rápida e eficaz de diferentes tipos de biodiesel. Foram
preparados diferentes padrões de alguns destes ésteres graxos mais comuns puros,
nominalmente: estearato de etila, oleato de etila, linoleato de etila, linolenato de etila,
ricinolenato de etila, palmitato de etila, palmitoleato de etila e araquidato de etila. Estes
ésteres graxos são os principais componentes encontrados em qualquer biodiesel produzido
em torno de 90% .

2 MATERIAL E MÉTODOS
O efeito de lente térmica (LT) foi descoberto em 1965 nos laboratório da Bell
Telephone (Gordon et al., 1965). A primeira observação do fenômeno ocorreu ao se introduzir
uma cubeta (porta amostra) com corantes ou solventes diversos dentro da cavidade de um
laser de He-Ne, eles observaram que a intensidade no centro do laser, no detector, sofria

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1211
variação na escala de milisegundos, sendo o tempo necessário para ocorrer o equilíbrio
térmico.
Nos primeiros experimentos foram utilizados arranjos com apenas um feixe laser, usado
tanto para o aquecimento da amostra como para observar a evolução de LT. O uso de dois
lasers, um de excitação para gerar a lente térmica, e o outro como laser de prova utilizado para
monitorá-lo, possibilitou tanto o aumento de sensibilidade quanto de versatilidade desta
técnica, permitindo análise simultânea da amostra em diferentes comprimentos de onda, tendo
aplicação imediata no levantamento de curvas de absorção Óptica.
Na montagem do experimento de Lente Térmica de feixe duplo se utiliza de duas
configurações: modo casado e modo descasado. No modo casado os dois feixes, o feixe de
excitação e de prova, apresentam a mesma cintura do feixe na amostra, porém, devido ao
diâmetro do laser de prova ser pequeno na posição da amostra, este modelo torna-se menos
sensível por não conseguir captar uma quantidade considerável de dados. No caso do modo
descasado, feixe de excitação tem sua cintura na amostra e o feixe de prova tem a amostra na
posição confocal, ou seja, fora da amostra. Desta forma o diâmetro do feixe de excitação será
menor que o feixe de prova aumentando a sensibilidade da técnica, podendo obter o maior
número de informação. O ângulo de inclinação entre os feixes, facilita o alinhamento e reduz
a quantidade de elementos ópticos como filtros no detector para eliminar o sinal do laser de
excitação após a passagem pela amostra.
Ao passar pela amostra, a radiação absorvida e convertida em calor provocará uma
mudança no índice de refração da amostra gerando o efeito de LT. O método de LT resolvido
no tempo permite medidas do desenvolvimento de uma lente formada pela amostra em um
curto tempo, na ordem de milisegundos. A técnica de LT pode ser utilizada na caracterização
de diversos tipos de matérias, sendo eles sólidos ou líquidos, com ênfase nas propriedades
termo-ópticas como coeficiente de variação do caminho óptico com a temperatura (ds/dT),
coeficiente de variação do índice de refração (dn/dT), condutividade térmica (k) e
difusividade térmica (D) (Snook et al., 1995).
A propagação de um feixe através da lente formada pela amostra resulta em uma
variação na intensidade axial, I(t), a qual pode ser calculada usando a teoria da integral de
difração. No regime continuo, I(t) E dado por Baesso et al.,(1994):

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1212
Equacao 1: Formulação matemática da intensidade axial
onde m = (wp/we)2, e wp e we são os raios do feixe de prova e de excitação, respectivamente.
V = z/z0, onde z0 E o parâmetro confocal do feixe de prova e I(0) o valor de I(t) quando t ou
θ for zero. tc é o tempo característico da difusão do calor pela amostra é dado por:

Equação 2: Tempo de difusão do calor pela amostra


onde D é a difusividade térmica. A amplitude do sinal de LT, θ, é proporcional a sua variação
de fase, dada por:

Equação 3: Sinal (θ) da lente térmica formada


sendo P(mW) a potência do feixe de excitação, A (cm-1) o coeficiente de absorção da
amostra, λp (nm) o comprimento de onda do feixe de prova, Leff = (1 – e-AL)/A a espessura
efetiva e L (cm) a espessura da amostra e K a condutividade térmica.

O aparato experimental utilizado é composto por duas fontes de laser, sendo um de alta
intensidade (Ar+) que atua aquecendo a amostra e um laser de baixa intensidade (He-Ne) com
comprimento de onda sem absorção pela amostra, apenas provando a LT formada. O tempo
de exposição da amostra ao feixe de excitação é controlado por um interruptor rotativo
(chopper), cuja freqüência é variada de acordo com o tempo de resposta da amostra. Os
espelhos e lentes servem para maximizar o caminho do feixe e assim aumentar a sensibilidade
da técnica.
Todo aparato experimental e a configuração utilizada é mostrada na figura a seguir:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1213
Figura 2 - Configuracao experimental usada no lcfis

Nesse tipo de montagem experimental de LT existem duas configurações mais


utilizadas: modo casado e descasado. |Utilizamos o modo descasado, onde o feixe de
excitação tem sua cintura na amostra e o feixe de prova tem sua cintura na posição confocal.
Desta forma o diâmetro do feixe de excitação será menor que o feixe de prova aumentando a
sensibilidade da técnica, podendo obter o maior número de informação. No modo casado
ambas cinturas estão localizadas sobre a amostra.

Figura 1 - Configuracao de duplo feixe no modo descasado

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para análise e caracterização foram utilizadas amostras de biodiesel dos seguintes
componentes: linoleato de etila, oleato de etila e estearato de etila. A figura 3 apresenta as
estrutura dos diferentes ésteres graxos utilizados neste trabalho para a produção do biodiesel.
As amostras foram colocadas numa cubeta de 2mm. Para as medidas de Lente térmica

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1214
utilizamos como feixe de excitação, um laser de Argônio λ=457nm e como feixe de prova,
um laser de He-Ne λ=632,8nm.

Figura 3 – Estruturas dos ésteres graxos

A figura 4 apresenta uma curva característica do sinal de LT. A curva vermelha na


representa o ajuste matemático que é realizado a partir da equação (1). Ao ajustarmos as
curvas características do sinal de LT e, mantendo os parâmetros m e V fixos, obtemos os
valores da amplitude do sinal (θ) e do tempo característico de formação da Lente (tc), como
também a difusividade térmica da amostra.

0,999
Sinal de Lente Térmica (u. a.)

Ethyl Linoleate
Ajuste Teórico
0,990

0,981

0,972

0,963
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8
Tempo (s)

Figura 4 – Curva típica de LT

No caso da figura 4, D = 1,22 x10-3 cm-2/s . O mesmo procedimento foi repetido para
as outras amostras e o parâmetro determinado E apresentado na tabela 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1215
AMOSTRAS DIFUSIVIDADE (X10-3 cm2/s)
LINOLEATO DE ETILA 1,22
OLEATO DE ETILA 0,91
ESTERATO DE ETILA 0,87
Tabela 1 - Apresenta os valores de difusividade térmica para as amostras de linoleato de etila,
oleato de etila e esterato de etila.

Como pode-se observar na figura 3 a amostra de linoleato de etila apresenta 3 ligações


de carbono e o valor obtido de difusividade para esta amostra é maior do que outras
analisadas. Podemos então verificar através destes resultados preliminares uma tendência da
difusividade apresentar maiores valores à medida que o nUmero de ligações de carbono
aumenta.
Pretendemos a partir de agora obter as outras propriedades térmicas, tais como:
efusividade, condutividade capacidade térmica entre outras, e verificar se esta tendência será
obtida.

4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos mostraram a sensibilidade da técnica . Pretendemos a partir destes
padrões primários produzir diversas misturas binárias e ternárias com diferentes composições
que servirão como padrões secundários, que também terão suas propriedades termo ópticas
avaliadas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A. C. Pinto, L. L. N. Guarieiro, M. J. C. Rezende, N. M. Ribeiro, E. A. Torres, W. A. Lopes,
P. A. P. Pereira e J. B. Andrade, J. Braz. Chem. Soc. 16, 1313-1330.

M.P.P Castro, A A Andrade, R.W. A. Franco, P.C.M. Miranda, M.S. Sthel, H. Vargas, R.
Constantino, M.L. Baesso, Chem. Phys. Lett. 411 (2005), 18.

J. P. Gordon, R. C. C. Leite, R. S. More, S. P. S. Porto e J. R. Whinnery, J. Appl. Phys. 36, 3-


8 (1965).
R. D. Snook, e R. D. Lowe, Analyst 120, 2051 (1995)

M. L. Baesso, J. Shen e R. D. Snook, J. Appl. Phys. 75, 3733 (1994).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1216
OLEAGINOSAS PARA PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO ESTADO
DA BAHIA A PARTIR DA AGRICULTURA FAMILIAR

Gean Claudio de Souza Santana, SECTI, gsantana@secti.ba.gov.br


Telma Côrtes Quadros de Andrade, SECTI, tandrade@secti.ba.gov.br
Ailton Florêncio, SEAGRI, ailton.suaf@seagri.ba.gov.br

RESUMO: A produção de biodiesel atualmente é uma realidade. Dados da ANP (2007)


revelam que a capacidade de produção de biodiesel das plantas autorizadas e das plantas em
estudo para serem autorizadas é superior a demanda do B5. No entanto, a produção atual das
oleaginosas é insuficiente para suprir o consumo dessas plantas indústriais, o que poderá
ocasionar um desequilíbrio no mercado das oleaginosas e inviabilizar economicamente a
produção de biodiesel. Para atender a indústria de biodiesel no Estado da Bahia algumas
oleaginosas foram definidas como prováveis fornecedoras de óleo tais como mamona, dendê,
algodão, amendoim e girassol. Dentre essas oleaginosas merecem destaque a mamona por ser
a oleaginosa que melhor se adapta ao semi-árido nordestino e o dendê que apresenta maior
rendimento de óleo por hectare e possui maior ciclo de vida, cerca de 25 anos.

Palavras-Chave: Agricultura familiar, oleaginosas, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1217
1 INTRODUÇÃO
O consumo nacional de diesel é de 40 milhões de metros cúbicos por ano, dos quais 3,5
milhões de metros cúbicos são importados além de exportar 600 milhões de litros anuais. O
país sempre fica dependente dos humores do mercado internacional, o que gera um quadro de
vulnerabilidade de acordo com WEHRMANN et al. (2004) e além disso, o país tem dispêndio
de cerca de 1,7 bilhões de dólares fazendo o custo do diesel importado ficar em 0,492US$/L.
Na associação entre busca por energia renováveis e por substitutos do diesel importado,
o governo brasileiro lançou o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB)
que busca substituir parte do diesel mineral por biodiesel. Essa proporção obedece a Lei
11.097/2005 que autoriza a utilização de 2% (B2) em volume de biodiesel ao diesel
comercializado no país e estabelece a obrigatoriedade de 2% a partir de 2008 e 5% (B5) a
partir de 2013.
No entanto, essa não é a primeira vez que o Brasil lança política de biocombustiveis.
Em 1975, o governo brasileiro lançou o Programa Nacional do Álcool – Proalcool, como
resposta à crise estrutural do fornecimento de petróleo do inicio daquela década
(WEHRMANN et al, 2004). Por outro lado, o Proalcool não reduziu a dependência brasileira
de petróleo importado e como estava centrado na cana-de-açúcar, inviabilizou investimentos
em inúmeras outras alternativas, que beneficiavam pequenos e médios produtores, como no
caso da mandioca, produto cultivado e cultivável em todos os quadrantes do país, cujo
emprego em larga escala beneficiaria um imenso contingente de pequenos e médios
produtores rurais, tradicionalmente produtores.
Outra experiência com biocombustiveis foi o Programa de Óleos Vegetais – OVEG que
foi implementado na primeira metade da década de 1980 e envolveu centros de pesquisa e
diversos setores da indústria. Naquele período, foram testados frotas de caminhões pesados
que rodaram 1,5 milhão de Km utilizando biodiesel de várias oleaginosas, apresentado
resultados satisfatórios.
Em consonância com o governo federal, o governo estadual lançou o PBPB, Programa
Baiano de Produção e Uso de Biodiesel, que tem o objetivo de organizar a cadeia produtiva,
vencer os gargalos tecnológicos, fortalecer a agricultura familiar e consolidar o estado na
produção de biocombustíveis, aumentando a diversificação da matriz energética.
Esse trabalho tem a intenção de levantar algumas informações tais como rendimento de
óleo, área necessária para o plantio de cada oleaginosa, definindo alguns critérios que poderão
ser úteis na escolha das oleaginosas para produção de biodiesel, já que na situação atual a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1218
quantidade de óleo produzida é destinada basicamente a atender aos mercados já estruturados
ao longo dos últimos anos e as oleaginosas utilizadas para produção de biodiesel atualmente
vem dos estoques, o que significa que para consolidação da cadeia produtiva do biodiesel é
necessária a organização e a garantia de fornecimento da matéria-prima, principal que é o óleo
vegetal.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O consumo estadual de diesel é de 210 mil m3 por ano. Para atender a demanda do B5,
5% em volume de biodiesel ao diesel, o estado precisará produzir anualmente uma quantidade
de 105 mil metros cúbicos de biodiesel o que consumirá aproximadamente 97 mil metros
cúbicos de óleo vegetal por ano, considerando o rendimento médio da reação de
transesterificação igual a 97%. Por outro, a partir de 2008, o estado terá uma capacidade
instalada para produzir biodiesel de 184,5 mil metros cúbicos por ano, ou seja, superior a
demanda para atender ao B5 da Bahia. Nesse caso, a demanda de óleo vegetal para atender
essa capacidade que está sendo instalada será de aproximadamente, 170 mil metros cúbicos
por ano, sendo 50% da matéria-prima oriunda da agricultura familiar.
Com o objetivo de estruturar e organizar a cadeia produtiva do biodiesel, superando os
gargalos logísticos e tecnológicos, principalmente, o governo do estado da Bahia elaborou e
lançou o Programa Baiano de Produção e Uso do Biodiesel – PBPB, em consonância com o
governo federal que lançou o PNPB.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1219
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Produção (mil
33.078 32.990 34.153 38.252 38.396 38.660
m3)
Importação
6.585 6.369 3.818 2.694 2.371 3.545
(mil m3)
Exportação
73 16 122 64 300 601
(mil m3)
Dispêndio
Importação
1.214,04 1.084,17 791,81 826,76 1.019,6 1.074,71
(milhões de
US$)
Receita
Exportação
15,39 2,54 25,71 18,21 128,41 300,76
(milhões de
US$)
Custo
importação 0,184 0,170 0,207 0,307 0,429 0,492
(US$/L)
Tabela 1 - Produção, importação, exportação, custo de importação e receita de exportação
para o óleo diesel entre 2001 e 2006 (ANP, 2006).

O PNPB utiliza mecanismo direto e indireto como estimulo à produção de biodiesel. De


forma direta tem-se acesso à linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar – PRONAF, por meio de intuições bancárias. De maneira indireta tem-se
o Selo Combustível Social que reúne um conjunto de requisito visando a inclusão social ao
longo da cadeia produtiva do biodiesel.
O Selo Combustível Social é concedido aos produtores de biodiesel que:
Comprem matéria-prima da agricultura familiar em percentual mínimo de:
• 50% região Nordeste e Semi-Árido;
• 10% região Norte e Centro-Oeste;
• 30% região Sudeste e Sul.
Façam contratos negociados com os agricultores familiares, constando, pelo menos:
• O prazo contratual;
• O valor de compra e critérios de reajuste do preço contratado;
• As condições de entrega da matéria-prima;
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1220
• As salvaguardas de cada parte;
• Identificação e concordância de uma representação dos agricultores que participou das
negociações;
• Assegurem assistência e capacitação técnica aos agricultores familiares.
Somente podem e poderão participar dos leilões da Agência Nacional de Petróleo –
ANP, os produtores que tiverem o selo social, além disso, os produtores de biodiesel que
comprarem a matéria prima do norte ou nordeste do país, sendo mamona ou palma, terão
isenção total da incidência da PIS/PASEP e Cofins.
Segundo o PRONAF (2002), os agricultores familiares são produtores rurais que
atendam aos seguintes requisitos:
Sejam proprietários, posseiros, arrendatários, parceiros ou concessionários da Reforma
Agrária;
• Residam na propriedade ou em local próximo;
• Detenham, sob qualquer forma, no máximo 4 módulos fiscais de terra, quantificados
segundo a legislação em vigor;
• 80% da renda bruta, no mínimo, seja proveniente da exploração agropecuária ou não
agropecuária do estabelecimento;
• A base da exploração do estabelecimento seja o trabalho familiar.
A agricultura familiar representa mais de 84% dos imóveis rurais do país e são
responsáveis pela parcela significativa dos alimentos que é consumido nas mesas brasileiras:
70% do feijão, 84% da mandioca, 58% da carne de suínos, 54% do leite, 49% do milho e 40
das aves ovos, dentre outros (MAPA, 2007).
Segundo SCHNERDER (2003), a expressão agricultura familiar emergiu do contexto
brasileiro a partir de meados da década de 1990 quando ocorreram dois eventos que tiveram
impacto social e político muito significativo no meio rural: por um lado uma verdadeira
efervescência de movimentos que produziram manifestações políticas como foi o caso do
“Grito da Terra” que acontece até hoje e por outro lado a afirmação da agricultura familiar no
cenário social e político brasileiro que está legitimado pelo estado através da criação do
PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) que nasceu como
resposta às pressões do movimento sindical rural desde o inicio dos anos de 1990 e que tem o
objetivo de prover crédito agrícola e apoio institucional às categorias de pequenos produtores
rurais que vinham sendo alijados das políticas públicas ao longo da década de 1980 e
encontravam sérias dificuldades de se manter na atividade. A partir do surgimento do

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1221
PRONAF, o sindicalismo rural brasileiro, sobretudo aquele localizado nas regiões Sul e
Nordeste, passou a reforçar a defesa de propostas que vislumbrassem o compromisso cada vez
mais sólido do Estado com uma categoria social considerada específica e que necessita de
políticas públicas diferenciadas como juros menores e apoio institucional (SCHNERDER,
2003).
Para atender a demanda estadual de óleos vegetais, a agricultura familiar terá que
fornecer, no mínimo, 85 mil metros cúbicos de óleo por ano que poderá vir da cultura da
mamona, dendê, amendoim e/ou girassol. As duas primeiras oleaginosas merecem destaque
porque existe toda uma política sendo estruturada para o seu plantio. No caso da mamona, o
enfoque é dado para o semi-árido nordestino onde a mamona apresenta uma grande vantagem
competitiva para a região por possuir baixo custo de produção e ser uma das poucas
alternativas agrícolas viáveis para o semi-árido devido a sua resistência à seca e facilidade de
manejo. Além disso, o semi-árido é uma das regiões que apresenta menor Índice de
Desenvolvimento Humano – IDH (IBGE, 2007) e a inclusão dessa região na cadeia produtiva
do biodiesel é uma possibilidade aumentar o IDH da região. Na Bahia, a maior plantação de
mamona deverá ser nos Territórios da Chapada Diamantina e de Irecê que ficam próximo a
uma das industrias produtora de biodiesel. Em outros locais, a mamona enfrentaria a
concorrência com outras culturas que têm maior rentabilidade.
Dentre as oleaginosas apresentadas, o dendê é o que apresenta maior rendimento de óleo
por hectare, possui ciclo de vida de 25 anos e segundo dados da CONAB (2006), os
Territórios do Baixo Sul, Extremo Sul e do Recôncavo possuem área disponível para o plantio
de dendê em torno de 854 mil hectares. É importante salientar que muitos municípios
pertencentes a esses Territórios situam-se próximos as duas empresas produtoras de biodiesel
da Bahia: IBR e Petrobrás/Candeias e que será responsável por cerca de 41% do biodiesel
produzido no estado. Outras oleaginosas poderão complementar a produção tais como as
culturas do amendoim, algodão e girassol.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1222
Empresa IBR Brasil Ecodiesel Petrobrás Total
Capacidade 19.500 108.000 57.000 184.500
3
(m /ano)
Tabela 2 - Capacidade instalada para produção de biodiesel no estado da Bahia.

Oleaginosa Safra 2001/ 2002/ 2003/ 2004/ 2005/


2002 2003 2004 2005 2006
Prod. (mil ton) 66,0 81,9 89,0 119,4 74,9
Mamona Área (mil ha) 120,0 123,6 148,3 169,4 108,1
Produtividade (ton/ha) 0,55 0,66 0,60 1,00 0,69
Prod. (mil ton) 809,5 1.344,8 1.657,1 1.230,0 1.100,0
Amendoim Área (mil ha) 120,0 123,6 148,3 169,4 108,1
Produtividade (ton/ha) 0,81 1,34 1,65 1,23 1,10
Prod. (mil ton) 108,8 170,9 410,1 498,0 479,2
Algodão Área (mil ha) 70,2 86,3 197,5 247,0 233,7
Produtividade (ton/ha) 2,52 3,30 3,42 3,30 3,45
Tabela 3 - Área Plantada, produção e produtividade para mamona e amendoim (MAPA, 2007)

DENDÊ
Área Colhida Produção Produtividade Média
Território (ha) (ton) (ton/ha/ano)
Litoral Sul 1.700 8.132 4,78
Baixo Sul 32.204 141.311 4,39
Extremo Sul 352 1.758 4,99
Médio Rio das Contas 25 100 4,00
Recôncavo 870 4.350 5,00
Total 35.151 155.651 4,43
Tabela 4 - Dados da área colhida, produção e produtividade para o dendê para o ano de 2004
no estado da Bahia (SEAGRI, 2007).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1223
Teor de Rendimento óleo Ocupação(ha/família) Área para
Oleaginosa óleo (%) (kg/h ano) atender o
B5 para
Agricultura
Familiar
(mil ha)
Mamona 45 315 2 260
Dendê 22 974 5 79
Amendoim 45 552 16 140
Girassol 45 774 ND 100
Algodão 19 608 ND 127
Tabela 5 - Características das principais alternativas para agricultura familiar na Bahia

As Tabelas 3, 4 e 5 mostram dados da produção das principais oleaginosas para atender


a demanda do biodiesel juntamente com a necessidade de área para o plantio para cada
oleaginosa.
A partir dos dados da tabela 5 percebe-se que o dendê é a oleaginosa que demanda
menor quantidade de terras para atender a necessidade da industria de biodiesel. Aliado a esse
fato, o dendê necessita de 25 anos para renovar a plantação ao lado da renovação anual das
outras oleaginosas e as regiões que possuem os solos mais adequados para o dendê se situa
próximos aos locais de produção de biodiesel o que pode aumentar a viabilidade da cadeia
produtiva do biodiesel.
De acordo com os dados da CONAB (2005), a Bahia possui cerca de 805 mil hectares
disponíveis para o plantio do dendê. Caso essas terras fossem realmente utilizadas para
plantação de dendê poder-se-ia ter uma produção em torno de 860 mil metros cúbicos de
biodiesel mais do que a demanda da região nordeste para o B5, que é de 300 mil metros
cúbicos.

3 CONCLUSÃO
A Bahia possui uma diversidade edafo-climática adequada para o plantio da mamona e
dendê sendo necessária organizar a agricultura familiar para atender essa demanda. No
entanto as atuais plantações de dendê apresentam idades avançadas, tratos culturais
inadequados, desde a formação dos viveiros, manutenção dos plantios e, finalmente, os

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1224
procedimentos incorretos de colheita e pós colheita quando ocorrem perdas significativas,
tanto no rendimento da matéria-prima, como na qualidade do produto final. Com esses dados
constata-se a necessidade de renovar as plantações de dendê e qualificar a mão-de-obra tanto
para o fornecimento de óleos para industria de biodiesel quanto para industria da culinária,
cosméticos, alimentícios, dentre outros.
Em relação à mamona alguns gargalos técnicos também são observados:
• Desorganização e inadequação dos sistemas de produção vigentes, devido à reduzida
oferta de sementes de cultivares melhoradas geneticamente;
• Utilização por parte dos produtores de sementes impróprias para o plantio (de baixo
rendimento médio, baixa qualidade e de alta susceptibilidade às doenças e pragas);
• Utilização de práticas culturais inadequadas (como espaçamento, época de plantio e
consorciação);
• Desorganização do mercado interno tanto para o produtor como para o consumidor
final;
• Baixos preços pagos ao produtor agrícola;
• Reduzida oferta de crédito e de assistência técnica ao produtor agrícola;
• Utilização da mesma área para sucessivos plantios da cultura.
Algumas ações são importantes para garantir que os agricultores familiares consigam
superar esses entraves acima citados e suprir demanda de óleo vegetal para industria de
biodiesel, tais como:
• Facilitar acesso aos créditos do PRONAF;
• Garantir o fornecimento de sementes de qualidade;
• Qualificar os agricultores familiares na produção de sementes de qualidade;
• Garantir assistência técnica.
A partir da constatação desses entraves o governo do estado da Bahia através das
secretárias envolvidas no PBPB vem buscando estabelecer articulações juntamente com
outras empresas e instituições governamentais tais como EMBRAPA, MDA, MAPA para
superar esses desafios e consolidar a agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANP (2007). Disponível no site < www.anp.gov.br >. Acessado em 10 de junho de 2007.

CONAB (2007). Disponível no site < www.conab.gov.br >. Acessado em 05 de junho de


2007.

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1225
IBGE (2007). Disponível no site < www.ibge.gov.br >. Acessado em 30 de maio de 2007.

MAPA (2007). Disponível no site <www.agricultura.gov.br >. Acessado em 10 de junho de


2007.
PRONAF (2002). Disponível no site < www.pronaf.gov.br >. Acessado em 01 de junho de
2007.

SEAGRI (2007). Disponível no site <www.seagri.ba.gov.br >. Acessado em 10 de junho de


2007.

SCHNEIDER, S., 2003, Teoria social, agricultura familiar e pluriatividade, RBCS, Vol.
18, N° 51.

WEHRMANN, M.E.S., VIANA, J.N., DUARTE, L.M.G., 2004, Biodiesel de soja: política
energética, contribuição e sustentabilidade, ANNPAS.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1226
OS PRINCÍPIOS DA QUÍMICA VERDE E SUAS APLICAÇÕES NA
PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Andressa tironi Vieira, LERMAP-UFU, dessaqtironi@yahoo.com.br


Manuel Gonzalo Hernandez Terrones, LERMAP-IQ-UFU, mhernandez@iqufu.ufu.br
Alexandra Epoglou, LERMAP-UFU, alexandra@pontal.ufu.br
Antonio Carlos Ferreira Batista, LERMAP-UFU, flash@pontal.ufu.br

RESUMO: Este trabalho tem como meta estabelecer uma discussão sobre a relação da
química verde “Green Chemistry” e a produção de biodiesel, particularmente a produção do
biodiesel no Brasil. Para tanto levamos em consideração vários aspectos que tangem a
química verde “Green Chemistry” e a produção de biodiesel, de modo a estabelecer um
paralelo entre o processo produtivo e características do biodiesel com os 12 princípios da
química verde “Green Cehmistry” , demonstrando assim a aplicabilidade do biodiesel como
uma combustível correto e não agressivo ao meio ambiente. O biodiesel não é nocivo para a
saúde humana, para a vegetação, animais vivos e não danifica monumentos ou edifícios.
Sendo por esse motivo, entre muitos outros, seu emprego vantajoso frente ao diesel sobre tudo
para o transporte publico nas grandes cidades. É seguro e de fácil transporte, por ser
biodegradável e possuir um ponto de fulgor superior a 150º C. Aplicando essas propriedades
do biodiesel a química verde, veremos que pela sua definição que é a utilização de técnicas
químicas e metodologias que reduzem ou eliminam o uso de solventes e reagentes ou geração
de produtos e sub-produtos tóxicos, que são nocivos à saúde humana ou ao ambiente,
perceberemos que o biodiesel se encaixa no modelo de desenvolvimento produtivo proposto.
Neste artigo, utilizaremos a tradução literal, química verde, para o termo em inglês "Green
Chemistry".

Palavras-Chave: Biodiesel, química verde, meio ambiente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1227
1 INTRODUÇÃO
Entre as mais preocupantes fontes de poluição global estão os combustíveis fósseis,
responsáveis em grande parte pelo efeito estufa, chuva ácida e o buraco na camada de ozônio,
entre outros problemas da sociedade moderna. Devido a essa preocupação acrescida dos
altos preços do petróleo, há uma grande corrida rumo à produção de novos combustíveis e
fontes alternativas de energia. Com isso pesquisadores do mundo todo, trazem uma série de
inovações ambientais para garantir um desenvolvimento sustentável global.
Dentro desta perspectiva os químicos começaram a racionalizar seus processos
buscando associar aos velhos preceitos (custo, rentabilidade, tempo e segurança), ponderações
que garantam a futuras gerações o usufruto dos recursos naturais os quais estão
disponibilizados para a nossa sociedade hoje.
Dessa forma desenvolveu-se a Química Verde que pode ser definida como a utilização
de técnicas químicas e metodologias que reduzem ou eliminam o uso solventes, reagentes ou
a geração de produtos e sub-produtos que são nocivos à saúde humana ou ao ambiente.
A química verde (ou green chemistry, ou química sustentável) foi introduzida há cerca
de treze anos nos EUA pela EPA (Environmental Protection Agency), a agência de proteção
ambiental daquele país,1 em colaboração com a American Chemical Society (ACS) e o Green
Chemistry Institute. Esta iniciativa norte-americana vem despertando o interesse de
organizações governamentais e não-governamentais de vários países. Na Europa, Japão e
Estados Unidos foram inclusive criados Prêmios para incentivar pesquisadores de Indústrias e
Universidades a desenvolverem tecnologias empregando os princípios da química verde.1,2
Desde 1996, quando o Presidential Green Chemistry Awards foi criado nos EUA, mais de
uma dezena de Corporações e pesquisadores foram premiados.2
Na Europa, a Royal Society of Chemistry (RSC), com o apoio de setores industriais e
governamentais, instituiu em 2001 o U.K. Green Chemistry Awards, para premiar empresas e
jovens pesquisadores que "desenvolvessem processos químicos, produtos e serviços que
levem a um ambiente mais sustentável, limpo e saudável".3 Além disso, a RSC criou a Green
Chemistry Network (GCN),3 com o objetivo de "promover a conscientização e facilitar a
educação, treinamento e prática da green chemistry na indústria, academia e escolas". Outra
importante iniciativa da RSC foi a criação, em 1999, da revista Green Chemistry, dedicada à
publicação de artigos inéditos que, de alguma forma contribuem para o desenvolvimento da
área-título do periódico. Enquanto que no Brasil algumas publicações sobre o assunto tem
sido publicadas em revistas de circulação internacional como Química Nova4.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1228
2 MATERIAL E MÉTODOS
Utilizamos como materiais uma análise de pesquisa teórica realizada com a finalidade
de enquadrar o processo ou potencial produtivo de biodiesel dentro dos pilares da química
verde, demonstrando assim a valiosa contribuição desse biocombustível a matriz energética
brasileira e o modo sustentável em que se baseia sua produção, agregando além de tudo uma
forte ferramenta para inclusão social, e geração de renda, acompanhado de um forte
desenvolvimento regional.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Química verde pode ser definida como o desenho, desenvolvimento e implementação de
produtos químicos e processos para reduzir ou eliminar o uso ou geração de substâncias
nocivas à saúde humana e ao ambiente7-11. Este conceito, que pode também ser atribuído à
tecnologia limpa, já é relativamente comum em aplicações industriais, especialmente em
países com indústria química bastante desenvolvida e que apresentam controle rigoroso na
emissão de poluentes e vem, gradativamente, sendo incorporado ao meio acadêmico, no
ensino e pesquisa 12-16.
Por essas preocupações o biodiesel tem se mostrado como uma excelente alternativa ao
diesel mineral, sendo reduzida as emissões de gases causadores do efeito estufa, é renovável e
um provável fator para inclusão social brasileira. O biodiesel é um combustível substituto do
diesel de petróleo, o qual pode ser produzido a partir de matérias primas agrícolas (óleos
vegetais novos ou usados) ou graxas animais e um álcool como metanol ou etanol.
O biodiesel tem as mesmas propriedades do combustível diesel empregado para
automóveis, caminhões, ônibus, geradores de energia, barcos e pode ser misturado em
qualquer proporção com o diesel obtido da refinação do petróleo.
Não é necessário efetuar nenhuma modificação nos motores para poder usar este
combustível. Importantes fabricantes de veículos europeus efetuaram provas com resultados
satisfatórios em automóveis, caminhões, ônibus etc. No Brasil várias empresas aprovaram
pedidos de testes automotivos, em parceria com as mais respeitadas instituições de ensino do
país.
O biodiesel não é inflamável nem tóxico como o diesel de petróleo e não é perigoso ao
meio ambiente pois é biodegradável.
Esta idéia, ética e politicamente e ambientalmente correta, representa a suposição de que
processos químicos que geram problemas ambientais possam ser substituídos por alternativas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1229
menos poluentes ou não poluentes. Tecnologia limpa, prevenção primária, redução na fonte,
química ambientalmente benigna, ou ainda “green chemistry”, são termos que surgiram para
definir esta importante idéia. “Green chemistry”, o termo mais utilizado atualmente, foi
adotado pela IUPAC, talvez por ser o mais forte entre os demais, pois associa a evolução da
química com o objetivo cada vez mais buscado pelo homem moderno: o desenvolvimento
auto-sustentável13.
Os produtos ou processos da química verde podem ser divididos em três grandes
categorias:
• o uso de fontes renováveis ou recicladas de matéria-prima;
• aumento da eficiência de energia, ou a utilização de menos energia para produzir
maior ou igual quantidade de produto;
• evitar o uso de substâncias persistentes, biocumulativas e tóxicas.
Basicamente, há doze tópicos que precisam ser perseguidos quando se pretende
implementar a química verde em uma indústria ou instituição de ensino e/ou pesquisa na área
de química13:
1. Prevenção: É mais barato evitar a formação de resíduos tóxicos do que tratá-los
depois que eles são produzidos. Um dos grandes objetivos é transformar resíduos em matéria
útil para sociedade, a produção do biodiesel atende à esse anseio social pois além de reutilizar
os resíduos pode ter como reagente óleo residual (de fritura), que tem como destino, o esgoto.
2. Eficiência Atômica: As metodologias sintéticas devem ser desenvolvidas de modo a
incorporar o maior número possível de átomos dos reagentes no produto final. Nesse sentido
o biodiesel tem todos os átomos envolvidos na reação se transformando em algum produto, e
aqueles que sobram, como o excesso de álcool é recuperado e pode ser utilizado num próxima
reação.
O

R O O HO
KOH , EtOH
O R + OH
EtO R HO
R O
O
O Ésteres Etílicos Glicerina

Óleo refinado,
usado,bruto,degomado
Sebo animal

3. Síntese Segura:Deve-se desenvolver metodologias sintéticas que utilizam e geram


substâncias com pouca ou nenhuma toxicidade à saúde humana e ao ambiente. O Brasil é o

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1230
maior produtor e consumidor de etanol do mundo, portanto, no processo proposto para a
produção do biodiesel utiliza-se o etanol (não-tóxico e renovável) ao invés do metanol,
oriundo de fontes não-renováveis e tóxico.
4. Desenvolvimento de Produtos Seguros: Deve-se buscar o desenvolvimento de
produtos que após realizarem a função desejada, não causem danos ao ambiente. O biodiesel
alêm de emitir menos gazes ao ambiente, tem a vantagem de que sua emissão é neutralizada
no próximo ciclo de crescimentos das plantas que servem de matéria prima.

Diferença de fuligem de Diesel e B30.


5. Uso de solventes e auxiliares seguros: A utilização de substâncias auxiliares como
solventes, agentes de purificação e secantes precisa ser evitada ao máximo; quando inevitável
a sua utilização, estas substâncias devem ser inócuas ou facilmente reutilizadas. Sendo assim
o biodiesel utiliza como reagente e também próprio solvente o álcool etílico, onde o que não é
incorporado a molécula do biocombustível é recuperado e reutilizado no processo.
6. Busca de eficiência de energia: Os impactos ambientais e econômicos causados pela
geração da energia utilizada em um processo químico precisam ser considerados. É necessário
o desenvolvimento de processos que ocorram à temperatura e pressão ambiente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1231
Pode-se pensar o biodiesel etílico como sendo fator econômico de energia elétrica. Na
Europa o processo para produção de biodiesel demanda grande quantidade de energia para
algumas de suas etapas (i.e. destilação), a produção de biodiesel etílico é feita à temperatura e
pressão ambiente e a energia liberada (processo exotérmico) na produção do alcóoxido pode
ser utilizada em outras etapas. Pode-se, ainda, ser utilizado para transferência de energia
microondas e ultra-som.
7. Uso de fontes de matéria prima renováveis: O uso de biomassa como matéria-prima
deve ser priorizado no desenvolvimento de novas tecnologias e processos. O biodiesel
brasileiro tem uma grande gama de matérias-primas que obedecem a esse princípio como
pode ser visto na figura abaixo.

Macaúba Tungue Soja Amendoim

Algodão Pequi Buriti


Fritura

Mamo Pinhão Manso


Dendê Girassol
na

Milho Canola
Babaçu Sebo
animal

8. Evitar a formação de derivados: Processos que envolvem intermediários com grupos


bloqueadores, proteção/desproteção, ou qualquer modificação temporária da molécula por

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1232
processos físicos e/ou químicos devem ser evitados. O biodiesel não utiliza nenhum desses
processos, já obedecendo a esse princípio abertamente.
9. Catálise: O uso de catalisadores (tão seletivos quanto possível) deve ser escolhido em
substituição aos reagentes estequiométricos. Nesse sentido existe uma grande gama de
catalisadores que podem ser utilizados, desde os catalisadores homogêneo como os ácidos e
hidróxidos, quanto os catalisadores heterogêneos como argilas óxidos e terras raras, e em
ambos processos esses catalisadores ou são recuperados ou neutralizados dando origem a
compostos que podem ser utilizados como fertilizantes, como sulfato de sódio e potássio, bem
como os cloretos correspondentes.
10. Produtos degradáveis: Os produtos químicos precisam ser projetados para a
biocompatibilidade. Após sua utilização não deve permanecer no ambiente, degradando-se em
produtos inócuos. O biodiesel sofre degradação no ambiente por ação microbiológica e pode
até ser utilizado como agente para descontaminação de áreas afetadas por derivados de
petróleo, bem como pode ser veículo de aplicação de produtos agrícolas diretamente nas
folhas das plantas.
11. Análise em Tempo Real para a Prevenção da Poluição: O monitoramento e controle
em tempo real, dentro do processo, deverão ser viabilizados. A possibilidade de formação de
substâncias tóxicas deverá ser detectada antes de sua geração.
12. Química Intrinsecamente Segura para a Prevenção de Acidentes: A escolha das
substâncias, bem como sua utilização em um processo químico, devem procurar a
minimização do risco de acidentes, como vazamentos, incêndios e explosões. Sendo assim o
processo produtivo do biodiesel etílico tem apenas a área de estocagem do álcool como fator
problemático, pois o produto formado não é inflamável, o ponto de fulgor do biodiesel é em
torno de 180 0C, tornando-o seguro até em caso de derramamento.

4 CONCLUSÃO
Nesse sentido ao realizarmos um paralelo entre os doze princípios da química verde e a
produção de biodiesel no Brasil, com preferência pela rota etílica, observamos a
aplicabilidade de um processo sustentável e amigável ao meio ambiente.
Desta maneira, ao se procurar tecnologias que empregam a química verde, deve-se estar
atento a três pontos principais:
O uso de rotas sintéticas alternativas para a química verde, tais como:

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1233
Catálise e biocatálise. Processos neutros, tais como fotoquímica e síntese biomimética;
Matérias-primas alternativas, que sejam mais inócuas e renováveis (biomassa, por exemplo).
O uso de condições reacionais alternativas para a química verde, tais como:
Uso de solventes que tenham um impacto reduzido na saúde humana e no ambiente;
Aumento da seletividade e redução de resíduos e emissões.
O desenvolvimento de produtos químicos que sejam, por exemplo: Menos tóxicos que
as alternativas atuais; Mais seguros com relação à ocorrência de um possível acidente.
O mundo agora procura por progresso baseado no desenvolvimento sustentável. Uma
estratégia neste sentido é a Química Verde. A Química Verde é, na realidade, uma filosofia.
Há tempos atrás um desafio sintético consistia em chegar à molécula alvo. Quando se aplica a
idéia da Química Verde, um desafio sintético trata-se de chegar à molécula alvo com uma
metodologia que agrida o mínimo o meio ambiente.
Cada vez que conseguimos cumprir com alguns dos quesitos da Química Verde,
estamos caminhando para uma utilização mais consciente dos nossos recursos naturais e para
a manutenção da vida no planeta. É claro que esta não é a única estratégia para isto, mas é
importante considerá-la, e o Biodiesel Etílico é uma dessas ferramentas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS
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Oxford, 1998.

Collins, T.J. J. Chem. Educ. 1995, 72, 965.

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Sime, J.T. J. Chem. Educ. 1999, 76, 1658.

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A edição de agosto/2001 da revista Pure and Applied Chemistry traz alguns trabalhos
selecionados apresentados no CHEMRAWN XIV: Pure Appl.Chem. 2001, 73, 1243.

Benign by Design: Alternative Synthetic Design for Pollution Prevention; Anastas, P. T.;
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Green Chemistry: Frontiers in Benign Chemical Synthesis and Processes; Anastas, P.T.;
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1234
Challenging and Perspectives; Tundo, P.; Anastas, P.T., eds.; Oxford University Press:
Oxford, 2000.

Os abstracts dos artigos publicados na Green Chemistry, além de vários artigos na íntegra,
estão disponíveis on-line e podem ser acessados gratuitamente na página da revista: <
http://www.rsc.org/is/journals/current/green/greenpub.htm >, acessada em Fevereiro 2007.

Informações sobre eventos realizados desde 1996, bem como eventos futuros sobre química
verde podem ser obtidos, por exemplo, em: <
http://www.epa.gov/greenchemistry/calendar.htm >, <
http://www.chemsoc.org/networks/gcn/events.htm > e <
http://chemistry.org/portal/Chemistry?PID=acsdisplay.html&DOC=greenchemistryinstitute\m
eetings.html >, acessadas em Fevereiro 2007.

Green Chemistry: Designing Chemistry for the Environment; Anastas, P.T.; Williamson, T.
C., eds.; ACS Symp. Ser. n. 626; American ChemicalSociety: Washington, 1996; Design
Safer Chemicals: Green Chemistry forPollution Prevention; DeVito, S. C.; Garret, R. L., eds.;
ACS Symp. Ser. n.640; American Chemical Society: Washington, 1996.
Collins, T.; Science 2001, 291, 48.

Anastas, P. T.; Warner, J.; Green Chemistry: Theory and Practice, Oxford University Press:
Oxford, 1998.

Collins, T. J.; J. Chem. Educ. 1995, 72, 965.

Cann, M. C.; Connelly, M. E.; Real World Cases in Green Chemistry,American Chemical
Society: Washington, DC, 2000; parte deste livro pode ser acessada em
http://chemistry.org/portal/Chemistry?PID=acsdisplay.html&DOC=education%5Cgreenchem
%5Ccases.html, acessada em Fevereiro 2007.

Singh, M. M.; Szafran, Z.; Pike, R. M.; J. Chem. Educ. 1999, 76, 1684;Cann, M. C.; J. Chem.
Educ. 1999, 76, 1639; Matlack, A.; Green Chemistry 1999, 1, G19.

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1235
ANÁLISE COMPARATIVA PARA OBTENÇÃO DE BIODIESEL VIA
CATÁLISE HOMOGÊNEA (NaOH) E CATÁLISE HETEROGÊNEA (ZnO)

Ana Brígida Soares, CCTQ/CEFETES, brigida@cefetes.br


Paulo Roberto Nagipe da Silva, UENF, nagipe@uenf.br
Edicarlos Pralon Silva, CCTQ/CEFETES, brigida@cefetes.br
Juliam Fábio de Almeida Lizarraga, CCTQ/CEFETES, brigida@cefetes.br
Kleriston Navarro Oliveira, CCTQ/CEFETES, brigida@cefetes.br
Michelle Delunardo Nobre, CCTQ/CEFETES, brigida@cefetes.br
Samyra Prata Maquarte, CCTQ/CEFETES, brigida@cefetes.br
Victor Hugo Colombi, CCTQ/CEFETES, brigida@cefetes.br

RESUMO: Os catalisadores heterogêneos são de extrema relevância nesta área tão


promissora para obtenção de biocombustíveis, desta forma o presente trabalho compara a
conversão a ésteres metílicos a partir do óleo de soja, via catálise homogênea usando o NaOH
e o catalisador heterogêneo ZnO impregnado com as seguintes bases, NaOH, LiOH, Ba(OH)2
e KOH. O catalisador heterogêneo foi caracterizado por área específica BET e volume de
poros e o biodiesel foi caracterizado por ressonância magnética nuclear de próton. Verificou-
se conversões altas para a catálise homogênea nas condições aqui estudadas e para o ZnO a
melhor conversão obtida, foi com sua impregnação usando o NaOH, na qual obteve-se
aproximadamente 5%.

Palavras-Chave: Biodiesel, catálise heterogêneas, ZnO.

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1236
1 INTRODUÇÃO
O biodiesel destaca o papel do Brasil como referência mundial no uso de fontes
renováveis. Essa posição foi conquistada a partir da década de 70, com a utilização do álcool
em veículos automotivos. O Proálcool foi o maior programa de substituição de combustíveis
fósseis no mercado automotivo mundial. Ainda hoje, ele é referência no mundo, sendo o
Brasil o maior produtor e consumidor de álcool combustível (Rodrigues, 2001).
A utilização comercial do biodiesel no Brasil está amparada em um marco regulatório
específico que torna o novo combustível competitivo frente ao diesel de petróleo e contempla
a diversidade de oleaginosas, a garantia de suprimento, a qualidade de novo combustível e
uma política de inclusão social (Dabdoub et al, 2003). O programa nacional de produção de
biodiesel objetiva a implementação de forma sustentável, tanto técnica, como
economicamente, da produção e uso do biodiesel, com enfoque na inclusão social e no
desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda.
Esse novo combustível é sintetizado via reação de transesterificação de óleos vegetais
usando como catalisador o hidróxido de potássio ou hidróxido de sódio via catálise
homogênea, ou seja, na mesma fase do combustível, sendo difícil à recuperação do catalisador
depois que houve a reação. Quando se trata da catálise heterogênea, na qual o catalisador é
sólido, a recuperação do catalisador é facilitada, podendo dessa forma diminuir os custos do
processo, pois o catalisador pode ser utilizado mais de uma vez na mesma reação. Logo,
torna-se necessário o desenvolvimento de novos materiais que possibilitem o aprimoramento
da reação de transesterificação, aumentando a qualidade do produto que será isento de
catalisadores que não foram recuperados durante o processo e contribuindo para a viabilidade
econômica do processo.
Desta forma, o presente trabalho estuda comparativamente o desempenho do catalisador
homogêneo NaOH, amplamente empregado, com o heterogêneo ZnO impregnado com as
bases NaOH, KOH, LiOH, Ba(OH)2.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Em um sistema de refluxo adicionou-se o óleo de soja e o metanol na proporção de 1:6,
juntamente com 1 % do catalisador (NaOH). O sistema foi agitado e a conversão da reação foi
monitorada periodicamente com 5, 10, 20, 30 e 60 minutos. Após a reação, o biodiesel é
separado do glicerol como auxílio de um funil de separação.
O biodiesel posteriormente é lavado com 3x10 mL de HCl (1%) e após a separação da

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1237
fase aquosa, é adicionada a fase orgânica uma ponta de espátula de sulfato de sódio anidro.
Pesou-se 5 g de ZnO e levou-se a agitação juntamente com 10mL de uma solução 1 %
p/v de cada uns dos cátions* que serão incorporados. A mistura foi agitada por 24 h a
temperatura ambiente, após esta etapa o catalisador foi levado a estufa na qual permaneceu
por 24 h a 100 ºC. Calcinou-se o catalisador a 600 ºC por 2 h. (*: NaOH, KOH, LiOH, Ba(OH)2).
Em um sistema de refluxo adicionou-se o óleo de soja e o metanol na proporção de 1:6,
juntamente com 1% do catalisador heterogêneo. A reação foi mantida por 24 h a temperatura
de 110 ºC, posteriormente o catalisador foi separado por filtração e o biodiesel lavado com
3x10 mL de solução saturada de NaCl, após a separação das fases, adicionou-se uma ponta de
espátula a fase orgânica contendo sulfato de sódio anidro. O biodiesel então foi analisado por
ressonância magnética nuclear de próton.
As amostras foram analisadas por RMN-1H, no aparelho da marca Jeol a 400 MHz, em
solventes deuterados, utilizando TMS como referência interna. O solvente usado para análise
foi o tetracloreto de carbono e os picos de 1H foram integrados.
Os experimentos foram conduzidos em um equipamento de Fisissorção/ Quimissorção
marca Quantachrome Instruments, modelo Autosorb – 1-C.
Para esta análise, mediu-se uma massa do catalisador, com auxílio de uma balança
analítica, na forma de pó, e esta amostra então foi analisada pela adsorção e dessorção de
nitrogênio gasoso em sua superfície.

3 RESULTADO E DISCUSSÃO
O processo de catálise básica foi adotado tendo em vista o fato de apresentar melhor
rendimento e seletividade, além de menor tempo de reação que a catálise ácida (Encimar et al,
2002; moureddini & medikon, 1997) e, também, para evitar problemas com corrosão dos
componentes do motor, que ocorrem devido à presença de traços de ácidos (Dorado et al,
2004).
A transesterificação foi realizada satisfatoriamente à temperatura ambiente e à pressão
de 1 atm, uma vez que temperaturas acima de 60 ºC tendem a acelerar a saponificação dos
glicerídeos pelo catalisador alcalino antes da completa alcóolise.
É importante também salientar a necessidade de remoção das impurezas que
permanecem na fase orgânica, por exemplo, sabões, traços de NaOH, traços de metanol e
glicerol livres. Caso contrário, um alto teor de glicerol pode resultar em problemas durante o
armazenamento, no sistema do combustível. Para tanto, o biodiesel foi submetido a sucessivas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1238
lavagens com soluções de HCl. A eficiência da lavagem foi indicada por teste com papel
indicador de pH, na qual se procurou aproximar o pH de 7.
Sabe-se que a glicerina, é um produto de valor comercial e que possui inúmeras
aplicações industriais, porém a glicerina obtida no processo de produção do biodiesel
apresenta-se mais escura e contendo algumas impurezas. Sendo assim, há um grande interesse
na sua purificação e no seu reaproveitamento, o que já vem sendo estudado, pois isto levaria à
viabilização no mercado de combustíveis.
A partir das análises dos espectros de RMN-1H, obtiveram-se as conversões contidas na
figura 1.

100

98

96
Conversão (%)

94

92

90

88

86
0 20 40 60 80
Tempo (minutos)

Figura 1 - Conversão do óleo de soja a biodiesel monitorada de 5 a 60 minutos.

Pelos dados obtidos, constatou-se que quanto maior o tempo de reação maior a
conversão, logo as amostras com 60 minutos de reação atingiram aproximadamente 99% de
conversão, porém observou-se que já com 5 minutos de reação conversões próximas de 88%
foram atingidas.
A cinética e o mecanismo de reação de transesterificação consistem em um número
consecutivo de reações reversíveis. O triglicerídeo é convertido em diglicerídeo,
monoglicerídeo e, finalmente, glicerol.
Neste experimento, o processo de catálise básica apresentou melhor rendimento. O
metanol foi utilizado puro e em excesso, uma vez que, a reação tem caráter reversível. Assim,
devido a este equilíbrio reacional, um excesso de álcool aumenta a conversão de éster pela
mudança do equilíbrio para direita.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1239
O mecanismo de reação de catálise alcalina ocorre em três etapas. Os diglicerídeos e
monoglicerídeos são os intermediários do processo. A presença de um excesso de álcool
favorece a primeira e segunda etapa. A primeira etapa envolve o ataque do íon alcóxido à
cadeia carbônica da molécula de triglicerídeo resultando na formação do intermediário. Essa
reação do intermediário com o álcool produz um íon alcóxido na segunda etapa da reação. Na
última etapa ocorre o rearranjo do intermediário resultando na formação do biodiesel e do
glicerol.

Pré-etapa

OH- + ROH RO- + H2O

NaOR RO- + Na+


Etapa 1

O-
O
R' C + RO- R' C OR
OR'' OR''
Etapa 2

O- O-

R' C OR + ROH R' C OR + RO-

OR'' R''OH+

Etapa 3

O-
R' C OR + R'COOR + R''OH

R''OH+

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1240
ONDE R'' = CH2

CH OCOR'

CH2 OCOR'

R' = Carbono da cadeia do ácido graxo


R = Grupo alquil do álcool

Figura 2 - Mecanismo de reação de transesterificação via catálise básica (Meher et al, 2004).
k1
1. Triglicerídeo(TG) + R-OH Diglicerídeo(DG) + R-COOR1
k4

k2
2. Diglicerídeo(DG) + R-OH Monoglicerídeo(MG) + R-COOR2
k5

k3
3. Monoglicerídeo(MG) + R-OH
Glicerol(GL) + R-COOR3
k6

Figura 3 - Equação geral da transesterificação do triglicerídeo.

Na catálise heterogênea, os catalisadores ZnO/NaOH, ZnO/KOH, ZnO/Ba(OH)2,


ZnO/LiOH foram estudados durante a transesterificação, sendo a área superficial específica
do ZnO de 4,64 m2/g e seu diâmetro de poros de 17, 4Å. Os íons metálicos impregnam-se nas
paredes do suporte para adsorverem tanto a molécula de triacilglicerídeo, como a de metanol,
facilitando os choques efetivos entre essas duas moléculas, aumentando, dessa maneira, a
velocidade da reação.
Para a transesterificação em presença somente do suporte ZnO uma conversão de 0,99%
foi verificada. Os resultados da catálise heterogênea encontram-se na tabela 1.

Tabela 1 - Conversão via catálise heterogênea do óleo de soja a metil ésteres.


Catalisador Conversão (%)
ZnO/NaOH 5,281
ZnO /Ba(OH)2 2,072
ZnO /LiOH 4,788
ZnO /KOH 1,215
ZnO 0,985

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1241
O catalisador ZnO/NaOH obteve a melhor conversão, porém quando comparada a
catálise homogênea, percebe-se que muito tem-se a estudar sobe a catálise heterogênea, como
a otimização do processo na qual a quantidade de catalisador deve ser avaliada bem como a
quantidade de metanol e condições de reação como temperatura e pressão.
Cabe ressaltar ainda, que devido à alta temperatura na qual a reação foi conduzida o
metanol, pode ter evaporado em grande quantidade visto que sua temperatura de ebulição é de
aproximadamente 68 ºC e a temperatura usada foi de 110 ºC, podendo acarretar um
deslocamento do equilíbrio.
A impregnação com catalisadores básicos foi escolhida, visto que a catálise básica
apresenta um bom rendimento de acordo com a literatura, porém a base pode ter sido
lixiviada durante a reação. O que futuramente será averiguado.
O catalisador ZnO/LiOH também apresentou conversão de aproximadamente 4%,
próxima a conversão obtida pelo ZnO/NaOH.

4 CONCLUSÃO
Através das análises efetuadas, percebe-se que a catálise homogênea apresentou melhor
rendimento frente à catálise heterogênea, aproximadamente 99% durante 60 minutos de
reação, porém a catálise heterogênea se apresentou ativa, na qual se obteve conversões de
aproximadamente 5 e 4% para o ZnO/NaOH e ZnO/LiOH respectivamente, o que estimula a
muitos cientistas a continuar estudando e aprimorando as técnicas para que melhores
conversões possam ser alcançadas.

5 AGRADECIMENTOS
Aos técnicos e estagiários do laboratório de química do CEFETES.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Daboud, M. J.; Daboud, V. B.; Hurtado, G. H.; Aguiar, F. B.; Batista, A. C. F.; Hurtado, C.
R.; Figueira, A. C. B.; Anais do Congresso Internacional de Biodiesel, Ribeirão Preto,
Brasil, 2003.

Dorado, M. P.; Ballesteros, E.; López, F. J.; Mittelbach, M.; Energy Fuels 2004, 18, 77.

Encinar, J. M.; González, J. F.; Rodríguez, J. J.; Tejebor, A.; Energy Fuels 2002, 16, 443.

Meher, L.C., Vidya Sagar, D., Naik, S. N., Ren. & Suit. En. Rev. 2004, 1-21.

Noureddini, H.; Medikonduru, V.; J. Am. Oil. Chem. Soc. 1997, 74, 419.
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1242
Rodrigues, R.; Agroanalysis 2001,21,66.

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1243
COMPETIÇÃO ENTRE VARIEDADES DE ALGODÃO COLORIDO
EM SAFRINHA

Helder Luciano Barassa, UFLA, hbarassa@yahoo.com.br


Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br
Franz Rodrigues Ferreira, UFLA, frazcouto@yahoo.com.br
Leandro Dariolli, UFLA, le_dariolli@yahoo.com.br
Antonio Carlos Fraga, DAG\UFLA, fraga@ufla.br
Samuel Pereira de Carvalho, DAG\UFLA, samuel@ufla.br

RESUMO : O objetivo do ensaio foi avaliar o desempenho produtivo e características


agronômicas de 3 cultivares de algodão colorido sendo elas BRS Verde, BRS Rubi e BRS
Safira, nas condições do Estado de Minas Gerais. Para tanto, foi instalado 1 ensaio de
competição de variedades de algodão colorido conduzido na Universidade Federal de Lavras.
O delineamento estatístico utilizado foi bloco casualizado com 10 repetições para cada
tratamento. Foi observado que a variedade BRS Rubi apresentou maior produtividade, e
houve diferença significativa entre as variedades somente em relação a número de frutos e
número de ramificações por planta.

Palavras-chave: algodão colorido, competição, safrinha

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1244
1 INTRODUÇÃO
O algodão de fibra branca foi alvo, desde a metade do século XX, de constantes
trabalhos de melhoramento genético e, como resultado, foram produzidas cultivares de
desempenho superior e adaptadas. O algodão de fibra colorida, porém, não foi tão estudado
no passado e, com isto, acentuou-se a diferença de rendimento e de fibra entre ele e os de
fibra branca. Mais recentemente, em alguns países começou-se a trabalhar com os algodões
de fibra colorida, no intuito de se obter cultivares com boas características de fibras coloridas,
inclusive no Brasil. Na década de 90, a Embrapa Algodão passou a promover pesquisas para
o desenvolvimento de cultivares de algodoeiro adaptáveis às condições do Cerrado brasileiro.
A principal vantagem do emprego da fibra colorida é a eliminação do uso de corantes na fase
de acabamento do tecido, o que reduz o impacto ambiental do processo de tingimento, e outra
vantagem da fibra naturalmente colorida é o prêmio de até 100% que pode ser obtido pelos
produtores, em relação à fibra branca convencional. Mas o algodão colorido também
apresenta desvantagens, pode contaminar algodões brancos durante o cultivo e o
beneficiamento deve ser realizado separadamente. Sua produtividade é cerca de 10% menor
do que as variedades brancas comerciais e a pluma colorida nem sempre alcança as
exigências da fiação industrial. Além disso, são poucas as opções de cores e há problemas de
comercialização, dada a grande incerteza que ainda existe nesse mercado.
Para utilização segura dessas cultivares é necessário a sua avaliação quanto a
produtividade, características agronômicas e de fibra. Assim, nesse trabalho foram avaliadas
três variedades de algodoeiro colorido desenvolvidos pela Embrapa.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
Os ensaios foram conduzidos na condição de sequeiro em área experimental da
Universidade Federal de Lavras. O experimento foi constituído por 16 linhas com 20 metros
de comprimento cada, sendo cada linha dividida em 4 parcelas de 5 metros cada, totalizando
64 parcelas, onde foram escolhidas 10 parcelas. Foi delimitado 1 metro de cada parcela para
análise. O espaçamento foi de 0,90 m entre linhas e com média de 8 a 12 plantas por metro.
O delineamento experimental utilizado foi bloco casualizado com 3 tratamentos, sendo a
variedade BRS Safira (tratamento A), BRS Rubi (tratamento C) e BRS Verde (tratamento D)
com 10 repetições. O manejo de adubação e controle de plantas daninhas são apresentadas a
seguir.

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1245
O experimento foi semeado no dia 19/12/2006, com adubação de plantio de 200 kg de
20-05-20/ha. Posteriormente ao plantio foi feito pulverização de herbicida (glifosato) no dia
22/12/2006, 20g/l utilizando bomba costal de 20 litros. Foram realizadas 2 adubações de
cobertura com 200kg de 20-00-20 nos dias 26/01/2007 e 01/03/2007 respectivamente. Foi
realizado raleio com objetivo de estabelecer população de 8 a 10 palntas por metro. A
colheita foi realizada na primeira quinzena de junho/2007.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Gráfico 1 a seguir apresenta a quantidade de plantas por metro, onde verificou-se que
a variedade A apresentou maior número de plantas por metro, seguida da variedade D e
variedade C, porém nao apresentando diferença significativa entre as médias.

Gráfico1 – Quantidade de plantas por metro.

Plantas por metro

9,20 a1
Número de plantas por

9,00 a1
8,80
8,60
metro

8,40
8,20 a1
8,00
7,80
7,60
A D C
Variedades

Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.

O Gráfico 2 mostra altura das plantas, onde verificou-se a variedade A com plantas de
maior altura média, seguida da variedade D e variedade C.

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1246
Gráfico 2 – Altura media de plantas.

Altura

69,00
a1
Altura da palnta (cm)
68,00

67,00
a1
66,00
65,00 a1

64,00
63,00
A D C
Variedades

Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.

O Gráfico 3 mostra o número de ramificação média por planta, onde verificou-se que a
variedade D apresentou maior número de ramificação, seguido da variedade C, e variedade
A.

Gráfico 3 – Número médio de ramificações por planta.

Número de ramificações

8,00 a2
Número de ramificações

7,00 a2
6,00 a1
por planta

5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
A D C
Variedades

Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5%

de probabilidade.

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1247
O Gráfico 4 mostra o número de frutos por planta, onde verificou-se a variedade C com
maior número de frutos, seguida pela variedade D e variedade A.

Gráfico 4 – Número médio de frutos por planta.

Número de frutos por planta

6,00 a2
Número de frutos/planta

5,00 a1 a2
4,00 a1

3,00
2,00

1,00
0,00
A D C
Variedades

Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.

O Gráfico 5 mostra o peso total de fruto por planta, onde verificou-se que a variedade C
apresentou maior peso total de fruto, seguido pela variedade D e variedade A.

Gráfico 5 – Peso total de frutos por planta.

Peso total de fruto por planta

25,00
Peso total de fruto/planta

a1
20,00 a1
a1
15,00
(g)

10,00

5,00

0,00
A D C
Variedades

Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
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1248
O Gráfico 6 mostra o peso médio de cada fruto por planta, onde verificou-se que a
variedade A apresentou maior peso médio, seguido pela variedade D e variedade C.

Gráfico 6 – Peso médio de fruto por planta.

Peso médio de cada fruto por planta

4,60 a1
Peso médio de cada

4,40
a1
fruto/planta (g)

4,20
4,00
a1
3,80
3,60
3,40
3,20
A D C
Variedades

Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.

O Gráfico 7 mostra a produtividade, onde verificou-se que a variedade C apresentou


maior valor, seguido da variedade D e variedade A.

Gráfico 7 – Média da produtividade.

Produtividade com 20000 plantas/ha

4500,00 a1
4000,00 a1
produtividade (kg)

3500,00 a1
3000,00
2500,00
2000,00
1500,00
1000,00
500,00
0,00
A D C
Variedades

Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
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1249
Área da parcela contém 0,9 m² (1m x 0,9m)

4 CONCLUSÃO
A variedade BRS Rubi obteve maior produtividade entre as variedades, com menor
número de plantas por metro, menor peso médio de fruto, maior peso total de frutos por
planta conseqüência do maior número de frutos. A variedade BRS Verde apresentou maior
número de ramificações por planta. A variedade BRS Safira apresentou maior altura média
de plantas. Houve diferença significativa entre as variedades somente em relação a número
de frutos e número de ramificações por planta.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, L.P. Avaliação de cultivares de algodoeiro herbáceo na região do triângulo
mineiro Inc III CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 3, Campo Grande- MS, 2001:
Produzir sempre, o grande desafio. P. 718-719.

Aguiar, P. H.; Melo, j. c. f. DE.; BARROS, J. J. DE.; Costa, M. C. DA.; Branco, E. DE. O.;
Ensaio de competição de cultivares de algodão no estado de Mato Grosso, safra 2003/2004,
FUNDAÇÃO MT.

EMBRAPA ALGODÃO. BRS 200 marrom: cultivar de algodão de fibra colorida.


Campina Grande: Embrapa CNPA, 2002. (Folder).

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1250
CARACTERÍSTICAS BROMATOLÓGICAS DA TORTA DE NABO
FORRAGEIRO (Rafhanus sativus)

Eric H. C. B. van Cleef, DZO-UFLA, ericvancleef@gmail.com


Arnaldo Prata N. Júnior, CEFET-RP, DZO-UFLA, apnjr@hotmail.com
Everton E. S. Borges, DZO-UFLA, santoborges@gmail.com
René Maurício P. Pardo, UNISUCRE , DZO-UFLA, re_patino@yahoo.com
José Cleto S. Filho, DZO-UFLA, cleto@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG-UFLA, pedrocn@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG-UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Estudar alimentos concentrados que propiciem um bom desempenho animal e


apresentem principalmente baixo custo de aquisição, é de suma importância para substituição
total ou parcial de fontes consagradas, como o farelo de soja, que apresenta boa qualidade,
mas alto custo. Este trabalho, teve por objetivo determinar as características bromatológicas
da torta do nabo forrageiro, com vistas na sua utilização na alimentação animal. Foram
determinados os teores de matéria seca (MS), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), carboidratos não fibrosos (CNF), extrato etéreo (EE), proteína bruta
(PB) e cinzas (MN). Os resultados obtidos foram: 94,82%; 27,25%; 21,94%; 2,55%; 23,7%,
37,5% e 9.0%, respectivamente. A torta do nabo forrageiro apresentou grande potencial para
participar como matéria-prima nas dietas de ruminantes. Deve-se tomar cuidado com as
quantidades a serem ministradas paras animais ruminantes, visto que o teor de óleo presente
neste material é elevado. Mais pesquisas devem ser realizadas com este subproduto para
melhores esclarecimentos quanto à digestibilidade das suas frações, níveis de inclusão e
desempenho dos animais.

Palavras-chaves: Rafhanus sativus , alimentos alternativos, nutrição animal.

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1250
1 INTRODUÇÃO
A busca de alimentos alternativos e de baixo valor comercial, como os resíduos e
subprodutos agrícolas, representam uma forma de minimizar os gastos com alimentação.
Os ruminantes apresentam sistema digestivo composto por rúmen, retículo, omaso,
abomaso e intestinos delgado e grosso. Os dois primeiros compartimentos funcionam como
uma câmara fermentativa, na qual os alimentos ditos “grosseiros”, porção fibrosa das plantas
e subprodutos são digeridos com posterior metabolização, dando origem a alimentos de
elevado valor nutritivo, como leite e carne.
Desta forma, estes animais exercem importante papel no aproveitamento de resíduos e
subprodutos da agricultura na sua alimentação, que não seriam de grande utilidade para outros
fins, fazendo com que estes sejam reciclados, além de reduzir a demanda por alimentos mais
nobres (cereais) voltados à alimentação humana e de outras espécies animais, como aves e
suínos (Townsend et al.,1997).
A viabilidade da utilização de resíduos e subprodutos agroindustriais como alimento
para ruminantes, requer trabalhos de pesquisa e desenvolvimento, visando a sua
caracterização, aplicação de métodos de tratamento, determinação de seu valor nutritivo, além
de sistemas de conservação, armazenagem e comercialização (Townsend et al.,1997).
Dentre os vários fatores a serem considerados na escolha de um subproduto a ser
utilizado na alimentação de ruminantes, destacam-se: a quantidade disponível; a proximidade
entre a fonte produtora e o local de consumo; as suas características nutricionais; os custos de
transporte, condicionamento e armazenagem (Townsend et al.,1997).
Os óleos vegetais têm sido largamente investigados como candidatos a programas de
energia renovável, pois proporciona uma geração descentralizada de energia, valoriza
potencialidades regionais e oferece alternativa a problemas econômicos e sócio-ambientais de
difícil solução.
Nesse contexto o Brasil se encontra em uma condição que país algum jamais esteve na
história do mundo globalizado. Com evidente decadência das fontes fósseis, nenhuma outra
região tropical tem porte e condições tão favoráveis para assumir a posição de um dos
principais fornecedores de biocombustíveis e tecnologias limpas para o século XXI (VIDA,
2000).
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o consumo aparente de
óleo diesel é crescente e a partir de 2013, o mercado superará 2,4 bilhões de litros.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1251
Visto os números gerados por esta futura demanda de matéria prima para produção do
biodiesel no Brasil, não podemos esquecer que ao longo do processo de extração do óleo
geram-se as tortas (obtidas através da prensagem a frio) e os farelos (obtidos através do uso de
solventes), que possuem potencial para serem utilizados na alimentação animal. Porém, ainda
há poucas informações a respeito das novas fontes como o nabo forrageiro.
Segundo Crochemore e Piza (1993), O nabo forrageiro é uma planta da família das
Crucíferas, muito utilizada para adubação verde no inverno, rotação de culturas e alimentação
animal. É uma planta muito vigorosa, que em 60 dias cobre cerca de 70% do solo. Seu
sistema radicular é pivotante, bastante profundo, atingindo mais de 2 metros. Seu
florescimento ocorre aos 80 dias após o plantio, atingindo sua plenitude aos 120 dias. Não há
ocorrência de pragas ou de doenças que mereçam controle.
Estudar alimentos que propiciem um bom desempenho animal e apresentem,
principalmente, baixo custo de aquisição, viabilizando a utilização deste na dieta, é de suma
importância para o produtor que, muitas vezes, tem em suas mãos produtos e/ou subprodutos
da agricultura, mas não conhece o seu valor nutricional nem os efeitos sobre o desempenho
animal.
A utilização da torta do nabo forrageiro na alimentação animal tem despertado o
interesse de vários produtores, que em certos casos fornecem este alimento aos animais
mesmo sem saber informações básicas, como sua composição química, quantidade a ser
fornecida e limitação de consumo. Este trabalho teve por objetivo determinar as
características bromatológicas da torta do nabo forrageiro, com vista na sua utilização na
alimentação animal.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi conduzido nas dependências da Universidade Federal de Lavras
(UFLA), em Lavras, MG, no período de 10/08 a 20/08/2006.
As amostras da torta da semente do nabo forrageiro foram obtidas no Departamento de
Engenharia da UFLA, da qual foi retirada uma sub-amostra sem variedade definida, estas
foram conservadas sob refrigeração, e, posteriormente encaminhadas para análise
bromatológica no Laboratório de Pesquisa Animal do Departamento de Zootecnia, onde
foram determinados os teores de matéria seca (MS), carboidratos não fibrosos (CNF), extrato
etéreo (EE), proteína bruta (PB) e cinzas (MN) conforme metodologia preconizada pelo

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1252
AOAC (1984) e fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) segundo
Goering e Van Soest (1970).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise bromatológica da torta do nabo forrageiro são apresentados na
Tabela 1.

Tabela 1 – composição química da torta de nabo forrageiro

MS(%) FDN(%)* FDA(%)* CNF(%)* EE(%)* PB(%)* MN(%)*


94,82 27,25 21,94 2,55 23,7 37,5 9,0
* Valores expressos com base em 100% de matéria seca

Segundo Valadares et al. (2002) a torta de algodão possui em média 90,34% de MS e de


acordo com Park (1997), as tortas de girassol e de soja possuem em média 89,5 e 90,0% de
MS. O valor obtido de MS da torta do nabo foi de 94,82%, próximo à maioria das tortas das
demais oleaginosas.
O conteúdo da FDN se relaciona com a ingestão de fitomassa seca e a energia de
volumosos e concentrados pelos ruminantes (Conrad et al., 1966). O valor determinando neste
trabalho foi de 27,25%, mostrando que não há tendência de diminuição da ingestão de matéria
seca devido ao baixo valor de FDN apresentado.
Segundo Mertens (1994) a FDA indica a quantidade de fibra que não é digestível, pois
contém maior proporção de lignina, e quanto menor seu teor (em torno de 30% ou menos)
favorece o aumento no consumo de fitomassa seca pelo animal. O valor observado neste
trabalho foi de 21,94%, considerado baixo e com perspectivas de boa digestão da parte
fibrosa.
O teor de extrato etéreo foi de 23,70 % da MS, indicando que se deve tomar cuidado
com a quantidade a ser ministrada para ruminantes, devido ao teor elevado de óleo, uma vez
que, a adição de lipídeos na ração em níveis superiores a 7% da matéria seca pode prejudicar
a degradação do alimento. Os lipídeos presentes na maioria dos alimentos utilizados na
alimentação animal possuem em sua constituição maiores proporções de ácidos graxos
insaturados (Van Soest, 1994), que são tóxicos aos microrganismos ruminais, principalmente
às bactérias Gram-positivas e aos protozoários, e aderem à partícula do alimento criando uma
barreira física à ação de microrganismos e de enzimas microbianas (Jenkins, 1993).

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1253
O alto valor de proteína bruta (PB) obtidos nesta análise (37,5%) sugere que este
subproduto pode ser utilizado como fonte protéica para os animais, substituindo fontes de
alimentos tradicionais, porém, deve-se levar em consideração, a qualidade e perfil de
aminoácidos desta fonte e as mudanças provocadas no comportamento animal, principalmente
no nível de consumo de alimentos, que segundo (Van Soest, 1994), é fundamental para a
nutrição, pois ele determina o nível de nutrientes ingeridos e, então, a resposta do animal.

4 CONCLUSÃO
A torta do nabo forrageiro apresentou grande potencial para ser utilizada como alimento
alternativo nas dietas de ruminantes, todavia, é preciso balancear as rações de acordo com as
necessidades nutricionais dos animais.
Deve-se tomar cuidado com as quantidades a serem ministradas paras animais
ruminantes, visto o teor elevado de óleo presente neste material.
Outras pesquisas devem ser realizadas com o nabo forrageiro para melhores
esclarecimentos quanto à digestibilidade das suas frações, níveis de inclusão e desempenho
dos animais.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AOAC, Association of Official Agricultural Chemist. Official Methods of Analysis. 14 ed.
Washington: Willian, S., 1984, 1141p.

BARRETO, C. R. Óleo de dendê substitui petróleo como combustível e matéria prima.


Petro & Química, ano 5, n. 50, Out/1982.

CONRAD, H.R.; PRATT, A.D.; HIBBS, J.W. Regulation of feed intake in dairy cows. J.
Dairy Sci., 47: 54-62, 1966.

CROCHEMORE, M. L.; PIZA, S. M. T. Germinação e sanidade de sementes de nabo


forrageiro conservados em diferentes embalagens. Pesq. Adropec. Bras., v.29, n.5, p.677-
680, 1994.

GHASSAN, T. A.; MOHAMAD I. AL-WIDYAN,B.: ALI O, A. Combustion performance


and emissions of ethyl ester of a waste vegetable oil a water-cooled furnace. Appl.
Thermal Eng., v.23, p.285-293, 2003.

GOERING, H. K.; VAN SOEST, P. J. Forage fiber analyses: apparatus, reagents,


procedures and some aplications. Washington: USDA, ARS, 1970. (Agricultural
Handbook, 379).

JENKINS, T.C. Lipid metabolism in the rumen. Journal of Dairy Science, v.76, p.3851-
3863, 1993.
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1255
PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.) EM DIFERENTES
ARRANJOS POPULACIONAIS

Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br


João Vieira Monteiro, UFLA, jovimon@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
André Esteves Nogueira, UFLA, andreesteves86@bol.com.br
Marcelo Teixeira Resende, UFLA, marceloteixeira@yahoo.com.br

RESUMO: A cadeia produtiva do algodão é uma das principais do Brasil e também do


mundo. Emprega mais de um milhão de pessoas diretamente, apenas nos setores industriais.
Quando um produtor de algodão investe em tecnologia, no manejo e práticas
conservacionistas de solo, em sementes de boa qualidade, fertilizantes, defensivos, etc., ele
tem por objetivo obter bons rendimentos e, particularmente, bom retorno do capital investido.
A configuração da semeadura é um passo importante na definição da produtividade final da
lavoura. O presente trabalho tem como objetivo testar diferentes arranjos populacionais da
variedade Delta Opal objetivando uma maior produtividade.

Palavras-Chave: Matéria prima, fibra, densidade de plantio.

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1256
1 INTRODUÇÃO
A fibra do algodão é considerada a mais importante fibra têxtil natural, considerando o
aparecimento de inúmeras fibras sintéticas. Essa importância deve-se a fatores como a
multiplicidade dos produtos dele originados, ou a posição de destaque no setor
socioeconômico, uma vez que se encontra entre as principais culturas, na maioria dos países
nos quais se explora o seu cultivo comercial.
As pesquisas geradas no Brasil têm conseguido, nos últimos 10 anos, elevar a
produtividade média da cultura, para os atuais 2.800 kg.ha-1. Esse aumento foi possível,
principalmente, em decorrência de trabalhos que resultaram na obtenção de novas cultivares
mais produtivas de algodoeiro. Dentre estes, destacam-se os trabalhos desenvolvidos pelo
Instituto Agronômico de Campinas (IAC/SP), Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR/PR),
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG/MG), Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, por meio do Centro Nacional de Pesquisa do Algodão
(EMBRAPA/CNPA-PB) e Fundação MT.
A adoção de tecnologias que visam à elevação dos atuais níveis de produtividade da
cultura torna-se bastante importante, em razão dos constantes aumentos nos custos de
produção em nosso país. Este objetivo pode ser alcançado, por exemplo, mediante a utilização
de sementes melhoradas, população ajustada, tratos culturais adequados, época de plantio
apropriada e fertilização equilibrada. Todos esses fatores variam de região para região e de
ano para ano, necessitando sempre de experimentação, visando à melhoria e à adequação das
técnicas a determinadas situações especificas.
As condições ambientais são determinantes na definição da produtividade (Baker et al.
1970). Assim, é necessário testar os sistemas de plantio em locais e épocas diferenciados, de
forma a definir a melhor opção. Os fatores climáticos que são determinantes para a produção
de algodão são a temperatura, Reddy et al. (1992) afirmam que, dentre os fatores ambientais,
a temperatura é o que mais afeta a produção esterilidade do algodoeiro e problemas de
retenção de capulhos estão associados à alta temperatura ambiente e outro fator importante
para o sucesso da cultura é a disponibilidade de água no solo. Na Índia, a inadequada e
irregular distribuição de chuvas, em grande parte da área plantada com algodão conduz ao
freqüente fracasso da cultura (Shanmughan, 1992).
Estudos sobre espaçamento e densidade de plantio na cultura do algodão têm
evidenciado acentuadas mudanças no comportamento dos componentes de produção e
características da planta. Estas são fortemente influenciadas pela penetração de luz (insolação)

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1257
através do dossel da planta (Guinn, 1974; Abrahão, 1979; Freire, 1983; Kittock et al., 1986;
Heitholt et al. 1992).
De acordo com Freire (1983), as pesquisas sobre população e espaçamento,
desenvolvidas continuamente, objetivam justamente encontrar um sistema que maximize a
taxa de fotossíntese líquida por unidade de área, aumentando, dessa forma, a produtividade da
cultura. Segundo esse autor, em plantios mais densos, a menor intensidade luminosa ocasiona
maiores perdas na parte inferior das plantas, onde o fluxo radiante é menos intenso. Tais
perdas podem ser avaliadas pela maior queda de flores e frutos, conforme resultados de
Abrahão (1979).

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Departamento de Agricultura da Universidade Federal
de Lavras (UFLA), durante o ano agrícola 2006/07. A Estação Climatológica Principal de
Lavras, que forneceu os dados climatológicos durante a execussão do experimento, está
situada a 21o14' de latitude sul, 45o00' de longitude oeste, a 918,8 metros de altitude, em solo
originariamente sob vegetação de cerrado, classificado como Latossolo Vermelho
Distroférrico (Embrapa, 1999), a uma distância de aproximadamente 500 metros do
experimento, na direção oeste.
Foi utilizado o delineamento estatístico em blocos ao acaso, com quatro repetições, em
esquema fatorial 4x4, envolvendo quatro espaçamentos entre linhas (0,76; 0,86; 0,96 e 1,06
m) e quatro densidades de plantas (6, 8, 10 e 12 plantas por metro). As combinações
forneceram as populações de plantas apresentadas na Tabela 1. As parcelas foram constituídas
por quatro linhas de 5 m e a área útil foi formada pelas duas linhas centrais, eliminando-se 0,5
m em cada extremidade.

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1258
Tabela 1 - Populações (plantas.ha-1) obtidas nos 16 tratamentos utilizados. UFLA, Lavras,
MG, 2002.
Espac. (m) DENSIDADE (plantas.metro-1)
(m) 6 8 10 12
0,76 T1=78.947 T5=105.263 T9=131.579 T13=157.89
5
0,86 T2=69.767 T6=93.023 T10=116.27 T14=139.53
9 5
0,96 T3=62.500 T7=83.333 T11=104.16 T15=125.00
6 0
1,06 T4=56.604 T8=75.472 T12=94.340 T16=113.20
8

As sementes, da cultivar DELTA OPAL*, foram fornecidas pela Empresa MDM*.


Após serem previamente deslintadas com ácido sulfúrico comercial (1litro/10 kg sementes) e
tratadas com pentacloronitrobenzeno (PCNB) na dose de 7,5 g do produto comercial
(plantacol) por kg de sementes, foram semeadas manualmente, na área experimental.
Foram realizados dois desbastes, de forma a garantir o estande planejado: o primeiro,
aos 15 dias após a emergência das plantas, deixando-se o dobro do estande pretendido; o
segundo, aos 30 dias após a emergência, caracterizando-se os estandes definidos nos
tratamentos.
Foram realizadas medições por ocasião da colheita com o auxílio de uma régua
graduada. A altura de inserção do primeiro ramo frutífero correspondeu à distância entre o
nível do solo e a inserção deste primeiro ramo.
A altura de plantas é a medida correspondente à distância entre o nível do solo e a
extremidade da haste principal. As medições, no presente estudo, foram feitas por ocasião da
colheita, com o auxílio de régua graduada.
Contagens foram realizadas desde o aparecimento do primeiro botão floral, até o
desenvolvimento completo das maçãs. Os intervalos foram de 10 dias entre uma contagem e
outra, totalizando um número de seis(6) contagens, realizadas no período de 11/03/2001 a
12/05/2001. Com estes dados, determinou-se a percentagem de pegamento dos frutos em cada
tratamento.

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1259
Correspondeu ao total de capulhos obtidos na colheita. Contagens foram realizadas,
durante o processo de colheita, em todas as plantas presente nas parcelas experimentais dentro
da área útil.
Foram contados os ramos frutíferos e vegetativos formados nas plantas de algodão, em
todas as plantas presentes nas parcelas experimentais.
O peso total do algodão em caroço colhido nas duas linhas da área útil de cada parcela.
Foi obtido em balança de precisão e o resultado transformado em quilogramas por hectare
(kg.hectare-1).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Tabela 2 encontra-se a análise de variância para dados de altura de inserção do
primeiro ramo frutífero. Os resultados médios obtidos para esse parâmetro são apresentados
na Tabela 2. Nas condições em que foi desenvolvido o experimento, não foram observadas
diferenças estatística significativa para os tratamentos estudados.
Algumas características, como número de ramos vegetativos, altura de plantas e altura
de inserção do primeiro ramo vegetativo, foram estudadas por diferentes autores, com
resultados variáveis, em função das condições e dos tratamentos experimentais usados
(Bellettini, 1988; Lamas, 1988; Pinto, 1989; Kerby, Cassman e Keeley, 1990).
Resultados mostrados por Lamas (1988) e Banci (1992) revelam que a redução do
espaçamento entre fileiras promoveu maior altura de inserção do primeiro ramo frutífero. Essa
conclusão não está de acordo com os resultados deste experimento, em que a altura média
observada foi de 29,2 centímetros, não havendo variação dentre os tratamentos.

Tabela 2 - Resultados médios das alturas de inserção do primeiro ramo frutífero (cm), obtidos
em diferentes espaçamentos e densidades de plantio. UFLA, Lavras, MG, 2002.
Espac. (m) Densidade (plantas.metro-1)
6 8 10 12 Média
0,76 29,3 26,5 31,5 30,0 29,3
0,86 28,8 28,8 29,5 29,8 29,2
0,96 28,3 28,8 28,8 32,0 29,6
1,06 29,5 27,8 29,8 29,0 29,0
Média 28,9 27,9 29,9 30,2 29,2

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1260
A análise de variância dos dados de altura de plantas encontra-se no Tabela 2. Os
resultados médios obtidos para esse parâmetro são apresentados na Tabela 3.
Dentre os fatores que afetam a produção de algodão em caroço, a altura das plantas
apresenta-se como uma característica importante. Isso porque plantas muito altas (>1,60
metros) dificultam a colheita mecanizada, reduzindo-lhe a eficiência (Gridi-Papp et al. 1992).
Nas condições do experimento, verificou-se que, ao variar somente o espaçamento ou
apenas a densidade, não houve diferença estatística significativa para a altura das plantas.
Estes resultados estão de acordo com aqueles obtidos por Kirk, Brashears e Hudspeth, (1969).
Esse autores verificaram a ocorrência de uma variação significativa na característica altura de
planta, à medida que reduziu o espaçamento entre fileiras e entre plantas na fileira.

Tabela 3 - Resultados médios de altura de planta (cm), obtidos em diferentes espaçamentos e


densidades de plantio. UFLA, Lavras, MG, 2002.
Espaç. (m) Densidade (plantas.metro-1)
6 8 10 12 Média
0,76 126,5 Aa 111,3 Bb 119,5 Aa 110,3 Bb 116,9
0,86 114,0 Ab 114,0 Bb 129,0 Aa 110,0 Bb 116,7
0,96 118,3 Aa 127,0 Aa 117,3 Aa 125,3 Aa 121,9
1,06 119,3 Aa 123,8 Aa 116,0 Aa 124,3 Aa 120,8
Média 119,5 119,0 120,4 117,4 119,1

Na coluna, as médias seguidas da mesma letra maiúscula, e na linha, as médias seguidas


da mesma letra minúscula não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott (1974), a 5% de
probabilidade.
Observa-se que não houve diferenças significativas entre os espaçamentos ou as
densidades de plantio e nem na interação entre esses fatores. Os resultados médios de número
de ramos formados por planta nos diferentes tratamentos, dados obtidos no ato da colheita,
encontram-se nas Tabela 4 para ramos reprodutivos.

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1261
Tabela 4 - Resultados médios do número de ramos reprodutivos (frutíferos) formados por
planta, obtidos em diferentes espaçamentos e densidades de plantio. UFLA, Lavras, MG,
2002.
Espaç. (m) Densidade (plantas.metro-1)
6 8 10 12 Média
0,76 10,3 8,5 9,0 8,3 9,0
0,86 9,8 9,0 9,3 8,0 9,0
0,96 9,8 10,8 9,3 10,0 9,9
1,06 9,8 10,0 9,5 9,0 9,6
Média 9,9 9,6 9,3 8,8 9,4

Os resultados médios de número de maçãs por planta, formadas nos diferentes dias de
leitura, encontram-se na Tabelas 5.

Tabela 5 - Resultados médios do número de maçãs formadas nas plantas de algodão, obtidos
em diferentes espaçamentos e densidades de plantio. UFLA, Lavras, MG, 2002.
Espaç. (m) Densidade (plantas.metro-1)
6 8 10 12 Média
0,76 18,1 15,0 13,5 10,6 14,3 B
0,86 17,6 15,4 14,2 12,7 15,0 B
0,96 17,8 17,9 13,7 14,2 15,9 B
1,06 21,0 19,3 16,8 14,9 18,0 A
Média 18,2 a 16,8 a 14,1 b 13,9 b 15,9

Na coluna, as médias seguidas da mesma letra maiúscula e, na linha, as médias seguidas


da mesma letra minúscula não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott (1974), a 1% de
probabilidade.
O número de capulhos formados por planta nos diferentes tratamentos obtidos no ato da
colheita estão na Figura 1.

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1262
13
y = -0,55x + 15,2

Número de capulhos
12 R2 = 0,9353

11
10
9
8
CV =
7
5 6 7 8 9 10 11 12 13
Densidade (plantas.metro-1)

Figura 1 - Número total de capulhos de algodão, obtidos em diferentes densidades de plantio,


no ato da colheita. UFLA, Lavras, MG, 2002.
O maior número de frutos formados ocorreu na densidade de 6 plantas por metro. Esse
resultado mostra que à medida em que se aumentou a densidade, ocorreu diminuição no
número de frutos retidos nas plantas. Isso, possivelmente, deve-se à maior competição entre
as plantas que compunham a parcela. Essa perda pode ser calculada pela equação y = -0,55x +
15,2 sendo x os níveis de densidade.
Para o espaçamento de 76 centímetros entre linha, a Figura 9 mostra que o resultado
apresentou uma menor retenção dos frutos formados devido ao pouco espaço existente entre
as plantas. Mostra também que, à medida que aumentou este espaço entre linhas de plantio,
houve aumento na retenção dos frutos. Isso provavelmente, ocorreu por não haver competição
entre as plantas e, consequentemente, uma possível menor ocorrência de autossombreamento.

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1263
11,5

Número de capulhos
y = 0,055x + 5,245
11 R2 = 0,9537

10,5

10

9,5
CV = 15,7%
9
70 80 90 100 110
Espaçamentos (cm)

Figura 2 - Número total de capulhos de algodão obtidos em diferentes espaçamentos de


plantio, no ato da colheita. UFLA, Lavras, MG, 2002.
Na Figura 3 encontram-se os resultados médios da produção total de algodão em caroço
obtidos nos diferentes espaçamentos. Na Tabela 16 é possível notar a produção relativa (%)
de algodão em caroço de diferentes espaçamentos e densidades. O quadro 2A mostra
resultados da análise de variância dos dados de produção de algodão em caroço.

2300
y = -12,341x + 3114,3
Produção (Kg.ha-1)

2150 R2 = 0,8166

2000

1850
CV = 15,9%
1700
70 80 90 100 110
Espaçamento (cm)

Figura 3 - Produção total (kg/ha) de algodão em caroço, obtidos em diferentes espaçamentos


de plantio. UFLA, Lavras, MG, 2002.

A produção de algodão em caroço não depende só da obtenção de plantas uniformes,


saudáveis e vigorosas. Depende também de adequado número de plantas por unidade de área
Milton e Supak (1980), trabalhando com as cultivares Ricolt 90 e Playmaster 226, no Texas,
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1264
EUA em diferentes espaçamentos entre fileiras, não encontraram diferenças na produção de
algodão, inclusive para o tratamento de fileiras duplas (0,25x0,75 metro).

Tabela 6 - Produção relativa (%) de algodão em caroço de diferentes espaçamentos e


densidades. UFLA, Lavras, MG, 2002.

Espaçamento (cm) 76 86 96 106


Contribuição (%) 120 % 107 % 100 % 107 %

Na Tabela 6 nota-se que a produção de algodão em caroço sofreu influência dos


tratamentos. Isto porque, nos espaçamentos menores, ocorreu uma maior formação, ou seja,
retenção de frutos, devido ao maior número de plantas por área. Além disso para cada unidade
aumentada no espaçamento reduz-se a produção total em 12,341 vezes, como mostra a
equação.

4 CONCLUSÃO
Em espaçamentos maiores, ocorreu uma maior incidência de frutos formados no
baixeiro das plantas.
Tratamentos de espaçamentos menores e com maiores densidades propiciam maior
incidência de abortamento de frutos.
A maior quantidade de frutos formados por planta ocorre aos 120 dias após a
emergência, com queda representativa aos 130 dias devido à excesso de estruturas vegetativa
(folhas e ramos) e também estruturas reprodutivas (botões florais, flores e frutos).
À medida que diminui o espaçamento, induz-se a planta a maiores produções.
Aumentando-se a densidade de plantas por metro, proporciona uma redução na produção do
baixeiro e aumenta-se a produção no ponteiro. Esta produção não é significativa, pois os
frutos do ponteiro são menores e menos desenvolvidos.
Os frutos de primeiras posições dos ramos reprodutivos das plantas de algodão são os
responsáveis pela maior contribuição da produção de algodão em caroço.
As características tecnológicas de fibra, avaliadas por este experimento, não sofreram
influência significativa ao variar o espaçamento e a densidade de plantio.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1270
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E LIMITAÇÕES DA UTILIZAÇÃO DA
TORTA DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) NA ALIMENTAÇÃO
ANIMAL

Eric H. C. B. van Cleef, DZO-UFLA, ericvancleef@gmail.com


Arnaldo Prata N. Júnior, CEFET-RP, DZO-UFLA, apnjr@hotmail.com
René Maurício P. Pardo, UNISUCRE, DZO-UFLA, re_patino@yahoo.com
José Cleto S. Filho, DZO-UFLA, cleto@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG-UFLA, pedrocn@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG-UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar a composição química da torta do
pinhão manso e discutir a possibilidade da inclusão deste subproduto na alimentação animal.
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) tem se tornado uma das mais promissoras fontes de
óleo para a produção de biodiesel e, devido a esse crescimento, a disponibilidade de
subprodutos como tortas e farelos é eminente. Foram feitas análises de matéria seca (MS),
proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), cinzas (MN), matéria orgânica (MO) e hemicelulose (HE) e os
valores obtidos foram: 91,58%; 25,43%, 24,16%, 44,46%, 43,15%, 5,8%, 94,2% e 1,31%,
respectivamente. Estes resultados indicam o potencial de uso da torta de pinhão manso como
substituto de alimentos concentrados protéicos, mas há limitações na utilização, devido à
presença de fatores antinutricionais (fitatos e inibidores de tripsina) e tóxicos (ésteres de
forbol e curcina): Porém, já existem métodos para a detoxicação e inativação desses fatores.
Mais pesquisas são necessárias para analisar a viabilidade de inclusão da torta de pinhão
manso na alimentação animal e avaliar os possíveis métodos de eliminação e/ou inativação de
toxinas.

Palavras-chave: Jatropha curcas L., fatores antinutricionais, nutrição animal.

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1271
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é um arbusto da família das euforbiáceas, é nativo
da América do Sul e tem sido explorado agronomicamente com sucesso na América Central,
Índia e África. Esta planta já é conhecida no Brasil desde o período colonial, porém, seu
processo de domesticação iniciou-se somente nos últimos 30 anos (Saturnino et al., 2005).
Esta planta também é conhecida como pinhão-de-purga, pinhão-de-cerca, purgante-de-cavalo,
manduigaçu, figo-do-inferno entre outros.
Podemos encontrar o Pinhão Manso em regiões tropicais de todo o mundo e cresce
rapidamente em solos pedregosos e de baixa umidade (Makkar et al., 1998). É um arbusto que
chega até 4m de altura e é latescente, possui folhas alternas, longo-pecioladas, cordiformes,
levemente lobadas, com cinco lobos. As flores são unissexuadas, pequenas, pentâmeras,
amarelo-esverdeadas em panículas terminais ou axilares e com as flores masculinas ocupando
as extremidades superiores dos ramos. Os frutos são cápsulas tricocas, coriáceas, lisas com
três sementes lisas e escuras.
Segundo Aregheore et al. (2003) o Pinhão Manso é uma planta de multipropósito pois
possui propriedades medicinais e também fornece óleo para variadas funções. Com isso, tem
ganhado cada vez mais importância econômica.
Com o advento da produção de biodiesel no Brasil, gera-se uma grande expectativa
quanto à utilização do pinhão manso devido as suas vantagens de utilização em relação a
matérias primas já conhecidas, como por exemplo, a mamona, a soja, o girassol e o algodão.
Dentre estas vantagens estão as seguintes: é uma cultura perene, possui uma menor exigência
hídrica, menor exigência nutricional, e principalmente seu grande rendimento agronômico,
com média de 5 toneladas de semente por hectare, o que significa 1,75 toneladas de óleo
vegetal por hectare, ou seja, quase quatro vezes o rendimento do óleo da mamona (Paulino et
al., 2006).
Com o aumento do interesse no cultivo de plantas oleaginosas destinadas à produção de
biodiesel, há uma enorme oferta potencial de subprodutos oriundos desse processo, como por
exemplo, as tortas e os farelos. E unindo essa disponibilidade de subprodutos da cadeia
produtiva do biodiesel com a necessidade que os produtores rurais têm em diminuir custos, a
utilização desses produtos na alimentação dos animais é eminente e deve ser estudada.
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a composição química da
torta de pinhão manso (Jatropha curcas L.) e avaliar sua possível utilização na alimentação
anima

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1272
2 MATERIAL E MÉTODOS
As análises químicas foram realizadas no laboratório de pesquisa animal do
departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) no período de 3 de
julho à 5 de agosto de 2006. Foram avaliadas amostras de Pinhão Manso (Jatropha curcas L.)
obtidas no departamento de Engenharia da UFLA, sem variedade definida.
As amostras foram submetidas às seguintes análises: matéria seca (MS), proteína bruta
(PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA)
e cinzas (MM), segundo a AOAC (1984) e fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA) segundo Goering e Van Soest (1970).
O valor de matéria orgânica (MO) e hemicelulose (HE) foram obtidos pela diferença
(100-MM) e (FDN-FDA), respectivamente.

3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados das análises de composição química estão descritos na Tabela 1

Tabela 1 – Composição química da torta de pinhão manso (Jatropha curcas L.).


MS PB FDN MM MO
(%) EE (%)* (%)* (%)* FDA (%)* (%)* (%) HE (%)*
91,58 24,16 25,43 44,46 43,15 5,8 94,2 1,31
* Com base em 100% de matéria seca

A concentração de matéria seca de 91,58% sugere que o Pinhão Manso (Jatropha


curcas L.) já passa pelo processo de extração de óleo com teor muito baixo de umidade em
seu conteúdo e que não precisará passar por nenhum processo de secagem após a obtenção da
torta.
A torta de pinhão manso apresentou teor de extrato etéreo de 24,16%, sendo que destes,
80,6% são compostos de ácidos graxos insaturados e apenas 19,4 são ácidos graxos saturados
(CETEC, 1983). Segundo a mesma fonte, o óleo de pinhão manso é rico em ácido oléico
(41,1%) e linoléico (38,1%), o que poderia ocasionar uma maior deposição destes na carne e
leite de ruminantes, obviamente, controlando sua inclusão já que em excesso podem ser
tóxicos para os microorganismos ruminais. Estes resultados mostram a qualidade deste óleo e
com isso a possibilidade do aproveitamento desta torta com fonte energética para os animais.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1273
O valor de proteína bruta (25,43%) sugere que este subproduto pode ser utilizado como
fonte protéica na nutrição animal. Trabalhos mostram que a composição de aminoácidos
essenciais no farelo de pinhão manso é muito semelhante a do farelo de soja (Martinez-
Herrera et al., 2006; Makkar et al., 1998).
Quanto à fibra e às cinzas não podemos fazer inferências quanto aos valores, que apesar
de não serem inferiores a valores encontrados em outras oleaginosas, ainda são necessárias
mais pesquisas para determinar a digestibilidade da fibra, bem como o perfil dos minerais.
Pesquisas incipientes realizadas por Aderibigde et al. (1997) mostram valores de
digestibilidade da matéria orgânica da torta de Pinhão manso em torno de 60% e, do farelo,
em torno de 70%. Porém, um dos grandes problemas encontrados neste tipo de planta é a
grande variabilidade que existe entre as variedades.
Apesar do seu enorme potencial, o pinhão manso apresenta desvantagens em relação às
outras oleaginosas devido à presença de fatores antinutricionais (fitatos e inibidores de
tripsina) e compostos tóxicos (curcina e ésteres de forbol) (Makkar et al., 1997; Martinez-
Herrera et al., 2006). Porém pode ser utilizado na alimentação animal desde que tratamentos
adequados sejam realizados para a redução ou eliminação destes fatores.
Desde que estes fatores antinutricionais e tóxicos foram identificados, vários
tratamentos foram testados para que atingisse a eliminação ou redução destes. O tratamento
mais eficiente foi o tratamento térmico de 121º C por 30 minutos seguidos de quatro banhos
de metanol a 92% (Aregheore et al., 2003).

4 CONCLUSÃO
A torta do pinhão manso apresenta grande potencial de utilização na alimentação animal
devido à sua rica composição química. Ela poderia ser substituta de alimentos convencionais,
porém para sua recomendação é necessária a observação e avaliação dos fatores
antinutricionais e tóxicos presentes. Existe já descrito um tratamento eficiente para a
detoxicação, porém, sua viabilidade econômica é questionável, sendo necessário o
reaproveitamento do metanol utilizado no processo.
Portanto, novas pesquisas são necessárias para avaliar a viabilidade da utilização da
torta de pinhão manso na nutrição animal principalmente em relação a digestibilidade das
frações deste novo alimento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1274
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1275
INFLUENCIA DE ADUBO ORGÂNICO SOBRE O CRESCIMENTO DE
MUDAS DE UMA ESPÉCIE OLEAGINOSA DA AMAZONIA: ANDIROBA
(Carapa guianensis Aubl)

Claudia de Queiroz Blair, CPST/INPA, blair@inpa.gov.br


Paulo de Tarso Barbosa Sampaio, CPST/INPA, sampaio@inpa.gov.br
Maslova Carmo de Oliveira, INPA/FAPEAM, maslova73@hotmail.com
Michell Richard Blind, INPA/UFAM, michell_ricahard@yahoo.com.br

RESUMO: A andiroba (Carapa guianensis Aubl)-Meliaceae, é de grande importância para


as populações tradicionais e para a farmacopéia do Estado do Amazonas. O óleo obtido das
sementes e utilizado na indústria de cosméticos, para a produção de sabonetes, shampoos,
cremes hidratantes, loção pós-barba entre outros. O objetivo deste trabalho foi avaliar
ocrescimento em viveiro de mudas de andiroba, submetidas á diferentes tipos de substratos,
incluindo o emprego da adubação orgânica, como alternativa para diminuir os custos na fase
de produção de mudas. O estudo foi desenvolvido no viveiro florestal da Estação
Experimental de Silvicultura Tropical E. E. S. T/INPA-AM. As plântulas de regeneração
natural foram coletadas com ±15 cm de altura e colocadas em sacos plásticos de 20cm x
32cm, contendo os três diferentes tipos de substrato e distribuídas no viveiro entre os
tratamentos: T1=Areia /argila; T2=Argila/adubo orgânico e T3=Solo de floresta, onde
receberam irrigação diária. Mensalmente foram coletados os dados de altura, diâmetro e
numero de folhas. De acordo com os resultados alcançados, constatou-se que para a variável
altura não houve diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey,
entre os substratos testados. Para a variável diâmetro de colo houve diferença significativa,
com destaque os Tratamentos T2 e T3, que obteveram médias superiores ao, indicando que
tanto o uso de adubação orgânica comercial, quanto a utilização de solo de floresta, (que
possui contida no solo altas concentrações de matéria orgânica em decomposição), são
benéficas ao crescimento da muda, contudo, deve-se tomar cuidado ao adotar solo de floresta
como substrato, pois a retirada de grandes quantidades de camadas superficiais do solo de
florestas pode prejudicar a dinâmica do ecossistema local. Conclui-se que a produção de
mudas com substratos orgânicos é viável para os produtores locais que desejam produzir
mudas de qualidade, e sugere-se a utilização de adubos orgânicos comerciais, por ser uma
fonte de nutrientes que apresenta baixo custo e não ocasiona impacto ao meio ambiente.

Palavras-Chave: Oleaginosas, produção mudas, Carapa guianensis.

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1276
1 INTRODUÇÃO
Dentre as oleaginosas de potencial produtivo e econômico para a Amazônia central,
destaca-se a andiroba (Carapa guianensis Aubl), espécie que apresenta grande importância na
farmacopéia do Estado do Amazonas.
A qualidade de sua madeira fez com que se tornasse uma das espécies nativas mais
estudadas da região, sendo considerada nobre e sucedânea do mogno. Por ser uma espécie de
uso múltiplo, suas sementes também são aproveitadas, pois delas é extraído um dos óleos
medicinais mais utilizados pelos índios e ribeirinhos da Amazônia, conhecido popularmente
como “azeite de andiroba”, que é utilizado na indústria de cosméticos, onde é empregado na
fabricação de sabonetes e shampoos, uma vez que as amêndoas de andiroba contêm 56% de
um óleo amarelo-claro, líquido e transparente, que, quando submetido a uma temperatura
inferior a 25°C, se solidifica a uma consistência semelhante á da vaselina. Este óleo é
composto de substâncias como oleína e palmitina e menores proporções de glicerina
(LOUREIRO et al.,1979).
As características e variadas funções terapêuticas da andiroba tem ação cicatrizante,
antinflamatória e anti-helmíntíca. Também é indicado no tratamento das contusões, estados
doloridos, reumatismos, na produção de velas do tipo castiçais e repelentes entre outros
(Pinto, 1963).
Apesar de todas as formas de uso existentes e de sua importância para as populações
tradicionais, as árvores vêm sendo retiradas, muitas vezes ilegalmente, para sustentar o setor
madeireiro, ocasionando com isso a diminuição das populações naturais e a perda de
toneladas de sementes, que poderiam ser produzidas ao longo do ciclo de vida das
andirobeiras, se as arvores não fossem derrubadas.
O óleo da semente pode fornecer um lucro adicional para os ribeirinhos da Amazônia,
mas a produção de mudas possui um custo elevado, devido à necessidade inicial de adubação
química. Alem disso, a produção de sementes andiroba é irregular e as mesmas são altamente
predadas. Como não toleram dessecamento, os produtores rurais encontram dificuldade na
produção de mudas em propriedades rurais via germinação. Diante deste fato surgiu a
necessidade de experimentar alternativas para diminuir os custos na fase de produção de
mudas desta espécie e fornecer subsídios técnicos para as populações tradicionais da
Amazônia e para tanto o presente trabalho visa avaliar o crescimento em viveiro de mudas de
andiroba, submetidas á diferentes tipos de substratos, incluindo o emprego da adubação
orgânica.

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1277
2 ECOLOGIA DA ESPÉCIE
Pertence à Família Meliaceae e possui árvores frondosas que podem atingir até 30m de
altura. Apresenta casca cinzenta, grossa e amarga, folhas alongadasde coloração verde-escuro
e flores pequenas e de cor creme. Os frutos são globosos e apresentam no seu interior de 4 a
16 sementes que são liberadas quando este cai ao solo. A extração das sementes deve ser feita
o mais breve possível, abrindo os frutos manualmente. Foi registrada a produção de até 180-
200kg de sementes/planta/ano. O teor de água das sementes recém-coletadas varia entre 42 e
55%, 1000 sementes pesam entre 20 e 33kg e 1kg pode conter 30-50 sementes. A floração
ocorre na época chuvosa, entre dezembro e março e a frutificação ocorre entre os meses de
março a abril (M.M.A, 1998).
A especie é comumente e conhecida como: andiroba, andirobeira, andirobinha,
andiroba-do-igapó, carape, andiroba, penaiba, entre outros. As sinonímias Carapa guianensise
e Carapa guianensis, são conhecidas pelos mesmos nomes vulgares, sendo utilizadas no
comércio sem distinção. (Ferraz, 1996).
Apresenta ampla distribuição ocorrendo desde o Sul da América Central passando pela
Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa, Brasil, Peru, Paraguai e nas ilhas do
Caribe. No Brasil, ocorre do nível do mar a até 350m de altitude, sendo muito comum em
toda a bacia Amazônica, preferencialmente nas várzeas e áreas alagáveis ao longo dos igapós,
sendo encontrada, também, em locais bem drenados de terra firme.
As sementes flutuam e podem ser dispersas através da correnteza dos cursos d’água.
Porém, em floresta de terra firme, a maioria dos frutos e sementes é encontrada embaixo da
árvore-matriz. No período de dispersão, as sementes são muito predadas por roedores, tatus,
porcos-do-mato, pacas, veados, cotias, etc.

3 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido no viveiro florestal da Estação Experimental de Silvicultura
Tropical E.E.S.T/INPA-AM, localizada no km 42 da BR-174 - Manaus-BoaVista
Não foi possível utilizar sementes, pois a safra 2006, apresentou produção insuficiente
na época prevista, o que induziu ao uso da regeneração natural para a produção das mudas.
Foram coletadas plântulas sob árvores matrizes de floresta primária na Estação
Experimental de Fruticultura Km 42 Br-174. As plântulas tinham aproximadamente ±10cm
de altura e foram deixadas no viveiro por 30 dias. Após esse período de rustificação, as mudas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1278
foram colocadas em sacos plásticos de 20cmx 32cm contendo os três diferentes tipos de
substrato.
Acrescentou-se cerca de 150g de adubo comercial por muda, e a mesma quantidade foi
reaplicada a cada 2 meses. Todas as mudas foram distribuídas em canteiros sob
sombreamento de 50%. Os tratamentos foram: T1=Areia /argila; T2=Argila /adubo orgânico e
T3=Solo de floresta, onde receberam irrigação diária.
Mensalmente foram coletados os dados de altura, diâmetro e numero de folhas. As
mudas permaneceram no viveiro por 212 dias incluindo todo o período experimental, onde
foram monitoradas as seguintes variáveis : Altura total (cm), Diâmetro de colo (cm) das
mudas e Número de folhas. Foram consideradas vivas todas as mudas que apresentavam caule
com coloração esverdeadas, independente da presença de folhas.
O delineamento experimental adotado foi o Delineamento em blocos casualizados com
6 repetições de 7 amostras cada, por tratamento, totalizando 126 mudas que foram submetidas
ao teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade e as analises foram obtidas pelo programa
estatístico Sisvar.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados alcançados (vide GRAFICO 1), após 180 dias, a análise de
variância do crescimento em altura das mudas de andiroba não apresentou interação
significativa (p < 0,05), entre os substratos testados.

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1279
Gráfico 1 - Crescimento em altura das mudas de andiroba (Carapa guianensis Aubl),
submetidas a diferentes substratos após 180 dias.

2 5 ,0 0

1 8 ,6 6 n s
2 0 ,2 0 n s
2 0 ,0 0 2 1 ,1 8 n s
1 8 ,3 9 n s
1 6 ,9 4 n s 1 7 ,1 5 n s 1 6 ,6 8 n s
1 6 ,8 4 n s 1 7 ,3 3 n s
A LT U R A (c m )

1 5 ,0 0

1 0 ,0 0

5 ,0 0

0 ,0 0
30 90 180
TE S TE M U N H A T E M P O ( D IA S )

A R G IL A / A D U B O
S O LO D E F LO R E S TA

Para a variável diâmetro de colo (vide TABELA1), houve diferença significativa, com
destaque os Tratamentos T2 e T3, que obteveram médias superiores ao T1, indicando que a
alta concentração de matéria orgânica em decomposição contida no solo de florestas é
benéfica ao crescimento em diâmetro das mudas, contudo, a retirada de grandes quantidades
de camadas superficiais do solo de florestas pode prejudicar a dinâmica do ecossistema local.

Tabela 1 - Médias das variáveis: Altura e, diâmetro de colo em função dos diferentes
substratos e adubação orgânica das mudas de andiroba (Carapa guianensis Aubl), após 180
dias. Manaus, 2007.
TRAT. ALTURA DIÂMETRO
1 Areia /argila (testemunha 17,04 A 4,08 B
2 Argila /adubo orgânico 18,90 A 4.67 A
3 Solo de floresta 18,51A 4,56 AB
CV( % ) 5,51 4,24
Na coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade.

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1280
5 CONCLUSÃO
Conclui-se, portanto que a produção de mudas com substratos orgânicos é viável para
os produtores locais que desejam produzir mudas de qualidade, e sugere-se a utilização de
adubos orgânicos comerciais, por ser uma fonte de nutrientes que apresenta baixo custo e não
ocasiona impacto ao meio ambiente.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRAZ, I.D.K. & SAMPAIO, P.T.B. 1996. Métodos simples de armazenamento das
sementes de andiroba (Carapa guianensis Aubl. e Carapa guianensis D.C. – Meliaceae).
Acta Amazonica, 26: 137-144.

Loureiro, A. A.; Silva, M. F.; Alencar, J. C. 1979. Essências Madeireiras da Amazônia.


INPA, Manaus, AM, Vol. 1 e 2., 245-187 p.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Produtos potenciais da Amazônia: Andiroba.


Brasília: MMA/SUFRAMA/SEBRAE/GTA, v.19, 1998, 36p.

PINTO, G. P. Contribuição ao estudo químico do óleo de andiroba. Instituto Agronômico


do Norte. Boletim. v.3, p.195-206, 1963.

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1281
AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO NA EXTRAÇÃO DO
ÓLEO DE BABAÇU (Orbignya Speciosa) UTILIZANDO ETANOL COMO
SOLVENTE

Rafael de Araújo Lira, UESB, rafaelira@gmail.com


Ellen Godinho Pinto, UESB, ellengodinho@hotmail.com
Amanda Rabello, UFT, amandarabello@hotmail.com
Abraham Damiam Giraldo Zuniga, UFT, abraham@uft.edu.br

RESUMO: O coco de babaçu possui, em média, 65 a 70% de óleo, um dos fatores que o
caracteriza como potencial para produzir óleo vegetal, que podem ser transformados no
biocombustível Biodiesel. As discussões sobre biodiesel no Brasil têm priorizado as culturas
que venham a gerar maior emprego de mão-de-obra e que possam estar incluindo regiões que
estão à margem do processo de desenvolvimento econômico. O presente trabalho foi
desenvolvido com o objetivo de avaliar as melhores condições na extração do óleo de babaçu,
com o intuito de otimizar esse processo de extração, o que pode favorecer famílias de
agricultores desprovidos de alternativas rentáveis na região norte e nordeste do país. Foi
utilizado como matérias-primas amêndoa de babaçu (Orbynia speciosa), proveniente da região
do Municipio de São Miguel do Tocantins - Brasil. Foram avaliados dois tamanhos de
amostras (± 1,08mm, ± 2,78mm), quatro tempos de extração (3, 5, 6 e 8 horas) e dois tipos de
solventes (hexano e etanol). O uso do etanol se justifica como alternativa viável, tendo em
vista, que o Brasil é o maior produtor mundial desse álcool. Foi possível concluir que o tempo
ideal para extração de óleo de babaçu em aparelho Soxhtet é de 6 horas, o melhor tamanho da
amostra das amêndoas de babaçu foi o triturado com ± 1,08mm e que o etanol apresentou um
rendimento considerado satisfatório na extração do óleo de babaçu, sugerindo seu uso como
uma boa alternativa para extração deste óleo.

Palavras-Chave: Babaçu, extração de óleo, etanol.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1282
1 INTRODUÇÃO
O principal produto extraído do babaçu, e que possui valor mercantil e industrial, são as
amêndoas contidas em seus frutos. As amêndoas de 3 a 5 em cada fruto são extraídas
manualmente em um sistema caseiro tradicional e de subsistência. É praticamente o único
sustento de grande parte da população interiorana onde existe naturalmente o babaçu. A
extração das amêndoas envolve o trabalho de milhares de famílias. Em especial, mulheres
acompanhadas de suas crianças: as ”quebradeiras”, como são chamadas. Apesar de já
existirem, estudos preliminares sobre a enorme gama de produtos e subprodutos que o babaçu
pode oferecer e o que isso representaria para a economia nacional, inclusive em termos de
divisas, praticamente só é produzido industrialmente, até o momento, o óleo pelo processo de
prensagem que se destina principalmente a indústria de sabões.
O coco de babaçu possui, em média, 7% de amêndoas, com 65 a 70% de óleo. Assim, o
babaçu não pode ser considerado uma espécie oleaginosa, pois possui somente 4% de óleo.
No entanto, a existência 17 milhões de hectares de florestas onde predomina a palmeira do
babaçu e a possibilidade de aproveitamento integral do coco torna possível seu
aproveitamento energético (SINIPOMA, 2004). Portanto o babaçu tem um grande potencial
para produzir óleo vegetal, que pode se transformar em matéria-prima para produção do
biocombustível biodiesel.
As discussões sobre o biodiesel no Brasil têm priorizado as culturas que venham a gerar
maior emprego de mão-de-obra e que possam estar incluindo regiões que estão à margem do
processo de desenvolvimento econômico. A utilização dessas culturas faz com que o biodiesel
seja uma alternativa importante para a erradicação da miséria no país, pela possibilidade de
ocupação de enormes contingentes de pessoas (AMORIM, 2005).
O biodiesel é um combustível de queima limpa, derivado de fontes naturais e
renováveis, como óleos vegetais, óleos usados em fritura, gordura animal e álcool. Esse
combustível pode ser usado em qualquer motor de ciclo diesel, sem necessidade de alterações.
É constituído quimicamente por ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos de cadeia longa,
dependendo do álcool usado na reação (SCHUCHARDT, 1998).
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar as melhores condições na
extração do óleo de babaçu, com o intuito de otimizar esse processo de extração, o que pode
favorecer famílias de agricultores desprovidos de alternativas rentáveis na região norte e
nordeste do país.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1283
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de Análise de Alimentos (LANA) da
Universidade Federal do Tocantins. Como matéria-prima, foi utilizada amêndoa de babaçu
(Orbynia speciosa), proveniente da região do Municipio de São Miguel do Tocantins.
Tocantins –Brasil.
Inicialmente as amêndoas foram trituradas e maceradas de forma a obter dois tamanhos
diferentes de ±1,08mm e ±2,78mm respectivamente. A umidade para cada amostra de babaçu
foi determinada a 105ºC até peso constante. O óleo das amostras foi extraído em aparelho
Soxhlet, segundo o método AOACS Bc 3-49 (1988). Em cada extração, porções de
aproximadamente, 5g de babaçu foram envolvidas em cartuchos de papel de filtro e o
conjunto foi transferido para a cápsula do extrator tipo Soxhlet para retirada do óleo. Foram
usados dois tipos de solvente, etanol e hexano. O conjunto de extração de Soxhlet foi
aquecido durante 3, 5, 6 e 8 horas para determinação do tempo ótimo de extração. Após a
extração os balões foram colocados em estufas a 100ºC, durante ±20 minutos, para completar
a evaporação do solvente. Após resfriamento, em dessecador, os balões foram pesados para
quantificação do óleo extraído.

3 RESULTADO E DISCUSSÃO
O teor de umidade da amostra foi de 11,02%. Na Figura 1 pode ser observado os
diferentes tamanhos das amostras utilizadas na extração.

a) b)
Figura 1 - Tamanho das amostras. a) triturada a ± 1,08mm. b) maceradas a ± 2,78mm
As Figuras 2 e 3 apresentam o rendimento em óleo de babaçu nos quatro tempos de
extração utilizados 3, 5, 6 e 8 horas, os dois tipos de solvente etanol e hexano e para o
tamanho da amostra de ±1,08mm e ±2,78mm respectivamente. Verifica-se que há um
aumento do rendimento em óleo de babaçu quando se aumenta o tempo de extração e
diminui-se o tamanho da partícula da amostra. Observa-se que no tempo de 6 horas a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1284
quantidade de óleo foi de 64,77% e 61,08% para o hexano e 66,20% e 61,72% para o etanol
com tamanho da amostra de 2,78 e 1,08mm respectivamente, mantendo-se praticamente
constante depois deste tempo.
Esse fato condiz com a teoria, ou seja, o método de extração que utiliza solventes
voláteis depende da distribuição e proporção do constituinte solúvel no sólido, da natureza
dos sólidos e do tamanho das partículas (ARAÚJO, 1995).

68

66

64
% de Óleo

hexano
62
etanol
60

58

56
3 5 6 8
Tempo de extração em horas

Figura 2 - % de óleo de babaçu com os tempos de extração com hexano e etanol com o
tamanho da amostra de ± 1,08 mm.

63

62

61
% de Óleo

60 hexano
59 etanol

58

57

56
3 5 6 8
Tempo de extração em horas

Figura 3 - % de óleo de babaçu com os tempos de extração com hexano e etanol com o
tamanho da amostra de ± 2, 78 mm.

Segundo SILVA, (2004) à medida que a extração prossegue a velocidade de extração


diminui porque o gradiente de concentração do soluto no solvente diminui enquanto aumenta
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1285
a viscosidade do solvente devido à grande quantidade do soluto. Alguns fatores influenciam
na velocidade de extração como o tamanho das partículas sólidas. Neste experimento foi
possível identificar que as amostras trituradas a ±1,08mm foi a que melhor apresentou
rendimento.
Observa-se que dentre os dois tipos de solvente utilizados o etanol apresentou o melhor
percentual de extração de óleo com um pouco mais de 66%, como é de interesse a utilização
do etanol tendo em vista, que o Brasil é o maior produtor mundial desse álcool, os resultados
demonstram que a extração do óleo de babaçu é favorável com esse solvente.
DRUMMOND et al., (2006) estudou a viabilidade do metanol e etanol como solventes
na extração de óleo de mamona para produção do biodisel e concluiu que a adição de 25 % de
metanol ao etanol aumenta a eficiência de extração de óleo de mamona.
É interessante que novos estudos venham apontar o uso do etanol na extração do óleo de
babaçu com o intuito de otimizar este processo.

4 CONCLUSÃO
O etanol apresentou um rendimento considerado satisfatório na extração do óleo de
babaçu, sugerindo seu uso na extração deste óleo que surge como uma alternativa como
mátria-prima na produção do biodisel, o que pode favorecer famílias de agricultores
desprovidos de alternativas rentáveis na região norte e nordeste do país promovendo a geração
de emprego e renda nestas áreas. De acordo com a pesquisa o tempo ideal para extração do
óleo de babaçu em aparelho Soxhtet é de 6 horas, foi possível identificar ainda que a melhor
condição para as amêndoas de babaçu destinada extração de óleo é triturado com ± 1,08mm.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, P. Q. R. Pespectiva histórica da cadeia da mamona e a introdução da
produção de biodiesel no semi-árido brasileiro sob o enfoque da teoria dos custos de
transação. Monografia apresentada à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queroz da
Universidade de São Paulo. Piracicaba – SP, 2005.

ARAÚJO, J.M.A. Química de alimentos: teoria e prática. Viçosa: Imprensa Universitária da


UniversidadeFederal de Viçosa, 1995. p. 283-285.

AOACS – Official methods and recommended practices of the American Oil Chemists’
Society. 3. ed. Champaign, 1988.

Drummond, A. R. F.; GAZINEU, M. H. P.; ALMEIDA, L; SOUTO MAIOR, A. Metanol e


Etanol como Solventes na Extração de Óleo de Mamona Programa Nacional de Produção

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1286
e Uso de Biodiesel. Congresso 2006. Disponível em: http://www.biodiesel.gov.br/. Acesso
em: 02/04/2007.

SILVA, F. C. e L., FABIELLY B. Estudo e otimização do processo de Biodiesel etílico,


obtido pela transesterificação do óleo vegetal de Babaçu (Orbignya Martiana).
Monografia graduação. Universidade Federal do Maranhão. 2004.

SCHUCHARDT; U., SERCHELI, R., VARGAS, R. M. Transesterification of Vegetable


Oils: a Review. J. Braz. Chem. vol. 9, n° 1, 199-210, 1998.

SINIPOMA - Sindicato das Indústrias Produtoras de Óleos do Maranhão. 2004.

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1287
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE EMULSÕES
COSMÉTICAS COM OS ÓLEOS DE AÇAÍ (Euterpe oleracea Mart) E
MARACUJÁ (Passiflora edulis)

Edemilson Cardoso da Conceição, FF/UFG, ecardoso@farmacia.ufg.br


Bruna Ester Ferreira de Faria, FF/UFG, bruna.ester@cpac.embrapa.br
Clévia Ferreira Duarte Garrote, FF/UFG, clevia@farmacia.ufg.br
Eduardo Ramirez Asquieri, FF/UFG, ramirez@farmacia.ufg.br
Eric de Souza Gil, FF/UFG, ericsgil@farmacia.ufg.br
Fernando Damasio Correa, FF/UFG, fernandimc@hotmail.com
Frederico Severino Martins, FF/UFG, fsmfarmacia@hotmail.com
José Realino de Paula, UFG, jrealino@farmacia.ufg.br
Maria Teresa Freitas Bara, UFG, mbara@farmacia.ufg.br
Renata Pimentel Duarte, FF/UFGG, renata_pimentel@yahoo.com.br

RESUMO: Tendo em vista a vasta biodiversidade encontrada no território brasileiro, várias


matérias-primas, especialmente amazônicas, vêm sendo empregadas com sucesso em
tratamentos cosmetológicos. Já se consagrou o emprego de matérias-primas vegetais em
cosméticos, a exemplo dos óleos. Nesse sentido, os óleos de açaí e maracujá tem se mostrado
interessantes, já que possuem propriedades antioxidantes, antiinflamatórias e de reposição do
manto hidrolipídico, entre outras, podendo ser utilizados, por exemplo, em produtos
cosméticos “anti-idade”. A ampla utilização dessas matérias-primas em cosméticos, de
maneira sustentável, ainda contribuirá para um maior desenvolvimento das regiões produtoras
representando, assim, crescimento não apenas científico-tecnológico, mas também econômico
para o país. Porém, com o intuito de ampliar o emprego do óleo de açaí na cosmecêutica,
deve-se buscar atender às crescentes exigências do mercado consumidor pela qualidade dos
produtos. Para tanto, este trabalho propõe o estudo dos comportamento reológico de duas
bases galênicas (com cera auto-emulsionante não iônica e polímero acrílico), nas quais serão
incorporados em cada uma os óleos de açaí e maracujá, separadamente nas concentrações de 3
e 4% (p/p).

Palavras-Chave: Emulsões, matérias-primas amazônicas, óleo de açaí, óleo de maracujá,


comportamento reológico, cosméticos.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1288
1 INTRODUÇÃO
Durante as atividades cotidianas, os indivíduos estão constantemente expostos aos raios
solares. Com os danos que progressivamente vêm sendo causados à camada de ozônio,
aumenta-se a exposição à radiação ultravioleta (UV), responsável por várias alterações da pele
(WAGNER; VALENTE, 2005).
A radiação solar, ao atuar na pele, pode causar desde queimaduras até
fotoenvelhecimento (envelhecimento precoce da pele, causado pela exposição a raios UV) e
aparecimento do câncer de pele.
O fotoenvelhecimento é causado pela exposição cumulativa à radiação solar,
diferentemente do envelhecimento cronológico, o qual ocorre devido a mudanças genéticas,
químicas e hormonais. O envelhecimento precoce também pode ser causado por fatores como
bronzeamento artificial, fumo, consumo de bebidas alcoólicas, alimentação inadequada e
sedentarismo (STEINER, 2007).
As alterações que configuram o envelhecimento da pele são causadas pela incapacidade
do organismo de dissipar adequadamente a energia produzida como subprodutos da vida,
chamados de radicais livres (RL). Dentre esses, os radicais hidroxila estão aptos a dar início à
peroxidação dos lipídios nas membranas celulares, formando produtos secundários envolvidos
no envelhecimento. Quando a formação de RL em excesso provoca um desequilíbrio no
balanço entre o processo oxidativo e o antioxidante natural, tem-se o estresse oxidativo. Um
dos mecanismos importantes da cosmecêutica antienvelhecimento é o combate a esse estresse
oxidativo.
A proteção solar, os agentes antioxidantes e agentes repositores da emulsão epicutânea
em peles ressecadas são formas de prevenir as alterações cutâneas. Para o tratamento tópico
do envelhecimento cutâneo, existe uma variedade de substâncias utilizadas, que agem sobre
as diferentes causas do envelhecimento. Entre elas, encontram-se os retinóides tópicos
naturais e sintéticos, os alfa-hidroxiácidos (AHAs), as vitaminas, o ácido alfa-lipóico, a
coenzima Q10, os fito-hormônios (fitoestrógenos) e o dimetilaminoetanol (DMAE)
(NASCIMENTO et al., 2004).
Os óleos também são utilizados em dermatologia cosmética (SANTOS, 2006; BLOISE,
2003) e possuem um grande espectro de atuação. Alguns, tais como o óleo de cravo, óleo de
germe de trigo e óleo de jojoba, possuem ação anti-radicais livres, dentre outras propriedades.
O óleo de cravo atua como anti-séptico, vasoconstritor e cicatrizante, enquanto o óleo de
jojoba tem ação hidratante e preventiva de varizes. O óleo de amêndoas doces, assim como o

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1289
óleo de avelã, possui função hidratante, além de melhorar a flexibilidade e elasticidade da
pele. O óleo de macadâmia e o óleo de semente de uva são regeneradores cutâneos e
hidratantes (NASCIMENTO et al., 2004).
Existe uma crescente demanda, pela sociedade contemporânea, para utilização de
produtos vegetais, destacando-se a exploração de matérias-primas advindas da floresta
amazônica (BARATA, 2000). Entre os insumos mais importantes para o desenvolvimento de
medicamentos e cosméticos, 70% derivam da biodiversidade ou foram inspirados em
substâncias naturais (moléculas protótipos). Assim, com base nas potencialidades de uso de
matérias-primas amazônicas, deve-se incentivar sua exploração comercial, mas de forma
auto-sustentável (ALMEIDA & RIBEIRO, 1997).
Nesse sentido, os óleos de açaí e maracujá tem adquirido crescente importância em
Cosmetologia, frente às suas interessantes propriedades antioxidantes, antiinflamatórias, de
reposição de ácidos graxos do manto hidrolipídico, entre outras (ZUANAZZI &
MONTANHA, 2003).
Visando aproveitar o potencial cosmetológico que os óleos de açaí e maracujá oferecem
como ativos, acredita-se que sua incorporação em sistemas emulsionados represente uma
alternativa viável para retardar o processo de envelhecimento cutâneo e recuperação da pele
desidratada.
O estudo do comportamento reológio contribui para a compreensão da estabilidade das
formulações semi-sólidas (emulsões) que veiculam óleos e fornece subsídios para a pesquisa,
desenvolvimento e inovação de produtos cosméticos com qualidade e eficácia.
O objetivo deste trabalho foi determinar o comportamento reológico de emulsões
cosméticas com os óleos de Açaí e Maracujá preparadas com duas diferentes bases galênicas,
contendo os agentes emulsificantes: cera auto-emulsionante não iônica e polímero acrílico. As
emulsões foram preparadas com duas diferentes concentrações de cada óleo: 3 e 4%, de óleo
de Açaí e Maracujá, respectivamente.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
As medidas reológicas foram realizadas em um reômetro marca Rheotest 2.1 (VEB-
MLW-DDR, LAMEDID) utilizando-se a associação BIICS1, com amostras das formulações
preparadas do mesmo lote, descritas nas tabelas 1 e 2 (as bases foram preparadas
separadamente com a posterior incorporação dos óleos nas devidas proporções). Aplicou-se
taxas de cisalhamento crescentes e, em seguida, decrescentes entre 0,18 e 78,72s-1.a 25ºC .

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1290
Tabela 1 – Formulações de cera auto-emulsionante não iônica – creme base (F1), contendo o
óleo de Açaí e Maracujá nas concentrações de 3 e 4%, denominadas de F2, F3, F4 e F5.
COMPONENTES F1%(p/p) F2%(p/p) F3%(p/p) F4%(p/p) F5%(p/p)
Cera auto-emulsionante 10% 10% 10% 10% 10%
não iônica
Oleato de decila 2% 2% 2% 2% 2%
Propilparabeno 0,05% 0,05% 0,05% 0,05% 0,05%
Propilenoglicol 3% 3% 3% 3% 3%
Metilparabeno 0,15% 0,15% 0,15% 0,15% 0,15%
Imidazolidiniluréia 0,5% 0,5% 0,5% 0,5% 0,5%
Óleo de Açaí - 3% 4% - -
Óleo de Maracujá - - - 3% 4%
Água qsp 100% 100% 100% 100% 100%
Legenda: F1 - Formulação 1 (creme base - cera auto-emulsionante não iônica), F2 - Formulação 2 (açaí 3%), F3
- Formulação 3 (açaí 4%), F4 - Formulação 4 (maracujá 3%), F5 - Formulação 5 (maracujá 4%).

Tabela 2 – Formulações de polímero acrílico – creme base (F6), contendo o óleo de Açaí e
Maracujá nas concentrações de 3 e 4%, denominadas de F7, F8, F9 e F10.
COMPONENTES F6%(p/p) F7%(p/p) F8%(p/p) F9%(p/p) F10%(p/p)
Polímero acrílico 10% 10% 10% 10% 10%
Imidazolidiniluréia 2% 2% 2% 2% 2%
Propilenoglicol 0,05% 0,05% 0,05% 0,05% 0,05%
Alcalinizante (pH 6,0) 3% 3% 3% 3% 3%
Óleo de Açaí - 3% 4% - -
Óleo de Maracujá - - - 3% 4%
Água qsp 100% 100% 100% 100% 100%
Legenda: F6 - Formulação 6 (Polímero acrílico - creme base), F7 - Formulação 7 (açaí 3%), F8-Formulação 8
(açaí 4%), F9-Formulação 9 (maracujá 3%), F10 - Formulação 10 (maracujá 4%).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1291
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os reogramas obtidos para as formulações estudadas encontram-se nas Figuras de 1 a
10.

100,0

87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)

75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

2 Área = 35,50
Tensão de Cisalhamento (dina/cm )

Figura 1 – Reogramas da formulação F1 - (cera auto-emulsionante não iônica – creme base).

100,0

87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)

75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 8,00

Figura 2 – Reogramas da Formulação F2 (açaí 3%).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1292
100,0

87,5

Gradiente de Cisalhamento (1/s)


75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Tensão de Cisalhamento Área = 10,70

Figura 3 – Reogramas da Formulação F3 (açaí 4%).

100,0

87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)

75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 4,60

Figura 4 – Reogramas da Formulação F4 (maracujá 3%).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1293
100,0

87,5

Gradiente de Cisalhamento (1/s)


75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Tensão de Cisalhamento Área = 7,30

Figura 5 – Reogramas da Formulação F5 (maracujá 4%).

100,0

87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)

75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Tensão de Cisalhamento Área = 2,20

Figura 6 – Reogramas da Formulação F6 (Polímero acrílico - creme base).

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1294
100,0

87,5

Gradiente de Cisalhamento (1/s)


75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 3,10

Figura 7 - Reogramas da Formulação F7 (açaí 3%).

100,0

87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)

75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 1,90

Figura 8 - Reogramas da Formulação F8 (açaí 4%).

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1295
100,0

87,5

Gradiente de Cisalhamento (1/s)


75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 1,70

100,0

87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)

75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 1,70

Figura 9 - Reogramas da Formulação F9 (Maracujá 3%).

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1296
100,0

87,5

Gradiente de Cisalhamento (1/s)


75,0

62,5

50,0

37,5

25,0

12,5

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 3,60

Figura 10 - Reogramas da Formulação F10 (Maracujá 4%).

O estudo do comportamento reológico das formulações semi-sólidas (emulsões) que


veiculam óleos é de fundamental importância na área de pesquisa e desenvolvimento de
produtos cosméticos. Contribui no estabelecimento das condições de processos e projetos de
equipamentos envolvidos com as operações unitárias de transferência de energia, massa e
quantidade de movimento. Para o consumidor as formulações devem ter características
reológicas desejáveis, como características de textura, aparência, sensação de suavidade de
aplicação, facilidade de espalhamento, tato e sensação de oleosidade depois da aplicação.
Na análise dos reogramas das figuras de 1 a 10, verificou-se que todas as emulsões
preparadas com os óleos de Açaí e Maracujá apresentaram comportamento pseudoplástico e
tixotropia.
Nas figuras 1, 2 e 3, verifica-se que o comportamento reológico da formulação base
(cera auto-emulsionante não iônica) foi influenciado pela adição de 3% de óleo de açaí
diminuindo a área de histerese de 35,50 para 8,0. Na adição de 4% de óleo de açaí houve uma
diminuição de 35,50 para 10,70. Neste caso a formulação com 4% em óleo é mais viável para
a continuação dos estudos que a que contém 3% de óleo.
Nas figuras 1, 4 e 5, verificou-se que o comportamento reológico da formulação base
(cera auto-emulsionante não iônica) foi influenciado pela adição de 3% de óleo de maracujá
diminuindo a área de histerese de 35,50 para 4,60. Na adição de 4% de óleo de maracujá
houve uma diminuição de 35,50 para 7,30. Neste caso a formulação com 4% em óleo é mais
viável para a continuação dos estudos que a de 3%. A cera auto-emulsionante não iônica

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1297
possui comportamento similar com a adição dos óleos de açaí e maracujá nas concentrações
de 3 e 4%, respectivamente.
Por outro lado, as formulações base de polímero acrílico com os óleos de açaí e
maracujá nas concentrações de 3 e 4%, respectivamente, forneceu indicativos não animadores
quanto ao comportamento tixotrópico, fato que inviabiliza a continuação dos estudos de
desenvolvimento com esta formulação base.

4 RESULTADOS ESPERADOS
Com este trabalho, espera-se alcançar o desenvolvimento de emulsões cosméticas
estáveis, tendo o óleo de açaí a como ativo cosmético, e que venha a produzir efeitos
benéficos no tratamento e prevenção das alterações cutâneas, provocadas pelo envelhecimento
e agressões ambientais.
Além disso, este trabalho abre a possibilidade de realização de estudos de eficácia que
comprovem a ação esperada das emulsões que se pretende desenvolver, como a atividade
anti-envelhecimento.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, S.P. DE; RIBEIRO, J. F. Usos múltiplos para a flora nativa do Cerrado.
Seminário sobre sistemas florestais para o Mato Grosso do Sul, 1. 1997, Dourados. MS
Resumos. Dourados: EMBRAPA – CPAO/Flora Sul, p. 23-370, 1997.

BLOISE, M. I. Óleos vegetais e especialidades da Floresta Amazônica. Cosmetics &


Toiletries, São Paulo, v. 15, p. 46-49, set/out. 2003.

NASCIMENTO, L.V. et al. Avaliação e classificação do envelhecimento cutâneo. In:


KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. São Paulo: Atheneu, 2004. cap
4.

SANTOS, C. A. P. Extratos vegetais em cosméticos. Cosmetics & Toiletries, São Paulo, v.


18, p. 96-103, mar/abr. 2006.

STEINER, D. Doenças da pele: envelhecimento. Sociedade Brasileira de Dermatologia,


[2007]. Disponível em: < http://www.sbd.org.br/publico/temas/envelhecimento.aspx >.
Acesso em: 2 fev. 2007.

WAGNER, A. F.; VALENTE, L. L. Fotoenvelhecimento: Prevenção e tratamentos.


Cosmetics and Toiletries, São Paulo, v. 17, p. 61, mai/jun. 2005.

ZUANAZZI, J. A. S.; MONTANHA, J. A. Flavonóides. In: SIMÕES, C. M. O. (Org.) et al.


Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. rev. ampl. Porto Alegre/Florianópolis:
Editora da UFRG/Editora da UFSC, 2003. cap. 23.

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1298
ESTUDO DA CONCENTRAÇÃO DE ÁGAR E AFERIÇÃO DE PH EM
MEIO DE CULTIVO DE EMBRIÕES DE MAMONA (Ricinus communis L.)
VISANDO MAXIMIZAÇÃO DA PROPAGAÇÃO DE MUDAS

Bruno Oliveira de Almeida, FCA/UNESP, bodalmeida@fca.unesp.br


Isaac Stringueta Machado, FCA/UNESP, isaac@fca.unesp.br
Luiz Fellipe Lima de Arcalá, FCA/UNESP, lfldarcala@fca.unesp.br
Luciano Barbosa, IBB/UNESP, lbarbosa@ibb.unesp.br

RESUMO: A mamona (Ricinus communis L.) representa hoje importante parcela do


agronegócio brasileiro, devido à multiplicidade de aplicação do óleo derivado de seus frutos,
importante matéria-prima para produção de biocombustíveis e biopolímeros substitutos
daqueles derivados de petróleo. Devido à crescente expansão do seu cultivo, se torna cada vez
mais relevante a pesquisa da multiplicação de germoplasmas mais produtivos, em especial as
técnicas da biotecnologia como o cultivo e diferenciação de embriões, seguido da
micropropagação in vitro. Diante disto, o principal objetivo deste trabalho foi, a partir do
meio de cultura basal MS, estudar o balanço ágar/pH mais eficiente para o cultivo de
embriões. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, composto pelas 9
possíveis combinações de ágar (3,0; 6,0 e 9,0 g/l) e pH (4,7; 5,7 e 6,7). Após preparo de
desinfestação e proteção antioxidante foram inoculados eixos embrionários extraídos de
sementes selecionadas, sendo 5 repetições em cada tratamento e um explante por frasco. Os
embriões permaneceram por 84 horas no escuro e 25 dias em fotoperíodo de 16 horas,
intensidade luminosa de 1000 lux, em câmara de germinação (B. O. D.) a 26 ± 1 ºC. Os
resultados permitiram concluir que, dentro das condições empregadas, o meio com pH mais
ácido (4,7) associado à menor concentração de ágar (3 g/l) foi mais eficiente na indução da
organogênese de embriões e produção de biomassa das plântulas regeneradas.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., cultura de embriões in vitro, meio de cultura, ágar,
pH.

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1299
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.), pertencente à família Euphorbiaceae, é originária
da Ásia Meridional de onde se espalhou por quase todo o mundo, principalmente nas regiões
tropicais e subtropicais. É largamente difundida por todo o Brasil, não havendo praticamente
terreno baldio, mata ou lavoura abandonada onde ela não cresça. A mamona representa hoje
importante parcela do agronegócio brasileiro, devido à multiplicidade de aplicação do óleo
derivado de seus frutos, importante matéria-prima para produção de biocombustíveis e
biopolímeros substitutos daqueles derivados de petróleo. Em vários países ela é cultivada para
a extração do óleo das suas sementes, cujo principal emprego se dá na lubrificação de motores
de alta rotação, como é o caso dos motores de avião. (ROCHA et al., 2003).
A cultura se apresenta como alternativa de relevante importância econômica e social,
pois dadas as suas características, é capaz de produzir satisfatoriamente bem até sob
condições de baixa precipitação pluvial, sobressaindo-se também como alternativa para o
semi-árido nordestino, onde a cultura, mesmo tendo sua produtividade afetada, tem-se
mostrado resistente ao clima adverso quando se verificam perdas totais em outras culturas, e
serve, desta forma, como uma das poucas alternativas de trabalho e de renda para o agricultor
da região (VIEIRA e LIMA, 2003).
ROCHA et al. (2003), estudando métodos de regeneração in vitro da mamoneira, a
partir de diferentes tipos de explantes constataram que, o melhor desempenho foi conseguido
a partir da utilização de eixo embrionário como explante.

Os meios de cultura são altamente específicos para cada espécie da planta ou até mesmo
para as variedades, ou cultivares comerciais dentro da espécie; por isso, torna-se fundamental
o estudo da composição em sais minerais, suplementos orgânicos e o balanceamento e tipo de
fitorreguladores, para a indução da diferenciação da parte aérea ou raiz das plantas
(MACHADO, 1993 e SANTOS et al., 2005).

O pH é um fator crítico e muito importante do meio de cultura, influenciando na


disponibilidade de nutrientes, fitorreguladores e no grau de solidificação do ágar. Se bem
ajustado, o pH pode promover maior e melhor aproveitamento dos nutrientes pelo explante.
Os efeitos do pH podem ser diretos ou indiretos, influindo, por exemplo, na utilização das
fontes de nitrogênio. Valores de pH mais baixos (meios de cultura mais ácidos) dificultam a
utilização do amônio, enquanto valores mais altos de pH diminuem a utilização do nitrato
(PASQUAL, 2002).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1300
Os meios de cultura sólidos ou semi-sólidos, normalmente são solidificados com ágar.
A consistência do meio de cultura depende da concentração e qualidade de ágar utilizada, do
pH, do tipo de explante, da concentração de sais e da presença de outras substancias como o
carvão ativado, os quais interferem na geleificação (PASQUAL et al., 2002 apud CALDAS et
al., 1998; MURASHIGE, 1974). Para cada espécie vegetal, torna-se importante a definição do
melhor meio de cultura, sendo essencial o estudo dos diferentes balanceamentos do pH e
concentração de ágar, através da aplicação de vários testes (RIBEIRO, 1997 apud HU &
FERREIRA, 1990).
Segundo CALDAS et al. (1998), existem várias marcas comerciais disponíveis de ágar,
que usualmente são utilizadas em concentrações que variam de 0,4 a 1 %. Entretanto,
recomenda-se minimizá-lo ou otimizá-lo no preparo do meio de cultura, pelo fato do ágar ser
considerado o componente de maior custo do meio de cultura (SINGHA, 1984; GEORGE,
1993; PEIXOTO & PASQUAL, 1995). A elevação na concentração de ágar pode resultar em
um meio muito consistente que, embora seja muito útil para evitar a vitrificação, provoca
inibição no desenvolvimento da planta, reduzindo a taxa de multiplicação. (MURASHIGE,
1974; GRATTAPAGLIA E MACHADO, 1990).
O principal objetivo deste trabalho foi o aprimoramento do meio de cultura para cultivo
de embriões, baseado nas influências do pH e concentração de ágar, e desta forma a obtenção
de plântulas possuidoras de tecidos meristemáticos de elevada totipotência e em condições
assépticas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Laboratório de Biotecnologia Ambiental, do
Departamento de Recursos Naturais, da Faculdade de Ciências Agronômicas, da UNESP,
Campus de Botucatu – Lageado, SP. Foram utilizadas sementes de mamona (Ricinus
communis L.) da cultivar Sara, safra 2006/2007, do Banco Ativo de Germoplasma de
Mamona da FCA – UNESP.
Foram retirados os tegumentos de sementes selecionadas, e depois lavadas em água
corrente e desinfestadas em solução com hipoclorito de sódio a 2% de cloro ativo e uma gota
de Tween 20, durante 20 minutos. Posteriormente foram feitos 5 enxágües em água destilada
e deionizada estéril, permanecendo no final em imersão por 24 horas.
Após a desinfestação, em câmara de fluxo laminar, sob condições assépticas, foram
retirados os eixos embrionários das sementes, que foram manipulados em solução de

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1301
polivinilpirrolidona a 2% (PVP – agente antioxidante) e inoculados em tubos de ensaio
contendo 10 ml do meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) modificado com diferentes
concentrações de ágar e aferições de pH, antes da autoclavagem, formando 9 tratamentos: 3,0
g/l de ágar e pH 4,7 (T1), 6,0 g/l de ágar e pH 4,7 (T2), 9,0 g/l de ágar e pH 4,7 (T3), 3,0 g/l
de ágar e pH 5,7 (T4), 6,0 g/l de ágar e pH 5,7 (T5), 9,0 g/l de ágar e pH 5,7 (T6), 3,0 g/l de
ágar e pH 6,7 (T7), 6,0 g/l de ágar e pH 6,7 (T8) e 9,0 g/l de ágar e pH 6,7 (T9). Foram
utilizadas 5 repetições em cada tratamento, sendo 1 explante por frasco.
Após a inoculação os tratamentos permaneceram em câmara de germinação (B.O.D.)
com temperatura constante de 26 ± 1 ºC, inicialmente no escuro por 84 horas e,
posteriormente, com fotoperíodo de 16 horas e intensidade luminosa de 1000 lux.
As avaliações foram realizadas após 25 dias de cultivo, sendo avaliado o
desenvolvimento de cada planta pela obtenção dos valores de matéria fresca (MFA) e matéria
seca (MSA), altura (HPA) e número de folhas (NF) da parte aérea; matéria fresca (MFR) e
matéria seca (MSR), número (NR) e comprimento (CMR) médio de raiz. Os resultados
obtidos foram comparados estatisticamente pelo programa SigmaStat, segundo o teste de
comparações múltiplas (método de Kruskal Wallis e Student-Newman-Keuls).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 1, onde pode ser observado que os
tratamentos T1, T2 e T3, aferidos com pH mais ácido (4,7) proporcionaram maiores valores
de biomassa (MFA e MSA) da parte aérea das plântulas, sendo que o T1 destacou-se
significativamente dos demais tratamentos. Os valores obtidos na avaliação da matéria fresca
da raiz (MFR) também se mostraram superiores nas condições destes tratamentos, sendo de
igual maneira o T1 superior aos demais (Figuras 1 e 2).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1302
Tabela 1 – Valores médios de massa fresca (MFA), massa seca (MSA), número de folhas
(NF) e altura (HPA) da parte aérea, massa fresca (MFR), massa seca (MSR), número (NR) e
crescimento médio (CMR) da raiz.
Tratamentos MFA MSA MFR MSR* NF* HPA NR* CMR
T1 0,40346a 0,02498a 0,20114a 0,00784 2,88 4,2a 2 8,42a
T2 0,1862b 0,01198b 0,08748c 0,01682 3 3,4b 3,5 7,35a
T3 0,175298b 0,01516b 0,13182b 0,00648 2 2,36b 5,6 5,17a
T4 0,04766b 0,0033b 0,03196d 0,0018 0,6 0,8b 1,6 0,7b
T5 0,10086b 0,024b 0,04048d 0,02132 2 2,8b 2 5,23a
T6 0,01946b 0,00106b 0,00914d 0,0005 0,6 0,42b 0,8 0,18b
T7 0,06994b 0,00516b 0,02322d 0,0009 1 0,94b 2,4 0,84b
T8 0,1201b 0,01042b 0,03522d 0,0016 2,2 2,46b 2 4,344a
T9 0,0282b 0,0016b 0,00656d 0,00006 0,8 0,74b 0,2 1,36b

*os tratamentos não diferem (P>0,001). Dentro das colunas, as médias seguidas de letras iguais não diferem,
estatisticamente, ao nível de 5% de probabilidade.

As observações sugerem que nesta condição de meio, pH ácido e baixa concentração de


ágar, onde a consistência é menos sólida, o fluxo de água e nutrientes é mais intenso do meio
de cultura para o explante, seguindo o gradiente de pressão osmótica estabelecido. No caso
específico do meio T1, pode-se adicionar o fato de que em pHs mais ácidos ocorre hidrólise
significativa do ágar, não permitindo a sua polimerização, reduzindo a geleificação.

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1303
Figura 1 - Massa fresca da parte aérea (MFA) e raiz (MFR) e massa seca da parte aérea
(MSA) e raiz (MSR) de plântulas de mamona regeneradas a partir do cultivo de eixos
embrionários.

As observações feitas são concordantes com STOLTZ, (1971); WILLIAMS &


LEOPOLD, (1989) e CALDAS et al., (1990), que verificaram em diferentes espécies vegetais
maior absorção de água pelos tecidos cultivados em meio mais aquoso e que em condições de
pH mais ácido, ocorre hidrólise do ágar, após autoclavagem. Em pesquisa similar, PASQUAL
et al., (2002) apud RIBEIRO et al. (1997) que trabalhando com laranjeira ‘Pêra’, observaram
maior produção de biomassa em meio de cultura com pH 3,7, em ausência completa ou baixas
concentrações de ágar .

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1304
Figura 2 – Valores médios do numero de folhas (NF), altura da parte aérea (HPA), número de
raízes (NR) e crescimento médio da raiz (CMR).

Trabalhando com o mesmo objetivo dos citados, ROMBERGER & TABOR (1971)
concluíram que em altas concentrações de ágar, ou meios muito consistentes, pode ocorrer
limitação da difusão de nutrientes do meio para o explante. Assim, conforme MURASHIGE
& SKOOG, (1962), a obtenção de meios mais sólidos, com concentrações de ágar próximas
de 7 g/l, como a de seu próprio meio, requerem maiores níveis de sais minerais.

4 CONCLUSÃO
Nas condições empregadas na experimentação, se pode concluir que o meio com pH
mais ácido (4,7) associado à menor concentração de ágar (3 g/l) foi mais eficiente na indução
da organogênese de embriões e produção de biomassa das plântulas regeneradas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GEORGE, E.F. The components of tissue media. Plant propagation by tissue culture. 2.ed.
Edington, v.9, p.273-343, 1993.

GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M.A. Micropropagação. In: TORRES, A.C.; CALDAS,


L.S. (eds.). Técnicas e Aplicações da Cultura de Tecidos de Plantas. Brasília:
ABCTP/EMBRAPA-CNPH, 1990. p.99-169.

MACHADO, I. S. Atividade de enzimas do metabolismo de compostos secundários


comprometidos com o enraizamento “in vitro” de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden.
São Paulo, 1993. Tese (Doutorado). Instituto de Química – Universidade de São Paulo – São
Paulo, 1993, 93p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1305
MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A. A revised medium for rapid growth and bioassays with
tissue cultures. Physiologia Plantarum, v. 15, p. 473-497, 1962.

MURASHIGE, T. Plant propagation through tissue cultures. Annual Review of Plant


Physiology, v.25, p.135-166,1974.

PASQUAL, M; FINOTTI, D. R., DUTRA, L.F., CHAGAS, E.A., RIBEIRO, L.de O. Cultivo
in vitro de embriões imaturos de tangerineira “Poncã” em função do pH e da concentração de
ágar. R. Bras. Agrociência, v. 8, n. 3, p. 199-202, set-dez, 2002.

PEIXOTO, P.H.P.; PASQUAL, M. Micropropagação da videira: efeitos do pH e do ágar.


Revista Ceres, v.42, p.432-443, 1995.

RIBEIRO, V. G.; PASQUAL, M.; RAMOS, J.D. et al.. Influência do pH e do ágar sobre o
cultivo in vitro de embriões de laranjeira ‘Pêra’. Pesquisa agropecuária Brasileira, v.32,
p.1147-1152, 1997.

ROCHA, M. S.; OLIVEIRA, K. C.; COSTA, M. N.; CUNHA, A. O.; CARVALHO, J. M. F.


C.; SANTOS, J. W.; Métodos de regeneração in vitro da mamoneira a partir de diferentes
tipos de explantes. Rev. Bras. Oleagionas e Fibrosas, Campina Grande, v. 7, n. 1, p. 647-
652, 2003.

ROMBERGER, J.A.; TABOR, C.A. The Picea abix shoot apical meristem in culture.
American Journal of Botany, Lancaster, v.58, p.131-140, 1971.

SANTOS, A. S. A.; MACHADO, I. S.; LEÃO, A. L.; RAMOS, A. A. Concentrações de BAP


e TDZ na Propagação In Vitro de Curauá (Ananas erectifolius L.B.Smith) / A Influência das
Citocininas Sintéticas na Cultura de Tecido. Revista Biotecnologia – Ciência &
Desenvolvimento, Brasília, n. 35, p. 58-61, 2005.

SINGHA, S.; Influence of two commercial Ágar on in vitro proliferation of ‘Almey’


crabapple and ‘Seckel’ pear. Hortscience, v. 19, p.227-228, 1984.

VIEIRA, R de M.; LIMA, E. F. Importância sócio-econômica e melhoramento genético da


mamoneira no Brasil. Disponível em: < www.embrapa.br >.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1306
PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA
CULTURA DA MAMONA (CULTIVAR LYRA) NA SAFRA DE VERÃO
EM CASSILÂNDIA-MS

Leandro Tropaldi, UUC/UEMS, tropaldi@ibest.com.br


Ronny Clayton Smarsi, UUC/UEMS, ronnycs1@hotmail.com
Cristiane Gonçalves de Mendonça, UUC/UEMS, cgmendonca@uems.br
Cristina Gonçalves de Mendonça, UUC/UEMS, cristinagm@uems.br
Diógenes Martins Bardiviesso, UUC/UEMS, bardiviesso@yahoo.com.br
Rogério Peres Soratto, FCA/UNESP, soratto@fca.unesp.br
Hugo da Silva Oliveira, UUC/UEMS, niutin_hugo@hotmail.com

RESUMO: A cultura da mamona possui grande importância mundialmente, sendo


atualmente impulsionada pela produção de biodiesel. Neste contexto conduziu-se um
experimento na área experimental da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade
Universitária de Cassilândia (UEMS/UUC), com o objetivo de determinar o período de
interferência de plantas invasoras na cultura da mamona (cultivar Lyra) durante a safra de
verão, nas condições locais de Cassilândia-MS. O delineamento experimental foi o de blocos
inteiramente casualizados, com quatro repetições. Os períodos de interferência consistiram em
manter a cultura na presença e na ausência de espécies daninhas por 14, 28, 42, 56, 70, 98 e
106 dias após a emergência (DAE) da cultura. Na área experimental, as maiores infestações
foram principalmente de carrapicho (Cenchrus echinatus L.), betônia (Hyptis suaveolens (L.)
Poit.), beldroega (Portulaca oleracea L.), capim colchão (Digitaria horizontalis. Willd) e
guaxuma (Sida santaremnensis H. Monteiro). Os parâmetros avaliados foram densidade e
biomassa seca da comunidade infestante, além da produtividade da cultura. Nas condições em
que foi conduzido o experimento determinou-se que o PAI foi de 0 a14 dias, o PCPI foi de 14
a 42 dias após a emergência e o PTPI de 0 a 42 dias após a emergência da cultura da mamona
na cultivar Lyra.

Palavras-Chave: Mamona, matocompetição, plantas invasoras, interferência.

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1307
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira é uma oleaginosa com acentuada importância no cenário mundial,
impulsionada pela produção de biodiesel, possui também inúmeras aplicações industriais.
Beltrão et al (2001) menciona que são mais de 700 aplicações que interagem principalmente
com os aspectos econômico e o social.
Sua germinação e desenvolvimento inicial são lentos e progressivos, sua arquitetura e
espaçamento também facilitam a ocorrência de plantas daninhas que competem com a cultura
pelos fatores de crescimento (água, luz, nutrientes, espaço, etc.) culminando em declínio de
produção (QUEIROZ et al, 2004).
Três períodos de convivência, entre plantas invasoras e cultivadas, são definidos
conforme a época e duração do período de convivência. O primeiro é o período anterior a
interferência (PAI), sendo o meio capaz de fornecer os fatores de crescimento para ambos, as
plantas daninhas e a cultura podem conviver sem que haja interferência entre elas. O período
total de prevenção da interferência (PTPI) é o período que a cultura deve ficar livre da ação
das plantas daninhas, até que a sua produtividade não seja afetada, ou seja devido
principalmente a cobertura do solo suprimindo as plantas daninhas e período crítico de
prevenção da interferência (PCPI), fase que realmente as práticas de controle de plantas
daninhas devem ser efetivadas afim de não provocar quedas na produtividade da cultura
(VELINI, 1992; FREITAS, 2004; BRIGHENTI, 2004). O conhecimento do período crítico de
interferência é importante principalmente na escolha das práticas adotadas na cultura,
possibilitando um melhor manejo no número de capinas e também proporcionam um efeito
sobre outras práticas de manejo, ocorrendo até a minimização de algumas delas. Garantindo
que a planta consiga expressar o seu máximo potencial produtivo com menor custo de
produção, Freitas (2004).
O objetivo do presente trabalho foi de determinar o período de interferência de plantas
daninhas na cultura da mamona utilizando a cultivar Lyra (porte baixo e precoce) em
condições locais de Cassilândia-MS no período de cultivo de verão.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na área experimental de culturas anuais do Campus da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Cassilândia -
UEMS/UUC (19o06’48” S; 51o44’03” W - 470m de altitude), no período compreendido de
outobro de 2006 a fevereiro de 2007, no município de Cassilândia-MS, conduzido em solo

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1308
classificado como Neossolo Quartzarénico, cujas as principais características químicas estão
expressas na Tabela 1.
Os dados referentes à temperatura do ar e a pluviosidade dos meses em que o
experimento foi conduzido encontram-se na Tabela 2.

Tabela 1 - Análise química do solo, para a camada de 0-20 cm, da área experimental.
Cassilândia-MS, 2007.
pH M.O. P H+Al K Ca Mg SB CTC V
CaCl2 g/kg mg/dm³ ...................................mmolc/dm³................................ %
4,8 17,58 3,78 21,91 1,23 12,6 5,2 19 41 46

Tabela 2 - Valores médios das máximas e das mínimas, temperatura média e pluviosidade
mensais obtidos durante os meses de outubro 2006 a fevereiro de 2007. Dados gerados pela
estação meteorológica da Unidade Universitária de Cassilândia da UEMS. Cassilândia-MS,
2007.
Mês Temperatura (°C) Pluviosidade (mm)
Máximas Médias Mínimas
Outubro 30,3 25,8 22,8 169
Novembro 31,2 26,4 21,5 184
Dezembro 32,0 27,5 22,8 240
Janeiro 31,4 27,0 24,5 480
Fevereiro 32,0 28,4 24,7 150

O delineamento experimental foi o de blocos inteiramente casualizados, com quatro


repetições. Os tratamentos experimentais foram divididos em dois grupos complementares,
com períodos iniciais crescentes, denominados sem a interferência e com interferência das
plantas daninhas. No primeiro, a cultura da mamona permaneceu livre da interferência das
plantas daninhas desde o plantio até os seguintes períodos (dias) do seu ciclo de
desenvolvimento de 14, 28, 42, 56, 70, 98 e 106 (colheita) dias após a emergência (DAE).
Após estes períodos, as plantas daninhas cresceram livremente até o final do ciclo da cultura.
No segundo grupo, a cultura permaneceu sob a interferência das plantas daninhas desde o
preparo final do solo. Após estes períodos as plantas daninhas foram removidas através de
capinas manuais (realizadas com enxadas) após cada período de convivência até a colheita.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1309
A mamona cultivar Lyra foi semeada em 08/10/2006, no espaçamento de 0,45 metros
nas entrelinhas e população de 66.500 plantas ha-¹. A área de cada parcela foi de 10,8 m²
(1,8x6m), com área útil de 4,5m² (0,9x5m). A adubação de semeadura foi constituída de 500
kg ha-1 de NPK (formulação 04-14-08) distribuída na linha de plantio. Aos 15 dias após a
semeadura, foi realizada adubação de cobertura com 50 kg de nitrogênio por hectare.
Foram avaliados, a densidade (n° de indivíduos m-2), o peso de matéria seca (g m-2) e o
levantamento das plantas daninhas em cada período denominado com interferência, e sem
interferência utilizando um quadrado vazado de ferro com dimensão 0,25 m² (0,5x0,5 m),
jogado aleatoriamente na parcela útil, sendo os dados extrapolas para g m². As plantas
daninhas da área foram provenientes apenas do banco de sementes existente no solo, pois o
mesmo era rico em quantidade e qualidade de espécies.
A emergência ocorreu em 23/10/2006 e após sete dias efetuou-se o desbaste deixando
uma população de 44.500 plantas ha-1.
A colheita foi realizada no dia 06/02/2007, quando a cultura completou 106 dias de
ciclo após a emergência, e foi efetuada de forma manual, cortando-se os cachos com tesoura
de poda. Para aferir a massa, os grãos foram debulhados e pesados em balança de analítica em
Laboratório.
Os dados de produtividade foram analisados estatisticamente através do programa
estatístico SISVAR, utilizando o Teste F para análise de variância e Teste de Tukey a 5 % de
probabilidade para comparação de médias.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A comunidade de plantas daninhas foi composta por 10 espécies: capim-carrapicho
(Cenchrus echinatus L.), betônia (Hyptis suaveolens (L.) Poit.), capim-colchão (Digitaria
horizontalis Willd), agriãozinho (Synedrellopsis grisebachii Hieron.), beldroega (Portulaca
oleracea L.), guaxuma (Sida glaziovii K. Schum.), malva-branca (Sida cordifolia L.), malva-
vermelha (Croton glandulosus L.), fedegoso (Senna obtusifolia (L.) Irwin & Barneby) e
trapoeraba (Commelina benghalensis L.). Porém as espécies de maior ocorrência foram
apenas o carrapicho, betônia e capim-colchão, sendo as outras infestantes de menor incidência
em cada período, algumas espécies de plantas daninhas obtiveram mais destaques que outras,
em decorrência da própria época de germinação e da competição pelos fatores limitantes de
crescimento estabelecido entre a comunidade presente na área. Nesse sentido, algumas
espécies apresentaram desenvolvimento maior somente até aos 42 DAE (dias após

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1310
emergência da cultura da mamona), e após diminuiram consideravelmente a sua densidade, ou
não mais ocorreram, como no caso do capim-colchão, guaxuma e malva-branca. Entretanto,
outras plantas apresentaram comportamento contrário, sua maior ocorrência foi a partir dos 42
DAE, como a malva-vermelha, betônia e trapoeraba. Algumas espécies permaneceram em
quantidades constantes, ou superiores em relação às outras espécies durante todo o ciclo da
cultura da mamona, como foi observado nas plantas de beldroega, agriãozinho e capim-
carrapicho.
Na Figura 1 estão apresentados os dados referentes à densidade de plantas daninhas da
área experimental, quando conduzido com a interferência da comunidade infestante,
observando-se alta densidade, logo no primeiro período de convivência fato atribuído devido
à lenta germinação que as sementes de mamona possuem (QUEIROZ et al., 2004), o que
proporciona altas densidades de infestantes nos períodos iniciais de desenvolvimento da
cultura. As maiores densidades de plantas daninhas foram conseguidas até aos 42 DAE,
destacando-se que aos 28 DAE foi o período inicial que se obteve a maior densidade (365
plantas m-²), com o decorrer do ciclo houve queda acentuada da densidade da comunidade
infestante e a partir dos 56 DAE houve estabilização da densidade da comunidade infestante.
Esse comportamento pode ser atribuído, em virtude da competição interespecífica das plantas
da área, pois à medida que os indivíduos cresceram, necessitaram de maiores quantidades de
recursos do meio (BRIGHENTI, et al., 2004). As plantas de betônia, por ter característica
subarbustiva (LORENZI, 2000), causaram drástica competição, principalmente pelo fator luz,
devido ao sombreamento nas plantas de menor porte.
Embora a densidade tenha diminuído, o acúmulo de biomassa seca das plantas daninhas
aumentou acentuadamente até aos 98 DAE (Figura 2) e após este período começou a
decrescer até a colheita.Comportamentos similares foram observados em populações de
infestantes de soja por Spadotto et al. (1992) e girassol por Brighenti, et al. (2004).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1311
400
350
300
250
200 Densidade m²
150
100
50
0
14

28

42

56

70

98

ta
ei
0-

0-

0-

0-

0-

0-

lh
co
Períodos Iniciais com interferencia

Figura 1 - Valores da média da densidade total de plantas daninhas, ocorridas em períodos


crescentes com interferência. UEMS/UUC, Cassilândia-MS, 2007.

700
600
500
400
g m²

Matéria Seca
300
200
100
0
14

28

42

56

70

98

ta
ei
0-

0-

0-

0-

0-

0-

lh
co

Períodos Crescentes de interferência

Figura 2 - Biomassa seca de plantas daninhas ocorridas em períodos crescentes com


interferência. UEMS/UUC, Cassilândia-MS, 2007.

Quando se observa a densidade de plantas daninhas sem interferência (Figura 3), nota-
se, aos 42 DAE, um número considerável das mesmas por m² (141 plantas m-²), decrescendo
conforme aumentaram os períodos de convivência, chegando a 14 e 5 plantas m² aos 98 DAE
e colheita (106 dias), respectivamente. Esse acréscimo da densidade decorrente ao fluxo
germinativo que se teve entre 28 e 42 DAE, comportamento também foi observado por
Brighenti et al. (2004) em girassol e Soares et al. (2004) na cultura da cebola. Este último
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1312
autor também menciona que este comportamento se deve ao fato do controle cultural exercido
pela cultura, sombreando a entrelinha e impedindo outros ciclos germinativos.

160
140
n° indivíduos m²

120
100
80 Densidade
60
40
20
0
14

28

42

56

70

98

ta
ei
lh
co
Período crescente sem interferência

Figura 3 - Densidade de plantas daninhas provenientes dos períodos sem interferência.


UEMS/UUC, Cassilândia-MS, 2007.

Na Tabela 3 encontram-se os valores médios da produtividade de grãos de mamona (kg


ha-1) comparando suas médias pelo Teste de Tukey, com o DMS, os valores de F da análise de
variância e coeficiente de variação de todos os tratamentos juntos (com e sem interferência).
Observou-se que os dados não apresentaram a tendência clássica dos experimentos de
matocompetição (OLIVER, 1988), ou seja, os tratamentos no limpo interceptando os
tratamentos no mato, neste experimento os tratamento de 0-14 DAE com e sem interferência
não apresentaram diferenças estatísticas e o restante foi aumentando (sem interferência) ou
diminuindo (com interferência). As maiores produtividades foram obtidas nos tratamentos
sem interferência de 0-98 e 0-106, com 1879,25 e 1957,75 kg ha-1. No entanto para o produtor
a prática de controle de 0-98 DAE será inviável, pois onera o manejo, elevando os custos de
produção. Então, conforme a análise dos dados o período crítico de prevenção de interferência
14 a 42, sendo assim o período anterior à interferência foi da emergência até 14 dias, sendo o
período total de prevenção de interferência de 0 a 42 dias após a emergência.

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1313
Tabela 3 - Valores médios da produtividade de grãos de mamona (kg ha-1), com interferência
e sem interferência em função dos diferentes períodos crescente. UEMS/UUC, Cassilândia-
MS, 2007.
Períodos Crescentes Com interferência Sem interferência
0-14 1231,50 bcd 1190,25 bc
0-28 1050,50 bc 1395,50 bcde
0-42 738,25 ab 1540,00 cde
0-56 346,25 a 1564,00 cde
0-70 312,25 a 1589,75 cde
0-98 248,00 a 1879,25 de
0-106 (colheita) 243,00 a 1957,75 d
F tratamento 20,625*
F bloco 0,395ns
DMS1 682,02
CV % 24,73
Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.
* Significativo pelo Teste F no nível de 5% de probabilidade. ns Não significativo pelo Teste F no nível de 5%
de probabilidade. 1 Diferença mínima significativa pelo Teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.

Ainda na Tabela 3, percebe-se que nos períodos com interferência obtiveram-se


menores produtividades quando comparados com os períodos sem a interferência das plantas
daninhas, ou seja, a interferência das plantas daninhas reduziu drasticamente a produtividade,
bem evidenciado nos tratamentos a partir de 56 dias após a emergência que ficaram em
convivência com a comunidade infestante.

4 CONCLUSÃO
Para as condições em que este trabalho foi realizado, pode-se concluir que o período
mais indicado para realizar o controle das plantas daninhas na cultura da mamona na cultivar
Lyra, será de 14 aos 42 dias após a emergência nas condições locais de Cassilândia-MS.

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1314
5 AGRADECIMENTOS
Ao PIBIC/UEMS pelo financiamento desta pesquisa e pela concessão de bolsa de
Pesquisa de Iniciação Científica ao primeiro autor e à Empresa “Sementes Armani” pela
doação das sementes utilizadas neste experimento.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. de M. et al. Fitologia. In: AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.L. (Ed.). O
agronegócio da mamona no Brasil, Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2001.
p.37-61.

BRIGHENTI, A.M. et al. Períodos de interferência de plantas daninhas na cultura do girasol.


Planta Daninha, Viçosa-MG, v.22, n.2, p.250-257, 2004.

FREITAS, R.S. et al. Períodos de interferência de Plantas daninhas na cultura da


mandioquinha-salsa. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.22, n.4, p.499-506, 2004.

LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e exóticas. 3 ed.,


Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda. 2000, 608 p.

NETO, et al. Condicionamento osmótico em sementes de Mamona. In: Congresso Brasileiro


de Mamona. Energia e Sustentabilidade, I, Campina Grande-PB. Anais... Campina Grande-
PB, nov. 2004.

QUEIROZ, J.A. et al. Efeito da remoção da carúncula, tratamento químico e tempo de


armazenamento na germinação de sementes de mamona (Ricinnus comunis L.) I Congresso
Brasileiro de Mamona. Energia e Sustentabilidade, Campina Grande-PB. Anais...Campina
Grande-PB, nov. 2004.

SOARES, D.J.; GRAVENA, R. & PITELLI, R.A. Efeito de diferentes períodos de controle
das plantas daninhas na produtividade da cultura da cebola. Planta Daninha, Viçosa-MG,
v.22, n.4, p.517-527, 2004.

SPADOTTO, C.A. et al. Determinação do período crítico para prevenção da interferência de


plantas daninhas na cultura da soja: Uso do modelo “Broken Stick”. Planta Daninha, v.12,
n.2, p.59-62, 1992.

VELINI, E.D. Interferência entre plantas daninhas e cultivadas: In: KOGAN, M. e LIRA,
V.J.E. Avances em manejo de malezas em la producción agrícola y florestal. Santiago del
Chile: PUC/ALAM, 1992. p.41-58.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1315
ADUBACÃO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) COM
NITROGÊNIO E FÓSFORO

José Tadeu Alves da Silva, CTNM/EPAMIG, josetadeu@epamig.br


Édio Luiz da Costa, CTNM/EPAMIG, edio.costa@epamig.br
Inêz Pereira da Silva, UNIMONTES, inesps@yahoo.com.br
Asthor de Moura Neto, UNIMONTES, asthormouraneto@yahoo.com.br

RESUMO: Para exploração da cultura do Pinhão-manso em grandes áreas há necessidade


de informações oriundas da pesquisa para que o cultivo dessa planta seja feito de forma
sustentável. O experimento iniciou em julho de 2006 e o pinhão-manso foi plantado
utilizando mudas originadas de sementes, em Neossolo Quartzarênico, no espaçamento de 4,0
x 2,0 m (1.250 plantas/ha). O ensaio foi irrigado diariamente por microaspersão os
tratamentos foram distribuídos no delineamento experimental em blocos casualizados, com
três repetições, em esquema fatorial 4 x 4, correspondentes a quatro doses de N (0, 60, 120,
240 kg ha-1 ano-1) e quatro doses de P2O5 (0, 100, 200 e 400 kg ha-1ano-1). Verificou-se
interação significativa entre N e P e a aplicação de P elevou a produção linearmente somente
a partir da aplicação de 125 kg de N ha-1 ano-1, abaixo dessa dose de N, a elevação das doses
de P reduziu a produção de grãos linearmente. A produção máxima de grãos de Pinhão-manso
(1538 kg ha-1 ano-1) foi obtida com aplicação de 240 e 400 kg de N e P2O5 ha-1 ano-1,
respectivamente.

Palavras-Chave: Solo, biodiesel, nutrição.

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1316
1 INTRODUÇÃO
O Pinhão-manso é uma planta com alto potencial para extração de óleo para produção
de biodiesel. Essa planta sobrevive em terrenos de baixa fertilidade, entretanto, para alcançar
altas produtividades é necessário que o solo seja adubado com nitrogênio, fósforo, cálcio,
magnésio e enxofre (Saturnino et al. 2006). Segundo esses autores, já se observou associação
de micorrizas com Pinhão manso, o que representa importante estratégia para disponibilizar
fósforo a planta. Isto é fundamental, pois a deficiência de fósforo é um dos principais
responsáveis pela baixa produção agrícola na maioria dos solos brasileiros (Lopes, 1984).
Em trabalho realizado utilizando solos do Matogrosso do Sul, Kurihara et al. 2006,
verificaram que o Pinhão-manso respondeu à adubação fosfatada, principalmente em solos
mais argilosos. Segundo os autores, as respostas à calagem e ao potássio foram menos
pronunciadas.
As pesquisas com adubação do Pinhão-manso ainda estão em fase inicial. Para
exploração da cultura do Pinhão-manso em grandes áreas há necessidade de informações
oriundas da pesquisa para que o cultivo dessa planta seja feito de forma sustentável. O
objetivo desse trabalho foi avaliar a resposta do Pinhão-manso a aplicação de nitrogênio e
fósforo em solo de textura arenosa.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento está sendo conduzido em Neossolo Quartzarênico-NQ (Quadro 1), no
município de Nova Porteirinha localizado na região Semi árida do Norte de Minas Gerais. A
temperatura e a pluviosidade média anual nesta região são de 26ºC e 810mm,
respectivamente. Os atributos químicos do solo estão apresentados no Quadro1.

