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Editores:
REVISTA DE RESUMOS
i
Ficha Catalográfica preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da Universidade Federal de Lavras
CDD-633.85
ii
APRESENTAÇÃO
Cordialmente,
iii
A Comissão Organizadora do 4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos,
Gorduras e Biodiesel, responsável pela realização deste quarto evento, se isenta de toda e
qualquer responsabilidade sobre opiniões, pareceres, indicações e conclusões contidas nos
272 artigos aqui apresentados, sendo esta responsabilidade inerente e exclusivamente aos
autores de cada um dos artigos apresentados.
iv
COORDENAÇÃO GERAL
Professor Doutor Pedro Castro Neto (DEG / UFLA)
Engenheiro Agrônomo Joadylson Barra Ferreira (P. M. de Varginha)
COORDENADORES DE ÁREA
Professor Doutor Antônio Carlos Fraga (DAG / UFLA)
Engenheiro Agrônomo Hugo de Prado Castro (P. M. de Varginha)
COORDENADORES TÉCNICOS-CIENTÍFICOS
Professor Doutor Antônio Carlos Fraga (DAG / UFLA)
Professor Doutor Pedro Castro Neto (DEG / UFLA)
Doutor Élberis Pereira Botrel (DAG / UFLA)
Professor Doutor Anfonso Lopes (FCAV / UNESP)
Doutor Napoleão Esberard de Macedo Beltrão (CNPA / EMBRAPA)
Professor Doutor Expedito José de Sá Parente (UFC / TECBIO)
v
COMISSÃO ORGANIZADORA
G-ÓLEO
vi
COMISSÃO EXECUTORA
G-ÓLEO
ALEX DIAS DEBS
DANIELA GARCIA FERNANDES
EDUARDO AUGUSTO AGNELLOS BARBOSA
ESTER ALVARENGA SANTOS BUIATE
FÁBIO ENRIQUE MARCONATO
FELIPE OLIVEIRA E SILVA
JANICE ALVARENGA SANTOS FRAGA
JOÃO PAULO DE ARAÚJO
JOÃO VIEIRA MONTEIRO
MAYRA PERON CASTRO
PAULO ALMEIDA SCHMIDT
RAFAEL ARGENTON GIANELLO
RAFAEL PERON CASTRO
SANDRA REGINA PERON CASTRO
vii
ARTIGOS:
viii
AVALIAÇÃO DOS TEORES DE N, P E K DE UM ADUBO ORGÂNICO
OBTIDO POR DIFERENTES COMBINAÇÕES DE TORTA E CASCA DE 123
MAMONA
ix
RENDIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM
EM DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS EM CAMPOS DOS 197
GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE
x
POTENCIALIDADE DO SUDOESTE DE MINAS GERAIS PARA PRODUÇÃO
302
DE OLEAGINOSAS NA SAFRINHA EM SUCESSÃO A CULTURA DO MILHO
xi
POTENCIAL DO CULTIVO DE TUNGUE (Aleurites) NO SUL DE MINAS 419
xii
BIODIESEL X VELOCIDADE: DESEMPENHO DE UM TRATOR AGRÍCOLA 524
xiii
DESENVOLVIMENTO DE UMA TÉCNICA DE RMN DE BAIXA POTÊNCIA
599
PARA ANÁLISE DA QUALIDADE DE ÓLEO EM SEMENTES INTACTAS
xiv
ESTUDO DA REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO CATALISADA POR
689
ETÓXIDO DE SÓDIO
xv
ESTOQUE DE CARBONO DO COMPONETE AÉREO DA CULTURA DO
772
PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)
xvi
CAPACIDADE GERMINATIVA DE CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus
860
communis L.) EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA
xvii
VIABILIDADE DO USO DE ÓLEOS DE GORDURAS RESIDUÁRIAS NO
957
MUNICÍPIO DE PASSOS - MG NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
xviii
POTENCIAIS ENERGÉTICOS DAS TORTAS DE AMENDOIM E GIRASSOL
1063
PARA A ALIMENTAÇÃO HUMANA
xix
CALOGÊNESE EM PINHÃO-MANSO A PARTIR DE DIFERENTES DOSES DE
1161
BAP E ANA
xx
PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.) EM DIFERENTES
1256
ARRANJOS POPULACIONAIS
xxi
A CORRETA DESTINAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA PÓS-USO E A
1365
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DAS EMPRESAS FABRICANTES
xxii
TEOR E QUALIDADE QUÍMICA DO ÓLEO DE SEMENTES DE GERGELIM
1481
ACONDICIONADOS EM DIFERENTES EMBALAGENS E PERÍODOS
xxiii
PROGRAMA DE COLETA DE ÓLEOS RESIDUAIS NA CIDADE DE ITAÚNA
1580
PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM ESCALA PILOTO
xxiv
AVALIAÇÃO DE MATERIA SECA DA PARTE AÉREA DO GIRASSOL
(Helianthus annuus L.), EM DIFERENTES DOSES DE BORO E ZINCO, 1690
CULTIVADO EM CASA DE VEGETAÇÃO
xxv
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA CULTIVAR BRANQUINHA
1793
COM DIFERENTES METODOLOGIAS EM SECADOR MECÂNICO
xxvi
EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NO CRESCIMENTO DE MUDAS DE
1901
PINHÃO MANSO
xxvii
IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA REDE DE CONHECIMENTOS PARA O
2006
SETOR DE AGROENERGIA EM GUINÉ-BISSAU
xxviii
OBTENÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE OLEAGINOSAS DO NORTE E
NORDESTE BRASILEIRO
RESUMO: A grande diversidade de palmeiras, nas várias regiões brasileiras, inclusive norte
e nordeste, e a qualidade de seus óleos são fatores estimuladores de pesquisas e exploração
destas oleaginosas, principalmente na produção de biodiesel. Normalmente utiliza-se o
metanol como agente transesterificante e o NaOH como catalisador para produção de
biodiesel. Entretanto o metanol é derivado do petróleo e o Brasil é um grande produtor de
etanol. Diante destes fatos, neste trabalho estudou-se a obtenção e caracterização através das
técnicas de cromatografia gasosa, CCD, infravermelho e análises físico-químicas do biodiesel
dos óleos de tucum (OT), babaçu (OB) e de macaúba (OM) usando-se como agente
transesterificante o álcool etílico. Os resultados são bastante promissores no que diz respeito
ao uso destas oleaginosas e do álcool etílico para produção de biodiesel.
1
1 INTRODUÇÃO
Ésteres de ácidos graxos são bastante usados na síntese de lubrificantes, surfactantes,
polímeros e nos dias de hoje na obtenção de bioidiesel(1). Biodiesel é um combustível não
tóxico, renovável e biodegradável derivado de óleos vegetais ou gorduras animais e que é
sucedâneo ao diesel mineral(1) Os óleos vegetais ou gorduras animais são convertidas em
alquil ésteres através da reação de transesterificação com um álcool na presença de um
catalisador. Geralmente usa-se o metanol nas transesterificações por ser mais barato e pode
ser obtido facilmente através do gás de síntese, que é um derivado do petróleo(2). Este fato não
concorda com os objetivos de substituição de um combustível derivado do petróleo (diesel)
por um, outro derivado da biomassa (biodiesel). A utilização de outros álcoois vem sendo
vislumbrada e pesquisada, como por exemplo, o butanol(3). Um álcool que se destaca, e que
inclusive já é utilizado como combustível no Brasil é o etanol. Ele é utilizado puro ou em
misturas com a gasolina em motores do ciclo Oto. O etanol é o segundo menor monoálcool e
pode ser obtido de diversas fontes vegetais, inclusive da cana-de-açúcar, além disso, o Brasil é
um grande produtor deste álcool. Existem trabalhos desenvolvidos e uma gama de outros em
andamento nos quais se utiliza o etanol em lugar do metanol para a produção de biodiesel. No
Quadro 1 está apresentada uma comparação entre o metanol e o etanol.
2
Pelo fato do Brasil possuir uma biodiversidade enorme, algumas organizações mundiais
o apontam como um grande potencial energético num futuro onde o petróleo não seja a base
deste potencial. Esta afirmação é fundamentada, basicamente, na diversidade climática e
vegetal brasileira, pois isto possibilita ao Brasil desenvolver, em todo o território, regiões de
cultivo e exploração de vários vegetais para produção de biodiesel.
Em algumas regiões existem plantações com um alto potencial produtivo (soja no
cerrado), em outras as condições climáticas propiciam cultivos específicos e quase exclusivos
(mamona no sertão). Há ainda regiões em que apenas o extrativismo já seria suficiente para
alavancar uma produção em escala industrial (babaçu no Maranhão e Piauí). As plantas
nativas são, portanto, o carro chefe do desenvolvimento regional. Desta forma, é indiscutível a
necessidade de se estudar as plantas nativas dessas áreas para que se possa avaliar seus
potenciais produtivos e sua disponibilidade para extrativismo ou suas respectivas condições
de cultivo.
Diante destes fatos, neste trabalho estudou-se a obtenção do biodiesel dos óleos de
tucum (OT), babaçu (OB) e de macaúba (OM), plantas da região nordeste do Brasil, usando-
se como agente transesterificante o álcool etílico e o NaOH como catalisador e suas
caracterizações através de técnicas de cromatografia gasosa, CCD, infravermelho e análises
físico-químicas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado na UFPI. Os reagentes utilizados neste trabalho foram
todos de grau analítico. O óleo de babaçu industrializado foi obtido no comércio local de
Teresina. As amêndoas de tucum e macaúba foram obtidas, respectivamente, nas
comunidades do município de Altos e Rio Grande do Piauí, no estado do Piauí. Os óleos
dessas amêndoas foram extraídos de maneira artesanal, de acordo com método descrito na
literatura(5), ou seja, submetendo a amêndoa triturada a um cozimento intenso e separando o
óleo sobrenadante. Em seguida foram utilizados sem nenhum refino.
Foram utilizados 100 gramas do óleo (OB, OT e OM), 20 gramas de metanol ou 40
gramas de etanol, a depender da rota preferida. Utilizou-se uma massa entre 0,5 e 1,0 grama
de hidróxido de sódio como catalisador.
A mistura foi colocada em um béquer de 500 mL e mantida sob agitação magnética por
30 minutos à temperatura de 30 ºC.
3
Em seguida a mistura foi transferida para um funil de separação de 500 mL, onde foi
decantada a fase inferior (1) composta por glicerina, excesso de álcool e catalisador, e a fase
superior (2) composta pelos ésteres (biodiesel).
A fase 2 foi lavada várias vezes com porções de 20 mL de água cada, filtrada em sulfato
de sódio e aquecida a 100 ºC para secagem da água.
As análises físico-químicas foram realizadas segundo Normas ABNT e ASTM
conforme descrito na Resolução 042 da Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás
Natrual (ANP)(6). As Análises de índice de iodo, acidez, alcalinidade livre e combinada e
glicerina livre e total foram realizadas de acordo com os métodos AOCS Cd 1c-857, Instituto
Adolfo Lutz 1985(8), AOCS Ca 14-56(7), respectivamente. As análises de viscosidade,
densidade, teor de enxofre, e ponto de fulgor, foram medidas nos seguintes equipamentos,
tubo viscosimétrico cinemático Cannon Fenske em banho térmico Koehler KV3000,
densímetro automático Anton Paar DMA 4500, aparelho de raios-x Horiba SLFA 1800 H,
Pensky Martens HFP 380 vaso fechado, respectivamente. Os cromatogramas foram obtidos
por um cromatógrafo Varian CP-3380, Coluna: BP20 12 m x 0,25 mm (SGE), como fase
estacionária carbowax 20 M (polietilenoglicol), detector de ionização de chamas – FID,
temperaturas: Coluna = inicial de 200 ºC, aumentando a temperatura à taxa de 10 ºC por
minuto até 240 ºC; Injetor: 250 ºC Split: 1/100 e Detector: 260 ºC. Os espectros de
infravermelho foram registrados um espectrômetro, Perkin Elmer Spectrum GX FT-IR
System, na região de 4000-400 cm(1), em janela de CsI.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados dos rendimentos das sínteses dos biodieseis de babaçu (BOB), tucum
(BOT) e macaúba (BOM) que, encontram-se listados na tabela 1 diz respeito a rendimentos
em massa de biodiesel obtida.
4
Foram obtidos cromatogramas (CCD), Figura 1, dos óleos e dos biodieseis, e verificou-
se que os Rf dos biodieseis possuem um Rf (médio) da ordem de 0,4 e os óleos possuem Rf
(médio) da ordem de 0,3. Nos cromatogramas dos biodieseis obtidos com metanol observou-
se a presença de uma mancha residual de óleo in natura.
5
Tabela 2 – Parâmetros Físico-Químicos dos BOB, BOT e BOM
NORMA
BOB BOT BOM
ANALISE 042 ANP
ME ET ME ET ME ET
Índice de iodo
36,4 10,9 16,5 Anotar
(g/100g)
Alcalinidade Livre
ND ND ND ND ND ND NE
(Meq/1g)
Alcalinidade
0,004 0,006 0,008 0,004 0,006 0,055 NE
combinada (Meq/1g)
Acidez do biodiesel
0,22 0,45 0,23 0,24 0,19 0,29 0,8
(mg.KOH/1g)
Glicerina Livre (%
0,01 0,02 ND ND 0,09 0,13 0,02
massa)
Glicierina Total
1,77 0,00 1,91 0,69 0,47 0,21 0,38
(%massa)
Densidade a 20 ºC
0,88 0,87 0,87 0,87 0,88 0,87 0,88
(g/cm3)
Viscosidade 40 ºC
4,0 3,8 3,7 3,5 4,5 3,5 Max. 6,0
(cSt)
Ponto de Fulgor (
112 122 124 126 110 119 Min 100
ºC)
Teor de Enxofre (%
ND ND ND ND ND ND Anotar
massa)
*ND – Não Detectado, NC – Não Exigido pela Resolução 042
6
Tabela 3 - Composição em ácidos graxos dos óleos de babaçu, tucum, macaúba determinadas
por CG.
BABAÇU8 TUCUM9 MACAÚBA10
ÁCIDO GRAXO
(%) (%) (%)
EL DE EL DE EL DE
Ácido caprílico (C8:0) 5,5 3,92 1,9 1,94 0,5 6,16
Ácido cáprico (C10:0) 6,1 4,26 1,7 2,12 4,42 4,99
Ácido láurico (C12:0) 34,0 38,92 50,6 52,51 3,09 49,86
Ácido mirístico (C14:0) 19,2 14,50 23,7 25,04 42,27 12,81
Ácido palmítico (C16:0) 10,6 9,52 5,3 7,46 12,37 8,96
Ácido esteárico (C18:0) 4,3 0,85 2,5 0,45 9,06 0,54
Ácido oléico (C18:1) 17,1 14,92 9,3 8,39 3,53 14,24
Ácido linoléico (C18:2) 3,1 12,15 3,6 2,11 22,11 2,44
Ácido linolênico (C18:3) ND 0,95 0,1 ND 2,68 ND
Ácido araquídico (C20:0) ND ND 0,1 ND ND ND
ND = não determinado
4 CONCLUSÕES
Os óleos estudados neste trabalho possuem composição basicamente láurica. Neste caso
as reações de tranesterificação com o etanol foram bastante facilitadas o que resultou em
eficiência na obtenção dos biodieseis. Os resultados encontrados para os biodieseis etílicos
são mais satisfatórios que os reusultados encontrados para os biodieseis metílicos. Sendo
assim o uso destes óleos para a obtenção de biodiesel via etílica é bastante promissor.
5 AGRADECIMENTOS
7
Ao CNPq e FAPEPI pelas bolsas concedidas, LAPETRO-UFPI e Usina Biodiesel Gov
Alberto Silva pelo uso de seus laboratórios para realização do trabalho e análises das
amostras.
6 REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFIA
MA, F, HANNA, M.A., Bioresour.Technol., 70 (1999), 1.
GRABOSKI, M.S., McCORMICK, Prog. Energy Combust. Sci, 24, (1998), 125.
FACIOLI, N. L.; GONÇALVES, L. A. G.; Quím. Nova, 21, 1, (1998), 16. Resolução 042 –
ANP de 24 de novembro de 2004.
OLIVEIRA, A. L. A.; GIOIELLI, L. A.; OLIVEIRA, M. N., Ciên. Tecnol. Aliment., 19, 2
(1999).
8
TEOR E COMPOSIÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DO CAPIM CITRONELA
(Cymbopogon nardus L.) EM CINCO ÉPOCAS DE COLHEITA
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na Universidade Federal do Tocantins, campus de Gurupi,
localizado a 11º 43’ S e 49° 04’ W, com altitude de 300m. A exsicata com amostra do
material vegetal foi depositada no herbário da Universidade Federal de Viçosa com o número
VIC 30283.
O preparo das mudas foi realizado por divisão de touceiras e o transplante feito no dia
15 de setembro de 2004. No plantio foi utilizado o espaçamento de 1m entre fileiras e 0.5m
entre covas. Foi utilizada adubação orgânica de 3 Kg de esterco por cova, plantando-se três
perfilhos por cova.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se na segunda época de colheita o maior valor de teor de óleo essencial, 1,10
% (Tabela 1), estatisticamente semelhante ao valor obtido na quinta época de colheita, 1,07
%. Na terceira época de colheita foi obtido o menor valor em teor de óleo essencial, 0,65 %.
A composição qualitativa e quantitativa das plantas medicinais pode mudar
acentuadamente durante as fases de crescimento. Para a melhoria da qualidade das plantas
medicinais, é importante que a planta seja colhida na época apropriada e no estágio certo de
seu desenvolvimento (BALBAA, 1983).
Leal et al. (2001) avaliaram o teor de óleo essencial de Cymbopogon citratus em três
diferentes épocas do ano, verificando diferenças significativas do teor do óleo entre as épocas.
Ocorreu variação no número de compostos do óleo essencial do C. nardus presentes
nas cinco épocas de colheita. Foi obtido na quinta época de colheita o maior número de
compostos, e na segunda época de colheita o menor número de compostos (Tabela 2).
Tabela 2 - Concentração relativa (área %), obtida por cromatografia gasosa, dos constituintes
do óleo essencial da parte aérea de Cymbopogon nardus, em cinco épocas de colheita.
Èpocas de Colheita
Compostos Época 1 Época 2 Época 3 Época 4 Época 5 IK
C1 0,53 - 2,33 - - 1027
C2 0,81 1,15 1,46 0,81 0,76 1098
C3 0,34 0,56 0,61 0,30 0,30 1142
C4 4,03 3,27 3,99 1,80 2,38 1153
C5 10,34 17,77 17,70 18,75 19,27 1233
C6 - 0,25 0,20 0,16 0,13 1240
C7 31,63 38,40 38,30 37,70 38,18 1262
C8 5,73 4,02 4,71 - 1,70 1354
C9 9,80 4,31 4,47 1,86 1,15 1383
C10 1,09 0,83 0,67 1,08 1,23 1389
C11 0,43 0,25 0,16 0,44 0,44 1476
C12 0,10 - - 0,10 0,09 1496
C13 0,42 0,30 0,23 0,46 0,54 1499
C14 - - 0,17 0,24 0,22 1509
C15 0,58 0,38 0,29 0,39 0,37 1520
C16 11,33 8,75 8,76 10,17 10,53 1549
C17 2,39 1,55 1,44 3,83 3,63 1572
C18 - - - 0,27 - 1578
C19 1,92 1,20 0,96 1,94 1,67 1638
C20 2,04 1,57 1,42 1,67 1,60 1645
C21 1,38 - - - - 1650
C22 1,93 2,58 2,39 2,78 2,58 1653
C23 - - 0,17 - - 1711
NC 42 38 43 40 52
C1 = limoneno; C2 = linalol; C3 = isopulegol; C4 = citronelal; C5 = citronelol; C6 = neral; C7 = geraniol C8
= acetato de citronelol; C9 = acetato de geraniol; C10 = beta-elemeno; C11 = germacreno D; C12 = alfa-
muroleno; C13 = germacreno A; C14 = gama-cadineno; C15 = delta-cadineno; C16 = elemol; C17 = germacreno
OH
OH
O
OH O
OH
O Ac
O Ac
H H
Germacreno A
Gama-cadineno Delta-cadineno
O H
H
OH OH
OH H
OH OH
H H H
OH H
OH
Alfa-cadinol Farnesol
Teor (%)
40
20
0
56 84 112 140 168
Dias após plantio
40
30
Teor (%)
20
10
0
56 84 112 140 168
Dias após plantio
Resultados semelhantes foram encontrados por Martins (2006) que estudou a ação
acaricida do óleo essencial de Cymbopogon winterianus, encontrando como constituintes
majoritários o citronelal, o geraniol e o citronelol. Os resultados indicaram que o citronelal e o
geraniol tiveram uma ação acaricida significativamente mais forte que o citronelol.
Mahalwal & Ali (2002) identificaram os constituintes do óleo essencial do C. nardus
por CG/EM, encontrando 16 compostos monoterpênicos (79,8%) e 9 compostos
sesquiterpênicos (11,5%). Os compostos monoterpênicos majoritários foram o citronelal
(29,7%) e o geraniol (24,2%) e os compostos sesquiterpênicos majoritários foram o (E)-
nerolidol (4,8%) e o β-cariofileno (2,2%).
Em outro trabalho realizado por Martins et al. (2004), que analisaram o óleo essencial
de Cymbopogon citratus extraído das folhas secas e analisado em cromatógrafo gasoso,
identificaram o geraniol como um dos componentes majoritários do óleo essencial.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
16
Os compostos monoterpênicos limoneno, citronelal, geraniol e neral, atuam na defesa
química da planta contra a ação de predadores. Os vapores do citronelal, utilizados por
formigas, podem causar irritação suficiente em um predador para fazê-lo desistir de um
ataque. O geraniol também possui atividade anti-séptica, inibindo o crescimento de fungos e
bactérias (Simões et al., 2004; Mann, 1995).
O óleo essencial de Cymbopogon citratus é caracterizado por apresentar citral como
componente majoritário na forma de seus dois isômeros: geranial e neral (Martins et al, 2004).
Kasali et al. (2001), estudando a composição do óleo essencial de Cymbopogon citratus por
meio da técnica de CG/EM, encontraram três constituintes majoritários o geranial, neral e o
mirceno. O geranial e o neral possuem atividade antibacteriana comprovada (Martins et al.,
2004).
4 CONCLUSÕES
Ocorreu variação na composição qualitativa e quantitativa do óleo essencial do C.
nardus durante as épocas de colheita. Verificou-se na segunda época de colheita o maior valor
de teor de óleo essencial, 1,10 %, estatisticamente semelhante ao valor obtido na quinta época
de colheita, 1,07 %. Vinte e três compostos químicos foram identificados dividos em
monoterpenos e sesquiterpenos. Foram identificados três compostos majoritários: o citronelol
(monoterpeno), o geraniol (monoterpeno) e o elemol (sesquiterpeno). Em todas as épocas de
colheita o geraniol foi o composto predominante que obteve a maior concentração relativa.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, R.P. Identification of essencial oil components by gas chromatography/ mass
spectroscopy. Ilinois: Allured Publishing Corporation, 1995. 469p.
ERICKSON, R.E. The industrial importance of monoterpenes and essential oils. Lloydia,
v.39, n.1, p.8-19, 1976.
KASALI, A.A., OYEDEJI, A.O., ASHILOKUN, A.O. Volatile leaf oil constituents of
Cymbopogon citratus (DC) Stapf. Flavor and Fragrance Journal, v.16, n.5, p.377-378,
2001.
LEAL, T.C.A.B.; FREITAS, S.P.; SILVA, J.F.; CARVALHO, A.J.C. Avaliação do efeito da
variação estacional e horário de colheita sobre o teor foliar de óleo essencial de capim-cidreira
(Cymbopogon citratus D.C.). Revista Ceres, Viçosa, v. 48, n.278, p. 445-453, 2001.
MARTINS, R.M. Estudio "in vitro" de la acción acaricida del aceite esencial de la gramínea
citronela de java (Cymbopogon winterianus Jowitt) no carrapato Boophilus microplus.
Revista Brasileira de Plantas Medicinais- Brasilian Journal of Medicinal Plants, v. 8,
n.2, p.71-78, 2006.
RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa: UFV, 2001, 301p.
SIMÕES, C.M.O., SCHENKEL, E.P., GOSMANN, G., MELLO, J.C.P., MENTZ, L.A.,
PETROVICK, P.R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Porto Alegre:
UFRGS, 2004, 1102p.
WONG, K.K.Y., SIGNAL, F.A., CAMPION, S.H., MOTION, R.L. Citronela as an insect
repellent in food packaging. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.53, p.4633-
4636, 2005.
20
1 INTRODUÇÃO
A viabilização do uso do biodiesel no Brasil vem sendo estudada pelo governo
brasileiro, que busca um volume necessário de combustível de 900 milhões de litros de B2
para o ano de 2008. O biodiesel é um produto constituído de misturas de ésteres metílicos ou
etílicos de ácidos graxos, obtidos de uma reação de transesterificação de óleos vegetais como
o extraído da soja (Miragaya, 2005).
O biodiesel de óleos vegetais tem em média 11% de oxigênio na molécula, sendo menos
poluente, embora isso cause um menor poder calorífico (poder de combustão menor), pois o
oxigênio não gera energia, sendo essa obtida das ligações de carbono-carbono (BELTRÃO,
2005). Esse fato faz com que o biodiesel apresente maiores consumos e mesmo menores
potências se comparado ao diesel.
Assim, existem poucos estudos com o uso do biodiesel, mas pode-se comparar os dados
de B5 com diesel sem nenhum problema. Nesse enfoque Silva e Benez (2001) avaliando o
desempenho do conjunto trator-semeadora em um Latossolo Bruno distrófico, argiloso, sob
plantio direto, em função de duas velocidades de deslocamento do trator de 75,8 kW (103 cv),
concluíram que quando se altera a velocidade, a força de tração não sofre influência da
mesma.
Mahl et al. (2004) trabalhando em um Nitossolo Vermelho distrófico com trator de
88,3 kW (120 cv) e semeadora em função da velocidade de deslocamento (4,4; 6,1 e
8,1 km h-1), observaram que ocorre aumento da força na barra de tração (8,6 kN), potência no
motor (19,5 kW) e da capacidade de campo efetiva (2,2 ha h-1) com o aumento da velocidade.
Pressupõe-se que a potência requerida na operação de semeadura seja alterada pela
velocidade de deslocamento e que o consumo de energia tende a ser maior em menores
velocidades, devido ao maior tempo necessário para se trabalhar um hectare. Desta forma, o
objetivo do presente trabalho foi avaliar o requerimento de potência e o consumo de energia
na operação de semeadura, com o trator agrícola trabalhando com biodiesel etílico destilado
de óleo de soja na proporção de 5% (B5) em duas velocidades de deslocamento.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental do Laboratório de Máquinas e
Mecanização Agrícola (LAMMA) do Departamento de Engenharia Rural pertencente a
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal, SP, localizada nas
21
coordenadas geodésicas: latitude 21º14’S e longitude 48º16’W, com altitude média de 559 m,
declividade média de 4%, ocupando uma área de aproximadamente 1,0 ha.
A semeadura foi realizada em Latossolo Vermelho Eutroférrico típico, A moderado,
textura argilosa e relevo suave ondulado, conforme o Sistema Brasileiro de Classificação dos
Solos da Embrapa (1999). O clima de acordo com a classificação de Köeppen é Cwa, ou seja,
subtropical úmido, com estiagem no período do inverno.
O trator utilizado foi o Valtra BM 100, 4 x 2 TDA, 73,6 kW (100 cv na rotação de 2.300
rpm) de potência no motor, com massa de 5.400 kg e 40% de lastro no eixo dianteiro (pneus
14.9 – 24 R1 de 3,8 m de perímetro e pressão de 18 psi (124 KPa)), e 60% de lastro no eixo
traseiro (pneus 23.1 – 26 R1 de 4,9 m de perímetro de 4,9 m e pressão de inflação de 22 psi
(152 KPa)). O trator foi abastecido com biodiesel etílico destilado de óleo de soja obtido da
LADETEL/USP de Ribeirão Preto, na proporção de 5% de biodiesel no diesel.
O trator foi instrumentado com um sistema de aquisição de dados que são armazenados
em um micrologger CR23X de marca CAMPBELL SCIENTIFIC, INC. Para mensurar a
velocidade instantânea foi utilizada uma unidade de radar localizada na lateral direita do
trator, tipo RVS II, com inclinação de 45º em relação ao solo. O tempo de cada parcela foi
coletado por meio do sistema de aquisição de dados, o qual dispõe de cronômetro interno com
precisão de centésimos de segundos.
A força de tração foi obtida por meio de uma célula de carga de 10.000 kgf fabricada
por M. SHIMIZU, modelo TF 400 com temperatura de utilização de -20 a 80º C com
alimentação recomendada de 10 a 12 Vcc.
Foi utilizada uma semeadora-adubadora de precisão Marchesan, modelo Cop Suprema,
com sete fileiras de semeadura, dotada de disco de corte para palhada de 18”(45,7 cm), haste
sulcadora de adubo com as seguintes características: 2,7 cm de espessura da ponteira, 1,0 cm
de espessura da haste, distância do disco de corte a haste de 12 cm, relação entre a altura e
comprimento da ponteira (H/L) de 1,06 e ângulo de ataque de 20º; disco duplo desencontrado
de 16” (40,6 cm) para deposição da semente. A máquina possui distribuidor de sementes
pneumático, sendo utilizado disco de sementes de 64 furos. A distribuição de adubo foi
realizada por mecanismo helicoidal. O depósito de adubo possui capacidade para 1310 kg e o
de semente de 200 kg, tendo a semeadora-adubadora 3070 kg de massa, trabalhando com 665
kg de adubo na operação de semeadura.
O delineamento utilizado foi o inteiramente ao acaso com 12 repetições. Os tratamentos
foram: as velocidades de deslocamento de 3,6 e 6,6 km h-1. As parcelas constituíram-se de 25
22
metros de comprimento com 15 metros de intervalo para manobras e estabilização do
conjunto.
O sistema de aquisição de dados fornece o valor de força total (kN) por segundo, assim
a força por linha dividiu-se seu valor pelo número de linhas da semeadora e o pico de força
foi obtido retirando-se o maior valor dos dados coletados na parcela.
Para o cálculo da potência total (PB) demandada pelo trator na operação de semeadura
utilizou-se a Eq. 1.
PB = FT v (1)
em que,
PB: potência na barra de tração (kW);
FT: força média de tração na barra (kN); e
V: velocidade real de deslocamento (m s-1).
O consumo de energia por área trabalhada foi obtido pela Eq. 2, descrita por Siquera e
Gamero (2000).
Cea = PB Tef (2)
em que,
Cea: consumo de energia por área trabalhada (kW h ha-1),
PB: potência na barra de tração (kW), e
Tef: tempo efetivo (h ha-1).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, pode-se observar a síntese da análise de variância para força de tração na
barra, potência na barra e o consumo de energia, apresentando também as médias referentes a
cada velocidade de deslocamento.
A força de tração diminuiu com o aumento da velocidade em 20%, o que não era de se
esperar, pois a velocidade não é um parâmetro que define força de tração. Esse fato pode-se
explicado pelo efeito de flutuação da semeadora, pois diminuindo a profundidade de
23
deposição de adubo pode ocorrer variação da força, já que a profundidade é um parâmetro
definidor de força. Silva e Benez (2001), afirmam que quando se altera a velocidade, a força
de tração deve permanecer constante, o que não aconteceu nesse experimento.
Diferentemente da força de tração, a potência na barra é influenciada diretamente pela
velocidade, apresentando aumento de 31% na potência com o aumento da velocidade de 3,6
para 6,6 km h-1, ou seja, 45,5% de variação na velocidade. Esse fato foi também evidenciado
por MAHL et al. (2004), que constatou que o aumento de velocidade ocasiona grande
requerimento de potência pelo trator na operação de semeadura.
O consumo de energia é um parâmetro que envolve a potência e o tempo efetivo, ou
seja, horas por hectare; assim, pode-se observar na Tabela 1, que o aumento na velocidade,
ocasionou diminuição no consumo de energia de 18,9%. MARQUES e BENEZ (2000)
observaram consumo de energia no plantio direto de 6,3 kW h ha-1
24
Força x Potência
23
Potência (kW)
21
19
Y = 0.0073x + 4.7711
17
R2 = 0.9028
15
1600 1800 2000 2200 2400
Força (kgf)
Figura 1. Força de tração e potência, relacionados com dados de semeadura com B5.
4 CONCLUSÕES
O aumento da velocidade ocasionou menor força de tração pelo efeito de flutuação da
semeadora.
A potência na barra aumentou com a velocidade na ordem de 31%, quando a
velocidade aumente 45,5%.
O consumo de energia diminuiu com o aumento da velocidade.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N.E.M. Agronegócio das oleaginosas no Brasil. Informe Agropecuário, Belo
Horizonte, v.26, n.229, p.14-17, 2005.
MAHL, D.; GAMERO, C.A.; BENEZ, S.H.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, A.R.B. Demanda
energética e eficiência da distribuição de sementes de milho sob variação de velocidade e
condição do solo. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.24, n.1, p.150-157, 2004.
SILVA, S.L.; BENEZ, S.H. Semeadora para plantio direto: demanda energética com
diferentes mecanismos sulcadores. Energia na Agricultura, Botucatu, v.16, n.2, p.1-7, 2001.
25
SIQUEIRA, R.; GAMERO, C.A. Energia requerida em três sistemas de preparo do solo
combinados com quatro condições de cobertura. Energia na Agricultura, Botucatu, v.15,
n.3, p.1-14, 2000.
26
CONSUMO DE BIODIESEL ETÍLICO DESTILADO DE ÓLEO RESIDUAL
DE SOJA EM DUAS VELOCIDADES NA SEMEADURA
RESUMO: A demanda por tecnologias mais limpas faz com que o uso do biodiesel aumente
rapidamente, tornando-se necessário o estudo desse novo combustível. O objetivo do presente
trabalho foi avaliar o consumo de combustível na operação de semeadura em duas
velocidades (3,6 e 6,6 km h-1) com o trator trabalhando com biodiesel (B5) etílico destilado
de óleo residual de soja. Utilizou-se o delineamento inteiramente ao acaso (DIC) constando de
duas velocidades e 12 repetições perfazendo no total, 24 observações. Os parâmetros
analisados foram: consumo de combustível horário ponderal, operacional e específico. Ficou
evidenciado que o aumento da velocidade na operação de semeadura ocasionou aumento no
consumo horário volumétrico e ponderal. O consumo específico foi modificado com o
aumento da velocidade. O consumo operacional de combustível foi menor com o aumento da
velocidade.
27
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o único país no mundo com áreas agricultáveis para plantio de matérias
primas necessárias a produção do biodiesel, além de possuir tecnologia de ponta para
processamento na agroindústria (Jakubaszko, 2006). O mesmo autor cita que o uso de
biodiesel no diesel é tão benéfico que o país, em 2006, começou a utilizar 2% na mistura, mas
espera-se rapidamente por mudanças que aumentem essa proporção. A mistura de 2% gera
um consumo de 800 milhões de litros de biodiesel anuais. Entretanto, o Brasil ainda está
atrasado na utilização de biodiesel, pois na Europa já se encontram misturas de 50% e até
100%.
Silveira (2006) define o biodiesel como sendo um substituto do petróleo, produzido de
fontes alternativas (oleaginosas e gorduras animais, por exemplo). Sua fabricação, afirma o
autor, é uma reação desses óleos com metanol ou etanol (álcool de cana), que juntamente com
um catalisador, acelera a reação, dando origem ao biodiesel e à glicerina. Essa última é a que
não permite o uso de óleo bruto direto nos motores agrícolas.
Devido a necessidade do uso do biodiesel no Brasil, diversas pesquisas foram feitas no
intuito de comparar o consumo do biodiesel. LOPES et al. (2005) verificaram um consumo
horário de biodiesel (B5) de 11,7 L h-1 e de 9,3 kg h-1. Os mesmos autores confirmam que não
há aumento de consumo quando passa de B0 (0% de biodiesel) para B5 (5% de biodiesel).
Oliveira e Costa (2002) afirmam que as misturas de biodiesel ao diesel demonstram o
potencial dessa tecnologia, obtendo indicações de que até a proporção de 20% de biodiesel
demonstrou-se viável tecnicamente.
Em experimento com diesel e biodiesel verificou-se que o consumo do B100 foi
praticamente o mesmo do diesel mineral, observando-se um consumo de 7,6% maior quando
se utilizou o B50 (Silva, 200?).
Pressupõe-se que o aumento da velocidade possa ocasionar aumentos no consumo de
combustível horário, ponderal e específico, enquanto que o consumo operacional tende a
diminuir.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o consumo de combustível na operação de
semeadura em duas velocidades (3,6 e 6,6 km h-1) com o trator trabalhando com biodiesel
(B5) etílico destilado de óleo residual de soja.
2 MATERIAL E MÉTODOS
28
O experimento foi instalado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção (FEPP) da
UNESP, Campus de Jaboticabal, no Estado de São Paulo (Brasil), e conduzido pelo
Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (LAMMA), do Departamento de
Engenharia Rural. A área experimental foi localizada nas coordenadas geodésicas de 21º15''
latitude Sul e 48º18''' longitude Oeste, com altitude média de 570 m ocupando uma área de
aproximadamente 1,5 ha, que estava sob sistema plantio direto.
No local onde foi conduzido o experimento o solo é classificado pela Embrapa (1999)
como Latossolo Vermelho Eutroférrico típico, textura argilosa (55%), areia (20%) e silte
(25%), A moderado caulinítico vídreo, sendo o clima Cwa de acordo com a classificação de
Koeppen, ou seja, subtropical úmido, com estiagem no período do inverno.
O trator utilizado foi o Valtra BM100, 4 x 2 TDA (tração dianteira auxiliar), 73,6 kW
(100 cv) de potência no motor, com 2000 rotações no motor. Apresentava massa de 5.400 kg
(40% dianteiro e 60 % traseiro), pneus dianteiros de 14.9 – 24 R1 com 3,8 m de perímetro e
pressão de inflagem de 18 psi (124 KPa), e pneus traseiros de 23.1 – 26 R1 com 4,9 m de
perímetro e pressão de inflagem de 22 psi (152 KPa). O trator foi abastecido com biodiesel
etílico destilado de óleo de soja obtido da LADETEL/USP de Ribeirão Preto, na proporção de
5% de biodiesel no diesel.
Para aderir o tempo de cada parcela foi utilizado um sistema de aquisição de dados
descrito por Furlani et al. (2005), o qual dispunha de cronômetro interno com precisão de
centésimos de segundos sendo um micrologger CR23X de marca CAMPBELL SCIENTIFIC,
INC. Os dados posteriormente foram descarregados com programa específico (PC 208W 3.2 -
Datalogger Support Software) a um microcomputador convencional via cabo onde eram
construídas planilhas eletrônicas.
Para medir o consumo de combustível foi utilizado um protótipo, construído e descrito
por Lopes et al. (2003), ligado automaticamente com o acionamento do sistema de aquisição
de dados e precisão de 1 mL. A temperatura do combustível foi obtida com equipamento S&E
Instrumentos de Testes e Medições LTDA, modelo SSRP-C ME 6446/02 PT100 com
precisão de 0,01ºC.
Foi utilizada uma semeadora-adubadora de precisão Marchesan modelo COP-Suprema
com sete fileiras de semeadura dotada de haste sulcadora para deposição de trabalhando a
profundidade de 11 cm.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) com dois tratamentos e
com 12 repetições. Sendo as velocidades (V1 = 3,6 km h-1 V2 = 6,6 km h-1). As parcelas
29
possuíam 25 m de comprimento por 3,6 m de largura com 15 m de intervalo entre parcela
para realização de manobras.
30
em que,
CE é o consumo específico (g kW h-1);
DE é a densidade do combustível (g L-1);
Ch é o consumo horário (L h-1); e
PB é a potência (kW).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são apresentados os dados do consumo de combustível em função das
duas velocidades de deslocamento na operação de semeadura, juntamente com os dados da
síntese da análise de variância.
Somente para o consumo específico pode-se indicar a média como referência, uma vez
que o teste de F não foi significativo e assim pode-se dizer 415 g kW h-1 expressa o
comportamento das duas velocidades. Esse é um parâmetro utilizado para comparação de
tratores com motores diferentes, ou melhor, potências diferentes já que esse parâmetro está
contido em sua formula. Pode ocorrer também de o consumo específico ser significativo
quando os tratamentos apresentam resultados de potência muito discrepantes, o que não foi o
caso desse experimento.
Os demais consumos foram afetados pelas velocidades de deslocamento, e o consumo
horário indicou que há aumento de 23,5% com o aumento da velocidade de 3,6 para
6,6 km h-1. Considerando o aumento de velocidade de 54,5%, era de se esperar maiores
valores de consumo, o que, entretanto, não foi observado. Resultados similares foram
encontrados por Lopes et al. (2005) trabalhando com esse mesmo conjunto na operação de
semeadura, com velocidade que faz referencia a maior do atual experimento, encontrando
11,7 L h-1 e 9,3 kg h-1, para consumo horário e ponderal, respectivamente.
Cortez et al. (2005) trabalhando com esse mesmo conjunto com diesel puro,
encontraram consumo horário de 15 L h-1 com velocidade de 6 km h-1, demonstrando maior
consumo com diesel do que com biodiesel.
31
O consumo ponderal de combustível (kg h-1) apresentou aumento de 23,2% com o
aumento da velocidade. É um fator representativo do consumo de combustível expresso em
massa, pois em função da temperatura o biodiesel pode aumentar ou diminuir de volume
durante o dia, mas a massa (kg) sempre será a mesma.
O consumo de combustível operacional, também conhecido como consumo por área
trabalhada, expressa quantos litros foram gastos para trabalhar um hectare. Nesse aspecto, o
consumo foi maior com a menor velocidade, visto que, é necessário maior tempo de trabalho
em baixas velocidades para realizar a operação de semeadura em um hectare. Assim, com o
aumento da velocidade diminuiu-se 16,0% no consumo de combustível por hectare. Os
resultados para os consumos de combustível operacional concordam com Mahl et al. (2004)
em que os menores consumos foram nas maiores velocidades.
4 CONCLUSÕES
O aumento da velocidade ocasiona maior consumo horário e ponderal.
Ocorre diminuição no consumo de combustível operacional com o aumento da
velocidade.
O consumo específico de combustível não é influenciado pelas velocidades de trabalho.
32
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORTEZ, J.W.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P.; LOPES, A. Avaliação de uma semeadora-
adubadora em plantio direto para a cultura da soja. Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG,
v.13, n.4, 268-276, 2005.
LOPES, A.; REIS, G.N.; DABDOUB, M.J.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P.; CÂMARA,
F.T.; BATISTA, A.C.F.; BARBOSA, A.L.P.B. Trator funcionando com biodiesel filtrado e
destilado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS,
GORDURAS E BIODIESEL, 2, Varginha, 2005. Anais... Varginha: UFLA, 2005. p.899-894.
MAHL, D.; GAMERO, C.A.; BENEZ, S.H.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, A.R.B. 2004.
Demanda energética e eficiência da distribuição de sementes de milho sob variação de
velocidade e condição do solo. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.24, n.1, p.150-157, 2004.
SILVA, F.M.; LOPES, A.; CASTRO NETO, P. DABDOUB, M.J.; SALVADOR, N.; SILVA,
R.P. Avaliação do desempenho do motor de combustão alimentado com diesel e biodiesel.
Biodiesel: o combustível do futuro, Lavras, p.357-360, 200?.
33
TRATOR TRABALHANDO COM BIODIESEL
34
1 INTRODUÇÃO
A utilização de óleos vegetais como combustível é de fundamental importância para
países com enorme potencialidade agrícola e em desenvolvimento como o Brasil,
possibilitando criar empregos, reduzindo a poluição ambiental devido à menor quantidade de
enxofre presente no biodiesel e ao reaproveitamento de óleos já utilizados (SILVA et al.,
200?).
Segundo Salazar (2002) a crise energética vem forçando a busca de alternativas
energéticas no mundo todo, resultando na realização de inúmeras pesquisas em outras fontes
não dependentes do petróleo. A investigação do potencial combustível sobre os óleos vegetais
constitui-se em uma destas alternativas e vem apresentando resultados animadores.
Inúmeros erros têm acontecido no campo com uso descriminado de óleos brutos que
causam redução de 7,1 a 10,1% na potência na TDP; aumento de 13,9 a 16,0% no consumo
específico de combustível e escorrimento de óleo combustível na junta da tubulação de escape
com menos de 10 h de funcionamento (Maziero e Correa, 200?). Esses resultados demonstram
a necessidade de se informar a população sobre o correto uso do biodiesel e da não utilização
de óleos vegetais brutos.
Pressupõe-se que o aumento da velocidade aumente a potência exigida e a capacidade
de campo efetiva e que a rotação do motor permaneça em 2000 rpm como programado para a
operação. As misturas de biodiesel devem apresentar diminuição na potência devido ao menor
poder calorífico.
O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho de um trator na operação de preparo do
solo com grade pesada variando a proporção de mistura biodiesel – diesel de petróleo, em
quatro velocidades de deslocamento.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na FCAV-UNESP, Jaboticabal-SP, com localização
geográfica 21º15’ de latitude Sul e 48º18’ de longitude Oeste de Greenwich. Apresenta altitude
média de 570 m. O clima é Cwa (subtropical), de acordo com a classificação de Köeppen.
O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico
típico, textura muito argilosa (Embrapa, 1999).
Utilizou-se um trator Valtra, modelo BM 100, 4x2 TDA, (Figura 1) com potência de
73,6 kW (100 cv @ 2.300 rpm) no motor e massa de 5.400 kg (Pneus dianteiros: 14.9-24R1;
Pneus traseiros: 23.1-26R1). Utilizou-se acoplada à barra de tração uma grade pesada, com
35
16 discos recortados de 609,6 mm (24 polegadas) de diâmetro equipado com rodas para
transporte.
36
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em esquema
fatorial 5x4 (5 proporções de mistura e 4 velocidades de deslocamento), com 20 tratamentos e
4 repetições.
As proporções de mistura biodiesel e diesel de petróleo foram: 0 e 100 % (B0), 25 e 75
% (B25), 50 e 50 % (B50), 75 e 25 % (B75) e 100 e 0 % (B100) e, as velocidades de
deslocamento: 2,7 (V1), 4,30 (V2), 6,0 (V3) e 6,7 km h-1 (V4). Cada parcela experimental teve
comprimento de 20 m e entre as parcelas, no sentido longitudinal, reservou-se um intervalo de
15 m, cuja finalidade foi realizar manobras, trânsito de equipamentos e estabilizar as
condições dos testes.
Lmr x v
CCE = (2)
10
em que,
37
em que:
RM = rotação do motor (rpm);
RTDP = rotação da tomada de potência do trator, e
RT = relação de transmissão entre o motor e a TDP (3,47).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 é apresentado o resultado da análise da potência na barra de tração no
momento da gradagem, com as proporções e as velocidades de deslocamento. Pode-se notar
que a velocidade de deslocamento influencia diretamente a potência consumida, o que é
notado pela inclinação acentuada do gráfico. Isso também foi verificado por MAHL et al.
(2004) em que o aumento de velocidade ocasiona grande requerimento de potência pelo trator
na operação de semeadura.
Perante as proporções, pode-se observar que ocorre diminuição da potência
disponibilizada com o aumento da quantidade de biodiesel no diesel. É fácil observar esse fato
ao tomar-se uma linha fixa e comparar nas proporções. Como exemplo, tomando-se a linha
próximo a 3 km h-1 observa-se que a mesma está na classe de potência de 12 kW na proporção
de B0 até B50; a partir da proporção B50 ocorre mudança de classe para potência de 10 kW
(B50 a B100), observando-se então a diminuição da potência fornecida com o aumento da
proporção de biodiesel.
38
Potência = 0.608+3.808*x+ -0.016*y
R² = 0,99
28
Potência (kW)
24
20
16 Potência (kW)
10.141
12
12.141
14.141
100
7 16.141
75 18.141
6
50 5 20.141
25 4 22.141
3
0 2 24.141
Proporção (%) Velocidade (km/h) above
1.2
CCE (ha h-1)
1.0
0.8
39
diante, a rotação começa a diminuir com o aumento da velocidade. As proporções de
biodiesel resultaram em menores rotações com B100.
RM=1525.01+364.173*x+0.196*y-47.458*x²-0.177*x*y+0.002*y²
R²=0,99
2200
RPM
2000
RPM
1800 1577.776
100 1677.776
1600 1777.776
75
2 1877.776
3 50 1977.776
RPM 4
5 25
2077.773
2177.773
6 2277.773
7 0
Velocidade (km/h) Proporção (%) above
4 CONCLUSÕES
O aumento da velocidade ocasionou aumento na potência requerida, na capacidade de
campo efetiva e diminuição da rotação do motor.
O aumento na proporção de biodiesel no diesel diminuiu a potência disponível na
barra, a capacidade de campo efetiva e a rotação nominal do motor.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos. Brasília, 1999. 412p.
LAFORGIA, L.; ARDITO, V. Biodiesel fueled IDI engines: performances, emissions and
heat release investigation. Bioresource Technology, Bari, Itália, n. 51, p. 53-9, 1995.
MAHL, D.; GAMERO, C.A.; BENEZ, S.H.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, A.R.B. Demanda
energética e eficiência da distribuição de sementes de milho sob variação de velocidade e
condição do solo. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.24, n.1, p.150-157, 2004.
MAZIERO, J.V.G.; CORRÊA, I.M.. Uso de óleo bruto de girassol em motor diesel.
Campinas: Centro Apta de Engenharia e Automação. 200?. 5p.
PETERSON, L. et al. Ethyl ester of rapeseed used as a biodiesel fuel – a case study. Biomass
and Bioenergy, Moscow, Idaho, EUA, v. 10, n. 5/6, p. 331-36, 1996.
40
SILVA, F.M.; LOPES, A.; CASTRO-NETO, P.; DABDOUBE, J.M.; SALVADOR, N.;
FURLANI, C.E.A. Desempenho de Motor Alimentado com Biodiesel Associado ao Biogás.
Biodiesel: o novo combustível do Brasil, p.361-365, 200?.
41
IDENTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS GRAXOS PARA PRODUÇÃO DE
BIODIESEL NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA
RESUMO: Além das fontes oleaginosas, outras podem ser usadas na produção de biodiesel,
como a escuma de esgoto, resíduos das indústrias alimentícia, leiteira, matadouros e similares.
Este projeto teve como objetivo identificar, qualitativamente e quantitativamente, as diversas
fontes de materiais graxos para a produção de biodiesel. Acredita-se que este projeto seja uma
contribuição para o incremento da produção de biodiesel, além de dar destinação à rejeitos
que atualmente são um problema ambiental. A produção do biodiesel a partir de fontes
alternativas pode ser realizada em períodos de ociosidade da instalação de produção de
biodiesel a partir de óleo vegetal. O resultado final do projeto foi um levantamento da geração
de resíduos graxos, indicando que na região do Médio Paraíba é possível processar cerca de
276 toneladas mensais destes materiais.
42
1 INTRODUÇÃO
O uso do biodiesel no mundo e principalmente no Brasil é uma realidade. Diante do
sucesso do biodiesel no Brasil, o governo já estuda a implantação do B5 já em 2008.
Diante disso, a demanda por matérias graxas será enorme e o uso de matérias oriundas de
fontes não vegetais primárias serão de grande contribuição.
Diversas matérias graxas para a produção de biodiesel já foram testadas, como o óleo
de fritura, gordura animal e gordura vegetal. Existem diversos casos de sucesso,
principalmente no caso do óleo de fritura. É certo que estas matérias não são tão
relevantes, quando comparadas com as extensas quantidades geradas pelas plantações de
oleaginosas.
Um aspecto de cunho social e ambiental deve ser levado em consideração, pois em
geral estes meterias são descartadas no meio ambiente sem tratamento.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O projeto foi conduzido baseado em um questionário padrão que foi distribuído
pessoalmente, juntamente com uma carta de apresentação e esclarecimento do projeto.
Foram respondidos 79 questionários na cidade de Resende-RJ, em diversos ramos de
atividade.
Muitos estabelecimentos não foram receptivos ao questionário, apesar de todas as
explicações acerca do objetivo do projeto. Outros não responderam a contento ou com
informações incompletas ou duvidosas.
Enquanto era aguardado o preenchimento dos questionários para o tratamento dos
dados, foi identificado que uma das mais representativas fontes era o óleo de fritura. Neste
intervalo de tempo, foram realizadas algumas sínteses de biodiesel em nosso laboratório,
apesar deste não ser um dos objetivos iniciais do projeto. Grandes dificuldades foram
obtidas em obter um biodiesel dentro das especificações via síntese com etanol, trabalho
que foi facilitado com o uso do metanol, chegando-se a um rendimento médio de um litro
de biodiesel para cada litro de óleo de fritura processado.
3 RESULTADOS OBTIDOS
Os dados obtidos através dos questionários estão consolidados nas Figuras 1 e 2 e
Tabela 1. Na Figura 1 pode-se observar os diferentes tipos de matérias graxas geradas
43
pelos 79 estabelecimentos pesquisados e na Figura 2 os tipos de estabelecimentos
pesquisados. Na Tabela 1 são apresentados os dados quantitativos das matérias graxas
geradas mensalmente.
Matérias Graxas
Gordura Vegetal
62%
1% Óleo de fritura
Tipos de Estabelecimentos
Buffets
11% 3% 16% Restaurantes
5%
Padarias
17% 11%
Bares e Lanchonetes
Açougues
Supermercados
37%
Minimercados
44
Municipal de Resende e a Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Resende
(ACIAR).
Subtotal 19101 kg
Total geral 36780 kg
45
Em seguida extrapolou-se o resultado encontrado na cidade de Resende para as
demais cidades da região Sul Fluminense, tomando como base suas populações. A Tabela
3 apresenta os resultados obtidos.
4 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos após a extrapolação dos dados indicam um quantitativo perto
de 37 toneladas de resíduos graxos mensais. Estes números indicam apenas a contribuição
do comércio da cidade de Resende. Neste levantamento não entraram as grandes empresas
como indústrias químicas, siderúrgicas e automobilísticas, as quais possuem cozinhas
terceirizadas e que até agora não foram receptivas ao questionário. Outra possível
contribuição de matérias graxas, é oriunda dos domicílios. Se cada família pudesse
contribuir com os óleos de fritura, através de uma coleta por garrafas PET por alunos da
rede pública, este valor de matéria graxa poderia ser muito mais elevado. Uma simples
estimativa poderia levar a um valor de cerca de 5 mil litros de óleo de fritura mensal se
cada um dos 16 mil alunos do ensino fundamental de Resende levasse para sua escola
cerca de 300 mL de óleo de fritura armazenado em garrafa PET. Este valor foi obtido em
ensaio prévio realizado com 20 alunos voluntários que recolheram óleo de fritura por um
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
46
mês. Sendo possível implementar a coleta deste óleo vegetal usado, seria possível produzir
volume similar de biodiesel, que usado na proporção de 2%, geraria 250 mil litros de B2
mensais, suficiente para abastecer a frota de veículos da Prefeitura Municipal de Resende e
parte da frota de ônibus urbanos da cidade.
Como sugestão para trabalhos futuros indicamos uma avaliação térmica de todo o
processo de produção do biodiesel, deste a produção do óleo vegetal até a purificação do
biodiesel, assim como um levantamento dos custos energéticos.
5 AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pela bolsa PIBIC para a aluna de Iniciação Científica Karla Menandro
Pacheco da Silva.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA
ALTIN, R.; CETINKAYA, S.; YUCESU, H. S. The potential of using vegetable oils fuels as
fuel for diesel engines. Energy Conversion and Management. 2001, 42, 529-538.
KALAM, M. A.; MASJUKI, H. H. Biodiesel from palmoil – an analysis of its properties and
potential. Biomass and Bioenergy 2002, 23, 471-479.
PADULA, A. D.; PLÁ, J. A.; BENEDETTI, O.; RATHMANN, R.; DA SILVA, L. P. Estudo
Analítico Interdisciplinar de Viabilidade da Cadeia Produtiva do Biodiesel no Brasil. II
Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, Varginha, MG.
Anais… 2005. p.777-782.
47
SHAY, E. G. Diesel fuel from vegetable oil: status and opportunities. Biomass Energy 1993,
4(4), 227-242.
48
EFEITO DE DOSES DE SILICATO DE CÁLCIO SOBRE A PRODUÇÃO DE
MATÉRIA SECA DA PARTE AÉREA DO GIRASSOL (Helianthus annuus
L.)
49
1 INTRODUÇÂO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Asteraceae, é
uma planta originária da América do Norte, mais precisamente das regiões correspondentes ao
Norte do México e ao Estado de Nebraska, nos Estados Unidos. Atualmente, o girassol é
cultivado em todos os continentes, em área que atinge aproximadamente 22,7 milhões de
hectares e com uma produção mundial próxima das 24,2 milhões de toneladas (Conab, 2005).
Esta cultura vem apresentando boa opção como adubo verde onde ela apresenta
importante papel na recuperação da fertilidade do solo. Em áreas de reforma canavieiras
utilizando o girassol observa–se uma melhoria no desempenho e produtividade da cana-de-
açúcar (Ambrosano et al., 2005), e em áreas de soja e milho que se faz rotação com o girassol
pode se observar um incremento na produtividade de 10% para a soja e de 15-20% para o
milho (Leite, 2005).
No Brasil, a principal região produtora é a dos cerrados, onde a região Centro-Oeste
detém 82,3% da área plantada e 78,6% da produção nacional (Conab, 2005) e seu cultivo
deve ser ampliado nesta região e em todo o Brasil devido à produção de biodiesel, onde ela
será uma das principais culturas utilizadas para a produção deste combustível renovável
(Leite, 2005). Porem esta região possui a característica de apresentar solos muito
intemperizados, geralmente ácidos, pobres em nutrientes e muitas vezes com elevadas
saturações de alumínio trocável, ressaltando a necessidade de utilização de um programa para
a correção e aumento da fertilidade adequada às culturas envolvidas no sistema de produção
(Leite, 2005).
Uma alternativa para corrigir os solos ácidos seria o uso da escoria de siderúrgica, um
resíduo da indústria do aço e ferro-gusa, constituída quimicamente de um silicato de cálcio
(CaSiO3) (Amaral et al., 1994 citado por Prado et al., 2003), que apresenta propriedades
corretivas semelhantes ao calcário (Prado et al., 2000).
Sanches, (2003) estudando os efeitos do silicato de cálcio nos atributos químicos do
solo e planta, produção e qualidade em capim – braquiarão (Brachiaria brizantha) pôde
observar que a produção de matéria seca foi influenciada de forma benéfica com a utilização
de silicato de cálcio e calcário magnesiano e que as doses crescentes de silicato de cálcio
alteraram de forma benéfica os atributos químicos das folhas.
Assim, o presente trabalho teve por objetivo estudar o efeito do silicato de cálcio sobre a
produção de matéria seca da parte aérea do girassol cultivado em casa de vegetação.
50
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Ciência do
Solo da Universidade Federal de Lavras (Lavras-MG). O solo utilizado foi um Latossolo
Vermelho distrófico (LVdf), da camada de 1 - 3 m, proveniente do campus da UFLA, sendo
destorroado, seco ao ar e passado em peneira com malha de 5 mm de abertura.
No experimento o delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos as doses de silicato de cálcio (0; 27,33;
54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) correspondentes a 0, 25, 50, 75 e 100% de substituição ao
carbonato de cálcio (CaCO3) na calagem, resultando em 20 parcelas compondo o
experimento. Cada parcela experimental foi constituída por um vaso com capacidade de 15
dm3.
Foram semeadas quatro sementes por vaso. Após a germinação, deixaram-se duas
plantas uniformes e vigorosas por vaso. Antes do plantio, efetuou-se a aplicação do silicato de
cálcio p.a. e do carbonato de cálcio p.a. complementar para elevar a saturação por base a 70%
de acordo com Leite, (2005). Os vasos permaneceram incubados por 15 dias, com a umidade
do solo em torno de 60% do volume total de poros (VTP).
Após a semeadura, foram adicionadas ao solo quantidades suficientes de
macronutrientes (N= 300, P= 200, K= 300, Mg= 30 e S= 50 mg dm-3) e micronutrientes (B=
0,5; Cu= 1,5; Fe= 5; Mo= 0,1; Mn= 10 e Zn= 5 mg dm-3), na forma de reagente PA, sendo as
doses de N e K parceladas em 2 aplicações (plantio e 30 dias após a emergência). Os
nutrientes foram aplicados em forma de solução para maior uniformização.
A cultivar utilizada foi a Charrua. A semeadura foi realizada no dia 27 de novembro de
2006, a emergência ocorreu cinco dias após a semeadura. Na fase R5, que é o inicio da antese,
às plantas foram colhidas e separadas em colmo, folhas e capitulo. Todos os materiais
vegetais foram lavados em água destilada e deionizada, levadas a secar em estufa de
circulação forçada de ar, a temperatura de 65-70°C até peso constante, e pesado, obtendo-se,
assim, o rendimento em matéria seca da parte aérea.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, onde foi feito estudo de
regressão para as doses, utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000).
Com a utilização de modelos estatísticos adequados determinou-se o efeito das doses
sobre a produção de matéria seca.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
51
A análise de variância para a produção de matéria seca da parte aérea do girassol na
fase R5 (MSPA) revelou-se significativa (p< 0,05) para a aplicação das doses de silicato de
cálcio no solo (Figura 1). Esse resultado induz à inferência de que o silicato de cálcio foi
capaz de incrementar a produção de MSPA das plantas à medida que foram aumentadas as
suas doses.
Uma provável explicação para a resposta positiva do silicato na produção de matéria
seca da parte aérea seria de que o silício provocou uma melhoria na arquitetura da planta,
aumentando a interceptação da luz pela planta e conseqüentemente a produção fotossintética.
Figura 1. Produção de matéria seca da parte aérea do girassol em função das doses de silicato
de cálcio.
Resultados semelhantes foram encontrados por Prado e Natale (2004) quando estes
estudaram o efeito do silicato de cálcio na produção de matéria seca do maracujazeiro, onde
evidenciaram um aumento na produção de matéria seca da parte aérea com o aumento das
doses de silicato de cálcio no solo.
Na produção de matéria seca do caule (MSCa) na fase R5, o efeito do silicato de cálcio
apresentou-se significativa pela analise de variância (p<0,05) onde a equação quadrática foi a
que melhor se ajustou (Figura 2). A dose de silicato de cálcio que apresentou maior produção
de MSCa foi à de 54,66 (g vaso-1). O acumulo de matéria seca do caule se intensifica a partir
dos 48 DAE, quando a matéria seca do caule ultrapassa a das folhas, atingindo sua maior
52
produção no florescimento, estágio este que se colheu o experimento, e a partir do
florescimento tem se uma queda no acúmulo de matéria seca do caule, verificando uma maior
exportação e acúmulo no capitulo em conseqüência da produção e enchimento dos grãos
(Leite, 2005).
Figura 2. Produção de matéria seca do caule do girassol em função das doses de silicato de
cálcio.
53
A produção de matéria seca do capitulo seguiu um crescimento linear (Figura 3), onde
a maior produção foi constatada na dose de 109,31 g vaso-1 de silicato, ou seja, quando se
usou 100% do silicato de cálcio para corrigir o solo.
Este aumento de MSCp deve-se ao fato das plantas tratadas com maiores doses de
silicato terem apresentado uma melhoria na arquitetura das plantas, aumentando a
interceptação da luz, levando as plantas a terem uma maior taxa fotossintética e produção de
carboidratos.
Figura 3. Produção de matéria seca do capitulo do girassol em função das doses de silicato de
cálcio.
54
Figura 4. Produção de matéria seca das folhas do girassol em função das doses de silicato de
cálcio.
4 CONCLUSÃO
A produção de matéria seca da parte aérea aumentou a medida que se aumentou as
doses de silicato de cálcio no solo, sendo este fator de fundamental importância para a cultura,
e a melhor explicação para o ocorrido seria que o silício melhorou a arquitetura das plantas
aumentando sua taxa fotossintética e produção de fotoassimilados.
Outro fato importante é de que o silicato de cálcio foi capaz de corrigir bem o solo para
esta cultura sem atrapalhar o seu desenvolvimento e sendo capaz de incrementar um saldo
positivo na sua produção de matéria seca.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e a FAPEMIG.
55
6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMBROSANO, E.J.; GUIRADO, N.; UNGARO, M.R.G.; CANTARELLA, H.; MENDES,
P.C.D.; ROSSI, F.; AMBROSANO, G.M.B.; SAKAI, R.H.; SCHAMMAS, E.A. Vantagens
da utilização da rotação com girassol e outras leguminosas em áreas de reforma de canavial
em Piracicaba – São Paulo. In: XVI Reunião Nacional de Pesquisa de Girassol e IV Simpósio
Nacional sobre a Cultura do Girassol, 16., Londrina, 2005. Anais... Embrapa, 2005. p. 92-94.
56
EFEITO DE DOSES DE SILICATO DE CÁLCIO NO CRESCIMENTO DO
GIRASSOL (Helianthus annuus L.)
RESUMO: O girassol é uma cultura que vem ganhando importância nacional com a
produção de óleo comestível e biodiesel, onde sua principal região produtora é a dos cerrados
que tem a característica de apresentar solos ácidos. Sabe-se que o girassol é sensível a este
tipo de solo e uma alternativa para a correção desses solos seria o uso de silicato de cálcio,
que possui comportamento no solo similar aos carbonatos de cálcio. Conduziu-se assim, um
trabalho científico objetivando avaliar o efeito de doses de silicato de cálcio sobre o
crescimento e número de folhas do girassol. O experimento foi conduzido em casa de
vegetação no Departamento de Ciência dos Solos da UFLA, utilizou-se o delineamento
inteiramente casualizado, com cinco tratamentos sendo as doses de silicato de cálcio (0;
27,33; 54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) e quatro repetições, resultando em 20 parcelas. As
avaliações foram realizadas semanalmente onde se iniciou a partir do V1 e foram realizadas
até a fase R5 (antese). Na análise de crescimento pode-se observar um mesmo desempenho
das plantas dentre os tratamentos, podendo concluir que o silicato de cálcio foi capaz de
corrigir bem o solo e ainda disponibilizou uma maior quantidade de silício para a planta
melhorando alguns aspectos da mesma.
57
1 INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Asteraceae,
suas sementes possuem, em média, na sua composição cerca de 24% de proteínas, 47% de
matéria graxa, 20% de carboidratos totais e 4% de minerais. É originária da América do
Norte, mais precisamente das regiões correspondentes ao Norte do México e ao Estado de
Nebraska, nos Estados Unidos. Atualmente, o girassol é cultivado em todos os continentes,
em área que atinge aproximadamente 22,7 milhões de hectares e com uma produção mundial
próxima das 24,2 milhões de toneladas. Destacando-se como a quarta oleaginosa em produção
de grãos e a quinta em área cultivada no mundo.
O girassol é uma cultura que apresenta grande capacidade de expansão no Brasil
principalmente para a produção de óleo (comestível ou combustível) apresentando
características físico-químicas ideais à produção de biodiesel e vale ressaltar a ausência de
enxofre no seu óleo o que confere uma grande vantagem em relação ao diesel, pois elimina a
emissão de gases de enxofre causadores da chuva ácida (Leite,2005).
Atualmente, a principal região produtora de girassol no Brasil é a dos cerrados,
caracterizada por solos muito intemperizados, geralmente ácidos, pobres em nutrientes e
muitas vezes com elevadas saturações de alumínio trocável, ressaltando a necessidade de
utilização de um programa para a correção e aumento da fertilidade adequada às culturas
envolvidas no sistema de produção (Leite, 2005).
O girassol é uma espécie sensível à acidez do solo, geralmente apresentando sintomas
de toxidez de Al em pH em CaCl2 0,1 M menor que 5,2 e a taxa de expansão do crescimento
do girassol são inversamente proporcionais ao nível de correção da acidez do solo,
significando que o plantio dessa espécie em solos com baixos níveis de saturação por base
resulta em reduções do crescimento das plantas (Amabile, 2003), isto é devido à diminuição
do sistema radicular (Alcarde, 1992).
A correção do solo é uma prática fundamental para a melhoria do sistema radicular das
plantas e talvez a condição primária para ganhos de produtividade, e com o uso adequado do
corretivo verifica-se alem da correção da acidez do solo, o estimulo à atividade microbiana e
o aumento da disponibilidade da maioria dos nutrientes para a planta (Malavolta, 2006).
Uma alternativa para corrigir os solos ácidos seria o uso da escoria de siderúrgica, um
resíduo da indústria do aço e ferro-gusa, constituída quimicamente de um silicato de cálcio
(CaSiO3) (Amaral et al., 1994 citado por Prado et al., 2003), que apresenta propriedades
corretivas semelhantes ao calcário (Prado et al., 2000). O uso do silicato de cálcio tem
58
promovido a adequada neutralização da acidez do solo, elevando a saturação por base e
neutralizando o Al tóxico, diminui a concentração dos micronutrientes metálicos presentes no
solo, devido à elevação do pH (Prado et al., 2004).
Amabile (2003) estudando o crescimento do girassol em diferentes níveis de saturação
do solo pode observar que a taxa de crescimento do girassol é inversamente proporcional ao
nível de correção da acidez do solo, significando que o plantio dessa espécie em solos com
baixos níveis de saturação por base resulta em redução do crescimento das plantas e,
conseqüentemente, redução da cobertura do solo. O girassol apresenta um crescimento
vagaroso nos primeiros 30 dias após a emergência, atingindo altura aproximada de 30 cm
neste período. No período seguinte até o florescimento pleno, há um desenvolvimento elevado
da parte aérea com grande acumulo de matéria seca e absorção de nutrientes (Castro, 2005).
Segundo Binancasa, (1988) citado por Cavalcanti et al., (2004) o crescimento de uma
planta pode ser acompanhado através de avaliações periódicas do tamanho da massa e do
numero de suas unidades estruturais morfológicas, cujas informações podem ser muito úteis
no estudo do comportamento vegetal sob diferentes condições de cultivo.
Com isso objetivou avaliar, por meio de análise de crescimento e numero de folhas o
desempenho do girassol manejado sobre diferentes doses de silicato de cálcio.
2 MATERIAL E MÉTODOS:
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Ciência do
Solo da Universidade Federal de Lavras (Lavras-MG). O solo utilizado foi um Latossolo
Vermelho distrófico (LVdf), da camada de 1 - 3 m, proveniente do campus da UFLA, sendo
destorroado, seco ao ar e passado em peneira com malha de 5 mm de abertura.
No experimento o delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos as doses de silicato de cálcio (0; 27,33;
54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) correspondentes a 0, 25, 50, 75 e 100% de substituição ao
CaCO 3 na calagem, resultando em 20 parcelas compondo o experimento. Cada parcela
experimental foi constituída por um vaso com capacidade de 15 dm3.
Foram semeadas quatro sementes por vaso. Após a germinação, deixaram-se duas
plantas uniformes e vigorosas por vaso. Antes do plantio efetuou-se a aplicação do silicato de
cálcio p.a. e do carbonato de cálcio p.a. complementar para elevar a saturação por base a 70%
de acordo com Castro e Oliveira (2005). Os vasos permaneceram incubados por 15 dias, com
a umidade do solo em torno de 60% do volume total de poros (VTP).
59
Após a semeadura foram adicionadas ao solo quantidades suficientes de
macronutrientes (N= 300, P= 200, K= 300, Mg= 30 e S= 50 mg dm-3) e micronutrientes (B=
0,5; Cu= 1,5; Fe= 5; Mo= 0,1; Mn= 10 e Zn= 5 mg dm-3), na forma de reagente PA, sendo as
doses de N e K parceladas em 2 aplicações (plantio e 30 dias após a emergência). Os
nutrientes foram aplicados em forma de solução para maior uniformização.
A cultivar utilizada foi a Charrua. A semeadura foi realizada no dia 27 de novembro de
2006, a emergência ocorreu cinco dias após. No dia 15 de dezembro foi realizado o desbaste e
primeira medição da altura e número de folhas, sendo realizada no V1, fase que se caracteriza
pelo aparecimento de folhas verdadeiras e pode ser definido pelo número de folhas, com o
mínimo de 4,0 cm de comprimento (Leite, 2005).
Essas avaliações foram realizadas semanalmente ate o dia 7 de fevereiro de 2007, onde
se constatou a fase R5, esta fase é o inicio da antese, e se caracteriza pelas flores liguladas,
completamente expandidas e todo o disco das flores está visível.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, onde foi feito estudo de
regressão para as doses, utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000).
Com a utilização de modelos estatísticos adequados determinou-se o efeito das doses
sobre o crescimento.
3 RESULTADOS E DICUSSÃO
Na altura das plantas o efeito da aplicação de silicato de cálcio se apresentou não
significativo com o aumento das doses de silicato de cálcio no solo, tendo este o mesmo efeito
do carbonato de cálcio.
O crescimento das plantas se deu de forma cúbica (figura 1), onde o girassol apresentou
um crescimento lento ate o 20 DAE, no período seguinte ate o florescimento houve um
crescimento elevado. Segundo Hooking e Steer, (1983) citado por Castro et al., (2005), esse
período apresenta uma importância substancial na definição do potencial produtivo da cultura.
As equações de regressão e o R² do crescimento do girassol nos diferentes tratamentos
estão na Tabela 1.
60
180
170
160
150
140
altura das plantas (cm)
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
13 20 27 34 41 48 55 62 69
Figura 1. Altura das plantas de girassol nos diferentes tratamentos em função do dia após
emergência das plantas.
61
Tabela 2. Ganho em altura da planta de girassol em semanas após emergência conduzida em
casa de vegetação.
Semana após emergência (SAE) Ganho em altura (cm)
1° e 2° SAE 10
3° SAE 10
4° SAE 15
5° SAE 20
6° SAE 25
7° SAE 25
8° SAE 25
9° SAE 20
10° SAE 15
Altura Final 160
62
Figura 2. Número de folhas do girassol na fase R5 em função das doses de silicato de cálcio.
63
35
30
N umero de folhas/planta
25
20
15
10
0
13 20 27 34 41 48 55 62 69
Dias após emergência
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Tratamento 4 Tratamento 5
4 CONCLUSÃO
O silicato de cálcio foi eficiente na correção da acidez do solo para a cultura do
girassol. Sem prejudicar o seu desenvolvimento.
A dose de 109,31g vaso-1 foi a que apresentou maior ganho em relação ao número de
folhas, para as condições analisadas.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e a FAPEMIG.
64
6 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALCARDE, J.C. Corretivo de acidez do solo: características e interpretação técnicas. São
Paulo: Associação Nacional para Difusão de Adubos e Corretivos Agrícola, 1992. 26p.
(Boletim Técnico, 6).
CASTRO, C.; OLIVEIRA, F.A.; VERONESIS, C.O.; SALINET, L.H. Acumulo de matéria
seca, exportação e ciclagem de nutrientes pelo girassol. In: XVI Reunião Nacional de
Pesquisa de Girassol e IV Simpósio Nacional sobre a Cultura do Girassol, 2005, Londrina.
Anais... Embrapa, 2005. p. 29-31.
65
EFEITO DO SILICATO DE CÁLCIO NO CONTROLE DE DOENÇAS PELO
GIRASSOL (Helianthus annuus L.)
66
1 INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Asteraceae, é
originária da América do Norte, mais precisamente das regiões correspondentes ao Norte do
México e ao Estado de Nebraska, nos Estados Unidos. Atualmente, o girassol é cultivado em
todos os continentes, destacando-se como a quarta oleaginosa em produção de grãos e a
quinta em área cultivada no mundo.
A expansão da cultura no Brasil pode ser prejudicada, entre outros fatores, pela
presença de pragas e doenças, onde suas severidades podem variar anualmente dependendo de
condições bio-climaticas que favoreçam a ocorrência e o processo infectivo de determinados
patógenos (Almeida, 1981).
Em paises onde o girassol é tradicionalmente cultivado já foram assinalados
aproximadamente 35 hospedeiros, tendo como as principais doenças para a cultura a Mancha
de Alternaria (Alternaria sp.), Míldio (Plasmopara halstedii), Ferrugem (Puccinia helianthi),
Murcha de Sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum) e o Oídio (Erysiphe cichoracearum). O
oídio caracteriza-se pelo aparecimento de estruturas aveludadas de coloração branca ou cinza
sobre a parte aérea da planta, ocorrendo principalmente nas folhas. Com a evolução do ciclo
da cultura podem ser observadas pontuações negras distribuída ao acaso, levando a planta a
ter um menor índice de área folia (IAF) (Kimati, 1997).
Com a redução do índice de área foliar tem-se uma menor produção fotossintética,
conseqüentemente uma redução na taxa respiratória e redução na produção de assimilados
levando a planta a ter um menor crescimento e desenvolvimento biológico (Taiz e Zeiger,
2004).
Sabe-se que uma planta bem nutrida possui varias vantagens em relação à resistência a
doenças do que uma planta com deficiência nutricional, e dentre os elementos minerais o
silicio contribui para a redução da intensidade de doença em varias culturas (Malavolta,
2006). Segundo Taiz e Zeiger, (2004) plantas deficientes em silício são mais susceptíveis ao
acamamento e a infecção fungica e o controle de doença por esse elemento é realizado pelo
deposito de sílica amorfa no reticulo endoplasmático, parede celular e espaços intercelular e
também por ele formar complexos com polifenóis servindo como alternativa a lignina no
reforço da parede celular.
Segundo Epstein (1999), plantas em ambientes enriquecido com silício diferem das
cultivadas com deficiência do elemento, principalmente, quanto à composição química,
67
resistência mecânica das células, características de superfície foliar, tolerância ao estresse
abiótico e a ocorrência de pragas e doenças.
Santos et al. (2003) estudando a influência do silício sobre as principais doenças e
produtividade do arroz irrigado por inundação, observou que a adubação com silício antes do
plantio pode ser eficiente no controle ou redução da incidência de varias doenças importantes,
podendo eliminar ou reduzir o número de aplicações de fungicidas durante o ciclo da cultura,
e verificado maior produtividade nos tratamentos com maiores doses de silício.
Com isso esse trabalho objetivo avaliar a resistência a doenças do girassol manejado
sobre diferentes doses de silicato de cálcio.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Ciência do
Solo da Universidade Federal de Lavras (Lavras-MG). O solo utilizado foi um Latossolo
Vermelho distrófico (LVdf), da camada de 1 - 3 m, proveniente do campus da UFLA, sendo
destorroado, seco ao ar e passado em peneira com malha de 5 mm de abertura.
No experimento o delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos as doses de silicato de cálcio (0; 27,33;
54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) correspondentes a 0, 25, 50, 75 e 100% de substituição ao
CaCO 3 na calagem, resultando em 20 parcelas compondo o experimento. Cada parcela
experimental foi constituída por um vaso com capacidade de 15 dm3.
Foram semeadas quatro sementes por vaso. Após a germinação, deixaram-se duas
plantas uniformes e vigorosas por vaso. Antes do plantio efetuou-se a aplicação do silicato de
cálcio p.a. e do carbonato de cálcio p.a. complementar para elevar a saturação por base a 70%
de acordo com Leite (2005). Os vasos permaneceram incubados por 15 dias, com a umidade
do solo em torno de 60% do volume total de poros (VTP).
Após a semeadura foram adicionadas ao solo quantidades suficientes de
macronutrientes (N= 300, P= 200, K= 300, Mg= 30 e S= 50 mg dm3) e micronutrientes (B=
0,5; Cu= 1,5; Fe= 5; Mo= 0,1; Mn= 10 e Zn= 5 mg dm3), na forma de reagente PA, sendo as
doses de N e K parceladas em 2 aplicações (plantio e 30 dias após a emergência). Os
nutrientes foram aplicados em forma de solução para maior uniformização.
A cultivar utilizada foi a Charrua. A semeadura foi realizada no dia 27 de novembro de
2006, a emergência ocorreu cinco dias após. Durante o desenvolvimento da cultura foi
realizado um levantamento de doenças, usando uma escala diagramática de índice de infecção
68
para doenças de haste, pecíolo, folhas e capítulo do girassol (Tabela 1), esta realizada
semanalmente a partir do aparecimento da doença. Foi identificado o aparecimento do Oídio
no dia 5 de janeiro e sua avaliação se inicio no dia 9 de janeiro quando as plantas estavam
com 38 DAE, esta sendo realizada ate a fase R5, fase esta que é o inicio da antese, e se
caracteriza pelas flores liguladas, completamente expandidas e todo o disco das flores está
visível (Leite, 2005).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O efeito do silicato de cálcio no índice de doença do girassol na fase R5 apresentou-se
significativa pela análise de variância (p<0,05), onde foi constatada uma diminuição na
intensidade do fungo à medida que se aumentaram as doses de silicato de cálcio no solo,
observando que nas maiores doses de silicato de cálcio houve menor intensidade do fungo na
área foliar do girassol (Figura 1).
Os mecanismos pelo qual o silicato conferiu resistência à determinada doença podem
ser por barreiras estruturais como o acúmulo do silício na parede das células da epiderme e da
cutícula ou acúmulo no local de penetração do patógeno (Epstein, 1999; Taiz e Zeiger, 2004),
ou por formar complexos com polifenóis e, assim, servindo como alternativa à lignina no
reforço da parede celular (Taiz e Zeiger, 2004). O silício também promove aumento no teor
de lignina como foi verificado por Botelho et al (2004) em estudo com mudas de café
69
verificando um aumento no teor de lignina nas plantas, o que pode ter ocasionado uma
redução na intensidade da cercospora em mudas de café.
Estas são possíveis explicações pela redução da intensidade de doença no girassol,
pois ainda não se tem o conhecimento claro da atuação do silício no controle de doença na
planta.
Figura 1. Índice de doença no girassol na fase R5 em função das doses de silicato de cálcio.
70
7
6
Indice de doença (Oídio)
5
Tratamento 1
Tratamento 2
4
Tratamento 3
Tratamento 4
3
Tratamento 5
Nivel de infecção
2
0
38 45 52 59 66
Dias após emergência
Verifica-se também que nos últimos dias de avaliação a intensidade da doença começa a
decrescer no tratamento 2, tendo uma maior intensidade de oídio no tratamento 1, isto se deve
provavelmente a uma queda de folhas, ocasionado pelo ataque do fungo na dose 27,33 g vaso-
1 de silicato de cálcio.
4 CONCLUSÕES
A dose de 109,31g vaso-1 foi a que apresentou maior resistência a doenças pelo girassol,
para as condições analisadas. Com isso podemos concluir que o silicato de cálcio foi eficiente
71
no controle de oídio na cultura do girassol, o que pode levar a uma diminuição no uso de
produtos químicos no controle de doenças nesta cultura.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e a FAPEMIG.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A. M. R.; MACHADO, C. C.; PANIZZI, M. C. C. Doença do girassol:
descrição de sintomas e metodologia para levantamento. Londrina: EMBRAPA-CNPSo,
1981. 24p. (Circular Técnico, 6).
BOTELHO, D.M.S.; POZZA, E.A.; POZZA, A.A.A.; CARVALHO, J.G. de; BOTELHO,
C.E.; SOUZA, P.E. Intensidade da cercosporiose em mudas de cafeeiro em função de fontes e
doses de silício. Fitopatologia brasileira, Brasília, v.30, n.6. p. 582-588, 2005.
EPSTEIN, E. Annual rewiew of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, Palo Alto,
v. 50, p. 641-664, 1999.
SANTOS, G.R.; KORNDORFER, G.H.; REIS FILHO, J.C.D.; PELÚZIO, J.M. Adubação
com silício: Influencia sobre as principais doenças e sobre produtividade do arroz irrigado por
inundação. Revista Ceres, Piracicaba v.50. n.287. p.1-8, 2003.
TAIZ, L.; ZEIGER, E Fisiologia vegetal. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
72
O CONSUMO E A PRODUÇÃO DE BIODIESEL E A NECESSIDADE DE
AÇÕES MITIGADORAS DE EFEITO ESTUFA
73
1 INTRODUÇÃO
O mais recente relatório elaborado pelo Intergovernmental Panel on Climate Change
(IPCC) enfatiza que as emissões de gases de efeito estufa, devido a ações antrópicas, são as
principais causas para as atuais mudanças climáticas e que os efeitos dessas mudanças serão
catastróficos, caso não sejam realizadas as ações necessárias para mitigar as emissões de
gases de efeito estufa.
Visando conhecer as tendências, a médio e longo prazos, da economia global
considerando os efeitos das mudanças climáticas e avaliar o potencial de diferentes
abordagens para adaptação às mudanças, o governo britânico solicitou um relatório a uma
equipe, liderada por Sir Nicholas Stern, ex-economista chefe do Banco Mundial (STERN,
2006).
O relatório Stern prevê que será mais oneroso ignorar os efeitos das mudanças
climáticas (cerca de 20% do PIB mundial) a combatê-los (aproximadamente 1% do PIB
mundial).
O uso do biodiesel é uma maneira de minimizar tais efeitos, uma vez que o biodiesel
apresenta algumas características vantajosas em relação ao óleo diesel de petróleo: não
contém enxofre, é biodegradável e renovável.
Este trabalho tem como objetivo apresentar os cenários modelados considerando os
efeitos das mudanças climáticas, evidenciando a necessidade de políticas mitigadores de
emissões, e discutir a respeito da característica de recurso energético renovável do biodiesel e
da sua contribuição para a mitigação do efeito estufa e para a economia brasileira.
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O relatório STERN, elaborado por uma equipe liderada por Sir Nicholas Stern, ex-
economista chefe do Banco Mundial, foi divulgado em 30 de outubro de 2006 e visa
apresentar a tendência da economia global, considerando os efeitos das mudanças climáticas,
e avaliar o potencial de diferentes abordagens para adaptação às mudanças.
O relatório Stern foi baseado em consulta a partes interessadas e análise de evidências sobre
(STERN, 2006):
9 Implicações sobre a demanda de energia e emissões de prospecções para crescimento
econômico nas próximas décadas, para países desenvolvidos e em desenvolvimento;
9 As conseqüências econômica, social e ambiental das mudanças climáticas em países
desenvolvidos e em desenvolvimento, considerando os riscos de aumento da volatilidade do
74
clima e os principais impactos irreversíveis e a interação climática com outros poluentes
atmosféricos;
9 As possíveis ações para adaptações às mudanças climáticas e os custos associados a
elas;
9 Os custos e benefícios das ações para reduzir o balanço líquido global de emissões de
gases de efeito estufa, considerando o potencial impacto dos avanços tecnológicos nos custos
futuros;
9 Os impactos e a efetividade das políticas nacionais e internacionais.
Os impactos causados pelas mudanças climáticas previstos pelas modelagens apresentados
dizem respeito a: acessos à água, produção de alimentos, saúde humana, área disponível e
meio ambiente.
A disponibilidade de água será afetada através da intensificação do ciclo da água. O
aquecimento da superfície terrestre induzirá a uma maior evaporação e, consequentemente,
uma maior intensidade de chuvas, com maior risco de alagamentos. Estiagens e inundações
serão intensificadas. Haverá maior intensidade de chuvas em altas altitudes, menos
intensidade em subtrópicos secos e, provavelmente, mudanças substanciais nas áreas
tropicais.
Em relação à agricultura, a pior das conseqüências dos efeitos das mudanças climáticas
sobre será o aumento do número de pessoas passando fome no mundo, sem capacidade para
produzir ou para comprar alimento suficiente. Aproximadamente 800 milhões de pessoas
passam fome atualmente (~12% da população mundial) e a desnutrição é a causa de cerca de
4 milhões de mortes anualmente. De acordo com as modelagens, um acréscimo de 2 – 3°C
acarretará em um acréscimo de 30 – 200 milhões de pessoas passando fome.
Além da agricultura, as mudanças climáticas irão impactar na pesca também, afetando
aproximadamente 1 bilhão de pessoas que dependem do peixe como principal fonte de
proteína animal. Enquanto o aumento da temperatura dos oceanos pode aumentar a taxa de
crescimento de alguns peixes, pode também ocasionar redução dos nutrientes, limitando o
crescimento. Outros impactos sobre a produção de alimentos são apresentados na tabela
abaixo:
75
Tabela 1. Conseqüências das mudanças climáticas na produção de alimentos.
Impacto Conseqüências
As mudanças climáticas irão afetar a distribuição e abundância de
espécies, ameaçando a viabilidade de espécies que são essenciais para
produção agrícola sustentável, incluindo polinizadores nativos das
Perda de espécies
plantações e organismos do solo que mantém a produtividade e
essenciais
fertilidade do local. Polinização é essencial para a reprodução de
muitas espécies vegetais e seu valor econômico global tem sido
estimado em $30 - 60 bilhões.
Aumento da Perdas por inundação da produção de milho pode dobrar nos próximos
ocorrência de 30 anos, causando danos adicionais, totalizando uma quantia estimada
inundações em $3 bilhões/ano.
Incêndios em Em 2003, a onda de calor na Europa e a seca produziram severos
florestas e incêndios em Portugal, Espanha e França, resultando em uma perda
plantações total em florestas e plantações de $15 bilhões.
Indução climática A epidemia de vírus Bluetongue na Europa, uma doença devastadora
de epidemias de em ovinos, foi associada ao aumento da resistência do vírus nos
pestes e doenças invernos mais quentes e a disseminação do vetor.
A queima de combustíveis fósseis aumenta a concentração de Óxido de
Nitrogênio na atmosfera, que aumenta os níveis de Ozônio na
superfície na presença da luz solar e do aumento de temperatura.
Ozônio é tóxico para plantas em concentrações superiores a 30 ppb,
Aumento de
mas esses efeitos são raramente inclusos nas previsões futuras. Muitas
Ozônio superficial
áreas rurais no continente Europeu e Centro-oeste dos EUA estão
prevendo um aumento na média de concentrações de Ozônio de cerca
de 20% até a metade do século, mesmo havendo episódios de pico de
declínio.
76
desnutrição e por stress por calor e diminuição no número de mortes relacionadas ao frio, nas
altas latitudes.
Considera-se também que o ciclo da água, afetado pelas mudanças climáticas, será a
causa de muitos problemas de saúde, além das mortes por afogamento e desidratação. As
estiagens prolongadas causarão incêndios florestais e consequentemente doenças respiratórias
serão agravadas; os alagamentos proporcionarão o crescimento de fungos e a disseminação de
vetores de doenças, como mosquitos.
O nível do mar será aumentado, não só pelo derretimento de geleiras, como também
pelo aumento do número e da força das tempestades, e as áreas costeiras serão
permanentemente inundadas.
Isso causará grande perda de área, de infra-estrutura instalada, indústrias, portos,
refinarias e estações nucleares. Consequentemente, haverá uma grande migração de pessoas
das zonas costeiras. Além disso, o custo para proteger as cidades das inundações será elevado
ao quadrado do atual aproximadamente. A Tabela 2 apresenta um resumo dos efeitos
causados pelas mudanças climáticas.
77
50 milhões malária e incluindo o
de pessoas desnutrição) Grande
Redução da Recife de
mortalidade no Corais
inverno em
altas latitudes
(Norte
Europeu,
EUA)
Haverá uma Potencial
15-40% das
diminuição Declínio Até 10 derretime
espécies
de 20-30% acentuado milhões de nto
40-60 estarão em
na água na pessoas irreversív
milhões risco de
disponível produção adicionais el de
adicionais de extinção
em algumas de serão grandes
2 pessoas Alto risco de
regiões alimentos afetadas geleiras,
expostas à extinção das
vulneráveis das regiões pelas acelerand
malária na espécies do
(ex.: Sul da tropicais inundações o o
África Ártico,
África e (5-10% na costeiras a aumento
incluindo o
Mediterrâneo África) cada ano do nível
urso polar
) dos
mares
Risco de
mudança
s
abruptas
3 No Sudeste 150-550 1-3 milhões de 1-170 20-50% das na
Europeu, milhões pessoas milhões de espécies circulaçã
ocorrerão adicionais adicionais pessoas estarão em o
sérias de pessoas morrem de adicionais risco de atmosféri
estiagens, em risco de desnutrição serão extinção (25- ca
uma vez a passar (no caso de afetadas 60%
cada 10 anos. fome (no baixa pelas mamíferos,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1-4 bilhões caso de fertilização por inundações 30-40%
de pessoas baixa 78
Carbono) costeiras a aves, 15-
sofrerão com fertilização cada ano 70%
enquanto de África) Risco
1-5 milhões A Colapso da crescente
de pessoas produção Floresta de
receberão agrícola Amazônica colapso
mais água, em altas das
correndo o latitudes geleiras
risco de atingirá o da
inundação pico Antártica
produtivo
A Risco
Perda de
produção crescente
cerca de
agrícola 7-300 de
metade da
Haverá uma declinará milhões de colapso
Acima de 80 tundra do
diminuição 15-35% na pessoas da
milhões de Ártico
de 30-50% África e adicionais corrente
pessoas Cerca de
na água por serão quente do
4 adicionais metade das
disponível no completo afetadas Atlântico
expostas à reservas
Sul da África em pelas
malária na naturais no
e no algumas inundações
África mundo não
Mediterrâneo outras costeiras a
cumprirão
regiões cada ano
seus
(partes da
objetivos
Austrália)
Hidráulica e
Eletricidade
14,0%
Urânio e Derivados
1,8%
Carvão Mineral e Derivados Gás Natural
6,6% 7,5%
80
Tabela 3 - Comparação entre diesel e biodiesel.
81
Figura 2 - Vantagens do biodiesel em relação ao diesel de petróleo.
O Brasil oficializou o uso de biodiesel com a Lei nº. 11.097, de 13 de janeiro de 2005,
que permite a adição de um percentual mínimo de biodiesel ao óleo diesel mineral
comercializado, em qualquer parte do território nacional. Esse percentual obrigatório será de
2% a partir de 2008 e 5% a partir de 2013.
4 CONCLUSÃO
O uso do biodiesel etílico em sua forma pura como combustível seria um combustível
totalmente nacional e 100% renovável. O uso do biodiesel na sua forma pura diminui a
emissão de dióxido de carbono em 46%, de fumaça preta em 68%, de Enxofre em 100% e de
hidrocarbonetos não queimados em 36%. Deve-se considerar também que a utilização do
biodiesel em misturas com o diesel de petróleo já apresenta melhorias significativas em
relação às emissões citadas acima.
A adoção desse combustível em escala nacional também trará benefícios econômicos,
como menor dependência externa, desenvolvimento regional, geração de empregos, menor
êxodo rural, desenvolvimento da agricultura familiar e implantação de novas indústrias.
É necessário considerar os vazamentos, emissões indiretas de gases de efeito estufa
durante o processo produtivo, na cadeia de produção e consumo de biodiesel. Porém, mesmo
82
considerando os vazamentos, é inevitável concluir que a produção e o consumo de biodiesel
seja uma política necessária para minimizar as condições que aumentam o efeito estufa.
Dentro do contexto do Relatório Stern, o Brasil já está tomando a iniciativa ao
promulgar uma lei ( Lei nº. 11.097, de 13 de janeiro de 2005) para uso obrigatório do
biodiesel em mistura ao óleo diesel de petróleo.
Porém, dada a criticidade dos cenários previstos e a capacidade brasileira, tanto
tecnológica como de produção de óleo vegetal ou gordura animal, o Brasil poderia utilizar-se
de políticas mais agressivas em relação ao uso de biodiesel e de desoneração de impostos para
a produção do mesmo, uma vez que o biodiesel brasileiro ainda é mais caro do que o diesel
comum.
Deve-se atentar também a possibilidade de que o incremento da área plantada com
oleaginosas podem invadir florestas tropicais, diminuindo assim o seqüestro de Carbono pelas
florestas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Atratividade do Setor Energético, 2004 – Disponível em:
http://www.ebape.fgv.br/novidades/pdf/D02P01A01.ppt. Acessado em 29/05/2007
DABDOUB, M.J. Por Um Biodiesel Com Identidade Brasileira, 2003 – Disponível em:
www.camara.gov.br/internet/comissao/index/perm/capr/CAPR_BIOUSP.pdf . Acessado em:
25/05/2007
STERN, N. Stern Review: The Economics of Climate Change 2006 – Disponível em:
http://www.hm-
treasury.gov.uk/independent_reviews/stern_review_economics_climate_change/stern_review
_report.cfm. Acessado em: 26/04/2007.
83
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS DUAS ESPÉCIES DE
ANDIROBA (Carapa procera D.C. e Carapa guianensis Aubl.) EM PLANTIO
NA AMAZÔNIA CENTRAL
RESUMO: Nas regiões tropicais úmidas a manutenção da cobertura florestal assim como a
restauração de áreas degradadas são pré-requisitos para se atingir a sustentabilidade ecológica.
Os programas de recuperação de áreas degradadas têm buscado explorar o potencial de
espécies florestais nativas, o que permite também a utilização de espécies para produção de
produtos florestais não madeireiros. Entre as espécies florestais no Amazonas que vem sendo
empregadas na formação de plantios encontra-se a andiroba. O nome andiroba é atribuído a
duas espécies: Carapa guianensis Aubl. E Carapa procera D. C.. Ambas as espécies são de uso
múltiplo, devido à madeira e ao óleo extraído de suas sementes de larga aplicação nas
indústrias de cosméticos e fitoterápicos. O objetivo do trabalho foi avaliar o estado nutricional
das duas espécies de andiroba na Amazônia Central. Foram coletadas, trimestralmente no
período de um ano, 40 folhas recém-adultas (20 da C. Procera e 20 da C. Guianensis) do terço
superior da copa das árvores de andiroba da Fazenda Santa Cláudia (Presidente Figueiredo-
AM). Os resultados apontaram que as duas espécies de andiroba apresentaram deficiências
nutricionais revelados pelos baixos teores de K, P, Fe e Mn. Tais deficiências, possivelmente,
estão relacionados a forte competição inter-específica com o quicuio da Amazônia (Brachiaria
humidicula (Rendle) Schweickerdt). Roçagens da vegetação secundária ou substituição desta
por leguminosas para a cobertura do solo e adubação verde poderiam contribuir para a
redução das deficiências nutricionais observadas e ainda possibilitar um melhor
desenvolvimento das árvores.
84
1 INTRODUÇÃO
As formas predominantes de uso dos recursos naturais na Amazônia normalmente
geram trágicas conseqüências para o ambiente, como, a extração ilegal de madeira, a
agricultura intinerante, a pastagem ou ainda a mineração. Além disso, não geram renda a
longo prazo para as populações (Uhl et al.; 1988). Independente da escolha de uma dessas
opções de uso da terra, o resultado final é normalmente o mesmo: áreas extensas convertidas
em ambientes ecologicamente degradados e economicamente empobrecidos (Velho, 1972;
Barbira-Schzzochio, 1980). À medida em que recursos e oportunidades econômicas
escasseiam, as populações rurais pobres são compelidas a migrarem para novas zonas de
fronteiras, onde o ciclo de degradação ambiental recomeça, mantendo assim um ciclo de
insustentabilidade sócio-ambiental (Anderson & Ioris, 2001).
Atualmente, nas regiões tropicais úmidas, a manutenção da cobertura florestal, assim
como a restauração de áreas degradadas, são pré-requisitos para se atingir a sustentabilidade
ecológica (Goodland, 1980). Os programas de revegetação de ecossistemas degradados têm
buscado explorar o potencial de espécies nativas, supostamente mais bem adaptadas às
condições edafoclimáticas, o que facilita o restabelecimento do equilíbrio entre a fauna e a
flora (Moraes Neto et al.; 2000).
Entre as espécies florestais no Amazonas que vem sendo empregadas na formação de
plantios encontra-se a andiroba. O nome andiroba é atribuído a duas espécies: Carapa
guianensis Aubl., com ocorrência em toda a bacia Amazônica, preferencialmente em
ambiente de várzea e Carapa procera D.C., que é mais restrita a algumas áreas na Amazônia,
porém ocorre também na África (Ferraz et al., 2002). Ambas espécies são de uso múltiplo,
devido à madeira e ao óleo extraído de suas sementes.
O plantio de andiroba em aberto tem potencial para produção de sementes e de
madeira e, cultivada em áreas de enriquecimento na sombra, destina-se mais para produção de
madeira (Volpato et al.; 1972). Deve-se considerar que plantio em grande escala pode ser
limitado, pois as gemas terminais da andiroba são susceptíveis ao ataque da broca do ponteiro
(Hypsipyla grandella).
Deve-se ressaltar que a produção sustentável de plantios florestais, a longo prazo,
depende de práticas de manejo que visam manter a diversidade biológica e a conservação de
estoques de nutrientes e, conseqüentemente, assegurem uma relação positiva entre solo-
planta.
85
Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o estado nutricional das duas espécies
de andiroba na Amazônia Central.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A área do plantio situa-se na Fazenda Santa Cláudia, no município de Presidente
Figueiredo, rodovia BR-174, km 109 entre as coordenadas 2º 05’53’’ latitude Sul e 60º
01’46” longitude Oeste.
A região do município de Presidente Figueiredo apresenta clima do tipo Af, segundo a
classificação de Köppen (1948). A umidade relativa do ar apresenta valores sempre acima de
80%. A precipitação média anual (1985-2002) foi de 2594 mm (CPRM, 2003).
A área do plantio foi recoberta por floresta primária até 1983, quando foi realizada a
derrubada manual (motoserra). No ano seguinte foi estabelecida uma pastagem, com quicuio
da Amazônia (Brachiaria humidicula (Rendle) Schweicherdt), de aproximadamente 80 ha,
pastejada por cerca de 120 bovinos por 8 anos (com.pes. C. Cabral, 2000).
No início de 1993 foi plantado guaraná adensado (espaçamento: 3 x 3m) e em 1995 as
plantas de guaraná estavam morrendo, devido à competição com o quicuio da Amazônia, a
compactação do solo e o acúmulo de água nas covas; também foi observado o apodrecimento
das raízes. A área do plantio foi abandonada. Em 1997 a área foi roçada com foice e facão e
queimada a parte mais baixa, dominada pelo lacre. Em seguida, a área foi abandonada até
janeiro de 2000.
Em 2000, foi preparada para o plantio florestal, utilizando-se um trator de esteira (D6)
com lâmina, para retirar a vegetação secundária e amontoá-la em leiras. Em seguida, foi
realizada a aração (com arado de 4 discos, profundidade 20-25 cm) e gradagem em metade da
área do experimento. No restante da área não foi feito o preparo do solo. Foram plantadas as
seguintes espécies nativas: pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav. Ex Lamb. Urb.), cumaru
verdadeiro (Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.), cajuí (Anacardium spruceanum Benth. Ex
Engl.), pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke), mogno (Swietenia macrophylla King.) e cedro
(Cedrela odorata L.). As mudas vieram em sacos plásticos (volume: 1000 cm3) do viveiro da
Estação Experimental de Silvicultura Tropical do INPA (Barbosa et al, 2002). Durante o
primeiro ano de plantio, as mudas de pau-de-balsa, cumaru verdadeiro e cajuí sofreram
herbivoria por caprinos e as outras espécies foram forrageadas.
Após a remoção dos animais foi realizado um novo plantio, em fevereiro de 2001.
Foram utilizadas as seguintes espécies: pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav. Ex Lamb.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
86
Urb.), cumaru verdadeiro (Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.), mogno (Swietenia macrophylla
King.), andiroba (Carapa guianensis Aubl. e Carapa procera D.C.), jatobá (Hymenaea
courbaril L.) e cedro (Cedrela odorata L.). As sementes e mudas foram provenientes da
EEST. As mudas de andiroba foram plantadas com seis meses e aproximadamente 30 cm de
altura.
A área dos plantios foi preparada a partir de janeiro de 2001, perfazendo um total de
12 hectares. Metade dessa área foi arada (trator com arado de quatro discos, profundidade de
20-25 cm), e gradeada (grade de 8 discos lisos e 8 discos dentados, profundidade de 10-15
cm). Em abril de 2001, foram feitos os plantios, no espaçamento 3 x 3 m. As covas foram
abertas com perfurador de solo acoplado ao trator agrícola, nas dimensões de 20 cm de
diâmetro por 30 cm de profundidade (Barbosa et al., 2002).
Na ocasião do plantio foi realizada uma adubação mineral com 150 g/cova de Fosmag
(4:16:8) e 50g de calcário dolomítico, na proporção 3:1 (Barbosa et al., 2002). O plantio de
andiroba tem uma área de 2592 m2, as árvores foram plantadas na direção N-S. Em cada linha
foram plantadas 25 árvores, perfazendo um total de 375 árvores na parcela. (Figura 1).
C. procera
Mapa de localização das espécies de andiroba no plantio da Fazenda Sta. Claúdia - 2005
C. guianensis
Mortas
72
69
66
63
60
57
54
51
48
45
42
39
36
33
30
27
24
21
18
15
12
9
6
3
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42
Figura 1 – Mapa de localização das espécies de andiroba (Carapa procera D.C. e Carapa
guianensis Aubl.) no plantio da Fazenda Santa Cláudia (2.592 m2), espaçamento entre árvores
3 x 3 m, totalizando 375 árvores, levantamento de 2005.
87
adultas do lançamento mais novo, no terço superior da copa (Reuter et al., 1997; Carmo et al.,
1998; Boaretto et al., 1999).
As folhas recém-maduras são os órgãos que melhor representam o estado nutricional
da planta, pois são os centros dos processos metabólicos e refletem bem a composição e as
mudanças na nutrição (Boaretto et al., 1999).
As folhas das árvores amostradas foram coletadas com o auxílio de um podão e
tesoura de poda, acondicionadas em sacos de papel identificados e levadas, no mesmo dia, ao
Laboratório Temático de Solos e Plantas do INPA. Em seguida, foram colocadas para secar
em estufa com ventilação forçada, com temperatura controlada entre 60-65ºC até atingirem
peso constante (Anderson & Ingran, 1989; Carmo et al., 1998; Miyazawa et al., 1999). Após a
secagem, as folhas foram moídas em moinho de faca – SIEMENS MC 23 - e armazenadas em
frascos de polietileno para as análises de macro e micro-nutrientes conforme a metodologia da
EMBRAPA (1999).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores de potássio encontrados nos tecidos foliares normais (sadios) variam entre 10
a 40 g kg-1, para a maioria das plantas (Mengel & Kirby, 1982; Brady & Weil, 1999). Os
teores de potássio das duas espécies de andiroba variaram 3,4 a 5,1 g kg-1 (Figura 2).
C. guianensis
6,0
C. procera
5,0
4,0
K (g/kg)
3,0
2,0
1,0
0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
Meses (anos 2005-2006)
88
Esses resultados confirmam a diagnose visual de deficiência de potássio durante as
coletas, onde as árvores das duas espécies apresentaram manchas avermelhadas, no ápice e
nas bordas das folhas mais velhas (Figura 3).
O potássio é um elemento muito móvel dentro da planta, sendo translocado dos tecidos
mais velhos para os mais jovens e, quando ocorrem sintomas de deficiência, estes aparecem
primeiro nas folhas mais velhas (Mengel & Kirby, 1982; Brady & Weil, 1999). Esses mesmos
sintomas visuais também foram observados em plantios de andiroba (C. guianensis) na
mesma localidade por Green (2004).
A deficiência de potássio não revela imediatamente sintomas visíveis, ocorre uma
redução nas taxas de crescimento (fome oculta) (Mengel & Kirby, 1982; Raij, 1991;
Marschner, 1995). Em geral, quando há deficiência de potássio, nos ápices e bordas das folhas
adultas (velhas) ocorre clorose e necrose, aparentando que as bordas destas foram queimadas
(Brady & Weil, 1999).
Figura 3 – Diagnose visual de deficiência nutricional nas duas espécies de andiroba no plantio
da Fazenda Santa Cláudia, Presidente Figueiredo –AM.
Os teores de fósforo nas árvores do plantio de andiroba (Figura 4) foram muito baixos
(0,4 a 1,0 g kg-1). Considera-se como deficiência de P, teores foliares inferiores a 2 g kg-1. A
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
89
deficiência de fósforo implica em atraso no crescimento e baixa produção de flores, frutos e
sementes, redução generalizada de muitos processos metabólicos, incluindo divisão e
expansão celular, respiração e fotossíntese. Nos sintomas visuais de deficiência pode aparecer
uma coloração púrpura ao longo das folhas com necrose nas margens (Mengel & Kirkby,
1982; Marschner, 1995; Mills & Jones Jr.; 1996).
Estudo semelhante realizado por Green (2004) na Fazenda Santa Cláudia com árvores
de C.guianensis apontou baixos teores de fósforo (0,67 a 0,81g kg-1).
1,2 C. guianensis
C. procera
1,0
0,8
P (g/kg)
0,6
0,4
0,2
0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
Meses (anos 2005-2006)
Os teores foliares de cálcio entre 3,0 a 12,0 g kg-1 são considerados adequados para as
essências florestais (Malavolta et al.; 1997). Os teores de cálcio nas árvores de andiroba das
duas espécies de andiroba variaram de 5,4 a 11,3 g kg-1 (Figura 5). Green (2004) observou na
mesma área com plantio de C. guianensis teores médios de cálcio na época chuvosa de 6,68 g
kg-1 e na época seca de 8,39 g kg-1.
90
C. guianensis
12,0
C. procera
10,0
8,0
Ca (g/kg)
6,0
4,0
2,0
0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
m eses (anos 2005-2006)
91
C. guianensis
5,0
C. procera
4,0
3,0
Mg (g/kg)
2,0
1,0
0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
m eses (anos 2005-2006)
92
140,0 C. guianensis
C. procera
120,0
100,0
Fe (mg/kg)
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
Meses (anos 2005-2006)
93
60,0 C. guianensis
C. procera
50,0
40,0
Mn (mg/kg)
30,0
20,0
10,0
0,0
agosto novembro fevereiro maio agosto
Meses (anos 2005-2006)
Tanto neste estudo como no realizado por Green (2004) foram observadas deficiências
nutricionais das árvores de andiroba, possivelmente resultado da alta competição inter-
específica entre as andirobas e o quicuio-da-Amazônia (Brachiaria humidicula (Rendle)
Schweickerdt), o que influenciaram no desenvolvimento das espécies. Diante do exposto,
observa-se a necessidade de um manejo do plantio, a fim de melhorar o estado nutricional das
andirobas e, conseqüentemente, assegurar um melhor desenvolvimento biométrico das árvores
bem como uma produção de sementes futura.
4 CONCLUSÕES
As duas espécies de andiroba apresentaram deficiências nutricionais. Provavelmente são
resultados do histórico de uso da terra que levaram a degradação dos solos na área do plantio.
Também, a concorrência causada pela intensa cobertura da vegetação secundária (quicuio) na
área do plantio, deve ter contribuído para os baixos teores de nutrientes foliares nas andirobas.
Roçagens da vegetação secundária mais freqüentes, ou a substituição desta por
leguminosas para a cobertura do solo e adubação verde, poderiam contribuir para a redução
das deficiências nutricionais observadas.
5 AGRADECIMENTOS:
94
Pelas bolsas concedidas às autoras (CNPq: Edital Nº 032/2005; Nº 553314/2005-0) e a
FAPEAM (Programa de Apoio a Participação em Eventos Científicos e Tecnológicos - PAPE
Edital Nº 023/2006).
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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97
POSSIBILIDADES PARA O BIODIESEL: ANÁLISE DA EFICIÊNCIA NA
PRODUÇÃO DE ALGODÃO, AMENDOIM E SOJA NAS REGIONAIS DE
DESENVOLVIMENTO RURAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
98
1 INTRODUÇÃO
O Brasil têm em sua matriz energética 44,9% de energia renovável, segundo o Balanço
Energético Nacional (BEN) - dados de 2006. O biodiesel no BEN está inserido em outras
fontes renováveis, participando ainda com uma pequena parcela representada por 3,0% do
total da OIE - Oferta Interna de Energia. Entretanto, há um potencial de crescimento, o que
poderá minimizar a dependência do país em relação aos combustíveis fósseis.
O futuro próximo acena para a possibilidade de haver grandes mudanças na fabricação
e utilização de biodiesel pelo Brasil. A expectativa é que o país seja um dos principais
produtores e consumidores de biocombustíveis do mundo. Há indícios de que isto significaria
a diminuição da emissão de gases de efeito estufa e, conseqüentemente, permitiria o uso do
petróleo e seus derivados para outros fins, salientando que a produção de biodiesel deverá ser
feita a partir de uma visão ecológica, ou seja, como a produção encaixada no ambiente natural
e social e assim trazer benefícios à sociedade e ao planeta (CAPRA, 1996).
A renovação da matriz energética tem como instrumento legal a obrigatoriedade,
estabelecida pelo governo brasileiro, de uma percentagem mínima de 5% do uso do biodiesel
em substituição ao diesel comum. A proporção do volume do óleo de biodiesel na composição
final do combustível é expressa no tipo do combustível. O tipo B2, por exemplo, possui 2%
de biodiesel misturado ao diesel de petróleo, já o B5 possui 5%, e assim por diante até chegar
ao B100, o biodiesel puro.
De acordo com a legislação que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz
energética brasileira (Lei nº 11.097, de 13/01/05), o biodiesel é definido como
“biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna
com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de
energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil”. Consta
ainda, no Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, ser “um combustível
biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido por diferentes processos
tais como o craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação. Pode ser produzido a
partir de gorduras animais ou de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no
Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu,
amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras”.
Nesta perspectiva, e considerando-se a dimensão espacial, o Brasil possui um enorme
potencial para a produção do biodiesel é dada a grande variação edafoclimática e agrícola em
seu território. Esta diversidade regional permite a fabricação do novo combustível a partir do
99
aproveitamento de inúmeras fontes de matérias-primas produzidas em todo o país. No caso do
estado de São Paulo há, também pelas mesmas razões, inúmeras possibilidades de
aproveitamento de fontes de matérias-primas decorrente da multiplicidade de arranjos
espaciais de sistemas de produção agrícola.
No entanto, alguns setores de movimentos sociais e ambientalistas são críticos severos
em relação à nova tecnologia em pauta (PINTO e MENDONÇA, 2007). Apontam com dados
alarmantes os possíveis aumentos de desmatamentos, a expansão de monoculturas e de todos
os problemas decorrentes como: a perda da biodiversidade, os prejuízos em relação à
soberania alimentar, a elevação dos índices de poluição provocados pelo aumento do uso de
insumos químicos nas lavouras e uma maior vulnerabilidade do pequeno produtor. Outro
questionamento diz respeito a quem está realmente apto a fabricar e comercializar o biodiesel,
conforme a Instrução Normativa nº 516 de 22/02/05, a Lei n º 11.116 de 18/05/2005 e a
Portaria n º 483, de 03/10/05. O papel central que deve ter a ANP (Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), órgão do Ministério de Minas e Energia, em
fiscalizar de forma criteriosa as atividades relacionadas à produção, importação, exportação,
armazenagem, estocagem, distribuição, revenda e comercialização e certificação do biodiesel
(Lei nº 11.097, 13/01/05).
Destaca-se que é de suma importância a participação do poder público no controle da
produção e uso de fontes energéticas alternativas, como o biodiesel, tendo-se em vista
alcançar uma realidade de desenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental,
econômico e social. No tocante ao aspecto social, é preciso fazer valer o inciso 4º da citada
Lei 11.097, a qual determina que a fabricação do biodiesel seja realizada, preferencialmente, a
partir de matérias-primas produzidas por agricultor familiar. E, neste sentido, a criação pelo
governo federal do “Selo Combustível Social” (Decreto n º 5.297 de 06/12/04 e Instrução
Normativa nº 1 de 05/07/05) pode ser um importante instrumento que garanta de fato tanto a
descentralização do desenvolvimento regional como a inclusão social, a partir da geração de
emprego e renda aos agricultores familiares. Para isto é fundamental o cumprimento da lei
que determina no contrato de compra e venda, a prestação de serviços e a capacitação técnica
por parte do produtor de biodiesel a todos os agricultores familiares, fornecedores das
matérias-primas às usinas de fabricação de biodiesel.
Portanto, este estudo vem somar-se às pesquisas voltadas à dinamização da capacidade
produtiva e da disponibilidade de matéria-prima para fabricação do biodiesel. A análise da
eficiência relativa das regiões paulistas na produção de óleos de soja, algodão e amendoim
pretende contribuir com os trabalhos que buscam examinar as possibilidades de aumento da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
100
geração deste combustível. Tal fato poderá facilitar a adesão ao uso do biodiesel pelo
mercado, trazendo prováveis benefícios tanto para a sociedade como para o meio ambiente e,
deste modo, atender a legislação federal que torna obrigatório, gradualmente, a introdução do
biodiesel na fabricação de combustível no país. A Resolução n º 3, de 23/09/05, coloca ao
CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) a tarefa de propor políticas relacionadas ao
aproveitamento racional dos recursos energéticos em solo brasileiro e, portanto, acompanhar a
eficácia das metas propostas com base em um desenvolvimento territorial e social mais justo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A abordagem por Análise de Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis –
DEA) é um método de construção de fronteiras de produção desenvolvida por Charnes et al.
(1978) e utilizada para determinar a eficiência de unidades de produção ou unidades
tomadoras de decisão (Decision Making Unit - DMU´s), a partir da programação linear
incorporando diversos insumos (inputs) e produtos (outputs).
A eficiência relativa de uma determinada DMU é obtida pela distância de cada ponto até
a fronteira (VICENTE e MARTINS, 2006), comparada com outras DMU´s que realizam
tarefas similares e se diferenciam nas quantidades de inputs que consomem e de outputs que
produzem (MELLO et al. 2003). Um modelo DEA insumo-orientado define a fronteira a
partir da máxima redução proporcional no uso dos insumos mantendo constante o nível de
produto de cada observação; um modelo DEA produto-orientado define a fronteira
procurando o máximo de produto que poderia ser obtido, mantendo constante o nível de
insumos de cada observação.
Para este estudo optou-se pelo DEA modelo CCR que assume retornos constantes à
escala, isto é, qualquer variação nos inputs produz variação proporcional nos outputs; a partir
do insumo orientado que procura a máxima redução possível nos insumos, mantendo o
mesmo nível de produto.
É freqüente a ocorrência de empates para as unidades 100% eficientes, ocorrendo baixa
discriminação entre as DMU´s; nesses casos adota-se o cálculo de fronteiras invertidas,
efetuando a troca entre insumo e produto no modelo original, formando fronteiras a partir das
DMU´s com piores desempenhos (VICENTE e MARTINS, 2006), sendo os índices de
eficiência obtidos a partir de médias aritméticas entre os resultados das fronteiras clássica e
invertida (MELLO et al., 2005).
101
Foram trabalhadas duas especificações, com informações primárias coletadas junto ao
banco de dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA): a primeira considerou como insumo
a terra, calculado com base nos preços de arrendamento de terra em dinheiro e na área
plantada com cada cultura na safra 2005/2006, ambos referentes a cada uma das 40 EDR´s. O
produto corresponde ao valor da produção de cada cultura e para cada EDR, calculado a partir
do total produzido e da média dos preços recebidos pelos produtores no estado de São Paulo.
A segunda especificação considerou como insumo o custo de produção por hectare e a
área total plantada com cada lavoura em cada uma das EDR´s. Como produto utilizou-se mais
uma vez o valor da produção para cada EDR e lavouras correspondentes, a partir do total
produzido e dos preços médios recebidos pelo produtor.
Para ambas especificações trabalhou-se com um insumo e um produto, a partir do
modelo CCR buscou as DMU´s mais eficientes em uma determinada lavoura, ou seja, a EDR
mais eficiente entre as que plantaram algodão, seguindo o mesmo procedimento para as
lavouras de amendoim e soja.
Posteriormente, dentre as 40 DMU´s foram selecionadas as que produziram pelo menos
uma das três lavouras em estudo; em seguida optou-se por selecionar as DMU´s que
plantaram pelo menos duas e as que plantaram as três lavouras em análise. Para as três
situações foi utilizada a somatória dos insumos e dos produtos referentes a cada EDR e a cada
lavoura. E dessa maneira, procurou-se identificar as regiões de maior eficiência econômica na
produção das três lavouras.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na intenção de melhor conduzir a análise, considerou-se importante posicionar as EDR´s
em relação à produção, área plantada e produtividade, buscando evidenciar o comportamento dessas
variáveis nas principais regiões produtoras de cada uma das lavouras em avaliação neste estudo.
Desta forma, a seguir são apresentadas algumas evidências necessárias para compreender a
participação de cada EDR´s na produção total do estado de São Paulo.
As principais EDR´s produtoras de algodão na safra 2005/06 foram Avaré, Fernandópolis,
Votuporanga, Presidente Venceslau, Jales, Limeira, Orlândia, Presidente Prudente e Andradina,
juntas representam 73% da área total plantada e 72% da produção total do estado de São Paulo. Por
outro lado, as EDR´s de menor participação na área plantada de algodão eram Assis, Bauru,
Catanduva, Franca, Jaboticabal, Jaú, Lins, Piracicaba e Tupã. As maiores produtividades foram
102
encontradas nas EDR´s de Araraquara, Avaré, Franca, Itapeva, Mogi Mirim, Orlândia e Piracicaba,
em média 32% superiores à média de 166@/ha registrada para todo o estado.
Para o amendoim, as EDR´s paulistas que mais se destacaram no plantio e na produção
foram Assis, Catanduva, Dracena, Jaboticabal, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Tupã,
juntas responderam por cerca de 80% da área total plantada e da produção paulista de amendoim,
sendo Botucatu, Bragança Paulista, Fernandópolis, Itapeva, Jales, São João da Boa Vista e
Sorocaba, as EDR´s que menos contribuíram na safra 2005/06. Nesta mesma safra a produtividade
média atingiu 104 sacos (25 kg)/ha e pode-se observar que as EDR´s de Andradina, Barretos,
General Salgado, Jaboticabal, Jaú, Lins, Orlândia, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São João da
Boa Vista, apresentaram produtividade acima dessa média.
As EDR´s de Assis, Barretos, Itapeva, Orlândia, Ourinhos e Presidente Prudente juntas
representavam em torno de 74% da área plantada e produção total de soja no Estado de São Paulo.
A produtividade média foi de 38 sacas (60 kg)/ha, sendo que as seguintes EDR´s registraram
valores acima dessa média: Araçatuba, Araraquara, Bauru, Botucatu, Campinas, Catanduva,
Fernandópolis, Franca, General Salgado, Itapetininga, Itapeva, Jales, Jaú, Limeira, Marília, Mogi
Mirim, Ourinhos, Pindamonhangaba, Piracicaba, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto,
Tupã e Votuporanga; por outro lado, as menores produtividades foram encontradas nas EDR´s de
São José do Rio Preto e Presidente Venceslau.
Para trabalhar as especificações propostas, os insumos e produtos foram calculados para
cada uma das 40 EDR´s, a partir dos dados referentes à área plantada, produção, preços médios para
arrendamento de terras; custo de produção e preços médios recebidos pelos produtores (Tabela 1).
Nota-se a existência de EDR´s que não produziram nenhuma das 3 lavouras em análise, como por
exemplo Guaratinguetá e de outras que produziram apenas uma ou duas, como Itapetininga e Avaré,
bem como as que possuíam as três, como Assis.
103
Tabela 1 - Insumos e Produtos de cada unidade produtora.
Insumos Produtos
Andradina 842738 7673559 627690 5375516 1469225 5530676 4989248 5174511 3880770
Araçatuba 174470 1291845 316087 2706956 8761469 29527171 1036920 2298029 27088600
Araraquara 155061 2041115 780990 5759481 2305214 7730995 2065729 4006236 6389951
5532905
Assis 16093 180858 1595925 17654181 158753760 86523 12504508 107523228
1
2574123
Barretos 767974 5335320 1112738 6713909 92403793 4099687 8001156 65311674
0
Bauru 55040 573579 170330 1256115 831211 3179898 495207 1190504 2816227
Catanduva 36174 250618 1992976 13891320 638084 2603675 137409 7985949 2022620
Dracena 264129 3139183 1333099 14933511 102273 586894 1942704 12533886 420255
104
Fernandópolis 1162810 10613799 6364 60337 1440473 6199735 7811780 56077 4853167
Franca 44628 310043 433881 1919827 4577847 18239598 356906 1098810 13805532
G.Salgado 770556 6446307 174149 1390503 2023740 7531451 4844228 1659835 5959963
Guaratinguetá 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1313771
Itapeva 1239675 6459225 669 8228 57115457 9125438 6062 46321440
1
Jaboticabal 111879 775107 4674783 34474608 1857076 7576268 500209 46487241 5401055
Jales 1065981 9138512 31157 238607 279829 1057476 5252778 117004 814568
Jaú 24793 258369 164380 1212234 629185 2119221 162230 1206569 1646569
Lins 9917 103348 876196 6461589 519800 1917543 43261 7488479 1288678
M. Cruzes 0 0 0 0 0 0 0 0 0
3566110
Orlândia 1320245 9172100 309915 1371305 115351348 9483695 1540860 79325466
9
1049770
Ourinhos 0 0 0 0 38446892 0 0 32698952
1
105
Pindamonhangaba 0 0 0 0 82644 213416 0 0 166027
P.Prudente 735910 8270392 3089048 31221872 15156290 65594475 4867360 33881238 48754768
P.Venceslau 660691 10425189 108884 1275314 1295360 7779013 6011027 1009137 3465807
Registro 0 0 0 0 0 0 0 0 0
S.J.Boa Vista 868764 4526625 24851 137131 2260278 11791234 3900550 151560 10351763
S.J.R.Preto 219007 1369356 811826 4898301 885132 3047580 845624 4284702 2005000
S.Paulo 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Tupã 72891 759605 3313682 29195083 292557 1259154 409685 22970130 871640
Votuporanga 1354234 12771180 54381 515611 1204140 5015276 7417210 379708 3785408
Fonte: Resultados da pesquisa, a partir de dados básicos do Instituto de Economia Agrícola (IEA).
106
Dracena e Itapeva e as DMU´s de menor desempenho foram Mogi Mirim (0,34), Assis (0,42)
e Pindamonhangaba (0,44), sendo agrupadas 35 unidades (Tabela 2).
Ainda na especificação I, porém considerando as EDR´s que produziram pelo menos
uma das três lavouras, ou seja, 36 DMU`s, os resultados apontaram a EDR de Dracena como a
de maior eficiência, seguida por Jaboticabal e Tupã e as unidades menos eficientes Assis,
Orlândia, Sorocaba e Pindamonhangaba. Os mesmos resultados foram alcançados quando do
agrupamento das DMU´s que plantaram as três lavouras, 23 EDR´s ou pelo menos duas
lavouras, num total de 31 EDR´s. Como a DMU que determinou a fronteira de eficiência
cultiva as três lavouras (Dracena), os resultados se repetem para o agrupamento das EDR´s
que cultivaram duas ou as três lavouras, não comportando discussão adicional.
Na especificação II, baseada no custo de produção como insumo e no valor da
produção como produto, os resultados obtidos a partir da seleção das EDR´s que produziram
pelo menos uma das três lavouras, apontaram a EDR de Jaboticabal como a mais eficiente,
seguida por Mogi Mirim (0,87), Lins e Avaré com 0,85. Por outro lado as de menor eficiência
foram Presidente Venceslau, Jales e Catanduva com resultados entre 0,44 e 0,50 (Tabela 3).
Para o grupo de DMU´s que produziram algodão, os resultados a partir da
especificação II, apontaram a EDR de Itapeva na fronteira de eficiência, em seguida Franca e
Mogi Mirim com 0,81. As EDR´s de menor eficiência foram Lins, Assis e Tupã.
Considerando as lavouras de amendoim, Jaboticabal se destacou como a EDR mais eficiente,
bem como General Salgado (0,89) e Barretos (0,88); por outro lado, Jales, Botucatu e Franca
figuraram como as unidades de menor eficiência. Para a soja, Araçatuba traçou a fronteira de
eficiência, seguida por Bauru (0,97) e Mogi Mirim (0,95); e as EDR´s de Presidente
Venceslau, São José do Rio Preto e Lins foram menos eficientes com resultados que variaram
entre 0,47 e 0,73.
107
Tabela 2 - Eficiências relativas das unidades produtoras, a partir da especificação I, modelo
DEA CCR, insumo orientado.
Eficiência Padrão
DMU
Algodão Amendoim Soja Pelo menos 1 lavoura
Andradina 0,4444 0,7516 0,5767 0,5451
Aracatuba 0,4461 0,6628 0,6751 0,3751
Araraquara 1,0000 0,4677 0,6052 0,4386
Assis 0,4036 0,7144 0,4243 0,2407
Avare 0,6385 0,6264 0,5869
Barretos 0,4007 0,6556 0,5540 0,3197
Bauru 0,6754 0,6372 0,7398 0,4861
Botucatu 0,3716 0,6261 0,3291
Bragança 0,0557 0,0697
Campinas 0,5721 0,2989
Catanduva 0,2851 0,3653 0,6921 0,4340
Dracena 0,5521 0,8572 0,8972 1,0000
Fernandopolis 0,5043 0,8034 0,7356 0,5561
Franca 0,6003 0,2309 0,6585 0,3443
GSalgado 0,4719 0,8690 0,6430 0,4790
Itapetininga 0,7019 0,3668
Itapeva 0,5526 0,8261 0,7699 0,4400
Jaboticabal 0,3356 0,9066 0,6350 0,8996
Jales 0,3699 0,3424 0,6356 0,5124
Jau 0,4912 0,6692 0,5714 0,4204
Limeira 0,4147 0,6996 0,4683
Lins 0,3275 0,7792 0,5413 0,7157
Marilia 0,5134 0,6689 0,5741
MMirim 0,3590 0,3353 0,3645
Orlandia 0,5392 0,4533 0,4857 0,2764
Ourinhos 0,6801 0,3554
Pindamonhangaba 0,4386 0,2292
Piracicaba 0,6140 0,5849 0,3600
PPrudente 0,4965 1,0000 0,7024 0,5259
PVenceslau 0,6829 0,8450 0,5842 0,5793
RPreto 0,5077 0,6791 0,5163
SJBoaVista 0,3370 0,5560 1,0000 0,5210
SJRPreto 0,2898 0,4812 0,4946 0,4249
Sorocaba 0,9293 0,5706 0,2988
Tupa 0,4219 0,6320 0,6505 0,7520
Votuporanga 0,4111 0,6366 0,6864 0,5057
108
Tabela 3 - Eficiências relativas das unidades produtoras, a partir da especificação II, modelo
DEA CCR, insumo orientado.
Eficiência Padrão
DMU
Algodão Amendoim Soja Pelo menos 1 lavoura
Andradina 0,4602 0,7139 0,7648 0,6179
Aracatuba 0,5681 0,6296 1,0000 0,7418
Araraquara 0,7164 0,5158 0,9009 0,6559
Assis 0,3386 0,5253 0,7383 0,5560
Avare 0,9630 0,7630 0,8465
Barretos 0,5439 0,8838 0,7704 0,6058
Bauru 0,6111 0,7029 0,9654 0,7346
Botucatu 0,4098 0,9077 0,6738
Bragança 0,0683 0,0753
Campinas 0,8480 0,6360
Catanduva 0,3881 0,4263 0,8468 0,4953
Dracena 0,4380 0,6224 0,7805 0,6526
Fernandopolis 0,5210 0,6892 0,8533 0,6163
Franca 0,8148 0,4245 0,8250 0,6095
GSalgado 0,5319 0,8852 0,8626 0,6630
Itapetininga 0,8821 0,6615
Itapeva 1,0000 0,5464 0,8840 0,7129
Jaboticabal 0,4568 1,0000 0,7771 1,0000
Jales 0,4069 0,3637 0,8396 0,4845
Jau 0,4444 0,7381 0,8469 0,6867
Limeira 0,5567 0,8687 0,6470
Lins 0,2963 0,8594 0,7325 0,8500
Marilia 0,5663 0,8729 0,6284
MMirim 0,8121 0,9516 0,8734
Orlandia 0,7319 0,8333 0,7496 0,5867
Ourinhos 0,9271 0,6953
Pindamonhangaba 0,8480 0,6360
Piracicaba 0,6667 0,8480 0,6619
PPrudente 0,4166 0,8048 0,8102 0,6807
PVenceslau 0,4081 0,5868 0,4856 0,4401
RPreto 0,7484 0,8376 0,7559
SJBoaVista 0,6099 0,8196 0,9570 0,7156
SJRPreto 0,4371 0,6487 0,7171 0,6262
Sorocaba 0,6145 0,8457 0,6343
Tupa 0,3818 0,5835 0,7546 0,6351
Votuporanga 0,4111 0,5461 0,8227 0,5173
109
Na especificação I, quando analisadas as DMU´s agrupadas por lavouras, no caso o
algodão e a soja, os resultados apontaram que a maior parte das EDR´s ficaram distantes das
mais eficientes e também das de menor eficiência; o mesmo não ocorreu com o amendoim.
Na especificação II, houve um maior equilíbrio entre as DMU´s que plantaram soja, quando
comparados aos resultados com as demais lavouras analisadas. Porém, quando agrupadas as
DMU´s que plantaram duas ou as três lavouras houve novamente um distanciamento entre as
EDR´s mais eficientes e as de menor eficiência.
Conforme mencionado anteriormente, são várias as espécies vegetais que podem ser
utilizadas como fonte de matéria-prima para o biodiesel e da mesma forma são múltiplas as
possibilidades de arranjos espaciais de sistemas de produção agrícola, porém há diversas
razões para que uma região ou local se dedique à produção de uns e não de outros produtos
agrícolas. Além das condições de clima, solo, topologia dentre outras se destacam, também, a
disponibilidade e custo de terras, a proximidade e acesso viário aos mercados, bem como a
disposição dos empreendedores rurais, estímulo pela transferência de conhecimentos e a
habilidade com determinada cultura (ANDRIETTA, 2001).
Ao considerar uma das razões acima citadas, a especificação I, que utilizou como
insumos valores baseados no preço do arrendamento da terra e na produção total de cada EDR
e de cada lavoura, os resultados apontaram que as DMU´s mais eficientes na produção das
três lavouras foram Dracena, Jaboticabal e Tupã.
A EDR de Dracena mostrou-se uma das mais eficientes em soja e amendoim e se
destacou como uma região importante na produção de amendoim, porém não apresentou o
mesmo desempenho em lavouras de algodão. Já a EDR de Jaboticabal, ficou entre as três
DMU´s mais eficientes em amendoim e entre as três menos eficientes em algodão. Por outro
lado, a EDR de Tupã não foi apontada entre as mais eficientes e nem entre as menos
eficientes em nenhuma das três lavouras, porém se desataca como uma das principais regiões
produtoras de amendoim no estado de São Paulo, e com potencial para lavoura de soja, uma
vez que seus resultados apontaram eficiência maior para soja quando comparada ao algodão.
Dessa forma, considerando as eficiências relativas dessas EDR´s elas teriam condições
de contribuir para a expansão das três lavouras, mas em especial soja e amendoim. Outras
DMU´s também podem ser relacionadas dentre as de maior eficiência como as EDR´s de
Andradina e Votuporanga que se destacaram na produção de algodão e soja, a de Presidente
Prudente no plantio de amendoim, São João da Boa Vista de soja, Jales de algodão e
Fernandópolis que apresentou equilíbrio na produção das três lavouras.
110
Possivelmente na produção de grãos para óleo, sem maiores preocupações com a
qualidade do produto, menores custos de produção possibilitem maiores níveis de eficiência
relativa, apesar da provável queda nos preços recebidos.
Na especificação II buscou indicar as DMU´s mais eficientes, utilizando como base para
cálculo dos insumos o custo de produção e área plantada das lavouras em cada EDR.
Os resultados para esta especificação e no conjunto das DMU´s que trabalharam as três
lavouras, apontaram as EDR´s de Jaboticabal, Lins e Araçatuba e as menores eficiências
ficaram nas EDR´s de Presidente Venceslau, Jales e Catanduva.
Dentre as mais eficientes a EDR de Jaboticabal também foi a mais eficiente entre as
DMU´s que produziram amendoim, lavoura que se destaca na região. A EDR de Lins também
ficou entre as mais eficientes para o amendoim, lavoura que ocupou maior área plantada
quando comparada às demais, porém mostrou-se uma das menos eficientes em soja e algodão.
Araçatuba foi a mais eficiente na produção de soja, lavoura que quando comparada às demais
tem a maior área plantada. Dentre as DMU´s de menor eficiência, as EDR´s de Jales e
Catanduva, quando analisadas no grupo das DMU´s que plantaram soja, mostraram-se
próximas à fronteira de eficiência, indicando que embora não tenham sido eficientes no
conjunto das três lavouras, apresentaram bom desempenho em uma das três lavouras.
Assim, a partir dos resultados obtidos na especificação II, novamente, as EDR´s mais
eficientes se dedicaram especialmente à produção de soja e amendoim, o mesmo acontecendo
com outras DMU´s que também se posicionaram próximas à fronteira de eficiência, como as
EDR´s de Ribeirão Preto e Bauru que se destacaram no plantio de amendoim, Araçatuba e
São João da Boa Vista na lavoura de soja. A diferença ficou para a EDR de Itapeva, que foi a
mais eficiente entre as DMU´s que produziram algodão.
4. CONCLUSÃO
Considerando a possibilidade de que toda a produção da Safra 2005/06 de algodão
(caroço), amendoim e soja, fosse destinada à indústria esmagadora, visando atender à
demanda paulista por biodiesel, o total em óleo seria de cerca de 373 mil toneladas ou
aproximadamente 406.318 m3 - 5% óleo de algodão, 73% óleo de soja e 22% óleo de
amendoim - o que poderia suprir 112,58 % da necessidade paulista para o B2 e 85% para B5,
baseados nos dados de consumo de 2006, de acordo com o Balanço Energético Nacional
publicado pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
111
Sendo assim, o futuro do biodiesel no estado de São Paulo está atrelado a sua oferta e,
por conseqüência, à disponibilidade de matéria-prima para suprir tal demanda de consumo e
em muito dependerá do custo de produção, da concorrência de outros produtos, bem como da
viabilidade econômica na produção de matéria-prima para tal fim.
O estudo procurou avaliar a eficiência econômica das regiões paulistas que produzem
algodão, amendoim e soja, na intenção contribuir na decisão de investimentos em lavouras
com potencial para atender a demanda por óleo visando o abastecimento do estado de São
Paulo por biodiesel. Porém os resultados foram obtidos a partir de informações da safra
2005/06 e dessa forma, alterações nas condições de produção, como por exemplo, problemas
climáticos ou fitossanitários, poderiam afetar o desempenho de uma região ou de uma ou mais
lavouras, influenciando nos resultados. O mesmo poderia acorrer como reflexo de mudança
nos preços relativos recebidos pelos produtores, diretamente relacionados ao valor da
produção.
Acredita-se, também, que esta análise poderia futuramente ser complementada com
outras variáveis, como por exemplo, o custo de produção do óleo, a distribuição de outras
lavouras que concorrem por áreas aptas e adequadas à produção agrícola e de outros fatores
que podem determinar a vocação agrícola de uma região.
5. REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS
ANDRIETTA, A. J. Desempenho agrícola e desenvolvimento: uma análise regionalizada do
Estado de São Paulo, Informações Econômicas, SP, v. 32, n. 2, fev, 2002, p. 43-55.
CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão dos sistemas vivos. Trad.Newton
Roberval Eichemberg. São Paulo: Cultrix,. 256p, 1996.
CASTRO, E.F. et al. Biodiesel, Série Reuniões Técnicas, Conselho Nacional dos Sistemas
Estaduais de Pesquisa Agropecuária (CONSEPA), dezembro, 2005.
CHARNES, A.; COOPER, W.W.; RHODES, E. Measuring the efficiency of decision-
marking units. European Journal of Operational Research, v. 2, n.6, 1978.
GOMES, E.G., MELLO, J.C.B.S.; BIONDI NETO, L. Avaliação de eficiência por análise
de envoltória de dados: conceitos, aplicações à agricultura e integração com sistemas de
informação geográfica. Campinas, EMBRAPA, 2003 (Documento 28).
IEA, Instituto de Economia Agrícola. Prognóstico Agrícola Safra 2005/06, disponível em
<www.iea.sp.gov.br/out/VerTexto.php?codTexto=3700>, Acesso em: 9. mar 2007.
IEA, Instituto de Economia Agrícola. Previsão de Safras, disponível em
<www.iea.sp.gov.br/out/producao/prev_safra.php>, acesso em 04 mar 2007
LIMA, J.R.F. Análise Envoltória de Dados (DEA): uma introdução, versão mimeo, 2006.
112
MELLO, J.C.C.B.S, et al. Análise de envoltória de dados no estudo da eficiência e dos
benchmarks para companhias aéreas brasileiras. Pesquisa Operacional, v.23, n.2, p.325-345,
2003.
REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, Ministério de Minas e Energia. Balanço
Energético Nacional. Disponível em
<http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=1432>, Acesso
em: 27.mar 2007.
PINTO, E.; MENDONÇA, M.M. O papel do Brasil na substituição dos combustíveis fósseis –
seria fornecer energia barata para países ricos, representando uma nova fase da colonização,
Brasil de Fato. Disponível em http://www.brasildefato.com.br, acesso em 22 fev 2007.
República Federativa do Brasil, Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.
Legislação e Normas. Disponível em <http://www.biodiesel.org.br/legislação.html>, Acesso
em: 30. mar 2007.
VICENTE, J.R.; MARTINS, R. Eficiência na geração e transferência de tecnologia: uma
análise de institutos de pesquisa agropecuária do estado de São Paulo. In: SIMPÓSIO DE
GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 24, Gramado – RS, outubro, 2006.
113
LEVANTAMENTO DO MERCADO DOS ÓLEOS DE ANDIROBA E
COPAÍBA NA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES, AMAZONAS
114
1 INTRODUÇÃO
O Estado do Amazonas teve a sua presença garantida no cenário econômico nacional
graças aos recursos que podiam ser extraídos de sua floresta. Não se pode esquecer que a
atividade extrativista foi responsável pela ocupação demográfica de origem européia, pela
acumulação inicial de riquezas e inserção da região nos mercados capitalistas internacionais
(Filocreão, 2002). Desde o século XVII o extrativismo florestal de diversos produtos foi uma
das fontes de renda das populações locais (Silva, 1996).
Atualmente, a exploração de produtos florestais não madeireiros tende a aumentar,
devido às pressões internacionais para preservação das florestas tropicais e por apresentar-se
como uma alternativa para um desenvolvimento socioeconômico para as populações no
interior do Amazonas com baixo impacto ambiental. O mercado é crescente para os produtos
naturais, e isto pode beneficiar as populações tradicionais desde que estas estejam organizadas
e usem técnicas que permitam o melhor aproveitamento do recurso disponível bem como
forneçam produtos de qualidade (Andrade, 2003).
A transformação do recurso natural, de uso local e popular, em artigos refinados que
trazem o apelo de ser ecológicos e socialmente sustentáveis, pode ser uma oportunidade e, ao
mesmo tempo, um grande desafio amazônico. O óleo de andiroba, por exemplo, de uma
ampla utilização na indústria de sabão em pedra, nos anos 40, passou a ser matéria-prima de
produtos de “fronteira” lançados por renomadas indústrias de cosméticos nacionais e
internacionais (Gilbert, 2000 apud Silva, 2004).
O uso múltiplo das espécies florestais, em especial, para extração de óleo apresenta
baixos níveis de investimentos em relação a outros usos da terra e, provavelmente, exibe
menor variabilidade de ano para ano, assim como apresenta menor quantidade de resíduos em
comparação a atividade madeireira. Entretanto, pouco se sabe do potencial dos recursos
naturais, suas formas de extração, os canais de comercialização, a capacitação tecnológica e
os mecanismos e sistemas para melhorar a competitividade de seus produtos com objetivo de
conseguir mercados, principalmente, na região do Alto Solimões.
Diante deste cenário, o objetivo do trabalho foi levantar o mercado local dos óleos de
andiroba e copaíba, na região do Alto Solimões no Amazonas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
115
O levantamento do comércio dos óleos de andiroba e copaíba na região do Alto
Solimões no Amazonas foi realizado por meio consulta as Autorizações de Transportes de
Produtos Florestais (ATPF) registrados no IBAMA-AM em cinco anos (1998 a 2002) e visita
as feiras livres (n= 5) na zona urbana de Tabatinga, Benjamin Constant e São Paulo de
Olivença (Amazonas-Brasil) e em Letícia cidade colombiana que faz fronteira com o Brasil.
Foi levantado sobre o uso dos óleos, preço de compra e venda do litro, procedência e forma de
acondicionamento do óleo.
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os principais óleos comercializados nas feiras livres foram a copaíba e a andiroba. O
óleo de copaíba foi indicado contra dor de garganta, gonorréia e cicatrizante. Os feirantes
compraram um litro do óleo a um valor que varou de R$ 12,00 a 40,00 e revendeu o litro a um
preço de R$ 15,00 a 70,00. Os comerciantes repassaram o litro do óleo para embalagens
menores de plástico de 30 e 300 ml (geralmente, frascos reaproveitados de água ou
refrigerantes) que foram revendidos a preços que variaram de R$ 5,00 a 15,00, possibilitando
maior margem de lucro com o produto (Tabela 1).
O óleo de andiroba foi indicado contra gripe, diabetes, reumatismo, coceiras e
cicatrizante. Os feirantes compraram o litro do óleo a um preço que variou de R$ 10,00 a
25,00 e o revendeu a um valor de R$ 15,00 a 20,00. Notou-se que o maior interesse dos
comerciantes nesse óleo foi na sua venda fracionado, pois obtém maior lucro. O óleo foi
repassado para frascos de plásticos transparentes de 100, 300 e 600 ml e revendidos a valores
que variaram de R$ 5,00 a 15,00 (Tabela 1). Os feirantes relataram que a procura por esses
óleos foi sempre maior que a oferta, o que indica potencial de mercado local.
Notou-se também que a compra desses óleos foi realizada de produtores e regatões. Os
feirantes consultados sobre a procedência dos óleos indicaram que, a maioria, são
provenientes das comunidades indígenas da etnia Tikuna como Feijoal, São Leopoldo,
Umariaçu, Belém do Solimões e Javari e ainda dos municípios de Atalaia do Norte, Fonte
Boa, Parintins e Maués.
Apenas em Letícia observou-se o comércio dos óleos com embalagens rotuladas com os
nomes das espécies, embora exista duas espécies de andiroba C. procera e C. guianensis,
neste local a andiroba era conhecida apenas como C. guianensis e a copaíba, embora existam
várias espécies de copaíba, era conhecida apenas como Copaifera multijuga) e a venda da
116
casca de andiroba e copaíba para fazer chá. O quilo da casca das duas espécies foi vendida a
R$ 6,00.
Nas sedes dos municípios, os óleos de copaíba e andiroba também foram encontrados
em drogarias na forma líquida, acondicionadas em frasco de cor âmbar, e ainda em cápsulas.
As marcas comercializadas foram procedentes de Manaus. O valor de 30 ml para as duas
espécies foi de R$ 3,00, enquanto a cápsula de andiroba foi vendida por R$ 6,25 e a copaíba
por R$ 4,50.
Tabela 1 – Preço pago pelos óleos de andiroba e copaíba nas feiras livres de
Tabatinga,Benjamin Constant, São Paulo de Olivença e Letícia em Julho de 2006.