Quadro 1 - Atributos químicos e físicos do solo


Solo pH MO P1 K1 Ca Mg Al T V Areia Argila Silte
dag kg-1 ---mg dm-3--- ----------cmolc dm-3------- % ----------dag kg-1--------

NQ 6,1 0,4 33 106 1,5 0,5 0,1 3,4 67 91 7 2


1Extrator Mehlich-1 ; MO = Matéria Orgânica

No plantio do Pinhão-manso utilizaram-se mudas de raiz nua originadas de sementes


provenientes da região de Januária-MG. O espaçamento utilizado no plantio das mudas foi 4,0
x 2,0 m (1.250 plantas/ha). O ensaio foi irrigado diariamente por microaspersão, onde foram
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1317
aplicadas lâminas equivalente a 80% da evaporação do tanque Classe A. Os tratamentos
foram distribuídos no delineamento experimental de blocos casualizados, com três repetições,
em esquema fatorial 4 x 4, correspondentes a quatro doses de N (0, 60, 120, 240 kg ha-1
ano-1) e quatro doses de P2O5 (0, 100, 200 e 400 kg ha-1ano-1). As doses de N foram
parceladas e aplicadas mensalmente, as de P foram aplicadas semestralmente. As fontes de
nitrogênio e fósforo foram uréia e superfosfato triplo, respectivamente.
Cada parcela do ensaio foi constituída de 12 plantas em 96m2 e a parcela útil constituída
das duas plantas centrais cultivadas numa área de 16m2. Além do N e P, foram aplicados, em
todas as parcelas, 35 g de cloreto de potássio planta-1 mês-1 e 50 gr de FTE-BR-12 planta-1
ano-1, como fontes de K e micronutrientes, respectivamente.
O plantio do Pinhão-manso foi realizado em setembro de 2005 sem aplicação de
adubos. As aplicações dos tratamentos foram iniciadas em julho de 2006. As colheitas dos
grãos foram realizadas em dezembro de 2006 e abril de 2007.
Os dados de produção de grãos das duas colheitas foram somados e analisados
estatísticamente, mediante ajuste de curva de regressão, considerando os níveis de N e P como
variáveis independentes e a produção de grãos do Pinhão-manso como variável dependente.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi ajustada equação de regressão entre a produção de grãos do Pinhão-manso e as
doses de N e P aplicados no solo. De acordo com a equação (Figura 1), verificou-se que a
aplicação de N elevou de forma quadrática a produção de grãos do Pinhão-manso. Verificou
interação significativa entre N e P, ou seja, a aplicação de fósforo elevou a produção
linearmente somente a partir da aplicação de 125 kg de N ha-1 ano-1, abaixo dessa dose o
aumento da aplicação de doses de P reduziu a produção de grãos linearmente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1318
1400

1200
Produção de grãos (kg ha-1 ano-1)

1000

800

600

400

200

0
400
0 300
60 Doses de P2O5
120 200
-1 -1 180 100 (kg ha-1 ano-1)
Doses de N (kg ha ano ) 240
0
Ŷ = 1150 + 4,0*N - 1,6 x10-2*N2 - 9,5 10-1*P + 7,6 x 10-3*NP R2 = 0,702

Figura 1 - Produção de grãos de Pinhão-manso em função da aplicação de doses de N e P2O5


em Neossolo Quartzarênico.

O teor de P disponível no solo apresentou-se alto. A planta respondeu a aplicação de P


somente quando aumentou o potencial produtivo do solo com o aumento das doses de N. Esse
foi o primeiro ano de produção do Pinhão-manso, essa planta apresenta produção comercial a
partir do quarto ano, aumentando o seu potencial produtivo, assim, espera-se que a planta
exigirá maiores quantidades de nutrientes, principalmente N e P nos próximos ciclos de
produção.
A dose de N que proporcionou a produção máxima de grãos de Pinhão-manso (1400 kg
ha-1 ano-1) foi de 125 kg ha-1 ano-1. Considerando a interação entre N e P, as doses de 240 e
400 kg de N e P2O5 ha-1 ano-1, respectivamente, proporcionaram a máxima produção de grãos
(1538 kg ha-1 ano-1). Silva et al. (2007) trabalhando com Pinhão-manso em casa de vegetação,
verificaram que a adubação com nitrogênio aumentou o número de folhas das plantas e a
produção de matéria seca da parte aérea.
Em trabalho realizado em casa de vegetação por Kurihara et al. (2006), utilizando
amostras de solo do Mato Grosso do Sul, os autores verificaram que a planta de Pinhão-
manso apresentou respostas altamente significativas à aplicação de P. Os autores encontraram

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1319
produção máxima de caule e raízes com aplicação de 282 e 271 mg dm-3 de P,
respectivamente. Considerando os componentes da parte aérea (folhas e caule), as produções
máximas de matéria seca foram obtidas com aplicação de 331 mg dm-3 de P em solo arenoso.
Os autores concluíram que o Pinhão-manso é altamente responsível à adubação fosfatada,
principalmente em solos argilosos. Resultados semelhantes foram encontrados por Moura
Neto et al. (2007), onde os autores concluíram que a planta de Pinhão-manso apresentou
resposta altamente significativa à aplicação de P no solo e que o número e o peso das folhas,
seguido do peso do caule foram os parâmetros que apresentaram maiores resposta a aplicação
de P no solo. Diante dos resultados obtidos nesse trabalho e nos outros mencionados, infere-se
que a planta do Pinhão-manso é exigente em N e P.

4 CONCLUSÃO
A planta de Pinhão-manso respondeu a aplicação de N e P.
A produção máxima de grãos de Pinhão-manso (1538 kg ha-1 ano-1) foi obtida com
aplicação de 240 e 400 kg de N e P2O5 ha-1 ano-1, respectivamente.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KURIHARA, C. H.; ROSCOE, R.; SILVA, W. M.; MAEDA, S.; GORDIN, C. L.; SANTOS,
G. Crescimento inicial de Pinhão-manso sob efeito de calagem e adubação, em solos do Mato
Grosso do Sul. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO
DE PLANTAS, 25, Bonito-MT. Anais...Bonito-MT: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo,
2006 (CD-ROM).
LOPES, A.S. Solos sob “cerrado”: características, propriedades e manejo. 2ª edição.
Piracicaba, Potafós, 1984. 162

SATURNINO, H. M.; PACHECO, D. D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N.


POUBEL. Cultura do Pinhão-manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, Belo
Horizonte, v. 26, n. 229, p. 44-78, 2005.

MOURA NETO, A.; SILVA, J. T. A. da; COSTA, E. L; SILVA, I. P. da. Efeito da aplicação
de diferentes doses de fósforo no pinhão manso (jatropha curcas L). In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 31, Gramado, RS. Anais...Gramada-RS: Sociedade
Brasileira de Ciência do Solo, 2007 (CD-ROM).

SILVA, I. P. da; SILVA, J. T. A. da; MOURA NETO, A.; COSTA, E. L. Resposta do


Pinhão- manso (Jatropha curcas L) a adubação com N e K. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE CIÊNCIA DO SOLO, 31, Gramado, RS. Anais...Gramada-RS: Sociedade Brasileira de
Ciência do Solo, 2007 (CD-ROM).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1320
ESPÉCIES ARBÓREAS OLEAGINOSAS EM FLORESTA DE TERRA
FIRME NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: TERRA INDÍGENA IPIXUNA,
AMAZONAS, BRASIL.

Igor Georgios Fotopoulos, PGDRA/UNIR, fotopoulos@unir.br


Maurício Reginaldo Alves dos Santos, EMBRAPA, mauricio@cpafro.embrapa.br
Angelo Gilberto Manzatto, LABOGEOQ/UNIR, manzatto@unir.br
José Vicente Elias Bernardi, LABOGEOQ/UNIR, bernardi@unir.br
José Januário de Oliveira Amaral, LABOGEOPA/UNIR, januarioamaral@hotmail.com

RESUMO: Os estudos sobre plantas oleaginosas têm merecido especial destaque no


contexto amazônico. Grande parte deste potencial da região se deve a diversidade florística
das espécies e a variedade dos usos ainda parcialmente diagnosticada. Diante da escassez de
informações sobre as espécies nativas da Amazônia, o presente trabalho teve como objetivo
inventariar as espécies arbóreas oleaginosas em cinco hectares da floresta de terra firme na
Terra Indígena Ipixuna, e ainda, determinar o seu potencial de uso para um futuro plano de
manejo neste território. Assim, para o levantamento da composição florística foram
amostradas 20 parcelas de 10 x 250 metros, distando aproximadamente 1.500 m uma das
outras. No interior de cada uma das parcelas foram registrados os indivíduos arbóreos com
CAP maior que 30 cm. A identificação da composição florística foi conduzida
preliminarmente pelo nome vulgar e, posteriormente, a identificação taxonômica das espécies
a partir de literaturas especializadas e por meio de chaves de identificação. Entretanto, para o
melhor tratamento dos dados alcançados, foi aplicado o método de análise multivariada
(Análise de Correspondência Múltipla), utilizando-se do pacote estatístico XLSTAT®, versão
6.1. De acordo com estes procedimentos foram registrados 306 indivíduos arbóreos,
distribuídos em 18 espécies oleaginosas e 12 famílias botânicas. A categoria de uso medicinal,
com um total de 10 espécies, correspondeu o maior número de táxons na amostragem,
seguidos dos potenciais: industrial, com 9 e alimentício, com 8. Por fim, este trabalho
destacou o uso medicinal e o potencial industrial como os mais importantes do local de
estudo, além de ter mencionado diferentes formas de utilização das espécies oleaginosas para
os índios Parintintin, fornecendo dessa maneira relevantes subsídios para a formulação de um
plano de manejo sustentado destas potencialidades.

Palavras-Chave: Floresta de terra firme, utilização econômica, manejo florestal.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1321
1 INTRODUÇÃO
Os estudos sobre plantas oleaginosas têm merecido especial destaque no contexto
amazônico nos últimos anos. Grande parte deste potencial da região deve-se a diversidade
florística das espécies e a variedade dos usos ainda parcialmente diagnosticada (Silva et al.,
1992; Almeida et al., 1993).
Uma das principais causas apontadas para o desconhecimento das plantas oleaginosas
amazônicas é atribuída aos desmatamentos, que afetam a perda da cobertura vegetacional
antes mesmo que se tenha informação da sua riqueza natural (Souza et al., 2006).
Em oposição a este problema, o estudo quantitativo das espécies florestais corresponde
o passo inicial para a determinação do potencial efetivo da floresta, uma vez que este
procedimento possibilita maior conhecimento da diversidade de plantas e, também,
informações fundamentais para o melhor aproveitamento de seus recursos.
Dentre as possibilidades economicamente viáveis para as espécies florestais amazônicas
se destaca o biodiesel, que com sua capacidade de combustível biodegradável produzido a
partir de plantas oleaginosas, vem tendo imagem positiva perante a sociedade ambientalista
(Marvulle et al., 2005).
Todavia, as espécies oleaginosas possuem outras potencialidades de uso que podem ser
empregadas em diferentes áreas de interesses humano, como a medicina e a indústria
alimentícia, evidenciando assim a grande importância desse grupo de plantas.
Tendo em vista a escassez de informações sobre as espécies nativas da Amazônia, o
presente trabalho teve como objetivo inventariar as espécies arbóreas oleaginosas em cinco
hectares da floresta de terra firme na Terra Indígena Ipixuna, e ainda, determinar o seu
potencial de uso para um futuro plano de manejo neste território dos índios Parintintin.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado durante o diagnóstico ambiental participativo, via Associação de
Defesa Etno Ambiental – Kanindé, em cinco hectares da floresta de terra firme na Terra
Indígena Ipixuna (61º 30’ e 62º 15’ S e 06º 20’ e 07º 15’ W), área localizada no município de
Humaitá, Estado do Amazonas, Região Norte do Brasil.
Para o levantamento da composição florística foram amostradas 20 parcelas de 10 x 250
metros, distando aproximadamente 1.500 metros uma das outras e lançadas em duas
localidades diferentes no território dos índios Parintintin (acampamento do Urumutum e
aldeia Canavial). Esse método foi adotado por permitir atingir de modo padronizado uma

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1322
maior abrangência na área de estudo e, conseqüentemente, um melhor conhecimento local da
riqueza de espécies.
No interior de cada uma das parcelas foram registrados em planilha de campo todos os
indivíduos arbóreos e vivos com circunferência à altura do peito (CAP) igual ou maior que 30
centímetros, utilizando-se de uma fita métrica para as medidas do tronco. A visita para coleta
de dados ocorreu entre os meses de agosto e setembro do ano de 2006.
A identificação da composição florística foi conduzida preliminarmente pelo nome
vulgar, reconhecido através das características amostrais e da casca (morfologia, odor, cor e
presença de látex ou resina) e, posteriormente, a identificação taxonômica das espécies a
partir da consulta de literaturas especializadas e por meio de chaves de identificação.
Visando obter maiores informações a respeito do potencial oleaginoso das espécies
florestais foi sistematizado por meio de entrevistas o conhecimento empírico adquirido pelos
índios Parintintins sobre os diversos usos.
No entanto, para o melhor tratamento dos dados alcançados, foi aplicado o método de
análise multivariada com o intuito de reduzir a quantidade de informações a serem
interpretadas e, também, caracterizar as espécies mais relevantes dentro dos diferentes grupos.
Em vista disso, empregou-se a análise de correspondência múltipla, onde inicialmente
foi gerada uma matriz de presença/ausência para que posteriormente fosse utilizado o
programa estatístico XLSTAT®, versão 6.1. O uso dessa técnica é recomendado porque este
procedimento gera autovalores ou “eigenvalues” nos dois primeiros eixos, que servem como
indicadores da proporção de variação para explicação dos dados.
Por fim, os espécimes incluídos na pesquisa foram classificados em famílias, de acordo
com o sensu APG II (2003), e as nomenclaturas descritas conforme a página da WEB do
Missouri Botanical Garden (http://mobot.mobot.org/W3T/Search/vast.html).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificados no levantamento 306 indivíduos arbóreos, distribuídos em 18
espécies oleaginosas e 12 famílias botânicas (Tabela 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1323
Tabela 1 - Famílias, espécies, número de indivíduos (Nº) e potencial de uso dos táxons
inventariados nos cinco hectares da floresta de terra firme na Terra Indígena Ipixuna,
Amazonas, Brasil.
Famílias Espécies Nº Potencial*
Arecaceae Astrocaryum aculeatum Wallace 29 a
Attalea spectabilis Mart. 1 d
Maximiliana maripa (Aubl.) Drude 2 a; d
Oenocarpus bataua Mart. 5 a
Orbignya speciosa (Mart. ex Spreng.) Barb. Rodr. 56 a; b; c; d; e; g; h
Burseraceae Protium hebetatum Daly 137 h
Caryocaraceae Caryocar villosum (Aubl.) Pers. 3 a; c; d
Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess. 7 f; g; h
Euphorbiaceae Hevea brasiliensis (Kunth) Müll. Arg 1 b; d; f
Fabaceae Copaifera multijuga Hayne 7 c; d; f; h
Dipteryx ferrea (Ducke) Ducke 7 c; d; h
Humiriaceae Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. 7 a; c; d; h
Lauraceae Ocotea cujumary Mart. 17 h
Lecythidaceae Bertholletia excelsa Bompl. 3 a
Malvaceae Ceiba pentandra (L.) Gaerth 2 a; b; d; g
Sterculia speciosa K. Schum. 1 h
Meliaceae Carapa procera DC. 11 b; c; g; h
Myristicaceae Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. 10 b; c; h
*Onde: (a) Alimentício; (b) Biocombustível; (c) Cosméticos; (d) Industrial; (e) Produção de parafinas; (f)
Produção de tintas e/ou vernizes; (g) Saponificação; (h) Medicinal.

De acordo com a Tabela 1, a categoria de uso medicinal, com um total de 10 espécies,


correspondeu o maior número de táxons na amostragem, seguidos dos potenciais: industrial,
com 9; alimentício, com 8; cosméticos, com 7; biocombustível, com 5; saponificação, com 4;
produção de tintas e/ou vernizes, com 3; e produção de parafinas, com 1.
Observa-se ainda na Tabela 1, que a família Arecaceae teve bastante destaque no
levantamento devido ter agrupado a maior quantidade de espécies e também a possibilidade
de diferentes usos, principalmente com (Orbignya speciosa).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1324
Sobre esse aspecto, Ferreira (1998) menciona que a diversidade genética e específica de
palmeiras vem indicar a importância da região para o estabelecimento de novas áreas de
proteção da biodiversidade, devido à relevância ecológica que algumas espécies possuem no
ambiente, ressaltando dessa maneira a necessidade de maiores cuidados na extração dos
recursos de alguns táxons.
Não obstante a isso, espécies florestais de valor econômico como (Attalea spectabilis),
(Hevea brasiliensis), (Sterculia speciosa), (Maximiliana maripa), (Ceiba pentandra),
(Caryocar villosum) e (Bertholletia excelsa) possuíram poucos indivíduos no levantamento,
ratificando que algumas espécies estiveram dispostas de maneira muito comum na área de
estudo e outras de forma relativamente raras na amostragem.
A análise de correspondência múltipla veio apresentar autovalores “eigenvalues”
significativos nos dois primeiros eixos (0,306, para o primeiro eixo e 0,223 para o segundo),
explicando cerca de 53% da variação dos dados. Desse valor 31% foi sintetizado pelo
primeiro eixo, que separou as espécies com potencial medicinal das demais categorias,
enquanto que o segundo eixo, com 22%, destacou as espécies de uso industrial (Figura1).

Eixo 2 (22 %)
1,5

Endople uchi

Eixo 1 (31 %)
1
Dipt ferrea
Hevea brasil
0,5 Copa mult
Cara proc Max mari VirolaProt
sur
heb
Ster speci Atta spec
0
Ceiba pent Car villo
Bert exc
-0,5 Astr acu
Calophy brasil
Orbig spec
-1 Ocot cuju
Oeno bat
-1,5

-2

-2,5
-3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1

Figura 1 - Resultado gráfico dos dois primeiros eixos da análise de correspondência múltipla
das espécies oleaginosas amostradas na Terra Indígena Ipixuna, Amazonas, Brasil.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1325
Conforme a representação da Figura 1, as espécies (Copaifera multijuga), (Virola
surinamensis) e (Protium hebetatum) corresponderam os táxons de maior relevância no
primeiro eixo, indicando que o grupo arbóreo com potencial medicinal foi estabelecido
decorrente o elevado índice de indivíduos registrados na amostragem, sobretudo da espécie
(P. hebetatum).
Em relação ao eixo 2, (Endopleura uchi), (Dipteryx férrea), (Hevea brasiliensis) e
(Maximiliana maripa) agruparam-se pela informação semelhante do potencial de uso
industrial entre as espécies.

4 CONCLUSÃO
Este trabalho destacou o uso medicinal e o potencial industrial como os mais
importantes usos do local de estudo, evidenciou as diferentes formas de utilização das
espécies oleaginosas para os índios Parintintin, conciliando o conhecimento técnico-científico
e o saber tradicional do homem amazônico para um promissor modelo de gestão e uso
integrado dos recursos naturas da floresta de terra firme, fornecendo relevantes subsídios para
a formulação de um plano de manejo sustentado destas potencialidades a fim de motivar
ações mais condizentes com a realidade amazônica.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, S.S.; Lisboa, P.L.B.; Silva, A.S.L. 1993. Diversidade florística de uma
comunidade arbórea na estação científica “Ferreira Penna”, em Caxiuanã (Pará).
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Botânica, Belém, v.9, n.1, p.93-188.

APG II. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders
and families of flowering plants. Botanical Journal of the Linnean Society, London, v.141,
p.399-436.

Ferreira, E. 1998. Palmeiras do Parque Natural do Seringueiro, Acre, Brasil. Acta


Amazonica, Manaus, v.28, n.4, p.373-394.

Marvulle, V.; Nogueira, L.A.H.; Lopes, E.M.; Oliveira, M.T. 2004. A ESPECIFICAÇÃO
BRASILEIRA DE BIODIESEL: ASPECTOS CRÍTICOS E SUA AVALIAÇÃO. In:
Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biodiesel, 1., 2004, Anais...
Minas Gerais: Universidade Federal de Lavras e Prefeitura Municipal de Varginha.
Disponível em: < http://oleo.ufla.br/anais_01/artigos/e01.pdf >. Acesso em 02 de maio 2007.

Silva, A.S.L.; Lisboa, P.L.B.; Maciel, U.N. 1992. Diversidade florística e estrutura em
floresta densa da bacia do rio Juruá-AM. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi,
Botânica, Belém, v.8, n.2, p.203-235.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1326
Souza, D.R.; Souza, A.L.; Leite, H.G.; Yared, J.A.G. 2006. Análise Estrutural em Floresta
Ombrófila Densa de Terra Firme não Explorada, Amazônia Oriental. Revista Árvore,
Viçosa, v.30, n.1, p.5-87.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1327
TESTE DE TETRAZÓLIO EM SEMENTES DE (Jatropha curcas L).

Cristiane Alves Fogaça, PGCAF/UFRRJ, fogacac@yahoo.com.br


Luany Leal da Silva, IF/UFRRJ, luany_leal@hotmail.com
Paulo Sérgio dos Santos Leles, IF/UFRRJ, pleles@ufrrj.br
José Carlos Polidoro, EMBRAPA/CNPS, polidoro@cnps.embrapa.br
Silvio Nolasco de Oliveira Neto, IF/UFRRJ, snolasco@ufrrj.br

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo definir procedimentos para a padronização do
teste de tetrazólio na avaliação da qualidade de sementes de (Jatropha curcas L.). Os
parâmetros estudados foram a preparação e coloração de sementes de pinhão-manso, visando
a obtenção de coloração uniforme com intensidade que permita a diferenciação de tecidos
sadios, mortos e em deterioração. Sementes de pinhão-manso foram submetidas às seguintes
preparações: sementes intactas e sementes escarificadas manualmente submetidas a
embebição por 24 e 48 horas, com e sem retirada do tegumento, seguida ou não de corte
longitudinal através do centro do eixo embrionário. As preparações foram submetidas a 1, 3 e
5 horas de coloração em solução de 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio com concentrações de
0,050; 0,075 e 0,1%. No processo de coloração foram utilizadas três sub-amostras de 15
sementes para cada tratamento, acondicionadas em recipientes plásticos de 200 mL com
solução de tetrazólio e mantidas no escuro em câmara a 35ºC. As sementes foram analisadas
uma a uma em função da intensidade e uniformidade de coloração. Sementes escarificadas
manualmente e embebidas por 24 e 48 horas a 35ºC, com posterior retirada do tegumento e
corte longitudinal, imersas em solução de tetrazólio nas concentrações de 0,075% por 5 horas
e 0,1% por 3 horas; e 0,075% por 3 e 5 horas e 0,1% por 1 e 3 horas, respectivamente,
apresentaram coloração adequada para avaliação do teste de tetrazólio. Nestes, as sementes
apresentaram coloração rósea ou vermelha brilhante uniforme, típico de tecido sadio vivo,
permitindo a identificação e diferenciação de tecidos mortos que apresentaram coloração
branca e leitosa ou em deterioração com coloração vermelha intensa.

Palavras-Chave: Pinhão-manso, teste rápido, viabilidade, qualidade fisiológica

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1328
1 INTRODUÇÃO
A avaliação da qualidade de sementes através de testes rápidos que proporcionem
resultados reproduzíveis tem sido uma busca constante dos tecnologistas de sementes. Entre
os testes indiretos considerados rápidos, o teste de tetrazólio vem se destacando, pois além de
avaliar viabilidade e vigor, permite a identificação dos fatores que influenciam a qualidade
das sementes, como danos mecânicos, danos ocasionados por secagem, insetos, e deterioração
por umidade (KRZYZANOWSKI et al., 1991; BHÉRING et al., 1996 e FRANÇA-NETO,
1999). Os dados obtidos através deste teste podem ser utilizados no estabelecimento de bases
para a comercialização, determinação do ponto de colheita, controle de qualidade durante o
armazenamento e período de armazenamento (MARCOS-FILHO et al., 1987).
O teste fundamenta-se na avaliação da viabilidade das sementes com base na alteração
da coloração dos tecidos em presença de uma solução de sal de tetrazólio, o qual é reduzido
pelas enzimas desidrogenase dos tecidos vivos, resultando num composto chamado
formazam, de coloração vermelha-carmim. Tecidos mortos ou muito deteriorados
apresentaram-se descoloridos. O padrão de coloração dos tecidos pode ser utilizado para
identificar sementes viáveis, não viáveis e, dentro da categoria viável, as de alto e baixo vigor
(VIEIRA e VON-PINHO, 1999). A coloração vermelha-brilhante ou rosa-brilhante se
desenvolve quando o hidrogênio resultante do processo de respiração das células vivas
combina-se com a solução de tetrazólio absorvida. Os tecidos do embrião sadio absorvem a
solução de tetrazólio lentamente e tendem a desenvolver uma coloração mais leve que os
embriões deteriorados que adquirem uma cor vermelha-carmim forte. A presença de tecidos
não colorida, firme e sadia sugere maior resistência de penetração da solução de tetrazólio que
a morte do tecido. O tecido morto geralmente é caracterizado por uma cor branca ou
amarelada e textura flácida (BHÉRING et al., 1996 e FRANÇA-NETO, 1999).
O teste de tetrazólio apresenta várias vantagens, pois não é afetado por diversas
condições que podem alterar o teste padrão de germinação, por exemplo, presença de fungos;
dá atenção às condições físicas e fisiológicas do embrião de cada semente individualmente;
permite rápida avaliação da viabilidade; permite a identificação de diferentes níveis de
viabilidade; fornece o diagnóstico da causa da perda da viabilidade das sementes; e requer
equipamento simples e barato (DELOUCHE et al., 1976, FRANÇA-NETO et al., 1998 e
FRANÇA-NETO, 1999).
Conforme PIÑA-RODRIGUES e SANTOS (1988), o teste de tetrazólio não é muito
difundido entre espécies perenes, embora apresente excelentes condições para ser utilizado

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1329
rotineiramente, uma vez que muitas dessas espécies necessitam de um longo período para
germinarem. Em vista dessa situação, pesquisas têm sido desenvolvidas procurando abreviar o
prazo requerido para obtenção dos resultados de viabilidade, a partir da padronização do teste
de tetrazólio para cada espécie e a correlação dos resultados de tetrazólio com a emergência
das sementes em condições de viveiro (NASCIMENTO e CARVALHO, 1998).
Assim, muitos autores vêm desenvolvendo a metodologia do teste de tetrazólio para
espécies anuais e perenes, destacando-se soja (FRANÇA NETO et al., 1999), feijão
(BHERING et al., 1999), milho (DIAS e BARROS, 1999), algodão (VIEIRA e VON-PINHO,
1999), amendoim (BITTENCOURT et al., 1997; BITTENCOURT e VIEIRA, 1999), café
(ARAÚJO et al., 1997; VIEIRA et al., 1998), gramíneas forrageiras (DIAS e ALVES, 2001
a,b), maracujá-doce (MALAVASI et al., 2001), farinha seca (ZUCARELI et al, 2001);
araucária (SOROL e PÉREZ, 2001); canafístula (OLIVEIRA et al, 2001a); copaíba
(FOGAÇA et al., 2001); guapuruvu (PAULA et al., 2001); ipê-amarelo (OLIVEIRA et al.,
2001b); louro pardo (MENDONÇA et al, 2001); pata-de-vaca (KROHN et al., 2001) e sucará
(FOGAÇA et al., 2006).
Diante do exposto e em virtude da escassez de informações na literatura, o objetivo
deste trabalho foi definir procedimentos para padronização do teste de tetrazólio na avaliação
da viabilidade das sementes de (Jatropha curcas L.).

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas sementes de (J. curcas) provenientes do município de Janaúba, MG. O
trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes, do Instituto de Florestas,
Departamento de Silvicultura da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica,
RJ.
Antes e após cada pré-condicionamento determinou-se o grau de umidade das sementes,
conforme prescrições das Regras para Análise de Sementes (RAS), utilizando três repetições
de 5 g de sementes acondicionadas em estufa a 105ºC por 24 horas (BRASIL, 1992).
As sementes intactas e escarificadas manualmente com auxílio de lixa nº50, foram
submetidas à embebição em rolos de papel umedecidos (2,5 vezes o peso do papel)
acondicionados em câmara de germinação regulada a temperatura de 35ºC, por 24 e 48 horas.
Posteriormente à embebição, as sementes foram submetidas ou não à retirada do tegumento,
seguida ou não de corte longitudinal através do centro do eixo embrionário. A combinação
desses fatores foi considerada como preparo das sementes. Nesta fase, empregaram-se quatro

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1330
repetições de 20 sementes para cada preparo, considerando as possíveis perdas durante o
processo.
As sementes de cada uma das preparações foram submetidas a 1, 3 e 5 horas de
embebição em solução de 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio (pH 6,5 a 7,0) com diferentes
concentrações 0,050; 0,075 e 0,1%.
Utilizou-se três repetições de 15 sementes para cada tratamento, acondicionadas em
recipientes plásticos de 200 mL, onde adicionou-se a solução de 2,3,5 trifenil cloreto de
tetrazólio em quantidade suficiente para cobri-las. Os recipientes foram colocados em câmara
a 35ºC, no escuro, permanecendo nos períodos anteriormente citados. Após o período de
coloração, a solução foi drenada, as sementes lavadas em água corrente e mantidas submersas
em água em ambiente refrigerado até o momento da avaliação.
As sementes foram analisadas uma a uma e, no caso de sementes que não foram
submetidas ao corte longitudinal, foram seccionadas longitudinalmente através do centro do
eixo embrionário com auxílio de bisturi. Para auxiliar a visualização de todos os detalhes das
sementes foi utilizado um microscópio estereoscópico de quatro aumentos (4x).
Para a caracterização dos níveis de viabilidade elaborou-se uma representação de
sementes viáveis e inviáveis, observando a presença e a localização do dano, além das
condições físicas das estruturas embrionárias. A diferenciação de cores dos tecidos foi
observada de acordo com os critérios estabelecidos para o teste de tetrazólio (DELOUCHE et
al., 1976; BHÉRING et al., 1996; FRANÇA-NETO, 1999): vermelha brilhante ou rosa
(tecido vivo e vigoroso), branco-leitosa ou amarelada (tecido morto) e vermelha-carmim forte
(tecido em deterioração).
A definição da melhor preparação e condições de coloração baseou-se nos aspectos dos
tecidos e na intensidade e uniformidade de coloração.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O grau de umidade inicial das sementes de pinhão-manso foi de 9,2%. Após, a
embebição por 24 horas, as sementes intactas e escarificadas manualmente apresentaram grau
de umidade de 42 e 45%, respectivamente. No período de embebição de 48 horas, o grau de
umidade das sementes intactas e das sementes escarificadas elevou-se para 47 e 49%,
respectivamente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1331
Na Figura 1 estão ilustradas os diferentes padrões de coloração obtidos pelas sementes
conforme as condições de preparo e de coloração a que foram submetidas.

Sementes com coloração adequada

Sementes com coloração fraca e Sementes com coloração


desuniforme intensa
Figura 1 - Padrões de coloração de sementes de (Jatropha curcas L.).

Sementes intactas embebidas por 24 horas a 35ºC, não permitiram a retirada do


tegumento e o corte longitudinal através do centro do eixo embrionário, assim não foi
possível submeter às sementes as preparações definidas neste trabalho.
Independente da concentração da solução de tetrazólio e do período de coloração, as
sementes escarificadas e submetidas à embebição por 24 horas, sem posterior retirada do
tegumento e sem corte longitudinal, não desenvolveram coloração, possivelmente devido a
presença do tegumento que impossibilitou a penetração da solução de tetrazólio. Resultados
semelhantes foram obtidos por FOGAÇA (2003), com sementes de (Astronium graveolens),
(Jacaranda cuspidifolia) e (Parapiptadenia rígida).
As sementes escarificadas e embebidas por 24 horas, sem posterior retirada do
tegumento e com corte longitudinal e imersas em soluções de tetrazólio a 0,050 e 0,075% por
1 e 3 horas, apresentaram coloração fraca e desuniforme. Em solução com concentrações de
0,050 e 0,075% por 5 horas e 0,1% por 1 e 3 horas, a coloração obtida foi adequada
permitindo a diferenciação dos tecidos. Com a retirada do tegumento e sem corte longitudinal,
as sementes apresentaram coloração desuniforme. Muitas sementes não apresentaram
coloração na região central do tecido de reserva e no eixo embrionário, colorindo apenas nas
extremidades das sementes, devido aos danos causados pela retirada do tegumento, não
permitindo a correta avaliação. Este resultado também foi observado em trabalho

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1332
desenvolvido por FOGAÇA et al. (2006), avaliando o uso do teste de tetrazólio para a espécie
florestal (Gleditschia amorphoides).
No pré-condicionamento, anteriormente citado, retirando o tegumento e efetuando o
corte longitudinal, as sementes submetidas à coloração em solução de tetrazólio nas
concentrações de 0,075% por 5 horas e 0,1% por 3 horas, desenvolveram coloração adequada.
As demais concentrações e períodos de coloração resultaram em coloração desuniforme ou
intensa.
As sementes intactas submetidas à embebição por 48 horas, sem posterior retirada do
tegumento e sem corte longitudinal através do centro do eixo embrionário, apresentaram
coloração original.
No mesmo pré-condicionamento, as sementes submetidas apenas ao corte longitudinal,
independente da concentração e do período de coloração, apresentaram coloração
desuniforme, ou seja, manchas dispersas nos cotilédones sem atingir o eixo embrionário ou
ainda, com coloração apenas no eixo embrionário, ou com coloração intensa. Exceções se
fazem aos tratamentos que submeteram as sementes à coloração em soluções de 0,050 e
0,075% por 5 horas e 0,1% por 3 horas, os quais possibilitaram a diferenciação dos tecidos,
com intensidade e uniformidade de colorações adequadas.
Sementes intactas e embebidas por 48 horas, com posterior retirada do tegumento e sem
corte longitudinal, apresentaram coloração desuniforme independente da concentração da
solução de tetrazólio e do período de coloração. Quando as sementes foram submetidas a
retirada do tegumento e ao corte longitudinal, desenvolveram coloração adequada em solução
com concentrações de 0,1% por 3 horas e 0,050 e 0,075% por 5 horas. Nas demais
concentrações e períodos, as sementes apresentaram coloração desuniforme ou intensa.
Resultados semelhantes foram obtidos para sementes de (Jacaranda cuspidifolia) (FOGAÇA,
2003).
As sementes submetidas à escarificação e a embebição por 48 horas, sem posterior
retirada do tegumento e sem corte longitudinal, não coloriram. Possivelmente, a presença do
tegumento impediu a penetração da solução de tetrazólio. Com o corte longitudinal, as
sementes apresentaram coloração adequada quando submetidas a soluções com concentrações
de 0,1% por 3 horas e 0,075% por 5 horas.
Sementes escarificadas e embebidas por 48 horas, com posterior retirada do tegumento
e sem corte longitudinal, apresentaram coloração desuniforme em todas as concentrações e
períodos de coloração, com exceção do tratamento que submeteu as sementes à coloração em
solução de 0,1% por 5 horas, que permitiu a diferenciação dos tecidos. PAULA et al. (2001),
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1333
para sementes de (Schizolobium parahyba), obtiveram bons resultados utilizando este mesmo
pré-condicionamento e a mesma concentração da solução de tetrazólio por 4 horas.
Neste mesmo pré-condicionamento, as sementes submetidas à retirada do tegumento e
ao corte longitudinal, apresentaram coloração adequada nas concentrações de 0,075% por 3 e
5 horas e 0,1% por 1 e 3 horas. As demais concentrações e períodos de coloração resultaram
em coloração desuniforme ou intensa.
Na Tabela 1 é apresentado um resumo geral das várias condições de preparo e de
coloração a que foram submetidas às sementes durante o desenvolvimento do teste de
tetrazólio.

Tabela 1 - Colorações obtidas submetendo as sementes de Jatropha curcas L. a diferentes


condições de preparo e coloração
Pré - Retirada Corte Concentraç Tempo de Coloração obtida
condicionamen do longitudin ão da coloração
to tegument al solução (h)
o (%)
Sementes Não permitiram a retirada do tegumento e o corte longitudinal através do
intactas e centro do eixo embrionário, assim não foi possível submeter às sementes
embebidas por as preparações.
24h
Sementes Sem Sem Todas Todos Não houve
escarificadas e coloração
embebidas por Sem Com 0,050 e 1e3 Coloração
24 h 0,075 desuniforme
0,050 e 5 Coloração
0,075 adequada
0,1 1e3 Coloração
adequada
0,1 5 Coloração intensa
Com Sem Todas Todos Coloração
desuniforme
Com Com 0,050 e 3 Coloração
0,075 desuniforme
0,075 5 Coloração
adequada
0,1 3 Coloração
adequada
0,1 5 Coloração intensa
Sementes Sem Sem Todas Todos Não houve
intactas e coloração
embebidas por Sem Com 0,050 e 1e3 Coloração
48 h 0,075 desuniforme
0,050 e 5 Coloração
0,075 adequada
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1334
Com Sem Todas Todos Cloração
desuniforme
Com Com 0,050 e 5 Coloração
0,075 adequada
0,1 3 Coloração
adequada
0,1 5 Coloração intensa
Sementes Sem Sem Todas Todos Não houve
escarificadas e coloração
embebidas por Sem Com 0,075 5 Coloração
48 h adequada
0,1 3 Coloração
adequada
0,1 5 Coloração intensa
Com Sem 0,050 e Todos Coloração
0,075 desuniforme
Sementes Com Sem 0,1 1e3 Coloração
escarificadas e adequada
embebidas por 5 5 Coloração
48 h adequada
Com Com 0,05 Todos Coloração
desuniforme
0,075 3e5 Coloração
adequada
0,1 1e3 Coloração
adequada
0,1 5 Coloração intensa

Na Figura 2 está representada, em diagrama, a classificação dos níveis de viabilidade


encontrados na padronização do teste de tetrazólio para sementes de (J. curcas), conforme
descrições a seguir:
Classe 1 – Viável: semente com coloração rósea uniforme, apresentando tecidos com
aspecto normal e firme;
Classe 2 – Viável: semente com coloração rósea uniforme e na região central dos
cotilédones apresentando coloração vermelha intensa, sem atingir o eixo embrionário;
Classe 3 – Viável: semente apresentando manchas brancas e leitosas entremeadas de
outras com coloração vermelha intensa;
Classe 4 – Viável: eixo embrionário e mais de 50% da região cotiledonar com coloração
rósea uniforme, com áreas dispersas de coloração branca e leitosa;
Classe 5 – Inviável: eixo embrionário e mais de 50% da região cotiledonar com
coloração vermelha intensa, caracterizando tecidos em deterioração;

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1335
Classe 6 – Inviável: semente com coloração vermelha intensa, indicando processo de
deterioração;
Classe 7 – Inviável: eixo embrionário com coloração vermelha intensa e região
cotiledonar apresentando manchas brancas e leitosas dispersas;
Classe 8 – Inviável: semente totalmente branca, apresentando tecidos flácidos.

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Classe 5 Classe 6 Classe 7 Classe 8


Figura 2 - Representação diagramática das classes de viabilidade para sementes de (Jatropha
curcas).
Legenda: Vermelha intensa Rósea Branca

4 CONCLUSÃO
Em função da praticidade operacional e da obtenção de coloração adequada para
avaliação do teste de tetrazólio, os melhores resultados foram obtidos quando as sementes
foram submetidas à escarificação manual e embebição por 24 e 48 horas a 35ºC, seguida da
retirada do tegumento e de corte longitudinal, imersas em solução de tetrazólio nas
concentrações de 0,075% por 5 horas e 0,1% por 3 horas; e 0,075% por 3 e 5 horas e 0,1%
por 1 e 3 horas, respectivamente. Nestes, as sementes apresentaram coloração rósea ou
vermelha brilhante uniforme, típico de tecido sadio vivo, permitindo a identificação e
diferenciação de tecidos mortos que apresentaram coloração branca e leitosa ou em
deterioração com coloração vermelha intensa.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1339
ANÁLISE DE DESEMPENHO DE UM MOTOR DE IGNIÇÃO POR
COMPRESSÃO UTILIZANDO ÓLEO DIESEL E ÉSTER ETÍLICO DE
ÓLEO DE SOJA COMO COMBUSTÍVEL

Carlo Alessandro Castellanelli, UFSM, castellanelli@bol.com.br


Flávio Dias Mayer, UFSM, flaviodmayer@yahoo.com.br
Márcio Castellanelli, UNIOESTE, engcastellanelli@yahoo.com.br
Ronaldo Hoffmann, UFSM, hoffmann@ct.ufsm.br

RESUMO: A necessidade de substituição dos combustíveis derivados de petróleo sempre


foi impulsionada pela busca de alternativas preferencialmente renováveis, oriundas da
biomassa, tanto para os óleos combustíveis como para a gasolina. A procura de alternativas
apóia-se nas oscilações de preço e oferta de petróleo e também nas previsões de sua escassez.
Dentre as fontes renováveis, destaca-se o Biodiesel, o qual pode ser obtido através de diversas
matérias-primas e que ocupa posição de destaque nas discussões energéticas e ambientais
atuais. Este trabalho analisou desempenhos de torque, potência e consumo específico de
combustível em um motor de ciclo diesel de médio porte, de uso industrial e automotivo
utilizando diferentes misturas de diesel e biodiesel.

Palavras-Chave: Biodisel, motores diesel, desempenho de motores.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1340
1 INTRODUÇÃO
A necessidade de substituição dos combustíveis derivados de petróleo sempre foi
impulsionada pela busca de alternativas preferencialmente renováveis, oriundas da biomassa,
tanto para os óleos combustíveis como para a gasolina. A procura de alternativas apóia-se nas
oscilações de preço e oferta de petróleo e também nas previsões de sua escassez.
O Brasil não constitui exceção na busca de fontes alternativas de energia, e pelo fato de
possuirmos enorme gama de matérias-primas para produção de biodiesel, devemos ter estudos
gerando parâmetros de utilização do biodiesel em motores a ignição por compressão. Mesmo
outros países em outras condições climáticas menos favoráveis, senão adversas, já apresentam
a disponibilidade de combustíveis alternativos para motores diesel.
É importante lembrar, também, dos efeitos do racionamento de energia elétrica que o
Brasil foi submetido, desde junho de 2001 até meados de 2002. Esse racionamento de energia
elétrica trouxe à tona, novamente, a necessidade de se pesquisarem fontes energéticas que,
além de atuarem como alternativas aos combustíveis fósseis e à energia nuclear, sejam menos
poluentes e renováveis.
Este trabalho de pesquisa tem como objetivo final a proposta de utilização de novas
alternativas que possam conduzir à minimização da dependência de empresas de médio e
grande porte dos derivados de petróleo, a partir da busca constante de auto-suficiência
energética. Avaliou-se um motor de ciclo diesel de médio porte, normalmente utilizado em
caminhões, podendo também ser acoplado a geradores, analisando-se os desempenhos de
torque, potência e consumo específico de combustível.
Segundo ADAMS (1959), coube a Street, em 1794, o mérito de haver patenteado o uso
de um vapor explosivo formado pelo ar e um combustível líquido, o álcool de terebentina
(água-raz), cuja ignição dentro de um cilindro adequado se utilizava para acionar
mecanismos; era o princípio do que se pode chamar de motor a combustão interna. Philippe
Lebon, um engenheiro francês, obteve em 1799 uma patente que descrevia a construção e
operação de um motor que utilizava gás de iluminação, sem obter nenhum resultado
verdadeiramente prático. Muitas das idéias fundamentais que foram incorporadas mais tarde
em motores de combustão interna, especialmente diesel, foram sugeridas por Sadi Carnot, em
1824. Este, então jovem engenheiro francês, estabeleceu a possibilidade de auto-ignição de
um combustível no ar fortemente comprimido.
Segundo HEYWOOD (1988): “no ano de 1897, Diesel apresentou como “força motriz
para fábricas” um motor que funcionou satisfatoriamente desenvolvendo 20 cv a 172 rpm,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1341
com consumo específico de 247 g.cv-1.h-1 e rendimento térmico de 26,2%. A partida era dada
com benzina e após passava ao funcionamento com petróleo bruto. A licença de fabricação foi
cedida para a MAN-DEUTZ e para a SULZER. O motor foi exibido na Exposição de
Munique, em 1898. Diesel, filho de alemães, nascido em Paris no dia 18 de março de 1858,
era especialista em máquinas frigoríficas e nutria uma predileção especial pelos motores de
combustão, tornou-se Engenheiro pela Universidade de Munique”. Rudolphe Diesel, durante
o desenvolvimento de seus motores, estabelecia já a sua flexibilidade quanto aos combustíveis
que poderiam consumir.
AGUIAR (1990), na sua publicação “Die Entstehung dês Diesel Motors” de 1913,
Diesel relata a avaliação do funcionamento de um de seus motores com óleo de amendoim
apresentado, também, registros de testes com álcool em 1897. Ampliou, após, o campo de
combustíveis de modo que o seu pequeno motor pudesse funcionar indistintamente com óleos
minerais, vegetais ou de origem animal. Desde as experiências de Diesel, diversos
pesquisadores têm continuamente trabalhado no desenvolvimento do motor de ignição por
compressão, particularmente dos sistemas de injeção e de combustão, para tornar possíveis os
nossos atuais motores diesel.
As citações anteriores mencionam somente alguns poucos daqueles que contribuíram
material e intelectualmente para os primeiros desenvolvimentos destacáveis dos motores
diesel. Desde as experiências de Diesel, um grande número de pesquisadores têm
continuamente trabalhado no desenvolvimento do motor de ignição por compressão,
particularmente dos sistemas de injeção e de combustão, para tornar possíveis os nossos atuais
motores diesel.
Define LEONTSINIS (1988) que os requisitos de um bom combustível para motores de
ignição por compressão podem ser agrupados de forma a:
Permitir boa partida;
Proporcionar aquecimento uniforme e aceleração suave;
Proporcionar uma operação suave sem problemas de “detonação”;
Evitar a diluição excessiva do óleo lubrificante;
Proporcionar longa vida aos filtros e minimizar a fumaça.
As especificações do óleo diesel visam garantir um desempenho satisfatório nos
motores ICO, com o custo mais baixo possível, em termos de sua adequabilidade para os
vários tipos de motores e condições de operação. Algumas das principais propriedades estão
na Tabela 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1342
Tabela 1 – Valores para principais propriedades do diesel e biodiesel
Propriedades Biodiesel Diesel
Viscosidade cinemática a
40ºC 3,7 a 5,8 mm².s-1 2,5 a 5,5 mm².s-1
Massa específica 8,7 a 8,9 kg.m3 8,2 a 8,6 kg.m3
Número de cetano 46 a 70 mínimo 42
Poder calorífico superior 39,4 a 41,8 MJ.kg-1 aproximadamente 45 MJ.kg-1
Enxofre 0,0 a 0,0024% 0,0 a 0,20%
Fonte: Instituto de Tecnologia do Paraná – DBIO/CERBIO, 2004.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Todos os procedimentos e trabalhos realizados para a avaliação de desempenho do
motor objeto do teste, adaptado à alimentação com combustível à base de mistura
diesel/biodiesel, foram desenvolvidos na oficina mecânica Jorge Automecânica, situada à Rua
Carlos Cavalcante nº 452, Cascavel, PR, Brasil.
O motor utilizado no experimento tem emprego industrial e/ou automotivo. Na Tabela
2, estão reunidas suas principais características técnicas originais.

Tabela 2 - Características técnicas originais do motor de teste.


Item Característica
Marca/modelo CUMMINS, 4BTA3.9 ( para os ensaios a turbina foi retirada)
Número de cilindros 4 (quatro), verticais
Diâmetro nominal do cilindro 102 mm
Curso do pistão 91 mm
Ciclo Diesel de 4 tempos
Relação de Compressão 16,5:1
Cilindrada total 3920 cm3 (3,92 litros)
Sistema de combustão Injeção indireta, câmara de pré-combustão
Massa 350 kg
Rotação marcha-lenta 750 rpm
Potência máxima nominal 102,97 kW (140 cv) a 2500 rpm
Torque máximo nominal 41daN.m (40,2 kgf.m) a 1600 rpm
Fonte: Manual de especificações dos motores Cummins série "B".

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1343
O biodiesel utilizado durante os testes foi adquirido da empresa BIOLIX – Indústria e
Comércio de Combustíveis Vegetais LTDA, Rolândia, Paraná. Este combustível foi obtido
através do processo de transesterificação etílica do óleo de soja.
A Tabela 3 apresenta a composição das misturas utilizadas:

Tabela 3 - Relação de misturas utilizadas no experimento


Denominação Composição
B0 100% de óleo diesel convencional (testemunha)
B2 2% de Biodiesel de soja e 98% de diesel
B5 5% de Biodiesel de soja e 95% de diesel
B10 10% de Biodiesel de soja e 90% de diesel
B20 20% de Biodiesel de soja e 80% de diesel
B50 50% de Biodiesel de soja e 50% de diesel
B75 75% de Biodiesel de soja e 25% de diesel
B100 100% de Biodiesel de soja

As misturas foram preparadas por bateladas, utilizando-se a mesma remessa de óleo


diesel e biodiesel visando manter uniformidade nos resultados dos ensaios. Na troca das
misturas, aguardava-se 15 minutos para o início da tomada de valores, a fim de garantir que o
restante da mistura anterior já havia sido consumida e/ou expelida pelo retorno do sistema de
combustível do motor em teste.
Os valores de torque e potência foram determinados somente em condição de máximo
débito, ou seja, na condição de máxima aceleração. Os testes foram realizados com base na
norma brasileira NBR ISO 1585 da ABNT (1996). Tais normas determinam os procedimentos
de apresentação de desempenho de motores alternativos de combustão interna e os métodos
de ensaio de motores de combustão interna de ignição por compressão (ciclo Diesel) ou
ignição por centelha (ciclo Otto) de velocidade angular variável, respectivamente.
Para a condição de máxima aceleração, foram observados e registrados os valores de
torque a intervalos de 50 rpm, desde 1000 a 2800 rpm. A faixa de rotação de 1000 a 2800 rpm
é a faixa característica de utilização do motor avaliado. Essa faixa de rotação considerada
deve conter os pontos de máxima potência, de máximo torque (máximo momento de força) e
de mínimo consumo específico de combustível.

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1344
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A comparação entre torque, potência e consumo específico do motor diesel utilizando
diferentes misturas de diesel / biodiesel está demonstrado nas tabelas a seguir, seguindo os
intervalos de rotação considerados. A faixa de rotação a qual as misturas proporcionaram
melhor torque e/ou potência está representado na tabela 7, conseqüentemente, a operação do
motor com tal mistura deverá ser regida pela faixa de rotação de melhor rendimento.

Tabela 4 – Valores de potência para todas as misturas, após tratamento de dados.


Potência (kW)
Rpm
B0 B2 B5 B10 B20 B50 B75 B100
1400 27,3 28,5 28,5 28,3 29,1 25,4 24,5 22,1
1533 32,1 32,8 32,8 32,4 33,8 30,6 29,8 27,5
1667 36,1 36,5 36,6 36,0 37,7 35,1 34,3 32,1
1800 39,5 39,6 39,7 39,0 41,0 38,8 38,1 36,0
1933 42,1 42,1 42,2 41,5 43,6 41,8 41,2 39,1
2067 44,1 44,0 44,1 43,4 45,5 44,2 43,5 41,5
2200 45,3 45,2 45,5 44,8 46,8 45,7 45,0 43,1
2333 45,8 45,9 46,2 45,5 47,3 46,6 45,8 44,0
2467 45,7 46,0 46,3 45,7 47,2 46,7 45,9 44,1
2600 44,8 45,4 45,9 45,4 46,3 46,1 45,2 43,6

Tabela 5 – Valores de torque para todas as misturas, após tratamento de dados


Torque (N.m)
Rpm
B0 B2 B5 B10 B20 B50 B75 B100
1400 192,7 191,8 192,1 192,3 192,1 180,1 174,5 159,5
1533 200,0 196,9 197,7 197,0 199,1 191,2 186,5 172,2
1667 204,6 199,8 200,9 199,6 203,5 199,1 195,1 181,6
1800 206,4 200,5 201,9 200,1 205,1 203,8 200,4 187,7
1933 205,6 198,9 200,5 198,5 204,1 205,3 202,2 190,5
2067 202,0 195,0 196,8 194,9 200,4 203,6 200,7 190,1
2200 195,7 188,9 190,8 189,1 194,0 198,7 195,9 186,4
2333 186,7 180,5 182,5 181,3 184,9 190,6 187,6 179,4
2467 174,9 169,8 171,9 171,5 173,2 179,3 176,0 169,1
2600 160,4 156,9 158,9 159,5 158,7 164,8 161,1 155,6

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1345
Tabela 6 – Valores de consumo específico para todas as misturas, após tratamento de dados
Consumo específico (g.k-1.W-1.h-1 )
Rpm
B0 B2 B5 B10 B20 B50 B75 B100
1400 289,7 272,8 276,8 277,9 284,6 311,5 325,2 368,7
1533 282,7 270,0 273,3 275,7 278,2 299,2 310,2 348,0
1667 280,0 270,6 273,3 276,6 275,7 291,6 300,4 333,1
1800 281,5 274,6 276,6 280,7 277,2 288,7 295,8 324,2
1933 287,3 282,0 283,3 288,1 282,7 290,4 296,3 321,3
2067 297,3 292,8 293,4 298,6 292,2 296,9 302,0 324,2
2200 311,6 306,9 306,9 312,3 305,6 307,9 312,9 333,1
2333 330,1 324,4 323,7 329,2 323,1 323,7 329,0 347,9
2467 352,8 345,3 343,9 349,3 344,5 344,1 350,2 368,6
2600 379,7 369,6 367,5 372,6 369,9 369,2 376,7 395,3

A Tabela 7 apresenta os valores máximos de potência, torque e consumo especifico.

Tabela 7 - Valores máximos e mínimos obtidos durante os ensaios


Misturas Consumo específico mínimo
Potência máxima (kW) Torque máximo (N.m) (g.k-1.W-1.h-1)
B0 45,8 @ 2333 rpm 206,4 @ 1800 rpm 280 @ 1667 rpm
B2 46 @ 2467 rpm 200,5 @ 1800 rpm 270 @ 1533 rpm
B5 46,3 @ 2467 rpm 201,9 @ 1800 rpm 273,3 @ 1667 rpm
B10 45,7 @ 2467 rpm 200,1 @ 1800 rpm 275,7 @ 1533 rpm
B20 47,3 @ 2333 rpm 205,1 @ 1800 rpm 275,7 @ 1667 rpm
B50 46,7 @ 2467 rpm 205,3 @ 1933 rpm 288,7 @ 1800 rpm
B75 45,9 @ 2467 rpm 202,2 @ 1933 rpm 295,8 @ 1800 rpm
B100 44,1 @ 2467 rpm 190,5 @ 1933 rpm 321,3 @ 1933 rpm

Iniciando com a comparação das misturas extremas, ou seja, diesel puro (testemunha) e
biodiesel puro, observou-se que o motor apresentou desempenho inferior nos quesitos
potência, torque e consumo específico, quando se utilizou 100% de biodiesel, como ocorreu
com PETERSON et al. (1996).
Nos ensaios, a mistura B2 provocou a redução do torque do motor, entretanto para
motores diesel que, geralmente, são utilizados em caminhões e tratores, os quais têm seu
desempenho atrelado ao torque, essa redução poderia trazer um ponto negativo à mistura.
De forma discreta, percebeu-se um incremento na potência com o aumento da
porcentagem do biodiesel adicionado, mas ainda o B5 não superou o diesel de forma
homogênea em todas as rotações.
A potência máxima utilizando o B10 foi de 45,7 kW @ 2467 rpm e a potência máxima
com o diesel foi de 45,8 kW @ 2333 rpm. O torque máximo utilizando o B10 foi de 200,1
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1346
N.m @ 1800 rpm e o torque máximo para o diesel mineral foi de 206,4 N.m @ 1800 rpm.O
consumo específico mínimo do motor utilizando o B10 foi de 275,7 g.k-1.W-1.h-1 @ 1533 rpm
e para o diesel foi de 280 g.k-1.W-1.h-1 @ 1667 rpm.
Melhor das misturas, houve acréscimo significativo de potência, o torque praticamente
igualou-se e o consumo específico manteve-se menor que o do diesel. A potência máxima
para o motor utilizando B20 foi de 47,3 kW @ 2333 rpm e a potência máxima com o diesel
foi 45,8 kW @ 2333 rpm. Os valores de potência apresentaram-se ligeiramente superiores em
toda a faixa de trabalho do motor (Figura 1). Os gráficos apresentados foram plotados através
do software Origin 7.5 da OriginLab Corporation, com uma aproximação polinomial de grau
dois.

50

40
Potência (kW)

30

20

10
Diesel B20

0
1400 1800 2200 2600

Rotação do Motor (rpm)

Figura 1 – Curvas de potência para o diesel e o B20.

O torque máximo utilizando B20 foi de 205,1 N.m @ 1800 rpm e para o diesel foi de
206,4 @ 1800 rpm (Figura 2).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1347
250

200

Torque (N.m)
150

100

50
Diesel B20

0
1400 1800 2200 2600

Rotação do Motor (rpm)

Figura 2 – Curvas de torque para o diesel e o B20.

O consumo específico mínimo utilizando B20 foi de 275,7 g.k-1.W-1.h-1 @ 1667 rpm e
para o diesel foi de 280 g.k-1.W-1.h-1 @ 1667 rpm (Figura 3).

400
Consumo Específico (g.k .W .h )
-1

300
-1
-1

200

100
Diesel B20

0
1400 1800 2200 2600

Rotação do Motor (rpm)

Figura 3 – Curvas de consumo específico para o diesel e o B20.

O incentivo inicial para a utilização do B2 é importante, mas esta proporção de mistura


não é a mais viável em termos de desempenho do motor. Levando-se em conta somente o
desempenho sem quaisquer modificações, a mistura ideal seria a B20.
A potência máxima utilizando B50 foi de 46,7 kW @ 2467 rpm e a potência máxima
com o diesel foi de 45,8 Kw @ 2333 rpm. Os valores de potência apresentaram-se
ligeiramente inferiores em baixas rotações, equivalentes em torno de 2000 rpm e superiores

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1348
acima de 2000 rpm. Nesta proporção, o desempenho começou a cair, confirmando os
resultados de MASJUKI & SAPUAN (1995).
Para as três grandezas analisadas para o B50 pode-se dizer que foram ligeiramente
inferiores em baixas rotações, igualaram-se em medias rotações e superaram ligeiramente o
diesel puro em altas rotações.

4 CONCLUSÃO
De forma geral, pode-se dizer que o B2, B5 e B10 mostram desempenho semelhante ao
do diesel. O B20 destacou-se, apresentando desempenho superior ao do diesel. Na seqüência
da análise do desempenho das misturas B50 e B75, notou-se a queda do desempenho de
forma gradual à medida que se aumentou a porcentagem de biodiesel. O biodiesel puro
(B100) apresentou o pior desempenho. Quanto ao motor, o funcionamento foi normal para
todas as misturas, inclusive com o B100.
Percebeu-se um distanciamento maior entre as curvas em certa faixa de rotação do
motor. Se esta diferença fosse constante ao longo da curva, poder-se-ia simplesmente
justificá-la devido à inferioridade do biodiesel em relação ao diesel na propriedade poder
calorífico. Entretanto, esse comportamento indicou que houve também uma atomização
ineficiente do combustível, prejudicando desta maneira a queima do combustível.
Além da rotação do motor, a turbulência ideal para que a atomizacão seja maximizada
está atrelada também a características construtivas muito particulares do motor, ou seja, a
faixa de melhor desempenho para o motor ensaiado provavelmente não será idêntica a outro
motor com características diversas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, O. Motores Diesel. Barcelona, Espanha: Editorial Gustavo Gili, 605p, 1959.

AGUIAR, A.C.S. Combustíveis alternativos para motores diesel. Estado de arte e previsões.
In: Combustíveis alternativos no Brasil atual: aspectos técnicos, econômicos e ambientais.
Instituto Mauá de Tecnologia, São Paulo-SP, p.140-165, 1990.

Associação Brasileira de Normas e Técnicas. Veículos Rodoviários – Código de Ensaio de


Motores – Potência Líquida Efetiva. NBR ISO 1585. Rio de Janeiro, 1996. 26 p.

HEYWOOD, J.B. Internal combustion engine fundamentals. New York, USA, Ed.
McGraw-Hill, 1988. 930p.

LEONTSINIS, E. Óleo Diesel. In: Curso de informação sobre combustíveis e combustão.


11a Ed., Rio de Janeiro: IBP, 1988. p.65-77.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1349
MASJUKI, H. H.; SAPUAN, S. M. Palm oil methyl esters as lubricant additive in small
diesel engine – Malaysia. Journal of the American Oil Chemists’ Society, V. 72, n.5, p. 609-
612, 1995.

PETERSON, C.L. et al. Ethyl ester of rapeseed used as a biodiesel fuel – a case study.
Biomass and Bioenergy, Moscow, Idaho, EUA, v. 10, n. 5/6, p. 331-36, 1996.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1350
METODOLOGIA PARA A CONDUÇÃO DO TESTE DE GERMINAÇÃO
EM SEMENTES DE (Jatropha curcas L.)

Cristiane Alves Fogaça, PGCAF/UFRRJ, fogacac@yahoo.com.br


Luany Leal da Silva, IF/UFRRJ, luany_leal@hotmail.com
José Carlos Polidoro, EMBRAPA/CNPS, polidoro@cnps.embrapa.br
Tiago Böer Breier, IF/UFRRJ, tiagobreier@ufrrj.br
Paulo Sérgio dos Santos Leles, IF/UFRRJ, pleles@ufrrj.br

RESUMO: O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) é uma espécie que apresenta


frequentemente problemas relacionados às sementes, apresentando germinação irregular e
perda do poder germinativo após alguns meses de armazenamento. Dessa forma, o presente
trabalho teve como objetivo determinar as condições mais adequadas para expressar o
potencial germinativo das sementes, permitindo desta forma, estabelecer um padrão para os
testes de germinação de (Jatropha curcas L.). Para tanto, o teste de germinação foi realizado
com dois lotes de sementes (colheitas de 2006 e 2007), provenientes do município de Janaúba
(MG), utilizando-se quatro tipos de substrato (rolo de papel, entre papel filtro, sobre areia e
sobre vermiculita) sob diferentes regimes de temperatura (25, 30 e 35ºC, com luz constante e
alternada de 20-30ºC, com fotoperíodo de 8 horas). As avaliações foram feitas diariamente e
os resultados foram expressos em porcentagem de germinação e primeira contagem. Pelos
resultados obtidos, concluiu-se que as condições mais adequadas para expressar o potencial
germinativo das sementes de (Jatropha curcas L.), foram as que condicionaram as sementes
sobre areia à temperatura alternada de 20-30ºC, com 8 horas de fotoperíodo, e sobre
vermiculita ou em rolo de papel à temperatura de 30ºC, com luz constante.

Palavras-Chave: Pinhão-manso, viabilidade, substrato, temperatura.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1351
1 INTRODUÇÃO
O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), pertencente a família Euphorbiaceae, vem sendo
estudado como alternativa para produção de óleo como matéria-prima com vistas à fabricação
de biodiesel no Brasil e em diversos outros países. Sua propagação pode ser feita através de
estacas ou sementes, sendo o plantio por sementes o mais recomendado em virtude de
permitir melhor formação do sistema radicular (SEVERINO et al., 2006). Esta espécie
oleaginosa ainda não está totalmente domesticada e tem sido freqüente a ocorrência de
problemas relacionados às sementes que apresentam germinação irregular e perda do poder
germinativo após alguns meses de armazenamento.
O processo de germinação é afetado por uma série de condições intrínsecas e
extrínsecas, dentre as quais umidade, substrato, temperatura, luz e oxigênio. Entretanto, o
conjunto é essencial para que o processo se realize normalmente, e a ausência de uma delas
impede a germinação da semente (POPINIGIS, 1985; CARVALHO e NAKAGAWA, 2000).
Dentre estas condições, o substrato e a temperatura são dois importantes fatores que afetam o
comportamento germinativo das sementes durante o teste de germinação (CARVALHO e
NAKAGAWA, 2000).
As sementes apresentam comportamento variável em diferentes temperaturas, não
havendo uma temperatura ótima e uniforme de germinação para todas as espécies. A
temperatura ótima propicia uma porcentagem de germinação máxima em menor espaço de
tempo (MAYER e POLJAKOFF-MAYBER, 1989). As temperaturas máximas aumentam a
velocidade de germinação, entretanto apenas as sementes mais vigorosas conseguem
germinar, o que determina redução na porcentagem final de germinação. Por outro lado,
temperaturas mínimas reduzem a velocidade de germinação e alteram a uniformidade de
emergência, talvez ocasionado pela incidência de patógenos e pelo maior tempo de ação
desses sobre a semente (CARVALHO e NAKAGAWA, 2000). Segundo BORGES e RENA
(1993) e ANDRADE et al. (2000), a faixa de 20 a 30ºC mostra-se adequada para a
germinação de grande número de espécies subtropicais e tropicais, uma vez que estas são
temperaturas encontradas em suas regiões de origem, na época propícia para a germinação
natural.
Com relação ao substrato, este influencia diretamente a germinação, em função de sua
estrutura, aeração, capacidade de retenção de água, grau de infestação de patógenos, dentre
outros, podendo favorecer ou prejudicar a germinação das sementes. Constitui o suporte físico
no qual a semente é colocada e tem a função de manter as condições adequadas para a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1352
germinação e o desenvolvimento das plântulas (FIGLIOLIA et al., 1993; ALBUQUERQUE
et al., 1998; NOGUEIRA et al., 2003). O bom substrato deve manter a proporção adequada
entre a disponibilidade de água e aeração, não devendo ser umedecido em excesso para evitar
que a película de água envolva completamente a semente, restringindo a entrada e absorção de
oxigênio (VILLAGOMEZ et al., 1979). Sendo assim, a escolha do tipo de substrato deve ser
feita em função das exigências da semente em relação ao seu tamanho e formato (BRASIL,
1992).
Diante do exposto e em virtude da escassez de informações na literatura, o objetivo
deste trabalho foi determinar as condições mais adequadas para expressar o potencial
germinativo das sementes, permitindo desta forma, estabelecer um padrão para os testes de
germinação de (Jatropha curcas L.).

2 MATERIAL E MÉTODOS
As sementes de (Jatropha curcas L.) utilizadas neste trabalho foram provenientes de
dois lotes, colhidos em diferentes épocas, em 2006 (lote 1) e 2007 (lote 2), no município de
Janaúba, MG. Após a colheita, as sementes foram removidas dos frutos, secas à sombra e
armazenadas, em sacos plásticos, em câmara com controle de temperatura e umidade (9-11ºC;
75%UR) até o momento da utilização. O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de
Sementes, do Instituto de Florestas, Departamento de Silvicultura da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ.
Primeiramente, realizou-se a caracterização dos lotes a partir do peso de mil sementes e
da determinação do teor de água das sementes, segundo prescrições das Regras para Análise
de Sementes (Brasil, 1992).
As sementes foram colocadas para germinar em rolos de papel e em caixas plásticas
transparentes (gerbox), nos substratos entre papel filtro, sobre areia e sobre vermiculita, e
submetidas às temperaturas constantes de 25, 30 e 35º C, com luz constante, e à temperatura
alternada de 20-30ºC, sob fotoperíodo de 8 horas. Foram utilizadas quatro repetições de 20
sementes para cada tratamento. O papel foi umedecido com água destilada na quantidade
equivalente a 2,5 vezes o peso seco do papel e os substratos areia e vermiculita até a
saturação.
As contagens de germinação foram realizadas diariamente, iniciando no quarto dia e se
prolongando até o décimo oitavo dia após a implantação. O critério adotado para avaliação do
teste considerou como germinadas, as sementes que originaram plântulas normais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1353
Os resultados foram expressos em porcentagem de germinação e porcentagem de
primeira contagem, onde se computou o número de sementes germinadas no primeiro dia de
contagem.
O experimento foi instalado no delineamento inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 2 x 4 x 4 (2 lotes, 4 substratos e 4 temperaturas), com 4 repetições; os dados de
germinação, em porcentagem, foram transformados em arco seno √x/100. As médias dos
tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A umidade dos lotes 1 e 2 foram de 9,2 e 7,6%, respectivamente. E o peso de mil de
sementes foi de aproximadamente 721,5g para o lote 1 e 657,6g lote 2.
Na Figura 1 estão ilustrados os padrões estabelecidos para a avaliação do teste de
germinação, considerando como plântulas normais, com todas as estruturas essenciais,
demonstrando aptidão para produzirem plantas normais sob condições favoráveis de campo.

Plântulas anormais Plântulas normais


Figura 1 - Padrões estabelecidos para avaliação do teste de germinação de sementes de
(Jatropha curcas L.).

Os resultados apresentados na Tabela 1, referentes à porcentagem de sementes


germinadas no primeiro dia de contagem, de dois lotes de sementes de pinhão-manso, revelam
que, com relação ao tipo de substrato, para ambos lotes, independente da temperatura o
substrato entre papel filtro apresentou os piores resultados. O lote 1, a partir da interação
substrato x temperatura, apresentou maiores resultados, quando as sementes foram semeadas
sobre areia e mantidas em câmara de germinação a 20-30ºC, com 8 horas de fotoperíodo e, em
vermiculita a temperaturas de 25 e 30ºC, com luz constante. Para o lote 2, resultados
semelhantes foram observados quando se empregou o tratamento entre papel. O valor de

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1354
primeira contagem mais significativo foi obtido quando as sementes foram semeadas em rolo
de papel, e mantidas em câmara de germinação com temperatura de 30ºC, com luz constante.
Tabela 1 - Resultados médios (%) de primeira contagem de germinação de dois lotes de
sementes de pinhão-manso semeadas em diferentes substratos e temperaturas
TºC Lote 1 Lote 2
SA(1) SV EP RP AS SV EP RP
25 14 Bb 23 Aa 5 Cb 14 Bab 1 Ba 5 Ba 0 Ba 15 Ab
30 11 Bb 19 Aab 4 Cb 19 Aa 4 Ba 6 Ba 0 Ba 36 Aa
35 23 Aa 14 Bab 2 Cb 18 ABa 4 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Ac
20- 23 Aa 5 Bc 9 Ba 9 Bb 6 Aa 4 Aa 0 Aa 0 Ac
30
(1) Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, dentro de cada lote, não
diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. SA – sobre areia; SV – sobre vermiculita; EP –
entre papel filtro; RP – rolo de papel

Pelos resultados da porcentagem de germinação dos dois lotes de sementes de pinhão-


manso, apresentados na Tabela 2, demonstraram para o lote 1, dentro do substrato areia, que
as temperaturas constante de 35ºC e a alternada de 20-30ºC, os valores de germinação foram
maiores, o mesmo foi observado no lote 2, com exceção da temperatura constante de 35ºC.
Utilizando o substrato vermiculita, houveram diferenças entre os resultados de cada lote,
observando que no lote 1, as temperaturas de 30ºC e a de 20-30ºC, foram as que obtiveram
melhores resultados. No lote 2, neste mesmo substrato, a temperatura mais baixa (25ºC)
apresentou resultados melhores juntamente com a temperatura alternada de 20-30ºC. Em rolo
de papel também foi observado diferença entre os dois lotes, no lote 1 a melhor temperatura
foi a de 25ºC e no lote 2 a de 30ºC.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1355
Tabela 2 - Resultados médios (%) de germinação de dois lotes de sementes de pinhão-manso
semeadas em diferentes substratos e temperaturas.
TºC Lote 1 Lote 2
SA(1) SV EP RP AS SV EP RP
25 31 Ba 35 Ba 22 Cb 51 Aa 53 ABb 70 Aa 25 Cb 56 ABb
30 25 Ba 39 Aa 15 Cb 25 Bb 54 ABb 48 ABb 44 ABa 68 Aa
35 41 Aa 30 Ba 39 ABa 39 39 ABb 53 Ab 14 Cb 49 Ab
ABab
20- 45 Aa 38 Aa 22 Bb 26 Bb 73 Aa 66 43 Ca 65 ABa
30 ABab
(1) Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, dentro de cada lote, não
diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
SA – sobre areia; SV – sobre vermiculita; EP – entre papel filtro; RP – rolo de papel.

Dentro de cada lote de sementes, foram observadas variações na porcentagem de


primeira contagem e germinação, isto pode possivelmente ser devido a heterogeneidade do
lote e até mesmo a presença de germinação irregular na espécie estudada.

4 CONCLUSÃO
As condições mais adequadas para expressar o potencial germinativo das sementes de
Jatropha curcas, foram as que condicionaram as sementes sobre areia à temperatura alternada
de 20-30ºC, com 8 horas de fotoperíodo; e sobre vermiculita ou em rolo de papel à
temperatura de 30ºC, com luz constante.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, M. C. F.; RODRIGUES, T. J. D.; MINOHARA, L.; TEBALDI, N. D. &
SILVA, L. M. M. Influência da temperatura e do substrato na germinação de sementes de
saguaraji (Colubrina glandulosa Perk. – Rhamnaceae). Rev. Bras. de Sementes, Brasília,v.
20, n.2, p.346-349. 1998.

ANDRADE, A.C.S.; SOUZA, A.F.; RAMOS, F.N.; PEREIRA, T.S.; CRUZ, A.P.M.
Germinação de sementes de jenipapo: temperatura, substrato e morfologia do
desenvolvimento pós-seminal. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.15, n.3, p.609-615,
2000.

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BORGES, E.E.L.; RENA, A.B. Germinação de sementes. In: AGUIAR, I.B.; PIÑA
RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. Sementes florestais tropicais. Brasília:
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BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes,


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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1357
AVALIAÇÃO DA ADAPTAÇÃO DE CULTIVARES ELITES DE
MAMONEIRA NAS CONDIÇÕES DE CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ

Ziraldo Moreno dos Santos, UENF, ziraldomoreno@yahoo.com.br


Luiz de Morais Rêgo Filho, PESAGRO-RIO, lmorais@pesagro.rj.gov.br
Francisco Valdevino Bezerra Neto, UENF, fvbn@uenf.br
Nilton Rocha Leal, UENF, nilton@uenf.br
Rose Maria Rangel, UENF, l_m_r_f_@hotmail.com
Aline de Almeida Gomes, UENF, uenfaline@yahoo.com.br
Beatriz da Silva Rosa, UENF, beatriz_brs@yahoo.com.br

RESUMO: A introdução da mamona, além de outras culturas como a soja, amendoim,


dendê, girassol e gergelim em áreas de renovação de canaviais é uma ação inserida dentro de
um programa do Estado do Rio de Janeiro, que visa abastecer o Programa RioBiodiesel,
gerando renda e atividade agrícola, mantendo os trabalhadores da cana-de-açúcar empregados
ao longo dos anos, e não somente na safra. Neste trabalho procurou-se analisar a unidade de
experimentação conduzida com 13 genótipos de mamoneira em Campos dos Goytacazes –RJ
em duas épocas de avaliação em delineamento experimental de blocos casualizados, com
quatro repetições. Obtendo e analisando seus resultados, procuram-se fornecer, num único
documento, subsídios técnicos que justifiquem sua adoção como cultura alternativa para os
produtores, para atender ao Programa RioBiodiesel. A produtividade média encontrada nas
duas épocas de cultivo foi de 1,00 t/ha e 0,812 t/ha respectivamente, portanto superiores a
média nacional, na qual destacou-se as cultivares Al Guarany e Nordestina, com maiores
produtividades.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., interação genótipo ambiente, competição de


cultivares.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1358
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira é uma oleaginosa de alto valor social, econômico e constitui fonte de
divisas para o país, sendo antigo o cultivo desta cultura no Brasil, visto ter sido introduzida
pelos portugueses há alguns séculos e, desde o início do século passado, é uma das culturas
importantes para os pequenos e médios produtores do País, tendo importante valor social
como geradora de renda e empregos no campo (Beltrão, 2004).
Segundo Beltrão et al. (2001), a mamoneira é uma planta extremamente complexa
quanto à morfologia, biologia floral e fisiologia, apresentando porte variado, de 0,8 m a mais
de 7 m de altura; ramificação caulinar tipo simpodial; raízes fístulosas; vários tipos de
expressão da sexualidade; elevadas taxas de respiração e particularidade da inflorescência.
Távora (1982) descreve a mamona como uma planta que varia largamente em hábito de
crescimento, cor da folhagem, coloração e teor de óleo das sementes, de forma que as
cultivares diferenciam-se muito entre si.
No mercado internacional, o óleo de mamona é o segundo óleo vegetal mais bem cotado
visto ser superior ao diesel mineral, o seu elevado valor estratégico é reconhecido pelo fato de
não haver bons substitutos em muitas de suas aplicações e devido, também, a sua
versatilidade industrial (Beltrão, 2004). Os teores de óleo das sementes variam de 35 a 55%,
cujo padrão comercial é de 45% (Vieira et al., 1998). Conhecido como óleo de rícino e,
internacionalmente, como castor oil tem, como maiores produtores mundiais, a Índia e a
China, embora o Brasil continue sendo um dos maiores exportadores. Hoje, o Brasil se situa
em 5º lugar em produção e o segundo exportador mundial, oferecendo como vantagem, um
óleo de alta qualidade, tornando o país mais competitivo (CONAB, 2004).
O melhoramento genético da mamoneira no Brasil já permitiu grande melhoria na
tecnologia de produção dessa oleaginosa, destacando-se o desenvolvimento de cultivares mais
produtivas, adaptadas a diversas regiões do país, apropriadas para diferentes tecnologias de
colheita, resistente a algumas doenças e com alto teor de óleo na semente (Freire et al., 2001).
Entre as demandas atuais para o melhoramento genético da mamona, inclui-se a adaptação de
genótipos à baixa altitude, o que permitirá a inclusão sustentável de muitos municípios onde o
cultivo não é recomendado pelo risco de obtenção de baixas produtividades (Severino et al.,
2006).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar treze genótipos de mamoneira em duas
épocas distintas de cultivo nas condições de Campos dos Goytacazes.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados os híbridos Lyra e Savana e as cultivares IAC – 80, Al Guarany,
Paraguaçu, Nordestina, Mirante, Nativa, Cafelista e IAC 226 no delineamento experimental
de blocos casualizados, com quatro repetições. Cada parcela experimental constou de três
linhas de sete metros de comprimento, espaçadas em 2m, constituindo área total de 42m2. O
ensaio foi instalado na Estação Experimental de Campos dos Goytacazes, região Norte
Fluminense, em solo classificado como Cambissolo, nas coordenadas geográficas de 21° 45’
latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11 metros. A semeadura foi realizada
manualmente com densidade de plantio de três plantas cova-1, espaçadas de 1,0 em 1,0 metro
com desbaste para uma planta cova-1.

A adubação utilizada no plantio foi a de 300 kg ha-1 da fórmula 04-14-08, distribuídos


no sulco de plantio e incorporados manualmente, antes da semeadura. As semeaduras foram
realizadas manualmente nos dias 21/12/2005 e 01/02/2006 respectivamente. Foi também
empregada irrigação por aspersão, sempre que o déficit hídrico assim o exigiu, aplicando-se
uma lâmina de água de 20 milímetros por irrigação. Por ocasião da colheita
foram consideradas como área útil apenas a linha central, deixando-se um metro em cada
extremidade, totalizando 10m2. Foram avaliadas as seguintes características: altura de planta
(m), obtida do nível do solo até o topo do último racemo; comprimento do racemo (cm);
número de frutos por racemo e produção de frutos (kg ha-1).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 encontra-se o resumo da análise de variância conjunta. Encontrou-se
diferença significativa para os efeitos de genótipo e épocas para a característica altura de
planta. Para as características comprimento do rácemo e número de frutos por rácemo a
interação genótipos x épocas foi significativo, demonstrando a influencia do ambiente nestas
características. Para produção de grãos não encontrou-se diferença significativa, mesmo
encontrando-se significância para comprimento do rácemo e número de frutos por rácemo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1360
Tabela 1 – Resumo da análise de variância conjunta de duas épocas de semeadura de
mamoneira em Campos dos Goytacazes.
Comprimento Número de Produç
FV Gl Altura planta
rácemo frutos /rácemo ão
Blocos/Época 6 0,200 221,09 678,67 0,692
Genótipo 12 0,979* 1094,69* 2563,23** 0,800
Época 1 5,75* 1481,08** 13388,68* 0,965
Gen x Époc 12 0,116 79,12** 630,43* 0,353
Erro 72 0,102 36,11 208,67 0,198
Média 1,62 32,34 48,04 0,907
C.V.% 19,75 18,58 30,07 49,04
* **
e significativos a 5% e 1% de probabilidade pelo teste F.

Nas Tabelas 2 e 3 encontra-se as médias das características avaliadas na primeira e


segunda época de semeadura respectivamente, onde pode-se observar que quando analisadas
individualmente houve diferenças significativas para todas as características analisadas.
Observa-se que nas duas épocas de semeadura a produtividade média foi baixa, mas
superior a média nacional que é de 640 kg ha-1. A produtividade média na primeira época de
cultivo foi um pouco superior do que na segunda época de plantio, com médias de 1,00 t/ha-1
e 0,812 t/ha-1 respectivamente, destacando-se as cultivares Al Guarany e Nordestina com
média de 1,535 t/ha-1 e 1,620 t/ha-1 na primeira época de cultivo e 1,138 t/ha-1 e 1,678 t/ha-1 na
segunda época de plantio respectivamente.

4 CONCLUSÃO
Não houve interação entre genótipos e épocas para a característica produção de grãos,
destacando-se as cultivares Al Guarany e Nordestina com maiores produtividades. Mais
estudos devem ser realizados em diferentes épocas e condições de manejo para se retirar
conclusões mais seguras sobre épocas e genótipos a serem utilizados na região.

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1361
Tabela 2 - Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das
características avaliadas em Campos dos Goytacazes, RJ, primeira época de plantio .
Cultivares Altura planta Comprimento Número de Produção
(cm) rácemo (cm) frutos /rácemo Grãos
(g) (t ha-1)
IAC 80 1,975 abc 61,37 a 101,92 ab 1,405 ab
Al Guarany 1,612 bcd 51,25 ab 83,80 abc 1,535 ab
Paraguaçu 2,165 abc 22,18 d 32,17 d 1,205 ab
Nordestina 2,460 ab 40,00 bcd 59,85 bcd 1,620 a
Savana 1,080 d 30,63 cd 57,95 bcd 0,96 ab
Lyra 1,327 cd 25.96 d 45,93 cd 0,7575ab
Mirante 2,165 abc 35.75 bcd 57,95 bcd 1,12ab
IAC226 2,027 abc 48,33 abc 107,60 a 1,0475ab
Cafelista 1,425 cd 49,93 ab 73,58abcd 0,62ab
Nativa 2,562 a 28,19 d 33,87 d 0,61ab
TITO 1,885 abcd 25,2 d 44,73cd 0,45 b
BRSParaguaçu 1,702 abcd 24,08 d 35,56d 0,75ab
BRS 149 1,755 abcd 26,6 d 38,2 d 0,97 ab
Média 1,857 36,11 59,38 1,00
CV (%) 18,87 20,66 30,62 43,71
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

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1362
Tabela 3 - Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das
características avaliadas em Campos dos Goytacazes, RJ, segunda época de plantio.
Cultivares Altura planta Comprimento Número de Produção
(cm) rácemo (cm) frutos /rácemo Grãos
(,g) (t ha-1)
IAC 80 1,463 ab 49,22 a 51,14 ab 0,605ab
Al Guarany 1,558 ab 51,57 a 60,47 a 1,138ab
Paraguaçu 1,472 ab 12,67 e 16,57 d 0,460b
Nordestina 1,795 a 27,09 cd 33, 40 bcd 1,678a
Savana 1,083 ab 29,39 bc 30,93 bcd 0,633ab
Lyra 0,920 b 24,49 cd 23,95 cd 0,310 b
Mirante 1,718 a 24,46 cd 40,64 abc 0,743 ab
IAC226 1,375 ab 26,74 cd 42,27 abc 0,423 b
Cafelista 0,983 b 38,37 b 52,7 ab 0,788 ab
Nativa 1,785 a 26,15 cd 33,18bcd 1,148 ab
TITO 1,208 ab 18,91 de 34 ,32bcd 0,507 b
BRSParaguaçu 1,198 ab 20,28 cde 29,91 bcd 0,890 ab
BRS 149 1,470 ab 22,03 cde 27,46 cd 1,230 ab
Média 1,38 28,57 36,69 0,812
CV (%) 20,70 14,22 25,34 55,62
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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TÁVORA, F. J. A. F. A cultura da mamona. Fortaleza: EPACE, 1982. 111p

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1364
A CORRETA DESTINAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA PÓS-USO E A
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DAS EMPRESAS FABRICANTES

Carlo Alessandro Castellanelli, UFSM, castellanelli@bol.com.br


Carolina Iuva de Mello, UFSM, carolinaiuva@hotmail.com
Janis Elisa Ruppenthal, UFSM, profjanis@gmail.com
Ronaldo Hoffmann, UFSM, hoffmann@ct.ufsm.br

RESUMO: Dentre os produtos que podem gerar efeitos negativos ao meio ambiente
encontram-se os óleos comestíveis pós-uso, gerados diariamente e em grande quantidade. A
falta de informação por parte dos fabricantes faz com que muitos consumidores os descartem
diretamente em pias e vasos sanitários, ocasionando o entupimento das canalizações e
contribuindo com o aumento de impactos ambientais. O presente artigo analisa a presença de
informações referentes à correta destinação final do óleo nas embalagens dos principais
fabricantes atuais e propõe um modelo de selo informativo a ser incorporado nas mesmas
como uma estratégia da empresa ambientalmente responsável.

Palavras-Chave: Óleo de fritura, impacto ambiental, selo de advertência.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1365
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, pode ser observado um grande aumento de adoção de estratégias no sentido
da preservação ambiental, resultado de uma evolução de conscientização por parte dos
cidadãos e das empresas sobre a intrínseca relação entre os seus atos e a poluição do meio
ambiente, seja nas residências ou nos processos industriais. Uma das principais preocupações
é quanto à geração e disposição de resíduos, sejam eles sólidos, líquidos ou gasosos, que
acabam chegando à atmosfera, solos ou água, causando impacto ambiental.
Os óleos comestíveis, em especial aqueles utilizados nas frituras, surgem neste contexto
como um resíduo gerado diariamente nos lares, indústrias e estabelecimentos do país. Devido
à falta de informação da população e/ou a carência de disseminação de idéias a favor do meio
ambiente, este resíduo acaba sendo despejado diretamente nas águas, como em rios e riachos
ou simplesmente em pias e vasos sanitários, indo parar nos sistemas de esgoto causando
danos no entupimento dos canos e o encarecimento dos processos das Estações de Tratamento
além de acarretar na poluição do meio aquático. Desta maneira, urge a necessidade de adoção
de estratégias em prol de informar a população sobre os malefícios que estas atitudes
provocam e a maneira correta de se dispor tal resíduo.
Apesar de não ser recente, e de já ter sido tratada por muitos no passado como uma
questão ideológica de grupos ecologistas que não aceitavam a sociedade de consumo
moderna, a preocupação com a preservação ambiental assume hoje uma importância cada vez
maior para as empresas. Um aspecto importante de ser observado na questão ambiental
contemporânea é o grau de comprometimento cada vez maior de empresários e
administradores na busca de soluções ambientalmente adequadas para os problemas da
produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
Aproveitar, tratar ou destinar os resíduos sólidos e líquidos urbanos é uma
responsabilidade da qual a sociedade não tem como se esquivar. Sendo uma questão de
cidadania propor alternativas para que estes rejeitos causem o menor impacto possível ao
meio ambiente.
Além de verificar as informações relativas à correta destinação do óleo comestível pós-
uso, o trabalho propõe um modelo de selo de advertência para ser incorporado ao rótulo de
embalagens, com o fim de indicar a correta destinação do óleo após a utilização, obtendo-se
desta forma vantagens competitivas para as empresas participantes e ganhos ambientais para a
sociedade em geral, contribuindo para um desenvolvimento social e econômico mais
harmônico entre a natureza e o homem.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1366
Após as duas grandes Guerras, a variável ambiental entra em cena e muitas
empresas passam a incorporar tais preocupações em suas estratégias de negócios. Segundo
Donaire (1995), um dos componentes importantes dessa reviravolta nos modos de pensar e
agir foi o crescimento da consciência ecológica, na sociedade, no governo e nas próprias
empresas, que passaram a incorporar essa orientação em suas estratégias.
As empresas começam, então, a presenciar o surgimento de outros papéis que devem ser
por elas desempenhados. Essa mudança baseia-se, principalmente, no fato de se verificar que
o crescimento econômico e mesmo o Produto Interno Bruto (PIB) não são e nunca serão
medidas justas para analisar a performance social. Pois, apesar do sucesso do sistema
capitalista, como conseqüência da utilização eficiente da ciência e da tecnologia, quando os
seus resultados econômicos são confrontados com outros resultados sociais, tais como a
redução da pobreza, degradação de áreas urbanas, controle da poluição, diminuição das
iniqüidades sociais etc., percebe-se que há ainda muito a ser feito (CAIDEN e
CARAVANTES, 1988).
Atualmente, as áreas de preocupação ambiental incluem a poluição da água, do ar,
visual e sonora, assim como a poluição por resíduo sólido e perigoso. É importante otimizar o
uso da água e das matérias-primas como forma de manutenção da biodiversidade do planeta,
da qualidade dos mananciais, do solo e do ar, mediante conservação e uso parcimonioso das
fontes não renováveis.
A sociedade está assimilando cada vez mais a idéia de que a variável ambiental é
importante e que ela diz respeito a todos. Cornely (2002), cita que é importante salientar que o
homem é Natureza, é a parte da Natureza que tem consciência de si mesma. Será essa
consciência do homem que pode vir a salvá-lo da destruição, pois trata-se de sua
sobrevivência, bem como do próprio Planeta.
Ferraz et al. (1995), demonstram que, dada a capacitação produtiva e tecnológica
existente no país, a questão ambiental oferece a oportunidade de constituir-se em uma das
bases de renovação da competitividade das empresas brasileiras. Contudo, faz-se necessária a
adoção de uma postura pró-ativa com relação ao meio ambiente, por parte dos empresários,
esta pode vir a construir, a médio e longo prazo, vantagens competitivas de difícil superação
pelos competidores.
Todas estas questões, ou janelas de oportunidade, podem ser analisadas à luz do
pensamento de Hamel e Prahalad (1995). Estes autores sugerem que os empresários precisam
desenvolver, urgentemente, uma visão do futuro. Além de desenvolver esta visão, é preciso
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1367
que o futuro seja criado pela empresa. Ou seja, deliberadamente a empresa precisa criar hoje
as assimetrias de mercado que lhe favorecerão no futuro, o truque consiste em ver o mesmo
antes que ele chegue. Saber identificar oportunidades não percebidas por outras empresas e
explorar estas oportunidades, através da reunião e geração das core competences ou
capacitações-chave necessárias, pode ser o diferencial entre sobreviver ou morrer (HAMEL &
PRAHALAD 1994).
A indústria é a maior responsável pela dispersão de substancias tóxicas no meio
ambiente e por isso torna-se urgente, e necessário promover mudanças na forma de tratar os
problemas ambientais. Remediar e controlar os poluentes tornou-se insuficiente, sendo
necessário direcionar os esforços no sentido de reduzir e, principalmente, prevenir o descarte
de substâncias nocivas no ambiente (GIANNETTI & ALMEIDA, 2006, p.19).
A transformação e a influencia ecológica nos negócios se fazem sentir de maneira
crescente e com efeitos econômicos cada vez mais profundos. As organizações que tomarem
decisões estratégicas integradas à questão ambiental e ecológica conseguirão significativas
vantagens competitivas, quando não, redução de custos e incremento nos lucros a médio e
longo prazos (TACHIZAWA, 2005, p.24).
Com a maior conscientização ambiental por parte das empresas, dos consumidores e da
sociedade em geral, a sustentabilidade também passa a constituir uma preocupação do
marketing. As atividades de marketing, por pressões governamentais, sociais, legais e
competitivas, passam a adotar uma postura ética, ecológica e preocupada com o
desenvolvimento sustentável (WELFORD, 1995), buscando antecipar e satisfazer as
necessidades dos consumidores a partir da cooperação, da educação e conscientização de
consumidores e da articulação sustentável de custos, produtos, embalagens e comunicações.
Graedel e Allenby (1996, p. 16-17) apresentam alguns procedimentos para incluir as
características ambientais no projeto do produto: Interações de marketing – Os projetistas e os
gerentes do produto podem promover metas industriais ecológicas por meio dos compradores
e fornecedores. Neste caso, o projetista pode melhorar a embalagem do produto (incluindo
embalagem para devolução ou embalagem reciclável), reduzindo o transporte desnecessário,
fornecer informações sobre os aspectos ambientais relacionados aos produtos e os tipos de
reciclagens disponíveis.
Dobarganes et al (1991), relata que o consumo de alimentos fritos e pré-fritos tende
sempre a aumentar, provocando uma maior ingestão de óleos e gorduras após terem sido
submetidos a elevadas temperaturas em processo de fritura. Constata-se que este fato tem sido
influenciado por razões sociais, econômicas e técnicas, pois as pessoas dispõem de menos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1368
tempo para preparação de seus alimentos e, assim, o processo de fritura fornece
uma alternativa de sua preparação rápida ao mesmo tempo conferindo aos alimentos fritos
características organolépticas agradáveis.
Os óleos alimentares usados representam uma categoria de subprodutos ou resíduos
provenientes de diversas atividades, mas, na sua maior parte, derivados da atividade de fritura
de alimentos. Dentre as atividades responsáveis por gerar este resíduo destaca-se
nomeadamente as seguintes:
• Atividades domésticas (óleos de cozinha usados na confecção dos alimentos, como
por exemplo, a fritura de batatas, salgados, etc.);
• Atividades industriais, destacando-se as de preparação e conservação de batata
(fabrico de batatas fritas “em pacote”) ou outros tipos de alimentos que necessitem de
óleo de fritura em grande quantidade;
• Estabelecimentos como hotéis, restaurantes e cafés, cantinas e refeitórios.
Estes óleos usados resultam essencialmente da utilização de óleos de origem vegetal
(azeite, óleo de girassol, óleo de soja, óleo de canola, entre outros).
O enorme volume de resíduos sólidos e líquidos gerados diariamente nos centros
urbanos tem trazido uma série de problemas ambientais, sociais, econômicos e
administrativos, todos ligados a crescente dificuldade de implementar a correta disposição
desses resíduos. Exemplo disto é o descarte de óleos de fritura usados nas pias e vasos
sanitários, ou diretamente na rede de esgotos. Este procedimento, além de provocar graves
problemas ambientais, pode provocar o mau funcionamento das Estações de Tratamento de
Águas Residuais e representa um desperdício de uma fonte de energia.
Segundo IPA (2004), o despejo de águas residuais contendo óleos alimentares usados
nas linhas de água, tem como conseqüência a diminuição da concentração de oxigênio
presente nas águas superficiais, devendo-se tal situação principalmente ao fato deste tipo de
águas residuais conterem substâncias consumidoras de oxigênio (matéria orgânica
biodegradável), que ao serem descarregadas nos cursos de água, além de contribuírem para
um aumento considerável da carga orgânica, conduzem a curto prazo a uma degradação da
qualidade do meio receptor. Além disso, a presença de óleos e gorduras nos efluentes de
águas residuais provoca um ambiente desagradável com graves problemas ambientais de
higiene e maus cheiros, provocando igualmente impactos negativos ao nível da fauna e flora
envolventes.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1369
Outra prática incorreta de deposição deste tipo de resíduos está associada à descarga dos
mesmos para as redes públicas de esgoto e coletores municipais, as quais podem provocar
grandes problemas de entupimento e obstrução dos mesmos. Outra conseqüência da descarga
para as redes públicas de esgoto e coletores municipais resulta no seu encaminhamento para
as Estações de Tratamento (quando existe esta solução, caso ainda não evidente para a
totalidade do território nacional), contribuindo significativamente para o aumento dos níveis
de CBO (Carência Bioquímica de Oxigênio), de CQO (Carência Química de Oxigênio) e de
SST (Sólidos Suspensos Totais) nas águas residuais a tratar, dificultando o desempenho e
funcionamento eficiente das Estações de Tratamento, pelo fato do aumento da concentração
destes parâmetros conduzirem a um considerável consumo de energia no desempenho das
mesmas, além de implicarem manutenções e limpezas mais freqüentes nos equipamentos de
separação de óleos e gorduras associadas a gastos consideráveis de tempo neste tipo de
operações (IPA 2004).
Além dos impactos negativos mencionados acima, existem outros entraves atualmente a
nível nacional, tais como a inexistência de fiscalização e cumprimento da legislação por parte
dos produtores destes resíduos.
Uma alternativa simples e que pode ser posta em prática, é dispor os óleos utilizados em
uma garrafa de plástico (por exemplo, as garrafas PET de refrigerantes), fechá-las e colocá-las
no lixo normal, ou seja, no lixo doméstico. O lixo orgânico é triado, e as garrafas serão
abertas e vazadas em um local adequado ao invés de serem despejadas nos esgotos, desta
maneira evitam-se gastos desnecessários com tratamento nas estações de esgoto. Os óleos
alimentares usados lançados na rede hídrica e nos solos provocam a poluição dos mesmos. Se
o produto for para a rede de esgoto, encarece o tratamento dos resíduos, e o que permanece
nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e terrenos adjacentes que contribuem para a
enchente. Também provoca a obstrução dos filtros de gorduras das Estações de Tratamento,
sendo um obstáculo ao seu funcionamento ótimo (FELIZARDO 2003).
É importante salientar que benefícios econômicos podem advir da reutilização do óleo
de fritura usado, como a fabricação de sabão, lubrificantes e até mesmo biocombustível de
alta qualidade, desta forma em conjunto com o modelo proposto neste trabalho é de suma
importância que idéias inteligentes se multipliquem em nossa sociedade para um esquema que
também possa gerar lucro, somado aos benefícios ambientais.
Em agosto de 2005 foi publicado no Diário do Senado Federal o projeto de lei nº 296,
autoria do senador Valmir Amaral, que “dispõe sobre a obrigatoriedade de constar, no rótulo

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1370
das embalagens de óleo comestível, advertência sobre a destinação correta do
produto após uso” (BRASIL, 2005).
Este projeto de lei decreta que o rótulo das embalagens de óleo comestível deverá conter
nota explicativa, de forma legível e visível, sobre a conveniência de acondicionar o produto,
após se uso, em garrafas plásticas fechadas, bem como destina-las ao lixo orgânico, como
forma de evitar a contaminação dos recursos hídricos.
Caso o projeto de lei for aceito e posto em prática, a rotulagem feita em desacordo com
o estipulado no parágrafo anterior constituirá infração punível com as sanções administrativas
cabíveis, dentre as previstas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 - Código de Defesa
do Consumidor.
Consideram-se infratores, de acordo com o Diário do Senado Federal, os fabricantes e
os importadores de óleo comestível. Atualmente o projeto está em tramitação no Senado
Federal. Este projeto de lei serve como um alerta para as empresas irem se preparando para o
futuro, onde existe grande probabilidade de que as mesmas tenham que assumir
responsabilidade pelos seus produtos durante todas as fases de seu ciclo de vida, inclusive o
descarte.
Pode-se dizer que à medida em que a pressão do mercado ou da legislação (fatores
externos) aumentarem, as empresas adotarão as ações referentes ao último estágio indicado
por Maimon, onde ocorre a “antecipação aos problemas ambientais futuros, ou seja, adoção
de um comportamento próativo e de excelência ambiental. O princípio é de integrar a função
ambiental ao planejamento estratégico da empresa” (Maimon, 1994, p. 122).

2 MATERIAL E MÉTODOS
No presente artigo surge a necessidade de adoção de critérios metodológicos para se
atingir os objetivos pré-estabelecidos, através das técnicas de investigação, recorrendo-se,
simultaneamente, a informações documentais e não documentais. O método de pesquisa é o
conjunto de atividades sistemáticas e racionais, que, com maior segurança, permite atingir os
objetivos propostos, indicando o caminho a ser seguido (LAKATOS e MARCONI, 1995).
A natureza da pesquisa é aplicada, segundo Silva (2005) objetiva gerar conhecimentos
para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e
interesses locais.
Já do ponto de vista de seus objetivos (Gil apud Silva, 2005) a pesquisa é exploratória:
visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a
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1371
construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico e análise de mercado, estimule a
compreensão do problema.
O primeiro passo foi a realização do levantamento e pesquisa sobre o tema em questão,
assim este trabalho se caracteriza como sendo uma pesquisa bibliográfica, que de acordo com
Lakatos e Marconi, (1995, p. 43), “não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre
certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a
conclusões inovadoras”. Já Fachin (2001, p.126) afirma que “entende-se por levantamento
bibliográfico o material constituído por dados primários ou secundários que possam ser
utilizados pelo pesquisador”.
Logo após, foram analisados os produtos existentes no mercado para constatar se havia
alguma empresa que informasse o consumidor da correta destinação do óleo comestível pós-
uso. O universo da pesquisa constitui-se de sete fabricantes distintos de óleo comestível (soja,
canola, girassol e milho).
Os procedimentos técnicos foram: pesquisa bibliográfica seguida de pesquisa-ação que,
de acordo com Gil (1991), é aquela concebida e realizada em estreita associação com uma
ação e os pesquisadores da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram pesquisadas 24 (vinte e quatro) embalagens de óleo comestível de 7 (sete)
fabricantes diferentes e nenhuma continha qualquer informação ou advertência sobre a
disposição correta do produto após uso (ver tabela 1).

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1372
Tabela1- Pesquisa de mercado das embalagens de óleo comestíveis.

MARCA
A B C D E F G

INFORMAÇÕES
QUANTIDADE DE
PRODUTOS 6 4 4 4 3 1 2
PESQUISADOS

Soja, Soja, Soja, Soja,


TIPO DE ÓLEO Canola, Canola, Canola e Canola, Girassol e Soja Girassol
Girassol e Girassol e Milho Girassol e arroz e arroz
Milho Milho Milho

TIPO DE Garrafa Garrafa Garrafa Garrafa Garrafa Lata de Garrafa


EMBALAGEM plástica e plástica e plástica plástica plástica e aço plástica
lata de lata de lata de
aço aço aço
CONTEÚDO 900 ml 900 ml 900 ml 900 ml 900 ml 900 ml 900 ml
LÍQUIDO

INFORMAÇÔES
SOBRE Não Não Não Não Não Não Não
DESCARTE

Constata-se, com base na tabela apresentada, que dentre as diversas empresas


produtoras e importadoras de óleos alimentares no país, nenhuma apresenta esta importante
informação, seja por falta de uma legislação vigente que obrigue tal fato, falta de
conhecimento por parte das empresas ou ainda falta de uma visão estratégica ambiental.
Inserir os interesses ambientais no processo produtivo capitalista, ou seja, internalizar
na esfera econômica a questão ambiental, significa uma tentativa de potencializar os
interesses tanto do capital quanto da sobrevivência do homem, fazendo com que a questão
ambiental passe a fazer parte dos processos decisórios das atividades econômicas, de modo a
apresentar um nítido alinhamento das estratégias de desenvolvimento sustentado com a
estratégia capitalista de preservação dos lucros (YOUNG, 2001).
O objetivo principal do selo (figura 1) é informar o consumidor que o óleo usado
quando despejado diretamente em pias e vasos sanitários causa o mau funcionamento e a
obstrução de canalizações e redes de esgoto e encarece o tratamento de resíduos e se forem
lançados na rede hídrica e nos solos, provocam inúmeros impactos ambientais. Seguindo os

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1373
passos mostrados no selo estará evitando-se problemas futuros nas residências e contribuindo
com o meio ambiente como um todo.

Figura 1 – Modelo de selo de advertência.

O modelo destina-se basicamente a evitar gastos e impactos ambientais advindos da


destinação incorreta dos óleos, no entanto não se descarta a hipótese deste modelo contribuir
com a otimização de um sistema de coleta permanente, por parte das cidades que desejem
gerar empregos e lucro, a partir deste resíduo que outrora seria desperdiçado, como a
fabricação de produtos de limpeza até a geração de biocombustíveis.

4 CONCLUSÃO
As empresas atualmente têm procurado meios de minimizar os impactos ambientais de
seus produtos durante seu respectivo ciclo de vida, muitas vezes a falta de informação por
parte dos usuários destes produtos faz com que os mesmos causem um grande impacto
ambiental durante sua fase de pós-uso. É papel dos fabricantes informarem este usuário sobre
a melhor prática a ser tomada em cada caso, e o selo de advertência proposto vem ao encontro
desta necessidade, no caso, a correta destinação dos óleos comestíveis.
Percebe-se uma total carência de informações, por parte das empresas, sobre a correta
destinação do óleo comestível usado, visando: (i) reduzir os impactos ambientais; (ii)
melhorar a qualidade ambiental dos produtos; (iii) estabelecer uma relação mais qualificada

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1374
com a comunidade onde está inserida a empresa e com os órgãos de controle
ambiental; e, (iv) explorar o marketing ecológico em decorrência da adoção destas atitudes.
De acordo com a opinião de Maimon (1994), a maioria das empresas caracteriza-se por
uma postura reativa, adotando apenas as medidas exigidas pela legislação ambiental, tendo
em vista as fiscalizações realizadas pelos órgãos de controle ambiental. No momento não
existe no país nenhuma lei que exija ao fabricante de óleo comestível informar a correta
destinação do produto, porém é necessário incorporar esta visão ambientalmente correta,
percebendo que atitudes como esta, com custo mínimo, ou sem custos adicionais, além de
favorecerem o meio ambiente como um todo, propiciam um retorno positivo à própria
empresa.
O modelo possui como finalidade ser adotado pelas empresas fabricantes de óleos
comestíveis, ou para ser exigido às mesmas através de leis específicas editadas pelos órgãos
competentes. É importante, de uma forma ou de outra, que seja posto em prática o mais rápido
possível com o fim de mitigar mais uma forma de poluição às águas, advinda das atividades
da sociedade moderna.
É importante ressaltar que, mediante os esforços empreendidos na luta pela preservação
ambiental, por meio de instrumentos como os certificados ambientais, selos de advertência,
programas de educação ambiental, investimentos em melhorias de processos, entre outros,
propicia ganhos para a sociedade, no que concerne à melhoria de qualidade de vida, para o
meio ambiente, em face da preservação ambiental e também possibilita que empresas que
possuam esta visão ambiental, alavanquem a sua marca e sua lucratividade.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Projeto de Lei n. 296, de 2005. Dispõe sobre a obrigatoriedade de constar, no rótulo
das embalagens de óleo comestível, advertência sobre a destinação correta do produto após o
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1376
OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MUDAS DE PINHÃO-MANSO
(Jatropha curcas L.) PELO ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO PH E DO ÁGAR
NA DIFERENCIAÇÃO E CULTIVO DE EMBRIÕES IN VITRO

Luiz Fellipe Lima de Arcalá, FCA/UNESP, lfldarcala@fca.unesp.br


Isaac Stringueta Machado, FCA/UNESP, isaac@fca.unesp.br
Bruno Oliveira de Almeida, FCA/UNESP, bodalmeida@fca.unesp.br
Maurício Dutra Zanotto, FCA/UNESP, zanotto@fca.unesp.br
Luciano Barbosa, IBB/UNESP, lbarbosa@ibb.unesp.br

RESUMO: O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta de grande potencial
econômico, pois suas sementes contêm cerca de 40-50% de óleo rico em hidrocarbonetos
reduzidos, que podem ser convertidos em biodiesel, fármacos ou tintas. Este trabalho teve
como principal finalidade o estudo da influência do ágar, e da aferição do pH, na elaboração
de meio de cultura para a regeneração de plântulas de pinhão-manso a partir do cultivo de
eixos embrionários in vitro, obtidos de sementes selecionadas de banco de germoplasma. Para
tanto foi avaliada a influência da composição do meio MS basal modificado com ágar em
diferentes concentrações (3,0; 6,0 e 9,0 g/l) e em diferentes valores de pH (4,7; 5,7 e 6,7), em
todas as combinações possíveis, totalizando nove tratamentos. Após preparo de desinfestação
e proteção antioxidante foram inoculados eixos embrionários extraídos de sementes
selecionadas, sendo 5 repetições em cada tratamento e um explante por frasco. Os embriões
permaneceram por 84 horas no escuro e 25 dias em fotoperíodo de 16 horas, intensidade
luminosa de 1000 lux, em câmara de germinação a 26 ± 1 ºC. Os resultados obtidos
permitiram concluir que os melhores desempenhos, na germinação de eixos embrionários,
foram nos tratamentos: pH 5,7/3,0g/l de ágar e pH 6,7/3,0g/l de ágar. O pH influenciou na
polimerização do ágar; em condições menos ácidas (de 5,7 a 6,7) houve maior geleificação do
meio de cultura e, em pH 4,7 e concentração de ágar 3,0g/l, o meio não apresentou
consistência suficiente para sustentação do eixo embrionário, inviabilizando a indução da
organogênese.

Palavras-Chave: Jatropha curcas Linn., cultura de embriões, meios de cultura, pH, ágar,
biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1377
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta nativa da América do Sul, perene e
resistente à seca e solos de baixa fertilidade, apresenta grande potencial econômico, pois suas
sementes contêm cerca de 40-50% de óleo rico em hidrocarbonetos reduzidos, que podem ser
convertidos em compostos similares aos derivados do petróleo, como o biodiesel; e ainda,
apresentam propriedades interessantes para a indústria de fármacos e tintas (ARRUDA et al.,
2004). As pesquisas relacionadas à propagação de mudas são escassas e o que predomina são
os sistemas tradicionais da região Nordeste do Brasil, que necessitam atualização e adaptação
técnica aos atuais programas de cultivo agronômico (BELTRÃO, 2006). De difícil
reprodutibilidade e em número mais reduzido ainda, encontram-se os trabalhos em
biotecnologia de plantas, que demonstram ser em um futuro não muito distante, importante
instrumento para a propagação mais rápida e eficiente de mudas, melhoradas geneticamente
ou simplesmente selecionadas em seu ecossistema nativo, contribuindo assim, para a
expansão do cultivo comercial (SATURNINO et al.,2005).
A técnica da diferenciação e cultivo de embriões in vitro representa importante
instrumento para a obtenção de tecidos meristemáticos de grande potencial organogenético,
que aliado à condição estéril dos explantes e meio de cultivo adequado, proporciona eficiente
estabelecimento, indução e multiplicação de brotações. De uma única plântula regenerada
pode-se obter de 5 a 7 explantes totipotentes, extraídos de diferentes regiões da planta, como
as gemas apicais e epicórmicas axilares, ponteiras de raiz, segmentos do epicótilo e
fragmentos da porção central da lâmina foliar (SARTORI et al, 2005 e FERREIRA &
MACHADO, 2006).
Um importante aspecto do cultivo de embriões é definir um meio de cultura que possa
sustentar e nutrir o tecido. Isto requer estudo da relação e balanceamento dos diversos
componentes empregados na composição de meios de cultura. Além dos nutrientes minerais e
orgânicos, reguladores vegetais e agentes antioxidantes, deve-se considerar também as
condições de geleificação e de pH dos meios, que são de bastante especificidade, muitas vezes
em nível até de variedade, cultivar agronômico ou clone comercial (HU & FERREIRA,
1990).
Este trabalho teve como principal finalidade o estudo da influência do ágar, e da
aferição do pH, na elaboração de meio de cultura para a regeneração de plântulas a partir do
cultivo de eixos embrionários in vitro, obtidos de sementes selecionadas de banco de
germoplasma de pinhão-manso. O material obtido tem sido utilizado como matriz para
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1378
estudos, ainda não concluídos, da micropropagação clonal da cultura, que poderá
proporcionar mudas assépticas, com fidelidade genética, maior rapidez, maior uniformidade e
em espaço físico reduzido.

2 MATERIAL E MÉTODOS.
A experimentação foi conduzida no Laboratório de Biotecnologia Ambiental, do
Departamento de Recursos Naturais, setor Ciências Ambientais, da Faculdade de Ciências
Agronômicas -Fazenda Lageado- Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de
Botucatu/SP.
Sementes de pinhão-manso foram selecionadas e, depois de retirados os tegumentos,
lavadas em água corrente e desinfetadas em solução de hipoclorito de sódio a 2% e uma gota
de Tween 20 para cada 100 ml de solução, durante 20 minutos. Seguiram-se 4 enxágües em
água destilada e deionizada estéril, permanecendo na 4ª imersão por 24 horas.
Em câmara de fluxo laminar, foram excisados os eixos embrionários sob manipulação
em polivinilpirrolidona 2% e inoculados em frascos contendo 10 ml de meio MS
(MURASHIGE & SKOOG, 1962) modificado em diferentes balanceamentos de ágar e
valores de pH, constituindo 9 tratamentos: T1: 3,0 g/l de ágar e pH 4,7; T2: 6,0 g/l de ágar e
pH 4,7; T3: 9,0 g/l de ágar e pH 4,7; T4: 3,0 g/l de ágar e pH 5,7; T5: 6,0 g/l de ágar e pH 5,7;
T6 : 9,0 g/l de ágar e pH 5,7; T7: 3,0 g/l de ágar e pH 6,7; T8: 6,0 g/l de ágar e pH 6,7; T9: 9,0
g/l de ágar e pH 6,7. Seguiu-se transferência para câmara de germinação, em condições de
escuro e temperatura de 26 ± 1°C, por 84 horas e depois, crescimento na mesma temperatura e
fotoperíodo de 16 horas, com intensidade luminosa de 1000 lux. O delineamento experimental
foi o inteiramente casualizado, com 5 repetições por tratamento, sendo inoculado 1 eixo
embrionário por frasco.
Após 26 dias de cultivo, plântulas regeneradas foram retiradas dos tubos de ensaio e
mensurados os parâmetros fisiológicos: número de folhas (NF) e de raízes (NR), comprimento
médio da raiz (CMR) e altura da parte aérea (HPA). Em seguida, foram separados os sistemas
radiculares das partes aéreas e determinadas massa fresca (MFA) e seca (MAS) da parte
aérea; massa fresca (MFR) e seca da raiz (MSR). Os resultados obtidos foram comparados
estatisticamente pelo programa SigmaStat, teste de comparações múltiplas (método de
Kruskal Wallis e Student-Newman-Keuls).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1379
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.
Os valores obtidos em massa fresca da parte aérea (Tabela 1 e Figura 1) demonstraram
eficiência superior dos tratamentos 4 (3,0 g/l de ágar e pH 5,7) e 7 (3,0 g/l de ágar e pH 6,7),
que não diferiram significativamente entre si. No entanto, em relação à biomassa seca, os
tratamentos não se mostraram diferentes, e isto sugere que em menores concentrações de ágar
o eixo embrionário tem maior capacidade fisiológica em absorver água do meio, segundo o
gradiente de pressão osmótica estabelecido, e que isto se refletiria em maiores teores de massa
fresca. Esta observação é concordante com o trabalho de RIBEIRO et al. (1997), que
constataram queda na massa de embriões frescos de laranja ‘Natal’, à medida que se
aumentou a concentração de ágar no meio de cultura. De igual maneira, PASQUAL et al.
(2002) constataram queda da massa fresca de tangerineira à medida da elevação da
concentração de ágar.

Tabela 1 - Valores médios de massa fresca da parte aérea (MFA), massa seca da parte aérea
(MSA), altura da parte aérea (HPA) e número de folhas (NF).

Tratamentos MFA(g) MSA(g) HPA(cm) NF(unidades)


T1 0,0c 0b 0 0c
T2 0,05828b 0,0049a 1,18a 0,8a
T3 0,0536b 0,00344a 1,08a 1a
T4 0,1967a 0,01428a 2,48a 3a
T5 0,10864b 0,00698a 1,92a 1,8a
T6 0,06542b 0,00148a 1,42a 0,4b
T7 0,17512a 0,0116a 2,5a 2a
T8 0,12658b 0,00666a 1,2a 1,2a
T9 0,09614b 0,00648a 1,8a 1,4a
Os contrastes entre as médias foram comparados pelo teste de comparações múltiplas (método de Kruskal Wallis
e Student-Newman-Keuls). Dentro das colunas, as médias seguidas de letras iguais não diferem,
estatisticamente, ao nível de 5% de probabilidade.

O tratamento 1 (3g/l de ágar e pH 4,7) mostrou-se diferente dos demais, pois não
ocorreu geleificação suficiente para manter o eixo embrionário suspenso, uma vez que não foi
previsto o uso de ponte de papel, o que não permitiu diferenciação do tecido meristemático e
aborto de todas as repetições. O resultado sugere que o pH mais ácido acarretou a não
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1380
solidificação do meio, pois outros tratamentos onde a concentração de ágar foi a mesma,
porém com valores de pH mais elevados (5,7 e 6,7), a geleificação ocorreu, permitindo a
sustentação dos eixos embrionários. O resultado encontrado possui certa sustentação no
observado por CALDAS et al., 1998: “... a consistência do meio de cultura depende da
concentração e qualidade do ágar utilizado, do pH, do tipo de explante, da concentração de
sais e da presença de outras substâncias, os quais interferem na geleificação”.

Produção de massa fresca e seca da parte aérea

0,2

0,15

Massa(g) 0,1
MFA(g)
0,05 MSA(g)

0
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
Tratamentos

Figura 1- Produção de massa fresca e seca (gramas) da parte aérea de plântulas de pinhão-
manso regeneradas a partir do cultivo de embriões.

Houve maior desenvolvimento das plântulas em pHs mais elevados (5,7 e 6,7),
ligeiramente ácido e próximo da neutralidade, respectivamente; o que contrapõe aos
resultados de RIBEIRO et al. (1997), que observaram queda linear no peso da matéria fresca
com o aumento do pH em laranjeira. Em estudo similar com tangerineira, PASQUAL et al.
(2000) observaram maior desenvolvimento em pH mais baixo. Não houve diferenças
significativas com relação à altura da parte aérea nos diferentes tratamentos e, com relação à
produção de folhas, o tratamento 6 (9,0 g/l de ágar e pH 5,7) apresentou a menor média
significativa, demonstrando o estresse pelo qual passa a plântula em se estabelecer em meio
de consistência mais sólida e de maior concentração osmótica.
Com relação à produção de massa fresca e seca da raiz (Tabela 2 e Figura 2), os
tratamentos com menor concentração de ágar T4 e T7 (3 g/l) resultaram em maior produção
de massa fresca; a massa seca da raiz confirmou este resultado, ocorrendo aumento
significativo nestes tratamentos; o mesmo não aconteceu com a parte aérea da plântula,
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1381
sugerindo que a disponibilidade de água e a consistência menos sólida do meio são
importantes para o desenvolvimento radicular.

Tabela 2 - Valores médios de massa fresca da raiz (MFR), massa seca da raiz (MSR),
comprimento da raiz (CMR) e número de raízes (NR).
Tratamentos MFR(g) MSR(g) NR (unidades) CMR (cm)
T1 0c 0d 0b 0b
T2 0,03868b 0,002824c 2,6a 1,68a
T3 0,02558b 0,0006c 2,2a 1,05a
T4 0,06674a 0,0052a 2,48a 2,18a
T5 0,04104b 0,00218c 3,2a 2,48a
T6 0,0267b 0,00212c 1,42a 1,79a
T7 0,14624a 0,00376b 2,5a 2,172a
T8 0,0033b 0,0019c 1,88a 1,48a
T9 0,02284b 0,00124c 1,8a 1,426a
Os contrastes entre as médias foram comparados pelo teste de comparações múltiplas (método de Kruskal Wallis
e Student-Newman-Keuls). Dentro das colunas, as médias seguidas de letras iguais não diferem,
estatisticamente, ao nível de 5% de probabilidade.

Os valores de pH mais elevados, de ligeiramente ácido ao próximo da neutralidade, em


associação com as concentrações mais baixas de ágar, proporcionaram maior
desenvolvimento das plântulas, tanto na parte aérea quanto no sistema radicular. Observações
sustentadas por RIBEIRO, 1997, ao verificarem que a acidez e a basicidade estão diretamente
ligadas ao aproveitamento dos nutrientes pelo explante. Um pH ácido conduz a uma
competição entre o H+ com os íons catiônicos (NH4+, K+, Ca2+, Mg+, Cu2+, Fe2+,
Mn2+eZn2+) pelas células dos tecidos, e em pH mais básico, diminui a absorção de íons
aniônicos como o NO3-, H2PO4-, Cl- e MoO4-. Com relação ao ágar, CALDAS et al.(1990 e
1998) relataram que concentrações mais baixas proporcionam maior disponibilidade de água e
nutrientes.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1382
Produção de massa fresca e seca da raiz

0,16
0,14
0,12
0,1
massa(g) 0,08
MFR(g)
0,06
0,04 MSR(g)
0,02
0
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
Tratamentos

Figura 2 - Produção de massa fresca e seca da raiz nos diferentes tratamentos.

A não geleificação encontrada neste trabalho, no meio mais ácido (4,7) e menor
concentração de ágar (3g/l), foi também observada em trabalho similar de Romberger &
Tabor, citados por RIBEIRO, 1997, em que reconheceu ser o ágar um dos principais agentes
geleificantes de meio, podendo ser usado como tamponante e controlador da vitrificação e
hiperhidratação; contudo, pode ser hidrolisado em condições de maior acidez, não
polimerizando ao esfriar.

4 CONCLUSÃO
Dentro das condições empregadas na experimentação pode ser concluído:
Os tratamentos com melhor desempenho na germinação de eixos embrionários foram
T4 e T7, que têm como características pH 5,7/3,0g/l de ágar e pH 6,7/3,0g/l de ágar,
respectivamente. Contudo, a rizogênese e o desenvolvimento do sistema radicular foram
significativamente superiores no T7.
Os tratamentos com menores concentrações de ágar proporcionaram desenvolvimento
superior das plântulas regeneradas.
O pH influenciou na polimerização do ágar; em condições menos ácidas (de 5,7 a 6,7)
houve maior geleificação do meio de cultura e, em pH 4,7 e concentração de ágar 3,0g/l, o
meio não apresentou consistência suficiente para sustentação do eixo embrionário,
inviabilizando a indução da organogênese.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1383
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1384
INFLUÊNCIA DE DIFERENTES NÍVEIS DE ADUBAÇÃO DE
COBERTURA NO CRESCIMENTO DE MUDAS DE PAU ROSA (Aniba
rosaeodora Ducke) EM DOIS AMBIENTES: CAPOEIRA E FLORESTA DE
TERRA FIRME VISANDO PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL

Michell Richard Blind, INPA/FAPEAM, michell_richard@yahoo.com.br


Paulo de Tarso Barbosa Sampaio, CPST-INPA, sampaio@inpa.gov.br
Claudia de Queiroz Blair, CPST-INPA, blair@inpa.gov.br

RESUMO: Foram avaliados os efeitos da aplicação de adubação de cobertura em plantios


de pau-rosa (Aniba rosaeodora DUCKE), na Amazônia Central. Em março de 2005, foram
feitos 20 plantios de pau-rosa em clareiras artificiais nos ambientes de capoeira e floresta de
terra-firme, 10 plantios para cada, seguindo um espaçamento de 2 x 3 metros. As covas de
plantio não receberam nenhum tipo de tratamento antes do plantio que pudesse favorecer as
mudas, buscando encontrar respostas do desenvolvimento inicial da espécie em ambiente
modificado. Após 20 meses de plantio, foram escolhidos os plantios a partir do critério de
sobrevivência maior que 50%, três plantios no ambiente de capoeira (A, B e C) e um na
floresta (D). Em dezembro de 2006 (inicio das chuvas), foi feita a primeira aplicação de
adubação de cobertura, e a segunda em maio de 2007 (final das chuvas). Essa adubação foi
constituída de três tratamentos: adubos químicos (Fosmag) nas formulações 10-10-10 (T1) e
4-14-8 (T2) e um tratamento testemunha (T3). A cada dois meses realizou-se uma coleta de
dados de altura (cm) e diâmetro (mm). Os resultados encontrados mostram que o pau-rosa
comporta-se positivamente em crescimento em altura quando submetido a diferentes
tratamentos de adubação de cobertura. O crescimento em diâmetro também pode ter sido
influenciado pelos diferentes adubos utilizados para cobertura na sua fase de muda, em
ambiente de capoeira. O pau rosa apresenta comportamento diferenciado em função das
diferentes adubações de cobertura aplicados. A luminosidade influência o crescimento das
mudas, independente da aplicação da adubação como pôde ser constatado no Plantio A, onde
o tratamento testemunha apresentou crescimento em altura e diâmetro superior aos
tratamentos 1 e 2.

Palavras-Chave: Plantio florestal, Pau-Rosa, crescimento, níveis de adubação.


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1385
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, plantios florestais ou reflorestamentos, tem sido implantados em ambientes
utilizados anteriormente por pastagens, áreas utilizadas para agricultura e em algumas
ocasiões, em áreas degradadas. Esses reflorestamentos visam, na maioria dos casos, recompor
a paisagem natural, atribuir valor as pequenas propriedades rurais, e em outros casos servir
como “poupança verde” para pequenos produtores rurais, além de promoverem a manutenção
da biodiversidade.
A utilização de espécies nativas e exóticas nos reflorestamentos têm como objetivos
principais reutilizar e recuperar áreas abandonadas, degradadas e pastagens gerando renda,
enriquecendo a propriedade e melhorando as condições ambientais do local, além de reduzir a
utilização dos recursos naturais e diminuição da biodiversidade, contribuindo também, direta
e indiretamente, para evitar o êxodo rural e o desemprego (Embrapa, 2000; Homma, 2005).
A escolha da espécie a ser utilizada também é outro fator limitante para a implantação
de projetos de reflorestamento. Muitas vezes, a dificuldade em se estabelecer plantios
florestais está em obter maiores conhecimentos (informações) acerca das exigências
nutricionais e fisiológicas das espécies florestais (Carpanezzi et al., 1976), o que desestimula
os produtores a investir em novos plantios.
Estudos mostram que o pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) é uma espécie que pode ser
usada por pequenos agricultores para o enriquecimento de florestas, capoeiras ou plantios, e
poderia gerar maior lucro e mais empregos do que áreas desmatadas para pastagem ou
agricultura convencional (Sampaio et al., 2003).
O pau-rosa é explorado intensivamente na região amazônica desde o início do século
passado, mas foi nas décadas de 20 e 30, com o crescimento da indústria de perfumes, que a
sua extração atingiu proporções predatórias. Após a destilação da madeira, fornece um óleo
essencial do qual é extraído um álcool chamado de linalol, produto que é amplamente
utilizado na industria de perfumaria mundial, por ser um excelente fixador de perfumes
(Marques, 2001; May & Barata, 2004; Sampaio et al., 2003; Sudam, 1972;). Naquela época, a
região era tão rica da espécie que os caboclos utilizavam seu óleo como combustível para as
suas lamparinas.
O corte indiscriminado de indivíduos adultos dificulta o estudo da biologia e das
exigências ecológicas nas áreas de ocorrência natural da espécie (Rosa et al., 1997),
favorecendo assim a diminuição das populações naturais de pau-rosa.

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1386
É possível reverter essa situação, reutilizando áreas degradadas e abandonadas, com o
plantio de pau rosa, visando diminuir as atividades antrópicas causadas pelo homem e
gerando um aumento da produtividade e de renda aos pequenos produtores, contribuindo
assim, para a diminuição dos impactos ambientais e sociais que novas áreas desmatadas e
ocupadas causam ao meio ambiente.
No entanto, alguns fatores tornam-se limitantes na implantação de reflorestamentos ou
plantios florestais mistos e homogêneos, por que influenciam diretamente no
desenvolvimento inicial das culturas a serem empregadas. Dentre eles, podem se destacar:
origem do material genético, adaptação das espécies no ambiente a que serão submetidas,
clima, formação das mudas e o preparo do solo onde estas serão implantadas.
Somente a partir da definição de estratégias de utilização racional destes recursos e do
conhecimento das características ecológicas da espécie, é que será possível ordenar as
atividades de plantios e principalmente, diminuir a pressão sobre as populações naturais de
Aniba rosaeodora Ducke, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável e
aproveitamento racional dos recursos naturais existentes.
Para aumentar os conhecimentos sobre as exigências edáficas e fisiológicas do pau-rosa
e entender o que têm tornado limitado o manejo desta espécie em plantios ex-situ e/ou em
populações naturais, este trabalho propõe avaliar diferentes níveis de adubação mineral de
cobertura, em plantios de pau-rosa em áreas de pequenos agricultores próximos ao município
de Silves-Am.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em duas comunidades: Nossa Senhora Aparecida (Anebá)
e São João, localizadas na estrada da várzea (Rodovia Am-430) entre os Km 32 e 51,
respectivamente, no município de Silves-Am.
Os plantios de pau rosa foram implantados em áreas de capoeira e em floresta de terra-
firme, no mês de marco de 2005, obedecendo a um espaçamento de 2 metros entre plantas e 3
metros entre linhas. No local do plantio, foi feito raleio para abertura de dossel, buscando
melhorar as condições de luminosidade. Na capoeira este raleio limitou-se a abertura das
linhas e de arvoretas que propiciavam muita sombra. No ambiente de floresta, foram
eliminados as árvores com menores diâmetros, buscando também melhorar as condições de
luminosidade. Essas clareiras tinham aproximadamente 18x20 (360 m2) para os dois

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1387
ambientes. Às covas do plantio tinham largura e profundidade, respectivamente de 20 x 20 cm
e na ocasião não foram feitas adubações em nenhum dos ambientes.
Foram realizadas adubações de cobertura em plantios que apresentaram sobrevivência
maior que 50% (30 mudas) por propriedade. As mudas foram sorteadas aleatoriamente e
receberam duas adubações de cobertura no período de 1 ano. Foram aplicadas doses de 100
gramas de adubos formulados de NPK, nas seguintes formulações: 10-10-10 e 4-14-8, sendo
que um tratamento não recebeu adubação (testemunha). A primeira adubação foi feita no
inicio do período de chuvas (dezembro de 2006) e a segunda no final do período chuvoso
(maio de 2007). O esquema da adubação de cobertura esta apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 - Número de mudas por ambiente e tratamentos aplicados para cada ambiente em
relação à aplicação de adubo de cobertura em diferentes formulações de NPK.
Tratamentos Mês de aplicação Quant. de Nº de mudas por ambiente
(Adubos) da adub. de Adubo (g) Capoeira Floresta terra-
cobertura por muda firme
10-10-10 Dezembro-06 / 100 30 10
Maio-07
4-14-8 Dezembro-06 / 100 30 10
Maio-07
Testemunha Dezembro-06 / 0 30 10
Maio-07

Os parâmetros avaliados foram altura total (H) e diâmetro do colo (D). A altura total foi
medida com o auxílio de fita métrica, considerando-se como padrão à medição desde a base
do colo ao nível do solo até a gema apical da planta. Para a obtenção do diâmetro foi utilizado
um paquímetro eletrônico. As medições para comparação dos parâmetros avaliados
realizaram-se a cada dois meses após a data de inicio do experimento e continuadas durante
um período de 10 meses, totalizando cinco coletas de dados.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com três
tratamentos e dez repetições (mudas). Os tratamentos foram: (1) adubo N-P-K na formulação
10-10-10; (2) adubo N-P-K na formulação 4-14-8 e (3) testemunha. Os dados foram
submetidos à análise de variância utilizando o programa Sisvar e a comparação das médias
pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
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1388
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As alturas médias inicial e final das mudas de pau rosa, nos ambiente de capoeira e
floresta de terra firme estão apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2 - Alturas e diâmetros médio inicial e final das mudas (média de 10 mudas para cada
tratamento) de pau rosa em relação aos tratamentos e período experimental. (Setembro/06 a
Maio/07).
Altura (cm) Diâmetro (mm)
Pau rosa Trat.
Inicial Final Inicial Final
1 20.35 45.20 5.641 7.253
Plantio A 2 28.10 47.30 7.114 8.071
3 35.65 65.10 8.059 9.09

1 42.70 61.50 8.126 10.191


Plantio B 2 22.30 37.40 6.314 8.407
3 29.60 37.30 6.461 7.303

1 94.30 152.80 12.827 19.899


Plantio C 2 68.90 135.90 12.574 20.322
3 55.00 98.80 9.621 13.558

1 25.70 30.00 6.073 7.368


Plantio D 2 28.05 33.00 5.907 7.002
3 28.50 38.90 6.165 7.271

Os dados médios iniciais apresentados na Tabela 2, corroboram com Blind et al., que
estudando o comportamento inicial das mudas de pau rosa, encontrou maiores crescimentos
em altura e diâmetro em ambiente de capoeira, que neste caso limitam-se aos plantios A, B e
C desta Tabela, quando comparado ao plantio D, do ambiente de floresta de terra-firme.

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1389
A B

Figura 1 - Muda de pau rosa no ambiente de capoeira (A) e em ambiente de floresta de terra
firme (B), após 26 meses de plantio. Foto: Michell R. Blind.

A análise de variância revelou diferenças significativas entre o tratamento 1 e 2 em


relação ao tratamento 3 em quase todos os plantios. A comparação das médias pelo teste de
Tukey, mostra que o tratamento 1, apresentou maior média de crescimento em altura e
diferenciou-se significativamente dos valores médios observados dos tratamentos 1 e 2 nos
plantios B e C (Tabela 3) no ambiente de capoeira. O tratamento 2 apresentou diferença
significativa quando comparado ao tratamento 3 apenas no plantio C.

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1390
Tabela 3 - Resultados da Anova para o crescimento em altura, nos diferentes plantios em
relação à aplicação dos tratamentos.
Resultado Anova para Crescim ento em Altura
Am biente / Plantio Tratam entos M édias
1 31.24 a
A 2 36.13 b
3 47.08 c

Capoeira
2 29.2 a
B 3 33.04 a
1 51.28 b

3 74.92 a
C 2 101.56 b
1 120.26 c
Floresta

1 27.85 a
D 2 30.45 a
3 34.45 b

Médias na mesma coluna seguidas da mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo
teste Tukey.

Nota-se na mesma tabela que, a média do crescimento e altura do tratamento 3


apresentou comportamento diferente significativamente quando comparado as medias de
crescimento em altura dos tratamentos 1 e 2 no ambiente de capoeira (Plantio A) e no
ambiente de floresta (Plantio D). Esse comportamento pode ser explicado pela proximidade
das mudas com as áreas de borda do experimento onde estas se encontravam. Isso reafirma a
tese de que o pau rosa é uma planta heliófita e necessita de luminosidade (50%) para melhor
desenvolvimento inicial na fase de muda, como cita Rosa et al. (1997) e Sampaio et al.
(2004).
O crescimento médio em diâmetro das mudas de pau rosa (Tabela 4) na capoeira no
plantio B, mostrou que o tratamento 1 foi superior aos tratamentos 2 e 3. Já no plantio C, os
tratamentos 1 e 2 não mostraram diferença significativa entre si. Porém, quando comparados
ao tratamento 3, mostraram diferença significativa no crescimento em diâmetro. A média de
crescimento em diâmetro do tratamento 3, mostrou comportamento diferente
significativamente quando comparado às médias de crescimento em diâmetro dos tratamentos
1 e 2 nos ambiente de capoeira (Plantio A) e no ambiente de floresta (Plantio D). Este mesmo
comportamento foi encontrado para o crescimento em altura no mesmo plantio.

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1391
Tabela 4 - Resultados da Anova para o crescimento em altura, nos diferentes plantios em
relação a aplicação dos tratamentos.
Resultado Anova para Crescimento em Diâmetro
Ambiente / Plantio Tratamentos Médias
1 6.26 a
A 2 7.52 b
3 8.54 c
Capoeira

2 6.94 a
B 3 7.15 a
1 9.01 b

3 11.33 a
C 2 15.6 b
1 16.03 b
Floresta

1 6.41 a
D 2 6.64 b
3 6.73 b

Médias na mesma coluna seguidas da mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo
teste Tukey.

4 CONCLUSÃO
O pau rosa apresenta comportamento diferenciado em função das diferentes adubações
de cobertura aplicados.
A luminosidade influência o crescimento das mudas, independente da aplicação da
adubação como pode ser constatado no Plantio A, no ambiente de capoeira.
O adubo N-P-K, na formulação química 10-10-10, foi o que apresentou os resultados
mais satisfatórios em relação ao crescimento em altura e diâmetro.
São necessários novos experimentos para validar as informações a respeito do tipo de
adubação ideal para plantios de pau rosa com diferentes idades.

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Carpanezzi, A.A.; Brito, J.O.; Fernandes, P.; Jark Filho, W. 1976. Teor de macro e
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Crescimento e sobrevivência de mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) oriundas de


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1393
SOBREVIVÊNCIA DE MUDAS DE PAU ROSA (Aniba rosaeodora
Ducke) EM DOIS AMBIENTES: CAPOEIRA E FLORESTA DE TERRA
FIRME, VISANDO PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL, NA AMAZÔNIA
CENTRAL

Michell Richard Blind, INPA/FAPEAM, michell_richard@yahoo.com.br


Paulo de Tarso Barbosa Sampaio, CPST-INPA, sampaio@inpa.gov.br
Claudia de Queiroz Blair, CPST-INPA, blair@inpa.gov.br

RESUMO: O pau-rosa, ocorrente em quase toda a Bacia Amazônica, tem em seu óleo a
importância econômica, pois dele extrai-se um óleo essencial, rico em linalol, produto
mundialmente utilizado na industria da perfumaria. Para obtenção do óleo, é necessário o
abate de árvores adultas, que dificulta novos estudos sobre a biologia e as exigências
ecológicas nas áreas de ocorrência natural da espécie. O objetivo deste trabalho foi, portanto,
avaliar sistemas de plantio de pau rosa em ambientes de capoeira e floresta de terra-firme,
com intuito de obter resultados sobre a sobrevivência da espécie. Em março de 2005 foram
feitos 20 plantios de pau-rosa em clareiras artificiais nos ambientes de capoeira e floresta de
terra-firme, 10 plantios para cada (60 mudas por plantio), respectivamente, seguindo um
espaçamento de 2 x 3 metros. As covas de plantio não receberam nenhum tipo de tratamento
antes do plantio que pudesse favorecer as mudas, buscando encontrar respostas do
desenvolvimento inicial da espécie em ambiente modificado. O acompanhamento principal da
sobrevivência das mudas foi feito a partir do mês de setembro de 2005 e estendeu-se até o
mês de maio de 2006. Após dois anos de plantio (março/2007) foi feita nova coleta de dados
visando obter resultados da sobrevivência para esta idade, das mudas de pau-rosa. Após 24
meses de plantio, das 1200 mudas plantadas inicialmente, houve maior sobrevivência do pau
rosa no ambiente da capoeira, alcançando 41% (246 mudas) de sobrevivência contra
34,67% (208 mudas) em floresta de terra-firme. Apesar dos resultados, não houve diferença
estatística ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. O período de 24 meses após o
plantio pode ter sido insuficiente para determinar o melhor ambiente para que a espécie possa
estabelecer-se.

Palavras-Chave: Plantio florestal ,Pau-Rosa, sobrevivência, capoeira, floresta.


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1394
1 INTRODUÇÃO
A busca por recursos naturais que possam ser beneficiados para substituição de produtos
artificiais, tem levado a busca por novas espécies vegetais que possam contribuir com tal
atividade, pois nestas matérias primas, ocorrem a fácil possibilidade de extração do meio
ambiente.
Nesse âmbito, o pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke), desde o início da década de 40
sofreu intensa exploração, pois a espécie é utilizada para obtenção do óleo, rico em linalol,
produto valorizado por ser excelente fixador de perfumes (Alencar & Fernandes, 1978).
A exploração do pau rosa (A. Duckei Kosterm) em 40 anos atingiu 2.000.000 milhões
de árvores, abatidas pelos extratores, até a realização de um levantamento feito pela Sudam
em 1972. Para se ter idéia dessa exploração, em 1951 à extração do óleo de pau-rosa atingiu
um total de 444 toneladas, e em 2003 foi apenas de 32t, geralmente exportados para outros
paises (Homma, 2005).
A obtenção do óleo do pau-rosa é feita por meio de destilação da madeira, o que implica
na derrubada de árvores adultas, dificultando o estudo da biologia e das exigências ecológicas
nas áreas de ocorrência natural da espécie (Rosa et al., 1997). O potencial que esta cultura
representa para a Amazônia poderia ser estimado em 16 milhões de dólares, conforme
Homma (2005).
É possível reverter essa situação, reutilizando áreas degradadas e abandonadas, com o
plantio de pau rosa, visando diminuir as atividades antrópicas causadas pelo homem e
gerando um aumento da produtividade e de renda aos pequenos produtores, contribuindo
assim, para a diminuição dos impactos ambientais e sociais que novas áreas desmatadas e
ocupadas causam ao meio ambiente.
Os reflorestamentos em áreas abandonadas, utilizando espécies nativas e exóticas, têm
por objetivos principais reutilizar e recuperar áreas abandonadas e degradadas gerando renda,
enriquecendo a propriedade e melhorando as condições ambientais do local além de reduzir a
utilização dos recursos naturais, contribuindo também, direta e indiretamente, para evitar o
êxodo rural e o desemprego (Embrapa, 2000; Homma, 2005).
Estudos mostram que o pau-rosa é uma espécie que pode ser usada por pequenos
agricultores para o enriquecimento de florestas, capoeiras ou plantios, e poderia gerar maior
lucro e mais empregos do que áreas desmatadas para pastagem ou agricultura convencional
(Sampaio et al., 2003).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1395
No entanto, existem poucos trabalhos sobre o desenvolvimento inicial da espécie em
ambientes natural e modificado pela ação humana. Um dos objetivos desta pesquisa foi,
portanto, avaliar o plantio de mudas de pau-rosa em capoeira e floresta de terra-firme visando
identificar os melhores resultados sobre os aspectos silviculturais da espécie.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Os plantios foram implantados em duas comunidades (Nossa Senhora Aparecida - Rio
Aneba e São João) localizadas na estrada da várzea, próximo ao município de Silves, nos Km
48 e 30, respectivamente.
As propriedades foram selecionadas em 2004, por meio dos participantes do projeto
“Manejo Florestal Participativo das Comunidades de Nossa Senhora Aparecida (Aneba) e São
João em Silves – AM”. Para cada comunidade, dez propriedades foram utilizadas para a
instalação do plantio do pau-rosa, sendo que para a comunidade Aneba, os plantios
correspondem a área de capoeira e para a comunidade São João, correspondente a área de
floresta de terra-firme.
O experimento foi implantado em dois ambientes: capoeira e floresta de terra-firme com
10 repetições para cada. Os plantios obedeceram a um espaçamento de 2 metros entre plantas
e 3 metros entre linhas. Foram feitas clareiras retangulares de aproximadamente 18x20 m
(360 m2) para os dois ambientes. Inicialmente, foi feito uma limpeza na área do plantio, com a
retirada parcial de ervas daninhas que pudessem concorrer com a espécie plantada (Pau-
Rosa). Nesta fase de preparo houve participação dos proprietários da área, que foram
orientados por técnicos do Inpa. As covas do plantio tinham largura e profundidade,
respectivamente de 20 x 20 cm.
As mudas utilizadas para o plantio tinham aproximadamente seis meses de idade. As
mudas estavam com boa aparência fitossanitária e não tinham doenças visíveis. Os plantios
foram realizados no final do mês de março de 2005, e na ocasião, não foi feita adubação em
nenhum dos ambientes.
O parâmetro avaliado foi a sobrevivência (medida pela contagem dos indivíduos vivos
em cada área). As medições para comparação do parâmetros avaliado foi realizado a cada dois
meses após o inicio do projeto (agosto/05) e foram continuadas até o mês de maio de 2006
(término do 1º projeto), e uma segunda coleta de dados foi realizada em marco de 2007,
visando obter informações do comportamento da planta com dois anos de plantio.

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1396
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com dois
tratamentos e dez repetições (plantios), com 60 mudas cada. Os tratamentos foram: (1) plantio
no ambiente de capoeira e (2) plantio no ambiente de floresta de terra-firme. Os dados foram
submetidos à análise de variância utilizando o programa Sisvar e a comparação das médias
pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O pau rosa apresentou maior sobrevivência em clareiras no ambiente de floresta de terra
firme (51,33%) do que a capoeira (47,67%) após 15 meses de plantio conforme a Figura 1.
Esse percentual é equivalente a 308 mudas de pau rosa vivos na floresta de terra-firme e 286
mudas de pau rosa vivos na capoeira.
A baixa sobrevivência nos dois tratamentos, pode ter sido influenciada pelo período de
estiagem, atípico que as mudas sofreram entre os meses de setembro e dezembro, como
mostra a Figura 1, onde se pode observar que houve as maiores quedas de sobrevivência de
todos os meses analisados.
Após 24 meses de plantio, a capoeira apresentou maior sobrevivência (41%) que a
floresta de terra-firme (34,67%), como pode se observar na Figura 1 e Tabela 1. Porém, esses
resultados não foram diferentes significativamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste
Tukey.
Desde que foram plantadas em março de 2005, as mudas não receberam nenhum tipo de
tratamento que pudesse beneficiá-las, apenas foram feitas observações e pode-se notar que
muitas mudas apresentavam deficiência nutricional, mostrando-se cloróticas, sugerindo que
não estavam adaptadas às condições naturais a que foram submetidas nos dois ambientes.

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1397
Sobrevivência das mudas de pau rosa
Porcentagem de mudas vivas (%)

90
79.83

Capoeira
70
58.83
Floresta
70.33
56.17 52.00 51.33

50 55.17
52.17 41.00
49.17 47.67

34.67
30

6
5
5

07
06

7
5

6
05

06
5

6
l/0
l/0
/0

/0

/0
/0

/0
t/0

t/0

n/
n/
v/

v/
ai
ai

ar
ar

ar
ju

ju
se

se

ja
ja
no

no
m

m
m

m
Meses de coletas de dados

Figura 1 - Porcentagem de sobrevivência das mudas de pau-rosa plantadas nos dois


ambientes: capoeira e floresta de terra-firme após 24 meses de plantio.

O transporte das mudas feito de Manaus até os locais de plantio, pode ter causado
injurias no sistema radicular das mudas, comprometendo assim seu estabelecimento no
campo. As mudas também sofreram desfolhação, pois o vento causou danos nas folhas, por
estarem na carroceria do veiculo sem nenhuma proteção.
No mês de novembro/05, uma queimada acidental atingiu uma das repetições do
ambiente de capoeira, fazendo com que a porcentagem de sobrevivência das mudas neste
local caísse muito. Após o inicio das chuvas em dezembro, dez mudas de pau rosa que tinham
sofrido as conseqüências do fogo, apresentaram resistência e rebrotaram, sendo então
contadas como vivas, elevando a porcentagem de sobrevivência neste ambiente. Com o início
do período chuvoso em dezembro/janeiro (Obs. pessoal), a sobrevivência das mudas
permaneceu quase estável, com poucas mudas mortas no período de janeiro a maio.
Entretanto, é necessário observar com cautela os resultados da Anova para a
porcentagem de sobrevivência, pois os fatores descritos anteriormente podem ter afetado os
resultados. Isso pode ser explicado pelo teste Tukey, pois não houve diferença significativa
entre os tratamentos a 5% de probabilidade.

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1398
Tabela 1 - Médias da sobrevivência do pau rosa em plantios de terra-firme e capoeira,
analisados pelo Teste Tukey a 5% de probabilidade.

Sobrevivencia Médias dos tratamentos


Tratamentos set/05 nov/05 jan/06 mar/06 mai/06 mar/07
Capoeira 47.9 a 33.1 a 31.3 a 29.5 a 28.6 a 24.6 a
F. Terra Firme 42.2 a 35.3 a 33.7 a 31.2 a 30.8 a 20.8 a
As colunas seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade.

Outro fator que pode ter afetado a sobrevivência das mudas pode ter sido o ataque de
fungos e de herbivoria (Figura 2) que algumas repetições apresentavam, pois prejudicaram o
estabelecimento das mudas na fase inicial de campo, afetando seu desenvolvimento normal, e
podendo apresentar influência na sobrevivência das mudas em algumas propriedades.

A B
Figura 2 - Muda de pau rosa com possível ataque de fungos (A) e herbivoria (B) nos
ambiente de capoeira e em ambiente de floresta de terra firme, após 26 meses de plantio. Obs:
Ainda estão sendo feitos os testes para comprovação dos fungos nas mudas de pau-rosa. Foto:
Michell R. Blind.

4 CONCLUSÃO
A porcentagem de sobrevivência das mudas de pau rosa em clareiras no ambiente de
floresta de terra firme (51,33 %) e capoeira (47,67 %), indica que o prolongado período de
estiagem no ano de 2005 contribuiu para o elevado índice de mortalidade das mudas.
A sobrevivência tendeu a se estabilizar entre maio de 2006 e março de 2007, com
pequena variação na porcentagem de mudas vivas.
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1399
A capoeira, após 24 meses de plantio, apresentou os melhores resultados da
sobrevivência (41% de mudas vivas) quando comparado à floresta (34,67%), porém sem
diferenças significativas.
Novos plantios devem ser feitos, porém proporcionando melhorias ao ambiente e aos
tratos culturais antes do plantio, como adubação, calagem do solo, aumento do tamanho da
cova e melhoria nas condições de luminosidade, sejam estes no ambiente de capoeira quanto
no ambiente de floresta de terra firme.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alencar, J. C. & Fernández, N. P. 1978. Desenvolvimento de árvores nativas em ensaios
de espécies. I. Pau-rosa (Aniba Ducke Kostermans). Acta Amazônica 8(4): 523-541.

Embrapa. 2000. Reflorestamentos de Propriedades Rurais para fins Produtivos e


Ambientais. Org. Antonio Paulo Mendes Galvão. Colombo, Pr: Embrapa Florestas. 351p.

Homma, A. K. O. 2005. Amazônia: como aproveitar os benefícios da destruição? Estudos


Avançados. 19(54): 115-135.

Rosa, L. dos S.; Sá, T.D. de A.; Ohashi, S.T.; Barros, P. L.C. de; Silva, A.J.V. 1997.
Crescimento e sobrevivência de mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) oriundas de
três procedências, em função de diferentes níveis de sombreamento, em condições de viveiro.
Boletim da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, 28: 37-62.

Sampaio, P. T. B.; Ferraz, I. D. K. & Camargo, J. L. C. 2003. Manual de sementes da


Amazônia (3): Aniba rosaeodora Ducke. 6p.

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1400
EFEITOS DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA EMERGÊNCIA DE
PLÂNTULAS DE PINHÃO MANSO

Joel Martins Braga Júnior, PPGA/UFPB, joelmartinsbraga@bol.com.br

Maria do Socorro Rocha, PPGA/UFPB, marialirium@uol.com.br

Riselane de Lucena Alcântara Bruno, PPGA/UFPB, lane@cca.ufpb.br

Leandro Silva do Vale, PPGA/UFPB, lsv_cg@yahoo.com.br

Mácio Farias de Moura, PPGA/UFPB, maciof@yahoo.com.br

Jeandson Silva Viana, UFCG, jeandsonsv@yahoo.com.br

Napoleão Esberard de Macedo Beltrão, EMBRAPA/CNPA, napoleao@cnpa.embrapa.br

RESUMO: O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma das oleaginosas mais promissoras
como matéria-prima para produção de biodiesel, porém há muito que se estudar sobre esta
espécie, iniciando pela preferência do substrato ideal para emergência de suas sementes. Com
isso, o objetivo desta pesquisa foi avaliar diferentes tipos de substratos para emergência de
plântulas de pinhão manso. O experimento foi conduzido em ambiente protegido, no
Laboratório de Análise de Sementes, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal
da Paraíba, em Areia - PB, com delineamento estatístico inteiramente ao acaso, constando de
seis tratamentos (100% terra vegetal, 100% areia, terra vegetal + areia 1:1, terra vegetal +
esterco bovino 1:1, areia + esterco bovino 1:1 e terra vegetal + esterco bovino + areia 1:1:1),
em quatro repetições de 25 sementes de pinhão manso. As variáveis avaliadas foram:
emergência, comprimento da raiz principal e da parte aérea das plântulas, massa seca das
raízes e da parte aérea das plântulas. Os dados foram submetidos à análise de variância e as
médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%. O substrato terra vegetal é o menos
recomendado com relação aos resultados de emergência de plântulas de pinhão manso. Com
relação aos demais testes de vigor, recomendam-se todos os substratos, exceto terra vegetal +
esterco e areia + esterco para o crescimento radicular dessa espécie.

Palavras-Chave: Jatropha curcas L., vigor, esterco, biodiesel, oleaginosa.

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1401
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) pertence à família das Euforbiáceas e é um
arbusto ou árvore com até quatro metros de altura, com folhas em forma de coração, flores
pequenas, amarelo-esverdeadas, cujo fruto é uma cápsula com três sementes escuras e lisas. A
amêndoa branca, contida na semente, é rica em óleo, o que faz dessa espécie uma das
oleaginosas mais promissoras, como fonte de matéria-prima para produção de biodiesel.
O substrato em que as sementes são semeadas é determinante para uma alta ou baixa
germinação, atuando como suporte físico, aonde as plântulas vão se fixar e se nutrir e também
fornecendo os atributos favoráveis à retomada do crescimento do eixo. Quanto mais a plântula
demora a emergir no solo, torna-se mais vulnerável às condições adversas do meio. Por isso, é
desejável uma germinação rápida e uniforme das sementes, seguida por imediata emergência
das plântulas (MARTINS et al.,1999).
Segundo Kanashiro (1999), o substrato pode ser formado de matéria-prima de origem
mineral, orgânica ou sintética, de um só material ou de diversos materiais em misturas, com
capacidade de reter água, porém tendo uma boa drenagem, ter leveza e possuir boa aeração.
Nem sempre os substratos utilizados possuem essas características, e isso irá influenciar
negativamente a produção de mudas e posteriormente a produção da matéria-prima requerida
de dada espécie.
Por isso, a escolha do substrato é uma das etapas mais importantes para a produção de
mudas, em que deve-se observar a disponibilidade do substrato na região e a eficiência do uso
do mesmo e da espécie a ser analisada, considerando algumas de suas características, tais
como: o tamanho das sementes, a necessidade de água e luz, a facilidade da contagem e a
avaliação das plântulas (SOUZA, 1983; POPINIGIS, 1985).
No que diz respeito a substratos orgânicos, o esterco animal é bastante utilizado para
produção de mudas de espécies frutíferas, não só por atenderem as necessidades dos vegetais,
como também por serem de baixo custo e, sobretudo por não serem poluentes e assim
contribuir para preservação do meio ambiente (BRASIL, 1999; SEDIYAMA et al., 2000).
Segundo Costa et al. (2002), a mistura de esterco animal com outros materiais, a exemplo da
vermiculita, reduz a densidade média da mistura, melhorando suas condições de aeração e
drenagem (GONÇALVES et al., 2000).
Não há muitos trabalhos com recomendação de substratos para a execução de testes de
vigor da cultura do pinhão manso, sendo objetivo deste trabalho testar diferentes de substratos
e sua influência no vigor das plântulas de pinhão manso.
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1402
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em ambiente protegido, no Laboratório de Análise de
Sementes, do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal da Paraíba, em Areia -
PB.
Os tratamentos empregados constaram de seis diferentes substratos, sendo eles: 100%
terra vegetal; 100% areia; terra vegetal + areia 1:1; terra vegetal + esterco bovino 1:1; areia +
esterco bovino 1:1 e; terra vegetal + esterco bovino + areia 1:1:1.
A terra vegetal empregada apresentou as seguintes características químicas: pH em H2O
= 5,44; P = 6,33 mg dm-3; K = 24,39 mg dm-3; Ca2+ = 0,65 cmolc dm-3; Mg2+ = 0,80 cmolc
dm-3; Na = 0,00 cmolc dm-3; H+ + Al2+ = 2,31 cmolc dm-3; Al2+ = 0,15 cmolc dm-3; e matéria
orgânica = 10,67 g kg-1.
O esterco bovino utilizado apresentou as seguintes características químicas: N = 7,35 g
kg-1, S = 2,25 g kg-1, K = 4,37 g kg-1; P = 1,76 g kg-1; Ca2+ = 0,70 g kg-1; Mg2+ = 0,47 g kg-1;
Na = 543,21 mg kg-1, Fe = 111,78 mg kg-1, B = 19,15 mg kg-1 Mn = 86,88 mg kg-1, Zn = 24,3
mg kg-1, Cu = 1,24 mg kg-1.
Como testes de vigor foram utilizados os seguintes:
Emergência - foram utilizadas 100 sementes por tratamento, divididas em quatro sub-
amostras de 25, semeadas em bandejas plásticas (45,0 x 30,0 x 6,5 cm, respectivamente
CxLxE) perfuradas no fundo, contendo os substratos descritos acima. As contagens de
plântulas normais foram realizadas no décimo segundo dia do semeio e expressas em
porcentagem.
Comprimento da raiz principal e da parte aérea das plântulas - no final do teste de
emergência (doze dias após o semeio), as plântulas foram retiradas cuidadosamente dos
substratos e lavadas em água corrente. A raiz principal e a parte aérea das plântulas normais
de cada repetição foram medidas com o auxílio de uma régua graduada em centímetros, sendo
os resultados expressos em centímetro por plântula.
Massa seca das raízes e da parte aérea das plântulas - separou-se, com o auxílio de
tesoura, as raízes e a parte aérea das plântulas anteriormente medidas e as mesmas foram
submetidas à prévia secagem, em ambiente de laboratório, depois foram postas em envelopes
de papel e levadas à estufa de circulação de ar forçada, regulada a 65oC, até atingirem peso
constante.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1403
Delineamento estatístico - o delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao
acaso, constando de seis tratamentos, em quatro repetições de 25 sementes de pinhão manso.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de
Tukey, a 5%.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os dados da Figura 1, observa-se que o substrato terra vegetal utilizado
isoladamente, proporcionou as menores percentagens de emergência para as plântulas de
pinhão manso. Os demais substratos utilizados se destacaram com os maiores percentuais de
emergência, não diferindo entre eles pelo teste de Tukey a 5%. Esses resultados demonstram
que a terra vegetal, utilizada isoladamente, não favoreceu percentagens de emergência das
plântulas de pinhão manso acima de 50%. Resultados contrários foram encontrados por Braga
Júnior (2006) pesquisando o efeito de substratos na emergência de plântulas de Zizyphus
joazeiro Mart., onde o substrato terra vegetal foi um dos substratos que proporcionou os
maiores percentuais de emergência para aquela espécie. Já Linhares et al. (2005) observaram
que a utilização dos substratos areia lavada + esterco bovino, areia lavada + húmus de
minhoca, areia e vermiculita proporcionaram os melhores resultados de emergência das
plântulas de girassol (Helianthus annuus L.). Outros resultados em estudos com essências
florestais (Cassia siamea (Cássia), Dolonix regia (Flamboyant), Leucaena leucocephala
(Leucena), Mimosa caesalpiniafolia (Sabiá) e Enterolobium cotortosilicum (Tambor),
realizados por Lucena et al. (2004) verificaram que com a adição de esterco de gado ou de
minhoca ao substrato, aumenta a germinação das espécies supracitadas.

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1404
100

80
Emergência (%)

60 a a
a a
a

40

b
20

0
TV AR TV+AR TV+EST AR+EST TV+AR+EST
Substrato

Figura 1 - Emergência de plântulas de pinhão manso oriundas de sementes semeadas em


diferentes substratos.
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Os dados referentes ao comprimento da raiz de plântulas de pinhão manso estão


contidos na Figura 2, onde se observa que os substratos terra vegetal e areia, foram os que se
destacaram dos demais em relação ao crescimento radicular das plântulas estudadas, não
diferindo significativamente das misturas de substratos: terra vegetal + areia e terra vegetal +
areia + esterco bovino. Provavelmente os substratos terra vegetal e areia apresentaram
condições mais favoráveis para o desenvolvimento do sistema radicular das plântulas de
pinhão manso, tais como porosidade e umidade.
Nos estudos de Linhares et al. (2005) o crescimento radicular foi maior no substrato
areia lavada + húmus, para plântulas de girassol. Santos et al. (1994) encontrou os maiores
resultados para o comprimento da raiz de sabiá (M. caesalpiniaefolia), utilizando o substrato
areia. Entretanto, o comprimento da raiz não diferiu estatisticamente quando foram utilizados
os substratos terriço e casca de arroz.

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1405
20

16
Comprimento da raiz (cm)

a a
12 ab ab
bc
c
8

0
TV AR TV+AR TV+EST AR+EST TV+AR+EST
Substrato

Figura 2 - Comprimento da raiz de plântulas de pinhão manso oriundas de sementes


semeadas em diferentes substratos.
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Quanto aos dados médios do comprimento da parte aérea de plântulas de pinhão manso
em função do substrato (Figura 3.), os valores não diferiram entre si estatisticamente pelo
teste de Tukey a 5%. Sendo assim, verifica-se que a utilização de diferentes substratos não
influencia o crescimento da parte aérea de plântulas de pinhão manso. Em estudos com
jabuticaba (Myrciaria spp.), foram verificados por Alexandre et al. (2006) que o substrato
vermiculita propiciou o maior crescimento da parte aérea das plântulas.
Já Santos et al. (1994) observaram que o substrato areia, proporcionou maior
crescimento da parte aérea de plântulas de sabiá. Braga Júnior (2006) verificou maior
eficiência dos substratos terra vegetal + esterco bovino e areia lavada, no desenvolvimento da
parte aérea de plântulas de (Zizyphus joazeiro Mart.), provavelmente os referidos substratos
continham as condições adequadas para o crescimento inicial das plântulas dessa espécie.

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1406
20
Comprimento da parte aérea (cm)

16

a
a a
12 a a
a

0
TV AR TV+AR TV+EST AR+EST TV+AR+EST
Substrato

Figura 3 - Comprimento da parte aérea de plântulas de pinhão manso oriundas de


sementes semeadas em diferentes substratos.
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Com relação aos dados dos conteúdos de massa seca da raiz, contidos na Figura 4,
verifica-se que não houve diferença significativa mediante a utilização dos diferentes
substratos. Desta forma, os substratos não exerceram influência nos conteúdos de massa seca
da raiz das plântulas de pinhão manso. Estudos conduzidos por Bezerra et. al. (2004)
concluíram que os maiores conteúdos de massa seca nas plântulas de moringa (Moringa
oleifera Lam.) foram obtidos quando suas sementes foram semeadas no substrato comercial
Plantmax®.
Para Nannetti e Souza, (1998) os substratos são meios onde se desenvolvem as raízes
das plantas, podendo ser formas comerciais de pronto uso, que podem ser acrescidos de
materiais como casca de arroz carbonizada, vermiculita, terra de barranco, húmus e outros,
maximizando o seu rendimento.

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1407
0,06

0,05 a
a
Massa seca da raiz (g)

0,04 a

0,03 a a
a

0,02

0,01

0
TV AR TV+AR TV+EST AR+EST TV+AR+EST
Substrato

Figura 4 - Massa seca da raiz de plântulas de pinhão manso oriundas de sementes


semeadas em diferentes substratos.
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Assim como o obtido para os conteúdos de massa seca da raiz de plântulas de pinhão
manso, os substratos utilizados por esta pesquisa não apresentaram influência nos conteúdos
de massa seca da parte aérea das plântulas de pinhão manso.
Nas pesquisas de Iossi et al. (2003) o substrato esfagno foi o que propiciou o maior
conteúdo de massa seca da parte aérea das plântulas de Phoenix roebelenii O’Brien, e a
vermiculita apresentou o menor valor de conteúdo de massa seca da parte aérea das plântulas.
Gouzalez et. al. (2006) utilizando torta de mamona (Ricinus communis L.) em
substratos para a produção de mudas de tomate (Solanum lycopersicum L.), verificaram que o
substrato comercial (Plantmax®) foi superior ao substrato orgânico (70% de casca de arroz
carbonizado, 30% de húmus e 10g de farinha de osso), obtendo uma maior produção de massa
seca da parte aérea da planta.

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1408
0,5
Massa seca da parte aérea (g)

0,4
a
a a a
0,3 a
a

0,2

0,1

0
TV AR TV+AR TV+EST AR+EST TV+AR+EST
Substrato

Figura 5 - Massa seca da parte aérea de plântulas de pinhão manso oriundas de sementes
semeadas em diferentes substratos.
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.

4 CONCLUSÃO
Para a emergência de plântulas de pinhão manso, o substrato terra vegetal é o menos
recomendado.
O crescimento e o acúmulo de massa seca das plântulas de pinhão manso não são
influenciados pelos substratos, à exceção dos substratos terra vegetal+esterco e areia +esterco,
que proporcionaram menor crescimento da raiz.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, R. S. ; WAGNER JÚNIOR, A. ; NEGREIROS, J. R. S. ; BRUCKNER, C. H.
Estádio de maturação dos frutos e substratos na germinação de sementes e desenvolvimento
inicial de plântulas de jabuticabeira. Revista Brasileira de Agrociência, v. 12, n. 2, p. 229-
232, 2006.

BEZERRA, A. M. E.; MOMENTÉ, V. G.; MEDEIROS FILHO, S. Germinação de sementes


e desenvolvimento de plântulas de moringa (Moringa oleifera Lam.) em função do peso da
semente e do tipo de substrato. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.295-299, 2004.

BRAGA JÚNIOR, J. M. Superação da dormência de unidades de dispersão de Zizyphus


joazeiro Mart. 2006. 65 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade
Federal da Paraíba, Areia, 2006.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Lei dos crimes ambientais. Brasília,
Ministério do Meio ambiente. 1999. 38p.

COSTA, A. M. G.; CAVALCANTI JÚNIOR, A. T.; CORREIA, D.; COSTA, J. T. Influência


de diferentes substratos na formação de porta-enxertos de graviola (Annona muricata L.) em
tubetes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 17, 2002, Belém, PA.
Anais... Belém: SBF, 2002.

GONÇALVES, J. L. M.; SANTARELI, E.G.; MORAES NETO, S. P.; MANARA, M. P.


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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1411
INFLUÊNCIA DA REMOÇÃO DO TEGUMENTO E DA QUANTIDADE DE
ÁGUA NO SUBSTRATO SOBRE A GERMINAÇÃO E VIGOR DE
SEMENTES DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)

Humberto Pereira da Silva, NCA-UFMG, humbertofu@yahoo.com.br


Jose Maria Gomes Neves, NCA-UFMG, josemariauf@yahoo.com.br
Delacyr da Silva Brandão Junior, NCA-UFMG, delacyr@hotmail.com

RESUMO: Durante o processo de germinação, a permeabilidade do tegumento e a umidade


do substrato influenciam a reidratação das sementes, ativação metabólica e conseqüente
crescimento do seu eixo embrionário. Portanto, o presente trabalho foi conduzido com o
objetivo de avaliar o efeito da remoção do tegumento na germinação e vigor de sementes de
pinhão-manso (Jatropha curcas L.) em diferentes volumes de água no substrato. A semeadura
foi realizada em rolo de papel germitest no sistema rolo, umedecidos com volumes de água
(mL) equivalentes a 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 vezes o peso do papel (g). Os tratamentos foram
instalados em germinador modelo M sob regime de luz natural na temperatura constante de
30ºC. O delineamento experimental adotado foi o delineamento inteiramente casualizado em
um esquema fatorial 2 x 4 (2 – com e sem tegumento e 4 - umidades de substrato). As
avaliações foram realizadas diariamante (protrusão de radícula) e aos 07 e 10 dias do início do
teste, computando-se as plântulas normais. Foram consideradas germinadas as plântulas
normais que apresentarem estruturas essenciais completas, bem desenvolvidas, proporcionais
e sadias. O índice de velocidade de germinação foi determinado anotando-se diariamente o
número de sementes com radículas protrundidas durante o teste de germinação e calculado
pela fórmula proposta por Maguirre (1962). De acordo com os resultados obtidos no presente
trabalho, pode-se concluir que as sementes de pinhão-manso com tegumento apresentam
maior percentual de germinação, quando comparadas com aquelas sem tegumento, tendo
melhor desempenho quando o substrato é umidecido com volume de água (mL) equivalente a
2,5 vezes o peso do papel germitest (g), ocorrendo a redução da germinação e vigor quando o
substrato é umidecido para valores superiores a este. A retirada do tegumento afeta
negativamente a germinação e vigor das sementes, que apresentam melor desempenho quando
o substrato é umidecido com volumes de água (mL) equivalentes a 3,0 e 3,5 vezes o peso de
papel germitest (g), ocorrendo a redução da germinação e vigor quando o substrato é
umidecido para valores inferiores a estes.

Palavras-Chave: Pinhão-manso, germinação, umidade do substrato.


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1412
1 INTRODUÇÃO
O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), vem se destacando como uma espécie
promissora para a produção de biocombustível. A semente é constituída por um tegumento,
denso e escuro, envolvendo o embrião, o qual é rico em um óleo inodoro que queima sem
emitir fumaça, (Saturnino et al., 2005). Além de ser uma espécie que se desenvolve bem em
regiões semi-áridas, onde predominam baixas precipitações.
Junto ao cultivo do pinhão-manso tem-se a carência de pesquisas para a busca de
informações técnicas sobre o seu processo de domesticação e o conhecimento das condições
adequadas para sua germinação como: dormência, quantidade de água, luz, temperatura e
oxigênio. Informações estas que ainda não estão contidas nas Regras para Análise de
Sementes (Brasil, 1992), causando discrepância entre os resultados de diferentes trabalhos.
As sementes requerem um nível adequado de hidratação, levando a retomada do
metabolismo e conseqüente crescimento do eixo embrionário, sendo que quanto maior a
quantidade de água disponível para as sementes, mais rápida será a absorção (Popinigis, 1985;
Carvalho & Nakagawa, 2000 e Albuquerque, 2000). A rehidratação das sementes sofre
influencia da permeabilidade do tegumento, temperatura, condições fisiológicas das sementes
e principalmente do tipo e grau de umidade do substrato. O substrato deve fornecer as
sementes condições ideais de aeração, estrutura, capacidade de retenção de água, sanidade e
outros. O substrato deve manter proporção adequada entre a disponibilidade de água e aeração
e não deve ser umedecido em excesso, para evitar que a película de água envolva
completamente a semente e diminua a entrada e absorção de oxigênio (Villagomez et al.,
1979.; Alves et al,. 2002.; Andrade et al.,2006). Portanto, a escolha do tipo de substrato deve
ser feita de acordo com as exigências da semente em relação ao seu tamanho e formato
(Brasil, 1992).
Para o pinhão-manso (Jatropha curcas L.), estão disponíveis na literatura somente
estudos relacionados às técnicas de plantio (Saturnino et al., 2005), entretanto, não existem
pesquisas abordando a influência da quantidade de água no substrato e remoção do tegumento
sobre a germinação das sementes.
Diante da carência de informações sobre as sementes desta espécie e tendo em vista sua
importância ecológica, bem como sua potencialidade econômica na região. O presente
trabalho foi conduzido para avaliar a germinação e vigor de sementes de Jatropha curcas L.
em função de diferentes graus de umidade do substrato e retirada do tegumento das sementes

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1413
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes, do Núcleo de
Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (LAS-NCA/UFMG), no período
de 08 a 18, de novembro de 2006, com sementes de pinhão-manso (Jatropha curcas L.),
provenientes de plantas nativas do Norte de Minas Gerais.
Foram realizadas avaliações preliminares objetivando traçar o perfil de qualidade física
(grau de umidade e peso de mil sementes) e fisiológica (emergência e índice de velocidade de
emergência) das sementes de pinhão-manso utilizadas no experimento.
A determinação do grau de umidade foi realizado pelo método da estufa 105º± 3ºC
durante 24 horas, utilizando duas repetições para cada tratamento (com e sem tegumento),
conforme prescrições das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992), e os resultados
foram expressos em percentagem.
Para o peso de mil sementes foram utilizadas 8 repetições de 100 sementes, conforme
prescrições das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992), e os resultados foram
expressos em gramas (g).
O índice de velocidade de emergência foi conduzido conjuntamente com o de
emergência, utilizando duas amostras (com e sem tegumento), com quatro repetições de 25
sementes de pinhão-manso, colocadas em condição de casa de vegetação, semeadas em leito
de areia. O substrato foi umedecido com água e as regas foram realizadas para manutenção da
umidade suficiente até o final do experimento onde se avaliou o índice de velocidade de
emergência (IVE) e emergência final (E). A velocidade de emergência foi determinada
anotando-se diariamente o número de plântulas emergidas (cotilédones acima do substrato)
até a completa estabilização do estande. O índice de velocidade de emergência foi
estabelecido segundo critérios de Maguirre (1962).
Os tratamentos foram instalados em germinador de sementes modelo Mandelsdorf sob
regime de luz natural na temperatura constante de 30ºC. O delineamento experimental
adotado foi o delineamento inteiramente casualizado em um esquema fatorial 2 x 4 (2 – com e
sem tegumento e 4 - umidades de substrato). A semeadura foi realizada em rolo de papel
germitest no sistema rolo, umedecidos com volumes de água (mL) equivalentes a 2,0; 2,5; 3,0
e 3,5 vezes o peso do papel (g). As quantidades de água estão de acordo com a tabela 1.

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1414
Tabela 1 - Quantidade de água usada em relação ao peso do papel.
Tratamentos Peso do papel (g) Volume de água (mL)
2,0 221,5 443,00
2,5 215,1 537,75
3,0 235,9 707,70
3,5 215,8 755,30

As avaliações foram realizadas diariamante (protrusão de radícula) e aos 07 e 10 dias do


início do teste, computando-se as plântulas normais. Foram consideradas germinadas as
plântulas normais que apresentarem estruturas essenciais completas, bem desenvolvidas,
proporcionais e sadias. O índice de velocidade de germinação foi determinado anotando-se
diariamente o número de sementes com radículas protrundidas durante o teste de germinação
e calculado pela fórmula proposta por Maguirre (1962).
Os dados percentuais foram transformados em arc. sen x / 100 , sendo realizada
análise de variância para todos os parâmetros analisados.
Para comparação das médias de cada tratamento foram submetidas ao teste Tukey, a 5%
de probabilidade, quando houve significância no teste F.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da determinação do grau de umidade das sementes, do peso de mil
sementes e dos testes de emergência e de índice de velocidade de emergência, realizados para
caracterização da qualidade física e fisiológica das sementes de pinhão-manso estão
apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Perfil da qualidade física e fisiológica das sementes de pinhão-manso.


Tegumento Umidade Emergência Ive Peso de 1000
(%) (%) (índice) sementes (g)
Com tegumento 9,47 79,0 1,86 468,95
Sem tegumento 7,30 33,0 1,06 ________

Pelos resultados da análise de variância da germinação das sementes na primeira e


segunda contagem e do índice de velocidade de germinação do efeito da umidade do substrato
e da remoção do tegumento na germinação de sementes de pinhão-manso foi verificado
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1415
resultado significativo para as interações. Sendo também significativo o tipo de sementes
(com e sem tegumento), sendo as menores porcentagens de germinação obtidas com a retirada
do tegumento.
Já as quantidades de água no substrato não influenciaram no desempenho das sementes
de pinhão-manso ao nível de 5% de probabilidade sob condições do estudo (Tabela 3). Estes
resultados corroboram com os mencionados por Tanaka et al. (1991) para amendoim (Arachis
hypogaea), onde se descreve que as quantidades de água no substrato não influenciam
significativamente nas porcentagens de germinação.

Tabela 3 - Análise de variância da porcentagem de germinação na primeira contagem (GEP)1,


germinação na segunda contagem (GERS)1, Índice de velocidade de germinação (IVG).
Fonte de variação GL Quadrado médio
gep gers ivg
Tegumento 1 0,4356* 0,320* 6,8*
Umidade 3 0,001667 0,000650 3,40e-01
Teg. x umidade 3 0,0665* 0,046* 2,23*
Resíduo 24 0,01346 0,011 0,460
CV(%) 12,86 10,62 15,88
1 Dados transformados, em arc sen√x/100. *Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.

No que se refere às interações obtidas nas variáveis (Tabela 4, 5 e 6), foram observados
que não houve efeito significativo para as quantidades de água no substrato. Com relação ao
tegumento quando se retira o tegumento da semente tendo as quantidades de água de 2,0 e 2,5
vezes o peso do papel se torna prejudicial ao processo germinativo das sementes de pinhão-
manso. Na medida que se aumenta as quantidades de água para 3,0 e 3,5 vezes o peso do
papel na ausência do tegumento não há diferenças significativa entre os tratamentos, o mesmo
não ocorre para as sementes com tegumento apresentando uma tendência inversa, nota-se em
valores absolutos a inferioridade do desempenho das sementes com tegumento germinadas no
substrato umedecidos com 3,0 e 3,5 vezes o peso do papel. Mas ao compará-los com os
tratamentos com tegumento e umidades de 2,0 e 2,5 vezes o peso do papel mesmo não
havendo diferença significativa suas porcentagens de germinação foram menores. Tanaka et
al. (1991), com amendoim (Arachis hypogaea), observaram maior porcentagem de plântulas
anormais em tratamentos com volumes de água correspondentes a 1,5 e 3,0 vezes o peso do

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1416
papel, bem como Menezes et al. (1993) com sementes de pepino, melão e melancia usando
3,0 vezes o peso do substrato. Segundo Marcos-Filho et al., (1987), o excesso de água no
substrato proporciona prejuízos à respiração, causando atraso ou paralisação do
desenvolvimento e, por conseqüente, anormalidades nas plântulas.

Tabela 4 - Médias de germinação da primeira contagem (em porcentagem), de sementes de


pinhão-manso com e sem tegumento submetidas a quatro umidade de substrato.
Tegumento Umidade do substrato
2,0 2,5 3,0 3,5
Com tegumento 78,75 a a 77,50 a a 70,00 a a 60,00 a a

Sem tegumento 42,50 a b 43,75 a b 55,00 a a 58,78 a a


CV(%) 12,86
Médias seguidas pela mesma letra, maiúsculas nas linhas e minúscula nas colunas, não diferem entre si, pelo
teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 5 - Médias de germinação (em porcentagem) de sementes de pinhão-manso com e sem


tegumento submetidas a quatro umidades de substrato.
Tegumento Umidade do substrato
2,0 2,5 3,0 3,5
Com tegumento 81,25 a a 83,75 a a 76,25 a a 68,75 a a

Sem tegumento 56,25 a b 52,5 a b 65,0 a a 67,5 a a


CV(%) 10,62
Médias seguidas pela mesma letra, maiúsculas nas linhas e minúscula nas colunas, não diferem entre si, pelo
teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

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Tabela 6 - Médias do índice de velocidade de germinação (ivg) de sementes de pinhão-manso
com e sem tegumento submetidas a quatro umidades de substrato.
Tegumento Umidade do substrato
2,0 2,5 3,0 3,5
Com tegumento 4,69 a a 5,365 a a 4,60 a a 4,32 a a

Sem tegumento 3,35 a b 3,14 a b 4,44 a a 4,35 a a


CV(%) 15,88
Médias seguidas pela mesma letra, maiúsculas nas linhas e minúscula nas colunas, não diferem entre si, pelo
teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Os maiores valores de germinação e índice de velocidade de germinação (Tabela 3 e 4)


foram obtidos pelo tratamento que constitui-se de semente com tegumento e volume de água
no substrato de 2,5 vezes o peso do papel (83,75% e 5,36 respectivamente), apesar de não
haverem apresentado diferenças estatísticas dos tratamentos com tegumento e quantidades de
água de 2,0; 3,0; 3,5; o peso do papel e dos sem tegumento e quantidades de água de 3,0; 3,5;
o peso do papel. Na Tabela 2, a maior germinação (78,75 %), foi obtida pelas sementes com
tegumento e quantidades de água de 2,0 vezes o peso do papel. Esses resultados estão de
acordo com os de Gentil & Torres (2001), estudando a germinação de sementes de maxixe
(Cucumis anguria L.), obtiveram melhor desempenho usando volumes de água na faixa de 1,0
a 2,5 vezes o peso do substrato papel.

4 CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos podemos concluir que:
Sementes de pinhão-manso com tegumento apresentam maior percentual de
germinação, quando comparadas com aquelas sem tegumento;
Sementes de pinhão-manso apresentam melhor desempenho quando o substrato é
umidecido com volume de água (mL) equivalente a 2,5 vezes o peso do papel germitest (g),
ocorrendo a redução da germinação e vigor quando o substrato é umidecido para valores
superiores a este, provavelmente devido a deficiência de oxigênio, provocado pelo excesso de
água;
A retirada do tegumento afeta negativamente a germinação e vigor das sementes, que
apresentam melhor desempenho quando o substrato é umidecido com volumes de água (mL)

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1418
equivalentes a 3,0 e 3,5 vezes o peso de papel germitest (g), ocorrendo a redução da
germinação e vigor quando o substrato é umidecido para valores inferiores a estes.

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1420
TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE
MAMONA CULTIVAR BRS ENERGIA

Maria do Socorro Rocha, PPGA/UFPB, marialirium@uol.com.br


Joel Martins Braga Júnior, PPGA/UFPB, joelmartinsbraga@bol.com.br
Riselane de Lucena Alcântara Bruno, PPGA/UFPB, lane@cca.ufpb.br
Jeandson Silva Viana, UFCG, jeandsonsv@yahoo.com.br
Mácio Farias de Moura, PPGA/UFPB, maciof@yahoo.com.br
Napoleão Esberard de Macedo Beltrão, EMBRAPA/CNPA, napoleao@cnpa.embrapa.br
Roberta Sales Guedes, PPGA/UFPB, joelmartinsbraga@bol.com.br

RESUMO: A mamoneira representa uma alternativa de grande importância econômica e


social para o semi-árido nordestino. O óleo da mamona e seus derivados têm múltiplas
aplicações industriais, sendo o óleo muito utilizado como lubrificante para motores de alta
rotação e como carburante em motores Diesel. O presente trabalho teve como objetivo
verificar a eficiência do teste de envelhecimento acelerado para avaliar o vigor de sementes de
mamona. Para tanto, utilizaram-se quatro lotes de sementes de mamona, cultivar BRS
Energia. A qualidade inicial de cada lote de sementes foi avaliada pela determinação do teor
de água, germinação, primeira contagem de germinação, velocidade de emissão da raiz
primária e emergência de plântulas em campo. O envelhecimento acelerado foi conduzido a
40°C durante 24, 48 e 72 horas, com e sem uso de solução saturada de NaCl. O experimento
foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado. O teste de envelhecimento
acelerado tradicional a partir de 72 horas provoca a morte das sementes de mamona e, para o
uso da solução salina são necessários mais estudos para ser indicado como um teste de vigor
em sementes de mamona BRS-Energia.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., vigor, qualidade fisiológica, oleaginosa.

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1421
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.), também conhecida como carrapateira ou rícino,
pertencente à família Euphorbiaceae, é originária da Ásia Meridional de onde se espalhou por
quase todo o mundo, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais. Em vários países é
cultivada para a extração do óleo das suas sementes, cujo principal emprego se dá na
lubrificação de motores de alta rotação, como é o caso dos motores de avião.
O óleo de rícino é usado, também, como purgativo, na fabricação de tinta, verniz e
plástico, enquanto a torta, subproduto da extração do óleo é empregado como adubo orgânico,
apresentando também efeito rematicida. Apesar da alta toxicidade das sementes, o óleo de
rícino não é tóxico, visto que a ricina, proteína tóxica das sementes, não é solúvel em lipídios,
ficando todo o componente tóxico restrito à torta (SCAVONE-PANIZZA, 1980; GAILARD e
PEPIN, 1999; SAVY FILHO, 2001; ROCHA, 2004).
A cultura se apresenta como alternativa de relevante importância econômica e social,
pois dadas as suas características, é capaz de produzir satisfatoriamente bem até sob
condições de baixa precipitação pluvial, sobressaindo-se também como alternativa para o
semi-árido nordestino, onde a cultura, mesmo tendo sua produtividade afetada, tem-se
mostrado resistente ao clima adverso servindo como alternativas de trabalho e de renda para o
agricultor da região (VIEIRA e LIMA, 2003).
A utilização de sementes de alta qualidade constitui a base para elevação da
produtividade agrícola, o componente fisiológico da qualidade de sementes tem sido objeto de
inúmeras pesquisas, em decorrência das sementes estarem sujeitas a uma série de mudanças
degenerativas após a sua maturidade. No entanto, verifica-se a escassez de pesquisas
direcionadas à avaliação da qualidade fisiológica de sementes de espécies oleaginosas,
incluindo-se a mamona. A qualidade fisiológica das sementes tem sido caracterizada pela
germinação e pelo vigor. Vigor de sementes pode ser definido como a soma de atributos que
conferem à semente o potencial para germinar, emergir e resultar rapidamente em plântulas
normais sob ampla diversidade de condições ambientais. Dessa forma, o objetivo básico dos
testes de vigor é identificar diferenças importantes no potencial fisiológico de lotes de
sementes, especialmente daqueles que apresentam poder germinativo elevado e semelhante
(MARCOS FILHO, 1999b).
O teste de envelhecimento acelerado tem sido um dos testes de vigor mais utilizados
devido a sua aplicabilidade para sementes de diversas culturas (McDONALD, 1995). Embora
o teste de envelhecimento acelerado já tinha sido padronizado para várias espécies, ainda há

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1422
vários estudos em andamento com o objetivo de aprimorar sua metodologia (MARCOS
FILHO, 1999a). Nesse teste, as sementes são submetidas à temperatura e umidade relativa
elevadas por período relativamente curto, sendo, em seguida, colocadas para germinar. Lotes
de sementes de alto vigor devem manter sua viabilidade quando submetidos a tais condições,
enquanto que os de baixo vigor terão sua viabilidade reduzida (AOSA, 1983).
O teste de envelhecimento acelerado foi originalmente desenvolvido para determinar o
potencial de armazenamento das sementes. No entanto, além de estudos nesse sentido,
também têm sido realizados trabalhos para verificar sua eficiência na avaliação do potencial
de emergência das plântulas em campo. Por exemplo, Piana et al. (1995) verificaram que os
resultados dos testes de envelhecimento acelerado e de frio foram os que apresentaram relação
mais estreita com a emergência das plântulas de cebola (Allium cepa L.) em campo e com a
obtenção de mudas vigorosas.
Pesquisas conduzidas com cebola (PIANA et al., 1995), cenoura (Daucus carota L.)
(SPINOLA et al., 1998), tomate (Lycopersicum esculenta L.) (RODO et al., 1998) e brócolos
(Brassica oleracea) (MELLO et al., 1999) revelaram que o teste de envelhecimento acelerado
foi capaz de detectar diferenças no vigor de sementes dessas espécies. Vários fatores afetam o
comportamento das sementes submetidas ao teste, sendo o binômio temperatura e período de
envelhecimento o mais estudado. O teste de envelhecimento acelerado pode ser conduzido
com temperaturas entre 41 e 45ºC, sendo que mais recentemente a maioria dos trabalhos
indica o uso de 41ºC (MARCOS FILHO, 1999b). No entanto, Menezes e Nascimento (1988)
constataram que a temperatura de 37ºC e o período de 72 horas foram os mais eficientes para
avaliação do vigor de sementes de ervilha (Pisum sativum L.).
Para a maioria das oleaginosas o teste de envelhecimento acelerado pode apresentar
certas limitações, como a desuniformidade de absorção de água entre as amostras, o que pode
resultar em deterioração diferenciada, comprometendo os resultados pós-envelhecimento.
Visando minimizar esse problema, Jianhua e McDonald (1996) propuseram a substituição de
água por soluções saturadas de sais, durante a condução do teste; com esse procedimento, há
redução da umidade relativa do ambiente, retardando assim a absorção de água pelas
sementes.
Tendo em vista a carência de estudos sobre procedimentos adequados para avaliação do
vigor de sementes de mamona, objetivou-se verificar a eficiência do teste de envelhecimento
acelerado para determinação do potencial fisiológico dessas sementes.

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1423
2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de
Fitotecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia – PB.
Foram utilizadas sementes básicas de mamona da cultivar BRS Energia, representadas por
quatro lotes de sementes, produzidos no ano de 2007, submetidos aos seguintes determinação
e testes:
Determinação do teor de água – nas sementes antes e após o teste de envelhecimento
acelerado foram determinadas os teores de água adotando-se o método de estufa a 105±3°C
durante 24 horas, utilizando-se quatro subamostras de 5 g para cada lote (Brasil, 1992). Os
resultados foram expressos em porcentagem de base úmida.
Germinação – foi conduzida com quatro repetições de 50 sementes, em rolo de papel
germitest, umedecido com água, na proporção de 2,5 vezes o peso do papel seco, a 20°C.
Foram realizadas contagens aos cinco (primeira contagem) e décimo quarto dias após a
instalação do teste, conforme critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes
(BRASIL, 1992). Computaram-se as porcentagens médias de plântulas normais para cada
lote, nas duas contagens.
Comprimento de raiz - determinado após o teste de germinação, onde as raízes foram
medidas com auxílio de régua graduada em centímetros. O comprimento da raiz foi calculado
segundo o procedimento citado por Nakagawa (1999).
Envelhecimento acelerado - utilizou-se o procedimento proposto pela AOSA (1983) e
descrito por Marcos Filho (1999a). Foram distribuídas 250 sementes sobre uma tela de
alumínio, fixada em caixa plástica tipo “gerbox”, contendo 40 mL de água. As caixas, com as
sementes, foram fechadas e mantidas a 40 ºC por 24, 48 e 72 horas. Ao término de cada
período, as sementes foram submetidas a determinação do teor de água e ao teste de
germinação descritos anteriormente. O teste de envelhecimento acelerado foi também
realizado utilizando-se o procedimento proposto por Jianhua e McDonald (1996),
substituindo-se os 40 mL de água adicionados em cada compartimento individual por igual
quantidade de solução saturada de NaCl (40g de NaCl/100mL de água).
Emergência de plântulas - foram utilizadas 100 sementes, divididas em quatro sub-
amostras de 25, semeadas em bandejas plásticas (45,0 x 30,0 x 6,5 cm, respectivamente
CxLxE) perfuradas no fundo, contendo areia lavada. As contagens de plântulas normais foram
realizadas no oitavo dia do semeio e expressas em porcentagem;

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1424
Delineamento estatístico - o experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado, com quatro repetições, utilizando o Sistema para Análise Estatística SAEG
(2000). Os dados em porcentagem foram transformados em arco seno X / 100 . Os dados em
centímetro e grama foram submetidos à análise de variância, com a comparação de médias
realizada pelo teste de Tukey a 5%.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos na caracterização inicial da qualidade fisiológica dos lotes de
sementes estão apresentados na Tabela 1. Foram verificadas diferenças no percentual de
germinação no lote 3 em relação aos demais lotes. Para a primeira contagem de germinação, o
lote 2 apresentou-se o mais vigoroso, e quando o vigor foi avaliado pelo comprimento de raiz,
os lotes 1, 2, 3 não apresentaram diferenças significativas entre si, exibindo maiores
comprimentos de raiz. Na emergência de plântulas, o lote 2 foi o que apresentou os maiores
percentuais, justificando-se assim a utilização de testes de vigor nesses lotes. Uma das
finalidades dos testes de vigor é revelar diferenças na qualidade fisiológica, que não são
detectadas no teste de germinação (MARCOS FILHO, 1999b).

Tabela 1 - Valores médios obtidos nos testes de germinação (TG), primeira contagem de
germinação (PCG), comprimento de raiz (CR) e emergência de plântulas (EP), em quatro
lotes de sementes de mamona.
Lotes TG (%) PCG (%) CR EP (%)
1 90 b 72 c 2,70 a 85 b
2 89 b 79 a 2,71 a 93 a
3 94 a 76 b 2,62 a 78 c
4 91 b 73 c 2,28 b 68 d
CV (%) 1,33 1,16 4,04 1,55
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Os resultados referentes à primeira contagem, comprimento de raiz e emergência


revelaram que as sementes do lote 2 apresentaram alto vigor, entretanto, com germinação
inferior dos demais lotes (Tabela 1).

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1425
Tabela 2 - Teor de água (%) obtido de quatro lotes de sementes de mamona BRS-Energia
submetidas a diferentes períodos em câmara de envelhecimento acelerado contendo água e
solução de NaCl.

Envelhecimento Lotes Solução


Água NaCl
1 10,33 a A
2 10,48 a A
0
3 10,80 a A
4 10,80 a A

1 16,85 c A 10,65 a B
24 2 21,30 a A 12,60 a B
3 18,60 bc A 11,45 a B
4 20,00 ab A 12,40 a B

1 25,40 a A 12,25 a B
48 2 25,40 a A 14,28 a B
3 24,50 a A 13,70 a B
4 20,70 b A 13,50 a B

1 29,40 a A 15,25 a B
72 2 29,20 a A 15,70 a B
3 29,30 a A 15,30 a B
4 30,90 a A 15,20 a B
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% pelo teste de
Tukey.

Evidenciou-se, assim, a maior sensibilidade do teste de emergência das plântulas,


quando comparado à primeira contagem do teste de germinação e o comprimento da raiz.
Dessa forma, verifica-se a importância da utilização de mais de um teste para determinar o
vigor das sementes, em função da variação da eficiência dos procedimentos disponíveis,
conforme destacou Marcos Filho (1999 b).
Inicialmente, as sementes dos diferentes lotes apresentaram pequenas variações (de
10,28 a 10,80%) no teor de água. Este fato é importante para execução dos testes,
considerando que a uniformidade do teor de água das sementes é imprescindível para a
padronização das avaliações e obtenções de resultados consistentes (MARCOS FILHO,
1999).
O teor elevado de água das sementes pode favorecer o desempenho das sementes nos
testes. No envelhecimento acelerado, se as sementes apresentarem teor de água inicial muito

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1426
distinto, há variação acentuada na velocidade de umedecimento e, certamente, diferença na
intensidade de deterioração.
Com relação à germinação de sementes e emergência de plântulas, as sementes mais
úmidas, dentro de certos limites, germinam mais rapidamente. Os teores de água das sementes
dos lotes estudados não variaram muito, podendo ser comparados entre si (Tabela 1).
Observa-se que as sementes de mamona envelhecidas pelo método tradicional
apresentaram acréscimos no teor de água nas sementes, à medida que os períodos de
envelhecimento aumentaram, sendo esse incremento mais acentuado após 24 horas de
envelhecimento (Tabela 2). A partir deste período, o teor de água nas sementes houve
aumento, porém em proporções menores, e diferenciadas dependendo do lote. Ainda na
Tabela 2, verifica-se que com a utilização de solução saturada de NaCl, obteve-se valores de
teor de água inferiores aos observados para as sementes envelhecidas pelo método tradicional.
Observa-se, na Tabela 3, que, à semelhança do que ocorreu no teste de emergência das
plântulas, as sementes de mamona do lote 4, submetidas ao teste de envelhecimento
tradicional por 24 horas, apresentaram qualidade fisiológica inferior às sementes dos demais
lotes. O período de 48 horas de exposição das sementes, no teste tradicional, não separou os
lotes quanto ao vigor, apresentando, mesma tendência dos resultados obtidos no teste de
germinação e nos testes de primeira contagem e comprimento de raiz (Tabela 1).
O estresse provocado pelo período de envelhecimento por 72 horas no método
tradicional foi altamente drástico às sementes, levando-as à última conseqüência do processo
deteriorativo, a perda total da capacidade germinativa. Ramos et al. (2004) constataram que o
estresse provocado pelo teste de envelhecimento acelerado tradicional a 45ºC por 48 horas foi
suficiente para ocasionar a morte de sementes de rúcula. Esse efeito provavelmente deve-se
ao alto teor de água atingido pelas sementes após o envelhecimento com o uso dessa
temperatura. Além disso, foi observada alta quantidade de fungos ao término desse período de
envelhecimento, o que não foi observado nos diferentes períodos de exposição no
envelhecimento modificado (com solução saturada de NaCl). Segundo Jianhua e McDonald
(1996) e Rodo et al. (2000) essa seria uma das justificativas para utilização de solução
saturada com NaCl, uma vez que esse procedimento proporciona baixa umidade relativa do
ar, desfavorecendo o desenvolvimento de fungos e minimizando os efeitos desses
microrganismos associados às sementes sobre os resultados do teste de envelhecimento
acelerado. À semelhança do que ocorreu no teste de emergência das plântulas, observa-se que,
pelos resultados obtidos no teste de envelhecimento acelerado modificado durante 24 horas,
as sementes do lote 4 apresentaram desempenho inferior em relação aos dos demais lotes,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1427
embora não tenha diferido das sementes do lote 3 (Tabela 3). Verifica se também que, o
período de 48 horas permitiu estratificar os diferentes lotes em função do vigor das sementes.
Assim, observa-se uma classificação em sementes de baixo (lote 4) e (lote 3), médio (lote 2) e
alto vigor (lote 1), pelos resultados obtidos no teste de envelhecimento acelerado modificado
por 48 horas.

Tabela 3 - Valores médios (%) obtidos no teste de envelhecimento acelerado tradicional (água) e
com solução saturada de NaCl, em quatro lotes de sementes de mamona.

Envelhecimento Lotes Solução


Água NaCl

1 81 a B 86 a A
24 2 79 a A 80 b A
3 71 b A 73 c A
4 65 b B 73 c A

1 61 a B 87 a A
48 2 61 a B 79 b A
3 59 a B 71 c A
4 55 a B 69 c A

1 0aB 74 a A
72 2 0aB 69 a A
3 0aB 60 b A
4 0aB 55 b A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% pelo teste de Tukey.

Constatou-se que o teste de envelhecimento modificado reduz a absorção de água das


sementes (Tabela 2). Dessa forma, a utilização de solução saturada de NaCl proporciona
efeitos menos drásticos do que os provocados pelo envelhecimento tradicional no que se
refere ao grau de deterioração das sementes. No entanto, esse fato não foi constatado para
todos os lotes nos diferentes períodos de envelhecimento, sendo que alguns lotes
apresentaram resultados semelhantes nos dois tipos de envelhecimento para um mesmo
período de exposição ao estresse (Tabela 3).
Nesse estudo, o teste de envelhecimento acelerado modificado (com solução saturada de
NaCl) a 40ºC por 48 horas foi o método mais adequado para classificação dos lotes em níveis
de vigor, mostrando-se como alternativa promissora para avaliação do vigor de sementes de
mamona. Segundo Rosseto et al. (2004), o período de 72 horas a 42ºC é suficiente para avaliar o
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1428
potencial fisiológico das sementes de amendoim. Maior eficiência do teste de envelhecimento
acelerado com uso de solução saturada de sal na classificação de sementes com diferentes
níveis de vigor também foi observado em sementes de pimentão (PANOBIANCO e
MARCOS FILHO, 1998), cenoura (RODO et al., 2000), melão (TORRES e MARCOS
FILHO, 2003) e pimenta malagueta (TORRES, 2005).

4 CONCLUSÃO
O teste de envelhecimento acelerado tradicional a partir de 72 horas provoca a morte
das sementes de mamona e, para o uso da solução salina, são necessários mais estudos para
ser indicado como um teste de vigor em sementes de mamona BRS-Energia.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1431
MATOINTERFERÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA
MAMONA UTILIZANDO A CULTIVAR SAVANA

Ronny Clayton Smarsi, UUC/UEMS, ronnycs1@hotmail.com


Leandro Tropaldi, UUC/UEMS, tropaldi@ibest.com.br
Diógenes Martins Bardiviesso, UUC/UEMS, bardiviesso@yahoo.com.br
Cristiane Gonçalves de Mendonça, UUC/UEMS, cgmendon@terra.com.br
Cristina Gonçalves de Mendonça, UUC/UEMS, mendoncacristina@hotmail.com
Hugo da Silva Oliveira, UUC/UEMS, niutin_hugo@hotmail.com
Rogério Peres Soratto, FCA/UNESP, soratto@fca.unesp.br

RESUMO: Objetivou-se nesta pesquisa avaliar os períodos de interferência das plantas


daninhas: período crítico de prevenção da interferência (PCPI), período anterior a
interferência (PAI) e período total de prevenção da interferência (PTPI) na cultura da
mamona (Ricinus communis L.) cultivar “Savana” cultivada no espaçamento de 0,9 m na
entrelinha, no período de março a agosto de 2006, onde foram avaliadas as produções finais
por parcela. O experimento foi conduzido no campus experimental da Universidade Estadual
de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Cassilândia (UUC). Nos primeiros
tratamentos a cultura foi mantida na presença da comunidade infestante por períodos iniciais
crescentes. Já no segundo conjunto de tratamentos, a cultura foi mantida livre das plantas
daninhas pelos mesmos períodos e as espécies emergidas após esses intervalos não foram
controladas até o final do ciclo. Os períodos estudados foram de 14, 28, 42, 56, 70, 98 dias
após a emergência (DAE) da mamona, totalizando 12 tratamentos, com delineamento
experimental em blocos inteiramente casualizados, com quatro repetições. Os resultados
obtidos na produtividade não apresentaram diferenças estatísticas, em virtude do longo
período de estiagem durante o desenvolvimento da cultura, não sendo recomendado o cultivo
de mamona não irrigada com semeadura em final de março na região de Cassilândia-MS.

Palavras-Chave: Mamona, plantas daninhas, interferência.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1432
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.), pertencente à família Europhorbiacae, engloba
grande número de plantas nativas da região tropical, possível origem no continente Africano.
É uma planta de hábito arbustivo, com diversas colorações de caule, folhas e racemos. Seus
frutos possuem espinho e não oferecem resistência mecânica. As sementes apresentam
diferentes tamanhos, formatos e grande variabilidade de coloração, sendo uma fonte
praticamente pura de ácido ricinoléico. Esse ácido apresenta ampla gama de aplicações
industriais, podendo também ser utilizado como fonte alternativa de combustível na
fabricação do biodiesel, o que torna a cultura importante sob o ponto de vista econômico e
estratégico para o Brasil (SAVY FILHO, 1998).
O óleo de mamona tem mais de 700 aplicações, como a fabricação de cosméticos,
perfumaria, muitos tipos de drogas farmacêuticas, corantes, anilinas, desinfetantes,
germicidas, óleos lubrificantes de baixa temperatura, base para fungicidas e inseticidas, na
elaboração de próteses, aditivos do querosene em tanques de aviões e foguetes, dentre muitas
outras (BELTRÃO, et al.; 2001).
As plantas daninhas concorrem com as cultivadas por água, nutrientes, luz e CO2, sendo
recomendada a eliminação dessas espécies em momento oportuno para a otimização da
produção agrícola. Evidentemente a planta daninha sempre leva vantagem porque é mais apta
que a planta da cultura no aproveitamento dos fatores de crescimento. Ao longo da história da
humanidade, as plantas daninhas têm sido um grande problema para a agricultura, pois
reduzem a produtividade e a qualidade e gera custos adicionais. No decorrer da evolução a
natureza imprimiu às plantas daninhas uma seleção no sentido de torná-las cada vez mais
eficientes quanto à sobrevivência, adquirindo-se grande agressividade competitiva, grande
produção de sementes, facilidade de dispersão das sementes e grande longevidade das
sementes (LORENZI, 2000).
O período de convivência entre plantas daninhas e culturas influencia
consideravelmente a intensidade de interferência, dependendo da duração e época de
ocorrência. Os fatores que afetam o grau de interferência entre plantas daninhas e culturas
dependem de fatores ligados a própria cultura, à comunidade infestante, às condições
específicas em que ocorre a associação cultura/comunidade infestante e extensão em que
ocorreu a associação (PITELLI, 1985 ).
A vegetação de plantas infestantes estabelece um período realmente crítico denominado
período crítico de prevenção da interferência (PCPI). As espécies daninhas que se instalarem

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1433
após esse período não interferirão de maneira a reduzir a produtividade da planta cultivada.
Após o término dessa fase, a cultura apresenta capacidade de controlar as plantas daninhas,
em função da cobertura do solo, esse período é denominado período total de prevenção da
interferência (PTPI), o qual corresponde à fase em que as práticas de controle deveriam ser
efetivamente adotadas (PITELLI & DURIGAN, 1984).
O objetivo deste experimento foi avaliar os períodos de interferência de plantas
daninhas na cultura da mamona utilizando a cultivar Savana, no período de safrinha nas
condições locais de Cassilândia – MS.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi instalado no campus experimental da Universidade Estadual
de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Cassilândia (UEMS/UUC) em Cassilândia-
MS UEMS/UUC (19o06’48” S; 51o44’03” W - 470m de altitude), no período compreendido
de março a julho de 2006. As plantas de mamoneira (Ricinus commuris L.) foram do Híbrido
comercial Savana, selecionado para condições de Cerrado, cujas características principais são:
porte baixo, precocidade, não deiscência e adequação à colheita mecânica.
O delineamento experimental foi em blocos inteiramente casualizados, com quatro
repetições. Os tratamentos foram realizados nas seguintes datas: 14/04; 28/04; 12/05; 26/05;
09/06; 07/07 de 2006, onde no primeiro grupo de tratamentos a cultura foi mantida na
presença da comunidade infestante por períodos iniciais crescentes de 14, 28, 42, 56, 70, 98
dias após a emergência (DAE) da mamona, considerados os tratamentos “no mato”. No
segundo conjunto de tratamentos, a cultura foi mantida livre das plantas daninhas pelos
mesmos períodos (“no limpo”) e as espécies emergidas após esses intervalos não foram
controladas até o final do ciclo. As parcelas foram mantidas livres da competição por meio de
capinas manuais (realizadas com enxadas) em cada período de convivência.
As sementes foram semeadas num espaçamento 0.90m nas entrelinhas, cultivados em
solo classificado como Neossolo Quartzarênico. A adubação utilizada na semeadura foi a base
de NPK, de acordo com as características químicas do solo exemplificadas na análise da
Tabela 1. Não foi necessário realizar a distribuição de sementes de plantas daninhas, pois o
banco de sementes da área do experimento foi suficiente em quantidade como em variedades
de plantas daninhas para a execução do experimento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1434
Tabela 1 – Análise química do solo, para a camada de 0-20 cm, da área experimental.
Cassilândia-MS, 2006.
pH M.O. P H+Al K Ca Mg SB CTC V
CaCl2 g/kg mg/dm³ mmolc/dm³ %
4,8 17,58 3,78 21,91 1,23 12,6 5,2 19,0 41 46

As temperaturas máximas e mínimas médias, juntamente com a pluviosidade, durante o


ciclo da cultura foram coletadas a partir de dados oferecidos pela estação meteorológica da
(UEMS/UUC), correspondente a Tabela 2.

Tabela 2 – Temperatura média das máximas e mínimas, temperatura média e pluviosidade,


medidas durante o período de condução do experimento. Cassilândia-MS, 2006.
Mês Temperatura (°C) Pluviosidade
Média das máximas Média Média das mínimas (mm)
Abr/06 24,37 20,87 29,51 81,75
Mai/06 20,25 13,48 26,59 0,00
Jun/06 21,44 15,16 29,42 0,00
Jul/06 22,25 15,36 30,59 1,50

No grupo de tratamentos no mato foi realizado o levantamento das plantas daninhas


(espécie, densidade e biomassa seca), que predominavam na área experimental, utilizando um
quadro com (0,25m2) jogado de maneira aleatória. Foi determinada a produção por parcela da
cultura obtida colhendo-se duas linhas de mamona de 4m de comprimento na área útil,
transformando os dados para produtividade (kg.ha-1).
Foram efetuadas análises de variância pelo Teste F no nível de 5% de probabilidade e
teste de comparação de médias pelo Teste de Tukey no nível de probabilidade de 5% para os
dados de produtividade, com auxílio do programa estatístico Sistema para Análise de
Variância - SISVAR, para a realização das análises de variância (Ferreira, 2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na área experimental foi observada a presença de 14 espécies, porém as plantas
daninhas predominantes foram o carrapicho (Cenchrus echinatus L.), malva-branca (Sida
cordifolia L.), malva vermelha (Croton glandulosus L), guaxuma (Sida santaremnensis H.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1435
Monteiro), beldroega (Portulaca oleracea L.) e capim colchão (Digitaria horizontalis. Willd);
em maior intensidade, e em menor intensidade: carrapichinho (Acanthospermum australe.
(Loefl) Kuntze), braquiária (Brachiaria brizantha), junquinho (Gyperus ferax. Rich),
agriãozinho (Synedrellopsis grisebachii. Hieron), poaia branca (Richardia Brasiliensis.
Gomes), carrapichão (Triumfetta bartramia L.), barbicha-de-alemão (Eragrostis pilosa (L.) P.
Beaurv), caruru (Amaranthus deflexus L.). Na Tabela 3 observa-se um aumento acúmulo da
biomassa de plantas daninhas com o aumento do período de convivência das plantas daninhas
com a cultura de mamona.

Tabela 3 – Biomassa seca de plantas daninhas coletadas nos tratamentos do grupo “no mato”;
Cassilândia-MS, 2006.
Biomassa Seca de Plantas Daninhas
Tratamentos Biomassa (gr/0,25m²) (gr./m²)
0-14 1,9925 7,97
0-28 7,7175 30,87
0-42 14,8125 59,25
0-56 17,0425 68,17
0-70 28,86 115,44
0-98 42,075 168,3

Na Tabela 4 estão apresentados as médias de produtividade de mamona da cultivar


Savana, com a análise estatística dos tratamentos no limpo e no mato, expressos em kg ha-1.
Observou-se que os dados não apresentaram a tendência clássica dos experimentos de
matocompetição (OLIVER, 1988). Os resultados obtidos não apresentaram diferenças
estatísticas entre os tratamentos, dentre as prováveis explicações estão a baixa pluviosidade no
decorrer do desenvolvimento da cultura, afetando assim a expressão de competitividade da
mamona, já que é uma planta daninha de grande ocorrência no Brasil (LORENZI, 2000).
Através deste experimento, pode-se concluir que na cultura da mamona não irrigada não é
recomendada seu plantio em meados de março na região de Cassilândia-MS, ainda sugere-se
a repetição do experimento com semeadura até a primeira quinzena de fevereiro.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1436
Tabela 4 – Produtividades médias dos tratamentos de períodos de convivência da cultura da
mamona com a comunidade infestante. Cassilândia – MS, 2006.
Produtividade (kg.ha-1)
Tratamentos
Grupo com controle Grupo sem controle
0-14 198,25 201,75
0-28 138,00 235,00
0-42 153,25 170,50
0-56 198,50 199,00
0-70 147,75 251,25
0-98 138,50 195,25
F tratamento 0,540 ns
F bloco 1,086 ns
DMS1 248,00
CV % 53,82
ns
não significativo no nível de 5 % de probabilidade pelo Teste F.1 Diferença mínima significativa pelo Teste de
Tukey no nível de 5% de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
Nas condições em que foram conduzidos o experimento, conclui-se a não recomendação
do cultivo da mamona não irrigado, com a cultivar Savana, na região de Cassilândia-MS com
plantio em março.

5 AGRADECIMENTOS
Ao PIBIC/UEMS pelo financiamento desta pesquisa e pela concessão da Bolsa de
Pesquisa de Iniciação Científica ao aluno Ronny Clayton Smarsi.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. de M.; SILVA, L. C.; VASCONCELOS, O. L.; AZEVEDO, D. M. P de;
VIEIRA, D.J. Fitologia. In: AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.L. (Ed.). O agronegócio da
mamona no Brasil, Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2001. p.37-61.

FERREIRA, D. F. Análise estatística por meio do SISVAR (Sistema para Análise de


Variância) para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA
DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos. Anais... São
Carlos: UFSCar, 2000. p. 255-258.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1437
LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas/ ed.3.
Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, p.22-29. 2000.

OLIVER, L.R. Principles of weed threshold research. Weed Technology, v. 15, n.4, 1988.
p.398-403.

PITELLI, R. A; DURIGAN, J. C. Terminologia para períodos de controle e de convivência de


plantas daninhas em culturas anuais e bianuais. In: Congresso brasileiro de herbicidas e
plantas daninhas, 15., Belo Horizonte, p.37. 1984.

PITELLI, R.A. Interferências de plantas daninhas em culturas agrícolas.Informe


Agropecuário, v.11, n.129, 1985. p.16-27.

SAVY FILHO, A. & BANZATTO, N. V.; Mamona. In: Instituto Agronômico (Campinas).
Instruções Agrícolas para o Estado de São Paulo. Ed.4. Campinas, 1987. p.132-133.
(Boletim, 200).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1438
PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE SOJA EM SISTEMAS DE
CULTIVO COM MILHO

Jeandson Silva Viana, UFCG, jeandsonsv@yahoo.com.br


Joel Martins Braga Júnior, PPGA/UFPB, joelmartinsbraga@bol.com.br
Riselane de Lucena Alcântara Bruno, PPGA/UFPB, lane@cca.ufpb.br
Ademar Pereira de Oliveira, PPGA/UFPB, ademar@cca.ufpb.br
Edilma Pereira Gonçalves, PPGA/UFPB, edilmapg@hotmail.com
Anarlete Ursulino Alves, PPGA/UFPB, urlinoalves@hotmail.com
Napoleão Esberard de Macedo Beltrão, EMBRAPA/ALGODÃO, napoleao@cnpa.embrapa.br

RESUMO: As vantagens de produzir soja em consórcio com milho, usando-se baixos


aportes em nitrogênio mineral e obtenção de rendimentos e qualidade nutricional para o
Nordeste, não são citados na literatura especializada, o que torna necessário estudos sobre à
cultivar de soja mais adequada para cultivo nesta região. Desta forma, objetivaram-se obter
informações sobre a produtividade, concentrações de proteína e óleo de cultivares soja,
obtidas em sistemas de cultivo com milho. A pesquisa foi conduzida no CCA/UFPB, Campus
II, Areia-PB, empregando-se tratamentos distribuídos em delineamento de blocos ao acaso,
em esquema de parcela subdividida (2 x 3), sendo dois sistemas de cultivo (consórcio com
milho AG 1051 e solteiro), três cultivares de soja (Pati, JLM 004 e Pirarara), inoculadas com
Bradyrhizobium japonicum e B. Elkanii, e quatro repetições. Avaliou-se a produtividade das
cultivares de soja e o rendimento das culturas consortes por meio do índice de equivalência de
área; a composição nutricional das sementes verdes quanto à concentração em proteína e óleo.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo Teste de
Tukey, a 5% de probabilidade. O sistema solteiro proporcionou plantas mais produtivas de
soja, a exceção da cultivar JLM 004, que independeu do sistema de cultivo. O maior
aproveitamento da área de cultivo foi obtido com o consórcio de cultivares soja e milho. A
cultivar JLM foi a mais protéica e oleaginosa, principalmente quando cultivada em sistema
solteiro.

Palavras-Chave: Glycine max (L.) Merrill, Zea mays L., consórcio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1439
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é atualmente o segundo maior produtor mundial de soja, superado apenas pelos
Estados Unidos. Entretanto, segundo previsões do Ministério da Agricultura, Pecuária e do
Abastecimento (MAPA, 2006) há previsão da soja brasileira superar o produto americano,
tanto em produção quanto em exportação. Para que os produtores brasileiros alcançassem
expressão mundial nesta importante leguminosa, foi empregado grande investimento em
pesquisa e em tecnologia, já que a soja é oriunda de clima temperado, do continente asiático.
No Nordeste Brasileiro é bastante comum duas ou mais culturas comerciais utilizando
de uma mesma área, em cultivos sucessivos ou na mesma época. Desta forma, o consórcio
proporciona ao produtor maior possibilidade de sucesso, por ocasião da alteração climática ou
de baixo valor de mercado de um dos produtos. A soja consorciada com o milho para
consumo verde, pode ser uma alternativa de mercado para os produtores, conciliando num
mesmo espaço produtos com concentração em carboidrato e proteína. Entretanto, o que se
observa na literatura com as duas culturas é o emprego do consórcio para atender à
alimentação de animais ou como prática em projetos de conservação e melhoria física e
química do solo.
Em função da crescente demanda por alimentos, a agricultura moderna necessita de
cultivares que, além de rendimento médio satisfatório, manifestem conveniente sensibilidade
de resposta às variações ambientais e a competição estabelecida com outras culturas de
interesse alimentar, num mesmo espaço. Desta forma, o consórcio, prática muito utilizada nas
propriedades agrícolas, encontra-se na dependência direta das culturas envolvidas, havendo a
necessidade de uma complementação entre ambas, para que esse sistema seja mais vantajoso
em relação ao monocultivo (SILVA et al., 2000).
As vantagens de se produzir soja em consórcio, usando baixos aportes em nitrogênio
mineral e obtenção de rendimentos e qualidade nutricional para o Nordeste não são citados na
literatura especializada, o que torna necessário estudos sobre à cultivar de soja mais adequada
para cultivo nesta região. Desta forma, objetivaram-se obter informações sobre a
produtividade, concentrações de proteína e óleo de cultivares soja, obtidas em sistemas de
cultivo com milho.

2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi conduzida no CCA/UFPB, Campus II, Areia-PB, de setembro/2005 a
janeiro/2006. Os tratamentos foram distribuídos em delineamento de blocos ao acaso, em

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1440
esquema de parcela sub-subdividida (2 x 3), sendo dois sistemas de cultivo (consórcio com
milho AG 1051 e solteiro) e três cultivares de soja (Pati, JLM 004 e Pirarara), inoculadas com
(Bradyrhizobium japonicum) e ( B. elkanii), com quatro repetições.
O consórcio foi conduzido em uma faixa de quatro linhas da leguminosa (12 sementes
por metro linear), entre duas faixas de duas linhas de milho (cinco sementes por metro linear),
com espaçamento entre linhas de 0,50 m para soja e, entre culturas, de 0,50 m. No sistema de
cultivo solteiro as sementes das duas culturas foram distribuídas em seis linhas cada, com o
espaçamento entre linhas para o milho de 1,0 m e para soja de 0,50 m.
Mediu-se a produtividade das cultivares de soja (t ha-1) e o rendimento das culturas
consortes, por meio do índice de equivalência de área (PEREIRA FILHO, 1997); a
composição nutricional das sementes verdes foi realizada no Laboratório de Biomassa, do
Departamento de Zootecnia (CCA/UFPB), de acordo com Silva e Queiroz (2002), para
concentração em proteína e óleo, dado em percentagem.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo Teste de
Tukey, a 5% de probabilidade. Na análise estatística dos dados empregou-se o software
SAEG 5.0, da Fundação Artur Bernard (RIBEIRO JUNIOR, 2001).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância apresentou efeito significativo para as variáveis estudadas, a 5%
de probabilidade, pelo teste f.
Analisando-se os sistemas de cultivo, foi constatada diferença estatística para a
produção de vagens, obtidas no sistema de cultivo solteiro sobre o de consórcio, nas cultivares
Pati e Pirarara, sem ocorrer diferença estatística entre os sistemas com a cultivar JLM 004
(Tabela 1).
Na comparação das cultivares, as plantas da cultivar JLM 004 produziram menores
resultados, tanto quando cultivado em consórcio (6,23 t ha-1), como solteiro (8,78 t ha-1). As
plantas das cultivares Pati e Pirarara foram mais produtivas (17,38 e 17,35 t ha-1) que as da
JLM 004 (8,78 t ha-1), em sistema solteiro. Da mesma forma, Costa et al. (2005) obtiveram
produtividade de vagens verdes de 13,20 t ha-1 para a cultivar JLM 004, o qual superou o
genótipo JLM 001 (1,94 t ha-1), nas condições de Montes Claro-MG.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1441
Tabela 1 - Produtividade de vagens colhidas no estádio R6 de cultivares de soja, obtida de
sistemas de cultivo.
Produtividade de vagens de plantas
Cultivares --------------------------------- t ha-1----------------------------
Consórcio Solteiro
Pati 12,62 a B 17,38 a A
JLM 004 6,23 b A 8,78 b A
Pirarara 11,83 a B 17,35 a A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna (cultivares em cada sistema de cultivo), maiúscula na linha
(sistema de cultivo em cada cultivar), não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

A análise do índice de equivalência da terra (Tabela 2) revelou vantagens para todos os


tratamentos consorciados, uma vez que alcançaram valores superiores na exploração da terra a
partir 101%, com o consórcio JLM 004 e milho. Obteve-se maior eficiência nos tratamentos
de consórcio com as cultivares Pati (134%) e Pirarara (142%) de eficiência do uso da terra.
De acordo com Pereira Filho et al. (1997) valores de índice de equivalência de área superiores
a 1,0 indicam maior eficiência do consórcio em relação aos monocultivos. Já Flesch (2002)
estudando efeitos temporais e espaciais no consórcio intercalar de milho e feijão, afirma que
os cultivos consorciados propiciam mais vantagens agronômicas e econômicas do que os
cultivos solteiros.

Tabela 2 - Índice de equivalência de área dos sistemas de cultivo solteiro e consorciado.


Tratamentos Índice de Equivalência de Área
(IEA)
Soja (sistema de cultivo solteiro) 1,00
Milho (sistema de cultivo solteiro) 1,00
Cultivar de soja Pati + milho 2,34
Cultivar de soja JLM 004 + milho 2,01
Cultivar de soja Pirarara + milho 2,42

A cultivar Pirarara foi mais protéica quando cultivada em consórcio, em relação às


demais cultivares. Para as sementes colhidas em sistema solteiro foi observado maior
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1442
concentração de proteínas na cultivar JLM 004, quando comparada à mesma cultivar em
consórcio e com as cultivares Pati e Pirarara, em sistema solteiro. O sistema solteiro levou
vantagem na produção de sementes com maior concentração de proteínas, provavelmente pela
menor competição por nutrientes entre a soja, com metabolismo menos eficiente (C3) do que
o milho (C4). Segundo Kagawa (1995) a soja apresenta em média 38 % de proteína.

Tabela 3 - Percentagens de proteínas de sementes colhidas no estádio R6 de cultivares de soja,


obtida de sistemas de cultivo.
Proteína
--------------------------------(%)------------------------------
Consórcio Solteiro
Pati 35,13 c B 36,19 c A
JLM 004 39,42 b B 41,35 a A
Pirarara 40,16 a A 38,47 b B
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna (cultivares em cada sistema de cultivo), maiúscula na linha
(sistema de cultivo em cada cultivar), não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

O consórcio x inoculação proporcionou valor superior de óleo da cv. Pirarara, quando


não foram inoculadas. Em sistema de cultivo solteiro, apenas o cv JLM 004 mostrou sementes
com diferença estatística. Segundo Kagawa (1995), a soja apresenta em média 19% de
lipídios, com 17% de fibras totais, dos quais 1,8% é solúvel em água. Isso representa valor
calórico de 417 kcal, mais que o suficiente para atender as exigências mínimas de 2,288 kcal
diárias, conforme recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1443
Tabela 4 - Percentagem óleo de sementes colhidas no estádio R6 de cultivares de soja, obtidas
de sistemas de cultivo.
Óleo
---------------------------------(%)-------------------------------
Consórcio Solteiro
Pati 18,16 b B 19,90 b A
JLM 004 21,46 a A 21,53 a A
Pirarara 17,36 c B 20,17 b A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna (cultivares em cada sistema de cultivo), maiúscula na linha
(sistema de cultivo em cada cultivar), não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

4 CONCLUSÃO
O sistema solteiro proporcionou plantas mais produtivas de soja, a exceção da cultivar
JLM 004, que independeu do sistema de cultivo.
Maiores aproveitamentos da área de cultivo são obtidos com o consórcio de cultivares
soja e milho.
A cultivar JLM é mais protéica e oleaginosa, principalmente quando cultivada em
sistema solteiro.

5 AGRADECIMENTOS
Aos pesquisadores M.Sc. José Lindorico de Mendonça, da EMBRAPA/CNPh, e Gisela
Introvini, da FAPCEM (Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte),
pelas cultivares concedidas, e à Empresa Bio Soja®, pela concessão do inoculante.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, N.P., MESQUITA, C.M., FRANÇA-NETO, J.B., MAURINA, A.C.,
KRZYZANOWSKI, F.C., OLIVEIRA, M.C.N., HENNING, A.A. Validação do zoneamento
ecológico do estado do Paraná para produção de sementes de soja. Revista Brasileira de
Sementes, Pelotas, v. 27, n.1, p.37-44. 2005.

FLESCH, R.D. Efeitos temporais e espaciais no consórcio intercalar de milho e feijão.


Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.37, n.1, p.51-56, 2002.

KAGAWA, A. ed. Standard table of food composition in Japan. Tokyo: University of


Nutrition for women, p.104-105. 1995.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1444
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E DO ABASTECIMENTO. Projeções do
Agronegócio: mundial e Brasil – 2006/07 a 2016/17. Disponível
em:http://www.agricultura.gov.br/pls/portal/docs/PAGE/MAPA/MENU_LATERAL/AGRIC
ULTURA_PECUARIA/PROJECOES_AGRONEGOCIO/RESUMO%20EXECUTIVO%20C
ENARIOS%20DO%20AGRONEGOCIO%20DEZ2006.PDF.

PEREIRA FILHO, I.A., RAMALHO, M.A.P, CRUZ, J.C. Consórcio milho-feijão. Sete
Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 1997. 28p. (EMBRAPA-CNPMS. Circular Técnica, 22).

RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa: UFV, 301 p.: il. 2001.

SILVA, A.G., REZENDE, P.M., ANDRADE, L.A.B., EVANGELISTA, A.R. Consórcio


sorgo-soja. I. produção de forragem de cultivares de soja e híbridos de sorgo, consorciadas na
linha, em dois sistemas de corte. Ciência Rural, Santa Maria, v.30, n.6, p.933-939, 2000.

SILVA, D.J., QUEIROZ, A.C. Análises de alimentos: métodos químicos e biológicos.


Editora UFV, Viçosa, 235p. 2002.

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1445
BIODIESEL OBTIDO ATRAVÉS DO ÓLEO DE FRITURA USADO COMO
FONTE DE ENERGIA EM SUPERMERCADOS DE MÉDIO E GRANDE
PORTE

Carlo Alessandro Castellanelli, UFSM, castellanelli@bol.com.br


Flávio Dias Mayer, UFSM, flaviodmayer@yahoo.com.br
Janis Elisa Ruppenthal, UFSM, profjanis@gmail.com
Ronaldo Hoffmann, UFSM, hoffmann@ct.ufsm.br

RESUMO: A busca por fontes alternativas de energia tornou-se constante no mundo


contemporâneo devido à escassez e aos impactos ambientais gerados por fontes não
renováveis. Somada aos problemas ambientais gerados pela sociedade moderna, podemos
citar também a má disposição de certos resíduos, como o óleo de fritura após a sua utilização.
O presente artigo tem como objetivo propor um modelo de gestão ambiental direcionado a
supermercados de médio e grande porte, através da instalação de geradores diesel com o fim
de suprir a energia utilizada no horário de ponta, e a posterior substituição do diesel pelo
biodiesel, obtido através do óleo de fritura usado, visando reduções de impactos ambientais
para a sociedade como um todo e buscando vantagens competitivas às empresas participantes.

Palavras-Chave: Gestão ambiental, cogeração de energia, biodiesel.

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1446
1 INTRODUÇÃO

A demanda de energia no Brasil apresenta-se de forma totalmente irregular, originando


períodos críticos de consumo e outros de baixa demanda, tornando ociosas, em determinados
horários, muitas fontes de geração, porém exigindo geração máxima em outros períodos. O
principal período crítico de consumo, também chamado de horário de ponta corresponde ao
intervalo entre as 17 e 22 horas. Segundo Farret (2005), O horário de ponta afeta o sistema
elétrico brasileiro, em função da elevada demanda de energia, bem como as indústrias, devido
ao alto custo da energia consumida neste horário. Em função do atual regime de tarifas,
cresce o número de empresas que, por motivos de economia, optam pela contratação do
fornecimento de energia elétrica pelo regime de tarifa horo-sazonal (tarifa azul e tarifa verde)
e utilizam grupos geradores para o suprimento de energia elétrica nos horários de ponta.
Este trabalho visa propor um modelo de gestão ambiental para a utilização de biodiesel
obtido através do reaproveitamento de óleos de fritura, na geração de energia em
supermercados de médio e grande porte que possuem ou visam possuir geradores particulares
a fim de suprir a demanda do horário de ponta, tendo como finalidade a redução de impactos
ambientais decorrentes da ampliação da geração convencional de energia, das emissões
geradas pelo diesel convencional e do descarte incorreto dos óleos de fritura no meio
ambiente.
Após as duas grandes Guerras, a variável ambiental entra em cena e muitas empresas
passam a incorporar tais preocupações em suas estratégias de negócios. Segundo Donaire
(1995), um dos componentes importantes dessa reviravolta nos modos de pensar e agir foi o
crescimento da consciência ecológica, na sociedade, no governo e nas próprias empresas, que
passaram a incorporar essa orientação em suas estratégias.
As empresas começam, então, a presenciar o surgimento de outros papéis que devem ser
por elas desempenhados. Essa mudança baseia-se, principalmente, no fato de se verificar que
o crescimento econômico e mesmo o Produto Interno Bruto (PIB) não são e nunca serão
medidas justas para analisar a performance social. Pois, apesar do sucesso do sistema
capitalista, como conseqüência da utilização eficiente da ciência e da tecnologia, quando os
seus resultados econômicos são confrontados com outros resultados sociais, tais como a
redução da pobreza, degradação de áreas urbanas, controle da poluição, diminuição das
iniqüidades sociais etc., percebe-se que há ainda muito a ser feito (CAIDEN e
CARAVANTES, 1988).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1447
Atualmente, as áreas de preocupação ambiental incluem a poluição da água, do ar,
visual e sonora, assim como a poluição por resíduo sólido e perigoso. É importante otimizar o
uso da água e das matérias-primas como forma de manutenção da biodiversidade do planeta,
da qualidade dos mananciais, do solo e do ar, mediante conservação e uso parcimonioso das
fontes não renováveis.
A sociedade está assimilando cada vez mais a idéia de que a variável ambiental é
importante e que ela diz respeito a todos. Cornely (2002), cita que é importante salientar que o
homem é Natureza, é a parte da Natureza que tem consciência de si mesma. Será essa
consciência do homem que pode vir a salvá-lo da destruição, pois trata-se de sua
sobrevivência, bem como do próprio Planeta.
Ferraz et al. (1995), demonstram que, dada a capacitação produtiva e tecnológica
existente no país, a questão ambiental oferece a oportunidade de constituir-se em uma das
bases de renovação da competitividade das empresas brasileiras. Contudo, faz-se necessária a
adoção de uma postura pró-ativa com relação ao meio ambiente, por parte dos empresários,
esta pode vir a construir, a médio e longo prazo, vantagens competitivas de difícil superação
pelos competidores.
Todas estas questões, ou janelas de oportunidade, podem ser analisadas à luz do
pensamento de Hamel e Prahalad (1995). Estes autores sugerem que os empresários precisam
desenvolver, urgentemente, uma visão do futuro. Além de desenvolver esta visão, é preciso
que o futuro seja criado pela empresa. Ou seja, deliberadamente a empresa precisa criar hoje
as assimetrias de mercado que lhe favorecerão no futuro, o truque consiste em ver o mesmo
antes que ele chegue. Saber identificar oportunidades não percebidas por outras empresas e
explorar estas oportunidades, através da reunião e geração das core competences ou
capacitações-chave necessárias, pode ser o diferencial entre sobreviver ou morrer (HAMEL &
PRAHALAD 1994).
Com a chegada do plano real, não houve investimento suficiente por parte das estatais
para acompanhar crescente consumo energético no país. Além disso, a seca, resultado do
desmatamento desenfreado das nascentes e margens dos rios, reduziu a disponibilidade de
água para movimentar as usinas hidrelétricas do país.
A Resolução 456 da Agência Nacional de Eenergia Elétrica, define dois grupos de
consumidores de energia elétrica. Pertencem ao grupo “A” os consumidores com tensão de
fornecimento igual ou superior a 2,3 kV. Já os consumidores do grupo “B” são aqueles com
tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV. As estruturas tarifárias atualmente empregadas para
consumidores do grupo A são a convencional e horo-sazonal. O horário de ponta adotado
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1448
pelas concessionárias de energia para a aplicação das tarifas do grupo “A” corresponde ao
período de três horas consecutivas, entre as 17 e as 22 horas, em função do seu máximo
fornecimento de energia. A figura 1 apresenta as características da curva de carga diária de
um consumidor genérico.

Máxima demanda
de ponta
Máxima demanda
fora de ponta

Energia de ponta

Energia fora de
ponta

Figura 1 – Características da curva de carga diária de um consumidor genérico

Por estabelecer um custo de energia bastante alto no horário de ponta e bastante baixo
no horário fora de ponta, bem como um único valor de demanda contratada, a tarifa horo-
sazonal verde do grupo “A” é a que pode proporcionar uma maior redução de custos, desde
que a empresa não opere no horário de ponta. Se operar no horário de ponta, as tarifas
convencional ou horo-sazonal azul serão as mais adequadas, porém com menor redução de
custos, uma vez que a empresa não contribui com a redução da demanda de ponta. A maioria
dos supermercados do grupo “A”, sem gerador próprio, optam pelas tarifas convencional ou
horo-sazonal azul, devido a necessidade de funcionamento no horário de ponta. Muitos deles,
visando a tarifa horo-sazonal verde, adquirem grupos geradores diesel para suprimento no
horário de ponta, dispensando a energia da concessionária neste horário. Neste caso, a
acentuada redução de gastos com energia justifica o investimento em geradores particulares.
Esse tipo de acordo faz também com que as empresas contribuam com o meio ambiente
sendo que se o consumo de energia fornecido pelas concessionárias aumentar a ponto do
sistema não conseguir acompanhar tal demanda, novas usinas para a geração de energia
inclusive hidrelétricas terão de ser construídas, causando inúmeros malefícios ambientais.
O uso de óleos vegetais em motores de combustão interna começou com Rudolf Diesel
utilizando óleo de amendoim em 1900. Razões de natureza econômica levaram ao completo
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1449
abandono dos óleos vegetais como combustíveis à época. Entretanto, na década de 70, o
mercado de petróleo foi marcado por dois súbitos desequilíbrios entre oferta e demandas
mundiais conhecidos como 1° e 2° Choques do Petróleo. Em respostas a estas crises, o
mercado sentiu a necessidade de diminuir a dependência do petróleo, levando ao investimento
no desenvolvimento de tecnologia de produção e uso de fontes alternativas de energia
(OLIVEIRA, 2001).
De acordo com a lógica de usar fontes alternativas de energia redutoras de poluição,
capazes de gerar empregos e com custos competitivos, o biodiesel apresenta-se como
candidato natural a um programa global e que também vem ganhando espaço nas discussões
energéticas do Brasil. A Agência Nacional do Petróleo do Brasil definiu, através da portaria
225 de setembro de 2003, o biodiesel como o conjunto de ésteres de ácidos graxos oriundos
de biomassa, que atendam a especificações determinadas para evitar danos aos motores.
O biodiesel é uma evolução na tentativa de substituição do óleo diesel por biomassa,
iniciada pelo aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. É obtido através da reação de
óleos vegetais, novos ou usados, gorduras animais, com um intermediário ativo, formado pela
reação de um álcool com um catalisador, processo conhecido como transesterificação (figura
2).

Figura 2 – Reação de transesterificação


Fonte: www.ceplac.gov.br

Os produtos da reação química são um éster (o biodiesel) e glicerol. No caso da


utilização de insumos ácidos, como esgoto sanitário ou ácidos graxos, a reação é de
esterificação e não há formação de glicerol, mas de água simultaneamente ao biodiesel. Os
ésteres têm características físico-químicas muito semelhantes às do diesel, conforme
demonstram as experiências realizadas em diversos países (ROSA et al., 2003), o que

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1450
possibilita a utilização destes ésteres em motores de ignição por compressão (motores do ciclo
Diesel).
A reação de transesterificação pode empregar diversos tipos de álcoois,
preferencialmente os de baixo peso molecular, sendo os mais estudados os álcoois metílico e
etílico. FREEDMAN et al (1986) demonstraram que a reação com o metanol é tecnicamente
mais viável do que com etanol. O etanol pode ser utilizado desde que anidro (com teor de
água inferior a 2%), visto que a água atuaria como inibidor da reação. A separação da
glicerina obtida como subproduto, no caso da síntese do éster metílico é resolvida mediante
simples decantação, bem mais facilmente do que com o éster etílico, processo que requer um
maior número de etapas.
Quanto ao catalisador, a reação pode utilizar os do tipo ácido ou alcalino ou, ainda, pode
ser empregada a catálise enzimática. Entretanto, geralmente a reação empregada na indústria é
feita em meio alcalino, uma vez que este apresenta melhor rendimento e menor tempo de
reação que o meio ácido, além de apresentar menores problemas relacionados à corrosão dos
equipamentos. Por outro lado, os triglicerídeos precisam ter acidez máxima de 3%, o que
eleva seus custos e pode inviabilizar o processo em países onde o óleo diesel mineral conta
com subsídios cruzados, como no Brasil.
Sob o aspecto ambiental, o uso de biodiesel reduz significativamente as emissões de
poluentes, quando comparado ao óleo diesel, podendo atingir 98% de redução de enxofre,
30% de aromáticos e 50% de material particulado e, no mínimo, 78% d e gases do efeito
estufa (ROSA et al, 2003).
A reciclagem de resíduos de frituras vem ganhando espaço investigativo no Brasil, com
proposição de metodologias de reciclo apropriados, destacando-se, entre outros, a produção
de ésteres de ácidos graxos, os biocombustíveis. Além disso, os ésteres de ácidos graxos não
contribuem com a formação do “smog” fotoquímico, fenômeno que é caracterizado pela
formação de substâncias tóxicas e irritantes como o de peroxiacetileno, a partir de nitrogênio e
hidrocarbonetos, na presença de energia solar. Este aspecto positivo dos ésteres de ácidos
pode ser explicado pelo fato de que estes compostos não apresentam nitrogênio em suas
estruturas. Convém ressaltar que os ésteres de ácidos graxos também não apresentam enxofre,
e desta forma, também não contribuem com fenômenos com o de acidificação das
precipitações.
O descarte de óleos de fritura usados nas pias e vasos sanitários, ou diretamente na rede
de esgotos, além de provocar graves problemas ambientais, pode provocar o mau
funcionamento das Estações de Tratamento de Águas Residuais e representa um desperdício
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1451
de uma fonte de energia. Os óleos de frituras usados, se lançados na rede hídrica e nos solos,
provocam a poluição dos mesmos. Se o produto for para a rede de esgoto encarece o
tratamento dos resíduos, e o que permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e
terrenos adjacentes que contribuem para a enchente. Também provoca a obstrução dos filtros
de gorduras das Estações de Tratamento, sendo um obstáculo ao seu funcionamento ótimo
(FELIZARDO, 2003).
O resíduo óleo de fritura usado, pode ser processado de várias formas interessantes, para
produção de artigos de uso comum como o sabão, lubrificante ou biocombustivel. Levando
em conta que a utilização para produção de biocombustiveis traz vantagens do ponto de vista
ambiental, e apresenta a melhor relação preço x eficácia, em termos de recolhimento e
recuperação.
QUERCUS (2002), relata que a produção de Biodiesel a partir de óleos alimentares
usados permite reutilizar e reduzir em 88% o volume destes resíduos, sendo 2% matéria
sólida, 10% glicerina e 88% éster com valor energético. Ou seja, recupera um resíduo que de
outra forma provoca danos ao ser despejado nos esgotos. Segundo PETERSON E REECE
(1994), testes nas emissões mostraram uma diminuição de 54% em HC, 46% de CO2 E 14,7
de NOx , na utilização do biodiesel obtido através de óleos de fritura usados, em comparação
ao diesel convencional.
De acordo com MITTLEBACH e TRITTHART (1988), o biodiesel resultante da
transesterificação de óleos de fritura apresentou características bastante semelhantes aos
ésteres de óleos antes da utilização para fritura. Apesar de ser um combustível oriundo de um
óleo parcialmente oxidado, suas características foram bastante próximas as do óleo diesel
convencional, apresentando, inclusive boa homogeneidade obtida quando da análise da curva
de destilação. Os autores realizaram testes de performance utilizando ésteres metílicos
resultantes da transesterificação de óleos residuais de fritura. Os ésteres metílicos foram
misturados ao diesel convencional na proporção de 1/1 e o teste realizado com 100 litros, sem
que nenhuma mudança de operação dos veículos tenha sido observada. A emissão de fumaça
foi extremamente menor e foi possível observar um leve cheiro de gordura queimada. O
consumo do biocombustível foi praticamente o mesmo observado com a utilização do diesel
convencional.
O resíduo óleo de fritura usado pode ser utilizado de várias formas interessantes para
produção de artigos de uso comum como o sabão, lubrificante ou biocombustivel. Levando
em conta que a utilização para produção de biocombustiveis traz vantagens do ponto de vista
ambiental, e apresenta a melhor relação preço x eficácia, em termos de recolhimento e
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1452
recuperação, foi priorizado o seu estudo nesse modelo. Deve-se considerar, no entanto, todas
as outras possibilidades de utilização existentes.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Como técnica de pesquisa foi usada a documentação indireta através de pesquisa
bibliográfica que, não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas
propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões
inovadoras.
Após uma pesquisa bibliográfica e documental inicial, foi proposto um modelo a fim de
se alcançar os objetivos do trabalho. Conforme Vernadat (1996), um modelo pode ser
definido como uma representação, com maior ou menor grau de formalidade, da abstração de
uma realidade expressa em algum tipo específico de formalismo. Dessa forma, o modelo
apresenta uma proposta envolvendo etapas que visam na sua totalidade evitar a geração de
impactos ambientais, desde a instalação de geradores nos supermercados, com o intuito de
suprir a energia no horário de ponta, passando por uma forma ambientalmente correta de
aproveitamento de óleos usado, e o seu consequente uso nos supracitados geradores.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 3, a seguir, demonstra o modelo e logo após, a explicação do mesmo, dividido
em etapas, de forma a facilitar a compreensão.

Cliente

Óleo usado

Supermercado
Unidade de
Garrafas Plasticas
t

instalação
Biodiesel

Geradores

Figura 3 – Modelo de gestão proposto

1ª Etapa: Sugere-se a instalação de geradores diesel aos supermercados de médio e


grande porte que ainda tem sua energia totalmente suprida pela concessionária local, sendo
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1453
que os mesmos tendem a consumir elevadas taxas de energia. Com isso, através do contrato
por demanda reduz-se as tarifas de energia, configurando-se como uma vantagem competitiva
à empresa. Além disso, deve-se conscientizar os responsáveis pela empresa a adotar
juntamente com a instalação de geradores, um esquema de recolhimento de óleos de fritura
usados, para ser utilizado em conjunto ou no lugar do diesel convencional. Assim a empresa
estará colaborando com o meio ambiente, tanto racionando energia, quanto evitando que óleos
sejam descartados no sistema de esgoto, e alavancando sua marca através de tais incentivos
ambientais.
2ª Etapa: Com os geradores instalados, inicia-se um programa de conscientização dos
clientes dos supermercados, através de cartilhas explicativas, explanando sobre a redução de
impactos ambientais que esse esquema propicia. Somado a isso, o supermercado ofereceria
um incentivo ao cliente na forma de produto do próprio supermercado, para que o mesmo
retorne o óleo usado. Recomenda-se de preferência que o supermercado faça a troca pelo óleo
de soja, para que o volume de retorno do óleo seja maior. Em razão do volume de óleo de soja
comercializado ser maior do que outros tipos de óleos, condiderar-se-á nesse modelo de
gestão apenas o óleo de soja, no entanto não se descarta a possibilidade da utilização de outros
tipos de óleos alimentares usados na obtenção de biocombustível.
3ª Etapa: Antes da fase de coleta, faz-se um estudo de viabilidade econômica para
verificar qual a quantidade de óleo que o cliente deve levar ao ponto de coleta para que receba
uma unidade do produto de troca oferecido. Dessa forma o cliente levará uma quantidade x
em garrafas plásticas, e receberá o seu produto de troca. O óleo de fritura se utilizado no
próprio supermercado para produção de alimentos, também poderá ser armazenado para ser
destinado juntamente com o restante coletado.
4ª Etapa: Após o recolhimento, o óleo é levado a uma unidade de processamento, onde
receberá o tratamento necessário e sua conseqüente transformação em biocombustível. Logo
após é devolvido ao supermercado para a geração de energia no horário de ponta através dos
geradores.
5ª Etapa: Como mais uma forma da empresa contribuir com o meio ambiente, as
garrafas plásticas utilizadas na logística do óleo, podem ser doadas para a reciclagem, sendo
coletadas através de um grupo de catadores, como forma de inclusão social.
Considerações Finais: Dependendo da quantidade de empresas de uma região que
adotariam tal modelo de gestão, poderia-se buscar parcerias com as unidades de
processamento para diminuir seus custos, ou então na própria construção de uma micro-usina
por um conjunto de empresas participantes desse modelo. Se o volume de óleo recolhido for
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1454
insuficiente para a auto-suficiencia no horário de ponta sugere-se realizar uma coleta pré-
agendada em estabelecimentos que utilizem óleo de fritura em grande quantidade, como
restaurantes e lanchonetes, ou utilizar blends como 5% ou 10% de biodiesel acrescido ao
diesel convencional.

4 CONCLUSÃO
É preciso uma visão sistêmica por parte das empresas, para que a variável ambiental
seja ampliada. O biodiesel gerado a partir de óleos alimentares usados, destinados a serem
utilizados no lugar ou em conjunto ao diesel convencional nos geradores, constitui-se em um
ótimo exemplo desta gestão ambiental ampla que deve vigorar nas empresas. Estima-se que
2/3 do preço final da produção do biodisel seja devido ao custo da matéria prima, desta forma
o biodiesel fabricado a partir de óleos de fritura usados, demonstra ser um combustível de
baixo custo e com inúmeros ganhos ambientais. No entanto, é fundamental continuar a
investigação nesse campo de tecnologia para que métodos eficazes de produção de
combustível limpo sejam cada vez mais difundidos.
O enorme volume de resíduos produzido nos centros urbanos é insustentável, e urge
reduzir e encontrar soluções criativas para o volume de resíduos gerados. Agravando este fato,
no Brasil boa parte do que é gerado não é coletado e do que é coletado a maior parte é
disposta de forma inadequada.

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1456
OCORRÊNCIA DE ÁCARO (Tetranychus desertorum Banks), 1900 (Acari
Tetranychidae) EM CULTIVARES DE MAMONA SOB DUAS
DENSIDADES DE PLANTIO NA SAFRINHA (VALE DO PARAÍBA,
PINDAMONHANGABA/SP, 2006-07)

Antonio Carlos Preis Devide, APTA, antoniodevide@aptaregional.sp.gov.br


Helio Minoru Takada, APTA, minoru@aptaregional.sp.gov.br
Maria Alice Lemos Rachmann, APTA, malemos@aptaregional.sp.gov.br
Cristina Maria de Castro, APTA, crimcastro@terra.com.br
Mario Eidi Sato, APTA, mesato@biologico.sp.gov.br

RESUMO: O cultivo da mamona na região do Vale do Paraíba está em destaque em função


da instalação de agroindústrias e incentivo governamental à produção de biodiesel. Visando o
apoio tecnológico para o estabelecimento seguro da ricinocultura, a APTA – Agência Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios, por meio do Pólo Regional do Vale do Paraíba e do
Instituto Biológico, órgãos da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo vêm desenvolvendo pesquisas para identificar as limitações ao cultivo da mamoneira na
região. No ano agrícola de 2006-07, foi conduzido um experimento no Setor de Fitotecnia do
Pólo Regional para avaliar o desempenho agronômico de três cultivares de mamona (IAC
Guarani, CATI AL Guarany 2002 e IAC 2028) em duas densidades de plantio na safrinha (1,0
x 1,0 e 1,0 x 0,6 m), conduzidas para duas safras consecutivas, sem a realização de poda após
a primeira colheita. Foi constatada a infestação do ácaro Tetranychus desertorum Banks
(1900) no período de julho a agosto. Os sintomas da infestação iniciaram na face abaxial das
folhas, causando descoloração e prateamento das lesões. Em estágios mais avançados,
provocaram o crestamento do tecido e o recobrimento com teias das plantas juvenis, que se
mostraram mais suscetíveis. Foi avaliado o efeito das cultivares e espaçamentos em relação a
presença dos ácaros. As cultivares não influenciaram na dinâmica da população, porém o
cultivo adensado revelou significativamente as maiores taxas populacionais do ácaro. O
controle com Calda Sulfocálcica no campo foi validado por meio de teste laboratorial,
revelando 56,38 e 61,14 % de controle de adultos nas concentrações de 1,0 e 4,0 %.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., Tetranychus desertorum, ácaro, cultivares,


densidade de plantio, calda sulfocálcica.

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1457
1 INTRODUÇÃO
Os ácaros são importantes organismos fitófagos, descritos infestando diversas culturas
de importância agronômica. Porém, há poucos registros sobre estratégias de manejo
alternativo dessas pragas infestando a mamoneira.
As principais espécies descritas no Brasil na mamoneira são de ácaro rajado,
Tetranynhus ludeni (ZACHER, 1913) e Tetranychus urticae (KOCH, 1836) (ACARINA:
TETRANYCHIDAE) (GONÇALVES et al, 2005; RICHETTI et al, 2005). Há relatos de
diversas outras espécies infestando a mamoneira no Brasil: Aponychus schultzi
(BLANCHARD, 1940), Aponychus spinosus (BANKS, 1909), Eutetranychus banksi,
(McGREGOR, 1914), Mononychellus chemosetosus (PASCHOAL, 1970), Mononychellus
planki, (McGREGOR, 1950), Oligonychus coffeae (NIETNER, 1861), Oligonychus
mangiferus (RAHMAN & SAPRA, 1940), Oligonychus yothersi (McGREGOR, 1914),
Panonychus citri (McGREGOR, 1916), Tetranychus bastosi Tuttle (BAKER & SALES,
1977), Tetranychus evansi (BAKER & PRITCHARD, 1960), Tetranychus gloveri (BANKS,
1900), Tetranychus neocaledonicus (ANDRÉ, 1933) e Tetranychus yusti (McGREGOR,
1955) (MIGEON & DORKELD, 2006).
O ambiente exerce forte influência na dinâmica dos ácaros, que são mais freqüentes sob
condições de estresse hídrico e temperaturas amenas, condições estas típicas da safrinha no
Vale Paraíba. A pesquisa do cultivo da mamoneira nesta época do ano é relevante porque a
época recomendada para o Estado (outubro-novembro) predispõe a ocorrência de mofo
cinzento (Amphobotrys ricini), principal doença que afeta a inflorescência e impede a
completa formação dos frutos (SAVY FILHO, 2005; SILVA, 2005; LIMA et al., 1997). Na
safrinha, a cultura pode se tornar alternativa de renda extra para o agricultor (SAVY FILHO
et al., 2007; SAVY FILHO, 2005), além de possibilitar a colheita mecânica devido ao menor
desenvolvimento vegetativo (POLETINE, 2004), possibilitando plantios adensados.
A presente pesquisa tem por fim descrever a ocorrência de ácaro vermelho Tetranychus
desertorum em três cultivares de mamona na safrinha, plantadas em duas densidades de
cultivo; e registrar o efeito da Calda Sulfocálcica no controle do ácaro sob condições
controladas.

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1458
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento de campo foi instalado em 30/03/2006 no Pólo Regional do Vale do
Paraíba, APTA/SAA em Latossolo Vermelho Amarelo, textura franco-argilosa, relevo suave
ondulado no Terciário, em Pindamonhangaba/SP.
O clima baseado na classificação de Köppen é caracterizado como Cwa – quente com
inverno seco (VERDADE et al., 1961). A Figura 1 representa os dados relativos temperatura
mínima e média, precipitação e insolação na Estação Climatológica Agrícola do Pólo
Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP.

28 210
Temp. mínima mensal
Temp. média

precipitação pluviométrica (mm)


24 180
PPT
Insolação média
número de horas de luz

20 150

16 120

12 90

8 60

4 30

0 0
mar/06

mai/06

mar/07

mai/07
ab/06

jun/06

jul/06

ag/06

set/06

out/06

nov/06

dez/06

jan/07

ab/07
fev/07

Figura 1 - Temperatura mínima e média, precipitação e insolação na Estação Climatológica


Agrícola do Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP. Fonte: Centro
Integrado de Informações Agrometeorológicas CIIAGRO-INFOSECA (Instituto Agronômico
De Campinas, 2007).

O delineamento utilizado foi em blocos ao acaso no esquema fatorial 3x2 (três


cultivares x dois espaçamentos) com quatro repetições. As parcelas de cinco linhas com cinco
metros tiveram 25 e 40 plantas (15 e 24 na área útil) nos espaçamentos 1,0 x 1,0 e 1,0 x 0,6 m.
O ciclo de 180 dias após o plantio (dap) e frutos indeiscentes, são características comuns das
cultivares avaliadas: CATI AL Guarany 2002, IAC Guarani e IAC 2028.

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1459
O plantio na safrinha (30/03/2006) foi manual com três sementes por cova adubada com
600g de esterco de curral curtido+10g de cloreto de potássio+100g de termofosfato
magnesiano, desbaste realizado 40 dias após a germinação, deixando-se uma planta cova-¹.
A ocorrência de ácaro vermelho (Tetranychus desertorum) foi constatada no período de
julho a agosto, sendo realizadas pulverizações foliares mensais com Calda Sulfocálcica a
4,0% (4litros : 400 litros de calda ha-¹) para o controle da praga. Amostras de tecido foliar
contendo ácaros foram enviadas ao Laboratório de Sanidade Vegetal da ESALQ/USP, sendo
procedida à identificação, conforme a descrição no Brasil (FLECHMANN, 1976).
O levantamento da população do ácaro no campo foi realizado em 12/09/2006,
previamente a primeira colheita. A avaliação levou em conta a presença do ácaro e os
sintomas de amarelecimento e prateamento nas folhas. Foi utilizada lupa de 15 vezes de
aumento obtendo-se a freqüência de ocorrência, por meio da amostragem de uma folha de
cada parcela. No campo, foram amostradas nove plantas da área útil para fins de contagem.
Um teste foi desenvolvido em laboratório para verificar o controle alternativo por meio
de Calda Sulfocálcica. Foram coletados em cada parcela discos foliares de cinco centímetros
de diâmetro contendo colônias de ácaros. Os discos foram dispostos em placa de Petri sob
papel filtro de 9,0 cm de diâmetro umedecido. A Calda Sulfocálcica foi diluída em água
destilada nas concentrações 1,0 e 4,0% sendo pulverizadas uma única vez sobre a superfície
abaxial foliar. Após três dias da aplicação foi realizada nova contagem da população de
ácaros.
Os resultados foram analisados pelo teste F e de comparações múltiplas, sendo os
resultados obtidos pelo programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os sintomas iniciais da infestação do ácaro vermelho iniciam com o surgimento de
colônias na face abaxial das folhas (Figura 2), causando descoloração do limbo e surgimento
de manchas de coloração branco-prateada, além do crestamento do tecido e presença de teias
sob condições mais severas de infestação, podendo recobrir toda a planta (folhas, racemos,
frutos etc). Estes são sintomas típicos de tetraniquídeos. A sua ocorrência está associada a
diversos hospedeiros, como em Phaseolus vulgaris, Sida sp, Ipomoea batatas, Cucurbita
pepo, Passiflora edulis e em diversas outras plantas hospedeiras (FLECHMANN, 1979).
Os primeiros focos do ácaro foram verificados nas folhas mais velhas. Plantas juvenis
apresentaram-se mais suscetíveis sendo tomadas por completo (Figura 3). As colônias mais

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1460
vigorosas resultaram no surgimento de teias que recobriram a mamoneira juvenil. SAITO
(1985) relata na planta anual Solidago altíssima esse mesmo efeito.

Figura 2 - Detalhe do ácaro T. desertorum. Figura 3 - Sintomas do ataque severo do ácaro.

A elevada infestacão de ácaro ocorreu no período de julho e agosto de 2006, associada à


estiagem prolongada e temperaturas amenas (Figura 1). Os fatores ambientais são
preponderantes na biologia dessa praga. Os limites letais de temperatura para os ácaros são
bastante amplos e variam com as espécies e fase de desenvolvimento. JEPPSON et al (1975),
destaca que este fator ambiental afeta a taxa de desenvolvimento dos tetraniquídeos. Altas
temperaturas promovem decréscimo na longevidade e aumento na taxa de oviposição. SILVA
(2002) descreve a completa geração de T. ludeni a temperatura de 30°C em um tempo médio
de 9,27. Além desses limites térmicos, deve-se observar o somatório de unidades
denominadas graus dia que influenciam a taxa de desenvolvimento embrionário e pós-
embrionário dos ácaros tetraniquídeos. Para T. ludeni foram necessários 138,34 graus dias
para fêmeas e de 130,91 para machos na planta de algodão (SILVA, 2002).
A baixa umidade relativa do ar é um dos fatores ambientais mais relacionados à
predisposição ao ataque de ácaros, o que deve ter contribuído para a infestação na área
experimental, corroborado por NICKEL (1960) que observou uma maior reprodução de T.
desertorum sob condições de baixa umidade e a temperatura de 30°C.
Para sobreviver nessas condições estressantes e desfavoráveis, os ácaros desenvolveram
adaptações fisiológicas que em T. desertorum é notada por meio da diapausa hibernal em
fêmeas adultas (JEPPSON et al, 1975 apud VEERMAN, 1985).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1461
Na avaliação das populações de ácaros em três cultivares sob dois espaçamentos
testados, observou-se diferenças não significativas (Tukey, p<0,05) para cultivares em relação
a população de ácaros de T. desertorum (Figura 4). Entretanto, o menor espaçamento adotado
para a mamoneira (1,0 x 0,6 m) foi responsável pela maior taxa de infestação do ácaro, sendo
esta diferença significativa. Assim, houve maior incidência do ácaro T. desertorum na
mamoneira adensada (Tabela 1) em relação ao espaçamento 1,0 x 1,0 m. A maior
proximidade entre plantas facilita a dispersão do ácaro, que é auxiliado pelo vento, contato
entre folhas e caminhamento pelo solo em busca de plantas com folhas menos danificadas
(KENNEDY & SMITLEY, 1985).
A aplicação de Calda Sulfocálcica apresentou efeitos na sobrevivência dos ácaros,
obtendo 56,38 e 61,14 % de controle de adultos nas concentrações de 1,0 e 4,0 %.

2
Número de ácaros

1.6
1.2
0.8
0.4
0
(1x1) (1x 0,6) (1x1) (1x0,6) (1x1) (1x0,6)
IAC Guarani IAC 2028 CATI AL Guarany 2002

Espaçamento X Cultivares

Figura 2 - Contagem de ácaros em três cultivares de mamoneira plantadas em dois


espaçamentos na safrinha, Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-
07).

4 CONCLUSÃO
O cultivo adensado da mamoneira (1,0 x 0,6 m) favoreceu significativamente o ácaro
Tetranychus desertorum.
A Calda Sulfocálcica apresentou 56,38 e 61,14% de controle de adultos nas
concentrações de 1,0 e 4,0 %.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1462
5 AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Carlos Holger Wenzel Flechtmann – USP/ESALQ pela identificação da
espécie de ácaro.
À FUNDAG – Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola e à Empresa ETR Óleos S/A,
que financiaram a pesquisa.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade Internacional de Biometria, Resumos... São
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1464
OCORRÊNCIA DE FUNGOS EM SEMENTES DE MAMONA (Ricinus
communis L.) CULTIVADAS NO VALE DO PARAÍBA/SP (2006-2007)

Marta Vechiatto, APTA, vechiatto@biologico.sp.gov.br


Helio Minoru Takada, APTA, minoru@aptaregional.sp.gov.br
Antonio Carlos Pries Devdie, APTA, antoniodevide@aptaregional.sp.gov.br
Cristina Maria de Castro, APTA, crimcastro@terra.com.br
Maria Alice Lemos Rachmann, APTA, malemos@aptaregional.sp.gov.br

RESUMO: A cultura da mamona foi introduzida no Vale do Paraíba há pouco mais de um


ano, estimulada por agroindústrias e o incentivo governamental para a produção de biodiesel.
Visando o apoio tecnológico para o estabelecimento seguro da ricinocultura a APTA –
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, por meio do Pólo Regional do Vale do
Paraíba e do Instituto Biológico, ambos pertencentes à Secretaria da Agricultura do Estado de
São Paulo, realizou o diagnóstico prévio da ocorrência de fungos em sementes utilizadas nas
unidades experimentais. Foram avaliadas amostras de sementes das seguintes cultivares de
mamona: IAC 80, IAC Guarani, CATI AL Guarany 2002 e IAC 2028. As sementes foram
analisadas para sanidade empregando-se o método do papel filtro e utilizando-se 200
sementes de cada cultivar. A avaliação qualitativa e quantitativa dos fungos resultou na
detecção, em todas cultivares de mamona, dos fungos Alternaria ricini, Aspergillus spp.,
Penicilium spp., Cladosporium spp., Fusarium semitectum e Fusarium equiseti. A cultivar
IAC 2028 apresentou a menor quantidade dos fungos detectados em sementes. Não foi
detectada a presença de mofo cinzento (Amphobotrys ricini) nas amostras analisadas.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., sanidade, sementes, fungos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1465
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira é afetada por várias doenças, algumas das quais de graves conseqüências
econômicas (LIMA et al., 1997; SILVA, 2005; SAVY FILHO, 2005). As sementes são um
dos meios de introdução e disseminação de microorganismos em áreas não cultivadas além de
um eficiente meio de sobrevivência dos mesmos na natureza (MENTEN & BUENO, 1987;
NEERGAARD, 1977).
A presença de fungos em sementes pode afetar a qualidade fisiológica, ocasionando a
redução do vigor, além de possibilitar a transmissão para a parte aérea da planta. O inóculo
primário pode, também, se estabelecer no campo de cultivo e causar redução na qualidade e
produtividade das culturas (CASTELLANI et al., 1996; NEERGAARD, 1977).
O objetivo da pesquisa foi avaliar qualitativa e quantitativamente a incidência de fungos
em sementes de quatro cultivares de mamona utilizadas em plantios experimentais no Pólo
Regional do Vale do Paraíba, safra 2006-2007.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratórios de Patologia de Sementes do Instituto
Biológico e de Sanidade Vegetal do Pólo Regional do Vale do Paraíba, ambos pertencentes à
APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura do
Estado de São Paulo.
A ocorrência dos fungos nas sementes das cultivares de mamona IAC 80, IAC Guarani,
CATI AL Guarany 2002 e IAC 2028 foi avaliada empregando-se o método do papel de filtro
(ISTA,1966), utilizando-se 200 sementes de cada cultivar. As sementes foram distribuídas em
placas de Petri descartáveis com 9 cm de diâmetro, contendo três folhas de papel de filtro,
previamente umedecidas com água destilada, utilizando-se 10 sementes por placa. Em
seguida, essas placas foram incubadas por oito dias a 20 °C ± 2 °C, com fotoperíodo de 12
horas de luz negra e 12 horas de escuro. Após o período de incubação, as sementes foram
examinadas, com o auxílio de microscópio estereoscópio e quando necessário com
microscópio óptico, determinando-se a incidência dos fungos presentes nas sementes. Os
resultados foram expressos em percentagens de sementes infectadas (%).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1466
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando-se a tabela 1 observa-se que os fungos Alternaria ricini, Aspergillus spp.,
Penicillium spp., Fusarium semitectum, Fusarium equiseti e Cladosporium spp. foram
detectados em todas cultivares analisadas.
Dos fungos detectados as cultivares IAC 80, IAC Guarani, CATI AL Guarany 2002 e
IAC 2028 apresentaram 80%, 70%, 60% e 35% destes microorganismos, respectivamente.
Os mais elevados índices de incidência foram encontrados para os fungos Aspergillus
spp., Penicillium spp., Cladosporium spp., em todas as cultivares, Rhizopus sp. na cultivar
IAC 80 e F. semitectum na cultivar IAC Guarani. Os demais fungos foram detectados em
baixas porcentangens.
A incidência da Alternaria ricini,considerado patógeno da cultura da mamona, foi maior
nas cultivares CATI AL Guarany 2002 e IAC 2028. A cultivar IAC 2028 é considerada
moderadamente suscetível à A. ricini (SAVY FILHO et al, 2007). LIMA et al. (1997),
inoculando este fungo na semente, observou uma redução de 20 % na germinação da cultivar
CATI AL Guarany 2002, constatando, também, que a transmissão via semente ocasiona
podridão ou afeta a germinação em até 20 % das amostras analisadas, além de causar o
tombamento em 50 % das plântulas germinadas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1467
Tabela 1 - Incidência (%) de fungos em sementes de quatro cultivares de mamona, analisadas
pelo método do papel de filtro (APTA, 2007).
FUNGOS CULTIVARES DE MAMONA
CATI AL IAC IAC IAC
Guarany 2002 2028 Guarani 80
Alternaria ricini 9,50* 5,50 1,00 0,50
Alternaria tenuis 16,50 - 4,00 1,50
Exerohilum 5,50 - 2,00 1,50
rostratum
Aspergillus spp. 42,00 26,00 39,00 92,00
Penicillium spp. 14,00 10,00 15,50 26,00
Rhizopus sp. 6,50 - 3,50 78,50
Fusarium 5,50 1,50 15,00 6,00
semitectum
Fusarium equiseti 1,00 0,50 4,50 0,50
Fusarium - - - 2,00
moniliforme
Fusarium spp. - - - 0,50
Cladosporium spp. 12,00 17,50 21,00 23,00
Phoma spp. 2,50 0,50 1,00 -
Chaetomium spp. 3,00 - 3,50 -
Pestalotia spp. 0,50 - - -
Nigrospora spp. - - 1,50 1,00
Epicoccum spp. - - 1,50 1,50
Curvularia lunata - - 0,50 1,50
Curvularia - - - 1,50
geniculata
Curvularia - - 0,50
cymbopogonis
*percentual (%); média da amostra de 200 sementes de cada cultivar.

Comparando-se as cultivares, observa-se que Penicillium spp. apresentou menores


incidência em relação a Aspergillus spp. ZARELA et al. (2004), relataram a infestação de
Penicilium spp. em torno de 60 % das sementes analisadas das cultivares IAC Guarani e IAC
80. SOUZA et al (2004), detectaram a maior incidência de Aspergillus flavus, A. niger e A.
ocraceus nas variedades IAC 80 e CATI AL Guarany 2002. Segundo LIMA (1997),
Aspergillus flavus causa podridão da semente e/ou afeta seu poder germinativo. A ocorrência
desses microrganismos está associada às condições de armazenamento das sementes.
Em relação ao gênero Fusarium as espécies semitectum e equiseti foram detectadas em
todas as cultivares. Este gênero de fungo esta associado à redução do poder de germinação
das sementes (ZARELA et al, 2004; LIMA et a., 1997).

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1468
A cultivar IAC 80 apresentou 78,5 % de incidência de Rhizopus nas sementes (Tabela
1). ZARELA et al. (2004) obteve dados semelhantes para este cultivar.
A presença de Cladosporium spp. na mamoneira está associada a lesões nas folhas,
próximo à nervura, apresentando micélio pulverulento muito semelhante ao do mofo cinzento,
classificado até o ano de 1973 como Botrytis ricini, denominado posteriormente por
Amphobotrys ricini (DEMANT et al, 2006; HOFFMAN et al., 2003). Não foi constatada a
ocorrência do gênero Amphobotrys nas amostras de sementes analisadas, considerada a
principal doença fúngica da cultura. Este fungo, também, é disseminado pela semente e ataca
principalmente o cacho, provocando o abortamento de flores, seca do cacho,
consequentemente, a perda de rendimento (SAVY FILHO, 2005; LIMA 1997).
Segundo SAVY FILHO (2005), a sanidade da mamoneira pode ser obtida,
preventivamente por meio da rotação de culturas, evitando-se locais com histórico de
patógenos de solo, além do tratamento preventivo de sementes, por meio de produtos
sintéticos como benomyl, iprodione e thiram, os quais proporcionam boa proteção à
germinação e reduzem o inoculo inicial do patógeno. KIMATI et al. (1997) relata como
tratamento clássico a imersão das sementes por 20 minutos numa solução de um litro de
formaldeído 40% diluído em 240 litros de água. Em relação ao tratamento biológico de
sementes, NAMETH (1998) considera promissor o uso dos fungos Trichoderma, Gleocladium
e Streptomyces, sendo estes alvos de pesquisas.

4 CONCLUSÃO
Os fungos Alternaria ricini, Aspergillus spp., Penicilium spp., Cladosporium spp
Fusarium semitectum e Fusarium equiseti foram detectados em sementes de todas as
cultivares de mamona analisadas.
As sementes da cultivar IAC 2028 apresentaram menores quantidade de fungos.
A sementes não apresentam boas condições sanitárias
Recomenda-se o tratamento de sementes previamente ao plantio.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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químico na população de fungos e na germinação de sementes de Bauhinia variegata L. var
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DEMANT, C.A.R; FURTADO, E.L.; ZANOTTO, M.D.; CHAGAS, A.A. Controle de mofo
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ZARELA, G.C.N.; UENO, B.; ANJOS e SILVA, S.D. dos; GOMES, A. da C. Fungos
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1470
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE SEMENTES DE RÁCEMOS
PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS DE GENÓTIPOS DE MAMONA

Fábia Alves de Oliveira, FATEC-CARIRI, fabia_alves84@yahoo.com.br


Tarcísio Marcos de Souza Gondim, EMBRAPA ALGODÃO, tarcisio@cnpa.embrapa.br
Idila Maria da Silva Araújo, URCA, idila_araujo@yahoo.com.br
Sérgio Delmar dos Anjos Silva, CPACT, sergio@cpact.embrapa.br
Máira Milani, EMBRAPA ALGODÃO, maira@cnpa.embrapa.br
Jonas do Santos Sousa, FATEC-CARIRI, jonas.ufcg@gmail.com
Francinalva Cordeiro de Sousa, FATEC-CARIRI, francis_nalva@yahoo.com.br
Luzia Márcia de Melo Silva, FATEC-CARIRI, luziamarcia86@yahoo.com.br

RESUMO: Objetivando analisar as características físico-químicas de sementes de rácemos


primários e secundários de genótipos de mamona, nas condições do Cariri cearense, sementes
de diferentes genótipos de mamona foram analisadas no Laboratório de Bromatologia da
Faculdade de Tecnologia Centec – Fatec – Unidade Cariri, em Juazeiro do Norte, CE. O
delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com 13 tratamentos (genótipos: BRS
149 Nordestina, AL Guarany 2002, IAC 80, Lyra, Cafelista, Mirante, CPACT 040, IAC
Guarani, AL Preta, IAC 226, Savana, Íris, Vinema T1) e três repetições, para cada tipo de
racemo. As amostras foram maceradas com pistilo e submetidas a análises laboratoriais de
umidade, cinzas, lipídios, proteínas, ferro, fósforo, sódio, cálcio e potássio. Os dados foram
analisados estatisticamente e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade. Ocorreu variação nas características físico-químicas entre sementes de rácemos
primários e secundários, com teor médio de proteína entre os rácemos primários e secundários
dos genótipos Savana (23,37%), AL Preta (23,32%), AL Guarany (22,60%), CPACT 040
(22,24%) e IAC Guarani (21,47%), cujos genótipos constituem boa fonte protéica. Todos os
genótipos avaliados apresentaram teor médio de lipídios superiores a 50%, caracterizando-se
como potenciais materiais genéticos. Os teores médios dos minerais fósforo, potássio e cálcio
são de 680,00 mg/100g, 160,00 mg/100g e 192,00 mg/100g, respectivamente. Sugerem-se
novos estudos visando a adaptação e produção desses genótipos.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., proteína, lipídio, melhoramento.

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1471
1 INTRODUÇÃO
A mamona (Ricinus communis L.), também conhecida como carrapateira ou rícino, é
uma das principais oleaginosas do mundo, com a singularidade de que o óleo, seu principal
produto, não é comestível. É o único óleo que a natureza construiu, glicerídico, que é solúvel
em álcool, constituindo, em média, nas cultivares, cerca de 48%, em termo de produto bruto
nas sementes (MAMONA, 1967; FREIRE, 2001; WEISS, 1983 apud BELTRÃO et al.,
2003).
A mamoneira é uma planta monóica que apresenta inflorescência do tipo panicular,
denominada de racemo (cacho). Em geral apresentam forma cônica, cilíndrica ou oval,
atingindo maturação em épocas diferentes, dependendo da posição da planta. O comprimento
dos racemos varia de 10cm até 80cm dependendo do ambiente e principalmente da cultivar
(BELTRÃO et al., 2001).
A haste principal, ou primária, cresce de modo vertical, sem nenhuma ramificação, até o
aparecimento da primeira inflorescência. O ramo lateral se desenvolve da axila da última
folha, logo abaixo da inflorescência. Como a haste principal, todos os ramos de segunda,
terceira e quarta ordens apresentam crescimento limitado, terminando em uma inflorescência,
formando uma estrutura simpodial (AZEVEDO & LIMA, 2001 apud FRAGA et al., 2004).
A participação de cada extrato de frutos influencia na composição da produtividade da
mamoneira da variedade AL Guarany, bem como na qualidade das sementes, óleo e torta de
cada um dos extratos dessa variedade. A produção do extrato secundário apresenta maior
contribuição na composição da produtividade da cultura da mamona (FRAGA et al., 2004),
que também pode variar com a variedade e as condições climáticas.
Existem várias cultivares de mamoneira disponível para o plantio em nosso país,
variando em porte, deiscência dos frutos, tipos dos cachos, exigências nutricionais e outras
características. Mesmo sendo considerada de grande importância para vários segmentos
industriais, a ricinocultura apresenta acervo de informações tecnológicas bastante reduzidas,
porém, por ser um grão de aproveitamento amplo, tem sido objeto de estudos em relação à
variação genética das variedades comercializadas, visando proporcionar a seleção de
genótipos que viabilizem produção mais ampla e melhor qualidade dos seus derivados (óleo,
torta, etc.). A utilização de sementes geneticamente modificadas representa fator de grande
importância para o estabelecimento e rendimento da cultura (MELO, 2006) e produção de
óleo.

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1472
O presente trabalho teve objetivo de analisar as características físico-químicas de
sementes de racemos primários e secundários de genótipos de mamona, nas condições do
Cariri cearense.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Utilizaram-se, nesta pesquisa, amostras de sementes dos racemos primários e
secundários de treze genótipos de mamona, oriundos do Programa de Melhoramento da
Embrapa Algodão, produzidos na Embrapa Algodão, Campo Experimental de Barbalha, CE,
cujas coordenadas geográficas são 07º 19’ S, 39º 18’ W e altitude de 415,74m. O plantio foi
feito em solo de textura arenosa, em espaçamentos de 2,0 m x 1,0 m. O cultivo foi mantido
com irrigação suplementar por microaspersão, no período de abril a setembro de 2006. Os
dados climáticos ocorridos no período de produção das sementes são observados na Tabela 1.

Tabela 1 - Dados Climáticos ocorridos do período de abril a setembro de 2006 durante a


produção de racemos primários e secundários de genótipos de mamona, nas condições do
Carri cearense. Barbalha, CE.
Temperatura Precipitação Umidade Evaporação
Mês
Média (ºC) (mm) Relativa (%) (Ml)
Abril 24,72 222,7 87,00 1,93
Maio 24,41 12,5 80,90 3,57
Junho 23,46 7,70 74,00 7,21
Julho 24,35 7,50 67,64 5,56
Agosto 25,35 0,00 66,22 11,67
Setembro 25,63 0,00 53,61 9,06
Fonte: Estação Meteorológica de Barbalha, ESMET.

As sementes, obtidas do cultivo supracitado, dos racemos primários e secundários de


diferentes genótipos de mamona foram armazenadas em sacos plásticos, em local limpo, seco
e arejado, por um período de seis meses e conduzidas ao Laboratório de Bromatologia da
Faculdade de Tecnologia Centec – Fatec – Unidade Cariri, em Juazeiro do Norte, CE, onde
foram feitas as análises físico-químicas. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos
casualizados, com 13 tratamentos (genótipos: BRS 149 Nordestina, AL Guarany 2002, IAC
80, Lyra, Cafelista, Mirante, CPACT 040, IAC Guarani, AL Preta, IAC 226, Savana, Íris,
Vinema T1) e três repetições, para cada tipo de racemo. No laboratório, as amostras foram
preparadas para realização das análises laboratoriais de umidade, cinzas, lipídios, proteínas,

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1473
ferro, fósforo, sódio, cálcio e potássio de acordo com metodologias de Pearson (1971), AOAC
(1975), Instituto Adolfo Lutz (1976) e APHA (1992). O preparo das sementes constou de
apenas maceramento com pistilo.
Os dados foram analisados estatisticamente e as médias comparadas pelo teste de Scott-
Knott, a 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se, nas Tabelas 2 e 3, que houve efeito significativo a 1% para todas as
características físico-químicas analisadas nas sementes de racemos primário e secundário de
genótipos de mamona, com exceção à variável umidade no primeiro racemo e teor de lipídios
no segundo racemo.
Na Tabela 4, observa-se que a porcentagem média geral de umidade na semente dos
racemos primários foi de 5,90%, com máxima de 6,70% (Íris) e mínima de 5,37% (BRS 149
Nordestina). Já nos racemos secundários, a média geral de umidade diminuiu (5,59%), na
qual a variedade IAC 80 apresentou-se com o maior índice (6,50%), a IAC 226 com valor
mediano (6,00%). Os demais genótipos apresentaram variação de 5,23% a 5,80% para
CPACT 040 e IAC Guarani, respectivamente. A cultivar BRS 149 Nordestina permaneceu
com os mesmos índices de umidade em ambos os racemos. Freire (2001), afirma que a média
de umidade das sementes de mamona é de 5,5%. Entretanto, Fonseca et al. (2004) encontrou
porcentagem de 6,4 a 7,3 na cultivar Guarany. Os mesmos autores relataram que o teor de
água é importante para a execução dos testes para avaliação da qualidade de sementes,
considerando-se que a uniformidade de umidade das sementes é imprescindível para a
padronização das avaliações e obtenção de resultados consistentes.

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1474
Tabela 2 - Resumo da análise de variância de umidade, cinza, proteína e lipídios dos racemos primário e secundário dos genótipos de mamona.
Juazeiro do Norte, CE, 2007.
Fonte de Variação GL Quadrados Médios/Racemo
Umidade Cinzas Proteína Lipídios
1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
ns
Tratamento 12 0,5122 0,3666** 0,2874** 0,5103** 20,0236** 29,0209** 19,7403** 0,5870ns
Bloco 2 0,0300 0,0626 0,0072 0,0238 0,0195 1,1364 4,1556 0,9479
Resíduo 24 0,3572 0,0801 0,0088 0,0108 0,1884 0,3756 2,0960 0,3285
CV (%) 10,13 5,07 2,98 3,44 2,05 3,18 2,83 1,12
** e ns. Correspondem respectivamente a significativo a 1% e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.

Tabela 3 - Resumo da análise de variância de fósforo, ferro, sódio, potássio e cálcio dos racemos primário e secundário dos genótipos de
mamona. Juazeiro do Norte, CE, 2007.
Fonte de Variação GL Quadrados Médios/Racemo
Fósforo Ferro Sódio Potássio Cálcio
1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
Tratamento 12 22292,6000** 6568,5312** 3,8680** 7,3524** 236,7527** 193,1708** 6741,2305** 469,3312** 80,7175** 6439,9464**
Bloco 2 83,3869 179,6049 0,0356 0,0100 0,0585 0,6249 39,7464 3,5823 205,8285 123,7177
Resíduo 24 398,5902 702,0838 0,3258 0,0275 0,0843 0,3201 102,0753 24,7320 644,3337 270,7766
CV (%) 2,94 3,89 3,76 5,31 1,11 1,37 5,82 3,42 12,27 9,33
** significativo a 1%, pelo teste F da análise de variância.

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1475
Tabela 4 - Médias da percentagem de umidade, cinza, proteína e lipídios dos racemos primário
e secundário dos genótipos de Mamona. Juazeiro do Norte, CE, 2007.

Genótipos Médias1/ (%)/Racemo


Umidade Cinzas Proteína Lipídios

1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
BRS 149 Nordestina 5,37 a 5,37 c 3,63 a 3,73 a 17,83 f 18,87 d 43,60 b 51,27 a
AL Guarany 2002 6,13 a 5,73 c 2,90 d 2,70 e 21,13 d 24,03 a 52,63 a 51,37 a
IAC 80 5,77 a 6,50 a 2,73 d 3,03 b 21,53 d 17,03 e 51,90 a 50,83 a
Lyra 5,93 a 5,57 c 2,80 d 2,60 e 21,80 d 16,90 e 51,20 a 50,77 a
Cafelista 5,90 a 5,43 c 3,20 c 2,73 d 23,53 b 15,70 f 50,60 a 50,80 a
Mirante 5,53 a 5,27 c 3,00 c 2,80 d 20,20 e 14,03 g 50,77 a 50,67 a
CPACT 040 5,40 a 5,23 c 3,60 a 3,67 a 22,37 c 22,10 b 50,30 a 50,67 a
IAC Guarani 6,10 a 5,80 c 3,13 c 2,83 d 22,67 c 20,27 c 51,07 a 50,93 a
AL Preta 5,47 a 5,60 c 3,30 b 3,67 a 22,90 c 23,73 a 54,40 a 52,23 a
IAC 226 6,07 a 6,00 b 3,20 c 2,80 d 18,17 f 21,93 b 51,80 a 50,97 a
Savana 5,80 a 5,43 c 3,10 c 2,90 c 26,67 a 20,07 c 51,07 a 51,03 a
Íris 6,70 a 5,37 c 2,83 d 3,60 a 17,50 f 16,87 e 36,13 b 50,77 a
Vinema T1 6,53 a 5,43 c 3,60 a 3,13 b 19,57 c 19,13 d 53,20 a 50,53 a
Média 5,90 5,59 3,16 3,01 21,22 19,28 50,61 50,99
1/
Médias seguidas da mesma letra na coluna, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.

Quanto ao teor de cinzas (Tabela 4), verifica-se que as sementes do 1º racemo nos
genótipos AL Guarany 2002 (2,90%), Íris (2,83%), Lyra (2,80%), IAC 80 (2,73%)
apresentaram os menores teores. Os genótipos BRS 149 Nordestina (3,63%), CPACT 040
(3,60%) e Vinema T1 (3,60%) apresentaram os maiores teores quando comparados com os
demais genótipos. No cacho secundário, os genótipos BRS 149 Nordestina (3,73%), CPACT
040 (3,67%) e AL Preta (3,67%) se destacaram com maior teor de matéria inorgânica. Por
outro lado, o genótipo Lyra apresentou o menor conteúdo inorgânico (2,60%). O teor médio de
cinzas apresentado pelos diferentes genótipos analisados foi de 3,01%. As médias do cacho
primário (3,16%) e do cacho secundário (3,01%) encontram-se próximo ao observado por
Lucena et al. (2006) (3,37%) e superiores ao encontrado por Freire (2001) (2,5%).
Ainda na Tabela 4, verifica-se que houve muita variação do teor de proteína entre os
racemos dos genótipos estudados. As médias protéicas encontradas foram de 21,22% no
cacho primário e 19,28% no secundário. Estes valores são inferiores aos observados por Melo

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1476
et al. (2006) na composição centesimal de proteína de genótipos de mamoneira com de
percentual 22,80 a 26,24% para CSRN-142 e CSRD-2, respectivamente. As sementes dos
racemos secundários dos genótipos Mirante (14,03%), Cafelista (15,70%), Íris (16,87%), Lyra
(16,90%) e IAC 80 (17,03%) apresentaram os menores teores de proteína comparando de
acordo com valores de 17,90% obtido por Freire (2001).
Os teores de óleo extraído nos 13 genótipos de mamona em estudo podem ser
visualizados na Tabela 4. As sementes dos cachos primários e secundários dos genótipos em
estudo apresentaram-se com teor médio de lipídios, superiores a 50%, considerando-se
excelente teor. Apenas as cultivares BRS Nordestina (43,6%) e Íris (36,13%) não atingiram
esse nível para o primeiro racemo. No segundo racemo, o teor obtido comparou-se ao dos
demais genótipos. Os teores obtidos superaram a média (43,47%) dos valores encontrados por
Anthonisen et al. (2006) ao analisarem genótipos de mamona. O maior teor de óleo foi
verificado nas sementes dos racemos secundários (50,61%), que foi superior ao teor dos
racemos primários (50,99%). Estes resultados corroboram com informações de Souza &
Távora (2006) ao verificar que as sementes dos racemos primários possuem conteúdo de óleo
inferior as dos secundários e terciários. É possível que as condições ambientais predominantes
no amadurecimento dos frutos, e no momento da colheita de cada ordem de racemo tenham
contribuído com estes resultados, pois, como salientam Koutroubas et al. (2000) apud Souza
& Távora (2006) as condições ambientais interferem decisivamente no teor de óleo da
semente, especialmente temperatura e disponibilidade de umidade.
Observa-se na Tabela 5 que a média do teor de fósforo (681,76 mg/100g) nos racemos
primário dos genótipos demonstrou-se próximo ao encontrado por Lucena et al. (2006) na
cultivar BRS 149 Nordestina (685,64 mg/100g) que também superou em 55% o teor obtido
para a Paraguaçu (304,40 mg/100g) . O genótipo Vinema T1 destacou-se entre os demais
(787,33 mg/100g), sendo a AL Preta (627,97 mg/100g) de menor teor de fósforo. Para ao teor
de fósforo no racemo primário, houve agrupamento dos genótipos em três grupos (a, b e c),
tendo Vinema T1 (787,33 mg/100g) superado os demais. Para os racemos secundários, estes
genótipos manteve-se com teor semelhante de fósforo, comparando-se ao CPACT 040
(768,67 mg/100g) que foram superados pela cultivar BRS 149 Nordestina que sobressaiu-se
com aproximadamente 850 mg/100g de fósforo, cujo valor também superou o obtido no
racemo primário dessa cultivar (630 mg/100g).

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1477
Tabela 5 - Médias de teor de fósforo, ferro, sódio, potássio e cálcio dos racemos primário e
secundário dos genótipos de mamona. Juazeiro do Norte, CE, 2007.

Médias1/ (mg/100g)/Racemo
Genótipos Fósforo Ferro Sódio Potássio Cálcio
1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
BRS 149 Nordestina 629,63 c 852,77 a 3,60 d 3,44 e 31,20 c 22,57 e 135,20 c 170,57 e 210,83 b 223,57 b
AL Guarany 2002 623,20 c 681,97 c 3,47 d 4,73 c 30,93 c 22,53 e 132,23 c 161,10 e 140,87 d 157,50 c
IAC 80 621,80 c 595,67 d 6,10 a 5,55 a 42,47 b 41,47 a 128,97 c 255,50 a 137,03 d 167,37 c
Lyra 693,97 b 518,60 e 3,00 e 2,85 f 43,13 b 22,07 c 134,07 c 216,03 c 91,43 e 143,67 c
Cafelista 685,87 b 697,20 c 5,00 b 5,23 b 43,23 b 31,87 b 140,30 c 235,53 b 139,77 d 183,43 c
Mirante 687,60 b 584,20 d 4,50 c 2,97 f 31,40 c 32,07 c 147,20 b 197,60 d 171,53 c 198,00 b
CPACT 040 663,13 c 768,67 b 4,70 c 3,75 d 42,80 b 40,83 d 152,30 b 202,13 d 220,50 b 246,40 b
IAC Guarani 704,27 b 687,37 c 1,87 f 5,86 a 54,67 a 22,73 e 166,17 a 190,07 d 187,27 c 204,70 b
AL Preta 627,97 c 685,60 c 1,67 g 5,77 a 32,00 c 22,70 e 136,63 c 148,97 f 277,73 a 348,17 a
IAC 226 714,40 b 687,57 c 2,03 f 5,68 a 43,37 b 22,63 e 150,43 b 137,93 f 192,57 c 188,47 c
Savana 732,43 b 699,80 c 1,43 g 5,60 a 54,77 a 22,63 e 150,90 b 125,97 g 178,93 c 231,10 b
Íris 661,27 c 618,80 d 1,60 g 5,28 b 42,50 b 13,33 f 146,60 b 104,93 h 189,00 c 214,80 b
Vinema T1 787,33 a 768,67 b 1,63 g 5,72 a 42,87 b 13,37 f 169,07 a 110,90 h 155,93 d 181,83 c
Média 681,76 678,90 3,12 4,80 41,18 26,16 145,39 173,63 176,41 206,85
1/
Médias seguidas da mesma letra na coluna, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.

Na determinação de ferro (Tabela 5), a média geral em todo ensaio dos racemos
primários foi de 3,12 mg/100g, com máxima de 6,10 mg/100g para IAC 80 e mínima de 1,43
mg/100g. Nos racemos secundários, a média geral aproximou-se 5,0 mg/100g. Fazendo-se um
agrupamento, destacam-se os genótipos IAC 80, IAC Guarani, AL Preta, IAC 226, Savana e
Vinema T1 com em média 5,70 mg/100g de ferro. A BRS 149 Nordestina (3,44 mg/100g)
apresentou-se inferior em cerca de 60% em relação ao grupo mencionado.
Quanto ao teor de sódio, semelhante ao teor de fósforo de racemo primário, ocorreu o
agrupamento dos genótipos em três grupos (a, b e c). Com aproximadamente 55mg/100g
destacaram-se os genótipos IAC Guarani e Savana que compõem o grupo a, com maior teor
de sódio (Tabela 5). Com teor inferior de sódio, os genótipos BRS 149 Nordestina, AL
Guarany 2002 e AL Preta, constituindo o grupo c, apresentaram menor teor de sódio, 25%
inferior a média geral (41,18 mg/100g). Para o racemo secundário, o maior teor de sódio foi
apresentado pela cultivar IAC 80 (41,47 mg/100g) seguido pela Cafelista (40,83 mg/100g),

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1478
pela Mirante (32,07 mg/100g) e pelo genótipo CPACT 040 (31,37 mg/100g). Os demais
genótipos obtiveram teor de sódio inferior a 22,73 mg/100g.
Os racemos primários dos genótipos Vinema T1 (169,07 mg/100g) seguido de IAC
Guarani (166,17 mg/100g) apresentaram os maiores teores de potássio, semelhante ao
comportamento dos genótipos quanto ao teor de fósforo (Tabela 5). Já no secundário,
descararam-se IAC 80 com 255,50 mg/100g, seguido de Cafelista (235,53 mg/100g) e Lyra
(216,03 mg/100g). Lucena et al. (2006) ao analisar a BRS 149 Nordestina encontraram teor de
272,27 mg/100g, cujo teor foi superior em aproximadamente 44% ao determinado no presente
trabalho para essa cultivar (média do racemo primário e secundário de 152,88 mg/100g).
Na Tabela 5, observa-se que houve acréscimo no teor de cálcio do primeiro para o
segundo racemo de todos os genótipos. A média geral foi de 176,41 mg/100g para o primeiro
racemo e de 206,85 mg/100g para o segundo. Verifica-se que tanto no primeiro (278
mg/100g) como no segundo (348 mg/100g) racemo o genótipo AL Preta apresentou teor
máximo. O genótipo Lyra teve o mais baixo teor de cálcio (91 mg/100g) para o racemo
primário. No racemo secundário o teor (144 mg/100g) foi semelhante ao de outros genótipos.

4 CONCLUSÃO
Há variação nas características físico-químicas entre sementes de racemos primários e
secundários.
O teor médio de proteína entre os racemos primários e secundários dos genótipos
Savana (23,37%), AL Preta (23,32%), AL Guarany (22,60%), CPACT 040 (22,24%) e IAC
Guarani (21,47%), constitui boa fonte protéica.
Todos os genótipos avaliados apresentam teor médio de lipídios superiores a 50%,
caracterizando-se como potenciais materiais genéticos.
Os teores médios dos minerais Fósforo, Potássio e Cálcio são de 680,00 mg/100g,
160,00 mg/100g e 192,00 mg/100g, respectivamente.
Sugerem-se novos estudos visando a adaptação e produção desses genótipos.

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SOUZA, A. S.; TÁVORA, F. J. A. F. Manejo de plantio e ordem do racemo no teor de


óleo e massa de sementes da mamoneira. In: CONGRESSO MAMONA, 2, 2006, Aracaju,
SE. Anais…Aracaju: Embrapa Algodão, 2006. CD-Rom, 2006.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1480
TEOR E QUALIDADE QUÍMICA DO ÓLEO DE SEMENTES DE
GERGELIM ACONDICIONADOS EM DIFERENTES EMBALAGENS E
PERÍODOS

Regilane Marques Feitosa, FATEC-CARIRI, regilanemarques@gmail.com


Tarcísio Marcos de Souza Gondim, EMBRAPA ALGODÃO, tarcisio@cnpa.embrapa.br
Idila Maria da Silva Araújo, URCA, idila_araujo@yahoo.com.br
Edna Mori, FATEC-CARIRI, edna_mori_lima@hotmail.com
Nair Helena de Castro Arriel, EMBRAPA ALGODÃO,
Fábia Alves de Oliveira, FATEC-CARIRI, fabia_alves84@yahoo.com.br
Francinalva Cordeiro de Sousa, FATEC-CARIRI, francis_nalva@yahoo.com.br

RESUMO: Visando o aumento da extração do óleo de gergelim e sua aplicação nas


indústrias alimentícias e química, fez-se a caracterização química e o estudo dos ácidos
graxos do óleo de gergelim. Foram utilizadas sementes de gergelim da variedade BRS 196
CNPA G4 acondicionadas em sacos de papel tipo Kraft por dez meses e em sacos de aniagem
por três meses, respectivamente, e a variedade IAC Ouro, armazenada em vasilhame pet por
um mês. Após a obtenção do óleo foram realizadas as análises de acidez, iodo, saponificação
e ácidos graxos por cromatografia em fase gasosa. O delineamento estatístico foi o de blocos
ao acaso com três tratamentos e sete repetições. As médias foram comparadas pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade. A variedade IAC OURO apresentou maiores índices de
óleo, acidez e saponificação. A cultivar BRS 196 CNPA G4 pode ser considerada a melhor
para o beneficiamento do óleo em relação as variações dos ácidos graxos essenciais. O
período de armazenamento e ou embalagem proporcionou redução no teor de lipídios, ácido
esteárico e ácido oléico.

Palavras-Chave: Sesamum indicum, lipídio, ácidos graxos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1481
1 INTRODUÇÃO
O gergelim (Sesamum indicum L.), da família Pedaliaceae, é a mais antiga oleaginosa
conhecida. A utilização industrial do grão a nível industrial envolve a fabricação de doces,
balas, extração de óleo e farelo, e na produção caseira de doces (espécies), gersal, cocada,
tijolinhos, fubá e pé-de-moleque (BELTRÃO et al., 2001 apud FIRMINO et al., 2001).
A produção mundial do gergelim está estimada em 3,16 milhões de toneladas, obtidas
em 6,56 milhões de hectares, com uma produtividade de 481,40 kg/ha. O Brasil é um pequeno
produtor, com 15 mil toneladas obtidas em 25 mil hectares e rendimento de 600,0 kg/ha
(FAO, 2005). O cultivo do gergelim apresenta grande potencial econômico devido a sua
ampla possibilidade de aplicação, seja no mercado nacional ou no internacional, tendo
despertado o interesse aos pequenos e grandes produtores por suas excelentes propriedades
nutricionais (MILANI et al., 2005).
Suas sementes contêm cerca de 50% de óleo de excelente qualidade, semelhante ao óleo
de oliva, que tem grande aplicação na indústria química e alimentícia, na confecção de
remédios, cosméticos, perfumes, lubrificantes, sabão, tintas (é semi-secativo), inseticidas e
margarinas (ARRIEL et al., 1999).
O óleo de gergelim apresenta composição muito interessante de ácidos graxos,
destacando-se pelo seu riquíssimo conteúdo de ácidos graxos insaturados, como oléico e
linoléico e, também, por apresentar vários constituintes secundários como o sesamol, a
sesamina e a sesamolina, que são importantíssimos na definição de suas qualidades. O
sesamol possui propriedades antioxidantes que dá ao óleo elevada estabilidade química
evitando a rancificação (BELTRÃO, 1994; FIRMINO, 1996; ARIEL et al.,1999).
O consumo de óleos vegetais para alimentação humana, no Brasil, tem aumentado nos
últimos anos e, uma das razões é a preocupação com os danos causados devido ao consumo
de gordura animal. Desta maneira, a expectativa na administração de gorduras insaturadas tem
elevado a pesquisa quanto à análise de óleos vegetais, visando educar globalmente a
população para mudanças nos hábitos alimentares.
O conhecimento das características químicas do óleo são fatores determinantes e
definitivos para uma boa comercialização. Neste contexto, objetivou-se avaliar as
características químicas do óleo de gergelim armazenado em diferentes embalagens e
períodos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1482
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Bromatologia de Alimentos da
Faculdade de Tecnologia Centec – FATEC, unidade Cariri, em parceria com a Embrapa
Algodão, Campo Experimental de Barbalha, CE.
Foram utilizadas sementes de gergelim da variedade BRS 196 CNPA G4, originadas da
Embrapa Algodão, Campo Experimental de Barbalha, CE, acondicionadas em sacos de papel
tipo Kraft por dez meses e armazenadas em sacos de aniagem por três meses, e a variedade
IAC Ouro, armazenada em vasilhame pet por um mês. Foram utilizadas 300g de cada
variedade para extração do óleo. Após a obtenção e quantificação do óleo, seguindo-se a
metodologia do Instituto Adolfo Lutz (1976), foram realizadas as seguintes análises: índice de
acidez, índice de iodo (Wijs), índice de saponificação e ácidos graxos (cromatografia em fase
gasosa).
O delineamento estatístico foi o de blocos ao acaso com três tratamentos (sementes de
gergelim BRS 196 CNPA G4 acondicionados por três e 10 meses e de IAC Ouro por 1 mês de
armazenamento) e sete repetições. As médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott a
5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se na Tabela 1, que houve diferença significativa pelo teste F, com grau de
confiança superior a 99% de probabilidade, para o teor de lipídeo e índice de acidez. Não
houve efeito significativo para os índices de iodo e saponificação.

Tabela 1 - Resumo da análise de variância para o teor de lipídios, índice de acidez, iodo e
saponificação em sementes de gergelim. Juazeiro do Norte, CE, 2003.
Fonte de Quadrados Médios
GL
Variação Lipídio Acidez Iodo Saponificação
Blocos 6 18,5273 0,0009 63,6103 250,3324

Tratamento 2 206,1158** 0,0235** ns


267,5857ns
144,2553
Resíduo 12 4,7805 0,0001 42,4256 155,7012
CV (%) 4,81 7,83 6,78 7,24
** e ns. correspondem respectivamente a significativo a 5%, 1% e não significativo a 5% de probabilidade, pelo
teste F.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1483
Na Tabela 2, verifica-se que o teor de lipídio foi maior (50,38%) para a variedade IAC
Ouro. A semente da BRS 196 CNPA G4 (10 meses de armazenamento) apresentou menor
teor de lipídio (39,64%). Quando armazenada por três meses o teor de lipídio foi de 46,37%.
A variedade IAC Ouro e BRS 196 CNPA G4 armazenada por três meses estão com teor de
lipídio dentro da faixa referida por LYON, 1972; YERMANOS et al., 1972 apud
ANTONIASSI & SOUZA (2001), cujo valor varia de 41% a 63% de lipídios. A variedade
BRS 196 CNPA G4 armazenada por 10 meses está fora da faixa reportada. Segundo Arriel et
al. (2006) a variedade BRS 196 CNPA G4, apresenta teor de lipídios em torno de 50%.
Provavelmente, o tipo de embalagem, o tempo de armazenamento e as condições ambientais
influenciaram negativamente a qualidade da semente de gergelim utilizadas no trabalho.
Sugere-se, portanto, que estudos sejam realizados visando determinar influências do tipo, do
tempo e condições de armazenamento da semente de gergelim.

Tabela 2 - Médias de teor de lipídios, índices de acidez, iodo e saponificação do óleo da


semente de gergelim. Juazeiro do Norte, CE, 2003.
Médias1/
Tratamento Lipídios Acidez Iodo Saponificação
(%) (Wijs) (mg KOH/g de óleo)
BRS 196 CNPA G41
39,64 c 0,13 b 95,80 a 165,24 a
(10 meses de armazenamento)
BRS 196 CNPA G42
46,37 b 0,05 c 91,62 a 175,18 a
(3 meses de armazenamento)
IAC OURO3
50,38 a 0,16 a 100,69 a 176,58 a
(1 mês de armazenamento)
1
BRS 196 CNPA G4 armazenada em saco de papel tipo Kraft, por 10 meses; 2BRS 196 CNPA G4 armazenada
em saco de aniagem por três meses; 3IAC Ouro armazenada em vasilhame pet, por 1 mês. 1/Médias seguidas da
mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott.

De acordo com a resolução 482 do Ministério da Saúde (1999), no que se refere ao óleo
dos grãos, a acidez geralmente é inferior a 2% (ANTONIASSI et al., 2001). Entretanto, o
índice de acidez de todas as variedades está dentro do padrão (Tabela 2), verificando-se que a
variedade IAC Ouro apresentou maior índice de acidez (0,16%) que a BRS 196 CNPA G4
armazenada por 10 meses (0,05%) e 3 meses (0,13%). Supõe-se que estas sementes tenham
sofrido influências de ambiente durante o período de armazenamento, alterando, assim, a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1484
acidez do óleo. Segundo MORETTO & FETT (1998), paralelamente ao aumento da
temperatura da semente armazenada, ocorre o aumento de acidez do conteúdo de óleo.
Quanto aos índices de iodo e saponificação, observa-se que não houve diferença entre o
período de armazenamento das sementes do gergelim. Pode-se observar que os índices de
iodo (91,62 - 100,64 Wijs) e saponificação (165,24 - 176,58 mg KOH/g de óleo), não diferem
estatisticamente entre si. Estes índices se aproximam aos do padrão referido pelo Ministério
da Saúde (1999) apud ANTONIASSI & SOUZA (2001), que é de 104 a 120 para iodo e de
187 a 195 para saponificação. MORETTO & FETT (1998) ao armazenarem sementes de soja
por um período prolongado verificaram redução do índice de iodo. Este fato, provavelmente
também esteja influenciando a qualidade das sementes de gergelim BRS 196 CNPA G4
Na Tabela 3, observa-se os valores médios dos ácidos graxos dos óleos de gergelim.
Verifica-se que o percentual do ácido graxo palmítico (12,67%g – 14,53%) de todo o material
analisado está com teor acima do referenciado por ANTONIASSI & SOUZA (2001), para o
Ministério da Saúde (1999) e a FAO (1993), que é de 7,0 a 12,0%. Quanto ao percentual do
ácido esteárico, os valores determinados foram de 0,02% a 1,19%, inferior, portanto, ao
determinado por ANTONIASSI & SOUZA (2001) para óleo de gergelim, que foi de 3,5 –
6,0%.

Tabela 3 - Porcentagem de ácidos graxos constituintes do óleo de sementes de gergelim nas


variedades IAC Ouro, BRS 196 CNPA G4, acondicionadas embalagens e períodos diferentes.
Juazeiro do Norte, CE, 2003.
Ácidos Graxos (%)
Tratamento
Palmítico Esteárico Oléico Linoléico
BRS 196 CNPA G41
14,53 0,02 35,33 50,12
(10 meses de armazenamento)
BRS 196 CNPA G42
12,67 1,19 42,87 43,28
(3 meses de armazenamento)
IAC OURO3
14,00 0,30 32,74 52,97
(1 mês de armazenamento)
1
BRS 196 CNPA G4 armazenada em saco de papel tipo Kraft, por 10 meses; 2BRS 196 CNPA G4 armazenada
em saco de aniagem por três meses; 3IAC Ouro armazenada em vasilhame pet, por 1 mês.

As sementes de gergelim BRS 196 CNPA G4 apresentaram teor de ácido oléico mais
elevado (35,33% a 42,87%) do que o encontrado na variedade IAC 80 (32,74%), cujos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1485
valores da primeira variedade se enquadram entre os percentuais (35% a 50%) considerados
padrão, conforme ANTONIASSI & SOUZA (2001). O percentual de ácido oléico (32,74%)
da cultivar IAC Ouro não atingiu o valor mínimo referenciado por esses autores.
Na Tabela 3, quanto ao teor de ácido graxo linoléico (43,28% a 52,97%), os valores
encontrados nas variedades satisfazem aos padrões estabelecidos pela FAO (1993) e
MINISTÉRIO DA SAÚDE (1999) apud ANTONIASSI & SOUZA, 2001 (41,72% a
48,38%); mas encontram-se acima dos retratados por BUDOWSKI & MARKLY (1951) e
YERMANOS et al., (1972) apud BELTRÃO et al., (2001), (37% a 41,2%). Observa-se
também que o percentual de ácido linoléico é o principal constituinte representando quase
49% dos ácidos graxos das sementes de gergelim.

4 CONCLUSÃO
A variedade IAC OURO apresentou os maiores índices de óleo, acidez e saponificação.
Esta também se destacou quanto ao índice de iodo, portanto, proporciona um maior grau de
insaturação.
A cultivar BRS 196 CNPA G4 podem ser consideradas as melhores, para o
beneficiamento do óleo em relação as variações dos ácidos graxos essenciais, pois possuem
bons índice de ácido oléico e linoléico.
O período de armazenamento e/ou embalagem proporcionou redução no teor de lipídios,
ácido esteárico e ácido oléico.
Sugere-se novos estudos para avaliação dos tipos, do tempo e das condições de
armazenamento das sementes de gergelim.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1487
ESTUDO TERMOGRAVIMÉTRICO DO BIODIESEL OBTIDO A PARTIR
DO ÓLEO DE SOJA RESIDUAL DE FRITURA

Rafael Silva Capaz, ICE/UNIFEI, rafacapaz@yahoo.com.br


Álvaro Antônio Alencar de Queiroz, ICE/UNIFEI, alencar@unifei.edu.br
Élcio Rogério Barrak, ICE/UNIFEI, erbarrak@unifei.edu.br

RESUMO: A busca de alternativas energéticas ao petróleo e seus derivados tem estado


sempre em pauta devido à escassez pressentida dos combustíveis fósseis e a poluição
atmosférica ocasionada pelo seu uso. No fim do século XIX, os óleos vegetais já foram
testados em motores a diesel, porém a elevada viscosidade e baixa volatilidade destes óleos
desaconselhavam a injeção direta nos motores. Com o objetivo de adequar este uso, a
transesterificação do óleo apresenta-se como o meio mais utilizado. Nesta reação, o óleo
vegetal reage com um álcool na presença de um catalisador, formando um conjunto de ésteres
que recebe o nome de biodiesel. Embora conte com vários incentivos fiscais, o biodiesel ainda
não é competitivo com o diesel. Alguns autores afirmam que a aquisição de óleos virgens é
responsável por 70 a 95% do preço do biodiesel. Desta forma, o uso de matérias-primas
residuais, como o óleo descartado após frituras, torna-se interessante devido seu baixo preço
de aquisição e a possibilidade de fornecer um fim para o resíduo, muitas vezes lançado em
corpos hídricos. Por outro lado, as impurezas e a elevada acidez características dos óleos
residuais de fritura devem ser consideradas na escolha da rota de produção e o biodiesel
produzido deve adequar-se aos padrões das agências reguladoras. Este trabalho visa comparar
a performance de degradação térmica do biodiesel obtido do óleo de soja refinado (OSR) e do
óleo de soja residual de fritura (OSRF), bem como algumas de suas características físico-
químicas.

Palavras-Chave: Biodiesel, termogravimetria, óleo residual de fritura.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1488
1 INTRODUÇÃO
O aumento alarmante da poluição e a ameaça de escassez das reservas de petróleo têm
incentivado vários países a investirem esforços na procura de novas fontes alternativas de
energia, como hidrogênio e biomassa. Neste sentido, o principal objetivo das pesquisas têm
sido a diminuição ou eliminação da emissão de poluentes produzida pelos veículos movidos a
combustíveis fósseis associado à substituição dos motores de ignição por compressão ou
centelha pelos combustíveis limpos como células de hidrogênio, biodiesel, gás natural e
eletricidade.
A utilização de óleos vegetais como alternativa de combustível começaram a ser
estudados no final do século XIX por Rudolf Diesel. Neste caso, os óleos vegetais eram
utilizados in natura. Entretanto, o uso direto no motor apresentou inconvenientes como o
acúmulo de material oleoso nos bicos de injeção, a queima do óleo é incompleta, forma
depósitos de carvão na câmara de combustão, o rendimento de potência é baixo e, como
resultado da queima, libera a acroleína, produto este de elevada toxicidade. Porém,
alternativas têm sido consideradas para melhorar o desempenho destes óleos em motores do
ciclo diesel, como por exemplo: diluição, micro-emulsão com metanol ou etanol,
craqueamento catalítico e reação de transesterificação com álcoois de cadeia pequena. Dentre
essas alternativas, a reação de transesterificação tem sido a mais usada, visto que o processo é
relativamente simples e o produto obtido (biodiesel) possui propriedades muito similares às
do petrodiesel.
A produção de biocombustível, a partir de óleos vegetais, tem sido alvo de diversos
estudos. Os principais óleos em teste são os derivados de macaúba, pinhão-manso, linhaça,
mamona, soja, babaçu, cotieira. Embora não chegue a ser classificado como um combustível
verde nem uma tecnologia de baixo custo, o biodiesel traz como principal vantagem sobre as
outras fontes alternativas de energia a vantagem de se desenvolver atividades agrícolas em
regiões que hoje são consideradas improdutivas.
O biodiesel pode ser definido como um conjunto de ésteres derivados dos ácidos graxos
constituintes de óleos vegetais ou gordura animal, cuja utilização está associada à substituição
de combustíveis fósseis em motores de ignição por compressão (motores de ciclo Diesel).
Das características já levantadas pelo Ministério da Indústria e Comércio (MIC, 1985),
presentes na Tabela 1 abaixo, percebe-se que o Biodiesel possui considerável índice de
cetano, poder calorífico razoavelmente próximo ao óleo diesel, teor de enxofre e aromáticos
praticamente nulos e resíduos de carbono bem abaixo do óleo Diesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1489
Tabela 1 - Características físico-químicas do Biodiesel (ésteres etílicos) de várias espécies
vegetais e do óleo Diesel convencional Tipo C (MIC,1985)
Características Origem do Biodiesel Óleo Diesel*
Mamona Babaçu Dendê Algodão Piqui
Poder Calorífico (Kcal/kg) 9046,00 9440,00 9530,00 9520,00 9590,00 10824,00
Ponto de Névoa (ºC) -6,00 -6,00 6,00 Nd 8,00 1,00
Índice de Cetano nd 65,00 nd 57,50 60,00 45,80
Densidade a 20ºC (g/cm3) 0,92 0,89 0,86 0,88 0,87 0,85
Viscosidade a 37,8º (cSt) 21,60 3,90 6,40 6,00 5,20 3,04
Inflamabilidade (ºC) 208,00 nd nd 184,00 186,00 55,00
Ponto de Fluidez (ºC) -30,00 nd nd -3,00 5,00 nd
Destilação a 50% (ºC) 301,00 291,00 333,00 340,00 334,00 278,00
Destilação a 90% (ºC) 318,00 333,00 338,00 342,00 346,00 373,00
Corrosividade ao cobre 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Teor de Cinzas (%) 0,01 0,03 0,01 0,01 0,01 0,01
Teor de Enxofre (%) 0,00 nd nd 0,00 0,00 0,24
Cor (ASTM) 1,00 0,00 0,50 1,00 1,00 2,00
Resíduo de Carbono 0,09 0,03 0,02 Nd 0,01 0,35
*Diesel do tipo C: Caracteriza-se, principalmente, por possuir, no máximo, 0,3% de enxofre, cuja temperatura
necessária para destilação de 85% do seu volume é menor que 360ºC contra 370ºC dos demais tipos. nd = Não
Determinado

Alguns pesquisadores como ZHANG et al. (2003) reportam que 70 a 95% do custo total
do biodiesel é proveniente da aquisição dos óleos vegetais virgens. Desta forma, o uso de
óleos residuais de fritura para a produção de biodiesel torna-se atraente em vários aspectos,
tanto na possível diminuição do custo do combustível, como no oferecimento de outro destino
adequado ao resíduo gerado, evitando que este seja descartado em aterros ou em corpos
hídricos. Muitos pesquisadores já reportaram esta possibilidade (CANAKCI, 2006 e LEUNG
& GUO, 2003).
CANAKCI (2006) estudou o potencial dos óleos residuais de fritura de se converterem
em biodiesel, uma vez que seu custo de aquisição é muito inferior ao custo dos óleos virgens e
pela possibilidade de fornecer um destino correto ao resíduo gerado em grandes quantidades

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1490
por estabelecimentos alimentícios, como restaurantes. Ao caracterizar os resíduos
provenientes dos grandes restaurantes da região, foram reportados índices variados de FFA’s
(0,7% a 41,8%) e de umidade (0,01% a 55,38%).
Segundo COSTA NETO et al. (2000) e outros autores as alterações físico-químicas dos
óleos e gorduras usados nos processos de fritura estão intimamente relacionadas com o uso
repetitivo dos mesmos óleos e com os elevados tempos de fritura. Estas alterações implicam
na degradação do óleo e são causadas por reações hidrolíticas e oxidativas, gerando rancidez
destas duas naturezas. Entre as alterações físicas se encontram: escurecimento, aumento da
viscosidade, desenvolvimento de odor agradável. As alterações químicas são caracterizadas
pelo aumento da acidez, com a liberação de ácidos graxos livres, e formação de peróxidos.
A Figura 1 abaixo explicita os tipos de rancidez gerados na degradação dos óleos
vegetais submetidos à fritura.
A síntese do biodiesel se dá por reação de transesterificação onde um óleo vegetal reage
com álcool (metanol ou etanol), na presença de um alcóxido como catalisador, resultando na
formação de glicerina e uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos (FANGRUIMA &
HANNA, 1999). Na transesterificação de óleos vegetais (Figura 2) o triglicerídeo reage com
um álcool (metanol ou etanol) na presença de um catalisador que pode ser ácido, básico,
organometálico ou biológico, produzindo uma mistura de ésteres alquílicos de ácido graxos e
glicerol, sendo a mistura de ésteres denominada biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1491
Figura 1 - Tipos de rancidez gerados na degradação de óleos e gorduras submetidos à fritura
(COSTA NETO et al., 2000)

Figura 2 - Transesterificação de triagliceróis para produção de biodiesel

Entre os catalisadores encontram-se os básicos ou alcalinos, os ácidos os e enzimáticos.


A catálise alcalina é a mais utilizada, pois alcança um elevado rendimento sob temperaturas e
pressões baixas, em menor tempo e com pequenas razões molares álcool:óleo, sem contar os
baixos preços dos catalisadores empregados (KOH e NaOH). LEUNG & GUO (2006)

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1492
publicaram rendimentos de 93,5% de óleo virgem de Canola, com proporção molar
metanol/óleo de 6:1, 1,0% em massa de óleo de NaOH, e sob temperatura de 45ºC. No
entanto, a catálise alcalina é significativamente afetada por elevados índices de acidez e
umidade. A catálise ácida é aconselhada para óleos e gorduras que possuem elevada acidez,
como os óleos de fritura residuais, porém alcançam altos rendimentos sob tempos reacionais
maiores, altas razões molares álcool:óleo e altas temperaturas e pressões. Os resultados com
catalisadores enzimáticos ainda são poucos.
Aplicações do óleo residual de fritura na síntese do biodiesel têm deixado a escala
laboratorial e têm caracterizado plantas piloto em certos lugares do país, como em Diadema,
Indaiatuba e Campinas. Em Manguinhos (RJ), a recém instalada planta de biodiesel usará
óleos residuais em 10% da matéria-prima.
Para que o biodiesel seja usado como substituto do diesel é necessário garantir que a
qualidade e as propriedades deste combustível sejam confiáveis e consistentes com padrões de
qualidade exigidos por normas. Neste sentido, nos últimos 10 anos têm sido feitos vários
estudos para o desenvolvimento de métodos para análise do biodiesel, suas impurezas e
subprodutos. Esses estudos incluem a cromatografia gasosa, a separação da fase sólida, a
cromatografia de filme líquido, a cromatografia de líquido de alta precisão, a refratometria e a
análise térmica. A análise termogravimétrica é um método analítico que está sendo utilizado
na caracterização do biodiesel, seja para se calcular os pontos de ebulição e pressão de vapor
dos ésteres obtidos bem ou mesmo para se estimar grau de conversão na reação de
transesterificação.
A necessidade de caracterizar o biodiesel produzido de óleos residuais, caracterizar sua
performance como combustível e enquadrá-lo nas normas reguladoras torna-se interesse de
estudo, promovendo uma visão mais ampla e segura desta rota de produção.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O óleo de soja refinado (marca ABC), usado para o consumo doméstico, foi adquirido
no supermercado. O óleo de soja residual de fritura foi adquirido numa lanchonete da cidade
de Itajubá-MG, que descarta por mês 1000 litros de óleo residual. Os óleos de soja refinado
(OSR) e residual de fritura (OSRF) foram caracterizados quanto ao seu índice de acidez,
índice de saponificação (IS), peso molecular (PM) por (1), índice de refração (refratômetro
tipo ABBE), densidade (método do picnômetro) e umidade (método Karl Fisher). O álcool

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1493
metílico e o metilato de potássio adquiridos da Merck foram de pureza analítica e usados sem
nenhuma purificação prévia.

3.56100
PM =
I .S . (1)

O biodiesel foi sintetizado pela técnica da transesterificação após reação de uma massa
de 50g do óleo de soja refinado (OSR) ou óleo de soja de fritura (OSRF) com Metanol
(Merck), na proporção molar álcool:óleo de 6:1> Utilizou-se como catalisador o metilato de
potássio (CH3OK) na proporção de 4% em massa de óleo. A reação ocorreu a 60ºC e pressão
atmosférica no tempo de 60 minutos em reator tipo tanque agitado. Ao término da reação, o
produto foi transferido para um funil de separação e deixado em repouso por 24 horas.
Posteriormente foram coletadas em recipientes distintos as duas fases separadas no funil. A
fase inferior era constituída pela glicerina formada na reação, excesso de catalisador e álcool.
A fase superior (biodiesel bruto) era constituída pelos ésteres sintetizados e uma pequena
parcela de catalisador, álcool e triglicerídeos que não reagiram. A ocorrência da reação foi
monitorada através de medidas dos índices de saponificação e refração da mistura reacional e
o tempo foi baseado em dados da literatura.
A fase superior foi lavada com um mesmo volume de água destilada a 90ºC e HCl 0,14
M para neutralização do catalisador. Em seguida foram efetuadas duas lavagens com água
destilada a 90ºC. A fase superior lavada foi seca com Na2SO4 anidro e posteriormente
filtrada a 100 oC e pressão atmosférica gerando finalmente o biodiesel purificado. Tanto o
biodiesel bruto (fase superior) quanto o biodiesel purificado (fase superior lavada e seca)
foram caracterizados quanto às suas propriedades físico-químicas, a saber: de índice de
saponificação, índice de refração e densidade. As caracterizações químicas foram realizadas
segundo as normas da Farmacopéia Norte Americana (USP). O rendimento reacional em
biodiesel purificado foi calculado por (2).

mbiod . purificado
η=
móleo (2)

As análises termogravimétricas dos biodiesel foram realizadas em Termobalança


Mettler TA Instrumentos modelo TGA-4000, com taxa de aquecimento de 10 ºC min-1,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1494
iniciando a corrida em 30 ºC e chegando aos 800 ºC com um fluxo de nitrogênio de 50 mL
min-1, utilizando panela de alumínio de 20 µL com furo de aproximadamente 0,5 mm na
tampa e adição de alumina em pó como diluente inerte. A curva termogravimétrica dos óleos
vegetais foi obtida em condições iguais àquelas utilizadas para os biodiesel, exceto o limite
máximo de temperatura que foi até 500 ºC para que se obtivessem patamares bem definidos
na curva termogravimétrica do óleo. Para os óleos a faixa de temperaturas foi de 25º a 800ºC,
e para os produtos reacionais foi de 25ºC a 500ºC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo COSTA NETO et al. (2000) as diferenças entre o OSRF e o OSV são
resultantes das reações oxidativas e hidrolíticas que os primeiro estavam expostos durante
repetidas processos de fritura a altas temperaturas.
Um dos produtos gerados por estas reações são ácidos graxos livres (free fatty acid –
FFA’s) que aumentam a acidez do óleo – como é percebido da Tabela 2 e influenciam
negativamente no rendimento da catálise alcalina, uma vez que estes podem reagir com o
catalisador produzindo sabão e água. A saponificação não somente consome o catalisador
alcalino, mas o sabão resultante forma emulsões, que vêm dificultar a purificação do
biodiesel. Desta forma, o excesso do catalisador para a catálise alcalina de OSRF é
recomendado, visando o aumento do rendimento.
A discrepância da massa molar, calculada a partir dos índices de saponificação, pode ser
explicada pelo fato do OSRF ser composto por ácidos graxos de menor massa molecular
média que podem ter resultado das sucessivas etapas de aquecimento do óleo vegetal no
processo de fritura. As diferenças do índice de refração também reflete a degradação do
OSRF, que se torna mais escuro e desenvolve um odor desagradável. A umidade presente no
óleo residual é resultante da água colocada no leito da fritadeira durante os processos de
fritura e da reação entre os FFA’s e o catalisador alcalino, porém seu valor foi é considerado
relevante no processo.

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1495
Tabela 2 - Caracterização da matéria-prima
Parâmetro OSR OSRF

Índice de Acidez 0,65 2,70


[mg KOH/g óleo]
Índíce de Saponificação 189,14 296,39
[mg KOH/g óleo]
Peso Molecular Médio [g/mol] 889,82 567,83
Índice de Refração 1,4746 1,4766
Densidade 0,90 0,9276
Umidade [%] 0,0681 0,1579
OSR: óleo de soja refinado, OSRF: óleo de soja residual de fritura.

Percebe-se da Tabela 3.2 acima que o índice de saponificação aumentou após a lavagem
do biodiesel bruto, isso possivelmente é devido à remoção de catalisador, excesso de álcool e
outras impurezas ainda presentes na fase superior gerada após a reação.

Tabela 3 - Caracterização do produto reacional


Parâmetro Biodiesel bruto Biodiesel purificado
OSR OSRF OSR OSRF
Índíce de Saponificação 191,05 161,01 201,02 193,63
[mg KOH/g óleo]
Índice de Refração 1,4526 1,4463 1,4572 1,4577
Densidade 0,8896 0,8859 0,8650 0,8793
η [%] 82,60 74,86
OSR: óleo de soja refinado, OSRF: óleo de soja residual de fritura.

O rendimento reacional em biodiesel purificado para o OSR apresentou-se


razoavelmente menor que o esperado e o encontrado na literatura, isso é justificado pelas
inúmeras lavagens necessárias para remover o alto excesso de catalisador ainda presente na
fase superior. Neste trabalho a massa reacional do catalisador (4% em massa de óleo) foi
adotada visando o maior rendimento reacional do OSRF, encontram-se na literatura valores

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1496
recomendados de até 2% em massa de óleo (Zhang et al. 2003), quando se usa catalisadores
alcalinos e óleos refinados.
Por sua vez, vêem-se nos Figura 3 e 4 seguintes as curvas termogravimétricas dos óleos
in natura e dos biodiesel sintetizados, respectivamente. O Figura 3 apresentara um único
estágio de perda de massa de massa dos óleos, com a degradação tendo início em
aproximadamente 370 oC e se estendendo até 800 oC, sem formação de resíduo.

Figura 3 - Perfil Termogravimétrico da matéria-prima

100 OSR
OSRF

80

60

40

20

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

OSR: óleo de soja refinado, OSRF: óleo de soja residual de fritura.

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1497
Figura 4 - Perfil Termogravimétrico do biodiesel purificado (Bp) e do diesel

100
Bp OSR
Bp OSRF
80 Diesel

60

40

20

0
0 100 200 300 400 500

Bp OSR: biod. purificado de óleo de soja refinado, Bp OSRF: biod. purificado de óleo de soja residual de fritura.

No Figura 4 são apresentadas as curvas TG dos biodiesel obtidos de OSR e OSRF, e do


diesel adquirido em um posto de combustível. Ambos os compostos OSV e OSRF
apresentaram um comportamento termogravimétrico similar. Entretanto, a partir da
temperatura de 250ºC os perfis mantiveram-se diferentes em até 13% (300ºC) chegando a
praticamente se igualarem em 460ºC, isso ocorreu possivelmente devido a reações das
impurezas presentes no óleo. Ainda foi observado que, após a análise térmica do biodiesel
purificado de OSRF, uma pequena massa de resíduo carbonáceo permaneceu no cadinho. este
resíduo apresentou-se semelhante ao alcatrão, muito viscoso e de difícil oxidação, mesmo em
alta temperatura, A formação deste material dentro do motor poderá ser fonte de problemas.
No entanto, como foi observado no Gráfico 4 uma perda de massa entre 6 a 2% em
temperaturas de 370 oC, característico dos óleos OSR e OSRF in natura, conclui-se que o
biodiesel obtido a partir do OSRF apresenta considerável pureza, o que pode ser confirmado
posteriormente por análise cromatográfica.

4 CONCLUSÃO

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1498
Os resultados obtidos neste trabalho indicam que é possível se obter biodiesel metílico
de óleo de soja de resíduo de fritura com características de qualidade similar ao do biodiesel
de óleo de soja refinado. Os rendimentos obtidos na reação de transesterificação para
obtenção do biodiesel de resíduo de óleo de fritura são razoáveis quando se leva em
consideração a razão custo/benéfico desta matéria-prima. A análise termogravimétrica
confirmou que foram obtidos biodiesel de óleo residual de fritura em porcentual de conversão
considerável, no entanto deve-se atentar para possíveis formações de resíduos carbonáceos
verificadas em pequena quantidade e em temperaturas elevadas (500ºC).

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq pelo suporte financeiro parcial que permitiu a
realização deste trabalho.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MIC, Ministério da Indústria e do Comércio; Produção de Combustíveis Líquidos a Partir de
Óleos Vegetais. Brasília: Secretaria de Tecnologia Industrial; Coordenadoria de
Informações Tecnológicas, 1985.

LEUNG, D. Y. C.; GUO, Y.; Transesterification of neat and used frying oil: Optimization for
biodiesel production. Fuel Processing Technology, Washington, v.54, n.5 , p. 883-890, Out.
2006.

COSTA NETO, P. R.; ROSSI, L. F. S.; ZAGONEL, G. F.; RAMOS, L. P. Produção de


Biocombustível Alternativo ao óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja usado
em frituras. Química Nova, São Paulo, v.23, n.4, p. 531-537, Jul/Ago. 2000.

CANAKCI, M. The potential of restaurant waste lipids as biodiesel feedstocks. Biosource


Technology, v.98, n.1, p. 183-190, Jan. 2006.

ZHANG, Y.; DUBÉ, M. A.; McLEAN, D. D.; KATES, M.; Biodiesel production from waste
cooking: 1. Process design and technological assessment. Bioresource Tachnology, v.89, p.
1-16, Jan. 2003.

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1499
EFEITO DA REMOÇÃO DO TEGUMENTO E DA TEMPERATURA NA
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)

Jose Maria Gomes Neves, NCA/UFMG, josemariauf@yahoo.com.br


Humberto Pereira da Silva, NCA/UFMG, humbertofu@yahoo.com.br
Delacyr da Silva Brandão Junior, NCA/UFMG, delacyr@hotmail.com
Ernane Ronie Martins, NCA/UFMG, ernane-martins@nca.ufmg.br

RESUMO: Objetivou-se, no presente trabalho, determinar a influência da retirada do


tegumento e da temperatura na germinação das sementes de pinhão-manso. Para tanto, O teste
de geminação foi realizado com quatro subamostras de 25 sementes para cada tratamento.
Parte das sementes não tiveram seus tegumentos retirados (sementes com tegumentos) e na
outra parte das sementes os tegumentos foram removidos (sementes sem tegumento), antes de
serem semeadas em papel toalha no sistema rolo, umedecidos com volumes de água (mL) e
equivalentes a 2,5 vezes o peso do papel (g). Os tratamentos foram instalados em câmaras de
germinação do tipo BOD sob regime de luz branca contínua nas temperaturas de 20ºC; 25ºC;
20/30ºC e 30ºC. As avaliações foram feitas diariamente (protrusão de radícula) e aos 10 e 15
dias do início do teste, computando-se as plântulas normais. Foram consideradas germinadas
as plântulas normais que apresentarem estruturas essenciais completas, bem desenvolvidas,
proporcionais e sadias. O índice de velocidade de germinação foi determinado anotando-se
diariamente o número de sementes com radículas protrundidas durante o teste de germinação
e calculado pela fórmula proposta por Maguirre (1962). De acordo com os resultados obtidos
no presente trabalho, pode-se concluir que as sementes com tegumento apresentaram maior
percentagem de germinação, sendo que a retirada do tegumento afeta negativamente a
germinação e vigor das sementes. As temperaturas de 25ºC e 30ºC constantes são favoráveis a
germinação e vigor das sementes, enquanto as temperaturas de 20ºC constante e 20 - 30ºC
alternadas comprometem o desempenho na germinação e vigor das sementes de pinhão-
manso.

Palavras-Chave: Qualidade fisiológica, vigor, sementes.

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1500
1 INTRODUÇÃO
Com os avanços tecnológicos e os incentivos do governo federal na busca de matéria
prima para a produção de biodiesel, abre-se amplas perspectivas para o cultivo do pinhão-
manso (Jatropha curcas L.), principalmente nas regiões do semi-árido Nordestino e do Norte
de Minas Gerais. Sendo assim, se faz importante à realização de pesquisas, na busca de
maiores informações sobre aspectos agronômicos, principalmente informações básicas
referentes a sua propagação.
O pinhão-manso, é um arbusto pertencente à família das Euforbiáceas com uma faixa de
distribuição de cultivo muito grande indo desde regiões tropicais muito secas às úmidas
(Purdue University, 1998 e Peixoto, 1973). De acordo com Peixoto (1973), a propagação do
pinhão-manso pode ser feita tanto por via assexuada ou sexuada, sendo esta mais
recomendada por formar plantas de maior porte, longevidade e rusticidade.
Até agora no Brasil, para a multiplicação do pinhão-manso, via sementes, tem-se
recorrido à coleta delas em plantas cultivadas ou como cercas-vivas, em quintais próximos às
habitações. Alguns produtores fizeram um cadastro das plantas utilizadas como matrizes e
vêm acompanhando o desenvolvimento e a produção delas, plantando-se também as suas
sementes em talhões separados. Esse cuidado resultou em algumas populações de plantas
muito interessantes para a seleção de novas matrizes de pinhão-manso.
Ainda não foram estabelecidos os padrões internos para a produção e comercialização
de sementes de pinhão-manso no Brasil. Em outros países, como Índia, as sementes de
pinhão-manso vêm sendo amplamente oferecidas na internet, tendo-se como parâmetros itens:
sementes de Jatropha curcas (secas e frescas), origem (cidade, estado, país), pureza: 100%,
teor de óleo: 32,55%, germinação: 60-80%, embalagem em sacos de 50kg.
Segundo Carneiro et al.,(1983), o uso de temperatura favorável contribui para o bom
desempenho de lotes de sementes durante o teste padrão de germinação. Para análise de
sementes de pinhão-manso não foram estabelecidos padrões para o teste de germinação
dessas, havendo poucos estudos quanto às condições ótimas de temperatura e substrato para a
sua germinação.
A germinação é um fenômeno biológico que pode ser considerado pelos botânicos
como a retomada do crescimento do embrião, com o subseqüente rompimento do tegumento
pela radícula. Já para os tecnologistas de sementes, a germinação é definida como a
emergência e o desenvolvimento das estruturas essenciais do embrião, manifestando a sua
capacidade para dar origem a uma planta normal, sob condições ambientais favoráveis (IPEF,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1501
1998). De acordo com Bewley & Black (1994), citado por Andrade et al., (2006), a
temperatura influencia na porcentagem final e a velocidade da germinação, afetando tanto a
absorção de água pela semente quanto as reações bioquímicas que regulam o metabolismo
envolvido nesse processo. As sementes são capazes de germinar sob ampla faixa de
temperaturas, definida para cada espécie com uma temperatura máxima e uma mínima, acima
e abaixo das quais a germinação não ocorre.
Para a maioria das espécies, a temperatura mais favorável para germinação flutua entre
26,5°C e 35°C (Albrecht et al. 1986). Trabalhando com sementes de mamona, Carneiro et al
(1983), concluiram que a temperatura de 30°C constante proporcionou uma melhor
germinação das sementes, mas, no Rolo de Papel e Pano esta não diferiu quando as
temperaturas foram 30°C, constante e 20-35°C alternadas.
Segundo Joker & Jepsen (2003), a germinação das sementes de pinhão-manso é epígea.
A germinação é rápida podendo ser concluída em até dez dias. Jepsen et al. (2007) semeando
as sementes em areia do deserto de Kalahari, obtiveram condições ótimas de germinação do
pinhão-manso sob temperaturas de 20º C, combinadas com irrigação três vezes por semana.
Nunes e Nunes (2005) avaliaram a germinação e vigor de sementes de pinhão manso,
coletadas na região do Vale do Jequitinhonha e concluíram que as sementes apresentaram
melhor desempenho com a retirada do tegumento. Os maiores valores de germinação (75%) e
vigor (70%) foram obtidos nos testes realizados no germinador regulado a 25ºC com luz
natural, em rolos de papel germitest umidecido. Porém as sementes, segundo os autores,
também germinaram com fotoperíodo de 24 horas e no escuro, indicando serem sementes
indiferentes ao fotoperíodo.
Devido aos fatos expostos e à falta destes dados para a espécie em questão, objetivou-
se, no presente trabalho, determinar a influência da retirada do tegumento e da temperatura na
germinação das sementes de pinhão-manso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do
Núcleo de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (LAS – NCA/UFMG),
em abril de 2006.
As sementes de pinhão-manso (Jatropha curcas L.), provenientes de plantas nativas do
município de Jequitaí-MG, foram coletadas de frutos maduros e submetidas à determinação
do grau de umidade pelo método estufa (105 ± 3ºC por 24 horas), utilizando oito e duas
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1502
repetições, conforme prescrições das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). Os
resultados foram expressos em gramas.
O teste de geminação foi realizado com quatro subamostras de 25 sementes para cada
tratamento. Parte das sementes não tiveram seus tegumentos retirados (sementes com
tegumentos) e a outra das sementes os tegumentos foram removidos (sementes sem
tegumento) antes de serem semeadas em papel toalha no sistema rolo, umedecidos com
volumes de água (mL), equivalentes 2,5 vezes o peso do papel (g). Os tratamentos foram
instalados em câmaras de germinação do tipo BOD sob regime de luz branca contínua nas
temperaturas de 20ºC; 25ºC; 20/30ºC e 30ºC. As avaliações foram feitas diariamente
(protrusão de radícula) e aos 10 e 15 dias do início do teste, computando-se as plântulas
normais. Foram consideradas germinadas as plântulas normais que apresentarem estruturas
essenciais completas, bem desenvolvidas, proporcionais e sadias. O índice de velocidade de
germinação foi determinado anotando-se diariamente o número de sementes com radículas
protrundidas durante o teste de germinação e calculado pela fórmula proposta por Maguirre
(1962):
IVG = G1/ N1 + G2/ N2 +... + Gn /Nn;
Onde:
IVG = índice de velocidade de germinação;
G1, G2, Gn = número de sementes germinadas computadas na primeira contagem, na segunda
contagem e na última contagem.
N1, N2, Nn = número de dias de semeadura à primeira, segunda e última contagem.

Para fins de comparação, duas amostras (com e sem endocarpo), com quatro repetições
de 15 sementes/amostras foram semeadas manualmente, em canteiros, contendo uma mistura
de areia + terra na proporção de 2:1, em linhas de um metro de comprimento, à profundidade
de 3 cm, em condição de casa de vegetação. No decorrer do teste foram realizadas regas
quando necessárias, para manutenção da umidade suficiente até o final do mesmo. A
velocidade de emergência foi determinada anotando-se o número de plântulas emergidas a
cada dia a partir da data de início da emergência até a completa estabilização do estande. O
índice de velocidade de emergência (IVE), foi estabelecido segundo critérios de Maguirre
(1962). A emergência final foi determinada com contagem única das plântulas emergidas, aos
30 dias após semeadura. Foram consideradas emergidas, plântulas que apresentavam os

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1503
cotilédones acima do substrato. Os resultados foram expressos em porcentagem, conforme
recomendações de Popinigis (1985).
O delineamento estatístico foi o inteiramente casualizado com quatro repetições. Os
dados referentes a porcentagem de germinação expressos pela primeira e segunda contagem
foram transformados em arcsen (x /100), e aqueles em que não houveram germinação foram
transformados em 1/4x para que depois serem transformados em arcsen (x /100), para fins de
cálculos. Nas tabelas foram apresentados os dados originais às médias em cada tratamento,
comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, quando houve significância
no teste F.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das amostras para determinação da umidade das sementes com e sem
tegumento demonstraram teores de 8,9% e 8,7%, respectivamente.
Na Tabela 1 está representado o quadro da análise de variância da qualidade fisiológica
das sementes, avaliada pelo índice de velocidade de germinação e da porcentagem de
germinação determinado pela primeira (10 dias) e segunda contagem (15 dias). Não foram
verificadas interações significativas entre a retirada do tegumento e temperatura, indicando
assim a não existência de combinações entre esses dois fatores para a primeira e segunda
contagem bem como para o índice de velocidade de germinação. A porcentagem de
germinação tanto para a primeira quanto para a segunda contagem e o índice de velocidade de
germinação foram influenciadas apenas pelo tegumento, que por ter apenas duas
características (com e sem tegumento), o teste F é conclusivo.

Tabela 1 - Analise de variância da Primeira contagem (PC)1, Segunda contagem (SC)1, Índice
de velocidade de germinação (IVG), Matéria seca das raízes (MSR), Matéria seca da parte
aérea (MSA), Comprimento de raiz (CR), Comprimento da parte aérea (CA).
Fontes de variação Gl Quadrado médio
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1504
Pc Sc Ivg
Tegumento 1 0,0191* 1,54* 15,17*
Temperatura 3 1,3488 0,0157 1,57*
Teg. X temp. 3 0,0230 0,0270 0,36
Resíduo 24 0,0130 0,0127 0,2856
Cv(%) 26,65 25,52 46,74
1 Dados transformados, em arc sen?x/100. * Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.

A relação existente entre a retirada do tegumento sobre a germinação, indica que a


remoção do tegumento compromete a germinação das sementes de pinhão-manso. De acordo
com a tabela 2, independente da temperatura de germinação as sementes com tegumento
apresentaram maior porcentagem de germinação para a primeira e segunda contagem (35,33 e
38,2), em relação as sem tegumento (5,76 e 5,6), esses resultados corroboram com os de
Alves et al., (2005), que detectaram baixas porcentagens de germinação em sementes sem
tegumento de Moringa oleifera L. No entanto, Nunes et al., (2005), encontraram resultados
contrários quanto aos efeitos da remoção do tegumento sobre a germinação de sementes de
pinhão-manso.

Tabela 2 - Resultados médios de Primeira contagem (PC)1, Segunda contagem (SC)1 e Índice
de velocidade de germinação (IVG) de sementes de pinhão-manso, com e sem remoção de
tegumento, germinadas sob diferentes temperaturas.
Fatores Pc Sc Ivg
Temperatura
20°c 17,3 a 19,7 a 0,67 b
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1505
25°c 25,96 a 27,4 a 1,21 ab
30°c 31,15 a 21,15 a 1,72 ab
20-30°c 17,78 a 19,68 a 0,96 b
Tegumento
Com 35,33 a 38,2 a 1,82 a
Sem 5,76 a 5,76 a 0,45 b
Cv(%) 26,65 25,52 46,74
1 Dados originais, porém para efeito da análise estatística, aqueles expressos em porcentagem foram
transformados em arc sen2/100. Em cada coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente
entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Em se tratando de temperaturas de germinação, verificou-se, pela primeira contagem,


índice de velocidade de germinação (Tabela 2), que as temperaturas constantes de 25°C e
30°C resultaram nas melhores médias, dentre essas a temperatura de 30°C constantes foi a
que melhor se sobressaiu, em contrapartida as temperaturas de 20°C constantes e a alternada
de 20/30°C apresentaram os piores desempenhos para a germinação e índice de velocidade de
germinação. O resultados se assemelham com os de Carneiro & Pires (1983), que trabalhando
com a germinação da mamona, apontaram a temperatura de 30°C constantes como a que se
obteve maior desempenho germinativo.
O baixo desempenho das sementes provavelmente pode ter ocorrido pelo fato de que as
sementes recém colhidas apresentam dormência e necessitam de um período de repouso antes
de germinar (Joker & Jepsen, 2003).

4 CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, pode-se concluir que:
As sementes com tegumento apresentaram maior porcentagem de germinação, a retirada
do tegumento afeta negativamente a germinação e vigor das sementes, as temperaturas de
25ºC e 30ºC constantes são favoráveis a germinação e vigor das sementes, as temperaturas de
20ºC constante e 20-30ºC alternadas comprometem o desempenho na germinação e vigor das
sementes.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1506
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBRECHT, J.M.F.; ALBUQUERQUE, M.C.F.E. & SILVA, M.V.F. Influência da
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http://www.hort.purdue.edu/newcrop/duke-energy/Jartropha-curcas.html. > Acesso em : 07
Mar. 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1508
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO
(Jatropha curcas L.) COLHIDAS EM QUATRO SAFRAS DISTINTAS

Eliana da Silva Queiroz, UNIMONTES, elianasqueiroz@yahoo.com.br


Mirella Batista Fernandes, UNIMONTES, mirellabfernandez@yahoo.com.br
Maria Aparecida Vilela de Resende Faria, UNIMONTES, tida@nortecnet.com.br
Danielle de Lourdes Batista Morais, UNIMONTES, moraisdlb@yahoo.com.br

RESUMO: Com o advento do biodiesel, a cultura do pinhão manso (Jatropha curcas L.)
expandiu em algumas regiões do país, por ser uma das espécies promissoras para produção de
óleo diesel vegetal. No entanto, ainda requer o desenvolvimento de tecnologia adequada de
cultivo, sendo escasssas as informações na literatura científica sobre produção, processamento
e qualidade de sementes. Avaliou-se a qualidade fisiológica de sementes de pinhão manso
colhidas em quatro safras e armazenadas sob as mesmas condições em Janaúba, Minas Gerais.
Os materiais avaliados foram: David safra 2004, Bento safra 2005, Oracília safra 2006 e
Oracília safra 2007, fornecidos pela empresa NNE Minas Agroflorestal. A qualidade
fisiológica foi avaliada por meio dos testes de germinação, índice de velocidade de
germinação (IVG) e teste de tetrazólio. Os lotes avaliados, à exceção de Oracília safra 2006
(80,5 % de germinação), apresentaram baixa qualidade, evidenciando a necessidade de
cuidados na qualidade inicial de sementes a serem armazenadas e durante a conservação das
mesmas. O lote Oracília 2007 apresentou qualidade inferior ao Oracília 2006, devido ao
intenso ataque de percevejos.

Palavras-Chave: Conservação de sementes, Jatropha curcas L., qualidade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1509
1 INTRODUÇÃO
Com o advento do biodiesel, a cultura do pinhão manso (Jatropha curcas L.) expandiu
em algumas regiões do país, por ser uma das espécies promissoras para produção de óleo
diesel vegetal. No entanto, por ser uma espécie não tradicional em plantios com finalidade
produtiva, o pinhão-manso requer o desenvolvimento de tecnologia adequada de cultivo
(Beltrão et al., 2007). A tecnologia adequada de cultivo inicia no conhecimento da qualidade
da semente, porém com relação ao pinhão-manso, são pouquíssimas as informações na
literatura científica sobre produção, processamento e qualidade de sementes.
Segundo Joker e Jepsen (2003), as sementes de pinhão manso são ortodoxas e podem
ser secas a baixos teores de água (5-7%) e, quando armazenadas em condições de baixa
temperatura, mantêm alta viabilidade por pelo menos um ano. No entanto, por possuírem alto
conteúdo de óleo, não se espera que possam ser conservadas por longos períodos como a
maioria das espécies ortodoxas. A obtenção de sementes de alta qualidade representa a meta
prioritária dentro do processo de produção, pois, de um modo geral, a baixa germinação, ou
mesmo da redução da velocidade de emergência, freqüentemente é atribuída ao baixo vigor,
associado ao processo de deterioração (Rosseto et al., 1997).
Durante todo o processo de produção e processamento de sementes, providências devem
ser tomadas para a obtenção e preservação da qualidade fisiológica, principalmente os
relacionados a tratamentos de armazenamento de sementes. No armazenamento, a velocidade
do processo deteriorativo pode ser controlada em função da longevidade, da qualidade inicial
das sementes e das condições do ambiente. Como a longevidade é uma característica genética
inerente à espécie, somente a qualidade inicial das sementes e as condições do ambiente de
armazenamento podem ser manipuladas (Carvalho e Nakagawa, 2000).
Assim sendo, o armazenamento de sementes assume papel importante na preservação da
qualidade, que quando bem conduzido minimiza tanto o processo deteriorativo, quanto o
descarte de lotes. Segundo Carvalho e Von Pinho (1997), um armazenamento adequado,
associado à escolha correta do tipo de embalagem, evita perdas qualitativas e quantitativas,
além de permitir maior flexibilização na comercialização do produto.
Além de apresentar condições climáticas que favorecem a cultura do pinhão-manso, a
Região Norte de Minas é zoneada para produção de sementes de alta qualidade, em função do
clima seco e disponibilidade de irrigação, sendo necessário o estudo de condições que
favorecem a conservação destas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1510
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade fisiológica de sementes de
pinhão manso colhidas em quatro safras e armazenadas sob as mesmas condições em
Janaúba, Minas Gerais.

2 MATERIAL E METODOS
O experimento foi conduzido no laboratório de Tecnologia de Sementes da
Universidade Estadual de Montes Claros, no campus de Janaúba, MG, nos meses de abril e
maio de 2007. As sementes de pinhão manso utilizadas foram fornecidas pela empresa NNE
Minas Agroflorestal com sede em Janaúba, que vem desenvolvendo coletas e plantios de
germoplasma dessa espécie na região. Foram fornecidas sementes colhidas a partir de 2004 e
armazenadas na empresa, em sacos trançados de polietileno em galpão. Os materiais
avaliados foram: David safra 2004, Bento safra 2005, Oracília safra 2006 e Oracília safra
2007.
Amostras de sementes foram separadas para a realização dos testes de conteúdo de água
e de germinação. O conteúdo de água das sementes foi avaliado pelo método da estufa a
1050C ± 30C por 24 horas, utilizando-se quatro subamostras de 25 sementes e os resultados
apresentados em porcentagem, obtidos pelo cálculo baseado no peso úmido (BRASIL, 1992).
A qualidade fisiológica foi avaliada por meio dos testes de germinação (%G) e índice de
velocidade de germinação (IVG). Para os testes de germinação foram utilizadas quatro sub
amostras de 50 sementes. O substrato utilizado foi o de papel germitest umedecido com água
destilada no volume equivalente a três vezes o peso do substrato. As sementes foram mantidas
em sacos plásticos em câmara de germinação tipo BOD regulada para temperaturas alternadas
de 25-300C , segundo BRASIL, (1992).
As avaliações foram realizadas diariamente a partir do sexto dia de montagem dos
testes, sendo os resultados expressos em percentagem média de plântulas normais, de acordo
com os critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes (BRASIL,1992). O
índice de velocidade de germinação foi calculado seguindo expressão proposta por Maguirre
(1962):

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1511
IVG = G1/N1 + G2/N2 + ...+ Gn/Nn
Onde:
IVG: índice de velocidade de germinação
G1, G2, ... Gn: número de plântulas germinadas, computadas na primeira, segunda até a
última contagem.
N1, N2, ....Nn: número de dias de semeadura à primeira, segunda até a última contagem.

Após a constatação da baixa porcentagem de germinação do lote de sementes Oracília


2007 , este foi submetido ao teste de tetrazólio, após de 16 horas de embebição e 3 horas de
coloração em solução a 0, 1% de cloreto de trifenil tetrazólio.
Os dados foram analisados e as médias submetidas ao teste de Tukey a 5% de
probabilidade pelo Sistema de análise estatística SISVAR de Ferreira, (2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores de água das sementes das quatro safras e materiais variaram de 6,62% a
7,76% (Tabela 1). Foi constatada diferença significativa entre as médias de porcentagem de
germinação e IVG para as quatro safras. A porcentagem de germinação foi baixa para todos
os materiais avaliados, sendo que Oracília safra 2006 apresentou maior porcentagem de
germinação (80,5 %) e maior índice de velocidade de germinação (Tabela 1). Sementes do
mesmo material colhidas em 2007, apresentaram qualidade inferior (53,5%), sendo detectado
grande intensidade de sementes danificadas por percevejos (Pachycoris torridus), visualizado
por meio de teste de tetrazólio (Figura1), O ataque desses insetos facilitam a entrada de
fungos patogênicos.

Tabela 1 - Resultados médios de porcentagem de germinação, índice de velocidade de


germinação (IVG) e teor de água para sementes pinhão-manso.
Lotes % Germinação IVG Teor de água(%)
Oracília safra 2006 80,5 A 6,17 A 6,83 A
Oracília safra 2007 53,5 B 3,80 B 7,76 A
Bento safra 2005 27,0 C 1,97 C 7,65 A
David safra 2004 1,50 D 0,13 D 7,12 A
Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1512
Figura 1- Sementes de Oracília 2007 danificadas por percevejo, submetidas ao teste de
tetrazólio, Unimontes, Janaúba, 2007.

O lote de sementes David safra 2004 apresentou menor índice de velocidade de


germinação e menor percentagem germinação das sementes, o que pode ser justificado pela
perda da qualidade fisiológica das sementes durante o armazenamento. As condições de
armazenamento, como umidade, temperatura e umidade são fatores determinantes na
intensidade de infestação e/ou contaminação por microorganismos (NÓBREGA, 2004). Para
esse material e para Bento safra 2005, foi observada uma grande incidência de fungos do
gênero Fusarium e Monilinia o que pode ser explicado pelo tempo e condições de
armazenamento das sementes (Figura 2).