Olivença
Óleo de andiroba
1 litro 10,00 15,00
Óleo de copaíba
1 litro 12,00-15,00 15,00-20,00
30 ml ---- 5,00
Letícia
Óleo de andiroba
1 litro 12,00-15,00 15,00-20,00
15 ml ---- 5,00
100 ml ---- 10,00
117
Estudos semelhantes realizados por Mendonça & Ferraz (2005) nas feiras livres em
Manaus, Manacapuru e Silves quanto ao comércio do óleo de andiroba observaram que os
feirantes obtêm maior lucro com o comércio do óleo fracionado (100 e 600 ml) a um preço
que variou de US$ 0,67 a 2,68. Os feirantes em Manaus indicaram que óleo foi proveniente
dos municípios da região do rio Purus e dos municípios de Autazes, Manaquiri, Parintins e
Santarém. Deve-se ressaltar que os feirantes entrevistados em Manaus também conhecem a
andiroba apenas como C. guianensis, tanto que rotulam as garrafas do óleo com informações:
como nome científico e uso medicinal do óleo.
Gonçalves (2001) levantou o mercado dos óleos de copaíba e andiroba nas feiras de
Manaus, Belém e Santarém. O litro do óleo de copaíba revendido nessas feiras variaram de
US$ 8,77 a 10,52, enquanto o mesmo litro do óleo de andiroba variou de US$ 3,50 a 8,77.
Gonçalves relatou também que esses óleos de origem amazônica têm sido comercializados
para outras regiões do país, além de serem exportadas principalmente para indústrias de
cosméticos da França, da Alemanha e dos Estados Unidos.
Shanley et al (1998) ressaltaram que o valor do litro do óleo de andiroba depende da
época do ano e do lugar de venda. Em 1995, no mercado de Belém - PA, um litro do óleo de
andiroba custou entre R$ 4,00 a R$ 12,00, enquanto na mesma época em Cametá, os produtos
receberam R$ 2,00 por litro.
118
Nos estudos citados anteriormente observaram também o uso de garrafas transparentes
de plástico e vidro como uma forma de avaliação da qualidade dos óleos pelos feirantes, no
lugar de vidros de cor âmbar.
Filocreão (2002) observou que nas comunidades dos rios Jarí e Cajari, no Sul do
Amapá, os produtos não madeireiros (castanha-do-pará, borracha, açaí, copaíba e andiroba)
são comercializados a atravessadores. Observou também que o aviamento é um mecanismo
eficiente na manutenção da economia extrativista, além disso, é favorecido pelo isolamento
geográfico da região e fortemente relacionado à cultura extrativista.
A exigência de Autorização de Transporte de Produtos Florestais (ATPF) foi
regulamentada pela Portaria Normativa nº 44-N de 6 de Abril de 1993. A ATPF foi
substituída a partir de 18 de Agosto de 2006 pelo Documento de Origem Florestal – DOF
(Portaria Nº 253 de 18 de Agosto de 2006).
Nas ATPFs aprovadas pelo IBAMA os produtos florestais não-madeireiros
identificados do Amazonas em cinco anos (1998 a 2002) foram em ordem de importância: o
óleo de pau-rosa, óleo de copaíba, óleo de andiroba, fibras de piaçava e sementes de cumaru.
O óleo de copaíba aparece nas ATPF, com exceção do ano de 1999, com uma variação na
comercialização ao longo do período avaliado (Figura 1). O óleo foi identificado apenas como
de origem da C. multijuga. Nas ATPFs o óleo de copaíba teve como destino, em 95% dos
casos, o Estado de São Paulo e os outros 5% as cidades de Manaus e Belém. Os municípios
fornecedores foram Humaitá, Manicoré, Maués, Manacapuru, Coari e Lábrea - AM. O preço
do litro do óleo variou entre US$ 4,37 a 7,16 (Figura 2).
O óleo de andiroba apareceu nas ATPFs somente a partir de 2000 com cerca de 10
toneladas, com acréscimo de 506% de vendas em 2002 com a comercialização de 50
toneladas (Figura 1). O óleo foi identificado apenas de origem da C. guianensis. O óleo teve
como destino, em mais de 95% dos casos, o Estado de São Paulo e outros 5% a cidade de
Manaus. Os municípios fornecedores do óleo de andiroba de acordo com as ATPFs foram
Carauari, Lábrea e Presidente Figueiredo - AM. O óleo teve uma pequena desvalorização ao
longo dos cinco anos avaliados. Em 2000 o litro do óleo custava US$ 4,04 e em 2002 US$
3,41 (Figura 2).
119
90 Copaíba
80 Andiroba
70
60
Toneladas
50
40
30
20
10
0
1998 1999 2000 2001 2002
Anos
9 Copaíba
8 Andiroba
7
6
US$/litro
5
4
3
2
0
1998 1999 2000 2001 2002
Anos
Figura 2 – Preço do
litro dos óleos de copaíba e andiroba identificados nas Autorizações de Transportes de
120
Produtos Florestais (ATPFs) em cinco anos (1998 a 2002) aprovados pelo IBAMA-AM.
4 CONCLUSÃO
Os feirantes obtêm maiores lucros com o comércio fracionado dos óleos de copaíba e
andiroba. O acondicionamento dos óleos foi em vidros transparentes e sem identificação,
apesar de não ser aconselhável, pois a qualidade dos óleos foi avaliada popularmente pela cor
e odor.
A demanda pelos óleos vegetais nas feiras indicou um potencial de mercado que pode
ser suprido pela produção nas áreas circunvizinhas. Assim como, expandir-se a níveis
regional e nacional, entretanto critérios embasados em pesquisas técnicos-científicos sobre o
manejo das espécies, métodos de extração, acondicionamento, transporte e comercialização
dos óleos são necessários.
As Autorizações de Transporte de Produtos Florestais indicaram um aumento da
comercialização dos óleos ao longo do período avaliado com variação no preço do litro do
óleo. Notou-se também uma exportação nacional significativa dos óleos de andiroba e
copaíba.
5 AGRADECIMENTOS
Pela bolsa concedida à primeira autora (CNPq: Edital Nº 032/2005; Nº 553314/2005-
0). Pelo apoio financeiro à FAPEAM (Programa de Apoio a Participação em Eventos
Científicos e Tecnológicos - PAPE Edital Nº 023/2006 e ao Programa Amazonas de Apoio à
Pesquisa em Políticas Públicas em Áreas Estratégicas – POPPE, Fase I Edital Nº 016/2004).
Pelo apoio logístico a Fundação Estadual dos Povos Indígenas - FEPI .
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
121
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrade, A.A.L.G de. 2003. Artesãos da floresta. População tradicional e inovação
tecnológica: O caso do “couro vegetal” na reserva extrativista do Alto Juruá, Acre.
Dissertação de mestrado. Universidade Estadual de Campinas.
IBGE. 1980. Tabelas de Composição dos Alimentos. Estudo Nacional de Despesas Familiar,
Vol. 3. Fund. Inst. Bras. de Geografia e Estatística do Brasil, Rio de Janeiro, 202p.
Mendonça, A.P e Ferraz, I.D.K. 2005. Extração tradicional do óleo de andiroba no Estado do
Amazonas. Anais do II Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e
Biodiesel. Lavras:UFLA, 418-423 p.
Shanley, P.; Cymers, M & Galvão, J. 1998. Frutíferas da mata na vida amazônica. Belém, 87-
90 p.
Silva, J.A. 1996. Análise quali-quantitativa da extração e do manejo dos recursos florestais da
Amazônia Brasileira: uma abordagem geral e localizada – Floresta Estadual do Antimary,
Tese de doutorado, 110 p.
122
AVALIAÇÃO DOS TEORES DE N, P E K DE UM ADUBO ORGÂNICO
OBTIDO POR DIFERENTES COMBINAÇÕES DE TORTA E CASCA DE
MAMONA
123
1 INTRODUÇÃO
A mamona (Ricinus communis L.) pertence à família Euphorbiaceae, que engloba vasto
número de tipos de plantas nativas da região tropical. É uma planta de hábito arbustivo, com
diversas colorações de caule, folhas e racemos (cachos). É monóica, sua inflorescência
contém flores femininas na parte superior e flores masculinas na inferior.
O óleo de mamona ou de rícino, extraído pela prensagem das sementes, contém 90% de
ácido graxo ricinoléico, o qual confere ao óleo suas características singulares, possibilitando
ampla gama de utilização industrial, podendo ser também utilizado na produção de biodiesel,
usado como fonte de energia para motores de ciclo diesel, tornando a cultura da mamoneira
um importante potencial econômico e estratégico ao país.
O Brasil é o terceiro produtor mundial de mamona, tendo produzido aproximadamente
210 mil toneladas na safra 2004/2005 (Severino, 2005). A produção concentra-se na região
Nordeste, destacando-se o estado da Bahia, Piauí e Ceará como responsáveis por cerca de
90% do volume total produzido no Brasil. O processo de descascamento e extração do óleo de
mamona produz dois importantes resíduos: a casca do fruto e a torta. O adequado
aproveitamento desses produtos permite o aumento das receitas da cadeia produtiva e
conseqüentemente a sua rentabilidade (Savy Filho, 2005).
Para cada tonelada de semente de mamona processada, são gerados 620 kg de casca e
530 kg de torta de mamona (Severino, 2005). Como a produção brasileira de mamona foi de
210 mil toneladas em 2005, estima-se que tenham sido produzidas aproximadamente 130 mil
t de cascas e 111 mil t de torta. Tradicionalmente, estes dois produtos têm sido utilizados
separadamente como adubos orgânicos, sendo a torta comercializada por conter alto teor de
nitrogênio e as cascas apenas levadas de volta para dentro da lavoura ou aproveitada em
outras plantações na própria fazenda (Severino, 2005).
Os adubos orgânicos são fertilizantes constituídos de compostos animais ou vegetais
que visam suprir as deficiências em substâncias vitais à sobrevivência dos vegetais, são
aplicados na agricultura com o intuito de aumentar a produção, sendo de ação mais lenta que
os adubos minerais, visto que necessitam transformações maiores antes de serem separados os
elementos. Promove o desenvolvimento da flora microbiana e por conseqüência melhorar as
condições físicas do solo.
Assim, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo geral de avaliar a melhor
combinação entre determinadas proporções de torta e casca de mamona para obtenção de um
124
adubo orgânico com elevado teor nutricional, principalmente dos macronutrientes N, P e K,
para o melhor aproveitamento racional e econômico destes subprodutos na agricultura.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no setor de grandes culturas, do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras, Lavras – MG, entre outubro de 2006 e
janeiro de 2007 situada a 21° 14´ de latitude Sul 45° 00´de longitude Oeste, localizada a 918
metros de altitude.
Utilizou-se nesse experimento delineamento inteiramente casualizado com nove
tratamentos e duas repetições. Sendo os fatores nove combinações da mistura de torta e casca
de mamona da variedade Al Guarany 2002, variando seus valores de 90% a 10%, em
intervalos de 10%, (90% torta de mamona – 10% casca; 80% torta – 20% casca; 70% torta –
30% casca; 60% torta- 40%casca; 50% torta de mamona – 50% casca; 40% torta – 60%
casca; 30% torta – 70% casca; 20% torta- 80% e 10% torta – 90% casca de mamona),
resultando em 18 parcelas experimentais.
Cada parcela experimental constou de um vaso de 10 litros com 1,00 kg de adubo
orgânico obtido pelas diferentes proporções de torta e casaca de mamona. A composição
química básica dos dois materiais encontra-se na Tabela 1.
Tabela 1 - Teor (%) de Nitrogênio, Fósforo e Potássio na casca do fruto e na torta de mamona
Al Guarany 2002, Lavras – MG, 2007.
Materiais Nitrogênio Fósforo Potássio Relação C/N
------%------
Casca de mamona 1,86 0,26 4,5 41/1
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios de Nitrogênio, Fósforo e Potássio em função das proporções de casca
e torta de mamona utilizados nos adubos estão apresentados na Tabela 2.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
125
Tabela 2 - Teor (%) de Nitrogênio, Fósforo e Potássio. (Lavras - MG, 2007)
Teor de P (%)
Teor de N (%)
3
8
2,5 7
6
2
5
1,5 4
y = 0,25375 + 0,28425x 3 y= 1.855 + 0.568x
1 R² = 99,9 2 R ²= 99,8
0,5 1
0
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Adubo Orgânico
Adubo Orgânico
Figura 1. Equação de regressão entre teor Figura 2. Equação de regressão entre teor
de Nitrogênio (%) e a proporção de casca e de Fósforo (%) e a proporção de casca e
torta de mamona (%) usada em cada um dos torta de mamona (%) usada em cada um dos
adubos orgânicos. Lavras, MG, 2007. adubos orgânicos. Lavras, MG, 2007.
126
nutrientes seja mais rápida que nestes outros materiais, mas também não seja tão rápida
quanto à dos fertilizantes químicos. Esta rápida decomposição ocorre devido aos altos teores
de nitrogênio e fósforo presentes na torta. As condições ótimas para a atividade microbiana
deste tipo de material são: alta umidade, boa aeração e temperatura em torno de 28ºC
(Severino, 2005).
O fósforo tem sido o elemento que mais de destaca na nutrição mineral, não somente
por se encontrar em menor teor nos solos brasileiros, como também por influenciar
decisivamente na produção de frutos e em peso e numero de frutos por racemo. O fósforo
estimula a antecipação da emissão do racemo primário. Na região semi-árida, sua importância
é evidente, pois estimula o desenvolvimento do sistema radicular predispondo a planta para
suportar períodos prolongados de seca (Savy Filho, 2005).
A analise de variância para a quantidade de potássio disponibilizado em cada um dos
adubos revelou significância (p< 0,05) para concentrações maiores de casca de mamona em
relação à torta de mamona. Esse resultado mostra que quanto maior for à proporção de casca
de mamona no adubo, maior será a disponibilidade de potássio (Figura 3).
Teor de K (%)
5
2
y = 4,495 - 0,384x
1 R² = 99,6
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Adubo Orgânico
127
aplicação é feita em lavouras onde o material não fica concentrado em pequenas áreas, esse
problema da relação C/N não é considerável. Mas quando se objetiva utilizar o material em
doses mais elevadas, como em hortas ou adubação de vasos, é preciso que antes se submeta o
material a um processo de compostagem e decomposição ou aplicá-lo juntamente com outra
fonte de nitrogênio para reduzir sua relação C/N. Dessa forma, o problema de carência de
nitrogênio pode ser superado (Severino, 2005).
4 CONCLUSÃO
O adubo orgânico nove (10% casca – 90% torta) foi o que apresentou maiores
quantidades percentuais de nitrogênio e fósforo, sendo o mais indicado na adubação para
suprir as necessidades desses nutrientes.
O adubo um (90% casca – 10% torta) apresentou maiores percentuais de potássio e,
devido a esse fator é o mais indicado em adubação para suprir as necessidades para este
nutriente.
Contudo, se a adubação a ser feita for para atender tanto as exigências em nitrogênio,
fósforo como para o potássio, o adubo cinco (50% casca – 50% torta) é o mais recomendado,
por apresentar quantidades expressivas para os três macronutrientes e níveis equilibrados de N
e K, alem de baixa relação C/N.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, P. C.; ABREU, A. R.. Estatística Experimental: Ensaios Balanceados. Lavras –
MG, 2001, Lavras - MG: Editora UFLA, 2001. 95p.
128
PRODUÇÃO DO GIRASSOL EM CULTIVO INTERCALAR COM CANA-
PLANTA EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE
129
1 INTRODUÇÃO
O cultivo de espécies vegetais em sistema de consócio ou cultivo intercalar é prática
adotada em várias regiões produtoras, já que as vantagens desse sistema em relação ao
monocultivo são indiscutíveis. Como principal vantagem tem-se melhor uso dos fatores de
produção e maior produção por área e, como desvantagem, a dificuldade na realização de
algumas práticas culturais, sobretudo em culturas com elevado grau de mecanização (Cunha,
2004).
No Estado do Rio de Janeiro a cultura do girassol vem sendo recentemente avaliada,
conforme estudos desenvolvidos por Oliveira, 2006 e Rêgo Filho et al., 2006 a, b e c. Estes
estudos envolveram o girassol solteiro, e em avaliações realizadas tanto no período de outono-
inverno quanto na primavera-verão, envolvendo vários municípios fluminenses.
Procurando alternativa aos produtores interessados no cultivo do girassol no Norte
Fluminense, as ações da pesquisa têm se voltado ao sistema consorciado. Nesse sentido, foi
conduzido trabalho por Souza Filho et al., 2006, avaliando o rendimento do amendoim em
consórcio com o girassol. Como o enfoque do trabalho era voltado ao amendoim, não foram
obtidos dados do girassol. Nesse caso, o trabalho foi encerrado com a colheita do amendoim,
cuja produção final não foi afetada pela cultura do girassol.
Partindo de trabalhos conduzidos por outros autores, em que é possível consorciar-se o
girassol com abacaxi (Cunha, 2004) e milho para silagem (Banys et al., 1999), conduziu-se o
presente trabalho com o objetivo de avaliar o comportamento do girassol em cultivo intercalar
com a cana-planta. A cana-de-açúcar é cultura de expressão para o Norte Fluminense e a
viabilidade de seu cultivo em sistema de consórcio é de interesse para o pequeno produtor.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO
(dag kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46
(médio); m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo);
Zn (mg dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
130
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
intercalar instalado em área de 1 hectare, onde foram feitas as avaliações do girassol em
amostragens.
O trabalho foi conduzido com a cultivar de girassol Catissol e instalado em
11.10.2006, fazendo-se a semeadura do girassol no banco da cana (uma linha e duas linhas),
já com a cana em início de brotação. A cana foi plantada pelo produtor em 20.09.2006,
utilizando a variedade RB 72454, empregando-se como adubação 100 gramas da formulação
04-14-08 por metro de sulco, espaçados entre si a 1,40 metros.
Como adubação para o girassol, empregou-se 500 kg ha-1 da formulação
anteriormente citada, distribuída no sulco de plantio e incorporada manualmente, antes da
semeadura. A semeadura foi realizada manualmente com 10 sementes por metro de sulco, não
sendo realizado desbaste. Como cobertura, utilizou-se 100 kg ha-1 da formulação 20-00-20,
mais 2,0 kg ha-1 de boro, tendo como fonte o ácido bórico.
Foram avaliadas as seguintes características para o girassol: altura de planta (cm),
obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm),
obtido a cinco centímetros do nível do solo, na floração plena; curvatura do capítulo (cm)
obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm),
obtido por meio de uma régua graduada, na colheita; número de plantas quebradas e
acamadas, massa de 1000 aquênios (g) e produção de grãos (kg ha-1). O girassol foi colhido
em 25.01.2007, e para a cana-de-açúcar foi avaliada apenas a altura (cm), medida do solo até
a bainha da última folha.
Foram realizadas capinas manuais quando necessário, não sendo feitas intervenções
para controle de doenças e pragas.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos na
Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca do município vizinho de Carapebus.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo da cultivar Catissol foi de 107 dias, mais precoce do que o obtido pela CATI,
instituição que desenvolveu a cultivar – colheita entre 115 e 130 dias após a semeadura
(Oliveira, 2006).
131
O rendimento de grãos do girassol, bem como as demais características avaliadas,
encontra-se no Quadro 1.
Com relação a produção de grãos, no girassol em cultivo intercalar com a cana-planta
com 1 linha no banco, obteve-se 314 kg ha-1e, no caso de duas linhas laterais no banco, 623
kg ha-1. Comparando-se estes dados aos obtidos por Oliveira, 2006, em cultivo solteiro, em
que a produtividade média alcançada pela Catissol em diversas localidades fluminenses foi de
1.100kg ha-1, verifica-se que o cultivo intercalar diminui a produção de grãos. Em relação ao
potencial citado para a referida cultivar (2.500 kg ha-1), a redução é drástica. Cunha, 2004,
cita produtividades de 390 kg ha-1 de grãos para o girassol, quando em cultivo intercalar ao
abacaxi.
O número de plantas colhidas por ocasião das amostragens mostra média de 6 plantas de
girassol por metro de sulco, densidade esta considerada satisfatória.
Todas as características avaliadas para o girassol em cultivo intercalar estão abaixo do
citado para a cultivar (Oliveira, 2006), o que justifica a baixa produtividade obtida.
Verifica-se que no girassol intercalar com duas linhas houve tendência de aumento no
número de plantas quebradas e acamadas.
Para a cultura da cana-de-açúcar só foram obtidos dados de altura de planta, que mostra
que o cultivo intercalar do girassol com duas linhas não alterou esta característica, enquanto
que o cultivo intercalar com uma linha proporcionou ligeiro aumento na altura da cana-planta.
Os dados de precipitação obtidos no período experimental (outubro de 2006 a janeiro de
2007) foram: outubro – 99 mm; novembro – 198 mm; dezembro – 128 mm e janeiro – 460
mm. Verifica-se que na fase final de desenvolvimento do girassol o volume de chuva foi
elevado, o que contribuiu para a baixa produtividade obtida. Considerando-se que o início da
floração ocorreu no início de dezembro de 2006, desta fase até a colheita final foram 588 mm
de precipitação pluviométrica.
132
Quadro 1 – Altura de planta, diâmetro do caule, curvatura do caule, diâmetro de capítulo,
número de plantas colhidas, número de plantas quebradas e acamadas, produção de grãos e
peso de 1.000 aquênios da cultivar Catissol e altura de planta para a cultura da cana-de-
açúcar, em unidade conduzida em Conceição de Macabu, Norte Fluminense, 2006/2007.
Girassol Cana consorciada Girassol
Características consorciado Cana
Uma Duas Uma Duas solteira Solteiro* Instituição
linha linhas linha linhas Origem**
Altura de 86,5 88,9 73,8 62,1 64,8 86,5 160 - 200
Planta (cm)
Diâmetro 8,1 9,8 - - - 13 -
Caule (mm)
Curvatura 80,8 85,3 - - - - -
caule (cm)
Diâmetro 8,3 8,7 - - - 14 -
capítulo (cm)
Nº Plantas 31 61 - - - - -
colhidas
Nº Plantas 0 2 - - - - -
quebradas
Nº Plantas 2 5 - - - - -
acamadas
Prod. Grãos 314 623 - - - 1.100 2.500
(kg/ha)-13%
Massa 1000 37 38 - - - - 62
aquênios (g)
* Dados de altura de planta, diâmetro de caule e diâmetro de capítulo obtido por Oliveira, 2006 em Campos dos
Goytacazes, no período outono-inverno de 2005. Para produtividade, média de seis ensaios conduzidos no
outono-inverno de 2005. ** Características da cultivar Catissol conforme a instituição de origem, citado por
Oliveira, 2006. A produtividade refere-se à potencial de ser obtida pela cultivar.
4 CONCLUSÃO
O cultivo intercalar do girassol com a cana-planta reduz a produção de grãos.
133
A semeadura de duas linhas de girassol nas laterais do banco da cana-planta tem maior
produtividade de grãos em relação a apenas uma linha no meio do banco.
Estudos posteriores devem ser desenvolvidos, para viabilizar esta prática de cultivo.
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REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Segunda época de semeadura (abril 2005). In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006b. p. 25.
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Terceira época de semeadura (fevereiro 2006).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006c. p. 26.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento do amendoim em consórcio com o girassol e a mamona no Norte
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
134
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006. p. 30.
135
CULTIVO DO GIRASSOL EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO
NORTE FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA VERÃO
(2006/2007)
136
1 INTRODUÇÃO
Por ser uma planta extremamente adaptável, o girassol pode ser cultivado, no Brasil,
durante todo o ano, considerando-se as regiões produtoras de grãos (Silveira et al., 2005).
Segundo esses autores, em área de produção como o Estado do Rio de Janeiro a época de
semeadura mais recomendada seria no período de fevereiro a março. Esta recomendação foi
comprovada por Rêgo Filho et al., 2006a, que ao avaliarem as épocas de semeadura de
fevereiro, março e abril, concluíram ser o início de abril a mais favorável à produção de
girassol, empregando-se irrigação complementar.
Para Paes, 2005, a época de plantio normalmente influencia a produção de grãos e seus
componentes. Ainda segundo este autor, outro fator a ser considerado em relação a época de
semeadura é a escolha correta da cultivar a ser plantada. Se utilizada cultivar adequada em
época de semeadura ideal haverá incremento em produtividade, sem onerar o custo de
produção.
Com os estudos de avaliação de épocas de semeadura, alguns materiais foram testados
e, em função de seu desempenho, recomendado para cultivo no Estado do Rio de Janeiro: a
cultivar Catissol e os híbridos simples Helio 250 e Helio 251 (Oliveira, 2006).
Estudos também envolvendo a época de semeadura de primavera verão foram
conduzidos (Oliveira, 2006), mas com resultados de produtividade inferior à época de
semeadura de abril.
Dando continuidade a esses estudos de épocas de semeadura no período de primavera
verão, conduziu-se o presente trabalho, nas condições edafoclimáticas do Norte Fluminense.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO (dag
kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46 (médio);
m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo); Zn (mg
dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
137
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
instalado em área de 1 hectare, onde foram feitas as avaliações do girassol em amostragens.
A adubação utilizada no plantio foi a de 500 kg ha-1 da formulação 04-14-08,
juntamente com 2 kg de B ha-1 (fonte ácido bórico). Foi também realizada adubação
nitrogenada em cobertura, na dosagem de 100 kg de N ha-1, tendo como fonte o de sulfato de
amônio.
A semeadura foi realizada mecanicamente no dia 28.11.2006, utilizando-se o
espaçamento de 1,0m entre linhas de plantio, e densidade de 10 sementes por metro. A
cultivar utilizada foi a Catissol e, por ocasião da colheita, realizada manualmente em
08.03.2007, foram avaliada a altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm), obtido a cinco centímetros do nível do
solo, na floração plena; curvatura do capítulo (cm) obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na colheita; diâmetro do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, na
colheita; o estande final obtido, o peso de 1000 aquênios (g) e produção de grãos (kg ha-1).
No controle de plantas daninhas, foram realizadas capinas manuais nas linhas e nas
entrelinhas, conforme necessidade da cultura. Não foram necessárias intervenções para
controle de doenças e pragas.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos na
Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca do município vizinho de Carapebus.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo da cultivar Catissol foi de 100 dias, inferior ao ciclo normal da cultivar (115 –
130 dias), mas de acordo com outras informações obtidas nessa época de semeadura.
No Quadro 1 encontram-se os resultados médios obtidos para as características
avaliadas. Para efeito comparativo, são apresentados os dados obtidos por Rêgo Filho et al.,
2006a, ao avaliarem esta cultivar no município de Campos dos Goytacazes, também na região
Norte Fluminense, mas em condição de outono inverno.
Verifica-se que os dados de altura de planta, diâmetro de caule e curvatura do caule
obtidos na semeadura de primavera verão (Conceição de Macabu) são semelhantes aos
obtidos no outono inverno (Campos dos Goytacazes) e, para as demais características, foram
bem inferiores, particularmente quanto à produção de grãos.
138
Quadro 1 – Altura de planta (cm), diâmetro de caule (mm), curvatura do caule (cm), diâmetro
do capítulo (cm), estande final obtido (plantas por metro), peso de 1.000 aquênios e produção
de grãos (kg ha-1). Conceição de Macabu, primavera verão de 2006/2007.
Características Conceição de Campos dos
Macabu Goytacazes*
Altura de planta 94 100
Diâmetro do caule 15 14
Curvatura do caule 86 87
Diâmetro de capítulo 9,7 14
Estande final 4,0 -
Peso aquênios 46 60
Produção de grãos 760 1.990
*
Rêgo Filho et al., 2006a.
139
Apesar da baixa produtividade média, de apenas 760 kg ha-1, estes resultados se
assemelham aos obtidos no período de outono inverno, nas semeaduras de março de 2005
(Rêgo Filho et al., 2006b) e de fevereiro de 2006 (Rêgo Filho et al., 2006c) em Campos dos
Goytacazes.
Para a região Norte Fluminense deverão ser conduzidos mais ensaios, procurando-se
ajustes na parte agronômica, envolvendo outras épocas de semeadura, cultivares, espaçamento
e densidade de semeadura.
4 CONCLUSÕES
A produtividade média obtida de 760 kg ha-1 está abaixo do potencial produtivo da
cultivar, mas igualando-se em produtividade a outras épocas de semeadura na região.
Outros ensaios devem ser conduzidos no Norte Fluminense, para melhor ajuste da época
de semeadura.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Segunda época de semeadura (abril 2005). In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006 a. p. 25.
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Primeira época de semeadura (março 2005).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006 b. p. 24.
140
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Terceira época de semeadura (fevereiro 2006).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006 c. p. 26.
141
RENDIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE
AMENDOIM EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE
RESUMO: A região Norte Fluminense detém cerca de 90% da área do Estado, cultivada
com cana-de-açúcar com rendimento médio de 46 toneladas por hectare, atividade esta que
está concentrada no município de Campos dos Goytacazes, que reúne cerca de sete mil
produtores, dos quais 92% possuem área de até 100 ha. Os estudos iniciais desenvolvidos pela
Pesagro-Rio enfocando a cultura do amendoim nas áreas de reforma dos canaviais, foram
conduzidos em Campos dos Goytacazes, visando principalmente à caracterização fenotípica
de cultivares, rendimento agronômico e industrial, consorciação com outras culturas,
densidade de semeadura e acúmulo de nutrientes na palhada. Considerando-se a necessidade
de avaliar o potencial de produção agrícola e industrial do amendoim em diferentes condições
edafoclimáticas do Norte Fluminense, conduziu-se o presente trabalho no município de
Conceição de Macabu. Concluiu-se que maior rendimento de amêndoas e de óleo foi obtido
pela cultivar IAC 886 Runner, no ano agrícola 2006/2007.
142
1 INTRODUÇÃO
Atualmente as regiões que produzem cana-de-açúcar no Estado do Rio de Janeiro são a
Norte Fluminense (128.603 ha), Baixada Litorânea (3.916 ha), Noroeste Fluminense (2.745
ha), Médio Paraíba (1.158 ha), Metropolitana (296 ha) e Costa Verde (224 ha), totalizando
136.942 ha (Viana, 2006).
A região Norte Fluminense detém cerca de 90% da área do Estado, com rendimento
médio de 46 toneladas de cana-de-açúcar por hectare. Esta atividade está concentrada no
município de Campos dos Goytacazes, que reúne cerca de sete mil produtores, dos quais 92%
possuem área de até 100 ha (Viana, 2006).
Os estudos iniciais desenvolvidos pela Pesagro-Rio enfocando a cultura do amendoim
para a rotação com a cana-de-açúcar, foram conduzidos em Campos dos Goytacazes,
principalmente para caracterização fenotípica de cultivares (Souza Filho et al., 2006 a),
rendimento agronômico e industrial (Souza Filho et al., 2006 b), consorciação com outras
culturas (Souza Filho et al., 2006 c), densidade de semeadura (Souza Filho et al., 2006 d) e
acúmulo de nutrientes na palhada (Andrade et al., 2006).
Considerando-se a necessidade de avaliar o potencial de produção agrícola e industrial
do amendoim em diferentes condições edafoclimáticas do Norte Fluminense, conduziu-se o
presente trabalho no município de Conceição de Macabu.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO
(dag kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46
(médio); m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo);
Zn (mg dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.
143
Foi utilizada adubação de fundação com 300 kg kg-1 da formulação 04-14-08,
distribuída no sulco de semeadura e levemente incorporados. Como adubação de cobertura,
aos 30 dias após a emergência foi aplicado 100 kg kg-1da formulação 20-00-20.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 27.11.06, n o espaçamento de 0,8
metros entre linhas de cultivo e densidade na linha de semeadura de 12 sementes por metro
linear de sulco.
Foram utilizadas quatro cultivares de hábito de crescimento ereto (IAC 8112, IAC 22,
IAC Tatu e IAC 5) e uma cultivar de hábito prostrado (IAC 886 Runner). Não foi utilizado
nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo as cultivares plantadas em parcelões de
100 m2 para cada genótipo, onde foram feitas as avaliações deste trabalho por ocasião da
colheita (23.03.07), relacionado à produtividade com casca e amêndoas (kg ha-1) e produção
de óleo bruto (litros por ha-1).
Como tratos culturais, foi realizada aos 40 dias após a emergência uma capina, seguida
de amontoa e uma pulverização para controle da cigarrinha verde, com o produto comercial
Decis (200 ml ha-1). Não foram constatadas ocorrências de doenças de expressão econômica.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares, de 117 dias, está um pouco acima do obtido por Souza Filho et
al., 2006 a, para as cultivares de hábito de crescimento ereto (95 dias) e próximo dos 125 dias
obtidos pela cultivar de hábito prostrado, em ensaio conduzido em Campos dos Goytacazes,
na mesma região.
O rendimento agrícola e industrial dos genótipos de amendoim avaliados encontra-se no
Quadro 1.
Maior produtividade de amêndoa foi obtida pelas cultivares IAC 886 Runner
(prostrado), com menor produtividade sendo obtida pela cultivar IAC 5. Estes dados de
produção estão abaixo dos obtidos por Souza Filho et al., 2006 b, em ensaio conduzido em
Campos dos Goytacazes, na mesma região.
O percentual de perdas obtido, relacionado à diferença observada entre o peso com
casca e o peso de amêndoas, foi da ordem de 30%. Ou seja, a cada tonelada de grãos em casca
se obtém 700 kg de amêndoas e 300 kg de resíduos (casca).
O teor de óleo acompanhou a produção de amêndoas e, também nesse caso, com
rendimento de óleo inferior ao obtido por Souza Filho et al., 2006 b, em outro ensaio
conduzido na mesma região.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
144
Quadro 1 – Rendimento agrícola (kg ha-1) e industrial (óleo bruto em l ha) de cinco genótipos
de amendoim em Conceição de Macabu, 2006/2007.
Genótipo Com casca Amêndoa Óleo
IAC 886 Runner 2.040 1.450 638
IAC 8112 1.920 1.320 630
IAC 22 1.890 1.220 586
IAC Tatu 1.800 1.230 565
IAC 5 1.400 950 418
Média 1.810 1.234 567
4 CONCLUSÃO
Maior rendimento de amêndoas e de óleo foi obtido pela cultivar IAC 886 Runner. O
cultivo do amendoim é viável para a rotação com a cultura da cana-de-açúcar.
145
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
ANDRADE, W.E. de B.; SOUZA FILHO, B.F. de; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J.; GOMES, J.M.R.; SANTOS, P.S.B.S. dos. Acumulação de nutrientes pela
palhada do amendoim no Norte Fluminense em semeadura de primavera-verão. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de
Varginha, 2006. (CD ROM). p. 138 – 143.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 a. (CD ROM). p. 116 – 121.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 b. (CD ROM). p.
122 – 127.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento do amendoim em consórcio com o girassol e a mamona no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 c. (CD ROM). p.
128 – 132.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Densidade de semeadura da cultivar IAC Tatu - ST no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 d. (CD ROM). p. 133 – 137.
146
RENDIMENTO DE GRÃOS DE CULTIVARES DE AMENDOIM COM E
SEM ADUBAÇÃO DE FUNDAÇÃO EM CARAPEBEUS, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE
RESUMO: Estudos conduzidos no Estado de São Paulo relatam que as maiores respostas da
cultura do amendoim à adubação tem sido em relação ao fósforo. Já a calagem tem sido mais
utilizada no fornecimento de nutrientes para a cultura, particularmente o cálcio, do que seu
efeito na correção da acidez. Entretanto, estas respostas não podem ser atribuídas ao melhor
desenvolvimento radicular. Considerando-se que um dos objetivos principais do plantio do
amendoim em área de renovação de canavial é o seu uso na recuperação de solo, procurou-se,
nesse trabalho, estudar-se o efeito da adubação de fundação na produção de amêndoas e,
posteriormente, avaliar o desempenho da cultura da cana-de-açúcar nessas áreas. Concluiu-se
que houve ganho médio em produção de amêndoas em 30% quando da presença da adubação
de fundação, sendo a cultivar IAC 886 Runner mais responsiva à adubação do que a cultivar
IAC Tatu.
147
1 INTRODUÇÃO
Ao avaliarem os efeitos de fontes de fósforo e de calagem na produção do amendoim,
Nakagawa et al., 1993, relatam em revisão de literatura que, no Estado de São Paulo, as
maiores respostas da cultura tem sido em relação ao fósforo. Já a calagem tem sido mais
utilizada no fornecimento de nutrientes para a cultura, particularmente o cálcio, do que seu
efeito na correção da acidez.
Apesar do efeito positivo do fósforo na nutrição do amendoim, tal efeito não pode ser
atribuído a um possível melhor desenvolvimento radicular. Marubayashi et al., 1994, ao
avaliarem o sistema radicular do amendoim em função da adubação fosfatada, não
observaram resposta significativa à dose do nutriente aplicada. Ocorreram diferenças entre
cultivares, sendo que as raízes encontram-se mais concentradas nos primeiros 15 cm do solo.
Considerando-se que um dos objetivos principais do plantio do amendoim em área de
renovação de canavial é o seu uso na recuperação de solo, procurou-se, nesse trabalho,
estudar-se o efeito da adubação de fundação na produção de amêndoas e, posteriormente,
avaliar o desempenho da cultura da cana-de-açúcar nessas áreas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Carapebus, região Norte Fluminense, no Horto Municipal
administrado pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Pecuária e Pesca.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Campus Dr. Leonel
Miranda), mostra: pH (água) 7,6 (alcalinidade fraca); P (mg dm-3) 28 (bom); K (cmolc dm-3)
0,08 (baixo); Ca (cmolc dm-3) 1,1 (baixo); Mg (cmolc dm-3) 0,4 (baixo); Al (cmolc dm-3) 0,0
(muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 2,9 (médio); MO (dag kg-1) 1,16 (baixo); CTC (cmolc dm-
3
) 4,5 (médio); SB (cmolc dm-3) 1,6 (baixo); V (%) 36 (baixo); m (%) 0 (muito baixo); Fe (mg
dm-3) 14,1 (baixo); Cu (mg dm-3) 0,2 (muito baixo); Zn (mg dm-3) 0,6 (baixo); Mn (mg dm-3)
3,8 (baixo) e B (mg dm-3) 0,28 (baixo). A classificação entre parêntesis refere-se à avaliação
de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
Nas parcelas que receberam adubação, foi feita a aplicação do fertilizante em fundação,
empregando-se 400 kg ha-1 da formulação 04-14-08, complementada por uma adubação de
cobertura de 150 kg ha-1 da mistura de uma parte de sulfato de amônio e uma parte de cloreto
de potássio. A adubação de fundação, quando presente, foi feita no sulco de plantio, e
ligeiramente incorporada. A adubação de cobertura foi feita aos 30 dias após a emergência.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
148
A semeadura foi realizada manualmente no dia 19.12.06, empregando-se o
espaçamento de 0,9 metros entre linhas de cultivo e densidade na linha de semeadura de 13
sementes por metro linear de sulco.
Foram utilizadas as cultivares IAC Tatu e a IAC 886 Runner. Não foi adotado nenhum
delineamento ou arranjo experimental, sendo as cultivares plantadas em parcelões de 100 m2,
onde foram feitas as avaliações de rendimento agrícola, determinando-se a produção do
amendoim em casca e de amêndoa, em kg ha-1.
Para o controle de plantas daninhas foi realizada uma capina, seguida de uma amontoa
(15.01.07).
Foi necessária uma pulverização para controle da cigarrinha verde, com o produto
comercial Decis (200 ml ha-1). Não foram constatadas ocorrências de doenças de expressão
econômica.
A colheita foi realizada em 22.04.07 para todos os genótipos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares utilizadas foi de 125 dias, acima dos 95 dias de ciclo obtido pela
IAC Tatu e semelhante aos 125 dias obtidos pela IAC 886 Runner por Souza Filho et al., 2006
a, ao avaliarem estes materiais em Campos dos Goytacazes, na mesma região.
O rendimento agrícola das cultivares de amendoim, em função da presença ou da
ausência da adubação de fundação, encontra-se no Quadro 1.
Os resultados de produtividade evidenciam a necessidade de adubação do amendoim
em Carapebus, com ganhos de 30% em produtividade de amêndoa quando da ausência da
adubação. As produtividades obtidas estão inferiores ao obtido por Souza Filho et al., 2006 b,
que alcançaram patamares de produtividade de 2.535 kg ha-1 para a cultivar IAC 886 Runner
e 2.400 kg ha-1 para a cultivar IAC Tatu, ao conduzirem ensaios nesta mesma região.
Com relação às cultivares utilizadas, a IAC 886 Runner foi a mais responsiva à
adubação de fundação.
O percentual de perdas obtido, na faixa de 40%, representado pela renda média das
cultivares após o descascamento, está na faixa citada para essas cultivares. Não foi observado
efeito da adubação nesse fator.
149
Quadro 1 – Rendimento agrícola (kg ha-1) de duas cultivares de amendoim com e sem
adubação de fundação. Carapebus, 2006/2007.
Com adubo Sem adubo
Cultivar Com casca Amêndoa Com casca Amêndoa
IAC Tatu 810 360 720 325
IAC 886 Runner 1.900 1.250 1.250 810
Média 1.355 805 985 567
4 CONCLUSÕES
Há ganho médio em produção de amêndoas de 30% quando da presença da adubação
de fundação.
A cultivar IAC 886 Runner é mais responsiva à adubação do que a cultivar IAC Tatu.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
150
MARUBAYASHI, O.M.; ROSOLEM, C.A.; ZANOTTO, M.D. Sistema radicular de
amendoim em função da adubação fosfatada. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.
29, n. 11, p. 1669 – 1673, nov. 1994.
NAKAGAWA, J.; NAKAGAWA, J.; IMAIZUMI, I.; ROSSETTO, C.A.V. Efeito de fontes
de fósforo e da calagem na produção de amendoim. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 28, n. 4, p. 421 – 431, abr. 1993.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 a. (CD ROM). p. 116 – 121.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 b. (CD ROM). p.
122 – 127.
151
PRODUÇÃO DO AMENDOIM EM CULTIVO INTERCALAR COM CANA-
PLANTA EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE
152
1 INTRODUÇÃO
A Pesagro-Rio, através da Estação Experimental de Campos, tem proposto o
aprimoramento da cultura do amendoim como uma das culturas alternativas para incremento
da produção de óleo na região Norte Fluminense. Nesse sentido, já foram conduzidos
trabalhos procurando caracterizar fenotipicamente cultivares de amendoim de interesse para
essa região (Souza Filho et al., 2006a), o rendimento agronômico e industrial desses materiais
(Souza Filho et al., 2006b) e o comportamento da cultura em diferentes densidade de
semeadura (Souza Filho et al., 2006c). Além dos plantios solteiros, foi também avaliado o
rendimento do amendoim em consórcio com o girassol e a mamona (Souza Filho et al.,
2006d).
Tradicionalmente, a base econômica da agricultura no Norte Fluminense consiste na
cultura da cana-de-açúcar, que após um período de crise ressurge com força devido à questão
energética, mais voltado para a produção de álcool.
Procurando aliar o amendoim e a cana-de-açúcar com a finalidade de produção de
energia – álcool e óleo, para uso na produção de biodiesel, vislumbrou-se a possibilidade de
avaliar o rendimento do amendoim em cultivo intercalar com a cana-planta.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO
(dag kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46
(médio); m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo);
Zn (mg dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
intercalar instalado em área de 1 hectare, onde foram feitas as avaliações do girassol em
amostragens.
153
O trabalho foi conduzido com as variedades Tatu e Runner e instalado em 11.10.2006,
fazendo-se a semeadura do amendoim em uma linha no meio do banco da cana, já com a cana
em início de brotação. A cana foi plantada pelo produtor em 20.09.2006, utilizando a
variedade RB 72454, empregando-se como adubação 100 gramas da formulação 04-14-08 por
metro linear, espaçados entre si a 1,40 metros.
Para a variedade Tatu (porte ereto), avaliou-se o comportamento em cultivo intercalar
com adubação de fundação e sem adubação de fundação. Quando utilizada, a adubação foi de
250 kg ha-1 da formulação 04-14-08, distribuída no sulco de plantio e incorporado
manualmente antes da semeadura. A semeadura foi realizada manualmente com 10 sementes
por metro linear.
Para a variedade Runner (porte prostrado), avaliou-se o comportamento em cultivo
intercalar com a semeadura sendo realizada com as sementes com casca e sem casca
(debulhadas) Para esta variedade não foi utilizada adubação de fundação.
Ambas cultivares receberam adubação foliar em cobertura, tendo com fonte o
Complex 151 (Green Top), em duas pulverizações (30 e 45 dias após a emergência), na
dosagem de 1,0 litro do produto por aplicação.
Foram avaliadas as seguintes características para o amendoim: rendimento da
amêndoa com casca e sem casca, em kg ha-1, índice de colheita (%), massa de 100 sementes
(g), óleo bruto (litros ha-1) e estande final. Para a cana foi medida apenas a altura de planta no
momento da colheita do amendoim, realizada em 15.02.2007, medindo-se do solo até a bainha
da última folha.
Não foram necessários o controle de plantas daninhas e de doenças e, quanto a pragas,
houve necessidade do controle da cigarrinha verde com produto comercial em duas épocas:
aos 30 e 45 dias após a emergência, aplicados conjuntamente à adubação foliar de cobertura.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos na
Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca do município vizinho de Carapebus.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo normal para colheita da variedade Tatu é de 90 – 100 dias - considerada como
precoce e, a variedade Runner, ciclo de 130 dias - considerada como de intermediário (Souza
Filho et al., 2006a). O ciclo final obtido pelas variedades foi praticamente o mesmo, sendo a
colheita realizada aos 122 dias, atrasando a colheita da variedade Tatu aguardando chuva para
facilitar o processo de colheita, realizada por arranquio manual.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
154
O rendimento de grãos de amendoim, bem como das demais características avaliadas
tanto para o amendoim quanto para a cana-planta, encontram-se no Quadro 1.
Quadro 1 – Rendimento do amendoim em kg ha-1 (com casca e sem casca), índice de colheita
(IC, %), massa de 100 sementes (M, 100 g), óleo bruto (OB, litros ha-1), estande final (EF,
1000 plantas ha-1) e altura da cana (AC, cm) obtidos em Conceição de Macabu, Norte
Fluminense, 2006/2007.
Tratamentos Rendimento IC M OB EF AC
100
Com Amêndoa (%) (g) (litros ha-1) mil plantas (cm)
casca ha-1
Tatu c/af 1285 771 28 52 354 58 100
Tatu s/af 1174 704 29 53 324 62 98
Runner c/c 1453 1017 28 66 447 60 110
Runner s/c 1842 1290 30 67 567 63 105
Cana solteira - - - - - - 105
Média 1438 945 29 60 423 61 104
* c/af (com adubação de fundação), s/af (sem adubação fundação), c/c (com casca) e s/c (sem casca).
A produção das cultivares IAC Tatu e IAC Runner em sistema de cultivo intercalar com
a cana-de-açúcar (média de 1230 kg ha-1 e 1648 kg ha-1, respectivamente), ficaram abaixo do
obtido por estes mesmos materiais em cultivo solteiro, da ordem de 2.400 kg ha-1 e 2.535 kg
ha-1 de produção total, respectivamente (Souza Filho et al., 2006b), compatível para o
sistema.
Em sistema de consórcio a cultivar Tatu não foi responsivo à adubação de fundação,
com incremento de apenas 67 kg ha-1 de amêndoas. Já em relação a cultivar IAC Runner, o
uso de sementes com casca prejudicou ainda mais a produção final, sendo que o uso da
semente debulhada incrementou a produtividade em 273 kg ha-1 de amêndoas.
Apesar da redução na produtividade em função do cultivo intercalar, destaca-se a
produção de óleo bruto, em média de 423 litros por hectare.
Até a colheita do amendoim praticamente não foram observadas diferenças em altura da
cana-planta, considerando-se os dados obtidos em cultivo intercalar e a cana solteira.
155
Os dados de precipitação obtidos no período experimental (outubro de 2006 a fevereiro
de 2007) foram: outubro – 99 mm; novembro – 198 mm; dezembro – 128 mm; janeiro – 460
mm e fevereiro – 72 mm. Verifica-se que na fase final de desenvolvimento do amendoim o
volume de chuva foi elevado, o que contribuiu para a baixa produtividade obtida.
Foi verificado que em cultivo intercalar com a cana planta, o amendoim foi eficiente no
controle de ervas daninhas no banco (entrelinhas da cana), notadamente com a cultivar de
hábito prostrado (IAC 886 Runner).
Os dados obtidos em cultivo intercalar com a cana-de-açúcar diferem dos obtidos em
relação ao cultivo intercalar do amendoim com o girassol e a mamona (Souza Filho et al.,
2006 d), em que até a colheita não houve efeito dessas culturas no rendimento do amendoim.
4 CONCLUSÃO
O cultivo intercalar do amendoim com a cana-planta reduziu a produção de amêndoas.
A cultivar IAC Tatu, em condições de cultivo intercalar, não foi responsiva à adubação
de fundação.
O uso de sementes com casca reduz a produtividade da cultivar IAC Runner. Estudos
posteriores devem ser desenvolvidos, para viabilizar esta prática de cultivo.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V. V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006a. (CD ROM). p. 116 – 121.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006b. (CD ROM). p.
122 – 127.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Densidade de semeadura da cultivar IAC Tatu - ST no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
156
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006c. (CD ROM). p. 133 – 137.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento do amendoim em consórcio com o girassol e a mamona no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006d. (CD ROM). p.
128 – 132.
157
RENDIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE
AMENDOIM AVALIADOS EM DIFERENTES TIPOS DE SOLO EM
CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE
RESUMO: O amendoim, além da semente, que pode ser consumida de diversas formas,
também produz um óleo de especial qualidade, somente superado pelo óleo de oliva. O
amendoim deve ser plantado, de preferência, nos solos mais arenosos (leves), que facilitam a
penetração do ginóforo para a formação do fruto. Já os solos mais argilosos (compactos)
apresentam algumas desvantagens, como menor produção de amêndoas e dificultar a
operação de colheita. A cultura do amendoim vem sendo avaliada ultimamente na região
Norte Fluminense, como uma das possíveis culturas para plantio em áreas de reforma de
canaviais, o que significa 20.000 hectares disponíveis anualmente. Considerando-se que o
cultivo da cana-de-açúcar ocorre em vários tipos de solo, procurou-se neste trabalho avaliar o
comportamento de oito genótipos de amendoim em três tipos de solo: arenoso, intermediário e
argiloso, em Campos dos Goytacazes. Concluiu-se que os genótipos de hábito de crescimento
ereto foram mais produtivos do que os de hábito prostrado, e com maior produtividade de
grãos obtida no solo mais leve, com menor teor de argila. O rendimento industrial (46% de
rendimento de óleo bruto) acompanhou a produtividade de amêndoa.
158
1 INTRODUÇÃO
O amendoim é uma leguminosa muito usada pela população, que fazem largo emprego
de suas sementes na alimentação humana, e com uso de co-produtos de sua industrialização
na alimentação animal. Além da semente, que pode ser consumida de diversas formas, o
amendoim produz um óleo de especial qualidade, somente superado pelo óleo de oliva (Prata,
1968).
O amendoim deve ser plantado, de preferência, nos solos mais arenosos (leves), que
facilitam a penetração do ginóforo para a formação do fruto. Já os solos mais argilosos
(compactos) apresentam algumas desvantagens, quais sejam a menor produção de amêndoas e
dificultar a operação de colheita (Prata, 1968).
A cultura do amendoim vem sendo avaliada ultimamente na região Norte Fluminense,
como uma das possíveis culturas para plantio em áreas de reforma de canaviais, que só na
região Norte significa 20.000 hectares disponíveis anualmente.
Considerando-se que o cultivo da cana-de-açúcar ocorre em vários tipos de solo,
procurou-se neste trabalho avaliar o comportamento do amendoim em três tipos de solo:
arenoso, intermediário e argiloso. Espera-se, assim, contribuir para que a cultura do
amendoim se estabeleça na região dentro de critérios técnicos e avalizados pela pesquisa.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
O ensaio foi conduzido em área aonde vinha sendo cultivada cana-de-açúcar, variedade
SP 792233 (seis cortes). Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
Na área destinada ao ensaio foi possível identificar três tipos de solo. Cada solo foi
amostrado, na profundidade de 0 – 20 cm, e encaminhado para análise química e física
(granulométrica), que foram realizadas nos laboratórios da Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro, Campus Dr. Leonel Miranda, em Campos dos Goytacazes. Os resultados constam
do Quadro 1. Pelo resultado da análise fica evidenciado os três tipos de solo inicialmente
separados: arenoso (solo 1), intermediário (solo 2) e argiloso (solo 3). A classificação entre
parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
159
Quadro 1 – Resultado da análise química e física (granulométrica) de amostras de material de
solo da área experimental de Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Análises Tipos de Solo
Realizadas Solo 1 (arenoso) Solo 2 (intermediário) Solo 3 (argiloso)
pH (água) 5,5 (Acidez Média) 5,2 (Acidez Média) 5,4 (Acidez Média)
P (mg dm-3) 21 (Médio) 8 (Baixo) 6 (Baixo)
K (mg dm-3) 43 (Médio) 88 (Bom) 74 (Bom)
Ca (cmolc dm-3) 1,1 (Baixo) 1,2 (Baixo) 2,8 (Bom)
Mg (cmolc dm-3) 0,7 (Médio) 0,8 (Médio) 2,6 (Muito Bom)
Al (cmolc dm-3) 0,2 (Muito Baixo) 1,5 (Alta) 0,7 (Médio)
H+Al (cmolc dm-3) 3,5 (Médio) 7,1 (Alta) 7,2 (Alta)
MO (g dm-3) 13,6 (Baixa) 21,9 (Médio) 26,9 (Médio)
SB (cmolc dm-3) 1,9 (Médio) 2,3 (Médio) 5,7 (Bom)
T (cmolc dm-3) 5,4 (Médio) 9,4 (Bom) 12,9 (Bom)
t (cmolc dm-3) 2,1 (Baixo) 3,8 (Médio) 6,4 (Bom)
m (%) 9 (Muito Baixo) 39 (Médio) 11 (Muito Baixo)
V (%) 36 (Baixo) 25 (baixo) 44 (Médio)
Fe (mg dm-3) 37,5 (Bom) 53,0 (Alta) 35,4 (Bom)
Cu (mg dm-3) 0,5 (Baixo) 2,0 (Alto) 2,3 (Alto)
Zn (mg dm-3) 1,4 (Médio) 0,7 (Baixo) 1,7 (Bom)
-3
Mn (mg dm ) 4,4 (Baixo) 5,5 (Baixo) 8,6 (Médio)
S (mg dm-3) 10,7 14,9 17,4
B (mg dm-3) 0,27 (Baixo) 0,12 (Muito Baixo) 0,67 (Bom)
Areia (%) 87 57 32
Silte (%) 3 12 27
Argila (%) 10 31 41
Como adubação não foi empregada aplicação de nutrientes por ocasião da semeadura,
optando-se pela cobertura. A adubação de cobertura, aplicada em uma única vez aos 30 dias
após a emergência (28.12.06), consistiu de adubação foliar utilizando o produto Complex 151
da Green Top, na dosagem de 1 litro do produto por hectare.
160
A semeadura foi realizada manualmente no dia 24.11.06, empregando-se o
espaçamento de 0,8 metros entre linhas de cultivo e densidade na linha de semeadura de 10
sementes por metro linear de sulco.
Foram utilizadas as cultivares IAC Tatu – ST, Runner IAC 886, IAC Caiapó, IAC 5,
IAC 22 e IAC 8112, acrescido de duas “coletas”, realizadas no Estado do Rio de Janeiro e no
Estado do Espírito Santo. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental,
sendo as cultivares plantadas em parcelões de 100 m2, onde foram feitas as avaliações
constantes deste trabalho: ciclo (dias), produção de amêndoas (kg ha-1) e produção de óleo
bruto (l ha-1).
Para o controle de plantas daninhas, problema sério no cultivo das águas, foi realizada
uma capina (12.12.06), seguida de uma amontoa (28.12.06) e um cultivo mecânico
(10.01.07).
Foi necessária uma pulverização para controle da cigarrinha verde, com o produto
comercial Decis (200 ml ha-1). Não foram constatadas ocorrências de doenças de expressão
econômica.
A colheita foi realizada em 21.03.2007 para os genótipos de hábito ereto e em
18.04.2007 para os genótipos de hábito prostrado.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto ao ciclo, os materiais de hábito de crescimento eretos foram colhidos aos 118
dias e, os de hábito prostrado, aos 146 dias. Os dados obtidos se assemelham aos citados por
Souza Filho et al., 2006 a, em que os materiais eretos foram colhidos com 95 dias e os
prostrados de 110 a 125 dias.
O rendimento agrícola e industrial dos genótipos de amendoim, em função do tipo de
solo, encontra-se no Quadro 2.
Quanto ao rendimento agrícola, independentemente do tipo de solo, destacaram-se os
materiais de hábito ereto. Considerando-se a média dos genótipos, os de hábito ereto tiveram
produção de amêndoas variando de 1.019 kg ha-1 a 1.400 kg ha-1, e os de hábito prostrado
produção entre 313 kg ha-1 e 598 kg ha-1. Estas produtividades estão abaixo do obtido por
Souza Filho et a., 2006 b, ao avaliarem estes mesmos genótipos, também na região Norte
Fluminense, possivelmente devido o ao regime pluviométrico no período experimental
(Quadro 3).
161
Para o tipo de solo, os resultados comprovam a superioridade dos solos mais leves (solo
1) para a produção de grãos, em relação aos mais argilosos (solo 3). O ganho de rendimento
de amêndoas do solo 1 foi da ordem de 82% em relação ao solo 3 e a 55% em relação ao solo
2. A maior riqueza natural em fósforo no solo 1 talvez ajude a explicar este ganho.
Quadro 2 – Rendimento agrícola (amêndoas em kg ha-1) e industrial (óleo bruto em litros ha-
1) de oito genótipos de amendoim avaliados em três tipos de solo no Norte Fluminense, no
ano agrícola 2006/2007.
Tipos de Solo
Genótipo Solo 1 Solo 2 Solo 3 Média
Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo
IAC 8112 2.325 1.107 966 460 911 433 1.400 666
IAC 22 1.998 955 1.040 497 877 419 1.305 624
IAC 5 1.887 834 1.224 541 954 422 1.355 599
IAC Tatu 1.237 571 996 460 824 381 1.019 470
IAC 886 513 224 619 271 662 289 598 261
Coleta ES 526 225 337 144 202 86 355 151
IAC Caiapó 409 229 334 187 267 149 337 189
Coleta 252 112 385 171 302 134 313 139
RJ
Média 1.143 532 738 341 625 289 835 387
4 CONCLUSÕES
Os genótipos de hábito de crescimento ereto foram mais produtivos do que os de
hábito prostrado.
162
Maior produtividade de grãos foi obtida no solo mais leve, com menor teor de argila e
mais rico em fósforo.
O rendimento industrial (46% de rendimento de óleo bruto) acompanhou a
produtividade de amêndoa, com destaque para os genótipos IAC 8112 e IAC 22.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 a. (CD ROM). p. 116 – 121.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 b. (CD ROM). p.
122 – 127.
163
CULTIVO DO GERGELIM EM CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO
NORTE FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA-VERÃO
RESUMO: Com a criação do Programa Estadual de produção de óleo vegetal, voltado para
a produção de biodiesel, o Estado do Rio de Janeiro tem dado atenção, nos últimos anos, a
culturas oleaginosas de uso não tradicionais em termos fluminenses. Assim foi feita a
introdução da cultura do gergelim, que inicialmente foi avaliada em relação à introdução de
cultivares e avaliação de seu comportamento tanto em cultivo de outono-inverno quanto de
primavera-verão, na região Norte Fluminense. Procurando expandir o cultivo do gergelim em
terras fluminenses procurou-se, neste trabalho, avaliar o potencial produtivo da cultivar G4 no
município de Conceição de Macabu, nessa mesma região. O ensaio foi instalado em
Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do produtor Francisco Jorge
Ribeiro. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo do
gergelim instalado em área de 2.000 m2, onde foram feitas as avaliações, através de
amostragens. Concluiu-se nas condições do trabalho, que a produtividade média obtida foi
baixa, mas igualando-se à média nacional, e que outros ensaios devem ser conduzidos na
região Norte Fluminense, procurando-se melhor ajuste na época de semeadura.
Palavras-Chave: Sesamum indicum L., Estado do Rio de Janeiro, produção de grãos, época
de semeadura, biodiesel.
164
1 INTRODUÇÃO
Com a criação do Programa Estadual de produção de óleo vegetal, voltado para a
produção de biodiesel, o Estado do Rio de Janeiro tem dado atenção, nos últimos anos, a
culturas oleaginosas de uso não tradicionais em termos fluminenses.
Assim foi feita a introdução da cultura do gergelim, que inicialmente foi avaliada em
relação à introdução de cultivares e avaliação de seu comportamento tanto em cultivo de
outono-inverno quanto de primavera-verão, na região Norte Fluminense.
No cultivo de outono-inverno (Ferreira et al., 2006a), apesar de cultivado fora do
período adequado de semeadura que é o período mais quente do ano, a cultivar Seridó foi a
mais produtiva, com produtividade de grãos de 736 kg ha-1. Como no período avaliado houve
redução no ciclo da cultura, as cultivares de ciclo mais tardio foram favorecidas. Já no período
de primavera-verão (Ferreira et al., 2006b), época normal de cultivo, não houve o
favorecimento das cultivares mais tardias, obtendo média experimental de 1.482 kg ha-1.
Apenas para efeito comparativo, a produtividade média mundial é de 591 kg ha-1 (Barros et
al., 2001).
Procurando expandir o cultivo do gergelim em terras fluminenses procurou-se, neste
trabalho, avaliar o potencial produtivo da cultivar G4 no município de Conceição de Macabu,
região Norte Fluminense.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO (dag
kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46 (médio);
m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo); Zn (mg
dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo do
gergelim instalado em área de 2.000 m2, onde foram feitas as avaliações, através de
amostragens.
165
A adubação utilizada no plantio foi a de 500 kg ha-1 da formulação 04-14-08, aplicada
no sulco por ocasião da semeadura e levemente incorporada. Foi também realizada adubação
nitrogenada em cobertura, logo após o desbaste, na dosagem de 100 kg de N ha-1, tendo como
fonte o de sulfato de amônio.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 19.12.2006, empregando-se maior
quantidade de sementes por sulco para posterior desbaste. A recomendação para o desbaste,
feito pelo produtor, era para deixar estande de 10 plantas por metro de sulco. Utilizou-se o
espaçamento de 1,0 m entre linhas de plantio.
A cultivar utilizada foi a G4, obtida junto ao CNPA da Embrapa, e selecionada por ser
de ciclo médio e alcançar boa produtividade no período avaliado, conforme atesta trabalho
conduzido no município de Campos dos Goytacazes, também na região Norte Fluminense
(Ferreira et al., 2006b).
Na colheita, realizada em 10.04.2007, foram avaliados: altura de planta (m), altura de
inserção da primeira vagem (m), diâmetro de caule (mm), número de vagem por planta,
estande final obtido (plantas m-1) e produtividade (kg ha-1, a 13% umidade). Exceto para
produtividade e estande final obtido, todas as demais características foram realizadas em dez
plantas por amostragem.
Para o controle de plantas daninhas, foram realizadas duas capinas, sendo uma por
ocasião do desbaste e a outra próxima à colheita.
Não foram necessárias intervenções com relação a pragas e doenças, exceto o controle
de formigas cortadeiras, feito com o uso de iscas granuladas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto ao ciclo, a cultivar G4 foi colhida com 112 dias, praticamente o mesmo obtido
em Ferreira et al., 2006b, de 109 dias, ao conduzirem ensaio no município de Campos dos
Goytacazes, também localizado na mesma região.
Os resultados médios obtidos para as características avaliadas encontram-se no Quadro
1. Para efeito comparativo, são apresentados os dados obtidos anteriormente em Ferreira et
al., 2006b.
Verifica-se que os dados obtidos em Conceição de Macabu foram bem inferiores ao
obtido no município de Campos dos Goytacazes, chamando-se a atenção para a produtividade
obtida. Estes dados se devem, em parte, ao período de primavera-verão atípico na região,
onde foi constatada alta precipitação pluviométrica, conforme se observa no Quadro 2.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
166
Somente no período inicial de desenvolvimento da cultura foram 588 mm de precipitação
pluviométrica.
Quadro 1 – Altura de planta (m), altura de inserção da 1ª vagem (m), diâmetro do caule (mm),
número de vagem por planta, estande final obtido (número de plantas por metro) e produção
de grãos (kg ha-1 – 13% de umidade). Conceição de Macabu, RJ, maio de 2007.
Característica Conceição de Macabu Campos dos Goytacazes
Altura de planta 1,5 2,2
Inserção 1ª vagem 1,1 -
Diâmetro do caule 9,7 -
Número de vagens 26 184
Estande final 16 9
Produção de grãos 605 1.297
167
esperado era de 10 plantas por metro, o que foi obtido no ensaio de Campos dos Goytacazes,
com média de 9 plantas por metro.
Apesar da baixa produtividade obtida (605 kg ha-1) estar próxima da média nacional
(599 kg ha-1), ajustes na parte agronômica terão que ser feitos, estudando-se outras épocas de
semeadura, cultivares e densidades de plantio.
4 CONCLUSÕES
Nas condições do trabalho a produtividade média obtida foi baixa (605 kg ha-1), mas
igualando-se à média nacional (599 kg ha-1).
Outros ensaios devem ser conduzidos na região Norte Fluminense, procurando-se
melhor ajuste na época de semeadura.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; ARRIEL, N.H.; VALENTINI, L.; OLIVEIRA,
L.A.A. de; REGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J. Avaliação de cultivares de gergelim no
verão na região Norte Fluminense. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro
de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006a. p. 27.
FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; OLIVEIRA, L.A.A. de; ARRIEL, N.H.;
VALENTINI, L.; REGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J.; SANTOS, Z.M. dos. Primeira
avaliação de cultivares de gergelim no outono-inverno na região Norte Fluminense. In:
CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL (1.; 2006 :
Brasília, DF). Anais ... Brasília, 2006b. p. 51 – 54.
168
CULTIVO DO GERGELIM EM CARAPEBUS, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA VERÃO (2006/2007)
169
1 INTRODUÇÃO
O gergelim foi introduzido no Brasil pelos portugueses, provavelmente com sementes
trazidas de suas colônias africanas (Prata, 1969). Comercialmente, o gergelim iniciou seu
cultivo no Nordeste a partir de 1986, em áreas anteriormente exploradas com o algodão
(Araújo et al., 1999).
A cultura do gergelim sempre foi tratada como de fundo de quintal, resumindo-se em
pequenos plantios para uso doméstico e quase que restrito ao consumo do próprio produtor.
Nas últimas décadas, entretanto, teve incremento em seu cultivo.
Na região Norte Fluminense vem sendo avaliada para a produção de óleo, devido ao
incentivo governamental, com a criação do Programa RioBiodiesel (Ferreira et al., 2006 a e
b). Além de suas características de tolerância à seca, facilidade de cultivo e sementes com teor
de 50% de óleo de elevada qualidade (Arriel, 2006), o gergelim, como oleaginosa, é rico em
proteínas, podendo diminuir esta carência onde outras fontes, como a de origem animal, não é
possível (Firmino et al., 2006).
Considerando-se que o gergelim é cultura de interesse para o pequeno produtor
fluminense, e que seu cultivo poderá aumentar a opção por culturas passíveis de extração de
óleo, conduziu-se o presente trabalho para avaliar o seu desempenho produtivo no município
de Carapebus, Norte Fluminense, em semeadura de primavera verão.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Carapebus, região Norte Fluminense, no Horto Municipal
administrado pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Pecuária e Pesca.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Campus Dr. Leonel
Miranda), mostra: pH (água) 7,6 (alcalinidade fraca); P (mg dm-3) 28 (bom); K (cmolc dm-3)
0,08 (baixo); Ca (cmolc dm-3) 1,1 (baixo); Mg (cmolc dm-3) 0,4 (baixo); Al (cmolc dm-3) 0,0
(muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 2,9 (médio); MO (dag kg-1) 1,16 (baixo); CTC (cmolc dm-
3
) 4,5 (médio); SB (cmolc dm-3) 1,6 (baixo); V (%) 36 (baixo); m (%) 0 (muito baixo); Fe (mg
dm-3) 14,1 (baixo); Cu (mg dm-3) 0,2 (muito baixo); Zn (mg dm-3) 0,6 (baixo); Mn (mg dm-3)
3,8 (baixo) e B (mg dm-3) 0,28 (baixo). A classificação entre parêntesis refere-se à avaliação
de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
170
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
instalado em área de 200 m2 para cada variedade utilizada, onde foram feitas as avaliações por
amostragens.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 19.12.2006, utilizando-se o espaçamento
de 1,0m entre linhas de plantio. As cultivares utilizadas foram a G4, Skoba e Blanco. Foi
realizado um desbaste, quando se deixou a densidade de 10 plantas por metro de sulco. Cada
cultivar foi semeada na presença e ausência de adubação. Quando presente, a adubação
utilizada na semeadura foi a de 300 kg ha-1 da formulação 04-14-08, aplicada no sulco por
ocasião da semeadura e levemente incorporada. Foi também realizada adubação nitrogenada
em cobertura, na dosagem de 100 kg de N ha-1, tendo como fonte o de sulfato de amônio.
Por ocasião da colheita, realizada manualmente em 25.04.2007 para todas as cultivares,
foi avaliada a altura de planta (cm), altura de inserção da 1ª vagem (cm), número de vagens
por planta, estande final obtido (número de plantas por metro de sulco) e produção de grãos
(kg ha-1, a 13% de umidade).
No controle de plantas daninhas, foram realizadas capinas manuais, conforme
necessidade da cultura. Não foram necessárias intervenções para controle de doenças e
pragas.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos na
Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares foi de 127 dias, ciclo este superior ao obtido com estes mesmos
materiais (109 dias) por Ferreira et al., 2006a, ao conduzirem trabalho em Campos dos
Goytacazes, nessa mesma região.
No Quadro 1 encontram-se os resultados médios obtidos para as características
avaliadas.
Os dados de altura de planta, número de vagens e produção de grãos estão abaixo do
encontrado por Ferreira et al., 2006 a, ao avaliarem estes mesmos materiais em Campos dos
Goytacazes, município localizado na mesma região e semeado na mesma época (primavera
verão). Nesta condição, foram obtidas produtividades de 1.297 kg ha-1 de grãos para a G4,
2.026 kg ha-1 de grãos para a Skoba e 2.203 kg ha-1 de grãos para a Blanco; mas igualando-se
em produtividade a outras épocas de semeadura (outono-inverno) (Ferreira et al., 2006 b).
171
Quadro 1 – Altura de planta (cm), altura de inserção da 1ª vagem (cm), número de vagens por
planta, estande final (número de plantas por metro de sulco) e produção de grãos (kg ha-1, a
13% de umidade). Carapebus, primavera verão de 2006/2007.
Avaliação/ G4 Skoba Blanco
Cultivares A NA A NA A NA
Alt. Planta 135 123 129 127 134 122
Ins. vagem 97 89 76 78 85 72
Nº Vagem 47 49 47 52 42 51
Estande 13 13 11 17 15 13
Produção 542 406 544 458 490 478
A – adubado.
NA – não adubado.
Outro fator que poderia estar afetando na produtividade é o estande final obtido, acima
das 10 plantas por metro inicialmente preconizado.
Quanto à adubação, quando presente elevou a altura de plantas, bem como a altura de
inserção da 1ª vagem, exceto para a Skoba, e a produção de grãos.
172
Para a região Norte Fluminense deverão ser conduzidos mais ensaios, procurando-se
ajustes na parte agronômica, envolvendo outras épocas de semeadura, cultivares e efeito da
adubação.
4 CONCLUSÕES
A produtividade média obtida está abaixo do potencial produtivo das cultivares, mas
igualando-se em produtividade a outras épocas de semeadura (outono-inverno).
Outros ensaios deverão ser conduzidos no Norte Fluminense, para melhor ajuste da
época de semeadura.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
ARAUJO, J.M. de; OLIVEIRA, J.M.C. de; CARTAXO, W.V.; VALE, D.G.; SILVA, M.B.
da. Vamos plantar gergelim. Campina Grande : Embrapa Centro Nacional de Pesquisa de
Algodão, 1999. 19 p.
FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; ARRIEL, N.H.C.; VALENTINI, L.; OLIVEIRA,
L.A.A. de; RÊGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J. Avaliação de cultivares de gergelim no
verão na região Norte Fluminense. In : CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3, Varginha, MG, 2006a. Anais...
CD ROM.
FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; OLIVEIRA, L.A.A. de; ARRIEL, N.H.C.;
VALENTINI, L.; RÊGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J.; SANTOS, Z.M. dos. Primeira
avaliação de cultivares de gergelim no outono – inverno na região Norte Fluminense. In :
CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL, 1, Brasília,
DF, 2006b. Anais... p. 51 - 54.
FIRMINO, P. de T.; OLIVEIRA, D.M.; SOUSA, J. dos S.; ARRIEL, N.H.C.; SCARSO,
M.E.; SILVA, A.C.; ANJOS, G.G. dos. Avaliações físico-químicas e nutricionais de co-
produtos (tortas) de sementes de gergelim CNPA G4. In : CONGRESSO BRASILEIRO DE
173
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3, Varginha, MG,
2006. Anais... CD ROM.
174
DESEMPENHO DE CULTIVARES DE GERGELIM EM ÁREA DE
RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES,
REGIÃO NORTE FLUMINENSE
RESUMO: O Norte Fluminense ocupa cerca de um terço da área estadual, e tem atividade
econômica concentrada em grande parte na agroindústria álcool - açucareira. O quadro
econômico-social da região, em face da monocultura da cana-de-açúcar, está prejudicado com
a crise que passa o setor, mas com boas perspectivas a partir do interesse mundial na produção
de álcool e outros combustíveis alternativos. Apesar do potencial geográfico, a exploração
agrícola não tem sido direcionada para a diversificação cultural. Este trabalho teve como
objetivo a implantação de unidade de experimentação com a cultura do gergelim, procurando
fornecer subsídios técnicos que justifiquem sua adoção como alternativa para áreas de
renovação de canaviais, atendendo às demandas do Programa RioBiodiesel e mantendo a
mão-de-obra rural na entressafra da cana-de-açúcar. O ensaio foi instalado em Campos dos
Goytacazes (Norte Fluminense). Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo
experimental, sendo o cultivo das variedades CNPA G4, CNPA G2, Skoba e Blanco instalado
em área de 200 m2 cada. Concluiu-se que a produtividade média obtida está abaixo do
potencial produtivo das cultivares, mas igualando-se em produtividade a outras épocas de
semeadura (outono inverno), e que outros ensaios devem ser conduzidos no Norte
Fluminense, para melhor ajuste da época de semeadura.