Figura 2 - Teste de germinação mostrando grande incidência de plântulas anormais e com


fungo. Unimontes, Janaúba, 2007.

Os lotes avaliados, à exceção de Oracília safra 2006, apresentaram baixa qualidade,


evidenciando a necessidade de cuidados na qualidade inicial de sementes a serem
armazenadas e durante a conservação de sementes de pinhão manso, confirmando o relatado

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1513
por JOKER e JEPSEN (2003), segundo os quais, as sementes de pinhão manso armazenadas à
temperatura ambiente podem permanecer viáveis por cerca de um ano.

4 CONCLUSÃO
As sementes de pinhão manso da safra 2004, 2005 e 2007 apresentam qualidade
fisiológica inferior às da safra 2006.
O lote Oracília 2007 apresentou qualidade inferior ao Oracília 2006, devido ao intenso
ataque de percevejos.

5 AGRADECIMENTOS
À empresa NNE Minas Agroflorestal, pela concessão das sementes para o presente
estudo.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. de M, SEVERINO, L.S.;SUINAGA, F.A; VELOSO, J.F. JUNQUEIRA,
N.T.; FIDELIS, M.; GONÇALVES, N.P.; SATURNINO, H.M.;ROSCOE, R. Pinhão
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(Arachis hypogea L.) armazenadas em algumas áreas do estado da Paraíba. Revista de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1514
Biologia e Ciências da Terra. Volume4, Numero 2 , 20 Semestre 2004.

ROSSETTO, C.A.V; NOVEMBRE, A.D. da L.C; MARCOS FILHO, J.; SILVA W. R. da &
NAKAGAMA, J.; Efeito da disponibilidade hídrica do substrato, da qualidade fisiológica e
teor de água inicial das sementes de soja no processo de germinação. Scientia Agrícola,
Jan./Ago. 1997 Piracicaba, v.54, n. 1-2, p.97-1005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1515
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SEMENTES DE GERGELIM
BRS 196 CNPA G4 (SELEÇÃO BRANCO) PLANTADAS EM DIFERENTES
ESPAÇAMENTOS

Francinalva Cordeiro de Sousa, FATEC - CARIRI, francis_nalva@yahoo.com.br


Tarcísio Marcos de Souza Gondim, EMBRAPA ALGODÃO, tarcisio@cnpa.embrapa.br
Idila Maria da Silva Araújo, URCA, idila_araujo@yahoo.com.br
Nair Helena de Castro Arriel, EMBRAPA ALGODÃO, nair@cnpa.embrapa.br
Fábia Alves de Oliveira, FATEC - CARIRI, fabia_alves84@yahoo.com.br
Jonas do Santos Sousa, FATEC - CARIRI, jonas.ufcg@gmail.com
Emanuel Neto Alves de Oliveira, FATEC - CARIRI, emanuelnetoliveira@ig.com
Regilane Marques Feitosa, UFPB, regilanemarques@gmail.com

RESUMO: Objetivou-se avaliar o efeito dos espaçamentos nas características físico-


químicas de genótipo de gergelim BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco) e para tanto foram
utilizadas sementes de plantas gergelim cultivadas nos espaçamentos entre linhas de 0,6 m x
0,2 m; 0,8 x 0,2 m e 1,0 m x 0,2 m. Estas foram maceradas com pistilo e submetidas às
análises físico-químicas quanto aos teores de umidade, cinzas, proteínas, lipídeos, fibras,
carboidratos, fósforo, ferro, sódio, potássio e cálcio. O delineamento estatístico utilizado foi o
de blocos casualisados com três tratamentos (espaçamentos) e sete repetições, totalizando
vinte e uma (21) unidades experimentais. As médias foram comparadas pelo teste de Scott-
Knott, adotando-se como critério de significância valores de p £ 0,05. O teor de proteína,
lipídios, fósforo e cálcio das sementes de gergelim foram influenciados pelo espaçamento. O
genótipo de gergelim BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco) apresentou teor médio de
proteína superior a 27%, constituindo-se como uma fonte alternativa de proteína. As
características físico-químicas médias observadas foram: umidade (4,99%), cinzas (5,81%),
proteína (27,62%), lipídio (35,67%), fibras (12,39%), carboidrato (25,84%), fósforo (643,90
mg/100g), ferro (4,65 mg/100g), sódio (4,49 mg/100g), potássio (489,40 mg/100g) e cálcio
(350,39 mg/100g). Sugere-se a realização de novos ensaios, visando a confirmação das
características físico-químicas do referido genótipo, cultivado em condições de sequeiro.

Palavras-Chave: Sesamum indicum, proteína, carboidrato, composição centesimal.

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1516
1 INTRODUÇÃO
A cultura do gergelim (Sesamum indicum L.) é uma das mais importantes culturas na
atualidade, de grande valor econômico, pelas inúmeras utilidades que sua semente oferece,
tanto na produção de alimentos quanto na produção de óleo (SILVA et al., 2001). É um
alimento de alto valor nutricional, rico em óleo e proteínas, cerca de 51,90% e 19,80%
respectivamente, usado tanto para fins alimentares como para diversas aplicações na indústria
farmacêutica, cosmética e óleo-química (ANTONIASSI & SOUZA, 2001; EMBRAPA,
2007).
Atualmente, o gergelim é cultivado em 71 países, especialmente na Ásia e África. A
produção mundial está estimada em 3,16 milhões de toneladas, obtidas em 6,56 milhões de
hectares, com uma produtividade de 481,40 kg/ha. Cerca de 49% do total produzido de
gergelim é proveniente da Índia e Myanmar. O Brasil é um pequeno produtor, com 15 mil
toneladas obtidas em 25 mil hectares e rendimento de 600,0 kg/ha. Além do cultivo
tradicional nos Estados nordestinos, o gergelim é cultivado em São Paulo, Goiás, Mato
Grosso e Minas Gerais (ARRIEL et al., 2006a). Atualmente, esta oleaginosa vem abrindo
possibilidades de se conquistar uma parcela do mercado externo, devido à sua alta cotação no
comércio internacional, garantindo ao Nordeste e outras Regiões mais esta fonte de divisas
(EMBRAPA, 2007).
A população de plantas é definida pelo espaçamento entre linhas e a distância entre as
plantas dentro da linha, normalmente chamada de densidade (MORAES et al., 2006). De
acordo com Beltrão et al. (2001a), as populações, funções dos espaçamentos e das densidades
de plantio exercem influência na produtividade e nos componentes da produção do gergelim,
dependendo do ambiente e da cultivar em uso, porém não tão significativas quanto em outras
culturas, denotando a plasticidade dessa pedaliácea. Beltrão et al. (2001a) recomenda
espaçamento de 1 m entre as fileiras e 5 a 7 plantas/m de fileira para as variedades Seridó 1,
CNPA G2, CNPA G3, Inamar e outras, cultivadas na Região Nordeste, que possuem hábitos
de crescimento ramificado e de ciclo médio a longo. Para as cultivares precoces e não
ramificadas, recomenda-se espaçamentos de 0,6 a 0,7 m entre as fileiras, com 7 a 10
plantas/m de fileira.
O programa de melhoramento do gergelim visa a obtenção de cultivares com maior
capacidade produtiva, precocidade, alto teor de óleo e porte da planta adequado à colheita
manual ou mecanizada, além de detecção de fontes de resistência às principais doenças e

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1517
pragas e identificação de genótipos com características de retenção de sementes (ARRIEL et
al., 1999).
A maioria dos agricultores nordestinos, não procuram usar as cultivares melhoradas,
disponíveis nas Instituições de Pesquisa, havendo uma predominância no cultivo dos tipos
locais, normalmente com características variáveis e pouco produtivos, fazendo com que o
produtor fique à margem dos avanços genéticos conseguidos com o melhoramento da cultura
(ARRIEL et al., 1999).
O objetivo deste trabalho é avaliar o efeito dos espaçamentos nas características físico-
químicas de genótipo de gergelim BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco).

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de Bromatologia e Química de Alimentos da
Faculdade de Tecnologia Centec – Fatec, Unidade do Cariri em parceria com a Embrapa
Algodão, Campo Experimental de Barbalha, CE.
Foram utilizadas sementes de gergelim do genótipo BRS 196 CNPA G4 (Seleção
Branco), oriunda do Programa de Melhoramento do gergelim da Embrapa Algodão e
cultivado em solo de textura areno-argilosa nos espaçamentos entre linhas de 0,6 m x 0,2 m;
0,8 x 0,2 m e 1,0 m x 0,2 m no Campo Experimental da Embrapa Algodão de Barbalha, CE,
Área 4 sob condições irrigadas, durante o período de 23 de agosto a dezembro de 2005.
Foi utilizado delineamento estatístico em blocos casualisados com três tratamentos
(espaçamentos) e sete repetições, totalizando vinte e uma (21) unidades experimentais.
As sementes permaneceram durante 15 meses devidamente armazenadas em sacos papel
tipo Kraft, em local limpo, seco e arejado, sendo posteriormente preparadas para realização
das análises por meio de maceramento com pistilo. Estas foram submetidas às análises físico-
químicas quanto aos teores de umidade, cinzas, lipídeos, proteínas, cálcio (titulometria com
EDTA) conforme metodologia do Instituto Adolfo Lutz (1976), proteína e ferro de acordo
com a AOAC (1975), fósforo (Vanadato-Molibdato) e Fibras de acordo com PEARSON
(1971), sódio e potássio segundo o método fotométrico descrito pela APHA (1992). O teor de
carboidrato foi obtido pela diferença da % de proteína, lipídio, umidade e cinzas.
Os dados das variáveis avaliadas foram submetidos à análise de variância e, as médias
foram comparadas pelo teste de Scott-Knott, adotando-se como critério de significância
valores de p ≤ 0,05.

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1518
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se, nas Tabela 1 e 2, que houve efeito significativo a 1% de probabilidade para
as variáveis proteína, lipídios e cálcio, e a 5% para fósforo e potássio.

Tabela 1 - Resumo da análise de variância de umidade, cinza, proteína, lipídios e fibras


sementes de gergelim BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco). Juazeiro do Norte, CE, 2007.
Fonte de Quadrados Médios
GL
Variação Umidade Cinzas Proteína Lipídio Fibras Carboidrato

Tratamento 2 0,1042ns 4,3620** 13,2294** 9,3668ns 12,51**


0,0125ns
Bloco 6 0,0402 0,0990 1,2892 0,0937 2,1084 2,95*
Resíduo 12 0,0505 0,0778 0,5712 0,1718 4.1830 0,6308
CV (%) 4,50 4,80 2,74 1,16 16,50 3,07
*,** e ns. correspondem respectivamente a significativo a 5%, 1% e não significativo a 5% de probabilidade,
pelo teste F da análise de variância.

Tabela 2 - Resumo da análise de variância de fósforo, ferro, sódio, potássio e cálcio de


sementes de gergelim BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco). Juazeiro do Norte, CE, 2007.
Fonte de Quadrados Médios
GL
Variação Fósforo Ferro Sódio Potássio Cálcio
Tratamento 2 5602,7948* 0,8669ns 0,3937ns 1455,4211* 47920,5926**
Bloco 6 1341,5888 1,3049ns 0,3452 350,9646 377,6571
Resíduo 12 1158,7103 0,6029 0,2689 353,1798 860,7328
CV (%) 5,29 16,66 11,54 3,84 8,37
*, ** e ns. correspondem respectivamente a significativo a 5%, 1% e não significativo a 5% de probabilidade,
pelo teste F da análise de variância.

A porcentagem média geral de umidade (Tabela 3) foi de 4,99%, com máxima de


5,10% (espaçamento 1,0 m x 0,20 m) e mínima de 4,86% (espaçamento 0,6 m x 0,20 m). O
teor médio de umidade do gergelim reportado por Beltrão et al. (2001b) foi de 5,50%.
VerifIca-se na Tabela 3, que o teor médio de cinza (5,81%), apresenta valor cerca de 9%
superior ao relatado por Beltrão et al. (2001b). Em condições irrigadas, as cultivares CNPA
G2 e CNPA G3 apresentam percentagem de cinzas de 4,47 % e 4,51%, respectivamente

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1519
(ANTONIASSI et al., 1997, citados por ANTONIASSI & SOUZA, 2001), sugerindo haver
variação do teor de cinzas entre as cultivares.

Tabela 3 - Médias da percentagem de umidade, cinza, proteína, lipídios e fibras de sementes


de gergelim BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco). Juazeiro do Norte, CE, 2007.
Médias (%)
Espaçamentos
Umidade Cinzas Proteína Lipídio Fibra Carboidrato
0,6 m x 0,20 m 4,86 a 5,81 a 27,23 b 37,25 a 11,20 a 24,83 b
0,8 m x 0,20 m 5,01 a 5,77 a 27,09 b 34,76 b 12,47 a 27,36 a
1,0 m x 0,20 m 5,10 a 5,86 a 28,52 a 35,00 b 13,51 a 25,33 b
Média 4,99 5,81 27,62 35,67 12,39 25,84
Médias seguidas da mesma letra na coluna, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.

O maior teor de proteína (28,52%) foi observado nas sementes oriundas de plantas de
maior espaçamento (1,0 m) (Tabela 3), superando valores relatados por Costa et al. (2006),
que observaram variação de 21,95% a 24,57%, para os genótipos CNPAG 90-70 e CNPAG
93-36, respectivamente. Portanto, o genótipo BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco), com
maior teor de proteína, pode ser boa alternativa de fonte protéica para a alimentação humana.
Quanto ao teor de lipídio o genótipo BRS 196 CNPA G4 (seleção Branco) apresentou
teor médio de 35,67%. Valores maiores (49,10%) foram encontrados por Firmino et al.
(2001). Segundo Arriel et al. (2006b) a variedade BRS 196 CNPA G4, apresenta teor de
lipídios variando de 48% a 50%.
Para o teor de fibras (Tabela 3), a média geral foi de 12,39%, com variação de 13,51%
(espaçamento 1,0m x 0,20m) a 11,20% (espaçamento 0,6m x 0,20m). Souci et al.(1994),
citados por Antoniassi & Souza (2001), reportaram teor de fibra igual ao teor mínimo
observado no presente trabalho. Beltrão et al. (2001b) encontraram apenas 6,30% em
sementes de gergelim.
As sementes da BRS 196 CNPA G4 de espaçamento 0,80 m apresentou teor carboidrato
de 27,36%, superando em 2,28% o teor médio de carboidrato das sementes de plantas de
espaçamento 0,60 m e 1,0 m (Tabela 3). Beltrão et al. (1994) citado por Firmino et al. (2001),
quantificaram conteúdo de 21,60 % de carboidratos em sementes de gergelim, valor este
inferior ao observado no presente trabalho, cuja média foi de 25,84%.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1520
Observa-se Tabela 4 que o teor de fósforo (655,74 mg/100g e 664,35 mg/100) e cálcio
(398,55 mg/100 e 397,76 mg/100g) apresentaram comportamento semelhante, em que os
menores espaçamentos 0,60 m e 0,80 m superaram os teores desses minerais obtidos em
sementes de espaçamento 1,0 m. A média geral de fósforo foi de 643,90 mg/100g, sendo
superior a encontrada por Costa et al. (2006) (298,64 mg/100g). Apenas o tratamento 1,0m x
0,20m proporcionou teor de fósforo inferior ao reportado por Beltrão et al. (2001b)
(616mg/100g) e os de Namiki (1995) (540 mg/100g) e Soici et al. (1994) (607 mg/100g),
citados por Antoniassi e Souza (2001).

Tabela 4 - Médias de teor de fósforo, ferro, sódio, potássio e cálcio de sementes de gergelim
BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco). Juazeiro do Norte, CE, 2007.
Médias (mg/100g)
Espaçamentos
Fósforo Ferro Sódio Potássio Cálcio
0,6 m x 0,20 m 655,74 a 4,76 a 4,71 a 472,75 b 397,76 a
0,8 m x 0,20 m 664,35 a 4,26 a 4,24 a 497,92 a 398,55 a
1,0 m x 0,20 m 611,61 b 4,94 a 4,51 a 497,54 a 254,85 b
Média 643,90 4,65 4,49 489,40 350,39
Médias seguidas da mesma letra na coluna, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.

Quanto ao teor de ferro (Tabela 4) verifica-se que o maior espaçamento favoreceu ao


teor de ferro (4,95 mg/100g). Este valor é inferior ao referenciado por Namiki (1995) (9,60
mg/100g) citado por Antoniassi & Souza (2001) (9,60 mg/100g).
Ainda na tabela 4, verifica-se que o teor de sódio encontrado não apresentou diferença
estatística entre os tratamentos. Os tratamentos apresentaram os menores valores em relação
ao teor de sódio reportado por Souci et al. (1994) (45 mg/100g), porém superiores ao
encontrado por Namiki (1995) (2 mg/100g), ambos citados por Antoniassi & Souza (2001).
Firmino et al. (2001) & Beltrão et al (2001b) quantificaram o valor de potássio das
sementes de gergelim e obteveram valores de 725 mg/100g, este valor é superior em 33% ao
encontrado nesse experimento, que foi em média de 489,40 mg/100g de potássio. O
espaçamento 0,8m x 0,20m proporcionou o maior teor de potássio (497,92 mg/100g) (Tabela
4).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1521
Para os teores de cálcio, o valor máximo (398 mg/100g) foi inferior em
aproximadamente 50% ao citado por Souci et al. (1994) citados por Antoniassi & Souza
(2001).

4 CONCLUSÃO
O teor de proteína, lipídios, fósforo e cálcio das sementes de gergelim foram
influenciados pelo espaçamento.
Com teor médio de proteína superior a 27%, o genótipo de gergelim BRS 196 CNPA
G4 (Seleção Branco) se constitui como uma fonte alternativa de proteína.
Características físico-químicas médias observadas foram: umidade (4,99%), cinzas
(5,81%), proteína (27,62%), lipídio (35,67%), fibras (12,39%), carboidrato (25,84%), fósforo
(643,90 mg/100g), ferro (4,65 mg/100g), sódio (4,49 mg/100g), potássio (489,40 mg/100g) e
cálcio (350,39 mg/100g).
Sugere-se a realização de novos ensaios, visando à confirmação das características
físico-químicas do referido genótipo, cultivado em condições de sequeiro.

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1523
ESTUDO DA ESTERIFICAÇÃO ÁCIDA DE ÓLEOS E GORDURAS DE
ALTA ACIDEZ PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Maria Dolores de Ávila Völz, QTA/FURG, dolores_volz@yahoo.com.br


Allan Guedes Pozzebon, GEQ/FURG, allanpozzebon@hotmail.com
Giovani Lemos Oliveira, GEQ/FURG, giovaninhu@yahoo.com.br
Marcelo Gonçalves Montes D’Oca, LKSO/FURG, dqmdoca@furg.com.br
Joaquín Ariel Morón-Villarreyes, GEQ/FURG, dqmjamv@furg.com.br

RESUMO: Os processos de produção de biodiesel aplicados atualmente utilizam-se de


óleos e gorduras de alta qualidade, repassando altos custos ao produto final. Isso tem
motivado o desenvolvimento de novas tecnologias para produção do biocombustível a partir
de outras substâncias graxas com baixo valor comercial, que são misturas de triglicerídeos
com ácidos graxos livres decorrentes da hidrólise dos óleos e gorduras. Neste trabalho
estudou-se a reação de esterificação etílica (catalisada por H2SO4) de ácidos graxos livres
ocorrendo no meio de triglicerídeos. Devido a certas gorduras regionais apresentarem teores
entre 10-20% de acidez (ex. Sebos brutos de matadouro, óleo de farelo de arroz e óleos
advindos da agricultura familiar, etc.) o estudo da reação foi conduzido com misturas de óleo
de soja comercial acidificadas artificialmente com 15% de ácido oleico PA. Sendo o etanol,
reagente e solvente tanto dos ácidos graxos como dos triglicerídeos, a relação molar
mistura:álcool foi um dos parâmetro pesquisado nos valores r =1:3, 1:6, 1:9. Os outros
parâmetros foram a temperatura T =60, 80ºC e a concentração percentual do catalisador, em
relação à massa de óleo, C=0,5, 1,0, 1,5%, resultando em 18 reações. Uma vez reduzida a
acidez da mistura original, esta pode ser submetida, a seguir, a uma reação de
transesterificação visando converter os triglicerídeos remanescentes em biodiesel. Segundo a
literatura a aplicação desta etapa é economicamente viável em misturas com teores inferiores
a 1,5 % de ácidos graxos. De todas as condições reacionais estudadas, oito apresentaram
acidez abaixo deste valor, possibilitando a definição de condições otimizadas para um
processo industrial two-step.

Palavras-Chave: Biodiesel, processos two-step, esterificação ácida, gorduras de alta acidez.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1524
1 INTRODUÇÃO
O Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode
ser obtido por diferentes processos como o craqueamento, esterificação ou pela
transesterificação. Esta última, mais utilizada, consiste na reação química de óleos vegetais ou
de gorduras animais com álcoois de baixa massa molecular sendo mais utilizados metanol ou
etanol, na presença de um catalisador ácido ou básico. Desse processo também se extrai a
glicerina como co-produto. Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se podem
produzir o biodiesel, tais como soja, dendê, girassol e mamona, ou ainda de fontes alternativas
que merecem um tratamento especial por possuírem alto teor de ácidos graxos livres (AG)
como sebo, óleo alimentar fora da especificação ou já utilizados em frituras, dentre outras.
Muitas pesquisas e processos atuais de produção de Biodiesel utilizam óleos refinados
em grau alimentar, tornando o produto final economicamente inviável, por agregar a ele o
valor do refino do óleo. Isso pode incentivar a disputa de mercado, entre o consumo direto de
óleo e os produtores de Biodiesel, gerada pelo desvio de um produto alimentar para a
combustão. Com isso, cresce a necessidade de pesquisas tecnológicas na área química para
desenvolver novos processos de produção, aproveitando as principais fontes de matérias-
primas de baixo custo. Nestas matérias primas a redução da acidez, para evitar o refino, pode
ser aplicada uma primeira etapa de esterificação por catálise ácida (Figura 1a) como um pré-
tratamento convertendo os AG em biodiesel reduzindo assim a acidez para uma segunda etapa
onde serão transesterificados por catálise alcalina os triglicerídeos (TG) remanescentes
(Figura 1b).
a)
O O
Catalisador * + H 2O
HO CR1 + R 2OH R2 O C R1
Ácido Graxo Álcool Biodiesel Água
* Utiliza-se catalisador ácido

b)
O O
H 2 CO C R1 R4 O C R1 H 2C OH
O O
C a ta lis a d o r *
HC O C R2 + 3 R 4O H R4 O C R2 + HC OH
O O
H 2 CO C R3 R4 O C R3 H 2C OH
T r ig li c e r í d e o Á lc o o l B io d ie s e l G li c e r i n a
* O c a t a li s a d o r p o d e s e r á c i d o o u b á s i c o

Figura 1 - Reação de esterificação (a) e transesterificação (b)

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1525
A aplicação seqüencial das duas reações acima constituem um processo two-step para a
produção de biodiesel partindo de óleos ou gorduras com alto teor de AG. O presente trabalho
é parte integrante de um estudo da esterificação e transesterificação de óleos e gorduras ácidas
visando o desenvolvimento de um processo em duas etapas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Foi utilizado óleo de soja comercial (Perdigão, S.A. com índice de acidez IA=1,0;
índice de saponificação IS=192,0 e índice de iodo II=130,5) e como reagentes ácido oleico
PA (Synth), Álcool Etílico PA (Synth), catalisador - ácido sulfúrico PA (Synth), Hexano PA
(Synth), Éter Etílico PA (Synth). Para o índice de acidez realizado conforme procedimento
padrão, utilizou-se Hidróxido de Sódio PA (Synth) seco, Álcool Etílico PA (Synth), Biftalato
de Potássio PA (Synth) seco, água destilada e como indicador fenolftaleína.

O óleo de soja é uma mistura complexa de triglicerídeos de diversos ácidos graxos


(tabela 1).

N:l Ácido graxo MAG MTG zi (%p)


14:0 Mirístico 228,361 723,129 0.60
14:1 Miristoleico 226,345 717,082 0.19
16:0 Palmítico 256,424 807,285 15.12
16:1 Palmitoleico 254,397 801,237 1.35
16:2 Hexadecadienoico 252,381 795,189 0.26
18:0 Esteárico 284,477 891,440 5.54
18:1 Oleico 282,461 885,392 51.42
18:2 Linoleico 280,445 879,345 23.67
18:3 Linolenico 278,430 873,297 1.55
20:0 Araquídico 312,530 975,595 0.30
Σ 276.845 868.607 100%
Tabela 1 - Perfil graxo (%p) do óleo de soja.

A massa molecular da gordura calcula-se aplicando a regra de mistura de Kay, que é a


média da massa molecular de cada componente ponderada pela sua proporção na mistura:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1526
∑ xi M i
1
M = ou M =
∑ Mii
z
i
i

Mi é a massa molecular de cada componente tabelado. A proporção do componente pode


expressar-se em fração molar (xi) ou fração mássica (zi). Assim a massa molecular média da
fração neutra do óleo de soja é MTG=868,607 g/mol e a dos ácidos graxos MAG=276,845
g/mol. A massa molecular das misturas ácidas é novamente a média ponderada das massas
moleculares dos ácidos graxos livres e a dos triglicerídeos:
1
M =
y 1− y
+
M AG M TG

Onde y é o percentual de ácidos graxos livres.

Para realizar os experimentos procurou-se preparar uma mistura que representasse com
maior realidade uma gordura acidificada, por isso foi escolhido o ácido oleico, por apresentar
uma massa molecular mais aproximada á média da massa molecular dos ácidos graxos livres
da soja.
A mistura foi preparada com 15,2 % de ácidos graxos livres. Então foi calculada a
massa molecular da mistura para ajustes da relação molar com o álcool. Sendo y=15,2%, e a
massa molecular do ácido oleico MAG=282,461 g/mol obteve-se a massa molecular média da
mistura igual a 677,77 g/mol.
Preparou-se mistura suficiente para que se realizassem todas as reações estatisticamente
planejadas.
Na reação ácida foi utilizada uma massa de 50 g da mistura óleo-ácido oleico e
colocado em banho para aquecimento até a temperatura da reação, sob agitação magnética.
Foram realizados os cálculos da massa de álcool e ácido sulfúrico necessárias para as relações
desejadas, então foi pesada a massa de álcool e adicionada o ácido sulfúrico para que este
entrasse na reação diluído. Ao se atingir a temperatura de reação então adicionou-se o álcool e
o catalisador sempre mantido sob agitação.
Foram realizadas cromatografias em camada delgada para o acompanhamento do
andamento da reação. Sendo retiradas amostras em 30, 60, 90 e 120 minutos de reação,
sempre comparadas com o padrão (antes da adição dos reagentes). Utilizou-se uma solução de
9:1 hexano e éter etílico para a separação das amostras na cromatografia e revelada em Iodo,
com essa relação é possível acompanhar a formação do biodiesel. Fixando-se assim o tempo
de reação em 120 min, em todos os ensaios.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1527
Após o termino da reação, esta foi lavada por 3 vezes com 100 mL de água destilada,
para a retirada do ácido sulfúrico do meio. Na segunda lavagem adicionou-se 60 mL de
hexano para evitar a formação de emulsão. Deixou-se decantar por 1 h e separou-se a água
remanescente. A fase orgânica então é submetida a evaporação em rotaevaporador por 1 h
sendo os primeiros 30 min a 60°C, para retirada do hexano, e o restante do tempo a 70 °C
para retirar alguma possível umidade resultante da lavagem. Então forma retiradas alíquotas
para a medição dos índices de acidez.
Assim, a mistura formada de TG e biodiesel com um pequeno percentual de AG está
pronta para ser submetida a transesterificação básica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos na esterificação dos ácidos graxos da mistura TG+AG são
mostrados na Tabela 2.

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1528
Tabela 2 - Resultados obtidos nos experimentos de esterificação ácida.
Reação T (°C) C (%) r (mol:mol) IA (mg/g) % Esterificação
1 60 0,5 1/3 12,69 57,98
2 80 0,5 1/3 6,11 79,76
3 60 1,0 1/3 8,56 71,66
4 80 1,0 1/3 3,99 86,79
5 60 1,5 1/3 5,39 82,17
6 80 1,5 1/3 4,83 84,02
7 60 0,5 1/6 4,72 84,38
8 80 0,5 1/6 3,40 88,73
9 60 1,0 1/6 2,25 92,54
10 80 1,0 1/6 3,16 89,53
11 60 1,5 1/6 2,38 92,14
12 80 1,5 1/6 2,45 91,90
13 60 0,5 1/9 6,36 78,96
14 80 0,5 1/9 2,45 91,89
15 60 1,0 1/9 2,01 93,35
16 80 1,0 1/9 2,37 92,14
17 60 1,5 1/9 2,66 91,18
18 80 1,5 1/9 2,52 91,65
IAinicial − IA final
%Esterificação = × 100
IAinicial

Como se observa, nas reações 9, 11, 12, 14, 15, 16, 17, 18, houve uma redução da
acidez adequada à aplicação de uma segunda etapa alcalina na reação, por apresentarem
resultados abaixo de IA=3 mg/g, sendo este o indicado na literatura como o mais econômico
para a aplicação da catálise básica, em uma segunda etapa. (ver linha em vermelho na figura
1.) A figura a seguir mostra o comportamento do IA em função de r, C e T.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1529
Figura 2- Efeito das variáveis (r, C, T) sobre a redução da acidez inicial da mistura estudada.

Estes resultados mostram que oito dos ensaios realizados apresentaram índice de acidez
abaixo do valor considerado como o máximo para a aplicação da transesterificação básica.
Observa-se também que o aumento da relação molar de 6 para 9 não foi tão significativo na
maioria das reações com exceção da realizada na presença de 0,5 %(p/p) de ácido sulfúrico.
A relação r =1:6 pode ser considerada mais significativa confirmando os resultados de
Ramadhas, et al (2005) sendo que o mínimo índice de acidez ocorre em r =1:9, a 60°C com
1,0% de catalisador, porém um valor elevado de álcool tem como conseqüência a necessidade
de destilação de seu remanescente após a reação aumentando assim o consumo de energia. A
figura 3 mostra o comportamento da percentagem de esterificação com o aumento da
concentração de catalisador.

Figura 3 - Efeito das variáveis (r, C, T) sobre a conversão dos ácidos graxos livres em
biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1530
Não é observado ganho na esterificação ao se aumentar a concentração do catalisador de
1,0 para 1,5 % (p/p). Reações catalisadas com 0,5 % (p/p) de ácido sulfúrico não mostraram
resultados satisfatórios na esterificação.
Elevadas temperaturas de esterificação, possibilitam a conversão não apenas dos AG,
mas dos TG durante a reação, o que não é desejado nesta etapa.

4 CONCLUSÃO
A combinação sistemática das três variáveis estudadas (r, T, C) possibilitou observar
condições de processo adequadas à redução do índice de acidez até os valores recomendados
para um pós tratamento com catálise alcalina, numa segunda etapa de reação, visando a
conversão total dos TG em biodiesel.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
J.W.GOODRUM, D.P.GELLER; Bioresource Technology 2005; 96:851–855.

MA F., HANNA M. A., Biodiesel production: a review. Bioresource Technology 1999;


70:1-15.

RAMADHAS A.S., JAYARAJ S., MURALEEDHARAN C., Biodiesel production from


high FFA rubber seed oil. Fuel 2005; 84:335–340.

WANG, Y.; OU, S.; LIU, P.; ZHANG, Z.; Preparation of biodiesel from waste cooking oil
via two-stem catalyzed process. Energy Conversion and Management 2007; 48:184–188.

ZULLAIKAH S., LAI C., VALI S. R., JU Y., A two-step acid-catalyzed process for the
production of biodiesel from rice bran oil. Bioresource Technology 2005; 96:1889–1896.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1531
DESENVOLVIMENTO DO PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.) EM
RESPOSTA A APLICAÇÃO DE ORGANO-MINERAIS-MARINHO +
BIOTECH®, FÓSFORO E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

Paulo César de Melo, DAG/UFLA, pcmelo@ufla.br


Adão Wagner Pêgo Evangelista, DEG/UFLA, awpego@ufla.br
Ednaldo Liberato de Oliveira, CEFET JANUÁRIA, ednaldoliberato@yahoo.com.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Manoel Alves de Faria, DEG/UFLA, mafaria@ufla.br

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito das diferentes formas de
aplicação de fertilizante Organo-Minerais-Marinho+Biotech® (OMM-Tech) no crescimento
do Pinhão-Manso. O experimento está sendo conduzido no Setor de Fruticultura do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, UFLA, em casa-de-
vegetação do tipo capela. O delineamento estatístico utilizado foi inteiramente casualizado em
esquema fatorial 4 x 4 x 2 (OMM-Tech x fósforo x lâminas de irrigação). O manejo de
irrigação foi realizado com base no monitoramento da umidade do solo por meio de sensores
do tipo watermark. Para comparação dos resultados foram avaliados a altura e o número de
folhas das plantas. As diferenças entre os tratamentos foram verificadas de acordo com teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Não houve efeito significativo entre os
tratamentos, para número de folhas das plantas. A aplicação da lâmina de irrigação L2 (50%
da lâmina de irrigação L1 = lâmina suficiente para elevar a umidade do solo para a capacidade
de campo em vaso) foi a que apresentou melhor resultado, e a interação entre a dose, 100 kg.
Ha-1 de P2O5 e a dose de 50 kg. Ha-1 de OMM-Tech, foi a que propiciou a maior altura de
plantas.

Palavras-Chave: Desenvolvimento de plantas, biodiesel, organo-minerais-marinho.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1532
1 INTRODUÇÃO
Entre as experiências feitas com vegetais para uma futura substituição do óleo diesel
mineral como combustível, destacaram-se como plantas de alto potencial o Pinhão-Manso
(Jatropha curcas L.), também conhecido como pinhão-de-purga, pinhão-paraguai, manduri-
graça, mando-bi-guaçu e pião, e o pinhão-bravo (Jatropha pohliana M.). No Brasil, até o
momento a inexistência de informações técnicas específicas relacionadas com as exigências
hídricas e nutricionais dessa cultura tem sido uma das maiores dificuldades encontradas pelos
produtores (Vedana, 2007). Entretanto, sabe-se que a aplicação no solo de fertilizante Organo-
Minerais-Marinhos+Biotech® (OMM-Tech) pode favorecer o desenvolvimento dessa cultura.
O OMM-Tech resulta de um Blend da união entre o fertilizante Organo-Minerais-
Marinho+Biotech®. O fertilizante Organo-Minerais-Marinho é uma alga marinha calcificada
sendo considerada um fertilizante natural, simples, melhorador e condicionador de solos e
culturas, obtido sem adicionamento de qualquer produto químico e, através de processo
industrial de secagem e moagem a frio conserva intactas suas características orgânicas, bio-
catalíticas e reequilibrantes (Melo e Furtini Neto, 2003). O Biotech® é um bioativador da
microbiota do solo, constituído por ácidos orgânicos mais complexos enzimáticos obtido da
fermentação de tecidos vegetais e biodegradáveis. É uma fonte de energia para os
microorganismos do solo, por meio da degradação das cadeias orgânicas, sem causar
alterações relevantes e irreversíveis na reação do solo e do ambiente rizosférico (Nogueira e
Guimarães, 2005).
Além da adubação correta, o fornecimento de água para a cultura de forma eficiente
interfere diretamente no processo de produção agrícola. São cada vez mais freqüentes os
problemas climáticos como estiagens, que acabam atingindo severamente áreas cultivadas não
irrigadas, sendo assim, a irrigação assume fundamental importância para produção da maioria
das culturas. Considerada para o produtor uma técnica que além de incrementar a
produtividade, pode proporcionar obtenção de um produto diferenciado e de melhor
qualidade. Falta ou excessos de água podem contribuir para redução da produção e, por isso, o
manejo da irrigação é essencial para a maximização da produção (Ramos, 2002)
Diante da necessidade de realização de pesquisas com a cultura do Pinhão-Manso no
Brasil, objetivando conhecer melhor as condições de cultivo para se obter maior
produtividade e contribuir com a domesticação de uma oleaginosa ainda pouco conhecida
pelos produtores, é que se propõe com este trabalho, cuja finalidade é avaliar o efeito da

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1533
aplicação do fertilizante OMM-Tech e fosfatado, assim como de lâminas de irrigação, sobre o
crescimento da cultura do Pinhão-Manso, cultivado em casa-de-vegetação.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento está sendo conduzido no Setor de Fruticultura do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras - UFLA, em casa-de-vegetação, na qual se
cultivou uma planta de pinhão manso em vasos de 20 dm3, plantadas em abril de 2007. Os
vasos receberam adubação de 70 mg.dm-3 de nitrogênio mais 100 mg.dm-3 de potássio, como
fontes Sulfato de Amônio e Cloreto de Potássio na forma sólida.
As mudas de Pinhão-Manso provenientes de sementes foram produzidas no Setor de
Cafeicultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras,
Minas Gerais. A semeadura foi realizada em tubetes de 120 ml, utilizando-se substrato
comercial, seguindo as recomendações de Avelar et al. (2005).
O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente ao acaso com três repetições,
porém em esquema fatorial 4 x 4 x 2 (OMM-Tech x fósforo x lâminas de irrigação). As doses
do OMM-Tech foram 0, 50, 100 e 200 kg.ha-1 e dose de fósforo: 0, 50, 100 e 200 kg.ha-1 de
P2O5, como fonte Super Simples, respectivamente, e as lâminas de irrigação foram: L1 =
lâmina suficiente para elevar a umidade do solo para a capacidade de campo; e L2 = 50% da
lâmina L1.
As avaliações foram feitas em junho do ano de 2007, considerando a altura e o número
de folhas das plantas. Os resultados foram analisados no programa estatístico SAEG (2007).
Quando a análise de variância identificou diferenças, os dados foram comparados pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pela análise de variância, foi possível observar que existem diferenças estatísticas
significativas somente para a altura de plantas. Neste caso, verificaram-se diferenças
significativas na altura das plantas para as seguintes interações: OMM-Tech x lâmina; Fósforo
x lâmina e OMM-Tech x fósforo.
O fator lâmina influenciou significativamente no fator fósforo para a característica
altura das plantas. Porém, não houve influência significativa do fator fósforo sobre o fator
lâmina para a característica da planta em análise, entretanto, o fator OMM-Tech influenciou

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1534
significativamente no fator lâmina para a altura de plantas. Na Tabela 1 é apresentado o
desdobramento dessas interações onde cada valor representa o valor médio de 3 observações.
De acordo com a Tabela 1, observou-se que o fator lâmina influenciou
significativamente a altura das plantas quando se aplicou nos vasos, doses de 0 e 50 kg de
P2O5 por hectare, não sendo significativo dentro de cada lâmina de irrigação com doses
crescentes de fósforo. Por outro lado observa-se ainda que o fator lâmina também influenciou
significativamente a altura das plantas quando foi aplicada a dosagem de 100 kg de OMM-
Tech por hectare. A maior altura de plantas foi encontrado nos tratamentos que receberam a
lâmina de irrigação L2, ou seja, 50% da L1 = lâmina suficiente para elevar a umidade do solo
para a capacidade de campo.

Tabela 1 - Interação entre lâminas de irrigação e doses de fósforo (P2O5) e OMM-Tech para a
variável altura (cm) de plantas.
P2O5
Lâminas 0 kg.ha-1 50 kg.ha-1 100 kg.ha-1 200 kg.ha-1
L1 11,79bA* 12,54bA 13,79aA 13,21aA
L2 14,25aA 14,71aA 13,00aA 14,08aA

OMM-Tech
Lâminas 0 kg.ha-1 50 kg.ha-1 100 kg.ha-1 200 kg.ha-1
L1 13,54aA 13,67aA 11,88bA 12,25aA
L2 13,50aA 14,54aA 14,04aA 13,96aA
*Em cada coluna, médias seguidas de letras minúsculas diferentes, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. -Em cada linha, médias seguidas de letras maiúsculas diferentes, diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.

Na Tabela 2 é apresentado o desdobramento da interação entre os fatores doses de


fósforo e doses de OMM-Tech, onde cada valor representa a média de três repetições.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1535
Tabela 2 - Interação entre doses de fósforo P2O5 e de OMM-Tech para a variável altura (cm)
de plantas.
OMM-Tech P2O5
...........................................................................kg.ha-1.............................................................
0 50 100 200
0 13,92aA 14,50aA 11,92aB 13,75aA
50 11,67bA 13,92bA 15,83bB 15,00bA
100 13,50aA 13,42aA 12,92aB 12,00aA
200 13,00aA 12,67aA 12,92aB 13,83aA
*Em cada coluna, médias seguidas de letras minúsculas diferentes, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. -Em cada linha, médias seguidas de letras maiúsculas diferentes, diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.

Pela Tabela 2, nota-se que a altura das plantas foi diferente estatisticamente quando se
aplicou nos vasos, OMM-Tech na dosagem de 50 kg.ha-1, para todas as dosagens de fósforo
onde também se verificou que a interação com a dosagem de fósforo, 100 kg.ha-1 de P2O5, foi
a que apresentou o melhor resultado (altura = 15,83 cm). Porém a altura de plantas foi
estatisticamente semelhante entre as dosagens 0, 100, 200 kg.ha-1, respectivamente, para todas
dosagens de fósforo.
Para todas as dosagens de OMM-Tech em kilograma por hectare a altura das plantas
teve o seguinte comportamento estatístico: semelhante para dosagens de fósforo 0 kg.ha-1, 100
kg.ha-1 e 200 kg.ha-1, e estatisticamente diferente para a dosagem 100 kg.ha-1 de fósforo e 50
kg.ha-1 de OMM-Tech. Isto pode ser explicado pela característica do Fertilizante Organo-
minerais-marinho como condicionador de solo e Biotech® como ativador da microbiota do
solo; promotores da fertilidade do solo pelo enriquecimento deste em nutrientes presentes no
fertilizante Organo-minerais-marinho; pela ativação da microbiota do solo e pelas reações de
troca desencadeadas pelos ácidos orgânicos; pelo aumento da transformação enzimática do
fósforo orgânico em fósforo inorgânico; pela disponibilização mais rápida de macro e
micronutrientes e elementos raros de fácil liberação como constituintes do Organo-Minerais-
Marinho que proporcionam e induzem maior quantidade e diversidade de elementos químicos
nutricionais para a mineralização e revitalização dos solos exauridos, depauperados e, ou
degradados. Pela outra parte integrante do “Blend” (ácidos orgânicos mais complexos
enzimáticos), os precipitados de adubações residuais e nutrientes imobilizados,
disponibilizam-se pela alteração momentânea da CTC e, ou da CTA, favorecendo,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1536
principalmente, a dessorção de fósforo. Princípios hormonais promotores do crescimento de
raízes também estão presentes nesta segunda parte formadora do “Blend” que ainda num
estádio precoce de crescimento disponibilizam o cálcio e o fósforo que são muito importantes
no arranque de crescimento logo após a emergência das plantas.

4 CONCLUSÃO
Nas condições em que foi realizado o experimento, conclui-se que a aplicação da lâmina
de irrigação L2, ou seja, 50% da L1 = lâmina suficiente para elevar a umidade do solo para a
capacidade de campo foi a que propiciou os melhores resultados. A interação entre as doses
de P2O5, principalmente, na dose de 100 kg.ha-1 e a de OMM-Tech, na dose de 50 kg.ha-1, foi
a que propiciou a maior altura de planta em vasos.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AVELAR, R. C.; DEPERON JÚNIOR, M.A.; DOURADO, D. C.; QUINTILIANO, A. A.;
DAFA, S.; FRAGA, A.C.; CASTRO NETO, P., Produção de mudas de pinhão manso
(Jatropha curcas L.) em tubetes. In: 3o CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL. 2005 Varginha-MG. Anais...
Varginha, MG, 2005 (CD-ROM).

MELO, P. C. de; FURTINI NETO, A. E. Avaliação do Lithothamnium como corretivo da


acidez do solo e fonte de nutrientes para o feijoeiro. Ciência e Agrotecnologia, Lavras. V.27,
n.3, p.508-519, maio/jun., 2003.

NOGUEIRA, F.D.; GUIMARÃES, P.T.G. Biotech® - bioativador do solo, Folheto


comercial, 2005.

RAMOS, A. Análise do desenvolvimento vegetativo e produtividade da palmeira


pupunha (Bactris gasipaes Kunth) sob níveis de irrigação e adubação nitrogenada. 2002.
126p. Tese (doutorado em Irrigação e Drenagem) - Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiros. Piracicaba, SP.

VEDANA, U. A Planta: Pinhão Manso - Jatropha curcas. Disponível em: <http://


pinhaomanso.com.br >. Acesso em: 10 mai. 2007.

SAEG - Sistema de análises estatísticas e genéticas. Versão 9.1.Viçosa, MG, 2007. 150p.
(Manual do usuário).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1537
CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) IRRIGADO
POR GOTEJAMENTO EM RESPOSTA A APLICAÇÃO DE ORGANO-
MINERAIS-MARINHO + BIOTECH®

Paulo César de Melo, DAG/UFLA, pcmelo@ufla.br


Adão Wagner Pêgo Evangelista, DEG/UFLA, awpego@ufla.br
Ednaldo Liberato de Oliveira, CEFET JANUÁRIA, ednaldoliberato@yahoo.com.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Manoel Alves de Faria, DEG/UFLA, mafaria@ufla.br

RESUMO: Uma adubação e irrigação adequada tornam-se necessários para garantir o


normal desenvolvimento das plantas, assim como para a obtenção alta produtividade. Neste
contexto o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos das diferentes formas de aplicação do
fertilizante organo-minerais marinhos + Biotech® OMM-Tech, sobre o crescimento do
pinhão manso irrigado por gotejamento. O experimento foi conduzido no Setor de Fruticultura
do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, UFLA. O delineamento
estatístico utilizado foi o de blocos casualizados com 3 repetições. Os tratamentos
corresponderam: T0 (Testemunha) = S/OMM-Tech na forma pó; T1 = via solo (120 kg. Ha-1
de OMM-Tech na forma pó); T2 = via foliar (OMM-Tech na forma líquida na concentração
de 5%); T3 = via solo + foliar (60 kg. Ha-1 de OMM-Tech na forma pó + OMM-Tech na
forma líquida na concentração de 2,5%). O sistema de irrigação utilizado foi por gotejamento,
com emissores espaçados a cada 0,50 m e para comparação dos resultados foram avaliados a
altura das plantas e o diâmetro de copa. Verificou-se efeito significativo entre os tratamentos
apenas para o diâmetro de copa. Na forma de aplicação via foliar, o diâmetro de copa médio
foi de 0,91m, seguido da aplicação via solo + foliar, diâmetro de 0,89m e via solo, diâmetro
de 0,86m, respectivamente. NA testemunha o diâmetro de copa médio das plantas foi de
0,69m. O diâmetro médio de copa quando se aplicou OMM-Tech na forma foliar, foi em
média 31% maior do que o diâmetro médio de copa onde não aplicou-se o fertilizante OMM-
Tech em nenhuma forma, ou seja, a Testemunha.

Palavras-Chave: Adubação, irrigação, desenvolvimento de plantas, Pinhão-Manso.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1538
1 INTRODUÇÃO
Entre as plantas oleaginosas fornecedoras de matéria prima para produção do biodiesel,
atualmente, vem se destacando o pinhão-manso (Jatropha curcas L.), planta perene de ampla
adaptação edafoclimática, produtora de sementes ricas em óleo de fácil colheita, com bom
potencial produtivo. Esta planta também, vem despertando interesse pela qualidade do óleo de
suas sementes para produção de biodiesel. O óleo extraído das sementes do pinhão-manso
possui propriedades capazes de produzir combustível de qualidade e se tornar competitivo
internacionalmente, pois suas características superam inclusive o padrão de qualidade do óleo
de colza, comercializado hoje na Europa (Vedana, 2007).
O Pinhão-Manso é um arbusto de 3 a 5 metros de altura, porém em condições
favoráveis pode atingir até 12 metros de altura, possui troncos lisos, lustrosos, de cor verde-
clara e com escamas. Suas folhas são esparsas, largas, alternadas, palminervadas, com 3 a 5
lóbulos, verdes pálidas, brilhantes, pecíolos compridos e esverdeados, destituídas de pêlos,
caindo na estação de inverno (Cortesão, 1956). A inflorescência, conjunto de flores, contém
de 1 a 5 flores femininas e de 25 a 93 flores masculinas. A relação normal de flor masculina
para feminina é de 29:1, sendo que em cada inflorescência originam um cacho com 10 frutos
ou mais (Lalji Sing et al., 2006).
O fertilizante OMM-Tech corresponde a união de fertilizante Organo-Minerais-
Marinho mais o BioTech®. O fertilizante Organo-Minerais-Marinho é uma alga marinha
calcificada sendo considerada um fertilizante natural, simples, melhorador e condicionador de
solos e culturas, constituído de matérias minerais com CaCO3, MgCO3 e teores de 0,4% N;
0,35% P; 0,20% k e 0,60% S + 15% de micro-nutrientes. Nos 5% da fração nitrogenada
orgânica existe ácido aspártico (0,08% do peso seco), lisina (0,03%), prolina (0,025%) e ácido
glutâmico (0,18%). O fertilizante Organo-Minerais-Marinho é obtido sem adicionamento de
qualquer produto químico e, através de processo industrial de secagem e moagem a frio
conserva intactas suas propriedades naturais, ou seja, suas características orgânicas, bio-
catalíticas e reequilibrantes (Melo e Furtini Neto, 2003).
O BioTech® é um bioativador da microbiota do solo, constituído por ácidos orgânicos
mais complexos enzimáticos obtidos pela fermentação de tecidos vegetais e biodegradáveis. É
uma fonte de energia para os microorganismos do solo, através da degradação das cadeias
orgânicas, sem causar alterações relevantes e irreversíveis na reação do solo e do ambiente
rizosférico. Sua ação na aquisição de nutrientes pelas plantas é a mesma daquela exercida por

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1539
compostos orgânicos por elas exsudados na rizosfera, independente da idade da planta e das
variações das estações do ano (Nogueira e Guimarães, 2005).
Dentro deste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento do Pinhão-
Manso irrigado por gotejamento, em resposta as diferentes formas de aplicação de OMM-
Tech, em três doses.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento esta sendo desenvolvido no Setor de Fruticultura do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras, UFLA. A área situa-se nas coordenadas
geográficas de 21º 13’ de Latitude Sul e 35º 12’ de Longitude Oeste a 892 m de altitude. O
clima da região, segundo a classificação de Koppen, é do tipo Cwb, caracterizado por uma
estação seca entre abril e setembro e uma estação chuvosa de outubro a março. A temperatura
média do mês mais frio é inferior a 18ºC e superior a 3ºC e o verão apresenta temperatura
média do mês mais quente superior a 22ºC. A região apresenta temperatura do ar média anual
de 19,4ºC, umidade relativa do ar média de 76,2%, precipitação média anual de 1.529,7 mm e
evaporação média anual de 1.034,3 mm (Brasil, 1992).
As mudas de pinhão-manso provenientes de sementes, foram produzidas no Setor de
Cafeicultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras,
Minas Gerais. A semeadura foi realizada em tubetes de 120 ml, utilizando-se substrato
comercial, seguindo as recomendações de Avelar et al. (2005). As mudas foram
transplantadas em dezembro de 2006.
O sistema de irrigação utilizado foi por gotejamento com emissores espaçados a cada
0,50 cm. O manejo de irrigação foi realizado monitorando a umidade do solo por meio de
sensores de tipo Watermark. As lâminas de irrigação foram calculadas de forma a aplicar a
quantidade de água necessária para elevar a umidade do solo para a correspondente à
capacidade de campo.
O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados com 3 repetições. Os
tratamentos foram constituídos por três formas de aplicação do fertilizante Organo-Minerais-
Marinho + Biotech® (OMM-Tech), doses aplicadas de acordo com a análise de solo, ou seja:
T1 = Testemunha (S/ OMM-Tech); T2 = via solo (120 kg.ha-1 de OMM-Tech na forma pó);
T3 = via foliar (OMM-Tech na forma líquida e na concentração de 5%); e T4 = via solo +
foliar (60 kg.ha-1 de OMM-Tech na forma pó + OMM-Tech na forma líquida e na
concentração de 2,5%).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1540
As avaliações dos resultados foram feitas a partir do mês de junho de 2007
considerando as seguintes características das plantas: diâmetro de copa e altura das plantas.
As diferenças entre os tratamentos foram verificadas de acordo com teste de Tukey ao nível
de 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 encontram-se o resultado da análise de variância para as características
analisadas. Verificou-se efeito significativo para os tratamentos somente para o diâmetro de
copa das plantas de Pinhão-Manso.

Tabela 1 - Análise de variância das características do Pinhão-Manso analisadas.


Fontes de variação G.L. Quadrados médios
Altura de planta Diâmetro de copa
Bloco 2 201,39NS 121,99NS
Tratamentos 3 129,56 NS 288,42*
Resíduo 6 57,70 56,59
C.V. (%) 7,17 8,93
* = significativo a 5% de probabilidade; ns = não significativo.

Pelo teste de média, na Tabela 2, verificou-se que para altura de plantas não foi
significativa para as características avaliadas, apesar da altura média que variou de 0,91 m até
1,07 m, ou seja, da testemunha aos tratamentos com OMM-Tech. Para diâmetro de copa o
melhor resultado foi obtido com a forma de aplicação via foliar do OMM-Tech (diâmetro de
copa médio das plantas de 0,91 m) seguido da aplicação via solo + foliar (diâmetro de copa
médio das plantas de 0,89 m) e via solo (diâmetro de copa médio das plantas de 0,86 m),
respectivamente. Como esperado, a testemunha (diâmetro de copa médio das plantas de 0,69
m) foi a que apresentou o pior resultado. Observou-se também que o diâmetro médio de copa
das plantas quando se aplicou OMM-Tech na forma via foliar, foi em média 31,8 % maior do
que o diâmetro médio de copa das plantas onde não aplicou o fertilizante OMM-Tech, a
Testemunha, evidenciando, assim, efeito significativo do fertilizante OMM-Tech sobre o
crescimento e desenvolvimento da planta de Pinhão-Manso.

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1541
A diferença encontrada entre os tratamentos pode ser atribuída ao fato da umidade do
solo sempre se manter próxima a correspondente “a capacidade de campo”, onde se enfatiza o
efeito do uso do fertilizante “Blend”, denominado em escala experimental de OMM-Tech.

Tabela 2 - Valores médios de altura das plantas e diâmetro de copa de plantas do Pinhão-
Manso sobre a aplicação de OMM-Tech.
Tratamentos Altura de plantas Diâmetro de copa
cm Cm
T1 Testemunha 0,91 a* 0,69 b
T2 Via solo 1,07a 0,86 ab
T3 Via foliar 1,02a 0,91 a
T4 Via solo + foliar 0,99a 0,89 ab
*Médias iguais seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tuckey ao nível de 5% de
probabilidade.

Pois isto pode ser explicado pela característica do Organo-Minerais-Marinho como


Fertilizante e Condicionador de solo e Biotech® como Ativador da microbiota do solo em
ambiente irrigado, sendo promotores da fertilidade do solo pelo enriquecimento deste em
nutrientes presentes no fertilizante Organo-Minerais-Marinho; pela ativação da microbiota do
solo e pelas reações de troca desencadeadas pelos ácidos orgânicos e complexos enzimáticos,
através da transformação enzimática do fósforo orgânico em fósforo inorgânico, pela
disponibilização mais rápida de macro e micronutrientes e elementos raros de fácil liberação
como constituintes do Organo-Minerais-Marinho que proporcionam e induzem maior
quantidade e diversidade de elementos químicos nutricionais para a mineralização e
revitalização dos solos exauridos, depauperados e, ou degradados. Pela outra parte integrante
do “Blend” (ácidos orgânicos mais complexos enzimáticos), os precipitados de adubações
residuais e nutrientes imobilizados, disponibilizam-se pela alteração momentânea da CTC e,
ou da CTA, favorecendo, principalmente, a dessorção de fósforo. Princípios hormonais
promotores do crescimento de raízes também estão presentes nesta segunda parte formadora
do “Blend” que ainda num estádio precoce de crescimento disponibilizam o cálcio e o fósforo
que são muito importantes no arranque de crescimento logo após a emergência das plantas.
Desta forma ressalta-se a importância da irrigação no sentido de contribuir para o aumento da
eficiência dos fertilizantes.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1542
4 CONCLUSÃO
Nas condições em que foi realizado o experimento, conclui-se que forma de aplicação
via foliar do fertilizante OMM-Tech, foi a que apresentou o melhor resultado.
Na forma de aplicação via foliar, o diâmetro de copa médio foi de 0,91m, seguido da
aplicação via solo + foliar, diâmetro de 0,89m e via solo, diâmetro de 0,86m, respectivamente.
A testemunha, diâmetro de copa médio das plantas foi de 0,69m, foi a que apresentou o
pior resultado.
O diâmetro médio de copa quando se aplicou OMM-Tech na forma foliar, foi em média
31% maior do que o diâmetro médio de copa onde não aplicou o fertilizante OMM-Tech em
nenhuma forma, ou seja, a Testemunha.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVELAR, R. C.; DEPERON JÚNIOR, M.A.; DOURADO, D. C.; QUINTILIANO, A. A.;
DAFA, S.; FRAGA, A.C.; CASTRO NETO, Produção de mudas de pinhão manso (Jatropha
curcas L.) em tubetes. In: 3o CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS,
ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL. 2005 Varginha-MG. Anais... Varginha, MG, 2005
(CD-ROM).

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Normais climatológias: 1961-1990.


Brasília: SPI/EMBRAPA, 1992. 84 p.

CORTESÃO, M. Cultura tropicais. Plantas oleaginosas , coqueiro , rícino , purgueira e


aleurites. Lisboa , Portugal, Livraria Clássica Editora. 1956. p. 163-180.

LALJI SINGH; S.S. BARGALI; S.L. SWAMY. Production practices and post-harvest
mamagement in Jatropa. In BIODISEL CONFERENTE TOWARDS ENERGY
INDEPENDENCE-FOCUS ON JATROPHA. 2006, Rashtrapati Bhawa-New Delhi. Anais…
Rashtrapati Bhawa-New Delhi, 2006.

MELO, P. C. de; FURTINI NETO, A. E. Avaliação do lithothamnium como corretivo da


acidez do solo e fonte de nutrientes para o feijoeiro. Ciência e Agrotecnologia, Lavras. V.27,
n.3, p.508-519, maio/jun., 2003.

NOGUEIRA, F.D.; GUIMARÃES, P.T.G. Biotech® - bioativador do solo. Folheto


comercial, 2005.

VEDANA, U. A Planta: Pinhão Manso - Jatropha curcas. Disponível em: <http://


pinhaomanso.com.br >. Acesso em: 10 mai. 2007.

SAEG - Sistema de análises estatísticas e genéticas. Versão 9.1.Viçosa, MG, 2007. 150p.
(Manual do usuário).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1543
RESPOSTA EM CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)
PELA APLICAÇÃO DE FERTILIZANTE ORGANO-MINERAIS-MARINHO
+ BIOTECH®

Paulo César de Melo, DAG/UFLA, pcmelo@ufla.br


Adão Wagner Pêgo Evangelista, DEG/UFLA, awpego@ufla.br
Ednaldo Liberato de Oliveira, CEFET JANUÁRIA, ednaldoliberato@yahoo.com.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Manoel Alves de Faria, DEG/UFLA, mafaria@ufla.br

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito das diferentes formas de
aplicação de fertilizante Organo-minerais-marinho + Biotech® (OMM-Tech) no crescimento
do Pinhão- Manso. Para isso foi realizado um experimento conduzido no Setor de Fruticultura
do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, UFLA. O ensaio foi
conduzido segundo o delineamento estatístico em blocos casualizados, com 3 repetições para
os seguintes tratamentos: T1 (Testemunha) = S/OMM-Tech; T2 = via solo (120 kg. Ha-1 de
OMM-Tech na forma pó, de acordo com a análise de solo); T3 = via foliar (OMM-Tech na
forma líquida e na concentração de 5%); T4 = via solo + foliar (60 kg. Ha-1 de OMM-Tech
na forma pó + OMM-Tech na forma líquida e na concentração de 2,5%). Para avaliar o
crescimento das plantas, foram analisados os efeitos da aplicação de OMM-Tech sobre o
diâmetro de copa e altura das plantas. A aplicação de OMM-Tech favoreceu o
desenvolvimento da cultura do Pinhão-Manso. As formas de aplicação dos fertilizantes
quando comparadas com a testemunha propiciaram um aumento de 24% e 38%,
respectivamente, na altura das plantas e no diâmetro de copa das plantas.

Palavras-Chave: Adubação, desenvolvimento de plantas, biodiesel, Pinhão-Manso.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1544
1 INTRODUÇÃO
Na atual sociedade, os avanços em pesquisas e tecnologias no sentido de encontrar uma
alternativa para substituição dos antigos combustíveis estão extremamente rápidos, seja pelo
fato da temida escassez do petróleo ou ainda pelo seu alto custo. Neste contexto, os
biocombustíveis estão sendo motivo de muitas pesquisas e grandes avanços no setor de
energia. Entre os vários estudos para se obter o biodiesel estão aqueles de extração através de
sementes oleaginosas, entre essas, destaca-se o Pinhão-Manso (Jatropha curcas L.).
O Pinhão-Manso é uma arvoreta suculenta da família Euforbiacea que atinge de 3
metros a 5 metros, podendo chegar ate 12 metros de altura, de cujas sementes se extrai um
óleo inodoro que queima sem emitir fumaça e possível de ser empregado na fabricação de
biodiesel. Embora seja uma planta conhecida e cultivada no continente, o Pinhão-Manso
ainda encontra-se em processo de domesticação e somente nos últimos 30 anos começou a ser
mais pesquisado agronomicamente (Peixoto, 1973).
Fontes alternativas de fertilizante Organo-Minerais-Marinho, associado ao Biotech®,
pouca ou quase nenhuma informação existe disponível na literatura, entretanto, acredita-se
que o efeito interativo desse “Blend” fertilizante seja importante para garantir alta
produtividade e qualidade dos frutos, sementes e óleo, de culturas oleaginosas.
O OMM-Tech resulta da união entre o fertilizante Organo-Minerais-Marinho mais
Biotech®. O fertilizante Organo-Minerais-Marinho é uma alga marinha calcificada sendo
considerada um fertilizante natural, simples, melhorador e condicionador de solos e culturas.
Esse fertilizante é obtido sem adicionamento de qualquer produto químico e, através de
processo industrial de secagem e moagem a frio conserva intactas suas características
orgânicas, biocatalíticas e reequilibrantes (Melo e Furtini Neto, 2003). O BioTech® é um
bioativador da microbiota do solo, constituído por ácidos orgânicos mais complexos
enzimáticos obtido pela fermentação de tecidos vegetais e biodegradáveis. É fonte de energia
para os microorganismos do solo, por meio de degradação das cadeias orgânicas, sem causar
alterações relevantes e irreversíveis na reação do solo e do ambiente rizosférico (Nogueira e
Guimarães, 2005).
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da aplicação do
fertilizante Organo-Minerais-Marinho + Biotech® sobre o crescimento e desenvolvimento do
Pinhão-Manso, cultivado sob condições edafoclimáticas do Sul do estado de Minas Gerais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1545
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento está sendo conduzido desde o mês de dezembro de 2006, no setor de
Fruticultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, UFLA. A
área situa-se nas coordenadas geográficas de 21º 13’ de Latitude Sul e 35º 12’ de Longitude
Oeste a 892 m de altitude. O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é do tipo
Cwb, caracterizado por uma estação seca entre abril e setembro e uma estação chuvosa de
outubro a março. A temperatura média do mês mais frio é inferior a 18ºC e superior a 3ºC e o
verão apresenta temperatura média do mês mais quente superior a 22ºC. A região apresenta
temperatura do ar média anual de 19,4ºC, umidade relativa do ar média de 76,2%,
precipitação média anual de 1.529,7 mm e evaporação média anual de 1.034,3 mm (Brasil,
1992).
As mudas de pinhão-manso provenientes de sementes, foram produzidas no Setor de
Cafeicultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras,
Minas Gerais. A semeadura foi realizada em tubetes de 120 ml, utilizando-se substrato
comercial, seguindo as recomendações de Avelar et al. (2005). As mudas foram plantadas em
dezembro de 2006.
O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados com 3 repetições. Os
tratamentos foram constituídos por três formas de aplicação de OMM-Tech, ou seja: T1 =
Testemunha (s/OMM-Tech); T2 = via solo (120 kg.ha-1 de OMM-TECH na forma pó, de
acordo com a análise de solo); T3 = via foliar (OMM-Tech na forma líquida e na
concentração de 5%); e T4 = via solo + foliar (60 kg.ha-1 de OMM-Tech na forma pó +
OMM-Tech na forma líquida e na concentração de 2,5%).
As avaliações foram feitas em junho do ano de 2007, considerando o diâmetro de copa e
a altura das plantas. As diferenças entre os tratamentos foram verificadas de acordo com teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 estão apresentados os resumos das análises de variância para as
características analisadas. Observa-se que houve diferença significativa entre os tratamentos
ao nível de 5% de probabilidade. Os resultados correspondentes às médias das características
obtidas em cada tratamento estão apresentados na Tabela 2. Observa-se que houve diferença
significativa entre as doses e formas de aplicação do fertilizante e a testemunha (s/ aplicação
de OMM-Tech) para as características das plantas analisadas, porém quando se compara a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1546
diferente forma de aplicação do fertilizante verifica-se que não houve efeito significativo
destas, sobre as características analisadas. Ressalta-se, portanto, que os fertilizantes
estudados podem ser aplicados utilizando qualquer uma das formas estudadas, quando a
cultura é de sequeiro. Comparando as diferentes formas de aplicação do fertilizante com a
testemunha, observou-se um incremento médio de 24 % e 38 % na altura das plantas e no
diâmetro de copa, respectivamente.

Tabela 1 - Resumo das análises de variância referente aos efeitos dos tratamentos.
Fontes de variação G.L. Quadrados médios
Altura de plantas Diâmetro de copa
Bloco 2 79,43NS 2,74NS
Tratamentos 3 263,71* 334,74*
Resíduo 6 57,70 15,39
C.V. (%) 4,93 5,65
* = significativo a 5% de probabilidade; NS = não significativo.

Tabela 2 - Valores médios de altura das plantas e diâmetro de copa de plantas do Pinhão-
Manso sobre a aplicação de OMM-Tech.
Tratamentos Altura (cm) Diâmetro (cm)

T1 Testemunha 78,16a* 54,65a


T2 Via solo 97,05b 76,08b
T3 Via foliar 97,00b 75,20b
T4 Via solo + foliar 96,75b 76,04b
*Médias iguais seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tuckey ao nível de 5% de
probabilidade.

4 CONCLUSÃO
Nas condições em que foi realizado o experimento, conclui-se que a aplicação de
OMM-Tech favoreceu o crescimento e o desenvolvimento da cultura do Pinhão-Manso. As
formas de aplicação dos fertilizantes quando comparadas com a testemunha propiciaram um
aumento de 24% e 38% na altura das plantas e no diâmetro de copa das plantas,
respectivamente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1547
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AVELAR, R. C.; DEPERON JÚNIOR, M.A.; DOURADO, D. C.; QUINTILIANO, A. A.;
DAFA, S.; FRAGA, A.C.; CASTRO NETO, Produção de mudas de pinhão manso (Jatropha
curcas L.) em tubetes. In: 3o CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS,
ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL. 2005. Varginha-MG. Anais... Varginha, MG, 2005
(CD-ROM).

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Normais climatológias: 1961-1990.


Brasília: SPI/EMBRAPA, 1992. 84 p.

MELO, P. C. de; FURTINI NETO, A. E. Avaliação do Lithothamnium como corretivo da


acidez do solo e fonte de nutrientes para o feijoeiro. Ciência e Agrotecnologia, Lavras. V.27,
n.3, p.508-519, maio/jun., 2003.

NOGUEIRA, F.D.; GUIMARÃES, P.T.G. Biotech® - bioativador do solo, Folheto


comercial, 2005.

PEIXOTO, A. R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 282p.

SAEG - Sistema de análises estatísticas e genéticas. Versão 9.1.Viçosa, MG, 2007. 150p.
(Manual do usuário).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1548
TEOR DE ÓLEO E PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL
NAS CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE BOTUCATU-SP NA SAFRA
2001-2002

Erick Vinicius Bertolini, FCA/UNESP, evbertolini@fca.unesp.br


Cassio Roberto Piffer, FCA/UNESP, cassiopiffer@fca.unesp.br
Silvio José Bicudo, FCA/UNESP, sjbicudo@fca.unesp.br
Fábio José Bengozi, FCA/UNESP, fjbengozi@fca.unesp.br
Fábio Rensi Cominetti, FCA/UNESP, frcominetti@fca.unesp.br
Cassiano Augusto Mobricci, FCA/UNESP, cassiano@fca.unesp.br

RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho de dez genótipos de


girassol (Helianthus annuus L.) nas condições edafoclimáticas de Botucatu-SP. O
experimento foi instalado e conduzido na Fazenda Experimental Lageado pertencente à
Faculdade de Ciências Agronômicas-UNESP, campus de Botucatu-SP em um Nitossolo
Vermelho distroférrico. Os genótipos foram considerados tratamentos e dispostos em quatro
blocos ao acaso. As médias das características avaliadas foram comparadas pelo Teste de
Tukey a 1% de probabilidade. O genótipo AGB 962 obteve a maior produtividade e
rendimento de óleo e o AGB 967 apresentou o maior teor de óleo.

Palavras-Chave: Girassol, produtividade, teor de óleo, genótipos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1549
1 INTRODUÇÃO
O Girassol (Helianthus annuus L.) é nativo da América do Norte, podendo ser
encontrado no estado selvagem desde as planícies do Noroeste do Canadá até a América do
Sul. Enquanto o cultivo da maioria das oleaginosas é limitado por condições climáticas, a
cultura do girassol é extremamente adaptável, desenvolvendo-se bem tanto em climas
temperados como subtropicais e tropicais (BOLSON, 1979). Entre outros usos, suas sementes
podem ser utilizadas para fabricação de ração animal e extração de óleo de alta qualidade para
consumo humano ou como matéria-prima para a produção de biodiesel. Devido a essas
particularidades e à crescente demanda do setor industrial e comercial, a cultura do girassol é
uma importante alternativa econômica em sistemas de rotação, consórcio e sucessão de
cultivos nas regiões produtoras de grãos. Entre as várias tecnologias desenvolvidas para a
produção de girassol, a escolha adequada de cultivares constitui um dos principais
componentes do sistema de produção da cultura. Diante da existência de interação genótipos x
ambientes, são necessárias avaliações contínuas a fim de determinar o comportamento
agronômico dos genótipos e sua adaptação às diferentes condições locais (PORTO et al.,
2007). Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo principal, avaliar a produtividade
de aquênios, o teor e o rendimento de óleo de 10 genótipos de girassol nas condições
edafoclimáticas da região de Botucatu-SP.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido na Fazenda Experimental Lageado, da
Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, Campus de Botucatu, Estado de São Paulo.
A localização geográfica está definida pelas coordenadas 22°51’ de Latitude Sul e 48°26’ de
Longitude Oeste de Greenwich, com altitude média de 770 metros. O clima predominante no
município, segundo classificação de Köppen, é do tipo Cfa, temperado (mesotérmico), região
constantemente úmida, tendo quatro ou mais meses com temperaturas médias superiores a
10ºC, cuja temperatura do mês mais quente é igual ou superior a 22ºC, índice médio
pluviométrico anual de 1.514 mm. O solo da área experimental foi classificado por Carvalho
et al. (1983) como Terra Roxa Estruturada, Unidade Lageado, podendo ser denominado como
Nitossolo Vermelho distroférrico (EMBRAPA, 1999).
Foram avaliados 10 genótipos comerciais de girassol (Helianthus annus L.). dispostos
em blocos ao acaso com 4 repetições. Cada parcela foi constituída por quatro linhas de
semeadura com 6 m de comprimento espaçadas entre si de 0,80 m. A distância entre plantas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1550
foi de 0,30 m, totalizando 21covas/linha com três sementes cada. Sete dias após a emergência
realizou-se desbaste deixando 21 plantas/linha.
Na ocasião da semeadura foram aplicados 125 kg ha-1 do adubo formulado 8-28-16 e 90
kg ha-1 de uréia na adubação de cobertura, 25 dias após a emergência realizou-se adubação
foliar com solução de 11 kg ha-1 de bórax. O controle de plantas daninhas foi realizado através
de capinas manuais e o controle de pragas e doenças os usuais na cultura do girassol. A
produtividade foi obtida colhendo-se manualmente os capítulos das duas linhas centrais das
parcelas, eliminando-se 0,50 m de cada extremidade, ajustando os valores da massa de
aquênios para quilos por hectare com 13% de água. O teor de óleo dos grãos foi obtido pelo
método químico Soxhlet, técnica adaptada por Zanotto (1986). O rendimento de óleo foi
obtido pela equação produtividade x teor de óleo / 100. As médias dessas características
foram comparadas pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são apresentados os resultados obtidos de produtividade, teor e rendimento
de óleo dos diferentes genótipos de girassol utilizados nesse estudo. Pode-se verificar que
para todas as características avaliadas ocorreram diferenças estatísticas entre os genótipos. As
maiores produtividades foram obtidas pelos genótipos AGB 962 (1548 kg ha-1), GV 26048
(1454 kg ha-1) e M734 (1335 kg ha-1). Estes valores de produtividade, segundo as indicações
de Castro et al. (1997) quanto a custos e receita total, resultariam em rentabilidade, tendo em
vista que são superiores aos 1333 kg.ha-1 necessários para cobrir o custo variável.
Os maiores teores de óleo foram observados nos genótipos AGB 967 (51,9%), AGB
972 (47,7%) e AGB 962 (46,9%) e os menores nos M 734 (39,4%) e IAC Uruguai (34,4%).
Estes valores estão dentro da amplitude (10 a 60%) de valores indicados por Frank e Szabo
(1989) como os esperados para a cultura do girassol, apresentando variações quanto aos
materiais avaliados. Já Smiderle et al. (2005), obteve teores médios de óleo ao redor de 37% e
41% para as cultivares que avaliou em diferentes épocas de semeadura.
O rendimentos de óleo, característica diretamente relacionada com a produtividade e o
teor de óleo dos grãos, apresentou seus maiores valores nos genótipos AGB 962 (727 kg ha-1)
e GV 26048 (621 kg ha-1) e os menores pelos Guarani (344 kg ha-1) e IAC Uruguai (272 kg
ha-1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1551
Tabela 1 - Produtividade, teor e rendimento de óleo de girassol. FCA/Unesp, Botucatu-SP,
2002.
Tratamento Produtividade Teor de óleo Rendimento de óleo
(kg ha-1) (%) (kg ha-1)
AGB 962 1548 a 46,9 ab 727 a
GV 26048 1454 ab 43,1 bc 621 ab
M 734 1335 a-c 39,4 cd 523 a-d
AGB 972 1172 a-c 47,7 ab 562 a-c
AGB 967 1013 a-c 51,9 a 525 a-d
Catissol 02 1011 a-c 41,9 bc 428 b-d
Agrobel 960 884 bc 46,2 ab 407 b-d
BRS 191 832 c 45,2 bc 375 b-d
IAC Uruguai 793 c 34,4 d 272 d
Guarani 766 c 44,3 bc 344 cd
Média 1081 44,1 478
CV (%) 23,36 5,56 23,46
Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 1%
de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
O material AGB 962 obteve a maior produtividade e maior rendimento de óleo;
O material AGB 967 apresentou maior teor de óleo.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOLSON, E.L. Girassol: perspectiva de um brilhante futuro. Informativo EMBRAPA
(mimiografado), Brasília, EMBRAPA, 7 p. 1979.

CARVALHO, W. A.; ESPÍNDOLA, C. R.; PACCOLA, A. A. Levantamento de solos da


Fazenda Lageado – Estação Experimental “Presidente Médici”. Boletim Científico da
Faculdade de Ciências Agronômicas/ UNESP, Botucatu, n. 1, p. 1-95, 1983.

CASTRO, C. de et al. A cultura do girassol. EMBRAPA/CNPSo. Londrina.36 p. 1997


(Circular Técnica, 13).

EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de


Solos. Rio de Janeiro, 1999, 412 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1552
FRANK, J.; SZABO, L. A napraforgo Helianthus annuus L. Budapest: Akadémiai Kiadó,
1989. 178 p.

PORTO, W. S.; CARVALHO, C. G. P. de; PINTO, R. J. B.. Adaptabilidade e estabilidade


como critérios para seleção de genótipos de girassol. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 42, n. 4, p. 491-499, 2007.

SMIDERLE, O. J.; MOURAO JR, M.; GIANLUPPI, D. Avaliação de cultivares de girassol


em savana de Roraima. Acta Amazonica, Manaus, v. 35, n. 3, p. 331-336, 2005.

ZANOTTO, M. D. Variabilidade genética e endogamia em duas populações de milho


(Zea mays L.) contrastantes para teor de óleo. 1986. 59 f. Dissertação (Mestrado em
Agronomia/Genética e Melhoramento de Plantas) – Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1986.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1553
DESEMPENHO AGRONÔMICO DE 22 CULTIVARES DE SOJA NAS
CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE BOTUCATU – SP NA SAFRA
2001-2002

Erick Vinicius Bertolini, FCA/UNESP, evbertolini@fca.unesp.br


Cassio Roberto Piffer, FCA/UNESP, cassiopiffer@fca.unesp.br
Silvio José Bicudo, FCA/UNESP, sjbicudo@fca.unesp.br

RESUMO: Com o objetivo de avaliar o desempenho de 22 genótipos comerciais de soja,


nas condicões edafoclimáticas de Botucatu-SP, foi desenvolvido o presente trabalho. O
experimento foi instalado e conduzido na Fazenda Experimental Lageado pertencente à
Faculdade de Ciências Agronômicas-UNESP, campus de Botucatu-SP em um Nitossolo
Vermelho distroférrico. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro
repetições, sendo os 22 genótipos considerados tratamentos. As médias das características
avaliadas foram comparadas pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade. A produtividade
média do ensaio foi de 2.069 kg ha-1, sendo a cultivar CD-205 mais produtiva, com 2.942 kg
ha-1 e a cultivar IAC-19 apresentou melhor desempenho fitossanitário.

Palavras-Chave: Glycine Max, cultivares, produtividade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1554
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a soja [Glycine max (L.) Merrill] é cultivada em uma considerável
diversidade de ambientes, desde as altas latitudes (Sudeste e Sul) até as baixas latitudes
equatorial-tropicais (Centro-Oeste, Nordeste e Norte). Considerando as inúmeras variações
ambientais a que a soja é comumente submetida no Brasil, é esperado que a interação
genótipo ambiente assuma papel fundamental na manifestação fenotípica (PRADO et al.,
2001).
Os componentes de produção, número de vagens por planta, número de grãos por
vagem e massa de 1.000 grãos e a altura de planta, altura de inserção da primeira vagem e
duração do ciclo, que são as mais importantes na escolha das cultivares, são influenciados
pelas condições ambientais, afetando a produtividade. Nesse contexto, os ensaios regionais de
avaliação de cultivares de soja assumem caráter primordial para a indicação de materiais com
melhor adaptação às condições edafoclimáticas de uma determinada região.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho de 22 cultivares de soja nas
condições edafoclimáticas da região de Botucatu, fornecendo resultados dos principais
componentes de produção.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido na Fazenda Experimental Lageado, da
Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, Campus de Botucatu, Estado de São Paulo.
A localização geográfica está definida pelas coordenadas 22°51’ de Latitude Sul e 48°26’ de
Longitude Oeste de Greenwich, com altitude média de 770 metros. O clima predominante no
município, segundo classificação de Köppen, é do tipo Cfa, temperado (mesotérmico), região
constantemente úmida, tendo quatro ou mais meses com temperaturas médias superiores a
10ºC, cuja temperatura do mês mais quente é igual ou superior a 22ºC, índice médio
pluviométrico anual de 1.514 mm. O solo da área experimental foi classificado por Carvalho
et al. (1983) como Terra Roxa Estruturada, Unidade Lageado, podendo ser denominado como
Nitossolo Vermelho distroférrico (EMBRAPA, 1999).
Foram avaliados 22 genótipos comerciais de soja. As cultivares foram consideradas
tratamentos dispostos em blocos ao acaso com 4 repetições. As médias das características
foram comparadas pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
Foi realizado preparo convencional de solo na área experimental, caracterizado por uma
gradagem pesada e duas leves, respectivamente. Para correção do solo foram aplicadas 2,6

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1555
toneladas de calcário dolomítico por hectare. O controle inicial de plantas daninhas foi feito
com Trifluralina em pré-plantio incorporado. Posteriormente, quando necessário, o controle
foi feito com capinas manuais.
A semeadura das parcelas foi realizada no dia 18/12/2001. As parcelas foram
constituídas de 4 linhas de 5 m de comprimento espaçadas por 0,45 m. Antes da semeadura as
sementes foram tratadas com fungicida e inoculante específicos para a soja. A adubação de
semeadura foi realizada com base na análise de solo, utilizando-se 90 kg ha-1 de P2O5 e 60 kg
ha-1 de K2O. A densidade de semeadura foi de 30 sementes por metro, sendo realizado
desbaste 20 dias após a semeadura, deixando 18 plantas por metro. Os tratos culturais foram
os usuais na cultura, com controle químico de pragas e doenças quando necessário.
As seguintes características agronômicas foram avaliadas:
Número de dias entre a semeadura e o pleno florescimento: por ocasião do pleno
florescimento, estádio fenologicamente definido pela presença de 50% das plantas com uma
flor aberta no nó imediatamente abaixo do nó mais alto com folha completamente desenrolada
e simbolizado pelo estádio R2 na escala fenológica de Fehr e Caviness (1977), foi anotada a
data de abertura das flores, posteriormente calculada para número de dias entre a emergência
e o pleno florescimento;
Número de dias entre a semeadura e a maturação a campo: por ocasião da maturação a
campo, estádio fenologicamente definido pela presença de 50% das plantas com 95% de
vagens maduras e simbolizado por R8 na escala fenológica de Fehr e Caviness (1977), foi
anotada a data de sua ocorrência e posteriormente convertida para número de dias entre a
emergência e a maturação em campo;
Severidade de doenças, de desfolha por pragas e grau de acamamento: determinado por
visualização direta das parcelas, adotando-se os critérios apresentados na Tabela 2;
Altura final de planta: por ocasião da maturação em campo, estádio R8 na escala
fenológica de Fehr e Caviness (1977), foi medida a altura de 10 plantas ao acaso das duas
linhas centrais de cada parcela, sendo considerada como altura de planta a distância
compreendida entre a superfície do solo e a extremidade apical da haste principal de cada
planta;
Altura de inserção da primeira vagem: compreendida como a distância entre a superfície
do solo e o ponto de inserção da primeira vagem na haste principal da planta. Essa
característica foi determinada em 10 plantas ao acaso nas duas linhas centrais por parcela;
Número de vagens: foi contado o número de vagens cheias e chochas em 10 plantas das
duas linhas centrais de cada parcela;
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1556
Massa de 1.000 grãos: foram pesados 1.000 grãos de uma amostra de 10 plantas
coletadas ao acaso nas duas linhas centrais de cada parcela;
Grãos por vagem: calculado pela relação da massa de 1.000 grãos, massa de grãos por
planta e número de vagens por planta, tendo sido avaliadas 10 plantas ao acaso das duas
linhas centrais de cada parcela;
População final: foi feita a contagem de plantas por metro em cada parcela e
posteriormente esses valores foram ajustados para número de plantas por hectare;
Produtividade de grãos: foram colhidas manualmente e trilhadas as plantas contidas em
cinco metros das duas linhas centrais de cada parcela. Os grãos trilhados foram limpos e sua
massa foi determinada. Os valores de massa de grãos obtidos em cada parcela foram ajustados
para quilogramas por hectare e corrigidos a 13% de água.

Tabela 1 - Relação de cultivares de soja utilizadas no experimento de acordo com o grupo de


maturação.
Precoce Semi-precoce Médio
(Até 120 dias) (121 a 130 dias) (131 a 140 dias)
BRS-132 BRS-133 IAC-8.2
Embrapa-48 BRS-156 IAC-19
Engopa-316 CD-205 KI-S 801
IAC-20 CD-209
IAC-22 CS-5142
M. SOY-6101 Embrapa-59
RB-502 Foster-IAC
RB-605 IAC-15.2
IAC-18
KI-S 702
M. SOY-7501
Fonte: EMBRAPA, 2001.

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1557
Tabela 2 - Notas para severidade de doença e ataque de praga em relação a área foliar
atingida, e acamamento de plantas.
Nota Doença e desfolha por praga Acamamento
Todas as plantas eretas ou até 10%
1 Sem sintoma
de plantas acamadas.
Incidência leve Todas as plantas levemente inclinadas ou
2
(1 a 10% da área foliar) de 11 a 24% das plantas acamadas.
Incidência média Todas as plantas moderadamente incli-
3
(11 a 25% da área foliar) nadas ou 25 a 30% das plantas acamadas
Incidência severa Todas as plantas bastante inclinadas
4
(26 a 50% da área foliar) ou 50 a 80% das plantas acamadas
5 Incidência muito severa Todas ou mais de 80%
( > de 50% da área foliar) das plantas acamadas

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 3 são apresentadas as notas médias obtidas nos tratamentos para severidade
de doenças, pragas e grau de acamamento. Pode-se verificar uma leve incidência de míldio
em todas as cultivares, não ocorrendo diferença estatística entre elas, sendo as cultivares IAC-
19 e M. Soy-7501 mais tolerantes, obtendo nota média igual a 2. Quanto à incidência de oídio
houve diferença estatística entre os tratamentos, sendo mais suscetível a cultivar Embrapa-48
apresentando incidência severa com nota média de 4,19 e mais tolerante a cultivar IAC-19
que obteve nota média igual a 1,94 caracterizando uma incidência leve. Quanto à desfolha
por pragas, os materiais também diferiram estatisticamente, sendo a cultivar M. Soy-6101
mais suscetível apresentando uma desfolha por pragas média com nota 3,44 e a mais tolerante
foi novamente a IAC-19 apresentando desfolha por praga leve, com nota média de 2,06.
Quanto ao grau de acamamento o material KI-S 801 obteve a maior nota média, apresentando
de 11 a 24% das plantas acamadas, não diferindo estatisticamente das cultivares BRS-133, M.
Soy-6101, IAC-18 IAC-20, CD-209, IAC-15.2, BRS-156 e BRS-132. Nenhum outro
tratamento apresentou problemas com acamamento de plantas, predominando nota 1.

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1558
Tabela 3 - Avaliação de doença, ataque de praga e índice de acamamento de plantas.
FCA/Unesp, Botucatu-SP, 2002.
Tratamento Míldio Oídio Desfolha Acamamento
CD-205 2,12 a 3,31 b-f 2,25 de 1,00 b
BRS-132 2,19 a 3,31 b-f 3,13 a-c 1,25 ab
EMBRAPA-59 2,31 a 3,56 a-c 3,13 a-c 1,00 b
CS-5142 2,44 a 3,38 a-e 2,75 a-e 1,00 b
IAC-19 2,00 a 1,94 g 2,06 e 1,00 b
KI-S 702 2,38 a 3,31 b-f 3,25 ab 1,00 b
EMBRAPA-48 2,19 a 4,19 a 3,00 a-d 1,00 b
FOSTER-IAC 2,06 a 2,56 e-g 3,19 ab 1,00 b
KI-S 801 2,12 a 3,00 c-f 2,50 b-e 2,00 a
BRS-133 2,12 a 3,50 a-c 2,31 c-e 1,75 ab
ENGOPA-316 2,19 a 3,00 c-f 2,25 de 1,00 b
IAC-15.2 2,06 a 3,75 a-c 2,19 de 1,25 ab
IAC-20 2,12 a 3,69 a-c 2,50 b-e 1,50 ab
IAC-22 2,44 a 3,50 a-c 2,81 a-e 1,00 b
M.SOY-7501 2,00 a 3,44 a-d 2,88 a-e 1,00 b
BRS-156 2,19 a 3,69 a-c 2,31 c-e 1,25 ab
CD-209 2,12 a 3,44 a-d 2,94 a-d 1,50 ab
IAC-18 2,12 a 2,63 d-g 2,44 b-e 1,50 ab
RB-502 2,19 a 4,13 ab 3,19 ab 1,00 b
M.SOY-6101 2,44 a 3,94 ab 3,44 a 1,75 ab
RB-605 2,25 a 3,50 a-c 3,19 ab 1,00 b
IAC-8.2 2,19 a 2,50 fg 2,88 a-e 1,00 b
Média 2,19 3,33 2,75 1,22
CV (%) 7,76 9,72 11,63 30,11
Médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

O florescimento da soja iniciou-se entre 51 e 58 dias após a emergência. As cultivares


que atingiram o florescimento mais rapidamente foram RB-605, Embrapa-48, Foster-IAC,
Embrapa-59, BRS-156, KI-S 702 e BRS-132 e as que atingiram mais lentamente foram IAC-
18, IAC-19 e KI-S 801 (Tabela 4).
Os valores médios para a característica número de dias para em maturação a campo são
apresentados na Tabela 4. Pode-se observar que as cultivares IAC-22 e Foster-IAC foram as
primeiras a atingir a maturidade para colheita em campo completando o ciclo em torno de 110
dias após a emergência e a cultivar IAC-8.2 apresentou o ciclo mais longo, atingindo a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1559
maturidade em campo com 132 dias após a emergência. Algumas cultivares tiveram seu ciclo
encurtado, o que pode ser explicado pela semeadura tardia do experimento.
Ainda na Tabela 4 são apresentados os valores médios para altura final de plantas e
altura de inserção da primeira vagem, características que apresentaram diferenças estatísticas
entre os tratamentos. Não só para alta produtividade, mas também para elevado rendimento
operacional da colhedora, preconiza-se que as cultivares modernas de soja apresentem altura
final de planta entre 60 cm e 110 cm (CÂMARA et al., 1998). Considerando esses valores as
cultivares IAC-22, BRS-132, BB-605, BRS-133, RB-502, Embrapa-59, Foster-IAC e M. Soy-
7501 estariam fora dessa faixa ideal, pois apresentaram altura final de planta abaixo dos 60
cm. Entretanto, Sediyama et al. 1985, consideram que em solos planos e bem preparados
pode-se efetuar uma boa colheita de plantas com altura entre 50 e 60 cm.
Para um elevado rendimento operacional da colhedora associado a minimização de
perdas de colheita, as cultivares de soja devem apresentar altura mínima de inserção da
primeira vagem igual a 12 cm (SEDIYAMA et al., 1985). Apenas o material BRS-132 não
atendeu a esse critério apresentando altura média de inserção de vagem de 11,63 cm. Sabe-se
que existe correlação positiva entre a altura final de planta e a altura de inserção da primeira
vagem (SEDIYAMA et al., 1985). Tal fato foi concordante com maioria dos tratamentos,
exceto pela cultivar IAC-18 que apresentou 78,28 cm e 12,48 cm para altura final de planta e
altura de inserção da primeira vagem, respectivamente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1560
Tabela 4 - Florescimento, maturação, altura de plantas e altura de inserção da primeira vagem.
FCA/Unesp, Botucatu-SP, 2002.
Florescimento Maturação Altura de plantas Altura de inserção da
Tratamento
(dae) (dae) (cm) primeira vagem (cm)
CD-205 53 116 70,63 c-g 19,00 a-d
BRS-132 51 113 58,35 g-j 11,63 g
EMBRAPA-59 51 112 54,21 i-j 14,58 c-g
CS-5142 55 116 73,93 b-e 19,50 a-d
IAC-19 58 128 81,47 a-c 20,50 a-c
KI-S 702 51 113 61,30 e-j 15,40 a-g
EMBRAPA-48 51 116 64,00 d-i 14,81 b-g
FOSTER-IAC 51 110 51,62 i-j 12,01 g
KI-S 801 58 116 78,52 a-c 20,98 a
BRS-133 55 115 56,79 h-j 15,26 a-g
ENGOPA-316 53 118 85,38 ab 20,65 ab
IAC-15.2 55 123 75,65 b-d 18,10 a-f
IAC-20 55 113 79,06 a-c 18,49 a-e
IAC-22 55 110 59,63 f-j 15,47 a-g
M.SOY-7501 55 116 48,86 j 13,90 d-g
BRS-156 51 116 69,60 c-h 19,98 a-c
CD-209 55 116 63,54 d-i 14,86 b-g
IAC-18 58 125 78,28 a-c 12,48 fg
RB-502 55 113 56,30 h-j 14,88 b-g
M.SOY-6101 52 112 72,75 b-f 17,53 a-g
RB-605 51 116 57,23 g-j 12,88 e-g
IAC-8.2 54 132 91,84 a 16,22 a-g
Média 67,68 16,32
CV (%) 7,71 14,00
Médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

A produtividade da soja é uma característica complexa que pode ser decomposta em


seus componentes: número de plantas por unidade de área, número de vagens por plantas,
número de grãos por vagem e a massa de 1.000 grãos.
A população final não revelou diferenças estatísticas entre os tratamentos (Tabela 5),
porém numericamente destaca-se a cultivar CD-205 com 283.330 plantas por hectare,
apresentando 60.984 plantas por hectare a mais que a média do experimento. O material RB-
502 obteve a menor população final com 163.887 plantas por hectare.
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1561
Os tratamentos apresentaram diferenças estatísticas para os valores médios do número
de vagens cheias, conforme se pode observar na Tabela 5. As cultivares BRS-133 e IAC-8.2
apresentaram os maiores valores, com 95,23 e 94,80 vagens cheias por planta,
respectivamente e a cultivar Embrapa-59 apresentou o menor valor, com 51,25 vagens cheias
por planta.
Sendo um dos componentes da produção da planta, o número total de vagens formadas
por uma cultivar deve estar associado a outras variáveis, como o número de grãos por vagem,
pois há grande variação genotípica. Na Tabela 5 são apresentados os valores médios de
número de grãos por vagem. As cultivares CS-5142, Embrapa-59 e CD-205 apresentaram o
maior número de grãos por vagem, com 2,13, 2,12 e 2,12, respectivamente, diferindo
estatisticamente apenas da cultivar IAC-8.2 com 1,41 grãos por vagem, tendo o ensaio média
de 1,89.
Na Tabela 5 também são apresentados os valores médios para massa de 1.000 grãos,
característica que apresentou diferenças estatísticas. As cultivares M. Soy-7501 e Embrapa-59
apresentaram a maior massa de 1.000 grãos, com 171,95 e 171,00 g respectivamente e a
cultivar BRS-156 apresentou o menor resultado, com 134,38 g.
Os valores médios para produtividade diferiram estatisticamente entre os tratamentos,
como pode ser observado na Tabela 5. A produtividade média do experimento foi de 2.069 kg
ha-1, sendo a cultivar CD-205 a mais produtiva, com 2.942 kg ha-1, tendo se destacado
também nas demais características avaliadas e as menores produtividades foram observadas
nos materiais IAC-8.2, RB-605 e M. Soy-6101, com 1.073, 1.090 e 1.149 kg ha-1,
respectivamente. Câmara et al. (1998), trabalhando com 20 cultivares de ciclo precoce obteve
produtividade média variando de 1.233 a 3.903 kg ha-1.
A baixa produtividade média encontrada nesse experimento pode ser explicada pela
semeadura tardia, que só pode ser realizada no dia 18/12/2001, devido às reservas hídricas do
solo serem inadequadas para o preparo e insuficientes para a emergência e estabelecimento
das plântulas antes do dia 03/12/2001. Outro fator que pode ter influenciado
significativamente na produtividade foi a baixa população final, apesar de algumas cultivares
terem compensado essa baixa população através da arquitetura da planta apresentando maior
número de ramificações. Martins et al. (1999) verificou que aumentando-se a densidade de
plantas de 10 até 30 plantas por metro, diminuiu-se o número de ramos formados na haste
principal.

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1562
Tabela 5 - População, número de vagens cheias, número de grãos por vagem (G/V), massa de
1.000 grãos (M 1.000) e produtividade. FCA/Unesp, Botucatu-SP, 2002.
População Nº. de vagens M 1.000 Produtividade
Tratamento -1
G/V
(plantas ha ) cheias (gramas) (kg ha-1)
CD-205 283.330 a 64,50 a-d 2,12 a 142,13 bc 2.942 a
BRS-132 247.219 a 58,35 cd 1,93 ab 164,43 ab 2.678 ab
EMBRAPA-59 219.442 a 51,25 d 2,12 a 171,00 a 2.653 ab
CS-5142 266.664 a 64,93 a-d 2,13 a 160,88 ab 2.601 ab
IAC-19 266.664 a 59,95 cd 1,82 ab 150,30 a-c 2.565 ab
KIS-702 236.108 a 62,23 cd 1,8 ab 158,30 a-c 2.423 a-c
EMBRAPA-48 230.553 a 77,53 a-d 1,61 ab 161,80 ab 2.351 a-d
FOSTER-IAC 224.997 a 63,13 b-d 1,83 ab 161,70 ab 2.332 a-d
KIS-801 230.553 a 57,15 cd 2,02 ab 165,48 ab 2.279 a-d
BRS-133 211.109 a 95,23 a 1,98 ab 151,18 a-c 2.176 a-d
ENGOPA-316 194.442 a 76,05 a-d 1,83 ab 167,03 ab 2.153 a-d
IAC-15.2 230.553 a 76,08 a-d 1,76 ab 149,33 a-c 2.137 b-d
IAC-20 202.775 a 66,30 a-d 1,75 ab 167,55 ab 2.099 b-e
IAC-22 233.331 a 72,15 a-d 1,91 ab 144,53 bc 2.094 b-e
M.SOY-7501 174.998 a 75,50 a-d 2 ab 171,95 a 2.091 b-e
BRS-156 202.775 a 66,43 a-d 2,06 ab 134,38 c 2.088 b-e
CD-209 219.442 a 70,93 a-d 2,05 ab 152,48 a-c 1.650 c-f
IAC-18 186.109 a 82,07 a-d 2,06 ab 157,23 a-c 1.593 d-f
RB-502 163.887 a 88,23 a-c 1,57 ab 156,38 a-c 1.302 ef
M.SOY-6101 252.775 a 52,43 d 2,05 ab 167,13 ab 1.149 f
RB-605 194.442 a 67,20 a-d 1,85 ab 154,58 a-c 1.090 f
IAC-8.2 205.553 a 94,80 ab 1,41 b 157,05 a-c 1.073 f
Média 222.346 70,2 1,89 157,58 2.069
CV (%) 21,11 17,1 14,1 6,25 14,9
Médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
A cultivar IAC-19 apresentou melhor desempenho fitossanitário, tendo sido a mais
tolerante a pragas e doenças e não apresentou problemas com plantas acamadas;
A maior produtividade foi obtida pela cultivar CD-205.

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1563
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, W. A.; ESPÍNDOLA, C. R.; PACCOLA, A. A. Levantamento de solos da
Fazenda Lageado – Estação Experimental Presidente Médici. Boletim Científico da
Faculdade de Ciências Agronômicas. UNESP Botucatu, n. 1, p. 1-95, 1983.

EMBRAPA. Tecnologias de produção de soja – Região Central do Brasil, 2001/2002.


Londrina, 2001, 267 p.

EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de


Solos. Rio de Janeiro, 1999, 412 p.

CÂMARA, G. M. S. et al. Desempenho vegetativo e produtivo de cultivares e linhagens de


soja de ciclo precoce no município de Piracicaba-SP. Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 55, n.
3, p. 403-412, 1998.

FEHR, W. R.; CAVINESS, C. E. Stages of soybean development. Ames: Iowa State


University of Science and Technology, 1977. 11 p.

MARTINS, M. C. et al . Épocas de semeadura, densidades de plantas e desempenho


vegetativo de cultivares de soja. Scienta Agricola, Piracicaba, v. 56, n. 4, p. 851-858,
1999.

PRADO, E. E. et al. Adaptabilidade e estabilidade de cultivares de soja em cinco épocas de


plantio no cerrado de Rondônia. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 36, n. 4, p.
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SEDIYAMA, T. et al. Cultura da soja: I parte. Viçosa: Imprensa Universitária, 1985. 96 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1564
DESEMPENHO AGRONÔMICO DE NABO FORRAGEIRO (Raphanus
sativus L.) EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO

Cassio Roberto Piffer, FCA/UNESP, cassiopiffer@fca.unesp.br


Erick Vinicius Bertolini, FCA/UNESP, evbertolini@fca.unesp.br
Sergio Hugo Benez, FCA/UNESP, benez@fca.unesp.br

RESUMO: O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Lageado, da Faculdade


de Ciências Agronômicas da UNESP, Campus de Botucatu-SP em Nitossolo Vermelho
Distroférrico. O experimento foi constituído de três tratamentos com quatro repetições
utilizando o delineamento experimental de blocos ao acaso. Os sistemas de manejo do solo
empregados foram, preparo convencional, constituído por uma gradagem pesada e duas
gradagens leves, preparo reduzido com escarificador e plantio direto, com dessecação da
vegetação de cobertura. Na instalação do experimento, utilizaram-se sementes de nabo
forrageiro (Raphanus sativus L.), semeadas no espaçamento de 0,40 m entre linhas com
densidade de 12 kg ha-1. Os resultados mostraram que o nabo forrageiro apresentou melhor
desempenho nos preparos convencional e reduzido. Nestas condições a cultura é capaz de
fornecer boa quantidade de massa seca da parte aérea e apresenta consideráveis teores de óleo
nos grãos.

Palavras-Chave: Raphanus sativus, preparo do solo, teor de óleo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1565
1 INTRODUÇÃO
O plantio direto surge como tecnologia avançada de uso do solo, proporcionando
benefícios comprovados na conservação do solo e na economicidade quando se compara com
sistemas convencionais de cultivo (SILVA; RESCK, 1997). Depois de estabelecido seus
benefícios estendem-se não apenas ao solo, mas, à produtividade das culturas e competividade
dos sistemas agropecuários (CRUZ et al., 2001).
No sistema plantio direto é desejável que os resíduos vegetais provenientes das
coberturas vegetais, restos de culturas ou vegetação espontânea permaneçam na superfície do
solo. O nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) pertencente à família das crucíferas, tem sido
empregado para adubação verde de inverno e planta de cobertura, em sistemas de cultivo
conservacionistas como o plantio direto e cultivo mínimo (CRUSCIOL et al., 2005). Esta
espécie caracteriza-se pelo crescimento inicial extremamente rápido e aos 60 dias após a
emergência pode promover a cobertura de 70% do solo (CALEGARI, 1990).
Com o objetivo de avaliar o desempenho de nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) em
três sistemas de manejo do solo (convencional, reduzido e direto) foi realizado este estudo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido no período compreendido entre fevereiro e
outubro de 2005, na Fazenda Experimental Lageado, da Faculdade de Ciências Agronômicas
da UNESP, Campus de Botucatu-SP. A localização geográfica é definida pelas coordenadas
22°49’41’’ de Latitude Sul, 48°25’37’’ de Longitude Oeste de Greenwich, altitude média de
770 metros. O clima predominante no município de Botucatu, segundo classificação de
Köppen, é tipo cfa, temperado (mesotérmico). O solo da área experimental pode ser
denominado Nitossolo Vermelho Distroférrico (EMBRAPA, 1999).
O experimento foi constituído de três sistemas de manejo do solo dispostos em
delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições. Os sistemas foram
constituídos pelo preparo convencional, caracterizado por uma gradagem pesada e duas leves;
preparo reduzido, por meio da escarificação do solo na profundidade entre 25 e 30 cm com
equipamento provido de disco de corte e rolo destorroador e plantio direto com dessecação da
vegetação de cobertura.
Para a implantação do experimento, utilizaram-se sementes de nabo forrageiro
(Raphanus sativus L.), semeado em maio de 2005 com espaçamento de 0,40 m entre linhas
com densidade de 12 kg ha-1. Foram avaliadas as seguintes características agronômicas:

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1566
Número de síliquas: foi determinado em quinze plantas, contando-se as síliquas
presentes em cada planta;
Número de grãos por síliqua: foi obtido em trinta síliquas das quinze plantas descritas
anteriormente;
Massa seca das plantas: foi determinada colhendo-se manualmente às plantas em cinco
metros de cada uma das linhas úteis de cada parcela e após secagem, os valores obtidos foram
transformados em kg ha-1;
Produtividade: foi determinada colhendo-se manualmente as plantas contidas em cinco
metros de cada uma das linhas úteis das parcelas e após a trilha manual das síliquas, a
produtividade foi corrigida para kg ha-1 com 13% de água;
Teor de óleo: foi obtido pelo método químico Soxhlet, técnica adaptada por Zanotto
(1986);
Rendimento de óleo: foi calculado pela equação produtividade x teor de óleo / 100.
Foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparar as médias dos
resultados utilizando o programa estatístico ESTAT (Sistema para análises estatísticas) versão
2.0.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verifica-se na Tabela 1 que o número de síliquas por planta foi maior no preparo
reduzido, diferindo-se estatisticamente em relação ao plantio direto, tendo o preparo
convencional apresentado valores intermediários.
O número de grãos por síliqua não apresentou diferença estatística entre os sistemas de
manejo do solo (Tabela 1). Resultados semelhantes foram obtidos por Silva et al. (2006),
trabalhando com diferentes variedades e espaçamentos entre linhas de nabo forrageiro.
Os sistemas de preparos convencional e reduzido apresentaram os maiores valores de
massa seca da parte aérea, diferindo-se estatisticamente do plantio direto (Tabela 1). Esses
resultados são superiores aos obtidos por Silva et al. (2006), que observou 1.104 e 824 kg ha-1
de massa seca nas variedades Cati AL-1000 e IAPAR IPR-116, respectivamente. Também
Furlani, 2000 e Crusciol et al. (2005), apresentaram resultados inferiores de produção média
de massa seca, 2.379 e 2.938 kg ha-1, respectivamente. Já Lima et al. (2007), trabalhando em
preparo convencional encontrou 5.480,5 kg ha-1 de massa seca da parte aérea de nabo
forrageiro.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1567
Tabela 1 - Número de síliquas por planta, número de grãos por síliqua e massa seca da parte
aérea de nabo forrageiro em três sistemas de manejo do solo.
Manejo do solo Nº. de síliquas Grãos/síliqua Massa seca
(planta) (unidade) (kg ha-1)
Preparo convencional 98 ab 7a 6.369 a
Preparo reduzido 124 a 7a 5.858 a
Plantio direto 74 b 6a 4.300 b
CV (%) 15,02 7,07 6,18
Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.

Na Tabela 2 são apresentados os resultados obtidos da produtividade, teor e rendimento


de óleo de nabo forrageiro em três sistemas de manejo do solo. Verifica-se que no preparo
convencional o nabo forrageiro obteve maior produtividade, diferindo-se estatisticamente dos
valores observados no sistema de plantio direto. A menor produtividade observada neste
manejo pode ser explicada por sua maior densidade do solo em relação às dos preparos
convencional e reduzido, encontrando-se valores na camada de 0-10 cm de profundidade
1,40; 1,18; 1,19 Mg m-3 e na camada de 10-20 cm 1,42; 1,31; 1,34 Mg m-3, respectivamente.
Silva et al. (2006), trabalhando no sistema de plantio direto com diferentes
espaçamentos de nabo forrageiro, observou produtividade de grãos em torno de 428 kg ha-1
para a variedade Cati AL-1000 e de 150 kg ha-1 para a variedade IAPAR IPR 116.
O teor e o rendimento de óleo não apresentaram diferenças estatísticas entre os sistemas
de manejo do solo (Tabela 2). No entanto, por ser uma função direta da produtividade, o
rendimento de óleo foi superior no preparo convencional.

Tabela 2 - Produtividade, teor e rendimento de óleo de nabo forrageiro em três sistemas de


manejo do solo.
Manejo do solo Produtividade Teor de óleo Rendimento de óleo
(kg ha-1) (%) (kg ha-1)
Preparo convencional 519 a 36 a 187 a
Preparo reduzido 493 ab 36 a 181 a
Plantio direto 366 b 36 a 133 a
CV (%) 14,09 2,64 15,18
Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.

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1568
4 CONCLUSÃO
Nas condições em que este estudo foi realizado os resultados permitem concluir que:
Nos preparos convencional e reduzido o nabo forrageiro apresentou melhor
desempenho, quando comparado ao plantio direto;
O nabo forrageiro é capaz de fornecer boa quantidade de massa seca, para produção de
cobertura vegetal no solo durante o inverno;
Os grãos de nabo forrageiro apresentam consideráveis teores de óleo, podendo ser
cultivado com o propósito de extração para produção de biodiesel, porém é necessário que se
realizem novas pesquisas visando o aumento de sua produtividade de grãos e
conseqüentemente, do rendimento de óleo.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALEGARI, A. Plantas para adubação verde de inverno no sudoeste do Paraná.
Londrina: IAPAR, 1990. 37 p. (Boletim Técnico, 35).

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forrageiro no plantio direto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 40, n. 2, p. 161-
168, 2005.

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Informe Agropecuário. Belo horizonte, v. 22, p. 13-24, 2001.

EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação dos Solos. Sistema


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Energia na Agricultura) - Faculdade de Ciência Agronômicas, Universidade Estadual
Paulista, Botucatu, 2000.

LIMA, J. D. et al. Comportamento do nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) e da nabiça


(Raphanus raphanistrum L.) como adubo verde. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia,
v. 37, n. 1, p. 60-63, 2007.

SILVA, A. R. B. et al. Comportamento de cultivares de nabo forrageiro (Raphanus sativus L.)


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Acesso em: 14 jun. 2007.

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D. C.; SAMAHA, M. J. Plantio direto: o caminho para uma agricultura sustentável. Ponta
Grossa: Instituto Agronômico do Paraná, 1997. p. 158-184.
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1569
ZANOTTO, M. D. Variabilidade genética e endogamia em duas populações de milho
(Zea mays L.) contrastantes para teor de óleo. 1986. 59 f. Dissertação (Mestrado em
Agronomia/Genética e Melhoramento de Plantas) – Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1986.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1570
CARACTERÍSTICAS FENOLÓGICAS DO GIRASSOL CULTIVADO EM
SOLO TRATADO COM RESÍDUO INDUSTRIAL

Fabiana de Carvalho Dias, DS/IA/UFRRJ, diasfac@yahoo.com.br


Charles Oliveira da Silva, DS/IA/UFRRJ, charlesilvaef@yahoo.com
Ednaldo da Silva Araújo, DS/IA/UFRRJ, ednaldoea@yahoo.com.br
Everaldo Zonta, DS/IA/UFRRJ, ezonta@ufrrj.br
Nelson Moura Brasil do Amaral Sobrinho, DS/IA/UFRRJ, nelmoura@ufrrj.br
Clarice de Oliveira, DS/IA/UFRRJ, coliveira@ufrrj.br

RESUMO: O uso de resíduo na produção de oleaginosas pode apresentar risco de


contaminação dos grãos com elementos tóxicos, assim a utilidade destas plantas pode ser
recomendada para a produção de biodiesel. O objetivo deste trabalho foi avaliar alguns
parâmetros fenológicos da cultura de girassol, cultivado em Planossolo Háplico eutrófico,
tratado com resíduo industrial gerado pela Petroflex. Os tratamentos consistiram de
testemunha e doses de 50, 150 e 300 Mg ha-1 de lodo de esgoto da estação de tratamento de
resíduos industriais da Petroflex (LETRIP), onde foi cultivado girassol (Helianthus annuus
L.), variedade Embrapa 122 V2000. Foram avaliadas características do girassol como a altura
da planta, diâmetro do capítulo, massa seca da planta, rendimento de grãos e massa de 1000
aquênios. O lodo de esgoto (LETRIP) comportou-se como uma importante fonte de nutrientes
para a produção da cultura de girassol, contribuindo positivamente para todos os parâmetros
estudados.

Palavras-Chave: Iodo de esgoto, reciclagem agrícola, oleaginosas.

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1571
1 INTRODUÇÃO
A reciclagem agrícola de lodo de esgoto surge como a principal solução para o destino
final da crescente produção deste material. Esta prática constitui importante estratégia para
reduzir o impacto ambiental evitando que este resíduo seja liberado nos corpos d’água,
diminuindo assim a contaminação do ambiente aquático. O uso do lodo de esgoto na
agricultura é uma alternativa viável e importante, pois o resíduo, além de ser fonte de matéria
orgânica e de nutrientes para as plantas, pode atuar como corretivo da acidez do solo,
promovendo aumentos no rendimento. Deste modo, o uso de lodo de esgoto como fonte de
nutrientes contribui para reduzir os gastos com fertilizantes, principalmente, os fosfatados e os
nitrogenados. Como o uso de lodo de esgoto, do ponto de vista sanitário, apresenta limitações
para o consumo animal, incluído o homem, hoje em dia há a possibilidade do emprego deste
resíduo na produção agrícola como fontes alternativas de energia, vislumbrando seu uso mais
intensivo na agroenergia. No caso do girassol, abre-se a oportunidade de seu emprego na
produção de biodiesel.
O objetivo deste trabalho foi avaliar alguns parâmetros fenológicos de plantas de
girassol, cultivadas em Planossolo Háplico eutrófico tratado com resíduo industrial.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na área experimental da UFRRJ, num Planossolo Háplico
eutrófico (SXe). Os tratamentos constaram de testemunha e doses de 50, 150 e 300 Mg ha-1 de
lodo de esgoto da estação de tratamento de resíduos industriais gerado pela Empresa
PETROFLEX INDÚSTRIA e COMÉRCIO S/A, denominado neste estudo de LETRIP. O
delineamento experimental consistiu em blocos ao acaso, com 4 repetições. O resíduo foi
aplicado manualmente e incorporado ao solo com enxada rotativa. Foi semeado o girassol
(Helianthus annuus L.) variedade Embrapa 122-V2000 após 75 dias, aproximadamente, da
incorporação do resíduo. O espaçamento utilizado foi de 50 cm entrelinhas e 25 cm entre
plantas. As parcelas consistiram numa área de 25 m2. A área útil de cada parcela foi
representada pelas cinco fileiras centrais, descartando-se 1 m das extremidades de cada fileira.
Foram avaliadas as seguintes características do girassol: altura da planta, diâmetro do
capítulo, massa seca da planta, rendimento de grãos e massa de 1000 aquênios. As análises
estatísticas foram realizadas com auxílio do Sisvar, versão 4.6 (Furtado, 2000), e constaram
de análises de variância, aplicando o teste F para detectar significância e regressão. Algumas
características químicas do solo (EMRAPA, 1997) e do resíduo ISO 11466 (1995) são

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1572
apresentadas nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1 - Características químicas do Planossolo Háplico Eutrófico nas diferentes


profundidades em estudo.
Prof. pH C M.O. N C/N P K Ca2+ Mg Na Al H+Al T V
2+ 3+
(cm) (H2O) Total
1:2,5 -------------g Kg-1--------------- mg dm-3 ----------------------------cmolc Kg-1 ------------------------- %

0-15 5,4 14,8 25,0 1,77 8,4 15,2 83,0 2,2 1,2 0,11 0,0 3,3 3,7 53,0

15-30 5,4 11,3 20,0 1,54 7,3 10,9 76,1 1,9 1,0 0,10 0,0 3,1 3,2 50,8

30-60 5,0 6,0 10,0 0,84 7,1 3,3 22,7 1,6 0,9 0,08 0,3 2,6 2,6 50,4

60-90 5,0 5,0 9,0 0,60 8,3 3,1 22,9 1,1 1,1 0,09 0,5 2,3 2,3 50,5

Tabela 2 - Características químicas do resíduo LETRIP utilizado no experimento.


pH C MO N C/N P K Ca Mg Cd Cu Fe Mn Pb Zn
total
----------- g Kg-1----------- -------------mg Kg-1--------------

6,8 204 352 15 13 19 5,7 10,4 2,2 0,9 2156 19800 260 25,7 188

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 apresenta a altura da planta do girassol, variedade Embrapa 122-V2000,
cultivado no Planossolo tratado com diferentes doses do resíduo LETRIP.

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1573
160

Altura da planta (cm)


140

120
y = -0,001373X2+0,532875X+105,406250 *
R2= 0,74
100

80
0 50 100 150 200 250 300
-1
Doses de Letrip (Mg ha )

Figura 1 - Altura da planta do girassol cultivado em solo tratado com resíduo industrial (*
modelo ajustado é significativo a p ≤ 0,05 pelo teste F).

Observa-se que a planta de girassol atingiu a altura máxima com a aplicação da menor
dose de resíduo, não crescendo significativamente com o aumento das doses. No entanto,
ocorreu aumento significativo da altura da planta em relação à testemunha, variando entre 96
e 145 cm, para testemunha e tratamentos, respectivamente. A adição de nitrogênio pela
aplicação do resíduo (tabela 2), provavelmente, favoreceu o crescimento da planta. O
parâmetro altura da planta é uma característica morfológica sensivelmente afetada pela adição
de nitrogênio (Tanaka, 1981). Rego Filho et al. (2005) observaram que a cultivar Embrapa
122-V2000 cresceu até 1,70 m, enquanto que Rezende (2001) observou que atingiu 1,45 m.
Segundo Berretta de Berger & Miller (1995), na cultura de girassol, plantas altas são
desejáveis em ambientes com baixo controle de doenças ou solos com baixo nível de
fertilidade e plantas baixas, são desejáveis quando existem problemas de acamamento, devido
ao alto emprego de fertilizantes ou em ambientes com vento.
A Figura 2 apresenta a diâmetro do capítulo do girassol, variedade Embrapa
122-V2000, cultivado no Planossolo tratado com diferentes doses do resíduo LETRIP.

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1574
16

Diâmetro do capítulo (cm)


14

12
y = -0,000118X2+ 0,044987X+ 10,403304 *
R2= 0,64
10

8
0 50 100 150 200 250 300
-1
Doses de LETRIP (Mg ha )

Figura 2. Diâmetro do capítulo do girassol cultivado em solo tratado com resíduo industrial (*
modelo ajustado é significativo a p ≤ 0,05 pelo teste F).

O diâmetro variou entre 9 e 14 cm, para testemunha e tratamentos, respectivamente,


sendo que os tratamentos que receberam o resíduo não diferiram entre si, mas foram
superiores, significativamente, a testemunha. A produtividade do girassol está intimamente
ligada ao diâmetro do capítulo que varia geralmente de 10 a 40 cm, e uma média de 20 cm
dependendo da variedade ou do híbrido e das condições de desenvolvimento devido ao solo e
ao clima (Camargo et al., 2005) e diâmetros de capítulos muito superiores a 17 cm produzem
menor quantidade de grãos cheios, resultando em menor produção (CETIOM, 1983). Por
outro lado, capítulos muito reduzidos indicam limitações no desenvolvimento com grande
influência na produção (Jain et al., 1978).
Camargo et al. (2005), observaram que o diâmetro do capítulo da cultivar Embrapa 122-
V2000 variou entre 11,8 e 15 cm, dependendo da época do plantio. Lobo et al. (2005)
observaram aumento do diâmetro do capítulo quando aplicado nitrogênio proveniente do lodo
de esgoto.
O diâmetro do capítulo é um bom parâmetro para avaliar o desenvolvimento das plantas
e a produtividade, entretanto, é comum a falha do enchimento ou ausência de aquênios no
centro do capítulo (Castro & Farias, 2005).
A Figura 3 apresenta a massa seca da planta do girassol, variedade Embrapa 122 - V
2000, cultivado no Planossolo tratado com diferentes doses do resíduo LETRIP.

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1575
10

Massa seca da planta (Mg ha )


-1
8

6
y = -0,000123X2+ 0,047861X+ 4,030706 *
4 R2= 0,60

2
0 50 100 150 200 250 300
-1
Doses de LETRIP (Mg ha )

Figura 3 - Massa seca da planta do girassol cultivado em solo tratado com resíduo industrial
(* modelo ajustado é significativo a p ≤ 0,05 pelo teste F).

O acúmulo de massa seca está diretamente relacionado às características fenotípicas e


ambientais (Castro & Farias, 2005). A massa seca do girassol variou entre 4 e 8 Mg ha-1,
testemunha e tratamentos com doses de resíduo, respectivamente. Os tratamentos que
receberam o resíduo tiveram valores de massa seca da planta maiores e significativos em
relação à testemunha, mas não diferiram entre si. Rezende (2001) observou na cultivar
Embrapa 122-V2000 rendimentos de massa seca de 4,37 e 5,40 Mg ha-1 para as densidades de
40000 e 60000 plantas/ha, respectivamente. O caule e as folhas foram as que mais
contribuíram para o aumento da matéria seca.
A Figura 4 apresenta o rendimento de grãos do girassol, variedade Embrapa 122-V2000,
cultivado no Planossolo tratado com diferentes doses do resíduo LETRIP.
3000
Rendimento de grãos (kg ha )
-1

2500

2000
y = -0,021172X2+ 10,772082X+ 1351,923295 *
R2= 0,74
1500

1000
0 50 100 150 200 250 300
-1
Doses de LETRIP (Mg ha )

Figura 4 - Rendimento de grãos do girassol cultivado em solo tratado com resíduo industrial
(* modelo ajustado é significativo a p ≤ 0,05 pelo teste F).

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1576
O rendimento de grãos variou entre 1081 e 2732 kg ha-1, na testemunha e no tratamento
com aplicação da dose de 300 Mg ha-1, respectivamente. Nos tratamentos que receberam o
resíduo, o rendimento de grãos foi significativamente maior (51%) que na testemunha. O
rendimento de grãos, no entanto, não foi diferente, significativamente, entre os tratamentos
que recebeu resíduo.
Lobo et al. (2005) observaram aumento da produção de sementes e de massa de 1000
aquênios quando aplicado nitrogênio proveniente do lodo de esgoto. O rendimento dos grãos
está intimamente ligado a aspectos fisiológicos inerentes à própria planta e a fatores
edafoclimáticos presente durante o seu desenvolvimento (Sangoi, 1985) e é definida pela
densidade de plantas, número e peso de aquênios (Castro & Farias, 2005).
Dias (2005) estudando a dinâmica de nutrientes num Planossolo Háplico eutrófico em
decorrência da adição dos resíduos gerados pelas indústrias Petroflex e PURAC-Síntese e os
seus efeitos na nutrição da soja observou que os resíduos aumentaram o rendimento de grãos.
A Figura 5 apresenta a massa de 1000 aquênios do girassol, variedade Embrapa
122-V2000, cultivado no Planossolo tratado com diferentes doses do resíduo LETRIP.
A massa de 1000 aquênios foi igual para todos os tratamentos que receberam o resíduo,
diferindo significativamente, somente da testemunha. A massa de 1000 aquênios é
influenciada pela densidade de plantas, época de semeadura e fertilidade do solo (Almeida &
Silva, 1993). Castro & Farias (2005) observaram um peso médio de 1000 aquênios de 63,6 g
na cultivar Embrapa 122- V2000. O número e o peso das sementes de girassol são
considerados fatores importantes na produtividade, sendo que a média de 1000 sementes é de
45 a 50 gramas (Camargo et al., 2005).
Massa de mil aquênios (g)

50
40
30
20
10
0
0 50 150 300
-1
Doses de LETRIP (Mg ha )

Figura 5 - Massa de 1000 aquênios do girassol cultivado em solo tratado com resíduo
industrial. Barras inseridas nas colunas representam o erro-padrão em relação à média.

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1577
4 CONCLUSÃO
O lodo de esgoto (LETRIP) estudado comportou-se como uma importante fonte de
nutrientes para a produção da cultura de girassol, contribuindo positivamente para todos os
parâmetros estudados. A menor dose estudada proporcionou os valores máximos em todos os
parâmetros. O uso do lodo estudado ao promover o rendimento da cultura de girassol está,
indiretamente, contribuindo também para a produção de óleo vegetal com fins de produção de
biodiesel.

5 AGRADECIMENTOS
A Pós-Graduação em Agronomia – Ciência do Solo/UFRRJ, CNPq e a Petroflex.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TANAKA, R.T. Nutrição e adubação da cultura do girassol. Inf. Agropecu., Belo Horizonte,
v. 7, p. 74-76, 1981.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1579
PROGRAMA DE COLETA DE ÓLEOS RESIDUAIS NA CIDADE DE
ITAÚNA PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM ESCALA PILOTO

Rosilene Aparecida de Miranda, ICB/UIT, luanabiologa@yahoo.com.br


Mariana Machado Fonseca, ICB/UIT, maryfonsecamachado@hotmail.com
Alex Nogueira Brasil, ICB/UIT, brasil@uit.br
Cristiane Medina Finzi Quintão, ICB/UIT, finzi@uit.br

RESUMO: A implantação de um programa de coleta de óleo residual (óleo de cozinha) para


a produção de biodiesel margeia os campos tecnológico, social e ambiental. Tecnológico pela
pesquisa em biocombustíveis, ambiental pelo não descarte do óleo residual de forma
inadequada e social pela mobilização da comunidade quanto ao recolhimento, descarte e uso
adequado do óleo residual. A utilização do óleo residual na produção de biodiesel tem como
etapa preliminar o recolhimento do mesmo, pelas donas de casa e estabelecimentos
alimentícios, em postos de coleta de fácil acesso, como escolas, postos de saúde e
representações de bairro. O óleo de cozinha coletado passa pelo estudo e produção do
biodiesel em laboratório afim de conhecer as condições de controle do processo e aplicação
em uma usina piloto construída com tecnologia própria. A coleta do óleo de cozinha das casas
e estabelecimentos comerciais requer um programa de conscientização social focado em
escolas e centros comunitários. Professores e representantes de classe são transformados em
formadores de opinião através de palestras específicas. O presente projeto tem como objetivo
contemplar a primeira fase da produção, ou seja, a conscientização social quanto a
importância da coleta do óleo residual. O projeto assemelha-se aos estudos de reciclagem de
materiais com etapas de divulgação, informação e conscientização de formadores de opinião
(professores, representantes de classe entre outros). No caso da comunidade local, o ataque se
dará por panfletos, palestras ilustrativas e através dos próprios alunos.

Palavras-Chave: Óleo residual, programa de coleta, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1580
1 INTRODUÇÃO
Combustíveis alternativos para motores a diesel são cada vez mais importantes devido à
escassez das reservas de petróleo e aos problemas de poluição ambiental. A possibilidade da
utilização de óleos vegetais e gorduras animais como combustível foi reconhecida desde os
primórdios dos motores diesel e são objetos de investigações antes mesmo de ocorrer a crise
energética dos anos 70.
Em 1900 os óleos vegetais já vinham sendo utilizados em máquinas a diesel com
sucesso, durante uma exposição em Paris foi demonstrado o funcionamento de um pequeno
motor diesel funcionando com óleo de amendoim. O consumo do óleo vegetal resultou em um
aproveitamento do calor literalmente idêntico ao do petróleo.
Uma das maiores motivações para a produção do biodiesel é ser um combustível
originado de fonte renovável, permitir a economia de divisas com a importação de petróleo e
óleo diesel e também reduzir a poluição ambiental, além de gerar alternativas de empregos em
áreas geográficas menos atraentes.
Biodiesel é um combustível originado de fontes renováveis derivado de óleos de origem
vegetal ou animal, para uso em motores a combustão. É obtido através da reação de
transesterificação de triglicerídeos (óleos vegetais ou gorduras animais) com um álcool
metílico ou etílico na presença de um catalisador ácido ou básico, gerando biocombustível,
glicerina e álcool residual.
O biodiesel pode ser amplamente utilizado como combustível alternativo por possuir
propriedades físico-químicas semelhantes ao diesel convencional, tendo como vantagens a
diminuição de poluentes possibilitando uma redução significativa do esgotamento de reservas
de petróleo.
Por ser perfeitamente miscível, o biodiesel pode ser utilizado puro ou misturado em
quaisquer proporções em motores do ciclo diesel sem a necessidade de adaptações. Portanto, a
análise da composição de ácidos graxos constitui o primeiro procedimento para a avaliação
preliminar da qualidade do óleo bruto e de seus produtos de transformação para a obtenção do
biodiesel, e isto pode ser obtido através de vários métodos analíticos tais como a
cromatografia líquida de alta eficiência a cromatografia em fase gasosa e a espectroscopia de
ressonância magnética nuclear de hidrogênio (NETO, 1999).
A utilização de óleos vegetais industriais vem ganhando espaço cada vez maior, não
simplesmente porque os resíduos representam matérias primas de baixo custo, mas
principalmente devido aos efeitos da degradação ambiental.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1581
Os efeitos da degradação ambiental geraram uma corrente que defende a produção de
tecnologias limpas e o reaproveitamento de resíduos, o que tem levado empresas a buscarem
viabilidade econômica para os resíduos, diminuindo os impactos ambientais, estimulando a
reciclagem de matérias primas e promovendo a formação de novos postos de trabalho. A
fritura é um processo que utiliza óleos e gorduras como meio de transferência de calor
largamente utilizado para a produção de alimentos, processo que gera um volume
significativo de óleos e gorduras, cujo destino final é difícil de ser solucionado.
Neste contexto o biodiesel produzido a partir de óleos residuais utilizados na cocção de
alimentos apresenta-se como uma das soluções imediatas para a substituição parcial ou total
do petrodiesel, pois é produzido a partir de fontes renováveis, é biodegradável e seus níveis de
emissão de gases causadores do efeito estufa são bem inferiores.
A reutilização de óleos residuais de fritura utilizados em estabelecimentos alimentícios
para produção do biodiesel requer um estudo de conscientização social para que se possa
realizar a coleta em postos definidos e reconhecidos pela sociedade, como escolas e centros
comunitários.
O objetivo deste projeto é a aplicação de um programa de conscientização da
comunidade quanto à problemática do descarte incorreto do óleo de cocção e apresentação de
uma alternativa de uso para esse resíduo (geração de combustível e sabões de baixo custo). O
programa é composto por palestras destinadas a professores e profissionais da saúde, criando
formadores de opinião, panfletos informativos, programas de incentivo para que as escolas se
tornem postos de coleta.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O óleo residual de frituras alimentícias gerado pelos 84.000 habitantes da Cidade de
Itaúna não tem um destino final adequado. A cidade não apresenta sistema de tratamento de
esgoto assim, todo resíduo tem como destino final os mananciais da região. O óleo de cozinha
descartado nas pias além de incrustar nas tubulações, polui os mananciais da região.
O primeiro passo do programa de conscientização sócio-ambiental refere-se à realização
de palestras envolvendo donos de bares e restaurantes, diretores de escolas, representantes de
associações de bairro. As palestras têm o intuito de sensibilizar os representantes de
comunidade para a coleta do óleo de cozinha, sua importância ambiental e sócio-econômica.
Num segundo momento, em uma parceria com a prefeitura municipal de Itauna serão
distribuídos panfletos explicativos quanto à necessidade ambiental do recolhimento do óleo de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1582
cozinha saturado, a possibilidade de aproveitamento econômico com a produção de sabão de
baixo custo e biodiesel e os fatores relacionados aos efeitos da gordura saturada no organismo
humano.
O convênio com a prefeitura permite tornar as escolas e postos de saúde como postos de
coleta de óleo saturado. Programa de incentivos às escolas torna o recolhimento um atrativo e
propicia maior empenho em programas de incentivo à coleta realizada pelas próprias escolas.
Realizada a conscientização, montados os postos de coleta passa-se ao gerenciamento e
logística do recolhimento do óleo de cozinha. A coleta e tratamento do óleo de cozinha devem
seguir os parâmetros apresentados nas seções a seguir.
O óleo deve ser entregue em garrafas PET ou galões de plástico lavados com água
corrente sem adição de sabões.
A cidade deverá ser dividida em zonas ou regiões com um determinado número de
postos de coleta. O processo de zoneamento da cidade tem o objetivo de facilitar a logística de
coleta e tratamento do óleo residual recolhido.
A planilha de recolhimento determina o dia de coleta por região ou zona. O objetivo da
planilha é permitir a identificação de volume e qualidade do óleo por região.
Do óleo recolhido e homogeneizado, amostras são retiradas a fim de determinar
parâmetros como grau de saturação, acidez e índices de impurezas. São montados relatórios a
serem publicados para a população da qualidade do óleo consumido pela comunidade
abrangida por determinada zona de coleta. Esses relatórios publicados periodicamente fazem
parte do plano de incentivo à coleta de óleo residual.
No laboratório o óleo é filtrado e passa por um tratamento preliminar para a retirada de
resíduos de alimentos de cocção. O tratamento visa a obtenção de uma matéria prima
padronizada por um índice de pureza em que o número de partículas em suspensão não seja
superior a 1% e as partículas não sejam superiores a 5 micrômetros.
A filtração de óleos é freqüentemente praticada para retardar a deterioração dos óleos,
funciona com eficiência e rapidez quando aplicada pressão ao sistema. Estudando a
recuperação de óleos usados em frituras utilizando combinações de absorventes seguidas de
filtração, constatou-se uma melhoria na qualidade dos óleos de frituras e por extensão na vida
útil desses óleos. A simples filtração apenas remove as impurezas insolúveis, não
influenciando no tempo de deterioração do óleo, nem diminuindo a acidez livre, prejudicando
assim apenas a qualidade do biodiesel.
O processo de secagem tem o objetivo de retirar o excesso de água resultante da cocção.
A água pode provocar saponificação do óleo acarretando emulsões de difícil separação de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1583
fases entre o biodiesel e glicerol formado. A umidade presente no óleo residual é outro fator
importante a ser observado, pois ela favorece a reação de hidrólise e a quebra de ligações do
éster glicerídeo, ocorrendo a formação de ácidos graxos livres, aumentando a acidez
(SAMPAIO, 2003).
O óleo após passar pelas etapas das seções anteriores, é destinado à produção de
biodiesel em uma usina piloto segundo uma reação de transesterificação, a qual é a reação
química de um óleo com monoálcoois (metanol ou etanol) em presença de hidróxido de sódio
ou potássio como catalisador, o qual promove a quebra da molécula dos triglicerídeos,
gerando ésteres etílicos ou metílicos dos ácidos graxos correspondentes, liberando glicerina
como co-produto. A transesterificação pode ser realizada em meio ácido ou básico, em
pressão atmosférica, temperatura de aproximadamente 40 a 60°C para acelerar a reação em
presença de excesso de álcool para resultar em ésteres menos viscosos e com características
físico-químicas próximas ao diesel convencional (KNOTHE et al., 2006). A reação global de
transesterificação é representada por três equações consecutivas e reversíveis (Figura 1).

Figura 1 - Esquema representativo da transesterificação de óleo.

O produto da reação de transesterificação pode ser dividido em duas fases. A fase


pesada, composta de uma mistura de glicerina, álcool, água e impurezas e a fase leve,
composta do éster (metílico ou etílico), álcool, água e impurezas. É possível que se encontrem
traços de glicerina na fase leve e de éster na fase pesada. A fase pesada é encaminhada para o
processo de recuperação do álcool, o que é feito por evaporação. A mistura álcool e água que
vaporiza deste processo é encaminhada para o processo de desidratação do álcool, o que é
feito por destilação (WUST, 2004).
A Figura (2) representa a usina piloto para produção de biodiesel através de óleo
oriundo de processos de cocção e sua mistura (blends) com óleo de soja. Inicialmente, óleo,
álcool (etanol ou metanol) junto ao catalisador (NaOH ou KOH) são colocados nos

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1584
reservatórios de armazenagem de óleo (1) e misturador (2), respectivamente, em proporções
estequiometricamente determinadas.
No Reator 1 (3), ocorre a mistura e reação de transesterificação entre os reagentes dos
reservatórios 1 e 2. O reator promove a reação catalisada entre álcool e óleo através de
agitação mecânica e a temperatura controlada. O produto da reação é deslocado para o
Separador (4) onde ocorrerá a separação das fases por decantação do biodiesel (éster) e da
glicerina. A glicerina por apresentar maior densidade se deposita no fundo do reservatório
podendo ser retirada por uma válvula de esfera presente no reservatório.
O biodiesel que permanece, passa para o Recuperador (6) onde o excesso de álcool será
evaporado por aquecimento utilizando-se uma resistência encapsulada. O vapor de álcool se
direciona ao Condensador (5), onde retorna a fase líquida. O biodiesel agora sem a glicerina e
livre do excesso de álcool passa para a Lavagem (7), onde por aspersão de água a temperatura
controlada as impurezas como resíduos de catalisador são carregadas e retiradas do produto de
interesse. Entretanto, nem toda água aspergida percola e sai do biocombustível, assim é
necessária uma etapa de aquecimento no Secador (8) para a evaporação da água residual
presente.

Reservatório de óleo
Misturador: álcool + catalisador

1 2

Reator 1
3

Separador

4
Recuperador de alcool
Condensador 5
6
Lavagem

7
Secador

Figura 2 - Apresentação esquemática da Usina Piloto


4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1585
O biodiesel produzido terá seus parâmetros analisados em laboratório para averiguação
de qualidade e oferecido à prefeitura para utilização e testes em um de seus carros, a fim de
verificar eficiência e impactos sobre o motor.

3 RESULTADOS ESPERADOS
O projeto tem o intuito de conscientizar a população quanto às vantagens da reutilização
do óleo de fritura para fins econômicos e de sustentabilidade ambiental. Segundo dados do
Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itaúna, o Rio São João, único afluente que
abastece a cidade, estará tão saturado de lixo e resíduos que em poucos anos, a cidade passará
racionamento de água. A coleta de óleos de cocção representa a redução de um dos poluentes
de alta gravidade no rio.
Espera-se com esse trabalho uma melhoria na qualidade do óleo utilizado pela
população, obtenção de matéria para a produção de biodiesel, e redução da emissão de
poluentes no rio.

4 AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a colaboração da Biominas Biodiesel (www.biominas.ind.br) de


Itaúna-MG, patrocinadora do projeto, e à Prefeitura de Itaúna pelo apoio e disponibilização
das escolas para postos de coleta e incentivo ao projeto biodiesel.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KNOTHE, Gerhard et al. Manual de biodiesel. Tradução Luiz Pereira Ramos. Curitiba:
Edgard Blucher, 2006.

NETO, Pedro Costa et al. Produção de biocombustíveis alternativo ao óleo diesel através
da transesterificação de soja usado em frituras. Dissertação (mestrado em química).
Universidade Federal do Paraná, 1999.

SAMPAIO, Luiz Augusto Grimaldi. Reaproveitamento de óleos e gorduras residuais de


fritura: tratamento da matéria-prima para a produção de biodiesel. Dissertação (mestrado em
desenvolvimento regional e meio ambiente). Universidade Estadual de Santa Cruz, 2003.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1586
AVALIAÇÃO DE TRATAMENTOS PARA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA
EM SEMENTES DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)

Alex Nogueira Brasil, ICB/UIT, brasil@uit.br


Ana Paula Bento Barros, ICB/UIT, anabentobarros@hotmail.com
Cristiane Medina Finzi Quintão, ICB/UIT, finzi@uit.br

RESUMO: Devido à crise energética e às preocupações com o meio ambiente, é necessária


a criação de um modelo de aproveitamento de biomassa. A produção de biodiesel a partir de
oleaginosas tem dado destaque ao estudo de sementes, e não somente as tradicionais soja,
milho e colza. Atualmente, a oleaginosa que tem despertado interesse para a produção de
biodiesel é o Pinhão manso (Jatropha curcas L.). É considerada por alguns pesquisadores
como uma planta nativa do Brasil e como tal pode apresentar o fenômeno da dormência. Com
a possibilidade do uso do óleo do Pinhão manso para a produção do biodiesel, o objetivo
deste trabalho foi verificar os efeitos dos tratamentos realizados nas sementes de Pinhão
manso para superação da dormência. O experimento foi conduzido no Laboratório de
Pesquisas do Grupo ENERBIO na Universidade de Itaúna, onde foram realizados 3
tratamentos nas sementes: (1) embebição em água, (2) escarificação com H2SO4 concentrado
por 5 minutos e (3) escarificação com H2SO4 por 15 minutos. Os experimentos foram
avaliados quanto à porcentagem de germinação, tamanho da parte aérea e o índice de
velocidade de germinação. A partir dos resultados verificou-se que as sementes não
apresentavam problemas de dormência, no entanto, as que ficaram imersas em água por 12
horas apresentaram parte aérea maior. Os valores dos índices de velocidade de germinação
mostraram diferenças insignificantes. Com estes resultados, o Pinhão manso se coloca mais
uma vez na frente das outras oleaginosas, pois além de ser uma planta perene e de fácil
adaptação, não apresenta problemas de dormência nas sementes.

Palavras-Chave: Dormência, fisiologia, pinhão manso, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1587
1 INTRODUÇÃO

A proximidade de uma crise energética e preocupações ambientais indicam a


necessidade da criação de um modelo energético baseado no aproveitamento de biomassa, que
é uma fonte de energia renovável e limpa (MELLO, 2001).
No Brasil existem mais de 200 espécies de plantas, chamadas oleaginosas, com grande
potencial para produzir óleo como fonte de matéria prima para a produção de biodiesel
(BELTRÃO, 2006). Atualmente, a oleaginosa em destaque é o Pinhão manso (Jatropha
curcas L.), pertencente à família Euphorbiaceae, ao gênero Jatropha e à espécie J. Curcas.
Segundo Saturnino et al. (2005), essa planta tem merecido destaque por ser perene, rústica,
com facilidade de adaptação a diferentes condições edafoclimáticas e principalmente pelo seu
alto teor de óleo em relação à semente, que de acordo com Peixoto (1973), é de 54% em
média.
A origem desta planta ainda é muito discutida, segundo Peixoto (1973), o Pinhão manso
pode ser considerado nativo da América do Sul, Brasil.
Muitas espécies nativas têm sua propagação dificultada pela ocorrência de dormência
das sementes (SANTOS et al, 2003). O fenômeno da dormência pode ser caracterizado pela
ausência temporária da capacidade de germinação. Sob o ponto de vista evolutivo, a
dormência é uma característica adaptativa que assegura a sobrevivência das espécies nos
diferentes ecossistemas (DIAS, 2005). A dormência também é considerada um obstáculo
para a agricultura, gerando desuniformidade na germinação, necessitando então de se utilizar
tratamentos adequados para a superação da dormência antes da semeadura (DIAS, 2005).
Diante o exposto, para que se realize a produção de biodiesel a partir do óleo de Pinhão
manso é necessário pesquisas sobre a propagação desta oleaginosa. Como não existem
métodos estabelecidos para J. curcas na RAS (Regras de Análise de Sementes) e na ISTA
(Internation Seeds Testing Association) o presente trabalho tem como objetivo avaliar os
efeitos de alguns tratamentos conhecidos para superação de dormência em sementes de
Pinhão manso, fornecendo assim conhecimento científico que permita a criação de um
protocolo de germinação.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no laboratório de pesquisa do Grupo ENERBIO da


Universidade de Itaúna, Minas Gerais, Brasil. A região encontra-se numa altitude que varia

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1588
entre 857 a 1191m. A temperatura média anual é de 21,8ºC e a média pluviométrica anual é
de 1419 mm, e de acordo com a classificação do Köppen, possui clima do tipo Cwa - Tropical
de altitude. (Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia-INMET).
As sementes utilizadas no estudo foram doadas pela Siderúrgica Pitangui, situada no
município de Pitangui-MG, para as quais foram utilizados três tratamentos diferentes para
superação de dormência, e as sementes foram divididas em quatro grupos:
• Grupo 1 (T) – testemunhas (sementes sem tratamento);
• Grupo 2 (EA12H) – as sementes ficaram imersas em água por 12 horas para a quebra
de da dormência do embrião;
• Grupo 3 (EQ5’) – as sementes foram escarificadas quimicamente com H2SO4 (ácido
sulfúrico concentrado) por 5 minutos. O processo de escarificação tem o objetivo
quebrar a dormência pelo romper da casca ou tegumento da semente, permitindo a
entrada de água para o embrião. O tempo de escarificação deve ser suficiente para que
ocorra o rompimento da casca sem, no entanto, corroê-la;
• Grupo 4 (EQ15’) – as sementes foram escarificadas quimicamente com H2SO4 (ácido
sulfúrico concentrado) por 15 minutos.
Todas as sementes dos grupos 3 e 4 foram lavadas em água corrente por 10 minutos,
após os tratamentos para a retirada total de H2SO4.
Foram usadas 25 sementes para cada grupo. Após os tratamentos realizados as sementes
foram semeadas em bandeja de isopor com 100 células. Foi utilizado como substrato uma
mistura de 3 partes de terra, com uma de areia e uma de matéria orgânica. Os testes foram
deixados à temperatura ambiente. Após 15 dias da semeadura foram feitas avaliações de cada
grupo, com base nas seguintes variáveis:
• Porcentagem de germinação de cada grupo (%G);
• Tamanho da parte aérea (TPA);
• Índice da velocidade de germinação (IVG), usando-se a Eq. (1), sugerida por Popinigis
(1977):
N1 N N
IVG = + 2 + ... + n (1)
D1 D2 Dn

onde N1 é o número de plântulas emergidas no primeiro dia, N2 é o número de plântulas


emergidas no segundo dia, Nn é o número acumulado de plântulas emergidas; D1 é o primeiro

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1589
dia de contagem, D2 é o segundo dia de contagem e Dn é o número de dias após a última
leitura.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação à porcentagem de germinação de cada grupo, podemos observar na Fig. (1),


que as sementes do Grupo 1 tiveram 88% de germinação. As que ficaram 12 horas embebidas
em água (Grupo 2) tiveram um valor muito próximo, igual a 80% e as que sofreram
escarificação química com H2SO4 por 5 minutos (Grupo 3) tiveram 92% de germinação. Já as
que foram escarificadas quimicamente com H2SO4 por 15 minutos (Grupo 4) não
germinaram, ou seja, passaram do ponto de corrosão da casca.

100

80
% Germinação

60

40

20

0
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Figura 1 - Germinação de sementes de Pinhão manso ( Jatropha curcas L.). Grupo 1:


testemunhas; Grupo 2: embebição em água por 12 horas; Grupo 3: escarificação química com
H2SO4 por 5 minutos e Grupo 4: escarificação química com H2SO4 por 15 minutos.

A Tabela (1) apresenta a variação média do tamanho da parte aérea (TPA) 15 dias após
a semeadura das sementes, a porcentagem de germinação e índices de velocidade de
germinação (IVG). Os valores dos índices de velocidade de germinação, mostrados na
Tabela 1, não mostraram diferenças significativas de um grupo para o outro.
Pelos resultados apresentados na Tab. (1), constatou-se que, dentre os tratamentos
aplicados às sementes, nenhum se mostrou vantajoso sobre as testemunhas. Observou-se que
o período de 5 minutos de escarificação química com H2SO4 não causa nenhum dano a
semente. Já aumentando o tempo de 15 minutos, causa corrosão e, portanto, não há
germinação, o que aconteceu, de acordo com Rolston (1978) citado por Alves et al. (2006),
foi que a escarificação química causou degradação do tegumento e o aumento do tempo de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1590
imersão das sementes em ácido sulfúrico gerou a destruição de células essenciais,
responsáveis pela germinação.

Tabela 1 - Resultados das variáveis avaliadas em sementes de Pinhão manso (Jatropha curcas
L.) submetidas a tratamentos para superação de dormência. ICB-UIT, 2007.
Grupos %G TPA IVG
Grupo 1 (T) 88 3,5* 4,18
Grupo 2 (EA12H) 80 4,5* 4,63
Grupo 3 (EQ5’) 92 3,6* 4,68
Grupo 4 (EQ15’) 0 - -
* média do grupo. %G – Porcentagem de germinação; TPA – Tamanho da parte aérea e IVG – Índice da
velocidade de germinação.

4 CONCLUSÃO

As sementes de Pinhão Manso utilizadas para o experimento não apresentaram


problemas de dormência.
Baseado nos resultados dos experimentos, o Pinhão manso se mostra uma oleaginosa
promissora como matéria prima para a produção de biodiesel por não apresentar dormência
em suas sementes, não tendo assim dificuldades em uma germinação uniforme no campo.

5 AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem apoio da Biominas Biodiesel (www.biominas.ind.br) e da


Prefeitura Municipal de Itaúna, patrocinadores do projeto.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, E.U.; BRUNO, R.L.; OLIVEIRA, A.P. Ácido sulfúrico na superação da
dormência de unidades de dispersão de Juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.). Revista
Árvore, v.30, n.2, p.187-195, 2006.

BELTRÃO, N.E.M. Considerações gerais sobre o Pinhão manso ( Jatropha curcas L.) e a
necessidade urgente de pesquisas, desenvolvimento e inovações tecnológicas para esta
planta nas condições brasileiras.

DIAS, D.C.F.S. Dormência em sementes: mecanismos de sobrevivência das espécies. Seed


News, n.4, reportagem de capa do mês Julho/agosto, 2005.

LIMA, P.C.R. Biodiesel: Um novo combustível para o Brasil. Consultoria Legislativa.


Câmara dos deputados. Brasília, 2005.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1591
MELLO, M.G. Biomassa – Energia dos trópicos em Minas Gerais. Editora Labmídia.
Belo Horizonte, 2001.

POPINIGIS, F. Fisilogia da semente. Brasília: ABRATES, 1985. 298p.

ROLSTON, M.P. Water impermeable seed dormancy. The botanical review, v.44, n.33,
p.365-396, 1978.

SANTOS, M.R.A.; PAIVA, R.; GOMES, G.A.C.; PAIVA, P.D.O.; PAIVA, L.V. Estudos
sobre superação de dormência em sementes de Smilax japecanga GRISEBACH. Ciênc.
Agrotec., Lavras, v.27, n.2, p.319-324, mar/abr., 2003.

SATURNINO, H.M.; PACHECO, D.D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES,


N.P. Cultura do Pinhão manso ( Jatropha curcas L.). Produção de oleaginosas para biodiesel.
Informe agropecuário, Belo Horizonte, v. 26, n. 229, p. 44-74, 2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1592
AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA PARA A REGIÃO CENTRO-
SUL DO ESTADO DO PARANÁ

Nelson da Silva Fonseca Júnior, AMG/IAPAR, nsfjr@iapar.br


Sérgio Delmar dos Anjos e Silva, CNPACT/EMBRAPA, sergio@cnpact.embrapa.br
Luiz Miguel de Barros, UEL/IAPAR, amgiapar@iapar
Thiago Rosseto, UEL/IAPAR, amgiapar@iapar

RESUMO: A mamona é cultivada no Paraná é cultivada de modo esparso, mas vem se


intensificando com o programa governamental visando o biodiesel e alternativas de plantas
oleaginosas, geradoras de renda para a agricultura familiar. Neste sentido, é necessário a
instalação de ensaios para possibilitar a viabilização da cultura no estado, principalmente em
regiões de clima mais ameno, abaixo da latitude 24º Sul. Para tanto foram instalados três
ensaios de competição de cultivares e híbridos, que detectaram variabilidade genética para as
variáveis estudadas, destacando-se a cultivar AL GUARANY 2002 e o híbrido ÍRIS.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., cultivares, híbridos, clima subtropical.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1593
1 INTRODUÇÃO
O Estado do Paraná tem apresentado produtividade média de 1530 kg/ha de mamona
entre as safras 2004/2005 e 2005/2006 (CONAB, 2006).
A partir da safra 2005/2006, o IAPAR reiniciou as pesquisas com a cultura da mamona,
em parceria com a Embrapa Clima Temperado.
Objetiva-se, com este trabalho, apresentar os resultados dos ensaios de competição de
cultivares e híbridos de mamona em Ponta Grossa, região Centro-Sul do estado, conduzidos
na safra 2006/2007.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Os ensaios foram conduzidos na Estação Experimental do Instituto Agronômico do
Paraná, em Ponta Grossa no período de safra, de dezembro de 2006 a maio de 2007. O
experimento I constava de quatro tratamentos: IAC 80, AL GUARANY 2002, MARA e
LYRA. O experimento II testou seis híbridos comerciais de mamona: LARA, LYRA, MARA,
ÍRIS, SARA e SAVANA. O experimento III avaliou sete cultivares: AL GUARANY 2002,
IAC 226, MIRANTE 10, IAC 80, VINEMA T1, NORDESTINA e IAC GUARANI. O
delineamento utilizado foi em blocos casualizados, com duas, três e três repetições
respectivamente. Cada parcela foi constituída por três ou quatro linhas de 8m, em
espaçamento entre linhas de 1,2m. A colheita foi efetuada em uma única época, 07/05/2007.
A semeadura foi em plantio direto, sobre braquiária dessecada, realizada manualmente, em 13
e 14 de dezembro de 2006.
Avaliaram-se os dados de produção de sementes por parcela, posteriormente
transformados para produtividade (kg/ha), relação entre a massa de grãos e bagas e a
população final de plantas (plantas/ha). Os dados foram analisados pelo aplicativo Genes.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise estatística referente ao experimento I (Tabela 1) revelou efeito não
significativo de genótipos para produtividade de grãos, com coeficiente de variação de 45,2%,
média geral de 1661 kg/ha, porém para as variáveis relação grãos/bagas e estande final houve
efeito significativo para tratamentos. Na tabela 4, teste de médias, verifica-se que a cultivar
IAC 80, embora tenha apresentado rendimento ao redor da média geral do ensaio, possui a
mais baixa densidade de sementes, evidenciada pela relação grãos/bagas.

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1594
Tabela 1 - Resumo das análises de variâncias para as variáveis rendimento de grãos de
mamona (kg/ha), relação entre a massa de grãos e bagas e a população final de plantas
(plantas/ha). Experimento I (época de semeadura). Ponta Grossa, Paraná, safra 2006/2007.
kg/ha Sementes/bagas Plantas/ha
F.V. G.L. F Prob. F Prob. F Prob.
BLOCOS 1
Tratamentos 3 0,548 ns 38,292 0,0068 21,736 0,0155
RESÍDUO 3

TOTAL 7

MÉDIA 1661 0,63 8984


CV(%) 45,2 3,5 12,3

No experimento II, houve efeito significativo para rendimento de grãos e relação


sementes/bagas (Tabela 2), destacando-se os híbridos ÍRIS e LYRA (Tabela 4). O
experimento III indicou significância apenas para a variável relação sementes/bagas. Foi o
ensaio com menor produtividade evidenciando cultivares de baixa adaptação, nas condições
de clima mais ameno, como a variedade VINEMA T1 (Tabela 4). Relata-se que nos
experimentos II e III não foi efetuado desbaste das plantas, que pode ter contribuído para o
desempenho de alguns híbridos de porte baixo, porém prejudicando cultivares de hábito de
crescimento mais agressivo.

Tabela 2 - Resumo das análises de variâncias para as variáveis rendimento de grãos de


mamona (kg/ha), relação entre a massa de grãos e bagas e a população final de plantas
(plantas/ha). Experimento II (híbridos). Ponta Grossa, Paraná, safra 2006/2007.
kg/ha Sementes/bagas Plantas/ha
F.V. G.L. F Prob. F Prob. F Prob.
BLOCOS 2
Tratamentos 5 17,470 0,0001 4,435 0,0217 1,432 0,2936
RESÍDUO 10

TOTAL 17

MÉDIA 1695 0,70 20718


CV(%) 21,9 5,1 19,2

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1595
Tabela 3 - Resumo das análises de variâncias para as variáveis rendimento de grãos de
mamona (kg/ha), relação entre a massa de grãos e bagas e a população final de plantas
(plantas/ha). Experimento III (variedades). Ponta Grossa, Paraná, safra 2006/2007.
kg/ha Sementes/bagas Plantas/ha
F.V. G.L. F Prob. F Prob. F Prob.
BLOCOS 2
Tratamentos 6 2,508 0,0826 9,342 0,0006 1,216 0,3629
RESÍDUO 12

TOTAL 20

MÉDIA 1153 0,60 13095


CV(%) 43,9 5,0 18,1

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1596
Tabela 4 - Teste de comparação de médias (teste Scott-Knott a 5%) para as variáveis
rendimento de grãos de mamona (kg/ha), relação entre a massa de grãos e bagas e a população
final de plantas (plantas/ha). Ponta Grossa, Paraná, safra 2006/2007.
Rend. Grãos Relação Número de
Trats. Cultivares
kgha sem/bagas Plantas/ha
EXPERIMENTO I
4 LYRA 2116 a 0,68 a 10938 a
2 AL GUARANY 2002 1845 a 0,65 a 8333 a
1 IAC 80 1439 a 0,49 b 4167 a
3 MARA 1244 a 0,71 a 1250 a
EXPERIMENTO II

4 ÍRIS 3288 a 0,73 a 16319 a


2 LYRA 2198 b 0,75 a 22222 a
1 LARA 1369 c 0,69 b 21528 a
3 MARA 1247 c 0,65 b 24306 a
5 SARA 1137 c 0,66 b 20833 a
6 SAVANA 929 c 0,74 a 19097 a
EXPERIMENTO III

1 AL GUARANY 2002 1660 a 0,59 a 14236 a


2 IAC 226 1482 a 0,65 a 12500 a
4 IAC 80 1425 a 0,60 a 13889 a
7 IAC GUARANI 1220 a 0,63 a 13194 a
3 MIRANTE 10 1119 a 0,49 b 10069 a
6 NORDESTINA 891 a 0,61 a 13194 a
5 VINEMA T1 274 a 0,65 a 14583 a

Em 30 de maio de 2007 houve severa geada (-3ºC temperatura de relva), as plantas das
parcelas tinham sido colhidos e podadas, espera-se observar a taxa de sobrevivência e rebrote,
para uma segunda safra, sem plantio, pós poda.

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1597
4 CONCLUSÃO
Foi detectada variabilidade genética entre cultivares e híbridos;
O híbrido com maior destaque foi o ÍRIS, enquanto a cultivar mais promissora foi a AL
GUARANY 2002.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Oitavo levantamento de safra jun/2006.
Disponível em: < http://www.conab.gov.br/download/safra/boletim07.pdf >, acesso em
14/07/2006.

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1598
EQUILÍBRIO TERMODINÂMICO NA TRANSESTERIFICAÇÃO COM
ÉSTERES SIMPLES E TRIOLEÍNA

Demian Patrick Fabiano, PPGEQ/UFSCAR, demian@iris.ufscar.br


Cezar Augusto da Rosa, PPGEQ/UFSCAR, eqcezar@yahoo.com.br
Dílson Cardoso, DEQ/UFSCAR, dilson@power.ufscar.br

RESUMO: O biodiesel possui vantagens econômicas, sociais e ambientais em relação ao


diesel derivado de petróleo. O Brasil apresenta reais condições para se tornar um dos maiores
produtores de biodiesel por dispor de solo, climas adequados e variedade de fontes de
triglicerídeos. Porém, há uma grande dificuldade de encontrar, na literatura, dados
termodinâmicos para os ésteres envolvidos nas reações de transesterificação de gorduras e
óleos vegetais. Neste trabalho foi estimada a conversão teórica, no equilíbrio, para as reações
de transesterificação com ésteres simples, com a trioleína com metanol e com etanol para a
formação de biodiesel e glicerol.

Palavras-Chave: Termodinâmica química, transesterificação, ésteres, trioleína.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1599
1 INTRODUÇÃO
Os óleos vegetais e gordura animal são ésteres de ácidos graxos com o glicerol, e, por
serem abundantes na natureza, receberam a denominação própria de triglicerídeos. Os óleos e
gorduras contêm diferentes tipos de ácidos graxos ligados ao glicerol, e que, dependendo do
comprimento de sua cadeia e do grau de insaturação, é o parâmetro de maior influência sobre
as propriedades dos óleos vegetais e gorduras animais de onde se originam [4].
Os óleos e gorduras podem ser convertidos em biodiesel por uma reação denominada
transesterificação ou alcoólise, representada na Figura 1. Nessa reação, os triglicerídeos
reagem com um monoálcool (metanol ou etanol), na presença de um catalisador, usualmente
básico, para produzir os ésteres correspondentes e glicerol [8]. Essa reação é de grande
interesse industrial e foco intenso de investigação por muitos pesquisadores.

Figura 1 - Transesterificação de triglicerídeos com metanol.

O biodiesel pode substituir total ou parcialmente o óleo oriundo de petróleo em motores


a diesel estacionários (geradores de eletricidade, calor etc.) ou automotivos (caminhões,
tratores, ônibus etc.). O biodiesel pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas
proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim
sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100. Além da redução do consumo de
combustíveis fósseis, o uso do biodiesel traz uma série de benefícios associados à redução dos
gases de efeito estufa (CO2), e de outros poluentes atmosféricos, tais como o enxofre (SO2).
As altas emissões destes gases são apontadas como principais causadoras das chuvas ácidas,
extremamente prejudiciais às florestas, lavouras e animais, e pelo aumento da temperatura
global, derretimento das calotas polares, desequilíbrio ecológico, entre outros.
A reação de transesterificação pode ser catalisada por sítios ácidos ou básicos, em meio
homogêneo ou heterogêneo. As soluções alcoólicas dos hidróxidos de sódio e de potássio
(NaOH e KOH), bem como os metóxidos e etóxidos de sódio e de potássio (NaOCH3,
NaOCH2CH3, KOCH3, KOCH2CH3) são usualmente utilizados como catalisadores para esta
reação, pois são bastante ativos [5]. Por outro lado, a sua utilização na transesterificação de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1600
óleos vegetais pode gerar uma grande quantidade de sabão, e consequentemente de uma
emulsão, que é uma reação paralela e indesejada por consumir muito catalisador [10].
O processo de transesterificação ocorre preferencialmente com álcoois de baixo peso
molecular, sendo metanol o mais usado pelo preço e pela maior atividade durante a alcoólise.
O etanol também pode ser utilizado na transesterificação, mas desde que esteja anidro, uma
vez que a água atua como inibidor da reação e no aumento da formação de sabão.
Um ponto importante a ser tratado neste processo é o equilíbrio químico da reação de
transesterificação. A conversão de equilíbrio desse processo é usualmente baixa em
temperaturas brandas. Mas, através da utilização de grandes excessos de álcool, é possível
favorecer o deslocamento do equilíbrio para a produção de biodiesel [1] ou simplesmente
retirando-se o glicerol (subproduto formado), sendo esse último o modo economicamente
mais atraente. No entanto, há uma grande dificuldade de encontrar na literatura dados
termodinâmicos para as moléculas complexas dos ésteres envolvidos nas reações de
transesterificação.
Portanto, objetivo deste trabalho foi calcular a conversão teórica, no equilíbrio, para a
reação de transesterificação do trioleato de glicerol ou simplesmente trioleína (Figura 2) com
metanol e com etanol para a formação de oleato de metila e oleato de etila, respectivamente e
glicerol. A molécula da trioleína foi considerada um modelo de ésteres contidos nos óleos e
gorduras. A razão molar de álcool/trioleína foi variada de 3 a 15 e entre as temperaturas de 25
e 60°C. A molécula de trioleína foi escolhida como representante dos óleos vegetais por ser o
triglicerídeo encontrado em grandes quantidades nas sementes de canola (62%), amendoim
(49%), dendê (25%) e soja (22%).

Figura 2 - Molécula de trioleína de glicerina (trioleína).

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1601
2 MATERIAL E MÉTODOS
Com o intuito de verificar o comportamento das reações de transesterificação,
inicialmente, foram simuladas reações com ésteres simples com metanol e etanol. As reações
são apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 - Ésteres e álcoois utilizados nas simulações de reações de transesterificação.


REAGENTES PRODUTOS
Éster Álcool Éster Álcool
1 Metanoato de metila Etanol Metanoato de etila Metanol
2 Etanoato de metila Etanol Etanoato de etila Metanol
3 Propionato de metila Etanol Propionato de etila Metanol
4 Butirato de metila Etanol Butirato de etila Metanol
5 Valerato de metila Etanol Valerato de etila Metanol
6 Metanoato de etila Metanol Metanoato de metila Etanol
7 Etanoato de etila Metanol Etanoato de metila Etanol
8 Propionato de etila Metanol Propionato de metila Etanol
9 Butirato de etila Metanol Butirato de metila Etanol
10 Valerato de etila Metanol Valerato de metila Etanol

Para a simulação com ésteres representantes dos óleos de gorduras foi escolhida a
molécula de trioleína. As Equações 1 e 2 mostram a estequiometria da transesterificação da
trioleína (TOl) com metanol (MeOH) e com etanol (EtOH), formando oleato de metila
(MeOl) e oleato de etila (EtOl), respectivamente e glicerol (G).

TOl + 3 MeOH ↔ 3 MeOl + G (11)

TOl + 3 EtOH ↔ 3 EtOl + G (12)

As constantes de equilíbrio destas reações (Keq) foram calculadas pela relação com a
variação da energia de Gibbs padrão ΔG0, mostrada na Equação 1 [9], na qual R é a constante
universal dos gases; T a temperatura padrão (T = 298,15 K).
ΔG o
− ln K 298 = Eq. 1
R.T
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1602
Considerando que a temperatura não exerça influência sobre a entalpia de reação padrão
(∆Hº), calculou-se a constante de equilíbrio a uma temperatura T, através da equação de van’t
Hoff (Equação 2).

K ΔH º ⎛ 1 1 ⎞
ln =− ⎜⎜ − ⎟
R ⎝ T T298 ⎟⎠
Eq. 2
K 298

A Equação 2 fornece uma relação razoavelmente precisa para a interpolação e a


extrapolação de dados de constantes de equilíbrio [9].
A relação entre a constante de equilíbrio com a fração molar dos componentes (xi) e os

respectivos coeficientes de atividade (γi), é dada pela Equação 3, na qual νi é o coeficiente

estequiométrico do componente i. Os coeficientes de atividade não-ideais (γi) para as reações


com a trioleína foram calculados através do método de contribuição de grupos UNIFAC [9].

K eq = ∏ ( x i γ i ) i
ν
Eq. 3
i

Para os ésteres de monoálcoois, considerou-se que a mistura de equilíbrio comportava-


se muito próximo a uma solução ideal. Portanto todos os γi foram considerados unitários,
resultando na Equação 4.

K eq = ∏ ( x i ) i
ν
Eq. 4
i

A entalpia de formação padrão (ΔHf°) para os compostos envolvidos na reação com a


trioleína [6,7] e a energia livre de Gibbs de formação padrão (ΔGf°) foram estimadas pelo
método de contribuição de grupos Joback [3]. Para as reações com os ésteres simples, essas
propriedades foram obtidas no National Institute of Standards and Technology [6].

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1603
Os cálculos termodinâmicos para a avaliação do Keq e da conversão no equilíbrio do
trioleína foram realizados utilizando o software Matlab. Esta simulação permitiu a previsão
do comportamento do sistema reacional em diferentes condições de temperatura e as
concentrações iniciais dos reagentes.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2 são apresentados os resultados com os ésteres simples. Os valores das
conversões no equilíbrio do éster (Xéster), para uma mistura ideal, são a temperatura de 25 ºC
e com razão álcool/éster igual a 1.

Tabela 2 - Resultado da simulação das reações de transesterificação com ésteres simples.

REAGENTES ΔHr ΔGr Keq Xéster ↑T


Éster Álcool (kJ/mol (kJ/mol) (25ºC) (25ºC)
)
1 Metanoato de metila Etanol +30,60 -2,610 2,867 63 X↑
2 Etanoato de metila Etanol +4,02 -1,110 1,564 56 X↑
3 Propionato de metila Etanol +1,40 -2,710 2,983 63 X↑
4 Butirato de metila Etanol +4,40 -1,410 1,767 57 X↑
5 Valerato de metila Etanol +32,90 -1,510 1,827 58 X↑
6 Metanoato de etila Metanol -30,60 +2,610 0,351 37 X↓
7 Etanoato de etila Metanol -4,02 +1,110 0,639 44 X↓
8 Propionato de etila Metanol -1,40 +2,710 0,335 37 X↓
9 Butirato de etila Metanol -4,40 +1,410 0,567 43 X↓
10 Valerato de etila Metanol -32,90 +1,510 0,547 42 X↓

Verifica-se, pela Tabela 2, que as reações com etanol (1 a 5) são endotérmicas,


passando por um mínimo quando realizada com o propionato de metila. Consequentemente,
as reações inversas (6 a 10), com metanol, são exotérmicas. Portanto, o aumento da
temperatura (coluna ↑T) deve favorecer as reações com etanol, aumentado a conversão (↓ X)
e deve desfavorecer as reações com metanol, diminuindo a conversão (↑X).
Comportamento similar, em relação ao álcool utilizado, observado para as reações com
os ésteres simples, foi verificado para reações com a trioleína, estimado através do método de
contribuição de grupos. Os valores de ΔH° e o ΔG° de reação são mostrados na Tabela 3,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1604
onde nota-se que a reação de transesterificação entre a trioleína (TOl) e o metanol é
ligeiramente exotérmica e a reação do trioleína com etanol é ligeiramente endotérmica..

Tabela 3 - Entalpia e Energia livre de Gibbs de reação na temperatura padrão.


Reação ΔH° (kJ/mol) ΔG° (kJ/mol)

(11) TOl + 3 MeOH ↔ 3 MeOl + G –9,08 0,00

(12) TOl + 3 EtOH ↔ 3 EtOl + G 12,58 0,00

A Figura 3 mostra a dependência da constante de equilíbrio com a temperatura para reação 11


e 12, calculadas pela equação de van’t Hoff (Equação 2). Nela nota-se um ligeiro aumento da
constante de equilíbrio para a reação com o etanol, e pequeno decréscimo para reação com o
metanol, em decorrência dos valores de ΔH° da Tabela 3.

1,8
Etanol x Trioleína
Metanol x Trioleína
1,6
Constante de equilíbrio

1,4

1,2

1,0

0,8

0,6
25 30 35 40 45 50 55 60 65
Temperatura (°C)
Figura 3 - Constante de equilíbrio (Keq) em função da temperatura para a reação de
transesterificação do trioleína com metanol e com etanol.

No trabalho desenvolvido por DOSSIN et al. [2], os autores fizeram uma simplificação,
consideraram o Keq constante e igual a 1 para todas as temperaturas, com a justificativa que a
reação é quase termicamente neutra, devido à pequena variação na da entropia.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1605
100 100
Ideal Ideal
Não ideal Não ideal
80 80
Conversão (%)

Conversão (%)
60 60

40 40

20 20

0 0
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Temperatura (°C) Temperatura (°C)

(a) (b)
Figura 4 - Conversão no equilíbrio, ideal e não-ideal, para a reação de transesterificação
(a) com metanol e (b) com etanol, para uma razão álcool/Trioleína = 3.

Com o intuito de conhecer o comportamento do sistema reacional, realizaram-se os


cálculos considerando como ideal (Equação 4) e considerando o sistema não-ideal
(Equação 35) com o calculo dos coeficientes de atividade (γ) das espécies envolvidas. A
Figura 4 apresenta a comparação entre a conversão ideal e a conversão não-ideal para as
reações de transesterificação com a razão álcool/Trioleína = 3. Verifica-se, pela Figura 4, que
o sistema reacional possui um comportamento não-ideal, pois os desvios são maiores que
50%.
A Figura 5 apresenta a conversão do trioleína em função da temperatura para diversas
razões metanol/trioleína.

Metanol/Trioleato Metanol/Trioleato
100 100
3 6 9 3 6 9
12 15 12 15
80 80
Conversão (%)

Conversão (%)

60 60

40 40

20 20

0 0
25 30 35 40 45 50 55 60 65 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Temperatura (°C) Temperatura (°C)

(a) (b)

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1606
Figura 5 - Conversão no equilíbrio, não-ideal, de trioleína em função da temperatura, para
diferentes razões metanol/trioleína para a reação (a) com metanol e (b) com etanol.

Como esperado pelas reações reversíveis 11 e 12, na Figura 5 verifica-se que ao


aumentarmos a proporção do álcool, o equilíbrio da reação de transesterificação se desloca
para os produtos. Entretanto a reação com proporções estequiométricas atinge o equilíbrio
em torno de 30 % com o metanol e de 27% com etanol a 25 ºC.
DOSSIN et al. [2] estimaram a conversão no equilíbrio de 46,6 %, para uma razão
metanol/trioleína igual a 5 e temperatura de 50 ºC. Esses autores consideraram o Keq igual a 1,
conforme explicado anteriormente. Nestas mesmas condições, com um Keq igual a 1,48 a
simulação obteve um valor de 42,6 %. A diferença entre os valores pode ser devido aos
grupos do método UNIFAC utilizados para compor as moléculas ocasionando diferentes
valores para os coeficientes de atividade.
A Figura 6 mostra a comparação das conversões não-ideais da reação de
transesterificação com metanol e etanol em função da razão álcool/trioleína.

100

80
Conversão (%)

60

40
metanol
etanol
20
0 10 20 30 40 50

Razão Molar Álcool/Trioleato


Figura 6 - Conversão de trioleína em função da razão álcool/trioleína a 25ºC com modelo
não-ideal.

Verifica-se, pela Figura 6, que o deslocamento da conversão de equilíbrio é significante


até uma razão álcool/trioleína em torno de 30 e, à temperatura ambiente, não depende muito

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1607
do álcool usado. Acima desse valor ocorrem pequenas variações na conversão, com uma
conversão máxima de 98,8% com uma razão álcool/trioleína de 50.

4 CONCLUSÃO
A contribuição de grupos leva a uma boa estimativa das propriedades termodinâmicas
de moléculas complexas, como dos ésteres da glicerina. Reações de transesterificação que
ocorrem com etanol são ligeiramente exotérmicas e com metanol são ligeiramente
endotérmicas. A constante de equilíbrio das reações de transesterificação da trioleína com
metanol e com etanol possui valores em torno de 1. Devido aos baixos valores da entalpia
ΔH°, a temperatura não exerce grande influência na conversão de equilíbrio.
A simulação das reações com a trioleína, mostrou que o sistema opera longe da
idealidade com desvios superiores a 50%. O sistema permitiu estimar como o aumento da
razão álcool/trioleína desloca o equilíbrio da reação no sentido da formação dos produtos,
sendo que o aumento é significativo até uma razão de 30. O metanol e etanol possuem
comportamentos semelhantes na reação de transesterificação, sendo que os desvios são
menores que 5%.

5 AGRADECIMENTOS
Ao CNPq, pelas bolsas concedidas aos doutorandos D. P. Fabiano e C. A. Rosa.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORMA, A. Chem. Rev. v. 95, 1995, p. 559-624. 5

DOSSIN, T. F.; REYNIERS M. F.; BERGER, R. J.; MARIN, G. B. Applied Catalysis B:


Environmental. v. 67. 2006. p. 136–148. 10

JOBACK, K. G.; REID, R. C., Chem. Eng. Comm., v. 57. 1987. p. 233-243. 9

KNOTHE, G.; GERPEN, J. V.; KRAHL, J.; RAMOS, L.P. Manual de Biodiesel, Ed. Edgarb
Blucher, 2006. 1

MA, F.; HANNA, M. A., Bioresour. Technol. v. 70, 1999, p.1-15. 3

NIST. Disponível em: <webbook.nist.gov>. Acessado em: 17 jun. 2007. 8

REID C.; PRAUSNITZ, J.M.; POLING, D.E. The Properties of Gases and Liquids. 3-4. ed.
New York: McGraw-Hill, 1987. 7

SERIO, M. DI; LEDDA, M.; COZZOLINO, M.; MINUTILLO, G.; TESSER, R.;
SANTACESARIA, E. Ind. Eng. Chem. Res. v. 45, 2006, p. 3009-3014. 2
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1608
SMITH J. M.; NESS H.C. VAN; ABBOTT, M. M. Introdução à termodinâmica da
engenharia química, 5. ed. LTC. 2000. 6

VICENTE, G.; MARTINEZ, M.; ARACIL, J., Bioresour. Technol. v. 92, 2004, p. 297-305.
4

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1609
BIODIESEL DE INAJÁ (Maximiliana maripa Drude) OBTIDO PELA VIA
METANÓLICA E ETANÓLICA

Everton José Cardoso Costa, UFAM, costaejc@bol.com.br


Daniel de Queiroz Rocha, UFAM, dqrocha19@hotmail.com
Jamal da Silva Chaar, UFAM, jchaar@ufam.edu.br

RESUMO: O objetivo do trabalho foi a produção de biodiesel do óleo vegetal de inajá


através das rotas metílica e etílica. O inajá é uma oleaginosa característica da Amazônia,
sendo uma cultura perene na região e possui potencial para a produção de biocombustíveis.
Foram realizadas análises físico-químicas e químicas do óleo vegetal e das amostras de
biodiesel obtidos através da catálise homogênea ácida. A análise da composição de ácidos
graxos do óleo vegetal e das amostras de biodiesel obtidas apresentaram como componente
majoritário o ácido 9-octadecenóico.

Palavras-Chave: Biodiesel potencial, Maximiliana maripa Drude, transesterificação.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1610
1 INTRODUÇÃO
Metade das fontes de energia utilizadas atualmente provém de matéria-prima não
renovável, como petróleo e gás natural. O óleo diesel é o combustível que apresenta a maior
demanda mundial, sendo utilizado em vários setores da sociedade, principalmente nos
transportes doméstico e industrial. Além das restrições econômicas relacionadas à ampla
utilização deste combustível, diversos problemas ambientais, como o a chuva ácida e o efeito
estufa, são decorrentes dos gases emitidos na sua queima, como o CO2 , SOx e NOx.

Estas questões impulsionam a pesquisa na viabilização de fontes de energia renováveis,


biodegradáveis, não tóxicas ao meio ambiente e economicamente viáveis. O Biodiesel é um
combustível renovável e biodegradável, com emissões isentas de compostos sulfurados,
substâncias tóxicas e cancerígenas, emitindo 90% menos fumaça que o diesel mineral4. Sua
obtenção é realizada a partir da transesterificação de óleos vegetais, com características físico-
químicas similares às do diesel mineral.
Devido à sua perfeita miscibilidade, o Biodiesel pode ser misturado ao diesel mineral
em quaisquer proporções em motores do ciclo diesel sem a necessidade de adaptações. Sua
aplicação como um combustível alternativo em países da União Européia vem crescendo a
cada ano, utilizado na sua forma pura (B100). A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), órgão regulamentador de derivados de petróleo e combustíveis no
Brasil, determinou que no período de 2005 a 2008 o Biodiesel deva ser utilizado de forma
facultativa misturado ao óleo diesel mineral na proporção máxima de 2% de Biodiesel para
98% de diesel, formando o chamado combustível B2. Sua adição ao óleo diesel nesta
proporção passará a ser obrigatória já em 2008. A partir de 2013, esta proporção aumentará
para 5% de biodiesel no diesel (B5), com perspectivas de crescimento deste percentual para os
anos seguintes. Entretanto, a demanda nacional na produção de óleos vegetais crescerá em
50%, pois o Brasil consome cerca de 36 bilhões de L/ano de diesel e se misturar cerca de 5%
de biodiesel no petrodiesel, haverá uma necessidade de aproximadamente 3,5 bilhões de
L/ano de óleo vegetal.
No aspecto do aumento da produção de óleos vegetais, o Brasil possui em torno de 150
milhões de ha que poderão ser incorporados à produção agrícola, sendo 90 milhões referentes
às novas fronteiras e 60 milhões às terras e pastagens. Essa área está distribuída em todo o
território nacional e a produção de oleaginosa implica em fatores edofoclimáticos e o Brasil é
bastante diverso neste aspecto.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1611
O Inajá, Maximiliana maripa (Aublet) Drude,(também conhecida como anajá) assim
como as outras palmeiras, têm um valor econômico, ecológico, ornamental e alimentar muito
grande e seu estudo é muito importante. Todas as partes de uma palmeira são aproveitadas de
alguma maneira, desde a alimentação até o uso medicinal. Os frutos e as sementes “in natura”
são utilizados na alimentação humana e de animais, e também fornecem matéria-prima para
as indústrias de cosméticos e alimentícios; as folhas jovens servem como cobertura de casas e
as adultas como abrigo nas florestas para homens e animais; na coroa foliar, encontra-se o
palmito que tem grande valor alimentício e industrial; o estipe (caule) é utilizado para
fabricação de móveis, assoalhos, paredes de casas e etc. As raízes têm uso medicinal. Possui
monocaule com altura de 3,5 a 20m, 10 a 22 folhas do tipo pinadas com bainhas medindo de
50 a116 cm de comprimento; 152 a 318 pinas de cada lado, agrupadas irregularmente e com
disposição em diferentes planos. Os indivíduos são solitários, monóicos e apresentam
inflorescência interfoliar14.
Os frutos são oblongos elipsóides lisos, com 5 a 6cm de comprimento. As amêndoas
contidas no tegumento podem fornecer 60% de óleo semelhante ao de babaçu, tanto na
qualidade quanto na utilização; Cada cacho produz em média de 1500 a 2000 frutos. A
espécie Maximiliana maripa (Aubl.) Drude ocorre desde o norte da América do Sul até o
Brasil Central, crescendo em florestas primárias, secundárias ou, mais frequentemente, em
áreas perturbadas.. Essa palmeira, frequentemente em ambientes muito distintos, é tolerante a
inundações, queimadas e condições de baixa fertilidade do solo. Para se ter uma idéia, as
plantas jovens de inajá ao serem queimadas para o plantio de pastagens rebrotam
vigorosamente e as sementes que estavam em repouso de dormência germinam facilmente.
As reações em presença de catalisadores básicos, devem ser conduzidas com óleos
vegetais neutros ou de baixa acidez, no máximo ate 3%, pois a presença de ácidos graxos
livres neutraliza a ação catalítica. Além do mais, a separação posterior dos sabões formados
na reação apresenta algumas dificuldades, que conduzem quase sempre, a perdas no
rendimento da mistura de ésteres. Neste aspecto, a catalise ácida oferece uma alternativa para
a produção de ésteres, a partir de óleos vegetais de acidez elevada.
Neste estudo descrevemos a obtenção de biodiesel de Inajá, uma oleaginosa
característica da Amazônia Ocidental, através das rotas de transesterificação metílica e etílica,
por catálise homogênea ácida, apresentando suas características físico-químicas e químicas,
com o intuito de avaliar a qualidade deste biodiesel produzido.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1612
2 MATERIAL E MÉTODOS
O fruto de inajá foi obtido de uma palmeira localizada no campus da Universidade
Federal do Amazonas com localização geográfica de latitude: 20 57' – 30 10' e longitude: 590
53' – 600 07'. O óleo utilizado foi obtido da amêndoa e polpa do fruto de inajá através da
extração com hexano (nuclear), de pureza analítica, em um sistema Sohxlet. Este óleo foi
transesterificado, com catalisador ácido, sendo utilizado um sistema de bancada composto de
uma manta aquecedora, com agitador magnético e controle de temperatura, balão de fundo
redondo com capacidade de 125 mL e sistema de refluxo e refrigeração com fluxo constante
de água.
Os reagentes álcool etílico (CH3CH2OH, 99.5% - Synth), álcool metílico (CH3OH,
99.5% - Synth), ácido sulfúrico (H2SO4, 95-98% - Synth), bicarbonato de sódio (NaHCO3,
99% - Synth), cloreto de sódio (NaCl, 99% - Synth) e sulfato de sódio anidro (Na2SO4, 99% -
99%) utilizados neste estudo foram de pureza analítica e usados sem nenhuma purificação
prévia.
Os índices de acidez (“óleo in natura” e biodiesel) e saponificação (“óleo in natura”)
foram realizados segundo a metodologia padrão alemã17 e o índice de Iodo foi realizado
utilizando os dados de composição química obtidos cromatograficamente e mediante a
aplicação da equação: II = ∑(PMi * %i)*253,8; onde, PMi e %i referem-se ao peso molecular
e ao teor, respectivamente, de cada ácido graxo insaturado presente no biodiesel, e 253,8 é o
fator de correção em relação ao iodo.18
A viscosidade foi medida utilizando-se um viscosímetro SCHOTT – GERATE GmbH
AVS – 350 D 65719 Hofheim a. ts, em banho termostático a 40ºC. E um capilar de constante
k = 0,2322mm2/s2.19A densidade foi medida através de um picnômetro de 1mL e balança
analítica.
As análises da composição das amostras de biodiesel obtidas e teor de glicerina foram
realizadas por CG-EM (equipamento Varian 2100), utilizando hélio como gás de arraste com
-1
fluxo na coluna de 1 mL min ; temperatura do Injetor: 250º C, split 1:50; coluna capilar
(15 m x 0,25 mm) com fase estacionária VF-1ms (100% metilsiloxano 0,25 µm) e
o o
programação de temperatura do forno de 60 C a 260 C (isoterma a 210º C por 4 minutos)
o -1
com taxa de aquecimento de 15 C min , e de 260º C a 300º C (isoterma final de 3 minutos)
o -1
com taxa de aquecimento de 40 C min . No Espectrômetro de Massas as temperaturas do
mainfold, trap e da linha de transferência foram de 50º C, 190º C e 200º C, respectivamente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1613
Foram injetadas alíquotas de 1,0 µL (injetor automático CP-8410) das amostras diluídas na
proporção de 20 µL em 1,5 mL de hexano.
O processo de obtenção do biodiesel foi realizado com a massa de 50g do óleo vegetal
de Inajá submetida à transesterificação, pelas rotas etílica e metílica, utilizando como
catalisador o ácido sulfúrico (H2SO4) na concentração de 3%(m/m) em relação à massa de
óleo; a razão molar óleo/álcool de 1:6, temperatura reacional de 75 ºC e tempo reacional de
4 h com a velocidade de homogeneização de 700 rpm. Após o período de 24h, foi realizado o
proceso de separação e purificação, das amostras de biodiesel produzidas. O processo de
purificação foi realizado mediante a lavagem e neutralização com 30 mL de solução salina
(5 %m/m) e de bicarbonato de sódio (5 %m/m), respectivamente, ambas a temperatura de
60 °C. Após a lavagem, utilizou-se, aproximadamente, 20 g de Sulfato de Sódio Anidro para a
secagem das amostras.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a caracterização do óleo de inajá extraído do fruto foram realizadas as análises de
índices de saponificação, acidez, densidade a 20° C e viscosidade (Tabela 1). Os dois
primeiros parâmetros analisados são importantes para o processo de produção do biodiesel,
principalmente o índice de acidez que informa a quantidade de ácidos graxos livres presentes
na matriz vegetal. Uma grande quantidade de ácidos graxos livres e de água em um óleo
vegetal, que seja utilizado para a produção de biodiesel a partir da transesterificação via
catálise homogênea básica, pode prejudicar o rendimento da reação, pois estas substâncias
favorecem ao processo de saponificação que é uma via indesejável no processo de
transesterificação dos triglicerídeos, pois a presença, no meio reacional, de ácidos graxos
livres acarreta em competição entre o triglicerídeo que deve ser transesterificado e o ácido
graxo livre, pelo alcóxido formado na reação do álcool reagente e o catalisador básico9. A
literatura existente sobre a produção de biodiesel com catalisadores homogêneos básicos
(NaOH e KOH) ressalta que um índice de acidez do óleo “In natura” menor que 1% não
interfere, significativamente, no processo reacional. Porém, acima deste valor, o
favorecimento da via reacional da saponificação é mais pronunciado10.
Similarmente ao efeito do alto índice de acidez, a presença de resíduo de água no meio
reacional da transesterificação de óleos vegetais realizada com a catalise homogênea básica é
um dos fatores que podem favorecer a via reacional da saponificação, porem com mecanismo

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1614
diferente. Neste caso, a interferência da água ocorre na pré-etapa de formação do grupo
alcoóxido a partir da reação do catalisador básico aplicado no processo e álcool reagente.
Como a reação de transesterificação é um sistema em equilíbrio, a presença de água
desloca o equilíbrio da reação no sentido da reação reversa nesta pré-etapa do sistema, sendo
assim favorecido a existência do grupo hidróxido, oriundo do catalisador, no meio reacional.
Com a presença da hidroxila a reação de hidrólise do triglicerídeo é favorecida, o que também
resulta na formação de sabão7.
Neste sentido, a caracterização do óleo vegetal de inajá extraído de seus frutos foi
realizado através das análises dos índices de acidez e saponificação (Tabela 1), sendo a
umidade retirada com o desenvolvimento do processo de secagem de todo o óleo com sulfato
de sódio anidro, o que garante a ausência de água no óleo vegetal aplicado no processo de
transesterificação da matéria-prima vegetal.

Tabela 1 - Características físico-químicas do óleo “In natura” e amostras de biodiesel de inajá


obtidas por catálise ácida (H2SO4), metílico e etílico, e algumas especificações legais da
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP).
Biodiesel Resolução
Óleo “In
Características Físico-químicas Metilico Etílico ANP
natura”
nº42/04
Índice de saponificação (mg KOH g-1) 173,4(2) ND ND NC
Índice de Acidez (mg KOH g-1) 8,35(2) 3,96 (2) 6,99(3) 0,8
Densidade a 20 ºC (g cm-3) 0,8785 (1) 0,9138 0,8998(3) (1)*
(3)
Índice de Iodo (cg/100g) 81,37 (3) ND ND NC
Viscosidade 40,0 ± 0,1 ºC (mm2 s-1) 13,8251(2) 7,387 (5 ) 7,8(2) Max** 6,0
-1
Rendimento (% m m ) 37(4) 50(5) 80(4) NC
ND – Não determinado; NC = Não cita. (1) = Limites para o diesel tipo B: 0,82 a 0,88 g/cm3. * = Mínimo. ** =
Máximo.

Como apresentado na Tabela 1, o índice de acidez do óleo vegetal “in natura” analisado
é de 8, 35 mg KOH g-1. Com este valor de ácidos graxos livres, a aplicação do processo de
transesterificação com catalisador homogêneo básico (KOH ou NaOH) torna-se inviável.
Assim, a catálise homogênea ácida com H2SO4 foi desenvolvida. Neste sentido, as amostras
de biodiesel metilico e etilico obtidos a partir deste método de transesterificação do óleo de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1615
inajá apresentaram, respectivamente, rendimentos do processo de produção de 50 % e 80 %.
Observa-se, neste resultado que, nas mesmas condições, a produção do biodiesel aplicando o
álcool etílico como reagente é mais eficiente em relação à rota metílica. Assim, como a matriz
brasileira de biocombustíveis favorece a utilização do etanol, devido à grande oferta, este
processo de produção de biodiesel de inajá a partir da rota etílica pode ser otimizado de modo
a avaliar as melhores condições reacionais, onde se viabilize maior eficiência do processo e
melhor qualidade do combustível obtido.
Em termos de qualidade das amostras de biodiesel obtidas em relação ao índice de
acidez, que é fator extremamente importante para o controle do biodiesel, pois influencia no
potencial do biocombustível em ter atividade de corrosão. Para o biodiesel obtido a partir da
rota metílica o índice de acidez avaliado foi de 3,9 mgKOH/g de óleo vegetal.
A viscosidade do biodiesel etílico mostrou-se maior que a do metilico, podendo ser
referente a maior quantidade de monoglicerídeos encontrados na amostra de biodiesel etílico
(Figura 1).
A análise da composição foi realizada aplicando o sistema de cromatografia em fase
gasosa com coluna apolar que separa os ésteres alquílicos (metílico e etílico) de ácidos graxos
componentes do biodiesel obtido. Porem, com este tipo de fase estacionária a análise direta
dos ácidos graxos livres (AGL) torna-se inviável. Por esta razão, a derivatização destes
analitos é necessária para que os AGL possam ser analisados em sistema de CG com coluna
de fase estacionária apolar.
Neste trabalho, o processo de sililação foi aplicado para a derivatização dos ácidos
graxos livres para a forma de ésteres silílicos de ácidos graxos que são compostos mais
apolares e mais voláteis em relação aos ácidos graxos. A composição de ésteres alquílicos de
ácidos graxos das amostras do óleo vegetal de inajá é apresentado na tabela 2. O ácido graxo
componente do óleo vegetal de inajá majoritário é o ácido graxo C18:1 com o teor de 40,8 %
seguido do ácido C16:0 (20,5 %), e do ácido C12:0 (12,6 %).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1616
Figura 1 - Cromatograma de íons totais da composição de ácidos graxos do óleo vegetal de
inajá.

Como esperado, a composição em ácidos graxos das amostras de biodiesel foi similar ao
do óleo vegetal de origem. Isso permite afirmar que o índice de iodo do biodiesel também será
similar ao óleo vegetal de origem (Tabela 1).
A existência de uma quantidade considerável de ligações duplas e triplas nas moléculas
dos ésteres alquílicos (biodiesel), facilita a sua oxidação provocando a degradação e a
formação de gomas1. O índice de iodo apresenta-se como uma propriedade que permite
determinar a propensão para a sua oxidação.

4 CONCLUSÃO
A obtenção de biodiesel de Inajá, uma oleaginosa característica da Amazônia Ocidental,
foi realizada através da rota de transesterificação metílica e etílica, aplicando como catalisador
o ácido sulfúrico. Tal catálise foi selecionada devido ao alto índice de acidez do óleo vegetal
utilizado. Neste sentido, a catalise ácida foi mais efetiva para a produção de biodiesel
etanólico.
Os resultados mostraram que o procedimento utilizado neste trabalho permitiu produzir,
de modo satisfatório, biodiesel. E quanto maior a viscosidade, entre as catálises ácidas, menor
quantidade de ésteres, indicando a presença de qrande quantidade de glicerídeos na amostra.
Assim, faz-se necessário, analisar outras propriedades físico-químicas, a fim de
observar se o produto está de acordo com a especificação da ANP, para o biodiesel, avaliando
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1617
os impactos da utilização prolongada de biodiesel em um motor, observando comportamento
da máquina e a preservação ou desgaste de seus componentes.
O processo de obtenção de biodiesel a partir da oleaginosa estudada deve ser otimizado
no sentido de viabilizar a diminuição das perdas de matéria-prima e, consequentemente,
maximizar a produção do biodiesel.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FINEP pelo apoio em Infra-estrutura e à FAPEAM e ao CNPq
pelo apoio financeiro. Ao Coordenado Dr. Geraldo Narciso da Rocha Filho e ao Supervisor
técnico Msc. Miguel Braga do Laboratório de Pesquisa e Análises de Combustíveis (LAPAC)
da UFPA pelo apoio técnico no processo de produção do biodiesel.

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NBR 10441

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1619
CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DO GERGELIM INFLUENCIADO
POR PLANTIO EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

Tarcísio Marcos de Souza Gondim, EMBRAPA ALGODÃO, tarcisio@cnpa.embrapa.br


Idila Maria da Silva Araújo, URCA, idila_araujo@yahoo.com.br
Ramon Araújo de Vasconcelos, EMBRAPA ALGODÃO, ramon@cnpa.embrapa.br
Nair Helena de Castro Arriel, EMBRAPA ALGODÃO, nair@cnpa.embrapa.br
Fábia Alves de Oliveira, FATEC-CARIRI, fabia_alves84@yahoo.com.br
Francinalva Cordeiro de Sousa, FATEC-CARIRI, francis_nalva@yahoo.com.br

RESUMO: O presente trabalho objetivou avaliar o crescimento e produtividade do genótipo


de gergelim BRS 196 CNPA G 4 (seleção branco) influenciado por plantio em diferentes
espaçamentos. O ensaio foi realizado no Campo Experimental da Embrapa Algodão, no
município de Barbalha, CE, sob irrigação por aspersão. O delineamento experimental foi em
blocos ao acaso, com três tratamentos (espaçamentos) e sete repetições. O espaçamento
utilizado variou de acordo com o tratamento, sendo de ; 0,60 m; 0,80 m ou 1,0 m entre linhas
e 0,20 m entre plantas, mantendo-se oito a 12 plantas por metro, após o desbaste. As
características avaliadas foram: altura da planta e de inserção do primeiro fruto, número de
frutos e de ramos por planta, produtividade de sementes e teor de óleo. Os dados obtidos
foram submetidos à Análise de Variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey,
a 5% de probabilidade. Verificou-se que o crescimento das plantas foi influenciado pelo
espaçamento entre linhas e a produtividade do gergelim BRS 196 CNPA G 4 (seleção
branco), no espaçamento de 1,0m foi de 1770 kg. Ha-1, enquanto a redução do espaçamento
para 0,60 m possibilitou incremento de 18% na produtividade, obtendo-se 2.098,77 kg. Ha-1
de semente, recomendando-se o espaçamento de 0,60 m para semeadura deste genótipo.

Palavras-Chave: Sesamum indicum, população de plantas, adensamento, irrigação.

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1 INTRODUÇÃO
A população de plantas é definida pelo espaçamento entre linhas e a distância entre as
plantas dentro da linha, normalmente chamada de densidade (MORAES et al., 2006).
Segundo Beltrão et al. (2001), as populações de um cultivo são função do espaçamento e da
densidade de semeadura. Esses fatores exercem influência na produtividade e nos
componentes da produção do gergelim, dependendo do ambiente e da cultivar em uso, porém
não tão significativas quanto em outras culturas, denotando a plasticidade dessa pedaliácea.
Beltrão et al. (1994), citados por Beltrão et al. (2001) recomendam espaçamento de 1,0
m entre as fileiras e 5 a 7 plantas/m de fileira para as variedades Seridó 1, CNPA G2, CNPA
G3, Inamar e outras, cultivadas na Região Nordeste, que possuem hábitos de crescimento
ramificado e de ciclo médio a longo. Para as cultivares precoces e não ramificadas,
recomenda-se espaçamentos de 0,6 a 0,7 m entre as fileiras, com 7 a 10 plantas/m de fileira.
Geralmente, em espaçamento reduzido, há tendência a crescimento excessivo das
plantas em altura e esse fator precisa ser levado em consideração na definição da configuração
de plantio. Para que se possa aperfeiçoar o sistema de produção dessa cultura, é preciso
determinar o espaçamento entre linhas mais adequado para diferentes situações, levando em
consideração características do clima e solo da região de plantio e as características da
cultivar a ser plantada.
Neste sentido, este experimento teve o objetivo de avaliar o crescimento e produtividade
do genótipo de gergelim BRS 196 CNPA G 4 (seleção branco) influenciado por plantio em
diferentes espaçamentos, sob condições de irrigação, no Cariri Cearense.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão, no
município de Barbalha, CE. Foi utilizado o de gergelim BRS 196 CNPA G 4 (seleção branco)
(Sesamum indicum L.), oriundo da cultivar BRS 196 CNPA G 4, por meio seleção fenotípica
de planta e coloração de sementes, em 2003, constituindo material do Programa de
Melhoramento de Gergelim da Embrapa Algodão.
A semeadura foi realizada em solo aluvial de relevo plano e de textura areno-argilosa
em 23/08/05, com adubação de fundação (25-60-00). A adubação de cobertura (25-00-00) foi
realizada no início do período de florescimento cerca de 35 a 40 dias da semeadura.
A irrigação por aspersão foi iniciada imediatamente após a semeadura e mantida com
freqüência de 5 a 7 dias, com precipitação total de 443,43 mm durante 93 dias do cultivo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1621
A precipitação pluvial ocorrida no período correspondente ao cultivo foi de 188,6 mm,
não havendo influência sobre o cultivo devido ter-se concentrado na fase final de avaliação do
trabalho (185,80 mm últimos sete dias do cultivo). Considerando-se portanto um volume de
água de 446,23 mm. O controle das ervas daninhas foi feito manualmente.
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com três tratamentos
(espaçamentos) e sete repetições. Cada parcela era composta de quatro fileiras de 5 m de
comprimento. As duas fileiras centrais constituíram a parcela útil. O espaçamento utilizado
variou de acordo com o tratamento, sendo de ; 0,60 m; 0,80 m ou 1,0 m entre linhas e 0,20 m
entre plantas, mantendo-se oito a 12 plantas por metro, após o desbaste.
As características avaliadas foram: altura da planta e de inserção do primeiro fruto,
número de frutos e de ramos por planta, produtividade de sementes e teor de óleo. Os dados
obtidos foram submetidos à Análise de Variância e as médias foram comparadas pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Resumo da análise de variância das características avaliadas está apresentado na
Tabela 1. Algumas características ligadas ao crescimento da planta foram influenciadas pelo
espaçamento entre linhas. No número de ramos por planta não se detectou qualquer efeito
significativo. O coeficiente de variação (CV) foi relativamente baixo em todas as
características, obtendo-se valores menores que 8%.

Tabela 1 - Resumo da análise de variância da altura de planta e de inserção do primeiro fruto,


número de frutos e de ramos, produtividade e teor de óleo de sementes de gergelim BRS 196
CNPA G 4 (Seleção Branco). Barbalha, CE, 2005.
Quadrados Médios
Fonte de Altura de Nº de Nº de
GL Altura de Produtividad Teor de
Variação inserção frutos/ ramifica
Planta e Óleo
do 1º fruto Planta ção
Tratament 2 637,7848* 177,0305* 1560,0400 0,0171ns 208475,902 13,2133**
o * ** 8**
Bloco 6 207,9975 24,9708 25,4787 0,0111 1577,2287 0,0930
Resíduo 12 100,1270 20,6927 53,0511 0,0782 4841,6740 0,1694
CV (%) 4,25 4,85 4,78 7,99 3,65 1,15
*, ** e ns. correspondem respectivamente a significativo a 5%, 1% e não significativo a 5% de probabilidade,
pelo teste F da análise de variância.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1622
Na Tabela 2, observa-se as médias das características avaliadas.

Tabela 2 - Médias da altura de planta e de inserção do primeiro fruto, número de frutos e de


ramos, produtividade e teor de óleo de sementes de gergelim BRS 196 CNPA G 4 (Seleção
Branco). Barbalha, CE, 2005.
Médias1/
Altura de
Espaçamento Altura de inserção Nº de
Nº de Produtividade Teor de
Planta do frutos/
ramificação (kg/ha) Óleo (%)
(cm) 1º fruto Planta
(cm)
0,6 m x 0,20
227,75 b 88,11 b 140,11 b 3,47 a 2098,77 a 37,26 a
m
0,8 m x 0,20
232,86 ab 95,23 a 147,80 b 3,55 a 1843,71 b 34,77 b
m
1,0 m x 0,20
246,23 a 97,83 a 168,94 a 3,47 a 1769,86 b 35,00 b
m
Média 235,6095 93,72 152,28 3,50 1904,11 35,68
1/ Médias seguidas da mesma, letra na coluna, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, pelo teste de Tukey.

A altura das plantas e da de inserção do 1º fruto e o número de frutos/planta foram


influenciados pelo espaçamento entre linhas, mas observa-se que essas características
sofreram maior influência no espaçamento mais estreito (1,0 m), possivelmente devido a uma
leve competição entre plantas provocada pela competição por água e nutrientes. A competição
por luz não promoveu o estiolamento das plantas, uma vez que os menores espaçamentos (0,6
m e 0,8 m) apresentaram comportamento em altura inferior (Tabela 2). O maior crescimento
das plantas espaçadas de 1,0 m, as quais possuíam maior espaço para crescimento vegetativo
proporcionou incremento em torno de 20% no número de frutos (169 frutos/planta) em
relação ao menor espaçamento (0,60 m), que produziu 140 frutos em cada planta. Por outro
lado, as características genéticas do genótipo parecem limitar o número de ramificações
(média de 3,55 ramos/planta) pois, independentemente do aumento da distância entre linhas e
conseqüentemente maior incidência de luz nas gemas laterais, não houve maior crescimento
de ramos laterais.
No espaçamento de 1,0 m entre linhas, tradicionalmente recomendado para a cultivar
Gergelim BRS 196 CNPA G4, a produtividade observada foi de 1770 kg.ha-1, enquanto a
redução do espaçamento para 0,60 m possibilitou aumento de 18% na produtividade, obtendo-
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1623
se 2.098,77 kg.ha-1. Como a disponibilidade de água (446,23 mm) foi uniforme para todos os
espaçamentos e não se mediu a disponibilidade de água e de luz de cada tratamento, não se
pode afirmar qual a contribuição desses dois fatores sobre os valores de produtividades
observados, mas a mudança na altura de planta e de inserção do primeiro fruto é um
indicativo de que o estreitamento do espaçamento entre linhas provocou menor crescimento
das plantas o que pode ser devido à maior competição por luz, embora este efeito não tenha
prejudicado a produtividade. Esta foi favorecida pelo aumento da população cerca de 60%em
relação ao maior espaçamento. O teor de óleo (37,26%) também foi favorecido pelo menor
espaçamento.

4 CONCLUSÃO
O crescimento das plantas foi influenciado pelo espaçamento entre linhas;
A produtividade do gergelim BRS 196 CNPA G 4 (seleção branco), no espaçamento de
1,0m foi de 1770 kg.ha-1, enquanto a redução do espaçamento para 0,60 m possibilitou
aumento de 18% na produtividade, obtendo-se 2.098,77 kg.ha-1;
Recomenda-se o espaçamento de 0,60 m para semeadura do genótipo de gergelim BRS
196 CNPA G 4 (seleção branco). Sugere-se a realização de novos ensaios em condições de
sequeiro, visando a comprovação das características do genótipo.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VIEIRA, D. J. Manejo Cultural. In: BELTRÃO, N. E. M.; VIEIRA, D. J. O agronegócio do
gergelim no Brasil. Embrapa Algodão (Campina Grande, PB). Brasília: Informação
Tecnológica, 2001, p. 149-166.

MORAES, C. R. A.; SEVERINO, L. S.; VALE, L. S.; COELHO, D. K.; GONDIM,T. M. S.;
BELTRÃO, N. E. M. Produção e teor de óleo da mamoneira de porte médio plantada em
diferentes espaçamentos. In: CONGRESSO MAMONA, 2, 2006, Aracaju, SE.
Anais…Aracaju: Embrapa Algodão, 2006. CD-Rom, 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1624
BIODIESEL: ANÁLISE E PERSPECTIVAS DA SUA INSERÇÃO NA
MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Amanda Santos do Nascimento, UFS, asn1205@yahoo.com.br


Denisia Araujo Chagas Tavares, UFS, denisia@ufs.br

RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar a potencialidade da inserção do biodiesel na


matriz energética do Brasil. A produção e a comercialização do biodiesel implicam eficiência
sócio-econômica com redução de preços, através da diminuição das importações, e
principalmente na redução das disparidades regionais, através da geração de emprego e renda.
Outro aspecto relevante da utilização de fontes alternativas renováveis deve-se à diminuição
dos gases poluentes. Diversas políticas referentes aos biocombustíveis já têm sido
implementadas pelo governo federal com o fim de suprir a demanda que tem se elevado,
inclusive como uma forma de promover a inclusão social das regiões menos favorecidas, a
exemplo do Norte e do Nordeste. Desse modo, o biodiesel representa uma alternativa tanto ao
suprimento energético como a promoção do desenvolvimento sustentável no país.

Palavras-Chave: Energia, petróleo, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1625
1 INTRODUÇÃO
A busca por fontes alternativas renováveis deve-se ao caráter limitado das reservas
petrolíferas e a atual tendência ao seu esgotamento, além da necessidade do uso de fontes que
representem diminuição dos gases poluentes, especificamente os causadores do Efeito Estufa,
que afetam o clima em escala mundial.
A crescente demanda por energia e a busca de respostas pelo lado da oferta, levanta
alguns questionamentos, dentre os quais: Como o Brasil conseguirá suprir as necessidades
desse mercado sem comprometer as capacidades humanas das gerações futuras?
Dessa maneira, a análise da sustentabilidade energética brasileira norteará o presente
trabalho, tendo como principal hipótese, a apresentação do biodiesel, como alternativa ao
desenvolvimento sustentável, mostrando suas potencialidades e limitações.
Baseado nas considerações acima, o biodiesel é apresentado como uma fonte
renovável dotada de imensa possibilidade de suprimento tanto do mercado interno, quanto do
mercado externo, visto que o Brasil tem a possibilidade de se tornar o maior exportador
mundial de óleos vegetais ou até do próprio biodiesel, dada sua biodiversidade.

2 OS CHOQUES DO PETRÓLEO E A ECONOMIA BRASILEIRA


No início dos anos 70, período conturbado do ponto de vista econômico na esfera
internacional ocorre o primeiro choque do petróleo, implicando na elevação dos preços do
mesmo e na quebra do acordo de estabilização das taxas de câmbio, firmado na segunda
guerra mundial.
Em reação a isso, diversos países passaram a agir de forma recessiva a esses
acontecimentos. No caso do Brasil não foi diferente. Com os desequilíbrios provocados pela
crise agindo no aumento da inflação e nas diferenças na balança comercial, o país conheceu
uma fase de declínio nas suas relações de troca, resultando em mudanças estruturais na
economia brasileira (BAER, 2002).
O que acaba por reafirmar isso é o primeiro choque do petróleo, ocorrido
especificamente em novembro de 1973, em que os países componentes da OPEP
(Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram quadruplicar o preço do barril
de petróleo (GREMAUD et al, 2004).
Nessa época, a importação de petróleo brasileira chegava a 80% do seu consumo total, o
que fez com que a balança comercial passasse de uma situação de superávit em 1973 para um

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1626
déficit de US$ 4,7 bilhões em 1974. A conta corrente, por sua vez, a qual já operava com um
déficit de quase dois milhões atingiu o valor de US$ 7,1 bilhões (BAER, 2002).
Com isso, o balanço de pagamentos passou a apresentar sucessivos déficits, o que
acabou por demonstrar o grau de vulnerabilidade externa da economia brasileira. De acordo
com Gremaud et al (2004), o choque do petróleo representava a transferência de recursos reais
ao exterior e, com o hiato potencial de divisas, a manutenção do mesmo nível de investimento
implicava maior sacrifício sobre o consumo.
Ainda no ano de 1974, após o choque de preços provocados pelos países da OPEP,
houve uma considerável mudança na esfera política do Brasil em decorrência da mudança de
governo, em que o presidente Emílio Garrastazu Médici deixa o cargo, a ser ocupado por
Ernesto Geisel, que temendo governar durante um período de estagnação, tenta superar os
problemas econômicos com o crescimento (BAER, 2002).
O que se observava no cenário econômico da época era uma tendência à desaceleração
no crescimento, a qual se revelava pela necessidade de ajustamento, através da contenção da
demanda interna, a fim de eliminar o risco da elevação das taxas de inflação ou até mesmo a
necessidade do ajuste nos preços relativos, com o objetivo de manter o crescimento
econômico.
Dessa forma, já no final de 1974, Geisel opta pelo ajuste na estrutura da oferta como
alternativa à manutenção do índice de desenvolvimento econômico. Essa medida resultava na
diminuição das importações buscando o fortalecimento das exportações e objetivando o
equilíbrio na Balança de Transações Correntes. Durante o período necessário para a
consecução desse processo, procurou-se superar os déficits provocados pela crise do petróleo
através de empréstimos externos, iniciando uma fase de endividamento (GREMAUD et al,
2004).
Com isso, iniciou-se um processo de estatização da dívida, através do financiamento do
setor privado por algumas agências oficiais, principalmente o BNDES – Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social, o que fez com que a dívida externa se elevasse muito
rápido nesse período.
O grau de importância do petróleo pode ser avaliado devido aos impactos decorrentes
da crise de 70. Além dos fatores já citados, os quais propiciaram tal crise está à descoberta da
não-renovabilidade do petróleo. Com isso, a preocupação com a temática energia foi
despertada, e a mesma passou a ser colocada em destaque entre os bens necessários à
sobrevivência e bem-estar da população. A partir de então duas medidas básicas começaram a
ser tomadas em escala mundial: a conservação e o uso de fontes alternativas de energia.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1627
No Brasil, a crise energética em conjunção com a açucareira, propiciou o surgimento
do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), que consistia na substituição, em larga escala,
dos derivados do petróleo, via transformação da energia armazenada, por meio do processo de
fotossíntese, em energia mecânica, com o objetivo de reduzir a dependência externa brasileira.
A implementação do Pró-Álcool foi em 1975, mas apenas em 1979, com o segundo
choque do petróleo, iniciou-se sua fase de afirmação, sendo determinada uma meta de
produção da 7,7 bilhões de litros em cinco anos.
No período de 1986 a 1995 o Pró-Álcool conhece sua fase de estagnação, devido às
mudanças ocorridas no cenário internacional, fato que se deveu à queda nos níveis dos preços
do petróleo. Tal fato proporcionou o freamento dos programas de substituição dos
combustíveis de petróleo, os quais eram subsidiados, quase que na sua totalidade, pelo
governo, o qual reduziu os investimentos nos projetos de produção interna de energia. Por
conta disso, a oferta do Pró-Álcool não alcançou o crescimento da demanda e os baixos
preços pagos aos produtores, em decorrência da queda nos preços do petróleo, proporcionou o
desestímulo a essa produção. Essas crises também propiciaram a queda na fabricação de
carros movidos a álcool, afetando negativamente esse setor.
Na década de 90, ocorre a Primeira Guerra do Golfo, iniciada com o intuito de anexar
o Kuwait ao Iraque. Com a referida guerra, o golfo pérsico é fechado e os Estados Unidos
perdem dois fornecedores de petróleo, o Iraque e o Kuwait. As especulações em torno da
guerra fazem com que o preço do petróleo volte a subir. Com a rendição de Saddam Hussein,
os preços caem novamente.
Quanto ao Pró-Álcool, o mesmo ressurge reafirmando-se em meio a esse turbulento
contexto, o que é demonstrado através da imposição de metas de produção e do surgimento de
diversos financiamentos, mostrando assim, a urgente necessidade do país pela busca de fontes
que venham substituir o petróleo.
É nesse contexto que surge o biodiesel, entre outros biocombustíveis, como uma
alternativa ao suprimento energético mundial. Os estudos referentes à produção e aplicação do
biodiesel datam dos anos 80. Porém só na década de 90, esse combustível vem tomar
notoriedade e se iniciam os testes, um exemplo disso foram os testes feitos com frotas de
ônibus nos Estados Unidos, usando o biodiesel de soja, sendo que na Europa, esses testes já
vinham sendo aplicados anteriormente (CASTRO et al, 2005).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1628
3 O BIODIESEL NO BRASIL
Após as crises de petróleo, entre 1973 e 1974, e depois entre1979 e 1980 tornaram-se
mais comum as pesquisas sobre o uso de biocombustíveis no Brasil (PLÁ, 2003). Na década
de 70, a parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Comissão Executiva de
Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), buscou
estudar o uso de óleos vegetais, especialmente através do dendê como principal matéria-
prima, o qual foi denominado de “dendiesel” (MEIRELLES, 2003).
Em 1980, com a união de diversas instituições e o apoio de empresas com a Petrobrás,
foi criado o PROBIODIESEL (Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico do
Biodiesel).
Com a alta dos preços do petróleo em 1983, o Governo Federal lançou o Programa de
Óleos Vegetais – OVEG, sendo iniciados testes em veículos que percorriam grandes
distâncias. Contou também com o apoio do setor privado, via institutos de pesquisa, indústrias
automobilísticas, fabricantes de peças, lubrificantes, combustíveis, etc (MEIRELLES, 2003).
No Gráfico 1 estão relacionados os combustíveis que compõem a matriz energética
brasileira, tendo como base o ano de 2002. Pode-se visualizar que o petróleo constitui a maior
fonte de energia brasileira. Quanto ao biodiesel, o qual se encontra em fase de afirmação,
situa-se entre os outros combustíveis que estão na última posição em termos de proporção.

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia (2002).


Nota: *GN – gás natural

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1629
De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o PROBIODIESEL visa
solucionar essa questão, através da promoção da viabilidade técnica, sócio-ambiental e
econômica do biodiesel, a fim de inseri-lo, com sucesso, na matriz energética brasileira.
Nessa mesma época, esses estudos foram deixados de lado, pois toda a atenção estava
voltada ao Pró-Álcool, visto que a inserção de um novo combustível na matriz energética
brasileira implicava na necessidade da montagem de diversos programas de produção,
processamento e distribuição (PLÁ, 2003).
Segundo Plá (2003), as vantagens da instalação de indústria de combustíveis
alternativos derivados de óleos vegetais são inúmeras. Porém, a obtenção de ótimos
rendimentos agrícolas é indispensável, dado os gastos com energia durante a produção, bem
como os gastos com o transporte dos insumos.
Dessa forma, constata-se que a utilização de um novo combustível, depende, entre
outros fatores, de uma relação entre a energia consumida no processo de produção e a energia
final disponibilizada através dessa produção. É necessário que se tenha um balanço energético
favorável que torne viável tanto a produção quanto o uso desse combustível.
O balanço energético brasileiro ainda é bastante preliminar, por conta da não
consideração de outras variáveis que afetam significativamente os resultados, visto que o tema
deveria ser mais bem explorado, objetivando a orientação das decisões referentes a esse
processo de desenvolvimento. Outro aspecto a ser considerado é que a escolha da matéria-
prima e dos processos a serem utilizados depende muito desse balanço (LIMA, 2004).
Com os testes acerca da viabilidade do biodiesel, dentre os quais o que utiliza o óleo
de soja numa proporção de 30%, constatou-se a viabilidade técnica, porém, não a econômica,
pois os altos custos de produção impedem seu uso em escala comercial (LIMA, 2004).
No ano de 2002, a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro passou a estudar a
possibilidade da utilização de óleos residuais, usando gorduras da Estação de Esgotos e de
óleos provenientes de restaurantes. Tais estudos levaram a conclusão da viabilidade do uso
dessa matéria-prima para a produção do biodiesel (MEIRELLES, 2003).
Com a elevação dos preços do petróleo, ocasionando o aumento da preocupação com o
mercado de combustíveis originados de fontes renováveis, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou em 2002, o PROBIODIESEL – Programa Brasileiro de Desenvolvimento
do Biodiesel. Tal programa objetiva a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico
do biodiesel, a partir de óleos puros ou residuais, promovendo a sua viabilidade técnica,
sócio-ambiental e econômica, além de agir no estímulo da formação das cadeias produtivas
das oleaginosas ao longo das regiões (LIMA, 2004).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1630
Desde a sua implantação, o Probiodiesel tem despertado inúmeras críticas, pois muitos
consideram o caráter do mesmo um tanto quanto duvidoso, em decorrência do enquadramento
nos propósitos sociais e governamentais em que esse programa deve se encaixar, pois o que se
tem percebido é uma tendência à utilização da soja como principal matéria-prima,
caracterizando a oleaginosa como carro-chefe do programa.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja e cerca de 90% da produção de
biodiesel provém dela. Além do interesse brasileiro na produção de soja decorrente da imensa
demanda internacional pelas proteínas que podem ser extraídas de seus grãos, utilizados
especialmente para a produção de rações, o que mostra que o óleo de soja também é
exportado em larga escala (MEIRELES, 2003). Porém não é viável para o Brasil que se crie
em torno da produção do biodiesel, uma espécie de restrição para uma determinada matéria-
prima, visto que isso não teria justificativas técnicas, tampouco ambientais.
Outra questão importante a ser explorada é que a diversidade das espécies brasileiras
garante a futura indústria do biodiesel no Brasil, a não preocupação com os problemas de
escassez de oferta ocasionados pelas entressafras.
Além dos programas existentes, com destaque para o Probiodiesel, há diversos
projetos de lei que tramitam no Congresso, os quais buscam efetivar a inserção do referido
combustível na matriz energética brasileira, dentre eles cabe enfatizar o projeto de número
526/2003, que regulamenta o uso do biodiesel no Brasil (MEIRELLES, 2003).
A situação do biodiesel no Brasil é relativamente favorável, pois diversos acordos têm
sido fechados, envolvendo grandes empresas interessadas, tal como a Eletronorte, que deverá
implantar o uso do combustível em suas usinas termoelétricas. Entretanto, a preocupação da
ANP, no momento, é a de conseguir o nível de competitividade com o diesel de petróleo, o
que estimulará a produção decorrente do aumento da demanda (LIMA, 2004).
A Petrobras tem aumentado seus investimentos em biocombustíveis nos últimos anos,
especialmente em bases de armazenamento para comportar os mesmos. Isso ocorreu quando a
empresa deixou de construir sua base no petróleo, passando a se tornar uma empresa de
energia. Além disso, a empresa participa assiduamente dos leilões organizados pela ANP e
arremata milhares de litros de biodiesel, estimulando o desenvolvimento do setor.

3.1. Potencialidades para a implantação do Biodiesel no Brasil


Com os estudos da UFRJ e a constatação da viabilidade dos óleos residuais como
matéria-prima para a fabricação do biodiesel, chegou-se a conclusão de que existem algumas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1631
vantagens na utilização desses óleos. Tal processo não é complexo, podendo aproveitar até a
gordura extraída da escuma dos esgotos. Entretanto, pode ser considerado como desvantagem
do processo, o fato de que o óleo residual é caracterizado como subproduto dos restaurantes,
visto que o mesmo é comercializado e já possui mercado estabelecido (LIMA, 2004).
Outra fonte de matéria-prima que deve constituir o principal vetor para o progresso
dos programas brasileiros do biodiesel é a produção de oleaginosas. Nesse contexto, o Brasil
se destaca devido a sua extensão territorial, o que faz com que o mesmo receba o título de
“Paraíso da Biomassa” (PLÀ, 2005).
Segundo estudos da National Biodiesel Board, dos Estados Unidos, o Brasil tem
condições de liderar a produção de biodiesel mundial, promovendo a substituição de 60% da
demanda mundial do diesel de petróleo (MEIRELLES, 2003).
O Brasil possui várias espécies de oleaginosas com potencial para se tornar matéria-
prima para o combustível, tais como: girassol, nabo-forrageiro, algodão, mamona, soja,
canola, pinhão-manso, etc.
As matérias-primas, bem como os processos a serem escolhidos para a produção do
biodiesel, dependem da região considerada e da adaptação das culturas de determinadas
oleaginosas às mesmas.
As oleaginosas que se adaptam melhor ao Sudeste do país são: a soja, o girassol, e a
canola. No Centro-Oeste, predominam a soja, a mamona, o girassol e o algodão. Já no Norte a
matéria-prima mais utilizada é o dendê. No Nordeste, a oleaginosa predominante é a mamona.
Entretanto, as culturas de dendê, babaçu e pinhão-manso são facilmente adaptáveis em
algumas localidades (CASTRO et al, 2005).
No Brasil, a utilização do “diesel vegetal” pode considerar dois mercados, o
automotivo e o das estações estacionárias, cada um apresentando suas peculiaridades e seus
respectivos submercados.
O mercado automotivo pode ser caracterizado por suas subdivisões: um composto por
grandes consumidores, como empresas de transportes urbanos, de prestação de serviços, além
do transporte ferroviário e hidroviário. O segundo tipo de submercado é o de consumo ou
varejo, o qual engloba a venda de combustível em postos autorizados, em que se incluem os
transportes interestaduais e os veículos leves.
O mercado das estações estacionárias é caracterizado pela geração de energia elétrica.
Considera-se que esse mercado, o qual poderá suprir as necessidades das regiões mais
remotas, não representa, em termos de volume, um avanço significativo, mas pode representar
uma enorme redução nos custos com o transporte, e principalmente, promover a inclusão
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1632
social dessas comunidades. Há também a possibilidade de inserção do biodiesel em nichos de
mercado, encontrados na pequena indústria e no comércio.
Dessa forma, constata-se que a demanda brasileira por biocombustíveis é determinada
pelo mercado petrolífero, em que o volume da demanda pelo diesel de petróleo constitui um
enorme dispêndio, que poderá ser altamente reduzido com os programas de produção de
biodiesel.
O mercado interno do biodiesel é de uma amplitude considerável, podendo ser
largamente empregado por empresas transportadoras, cooperativas agrícolas, produtores
rurais, caminhoneiros e indústrias que usem geradores a óleo diesel, além de contar com a
maior empresa de energia brasileira, a Petrobrás, etc.

3.2. Fontes de Financiamentos no Brasil


As fontes de financiamento podem ser divididas em internas e externas. Quanto às
fontes internas, pode-se destacar a participação do BNDES, que conta com programas de
Apoio Financeiro para o investimento em energia. Tais programas objetivam o aumento da
oferta e a otimização do consumo (LIMA, 2004).
Entre as condições operacionais relacionadas a financiamentos, está a elevação dos
percentuais de participação no investimento total, a concessão de aval, a flexibilização das
garantias e a simplificação dos processos de análise e contratação.
O que se faz necessário, portanto, é a criação de programas de financiamentos para a
instalação de unidades de produção de biodiesel através da criação de cooperativas e do
credenciamento de alguns agentes financeiros, visando o acesso ao crédito, como o Banco do
Brasil, Banco do Nordeste, etc.
O Banco do Brasil, por sua vez, também dispõe de programas de financiamento para os
pequenos produtores, caso do PRONAF – Programa de Fortalecimento da Agricultura
Familiar.
No que diz respeito às fontes externas de financiamentos, os recursos provêm do
mercado de carbono e dos investidores interessados nos ativos ambientais, pois a necessidade
dos países industrializados na redução da emissão de CO2 implica na atração de capital
externo.
O PCF – Prototype Carbon Fund, criado em 1999, visando à promoção do
desenvolvimento sustentável, recebe recursos de países desenvolvidos e repassa-os para o
financiamento de projetos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1633
3.3. Motivações regionais para a produção do Biodiesel no Brasil
As diversidades sociais, econômicas e ambientais geram distintas motivações para a
produção de combustíveis alternativos ao longo das regiões brasileiras, o que é demonstrado
pela imensa variedade de espécies que se prestam à fabricação do diesel vegetal no Brasil.
Na região Sul, por exemplo, a produção de biodiesel poderá equalizar os déficits
provocados pelo óleo de soja nos mercados convencionais, através da queda do consumo do
mesmo.
No Sudeste, o combustível em questão apresenta o potencial de ajudar a melhorar a
qualidade de vida nos grandes centros urbanos, em decorrência da diminuição da poluição
ocasionada pelos combustíveis derivados do petróleo. E assim como no Sul, a soja é eleita
como base para a consecução do referido processo de desenvolvimento.
Além da redução da emissão de gases causadores do Efeito Estufa, no Centro-Oeste do
país, onde cerca de 80% dos transportes de carga são feitos por rodovias, devido a sua
localização geográfica, o biodiesel pode ser uma alternativa à redução dos preços dos
combustíveis através da economia de divisas.
O Norte do Brasil sofre com o isolamento energético de regiões longínquas localizadas
principalmente na Amazônia. Com o uso do biodiesel, esse problema poderá ser em parte
solucionado, pois na região se gasta normalmente até o equivalente a três litros de diesel para
o transporte de apenas um litro de combustível.
A região Nordeste, por sua vez, merece atenção especial, pois associado a um
programa de assentamentos sustentáveis, a produção e o consumo do biodiesel resultará na
geração de emprego e renda para a população, através da ricinocultura (cultivo de
determinado gênero de mamona ou carrapateira - lat. ricinus), proporcionando a inclusão
social dessa região tão marginalizada, agindo assim na erradicação da miséria na mesma.
O Quadro 1 sintetiza as motivações regionais, bem como destacar as oleaginosas mais
adaptáveis a cada região geográfica. O que deve ser ressaltado com referência às motivações,
é que em todas as regiões brasileiras, o biodiesel também agirá na promoção do melhor
aproveitamento dos materiais, no que diz respeito ao uso dos óleos residuais de frituras e de
resíduos industriais, bem como de matérias graxas extraídas de esgotos industriais e
municipais (MEIRELLES, 2003).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1634
Quadro 1. Brasil - Síntese das Principais Motivações e Matérias-Primas Potenciais para a
Produção do Biodiesel, segundo Regiões Geográficas.

Região Principais Motivações Principais Matérias-Primas


Equalização dos déficits do óleo de soja nos mercados
Sul Soja
convencionais
Melhoria da qualidade de vida nos grandes centros
Sudeste Soja, girassol e canola
urbanos
Centro-Oeste Redução nos custos com transporte Soja, mamona, girassol e algodão
Norte Solucionar a questão dos isolamentos energéticos Dendê
Nordeste Geração de emprego e renda Mamona, dendê e babaçu
Fonte: Lima (2004) e Castro et al (2005). Elaboração própria.

A oportunidade de crescimento tecnológico também deve ser colocada em pauta nessa


discussão, pois com a inserção do combustível na matriz brasileira, a preocupação com novos
métodos e estratégias, tanto na esfera de produção quanto no que diz respeito a melhores
políticas de distribuição e consumo.
A situação do combustível em questão é relativamente favorável, apesar da
necessidade de um maior número de programas regionais. Tal situação pode ser claramente
visualizada através dos aspectos que regem a implantação desses programas, em que são
demonstrados os interesses individuais de cada região.
A região Sudeste possui um dos mais importantes centros de estudo sobre
biocombustíveis, que se encontra no Rio de Janeiro. Trata-se do Coppe-Coordenação de
Programas de Pós-Graduação em Engenharia e da Escola de Química da UFRJ. Nesse centro,
além de testes com óleos vegetais, são utilizados os óleos residuais como matéria-prima para a
fabricação do diesel vegetal, o qual é testado em veículos da própria universidade.
Em São Paulo existem diversos centros de pesquisa, é o caso da Ladetel (Laboratório
de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas) da USP - Universidade de São Paulo. Nesse
centro foi desenvolvido um processo para a fabricação do biodiesel a base de óleo de cana.
Além disso, há a realização de vários testes para a verificação da viabilidade das proporções
de mistura dos biocombustíveis, utilizando percentuais que chegam a 100%, o B100, nos
quais se usam como matéria-prima os óleos de soja, amendoim, girassol, algodão, milho,
canola, mamona, pequi, além dos óleos residuais provenientes de lanchonetes e restaurantes
universitários. Ainda em São Paulo, encontra-se o Pólo Nacional de Biocombustíveis, mais
precisamente em Piracicaba, onde o etanol é facilmente obtido, em decorrência da plantação
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1635
de cana em larga escala dessa região. Em toda a região Sudeste, a soja e o amendoim são as
oleaginosas mais encontradas ao longo das plantações. Já em Minas Gerais, a mamona e o
algodão são melhores alternativas devido ao clima seco da região.
Na região Sul, com o intuito de equilibrar os mercados do óleo de soja, o Sul do país
tem produzido o biodiesel em larga escala. Entretanto, as produções de amendoim e de
girassol são ótimas opções para essa região. O principal centro de estudo da região se localiza
na Universidade Federal do Paraná, onde são realizados diversos testes em veículos movidos
a biodiesel de óleo de soja.
Nos estados de Tocantins e Goiás, ambos pertencentes à região Centro-Oeste, há a
predominância do babaçu, pois do mesmo é possível se extrair o óleo necessário, tanto a
produção do biodiesel quanto a do metanol. O Mato Grosso do Sul, por sua vez, é um grande
produtor de soja.
Partindo do pressuposto de que o biodiesel auxiliará na redução dos isolamentos
energéticos do Norte, a urgência do aumento da produção de biocombustíveis é cada vez
maior, pois grande parte do transporte fluvial na região é baseada nesses combustíveis, além
de ser largamente utilizado na geração de energia. O dendê é uma das matérias-primas mais
utilizadas na região.

A região Nordeste
Ao longo da região semi-árida, a qual engloba quase todos os estados da região
nordestina, convive-se com periódicas secas e grandes situações de miséria, especialmente na
zona rural.
No Nordeste, a cultura de oleaginosas deve ser o vetor para o fortalecimento do
processo e a mesma deve baseada na lavoura sem irrigação. A mamona e o algodão
representam as alternativas mais viáveis a esse tipo de produção, devido à facilidade de
adaptação das referidas culturas a climas secos (EMBRAPA, 2003).
Segundo estudos realizados pela Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, a lavoura da mamona, por sua alta economicidade, presta-se a agricultura
familiar. Sua torta orgânica serve como ótimo adubo para a fruticultura, horticultura e
floricultura, atividades características da região.
De acordo com avaliações feitas pela CONAB (2006), o pinhão-manso (planta perene e
nativa das Américas) apresenta-se como uma boa opção de cultivo para o semi-árido
nordestino, por ser uma planta rústica, de alto rendimento (35 a 38% de óleo), apresentando

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1636
alta produtividade e uma torta orgânica de excelente qualidade, a qual serve de fertilizante,
além de ser adaptável em solos pobres e ser resistentes a secas e geadas.
Na área de transição entre o Semi-árido e o Cerrado, onde se localiza o Maranhão, há a
alternativa de culturas perenes como o babaçu, planta nativa da região. Porém, o que tem
representado barreira quanto ao cultivo do babaçu, são os custos referentes à sua extração,
pois o seu óleo é envolto por uma casca muito dura, o que dificulta o processamento, visto
que a produção ainda é baseada no extrativismo.
Probiodiesel prevê a injeção de mais de R$ 369 milhões na agricultura familiar no ano
de 2007, o que estende o benefício para mais de 205.000 agricultores familiares. Além da
promoção de financiamentos para os agricultores nordestinos, o programa permitirá a redução
da importação do óleo diesel, o que implica que os recursos que seriam direcionados a
empresas estrangeiras ficariam no Brasil. O biodiesel também agirá no aumento da renda de
quem se situa abaixo da linha de pobreza, representando uma porta de saída para o Bolsa-
Família, através da complementariedade da renda.
O Nordeste é responsável por cerca de 15% do diesel consumido no país, baseado nos
diversos projetos de matrizes de produção em andamento, a exemplo dos localizados em
Fortaleza e em Teresina. Esses projetos trarão à região a capacidade de produção de 90.000
litros por dia, constituindo um processo muito corajoso, se levarmos em conta a distância das
fontes de matérias-primas.
A cotação internacional do óleo de mamona é de aproximadamente US$ 1.000,00 uma
tonelada, esse valor é proveniente das diversas potencialidades desse óleo, por ser
considerado um óleo nobre, devido a sua alta viscosidade. Desse modo, busca-se formas para
redução do seu preço ao patamar dos demais óleos.
O total da produção somando-se todos os projetos implantados e em fase de
implantação resulta num potencial capaz de atender a apenas um quarto da demanda na
região, o que demonstra a necessidade do aumento da oferta.
A Embrapa já mapeou diversas áreas que poderão servir especialmente para uso da
agricultura familiar. Porém é importante conservar a impreterível obediência às corretas
práticas de manejo, principalmente se a lavoura for consorciada com outras culturas, para que
se possa obter a maximização da produtividade nessas lavouras. Entretanto, as pesquisas
concernentes aos processos de produção ainda são muito precárias. Conclui-se, com isso, a
viabilidade e a necessidade de projetos regionais de estímulo à produção de biodiesel no
Brasil.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1637
No ano de 2006, o setor adquiriu regime tributário especial. A medida foi encaminhada
ao Congresso, antes mesmo da aprovação do Probiodiesel, que já tramitava no congresso
desde 2004, que posteriormente foi transformada na Lei 11.097, fixando a obrigatoriedade do
B5 ao óleo diesel comercializado ao consumidor brasileiro, a partir de 2013. Porém, ao ser
aprovada, foi retirado um inciso, o qual atribuía a ANP, a fixação do percentual de biodiesel
nas misturas.
A política tributária do biodiesel incentiva a compra de matéria-prima da agricultura
familiar, especialmente do norte e do nordeste, objetivando a marginalização enfrentada por
essas regiões. Para se ter acesso à redução nas alíquotas, o produtor deve possuir o “Selo de
Combustível Social”, fornecido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
A produção do biodiesel surge como uma atividade capaz de garantir a sustentabilidade
energética no Brasil, além da garantia dos benefícios econômicos, ambientais e sociais. A
expectativa é que as regiões mais carentes possam se inserir nesse processo através da
significativa utilização da matéria-prima proveniente da agricultura familiar.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil é um país dotado de diversas potencialidades, principalmente no que diz
respeito à possibilidade de expansão agrícola, além da enorme variedade de matérias-primas e
mão-de-obra, o que o coloca numa posição privilegiada com relação a urgente transição para
uma civilização baseada na biomassa.
A inserção do biodiesel na matriz energética brasileira é posta como uma alternativa,
tanto ao suprimento energético alcançado com o aumento da oferta do combustível, quanto
para o desenvolvimento sustentável, pois a produção e a comercialização do mesmo implicam
redução de preços, através da diminuição das importações, e principalmente na redução das
disparidades regionais, através da geração de emprego e renda.
Diversas políticas referentes ao biodiesel já têm sido implementadas pelo governo
federal. O interesse do governo na esfera dos biocombustíveis encontra lugar na necessidade
de suprimento da demanda, que tem se elevado, mas principalmente como uma forma de
promover a inclusão social das regiões menos favorecidas, a exemplo do Norte e do Nordeste.
Ainda no que se refere às regiões, as quais apresentam suas respectivas peculiaridades,
surge a necessidade da criação de políticas regionais de desenvolvimento do biodiesel. Tais
políticas devem considerar as matérias-primas adaptáveis à região; o clima predominante; a
capacidade de absorção do mercado regional; a logística de comercialização; a capacidade de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1638
exportação, além da necessidade de aprimoramento dos modos de produção, entre outros
fatores.
Percebe-se ainda que o desenvolvimento do programa brasileiro do biodiesel depende
basicamente do funcionamento do mercado internacional, o que é mostrado pelo grau de
dependência quanto à consecução desse programa em relação à variação na taxa de câmbio e
do preço do barril de petróleo, o que torna o biodiesel competitivo ou não, a depender do
cenário o qual se encontra inserido.
O que deve configurar as pesquisas brasileiras é a preocupação em relação às quais
direções o combustível deve tomar, para que se torne viável, tanto do ponto de vista
financeiro quanto do econômico.
Para que os programas de biodiesel tenham êxito, diversos problemas precisam ser
solucionados, especialmente no que se refere ao fornecimento da matéria-prima e na formação
dos preços, os quais constituem os principais gargalos encontrados nesse mercado.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAER, Werner. A Economia Brasileira. São Paulo: Editora Nobel, 2002.

CASTRO, C. E. F; CARBONELL, S. A. M.; MAIA, M. S. D. e MORAIS, C.G. Série


Reuniões Técnicas: Biodiesel. Campinas: Editora Campinas, 2005.

CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em


<http://:www.conab.gov.br>. Acesso em: 20 nov. 2006.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa: fazendo um Brasil


que dá gosto. Brasília: Embrapa, 2003.

GREMAUD, A. P; VASCONCELOS, M. A. S; JUNIOR, R. T. Economia Brasileira


Contemporânea. São Paulo: Editora Atlas, 2004.

Ministério da Ciência e Tecnologia. Disponível em: <http://www.mct.gov.br>. Acesso em: 13


nov. 2006.

LIMA, Paulo César Ribeiro. O biodiesel e a inclusão social. Brasília: Consultoria Legislativa
da Câmara dos Deputados, março de 2004. 33p. Disponível em:
<http://www2.camara.gov.br>. Acesso em: 13 nov. 2006.

MEIRELLES, Fábio de Sales. Biodiesel: Respostas Técnicas. Brasília: Centro de Apoio ao


Desenvolvimento Tecnológico – CTD/UnB, 2003.

PLÁ, Juan Algorta. Histórico do biodiesel e suas perspectivas. Rio Grande do Sul:
Universidade do Rio Grande do Sul, 2003. Disponível em: <http: //www.ufrgs.br/decon/>
Acesso em 05 nov. 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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ANÁLISE QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE DOIS ECOTIPOS DE
LAMIACEAE (Hyptis suaveolens)

Amanda Cristiane Rodrigues, DB/UNIFAL - MG, amandabiounifal@yahoo.com.br


Marcelo Polo, UNIFAL - MG, mpolo@unifal-mg.edu.b
Felipe Terra Martins, DF/UNIFAL - MG, felipetmartins@yahoo.com.br
Luiz Cláudio Almeida Barbosa, DQ/UFV, lcab@ufv.br

RESUMO: Hyptis suaveolens, é uma espécie medicinal, produtora de óleo essencial, o qual
é rico em terpenóides, e tem sido estudado quanto sua ação anti-séptica, anticarcinogênica,
antibacteriana, antifúngica, larvicida contra Aedes aegypti, nematicida e anticonvulsivante.
Seu óleo possui grandes variações que podem estar atribuídas à variabilidade genética intra-
específica, condições ambientais, épocas de colheita, condições de cultivo, tipo de solo e
parte da planta analisada. Neste estudo, foram feitas análises do óleo essencial de dois
ecotipos de H. Suaveolens, das regiões de Alfenas e Boa Esperança (MG), Com o objetivo
determinar relações entre diferenças presentes no óleo essencial e ecotipos advindos de
regiões diferentes. Pudemos perceber algumas diferenças nas concentrações das substâncias
majoritárias deste óleo, que foram brandas, mas podem estar relacionadas ao potencial
genético dos ecotipos.

Palavras-Chave: Hyptis suaveolens, óleo essencial, análise química.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1640
1 INTRODUÇÃO
Hyptis suaveolens (L.) Poit (Lamiaceae) é conhecida vulgarmente no Brasil como
bamburral (nordeste) e erva-canudo (sudeste e sul) onde é considerada invasora de lavouras
de milho (Polo e Felippe, 1983) e de pastagens (Silva et al., 1997). Esta atribuição também é
conferida na América Tropical, Micronésia, Polinésia e Austrália. No México é considerada
espécie ruderal, conhecida como chía de colima, chía gorda, chía grande, conibare e
goyohuali, onde é cultivada para uso doméstico.
É uma planta conhecida e utilizada como planta medicinal. O óleo essencial de H.
suaveolens tem sido estudado quanto a sua ação anti-séptica (Rojas, 1992), anticarcinogênica
(Kingston, Rao e Zucker, 1979), antibacteriana (Rojas, Pereda-Miranda e Mata, 1992; Iwu et
al., 1990; Asekun et al., 1999), antifúngica (Qureshi, Rai e Agrawal, 1997; Pandey et al.,
1982; Singh et al., 1992; Zollo-Amvam et al., 1998), larvicida contra Aedes aegypti
(Noegroho, 1997), nematicida (Babu, 1990) e anticonvulsivante (Akah e Nwambie, 1993),
potencializando sua utilização como produto medicinal.
Fatores como variabilidade genética intra-específica, condições ambientais, épocas de
colheita, condições de cultivo, tipo de solo e parte da planta analisada podem influenciar no
teor e na composição química dos óleos essenciais (Hay, 1993). Todos esses aspectos são de
fundamental importância quando se realiza o desenvolvimento de trabalhos de melhoramento
de uma espécie medicinal visando à aplicação fitoterapêutica, uma vez que a qualidade dos
óleos essenciais está ligada a sua constituição química.
A composição do óleo essencial de Hyptis suaveolens, de plantas individuais em fase
de frutificação, provenientes de diversas áreas do Cerrado brasileiro, foi analisada por
Azevedo (2002), através de cromatografia gasosa. A análise química dos óleos essenciais
dessa espécie dos EUA. (Ahmed et al., 1994), Índia (Mallavarapu et al., 1993), Aruba (Lebart
et al 1990) e Amazônia brasileira (Gottlieb et al., 1981) se diferem quanto à composição do
óleo do cerrado, como é o caso do ß-Pineno, que no óleo amazônico tem concentração mais
alta que nas outras regiões. Variações dos constituintes também foram obtidas por Silva et al.
(1997) na análise do óleo essencial de folhas de H. suaveolens, e nas partes aéreas (Azevedo
et al. 2001; Azevedo et al 2002).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1641
2 MATERIAL E MÉTODOS
Núculas de Hyptis suaveolens foram coletadas de indivíduos de Alfenas e de Boa
Esperança, estando ambos na fase de dispersão de sementes. A coleta foi feita manualmente e
as sementes (núculas) foram selecionadas, descartando as imaturas, danificadas e chochas, e
armazenadas em sacos de papel em condições ambientes até o momento da semeadura.
As núculas foram armazenadas para posterior plantio. No dia 5 de outubro de 2006, as
núculas foram semeadas em bandejas contendo vermiculita. Após a obtenção de plântulas,
estas foram transplantadas para vasos de 20L, sendo cultivadas em casa de vegetação na área
experimental do viveiro da UNIFAL-MG. O substrato utilizado tinha a seguinte composição:
terra de barranco, areia e esterco de galinha curtido na proporção 3:2:1.
Assim foram obtidos dois grupos experimentais que permaneceram em condições de
luz ambiente, sendo que a cobertura e o revestimento da casa de vegetação são de tela
transparente à radiação solar, com 100% de luminosidade. Essas plântulas foram mantidas em
fotoperíodo não indutivo (dias longos) durante três meses (aproximadamente 90 dias), para
que não ocorresse floração. Após essa data passaram ao fotoperíodo natural, mas continuaram
em estagio vegetativo, pois nessa época os dias já estavam longos.
As coletas foram realizadas em três datas diferentes, quando as plantas de H.
suaveolens tinham completado, respectivamente, 60, 120 e 180 dias de idade, considerando
como idade zero o transplante das plântulas. Quando as plantas completaram 180 dias, já
estavam em estágio de floração.
Em cada coleta foram utilizadas seis plantas de cada ecotipo, para a extração do óleo
essencial, para a qual somente foram utilizadas as folhas. Estas foram picotadas, pesadas em
balança analítica para obtenção do peso fresco e colocadas em balões para a extração do óleo
essencial. A extração foi feita em triplicata (para cada ecotipo). O óleo foi obtido por
hidrodestilação (arraste a vapor), durante seis horas consecutivas, em aparelho do tipo
Clevenger. Em seguida foi separado da solução aquosa (3 alíquotas de 15 ml de
diclorometano); seco com sulfato de sódio anidro, sendo o sal retirado por filtração simples e
em seguida o óleo mais o diclorometano foram transferidos para frascos de vidro esterilizados
e previamente pesado em balança analítico, mantido em capela sob fluxo de ar até que todo
solvente se evapore e o óleo essencial adquirisse peso constante.
O volume foi anotado para a determinação da produtividade do óleo essencial e
cálculo do rendimento em função do peso do resíduo vegetal seco. Os frascos contendo o óleo
essencial foram vedados hermeticamente e conservados à temperatura de 10°C.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1642
Após a extração, o resíduo vegetal foi mantido em estufa à temperatura de 105 ºC até
atingir peso constante. Então este peso foi anotado para obtenção do peso seco do resíduo.
Análise qualitativa do óleo essencial: Cromatografia Gasosa e Espectrometria de
Massa. Para estas análises foi utilizado um aparelho Shimadzu CG – 17A equipado com um
detector de ionização de chama (FID). As condições cromatográficas foram: coluna capilar de
sílica fundida (30 m x 0,22mm) com fase ligada DB1 (0,25 ?m de espessura de filme); gás de
arraste utilizado foi nitrogênio com fluxo de 1,8mL.min-1, a temperatura foi programada
mantendo 60°C por dois minutos, seguido de um aumento de 3°C/min até atingir 240°C,
mantendo esta temperatura constante por 30 minutos; temperatura do injetor de 220°C;
temperatura do detector de 240°C; foi injetado um volume de 1,0ul de uma solução 1% de
óleo essencial em diclorometano (nesta solução foi adicionado um padrão interno, sendo
utilizado decano a 0,02%); taxa de partição do volume injetado de 1:10 e pressão na coluna
de 166 KPa. Foi injetado, nas mesmas condições das amostras, uma mistura de
hidrocarbonetos saturados, contendo todos os representantes de uma série linear com Cn, onde
n é um número par, compreendido entre o intervalo [C10-C24]. Foi feita análise de regressão
linear do tempo de retenção em função do número de carbonos de cada hidrocarboneto. A
partir da equação obtida foi realizada uma previsão para estimar o tempo de retenção dos
demais hidrocarbonetos que não foram injetados (hidrocarbonetos com Cn’, onde n’ é um
número ímpar, e com Cn’’, onde n’’<10 e n’’>24). O percentual de cada composto foi obtido
através da área integral de seus respectivos picos relacionados com a área total de todos os
constituintes da amostra, sendo desconsiderada a área do padrão interno. Foram considerados
constituintes majoritários os compostos listados com percentagem igual ou superior a 5%
(Martins et al., 2006). As condições do EM foram: detector de captura iônica operando em
Impacto Eletrônico e energia de impacto de 70 eV; velocidade de decomposição 1.000;
intervalo de decomposição de 0,50; e fragmentos de 45 Da a 450 Da decompostos. Os
constituintes foram identificados através da comparação de seus respectivos espectros de
massa em duas livrarias computadorizadas (NIST21 e NIST107) e através da comparação de
seus IKs com os dados da literatura (Adams, 1995).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores de óleo essencial encontrados nas amostras referentes aos dois ecotipos são
apresentados na Tabela 1. Verifica-se que para os dois ecotipos, os teores de óleo essencial
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1643
obtidos foram maiores nas plantas colhidas após 60 dias (variando de 0,16 a 0,30%) em
relação às colhidas aos 120 e 180 dias. Estes resultados diferem dos encontrados por Martins
(2006), que constatou um aumento do teor do óleo essencial de acordo com o envelhecimento
das plantas, esta variação pode estar relacionada a suplementos utilizados por Martins (2006),
no cultivo de suas plantas. Os teores de óleo produzidos por plantas de H. suaveolens variam
muito, podendo chegar até a 1,5%, conforme relatado para plantas nativas da Nigéria (Iwu,
1990).

Tabela 1 - Teor de óleo essencial das amostras de H. suaveolens dos dois ecotipos.

Teor do óleo essencial (%, m/m)


Ecotipos
Colheita 1 Colheita 2 Colheita 3
Boa Esperança 1 0,22 0,19 0,09
Boa Esperança 2 0,13 0,11 0,07
Boa Esperança 3 0,19 0,14 0,11
Alfenas 1 0,17 0,16 0,06
Alfenas 2 0,18 0,09 0,06
Alfenas3 0,21 0,12 0,09

A análise das duas amostras de óleo essencial obtidas dos ecotipos resultou na
identificação de 65 compostos (Tabela 2), tendo a grande maioria já sido identificada no óleo
de H. suaveolens7. Os componentes encontrados em maiores quantidades nas amostras
aparecem em negrito na Tabela 3. De modo geral, observa-se que as amostras analisadas
possuem diferenças qualitativas e quantitativas em termos de seus constituintes químicos. Por
exemplo, o espatulenol foi o componente presente em maior quantidade, tendo seu teor
variado de 15,53 a 30,72%. O teor de viridiflorol também foi superior a 5% (variando de 7,95
a 21,47%) nas amostras de óleo das plantas.

Tabela 2 - Constituintes identificados até o momento. Significado das siglas: 1BE (1° coleta
do ecotipo de Boa Esperança), 2BE (2° coleta do ecotipo de Boa Esperança), 3BE (3° coleta
do ecotipo de Boa Esperança), 1AL (1° coleta do ecotipo de Alfenas), 2AL (2° coleta do
ecotipo de Alfenas) e 3AL (3° coleta do ecotipo de Alfenas)

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1644
Tempo de
Composto 1BE 2BE 3BE 1AL 2AL 3AL
retenção
alfa pineno 8,637 0,52 0,00 0,00 0,00 0,06 0,00
beta pineno 2 10,308 4,11 0,14 0,15 1,62 0,61 0,00
1,8-cineole 12,851 2,55 1,24 2,95 0,69 0,99 0,47
isocitronela 17,821 0,27 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00
3(10) carenol 4 18,125 0,99 0,10 0,60 0,14 0,14 0,15
camfor 18,215 0,35 0,41 0,07 0,13 0,29 0,00
pinocarvone 19,128 0,34 0,00 0,04 0,00 0,09 0,00
endo borneol 19,38 0,12 0,09 0,21 0,00 0,15 0,28
cripitona 20,643 0,60 0,77 1,63 0,20 0,68 0,52
propanona 2 20,77 0,65 0,00 0,07 0,00 0,00 0,00
mirtenal 20,863 0,75 0,00 0,12 0,20 0,14 0,15
acetato de sabinil 21,333 0,16 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00
ciclohexano 23,115 0,07 0,00 0,00 0,00 0,22 0,00
beta bourboneno 29,463 0,48 0,00 0,19 0,17 0,19 0,04
beta elemeno 29,814 1,37 4,07 5,22 0,76 2,31 2,75
beta cariofileno 30,17 0,44 0,56 1,01 0,47 0,92 0,63
.alpha.-amorphene 31,192 0,14 0,16 0,00 0,13 0,10 0,00
germacreno d 31,331 0,25 0,40 6,90 0,11 0,20 12,24
alfa humuleno 31,774 0,10 0,10 0,39 0,00 0,13 0,47
ledeno 32,186 0,96 0,17 0,19 0,21 0,60 0,25
elemol 32,797 0,22 0,18 1,13 0,12 0,32 1,68
Farnesol 33,523 0,14 0,00 0,20 0,08 0,14 0,18
germacreno b 33,847 0,64 0,36 0,23 0,75 0,88 0,34
delta guaieno 33,985 0,00 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00
dioxido de limoneno 2 34,25 1,41 0,88 1,30 1,03 1,28 1,17
1,5 ciclododecadieno 35,797 0,31 0,00 0,15 0,00 0,08 0,40
metilisoborneol 2 36,227 0,23 0,00 0,00 0,00 0,21 0,00

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1645
cariofilleneo oxido 36,976 1,46 1,62 0,71 1,29 1,09 0,99
globulol 37,225 0,00 0,00 0,05 0,00 0,03 0,00
junipre camfor 37,327 0,19 0,09 0,10 0,00 0,18 0,00
espatulenol 38,083 15,53 22,75 30,72 17,60 18,00 18,28
viridiflorol 38,272 18,10 21,47 9,75 19,76 20,69 7,95
elemol 38,628 1,33 1,47 0,68 1,42 1,41 0,60
humuleno oxido 38,844 0,00 0,00 0,72 0,00 0,04 0,07
kaurenol 18 39,332 1,41 1,69 1,24 1,21 1,64 0,48
calarenepoxido 39,501 0,91 0,85 0,70 0,81 0,85 1,18
delta cadinol 40,421 0,38 0,40 1,02 0,18 0,31 1,35
juniper camfor 40,917 0,00 0,19 1,86 0,00 0,27 0,19
kaurenol 18 41,139 2,26 3,62 2,06 2,41 2,69 3,11
cariofileno oxido 41,447 0,67 0,10 0,80 0,00 0,19 0,17
dehidro lanilool 41,808 1,84 1,77 0,91 1,77 1,60 1,24
ledane 42,133 0,34 0,29 0,50 0,27 0,44 0,04
acetilcedrene 42,788 0,09 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00
isoespatulenol 43,199 0,49 0,87 0,29 0,61 0,61 0,11
nerolidol 43,564 0,53 0,49 0,29 0,59 0,33 0,18
lemineno dioxido 44,28 0,79 0,77 0,30 0,57 0,42 0,03
isospathulenol 44,631 0,40 0,89 0,31 0,62 0,51 0,00
farnesol 44,77 0,30 0,87 0,19 0,66 3,31 0,00
9,12,15 octadecatrienol 45,073 0,05 0,23 0,07 0,08 0,27 0,03
carifileno oxido 45,301 0,73 0,82 0,23 0,98 0,98 0,19
biciclopropil 45,48 0,82 1,53 0,19 1,14 0,00 0,00
biciclopropil 45,511 0,15 0,56 0,00 0,00 1,24 0,00
cis limoneno oxido 46,447 0,51 0,29 0,16 0,73 0,33 0,14
9,12-octadecadienol 1 46,855 1,19 0,79 0,08 0,82 1,01 0,14
kauranal 18 47,536 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07 0,03

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1646
1,2 benzeno
48,624 0,51 0,55 0,12 0,39 0,33 0,05
dicarboxilico acido
manoil oxido 52,664 0,05 0,09 0,00 0,92 0,18 0,22
fenantereno 54,908 0,20 0,00 0,34 0,08 0,15 0,15
acido propanoico 55,434 0,95 0,75 0,24 1,75 0,70 1,57
sandaracopimareno 56,93 0,00 0,16 0,00 0,00 0,00 0,30
androstenol 5,3 61,953 0,00 0,00 0,00 0,11 0,23 0,29
furandione 2,5 63,518 0,00 0,11 0,00 0,00 0,00 0,84
epihidroabietol 4 64,416 0,66 1,08 1,94 1,09 0,00 1,93
acido
fenanterenecarboxílico 67,085 0,16 0,23 0,00 0,17 0,00 0,23
1
1,2 acido
69,362 0,00 0,00 0,00 0,40 0,16 0,17
benzenodicarboxílico
% Total identificado 71,20 77,01 79,31 65,28 71,17 64,03
Obs: os compostos em negrito foram considerados majoritários

Espatulenol foi o constituinte majoritário do óleo essencial de algumas amostras de H.


suaveolens provenientes do Cerrado Brasileiro (Azevedo, 2002 e Oliveira 2005), porém a
composição química destas amostras difere dos resultados deste trabalho. Estas diferenças são
evidenciadas nos elevados teores de (E)-cariofileno, óxido de cariofileno10 e de 1,8-cineol
(Azevedo, 2002), enquanto que no presente estudo as amostras apresentaram altas
concentrações de viridiflorol e germacreno d (Terceira coleta).
Amostras do óleo na terceira época de colheita (180 dias) apresentaram importantes
diferenças entre os ecotipos, sendo verificadas diferenças nas proporções de germacreno d
(6,90% para 3BE e 12,24% para 3AL), beta elemeno (5,22% para 3BE e 2,75% para 3AL) e
espatulenol (30,72% para 3BE e 18,28% para 3AL)
Tabela 3 - Principais grupos de terpenos presentes nos dois ecotipos.
Grupo de Terpenoides 1BE 2BE 3BE 1AL 2AL 3AL
Monoterpenos 5,87 2,22 0,34 2,77 1,95 0,00
Monoterpenos oxigenados 6,26 2,12 4,21 1,91 2,14 1,19

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1647
Sesquiterpenos 4,38 5,82 14,13 2,59 5,46 16,76
Sesquiterpenos oxigenados 39,56 51,12 45,88 43,14 47,50 30,24
Diterpenos 0,20 0,00 0,34 0,08 0,15 0,15
Diterpenos oxigenados 0,87 1,40 1,94 2,17 0,18 2,38
% da concentração dos terpenos 57,15 62,69 66,84 52,66 57,37 50,72

Na Tabela 3, estão às classes de terpenoides encontradas nas amostras dos dois


ecotipos. Nestas amostras foram encontrados monoterpenos, monoterpenos oxigenados,
sesquiterpenos, sesquiterpanos oxigenados, em médias concentrações, e diterpenos e
diterpenos oxigenados em baixas concentrações.
As concentrações dos sesquiterpenos não oxigenados foram majoritárias para o óleo
essencial dos ecotipos, com pequenas variações de acordo com a idade das plantas. Para os
sesquiterpenos oxigenados obtivemos concentrações bem inferiores às concentrações dos
sesquiterpenos oxigenados. Para esta classe de terpenos, as maiores variações forma
observadas na terceira coleta (180 dias), com percentuais de 14,13% para BE, e 16,76% para
AL. Os sesquiterpenos oxigenados foram os principais constituintes na maioria das
populações de plantas de H. suaveolens do Cerrado Brasileiro (Azevedo, 2002) e em uma das
amostras analisadas por Oliveira e colaboradores (2005), também do Cerrado Brasileiro.
Ambos os estudos relataram a produção de sesquiterpenos principalmente por plantas
encontradas em latitudes e altitudes baixas (LS 14° 30'; 524 m), contrastando com o
observado no presente trabalho, onde os sesquiterpenos foram abundantes em todas as
amostras, em latitude e altitude altas (LS 21° 27'; 880 m) quando comparadas com o estudo
anterior. Assim como as concentrações dos monoterpenos oxigenados (variando entre 1,19 e
6,26%), os monoterpenos não oxigenados (variando entre 0,00 e 5,87%) sofreram alterações
entre as amostras (Tabela 3). Na primeira coleta de BE os monoterpenos oxigenados e não
oxigenados foram superiores as concentrações da primeira coleta de AL (5,87 e 6,26%, contra
2,77 e 1,91%, respectivamente). O mesmo foi observado na terceira coleta, onde os
monoterpenos oxigenados de BE apresentaram 4,21% da amostra, contra 1,19 do ecotipo de
AL. Em contraste com estudos feitos em El Salvador (Grassi 2005) e no Cerrado Brasileiro
(Azevedo, 2001, Azevedo, 2002, e Oliveira 2005) os monoterpenos tiveram baixa
representatividade na composição do óleo essencial de H. suaveolens, e este baixo acúmulo
ocorreu em uma localidade de latitude e altitude altas, independente das condições de cultivo.
Novamente estes resultados contrariam os estudos realizados com plantas nativas do Cerrado
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1648
Brasileiro (Azevedo, 2001, Azevedo, 2002, e Oliveira 2005), onde monoterpenos foram
produzidos principalmente em altas latitudes e altitudes.
Já as concentrações de diterpenos, foram encontradas em valores baixos neste estudo,
variando de 0,00 a 0,34 para os diterpenos não oxigenados e de 0,18 a 2,38 para os diterpenos
oxigenados. A produção de diterpenos oxigenados apresentaram algumas diferenças nos dois
ecotipos, variando, na primeira coleta de 0,87% em BE para 2,17% em AL, na segunda coleta
de 1,40% em BE para 0,18% em AL, e na terceira coleta de 1,94% em BE para 2,38% em
AL. Martins (2006), obteve em seus estudos altas concentrações de diterpenos, estas
variações podem estar relacionadas às diferentes formas de cultivo de ambos os trabalhos,
mostrando o fator nutição fundamental para a qualidade do óleo essencial de H. suaveolens.

4 RESULTADOS ESPERADOS
Assim, esperamos que ao termino da identificação dos componentes, assim como a
confirmação dos mesmos através dos índices de retenção de Kovats (IK) e análise estatística
das concentrações dos componentes, possamos determinar que a variabilidade química do
óleo essencial desta espécie. podem estar relacionadas com a constituição genética
(genótipos) das populações de plantas de cada região, levando em conta a ausência de troca
genética entre estas áreas e a inexistência de fatores ambientais, já que as plantas foram
cultivadas sobre as mesmas condições. Essas variações nos parâmetros genéticos atuariam
diferentemente em populações de plantas de H. suaveolens, sendo responsáveis por alterações
mais brandas nos componentes do óleo, como verificado neste estudo. Sendo assim, as
variações bruscas na composição do óleo essencial desta espécie, observadas nos diversos
trabalhos, provavelmente estão relacionadas ás condições ambientais, épocas de colheita,
condições de cultivo, tipo de solo e parte da planta analisada.

5 AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pelo bolsa de IC, a UNIFAL – MG .

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1651
AVALIAÇÃO DA DENSIDADE DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO
(Jatropha curcas L.)

Thalita Fernanda Abbruzzini, UFLA, thatif_e@hotmail.com


Osmária Ribeiro Bessa, UFLA, osmaria.agro@gmail.com
Vanessa Silva Gontijo, UNIFAL, vsgunifal@yahoo.com.br
David Cardoso Dourado, UFLA, davidssp@yahoo.com.br
Pedro Castro Neto, DAG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DEG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: A pesquisa foi realizada com a finalidade de avaliar a densidade de 3 (três) lotes
distintos de sementes de pinhão manso colhidos em diferentes datas, a fim de relacioná-la ao
armazenamento adequado dos mesmos. Os resultados evidenciaram que a densidade das
sementes após armazenamento praticamente não foram afetadas, provando que a capacidade
de manter sua qualidade não está somente ligado às condições ambientais de armazenamento,
mas também à espécie e à sua qualidade inicial.

Palavras-Chave: Pinhão manso, densidade, armazenamento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1652
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) planta da Família Euphorbiaceae e originária da
América Central e do Sul, tem sido estudada como alternativa para produção de óleo e
produção de biodiesel, não só no Brasil, mas como em diversos países.
Para Purcino e Drummond (1986) essa planta é uma produtora de óleo com todas as
qualidades necessárias para ser transformado em biodiesel, pois além de perene e de fácil
cultivo, apresenta boa conservação da semente colhida, podendo se tornar grande produtora
de matéria prima como fonte opcional de combustível.
Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), a separação das sementes de acordo com a
densidade serve para padronizar ao máximo a emergência das plântulas, por estar diretamente
relacionado à germinação ao vigor da plântula. Quanto maior a densidade, melhores serão as
germinações e o vigor da semente, podendo-se obter por meio dessa estratégia uma
uniformidade na emergência das plântulas.
Um dos aspectos favoráveis do pinhão manso consiste na preservação das sementes
durante longos períodos de tempo, o que resulta em menores custos de sua produção agrícola,
certamente bem inferiores aos de outras culturas oleaginosas, como dendê ou macaúba, que
exige processamento no máximo 48 horas após serem coletadas.
Este trabalho teve como objetivo avaliar a densidade de sementes de pinhão manso
provenientes de diferentes época de produção.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na unidade de extração de óleo da Universidade Federal de
Lavras – MG. As sementes foram provenientes da mesma área de produção de Janaúba - MG
e com 3 épocas de armazenamentos.
A densidade das sementes (peso hectolitro) foi obtido pela colocação das sementes em
uma proveta de 1 litro e posteriormente pesada em uma balança eletrônica, obtendo-se a
massa correspondente a um litro de semente. Utilizou-se o delineamento inteiramente
casualizado com 10 repetições para cada um dos tratamentos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Gráfico 1 apresenta os resultados da densidade das sementes dos 3 lotes, observa-se
que a densidade variou de 0,473 ate 0,503 Kg/L. As sementes mais velhas foram a que

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1653
apresentaram maior densidade evidenciando que as condições de armazenamento recebida
não permitiram alterações no peso das sementes.

Densidade

0,51

0,5

0,49

0,48

0,47

0,46

jun/05 dez/06 jan/06

Gráfico 1 - Comparativo da densidade dos 3 lotes de sementes de pinhão manso


analisados no experimento.

As sementes de pinhão manso apresentaram maior densidade no lote de Junho/05, o que


comprova que a preservação de sementes de pinhão manso durante longos períodos de tempo,
além de ser uma característica da família Euforbiácea, pode estar relacionada tanto à
qualidade inicial da semente, quanto às condições de armazenamento.
A maior densidade implica em uma maior reserva energética e vigor da plântula, e se
armazenadas adequadamente, as sementes podem ter maior durabilidade e manutenção de seu
vigor.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1654
4 CONCLUSÃO
A densidade das sementes de pinhão manso variou entre 0,473 a 0,503 Kg/L.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Embrapa. Disponível em: < http://www.cnpa.embrapa.br/ >, Acesso em 9 jun. 2007.

Pinhão manso. Disponível em: < http://www.pinhaomanso.com.br/ >, Acesso em 9 jun. 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1655
BIODIESEL E GESTÃO AMBIENTAL EM GRANDES EMPRESAS

Thalita Fernanda Abbruzzini, UFLA, thatif_e@hotmail.com


Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Ana Carolina Cunha Arantes, UFLA, aninhacunha@gmail.com
Valéria Campos dos Santos, UFLA, valcampos@hotmail.com

RESUMO: As preocupações ambientais, o crescimento da pressão pública e medidas


regulamentares estão mudando a maneira das pessoas fazerem negócios ao redor do mundo. A
implementação do biodiesel na matriz de combustíveis, em substituição ao diesel mineral,
gerador de emissões de GEE (Gás de Efeito Estufa) na atmosfera, evidencia o interesse de
grandes empresas numa gestão ambiental comprometida com a preservação do meio ambiente
e com o mercado internacional de comércio de emissões. O biodisel, combustível renovável e
biodegradável, obtido comumente a partir da reação química de óleos ou gorduras, de origem
animal ou vegetal. Este trabalho tem como objetivo estudar os benefícios ambientais da
utilização do biodiesel, no sistema de logística de um terminal de containeres.

Palavras-Chave: Gestão ambiental, biodiesel, GEEs, comércio de emissões.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1656
1 INTRODUÇÃO
As preocupações ambientais, o crescimento da pressão pública e medidas
regulamentares estão mudando a maneira das pessoas fazerem negócios ao redor do mundo.
Clientes, consumidores e outras partes interessadas estão aumentando a demanda de produtos
e serviços ambientalmente corretos que são oferecidos por organizações socialmente
responsáveis.
A negociação de créditos de carbono – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
criado no Protocolo de Kyoto – tornou-se um mercado muito atraente para as grandes
empresas, e ganha espaço cada vez maior na agenda das empresas brasileiras que buscam
investir em energia limpa e na sustentabilidade ambiental,
O mercado de carbono incentiva o desenvolvimento de projetos em países para reduzir
o lançamento à atmosfera dos gases que provocam o efeito estufa, e movimenta atualmente
em todo o mundo, cerca de US$ 10 bilhões - a tonelada do carbono varia de 15 a 25 euros. O
Brasil possui vários projetos nesse sentido e disputa investimentos com países como China,
Índia e México.
Na tabela abaixo, seguem as principais atividades causadoras de poluição do ar e seus
respectivos poluentes:

Tabela 1 - principais fontes de poluição do ar e seus principais poluentes.


ATIVIDADES POLUENTES
Queima de carvão Cinzas, óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio.
Queima de óleo
combustível Monóxido de carbono, óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio.
Refinarias Hidrocarbonetos, óxidos de enxofre, monóxido de carbono.
Indústria de aço Poeiras, fumaça, fuligem, óxidos de metais, gases orgânicos e inorgânicos.
Indústria química Óxidos de enxofre, ácido sulfúrico.
Indústria de fertilizantes Material particulado, gás fluorídrico.
Indústria de celulose Material particulado, óxidos de enxofre.
Indústria de plásticos Resinas gasosas
Dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, compostos orgânicos voláteis,
Transportes material particulado.
Dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, metano, oxido nitroso, material
Agropecuárias particulado.
Residências Monóxido de carbono, material particulado.
Fonte: Dantas, 2003

O biodiesel - combustível renovável e biodegradável, obtido comumente a partir da


reação química de óleos ou gorduras, de origem animal ou vegetal - substitui total ou

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1657
parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclo diesel automotivos (de caminhões,
tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc).
Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções, reduz 78% das
emissões poluentes como o dióxido de carbono – gás responsável pelo efeito estufa – e 98%
de enxofre na atmosfera, além de proporcionar uma combustão mais completa, decorrente do
maior porcentual de oxigênio presente nas moléculas que compõem o biodiesel.
Ainda existe uma certa resistência ao uso do biodiesel no que se refere a adaptações aos
motores das frotas das empresas, mas os grandes fabricantes de motores a diesel como a
Cummins, por exemplo, que recentemente aprovou o uso de B20 – mistura de 20% de
biodiesel adicionado ao diesel – em seus motores, têm estudos em andamento a fim de
garantir que nao haja alterações significativas no desempenho dos motores de combustão
interna, atraindo assim empresas que desejam uma frota movida por um combustível mais
limpo e energia renovável.
Vale lembrar que avaliar as emissões de uma frota depende de muitos fatores que são
difíceis de considerar, como: as características da frota (ano de fabricação, modelo e categoria
veicular); regulagem e manutenção; tipo e composição do combustível; modo de operação e
sistema de tráfego local; traçado da via; entre outros (Monteiro, 1998).
Este trabalho tem como objetivo estudar os benefícios ambientais da utilização do
biodiesel, no sistema de logística de um terminal de containeres.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Será utilizado como objeto de estudo a empresa Santos Brasil S/A, terminal que
trabalha com carga, descarga e movimentação de containeres, situado na cidade de Guarujá-
SP, e que trabalha com frota interna e também terceirizada movida a óleo diesel metropolitano
– combustível que apresenta porcentagem máxima de 0.05% de enxofre - segundo
especificações da ANP, sendo menor que dos outros tipos de óleo diesel comercializados.
A empresa possui uma área total de 600 mil m² e uma frota que envolve pórticos,
caminhões, empilhadeiras e reboques. Possui uma média de entrada e saída de 1500
caminhões por dia, além de trabalhar com duas empresas ferroviárias para embarque e
desembarque de mercadorias.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1658
Figura 1 - Mapa da área da empresa

3 RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se substituição total ou parcial do óleo mineral pelo biodiesel, e em relação ao
carbono, a inserção no mercado mundial de créditos e lançamento de novos projetos de
mitigação do clima ou de redução comprovada da taxa de emissão de GEEs (Gases de Efeito
Estufa), contribuindo para a preservação do meio ambiente e alavancando o uso dos
mecanismos de flexibilização, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
O desempenho ambiental de uma organização vem ganhando importância cada vez
maior para as partes interessadas, internas e externas. É importante que primeiramente seja
assegurado o comprometimento com um sistema de gestão ambiental para se definir a política
da empresa, e consequentemente, a formulação de um plano que cumpra com essa política.
Para que essa implantação seja efetiva, a organização deve desenvolver as capacidades e
apoiar os mecanismos necessários para o alcance de suas políticas, objetivos e metas.
Um sistema de gestão ambiental consistente requer comprometimento organizacional e
uma abordagem sistemática ao aprimoramento contínuo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1659
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ambiente Brasil – Portal Ambiental. Disponível em: < http://www.ambientebrasil.com.br >,
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1660
O CRESCIMENTO E O RENDIMENTO DE ÓLEO ESSENCIAL DE PAU-
ROSA (Aniba rosaeodora Ducke) POR HIDRODESTILAÇÃO E ARRASTE A
VAPOR

Antenor Pereira Barbosa, CPST/INPA, antenor@inpa.gov.br


Isabel Maria Gonçalves de Azevedo, CPST/INPA, isa_florestal@yahoo.com.br
Márcia Santos Freitas, CPAA/EMBRAPA, embrapa
Jamal da Silva Chaar, UFAM, jchaar@fua.br

RESUMO: O objetivo do trabalho foi analisar o crescimento de mudas de pau-rosa


plantadas em diferentes métodos de plantio e os rendimentos de óleo obtidos por
hidrodestilação e arraste a vapor. Os dados de crescimento foram obtidos de plantios em áreas
de experimentos e de agricultores na BR-174/Km 30 (Área 1) plantio em plena abertura, no
Km 23, (Área 2) plantio sob sombra, no município de Manaus (AM). Foram analisados o
diâmetro, a altura total e o número de galhos das mudas. Os plantios tinham diferentes idades
e espaçamentos. O rendimento por hidrodestilação e o teor de linalol foram feitos no
laboratório de química da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e o rendimento por
arraste a varpor na usina de destilação de pau-rosa instalada na Estação Experimental de
Silvicultura Tropical do INPA, financiada pela FAPEAM. O linalol do óleo foi determinado
por análise cromatográfica na UFAM. Os rendimentos de óleo das folhas, galhos e caule, em
plantios sombreados, com 4 anos de idade e obtidos por hidrodestilação foram maiores no
período seco do que no chuvoso. A produção de óleo das folhas (2,4%) foi maior do que dos
galhos (1,27%) e caule (1,21%), enquanto o teor de linalol foi maior no óleo do caule
(80,40%), nas folhas (78,40%) e galhos (77%). O rendimento de óleo e o teor de linalol não
apresentaram diferenças entre os plantios em plena abertura e sob sombra parcial mas, em
plena abertura o rendimento foi maior com material coletado no período seco. Os rendimentos
de óleo das folhas, galhos e caule obtidos por arraste a vapor com material triturado em
peneira com furos de 15mm de diâmetro foram de 0,91%, 0,96% e 1,29% respectivamente.
No entanto, quando triturados e destilados folhas e galhos juntos, o rendimento foi de 1,20%.
O sombreamento parcial de floresta estimulou ocrescimento do pau-rosa quando plantadas
nos primeiros 20 metros da borda da floresta. Os resultados de crescimento e sobrevivência
do pau-rosa plantado em capoeira não apresentaram diferenças no primeiro ano de plantio.

Palavras-Chave: Extração de óleo, linalol, hidrodestilação, arraste a vapor.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1661
1 INTRODUÇÃO

Os primeiros plantio de pau-rosa na Amazônia ocorreram na década de 30 quando o


Estado determinou a obrigatoriedade ao consórcio dos usineiros o plantio de uma árvore para
cada 5 kg de óleo produzido (SUDAM, 1972). Desde 1926, a concorrência entre os extratores
ocasionou a queda de preço e, a extração, se tornava em certos casos maior que a demanda,
causando descontinuidade da produção e preocupação com o esgotamento das reservas
naturais (Homma, 2005). Em 1932 a portaria IBAMA no 37-N de 3 de abril, incluiu o pau-
rosa na lista de espécies ameaçadas de extinção e, entre outras normas, decretava o plantio de
4 mudas para cada metro cúbico extraído (Leite et al., 2001). A continuação da exploração
das populações nativas sem a equivalente reposição através de plantios levou a uma drástica
redução das reservas naturais. A Portaria IBAMA/SUPES/AM 01/98 determinou que para
cada barril de óleo comercializado, a partir de janeiro de 2000 o produtor deveria plantar 80
mudas da espécie, não mais sendo admitido o recolhimento do valor equivalente à reposição
florestal. A partir de então, ocorreu intensa demanda por sementes, mudas e experiências com
plantios de pau-rosa, quando foram e ainda são plantadas milhares de mudas pelos principais
produtores de óleo, constituindo o início de uma mudança para a produção sustentada do óleo
essencial. Isto foi estimulado pelo conhecimento dos resultados encontrados por Araújo et al.
(1971) de que a destilação de folhas e galhos finos de pau-rosa produzia até mais que o dobro
do que a madeira do tronco. Recentemente, diversos trabalhos científicos mostraram que não
somente folhas e galhos têm rendimento de óleo em dobro, mas plantas jóvens e até mudas
também produzem mais óleo do que o tronco (Barbosa et al., 2006 e 2005; Santos, 2004;
Cunha, 2002). No entanto, os resultados de pesquisas sobre rendimento de óleo foram obtidos
por técnicas de laboratório como “hidrodestilação' e não pelo processo industrial de “arraste a
vapor”. Ainda hoje a legislação específica que deve disciplinar e orientar a exploração e a
produção de óleo, a partir de mudas, da espécie no Estado do Amazonas se baseia em
resultados de rendimentos obtidos por hidrodestilação em laboratório. Com a aprovação e
financiamento pela FAPEAM de projeto para estudo do crescimento de mudas plantadas e a
produção de óleo em usina, utilizando o processo de arraste a vapor, foi possível encontrar os
resultados para atender essa questão, objetivo deste trabalho.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Os dados de crescimento foram obtidos de plantios em áreas de agricultores na BR-

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1662
174/Km 30 (Área 1) plantio em plena abertura (entre cupuaçu), no Km 23, (Área 2) plantio
sob sombra, no município de Manaus (AM). Foram analisados o diâmetro, a altura total e o
número de galhos nas linhas de plantio e, as médias, foram consideradas como repetições na
análise estatística em cada tipo de plantio. Os plantios tinham tinham 3 e 4 anos de idade e
com espaçamentos de 1 x 1m e 6 x 3m sob sombra parcial de floresta nativa bosqueada e
entre plantio de cupuaçu, respectivamente. O plantio no espaçamento de 6 x 3m entre cupuaçu
foi considerado plena abertura, uma vez que o cupuaçu não sombreava as mudas de pau-rosa.
Os dados foram analisados por delineamento inteiramente casualizado. No plantio sob
sombra de floresta bosqueada foram comparados os crescimentos das mudas em 3 níveis a
partir da borda da floresta, sendo as plantadas entre 5 a 20 m, entre 35 a 60m e entre 80 a
95m. Também foi comparado o crescimento das mudas entre os dois plantios sob sombra e
em plena abertura.
O rendimento por hidrodestilação e o teor de linalol (análise cromatográfica) foram
feitos no laboratório de química da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e o
rendimento por arraste a varpor na usina de destilação de pau-rosa instalada na Estação
Experimental de Silvicultura Tropical do INPA, situada na BR-174, km 43. Para a obtenção
do rendimento por arrasta a vapor, as mudas foram coletadas cortando-se o tronco na altura de
40 a 50cm da superfície do solo e desgalhada, separando-se os ramos e folhas do tronco ou
caule. O caule foi cortado em pedaços de cerca de 50cm e ensacado separado das folhas e
ramos em saco de fibra plástica. Os sacos foram empilhados sob galpão coberto, com laterais
abertas e por um período de 10 a 14 dias.
Para testar o tempo de armazenamento foi utilizado galhos e tronco de árvores de
plantios sob sombra com 40 anos de idade por maior disponibilidade de material. Para a
usinagem cada material foi triturado em um triturador mecânico, com duas lâminas e martelos
e passado por uma peneira com furos de 10 e de 15mm a uma rotação de 3000 rpm. A pressão
do vapor na caldeira foi mantida em 3 kgf/cm2 e na dorna 0,5 kgf/cm2 . A cada hora de
destilação foi coletado o óleo destilado em proveta graduada, separado em funil separador e
medida a quantidade de óleo produzida. No final da destilação foi calculado o rendimento,
considerando o peso total de material na dorna e o de óleo coletado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do armazenamento ou do período entre a derrubada da árvore e a


usinagem do material mostram que os galhos e troncos do pau-rosa matêm o óleo por 13 e 7,5
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1663
meses, períodos avaliados, podendo no entanto serem testados períodos mais longos (Tabela
1). No período de até 13 meses o rendimento dos galhos foi de 1,24% e do tronco, até 7,5
meses de 1,36%.
Estes resultados confirmam as observações feitas por extratores de que a madeira do
pau-rosa conserva o óleo por diversos meses, no entanto, contrastam com SUDAM (1972),
quando afirma que, o rendimento em óleo depende do tempo transcorrido entre a derruba e a
destilação. Porém não cita as condições e tempo de armazenamento e transporte do material,
mas inclui a informação de que a produtividade das usinas, no local da derruba, é maior (16
toneladas para produção de um tambor de óleo) do que nas usinas que dependem do
fornecimento de matéria-prima procedente de áreas distantes (20 a 25 toneladas/tambor de
óleo). Assim a produtividade variou de 0,7 a 1,12%, sendo comum o rendimento de 0,9%.

Tabela 1 - Rendimento por arraste a vapor de óleo de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) a
partir de galhos e troncos de árvores plantadas sob sombra parcial, com 40 anos de idade e
com diferentes tamanhos de partículas

Tipo de material Tempo Tamanho peneira Rendimentos


armazenamento triturador %
Galhos 7 dias 10mm 1,03
Galhos 7,5 meses 10mm 0,81
Galhos 13 meses 15mm 1,24
Galhos 13 meses 20mm 0,90
Tronco 22 dias 10mm 1,07
Tronco 34 dias 20mm 1,00
Tronco 3 meses 15mm 1,18
Tronco 7,5 meses 10mm 1,36

Entre as variáveis que podem influenciar o rendimento de óleo do pau-rosa, no processo


de destilação,uma das principais é o tamanho das partículas. “A trituração é muito importante
porque quanto menores forem as lascas maior será a possibilidade do vapor extrair o óleo
essencial, aumentando assim a eficiência da destilação” (SUDAM, 1972). No entanto, a
redução em partículas muito pequenas, formam menores espaços (entre as partículas) e maior
compactação do material, dificultando a circulação do vapor dentro da dorna e o arraste do
óleo.
A destilação de galhos de árvores adultas em peneira com furos de 15mm teve um
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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rendimento de 1,24% e de 0,9% em peneira com 20mm (13 meses de armazenamento),
enquanto os rendimentos com peneira de 10mm foram de 1,03% e 0,81% (7 dias e 7,5 meses
de armazenamento). Na destilação de troncos, os rendimentos foram de 1,36% com peneira de
10mm, 1,18% com peneira de 15mm e de 1% com peneira de 20mm. Esses resultados
mostram que, assim como o menor tamanho do material dificulta o arraste do óleo, material
de maior tamanho também tende a proporcionar menor arraste. No entanto a razão para isso
seja o fluxo de vapor mais livre, atingindo o material na superfície. Isto poderia ser
equilibrado com uma maior pressão interna na dorna e maior tempo de destilação. Nos
resultados da Tabela 1 também pode-se observar uma possível interação dos fatores, inclusive
o tipo de material com o tempo de armazenamento e/ou com o tamanho das partículas.
A destilação de mudas de pau-rosa plantado e com 4 anos de idade também pode ser
feita com material armazenado por 25 dias, devendo ser testados períodos maiores. As mudas
tinham 2,59m de altura e 26,33mm de diâmetro.
O rendimento da destilação da planta inteira (folha+galho+caule), armazenada por 1
dias e triturada sem peneira, foi de 0,92%.
A destilação de galhos+folha, armazenado por 5 dias e triturado sem peneira teve o
rendimento de 0,90%. Quando armazenado por 14 em caixa plástica (1000 litros) e 25 dias
em caixa plástica sem tampa e triturado em peneira de 15mm, os rendimentos foram de 1,19 e
de 1,00%.
O caule das mudas armazenado por 7 e 10 dias e triturado em peneira de 15mm e de
10mm produziu os rendimentos de 1,12% e de 1,29%, respectivamente.
As folhas armazenadas por 1 e 8 dias, trituradas sem peneira produziram o rendimento
de 0,91% e de 0,85%.
Os galhos quando armazenados por 7 dias e triturados em peneira de 10mm, produziram
o rendimento de 0,96%.
A produção de óleo de pau-rosa, triturando a planta inteira tem certas desvantagens no
transporte por ocasionar perdas, principalmente de folhas. Antes da trituração, é necessário o
corte dos galhos e parte do caule para facilitar a introdução do materia no triturador. Quando
comparamos o rendimento, é inferior ao de usinagem com separação prévia de
folhas+galhos.
A separação prévia e ensacamento de folhas+galhos e do caule cortado em pedaços de
cerca de 50cm, proporciona menos perda e facilita a introdução do material no triturador. Por
outro lado, produz os maiores rendimentos (Tabela 2). As folha+ galhos tiveram o rendimento
de 1,19% quando armazenado por 14 dias e triturado em peneira de 15mm e o caule de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1665
1,29%, quando armazenado por 10 dias e triturado em peneira de 10mm.
A usinagem das folhas e galhos separados, podem encarecer o processo por aumentar os
serviços de sepação antes da trituração. Também não proporcionam maiores ganhos de
rendimento (Tabela 2).

Tabela 2 - Rendimento por arraste a vapor de óleo de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) a
partir de folhas + galhos e caules de árvores plantadas sob sombra parcial, com 4 anos de
idade e diferentes tamanhos de partículas

Tipo de material Tempo Tamanho peneira Rendimentos Linalol


armazenamento triturador % %
Folha + Galho+Caule 1 dia Sem peneira 0,92 72,33
Folha + Galho 5 dias Sem peneira 0,90 -------------
Folha + Galho 14 dias 15mm 1,19 --------------
Folha + Galho 25 dias 15mm 1,00 -------------
Caule 7 dias 15mm 1,12 78,05
Caule 10 dias 10mm 1,29 82,10
Folha 1 dia Sem peneira 0,91 76,97
Folha 8 dias Sem peneira 0,85 73,76
Galho 7 dias 10mm 0,96 79,44

O teor de linalol se mantem acima de 80% em caules destilados com armazenamento de


10 dias e triturado em peneira de 10mm. Observa-se que o galho em separado também
produziu teor de linalol próximo a 80%.
As folhas destiladas por arraste a vapor produziram cerca de 1%, enquanto que por
hidrodestilação os valores são de até 2,4%, conforme resultados encontrados por Barbosa et
al. (2005 e 2006), Freitas et al. (2005), Santos (2004), Ohashi et al. (1997) e Araújo et al.
(1971). Para o caule e galhos os valores dos rendimentos são de cerca de 1% por arraste a
vapor e por hidrodestilação.
As mudas de pau-rosa plantadas sob sombra de floresta raleada e bosqueada, com 4
anos de idade, apresentou crescimento diferenciado à medida em que se distanciavam da
borda e para dentro da floresta (Tabela 3). As mudas dos primeiros 20 metros tiveram maior
crescimento em altura, diâmetro, númnero de galhos e sobrevivência. Sendo que o número de
galhos e sobrevivência foram maior até os primeiros 50 metros. Estes dados mostram que as
mudas de pau-rosa crescem mais em ambientes parcialmente sombreados, não tolerando
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1666
sombra mais intensa.
Tabela 3 - Crescimento em altura, diâmetro, número de galhos e % de sobrevivência de
mudas de pau-rosa plantadas sob sombra de floresta nativa raleada e com 4 anos de idade
(BR 174, km 23).

Distância da borda ALTURA DIÂMETRO Nº GALHOS SOBREVIVÊNCIA


da floresta (m) (mm) (%)
5 a 20 m da borda 2,59 A 26,33 A 15,85 A 71,54 A
35 a 50 m da borda 1,73 B 21,20 B 11,82 A 75,38 A
80 a 95 m da borda 0,79 C 11,81 C 4,04 B 51,54 B
Médias na mesma coluna seguidas por letras iguais , não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de
Tukey.

Estas mudas quando avaliadas aos 3 anos de plantadas (Barbosa et al., 2006) as
diferenças entre as distancias da borda foram semelhantes para a altura e diâmentro, o maior
crescimento sendo nos primeiros 20 metros. O número de galhos era também diferente,
mostrando que a formação da copa das mudas estão se equivalendo no primeiros 50 metro.
Quando comparados plantios de pau-rosa em plena abertura e com 5 anos de plantado
com o de sob sombra parcial de floresta raleada e bosqueada, com 4 anos de plantado, o
crescimento em altura e a sobrevivência foram maiores, apesar da diferença de 1 ano de idade
(Tabela 4). O diâmetro e o número de galhos não apresentaram difereças nos resultados.

Tabela 4 - Crescimento em altura, diâmetro, número de galhos e % de sobrevivência de


mudas de pau-rosa plantadas sob sombra de floresta nativa raleada, com 4 anos de idade (BR
174, km 23) e plantadas em plena abertura, com 5 anos de idade (BR 174, km 30).

Plantio ALTURA DIÂMETRO Nº GALHOS SOBREVIVÊNCIA


(m) (mm) (%)
Sob sombra 2,59 A 26,33 A 15,85 A 71,54 A
Plena abertura 1,94 B 32,55 A 17,09 A 30,76 B
Médias na mesma coluna seguidas por letras iguais , não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de
Tukey.

A Tabela 5 mostra que mudas de pau-rosa plantadas em diferentes locais, em


enriquecimento de capoeira cresceram de foram semelhantes em altura, diâmetro, número de
galhos e folhas e sobrevivência, quando avaliadas um anos após o plantio.

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1667
Tabela 5 - Crescimento em altura, diâmetro, número de galhos, número de folhas e % de
sobrevivência de mudas de pau-rosa plantadas em capoeira (BR 174, km 23 e km 30), com 1
ano de idade.

Plantio em ALTURA DIÂMETRO Nº Nº SOBREVIVÊNCIA


capoeira (cm) (mm) GALHOS FOLHAS (%)
Sítio Sta. Maria 70,45 A 10,44 A 1,87 A 9,93 A 78,80 A
Sitio Perfume 62,00 A 9,21 A 2,10 A 12,45 A 76,00 A
da mata
Médias na mesma coluna seguidas por letras iguais , não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de
Tukey.

Esses resultados mostram que o sistema de plantio em linhas de enriquecimento de


capoeira são homogêneos, e também é mais simples de ser instalado, facilitando a coleta de
dados e manutenção.

4 CONCLUSÃO

Toretes de tronco de pau-rosa plantado, com 40 anos conservaram o teor de óleo quando
avaliado 7,5 meses após a derrubada da árvore. O rendimento de óleo foi maior quando os
troncos foram triturados em triturador com peneira de 10mm ou de 15mm de diâmetro dos
furos.
Galhos de árvores de pau-rosa plantado, com 40 anos conservaram o teor de óleo
quando avaliados 13 meses após a derruba da árvore. O rendimento de óleo foi maior quando
os galhos foram triturados em triturador com peneira de 15mm de diâmetro dos furos.
A usinagem de plantas inteiras, com 4 anos de idade, acarretou em maior mão-de-obra e
rendimento é de 0,92% inferior aos de folha+galho e caules separados.
A usinagem de folhas+galhos e caule separados e armazenados de 10 a 14 dias foi mais
adequada por reduzir perdas de material, mais fácil de triturar e tiveram maiores rendimentos
de óleo quando triturados em peneira de 15mm e 10mm de diâmetro dos furos. O óleo obtido
continha maior teor de linalol quando proveniente do caule (82,10%).
A destilação de folhas de pau-rosa por arraste a vapor foi de até 0,91%, valor inferior
aos obtidos por hidrodestilação em laboratório, que geralmente alcança 2,4%.
O sombreamento parcial de floresta raleada e bosqueada estimulou um maior
crescimento nas mudas de pau-rosa quando plantadas nos primeiros 20 metros da borda da
floresta. A altura e sobrevivência foram maiores do que em plantios em plena abertura e com
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1668
a diferença de um ano de instalados.
Os resultados de crescimento em altura, diâmetro, números de galhos e folhas e
sobrevivência de mudas de pau-rosa plantadas em linhas dentro de capoeira não apresentaram
diferenças quando avaliadas no primeiro ano de plantio.
Recomenda-se estudos de rendimento de óleo por arraste a vapor com folhas trituradas
em diferentes tamanhos e misturadas com proporções diferentes de caule e galhos para
possibilitar um maior aproveitamento do óleo evidenciado pelo processo de hidrodestilação.

5 AGRADECIMENTOS

Governo Estado do Amazonas-FAPEAM/AM pelo financiamento do Projeto, INPA


pela infraestrutura e apoio ao Projeto, Dr. Jamal/UFAM pelas análises em laboratório.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1670
DIFERENTES SUBSTRATOS E VOLUMES DE RECIPIENTES, NA
PRODUÇÃO DE MUDAS DE OLIVEIRA (Olea europaea L.)

Adelson Francisco de Oliveira, EPAMIG, adelson@epamig.ufla.br


João Vieira Neto, EPAMIG, joãovieira@epamig.br
Dili Luiza de Oliveira, UFLA, dililuiza@yahoo.com.br

RESUMO: O substrato utilizado e o tamanho dos recipientes são fatores importantes na


formação de mudas de espécies frutíferas. Assim o presente trabalho foi conduzido na
Fazenda Experimental da EPAMIG em Maria da Fé – MG, com o objetivo de avaliar a
influência de substratos e tamanhos de sacolas na produção de mudas de oliveira. Utilizou-se
delineamento estatístico inteiramente casualizado com quatro repetições, tendo avaliado duas
variedades (Arbequina e Grapollo 541), três volumes de recipientes (1, 2 e 3 litros) e três
substratos (terra de subsolo e pró-vaso 1:1; terra de subsolo, pró-vaso e casca de arroz
carbonizada 1:1:1 e terra de subsolo e pró-vaso e fibra de coco 1:1: ). O ensaio foi instalado
em 30/10/2006, quarenta e três dias depois avaliados o número total de brotações e
comprimento médio (cm); e, aos cinco meses, altura média de plantas (cm), número e
comprimento de raízes (cm). Para as duas variedades o substrato terra de subsolo mesclado
com pró-vaso 1:1 (v/v) em sacolas de 2 litros de volume permitiu melhores resultados para as
características avaliadas.

Palavras-Chave: Substratos, volume de recipiente, mudas de oliveira, Olea europaea L..

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1671
1 INTRODUÇÃO
Estima-se que a área plantada de oliveira no mundo seja de 8,3 milhões de hectares,
com uma produção de azeitonas de 16 milhões de toneladas. A importância desta atividade
agrícola esta relacionado principalmente com a elaboração de azeite de oliva de qualidade,
cujo uso moderado e habitual é considerado benéfico à saúde humana pela sua comprovada
eficácia na proteção de enfermidades cardiovasculares.
O Brasil ocupa o terceiro lugar como maior importador de azeitonas e o quinto em
azeite de oliva, entre os países importadores do mundo, somando aproximadamente 50 mil
toneladas, ao custo de 190 milhões de dólares anuais (CONAB, 2007).
Sendo o cultivo de oliveiras no Brasil uma atividade agrícola em expansão, estima-se
um mercado potencial de mudas de aproximadamente cinco milhões de unidades, o que exige
informações da pesquisa e o estabelecimento de protocolos técnicos para sua produção,
principalmente considerando a inexistência de produtores de mudas de oliveira com padrão de
qualidade e na quantidade demandada para a instalação de novos e extensos olivais.
O sistema de multiplicação de oliveira, empregado nos últimos vinte anos na maioria
das regiões produtoras, consta de três fases bem distintas: enraizamento, durante o qual se tem
a emissão de raízes adventícias na base das estacas; aclimatação, durante o qual se promove o
funcionamento do sistema radicular obtido na fase anterior, e finalmente a formação das
mudas em viveiro (OLIVEIRA, 2006; CABALLERO, 1980; CABALLERO Y DEL RIO,
2004).
Assim, após o eficiente enraizamento das estacas, a última fase na multiplicação da
oliveira é a obtenção, propriamente dita, da muda pronta para o plantio em campo, no
tamanho padrão de 80 a 100 cm de altura com uma única haste principal, iniciando-se a
formação da copa da planta com até quatro ramos ou pernadas. Isto se da preferencialmente
sobre condições de viveiro, com uso de irrigação e o preventivo controle de pragas e doenças,
(CABALLERO E DEL RIO, 1998).
A formação da muda no menor tempo possível e com o máximo de vigor depende
inicialmente das características do substrato utilizado e também do volume, definido pelo
tamanho e forma do recipiente, onde deverá ocorrer o desenvolvimento do sistema radicular,
além de outros fatores. Pode ser resumido como o meio físico natural ou sintético, onde se
desenvolvem as raízes e conseqüentemente as plantas até a sua transferência para o campo
(BALLESTER-OLMOS, 1992). Desta forma, a escolha correta do substrato é um dos fatores
preponderantes no processo de produção de mudas de qualquer espécie.
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1672
Compreendido não apenas como suporte físico, mas também como fornecedor de
nutrientes para a muda em formação (PASQUAL et al., 2001), um bom substrato é aquele que
proporciona condições adequadas à germinação e ao desenvolvimento do sistema radicular da
muda em formação (RAMOS et al., 2000).
Assim sendo, o substrato deve apresentar propriedades físicas e químicas conhecidas e
que se mantenham constantes, pequena densidade, aeração, retenção de água e boa drenagem.
Elevada capacidade de troca de cátions, não alterar propriedades físicas e químicas quando
submetidos à esterilização, não se alterar quando armazenado, estar livre de pragas, doenças e de
propágulos de plantas daninhas, ser um meio preferencialmente estéril, não ser salino, não conter
substâncias tóxicas, ser inodoro, ter valores de pH próximo da neutralidade, ser uniforme em
toda sua extensão e de fácil manuseio. Além destes fatores deve ser adequado ao cultivo de
várias espécies e de baixo custo, disponível em grandes quantidades e facilmente encontrado
(KAMPT, 2000; SALVADOR, 2000; WEDLING et al., 2002).
Por suas características físico-químicas diferenciadas um substrato pode afetar a formação e
produção de mudas (HOFFMANN et al., 1994), com vantagens ou desvantagens em função da
espécie frutífera em que se esta trabalhando (MENEZES JUNIOR & FERNANDES, 1999), tornando
necessário definir para cada espécie o melhor substrato, ou mescla a ser utilizada (FACHINELLO et
al., 1995).
De acordo com diversos estudos a formação de mudas de espécies frutíferas pode ser
conseguida em diferentes substratos. Ledo et al. (2002), testando diferentes substratos, observaram
que a porcentagem de germinação de sementes de pupunha em areia foi superior a verificada em
vermiculita.
Kitamura, Ramos e Lemos (2004), avaliando três métodos de enxertia de gravioleira
sobre a porcentagem de pegamento de enxertos, utilizando duas variedades combinadas em
dois recipientes (sacos de polietileno e tubetes com volumes de 1300 cm3 e 320 cm3
respectivamente), preenchidos com uma mistura de 50% de terra de subsolo e 50% de esterco
de curral curtido, enriquecida com 5 Kg de superfosfato simples (18% de P2 O5), 1 Kg de
cloreto de potássio (60% de K2 O) e 2,5 Kg de calcário dolomítico (PRNT 100%), em um
metro cúbico de mistura, observaram resultados que permitiram concluir ser possível diminuir
o tamanho dos recipientes sem perder a qualidade e eficiência das mudas.
Bastos et al. (2007) concluíram que a mistura de terra + areia (1:1 v/v) foi mais eficiente
na germinação de sementes e formação inicial de porta-enxertos de caramboleira,
possibilitando uma maior altura de plantas, comprimento de raízes e maior número de folhas,

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1673
comparado com outros substratos como Vermiculita, Plantmax, Rendmax e Terra + areia (2:1
e 1:2 v/v), respectivamente.
O uso de fertilizantes misturados ao substrato tem demonstrado também ser uma boa
opção para a formação de mudas. Mendonça et al. (2007) observaram que a utilização de até 6
kg/m3 de substrato do adubo comercial Entec (15-10-10, com 26% de N na forma NO3 e
18,5% na forma NH4, mais 13% de S) é indicado na produção e formação de mudas de
maracujazeiro amarelo, com respostas significativas para todas as características avaliadas.
Para a formação de mudas de oliveiras a literatura disponível também faz algumas
referências.
De acordo com registros e anotações de técnicos da Fazenda da EPAMIG em Maria da
Fé, para a produção de mudas de oliveira naquela unidade experimental, foram utilizadas
sacolas de plástico com volume de seis litros, preenchidas com substrato constituído de uma
mistura de terra retirada da camada superficial do solo, em áreas de reservas florestais, terra
de subsolo e esterco de curral curtido, na proporção de 2:1:1, mais adição de superfosfato
simples. O uso de recipientes com este volume exigiram verdadeiras montanhas de substratos
com pouco rendimento em termos de número de sacolas preenchidas, além de ser
ecologicamente incorreto, em função de danos causados às áreas de reservas florestais
naturais da região.
Segundo Caballero e del Rio (2006), a formação da muda de oliveira em viveiro é
completada em até uma estação vegetativa, podendo começar no final do inverno. A princípio
convém que a planta cresça livremente, mas quando o comprimento médio dos novos brotos
alcançarem cerca de 35-40 cm deve eliminar-se todos eles, menos o mais vigoroso e vertical,
com a finalidade de concentrar o crescimento no mesmo. Para tanto, se devem eliminar as
brotações laterais pelo menos nos primeiros 80 cm. Somente acima deve deixar livre o
crescimento da incipiente copa, o que permitirá conseguir os ramos principais da árvore, a
uma altura adequada, no mesmo momento do plantio (DEL RÍO E PROUBI,1999).
Um bom sistema de irrigação, que mantenha o substrato com uma umidade adequada, e
uma adubação equilibrada, ajudará a produzir mudas vigorosas. Dos substratos pesquisados,
os melhores resultados foram observados com turfas preta, misturada com 50 ou 75% de areia
limosa. Essa mistura foi a que proporcionou mais rapidamente plantas com 1 metro de altura.
Os piores resultados foram encontrados com turfa sem a mistura (CABALLERO e DEL RIO,
2006).
Recomenda-se ao mesmo tempo o controle contra pragas e doenças, principalmente
eriófidos, nematóides, repillo e verticiloses. Foi comprovado que a exposição ao sol pelos
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1674
substratos selecionados, durante 20-30 dias, dá bons resultados, sendo eficaz na erradicação,
ou pelo menos, em diminuir a densidade de inoculo de Verticillium dahliae no solo, sem que
isto afete o desenvolvimento das plantas produzidas (DEL RÍO ET AL., 2002). Esta mesma
técnica pode erradicar também os nematóides (Meloidogyne spp).
Por outro lado tem-se comprovado também que a inoculação das plantas com micorrizas
arbusculares (Glomus intraradices, G. Mossae e G. Viscosum) as protegem contra infecções
causadas por estes nematóides (CASTILLO ET AL., 2004).
O volume do substrato ou tamanho da sacola de formação da muda em viveiro vem
diminuindo pouco a pouco (CABALLERO e DEL RIO, 2006; OLIVEIRA et al, 2006). A
princípio usavam de 3 litros ou mais de capacidade, mas atualmente este volume não passa de
1,5 litro. Contudo é importante escolher o tamanho do recipiente em função do tempo de
permanência da planta no mesmo, para que no momento do plantio no campo, as mudas
apresentem um bom equilíbrio entre sistema radicular e aéreo, sem que as raízes tenham
crescido enrolando-se na parte basal da bolsa ou que tenha saído da mesma.
Assim, considerando que para a oliveira é necessário a permanência da muda em viveiro
durante seis a doze meses, o presente trabalho foi realizado com a finalidade de verificar a
influencia de diferentes substratos e também de volume do mesmo na produção de mudas
dessa oleaginosa, com vistas a obtenção de plantas com o máximo vigor e em menor tempo, sem
ocorrer enrolamento ou saída de raízes fora do recipiente.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no município de Maria da Fé, Sul de Minas Gerais na
Fazenda Experimental de EPAMIG. Para sua instalação foram utilizadas estacas semilenhosas
devidamente enraizadas e aclimatadas e que foram padronizadas quanto ao tamanho, sendo o
ensaio instalado sob condições de viveiro protegido com telado branco, e com irrigação por
microaspersores distribuídos regularmente na parte superior do viveiro.
O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro
repetições, em esquema fatorial 2 X 3 X 3, compreendendo duas variedades (Arbequina e
Grapollo 541), três volumes de recipientes, sacolas de plástico preta (com 1 litro, com 2 litros
e com 3 litros) e três substratos (terra de subsolo e pró-vaso comercial advindo da
compostagem de materiais orgânicos 1:1; terra de subsolo, pró-vaso e casca de arroz
carbonizada 1:1:1 e terra de subsolo, pró-vaso e fibra de coco 1:1: 1 2 ). Todos os substratos
foram enriquecidos com 5 Kg de superfosfato simples (18% de P2O5), 1 Kg de cloreto de

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1675
potássio (60% de K2O) e 2,5 Kg de calcário dolomitico (PRNT 100%), em 1 m3 da mistura.
Observação: garantias do substrato comercial pró-vaso: carbono orgânico 15%, relação C/N
18/1, Nitrogênio 1%, Umidade 45%, pH 6, CTC 300, Relação CTC/C 20.
As parcelas experimentais foram constituídas de 15 sacolas, distribuídas em três fileiras
com cinco plantas, sendo as avaliações realizadas nas três plantas internas. Todas as parcelas
receberam em intervalos de 15 dias adubações foliares na seguinte proporção: 8% de N, 6%
de P (P2O5) , 15% de K (K2O), 0,20 % de Zn, 0,05% de Cu, 0,20% de Fe, 0,50% de Mg,
0,40% de B e 0,05% de Mo.
O experimento foi instalado no dia 30/10/2006 e aos quarenta e três dias depois de seu
inicio, selecionada a brotação mais vigorosa que constituiu o caule principal da planta. Nesta
haste principal, foram eliminadas as brotações laterais que ocorreram. A partir de 80cm de
altura foram selecionadas quatro brotações para formação da copa da planta.
Foram anotados os seguintes parâmetros: aos quarenta e três dias, número de brotações
e comprimento médio (cm); aos cinco meses, altura média de plantas (cm), número e
comprimento de raízes (cm).
Os dados coletados foram analisados estatisticamente utilizando o programa NTIA
(EMBRAPA, 1997). O números de brotações e o número de raízes, x, foram transformados
por ( x + 0,5) 1 2 , com finalidade de proporcionar a normalidade dos erros.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados observou-se que o número e o comprimento médio de
brotações são influenciados significativamente pelo tipo de substrato e pelo volume do
recipiente utilizado na formação de mudas de oliveiras. A altura média das mudas depende
tanto da interação entre variedades e substrato quanto da interação volume do recipiente e
substrato, sendo necessário, portanto, definir a combinação entre os níveis desses fatores que
favorece o desenvolvimento das mudas. De maneira semelhante, o número de raízes e o
comprimento do sistema radicular das mudas são influenciados pela interação entre variedade,
volume do recipiente e substrato.
Independentemente da variedade testada se Arbequina ou Grappolo 541, o número de
brotações foi maior (2,94 e 3,0 ud) quando se utilizou tanto o substrato 1 (terra de subsolo e
pró-vaso 1:1) quanto o substrato 3 (terra de subsolo, pró-vaso e fibra de coco 1:1: 1 2 ) e o
maior comprimento médio de brotações (4,73 e 4,99 cm) foi obtido ao utilizar recipientes com
volumes de 2 ou de 3 litros (Tabela 1).
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1676
Tabela 1 - Médias do número de brotações (NB) e do comprimento médio de brotações
(CMB, cm). EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Número de Volumes Comprimento
brotações de brotações
Substratos de recipientes
(ud) (cm)
Terra de subsolo e pró-vaso 2,94 ab 1 litro 4,04 b
Terra de subsolo, pró-vaso e 2,77 b 2 litros 4,73 ab
casca de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e 3,00 a 3 litros 4,99 a
fibra de coco.
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Estes resultados indicam que a rápida formação de mudas de oliveira não depende
somente das características físico-químicas do substrato, mas também do espaço físico
disponível para o crescimento das raízes em busca de água e nutrientes que serão aportados a
parte aérea da planta, definido pelo tamanho dos recipientes em que estão contidos. Entretanto
trata-se de uma situação antagônica, pois sendo recipientes maiores, apresentam elevados
custos no preparo por demandarem mais insumos e também no manejo das mudas em viveiro.
Além destes inconvenientes relatados anteriormente por Caballero e Del Rio (2006) e Oliveira
et al (2006), outro que merece registro é o maior custo de transporte das respectivas mudas até
as áreas de plantio definitivo da cultura.
De uma forma geral, as mudas de ‘Arbequina’ e de ‘Grappolo 541’ alcançaram maior
altura média (42,58 e 57,83 cm) quando submetidas ao substrato 1 (Terra de subsolo e pró-
vaso), podendo o substrato 2 (terra de subsolo, pró-vaso e casca de arroz carbonizada)
também ser utilizado no acabamento de mudas de ‘Arbequina’ (39,77 cm) em viveiro de
crescimento. As mudas de ‘Grappolo 541’ (52,88 cm) foram em média mais altas do que de
‘Arbequina’, (41,17 cm) nestes dois substratos (Tabela 2).

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Tabela 2 - Médias de altura média de mudas (AMM, cm) para variedades de oliveiras e para
substratos. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Substratos Variedades
Arbequina Grappolo 541
Terra de subsolo e pró-vaso 42,58 aB 57,83 aA
Terra de subsolo, pró-vaso e casca de 39,77 abB 47,94 bA
arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e fibra de 33,83 bA 39,47 cA
coco.
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey e pelo teste F a 5% de probabilidade respectivamente.

Tanto para o substrato 1 (Terra de subsolo e pró-vaso) quanto para o substrato 2 (Terra
de subsolo, pró-vaso e casca de arroz carbonizada) as mudas cresceram mais em recipientes
com 2 litros (43,21 e 48,41 cm) e 3 litros (52,58 e 60,87 cm) de substrato (Tabela 3).

Tabela 3 - Médias da altura média de mudas (AMM, cm) para volumes de recipientes e para
substratos. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Substratos Volumes de recipientes
1 litro 2 litros 3 litros
Terra de subsolo e pró-vaso 41,33 aB 48,41 aB 60,87 aA
Terra de subsolo, pró-vaso e 35,79 abB 43,21 abB 52,58 aA
casca de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e 31,70 bA 38,41 bA 39,83 bA
fibra de coco.
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O substrato 3 (terra de subsolo, pró-vaso e fibra de coco 1:1: 1 2 ) e os saquinhos de 1 ou


de 3 litros favoreceram o sistema radicular das mudas de ‘Arbequina’, sendo quantificado
uma maior quantidade de raízes por planta. Para a ‘Grappolo 541’ não houve influência de
nenhum substrato para essa característica, podendo ser plantada em saquinhos de 2 ou de 3
litros (Tabela 4).

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Tabela 4 - Médias do número de raízes (NR) para variedades de oliveiras, para substratos e
para volumes de recipientes. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Substratos Variedades
Arbequina Grappolo 541
Terra de subsolo e pró-vaso 2,88 bA 3,25 aA
Terra de subsolo, pró-vaso e 3,06 abA 3,06 aA
casca de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e 3,57 aA 3,03 aB
fibra de coco.
Volumes de recipientes
1 litro 3,59 aA 2,81 bB
2 litros 2,74 bA 3,14 abA
3 litros 3,18 abA 3,38 aA
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey e pelo teste F a 5% de probabilidade respectivamente.

A combinação entre substrato 3 (Terra de subsolo, pró-vaso e fibra de coco) e recipiente


de 1 litro, independente da variedade avaliada, aumentou a quantidade de raízes emitidas
pelas mudas (Tabela 5).

Tabela 5 - Médias do número de raízes (NR) para volumes de recipientes e para substratos.
EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Substratos Volumes de recipientes
1 litro 2 litros 3 litros
Terra de subsolo e pró-vaso 2,94 bA 2,87 aA 3,38 aA
Terra de subsolo, pró-vaso e 2,80 bA 2,99 aA 3,39 aA
casca de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e 3,84 aA 2,97 aB 3,08 aB
fibra de coco.
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O comprimento de raízes foi maior na variedade ‘Grappolo 541’ quando plantada no


substrato 3 (terra de subsolo, pró-vaso e fibra de coco 1:1: 1 2 ), não tendo sido encontrado
diferença entre os recipientes com volumes de 1, 2 e 3 litros. Já a variedade ‘Arbequina’ foi
beneficiado pelos substratos 1 (Terra de subsolo e pró-vaso) e 2 (Terra de subsolo, pró-vaso e
casca de arroz carbonizada), quando plantada em recipientes de 2 e 3 litros de substratos
(Tabela 6).

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Tabela 6 - Médias do comprimento do sistema radicular (CSR, cm) para clones de oliveiras,
substratos e para volumes de recipientes. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Variedades
Substratos Arbequina Grappolo 541
Terra de subsolo e pró-vaso 27,41 aA 25,66 aA
Terra de subsolo, pró-vaso e casca 26,83 aA 23,58 aA
de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e fibra 19,33 bB 27,08 aA
de coco.
Volumes
1 litro 20,16 bB 26,00 aA
2 litros 28,16 aA 27,16 aA
3 litros 25,25 aA 23,16 aA
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey e pelo teste F a 5% de probabilidade respectivamente.

Os substratos 1 (Terra de subsolo e pró-vaso) e 3 (Terra de subsolo, pró-vaso e fibra de


coco), quando acomodados em recipientes de 2 litros, independente da variedade estudada,
aumentou o comprimento de raízes das mudas. O substrato 2 (Terra de subsolo, pró-vaso e
casca de arroz carbonizada), quando submetido aos diferentes recipientes, não interferiu
significativamente no comprimento de raízes (Tabela 7).

Tabela 7 - Médias do comprimento do sistema radicular (CSR, cm) para volumes de


recipientes e para substratos. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Volumes de recipientes
Substratos 1 litro 2 litros 3 litros
Terra de subsolo e pró-vaso 27,12 aAB 29,37 aA 23,12 aB
Terra de subsolo, pró-vaso e 24,75 aA 25,50 aA 25,37 aA
casca de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e 17,37 bB 28,12 aA 24,12 aA
fibra de coco.
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

4 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FAPEMIG pelo apoio recebido.

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1680
5 CONCLUSÃO
Em geral, embora haja algumas especificidades entre variedades, substratos e volumes
de recipientes conforme a característica analisada, recomenda-se a utilização do substrato 1
(terra de subsolo e pró-vaso 1:1) na terminação de mudas de clones de oliveira (‘Arbequina’ e
‘Grappolo 541’) em viveiro de crescimento, acomodado em saquinhos de 2 ou 3 litros.

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mudas. Vicosa: Aprenda Facil, 2002. 166 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1683
CARACTERIZAÇÃO DA FAIXA DE DISTRIBUIÇÃO TRANSVERSAL E
LONGITUDINAL DE SEMENTES DE NABO FORRAGEIRO (Raphanus
sativus L.) UTILIZANDO SEMEADORA A LANÇO

Alexandre Aureliano Quintiliano, UFLA, aleradar@yahoo.com.br


Milton Aparecido Deperon Júnior, UFLA, miltondp1@ig.com.br
Julio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
Luiz Gonzaga Ferreira Júnior, UFLA, luidgfj@gmail.com
Sadjô Danfá, UFLA, sadjodanfa@hotmail.com
Carlos Diego Lima de Albuquerque, UFLA, carlostaek@ig.com
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: A busca do desenvolvimento de novas tecnologias de geração de energia, com


enfoque nas fontes renováveis e menos poluidoras como os óleos vegetais, vem ocupando
papel cada vez mais relevante na comunidade científica, uma vez que representam uma
alternativa real para a substituição do óleo diesel no uso em motores de combustão interna
(ciclo diesel), automotivos e estacionários. Devido esta nova tendência à importância dos
cultivares de plantas oleaginosas para a produção de biodiesel, culturas como o nabo
forrageiro (Raphanus sativus L.), tem se destacado com grande potencial de produção por ser
uma cultura cujo os tratos culturais mecanizáveis poderão muito bem ser adaptados a
cultura. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar e caracterizar a faixa
de distribuição transversal e longitudinal de sementes, visando obter uma melhor faixa de
distribuição de sementes na área plantada, utilizando uma semeadora a lanço.

Palavras-Chave: Nabo forrageiro, semente, plantio, implemento agrícola.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1684
1 INTRODUÇÃO
Com a redução das reservas de petróleo e com o aumento dos níveis de poluição
ambiental devido ao uso de seus derivados, houve uma retomada dos estudos de óleos
vegetais como substitutivos do óleo diesel. Com isso, a utilização das culturas de plantas
oleaginosas vieram a se destacar no mercado agropecuário, fazendo com que pesquisadores
do meio viessem direcionar suas pesquisas de forma a melhorar o cultivo e os tratos culturais
dessas culturas procurando assim, reduzir o seu custo de produção reduzindo
conseqüentemente o custo da produção do biodiesel.
A nova orientação da agricultura energética esta no sentido de produzir matérias primas
para o biodiesel, ou seja os óleos vegetais, e é exatamente neste ponto que este estudo se
encaixa pois através da utilização de um implemento que geralmente é utilizado na
distribuição de calcário, procuramos adaptar este mecanismo no processo de plantio da
culturas que venham ser trabalhadas para a produção do biocombustível por isso ao
observarmos o processo de plantio de algumas oleaginosas vimos que este método de
distribuição de sementes poderá ser de grande valia na redução do custo de produção de
matérias primas.
Assim sendo, a aplicação de insumos como corretivos, fertilizantes e sementes em
superfície é prática comum na agricultura brasileira. Essa é normalmente executada por vários
tipos de máquinas, com diferentes princípios de funcionamento e formas construtivas. A
escolha ou a recomendação de uma delas vai depender de vários aspectos relativos à maquina,
e ao produto a ser aplicado e ao tipo de exploração agrícola.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a distribuição longitudinal e transversal de
sementes de nabo forrageiro (Raphanus sativus L.), utilizando um distribuidor de sementes e
calcário a lanço.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Lavras (Lavras - MG), cujas
coordenadas geográficas são: Latitude 21°14’ S, Longitude 45°00’ W, e altitude média de
920m, em 2007.
Foi utilizado um trator Valmet modelo 65 e uma semeadora/adubadora marca Vicon
modelo PS-503, sendo que o implemento abastecido com metade do volume do seu
reservatório de maneira que o peso das sementes não interferí-se no resultado da vazão do
equipamento devido a ação da gravidade. A regulagem foi realizada de forma a liberar as

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1685
sementes com vazão de 15 kg/ha.
A umidade do ar foi medida através de um termohigrógrafo modelo:252, marca:Wild
lambrechtlambrecht Gmbh Gotigen, sendo que o valor da umidade relativa foi de: 55%, e a
temperatura foi de: 16C°. Os coletores utilizados apresentavam as seguintes dimensões 500 x
500 mm, com profundidade de 150 mm como ilustra a Figura 1. Para que evite o ricochete do
material na superfície é recomendado a utilização de divisórias no interior dos coletores com
células de 50 x 50 mm conforme a ISO (1985).

Figura 1 - Modelo dos coletores utilizados.

A distribuição dos coletores foi esquematizada conforme o modelo adaptado por


MIALHE (1987), onde os coletores devem ser colocados lado a lado, paralelos entre si,
devendo cobrir toda faixa de aplicação do equipamento submetido a ensaio no caso da
distribuição transversal (Figura 2), e posteriormente na distribuição longitudinal os coletores
foram colocados um em seqüência do outro (Figura 3).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1686
Figura 2 - Croqui de distribuição dos coletores para o ensaio de regularidade da distribuição
transversal.
20

20
1

1
19

18

17

16

15

14

13

12

11

10

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19
9

9
8

8
Figura 3 - Croqui de distribuição dos coletores para o ensaio de regularidade da distribuição
Longitudinal

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Na distribuição das sementes a velocidade angular da tomada de potencia foi de 540


rpm, e a velocidade de deslocamento durante os ensaios foi padronizado conforme as normas
em 8 km/h. As distribuições longitudinais e transversais foram repetidas quatro vezes.
E as sementes utilizadas foram caracterizadas analisando através de 10 lotes com 10
repetições, onde estas apresentavam 61,1% de sementes graúdas, 8,0% de sementes leves,
13,3% de sementes quebradas, palha 1,1% e 16,5% de impurezas e sua densidade foi de
0,571.
Posteriormente as sementes de cada coletor foram recolhidas, e separadas por número
de repetições, caixa, sendo contadas e pesadas. Dividiu-se o valor encontrado pelo número de
passagens para encontrar o valor médio de cada passagem.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1687
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos Gráficos 1 e 2 estão apresentados os resultados da media de distribuição
longitudinal e transversal das sementes.

MÉDIA DE DISTRIBUIÇÃO DE SEMENTES

500
N° DE SEMENTES POR

400
COLETOR

300

200

100

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
N° DE COLETORES

DISTRIBUIÇÃO TRANSVERSAL

350
300
N° DE SEMENTES

250
200
150
100
50
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43
LARGURA DE DISTRIBUIÇÃO

Observa-se que a distribuição de sementes longitudinal e transversal na semeadura de


sementes de nabo forrageiro utilizando-se de um distribuidor mecânico com o sistema
pendular permitira a obtenção de uma faixa de distribuição com cerca de 5 m de largura com
um padrão bom de uniformidade de semeadura.

4 CONCLUSÃO
Conclui-se que o equipamento de distribuição pendular foi efetivo na distribuição de
sementes de nabo forrageiro no campo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1688
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
AMERICAN SOCIETY OF AGRICULTURAL ENGINEERS. procedure for measuring
distribution uniformity and calibrating granular broadcast spreaders. ASAE Standards.
St. Joese´ph, 1996.3p.

ISO – INTERNETIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Equipment for


distributing fertilizers: Test methods – part 1 : Full width fertilizer distributors. Genea,
1982.

MILAN, M.; GADANHA JUNIOR, C.D. Ensaio e certificação das máquinas para
aplicação de adubos e corretivos. In: MIALHE, L.G. Maquinas agrícolas: Ensaio &
certificação. Piracicaba, SP:Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 772p.cap.10.

COELHO, J.L. ;MOLIN, J. P.; GADANHA JÚNIOR, C.D. Avaliação do desempenho


operacional de mecanismos distribuidores-dosadores na aplicação do fosfogesso.
In:SEMINARIO SOBRE O USO DO GESSO NA AGRICULTURA, 2. 1992, Uberaba:
Ibrafos, 1992. p. 83 – 103.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1689
AVALIAÇÃO DE MATERIA SECA DA PARTE AÉREA DO GIRASSOL
(Helianthus annuus L.), EM DIFERENTES DOSES DE BORO E ZINCO,
CULTIVADO EM CASA DE VEGETAÇÃO

Milton Aparecido Deperon Junior, UFLA, miltondp1@ig.com.br


Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Janice Guedes de Carvalho, DCS/UFLA, janicegc@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Alexandre Aureliano Quintiliano, UFLA, aleradar@yahoo.com.br
João Paulo Felicori Carvalho, UFLA, jpfelicori@oi.com.br
Maick José de Alcântara, UFLA, maick27@oi.com.br
Danilo Fonseca Cunha, UFLA, danilofcunha@yahoo.com.br
Julio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
Rogner Carvalho Avelar, UFLA, rcabiodiesel@yahoo.com.br

RESUMO: O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea, originária do continente


Norte Americano. É uma das quatro maiores culturas produtoras de óleo vegetal comestível
no mundo e, atualmente o segundo óleo mais consumido no Brasil. Para que o girassol
expresse seu potencial produtivo é necessário que o solo apresente níveis médios a bons de
fertilidade. Entre os micronutrientes, as deficiências de boro (B) e zinco (Zn) são a mais
freqüentes nos solos brasileiros. O girassol é especialmente sensível à deficiência do primeiro,
entretanto, foram realizados poucos estudos sobre as necessidades nutricionais do girassol em
relação ao zinco. O presente trabalho teve como objetivo estudar os efeitos de doses de boro e
zinco, suas interações na produção de matéria seca do girassol cultivado em casa de
vegetação. O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Departamento de Ciência
do Solo (DCS), da Universidade Federal de Lavras (Lavras - MG), foram usadas três doses de
boro (0 mg. kg-1, 0,5 mg. kg-1 e 1 mg. kg-1) quatro doses de zinco (0 mg. kg-1, 2 mg. kg-1, 4
mg. kg-1 e 8 mg. kg-1 ) e suas interações, em um total de 12 tratamentos. O delineamento
experimental utilizado foi o de blocos casualizados (DBC), em esquema fatorial 3x4 (três
doses de boro e quatro doses de zinco) com três repetições, em um total de 36 vasos com uma
planta em cada. Pelos resultados apresentados, pode-se concluir que as doses de boro afetaram
significativamente a produção de matéria seca de todas as partes aéreas do girassol.

Palavras-Chave: Girassol, boro, zinco, matéria seca.


4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1690
1 INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea pertencente a família das
Asteraceae, originária do continente Norte Americano. É uma das quatro maiores culturas
produtoras de óleo vegetal comestível no mundo e, atualmente o segundo óleo mais
consumido no Brasil (Ungaro, 2006).
Estima-se que a produção brasileira irá atingir na safra 2006/2007, 124,8 mil toneladas,
em uma área colhida de 86,9 mil hectares, destacando o estado do Mato Grosso como o maior
produtor, com 33,5 mil toneladas (Conab, 2007). O cultivo do girassol atualmente se encontra
em expansão, principalmente na Região Central do Brasil e no período de safrinha, visto que
o girassol é uma planta resistente ao déficit hídrico, que normalmente ocorre nesta época.
O girassol é indicado para a produção de biodiesel, pela excelente qualidade do óleo
extraído de suas sementes, sendo que o teor de óleo nas mesmas pode variar de 38 a 48%. O
seu uso em rotação na safrinha, em 20% dos 13 milhões de hectares cultivados com soja,
poderia proporcionar mais de 2,5 bilhões de litros de óleo por ano dessa cultura (Embrapa
Soja, 2006).
Para que o girassol expresse seu potencial produtivo é necessário que o solo apresente
níveis médios a bons de fertilidade. Para nutrientes que apresentam baixa mobilidade no
interior das plantas, como e o caso do boro (B) o qual inibe o crescimento das regiões
meristemáticas, é importante que teores adequados do mesmo estejam presentes na solução do
solo.
Entre os micronutrientes, as deficiências de boro (B) e zinco (Zn) são a mais freqüentes
nos solos brasileiros. O girassol é especialmente sensível à deficiência do primeiro, que
geralmente está associada a solos onde foram feitas elevadas doses de calcário, solos com
baixo teor de matéria orgânica e períodos de estresse hídrico. Entretanto, foram realizados
poucos estudos sobre as necessidades nutricionais do girassol em relação ao zinco, que
segundo Fageria (2000) citando Barbosa Filho et al. (1994), Bataglia & Raij. (1994), Galrão
(1994), esta deficiência é relatada em várias culturas anuais cultivadas em solo de cerrado e
ocorre devido ao baixo teor natural do solo, o qual é insuficiente para suprir a necessidade da
planta. Fatores como altas doses de calcário, solos com altos teores de fósforo, podem
comprometer a disponibilidade de zinco.
O presente trabalho teve como objetivo estudar os efeitos de doses de boro e zinco, suas
interações na produção de matéria seca do girassol cultivado em casa–de-vegetação.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1691
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do Departamento de Ciência do
Solo (DCS), da Universidade Federal de Lavras (Lavras - MG), cujas coordenadas
geográficas são: Latitude 21°14’ S, Longitude 45°00’ W, e altitude média de 920m, sendo
conduzido no período de março de 2007 a maio de 2007.
A semeadura foi realizada no dia 12 de março de 2007, colocando-se quarto sementes
do hibrido Aguará 4 por vaso. A emergência ocorreu quatro dias após a semeadura. Em 19 de
março foi realizado o desbaste mantendo apenas uma planta por vaso (três dias após
emergência). Aos trinta e um dias após emergência foi detectada a presença de Oídio, que foi
controlado com aplicação de Opera, na dosagem de 0,5 L do produto em 200 L de calda, aos
quarenta e um dia após emergência a aplicação de Opera foi refeita para controle do Oídio,
também foi utilizado Decis 25CE para controle de insetos na dosagem de 200mL do produto
para 100L de calda.
As plantas foram cultivadas em vasos plásticos, com capacidade de 8 litros. O controle
da umidade do solo foi realizado diariamente, através de pesagens dos vasos, objetivando
manter a quantidade de água entre 50 e 70% da capacidade de retenção do solo.
O solo utilizado foi Latossolo Vermelho Distroférrico típico (EMBRAPA, 1999),
coletado da camada de 1 - 3m, proveniente do campus da Universidade Federal de Lavras
(UFLA). Após destorroamento e homogeneização, o solo foi seco ao ar (TFSA), e passado em
peneira com malha de 2mm de abertura. Uma amostra do solo foi analisada no Laboratório de
Análise de Solo, do Departamento de Ciências do Solo, da UFLA. Seus principais atributos
químicos e físicos, antes da correção, adubação e aplicação dos tratamentos são apresentados
na Tabela 2, o solo apresentou classificação textural muito argilosa.

Tabela 2 - Resultados da análise química e física do latossolo vermelho distroférrico típico.

pH P K Ca+² Mg+² Al+³ H+A l SB t T V m


(CaCl²) -- mg/dm³ -- ---------------------- cmolc/dm³ --------------------- ----- % -----
5,4 0,9 12 0,1 0,0 0,0 1,9 0,1 0,1 2,0 6,4 0

MO P-rem Zn Fe Mn Cu B S Areia Silte Argila


dag/kg mg/L ------------------ mg/dm³ ------------------ -------- dag/kg --------
0,6 1,0 0,3 9,9 0,8 0,8 0,1 29,3 20 6 74

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1692
Baseado na análise química do solo, realizou-se a correção da acidez, objetivando-se
promover uma elevação da saturação por bases a 70%. Foi utilizado na correção CaCO3 na
forma de sal pura para análise, onde foram adicionados 4,66g de CaCO3 por vaso, os mesmo
ficaram incubados por um período de 30 dias, onde a umidade foi mantida em 60% da
capacidade de retenção do solo (0,36g de água/g de solo). Após este período foram aplicados
200 mg.kg-1 de P na forma de MAP (Fosfato monoamônio), o mesmo foi triturado afim de
promover uma melhor homogeneização, foram adicionado 6,97g de MAP por vaso, que
permaneceram incubados por período de 10 dias, mantendo-se a umidade em 60% da
capacidade de retenção do solo.
O solo recebeu o restante dos macros e micronutrientes, inclusive os tratamentos de
boro e zinco propostos, dia 23 de março aos sete dias após emergência (DAE). Os nutrientes
foram aplicados em forma de solução, assim promovendo maior uniformidade dos mesmos na
solução do solo. Na Tabela 3 encontra-se as doses e os produtos, pelos quais os nutrientes
foram fornecidos em cada vaso.

Tabela 3 – Doses dos nutrientes e produtos químicos fornecidos (mg.kg-1).


Cobertura
(3) a
Elemento Semeadura 1 2a Produto
(1)
N 132 84 84 Uréia
P 200 - - NH4H2PO4
K 100 100 100 K2SO4
Mg 40 - - Mg(NO3)2.6H2O
S (2) 44 - - -
Fe 5,0 - - FeSO4.7H2O
Mn 3,0 - - MnSO4.H2O
Cu 1,5 - - CuSO4.5H2O
Mo 0,1 - - (NH4)6Mo7O24.2H2O
(1) O teor de N foi fornecido na semeadura provem parte da fonte de Mg parte da fonte de P. (2) O teor de S foi
fornecido através das fontes de K, Fe, Mn, Cu. (3) O elemento Ca foi fornecido através da calagem.

Foram propostos três dose de boro (0 mg.kg-1, 0,5 mg.kg-1 e 1 mg.kg-1) quatro doses de
zinco (0 mg.kg-1, 2 mg.kg-1, 4 mg.kg-1 e 8 mg.kg-1 ) e suas interações, em um total de 12
tratamentos constituídos por: T1 (0 mg.kg-1 de B, 0 mg.kg-1 de Zn), T2 (0 mg.kg-1 de B, 2
mg.kg-1 de Zn), T3 (0 mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn), T4 (0 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn),
T5 (0,5 mg.kg-1 de B, 0 mg.kg-1 de Zn), T6 (0,5 mg.kg-1 de B, 2 mg.kg-1 de Zn), T7 (0,5
mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn), T8 (0,5 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn), T9 (1 mg.kg-1 de B, 0
mg.kg-1 de Zn), T10 (1 mg.kg-1 de B, 2 mg.kg-1 de Zn), T11 (1 mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn)
e T12 (1 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn). Para o fornecimento de boro e zinco, foram
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1693
utilizados respectivamente ácido bórico (H3BO3) e sulfato de zinco (ZnSO4.7H2O). As
coberturas de N e K foram parceladas em duas doses, sendo aplicadas ao solo aos 30 e 50 dias
após a emergência, utilizou-se como fonte respectivamente uréia e cloreto de potássio (KCL),
as aplicações foram realizadas em forma de solução.
A colheita do experimento foi realizada dia 23 de maio (67 DAE), sendo que as plantas
se encontravam no estádio de florescimento pleno (R5.5). As partes áreas das plantas foram
divididas em folhas, caules e capítulos, sendo que a matéria seca da parte aérea foi obtida,
pela soma das matérias secas do caule, folhas e capítulos. Todo o material foi lavado em água
deionizada e destilada, colocados em sacos de papel e levados para estufa com circulação de
ar forçada a 65 – 70º C até atingirem massa constante. Posteriormente realizou-se a pesagem
da matéria seca das folhas, caules e capítulos, utilizando balança analítica modelo B 160,
produzido pela indústria Micronal. Os resultados obtidos foram submetidos a análise de
variância, onde foi feito estudo de regressão para as doses (P<0,05), utilizando o programa
estatístico SISVAR (Ferreira, 2000). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
casualizados (DBC), em esquema fatorial 3x4 (três doses de boro e quatro doses de zinco)
com três repetições, em um total de 36 vasos com uma planta em cada.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apenas as doses de boro afetaram significativamente (p<0,05) o acúmulo de matéria
seca da parte aérea do girassol (Figura 1). Derivando a equação de regressão, verifica-se que a
produção máxima de matéria seca da parte aérea, seria atingida na dose 0,74 mg kg-1 de boro
aplicado no solo. Derivando-se a equação de regressão apresentada por Castro (1999) para
acúmulo de matéria seca da parte aérea do girassol, cultivado em diferentes doses de boro e
fases de estresse hídrico, observa-se que a dose de 1,21 mg kg-1 de boro aplicado no solo foi a
que apresentou o maior acúmulo de matéria seca por planta.
Na Figura 1 é possível observar que as plantas submetidas aos tratamentos, onde a dose
de boro no solo foi de 0,5 mg kg-1, apresentaram maiores produções de matéria seca na parte
aérea, concordando com os resultados obtidos por Capoani (2001), que ao estudar níveis de
boro e cálcio na solução nutritiva de duas cultivares de girassol, observou maior produção de
matéria seca da parte aérea quando as plantas foram submetidas a 300 mg kg-1 de cálcio e 0,5
mg kg-1 de boro.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1694
60

Materia Seca da Parte Aérea (g/planta)


55

50

45

40

35

30
y = -47,787x 2 + 70,661x + 28,968 R2 = 1
25
0 0,25 0,5 0,75 1
Doses de Boro (mg/kg)

Figura 1. Peso da matéria seca da parte aérea de plantas de girassol em função de doses de
boro.

É importante ressaltar que as plantas submetidas a dose de 0,5 mg kg-1 de boro,


obtiveram 81% de acréscimo na produção de matéria seca da parte área quando comparadas
as plantas submetidas a dose 0 mg kg-1, esta maior produção de matéria seca pode ser explica
pois segundo Malavolta (1980), o boro alem de influenciar na capacidade da raiz absorver P,
Cl e K, promove o transporte de carboidratos das folhas para outros órgãos da planta, com
isso aumentando a produção de fotoassimilados.
A equação linear foi que mais se ajustou aos dados, porem foi escolhia uma equação de
regressão quadrática, pois esta se relaciona melhor com os resultados obtidos, e também
concordando com os resultados encontrados por Marchetti el al. (2001), que estudando o
efeito de duas fontes de boro em três níveis (1, 2 e 4 mg kg-1), observaram que com o aumento
da dose de boro, independente da fonte, na solução do solo a produção de matéria seca da
parte aérea diminuiu, sendo que a maior produção foi encontrada na dose de 1 mg kg-1 de
boro. O mesmo comportamento é apresentado por Castro (1999), quando trabalhando com
quatro níveis de boro (0, 0,25, 0,5 e 2 mg kg-1) observou que no nível mais alto estudado, a
produção de matéria seca da parte aérea diminuiu. Malavolta (1980) relata que o limite entre a
concentração suficiente e nível tóxico de boro, é muito estreito, sendo assim justificável a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1695
utilização neste trabalho de uma equação que melhor represente o comportamento das plantas
em relação aos níveis de boro presentes no solo.
A produção de matéria seca do caule também foi apenas afetada significativamente
pelas doses de boro (p<0,05), sendo que a equação linear foi a que melhor se ajustou aos
dados (Figura 2).

27,0
Materia Seca do Caule (g/planta)

25,3

23,5

21,8

20,0

18,3

16,5

14,8
y = 11,975x + 15,129 R2 = 0,8663
13,0
0 0,25 0,5 0,75 1
Doses de Boro (mg/kg)

Figura 2. Peso da matéria seca do caule de plantas de girassol em função de doses de boro.

Observa-se que para produção de matéria seca do caule não foi encontrado um ponto de
máxima, ou seja, na medida em que aumentou-se as doses de boro a produção de matéria seca
também aumentou. Capoani (2001), trabalhando com o hibrido Rumbossol-91 em diferentes
doses de cálcio e boro, encontrou o mesmo comportamento para o acúmulo de matéria seca da
parte superior do caule.
É importante observar na Figura 2, que a produção de matéria seca do caule na presença
de 0,5 mg kg-1 de boro no solo, apresentou acréscimo de aproximadamente 91% na produção
de matéria seca quando comparado com a dose 0 mg kg-1, demonstrando com isso a grande
importância do boro na produção de matéria seca do girassol. Segundo Leite et al. (2005), a
produção de caule é o componente da parte aérea que mais influencia o comportamento da
curva de acúmulo de matéria seca, sendo que seu máximo é atingido no florescimento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1696
A produção de matéria seca das folhas também foi apenas afetada significativamente
pelas doses de boro (p<0,05), sendo que a equação linear foi a que melhor se ajustou aos
dados, entretanto, fitotecnicamente este comportamento não seria adequado, pois como se
observa na Figura 3, após atingir um máximo a produção de matéria seca das folhas começa a
decrescer, tendo em vista este comportamento preferiu-se utilizar uma equação quadrática.
Como se pode observar na Figura 3, a máxima produção de matéria seca das folhas seria
obtida, na dose de 0,68 mg kg-1 de boro aplicado no solo.

14,0
Materia Seca das Folhas (g/planta)

13,3

12,5

11,8

11,0

10,3

9,5
y = -8,8357x 2 + 11,936x + 9,3194 R2 = 1
8,8
0 0,25 0,5 0,75 1
Doses de Boro (mg/kg)

Figura 3. Peso da matéria seca das folhas de plantas de girassol em função de doses de boro.

Na Figura 4 apresenta a produção de matéria seca do capítulo em função das doses de


boro. A produção de matéria seca do capítulo foi afeta significativamente apenas pelas doses
de boro (p<0,05).A equação linear foi a que melhor se ajustou aos dados. Na Figura 4 é
importante observar que a produção de matéria seca do capítulo na dose de 0,5 mg kg-1 de
boro foi 116% superior quando comparada as dose 0 mg kg-1 de boro no solo, isso pode ser
explicado pois segundo Leite et al. (2005) citando Gil Martinez (1995), estruturas
reprodutivas apresentam maior necessidade de boro que estruturas vegetativas.

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1697
15,6

Materia Seca do Capitulo (g/planta)


14,8
14
13,2
12,4
11,6
10,8
10
9,2
8,4
7,6
6,8 y = 7,7488x + 7,8071 R2 = 0,8739
6
0 0,25 0,5 0,75 1
Doses de Boro (mg/kg)

Figura 4. Peso da matéria seca do capítulo de plantas de girassol em função de doses de boro.

4 CONCLUSÃO
Pelos resultados apresentados, pode-se concluir que as doses de boro afetaram
significativamente, a produção de matéria seca de todas as partes aéreas do girassol. A
produção de matéria seca total obteve, a maior produção na dose de 0,5 mg kg-1 de boro no
solo, sendo que a produção máxima seria obtida com a dose 0,78 mg kg-1, já para a matéria
seca das folhas a maior produção foi encontrada na dose de 0,5 mg kg-1, sendo que a produção
máxima seria obtida com a dose de 0,68 mg kg-1. Para a matéria seca do caule e do capitulo
não foi encontrado ponto de máxima.

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1699
FORMAÇÃO DE JARDINS CLONAIS DE OLIVEIRA (Olea Europaea L.)
OBJETIVANDO SUA PROPAGAÇÃO POR ESTAQUIA

Adelson Francisco de Oliveira, EPAMIG, adelson@epamig.ufla.br


João Vieira Neto, EPAMIG - CSTM, joaovieira@epamig.br
Dili Luiza de Oliveira, UFLA, dililuiza@yahoo.com.br

RESUMO: A estaquia em oliveira é afetada pela origem do material vegetativo de onde são
preparadas as estacas para o enraizamento, sendo mais eficiente quando as plantas são obtidas
com este objetivo. Assim, o estudo foi conduzido na Fazenda da EPAMIG em Maria da Fé,
MG. Foi instalado um experimento em blocos ao acaso com cinco repetições no esquema
fatorial 2 X 2 X 3. As parcelas experimentais foram constituídas de três linhas de um metro de
comprimento, espaçadas entre si em um metro, com três plantas em cada linha, com 0,5 metro
umas das outras. Para avaliação, quatro plantas foram podadas a 20 cm de altura do solo,
sendo anotados o comprimento médio de ramos (m), massa verde total acumulada (peso em
kg), rendimento em número de estacas com quatro nós (em torno de 8 cm de comprimento) e
dois pares de folhas, peso de massa verde que não foi possível aproveitar, altura da planta (m)
e diâmetro do tronco a 20 de altura do solo (mm). De acordo com os resultados, a variedade
Ascolano apresentou melhores resultados do que Arbequina principalmente quando
enxertadas, e o acúmulo de massa verde total nas duas variedades avaliadas depende tanto do
método de obtenção de mudas, quanto das doses de adubação.

Palavras-Chave: Jardim clonal, estaquia, oliveira, Olea europaea L..

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1700
1 INTRODUÇÃO
Estima-se que a área plantada de oliveira no mundo seja de 8,3 milhões de hectares,
com uma produção de azeitonas de 16 milhões de toneladas. A importância desta atividade
agrícola esta relacionado principalmente com a elaboração de azeite de oliva, cujo uso
moderado e habitual é considerado benéfico à saúde humana pela sua comprovada eficácia na
proteção de enfermidades cardiovasculares.
Na região mediterrânea, em países da Comunidade Econômica Européia, são
produzidos 82% do azeite de oliva de todo o mundo, sendo 26% obtidos na Espanha, os
maiores produtores mundiais, seguidos da Itália e Grécia com 18% e 14%, respectivamente.
A produção mundial de azeite de oliva, em 2004/2005, alcançou valores próximos de
3001,0 mil toneladas, movimentando cerca de 3,5 bilhões de dólares, sendo que estes países
respondem por quase 80% das exportações mundiais (Mesquita et al, 2006).
O Brasil ocupa o terceiro lugar como maior importador de azeitonas e o quinto em
azeite de oliva, entre os países importadores do mundo, somando aproximadamente 50 mil
toneladas, ao custo de 185 milhões de dólares anuais (CONAB, 2007).
O cultivo de oliveiras em Minas Gerais e no Brasil é uma atividade econômica em
expansão. Sua cadeia produtiva, ainda em organização, abrange três grandes áreas: (1) Apoio
e complementação I, antes da “entrada da unidade produtora”, estando incluído nesta fase
tecnologias geradas, produtos e processos necessários a produção, e principalmente obtenção
de mudas de qualidade; (2) Cultivo agrícola da oliveira, atividade relacionada a produção
agronômica propriamente dita ou dentro da unidade produtora; e finalmente (3) Apoio e
complementação II, focalizando a “saída da unidade produtora” ultima fase da atividade e
que esta relacionada com as ações inerentes a pós colheita, comercialização de produtos, etc.
Assim uma atividade especifica e que merece atenção da pesquisa seria o
estabelecimento de protocolos técnicos para a produção de mudas, pois em Minas Gerais e no
Brasil, não existem unidades produtoras de mudas de oliveira com padrão de qualidade e
quantidade, demandada para a instalação de novos e extensos olivais.
Com um mercado potencial estimado em 5 milhões de unidades, número este suficiente
para o plantio de apenas parte da área necessária para permitir o Brasil e particularmente
Minas Gerais iniciar nesta atividade, pretende-se com o presente trabalho adaptar e
disponibilizar tecnologias modernas, para dar suporte as unidades produtoras de mudas.
A propagação da oliveira sempre se deu por estaquia, entretanto quando se utilizam
propágulos de grande tamanho para a formação da muda em viveiro ou para plantio direto na

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1701
área definitiva, são observadas desvantagens, como por exemplo, grande quantidade de
material vegetativo com obtenção de poucas mudas, não sendo por isso recomendados.
O recurso da enxertia foi utilizado, somente em algumas regiões de plantio com
experiência nesse sistema de propagação, realizado comumente para outras espécies
frutíferas, ou para modificar a variedade em olivais já estabelecidos. Entretanto apresenta
como desvantagem o longo tempo para obtenção da muda, pelo menos dois anos, e também a
falta de estudos sobre as relações enxerto e porta-enxerto.
Mudas de oliveiras de qualidade podem ser obtidas por enraizamento de estacas
semilenhosas, preparadas a partir de brotações de um ano, e que apresentam uma haste
principal com aproximadamente 80-100cm de altura. Entretanto este método exige
conhecimentos técnicos e instalações apropriadas, sendo estes fatores os principais
inconvenientes.
Este novo sistema de propagação de oliveira, empregado nos últimos 20 anos na maior
parte dos paises olivícolas, consta de três fases bem distintas: (1) enraizamento, durante o qual
se tem a emissão de raízes adventícias na base das estacas; (2) aclimatação, durante o qual se
promove o funcionamento do sistema radicular obtido na fase anterior, e (3) formação de
mudas em viveiro, para conseguir plantas formadas com um só caule, importante
característica da olivicultura moderna, (Caballero,1980; Caballero e Del Rio, 2004).
Resultados de pesquisa conduzidos anteriormente pela EPAMIG e com o apoio da
Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG, demonstraram a viabilidade
da produção de mudas de oliveira por estaquia a partir de ramos semilenhosos, entretanto,
com a necessidade de novos estudos, principalmente com o objetivo de melhorar a eficiência
da tecnologia, (Oliveira et al, 2006a; Oliveira et al 2006b; Oliveira et al, 2007).
Mais recentemente em trabalhos de pesquisa que estão sendo conduzidos objetivando a
clonagem de variedades de oliveira, também com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa
de Minas Gerais - FAPEMIG, explorando conceitos teóricos de juvenilidade e de vigor
vegetativo, são observados resultados promissores e com boas perspectivas para a melhoria da
qualidade de mudas obtidas e com alto rendimento de estacas por planta.
É importante considerar que a estaquia da oliveira, utilizando conceitos e diferentes
gradientes de juvenilidade têm como primeiro pressuposto, a identificação na planta, ou a
reversão da matriz adulta, que se pretende propagar ou de interesse comercial, em idade
produtiva, a apresentar fisiologicamente o caráter juvenil, o que embora trabalhoso, é possível
utilizando diferentes procedimentos.