175
1 INTRODUÇÃO
Apesar de apresentar menos de 10% da população Estadual, as regiões Norte e Noroeste
Fluminense são de fundamental importância para a economia fluminense. Somente a Região
Norte Fluminense ocupa cerca de um terço da área do Estado, e tem atividade econômica
concentrada em grande parte na agroindústria álcool-açucareiro. O quadro econômico-social
da região, em face de exploração da monocultura da cana-de-açúcar, está bastante prejudicado
com a crise que passa o setor, mas com boas perspectivas a partir do interesse mundial na
produção de álcool e outros combustíveis alternativos. Apesar do potencial geográfico
existente, a exploração agrícola não tem sido direcionada para a diversificação cultural.
Nestas regiões a distribuição da população é semelhante, apresentando mais de 40% da
população no meio rural. Entretanto, verifica-se através dos dados estatísticos que nos últimos
anos, tem sido crescente a taxa de migração da população para os grandes centros urbanos.
Essa população vai em busca de melhores condições de vida, que na maioria dos casos não
correspondem às expectativas (Viana, 1987 e Fóruns Regionais de Desenvolvimento, 1992).
Este trabalho teve como objetivo a implantação de unidade de experimentação com a
cultura do gergelim, procurando fornecer subsídios técnicos que justifiquem sua adoção como
cultura alternativa para áreas de renovação de canaviais, atendendo às demandas do Programa
RioBioidesel e mantendo a mão-de-obra rural na entressafra da cana-de-açúcar.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,5 (acidez média); P (mg dm-3) 7,0
(baixo); K (cmolc dm-3) 0,25 (bom); Ca (cmolc dm-3) 2,49 (bom); Mg (cmolc dm-3) 1,83
(muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,15 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 3,83 (médio); MO
(dag kg-1) 2,35 (médio); CTC (cmolc dm-3) 8,52 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,69; V (%) 55
(médio); m (%) 3 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 40,46 (bom); Cu (mg dm-3) 1,42 (bom); Zn
(mg dm-3) 1,25 (médio); Mn (mg dm-3) 16,10 (alto) e B (mg dm-3) 0,97 (alto). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
176
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
instalado em área de 200 m2 para cada variedade utilizada, onde foram feitas as avaliações por
amostragens.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 01.12.2006, utilizando-se o espaçamento
de 1,0m entre linhas de plantio. As cultivares utilizadas foram a Skoba, Blanco, CNPA G4 E
CNPA G2. Na semeadura foi empregado maior número de sementes, sendo posteriormente
realizado um desbaste, ajustando a densidade para 10 plantas por metro de sulco. A adubação
utilizada na semeadura foi a de 300 kg ha-1 da formulação 04-14-08, aplicada no sulco por
ocasião da semeadura e levemente incorporada. Foi também realizada adubação nitrogenada
em cobertura, na dosagem de 100 kg de N ha-1, tendo como fonte o de sulfato de amônio.
Por ocasião da colheita, realizada manualmente em 16.04.2007 para as cultivares Skoba
e Blanco, e em 04.05.2007 para as cultivares CNPA G4 E CNPA G2, foram avaliadas a altura
de planta (cm), altura de inserção da 1ª vagem (cm), número de vagens por planta, estande
final obtido (número de plantas por metro de sulco) e produção de grãos (kg ha-1, a 13% de
umidade).
No controle de plantas daninhas, foram realizadas capinas manuais, conforme
necessidade da cultura. Não foram necessárias intervenções para controle de doenças e
pragas.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos em Estação
evapotranspirométrica localizada próximo ao local do ensaio.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares Skoba e Blanco foi de 138 dias, e o das cultivares CNPA G4 E
CNPA G2 de 157 dias. O ciclo foi superior ao obtido por Ferreira et al., 2006 a, ao avaliarem
estes mesmos materiais em ensaio anterior no mesmo local e época de semeadura (Campos
dos Goytacazes, primavera verão), mas com semeadura mais tardia, no final de dezembro de
2006.
No Quadro 1 encontram-se os resultados médios obtidos para as características
avaliadas.
Verifica-se que para altura de planta, número de vagens e produção de grãos está abaixo
do encontrado por Ferreira et al., 2006a, ao avaliarem estes mesmos materiais no mesmo
local.
177
Quadro 1 – Altura de planta (cm), altura de inserção da 1ª vagem (cm), número de vagens por
planta, estande final (número de plantas por metro de sulco) e produção de grãos (kg ha-1, a
13% de umidade). Campos dos Goytacazes, primavera verão de 2006/2007.
Avaliação/ Cultivares Skoba Blanco G4 G2
Os dados obtidos neste trabalho igualam-se em produtividade aos obtidos por Ferreira et
al., 2006 b, que ao avaliarem o gergelim em semeadura de outono inverno obtiveram
produtividade média de 254 kg ha-1 para a cultivar CNPA G 4 e 552 kg ha-1para a CNPA G2.
Contribuíram para a baixa produtividade o elevado estande em alguns materiais como
na Skoba e na Blanco (21 e 18 plantas por metro, respectivamente), quando o esperado era o
de 10 plantas por metro, obtido nas cultivares CNPA G4 e CNPA G2. Outro fator que pode
ter contribuído na obtenção de baixa produtividade é a inserção da primeira vagem, mais alta,
com perda no número de vagens por planta (Quadro 1). Essa maior altura de inserção de
vagem pode estar relacionada à elevada precipitação pluviométrica obtida nos primeiros
sessenta dias de cultivo, conforme se observa pelo Quadro 2.
Para a região Norte Fluminense deverão ser conduzidos mais ensaios, procurando-se
ajustes na parte agronômica, envolvendo outras épocas de semeadura (primavera verão e
outono inverno), cultivares e locais.
178
Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental
(dezembro de 2006 a maio de 2007). Campos dos Goytacazes, primavera verão de 2006/2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Abril 65
Total 689
4 CONCLUSÕES
A produtividade média obtida de está abaixo do potencial produtivo das cultivares, mas
igualando-se em produtividade a outras épocas de semeadura (outono-inverno).
Outros ensaios devem ser conduzidos no Norte Fluminense, para melhor ajuste da época
de semeadura.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; ARRIEL, N.H.C.; VALENTINI, L.; OLIVEIRA,
L.A.A. de; RÊGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J. Avaliação de cultivares de gergelim no
verão na região Norte Fluminense. In : CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3, Varginha, MG, 2006 a. CD
ROM.
FERREIRA, J.M.; ANDRADE, W.E. de B.; OLIVEIRA, L.A.A. de; ARRIEL, N.H.C.;
VALENTINI, L.; RÊGO FILHO, L. de M.; RIBEIRO, L.J.; SANTOS, Z.M. dos. Primeira
avaliação de cultivares de gergelim no outono – inverno na região Norte Fluminense. In :
CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL, 1, Brasília,
DF, 2006 b. Anais... p. 51 - 54.
179
FÓRUNS REGIONAIS DE DESENVOLVIMENTO. A Região Noroeste Fluminense. Rio
de Janeiro:Governo do Estado/BANERJ/Jornal do Brasil. 80p. 1992.
180
CULTIVO DA SOJA EM ÁREA DE RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM
CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE
181
1 INTRODUÇÃO
A situação fundiária dos produtores de cana-de-açúcar no Norte Fluminense é
caracterizada, em sua maioria, por pequenos e médios produtores, cujas dificuldades
financeiras são marcantes, o que os impedem de maiores investimentos na atividade, o que
passa a ser grande gargalo no incremento da produtividade. A maioria não tem condições de
renovar as lavouras, existindo casos de plantios com mais de 10 anos, sem melhorias do
sistema produtivo, principalmente quando se trata da introdução de novas variedades, que a
cada ciclo de renovação sempre novos materiais são recomendados pela pesquisa. O cultivo
de culturas de ciclo mais curto passa a ser uma oportunidade de retorno financeiro mais
rápido, permitindo disponibilidade financeira para melhor investimento na cultura da cana-de-
açúcar, além de outros benefícios como melhoria dos solos e disponibilidade de outros
produtos. Outro fator positivo da diversificação com culturas oleaginosas é o fato das mesmas
poderem ser cultivadas nos tipos de solo onde a cultura da cana-de-açúcar predomina. Com a
melhor utilização das áreas o setor canavieiro no estado tende a melhorar, pois as áreas serão
mais bem trabalhadas, podendo culminar com aumentos na produção de cana-de-açúcar no
estado (Viana, 2006).
Procurando avaliar o cultivo da soja em diferentes condições edafoclimáticas do Estado
do Rio de Janeiro, particularmente em áreas de rotação de canavieira, conduziu-se o presente
trabalho no município de Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,5 (acidez média); P (mg dm-3) 7,0
(baixo); K (cmolc dm-3) 0,25 (bom); Ca (cmolc dm-3) 2,49 (bom); Mg (cmolc dm-3) 1,83
(muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,15 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 3,83 (médio); MO
(dag kg-1) 2,35 (médio); CTC (cmolc dm-3) 8,52 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,69; V (%) 55
(médio); m (%) 3 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 40,46 (bom); Cu (mg dm-3) 1,42 (bom); Zn
(mg dm-3) 1,25 (médio); Mn (mg dm-3) 16,10 (alto) e B (mg dm-3) 0,97 (alto). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
182
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
instalado em área de 1 hectare, onde foram feitas as avaliações da soja em amostragens em
áreas de 100 m2 cada.
O trabalho foi conduzido com a cultivar Emgopa 316 e instalado em 20.11.2006, com
plantio mecanizado em sulcos espaçados em 0,50 m.
O ensaio foi conduzido sem adubação de fundação e/ou cobertura, em função do
resultado da análise do solo, já que é uma área aonde a cana, variedade SP 792233, vinha
sendo cultivada há muitos anos (seis cortes). Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com
aração e gradagem. No momento da semeadura foi feita a inoculação das sementes com o
inoculante Gelfix, na dosagem de 150ml/50 kg de sementes. Este inoculante é de natureza
física fluído, que contém bactérias da espécie Bradyrhizobium elkanii, fixadoras de
nitrogênio. Foi feita ainda apenas uma capina manual, não sendo necessárias intervenções
para controle de doenças e, para pragas, uma pulverização para controle de lagartas.
Foram avaliadas as seguintes características para a soja: altura de planta (cm), obtida da
média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita; altura da inserção da 1ª vagem,
obtida da média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita; número médio de
vagens por planta, obtida da média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita;
número de plantas por metro de sulco, no momento da colheita e produção de grãos, em kg
ha-1, a 13% de umidade. A colheita foi realizada em 15.03.2007.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos em Estação
evapotranspirométrica localizada próximo ao local do ensaio.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo precoce obtido pela Emgopa 316 (116 dias) é de interesse para as áreas de
renovação, ajustando-se ao período entre a colheita da cana-de-açúcar, em outubro/novembro,
ao preparo do solo, semeadura e colheita antes do próximo plantio da cana, em março do ano
seguinte. O ciclo obtido é o mesmo citado para a variedade, de até 118 dias (CTPA, s.d.).
Outra característica interessante das variedades precoces, conforme resultados obtidos
em Oliveira et al., 1991, ao avaliarem a qualidade da soja produzida em áreas de reforma de
canaviais, é que foi obtida associação positiva entre o teor de óleo e a maturação precoce. Há
que se ressaltar que, de maneira geral, materiais mais precoces são menos produtivos.
O rendimento de grãos de soja, bem como as demais características avaliadas, encontra-
se no Quadro 1.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
183
Quadro 1 – Rendimento de grãos (kg ha-1), altura de planta (cm) altura de inserção da 1ª
vagem (cm), número de vagens por planta e estande final obtido (número de plantas por
metro). Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Avaliação Resultados obtidos Indicadores Técnicos*
Produção de grãos 1.582 -
Altura de planta 92 87
Altura inserção 1ª vagem 22 18
Número de vagens por 37 -
planta
Estande final 12 16 - 20
Fonte: CPTA, s.d.
184
4 CONCLUSÃO
A produtividade média obtida (1.582 kg ha-1) está abaixo do potencial de produção
obtido por outros materiais em testes na Pesagro-Rio.
Ajustes na parte agronômica devem ser feitos, avaliando-se outras épocas de semeadura,
cultivares e densidades de semeadura.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V. V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
185
CULTIVO DA SOJA EM ROTAÇÂO COM CANA-DE-AÇÚCAR NO
MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DE MACABU, REGIÃO NORTE
FLUMINENSE
RESUMO: A cultura da soja no Estado do Rio de Janeiro teve suas primeiras avaliações
realizadas pela pesquisa em 1993. Com a ampliação das pesquisas até 1998, foram
recomendadas duas cultivares para o Estado, a Emgopa 302 e a Primavera, para áreas de
rotação com a cultura da cana-de-açúcar. Com a criação do Programa RioBiodiesel, diversas
oleaginosas estão sendo testadas em áreas da região Norte Fluminense, visando à extração de
óleo para produção de biodiesel. Neste aspecto a soja poderá ser importante alternativa,
principalmente devido à produção da torta, subproduto da extração do óleo que constitui
excelente fonte nutricional. Procurando avaliar o cultivo da soja em diferentes condições
edafoclimáticas do Estado do Rio de Janeiro, conduziu-se o presente trabalho no município de
Conceição de Macabu, região Norte Fluminense. O ensaio foi instalado em área do produtor
Francisco Jorge Ribeiro. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental,
sendo o cultivo da soja instalado em área de 1 hectare. O trabalho foi conduzido com a
cultivar Emgopa 316. Concluiu-se que a produtividade média obtida foi baixa (750 kg ha-1),
abaixo do potencial de produção obtido por outros materiais na região, devido entre outros
fatores às condições climáticas adversas e atraso na colheita, e que ajustes na parte
agronômica também devem ser feitos, avaliando-se melhores espaçamentos e densidade de
semeadura, correção do solo em tempo hábil, colheita na época certa, além de outros
genótipos.
186
1 INTRODUÇÃO
A cultura da soja no Estado do Rio de Janeiro teve suas primeiras avaliações realizadas
pela pesquisa em 1993. Na época, constatou-se baixa capacidade de adaptação de diversas
cultivares e linhagens. Com a ampliação das pesquisas até 1998, foram recomendadas duas
cultivares para o Estado, a Emgopa 302 e a Primavera, para áreas de rotação com a cultura da
cana-de-açúcar. Os testes de campo mostraram produtividades de 1.800 kg há-1, com ciclo de
produção de 120 dias, se adequando às áreas de renovação de canaviais (Pesagro-Rio, 2007).
Com a criação do Programa RioBiodiesel, diversas oleaginosas estão sendo testadas em
áreas da região Norte Fluminense, visando à extração de óleo para produção de biodiesel.
Neste aspecto a soja poderá ser importante alternativa, principalmente devido à
produção da torta, subproduto da extração do óleo que constitui excelente fonte nutricional
(Pesagro-Rio, 2007).
Procurando avaliar o cultivo da soja em diferentes condições edafoclimáticas do Estado
do Rio de Janeiro, conduziu-se o presente trabalho no município de Conceição de Macabu,
região Norte Fluminense.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Conceição de Macabu, região Norte Fluminense, em área do
produtor Francisco Jorge Ribeiro.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,3 (acidez média); P (mg dm-3) 1 (muito
baixo); K (cmolc dm-3) 0,04 (muito baixo); Ca (cmolc dm-3) 0,95 (baixo); Mg (cmolc dm-3)
0,67 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,20 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,98 (baixo); MO (dag
kg-1) 1,45 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 3,67 (baixo); SB (cmolc dm-3) 1,69; V (%) 46 (médio);
m (%) 11 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 25 (médio); Cu (mg dm-3) 0,25 (muito baixo); Zn (mg
dm-3) 0,75 (baixo); Mn (mg dm-3) 3,0 (baixo) e B (mg dm-3) 0,57 (médio). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et al., 1999.
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
intercalar instalado em área de 1 hectare, onde foram feitas as avaliações da soja em
amostragens em áreas de 100 m2 cada.
O trabalho foi conduzido com a cultivar Emgopa 316 e instalado em 27.11.2006, com
plantio mecanizado em sulcos espaçados em 0,50 m.
187
Como adubação, utilizou-se 200 kg ha-1 da formulação 04-14-08 no plantio. No
momento da semeadura foi feita a inoculação das sementes com o inoculante Gelfix, na
dosagem de 150ml/50 kg de sementes. Este inoculante é de natureza física fluído, que contém
bactérias da espécie Bradyrhizobium elkanii, fixadoras de nitrogênio. Foi feita ainda apenas
uma capina manual, não sendo necessárias intervenções para controle de pragas e doenças.
Foram avaliadas as seguintes características para soja: altura de planta (cm), obtida da
média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita; altura da inserção da 1ª vagem,
obtida da média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita; número médio de
vagens por planta, obtida da média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita;
número de plantas por metro de sulco, no momento da colheita e produção de grãos, em kg
ha-1, a 13% de umidade. A colheita foi realizada em 23.03.2007, já com a soja bem seca.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos na
Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca do município vizinho de Carapebus.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo da variedade Emgopa 316 foi de 115 dias, o que a caracteriza como de ciclo
precoce (de até 120 dias), de acordo com o descrito pela Seprotec Sementes, 2007.
Considerando-se a colheita atrasada, o ciclo é um pouco inferior ao citado.
O rendimento de grãos de soja, bem como as demais características avaliadas, encontra-
se no Quadro 1.
O rendimento de grãos foi de apenas 750 kg ha-1, o que pode ser devido, entre outros
fatores, ao baixo estande final. O ideal era se obter em torno de 17 – 20 plantas por metro, que
no espaçamento recomendado daria uma população final entre 350.000 e 400.000 plantas por
hectare (Seprotec Sementes, 2007). A colheita tardia também pode ter afetado na
produtividade final, com a perda de grãos na colheita, que foi feita manualmente.
As características avaliadas altura de planta e inserção da 1ª vagem para a soja estão
próximo do citado para a variedade (CTPA, s.d.).
Deve-se levar em consideração, ainda, ao período de primavera verão atípico na região,
com elevada precipitação pluviométrica e seca na fase de enchimento dos grãos, conforme se
observa no Quadro 2. Somente nos primeiros 60 dias de desenvolvimento da cultura, foram
588 mm de precipitação pluviométrica.
A época de colheita deverá também ser levada em consideração na escolha da época de
semeadura, em função das altas temperaturas verificadas no mês de março de 2007.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
188
Quadro 1 – Rendimento de grãos (kg ha-1), altura de planta (cm) altura de inserção da 1ª
vagem (cm), número de vagens por planta e estande final obtido (número de plantas por
metro). Conceição de Macabu, 2006/2007.
Avaliação Resultados obtidos Indicadores Técnicos*
Produção de grãos 750 -
Altura de planta 75 87
Altura inserção 1ª vagem 17 18
Número de vagens por 37 -
planta
Estande final 8 16 - 20
Fonte: CPTA, s.d.
4 CONCLUSÃO
A produtividade média obtida foi baixa (750 kg ha-1), abaixo do potencial de produção
obtido por outros materiais em testes na Pesagro-Rio.
Ajustes na parte agronômica devem ser feitos, avaliando-se outras épocas de semeadura,
ajustes na densidade de semeadura e colheita na época adequada.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V. V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
189
PESAGRO-RIO. Soja. Niterói : Pesagro-Rio, 2007. n.p. Folder.
190
RENDIMENTO DE GRÃOS DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM EM
DIFERENTES ADUBAÇÕES DE COBERTURA EM CAMPOS DOS
GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE
191
1 INTRODUÇÃO
Como adubação para a cultura do amendoim, normalmente recomenda-se a aplicação do
fósforo e do potássio em adubação de fundação, no sulco de plantio, em quantidades
recomendadas pela análise de solo. A prática da calagem, quando necessária (solos ácidos),
deve ser feita de maneira que o pH do solo se situe acima de 5,5, sendo considerada ótima a
faixa de 6,0 – 6,5. Nesse caso, deve-se optar pelo uso do calcário dolomítico. Normalmente a
adubação nitrogenada não é utilizada, devido ao processo de fixação simbiótica de nitrogênio
(Agrobyte, 2005 e CNPA, 2005). Gerin et al., 1996, ao avaliarem a cultivar Tatu em área de
reforma de canavial, observaram que o amendoim beneficiou-se da adubação residual da
cana-de-açúcar, não necessitando de adubação adicional de fósforo e potássio.
A adubação do amendoim é tecnologia que exige mais experimentação por parte da
pesquisa, já que solos férteis podem proporcionar boas produtividades e o amendoim
aproveita muito bem resíduo de adubação de outras culturas (Criar e Plantar, 2006), o que
complementaria seu uso em áreas de renovação de canaviais.
Deste modo conduziu-se o presente trabalho, com o objetivo de avaliar o rendimento de
grãos de genótipos de amendoim, empregando-se somente adubação em cobertura.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
O ensaio foi conduzido em área aonde vinha sendo cultivada cana-de-açúcar, variedade
SP 792233 (seis cortes). Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
Por ocasião da instalação do ensaio foi retirada amostra de solo na profundidade de 0 –
20 cm, e encaminhado para análise química e física (granulométrica), que foram realizadas
nos laboratórios da Fundenor, em Campos dos Goytacazes. Os resultados são: pH (água) 5,4
(Acidez Média); P (mg dm-3) 6 (Baixo); K (mg dm-3) 74 (Bom); Ca (cmolc dm-3) 2,8 (Bom);
Mg (cmolc dm-3) 2,6 (Muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,7 (Médio); H+Al (cmolc dm-3) 7,2
(Alta); MO (g dm-3) 26,9 (Médio); SB (cmolc dm-3) 5,7 (Bom); T (cmolc dm-3) 12,9 (Bom); t
(cmolc dm-3) 6,4 (Bom); m (%) 11 (Muito Baixo); V (%) 44 (Médio); Fe (mg dm-3) 35,4
(Bom); Cu (mg dm-3) 2,3 (Alto); Zn (mg dm-3) 1,7 (Bom); Mn (mg dm-3) 8,6 (Médio); S (mg
dm-3) 17,4; B (mg dm-3) 0,67 (Bom); Areia (%) 32; Silte (%) 27 e Argila (%) 41. A
192
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.
Não foi utilizada adubação de fundação e, como cobertura, foi utilizada três tipos de
adubação: adubação em cobertura via solo, adubação em cobertura via foliar e adubação em
cobertura via solo e foliar, comparados com a testemunha (sem adubação em cobertura). Na
adubação em cobertura via solo, realizada aos 40 dias após a emergência, empregou-se 100 kg
ha-1 da formulação 20-05-20. Na adubação em cobertura foliar, também realizada aos 40 dias
após a emergência, utilizou-se de pulverização do produto Complex 151 (Green Top), na
dosagem de 1,5 litros do produto comercial por hectare. Na adubação via solo e foliar,
também realizada na mesma época, associou-se as duas formas anteriormente descritas.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 24.11.06, n o espaçamento de 0,8 metros
entre linhas de cultivo e densidade na linha de semeadura de 12 sementes por metro linear de
sulco.
Neste trabalho foram avaliadas quatro cultivares de hábito de crescimento ereto (IAC
8112, IAC 22, IAC Tatu e IAC 5).
Não foi utilizado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo as cultivares
plantadas em parcelões de 100 m2 para cada genótipo, onde foram feitas as avaliações deste
trabalho por ocasião da colheita (22.03.07), relacionado à produtividade com casca e
amêndoas (kg ha-1).
Como tratos culturais, foram realizadas duas capinas seguida de amontoa (12.12.06 e
28.12.06). Não foram constatadas ocorrências de doenças e pragas de expressão econômica.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares, de 119 dias, está um pouco acima do obtido por Souza Filho et
al., 2006 a, para as cultivares de hábito de crescimento ereto (95 dias), em ensaio conduzido
em Campos dos Goytacazes, na mesma região. O rendimento agrícola dos genótipos de
amendoim avaliados encontra-se no Quadro 1.
Considerando-se a média dos genótipos, independentemente dos tratamentos de
adubação em cobertura, destacaram-se em produtividade de amêndoas os genótipos IAC 8112
(1.872 kg ha-1) e o IAC 22 (1.599 kg ha-1). Estas produtividades estão também próximas do
obtido por Souza Filho et al., 2006 b, ao avaliarem estes mesmos materiais no mesmo local,
em ano agrícola anterior.
193
Quadro 1 – Rendimento agrícola (kg ha-1) de quatro genótipos de amendoim em Campos dos
Goytacazes, 2006/2007.
Tipo de adubação em cobertura
Casca Amêndoa Casca Amêndoa Casca Amêndoa Casca Amêndoa Casca Amêndoa
IAC 8112 1.625 1.121 2.990 2.063 2.860 1.973 3.380 2.332 2.714 1.872
IAC 22 1.950 1.267 2.509 1.631 2.418 1.572 2.964 1.927 2.460 1.599
IAC 5
1.469 998 1.703 1.158 1.898 1.291 1.820 1.238 1.722 1.171
IAC Tatu 884 610 1.105 762 1.248 861 1.222 843 1.115 769
Média 1.482 999 2.077 1.403 2.106 1.424 2.346 1.585 2.003 1.353
194
Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental
(dezembro de 2006 a abril de 2007) na Estação Evapotranspirométria localizada em Campos
dos Goytacazes.
Meses Precipitação Pluviométrica
Novembro de 2006 207
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Total 831
4 CONCLUSÕES
Os genótipos IAC 8112 e IAC 22 foram os mais produtivos, seja na ausência ou na
presença da adubação em cobertura.
Maior produtividade foi obtida com o uso de adubação em cobertura, podendo a foliar
substituir a no solo.
A aplicação via foliar se destacou, pois pode ser associada a outras práticas utilizadas
pelos produtores.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGROBYTE. Amendoim. Disponível em: www.agrobyte.com.br/amendoim Acesso em
28.04.05.
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
195
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 a. (CD ROM). p. 116 – 121.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 b. (CD ROM). p.
122 – 127.
196
RENDIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE
AMENDOIM EM DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS EM
CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE
197
1 INTRODUÇÃO
Ao avaliarem o rendimento agronômico da cultivar IAC Tatu em diferentes densidades
de semeadura em Campos dos Goytacazes, no ano agrícola 2005/2006, Souza Filho et al.,
2006 a observaram que o aumento na densidade de plantio corresponde a aumento no
rendimento de amêndoas. Assim, a maior densidade de semeadura utilizada (32 sementes por
metro de sulco) obteve produtividade de amêndoas de 2.748 kg ha-1, superior à produtividade
com densidade de 16 sementes por metro e à densidade de 8 sementes por metro. Deve-se
destacar, entretanto, que esse ensaio não foi conduzido em área de renovação de canaviais.
Os estudos atualmente conduzidos com a cultura do amendoim têm como objetivo o seu
uso em áreas de renovação de canaviais, como cultura alternativa visando a produção de óleo
para atender o Programa RioBiodiesel. Como a cultura do amendoim envolve muita mão-de-
obra, sobretudo para arranquio, a cultura tem sido preconizada para uso por agricultores
familiares, em áreas menores, também característico das áreas de exploração com a cultura da
cana-de-açúcar no Norte Fluminense.
Este é um princípio importante, já que faz com que a produção de oleaginosas seja uma
alternativa importante para eliminação da pobreza na agricultura familiar, pela ocupação de
grande contingente de mão-de-obra.
O objetivo deste trabalho é avaliar o rendimento agrícola e industrial de genótipos de
amendoim em diferentes populações de plantas, em Campos dos Goytacazes, região Norte
Fluminense.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
O ensaio foi conduzido em área aonde vinha sendo cultivada cana-de-açúcar, variedade
SP 792233 (seis cortes). Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
Por ocasião da instalação do ensaio foi retirada amostra de solo na profundidade de 0 –
20 cm, e encaminhado para análise química e física (granulométrica), que foram realizadas
nos laboratórios da Fundenor, em Campos dos Goytacazes. Os resultados são: pH (água) 5,5
(Acidez Média); P (mg dm-3) 21 (Médio); K (mg dm-3) 43 (Médio); Ca (cmolc dm-3) 1,1
(Baixo); Mg (cmolc dm-3) 0,7 (Médio); Al (cmolc dm-3) 0,2 (Muito Baixo); H+Al (cmolc dm-
3
) 3,5 (Médio); MO (g dm-3) 13,6 (Baixa); SB (cmolc dm-3) 1,9 (Médio); T (cmolc dm-3) 5,4
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
198
(Médio); t (cmolc dm-3) 2,1 (Baixo); m (%) 9 (Muito Baixo); V (%) 36 (Baixo); Fe (mg dm-3)
37,5 (Bom); Cu (mg dm-3) 0,5 (Baixo); Zn (mg dm-3) 1,4 (Médio); Mn (mg dm-3) 4,4 (Baixo);
S (mg dm-3) 10,7; B (mg dm-3) 0,27 (Baixo); Areia (%) 87; Silte (%) 3 e Argila (%) 10. A
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.
Não foi utilizada adubação de fundação e, como cobertura, optou-se pela via foliar,
fazendo-se duas aplicações de Complex 151 (Green Top) aos 30 e 40 dias após a emergência,
na dosagem de um litro por hectare do produto comercial por aplicação.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 24.11.06, no espaçamento de 0,8 metros
entre linhas de cultivo, utilizando-se três densidades de sementes por metro de sulco: 8
sementes (100.000 plantas ha), 12 (150.000 plantas ha) e 16 (200.000 plantas ha).
Foram utilizadas quatro cultivares de hábito de crescimento ereto (IAC 8112, IAC 22,
IAC Tatu e IAC 5).
Não foi utilizado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo as cultivares
plantadas em parcelões de 100 m2 para cada genótipo, onde foram feitas as avaliações deste
trabalho por ocasião da colheita (22.03.07), relacionado à produção de amêndoas (kg ha-1) e
produção de óleo bruto (litros por ha-1).
Como tratos culturais, foram realizadas duas capinas, seguida de amontoa e não foram
constatadas ocorrências de pragas e doenças de expressão econômica.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo das cultivares, de 117 dias, está um pouco acima do obtido por Souza Filho et
al., 2006 a, para as cultivares de hábito de crescimento ereto (95 dias) e próximo dos 125 dias
obtidos pela cultivar de hábito prostrado, em ensaio conduzido em Campos dos Goytacazes,
na mesma região.
O rendimento agrícola e industrial dos genótipos de amendoim avaliados encontra-se no
Quadro 1.
Considerando-se a média do ensaio, independentemente da população de plantas,
destacaram-se na produção de amêndoas os genótipos IAC 8112 (2.090 kg ha-1) e a IAC 22
(1.859 kg ha-1), resultados esses coerentes com dados anteriormente obtidos por Souza Filho
et al., 2006 c.
199
Quadro 1 – Rendimento agrícola (kg ha-1) e industrial (óleo bruto em l ha) de quatro
genótipos de amendoim em três populações de plantas no Norte Fluminense. Campos dos
Goytacazes, 2006/2007.
Genó- 100.000 plantas ha 150.000 plantas ha 200.000 plantas ha Média
tipo
(IAC) Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo Amêndoa Óleo
8112 1.417 608 2.225 954 2.628 1.127 2.090 896
22 1.394 585 1.986 834 2.197 923 1.859 781
5 1.264 518 2.475 1.015 2.678 1.098 1.604 877
Tatu 866 355 1.406 576 1.733 710 1.001 410
Média 1.235 516 2.013 845 2.309 964 1.638 741
4 CONCLUSÕES
Os genótipos IAC 8112 e IAC 22 foram os mais produtivos, na média das diferentes
populações estudadas.
À medida que se aumentou a população de plantas aumentou-se a produção de grãos.
Pelo ganho em produtividade, recomenda-se para áreas de renovação de canaviais
150.000 plantas de amendoim por hectare.
200
Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental
(dezembro de 2006 a abril de 2007) na Estação Evapotranspirométria localizada em Campos
dos Goytacazes.
Meses Precipitação Pluviométrica
Novembro de 2006 207
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Total 831
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Densidade de semeadura da cultivar IAC Tatu - ST no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 a. (CD ROM). p. 133 – 137.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Caracterização fenotípica de cultivares de amendoim no Norte Fluminense em
semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais
... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 b. (CD ROM). p. 116 – 121.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006 c. (CD ROM). p.
122 – 127.
201
APRIMORAMENTO DA UTILIZAÇÃO DO AMENDOIM NO NORTE
FLUMINENSE
202
1 INTRODUÇÃO
A utilização adequada de oleaginosas pode ser importantíssima para as condições do
Norte Fluminense. Aumento da produção de álcool pode ser obtido pela recuperação de solos
degradados por cultivos sucessivos da cana-de-açúcar, que têm resultado em baixos
rendimentos agrícola e industrial. Nesse sentido, a rotação de culturas nas áreas de renovação
dos canaviais com oleaginosas é interessante porque a renovação ocorre no período mais
quente e chuvoso (outubro-fevereiro) e, para essas condições, as oleaginosas são adaptadas,
com alta produção de massa verde. Além disso, não afeta o plantio da cana-de-açúcar, que
regionalmente ocorre no período de março – maio. Na rotação com oleaginosas é a produção
de óleo que pode através do processo industrial adequado ser transformado em biodiesel.
Outro aspecto importante é a utilização adequada dos resíduos industriais, notadamente para a
alimentação animal.
Para essas condições, a cultura do amendoim foi avaliada no biênio 2005/2006 e
2006/2007 para produção de amêndoa, massa seca, óleo e torta, utilizando-se vários genótipos
e análises de resíduos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
No ano agrícola 2005/2006 foram implantados ensaios no município de Campos dos
Goytacazes, nas coordenadas geográficas de 21o19’23” latitude Sul, 41o19’40” longitude
Oeste e altitude de 11 metros, em Neossolo, conhecido como tabuleiro do rio Paraíba do Sul.
Foram realizados análises de solo e procedimentos agronômicos adequados para a cultura do
amendoim, exceto irrigação. Foram avaliados seis genótipos provenientes do IAC (IAC Ta tu;
IAC 886 Runner; IAC Caiapó; IAC 5; IAC 22 e IAC 8112) e dois provenientes de coletas nos
estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Em parcelas de 100 m2 de cada material foram
avaliadas a produção total, produção de amêndoas, produção de óleo, produção de massa seca
e produção de torta no processo industrial de esmagamento.
No ano agrícola 2006/2007, ensaios com procedimentos semelhantes ao citado,
envolveram quatro genótipos provenientes do IAC (IAC Ta tu; IAC 5; IAC 22 e IAC 8112),
todos de hábito ereto.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
203
Conforme mostra o Quadro 1, os resultados médios do biênio 2005/2006 (Souza Filho
et al., 2006) e 2006/2007, evidenciaram mais de 1700 kg ha-1 de amêndoas, 5 t ha-1 de massa
seca, 800 kg ha-1 de óleo e 900 kg ha-1 de torta.
Para a renovação do solo através da rotação com amendoim, análise da massa seca
(palha) forneceu por hectare mais de 100 kg de cálcio, 80 kg de nitrogênio, 50 kg de potássio,
20 kg de magnésio, 5 kg de fósforo e 5 kg de enxofre. Para os micronutrientes houve um
acúmulo de mais de 400 g de ferro, 190 g de boro, 100 g de zinco, 80 g de manganês, 18 g de
cloro e 10 g de cobre (Andrade et al., 2006).
Para alimentação animal, a análise da torta de amendoim (resíduo da extração do óleo)
apresentou excelente qualidade, fornecendo por tonelada mais de 100 kg de nitrogênio (35%
de proteína), 17 kg de potássio, 12 kg de fósforo, 3 kg de magnésio, 2 kg de enxofre e 1 kg de
cálcio. Os micronutrientes contidos na torta superaram por tonelada 1.000g de cloro, 80 g de
zinco, 60 g de ferro, 20 g de cobre, 20 g de manganês e 14 g de boro.
Enquanto que na palhada do amendoim (massa seca) o macronutriente cálcio e o
micronutriente ferro sobressaíram, na torta o nitrogênio (proteína) e o cloro estiveram em
maior ordem de acúmulo.
Vale lembrar que na extração do óleo, através do aquecimento, a aflatoxina porventura
existente na amêndoa é inativada, ficando a torta isenta de toxicidade.
Os resultados obtidos na experimentação com a cultura do amendoim no Norte
Fluminense evidenciaram que esta oleaginosa produziu óleo de qualidade e resíduos
importantes na recuperação de solo e alimentação animal. Podendo, através de melhoria do
sistema de cultivo, contribuir para o desenvolvimento regional.
204
4 CONCLUSÃO
O amendoim apresentou-se viável para as condições do Norte Fluminense, notadamente
nas áreas de renovação dos canaviais, produzindo óleo de qualidade e resíduos benéficos para
a recuperação do solo e alimentação animal.
5 REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, W.E. de B.; SOUZA FILHO, B.F. de; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J.; GOMES, J.M.R.; SANTOS, P.S.B.S. dos. Acumulação de nutrientes pela
palhada do amendoim no Norte Fluminense em semeadura de primavera-verão. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de
Varginha, 2006. (CD ROM). p. 138 – 143.
SOUZA FILHO, B.F. de; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; SANTOS, J.G.C. dos;
RIBEIRO, L.J. Rendimento agronômico e industrial de cultivares de amendoim no Norte
Fluminense em semeadura de primavera-verão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha,
MG). Anais ... Varginha : Ufla, Prefeitura Municipal de Varginha, 2006. (CD ROM). p. 122
– 127.
205
CULTIVO DO GIRASSOL EM CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO
NORTE FLUMINENSE, EM SEMEADURA DE PRIMAVERA-VERÃO DE
2006/2007
RESUMO: Com o interesse do Estado do Rio de Janeiro em produzir óleo voltado para a
produção do biodiesel, diversas culturas têm sido estudadas, dentre elas o girassol. Estudos
iniciais desenvolvidos indicam como promissoras para o cultivo no Estado do Rio de janeiro
os híbridos simples Helio 250 e Helio 251 e a variedade Catissol, sendo primeiramente
avaliados em plantio de outono-inverno. O estudo de épocas de semeadura é fundamental,
pois pode afetar o desenvolvimento vegetativo das plantas e, conseqüentemente, a
produtividade. Dando continuidade aos trabalhos de avaliação de genótipos x época de
semeadura, conduziu-se o presente trabalho procurando melhor caracterizar a produção de
girassol no período de primavera verão, na região Norte Fluminense. O ensaio foi instalado
em Campos dos Goytacazes, em base física da Pesagro-Rio/EEC. Não foi adotado nenhum
delineamento ou arranjo experimental, sendo os materiais instalados em parcelões, onde
foram feitas amostragens para determinação da produção e demais características avaliadas.
Foram avaliados os híbridos simples Helio 250 e Helio 358, e as cultivares Catissol e
Embrapa 122 V2000. Concluiu-se que a produtividade média de grãos obtida está abaixo do
potencial produtivo das variedades e híbridos simples avaliadas e que há tendência das
variedades, mais precoces, de obter maior produtividade em relação aos híbridos.
206
1 INTRODUÇÃO
Com o interesse do Estado do Rio de Janeiro em produzir óleo voltado para a produção
do biodiesel, diversas culturas têm sido estudadas, dentre elas o girassol.
Como se trata de uma cultura que não é de cultivo tradicional em terras fluminenses,
uma das principais preocupações da pesquisa está no estudo do desempenho produtivo de
diferentes materiais introduzidos em diferentes épocas de semeadura.
Estudos preliminares desenvolvidos por Oliveira, 2006, indicam como promissoras para
o cultivo no Estado do Rio de janeiro os híbridos simples Helio 250 e Helio 251 e a variedade
Catissol.
Estes materiais foram primeiramente avaliados em plantio de outono-inverno, sendo
desenvolvidas avaliações nas épocas de semeadura de março de 2005 (Rêgo Filho et al.,
2006a), abril de 2005 (Rêgo Filho et al., 2006b) e fevereiro de 2006 (Rêgo Filho et al.,
2006c). Destas épocas a que mais se destacou foi a de abril, com produtividade média obtida
entre os genótipos avaliados de 2.160 kg ha-1 de grãos.
O estudo de épocas de semeadura é, portanto, fundamental, pois pode afetar o
desenvolvimento vegetativo das plantas e, conseqüentemente, a produtividade (Almeida e
Silva, 1993; Silva e Almeida, 1994).
Dando continuidade aos trabalhos de avaliação de genótipos x época de semeadura,
conduziu-se o presente trabalho procurando melhor caracterizar a produção de girassol no
período e primavera verão, na região Norte Fluminense.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, em solo
classificado como Neossolo Flúvico, nas coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e
41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11 metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo, cujo resultado da análise
química e granulométrica, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,9 (acidez média); P (mg
dm-3) 44 (muito bom); K (mg dm-3) 86 (bom); Ca (cmolc dm-3) 3,1 (bom); Mg (cmolc dm-3)
0,8 (médio); Al (cmolc dm-3) 0,0 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 1,2 (baixo); MO (dag kg-
1
) 1,5 (baixo); CTC (cmolc dm-3) 5,4 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,2 (bom); V (%) 78 (bom); m
(%) (muito baixo); Fe (mg dm-3) 26 (médio); Cu (mg dm-3) 0,2 (muito baixo); Zn (mg dm-3)
5,0 (alto); Mn (mg dm-3) 9,2 (bom) e B (mg dm-3) 0,27 (baixo); Areia (%) 77; Silte (%) 5 e
207
Argila (%) 18. A classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade,
segundo Alvarez V. et al., 1999.
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo os materiais
instalados em parcelões, onde foram feitas amostragens para determinação da produção e
demais características avaliadas.
A adubação utilizada no plantio foi a de 300 kg ha-1 da fórmula 04-14-08, juntamente
com 3,0 kg de B, tendo como fonte o ácido bórico, distribuída no sulco de plantio e
incorporada manualmente, antes da semeadura. A semeadura foi realizada manualmente no
dia 04.10.2006 com 10 sementes por metro de sulco, com desbaste para cinco plantas por
metro, quinze dias após a emergência. Como adubação de cobertura empregou-se 100 kg ha-1
de sulfato de amônio. Utilizou-se o espaçamento de 0,8 m entre linhas de plantio.
Foram avaliados os híbridos simples Helio 250 e Helio 358, e as cultivares Catissol e
Embrapa 122 V2000. Foram avaliadas as seguintes características: altura de planta (cm),
obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na floração plena; curvatura do caule (cm)
obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm),
obtido por meio de uma régua graduada na colheita e produção de grãos (kg ha-1).
No controle de plantas daninhas, com predominância de tiririca (Cyperus rotundus L.),
foram realizadas capinas manual. Não foram necessárias intervenções para controle de
doenças e pragas.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos em estação
evapotranspirométrica localizada ao lado da área experimental.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A colheita foi realizada manualmente em 05.01.2007, aos 93 dias após a semeadura.
Tanto os híbridos quanto as variedades utilizadas encurtaram seu ciclo, provavelmente em
função das chuvas que caíram na fase final do ciclo da cultura.
No Quadro 1 encontram-se as médias obtidas para cultivares e híbridos, bem como a
média geral do ensaio.
Para produção de grãos, verifica-se que houve tendência das variedades obterem
maiores produtividades em relação aos híbridos, ressaltando-se o fato de que as
produtividades obtidas estão abaixo do potencial de produção dos materiais avaliados,
conforme descrito em Oliveira, 2006.
208
Quadro 1 – Média para variedades e híbridos de girassol para altura de planta (cm), curvatura
de caule (cm), tamanho do capítulo (cm) e produtividade de grãos (kg ha-1). Campos dos
Goytacazes, primavera verão de 2006/2007.
Variedades e/ou Altura de Curvatura do Tamanho do Produção de
Híbridos Planta Caule Capítulo Grãos
Embrapa 122 V2000 130 91 13 1.080
Catissol 128 107 15 1.060
Helio 250 126 106 15 892
Helio 358 142 116 15 831
Média 132 105 15 966
4 CONCLUSÕES
A produtividade média obtida, de 966 kg ha-1 de grãos, está abaixo do potencial
produtivo das variedades e híbridos simples avaliadas.
Há tendência das variedades, mais precoces, de obter maior produtividade em relação
aos híbridos.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M.L. de; SILVA, P.R.F. da. Efeito de densidade e época de semeadura e de
adubação nas características agronômicas de girassol. I. Rendimento de grãos e de óleo e seus
componentes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 28, n. 7, p. 833-841, jul. 1993.
ALVAREZ V. V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
V., V.H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
209
OLIVEIRA, L.A.A. de. Projeto: Avaliações agronômicas, edafoclimáticas e econômicas e
implantação de banco de germoplasma de espécies oleaginosas no Estado do Rio de
Janeiro. Niterói : Pesagro-Rio. Relatório técnico final encaminhado à Faperj. 65p. 2006
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Primeira época de semeadura (março 2005).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006a. p. 24.
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Segunda época de semeadura (abril 2005). In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006b. p. 25.
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Terceira época de semeadura (fevereiro 2006).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006c. p. 26.
SILVA, P.R.F. da.; ALMEIDA, M.L. de. Respostas de girassol à densidade em duas épocas
de semeadura e dois níveis de adubação. II. Características da planta associadas à colheita.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 29, n. 9, p. 1.365-1.371, set. 1994.
210
DESEMPENHO PRODUTIVO DE CULTIVARES DE SOJA EM CAMPOS
DOS GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE
RESUMO: Na região Norte Fluminense constata-se, quanto à utilização das terras, a grande
participação das áreas de lavouras ocupadas pelas culturas temporárias, o que demonstra a
grande participação deste setor agrícola na manutenção da mão-de-obra rural. A introdução da
cultura da soja nessas áreas, sobretudo como cultivo alternativo em áreas de renovação de
canaviais, é uma ação inserida dentro de um programa de Estado. Com a introdução de
culturas oleaginosas, visa-se abastecer o Programa Rio Biodiesel, gerando renda e atividade
agrícola, mantendo os trabalhadores da cana-de-açúcar empregados ao longo dos anos, e não
somente na safra. Conduziu-se assim o presente trabalho, com a introdução de sete cultivares
de soja no município de Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, de modo a
fornecer subsídios técnicos que justifiquem sua adoção como cultura alternativa para os
produtores, bem como identificar materiais mais modernos e promissores para o Estado do
Rio de Janeiro. Concluiu-se que as cultivares apresentaram ciclo de 137 dias, considerado
adequado para uso em áreas de renovação de canaviais; que as cultivares Luziânia, Emgopa
316, Mineiros e Emgopa 302 obtiveram as maiores produtividades e que outros estudos
envolvendo essas cultivares em áreas extensivas e outros locais deverão ser conduzidos,
visando sua recomendação final.
211
1 INTRODUÇÃO
Na região Norte Fluminense constata-se, quanto à utilização das terras, a grande
participação das áreas de lavouras ocupadas pelas culturas temporárias, o que demonstra a
grande participação deste setor agrícola na manutenção da mão-de-obra rural. O problema é
que grande parte das áreas ocupadas pelas culturas temporárias é com a cana-de-açúcar, que
absorve mão-de-obra em períodos sazonais. Verifica-se ainda a predominância de pequenas
propriedades, com estabelecimentos de menos de 10 hectares contribuindo com 63,0% do
número total de estabelecimentos rurais, mas ocupando apenas 5,3% da área total (Viana,
1987 e Fóruns Regionais de Desenvolvimento, 1992).
A introdução da cultura da soja nessas áreas, sobretudo como cultivo alternativo em
áreas de renovação de canaviais, é uma ação inserida dentro de um programa de Estado. Com
a introdução de culturas oleaginosas, visa-se abastecer o Programa Rio Biodiesel, gerando
renda e atividade agrícola, mantendo os trabalhadores da cana-de-açúcar empregados ao
longo dos anos, e não somente na safra.
Conduziu-se assim o presente trabalho, com a introdução de sete cultivares de soja, de
modo a fornecer subsídios técnicos que justifiquem sua adoção como cultura alternativa para
os produtores, bem como identificar materiais mais modernos e promissores para o Estado do
Rio de Janeiro.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 6,2 (acidez fraca); P (mg dm-3) 270
(muito bom); K (mg dm-3) 420 (muito bom); Ca (cmolc dm-3) 6,0 (muito bom); Mg (cmolc
dm-3) 1,9 (muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,0 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 2,8 (médio);
MO (dag kg-1) 3,47 (médio); CTC (cmolc dm-3) 11,8 (bom); SB (cmolc dm-3) 9,0 (muito bom);
V (%) 76 (bom); m (%) 0 (muito baixo); Areia (%) 59, Silte (%) 17 e Argila (%) 24. A
classificação entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez V. et
al., 1999.
212
Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo o cultivo
instalado em área de 400 m2 para cada cultivar, onde foram feitas as avaliações da soja em
amostragens em áreas de 30 m2 cada.
O trabalho foi conduzido com as cultivares Emgopa 302, Emgopa 316, Mineiros,
Luziânia, Araçú, Caiapônia e Emgopa 315 e instalado em 11.12.2006, com plantio
mecanizado em sulcos espaçados em 0,50 m.
O ensaio foi adubado com 400 kg ha-1 da formulação 04-14-08 no momento da
semeadura. No momento da semeadura foi feita a inoculação das sementes com o inoculante
Gelfix, na dosagem de 150ml/50 kg de sementes. Este inoculante é de natureza física fluído,
que contém bactérias da espécie Bradyrhizobium elkanii, fixadoras de nitrogênio. Foi feita
ainda apenas uma capina manual, não sendo necessárias intervenções para controle de
doenças e, para pragas, uma pulverização para controle de lagartas.
Foram avaliadas as seguintes características para a soja: altura de planta (cm), obtida da
média de 10 plantas por amostragem, no momento da colheita; número de plantas por metro
de sulco, no momento da colheita e produção de grãos, em kg ha-1, a 13% de umidade. A
colheita foi realizada manualmente em 26.04.2007.
Dados climáticos referentes ao período experimental também foram obtidos em Estação
evapotranspirométrica localizada próximo ao local do ensaio.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo obtido pelas cultivares, de 137 dias, é de interesse para as áreas de renovação de
cana-de-açúcar, com área potencial de cerca de 20.000 hectares anuais. Assim a soja seria
plantada na época recomendada para o Estado, da segunda quinzena de outubro até a primeira
quinzena de dezembro (Viana et al., 1988), e com colheita anterior ao próximo plantio da
cana, em março/abril do ano seguinte. Deve-se ressaltar que o ciclo obtido pela Emgopa 316
está acima dos 118 dias citados em CTPA, s.d. Há que se ressaltar ainda que, de maneira
geral, materiais mais precoces são menos produtivos mas apresentam maior teor de óleo
(Oliveira et al., 1991).
O rendimento de grãos de soja, bem como as demais características avaliadas, encontra-
se no Quadro 1.
213
Quadro 1 – Produção de grãos (kg ha-1), altura de planta (cm) e estande final obtido (número
de plantas por metro). Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Cultivares Produção de grãos Estande final Altura de planta
Emgopa 302 1.566 23 75
Emgopa 316 2.900 27 88
Mineiros 2.900 24 83
Luziânia 3.766 21 88
Araçú 2.200 27 91
Caiapônia 500 15 72
Emgopa 315 2.833 25 66
Média 2.381 - -
O rendimento de grãos pode ser estratificado em três níveis, inicialmente com maior
rendimento a cultivar Luziânia (3.766 kg ha-1), seguida pelas cultivares Emgopa 316,
Mineiros, Araçú e Emgopa 315 (2.200 kg ha-1 a 2.900 kg ha-1) e finalmente pelas cultivares
Emgopa 302 e Caiapônia (1.566 kg ha-1 e 500 kg ha-1). Viana et al., 1988, avaliando diversas
linhagens de soja em Campos dos Goytacazes obteve média de 2.765 kg ha-1 e, no município
de Itaperuna, 1.889 kg ha-1, em nível experimental.
Os resultados obtidos demonstram o potencial das cultivares introduzidas, destacando-
se a Luziânia, Emgopa 316, Mineiros e Emgopa 315.
Com a introdução destes materiais espera-se aumentar a base genética da soja plantada
em território fluminense, já que as cultivares atualmente recomendadas são a Primavera e a
Emgopa 302 (Viana et al., 1988).
Para a cultivar Caiapônia, além da baixa adaptabilidade produtiva, deve-se ainda
destacar problemas obtidos no estande, apresentando apenas 15 plantas por metro, enquanto o
ideal seria na faixa de 17 a 20 plantas por metro, no que foi obtido pelas demais cultivares
avaliadas (Quadro 1).
Outros estudos envolvendo essas cultivares em áreas extensivas e outros locais deverão
ser conduzidos, visando sua recomendação final.
O índice de precipitação pluviométrica obtido durante o período experimental encontra-
se no Quadro 2.
214
Quadro 2 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental
(novembro de 2006 a março de 2007). Conceição de Macabu, 2006/2007.
Meses Precipitação Pluviométrica
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Abril de 2007 23
Total 647
4 CONCLUSÃO
As cultivares apresentaram ciclo de 137 dias, considerado adequado para uso em áreas
de renovação de canaviais.
As cultivares Luziânia, Emgopa 316, Mineiros e Emgopa 302 obtiveram as maiores
produtividades.
Outros estudos envolvendo essas cultivares em áreas extensivas e outros locais deverão
ser conduzidos, visando sua recomendação final.
Outras cultivares de ciclo curto mostraram potencialidades de exploração em áreas de
rotação com cana-de-açúcar.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; BARROS, N.F.; CANTARUTTI, R.B. Interpretação
dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ
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5ª Aproximação. Viçosa : CLSEMN, 1999. p. 25-32.
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VIANA, A.R.; SOUZA FILHO, B.F. de; FERNANDES, G.M.B. Informações básicas sobre
a cultura da soja. Niterói : Pesagro-Rio, 1988. n.p. Folder.
216
UMA ABORDAGEM TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL DE
FONTES POTENCIAIS PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL
RESUMO: A busca por fontes alternativas e renováveis de energia tornou-se uma constante
no mundo contemporâneo devido à escassez e aos impactos ambientais causados por fontes
não renováveis. Dentre as fontes renováveis, destaca-se o Biodiesel, o qual pode ser obtido
através de diversas matérias-primas e que ocupa posição de destaque nas discussões
energéticas e ambientais atuais. No entanto, muitas das fontes potenciais para a sua produção
estão sendo desperdiçadas e/ou possuem pouca divulgação de seu potencial. Este artigo
apresenta algumas destas fontes que podem vir a contribuir com o setor energético global, e
evitar impactos ambientais.
217
1 INTRODUÇÃO
PRICE (1995), em um trabalho sobre a energia e a evolução humana, ressaltou a
capacidade única da humanidade, em relação às outras formas de vida do planeta, de
adaptação extra-somática. Este tipo de adaptação faria com que a tradicional tendência da
evolução fosse acelerada. Com ela o homem poderia dispor dos recursos ao seu alcance para
contornar as eventuais dificuldades que o clima e a busca por alimentos apresentassem o que
corroboraria a teoria de WHITE (1949). Neste trajeto, a humanidade aprendeu como gerar
mais energia, de um modo diverso do que era proporcionado pelas próprias mãos humanas, ou
posteriormente por animais.
Enquanto esta energia extra-somática provinha de fontes naturais ou renováveis não
houve na atmosfera mudança significativa de origem antrópica, salvo a mais rápida
devastação de florestas do que a natureza conseguia naturalmente renovar. Esta fase da
humanidade é historicamente encerrada em meados do século XVIII. A partir de então a nova
‘’revolução’’ em curso, baseada na força do vapor como força motriz, passou a demandar
mais do que a natureza conseguiria repor, nos acelerados prazos que esta nova ‘’revolução’’
determinava.
A lenha para alimentar as caldeiras já não seria mais suficiente, e passou-se a usar o
carvão mineral como combustível. Toda a tecnologia advinda deste processo acelerou de
forma nunca vista a produção de bens e o consumo cada vez maior de recursos. Porém um
limite estava sendo ultrapassado. Ao se queimar cada vez mais combustíveis fósseis o nível de
gás carbônico na atmosfera começou a aumentar, não sendo suficientes os recursos naturais
de absorção deste gás para que o equilíbrio se restabelecesse. A temperatura média da
superfície do planeta desde então vem aumentando pelo agravamento artificial do “Efeito
Estufa”. O aproveitamento do petróleo sucedeu rapidamente, a partir do final do século XIX,
ao carvão como principal combustível da máquina desenvolvimentista das nações mais ricas.
Deste somatório de ofertas de combustíveis fósseis resultou o aceleramento do processo de
acúmulo dos gases responsáveis pelo efeito de aquecimento, muito além do equilíbrio
conhecido. A maior facilidade de obtenção e uso dos subprodutos do petróleo tornou a queima
deste combustível quase que universal pela inércia da infra-estrutura técnica e dos hábitos
(MARTIN, 1990), pela disponibilidade de tecnologia e pelo preço sem concorrente. Quem
não consumisse petróleo, ou seu eventual substituto o carvão, estaria fora do concerto das
nações. Enquanto esta dependência do petróleo continua vigendo, alternativas renováveis aos
218
combustíveis fósseis, devido à escassez dos mesmos e as diversas questões ambientais atuais,
estão sendo desenvolvidas e pesquisadas cada vez mais.
Neste contexto surge o Biodiesel, um combustível renovável e biodegradável,
ambientalmente correto, obtido a partir de uma reação de óleos vegetais com um
intermediário ativo, formado pela reação de um álcool com um catalisador, processo
conhecido como trasesterificação.
O biodiesel passou a ser mais divulgado no Brasil através do Probiodiesel (Programa
Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico de Biodiesel), criado pelo Ministério da Ciência
e Tecnologia. A tradição agrícola e a pesquisa voltam-se para a produção deste combustível e
tem se mostrado viável pela grande extensão territorial para plantação. O principal insumo é a
soja, já que o país é um dos grandes produtores mundiais do grão e, em 2003, ocupou o
primeiro lugar em exportação de oleaginosas como mamona, dendê, algodão e soja. No
entanto, o Brasil, país de grande biodiversidade, muito rico em oleaginosas, muitas das
culturas que estão sendo destinadas à produção de biodiesel, ainda estão direcionadas
principalemente a fins alimentícios. Há um grande potencial de fontes de matérias-primas de
biodiesel a ser explorado, tanto em relação ao aproveitamento energético de culturas
temporárias e perenes, como em relação ao aproveitamento energético do óleo residual
proveniente da alimentação, resíduos de certos processos, e ainda oleaginosas com grande
potencial de aproveitamento para a produção de Biodiesel que ainda não são exploradas e
amplamente conhecidas.
Este artigo visa apresentar algumas fontes potenciais de produção do Biodiesel, ainda
pouco exploradas, que podem contribuir com o aumento do volume produzido, mitigar
impactos ambientais e gerar empregos, não só no Brasil, como em todo o mundo.
2 O BIODIESEL
O uso de óleos vegetais em motores de combustão interna começou com Rudolf Diesel
utilizando óleo de amendoim em 1900. Razões de natureza econômica levaram ao completo
abandono dos óleos vegetais como combustíveis à época. Entretanto, na década de 70, o
mercado de petróleo foi marcado por dois súbitos desequilíbrios entre oferta e demandas
mundiais conhecidos como 1° e 2° Choques do Petróleo. Em respostas a estas crises, o
mercado sentiu a necessidade de diminuir a dependência do petróleo, levando ao investimento
no desenvolvimento de tecnologia de produção e uso de fontes alternativas de energia
(OLIVEIRA, 2001).
219
De acordo com a lógica de usar fontes alternativas de energia redutoras de poluição,
capazes de gerar empregos e com custos competitivos, o biodiesel apresenta-se como
candidato natural a um programa global e que também vem ganhando espaço nas discussões
energéticas do Brasil. A Agência Nacional do Petróleo do Brasil definiu, através da portaria
225 de setembro de 2003, o biodiesel como o conjunto de ésteres de ácidos graxos oriundos
de biomassa, que atendam a especificações determinadas para evitar danos aos motores.
O biodiesel é uma evolução na tentativa de substituição do óleo diesel por biomassa,
iniciada pelo aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. É obtido através da reação de
óleos vegetais, novos ou usados, gorduras animais, com um intermediário ativo, formado pela
reação de um álcool com um catalisador, processo conhecido como transesterificação (Figura
1).
220
glicerina obtida como subproduto, no caso da síntese do éster metílico é resolvida mediante
simples decantação, bem mais facilmente do que com o éster etílico, processo que requer um
maior número de etapas.
Quanto ao catalisador, a reação pode utilizar os do tipo ácido ou alcalino ou, ainda, pode
ser empregada a catálise enzimática. Entretanto, geralmente a reação empregada na indústria é
feita em meio alcalino, uma vez que este apresenta melhor rendimento e menor tempo de
reação que o meio ácido, além de apresentar menores problemas relacionados à corrosão dos
equipamentos. Por outro lado, os triglicerídeos precisam ter acidez máxima de 3%, o que
eleva seus custos e pode inviabilizar o processo em países onde o óleo diesel mineral conta
com subsídios cruzados, como no Brasil.
Sob o aspecto ambiental, o uso de biodiesel reduz significativamente as emissões de
poluentes, quando comparado ao óleo diesel, podendo atingir 98% de redução de enxofre,
30% de aromáticos e 50% de material particulado e, no mínimo, 78% d e gases do efeito
estufa (ROSA et al, 2003).
221
Na esfera residual ocupam lugar de destaque os insumos derivados de processos
industriais, pecuária, e principalmente da indústria alimentícia, que apresentam potencial
químico para transformação em biocombustível. Os mais representativos são os óleos vegetais
utilizados na fritura de alimentos, e os ácidos graxos encontrados tanto na gordura animal
quanto no esgoto sanitário (este é um resíduo público, enquanto os demais são resíduos
privados).
A isto, somam-se os fatos de estarem disponíveis imediatamente, uma vez que não é
necessário planejar sua produção, e de sua localização ser a mesma dos consumidores de
energia, quer estejam nas cercanias das cidades (uma vez que o lixo é praticamente
padronizado em todo o território nacional) ou nas unidades produtivas rurais (onde os
insumos são mais específicos), sinalizando para a prioridade de seu aproveitamento.
Assim, ao contrário da energia eólica e das PCHs (Pequenas Centrais Termelétricas),
cuja exploração depende da disponibilidade do recurso natural e cujas áreas para instalação de
empreendimentos normalmente ficam longe dos centros urbanos, a biomassa residual pode ser
utilizada em usinas instaladas nas áreas de vazadouro de lixo, o que exige menos investimento
em linhas de transmissão, ou nas fazendas de cultivo.
A questão econômica, refletida pela modicidade dos preços, já pode ser atingida com os
insumos residuais. A quantidade disponível de insumos residuais, no Brasil, é pequena,
quando comparada ao consumo de óleo diesel, é de cerca de 1% do consumo, ou 500 milhões
de litros por ano, (HIDROVEG, 2005), o que demonstra que o óleo diesel continuaria
majoritariamente no mercado mesmo com o uso de todos os insumos residuais para a
produção de biodiesel. Embora pouco representativa em escala global, estes insumos, que
envolvem óleo de fritura usado, ácidos graxos, gordura animal e esgoto sanitário, além de
terem menores custos, apresentam a vantagem de poderem ser consumidos imediatamente e
estarem disponíveis junto aos aglomerados urbanos. Além disto, esta transformação dos
resíduos em biocombustíveis permite reduzir o impacto ambiental causado pela sua má
disposição final, e diminui a emissão de gases de efeito estufa, outrora emitidos em larga
escala pelo diesel convencional.
222
formação de substâncias tóxicas e irritantes como o de peroxiacetileno, a partir de nitrogênio e
hidrocarbonetos, na presença de energia solar. Este aspecto positivo dos ésteres de ácidos
pode ser explicado pelo fato de que estes compostos não apresentam nitrogênio em suas
estruturas. Convém ressaltar que os ésteres de ácidos graxos também não apresentam enxofre,
e desta forma, também não contribuem com fenômenos com o de acidificação das
precipitações.
O descarte de óleos de fritura usados nas pias e vasos sanitários, ou diretamente na rede
de esgotos, além de provocar graves problemas ambientais, pode provocar o mau
funcionamento das Estações de Tratamento de Águas Residuais e representa um desperdício
de uma fonte de energia. Os óleos de frituras usados, se lançados na rede hídrica e nos solos,
provocam a poluição dos mesmos. Se o produto for para a rede de esgoto encarece o
tratamento dos resíduos, e o que permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e
terrenos adjacentes que contribuem para a enchente. Também provoca a obstrução dos filtros
de gorduras das Estações de Tratamento, sendo um obstáculo ao seu funcionamento ótimo
(FELIZARDO, 2003).
O resíduo óleo de fritura usado, pode ser processado de várias formas interessantes, para
produção de artigos de uso comum como o sabão, lubrificante ou biocombustivel. Levando
em conta que a utilização para produção de biocombustiveis traz vantagens do ponto de vista
ambiental, e apresenta a melhor relação preço x eficácia, em termos de recolhimento e
recuperação.
QUERCUS (2002), relata que a produção de Biodiesel a partir de óleos alimentares
usados permite reutilizar e reduzir em 88% o volume destes resíduos, sendo 2% matéria
sólida, 10% glicerina e 88% éster com valor energético. Ou seja, recupera um resíduo que de
outra forma provoca danos ao ser despejado nos esgotos. Segundo PETERSON E REECE
(1994), testes nas emissões mostraram uma diminuição de 54% em HC, 46% de CO2 E 14,7
de NOx , na utilização do biodiesel obtido através de óleos de fritura usados, em comparação
ao diesel convencional.
De acordo com MITTLEBACH e TRITTHART (1988), o biodiesel resultante da
transesterificação de óleos de fritura apresentou características bastante semelhantes aos
ésteres de óleos antes da utilização para fritura. Apesar de ser um combustível oriundo de um
óleo parcialmente oxidado, suas características foram bastante próximas as do óleo diesel
convencional, apresentando, inclusive boa homogeneidade obtida quando da análise da curva
de destilação. Os autores realizaram testes de performance utilizando ésteres metílicos
resultantes da transesterificação de óleos residuais de fritura. Os ésteres metílicos foram
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
223
misturados ao diesel convencional na proporção de 1/1 e o teste realizado com 100 litros, sem
que nenhuma mudança de operação dos veículos tenha sido observada. A emissão de fumaça
foi extremamente menor e foi possível observar um leve cheiro de gordura queimada. O
consumo do biocombustível foi praticamente o mesmo observado com a utilização do diesel
convencional. O biodiesel obtido por estes dois pesquisadores foram confrontados com um
padrão de diesel convencional, o US-2D (US number 2). Os resultados estão na Tabela 1:
224
a - ASTM D - 86 correlação para ASTM D-2887.
b - ASTM D – 1019 , olefinas + hidrocarbonetos aromáticos em destilados de p e t r ó l e o .
c - Este índice estima o número de cetano a partir da gravidade API e 50% do ponto de
ebulição dos combustíveis destilados, ASTMD - 96.
d - O numero de cetano descreve a qual idade da ignição dos combustíveis diesel, ASTMD –
613 .
De acordo com a Tabela 1, o biodiesel obtido por estes pesquisadores, apresentou valor
calorífico muito próximo ao diesel convencional de referência. Com relação à curva de
destilação, as temperaturas registradas para o ponto de ebulição inicial e volumes estilados de
10 a 50% são consideravelmente superiores às verificadas para o diesel convencional de
referência. As temperaturas registradas para o ponto de ebulição final foram semelhantes.
De acordo com o IPCC (1996), as emissões totais de Gazes de Efeito Estufa no ciclo de
vida do biodiesel de óleo residual são aquelas geradas na coleta do óleo usado, no consumo de
energia elétrica pela planta química, acrescidas das emissões que ocorrem na sua distribuição
e na sua combustão.
Apesar dos excelentes resultados obtidos por diversos autores (ROSA et al., 2003), é
inevitável admitir que o óleo de fritura traz consigo muitas impurezas, oriundas do próprio
processo de cocção de alimentos. Portanto, para minimizar esse problema, é sempre
aconselhável proceder a uma pré-purificação e secagem dos óleos antes da reação de
transesterificação.
225
pessoa é de 200 litros de esgoto, onde há 160 gramas de sólidos flutuantes (escuma), dos
quais 10% é gordura.
226
No abate de aves são descartadas as seguintes partes, conforme tabela 2, gerando uma
quebra, resíduos, de 30,0% do peso da ave viva, sendo extraído deste percentual de resíduos
11,3% de gordura.
Tabela 2 - Partes descartadas no abate e processamento de aves
Parte %
Sangue 2.368
Penas 6.335
Vísceras não comestíveis 7.290
Quebra (Ossos, resíduos e rejeitos) 14.007
Fonte: Souza (2006).
227
vegetais; não foram disponibilizados dados sobre as propriedades físico-químicas destes.
Sabe-se que entre os óleos vegetais, a composição em ácidos graxos varia e, por conseguinte,
variam as suas propriedades físico-químicas (exemplo, a estabilidade à oxidação) o mesmo
ocorrerá com o óleo extraído de diferentes microalgas e de condições variadas de cultivo.
Isocrysis sp. C14:0/ C14:1/ C16:0/ C16:1/ C18:1/ C18:3/ C18:4/ C22:6
Nannochloris sp. C14:0/ C14:1/ C16:0/ C16:1/ C16:3/ C20:5
Nitzchia sp. C14:0/ C14:1/ C16:0/ C16:1/ C16:3/ C20:6
[1]C14:0(miristico),C14:1(miristoléico),C16:0(palmítico),C16:1(palmitoléico),C18:0(oléico), C18:2(linoléico),
C18:3(linolênico), C20:5(eicosapenteneóico).
228
Conforme WU (2006), em relação ao rendimento em óleo, o de microalgas é pelo
menos quinze vezes maior que o de palma, e existe uma estimativa de produção de óleo de
microalgas de 15.000 a 30.000 L/Km2. A sua extração é simples, pode ser realizada com
hexano, exatamente como em indústria alimentícia. Existe, ainda, a possibilidade de um
máximo aproveitamento dos resíduos, como exemplo, a fermentação a metano. Os teores em
lipídios e triglicerídios (TG) dependem das condições das culturas, sendo que nos anos de
1940, foram relatados percentuais bastante elevados, de 70 a 85% em lipídios, em vista do seu
percentual de lipídios. Em relação à Dunaliella, do lipídio produzido pelas células, obteve-se
até 57% como TG – molécula de partida para a produção do biodiesel (TAGAKI, 2006).
229
outros. A seguir serão apresentadas algumas fontes promissoras, as quais ainda não são
amplamente conhecidas para o fim energético.
230
entre os meses de dezembro a fevereiro, período de total escassez de renda para a agricultura
familiar (Palmeira, 2006).
Segundo estudo realizado por MELLO et al (2006), através do uso da extração com
hexano foi determinado que as amêndoas das sementes de oiticica apresentaram um teor
médio de óleo de 54% em base seca. Foi observada uma variabilidade 2% no teor de óleo
entre diferentes tipos de amostras que foi atribuída a diversos fatores, tais como: variabilidade
genética, graus de maturação variados e diferentes estados de conservação dos frutos.
O óleo obtido apresentou cor amarelada a castanha. O biodiesel produzido por
transesterifcação metílica apresentou valores de massa específica e viscosidade cinemática
elevados, sendo importante sua mistura com biodiesel de outras oleaginosas e/ou com óleo
diesel de petróleo. O ponto de fulgor e índice de acidez apresentaram valores dentro dos
padrões estabelecidos pela ANP tanto para o B100 como para o óleo diesel de petróleo.
231
culturas. O sistema de consórcio pode ser vantajoso desde que verificado os aspectos sobre a
configuração de plantio a fim de se obter um sistema eficiente e mais estável que o
monocultivo. Em muitos países o gergelim é usado em consórcio com o algodão, milho,
sorgo, amendoim, soja e outras variedades de Phaseolus. Além disso, existe a possibilidade de
se cultivar o gergelim em consórcio com fruteiras (caju, por exemplo), árvores florestais ou
palmeiras com benefícios significativos para o ecossistema, sendo recomendada para as
regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Atualmente o gergelim é cultivado em 71
países, especialmente na Ásia e África. A produção mundial está estimada em 3,16 milhões de
toneladas, obtidas em 6,56 milhões de hectares, com uma produtividade de 480 kg/ha. Índia e
Myanmar são responsáveis por 49% da produção mundial. O Brasil é um pequeno produtor,
com 15 mil toneladas produzidas em 25 mil hectares e rendimento em torno de 750 kg/ha
(FAO, 2006). Além do cultivo tradicional na maioria dos Estados nordestinos, o gergelim é
cultivado em São Paulo, Goiás (maior produtor), Mato Grosso e Minas Gerais.
O gergelim é um alimento de alto valor nutricional, rico em óleo e proteínas. As
sementes fornecem óleo muito rico em ácidos graxos insaturados, oleico e linoleico, além de
vários constituintes secundários como sesamol, sesamina, sesamolina e gama tocoferol que
determinam sua elevada qualidade, em especial a estabilidade química devido à resistência a
rancificação por oxidação, propriedade atribuída ao sesamol (EMBRAPA ALGODÃO, 2006).
A torta restante é rica em proteínas e possui baixo teor de fibras, podendo ser destinada à
alimentação humana e animal, sem quaisquer restrições. Além dos fins alimentares, seus
grãos encontram diversas aplicações na indústria farmacêutica, cosmética e óleo-química.
Embora com produção inferior a maioria das oleaginosas cultivadas, como por exemplo,
a soja, o dendê, o girassol e a mamona, o cultivo do gergelim merece um grande incentivo na
sua exploração por representar uma excelente opção agrícola ao alcance do pequeno e médio
produtor, exigindo práticas agrícolas simples e de fácil assimilação e com preço de mercado
representativo no que tange a lucratividade por hectare.
7 CONCLUSÃO
Além das fontes conhecidas utilizadas na produção de biocombustíveis, a quantidade de
matérias-primas que podem ser utilizadas parece ser imprevisível. Em nível mundial, o
crescente interesse em tecnologias limpas, sustentáveis e orgânicas, na obtenção de produtos
para o consumo humano, demanda uma contínua busca por espécies e/ou variedades capazes
de sintetizar grandes quantidades de compostos específicos e de como é possível potencializar
232
a biossíntese destes (condições de cultivo, melhoramento genético etc.). Igualmente, há a
necessidade de pesquisas visando ao desenvolvimento e, principalmente, ao aperfeiçoamento
dos sistemas de produção em escala comercial, a fim de tornar comercialmente viáveis alguns
dos sistemas conhecidos. Estas pesquisas, por fim, também, se fazem necessárias à
identificação dos produtos que podem ser extraídos das microalgas, resíduos, plantas
oleaginosas, entre outros.
Somado a isso, os insumos cultivados, soja, mamona, girassol, dendê e coco, no Brasil,
por exemplo, não estão disponíveis imediatamente, visto que já têm mercado definido
(alimentício e químico). Apesar de todas as vantagens provenientes da produção de biodiesel,
esta atividade encontra dificuldades com relação às áreas cultivadas e problemas de
distribuição.
Desta forma, se faz necessário aproveitar outras fontes que podem ser utilzadas na
fabricação de biocombustíveis, inclusive a matéria-prima obtida do enorme volume de
resíduos sólidos e líquidos gerados diariamente nos centros urbanos que tem trazido uma série
de problemas ambientais, sociais, econômicos e administrativos, todos ligados a crescente
dificuldade de implementar uma disposição adequada desses resíduos. Este trabalho objetivou
demonstrar que é possível obter biodiesel de várias fontes que ainda não são amplamente
conhecidas, possibilitando ganhos sociais, econômicos e ambientais.
Em um momento em que os problemas relacionados ao meio ambiente atingiram um
nível crítico, como a poluição das águas, o efeito estufa e o conseqüente aquecimento global,
a proteção ambiental deixou de ser uma questão ligada apenas a grupos radicais (partidários e
apartidários) para se tornar patrimônio comum de todas as forças sociais. Isto contribuiu para
a difusão de uma consciência ambiental que se manifesta tanto no âmbito individual como no
âmbito institucional. Daí o extraordinário desenvolvimento das ciências, que devem continuar
a buscar meios de reduzir a dependência de fontes poluidoras e escassas de energia.
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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235
DESCRITORES PARA CARACTERIZAÇÃO DE GERMOPLASMA DE
FAVELEIRA (Cnidoscolus phyllacanthus (Mart.) Pax. et K. Hoffm.)
RESUMO: A faveleira é uma planta conhecida também por favela, faveleiro, mandioca-
brava, queimadeira, cansanção, favela-de-cachorro e favela-de-galinha. Pode ser empregada
para recuperação de áreas degradadas, alimentação animal e humana, medicina, serraria e
energia, dentre outros. É encontrada em todos os estados do nordeste brasileiro até o norte de
Minas Gerais, principalmente nas regiões do Sertão e Caatinga. Com o uso do método de
análise multivariada por Componentes Principais, é possível identificar os descritores mais
importantes para a avaliação e caracterização de germoplasma de determinada espécie,
resultando em economia de tempo e recursos financeiros. O objetivo deste trabalho foi
selecionar descritores associados a caracteres do fruto e sementes para caracterizar acessos de
faveleira. Foram estudados 15 descritores, sendo nove associados a características biométricas
do fruto e semente e seis associados a características químicas das sementes. Foi empregado o
método de análise multivariada por Componentes Principais para conhecer a influência desses
caracteres na discriminação de indivíduos. Os resultados mostraram que considerando os
caracteres biométricos de frutos e sementes os descritores mais importantes para a
caracterização de germoplasma de faveleira são o comprimento do fruto, número de sementes
por fruto, massa de sementes por fruto e massa do pericarpo. Os caracteres biométricos
comprimento do fruto e massa de sementes por fruto e; os caracteres relativos à avaliação
química foram mais importantes para a discriminação das matrizes na análise envolvendo
todos os caracteres dos frutos e sementes, representando uma redução de mais de 50% dos
descritores avaliados.
236
1 INTRODUÇÃO
Espécies do gênero Cnidoscolus são tipicamente encontradas em ambientes semi-árido
e subtropical seco como aqueles do norte do México e nordeste do Brasil (LUZ et al., 1999).
No Brasil, é encontrada a Cnidoscolus pubescens, conhecida por "urtiga-de-mamão”, sugerida
principalmente para programas de reflorestamento heterogêneos destinados a recuperação da
vegetação de áreas degradadas e a Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira).
A faveleira é uma planta conhecida também por favela, faveleiro, mandioca-brava,
queimadeira, cansanção, favela-de-cachorro e favela-de-galinha. Pode ser empregada para
recuperação de áreas degradadas, alimentação animal e humana, medicina, serraria e energia,
dentre outros. (MAIA, 2004). É encontrada em todos os estados do nordeste brasileiro até o
norte de Minas Gerais, principalmente nas regiões do Sertão e Caatinga.
As técnicas de análises multivariadas tem sido usadas, com sucesso, para medir a
diversidade genética entre materiais genéticos, assim como conhecer os caracteres que mais
influenciam nesta divergência. Por exemplo, com o uso do método de análise multivariada por
Componentes Principais, é possível identificar os descritores mais importantes para a avaliação
e caracterização de germoplasma de determinada espécie, resultando em economia de tempo e
recursos financeiros (CRUZ, 1990), uma vez que muitas variáveis são redundantes por serem
correlacionadas, ou dispensáveis, por representarem uma fração desprezível da variação total.
O objetivo deste trabalho foi selecionar descritores associados a caracteres do fruto e
sementes para caracterizar acessos de faveleira.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram usados frutos e sementes de 45 matrizes de faveleira. A colheita dos frutos foi
realizada no período de abril a junho de 2001. Foram estudados 15 descritores, sendo nove
associados a características físicas do fruto e semente: a) do fruto – comprimento (mm),
diâmetro (mm), número de sementes, massa de sementes (g) e massa do pericarpo (g); b) da
semente: comprimento (mm), largura (mm), espessura (mm) e massa média (g) e; seis
associados a características químicas das sementes: teores de óleo (%), proteína bruta (%),
matéria seca (%), matéria mineral (%), fibra em detergente neutro (%) e carboidratos totais
(%).
Para a determinação dos caracteres físicos foram usados 60 frutos e 145 sementes por
matriz. Para as análises químicas foram usadas duas amostras dessas sementes. A massa
237
média da semente por fruto foi calculada pelo quociente entre a massa de sementes por fruto e
o número de sementes por fruto.
As medições dos frutos foram efetuadas logo após a colheita, no Laboratório de
Botânica da UFCG e os demais dados no Laboratório de Sementes da FCAV/UNESP.
As análises químicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal, do
Departamento de Zootecnia e no Laboratório de Tecnologia de Produtos Agropecuários, do
Departamento de Tecnologia, ambos da FCAV/UNESP.
As análises estatísticas foram realizadas de três formas, usando as médias de cada
matriz: 1) com os caracteres físicos de frutos e sementes obtidas de 39 matrizes; 2) com os
caracteres químicos de sementes obtidas de 40 matrizes e; 3) envolvendo os caracteres físicos
de frutos e sementes e também os caracteres químicos de sementes de 34 matrizes comuns às
duas determinações.
Em todas as três situações apresentadas acima, foi empregado o método de análise
multivariada por Componentes Principais para descartar variáveis com pouca influência na
discriminação das matrizes. Foram considerados de menor importância os caracteres com
maiores coeficientes de ponderação (elemento do autovetor) associados aos autovalores com
coeficientes menores que 0,7. Quando em um componente de menor variância o maior
coeficiente de ponderação estava associado a um caráter já previamente considerado passível
de descarte, optou-se por não fazer nenhum outro tipo de descarte com base nos coeficientes
daquele componente, mas prosseguir a identificação da importância relativa dos caracteres no
outro componente de variância imediatamente superior (CRUZ & CARNEIRO, 2003).
Na determinação do grau de associação os descritores, foram estimados os coeficientes
de correlação de Pearson. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do
aplicativo computacional GENES (CRUZ, 2001).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, é mostrado as variâncias associadas aos componentes principais e
respectivos coeficientes de ponderação para as características físicas do fruto e semente.
Verifica-se que os caracteres massa média de sementes (MMS - CP9 = 0,70), diâmetro do
fruto (DF - CP8 = 0,73), comprimento de semente (CS -CP7 = 0,67), largura da semente (LS -
CP6 = 0,50 e CP4 = -0,65) e espessura de semente (ES - CP5 = 0,74) são passíveis de
descartes, pois apresentam maiores coeficientes de ponderação nos componentes com
autovalores inferiores a 0,7 (Tabela 1).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
238
Tabela 1. Variâncias (autovalores) associadas aos componentes principais (CP) e respectivos
coeficientes de ponderação (autovetores) para os caracteres do fruto: comprimento (CF),
diâmetro (DF), número de semente (NS), massa de sementes (MSFR) e massa do pericarpo
(MP) e da semente: comprimento (CS), largura (LS), espessura (ES) e massa média (MMS),
em 39 matrizes de Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira). Patos-PB, 2002.
Var. Var. Coeficiente de ponderação associado à:
CP (auto Acu
valor) m. CF DF NS MSFR MP CS LS ES MMS
(%)
CP1 5,13 57,1 0,36 0,34 0,05 0,39 0,35 0,32 0,32 0,31 0,40
CP2 1,34 72,1 -0,10 0,40 0,67 -0,01 0,40 -0,36 -0,06 -0,15 -0,23
CP3 1,06 83,9 0,23 -0,35 0,52 0,26 -0,17 0,45 -0,38 -0,31 0,07
CP4 0,52 89,7 0,38 0,17 -0,18 -0,30 0,24 0,14 -0,65 0,35 -0,25
CP5 0,48 95,1 -0,45 -0,13 0,29 0,19 -0,21 -0,09 -0,21 0,74 0,13
CP6 0,25 97,9 0,30 -0,11 0,34 -0,38 -0,27 0,20 0,50 0,30 -0,42
CP7 0,10 99,2 -0,59 0,02 -0,03 -0,20 0,37 0,67 0,07 -0,06 -0,15
CP8 0,06 99,9 -0,10 0,73 -0,01 0,02 -0,61 0,22 -0,11 -0,11 -0,01
CP9 0,01 100,0 0,01 0,02 0,22 -0,67 -0,02 -0,02 -0,03 -0,04 0,70
Portanto, os caracteres largura (CF), número de semente (NS), massa de sementes por
fruto (MSFR) e massa de pericarpo (MP) foram os que mais contribuíram para a divergência e
representam apenas 44% dos caracteres considerados neste trabalho. Em Theobroma
grandiflorum (cupuaçuzeiro), tem sido usado um número excessivo de variáveis para a
caracterização do germoplasma da espécie, em razão do completo desconhecimento sobre a
importância de cada uma em descrever a variação existente entre os acessos (ALVES et al.,
2003). Estes pesquisadores avaliaram 53 descritores botânico-agronômicos, usando técnicas
multivariadas, constatando a possibilidade de descartar 64% dos descritores, tornando a
caracterização e avaliação preliminar dos acessos em menor tempo e custo.
Na Tabela 2, constata-se que os três maiores coeficientes de correlação foram entre
MSFR e MMS (0,93); DF e MP (0,91) e CF e CS (0,78). Verifica-se que cada par envolve um
caráter mais importante para a divergência de acordo com a técnica dos Componentes
Principais e outro passível de descarte, ou seja, estes últimos estão representados pelos
primeiros. CRUZ (1990) enfatiza que muitas variáveis são redundantes por serem
correlacionadas ou dispensáveis, por representarem uma fração desprezível da variação total.
Portanto, os caracteres passíveis de descarte são redundantes porque estão correlacionados
239
com os quatro mais importantes e, ou, representam uma fração desprezível da variação total
para a divergência.
Os caracteres CF, NS, MSFR e MP foram os que mais contribuíram para a divergência
e representam apenas 44% dos caracteres avaliados.
Entre os seis caracteres avaliados quanto aos componentes químicos, observa-se que
fibra em detergente neutro (FDN - CP6 = -0,66) e teor de óleo (O - CP5 = -0,54)
apresentaram os maiores coeficientes de ponderação nos componentes com autovalores
menores que 0,7 (Tabela 3), sendo considerados, a princípio, menos importantes para a
divergência de acordo com o critério já exposto anteriormente. Como estes dois caracteres
apresentaram o maior coeficiente de correlação (Tabela 4), esperava-se que pelo menos um
deles seria selecionado e figurasse entre os caracteres mais importantes.
Uma explicação para isto é que FDN e O, excetuando a magnitude da correlação entre
si, apresentaram correlações maiores com outros caracteres selecionados, sendo descartados
pela redundância, e o caráter matéria seca (MS), por exemplo, de um modo geral, apresentou
correlações baixas com a maioria dos caracteres, sendo por isso selecionado.
240
Tabela 3. Variâncias (autovalores) associadas aos componentes principais (CP) e respectivos
coeficientes de ponderação (autovetores) para os caracteres teor de óleo (O), proteína bruta
(PB), matéria seca (MS), matéria mineral (MM), fibra em detergente neutro (FDN) e
carboidratos totais (CT), em sementes de 40 matrizes de Cnidoscolus phyllacanthus
(faveleira). Patos-PB, 2002.
Variância Variância Coeficiente de ponderação associado à:
CP (autovalo Acumula
r) da O PB MS MM FDN CT
(%)
CP1 1,92 32,0 0,51 0,24 0,01 0,40 -0,55 -0,45
CP2 1,37 55,0 -0,07 0,54 0,63 -0,48 -0,23 0,08
CP3 0,88 69,8 -0,05 -0,58 0,58 0,32 -0,32 0,31
CP4 0,76 82,5 0,58 0,06 -0,26 -0,16 -0,16 0,72
CP5 0,63 93,1 -0,54 0,45 -0,21 0,49 -0,25 0,37
CP6 0,41 100,0 -0,30 -0,29 -0,36 -0,47 -0,66 -0,11
Tabela 4. Coeficientes de correlação entre os caracteres teor de óleo (O), proteína bruta (PB),
matéria seca (MS), matéria mineral (MM), fibra em detergente neutro (FDN) e carboidratos
totais (CT), em sementes de 40 matrizes de Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira). Patos-PB,
2002.
Caráter PB MS MM FDN CT
O 0,12 -0,07 0,24 -0,40* -0,26
PB 0,14 -0,14 -0,26 -0,16
MS -0,20 -0,21 0,04
MM -0,29 -0,26
FDN 0,25
* P < 0,05; pelo teste t.
241
Nota-se que todos esses caracteres, indicados como passíveis de descarte, são relativos a
avaliação biométrica de frutos e sementes, ficando fora desta lista apenas o caráter CF e
MSFR. Assim, estes caracteres juntamente com aqueles relativos à avaliação química (O,
proteína bruta - PB, matéria mineral - MM, FDN e carboidratos totais – CT e MS) foram mais
importantes para a discriminação das matrizes. Estes resultados podem ser explicados pelos
coeficientes de correlação entre os 15 caracteres em estudo, pois, os coeficientes de correlação
envolvendo os caracteres selecionados, exceto para CF e MSFR, foram de baixas magnitudes
(P > 0,05). Já, os caracteres passíveis de descarte obtiveram coeficientes significativos (P <
0,05) com o CF e, ou, MSFR (Tabela 6).
Sabe-se que cada caráter deve contribuir algo para a variabilidade e que nenhum
descritor sozinho pode ser responsável pela descrição de toda a variação. Entretanto, a
redução do número de descritores, com a eliminação daqueles que menos contribuem, deve
facilitar as interpretações, sem causar perda considerável da informação.
Assim, neste trabalho, constatou-se também que caracteres passíveis de descarte são
redundantes porque estão correlacionados com aqueles selecionados e, ou, representam uma
fração desprezível da variação total para a divergência.
242
Tabela 5. Variâncias (autovalores) associadas aos componentes principais (CP) e respectivos
coeficientes de ponderação (autovetores) para os caracteres do fruto: comprimento (CF),
diâmetro (DF), número de semente (NS), massa de sementes (MSFR) e massa do pericarpo
(MP) e da semente: comprimento (CS), largura (LS), espessura (ES), massa média (MMS),
teor de óleo (O), proteína bruta (PB), matéria seca (MS), matéria mineral (MM), fibra em
detergente neutro (FDN) e carboidratos totais (CT), em sementes de 34 matrizes de
Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira). Patos-PB, 2002.
Variâ Variâ Coeficiente de ponderação associado à:
CP ncia ncia CF DF NS MSFR MP CS LS ES MM O PB MS MM FDN CT
(auto Acu S
valor) mula
da
(%)
CP1 5,52 36,8 -0,35 0,35 0,12 0,37 0,35 0,33 0,32 0,28 0,37 0,04 -0,01 -0,06 -0,08 -0,08 0,01
CP2 2,16 51,2 0,08 -0,17 -0,30 -0,03 -0,15 0,21 0,09 0,03 0,09 -0,46 -0,08 -0,01 -0,43 0,47 0,37
CP3 1,45 61,0 0,09 -0,11 0,37 0,10 -0,04 0,13 -0,15 -0,17 -0,02 -0,11 0,31 0,68 -0,32 -0,23 0,08
CP4 1,25 69,3 -0,15 0,05 0,40 0,07 -0,12 -0,19 0,33 0,22 0,08 -0,05 0,58 0,02 -0,25 -0,13 -0,40
CP5 1,03 76,2 0,25 0,25 -0,01 -0,30 0,28 -0,21 -0,01 0,07 -0,34 -0,03 0,35 -0,18 -0,02 -0,17 0,56
CP6 0,82 81,7 -0,05 -0,04 0,46 0,08 -0,03 0,05 -0,04 -0,16 -0,04 0,31 0,39 -0,41 -0,27 0,47 -0,09
CP7 0,73 86,6 -0,36 0,23 0,15 -0,12 0,19 -0,29 0,01 0,40 -0,11 0,20 -0,37 0,25 -0,43 0,16 0,01
CP8 0,70 91,3 0,01 0,29 0,27 -0,06 0,25 -0,18 0,09 -0,25 -0,14 -0,67 -0,07 -0,05 0,03 0,13 -0,39
CP9 0,51 94,7 -0,02 0,05 0,04 0,02 0,01 0,12 -0,47 0,59 0,01 -0,19 0,28 0,14 0,39 0,33 -0,07
CP10 0,30 96,7 -0,06 -0,33 0,39 0,17 -0,27 -0,25 0,03 0,38 0,08 -0,30 -0,07 -0,36 -0,09 -0,38 0,11
CP11 0,18 98,0 0,30 0,08 0,20 -0,38 -0,43 0,35 0,33 0,22 -0,39 0,07 -0,13 0,05 0,04 0,01 -0,18
CP12 0,16 99,1 -0,33 -0,08 0,18 0,13 0,01 -0,11 0,60 -0,02 -0,01 -0,01 0,14 0,24 0,44 0,23 0,33
CP13 0,08 99,7 0,54 0,15 -0,01 0,15 -0,35 -0,62 -0,01 -0,03 0,17 0,11 -0,05 0,16 0,04 0,25 0,01
CP14 0,32 99,9 -0,33 0,67 -0,02 0,22 -0,50 0,13 -0,14 -0,13 -0,01 -0,07 0,02 -0,09 -0,01 -0,12 0,20
CP15 0,01 100,0 - 0,08 0,09 0,21 -0,65 -0,06 0,01 -0,01 -0,06 0,69 -0,01 0,03 0,01 0,05 -0,02 0,06
243
Tabela 6. Coeficientes de correlação entre os caracteres do fruto: comprimento (CF), diâmetro
(DF), número de semente (NS), massa de sementes (MSFR) e massa do pericarpo (MP) e da
semente: comprimento (CS), largura (LS), espessura (ES), massa média (MMS), teor de óleo
(O), proteína bruta (PB), matéria seca (MS), matéria mineral (MM), fibra em detergente
neutro (FDN) e carboidratos totais (CT), em sementes de 34 matrizes de Cnidoscolus
phyllacanthus (faveleira). Jaboticabal-SP, 2002.
Caráter DF NS MSFR MP CS LS ES MMS O PB MS MM FDN CT
CF 0,65* 0,25 0,68** 0,68** 0,76** 0,56** 0,42* 0,66** -0,08 0,04 -0,13 -0,14 -0,19 0,30
DF 0,29 0,58** 0,91** 0,40* 0,64** 0,61** 0,55** 0,17 0,01 -0,19 -0,01 -0,28 -0,09
NS 0,39* 0,38* 0,19 -0,06 -0,02 0,08 0,27 0,01 0,15 0,04 -0,23 -0,08
MSF 0,60** 0,50** 0,93** 0,13 -0,06 -0,03 -0,14 -0,18 -0,09
MP 0,63** 0,77** 0,55** 0,52** 0,56** 0,15 -0,06 -0,16 -0,01 -0,28 0,06
CS 0,49** 0,40* 0,78** -0,07 -0,10 -0,01 -0,25 0,08 0,21
LS 0,46** 0,52** 0,71** -0,02 0,03 -0,25 -0,32 -0,12 -0,06
ES 0,60** 0,09 0,01 -0,14 -0,16 -0,07 0,04
MMS 0,02 -0,09 -0,10 -0,23 -0,08 -0,06
O 0,02 -0,13 0,30 - -0,22
PB 0,10 -0,16 0,35* -0,13
MS -0,20 -0,18 -0,01
MM -0,24 -0,27
FDN -0,30 0,22
4 CONCLUSÃO
Considerando os caracteres biométricos de frutos e sementes os descritores mais
importantes para a caracterização de germoplasma de faveleira são: comprimento do fruto,
número de sementes por fruto, massa de sementes por fruto e massa do pericarpo. De um
modo geral, as correlações entre os caracteres relativos à avaliação química de sementes
foram de baixa magnitude. Os caracteres biométricos comprimento do fruto e massa de
sementes por fruto e; os caracteres relativos à avaliação química foram mais importantes para
a discriminação das matrizes na análise envolvendo todos os caracteres dos frutos e sementes,
representando uma redução de mais de 50% dos descritores avaliados.
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EFEITO DE TRATAMENTO DE SEMENTES E USO DE INSETICIDAS E
FUNGICIDAS SOBRE A OCORRÊNCIA DE PRAGAS, DOENÇAS E
PRODUTIVIDADE NA CULTURA DO AMENDOIM. CULTIVAR IAC 886
(TIPO RUNNER)
RESUMO: Atualmente para a região de Ribeirão Preto, SP, o tripes Enneothrips flavens e a
lagarta-do-pescoço-vermelho Stegasta bosquella constituem nas principais pragas,
incrementando a ocorrência de doenças fúngicas. As doenças fúngicas mais comumente
encontradas no amendoim são: cercosporiose Cercospora arachidicola; ferrugem Puccinia
arachidicola e verrugose Sphaceloma arachidis. Para observar seu controle foi desenvolvido
este trabalho, no município de Ribeirão Preto,SP, utilizando-se o cultivar ‘IAC 886’ (Tipo
Runner), plantado em 07/11/2006, e germinado em 12/11/2006. O experimento foi em faixas
de cultura (12 linhas de 60 m), utilizando-se os seguintes tratamentos: 1 – CropStar®
(imidacloprido + tiodicarbe) a 0,4 L/100 kg + complementação com fungicidas e inseticidas;
2 – CropStar a 0,5 L/100 kg + complementação com fungicidas e inseticidas; 3- Sem
tratamento de sementes + complementação com fungicidas e inseticidas; 4 - CropStar a 0,4
L/100 kg sem complementação com fungicidas e inseticidas; 5 – CropStar a 0,5 L/100 kg sem
complementação com fungicidas e 6 – Testemunha total. Para efeito de avaliações de pragas e
doenças foram coletadas semanalmente 15 folhas por parcela, com contagem direta para tripes
e lagarta-do-pescoço-vermelho e atribuição de notas de danos (Escala de notas de 1 a 9) para
Cercosporiose; ferrugem e verrugose. Para avaliação da produtividade final foi colhida uma
amostragem de 4 ruas de 10 m de comprimento e pesando-se o amendoim em casca. O
tratamento de sementes com CropStar independentemente da dosagem propiciou bom
controle inicial de pragas, resultando em menor infestação de doenças, especialmente
verrugose. O programa de aplicações foliares foi eficaz, com ótimos resultados para trips E.
Flavens e lagarta-do-pescoço-vermelho S. Bosquella, bem como para ferrugem P.
Arachidicola e verrugose S. Arachidis e bom controle para cercosporiose C. Arachidicola.
246
1 INTRODUÇÃO
A cultura do amendoim Arachis hypogaea L. é mais cultivada no Estado de São Paulo,
em relação aos demais estados do país, sendo importantíssima para fornecimento de matéria
prima à industrialização de óleos vegetais e doces. A macro-região de Ribeirão Preto, SP,
destaca-se como a maior produtora do Estado de São Paulo, com cerca de 21.258 ha plantados
(INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, 2004), geralmente, em consorciação ao plantio
de cana-de-açúcar. O custo de produção da cultura, gira em torno de 10% do rendimento
bruto, mas em anos de grande incidência de pragas, o lavrador precisa estar atento, pois a falta
de controle no momento certo pode tirar toda margem de lucro gerada por esta leguminosa.
Em anos favoráveis para pragas e doenças o controle químico sobrecarrega o custo de
produção (LASCA, 1986).
Diversas são as pragas que podem atacar as lavouras de amendoim. Atualmente para a
região de Ribeirão Preto, SP, os tripes Enneothrips flavens (Moulton, 1941) (Thysanoptera:
Thripidae); a lagarta-do-pescoço-vermelho Stegasta bosquella (Chambres, 1875)
(Lepidoptera: Gelechiidae) e a lagarta Anticarsia gemmatalis constituem os principais
problemas, acelerando a queda de folhas e incrementando a ocorrência de doenças fúngicas
(GALLO et al., 1988). ROSSETTO et al. (1968) encontraram a espécie E. flavens nos
ponteiros de amendoinzeiro, causando estrias prateadas e deformações nos folíolos, com
grandes prejuízos para a cultura. ALMEIDA et al. (1965) mostraram os danos produzidos por
Frankliniella fusca em plantio de amendoim das águas. BATISTA (1967) estudando o tripes
E. flavens obteve que o período critico vai até 70 dias, após a germinação do amendoim,
praticamente não causando prejuízos após este período, apresentando baixa incidência.
ALMEIDA et al. (1965) estimaram que para o tripes F. fusca, uma infestação média de 2
tripes/folíolo até aos 70 dias da emergência, provocou um prejuízo de 15% na produção final.
NAKANO et al. (1981) estimaram os prejuízos do tripes E. flavens, em 1% para cada
tripes/folíolo, em média, até aos 70 dias da germinação da cultura, ou seja, se durante o
período crítico houver uma infestação média de 10 tripes/ folíolo, haverá uma perda de 10%
na produtividade. Existe divergências quanto aos efeitos sobre a produção, enquanto LARA et
al. (1975) obtiveram uma redução próxima a 50% em áreas sem controle, bem como
SCARPELLINI & NAKAMURA (2002) utilizando thiamethoxam 700 WS a partir de 52,5 g
i.a./ 100 kg em tratamento de sementes observaram eficiência de controle satisfatória até 31
dias após a emergência e acréscimos significativos na produtividade da ordem de 23, 1 a
46,3%,em áreas tratadas, em relação às sem tratamento de sementes. As doenças fúngicas
247
mais comumente encontradas no amendoim são: cercosporiose, verrugose, mancha barrenta e
ferrugem (ALMEIDA, 2001), sendo o seu controle, na maioria das vezes determinados por
aplicações por calendário, o que procurou-se realizar dentro da necessidade no presente
trabalho.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no campo experimental do Pólo Regional de
Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Leste –APTA (Agencia Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios), no município de Ribeirão Preto (Latitude 21º. 10’ 42’’,
longitude 47º. 48’24’’, altitude de 544 m). O cultivar utilizado foi amendoim ‘IAC Runner
886’, plantado em 07/11/2006, em espaçamento de 0,9 m entre plantas, densidade de 18
sementes/metro linear, adubação de plantio de 200 kg/ha de 8-28-16, com semeadora
mecânica Exacta, utilizando-se previamente Trifluralina a 2,4 L/ha + Alachlor a 6,5 L/ha (no
preparo do solo) germinado em 12/11/2006.
O experimento foi em faixas de cultura (12 linhas de 60 m), utilizando-se os seguintes
tratamentos: 1 – CropStar® (imidacloprido + Tiodicarbe) a 0,4 L/100 kg + complementação
com fungicidas e inseticidas; 2 – CropStar a 0,5 L/100 kg + complementação com fungicidas
e inseticidas; 3- Sem tratamento de sementes + complementação com fungicidas e inseticidas;
4 - CropStar a 0,4 L/100 kg sem complementação com fungicidas e inseticidas; 5 – CropStar
a 0,5 L/100 kg sem complementação com fungicidas e 6 – Testemunha total. As
pulverizações complementares realizadas nos tratamentos em que houveram complementação
com fungicidas e inseticidas foram: Conect® (Imidacloprid + Betaciflutrina) a 0,8 L/ha em
8/12/06; Nativo® (Tebuconazol + Trifloxistrobina) a 0,75 L/ha + Larvin 800 WG®
(tiodicarbe) 150 g p.c./ha + Lanzar® (adjuvante) a 0,2 L/ha em 15/12/06; Daconil 500®
(Clorotalonil) a 2 L/ha + Folicur EC® (Tebuconazol) a 0,5 L/ha + Tamaron BR®
(metamidofos) a 1,0 L./ha em 08/01/07; Nativo 0,75 L/ha + Tamaron a 1,0 L/ha + Lanzar a
0,2 L/ha em 12/01/07; Daconil 2 L/ha + Folicur 0,5 L/ha + Conect a 0,8 l/ha em 27/01/07;
Nativo 0,75 L/ha + Tamaron a 1,0 L/ha + Lanzar a 0,2 L/ha em 8/2/07.
Para efeito de avaliações de pragas e doenças foram coletadas semanalmente 15 folhas
por parcela para avaliação de tripes Enneothrips flavens (contagem direta de ninfas com
auxilio de uma lupa de dez aumentos), 15 ponteiros para contagem de lagartas-do-pescoço-
vermelho Stegasta bosquella (contagem direta de lagartas com auxilio de uma lupa de dez
aumentos) e 15 plantas escolhidas para atribuição de notas de danos (conforme Escala de
248
notas de 1 a 9, onde 1 = 0 %; 2 = 1-5 %; 3= 6-10%; 4= 11-20%; 5=21 a 30 %; 6 = 31 a 40 %;
7=41 a 60 %; 8= 61 a 80 % e 9 = 81 a 100 %) de Cercosporiose Cercospora arachidicola;
ferrugem Puccinia arachidicola e verrugose Sphaceloma arachidis.
Para avaliação da produtividade final foram colhidos uma amostragem de 4 ruas de 10
m de comprimento, contando-se o numero de plantas e pesando-se o amendoim em casca,
extrapolando-se para o peso de amendoim em casca por hectare. Foram feitos gráficos de
flutuação de pragas (tripes e lagarta-do-pescoço-vermelho) e de doenças (Cercosporiose,
ferrugem e verrugose), bem como da produtividade dos tratamentos.
3 RESULTADOS E DISCUSSãO
Os resultados obtidos da flutuação de pragas (tripes E. flavens e lagarta-do-pescoço-
vermelho S. bosquella) e de doenças (Cercosporiose C. arachidicola, ferrugem P.
arachidicola e verrugose S. arachidis), bem como da produtividade dos tratamentos, estão
expressos nos gráficos de 1 a 6, apresentados a seguir.
Verificou-se que nos tratamentos onde houveram tratamento de sementes com CropStar
a 0,4 L/100 kg ou CropStar a 0,5 L/100 kg os tripes E. flavens e lagarta-do-pescoço-vermelho
S. bosquella iniciaram seu ataque aos 28 dias após a germinação, enquanto nos tratamentos
sem tratamento de sementes, já com 15 dias observou-se altos índices de tripes (Figura 1).
Resultados semelhantes foram obtidos para lagarta-do-pescoço-vermelho (Figura 2), que
apresentaram menor infestação no inicio do cultivo, em detrimento de altas populações no
período chuvoso (meio do ciclo). As aplicações foliares iniciais reduziram a população de
tripes, que sempre se apresentou com menor infestação nos tratamentos onde foi realizado
tratamento de sementes.
249
900 Connect
500
400
300
200
100
0
20 28 35 43
DAG DAG 50 57
DAG DAG 65 80
DAG DAG 95
DAG DAG DAG
1 - CropStar 0,4 l/100 kg + Pulv 2 - CropStar 0,5 l/100 kg + Pulv
3 - Testemunha Aplicada 4 - CropStar 0,4 l/100 kg Sem Pulv
5 - CropStar 0,5 l/100 kg Sem Pulv 6 - Testemunha Total Sem Pulv
10
Numero de lagarta-do-pescoço vermelho/60 folhas
1 Connect
0 Nativo + Lanzar +
20 Larvin
28 35
DAG DAG 43
DAG 50 Clorotalonil + Folicur
DAG 57
DAG 65 + Tamaron
DAG 80
DAG 95
DAG
DAG
250
6
Connect
4
Notas cercosoporiose/15 folhas
0
45 DAG 57 DAG 65 DAG 80 DAG
-1
1 - CropStar 0,4 l/100 kg + Pulv 2 - CropStar 0,5 l/100 kg + Pulv
3 - Testemunha Aplicada 4 - CropStar 0,4 l/100 kg Sem Pulv
5 - CropStar 0,5 l/100 kg Sem Pulv 6 - Testemunha Total
Connect
5
Nativo + lanzar + larvin
4
Clorotalonil + Folicur + Tamaron
Notas ferrugem/15 folhas
0
45 DAG 57 DAG 65 DAG 80 DAG
-1
1 - CropStar 0,4 l/100 kg + Pulv 2 - CropStar 0,5 l/100 kg = Pulv
3 - Testemunha Aplicada 4 - CropStar 0,4 l/100 kg Sem Pulv
5 - CropStar 0,5 l/100 kg Sem Pulv 6 - Testemunha Total
251
6
Connect
5
Nativo + lanzar + larvin
0
45 DAG 57 DAG 65 DAG 80 DAG
-1
1 - CropStar 0,4 l/100 kg + Pulv 2 - CropStar 0,5 l/100 kg + Pulv
3 - Testemunha Aplicada 4 - CropStar 0,4 l/100 kg Sem Pulv
5 - CropStar 0,5 l/100 kg Sem Pulv 6 - Testemunha Total
6000
5000
amendoim em casca (kg/ha)
4000
3000
2000
1000
0
1 - CropStar 0,4 2 - CropStar 0,5 3 - Testemunha 4 - CropStar 0,4 5 - CropStar 0,5 6 - Testemunha
l/100 kg + Pulv l/100 kg + Pulv Aplicada l/100 kg Sem Pulv l/100 kg Sem Pulv Total Sem Pulv
252
Figura 6: Produtividade média no experimento (Kg de amendoim em casca/ha). Ribeirão
Preto, SP, 07/11/2006 a 17/04/2007
Quanto ao controle de doenças as parcelas pulverizadas conseguiram manter a
cercosporiose, a ferrugem e a verrugose em níveis aceitáveis, embora com grande pressão de
incremento nos danos, devido à alta pluviosidade e temperaturas elevadas, o que obrigou a
redução dos intervalos de aplicação de fungicidas e inseticidas previstos serem quinzenais.
O tratamento de sementes com CropStar, independente da dosagem utilizada, assegurou
um menor potencial de inoculo das doenças, mas quando não complementado com aplicações
foliares tornou-se muito infestada de pragas e doenças resultando em índices muito elevados.
Os programas de aplicações realizados resultaram em ótimo resultado para ferrugem P.
arachidicola e para verrugose S. arachidis (Figuras 4 e 5) e bom resultado para cercosporiose
(Figura 3).
O tratamento completo, com sementes tratadas com fungicida e inseticida, bem como
complementação com inseticidas e inseticidas, permitiu um acréscimo na produtividade ao
redor de 20 % (Figura 6), enquanto que a diferença entre as produtividades dos tratamentos
com CropStar a 0,4 e 0,5 L p.c./100 kg sementes + complementação foi insignificante.
Já com relação aos tratamentos que tiveram ou não tratamento de sementes, mas sem
complementação de aplicações foliares (inseticidas e fungicidas) a produtividade foi
insignificante, não compensando a colheita do amendoim pelo produtor, neste caso.
4 CONCLUSÕES
O tratamento de sementes com CropStar (imidacloprido + Tiodicarbe) independente
da dosagem propiciou bom controle inicial de pragas, resultando em menor infestação de
doenças, especialmente verrugose. As complementações com aplicações de inseticidas e
fungicidas são necessárias, sem as quais não foram possíveis a produções de amendoim. O
programa de aplicações foliares foi eficaz, com ótimos resultados para trips E. flavens e
lagarta-do-pescoço-vermelho S. bosquella, bem como para ferrugem P. arachidicola e
verrugose S. arachidis. Obteve-se bom resultado para cercosporiose C. arachidicola.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A.M. Principais doenças fúngicas do amendoim e controle. Anais da IV Reunião
itinerante de fitossanidade do Instituto Biológico/V Encontro sobre pragas e doenças do
cafeeiro. SCARPELLINI et. al Ed., Ribeirão Preto, SP. p. 43-48, 2001.
253
BATISTA, G.C. Controle dos tripes do amendoim, séria praga da cultura no Estado de São
Paulo. Rev. Agric., Piracicaba, v.42, n.2, p.59-64, 1967.
CALCAGNOLO, G.; RENSI, A.A.; GALLO, J.R. Efeitos da infestação o tripes nos folíolos
do amendoinzeiro Enneothrips flavens (Moulton, 1941), no desenvolvimento das plantas, na
qualidade e quantidade da produção de uma cultura "das águas". Biológico, São Paulo, v.40,
n.8, p.241-242, 1974.
LARA, f; SÁ, L.A.N.; SOBUE, S.; FERREIRA, M.T. Controle do tripes do amendoim
Enneothrips flavens Moulton, 1941, em "cultura da seca". Biológico, São Paulo, v.41, n.9,
p.251-255, 1975.
NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R.A. Entomologia Econômica. Ed.
Livroceres, São Paulo, 314p., 1981.
254
UTILIZAÇÃO DE BIODIESEL COMO FONTE DE ENERGIA EM PRAÇAS
DE PEDÁGIO: UMA ANÁLISE ECONÔMICA E AMBIENTAL
RESUMO: A busca por fontes alternativas e renováveis de energia tornou-se uma constante
no mundo contemporâneo devido à escassez e aos impactos ambientais causados por fontes
não renováveis. Dentre as fontes renováveis, destaca-se o biodiesel, o qual pode ser obtido
através de diversas matérias-primas e que ocupa posição de destaque nas discussões
energéticas e ambientais atuais. Neste sentido, o presente trabalho visa demonstrar a
viabilidade econômica e as vantagens ambientais da substituição do diesel pelo biodiesel,
obtido através do óleo de fritura usado, em geradores de energia elétrica. Para tanto, realizou-
se um estudo de caso em três praças de pedágio do estado do Rio Grande do Sul que possuem
geradores diesel. Os parâmetros técnicos para o estudo dos geradores diesel foram obtidos em
experimentos de bancada realizados pelo grupo de pesquisa para nortear o estudo. Os
resultados do trabalho foram alcançados ao se verificar que o biodiesel pode ser empregado
como substituto do diesel nos geradores das praças de pedágio estudadas, seja pelas vantagens
econômicas, como ambientais. Deste modo, a realização do presente estudo de caso
proporcionou um maior entendimento acerca da temática proposta, além de mostrar a
importância das fontes de energia renováveis frente aos acontecimentos ambientais, políticos
e econômicos.
255
1 INTRODUÇÃO
256
candidato natural a um programa global e que também vem ganhando espaço nas discussões
energéticas do Brasil. A Agência Nacional do Petróleo do Brasil definiu, através da portaria
225 de setembro de 2003, o biodiesel como o conjunto de ésteres de ácidos graxos oriundos
de biomassa, que atendam a especificações determinadas para evitar danos aos motores.
O biodiesel é uma evolução na tentativa de substituição do óleo diesel por biomassa,
iniciada pelo aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. É obtido através da reação de
óleos vegetais, novos ou usados, gorduras animais, com um intermediário ativo, formado pela
reação de um álcool com um catalisador, processo conhecido como transesterificação (Figura
1).
CATALISADOR GLICERINA
257
feita em meio alcalino, uma vez que este apresenta melhor rendimento e menor tempo de
reação que o meio ácido, além de apresentar menores problemas relacionados à corrosão dos
equipamentos. Por outro lado, os triglicerídeos precisam ter acidez máxima de 3%, o que
eleva seus custos e pode inviabilizar o processo em países onde o óleo diesel mineral conta
com subsídios cruzados, como no Brasil.
Segundo Laforgia et al (1994) a reação de transestirificação proporciona uma melhora
significativa das seguintes propriedades físico-químicas: redução da viscosidade, um pequeno
acréscimo no número de cetano e poder calorífico próximo ao do óleo diesel convencional,
com isso consegue-se uma boa qualidade da combustão nos motores diesel.
Sob o aspecto ambiental, o uso de biodiesel reduz significativamente as emissões de
poluentes, quando comparado ao óleo diesel, podendo atingir 98% de redução de enxofre,
30% de aromáticos e 50% de material particulado e, no mínimo, 78% de gases do efeito
estufa (ROSA et al, 2003).
A reciclagem de resíduos de frituras vem ganhando espaço investigativo no Brasil, com
proposição de metodologias de reciclo apropriados, destacando-se, entre outros, a produção
de ésteres de ácidos graxos, os biocombustíveis. Além disso, os ésteres de ácidos graxos não
contribuem com a formação do “smog” fotoquímico, fenômeno que é caracterizado pela
formação de substâncias tóxicas e irritantes como o de peroxiacetileno, a partir de nitrogênio e
hidrocarbonetos, na presença de energia solar. Este aspecto positivo dos ésteres de ácidos
pode ser explicado pelo fato de que estes compostos não apresentam nitrogênio em suas
estruturas. Convém ressaltar que os ésteres de ácidos graxos também não apresentam enxofre,
e desta forma, também não contribuem com fenômenos com o de acidificação das
precipitações.
O descarte de óleos de fritura usados nas pias e vasos sanitários, ou diretamente na rede
de esgotos, além de provocar graves problemas ambientais, pode provocar o mau
funcionamento das estações de tratamento de águas residuais e representa um desperdício de
uma fonte de energia. Os óleos de frituras usados, se lançados na rede hídrica e nos solos,
provocam a poluição dos mesmos. Se o produto for para a rede de esgoto encarece o
tratamento dos resíduos, e o que permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e
terrenos adjacentes que contribuem para a enchente. Também provoca a obstrução dos filtros
de gorduras das estações de tratamento, sendo um obstáculo ao seu funcionamento ótimo
(FELIZARDO, 2003).
O resíduo óleo de fritura usado pode ser processado de várias formas interessantes, para
produção de artigos de uso comum como o sabão, lubrificante ou biocombustível. Levando
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
258
em conta que a utilização para produção de biocombustíveis traz vantagens do ponto de vista
ambiental, e apresenta a melhor relação preço versus eficácia, em termos de recolhimento e
recuperação.
Quercus (2002), relata que a produção de biodiesel a partir de óleos alimentares usados
permite reutilizar e reduzir em 88% o volume destes resíduos, sendo 2% matéria sólida, 10%
glicerina e 88% éster com valor energético. Ou seja, recupera-se um resíduo que de outra
forma provoca danos ao ser despejado nos esgotos. Segundo Peterson e Reece (1994), testes
nas emissões mostraram uma diminuição de 54% em HC, 46% de CO2 e 14,7 de Nox, na
utilização do biodiesel obtido através de óleos de fritura usados, em comparação ao diesel
convencional.
De acordo com Mittlebach e Tritthart (1988), o biodiesel resultante da transesterificação
de óleos de fritura apresentou características bastante semelhantes aos ésteres de óleos antes
da utilização para fritura. Apesar de ser um combustível oriundo de um óleo parcialmente
oxidado, suas características foram bastante próximas as do óleo diesel convencional,
apresentando, inclusive boa homogeneidade obtida quando da análise da curva de destilação.
2 MATERIAL E MÉTODOS
259
delas com um gerador de energia elétrica capaz de suprir toda sua demanda. Atualmente os
motores dos geradores são alimentados por óleo diesel e são ligados apenas quinze minutos
por dia para fins de teste, isto é, no restante do tempo, as praças utilizam a energia elétrica da
concessionária. As praças possuem um consumo mensal de energia elétrica conforme as
médias anuais da Figura 2. Este consumo representa um custo variável mensal conforme as
médias anuais também apresentadas na Figura 2.
A marca e o modelo dos motores dos geradores de cada praça de pedágio, assim como
a capacidade máxima horária de geração de energia elétrica e o consumo de óleo diesel médio
horário, para atender a demanda das respectivas praças de pedágio estão representados na
Figura 3.
Testes com motores de mesmos modelos e marcas dos utilizados nas praças foram
realizados em bancada dinamométrica, utilizando somente o biodiesel B100, ou seja, o
biodiesel obtido através do óleo de fritura usado de uma rede fast food, sem misturas com o
diesel convencional, de forma a se obter uma maior vantagem econômica à empresa.
A reação de transesterificação foi realizada em um reator de 5L, provido de camisa de
circulação de água aquecida e agitação mecânica. As matéria-prima (óleo usado em fritura),
etanol anidro e catalisador alcalino (NaOH) nas proporções 100:50:0,5 foram utilizadas para a
obtenção de biodiesel, sendo que o ponto de fulgor e índice de acidez apresentaram valores
260
dentro dos padrões estabelecidos pela ANP tanto para o B100 como para o óleo diesel de
petróleo.
Como a análise baseia-se basicamente na questão econômica e ambiental, os testes nos
motores limitaram-se ao consumo de diesel e biodiesel e emissões dos mesmos. Os testes
foram realizados durante 40 horas com um grupo gerador de 81 kVA/hora e com outro 180
kVA/hora de potência nominal respectivamente para operação contínua. Os geradores eram
equipados com motores MWM D2296 e MWM S10T.
As emissões gasosas foram avaliadas a partir de um analisador contínuo de gases marca
Tempest, modelo 100. As concentrações medidas foram: CO2, HC, NOX. Para análise dos
resultados foi utilizado um estudo elaborado pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro – COPPE/UFRJ o qual indica US$0,25 como
custo médio de produção por litro de biodiesel, a partir do óleo de fritura, o baixo custo deve-
se que ao fato que o óleo de fritura geralmente é obtido gratuitamente em restaurantes,
lanchonetes e outros estabelecimentos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos rendimentos obtidos dos motores em bancada, pode-se observar que o
consumo de biodiesel aumentaria em relação ao diesel convencional nas praças de pedágio
(Figura 4). De acordo com os dados coletados e analisados, pode-se observar que o
desempenho do motor operando com os dois combustíveis são próximos. O biodiesel testado
mostrou uma breve desvantagem com relação ao consumo específico diante do diesel. Este
fato pode ser explicado, devido ao poder calorífico do biodiesel ser inferior ao do diesel fóssil.
Figura 4 – Diferença de consumo dos geradores de energia elétrica quando abastecidos com
diesel e biodiesel
261
convencional não é economicamente viável devido ao fato de que a empresa não possui
tarifação diferenciada nos horários de ponta, sendo a tarifa energética constante, como um
consumidor doméstico convencional. A geração através de geradores diesel torna-se atraente
para consumidores que optem pela tarifação horo-sazonal, por estabelecer um custo de
energia bastante alto no horário de ponta e bastante baixo no horário fora de ponta, bem como
um único valor de demanda contratada, pode proporcionar uma maior redução de custos,
desde que a empresa não opere no horário de ponta, tendo sua energia obtida através de
geradores diesel.
No entanto, devido ao baixo ou inexistente valor da matéria-prima do biodiesel em
questão, a geração com o mesmo se apresentou viável à empresa, configurando-se mais
atraente que o consumo energético advindo das concessionárias, já considerando os
rendimentos respectivos (Figura 5).
Sendo assim, obtem-se um custo extra de R$ 73,5 para a praça 1, R$ 80,22 praça 2 e
R$81,48 para a praça 3, podendo variar entre a geração de diesel e biodiesel devido as suas
diferentes propriedades.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
262
A partir dos resultados das medições foram obtidas reduções na utilização do biodiesel
obtido através do óleo de fritura usado, em comparação ao diesel convencional (Figura 6).
Praça de
CO2 HC NOX
pedágio
Praça 1 -43% -37% -13,4%
Praça 2 -43% -37% -13,4%
Praça 3 -40,7% -39% -12,1%
Figura 6 – Diminuição das emissões nos motores testados com o biodiesel B100 em
comparação ao diesel
Além na redução das emissões dos poluentes CO2, HC e Nox, contribuindo com a
mitigação do efeito estufa, o emprego do biodiesel como combustível, em substituição total
ou parcial ao diesel, também está associado a outros relevantes benefícios, como a redução
das emissões de enxofre e compostos aromáticos tóxicos (como o benzeno), já que o biodiesel
não contém estes contaminantes e a combustão mais completa, decorrente do maior
porcentual de oxigênio presente nas moléculas que compõem o biodiesel.
Verificou-se um leve odor de óleo de frituras expelido pelo escapamento, sendo que
uma notável diferença pôde ser verificada da relação da emissão de fumaça, cuja redução
média foi 36% no motor equivalente da praça 1 e 40,5% no motor equivalente da praça 2,
medido em escala Bosch.
Esse tipo de geração de energia através de geradores também faz com que as empresas
contribuam com o meio ambiente, sendo que se o consumo de energia fornecido pelas
concessionárias aumentar a ponto do sistema não conseguir acompanhar tal demanda, novas
usinas para a geração de energia inclusive hidrelétricas, terão de ser construídas, causando
malefícios ambientais. Os impactos advindos da utilização do diesel fóssil podem ser
mitigados pela utilização de combustíveis limpos, como é o caso do biodiesel obtido a partir
do óleo de fritura usado.
Leite (2005), afirma que a implantação de hidrelétricas pode gerar impactos ambientais
na hidrologia, clima, erosão e assoreamento, sismologia, flora, fauna e alteração da paisagem.
Soma-se a isso a inundação de cidades, ocasionando o deslocamento de populações, o
eventual mau uso da água, que é um bem de múltipla utilização, e a possibilidade de emissão
de gás metano, pela decomposição orgânica gerada pelos alagamentos.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
263
Atualmente, as áreas de preocupação ambiental incluem a poluição da água, do ar,
visual e sonora, assim como a poluição por resíduo sólido e perigoso. É preciso, a qualquer
custo, otimizar o uso da energia, da água e da matéria-prima como forma de manutenção da
biodiversidade do planeta, com a manutenção da qualidade dos mananciais, do solo e do ar,
mediante conservação e uso parcimonioso das fontes de energia não renováveis.
A sociedade está assimilando cada vez mais a idéia de que a variável ambiental é
importante e que ela diz respeito a todos. Cornely (2002), cita que é importante salientar que o
homem é Natureza, é a parte da Natureza que tem consciência de si mesma. Será essa
consciência do homem que pode vir a salvá-lo da destruição, pois se trata de sua
sobrevivência, bem como do próprio Planeta.
Ferraz et al (1995), demonstram que, dada a capacitação produtiva e tecnológica
existente no país, a questão ambiental oferece a oportunidade das empresas tornarem-se
ambientalmente responsáveis perante a sociedade.
4 CONCLUSÃO
264
incluem muitas vezes a rede de esgoto, rios e riachos e que acabam causando prejuízos tanto
econômicos quanto ambientais.
Considera-se que 2/3 do preço final da produção do biodiesel seja devido ao custo da
matéria prima, desta forma o biodiesel fabricado a partir de óleos de fritura usados, pode vir a
ser um combustível de baixo custo e com inúmeros ganhos ambientais. No entanto, é
fundamental continuar a investigação nesse campo de tecnologia para que métodos eficazes
de produção de combustível limpo sejam cada vez mais difundidos.
O enorme volume de resíduos produzido nos centros urbanos é insustentável, e urge
reduzir e encontrar soluções criativas para tal volume de resíduos. Agravando este fato, no
Brasil boa parte do que é gerado não é coletado e do que é coletado a maior parte é disposta
de forma inadequada.
Finalmente, é importante ressaltar que um programa de substituição parcial de óleo
diesel por biodiesel de óleo de fritura dependeria da criação de um eficiente sistema de coleta
de óleos usados, o que ainda encontra-se distante de nossa realidade.
O meio ambiente pode andar de mãos dadas com a economia, para isso basta que
passemos a conhecer e entender os impactos ambientais, evoluindo gradativamente a
qualidade dos produtos e criando assim novas oportunidades para as empresas, a estratégia de
respeito ao meio ambiente pode também significar vantagem concorrencial.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Resolução nº 245. Brasil,
1999. Versa sobre a Conta de Consumo de Combustíveis.
CORRÊA, J.M.; FARRET, F.A. & CANHA, L.N. An Analysis of the Dynamic
Performance of Proton Exchange Membrane Fuel Cells Using an Electrochemical
Model. IEEE IECON’01, p.141–146, 2001.
CORNELY, S.A. Introdução à ecologia social. Veritas, Porto Alegre, v. 37, n. 148, p. 663-
671, dez. 1992.
265
FERRAZ, J.C.; KUPFER, D. & HAGUENAUER, L. Made in Brazil: desafios competitivos
para a indústria. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
FREEDMAN, B.; BUTTERFIED, R. O.; PRYDE, E. H. J. Am. Oil Chem. Soc. 63, 1375.
[s.l], 1986.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MITTELBACH, M.; TRITTHART, P. J. Am. Oil Chem. Soc., 65, 1185, [s,l], 1988.
PETERSON, C.L. & REECE, D.L. Emissions tests with an on-road vehicle fueled with
methyl and ethyl esters of rapeseed oil. ASAE paper no.946532. ASAE, St. Joseph, MI.
1994.
ROSA, L.P. et al. Geração de Energia a partir de Resíduos Sólidos Urbanos e Óleos
Vegetais. In: TOLMASQUIM, M.T (Coord) Fontes Alternativas de Energia no Brasil -
CENERGIA. 1a Ed. Editora Interciência. 515 p.
SALAMON, D. V. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
266
INTRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MAMONEIRA NA
BACIA DO RIO JEQUITINHONHA
267
1 INTRODUÇÃO
O preço pago pela mamona, proporcionando boa margem de lucro ao agricultor, aliado
à garantia de comercialização pelas unidades fabris implantadas em Montes Claros,
Itacarambi e São Francisco, estimulou uma grande expansão do programa de cultura da
mamoneira, que de inexistente no ano agrícola 1997/98, atingiu uma área plantada, superior a
20.000 ha, na safra 1999/2000, com uma produção prevista de 25.000 t e a geração de um
milhão de serviços em oito meses.
A explosão da área plantada foi acompanhada de dificuldades inerentes à retomada da
atividade tais como: inexistência de um programa de geração e/ou adaptação de tecnologia;
ausência de um programa de produção de sementes no Estado e desorganização dos diferentes
elos da cadeia produtiva da mamona e outras dificuldades menores.
Na safra 1999/2000, os produtores plantaram sementes das cultivares IAC 80 (frutos
deiscentes) e IAC 226 (frutos indeiscentes), avaliadas, preliminarmente, em campos de
demonstração sem nenhum rigor científico. Porém, em instituições de pesquisa agropecuária,
do país e do exterior, encontram-se disponíveis outras linhagens e cultivares de mamona,
fazendo-se necessário, a realização de ensaios comparativos entre estes materiais e as
cultivares usadas na região Semi-Árida de Minas Gerais. Assim, pretende-se introduzir de
oito a dez cultivares e avaliá-las quanto à sua adaptabilidade às condições locais e às
exigências da indústria de óleo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi implantado em 10/12/2005, na EPAMIG - Fazenda Experimental de
Acauã, no município de Leme do Prado, semi-árido mineiro. Usou-se o delineamento
experimental de blocos ao acaso, com 15 tratamentos em quatro repetições. No ano agrícola
2005/06, avaliaram-se as variedades IAC 80, Nordestina, IAC 226, Mirante, Al Guarany
2002, Branca e Lavras 1, e os híbridos Savana, Savana especial, Íris, Cerradão , Lyra, PL 01,
PL 02 e Pl 03.
A parcela experimental era composta por uma área de 12,0 mm de largura e 6,0 m de
comprimento, totalizando 72,0 m2. As variedades de porte alto foram plantadas no
espaçamento de 3,0 m entre fileiras e 1,0 m entre plantas, enquanto, os híbridos e a variedade
Al Guarany 2002, no espaçamento de 1,0 m entre fileiras e 0,5 m entre plantas.
Consideraram-se área útil, os 24,0 m2 centrais da parcela. Analisaram-se as seguintes
características: florescimento primário, peso de 100 sementes e produtividade. Os dados
obtidos foram submetidos à análise de variância e ao teste de média.
268
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelos resultados apresentados no Quadro 1 não houve diferença significativa entre o
híbridos PL 01,PL 02, Lyra, Savana especial, PL 03, Íris, Savana e as variedades Nordestina e
Al Guarany (Quadro 1). Dos materiais testados, oito apresentaram produtividade superior a
1.500 kg /ha-1, e dentre eles, seis foram os híbridos que floresceram mais cedo, mostrando-se
mais precoces. A precipitação pluviométrica (Tabela 1) ocorrida durante o período de
condução do ensaio, em quantidade e distribuição, foi bastante desfavorável para a
consecução de boas produtividades.
269
TABELA 1 – Precipitação pluviométrica mensal na EPAMIG – FEAC, município de Leme
do Prado, MG, safra 2005/2006
Local Precipitação pluviométrica mensal (mm) 2005/06 Total
Dez Jan. Fev. Mar. Abr.
Acauã 196,00 9,50 66,60 0,00 63,00 335,10
4 CONCLUSÃO
Variedade Nordestina, como verificado em outros testes, foi a mais produtiva em
condições de déficit hídrico ao lado dos híbridos e da variedade Al Guarany 2002, que talvez,
por serem mais precoces, aproveitou melhor a pouca chuva que ocorreu durante a condução
do ensaio.
5 AGRADECIMENTOS
Projeto financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, E.C.; LIMA, E.F.; ANDRADE, F.P. Melhoramento genético. In: AZEVEDO,
D.M.P. de.; LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa
Informação Tecnológica/Campina Grande: Embrapa Algodão, 2001. cap.8, p.77-88.
270
CONGRESSO DA MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Resumos expandidos... I
Congresso da mamona: energia e sustentabilidade. Campina Grande: Embrapa Algodão,
2004. 4p. CD-ROM.
271
ARRANJO DE FILEIRAS DE MAMONEIRA CONSORCIADA COM
ALGODÃO, FEIJÃO-CAUPI, SORGO, GERGELIM, AMENDOIM E MILHO
272
1 INTRODUÇÃO
A região Semi-Árida de Minas Gerais, cerca de 90% das culturas de mamoneira vêm
sendo conduzidas por pequenos produtores rurais, os quais, por possuírem pouca terra e/ou
disporem de pouca mão-de-obra familiar, plantam essa oleaginosa em associação com outra
cultura. Alguns insucessos da safra 1999/2000 podem ser atribuídos ao arranjo (sistema de
consórcio) utilizado pelos agricultores, resultando em redução na produtividade da mamona,
dificuldade de colheita, etc. Faz-se necessária a determinação dos melhores arranjos de
fileiras no cultivo de mamoneira em associação com outra cultura.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi implantado na EPAMIG - Fazenda Experimental de Acauã, no município
de Leme do Prado, semi-árido mineiro, em uma área de mamona ‘soca’ plantada na safra
anterior e podada a 40 cm do solo no início do período chuvoso em novembro de 2005 . O
delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com 11 tratamentos em 5 repetições. As
parcelas foram constituídas de três fileiras duplas de mamona espaçadas de 4,0 m, com
espaçamento de 1,2 m dentro das fileiras duplas, e 1,0 m entre as plantas. As culturas
intercalares foram plantadas distantes 1,0 m de cada fileira, 20 dias após a brotação da
mamona. Os arranjos testados:
Mamona solteira
Mamona + três fileiras de algodão
Mamona + cinco fileiras de amendoim
Mamona + cinco fileiras de feijão-caupi
Mamona + três fileiras de gergelim
Mamona + três fileiras de milho
Mamona + três fileiras de sorgo
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 1 pode-se observar a produtividade e receita com as diferentes associações
de culturas. Os arranjos que proporcionaram rendimentos maiores que o plantio da mamona
solteira foi, pela ordem, mamona com amendoim, mamona com gergelim e mamona com
feijão-caupi. O déficit hídrico, devido ao veranico ocorrido em janeiro e fevereiro, não afetou
a produção da mamona em razão do sistema radicular já estar formado, e, portanto explorando
um volume maior de solo.
273
As mamoneiras consorciadas com amendoim e gergelim foram mais produtivas que
aquelas provenientes de monocultivo. Isto demonstra ação benéfica do consórcio,
possivelmente justificada pelo aumento na disponibilidade de nutriente, principalmente de
nitrogênio, para a mamoneira desenvolvida nesse sistema de associação com as duas espécies
vegetais mencionadas.
4 CONCLUSÃO
A produtividade da mamona foi afetada pelos arranjos onde se fez o consórcio com
algodão, milho, sorgo e feijão. O arranjo onde se usou o amendoim em associação com a
mamona foi o que proporcionou maior receita bruta por unidade de área, seguido da
274
associação da mamona com o gergelim, os demais tratamentos foram iguais estatisticamente
entre si.
5 AGRADECIMENTOS
Projeto financiado pelo MDA-Ministério do Desenvolvimento Agrário.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, E.C.; LIMA, E.F.; ANDRADE, F.P. Melhoramento genético. In: AZEVEDO,
D.M.P. de.; LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa
Informação Tecnológica/Campina Grande: Embrapa Algodão, 2001. cap.8, p.77-88.
275
IMPLANTAÇÃO DE UNIDADES DE VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIAS
PARA A CULTURA DA MAMONA NO NORTE DE MINAS GERAIS
RESUMO: A pesquisa agropecuária busca avaliar nas condições das unidades produtoras as
tecnologias geradas e/ou adaptadas nas estações experimentais. Ajustar os pacotes
tecnológicos às realidades existentes no campo e com a participação efetiva dos agricultores,
usuários diretos da tecnologia tem-se constituído numa das maneiras eficazes de difundir os
resultados da pesquisa. Ajustar as tecnologias disponibilizadas para a cultura da mamoneira às
condições das pequenas propriedades rurais é o objetivo deste trabalho. O trabalho foi
implantado em unidades produtoras, nos municípios de Bonito de Minas, Capitão Enéas,
Januária, único implantado em local público, Matias Cardoso e Porteirinha, no semi-árido
mineiro. Fizeram-se o plantio de duas variedades de mamona (IAC 226 e Nordestina) com e
sem adubo. Os resultados de pesquisas disponibilizados nestas unidades de validação de
tecnologia, mesmo em condições de baixa precipitação pluviométrica, foram satisfatórios.
Quando os solos utilizados possuíam uma maior fertilidade natural, e, possivelmente maior
capacidade de reter água de chuva, os resultados foram melhores.
276
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa agropecuária tem buscado avaliar nas condições das unidades produtoras as
tecnologias geradas e/ou adaptadas nas estações experimentais. Ajustar os pacotes
tecnológicos às realidades existentes no campo e com a participação efetiva dos agricultores,
usuários diretos da tecnologia, tem-se constituído numa das maneiras eficazes de difundir os
resultados da pesquisa. Ajustar as tecnologias disponibilizadas para a cultura da mamoneira às
condições das pequenas propriedades rurais é o objetivo deste trabalho.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi implantado em unidades produtoras, nos municípios de Bonito de Minas,
Capitão Enéas, Januária (único implantado em local público, em uma área do CEFET) Matias
Cardoso e Porteirinha, no semi-árido mineiro, fizeram-se o plantio de duas variedades de
mamona (IAC 226 e Nordestina) com e sem adubo. O tamanho de cada parcela de mamona
foi de 25% da área, com um máximo de 2500 m2.
Os espaçamentos utilizados foram para a mamona fileira dupla: quatro metros entre
fileiras duplas, 1,20 metros entre fileira de mamona e 1,0 m entre covas. Deixou-se no plantio
duas sementes por cova. Desbastou-se para uma planta por cova quando o solo estava úmido e
as plântulas atingiram 10 a 15 cm de altura.
O espaçamento utilizado, para feijão-caupi foi de 0,50 m entre fileiras, com uma
densidade de 12 a 14 sementes por metro linear. Foram plantadas cinco fileiras de feijão no
centro da fileira dupla de mamona. O plantio do feijão-caupi foi feito 20 dias após a
germinação da mamona.
277
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 1 observa-se que a produção da mamona foi baixa, severamente afetada pela
baixa precipitação pluviométrica ocorrida durante o ciclo da cultura (Tabela 1). Nos locais
onde os solos aparentemente possuíam maior capacidade de retenção de umidade, a adubação
favoreceu aumento na produção da mamona (Tabela 2).
Existiu uma pequena variação entre as produções de sistema de cultivo com e sem
adubação na localidade de Porteirinha (Quadro 1). Isto se explica possivelmente pela menor
capacidade do solo dessa localidade de armazenar água e disponibilizar os nutrientes
essenciais ao desenvolvimento da planta.
Observando-se o Quadro 2, o solo de Bonito de Minas foi aquele que ofereceu pior
condição para o desenvolvimento da mamoneira, dada às baixíssimas concentrações de
nutrientes. Por ser um Neossolo Quartzarênico, além da pouca reserva nutricional, o solo
desse local também possui o inconveniente de pouca capacidade de retenção da água da
chuva, o que potencializa a ação nociva de veranicos sobre a cultura.
Em Januária, o solo foi mais fértil, havendo com isto uma pequena diferença entre as
produções de mamona nas parcelas com e sem adubação (Quadro 1 e 2). Nesta localidade,
dada à limitação na disponibilidade de água no solo, a adubação não proporcionou acréscimo
de produções que fossem economicamente viáveis.
278
Quadro 1 – Produtividades de mamona e feijão-caupi em kg ha-1 de mamona em baga no
experimento de unidades de validação de tecnologia para a cultura da mamona- 2005/06 –
Nova Porteirinha.
Tratamentos Produção em kg.ha-1 de mamona em baga
Bonito de Capitão Porteirinha Matias Januária Média
Minas Enéas Cardoso
IAC226 com adubo 700,00 1924,00 986,00 1703,06 1606,73 1383,96
Feijão 312,00
IAC 226 sem adubo 150,00 476,00 821,25 524,00 900,58 574,37
Feijão 292,00
Diferença entre sistemas
(%) 366,67 304,20 20,06 225,01 78,41 140,95
Diferença entre sistemas
(kg ha-1) 550 1448,00 164,75 1179,06 706,14 809,59
Nordestina com adubo 900,00 2228,57 860,75 1198,41 2364,04 1510,35
Feijão 328,00
Nordestina sem adubo 150,00 640,82 761,50 372,00 2292,40 843,34
Feijão 300,00
Diferença entre sistemas
(%) 500,00 247,77 13,03 222,15 3,13 79,09
Diferença entre sistemas
(kg ha-1) 750,00 1587,76 99,25 826,41 71,64 667,01
Tabela 1 – Características químicas e físicas dos solos nas localidades de Bonito de Minas
(A), Capitão Enéas (B), Porteirinha (C), Matias Cardoso (D) e Januária (E). 2005/06
..........................................Composição Química..............................................
pH MO P K Ca Mg Al H+ B Cu Fe Mn Zn
Al
dag/kg ...mg/dm3. ..........cmolc/dm3.......... ................mg/dm3...............
A 5,5 - 0,6 7 0,2 0,1 0,3 1,0 - 1,0 3,3 0,9 1,1
B 6,2 2,8 1,7 273 6,7 1,4 0,0 2,3 0,7 0,8 11,9 84,9 2,4
C 5,9 0,9 3,6 128 2,7 0,5 0,2 2,1 0,3 1,1 9,3 14,2 0,8
D 6,2 2,1 6,0 89 3,4 0,7 0,0 1,2 0,7 0,5 60,8 11,3 1,9
C 5,6 0,5 28,9 21 1,5 0,2 0,0 1,1 0,4 0,9 11,7 21,4 2,3
279
Tabela 2 – Adubação efetuada nas unidades de validação de tecnologia da cultura da mamona
– Nova Porteirinha – 2005/06.
Local Plantio Cobertura
Bonito de Minas Calcário; 2 ton. ha-1 Não efetuada devido à falta
150 kg ha-1 do adubo de umidade no solo
formulado 4-30-16
KCL 30 kg ha-1
FTE BR 12 20 kg ha-1
Capitão Enéas 200 kg há-1 de MAP Não efetuada devido à falta
de umidade no solo
Tabela 3 – Precipitação pluviométrica mensal dos municípios onde foram implantadas ações
de pesquisa com oleaginosas. 2005/06
Municípios Precipitação pluviométrica mensal (mm) 2005/06 TOTAL
Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril
Matias Cardoso 65,00 0,00 140,90 100,00 36,40 342,30
Porteirinha 132,80 7,90 87,30 180,00 47,00 455,00
Januária 235,90 2,80 41,00 355,60 85,40 720,70
Capitão Enéas 206,90 3,20 77,20 248,00 80,38 615,68
Bonito de Minas 265,20 31,60 86,40 217,80 87,00 688,00
Média mensal (mm) 181,16 9,10 86,56 220,28 67,24 564,34
280
4 CONCLUSÕES
Os resultados de pesquisas disponibilizados nestas unidades de validação de tecnologia,
mesmo em condições de baixa precipitação pluviométrica, foram satisfatórios. Quando os
solos utilizados possuíam uma maior fertilidade natural, e, possivelmente o solo tinha uma
maior capacidade de reter água de chuva, os resultados foram melhores.
5 AGRADECIMENTO
Projeto financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, E.C.; LIMA, E.F.; ANDRADE, F.P. Melhoramento genético. In: AZEVEDO,
D.M.P. de.; LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa
Informação Tecnológica/Campina Grande: Embrapa Algodão, 2001. cap.8, p.77-88.
281
PRODUÇÃO DO BIODIESEL A PARTIR DA REAÇÃO DE
TRANSESTERIFICAÇÃO DA GORDURA DE COCO UTILIZANDO-SE
METANOL
282
1 INTRODUÇÃO
O biodiesel é um combustível renovável e biodegradável constituído de uma mistura de
ésteres metílicos ou etílico de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de
qualquer triglicerídeo com um álcool de cadeia curta na presença de um catalisador (Parente,
2003). O mesmo pode ser produzido a partir de qualquer óleo vegetal novo ou usado e até
com resíduos ou borras de empresas moageiras (Figura 1). Por isso é um combustível
renovável, conhecido como petróleo verde.
Isso é possível uma vez que os óleos vegetais são produtos naturais constituídos por
uma mistura de ésteres derivados do glicerol (triacilgliceróis ou triglicerídios), cujos ácidos
graxos contêm cadeias de 8 a 24 átomos de carbono com diferentes graus de insaturação.
Conforme a espécie de oleaginosa, variações na composição química do óleo vegetal são
expressas por variações na relação molar entre diferentes ácidos graxos presentes na estrutura.
Portanto, a análise da composição de ácidos graxos constitui o primeiro procedimento para a
avaliação preliminar da qualidade do óleo bruto e/ou de seus produtos de transformação
(Costa Neto et al., 2000).
Quanto à avaliação da qualidade carburante de óleos vegetais, a mesma é realizada
através da determinação analítica de seu poder calorífico, índice de cetano, curva de
destilação, viscosidade e ponto de névoa. Destes parâmetros, o poder calorífico do
biocombustível depende da potência máxima a ser atingida pelo motor em operação, enquanto
o índice de cetano define o poder de autoinflamação e combustão do óleo. Essas propriedades
condicionam o desempenho global do motor, refletindo na partida a frio, ruído e gradiente de
pressão que, quando comparadas ao do óleo diesel, apresentam menor calor de combustão e
índice de cetano similar (Costa Neto et al., 2000). Já a viscosidade, que é a medida da
resistência interna ao escoamento de um líquido, tem considerável influência no mecanismo
de atomização do jato de combustível, ou seja, no funcionamento do sistema de injeção. Esta
propriedade também se reflete no processo de combustão, cuja eficiência dependerá da
potência máxima desenvolvida pelo motor. Em relação ao diesel convencional, os óleos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
283
vegetais apresentam valores de viscosidade bastante elevados, podendo excedê-los em até 100
vezes, como no caso do óleo de mamona (Costa Neto , 2000)
Com relação ao ponto de névoa, o mesmo é a temperatura na qual o líquido, por
refrigeração, começa a ficar turvo, e o ponto de fluidez é a temperatura na qual o líquido não
mais escoa livremente. Tanto o ponto de fluidez como o de névoa varia com a fonte de
matéria prima, bem como o álcool empregado na reação de transesterificação. Essas
propriedades são consideradas importantes no que diz respeito às condições nas quais o
combustível deve ser armazenado e utilizado (Parente, 2003), influenciando negativamente o
sistema de alimentação do motor, bem como o filtro de combustível, sobretudo quando o
motor é acionado sob condições de baixas temperaturas. Estas são, portanto, propriedades que
desfavorecem o uso de óleos vegetais in natura em motores do ciclo diesel, particularmente
em regiões de clima temperado, pois todos os óleos vegetais até hoje investigados apresentam
ponto de névoa superior ao do óleo diesel convencional (Costa Neto, 2000).