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1702
O conhecimento do fenômeno da retenção da juvenilidade nos tecidos da base do caule
de plantas provenientes de sementes (Bonga, 1985) permitiu o estabelecimento do primeiro
modelo básico, já amplamente aplicado à clonagem de plantas adultas de difícil enraizamento,
como eucalipto e macieira. Esse modelo consiste na obtenção de propágulos coletados de
brotos surgidos na base da planta, principalmente quando da utilização de artifícios, tais como
injúria mecânica nas raízes, anelamento na base do caule, poda drástica a poucos centímetros
do colo e aplicação de substâncias reguladoras de crescimento. Os brotos, oriundos dessa
região, tendem a apresentar características juvenis. Depois de enraizados, esses ramos formam
matrizes aptas a fornecer materiais por meio de podas sucessivas.
Muitas espécies lenhosas possuem a capacidade de emitir brotos juvenis como resultado
do corte do tronco ou de injúrias nele praticadas (Hartney, 1980; Kormanik & Brown, 1973)
sendo comum também em oliveira (Loussert & Brousse, 1980). Por outro lado para esta
espécie, estudos para reversão ao estagio juvenil com o objetivo de facilitar sua propagação
são inexistentes, pois nas regiões produtoras do mundo, há disponibilidade de grandes
quantidades de material para propagação oriunda de podas de produção realizadas a cada dois
anos, nas extensas áreas de plantio.
Por via assexuada ou vegetativa, a oliveira pode ser propagada por enxertia ou por
estaquia. Por não ter recebido estudos sobre a melhor combinação enxerto e porta-enxerto
para esta espécie, a propagação por enxertia é limitada. Entretanto foi muito difundida na
Itália, permitindo a obtenção de muitas mudas para a formação de olivais, na segunda metade
do ultimo século (Jacoboni, Battaglini & Perziosi, 1976).
Em estudos de relações recíprocas entre enxerto e porta-enxerto, Caballero & Del Rio
(1997), verificaram que em oliveira existe uma forte interação, que determina as
características agronômicas e pomologica da combinação utilizada. Segundo estes autores, os
ensaios realizados mostram que mediante o emprego de porta-enxertos se pode modificar
algumas características da árvore, a produção de azeitonas e azeite, e o peso médio da fruta
obtida. A direção das respostas é variável em função dos cultivares utilizados, justificando a
necessidade de estudos individuais de cada uma das possíveis combinações.
Segundo Fachinello et al. (1995) a condição nutricional da planta matriz afeta
fortemente o enraizamento. No que se refere ao teor de caboidratos, tem-se observado que
reservas mais abundantes correlacionam-se com maiores percentagens de enraizamento e
sobrevivência das estacas. Parecendo evidente que para melhores resultados no enraizamento
as plantas doadoras de propágulos devem estar bem nutridas com relação a fósforo, potássio,
cálcio e magnésio (Assis & Teixeira, 1998).
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1703
Em função do exposto, este trabalho teve como objetivo, avaliar o desenvolvimento
fenolófico de clones de oliveira, sobre porta-enxertos provenientes de sementes e de estacas
enraizadas de oliveira, submetidos a diferentes doses de adubo em plantio adensado, a fim de
disponibilizar maior quantidade de estacas semilenhosas aptas a serem enraizadas a partir de
um pequeno número de plantas matrizes.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido na Fazenda da EPAMIG, localizada no município de Maria da


Fé, micro região da serra da Mantiqueira, Sul de Minas Gerais.
Foi instalado um experimento em campo em janeiro de 2006, em área previamente
corrigida de acordo com análise de fertilidade para pH em torno de 6,0, utilizando-se de
calcário dolomítico (PRNT 100%). O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos ao
acaso com cinco repetições no esquema fatorial 2 X 2 X 3, sendo duas variedades (Ascolano e
Arbequina), dois porta-enxertos (um obtido por germinação de sementes de oliveira e outro
por estaquia de oliveira) e três doses do adubo formulado 20-05-20 (100, 150 e 200 g),
aplicadas a cada trinta dias por planta, em círculo, próximo ao tronco.
A enxertia utilizada em ambos porta-enxertos foi em fenda cheia, utilizando-se de um
enxerto no tamanho de oito cm.
As parcelas experimentais foram constituídas de três linhas de um metro de
comprimento, espaçadas entre si em um metro, com três plantas em cada linha, com 0,5 metro
uma da outra, totalizando nove plantas por parcela, sendo as avaliações realizadas nas quatro
plantas mais vigoras.
Os plantios foram realizados em sulcos com 40 cm de profundidade, que receberam
com antecedência de 60 dias, quinze litros/ml da mistura esterco de curral e esterco de galinha
1:1 (devidamente misturados com a terra de plantio) enriquecidos com 4 kg de superfosfato
simples em 1 m3 da mistura. Em todas as parcelas experimentais foram aplicados
mensalmente via pulverização foliar, adubação de macro e micronutrientes na concentração
de 14% de N (amoniacal 0,7%, nítrica 8% e amídica 5,3%), 4% de P (P2 O5 ), 20% de K (K2
O), 2 % de Mg, 2% de B e 0,05% de Mn.
Ambos experimentos receberam irrigação localizada sempre que necessário, em
quantidades suficientes para manter o solo umedecido. Foram realizados tratamentos
fitossanitarios, utilizando produtos específicos, de acordo com a necessidade, mantendo
também as áreas livres de ervas daninhas.
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1704
Para avaliação, as quatro plantas foram podadas a 20 cm de altura do solo sendo
anotados os seguintes parâmetros: comprimento médio de ramos (m), massa verde total
acumulada (peso em kg), rendimento em número de estacas com quatro nós (em torno de 8
cm de comprimento) e dois pares de folhas, peso de massa verde que não foi possível
aproveitar, altura da planta (m) e diâmetro do tronco a 20 de altura do solo (mm).
Os dados coletados foram analisados estatisticamente utilizando o programa NTIA
(EMBRAPA, 1997). O número estacas por planta foi transformado para ( x + 0,5) 1 2 , com
finalidade de proporcionar a normalidade dos erros.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o resultado da análise de variância (Tabela 1), verifica-se que houve
efeito significativo para variedades e para método de obtenção das mudas para a variável
comprimento de ramos. Para o número de estacas, altura da planta e diâmetro do tronco houve
interação entre variedade e o método de obtenção, enquanto que para a massa verde total,
interação entre variedade, método de obtenção e doses de adubo.

Tabela 1. Resumo da análise de variância para comprimento de ramos (CR, m), número de
estacas (NE), massa verde total (MVT, kg), altura da planta (AP, m) e diâmetro do tronco
(DT, mm). EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
QM
1
FV GL CR NE MVT AP DT
Bloco (B) 4 0,064 8,561 0,236 0,576 116,760
Variedade (C) 1 6,784* 295,415 19,392 4,390 1966,537
Obtenção (M) 1 0,383* 13,230 1,059 0,015 168,337
Dose (D) 2 0,031 9,362 0,419 0,120 8,067
CxM 1 0,011 146,875* 8,008 1,276* 234,037*
CxD 2 0,101 3,887 0,134 0,682 12,600
MxD 2 0,030 4,319 0,033 0,031 33,650
CxMxD 2 0,065 10,185 1,310* 0,496 57,050
2
(C x M x D) x (B) 44 0,059 5,375 0,235 0,244 30,283
Planta:(B x C x M x D)3 180 0,015 1,459 0,060 0,115 18,526
CV 17,97 16,85 29,47 16,81 24,11
Média 0,689 7,16 0,830 2,02 17,85
Valores do número de estacas, x, transformados por ( x + 0,5) .
1 12 2, 3
Erro experimental e erro amostral,
respectivamente. * Significativo em 5% de probabilidade de erro.

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1705
A variedade Ascolano apresentou melhor desempenho do que Arbequina em todas as
características agronômicas avaliadas. Teve em média ramos maiores (Tabela 2); maior
rendimento de estacas com quatro nós e plantas de porte mais elevado, principalmente aquelas
obtida de mudas enxertadas sobre estacas enraizadas (Tabela 3 e Tabela 4). Quanto ao
diâmetro do tronco, a Ascolano apresentou maior desempenho, tanto em plantas enxertadas
sobre porta-enxertos originados de semente quanto obtidas por estaquia (Tabela 5).
Na Tabela 2, também é possível observar que, independente da varieades e das doses de
adubo, as plantas apresentaram em média maior comprimento de ramos quando enxertadas
sobre porta-enxertos provenientes de sementes.

Tabela 2. Médias do comprimento de ramos (CR, m) para clones de oliveiras e para métodos
de obtenção. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Variedades Média Métodos de obtenção Média
Ascolano 0,8575 a Semente 0,7293 a
Arbequina 0,5212 b Estaquia 0,6494 b
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.

Tabela 3. Médias do número de estacas (NE) para variedades de oliveiras e para métodos de
obtenção. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Variedades
Métodos de obtenção Ascolano Arbequina
Semente 7,26 (52,21)1 b A 6,60 (43,06) a A
Estaquia 9,29 (85,80) a A 5,51 (29,86) a B
Médias originais (não transformadas por ( x + 0,5) ). Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical
1 12

e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.

Tabela 4. Médias da altura da planta (AP, m) para clones de oliveiras e para métodos de
obtenção. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Variedades
Métodos de obtenção Ascolano Arbequina
Semente 2,09 a A 1,96 a A
Estaquia 2,22 a A 1,80 a B
Médias originais (não transformadas por ( x + 0,5) ). Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical
1 12

e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.

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Tabela 5. Médias do diâmetro do tronco (DT, mm) para clones de oliveiras e para métodos de
obtenção. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Variedades
Métodos de obtenção Ascolano Arbequina
Semente 20,57 a A 16,82 a B
Estaquia 20,87 a A 13,17 a B
Médias originais (não transformadas por ( x + 0,5) ). Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical
1 12

e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.

Devido à existência de interação entre variedades, método de obtenção e doses de adubo


e à natureza quantitativa desse último fator, as equações de regressão da massa verde total
versus doses de adubo, sob efeito de variedades e métodos de obtenção, foram determinadas e
apresentadas na Tabela 6.

Tabela 6. Equações de regressão da massa verde total (MVT=Y, kg) versus doses de adubo
(X, g). EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Métodos de obtenção / Ascolano
variedade Equações de regressão1 R2
Semente Y = 2,9080 − 0,0278X + 0,0001X 2 100
Estaquia Y = −0,6460 + 0,0294X − 0,0001X 2 100
Arbequina
Métodos de obtenção/clone
Equações de regressão1 R2
Semente Y = −2,13 + 0,0404X − 0,0001X 2 100
Estaquia Y = 0,7857 − 0,0024X 0,9691
1
X varia de 100 a 200.

Sendo assim, por meio das equações ajustadas, pode-se estimar a quantidade de massa
verde total acumulada nas duas variedades, considerando-se o método de obtenção das mudas,
para uma dose de adubo formulado 20-05-20. Por exemplo, a massa verde total acumulada,
após um ano de plantio, para a variedade Ascolano obtido por enxertia em semente de oliveira
ao aplicar 100 g de adubo 20-05-20 é de aproximadamente 1,13 kg, e para Arbequina, 0,91
kg. Essas estimativas estão próximas aos valores experimentais observados, evidenciando a
tendência de maior acumulo de massa verde pela variedade Ascolano (Figura 1).

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1707
1,4

Massa verde total (kg)


1,2
1,0 D1
0,8
D2
0,6
0,4 D3
0,2
0,0
Sem. Est. Sem. Est.

Ascolano Arbequina
Clone/Método de obtenção

Figura 1. Médias de massa verde total (MVT, kg) das variedades Ascolano e Arbequina sobre
porta-enxertos de semente (Sem.) e de estaquia (Est.) e diferentes doses de adubação:
formulado 20-05-20 (D1 = 100, D2 = 150 e D3 = 200 g).

4 CONCLUSÃO

A variedade Ascolano apresentou melhores resultados do que Arbequina em todas as


características avaliadas, principalmente nas plantas enxertadas sobre estacas enraizadas.
Independente da variedade e das doses de adubo, as plantas apresentaram em média
maior comprimento de ramos quando enxertadas sobre porta-enxertos provenientes de
sementes.
O acúmulo de massa verde total nas duas variedades avaliadas, depende tanto do
método de obtenção de mudas, quanto das doses de adubação.

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Southeastem United States. New Zealand Journal of Forestry Science, v. 4, n. 2., p. 228-
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LOUSSERT, R.; BROUSSE, G. El olivo. Madrid: Mundi Prensa, 1980. 533p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1709
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA (RICINUS COMMUNIS
L.), CULTIVAR IAC-80, SUBMETIDA SECAGEM CONTÍNUA A
TEMPERATURA DE 50ºC EM SECADOR DE CAMADA FIXA

Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br


André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
Henrique Leandro Silveira, DEG/UFLA, hlsilveira@hotmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura, UFLA – MG, com o objetivo de estudar a taxa de redução
da água em frutos de mamona. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus communis L.) da
variedade IAC-80. Para a secagem dos frutos de mamona da cultivar IAC-80 foi utilizado um
protótipo de secador experimental de leito fixo de fluxo ascendente, sendo adicionados em
cada bandeja, 1,0 kg de frutos em média, com umidade inicial de 68,50% b. U. Durante a
secagem, a medição da temperatura da massa dos frutos foi obtida por termopares do Tipo J
(Cobre / Constantan). Com isso, a secagem foi conduzida com o auxilio de alguns parâmetros,
tais como a temperatura da massa do produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de
água inicial do produto, sendo estes fundamentais na determinação da taxa de redução de
água. Enfim, o objetivo deste trabalho foi determinar a taxa de redução de água da mamona
cultivar IAC-80, através da secagem, em secador de leito fixo com fluxo de ar ascendente,
submetida a temperatura de 50ºC, sendo a secagem conduzida continuamente. Observou-se
que, a remoção dessa água nas primeiras horas foi maior devido a água livre presente na
casca, e ao produto ser uma oleaginosa. Nas primeiras 4 horas, apresentaram-se os maiores
valores de taxa de redução de água, e a partir de 10 horas de secagem, a taxa de redução de
água foi bem inferior estendendo-se até 17,5 horas.

Palavras-Chave: IAC 80, Ricinus communis L., secagem, teor de água, taxa de redução.

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1710
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que na secagem de produtos agrícolas em secadores são admitidos tempos de
descanso do produto por algumas horas, variando o tempo para cada tipo. Esse tempo é uma
forma de revolver o produto ou uma forma técnica para desligar o secador durante a noite, ou
possivelmente ocorrer uma melhor redistribuição dessa água. A partir desse conhecimento a
um tempo de repouso pode possivelmente acelerar a remoção de água num tempo menor de
uso do secador. Tal remoção de água de um produto pode ser obtida pelo cálculo da taxa de
redução de água. Essa taxa é a relação da perda de água por matéria seca do produto por hora
(Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)). Conhecendo esses resultados pode-se plotar
gráficos e consequentemente calcular a quantidade de água removida durante a secagem,
levando em conta sua área. E sabe-se que pelo estudo da geometria, a área é um numero que
sugere o tamanho de uma região limitada, o que valida para o comportamento da secagem
com cálculo da quantidade de água removida.
Com o uso de parâmetros como a temperatura da massa do produto ou do ar de
secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto, é fundamental na determinação
da taxa de redução de água, definida como a quantidade de água que um determinado produto
perde, por unidade de matéria seca, por unidade de tempo. O que representa uma ferramenta
de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o processamento de
seu produto. Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de
água da mamona cultivar IAC-80, através da secagem, em secador de leito fixo com fluxo de
ar ascendente, à temperatura de 50ºC, conduzida sem intervalos de repouso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras – MG e na Unidade de
Beneficiamento e Secagem (UBS) do Departamento de Agricultura. Foram utilizados frutos
de mamona (Ricinus communis L.) da variedade IAC-80 (Figura 1). Os frutos no início da
secagem apresentaram umidade inicial de 68,50 % b.u. Foram adicionados em cada bandeja
1,0 Kg de frutos em média (Figura 4).
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura a 50ºC.

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1711
Figura 1 - Cultivar IAC-80

Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi
necessário regular no painel digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em
questão (Figura 5).
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar IAC – 80 utilizou um protótipo de
secador experimental de leito fixo de fluxo ascendente (Figura 6). O secador apresenta uma
resistência elétrica (Figura 2), que por meio de um ventilador insufla o ar aquecido pela
resistência e ao passar pelos frutos retira a água livre dos mesmos. O alto custo energético de
um secador elétrico torna essa operação imprópria para sua utilização comercial. Como o
próprio nome o relaciona, este secador experimental apresenta a facilidade de uso para
conhecer o comportamento de secagem de acordo com a temperatura de interesse.

Figura 2 - Resistência elétrica Figura 3 - Chapa perfurada Figura 4 - Células de secagem


.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1712
Figura 5-Painel digital Figura 6 - Secador experimental Figura 7 - Regulando o secador

O secador experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:

Tabela 1 - Caracterização do secador experimental


Tipo de secador leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0,2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2

Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum, em
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992).
Para a determinação da umidade, os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes, e
colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona
cultivar IAC-80 apresentada no início da secagem, foi de 68,50 % b.u..
Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem aproximadamente invariáveis. Para cada temperatura
foram realizadas 4 repetições. As temperaturas da massa de frutos foram medidas por meio de
termopares tipo J, colocados no centro da massa, para controlar a temperatura de 50ºC. Para
minimizar uma possível diferença de temperatura e fluxo de ar de secagem entre as quatro
divisões, decorrente da posição das resistências no plenum e da aerodinâmica do secador
respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas, obedecendo ao sentido de rotação
destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura do ar de secagem foi fixada, de
maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos para a massa de mamona, de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1713
acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O monitoramento da
temperatura e umidade relativa do ar ambiente, durante a secagem dos frutos de mamona foi
registrado por um termohigrógrafo (Figura 11). Utilizou-se o anemômetro digital, para medir
e regular a velocidade do ar de secagem que passa pela massa de frutos.

Figura 8 - Frutos no secador

Figura 9 - Frutos no secador Figura 10 - Medidor digital Figura 11 - Termohigrógrafo

Após a secagem completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e
pelo peso constante.
Para acompanhamento da redução de água, e para a obtenção das curvas de taxa de
redução de água, durante o processo de secagem mecânica, foi utilizada a seguinte equação de
taxa de redução de água, de acordo com a equação 1.

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1714
( Ma − Mat )
TRA = , equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Onde:
TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)
Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)

A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.

Ms = (1- teor de água b.u.) x Mu , equação 2


Onde:
MU: Massa Úmida
Ms: Matéria Seca (Kg)

Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1715
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:
Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) , equação 3
Onde:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior

A secagem foi interrompida, quando a massa de frutos atingiu o peso constante.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a temperatura na massa de frutos durante todo o período de secagem
conheceu-se a quantidade de água que a cultivar IAC-80 perde, por unidade de matéria seca,
por unidade de tempo.

TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA


IAC-80

0,72
0,68
0,64
0,6
0,56
0,52
Kg de água/Kg de matéria seca*hora

0,48
0,44
0,4
0,36
0,32
0,28
0,24
0,2
0,16
0,12
0,08
0,04
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (h)

Temperatura de 50ºC

Gráfico 1 - Taxa média de redução de água temperatura de 50ºC.

Pelo Gráfico 1 observa-se que no início da secagem a mamona cultivar IAC-80


apresentava umidade de 68,50 % b.u. E a remoção dessa água nas primeiras 4 horas foi maior
devido a água livre e ao produto ser uma oleaginosa. Pode-se observar no Gráfico 1 que, nas
primeiras horas, a mamona apresentou os maiores valores de taxa de redução de água, em
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1716
razão da remoção da água presente na casca. A partir de 10 horas de secagem essa taxa foi
bem inferior estendendo-se até 17,5 horas. Tal conhecimento do comportamento da taxa de
redução de água pelo Gráfico 1 leva-nos a questionar se um tempo de repouso permitiria a
remoção mais rápida dessa quantidade de água dos frutos, por unidade de matéria seca,
reduzindo o tempo de secagem, alem do tempo de exposição dos frutos a essa temperatura e a
possível redução no gasto energético.
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,92 é a
área conhecida. Com isso a quantidade de água removida pode ser calculada pelo produto da
área x matéria seca do produto como se observa na Tabela 2.

Tabela 2 - Área abaixo da curva durante o período de secagem.


Área abaixo da curva Matéria Seca Quantidade de água
(kg de água/kg de matéria (kg) removida (kg)
seca) Área x Matéria Seca
1,922 0,315 0,605

De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
Equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,922 é
a área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca de encontra o valor da água
removida de 0,605 kg durante a secagem desta cultivar.

4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir:
Nas primeiras 4 horas apresentou os maiores valores de taxa de redução de água. Os
maiores valores de taxa de redução de água nas primeiras horas foram devido à água presente
na casca.
A partir de 10 horas de secagem a taxa de redução de água foi bem inferior estendendo-
se até 17,5 horas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

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1717
Marques, E. R.; Alterações químicas, sensoriais e microscópicas do café cereja
descascado em função da taxa de remoção de água Dissertação de Mestrado. Lavras :
UFLA, 2006. 85 p.

RIBEIRO, D. M.; BORÉM, F. M.; ANDRADE, E. T. de.; ROSA, S. D. V. F. da.; Taxa de


redução de água do café cereja descascado em função da temperatura da massa, fluxo de ar
e período de pré-secagem. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. 28, n. 7, p.
94-107, 2003. Especial.

SILVA, J.S. Secagem e Armazenagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. ed.1


Viçosa: Aprenda Fácil, 2000.

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1718
COMPORTAMENTO DA SECAGEM DA MAMONA (Ricinus communis L.)
CULTIVAR IAC-80 COM TEMPO DE REPOUSO EM SECADOR TIPO
CAMADA FIXA

Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br


Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras – MG e na
Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do Departamento de Agricultura, como o
objetivo de estudar o comportamento da secagem da mamona, em secador tipo camda fixa.
Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar IAC-80. Para a
secagem dos frutos de mamona foi utilizado um protótipo de secador experimental de leito
fixo de fluxo de ar ascendente. O secador apresenta uma resistência elétrica e por meio de um
ventilador, insufla o ar aquecido pela resistência cujo fluxo de ar de 36 m3. Min-1. M2 , que
passa pelos frutos retirando a água livre dos mesmos. Foram adicionados em cada bandeja 1,0
Kg de frutos em média, com umidade inicial de 68,50% b. U. Os parâmetros, teor de água
inicial do produto, a temperatura da massa do produto e do ar de secagem, foram importantes
para determinar a cinética de secagem desse produto. Observou-se que, o tempo de secador
totalizado na secagem foi de 780 minutos (13 horas) de uso do secador e 450 minutos (7,5
horas) de repouso totalizado dos frutos.

Palavras-Chave: Camada fixa, IAC-80, secagem, Ricinus communis L.

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1719
1 INTRODUÇÃO
A mamona, que é vista como parte importante do projeto do biodiesel nacional, vem
sendo alternativa como fonte de energia e renda, por ser fixadora de mão-de-obra, bem como
geradora de emprego e de matéria-prima (Embrapa, 1997). O início do processo de secagem
de produtos agrícolas ocorre logo após a maturação fisiológica do produto, quando este
apresenta elevado teor de água. Desta forma, o processo de secagem torna-se bastante
demorado, pois os frutos apresentam um teor de água após a colheita. Isso indica que o teor de
água pode ser um indicador preciso do nível de maturidade para a colheita e beneficiamento
dos grãos (DESAI, 1997). Portanto, o conhecimento desse parâmetro permite a escolha do
procedimento mais adequado para a colheita, a secagem, o beneficiamento e armazenamento
da semente e a preservação de sua qualidade física, fisiológica e sanidade (Marcos Filho et al,
1987). Sabendo disso, nos dias atuais, no campo, não se espera que a própria natureza
controle o tempo de produção. Esperar que a produção só dependa do clima e fique a mercê
de intempéries, como dias chuvosos ou de pouca insolação, podem tanto prejudicar a
qualidade, quanto retardar o tempo de colheita. Sabe-se que a demanda elevada para escoar os
produtos, vem a estimular ainda mais a busca de tecnologias no sentido de otimizar esse
tempo. O uso de sistemas de secagem é uma forma de acelerar a etapa de pós-colheita para
qualquer produto agrícola. Da mesma forma que outros produtos como a soja, milho, café,
girassol, trigo, arroz, a demanda para escoar esse produto no campo, vem a estimular a busca
de tecnologias no sentido de reduzir o tempo na etapa de pós-colheita. Dentre os sistemas de
secagem, os secadores mecânicos podem ser uma boa escolha para acelerar a secagem,
objetivando a eficácia do processo. Segundo Silva & Lacerda Filho, (1990), a secagem em
secador de leito fixo é uma boa opção e de fácil operação. O produto permanece num
compartimento de fundo perfurado, por onde passa o ar de secagem insuflado por um
ventilador. Na secagem em camada fixa, a temperatura do ar é muito superior à temperatura
do ambiente (acima de 10ºC) e a camada de produto é geralmente é inferior a 1,0 m. O
controle do ar aquecido dependerá do combustível utilizado e da forma de condução da
secagem. O aquecimento do ar pode ser realizado por diferentes combustíveis, utilizando
daquele que resulte no melhor aproveitamento do secador. O resultado dessa secagem é
descrito por uma curva levando em conta a redução da água do produto em relação ao tempo.
Alguns autores estudaram a cinética de secagem de algumas cultivares de mamona,
apresentando a velocidade de secagem distinta para cada cultivar, isso devido ao seu aspecto
físico e da umidade apresentada pelo produto, do tipo de secador e da temperatura de secagem

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1720
escolhida. Correa (2006) estudando a cinética de secagem da cultivar IAC-80. Teramoto et al
(2006), estudando o tempo de secagem para a cultivar IAC80. Cada qual com uma
determinada cultivar e teor de água inicial, além do tipo de secador utilizado.
Torna-se, portanto, necessário estudar os parâmetros de secagem desta cultivar,
observando a velocidade de secagem do produto. A maioria das informações disponíveis
associada à secagem da mamona, relacionada à secagem mecânica, ainda são escassos
(Correa, 2006), mas é um avanço quando comparada a secagem mecânica em café, cultura
essa já implantada há muito tempo e ainda hoje sendo avaliados secadores para tal cultura e,
devido a cultura da mamona estar sendo mais estudada a menos tempo. O tempo de secagem
também é um fator importante quando se fala em custos, sendo longos períodos refletindo em
gasto de combustível, seja ele gasto com lenha, GLP, elétrico, etc. Um tempo de repouso
poderia facilitar a remoção de água do produto e responder a um tempo menor de secagem e
uma maior remoção de água do produto. Para alguns produtos agrícolas, determina-se um
intervalo de revolvimento do produto, o que garante uma homogeneização (Silva & Lacerda
Filho, (1990). Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a cinética de secagem
da mamona cultivar IAC-80, submetida a temperatura de 50ºC, em secador de leito fixo com
tempo de repouso de 1 hora a cada 2,5 horas de secagem.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) da cultivar IAC-80 (Figura 1).
Os frutos no início da secagem apresentaram umidade inicial de 68,50 % b.u. Foram
adicionados em cada bandeja 1,0 Kg de frutos em média.

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1721
Figura 1 - Cacho de IAC-80 Figura 2 - Secador experimental

A secagem do produto foi realizada sob condição controlada de temperatura a 50ºC.


Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC, foi necessário regular no painel
digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em questão. Para a secagem dos
frutos de mamona cultivar IAC – 80, foi utilizado um protótipo de secador experimental de
leito fixo de fluxo ascendente (Figura 2). O secador apresenta uma resistência elétrica, e por
meio de um ventilador insufla o ar aquecido pela resistência e ao passar pelos frutos retirando
a água livre dos mesmos. O alto custo energético de um secador elétrico torna essa operação
imprópria para sua utilização comercial. Como o próprio nome o relaciona, este secador
experimental apresenta a facilidade de uso para conhecer o comportamento de secagem de
acordo com a temperatura de interesse.
O secador experimental apresentou as dimensões como indica a Tabela 1:

Tabela 1 - Caracterização do secador experimental.


Tipo de secador leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2

Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja


periodicamente, e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem aproximadamente invariáveis. A temperatura da massa
de frutos foi medida por meio de termopares tipo J, colocados no centro da massa, para

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1722
controlar a temperatura de 50ºC (Figura 3). Para minimizar uma possível diferença de
temperatura e fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões, decorrente da posição das
resistências no plenum e da aerodinâmica do secador respectivamente, foi realizado um
rodízio das bandejas, obedecendo o sentido de rotação destas, sendo este feito a cada 30
minutos. A temperatura do ar de secagem foi fixada, de maneira a obter os valores médios de
temperatura estabelecidos para a massa de frutos, de acordo com a temperatura lida pelo
termopar em meio digital. O monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar
ambiente durante a secagem dos frutos de mamona, foi registrado por um termohigrógrafo
(Figura 4). Para medir e regular a velocidade do ar de secagem que passa pela massa de
frutos, foi utilizado o anemômetro digital (Figura 5).

Figura 3 - Termopar Figura 4 - Termohigrógrafo Figura 5 - Anemômetro

Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. A umidade foi determinada em estufa comum,
em temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Com a finalidade de determinar a
umidade dos frutos da cultivar, foram cortados em 4 partes e colocadas 10 gramas do produto
com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona cultivar IAC-80, apresentada na
colheita, foi de 68,50 % b.u.
Os dados foram utilizados para a plotagem das curvas de secagem. Após a secagem
completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e pelo peso constante.

Pa
U bs = × 100 , equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps , equação 2

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1723
Onde:
Pa: Peso de água
Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa

Um tempo de repouso de 1 hora a cada 2,5 horas de secagem, foi realizado para
conhecer o comportamento de secagem da mamona cultivar IAC-80. O que significa um
tempo em que o operador terá para revolver o produto no leito de secagem. Não foram
adotados períodos de repouso para todos os tratamentos.
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 3

(Ui − Uf )
Ma = × Mu , equação 3
(100 − Uf )
em que:

Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida

A secagem contínua dos frutos somente foi interrompida, quando a mamona cultivar
IAC-80 atingiu o peso constante.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o interesse em se obter uma curva de secagem completa, os experimentos foram
conduzidos até que se obtivesse uma massa constante na pesagem dos frutos. Verificando os
dados coletados a cada pesagem, e transformando a partir da umidade inicial da cultivar IAC-
80, conheceu-se o teor de água a cada pesagem do produto.
De acordo com a temperatura na massa de frutos, durante todo o período de secagem,
conheceram-se os efeitos no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do
tempo. Após a coleta dos dados, foi calculada uma média das 4 repetições, e plotado o gráfico
da cinética de secagem da cultivar IAC-80 com período de repouso.

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1724
Foi variado o teor de água de 68,5% para a 8%b.u., o que significa uma redução em
massa, de 1000 gramas para aproximadamente 355 gramas, sendo retirado 645 gramas de
água do produto.
Observa-se que no período inicial o produto se encontra completamente úmido, e a água
escoa com mais facilidade. Por isso o tempo de repouso nos primeiros instantes não é tão
necessário, como se percebe a perda de água na redução de massa na gráfico 1.
CINÉTICA DE SECAGEM
SECAGEM COM REPOUSO

1200

1000

800
Massa (g)

600

400

200

0
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200
Tempo (min)

Repouso R1 Repouso R2 Repouso R3 Repouso R4

Gráfico 1 - Curva de secagem da cultivar IAC 80 a 50ºC com tempo de repouso

No início da secagem a mamona cultivar IAC 80 apresentava umidade de 68,50 % b.u.,


e a remoção dessa água nas primeiras horas foi maior devido a água livre e ao produto ser
uma oleaginosa. O repouso da secagem pode ser usado para que o operador tenha um tempo
para revolver e homogeneizar a massa do produto.
Observou-se que, o tempo de secador totalizado na secagem foi de 780 minutos (13
horas) de uso do secador e 450 minutos (7,5 horas) de repouso totalizado dos frutos. Isso
demonstra que haverá um menor tempo de utilização de ar aquecido para secagem e
consequentemente menor consumo de energia, o que também possibilitou a maior
transferência de água do fruto para o meio externo.

4 CONCLUSÃO
O tempo de repouso de 1 hora a cada 2,5 horas de secagem possibilitou um uso de
secador de 780 minutos para a secagem completa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1725
O repouso é importante no revolvimento e homogeneização da massa de frutos da
cultivar IAC 80.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

CORRÊA, J. L. G.; Nascimento, F. R.; Neto, P. C.; Fraga, A. C. Cinética de secagem de


frutos de mamona (Ricinus communis L.) variedade IAC 80, III Congresso Brasileiro de
Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biodiesel, Varginha, 2006, Anais... em CD Rom.

DESAI, B.B; KOTECHA, P.M; SLUNKHE, D.K. Seeds handbook – Biology, Prodution,
Procesing and Storage. New York: Marcel Dekker Inc, 1997, 627 p.

EMBRAPA Algodão (CPA)/Ministério da Agricultura, Recomendações Técnicas para o


cultivo da Mamoneira no Nordeste do Brasil, Circular Técnica n.º 25 Outubro, 1997,
Campina Grande – Pb. < http://mamona.agriculture.com.br/colheita.php >, Acessado em 17
de janeiro de 2007.

MARCOS FILHO, J.; CÍCERO, S.M.; SILVA, W.R.. Avaliação da Qualidade das
Sementes. Piracicaba: FEALQ, 1987, 230 p.

SILVA, O.R.R.F., NÓBREGA, M.B.M., GONDIM, T.M.S., Cultivo da Mamona, Embrapa


Algodão, disponível em < http://mamona.agriculture.com.br/colheita.php >, acesso em 20 de
junho de 2006.

SILVA, J.S. Secagem e Armazenagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. ed.1


Viçosa: Aprenda Fácil, 2000.

SILVA. J.S.; LACERDA FILHO, A. F. Boletim de extensão: Construção e operação de


secador de grãos, 1990.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1726
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA NA SECAGEM DA MAMONA,
CULTIVAR IAC-80, SUBMETIDA À TEMPERATURA DE 50ºC COM
INTERVALO DE REPOUSO EM SECADOR DE CAMADA FIXA

Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br


André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
Henrique Leandro Silveira, DEG/UFLA, hlsilveira@hotmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras – MG e na
Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do Departamento de Agricultura, com o
objetivo de estudar a taxa de redução da água na secagem da mamona IAC-80, com intervalos
de repouso em secador de camada fixa. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar IAC-80. Para a secagem dos frutos, foi utilizado um protótipo de
secador experimental de leito fixo de fluxo ascendente, sendo adicionados em cada bandeja,
1,0 kg de frutos em média, com umidade inicial de 68,50% b. U. Durante a secagem, a
medição da temperatura da massa dos frutos foi obtida por termopares do Tipo J (Cobre /
Constantan). Um tempo de repouso de 1 hora, a cada 2,5 horas de secagem foi realizado para
conhecer o comportamento de secagem da mamona cultivar IAC-80. Com isso, a secagem foi
conduzida com o auxilio de alguns parâmetros, sendo estes fundamentais na determinação da
taxa de redução de água. Antes do primeiro período de repouso, observou-se uma alta taxa de
redução de água, que caiu progressivamente. Feito o primeiro repouso, este voltou ao secador,
e a taxa de redução tornou a subir. Pôde-se observar também, que nas primeiras 4 horas a
mamona apresentou os maiores valores de taxa de redução de água. Depois em todos os
repousos feitos, os picos de taxa de redução foram próximos, evidenciando o fim da secagem.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., repouso, IAC-80, secagem, taxa de redução.


4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1727
1 INTRODUÇÃO
O processo de secagem de alguns produtos agrícolas como a mamona torna-se bastante
demorado principalmente quando os frutos apresentam um teor de água muito elevado
durante a colheita. Tal conhecimento da secagem, a torna importante devido à temperatura
escolhida, ao fluxo de ar e à umidade relativa do ar de secagem, pois pode influenciar no
tempo de exposição dos frutos no secador. A remoção de água de um produto pode ser obtida
pelo cálculo da taxa de redução de água. Essa taxa é a relação da perda de água por matéria
seca do produto por hora (Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)). Conhecendo esses
resultados pode-se plotar gráficos e consequentemente calcular a quantidade de água
removida durante a secagem, levando em conta sua área. E sabe-se que pelo estudo da
geometria, a área é um numero que sugere o tamanho de uma região limitada. Para regiões
simples, como retângulos, triângulos e círculos, a área pode ser determinada por uma formula
geométrica, o que valida para o comportamento da secagem com cálculo da quantidade de
água removida.
Com o uso de parâmetros como a temperatura da massa do produto ou do ar de
secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto, é fundamental na determinação
da taxa de redução de água, definida como a quantidade de água que um determinado produto
perde, por unidade de matéria seca, por unidade de tempo. O que representa uma ferramenta
de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o processamento de
seu produto. Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de
água da mamona cultivar IAC-80, submetida a temperatura de 50ºC, em secador de leito fixo,
com intervalos de repouso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar IAC-80.
Os frutos no início da secagem apresentaram umidade inicial de 68,50 % b.u. Foram
adicionados em cada bandeja 1,0 Kg de frutos em média.
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura a 50ºC.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1728
Figura 1- ultivar IAC-80 Figura 2- rutos no secador Figura 3 - Painel de controle

Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi
necessário regular no painel digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em
questão.
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar IAC – 80 foram utilizados um protótipo
de secador experimental de leito fixo de fluxo de ar ascendente.

Figura 4 - Secador experimental Figura 5 - Secador experimental

Figura 6-Resistência elétrica Figura 7-Chapa perfurada Figura 8-Células de secagem

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1729
O secador experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:

Tabela 1- Caracterização do secador experimental


Tipo de secador leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2,5916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m x min-1 x m-2
3

Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992).
Para a determinação da umidade, os frutos da cultivar IAC-80 foram cortados em 4
partes e colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da
mamona cultivar IAC-80, apresentada no início da secagem foi de 68,50 % b.u..
Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até que a
massa dos recipientes permanecessem aproximadamente constantes. Para cada temperatura
foram realizadas 4 repetições. As temperaturas da massa de frutos foram medidas por meio de
termopares tipo J, colocados no centro da massa de frutos, com o objetivo de controlar a
temperatura, mantendo-a a 50ºC. Para minimizar uma possível diferença de temperatura e
fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no
plenum e da aerodinâmica do secador respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas,
obedecendo ao sentido de rotação destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura
do ar de secagem foi fixada, de maneira a obter os valores médios de temperatura
estabelecidos para a massa de mamona, de acordo com a temperatura lida pelo termopar em
meio digital. O monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar ambiente, durante
a secagem dos frutos de mamona, foi registrado por um termohigrógrafo. Foi utilizado o
anemômetro digital, para medir e regular a velocidade do ar de secagem que passa pela massa
de frutos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1730
Figura 9-Frutos no secador Figura 10-Medidor digital Figura 11-Termohigrógrafo

Após a secagem completa, foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pelo
método da estufa e pelo peso constante.
Para acompanhamento da redução de água, e para a obtenção das curvas de taxa de
redução de água, durante o processo de secagem mecânica, foi utilizada a seguinte equação de
taxa de redução de água, de acordo com a equação 1.

( Ma − Mat )
TRA = , equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Em que:
TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)
Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)

A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.

Ms = (1- teor de água b.u.) x Mu , equação 2

em que:
MU: Massa Úmida (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)

Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1731
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:

Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) , equação 3

Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior

A secagem foi interrompida, quando a massa de frutos atingiu o peso constante.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a temperatura constante na massa de frutos, durante todo o período de
secagem conheceu-se a quantidade de água que a cultivar IAC-80 perdeu, por unidade de
matéria seca, por unidade de tempo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1732
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA IAC-80
COM PERÍODO DE REPOUSO
0,68
0,64
0,6
0,56
0,52
Kg de água/Kg de matéria seca*hora

0,48
0,44
0,4
0,36
0,32
0,28
0,24
0,2
0,16
0,12
0,08
0,04
0
0 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20
Tempo (h)

Temperatura 50ºC

Gráfico 1 - Taxa média de redução de água temperatura de 50ºC.

Observa-se pelo gráfico 1 que no início, antes do primeiro período de repouso,


observou-se uma alta taxa de redução de água, que daí por diante foi decaindo
progressivamente. Feito o repouso de 1 hora, voltou ao secador e a taxa de redução de água
tornou a subir. Pode-se observar também, no gráfico 1, que, nas primeiras 4 horas, a mamona
apresentou os maiores valores de taxa de redução de água, em razão da remoção da água
presente na casca, o que permite ressaltar sobre a água livre disponível na casca. Observou-se
também que em todos os repousos após o segundo os picos de taxa de redução de água foram
próximos mantendo uma cadência.
Com isso a quantidade de água removida pode ser calculada pelo produto da área x
matéria seca do produto como se observa na Tabela 2.

Tabela 2 - Área abaixo da curva durante o período de secagem.


Área abaixo da curva Matéria Seca Quantidade de água
(kg de água/kg de matéria (kg) removida (kg)
seca) Área x Matéria Seca
1,887 0,315 0,594

De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,887 é a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1733
área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca de encontra o valor da água
removida de 0,594 kg durante a secagem desta cultivar.

4 CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos no presente trabalho, permiti-se obter as seguintes
conclusões:
A taxa de redução de água, à temperatura de 50ºC, obteve as maiores perdas de água no
período inicial de secagem.
Os maiores valores de taxa de redução de água nas primeiras horas foram devido a água
presente na casca.
Em todos os repousos após o segundo os picos de taxa de redução de água foram
próximos mantendo uma cadência.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

SILVA, J.S. Secagem e Armazenagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. ed.1


Viçosa: Aprenda Fácil, 2000.

Marques, E. R.; Alterações químicas, sensoriais e microscópicas do café cereja


descascado em função da taxa de remoção de água Dissertação de Mestrado. Lavras :
UFLA, 2006. 85 p.

RIBEIRO, D. M.; BORÉM, F. M.; ANDRADE, E. T. de.; ROSA, S. D. V. F. da.; Taxa de


redução de água do café cereja descascado em função da temperatura da massa, fluxo de ar
e período de pré-secagem. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. 28, n. 7, p.
94-107, 2003. Especial.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1734
OTIMIZAÇÃO DA SECAGEM DA MAMONA CULTIVAR IAC-80 COM
DUAS METODOLODIAS DE SECAGEM

Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br


Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Renato Ribeiro de Lima, DEX/UFLA, rrlima@ufla.br
Vânia Correa Mota, DEX/UFLA, vaniamota33@hotmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
João Almir Oliveira, DAG/UFLA, jalmir@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura, UFLA – MG, com o objetivo de estudar a otimização de
secagem da mamona IAC-80, com duas metodologias de secagem. Foram utilizados frutos de
mamona (Ricinus communis L.) cultivar IAC-80 colhidos manualmente em um campo
experimental. Para a secagem dos frutos, foi utilizado um secador experimental, tipo leito fixo
de fluxo de ar ascendente, sendo colocados em média 1 kg de frutos úmidos em cada uma das
4 células do secador com umidade inicial de 68,50% b. U. Com isso, a secagem com o auxílio
de alguns parâmetros foram importantes para determinar a curva de secagem desse produto.
Observou-se que, o tempo de secador totalizado na secagem contínua sem interrupções foi de
1050 minutos (17,5 horas) de secagem, e a secagem com tempo de repouso, foi de 780
minutos (13 horas) de uso do secador e 450 minutos (7,5 horas) de repouso totalizado dos
frutos. Isso demonstra que haverá um menor tempo de utilização de ar aquecido para secagem
e consequentemente menor consumo de energia, o que também possibilitou a maior
transferência de água do fruto para o meio externo.

Palavras-Chave: Mamona, repouso, IAC-80, Ricinus communis L..

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1735
1 INTRODUÇÃO
O uso de sistemas de secagem é uma forma de acelerar a etapa de pós-colheita para
qualquer produto agrícola. Para tal sistema de secagem, os secadores mecânicos podem ser
uma boa escolha para acelerar a secagem, objetivando a eficácia do processo de secagem. A
secagem em secadores de camada fixa segue recomendações para cada tipo de produto, de
acordo com suas características e finalidades. Alguns parâmetros de secagem para secador de
camada fixa, dependem de sua finalidade para semente, consumo, ou ração, sendo o tempo de
revolvimento dos produtos agrícolas um tempo pré-determinado, em que o operador deve
desligar o ventilador e revolver a massa de grãos por meio de uma pá, com a finalidade de
homogeneizar a umidade da massa de grãos (Silva & Lacerda Filho, 1990).
Esse tempo de revolvimento pode ser caracterizado um tempo de descanso em relação à
secagem do produto. E para a mamona ainda não foi definido um tempo de descanso no
secador, e nem o seu estudo quanto esse tempo. Quanto ao teor de água, Silva (2000) cita que
a secagem de produto com alta umidade, gera um gasto de energia maior na secagem. Outro
fato, é que o tempo de secagem pode variar de acordo com as características físicas dos
produtos, teor de água, casca, produto amiláceo ou oleaginoso, etc. Desta forma, produtos
com ou sem casca variam sobre o tempo de secagem dos produtos agrícolas. Grãos
desprovidos das camadas protetoras (sementes nuas) secam mais rapidamente do que aqueles
que apresentam estrutura integral (Silva 2000). Um mesmo produto, com as mesmas
características, pode alterar o tempo de secagem, também quando exposto a condições
distintas de secagem. A condição para que o produto seja submetido ao processo de secagem
é que a pressão de vapor sobre a superfície do produto (pg), seja maior do que a pressão do
vapor d’água no ar de secagem (p ar), ou seja p grão > p ar.(Silva 2000).
Torna-se necessário estudar os parâmetros de secagem da mamona, observando a
velocidade de secagem do produto. A maioria das informações disponíveis associada à
secagem da mamona relacionada à secagem mecânica ainda são escassos (Correa, 2006), mas
é um avanço quando comparada a secagem mecânica em café, cultura essa já implantada há
muito tempo, e ainda hoje sendo avaliados secadores para tal cultura, e também devido a
cultura da mamona estar sendo mais estudada há menos tempo. Da mesma forma que outros
produtos, como a soja, milho, café, girassol, trigo, arroz, a demanda para escoar esse produto
no campo, vem a estimular a busca de tecnologias no sentido de reduzir o tempo na etapa de
pós-colheita da mamona. Para tal sistema de secagem, os secadores mecânicos podem ser uma
boa escolha para acelerar a secagem, objetivando a eficácia do processo de secagem.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1736
O tempo de secagem também é um fator importante quando se fala em custos, sendo,
longos períodos refletindo em grandes gastos de combustível, seja este combustível lenha,
GLP, elétrico, etc. O produtor visa o menor custo para aderir a tecnologias, e a otimização da
secagem vem a oferecer essa redução de custos. Um tempo de repouso, poderia facilitar a
remoção de água do produto, e responder a um tempo menor de secagem e uma maior
remoção de água do produto. Enfim, este trabalho foi conduzido a fim de determinar o
comportamento da secagem da mamona cultivar IAC-80, submetida a temperatura de 50ºC,
em secador de leito fixo, com secagem contínua e com tempo de repouso de 1 hora a cada 2,5
horas de secagem.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) da variedade IAC-80, colhidos em experimento na própria universidade.
Os frutos no início da secagem, apresentaram umidade inicial de 68,50 % b.u. Foram
adicionados em cada célula 1,0 Kg de frutos em média com esta umidade inicial.
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura (50ºC).
Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi necessário
regular no painel digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em questão.
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar IAC – 80, foi utilizado um protótipo de
secador experimental de leito fixo de fluxo de ar ascendente (Figura 1). O secador apresenta
uma resistência elétrica, e por meio de um ventilador insufla o ar aquecido pela resistência e
ao passar pelos frutos retirando a água livre dos mesmos. O alto custo energético de um
secador elétrico torna essa operação imprópria para sua utilização comercial. Como o próprio
nome o relaciona, este secador experimental apresenta a facilidade de uso para conhecer o
comportamento de secagem de acordo com a temperatura de interesse.
O secador experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1737
Tabela 1 - Caracterização do secador experimental
Tipo de secador leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2

Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. A umidade foi determinada em estufa comum
(Figura2), em temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Para a determinação da
umidade, os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes, e colocadas 10 gramas do produto
com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona cultivar IAC-80, apresentada na
colheita foi de 68,50 % b.u..
Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente, e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem aproximadamente constante (Figura3).

Figura 1 - Secador experimental Figura 2 - Estufa com amostras Figura 3 - Pesagem

Para a temperatura de 50ºC, foram realizada 4 repetições. As temperaturas da massa de


frutos foram medidas por meio de termopares tipo J (Figura 4), colocados no centro da massa,
para controlar a temperatura de 50ºC. Para minimizar uma possível diferença de temperatura e
fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no
plenum e da aerodinâmica do secador respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas,
obedecendo o sentido de rotação destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura do
ar de secagem foi fixada de maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos
para a massa de frutos, de acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1738
monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar ambiente durante a secagem dos
frutos de mamona foi registrado por um termohigrógrafo (Figura 5). Para medir a velocidade
do ar de secagem que passa pela massa de frutos, foi utilizado o Anemômetro digital (Figura
6).

Figura 4-Termopar utilizado Figura 5-Termohigrógrafo Figura 6-Anemômetro digital

Após a secagem completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e
pelo peso constante. Os dados foram utilizados para a plotagem das curvas de secagem para
cada tratamento.

Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps equação 2

Em que:
Pa: Peso de água
Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa

Um tempo de repouso de 1 hora, a cada 2,5 h de secagem, foi realizado para conhecer o
comportamento de secagem da mamona cultivar IAC-80, em relação ao secador com secagem
contínua.
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 2

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1739
(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 3
(100 − Uf )

em que:
Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida
A secagem foi interrompida, quando a mamona cultivar IAC-80 atingiu o peso
constante. Ao final os dados foram submetidos ao teste de Tukey com o software Sisvar para
comparar as duas metodologias de secagem.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a temperatura na massa de frutos, durante todo o período de secagem,
conheceram-se os efeitos no seu comportamento, observando a perda de água no decorrer do
tempo.
Os frutos sob secagem sem interrupções apresentaram a casca rígida com certa
dificuldade em remover a casca manualmente, comparada por observações feitas com os
frutos que são secos na planta e no terreiro convencional, e também aos secados com um
tempo de repouso no secador, no qual apresentaram a casca maleável e fácil de retirar a
semente manualmente e na máquina de beneficiamento.
Possivelmente na secagem contínua ocorreram alterações químicas na casca devido à
longa exposição ao calor, o que a tornou enrijecida além de impedir a transferência de água no
interior dos frutos.

Figura 7 - Frutos após a secagem

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1740
Após a secagem dos frutos da mamona, plotou-se a curva de secagem da cultivar para as
4 repetições de cada método de secagem (Figura 8), para a observação da perda de peso
devido a remoção de água.
Observa-se que no período inicial, o produto se encontra completamente úmido, e a
água escoa com mais facilidade, por isso o tempo de repouso nos primeiros instantes não é tão
necessário. Como se percebe a perda de água na redução de massa na Figura 9 da secagem
contínua e repouso.

Curvas de Secagem Contínua e Repouso

1100
1050
1000
950
900
850
800
750
700
650
Massa (g)

600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200
Tempo (minutos)

Secagem Contínua R1 Secagem Contínua R2 Secagem Contínua R3 Secagem Contínua R4


Secagem repouso R1 Secagem repouso R2 Secagem repouso R3 Secagem repouso R4

Figura 8 - Curva de secagem contínua e repouso da cultivar IAC 80 a temperatura de 50ºC.

Percebeu-se que o comportamento da secagem dos frutos para cada um dos métodos
foram uniformes entre si, e que o rodízio das bandejas foram eficientes nas 4 repetições. A
secagem contínua e repouso caminharam em patamares distintos principalmente no inicio da
secagem devido ao tempo de repouso e se igualando ao longo da secagem.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1741
CURVA MÉDIA DE SECAGEM CULTIVAR IAC-80

1200

1000

800
Massa (g)

600

400

200

0
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200
Tempo (min)

Direta Temperatura 50ºC Repouso Temperatura 50ºC

Figura 9 - Curva média de secagem da cultivar IAC 80 a 50ºC com secagem contínua e tempo
de repouso.

No início da secagem, a mamona cultivar IAC 80 apresentava umidade de 68,50% b.u.,


e a remoção dessa água nas primeiras horas é explicada devido a água livre nos frutos, e pelo
produto ser uma oleaginosa. Fez-se observar que, após 600 minutos houve pequena remoção
de água onde a casca atuou como uma camada de impedimento para a remoção de água, o que
fez estender o tempo de secagem até o tempo de 1050 minutos, 17,5 horas quando o produto
atingiu a umidade de 8% b.u..
Percebe-se que a secagem com repouso pode ser uma boa recomendação para ocorrer
uma redistribuição da água no fruto e facilitar sua remoção e reduzindo o tempo de uso do
secador. O repouso pode ser usado na etapa de secagem para que o operador tenha um tempo
para revolver e homogeneizar a massa do produto e consequentemente uma redistribuição de
água.
Vale ressaltar que a secagem contínua e repouso foram conduzidos e concluídos ao
mesmo tempo, para que tivesse o conhecimento de todo o comportamento de secagem do
produto nas duas condições (Figura 10).
Observou-se que o tempo de secador totalizado na secagem contínua sem interrupções,
foi de 1050 minutos, o que equivale a 17,5 horas de secagem, e a metodologia utilizando
tempo de repouso, foi de 13 horas de uso do secador e 7,5 horas de repouso dos frutos, o que

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1742
demonstra com isso um menor tempo efetivo de secador e consequentemente menor consumo
de energia.
Para que haja uma maior confiabilidade nessas observações desses tratamentos, uma
comparação estatística foi realizada, sendo a interação cultivar X Tempo significativa, o que
comprova todo o comportamento da secagem ao longo da secagem.
Observou-se que, nos primeiros 120 minutos de secagem, não houve diferença
significativa, isso é fato pela mesma forma de condução de secagem até o tempo em questão.
Após o primeiro tempo de repouso aos 120 minutos, até o tempo de 780 minutos houve
diferença significativa em que a secagem contínua sempre esteve a frente da secagem com
repouso. No tempo de 690 minutos não houve mais diferença significativa entre os dois
métodos. Isso indica que com repouso, ou seja, com menor uso de secador, nesse tempo foi
mais econômico no que se refere a consumo de energia. É importante ressaltar que no tempo
de 930 ao 1050 minutos, não havendo diferença estatística, o repouso acusou um valor um
pouco abaixo da secagem contínua, o que comprova que o método é mais viável.
Foi realizada após a análise de regressão a curva de secagem dos dados estimados para a
secagem contínua e repouso.

curva de secagem estimada

1000

800
Massa (g)

600

400

200

0
0 150 300 450 600 750 900 1050
Tempo (minutos)

Peso est continua Peso est Repouso

Figura 10 - Curva média de secagem da cultivar IAC 80 a 50ºC com secagem contínua e
tempo de repouso.

O ajuste da curva de estimação demonstrou um coeficiente de determinação R2 de


94,42% e de 96,13% para a secagem contínua e para o repouso considerando a equação
condizente com a curva de secagem.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1743
4 CONCLUSÃO
A maior perda de água na secagem contínua ocorreu da fase inicial da secagem até 600
minutos.
A secagem da cultivar IAC-80 apresentou um tempo de 17,5 horas para a secagem
contínua e 13 horas para a secagem com repouso de 1 hora.
O tempo de repouso possibilitou um menor uso de secador devido a maior remoção de
água no período.
O repouso é importante no revolvimento e homogeneização da massa de frutos.
A secagem contínua influenciou de forma negativa o beneficiamento por enrijecer a sua
casca.
O repouso não influenciou no beneficiamento, sem alterar significativamente a
resistência da sua casca a força para o seu cisalhamento.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

CORRÊA, J. L. G.; Nascimento, F. R.; Neto, P. C.; Fraga, A. C.. Cinética de secagem de
frutos de mamona (Ricinus communis L.) variedade IAC 80, III Congresso Brasileiro de
Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biodiesel, Varginha, 2006, Anais... em CD Rom.

Embrapa Algodão (CPA)/Ministério da Agricultura, Recomendações Técnicas para o


cultivo da Mamoneira no Nordeste do Brasil, Circular Técnica n.º 25 Outubro, 1997,
Campina Grande – Pb. < http://mamona.agriculture.com.br/colheita.php >, Acessado em 17
de janeiro de 2007.

Silva. J.S.; Lacerda Filho, Boletim de extensão: Construção e operação de secador de


grãos, Viçosa,1990

SILVA, J.S. Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. ed.1 Viçosa: Aprenda Fácil,
2000.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1744
PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM MATO GROSSO: UMA AVALIAÇÃO DE
ALGUNS INDICADORES DA EFICIÊNCIA DO PROCESSO

Evandro José da Silva, DQ/UFMT, ejsilva@cpd.ufmt.br


Evaldo Ferraz de Oliveira, DQ/UFMT, evaldof@ufmt.br
Edinaldo de Castro e Silva, DQ/UFMT, edinaldo@ufmt.br
Aloisio Bianchini, DEG/UFMT, bianchi@ufmt.br

RESUMO: O biodiesel constitui-se numa alternativa energética importante para os


agricultores mato-grossenses em sua constante busca por fontes renováveis de energia que
possam ser produzidas na empresa rural, buscando minimizar as grandes quantidades de
derivados de petróleo consumidas na implementação de suas atividades. O presente trabalho
apresenta um panorama da qualidade do biodiesel produzido em unidades rurais de Mato
Grosso, enfatizando duas características que refletem a eficiência do processo adotado, o teor
de glicerina total e o índice de acidez. As unidades adotam o processo de produção por
batelada via rota metílica alcalina e utilizam óleos vegetais in natura ou sebo bovino,
freqüentemente, com elevada acidez.

Palavras-Chave: Biodiesel, glicerina, índice de acidez.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1745
1 INTRODUÇÃO
Nas safras 2004/2005 e 2005/2006, na agricultura de Mato Grosso, presenciou-se a
utilização de óleos de soja (OS), girassol (OG) e algodão(OA), puros ou em mistura com o
diesel, como combustíveis de máquinas agrícolas. Os relatos de problemas causados aos
motores pelo uso desses combustíveis, provocaram um movimento em direção à produção e
uso do biodiesel. Ao implementar a opção de produzir o próprio combustível, os produtores se
depararam com um obstáculo: a ausência de conhecimentos sobre produção e uso de biodiesel
dentro da organização rural. Cooperativas e consórcios de médio e grande porte o
contornaram através de consultorias e da aquisição de pacotes tecnológicos. Empresas
isoladas e pequenas cooperativas se aventuraram em tentativas empíricas de produção de
biodiesel, guiadas por receitas de eficiência duvidosa e pela decisão de diminuir os custos de
produção utilizando matéria prima barata.
Nesse contexto, o presente trabalho apresenta um panorama da qualidade do biodiesel
produzido em unidades rurais de Mato Grosso, enfatizando duas características que refletem
a eficiência do processo adotado ─ o teor de glicerina total e o índice de acidez2.

2 MATERIAL E MÉTODOS
As amostras de biodiesel foram coletadas diretamente de tanques de armazenamento de
combustíveis das plantas de produção e acondicionadas a 15 ± 5oC durante o transporte até o
laboratório. O teor de glicerina total foi determinado segundo o método ASTM D 6584 e o
índice de acidez segundo a norma NBR 14448.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As unidades adotam o processo de produção por batelada, via rota metílica alcalina
(NaOH ou KOH) e utilizam óleos vegetais in natura ou sebo com elevada acidez (1,5 a 4%
AGL).
Caracterizam-se pela inexperiência de produção, pela inexistência de controle de
qualidade da matéria prima e pela ausência de profissionais da área de Química. A quase
totalidade das unidades (91%) produz um combustível vegetal que não atende às
especificações técnicas estabelecidas pela ANP para o biodiesel em relação as características
avaliadas. Os elevados teores de glicerina total são indicadores de reações incompletas e de
inadequações nos processos de separação e lavagem. A elevada acidez revela inadequações na
temperatura, tempo de reação e primeira lavagem1 (geralmente com ácido cítrico) ou a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1746
presença de AGL’s provenientes da decomposição do biodiesel, em presença de água, durante
armazenamento2. A tabela 1 contém os resultados obtidos para as características avaliadas,
categorizados por região do Estado de Mato Grosso.

Tabela 1 – Características do biodiesel de unidades rurais regionais de Mato Grosso em 2006.


Matéria prima de
Região de MT Glicerina total (% m) Acidez (mg KOH/g)
origem
Sebo bovino 0,34 2,67
Médio Norte
Sebo bovino 0,66 1,37
Oleo de Algodão >0,38 118,73
Oleo de Algodão 3,20 75,40
Oleo de Algodão >0,38 100,90
Norte
Oleo de Algodão 2,59 86,80
Oleo de Algodão 2,84 92,20
Oleo de Algodão >0,38 119,50
Sebo bovino 0,57 0,48
Oleo de Algodão 1,59 0,48
Banha de porco 0,64 0,34
Oeste Oleo de Algodão >0,38 1,38
Oleo de Algodão 1,36 0,55
Óleo de girassol >0,38 0,48
Óleo de girassol 9,40 1,49
Sebo bovino 9,54 1,42
Sebo bovino 1,37 0,47
Sebo bovino 5,06 0,48
Sudoeste Sebo bovino 3,56 0,41
Sebo bovino 0,99 0,62
Óleo de girassol 0,09 0,41
Sebo bovino 0,71 0,79
Limites (Resolução 42 – ANP) 0,38 0,80

4 CONCLUSÃO
A inadequada qualidade do biodiesel produzido nas unidades rurais de Mato Grosso
está relacionada à baixa qualidade da matéria prima e à ausência de conhecimentos técnicos
na organização rural para efetivação das etapas industriais de produção.
Para os profissionais da Química ela revela um fato animador: a abertura do mercado de
trabalho na competitiva e tecnificada área rural do Estado de Mato Grosso.

5 REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS
MAHAJAN, S.; KONAR, S.K.; BOOCOCK, D.G.B.; J Am Oil Chem Soc, 84, 189-195,
2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1747
VAN GERPER, J.; SHANKS, B.; PRUZKO, R.; CLEMENTS, D.; KNOTHER, G.
NREL/SR – 510-36244, 2004

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1748
UTLIZAÇÃO DE OLEAGINOSAS EM ÁREAS DE RENOVAÇÃO DE
CANAVIAL

Daniele do Nascimento Marcelo, DAG/UFLA, damymarcelo@yahoo.com.br


Jairo Boaventura de Oliveira Júnior, DAG/UFLA, jairoufla@yahoo.com.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: A demanda mundial por combustíveis renováveis tem-se expandido rapidamente


nos últimos anos, devido à preocupação com a redução do volume de emissões de gases
causadores do efeito estufa. Este fato proporcionou uma abertura para o agronegócio
brasileiro na área de biomassas (etanol, biodiesel, etc.). O álcool combustível (etanol) é um
produto renovável e limpo que contribui para a redução do efeito estufa e diminui
substancialmente a poluição do ar, minimizando seus impactos na saúde pública. No Brasil, o
uso intenso do álcool restringe a emissão de poluentes da crescente frota de veículos,
principalmente de monóxido de carbono, óxidos de enxofre, compostos orgânicos tóxicos
como o benzeno e compostos de chumbo. Com a expansão da cultura canavieira e a
incorporação de novas áreas, geralmente de baixa fertilidade, é muito importante que se
recupere ou que se mantenha a fertilidade dos solos para obtenção de rendimentos
econômicos, tanto na produção de açúcar quanto na de energia renovável. A cada ano, cerca
de um milhão de hectares de canaviais para renovação no Brasil estarão disponíveis. A área
do canavial permanece ociosa nos meses de entressafra, de janeiro a abril. O objetivo deste
trabalho é apresentar uma alternativa a ociosidade de áreas de reforma de canavial através da
utilização de oleaginosas, contribuindo assim para um rendimento adicional, diminuindo os
custos de plantio da cana-planta e ainda utilizando as oleaginosas para obtenção de biodiesel.
O plantio de oleaginosas em áreas de reforma de canavial é promissor devido à utilização
destas para produção de biodiesel, além desta rotatividade proporcionar melhorias à cultura da
cana-de-açúcar como aumento na produtividade e redução no custo de plantio da cana-planta,
maximizando o uso da terra e equipamentos, e criando também oportunidades de empregos.

Palavras-Chave: Soja, amendoim, biodiesel, cana-de-açúcar.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1749
1 INTRODUÇÃO
O efeito estufa é o fenômeno natural pelo qual a energia emitida pelo Sol em forma de
luz e radiação é acumulada na superfície e na atmosfera terrestres aumentando a temperatura
do planeta. De suma importância para a existência de diversas espécies biológicas, o efeito
estufa acontece principalmente pela ação de dióxido de carbono (CO2), CFCs, metano, óxido
nitroso e vapor de água, que formam uma barreira contra a dissipação da energia solar.
Com o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis cada vez mais intensos, a
concentração desses gases está aumentando, especialmente as de CO2 e metano. Desde 1800,
a concentração de dióxido de carbono na atmosfera cresceu 30%, enquanto a de metano
aumentou 130%.
A demanda mundial por combustíveis renováveis tem-se expandido rapidamente nos
últimos anos, devido à preocupação com a redução do volume de emissões destes gases
causadores do efeito estufa até 2012, como determina o Protocolo de Kioto. Este fato
proporcionou uma abertura para o agronegócio brasileiro na área de biomassas (etanol,
biodiesel, etc.).
O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. A produção brasileira de
cana-de-açúcar na safra 2006/07 foi estimada em 475,73 milhões de toneladas, superior em
10,3% à da safra passada, que foi de 431,41 milhões de toneladas. Na safra 2005/06 a área
estimada foi de 5,84 milhões de hectares e a previsão para a safra 2006/07 é uma área de 6,18
milhões de hectares. Do total produzido, 242,16 milhões de toneladas (50,9%) destinam-se à
fabricação de açúcar, 183,82 milhões (38,6%) à produção de álcool e o restante, 49,74
milhões (10,5%), à fabricação de cachaça, alimentação animal, fabricação de rapadura, açúcar
mascavo e outros fins. (CONAB, 2006).
A industrialização da cana-de-açúcar no Brasil tem grande importância econômica,
estimando-se que cerca de 15 milhões de pessoas, entre empregos diretos e indiretos, estejam
envolvidas nas atividades de produção de aguardente, álcool, açúcar, melado e rapadura
(SEBRAE, 2005).
O álcool combustível (etanol) é um produto renovável e limpo que contribui para a
redução do efeito estufa e diminui substancialmente a poluição do ar, minimizando seus
impactos na saúde pública. No Brasil, o uso intenso do álcool restringe a emissão de
poluentes da crescente frota de veículos, principalmente de monóxido de carbono, óxidos de
enxofre, compostos orgânicos tóxicos como o benzeno e compostos de chumbo (UDOP,
2007).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1750
Com a expansão da cultura canavieira e a incorporação de novas áreas, geralmente de
baixa fertilidade, é muito importante que se recupere ou que se mantenha a fertilidade dos
solos para obtenção de rendimentos econômicos, tanto na produção de açúcar quanto na de
energia renovável (Ambrosano, et al.1997).
A mesma cana pode ser colhida até cinco vezes, mas a cada ciclo devem ser feitos
investimentos significativos para manter a produtividade (UNICA, 2007). As queimadas
anuais para a colheita da cana provocam perda de fertilidade do solo, além de doenças
respiratórias (UDOP, 2007). A cada ano, cerca de um milhão de hectares de canaviais para
renovação no Brasil estarão disponíveis, principalmente em São Paulo, Sul de Minas Gerais,
Mato Grosso do Sul e Norte do Paraná (Monsanto em Campo, 2007). A área do canavial
permanece ociosa nos meses de entressafra, de janeiro a abril. A sucessão de culturas nesse
período torna-se uma alternativa promissora tanto em relação às melhorias do solo quanto na
questão econômica podendo proporcionar um rendimento adicional, além da geração de
empregos. Entre os benefícios da sucessão estão a quebra do ciclo de pragas e de moléstias,
diminuição da infestação de plantas daninhas e menor exposição do solo à erosão (Rego,
l994).
Em relação às espécies a serem cultivadas em rotação, na reforma do canavial, deverão
ser considerados os seguintes fatores, segundo Monteiro (1988):
• Fatores técnicos: ciclo da cultura; adaptação às condições edafoclimáticas na época
disponível para plantio; vantagens e desvantagens para a cultura da cana; necessidade
e disponibilidade de mão-de-obra, máquinas e implementos.
• Fatores econômicos: disponibilidade de capital; custo de produção; receita bruta;
receita líquida e rentabilidade da cultura. Em regime de arrendamento, por exemplo,
deve-se optar economicamente por uma cultura com maior receita bruta, já que
determinado percentual é dado em pagamento;
• Fatores político-sociais: dependentes de prioridades da política governamental, em
termos de culturas de exportação ou para consumo interno;
• Regime de exploração: em função dos fatores econômicos e das áreas de plantio
estarem próximas às regiões tradicionais de produção de determinadas culturas.
O objetivo deste trabalho é apresentar uma alternativa a ociosidade de áreas de reforma
de canavial através da utilização de oleaginosas, contribuindo assim para um rendimento
adicional, diminuindo os custos de plantio da cana-planta e ainda utilizando as oleaginosas
para obtenção de biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1751
A sucessão feita com oleaginosas pode ser uma alternativa interessante sobretudo pelo
apelo ambiental, pois estas podem ser utilizadas na obtenção de biodiesel. Dentre as
oleaginosas estão se destacando: soja (Glycine max L.) e amendoim (Arachis hypogaea L.).
Em estudos realizados com adubação verde na renovação dos canaviais utilizando-se da
cultura da soja, foram recomendados cultivares de soja precoce, para que a sua colheita seja
viabilizada antes do plantio da cana, com ciclo variando entre 110 a 120 dias (Miranda, citado
por Cavalieri, 1991),
A produção de soja é a mais desenvolvida dentre as oleaginosas, representando
aproximadamente, 90% do total de óleo do Brasil, o que se traduz em diversos ganhos de
logística e redução de custos no uso dessa matéria-prima. O teor de óleo no grão é cerca de
19%, servindo também para a alimentação animal.
Para Miranda, citado por Cavalieri (1991), com a receita obtida com a soja, nos
períodos de entressafra, pode-se custear praticamente 50% dos gastos com a implantação da
cultura da cana, já que todo o preparo do solo estaria sendo feito para a leguminosa. O autor
destaca a importância da soja mais no controle da erosão e como fonte de nitrogênio, do que
propriamente na obtenção de aumentos expressivos no rendimento da cana, havendo
possibilidade até mesmo da eliminação da adubação nitrogenada na cana-planta, o que foi
igualmente confirmado por Mascarenhas et al. (2003).
O amendoim é uma oleaginosa de ciclo curto e fácil cultivo, possui grande atrativo
como alimento e excelentes propriedades nutricionais. Seu grão contém entre 45-50% de óleo.
Ortolan, (1979), demonstrou que a rotação de culturas de cana-de-açúcar com o
amendoim ou o cultivo de amendoim em área de reforma de canavial, na região de
Sertãozinho, São Paulo, proporcionou redução no custo de implementação da lavoura de
cana-de-açúcar e que o amendoim se beneficiou da adubação residual da cana-de-açúcar,
mesmo em condições de média a baixa fertilidade do solo, em solos arenosos e argilosos e
que estes benefícios são ampliados, principalmente, pela fixação do nitrogênio e reciclagem
de nutrientes.
Em trabalhos de adubação realizados com a cultura do amendoim, conduzidos tanto no
Brasil como no exterior, que afirmam ser o amendoim uma cultura que responde pouco, ou
não responde, a aplicação direta de fertilizantes em comparação com outras culturas
econômicas, com fortes indícios de que a cultura de amendoim é uma cultura que muito se
beneficia da adubação residual de culturas antecedentes (Sichmann et al., 1979).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1752
Rodrigues (1984) observou nos campos de demostração de área de reforma de canavial,
em várias propriedades agrícolas, que o amendoim contribuiu com um aumento na receita
líquida de aproximadamente 57% para uma produção média de 2600 Kg/ha.
O plantio de oleaginosas na entressafra da cana-de-açúcar mostrou ser possível
melhorar o solo, aumentar a produção da cana e fornecer matéria-prima de qualidade para
produção de biodiesel, além de gerar novos empregos na agricultura da Região Norte
Fluminense (Jornal Saber Ciência, 2007).

2 CONCLUSÃO
O plantio de oleaginosas em áreas de reforma de canavial é promissor devido à
utilização destas para produção de biodiesel, além desta rotatividade proporcionar melhorias à
cultura da cana-de-açúcar como aumento na produtividade e redução no custo de plantio da
cana-planta, maximizando o uso da terra e de equipamentos e também criando oportunidades
de empregos.

3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMBROSANO, E. J.; WUTKE, E. B.; TANAKA, R. T.; MASCARENHAS, H. A.A;
BRAGA, N. R.; MURAOKA, T. Leguminosas para adubação verde: uso apropriado em
rotação de culturas. Campinas: CATI, 1997. 24p. (Apostila)

CAVALIERI, I. Rotação de culturas: Área de renovação de cana fica mais fértil com
soja. Manchete Rural, n.47, fev. 1991, p.38-41.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. Terceiro Levantamento


de cana-de-açúcar. Novembro de 2006. Disponível em: < http://www.conab.gov.br >.
Acesso em: 01 mar. 2007.

JORNAL SABER CIÊNCIA. In: Portal de Divulgação Científica no Estado do Rio de


Janeiro. ANO II - Nº4. Disponível em: <
http://www.cbpf.br/~caruso/secti/publicacoes/jornais/ed_4/ed_4_saber05.pdf >. Acesso em:
10 jun. 2007.

MASCARENHAS, H. A. A.; TANAKA, R. T.; WUTKE, E. B. Nitrogênio: soja aduba a


lavoura. Cultivar: grandes culturas, Pelotas, ano V, n. 48, p.18-20, 2003.

MONSANTO EM CAMPO - newsletter bimestral produzida pela Monsanto do Brasil.


Disponível em: < www.monsanto.com.b r>. Acesso em: 10 jun. 2007.

MONTEIRO, A. de O. Rotação de culturas na lavoura canavieira. In: SEMINÁRIO


DE TECNOLOGIA AGRONÔMICA, 4., 1988, Piracicaba. Piracicaba: Centro de
Tecnologia COPERSUCAR, 1988. p.67-96.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1753
ORTOLAN, M.C.A. Rotação de culturas: amendoim/cana-de-açúcar. In: SEMINÁRIO
STAB-SUL: cana-de-açúcar e aguardente, Sertãozinho, 1979. Sertãozinho: STAB,1979. p.9-
16.

REGO, P. G. Economia das rotações de culturas em plantio direto. Revista Mensal Batavo,
Castro, ed.31, p.20-28, 1994.

RODRIGUES, R.A. A importância do amendoim na reforma de seu canavial. Revista


Associcana, v.1, n.2, 1984.

SEBRAE. Estudo de viabilidade econômica : simulação da produção de 60 mil litros de


cachaça/safra. Belo Horizonte-MG, 2005. 70p. Biblioteca on line.

SICHMANN, W.; NEPTUNE, A.L.M.; SAVY FILHO, A.; LASCA, D.H.C. Adubação do
amendoim. Campinas: Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, 1979. 29p. (Boletim
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<http://www.udop.com.br/>. Acesso em: 16 jun. 2007.

UNIÃO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA DE SÃO PAULO – UNICA. Disponível


em: < http://www.portalunica.com.br/portalunica/index.php >. Acesso em: 16 jun. 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1754
OTIMIZAÇÃO DA SECAGEM SOBRE A TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA
DA MAMONA CULTIVAR IAC-80 COM SECAGEM CONTÍNUA E
REPOUSO

Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br


Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Henrique Leandro Silveira, DEG/UFLA, hlsilveira@hotmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
João Almir Oliveira, DAG/UFLA, jalmir@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras – MG e na
Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do Departamento de Agricultura. Foram
utilizados frutos de mamona (Ricinus communis L.) da variedade IAC-80, com o objetivo de
determinar a taxa de reduão de água da mamona IAC-80, com secagem continua e repouso.
Para a secagem dos frutos foi utilizado um protótipo de secador experimental de leito fixo de
fluxo de ar ascendente, onde foram adicionados em cada bandeja 1,0 kg de frutos, em média,
com umidade inicial de 68,50% b. U. Tempo de repouso de 1 hora a cada 2,5 horas de
secagem foi realizado para conhecer o comportamento de secagem da cultivar. Observou-se
que o tempo de repouso possibilitou um menor uso de secador, e consequentemente uma
significativa economia de energia comparada a secagem contínua.

Palavras-Chave: IAC-80, Ricinus communis L., secagem, taxa de redução, repouso.

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1755
1 INTRODUÇÃO
O início do processo de secagem de produtos agrícolas ocorre logo após a maturação
fisiológica do produto, quando este apresenta elevado teor de água. O processo de secagem de
alguns produtos agrícolas como a mamona torna-se bastante demorado principalmente quando
os frutos apresentam um teor de água muito elevado durante a colheita. Segundo Silva,
(2000), quando o produto se encontra completamente úmido, no início da secagem a água
escoa, na fase líquida, à medida que a secagem prossegue e tenha passado pelo ponto de
umidade crítica o teor de umidade decresce e a temperatura do produto atinge valores
superiores. Logo após a secagem, o teor de umidade de equilíbrio é atingido, quando a
quantidade de água evaporada se iguala à quantidade condensada. Ou seja, no início da
secagem a remoção de água é maior devido à água livre. Para produtos que são colhidos com
teor de água acima do ideal para a armazenagem, a secagem artificial é a melhor
recomendação. Tal conhecimento da secagem a torna importante devido à temperatura
escolhida, ao fluxo de ar e à umidade relativa do ar de secagem, pois pode influenciar no
tempo de exposição dos frutos no secador (Silva, 2000). Tal remoção de água de um produto
pode ser obtida pelo cálculo da taxa de redução de água. Essa taxa é a relação da perda de
água por matéria seca do produto por hora (Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)).
Conhecendo esses resultados pode-se plotar gráficos e consequentemente calcular a
quantidade de água removida durante a secagem, levando em conta sua área. E sabe-se que
pelo estudo da geometria, a área é um número que sugere o tamanho de uma região limitada,
o que valida para o comportamento da secagem com cálculo da quantidade de água removida.
Com isso o aumento a temperatura favorece a remoção de água mais rápida, levando a
perceber que a qualquer condição de secagem a temperatura pode influenciar na taxa de
redução de água para produtos agrícolas.
A temperatura da massa do produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de
água inicial do produto, é fundamental na determinação da taxa de redução de água, definida
como a quantidade de água que um determinado produto perde, por unidade de matéria seca,
por unidade de tempo. Este procedimento representa uma ferramenta de grande utilidade para
que o produtor faça um planejamento de todo o processamento de seu produto. Portanto, este
trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de água da mamona cultivar
IAC-80, submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo comparando a secagem
contínua com a metodologia de se utilizar um intervalo de repouso.

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1756
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar IAC-80, colhidos em experimento na própria universidade.
Os frutos no início da secagem apresentaram umidade inicial de 68,50 % b.u. Foram
adicionados em cada célula 1,0 Kg de frutos em média com esta umidade inicial.
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura à 50ºC.
Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi necessário
regular no painel digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em questão.
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar IAC - 80 foi utilizado um protótipo de
secador experimental de leito fixo de fluxo de ar ascendente (Figura 1). O secador
experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:

Tabela 1 - Caracterização do secador experimental


Tipo de secador leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m x min-1 x m-2
3

Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. A umidade foi determinada em estufa comum
(Figura 2), em temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Para a determinação da
umidade os frutos da cultivar, foram cortados em 4 partes e colocadas 10 gramas do produto
com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona cultivar IAC-80 apresentada na
colheita foi de 68,50 % b.u..
Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem aproximadamente constantes. Submeteram-se os frutos à
temperatura de 50ºC, em secador de leito fixo, com secagem contínua e com secagem com
intervalos de repouso de 1 hora a cada 2,5 horas de secagem.

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1757
A temperatura da massa de frutos foi medida por meio de termopares tipo J (Figura 4),
colocados no centro da massa, para controlar a temperatura em 50ºC. Para minimizar uma
possível diferença de temperatura e fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões,
decorrente da posição das resistências no plenum e da aerodinâmica do secador
respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas, obedecendo ao sentido de rotação
destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura do ar de secagem foi fixada, de
maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos para a massa de frutos, de
acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O monitoramento da
temperatura e da umidade relativa do ar ambiente durante a secagem dos frutos de mamona,
foi registrado por um termohigrógrafo (Figura5). Foi utilizado para medir e regular a
velocidade do ar de secagem que passa pela massa de frutos, o anemômetro digital (Figura 6).

Figura 1-Secador experimental Figura 2-Estufa com amostras Figura 3-Pesagem

Figura 4-Termopar utilizado Figura 5-Termohigrógrafo Figura 6-anemômetro digital

Após a secagem completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e
pelo peso constante.
Para acompanhamento e cálculo da redução de água, e para obtenção de suas curvas,
durante o processo de secagem mecânica, foi utilizado a equação1.

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1758
( Ma − Mat )
TRA = , equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Em que:
TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)
Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)

A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.

Ms = (1- teor de água b.u.) x Mu, equação 2

Em que:
MU: Massa Úmida (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)

Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:

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1759
Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) , equação 3
Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior

A secagem foi interrompida, quando a massa de frutos atingiu o peso constante.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A taxa de redução de água para as duas metodologias de secagem da mamona IAC-80
estão apresentadas no figura 7 a seguir.

TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA CULTIVAR IAC-80


SECAGEM DIRETA E REPOUSO
0,72
0,68
0,64
0,6
0,56
Kg de água/Kg de matéria seca*hora

0,52
0,48
0,44
0,4
0,36
0,32
0,28
0,24
0,2
0,16
0,12
0,08
0,04
0
0 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20
Tempo (h)

secagem direta secagem repouso

Figura 7 - Taxa de redução de água da mamona com secagem contínua e tempo de repouso

Observa-se também na Figura 7, que, nas primeiras horas, na secagem contínua a


mamona apresentou os maiores valores de taxa de redução de água, pois o primeiro repouso
apenas atrasou a remoção de água nesse início de secagem, o que comprovou que no inicio da
secagem não é tão necessário o tempo de repouso. Em contrapartida esse método permitiu a
remoção mais rápida dessa quantidade de água dos frutos, por unidade de matéria seca, após o
segundo repouso, reduzindo o tempo de secagem, além do tempo de exposição dos frutos a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1760
essa temperatura e a possível redução no gasto energético. Observa-se também que a partir de
600 minutos (10 horas) de secagem continua, a taxa de redução de água foi bem inferior,
estendendo-se até 1050 minutos (17,5 horas) de secagem.
Analisando os picos de taxa de redução após cada repouso os picos de taxa de redução
foram bem superiores, comparados aos da metodologia de secagem continua. Observou-se
que o tempo de uso do secador totalizado na secagem com repouso foi de 780 minutos (13
horas) e de 450 minutos (7,5 horas) de repouso totalizado para os frutos conseguindo retirar
uma maior quantidade de água com menor gasto de energia. Sendo vantajoso utilizar um
tempo de repouso para a redistribuição da sua umidade interna possibilitando a chegada da
água até a camada mais externa para a sua transferência ao ar de secagem.
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esses valores de 1,92
e 1,88 são as áreas conhecidas para a secagem contínua e secagem com repouso. Com isso a
quantidade de água removida pode ser calculada pelo produto da área x matéria seca da
mamona como se observa na Tabela 2.

Tabela 2 - Área abaixo da curva durante o período de secagem.


Área abaixo da curva Matéria Seca Quantidade de água removida
(kg de água/kg de matéria seca) (kg) (kg)
Área x Matéria Seca
Secagem continua 1,92 0,315 0,605
Secagem com repouso 1,88 0,315 0,594

A quantidade de água removida foi de 0,605 kg de água para a secagem contínua e de


0,594 kg para secagem com repouso. Esses valores de área são bem próximos e confirmam
uma remoção de água semelhante para os dois métodos de secagem.

4 CONCLUSÃO
Nas primeiras 4 horas a secagem contínua apresentou os maiores valores de taxa de
redução de água.
A partir de 10 horas de secagem contínua a taxa de redução de água foi bem inferior
estendendo-se até 17,5 horas.

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1761
O tempo de repouso possibilitou um menor uso de secador, e consequentemente uma
significativa economia de energia.
O repouso é importante no manejo da massa de frutos.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
Marques, E. R.; Alterações químicas, sensoriais e microscópicas do café cereja
descascado em função da taxa de remoção de água Dissertação de Mestrado. Lavras :
UFLA, 2006. 85 p.

RIBEIRO, D. M.; BORÉM, F. M.; ANDRADE, E. T. de.; ROSA, S. D. V. F. da.; Taxa de


redução de água do café cereja descascado em função da temperatura da massa, fluxo de ar
e período de pré-secagem. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. 28, n. 7, p.
94-107, 2003. Especial

SILVA, J.S. Secagem e Armazenagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. ed.1


Viçosa: Aprenda Fácil, 2000.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1762
DETERMINAÇÃO DOS NUTRIENTES PRESENTES NA CASCA E TORTA
DE PINHÃO-MANSO

Jairo Boaventura de Oliveira Júnior, UFLA, jairoufla@yahoo.com.br


Daniele do Nascimento Marcelo, UFLA, damymarcelo@yahoo.com.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: A demanda mundial por combustíveis renováveis tem-se expandido rapidamente


nos últimos anos, devido à preocupação com a redução do volume de emissões de gases
causadores do efeito estufa. No Brasil essa demanda é verificada também, pela necessidade de
diminuir a dependência de derivados de petróleo nas matrizes energéticas nacionais e pelo
incentivo à agricultura e às indústrias locais. Neste contexto, o biodiesel é um combustível de
queima limpa, derivado de fontes naturais e renováveis como os vegetais. Dentre as plantas
oleaginosas, o pinhão-manso (Jatropha curcas L.) tem se destacado como uma planta rústica,
perene, adaptável a uma vasta gama de ambientes e condições edafoclimáticas, além de ser
tolerante à seca e pouco atacado por pragas e doenças. O objetivo deste trabalho foi
determinar o teor de nutrientes presentes na casca e torta de pinhão-manso, obtida após a
extração do óleo, e correlacionar à extração desses nutrientes do solo pela planta, com uma
adubação mínima de manutenção para a cultura. Foram analisadas quimicamente amostras
das cascas, torta e determinadas as suas composições. A casca do pinhão-manso possui altos
teores de potássio e a torta possui teores consideráveis de nitrogênio, sendo assim necessária a
reposição destes nutrientes na área cultivada.

Palavras-Chave: Jatropha curcas L., biodiesel, oleaginosas, adubação orgânica.

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1763
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a demanda mundial por combustíveis renováveis tem-se expandido
rapidamente, devido à preocupação com a redução do volume de emissões de gases
causadores do efeito estufa até 2012, como determina o Protocolo de Kyoto. No Brasil essa
demanda é verificada também pela necessidade de diminuir a dependência de derivados de
petróleo nas matrizes energéticas nacionais e pelo incentivo à agricultura e às indústrias
locais.
Neste contexto, o biodiesel é um combustível de queima limpa, derivado de fontes
naturais e renováveis como os vegetais. Trata-se de uma alternativa viável, capaz de reduzir
em até 78% as emissões poluentes, como o dióxido de carbono, gás responsável pelo efeito
estufa que está alterando o clima mundial, e 98% de enxofre na atmosfera (Miragaya, 2005).
Anualmente, são comercializados cerca de 38 bilhões de litros de óleo diesel no Brasil,
o que corresponde a 57,7% do consumo nacional de combustíveis veiculares. Já a produção
de óleos vegetais atinge, aproximadamente, 3,5 bilhões de litros. O Brasil tem potencial para
se tornar um dos maiores produtores de biodiesel do mundo, por dispor de solo e clima
adequados ao cultivo de oleaginosas. O apoio da pesquisa ao desenvolvimento de tecnologias
para essa cadeia produtiva é fundamental, especialmente na avaliação e melhoramento de
sementes, mais adaptadas e produtivas (Miragaya, 2005).
O biodiesel é um combustível constituído da mistura de ésteres metílicos ou etilicos de
ácidos graxos, obtidos da reação química de transesterificação de qualquer triglicerideo (óleos
de soja, colza, palma, babaçu, nabo-forrageiro, girassol, mamona e óleos de futura, gorduras
animais), com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol (Miragaya, 2005).
Dentre as plantas oleaginosas, o pinhão-manso (Jatropha curcas L.) tem sido destacado
como uma planta rústica, perene, adaptável a uma vasta gama de ambientes e condições
edafoclimáticas, tem fama de ser tolerante à seca e pouco atacado por pragas e doenças, não
ser comido por vertebrados herbívoros, bovinos principalmente, já ser conhecido e cultivado,
quase sempre como cerca-viva, quase todas as regiões tropicais, entre os atributos e, também,
porque seu óleo não é comestível e, portanto, não seria desviado para a alimentação humana
(Saturnino, et al., 2005).
O gênero Jatropha possui cerca de 175 espécies distribuídas pela América Tropical,
Ásia e África. A origem do pinhão manso ainda é controvertida. Biomass Project Nicarágua
(200-?) relata que os traços mais antigos de pinhão manso remontam a 70 milhões de anos,
segundo assinalam especialistas a respeito de fósseis descobertos na Belém Peruana. Essa

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1764
planta tem uma distribuição natural cobrindo os trópicos novos, desde México ao Brasil,
incluindo as Ilhas do Caribe.
Segundo Brasil (1985), o pinhão manso conhecido no Brasil, desde épocas pré-
colombianas, devido às suas virtudes terapêuticas, tendo sido registrado por Francisco
Antônio de Sampaio em sua obra "História dos Reinos Vegetal e Mineral do Brasil
Pertencente à Medicina", editada a primeira vez em 1782.
O pinhão manso é uma arvoreta suculenta da familia Euphorbiaceae, a qual, segundo
Peixoto (1973) atinge 3 a 5 m e até 8 a 12 m de altura com um diâmetro de tronco de 20 cm, e
conforme Drummond et alo (1984), diâmetro de 20 a 30cm. Peixoto (1973) relata que o caule
é liso, macio, esverdeado, cinzento-castanho, seu xilema ou lenho é pouco resistente, brando
e sua medula desenvolvida. O floema encerra canais compridos que se prolongam até as
raízes, nos quais circula o látex ou suco celular, que é segregado, em grande quantidade, ao
menor golpe ou ferimento, o qual, depois de seco, torna-se uma substância acastanhada com
aspecto de resina.
O fruto é capsular ovóide com diâmetro de 1,5 a 3,0 cm. É trilocular com uma semente
em cada cavidade, formado por um pericarpo ou casca dura e lenhosa, indeiscente,
inicialmente verde, passando a amarelo, castanho e por fim preto, quando atinge o estádio de
maturação. Contém de 53 a 62% de sementes e de 38 a 47% de casca, pesando cada uma de
1,53 a 2,85 g (Peixoto, 1973).
A semente é relativamente grande; quando secas medem de 1,5 a 2 cm de comprimento
e 1,0 a 1,3 cm de largura; tegumento rijo, quebradiço, de fratura resinosa. Debaixo do
invólucro da semente existe uma película branca cobrindo a amêndoa; albúmen abundante,
branco, oleaginoso, contendo o embrião provido de dois largos cotilédones achatados
(Peixoto, 1973).
A semente de pinhão, que pesa de 0,551 a 0,797 g, pode ter, dependendo da variedade e
dos tratos culturais, etc, de 33,7 a 45% de casca e de 55 a 66% de amêndoa. Nessas sementes,
segundo a literatura, são encontradas ainda, 7,2% de água, 37,5% de óleo e 55,3% de açúcar,
amido, albuminóides e materiais minerais, sendo 4,8% de cinzas e 4,2% de nitrogênio
(Peixoto, 1973). Segundo Silveira (1934), cada semente contém 27,90 a 37,33% de óleo e na
amêndoa se encontra de 5,5 a 7% de umidade e 52,54 a 61,72% de óleo.
Segundo Peixoto (1973), o pinhão manso é adaptável a condições climáticas muito
variáveis, desde o Nordeste até São Paulo e Paraná. Drummond et al. (1984) informam que é
uma planta comum no Noroeste de São Paulo, onde é conhecida por pinhão-do-paraguai e sua
dispersão vai até o Paraguai. Brasil (1985) informa que, no País, o pinhão manso ocorre
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1765
praticamente em todas as regiões, sempre de forma dispersa, adaptando-se em condições
edafoclimáticas as mais variáveis, propagando-se sobretudo nos estados do Nordeste, em
Goiás e em Minas Gerais. De modo geral, cresce nos terrenos abandonados e não cultivados,
não subsistindo porém nos locais de densa vegetação, com a qual dificilmente consegue
competir.
Peixoto (1973) relata que o pinhão manso prospera desde a orla marítima, no nível do
mar, até altitudes de cerca de 1000 m. Preferencialmente, em regiões situadas até 800 m, nos
vales úmidos abrigados ou em campo aberto, sendo seu desenvolvimento menos acentuado
nos terrenos de encosta, áridos e expostos aos ventos; nesta situação sua altura não ultrapassa
a 2 m.
Purdue University (1998) informa que o pinhão manso desenvolve-se sob diversas
condições climáticas, desde as regiões tropicais muito secas às úmidas, desde as florestas
subtropicais de espinho às zonas de florestas úmidas, tolerando precipitações pluviométricas
de 480 a 2.380 mm anuais (média de 60 casos = 143 mm) e temperaturas médias anuais entre
l8,0°C e 28,5ºC (média de 45 casos = 25,2°C). A planta é tolerante à seca, podendo
sobreviver com apenas 200 mm anuais de chuva e até a três anos consecutivos de secas.
Embora não tolere geadas fortes, pode sobreviver a geadas bem fracas, perdendo entretanto
todas as folhas, o que provavelmente reduzirá a produção de sementes. Segundo Jatropha...
(200- ?), o pinhão manso pode tolerar extremos de temperaturas, mas não geadas.
Através do Projeto... (2005) evidenciaram algumas diretrizes sobre a cultura do pinhão-
manso. Concluiu-se que essa espécie exige boa fertilidade do solo para ter alta produção de
sementes. A correção do solo, quanto a seu teor de alumínio livre, pela calagem, tem efeito
positivo sobre o desenvolvimento do pinhão manso. Mas não é uma planta pouco exigente em
fertilidade do solo, como se acreditava, ela sobrevive bem em solos pobres e secos, mas se
obtêm produções boas de sementes, onde os solos são de certa fertilidade e têm teor bom de
umidade. Todavia, desde que a planta receba chuvas normais de novembro a abril, poderá dar
boas produções, dependendo da fertilidade do solo.
O pinhão manso é apontado como uma planta capaz de desenvolver e produzir em
terrenos marginais e atuar na recuperação de áreas degradadas. Segundo Jones e Miller (1992
apud The Potential..., (200-?), o pinhão manso adapta-se aos locais de baixa fertilidade e a
solos alcalinos. Para solos nutricionalmente deficientes, o aumento da produção depende de
adubações com cálcio, magnésio e enxofre, etc. Já se observou associação de micorrizas com
pinhão manso, o que representa importante estratégia para disponibilizar fósforo à planta.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1766
Para Lopes (1984), isso é fundamental, pois a deficiência de fósforo é um dos principais
responsáveis pela baixa produção agrícola na maioria dos solos brasileiros.
Segundo Peixoto (1973), na carência de uma interpretação e recomendação de adu-
bação, podem-se aplicar anualmente, para cada pinhão manso, as seguintes quantidades de
fertilizantes: 20 litros de esterco, 120 g de nitrocálcio, 100 g de cloreto ou sulfato de potássio,
200 g de farinha de ossos ou fosforita. Lele (200-?) recomenda a aplicação de fertilizantes
compostos, esterco bovino e outros adubos em solos de baixa fertilidade inicial, e também de
alguns micronutrientes para aumentar a produtividade.
Pelo processo de colheita usual entre os agricultores os frutos são coletados e levados ao
terreiro, onde, após completar a secagem, são retiradas as sementes e levadas para extração do
óleo. Muitas vezes, o produtor não retorna as cascas e a torta resultante da extração para a
área de cultivo. Dessa maneira, remove-se do solo a maior parte dos nutrientes absorvidos
para formação do fruto.
O objetivo deste trabalho foi determinar o teor de nutrientes presentes na casca e torta
de pinhão-manso e correlacionar à extração desses nutrientes do solo pela planta, com uma
adubação mínima de manutenção para a cultura.

2 MATERIAL E MÉTODOS
As cascas do pinhão manso foram coletadas em três localidades do Estado de Minas
Gerais: Cássia, Varginha, Crisólita. Foram analisadas também duas amostras de torta obtida
após a extração do óleo. Os materiais foram identificados e enviados ao laboratório para
realização da análise química, para determinação da composição.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado da análise química está apresentado na Tabela 1.
As cascas dos frutos apresentaram pequena variação na composição, mesmo sendo
coletados em locais diferentes. A análise mostrou teores consideráveis principalmente
potássio. Já a análise das amostras de torta revelou um teor significativo de nitrogênio na
composição desta.
Segundo Brasil (1985), a casca representa em torno de 42% da composição do fruto.
Considerando uma produção de frutos de 10.000kg/ha teremos uma extração de
aproximadamente 250 kg de potássio por hectare. O restante do fruto (58%) é constituído pela
semente, suponhamos que após a extração do óleo (cerca de 37,5%), uma quantidade de 3.700

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1767
kg de torta seja formada, assim 128 kg de nitrogênio por hectare seriam extraídos da área de
cultivo, aproximadamente.
Com isso fica claro que tanto as cascas como a torta, devem retornar para a lavoura
servindo de adubo orgânico para a cultura, havendo assim a ciclagem dos nutrientes,
fornecimento de matéria orgânica e ainda proporcionando uma economia em fertilizantes. É
importante ressaltar a papel da adubação mineral no fornecimento e reposição de nutrientes à
cultura do pinhão manso. Para que esta seja realizada racionalmente, são necessárias
pesquisas que estabeleçam as quantidades de fertilizantes a serem aplicados de acordo com a
produção esperada e outros fatores.

Tabela 1 - Composição da casca e torta de pinhão-manso.


Casca Torta
Parâmetros analisados Amostra Amostra
Cássia Varginha Crisolita MÉDIA 1 2 MÉDIA
pH em água * * * * 6.9 6.8 6.9
-1
pH em CaCl2 0.01 mol L * * * * 6.6 6.6 6.6
Umidade a 65ºC (%) 6 5 3.7 4.9 2.8 4.5 3.7
Umidade total a 65ºC (%) 11.8 10.5 9.7 10.7 5.3 6.8 6.1
Carbono orgânico total
(%) 45.9 44.4 44.1 44.8 52 52.2 52.1
Matéria orgânica total (%) 79.2 76.5 76 77.2 89.6 89.9 89.8
Resíduo mineral total (%) 13.8 16.8 17.1 15.9 7.5 7.3 7.4
Resíduo mineral solúvel
(%) 13.6 16.8 17.1 15.8 7.5 7.3 7.4
Resíduo mineral insolúvel
(%) 0.2 0 0 0.1 0 0 0.0
-1
Nitrogênio total (g.Kg ) 6.3 7 8.1 7.1 32.4 36.7 34.6
Relação C/N (total) 72.9 63.4 54.4 63.6 16 14.2 15.1
-1
Fósforo (g.Kg ) 1.5 0.9 0.9 1.1 7 7.4 7.2
Potássio (g.Kg-1) 44.2 67.7 68.8 60.2 11.6 11.1 11.4
Cálcio (g.Kg-1) 5.6 4.7 3.7 4.7 6 2.8 4.4
Magnésio (g.Kg-1) 2.9 3.2 2.7 2.9 5.4 5.9 5.7
-1
Enxofre (g.Kg ) 0.5 0.5 0.5 0.5 0.7 0.5 0.6
Boro (mg.Kg-1) 39 41 47 42.3 25 25 25.0
Zinco (mg.Kg-1) 13 11 14 12.7 32 40 36.0
-1
Ferro (mg.Kg ) 2586 164 167 972.3 83 74 78.5
Manganês (mg.Kg-1) 87 87 174 116.0 31 27 29.0
Cobre (mg.Kg-1) 10 8 9 9.0 17 16 16.5

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1768
4 CONCLUSÃO
A casca do pinhão manso possui altos teores de potássio e a torta possui teores
consideráveis de nitrogênio, sendo assim necessária a reposição destes nutrientes na área
cultivada.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIOMASS PROJECT NICARAGUA Energy plantations of physic nut. [200-?]. Disponível
em: Erro! A referência de hiperlink não é válida. Acesso em: 29 jun. 2004.

BRASIL. Ministério da Indústria e do Comércio. Secretaria de Tecnologia Industrial.


Produção de combustiveis líquidos a partir de óleos vegetais. Brasília, 1985. 364p. (Brasil.
Ministério da Indústria e Comércio. Documentos, 16).

DRUMMOND, OA; PURCINO, AAC.; CUNHA, L.H de S.; VELOSO, 1. de M. Cultura do


pinhão manso. Belo Horizonte: EPAMIG, 1984. Não paginado. (EPAMIG. Pesquisando,
131).

JATROPHA production technology. Coimbatore: Tamil Nadu Agricultural University, [200-


?]. Disponível em: Erro! A referência de hiperlink não é válida. evjatropha.pdf>. Acesso
em: 18 abr. 2005.
LELE, S. The cultivation of Jatrop/za curcas. [200- ?]. Disponível em:
<wwvv.svlele.comljatropha _ plant.htm - 32>. Acesso em: 15 jun. 2004.
LOPES, AS. Solos sob "Cerrado": características, propriedades e manejo. 2.ed. Piracicaba:
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Miragaya, J. C. G. Biodiesel, tendência o mundo e no Brasil. In: Informe Agropecuário,


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PEIXOTO, A.R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 282p.

PROJETO Pinhão Manso EPAMIG/FINEP relatório final relativo ao 1 Q período encerrado a


31 de março de 1985. In: EPAMIG. Coletânea sobre pinhão manso na EPAMIG. Belo
Horizonte, 2005. Disponível em: <http://www.epamig. br/informativos/pinhaomanso.pdf>.
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PURDUE UNIVERSITY Jatropha cllrcas L. West Lafayette, 1998. Disponível em: <
http://www. hort.purdue.edu/newcrop/duke _ energy/Jatropha_ curcas. >. Acesso em: 14 jun.
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SATURNINO, H. M.; PACHECO, D.D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES,


N.P. Cultura do pinhão-manso (Jatropha currcas L.). In: Informe Agropecuário, V.25,
n.229, Belo Horizonte, EPAMIG, 2005.

SILVEIRA, J.C.Contribution a l’étude du pulghére aux iles duCap Vert. In: INSTITUTO
SUPERIOR DE AGRONOMIA (Campinas,SP). Anais... Campinas, 1934. v. 6, p.
116-126.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1769
The POTENTIAL of Jatropha curcas in rural development and environment protection: an
explotation. In: WORKSHOP SPONSORED BY THE ROCKFELLER FOUDATION AND
SCIENTIFIC & INDUSTRIAL RESEARCH & DEVELOPMENT CENTRE, 1998,
Zimbabue.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1770
OTIMIZAÇÃO DA SECAGEM DA MAMONA CULTIVAR BRANQUINHA
COM DIFERENTES METODOLOGIAS DE SECAGEM

André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br


Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br
Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Fernanda Costa Renó Ribeiro, DCA/UFLA, fcrr@yahoo.com.br
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
João Almir Oliveira, DAG/UFLA, jalmir@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar Branquinha, colhidos em experimento na própria universidade. Após a
colheita manual os frutos foram adicionados em cada célula de secagem 1,0 Kg de frutos em
média com umidade inicial de 68,42% b. U. Com isso, na secagem com o auxilio de
parâmetros como o teor de água inicial do produto, a temperatura da massa do produto ou do
ar de secagem, determinou-se a curva de secagem desse produto para que o produtor saiba
planejar o escoamento da sua produção. Portanto, este trabalho foi conduzido com o objetivo
de analisar o comportamento da secagem da mamona cultivar Branquinha, submetida à
temperatura de 50ºC em secador de leito fixo sendo um secador com secagem contínua sem
interrupções, um secador com secagem contínua de 10 horas + período de repouso de 8 horas
e secagem com variação de repouso no tempo, visando o menor tempo para a remoção do teor
de água. Observou-se que o tempo de repouso reduziu o tempo de uso do secador e que a
secagem com variação do repouso no tempo no uso de secador foi bem menor que nos outros
tratamentos.

Palavras-Chave: Mamona, repouso, branquinha, Ricinus communis L..

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1771
1 INTRODUÇÃO
O uso de sistemas de secagem é uma forma de acelerar a etapa de pós-colheita para
qualquer produto agrícola. Para tal os secadores mecânicos podem ser uma boa escolha para
acelerar a secagem objetivando a eficácia deste processo.A secagem em secadores de camada
fixa segue recomendações para cada tipo de produto de acordo com suas características e
finalidades. Quando utilizado o secador de camada fixa modelo UFV, o tempo de
revolvimento dos produtos agrícolas é pré-determinado (tabela 1), em que o operador deve
desligar o ventilador e revolver a massa de grãos por meio de uma pá, com a finalidade de
homogeneizar a umidade da massa de grãos (Silva & Lacerda Filho, 1990). Alguns
parâmetros de secagem para secador de camada fixa dependem de sua finalidade para
semente, consumo, ou ração.

Tabela 1 - Parâmetros de secagem para secador de camada fixa


Intervalo entre
Produto Finalidade Temperatura Forma Camada revolvimentos (min.)
(ºC) (cm)
Milho Semente 40ºC Espiga 100 Não há revolvimento

Consumo 60ºC Granel 40 120

Arroz Semente 40ºC Granel 40 60

Consumo 45ºC Granel 60 120

Soja Semente 40ºC Granel 50 60

Consumo 45ºC Granel 60 120

Café Semente 50ºC Cereja 50 180

Consumo 50ºC Meio 40 180


seco

Fonte: (Silva & Lacerda Filho, 1990)

Esse tempo de revolvimento pode se caracterizado por um tempo de descanso em


relação à secagem do produto. Para a mamona ainda não foi definido um tempo de parada do
secador e nem o seu estudo quanto ao momento de voltar à secagem.
Torna-se, necessário estudar os parâmetros de secagem da mamona, observando a
velocidade de secagem do produto. A maioria das informações disponível associada à
secagem da mamona relacionada à secagem mecânica ainda são escassos (Correa, 2006).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1772
Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a cinética de secagem da mamona
cultivar Branquinha, submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo com um
tempo de descanso visando à melhor redistribuição de água e um possível tempo de secagem
menor.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos
Agrícolas do Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar Branquinha, (Figura 1 e 2) colhidos em experimento na própria
universidade.

Figura 1 - Cultivar Branquinha. Figura 2 - Retirada dos frutos dos cachos.

Foram testadas 3 metodologias de secagem para essa cultivar submetida à temperatura


de 50ºC em secador de leito fixo, sendo um secador com secagem contínua sem interrupções,
um secador com secagem contínua de 10 horas + período de repouso de 8 horas e um secador
com secagem com variação de repouso no tempo.
O tempo de repouso foi escolhido para que as amostras estivessem na mesma condição
do ambiente e sem contato com o ar de secagem para que possivelmente a água se
redistribuísse no fruto.
Para conhecermos as diferentes umidades dos frutos da mamona, desde o ponto inicial
até o final utilizou-se a equação 1 com o auxilio de uma estufa com circuito aberto à
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Para a determinação da umidade, os frutos
da cultivar foram utilizados 10 gramas do produto com 2 repetições cortados em 4 partes. A
umidade inicial dos frutos da mamona cultivar Branquinha, apresentada na colheita foi de
68,42 % b.u. em média.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1773
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps equação 2

Em que:

Pa: Peso de água


Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa

Foram adicionados em cada célula de secagem 1,0 Kg de frutos sendo realizada sob
condições controladas de temperatura a 50ºC para todos os tratamentos. Para manter a massa
de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi necessário regular no painel
digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em questão.
Para a secagem dos frutos foi utilizado um protótipo de secador experimental de leito de
camada fixa, com fluxo de ar aquecido por meio de resistência elétrica e ao passar através da
massa de frutos da mamona, retira a sua umidade superficial. (Figura 3).
O secador experimental apresentou as dimensões como indica a Tabela 2:

Tabela 2 - Caracterização do secador experimental


Tipo de secador Leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2

Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja


periodicamente, e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem constantes (Figura 5).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1774
Figura 3-Secador experimental. Figura 4-Estufa com amostras. Figura 5-Pesagem.

Para a temperatura de 50ºC, foi realizada 4 repetições. As temperaturas da massa de


frutos foram medidas por meio de termopares tipo J (Figura 6), colocados no centro da massa,
para controlar a temperatura de 50ºC. Para minimizar uma possível diferença de temperatura e
fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no
plenum e da aerodinâmica do secador respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas,
obedecendo ao sentido de rotação destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura
do ar de secagem foi fixada, de maneira a obter os valores médios de temperatura
estabelecidos para a massa de frutos, de acordo com a temperatura lida pelo termopar em
meio digital. O monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar ambiente, durante
a secagem dos frutos de mamona, foi registrado por um termohigrógrafo (Figura 7). Para
medir a velocidade do ar de secagem que passa pela massa de frutos, foi utilizado o
Anemômetro digital (Figura 8).

Figura 6-Termopar utilizado. Figura 7-Termohigrógrafo. Figura 8-Anemômetro digital.

A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 2

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1775
(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 2
(100 − Uf )

Em que:
Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida

Após a secagem completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e
pelo peso constante. Os dados foram utilizados para a plotagem das curvas de secagem para
cada tratamento.
A secagem foi interrompida, quando a mamona cultivar IAC-80 atingiu o peso
constante.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a temperatura na massa de frutos durante todo o período de secagem
conheceram-se os efeitos no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do
tempo. O período de secagem se estendeu além destes valores como mostra no gráfico 1, pelo
fato de conhecer todo o comportamento de perda de massa de água até atingir o peso
constante.
Foi removido o teor de água de 68,42% para 8%b.u., o que significa uma redução em
massa de 1000 gramas para 343,26 gramas sendo retirado 656,74 gramas de água.
De acordo com os dados coletados durante as pesagens na secagem verificou-se que o
tempo real da secagem contínua foi de 930 minutos quando apresentou o teor de água de 8%
b.u. Após esse tempo, os frutos acompanharam o teste dos outros tratamentos até que seu peso
tornou-se constante até o tempo de 1600 minutos. Para a secagem do tratamento cuja
metodologia é a secagem de 10 horas + intervalo de 8 horas de repouso após 1290 minutos de
trabalho apresentou o teor de água de 8%b.u., mas descontando o intervalo de repouso o uso
de secador reduziu para 810 minutos. A continuidade dessa secagem se deu até 1600 minutos
onde iniciou as repetir as mesmas pesagens tornando-se constantes. Para a secagem com
variação do repouso no tempo apresentou a umidade de 8% b.u. ao final de 1560 minutos de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1776
trabalho e descontando esses intervalos de repouso reduziu para 720 minutos de uso de
secador.

Curva de secagem Cultivar Branquinha

1100

1000

900

800

700
Massa (g)

600

500

400

300

200

100

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400
Tempo (min)

secagem contínua secagem 10 horas + repouso de 8 horas secagem com variação de repouso no tempo

Gráfico 1 - Curvas de secagem da cultivar Branquinha a 50ºC .

Observou-se também pelo gráfico 1 que os frutos secados sem interrupções tiveram sua
maior perda de peso até o tempo de 600 minutos, o equivalente a 10 horas de secagem na
média das 4 repetições. Após esse tempo os frutos gastaram mais tempo para remover a água
que ainda possuía. Uma observação importante é que para a secagem com variação do
repouso no tempo no uso de secador foi bem menor que nos outros tratamentos o que leva a
perceber a eficiência da metodologia quando se refere a possível redistribuição de água no
fruto como observa a Tabela 3.

Tabela 3 - Tempo de realização dos experimentos e do uso do secador


Secagem 10 horas Secagem com
Tempo Secagem contínua com intervalo de 8 variação do repouso
horas no tempo
Tempo do teste (min) 1600 1560 2280
Uso de secador (min) 930 810 720

É importante ressaltar também que após a secagem dos frutos sob secagem contínua,
sem interrupções e na secagem de 10 horas + 8 horas de repouso, apresentaram a casca
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1777
enrijecida, com certa dificuldade em remover a casca manualmente, comparada por
observações feitas com os frutos secados com variação do repouso no tempo, no qual
apresentaram a casca maleável e fácil de retirar a semente manualmente e na máquina de
beneficiamento. Este fato pode ser um indício do bloqueio das trocas gasosas entre o fruto e o
ar de secagem prolongado pela temperatura de 50ºC.

4 CONCLUSÃO
Os testes feitos com tempo de repouso reduziram o tempo de uso do secador em relação
à secagem contínua.
A secagem com variação do repouso no tempo no uso de secador foi bem menor que
nos outros tratamentos.
A casca enrijecida nos frutos da secagem contínua e na secagem de 10 horas + 8 horas
de repouso pode ser um indício do bloqueio das trocas gasosas entre o fruto e o ar de secagem
prolongando o tempo de uso do secador.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

CORRÊA, J. L. G.; Nascimento, F. R.; Neto, P. C.; Fraga, A. C.. Cinética de secagem de
frutos de mamona (Ricinus communis L.) variedade IAC 80, III Congresso Brasileiro de
Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biodiesel, Varginha, 2006, Anais... em CD Rom.

SILVA, J.S.; LACERDA FILHO, A.F. Boletim de extensão: Construção e operação de


secador de grãos, Viçosa,1990

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1778
BIOMETRIA DA SEMENTE DE SERINGUEIRA
David Cardoso Dourado, UFLA, davidssp@yahoo.com.br
Roberto Pravazi Zanetta, UFLA, betopz@hotmail.com
Júlio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
Osmária Ribeiro Bessa, UFLA, osmaria.agro@gmail.com
Thalita Fernanda Abbruzzini, UFLA, thatif_e@hotmail.com
Sadjô Danfá, UFLA, sadjodanfa@hotmail.com
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: A Seringueira (Heva brasiliensis), é um nome de uma planta pertencente a


família Euphorbiacea, nativa da Região Amazônica, que produz látex do qual se extrai a
borracha natural. As sementes contêm uma quantidade média de 43% de óleo de boa
qualidade industrial, podendo este teor variar de 38 até 46%. O objetivo deste trabalho foi
avaliar a biometria de sementes de seringueira, para conhecer as suas dimensões e o seu
potencial uso na produção de biodiesel. O experimento foi realizado no laboratório de
extração de óleo do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras MG, no
ano de 2007. O material da avaliação veio de um seringal localizado na Região Noroeste do
Estado de São Paulo,com idade adulta e em franca produção. O material foi divido em vinte e
três lotes de sementes, que foram avaliadas pelo comprimento, largura e espessura.

Palavras-Chave: Heva brasiliensis, biometria, semente, biodiesel.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1779
1 INTRODUÇÃO
A Seringueira (Heva brasiliensis (H.B.K.) Muel. Arg.) é o nome vulgar de uma planta
pertencente a família Euphorbiacea, nativa da Região Amazônica, que produz látex do qual se
extrai a borracha natural.
No Brasil, na área tradicional, a heveicultura tem abrangência na Amazônia Tropical
Úmida, Mato Grosso e Bahia. Em áreas não tradicionais, é cultivada nos estados de Goiás,
Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Maranhão, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, São
Paulo e Minas Gerais. No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, estão concentradas as maiores
plantações do Estado de Minas Gerais, alcançando produtividade de, aproximadamente, 1.500
kg de borracha seca/ha/ano. Do ponto de vista social, a heveicultura é muito importante
principalmente, na fixação do homem no campo, pois produz o ano todo (SILVA, 2006).
São arvores majestosas, eretas, de poucos galhos, só ápice, e que a atingem de 30-40
metros. Os pecíolos são no ápice, pelo lado de cima, glandulosos e os pecíolos pequenos e
nus. A inflorescência é hermafrodita, em panículas axilares ou terminais, produzindo frutos
trispermos, trisulcados, grandes deiscentes, com as sementes duras e com produção de
excelente óleo (Rodrigues, 1905).
Os frutos da seringueira é uma cápsula grande, tricoca, bivalente, contendo três
sementes grandes, oblongas, sisas, com a testa crustáceo, de cotilédones grossos, carnudos e
iguais, com uma pequena radícula (Rodrigues, 1905).
Quando maduros abre-se pela deiscência própria, com estalidos, lançado longe suas
sementes e sua época de queda é mais intensa nos meses de janeiro e fevereiro, porém
apresenta pequenas variações de um local para outro (Rodrigues, 1905).
No Amazonas de modo geral, as sementes são produzidas partir de janeiro, muito
embora em Humaitá a produção se inicie em meados de dezembro e em Itacoatiara ocorra em
fins de janeiro e inicio de fevereiro, já a queda em Rondônia, se encontra geralmente em
dezembro e no Acre em janeiro (SILVA, 2006).
Existe uma grande variação na quantidade produzida de sementes em cada ano, devido a
influências climáticas, incidência de doenças e a diferenças entre e dentro dos clones. No
Estado de São Paulo, alguns clones sofrem o ataque de Antracnose, podendo restringir o
número de sementes viáveis para o uso comercial (SILVA, 2006).
Na Malásia obteve-se 65 kg de sementes/ha, sendo possível uma produção duas vezes
maior se as condições do meio forem mais favoráveis ao desenvolvimento dos frutos. As

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1780
sementes contêm uma quantidade média de 43% de óleo de boa qualidade industrial, podendo
variar de 38 até 46% (SILVA, 2006).
Objetivo deste trabalho foi avaliar a biometria de sementes de seringueira, para seu
potencial uso na produção de biodiesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no laboratório de extração de óleo do Departamento de
Engenharia da Universidade Federal de Lavras MG, no ano de 2007.
O material da avaliação foi vindo de uma fazenda seringalista da Região Noroeste do
estado de São Paulo de grande potencial para a cultura.
Logo após a chegada do material, o mesmo teve suas sementes hormogenizadas por
mistura e recolhido aleatoriamente em diferentes posições do material então, logo na
seqüência foram retirada amostras divididas em 23 (vinte e três) lotes com 4 (quatro) frutos
cada, os quais tiveram suas dimensões (comprimento, largura e espessura) avaliadas particular
e distintamente para cada semente.
Essas dimensões foram registradas por um paquímetro de leitura eletrônica da marca
Mitutoyo com precisão de duas casas decimais logo após a vírgula.
Então, tendo todos os dados levantados, os mesmos foram encaminhados para o
programa de computador Excel, para que fosse avaliado em tabela e graficamente a relação
entre as dimensões da semente de seringueira.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Gráfico 1, podemos observar os resultados presentes na Tabela 1, os dados plotados
foram expressamente registrados e seus resultados tiveram suas médias calculadas. Na
primeira coluna, temos os lotes divididos em vinte e três, e cada lote tem seus frutos em
conjunto de quatro com suas respectivas dimensões. E, no canto inferior esquerdo da Tabela
1, podemos observar a média total da biometria do material avaliado, onde o comprimento
médio foi de 23,78 mm, a largura 21,67 mm e espessura de 16,46 mm.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1781
Tabela 1 - Biometria da semente de Seringueira.
FRUTO 1 FRUTO 2 FRUTO3 FRUTO 4
MEDIDAS (mm)
LOTES COMP. LARG. ESP. COMP. LARG. ESP. COMP. LARG. ESP. COMP. LARG. ESP.
l 20,40 20,30 14,50 22,70 16,40 16,30 23,80 22,90 16,40 25,82 22,20 17,80
II 24,64 21,10 16,40 24,12 21,40 16,08 20,02 17,16 12,80 24,60 22,90 15,30
III 22,70 21,50 16,70 23,70 21,50 16,80 25,10 22,60 17,10 24,80 22,50 17,50
IV 25,10 22,10 16,52 24,36 24,68 16,40 22,58 21,30 16,30 21,60 18,40 14,30
V 22,10 20,60 14,28 25,66 22,26 17,68 26,62 24,56 17,34 22,86 13,58 17,80
VI 21,40 20,02 15,52 23,20 21,28 17,68 25,72 22,20 17,70 22,10 21,70 16,60
VII 22,40 20,98 16,70 23,96 21,60 16,60 21,30 21,80 14,32 24,64 22,06 17,26
VIII 24,64 22,48 16,38 19,42 19,44 14,60 21,90 17,48 15,30 20,30 19,90 15,52
IX 24,16 22,14 17,36 21,16 20,62 15,28 24,80 21,30 16,60 23,20 22,04 17,04
X 20,76 20,82 14,18 23,04 22,80 15,30 25,20 23,60 16,16 24,64 21,18 16,40
XI 25,40 22,40 18,70 26,86 23,50 17,68 23,42 22,68 17,68 24,88 22,20 17,58
XII 24,64 22,60 17,60 25,62 23,40 17,90 24,74 22,50 16,50 24,22 22,30 16,92
XIII 24,12 22,10 17,58 23,40 22,78 16,10 23,40 22,68 16,08 24,12 22,68 16,20
XIV 24,92 21,48 16,08 24,30 22,60 16,08 22,10 20,20 16,98 22,68 20,30 15,80
XV 24,34 22,10 16,26 23,56 22,72 15,64 24,32 21,20 16,16 22,10 21,10 14,20
XVI 25,10 24,50 18,50 25,02 23,90 17,06 24,74 21,38 15,30 23,20 22,06 16,70
XVII 24,90 21,10 16,50 24,22 22,88 16,30 25,92 23,60 17,90 23,40 21,90 16,08
XVIII 24,52 22,68 16,50 24,22 22,16 16,18 24,70 21,08 16,28 25,70 23,50 16,28
XIX 23,70 22,78 16,10 23,80 21,28 16,70 23,14 21,80 16,28 22,78 21,30 16,82
XX 23,10 21,18 15,20 23,20 21,28 16,42 23,70 21,94 16,98 23,30 22,40 17,60
XXI 26,60 23,40 17,20 24,12 22,16 17,90 24,12 22,16 16,08 25,92 22,10 17,40
XXII 22,70 20,92 16,70 24,80 21,20 16,70 22,80 20,82 16,70 20,92 18,90 15,10
XXIII 24,84 22,26 16,08 24,20 22,40 17,60 25,20 22,16 17,58 25,52 22,20 17,60
MÉDIA 23,79 21,81 16,41 23,85 21,92 16,56 23,88 21,70 16,37 23,62 21,28 16,51
MÉDIAS TOTAIS
COMPRIMENTO 23,785
LARGURA 21,677
ESPESSURA 16,462

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1782
Gráfico 1 - Biometria da semente de Seringueira.

Biometria da semente de seringueira


25
23,785
21,677
20
16,462
15
(mm)

10

0
1 2 3

1-comprimento 2-largura 3-espessura

Na extração do óleo do endosperma da semente, obtêm-se 66% do seu peso na forma de


torta, podendo ser utilizada na alimentação de bovinos e aves. Para a extração do óleo,
primeiramente as cascas das sementes são removidas, deixando apenas o endosperma, seguida
de uma secagem para diminuir a porcentagem de umidade (SILVA, 2006).
O endosperma extraído e seco ao sol suporta o armazenamento por quatro meses sem
deterioração. Há métodos de processamento para extração do óleo: extração por solventes,
prensagem e centrifugação. A escolha do método depende da quantidade de sementes
produzidas (SILVA, 2006).
O método de extração por centrifugação (método mais simples de moagem) apresenta
bom rendimento, girando em torno de 250 kg/operador em uma jornada de oito horas de
trabalho.
Como a coleta de sementes de seringueira se restringe aos meses de fevereiro/março
para as condições do Estado de São Paulo, poucos moinhos podem depender exclusivamente
da safra da seringueira. Geralmente, pode-se utilizar sementes de seringueira na entressafra da
extração de óleo de outras culturas como o amendoim, mamona, etc.
O óleo tem potencial para ser utilizado como combustível substituto ao diesel
convencionalmente utilizado em máquinas motoras e veículos. No entanto, sua viscosidade é
mais elevada, necessitando um tratamento para reduzí-la.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1783
4 CONCLUSÃO
Nas dimensões da semente de seringueira o comprimento é o maior tamanho seguido
pela largura e espessura, sendo expressivamente distintas entre si.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, SIMONE A., HANSEN, DANIELA S.; AGR 207 - Culturas Regionais I, UFBA,
ed. 1, 2006, 27p.

EMPRESA BRASILEIRA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. Manual


Técnico cultura da seringueira; Norte, Brasília, 1979; 218p.

RODRIGUEZ, JOÃO B.; A botânica; Nomenclatura Indígena e Seringueira; Imprensa


Nacional, 1905, 91p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1784
AVALIAÇÃO DOS TEORES DE ÓLEO DE ALGODÃO COLORIDO BRS
RUBI E SAFIRA EM RELAÇÃO AO ALGODÃO TRADICIONAL

Paulo de Tarso Firmino, CNPA, firmino@cnpa.embrapa.br


Sérgio de Melo Alves, CPATU, sergio@cpatu.embrapa.br
Napoleão Esberard de Macedo Beltrão, CNPA, chpd@cnpa.embrapa.br
Aldre Jorge Morais Barros, UFPB, ajmbarros@yahoo.com.br
Antônio Gouveia de Souza, UFPB, agouveia@quimica.ufpb.br
Ayice Chaves Silva, CNPA, ajice@cnpa.embrapa.br
Hamilton Santos Alves, CNPA, hsantosalves@yahoo.com.br
Gislayne Galdino dos Anjos, CNPA, gislayneg@yahoo.com.br
Dalany Meneses Oliveira, CNPA, dalany5@hotmail.com

RESUMO: As cultivares de algodoeiro coloridas BRS Safira e BRS Rubi foram obtidas por
meio do cruzamento entre variedades de fibra branca e coloridas. Objetivou-se com essa
pesquisa estudar a composição em ácidos graxos nas sementes de algodoeiro Safira e Rubi, as
quais foram analisadas por cromatografia gasosa. Como resultado observou-se que esta
cultivar, tem maior concentração de lipídios nas sementes, 23,5%, comparada com as
cultivares herbáceas convencionais, que contém média de 14%. No tocante aos ácidos graxos
palmítico saturado, tem cerca do dobro do que possuem as cultivares convencionais e quanto
aos ácidos graxos linoléico, tem média de 33,13%, enquanto nas sementes herbáceo
tradicionais a média é de 47,8%. Já o teor de óleo da cultivar Rubi, é em média de 24,28%,
possui os lipídeos da semente diferentes das cultivares brancas, acompanhando os teores da
Safira, especialmente, no tocante aos ácidos graxos palmítico, saturado, que é cerca do dobro
do normal nas cultivares de algodão comum. O ácido graxo linoléico, que é predominante no
algodão branco, com 54,54% , já na Rubi, é bem mais baixo, com 31,88%. Os resultados
demonstraram que as duas variedades apresentaram teores superiores constituintes acima da
variedade de fibra branca.

Palavras-Chave: Cultivares, lipídios, subprodutos do algodoeiro.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1785
1 INTRODUÇÃO
O agronegócio do algodão é uma atividade de grande alcance socioeconômico que gera
uma grande diversidade de ocupações e produtos, produzindo riqueza no meio rural e urbano.
O Brasil destaca-se como um dos maiores produtores mundiais de algodão tendo a região
nordeste do Brasil a segunda maior produção nacional. A produção de algodão irrigado, a
melhoria na qualidade das fibras e a elaboração de fibras especiais, representam fatores que
está impulsionando o algodão nacional no mercado externo (GAZETA MERCANTIL, 2005).
Os programas de melhoramento genético para esta cultura visavam à obtenção de altos
rendimentos e qualidade de fibra. Porém, a grande produção do caroço de algodão (60% da
produção total), bem como a competição por outras fontes de óleos vegetais e o
desenvolvimento de processos industriais de aproveitamento da semente, como fonte de
alimento, tem mudado este perfil (CHERRY e LEFFER, 1984), além da possibilidade do óleo
de algodão vir a ser fonte para produção de energia, via biodiesel.
O caroço, por ser um subproduto do algodão, nunca foi considerado de muita
importância para a pesquisa, devido a descontinuidade nos programas de pesquisas sobre o
assunto (CHERRY et al., 1981). São poucos os trabalhos que tratam da composição química
de cultivares de algodão, dificultando uma análise comparativa de resultados, exigindo assim,
mais estudos nessa área.
Trigueirinho (1999), referindo-se a produção e oleaginosas e dos subprodutos do
algodão destacando o 2º lugar em produção de sementes, o terceiro em produção de farelo e o
sexto óleo.
Segundo Sanntag (1979), quando as sementes de algodão são processadas, estas
fornecem óleo e proteína, que depois de refinado, dá origem ao óleo comestível usado no
preparo de margarinas e óleos de salada. A semente de algodoeiro integral tem,
aproximadamente, 18% de óleo e cerca de 20% de proteína bruta, e nas cultivares atuais cerca
de 14%. Mais recentemente vem despontando como uma das principais fontes de óleo para o
programa do biodiesel.
Marquié e Héquet (1994) tratando do algodão em caroço, diz ser constituído de 60% de
sementes e 40% de fibras em que a amêndoa de sementes contém 35 a 40% de proteínas e de
35 a 40% de lipídios.
Souza (1969), demonstrou que a qualidade do óleo depende da variedade, das condições
edafoclimáticas e do estado final de maturação da semente, o que foi confirmado por Cherry e
Leffler (1984). A qualidade do óleo bruto de algodão, incluindo seus ácidos livres, varia

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1786
notadamente, sendo melhor quando o tempo é seco e a semente não possui elevado teor de
umidade (BAILEY, 1961). O óleo da semente de algodão é típico do grupo oléico-linoléico
dos vegetais oleaginosos, esses dois representando por volta de 75% do total dos ácidos
graxos.
Visando aprimorar as qualidades desejáveis na semente e pluma do algodão, desde o
inicio de suas atividades, o melhoramento genético do algodoeiro tem sido a principal
atividade da Embrapa Algodão. Em 1996, realizou-se o cruzamento entre um material
introduzido dos EUA que apresentava a coloração da fibra marrom escura com a cultivar
CNPA 87-33 fibra branca de boa qualidade e de ampla adaptação à região Nordeste. A
geração F1 deste cruzamento foi avançada até F3, em que iniciou-se um programa de seleção
genealógica com o objetivo de selecionar linhagens possuidoras de fibra de coloração marrom
escura ou marrom telha de boas características tecnológicas de fibra e boa produtividade.
Além dos critérios normais de seleção normalmente utilizados no algodoeiro, foi dada ênfase
à seleção para maior intensidade da cor marrom telha. Após vários ciclos foram selecionadas
algumas linhagens com fibra marrom escura que participaram de ensaios comparativos de
rendimento em vários locais da região Nordeste por dois anos. Nestes ensaios, destacou-se a
linhagem CNPA 01-55 por sua intensa coloração marrom telha, que também apresentou boa
produtividade, tendo sido eleita para se tornar uma cultivar com o nome BRS SAFIRA
(EMBRAPA, 2004).
A cultivar BRS Safira é herbácea ou anual, podendo ser cultivada em regime de
sequeiro, nas áreas zoneadas para este tipo de algodão e em regime irrigado, com rendimento
médio superior a 3,5 t/ha de algodão em caroço. É, pois, uma excelente opção econômica para
o agricultor do semi-árido nordestino fornecendo ótimo valor agregado à produção, fixando o
homem no campo, dentre outras conseqüências benéficas à sociedade, expressando em seu
potencial produtivo - com qualidade - a fibra, e seus sub-produtos, tais como o línter, a torta e
o óleo.
Para que a cultivar BRS Safira expresse seu potencial produtivo e com qualidade de seu
produto principal, a fibra, e de seus co-produtos, tais como o línter, a torta e o óleo, é
necessário que vários aspectos relacionados aos passos tecnológicos do sistema de produção
desta cultura sejam seguidos.
No sentido de contribuir com informações sobre as características desta nova cultivar
(BRS Safira), notadamente sobre o óleo extraído de suas sementes, julga-se de importância
desvelar tais caracteres por se tratar de uma nova variedade no mercado e por saber da
absoluta carência de informações científicas, neste sentido, realizou-se um estudo
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1787
comparando os resultados obtidos com os de trabalhos já realizados para algodão branco.

2 MATERIAL E MÉTODOS
As cultivares utilizadas foram a BRS Safira e BRS Rubi. Estas cultivares diferenciam-se
das demais de fibra marrom existentes no Brasil por apresentar a fibra marrom escura ou
marrom avermelhado, sendo, as duas primeiras cultivares no Brasil com esta característica de
cor da pluma, e lançadas recentemente no mercado, em 2005.
Os procedimentos de análise foram realizados na Embrapa Amazônia Oriental
(CPATU), no ano de 2004, visando-se verificar a composição percentual em ácidos graxos
por análise cromatográfica gasosa.
Para o procedimento de esterificação, transferiram-se aproximadamente 100 mg de
amostra para tubo de ensaio com tampa. Foram adicionados 4 mL de solução aquosa de
hidróxido de sódio 2 N e após agitação, aqueceu-se a 60 oC por 5 minutos. Em seguida, já a
temperatura ambiente, adicionou-se 2 mL de n-hexano, agitando e deixando em repouso para
verificar a separação dos insaponificáveis (fase superior). Este procedimento foi repetido por
mais duas vezes, desprezando sempre a fase superior. Adicionaram-se 2 mL de álcool
metílico e após agitação, aqueceu-se a 60 oC por 5 minutos. Em seguida, já a temperatura
ambiente, adicionou-se 0,5 mL de n-hexano e aguardou-se a separação de fases, após
agitação. A fase superior foi transferida para frasco com tampa contendo alguns miligramas
de sulfato de sódio anidro (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1976).
Para determinação dos teores de ácido graxos nas sementes de algodão utilizou-se de
um Cromatógrafo Gasoso GC-14A Shimadzu, com integrador C-R5A Shimadzu, coluna
capilar DB-23 (l = 30 m, = 25 mm, filme = 0,25 m), injeção tipo splitless de 2 µL de
solução em n-hexano, temperatura programada de 100°C - 200°C, com gradiente de 4°C min-1
e isoterma de 10 min em 200 °C. Temperatura do injetor 210 °C, temperatura do detector (de
chama) 220 °C. Gás de arraste Hélio, com velocidade ajustada para 1 mL/min. Os dados
foram obtidos pela média de quatro determinações para cada amostra.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 esta sendo apresentados os parâmetros da composição percentual dos
ácidos graxos das amostras de algodão BRS Safira, BRS Rubi e Branco, respectivamente. Os
valores médios dos teores de ácidos graxos das variedades Safira e Rubi apresentaram
maiores percentuais em relação à variedade branca na maioria dos ácidos graxos, tendo

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1788
exceção para os ácidos oléico e linoléico.

Tabela 1 - Determinação da composição percentual médio em ácidos graxos da cultivar BRS


Safira, Rubi e branca.

Variedade Mirístico Palmítico Palmitoléico Esteárico Oléico Linoléico

BRS Safira 5,39 48,15 1,23 1,29 10,81 33,13

BRS Rubi 4,87 49,46 1,39 1,49 10,87 31,88

Branca* 1,40 23,40 2,00 1,10 22,90 47,80


*Beltrão e Araújo (2004)

O ácido mirístico e palmítico apresentaram valores cerca de 3,8 e 2,1 vezes maior para
variedade BRS Safira, já para a variedade BRS RUBI de 3,5 e 2,1 vezes em relação à
variedade Branca, respectivamente.
No tocante aos teores de óleo no algodão BRS Safira (Tabela 2), verificou-se que a
média foi de 23,57% nas sementes, estando acima da média mundial com relação à semente
(14,5%), considerando o peso, que é de 15,2% (BELTRÃO e ARAÚJO, 2004), o que é uma
das grandes vantagens para o seu uso na produção de energia, via matéria prima para
produção de biodiesel. O índice de refração (Tabela 2) do óleo aumenta com o tamanho da
cadeia hidrocarbonada e o grau de insaturação dos ácidos graxos do óleo (MORETTO, 1998),
tem valor médio de 1,47 dentro dos limites do óleo de algodão branco (1,469), que apresenta
elevado índice de insaturação devido à elevada composição média nos ácidos graxos oléico
(C18:1) e linoléico (C18:2), que nos algodões de fibras brancas atingem valores médios de
22,7% e 49,8% respectivamente, do total de ácidos graxos do óleo (BELTRÃO e ARAÚJO,
2004). O índice de saponificação (Tab. 2) foi normal com relação ao óleo de algodão branco
(194), embora o teor do ácido graxo palmítico (C16:0), saturado, tenha sido, na BRS SAFIRA
bem maior (média de 48,15%) do que nas cultivares de fibras brancas.
Na Tabela 2 são observados os resultados referentes aos parâmetros aos teores de óleo,
índices de refração, índice de saponificação das amostras de algodão BRS Safira, BRS Rubi e
Branco, respectivamente. Os valores médios dos teores dos lipídeos e do índice de
saponificação das variedades Safira e Rubis apresentaram maiores valores em relação à
variedade branca.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1789
Tabela 2 - Determinação de lipídeos, Índice de refração e Índice de saponificação das
amostras do algodão BRS Safira, Rubi e Branca.
Amostras Lipídeos (%) Índice de Refração (IR) Índice de Saponificação (IS)
BRS Safira 23,57 1,47 187,87
BRS Rubi 24,28 1,47 202,95
Branca 14,50 1,47 192

Os teores de óleo obtiveram uma média de 24,2% nas sementes que é de 16%
(CHERRY e LEFFER, 1984), o que é uma das grandes vantagens para o seu uso para a
produção de energia, via matéria prima para produção de biodiesel. O índice de refração do
óleo que aumenta com o tamanho da cadeia hidrocarbonada e o grau de insaturação dos
ácidos graxos do óleo (MORETTO, 1998), tem valor médio de 1,47 dentro dos limites do
óleo de algodão, que apresenta elevado índice de insaturação devido à elevada composição
média nos ácidos graxos oléicos (C18:1) e linoléico (C18:2), que nos algodões de fibras
brancas atingem valores médios de 17,41% e 54,54%, respectivamente do total de ácidos
graxos do óleo (CHERRY e LEFFER, 1984). O índice de acidez e o de saponificação (Tab. 2)
foram normais para o óleo de algodão, embora o teor do ácido graxo palmítico (C16:0),
saturado, tenha sido, na BRS RUBI bem maior (média de 49,46%) do que nas cultivares de
fibras brancas, cuja média é de 23,68%, cuja tese salienta CHERRY e LEFFER (1984).

4 CONCLUSÃO
Baseado nos dados experimentais, conclui-se que a cultivar BRS Safira, de fibra
avermelhada, tem maior quantidade de lipídios na semente em relação às cultivares de fibras
brancas apresentando 23,5 contra 14,5% do algodão de fibra branca (quase 10% a mais).
Apresentam diferenças, em especial, no tocante aos ácidos graxos mirístico (C14:0) e
palmítico (C16:0), com 3,8 e 2,0 vezes maior nas cultivares de algodão convencionais,
respectivamente. O ácido graxo linoléico (C18:2), que é o predominante nas sementes do
algodão herbáceo normal, de fibra branca e média, com a média de 49,8% do total, é menos
concentrado nas cultivares BRS Safira, com média da semente de 33,13%. Quanto à
variedade BRS Rubi, constatou-se o mesmo comportamento verificado para a BRS Safira,
destacando-se somente, que o teor de óleo é ainda maior.
Conforme os dados supra-citados, conclui-se que as variedades BRS Rubi e BRS Safira
são indicadas para a industria óleoquímica, além de sua função principal que é a de fornecer
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1790
fibras naturalmente coloridas para a indústria têxtil, dispensando o oneroso e poluente
processo de tingimento.
Dentro dos parâmetros determinados, demonstrou-se que as cultivares de algodão
colorido apresentaram maiores teores de óleo que as convencionais de fibra branca, podendo
ser utilizadas para a obtenção de fibras coloridas, respectivamente, à utilização do óleo de
suas sementes para fins alimentares e de produção de biocombustíveis.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAILEY, A. E. Aceites y grasas industriales. Editorial Reverté. Cap. I p. 4 – 32; Cap. II p.
40-54; Cap. III p. 82-87; Cap. V p. 98-101; Cap. VI p. 122-125; Cap. XIV p. 398-408; 1961.

BELTRÃO, N. E. M; ARAÚJO, A. E. Algodão: o produtor pergunta, a Embrapa responde.


Embrapa Informação Tecnologica, Brasília, 2004. p 229-231.

CHERRY, J.P.; BOX, P.O.; KOEL, R.J.; DRAWER, P.O.; JONES, L.A. e POWELL, W.M.
Cotton quality: factors affecting feed and food uses. In: BELTWIDE COTTON
PRODUCTION RESEARCH CONFERENCE, New Orleans, 1981. Proceedings. Memphis,
National Cotton Council, 1981. p.266-283.

CHERRY, J. P.; LEFFLER, H. R. Seed. In. KOHEL, R. E.; LEWIS, C. F. (ED.) Cotton.
Madison: American Society of Agronomy, 1984. p 511-570.

Embrapa Algodão (Campina Grande, PB) BRS Safira. Campina Grande, 2004. Folder

GAZETA MERCANTIL. Programa setorial. Acessado em: Segunda-feira, 20 de abril de


2005, p.A14, disponível em <www.panoramasetorial.com.br>.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos


químicos e físicos para análise de alimentos, 2ª ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 1976.

MARQUIÉ, C.; HEQUET, E. O algodoeiro sem gossipol: Utilização do caroço de algodão


na alimentação. Montpellier, France: CIRAD-CA, 1994. 13p

MORETTO, E. Tecnologia de óleo e gorduras vegetais na indústria de alimentos. São


Paulo. Livraria Varela, 1998. 145 p.

SANNTAG, N. O. V. Composition and oils. In: Swer, D. Bailer’s industrial oil and fat
products. 4. ed. New York: Wiley Interscience, 1979. Cap. 6, v.1, p.289-477.

SOUZA, C. V. de. Acidez do óleo da semente de algodão de Moçambique. Agronomia


Moçambicana, Lourenço Marques, 2(2):113-125, 1969.

TRIGUEIRINHO, F. Diagnóstico das indústrias de óleos vegetais no Brasil e mercado


nacional e internacional de óleos vegetais. In: Reunião temática de matérias primas
oleaginosa no Brasil: Diagnóstico e prioridades de pesquisas, 1997, Campina Grande. Anais...
Campina Grande, Embrapa CNPA/MAA/ABIOVE, 1999 p 8-15.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1791
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA CULTIVAR
BRANQUINHA COM DIFERENTES METODOLOGIAS EM SECADOR
MECÂNICO

André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br


Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br
Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
Henrique Leandro Silveira, DEG/UFLA, hlsilveira@hotmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Fernanda Costa Renó Ribeiro, DCA/UFLA, fcrr@yahoo.com.br
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
João Almir Oliveira, DAG/UFLA, jalmir@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar Branquinha, colhidos em experimento na própria universidade. Após a
colheita manual os frutos foram adicionados em cada célula de secagem (1,0 kg de frutos em
média) com umidade inicial de 68,42% b. U. Para essa secagem foi utilizado secador
experimental tipo leito fixo com fluxo de ar ascendente. Com isso, a secagem com o auxilio
de parâmetros como o teor de água inicial do produto, a temperatura da massa do produto ou
do ar de secagem, determinou-se a curva de secagem desse produto. Portanto, este trabalho foi
conduzido com o objetivo de analisar o comportamento da taxa de redução de água da
mamona cultivar Branquinha, submetida à temperatura de 50ºC em secador de leito fixo
sendo um secador com secagem contínua sem interrupções, um secador com secagem
contínua de 10 horas mais período de repouso de 8 horas e secagem com variação de repouso
no tempo, visando o menor tempo de uso de secador para a remoção do teor de água.
Observou-se que na secagem com variação de repouso no tempo observou os mesmos picos
de taxa de redução, após todos os repousos, o que leva a uma otimização do sistema de
secagem da mamona.

Palavras-Chave: Água, branquinha, mamona, Ricinus communis L., secagem com repouso.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1792
1 INTRODUÇÃO
O conhecimento do comportamento da secagem torna-se importante devido à
temperatura escolhida, ao fluxo de ar e à umidade relativa do ar de secagem, pois pode
influenciar no tempo de exposição dos frutos no secador. Tal remoção de água de um produto
pode ser obtida pelo cálculo da taxa de redução de água. Essa taxa é a relação da perda de
água por matéria seca do produto por hora (Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)).
Conhecendo esses resultados pode-se plotar gráficos e consequentemente calcular a
quantidade de água removida durante a secagem, levando em conta sua área.
Com o uso de parâmetros como a temperatura da massa do produto ou do ar de
secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto, é fundamental na determinação
da taxa de redução de água, definida como a quantidade de água que um determinado produto
perde, por unidade de matéria seca, por unidade de tempo. O que representa uma ferramenta
de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o processamento de
seu produto. Torna-se, necessário estudar os parâmetros de secagem da mamona, pois a
maioria das informações disponível associada à secagem da mamona relacionada à secagem
mecânica ainda são escassos (Correa, 2006). Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de
determinar a taxa de redução de água da mamona cultivar Branquinha, submetida a
temperatura de 50ºC em secador de leito fixo com um tempo de descanso visando à melhor
redistribuição de água e um possível tempo de secagem menor.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos
Agrícolas do Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar Branquinha, colhidos em experimento na própria universidade.

Figura 1 - Cultivar Branquinha. Figura 2 - Retirada dos frutos dos cachos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1793
Os frutos no início da secagem, apresentaram umidade inicial de 68,42 % b.u. Foram
adicionados em cada célula de secagem 1,0 Kg de frutos.
Para conhecermos as diferentes umidades dos frutos da mamona, desde o ponto inicial
até o final utilizou-se a equação 1 com o auxilio de uma estufa com circuito aberto à
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Para a determinação da umidade, os frutos
da cultivar foram utilizados 10 gramas do produto com 2 repetições cortados em 4 partes. A
umidade inicial dos frutos da mamona cultivar Branquinha, apresentada na colheita foi de
68,42 % b.u. em média.

Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps equação 2

Em que:
Pa: Peso de água
Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa

A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura a 50ºC.


Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi necessário
regular no painel digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em questão.
Para a secagem dos frutos foi utilizado um protótipo de secador experimental de leito
fixo de fluxo de ar aquecido por meio de resistência elétrica e quando passa através da massa
de frutos da mamona, retira a sua umidade superficial. (Figura 1). Apesar do alto custo
energético e da proibição de utilização desta fonte para o aquecimento, o secador utilizado foi
construído para trabalhos científicos e tem a utilidade de permitir um maior controle e
variação de situações de secagem em laboratório.
O secador experimental apresentou as dimensões como indica a Tabela 1:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1794
Tabela 1 - Caracterização do secador experimental.
Tipo de secador Leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2

Foram testadas 3 metodologias de secagem para essa cultivar submetida à temperatura


de 50ºC em secador de leito fixo, sendo um secador com secagem contínua sem interrupções,
um secador com secagem contínua de 10 horas mais período de repouso de 8 horas e secagem
com variação de repouso no tempo.
O tempo de repouso foi escolhido para que as amostras estivessem na mesma condição
do ambiente e sem contato com o ar de secagem para que possivelmente a água se
redistribuísse no fruto.
Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente, e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem constantes (Figura 5).

Figura 3 - Secador experimental. Figura 4 - Estufa com amostras. Figura 5 - Pesagem.

Para a temperatura de 50ºC, foi realizada 4 repetições. As temperaturas da massa de


frutos foram medidas por meio de termopares tipo J (Figura 6), colocados no centro da massa,
para controlar a temperatura de 50ºC. Para minimizar uma possível diferença de temperatura e
fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1795
plenum e da aerodinâmica do secador respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas,
obedecendo ao sentido de rotação destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura
do ar de secagem foi fixada, de maneira a obter os valores médios de temperatura
estabelecidos para a massa de frutos, de acordo com a temperatura lida pelo termopar em
meio digital. O monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar ambiente, durante
a secagem dos frutos de mamona, foi registrado por um termohigrógrafo (Figura 7). Para
medir a velocidade do ar de secagem que passa pela massa de frutos, foi utilizado o
Anemômetro digital (Figura 8).

Figura 6 - Termopar utilizado. Figura 7 - Termohigrógrafo. Figura 8 - Anemômetro


digital.

Para acompanhamento da redução de água, e para a obtenção das curvas de taxa de


redução de água, durante o processo de secagem mecânica, foi utilizada a seguinte equação de
taxa de redução de água, de acordo com a equação 1.

( Ma − Mat )
TRA = equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Em que:

TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)


Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1796
A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.

Ms = (1- teor de água b.u.) x Mu equação 2


Em que:

MU: Massa Umida (Kg)


Ms: Matéria Seca (Kg)

Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:
Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) equação 3

Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o término da secagem dos 3 métodos realizados com a cultivar Branquinha


utilizou-se os dados das pesagens das células para o cálculo da taxa de redução de água e
plotar o gráfico para a realização das observações (Gráfico 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1797
Gráfico 1 - Taxa de redução de água da cultivar Branquinha a 50ºC.
Taxa de redução de água cultivar Branquinha

0,675
0,63
0,585
0,54
(kg de água/kg de materia seca.h)

0,495
0,45
0,405
0,36
0,315
0,27
0,225
0,18
0,135
0,09
0,045
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (h)

secagem contínua secagem 10 horas + repouso de 8 horas secagem com variação de repouso no tempo

Observou-se que no inicio entre 4 e 5 horas de secagem, a taxa de redução de água foi
bem superior o que evidencia a maior remoção de água devido a água livre existente nos
frutos. Nos dois métodos de repouso, principalmente na secagem com variação de repouso no
tempo observou os mesmos picos de taxa de redução, tanto no segundo, terceiro e quarto
repouso o que leva a uma otimização do sistema de secagem da mamona.
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esses valores são as
áreas conhecidas para cada um dos métodos. Com isso a quantidade de água removida pode
ser calculada pelo produto da área x matéria seca do produto como se observa na Tabela 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1798
Tabela 2 - Área abaixo da curva, matéria seca e quantidade de água removida durante o
período de secagem.
Quantidade de água
Área abaixo da curva
Matéria Seca (kg) removida (kg)
(kg de água/kg de matéria seca)
Área x Matéria Seca
Secagem contínua
0,3158 0, 631
2,00
Secagem 10 h + 8 repouso
0,3158 0,631
2,00
Variação de repouso no tempo
0,3158 0,600
1,90

Com o conhecimento do cálculo da área do trapézio e da matéria seca presente no


produto pode-se reconhecer a quantidade de água removida em qualquer ponto do gráfico.

4 CONCLUSÃO
Entre 4 e 5 horas de secagem para todos os tratamentos evidenciou a maior remoção de
água devido a água livre existente nos frutos.
Na secagem com variação de repouso no tempo observou os mesmos picos de taxa de
redução, tanto no segundo, terceiro e quarto repouso o que leva a uma otimização do sistema
de secagem da mamona.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORRÊA, J. L. G.; Nascimento, F. R.; Neto, P. C.; Fraga, A. C.. Cinética de secagem de
frutos de mamona (Ricinus communis L.) variedade IAC 80, III Congresso Brasileiro de
Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biodiesel, Varginha, 2006, Anais... em CD Rom.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras


para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

MARQUES, E. R.; Alterações químicas, sensoriais e microscópicas do café cereja


descascado em função da taxa de remoção de água Dissertação de Mestrado. Lavras :
UFLA, 2006. 85 p.

RIBEIRO, D. M.; BORÉM, F. M.; ANDRADE, E. T. de.; ROSA, S. D. V. F. da.; Taxa de


redução de água do café cereja descascado em função da temperatura da massa, fluxo
de ar e período de pré-secagem. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. 28, n.
7, p. 94-107, 2003. Especial.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1799
SILVA, J.S. Secagem e Armazenagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. ed.1
Viçosa: Aprenda Fácil, 2000.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1800
COMPORTAMENTO DA SECAGEM DE MAMONA (Ricinus communis L.)
CULTIVAR BOLA SETE SUBMETIDA À TEMPERATURA DE 50ºC COM
TEMPO DE REPOUSO EM SECADOR DE CAMADA FIXA

Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com


André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br
João Almir Oliveira, DAG/UFLA, jalmir@ufla.br
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar Bola Sete e para a secagem dos frutos
foi utilizado um protótipo de secador experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente.
Assim sendo, foram adicionados em cada bandeja 800 gramas de frutos em média, com
umidade inicial de 67,33% b. U. Os frutos foram colocados no secador durante 5 horas de
secagem e 5 horas de repouso, alternadamente até atingir o peso constante. Com isso, a
secagem, com o auxílio de parâmetros como o teor de água inicial do produto, a temperatura
da massa do produto ou do ar de secagem são importantes para determinação da secagem
desse produto, para que o produtor saiba planejar o escoamento da sua produção. Portanto,
este trabalho foi conduzido com o objetivo de determinar a cinética de secagem da mamona
cultivar Bola Sete, submetida a temperatura de 50ºC, em secador de leito fixo com fluxo de ar
ascendente com tempo de repouso. Observou-se que o tempo de secador totalizado na
secagem foi de 15 horas e 10 horas de repouso dos frutos.

Palavras-Chave: Bola sete, secagem com repouso, Ricinus Communis L..

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1801
1 INTRODUÇÃO
A secagem da mamona pode ser conduzida em terreiros cimentados ou de alvenaria,
colocados em camadas finas e uniformes de 5 a 10 cm de espessura por um período de 4 a 15
dias, dependendo da região (Silva et al., 2006). Desta forma, o processo de secagem torna-se
bastante demorado, pois os frutos apresentam um teor de água elevado após a colheita. Isso
indica que o teor de água pode ser um indicador preciso do nível de maturidade para a
colheita e beneficiamento dos grãos (DESAI, 1997). Portanto o conhecimento desse
parâmetro permite a escolha do procedimento mais adequado para a colheita, a secagem, o
beneficiamento e armazenamento da semente e a preservação de sua qualidade física,
fisiológica e sanidade (Marcos Filho et al, 1987). Procedimentos esses que levando em conta
que a demanda elevada para escoar os produtos vem a estimular ainda mais a busca de
tecnologias no sentido de maximizar esse tempo, o uso de sistemas de secagem é uma forma
de acelerar a etapa de pós-colheita para qualquer produto agrícola. Da mesma forma que
outros produtos como a soja, milho, café, girassol, trigo, arroz, a demanda para escoar esse
produto no campo vem a estimular a busca de tecnologias, no sentido de reduzir o tempo na
etapa de pós-colheita. Os secadores mecânicos podem ser uma boa escolha para acelerar a
secagem, objetivando a eficácia do processo de secagem. O controle do ar aquecido
dependerá do combustível e da forma de condução da secagem. O aquecimento do ar pode ser
realizado por diferentes combustíveis, utilizando daquele que resulte no melhor
aproveitamento do secador e do seu custo. Sabe-se que na secagem de alguns é importante
submete-los a tempos de descanso ou revolvimento admitidos de acordo com cada produto.
Isso leva a perceber que um tempo de repouso pode contribuir com a secagem da mamona,
visto que a sua casca dificulta essa troca de água do produto com o ar de secagem.
Portanto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de determinar a cinética de
secagem da mamona cultivar Bola Sete, submetida a temperatura de 50ºC, em secador de leito
fixo com fluxo de ar ascendente e com tempo de repouso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia da e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) da cultivar Bola Sete (Figura 1), colhidos manualmente em experimento na
própria universidade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1802
Figura 1 - Cultivar Bola Sete

Os frutos foram colhidos quando sua umidade apresentava 67,33% b.u. Foram
adicionados em cada bandeja 800 gramas de frutos em média com esta umidade inicial.
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura, a 50ºC,
sendo a medição da temperatura da massa dos frutos obtida por termopares do Tipo J (Cobre /
Constantan) (Figura 2). Para a secagem dos frutos de mamona cultivar Bola Sete, foi utilizado
um protótipo de secador experimental de leito fixo com fluxo ascendente (Figura 3). O
secador apresenta uma resistência elétrica, e por meio de um ventilador insuflou o ar aquecido
pela resistência e ao passar pelos frutos, retira a água livre dos mesmos.

Figura 2 - Termopar. Figura 3 - Secador experimental.

O secador experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1803
Tabela 1 - Caracterização do secador experimental.

Tipo de secador Leito fixo de fluxo ascendente


Velocidade do ar de secagem (m/s) 0,6
Dimensão do secador (de entrada do ar p/ o plenum) 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Área do leito de secagem 0,61 X 0,61= 0,3721 m2
Fluxo de ar 36 m3.min-1.m-2

Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum, em
temperatura de 105°C por 24 horas, Brasil (1992).
Para a determinação da umidade dos frutos da cultivar bola sete, foram cortados em 4
partes e colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da
mamona cultivar Bola sete apresentada na colheita, foi de 67, 33 % b.u..

Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps equação 2

Em que:

Pa: Peso de água


Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa

Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja


periodicamente, e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem aproximadamente constantes (Figura 4).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1804
Figura 4 - Pesagem da massa de frutos.

A temperatura da massa de frutos foi medida no mesmo intervalo da pesagem, por meio
de termopares tipo J (Figura 2), colocados no centro da massa, em cada divisão da câmara de
secagem. Para cada temperatura, foram realizadas 4 repetições. Sendo esses dados utilizados
para a plotagem das curvas de secagem. Após a secagem completa, foi determinada a
umidade em base úmida (b.u.), pela estufa e pelo peso constante. Não foram adotados
períodos de repouso para todos os tratamentos. Para minimizar uma possível diferença de
temperatura e fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões, decorrente da posição das
resistências no plenum e da aerodinâmica do secador respectivamente, foi realizado um
rodízio das bandejas, obedecendo ao sentido de rotação destas, sendo este feito a cada 30
minutos. A temperatura do ar de secagem foi fixada de maneira a obter os valores médios de
temperatura, estabelecidos para a massa de mamona, de acordo com a temperatura lida pelo
termopar em meio digital. O monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar
ambiente, durante a secagem dos frutos de mamona, foi registrado por um termohigrógrafo. O
Anemômetro foi usado para medir a velocidade do ar de 0,6 m/s na saída do plenum do
secador.
A cultivar Bola Sete foi submetida à secagem intermitente intercalando 5 horas de
secagem com 5 horas de repouso até o peso final de secagem quando foi observada a
constância do peso das amostras.
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 2

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1805
(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 2
(100 − Uf )
Em que:

Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o interesse em se obter uma curva de secagem completa, os experimentos foram
conduzidos até que se obtivesse uma massa constante na pesagem dos frutos. Verificando os
dados coletados a cada pesagem, e transformando a partir da umidade inicial da cultivar Bola
Sete, conheceu-se o teor de água a cada pesagem do produto.
De acordo com a temperatura na massa de frutos, durante todo o período de secagem,
conheceram-se os efeitos no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do
tempo. Após a coleta dos dados, foi calculada uma média das 4 repetições, e plotado o gráfico
da cinética de secagem da cultivar Bola Sete com período de repouso.
Foi variado o teor de água de 67, 33 % para a 8%b.u., o que significa uma redução em
massa, de 1000 gramas para aproximadamente 284 gramas, sendo retirado 516 gramas de
água do produto.
Observa-se que no período inicial o produto se encontra completamente úmido, e a água
escoa com mais facilidade. Como se percebe a perda de água na redução de massa no Gráfico
1 e Gráfico 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1806
Curva de secagem Bola Sete

900

800

700

600
Massa (g)

500

400

300

200

100

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Tempo (min)

Temperatura 50ºC R1 Temperatura 50ºC R2 Temperatura 50ºC R3 Temperatura 50ºC R4

Gráfico 1 - Curvas de secagem da cultivar Bola Sete a 50ºC com tempo de repouso

No início da secagem a mamona cultivar Bola Sete apresentava umidade de 67,33 %


b.u. em média e a remoção dessa água nas primeiras horas foi maior devido a água livre e ao
produto ser uma oleaginosa. O repouso da secagem pode ser usado para que o operador tenha
um tempo para revolver e homogeneizar a massa do produto, e também para secar um lote.

Curva de secagem da cultivar Bola Sete

900

800

700

600
massa (g)

500 Período de
Secagem 1
400
Período de
Repouso 1
300
Período de Período de
Secagem 2 Repouso 2
200 Período de
Secagem 3
100

0
0 300 600 900 1200 1500 1800
Tempo (min)

Temperatura 50ºC

Gráfico 2 - Curva Média de secagem da cultivar Bola Sete a 50ºC com tempo de repouso.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1807
O trabalho de secagem deu-se com 3 períodos de secagem e 2 de repouso, como se
observa no gráfico 2 em que o tempo total de utilização de secador foi de 15 horas e 10 horas
de repouso dos frutos.

4 CONCLUSÕES
Os frutos após a secagem demonstraram facilidade de descascamento manual e
mecânico.
O tempo total de utilização de secador foi de 15 horas e o repouso dos frutos foi de 10
horas.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

DESAI, B.B; KOTECHA, P.M; SLUNKHE, D.K. Seeds handbook – Biology, Prodution,
Procesing and Storage. New York: Marcel Dekker Inc, 1997, 627 p.

MARCOS FILHO, J.; CÍCERO, S.M.; SILVA, W.R.. Avaliação da Qualidade das
Sementes. Piracicaba: FEALQ, 1987, 230 p.
SILVA, O.R.R.F., NÓBREGA, M.B.M., GONDIM, T.M.S., Cultivo da Mamona, Embrapa
Algodão, disponível em < http://mamona.agriculture.com.br/colheita.php >, acesso em 20 de
junho de 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1808
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA NA SECAGEM DA MAMONA (Ricinus
communis L.) CULTIVAR BOLA SETE SUBMETIDA À TEMPERATURA
DE 50ºC COM INTERVALO DE REPOUSO EM SECADOR DE CAMADA
FIXA

Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com


Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br
Henrique Leandro Silveira, DEG/UFLA, hlsilveira@hotmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar Bola Sete e para a secagem dos frutos foi
utilizado um protótipo de secador experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente.
Assim sendo, foram adicionados em cada bandeja 800 gramas de frutos em média, com
umidade inicial de 67,33% b. U. Os frutos foram colocados no secador durante 5 horas de
secagem, e 5 horas de descanso alternadamente até atingir o peso constante. A medição da
temperatura da massa dos frutos foi obtida por termopares do Tipo J (Cobre / Constantan).
Portanto, o objetivo deste trabalho foi determinar a taxa de redução de água da mamona
cultivar conhecida como Bola Sete, submetida à temperatura constante de 50ºC, com
intervalos de repouso de 5 horas, a cada 5 horas de secagem. Observou-se uma alta taxa de
redução de água no primeiro período de secagem, que foi decaindo progressivamente. Feito o
repouso de 5 horas, este voltou ao secador, e a taxa de redução tornou a subir. Logo após esse
período os picos de taxa de redução de água foram próximos, evidenciando o fim da secagem.

Palavras-Chave: Bola sete, fluxo de ar, Ricinus communis L., taxa de redução de água.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1809
1 INTRODUÇÃO
O processo de secagem de alguns produtos agrícolas como a mamona torna-se
bastante demorado principalmente quando os frutos apresentam um teor de água muito
elevado durante a colheita e devido à secagem ocorrer com o fruto inteiro, sementes e cascas
servindo de barreira natural a migração da água até a sua extremidade, permitindo ao ar de
secagem carrear tal umidade. A remoção dessa água durante a secagem pode ser conhecida
quando se apresenta graficamente uma curva de secagem ou pela taxa de redução de água.
A taxa de redução de água é a relação da perda de água por matéria seca do produto por
hora (Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)). Conhecendo os resultados de TRA pode com
isso plotar gráficos e consequentemente calcular a quantidade de água removida durante a
secagem levando em conta sua área. Com o uso de parâmetros como a temperatura da massa
do produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto, é
fundamental na determinação da taxa de redução de água. O que representa uma ferramenta
de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o processamento de
seu produto. Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de
água da mamona cultivar. Bola sete, submetida à temperatura de 50ºC, em secador de leito
fixo com fluxo de ar ascendente, com intervalos de repouso de 5 horas na secagem, a cada 5
horas de secagem.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da variedade Bola Sete (Figura 1). Os frutos foram
colhidos manualmente quando sua umidade apresentava 67,33% b.u. e adicionados em cada
bandeja 0,8 kg de frutos em média com esta umidade inicial.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1810
Figura 1 - Cacho da cultivar Bola Sete

A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura, a 50ºC.


Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi necessário
regular no painel digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em questão.
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar Bola Sete, foi utilizado um protótipo de
secador experimental de leito fixo com fluxo ascendente (Figura 3). O secador apresenta uma
resistência elétrica, e por meio de um ventilador insuflou o ar aquecido pela resistência e ao
passar pelos frutos, retira a água livre dos mesmos.

Figura 2 - Painel Figura 3 - Secador experimental Figura 4 - Frutos no secador

O secador experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:


Tabela 1 - Caracterização do secador experimental

Tipo de secador Leito fixo de fluxo de ar ascendente


Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1811
Figura 5 - Termopares. Figura 6 - Regulando o fluxo de ar. Figura 7 - Entrada de ar

Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum, em
temperatura de 105°C por 24 horas, Brasil (1992).
Para a determinação da umidade dos frutos da cultivar bola sete, foram cortados em 4
partes e colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da
mamona cultivar Bola sete apresentada na colheita, foi de 67, 33 % b.u..

Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps equação 2

Em que:

Pa: Peso de água


Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa

Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja


periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem aproximadamente constantes. Submeteram-se os frutos à
temperatura de 50ºC, em secador de leito fixo com intervalos de repouso de 5 horas a cada 5
horas de secagem.
A temperatura da massa de frutos foi medida por meio de termopares tipo J (Figura 8),
colocados no centro da massa de frutos, com o objetivo de controlar a temperatura, mantendo-
a a 50ºC. Para minimizar uma possível diferença de temperatura e fluxo de ar de secagem
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1812
entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no plenum e da aerodinâmica
do secador respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas, obedecendo ao sentido de
rotação destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura do ar de secagem foi fixada,
de maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos para a massa de mamona,
de acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O monitoramento da
temperatura e da umidade relativa do ar ambiente, durante a secagem dos frutos de mamona,
foi registrado por um termohigrógrafo (Figura 9). Foi utilizado o anemômetro digital (Figura
10), para medir e regular a velocidade do ar de secagem que passa através da massa de frutos.

Figura 8 - Termopares tipo J.

Figura 9 - Termohigrógrafo. Figura 10 - Anemômetro.

Após a secagem completa, foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pelo
método da estufa e pelo peso constante.
Para acompanhamento da redução de água, e para a obtenção das curvas de taxa de
redução de água, durante o processo de secagem mecânica, foi utilizada a seguinte equação de
taxa de redução de água, de acordo com a equação 1.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1813
( Ma − Mat )
TRA = equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Em que:

TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)


Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)

A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.

Ms = (1- teor de água b.u.) x Mu equação 2

Em que:

MU: Massa Umida


Ms: Matéria Seca (Kg)

Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1814
Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) equação 3

Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a temperatura constante na massa de frutos, durante todo o período de
secagem conheceu-se a quantidade de água que a cultivar Bola Sete perdeu, por unidade de
matéria seca, por unidade de tempo (Gráfico 1).

TRA Media Bola Sete

0,6
0,55
0,5
kg de água/kg de materia seca

0,45
0,4
0,35

0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (horas)

Temperatura 50ºC

Gráfico 1 - Taxa média de redução de água da cultivar Bola 7 à temperatura de 50ºC.

No início, antes do primeiro período de repouso, observou-se uma alta taxa de redução
de água, que daí por diante foi decaindo progressivamente. Feito o repouso de 5 horas, voltou
ao secador e a taxa de redução de água tornou a subir. Pode-se observar também, no gráfico 1,
que, nas primeiras 5 horas, a mamona apresentou os maiores valores de taxa de redução de
água, em razão da remoção da água presente na casca, o que permite ressaltar sobre a água
livre disponível na casca. Logo após esse período, notou-se que em todos os repousos feitos,

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1815
os picos de taxa de redução de água foram próximos, porém decaiam progressivamente,
evidenciando assim a chegada na constância de quantidade de água removida, onde a partir
deste, a água removida poderá ser água de constituição. Evidenciou também a importância de
se utilizar intervalos de repouso como forma de otimizar a técnica de secagem.
Com isso a quantidade de água removida pode ser calculada pelo produto da área x
matéria seca do produto como se observa na Tabela 2.

Tabela 2 - Área abaixo da curva durante o período de secagem.


Área abaixo da curva Matéria Seca Quantidade de água
(kg de água/kg de matéria (kg) removida (kg)
seca) Área x Matéria Seca
1,966 0,263 0,516

De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,966 é a
área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca de encontra o valor da água
removida de 0,516 kg durante a secagem desta cultivar.

4 CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos no presente trabalho, permiti-se obter as seguintes
conclusões:
A taxa de redução de água, à temperatura de 50ºC, obteve as maiores perdas de água no
período inicial de secagem.
O tempo onde se observou maiores valores de taxa de redução de água foi nas primeiras
5 horas de secagem.
Os maiores valores de taxa de redução de água nas primeiras horas foram devido à água
presente na casca.
Após todos os repousos feitos houve picos de taxa de redução de água o que leva a uma
otimização do sistema de secagem.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1816
MARQUES, E. R.; Alterações químicas, sensoriais e microscópicas do café cereja
descascado em função da taxa de remoção de água Dissertação de Mestrado. Lavras :
UFLA, 2006. 85 p.

RIBEIRO, D. M.; BORÉM, F. M.; ANDRADE, E. T. de.; ROSA, S. D. V. F. da.; Taxa de


redução de água do café cereja descascado em função da temperatura da massa, fluxo
de ar e período de pré-secagem. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. 28, n.
7, p. 94-107, 2003. Especial.

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1817
CURVA DE SECAGEM DA MAMONA, CULTIVAR IAC-226,
SUBMETIDA À TEMPERATURA DE 50ºC COM PERÍODO DE REPOUSO
EM SECADOR MECÂNICO

Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br


André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
João Almir Oliveira, DAG/UFLA, jalmir@ufla.br
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: A demanda para escoar a mamona do campo estimula a busca de tecnologias no


sentido de reduzir o tempo na etapa de pós-colheita e reduzir também as perdas no campo,
sendo o uso de secadores mecânicos, projetados ou adaptados, um fator de suma importância
nesse processo, pois o teor de água presente nos frutos é um fator importante tanto durante o
seu processamento, quanto na sua remoção de água durante o período de secagem, para assim
garantir um armazenamento mais seguro. Este trabalho foi realizado no Laboratório de
Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia e na unidade de
beneficiamento e secagem (UBS) no Departamento de Agricultura da Universidade Federal
de Lavras – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus communis L.) da variedade
IAC-226. Para a secagem dos frutos foi utilizado um protótipo de secador experimental tipo
leito fixo com fluxo de ar ascendente. Com isso, a secagem com o auxílio de parâmetros
como o teor de água inicial do produto, a temperatura da massa do produto ou do ar de
secagem são importantes para determinar a curva de secagem desse produto para que o
produtor saiba planejar o escoamento da sua produção. Este trabalho usou uma metodologia
de secagem a qual foi realizada a secagem durante 300 minutos e depois a cultivar foi
submetida ao repouso no mesmo tempo. Portanto, este trabalho foi conduzido com o objetivo
de determinar a cinética de secagem da mamona, cultivar IAC 226 observando o
comportamento da secagem e os efeitos do repouso.

Palavras-Chave: Frutos, IAC-226, Ricinus communis L., secagem com repouso.


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1818
1 INTRODUÇÃO
A mamona, que é vista como parte importante do projeto da produção do biodiesel
nacional vem sendo utilizada como alternativa de fonte de energia e renda, por ser fixadora de
mão-de-obra bem como geradora de emprego e de matéria-prima (Embrapa, 1997). O seu
processo de secagem pode ser conduzido em terreiros cimentados ou de alvenaria, colocados
em camadas finas e uniformes de 5 a 10 cm de espessura por um período de 4 a 15 dias,
dependendo da região (Silva et al., 2006). Desta forma, o processo de secagem torna-se
bastante demorado, pois os frutos apresentam um teor de água elevado após a colheita. Isso
indica que o teor de água pode ser um indicador preciso do nível de maturidade para a
colheita e beneficiamento dos grãos (DESAI, 1997). Portanto o conhecimento desse
parâmetro permite a escolha do procedimento mais adequado para a colheita, a secagem, o
beneficiamento e armazenamento da semente e a preservação de sua qualidade física,
fisiológica e sanidade (Marcos Filho et al, 1987).
A secagem artificial a altas temperaturas, é realizada em secadores que funcionam pelo
princípio da convecção forçada (Silva 2000). O resultado dessa secagem é descrita por uma
curva levando em conta a redução da água do produto em relação ao tempo. Portanto este
trabalho visa o estudo da cinética de secagem da mamona, cultivar IAC -226, utilizando-se
um tempo de repouso e mantendo a temperatura constante.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras – MG e na unidade de
beneficiamento e secagem (UBS) no Departamento de Agricultura. Foram utilizados frutos de
mamona (Ricinus communis L.) da variedade IAC 226. A mamona, cultivar IAC 226, foi
colhida manualmente em campo experimental da Universidade Federal de Lavras (Figura 2),
submetido assim as condições climáticas do local. Sua umidade apresentava 67,33% b.u
quando foram adicionados em cada bandeja, sendo 800 gramas de frutos em média.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1819
Figura 1 - Cultivar IAC 226. Figura 2 - Lavoura de IAC-226.

O experimento iniciou-se onde a mamona cultivar IAC 226 foi submetida a 300 minutos
de secagem e 300 minutos de repouso à uma temperatura de 50°C. Para manter a massa de
frutos com a temperatura de 50ºC no secador foi necessário regular no painel digital (Figura
4) sendo feita também a medição da temperatura da massa dos frutos obtida por termopares
do Tipo J Cobre/Constantan (Figura 5).
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar IAC - 226 foi utilizado um protótipo de
secador experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente. O secador apresenta uma
resistência elétrica e por meio de um ventilador insufla o ar aquecido pela resistência e
passando pelos frutos retirando a água livre dos mesmos.

Figura 3 - Disposição dos frutos nas bandejas. Figura 4 - Painel digital.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1820
Figura 5 - Termopar. Figura 6 - Secador experimental.

O secador experimental apresentou as dimensões como indica a Tabela 1:

Tabela 1 - Caracterização do secador experimental


Tipo de secador Leito fixo de fluxo ascendente
Velocidade do ar de secagem (m/s) 0,6
Dimensão do secador (de entrada do ar p/ o plenum) 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Fluxo de ar de secagem 36 m3. min-1.m-2

Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, Brasil (1992).
Para a determinação da umidade os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes e
colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona
cultivar IAC-226 apresentada na colheita foi de 67,33% b.u..

Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps equação 2

Em que:

Pa: Peso de água


Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1821
Durante o processo de secagem e também durante o repouso dos frutos, estes foram
revolvidos na bandeja periodicamente e foi realizada a pesagem da massa em intervalos de 30
minutos, sendo feita até a massa dos recipientes permanecerem aproximadamente invariável.
As temperaturas da massa de frutos foram medidas no mesmo intervalo da pesagem, por
meio de termopares tipo J, colocados no centro da massa, em cada divisão da câmara de
secagem. Para cada temperatura foram realizadas 4 repetições. Sendo esses dados utilizados
para a plotagem das curvas de secagem. Para minimizar uma possível diferença de
temperatura entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no plenum, foi
realizado um rodízio das bandejas. A temperatura do ar de secagem foi fixada de maneira a
obter os valores médios de temperatura estabelecidos para a massa de mamona de acordo com
a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O monitoramento da temperatura do ar
ambiente e umidade relativa do ar ambiente durante a secagem dos frutos de mamona foram
registrados por um termohigrógrafo. O Anemômetro foi usado para medir a velocidade do ar
de secagem na saída do plenum do secador sendo 0,6 m/s, um fluxo de 36 m3. min-1.m-2.
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 3:

(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 3
(100 − Uf )
Em que:

Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida

Esta variação entre repouso e secagem foi repetida até que a mamona cultivar IAC-226
atingiu o peso constante.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o intuito de se obter uma curva de secagem completa, o experimento foi conduzido
até que se obtivesse uma massa constante na pesagem dos frutos.

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1822
De acordo com a temperatura na massa de frutos durante todo o período de secagem
conheceram-se os efeitos no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do tempo
(Gráfico 1).

Curva de secagem da cultivar IAC 226

800

700

600

500
Massa (g)

400

300

200

100

0
0 300 600 900 1200 1500
Tempo (min.)

Temperatura 50ºC R1 Temperatura 50ºC R2 Temperatura 50ºC R3 Temperatura 50ºC R4

Gráfico 1 - Curvas de secagem da cultivar IAC 226 a temperatura de 50ºC.

Observou-se que nos primeiros 300 minutos (5 horas) de secagem houve uma grande
perda de massa de água isso devido a água livre presente nos frutos.
No Gráfico 2 apresenta a média das curvas de secagem, identificando os períodos de
secagem e de repouso.

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1823
Curva de secagem cultivar IAC 226

800

700

600

500
Período de Período de
(massa (g)

Secagem 1 Repouso 1
400

300
Período de
Período de
Secagem 2
Repouso 2
200

100

0
0 300 600 900 1200 1500
Tempo (min.)

Temperatura 50ºC

Gráfico 2 - Curva média de secagem da cultivar IAC 226 a temperatura de 50ºC.

O tempo total (secagem + repouso) de trabalho foi de 1320 minutos e o tempo apenas
de uso de secador foi de 720 minutos. Durante a secagem foi removida aproximadamente 519
gramas de água ao chegar ao peso de 283 gramas de massa de frutos.