Analisando essas características, os óleos combustíveis derivados do petróleo são
estáveis á temperatura de destilação, mesmo na presença de excesso de oxigênio.
Contrariamente aos óleos vegetais que contêm triacilgliceróis de estrutura predominantemente
insaturada, reações de oxidação podem ser observadas até à temperatura ambiente e o
aquecimento a temperaturas próximas a 250°C ocasiona reações complementares de
decomposição térmica, cujos resultados podem inclusive levar á formação de compostos
poliméricos mediante reações de condensação. A presença de compostos poliméricos aumenta
a temperatura de destilação e o nível de fumaça do motor, diminui a viscosidade do óleo
lubrificante e acarreta diminuição da potência pela queima incompleta de produtos
secundários.
Assim, visando reduzir a viscosidade dos óleos vegetais, diferentes alternativas têm
sido consideradas, tais como: microemulsão com metanol e etanol, craqueamento catalítico e
reação de transesterificação com etanol ou metanol (Figura 2).
284
Preparo da Matéria
Matéria Prima
Metanol ou
Catalisador Óleo, gordura ou etanol
Reação de
Separação de fases
Fase leve
Desidratação do álcool
Resíduo Glicerina
glicérico Biodiesel
destilada
Figura 2: Esquema do processo de produção de biodiesel (Lima, 2004).
2 MATERIAL E MÉTODOS
Pesou-se 400g de gordura de coco e em seguida essa massa foi colocada em um balão
de três bocas de 1000 ml. Em um becker pesou-se uma massa de etóxido de sódio que foi
diluída em metanol P.A. com a relação molar óleo/álcool de 1:6 e de 1:8. Essas misturas
foram colocadas em refluxo sob agitação de um selo mecânico com rotação aproximada de
360 rpm, as temperaturas estudadas (40°C, 50°C e 60°C), por aproximadamente 60 min.
Após o refluxo, retirou-se a mistura reacional, a qual foi neutralizada
estequiometricamente, em relação ao catalisador (etóxido de sódio), com ácido sulfúrico
concentrado. Após esse procedimento, o produto obtido foi colocado em um funil de
separação de 1000ml. Após três dias em repouso, ocorreu a separação das fases com a
obtenção do biodiesel na fase superior e da glicerina bruta na fase inferior (Figura 3)
285
Figura 3: Separação das fases onde a inferior é a glicerina e a superior é o Biodiesel.
C – OH C–O O C=O
| | I + HIO3
O
C - OH C-O C=O
(5)
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
286
Onde: VB é o volume gasto na titulção do branco (água), V1 é o volume gasto na
titulaçã oda amostra, T é o título em massa da sulução de arsenito de sódio (2,22) e m é a
massa de amostra pesada (biodiesel).
A densidade relativa das amostras foi determinada no densímetro descrito segundo as
normas ASTM D 1298, D-4052 ou NBR 7148. Cabe salientar que as medidas foram
realizadas a 25ªC.
A viscosidade das amostras foi determinada utilizando-se o viscosímetro SVM 3000,
Anton Paar segundo as normas ASTM Standard D 445.
A pressão de vapor foi determinada utilizando-se o aparelho HVP972, mostrado na
Figura 5. Segundo a NORMA ASTM D5191.
O ponto de fulgor foi determinado utilizando-se Pensle-marting, Petrodidática,
conforme Figura 6. Segundo a NORMA D93 [15].
A taxa de corrosão ao cobre foi determinada pelo aparelho ASTM/METHOD segundo
as normas D130/IP154 com resultado obtido segundo parâmetros de comparação da
respectiva norma.
As análises via cromatografia gasosa foram realizadas utilizando-se um Cromatógrafo
Gasoso Varian Star 3600 com detector FID e uma coluna DBWAX (Polietilenoglicol) de 0,25
mmX60 m e espessura do filme de 0,25 m. A condição de análise está descrita na Tabela 1,
sendo a pressão de H2 = 2,5 Kg/cm2, N2 = 2,0 Kg/cm2, ar = 0,35 Kg/cm2 e o range de 103 e o
volume de injeção = 0,6 L.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
287
Através da iodometria (em triplicata) e por cromatografia gasosa foi possível determinar
qual a melhor condição operacional com relação à temperatura e relação molar, sendo essa
estabelecida como sendo 50 ºC e relação 1:6 (Tabela 1). Pode-se verificar que os resultados
foram bem semelhantes, o que confirma o resultado obtido.
Tabela1: Conversão obtida no biodiesel através da análise via iodometria e via cromatografia
gasosa
Temperatura
Relação Molar Especificação
40°C 50°C 60°C
1 para 6 0,058 0,055 0,0465
< 0,02
1 para 8 0,0567 0,0525 0,056
Temperatura
Relação Molar Especificação a 25°C
40°C 50°C 60°C
1:6 0,8731 0,8721 0,8715
0,875 a 0,900
1:8 0,8705 0,8691 0,8703
288
Tabela 4: Viscosidades do biodiesel para cada temperatura de processo, para as diferentes
relações molares, a 40o C.
Temperatura
Relação Molar Especificação a 40°C
Viscosidades 40°C 50°C 60°C
Dinâmica (mPa.s) 2,3653 2,2327 2,1297
1:6 Cinemática
3,0001 2,854 2,7385
(mm2/s) 2,5 a 5,5
Dinâmica (mPa.s) 2,5011 2,4348 2,4890 (mm2/s ou cStoke)
1:8 Cinemática
2,925 2,8510 2,9112
(mm2/s)
Temperatura
Relação Molar Especificação
40°C 50°C 60°C
1:6 100°C 100°C 100°C
>100°C
1:8 100°C 100°C 100°C
Tabela 6: Pressão de vapor em kPa para cada temperatura e relação molar estudadas.
Temperatura
Relação Molar Especificação
40°C 50°C 60°C
1:6 3,7 3,7 3,1
Não há
1:8 9,2 9,5 7,9
289
Tabela 7: Valores de corrosão ao cobre para cada temperatura estudada em suas respectivas
relações molares.
Temperatura
Relação Molar Especificação
40°C 50°C 60°C
1:6 1A 1A 1A
Até 1A
1:8 1A 1A 1A
1A = Freshly Posished
290
4 CONCLUSÃO
Pode-se verificar a viabilidade da produção de biodiesel a partir do óleo de coco
palmiste, e que os rendimentos nas reações de transesterificação foram bastante satisfatórios.
Com relação às condições de trabalho estudadas, a melhor foi a da relação molar
óleo:álcool de 1:6 a 50°C, uma vez que a mesma proporcionou as melhores taxas de
conversão (na cromatografia gasosa no biodiesel a conversão foi de 83,62%, na cromatografia
e pelo método da iodometria com metaperiodato de sódio foi de 86,68%).
Também foi possível verificar que os valores obtidos durante as análises das
propriedades físico-químicas determinadas estão praticamente dentro das normas
governamentais, o que mais uma vez justifica a viabilidade do processo apresentado.
Pode-se verificar também que o catalisador utilizado (etóxido de sódio), possibilitou
uma boa separação das fases, o que foi confirmado por cromatografia gasosa e por análise
titulométrica no biodiesel, pois as quantidades de glicerinas encontradas foram baixas.
Justificando assim a escolha do mesmo no processo. Essa escolha se torna ainda mais viável,
levando-se em conta à baixa possibilidade de saponificação, utilizando-se catalisadores
básicos mais fracos ao invés do NaOH e do KOH.
Com relação à escolha da rota metílica, a mesma é justificada pela maior estabilidade do
biodiesel formado e também pela menor possibilidade de saponificação.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA NETO, P. R., ROSSI, F. S. Produção de biocombustível alternativo do óleo de
seja usado em frituras. Química Nova. v. 23, p. 531. 2000.
LIMA, P. C. R. O biodiesel e a inclusão social, Câmara dos Deputados. Praça dos 3 Poderes,
Consultoria Legislativa. Anexo III, Brasília, 2004.
291
PRODUÇÃO DE BIODIESEL ATRAVÉS DA REAÇÃO DE
TRANSESTERIFICAÇÃO DO ÓLEO DE GIRASSOL VIA CATÁLISE
BÁSICA UTILIZANDO-SE ETANOL
292
1 INTRODUÇÃO
O biodiesel é um combustível renovável e biodegradável constituído de uma mistura de
ésteres metílicos ou etílico de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de
qualquer triglicerídeo com um álcool de cadeia curta na presença de um catalisador (Parente,
2003).O mesmo pode ser produzido a partir de qualquer óleo vegetal novo ou usado e até com
resíduos ou borras de empresas moageiras (Figura 1). Por isso é um combustível renovável,
conhecido como petróleo verde.
Isso é possível uma vez que os óleos vegetais são produtos naturais constituídos por
uma mistura de ésteres derivados do glicerol (triacilgliceróis ou triglicerídios), cujos ácidos
graxos contêm cadeias de 8 a 24 átomos de carbono com diferentes graus de insaturação.
Conforme a espécie de oleaginosa, variações na composição química do óleo vegetal são
expressas por variações na relação molar entre diferentes ácidos graxos presentes na estrutura.
Portanto, a análise da composição de ácidos graxos constitui o primeiro procedimento para a
avaliação preliminar da qualidade do óleo bruto e/ou de seus produtos de transformação
(Costa Neto et al ., 2000).
Quanto à avaliação da qualidade carburante de óleos vegetais, a mesma é realizada
através da determinação analítica de seu poder calorífico, índice de cetano, curva de
destilação, viscosidade e ponto de névoa. Destes parâmetros, o poder calorífico do
biocombustível depende da potência máxima a ser atingida pelo motor em operação, enquanto
o índice de cetano define o poder de autoinflamação e combustão do óleo. Essas propriedades
condicionam o desempenho global do motor, refletindo na partida a frio, ruído e gradiente de
pressão que, quando comparadas ao do óleo diesel, apresentam menor calor de combustão e
índice de cetano similar (Costa Neto, 2000). Já a viscosidade, que é a medida da resistência
interna ao escoamento de um líquido, tem considerável influência no mecanismo de
atomização do jato de combustível, ou seja, no funcionamento do sistema de injeção. Esta
propriedade também se reflete no processo de combustão, cuja eficiência dependerá da
potência máxima desenvolvida pelo motor. Em relação ao diesel convencional, os óleos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
293
vegetais apresentam valores de viscosidade bastante elevados, podendo excedê-los em até 100
vezes, como no caso do óleo de mamona (Costa Neto, 2000)
Com relação ao ponto de névoa, o mesmo é a temperatura na qual o líquido, por
refrigeração, começa a ficar turvo, e o ponto de fluidez é a temperatura na qual o líquido não
mais escoa livremente. Tanto o ponto de fluidez como o de névoa varia com a fonte de
matéria prima, bem como o álcool empregado na reação de transesterificação. Essas
propriedades são consideradas importantes no que diz respeito às condições nas quais o
combustível deve ser armazenado e utilizado (Parente, 2003)., influenciando negativamente o
sistema de alimentação do motor, bem como o filtro de combustível, sobretudo quando o
motor é acionado sob condições de baixas temperaturas. Estas são, portanto, propriedades que
desfavorecem o uso de óleos vegetais in natura em motores do ciclo diesel, particularmente
em regiões de clima temperado, pois todos os óleos vegetais até hoje investigados apresentam
ponto de névoa superior ao do óleo diesel convencional (Costa Neto, 2000).
Analisando essas características, os óleos combustíveis derivados do petróleo são
estáveis á temperatura de destilação, mesmo na presença de excesso de oxigênio.
Contrariamente aos óleos vegetais que contêm triacilgliceróis de estrutura predominantemente
insaturada, reações de oxidação podem ser observadas até à temperatura ambiente e o
aquecimento a temperaturas próximas a 250°C ocasiona reações complementares de
decomposição térmica, cujos resultados podem inclusive levar á formação de compostos
poliméricos mediante reações de condensação. A presença de compostos poliméricos aumenta
a temperatura de destilação e o nível de fumaça do motor, diminui a viscosidade do óleo
lubrificante e acarreta diminuição da potência pela queima incompleta de produtos
secundários.
Assim, visando reduzir a viscosidade dos óleos vegetais, diferentes alternativas têm
sido consideradas, tais como: microemulsão com metanol e etanol, craqueamento catalítico e
reação de transesterificação com etanol ou metanol (Figura 2).
294
Preparo da Matéria
Matéria Prima
Metanol ou
Catalisador Óleo, gordura ou etanol
Reação de
Separação de fases
Fase leve
Desidratação do álcool
Resíduo Glicerina
glicérico Biodiesel
destilada
Figura 2: Esquema do processo de produção de biodiesel (Lima, 2004)
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Pesou-se em um erlenmeyer 0,68g (0,75% da massa do óleo) de catalisador (etóxido de
sódio) e adicionou-se 56,4g (aproximadamente 70ml) de álcool etílico. Após esse
procedimento, a mistura foi aquecida em chapa elétrica até 50ºC. Essa mistura foi, então,
transferida para um balão de fundo redondo sob agitação que já continha o óleo de girassol
previamente aquecido e a reação se processou a durante 90 min com agitação de 360 rpm. A
relação molar óleo: álcool foi de 1:12.
Decorrido o tempo, desligou-se o aquecimento adicionou-se uma gota de ácido
sulfúrico para neutralizar o meio reacional. Esperou-se a separação de fases (cerca de quatro
dias) e a fase superior (biodiesel) foi submetida as análises físico-químicas e análises
cromatográficas.
295
O índice de acidez foi determinado conforme metodologia descrita por Moretto e Fett
(1989). Em um frasco Erlenmeyer de 125 mL, foram colocados 2 g de óleo e 25 mL de
solução neutralizada de éter de petróleo e álcool etílico (2:1). Foram adicionadas 2 gotas de
fenolftaleína e a amostra foi titulada com solução 0,1 mol/L de NaOH.
O índice de acidez é dado por:
VcM
IA = (1)
m
onde: IA é o índice de acidez (dado em mg KOH/g), V é o volume do titulante gasto em L, c a
concentração mol/L do titulante padronizada, M a massa molar do KOH (mgmol-1) e m a
massa de amostra em g. Essa equação foi definida baseado na seguinte reação química:
Uma quantidade conhecida de amostra foi dissolvida em tetracloreto de carbono ou em
clorofórmio permitindo a reação da solução como o excesso de halogênio durante um tempo
determinado à temperatura ambiente e na ausência de luz. O iodo na solução quebra as
ligações insaturadas das moléculas que compõem as gorduras ou óleos, permanecendo ligado
a estas. Após a reação, a diferença na quantidade de iodo foi determinada por titulação com
uma solução de tiossulfato de sódio de concentração conhecida.
O índice de iodo é calculado pela seguinte expressão:
ctio (v 2 − v1)
I iodo = x100 (3)
m
onde: ctio é o coeficiente do tiossulfato de sódio, m é a massa da amostra (dada em gramas), v1
é o volume da solução de tiossulfato gasto na determinação (expresso em mL),e v2 é o volume
da solução de tiossulfato gasto no ensaio em branco, sem gordura, (expresso em mL).
O coeficiente de tiossulfato de sódio (ctio) é determinado por titulação de uma mistura
composta por dicromato de potássio (20 mL), água (50 mL), solução de iodeto de potássio 0,1
g/mL em água (15 mL) e ácido clorídrico concentrado (5 mL). O valor do coeficiente do
tiossulfato de sódio é dado pela expressão:
0,20
ctio = (4)
v
onde: v é o volume de tiossulfato gasto (dado em mL).
296
A densidade relativa das amostras foi determinada no densímetro descrito segundo as
normas ASTM D 1298, D-4052 ou NBR 7148. Cabe salientar que as medidas foram
realizadas a 25ªC.
A viscosidade das amostras foi determinada utilizando-se o viscosímetro SVM 3000,
Anton Paar segundo as normas ASTM Standard D 7042.
Colocou-se aproximadamente 30ml de amostra no becker (50ml), adaptou-se o mesmo
na parte inferior do estalagmômetro e succionou-se pela parte superior com auxílio da pêra.
Iniciou-se a contagem (acertar o número de gotas para 25 gotas por minuto) quando o líquido
passar no primeiro traço, encerrando-se ao passar no segundo (indicado na Figura 2).
O cálculo da tensão superficial é dado pela relação:
n H 2O ⋅ d B δB
=
n B ⋅ d H 2O δH O
2
18 ⋅ 0,87967 δ
= B
42 ⋅ 1 72,75
δ B = 27,42696dina / cm
dina/cm.
297
As análises via cromatografia gasosa foram realizadas utilizando-se um Cromatógrafo
Gasoso Varian Star 3600 com detector FID e uma coluna DBWAX (Polietilenoglicol) de 0,25
mmX60 m e espessura do filme de 0,25 m. A condição de análise está descrita na Tabela 1,
sendo a pressão de H2 = 2,5 Kg/cm2, N2 = 2,0 Kg/cm2, ar = 0,35 Kg/cm2 e o range de 103 e o
volume de injeção = 0,6 L.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi possível observar durante a realização do trabalho que grandes excessos de etanol
favorecem a emulsão, dificultando a separação de fases, porém, o catalisador , etóxido de
sódio mostrou-se eficaz e essencial na redução da saponificação durante a reação, bem como
em uma maior eficiência do processo. Também é possível observar que o procedimento
utilizado mostrou-se viável, uma vez que foi possível uma conversão de aproximadamente 93
% durante a realização da reação de transesterificação e que o produto obtido apresentou
características dentro dos padrões exigidos, exceto no que diz respeito a viscosidade
cinemática, resultado o qual é influenciado pela massa molar do óleo. (Tabela 3).
298
Tabela 3: Resultados obtidos experimentalmente.
RESULTADOS RESULTADOS
TESTES
EXPERIMENTAIS TEÓRICOS
Índice de Acidez 0,002196 0,3
(mgKOH/gamostra)
Índice de Hidroxila 2,78 -
(mgKOH/gamostra)
Índice de Iodo (%) 0,23% < 0,3%
Tensão Superficial 27,42696 -
(dina/cm)
Densidade (g/cm3) 0,87967 0,850 – 0,920
Viscosidade 7,7721 3,2
Cinemática (mm2/s)
Pressão de Vapor (kPa) 6,9 -
Ponto de Fulgor (ºC) 120 100 - 310
Corrosão ao Cobre Freshly Polished (1 A) -
Porcentagem de Glicerina 0,0315 0,1 – 0,8
no Biodiesel (%)
Com relação à composição do biodiesel obtido, foi possível verificar uma maior
porcentagem do éster linoléico, o que condiz com o esperado, uma vez que o componente
encontrado em maior teor no óleo de girassol é o ácido graxo linoléico. Também é possível
verificar a baixa concentração de ácidos graxos livres, o que confirma os bons resultados da
reação de transesterificação utilizando-se etanol (Tabela 4).
299
Tabela 4: Resultados experimentais da cromatografia.
Composto Porcentagem Composto Porcentagem
Com relação a separação das fases, a relação molar utilizada possibilitou uma boa
separação das masmas, o que não foi observado, principalmente, com a utilização um maior
excesso de etanol. Já utilizando-se álcool em menor concentração foi observada uma menor
conversão do óleo vegetal em biodiesel inviabilizando o processo.
4 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que as melhores condições para a ocorrência da reação de
transesterificação do óleo de girassol pela rota etílica foram: Temperatura de 50ºC, Tempo de
reação de 90 minutos, concentração de catalisador de 0,75% da massa de óleo e relação molar
óleo: álcool de 1:12.
Com relação à caracterização, os testes comprovam a viabilidade da produção de
Biodiesel a partir do óleo de girassol, sendo que todos os valores obtidos nos teste de
caracterização estão dentro ou abaixo dos padrões demonstrando assim um Biodiesel de
excelente qualidade com exceção da viscosidade.
É importante ressaltar que os testes de Tensão Superficial, Pressão de Vapor e Taxa de
Corrosão ao Cobre não podem ser comparados com dados da literatura pelo fato de não se
aplicarem, e/ou não possuírem artigos ou textos publicados sendo assim impossível
mencionar se os mesmo já foram realizados.
Já a análise cromatográfica é de suma importância pois, através dela, foi possível a
determinação do rendimento da reação assim como as porcentagens dos compostos
separadamente.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
300
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA NETO, P. R., ROSSI, F. S. Produção de biocombustível alternativo do óleo de
seja usado em frituras. Química Nova. v. 23, p. 531. 2000.
301
POTENCIALIDADE DO SUDOESTE DE MINAS GERAIS PARA
PRODUÇÃO DE OLEAGINOSAS NA SAFRINHA EM SUCESSÃO A
CULTURA DO MILHO
RESUMO: O milho (Zea mays L.) é um dos cereais mais importantes do mundo. Utilizado
diretamente na alimentação humana e de animais domésticos, bem como na indústria para a
produção de rações, amido, óleo, álcool, além de outros produtos. No país, são cultivadas
diversas espécies oleaginosas que possuem potencial para serem utilizadas como matéria-
prima na produção de biodiesel, tais como a soja, a mamona, o girassol, o milho, nabo
forrageiro etc. O objetivo deste trabalho foi identificar as regiões produtoras de milho do
Sudoeste de Minas Gerais, com potencial para produção de plantas oleaginosas em safrinha,
como estratégia de sucessão com a cultura do milho. Foram realizados os levantamentos das
produções de milho (grãos) em treze Microrregiões da região Sudoeste do Estado de Minas
Gerais, compostas por 156 municípios, levando em consideração a latitude, longitude e as
cidades pólo destas Microrregiões e, tendo como fator de estudo a área plantada com milho,
porcentagem de área plantada, produtividade e produção. A região Sudoeste de Minas Geraos
apresenta imenso potencial para o cultivo de oleaginosas em safrinha no sistema de sucessão
de cultura, para as áreas de produção de milho. As Microrregiões de Passos, Boa Esperança,
Três Corações, Guaxupé, são as que apresentam maior potencialidade para o cultivo de
oleaginosas em safrinha em áreas de cultivo de milho.
Palavras-Chave: Zea mays L., rotação de cultura, plantio direto, plantas oleaginosas,
biodiesel.
302
1 INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) é um dos cereais mais importantes cultivados no mundo. Há
muitos séculos, vem sendo utilizado diretamente na alimentação humana e de animais
domésticos, bem como na indústria para a produção de rações, amido, óleo, álcool, além de
outros produtos. O milho possui de 8 à 10% de óleo no grão, com 61 - 78% referente ao
conteúdo de amido e 6 - 12% referente ao conteúdo de proteína. (EMBRAPA, 2006)
A cultura do milho ocupou no Brasil em 2006, uma área em torno de 13,8 milhões de
hectares, responsável por uma produção de cerca de 50,65 milhões de toneladas de grãos,
apresentando um rendimento médio de 3.656 kg ha -1 (3.871 kg ha -1 na safra e 3.189 kg ha -
1 na safrinha). Minas Gerais foi responsável por 4,4 milhões de toneladas de grãos de milho e
uma área de 1,4 milhões de hectares, de acordo com a CONAB, (2007).
A produção de milho no Brasil tem se caracterizado pela divisão da produção em duas
épocas de plantio. Os plantios de verão, ou primeira safra, são realizados na época tradicional,
durante o período chuvoso, que varia entre fins de agosto na região Sul até os meses de
outubro/novembro no Sudeste e Centro Oeste (no Nordeste este período ocorre no início do
ano). Mais recentemente tem aumentado à produção obtida na chamada "safrinha", ou
segunda safra. A "safrinha" se refere ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, em
fevereiro ou março. (FANCELLI, 2000)
Em áreas onde as explorações agrícolas são mais intensivas, como em agricultura
irrigada e em sucessões de culturas, a exemplo da "safrinha" de milho, em que o solo é mais
intensamente trabalhado, a probabilidade de acelerar sua degradação, aumentando os
problemas de compactação, erosão e redução de sua produtividade, é bem maior. Nesse caso,
sempre que possível, deve-se optar pelo sistema de plantio direto. (SALTON, 1998)
Na implantação e condução do Sistema de Plantio Direto de maneira eficiente, é
indispensável o esquema de rotação de culturas, principalmente que promova na superfície do
solo, a manutenção permanente de uma quantidade mínima de palhada, que nunca deverá ser
inferior a 4,0 t/ha de fitomassa seca. (SALTON, 1998)
No País, são cultivadas diversas espécies oleaginosas que possuem potencial para serem
utilizadas como matéria-prima na produção de biodiesel, tais como a soja, a mamona, o
girassol, o milho, nabo forrageiro etc. A substituição total ou parcial de combustíveis de
origem fóssil (óleo diesel), sempre teve um claro apelo ambiental, pois é de domínio público
que as emissões derivadas de seu uso geram um aumento na concentração atmosférica dos
gases causadores do efeito estufa, chuva ácida e redução da camada de ozônio.
303
O objetivo deste trabalho foi identificar as regiões produtoras de milho do Sudoeste de
Minas Gerais, com potencial para produção de plantas oleaginosas em safrinha, como
estratégia de rotação com a cultura do milho, para produção de biodiesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Esse trabalho foi realizado no setor de Grandes Culturas do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras, Lavras – MG, no ano de 2007, situada a 21°
14’ de latitude Sul 45° 00’ de longitude Oeste, localizada a 918 metros de altitude.
Foi feito os levantamentos das produções de milho (grãos) em treze Microrregiões da
região Sudoeste do estado de Minas Gerais, compostas por 156 municípios (Tabela 1),
levando em consideração a latitude, longitude e as cidades pólo destas Microrregiões e, tendo
como fator de estudo a área plantada, porcentagem de área plantada, produtividade e
produção.
Os dados para este estudo, foram obtidos através de resultados de produções agrícolas,
fornecidos pela Emater, Empresas de Planejamento Agrícola, Secretarias Municipais de
Agricultura e CONAB.
Utilizou-se os programas computacionais Excel e Google Earth para o cruzamento dos
dados e posterior obtenção, analise e visualização dos resultados das 13 microregiões.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
304
ITUMIRIN IPUIUNA ITAJUBÁ
7 - Unidade Regional de
LAVRAS CACHOEIRA DE MINAS
Passos
SANTO ANTÔNIO DO
SÃO ROQUE DE MINAS CRISTINA
AMAPARO
INGAÍ CAPITÓLIO PEDRALVA
RIBEIRÃO VERMELHO DELFINÓPOLIS BRASÓPOLIS
2 - Unidade Regional de
CAPETINGA SANTA RITA DO SAPUCAI
Guaxupé
MONTE SANTO DE MINAS FORTALEZA DE MINAS CARMO DE MINAS
12 - Unidade Regional de São
JACUÍ ALPINÓPOLIS
Lourenço
BANDEIRA DO SUL ITAÚ DE MINAS SÃO LOURENÇO
SÃO SEBASTIÃO DO
GUARANÉSIA ITAMONTE
PARAISO
GUAXUPÉ CLARAVAL PASSA QUATRO
ARCEBURGO CÁSSIA POUSO ALTO
ITAMOGI PASSOS BOM JARDIM DE MINAS
SÃO JOÃO BATISTA DO
DIVISA NOVA PASSA-VINTE
GLÓRIA
MONTE BELO PIUMHI VIRGINIA
SÃO PEDRO DA UNIÃO SÃO JOSÉ DA BARRA ALAGOA
JURUAIA PRATAPOLIS BOCAINA DE MINAS
8 - Unidade Regional de Ouro
SÃO TOMÁS DE AQUINO LIBERDADE
Fino
NOVA RESENDE BUENO BRANDÃO OLIMPIO NORONHA
MUZAMBINHO INCONFIDENTES ITANHANDU
BOM JESUS DA PENHA MONTE SIÃO SERRANOS
3 - Unidade Regional de
TOCOS DO MOJI CAXAMBU
Alfenas
CONCEIÇÃO DA
BOM REPOUSO AIURUOCA
APARECIDA
FAMA JACUTINGA SERITINGA
AREADO OURO FINO ANDRELÂNDIA
305
CAMPOS GERAIS MUNHOZ SÃO VICENTE DE MINAS
ALFENAS TOLEDO ARANTINA
CAMPO DO MEIO SENADOR AMARAL CARVALHOS
ALTEROSA BORDA DA MATA MINDURI
9 - Unidade Regional de 13 - Unidade Regional de
CORDISLANDIA
Pouso Alegre Três Corações
4 - Unidade Regional de SÃO SEBATIÃO DO RIO
CAMANDUCAIA
Machado VERDE
CARVALHÓPOLIS ESTIVA JESUANIA
POÇO FUNDO IBITIURA DE MINAS VARGINHA
ESPRITO SANTO DO
ELÓI MENDES BAEPENDI
DOURADO
SERRANIA CAMBUÍ LUMINÁRIAS
MACHADO EXTREMA CRUZILIA
CONCEIÇÃO DO RIO
PARAGUAÇU SILVIANÓPOLIS
VERDE
5- Unidade Regional de Boa
CONGONHAL CAMBUQUIRA
Esperança
SANATANA DO JACARÉ ITAPEVA SÃO THOMÉ DAS LETRAS
AGUANIL CORREGO DO BOM JESUS TRÊS CORAÇÕES
CANDEIAS POUSO ALEGRE SÃO BENTO ABADE
10 - Unidade Regional de São
ILICÍNEA
Gonçalo
CAMPO BELO HELIODORA
TRÊS PONTAS CAREAÇU
SANTANA DA VARGEM NATÉRCIA
CRISTAIS MONSENHOR PAULO
SÃO GONÇALO DE
BOA ESPERANÇA
SAPUCAI
COQUEIRAL TURVOLÂNDIA
CARMO DO RIO CLARO CAMPANHA
306
tem a maior área plantada e, que a Microrregião de Pouso Alegre tem a menor área plantada.
A maior produtividade é a da Microrregião Passos e, a menor a Microrregião de Itajubá e, a
maior produção foi também da Microrregião de Passos e, a menor a da Microrregião de
Itajubá.
307
Nas Microrregiões Itajubá, São Lourenço e Pouso Alegre, onde as suas produtividades
não alcançaram níveis tão elevados, uma das possíveis causas, é a baixa tecnologia empregada
por seus produtores.
A área total destas 13 microrregiões (319.190 ha), representando 23% da área total
plantada no estado de Minas Gerais (1.407.900 ha).
Na Tabela 3 encontram-se os valores da área total do município e área plantada dos
vinte maiores municípios em produção do sudoeste de Minas Gerais.
Para as regiões de maior tecnologia, poderiam ser usadas 20% das suas áreas agrícolas
para o plantio de safrinha com cultura de oleaginosas, tais como, girassol, nabo forrageiro e
canola, utilizando o sistema de plantio direto, pois oferece maior rapidez nas operações,
principalmente no plantio realizado imediatamente após a colheita, permitindo o plantio o
mais cedo possível. Além disso, um sistema de plantio direto, com adequada cobertura da
superfície do solo, permitirá o aumento da infiltração da água no solo e a redução da
evaporação, com conseqüente aumento no teor de água disponível para as plantas. (SALTON,
1998).
O plantio direto é uma técnica de cultivo conservacionista na qual procura-se manter o
solo sempre coberto por plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais. Essa cobertura
tem por finalidade protegê-lo do impacto das gotas de chuva, do escorrimento superficial e
das erosões hídrica e eólica. (SALTON, 1998)
A Tabela 4 apresenta os dez maiores municípios em produtividade. Destacam-se os
municípios de Alterosa e Campestre com as maiores produtividades de milho. Três Corações
e Passos são os municípios com as maiores áreas plantadas de acordo com a Tabela 5. Os
Municípios presentes nas Tabela 3, Tabela 4 e Tabela 5 são os que apresentam maior
potencialidade para este tipo de consorcio, devido as suas altas produções, excelentes
produtividades e grandes áreas plantadas.
308
MUZAMBINHO 848 6.000 36.000
PRATAPOLIS 822 7.000 35.000
SÃO THOMÉ DAS LETRAS 859 7.000 35.000
PARAGUAÇU 1375 5.800 34.220
CAMBUQUIRA 425 5.500 31.900
NOVA RESENDE 584 5.600 30.800
SÃO TOMÁS DE AQUINO 209 5.000 30.000
SÃO JOSÉ DA BARRA 553 5.000 30.000
CONCEIÇÃO DO RIO VERDE 644 5.500 29.700
IPUIUNA 577 5.500 27.500
RIBEIRÃO VERMELHO 409 6.000 25.800
JURUAIA 769 5.000 25.000
MACHADO 689 4.500 24.750
ALTEROSA 179 3.200 22.400
CAMPESTRE 336 3.200 22.080
CAMPANHA 628 4.400 22.000
309
Tabela 5. Vinte maiores municípios do Sudoeste de Minas Gerais em área plantada com
milho. Lavras, 2007.
MUNICIPIOS Área Plantada Produtividade (kg/ha) Produção (t)
(ha)
TRÊS CORAÇÕES 13.000 6.600 85.800
PASSOS 11.600 6.600 76.560
CARMO DO RIO CLARO 10.000 5.000 50.000
PIUMHI 8.200 6.500 53.300
SÃO SEBASTIÃO DO PARAISO 7.000 5.000 35.000
BOA ESPERANÇA 7.000 5.000 35.000
ALFENAS 6.000 6.000 36.000
MUZAMBINHO 6.000 4.300 25.800
DELFINÓPOLIS 5.800 5.900 34.220
MACHADO 5.600 5.500 30.800
PARAGUAÇU 5.500 5.800 31.900
CÁSSIA 5.500 5.400 29.700
CAMPESTRE 5.500 5.000 27.500
BOM JESUS DA PENHA 5.000 6.000 30.000
SÃO JOÃO BATISTA DO GLÓRIA 5.000 6.000 30.000
CAMPOS GERAIS 5.000 5.000 25.000
SÃO THOMÉ DAS LETRAS 5.000 4.200 21.000
CRUZILIA 4.921 3.900 19.192
TRÊS PONTAS 4.500 5.500 24.750
NOVA RESENDE 4.500 4.500 20.250
4 CONCLUSÃO
A região do sudoeste de minas gerais é composta por treze microrregiões, que
apresentam elevado potencial para o cultivo de oleaginosas em safrinha no sistema de
sucessões de cultura, para as áreas de produção de milho. Estas treze Microrregiões têm
produtividade semelhante e, até mesmo superiores as principais regiões produtoras de milho
no Brasil. O sudoeste mineiro corresponde a 23% de total área plantada com milho no estado
de Minas Gerais. As microrregiões de Passos, Boa Esperança, Três Corações, Guaxupé, são
as que apresentam maior potencialidade para o cultivo de oleaginosas em safrinha em áreas de
cultivo de milho, para produção de biodiesel.
310
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONAB, Milho, safra: 2006/2007 disponível em < http://www,conab,gov,br/
conabweb/download/safra/safra_2006_07_milho,pdf > Acesso em: 07 de Janeiro de 2007.
SALTON, J,C,; HERNANI, L,C,; FONTES, C,Z, Sistema plantio direto, Brasília:
EMBRAPA-SPI/ Dourados: Embrapa-CPAO, 1998, 248p, (Coleção 500 perguntas 500
respostas).
311
EFEITO DE INSETICIDAS EM PULVERIZAÇÃO NO CONTROLE DO
TRIPES (Enneothrips flavens) E DA LAGARTA-DO-PESCOÇO-VERMELHO
(Stegasta Bosquella) NA CULTURA DO AMENDOIM CULTIVAR IAC-
CAIAPÓ
312
1 INTRODUÇÃO
A cultura do amendoim Arachis hypogaea L. é mais cultivada no Estado de São Paulo,
em relação aos demais estados do país, sendo importantíssima para fornecimento de matéria
prima à industrialização de óleos vegetais e doces. A macro-região de Ribeirão Preto, SP,
destaca-se como a maior produtora do Estado de São Paulo, com cerca de 21.258 ha plantados
(INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, 2004), geralmente, em consorciação ao plantio
de cana-de-açúcar. O custo de produção da cultura, gira em torno de 10% do rendimento
bruto, mas em anos de grande incidência de pragas, o lavrador precisa estar atento, pois a falta
de controle no momento certo pode tirar toda margem de lucro gerada por esta leguminosa.
Em anos favoráveis para pragas e doenças o controle químico sobrecarrega o custo de
produção (LASCA, 1986).
Diversas são as pragas que podem atacar as lavouras de amendoim. Atualmente para a
região de Ribeirão Preto, SP, os tripes Enneothrips flavens (Moulton, 1941) (Thysanoptera:
Thripidae); a lagarta-do-pescoço vermelho Stegasta bosquella (Chambers, 1875)
(Lepidoptera: Gelechidae) e a lagarta Anticarsia gemmatalis constituem os principais
problemas, acelerando a queda de folhas e incrementando a ocorrência de doenças fúngicas
(GALLO et al., 1988). ROSSETTO et al. (1968) encontraram a espécie E. flavens nos
ponteiros de amendoinzeiro, causando estrias prateadas e deformações nos folíolos, com
grandes prejuizos para a cultura. ALMEIDA et al. (1965) mostraram os danos produzidos por
Frankliniella fusca em plantio de amendoim das águas. BATISTA (1967) estudando o tripes
E. flavens obteve que o período crítico vai até 70 dias, após a germinação do amendoim,
praticamente não apresentando prejuízos após este período, apresentando baixa incidência.
GALLO et al. (1988) citaram que o ciclo ovo-adulto dos tripes é em média 13 dias. As formas
jovens são amareladas e sem asas, enquanto os adultos são de coloração escura (2 mm de
comprimento) e com asas franjadas. Os tripes extraem sucos de folíolos jovens e causam
danos que vão desde ferimentos até a abscissão dos folíolos. Existem muitas variáveis quanto
ao efeito do tripes sobre a produtividade da cultura, mas todos os trabalhos comprovam a
importância econômica dessa praga. O uso de inseticidas é o único método utilizado pelos
agricultores e as recomendações baseiam-se nas características varietais do cultivar 'tatú',
precoce e susceptível à praga (GABRIEL et al., 1998). ALMEIDA et al. (1965) estimaram
que para o tripes F. fusca, uma infestação média de 2 tripes/folíolo até aos 70 dias da
emergência, provocou um prejuízo de 15% na produção final de amendoim.
313
NAKANO et al. (1981) estimaram os prejuízos do tripes E. flavens, em 1% para cada
tripes/folíolo, em média, até aos 70 dias da germinação da cultura, ou seja, se durante o
período crítico houver uma infestação média de 10 tripes/ folíolo, haverá uma perda de 10%
na produtividade. GABRIEL et al. (1996) mostraram que variedades de ciclo longo, como
IAC-Caiapó e IAC-Jumbo tendem a ser menos atacadas pelos tripes em ausência de controle
químico, enquanto que variedades precoces como tatu são mais atacadas e portanto
necessitam de maior cuidado quanto aos tripes. GABRIEL et al. (1998) não observou
diferenças representativas entre áreas com controle e sem controle do tripes em amendoim, na
região de Campinas, SP, a não ser para o cultivar IAC-Jumbo, embora melhores respostas ao
tratamento químico tenham sido obtidas com o cultivar tatú.
Existe divergências quanto aos efeitos sobre a produção, enquanto LARA et al. (1975)
obtiveram uma redução próxima a 50% em áreas sem controle, bem como SCARPELLINI &
NAKAMURA (2002) utilizando thiamethoxam 700 WS a partir de 52,5 g i.a./ 100 kg em
tratamento de sementes observaram eficiência de controle satisfatória até 31 dias após a
emergência e acréscimos significativos na produtividade da ordem de 23, 1 a 46,3%,em áreas
tratadas, em relação às sem tratamento de sementes. SILVA (1977) concluiu que os
tratamentos de sementes ou foliares realizados, não proporcionaram aumentos de produção
em relação à testemunha. Também MORGAN et al. (1970) não observaram influência no
crescimento, florescimento e aumento de produção, realizando o controle químico do tripes
em amendoim.
Dessa forma, dada a importância dos tripes E. flavens e da lagarta-do-pescoço-vermelho
S. bosquella, especialmente no inicio da cultura, realizou- se o presente estudo, com o
objetivo avaliar em condições de campo, a praticabilidade e a eficiência agronômica do
inseticida Connect (Imidacloprid + Betaciflutrina); comparados ao Engeo Maxx (Tiametoxam
+ Lambdacialotrina); Orthene 750 BR (Acephate) e Tamaron BR (Metamidofos), no controle
do tripes E. flavens e na lagarta-do-pescoço-vermelho S. bosquella na cultura do amendoim.
2 MATERIAL E METODOS
O trabalho foi desenvolvido no campo experimental do Pólo Regional de
Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Leste –APTA (Agencia Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios), no município de Ribeirão Preto (Latitude 21º. 10’ 42’’,
longitude 47º. 48’24’’, altitude de 544 m), no periodo de 03/01 a 21/01/2005, utilizando-se o
314
cultivar IAC-caiapó, plantio em 28/11/2004, espaçamento de 0,5 m e adubação de 280 kg 4-
14-8/ha. Foram estabelecidos os tratamentos, conforme apresentados na tabela 1:
As aplicações foliares (1ª aplic. - 03/01 e 2ª aplic. – 11/01) foram realizadas no período
da manhã, utilizando-se de um pulverizador costal CO2, equipado com 2 bicos Jacto D2 preto
- cone vazio, utilizando-se 45 lb/pol² de pressão no pulverizador e um volume de calda de 200
L/ha, nas aplicações realizadas conforme a seguir:
Foi realizada a contagem do número de ninfas de tripes aos 3 e 7 dias após a 1ª.
Aplicação e aos 3, 8 e 11 dias após a segunda aplicação, amostrando-se 15 ponteiros (15
folhas completas com 4 folíolos fechados por folha) na parcela, observando-se
cuidadosamente na região de inserção das folhas novas. As avaliações foram realizadas aos 3
e 7 dias após a primeira aplicação e aos 3, 8 e 11 dias após a segunda aplicação, amostrando-
se 60 folíolos ao acaso por parcela, nas duas ruas centrais, anotando-se o número de tripes
presentes. Na mesma amostragem e datas observou-se o numero de lagarta-do-pescoço-
vermelho presentes. Os resultados obtidos foram submetidos aos testes F de variância e ao
X + 0 ,5
teste de Tukey a 5 % de probabilidade, após serem transformados em . As
porcentagens de eficiência (% E) foram calculados utilizando-se a fórmula de ABOTT (1925),
citado por NAKANO et al. (1981).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
315
Os resultados obtidos no decorrer do experimento estão expressos de forma resumida
na tabela 2 e 3, a seguir: Verificou-se pela tabela 2, quanto ao controle do tripes E. flavens que
na avaliação realizada aos 3 dias após a 1ª. aplicação todos os tratamentos apresentaram
eficiência de controle satisfatória. Aos 7 dias após praticamente todos os tratamentos já não
apresentaram eficiência satisfatória, denotando a necessidade de reaplicação. Novamente aos
3 dias após a 2ª. aplicação todos os tratamentos apresentaram eficiência de controle
satisfatória, mas aos 8 dias após apenas o Engeo Maxx a partir de 100 mL p.c./ha e o Connect
a partir de 500 mL p.c./ha apresentaram eficiência de controle satisfatória, enquanto os
demais mostraram menor efeito residual. Estes resultados foram confirmados aos 11 dias após
a 2ª. aplicação, quando ainda os tratamentos citados apresentaram eficiência de controle
satisfatória dos tripes.
No caso da lagarta-do-pescoço-vermelho, com excessão do Tamaron BR a 1000 mL
p.c./ha e o Orthene 750 BR a 500 g p.c./ha (que tiveram menor efeito residual), todos os
tratamentos apresentaram excelente controle de S. bosquella em todas as avaliações
realizadas, podendo ser recomendados no seu controle.
Tabela 2: Número total de tripes E. flavens por tratamento. Teste de Tukey ao nível de 5 %
de probabilidade e porcentagem de eficiência de controle. Ribeirão Preto, SP, 03/01 a
21/01/2005.
TRATAMENTOS DOSES 3 DA1A 7 DA1A 3 DA2A 8 DA2A 11 DA2A
NOMECOMUM p.c./100 Nº¹ No 1 % E No 1 % E No 1 % E No 1 % E
L
01 – Connect 500 4 cd 99 217 b 66 8 b 98 30 c 96 27 c 96
02 – Connect 750 1 d 99 192 b 70 6 b 99 31 c 95 56 c 93
03 – Engeo maxx 100 3 cd 99 136 b 79 6 b 99 28 c 96 44 c 94
04 – Engeo maxx 150 6 cd 99 102 b 84 3 b 99 25 c 96 25 c 97
05 – Tamaron BR 1000 55 b 91 212 b 68 8 b 98 177 b 74 195 b 75
06 – Orthene 750 500 62 b 90 252 b 61 18 b 96 157 b 77 185 b 76
07 – Testemunha ------ 604 a --- 638 a --- 461 a --- 674 a --- 769 a ---
-
Coeficiente de variação (%) 21,42 21,28 44,60 13,95 20,45
316
F de tratamentos 112,69** 8,53** 90,11** 41,95**
35,78**
¹ Número total de ninfas de tripes em 15 ponteiros por parcela.
Valores seguidos de mesma letra nas colunas não diferem entre sí por Tukey a 5 %
Tabela 3: Número total de lagarta-do-pescoço-vermelho S bosquella por tratamento. Teste de
Tukey ao nível de 5 % de probabilidade e porcentagem de eficiência de controle. Ribeirão
Preto, SP, 03/01 a 21/01/2005.
TRATAMENTOS DOSES 3 DA1A 7 DA1A 3 DA2A 8 DA2A 11 DA2A
NOMECOMUM p.c./100 Nº¹ No 1 % E No 1 % E No 1 % E No 1 % E
L
01 – Connect 500 3 b 91 2 bc 89 2 b 85 0 d 1 b 91
100
02 – Connect 750 0 b 100 3 bc 83 0 b 100 0 d 0 b 100
100
03 – Engeo maxx 100 0 b 100 0 c 100 1 b 92 0 d 0 b 100
100
04 – Engeo maxx 150 0 b 100 1 bc 94 0 b 100 0 d 0 b 100
100
05 – Tamaron BR 1000 3 b 91 7 b 61 0 b 100 7 bc 3 b
68 73
06 – Orthene 750 500 2 b 93 4 bc 78 0 b 100 9 b 3 b 73
59
07 – Testemunha ------ 32 a --- 18 a --- 13 a --- 22 a -- 11 a ---
-
Coeficiente de variação (%) 30,43 25,09 23,88 24,67 27,81
F de tratamentos 19,00** 7,22**
12,66** 32,15** 19,96**
¹ Número total de ninfas de tripes em 15 ponteiros por parcela.
Valores seguidos de mesma letra nas colunas não diferem entre sí por tukey a 5 %
4 CONCLUSÃO
317
Connect (Imidacloprid + Betaciflutrina) a partir de 500 mL p.c./ha apresentou bom controle
do tripes E. flavens e da lagarta-do-pescoço-vermelho S. bosquella na cultura do amendoim,
podendo ser utilizado no seu controle. Nenhum dos produtos, nas doses empregadas no
experimento, apresentou efeito fitotóxico à cultura do amendoim.
5 REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, P.R.; ARRUDA, H.V.; NEVES, G.S. Efeito do tripés Frankliniella fusca sobre
a produção de amendoinzeiro. Biológico, São Paulo, v.31, n.9, p.181-191, 1965.
ALMEIDA, P.R.; PIGATTI, A.; SATO, E.; ARRUDA, H.V. Ensaio e campo para o
controle de pragas do amendoinzeiro. Biológico, São Paulo, v.43, n.7/8, p.167-171, 1977.
BATISTA, G.C. Controle dos tripes do amendoim, séria praga da cultura no Estado de São
Paulo. Rev. Agric., Piracicaba, v.42, n.2, p.59-64, 1967.
CALCAGNOLO, G.; RENSI, A.A.; GALLO, J.R. Efeitos da infestação o tripes nos folíolos
do amendoinzeiro Enneothrips flavens (Moulton, 1941), no desenvolvimento das plantas, na
qualidade e quantidade da produção de uma cultura "das águas". Biológico, São Paulo, v.40,
n.8, p.241-242, 1974.
GABRIEL, D.; NOVO, J.P.S.; GODOY, I.J. DE; BARBOZA, J.P. Flutuação populacional de
Enneothrips flavens Moul., em cultivares de amendoim. Bragantia, v.55, n.2, p.253-257,
1996.
GABRIEL, D.; NOVO, J.P.S.; GODOY, I.J. Efeito do controle químico na população de
Enneothrips flavens Moul., e na produtividade de cultivares de amendoim Arachis hipogaea
L. Arq. Inst. Biol., v.65, n.2, p. 51-56, 1998.
LARA, F.M.; SÁ, L.A.N.; SOBUE, S.; FERREIRA, M.T. Controle do tripes do amendoim
Enneothrips flavens Moulton, 1941, em "cultura da seca". Biológico, São Paulo, v.41, n.9,
p.251-255, 1975.
MORGAN, L.W.; SNOW, J.W.; PEACH, M.J. Chemical thripscontrol: Effects on growth
and yield of peanuts in Georgia. J. Econ. Entomol., v. 63, n.4, p.1253-1255, 1970.
NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R.A. Entomologia Econômica. Ed.
Livroceres, São Paulo, 314p., 1981.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
318
ROSSETO, C.J.; POMPEU, A.S. & TELLA, R. Enneothrips flavens Moulton, 1941
(Thysanoptera:Thripidae) causando prateamento do amendoinzeiro no Estado de São Paulo.
Ciênc. Cult., v.20, n.2, p.757, 1968.
319
COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL EM ÁREA DE
RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES,
NORTE FLUMINENSE
RESUMO: Com a introdução da cultura do girassol como uma das oleaginosas que poderão
ser utilizadas no Estado do Rio de Janeiro para a produção de óleo, voltado para a produção
de biodiesel, alguns estudos já foram conduzidos enfocando a competição de genótipos. Estes
estudos foram conduzidos prioritariamente em condições de outono-inverno, testando várias
épocas de semeadura na região Norte Fluminense. Atualmente os estudos com oleaginosas
nesta região estão voltados para a utilização das áreas de renovação de canaviais. As áreas de
renovação são normalmente liberadas a partir de setembro-outubro, e o plantio da cana
somente será realizado no ano seguinte, em março-abril. Procurando estudar o desempenho de
genótipos de girassol em áreas de renovação de canaviais, conduziu-se o presente trabalho no
Norte Fluminense, avaliando três híbridos simples, um híbrido triplo e uma cultivar, incluídas
as já recomendadas. O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte
Fluminense, em área onde a cana, variedade SP 792233, estava sendo cultivada há seis cortes.
Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos, procurando-se identificar
genótipos de girassol mais adaptáveis ao desenvolvimento nas condições do Norte
Fluminense, particularmente em áreas de renovação de canaviais.
320
1 INTRODUÇÃO
Com a introdução da cultura do girassol como uma das oleaginosas que poderão ser
utilizadas no Estado do Rio de Janeiro para a produção de óleo, voltado para a produção de
biodiesel, alguns estudos já foram conduzidos enfocando a competição de genótipos, visando
identificar aqueles mais adaptados às diferentes condições edafoclimáticas das regiões
produtoras. Estudos preliminares conduzidos por Oliveira, 2006, baseado em ensaios
conduzidos em vários municípios fluminense, recomenda-se híbridos simples Helio 250 e
Helio 251 e a cultivar Catissol para plantio.
Estes estudos foram conduzidos prioritariamente em condições de outono-inverno,
testando várias épocas de semeadura na região Norte Fluminense (Rêgo Filho et al., 2006 a,b
e c).
Atualmente os estudos com oleaginosas nesta região estão voltados para a utilização das
áreas de renovação de canaviais, estimado em cerca de 20.000 hectares anuais. O girassol
seria cultura de interesse para estas áreas, podendo ser cultivada sem atrapalhar o próximo
plantio da cana. As áreas de renovação são normalmente liberadas a partir de setembro-
outubro, e o plantio da cana somente será realizado no ano seguinte, em março-abril.
Procurando estudar o desempenho de cultivares e híbridos de girassol em áreas de
renovação de canaviais, conduziu-se o presente trabalho no Norte Fluminense, avaliando três
híbridos simples, um híbrido triplo e uma cultivar, incluídas as já recomendadas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,5 (acidez média); P (mg dm-3) 7,0
(baixo); K (cmolc dm-3) 0,25 (bom); Ca (cmolc dm-3) 2,49 (bom); Mg (cmolc dm-3) 1,83
(muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,15 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 3,83 (médio); MO
(dag kg-1) 2,35 (médio); CTC (cmolc dm-3) 8,52 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,69; V (%) 55
(médio); m (%) 3 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 40,46 (bom); Cu (mg dm-3) 1,42 (bom); Zn
(mg dm-3) 1,25 (médio); Mn (mg dm-3) 16,10 (alto) e B (mg dm-3) 0,97 (alto). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez et al. (1999).
321
O ensaio foi conduzido em área aonde a cana, variedade SP 792233, vinha sendo
cultivada há seis cortes. Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
A adubação utilizada no plantio foi de 20 kg de N ha-1 (fonte sulfato de amônio), 70 kg de
P2O5 ha-1 (fonte superfosfato simples), 40 kg de K2O ha-1 (fonte cloreto de potássio) e 1 kg de
B ha-1 (fonte ácido bórico), distribuídos no sulco de plantio e incorporados antes da
semeadura. Como cobertura, aplicou-se 20 kg ha-1 de N (fonte sulfato de amônio). A
semeadura foi realizada manualmente no dia 28.11.2006. A distância entre plantas na linha foi
de 0,2 m, totalizando cinco covas por metro de sulco, com duas sementes por cova. Sete dias
após a emergência foi realizado desbaste deixando-se cinco plantas por metro de sulco.
Foi utilizado os híbridos simples Helio 250, Helio 251 e Helio 358, o híbrido triplo
Helio 360 e a cultivar Catissol, no delineamento experimental de blocos casualizados, em
quatro repetições. Cada unidade experimental constou de sete linhas de nove metros de
comprimento, espaçadas em 0,80 m, constituindo área total de 50,4 m2.
Por ocasião da colheita foram consideradas como área útil apenas as cinco linhas
centrais, eliminando 1,0 m em cada extremidade, totalizando 28,0 m2. Foram avaliadas as
seguintes características: altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm), obtido a cinco centímetros do nível do
solo, na floração plena; curvatura do caule (cm) obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, na
colheita; massa de 1000 aquênios (g) e produção de grãos (kg ha-1).
No controle de plantas daninhas, com predominância de corda-de-viola (Merremia
cissoides L.), foram realizadas capinas manuais. A presença desta erva daninha tornou a
prática de capina mais difícil, por usar o girassol como suporte para seu crescimento
indeterminado, formando verdadeiras teias na lavoura. Não foram necessárias intervenções
para controle de doenças e pragas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A colheita foi realizada manualmente em 05.03.2007, aos 100 dias após a semeadura.
Segundo Helianthus do Brasil, s.d., da germinação até a maturação fisiológica são necessários
de 80 a 100 dias (Helio 358 e Helio 360) e de 85 a 105 dias para a Helio 250 e de 90 a 115
322
dias para a Hélio 251. O resumo da análise de variância para as características avaliadas nos
genótipos encontra-se no Quadro 1.
Quadro 1 - Resumo das análises de variância dos dados das características altura da planta
(AP), diâmetro do caule (DC), curvatura do caule (CC), tamanho do capitulo (TC),
produtividade de grãos (PR) e massa de 1000 aquênios (M1000A) avaliadas no ensaio de
girassol conduzido em Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Fonte de Graus QM
Variação Liberdade AP DC CC TC PR M1000A
Genótipos 4 165,8ns 3,9ns 158,6* 5,0** 51082,4ns 11,1ns
Blocos 3 144,2 1,9 88,3 1,3 53510,6 19,8
Erro 12 99,3 3,7 39,2 0,7 46825,5 4,8
CV (%) - 11,32 14,36 8,43 8,93 39,20 5,94
ns
Não significativo pelo teste F. * Significativo pelo teste F a 5% de probabilidade. ** Significativo pelo teste F a
1% de probabilidade.
323
Quadro 2 - Médias dos híbridos e da cultivar utilizada para as características altura da planta
(AP), diâmetro do caule (DC), curvatura do caule (CC), tamanho do capitulo (TC),
produtividade de grãos (PR) e massa de 1000 aquênios (M1000A) avaliadas no ensaio de
girassol conduzido em Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Genótipo AP DC CC TC PROD M1000A
Helio 360 90 a 14 a 75 a 10,0 ab 702 a 38 a
Catissol 92 a 13 a 81 a 9,7 abc 594 a 39 a
Helio 250 83 a 14 a 67 a 11,0 a 586 a 36 a
Helio 251 80 a 12 a 69 a 8,0 c 442 a 37 a
Helio 358 95 a 14 a 80 a 9,0 bc 436 a 34 a
Média 88 13 74 10 552 37
Médias seguidas de letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.
Um dos motivos da baixa produtividade média pode estar no total de água disponível
para a cultura durante o seu período inicial, acima de 500 mm.
Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos, procurando-se
identificar genótipos de girassol mais adaptáveis ao desenvolvimento nas condições do Norte
Fluminense.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
324
4 CONCLUSÃO
Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos, procurando-se
identificar genótipos de girassol mais adaptáveis ao desenvolvimento nas condições do Norte
Fluminense, particularmente em áreas de renovação de canaviais.
5 AGRADECIMENTO
À Helianthus do Brasil Ltda, pelo fornecimento das sementes dos híbridos avaliados.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ, V. V. H.; NOVAIS, R. F. de; BARROS, N. F.; CANTARUTTI, R. B.
Interpretação dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T.
G.; ALVAREZ, V. V. H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais – 5ª Aproximação. Viçosa : CFSEMN, 1999. p. 25-32.
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Primeira época de semeadura (março 2005).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006a. p. 24.
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Segunda época de semeadura (abril 2005). In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006b. p. 25.
REGO FILHO, L. de M.; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, J.M.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J.F. Avaliação de genótipos de girassol
na região Norte do Estado do Rio de Janeiro – Terceira época de semeadura (fevereiro 2006).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E
BIODIESEL (3.; 2006 : Varginha, MG). Livro de resumos ... Varginha : Ufla, Prefeitura
Municipal de Varginha, 2006c. p. 26.
325
RESPOSTA DO GIRASSOL À CALAGEM E DOSES DE BORO EM ÁREA
DE RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES,
NORTE FLUMINENSE
326
1 INTRODUÇÃO
A calagem é prática fundamental para a melhoria do ambiente radicular das plantas,
constituindo-se, talvez, em condição primária para ganhos de produtividade nos solos
(Alvarez e Ribeiro, 1999).
Os solos, além de serem ácidos nas condições naturais, tornam-se mais ácidos com a
prática da adubação e pelo próprio processo de absorção de nutrientes, onde há uma troca de
cátions por íons H+ extrudados pela raiz (Malavolta e Violante Netto, 1989).
O girassol é uma espécie sensível à acidez do solo, sendo importante o seu cultivo em
solos com pH corrigidos (Paes, 2005). Amabile et al., 2003, ao analisarem o crescimento do
girassol em latossolo com diferentes níveis de saturação por bases no cerrado, concluíram que
o crescimento da planta é reduzido quando o nível de saturação por bases do solo situa-se em
18%.
Apesar dos benefícios proporcionados pela calagem, um de seus efeitos é interferir na
disponibilidade de boro no solo, pelo aumento do pH (Dantas, 1991). Este é um dado
importante, por ser este micronutriente o mais limitante ao cultivo do girassol (Castro e
Oliveira, 2005).
Considerando-se que a cultura do girassol vem sendo introduzida e avaliada no Norte
Fluminense como opção de cultivo para áreas de renovação de canaviais, conduziu-se este
estudo, procurando analisar o desempenho da cultura a doses de boro na presença e na
ausência de calagem.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,5 (acidez média); P (mg dm-3) 7,0
(baixo); K (cmolc dm-3) 0,25 (bom); Ca (cmolc dm-3) 2,49 (bom); Mg (cmolc dm-3) 1,83
(muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,15 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 3,83 (médio); MO
(dag kg-1) 2,35 (médio); CTC (cmolc dm-3) 8,52 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,69; V (%) 55
(médio); m (%) 3 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 40,46 (bom); Cu (mg dm-3) 1,42 (bom); Zn
(mg dm-3) 1,25 (médio); Mn (mg dm-3) 16,10 (alto) e B (mg dm-3) 0,97 (alto). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez et al. (1999).
327
O ensaio foi conduzido em área aonde a cana, variedade SP 792233, vinha sendo
cultivada há seis cortes. Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
A adubação utilizada no plantio foi de 500 kg ha-1 da fórmula 04-14-08, distribuída no sulco
de plantio e incorporada antes da semeadura. Como cobertura, aplicou-se 20 kg ha-1 de N
(fonte sulfato de amônio). A semeadura foi realizada manualmente no dia 28.11.2006. A
distância entre plantas na linha foi de 0,2 m, totalizando cinco covas por metro de sulco, com
duas sementes por cova. Sete dias após a emergência foi realizado desbaste deixando-se cinco
plantas por metro de sulco.
Foi utilizada a cultivar Catissol, no delineamento experimental de blocos casualizados
em esquema de parcelas subdivididas, em quatro repetições. Na parcela ficou a presença e/ou
ausência de calagem e, na subparcela, as doses de boro via solo: 0; 2; 4 e 6 kg ha-1, utilizando
como fonte o ácido bórico. Cada unidade experimental constou de sete linhas de nove metros
de comprimento, espaçadas em 0,80 m, constituindo área total de 50,4 m2. Na calagem,
quando presente, foi utilizado o calcário dolomítico, na recomendação de 2 toneladas por
hectare.
Por ocasião da colheita foram consideradas como área útil apenas as cinco linhas
centrais, eliminando 1,0 m em cada extremidade, totalizando 28,0 m2. Foram avaliadas as
seguintes características: altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm), obtido a cinco centímetros do nível do
solo, na floração plena; curvatura do caule (cm) obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, na
colheita; massa de 1000 aquênios (g); produção de grãos (kg ha-1) e estande final.
No controle de plantas daninhas, com predominância de corda-de-viola (Merremia
cissoides L.), foram realizadas capinas manuais. A presença desta erva daninha tornou a
prática de capina mais difícil, por usar o girassol como suporte para seu crescimento
indeterminado, formando verdadeiras teias na lavoura. Não foram necessárias intervenções
para controle de doenças e pragas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A colheita foi realizada manualmente em 06.03.2007, aos 100 dias após a semeadura.
328
A análise de variância somente detectou diferenças significativas para as características
avaliadas com relação ao efeito de doses de boro, exceto para número de plantas quebradas.
Os tratamentos calagem (presença e ausência), bem como a interação entre a calagem e as
doses de Boro não apresentaram significância (Quadro 1).
Quadro 1 - Resumo das análises de variância dos dados das características altura da planta
(AP), diâmetro do caule (DC), curvatura do caule (CC), tamanho do capitulo (TC),
produtividade de grãos (PR), massa de 1000 aquênios (M100A) e estande final (EF) avaliadas
no ensaio de girassol conduzido em Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Fonte de QM
Variação GL AP DC CC TC
Blocos 3 206,83 1,12 79,58 1,38
Calagem (C) 1 24,50 ns 3,12ns 55,12ns 0,12ns
Erro A 3 135,00 1,79 31,21 1,21
** ** **
Doses de Boro (B) 3 46853,42 570,71 26533,50 287,38**
Interação C x B 3 98,92 ns 1,38ns 25,12ns 0,38ns
Erro B 18 164,28 1,15 69,56 0,65
CVparcela (%) 17,54 18,30 11,20 21,19
CVsubparcela (%) 19,35 14,68 16,72 15,57
Fonte de QM
Variação GL PR M1000A EF
Blocos 3 22294,03 10,88 66,58
ns ns
Calagem (C) 1 53382,78 4,50 24,50ns
Erro A 3 26751,03 1,75 43,58
Doses de Boro (B) 3 1687575,28** 4510,12** 22584,75**
Interação C x B 3 48650,28ns 1,83 ns 68,92ns
Erro B 18 23334,97 4,76 26,89
CVparcela (%) 41,92 6,43 14,35
CVsubparcela (%) 39,15 10,61 11,27
**, ns
Significativo a 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F.
329
Com relação à análise de regressão polinomial apenas a característica estande final não
apresentou diferença significativa. Já as demais características apresentaram uma resposta
quadrática (P<0,01) em relação às doses de Boro, com exceção da curvatura do caule que
apresentou resposta linear (P<0,01) quando submetidas as diferentes doses de boro. Deve-se
destacar que o teor de boro no solo é alto.
As regressões polinomiais obtidas para altura de planta (cm), curvatura do caule (cm),
massa de 1000 aquênios (g) e estande final (número de plantas colhidas) encontram-se na
Figura 1.
AP CC M1000A EF
Figura 1 - Regressões polinomiais obtidas para altura de planta (AP), curvatura do caule (CC),
massa de 1000 aquênios (M1000A) e estande final (EF).
330
16
15
14
2
DC y = -0.1172x + 0.6969x + 14.0812
13 2
R = 0.8695**
12
11
10
TC y = -0.0313x2 + 0.1375x + 10.275
9 2
R = 0.9**
8
0 2 4 6
doses de Boro (kg/ha)
DC TC
Figura 2 - Regressões polinomiais obtidas para diâmetro de caule (DC), e tamanho do capítulo
(TC).
950
900
850
800
750 2
y = -17.3672x + 117.0594x + 698.3062
700 2
R = 0.9999**
650
600
550
500
0 2 4 6
doses de Boro (kg/ha)
PR
331
Pode-se verificar pelas regressões que, de maneira geral, para todas as características
avaliadas doses de boro superior a 4 kg ha-1 (ponto de máximo para produção de grãos
alcançada com 3,4 kg de B ha-1) é prejudicial ao girassol, nas condições avaliadas.
As médias obtidas para cada característica avaliada em função das doses de boro
empregadas encontram-se no Quadro 2.
332
Quadro 3 – Precipitação pluviométrica (mm) obtida durante o período experimental
(novembro de 2006 a março de 2007). Campos dos Goytacazes, 2006/2007. Dados obtidos
em estação evapotranspirométrica localizada ao lado da área experimental (CCTA/UENF).
Meses Precipitação Pluviométrica (mm)
Novembro de 2006 207
Dezembro de 2006 84
Janeiro de 2007 430
Fevereiro de 2007 49
Março de 2007 61
Total 831
Um dos motivos da baixa produtividade média (807 kg ha-1) pode estar no total de água
disponível para a cultura durante o seu período inicial, acima de 500 mm.
Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos, procurando-se
identificar doses de boro mais favoráveis ao desenvolvimento da cultura no Norte
Fluminense, bem como da recomendação da calagem.
4 CONCLUSÕES
Não houve resposta significativa em nenhuma das características avaliadas quanto à
aplicação de calcário dolomítico.
Houve resposta significativa da maioria das características avaliadas, incluindo
produção de grãos, a doses de boro, com ajuste quadrático em relação às doses utilizadas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ, V. V. H.; NOVAIS, R. F. de; BARROS, N. F.; CANTARUTTI, R. B.
Interpretação dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T.
G.; ALVAREZ, V. V. H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais – 5ª Aproximação. Viçosa : CFSEMN, 1999. p. 25-32.
333
CASTRO, C. de; OLIVEIRA, F. A. de. Nutrição e adubação do girassol. In: LEITE,
R.M.V.B. de C.; BRIGHENTI, A.M.; CASTRO, C. de. Girassol no Brasil. Londrina:
Embrapa Soja, 2005. p. 317-373.
334
RESPOSTA DO GIRASSOL A DOSES DE POTÀSSIO EM ÁREA DE
RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES,
NORTE FLUMINENSE
RESUMO: Ocorre diferença na quantidade absorvida de K, devido sua absorção do solo ser
influenciada não só pela exigência da própria cultura, mas também pela sua disponibilidade e
condições físicas, químicas e biológicas do ambiente onde a cultura se desenvolve. Dentre as
oleaginosas o girassol remove do solo 240 kg de K2O ha-1, enquanto a soja retira 170, a colza
220 e o amendoim 110. Apesar de não ser limitante nos solos da região, o uso contínuo das
áreas com a cana-de-açúcar e adubação nem sempre em doses adequadas, podem estar
limitando sua disponibilidade. Com este objetivo foi conduzido este trabalho, testando-se
doses de potássio via solo (fundação), avaliando-se seus efeitos na cultura do girassol, em
área de renovação de canaviais. O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região
Norte Fluminense, em área aonde a cana, variedade SP 792233, vinha sendo cultivada há seis
cortes. A adubação utilizada no plantio foi de 20 kg de N ha-1 (fonte sulfato de amônio) e de
70 kg de P2O5 ha-1 (fonte superfosfato simples), juntamente com as doses de K: testemunha
(sem K), 20 kg de K2O ha-1, 40 kg de K2O ha-1 e 60 kg de K2O ha-1 (fonte cloreto de
potássio), distribuídos no sulco e incorporados antes da semeadura. Conclui-se que não houve
resposta significativa em nenhuma das características avaliadas quanto à aplicação de doses
de potássio.
335
1 INTRODUÇÃO
No Estado do Rio de Janeiro a expectativa em torno do cultivo do girassol é grande,
devido, principalmente, ao lançamento do Programa RioBiodiesel pelo Governo Estadual, em
2005. A partir daí a pesquisa iniciou seus estudos com a cultura no estado, visando sua
produção voltada para o biodiesel.
Paes, 2005, cita que até 1981 eram escassos os estudos que envolviam a nutrição e
adubação desta oleaginosa, sendo recomendado para a decisão da dosagem do fertilizante, a
análise de solo.
A importância da análise de solo como indicador da necessidade de adubação potássica
no girassol também foi destacado por Castro e Oliveira, 2005.
Segundo a Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1990, ocorrem
grandes diferenças na quantidade absorvida deste macronutriente por diversas culturas. Esta
diferença ocorre devida sua absorção do solo ser influenciada não só pela exigência da própria
cultura, mas também pela sua disponibilidade no solo e pelas condições físicas, químicas e
biológicas do ambiente onde a cultura se desenvolve. Segundo ainda essa Associação, dentre
as oleaginosas o girassol remove do solo 240 kg de K2O ha-1, enquanto a soja retira 170, a
colza 220 e o amendoim 110.
Apesar de não ser limitante nos solos da região, o uso contínuo das áreas com a cana-
de-açúcar e adubação nem sempre em doses adequadas, podem estar limitando a
disponibilidade de potássio. Como este macronutriente também tem participação efetiva no
teor de óleo final, sua disponibilidade nas áreas de renovação deverá ser mais bem avaliada.
Com este objetivo foi conduzido este trabalho, testando-se doses de potássio via solo
(fundação), avaliando-se seus efeitos na cultura do girassol, em área de renovação de
canaviais.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, nas
coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11
metros.
Por ocasião da escolha da área foi retirada amostra de solo (0-20 cm), cujo resultado da
análise química, feita pela Fundenor, mostra: pH (água) 5,5 (acidez média); P (mg dm-3) 7,0
(baixo); K (cmolc dm-3) 0,25 (bom); Ca (cmolc dm-3) 2,49 (bom); Mg (cmolc dm-3) 1,83
(muito Bom); Al (cmolc dm-3) 0,15 (muito baixo); H + Al (cmolc dm-3) 3,83 (médio); MO
336
(dag kg-1) 2,35 (médio); CTC (cmolc dm-3) 8,52 (médio); SB (cmolc dm-3) 4,69; V (%) 55
(médio); m (%) 3 (muito baixo); Fe (mg dm-3) 40,46 (bom); Cu (mg dm-3) 1,42 (bom); Zn
(mg dm-3) 1,25 (médio); Mn (mg dm-3) 16,10 (alto) e B (mg dm-3) 0,97 (alto). A classificação
entre parêntesis refere-se à avaliação de sua fertilidade, segundo Alvarez et al. (1999).
O ensaio foi conduzido em área aonde a cana, variedade SP 792233, vinha sendo
cultivada há seis cortes. Foi feito o corte da soca, e o solo preparado com aração e gradagem.
A adubação utilizada no plantio foi de 20 kg de N ha-1 (fonte sulfato de amônio), 70 kg de
P2O5 ha-1 (fonte superfosfato simples) e 1 kg de boro ha-1 (fonte ácido bórico), juntamente
com as doses de K: testemunha (sem K), 20 kg de K2O ha-1, 40 kg de K2O ha-1 e 60 kg de
K2O ha-1 (fonte cloreto de potássio), distribuídos no sulco de plantio e incorporados antes da
semeadura. Como cobertura, aplicou-se 20 kg ha-1 de N (fonte sulfato de amônio). A
semeadura foi realizada manualmente no dia 29.11.2006. A distância entre plantas na linha foi
de 0,2 m, totalizando cinco covas por metro de sulco, com duas sementes sendo aplicadas por
cova. Sete dias após a emergência foi realizado desbaste deixando-se cinco plantas por metro
de sulco.
Foi utilizada a cultivar Catissol, no delineamento experimental de blocos casualizados,
em quatro repetições. Cada unidade experimental constou de sete linhas de nove metros de
comprimento, espaçadas em 0,80 m, constituindo área total de 50,4 m2.