4 CONCLUSÃO
Nos primeiros 300 minutos houve grande perda de massa devido a água livre nos frutos.
O tempo de repouso de 300 minutos e a temperatura de 50ºC para frutos a 67,33%
resultou num tempo de secagem de 720 minutos para a cultivar IAC 226.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

DESAI, B.B; KOTECHA, P.M; SLUNKHE, D.K. Seeds handbook – Biology, Prodution,
Procesing and Storage. New York: Marcel Dekker Inc, 1997, 627 p.

Embrapa Algodão (CPA)/Ministério da Agricultura, Recomendações Técnicas para o


cultivo da Mamoneira no Nordeste do Brasil, Circular Técnica n.º 25 Outubro, 1997,
Campina Grande - Pb. http://mamona.agriculture.com.br/colheita.php, Acessado em 17 de
janeiro de 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1824
MARCOS FILHO, J.; CÍCERO, S.M.; SILVA, W.R.. Avaliação da Qualidade das
Sementes. Piracicaba: FEALQ, 1987, 230 p.

SILVA, O.R.R.F., NÓBREGA, M.B.M., GONDIM, T.M.S., Cultivo da Mamona, Embrapa


Algodão, disponível em http://mamona.agriculture.com.br/colheita.php, acesso em 20 de
junho de 2006.
SILVA, J.S. Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. Ed.1 Viçosa: Aprenda Fácil,
2000.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1825
EFEITO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DO MEIO MS E BAP NO
DESENVOLVIMENTO IN VITRO DO PINHÃO-MANSO

Dalilhia Nazaré do Santos, UFLA, dalilhia@yahoo.com.br


Claudinea Ferreira Nunes, UFLA, nunescfr@yahoo.com.br
Adriene Matos dos Santos, UFLA, amsagro@yahoo.com.br

RESUMO: A busca por uma fonte renovável de energia é uma alternativa viável a
vivenciada crise energética atual, e uma oleaginosa que vem auxiliar é o pinhão-manso. O
objetivo do presente trabalho foi verificar o efeito de diferentes concentrações do meio MS e
BAP no desenvolvimento in vitro de plântulas de pinhão-manso. Os embriões foram
inoculados em meio MS nas concentrações de (0, 25, 50, 75 e 100%) em relação a
composição original, combinando a essas concentrações 0, 2, 4 e 6 mg. L-1 de BAP (6-
Benzilaminopurina) em todas as combinações possíveis. Foi observado que a germinação in
vitro do pinhão-manso é afetada pela concentração do meio MS, onde a concentração de 64%
dos sais se fez mais adequada, obtendo-se um máximo de 90,10% de germinação. O número
de brotos por plântula é afetado de forma linear aos incrementos de concentrações de BAP e
também é afetado pela diferentes concentrações do meio MS, 72,50% da concentração de sais
é mais favorável a esta característica e o número de raízes é afetado pelas concentrações de
BAP.

Palavras-Chave: Pinhão-manso, MS, BAP.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1826
1 INTRODUÇÃO
O mundo está presenciando o fim de um período, no qual a cadeia energética se basea
em fontes fósseis de energia, como carvão e petróleo. Estas fontes levaram a humanidade a
uma crise energética, já que os combustíveis fósseis são recursos naturais não renováveis.
Segundo Vidal (1998) o petróleo está acabando no mundo, não dura mais do que trinta anos.
E também a uma crise ambiental, devido ao longo histórico de degradação a que estes
precedem. Uma das alternativas atualmente viáveis à esse processo é a utilização plantas
oleaginosas como fonte de biocombustíveis. Devido à dimensão continental do Brasil e da sua
diversidade de clima e solo, estima-se que existam aqui mais de 200 espécies de oleaginosas
com potencial para produzir óleo como fonte de matéria prima, para a produção de biodiesel
(energia), contudo um dos destaques do setor é uma planta que, até então, passava quase
despercebida, o pinhão-manso (Beltrão & Cartaxo, 2006).
Os estudos com o pinhão-manso foram despertados devido a características inerentes a
planta como o elevado teor de óleo produzido pelas sementes, que de acordo com (Globo
Rural, 2006) pode superar 30% e a planta pode frutificar por mais de 40 anos, portanto é uma
planta perene, além de adaptada as condições edafoclimáticas diversas, inclusive as semi-
áridas. Pesquisas a respeito da multiplicação in vitro de espécies de interesse econômico são
cada vez mais promissoras. Características como plantios desuniformes, associados à falta de
material genético melhorado, têm sido apontados como os principais fatores, que limitam a
expansão de muitas culturas. Mediante a importância econômica e medicinal da espécie,
devido ao grande interesse no mercado interno com a produção de óleo e, para gerar
excedente exportável, há necessidade de produção de grande quantidade de mudas e da
ampliação do conhecimento da espécie (Nunes, 2007).
A busca da ampliação do conhecimento desta espécie se faz necessário primeiramente,
para que sua domesticação seja efetivamente alcançada. Uma das tecnologias que vem
contribuir para esse objetivo é a micropropagação de plantas, já que os problemas observados
no cultivo convencional são quase inexistentes no cultivo in vitro. Apesar da demanda de
maior conhecimento e estrutura adequada mais complexa, este tipo de cultivo se sobressai,
devido a obtenção de mudas mais saudáveis e mais uniformes, com menor exigência de
espaço físico e temporal, entre outras. A micropropagação, voltada para o cultivo de embriões
pode viabilizar o estabelecimento in vitro do pinhão-manso, já que este é uma espécie perene
e segundo Ribeiro (1999) é uma técnica de relevada importância, pois permite a propagação
rápida de culturas de ciclo longo. Dentro desta importância, objetivo-se com o presente

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1827
trabalho avaliar o efeito de diferentes concentrações do meio MS (Murashige & Skoog, 1962)
e BAP (6-benzilaminopurina) no desenvolvimento in vitro de plântulas pinhão-manso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais da Universidade
Federal de Lavras, Departamento de Agricultura, Lavras – MG.
Para obtenção do material vegetal utilizado, sementes (advindas de plantas matrizes
provenientes da região de Janaúba, Minas Gerais) foram usadas para a retirada dos embriões.
Na câmara de fluxo laminar, as sementes que tiveram o envolcro exterior removido (casca),
passaram por um processo de assepsia, por imersão em álcool 70% v/v durante um minuto,
seguido de hipoclorito de sódio (Qboa®) 2% v/v por 25 minutos, em seguida lavadas três
vezes em água destilada e autoclavada, para remoção dos agentes desinfestantes. As sementes
foram excisadas em placa de petri esterelizada contendo papel de filtro. Com o auxílio de
bisturi e pinça, os integumentos das sementes foram separados longitudinalmente a partir da
região oposta à micrópila, tomando-se o cuidado de não provocar danos aos embriões. Estes
foram inoculados em tubo de ensaio de 25 x 150 mm, contendo 15mL do meio MS nas
concentrações de (0, 25, 50, 75 e 100%) em relação a composição original. Combinou-se a
essas concentrações 0, 2, 4 e 6 mg.L-1 de BAP (6-Benzilaminopurina) em todas as
combinações possíveis, o meio foi solidificado com 6g/L-1 de ágar (Merck®), teve o pH
ajustado para 5,8 antes da autoclavagem a 121°C e 1atm por 20 minutos. As sementes foram
postas para germinar em sala de crescimento, à temperatura de 27 ± 1 ºC, fotoperíodo de 16
horas e 35 µMm-2s-1 de intensidade luminosa, fornecida por lâmpadas fluorescentes brancas
de 20W da marca Osram®. Após um período de 30 dias, as plântulas foram avaliadas quanto a
germinação, número de brotos e número de raízes das plântulas. Para a análise estatística
utilizou-se o software Sisvar (Ferreira, 2000). Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância, com a aplicação do teste F a 5% de probabilidade, e as médias quantitativas
analisadas por regressão.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A variável germinação foi significativa apenas para as concentrações do meio MS, não
houve influência das concentrações de BAP no percentual de germinação dos embriões de
pinhão-manso, sendo que a interação também não se mostrou significativa. Dados
semelhantes quanto a não significância do BAP na germinação foram obtidos por Silva

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1828
(2002), o qual relata que as concentrações de BAP utilizadas não propiciaram diferenças
significativas na porcentagem de germinação dos embriões zigóticos de (Cocos nucífera L.).
É possível que o BAP não apresente efeito sobre a germinação do pinhão-manso devido ao
fato de que este processo fisiológico possa ser controlado por mais de uma substância
promotora, além do BAP. Segundo Santa-Catarina (2001) a adição de BAP ao meio de cultura
não apresentou efeito significativo sobre a percentagem de germinação in vitro de embriões
zigóticos de canela sassafrás (Ocotea odorifera Mez). Paralelamente, a germinação respondeu
as concentrações do meio MS, o que pode não acontecer com outras culturas como ocorre
com o timbó (Derris urucu) (Lippil & A.C.Smith) Macbride, que também é uma lenhosa,
Conceição (2000), estudando a germinação de sua sementes, verificou que as variações nas
concentrações dos sais de macro e micronutrientes do meio MS não interferiram no número
de sementes germinadas aos 12 dias de cultivo in vitro.
Pode-se observar pela figura 1 que o meio de cultura sem nutriente pouco estimulou a
germinação, comparado com a concentração 64% onde se obteve um máximo de 90,10% de
germinação. Também é evidenciado que altas concentrações de nutrientes, não mostraram-se
adequadas quanto a característica avaliada.

GERM = 68,527 + 0,768*(MEIO) - 0,006*(MEIO) 2 - r 2 = 0,5918


100

95

90

85
GERM

80

75

70

65

60
0 25 50 75 100

MEIO

Figura 1 - Representação gráfica e equação de regressão da porcentagem de germinação de


Jatropha curcas L., em função das concentrações do meio de cultura MS. UFLA, Lavras -
MG, 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1829
Sousa, et.al.(2002) trabalhando com germinação in vitro de arnica (Lychnophora
pinaster Mart.), obtiveram a melhor porcentagem de germinação utilizando o meio MS/4
sólido, com 68% germinação dos embriões, e quando usaram o meio MS completo também
obtiveram menor porcentagem de germinação (48%). Embora diferentes meios sejam capazes
de manter os microcultivos de embriões, o mais freqüentemente utilizado é o meio MS
(Andrade et al., 2001).
Houve variação quanto ao número de brotos, tanto em relação as concentrações do meio
MS, como para as concentrações de BAP, no entanto não houve resposta significativo quanto
a interação destes dois fatores. Esses dados se assemelham aos obtidos por Villa, et al. (2005)
que trabalhando com a multiplicação in vitro da amoreira-preta ‘ébano’em diferentes
concentrações de meio MS e BAP, afirmam que o número de brotos da cultivar Ébano foi
estimulado pelo aumento da concentração de sais de MS e da citocinina BAP, porém, não
houve interação entre esses dois fatores.
Analisando-se a figura 2, observa-se que incrementos nas concentrações de BAP
proporcionaram aumento no número de brotos por plântula de pinhão-manso de forma linear.
Verificou-se que o aumento no número de brotos é diretamente proporcional ao aumento das
concentrações de BAP.

NB = 0,48 + 0,08*(BAP) - r 2 = 0,66


1.4

1.2

1.0

0.8
NB

0.6

0.4

0.2

0.0
0 2 4 6

BAP

Figura 2 - Número de brotos por plântulas de J. curcas L., em função das concentrações de
BAP. UFLA, Lavras - MG, 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1830
Este resultado esta em desacordo com os obtidos por Rajore & Batra (2005), que
relatam que na regeneração de J. curcas via meristema, a concentração de 2,00 mg L-1 de
BAP foi a mais efetiva na indução de brotos. Dzazio, et al. (2002) trabalhando com a
micropropagação do porta-enxerto de videira '420-A'A, afirma que a maior quantidade de
brotos por explante foi encontrada nos meios com presença de BAP, concordando com o
resultado aqui apresentado. A multiplicidade de brotos é característica deste regulador, que
induz a formação de grandes números de brotos e alta taxa de multiplicação em muitos
sistemas de micropropagação (Martinelli, 1991). Cordeiro (2004) verificou que a
concentração de BAP, na proliferação de brotos in vitro de paricá (Schizolobium amazonicum
Huber ex Ducke), que resultou em maior número médio de brotações foi a que continha
concentração de 3 mg.L-1, obtendo-se, em média, 2,14 brotos por explante. Em figueira (Ficus
carica L.), o intervalo das concentrações de BAP consideradas mais adequadas para a
obtenção do maior número de brotações se encontra entre 2 e 4 mg L-1 (Brum, 2002). Araújo
(2005) relata que na multiplicação in vitro de Ananas comosus L. Merril a concentração 4,0
mg L-1de BAP diminui a porcentagem de brotação; o que sugere excesso de regulador, este
excesso, nessa concentração da referida citocinina, não ocorre para o pinhão-manso nestas
condições de estudo. O efeito benéfico do BAP na multiplicação das brotações pode ser
relacionado com a influência desse regulador de crescimento na divisão celular e na quebra de
dormência das gemas axilares, até então inibidas pela dominância apical (Brum, 2002)
Pela figura 3 observa-se que a utilização do meio MS até 72,50% de sua concentração
de sais foi favorável, com a obtenção de 1,10 brotos por explante de pinhão-manso, e que
concentrações acima desta, não trouxeram benefício quanto a variável analisada. Rezende
(1996) trabalhando com a multiplicação in vitro de Kiwi, observou maior número de
brotações da cultivar ``Matua´´ em meio contendo 98,46% da concentração do MS e 13,90
mgL-1 de sacarose, sendo produzidas 4,56 brotações. Naves (2001) verificou em trabalho
com bromélia-imperial um aumento no tamanho dos brotos até a concentração de 100% do
meio MS.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1831
NB = 0,049 + 0,029*(MEIO) - 0,0002*(MEIO) 2 - r 2 = 0,86
1.6

1.4

1.2

1.0

0.8
NB

0.6

0.4

0.2

0.0

0 25 50 75 100

MEIO

Figura 3 - Número de brotos por plântulas de J. curcas L., em função das concentrações do
meio MS. UFLA, Lavras - MG, 2007.

Ferreira, (2002) também relata que o meio MS completo apresentou as maiores médias
para a resposta de eixos embrionários de cupuaçu (Theobroma grandiflorum schum.) à
concentração de sais, indicando que a espécie necessita de uma maior concentração de sais na
fase de indução da parte aérea. Em trabalho com café 'Catuaí', objetivando determinar o efeito
de diferentes proporções dos sais inorgânicos e componentes orgânicos do meio MS, Forni &
Pasqual (1996) observaram que o aumento dos níveis de MS proporcionou maior número de
brotos. Para a micropropagação de porta-enxerto de videira, melhores resultados também são
obtidos com o uso do meio MS até na sua concentração original (Villa, 2006). Trabalhando
com a concentração original dos sais do MS Nicoloso (2005), obteve como média de
brotações 1,74 a 0,53, na micropropagação do ginseng brasileiro (Pfaffia glomerata
(Spreng.) Pedersen. Concentrações maiores são utilizadas quando se trata de multiplicação in
vitro de amoreira-preta cultivar Brazos, utilizou-se 150% da concentração dos sais do meio
MS para a melhor resposta a número de brotos, que foi de 3,99 brotos por plântula de
amoreira-preta (Villla, et al.2005). É interessante ressaltar que os níveis de reguladores de
crescimento adequados para proporcionar a maior quantidade de brotos emitidos, variam de
acordo com o genótipo da planta considerada, e que devem ser determinadas para cada caso.
A escolha de citocinina e da concentração utilizada dependerá do material utilizado.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1832
A resposta quanto ao número de raízes obteve significância apenas para as
concentrações de BAP, não respondendo significativamente as concentrações do meio MS, e
nem à interação entre os dois fatores.

NR = 3,282 - 1,78*(BAP) + 0,211*(BAP) 2 - r 2 = 0,92


4.0

3.5

3.0

2.5

2.0

1.5
NR

1.0

0.5

0.0

-0.5

-1.0
0 2 4 6

BAP

Figura 4 - Número de raízes por plântulas de Jatropha curcas L., em função das
concentrações do meio MS. UFLA, Lavras - MG, 2007.

Descordando assim de Villa, et al.(2005) que descreve que houve interação entre BAP e
meio MS no cultivo de amoreira-preta `Ebano´ para número de raízes, em que maior número
(1,6) foi verificado na ausência de BAP em meio MS 50%. Quanto a significancia do BAP na
variável número de raízes, concorda-se com os resultados obtidos por Grattapaglia et al.
(1987), em diversas espécies de Eucalyptus, onde existe uma correlação negativa entre o
aumento das concentrações de BAP no meio de multiplicação e o número de raízes na fase de
enraizamento in vitro.. Frota et al. (2004) verificaram que o BAP não favoreceu o
enraizamento, em pesquisa desenvolvida visando a proliferação e enraizamento in vitro de
brotos de palma forrageira - Opuntia ficus-indica (L.) MILL. Em trabalhos conduzidos por
Andrade (2000), com micropropagação de aroeira (Myracrodruon urundeuva Fr. All), esse
resultado foi mais acentuado, o autor verificou que o enraizamento foi mais abundante em
meio contendo 0 mg L-1 de BAP.

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1833
4 CONCLUSÃO
A germinação in vitro do pinhão-manso é afetada pela concentração do meio MS, onde
a concentração de 64% dos sais se fez mais adequada, se obtendo um máximo de 90,10% de
germinação;
O número de brotos por plântula de pinhão-manso é afetado de forma linear aos
incrementos de concentrações de BAP e a utilização do meio MS até 72,50% de sua
concentração de sais é a mais favorável a esta característica;
O número de raízes é afetado pelas concentrações de BAP.

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1836
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA CULTIVAR IAC-226 EM SECADOR
MECÂNICO COM SECAGEM INTERMITENTE

Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br


Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br
André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Henrique Leandro Silveira, DEG/UFLA, hlsilveira@hotmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
João Almir Oliveira, DAG/UFLA, jalmir@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar IAC-226. Para a secagem dos frutos foi
utilizado um protótipo de secador experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente.
Assim sendo foram adicionados em cada bandeja 0,8 kg de frutos, em média, com umidade
inicial de 67,33% b. U. Os frutos foram colocados no secador por 5 horas e 5 horas em
repouso, sendo este processo repetido alternadamente até a massa de frutos atingirem o peso
constante. Com isso a secagem com o auxílio de parâmetros como a temperatura da massa do
produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto são
fundamentais na determinação da taxa de redução de água, definida como a quantidade de
água que um determinado produto perde, por unidade de matéria seca, por unidade de tempo.
O objetivo deste trabalho foi determinar a taxa de redução de água da mamona cultivar IAC-
226. Foi observado que as primeiras 5 horas de uso de secador foram as que apresentavam
maior taxa de redução e que após os tempos de repouso os primeiros 30 minutos de secagem
apresentam taxas de redução superiores às taxas redução de água observada na medição antes
de se colocar em repouso, mostrando que o repouso foi importante para facilitar a retirada de
água dos frutos.

Palavras-Chave: IAC-226, Ricinus communis L., taxa de redução de água.

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1837
1 INTRODUÇÃO
A secagem de produtos no campo muitas vezes se torna uma operação demorada, e com
isso faz-se a necessidade da utilização de processos que reduzam o tempo de secagem. Esse
tempo é de suma importância para que o processo num sistema de produção possa ser
conduzido de forma planejada. Justamente o conhecimento do sistema de secagem de
qualquer produto agrícola é a forma de poder utilizar de subsídio esses parâmetro conhecidos,
tais como a umidade de colheita, temperatura usada na secagem, o tipo de secador, e o
produto a ser secado. Possivelmente a realização de um intervalo de repouso para que ocorra
essa redução de uso do secador está intimamente ligado a vários testes com varias cultivares
para que se possa definir um tempo para que o produtor tenha confiança em usar um método
adequado para sua secagem que visa menores custos. É nesse contexto do tempo de repouso
na secagem artificial que temperatura da massa do produto ou do ar de secagem, juntamente
com o teor de água inicial do produto é fundamental na determinação da taxa de redução de
água, definida como a quantidade de água que um determinado produto perde, por unidade de
matéria seca, por unidade de tempo (Ribeiro et al, 2003 e Marques, 2006). O que representa
uma ferramenta de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o
processamento de seu produto e que possa servir de subsidio ao estudo da secagem da
mamona. Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de água
da mamona cultivar IAC 226, submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo e
utilizando intervalo de repouso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos
Agrícolas do Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS)
no Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar IAC-226.
Os frutos no início da secagem apresentaram umidade inicial de 67,33% b.u. Foram
adicionados em cada bandeja 0,8 Kg de frutos em média.

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1838
Figura 1 - Cacho da cultivar IAC-226.

A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura 50ºC,


usando painel digital para regular a temperatura desejada em questão (Figura 2). Para a
secagem dos frutos de mamona cultivar IAC-226 foi utilizado um protótipo de secador
experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente (Figura 3). O secador apresenta uma
resistência elétrica e por meio de um ventilador insufla o ar aquecido pela resistência e ao
passar pelos frutos retira a água livre dos mesmos.

Figura 2 - Painel Digital. Figura 3 - Secador experimental.

O secador experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:

Tabela 1 - Caracterização do secador experimental.


Tipo de secador Leito fixo com fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1839
Figura 4 - Regulando o fluxo de ar. Figura 5 - Entrada de ar.

Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Para a determinação da umidade os frutos
da cultivar foram cortados em 4 partes e colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A
umidade inicial dos frutos da mamona cultivar IAC-226 apresentada na colheita foi de 67,33
% b.u.
Os frutos da mamona cultivar IAC 226 foram submetidos à secagem no secador
experimental durante 5 horas e após esse tempo foi colocado em repouso durante o mesmo
tempo de secagem. Este processo se repetiu até a massa de frutos apresentarem peso
constante.
Durante o processo de repouso e de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na
bandeja periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos. Foram
utilizadas 4 repetições. As temperaturas da massa de frutos foram medidas por meio de
termopares tipo J, colocados no centro da massa, para controlar a temperatura de 50ºC. Para
minimizar uma possível diferença de temperatura entre as quatro divisões, decorrente da
posição das resistências no plenum, foi realizado um rodízio das bandejas. A temperatura do
ar de secagem foi fixada de maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos
para a massa de mamona de acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O
monitoramento da temperatura do ar ambiente e umidade relativa do ar ambiente durante a
secagem dos frutos de mamona foram registrados por um termohigrógrafo, (Figura 6). O
Anemômetro digital, (figura 7), foi usado para medir a velocidade do ar de secagem que passa
pela massa de frutos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1840
Figura 6 - Termohigrógrafo. Figura 7 - Anemômetro.

Os dados foram utilizados para a plotagem das curvas de secagem. Após a secagem
completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e pelo peso constante.
Um tempo de repouso de 5 hora a cada 5 horas de secagem, foi realizado para conhecer
o comportamento de secagem da mamona cultivar IAC-226. O que significa um tempo em
que o operador pode colocar o produto em descanso no momento em que outro lote possa ser
secado ao mesmo tempo no leito de secagem.
Para acompanhamento da redução de água e a obtenção das curvas da taxa de redução
de água, durante o processo de secagem mecânica, a taxa de redução de água foi calculada, de
acordo com a equação 1.

( Ma − Mat )
TRA = equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Em que:

TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)


Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)

A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1841
Ms = (1- teor de água b.u.) x Mu equação 2

Em que:

MU: Massa Úmida


Ms: Matéria Seca (Kg)

Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:

Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) equação 3

Em que:

IP: Intervalo entre as pesagens


IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando a temperatura na massa de frutos durante todo o processo (repouso mais
secagem) conheceu-se a quantidade de água que a cultivar IAC 226 perde, por unidade de
matéria seca, por unidade de tempo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1842
Taxa de Redução de Água cultivar IAC-226

0,405

0,36

0,315
kg de água/kg de matéria seca.h

0,27

0,225

0,18

0,135

0,09

0,045

0
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)

Temperatura 50ºC

Figura 8 - Taxa média de redução de água no repouso.

Foi observado que as primeiras 5 horas de uso de secador foram as que apresentavam
maiores taxas de redução. Foi observado também que após os tempos de repouso os primeiros
30 minutos de secagem apresentam taxas de redução superiores às taxas redução de água
observada na medição antes de se colocar em repouso, este comportamento mostra que o
repouso foi importante para facilitar a retirada de água dos frutos. Sendo observado pelos
picos de elevação já nos 30 minutos após os tempos de repouso em relação as 30 minutos
antes do repouso em todo o ciclo.
Para o conhecimento da remoção de água foi calculada a área abaixo da curva, na
Tabela 2.

Tabela 2 - Área abaixo da curva durante o período de secagem.


Área abaixo da curva Matéria Seca Quantidade de água
(kg de água/kg de matéria (kg) removida (kg)
seca) Área x Matéria Seca
1,887 0,2613 0,519

De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,887 é a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1843
área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca de encontra o valor da água
removida de 0,519 kg durante a secagem desta cultivar.

4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir:
O tempo de repouso auxiliou na retirada de água dos frutos devido aos picos obtidos.
Os primeiros 30 minutos de secagem após os repousos apresentaram picos elevados de
taxa de redução de água.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

MARQUES, E. R.; Alterações químicas, sensoriais e microscópicas do café cereja


descascado em função da taxa de remoção de água Dissertação de Mestrado. Lavras :
UFLA, 2006. 85 p.

RIBEIRO, D. M.; BORÉM, F. M.; ANDRADE, E. T. de.; ROSA, S. D. V. F. da.; Taxa de


redução de água do café cereja descascado em função da temperatura da massa, fluxo
de ar e período de pré-secagem. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. 28, n.
7, p. 94-107, 2003. Especial.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1844
CURVA DE SECAGEM DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR
BRS 188 SERTANEJA EM SECADOR MECÂNICO

Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br


André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS)
no Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar BRS 188 Sertaneja, antigamente
chamada de Paraguaçu. Para a secagem dos frutos foi utilizado um protótipo de secador
experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente. Assim sendo foram adicionados em
cada 800 gramas de frutos, em média, com umidade inicial de 67,33% b. U. Com isso, a
secagem com o auxilio de parâmetros como o teor de água inicial do produto e a temperatura
da massa do produto ou do ar de secagem são importantes para determinar a curva de
secagem desse produto para que o produtor saiba planejar o escoamento da sua produção.
Portanto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de determinar a curva de secagem da
mamona cultivar Sertaneja, submetida a secagem de 300 minutos com repouso no mesmo
tempo. Observou-se que no primeiro período de secagem foi onde ocorreram as maiores
perdas de massa devido a água livre presente nos frutos e que após a secagem o
descascamento dos frutos não apresentou dificuldades.

Palavras-Chave: BRS 188 Sertaneja, Ricinus communis L., secagem com repouso,
temperatura.

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1845
1 INTRODUÇÃO
A secagem da mamona pode ser conduzida em terreiros cimentados ou de alvenaria,
colocados em camadas finas e uniformes de 5 a 10 cm de espessura por um período de 4 a 15
dias, dependendo da região (Silva et al., 2006). Desta forma, o processo de secagem torna-se
bastante demorado, pois os frutos apresentam um teor de água elevado após a colheita. O
tempo de secagem dependerá do nível de umidade no momento da colheita e das condições
ambientais, principalmente temperatura e insolação. A secagem em terreiro, método
tradicionalmente usado pelos pequenos produtores, apresenta problemas específicos
principalmente a dependência dos fatores climáticos, ficando sujeito a condições ambientais
inadequadas. Com base nesse tempo de escoamento da mamona, a implementação da
proposta do método de secagem artificial está intimamente ligada a formas experimentais até
chegar a valores que possam ser recomendados em nível de pequena, média e grande
produção, pois levam em conta outros custos que na secagem em terreiro não haveria. Tal
secagem mecânica a alta temperatura, quando usada, é sem duvida a etapa que mais consome
energia. Certamente a resistência dos produtores em aderir ao uso de secadores mecânicos
devido à preocupação com os custos de produção é igual a toda resistência feita a qualquer
produto agrícola que hoje são feitas suas secagens de forma racional. Percebe-se dessa
maneira que a necessidade de fazer um manejo adequado ao produto pode levar a um melhor
uso de um secador mecânico com custos mais baixos, o que leva a estudar formas de conduzir
a secagem da mamona. Sabe-se que um estudo sobre tempo de repouso na secagem da
mamona pode ser justificado pelos resultados positivos encontrados na literatura científica
com outros produtos agrícolas. Cordeiro, (1983), estudando a influência da temperatura e
períodos de repouso de 6 e 12 horas na secagem de café em camada fixa, afirma que esse
tempo possibilitou a remoção da umidade da massa e a redução no gradiente de umidade e do
consumo de energia sem movimentação do produto. Devilla, (1999) em seu trabalho de seca-
aeração de milho com vários tempos de descanso, afirma quanto maior o tempo de repouso
maior a redução no teor de umidade final. Um tempo de repouso poderia facilitar a remoção
de água do produto e responder a um tempo menor de secagem e uma maior remoção de água
do produto. Para alguns produtos agrícolas, determina-se um intervalo de revolvimento do
produto, o que garante uma homogeneização (Silva & Lacerda Filho, (1999)). O
conhecimento desse intervalo de repouso para que ocorra essa redução de uso do secador está
intimamente ligado a vários testes com várias cultivares para que se possa definir um tempo
para que o produtor tenha confiança em usar um método adequado para sua secagem que visa

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1846
menores custos. Portanto, o presente trabalho visa como objetivo o estudo da curva de
secagem da mamona, cultivar Sertaneja, utilizando-se um tempo de repouso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS) no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar BRS 188 ou Sertaneja (Figura 1).

Figura 1 - Cultivar BRS 188 ou Sertaneja.

Para a obtenção da matéria prima utilizada neste trabalho foram colhidos manualmente
frutos de mamona Cultivar BRS 188 ou sertaneja localizados no campo experimental da
Universidade Federal de Lavras. A mamona com teor de água inicial de 67,33% b.u. foi
colhida em cachos e debulhados todos os frutos, homogeneizados e dispostos nas células de
secagem na média de 800 gramas de frutos.
Para conhecer a umidade inicial dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, Brasil (1992).
Para a determinação da umidade os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes e
colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona
cultivar Sertaneja apresentada na colheita foi de 67, 33 % b.u..

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1847
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps equação 2

Em que:

Pa: Peso de água


Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa

O processo de secagem do produto foi realizado sob condições controladas de


temperatura, sendo esta de 50ºC, onde a medição da temperatura da massa dos frutos obtida
por termopares do Tipo J (Cobre / Constantan) (Figura 2) e por um painel digital.
O experimento iniciou-se com a cultivar sendo submetida à secagem utilizando um
secador experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente (Figura 3) na temperatura de
50°C durante 300 minutos, onde depois os frutos foram submetidos a um repouso
evidenciando uma secagem intermitente, o que significa um tempo em que o operador pode
colocar o produto em descanso no momento em que outro lote possa ser secado ao mesmo
tempo no leito de secagem.
Esta variação entre secagem e repouso se repetiu até que a mamona cultivar Sertaneja
atingisse o peso constante.

Figura 2 - Termopar. Figura 3 - Secador experimental.

O secador experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:

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1848
Tabela 1 - Caracterização do secador experimental.
Tipo de secador Leito fixo de fluxo ascendente
Velocidade do ar de secagem (m/s) 0,6
Dimensão do secador (de entrada do ar p/ o plenum) 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Área do leito de secagem 0,61 X 0,61= 0,3721 m2
Fluxo de ar 36 m3.min-1.m-2

Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja


periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem aproximadamente invariável.
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 3.

(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 3
(100 − Uf )
Em que:

Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida

As temperaturas da massa de frutos foram medidas no mesmo intervalo da pesagem, por


meio de termopares tipo J, colocados no centro da massa, em cada divisão da câmara de
secagem. Para o tratamento foi realizado 4 repetições, sendo esses dados utilizados para a
plotagem das curvas de secagem. Após a secagem completa, foi determinada a umidade em
base úmida (b.u.) pela estufa e pelo peso constante. Para minimizar uma possível diferença de
temperatura entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no plenum, foi
realizado um rodízio das bandejas. A temperatura do ar de secagem foi fixada de maneira a
obter os valores médios de temperatura estabelecidos para a massa de mamona de acordo com
a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O monitoramento da temperatura do ar
ambiente e umidade relativa do ar ambiente durante a secagem dos frutos de mamona foram
registrados por um termohigrógrafo. O Anemômetro digital foi usado para medir a velocidade
do ar de secagem na saída do plenum do secador 0,6 m/s.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1849
A secagem foi interrompida, quando a mamona cultivar Sertaneja atingiu o peso
constante.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o interesse em se obter uma curva de secagem completa, os experimentos foram
conduzidos até que se obtivesse uma massa constante na pesagem dos frutos.
De acordo com a temperatura na massa de frutos, durante todo o período de secagem
conheceram-se os efeitos no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do
tempo.

Curva de secagem cultivar BRS 188 Sertaneja

900

800

700

600
massa (g)

500

400

300

200

100

0
0 300 600 900 1200 1500 1800
Tempo (min.)

Temperatura 50ºC R1 Temperatura 50ºC R2 Temperatura 50ºC R3 Temperatura 50ºC R4

Figura 7 - Curvas de secagem da cultivar Sertaneja a temperatura de 50ºC e com repouso.

Inicialmente a cultivar apresentava umidade de 67,33% b.u., sendo então submetida à


secagem artificial na temperatura de 50°C durante 300 minutos. Após este período, a mamona
foi colocada em repouso durante o mesmo tempo equivalente a secagem. Observou-se que
nos primeiros 300 minutos de secagem houve uma perda de massa bem superior como mostra
a Tabela 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1850
Tabela 2 - Analise da perda de massa durante o período de secagem.
Tempo de Secagem (horas) Perda de massa (g)
5 311
5 76
5 63
Total 450

A remoção de 311 gramas de água dos frutos no primeiro período de secagem


confirmou que os frutos perdem com facilidade massa devido à água livre. Após os repousos
a quantidade de água evaporada foi bem semelhante.

Curva de secagem cultivar BRS 188 Sertaneja

900

800

700

600
Massa (g)

500
Período de
Secagem 1
400
Período de Período de Período de
300
Repouso 1 Secagem 2 Repouso 2
Período de
Secagem 3
200

100

0
0 300 600 900 1200 1500 1800
Tempo (min.)

Temperatura 50ºC

Figura 8 - Curva média de secagem média da cultivar Sertaneja a temperatura de 50ºC e com
repouso.

O tempo final de uso do secador à temperatura de 50°C foi de 900 minutos (15 horas)
quando apresentou a umidade de 8% b.u., sendo o tempo total (repouso + secagem) do
processo foi de 1500 minutos (25 horas).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1851
Evidenciaram no intervalo de 300 minutos, 3 períodos de secagem e 2 períodos de
repouso para a mamona Sertaneja com teor de água de 67,33% b.u. na temperatura do ar de
secagem de 50ºC.
Após a secagem, os frutos secos apresentaram sua casaca maleável ao processo de
descascamento mecânico.

4 CONCLUSÃO
Nos primeiros 300 minutos de secagem foi onde ocorreram as maiores perdas de massa
devido a água livre presente nos frutos.
O tempo de uso do secador foi de 900 minutos e somando o tempo de repouso foi de
1500 minutos.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

Cordeiro, João Amaro Braz . Influencia da temperatura e tempo de repouso na secagem


de café (coffea arábica L) em camada fixa. Dissertação de Mestrado. Viçosa, Mg, 1982

DEVILLA, I. A., COUTO, S. M., QUEIROZ, Daniel Marçal de.; DAMASCENO, Guido de
Souza; Reis, F. P. Qualidade de grãos de milho submetidos ao processo de seca-
aeração. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.3, n.2, p.211-215, 1999
Campina Grande, PB, DEAg/UFPB

Embrapa Algodão (CPA)/Ministério da Agricultura, Recomendações Técnicas para o


cultivo da Mamoneira no Nordeste do Brasil, Circular Técnica n.º 25 Outubro, 1997,
Campina Grande - Pb. < http://mamona.agriculture.com.br/colheita.php >, Acessado em 17 de

SILVA, O.R.R.F., NÓBREGA, M.B.M., GONDIM, T.M.S., Cultivo da Mamona, Embrapa


Algodão, disponível em < http://mamona.agriculture.com.br/colheita.php >, acesso em 20 de
junho de 2006.

SILVA, J.S. Secagem e Armazenagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. ed.1


Viçosa: Aprenda Fácil, 2000.

Silva. J.S.; Lacerda Filho, Boletim de extensão: Construção e operação de secador de


grãos, Viçosa,1990.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1852
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA (Ricinus communis L.)
CULTIVAR BRS 188 SERTANEJA EM SECADOR MECÂNICO

Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br


Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br
Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br
Henrique Leandro Silveira, DEG/UFLA, hlsilveira@hotmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar BRS 188 Sertaneja antigamente
chamada de Paraguaçu. Para a secagem dos frutos foi utilizado um protótipo de secador
experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente. Assim sendo foram adicionados 800
gramas de frutos em média com umidade inicial de 67,33% b. U e os frutos foram colocados
no secador durante 5 horas de secagem e 5 horas de descanso periodicamente até atingir o
peso constante. Com isso a secagem com o auxilio de parâmetros como a temperatura da
massa do produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto são
fundamentais na determinação da taxa de redução de água, definida como a quantidade de
água que um determinado produto perde, por unidade de matéria seca, por unidade de tempo.
O objetivo deste trabalho foi determinar a taxa de redução de água da mamona cultivar
conhecida como Sertaneja. Observou-se na secagem da cultivar BRS 149 que a taxa de
redução de água apresenta picos elevados após todos os repousos.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., Sertaneja, secagem, taxa de redução de água.

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1853
1 INTRODUÇÃO
A mamona por ser uma das principais fontes de Biodiesel, na qual a demanda se torna
crescente a cada dia, tem se apresentado de grande valia os estudos de secagem artificial pois
a secagem de produtos no campo muitas vezes se torna uma operação demorada, e com isso
faz-se a necessidade da utilização de processos que reduzam o tempo para que haja um
escoamento mais rápido da produção. O conhecimento da temperatura na secagem pode
favorecer tanto no tempo de uso do secador e também na quantidade de água a ser removida
por hora do produto.
A temperatura da massa do produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de
água inicial do produto é fundamental na determinação da taxa de redução de água, definida
como a quantidade de água que um determinado produto perde, por unidade de matéria seca,
por unidade de tempo (Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)). O que representa uma
ferramenta de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o
processamento de seu produto. Conhecendo os pode-se calcular a quantidade de água
removida durante a secagem levando em conta sua área do gráfico.
Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de água da
mamona cultivar Sertaneja, submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS) no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) cultivar BRS 188 Sertaneja sendo colhida
manualmente no campo experimental da Universidade Federal de Lavras (Figura 2) quando
seu teor de água apresentava 67,33 % b.u..

Figura 1 - Cacho da cultivar Sertaneja.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1854
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992).
Para a determinação da umidade os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes e
colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições.

Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps equação 2

Em que:

Pa: Peso de água


Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa

O experimento iniciou-se com a cultivar sendo submetida à secagem utilizando um


secador experimental (Figura 2) na temperatura de 50°C durante 5 horas. Passadas estas horas
os frutos foram submetidos a um repouso, ou seja o secador foi desligado por 5 horas. Esta
variação entre secagem e repouso se repetiu até que a mamona cultivar Sertaneja atingisse o
peso constante.
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura (50ºC).
Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC no secador foi necessário regular a
temperatura no painel digital (Figura 2). A medição da temperatura da massa dos frutos obtida
por meio de termopares do Tipo J, Cobre/Constantan (Figura 5)
O secador apresenta uma resistência elétrica (Figura 4) e por meio de um ventilador
insufla o ar aquecido pela resistência e ao passar pelos frutos retira a água livre dos mesmos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1855
Figura 2 - Painel. Figura 3 - Secador experimental. Figura 4 - Resistência Elétrica.

O secador experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:

Tabela 1 - Caracterização do secador experimental.


Tipo de secador Leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2

Figura 5 - Termopares. Figura 6 - Regulando o fluxo de ar. Figura 7 - Entrada de ar.

Foram utilizadas 4 bandejas nas quais foram adicionados 0,8 kg de frutos em média.
Durante o processo de secagem e de repouso dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, repetindo este
procedimento até a massa dos recipientes se mantivessem aproximadamente constante. Foram
utilizadas 4 repetições. As temperaturas da massa de frutos foram medidas por meio de
termopares tipo J, colocados no centro da massa, para controlar a temperatura de 50ºC. Para

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1856
minimizar uma possível diferença de temperatura entre as quatro divisões, decorrente da
posição das resistências no plenum, foi realizado um rodízio das bandejas. A temperatura do
ar de secagem foi fixada de maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos
para a massa de mamona de acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O
monitoramento da temperatura do ar ambiente e umidade relativa do ar ambiente durante a
secagem dos frutos de mamona foram registrados por um termohigrógrafo (Figura 8). O
Anemômetro digital (Figura 9) foi usado para medir a velocidade do ar de secagem que passa
pela massa de frutos.

Figura 8 - Termohigrógrafo. Figura 9 - Anemômetro.

Os dados utilizados para a plotagem das curvas de secagem. Após a secagem completa
foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e pelo peso constante.
Um tempo de repouso de 5 hora a cada 5 horas de secagem, foi realizado para conhecer
o comportamento de secagem da mamona Cultivar BRS 188 Sertaneja. O que significa um
tempo em que o operador pode colocar o produto em descanso no momento em que outro lote
possa ser secado ao mesmo tempo no leito de secagem.
Para acompanhamento da redução de água e a obtenção das curvas da taxa de redução
de água, durante o processo de secagem mecânica foi calculada, de acordo com a equação 3.

( Ma − Mat )
TRA = equação 3
Ms.(t1 − t 0)
Em que:

TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)


Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)

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1857
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)

A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.

Ms = (1- teor de água b.u.) x Mu equação 4

Em que:

MU: Massa Umida


Ms: Matéria Seca (Kg)

Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:
Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) equação 5
Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior

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1858
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao se analisar a temperatura na massa de frutos durante todo o processo (repouso mais
secagem) pode-se conhecer a quantidade de água que a cultivar Sertaneja perde, por unidade
de matéria seca, por unidade de tempo.

Taxa de redução de água Cultivar BRS 149 Sertaneja

0,8
0,75
0,7
0,65
kg de água/kg de matéria seca.h

0,6
0,55
0,5
0,45
0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (h)

Temperatura 50ºC

Figura 10 - Taxa média de redução de água no repouso da cultivar BRS 149 Sertaneja.

Foi observado também que após os tempos de repouso, os primeiros 30 minutos de


secagem apresentam taxas de redução superiores as taxas redução de água final observada na
medição antes de se colocar em repouso, este comportamento mostra que o repouso foi
importante para facilitar a retirada de água dos frutos.
A remoção de água dos frutos se deu completa, sendo assim há um conhecimento de
todo o comportamento da TRA durante a secagem.
Com isso a quantidade de água removida pode ser calculada pelo produto da área x
matéria seca do produto como se observa na Tabela 2.

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1859
Tabela 2 - Área abaixo da curva durante o período de secagem.
Área abaixo da curva Matéria Seca Quantidade de água
(kg de água/kg de matéria seca) (kg) removida (kg)
Área x Matéria Seca
1,669 0,2613 0,436

De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 5 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,699 é a
área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca encontram o valor da água
removida de 0,436 kg.

4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir:
Os primeiros 30 minutos de secagem após os repousos apresentaram picos elevados de
taxa de redução de água.
A taxa de redução de água apresenta picos elevados após todos os repousos.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Viçosa: Aprenda Fácil, 2000.

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UFLA, 2006. 85 p.

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redução de água do café cereja descascado em função da temperatura da massa, fluxo
de ar e período de pré-secagem. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. 28, n.
7, p. 94-107, 2003. Especial.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1860
EFEITOS DO ÁCIDO GIBERÉLICO E TRATAMENTO FÍSICO NO VIGOR
E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Ricinus Communis ENVELHECIDAS
ARTIFICIALMENTE

Lisandro Tomas da Silva Bonome, UFLA, lisandrobonome@terra.com.br


Rafael Augusto Silva Fernandes Campos, UFLA, rpgrafael@hotmail.com
Érika Silva Umemura, UFLA, erika_ume@hotmail.com
Lucas Gontijo Silva Maia, UFLA, lucasgsm@hotmail.com
Filipe Egídio Dias do Prado, UFLA, egidioufla@hotmail.com

RESUMO: O cultivo de Ricinus communis tem se mostrado promissor, especialmente


devido à produção do biodiesel, entretanto a planta apresenta germinação complexa e pouco
estudada. Fez-se o teste de germinação e análise do vigor da cultivar AL Guarany 2002 –
seleção UFLA através dos cálculos do IVG e 1ª contagem, com sementes embebidas por 20
horas em giberelina em 0, 500 e 1000 ppm, envelhecimento acelerado por 0, 96 e 192 horas e
manutenção ou remoção da carúncula. Apenas o envelhecimento acelerado foi significativo,
isoladamente, e apresentou-se inversamente proporcional ao vigor. A embebição melhorou o
vigor de sementes fisiologicamente bem condicionadas.

Palavras-Chave: Mamona, ácido giberélico, envelhecimento acelerado, carúncula, teste de


vigor, germinação.

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1861
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis) é uma planta da família Euphorbiaceae que vem
despertando o interesse dos agricultores devido à característica lipídica de suas sementes, cujo
teor de óleo varia em torno de 35% a 55% (Vieira et al., 1998).
O óleo extraído das sementes da mamoneira possui uma gama muito extensa de
aplicações, podendo ser utilizado como matéria prima para fabricação de batom, lubrificante
de motores, fabricação de tintas, vernizes, sabões, detergentes, cosméticos e mais
recentemente para a produção de biodiesel.
Atualmente, a propagação da mamona é realizada exclusivamente por meio de
sementes, dessa maneira a disponibilidade de sementes com qualidade fisiológica é de
fundamental importância para o êxito econômico da cultura. A germinação e o vigor das
sementes são dois dos principais fatores iniciais para se garantir uma boa produtividade da
cultura. Técnicas que induzam a melhora destes fatores são importantes para aumentar o
potencial de desempenho das sementes e, por conseguinte, a uniformidade das plantas em
condições de campo.
Entretanto, as sementes de mamona apresentam dormência (Shepentina et al., 1986),
fenômeno fisiológico que dificulta o estabelecimento uniforme das plantas que levam a baixa
produtividade (Avelar et al., 2006).
O ácido giberélico (GA ) é um hormônio sintético largamente utilizado na aceleração e
3

uniformidade na germinação de diversas espécies. Stenzel et al., (2003), trabalhando com


sementes de atemóia e de fruta do conde, verificaram que este hormônio nas concentrações de
50 ou 100 ppm proporcionou uma taxa de germinação e velocidade de germinação
significativamente superior à testemunha. Resultados semelhantes foram observados por
Aragão et al., (2001) com sementes de milho doce e por Sousa et al., (2002) com sementes de
citros.
Com esse trabalho, teve-se por objetivo avaliar a influência do ácido giberélico sobre a
germinação e o vigor de sementes de mamona envelhecidas artificialmente.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi conduzido no Laboratório de Sementes do Departamento de
Agricultura, situado na Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras – Minas Gerais.
As sementes de mamona utilizadas no presente trabalho foram da cultivar AL Guarany
2002 – seleção UFLA, coletadas em setembro de 2006. Após a coleta, as sementes foram
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1862
repartidas em dois lotes, sendo que em um deles realizou-se a retirada manual da carúncula.
Concluído este procedimento, cada lote (com e sem carúncula) foi repartido em três amostras
com aproximadamente 600 sementes, as quais foram submetidas ao envelhecimento
acelerado, em BOD a 42°C por 0, 96 e 192 horas, respectivamente, segundo metodologia
proposta por Krzyzanowski et al, 1999.
Após cada período de envelhecimento acelerado, parte das sementes foi destinada à
determinação do grau de umidade, pelo método de estufa a 105 ± 2°C durante 24 horas
(Brasil, 1992), utilizando-se duas repetições de 30 sementes. Os resultados foram expressos
em porcentagem, com base no peso úmido das sementes. Na outra parte de sementes foi
realizada uma desinfestação fitosanitária com hipoclorito a 1% por 5 minutos. Concluído a
desinfestação das sementes, a amostra foi dividida em três sub-amostras as quais foram
submetidas ao tratamento com ácido giberélico, em três concentrações, 0, 500 e 1000 ppm,
respectivamente, por 20 horas de imersão.
Realizado o tratamento com ácido giberélico, montou-se o teste de germinação, o qual
foi conduzido conjuntamente com o índice de velocidade de germinação e o teste de primeira
contagem, em rolo de papel de germinação umedecido com água na quantidade de 2,5 vezes o
peso do papel. Os rolos em número de oito, contendo 25 sementes cada, foram mantidos no
germinador regulado à temperatura de 29°C. A partir da germinação, foram realizadas
avaliações diárias, computando-se o número de plântulas normais, até a estabilização.
Considerou-se plântulas normais aquelas que apresentaram radícula primária com, no
mínimo, 6 cm e radícula secundária com 1,5 cm. A primeira contagem foi realizada no sétimo
dia, computando-se plântulas normais. O índice de velocidade de emergência foi calculado
segundo fórmula proposta por Maguirre (1962).
A porcentagem de germinação foi computada após a estabilização da germinação nas
parcelas, avaliando-se o número de plântulas normais.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial (3x3x2)
com 8 repetições de 25 sementes, sendo 3 períodos de envelhecimento acelerado (0, 96 e 192
horas); 3 concentrações de ácido giberélico (0, 500 e 1000 ppm) e 2 tratamentos físicos
(presença e ausência de carúncula).
Dados quantitativos, quando possível, foram avaliados por meio de análise de regressão
e os dados qualitativos foram avaliados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizou-se
uma transformação do tipo X^0,5.
A análise dos dados foi realizada pelo sistema de Análise de Variância para Dados
Balanceados, SISVAR, para microcomputadores, desenvolvido por Ferreira (2006).
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1863
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos na determinação do grau de umidade das sementes durante o
envelhecimento acelerado (Figura 1) não foram submetidos à análise estatística.
Pode-se verificar que houve um pequeno declínio no grau de umidade das sementes
quando estas foram envelhecidas por 96 horas. Todavia sementes envelhecidas por 192 horas
apresentaram um alto grau de umidade superando inclusive a testemunha.

21
18
15
12
9
6
3
0
0 96 192

Figura 1 - Médias, em porcentagem, do grau de umidade das sementes de mamona


submetidas ao envelhecimento acelerado por zero, 96 e 192 horas. UFLA, Lavras, MG, 2007.

Para o índice de velocidade de germinação e para a 1ª contagem de germinação,


observa-se efeito significativo do envelhecimento acelerado (Figura 2) e da interação de
tratamento físico x tempo de envelhecimento acelerado (Tabela 1).

0,8
0,6
1ª Contagem

0,4
0,2
0
-0,2
-0,4
0 96 192
Envelhecimento Acelerado (horas)

Figura 2 - Regressão linear para 1ª contagem de germinação. Pontos representam o valor


observado e a reta representa a equação “1ªcontagem = 0.708128 - 0.003568X”. R²=99,90%.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1864
Quanto à presença ou ausência da carúncula observa-se pela Tabela 1 que sua retirada
promoveu um incremento no vigor das sementes somente quando estas foram envelhecidas
por 96 horas. Contrariamente, sementes não envelhecidas germinaram mais rapidamente na
presença da carúncula. Por outro lado, em sementes envelhecidas por 192 horas não foi
observado diferença estatística quando da presença ou da ausência da carúncula.

Tabela 1 - Resultados médios do índice de velocidade de germinação de sementes de mamona


em função do tempo de envelhecimeto acelerado (0, 96 e 192 horas) e do tratamento físico
(presença e ausência de carúncula). UFLA, Lavras, MG, 2007.

Tratamento Físico
Tempo de envelhecimento acelerado (horas)
Sem carúncula Com carúncula
0 1,65Ab 1,84 Aa
96 0,94 Ba 0,77 Bb
192 0,10 Ca 0,06 Ca

Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

A aplicação de ácido giberélico promoveu aumento na velocidade de germinação de


sementes de mamona quando estas não foram envelhecidas artificialmente,
independentemente da concentração utilizada. Entretanto, quando as sementes foram
envelhecidas por 96 horas a aplicação de giberelina foi prejudicial ao vigor das sementes. Para
sementes envelhecidas por 192 horas não se verificou diferença estatística entre os
tratamentos (Tabela 2). Estes resultados indicam que a aplicação de ácido giberélico é
eficiente para aumentar o vigor das sementes quando estas apresentam alta qualidade
fisiológica.

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1865
Tabela 2 - Resultados médios do índice de velocidade de germinação de sementes de mamona
em função do tempo de envelhecimeto acelerado (0, 96 e 192 horas) e do tratamento com
ácido giberélico (0, 500 e 1000 ppm). UFLA, Lavras, MG, 2007.

Tempo de envelhecimento Concentração de Ga3 (ppm)


acelerado 0 500 1000
0 1,63Ab 1,80 Aa 1,82 Aa
96 1,00 Ba 0,84 Bb 0,71 Bb
192 0,15 Ca 0,02 Ca 0,07 Ca

Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

De acordo com o vigor medido pelo teste de primeira contagem (Tabela 3) observa-se
que sementes não envelhecidas artificialmente e não tratadas com ácido giberélico
apresentaram maior vigor na presença da carúncula do que na ausência. Resultado semelhante
foi observado quando as sementes foram tratadas com 1000 ppm de ácido giberélico. Por
outro lado, não foi observada diferença estatística entre sementes com carúncula e sem
quando tratadas com 500 ppm de ácido giberélico. Para sementes envelhecidas por 96 horas
não foi observada diferença estatística entre os tratamentos, exceção feita para sementes com
carúncula e tratadas com 1000 ppm de ácido giberélico, as quais apresentaram menor vigor.
Diferença estatística entre os tratamentos também não foi observada quando as sementes
foram envelhecidas por 192 horas.

Tabela 3 - Resultados médios de plântulas normais na primeira contagem do teste de


germinação em função do tempo de envelhecimeto acelerado (0, 96 e 192 horas), tratamento
com ácido giberélico (0, 500 e 1000 ppm) e do tratamento físico (presença e ausência de
carúncula). UFLA, Lavras, MG, 2007.

Concentração Zero hora 96 horas 192 horas


de GA3 (ppm) S/carúncula C/carúncula S/carúncula C/carúncula S/carúncula C/carúncula
0 0,63Ab 0,73Aa 0,45Aa 0,37Aa 0,05Aa 0,03Aa
500 0,70Aa 0,75Aa 0,40Aa 0,32Aa 0,03Aa 0,00Aa
1000 0,66Ab 0,81Aa 0,41Aa 0,17Bb 0,05Aa 0,03Aa

Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
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1866
O teste de germinação foi conduzido de acordo com as Regras para Análise de
Sementes concomitante ao teste de vigor (Tabela 4).

Tabela 4 - Teste de germinação em porcentagem de plântulas normais em função do tempo de


envelhecimeto acelerado (0, 96 e 192 horas), tratamento com ácido giberélico (0, 500 e 1000
ppm) e do tratamento físico (presença e ausência de carúncula). UFLA, Lavras, MG, 2007.

Concentração Germinação em % de plântulas normais


de GA3 (ppm) Zero hora 96 horas 192 horas
S/carúncula C/carúncula S/carúncula C/carúncula S/carúncula C/carúncula
0 59 72 39 32 3 2
500 72 80 22 18 1 0
1000 68 78 20 10 1 1

4 CONCLUSÃO
A utilização de ácido giberélico a 500 e 1000 ppm promoveu um incremento no vigor
das sementes de mamona não envelhecidas e com carúncula.
A retirada da carúncula e/ou a aplicação de ácido giberélico não foram eficientes para
promover aumento no vigor das sementes de mamona com baixa qualidade fisiológica.

5 AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos professores Pedro Castro Neto e Antônio Carlos Fraga por cederem,
gentilmente, as sementes utilizadas no experimento.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Annals of Missouri Botanical Garden, vol. 81, nº 1, 1994, pp 33-144.

WIKIPÉDIA. Desenvolvido pela Wikimedia Foundation. Apresenta conteúdo enciclopédico.


Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/>. Acesso em: 14 jan. 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1869
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA (Ricinus communis L.)
CULTIVAR BRS 149 NORDESTINA EM SECADOR TIPO CAMADA FIXA

André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br


Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br
Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
Henrique Leandro Silveira, DEG/UFLA, hlsilveira@hotmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
João Almir Oliveira, DAG/UFLA, jalmir@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da variedade BRS 149 também conhecida como
Nordestina. Para a secagem dos frutos foi utilizado um protótipo de secador experimental de
leito fixo com fluxo de ar ascendente. Assim sendo foram utilizados 4 bandejas em cada qual
foram adicionados 0,7 kg de frutos em média, com umidade inicial de 67,33% b. U. Os frutos
foram secados durante 5 horas e colocados em repouso no mesmo tempo da secagem. Este
processo se repetiu alternadamente até que os frutos atingissem o peso constante. Com isso a
secagem com o auxilio de parâmetros como a temperatura da massa do produto ou do ar de
secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto são fundamentais na determinação
da taxa de redução de água, definida como a quantidade de água que um determinado produto
perde, por unidade de matéria seca, por unidade de tempo. O objetivo deste trabalho foi
determinar a taxa de redução de água da mamona cultivar Nordestina. Observou-se que após
os dois tempos de repouso durante a secagem apresentaram picos elevados de taxa de redução
de água, havendo redistribuição de água nos frutos da cultivar BRS 149 Nordestina no tempo
de repouso.

Palavras-Chave: Ricinus communis L., Nordestina, taxa de redução de água.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1870
1 INTRODUÇÃO
O conhecimento pode-se embasar este estudo a partir de experimentação e utilizar disto
como base para mais estudos, sendo a remoção de água é um fator principal para que o
produto seja armazenado com maior segurança.
A temperatura da massa do produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de
água inicial do produto é fundamental na determinação da taxa de redução de água, definida
como a quantidade de água que um determinado produto perde, por unidade de matéria seca,
por unidade de tempo (Ribeiro et al, 2003 e Marques, 2006). O que representa uma
ferramenta de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o
processamento de seu produto. Com isso plota-se gráficos de taxa de redução de água e
consequentemente calcula-se a quantidade de água removida durante a secagem levando em
conta sua área. E sabe-se que pelo estudo da geometria, a área é um numero que sugere o
tamanho de uma região limitada num determinado gráfico. Portanto, este trabalho foi
conduzido a fim de determinar a taxa de redução de água da mamona cultivar Nordestina,
submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS) no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) Cultivar BRS 149 Nordestina (Figura 1) colhidos
manualmente no campo experimental apresentando umidade inicial de 67,33% b.u, sendo
adicionados às 4 células de secagem sendo que em cada uma foram colocados 0,7 Kg de
frutos em média.
Para conhecer a umidade inicial dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1871
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps equação 2

Em que:

Pa: Peso de água


Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa

Para a determinação da umidade os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes e


colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona
cultivar Nordestina.apresentada na colheita foi de 67,33 % b.u..

Figura 1 - Cacho da cultivar Nordestina.

A secagem mecânica do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura


50ºC regulando o painel digital, (Figura 2), e utilizando termopares. Para a secagem dos frutos
de mamona cultivar Nordestina foi utilizado um protótipo de secador experimental de leito
fixo com fluxo de ar ascendente (Figura 3). O secador apresenta uma resistência elétrica,
(Figura 4), e por meio de um ventilador insufla o ar aquecido pela resistência e ao passar
pelos frutos retira a água livre dos mesmos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1872
Figura 2 - Painel. Figura 3 - Secador experimental. Figura 4 - Resistência.

O secador experimental apresentou as dimensões como indica a Tabela 1:

Tabela 1 - Caracterização do secador experimental.


Tipo de secador leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2

Figura 5 - Termopares. Figura 6 - Regulando o fluxo de ar. Figura 7 - Entrada de ar.

Os frutos foram submetidos à secagem e repouso no secador durante 5 horas. Este


processo se repetiu até a massa de frutos apresentarem peso constante.
Durante o processo de repouso e de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na
bandeja periodicamente e feita a pesagem da massa de frutos em intervalos de 30 minutos.
Para cada temperatura foram realizadas 4 repetições. As temperaturas da massa de frutos
foram medidas por meio de termopares tipo J (Figura 5), colocados no centro da massa, para
controlar a temperatura de 50ºC. Para minimizar uma possível diferença de temperatura entre
as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no plenum, foi realizado um rodízio
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1873
das bandejas. A temperatura do ar de secagem foi fixada de maneira a obter os valores médios
de temperatura estabelecidos para a massa de mamona de acordo com a temperatura lida pelo
termopar em meio digital. O monitoramento da temperatura do ar ambiente e umidade relativa
do ar ambiente durante a secagem dos frutos de mamona foram registrados por um
termohigrógrafo (Figura 8). O Anemômetro digital (Figura 9) foi usado para medir a
velocidade do ar de secagem que passa pela massa de frutos para calcular o fluxo de ar.

Figura 8 - Termohigrógrafo. Figura 9 - Anemômetro.

O tempo de repouso significa um tempo em que o operador pode colocar o produto em


descanso no momento em que outro lote possa ser secado ao mesmo tempo no leito de
secagem.
Após a secagem completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e
pelo peso constante.
Para acompanhamento da redução de água e a obtenção das curvas da taxa de redução
de água, durante o processo de secagem mecânica.

A taxa de redução de água foi calculada, de acordo com a equação 3.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1874
( Ma − Mat )
TRA = equação 3
Ms.(t1 − t 0)
em que:

TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)


Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)

A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.

Ms = (1- teor de água b.u.) x Mu equação 4

em que:

MU: Massa Umida


Ms: Matéria Seca (Kg)

Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 5 a
seguir:

Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) equação 5

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1875
Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observando a temperatura na massa de frutos durante todo o processo conheceu-se a
quantidade de água que a cultivar Nordestina perdeu, por unidade de matéria seca, por
unidade de tempo.

Taxa de redução de água cultivar BRS 149 Nordestina

0,54
0,495
0,45
kg de água/kg de matéria seca.h

0,405
0,36
0,315
0,27
0,225
0,18
0,135
0,09
0,045
0
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)

Temperatura 50ºC

Figura 10 - Taxa média de redução de água no repouso.

Foi observado que nas primeiras 5 horas de secagem foram as que apresentavam maior
taxa de redução sendo que os primeiros 30 minutos de secagem apresentam taxas de redução
elevadas. Após cada repouso notou-se que a taxa de redução de água apresentava maior que a
ultima taxa de redução antes do repouso, o que confirma o comportamento de redistribuição
de água nos frutos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1876
Para o conhecimento da remoção de água foi calculada a área abaixo da curva, na
Tabela 2.
A quantidade apresentada pela tabela 2 é o valor de toda água removida no processo.

Tabela 2 - Área abaixo da curva durante o período de secagem.


Área abaixo da curva Matéria Seca Quantidade de água
(kg de água/kg de matéria (kg) removida (kg)
seca) Área x Matéria Seca
1,853 0,229 0,423

De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 5 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,853 é a
área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca de encontra o valor da água
removida de 0,423 kg durante a secagem desta cultivar.

4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir:
Após os dois tempos de repouso apresentaram picos elevados de taxa de redução de
água.
Houve redistribuição de água nos frutos da cultivar BRS 149 Nordestina no tempo de
repouso.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

MARQUES, E. R.; Alterações químicas, sensoriais e microscópicas do café cereja


descascado em função da taxa de remoção de água Dissertação de Mestrado. Lavras :
UFLA, 2006. 85 p.

RIBEIRO, D. M.; BORÉM, F. M.; ANDRADE, E. T. de.; ROSA, S. D. V. F. da.; Taxa de


redução de água do café cereja descascado em função da temperatura da massa, fluxo de ar
e período de pré-secagem. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. 28, n. 7, p.
94-107, 2003. Especial.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1877
CURVA DE SECAGEM DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR
BRS 149 (NORDESTINA) EM SECADOR TIPO CAMADA FIXA

André Fernando Ferreira, DEG/UFLA, piragogo@yahoo.com.br


Gabriel Araújo e Silva Ferraz, DEG/UFLA, gaferraz1@yahoo.com.br
Fábio Ponciano de Deus, DEG/UFLA, fpdagricola@yahoo.com.br
Pablo José da Silva, DEG/UFLA, engsilva@gmail.com
Henrique Leandro Silveira, DEG/UFLA, hlsilveira@hotmail.com
Érico Tadao Teramoto, DEG/UFLA, ericoengeneer@hotmail.com
Frederico Faúla de Sousa, DEG/UFLA, faula@ufla.br
João Almir Oliveira, DEG/UFLA, jalmir@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos


Agrícolas do Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da variedade BRS 149 (Nordestina) e para a
secagem dos frutos foi utilizado um protótipo de secador experimental de leito fixo com fluxo
de ar ascendente. Assim sendo foram adicionados em cada bandeja 700 gramas de frutos, em
média, com umidade inicial de 67,33% b. U.. Os frutos foram submetidos a 300 minutos de
secagem e 300 minutos em repouso repetindo alternadamente até a massa de frutos atingir o
peso constante. Com isso, a secagem com o auxilio de parâmetros como o teor de água inicial
do produto, a temperatura da massa do produto ou do ar de secagem são importantes para
determinar a cinética de secagem desse produto para que o produtor saiba planejar o
escoamento da sua produção. Portanto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de
determinar a curva de secagem da mamona cultivar Nordestina, submetida a temperatura de
50ºC em secador de leito fixo com intervalos periódicos de repouso.

Palavras-Chave: BRS 149 Nordestina, camada fixa, Ricinus communis L., secagem,
temperatura.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1878
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que início da secagem de produtos agrícolas a remoção da água é bem maior
devido à água superficial no produto. A água superficial pode ser retirada sob alta temperatura
do ar. Quando o produto se encontra completamente úmido, no início da secagem a água
escoa, na fase liquida. Com a retirada da umidade, ocorre decréscimo no diâmetro dos poros e
capilares e, consequentemente, decréscimo de volume do produto aproximadamente igual ao
volume de água evaporada. À medida que a secagem prossegue e tenha passado pelo ponto de
umidade crítica, teor de umidade decresce. A pressão parcial de vapor decresce e a contração
de volume do produto continua, porém em menor intensidade. A secagem ocorre no interior
do produto. O teor de umidade de equilíbrio é atingido quando a quantidade de água
evaporada se iguala à quantidade condensada. Tal conhecimento da disponibilidade de água
durante a secagem é importante no ponto de vista de qualidade e custos. A secagem mecânica
viabiliza a secagem dos frutos da mamoneira pelo fato destes não amadurecerem e secarem de
forma homogênea na planta, além da deiscência das sementes no campo ocorrendo perdas,
necessitando de um estudo que aperfeiçoe o uso do secador. Portanto, este trabalho foi
conduzido com o objetivo de determinar a curva de secagem da mamona cultivar Nordestina,
submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo com intervalo periódicos de
repouso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS) no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da variedade Nordestina (Fotos 1 e 2).

Figura 1 - Cultivar BRS 149 Nordestina. Figura 2 - Cultivar BRS 149 Nordestina.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1879
A mamona, cultivar Nordestina foi colhida manualmente no campo experimental da
Universidade Federal de Lavras (Figura 2). Os frutos no início da secagem no secador
apresentaram umidade inicial de 67,33% b.u.. Foram adicionados em cada bandeja 700
gramas de frutos em média com umidade inicial.
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, Brasil (1992).
Para a determinação da umidade os frutos da cultivar Nordestina foram cortados em 4
partes e colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da
mamona cultivar Nordestina apresentada na colheita foi de 67, 33 % b.u..

Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt

Pa = Pt − Ps equação 2

Em que:

Pa: Peso de água


Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa

Sendo assim a secagem do produto foi realizada sob condição controlada de temperatura
de 50ºC, sendo a medição da temperatura da massa dos frutos obtida por termopares do Tipo
J, Cobre/Constantan (Figura 3). Para a secagem dos frutos de mamona cultivar Nordestina foi
utilizado um protótipo de secador experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente
(Figura 4). O secador apresenta uma resistência elétrica e por meio de um ventilador insufla o
ar aquecido pela resistência, e ao passar pelos frutos retira a água livre dos mesmos.
Um tempo de repouso de 5 hora a cada 5 horas de secagem, foi realizado para conhecer
o comportamento de secagem da mamona Cultivar BRS 149. O que significa um tempo em
que o operador pode colocar o produto em descanso no momento em que outro lote possa ser
secado ao mesmo tempo no leito de secagem.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1880
Figura 3 - Termopar. Figura 4 - Secador experimental.

O secador experimental apresentou as dimensões como indica a Tabela 1:

Tabela 1 - Caracterização do secador experimental


Tipo de secador Leito fixo com fluxo de ar ascendente
Velocidade do ar de secagem (m/s) 0,6
Dimensão do secador (de entrada do ar p/ o plenum) 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Área do leito de secagem 0,61 X 0,61= 0,3721 m2
Área de cada célula de secagem 0,24 x0,24 = 0,0576 m2
Fluxo de ar 36 m3.min-1.m-2

Durante o processo de secagem e também durante o repouso dos frutos, estes foram
revolvidos na bandeja periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30
minutos (Figura 5), sendo feita até a massa dos recipientes permanecerem aproximadamente
invariável.

Figura 5 - Pesagem da massa de frutos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1881
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 3

(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 3
(100 − Uf )
Em que:

Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida

Figura 6 - Repouso da massa de frutos.

As temperaturas da massa de frutos foram medidas no mesmo intervalo da pesagem, por


meio de termopares tipo J, colocados no centro da massa, em cada divisão da câmara de
secagem. Para o tratamento foram realizadas 4 repetições. Sendo esses dados utilizados para
a plotagem das curvas de secagem. Após a secagem completa foi determinada a umidade em
base úmida (b.u.) pela estufa e pelo peso constante. Para minimizar uma possível diferença de
temperatura entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no plenum, foi
realizado um rodízio das bandejas. A temperatura do ar de secagem foi fixada de maneira a
obter os valores médios de temperatura estabelecidos para a massa de mamona de acordo com
a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O monitoramento da temperatura do ar
ambiente e umidade relativa do ar ambiente durante a secagem dos frutos de mamona foram
registrados por um termohigrógrafo. O Anemômetro de fio quente foi usado para medir a
velocidade do ar de secagem na saída do plenum do secador. 0,6 m/s, sendo um fluxo de 36
m3. min-1.m-2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1882
O experimento iniciou-se com a cultivar sendo submetida a um repouso de 5 horas, após
este repouso iniciou-se a de secagem durante 5 horas à uma temperatura de 50°C. Esta
variação entre repouso e secagem foi repetida até que a mamona cultivar Nordestina atingisse
o peso constante.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o interesse em se obter uma curva de secagem completa, o experimento foi
conduzido até que se obtivesse uma massa constante na pesagem dos frutos. De acordo com a
temperatura na massa de frutos durante todo o período de secagem conheceram-se os efeitos
no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do tempo.

Curvas de secagem cultivar BRS 149 Nordestina

700

600

500

400
Massa (g)

300

200

100

0
0 300 600 900 1200 1500
Tempo (min.)

Temperatura 50ºC R1 Temperatura 50ºC R2 Temperatura 50ºC R3 Temperatura 50ºC R4

Gráfico 1 - Curva de secagem da cultivar BRS 149 Nordestina a temperatura de 50ºC.

Nas primeiras 5 horas de secagem houve uma perda de massa elevada, como observado
no gráfico 1 em todas as repetições, isso afirma a remoção da água livre em que a água
superficial pode ser retirada sob alta temperatura do ar, o que é também apresentado na
Tabela 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1883
Tabela 2 - Analise da perda de massa de água durante o período de secagem.
Tempo de Secagem (horas de secagem) Perda de massa de água (g)
5 269
5 105,25
2,5 31,75
Total 406

A média das 4 repetições é apresentada no Gráfico 2, para a melhor interpretação dos


períodos de secagem e de repouso da cultivar BRS 149 Nordestina.

Curva de secagem cultivar BRS149 Nordestina

700

600

500

400
massa (g)

Período de Período de
Secagem 1 Repouso 1
300
Período de Período de
Secagem 2 Repouso 2 Período de
200
Secagem 3

100

0
0 300 600 900 1200 1500
Tempo (min.)

Temperatura de 50ºC

Gráfico 2 - Curva média de secagem da cultivar Nordestina a temperatura de 50ºC.

O tempo final de uso de secador à temperatura de 50°C foi de 720 minutos, sendo o
tempo total (secagem + repouso) do processo foi de 1320 minutos, ocorrendo 3 períodos de
secagem e 2 períodos de repouso para frutos que apresentaram teor de água de 67,33%,
submetidos ao ar de secagem de 50ºC..

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1884
4 CONCLUSÃO
Com os gráficos e tabelas apresentados permite-se concluir que:
As primeiras 5 horas ocorreram as maiores perdas de massa em todos os períodos de
secagem devido a água livre nos frutos.
O tempo de uso do secador foi de 720 minutos e o tempo total (secagem + repouso) do
processo foi de 1320 minutos.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1885
CRESCIMENTO DE MUDAS DE PINHÃO MANSO EM DIFERENTES
TAMANHOS DE RECIPIENTES

Rosiane de Lourdes Silva de Lima, UNESP, limarosiane@yahoo.com.br


Liv Soares Severino, EMBRAPA, liv@cnpa.embrapa.br
Valdinei Sofiatti, EMBRAPA, vsofiatti@cnpa.embrapa.br
Armindo Bezerra Leão, UFCG, armindoleao@yahoo.com.br
Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão, EMBRAPA, napoleao@cnpa.embrapa.br

RESUMO: A propagação do pinhão-manso (Jatropha curcas L.) pode ser feita através de
sementes ou mudas, sendo a muda sua forma mais usual. Para a adoção desta tecnologia, a
definição do tipo e tamanho do recipiente que proporcione bom desenvolvimento do sistema
radicular e da parte aérea das plantas é um dos requisitos para a sobrevivência das plantas
após o transplantio e para bom desenvolvimento da cultura. Objetivou-se, com este trabalho,
avaliar o crescimento de mudas de pinhão manso cultivadas em tubete e em sacolas de
polietileno com diferentes tamanhos. Os tratamentos foram constituídos de diferentes
recipientes para a formação de mudas em delineamento inteiramente casualizado com 4
repetições. Os recipientes foram tubete com volume de 288 cm3 (T1) e 5 tamanhos de sacolas
de polietileno com volume de substrato de 382 cm3 (T2), 604 cm3 (T3), 1136 cm3 (T4), 1214
cm3 (T5) e 1644 cm3 (T6). Determinaram-se, aos 35 dias após a emergência das plântulas, a
altura da planta, número de folhas, diâmetro caulinar e área foliar. Os resultados mostraram
que os recipientes com maior volume de substrato proporcionam melhor crescimento das
mudas de pinhão-manso. A formação de mudas de pinhão-manso em sacolas de polietileno
com volume de substrato de 1136 cm3 proporcionou formação de mudas vigorosas com
menor custo. O uso de tubetes para o cultivo de mudas de pinhão-manso apresentou pouca
viabilidade para a obtenção de mudas com alto padrão de qualidade.

Palavras-Chave: Jatropha curcas, recipientes, produção de mudas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1886
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma oleaginosa da família das Euforbiáceas,
cultivada de forma perene, tendo a tolerância a seca uma de suas principais características.
Sua tecnologia de propagação por mudas não está completamente definida, podendo ser feita
por meio de sementes diretamente no solo, por mudas em diferentes substratos e tipos de
recipientes ou por estacas (SEVERINO et al., 2007; SEVERINO et al., 2006).
A produção de mudas de espécies arbóreas é feita, predominantemente em recipientes
nos quais se pode controlar, de forma satisfatória, as condições ambientais. O volume dos
recipientes utilizados para a formação das mudas influencia a disponibilidade de nutrientes e
água (SEABRA JÚNIOR et al., 2004), bem como o percentual de sobrevivência da cultura no
campo e a produtividade (Lima et al., 2006). Os recipientes com maior volume normalmente
permitem maior crescimento do sistema radicular mas, por outro lado, acarretam maiores
custos de produção, de transporte, de distribuição e de plantio (CUNHA et al., 2005).
Outro aspecto importante na escolha do recipiente é a durabilidade da embalagem, pois
embalagens rígidas, como tubetes, garantem maior vida útil e reutilização durante vários
ciclos de produção. Por outro lado, apesar dos saquinhos de polietileno serem as embalagens
mais utilizadas pelos produtores de mudas, em virtude de serem mais baratos e de fácil
aquisição, eles se desintegram facilmente durante o período de produção das mudas, demoram
muito tempo para se decompor e se acumulam no ambiente, provocando impactos ambientais
negativos.
A utilização de sacos plásticos tem sido mais freqüente que de recipientes rígidos
(tubetes), apesar de ter algumas desvantagens, como não evitar o enovelamento do sistema
radicular, menor índice de sobrevivência das mudas no campo, ocupar mais espaço no viveiro
e apresentar maior custo de transporte das mudas para o campo (RIBEIRO et al., 2005).
A tendência mundial é a substituição das sacolas plásticas pelos tubetes de plástico
rígido, principalmente para a propagação de espécies frutíferas, como cajueiro (SILVA et al.,
2003), maracujazeiro (RIBEIRO et al., 2005) e espécies florestais (CUNHA et al., 2005). A
preferência pelo tubete, se deve ao fato deste recipiente apresentar estrias longitudinais
internas, o que minimiza o enovelamento do sistema radicular (LIMA et al., 2006), possibilita
a mecanização das operações de produção de mudas e plantio e reduz os impactos ambientais
negativos provocados pelo descarte das embalagens plásticas no momento do plantio das
mudas no campo. Apesar das vantagens, o uso de tubetes pode elevar os custos, sobretudo
para sua aquisição e provocar deformação no sistema radicular em algumas espécies devido

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1887
ao reduzido espaço para crescimento das raízes, a exemplo do que foi observado na goiabeira,
por Schiavo e Martins (2002).
Objetivou-se, neste trabalho avaliar o crescimento de mudas de pinhão manso
cultivadas em tubete e em sacolas de polietileno com diferentes tamanhos.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Embrapa Algodão (Campina


Grande, PB) entre janeiro e fevereiro de 2007. Adotou-se o delineamento inteiramente
casualizado com 4 repetições, sendo cada unidade experimental composta de dois tubetes
cada um com uma planta. Utilizaram-se sementes de pinhão-manso colhidas de plantas
adultas em campo experimental, em Quixeramobim, CE. Os tratamentos foram constituídos
de diferentes recipientes, como descrito a seguir.
T1 = Tubete em formato cônico, com altura de 19, 0 cm e volume de 288 cm3
T2 = Sacolas com altura de 11,5 cm, diâmetro de 6,5 cm e volume de 382 cm3
T3 = Sacolas com altura de 18,2 cm, diâmetro de 6,5cm e volume de 604 cm3
T4 = Sacolas com altura de 22,6 cm, diâmetro de 8 cm e volume de 1.136 cm3
T5 = Sacolas com altura de 21,4 cm, diâmetro de 8,5 cm e volume de 1.214 cm3
T6 = Sacolas com altura de 23,2 cm, diâmetro de 9,5 cm e volume de 1.644 cm3.
Para o enchimento dos recipientes utilizou-se uma mistura de solo, casca de amendoim
e esterco bovino na proporção de 2:1:1 (v:v:v), respectivamente. O solo utilizado para compor
o substrato apresentava baixa fertilidade com pH em água de 5,1, baixo teor de P (1,2 mg dm3
), K (0,7 mmolcdm3) e Mg (3,1 mmolcdm3), CTC e índice de saturação de bases de 9,7
mmolcdm3 e 66%, e Al3+ da ordem de 4,0 mmolcdm3. A casca de amendoim apresentava em
sua composição 1,53% de N, 0,36% de P, 0,79% de K, 0,46% de Ca e 0,21% de Mg e o
esterco bovino apresentava 0,77% de N, 0,87% de P, 0,32%, de K, 0,30% de Ca e 0,18% de
Mg.
A semeadura foi realizada diretamente no substrato, com 2 sementes em cada
recipiente, para posterior desbaste. Aos 35 dias após a emergência, foram medidos altura das
plantas, número de folhas, diâmetro caulinar e área foliar. A área foliar foi calculada pela
fórmula A= 0,84(PL)0,99, em que P = comprimento da nervura principal da folha, L = largura
da folha e A = área foliar (SEVERINO et al., 2006).
Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e as médias dos tratamentos
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, conforme Ferreira (1996). Os dados

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1888
referentes a área foliar foram submetidos a transformação raiz quadrada, antes da análise de
variância e nas tabelas são apresentados os dados originais.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constataram-se diferenças significativas nas características de crescimento das mudas


de pinhão manso entre os diferentes recipientes, conforme a Tabela 1.

Tabela 1 - Crescimento de mudas de pinhão manso cultivadas em tubetes e sacolas de


polietileno de variados volumes.

Número de
Altura Diâmetro Área foliar
Tratamentos folhas
(cm) caulinar (mm) (cm2/planta)
(nº/planta)
Tubete de 288 cm3 18,3 ab 1 8,1 a 3,0 c 93,5 bc
Sacola de 382 cm3 13,3 c 6,4 b 2,8 c 48,0 c
Sacola de 604 cm3 16,9 bc 6,5 b 5,2 bc 114,1 b
Sacola de 1.136 cm3 21,6 a 8,0 a 6,6 ab 239,1 ab
Sacola de 1.214 cm3 19,7 ab 8,3 a 5,4 bc 287,9 a
Sacola de 1.644 cm3 21,6 a 8,7 a 8,6 a 379,4 a
Média Geral 18,6 7,7 5,3 193,7
Teste F 10,8* 11,1* 11,8* 12,2*
CV (%) 11,6 8,6 27,0 24,0
* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. 1Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

A formação das mudas de pinhão-manso em sacolas de polietileno com volume de


substrato de 382 cm3, ocasionou a formação de mudas com menor altura em relação àquelas
formadas em sacolas contendo volume de substrato superior a 1136 cm3 (T4, T5 e T6), porém
semelhante àquelas formadas em sacolas com 604 cm3 de substrato (T3). Apesar de sua
capacidade de acondicionamento de substrato inferior à das sacolas de polietileno, o tubete
ocasionou a formação de mudas com altura semelhante à dos tratamentos T3, T4, T5 e T6.
O diâmetro caulinar das mudas dos tratamentos T2 e T3 foi inferior ao dos demais
tratamentos. Desta forma, as sacolas com menor volume de substrato proporcionaram
plântulas com menor diâmetro caulinar. O tubete, mesmo apresentando volume de substrato
inferior ao dos tratamentos T2 e T3, proporcionou maior diâmetro caulinar às mudas. A maior
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1889
altura desse recipiente em relação à dos tratamentos T2 e T3, provavelmente tenha favorecido
o crescimento do sistema radicular e, conseqüentemente, o crescimento da parte aérea das
mudas.
O número de folhas por planta dos tratamentos T6 e T4 foi superior ao dos tratamentos
T1 e T2. Desta forma, constata-se que o maior volume de substrato dos recipientes ocasiona a
formação de plântulas mais vigorosas. A formação de plântulas mais vigorosas com o
aumento do volume do substrato é ainda mais evidente pelos resultados da área foliar. A
formação de mudas em sacolas de polietileno com volume de substrato superior a 1136 cm3
não apresentou diferenças quanto à área foliar, sendo que as mudas formadas nos tratamentos
T5 e T6 apresentaram maior área foliar em relação àquelas formadas em recipientes com
volume de substrato inferior a 604 cm3. O maior volume de substrato proporciona maior
crescimento radicular das mudas e, sem dúvida, maior absorção de água e nutrientes
(RIBEIRO et al., 2005), resultando em maior crescimento da parte área das mudas.
Resultados semelhantes aos do presente trabalho também foram observados na formação de
mudas de mamoneira (LIMA et al., 2006).
A utilização de recipientes de maior volume tem a desvantagem de aumentar os custos
de produção das mudas, em virtude de ocuparem maior espaço no viveiro, dificultarem o
transporte, consumirem maior quantidade de substrato, fertilizantes e água de irrigação. Em
geral, as características de crescimento das mudas avaliadas neste trabalho evidenciaram que
os recipientes com maior volume proporcionam a formação de mudas mais vigorosas.
Considerando-se que a utilização de recipientes que proporcionam o melhor crescimento das
mudas aumenta consideravelmente o custo de produção, a utilização de sacolas com volume
de 1136 cm3 (T4) proporciona crescimento das plântulas semelhante àquelas produzidas em
recipientes com volume de até 1644 cm3, com menor custo de produção.

4 CONCLUSÃO

Recipientes com maior volume de substrato proporcionam melhor crescimento das


mudas de pinhão-manso.
A formação de mudas de pinhão-manso em sacolas de polietileno com volume de
substrato de 1136 cm3 proporciona a formação de mudas vigorosas com o menor custo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1890
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, A.D.; ANDRADE, L.A.; BRUNO, R.L.A; SILVA, J.A.L.S.; SOUZA, V.C. Efeito
de substratos e das dimensões dos recipientes na qualidade das mudas de Tabebuia
impetiginosa (Mart. Ex. D.C.) Stande. Revista Árvore, Viçosa, v.29, n.4, p.507-516, 2005.
FERREIRA, P.V. Estatística experimental aplicada à agronomia. 2.ed. Maceió: EDUFAL,
1996. 606p.

LIMA, R.L.S.; SEVERINO, L.S.; SILVA, M.I.L.; VALE, L.S.; BELTRÃO, N.E.M. Volume
de recipientes e composição de substratos para produção de mudas de mamoneira. Ciência e
Agrotecnologia, Lavras, v.30, n.3, p.480-486, 2006.

RIBEIRO, M.C.C.; MORAIS, M.J.A.; SOUSA, A.H.;LINHARES, P.C.F.; BARROS


JÚNIOR, A.P. Produção de mudas de maracujá-amarelo com diferentes sub substratos e
recipientes. Caatinga, Mossoró, v.18, n.3, p.155-158, 2005.

SEABRA Jr, S.;GADUM, J.; CARDOSO, A.I.I. Produção de pepino em função da idade das
mudas produzidas em recipientes com diferentes volumes de substrato. Horticultura
Brasileira, Brasília v.22, n.3, p.610-613, 2004.

SEVERINO, L.S.; VALE, L.S.; BELTRÃO, N.E.M. Método para medição da área foliar do
pinhão manso. In: CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE
BIODIESEL, 1., 2006, Brasília. Anais..., Brasília, MCT/ABIPTI, 2006. p. 73-77.

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anão-precoce em tubetes com diferentes substratos. Magistra, Cruz das Almas, v.15, n.2,
2003.

SCHIAVO, J.A.; MARTINS, M.A. Produção de mudas de goiabeira (Psidium guajava l.),
inoculadas com o fungo micorrízico arbuscular Glomus clarum, em substrato agro-industrial.
Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.24, n.2, p.519-523, 2002.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1891
CRESCIMENTO E ACÚMULO DE NUTRIENTES PELO PINHÃO MANSO
SOB INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS

Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão, EMBRAPA, napoleao@cnpa.embrapa.br


Rosiane de Lourdes Silva de Lima, UNESP, limarosiane@yahoo.com.br
Liv Soares Severino, EMBRAPA, liv@cnpa.embrapa.br
Lígia Rodrigues Sampaio, UEPB, liggiasampaio@yahoo.com.br
Valdinei Sofiatti, EMBRAPA, vsofiatti@cnpa.embrapa.br
Armindo Bezerra Leão, UFCG, armindoleao@yahoo.com.br

RESUMO: A interferência das ervas daninhas sobre as culturas se reflete na redução do


crescimento da parte aérea e no balanço de nutrientes. Contudo, a severidade do dano é
variável de acordo com a sensibilidade da cultura e do suprimento dos recursos disponíveis
potencialmente limitantes. Objetivou-se, com este trabalho, determinar os efeitos da
interferência de cinco espécies de plantas daninhas no crescimento e nos teores foliares de
macronutrientes em plantas de pinhão manso cultivadas em vasos. Os tratamentos foram
formados pela interferência de cinco espécies de plantas daninhas (Cyperus diffusus,
Cenchrus echinatus, Acanthospermum hispidum, Trianthema portulacastrum e Commelina
diffusa) e um tratamento testemunha sem interferência. Adotou-se delineamento em blocos
casualizados com 4 repetições e 1 planta de pinhão manso por parcela. Aos 90 dias após a
emergência foram medidos altura das plantas, diâmetro caulinar, número de folhas, área
foliar, massa seca da parte aérea e das raízes e os teores foliares de N, P, K, Ca, Mg e S. A
infestação por plantas daninhas reduz consideravelmente o crescimento das plantas de pinhão
manso e a interferência por Cyperus diffusus ocasiona maior redução no crescimento das
plantas de pinhão-manso em relação as demais espécies. O teor de macronutrientes nas folhas
é pouco afetado pela competição com as plantas daninhas.

Palavras-Chave: Jatropha curcas L., competição, crescimento, nutrição de plantas.

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1892
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta que se adapta às mais variadas
condições de clima e solo e apresenta boa tolerância a seca (ARRUDA et al., 2004). Suas
sementes são ricas em óleo, sendo utilizadas como matéria-prima na indústria de
biocombustíveis.
Entre os fatores que limitam o cultivo do pinhão manso se encontra a falta de tecnologia
adequada e a domesticação da espécie quanto a adubação, irrigação, propagação, controle de
plantas daninhas, pragas e doenças.
Vários são os trabalhos que demonstram as perdas de produtividade e inibição do
crescimento das plantas cultivadas a exemplo da mandioca (JOHANNS e CONTIERO, 2006),
do cafeeiro (RONCHI et al., 2003), do milho (DUARTE et al., 2002), do tomateiro
(NASCENTE et al., 2004) e do feijoeiro (ANDRADE et al., 1999), advindas da convivência
das culturas com as plantas daninhas. De acordo com Rizzardi et al. (2001) a presença de
ervas daninhas influencia o crescimento e o desenvolvimento das raízes das culturas
interferindo, como conseqüência, na utilização da água e dos nutrientes do solo. Para
Marschner (1995) as plantas competem com pelo menos 20 nutrientes essenciais em
dimensão molecular, valência, estado oxidativo e mobilidade. O conhecimento do período
crítico da interferência das plantas daninhas permite o estabelecimento de critérios adequados
de manejo, como: quando eliminá-las para evitar prejuízos na produção; o período mínimo no
qual o herbicida precisaria ter ação residual no solo para controlá-las, e a época limite para se
aplicar um herbicida em pós-emergência, além de informações que subsidiem a aplicação de
outros métodos de controle de plantas daninhas (SILVA et al., 2003).
A interferência das plantas daninhas sobre as culturas se refletem na redução do
crescimento da parte aérea e no balança de nutrientes (JOHANNS e CONTIERO, 2006).
Contudo, a severidade do dano é variável de acordo com a sensibilidade da cultura e do
suprimento dos recursos disponíveis potencialmente limitantes (RIZZARDI et al., 2001). Para
Ronchi et al. (2003) os recursos potencialmente limitantes são os fatores encontrados no
ambiente, como água, luz e nutrientes, uma vez que o crescimento, tanto das culturas como
das ervas daninhas, após a germinação, depende da habilidade dessas plantas em explorar os
recursos existentes no ambiente em que vivem e, na sua maioria, o suprimento desses recursos
é limitado até para a própria planta cultivada, gerando então a competição.
Objetivou-se, com este trabalho, determinar os efeitos da interferência de cinco espécies
de plantas daninhas no crescimento e nos teores foliares de macronutrientes em plantas de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1893
pinhão manso cultivadas em vasos.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Embrapa Algodão, Campina Grande, PB, no período
de julho a novembro de 2006. Adotou-se o delineamento em blocos casualizados com 4
repetições e 1 planta de pinhão manso por parcela. Os tratamentos consistiram da
interferência de 5 espécies de plantas daninhas (Cyperus diffusus, Cenchrus echinatus,
Acanthospermum hispidum, Trianthema portulacastrum e Commelina diffusa), e um
tratamento testemunha sem a interferência de plantas daninhas.
A espécie Cyperus diffusus é vulgarmente conhecida como “paja cortadeira”. Trata-se
de planta daninha anual comum em plantios de arroz irrigado. A raiz desta espécie é fibrosa e
não produz tubérculos nem bulbos. O caule é triangular, globoso e verde lustroso, medindo de
20 a 30 cm de altura, sem nós. Suas folhas são basais e lineares.
A espécie Cenchrus echinatus é vulgarmente conhecida como “capim carrapicho” ou
“capim roseta”. Esta planta herbácea anual é comum na maioria das lavouras. Suas raízes são
fibrosas e o caule é ereto, ramificado, apresenta de 25 a 60 cm de altura e as folhas são
lineares e lanceoladas medindo 3 a 8 mm de largura. A Acanthospermum hispidum, também
conhecida por carrapicho de carneiro ou espinho de cigano, é uma planta herbácea anual,
comum nas lavouras, com raiz pivotante, caule ereto e bastante ramificado, dicotômico,
medindo de 20 a 125 cm de altura e 2 a 12 cm de largura, folhas ovuladas e lanceoladas. A
Trianthema portulacastrum é uma planta daninha, conhecida vulgarmente como pega pinto;
é uma planta daninha herbácea de ciclo anual, comum em terrenos cultivados, e que
apresenta sistema radicular pivotante e caule rasteiro, medindo de 10 a 40 cm de
comprimento; as folhas são pecioladas, glabas, com bordas ligeiramente onduladas. A
Commelina diffusa, é uma planta daninha, conhecida vulgarmente por capim gomoso; trata-
se de planta herbácea de ciclo anual com aparência de gramínea, que se encontra em solos
úmidos, tais como campos de arroz irrigado; apresenta raiz fibrosa, caule rasteiro ramificado
ascendente, carnoso, produtor de raízes adventícias a partir dos nós; as folhas são similares às
das gramíneas e lanceoladas; apresenta comprimento variando entre 3 a 5,5 cm e largura
oscilando entre 1,5 a 2,5 cm.
Sementes de pinhão manso foram semeadas em vasos de 60 dm3 contendo uma mistura
de terra e esterco bovino a 5%. Antes do plantio, realizou-se a adubação do substrato em
fundação adicionando-se 500 g de superfosfato simples. A adubação nitrogenada e a potássica

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1894
foram realizadas 15 dias após a emergência das plantas, adicionando-se 3 g/vaso em cobertura
de sulfato de amônio e de cloreto de potássio.
Semearam-se 5 sementes por vaso, realizando-se o desbaste para uma planta por vaso
aos 10 dias após a emergência; 30 e 60 dias da emergência foram feitas 2 aplicações
suplementares de N, aplicado na forma de solução em cobertura, na dose de 3 g/vaso. As
irrigações e o controle de plantas invasoras foram realizados manualmente e diariamente,
conforme as necessidades da cultura.
As mudas das plantas daninhas foram transplantadas para os vasos dez dias após a
emergência das sementes do pinhão manso. O período de interferência ou de convivência no
vaso entre a cultura e as plantas daninhas, foi considerado como aquele compreendido entre o
transplantio das plantas daninhas e o encerramento do experimento, realizado no momento da
diferenciação floral da cultura.
Decorridos 100 dias do semeio mediram-se a altura da planta, o diâmetro médio
caulinar, o número de folhas, a área foliar e a massa seca da parte aérea e das raízes do pinhão
manso. A área foliar foi calculada pela fórmula A= 0,84(PL)0,99, em que P = comprimento da
nervura principal da folha, L = largura da folha e A = área foliar (SEVERINO et al., 2006).
Para determinação da biomassa seca, a parte aérea e as raízes do pinhão foram
separados em folhas, caules e raízes, postos para secar em estufa de circulação de ar forçada a
65°C, até peso constante. As folhas secas foram moídas em moinho tipo Wiley com malha de
20 mesh e submetidas a análise química, para determinação dos teores de N, P, K, Ca, Mg e
S. As análises químicas foram feitas no Laboratório de Solos e Planta da Embrapa Algodão,
segundo a metodologia proposta por Le Poidevin & Robinson (1964). Para medição dos
teores de N, P e K, as amostras foram submetidas a digestão sulfúrica; o N foi dosado pelo
método de Nessler e medido pelo Espectrofotômetro a 410 nm; o P, pelo molibdato de
amônio e medido através do uso do Espectrofotômetro a 660 nm; o K foi medido por
fotometria de chama. Para medição dos teores de Ca, Mg e S, as amostras foram submetidas
a digestão nítrica, o Ca e Mg foram dosados e medidos por titulação complexiométrica com
EDTA e o S pelo uso do Cloreto de Bário, medido em espectrofotometria a 420nm.
Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância a 5% de probabilidade (Teste
F) e teste de Tukey a 5% de probabilidade, conforme Ferreira (1996).

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1895
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As plantas daninhas afetaram as características de crescimento do pinhão manso,
conforme apresentado na Tabela 1. Quanto aos teores foliares de nutrientes da planta de
pinhão manso somente os teores de N e K não mostraram alterações com a interferência das
plantas daninhas.

Tabela 1 - Resumo da análise de variância da altura, número de folhas, diâmetro caulinar, área
foliar, massa seca da parte aérea e massa seca das raízes de pinhão manso sob interferência de
cinco espécies de plantas daninhas. Campina Grande, PB, 2006
Quadrados médios
F.V. G.L.
Altura N°folhas Diâmetro Área Foliar MSPA MSRAIZ
Blocos 3 206,81 158,70 0,02 11930,97 575,77 371,49
Plantas daninhas 5 1855,94* 1947,14* 0,45* 1,261634* 6771,43* 2933,68*
Resíduo 15 199,14 162,87 0,1164033 1036769 826,77 611,62
CV% 27,00 41,22 15,81 41,03 44,38 67,26
* Significativo a 5% pelo teste F.

Tabela 2 - Resumo da análise de variância dos teores foliares de nitrogênio, fósforo, potássio,
cálcio, magnésio e enxofre em plantas de pinhão manso sob interferência de cinco espécies de
plantas daninhas. Campina Grande, PB, 2006
Quadrados médios
F.V. G.L.
N P K Ca Mg S
Blocos 3 0,06155ns 0,00725ns 0,02708ns 0,00380ns 0,00412ns 0,00007ns
Tratamentos 5 0,38112ns 0,05931** 0,07375ns 0,02887** 0,07087* 0,00837**
Resíduo 15 0,14746 0,01281 0,055 0,00337 0,02176 0,00086
CV% - 14,65 25,47 24,38 11,13 13,14 18,10
* Significativo a 5% pelo teste F.

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1896
Tabela 3 - Valores de altura, número de folhas, diâmetro caulinar, área foliar e massa seca da
parte aérea e das raízes de mudas de pinhão manso sob interferência de cinco tipos de ervas
daninhas Campina Grande, PB, 2006
Altura N° folhas Diâmetro Área foliar MSPA MSRAIZ
Tratamentos
(cm) (nº/planta) (mm) (cm2/planta) (g/planta) (g/planta)
Testemunha 87,75A 67,5A 2,50A 5339,29A 140,41A 88,71A
Cyperus diffusus 21,67C 6,00C 1,51B 288,88C 19,78B 8,70B
Cenchrus 43,07BC 20,25BC 2,20AB 1437,31BC 43,45B 33,43AB
echinatus
Acanthospermum 58,75AB 45,75AB 2,24AB 3482,26AB 72,87B 27,57B
hispidum
Trianthema 52,45BC 26,25BC 2,16AB 2675,29B 51,18B 27,88B
portulacastrum
Commelina 49,17BC 20,00BC 2,31A 1665,15BC 60,94B 34,27AB
diffusa
* Valores seguidos da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%.

A interferência de Acanthospermum hispidum não afetou a altura nem o número de


folhas das plantas de pinhão manso, em relação ao tratamento testemunha, capinada.
Entretanto, as plantas daninhas das demais espécies ocasionaram redução considerável na
altura e no número de folhas por planta, em relação ao tratamento testemunha, sendo que a
infestação por Cyperus diffusus ocasionou a redução mais acentuada.
A interferência de Cyperus diffusus ocasionou redução no diâmetro caulinar das plantas
de pinhão-manso em relação à testemunha capinada. No entanto, a infestação por Cenchrus
echinatus, Acanthospermum hispidum e Trianthema portulacastrum proporcionou diâmetro
do caule semelhante à infestação por Cyperus diffusus.
Somente a interferência de Acanthospermum hispidum proporcionou a formação de
plantas de pinhão-manso com área foliar semelhante àquelas cultivadas sem a interferência
das plantas daninhas. De maneira semelhante ao verificado com a altura de plantas, número
de folhas e diâmetro caulinar, a área foliar das plantas de pinhão-manso infestadas com
Cyperus diffusus foi muito inferior àquela do tratamento testemunha, sendo semelhante à
infestação por Cenchrus echinatus e Commelina diffusa. A massa seca da parte aérea das
plantas de pinhão-manso foi reduzida significativamente pela infestação de todas as espécies
de plantas daninhas estudadas.
De maneira geral, a infestação por plantas daninhas reduziu consideravelmente o
crescimento das plantas de pinhão-manso em relação às plantas sem interferência
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1897
(testemunha). Das espécies de plantas daninhas estudadas, a interferência por Cyperus
diffusus foi a que ocasionou maior redução no crescimento das plantas de pinhão-manso,
sendo uma espécie de difícil convivência com a cultura, o que torna necessário o seu controle
para um crescimento adequado da planta de pinhão manso. Com os resultados obtidos no
presente trabalho, verifica-se que o crescimento das plantas de pinhão-manso é
significativamente reduzido devido à interferência de plantas daninhas.
O conteúdo de nitrogênio e potássio nos tecidos foliares não foi afetado pelas plantas
daninhas. Embora, a interferência das plantas daninhas não tenha afetado o conteúdo de N e
K, a massa seca produzida pelas plantas de pinhão-manso infestadas por plantas daninhas foi
inferior àquelas que cresceram sem a interferência das plantas daninhas. As plantas de pinhão
manso submetidas a infestação com a planta daninha Cyperus diffusus apresentou
concentração de P na massa seca inferior àquela das plantas infestadas por Trianthema
portulacastrum e Commelina diffusa.
Os teores de Ca, Mg e S no tecido foliar das plantas de pinhão manso apresentaram
algumas variações, de acordo com a espécie de planta daninha que causou interferência;
entretanto, as diferenças entre os tratamentos não foram acentuadas, exceto para o conteúdo
de S que foi menor que a testemunha sem interferência nas plantas infestadas por Cyperus
diffusus e Cenchrus echinatus.
Em geral, a concentração de nutrientes nas folhas de pinhão manso não apresentou
grandes variações com a interferência das diferentes espécies de plantas daninhas. No entanto,
como a massa seca das plantas submetidas a competição com as plantas daninhas é muito
inferir àquelas sem competição, a quantidade de nutrientes absorvidos pela planta de pinhão
manso submetida à competição foi muito inferior. Esta menor quantidade absorvida, decorre,
provavelmente, da competição das plantas daninhas com a cultura por água e luz, o que reduz
o crescimento das plantas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1898
Tabela 4 - Conteúdo foliar de N, P, K, Ca, Mg e S em plantas de pinhão manso sob
interferência de cinco espécies de plantas daninhas. Campina Grande, PB, 2006
Tratamentos N P K Ca Mg S
-----g kg-1------
Testemunha 26,8 a 4,8 ab 8,5 a 5,7 ab 10,5 ab 2,2 a
Cyperus diffusus 22, 8 a 2,2 b 8,7 a 5,4 abc 9,2 b 1,1 b
Cenchrus echinatus 22, 2 a 3,9 ab 8,0 a 6,5 a 13,0 a 1,0 b
Acanthospermum hispidum 30,0 a 4,6 ab 11,0 a 5,1 bc 11,2 ab 1,8 a
Trianthema portulacastrum 26,8 a 5,3 a 10,5 a 4,3 c 11,1 ab 1,8 a
Commelina diffusa 28, 4 a 5,6 a 11,0 a 4,3 c 12,1 ab 1,6 ab
* Valores seguidos da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% .

4 CONCLUSÃO
A infestação por plantas daninhas reduz consideravelmente o crescimento das plantas de
pinhão manso.
A interferência por Cyperus diffusus é a que ocasiona maior redução no crescimento das
plantas de pinhão-manso.
O teor de macronutrientes nas folhas é pouco afetado pela competição.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, C.A.B.; CONSTANTIN, J.; SCAPIM, C.A.; BRACCINI, A.L.; ANGELOTTI,
F. Efeito da competição com plantas daninhas em diferentes espaçamentos sobre o
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Lavras, M.G., v.23, n.3, p.529-539, 1999.

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Cultivo de pinhão-manso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o semi-árido nordestino.
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DUARTE, N.F.; SILVA, J.B.; SOUZA, I.F. Competição de plantas daninhas com a cultura do
milho no município de Ijaci, M.G. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, M.G., v. 26, n.5,
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1996. 606p.
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LE POIDEVIN, N.; ROBINSON, L.A. Métodos de diagnósticos foliares utilizados nas


plantações do grupo booken na Guiana inglesa: amostragem e técnica de análises. Fertilité,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1899
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SEVERINO, L.S.; VALE, L.S.; BELTRÃO, N.E.M. Método para medição da área foliar do
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BIODIESEL, 1., 2006, Brasília. Anais..., Brasília, MCT/ABIPTI, 2006. p. 73-77.

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Informe Agropecuário, Belo horizonte, v.24, n.219, p.93-97, 2003.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1900
EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NO CRESCIMENTO DE MUDAS
DE PINHÃO MANSO

Rosiane de Lourdes Silva de Lima, UNESP, limarosiane@yahoo.com.br


Liv Soares Severino, EMBRAPA/CNPA, liv@cnpa.embrapa.br
Lígia Rodrigues Sampaio, UEPB, liggiasampaio@yahoo.com.br
Valdinei Sofiatti, EMBRAPA/CNPA, vsofiatti@cnpa.embrapa.br
Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão, EMBRAPA/CNPA, napoleao@cnpa.embrapa.br
Maria Aline de Oliveira Freire, UVA, freire.a@ig.com.br
Armindo Bezerra Leão, UFCG, armindoleao@yahoo.com.br

RESUMO: O uso de fósforo na composição do substrato como complemento nutricional


durante a formação da muda, ajuda as raízes e as plântulas a se desenvolverem mais
rapidamente, aumenta a resistência aos rigores do inverno, melhora a eficiência no uso da
água e favorece a resistência às doenças em algumas plantas. Objetivou-se, com este trabalho,
avaliar o efeito da adição de superfosfato simples no substrato sobre o crescimento e conteúdo
foliar de macronutrientes das mudas de pinhão manso. O experimento foi conduzido em
delineamento inteiramente casualizado, com 5 tratamentos e 5 repetições. Os tratamentos
foram 5 doses de superfosfato simples misturadas ao substrato (0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10 kg/m3 ).
Aos 30 dias após a semeadura determinou-se a altura das plantas, número de folhas, área
foliar, massa seca da parte aérea e do sistema radicular e os teores foliares de N, P, K, Ca, Mg
e S. A dose de 5 kg/m3 de superfosfato simples proporcionou melhor desenvolvimento das
mudas de pinhão manso. Os teores de macronutrientes no tecido foliar de plantas de pinhão
manso apresentaram pouca variação com a adubação fosfatada do substrato.

Palavras-Chave: Jatropha curcas, adubação fosfatada, nutrição de plantas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1901
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso é uma oleaginosa da família das euforbiáceas, tolerante a seca,
encontrado em quase todo o território nacional. Em virtude de apresentar elevada
concentração de óleo em suas sementes (25 a 30%) e representar uma potente matéria-prima
para a produção de biocombustíveis, o pinhão manso tem atraído a atenção de muitos
produtores e pesquisadores.
O principal método para a propagação do pinhão manso é via sementes. Severino et al.
(2006a) consideram que o uso de mudas propagadas por sementes garantem maior resistência
das plantas às condições adversas de clima e solo, vigentes na região nordeste e aos eventuais
problemas de tombamento provocado por ventos fortes.
Para a obtenção de mudas de boa qualidade é importante a escolha do substrato. De
acordo com Severino et al. (2006b) esterco de animais, torta de mamona, casca de amendoim
e mucilagem de sisal em mistura com solo em proporções iguais (v.v.), enriquecidos ou não
com fertilizante mineral, podem propiciar condições adequadas, tanto no aspecto físico como
no nutricional, para a obtenção de mudas com alto padrão de qualidade.
Há indícios, na literatura, de que o uso de P na formulação do substrato em mistura com
material orgânico, é uma excelente estratégia para a obtenção de mudas mais vigorosas, pois
ajudam na formação do sistema radicular, aumentando a tolerância das plantas aos fatores
bióticos e abióticos tais como estresse hídrico, doenças e competição com plantas daninhas.
Para a cultura do mamoeiro (Carica papaya ) Mendonça et al. (2006) recomendam o uso de
superfosfato simples na proporção de 10 kg/m3 de substrato em mistura com 40% de
composto orgânico para a produção de mudas em saquinhos plásticos medindo 10 x 20 cm.
Para a produção de mudas de pitangueira em saquinhos medindo 10 x 20 cm, Abreu et al.
(2005) recomendam o uso de P na proporção de 6 kg/m3 de substrato, aplicado na forma de
superfosfato simples, independente da composição do substrato. Para a produção de mudas de
pinhão manso ainda não se dispõe de informações técnico-científicas sobre a melhor dose e o
tipo de resposta das mudas à adubação fosfatada, isolada ou combinada com o uso de
materiais orgânicos.
Segundo Vichiato (1996), o fósforo requerido para o ótimo crescimento das plantas
varia conforme a espécie ou órgão analisado, variando de 0,1 a 0,5 % da matéria seca. Além
de ajudar as raízes e as plântulas a se desenvolverem mais rapidamente, o fósforo aumenta a
resistência aos rigores do inverno, melhora a eficiência no uso da água e favorece a resistência
às doenças em algumas plantas (POZZA et al., 2002). O uso do superfosfato simples tem tido

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1902
preferência no fornecimento de fósforo às plantas por apresentar, além do fósforo, cálcio (25-
28% CaO) e enxofre (12%) em sua composição química (CARMELLO, 1995).
Objetivou-se, com este trabalho, avaliar o efeito da adição de superfosfato simples no
substrato sobre o crescimento e conteúdo foliar de macronutrientes das mudas de pinhão
manso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Embrapa Algodão, em Campina
Grande-PB, no período de novembro a dezembro de 2006.
Os tratamentos constituíram-se de 5 doses de superfosfato simples misturado ao
substrato (0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10 kg/m3 ) em delineamento inteiramente casualizado com 5
repetições. A formulação do substrato e a aplicação do fertilizante fosfatado foram realizadas
uma semana antes do plantio misturando-se o solo com o composto de lixo, na proporção de
40% (v.v.) e o superfosfato simples, em suas respectivas doses. A mistura foi amplamente
homogeneizada e acondicionada em tubetes de polietileno, com forma cônica, perfurados na
base inferior, apresentando capacidade volumétrica de 288 cm3.
Após o acondicionamento dos tubetes na casa de vegetação, o substrato foi umedecido
até atingir a capacidade de campo. Uma semana após a incubação, sementes de pinhão manso
procedentes da área experimental de Quixeramobim, CE, foram semeadas. As parcelas foram
constituídas por um tubete contendo uma planta cada, sendo suspensos em uma grade de tela
com armações de ferro. As mudas foram irrigadas duas vezes por dia aplicando-se cerca de
200 mL de água por recipiente.
Aos 30 dias após a semeadura determinaram-se a altura das plantas, o número de folhas,
a área foliar, e a massa seca da parte aérea e das raízes. Para a determinação da área foliar
utilizou-se a fórmula proposta por Severino et al. (2006c) para a cultura do pinhão manso.
Para determinar a massa seca da parte aérea e das raízes das mudas, amostras de material
vegetal foram colocadas em estufa a temperatura de 65°C, até a obtenção de peso constante.
Amostras de tecido vegetal foram submetidas a digestão nítrico perclórica e determinados os
teores foliares de N, P, K, Ca, Mg e S, segundo metodologia proposta por Le Poidevin &
Robinson (1964).
Os dados foram submetidos a análise de variância e de regressão, conforme
recomendações de Ferreira et al. (1996). Estimaram-se os pontos de máximo e/ou mínimo das
equações de regressão através da derivada de “Y” em relação a “X”. Submeteram-se os dados

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1903
de altura e conteúdo foliar de K à análise descritiva, pois não foram encontrados modelos
matemáticos que apresentassem bom ajuste aos dados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância mostrou diferenças significativas para a maioria das
características avaliadas. Das características de crescimento das plantas avaliadas somente o
número de folhas por planta não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos com
média de 5 folhas por planta. O conteúdo foliar de N, Ca e S nas plantas de pinhão manso
também não apresentou diferenças significativas com médias de 4,1, 0,28 e 0,53 g.kg-1,
respectivamente.
A altura das mudas de pinhão manso aumentou com o incremento da dose de
superfosfato simples até 5 kg/m3. Doses superiores a essas reduziram altura das mudas de
pinhão manso. Para a produção de mudas de pitangueira Abreu et al. (2005) constataram que
a aplicação de 6 kg/m3 de P2O5 foi suficiente para o pleno crescimento em altura das mudas.
Por outro lado para a cultura do mamoeiro Mendonça et al. (2006) constataram que para a
obtenção de mudas de boa qualidade é necessário a aplicação de 10 kg/m3 P2O5 a composição
do substrato.
A área foliar das plantas aumentou com o incremento da quantidade de superfosfato
simples adicionado ao substrato até a dose de, aproximadamente, 4,82 kg/m3, sendo que a
partir dessa quantidade houve redução na área foliar das plantas. A adição de 4,82 kg/m3 de
superfosfato simples no substrato proporcionou a formação de mudas com área foliar
estimada de 184,25 cm2 por planta, o que eqüivale a um aumento de 31,6% na área foliar das
plantas em relação à não adição de P.
As mudas de pinhão manso produziram maior quantidade de massa seca da parte aérea
e de raiz com o incremento da dose de superfosfato simples até 4,25 kg/m3 de substrato,
reduzindo a massa seca em doses superiores a esta. Essa dose de superfosfato simples
proporcionou a formação de mudas com massa seca da parte aérea e da raiz estimada em 1,58
e 0,20 gramas por planta, respectivamente. O incremento na massa seca da parte aérea e de
raiz com a adição de 4,25 kg de P por metro cúbico de substrato foi de 29,5 e 54 %,
respectivamente. Resultados similares foram constatados por Prado et al. (2005) ao
verificarem que a aplicação de 180 mg/dm3 de P promoveu melhor crescimento em massa
seca da parte aérea de mudas de maracujazeiro.
As características de crescimento mostraram que a dose de P situada entre 4 e 5 kg/m3

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1904
de substrato, proporcionou melhor desenvolvimento das mudas de pinhão manso e que doses
superiores a estas reduzem o crescimento.

A B

25 200

20
150

Área Foliar (cm /planta)


Altura de plantas (cm)

15

2
100
Ŷ = 140,0 + 18,34X − 1,90X 2
10
R 2 = 0,84

50
5

0
0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0

Doses de superfosfato simples (kg/m3) Doses de superfosfato simples (kg/m3)

C D
2,0 0,30

0,25
Massa seca da parte aérea (g/planta)

Massa seca de raíz (g/planta)

1,5
0,20

1,0 0,15

Ŷ = 1,22 + 0,17X − 0,02X 2


R 2 = 0,90 0,10
Ŷ = 0,13 + 0,034X − 0,004X2
0,5
R 2 = 0,77
0,05

0,0 0,00
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 0,0 2,5 5,0 7,5 10,0

3
Doses de superfosfato simples (kg/m ) Doses de superfosfato simples (kg/m3)

Figura 1 - Efeito da dose de fósforo no substrato sobre a altura das plantas (A), área foliar (B),
massa seca da parte aérea (C) e de raízes (D) de mudas de pinhão manso. Barras verticais
indicam o erro padrão da média.

O conteúdo foliar de P aumentou a partir da dose estimada de 3,33 kg/m3 de


superfosfato simples. O aumento da dose de superfosfato simples até 10 kg/m3 proporcionou
aumento do conteúdo foliar de P, o qual atingiu 1,15 g.kg-1. Assim, o aumento da dose de
superfosfato simples no substrato ocasiona aumento da absorção de P pelas plantas,
aumentando seu conteúdo nos tecidos foliares.
O teor de potássio nas folhas de pinhão manso foi maior nas doses de 5,0, 7,5 e 10,0

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1905
kg/m3 de superfosfato simples. Na dose de 2,5 kg/m3 de superfosfato simples, o conteúdo de
potássio foliar foi inferior ao tratamento sem aplicação de superfosfato simples no substrato.
O conteúdo de Mg no tecido foliar aumentou até a dose de aproximadamente 5,5 kg/m3 de
superfosfato simples, atingindo 1,85 g.kg-1. A partir dose de 5,5 kg/m3 de superfosfato no
substrato, o conteúdo foliar de Mg decresceu com o aumento da dose de superfosfato.
De maneira geral, os teores de macronutrientes no tecido foliar de plantas de pinhão
manso apresentam pouca variação com a adubação fosfatada do substrato, pois os teores de N,
Ca e S não foram afetados pelos tratamentos. Os teores de P aumentaram com a adubação
fosfatada o que, de certa forma, era esperado. Os teores foliares de Mg e K apresentaram
pequenos aumentos até a dose de superfosfato simples de 5,5 e 10 kg/m3 de substrato,
respectivamente. Prado et al. (2005) ao estudarem os efeitos da adubação fosfatada no estádio
nutricional de mudas de maracujazeiro constataram que a aplicação de 450 mg/dm3 de
substrato promoveram condições adequadas para o pleno crescimento das plantas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1906
A B
1,6 2,0

1,4

Conteúdo foliar de K (g.kg )


1,2 1,5

-1
Conteúdo de P (g.kg-1)

1,0

0,8 1,0

0,6
Ŷ = 0,95 − 0,04X + 0,006X 2
0,4 0,5
R 2 = 0,87
0,2

0,0 0,0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
3
Doses de superfosfato simples (kg/m )
Doses de superfosfato simples (kg/m3)

C
2,0

1,5
Conteúdo de Mg (g.kg )
-1

1,0

Ŷ = 1,60 + 0,11X − 0,010X 2


R 2 = 0,88
0,5

0,0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0

Doses de superfosfato simples (kg/m3)

Figura 2 - Efeito da dose de fósforo no substrato sobre o conteúdo foliar de P (A), K (B) e Mg
(C) de mudas de pinhão manso. Barras verticais indicam o erro padrão da média.

4 CONCLUSÃO

A dose de 5 kg/m3 de superfosfato simples proporciona melhor desenvolvimento das

mudas de pinhão manso.

Os teores de macronutrientes no tecido foliar de plantas de pinhão manso apresentam

pouca variação com a adubação fosfatada do substrato.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1907
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SEVERINO, L.S.; LIMA, R.L.S.; BELTÃO, N.E.M. Produção de mudas de pinhão manso.
Campina Grande, PB: Embrapa Algodão, 2006a. (folder)

SEVERINO, L. S. ; LIMA, R. L. S. ; BELTRÃO, N. E. M. Composição química de onze


materiais orgânicos utilizados em substratos para produção de mudas. Campina Grande:
Embrapa Algodão, 2006b (Comunicado Técnico).

SEVERINO, L.S.; VALE, L.S.; BELTRÃO, N.E.M. Método para medição da área foliar
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VICHIATO, M. Influência da fertilização do porta-enxerto tangerineira (Citrus reshni


Hort. Ex Tan. cv. Cleópatra) em tubetes, até a repicagem. 1996. 82 f. Dissertação
(Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1996.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1908
CASCA DE MAMONA ASSOCIADA A QUATRO FONTES DE MATÉRIA
ORGÂNICA PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS DE PINHÃO MANSO

Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão, EMBRAPA/CNPA, napoleao@cnpa.embrapa.br


Rosiane de Lourdes Silva de Lima, UNESP, limarosiane@yahoo.com.br
Liv Soares Severino, EMBRAPA/CNPA, liv@cnpa.embrapa.br
Lígia Rodrigues Sampaio, UEPB, liggiasampaio@yahoo.com.br
Maria Aline de Oliveira Freire, UVA, freire.a@ig.com.br
Valdinei Sofiatti, EMBRAPA/CNPA, vsofiatti@cnpa.embrapa.br

RESUMO: Para a produção de mudas de pinhão manso (Jatropha curcas L.), geralmente
tem sido recomendado o uso de misturas de materiais orgânicos e terra em diversas
proporções. Uma das alternativas para compor substratos e produzir mudas é a casca de
mamona que é um resíduo gerado em grande quantidade no processo de descascamento e
beneficiamento das sementes e por apresentar quantidades significativas de alguns nutrientes
essenciais ao crescimento das plantas. Conduziu-se experimento em casa de vegetação, na
Embrapa Algodão no período de outubro a dezembro de 2006. Adotou-se delineamento
inteiramente casualizado, com quatro repetições e 2 plantas por parcela. Os tratamentos
constituíram-se de cinco misturas compostas por casca de mamona + terra, casca de mamona
+ composto de lixo + terra, casca de mamona + esterco bovino + terra, casca de mamona +
lodo de esgoto + terra e uma mistura composta por casca de mamona + torta de mamona +
terra, em proporções iguais. Aos 55 dias após o semeio mediu-se a altura da planta, o número
de folhas, a área foliar, o diâmetro caulinar, a massa seca da parte aérea e das raízes, e os
teores foliares de N, P, K, Ca, Mg, S. Substratos compostos apenas por misturas de terra e
casca de mamona não são adequados para a produção de mudas de pinhão manso; A adição
de composto de lixo urbano, lodo de esgoto e torta de mamona a composição do substrato
proporcionam produção de mudas vigorosas e de boa qualidade; Mudas cultivadas em
substrato contendo esterco bovino apresentaram teores de macronutrientes superiores, com
exceção do Ca.

Palavras-Chave: Jatropha curcas, substratos, propagação, nutrição mineral de plantas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1909
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso pode ser propagado por sementes ou através de estacas. As mudas de
estacas têm a vantagem de ser mais precoces, mas, por outro lado, geram plantas com sistema
radicular deficiente, sem a raiz pivotante, limitando-se apenas as raízes secundárias e
superficiais, o que deixa a planta sujeita ao tombamento e mais sensível a falta de água e
nutrientes no solo. Por outro lado, as mudas obtidas de sementes, apesar de serem mais
desuniformes e menos precoces, geram plantas com sistema radicular mais vigoroso,
permitindo maior tolerância a seca e melhor aproveitamento dos nutrientes (SEVERINO et
al., 2006 a).
Para a produção de mudas de pinhão manso, ainda não existe uma formulação de
substrato recomendada para a produção de mudas, sendo frequentemente usado pelos
pequenos produtores misturas de materiais orgânicos e terra em diversas proporções. Uma
das alternativas para compor substratos e produzir mudas é a casca de mamona que é um
resíduo gerado em grande quantidade no processo de descascamento e beneficiamento das
sementes de mamona e por apresentar quantidades significativas de alguns nutrientes
minerais, essenciais ao crescimento das plantas (SEVERINO et al., 2006 b). Sua utilização
para compor substratos e produzir de mudas, ainda é pouco conhecida. De acordo com Lima
et al. (2006 a) para a obtenção de um bom substrato é aconselhável o uso de misturas de 2 ou
mais materiais que possibilitem boa aeração, drenagem e adequada disponibilidade de
nutrientes para as plantas. Por outro lado, é importante que na escolha dos materiais para
compor substratos seja levado em consideração sua disponibilidade na região e o custo de
obtenção. Severino et al. (2006 b) sugerem o uso de esterco bovino, casca de amendoim e
mucilagem de sisal em mistura com terra, em partes iguais, para formular substratos para
produção de mudas de pinhão manso em saquinhos ou tubetes.
Materiais com boa aeração tais como casca de arroz carbonizada, casca de pínus,
mucilagem de sisal, casca de café ou de amendoim (LIMA et. al. 2006 a), e a própria casca do
pinhão manso, podem ser utilizados na formulação do substrato quando combinado com
materiais com boa composição química a exemplo da torta de mamona, cama de frango, lodo
de esgoto, composto de lixo urbano, húmus de minhoca e bagana de carnaubeira, dentre
outros (SEVERINO et al., 2006 a).
Objetivou-se com este trabalho avaliar o crescimento e os teores foliares de N, P, K, Ca,
Mg e S em mudas de pinhão manso cultivadas em substrato composto por misturas de casca
de mamona associada a composto de lixo, esterco bovino, lodo de esgoto e torta de mamona.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1910
2 MATERIAL E MÉTODOS
Sementes de pinhão manso foram semeadas em vasos em condições de casa de
vegetação no período de outubro a dezembro de 2006. Adotou-se delineamento inteiramente
casualizado com quatro repetições e duas plantas por parcela. Os tratamentos consistiram de
misturas de casca de mamona, terra e mais uma das seguintes fontes de matéria orgânica :
esterco bovino, composto de lixo, lodo de esgoto e torta de mamona, em proporções iguais. O
tratamento testemunha foi padronizado por uma mistura de terra e casca de mamona na
proporção de 1:1.
Utilizou-se para compor os substratos terra de baixa fertilidade natural apresentando
acidez leve, medido em água (5,8) e presença de alumínio em médio teor (1,5 mmolcdm -3); a
saturação de bases apresentava-se relativamente baixa (66%), baixo teor de P (2,5mg dm-3) e
baixo teor de matéria orgânica (1,0g kg-1).
A casca de mamona, o composto de lixo, o esterco bovino, o lodo de esgoto e a torta de
mamona foram analisados quimicamente (Tabela 1) antes da formulação das misturas.

Tabela 1 - Teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio contido nos materiais
utilizados na formulação dos substratos.
Nutrientes (%)
Material N P K Ca Mg
Casca de mamona 1,86 0,26 4,5 0,67 0,88
Composto de lixo 0,76 1,53 0,10 0,46 0,22
Esterco bovino 0,77 0,87 0,32 0,30 0,18
Lodo de esgoto 3,64 6,69 0,22 1,75 0,35
Torta de mamona 7,54 3,11 0,66 0,75 0,51

A casca de mamona, a terra e os demais materiais orgânicos foram cuidadosamente


homogenizados em sacos plásticos, acondicionados nos recipientes e umedecidos até atingir a
capacidade de campo. Para o acondicionamento dos substratos e cultivo das mudas utilizou-se
como recipientes vasos de polietileno medindo 3 dm-3.
Após a formulação dos substratos, estes foram irrigados e revolvidos 2 vezes por
semana permanecendo incubados por trinta e cinco dias. Após a incubação dos tratamentos
semeou-se 3 sementes de pinhão-manso por vaso. O desbaste foi realizado dez dias após a

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1911
emergência deixando apenas uma planta por vaso.
Durante a formação das mudas realizou-se irrigações diárias e controle de ervas
daninhas, doenças e pragas. Aos 40 dias após a semeadura foram tomadas as medidas de
altura da planta, diâmetro caulinar, número de folhas, área foliar e massa seca da parte aérea
e das raízes das mudas. A área foliar foi calculada pela fórmula A= 0,84(PL)0,99, em que P =
comprimento da nervura principal da folha, L = largura da folha e A = área foliar
(SEVERINO et al., 2006 c).
Para obtenção da massa seca, a parte aérea e as raízes das mudas foram postas para
secar em estufa de circulação de ar forçada a 65°C até atingir peso constante, e em seguida
foram moídas em moinho tipo Wiley e passadas em peneira de 20 mesh.
As análises químicas do material vegetal foram feitas no Laboratório de Solos e Plantas
da Embrapa Algodão, segundo a metodologia proposta por Le Poidevin & Robinson (1964) .
Para a medição dos teores de N, P e K, as amostras foram submetidas a digestão sulfúrica; o
N foi dosado pelo método de Nesller e medido pelo Espectrofotômetro a 410 nm; o P pelo
molibdato de amônio e medido através do uso do Espectrofotômetro a 660 nm; o K foi
medido por fotometria de chama. Para a medição dos teores de Ca, Mg e S as amostras foram
submetidas a digestão nítrica. O Ca e o Mg foram dosados por titulação complexiométrica
com EDTA e o S pelo uso do Cloreto de Bário medido em espectrofotometria a 420 nm.
Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância (Teste F) e teste de Tukey a
5% de probabilidade, conforme Ferreira (1996).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resumo da análise de variância e o coeficiente de variação para as características


avaliadas, encontram-se nas tabelas 2 e 3.

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1912
Tabela 2 - Resumo da análise de variância da altura da planta (cm), número de folhas,
diâmetro caulinar (mm), área foliar (cm2), massa seca da parte aérea e massa seca das raízes
(g) em mudas de pinhão-manso cultivadas em diferentes formulações de substratos. Campina
Grande, PB, 2006
Quadrado médio
Massa
Altura Diâmetro Massa
F.V. G.L. N° folhas Área foliar seca parte
de planta caulinar seca raiz
aérea
Substratos 4 26.27** 9.55 ns 0.09** 25446.60 ns 10.54 ** 0.51ns
Resíduo 15 6.97 7.11 0.02 15415.41 1.85 0.22
Total 19 - - - - - -
CV % 8,75 27,93 11,48 19,84 17,94 28,44
** significativo a 5% pelo teste F.

Tabela 3 - Resumo da análise de variância dos teores de N, P, K, Ca, Mg e S (%) em mudas


de pinhão-manso cultivadas em diferentes formulações de substratos. Campina Grande, PB,
2006
Quadrado médio
F.V. G.L. N P K Ca Mg S
Substratos 4 0,77 009* 0,11424** 0,25825ns 0,11588** 0,85095** 0,00168**
Resíduo 15 0,23068 0,00156 0,09300 0,02277 0,02168 0,00024
Total 19 - - - - - -
CV % 18,90 14,12 17,52 21,93 10,62 12,40

A composição do substrato influenciou o crescimento de mudas de pinhão manso em


altura, diâmetro caulinar e massa seca da parte aérea (Tabela 4). Substratos compostos por
mistura de terra, casca de mamona triturada e composto de lixo promoveram maior
crescimento em altura das plantas, em relação àquelas cultivadas nos substratos contendo
misturas de terra e casca de mamona. Quanto aos efeitos da aplicação do esterco bovino, do
lodo de esgoto e da torta de mamona, apesar destes materiais orgânicos apresentarem elevadas
quantidades de nutrientes, a aplicação não ocasionou variação na altura das plantas em relação
ao composto de lixo urbano em sua composição. As condições ideais de um substrato
depende das exigências da espécie cultivada, por isso dificilmente se encontra um material
que reúna todas as condições nutricionais e físicas para o adequado crescimento das plantas
(LIMA et al., 2006 a). Além disso, a diversidade dos materiais ocasiona uma série de

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1913
problemas para as plantas, a exemplo da liberação de substâncias aleloquímicas e elevada
relação C/N, tornando-se preferível o uso de misturas de dois ou mais materiais orgânicos
para compor um bom substrato. Por serem a torta de mamona (7,54) e o lodo de esgoto (3,64)
materiais orgânicos ricos em N, era esperado que a adição destes materiais a composição do
substrato contribuísse satisfatoriamente para o crescimento das plantas, contudo não se
observou diferenças entre eles. A altura das plantas variou entre 27,02 cm e 33,07 cm, valores
obtidos nos tratamentos contendo terra e casca de mamona e mistura de terra, casca de
mamona e com posto de lixo urbano.

Tabela 4 - Altura de planta, número de folhas, diâmetro caulinar, área foliar, peso seco da
parte aérea e peso seco do sistema radicular de mudas de pinhão manso cultivadas em
diferentes substratos S1 (casca de mamona + terra), S2 (casca de mamona + terra + composto
de lixo), S3 (casca de mamona + esterco bovino + terra), S4 (casca de mamona + lodo de
esgoto + terra), S5 (casca de mamona + torta de mamona + terra).
Diâmetro Área
Altura MSPA MSRaiz
Substratos N°Folhas caulinar foliar
(cm) (g) (g)
(mm) (cm2)
S1 - CM + 27,02B 7,5A 1,3AB 513.57 A 6,74AB 1,78A
TERRA
S2- CM+CL+T 33,07A 9,5A 1,4AB 620.96 A 8,29A 1,78A
S3 - CM+EB+T 31,62AB 9,0A 1,07B 652.56 A 5,30B 1,06A
S4 - CM+LE+T 27,97AB 10,0A 1,47A 607.43 A 8,09AB 1,74A
S5 - CM+TM+T 31,17AB 11,75A 1,35AB 734.30 A 9,55A 2,02A
* Valores seguidos da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%

O número de folhas por planta, a área foliar e a massa seca do sistema radicular de
mudas de pinhão manso não foram influenciadas pela composição do substrato. Embora,
tenha-se observado que substratos compostos por misturas de terra, casca de mamona
triturada e torta de mamona tenham promovido condições adequadas tanto no aspecto
nutricional como no aspecto físico do substrato, estas características não foram suficientes
para a composição de uma excelente formulação devido aos resultados obtidos não diferirem
significativamente entre os demais tratamentos, inclusive da mistura terra e casca de mamona
triturada que compara as demais formulações a um substrato pobre quimicamente (Tabela 1).
A área foliar é um das características mais importantes na análise de crescimento, pois reflete
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1914
bem os resultados da aplicação de um determinado tratamento. Era esperado que fontes ricas
em nutrientes, a exemplo da torta de mamona, do composto de lixo urbano e do lodo de
esgoto, propiciassem condições nutricionais adequadas para a expansão dos tecidos foliares
avaliada através das medidas da área foliar.
Quanto ao crescimento das mudas em diâmetro caulinar, constata-se que os melhores
resultados foram obtidos quando se cultivou as mudas em substrato contendo mistura de terra,
casca de mamona triturada e lodo de esgoto, embora estes resultados não tenham diferido
estatisticamente daqueles observados no substrato contendo mistura de terra, casca e torta de
mamona que por sua vez não diferiu significativamente dos resultados obtidos nos substratos
compostos por misturas de terra e casca de mamona, terra + casca de mamona + composto de
lixo e terra + casca de mamona + esterco bovino.
A massa seca da parte aérea das mudas diferiu significativamente entre os tratamentos,
observando-se que estes variaram entre 5,30 g e 9,55 g, respectivamente, valores observados
nos substratos contendo mistura de terra, casca de mamona e esterco bovino e no substrato
composto por mistura de terra, casca de mamona e torta de mamona. Por outro lado, a
produção de massa seca radicular foi menor no tratamento que recebeu esterco bovino e maior
naquele composto por torta de mamona, resultado similar ao observado para a massa seca da
parte aérea das mudas. A torta de mamona é um co-produto resultante da extração do óleo de
sementes da mamoneira rico em alguns nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio,
utilizado, principalmente, na forma de fertilizante orgânico. Lima et al. (2006 b) avaliando o
uso de torta de mamona como adubo orgânico no crescimento inicial da mamoneira
constataram que a aplicação de 2,0 t/ha propiciaram condições adequadas para o crescimento
das plantas, sendo atribuída ao alto teor de nitrogênio em sua composição. Por ser um resíduo
de rápida mineralização (SEVERINO et al., 2005) a torta de mamona é uma excelente fonte
de matéria orgânica para a formulação de substratos e cultivo de plantas. Gouzalez et. al.
(2006) também constataram que substratos compostos por torta de mamona aumentam a
produção de massa seca de plantas de tomateiro cultivadas em vasos.
Os teores de macronutrientes observados na massa seca da parte aérea das mudas encontram-
se na Tabela 5.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1915
Tabela 5 - Teores de N, P, K, Ca, Mg e S (%) em mudas de pinhão manso cultivadas em
diferentes substratos S1 (casca de mamona + terra), S2 (casca de mamona + terra + composto
de lixo), S3 (casca de mamona + esterco bovino + terra), S4 (casca de mamona + lodo de
esgoto + terra), S5 (casca de mamona + torta de mamona + terra).
Substratos N P K Ca Mg S
S1 - CM + 21,7a 0,14 b 16,7 a 5,5 b 11,5 bc 1,1 b
TERRA
S2- CM+CL+T 28,7a 0,18 b 18,5 a 7,2 ab 11,8 b 1,2 ab
S3 - CM+EB+T 13,13 a 0,48 a 19,0 a 5,8 b 18,4 a 1,5 a
S4 - CM+LE+T 23,7a 0,14 b 19,5 a 9,7 a 8,5 c 1,2 b
S5 - CM+TM+T 21,5a 0,44 a 13,2 a 6,2 b 19,0 a 1,0 b
* Valores seguidos da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%.

Os teores foliares de nutrientes diferiram significativamente pelo teste F, a 1% de


probabilidade, exceto o nutriente K (Tabela 2). Maiores teores foliares de N foram
constatados em plantas cultivadas em substrato contendo mistura de terra, casca de mamona e
composto de lixo urbano (Tabela 5) e menores naqueles substratos contendo mistura de terra e
casca de mamona e esterco bovino. Embora, não se tenha observado diferenças significativas
entre os tratamentos, observa-se um ganho de 47,5% entre o substrato contendo composto de
lixo e esterco bovino. Os teores foliares de K seguiram a mesma tendência apresentada pelo
N. Contudo, os maiores valores deste elemento foi observado em plantas cultivadas em
substrato contendo lodo de esgoto que por sua vez continha em sua composição menor teor de
K quando comparado com a casca de mamona. É provável que a rápida mineralização da
torta de mamona durante os 30 dias de incubação tenha disponibilizado o N e o K em maior
quantidade para a solução do substrato, sendo assim perdidos mais facilmente durante o
crescimento das plantas por lixiviação ou imobilização por parte dos microorganismos. Por
outro lado, a casca de mamona aplicada, por apresentar alta relação C/N, lenta mineralização
e teores razoáveis de N (SEVERINO et al. 2005) e elevados de K (SEVERINO et al. 2006 b),
tenham sido melhor aproveitados pelas plantas durante sua permanência nos recipientes. É
possível que o N e o K contidos na casca de mamona tenham sido lentamente liberado para as
plantas, sendo, desta forma gradativamente absorvido pelas plantas, permitindo assim maior
aplicação destes em seu metabolismo e constituição de novas estruturas.
As mudas produzidas nos substratos contendo misturas de terra, casca de mamona e
esterco bovino propiciaram condições adequadas para a obtenção de plantas com elevados
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1916
teores de P e S em seus tecidos, respectivamente. Menores teores de P foram constatados em
plantas cultivadas em substratos contendo misturas de terra e casca de mamona e mistura de
terra, casca de mamona e lodo de esgoto. Por outro lado, os menores valores médios para o
nutriente S foi constatado em mudas cultivadas em substrato contendo misturas de terra e
casca de mamona, terra, casca e torta de mamona e mistura de terra, casca de mamona e lodo
de esgoto, respectivamente. Embora o lodo de esgoto seja uma excelente fonte de P
(COLODRO et al. 2007), a disponibilidade para as plantas durante a produção de mudas não
foi suficiente para que este nutriente fosse absorvido em concentrações mais elevadas. Por
outro lado, a casca de mamona por ser um material orgânico rico em P, era esperado que sua
gradual liberação durante o processo de mineralização propiciassem condições adequadas
para seu pleno aproveitamento, fato este não observado neste trabalho.
Os teores de Ca e Mg variaram amplamente no tecido da parte aérea das mudas em
função da composição do substrato. Maiores teores de Ca foram observados em plantas
cultivadas em substrato contendo mistura de terra, casca de mamona e lodo de esgoto, seguido
dos valores observados em plantas cultivadas em substrato contendo mistura de terra, casca
de mamona e composto de lixo urbano. Para o Mg os maiores teores foram obtidos quando se
cultivou plantas em substrato contendo terra, casca e torta de mamona os quais não diferiram
significativamente dos valores observados no tecido foliar de mudas cultivadas em substrato
contendo além de terra e casca de mamona, o esterco bovino. Os menores teores de Ca e Mg
foram constatados nos substratos contendo apenas terra e casca de mamona e, naqueles
compostos por mistura de terra, casca de mamona e lodo de esgoto, respectivamente. Era
esperado que a casca de mamona por apresentar quantidades expressivas de cálcio e magnésio
em sua composição química contribuíssem gradualmente com a nutrição das plantas. Nesta
pesquisa não se observou correspondência entre disponibilidade do nutriente no material
orgânico e os teores foliares, embora tenha se observado menores teores foliares de Ca e Mg
em mudas cultivadas em substrato contendo esterco bovino.

4 CONCLUSÃO

Substratos compostos apenas por misturas de terra e casca de mamona não são
adequados para a produção de mudas de pinhão manso;
A adição de composto de lixo urbano, lodo de esgoto e torta de mamona a composição
do substrato proporcionam produção de mudas vigorosas e de boa qualidade;
Mudas cultivadas em substrato contendo esterco bovino apresentaram teores de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1917
macronutrientes superiores, com exceção do Ca.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2007.
FERREIRA, P.V. Estatística experimental aplicada à agronomia. 2.ed. Maceió: EDUFAL,
1996. 606p.
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torta de mamona em substrato para produção de mudas de tomate. In: I CONGRESSO
DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL, 1., 2006, Brasília. Anais...,
Brasília, MCT/ABIPTI, 2006. p. 140-143
LE POIDEVIN, N.; ROBINSON, L.A. Métodos de diagnósticos foliares utilizados nas
plantações do grupo booken na Guiana inglesa: amostragem e técnica de análises. Fertilité,
n.21, p.3-11, 1964.
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de cinco fontes de matéria orgânica. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, MG., v. 30, n. 3, p.
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Brasileiro de Mamona, 2., 2006, Aracaju. Cenário Atual e Perspectivas: Manual do
Congressista. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006 b p. 70.
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GUIMARÃES, M. M. B. Mineralização da torta de mamona, esterco bovino e bagaço de
cana estimada pela respiração microbiana. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 5, n.
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manso em tubetes. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006a (Folder).
SEVERINO, L. S. ; LIMA, R. L. S. ; BELTRÃO, N. E. M. Composição química de onze
materiais orgânicos utilizados em substratos para produção de mudas. Campina Grande:
Embrapa Algodão, 2006b (Comunicado Técnico).
SEVERINO, L.S.; VALE, L.S.; BELTRÃO, N.E.M. Método para medição da área foliar
do pinhão manso. In: CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE
BIODIESEL, 1., 2006, Brasília. Anais..., Brasília, MCT/ABIPTI, 2006c. p. 73-77.

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1918
BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL: PLANEJAMENTO FOCADO NA
TERRITORIALIDADE

Dalmo Marcelo de Albuquerque Lima, CGEE, dlima@cgee.org.br


Antonio Cesar Ortega, UFU, acortega@ufu.br
José Sidnei Gonçalves, IEA, sydy@iea.sp.gov.br

RESUMO: O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE, no âmbito de sua


competência de promover a realização de estudos e pesquisas prospectivas na área de ciência
e tecnologia e suas relações com setores produtivos, está desenvolvendo estudo, em parceria
com a UNICAMP, para prover subsídios ao processo de elaboração do Plano Plurianual
(PPA), para os períodos 2008-2011 e subseqüentes, com o objetivo de contribuir para a
estruturação do planejamento, dentro de uma abordagem territorial. A dimensão territorial é o
foco desse estudo, onde deve incidir a efetiva ação governamental, buscando o
aproveitamento e valorização das potencialidades e recursos locais, como forma de superar,
com sustentabilidade, as graves iniqüidades econômicas, sociais e regionais. Vários membros
da comunidade científica e tecnológica, inclusive técnicos de órgãos governamentais, em suas
especialidades respectivas, participaram de discussões, sugestão e elaboração de trabalhos
sobre temas integrantes desse estudo, em que cabe destacar o setor de Biocombustíveis face à
sua grande sintonia com a prioridade governamental de reduzir as desigualdades regionais e
socais do país. Para isso, o setor de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) representa um
vetor de fundamental importância no sentido de propiciar a sustentabilidade técnica e
socioeconômica do uso de biocombustíveis. O cenário atual é bastante promissor para o
Brasil, na produção de duas fontes principais – etanol e biodiesel.

Palavras-Chave: Biocombustível, biodiesel, álcool, planejamento.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1919
1 INTRODUÇÃO
O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE, no âmbito de sua competência de
promover a realização de estudos e pesquisas prospectivas na área de ciência e tecnologia e
suas relações com setores produtivos, está desenvolvendo estudo, em parceria com a
UNICAMP, para prover subsídios ao processo de elaboração do Plano Plurianual (PPA), para
os períodos 2008-2011 e subseqüentes, com o objetivo de contribuir para a estruturação do
planejamento, dentro de uma abordagem territorial. A dimensão territorial é o foco desse
estudo, onde deve incidir a efetiva ação governamental, buscando o aproveitamento e
valorização das potencialidades e recursos locais, como forma de superar, com
sustentabilidade, as graves iniqüidades econômicas, sociais e regionais.
Vários membros da comunidade científica e tecnológica, inclusive técnicos de órgãos
governamentais, em suas especialidades respectivas, participaram de discussões, sugestões e
elaboração de trabalhos sobre temas integrantes desse estudo, em que cabe destacar o setor de
Biocombustíveis face à sua grande sintonia com a prioridade governamental de reduzir as
desigualdades regionais e sociais do país. Para isso, o setor de Ciência, Tecnologia e Inovação
(CT&I) representa um vetor de fundamental importância no sentido de propiciar a
sustentabilidade técnica e socioeconômica do uso de biocombustíveis. O cenário atual é
bastante promissor para o Brasil, na produção de duas fontes principais - etanol e biodiesel,
ambos advindos do setor agrícola, o que faz desse setor, em sua totalidade, o grande vetor de
desenvolvimento regional, pois, além de produtora de alimentos, a agricultura assume a
relevante função estratégica de geradora de energia renovável, em substituição aos fósseis, ou
seja, é a agroenergia que assume um papel muito relevante, num momento em que o mundo
todo está à procura de novas fontes que causem menos impacto ao meio ambiente. Em
conseqüência, a demanda global por biomassa passa a ser um fator portador de futuro decisivo
para promover o potencial de crescimento do setor agrícola nacional, tendo em vista que o
Brasil dispõe de uma riqueza espetacular, nesse campo, representado pela grande variedade de
plantas oleaginosas, existentes em todos os seus territórios, além de subprodutos e resíduos
industriais, como é o caso do sebo de boi, outras gorduras animais ou o óleo de cozinha
reciclado, este último contribui para a destinação produtiva e não poluente desse resíduo
urbano. Nesse sentido, as gorduras animais passam a ser uma excelente fonte de matéria
prima para atender às necessidades da indústria, sem prejudicar outras fontes, além de gerar
benefícios, já que, em alguns locais, essas fontes de gordura são consideradas agentes

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1920
poluidores. As algas são também outra fonte não convencional de combustível que vêm sendo
estudadas e que apresentam alto potencial de captação e produção de assimilados,
Sem exigir grandes expansões de território. É da combinação dessas possibilidades de
produção que o PNPB pode cumprir melhor seus objetivos.
Ressalta-se a necessidade do aporte de investimentos em pesquisa e inovação, para
proporcionar o desenvolvimento de tecnologias de produção agrícola articulada com a área
industrial, dentro de uma concepção sistêmica e integrada, envolvendo os atores de todos os
elos da cadeia produtiva, desde a produção de insumos, assistência técnica, exploração
agrícola, industrial e comercialização, de forma que se possa obter lavouras mais adequadas
às nossas condições edafo-climáticas, sistemas de produção agroindustrial mais eficientes e
aproveitamento sustentável das nossas potencialidades regionais. Novas tecnologias
industriais são fundamentais, pois representam a essência da transformação de produtos
agrícolas em biocombustíveis, proporcionando agregação de valor e competitividade
sistêmica aos nossos produtos agrícolas. A pesquisa e o desenvolvimento científico e
tecnológico são fundamentais na elevação dos rendimentos das culturas e dos processos
tecnológicos industriais, para obtenção de índice mais alto de produtividade de óleo. Além
desse aspecto técnico-econômico, o biodiesel tem uma relevante dimensão social, com uma
característica promissora especial, ao proporcionar uma especialização produtiva regional, o
que possibilita constituir-se como um vetor de desenvolvimento para os territórios
estratégicos, com capacidade de promover a redução das desigualdades sociais e regionais.
A produção de biodiesel constitui um importante fato portador de futuro, na medida em
que se abre um novo horizonte de possibilidades para redução da dependência do petróleo e
conseqüente diminuição do consumo de diesel, ao tempo em que se desenvolvem tecnologias
para o aproveitamento de matérias-primas adaptadas aos diferentes territórios estratégicos do
país. Isso favorece a geração de impactos positivos na territorialidade da agricultura brasileira,
ao permitir, com base em combustível produzido localmente, em pequenas unidades
processadoras e com mecanização de processos, a melhoria da qualidade de vida de
populações em espaços geográficos menos densos em termos da ocupação humana.
O biodiesel exerce o papel de vetor de promoção do desenvolvimento regional, pois
viabiliza a exploração de novas culturas oleaginosas, adaptadas aos diferentes territórios
brasileiros e propicia o estímulo ao consórcio entre lavouras, com opções de policultivos, o
que permite uma convivência mais harmônica com a natureza. Portanto, aproveitamento de
matérias-primas locais grande relevância econômica e socioambiental, visto que beneficiará a

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1921
população local, por meio da geração de renda e de novos postos de trabalho, com reflexos
positivos na melhoria das condições de qualidade de vida das pessoas.
Entretanto, para que o biodiesel se transforme no grande vetor de desenvolvimento
regional, é preciso um forte esforço de investimento em pesquisa e desenvolvimento
tecnológico, para obtenção do aumento de produtividade e redução da necessidade de
ocupação de terras, de forma a consolidar sua viabilização técnica e econômica, a despeito de
que as dimensões do mercado de energia exijam a produção em larga escala. Essa oferta deve
se dar em bases relativamente homogêneas (especificações técnicas comuns), de sorte a
minimizar riscos à colocação do produto no mercado. A qualidade dos biocombustíveis é
fundamental para fortalecer as ações no sentido de transformá-los em commodities
internacionais.
O grande desafio desse processo consiste em compatibilizar a produção em escala,
fundamental para que tenha competitividade econômica, em termos de custos de produção e
de operação logística, com a necessidade de inclusão produtiva e social de imensa massa de
agropecuaristas. O biodiesel favorece uma relação mais estreita entre agricultura familiar e
território, o que pode promover uma valorização na especialização agrícola de certas regiões.
Essa especialização pode ter alcance distributivo inédito nas políticas energéticas do país, uma
vez que parte significativa da oferta é da agricultura familiar, por meio da produção de
matérias-primas para óleos vegetais, no âmbito do Programa Nacional de Produção e Uso de
Biodiesel (PNPB). Isso tudo pode contribuir para a redução das desigualdades sociais e
regionais, o que faz do biodiesel a escolha estratégica adequada para atender aos propósitos
do desenvolvimento territorial do país.
O Brasil possui vantagens que o qualificam a liderar a agricultura de energia e o
mercado de biocombustíveis, em escala mundial, com a possibilidade de ocupação de áreas,
dentro de um plano de Zoneamento Agroecológico, o que faz manter sob controle os impactos
na produção de alimentos e no meio ambiente.
Em resumo, a participação da agroenergia na matriz energética brasileira pode gerar
muitos benefícios, como: a redução do uso de combustíveis fósseis; a ampliação da produção
e do consumo de biocombustíveis; a proteção ao meio ambiente; o desfrute do mercado
internacional e a contribuição para a inclusão social. A matriz energética brasileira é
composta de 44% de energia renovável ante 14% no mundo e apenas 6% nos países da
OCDE, o que faz o Brasil tomar a dianteira na corrida mundial dos biocombustíveis, dada
nossa vasta disponibilidade de recursos naturais (terra, água, clima) combinada com o
domínio tecnológico alcançado na produção do álcool. A partir do acúmulo de conhecimento
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1922
e experiência obtidos com o álcool da cana-de-açúcar, o apoio governamental se volta, agora,
para as plantas oleaginosas, visando à produção do biodiesel. Nesse sentido, o Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT) exerce a coordenação do módulo tecnológico, no âmbito do
Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), tendo já constituído a Rede
Brasileira de Tecnologia de Biodiesel (RBTB). Essa rede tem o papel de consolidar um
sistema gerencial de articulação dos diversos atores envolvidos com biodiesel, além de apoiar
a identificação e busca de solução para os gargalos tecnológicos em toda a cadeia de produção
e uso do Biodiesel.
Por fim, deve-se levar em consideração que as possibilidades de produção de biodiesel
são diversificadas e não podem ser excludentes entre si. Nesse sentido, as gorduras animais
passam a ser uma excelente fonte de matéria prima para atender às necessidades da indústria,
sem prejudicar outras fontes, além de gerar benefícios, já que, em alguns locais, essas fontes
de gordura são consideradas agentes poluidores. As algas são também outra fonte não
convencional de combustível que vêm sendo estudadas e que apresentam alto potencial de
captação e produção de assimilados, sem exigir grandes expansões de território. É da
combinação dessas possibilidades de produção que o PNPB pode cumprir melhor seus
objetivos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1923
APTIDÃO AGRÍCOLA DA MAMONA PARA A REGIÃO DA ADENE EM
MINAS GERAIS

Marley Lamounier Machado, EPAMIG, marley@epamig.br


Ivair Gomes, EPAMIG, ivair@epamig.br
Nívio Poubel, EPAMIG, niviopg@epamig.br
Maria Lélia Rodrigues Simão, EPAMIG, lelia@epamig.br
José Tadeu Alves da Silva, EPAMIG, josetadeu@epamig.br

RESUMO: A necessidade de oferecer uma opção de sustentabilidade ao pequeno produtor


da região sob a abrangência da Agencia de Desenvolvimento do Nordeste, dentro do estado
de Minas Gerais, além da premente necessidade de desenvolver fontes alternativas e menos
poluentes ao uso dos derivados do petróleo, leva à necessidade de pesquisar possíveis
alternativas. Dentre elas a mamona (Ricinus communis L.) é comumente citada como uma
importante opção devido à sua adaptabilidade às características climáticas da maior parte
região supra-citada. Sabe-se, no entanto, que nem todo lugar é indicado para a cultura, por
isso foi feito o Mapa de Aptidão Agrícola visando subsidiar o agricultor/empreendedor e as
agências de desenvolvimento no momento de definirem pelo incremento (ou não) do seu
cultivo. Para desenvolver esse trabalho com o objetivo de avaliar a aptidão agrícola da
mamona na região da ADENE em Minas Gerais, utilizou-se como variáveis a altitude,
declividade, temperatura média anual, precipitação anual e tipos de solos (pedologia). As
regiões consideradas inaptas se devem principalmente a questão de pedologia e declividade
dos solos.

Palavras-Chave: Zoneamento, SIG, temperatura, solos, relevo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1924
1 INTRODUÇÃO
A partir de fins dos anos 80 e inicio dos anos 90, os preços do petróleo passaram por um
período de relativa baixa, deixando de criar pressão para o desenvolvimento de fontes
alternativas. Seguiram-se, contudo, a partir do ano 2000, uma nova era de alta do preço no
mercado internacional, sendo que eles se estabilizaram em um patamar elevado, sem
perspectiva de queda substancial. Atualmente, mais importante, ainda que os preços, se coloca
a questão ambiental, com debates acerca da responsabilidade dos combustíveis fósseis no
aquecimento global. O uso dos biocombustíveis pode contribuir significativamente para o
declínio de fenômenos como a inversão térmica e o efeito estufa. Também é economicamente
vantajoso para a economia brasileira, pois pode melhorar significativamente o resultado da
balança comercial e minorar a dependência externa em relação aos combustíveis de origem
fóssil.
A cana já é uma realidade comprovada como base para a produção de álcool
combustível. Por um lado, discute-se sobre qual é a oleaginosa mais apropriada para a
produção de biodiesel, pois existem varias opções, com destaque para soja, algodão, palma
(dendê), mamona, girassol, nabo forrageiro, canola e pinhão manso. Embora em princípio
qualquer óleo vegetal possa ser utilizado, desde que preparado de maneira adequada, nem
todos têm disponível um “pacote tecnológico” que possibilite, de pronto, a sua exploração.
Em Minas Gerais, dentre as oleaginosas que demonstram maior potencial para o cultivo
em escala comercial, destaca-se a Mamona (Ricinus communis L.). É uma planta
relativamente rústica, com boa produção de óleos e ainda carente de estudos sobre sua real
potencialidade para as indústrias de biodiesel (Urquiaga et al, 2005; Sluszz & Machado,
2006). Embora pesquisas tenham sido desenvolvidas sobre a risco climático e zoneamento
agrícola para essa cultura em diversas regiões do Brasil, não se sabe, por exemplo, quais são
as áreas do estado de Minas Gerais mais indicadas para o seu cultivo, do ponto de vista
agropedoclimático, dado fundamental para o desenvolvimento de qualquer projeto de
produção agrícola.
Além disso, destacamos a mamona neste trabalho por ser uma cultura produzida
tradicionalmente em pequenas e médias propriedades, gerando emprego e renda em razão de
suas inúmeras possibilidades de aplicação na área químico-industrial, além da perspectiva de
potencial energético na produção de biodiesel, tornando-se um agronegócio bastante
promissor.(Sá, 2004). Ela está disseminada por diversas regiões do globo terrestre e é
cultivada principalmente na China, Índia e Brasil, sempre entre os paralelos 40º N e 40º S.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1925
Seu cultivo na região de abrangência da Agencia de Desenvolvimento do Nordeste
(ADENE) é indicado por ser de fácil adaptação às condições de clima e solo da região
(resistente à seca é encontrada em forma asselvajada em todo o Nordeste) (Amaral & Silva,
2006). Além disso, a região de abrangência da ADENE no estado de Minas Gerais é uma das
mais carentes de opções para o produtor rural que vive quase sempre em condições sociais
inadequadas.A Mamona surge então como uma possibilidade de desenvolvimento sustentável
para o pequeno agricultor familiar.
Este trabalho tem por objetivo o Mapa de Aptidão Agrícola da Mamona (Ricinus
communis L.), dentro dos limites mineiro da Agencia de Desenvolvimento do Nordeste -
ADENE em primeira aproximação.
A apresentação em primeira aproximação deve-se à premência do tempo para atender
demandas emergenciais, tais como uma definição de plantio dessa oleaginosa que oferece
matéria-prima para fabricação de biodiesel, com base no programa do Governo Federal.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Para identificar a aptidão agrícola da cultura da mamona na área de abrangência da
ADENE no estado de Minas Gerais, utilizou-se de informações sobre as potencialidades
climáticas e de solo da região. Estudos dessa natureza oferecem subsídios para tomadas de
decisão ou mesmo servem de base na estruturação de planos de desenvolvimento de uma
região, com vistas a direcionar as ações exigidas.
A metodologia utilizada para identificar as áreas aptas para o cultivo da mamona está
descrita para uma primeira aproximação, uma vez que um levantamento completo exige a
adição de mais parâmetros ambientais e também de procedimentos de campo, o que requer
um tempo maior para execução.
O processo de mapeamento para identificar a aptidão agrícola da mamona teve início
em levantamentos de informações no Centro Tecnológico do Norte de Minas (CTNM) da
EPAMIG, no município de Nova Porteirinha, onde a cultura já vem sendo pesquisada há
algum tempo. Foram levantadas com os pesquisadores locais as condicionantes ambientais
para o cultivo da mamona e os dados fitotécnicos. Assim, foram definidas sete variáveis a
serem usadas: altitude, declividade, temperatura média anual, precipitação anual e classe de
solos (Tabela 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1926
Tabela 1 - Parâmetros ambientais para o cultivo da mamona.
Variáveis Parâmetros Fonte

Altitude 300 – 1.500m Embrapa algodão (200-)

Declividade ≤ 12% Beltrão et al (2004)

Temperatura média anual 20º - 30º C Beltrão et al (2004)

> 500 mm Beltrão et al (2004)


Precipitação anual
700 – 1.200 mm Savy Filho (2005)

Profundos, não suporta solos


encharcados, compactados,
Solos Beltrão et al (2004)
com elevada alcalinidade
e/ou sodicidade

Definidas essas variáveis, foram então consultadas as literaturas específicas, onde se


encontravam as amplitudes aceitáveis nas variações para cada variável e para a cultura em
estudo.

O mapeamento da aptidão agrícola foi feito, então, em primeira aproximação utilizando


as demais informações (solos, pluviometria média anual, temperatura médias anuais,
altimetria e declividade), em grades de 100 x 100m. Para cada variável trabalhada, através do
produto gerado, foram separadas as condições ideais para o cultivo da mamona e
posteriormente cruzados, tendo como resultado a delimitação das áreas aptas. Para essas
operações, foi utilizado o Sistema de Informações Geográficas ARCVIEW.

A região mineira de abrangência da ADENE está delimitada conforme estabelecido pela


própria agência. A descrição desta região e de seus municípios pode ser encontrada em
Agência de Desenvolvimento do Nordeste (200-). São participantes da área de abrangência da
ADENE, no estado de Minas Gerais, 163 municípios que abrange as mesorregiões Norte de
Minas, Jequitinhonha e Mucuri com área total aproximada de 199.400 km2 e perímetro de
3.565 km. Os limites desses municípios foram obtidos do mapa digital do estado de Minas
Gerais (Fig.1) disponível no IBGE.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1927
Figura 1 - Região da ADENE em MG.

Os mapas de solos utilizados foram obtidos por cessão pela Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), entidade geradora e que trabalhou todo o estado de
Minas Gerais em escala 1:500.000. Esses mapas foram revisados e convertidos para uma
forma digital em um trabalho conjunto daquela entidade com o Departamento de Solos da
Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Essa base, cedida à EPAMIG por meio de uma parceria firmada, foi incorporada na
base de dados deste projeto e recortados (retirados) os solos inaptos para o cultivo da
mamona, dentro do limite da ADENE (Anexo A e B). Esses solos foram os rasos
(profundidade <=2.0 metros até rocha), solos sujeitos à inundação e solos provenientes de
areia quartzosa. Retiraram-se, portanto, as classes Neossolo Litólico, Neossolo Flúvico,
Neossolo Quartzarêmico, respectivamente. O Tabela 2 apresenta as classes decorrentes dentro
do limite da ADENE.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1928
Tabela 2 - Tipos de solos encontrados na área de abrangência da ADENE no estado de Minas
Gerais
Sigla Descrição

PVA Argissolo Vermelho-Amarelo

CX Cambissolo Háplico

LA Latossolo Amarelo

LV Latossolo Vermelho

T Luvissolo Crônico

RL Neossolo Litólico

RU Neossolo Flúvico

RQ Neossolo Quartizorêmico

O mapa pluviométrico foi feito a partir de dados tabulares das estações da Agência
Nacional das Águas para todo o estado de Minas Gerais e depois recortada a região de
interesse. Esses dados tabulares foram importados a partir da base de dados em formato
ASCII para um gerenciador de banco de dados padrão Select Query Language (SQL), a fim
de propiciar a maximização no processo de modelagem das informações pertinentes para o
cálculo de precipitação média anual.
Foram selecionadas as estações que possuíam série histórica >= a 20 anos e,
posteriormente, lidas e georreferenciadas dentro do Sistema de Informações Geográficas.
Assim, as estações foram dispostas sobre o mapa digital do estado de Minas Gerais, portando,
cada uma, o valor de sua média pluviométrica anual. Para cálculo desta variável foi feito o
somatório das precipitações mensais em cada estação e o resultado foi divido pela quantidade
de anos referente a este período.
Estas médias foram, então, interpoladas espacialmente entre as estações a fim de
recobrir todo o estado em eqüidistâncias de 100m, dando assim origem ao mapa de
precipitação média anual. O limite da área da ADENE foi sobreposto a este mapa e usado
como máscara de corte, originando assim, o mapa pluviométrico de precipitação para a área
desejada.
Para o mapa altimétrico foram utilizados dados obtidos pelo satélite Shuttle Radar
Topography Mission (SRTM), proveniente do Consórcio National Aeronautics and Space
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1929
Administration (NASA) / National Geospatial-Intelligence Agency (NGA), que fez o
imageamento altimétrico mundial em pixels de 90m. Foi anexado à base deste projeto o mapa
de Minas Gerais, sendo este, recortado dentro do limite da ADENE e, posteriormente, retirado
as áreas com as altitudes que não atendiam às condições de plantio, no caso, menor que 300m
e maior que 1.500m.
A partir do mapa altimétrico recortado para os limites da região do projeto gerou-se o
mapa de declividades. Foram retiradas, então, as declividades acentuadas ao cultivo da
mamona, estas, maiores que 12%. Para a temperatura média anual, utilizou-se como base o
modelo matemático de Sediyama e Melo Junior (1998).
O modelo é uma equação linear que leva em consideração as coordenadas geográficas e
altitude do ponto desejado. O modelo também estabelece algumas constantes que são
agregadas à equação, que é dada por: Yi=a0+a1x1+a2x2+a3x3+ε1
em que:
Yi - temperatura média anual do ponto desejado
a0 = 26,62
a1 = -0,0055
a2 = -0,4695
a3 = 0,1695
x1 = altitude do local em metros
x2 = latitude do local em graus e décimos
x3 = longitude do local em graus e décimos
ε = erro
A partir deste mapa foi selecionado as temperaturas entre 20 e 30º.
A Figura 2 apresenta, portanto, a correlação espacial das variáveis: altitude, declividade,
solos, temperatura média anual e pluviometria média anual resultando, assim, o mapa de
aptidão agrícola para a mamona (primeira aproximação) para a região da ADENE no estado
de Minas Gerais.
Não foi retirado do mapa as regiões de reserva ambiental visto que, embora tenham seu
uso proibido, não são, necessariamente, inadequadas do ponto de vista agrícola.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1930
Figura 2 - Mapa de Aptidão Agrícola da Mamona para a região da ADENE em Minas Gerais.

3 CONCLUSÃO
No lado leste da região zoneada, a maior parte das áreas consideradas inaptas se deve à
presença de Neossolo Flúvico e Neossolo Quartizorêmico, enquanto que na parte oeste o
maior limitante é o relevo acidentado e a presença de alguns afloramentos rochosos.
Ao efetuar o cruzamento de todas as variáveis trabalhadas chegou-se ao mapa de
aptidão agrícola para a mamona, que poderá ainda ser aprimorado, mas que contempla as
principais características ambientais exigidas para a cultura.

4 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, José Americo Bordini do; SILVA, Madson Tavares. Época de Semeadura para
a Mamona no Estado do Maranhão, Segundo o Zoneamento de Riscos Climáticos,
Campina Grande:Embrapa - Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento n71, Julho, 2006.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1931
SÁ, Rogério Oliveira de. Avaliação da utilizaçã de Mamona (Ricinus communis L.)
espontânea no melhoramento genético. Campina Grande – PB: I Congresso brasileiro de
Mamona, 2004.

SLUSZZ, Thaisy; MACHADO, João A, Dessimon. Características das potenciais culturas


matérias-primas do biodiesel e sua adoção pela agricultura familiar. Anais do XLIV
Congresso da sociedade brasileira ede economia e sociologia rural Fortaleza, Julho de 2006.

URQUIAGA, Segundo; ALVES, Bruno José Rodrigues; BOODEY, Roberto Michael.


Produção de biocombustível: a questão do balanço energético.Brasília: Revista Política
Agrícola. Ano XIV - Nº 1 - Jan./Fev./Mar. 2005

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1932
COMPORTAMENTO DA CULTURA DO MILHO EM TRÊS TIPOS DE
COBERTURAS MANEJADAS COM ROLO-FACA

Augusto Weiss, CCA-UFSC, augusto@cca.ufsc.br


Alberto Kazushi Nagaoka, UCCA-FSC, aknagaoka@cca.ufsc.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Caetano Luiz Beber, UFSC, caetanolb@yahoo.com.br
Daniel Terzella Cardoso, UFSC, caetanolb@yahoo.com.br
Ricardo Terzella Cardoso, UFSC, caetanolb@yahoo.com.br
Jairo João Luis, CCA-UFSC, jairo@cca.ufsc.br

RESUMO: O preparo convencional pode degradar as propriedades físicas, químicas e


biológicas do solo, enquanto os preparos conservacionistas, especialmente o plantio direto,
preservam as referidas propriedades. Este trabalho teve como objetivo avaliar a emergência,
comprimento da raiz, altura da parte aérea, massa da planta, população final e produtividade
da cultura do milho, em três tipos de coberturas de solo (ervilhaca, nabo forrageiro e aveia
preta) na região de Florianópolis, SC, após o manejo com rolo-faca para futuras culturas de
plantas oleaginosas. Neste trabalho utilizou-se o delineamento experimental em blocos
casualizados, com cinco repetições. Cada parcela foi composta de uma área de 10m x 20m.
Para obtenção dos dados coletou-se uma amostra de 2m2 previamente selecionadas
aleatoriamente dentro da parcela contendo 2 linhas de plantio da semeadora. O experimento
foi realizado na Fazenda Experimental Ressacada do Centro de Ciências Agrárias
(CCA/UFSC), no ano agrícola de 2006/2007. Concluiu-se que a cultura do milho após o nabo
forrageiro, apresentou maior comprimento de raízes, sendo a cobertura mais indicada para
plantas oleaginosas como a soja.

Palavras-Chave: Desenvolvimento, cultura de verão, conservação do solo.

1 INTRODUÇÃO
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1933
A cobertura do solo deverá resultar do cultivo de espécies que disponham de atributos
como: produzir grande quantidade de massa seca, ter sistema radicular vigoroso e profundo,
entre outras (EMBRAPA,2003). Segundo DERPSCH & CALEGARI (1992), a manutenção
dos resíduos culturais na superfície do solo provoca alterações com reflexos diretos na
fertilidade, influenciando na taxa de mineralização e nas propriedades químicas do solo.
Dentre as plantas que podem ser utilizadas para cultivos de cobertura, no período de inverno,
tem-se a aveia preta (Avena strigosa), que se destaca como importante planta de cobertura do
solo no sistema de plantio direto (MONEGAT, 1991). O nabo forrageiro (Raphanus sativus) é
uma planta muito vigorosa, seu sistema radicular é pivotante, bastante profundo, possui
elevada capacidade de reciclar nutrientes, (DERPESCH & CALEGARI, 1992). A ervilhaca
(Vicia sativa) é uma leguminosa que proporciona uma boa cobertura protetora e melhora as
características físicas químicas e biológicas do solo (DERPESCH & CALEGARI, 1991). O
rolo faca é um equipamento agrícola, que destina ao manejo (acamamento e corte) da
cobertura vegetal na superfície do solo, a qual é a base para a prática do cultivo mínimo e do
plantio direto (WEISS, 1998). Um dos fatores que tem contribuído para o aumento da
produtividade de é a adoção de sistemas de produção cujo princípio básico é a manutenção de
uma cobertura permanente no solo com resíduos culturais (PEREIRA, 2000). O presente
trabalho objetivou avaliar a emergência, comprimento da raiz, altura da parte aérea, massa da
planta, população final e produtividade da cultura do milho, em três tipos de coberturas de
solo (ervilhaca, nabo forrageiro e aveia preta) na região de Florianópolis, SC, após o manejo
com rolo-faca.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Fazenda Experimental Ressacada do Centro de Ciências
Agrárias (CCA/UFSC), localizado no município de Florianópolis, SC, nas coordenadas
geográficas 27º41’ latitude Sul e 48º32’ longitude Oeste, com altitude média de 7 metros em
uma área de pastagem natural. O solo da área experimental foi classificado como Neosolo
Quartzarênico Hidromórfico Típico, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação dos
Solos (EMBRAPA, 1999). No experimento, as variáveis foram analisadas considerando-se o
delineamento em blocos casualizados, com três tratamentos (ervilhaca, nabo forrageiro e
aveia preta) e cinco repetições. Foram coletados dados de: emergência, comprimento da raiz,
altura da parte aérea, massa da planta da cultura do milho e resistência do solo à penetração,
cujos dados foram analisados estatisticamente, por meio da análise de variância, adotando-se
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1934
o nível de 5% de probabilidade para o teste estatístico. O rolo-faca utilizado para o corte e
acamamamento das culturas de inverno, foi desenvolvido no Núcleo de Desenvolvimento
Integrado de Projetos (NeDIP), departamento de Engenharia Mecânica da UFSC e fabricado
pela Iadel. Para tracionar o rolo faca foi utilizado um trator da marca FENG modelo FS 180-3
com 13,9 kW de potência no motor. A semeadura do milho foi realizada com uma semeadora
da marca Vence Tudo, modelo SA7300 numa profundidade média de 5 cm. A quantidade de
sementes para a cultura do milho foi de 80.000 sementes/ha. A adubação das parcelas foi
realizada durante a semeadura com dosagem de 200 Kg/ha de adubo 5-20-10. Para tracionar a
semeadora, foi utilizado um trator da marca Massey Fergusson modelo MF 265 com 45 kW
de potência no motor. Para obtenção dos dados foi coletada uma amostra de dois metros
quadrados previamente selecionadas aleatoriamente sobre as duas linhas de plantio da
semeadora dentro de cada parcela. A coleta dos dados de emergência, parte aérea,
comprimento de raiz e massa da planta, foi realizada 21 dias após a semeadura. Para obtenção
dos dados de resistência do solo a penetração utilizou-se um penetrômetro, modelo SC. 60 da
marca Soil Control, composto de uma haste, ponteira e conjunto registrador. Sua utilização é
manual, introduzindo-se a haste no solo até uma profundidade de 60 cm ou até encontrar
alguma barreira que empeça a sua penetração. No momento da medição da resistência do solo
à penetração, o solo apresentava-se com teor médio de água de 13,25%.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, verifica-se que houve diferença significativa para a variável resistência do
solo à penetração, sendo que o milho após cobertura com aveia preta, apresentou maior
resistência, mostrando que a cultura do nabo forrageiro e ervilhaca podem ter contribuído
mais para a descompactação natural do solo. O solo apresentou maior resistência nas camadas
superiores de 0 a 15 cm e 15 a 30 cm. De acordo com o histórico da área, houve pisoteio
animal anos anteriores à implantação do experimento, o que causou a compactação nas
camadas superiores. Na Tabela 2, observa-se que para a variável profundidade, as
profundidades de 30 a 60 cm, o solo apresentou maior compactação para o milho após aveia
preta. Para as variáveis milho após ervilhaca e milho após nabo forrageiro, as maiores
resistências à penetração ocorreram para as profundidades de 0 a 30 cm.

Tabela 1 - Média dos valores de resistência do solo à penetração em função da cobertura do


solo e profundidades.
TRATAMENTOS Resistência (MPa)

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1935
Milho após ervilhaca 0,91 B
Milho após nabo forrageiro 0,93 B
Milho após aveia preta 1,14 A
Profundidade 0 – 15 cm 1,06 B
Profundidade 15 – 30 cm 1,27 A
Profundidade 30 – 45 cm 0,76 C
Profundidade 45 – 60 cm 0,88 C
Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

Tabela 2 - Interação entre os fatores cobertura e profundidade do solo.


Cobertura do solo
Causa da variação Milho após Milho após nabo Milho após
ervilhaca forrageiro aveia preta
Profundidade 0 – 15 cm 1,10 Aa 1,06 Aa 1,02 Ab
Profundidade 15 – 30 cm 1,32 ABa 1,13 Ba 1,36 Aa
Profundidade 30 – 45 cm 0,67 Bb 0,64 Bb 0,97 Ab
Profundidade 45 – 60 cm 0,55 Cb 0,88 Bab 1,22 Aab
Em cada coluna, para cada fator, médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si, pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade. Em cada linha, para cada fator, médias seguidas de mesma letra maiúscula não
diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Os resultados apresentados na Tabela 3, mostram que para a variável raiz, o milho após
nabo forrageiro, apresentou o maior comprimento e o milho após ervilhaca foi menor. Para as
outras variáveis, não houve diferença entre os fatores analisados.