Por ocasião da colheita foram consideradas como área útil apenas as cinco linhas
centrais, eliminando 1,0 m em cada extremidade, totalizando 28,0 m2. Foram avaliadas as
seguintes características: altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm), obtido a cinco centímetros do nível do
solo, na floração plena; curvatura do caule (cm) obtida do nível do solo até a inserção do
capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, na
colheita; massa de 1000 aquênios (g) e produção de grãos (kg ha-1).
No controle de plantas daninhas, com predominância de corda-de-viola (Merremia
cissoides L.), foram realizadas capinas manuais. A presença desta erva daninha tornou a
prática de capina mais difícil, por usar o girassol como suporte para seu crescimento
indeterminado, formando verdadeiras teias na lavoura. Não foram necessárias intervenções
para controle de doenças e pragas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
337
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A colheita foi realizada manualmente em 07.03.2007, aos 100 dias após a semeadura.
A análise de variância não detectou diferenças significativas para as características
avaliadas com relação ao efeito de doses de potássio (Quadro 1).
Quadro 1 - Resumo das análises de variância dos dados das características altura da planta
(AP), diâmetro do caule (DC), curvatura do caule (CC), tamanho do capitulo (TC),
produtividade de grãos (PR) e massa de 1000 aquênios (M1000A) avaliadas no ensaio de
girassol conduzido em Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Fonte de Graus QM
Variação Liberdade AP DC CC TC PR M1000A
Doses K 3 248,9ns 0,73ns 36,0ns 0,63ns 37804,06ns 5,69ns
Blocos 3 147,7 1,21 87,1 4,17 58219,23 36,69
Erro 9 136,9 0,42 47,2 1,10 48189,12 7,73
CV (%) - 8,24 4,53 6,42 8,89 32,30 6,98
ns Não significativo pelo teste F a 1% de probabilidade.
A ausência de resposta ao potássio pode estar relacionado com o teor inicial do solo,
classificado como bom (análise de solo), que atendeu às exigências da cultura. Outro fator que
pode ter contribuído para que a produção de grãos não tenha aumentado em função da
adubação potássica é que a queima da cana-de-açúcar, sistema de colheita adotado na região.
Assim, a queima da palhada resultaria em cinzas que, acumuladas no solo, manteriam seu teor
em níveis adequados.
As médias obtidas para cada característica avaliada em função das doses de potássio
empregadas encontram-se no Quadro 2.
As médias obtidas para cada característica avaliada estão inferiores a outros valores
encontrados na região para a cultivar Catissol.
Durante o período experimental foram computados os dados de precipitação
pluviométrica, coletando-se dados em estação evapotranspirométrica próxima à área de
experimentação, cujos dados encontram-se no Quadro 3.
338
Quadro 2 - Médias da cultivar Catissol para as características altura da planta (AP), diâmetro
do caule (DC), curvatura do caule (CC), tamanho do capitulo (TC), produtividade de grãos
(PR) e massa de 1000 aquênios (M1000A) avaliadas no ensaio de girassol conduzido em
Campos dos Goytacazes, 2006/2007.
Características Doses de K (kg ha-1) Média
Avaliadas Testemunha 20 40 60 Geral
AP 137 a 143 a 136 a 153 a 142
DC 14 a 15 a 14 a 14 a 14
CC 107 a 110 a 103 a 107 a 107
TC 12 a 12 a 11 a 12 a 12
PR 552 a 744 a 656 a 766 a 680 a
M1000A 39 a 41 a 39 a 40 a 40
Médias seguidas pela mesma letra na linha para cada característica avaliada, não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5%.
Um dos motivos da baixa produtividade média (680 kg ha-1) pode estar no total de água
disponível para a cultura durante o seu período inicial, acima de 500 mm.
Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos, procurando-se
identificar doses de potássio mais favoráveis ao desenvolvimento da cultura no Norte
Fluminense.
339
4 CONCLUSÃO
Não houve resposta significativa em nenhuma das características avaliadas quanto à
aplicação de doses de potássio em áreas de renovação de canaviais.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ, V. V. H.; NOVAIS, R. F. de; BARROS, N. F.; CANTARUTTI, R. B.
Interpretação dos resultados das análises de solo. In: RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T.
G.; ALVAREZ, V. V. H. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais – 5ª Aproximação. Viçosa : CFSEMN, 1999. p. 25-32.
340
RENDIMENTO EM ÓLEO DAS VARIEDADES DE GIRASSOL
CULTIVADAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PARA O PROJETO
RIOBIODIESEL
341
1 INTRODUÇÃO
Entre os biocombustíveis destacam-se os óleos graxos como fonte direta de
combustível, os combustíveis obtidos do craqueamento de óleos graxos, e os ésteres etílicos
ou metílicos de ácidos graxos obtidos a partir de catálise entre óleos graxos e metanol ou
etanol, respectivamente (Ma e Hanna, 1999).
Pesquisas realizadas com apoio do Ministério da Indústria e Comércio na década de 80
permitiram concluir que combustíveis alternativos para uso em motores de combustão interna,
obtidos a partir de óleos vegetais modificados, representavam soluções tecnicamente
satisfatórias para substituir o óleo diesel (Brasil, 1985).
O Estado do Rio de Janeiro caracteriza-se pela presença de pequenas e médias
propriedades rurais sendo 90% inferiores a 10 ha, predominando o sistema de agricultura
familiar. Neste contexto, o projeto Rio Biodiesel do Estado do Rio de Janeiro, se propõe a
estimular o plantio de oleaginosas em diversas regiões do Estado, em parceria com os
diversos municípios que fornecerão terras para o plantio (Banco..., 2003). A viabilidade
técnica, sócio-ambiental e econômica do projeto só poderá ser avaliada após obtenção dos
rendimentos de produção de grãos (incluindo quantidade e qualidade do óleo) e dos farelos
desengordurados para que sua utilização venha a agregar valor aos agricultores.
O projeto “Implantação do biodiesel na matriz energética do Estado do Rio de Janeiro”
se propõe a estimular o domínio de tecnologia de instituições fluminenses nos processos de
plantio de oleaginosas, a transformação de óleo vegetal em Biodiesel e de caracterização e de
avaliação deste novo combustível, de forma a adequá-lo aos padrões exigidos pela indústria
automotiva e pela Agência Nacional do Petróleo (BANCO.., 2003).
Para atender a este projeto, a Pesagro-Rio (Empresa de Pesquisa Agropecuária do
Estado do Rio de Janeiro), instalou unidades de produção com espécies oleaginosas em
diferentes regiões do Estado do Rio de Janeiro (BANCO..., 2003), que foram analisados na
Embrapa Agroindústria de Alimentos. Foram implantados cultivos de girassol, mamona e
gergelim. Neste trabalho serão apresentados resultados de rendimento em óleo das cinco
variedades de girassol cultivadas nos cinco locais selecionados: Seropédica, Avelar, Silva
Jardim, Campos dos Goytacazes e Itaocara, sendo que nestas duas últimas foram implantados
dois cultivos no ano de 2005, codificados como 1a e 2 a épocas.
342
2 MATERIAL E MÉTODOS
O cultivo do girassol compreendeu cinco variedades comerciais em cinco regiões, no
delineamento experimental de blocos casualizados com quatro repetições. Na colheita foram
selecionadas duas linhas úteis com 20 plantas cada, excluindo-se as linhas laterais como
bordadura. Foram tomadas 12 sub-amostras de girassol para cada variedade/local e foram
analisadas quanto ao teor de óleo, umidade e teor de umidade na amêndoa, até que se
obtivessem pelo menos oito resultados válidos. As análises foram realizadas segundo a
AOCS, 2004.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Resultados das variedades (V) de girassol para diversas áreas de cultivo no Estado
do Rio de Janeiro para umidade (%), produção de óleo (%) e casca (%).
Local V Umidade % % Óleo %Casca
Seropédica 1 5,3 37,4 26,2
2 5,5 38,6 26,6
3 5,4 38,1 27,6
4 5,2 39,0 25,0
5 5,0 39,2 24,9
Silva Jardim 1 6,5 31,9 29,4
2 6,4 38,1 23,9
3 6,2 35,4 26,4
4 5,5 37,3 25,9
5 5,7 37,2 26,2
Avelar 1 5,8 43,0 25,0
2 5,9 46,1 23,8
3 5,8 42,4 27,9
4 5,6 44,7 23,4
5 5,8 45,1 24,7
Campos 1 1 5,3 41,6 30,8
2 4,6 48,0 22,6
343
3 5,1 44,2 24,8
4 4,8 50,6 21,6
5 4,8 48,9 22,5
Itaocara 1 1 9,9 37,7 30,0
2 9,3 39,5 26,0
3 9,4 37,5 27,3
4 9,0 39,5 22,3
5 9,8 39,3 24,6
Campos 2 1 5,8 46,1 25,0
2 5,6 46,7 23,6
3 5,9 44,8 25,3
4 5,7 46,6 23,7
5 5,8 44,3 28,8
Itaocara 2 1 8,7 30,8 28,1
2 9,6 34,2 26,3
3 10,1 33,6 25,9
4 10,1 31,2 29,3
5 9,9 33,9 26,0
344
4 CONCLUSÃO
Os resultados de teor de óleo serão incorporados aos resultados da Pesagro-Rio de
rendimento de grãos por hectare, de maneira a selecionar variedades para se obter maior
rendimento de óleo por hectare, bem como na definição das variedades mais indicadas para
cada local.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AOCS - AMERICAN OIL CHEMISTS’ SOCIETY. Official Methods and Recommended
Practices of the American Oil Chemists’ Society, Champaign, IL., 2004.
MA, F.; HANNA, M.A. Biodiesel production: a review. Bioresource Technology, v.70, p.1-
15, 1999
345
SECAGEM DE BAGAÇO DE CANA POR FRITURA DE IMERSÃO
RESUMO: A busca por energia renovável vem se tornando cada vez mais intensa, frente ao
atual cenário mundial. A cana de açúcar é uma das importantes fontes de energia renovável. O
bagaço de cana, um dos derivados da cana, o bagaço apresenta um grande potencial de
utilização. Este potencial vai desta sua queima para geração de energia à hidrólise e
transformação em etanol ou polímeros biodegradáveis. A secagem do bagaço contribui para a
otimização dos processos que o utilizam. Estudou-se, neste trabalho, a secagem de bagaço de
cana por fritura por imersão. O óleo usado para a fritura foi o óleo de soja comercial e as
temperaturas do óleo testadas, 120 e 150ºC. Os ensaios foram realizados com a imersão de
uma massa média de 2,5 g de bagaço em 1,5L de óleo. Observou-se as influências de
variáveis como tempo e temperatura de fritura. Obtiveram-se curvas de secagem e de
incorporação de óleo com o tempo. Observou-se uma relação direta entre remoção de
umidade e incorporação de óleo e entre a temperatura do óleo e o teor de umidade.
346
1 INTRODUÇÃO
A biomassa deixou de ser sinônimo de subdesenvolvimento para significar energia
limpa. Os Fatores como a crise energética mundial e o efeito estufa têm contribuído para a
busca de energias limpas como a energia da biomassa. Neste sentido, o programa do álcool
combustível coloca o Brasil em posição de destaque na utilização de uma fonte que além de
renovável, não eleva as taxas de CO2. A nova realidade dos carros bi-combustível traz uma
etapa bastante promissora ao uso da cana de açúcar.
Além do álcool combustível, o processamento da cana de açúcar resulta no bagaço de
cana, outra importante fonte de biomassa. Atualmente, a maioria das usinas apresenta-se auto-
suficientes energeticamente, pela geração de energia através da queima de bagaço de cana,
resultando ainda em excedentes que podem ser vendidos às redes distribuidoras. A secagem
de bagaço resulta em uma maior eficiência da caldeira e, conseqüentemente, em uma maior
eficiência energética do processo (Corrêa et al., 2004a e b; Sosa-Arnao, 2006).
Dentre as formas de secagem, pode-se apontar a operação de fritura, que consiste na
imersão do material úmido em um banho de óleo ou gordura com temperatura mais alta que o
ponto de ebulição da água. Uma vez que se retira a umidade do material (transferência de
massa) conjuntamente com transferência de calor, a fritura pode ser classificada como uma
das formas de secagem. Esta operação tem sido bastante usada com alimentos (Debnath et al.,
2003). Uma variação atual e ainda muito pouco estudada é a utilização deste processo para
outros materiais que não alimentos, como os trabalhos de Vitrac (2000), Arbalosse (2001),
Silva et al. (2005) e Peregrina et al. (2006) Estes últimos autores trabalharam com resíduo de
tratamento de água municipal e obtiveram um produto de menor volume, teor de umidade
bastante baixo em poucos minutos de processamento, ainda com óleo absorvido. O produto
final apresenta alto poder calorífico e facilmente manipulável. No estágio técnico aqui
realizado, testou-se a secagem por fritura de bagaço de cana. A curva de secagem foi obtida
durante o processo. A influencia da temperatura do óleo de fritura foi verificada.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O sistema experimental utilizado na secagem por fritura é uma fritadeira do tipo
domestica, aquecida com uma resistência elétrica de 2000 W localizada próxima ao fundo do
equipamento. O equipamento ainda contém um agitador para agitação do banho e
homogeneização da temperatura do óleo. A temperatura do banho é medida com termopares
tipo K, previamente calibrados, imersos em espessuras diferentes do banho e controlada por
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
347
termostato.
O bagaço de cana foi caracterizado quanto à distribuição de tamanhos das partículas por
análise granulométrica em conjunto de peneiras com padrão Tyler.
O teor de umidade do material foi obtido em estufa a 105ºC anterior e posteriormente
aos experimentos. A determinação consiste em secar uma amostra de massa conhecida em
estufa à 105ºC até obtenção de peso constante. É comum estabelecer o tempo de 24 horas para
esta secagem em estufa. A massa de água inicialmente na amostra é obtida pela diferença
entre as massas obtidas anteriormente e posteriormente à secagem em estufa. O teor de
umidade é então obtido em base úmida ou base seca pelas equações 1 e 2, respectivamente.
ma
X a , bu = (1)
mt
má
X a , bs = (2)
ms
Onde a massa de bagaço seco (ms) é obtida pela equação 3 para o caso de teor de
umidade inicial e pela equação 4 para o teor de umidade final:
m s = mt − m a (3)
m s = mt − m a − m o (4)
348
de soja comum para uso doméstico, adquirido no mercado local. A tabela 1 apresenta a
composição química de um óleo de soja comum. A quantidade de óleo utilizada foi 1,5L e era
utilizada uma amostra de aproximadamente 2,5g de bagaço em cada ensaio. Os experimentos
foram realizados em tempos pré-determinados, de maneira descontinua e em triplicata. Após a
fritura, os sacos de papel, com o material frito, eram removidos do óleo e colocados para
descansar em um leito de papel absorvente. Depois, o bagaço frito era cuidadosamente
retirado do saquinho de papel e colocado em uma placa de petre para pesagem em uma
balança com precisão de 0,0001g. Pela diferença de massa da placa de petre, determinava-se a
massa do bagaço frito correspondente à soma da massa de bagaço seco, ms, de água
remanescente, ma, e de óleo incorporado, mo. Após esta etapa, a amostra era levada a uma
estufa a 105ºC por 24 horas e novamente pesada. O resultado desta pesagem correspondia à
massa de bagaço seco, ms, e do óleo incorporado, mo. Através do conhecimento da massa
inicial da amostra (mi) e do teor de umidade inicial obtido pelo método da estufa a 105ºC,
obtém-se a massa de bagaço seco (ms). Pelas equações 1 e 2 obteve-se o teor de umidade
inicial do bagaço (em base úmida e seca) e pelas equações 5 e 6, os teores de óleo incorporado
pelo bagaço, em base úmida e base seca, respectivamente. O teor de umidade final também é
determinado pelas equações 1 e 2, porém, faz-se importante notar que no caso do teor de
umidade final, mt corresponde a um somatório de ma, mo e ms (equação 4).
mo
X o ,bu = (5)
mt
mo
X o ,bs = (6)
ms
349
há três inconvenientes neste procedimento: Ruídos na leitura da balança durante o processo de
expulsão do vapor (Peregrina et al., 2006); comprometimento da precisão da leitura da
balança frente ao ruído; e permanência de certa quantidade de água no leito de óleo, formando
uma emulsão. Este último fator acarreta em uma leitura subestimada da umidade retirada
(Silva, 2003).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 2 apresenta o resultado de análise granulométrica de uma amostra do bagaço
utilizada nos experimentos de secagem por fritura. Sabe-se que a distribuição granulométrica
de bagaço de cana costuma ser função do tipo de moenda ou difusor em que é obtido. Desta
forma, esta análise se torna importante para a analise dos resultados de secagem por fritura
obtidos frente à distribuição granulométrica do material. Observa-se na presente tabela que a
grande maioria da fração mássica do material estudado se concentra em partículas de maiores
valores de diâmetro médio. Os resultados do processo de fritura obtidos neste trabalho devem
ser função desta distribuição, uma vez que a secagem é função da área superficial das
partículas.
350
apresenta uma curva de secagem com a relação entre o teor de umidade obtido a cada tempo
de fritura (valor médio das triplicatas) com o teor de umidade inicial. Observa-se nesta figura
que, em ambas as temperaturas estudadas, há uma grande redução do teor de umidade nos
primeiros 15 segundos e, ao se comparar as duas curvas observa-se uma forte dependência do
teor de umidade com a temperatura do óleo de fritura.
0,8 150ºC
120ºC
Xa,bs/Xa,bsi [-]
0,6
0,4
0,2
0
0 50 100 150 200 250
tempo [s]
351
tende a permanecer superficialmente nas partículas de bagaço predominando a adsorção de
óleo com relação à absorção do mesmo. Outro fator que deve ser observado é que neste
trabalho, utilizou-se um material particulado e os casos presentes na literatura são sobre
sólidos de maiores dimensões.
0,8
0,7
0,6
0,5
Xo,bu [-]
0,4
0,3
120ºC
0,2 150ºC
0,1
0
0 50 100 150 200 250
tempo [s]
Figura 2 – Curva de incorporação de óleo na secagem por fritura de bagaço
0,7
150ºC
0,6
120ºC
0,5
Xo,bu [-]
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
Xa,bu
352
Figura 3 – Incorporação de óleo em função do teor de umidade
4 CONCLUSÕES
A secagem por fritura representa uma alternativa para a obtenção de um combustível de
alto poder calorífico, uma vez que agrega o poder calorífico bagaço e do óleo.
A incorporação de óleo é relacionada à redução de umidade na secagem por fritura.
Um curto período de tempo pode ser suficiente para a redução de todo o teor de
umidade do bagaço de cana por fritura.
A temperatura apresenta grande influência na redução do teor de umidade por fritura.
O processo aqui apresentado pode ser indicado para casos em que se necessite
seqüestrar grandes quantidades de óleo, uma vez que a incorporação de óleo é bastante
grande.
Influência de fatores como tamanho das partículas, temperatura do óleo de secagem,
determinação do poder calorífico do produto final, relação óleo/bagaço e cálculo da energia
gasta no processo de secagem serão analisados no prosseguimento deste trabalho.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de agradecer a FAPEMIG pela bolsa de Estágio Técnico no
Exterior (Processo 756/07) e à FINEP pelo apoio financeiro (Contrato 01/06/004700).
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARLABOSSE, P., Study on Thermal Drying Processes of Municipal and Industrial
Sewage Sludges; Report no. 99-0217=1A; Ecole des Mines d’Albi Carmaux & Association
RE.CO.R.D.: Albi, France, 2001 (in French).
CORRÊA, J.L.G.; GRAMINHO, D.R.; SILVA, M.A.; NEBRA, S.A., Cyclone as a sugar
cane bagasse dryer. Chinese Journal of Chemical Engineering, v.12, n.6, 2004a, p.826 –
830.
CORRÊA, J.L.G.; GRAMINHO, D.R.; SILVA, M.A.; NEBRA, S.A., The cyclonic Dryer – A
numerical and experimental analysis of the geometry on average particle residence time.
Brazilian Journal of Chemical Engineering, v 21. n.1, 2004b, p.103-112.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
353
DEBNATH S.; BHAT K.K.; RASTOGI N.K., Effect of pre-drying on kinetics of moisture
loss and oil uptake during deep fat frying of chickpea flour-based snack food. Lebensmittel-
Wissenschaft und Technologie Food Science and Technology. v. 36 n.1, 2003, p. 91-98.
GAMBLE, M.H., RICE, P. AND SELMAN, J.D., Relationship between oil uptake and
moisture loss during frying of potato slices from c.v.Record U.K. Tubers, International
Journal of Food Science and Technology, v.22, p. 233-241 (1987).
PEREGRINA, C.; ARLABOSSE, D.; RUDOLPH, V., Heat and mass transfer during fry-
drying of sewage sludge. Drying Technology, v. 24, 2006, p. 797-818.
SOSA-ARNAO, J.H.; CORRÊA, J.L.G., SILVA, M.A.; NEBRA, S.A. Sugar cane bagasse
drying - a review. International Sugar Journal, v.108, n.1291, 2006, p.381- 392
SILVA, D.P.; RUDOLPH, V.; TARANTO, O.P. The drying of sewage sludge by immersion
frying, Brazilian Journal of Chemical Engineering, v. 22, n. 02, 2005, p. 271 – 276.
SILVA, D.P. Estudo da secagem de lodo de esgoto através da fritura por imersão. Ph.D.
Thesis. Universidade Estadual de Campinas, Campinas – SP, 2003.
354
PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS DE SOJA PRODUZIDA SOB
PLANTIO DIRETO EM CERRADO DE RORAIMA 2006
Palavras-Chave: Soja, ciclo precoce, ciclo médio, ciclo tardio, plantio direto.
355
1 INTRODUÇÃO
O estado de Roraima dispõe de um estoque de, aproximadamente, 4 milhões de hectares
de cerrados (17% da superfície do Estado) dos quais 1,5 milhões são aptos para a produção
intensiva de grãos, principalmente para a commodite soja. O acesso aos mercados, seja para a
comercialização dos grãos ou para a aquisição de insumos, é efetuado via o porto de
Itacoatiara (AM) e Porto Ordaz (Venezuela). Pelo fato das chuvas no estado de Roraima
ocorrerem nos meses de abril a agosto, faculta aos produtores roraimenses produzir na
entressafra brasileira (colheita em agosto/setembro) com perspectivas, portanto, de melhor
remuneração em comparação a produção brasileira de soja.
Existem também problemas, como a baixa fertilidade natural dos solos nas áreas de
cerrado que, em sua maioria, são solos tidos como arenosos (apenas 15% a 20% de argila) e
pobres em nutrientes e a lentidão na regularização fundiária dessas áreas, dificulta o acesso ao
crédito bancário, mais notadamente ao de investimento.
Apesar dos entraves supramencionados a área com soja no Estado vem se mantendo,
sendo que na última safra (2006) foram semeados sete mil hectares. As cultivares
preferencialmente utilizadas pelos produtores restringem-se praticamente a duas, a BRS
Tracajá e BRS Sambaíba, com 80 e 15% da área cultivada, respectivamente.
A expansão da área com soja no cerrado roraimense não pode, no entanto, basear-se
apenas em duas cultivares. É preciso disponibilizar aos produtores novas opções de cultivares
mais adaptadas que as atuais para que a cultura da soja se consolide no Estado.
As condições climáticas prevalecentes na maior parte da dos cerrados não são
favoráveis à produção de sementes de soja de boa qualidade, devido à ocorrência de altas
temperaturas e chuvas intensas durante as fases de maturação e colheita das sementes. Esta
situação torna-se ainda mais grave quando se trata da produção de sementes de soja de
cultivares de ciclo precoce, ou pelo encurtamento do ciclo como ocorre em Roraima, onde o
ciclo produtivo é reduzido em pelo menos 30 dias, fazendo com que a colheita para a maioria
das cultivares fique em torno de 110 dias.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produtividade de genótipos de soja de
ciclos precoce, médio e tardio cultivados sobre palhada de milheto dessecada no cerrado de
Roraima.
356
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado em duas fases: uma de campo, desde o preparo da área até a
colheita e avaliação da produtividade e outra de laboratório, para a avaliação do teor de água
nos grãos.
Os experimentos foram conduzidos no município de Boa Vista, no Campo
Experimental Água Boa, pertencente a Embrapa Roraima na safra 2006, entre os meses de
maio a setembro em Latossolo Vermelho Amarelo, textura arenosa (14,3% de argila) com as
seguintes características químicas originais na camada de 0 a 20 cm de profundidade: pH
(H2O) = 4,6; M.O. = 1,25%; P (Mehlich) = 0,00; K, Ca, Mg, CTC = 0,02, 0,00, 0,01 e 2,8
cmolc dm-3, respectivamente; e V = 1,1%.
Os tratamentos (genótipos) avaliados foram dispostos em blocos ao acaso com quatro
repetições. Cada parcela foi constituída de quatro fileiras com cinco metros de comprimento,
com espaçamento entre fileiras de 0,5 m e densidade de 12 plantas por metro linear de fileira.
A área útil das parcelas foi constituída das duas fileiras centrais, eliminando-se 0,5 m das
extremidades.
A correção do solo foi realizada utilizando-se 1,5 t ha-1 de calcário dolomítico com
80% de PRNT, 100 kg ha-1 de P2O5 (superfosfato simples) e 50 kg ha-1 de FTE – BR 12. A
adubação de manutenção foi realizada na linha de semeadura com 80 kg ha-1 de P2O5
(superfosfato simples), 120 kg ha-1 de K2O (cloreto de potássio), sendo 50 kg na linha de
semeadura, no plantio, e 70 kg em cobertura, aos 30 dias após a emergência das plantas.
As sementes foram tratadas com 100 mL de fludioxonil+metalaxyl-M para cada 100 kg
de sementes e em seguida inoculadas com Bradyrhizobium japonicum e semeadas com
plantadeira de parcelas. A inoculação foi realizada na linha de plantio com o inoculante
dissolvido em água e pulverizado, com o uso de pulverizador costal, diretamente sobre a
semente no sulco de plantio.
As características avaliadas no campo foram número de dias da emergência à floração,
altura de plantas, estande final e produção de grãos corrigida para 13% de umidade e
transformada para kg ha-1.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de altura de plantas (AP, em cm) e de produtividade de grãos (PROD, em
kg ha-1) de 24 genótipos do grupo de maturação precoce (ciclo precoce), 24 do grupo de
357
maturação médio (ciclo médio) e 11 do grupo de maturação tardio (ciclo tardio) avaliados
foram submetidos a análises de variância e comparadas pelo teste de médias (Cruz, 1997).
Para o experimento com genótipos de ciclo precoce foram observadas diferenças
significativas entre os genótipos avaliados em relação a ambas as características. A
produtividade de grãos apresentou variação de 2.890 a 4.570 kg ha-1, com média de 3642 kg
ha-1. Na altura de plantas (AP), os valores observados nas parcelas variaram de 33,5 a 785
cm, com média de 54 cm.
Na Tabela 2 são apresentadas às médias de altura de planta (AP, em cm) e de
produtividade dos 24 genótipos de ciclo precoce avaliados.
358
Tabela 2. Médias de altura de planta (AP, em cm) e produtividade de grãos (PROD, em kg ha-
1) de 24 genótipos de soja de ciclo precoce, avaliados no Campo Experimental Água Boa no
ano de 2006, Embrapa Roraima.
Genótipo AP PROD (kg ha-1)
MABR0120830 78,5 b 4570 a
MABR01-20845 77,3 bc 4568 a
BRS Tracajá 62,8 cde 4314 ab
MABR00-20994 94,0 a 4004 ab
BR008975 49,3 efghi 3930 ab
MABR02-1151 42,8 hij 3892 ab
MABR02-1159 47,0 fghij 3834 ab
MABR99-11191 50,0 efghi 3815 ab
BR0081160 61,3 def 3786 ab
MABR02-2145 43,8 hij 3776 ab
MABR02-1466 65,8 bcd 3745 ab
BRS Boa Vista 50,0 efghi 3736 ab
MABR02-1198 59,0 defg 3691 ab
MABR02-1954 57,3 defgh 3527 ab
MABR02-1456 60,0 def 3508 ab
MABR02-1952 45,0 ghij 3435 ab
MABR02-2170 54,8 defghi 3371 ab
BR00-8975 41,3 ij 3360 ab
M-Soy 8866 48,0 efghij 3356 ab
BR00-437 50,3 efghi 3179 ab
MABR02-2435 42,5 hij 3089 b
MABR02-2068 47,8 fghij 3039 b
MABR99-13172 40,8 ij 2991 b
BRS Uirapurú 33,5 j 2890 b
*Médias seguidas por pelo menos uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade.
A média dos dois genótipos mais produtivos diferiu estatisticamente da média dos
quatro genótipos menos produtivos, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. O genótipo
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
359
mais produtivo (MABR 0120830) apresentou média de 4.570 kg ha-1 de grãos, enquanto que
no menos produtivo a média foi de 2.890 kg ha-1. Dos 24 genótipos avaliados, quatro
apresentaram produtividades superiores a 4.000 kg ha-1 e os dois mais produtivos superaram,
em valores absolutos, a cultivar BRS Tracajá, cultivar mais plantada em Roraima e
testemunha mais produtiva neste ensaio, com 4.314 kg ha-1.
Como verificado, mesmo os genótipos menos produtivos apresentam média de
produtividade acima de 48 sacos por hectare, demonstrando o potencial produtivo desses
genótipos de soja nas áreas de cerrado do estado de Roraima.
No experimento com genótipos de ciclo médio foram observadas diferenças
significativas entre os materiais avaliados para as duas características. Na Tabela 3 são
apresentadas as médias de altura de planta (AP, em cm) e produtividade de grãos (PROD, em
kg ha-1) dos 24 genótipos avaliados.
360
Tabela 3. Médias de altura de planta (AP, em cm) e produtividade de grãos de soja (PROD,
em kg ha-1) de 24 genótipos de ciclo médio, avaliados no Campo Experimental Água Boa no
ano de 2006, Embrapa Roraima.
Genótipo AP PROD (kg ha-1)
MABR0017024 72,5 a 4823 a
MABR02-1876 73,3 a 4746 a
MABR02-1029 66,8 abcd 4699 a
BRS Candeia 74,8 a 4516 a
MABR02-2102 72,3 a 4516 a
BRS Sambaíba VNH 65,8 abcd 4514 a
MABR02-1835 63,8 abcdef 4470 a
BR008085 62,5 abcdefg 4470 a
MABR01-13273 69,3 abc 4455 a
BRS Pirarara 71,0 ab 4448 a
MABR9914773 64,0 abcde 4371 a
BRS Barreiras 62,0 abcdefg 4343 a
MABR99-17406 64,0 abcde 4327 a
MABR0120438 73,8 a 4136 a
BRS Sambaíba 63,3 abcdef 4034 a
MABR0019472 67,5 abcd 3974 a
MABR02-2147 58,8 bcdefg 3958 a
MABR99-14773 49,5 g 3909 a
BRS Carnaúba 55,8 defg 3884 a
MABR02-1982 52,3 efg 3753 a
BR00-9622 50,8 fg 3737 a
MABR02-1971 58,3 bcdefg 3652 a
MABR02-1966 56,3 cdefg 3634 a
BR003192 72,5 a 3590 a
*Na coluna, médias seguidas por pelo menos uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
361
altura de plantas, os valores observados nas parcelas variaram de 44 a 83 cm, com média de
64 cm (Tabela 3).
Com relação a produtividade de grãos, não houve diferença estatisticamente
significativa entre as médias dos genótipos avaliados, pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. O genótipo mais produtivo apresentou média de 4.823 kg ha-1, enquanto que
no menos produtivo a média foi de 3.590 kg ha-1. Três genótipos apresentaram média de
produtividade de grãos superior à média da melhor testemunha, o cultivar BRS Candeia, com
4.516 kg ha-1. A média de altura de plantas variou de 49,5 a 74,8 cm.
Como pode ser visto, mesmo os genótipos menos produtivos apresentam média de
produtividade acima de 59 sacos por hectare, demonstrando o potencial produtivo da soja em
áreas de cerrado do estado de Roraima.
No experimento com genótipos do grupo de maturação tardio foram observadas
diferenças significativas entre os materiais em relação a ambas as características avaliadas. Na
Tabela 4 são apresentadas as médias de altura de planta (AP, em cm) e produtividade de grãos
(PROD, em kg ha-1) dos 11 genótipos avaliados.
A produtividade de grãos das parcelas, corrigida para umidade de 13% e transformada
para kg ha-1, variou de 2.894 a 5.650 kg ha-1, com média de 4.370 kg ha-1. A altura média de
plantas variou de 43,8 cm a 99,8 cm.
362
Tabela 4. Médias de altura de planta (AP, em cm) e produtividade de grãos de soja (PROD,
em kg ha-1) de 11 genótipos de ciclo tardio, avaliados no Campo Experimental Água Boa no
ano de 2006, Embrapa Roraima.
Genótipo AP PROD (kg ha-1)
MABR00-19009 84,0 b 5085,7 a
MABR01-20047 68,5 d 4854,5 a
BRS Babaçu 99,8 a 4782,7 ab
TRATAM.19(CEMC) 56,3 f 4515,6 ab
BRS Seridó 69,0 cd 4337,6 ab
MABR00-16443 78,8 bc 4328,2 ab
MABR02-1828 68,8 cd 4304,0 ab
MABR00-16808 67,3 de 4126,4 ab
MABR00-13685 57,8 ef 4119,9 ab
Msoy-9350 43,8 g 3830,0 b
MABR01-20283 56,0 f 3789,9 b
*Na coluna, médias seguidas por pelo menos uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
A média dos dois genótipos mais produtivos diferiu estatisticamente da média dos dois
genótipos menos produtivos, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. O genótipo mais
produtivo (MABR00- 19009) apresentou média de 5.085,7 kg ha-1 (aproximadamente 85 sc
ha-1), enquanto que, no menos produtivo, a média foi de 3.789,9 kg ha-1. Os dois genótipos
mais produtivos superaram significativamente a testemunha Msoy-9350.
4 CONCLUSÃO
Os dois melhores genótipos de ciclo precoce produziram em média acima de 4560 kg
ha-1, A produtividade média dos 24 genótipos de ciclo médio variou de 3590 a 4823 kg ha-1,
Os dois melhores genótipos de ciclo tardio produziram em média mais de 4854 kg ha-1.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ, C.D. Programa Genes: aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa:
UFV, 1997. 442 p.
363
EMBRAPA RORAIMA. Cultivo de soja no Cerrado de Roraima. Boa Vista: Embrapa
Roraima, 2005. 121p. (Embrapa Roraima. Sistema de Produção, 1).
364
PRODUTIVIDADE, QUALIDADE FISIOLÓGICA E TEORES DE POTÁSSIO
EM SOJA PRODUZIDA NO CERRADO DE RORAIMA, COM MANEJO DE
POTÁSSIO
365
1 INTRODUÇÃO
A cultura da soja não tem apresentado respostas elevadas à adubação potássica nas áreas
tradicionais de cultivo. Uma das justificativas refere-se à elevada capacidade de extração do
nutriente do solo pelas plantas, não só pelo desenvolvimento do sistema radicular, mas pelo
aproveitamento de formas de K não trocáveis no solo (Rosolem et al., 1988).
No entanto, a expansão da soja nos cerrados tem incorporado ao processo produtivo áreas
de solos de textura média a arenosa, com teores de argila inferiores a 200 g kg-1, CTC baixa e
originalmente pobres em potássio. A elevação do K trocável nesses solos está associada à
adubação corretiva em quantidades superiores à expectativa de exportação pela soja e,
normalmente, associada à recomendação de parcelamento (Vilela et al., 2002; Zancanaro, 2004).
Como o potássio apresenta elevada mobilidade no solo e suas perdas estão freqüentemente
associadas ao processo de lixiviação, torna-se discutível a eficiência da adubação corretiva para o
aumento da disponibilidade desse nutriente nesses solos.
O trabalho objetivou avaliar efeitos de doses e manejo de potássio, na produtividade,
qualidade e teores de potássio em sementes de soja BRS Sambaíba.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado em 25 de maio de 2004, na Fazenda Novidade, Alto Alegre -
RR. Em solo de segundo cultivo corrigido em 2003 com 2500 kg ha-1 de calcário (34% de Ca,
6% de Mg e PRNT 85%), mais 500 kg ha-1 de fosfato natural reativo, contendo 7% de FTE,
6,75% de magnesita, 7,1% de enxofre, 27% de cálcio e 31% de P2O5 (7% H2O e 24% ácido
cítrico) foi instalado o experimento organizado da seguinte forma: seis faixas onde foram
aplicadas zero; 30; 60; 90; 120; 150 kg ha-1 de K2O (KCl) no plantio. Transversais a essas foram
traçadas mais quatro faixas, a primeira não recebeu K2O em cobertura, nas demais 120 kg ha-1
em cobertura, sendo que a 2a faixa recebeu todo o potássio aos 30 dias após a emergência, a 3a
faixa 60 kg ha-1 aos 30 dias e mais 60 kg ha-1 aos 50 dias e, a 4a faixa recebeu 40 kg ha-1,
aplicados aos 30 dias, 40 kg ha-1 aos 50 dias e 40 kg ha-1 aos 70 dias após a emergência.
A adubação de plantio foi de 100 kg ha-1 de P2O5 na linha. As sementes foram tratadas com
vitavax + thiram, antecipadamente, e na semeadura foram tratadas com quatro doses de
inoculante Biagro 10. O espaçamento utilizado entre fileiras foi de 0,45 m. Na colheita
mecanizada foi avaliada a produtividade em 70 m2 (7,0 x 10 m). Avaliou-se, posteriormente no
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
366
Laboratório de Análise de Sementes da Embrapa Roraima a qualidade fisiológica das sementes
produzidas, logo após a colheita, e o teor de potássio após oito meses de armazenamento em
laboratório. A metodologia utilizada para as avaliações de qualidade das sementes seguiu as
regras para análise de sementes (Brasil, 1992) e para os teores de potássio obtidos segundo
Tedesco et al. (1995).
Os resultados médios obtidos na produtividade, na qualidade de sementes e nos teores de
potássio em sementes de soja BRS Sambaíba foram submetidos a análises de variância e teste de
médias pelo pacote estatístico SANEST (Zonta & Machado, 1993).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As melhores produtividades (kg ha-1) de soja BRS Sambaíba foram obtidas com uma
(2.956) ou duas (2.997) coberturas associadas a 120 kg ha-1 de potássio no plantio (Tabela 1,
Figura 1). Estes valores constatados foram semelhantes aos obtidos pelo produtor.
Tabela 1. Resultados médios de produtividade (kg ha-1) de soja BRS Sambaíba em função dos
manejos aplicados e as doses de potássio utilizadas.
367
3500
3000
2500
(kg ha )
-1
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3
Coberturas com Potassio
0 30 60 90 120 150
A melhor qualidade foi obtida nas sementes produzidas com uma cobertura única, com 120
kg ha-1 de Cloreto de potássio, aplicada aos 30 dias após a emergência das plântulas (79%,
germinação) sendo que este valor é 24% superior do obtido para as sementes sem aplicação de
coberturas com potássio (Tabela 2).
Tabela 2. Resultados médios de vigor e germinação (%) obtidos nas sementes de soja BRS
Sambaíba produzidas em função das doses e com os manejos de potássio aplicados.
Doses Coberturas
de K2O no zero 3x40 2x60 1x120 zero 3x40 2x60 1x120
plantio Vigor Germinação
0 33 23 30 23 40 57 58 62
30 32 42 23 28 43 77 53 62
60 19 42 36 32 38 82 75 69
90 30 66 38 40 53 81 70 77
120 47 48 32 39 59 95 83 82
150 65 68 71 83 87 85 100 100
Médias 38 41 38 38 55c 76b 73b 79a
C.V.% 6,3
*Na linha, letras distintas diferem significativamente pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
368
Quanto aos valores médios de vigor das sementes, obtidos nos tratamentos de manejo e
doses de potássio não houve variações evidentes. A justificativa para estes valores pode estar nas
chuvas ocorridas na pré-colheita, pois as sementes estavam com baixa umidade, prontas para a
colheita quando passou a chover não permitindo a colheita do experimento. Colheita esta que foi
realizada de forma mecanizada para aproximar mais as informações do que ocorre nas lavouras
comerciais.
Nos resultados médios de teores de potássio determinados nas sementes de soja, os maiores
valores foram verificados com a aplicação de 120 kg de potássio no plantio, acrescido por duas
coberturas de 60 kg de Cloreto de potássio (Tabela 3), aplicados manualmente em cobertura aos
30 e 50 dias após a emergência.
Tabela 3. Valores médios de potássio (mg dm-3) verificados em sementes de soja BRS Sambaíba
com aplicação de doses crescentes de potássio.
kg de Coberturas
K2O zero 3x40 2x60 1x120 média
4 CONCLUSÕES
As melhores produtividades foram obtidas com uma ou duas coberturas associadas a 120
kg ha-1de KCl no plantio.
A melhor qualidade foi obtida nas sementes produzidas com uma única aplicação em
cobertura realizada aos 30 dias de emergência (79%, G).
369
Os maiores teores de potássio foram constatados em sementes produzidas com 120 kg de
potássio aplicado no plantio acrescido de duas coberturas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.
Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p.
ROSOLEM, C.A.; MACHADO, J.R.; RIBEIRO, D.B.O. Formas de potássio no solo e nutrição
potássica da soja. Revista Brasileira Ciência do Solo, 12: 121-125, 1988.
VILELA, L.; SOUSA, D.M.G.de; SILVA, J.E.da. Adubação potássica. In: Sousa, D.M.G.de &
LOBATO, E. Cerrado: Correção do solo e adubação. Planaltina, DF, Embrapa Cerrados, 2002.
p 169 – 183.
TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C.A.; BOHNEN, H.; VOLKWEISS, S.J. Análises
de solo, planta e outros materiais. 2a ed. Revisada e ampliada. Porto Alegre: UFRGS -
Faculdade de Agronomia, 1995. 174 p. (Boletim técnico, 5)
370
A QUALIDADE E A PRODUTIVIDADE NA AGROINDUSTRIA DE ÓLEO
DE PALMA: O CASO DE UMA GRANDE EMPRESA DA REGIÃO NORTE
371
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho foi realizado em uma empresa da região norte do Brasil, grande produtora
de óleo de palma, que compreende um complexo de quatro indústrias de extração de óleo de
palma e cinco fazendas com 32.000 ha de palma plantados, produzindo frutos com
características físicas e químicas distintas. Os cortes dos cachos são feitos somente quando se
observa a coloração “cor de cenoura forte” nos frutos, ocasionando a retirada de cachos
maduros. Após o corte, os cachos são carreados e transportados para área industrial. Na
indústria os frutos são esterilizados em um vaso de pressão com diferentes temperaturas e
tempos de esterilização, depois se segue o processo mecânico de prensagem, extraindo o óleo
de palma e liberando a matéria-prima para o óleo de palmiste.
Como a principal atividade é a extração física do óleo de palma e palmiste a partir do
fruto do dendezeiro, um dos fatores que vem preocupando a indústria hoje são as perdas
destes óleos no processo industrial, principalmente em função das condições e influência da
esterilização. As condições de esterilização podem exercer uma influência acentuada na
qualidade do óleo de palma e palmiste, recuperados do fruto e nas etapas de processamento
necessárias para essa recuperação. Se a esterilização (temperatura e tempo) não for feita de
maneira adequada, podem ocorrer problemas no debulhamento, com maior dificuldade de
soltura dos frutos. As perdas provocadas nesta etapa podem ser provocas em função da falta
de padronização do fruto (natureza, tamanho e estado de maturação dos cachos) no
processamento na indústria.
Hoje a qualidade e produtividade são fatores importantes para a competitividade e
sempre foram preocupação dos setores produtivos, em maior ou menor escala. A qualidade
passou por diferentes abordagens ao longo do tempo, sendo até hoje fator chave de sucesso
para as empresas. Com o acirramento da competição, como conseqüência da economia
globalizada, a questão da adequada abordagem da qualidade e produtividade passou a ser uma
questão de sobrevivência no mundo empresarial.
A competição no mundo global exige que as empresas estejam comprometidas com o
contínuo e completo aperfeiçoamento de seus produtos, processos e colaboradores. Uma
empresa se torna uma WCM (Word Class Manufacturing) dentro da filosofia de excelência
empresarial quando sua missão fica apoiada pelos vetores de contínuo aperfeiçoamento
(Kaizen) e de eliminação de desperdício (ROBLES JÚNIOR, 1994, p.18).
Vários autores destacaram a importância da adoção da filosofia da qualidade por parte
das empresas, dentre eles pode-se destacar Deming (1990) e Ishikawa (1993). De modo
372
bastante abrangente, Garvin (1992) identificou quatro fases da evolução do conceito da gestão
da qualidade: inspeção, controle estatístico da qualidade, garantia da qualidade e gestão
estratégica da qualidade.
Deming demonstrou que o melhoramento contínuo da qualidade é a chave para o
sucesso industrial. Mostrou a reação em cadeia, que é a essência do binômio qualidade-
produtividade: melhorando a qualidade consegue-se diminuir custos, devido a menos
retrabalho, menos erros, menores atrasos e obstáculos, e melhor uso do tempo, das máquinas e
dos insumos, o que aumenta a produtividade. Daí conquista-se mercados, pois a qualidade é
melhor e o preço menor, mantém-se no negócio e amplia-se o mercado de trabalho
(CONTADOR, 2006).
A análise das empresas bem sucedidas notadamente as japonesas, permite concluir que
há forte correlação entre produtividade e outras vantagens competitivas. Para Contador
(2006), as empresas altamente produtivas têm alta qualidade no processo, recebem insumos
de boa qualidade, trabalham com estoques reduzidos, possuem rapidez na manufatura,
desfrutam de flexibilidade para trocar de produtos e são ágeis para lançar novos produtos. Ou
seja, há forte correlação entre produtividade e competitividade.
Embora os conceitos de gestão da qualidade total tenham surgido a partir de reflexões e
experiências em empresas industriais, atualmente é bastante difundida as aplicações no meio
rural, conforme é destacado por Bonilla (1994) e Antunes e Arno (1994).
Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo analisar a influência da esterilização
na qualidade e produtividade da extração de óleo de palma e também identificar
oportunidades de melhoria da qualidade e produtividade no processo industrial de uma grande
agroindústria situada na região norte do Brasil.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi desenvolvido em duas fases. Na primeira fase realizou-se testes de
esterilização em laboratório para avaliar diferentes materiais genéticos (frutos brancos e
pretos) quanto a sua qualidade e produtividade no processo produtivo. Na segunda fase do
trabalho procurou-se identificar metodologias de melhoria no gerenciamento da qualidade e
produtividade no setor industrial.
Na primeira fase do estudo, foram analisados 20 materiais em uma área de 3.618,81 há,
distribuídos proporcionalmente para os seguintes materiais: Lamé plantio 84: 9 materiais
(pretos – cruzamentos que foram desenvolvidos na África com institutos Franceses e que tem
373
como característica a cor vermelha escura quando maduros); Avros plantio 91: 2 materiais;
Avros plantio 92: 2 materiais; Avros plantio 93: 3 materiais; Avros plantio 94: 1 material;
Ekona plantio 94: 3 materiais (brancos – desenvolvidos no sudeste asiático por institutos
ingleses e que tem como característica a coloração vermelha alaranjado quando maduros). De
cada material foram coletados 03 cachos. Estes cachos foram coletados nas áreas e levados ao
laboratório para determinação da taxa de extração, com diferentes minutos de esterilização
(com 20 e 30 minutos). Todos os cachos foram pesados e a seguir foram feitos os seguintes
procedimentos para identificação da taxa extração:
a) foi separado cerca de 150g de frutos de cada cacho analisado, respeitando a
proporção de frutos paternocárpicos e normais;
b) esterilizou-se os frutos em autoclave vertical a aproximadamente 127ºC e
1,5Kgf de pressão por 20 e 30 minutos;
c) pesou-se uma amostra de cada cacho, cerca de 50g de frutos esterilizados em
porcelana (cadinho) ou placa de petri;
d) levou-se uma amostra de cada cacho ao forno microondas por 5 minutos para
secagem;
e) os frutos foram abertos com faca e macerados no mini-processador para
facilitar a extração do óleo;
f) os frutos macerados foram colocados em cartucho (papel de filtro), dentro do
extrator;
g) adicionou-se o hexano até que ocorresse duas vezes o refluxo;
h) foi levada à chapa aquecedora acoplando o balão com o extrator ao
condensador, a torneira de água fria foi aberta e deixada por tempo suficiente para
remoção de todo óleo contido nos frutos;
i) o balão com extrator foi retirado da chapa e removido com uma pinça (o
cartucho do extrator) deixando escorrer todo o hexano;
j) retornou-se o balão com extrator para a chapa para a recuperação do hexano;
k) o balão com óleo foi levado à estufa a 110 ºC por cerca de 4:00h;
l) o balão com óleo foi pesado e determinou-se o peso de óleo em gramas por
diferença do peso do balão vazio;
m) o calculo da taxa de extração foi feito de acordo com a fórmula abaixo:
374
Com base nos dados coletados de laboratório, os materiais genéticos, foram avaliados
em tempo de esterilização para verificação da melhoria da qualidade e produtividade no
processo de extração de óleo de palma.
Na segunda fase do trabalho procedeu-se a identificação de oportunidades de melhoria
no gerenciamento da qualidade e produtividade do setor industrial, utilizando-se para isto uma
pesquisa bibliográfica
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a sistematização dos dados do laboratório obtiveram-se ao quadro 1 e figura 1. Na
figura 1 verifica-se que no tempo de esterilização dado com 20 e 30 min para as variedades
Avros- 91 e Ekona-94 (materiais brancos), obteve-se um resultado maior de teor de óleo em
relação ao Lame 84 (material preto). Utilizando o teste Tuckey a 5% para variável teor de
óleo, estatisticamente não houve diferença entre as variedades nos dois tempos.
375
15 LAMÉ - 84 31,75 20,86 27,48 32,47 30,58 19,71
16 LAMÉ - 84 41,57 30,76 33,98 24,06 29,25 33,16
17 LAMÉ - 84 30,67 30,1 27,85 29,01 27,38 29,58
18 LAMÉ - 84 24,38 12,64 27,07 23,96 12,2 25,89
19 LAMÉ - 84 28,49 29,6 26,98 29,21 32,4 26,3
20 LAMÉ - 84 27,22 35,43 31,94 26,82 35,85 29,69
32,45 29,80
27,79 26,87 28,69
25,68
32,60
27,82 29,02 27,69
25,14 20' (media)
24,02
30' (media)
376
A temperatura e o tempo de esterilização, requeridos para um processamento adequado,
são inversamente proporcionais, existindo, porém uma limitação na temperatura máxima
apropriada, para que sejam evitados problemas de degradação na qualidade do óleo de palma
e de palmiste (RITTNER, 1996).
As perdas geradas no processo de esterilização deverão interferir na melhoria da
qualidade para indústria, pois haverá maior retrabalho, desperdício e menor produtividade.
Com isso é necessário a busca permanente de inovações, inclusive em nível permanente de
chão de fábrica, onde pequenas alterações na melhoria das variedades genéticas (através de,
por exemplo: frutos mais uniformes na indústria com maior taxa de extração), impliquem ,via
de regra , na melhoria da qualidade e no aumento da produtividade, contribuindo para maior
eficiência do sistema, com conseqüente redução dos custos.
Então para se evitar esses problemas na esterilização e aumentar a produtividade e
qualidade na indústria, primeiramente deve ser adotado a separação das caixas dos frutos no
pátio da indústria em “preto” e “branco”. Além disso, é importante frisar a utilização também
do sistema PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) para se evitar a mistura de frutos novos
com velhos, pois os frutos novos requerem um tempo menor para esterilização. A seguir
apresenta-se um fluxograma (Figura 2) como sugestão para entrada dos frutos na indústria,
com vistas a automatização do processo de esterilização.
377
INÍCIO
Corte do fruto
Carregamento
Sim
Fazer abastecimento
Há caixas de frutos estocadas no Não diretamente nos trilhos de
pátio para serem processadas entrada dos esterilizadores
respeitando a identificação
Sim
Sim
Colocar caixa junto a quantidade já
existente identificada como “coco branco”
FIM
378
Para controle do processo na empresa, a utilização do ciclo do PDCA (Plan, Do, Check,
Action) poderá induzir melhoramentos no método de gerenciamento da qualidade, que faz
parte da proposta do Controle da Qualidade Total ou TQC (Total Quality Control). A figura
3, a seguir, apresenta o ciclo PDCA.
Definir o método
para alcançar as
metas
Educar e treinar
segundo o método
379
Quadro 2 - Itens de controle para a indústria (ciclo PDCA).
380
A etapa da otimização do processo envolve a noção de melhoria contínua, típica do
sistema de gestão da qualidade total. Outro aspecto relevante a considerar é o direcionamento
do processo aos objetivos globais da organização. Em termos gerenciais, isso significa
harmonizar metas operacionais, táticas e estratégicas.
A prática tem mostrado que, se bem conduzida, a gestão da qualidade no processo gera
mudanças que têm efeitos didáticos e psicológicos muito positivos. Esses efeitos são mais
imediatos e visíveis na primeira fase, quando os resultados são rápidos e mais bem
caracterizados. Ao mesmo tempo em que se enfatiza a relação entre causa e efeitos, cria-se a
certeza de que a qualidade no processo produz resultados benéficos para todos os envolvidos.
Conforme destaca Paladini (2000), o que se tem aqui são resultados de fácil percepção, mas
de forte impacto, que envolvem áreas sensíveis da empresa. Esse resultado tem efeito
motivacional intenso, útil nas fases seguintes em que o empenho requerido para a promoção
de melhorias torna-se mais intenso.
4 CONCLUSÃO
Ao longo deste trabalho observou-se que diversos fatores devem ser considerados em
relação às condições de esterilização, como: natureza dos cachos, frutos e tempo de
esterilização, bem como a separação dos frutos em “pretos” e “brancos” na indústria. Desta
forma, pode-se obter ganhos de produtividade e qualidade. É importante salientar a
necessidade ainda de mais estudos na área de melhoramento genético, para obtenção de
palmeiras mais uniformes e de maior produtividade em frutos e óleo e que possa obter melhor
rendimento na indústria.
Para verificação do melhor material genético para indústria (branco e preto) em relação
a produtividade, a utilização de um sistema de simulação de processo, comparando os tempos
de esterilização para cada um, poderá ser um caminho para análises futuras de estudo.
A utilização de um método de gerenciamento proposto pelo TQC, utilizando o ciclo
PDCA e o sistema de verificação 5W1H, poderá induzir melhoramentos na empresa. Desta
forma, a utilização de um modelo prático gerencial, que pode ser utilizado na indústria,
poderá contribuir para a otimização do processo, melhoria da qualidade e aumento da
produtividade. Esse modelo se for bem conduzido na organização, poderá gerar mudanças
com efeitos muito positivos para a competitividade das empresas.
5 REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
381
ANTUNES, L.; ARNO, E. Agroqualidade: qualidade total na agropecuária. Guaíba:
Agropecuária, 1997.
PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da qualidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000.
RITTNER, Herman. Óleo de palma: tecnologia e utilização. São Paulo: Hittner, 1995.
ROBLES JUNIOR, Antônio. Custo de qualidade: uma estratégia para competição global.
São Paulo: Atlas, 1994.
382
POTENCIAL DE REDUÇÃO DA POLUIÇÃO DO AR CAUSADA PELAS
EMISSÕES DE MOTORES DIESEL, COM A IMPLEMENTAÇÃO DO
BIODIESEL
383
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a consciência dos problemas ambientais e de energia encorajou
muitos pesquisadores para investigar a possibilidade do uso de combustíveis alternativos ao
petróleo e seus derivados. Entre eles, biodiesel, produzido de diferentes óleos vegetais (soja,
canola, mamona, pinhão manso e girassol são exemplos), parecem muito interessantes por
diversas razões: pode substituir o óleo diesel em motores de combustão interna sem muitos
ajustes; somente um pequeno número de redução na performance é reportado; quase zero
emissão de enxofre; emissão de poluentes comparáveis com as do óleo diesel. Por essas
razões, muitas campanhas têm sido feitas em muitos países para introduzir e promover o uso
de biodiesel. Entretanto, algumas incertezas ainda existem sobre as reais potencialidades do
biodiesel como substituto do óleo diesel.
O aumento do efeito estufa, afetando o clima de todo o planeta e podendo ocasionar um
aquecimento sem precedentes, já aparece hoje em dia com secas e tempestades fora do
normal, quedas na produção agrícola e pesqueira e derretimento do gelo. E por acaso, o
principal agente em todo esse processo é o próprio homem.
A emissão de CO2 é consideravelmente menor do que a do óleo diesel e são muitos os
benefícios do uso do óleo vegetal como combustível. Entretanto, a demanda mundial de
energia cresce em ritmo acelerado, agravando o problema do aquecimento global. Pelo nível
atual de consumo global de combustíveis fósseis, suas reservas estão perto do fim. O cenário
das mudanças climáticas e o Protocolo de Kioto fizeram o setor sucroalcooleiro enxergar
grandes oportunidades de colocação de seu produto no mercado, surgindo com isso algumas
implicações ambientais, entre elas, a expansão da fronteira agrícola e o desmatamento e a
eliminação de fragmentos florestais. Se por um lado os biocombustíveis ajudam a resolver o
problema das mudanças climáticas, por outro eles tendem a agravar problemas ambientais
locais. A soja e a cana-de-açúcar podem sobrepor outras culturas e empurrá-las em direção à
região amazônica. Isso pode fragilizar o compromisso de aumentar a inclusão social, gerar
emprego, atender e resolver questões do campo.
384
atmosfera terrestre em concentrações altas o suficiente para comprometer a saúde de pessoas e
animais, danificar plantas e estruturas e contaminar o ambiente.
Existem diversos tipos de poluição, tais como: poluição atmosférica, aquática, sonora,
luminosa, visual. Destes, a poluição atmosférica ou poluição do ar está constantemente na
mídia devido aos problemas do aquecimento global.
A poluição do ar não é um problema recente. A própria natureza tem na sua constituição
fenômenos geológicos que são grandes fontes de poluentes. São exemplos, as erupções
vulcânicas e os incêndios florestais. A participação humana no processo de poluição do ar se
iniciou quando o homem aprendeu a utilizar o fogo e, desde então, só cresceu.
Conforme visto na tabela 1, as principais atividades humanas que produzem poluição do
ar estão relacionadas às atividades industriais, à produção de energia, aos transportes, às
cidades e residências e às atividades agropecuárias (Dantas, 2003).
Com a crise do petróleo, na década de 1970, houve uma conscientização do alto grau de
poluição causado pelos combustíveis fósseis (petróleo/carvão mineral) e intensificaram-se os
estudos com combustíveis alternativos aos derivados de petróleo (Saturnino et al., 2005).
385
Nabi et al. (2006) ilustram que, enquanto as fontes do petróleo do mundo se estão
tornando confinadas, a atenção foi dirigida a encontrar fontes alternativas dos combustíveis
para os motores. A natureza não renovável e os recursos limitados de combustíveis do
petróleo transformaram-se em uma matéria de grande interesse. Após o embargo do óleo em
1973, tornou-se muito importante estudar as fontes alternativas do combustível para o motor
diesel, por causa do interesse sobre a disponibilidade e o preço do petróleo. O reservatório
atual dos combustíveis usados nos motores internos da combustão, incluindo o diesel,
esgotará dentro de quarenta anos se consumido em uma taxa crescente estimada na ordem de
3% por ano. Todos estes aspectos atraíram a atenção para conservar e esticar as reservas do
óleo com a pesquisa alternativa de combustível.
Em Bangladesh, o diesel é usado primeiramente para a geração do transporte, da
agricultura e de eletricidade. Bangladesh, que cresce indústrias rapidamente, tem ainda um
muito baixo consumo de energia per capita de 245 quilogramas do óleo equivalente por ano,
em comparação a 7.200 quilogramas para EUA e a 670 quilogramas para a China (Nabi et al.,
2006).
Nos últimos anos, diversos setores da economia do Brasil vêm contribuindo para esse
aumento nas emissões de gases de efeito estufa (GEE). Um deles é o setor de transportes,
grande consumidor de combustíveis fósseis. Foram consumidos 84.074.421 m3 de
combustíveis fósseis, em 2005. Destes, 39.137.364 m3 foram de óleo diesel. No Estado do
Espírito Santo, o volume de diesel consumido chegou a 741.141 m3 no mesmo ano, gerando
emissões de gases de efeito estufa correspondentes a 2.035.003,5 ton CO2 1 (Agência Nacional
do Petróleo, 2007).
Segundo IPCC (2001), as concentrações de gases atmosféricos do efeito estufa
aumentaram no século XX em conseqüência das atividades humanas, segundo estudos
recentes do painel climático da ONU, Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática
(IPCC). Quase todos os gases do efeito estufa alcançaram seus níveis gravados mais elevados
nos anos 1990 e continuam a aumentar (veja figura 1). O dióxido de carbono atmosférico e o
metano variaram substancialmente durante ciclos glacial-interglacial nos 420.000 anos
passados, mas mesmo o maior destes valores primitivos é muito menor do que suas
concentrações atmosféricas atuais.
386
Figura 1 - Indicador da influência humana em relação ao dióxido de carbono no período
industrial.
387
inabitável para a maioria das espécies. No entanto, nos últimos anos observou-se uma
perigosa intensificação desse fenômeno, devido ao aumento da concentração dos gases de
efeito estufa na atmosfera causada pelas atividades humanas. Cientistas apontam que a
temperatura média global aumentou entre 0,3ºC e 0,6ºC desde o final do século XIX e de
0,2ºC a 0,3ºC nos últimos quarenta anos. Projeções do IPCC estimam uma variação de cerca
de 2ºC até 2100, que poderá alterar o equilíbrio do sistema climático e trazer sérias
conseqüências para a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas do planeta.
O Protocolo de Kioto, adotado em 1997 como um componente da Convenção Marco
sobre Mudanças Climáticas, continha, pela primeira vez, um acordo vinculante que obrigava
os países industrializados a reduzir suas emissões de GEE em 5,2% entre 2008 e 2012, em
relação aos níveis verificados em 1990. As negociações em torno do Protocolo se estenderam
até 2004, quando a Rússia ratificou o documento. Com o Protocolo de Kioto, cria-se um
mercado mundial de crédito de carbono. Os países que não conseguirem reduzir suas
emissões de GEE poderão comprar créditos dos países que contribuem para retirar esses gases
da atmosfera em quantidade maior do que emitem.
Controle (2007) relatou que o IPCC emitiu seu primeiro relatório em fevereiro de 2007,
dizendo que pelo menos 90% da culpa pelo aquecimento podem ser atribuídos aos humanos.
O segundo, em abril, advertiu para o perigo de mais secas, fome, ondas de calor e elevação
dos níveis do mar. Ambientalistas alertam que acabou o tempo de contestação dos governos.
O relatório calcula que a estabilização das emissões nocivas custará entre 0,2% a 3% do
produto interno bruto mundial até 2030, dependendo da rigidez dos cortes. Afirma que as
temperaturas subirão entre 2 e 2,4 graus centígrados acima dos níveis pré-industriais, mesmo
com as medidas dos cortes. A União Européia deixa claro que a elevação de dois graus pode
significar mudanças perigosas para o sistema climático.
Teixeira Júnior (2006) alerta que o clima do planeta Terra nunca registrou alterações tão
dramáticas quanto agora. O aumento de dois graus centígrados pode afetar um sexto da
população do planeta. A emissão dos gases do efeito estufa continua crescendo, apesar do
Protocolo de Kioto e dos limites impostos aos países ricos. China e Índia continuam
queimando carvão para empurrar sua economia adiante. O Brasil vive a situação ambígua de
ser o país das hidrelétricas e do etanol, mas também de ser visto como vilão do desmatamento
na Amazônia. Para estabilizar os níveis de CO2 na atmosfera a níveis seguros amanhã, o
trabalho precisa começar hoje. Cada vez mais, consumidores, políticos e investidores
acreditam que essa é uma tarefa que também cabe às empresas.
388
A popularidade crescente de combustíveis renováveis apóia-se na intenção de criar
novas oportunidades para uma agricultura multifuncional e sustentável no desenvolvimento
rural em mercados orientados de produção de óleos vegetais não alimentares. O uso total dos
biocombustíveis, como a energia limpa e renovável no transporte em estradas, linhas de ferro,
ônibus da cidade e os setores agrícola e florestal, com um respeito especial aos parques
nacionais, são a única maneira lidar com os desafios novos de problemas ambientais. Assim,
preserva-se a diversidade da natureza e protege-se a saúde dos povos e a vida selvagem
também (Labeckas & Slavinskas, 2006).
Para mitigar todo o efeito maléfico do aquecimento global, Controle (2007) divulgou as
medidas sugeridas pelo IPCC. A utilização do chamado preço do carbono seria uma das
principais opções para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa. Quanto mais alto for
esse preço, mais interessará aos usuários de energias fósseis recorrerem a tecnologias e modos
de consumo mais sábios e mais rápida e abundante será a redução das emissões. Todos os
setores têm potencial significativo de redução de emissões até 2030. De acordo com as
medidas sugeridas pelo IPCC, a ampla utilização dos biocombustíveis traz alívio para o
planeta, como uma atitude ambientalmente mais amigável. Dentro deste aspecto, muitos
estudos estão sendo feitos para viabilizar a sua implementação..
Dente elas, reduzir a poluição dos transportes é uma das alternativas. Reforçar as
restrições de emissão de CO2 para os veículos, incentivar os transportes públicos e os meios
de transportes não motorizados, aumentar os impostos de compra de automóveis e
combustíveis. A um preço de 25 dólares a tonelada de CO2, os biocombustíveis
representariam uma parte do mercado de 10%.
Cem anos atrás, óleo vegetal foi testado por Rudolf Diesel como o combustível para seu
motor. Com o advento do petróleo barato, frações apropriadas do óleo cru foram refinadas
para servir como combustível. Nos anos 1930 e 1940, os óleos vegetais foram usados como
combustível diesel, mas somente em situações da emergência. Recentemente, por causa dos
aumentos em preços de óleo cru, dos recursos limitados do óleo fóssil e dos interesses
ambientais houve um foco renovado nos óleos vegetais e nas gorduras animais para produzir
biodiesel. O uso continuado e crescente do petróleo intensifica a poluição de ar local e amplia
os problemas do aquecimento global causado por CO2 (Ma & Hanna, 1999).
Segundo Miragaya (2005), consideram-se como biocombustíveis os produtos originados
da biomassa usados na produção de energia, os quais podem se sólidos: lenha e carvão
vegetal; gasoso: biogás; e líquidos: álcoois (etanol produzido de cana-de-açúcar e metanol, de
madeira), óleos e gorduras de origem vegetal ou animal e o biodiesel. O uso de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
389
biocombustíveis apresenta várias justificativas econômicas, sociais e ambientais, conforme as
regiões de sua fabricação e emprego. Dentre as vantagens ambientais do uso de
biocombustíveis líquidos destaca-se a diminuição das emissões, pelos veículos automotores,
de gases e/ou partículas prejudiciais à saúde humana ou ao meio ambiente, como o monóxido
de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de enxofre e nitrogênio e de gases do chamado efeito
estufa, principalmente o dióxido de carbono.
Embora a maioria da população urbana associe combustível apenas ao abastecimento de
veículos, ônibus e caminhões, essa questão é muito mais ampla e complexa. Implica no
abastecimento de tratores e máquinas agrícolas, navegação aérea, marítima e fluvial,
funcionamento de motores estacionários, tanto na geração de energia elétrica, como no
funcionamento de muitas máquinas de beneficiamento de produtos nas comunidades do
interior sem acesso à energia elétrica. Também, na substituição da lenha e carvão mineral ou
vegetal no fogão doméstico (Saturnino et al., 2005).
Biodiesel, um combustível diesel alternativo, é feito das fontes biológicas renováveis
tais como os óleos vegetais e as gorduras animais. É biodegradável e não tóxico, tem perfis
baixos da emissão e, assim, é ambientalmente benéfico (Ma & Hanna, 1999).
O biodiesel é um combustível constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou
etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação química de transesterificação de qualquer
triglicerídeo (óleos vegetais, óleos/gorduras animais, reaproveitamento de óleos usados em
frituras e de rejeitos da extração e purificação de diversos óleos) com um álcool de cadeia
curta, metanol ou etanol. Há registros da utilização do combustível de óleos vegetais ou de
seus ésteres, conhecidos como biodiesel, desde a montagem dos primeiros protótipos de
motores de ignição por compressão por Rudolf Diesel, no final do século XIX (Miragaya,
2005).
Labeckas & Slavinskas (2006) ressalta que para solucionar os inconvenientes do uso
direto de óleos vegetais nos motores diesel, estudos iniciados na Bélgica em 1940 visaram a
transesterificação. Foi feita produção em escala semi-industrial da mistura de ésteres etílicos
com o óleo de dendê, para utilização direta em motores diesel. O processo industrial não
apresentou dificuldades técnicas, sendo muito baixo o consumo energético para sua obtenção
(Martins, 1981). De diversos métodos disponíveis para produzir o biodiesel, a
transesterificação de óleos naturais e as gorduras é atualmente o método escolhido. A
finalidade do processo é abaixar a viscosidade do óleo ou da gordura (Ma & Hanna, 1999).
A transesterificação melhora as propriedades técnicas do RME de modo que se encontre
com as exigências ser usado nos motores diesel modernos. A vantagem principal relacionada
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
390
ao uso de biodiesel de canola nos motores diesel é o índice de oxigênio elevado dos ácidos
graxos. Assim, causa uma combustão mais completa e origina emissões mais baixas de
espécies prejudiciais, tais como material particulado e a fumaça. Como outros combustíveis
renováveis, RME são biodegradáveis, não-tóxicos e livres de enxofre e, conseqüentemente,
nenhum sulfato é formado e as emissões do material particulado podem ser reduzidas em até
24%. Adição de biodiesel de canola ao combustível diesel também melhora as propriedades
lubrificantes das misturas de combustível quando comparadas ao combustível diesel
convencional de baixo teor de enxofre (Labeckas & Slavinskas, 2006).
Segundo Labeckas & Slavinskas (2006) e Carraretto et al. (2004), as características da
emissão dos motores diesel que operam em RME e das suas misturas com combustível diesel
foram relatadas nos vários papéis de pesquisa. Em muitas investigações, as reduções em
monóxido de carbono, hidrocarbonetos (HC) e emissões de fumaça e material particulado,
junto com um NOx mais elevado, nas exaustões foram determinadas. Testes conduzidos em
motor diesel operado com mistura de 20% biodiesel de soja com combustível diesel provou
que o índice de fumaça, os CO e os HC estiveram diminuídos de 8% a 63%, 2% a 29% e 3% a
60%, respectivamente, enquanto que as emissões de NOx aumentaram de 0.5% a 18%
(Labeckas & Slavinskas, 2006).
Carraretto et al. (2004) observaram que a média de redução em CO e HC, com uso de
biodiesel a 30% em mistura, foi de 13,5% e 3% respectivamente. Grande contribuição foi o
teor de oxigênio presente no biodiesel. Os valores de NOx, ao contrário, tiveram um aumento
de 9%, sendo de acordo com os muitos resultados na literatura.
A Caterpillar Brasil, em 1980, usou em motores com câmara de pré-combustão uma
mistura do óleo vegetal de 10%. Com isso, manteve o poder total sem nenhuma alteração ou
ajuste no motor. Nesse ponto, não era prática substituir o óleo vegetal em 100% para o
combustível diesel, mas uma mistura do óleo vegetal de 20% e do combustível diesel de 80%
era bem sucedida. Algumas experiências a curto prazo usaram até uma relação de 50/50 (Ma
& Hanna, 1999).
Na Alemanha, já existem carros andando com o B100, ou seja, 100% biodiesel e o
motorista nem sente a diferença. No Brasil, todas as montadoras estão se preparando para a
utilização do biodiesel. Ford, Mercedes-Benz e Volvo prepararam os motores de seus
caminhões e ônibus para receber o B2, atendendo às especificações da Agência Nacional do
Petróleo (ANP). O percentual de 2% do biodiesel mostra tendências de redução entre 2% e
4% das emissões de material particulado, hidrocarbonetos e monóxido de carbono. O uso de
391
B2 não alterou nenhum resultado tanto em performance, quanto em consumo ou durabilidade
do motor (Reis, 2006).
Algumas indústrias (Volkswagen, Audi, Mercedez-Benz) garantiram seus motores para
uso de biodiesel (Carraretto et al., 2004).
O desempenho de motor em RME e suas misturas com combustível diesel, assim como
as características de suas emissões, dependem das características técnicas dos motores, tais
como pressão na câmara de combustão e ângulo de injeção. Conseqüentemente, os resultados
de teste de diferentes motores podem variar substancialmente. Adicionalmente, a maioria de
emissões reguladas, produzidas pelo biodiesel, depende das rotações do motor e das
condições de carga.
Labeckas & Slavinskas (2006) elucidaram que somente as misturas baixas da
concentração RME poderiam ser reconhecidas como as candidatas potenciais a serem
certificadas para o uso em escala nos motores não modificados. A concentração mais elevada
mistura B20, B35 e RME puros provaram-se como alternativas eficientes a ser usadas
principalmente em rotações baixas e em cargas pesadas. Em velocidades mais elevadas, o
desempenho de motor nas misturas B20, B35 e RME tiveram mudanças significativas,
gerando energia em média 8.7-8.0% mais baixa e um consumo específico 4.7-6.4% mais alto.
Em todas as velocidades, as emissões do monóxido de carbono (CO) para todos os
biocombustíveis permanecem até 51.6% mais baixos e a opacidade da fumaça em relação ao
combustível diesel em média 13.5-60.3% mais baixo.