Tabela 3 - Média dos valores de emergência, altura, raiz e peso da planta de milho em função
da cobertura do solo.
FATOR Emergência Altura Raiz Peso
(plantas.m-2) (cm) (cm) (g.planta-1)
Milho após ervilhaca 9A 84,3 A 13,1 B 12,0 A
Milho após nabo forrageiro 8A 97,1 A 19,8 A 11,9 A
Milho após aveia preta 8A 96,5 A 15,5 AB 15,00 A
C.V. (%) 16,33 11,61 18,45 20,2
Em cada coluna, para cada fator, médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si, pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.

4 CONCLUSÃO
As culturas do nabo forrageiro e ervilhaca apresentaram maior capacidade de
descompactação natural do solo, sendo que o melhor desenvolvimento de raiz, foi para a

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1936
cultura do milho após o nabo forrageiro, cujo potencial das raízes pivotantes (do nabo
forrageiro) e a elevada capacidade de reciclar nutrientes, contribuíram no desenvolvimento
das raízes do milho. Como a cultura do milho é recomendada para fazer cobertura morta para
a cultura de soja, a cultura do nabo forrageiro foi a mais indicada para recuperação e produção
de plantas oleaginosas. Como o experimento encontrava-se em fase de desenvolvimento, não
foram apresentados os valores de produtividade e população final.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DERPSCH, R.; CALEGARI, A.. Plantas para adubação verde de inverno. 2.ed. Londrina:
Iapar, 1992, 72p.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de


Solos. Brasília, 1999. 412p.

EMBRAPA. Tecnologias de Produção de Soja Região Central do Brasil 2003. Endereço


eletrônico:< http://www.cnpso.embrapa.br/sistemasdeproducao/manejo.htm >

MONEGAT, C..Plantas de cobertura do solo: características e manejo em pequenas


propriedades. Chapecó: do Autor, 1991, 337p.

PEREIRA, J. P. G. Influencia entre três sistemas de preparo de solo em diferentes épocas


na cultura do milho (Zea mays L.). Botucatu, 2000. 115p. Tese (Doutorado em
Agronomia/Energia na Agricultura). Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade
Estadual Paulista.

WEISS, Augusto. Desenvolvimento e Adequação de Implementos para Mecanização


Agrícola nos Sistemas Conservacionista em Pequenas Propriedades. Florianópolis, 1998.
Tese de Doutorado (Doutorado em Engenharia de Produção) Universidade Federal de Santa
Catarina.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1937
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 5% DE BIODIESEL

Rogério Maia, RPM, rogerio.maia@kinross.com


Eliel Correa, RPM, eliel.silva@kinross.com
Evandro Correia, RPM, evandro.correia@rpm.kinross.com
José Roberto, SOTREQ, roberto@sotreq.com.br
Sérgio Chaves, SOTREQ, rogerio.maia@kinross.com
Miguel Jorge Dabdoub, USP, migjodab@usp.br
José Eduardo Trevisan, SETA, seta@setaconsultoria.com
Alberto Kazushi Nagaoka, UFSC, aknagaoka@cca.ufsc.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Os ensaios realizados com motores de combustão interna, destinam-se a


determinar as características dimensionais e ponderais e verificar o desempenho no
volante do motor. Os dados são transferidos para gráficos, comumente chamados de curvas
características dos motores, que representam o comportamento do motor em função do regime
em que trabalha. Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel
3508 DI TA, com potência nominal de 920 HP, usando 5% de biodiesel. O ensaio foi
realizado utilizando um dinamômetro, modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento
padrão da SOTREQ. Concluiu-se que houve redução de 2,8% da reserva de torque, de 16,9%
no torque e de 2,5% no potência nominal.

Palavras-Chave: Curva característica do motor, desempenho, consumo de combustível.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1938
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator; verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988).
Alguns desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes
a potência e o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada
de potência e o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor, torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h).
Gamero et al. (1986) construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível
que fornece o valor do consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando
fazer a conversão da leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem
no trator é feita interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira
que o medidor, através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua
os fluxos do tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1939
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
consumo horário (kg/h) x 1000
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) = .
potência desenvolvida (kW)
O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de
260g/kwh = bom; Entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980), é um momento, conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um motor,
ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no regime
Tmáx − Tpmáx
do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = x 100.
TPmáx
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1940
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existem uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e
fabricantes, usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor
eficiência energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido
na reação de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto
com um álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em
ácidos graxos e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambiental devido à geração de empregos, a redução das importações, e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel 3508 DI
TA, com potência nominal de 920 HP, usando 5% de biodiesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem-MG. Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA, aplicado
no equipamento caminhão fora de estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8 cilindros
e rotação nominal de 1.720 rpm, reserva de torque de 17,4% e torque na rotação nominal de
3296 ft.lbs. O tanque de combustível foi abastecido com 5% de biodiesel. O dinamômetro
utilizado foi Power Test , modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da
SOTREQ, com duração de 2 horas (Figura 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1941
(a)

(b)
Figura 1 - Dinamômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de
dados (b).

No ensaio foram obtidas e analisadas as seguintes variáveis: rotação (rpm), potência


(hp), torque (ft.lbs), temperaturas de: saída de água (oC), entrada de água (oC), óleo
lubrificante (oC), ambiente/sala (oC), óleo diesel (oC), cilindros 1o, 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o, 8o (oC),
pressões do: coletor (in Hg), óleo diesel (lbs/in2), óleo lubrificante (lbs/in2).
O ensaio foi realizado em agosto de 2005 e no momento da realização a temperatura do
ambiente encontrava-se com 22,3 oC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2, verifica-se que o torque máximo foi de 3.210 ft.lbs a 1300 rpm e a potência
máxima foi de 900 Hp a 1690 rpm. O torque na potência máxima foi de 2800 ft.lbs,
resultando numa reserva de torque de 14,6%, ocorrendo uma redução de 2,8% em relação ao
catálogo do fabricante que era de 17,4%. De acordo com CENEA (1982), esta reserva de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1942
torque é considerada razoável. Para a rotação nominal do motor (1720 rpm) obteve-se torque
de 2.740 ft.lbs e potência de 897 Hp. O torque e a potência foi de 16,9% e 2,5% inferiores ao
do fabricante, respectivamente.

Figura 2 - Torque em ft.lbs e potência em Hp do motor diesel 3508 DI TA em função da


rotação, usando biodiesel a 5%.

Observa-se na Figura 3 que a temperatura da água do motor manteve-se entre 80 a 90oC,


indicada como ideal para obter maior eficiência. A temperatura máxima no cilindro ocorreu
no cilindro 6 que foi de 568oC, enquanto que a média da temperatura máxima dos cilindros foi
de 555oC. Na rotação nominal do motor obteve se temperaturas de 52,5oC para o óleo
lubrificante, 37,4 oC para o combustível e 551 oC de temperatura máxima para o 2 o cilindro. A
temperatura da sala de ensaio encontrava-se, em média com 22,4oC, no momento que se
realizava o ensaio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1943
Figura 3 - Temperatura em oC da: saída de água, entrada da água, óleo lubrificante, sala,
cilindros 1 a 8 e combustível do motor diesel 3508 DI TA em função da rotação, usando
biodiesel a 5%.

Verifica-se na Figura 4 que a maior pressão no coletor de escape foi de 1.125,2 mm de


Hg (44,3 in Hg) para 1720 rpm. A maior pressão da tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível foi de 60,8 lbs.in-2 e do óleo lubrificante foi de 63,7 lbs.in-2,
ambos a 1930 rpm. A relação entre pressão do combustível e potência do motor a 1720 rpm
foi de 0,0499 lbs.in-2.Hp-1 e 0,0497 lbs.in-2.Hp-1 para 1690 rpm, sendo esse um dos menores
valores encontrados.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1944
Figura 4 - Pressão do coletor de escape (in Hg), tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível (lbs.in-2) e do óleo lubrificante (lbs.in-2) do motor diesel 3508 DI
TA em função da rotação, usando biodiesel a 5%.

4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que ensaio com o motor diesel 3508 DI TA foi
realizado, usando 5% de biodiesel, conclui-se que houve uma redução de 2,8% da reserva de
torque, 16,9% do torque e 2,5% da potência nominal em relação aos valores do catálogo do
fabricante. Os menores valores da relação entre pressão do combustível e potência do motor
ocorreram entre 1.690 a 1.720 rpm.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.

CENEA. Centro Nacional de Engenharia Agrícola. Curso de avaliação e seleção de


tratores. Boletim técnico nº 1. São Paulo. 1982. 34 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1945
GAMERO, C.A., BENEZ, S.H., FURLANI JUNIOR, J.A. Análise do consumo de
combustível e da capacidade de campo de diferentes sistemas de preparo periódico do solo.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 15, 1986, São Paulo.
Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1986. p1-9.

HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.

JULIATO A. Motores movidos a biodiesel inspiram. Disponível na <


http://www.jornaldepiracicaba.com.br/news.php?news_id=43789 >. Acesso em:16 Junho
2007.

MIALHE, L.G. Máquinas agrícolas: ensaios & certificação. Piracicaba: Fundação de


Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1996. 723 p.

MIALHE, L.G. Máquinas motoras na agricultura. São Paulo: Editora Pedagógica


Universitária, 1980. v.2, 367p.

MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.

NAGAOKA, A.K., ULLMANN, M. N., SCHUSTER, E. M. Protótipo de um dinamômetro


de absorção por rotação-freio Prony. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ENGENHARIA

AGRÍCOLA, 25, CONGRESSO LATINOAMERICANO DE INGENIERIA AGRÍCOLA, 2,


1996, Bauru. Resumos... Bauru: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1996. p.456.

SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.

ROUSSEFF, D. Biodiesel: o novo combustível do Brasil. Programa Nacional de Produção


e Uso do Biodiesel. Brasília, 2004. 32p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1946
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 5, 10, 20, 50 e 100% DE BIODIESEL

Rogério Maia, RPM, rogerio.maia@kinross.com


Eliel Correa, RPM, eliel.silva@kinross.com
Evandro Correia, RPM, evandro.correia@rpm.kinross.com
José Roberto, SOTREQ, jose.roberto@sotreq.com.br
Sérgio Chaves, SOTREQ, rogerio.maia@kinross.com
Miguel Jorge Dabdoub, USP, migjodab@usp.br
José Eduardo Trevisan, SETA, seta@setaconsultoria.com
Alberto Kazushi Nagaoka, UFSC, aknagaoka@cca.ufsc.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Os ensaios realizados com motores de combustão interna, destinam-se a


determinar as características dimensionais e ponderais, e verificar o desempenho no
volante do motor. Os dados são transferidos para gráficos, comumente chamados de curvas
características dos motores, que representam o comportamento do motor em função do regime
em que trabalha. Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel
3508 DI TA, com potência nominal de 920 HP, usando 5, 10, 20, 50 e 100% de biodiesel. O
ensaio foi realizado utilizando um dinamômetro, modelo 25x48 1000HP, de acordo com o
procedimento padrão da SOTREQ. Concluiu-se que as perdas de potência e torque foram
menos significativas de 5 a 20% de biodiesel.

Palavras-Chave: Curva característica do motor, desempenho, consumo de combustível.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1947
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator; verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988). Alguns
desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes a potência e
o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada de potência e
o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor, torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h). Gamero et al. (1986)
construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível que fornece o valor do
consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando fazer a conversão da
leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem no trator é feita
interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira que o medidor,
através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua os fluxos do
tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.

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1948
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
consumo horário (kg/h) x 1000
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) = .
potência desenvolvida (kW)
O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de
260g/kwh = bom; Entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980), é um momento, conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um
motor, ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no
Tmáx − Tpmáx
regime do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = x 100.
TPmáx
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1949
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existem uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e
fabricantes, usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor
eficiência energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido
na reação de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto
com um álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em
ácidos graxos e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambiental devido à geração de empregos, a redução das importações e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel 3508 DI
TA, com potência nominal de 920 HP, usando 5, 10, 20, 50 e 100% de biodiesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem - MG.
Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA, aplicado no equipamento caminhão fora de
estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8 cilindros e rotação nominal de 1.720 rpm,
reserva de torque de 17,4% e torque nominal de 3296 ft.lbs. O tanque de combustível foi
abastecido com 5, 10, 20, 50 e 100% de biodiesel. O dinamômetro utilizado foi Power Test ,
modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da SOTREQ, com duração de
2 horas (Figura 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1950
(a)

(b)
Figura 1 - Dinamômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de
dados (b).

No ensaio foram obtidas e analisadas as seguintes variáveis: rotação (rpm), potência


(hp), torque (ft.lbs), temperaturas de: saída de água (oC), entrada de água (oC), óleo
lubrificante (oC), ambiente/sala (oC), óleo diesel (oC), cilindros 1o, 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o, 8o (oC),
pressões do: coletor (in Hg), óleo diesel (lbs/in2), óleo lubrificante (lbs/in2).
O ensaio foram realizados em agosto de 2005 e no momento da realização do ensaio a
temperatura do ambiente encontrava-se com 22,3 oC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, verifica-se que o torque máximo e o torque na potência máxima foram
maiores para o uso de biodiesel a 5%. A potência máxima foi maior para o uso de 5 e 10% de
biodiesel. A reserva de torque foi maior para o uso de biodiesel a 100%. O torque e a potência
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1951
na rotação nominal foram maiores para o uso do biodiesel a 10%. As perdas de torque e
potência foram maiores para o uso de biodiesel a 50%. A menor relação entre pressão do
combustível e Potência foi para o uso de 5% de biodiesel. Como para a mistura de 50% e
100% de biodiesel, as perdas de potência e torque foram mais significativas comparados com
os dados do fabricante (0% biodiesel), recomenda-se neste caso, utilizar biodiesel até 20%.
Entre 50 a 100% de mistura recomenda-se fazer outros ensaios.

Tabela 1 - Resultado da análise dos dados de Torque, potência, reserva de torque, torque e
potência na rotação nominal, perda de potência e torque e relação pressão e potência do
ensaio com motor com 5, 10, 20, 50 e 100% de biodiesel.
Variáveis 5% 10% 20% 50% 100%
Tmáx (ft.lbs) 3.210 3.200 3.200 3.090 3.170
Pot.máx (Hp) 900 900 892 869 888
TPmáx (ft.lbs) 2800 2750 2690 2650 2710
RT (%) 14,6 16,4 15,9 16,6 17
Tnom (ft.lbs) 2.740 2.750 2.719 2.650 2.710
Pot.nom (Hp) 897 900 891 869 888
Perda de T (%) 16,9 16,6 17,5 19,6 17,8
Perda de Pot (%) 2,5 2,2 3,2 5,5 3,5
Pressão/Pot (lbs.in-2.Hp-1) 0,0497 0,0510 0,0544 0,0554 0,0509

4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o ensaio foi realizado com o motor diesel 3508 DI
TA, usando 5, 10, 20, 50 e 100% de biodiesel, conclui-se que as perdas de potência e torque
foram menos significativas de 5 a 20% de biodiesel, quando comparados com os dados do
fabricante (0% biodiesel), por isso recomenda-se, utilizar biodiesel até 20%. Entre 50 a 100%
de mistura recomenda-se fazer outros ensaios.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.

CENEA. Centro Nacional de Engenharia Agrícola. Curso de avaliação e seleção de tratores.


Boletim técnico nº 1. São Paulo. 1982. 34 p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1952
GAMERO, C.A., BENEZ, S.H., FURLANI JUNIOR, J.A. Análise do consumo de
combustível e da capacidade de campo de diferentes sistemas de preparo periódico do solo.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 15, 1986, São Paulo.
Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1986. p1-9.

HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.

JULIATO A. Motores movidos a biodiesel inspiram. Disponível na


<http://www.jornaldepiracicaba.com.br/news.php?news_id=43789>. Acesso em:16 Junho
2007.

MIALHE, L.G. Máquinas agrícolas: ensaios & certificação. Piracicaba: Fundação de


Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1996. 723 p.

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Universitária, 1980. v.2, 367p.

MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.

NAGAOKA, A.K., ULLMANN, M. N., SCHUSTER, E. M. Protótipo de um dinamômetro


de absorção por rotação-freio Prony. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ENGENHARIA AGRÍCOLA, 25, CONGRESSO LATINOAMERICANO DE INGENIERIA
AGRÍCOLA, 2, 1996, Bauru. Resumos... Bauru: Sociedade Brasileira de Engenharia
Agrícola, 1996. p.456.

SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.

ROUSSEFF, D. Biodiesel: o novo combustível do Brasil. Programa Nacional de Produção e


Uso do Biodiesel. Brasília, 2004. 32p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1953
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 10% DE BIODIESEL

Rogério Maia, RPM, rogerio.maia@kinross.com


Eliel Correa, RPM, eliel.silva@kinross.com
Evandro Correia, RPM, evandro.correia@rpm.kinross.com
José Roberto, SOTREQ, jose.roberto@sotreq.com.br
Sérgio Chaves, SOTREQ, rogerio.maia@kinross.com
Miguel Jorge Dabdoub, USP, migjodab@usp.br
José Eduardo Trevisan, SETA, seta@setaconsultoria.com
Alberto Kazushi Nagaoka, UFSC, aknagaoka@cca.ufsc.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Os ensaios realizados com motores de combustão interna, destinam-se a


determinar as características dimensionais e ponderais, e verificar o desempenho no
volante do motor. Os dados são transferidos para gráficos, comumente chamados de curvas
características dos motores, que representam o comportamento do motor em função do regime
em que trabalha. Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel
3508 DI TA, com potência nominal de 920 HP, usando 10% de biodiesel. O ensaio foi
realizado utilizando um dinamômetro, modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento
padrão da SOTREQ. Concluiu-se que houve reduções de 1% da reserva de torque, de 16,6%
do torque e de 2,2% da potência nominal.

Palavras-Chave: Curva característica do motor, desempenho, consumo de combustível.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1954
1 INTRODUÇÃO

De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator; verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988).
Alguns desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes
a potência e o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada
de potência e o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor, torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h).
Gamero et al. (1986) construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível
que fornece o valor do consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando
fazer a conversão da leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem
no trator é feita interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira
que o medidor, através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua
os fluxos do tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1955
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
consumo horário (kg/h) x 1000
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) = .
potência desenvolvida (kW)
O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de
260g/kwh = bom; Entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980), é um momento, conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um
motor, ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no
Tmáx − Tpmáx
regime do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = x 100.
TPmáx
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1956
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existem uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e
fabricantes, usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor
eficiência energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido
na reação de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto
com um álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em
ácidos graxos e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambiental devido à geração de empregos, a redução das importações, e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel 3508 DI
TA, com potência nominal de 920 HP, usando 10% de biodiesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem-MG. Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA, aplicado
no equipamento caminhão fora de estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8 cilindros
e rotação nominal de 1.720 rpm, reserva de torque de 17,4% e torque na rotação nominal de
3296 ft.lbs. O tanque de combustível foi abastecido com 10% de biodiesel. O dinamômetro
utilizado foi Power Test , modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da
SOTREQ, com duração de 2 horas (Figura 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1957
(a)

(b)
Figura 1 - Dinamômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de
dados (b).

No ensaio foram obtidas e analisadas as seguintes variáveis: rotação (rpm), potência


(hp), torque (ft.lbs), temperaturas de: saída de água (oC), entrada de água (oC), óleo
lubrificante (oC), ambiente/sala (oC), óleo diesel (oC), cilindros 1o, 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o, 8o (oC),
pressões do: coletor (in Hg), óleo diesel (lbs/in2), óleo lubrificante (lbs/in2).
O ensaio foi realizado em agosto de 2005 e no momento da realização a temperatura do
ambiente encontrava-se com 23,7 oC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2, verifica-se que o torque máximo foi de 3.200 ft.lbs a 1290 rpm e a potência
máxima foi de 900 Hp a 1720 rpm. O torque na potência máxima foi de e 2750 ft.lbs,
resultando numa reserva de torque de 16,4%, ocorrendo uma redução de 1,0% em relação ao
catálogo do fabricante que era de 17,4%. De acordo com CENEA (1982), esta reserva de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1958
torque é considerada boa. Para a rotação nominal do motor (1720 rpm) obteve-se torque de
2.750 ft.lbs e potência de 900 Hp. O torque nominal e a potência nominal foi de 16,6% e 2,2%
inferiores ao do fabricante, respectivamente.

Figura 2 - Torque em ft.lbs e potência em Hp do motor diesel 3508 DI TA em função da


rotação, usando biodiesel a 10%.

Observa-se na Figura 3 que a temperatura da água do motor manteve-se entre 71 a 93oC,


cuja média pode ser considerada como normal. A temperatura máxima no cilindro ocorreu no
cilindro 3 que foi de 598oC, enquanto que a média da temperatura máxima dos cilindros foi de
581oC. Na rotação nominal do motor obteve se temperaturas de 63,4oC para o óleo
lubrificante e 607 oC de temperatura máxima para o 3 o cilindro. A temperatura da sala de
ensaio encontrava-se, em média com 23,7oC, no momento que se realizava o ensaio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1959
Figura 3 - Temperatura em oC da: saída de água, entrada da água, óleo lubrificante, sala,
cilindros 1 a 8 e combustível do motor diesel 3508 DI TA em função da rotação, usando
biodiesel a 10%.

Verifica-se na Figura 4 que a maior pressão no coletor de escape foi de 1.1156 mm de


Hg (45,5 in Hg) para 1720 rpm. A maior pressão da tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível foi de 59,9 lbs.in-2 e do óleo lubrificante foi de 65 lbs.in-2, ambos
a 1930 rpm. A relação entre pressão do combustível e potência do motor a 1720 rpm foi de
0,053 lbs.in-2.Hp-1 e 0,051 lbs.in-2.Hp-1 para 1600 rpm, sendo esse um dos menores valores
encontrados.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1960
Figura 4 - Pressão do coletor de escape (in Hg), tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível (lbs.in-2) e do óleo lubrificante (lbs.in-2) do motor diesel 3508 DI
TA em função da rotação, usando biodiesel a 10%.

4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o ensaio com o motor diesel 3508 DI TA foi
realizado, usando 10% de biodiesel, conclui-se que houve uma redução de 1,0% da reserva de
torque, 16,6% do torque e 2,2% da potência nominal em relação aos valores do catálogo do
fabricante. Os menores valores da relação entre pressão do combustível e potência do motor
ocorreram entre 1.410 a 1.600 rpm.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1961
CENEA. Centro Nacional de Engenharia Agrícola. Curso de avaliação e seleção de tratores.
Boletim técnico nº 1. São Paulo. 1982. 34 p.

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combustível e da capacidade de campo de diferentes sistemas de preparo periódico do solo.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 15, 1986, São Paulo.
Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1986. p1-9.

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http://www.jornaldepiracicaba.com.br/news.php?news_id=43789 >. Acesso em:16 Junho
2007.

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Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1996. 723 p.

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Universitária, 1980. v.2, 367p.

MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.

NAGAOKA, A.K., ULLMANN, M. N., SCHUSTER, E. M. Protótipo de um dinamômetro


de absorção por rotação-freio Prony. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ENGENHARIA AGRÍCOLA, 25, CONGRESSO LATINOAMERICANO DE INGENIERIA
AGRÍCOLA, 2, 1996, Bauru. Resumos... Bauru: Sociedade Brasileira de Engenharia
Agrícola, 1996. p.456.

SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.
ROUSSEFF, D. Biodiesel: o novo combustível do Brasil. Programa Nacional de
Produção e Uso do Biodiesel. Brasília, 2004. 32p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1962
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 20% DE BIODIESEL

Rogério Maia, RPM, rogerio.maia@kinross.com


Eliel Correa, RPM, eliel.silva@kinross.com
Evandro Correia, RPM, evandro.correia@rpm.kinross.com
José Roberto, SOTREQ, jose.roberto@sotreq.com.br
Sérgio Chaves, SOTREQ, rogerio.maia@kinross.com
Miguel Jorge Dabdoub, USP, migjodab@usp.br
José Eduardo Trevisan, SETA, seta@setaconsultoria.com
Alberto Kazushi Nagaoka, UFSC, aknagaoka@cca.ufsc.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Os ensaios realizados com motores de combustão interna, destinam-se a


determinar as características dimensionais e ponderais e verificar o desempenho no
volante do motor. Os dados são transferidos para gráficos, comumente chamados de curvas
características dos motores, que representam o comportamento do motor em função do regime
em que trabalha. Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel
3508 DI TA, com potência nominal de 920 HP, usando 20% de biodiesel. O ensaio foi
realizado utilizando um dinamômetro, modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento
padrão da SOTREQ. Concluiu-se que houve reduções de 1,5% da reserva do torque, de 17,5%
do torque e de 3,2% da potência nominal.

Palavras-Chave: Curva característica do motor, desempenho, consumo de combustível.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1963
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator; verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988).
Alguns desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes
a potência e o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada
de potência e o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor, torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h).
Gamero et al. (1986) construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível
que fornece o valor do consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando
fazer a conversão da leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem
no trator é feita interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira
que o medidor, através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua
os fluxos do tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1964
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) =
consumo horário kg/h x 1000
potência desenvolvida kW .

O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de


260g/kwh = bom; Entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980), é um momento, conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um motor,
ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no regime
Tmáx− Tpmáx
do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = TPmáx x 100.

Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1965
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existem uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e
fabricantes, usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor
eficiência energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido
na reação de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto
com um álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em
ácidos graxos e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambiental devido à geração de empregos, a redução das importações, e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel 3508 DI
TA, com potência nominal de 920 HP, usando 20% de biodiesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem – MG. Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA,
aplicado no equipamento caminhão fora de estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8
cilindros e rotação nominal de 1.720 rpm, reserva de torque de 17,4% e torque nominal de
3296 ft.lbs. O tanque de combustível foi abastecido com 20% de biodiesel. O dinamômetro
utilizado foi Power Test , modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da
SOTREQ, com duração de 2 horas (Figura 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1966
(a)

(b)
Figura 1 - Dinamômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de
dados (b).

No ensaio foram obtidas e analisadas as seguintes variáveis: rotação (rpm), potência


(hp), torque (ft.lbs), temperaturas de: saída de água (oC), entrada de água (oC), óleo
lubrificante (oC), ambiente/sala (oC), óleo diesel (oC), cilindros 1o, 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o, 8o (oC),
pressões do: coletor (in Hg), óleo diesel (lbs/in2), óleo lubrificante (lbs/in2).
O ensaio foi realizado em agosto de 2005 e no momento da realização a temperatura do
ambiente encontrava-se com 22,7 oC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2, verifica-se que o torque máximo foi de 3.200 ft.lbs a 1270 rpm e a potência
máxima foi de 892 Hp a 1740 rpm e 2690 ft.lbs de torque na potência máxima, resultando
numa reserva de torque de 15,9%, ocorrendo uma redução de 1,5% em relação ao catálogo do
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1967
fabricante que era de 17,4%. De acordo com CENEA (1982), esta reserva de torque é
considerada boa. Para a rotação nominal do motor (1720 rpm) obteve-se torque de 2.719 ft.lbs
e potência de 891 Hp. O torque e a potência foi de 17,5% e 3,2% inferiores ao do fabricante,
respectivamente.

Figura 2 - Torque em ft.lbs e potência em Hp do motor diesel 3508 DI TA em função da


rotação, usando biodiesel a 20%.

Observa-se na Figura 3 que a temperatura da água do motor manteve-se entre 67 a


92oC, cuja média pode ser considerada como normal. A temperatura máxima no cilindro
ocorreu no cilindro 3 que foi de 586oC, enquanto que a média da temperatura máxima dos
cilindros foi de 575oC. Na rotação nominal do motor obteve se temperaturas de 61,2oC para o
óleo lubrificante, 37,3 oC para o combustível e 583 oC de temperatura máxima para o 3 o

cilindro. A temperatura da sala de ensaio encontrava-se, em média com 22,7oC, no momento


que se realizava o ensaio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1968
Figura 3 - Temperatura em oC da: saída de água, entrada da água, óleo lubrificante, sala,
cilindros 1 a 8 e combustível do motor diesel 3508 DI TA em função da rotação, usando
biodiesel a 20%.

Verifica-se na Figura 4 que a maior pressão no coletor de escape foi de 1.183,6 mm de


Hg (46,6 in Hg) para 1740 rpm. A maior pressão da tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível foi de 62,7 lbs.in-2 e do óleo lubrificante foi de 68,3 lbs.in-2,
ambos a 1930 rpm. A relação entre pressão do combustível e potência do motor a 1720 rpm
foi de 0,055lbs.in-2.Hp-1 e 0,054 lbs.in-2.Hp-1 para 1610 rpm, sendo esse um dos menores
valores encontrados.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1969
Figura 4 - Pressão do coletor de escape (in Hg), tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível (lbs.in-2) e do óleo lubrificante (lbs.in-2) do motor diesel 3508 DI
TA em função da rotação, usando biodiesel a 20%.

4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o ensaio com o motor diesel 3508 DI TA foi
realizado, usando 20% de biodiesel, conclui-se que houve uma redução de 1,5% da reserva de
torque, 17,5% do torque e 3,2% da potência nominal em relação ao catálogo do fabricante. Os
menores valores da relação entre pressão do combustível e potência do motor ocorreram entre
1.610 a 1.720 rpm.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1970
CENEA. Centro Nacional de Engenharia Agrícola. Curso de avaliação e seleção de tratores.
Boletim técnico nº 1. São Paulo. 1982. 34 p.

GAMERO, C.A., BENEZ, S.H., FURLANI JUNIOR, J.A. Análise do consumo de


combustível e da capacidade de campo de diferentes sistemas de preparo periódico do solo.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 15, 1986, São Paulo.
Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1986. p1-9.

HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.

JULIATO A. Motores movidos a biodiesel inspiram. Disponível na <


http://www.jornaldepiracicaba.com.br/news.php?news_id=43789 >. Acesso em:16 Junho
2007.

MIALHE, L.G. Máquinas agrícolas: ensaios & certificação. Piracicaba: Fundação de


Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1996. 723 p.

MIALHE, L.G. Máquinas motoras na agricultura. São Paulo: Editora Pedagógica


Universitária, 1980. v.2, 367p.

MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.

NAGAOKA, A.K., ULLMANN, M. N., SCHUSTER, E. M. Protótipo de um dinamômetro


de absorção por rotação-freio Prony. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ENGENHARIA AGRÍCOLA, 25, CONGRESSO LATINOAMERICANO DE INGENIERIA
AGRÍCOLA, 2, 1996, Bauru. Resumos... Bauru: Sociedade Brasileira de Engenharia
Agrícola, 1996. p.456.

SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.
ROUSSEFF, D. Biodiesel: o novo combustível do Brasil. Programa Nacional de Produção
e Uso do Biodiesel. Brasília, 2004. 32p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1971
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 50% DE BIODIESEL

Rogério Maia, RPM, rogerio.maia@kinross.com


Eliel Correa, RPM, eliel.silva@kinross.com
Evandro Correia, RPM, evandro.correia@rpm.kinross.com
José Roberto, SOTREQ, jose.roberto@sotreq.com.br
Sérgio Chaves, SOTREQ, rogerio.maia@kinross.com
Miguel Jorge Dabdoub, USP, migjodab@usp.br
José Eduardo Trevisan, SETA, seta@setaconsultoria.com
Alberto Kazushi Nagaoka, UFSC, aknagaoka@cca.ufsc.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Os ensaios realizados com motores de combustão interna destinam-se a


determinar as características dimensionais e ponderais, e verificar o desempenho no
volante do motor. Os dados são transferidos para gráficos, comumente chamados de curvas
características dos motores, que representam o comportamento do motor em função do regime
em que trabalha. Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel
3508 DI TA, com potência nominal de 920 HP, usando 50% de biodiesel. O ensaio foi
realizado utilizando um dinamômetro, modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento
padrão da SOTREQ. Concluiu-se que houve redução reduções de 0,8% da reserva de torque,
de 19,6% do torque e de 5,5% da potência nominal.

Palavras-Chave: Curva característica do motor, desempenho, consumo de combustível.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1972
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator, verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988).
Alguns desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes
a potência e o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada
de potência e o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h).
Gamero et al. (1986) construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível
que fornece o valor do consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando
fazer a conversão da leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem
no trator é feita interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira
que o medidor, através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua
os fluxos do tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1973
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
consumo horário (kg/h) x 1000
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) = .
potência desenvolvida (kW)
O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de
260g/kwh = bom; Entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980) é um momento conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um motor,
ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no regime
Tmáx − Tpmáx
do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = x 100.
TPmáx
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1974
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existem uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e
fabricantes, usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor
eficiência energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido
na reação de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto
com um álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em
ácidos graxos e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambiental devido à geração de empregos, a redução das importações, e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel 3508 DI
TA, com potência nominal de 920 HP, usando 50% de biodiesel.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem-MG. Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA, aplicado
no equipamento caminhão fora de estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8 cilindros
e rotação nominal de 1.720 rpm, reserva de torque de 17,4% e torque nominal de 3296 ft.lbs.
O tanque de combustível foi abastecido com 50% de biodiesel. O dinamômetro utilizado foi
Power Test , modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da SOTREQ,
com duração de 2 horas (Figura 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1975
(a)

(b)
Figura 1 - Dinamômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de
dados (b).

No ensaio foram obtidas e analisadas as seguintes variáveis: rotação (rpm), potência


(hp), torque (ft.lbs), temperaturas de: saída de água (oC), entrada de água (oC), óleo
lubrificante (oC), ambiente/sala (oC), óleo diesel (oC), cilindros 1o, 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o, 8o (oC),
pressões do: coletor (in Hg), óleo diesel (lbs/in2), óleo lubrificante (lbs/in2).
O ensaio foi realizado em agosto de 2005 e no momento da realização a temperatura do
ambiente encontrava-se com 22oC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2, verifica-se que o torque máximo foi de 3.090 ft.lbs a 1280 rpm e a potência
máxima foi de 869 Hp a 1720 rpm e 2650 ft.lbs de torque na potência máxima, resultando
numa reserva de torque de 16,6%, ocorrendo uma redução de 0,8% em relação ao catálogo do
fabricante que era de 17,4%. De acordo com CENEA (1982), esta reserva de torque é
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1976
considerada boa. Para a rotação nominal do motor (1720 rpm) obteve-se torque de 2.650 ft.lbs
e potência de 869 Hp. O torque e a potência foi de 19,6% e 5,5% inferiores ao do fabricante,
respectivamente.

Figura 2: Torque em ft.lbs e potência em Hp do motor diesel 3508 DI TA em função da


rotação, usando biodiesel a 50%.

Observa-se na Figura 3 que a temperatura da água do motor manteve-se entre 70 a 92oC,


cuja média pode ser considerada como normal. A temperatura máxima no cilindro ocorreu no
cilindro 3 que foi de 581oC, enquanto que a média da temperatura máxima dos cilindros foi de
563oC. Na rotação nominal do motor obteve se temperaturas de 66,3oC para o óleo
lubrificante, 39,4 oC para o combustível e 580 oC de temperatura máxima para o 3 o cilindro. A
temperatura da sala de ensaio encontrava-se, em média com 22oC, no momento que se
realizava o ensaio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1977
Figura 3 - Temperatura em oC da: saída de água, entrada da água, óleo lubrificante, sala,
cilindros 1 a 8 e combustível do motor diesel 3508 DI TA em função da rotação, usando
biodiesel a 50%.

Verifica-se na Figura 4 que a maior pressão no coletor de escape foi de 1.125,2 mm de


Hg (44,3 in Hg) para 1720 rpm. A maior pressão da tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível foi de 62,2 lbs.in-2 e do óleo lubrificante foi de 66 lbs.in-2, ambos
a 1930 rpm. A relação entre pressão do combustível e potência do motor a 1720 rpm foi de
0,0589lbs.in-2.Hp-1 e 0,0554 lbs.in-2.Hp-1 para 1420 rpm, sendo esse um dos menores valores
encontrados.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1978
Figura 4 - Pressão do coletor de escape (in Hg), tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível (lbs.in-2) e do óleo lubrificante (lbs.in-2) do motor diesel 3508 DI
TA em função da rotação, usando biodiesel a 50%.

4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o ensaio com o motor diesel 3508 DI TA foi
realizado, usando 50% de biodiesel, conclui-se que houve uma redução de 0,8% da reserva de
torque, 19,6% do torque e 5,5% da potência nominal em relação aos valores do catálogo do
fabricante. Os menores valores da relação entre pressão do combustível e potência do motor
ocorreram entre 1.420 a 1.720 rpm.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1979
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.

CENEA. Centro Nacional de Engenharia Agrícola. Curso de avaliação e seleção de tratores.


Boletim técnico nº 1. São Paulo. 1982. 34 p.

GAMERO, C.A., BENEZ, S.H., FURLANI JUNIOR, J.A. Análise do consumo de


combustível e da capacidade de campo de diferentes sistemas de preparo periódico do solo.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 15, 1986, São Paulo.
Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1986. p1-9.

HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.

JULIATO A. Motores movidos a biodiesel inspiram. Disponível na <


http://www.jornaldepiracicaba.com.br/news.php?news_id=43789 >. Acesso em:16 Junho
2007.

MIALHE, L.G. Máquinas agrícolas: ensaios & certificação. Piracicaba: Fundação de


Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1996. 723 p.

MIALHE, L.G. Máquinas motoras na agricultura. São Paulo: Editora Pedagógica


Universitária, 1980. v.2, 367p.

MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.

NAGAOKA, A.K., ULLMANN, M. N., SCHUSTER, E. M. Protótipo de um dinamômetro


de absorção por rotação-freio Prony. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ENGENHARIA AGRÍCOLA, 25, CONGRESSO LATINOAMERICANO DE INGENIERIA
AGRÍCOLA, 2, 1996, Bauru. Resumos... Bauru: Sociedade Brasileira de Engenharia
Agrícola, 1996. p.456.

SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.
ROUSSEFF, D. Biodiesel: o novo combustível do Brasil. Programa Nacional de Produção
e Uso do Biodiesel. Brasília, 2004. 32p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1980
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 100% DE BIODIESEL

Rogério Maia, RPM, rogerio.maia@kinross.com


Eliel Correa, RPM, eliel.silva@kinross.com
Evandro Correia, RPM, evandro.correia@rpm.kinross.com
José Roberto, SOTREQ, jose.roberto@sotreq.com.br
Sérgio Chaves, SOTREQ, rogerio.maia@kinross.com
Miguel Jorge Dabdoub, USP, migjodab@usp.br
José Eduardo Trevisan, SETA, seta@setaconsultoria.com
Alberto Kazushi Nagaoka, UFSC, aknagaoka@cca.ufsc.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Os ensaios realizados com motores de combustão interna, destinam-se a


determinar as características dimensionais e ponderais, e verificar o desempenho no
volante do motor. Os dados são transferidos para gráficos, comumente chamados de curvas
características dos motores, que representam o comportamento do motor em função do regime
em que trabalha. Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel
3508 DI TA, com potência nominal de 920 HP, usando 100% de biodiesel. O ensaio foi
realizado utilizando um dinamômetro, modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento
padrão da SOTREQ. Concluiu-se que houve reduções de 0,4% de reserva de torque, de 17,8%
do torque e de 3,5% da potência nominal.

Palavras-Chave: Curva característica do motor, desempenho, consumo de combustível.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1981
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator; verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988).
Alguns desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes
a potência e o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada
de potência e o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h).
Gamero et al. (1986) construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível
que fornece o valor do consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando
fazer a conversão da leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem
no trator é feita interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira
que o medidor, através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua
os fluxos do tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1982
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
consumo horário (kg/h) x 1000
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) = .
potência desenvolvida (kW)
O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de
260g/kwh = bom; entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980), é um momento, conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um motor,
ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no regime
Tmáx − Tpmáx
do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = x 100.
TPmáx
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1983
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existe uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e fabricantes,
usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor eficiência
energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido na reação
de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto com um
álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em ácidos graxos
e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambientais devido à geração de empregos, a redução das importações, e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem – MG. Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA,
aplicado no equipamento caminhão fora de estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8
cilindros e rotação nominal de 1.720 rpm, reserva de torque de 17,4% e torque nominal de
3296 ft.lbs. O tanque de combustível foi abastecido com 100% de biodiesel. O dinamômetro
utilizado foi Power Test , modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da
SOTREQ, com duração de 2 horas (Figura 1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1984
(a)

(b)
Figura 1 - amômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de dados
(b).

No ensaio foram obtidas e analisadas as seguintes variáveis: rotação (rpm), potência


(hp), torque (ft.lbs), temperaturas de: saída de água (oC), entrada de água (oC), óleo
lubrificante (oC), ambiente/sala (oC), óleo diesel (oC), cilindros 1o, 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o, 8o (oC),
pressões do: coletor (in Hg), óleo diesel (lbs/in2), óleo lubrificante (lbs/in2).
O ensaio foi realizado em agosto de 2005 e no momento da realização a temperatura do
ambiente encontrava-se com 21,7 oC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2, verifica-se que o torque máximo foi de 3.170 ft.lbs a 1290 rpm e a potência
máxima foi de 888 Hp a 1720 rpm e 2710 ft.lbs de torque na potência máxima, resultando
numa reserva de torque de 17%, ocorrendo uma redução de 0,4% em relação ao catálogo do
fabricante que era de 17,4%. De acordo com CENEA (1982), esta reserva de torque é
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1985
considerada boa. Para a rotação nominal do motor (1720 rpm) obteve-se torque de 2.710 ft.lbs
e potência de 888 Hp. O torque e a potência foi de 17,8% e 3,5% inferiores ao do fabricante,
respectivamente.

Figura 2 - Torque em ft.lbs e potência em Hp do motor diesel 3508 DI TA em função da


rotação, usando biodiesel a 100%.

Observa-se na Figura 3 que a temperatura da água do motor manteve-se entre 78 a 91oC,


indicada como ideal para obter maior eficiência. A temperatura máxima no cilindro ocorreu
no cilindro 3 que foi de 599oC, enquanto que a média da temperatura máxima dos cilindros foi
de 571oC. Na rotação nominal do motor obteve se temperaturas de 67,4oC para o óleo
lubrificante, 41,9 oC para o combustível e 599 oC de temperatura máxima para o 3 o cilindro. A
temperatura da sala de ensaio encontrava-se, em média com 21,7oC, no momento que se
realizava o ensaio.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1986
Figura 3 - Temperatura em oC da: saída de água, entrada da água, óleo lubrificante, sala,
cilindros 1 a 8 e combustível do motor diesel 3508 DI TA em função da rotação, usando
biodiesel a 100%.

Verifica-se na Figura 4 que a maior pressão no coletor de escape foi de 1.160,8 mm de


Hg (45,7 in Hg) para 1720 rpm. A maior pressão da tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível foi de 63,1 lbs.in-2 e do óleo lubrificante foi de 65,7 lbs.in-2,
ambos a 1930 rpm. A relação entre pressão do combustível e potência do motor a 1720 rpm
foi de 0,0533lbs.in-2.Hp-1 e 0,05091 lbs.in-2.Hp-1 para 1600 rpm, sendo esse um dos menores
valores encontrados.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1987
Figura 4 - Pressão do coletor de escape (in Hg), tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível (lbs.in-2) e do óleo lubrificante (lbs.in-2) do motor diesel 3508 DI
TA em função da rotação, usando biodiesel a 100%.

4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o ensaio foi realizado com o motor diesel 3508 DI
TA, usando 100% de biodiesel, concluiu-se que houve uma redução de 0,4% da reserva de
torque, 17,8% do torque e 3,5% da potência nominal, em relação aos dados do catálogo do
fabricante. Os menores valores da relação entre pressão do combustível e potência do motor
ocorreram entre 1.600 a 1.720 rpm.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1988
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.

CENEA. Centro Nacional de Engenharia Agrícola. Curso de avaliação e seleção de tratores.


Boletim técnico nº 1. São Paulo. 1982. 34 p.

GAMERO, C.A., BENEZ, S.H., FURLANI JUNIOR, J.A. Análise do consumo de


combustível e da capacidade de campo de diferentes sistemas de preparo periódico do solo.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 15, 1986, São Paulo.
Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1986. p1-9.

HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.

JULIATO A. Motores movidos a biodiesel inspiram. Disponível na <


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Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1996. 723 p.

MIALHE, L.G. Máquinas motoras na agricultura. São Paulo: Editora Pedagógica


Universitária, 1980. v.2, 367p.

MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
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NAGAOKA, A.K., ULLMANN, M. N., SCHUSTER, E. M. Protótipo de um dinamômetro


de absorção por rotação-freio Prony. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ENGENHARIA AGRÍCOLA, 25, CONGRESSO LATINOAMERICANO DE INGENIERIA
AGRÍCOLA, 2, 1996, Bauru. Resumos... Bauru: Sociedade Brasileira de Engenharia
Agrícola, 1996. p.456.

SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.

ROUSSEFF, D. Biodiesel: o novo combustível do Brasil. Programa Nacional de Produção


e Uso do Biodiesel. Brasília, 2004. 32p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1989
INCIDÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E RESISTÊNCIA DO SOLO À
PENETRAÇÃO NO CULTIVO DO MILHO EM TRÊS TIPOS DE
COBERTURAS

Alberto Kazushi Nagaoka, CCA-UFSC, aknagaoka@cca.ufsc.br


Augusto Weiss, CCA-UFSC, augusto@cca.ufsc.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Caetano Luiz Beber, UFSC, caetanolb@yahoo.com.br
Leonardo Cordeiro Zimermann, UFSC, caetanolb@yahoo.com.br
Djalma Eugênio da Silva, UFSC, caetanolb@yahoo.com.br

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar a incidência de plantas daninhas e a
resistência do solo à penetração na cultura do milho em três tipos de coberturas de solo
(ervilhaca, nabo forrageiro e aveia preta) na região de Florianópolis, SC. Neste trabalho
utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, com cinco repetições. Cada
parcela foi composta de uma área de 10x20m. O experimento foi realizado na Fazenda
Experimental Ressacada do Centro de Ciências Agrárias (CCA/UFSC), no ano agrícola de
2006/2007, para implantação de culturas oleaginosas. Concluiu-se que para culturas de verão
do milho em rotação com a soja, o nabo forrageiro e a ervilhaca, apresentaram melhores
condições para o desenvolvimento das culturas.

Palavras-Chave: Cultura de verão, conservação do solo, plantas daninhas.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1990
1 INTRODUÇÃO
As táticas empregadas no controle de plantas daninhas evoluíram à medida que a
própria tecnologia agrícola evoluiu e as mesmas tornaram-se cada vez mais especializadas e
eficazes na ocupação do agroecossistema. O controle das plantas daninhas pode ser realizado
pelo manejo do solo, a ser utilizado (PITELLI, 1990). Segundo DERPSCH & CALEGARI
(1992), a manutenção dos resíduos culturais na superfície do solo provoca alterações com
reflexos diretos na fertilidade, influenciando na taxa de mineralização e nas propriedades
químicas do solo. CASTRO (1991) explica que o manejo do solo pode ser definido como a
manipulação física, química e/ou biológica do solo. Conforme MONEGAT (1991), o número
de plantas que se quer obter na lavoura deve permitir a máxima produção, sem haver riscos de
falta ou excesso de plantas que resulte em prejuízos no rendimento da lavoura. Um dos fatores
que tem contribuído para o aumento da produtividade é a adoção de sistemas de produção
cujo princípio básico é a manutenção de uma cobertura permanente no solo com resíduos
culturais (PEREIRA, 2000). O preparo do solo tem por objetivo básico otimizar as condições
de germinação, emergência e o estabelecimento das plântulas. Além de propiciar melhores
condições de semeadura, o preparo do solo visa melhorar as condições físicas do solo,
buscando principalmente maior infiltração de água e aeração além da redução da resistência
mecânica do solo à penetração (PEDROTTI, 2001). A resistência mecânica é um termo
utilizado para descrever a resistência física que o solo oferece a algo que tenta se mover
através dele, como uma raiz em crescimento ou uma ferramenta de cultivo. Essa resistência
geralmente aumenta com a compactação, sendo indesejável em certos limites para o
crescimento das plantas. Este trabalho teve por objetivo avaliar a incidência de plantas
daninhas e a resistência do solo à penetração na cultura do milho em três tipos de coberturas
de solo (ervilhaca, nabo forrageiro e aveia preta) na região de Florianópolis, SC, para
implantação de culturas oleaginosas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Fazenda Experimental Ressacada do Centro de Ciências
Agrárias (CCA/UFSC), localizado no município de Florianópolis, SC, nas coordenadas
geográficas 27º41’ latitude Sul e 48º32’ longitude Oeste, com altitude média de 7 metros em
uma área de pastagem natural. O solo da área experimental foi classificado como Neosolo
Quartzarênico Hidromórfico Típico, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação dos
Solos (EMBRAPA, 1999). Para avaliar a incidência de plantas daninhas na cultura do milho,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1991
utilizou-se o delineamento experimental em blocos, com três tratamentos (ervilhaca, nabo
forrageiro e aveia preta) e cinco repetições, cujos dados foram analisados estatisticamente, por
meio da analise de variância, adotando-se o nível de 5% de probabilidade para o teste
estatístico. Para obter as amostras de plantas daninhas na cultura do milho, foi utilizada uma
amostra de duas linhas centrais, por parcela, com uma área de 1 metro quadrado cada. As
amostras foram secadas em estufa e transformadas em Kg/ha de massa seca. Para avaliar a
resistência do solo a penetração, foi utilizado o delineamento experimental em blocos, no
esquema de parcelas subdivididas, e tendo na parcela o manejo do solo (ervilhaca, nabo
forrageiro e aveia preta) e na subparcela as camadas, com cinco repetições. Para obtenção dos
dados de resistência do solo a penetração utilizou-se um penetrógrafo, modelo SC. 60 da
marca Soil Control, composto de uma haste, ponteira e conjunto registrador. Sua utilização é
manual, introduzindo-se a haste no solo até uma profundidade de 60 cm ou até encontrar
alguma barreira que impeça a sua penetração. No momento da medição da resistência do solo
à penetração, o solo apresentava-se com teor médio de água de 13,25%. A quantidade de
sementes para a cultura do milho foi de 80.000 sementes/ha. A adubação das parcelas foi
realizada durante a semeadura com dosagem de 200 Kg/ha de adubo 5-20-10. Aplicou-se o
teste de Tukey para comparar os resultados entre os tratamentos com 5% de probabilidade

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resumo da análise de variância da Tabela 1, mostra que não houve diferença
significativa para incidência de plantas daninhas, nos manejos realizados no solo .

Tabela 1 - Média dos valores de incidência de plantas daninhas em função da cobertura do


solo.
TRATAMENTOS Incidência de plantas (kg/ha)
Milho após ervilhaca 1686,18 A
Milho após nabo forrageiro 1223,36 A
Milho após aveia preta 930,98 A
Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

Na Tabela 2, verifica-se que houve diferença significativa para a variável resistência do


solo à penetração, sendo que o milho após cobertura com aveia preta, apresentou maior
resistência, mostrando que a cultura do nabo forrageiro e ervilhaca podem ter contribuído
mais para a descompactação natural do solo. O solo apresentou maior resistência nas camadas

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1992
superiores de 0 a 15 cm e 15 a 30 cm. De acordo com o histórico da área, houve pisoteio
animal nos anos anteriores à implantação do experimento, o que causou a compactação nas
camadas superiores. Verifica-se também que para a variável profundidade, a profundidade de
30 a 60 cm, o solo apresentou maior resistência à penetração para o milho após aveia preta.
As maiores resistências à penetração ocorreram para 15 a 30 cm.

Tabela 2 - Média dos valores de resistência do solo à penetração em função da cobertura do


solo e profundidades.
TRATAMENTOS Resistência (MPa)
Milho após ervilhaca 0,91 B
Milho após nabo forrageiro 0,93 B
Milho após aveia preta 1,14 A
Profundidade 0 – 15 cm 1,06 B
Profundidade 15 – 30 cm 1,27 A
Profundidade 30 – 45 cm 0,76 C
Profundidade 45 – 60 cm 0,88 C
Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o experimento foi conduzido e com base nos
resultados obtidos, concluiu-se que não houve diferença significativa na incidência de plantas
daninhas, para os manejos realizados no solo. O milho após cobertura com nabo forrageiro e
ervilhaca, apresentou menor resistência à penetração do solo, mostrando que estas culturas
podem ter contribuído para descompactação natural do solo. A profundidade de 30 a 60 cm, o
solo apresentou menor resistência à penetração. Para implantação de culturas oleaginosas
respeitando a rotação de culturas anuais, nas condições do experimento, recomenda-se nabo
forrageiro ou ervilhaca como cultura de inverno, para posterior cobertura do solo.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, O. M. Degradação do solo pela erosão. Inf. Agropecuario, Belo Horizonte. 1991.
147p.

DERPSCH, R.; CALEGARI, A.. Plantas para adubação verde de inverno. 2.ed. Londrina:
Iapar, 1992, 72p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGRIPECUÁRIA – EMBRAPA. Sistema


brasileiro de classificação de solos. Brasília, 1999. 412p.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1993
MONEGAT, C. Plantas de cobertura do solo: características e manejo em pequenas
propriedades. Chapecó. 1991. 337 p.

PEDROTI. A, PAULETO. E. Resistência mecânica à penetração de um Planossolo


submetido a diferentes sistemas de cultivo. R. Brasileira de Ciência do Solo, 25:521-529,
2001.

PEREIRA, J. P. G. Influencia entre três sistemas de preparo de solo em diferentes épocas


na cultura do milho (Zea mays L.). Botucatu, 2000. 115p. Tese (Doutorado em
Agronomia/Energia na Agricultura). Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade
Estadual Paulista.

PITELLI, R.A. Ecologia de plantas invasoras em pastagens. In: Simpósio sobre Ecossistema
de Pastagens, 1º, Jaboticabal, 1990. Anais, p. 69-86.

RESTLE, J. Confinamento, pastagens e suplementação para bovinos de corte. Santa


Maria. Depto Zootecnia, 287p. 1999.

WEISS, Augusto. Desenvolvimento e Adequação de Implementos para Mecanização


Agrícola nos Sistemas Conservacionista em Pequenas Propriedades. Florianópolis, 1998.
Tese de Doutorado (Doutorado em Engenharia de Produção) Universidade Federal de Santa
Catarina.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1994
DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE ACESSOS DE Jatropha sp.

Andréa dos Santos Oliveira, UFLA, andreas_oliveiras@yahoo.com.br


Itamara Bomfim Gois, DEA/UFS, itamarafloresta@yahoo.com.br
Renata Silva-Mann, DEA/UFS, renatamann@ufs.br
Alessandra de Jesus Boari, EMBRAPA, ajboari@gmail.com
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: Uma das formas de identificação rápida de genótipos para composição de um


banco de germoplasma é por meio da técnica de marcadores isoenzimáticos e moleculares.
Com o objetivo de avaliar a variabilidade genética de acessos de Jatropha sp. Utilizou-se a
técnica de marcadores isoenzimáticos e moleculares tipo RAPD. Foram utilizados 14 acessos
de pinhão manso de diferentes origens, coletadas folhas jovens e procedido a extração
(Isoenzimas) e purificação do DNA (RAPD). Para as isoenzimas a revelação foi feita para os
sistemas enzimáticos álcool desidrogenase (ADH), esterase (EST), glutamato oxaloacetato
transaminase (GOT) e peroxidase (PO), e na amplificação do DNA foram utilizados 14
oligonucleotídeos, sendo os produtos de amplificação separados em gel de agarose 0,8%,
corados com brometo de etídio (0,5 µg/mL) e visualizados sob luz UV. As estimativas das
similaridades genéticas (Sgij) entre cada par de genótipos foram calculadas pelo coeficiente
de Jaccard usando o programa NTSYS-pc versão 2.1. Na análise de isoenzimas, os acessos
mais similares foram 1 e 3, com 89% e o mais divergente foi o acesso 13 com 71%. No
RAPD houve formação de grupos da espécie Jatropha curcas L. E do gênero Jatropha sp. O
acesso 109 obteve 90% de divergência com os demais acessos. Os grupamentos formados
apresentaram origens diversas, sendo possível um estudo de melhoramento visando
características agronômicas desejáveis. Com os marcadores utilizados é possível a
caracerização do banco de germoplasma.

Palavras-Chave: Similaridade genética, isoenzimas, RAPD, variabilidade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1995
1 INTRODUÇÃO
A espécie Jatropha curcas L. (pinhão-manso), pertencente à família das Euphorbiáceas,
é provavelmente originária do Brasil, mas está distribuída em regiões tropicais de todo o
globo; cresce rapidamente em solos pedregosos e de baixa umidade e está sendo considerado
uma opção agrícola para o Nordeste brasileiro por ser uma espécie nativa e resistente à seca
(ARRUDA et al.,2004). Muitas vezes é cultivada como cerca viva, mas seu maior emprego
está na medicina popular. Os produtos obtidos desta espécie são óleo, torta e o sedimento da
purificação do óleo. Seu óleo já está sendo empregado como lubrificante em motores a diesel
e na fabricação de sabão e tinta. Para Purcino e Drummond (1986) o pinhão manso é uma
planta produtora de óleo com todas as qualidades necessárias para ser transformado em óleo
diesel.
Para estabelecimento de culturas, aspectos como a caracterização de genótipos é muito
importante para poder selecionar aquele com aspectos agronômicos de interesse econômico,
como produção de óleo. Com isso, existe a necessidade de implantação de um programa de
melhoramento, e a premissa básica para isto é a conservação de germoplasma. Assim, o
conhecimento da variabilidade genética existente nas populações naturais é de fundamental
importância para elucidar a biologia, conhecer a densidade e obter informações sobre a
evolução das espécies (BRAMMER, 2004), além de informações sobre o sistema de
reprodução, diversidade e estrutura genética que são importantes para o estabelecimento de
estratégias que visem à conservação das espécies (FREITAS et al., 2004).
Em um banco de germoplasma é importante conhecer a variabilidade dos acessos, pois
assim é possível acompanhar a manutenção desta durante a multiplicação dos acessos e
melhorar a amostragem dos mesmos (HOSBINO, 2002). Dos vários marcadores disponíveis
na atualidade, as isoenzimas pela relativa simplicidade, rapidez e baixo custo das análises em
comparação a outros marcadores, têm gerado uma gama enorme de informações protéicas na
identificação de espécies, híbridos, populações naturais e cultivadas de diversos organismos
vivos (TEIXEIRA et al., 2004). Por isso, mesmo com técnicas moleculares mais modernas, as
isoenzimas continuam sendo uma classe muito útil de marcadores em análises genéticas que
não requeiram amostragem ampla do genoma (FERREIRA e GRATTAPAGLIA, 1998). Estes
marcadores têm sido utilizados nos estudos de diversidade e distribuição genética (TELLES,
2003), taxa de cruzamento e sistema reprodutivo (OLIVEIRA, 2002), na caracterização de
cultivares (LIMA, 2003), entre outros.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1996
O manejo eficiente de germoplasma vegetal é de vital importância para o pesquisador,
pois este precisa de uma certa quantidade de germoplasma geneticamente puro e bem
caracterizado, para utilizá-lo em suas pesquisas e para o melhoramento genético. Sendo assim,
os marcadores baseados no polimorfismo de DNA, como RAPD (polimorfismo de DNA
amplificado ao acaso), têm uma aplicação muito importante na administração de recursos
genéticos, pois proporcionam dados básicos que são necessários ao melhoramento de plantas
ou para o mapeamento de genes (BRETTING & WIDRLECHNER, 1995). Os marcadores
moleculares geram uma grande quantidade de caracteres adicionais fornecendo um quadro de
agrupamento dos genótipos e o planejamento de cruzamentos, como, por exemplo, a
identificação e discriminação de genótipos, a quantificação da variabilidade genética existente
ao nível de sequência de DNA (FERREIRA & GRATTAPAGLIA, 1995).
O RAPD (DNA polimórfico amplificado ao acaso) é uma técnica molecular rápida,
barata e informativa (WILLIAMS et al., 1990), pois dispensa o conhecimento prévio da
seqüência de DNA alvo e amplifica as seqüências de DNA a partir de um par de iniciadores
de seqüência arbitrária.
Williams et al. (1990) mostraram que marcadores moleculares do tipo RAPD podem ser
utilizados como marcadores genéticos, uma vez que estes apresentam segregação mendeliana.
Dado isto, estes marcadores passaram a ser utilizados para diferentes estudos de genética de
população, mapeamento, identificação de fragmentos ligados a genes de interesse e análises
de similaridade e distância genética, bem como para a produção de marcas que possibilitaram
a correta identificação de acessos de germoplasma vegetal e/ou microrganismos.
Desta forma, o objetivou-se com a presente pesquisa caracterizar as similaridades
genéticas de acessos de Jatropha sp, por meio da técnica de marcadores isoenzimáticos e
RAPD visando à composição de um banco de germoplasma.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Biotecnologia Vegetal –
DEA/UFS, nos meses de maio e junho de 2006. Foram utilizados acessos de Jatropha curcas
L. (Tabela 1) para análise isoenzimática e do gênero Jatropha sp. (Tabela 2) para análise de
DNA por meio de marcadores RAPD.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1997
Tabela 1 - Acessos de Pinhão manso (Jatropha curcas L.) para avaçliação de isoenzimas.
São Cristóvão-SE, UFS, 2006.
Ordem Localização Origem
PM 1 JCUFLA001(01) Minas Gerais
PM 2 JCUFLA001(02) Minas Gerais
PM 3 JCUFLA001(03) Minas Gerais
PM 4 JCUFLA001(04) Minas Gerais
PM 5 JCUFLA001(05) Minas Gerais
PM 6 JCUFLA001(07) Minas Gerais
PM 7 JCUFLA001(08) Minas Gerais
PM 8 JCUFLA001(09) Minas Gerais
PM 9 JC010URVGO Goiás
PM 10 JC011URVGO Goiás
PM 11 JC012URVMG Minas Gerais
PM 12 JC013URVGVGO Goiás
PM 13 JC014URVES Espírito Santo
PM 14 JC015URVSHGO Goiás
PM 15 JC024UFS8LAGSE Sergipe

Para a extração das isoenzimas foram empregadas 200mg de folhas jovens maceradas
com nitrogênio líquido até obter um pó fino e adicionou-se 1mL de tampão de extração
(Fosfato de sódio bibásico 0,034 M, sacarose 0,2 M; polivinilpirrolidone 2,56%, brometo de
3-(4,5-dimetil-tiazol-2-il)-2,5 difenil-tetrazólio (MTT) 3 mM, ácido ascórbico 5,7 mM,
bissulfito de sódio 2,6 mM, borato de sódio 2,5 mM, β-mercaptoetanol 0,1%,
polietilenoglicol-PEG 6000 1%) e 20µL de β-mercaptoetanol. A mistura foi acondicionada
em microtubos de 2mL e mantida em geladeira (5 ± 1°C), incubadas no gelo por 12 horas e,
posteriormente centrifugadas a 16.000 Xg por 60 minutos a 4°C. O sistema de eletroforese
empregado foi o descontínuo com 4,5% (gel concentrador) e 7,5% (gel separador). Nas
canaletas foram aplicados 20μL do sobrenadante de cada amostra.
A corrida eletroforética foi realizada a 150V, durante 3 horas, a 5±1°C utilizando-se,
para o sistema tampão gel eletrodo Tris-glicina pH 8,9. Os sistemas isoenzimaticos utilizados
foram Peroxidase (PO – EC 1.11.1.7), esterase (EST – EC 3.1.1.1), glutamato oxaloacetato
transaminase (GOT – EC 2.6.1.1) e Álcool desidrogenase (ADH – EC 1.11.1.7), foram
revelados segundo Alfenas (1991). Para a caracterização dos acessos verificou-se a presença,
ausência, migração e intensidade de bandas nos géis obtidos. A presença (1) e a ausência (0)
de bandas foram utilizadas para construção de matrizes. As estimativas das similaridades

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1998
genéticas (Sgij) entre cada par de genótipos foram calculadas pelo coeficiente de Jaccard
usando o programa NTSYS-pc versão 2.1.
Para a extração do DNA genômico foram utilizadas folhas previamente maceradas em
nitrogênio líquido até a obtenção de um pó fino, que foi extraído com 20mL de tampão CTAB
2X (CTAB 2%p/v, 100mM Tris pH 8,0; 20mM EDTA 0,2M pH 8,0; 1,4M NaCl, 1%PVP-
40). Esta mistura foi agitada até homogeneização e incubada a 65oC por 60 minutos.
Posteriormente, foi adicionado à mistura 25mL de clorofórmio: álcool isoamílico na
proporção 24:1, agitando lentamente e centrifugando a 5000rpm/5 minutos. Em seguida, o
sobrenadante foi coletado e transferido para outro tubo, onde foi adicionado 1mL de álcool
95%: 5% acetato de amônio 7,5M a -20oC, sendo levadas ao freezer por 1 hora. O DNA
precipitado foi coletado, levado a outro tubo e adicionado 2,5x o volume de etanol 70%,
centrifugando a 10000rpm por 3 minutos até a formação de precipitado. O álcool foi
desprezado e o precipitado posto para secar e, a seguir, ressuspendido com 150µL de TE.
A reação de amplificação do DNA apresentou um volume de 25µl, sendo constituída
por 14,1µL de água ultra-pura, 3µL de tampão 10X, 0,6µL de dNTP´s (10mM), 0,9µL de
MgCl2 (50mM), 0,4µL de Taq polimerase (2U), 3µL de primer e 3µL de DNA. Foram
testados 14 primers decâmeros de seqüência arbitrária. A amplificação foi realizada
utilizando-se termociclador (Biometra/Unisciense) com temperatura inicial de 94°C por 5
minutos, seguida de 45 ciclos de amplificação a 94°C por 1 minutos, 36°C por 2 minutos, e
72°C por 1 minutos. Os produtos de amplificação do DNA foram separados em gel de agarose
0,8%, corados com brometo de etídio (0,5µg/mL), e visualizados sob luz UV. A presença (1)
e a ausência (0) de bandas foram utilizadas para construção de matrizes, que foram usadas nas
estimativas das similaridades genéticas (Sgij) entre cada par de genótipos, empregando o
coeficiente de Jaccard (NTSYS-pc versão 2.1).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

1999
Tabela 2 - Acessos de Pinhão (Jatropha sp.) utilizados no RAPD. São Cristóvão-SE, UFS,
2006.
Número Localização Coordenadas
1 JCUFLA001(01) Minas Gerais
2 JCUFLA001(02) Minas Gerais
3 JCUFLA001(03) Minas Gerais
4 JCUFLA001(04) Minas Gerais
5 JCUFLA001(05) Minas Gerais
7 JCUFLA001(07) Minas Gerais
8 JCUFLA001(08) Minas Gerais
9 JCUFLA001(09) Minas Gerais
10 JC010URVGO Goiás
11 JC011URVGO Goiás
12 JC012URVMG Minas Gerais
13 JC013URVGVGO Goiás
14 JC014URVES Espírito Santo
15 JC015URVSHGO Goiás
Lag JC024UFS8LAGSE Sergipe
98 JC016UFSPISE Sergipe
99 JC017UFSPISE Sergipe
101 JC018UFSPISE Sergipe
106 JC019UFSPISE Sergipe
107 JC020UFSPISE Sergipe
108 JC021UFSPISE Sergipe
109 JC022UFSPISE Sergipe
110 JC021UFSPISE Sergipe
113 JC021UFSPISE Sergipe

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se diferenças nos perfis eletroforéticos dos acessos para os diferentes sistemas
enzimáticos avaliados. Para a enzima peroxidase (PO) os acessos 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12
apresentaram 1 banda isoenzimática que não diferiu com relação a mobilidade (Rf = 63,33);
os acessos 6,8 e 12 apresentaram baixa atividade para a enzima. Os acessos 1, 2, 3, 4, 5, 13,
14 e 15 diferiam quanto à mobilidade (63,79; 64,95; 62,25; 66,10; 63,11; 66,66 e 65, 57,
respectivamente), e quanto à intensidade para esta enzima.
Para a enzima glutamato oxaloacetato transaminase (GOT) os acessos 13 e 14 não
apresentaram atividade. Já os acessos 2 e 3 (Rf=67,92), 4 e 5 (Rf=67,59), 6 e 7(Rf=69,09), 1
(Rf=67,3), 8 (Rf=68,18), 9 (Rf=67,27), 10 (Rf=68,75), 11 (Rf=69,64), 12 (Rf=67,54) e 15
(Rf=66,66) apresentaram diferenças na migração de bandas e na intensidade das mesmas.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2000
Para a enzima esterase (EST) foram observadas 4 linhas de bandas isoenzimáticas, sendo que
apenas o acesso 10 apresentou estas bandas. Os acessos 1, 2, 8, 9 e 15 apresentaram apenas 2
linhas de bandas, sendo que apenas os acessos 1 e 2 (Rf=20,45; 65,90) não diferiram quanto a
mobilidade e intensidade. Os acessos 3, 4, 5, 6, 7, 11, 12, 13 e 14 apresentaram três bandas
com mobilidade e intensidade diferentes.
De acordo com o dendrograma de similaridades genéticas, os acessos que apresentaram
maior similaridades foram 1 e 3, com 89% (Figura1). Este dendrogama permitiu a formação
de quatro grupos distintos: um com o genótipo 13 que é o mais dissimilar em relação aos
outros grupos, com 71% de divergência; outro entre os genótipos 5 e 8, com
aproximadamente 60% de divergência; e entre os demais genótipos com aproximadamente
49% de divergência (Figura1).

PM1
PM2
PM14
PM4
PM6
PM9
PM3
PM10MW PM7
PM12
PM10
PM11
PM15
PM5
PM8
PM13
0.29 0.44 0.59 0.74 0.89
Coeficiente de Jaccard

Figura 1 - Dendrograma de estimativas médias de similaridades genéticas entre acessos de


Jatropha curcas L. (pinhão-manso). São Cristóvão-SE, UFS, 2006.

Considerando a origem geográfica dos acessos, pelo dendrograma, verifica-se que entre
os genótipos estudados, houve um agrupamento diferenciado, que pode ser observado entre os
acessos 1, 2 e 4 (Minas Gerais para os genótipos 1 e 2 e 14 para Goiás) com similaridades
próximas dos 70% e os acessos 10, 11 e 15, localizados em Goiás, Minas Gerais e Sergipe,
com 59% de similaridade. Observou-se, portanto que houve maior diversidade entre os
acessos provenientes das Minas Gerais, uma vez que eles estão dispostos em quase todos os
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2001
grupos, com exceção do acesso 13 que foi o mais divergente de todos, podendo estes acessos
serem explorados em programas de melhoramento genético visando aumento no teor de óleo
para produção de biodiesel. Em trabalhos com mandioca por isoenzimas, obsevou-se que
agrupando acessos pela origem, houve uma variabilidade maior dentro dos grupos do que
entre os mesmos, afirmando a grande variabilidade genética existente entre as espécies, tanto
de origem selvagem quanto em sistemas agrícolas tradicionais (Cabral, 2002).
De acordo com as estimativas de similaridades genéticas, os pares de genótipos mais
divergentes são 13 e 15, com 12% de similaridade; 8 e 10; 8 e 11; 8 e 13; 11 e 13, com 22%
de similaridades; 2 e 5, com 22% de similaridades e 12 e 13, com 25% de similaridade
(Tabela 3).
A formação de pares observados na matriz podem ser divididos em grupos: um de 0% a
50% (mais divergentes), de 50% a 75% e de 75% a 100% (mais similares). Os maiores
valores de similaridade envolvem os acessos 1, 2, 3, 4, 6, 11 13 e 14, sendo que os maiores
valores encontrados pelos pares foram entre os acessos 13 e 10 (90%), 1 e 2 (88%), 4 e 6
(87%), e 10 e 11 (80%). Os pares mais divergentes foram 13 e 15 (88%); 8 e 10, 8 e 11, 8 e 13
(80%); e entre os acessos7 e 13 (78%) (Tabela 3).

Tabela 3 - Estimativas de similaridades genéticas obtidas de dados isoenzimáticos entre


acessos de Jatropha curcas L. (pinhão-manso), empregando o coeficiente de Jaccard. São
Cristóvão-SE, UFS, 2006.

Acessos PM1 PM2 PM3 PM4 PM5 PM6 PM7 PM8 PM9 PM10 PM11 PM12 PM13 PM14 PM15
PM1 1.00
PM2 0.88 1.00
PM3 0.66 0.72 1.00
PM4 0.70 0.77 0.72 1.00
PM5 0.55 0.22 0.45 0.62 1.00
PM6 0.60 0.66 0.63 0.87 0.71 1.00
PM7 0.54 0.45 0.46 0.60 0.44 0.66 1.00
PM8 0.33 0.37 0.27 0.37 0.60 0.42 0.37 1.00
PM9 0.58 0.63 0.61 0.80 0.50 0.70 0.63 0.30 1.00
PM10 0.38 0.41 0.42 0.54 0.27 0.45 0.54 0.20 0.72 1.00
PM11 0.38 0.41 0.42 0.54 0.40 0.60 0.54 0.20 0.72 0.80 1.00
PM12 0.60 0.66 0.50 0.66 0.50 0.55 0.66 0.42 0.70 0.60 0.45 1.00
PM13 0.33 0.37 0.27 0.37 0.33 0.42 0.22 0.20 0.30 0.90 0.20 0.25 1.00
PM14 0.66 0.75 0.54 0.75 0.57 0.62 0.40 0.28 0.60 0.36 0.36 0.62 0.50 1.00
PM15 0.50 0.55 0.41 0.55 0.37 0.44 0.40 0.28 0.45 0.66 0.50 0.62 0.12 0.50 1.00

Considerando os acessos mais similares (1, 2, 4, 6, 10, 11 e 13) sendo os mais


representativos do conjunto examinado, pode-se sugerir cruzamentos com pares mais
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2002
divergentes, como entre os pares 8 com 10, 11 e 13, muito embora estes marcadores não
forneçam informações sobre o potencial agronômico dos descendentes dos referidos
cruzamentos.
Na análise de RAPD, com a utilização de 14 oligonucleotídeos, observou-se 36 bandas
polimórficas entre os acessos estudados. (Figura 2). A similaridade máxima observada foi de
83% entre os acessos 8 (Minas Gerais) e 10 (Goiás), sendo ambos pertencentes a espécie J.
curcas. O acesso 109 (Sergipe), pertencente ao gênero Jatropha, foi o que mais divergiu,
apresentando similaridade igual a 10%, quando comparado aos demais. Os acessos 1, 3, Lag,
8, 10, 9, 13, 11, 12, 4, 5, 14, 2 e 15, de J. curcas, mesmo sendo da mesma espécie
apresentaram grande diversidade genética (33%).

1
3
Lag
8
10
9
13
11
12
4
5
14
LagMW
2
15
7
107
101
98
99
110
113
106
108
109
0.10 0.29 0.47 0.65 0.83
Coeficiente de Jaccard

Figura 2 - Similaridade genética entre acessos de Jatropha sp. São Cristóvão-SE, UFS, 2006.

Este agrupamento permitiu a formação de quatro grupos distintos: Grupo I entre os


acessos 1, 3, Lag, 8, 10, 9, 13, 11, 12, 4, 5, 14, 2 e 15 (31% de similaridade); Grupo II entre os
acessos 7, 107 e 101 (27% de similaridade); Grupo III entre os acessos 98, 99, 110, 113, 106 e
108 (25% de similaridade); e o último grupo (Grupo IV) com o acesso 109 (10% de
similaridade).

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2003
Com a distinção destes grupos, houve agrupamentos com relação a espécie estudada,
independente da origem. O grupo I é formado pelos acessos da espécie Jatropha curcas L. e o
grupo III é formado por acessos do gênero Jatropha sp. Dentro do Grupo I, formado por
acessos de Jatropha curcas L., observam-se pequenos grupamentos entre os acessos e 1, 3
(Minas Gerais) e Lag (Sergipe); 8 (Minas Gerais), 9, 10 (Goiás) e 13 (Espírito Santo); 11
(Minas Gerais) e 12 (Goiás); 4, 5 (Minas Gerais) e 14 (Goiás) e 2(Minas Gerais) e 15 (Goiás).
Como cada subgrupamento possui diferentes origens, mesmo pela proximidade observada
pelo dendrograma pode ser que estes materiais sejam utilizados em programas de
melhoramento genético, visando melhoria em características agronômicas desejáveis, que
com os marcadores utilizados não possam ter evidenciado esta diferença.
Em estudo realizado com pimenta-de-macaco, em quatro populações estudadas,
observou-se uma grande variabilidade genética entre os materiais estudados e que acessos
originados de uma mesma região podem ser explorados em programas de melhoramento
genético para fins agrícolas (Gaia et al., 2004).

4 CONCLUSÃO
A análise isoenzimática permite diferenciar os acessos de Jatropha curcas L.,
independente da origem.
A análise de RAPD permite diferenciar acessos de Jatropha cucas L. de acessos do
gênero Jatropha sp.
Com o uso das duas técnicas é possível a caracterização bioquímica e molecular dos
acessos do banco de germoplasma.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

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4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2005
IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA REDE DE CONHECIMENTOS PARA
O SETOR DE AGROENERGIA EM GUINÉ-BISSAU

Sadjô Danfá, UFLA, sadjodanfa@hotmail.com


Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: A republica da Guiné-Bissau é um país independente, localizada na África


ocidental entre os paralelos de 12°N e os meridianos de 16°W. Possui elevações extremas,
como o ponto mais baixo, oceano atlântico (0 m) e o ponto mais alto (no canto nordeste do
país 300 m), é constituído por uma parte continental e por várias ilhas, ocupando uma área de
36.125 km². A metodologia para o presente trabalho foi baseada em informações inerentes a
tendências tecnológicas em agroenergia e ao meio ambiente, tentando-se evidenciar as
necessidades em pesquisa para a construção efetiva de conhecimento em agroenergia.

Palavras-Chave: Guiné-Bissau, redes de conhecimentos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2006
1 INTRODUÇÃO
A liberação do mercado de energia e os condicionantes do meio ambiente configuram
um cenário futuro orientado para a diversificação energética com aumento significativo na
utilização de energias limpas.
A exploração energética da biomassa aparece como destaque em futuros investimentos
na Guiné-Bissau, para produção de biodiesel.
As atuais condições agrotécnicas e econômicas que caracterizam a produção agrícola no
país exigem pesquisas e resultados imediatos que sirvam para o progresso da terra e do
homem.
A proposta de formação de uma rede de conhecimentos em torno do desenvolvimento
local integrado e sustentável seria capaz de encaminhar soluções significativas para o
conjunto da sociedade, garantindo a equidade social.

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Guiné-Bissau situa-se em latitudes baixas (zona intertropical) e as aptidões climáticas
em agroenergia resultam das posições geográficas, na costa ocidental, entre os trópicos de
câncer e o equador, cujas coordenadas geográficas são latitude 12° N e longitude 16° W.
A importância de pesquisas científicas que formam redes de conhecimento é
determinante para o entorno de problemas oriundas da deterioração do meio ambiente que se
reflete em fenômenos que vêm ocorrendo em escala mundial, incidem nos ciclos naturais e
alteram ecossistemas, provocando mudanças climáticas.

3 CONCLUSÃO
A ação de redes de conhecimentos em agroenergia pode tornar-se um instrumento
propulsor do desenvolvimento e consolidação de competências científicas em países menos
desenvolvidos, possibilitando a construção efetiva de conhecimento, fortalecendo a
cooperação internacional, capacidade institucional e a integração no domínio de ensino e
pesquisa.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARLOS COSTA E MAURO RESENDE, Guiné Bissau ambiente agrícola, homem e uso
da terra,Viçosa, 1994.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2007
ANA M. RIBEIRO, GLOBALIZAÇÃO, Segurança Alimentar e uso da Terra, 1997.

PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA EM ENERGIA, CGEE, 2005.

ROBERTO J. MOREIRA, Formação Profissional das ciências agrárias, questões de


atualidade, 1997.

EUGENIO A. FERRARI, PAULO S.F. NETO, Agricultura sustentável e conservação da


mata atlântica na serra de Brigadeiro, 1997.

SADJÔ DANFÁ, Aptidão agrícola clima e oleaginosas na Guiné-Bissau, varginha, 2004.

NICO A.BOLAMA, Redes de conhecimentos, novos horizontes para cooperação Brasil e


África, São Carlos, SP, 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2008
EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE CAFÉ (Coffea arabica L.) NOS CULTIVARES
ACAIÁ E ICATÚ

Gustavo Rabelo Botrel Miranda, UNESP/FCA, grbmiranda@gmail.com


Rogério de Oliveira Sá, UNESP/FCA, sarural@fca.unesp.br
Maurício Zanotto, UNESP/FCA, zanotto@fca.unesp.br
Carlos Gilberto Raetano, UNESP/FCA, raetano@fca.unesp.br

RESUMO: As vantagens da extração e utilização de óleo dos grãos defeituosos de café


possibilita maior renda ao cafeicultor quando comparado ao comércio tradicional do produto.
O experimento foi montado no DPV/NUPAM da UNESP/FCA – (Campus de Botucatu), São
Paulo. Foram colhidas sementes das cultivares Icatú e Acaiá no município de Santana da
Vargem/MG, com quatro tipos de processamento (bóia, cereja descascado, verde e café
beneficiado), formando-se um delineamento de blocos casualizados, em esquema fatorial 2 X
4 com 3 repetições. As amostras foram colocadas em uma estufa a uma temperatura de 60ºC
por 5 dias para moer 200g de cada tipo de café em um moinho. Posteriormente as amostras
foram pesadas e colocadas em papel filtro devidamente acondicionadas, com um peso de
10g/amostra, pesando inclusive os papéis e grampos de cada amostra. Em seguida, as
amostras foram levadas e colocadas em exposição ao hexano a uma temperatura de 65ºC e
serem retiradas ao final de 15 horas. A quantidade de óleo foi verificada por diferença de
massa em relação à massa inicial. A estatística realizada foi o teste F e comparação por
médias por Tukey a 1 e 5% de probabilidade utilizando o programa estatístico SISVAR 4.3.
Concluiu-se que a cultivar Acaiá possui mais óleo que a cultivar Icatú e que a casca da
cultivar Icatú possui mais óleo que a da cultivar Acaiá.

Palavras-Chave: Óleo, café, cultivares, extração de óleo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2009
1 INTRODUÇÃO
Biodiesel é a denominação atribuída a combustíveis manufaturados pela esterificação de
óleos, gorduras e ácidos graxos e que são renováveis. Este tipo de combustível pode ser
utilizado diretamente em motores a diesel, puro ou em misturas com diesel de petróleo, uma
vez que ambos são totalmente miscíveis (Graboski & McCormick, 1998). O biodiesel tem se
tornado cada vez mais atraente de ser utilizado em substituição ao diesel de petróleo, em
virtude de seus benefícios relacionados com o meio ambiente e do fato de que pode ser
manufaturado a partir de fontes renováveis (Oliveira et al., 2003). Ressalta-se que o emprego
do biodiesel reduz de forma significativa a emissão de particulados em motores de combustão
em comparação ao diesel de petróleo (Graboski & McCormick, 1998; Siuru, 2001).
Oliveira et al. (2003) propõe vantagens na extração e utilização de óleo dos grãos
defeituosos de café para a produção de biodiesel no mercado nacional, enfatizando maior
possibilidade de renda ao cafeicultor quando comparado ao comércio tradicional do produto.
Mazzafera et al. (1998) observou que os teores de óleo em sementes de café
permanecem em torno de 9 a 15% na maioria da espécies, a exceção da espécie Coffea
salvatrix que possui teor de até 29% de óleo nas sementes.
O presente trabalho teve por objetivo verificar os teores de óleo em sementes dos
cultivares de Coffea arabica: Icatú e Acaiá.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi montado na área experimental do Departamento de Produção
Vegetal/NUPAM da Universidade Estadual Paulista (UNESP/FCA – Campus de Botucatu),
São Paulo, extraído pelo método de Soxlet utilizando hexano, em 2006.
O experimento foi realizado a partir de sementes dos cultivares Icatú e Acaiá coletadas
em uma fazenda localizada no município de Santana da Vargem/MG com quatro tipos de
processamento (bóia, cereja descascado, verde e café beneficiado) para a quantificação de
óleo das amostras. Formou-se então um delineamento de blocos casualizados, em esquema
fatorial 2 X 4 com 3 repetições.
As amostras foram colocadas em uma estufa de circulação de ar aberta, a uma
temperatura de 60ºC por 5 dias para moer 200 g de cada tipo de café em um moinho de
peneira fina, ambos do prédio de Agricultura e Melhoramento Vegetal da UNESP/FCA.
Posteriormente as amostras foram pesadas em uma balança de precisão 0,001 g e colocadas
em papel filtro devidamente acondicionadas, com um peso de 10g/amostra, pesando inclusive

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2010
os papéis e grampos de cada amostra. Em seguida, as amostras foram levadas ao laboratório
no NUPAM para serem colocadas em exposição ao hexano a uma temperatura de 65ºC e
serem retiradas ao final de 15 horas. A quantidade de óleo foi verificada por diferença de
massa em relação à massa inicial.
Foi realizada análise estatística dos dados dos tratamentos referentes à extração do óleo,
pelo teste F, ao nível de 5% para cultivares e 1% para processamento, com o coeficiente de
variação (CV%) de 6,71, com desdobramento de processamento dentro de cada nível de
cultivares. Quando diferenças significativas foram detectadas, as médias foram comparadas
pelo teste de Tukey. Foi utilizado o programa estatístico SISVAR 4.3, desenvolvido por
Ferreira (2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi observado maior média para a variável teor de óleo na cultivar Acaiá quando
comparado a cultivar Icatú, com médias de 3,44 e 3,2 respectivamente, com 15 horas de
extração em hexano.
Para a cultivar Acaiá foi observada maior média na variável teor de óleo para os cafés
beneficiado e no cereja descascado em relação ao bóia e verde, com valores de 3,87; 3,85;
2,97 e 3,06 respectivamente, a 1% de probabilidade (Tabela 1).
Na cultivar Icatú as maiores médias foram observadas nos cafés bóia, beneficiado e no
cereja descascado em relação ao verde, com valores de 3,47; 3,24; 3,25 e 2,86
respectivamente, porém os cafés beneficiado e cereja descascado também não diferiram do
café verde pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Tabela 1).
Os teores de óleo deste trabalho divergiram dos níveis de óleo relatados por Oliveira et
al. (2003) e Mazzafera et al. (1998) que atingiram níveis de 9 a 15% de óleo para espécies de
Coffea arabica L.. Fato este pode ter sido atribuído a granulometria dos grãos moídos,
dificultando o contato com o hexano com as camadas mais internas do grão, já que as
amostras foram levadas até 25 horas de extração com hexano não observando mais extração
de óleo nas amostras deste trabalho.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2011
Tabela 1 - Médias referentes ao teor de óleo nas cultivares Acaiá e Icatú em experimento de
extração de óleo de café, 2007.
Cultivar
Acaiá Icatú Média
Processamento
Bóia 2,97 B 3,47 A 3,22 AB
Cereja descascado 3,85 A 3,25 AB 3,55 A
Verde 3,06 B 2,86 B 2,96 B
Beneficiado 3,87 A 3,24 AB 3,55 A
Média 3,44 a 3,20 b 3,32
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade para cultivares e a 1% para processamento.

Foi observado também que na cultivar Icatú, o café bóia obteve maior média de teor de
óleo igualando-se aos cafés beneficiado e cereja descascado desta mesma cultivar, o mesmo
não ocorreu na cultivar Acaiá, quando o café bóia foi significativamente igual ao verde e
diferente do cereja descascado e do beneficiado. Isso pode ter ocorrido por uma condição de
condução da lavoura ou por uma característica da cultivar Icatú concentrando mais óleo na
casca que a cultivar Acaiá.

4 CONCLUSÃO
A cultivar Acaiá possui mais óleo que a cultivar Icatú;
A cultivar Icatú possui mais óleo na casca em relação a cultivar Acaiá.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, D.R. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In:
REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE
BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar, 2000. p.255-258.

GRABOSKI, M.S.; MCCORMICK, R.L.. Combustion of fat and vegetable oil derived
fuels in diesel engines, Prog. Energy Combust. Sci., v. 24, p. 125-164, 1998.

MAZZAFERA, P.; SOAVE, D.; ZULLO, M.A.T.; GUERREIRO FILHO, Oil: content of
green beans from some coffee species. Bragantia, Campinas, v.57, n. 1, p. 45-48, 1998.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2012
OLIVEIRA, L.S.; FRANÇA A.S.; CARMARGOS, R.R.S.; BARROS JR.; M.C.. Avaliação
preliminar da viabilidade de produção de biodiesel a partir de grãos defeituosos de café.
9p. 2003. < www.sbicafe.ufv.br >. Em 09/06/07.

SIURU, B., Biodiesel remains an option in alternative fuel mix, Diesel Progress, North
American Edition, 124-126, June 2001.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2013
O IMPACTO NA ECONOMIA DA REGIÃO ALTO PARAOPEBA
CAUSADO PELA INTRODUÇÃO DA CADEIA DE BIODIESEL

Carlos Alberto de Castro Miranda, -, carlosalbertogan@yahoo.com.br


Aziz Galvão da Silva Júnior, DER/UFV, aziz@ufv.br
Ronaldo Perez, DTA/UFV, rperez@ufv.br
Lucilene da Silva Duarte, DER/UFV, luduarteufv@yahoo.com.br
Matheus Boratto, DER/UFV, matheusboratto@yahoo.com.br
Wendell Rezende Moreira Ribeiro, DER/UFV, wendellrezende@yahoo.com.br
Manoela Maciel S. Santos, DTA/UFV, manoelamaciel810@gmail.com

RESUMO: O petróleo é largamente utilizado pela humanidade como fonte de energia. No


entanto, por tratar-se de um combustível não renovável, suas reservas tendem a acabar, além
disso, a queima de combustíveis a partir do petróleo tem impacto direto no aquecimento
global. Assim sendo, uma alternativa é a utilização de combustíveis provenientes de fontes
renováveis, dentre os quais o biodiesel, que pode ser produzido a partir de óleos vegetais.
Neste trabalho, pretende-se avaliar os impactos sócio-econômicos da inserção de uma
indústria de extração de óleo vegetal na região Alto Paraobeba em Minas Gerais. Utilizando
dados do município de Casa Grande propôs-se desenvolver um sistema agrícola do tipo
Girassol/Milho, Nabo Forrageiro/Milho, e um sistema industrial com capacidade 60 ton/dia
de matéria-prima. Essas informações foram compiladas num sistema de apoio a decisão sobre
a viabilidade econômico-financeira de projetos agroindustriais na cadeia de produção de
biodiesel, BioSoft, desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa em parceria com o
Ministério do Desenvolvimento Agrário, apresentando como resultados, indicadores
econômico-financeiros e social. Como resultado, verificou-se que a implantação do sistema
proposto na região atenderá cerca de 225 famílias, proporcionará uma renda de R$
630,62/mês e gerará 451 postos de trabalho no campo. Outro fator, a respeito da introdução da
indústria, é o aumento da oferta de farelo, pois proporciona uma alavancagem na atividade de
maior expressão na região, a pecuária leiteira, já que reduzirá os custos com a alimentação dos
animais.

Palavras-Chave: Óleo vegetal, viabilidade econômica, alavancagem.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2061
1 INTRODUÇÃO
Na década de 1970, com a abundância e os baixos custos dos combustíveis fósseis,
especialmente o petróleo, o mundo encontrou energia para suprir suas necessidades que não
paravam de crescer. Porém, hoje a realidade é outra, existe uma preocupação cada vez maior
com os resíduos e os fatores ambientais são preocupantes. Sendo assim, por ser um
combustível renovável e que não agride tanto a natureza, o biodiesel torna-se uma opção para
substituir os combustíveis fósseis.
Várias podem ser as matérias primas base para o biodiesel: girassol, pinhão manso,
algodão, soja, babaçu, mamona, dendê, entre outros produtos como o sebo animal e até óleo
de frituras.
Neste artigo, trataremos especificamente, de duas oleaginosas, que foram de modo
particular, indicadas para a Região Alto Paraopeba, com o objetivo de efetuar uma breve
discussão acerca dos impactos sócio-econômicos da cadeia produção de óleo sobre uma
determinada região na qual se insere uma indústria.

2 MATERIAL E MÉTODOS
A região aqui considerada é composta pelos municípios: Carandaí, Casa Grande,
Conselheiro Lafaiete, Cristiano Otoni, Entre Rios de Minas, Lagoa Dourada, Madre de Deus
de Minas, Queluzito, São Brás do Suaçuí e São João Del Rei. Porém, para a realização deste
estudo foram coletadas informações, a partir de visitas ao município de Casa Grande, e dados
do IBGE, que serviram de referência para toda a região.
As informações foram compiladas num sistema de apoio a decisão sobre a viabilidade
econômico-financeira de projetos agroindustriais na cadeia de produção de biodiesel,
BioSoft, desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa em parceria com o Ministério do
Desenvolvimento Agrário, apresentando como resultados, indicadores econômico-financeiros
e social.
Para a inserção de uma indústria de extração de óleo vegetal na região Alto Paraopeba,
propôs-se desenvolver um sistema agrícola do tipo Girassol/Milho, Nabo Forrageiro/Milho, e
um sistema industrial com capacidade 60 ton/dia de matéria-prima, considerando os seguintes
pressupostos para a produção agrícola:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2062
Tabela 1 – Oleaginosas e suas respectivas produtividades e preços de venda.
Nome Produtividade Preço venda
Girassol 1600 0,45
Nabo Forrageiro 800 0,4
Milho 4200 0,28
Tamanho da área (ha/família) 10

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o levantamento dessas informações, verificou-se que o município de Casa Grande
tem como principal atividade econômica a agropecuária, na qual se destaca a produção
leiteira, da qual cerca de 75% dos produtores exercem, produzindo 2.000 litros de leite ao dia,
e a produção de milho que chaga a 1.000 hectares de área e 4.200 toneladas de grãos ao ano.
Há também outras atividades como a produção olerícolas, feijão, eucalipto e café, porém com
menor expressão na economia da região.
Outra característica verificada foi que na entressafra do milho a terra é deixada nua,
logo o girassol foi sugerido, pois não disputaria área com essa cultura. Dessa forma, além de
proteger o solo, o produtor pode melhorar sua renda sem afetar sua principal atividade
agrícola. Não é indicado o cultivo do girassol em uma mesma área, ano após ano, pois
aumenta a proliferação de doenças. Assim sendo, será utilizado o nabo forrageiro em sistema
de rotação, para prevenir a ocorrência e minimizar os danos causados por estas doenças.
Outro fator que deve ser destacado é a interligação que há entre a indústria de extração
de óleo e a cadeia de leite. Sabemos que a instabilidade de preços nesta atividade é muito
grande, portanto a única maneira de manter-se na mesma é reduzindo os custos de produção.
Sendo assim, a instalação da indústria aumentará a oferta de farelo tanto de girassol quanto de
nabo forrageiro, que podem ser utilizados na alimentação do gado leiteiro, forçando uma
queda no preço deste produto, o que conseqüentemente aumentará a competitividade da
atividade leiteira, pois existirá farelo em maior volume. Este cenário demonstra o potencial
existente na região para a implantação de uma industria desta natureza.
A partir do resultado do BioSoft, podemos verificamos que no sistema proposto, 225
famílias serão atendidas com renda média mensal no valor de R$ 630,62, e serão gerados 451
postos de trabalho, o que ajuda a fixar o homem no campo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2063
Tabela 2 - Resultados obtidos com o sistema Girassol/Nabo/Milho a partir do sistema
BioSoft:
Indicadores sociais e de renda
Indicador Unidade Valor
Número de famílias atendidas Famílias 225
Renda média mensal da família (Lucro + MDO) R$/mês 630,62
Empregos gerados
Mão-de-obra agricultura familiar Postos de trabalho 451
Lucro por hectare R$/há 566,78

A figura 1 mostra a variação na renda da família de acordo com a variação do preço do


girassol, o que nos permite analisar o comportamento da renda dos agricultores em diferentes
situações de preços e decidir pela continuidade ou não da atividade de acordo com o valor da
oleaginosa no mercado.

Figura 1 - Variação na renda da família de acordo com a variação do preço do girassol.

4 CONCLUSÃO
A inserção de uma indústria na região afetará a atividade agrícola de forma positiva,
tanto economicamente quanto socialmente, pois aumentará os lucros pelo uso da terra que é
deixada nua, além de gerar empregos.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2064
Além da agricultura, a pecuária leiteira da região será beneficiada, pois haverá aumento
da oferta de farelos, o que tende a diminuir os custos de produção e conseqüentemente
aumentar a eficiência desta atividade.
A região tem grande potencial agrícola para instalação de uma usina de extração de
óleo, porém os indicadores da indústria devem ser considerados, já que aqui a ênfase foi dado
para o elo agrícola, pois para que haja sustentabilidade em um investimento desta natureza, é
necessário que exista lucratividade para a cadeia como um todo, e não apenas para um dos
elos.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMATER – MG. Custos de Produção do milho, Casa Grande - MG, outubro 2006.

EMATER – MG. Custos de Produção do nabo forrageiro, Cássia - MG, setembro 2006.

COCAMAR. Custos de Produção do girassol. Maringá – PR, setembro 2006

BIODIESELBR. Tudo sobre Biodiesel. Disponível em: < http://www.biodieselbr.com >.


Acesso em 9 junho 2007.

PROJETO BIODIESEL UFV/MDA. Dados de Campo. Viçosa- MG

HOLANDA, Ariosto. Biodiesel e Inclusão Social. Conselho de Altos Estudos e Avaliação


Tecnológica da Câmara dos Deputados.

PARENTE, Expedito José de Sá. Biodiesel: Uma Aventura Tecnológica num País
Engraçado, Fortaleza, 2003.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2065
COMPARAÇÃO DA EFICIÊNCIA ECONÔMICA E SOCIAL ENTRE OS
SISTEMAS DE CULTIVO DE SOJA EM ROTAÇÃO COM CANOLA DE
ALTA TECNOLOGIA COM O DE MÉDIA TECNOLOGIA NO PARANÁ

Carlos Alberto de Castro Mira, -, carlosalbertogan@yahoo.com.br


Aziz Galvão da Silva Júnior, DER/UFV, aziz@ufv.br
Ronaldo Perez, DTA/UFV, rperez@ufv.br
Wendell Rezende Moreira Ribeiro, DER/UFV, wendellrezende@yahoo.com.br
Paulo Roberto N. Araújo, DER/UFV, pauloufvgbi@yahoo.com.br
Lucilene da Silva Duarte, DER/UFV, luduarteufv@yahoo.com.br
Manoela Maciel S. Santos, DTA/UFV, manoelamaciel810@gmail.com

RESUMO: O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel do governo federal é um


grande passo para produção do biodiesel, um combustível que além de ser proveniente de
fonte renovável, polui menos. Temos que destacar outro alicerce deste programa: a inserção
da agricultura familiar. A redução de impostos para as usinas de produção de biodiesel ao
comprar determinada quantidade de matéria prima da agricultura familiar, possibilita a
geração muitos empregos e a permanência do homem no campo. A tecnologia empregada no
sistema de produção é de extrema importância para se conseguir boas produtividades e
rentabilidade no negócio. Desta forma, foi realizada uma comparação do sistema de produção
de soja em rotação com canola com o emprego de alta e média tecnologia. Foi utilizado custo
de produção da cooperativa Cocamar Agroindústria no Paraná. Estes foram inseridos no
Biosoft, um sistema de apoio á decisão para avaliação agrícola e industrial da viabilidade
econômica e social de toda a cadeia de produção do biodiesel. Observamos que o sistema de
alta tecnologia trará maior retorno financeiro para o produtor quando comparado com o de
média tecnologia. No entanto, o de média tecnologia, insere maior número de famílias no
processo produtivo, gerando mais empregos.

Palavras-Chave: Biodiesel, agricultura familiar, sistemas de produção.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2014
1 INTRODUÇÃO
Lançado pelo governo federal, em 06 de dezembro de 2004, o Programa Nacional de
Produção e Uso de Biodiesel é um grande passo para a produção limpa de combustível no
país, que contribuirá de forma expressiva para a diminuição da emissão de gases poluentes
que causam o efeito estufa. Paralelamente a esse marco foi assinado o decreto 5.297, que
prevê redução dos impostos federais (PIS/COFINS) para a produção do biocombustível (que
será inicialmente adicionado ao diesel mineral na proporção de 2%, em volume).
A medida prioriza a participação da agricultura familiar através do selo combustível
social, o qual é conferido ás indústrias de produção de biodiesel que têm parte de sua
demanda de matéria prima proveniente deste sistema de produção.
Devido a sua imensa extensão, sua diversidade de ecossistemas e suas diferentes
características socioeconômicas regionais, o Brasil possui um potencial ímpar para a produção
de biocombustíveis. Desta forma, é necessário que cada região encontre a mais eficiente
forma de se inserir nesta cadeia de produção.
Devido a esta diversidade, é necessário que estudos sejam desenvolvidos no sentido de
encontrar sistemas produtivos que se adaptem à região, contemplando os três pilares do
programa, os quais são: econômico, social e ambiental.
O que se pretende é analisar dois sistemas de produção diferentes e verificar qual deles
é mais eficiente, tanto economicamente quanto socialmente, ou seja, serão analisadas as
rentabilidades e os graus de inserção da agricultura familiar em cada um dos casos, já que o
programa brasileiro prioriza a participação da agricultura familiar nesta cadeia de produção.

2 MATERIAL E METÓDOS
Para o desenvolvimento deste trabalho, foram utilizados custos de produção cedidos
pela Cooperativa Agroindustrial Cocamar no Paraná. As informações foram inseridas no
BioSoft, um sistema de apoio a decisão desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa em
parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que faz análise econômicas e sociais
de dois dos principais elos de uma cadeia de produção, a agricultura e a indústria.
Neste estudo, no entanto, será dada ênfase para o elo agrícola, onde serão analisados
dois diferentes sistemas de produção, o primeiro utilizando alta tecnologia e o segundo
utilizando média tecnologia. Nos dois casos serão considerados o plantio de soja e canola em
sistema de rotação, demais informações gerais do sistema de produção proposto, são
apresentadas a seguir:

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2015
Tabela 1 - Considerações gerais sobre os sistemas de produção e demais informações
pertinentes.
Sistema de produção agrícola Soja em rotação com canola
Custos agrícolas Cooperativa Cocamar Paraná
Tecnologia industrial Extração Mista (Canola) e Química(Soja)
Capacidade da indústria 150 ton/dia de soja e 67,5 ton /dia de canola
Preço de venda matéria-prima R$ 0,45/ kg soja e R$ 0,40/ kg canola
Produtividade Alta tecnologia Soja 3.500 Kg/ha e canola 1.600 Kg/ha
Produtividade média tecnologia Soja 2.800 Kg/ha e canola 1.200 Kg/ha
Tamanho médio das propriedades 20 ha

Tabela 2 - Resumo dos custos de produção da cultura da soja e canola no sistema de média e
alta tecnologia.
RESUMO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO
Soja Canola
Média Tecnologia Alta Tecnologia Média Tecnologia Alta Tecnologia
Operações Mecânicas 115,53 120,48 112,98 112,98
Insumos 479,10 574,81 418,65 576,23
Total (R$/há) 594,63 695,29 531,63 589,21

A unidade de extração de óleo terá capacidade de 54.300 L de óleo. No sistema de alta


tecnologia, a agricultura familiar deverá abastecer a indústria na seguinte proporção: soja:
48%; canola: 42%; e o restante (10%) deverá ser soja comprada no mercado.
Para o sistema de média tecnologia, a agricultura familiar deverá abastecer a indústria na
seguinte proporção: soja: 50%; canola: 42% e o restante (8%), deverá ser soja comprada no
mercado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao se comparar os dois sistemas de produção, faz-se um confronto dos indicadores
financeiros, econômicos e sociais do cultivo da soja e canola cultivada com média e alta
tecnologia no estado do Paraná. Os resultados serão apresentados com base nos dados de
saída do sistema BioSoft, que levaram em consideração os custos de produção para as
diferentes tecnologias de cultivo das culturas.
No sistema de alta tecnologia a cultura da canola não é muito rentável, pois o custo de
produção (R$ 0,37/Kg) é muito próximo do preço de venda (R$ 0,40/Kg). Enquanto que no
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2016
de média tecnologia, percebemos que é inviável cultivar a canola, pois seu preço de venda
(R$ 0,40/kg) é menor que o custo de produção (R$ 0,44/Kg). No caso da soja, percebe-se que
a variação de custo é muito pequena entre os dois sistemas e que o lucro existe independente
do sistema, sendo maior no sistema de alta tecnologia.
A renda média mensal da família foi maior no sistema de alta tecnologia quando
comparada com o de média, como mostrado na tabela abaixo. O sistema de alta tecnologia
propicia uma renda para a família de R$ 1.343,90 e o de média tecnologia de R$ 878,40. No
entanto, se for feita uma comparação de empregos gerados, o sistema de média tecnologia é
mais eficiente, empregando mais pessoas, devido à menor produtividade de ambas as culturas
e consequentemente maior demanda de área para atender a necessidade da indústria.

Tabela 3 - Resultados da análise do BioSoft, indicadores sociais e de renda e indicadores


financeiros
INDICADORES SOCIAIS DE RENDA
Indicador Unidade Alta Tecnologia Média tecnologia

Número de famílias atendidas Famílias 559 727


Renda média mensal da família R$/mês 1.343,90 878,40
(Lucro + MDO)
Empregos gerados
Postos de trabalho 1.676 2.182
Mão-de-obra agricultura familiar

Mão-de-obra especializada Postos de trabalho 622 789


INDICADORES FINANCEIROS

Indicador Unidade Alta Tecnologia Média tecnologia

Custo de Produção Canola R$/Ud 0,37 0,44


Custo de Produção Soja R$/Ud 0,20 0,21
Lucro por Ha R$ 782,51 503,20

Podemos observar nas figuras 1 e 2 que a soja é a cultura principal, afetando mais a
renda da família que a canola. Isto ocorre devido ao seu baixo custo de produção (menor que
o da canola), sua maior produtividade e seu preço de venda ser maior que o da canola. Desta
forma, é a cultura da soja que traz lucratividade ao agricultor nos dois sistemas de plantio,
sendo que no de alta tecnologia o retorno é maior.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2017
Figura 1 - Renda mensal da família com a variação no preço de venda da canola e da soja no
sistema de alta tecnologia.

Figura 2 - Renda mensal da família com variação no preço de venda da canola e da soja no
sistema de média tecnologia.

Como podemos observar nas figuras 3 e 4, o lucro por hectare é maior no sistema de alta
tecnologia, quando comparado com o de média.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2018
Figura 3 - Lucro por hectare com variação no preço de venda da canola e da soja no sistema
de alta tecnologia.

Figura 4 - Lucro por hectare com variação no preço de venda da canola e da soja no sistema
de média tecnologia.

4 CONCLUSÃO
O sistema de cultivo de alta tecnologia propiciou às famílias atendidas maior
lucratividade do que o sistema de média tecnologia, possuindo maior viabilidade ao se levar
em consideração apenas a renda. No entanto, levando em consideração as famílias atendidas e

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2019
empregos gerados, ou seja, a viabilidade social, o sistema de média tecnologia mostrou-se
mais eficiente.
Percebe-se que as viabilidades econômicas e sociais são divergentes, o que demandará
um novo arranjo produtivo que contempla estas duas necessidades, tornando o
empreendimento viável tanto economicamente quanto socialmente.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
COMISSÂO EXECUTIVA INTERMINISTERAL(CEIB). Legislação e Normas Sobre
Biodiesel. Disponível em: < http://www.biodiesel.gov.br >. Acesso em 11 junho 2007.

COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL COCAMAR PARANÁ. Custos de Produção.


Maringá, Paraná, 27 maio 2007.

HOLANDA, Ariosto. Biodiesel e Inclusão Social. Conselho de Altos Estudos e Avaliação


Tecnológica da Câmara dos Deputados. Brasília, Distrito Federal.

NAE – Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Biocombustíveis – nº.


2 (2005). Brasília: Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Secretaria
de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, 2005.

PROJETO BIODIESEL UFV/MDA. Dados de Campo. Viçosa, Minas Gerais.

URSO BRANCO INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS LTDA. Custos de


Produção de Extração de Óleo. Jaú, São Paulo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2020
ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE DIFERENTES ARRANJOS
DE UNIDADES DE EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE MAMONA NO NORTE DE
MINAS GERAIS

Manoela Maciel S. Santos, DTA/UFV, manoelamaciel810@gmail.com


Ronaldo Perez, DTA/UFV, rperez@ufv.br
Aziz Galvão da Silva Júnior, DER/UFV, aziz@ufv.br
Leonardo Kuzume, DTA/UFV, leokuzume@yahoo.com.br
Daniel Silva Cordeiro, DEP/UFV, danielscordeiro@yahoo.com.br
Carlos Alberto de Castro Miranda, -, carlosalbertogan@yahoo.com.br
Lucilene da Silva Duarte, DER/UFV, luduarteufv@yahoo.com.br

RESUMO: Com a crescente demanda por biodiesel no Brasil e no mundo, a extração de


óleos vegetais para produção deste combustível vem crescendo continuamente. O presente
trabalho teve como objetivo comparar a viabilidade econômica da implantação de diferentes
arranjos de unidades de extração mecânica de óleo de mamona, na região Norte do Estado de
Minas Gerais. Estes arranjos foram estruturados em dois modelos: o Modelo 1 consistiu em
uma unidade centralizada de extração de óleo, enquanto o Modelo 2 em seis unidades
descentralizadas. O sistema de apoio à decisão Biosoft foi utilizado no estudo de viabilidade
econômica dos modelos e para comparação dos mesmos. Os resultados obtidos mostraram
uma maior viabilidade econômica para a implantação do Modelo 1, enquanto o Modelo 2
implicou em um maior número de empregos diretos.

Palavras-Chave: Óleo vegetal, biodiesel, mamona, extração mecânica.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2021
1 INTRODUÇÃO
Com a futura escassez do petróleo e a necessidade de busca por energias mais limpas,
novas fontes de energia como o biodiesel ganharam novas perspectivas no cenário mundial e
passaram a ser elemento de várias pesquisas e estudos [7]. Assim, dentro das novas tendências
de utilização do biodiesel, no Brasil há uma preocupação no sentido de potencializar a
utilização de oleaginosas diversas, promovendo nas diferentes regiões uma oferta de óleos
vegetais, que são a matéria-prima base para produção do biodiesel.
No país, são diversas as alternativas de oleaginosas para a produção de óleos vegetais,
pois, trata-se de um país tropical, com dimensões continentais, onde o desafio colocado é o do
aproveitamento das potencialidades regionais. Isso é válido tanto para culturas já tradicionais,
como a soja, o amendoim, o girassol, a mamona e o dendê, quanto para novas alternativas,
como o pinhão manso, o nabo forrageiro, o pequi, o buriti, a macaúba e uma grande variedade
de oleaginosas a serem exploradas [4].
A região Norte do Estado de Minas Gerais apresenta limitações para prática da
agricultura, principalmente, devido a seu clima seco [6]. Essa região é comparada ao semi-
árido nordestino devido às suas características climáticas e sociais. Assim, deve-se ressaltar
que o incentivo à agricultura familiar nesta região é de fundamental importância para seu
desenvolvimento.
Com relação ao processo de extração de óleo, diferentes tecnologias são conhecidas.
Entretanto, neste trabalho foi abordado o processo de extração mecânica ou prensagem. Este
processo de extração é muito utilizado no caso de oleaginosas que possuem elevado teor de
óleo (acima de 30%), além de ser um processo de fácil aplicação e de custo relativamente
baixo se comparado aos processos de extração química e extração mista [9]. A extração
mecânica é efetuada basicamente através de prensas contínuas. O espaçamento entre as
lâminas da prensa varia de acordo com a semente a ser processada; este espaçamento é
regulado para permitir a saída do óleo e funciona como um filtro, que retém as partículas
sólidas, formando a “torta” [2].
No presente estudo, a oleaginosa utilizada como base de extração de óleo foi a mamona,
que é uma oleaginosa de alta resistência à seca, o que a torna uma cultura viável em regiões
semi-áridas e de poucas alternativas agrícolas [3]. Estas características condizem
perfeitamente com a região Norte do Estado de Minas Gerais, a qual foi escolhida para
estudo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2022
O óleo de mamona, além de ser utilizado para produção de biodiesel, possui inúmeras
aplicações na indústria química. O óleo pode ser utilizado na fabricação de tintas e isolantes,
pode servir como lubrificante, além de ser utilizado na manufatura de cosméticos, drogas
farmacêuticas, corantes e uma infinidade de outros produtos [5].
Este trabalho tem como objetivo verificar a viabilidade econômica da implantação e a
comparação de diferentes arranjos de unidades de extração mecânica de óleo de mamona no
Norte do Estado de Minas Gerais.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Para realização das análises de viabilidade econômica foi utilizado o Sistema Biosoft.
Este Sistema de apoio à decisão consiste em um software desenvolvido pela Universidade
Federal de Viçosa em parceria com o Ministério de Desenvolvimento Agrário para análise de
viabilidade econômico-financeira de projetos de produção de óleo ou biodiesel com a
participação da agricultura familiar.
O Sistema Biosoft, no qual foram feitas as simulações, envolve os elos agrícola e
industrial, sendo neste estudo considerado apenas o elo industrial para obtenção dos
resultados. No elo industrial, fatores como orçamento de equipamentos, custos de produção,
capacidade de produção, características da matéria-prima, rendimentos, coeficientes técnicos
e investimentos são alguns fatores que devem ser considerados.
Foram construídos dois modelos distintos de unidades de extração, ambos possuindo
uma capacidade total de processamento de 135 toneladas por dia de mamona em bagas. O
primeiro Modelo consistiu em uma unidade centralizada com toda capacidade de extração
concentrada. O segundo consistiu em um modelo descentralizado com seis unidades de
extração distribuídas, com capacidades individuais de 22,5 toneladas por dia de matéria-
prima. As Figuras 1 e 2 ilustram os modelos das plantas de extração de óleo de mamona.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2023
Modelo 1

Unidade de Extração RC
de Óleo de mamona
(135 TPD)

Área de Rc = raio de captação de


Captação de mamona (150 km)
mamona

Figura 1 – Arranjo contendo uma unidade de extração de óleo de mamona centralizada.

Modelo 2

RC
RC = raio de
captação da
mamona
(61 km)

Unidade de
extração de óleo
de mamona
(22,5 TPD)
Área de captação
da mamona

Figura 2 – Arranjo contendo seis unidades de extração de óleo de mamona descentralizadas.

Com o intuito de realizar uma avaliação econômico-financeira dos modelos anteriores,


as análises foram efetivadas considerando uma extração de 40% de óleo sobre o peso da
mamona com a extração por prensagem, o que implica em uma produção total de 54000 L/dia
de óleo. Outras informações em comum entre os modelos também foram utilizadas, como

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2024
preço de matéria-prima e insumos, custo de transporte do óleo, impostos, além da tecnologia
de extração de óleo de mamona. A Tabela 1 a seguir resume algumas destas informações:

Tabela 1 – Informações comuns aos dois modelos propostos.


ITEM UNIDADE VALOR
Capacidade de processamento de mamona ton/dia 135
Capacidade de produção de óleo L/dia 54000
Dias de operação dias/ano 300
Turnos de trabalho - 4
Preço da mamona R$/kg 0,55
Preço de venda do óleo R$/L 1,70
Taxa Mínima de Atratividade (TMA) % 10

Os orçamentos dos equipamentos assim como seus coeficientes técnicos (consumo de


água, vapor, energia) foram conseguidos através de prévio contato com a Empresa Urso
Branco. Para cada modelo utilizaram-se orçamentos distintos, de acordo com as respectivas
escalas de produção. Os custos de produção foram definidos levando-se em conta os custos
operacionais para extração do óleo em relação ao volume de óleo extraído em cada unidade de
processamento.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A proposta da implantação de uma unidade centralizada (Modelo 1) tende a concentrar
a produção, diminuindo assim a necessidade de área. Logo, esse comportamento de economia
em escala pode estabelecer uma estrutura mais rentável. Por outro lado, a implantação das
unidades descentralizadas (Modelo 2) tende a proporcionar maior benefício social pelo fato de
seu arranjo favorecer maior envolvimento de comunidades locais.
A partir da utilização do software Biosoft, foram gerados diversos indicadores que
foram reunidos na Tabela 2 abaixo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2025
Tabela 2 – Indicadores gerados para os dois modelos propostos.
INDICADORES UNIDADE MODELO 1 MODELO 2
Empregos gerados - 102 182
Raio de captação matéria-prima Km 150 61
Custo de produção do óleo R$/L óleo 1,47 1,55
Investimento total R$ 8.021.323,18 13.451.955,15
Ponto de equilíbrio % 31,22 46,74
T.I.R. % 38,49 12,22
T.R.C. Anos 2,58 6,01
V.P.L. R$ 10.616.264,45 133.515,87

Através dos resultados obtidos, verifica-se no Modelo 2 um maior número de empregos


gerados na cadeia de produção de óleo de mamona. A justificativa para esse fato se deve ao
maior número de unidades de extração de óleo presente neste sistema, o que exige um maior
número de mão-de-obra.
Um fator importante de se avaliar é o raio de captação de mamona, ou seja, a distância
percorrida para captação da matéria-prima necessária ao abastecimento de cada unidade. Esse
valor influencia o custo do transporte da matéria-prima e, conseqüentemente, o custo variável
de produção. Cada unidade do Modelo 2 possui uma menor necessidade de matéria-prima,
devido à menor capacidade de processamento, e assim, conseqüentemente, o raio de captação
da mamona é inferior, traduzindo-se em um menor custo de transporte da matéria-prima.
Em termos de custo de produção, pode-se verificar que o Modelo 1 apresentou um custo
de produção de R$ 1,47 por litro de óleo, enquanto que no Modelo 2 o custo de produção foi
de R$ 1,55 por litro de óleo. Tal fato se deve à otimização da utilização dos insumos, além da
necessidade de um menor número de mão-de-obra operacional, fatores que influenciam
diretamente no custo da produção.
Como os investimentos totais se comportam em economia de escala, verifica-se que o
investimento total no Modelo 2 é superior ao Modelo 1. Logo, verificou-se que o arranjo com
seis unidades de pequena capacidade resultou na necessidade de um maior investimento.
A partir dos indicadores econômicos (VPL, TIR e TRC) verificou-se a viabilidade dos
dois investimentos considerando-se a TMA de 12%. Entretanto, o Modelo 2 apresentou
menor Taxa Interna de Retorno (TIR), com valor muito próximo à TMA e maior Tempo de
Retorno de Capital (TRC) quando comparados os indicadores, o que torna o Modelo 1 mais
viável economicamente.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2026
4 CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos da análise de viabilidade econômico-financeira,
pode-se concluir que a planta de extração de óleo de mamona centralizada (Modelo 1) é mais
viável economicamente do que as seis unidades descentralizadas (Modelo 2). Porém, seu
arranjo dificulta a distribuição de torta produzida na unidade, o que pode tornar-se um
entrave. O Modelo 2 permite maior geração de empregos diretos, favorecendo ainda mais a
inclusão da agricultura familiar, e uma melhor organização do sistema de gestão devido à
menor quantidade de matéria-prima processada diariamente por unidade.
Desta forma, uma análise econômico-financeira isolada não é suficiente para concluir
qual empreendimento é mais vantajoso, sendo necessário considerar também os interesses dos
agricultores envolvidos, que poderão se beneficiar com a implantação de unidades produtivas
desta natureza.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABOISSA Óleos Vegetais. Disponível em: < http://www.aboissa.com.br/mamona/index.htm
>. Acesso em: 11 mai. 2007.

AMARAL, L. do; JAIGOBIND S. J.; JAIGOBIND, A. G. A. Dossiê Técnico - Óleo de soja.


Instituto de Tecnologia do Paraná. 2006.

AMORIM NETO, M. Da S.; ARAÚJO, A. E. DE; BELTRÃO, N. E. M.; SILVA, L. C.;


GOMES, D. C. Zoneamento e época de plantio para a mamoneira, no Estado da
Bahia.1999. (EMBRAPA-CNPA. Comunicado Técnico, 103).

BIODIESELBR. Regiões e Oleaginosas. Disponível em: <


http://www.biodieselbr.com/biodiesel/brasil/regioes.htm >. Acesso em: 15 abr. 2007

Maia A. C. S.; Teixeira J. C.; Lima S. M.; Ferreira C.V.; Stragevitch L. Estudo da Adição do
Biodiesel de Mamona ao Óleo Diesel Mineral sobre a Massa Específica e Viscosidade
Cinemática. Departamento de Engenharia Química – Universidade Federal de Pernambuco

Programa Biodiversidade Brasil-Italia. Disponível em: <


ttp://www.pbbi.org.br/site/projetos/montes_claros.php >. Acesso em: 18 mai. 2007.

Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado do Tocantins. Disponível em:


< http://www.to.gov.br/seagro/noticia.php?id=53 >. Acesso em: 10 mai. 2007.

Sistema de Informações de Fretes – SIFRECA. Disponível em: <


http://sifreca.esalq.usp.br/sifreca/pt/index.php >. Acesso em: 03 mai. 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2027
UEM. Descrição do Processo de Produção de Soja. Disponível em: <
www.dag.uem.br/prof/ptmpintro/material/3b/soja.pdf .> Acesso em: 05 fev. 2007.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2028
ÓLEOS VEGETAIS COMBUSTÍVEIS

Thomas Renatus Fendel, FENDEL, thomas@fendel.com.br

RESUMO: As energias descentralizadas trarão novos horizontes de desenvolvimento


racional e sustentável a todos os setores da economia, revertendo o atual modo de vida suicida
da humanidade.

Palavras-Chave: Óleos vegetais combustíveis, bicombustíveis naturais.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2029
1 INTRODUÇÃO
Os biocombustíveis “naturais” evitam a emissão de gases nocivos ao meio ambiente e
transformam a graciosa energia solar em energia mecânica e elétrica, acrescidos de energia
térmica residual útil.
Embora o ciclo do carbono das bioenergias seja considerado neutro, para mim isso é um
equívoco, é ignorar o potencial completo da fotossíntese dos maravilhosos vegetais, que para
crescerem, comem sujeira do ar, comem CO2.
Portanto em qualquer veículo movido a bioenergia, sempre se libera menos CO2 pelo
escapamento, do que o CO2 captado do ar, pelos vegetais correspondentes em seu
crescimento.
Disso resulta que, utilizando intensamente os biocombustíveis, podemos reverter o
aquecimento global, promovido pelo uso de 200 anos de porcotróleo.
Apenas utilizando álcool, biogás, óleos vegetais, e resíduos orgânicos promovemos o
efeito refrigerador, o contrário do atual efeito estufa.
O carbono do farelo tem de ser creditado às vacas, e não ao óleo vegetal.
É possível promover o desenvolvimento local por meio da economia descentralizada
dos óleos vegetais, com o real crescimento da agricultura familiar de maneira orgânica e
sustentável.
Ao invés de tirar dinheiro de nosso bolso e financiar guerras e maluquices do assassino
Bush, podemos encher de grana a nossa própria carteira.
De quebra reduzimos mensalões, impostos imorais e demais escorchantes e pelegas
falcatruas.
Resulta ainda a considerável vantagem de preço em relação a combustíveis fósseis,
preços fósseis que não param de subir, devido ao elevado crescimento do consumo, pela falta
da descoberta de novas jazidas vultosas de porcotróleo, e devido ao esgotamento das reservas
existentes.
Na Alemanha, que permite o uso direto de óleo vegetal como combustível, e que possui
mais de 100.000 veículos rodando a óleo de canola, cresce exponencialmente o número de
usinas de óleo vegetal descentralizadas.
Aumenta também o número de empresas que convertem motores e veículos para serem
movidos a óleo vegetal.
Cresce igualmente a oferta e a produtividade das plantas e dos óleos vegetais das mais
diversas origens.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2030
Numerosas tentativas mostram que no cultivo consorciado de policulturas se formam
sinergias notáveis, com aumento de produtividade.
Pode e deve-se utilizar também os resíduos da prensagem, a chamada torta.
Seu uso como ração, ou até como substrato em instalações de biogás levam nossa
legislação brasileira, benevolente a ricos e poderosos, a ser mais coerente, onde por exemplo,
deveria-se poder vender o excedente de energia elétrica produzida em pequena escala
distribuída, para as concessionárias, promovendo um ganho adicional a todos os envolvidos,
evitando-se a absurda negociata de carbono virtual, onde recebemos míseras gorjetas que
postergam a substituição dos sujos combustíveis fósseis pela limpa bioenergia.
A cultura orgânica das bioenergias, também promove o ciclo fechado dos nutrientes nas
redondezas do cultivo, pois o que se retira (por exemplo óleo vegetal) é constituído
essencialmente de moléculas de carbono, hidrogênio e oxigênio, cujos átomos foram retirados
da água e do ar, tornando desnecessário agregar fertilizantes químicos e agrotóxicos a seu
cultivo orgânico.
Desde maio de 2000 vigora na Alemanha, o “Padrão de Qualidade RK 05/2000
Weihenstephan”, para óleo de canola como combustível.
Esse padrão define índices mínimos e máximos para as propriedades dos óleos.
Ainda que tenhamos um óleo vegetal normatizado, os motores atuais não estão
adequados para funcionarem com óleo vegetal.
Rudolf Diesel utilizou óleo de amendoim em seu motor de auto-ignição em1912.
A idéia de Rudolf foi retomada por Ludwig Elsbett, que nos anos 70 e 80 desenvolveu
um motor apropriado para óleo vegetal [o motor Elko] que inclusive naquela época, deveria
ter sido produzido em escala industrial aqui no Brasil.
Essa idéia genial não foi acolhida pela indústria de motores, e muito menos pela máfia
do porcotróleo.
Passou-se então a converter motores tradicionais para que “se virem” com óleo vegetal.
São múltiplas as propostas de como realizar isso.
Vão desde aditivos químicos ao óleo, a um sistema de eliminação de seus gases com
ultra-som, passando por diferentes propostas para reduzir a viscosidade no sistema de
combustão, mediante aquecimento (do tanque à bomba injetora) ou por alterações nas peças, e
modificações do controle eletrônico.
Outros, recomendam misturar o óleo vegetal qualificado diretamente ao diesel.
Para o usuário final o leque de opções é muito variável.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2031
Por meio de uma tabela foi arrolada uma série de medidas para adaptar motores diesel
ao óleo vegetal. O ponto de vista norteador é que a aplicação de óleo vegetal em motores
tradicionais sempre vem acompanhada de um risco.
A questão é como esse risco pode ser mantido o mais baixo possível.
Risco decrescente e custo crescente:
Não fazer nada
Misturar diesel ao óleo vegetal
Aquecer o combustível
Bomba (de pressão) adicional
Aquecimento e modificação do filtro
Sistema de dois tanques
Aquecimento do motor
Aquecimento dos bicos injetores
Alteração da geometria dos bicos e do ângulo de injeção
Modificação de pistões
Alterações na bomba injetora
Motores exclusivos a óleo vegetal, como por exemplo o motor Elko
Na Alemanha o governo acompanhou durante 3 anos, o comportamento de 100 tratores
modificados para óleo vegetal. Destes 100 tratores, 57 continuam funcionando sem maiores
problemas, o que demonstra a vialbilidade dos motores, com certos kits e com certos óleos
vegetais.
O governo austríaco está atualemnte incentivando e custeando 30% dos custos para um
programa de 1600 tratores a óleo vegetal, metade para tratores convertidos e metade em
tratores originais, com misturas de óleo vegetal no Diesel fóssil, com variações de 15 a 50%
baseados em experimentos de sucesso anteriores.
Aqui no Brasil, deveríamos copiar e aperfeiçoar o que foi feito no exterior, e não fazer
como fazem os fabricantes vassalos de tratores nacionais, que simplesmente despejam óleo
vegetal no tanque, e divulgam as fotos dos estragos.
Certamente a tecnologia dos motores a óleos vegetais combustíveis tem muito a ser
aperfeiçoada, como ocorreu com os primórdios dos motores a álcool, que aliás continuam
boicotados aqui no Brasil.
Não existem mais motores exclusivos a álcool, que seriam mais econômicos que os
atuais flex.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2032
Também urge a necessidade de acabar com a míope legislação mensalista brasileira, que
proíbe ao pequeno agricultor produzir e vender álcool e óleo vegetal combustível.
A bioenergia é a verdadeira revolução para o desenvolvimento da agricultura familiar,
em substituição ao doentio cultivo de fumo.
As energias descentralizadas trarão novos horizontes de desenvolvimento racional e
sustentável a todos os setores da economia, revertendo o atual modo de vida suicida da
humanidade.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2033
AVALIAÇÃO DA ÁREA FOLIAR DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas
L.) POR MÉTODOS DE FOTOGRAFIAS DIGITALIZADA

David Cardoso Dourado, UFLA, davidssp@yahoo.com.br


Alexandre Aureliano Quintiliano, UFLA, aleradar@yahoo.com.br
Pedro Elia, UFLA, pedro_elia@hotmail.com
Júlio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
Jaime Daniel Corrêa Mendes, UFLA, lordshark@comp.ufla.br
Ronaldo Aparecido da Silva, UFLA, rtoth@comp.ufla.br
Pedro Castro Neto, UFLA/DEG, pedrocn@ufla.br
Antonio Carlos Fraga, UFLA/DAG, fraga@ufla.br

RESUMO: O Pinhão Manso é uma planta da família Euphorbiácea, denominada


cientificamente como (Jatropha curcas L.), e pode também ser conhecida como pinhão-de-
purga, pinhão-de-maluco, pinhão-do-paraguai. Este trabalho teve por objetivo avaliar as
dimensões (área foliar) das folhas de pinhão manso utilizando-se dos sistemas de fotografia
digitalizada e AUTOCAD® 2006. As folhas foram coletadas de diferentes plantas
provenientes dos acessos do banco de germoplasma de Pinhão Manso da Universidade
Federal de Lavras. As avaliações foram feitas em folhas de diferentes idades e provenientes
sempre das mesmas plantas. As posições de coleta das folhas foram desde a parte basal até o
ápice da planta. A utilzação do sistema de fotografia digitalizada e do AUTOCAD® 2006
foram eficientes na avaliação da área foliar do pinhão manso.

Palavras-Chave: Pinhão Manso, área foliar, estágio vegetativo.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2034
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso é uma planta da família Euforbiácea, denominada cientificamente
como (Jatropha curcas L.) e pode também ser conhecida como pinhão-de-purga, pinhão-de-
maluco, pinhão-do-paraguai, etc (PEIXOTO, 1972).
Quanto à sua origem, julga-se oriundo da América do Sul, Brasil e ainda das Antilhas.
Foi introduzido em 1783, segundo Vogel, nas Antilhas do Arquipélago de Cabo Verde,
alcançando depois a África e a Índia, acompanhada de sua distribuição geográfica que é
bastante vasta, tendo em consideração na sua rusticidade resistência a longas estiágens, bem
como as suas pragas e as doenças. É adaptável a condições climáticas muito variáveis, desde o
Nordeste até São Paulo e Paraná (PEIXOTO, 1972).
As características botânicas do pinhão manso são caracterizadas, como sendo um
arbusto ou arvoreta vivaz de geralmente, 3 á 5 metros de altura. Pode, entretanto atingir 8
metros até 12 metros de altura como um diâmetro no tronco de 20 cm. As raízes são curtas e
pouco ramificadas (PEIXOTO, 1972).
Já suas folhas caducas encontram-se esparsas alternadas; são largas, em forma de palma,
com 3 a 5 lóbulos, recortes em ângulos obtusos, terminados em ponta agudas ou mucro; são
verdes, pálidas, brilhantes, glabras ou destituídas de pêlos. As nervuras são esbranquiçadas,
ressaltadas ou salientes na face inferior da lâmina folhear (PEIXOTO, 1972).
O pecíolo é longo e esverdeado, com nervura principal do pecíolo e outras nervuras,
divergentes como os dedos das aves. Os pecíolos caem em parte quando termina a estação
seca, ou durante a estação fria, quando dão inicio a um estado de hibernação. Neste estado
permanece até o começo da primavera ou das chuvas na região seca e os término do repouso
vegetativo é demostrado com o rápido espontar das gemas, no ápice dos galhos do ano
transposto. Na mesma ocasião do rompimento das folhas, surgem as inflorescências
(PEIXOTO, 1972).
Este trabalho teve como objetivo avaliar as dimensões (área foliar) das folhas de pinhão
manso.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este experimento foi realizado no Departamento de Engenharia da (UFLA)
Universidade Federal de Lavras, MG, no ano 2007. Utilizou-se folhas dos 19 acessos de
pinhão manso do banco de germoplasma da UFLA.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2035
As folhas foram colhidas nas plantas e divididas cuidadosamente em categorias,
compostas por diferentes tamanhos e colocadas sobre uma folha de papel milimetrado
(referência dimensional), para que fossem fotografadas individualmente e digitalizadas, para
posterior utilização no software AUTOCAD® 2006.
No AUTOCAD® 2006, avaliou-se individualmente a área foliar das seis categorias de
folhas, com cinco amostras cada, que serão classificadas em seis categorias, conforme sua
área foliar.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1, estão disposta as fotos das folhas de Pinhão Manso coletadas em diferentes
tamanhos coletadas em plantas de mesmo estádio vegetativo, mas em diferentes posições na
planta, da parte basal até o ápice da planta.

Figura 1 – Folhas de Pinhão Manso das diferentes categorias.

No Gráfico 1, encontra-se os valores médios da área foliar das folhas de pinhão manso,
que foram divididas em 6 categorias, em função da expansão da sua área foliar. Na categoria
seis estão as folhas de maior área foliar, e na categoria um, estão as de menor área foliar. As
categorias quatro, cinco e seis são denominadas folhas maduras (fonte) e, as categorias um,
dois e três são denominadas folhas imaturas (dreno). As folhas de Pinhão Manso são
consideradas maduras (fonte) quando atingem 2/3 do seu tamanho normal.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2036
ÁREA FOLIAR

200,00
180,00
160,00
140,00
120,00
Cm²

100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
1 2 3 4 5 6
CATEGORIAS

Gráfico 1 - Médias da área foliar das folhas de pinhão manso.

4 CONCLUSÃO
O sistema de fotografia digitalizada associada a AUTO CAD é um sistema eficiente
para a identificação da área foliar de pinhão manso.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PEIXOTO, A.R.P. Plantas oleaginosas herbáceas. São Paulo: Nobel, 1972. 172p.

PEIXOTO, A.R.P. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 284p.
Produção de Oleaginosas para Biodiesel. Informe Agropecuário. Belo Horizonte. v.26,
n.229, p.44-78,2005.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2037
SISTEMA COMPUTADORIZADO PARA ANÁLISE DE INTERCEPTAÇÃO
DE RADIAÇÃO SOLAR EM CULTIVOS CONSORCIADOS VISANDO A
PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Jaime Daniel Corrêa Mendes, UFLA, lordshark@comp.ufla.br


André Vital Saúde, DCC/UFLA, saude@dcc.ufla.br
Ronaldo Aparecido da Silva, UFLA, rtoth@comp.ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br

RESUMO: O processo de condução de lavouras em uma mesma área permite aumentar a


eficiência do aproveitamento de radiação solar e sua transformação em alimentos e energia.
Assim, o presente projeto, tem o objetivo de apresentar um sistema de processamento digital
de imagens capaz de analisar seqüências de imagens, coletadas com o auxílio de câmeras
fotográficas digitais. As seqüências de fotos serão obtidas seguindo uma metodologia de
visões perpendiculares das culturas consorciadas ao longo de seus ciclos anuais, com a
finalidade de acompanhamento da fração de cobertura do solo pelas culturas. A
funcionalidade básica do software consiste em aplicar ferramentas de morfologia matemática
para obter, de imagens digitais, informações sobre diversas variáveis pertinentes ao
aproveitamento do espaço de cultivo, principalmente de oleaginosas potenciais para a
produção de biocombustíveis. Espera-se, com a utilização deste sistema computacional, gerar
uma ferramenta de fácil utilização, que permita auxiliar na escolha de espécies e variedades
de plantas com diferentes padrões de crescimento para cultivo consorciado.

Palavras-Chave: Processamento de Imagens, morfologia matemática, consorciamento,


biocombustíveis.

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2038
1 INTRODUÇÃO
Obrigados a fazer frente a certas despesas irremediavelmente monetárias, os
agricultores, particularmente aqueles que conduzem suas propriedades no sistema de
agricultura familiar, tendem, por um lado, a procurar maximizar a geração de renda e, por
outro, minimizar os custos monetários. Assim, tendem a buscar a satisfação das suas
necessidades pelo cultivo local do maior número de produtos possível.
A região Sul do Estado de Minas Gerais apresenta um grande percentual de sua área
utilizada por lavouras cafeeiras. Essas lavouras não receberam a adequada reposição de
nutrientes ao solo por vários anos, em decorrência dos baixos preços obtidos no mercado do
café. Assim, muitas das lavouras, principalmente as mais velhas, entram em um processo de
degradação, exigindo para sua recuperação a aplicação de podas. Outro motivo que leva à
necessidade de poda é a ocorrência do fenômeno meteorológico adverso denominado geada,
que apresenta uma probabilidade significativa de ocorrer na região Sul do Estado [Matiello,
1991]. Além dos gastos com a poda e com a adubação para recuperação do nível de fertilidade
do solo, o agricultor ficará sem efetuar colheita naquela lavoura por duas ou três safras.
Uma alternativa normalmente utilizada pelos agricultores é o plantio de feijão nas
entrelinhas do café recepado, cultura esta de grande importância como alimento básico e fonte
auxiliar ou principal de renda no sistema de agricultura familiar.
Sistemas produtivos envolvendo leguminosas e espécies oleaginosas podem beneficiar
tanto a dieta quanto equilibrar a receita econômica do produtor [Azevedo et al., 1998], e
podem ser aplicados em áreas disponíveis em lavouras de café recepado.
Por apresentar ciclo curto e porte baixo, o feijão é indicado para ser cultivado em
sistema de consórcio com a cultura da mamona, que apresenta porte alto e ciclo longo
[Khatounian, 1994; Azevedo & Lima, 2001].
Fraga e colaboradores [2004] desenvolveram uma equação de crescimento horizontal
para calcular o espaço disponível nas entrelinhas da cultura de mamona até certa idade, ou o
número de dias disponíveis para a condução de uma cultura consorte ocupando determinado
espaço de terreno, fixando-se o espaçamento da mamona, concluindo que a citada equação é
uma ferramenta adequada e simples para o planejamento de cultivo intercalar na cultura da
mamona.
Uma das interações mais importantes entre as culturas e o ambiente refere-se à relação
entre as plantas e a radiação solar incidente sobre o dossel vegetativo [Buisson e Lee, 1993].

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2039
Dessa forma, a produtividade de uma cultura é diretamente dependente de sua eficiência em
interceptar e utilizar a radiação solar incidente.
Nos plantios, o grau de sombreamento mútuo entre plantas está diretamente relacionado
ao número de plantas por unidade de área cultivada. Diferentes densidades de plantio
ocasionam competições intra-específicas de intensidades variáveis por radiação solar e outros
fatores envolvidos no crescimento e desenvolvimento das plantas [Rizzardi e Silva, 1993].
A aerofotogrametria convencional é uma técnica vastamente difundida e utilizada em
mapeamento. Sua qualidade é indiscutível, porém o acesso aos equipamentos de alta precisão
e aos sofisticados recursos eletrônicos requer altos investimentos. A utilização de câmeras
fotográficas de pequeno formato, com distância focal entre 35 e 80 mm, oferece ótimos
resultados, dispensando grande parte do complexo instrumental utilizado na aerofotogrametria
[Gonçalves Júnior et. al., 2003].
A motivação para este trabalho baseia-se na potencialidade das ferramentas
desenvolvidas pela área da ciência da computação, que aprimoram trabalhos técnicos e
científicos das ciências agrárias. Grande parte das pesquisas em ciências agrárias convergem
para a agricultura familiar devido a incentivos oriundos de projetos do Governo Federal para a
produção de biocombustíveis. Com base neste argumento, este trabalho foca-se na aquisição
de imagens através de câmeras fotográficas digitais de pequeno porte, por ser um objeto de
fácil acesso e custo para a comunidade técnico-científica, e tem o objetivo de avaliar a
capacidade de interceptação de radiação solar em sistemas produtivos consorciados.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O desenvolvimento do projeto utiliza de recursos computacionais do Departamento de
Ciência da Computação e do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de
Lavras.
As tecnologias envolvidas neste projeto buscam arquitetar um software de fácil
manutenibilidade, escalabilidade e portabilidade para permitir ao produto incorporar novas
tecnologias voltadas ao projeto de biocombustíveis. Para tal, as pesquisas orientam-se para o
processamento digital de imagens, mais precisamente usando ferramentas de morfologia
matemática [Dougherty & Lotufo, 2003], através de uma biblioteca em linguagem Python
[Morph4Py]. As imagens serão adquiridas com câmeras fotográficas digitais de pequeno
porte, e serão avaliados os melhores métodos e ferramentas para se obter uma otimizada
sequência de imagens.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2040
Os experimentos utilizados são ensaios de campo que estão sendo desenvolvidos nos
projetos de produção de plantas oleaginosas pela equipe do G-Óleo - Núcleo de Estudos de
Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biocombustíveis.
Serão adquiridos dois tipos de imagens: uma com a câmera direcionada de cima pra
baixo, e outra com a câmera direcionada de baixo para cima. Estamos projetando um sistema
mecânico para garantir que todas as fotos sejam tiradas seguindo um mesmo protocolo. Para
as fotos de cima pra baixo, devemos garantir que a câmera esteja sempre direcionada na
vertical. Para as fotos de baixo pra cima, não só precisaremos que a câmera esteja direcionada
verticalmente, como também que esteja posicionada sempre à mesma distância do solo, para
todas as fotos. Estamos em fase de projeto destes sistemas mecânicos. Para corrigir diferenças
de posicionamento da câmera, usamos marcas no campo, com posicionamento conhecido.
Com isto podemos identificar automaticamente a relação entre as coordenadas dos pontos nas
imagens adquiridas com as coordenadas do mundo real. As imagens serão datadas e
armazenadas em um banco de imagens. Assim seremos capazes de estudar a interceptação de
radiação solar ao longo do tempo.
Para fazer medidas em uma imagem começamos pela sua segmentação. Diversos
algoritmos de segmentação são propostos na literatura. O algoritmo clássico de segmentação
da morfologia matemática é o watershed [Dougherty & Lotufo]. O funcionamento do
algoritmo watershed pode ser explicado com uma analogia ao conceito de bacias
hidrográficas. A imagem em níveis de cinza é interpretada como uma superfície topográfica.
São definidos marcadores para objeto e fundo. Os marcadores funcionam como fontes de
água. A partir de cada marcador fazemos inundar água. Quando a água de uma fonte encontra
as águas de outra fonte é construída uma barreira, denominada linha de watershed ou linha de
separação das águas.
Na Fig. 1 mostramos uma imagem em níveis de cinza e um gradiente desta imagem.
Note que as bordas, no gradiente, aparecem com níveis de cinza próximos do branco. Os
valores próximos do branco são interpretados como altos na superfície topográfica. Assim, se
executamos o watershed sobre a imagem de gradiente, obteremos as linhas de watershed
exatamente sobre as bordas da imagem e assim é feita a segmentação.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2041
(a) (b) (c)
Figura 1 - Ilustração da imagem de gradiente. (a) imagem original; (b) gradiente; (c) gradiente
visualizado como uma superfície.

A interface com o usuário é um sistema interativo de segmentação de imagens. Na Fig.


2 mostramos uma captura de tela de segmentação interativa, já desenvolvida. Até o momento
realizamos segmentações assistidas em imagens em níveis de cinza. A imagem é exibida ao
operador e ele pode selecionar regiões da imagem como sendo de objeto ou fundo.
A Fig. 2(a) mostra a imagem original. A Fig. 2(b) mostra uma imagem onde o operador
fez dois marcadores. Um marcador verde, para algumas folhas, e um marcador azul para o
céu. Note que muitos erros de segmentação ocorreram. Na Fig. 2(c) o operador inseriu mais
marcadores verdes para folhas, e obteve um melhor resultado.

(a) (b) (c)

Figura 2 - Ilustração da interface de usuário para a segmentação. (a) imagem original; (b) dois
marcadores (verde e azul) e o resultado da segmentação para esses marcadores (vermelho); (c)
mais marcadores foram adicionados para corrigir alguns erros de segmentação.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2042
Ainda são necessárias melhoras do sistema que temos, para melhor se adequar ao
problema. E ainda é preciso incorporar ao sistema as medidas que darão a informação que o
operador necessita. Descrevemos estas medidas a seguir
Uma estimativa da exposição à luz solar do espaço nas entrelinhas pode ser feita
medindo-se a área de céu com relação à área total de uma imagem tirada de baixo pra cima,
como as das Figs. 1 e 2. Com as ferramentas de morfologia matemática podemos facilmente
fazer essas medidas de área. O próximo passo é incorporar essas medidas no sistema.

3 RESULTADOS ESPERADOS
A utilização deste software visa propiciar a pesquisadores e técnicos uma base para
tomada de decisão em relação ao consorciamento de culturas potenciais à produção de
biocombustíveis através de um conhecimento prévio incorporado ao sistema que permitirá
análises de interceptação de radiação solar, padrões em culturas, ocupação de solo e
estimativas capazes de permitir um melhor gerenciamento pelo produtor de quais cultivos
podem ser aplicados junto à sua produção principal, fornecidas aos usuários através de uma
interface amigável e interativa, além de dados de intercâmbio que possam ser incorporados a
outros sistemas na área de produção, logística e gerenciamento de biocombustíveis.

4 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais,
FAPEMIG, pelo apoio financeiro ao projeto.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F.; SANTOS, J.W.; BATISTA, F.A.S.; NÓBREGA, L.B.;
VIEIRA, D.J.; PEREIRA, J.R. População de plantas no consórcio mamoneira/caupi. I.
Produção e componentes da produção. Rev. Ol. Fibros., Campina Grande, v. 3, n.1, 1999. p.
13-20.

CARVALHO, A. A. de. Estudo e implementação de algoritmos clássicos para


processamento digital de imagens. Lavras, 2003. 43. Monografia (Bacharel em Ciência da
Computação) – Universidade Federal de Lavras.

DOUGHERTY, E. R. & LOTUFO, R. A. Hands-on Morphological Image Processing.


SPIE Tutorial Texts in Optical Engineering Vol. TT59, 2003.

FRAGA, A.C.; CASTRO NETO, P. ; MONTEIRO, J.V.; SCHMIDT, P.A.. Túnel de


crescimento da mamona. In: I Congresso Brasileiro de Mamona - Energia e Sustentabilidade,
2004, Campina Grande. Anais. Campina Grande: Embrapa, 2004.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2043
GONÇALVES JUNIOR, J.C.C.; PIOVESAN, E.C.; SILVEIRA, G.C. da. SOFIA - sistema de
obtenção de fotos e imagens com aeromodelo. In: XXI Congresso Brasileiro de

Morph4Py – SDC Morphology Toolbox for Python, Disponível em, <


http://www.mmorph.com >.

NETO, P.C.; Arranjos Populacionais De Mamona, Cultivados Em Consórcio Com Lavoura


De Café Recepado. In: I Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e
Biodiesel, 2004, Varginha. Anais. Varginha: Universidade Federal de Lavras, 2004.

Cartografia, 2003, Belo Horizonte - MG. XXI Congresso Brasileiro de Cartografia/CD-ROM,


2003.

KHATOUNIAN, C.A. Produção de alimentos para consumo doméstico no Paraná:


caracterização e culturas alternativas. Londrina: IAPAR, 1994. 193 p.

MATTIELLO, J.B. O café, do cultivo ao consumo. São Paulo: Globo, 1991. 320 p.

RIZZARDI, M.A.; SILVA, P.R.F. Resposta de cultivares de girassol à densidade de plantas


em duas épocas de semeadura. Pesq. Agrop. Bras., v.28,n.6, p.675-687. 1993.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2044
AVALIAÇÃO DE RENDIMENTO DE ALGUNS CULTIVARES DE Brassica
napus CULTIVADOS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Alexandre Gavrílov, UNO, alexandreg@rambler.ru


Liudmila Gavrílova, IET/ACAU, liudmilag@rambler.ru

RESUMO: O presente trabalho foi desenvolvido com a finalidade de investigar e avaliar de


alguns cultivares de Brassica napus L. Para o aproveitammento das sementes oleaginosas e o
teor de óleo. Verificada a efetividade do herbicida de Butisano - C na proteção de semeação
de B. napus contra ervas daninhas. O aumento de rendimento de B. napus é uma das tarefas
atuais na Ucrânia. Ento racional e econômico na produção de Biodiesel. Diversos cultivares
de B. napus L. Foram testados nas condições do sul da Ucrânia. Investigada a biologia de B.
napus, procedida a avaliação comparativa de rendimento das sementes oleaginosas e o teor de
óleo. Verificada a efetividade do herbicida de Butisano - C na proteção de semeação de B.
napus contra ervas daninhas. O aumento de rendimento de B. napus é uma das tarefas atuais
na Ucrânia.

Palavras-Chave: Biodiesel, Brassica napus L., oleaginosa.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2045
1 INTRODUÇÃO
No tempo moderno a produção de Biodiesel é muito atual, porque as riquezas
energéticas naturais diminuem e surge a necessidade de se prover novas fontes alternativas de
combustível e energia [1]. O óleo vegetal, que se usa como biodiesel, antes de mais nada,
deve ser economicamente barato. A sua qualidade e quantidade devem ser suficientes para o
abastecimento das necessidades correspondentes aos ramos automobilísticos e agrícolas. Para
a produção de Biodiesel pode-se utilizar os óleos vegetais de origem diferente incluindo o
óleo de soja, milho, girassol, mamona bem como o óleo de Brassica napus [2]. Neste artigo
apresenta - se uma informação sobre alguns cultivares de B. napus que são as fontes de óleo
técnico de origem vegetal, sobre as particularidades biológicas de B. napus e proteção dessa
cultura contra ervas daninhas. A importância de Brassica n. para resolução de problemas de
criação e utilização de Biodiesel se explica pela qualidade das suas sementes que contém de
35 a 50 % de óleo bem como pela sua alta produtividade [ 3, 4].

2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado em áreas da Fazenda Experimental do Centro Científico da
Universidade Nacional de Odessa (UNO) da Ucrânia. A área geral em sementeira para
Brassica napus foi de 400 m2, a subparcela útil de registro para cada experiência foi 60 m2. O
ensaio efetivado com seis cultivares de Brassica napus (сanola): DNEPROVSKY,
HOTOMAN, TITAN, VIKROS, LUGOVSKOY E PODMOSKOVNY.
A profundidade de semeação de grãos foi de 2 a 3 cm. A norma de semeação
determinada à razão de 2 milhões sementes por hectare. O conteúdo de humo no solo situado
no intervalo de 1,6 a 1,8 %; рН do solo foi 5,6—5,8. Avaliou-se ainda a produtividade e
qualidade das sementes de Brassica napus.
O teor de óleo nas sementes foi determinado por método de Soksleta através de extração
do óleo por éter. Para proteção de Brassica napus contra ervas daninhas foi utilizado o
herbicida Butisano-C em doses diferentes por método de pulverização duplo de sementeira no
início da vegetação.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Brassica napus L. ssp. oleifera Metzg. (ingl. – Rape, port. – сanola) é uma planta típica
da família Brassicaceae. Em caso de umidade ótima do solo, de temperatura do ar de 13 a 15

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2046
ºC e profundidade de semeação de grãos de 1,5 a 2,5 cm os rebentos apareceram no entre o
quarto e o quinto dia.
No primeiro período de vegetação, cerca de 30 a 40 dias, as plantas se desenvolveram
devagar. O período de formação de botões até floração foi 10 a 15 dias. A floração de
Brassica n. durou 25 a 30 dias, depois para as plantas necessitam 30 a 40 dias para formação
das sementes. Então, o período vegetativo de Brassica napus em dependência do cultivar se
prolongou de 90 a 120 dias.
A soma das temperaturas ativas necessárias para formação de rendimento das sementes
se compõe de 1800 a 2100 ºC. Brassica napus tem o sistema de radicular bem desenvolvido.
A massa principal da suas raízes foi distribuída na profundidade de 25 a 45 cm. A demanda a
líquido é grande, principalmente, em fase de floração e formação de grãos.
A altura de Brassica napus constatada em média de 100 a 130 cm. A massa de 1000 de
sementes composta de 2,6 até 5,0 g em dependência do cultivar. Em dependência da cultura
do cultivar o teor de óleo nas sementes situado no intervalo de 35 até 50 % [5]. Desta
maneira cada hetare de sementeira de Brassica napus pode produzir de 600 a 800 kg do óleo.
Brassica napus cresce bem nos diversos solos além dos arenosos, argilosos pesados,
ácidos e pantanosos. Possui por válidas particularidades biológicas, sendo como uma cultura
fitosanitária. As sementes de Brassica napus conservam o poder germinativo durante 5 a 6
anos.
Os cultivares examinados se diferenciam entre si pela biologia de crescimento e
desenvolvimento bem como tiveram os índices diferentes de rendimento e de teor de óleo nas
sementes.
DNEPROVSKY. Cultivar foi recebido por método de seleção individual de uma
população híbrida. Área de emprego: óleo se utiliza para produção de biodiesel; bagaço de
sementes oleaginosas de Brassica napus usada como fonte de alimentação concentrada na
agropecuária.
Cultivar de Dneprovsky se predomina para cultivo de grãos no território da Ucrânia. A
planta atinge a altura de 115 a 120 cm. O seu período vegetativo é de 104 a 106 dias. A massa
de 1000 sementes é igual 3,5 g. As sementes contêm 42,4 % de óleo. O rendimento de grãos é
2400 kg/ha. Cada hectare de sementeira de Dneprovsky fornece 1000 kg de óleo.
O cultivar tem bons índices agronômicos, possui uma resistência elevada à queda. Tem
uma resistência média a doenças. A norma de semeação determinada à razão de 5 a 6 kg
sementes por um hectare. A profundidade de semeação de grãos foi de 2 a 3 cm.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2047
HOTOMAN. Cultivar presta para cultivo na zona de estepe. A planta tem altura de 95
cm, a espessura é 10 mm com 5 a 6 raminhos da primeira ordem. O sistema de raiz tem
comprimento de 30 a 50 cm. A inflorescência é um cacho. O fruto é uma vagem com
cumprimento de 5 a 6 cm com forma reta de batente tendo de 25 a 27 sementes arrendodadas
de côr castanho-preto. A massa de 1000 sementes é igual 3,4 g. Seu período vegetativo é de
91 dias.
O cultivar tem bons índices agronômicos. Tem uma resistência média a doenças,
insetos-pragas. O rendimento de grãos é 2200 kg/ha. O teor de óleo nas sementes na faixa de
46,6 %. A produção de óleo é 800-900 kg por hectare. A norma de semeação determinada à
razão de 5 a 6 kg sementes por um hectare com uma distância ente filas de 15 cm (1,2 milhões
sementes por hectare).
TITAN. Cultivar presta para cultivo na zona de estepe. O seu período vegetativo é de
110 dias. A massa de 1000 sementes são de 3,1 g. O cultivar tem bons índices agronômicos,
possui uma resistência elevada à queda. Tem uma resistência média a doenças, insetos-pragas.
O rendimento de grãos é 2300 kg/ha. O teor de óleo nas sementes 46,2 %. A produção de óleo
é 800 a 1000 kg por hectare. A norma de semeação determinada à razão de 5 a 7 kg sementes
por um hectare com uma distância ente filas de 15 cm (1,2 milhões sementes por um hectare).
LUGOVSKOY. Cultivar presta para cultivo na zona de estepe. O seu período vegetativo
é de 105 a 110 dias. O cultivar é plástico ecológico, distingue-se pela floração e amaduração
regular, possue uma resistência elevada à queda. A massa de 1000 sementes é de 4,0 g. O teor
de óleo nas sementes 45,0 %. Determina-se por produtividade estatal. O rendimento de grãos
é 2800 kg/ha. A produção de óleo é 1000 a 1200 kg por hectare.
VIKROS. O cultivar carateriza-se por sua grande produtividade, presta-se para cultivo
na zona de estepe. A planta tem altura de 90 a 105 cm, a espessura de 12 mm. O sistema de
radicular atinge comprimento até 55 cm. A inflorescência é um cacho. O fruto é uma vagem
com comprimento de 5 a 7 cm tendo de 24 a 28 sementes arrendodadas. A massa de 1000
sementes é igual 3,7 g. Seu período vegetativo de 95 dias.
O cultivar tem bons índices agronômicos, possui uma resistência elevada à queda. Tem
uma resistência média à doenças, insetos-pragas. O rendimento de grãos é 2700 kg/ha. As
sementes contêm 44,5 % de óleo. A produção de óleo é 850 a 950 kg por hectare. A norma de
semeação determinada à razão de 5 a 7 kg sementes por um hectare.
PODMOSKOVNY. É o novo cultivar. Foi admitido à utilização a partir de 2006. O
rendimento médio das sementes durante 5 anos de prova ecológica compôs 3900 kg/ha. O seu
período vegetativo é de 115 a 120 dias. O cultivar é plástico ecológico, distingue-se pela
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2048
floração e amaduração regular, possue uma resistência elevada à queda. A massa de 1000
sementes é igual 5,0 g. O teor de óleo nas sementes 45,0 %. A produção de óleo até 1700 kg
por hectare. Preste para cultivo das sementes para produção de óleo bem como para forragem
verde.
Nas nossas experiências foi investigado o rendimento de diversos cultivares de Brassica
napus que são as fontes para produção de biodiesel. Pelo método Soksleta também foi
verificado o teor de óleo nas sementes de cultivares examinados. Os resultados de rendimento
o teor de óleo dessa cultura estão apresentados na Figura 1.
Como vimos de Figura 1 em geral o rendimento de todos os cultivares foi no intervalo
de 2200 a 3900 kg/ha. O valor máximo da produtividade de sementes atingido pelo cultivar
Podmoskovny com 3900 kg/ha, os outros cultivares de B. napus tiveram os índices em torno
de 2500 kg/ha.

4500 47

4000
Rendimento de sementes, kg/ha

46
3500

Óleo nas sementes, %


45
3000
kg/ha
2500 44 óleo, %

2000 43
1500
42
1000
41
500

0 40
1 2 3 4 5 6

Cultivares: 1 – Dneprovsky; 2 – Hotoman; 3 – Titan; 4 – Lugovskoy; 5 – Vikros; 6 –


Podmoskovny.
Figura 1 - Rendimento de sementes e teor de óleo de diversos cultivares de Brassica napus.

Os resultados obtidos da massa de 1000 sementes de diversos cultivares de Brassica


napus estão apresentados na Figura 2.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2049
6
gramas

0
1 2 3 4 5 6
Cultivares de Brassica napus

1 2 3 4 5 6
1000 sementes, g 3,5 3,4 3,1 4 3,7 5

Cultivares: 1 – Dneprovsky; 2 – Hotoman; 3 – Titan; 4 – Lugovskoy; 5 – Vikros; 6 –


Podmoskovny.
Figura 2 - Massa de 1000 sementes dos cultivares de Brassica napus (mg).

Os resultados obtidos mostram que a massa de 1000 sementes do cultivar Titan teve 3,1
g, enquanto do Podmoskovny foi elevado até 5,0 g.
Para extermínio de ervas daninhas em sementeira de Brassica napus utilizado um
herbicida Butisano-C. Este herbicida é preparado efetivo que atue principalmente através de
sistema de radicular e elimine as ervas daninhas antes e após de germinação delas. Se utilizar
o herbicida Butisano-C após de germinação de ervas daninhas, o composto ativo de herbicida
absorvido não só pelas raízes, mas também pelas folhas.
Em nossas experiências pesquisamos a influência de diversas doses de Butisano-C em
caso de pulverização dupla a sementeira de Brassica napus. A primeira pulverização efetivada
em fase de duas folhas cotilédones de Brassica napus. Neste período as ervas daninhas são
sobremaneira sensíveis ao herbicida Butisano-C. A segunda pulverização foi repetida nas
mesmas doses após 6 dias. Os resultados de elaboração dos dados obtidos de sementeira são
apresentados na Tabela 1. As doses de Butisano-C no cultivo de sementeira foi feito à razão
de um hectare.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2050
Tabela 1 - Ação de diversos doses de Butisano-C contra às ervas daninhas na sementeira de B.
napus
Nomes de ervas daninhas Efitividade de elaboração de sementeira por Butisano-C, %
0,5 l/ha 0,8 l/ha 1,2 l/ha
Alopecurus pratensis 94 97 97
Matricaria inodora 100 100 100
Chenopodium album 98 100 100
Capsella bursa-pastoris 99 99 100
Thlaspi arvense 82 83 89
Rumex acetosella 95 96 98
Stellaria media 98 99 99
Agropyron repens 92 97 100

Como vimos de Tabela 1 todas as três normas de gasto do Butisano-C foram muito
efetivas contra as ervas daninhas na sementeira de B. napus. Mesma a dose de 0,5 l/ha
permitiu receber uma efetividade de elaboração a 100 % para erva daninha como Matricaria
inodora e mais de 90 % para todos os outros espécies além de Thlaspi arvense.
A maior efetividade de Butisano-C foi observada em caso da sua utilização dupla em
dose de 1,2 l/ha. Portanto, para luta efetiva na sementeira de Brassica napus contra as ervas
daninhas pode usar a influência dupla de Butisano-C no início de vegetação com norma de
gasto do herbicida de 0,5 a 1,2 l/ha.

4 CONCLUSÃO
O maior produtividade tem o cultivar “Podmoskovny” de B. napus, o rendimento do
qual é composto 3900 kg/ha com massa de 1000 sementes a 5,0 g.
O cultivar “Podmoskovny” também, tem o maior teor de óleo nas sementes, o valor do
qual é composto 45,0 % do peso de sementes.
O cultivar “Podmoskovny” tem o maior o período vegetativo, isso é até 120 dias,
enquanto o cultivar “Hotoman” tem o menor período vegetativo de 91 dias.
Na sementeira de B. napus o herbicida Butisano-C tem a maior efetividade contra as
ervas daninhas caso de influência dupla no início de vegetação com norma de 1,2 l/ha.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2051
5 AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Lavras, MG, a Academia de Ciências Agrárias da Ucrânia,
ao Instituto Científico de Genética e Citologia da República de Belarus.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORETTO, Eliane; ALVES, Roseane F. Óleos e gorduras vegetais (processamento e
análises). Florianópolis: Ed. da UFSC, 1986.

KUCEK, K.T.; DOMINGOS, A.K.; WILHELM, H.M., RAMOS, L.P. Biodiesel produzido
através da reação de transesterificação etílica de óleos de soja refinado e degomado. Anais do
I Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Varginha MG,
15 a 17 de julho de 2004.

ГРИБ С. И., СВИРИДОВ М. Ф. Семеноводство полевых культур. Минск: Ураджай,


1994. 256 с.

ЖИЗНЬ РАСТЕНИЙ. /Под ред. А. Л. Тахтаджяна. Т. 5(2) – М.: Просвещение, 1981. C.


73.

ЗАБАВНЫЙ П.А., МАЛЬЧЕНКО В.М. Краткий справочник агронома. М.: Колос,


1972. 312 с.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2052
ADAPTAÇÃO DO ALGORITMO GENÉTICO PARA A COLETA DE ÓLEO
USADO VISANDO À REDUÇÃO DO PROBLEMA DE ROTEAMENTO DE
ESTABELECIMENTOS COM JANELA DE TEMPO

Ronaldo Aparecido da Silva, UFLA, rtoth@comp.ufla.br


Jaime Daniel Corrêa Mendes, UFLA, lordshark@comp.ufla.br
David Cardoso Dourado, UFLA, davidssp@yahoo.com.br
Alexandre Aureliano Quintiliano, UFLA, aleradar@yahoo.com.br
Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br

RESUMO: Atualmente a produção de biodiesel é uma necessidade econômica e ambiental e a


utilização de óleos usados como matéria-prima é uma alternativa viável visto que não há um destino
correto para esse material e também interesse na utilização em outros segmentos econômicos. As
fontes geradoras de óleos usados são várias: lanchonetes, bares, restaurantes, supermercados e
outros. Assim, visto que, cada tipo de estabelecimento tem procedimentos de trabalho diferenciados
tal como, horário de funcionamento (abertura e fechamento), presença de público no seu interior,
limpeza, organização de produtos, local e horário de coleta, volume produzido diariamente, tipo do
produto produzido entre outros. O presente trabalho tem como objetivo estabelecer uma logística de
coleta que atenda os requisitos de percurso mínimo visando redução de custo de coleta e as
peculiaridades de cada estabelecimento. O software será elaborado atendendo as necessidades de
janela tempo, adaptando o algoritmo genético, incluindo a heurística PFIH, para o tratamento do
problema de roteamento de estabelecimentos.

Palavras-Chave: Biodiesel, óleo usado, software, algoritmo genético.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2053
AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS DO 4º CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL

Antônio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br


Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
Júlio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
Joadylson Barra Ferreira, P.M VARGINHA, joadylsonbarra@yahoo.com.br
Hugo Prado de Castro, P.M VARGINHA, sagrivga@ig.com.br
Élberis Pereira Botrel , DAG/UFLA, elberis@ufla.br
Afonso Lopes, FCAV-UNESP, afonso@fcav.unesp.br
Napoleão Esberard de Macedo Beltrão, CNPA-EMBRAPA, napoleao@cnpa.embrapa.br
Expedito José de Sá Parente, UFC-TECBIO, tecbio@tecbio.com.br
Alfredo Conde Filho, AMBRA, alfredofcf@ecolfix.com.br

RESUMO: O Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel,


tradicionalmente promovido pela Universidade Federal de Lavras – UFLA e Prefeitura
Municipal de Varginha, em sua quarta edição, já se constituem numa referência nacional para
as áreas de produção de plantas oleaginosas, óleos vegetais, gorduras e biodiesel. Estão
relacionados duzentos e setenta e três trabalhos científicos e comunicados técnicos do Brasil e
do exterior, envolvendo as principais Instituições e Pesquisadores do País.

Palavras-chave: Biodiesel, plantas oleaginosas, óleos, gorduras.

4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

2054
CARACTERIZAÇÃO DE BIODIESEL PROVENIENTE DE DIFERENTES
MATÉRIAS-PRIMAS

Edgardo Aquiles Prado, UPF, edgardo@upf.br


Alana Neto Zoch, UPF, alana@upf.br
Renato André Zan, UPF, rzan@upf.br
Andrea Morás, UPF, deia_moras@yahoo.com.br
Shana Aline Perin Sitta, UPF, shanaline@gmail.com
Thaís Luciana Betto, UPF, thaisbetto@gmail.com
Vânia Denise Schwade, UPF, vaniaschwade@gmail.com

RESUMO: Com a crescente valorização da utilização de biodiesel por ser um recurso


renovável a identificação de espécies produtoras de óleo foi intensificada. Plantas de boa
adaptação e fácil cultivo nas regiões de interesse nessa produção estão sendo estudadas, no
caso do RS, a noz pecan, cinamomo, linhaça, bucha vegetal, pinhão, entre outros.Com o
objetivo de caracterizar e comparar a composição em ésteres metílicos de ácidos graxos de
Noz pecan (Carya illinoiensis), Cinamomo (Melia azedarach), Soja (Glycine max) e sebo
bovino (Bos taurus) foram analisados por cromatografia gasosa (CG-DIC). O biodiesel foi
obtido através de rota metílica com catalisador básico e também caracterizado. A cristalização
do biodiesel foi feita utilizando resfriamento com nitrogênio líquido em um Calorímetro
Diferencial de Varredura (DSC). Foi analisada a relação entre a composição dos biodiesel e
suas temperaturas iniciais e perfil de temperaturas de cristalização.

Palavras-Chave: Cristalização, perfil cromotográfico, biodiesel.

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2055
1 INTRODUÇÃO
O biodiesel pode ser definido como um mono-alquil éster de ácidos graxos, derivado de
fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais, obtido através de um processo de
transesterificação no qual ocorre a transformação de triglicerídeos em moléculas menores de
ésteres de ácidos graxos (Ferrari et. al, 2005) .Um dos maiores obstáculos técnicos à sua
utilização, particularmente em regiões de clima frio, é o seu desempenho a baixas
temperaturas. O ponto de névoa e o ponto de solidificação estão associados à cristalização do
óleo, o que influencia negativamente o sistema de alimentação do motor, bem como o filtro de
combustível, sobretudo quando o motor é acionado sob condições de baixas temperaturas.
Para estudar a dinâmica da cristalização, a análise por Calorimetria Diferencial de
Varredura (Differential Scanning Calorimeter, DSC) é particularmente útil. Trata-se de um
ensaio rápido, não-destrutivo – quando realizado a baixas temperaturas – que usa poucos
miligramas de amostra. Durante o resfriamento de um óleo, o DSC mede o calor liberado pela
cristalização – exotérmica – ou, inversamente, o calor absorvido durante a fusão –
endotérmica – de agregados cristalinos (Jiang et. al, 2001). Assim, pode-se prever o
comportamento do óleo em relação à temperatura. A composição do biodiesel, obtida por
Cromatografia Gasosa com Detector de Ionização de Chama (CG-DIC), permite identificar as
estruturas químicas presentes em uma amostra de biodiesel e relacioná-las à dinâmica de
cristalização da amostra. Esta não é uma relação direta, visto que ocorre cristalização
simultânea de vários ésteres metílicos de ácidos graxos, e o comportamento da mistura
dependerá de sua composição e até mesmo do regime de resfriamento.
Este trabalho tem como objetivo caracterizar termoanaliticamente biodiesel proveniente
de diversas fontes oleaginosas, sintetizados nos laboratórios de Química da UPF.

2 MATERIAL E MÉTODOS
O biodiesel foi preparado a partir das seguintes matérias-primas: sebo bovino, óleo de
noz pecan, óleo de cinamomo e óleo de soja. Cada biodiesel foi obtido a partir da reação do
óleo respectivo com uma mistura de catalisador (NaOH) e metanol, em balão de vidro sob
agitação mecânica e banho termostatizado, na temperatura de 50ºC, sendo que toda a mistura
foi agitada até o início da transesterificação, observada pela mudança de cor do meio. Após a
transesterificação, o glicerol foi decantado ficando na parte inferior. O biodiesel foi lavado
(em água destilada acidificada) até pH neutro e seco por aquecimento, a 75ºC, por 2 horas.

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2056
Para verificação das temperaturas de cristalização dos óleos, as amostras de biodiesel
obtido foram analisadas por Calorimetria Diferencial de Varredura no equipamento DSC-60
Shimadzu, em temperaturas sub-ambiente, utilizando o banho de nitrogênio líquido embutido,
que possibilita medições em baixa temperatura. Foram analisados aproximadamente 10 mg de
cada amostra. Antes de cada corrida de resfriamento, as amostras foram mantidas a 50ºC por
10 minutos, como forma de homogeneizar suas histórias térmicas. O resfriamento, a 10
ºC/min, foi desde 50ºC até -100ºC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo a literatura, a forma de aquecimento ou resfriamento altera o intervalo de
temperatura onde ocorre a cristalização (González Gómez, 2002). Este intervalo de
temperatura varia conforme a oleaginosa.
O biodiesel de sebo possui alta temperatura de início de cristalização, aproximadamente
15ºC (Figura 1). Esta temperatura é bem elevada em comparação com o biodiesel de soja, que
foi de aproximadamente -2ºC (Figura 2). Já o biodiesel de cinamomo inicia a cristalização a
aproximadamente -5ºC (Figura 3), e o biodiesel de noz possui temperatura inicial de
cristalização de aproximadamente -15ºC (Figura 4).

Biodiesel Sebo

10
Calor (mW)

Início da
T cristalização
5

-20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20


o
Temperatura ( C)

Figura 1 - Curva de cristalização para o biodiesel de sebo.

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2057
Biodiesel Soja

Início da
Calor (mW)
T cristalização

-30 -25 -20 -15 -10 -5 0


o
Temperatura ( C)

Figura 2 - Curva de cristalização para o biodiesel de soja.

Biodiesel de Cinamomo

4
Calor (mW)

Início da
T cristalização

-25 -20 -15 -10 -5

Temperatura (ºC)

Figura 3 - Curva de cristalização para o biodiesel de cinamomo.

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Biodiesel de Noz
4

Início da

Calor (mW)
T cristalização

-30 -25 -20 -15

Temperatura (ºC)

Figura 4 - Curva de cristalização para o biodiesel de noz.

4 CONCLUSÃO
A composição do biodiesel de cada matéria prima apresenta grande variação de
estruturas e quantidades relativas de éteres metílicos. Os principais fatores que influenciam
sobre a temperatura de cristalização de cada biodiesel são o tamanho das suas moléculas e
também a presença de ligações duplas nas cadeias carbônicas. O biodiesel de sebo tem como
composição principal os ésteres metílicos dos ácidos palmítico (C16:0) 30%, esteárico
(C18:0) 25% e oleico (C18:1) 45%. O biodiesel de óleo de soja é composto, principalmente,
por ésteres metílicos dos ácidos palmítico (16:0) 10%, oleico (C18:1) 22%, linoleico (C18:2)
54% e ácido linolênico (C18:3) 8%. O biodiesel de cinamomo apresentou palmítico (16:0)
7%, esteárico (C18:0) 5%, oléico (C18:1) 15% e linolêico (C18:2) 68,26%. O biodiesel de
noz têm como composição principal palmítico(C16:0) 6%, oléico(C18:1) 64% e linoléico
(C18:2) 26%.
A grande diferença nas temperaturas de início e na faixa de temperaturas de
cristalização permite perceber que a dinâmica de cristalização não é um comportamento que
dependa somente de qual dos componentes teria individualmente maiores temperaturas de
cristalização ou qual está presente em maior quantidade mas é um comportamento que
depende do conjunto, embora se observe a tendência a maiores temperaturas de cristalização
para composiçoes em que predominem moléculas maiores e mais saturadas.
A técnica de análise de cristalização por DSC permite, assim, o reconhecimento rápido
da temperatura de início de cristalização e uma noção da composição qualitativa em ésteres de
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2059
ácidos graxos de um biodiesel. Estas informações são úteis para prever e analisar o
comportamento de misturas de biodieseis de diferentes fontes a fim de obter as características
desejadas no biodiesel final.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JIANG, Z., HUTCHINSON, J.M., IMRIE, C.T., Measurement of the wax apearance
temperatures of crude oils by temperature modulated differential scanning calorimetry,
Fuel, Volume 80, p. 367-371, 2001.

FERRARI, R.A., OLIVEIRA, V.S., SCABIO, A. Estabilidade oxidativa de biodiesel de


ésteres etílicos de ácidos graxos de soja. Sci. Agric., Piracicaba, Volume 62, p. 291-295,
2005.

GONZÁLEZ GÓMEZ, M. E., HOWARD-HILDIGE, R., LEAHY, J. J., RICE, B.,


Winterisation of waste cooking oil methyl ester to improve cold temperature fuel
properties, Fuel, Volume 81, p. 33-39, 2002.

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