Os resultados de teste indicam que devido ao custo completamente comparável e às
vantagens reais nos termos da eficiência do desempenho e ambiental em emissões amigáveis,
misturas do biocombustível de até 10% poderia ser considerado como as candidatas
preliminares a serem postas em prática para o uso em escala nos motores diesel não
modificados.
As oleaginosas são representadas por diversas famílias botânicas. As regiões tropicais
do planeta possuem condições privilegiadas de adaptação e com bons rendimentos para essas
plantas. Além do óleo como principal importância econômica, as plantas oleaginosas reúnem
uma ampla diversidade no seu aproveitamento. A torta de extração possui alto teor protéico,
com potencialidade para uso na alimentação humana ou animal e também como adubo
natural. Outras partes dos vegetais podem fornecer outros produtos úteis: folhas (chás,
medicamentos), frutos (corantes, bebidas), troncos (material para construção, palmitos) e
raízes (fontes de açúcar e álcool).
392
O plantio de muitas oleaginosas permite combate à erosão, recuperação de solos em
processo de degradação, manejo de água no solo, cerca-viva ou fixação de nitrogênio no solo
(no caso das leguminosas). Com esses interesses primários do plantio, a produção paralela de
óleo acaba sendo uma vantagem adicional, pois representa uma renda adicional no meio rural
(tabela 2), assim como uma diversificação de produtos (Empresa de Pesquisa Agropecuária de
Minas Gerais, 2005). A tabela 3 ilustra os rendimentos de algumas plantas oleginosas.
393
ambientais e sociais do passado. À medida que cresce a preocupação com os impactos do
aquecimento global, as discussões sobre mudança da matriz energética mundial ganham força.
Nesse cenário, os combustíveis à base de biomassa (biocombustíveis) assumem a liderança.
Antes da popularização do fenômeno do aquecimento global, a maior preocupação em
relação à dependência de energia, em especial a derivada de combustíveis fósseis (petróleo,
carvão e gás), devia-se ao esgotamento dessas fontes energéticas. Segundo alguns estudos, no
nível atual de consumo global de combustíveis fósseis, as reservas de petróleo agüentariam
mais quarenta anos, as de gás natural, sessenta e as de carvão 220 anos.
De um lado, os altos preços do petróleo; do outro, os impactos ambientais da queima
desse combustível; no meio, a crescente demanda global de energia. Para sustentar uma
matriz energética menos nociva ao meio ambiente e economicamente mais viável, o Brasil
tem, como outras nações, investido no biodiesel - considerado uma das formas mais eficazes
de minimizar a emissão de poluentes na atmosfera. Um dos motivos para a aposta no
biodiesel é a gama de matérias-primas que pode ser utilizada, como soja, mamona, dendê,
babaçu, girassol, algodão, amendoim, canola ou colza, maracujá, abacate, oiticica, linhaça e
tomate. Também podem ser usadas gorduras animais e residuais.
O cenário das mudanças climáticas e o Protocolo de Kioto fizeram o setor
sucroalcooleiro enxergar grandes oportunidades de colocação de seu produto no mercado,
surgindo com isso algumas implicações: aumento do consumo de água e de agrotóxicos,
expansão da fronteira agrícola, contaminação de lençóis subterrâneos e o desmatamento e a
eliminação de fragmentos florestais.
Se por um lado os biocombustíveis ajudam a resolver o problema das mudanças
climáticas, por outro eles tendem a agravar problemas ambientais locais. A soja e a cana-de-
açúcar podem sobrepor outras culturas e empurrá-las em direção à região amazônica. Isso
pode fragilizar o compromisso de aumentar a inclusão social, gerar emprego, atender e
resolver questões do campo.
A maioria dos cidadãos brasileiros desconhece a dimensão social e ambiental da
expansão do mercado de biocombustíveis. Sem essas informações e revisão dos níveis de
consumo, o erro da abundância poderá se repetir, mesmo diante de tantos esforços para mudar
a matriz energética (Victor, 2006).
394
3 CONCLUSÃO
Os resultados da investigação na literatura nas potencialidades do biodiesel, como um
combustível alternativo ao diesel de petróleo, foram apresentados neste trabalho.
A poluição do ar tem causado sérios problemas ambientais, conforme divulgado
largamente pelo IPCC, painel de estudos de mudanças climáticas da ONU. E o principal
agente em todo esse processo é a atividade humana.
Biodiesel forma um ciclo fechado do uso do carbono, sendo captado do ar pelas plantas
oleaginosas e transformado em um combustível renovável. O óleo vegetal traz muitos
benefícios para o campo. Além do óleo como principal produto, seus subprodutos podem ser
usados na alimentação animal e humana e como adubo orgânico. Além disso, como culturas
perenes, permitem conservar melhor o solo contra erosão.
Para solucionar os inconvenientes do uso direto de óleos vegetais nos motores diesel,
para produzir o biodiesel, a transesterificação de óleos naturais e as gorduras é atualmente o
método escolhido. A finalidade do processo é abaixar a viscosidade do óleo ou da gordura.
Biodiesel parece ser uma promissora solução para motores diesel, desde que pequenos
ajustes forem feitos; a performance é comparável com a operação com óleo diesel
convencional. As investigações elucidaram que o funcionamento de motores usando biodiesel
puro e em mistura com óleo diesel apresentou pequena redução na performance no consumo.
Emissões de CO foram reduzidas, mas as de NOx tiveram aumento. Entretanto, testes
preliminares com ângulo de injeção podem melhorar tanto o consumo quanto as emissões.
O crescimento desordenado de plantio de culturas de biomassa pode gerar impactos
ambientais indesejáveis como a expansão da fronteira agrícola e o desmatamento e a
eliminação de fragmentos florestais.
Apesar de tudo, a promoção do biodiesel é justificada pelo fato de que as emissões
globais de CO2 são grandemente reduzidas. Adicionalmente, o uso de biodiesel envolve uma
apreciável redução na emissão de alguns poluentes. Isso pode vir a ser solução-chave para
reduzir a poluição urbana.
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combustíveis no Brasil. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/petro/dados_estatisticos.asp>
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397
EFEITO DA DERIVA DO HERBICÍDA 2,4-D SOBRE A PRODUTIVIDADE
DO ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.), VARIEDADE DELTA OPAL
398
1 INTRODUÇÃO
O algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L.) é entre as plantas fibrosas, a mais
importante na economia mundial, com uma produção anual de vinte e quatro milhões de
toneladas de algodão em pluma (Conab, 2006). Plantada em diversas regiões do país, é uma
cultura que se adapta a diversas situações climáticas. Altamente demandada em diversos
setores, torna-se uma cultura muito atrativa para o produtor, seja pequeno, com mão de obra
familiar ou grande o qual adota tecnologia de última geração alcançando elevadas
produtividades.
O algodão é cultivado em todo o país e possui várias recomendações técnicas para a sua
instalação. Segundo Ferreira & Lamas (2006) o plantio inicia-se no início do período
chuvoso, utiliza-se uma semeadura com profundidade que varia de três centímetros se o solo
for argiloso e a cinco centímetros se arenoso, densidade de 80 a 120 mil plantas por hectare,
com espaçamento presumindo 2/3 da altura podendo variar de 0.76 a 1.0 metros entre linhas,
utilizam-se de 11 a 15 quilos por hectare para se obter de sete a dez plantas por metro
quadrado.
O algodão, por ser uma planta perene de crescimento indeterminado, é altamente
influenciado por condições atmosféricas e manejo cultural. Cultivada em lugares que varia de
700 a 1000 milímetros de precipitação e altitudes que vai desde o nível do mar até 1200
metros de altitude (MDM, 2006). Se não sofrer condições de estresse, por motivos práticos,
pode ser dividido sucessivamente em cinco fases: plantio a emergência, primeiro botão floral,
primeira flor, primeiro capulho e colheita. A primeira fase dura em torno de quatro a dez dias,
no qual a semente sofre a embebição, germinando e estabelecendo os cotilédones, a segunda
fase acontece aos trinta dias, à terceira acontece aos quarenta e cinco dias, a quarta fase ocorre
aos noventa dias e finalmente a última ocorre em torno dos 126 dias, sendo que pode variar
dependendo da região e cultivar plantada (Beltrão, 1999).
A cultivar “Delta Opal” oriunda da MDM sementes é a mais plantada no Brasil
atualmente. Entre suas características agronômicas apresentam alto rendimento, qualidade de
pluma e produtividade.
Segundo a MDM (2006), é uma planta de porte alto, medindo em torno de 1,5 a 1,6
metros, necessitando de reguladores de crescimento para chegar à altura ideal de 1,2 metros
de altura, ideal para colheita mecanizada e evitar acamamento, apesar da resistência desta
cultivar, que possui um ciclo médio que varia de 140 a 160 dias, ocorrendo o florescimento
aos 55 dias.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
399
Em relação à estrutura da planta, o formato é cônico com quatro a cinco ramos
vegetativos e 16 a 18 ramos frutíferos e possui os frutos pequenos e ovalados que quando
aberto, pesa em torno de 4,5 a 6 gramas. A cultivar possui um rendimento de fibra entre 39 a
42%, um comprimento de 30 a 33 milímetros e micronaire de 3,8 a 4,5 ug/pol.
A cultivar é susceptível à Ramulária (Ramularia aréola), medianamente susceptível à
Ramulose (Colletotrichum gossypii var. Cephalosporioides) e Nematóides (Meloidogyne
incógnita raça 1 e 3, Rotylenchulus reniformis, Pratylenchus brachyurus e Helicotylenchus
sp.), medianamente resistente à Alternaria (Alternaria macrospora e Alternaria tênues) e
resistente à viroses e bacterioses em geral. Sendo as mais importantes para o algodoeiro, as
viroses, ramulose e nematóides.
Com estas características, ela pode ser plantada em todo Brasil e segundo as
recomendações técnicas (MDM, 2006), esta cultivar deve ser plantada a uma profundidade
rasa de três a quatro centímetros, com espaçamento de 0,8 a 1 metro entre linhas. Gasta-se em
torno de onze a treze quilos de semente por hectare para se obter em torno de oito a dez
sementes por metro, totalizando cerca de 80 a 100 mil plantas por hectare.
Os acidentes com aplicações de defensivos agrícolas são problemas sérios que causam
muitos danos para a cultura atingida, ocorrendo prejuízos para todos os envolvidos nesta
situação. Processos Jurídicos são constantemente realizados a fim de ressarcir os prejuízos
causados pelo acidente. Não existem normas protegendo a cultura sensível, ocorrendo assim o
uso indiscriminado destes produtos.
O fenômeno da deriva é considerado um dos maiores problemas da agricultura (Sumner
& Sumner, 1997) e consiste no deslocamento horizontal das gotas desde o seu ponto de
lançamento até o seu destino (o solo ou as plantas). Quando a distância percorrida pelas gotas
não é grande o suficiente para que elas saiam da área em tratamento, dizemos que a deriva é
tolerável e denomina-se “endoderiva”; já quando esta conduz as gotas para fora da área em
tratamento, dizemos que é intolerável e denominada “exoderiva”. Segundo Lobo Júnior
(2005) a deriva é influenciada por diversos fatores e divididos como: características da
pulverização onde envolve a formulação do produto químico e o tamanho das gotas;
equipamentos e aplicação envolvendo os tipos de bicos, pressão de operação e altura de
liberação das gotas; Condições metereológicas que incluem o movimento do ar (direção e
velocidade), temperatura, umidade, estabilidade do ar e inversão térmica. A temperatura é
muito importante devido as correntes ascendentes que podem arrastar as gotas para níveis
mais altos ou a alta taxa de evaporação diminuindo o tamanho das gotas (Alves, 1999.).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
400
Assim as condições ideais para aplicação são encontradas nas primeiras horas do dia e no
final da tarde (Schroder, 1996).
Certamente o controle de plantas daninhas é necessário, porém existem formulações de
produtos que favorecem a ocorrência deste fenômeno. A deriva de herbicidas tem sido um
grave problema que ocorre no mundo todo, ocasionando grandes danos às culturas. Em
especial, o 2,4-D é um herbicida frequentemente usado em diversas culturas, sendo o
algodoeiro extremamente sensível a este, acarretando grandes prejuízos. A importância da
tecnologia de aplicação é essencial a fim de evitar a ocorrência de indesejáveis derivas às
quais prejudicam culturas vizinhas e danos irreparáveis ao meio ambiente. Com o estudo e
uso de técnicas de aplicação adequadas, o risco de deriva diminui consideravelmente.
Segundo Ahrens (1994) e Rodrigues & AImeida (1998), o herbicída 2,4-D ou 2,4-D sal
amina do ácido 2,4 diclorofenoxiacético, é pertencente ao grupo químico dos fenoxiacéticos,
possui fórmula molecular C8H6Cl2O3, peso molecular de 221,04, temperatura de inativação de
135 a 138°C, pressão de vapor de 5,5xl0-7 mmHg a 30°C e solubilidade em água de 600 ppm
a 25°C. A formula estrutural é apresentada na Figura 1.
Na sua forma comercial é conhecido com 2,4-D Fersol e 2,4-D Amina, equivalente ao
sal de dimetilamina e ambos extremamente tóxicos (Classe I) e altamente perigosos ao meio
ambiente (Classe III) (Andrei, 2005).
O 2,4-D é um herbicida hormonal de ação seletiva, que mimetiza as auxinas, ou seja,
um ácido indolacético sintético que pode ser absorvido pelas folhas, caule e raiz. Provoca
intensa divisão celular no câmbio, endoderma, periciclo e floema, causa multiplicação e
engrossamento e rachaduras de raízes e caules, tumores no meristema intercalar, formação de
raízes aéreas e hipertrofia das raízes laterais, formação de gemas múltiplas, encurtamento das
nervuras das folhas e epinastia (curvatura dos ponteiros da planta resultante do maior
crescimento da sua parte superior) (Melhorança, 2002; Rodrigues & Almeida, 1998).
401
O 2,4-D pode ser formulado na forma sais de amina e de éster. Na formulação éster é
muito mais volátil, não podendo, portanto, ser utilizado em regiões de clima quente. Em
temperaturas acima de 30°C ocorre uma volatilização intensa, havendo a possibilidade de o
produto ser deslocado pelo vento a grandes distâncias. Portanto, a formulação recomendada
de 2,4-D para uso nas regiões mais quentes é a forma amina (Melhorança, 2002).
2,4-D é um herbicida hormonal de aplicação em pré ou pós-emergência, eficiente sobre
mono e dicotiledôneas com persistência curta no solo. O produto não apresenta fitotoxidez às
culturas recomendadas dentro das dosagens e usos recomendados, sendo elas: arroz, milho,
trigo, cana-de-açúcar e pastagem de Cynodon dactylon e Brachiaria decumbens (Andrei,
2005).
A aplicação do produto pode ser feita via costal ou tratorizada, utilizando-se uma vazão
de 200 a 400 L/ha , uma pressão média de 2,78 kg/cm2 gerando um tamanho de gotas de 200
a 500 μ e 20 a 30 gotas/cm2.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no município de Buritis localizado na latitude sul 15°52',
longitude oeste 46°25', com altitude de 900 metros. O clima da região consiste em
temperatura média anual de 24,1°C, precipitação média anual de 1304 mm, solo classificado
como latosolo vermelho de textura argilosa e área sem declividade.
A cultura do algodão foi implantada na primeira quinzena de dezembro de 2005 com o
sistema de plantio direto sobre palhada de milho onde foi dessecada com dois quilos por
hectare de Round-up. A cultivar utilizada foi a “Delta Opal” e a semeadura foi realizada
mecanicamente sendo a semeadora regulada para obter de oito a dez sementes por metro
linear e com espaçamento de 91 centímetros entre linhas.
A adubação foi realizada com a formulação: 140 quilos de fósforo, 100 quilos de
nitrogênio e 100 quilos de potássio, sendo o nitrogênio e o potássio parcelado no plantio, com
40 kg/ha e duas coberturas, sendo uma aos 30 e outra as 55 dias. Foram feitas adubações
foliares com 1% de uréia aproveitando outras aplicações.
Foi realizado o controle de plantas daninhas, utilizando-se o clomazone em pré-
emergência e também uma mistura dos herbicidas MSMA+DIURON com jato dirigido nas
entrelinhas aos 50 dias após emergência. Houve uma infestação na área de pulgões (Aphis
gossypi e Myzus persicae), curuquerê (Alabama argillaceae), lagarta da maçã (Heliothis
virescens), Spodoptera (Spodoptera frugiperda), Lagarta Rosada (Pectinophora gossypiella) e
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
402
Ácaro rajado (Tetranychus urticae) em ambos os tratamentos, porém todos controlados. A
única doença que teve que ser controlada foi a ramulária (Ramularia areola).
A deriva foi identificada no início do florescimento, em torno dos 50 a 60 dias após
emergência, suspeitando-se de uma aplicação aérea sobre uma pastagem que é irregular a
aplicação deste produto desta forma ainda mais na forma éster que é muito mais volátil. A
colheita foi realizada nos meses de maio e junho obtendo uma produtividade média de
320@/ha.
A área com cerca de 1.000 hectares, foi divida em duas glebas de aproximadamente 500
hectares cada, sendo uma gleba com presença de sintomatologia de deriva de 2,4-D e a outra
com ausência, totalizando dois tratamentos. O delineamento estatístico utilizado no
experimento foi o inteiramente casualizado (DIC). Para fins de avaliação experimental, dentro
de cada tratamento foram sorteados dez pontos aleatórios de amostragem que foram marcados
e identificados para a avaliação das plantas, sendo que em cada ponto de amostragem foram
escolhidas dez plantas.
Foram realizadas avaliações do efeito da deriva do herbicida 2,4-D sobre a altura das
plantas, número de plantas por metro, número de frutos por planta, severidade, peso dos
capulhos, rendimento de fibra (%) e produtividade estimada da cultura do algodão.
A avaliação relativa à severidade, foi avaliada visualmente utilizando-se de uma escala
de severidade (Tabela 1) aos 90 dias após emergência. Os outros parâmetros foram
observados na época da colheita, onde a análise da altura e o número de plantas por metro,
foram utilizados uma trena graduada para medir a distância entre o nível do solo até a gema
terminal e um metro para contagem do número de plantas.
403
Tabela 1 - Escala de Avaliação de severidade do sintoma de 2,4-D no algodoeiro.
NOTA SEVERIDADE
0 Ausência de sintomas
1 Sintoma leve (até 5%)
2 Sintoma moderado (até 25%)
3 Sintoma severo (até 50%)
4 Sintoma muito severo (acima de 50%)
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os sintomas de fitotoxidade no algodoeiro encontrados no campo são característicos e
podem ser observados na Figura 2. As plantas de uma forma geral definham no ponteiro,
ocorrendo um sintoma de encarquilhamento leve nas folhas mais velhas e um severo dano nas
folhas mais novas, ocorre também embolhamento e nos casos mais acentuados, a queda das
mesmas.
404
Figura 2 - Sintomas de fitotoxicidade do herbicida 2,4-D no algodão (Gossypium hirsutum
L.).
Os resultados dos teste de Tukey a 5%, mostra o efeito significativo do herbicida 2,4-D
para as variáveis analisadas. Pode-se observar o efeito significativo no número de frutos por
planta, severidade, peso dos capulhos, porcentagem de fibra e produtividade estimada.
Segundo Beltrão (1999), todos os coeficiente de variação (C.V.) estão com uma boa precisão
para os fatores avaliados na cultura do algodão.
Os resultados referentes às diferenças significativas entre as médias das variáveis
analisadas encontram-se a seguir no Quadro 1.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
405
Quadro 1 - Resumo das médias de altura, número de plantas por metro, número de frutos
por planta, severidade, peso dos capulhos, porcentagem de fibra e produtividade
estimada.
VARIÁVEIS
Tratamentos Alturas Nº. Nº. Sev. Peso Rend. Prod.est.
plantas/ frutos/ dos Fibra kg/ha
metro planta capulhos (%)
Sem deriva 1,40 a 6,91 a 7,70 a 0,73 b 5,89 a 39,81 a 3442,70 a
Com deriva 1,43 a 6,93 a 5,38 b 1,88 a 5,01 b 39,26 b 2047,70 b
Em cada coluna, as médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas não diferem entre si o nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Os valores médios registrados para a altura e número de plantas por metro verificam-se
indiferença entre a parcela afetada pela deriva e a testemunha. Este fato pode ser atribuído às
folhas não afetadas pela deriva que sustentou a produção de assimilados para as plantas
afetadas pelo 2,4-D, não conseguindo matar planta no estádio em que foi afetada.
O quadro 1 mostra o efeito do herbicida no número de frutos entre o tratamento e a
testemunha. A deriva ocorreu 50 dias após emergência, afetando assim o início da floração,
explica-se o fato da redução em torno 30% no número de frutos por planta, que poderia ser
maior se a planta não possuísse gemas acessórias que substituírem as flores que foram
afetadas pela deriva.
As diferenças observadas nas médias referentes à severidade do dano são perfeitamente
visíveis no campo. Este contraste na severidade entre a parcela afetada e a testemunha
confirma a sensibilidade do algodoeiro ao herbicida 2,4-D.
O peso dos capulhos, dado essencial no cálculo da produtividade, foi verificado
diferença significativa, reduzindo em torno de 15% em relação à testemunha, devido às
possíveis diferenças na quantidade de folhas e reações metabólicas causado pelo herbicida na
planta. As médias referentes ao rendimento de fibra (%) mostram também diferença
significativa entre a parcela afetada e a testemunha, porém dentro da faixa indicada pela
empresa produtora de sementes sendo o rendimento entre 39 a 42 por cento de fibra (MDM,
2006).
A partir de todos os dados referentes aos outros fatores, a diferença significativa é
constatada mínima, porém ao juntar os dados destes para formar a produção estimada, a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
406
diferença é muito grande, havendo uma redução de cerca de 40% na produção de algodão em
caroço entre a parcela afetada pela deriva e a testemunha.
4 CONCLUSÕES
O dano causado pelo herbicida foi verificado em todos os estádios de desenvolvimento
da cultura após a ocasião da deriva. Diante dos resultados obtidos no experimento pode-se
concluir que:
1. O herbicida 2,4-D em ocasião de deriva acidental não conseguiu matar a planta de
algodão (Gossypium hirsutum L.) no início da floração.
2. As folhas afetadas pela deriva sofrem danos irreversíveis e as folhas novas que
nascem, apresentam maior severidade.
3. No estádio de pré-floração a deriva afeta a quantidade final de frutos reduzindo cerca
de 30% não sendo maior pelo fato da planta possuir gemas acessórias que substituíram as
flores afetadas.
4. O peso do fruto é afetado pelo herbicida 2,4-D reduzindo por volta de 15%.
5. O rendimento da fibra é afetado pelo herbicida, porém a planta apresenta o
rendimento especificado pelo produtor de sementes.
6 . O maior prejuízo é constatado na produção estimada, aonde as perdas chegaram a
40% na produção final de algodão em caroço.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AHRENS, W.H. Herbicide handbook. 7 ed. Champaign: Weed Science Society of America,
1994. 352p.
407
BELTRÃO, N.E. de M. O Agronegócio do Algodão no Brasil. v1. 2ªed. Campina Grande:
Embrapa Algodão p.859-891. 1999.
LOBO JUNIOR, M.I. Deriva nas aplicações. Espírito Santo do Pinhal, 2005 [on-line]
Disponível:http://pulverizador.blogspot.com/2005_10_01_pulverizador_archive.html
[Acesso: Agosto/2006]
RODRIGUES, B.N.; ALMEIDA, F.S. de. Guia de Herbicidas: contribuição para uso
adequado em plantio direto. 4 ed. Londrina: IAPAR, 1998. 648p.
408
TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA AVALIAÇÃO DA
QUALIDADE DE SEMENTES DE MAMONA
409
1 INTRODUÇÃO
A demanda por sementes de mamona (Ricinus communis L.) aumenta a cada dia devido
à importância econômica do óleo extraído de suas bagas, utilizado principalmente na indústria
e também como fonte de matéria-prima para a fabricação do biodiesel, entretanto, um dos
desafios para a produção desse combustível alternativo proveniente da mamona tem sido o
suprimento de sementes em quantidade e qualidade para atender o crescente mercado dessa
cultura (Souza, 2007).
O teste atualmente utilizado para a determinação da qualidade de sementes de mamona
é o teste de germinação (Brasil, 1992), que apresenta limitações por não detectar variações na
qualidade dos lotes em estágio inicial de deterioração (Krzyzanowski et al., 1999). Por essa
razão, métodos de vigor têm sido indicados para uma avaliação mais precisa da qualidade de
lotes de sementes, pois estes permitem detectar com eficiência e rapidez as variações entre os
lotes e as possíveis causas da baixa qualidade dessas sementes.
Dentre os métodos utilizados, a condutividade elétrica se destaca por ser um teste rápido
e objetivo que têm sido utilizado com sucesso na avaliação do vigor em muitas espécies. O
teste de condutividade elétrica é um dos dois testes de vigor incluídos nas Regras
Internacionais para Análise de Sementes (ISTA, 2006), mas sua utilização é atualmente
recomendada apenas para sementes de ervilha.
Existem poucos relatos de pesquisas com ênfase no teste de condutividade elétrica para
avaliação da qualidade em sementes de mamona. Segundo Matthews & Powell (2006), um
dos primeiros relatos do emprego da condutividade elétrica como teste de vigor foi realizado
em sementes dessa espécie. Para Fonseca et al. (2004), a condutividade elétrica não
evidenciou diferença de vigor entre os lotes de sementes de mamona estudados, resultado
justificado devido ao fato de que o tegumento das sementes mostrou resistência à entrada de
água, não permitindo dessa forma a lixiviação de solutos. Lima et al. (2005), verificaram que
sementes de mamona armazenadas absorveram mais água e tiveram maiores valores de
condutividade elétrica quando comparadas às sementes recém colhidas, demostrando serem
mais deterioradas e que, quanto menor a absorção de água e condutividade elétrica, melhor a
qualidade das sementes.
Um fator importante a ser considerado na avaliação do vigor de sementes é a rapidez
para a realização do teste (Vieira, 1994). O período de 24 horas de embebição tem sido
recomendado para a avaliação da condutividade, entretanto, existem possibilidades de
redução desse período na avaliação de várias espécies (Dias e Marcos Filho, 1996; Vanzolini
410
e Nakagawa, 1999), visando agilizar os resultados e auxiliar as tomadas de decisão em relação
ao destino dos lotes.
Assim, nessa pesquisa, objetivou-se investigar a possibilidade de utilização do teste de
condutividade elétrica (de massa e individual) para avaliação da qualidade de sementes de
mamona (Ricinus communis L.).
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 10 lotes de sementes de mamona das cultivares IAC 80 e AL Guarany
2002 produzidas em Nepomuceno, MG na safra 2005/2006. As sementes foram colhidas e
secas naturalmente em terreiro e armazenadas em câmara fria e seca (10°C e 40%UR) até a
realização das avaliações. Na caracterização dos lotes foram realizados os seguintes testes e
determinações: teor de água pelo método de estufa a 105° ± 3°C por 24 horas; teste de
germinação, segundo as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992); primeira contagem
de germinação; emergência em canteiro; estande inicial e índice de velocidade de emergência
de acordo com Maguire, (1962) além do teste de tetrazólio que foi realizado embebendo-se as
sementes em água a 30°C por 3 horas entre papel. Logo após, o tegumento das sementes foi
retirado e realizou-se cortes nas laterais dos embriões que foram imersos em solução de
tetrazólio a 0,5% e mantidos no escuro a 30°C, por 6 horas (Oliveira et al., 2006).
A condutividade elétrica de massa foi realizada com 4 repetições de 25 sementes que
foram pesadas e colocadas para embeber em copos plásticos contendo 75 ml de água
deionizada e mantidas em BOD, a 25°C por diferentes períodos de embebição (6, 12, 18 e 24
horas). A leitura da condutividade elétrica da solução foi medida em aparelho condutivímetro
marca Digimed, modelo CD-21. Na água de embebição após 24 horas foi efetuada a
determinação de potássio lixiviado empregando-se a fotometria de chama. Para o método
individual foi utilizado o analisador automático de sementes SAD 9000-S, sendo analisadas 4
repetições de 50 sementes por lote. As sementes foram mantidas, à temperatura constante de
25°C, por quatro períodos de embebição: 6, 12, 18 e 24 horas. Os resultados dos testes
realizados foram analisados segundo delineamento inteiramente casualizado, exceto para o
teste de condutividade individual que foi analisado em blocos casualizados. Os dados de
condutividade elétrica em massa e lixiviação de potássio da cultivar IAC 80 foram
transformados em 1/y (transformação recíproca). As médias foram comparadas pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade.
411
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios referentes ao teor de água das sementes foram de 7,8% para a
cultivar IAC 80 e 6,5% para a cultivar AL Guarany 2002 (Tabela 1). A análise da germinação
das sementes da cultivar IAC 80 evidenciou que todos os lotes apresentaram baixa
germinação, mas com diferentes níveis de qualidade. Os lotes 1, 2 e 3 foram considerados
como o de pior qualidade fisiológica, e os lotes 4 e 5 como os melhor qualidade. Assim como
na germinação, os resultados da primeira contagem de germinação, estande inicial,
emergência, índice de velocidade de emergência e tetrazólio, destacaram o lote 4 como sendo
de qualidade fisiológica superior em relação aos demais.
Tabela 1 - Valores médios (%) dos resultados da determinação do teor de água (U), teste de
germinação (G), primeira contagem de germinação (PC), estande inicial de emergência (EI),
emergência (E), tetrazólio (TZ), e o índice de velocidade de emergência (IVE), dos lotes de
sementes das cultivares IAC 80 e AL Guarany 2002. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Caracterização dos Lotes
Cultivar Lote U G PC EI E IVE TZ
IAC-80 1 8,8 7b 4b 1b 23 c 0,764 c 12 b
2 7,3 55 a 10 b 0b 52 b 1,737 b 36 a
3 8,1 22 b 13 b 1b 51 b 1,788 b 37 a
4 7,7 59 a 27 a 7a 81 a 2,988 a 45 a
5 7,4 58 a 31 a 1b 58 b 1,961 b 45 a
CV (%) 36,82 47,18 78,57 16,67 16,03 30,42
Al Guarany 2002 1 6,1 84 a 72 b 18 a 84 b 4,363 b 49 b
2 6,7 94 a 87 a 16 a 87 b 4,479 b 60 b
3 7 87 a 81 a 30 a 90 a 5,241 a 71 a
4 6,7 90 a 82 a 33 a 91 a 5,342 a
5 6,2 95 a 87 a 32 a 90 a 5,387 a 78 a
CV (%) 6,29 7,48 49,57 3,57 7,45 19,68
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
Para a cultivar AL Guarany 2002, os lotes não diferiram entre si em sua germinação. A
classificação do lote 1 como de pior qualidade foi obtida pelos testes de primeira contagem de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
412
germinação, emergência, índice de velocidade de emergência e tetrazólio, embora tenha sido
acompanhado pelo lote 2 em alguns destes testes. Os lotes 3, 4, 5 foram considerados de
qualidade superior em todos os testes realizados.
Para a cultivar IAC 80 verificou-se com os resultados do teste de condutividade elétrica
de massa (Tabela 2), uma intensa lixiviação de eletrólitos logo no início do teste, sendo mais
evidente no lote 1 que foi classificado pelos demais testes como de qualidade inferior. O teste
de condutividade elétrica de massa evidenciou a superioridade do lote 4 em relação aos
demais em todas as avaliações. Ocorreram algumas variações na classificação dos lotes de
IAC 80 quando se comparou os dados de condutividade elétrica de massa com a germinação e
os testes de vigor utilizados para caracterização do perfil dos lotes, porém todos destacaram o
lote 4 como de melhor desempenho e o lote 1 como o pior.
413
Não houve alteração na classificação quanto aos níveis de qualidade dos lotes até 18
horas de embebição, após esse período uma pequena alteração nessa classificação foi
observada. Segundo Loeffler et al. (1988), lotes que apresentam diferenças de vigor menos
acentuadas, precisam de períodos mais longos de condicionamento para que a diferença de
qualidade entre os lotes seja detectada. A lixiviação de íons K+ foi avaliada após a medição da
condutividade da solução e foi possível observar maior lixiviação das sementes do lote 2.
Para a cultivar AL Guarany 2002 verificou-se que a maioria dos tratamentos, com
exceção do período de 18 horas de embebição, proporcionaram a mesma tendência na
separação dos lotes em dois níveis de qualidade. Todas as avaliações identificaram o lote 1
como de pior qualidade. Os demais lotes apresentaram baixos valores de condutividade
elétrica, portanto foram considerados como mais vigorosos. Pelos resultados do teste de
lixiviação de K+ não foi possível detectar diferenças significativas entre os lotes desta cultivar,
embora haja uma tendência dos dados em classificar o lote 1 como de pior qualidade por
apresentar maior lixiviação de eletrólitos.
Houve um aumento gradativo nos valores de condutividade elétrica com o decorrer do
teste para ambas cultivares. Verificou-se que à partir de 6 horas de embebição já foi possível
separar os lotes das duas cultivares em diferentes níveis de vigor, com redução significativa
no período de embebição das sementes, em relação ao período padrão de 24 horas, adotado
para testes de condutividade elétrica em algumas espécies como soja e ervilha (Hampton &
Tekrony, 1995; Krzyzanowski et al., 1999). De modo geral, o método de condutividade
elétrica de massa na separação dos níveis de qualidade fisiológica em sementes de mamona
foi eficiente tanto para a cultivar IAC 80 quanto para Guarany, pois os resultados foram
semelhantes aos dos testes convencionais.
Os resultados do teste de condutividade elétrica individual relativos aos lotes das
cultivares IAC 80 e AL Guarany 2002 estão apresentados na Tabela 3.
414
Tabela 3 - Valores médios (μS/cm) de condutividade elétrica individual para as sementes dos
lotes das cultivares IAC 80 e AL Guarany 2002, em cada período de pré-condicionamento.
UFLA, Lavras, MG, 2007.
Períodos de embebição (h)
Lote
6 12 18 24
1 344,92 d 357,92 e 367,51 d 382,36 d
2 302,75 c 316,73 d 333,67 c 363,49 c
3 258,98 b 271,50 b 294,77 b 314,49 a
IAC 80 4 230,33 a 248,91 a 273,77 a 302,99 a
5 266,27 b 285,54 c 301,23 b 326,22 b
CV (%) 2,72 4,76 2,51
1 191,91 d 206,83 c 250,13 c 308,22 c
2 174,52 c 195,59 b 278,55 b
AL Guarany 3 144,15 a 171,75 a 259,56 a
2002 4 163,36 b 191,36 b 224,82 b 269,86 b
5 188,07 d 213,53 c 255,77 c 306,20 c
CV (%) 4,17 2,80 3,21 3,08
As médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade.
415
Apesar de ter sido mais sensível em agrupar os lotes de sementes de mamona em mais
níveis diferentes de qualidade, o método de condutividade elétrica individual não possibilitou
caracterizar de maneira eficiente os lotes, pois ocorreram muitas variações entre os resultados
deste teste e os dos demais testes convencionais, principalmente para a cultivar AL Guarany
2002. Dias & Marcos Filho (1996) concluíram que a condutividade elétrica individual não
forneceu informações consistentes sobre o potencial relativo dos lotes, apresentando
eficiência variável de acordo com a cultivar de soja estudada.
4 CONCLUSÃO
O teste de condutividade elétrica de massa é eficiente em detectar diferenças na
qualidade de lotes de sementes de mamona;
O período de 6 horas de embebição é indicado para realização do teste de condutividade
elétrica de massa para avaliar a qualidade de sementes de mamona;
O teste de condutividade elétrica individual não é adequado para a avaliação da
qualidade em sementes de mamona.
5 AGRADECIMENTO
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
concessão da bolsa de estudos.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília:
SND/CLAV,1992, 365p.
DELOUCHE, J. C.; BASKIN, C. C. Accelerated aging techiniques for predicting the relative
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DESAI, B. B.; KOTECHA, P. M.; SALUNKHE, D. K. Seeds Handbook. New York, 1997.
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CAVARIANI, C.; ZANOTTO, M. D. Testes de avaliação da viabilidade e do vigor de
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416
sementes de mamona. In: Congresso Brasileiro de Mamona, 1, 2004, Campina
Grande. Anais..., 2004. v. 1, p. 52-57.
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418
POTENCIAL DO CULTIVO DE TUNGUE (Aleurites fordii) NO SUL DE
MINAS
419
1 INTRODUÇÃO
O tungue é uma planta nativa da Ásia, onde é cultivado predominantemente na China. É
plantado comercialmente também na América do Sul, nos Estados Unidos e na África. E das
suas sementes e extraído um óleo, que é conhecido como “tung oil” ou “wood oil” (“óleo de
madeira”).
As sementes do tungue possuem em torno de 33% de óleo, e esse óleo contém uma alta
percentagem de ácido oleosteárico, sendo o único óleo vegetal produzido comercialmente que
possui esse componente, ao qual é atribuída a alta qualidade do tungue como óleo de secagem
rápida. Os teores de óleo na semente podem variar entre 30 e 40%, sendo esse composto por
75-80% de óleo alfa-esteárico, 15% oléico, 4% palmítico e 1% ácido esteárico. Taninos,
fitoesteróis e uma saponina tóxica também são encontrados.
A torta de tungue, resíduo composto pela semente de tungue sem a testa, após a
extração do óleo, possui em torno de 25% de proteína bruta, sendo tóxica para os animais e só
usada como fertilizantes (Vaughan, 1970).
420
Varela, a produção de tungue na safra 1999/2000 foi de aproximadamente 1.200 toneladas de
frutos adquiridos pela Cooperativa e em torno de 350 toneladas adquiridos pela Óleos Varella,
com a comercialização distribuída de junho a janeiro. Em 1996, segundo o IBGE, o Rio
Grande do Sul produziu 1.359 toneladas do produto, o que representava 98% da produção
nacional. Os principais municípios produtores são: Veranópolis (863 t), Cotiporã (182 t), São
Valentim do Sul (52 t), Vila Flores (51 t), Nova Bréscia (34 t), Farroupilha (27 t), Ilópolis (17
t), Fagundes Varela (16 t), Nova Prata (15 t) Arvorezinha (14 t) e Caxias do Sul (13 t).
421
amarelo-escuro, representando de 59 a 63% do peso da semente. (Ambiente Brasil - ambiente
agropecuário).
O tungue é uma árvore de porte frondoso, ramos mais ou menos tomentosos capaz de
alcançar 10 metros de altura, casca fina cinza-pálida, numerosos ramos reunidos em
ramalhetes, com copas de 5 a 10 metros de diâmetro e quase sempre monóicas. Os pecíolos
podem alcançar 40 cm de comprimento. (Aboissa Óleos Vegetais).
As folhas, unissexuadas, surgem antes das folhas na A. fordii e na A. molucana, depois
se agrupam com folhas nas pontas dos ramos do ano anterior.
Segundo Barroso et al (1999), os frutos são do tipo drupóide (Figura 1), com pericarpo
nitidamente diferenciado em epicarpo, mesocarpo e endocarpo. O epicarpo e o mesocarpo têm
consistência fibrosa. O endocarpo tem consistência coriácea, apresentando o espaço central
dividido em falsos septos transversais, formando, em geral, quatro a cinco câmaras, cada uma
com uma semente.
Figura 1 - Fruto inteiro (A), em corte (B) e semente (C) de Aleurites fordii (Barroso et al.,
1999).
As sementes (Figura 2) da A. fordii tem de 14 a 35 cm de comprimento. Formato é
próximo a triangular na sua seção transversal, com superfície convexa. A casca é espessa (1 a
5 mm), e o endosperma de cor creme. O comprimento das fibras da testa pode atingir
aproximadamente 880 μm, o dobro do de Ricinus. (Vaughan, 1970).
422
Figura 2 - Sementes
3 TIPOS DE PROPAGAÇÃO
A propagação pode ser realizada por sementes ou enxertia. Em cultivos comerciais
intensivos, como os existentes nos Estados Unidos da América, a produção é realizada com
plantas enxertadas, com copa selecionada de plantas matrizes mais produtivas, e com porta-
enxerto originário de mudas de um ano, produzidas a partir de sementes de plantas também
selecionadas para esse fim. Isso gera maior uniformidade no cultivo e na maturação, além de
maior teor de óleo nos frutos (Duke, 1983).
423
4 ÉPOCA DE PLANTIO E ADUBAÇÕES
Como as mudas são produzidas no RS são sem enxertia, muitas vezes a partir de plantas
espontâneas, oriundas de frutos não colhidos que ficaram sob as árvores de produção, descrito
por não são também realizadas adubações e o custo direto se resume aos serviços de roçada
sob as árvores, à colheita e ao ensacamento para a pré-secagem. Isso resulta em menor
produção e menor teor de óleo na semente.
A adubação é melhor praticada com base na análise se solo, empregando-se as
quantidades de adubos recomendados.
5 PRODUÇÃO
A sua produção pode ser enquadrada em um sistema sustentável de agricultura, definida
em Gliessman (2000) como "aquela agricultura que reconhece a natureza sistêmica da
produção de alimentos, forragens e fibras, equilibrando, com eqüidade, preocupações
relacionadas à saúde ambiental, justiça social e viabilidade econômica, entre os diferentes
setores da população”.
No Brasil o cultivo é realizado em pequenas propriedades, com economia baseada na
exploração de mão-de-obra familiar. Conforme dados do IBGE, em 1996 a totalidade da
produção foi oriunda de propriedades com menos de 100 hectares e 74% do tungue no Rio
Grande do Sul (RS) tiveram origem em propriedades com menos de 50 ha.
O rendimento do óleo por hectare é de 450 kg ou mais. Há rendimento de 7 t/ha com
660 plantas de 4x4 m. Uma A. montana tem produzido com 8 anos, 993,5 K/ha/ano rendendo
347kg de óleo.
O sistema de cultivo do tungue no Rio Grande do Sul (RS) é extensivo. As plantas são
distribuídas em meio a pastagens e aproveitando áreas impróprias para culturas anuais. A
produtividade alcançada nos cultivos norte-americanos é de 4.500 kg a 5.000 kg de frutos por
hectare (Duke, 1983). No Paraguai apresentam altos rendimentos que podem chegar até
12000 kg/ha. Segundo o IBGE (1996), a área cultivada no Rio Grande do Sul era de 365,37
hectares, com uma produtividade média alcançada de 3.719 kg de frutos por hectare.
A produção se inicia com 3 anos, é plena aos 10 anos e permanece até mais ou menos
aos 30 anos. (Aboissa Óleos Vegetais). A safra de tungue segue um ciclo sendo um ano bom e
outro ruim.
O rendimento varia muito de espécie para espécie, de tungueiro para tungueiro, na
mesma espécie, de ano para ano. Esta variação decorre do clima, temperatura e irregularidade
424
das chuvas, da heterogeneidade das plantas por falta de seleção, do espaçamento, do solo por
falta de adubação, de matéria orgânica, da deficiência e irregularidade das capinas, do
combate às pragas e doenças. A variabilidade das safras, de um ano para outro, pode elevar-se
a 80 - 90%.
Segundo Univaldo Vedana (2006), colheita é simples, pois os frutos maduros caem no
chão, bastando apenas juntar os frutos caídos. Inicialmente nós acreditamos nesta cultura para
a agricultura familiar, nas pequenas propriedades rurais, onde esses agricultores poderão
produzir cerca de 1.500 litros de óleo por hectare.
Antonio Rigo, diretor-presidente de uma empresa que comercializa tungue também
falou sobre o assunto. Além de disponibilizar a semente para o plantio, Rigo esclareceu
algumas dúvidas quanto ao espaçamento e a área mínima necessária. Segundo ele, o produto é
comprado a R$0,35 o quilo e, além de ter uma mão-de-obra barata, pode render de dois a três
mil reais por hectare.
6 COLHEITA
A colheita é realizada à medida que os frutos, contendo de quatro a cinco sementes,
caem no chão. Em geral, são necessárias duas ou mais operações de colheita, pois a
maturação do tungue não é uniforme. Antes da comercialização, o material é colocado em
sacos e deixado para secar em galpões, até alcançar umidade abaixo de 30%. Esse processo
leva duas ou mais semanas e é realizado pelo produtor.
O sinal de maturação é a queda natural dos frutos, ainda na árvore os frutos perdem a
cor verde natural, tornam-se verde-escuro, depois pardos e caem naturalmente, a começar do
fim de março (FIGURA 3). A colheita dos frutos é da seguinte maneira: eles são apanhados
no chão limpo de mato e folhas, antes de se abrirem, para evitar a fermentação da casca,
aquecendo as sementes, o que acidifica o óleo. Colhem-se, varejando as árvores no último
estágio do amadurecimento dos frutos, que são abertos à mão e secados antes do
ensacamento, para recolhimento ao armazém. (Aboissa Óleos vegetais)
425
Figura 3 – Frutos
7 ÓLEO
Em 1994 a 1995, a produção do óleo de tungue no mundo foi de 170.000 toneladas. Já
em 1998 os maiores produtores que são China, Paraguai e Argentina produziram
respectivamente 35.000, 7.800, 3.900. (Aboissa Óleos Vegetais).
Para se obter um bom rendimento de Óleo de Tungue é necessário um correto
armazenamento das sementes para evitar que elas se acidifiquem ou estraguem. O rendimento
de semente em óleo gira em torno de 18%. O Óleo de Tungue apresenta-se como um óleo de
cor amarelo claro com odor característico. É um óleo venenoso e não comestível. (SBRT -
Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas).
As sementes do tungue possuem em torno de 33% de óleo, Vaughan (1970), e esse óleo
contém uma alta percentagem de ácido oleosteárico, sendo o único óleo vegetal produzido
comercialmente que possui esse componente, ao qual é atribuída a alta qualidade do tungue
como óleo de secagem rápida. Segundo List & Horhammer (apud Duke, 1983) afirmam que
os teores de óleo na semente podem variar entre 30 e 40%, sendo esse composto por 75-80%
de óleo alfa-esteárico, 15% oléico, 4% palmítico e 1% ácido esteárico. Taninos, fitoesteróis e
uma saponina tóxica também são encontrados.
A. molucanna é citada por Pio Corrêa (apud Reitz, 1988), como produtora de amêndoas
com mais ou menos 60 % de óleo graxo, muito bom combustível e excelente lubrificante,
utilizado também na fabricação verniz, sabão e velas. As flores e madeira têm aroma
resinífero, e as cascas são usadas no curtimento do couro.
O óleo é secativo, de padrão superior ao da linhaça. Presta-se como revestimento e
acabamento de trabalhos de esmalte e vernizes, nas construções, mobílias, acessórios,
decorações, indústrias de automóvel, de eletricidade, têxteis, tintas especializadas, aplicações
domésticas, roupas, lonas isolantes, fios elétricos, revestimento de paredes, sacos, papéis,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
426
madeiras, tubos para cosméticos, pastas dentifrícias, vernizes de assoalhos, cascos de navios,
couros, calafetagem de barcos, lacres e sabão. (Aboissa Óleos Vegetais).
427
Européia. O Paraguai é um grande produtor e consequentemente um grande exportador.
(Aboissa Óleos Vegetais).
8 CLIMA DO SUL DE MINAS GERAIS
Estado de Minas Gerais apresenta vasta abrangência territorial, e é cortado por extensas
cadeias de montanhas. Massas de ar provenientes do extremo sul do continente e da região
equatorial freqüentemente atingem o Estado. Sendo assim, Minas Gerais é afetado por
precipitações de origem orográfica, precipitações de origem ciclônica, tanto frentes frias de
origem polar (sistema atmosférico frontal), com chuvas de longa duração e de baixa a média
intensidade, quanto frentes quentes e úmidas oriundas da região equatorial (Amazônia), que
caracteriza um sistema atmosférico não frontal (Moreira, 1999, 2002; Vianello & Alves,
2000). Durante o verão, também é comum a ocorrência do fenômeno conhecido como zonas
de convergência do Atlântico Sul, gerado por zonas de baixa pressão atmosférica no Oceano
Atlântico, com acúmulo de grande quantidade de nuvens. Este fenômeno, combinado com os
sistemas ciclônicos, gera grandes volumes de precipitações (Moreira, 1999). Há de se
mencionar ainda a ocorrência de precipitações convectivas, de alta intensidade e curta
duração, porém, de pequeno alcance espacial, que produz eventos de chuva erosivos de
magnitude considerável no Estado, especialmente nas regiões mais quentes e úmidas
(Moreira, 2002).
Cada uma das situações acima pode predominar, com maior ou menor peso, nas regiões
do Estado, devido às características climáticas e do relevo, entre outros fatores. Segundo
Antunes (1986), o Estado apresenta, com base na classificação de Köppen, desde clima do
tipo Cwb, temperado com invernos frios e verões brandos, no Sul de Minas, até BSw,
caracterizado como semi-árido, no extremo norte e nordeste do Estado.
9 CONCLUSÃO
O tungue poderá ser a planta pelas suas características e produtividade a cultura
energética permanente para o sul do Brasil. Pois para as outras regiões do Brasil já se
destacam outras culturas, e também o tungue possui uma vantagem, é uma planta que precisa
de frio, 350 a 400 horas de frio (< 7,2° C).
E o Sul de Minas possui regiões com essas características. Com base na classificação de
Köppen, o Sul de Minas é classificado como, clima tipo Cwb, temperado com invernos frios e
verões brandos.
428
O cultivo do Tungue se encaixa no Sul de Minas, porque além dessa rusticidade e
adaptabilidade ao frio, o tungue é visto como alternativa de renda para grupos de pequenos
produtores com mão-de-obra familiar. E o Sul de Minas possui essas áreas com economia
baseada na exploração da mão-de-obra familiar.
10 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e a FAPEMIG.
11 REFERÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://www.fepagro.rs.gov.br/index.php?acao=not&cod_noticia=261&int_novidade=&pag=4
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Mello C. R.; Sá, M. A. C.; Curi, N.; Mello, J. M.; Viola, M. R.; Silva, A. M. Erosividade
mensal e anual da chuva no Estado de Minas Gerais, disponível em < http://www.scielo.br
>, acessado em 07/06/07.
429
EFICIÊNCIA NA TRANSESTERIFICAÇÃO ETÍLICA DO ÓLEO DE SOJA
DEGOMADO E REFINADO
RESUMO: Os estudos para a produção de biodiesel estão tomando proporções cada vez
maiores, devido à necessidade de substituir o diesel, em parte pelo aumento do petróleo e
principalmente por questões ambientais. Neste trabalho foram realizados estudos de etanólise
do óleo de soja refinado e do óleo de soja degomado, com as seguintes variáveis: razão molar
etanol/óleo (RM) de 6/1 até 12/1, variação da concentração de NaOH de 0.8 a 1,4% (p/p) em
relação a massa de óleo, tempo de reação e temperatura de reação. A diminuição do
rendimento foi observada também na etapa de elaboração do processo de lavagem, devido a
formação de emulsão, que pode ocorrer na transesterificação pela rota etílica. A razão molar
etanol/óleo e a concentração de catalisador tiveram maior influência no rendimento da reação,
enquanto que a alta concentração de catalisador levou a uma perda no rendimento, devido a
formação de sabão. O rendimento do éster etílico para o óleo de soja degomado foi de 72,3 a
86,6%, enquanto para o óleo refinado foi de 88,4 a 95,3%.
430
1 INTRODUÇÃO
O uso de óleos vegetais como alternativa na produção de combustíveis, tem sido
incentivado em vários centros de pesquisa do mundo. Além das vantagens de ser fonte
renovável de energia e trazer mais benefícios ao meio ambiente, ainda pode levar maior
desenvolvimento a regiões menos desenvolvidas, podendo ser um fator de inclusão social. O
uso direto de óleos vegetais como combustíveis implica em vários problemas, sendo por isso
necessária algumas modificações químicas. A transesterificação dos óleos vegetais tem sido a
opção mais vantajosa para a formação do biodiesel.
A transesterificação ou alcoólise é a troca de um álcool por um outro, num processo
similar a hidrólise, com a diferença que o álcool é usado ao invés da água. Este processo tem
sido usado para reduzir a alta viscosidade dos triglicerídeos. Esta reação utiliza
estequiometricamente 3 moles de álcool para 1 mol de triglicerídeo. Entretanto a
transesterificação é uma reação reversível, sendo necessária grande quantidade de álcool para
que o equilíbrio seja deslocado para a direita, ou seja, na direção dos ésteres.
A presença de um catalisador (uma base ou um ácido forte) acelera a conversão. Como
na reação ocorre a formação dos intermediários monoglicerídeos (MG) e diglicerídeos (DG),
a eficiência da reação depende da conversão máxima ao ésteres, porque esses mono- e
diglicerídeos formados cristalizam facilmente no biodiesel, podendo causar entupimento do
filtro e outros problemas na eficiência do motor. Uma vez que a eficiência da reação é o
melhor parâmetro de qualidade do combustível (Van Gerpen, J.H., 2005); a combinação entre
o tempo de reação, a temperatura, razão molar óleo álcool e catalisador fornece as condições
importantes para essa eficiência.
A reação de transesterificação com o metanol em meio básico já foi estudada por
diversos pesquisadores. Como exemplo podemos citar o óleo de soja (Freedman,B; 1986),
óleo de palma (Darnoko, D; 2000), óleo de girassol, mamona, algodão (Meneghetti, S.M.P.,
2006), entre outros. Na metanólise, devido a baixa solubilidade da glicerina nos ésteres e no
álcool, a separação ocorre facilmente, e o rendimento chega a 95-98%, usando uma proporção
molar de 6/1, metanol/óleo (Freedman, B.; 1984). Apesar do excesso de álcool dificultar a
separação; o álcool, geralmente, não é retirado do reator antes que as duas fases, glicerol e
ésteres, estejam separadas, devido a reversibilidade da reação de transesterificação.
Na metanólise a separação das duas fases se dá através da decantação. A centrifugação
também é utilizada para agilizar o processo. Já existem alguns estudos sobre a adição de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
431
outras substâncias no meio de reação para melhorar a separação do glicerol, quando a reação
é feita com o metanol. (W.D. Stidham, 2000).
Na etanólise a separação de fases não ocorre com facilidade (Ferrari, R.A., 2005).
Apesar de ser mais fácil a obtenção dos ésteres metílicos (Zhou W., 2003), em algumas
regiões do país, o uso do etanol pode ser mais vantajoso, por ser uma fonte renovável, além de
que o Brasil é um grande produtor de álcool etílico.
A soja representa a maior fonte de óleo vegetal no país. O levantamento feito em 2004,
conforme mostrado pelo IBGE, indica que, para uma safra total de leguminosas de 120,5
milhões de toneladas no Brasil, a soja representou 41,1% , seguido pelo milho com 43,75%
(IBGE, 2007) sendo cultivada em todas as regiões do país.
O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de investigar a etanólise de dois tipos do
óleo de soja: degomado e refinado; os efeitos da razão molar álcool/óleo, a concentração do
catalisador, o tempo de reação, para se obter melhor rendimento e consequentemente, melhor
separação de fases.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O óleo de soja refinado e óleo de soja degomado foi obtido da Granol Ltda. (Anápolis -
GO), o etanol anidro, obtido da Sulfal Comércio Ltda. (Belo Horizonte – MG). Todos os
reagentes foram utilizados sem purificação prévia. Os ácidos graxos livres presentes nos óleos
foram determinados de acordo com a norma ABNT 14448, sendo encontrado o índice de
acidez para o óleo de soja degomado e óleo de soja refinado o valor de 1,2%; e 0,16%,
respectivamente.
As reações de transesteirificação foram realizadas em um reator de 500 mL com camisa
de circulação de água. Ao reator estavam acoplados um agitador mecânico, um condensador
de refluxo e um termômetro. A temperatura de reação foi mantida constante através do banho
de aquecimento. As reações foram realizadas a 60 oC e 50 oC.
Colocou-se o óleo de soja (200 g) no reator e após a temperatura atingir o equilíbrio, foi
adicionada com agitação vigorosa, a mistura homogênea de etanol e hidróxido de sódio a uma
temperatura de 30 oC. A reação foi realizada sob agitação vigorosa, sendo acompanhada
através da cromatografia em camada delgada CCD, utilizando como eluente n-hexano/acetato
de etila (8/2). Após o término da reação, foi adicionada 46 g de glicerina para facilitar na
separação das fases (Ferrari, R.A., 2005).
432
Após a separação das duas fases por decantação, a fração rica em ésteres foi purificada
através de 3 lavagens sucessivas, primeiramente com uma solução aquosa de HCl 0,5% e em
seguida com água deionizada a 80 oC. A última água de lavagem apresentou pH 7,0,
confirmando a neutralização da fração de ésteres. Após ter sido lavada, esta fração foi
colocada em uma estufa com aeração a 30 oC. Cada reação foi realizada em triplicata. O
cálculo de rendimento foi feito através do balanço de massa em relação a massa de óleo de
soja utilizado na reação e a massa da fração de ésteres após secagem, considerando o peso
molecular de 872,4 para o óleo de soja.
A média dos resultados obtidos para o óleo de soja degomado e óleo de soja refinado se
encontra na tabela 1 e tabela 2, respectivamente.
RM NaOH % Rendimento %
6/1 1,0 78,1
9/1 1,0 86,6
12/1 1.0 85,1
12/1 1,4 72,3
Tabela 1. Reação feita com o óleo de soja degomado.
Tempo de reação: 1 hora, temperatura 50 oC.
RM: razão molar: etanol/óleo de soja.
NaOH % : massa de NaOH em relação á massa de óleo.
RM NaOH % Rendimento %
6/1 0,8 88,4
6/1 1,0 90,5
8/1 0,8 93,7
9/1 0,8 95,3
10/1 0,8 94,2
Tabela 2. Reação feita com o óleo de soja refinado.
Tempo de reação: 30 minutos.
RM: razão molar: etanol/óleo de soja.
Catalisador: massa de NaOH em relação a massa de óleo.
3 RESULTADOS DE DISCUSSÃO
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
433
A eficiência na conversão do óleo de soja aos ésteres depende de maneira distinta das
variáveis aqui estudadas, bem como da elaboração e purificação do produto obtido. A
conversão dos triglicerídeos em ésteres etílico ocorre principalmente no primeiro minuto de
reação. O meio reacional torna-se acinzentado imediatamente após a adição da mistura
etanol/catalisador, e em seguida torna-se límpida, com coloração semelhante ao óleo original,
porém mais translúcida.
O etanol não é miscível em triglicerídeos, tornando-se necessária a agitação vigorosa,
para que a transferência de massa seja eficaz. Inicialmente a reação é controlada pela
transferência de massa; á medida que vai havendo a formação dos intermediários
monoglicerídeos (MG) e diglicerídeos (DG), a interação entre o etanol não reagido e o grupo
polar dos MG e DG facilita a homogeneidade da reação. Porém esta interação facilita a
formação de emulsão, dificultando a separação das duas fases, na etapa seguinte. Portanto na
reação de etanólise, quanto maior a quantidade de MG e DG formados, maior a dificuldade de
separação de fases. O etanol por ter um átomo de carbono a mais que o metanol, facilita mais
a interação com a parte não polar dos produtos formados, o que faz com que a separação de
fases seja muito lenta.
Freedman e colaboradores apresentaram resultados de estudos da reação de metanólise,
sobre as variáveis que incluíam temperatura, raio molar de álcool em relação ao óleo, tipo de
catalisador e tempo de reação. Eles observaram que a reação ocorria completamente em 1
hora a um temperatura de 60 oC e que a 32 oC o tempo necessário para a reação se completar
era de 4 horas. (Freedman, 1984).
O estudo de comparação entre as reações de metanólise e etanólise, utillizando NaOH
como catalisador, para o óleo da mamona, mostrou que o tempo de reação com o etanol é de 4
horas, com um rendimento de 70%. Mas a reação do óleo de mamona com o metanol, em
apenas 1 hora levou a um rendimento de 60%, utilizando temperaturas mais baixas
(Meneghetti, S.M.P; 2006).
Estudando a rota metílica para o óleo de soja com RM 6/1, Allen G. observou que com
20 minutos de reação o rendimento de ésteres era: 95% a 50 oC e 98% a 65 oC. Porém com 5
minutos de reação notou-se que o rendimento de ésteres ficava em torno de 70% a 50 oC e de
88% para 65 oC (Allen, G., 2007). Esse fator mostra que quanto menor o tempo de reação
maior o efeito da temperetura.
No experimento, observamos que a 60 oC e a 50 oC a mudança na viscosidade,
mudanças de cor, mostrando a formação de ésteres, ocorre com dois minutos de reação,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
434
porém através da análise de CCD, observa-se a formação dos produtos intermediários MG e
DG. Observou-se que a 50 oC e 30 minutos de reação, o óleo de soja refinado levou a bons
resultados (88,4% - 95,3%). Porém com o óleo de soja degomado a reação levou a
rendimentos mais baixos (78,1% - 85,1%) com 1 hora de reação. O aumento da quantidade
de massa de catalisador, contribuiu também para a diminuição do rendimento, devido a maior
formação de sabão, e consequentemente, dificuldade na elaboração dos produtos, como
mostra a tabela 1. Nota-se que o aumento da razão molar álcool/óleo influi no rendimento da
reação, porém não possibilita a eficácia do processo. Os melhores resultados com a RM 9/1
mostra que na etanólise, a proporção de álcool tem que estar muito acima da quantidade
estequiométrica, porém a eficiência não é aumentada para RM acima de 9/1 a 50 oC.
A diferença entre óleo vegetal refinado e óleo bruto foi observada para o rendimento
dos ésteres metílicos: 93% a 98% (óleo refinado) e 67% a 86% (óleo bruto) (Vam Gerpen,
J.H., 2002). Essa diferença foi atribuída em grande parte á presença de ácidos graxos livres
no óleo bruto, apesar dos fosfolipídeos serem considerados como uma fonte de destruição do
catalisador. No estudo dos efeitos dos fosfolipídeos na produção do biodiesel, com metanol,
Van Gerpen (Vam Gerpen, J.H., 2002) descobriu que compostos fosforados no óleo não são
levados para a fração de ésteres metílicos. E que enquanto o rendimento foi reduzido de 3 –
5% para níveis de fósforos acima de 50 ppm, a dificuldade se encontra na separação do
glicerol dos ésteres, gerando perdas no produto final.
Os experimentos feitos com o óleo de soja refinado mostraram bons rendimentos,
porém diferentemente do que ocorre na metanólise, em que a razão molar álcool/óleo de 6/1
proporciona bons resultados (Boocock, D.G.B., 1996), a reação com etanol necessita de maior
quantidade de álcool, como mostrado na tabela 2, com a vantagem de adicionar quantidade
menor de catalisador.
4 CONCLUSÃO
Neste trabalho constatou-se que a eficiência da transesterificação do óleo de soja via
rota etílica é atingida a uma RM 9/1. Já que grande quantidade de mono- e diglicerídeos são
formados no início da reação, é necessário para a etanólise do óleo de soja, tempos maiores de
reação, e maior RM álcool/óleo que na metanólise, para se obter melhores resultados.
Observou-se também a possibilidade de menor quantidade de catalisador a uma temperatura
de 50 oC. O uso de óleo degomado através de catálise básica em uma etapa intensifica a
formação de emulsão, trazendo problemas na elaboração do produto e consequentemente no
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
435
rendimento final. A maior facilidade na etanólise do óleo de soja refinado possibilita a
obtenção com eficiência do biodiesel, em uma etapa, através de um processo simples e rápido.
5 AGRADECIMENTOS
CEMIG, FAPEMIG, ANEEL, FINEP.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://journeytoforever.org/biofuel_library/macromodix.html >; acessado em 30 de Janeiro de
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>,
acessado em maio de 2007.
436
VAN GERPEN, J.H. AND B. DVORAK, The effect of phosphorus level on the total glycerol
and reaction yield of biodiesel Bioenergy 2002, The 10th Biennial Bioenergy Conference,
Boise, ID, Sept. 22–26, 2002 (2002).
STIDHAM , D.W. SEAMAN, M.F. DANZER, Method for preparing a lower alkyl ester
product from vegetable oil, US Patent No. 6,127,560 (2000).
STIDHAM, D.W. SEAMAN, M.F. DANZER, Method for preparing a lower alkyl ester
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ZHOU W.; KONAR, S.K.; Ethyl esters from the single-phase base catalysed ethanolysis
of vegetable oils, J. Amer. Oil Chem. Soc., v. 80, 4, p. 367-371, 2003.
437
AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE
MAMONA PARA O ESTADO DE MINAS GERAIS
RESUMO: A mamona se destaca por ser uma cultura temporária, que pode vir a ser a
principal fonte de óleo para a produção de biodiesel no Brasil. Estudos multidisciplinares
recentes sobre o agronegócio da mamona concluíram que ela constitui, no momento, a cultura
de sequeiro mais rentável de certas áreas do Brasil. Devido aos poucos estudos existentes na
literatura sobre o melhoramento da mamona e a crescente importância desta espécie,
objetivou-se este trabalho. O experimento foi conduzido na área experimental do Setor de
Grandes Culturas do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras,
Lavras, Minas Gerais. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados,
com dois blocos, sendo cada bloco composto de 25 tratamentos, consistindo em parcelas de
oito plantas. As variáveis analisadas foram: peso de cachos (kg), peso de sementes (kg),
número de cachos por acesso e número de plantas vivas. De acordo com a análise de variância
SAS, não houve diferença significativa entre os tratamentos, mostrando-nos que essas
variáveis não diferem entre si estatisticamente. A avaliação destes acessos permitiu um
acompanhamento, sendo que para o melhoramento destes é necessário a continuação do
experimento, sendo necessário um novo plantio. Por se tratar de um experimento de campo, e
com vistas ao melhoramento e seleção de cultivares adaptáveis ao sul de Minas Gerais.
438
1 INTRODUÇÃO
O óleo de mamona ou de rícino, extraído pela prensagem das sementes, contém 90% de
ácido graxo ricinoléico, o qual confere ao óleo suas características singulares, possibilitando
ampla gama de utilização industrial, tornando a cultura da mamoneira importante potencial
econômico e estratégico ao País. Neste contexto, apesar de, há mais de 20 anos, estudos
demonstrarem a plena viabilidade técnica do óleo diesel vegetal, quando adequadamente
produzido, o biodiesel da mamona surge no Brasil com o grande desafio de disputar mercado
com o biodiesel de outras oleaginosas e substituir parcialmente o mercado de diesel do
petróleo.A facilidade de propagação e de adaptação em diferentes condições climáticas
propiciou à mamona ser encontrada ou cultivada nas mais variadas regiões do mundo, como
no norte dos Estados Unidos da América e na Escócia. O clima tropical, predominante no
Brasil, facilitou o seu alastramento. Assim, hoje podemos encontrar a mamoneira em quase
toda a extensão territorial, como se fosse um planta nativa, e em cultivos destinados à
produção de óleo (Monteiro, 2005).O melhoramento vegetal visando à obtenção de novos
cultivares é primordial para o sucesso econômico da cultura da mamoneira, pois é através do
plantio de material com alto potencial de produtividade, aliado, obviamente, à tecnologia de
produção adequada que o potencial produtivo se expressa (Savy Filho et al., 1983).
Na mamoneira, em particular, o melhoramento genético visa à obtenção de cultivares
com porte baixo, pois facilitam a colheita e proporcionam economia de espaço no campo,
cultivares com frutos semi-indeiscentes para se evitar perdas, antes e durante a colheita. Visa
também a obtenção de genótipos com rendimento maiores que aqueles apresentados pelas
cultivares em distribuição, sementes de tamanho médio e com alto teor de óleo, obtenção de
cultivares precoces que tenham a capacidade de se adaptarem a um curto período de chuvas e
por fim, uma cultivar com níveis satisfatórios de resistência ás principais doenças e pragas
que ocorrem nas regiões produtoras de mamona (Moreira et al., 1996).
Devido aos poucos estudos existentes na literatura sobre o melhoramento da mamona e
a crescente importância desta espécie, objetivou-se este trabalho de acompanhamento da
avaliação de acessos de mamona já implantados em campo experimental.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental do Setor de Grandes Culturas do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais.
439
O clima da região é temperado suave (mesotérmico), tipo Cwb. A região está localiza a
uma altitude de 913 metros, 21°14’ 06”latitude S e 45° 00’ 00’’ longitude O, tem precipitação
média anual de 1493,2 mm ocorrendo uma maior concentração entre os meses de novembro e
fevereiro, sua temperatura média anual é 19,3 °C e umidade relativa do ar é 80% (CASTRO
NETO & SILVEIRA, 1981).
As sementes de mamona utilizadas, foram retiradas de várias localidades de Minas
Gerais, em que cada acesso continha apenas sementes da mesma localidade. O delineamento
estatístico será o de blocos casualizados, consistindo de 2 blocos, cada bloco consistindo de
25 acessos de mamona, cada acesso com 8 plantas perfazendo uma parcela. As plantas foram
espaçadas entre si de 1m e nas entrelinhas de 3m. As ruas foram intercaladas com o plantio de
duas ruas de amendoim. Foi utilizados bordadura com as cultivares IAC 226 e STP 20. Tal
plantio já se encontra no seu 2º ano, sendo que foi implantado em dezembro de 2005.
As variáveis analisadas foram: peso de cachos (kg), peso de sementes (kg), número de
cachos por acesso e número de plantas vivas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise de variância, referente a peso de cachos (kg); peso de
sementes (kg); número de cachos por acesso e número de plantas vivas estão apresentados na
Tabela 1. Onde observa-se que não houve efeito significativo para nenhuma das
características estudadas.
Tabela 1. Resumo da análise de variância, referente a peso de cachos (kg); peso de sementes
(kg); número de cachos por acesso e número de plantas vivas.UFLA-Lavras-MG, 2006.
FV GL QM
Peso de Peso de Nº cachos/ Nº plantas
cachos sementes acesso vivas
Tratamentos 24 0.1386 0.1166 0.0522 3.9556
440
Os dados são apresentados nas figuras de 1 a 4, tanto para o bloco 1, quanto para o
bloco 2. Os dados apresentados foram avaliados estatisticamente, sendo que para nenhuma
das variáveis apresentaram resultados significativos.
bloco 1
bloco 2
4
Peso dos cachos (kg)
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Acessos de mamona
4,5
bloco 1
4
bloco 2
3,5
3
Peso das sementes (kg)
2,5
1,5
0,5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Acessos de mamona
Figura 2. Peso das sementes em função dos acessos estudados. UFLA, 2007.
441
6
5 bloco 1
bloco 2
4
Nº da cachos por planta
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Acesos de mamona
Figura 3. Número de cachos por planta em função dos acessos estudados. UFLA, 2007.
6
bloco 1
bloco 2
4
Nº de plantas vivas
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Acessos de mamona
Figura 4. Número de plantas vivas em função dos acessos estudados. UFLA, 2007.
442
peso do primeiro extrato/peso total, os valores observados nos dão um bom indicio de que os
acessos/cultivares que apresentaram maior percentagem podem sofrer uma redução no
espaçamento de plantio, aumentando de densidade de plantio e conseqüentemente a
produtividade e que em relação a essa mesma mostrou diferença como é proposto por Savy
Filho et al. (1999), que consideram a produtividade nas seguintes faixas: menor que 1500
kg/ha - baixa 1500-2000 kg/ha. – média 2001-3000 Kg/ha – alta, acima de 3000 kg/ha. muito
alta. Em nosso trabalho a produtividade, nesse contexto, é considerada uma produtividade
média, mas deve se levar em conta que a cultura da mamona estava em final de ciclo.
Poucos trabalhos foram encontrados visando estudar o melhoramento da mamoneira e
caracterização morfológica e agronômica dessa espécie.
4 CONCLUSÃO
Não houve diferença significativa entre peso de cachos (kg), peso de sementes (kg),
número de cachos por acesso e número de plantas vivas, mostrando-nos que essas variáveis
não diferem entre si estatisticamente.
A avaliação destes acessos permitiu um acompanhamento, sendo que para o
melhoramento destes é necessário a continuação do experimento, sendo necessário um novo
plantio. Por se tratar de um experimento de campo, e com vistas ao melhoramento e seleção
de cultivares adaptáveis ao sul de Minas Gerais.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO NETO, P.; SILVEIRA, S.V. Precipitação provável para Lavras, Região Sul de
Minas Gerais, baseada na função de distribuição de probabilidade gama. l Período
mensais. Ciência e Prática, Lavras, v.5, n.2, p.144-151, Jul. dez., 1981.
443
AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE SEIS GENÓTIPOS DE GIRASSOL EM
DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA EM CAMPOS DOS GOYTACAZES
RESUMO: A cultura do girassol tem sido estudada no Estado do Rio de Janeiro, visando
sua utilização no Programa Riobiodiesel lançado pelo governo estadual em 2005. Como parte
destes estudos, este trabalho teve como objetivo avaliar agronomicamente seis genótipos de
girassol em duas épocas de semeadura (Dezembro de 2005 e fevereiro de 2006). Foram
utilizados os híbridos simples Hélio 250, Hélio 251 e Hélio 358, e as cultivares Catissol,
Embrapa V2000 e Iarama, no delineamento experimental de blocos casualizados, em quatro
repetições. Foi encontrado diferença significativa entre os genótipos somente na semeadura
realizada em dezembro de 2005. Uma análise conjunta foi realizada, na qual constatou-se uma
interação entre genótipo x época de semeadura, demonstrando efeito de ambiente nas
características em estudo, a qual deve ser avaliada em mais épocas para que se possa tirar
conclusões mais precisas da melhor época ou condições de plantio na região.
444
1 INTRODUÇÃO
A cultura de girassol (Helianthus annuus), possui grande importância no mundo pela
excelente qualidade do óleo comestível que se extrai de sua semente, além de ser um cultivo
econômico, rústico e que não requer maquinários especializados. Têm um ciclo vegetativo
curto e se adapta perfeitamente a condições do solo e clima pouco favoráveis.
Com a implantação do Programa RioBiodiesel a partir de 2005 pelo Governo do Estado
do Rio de Janeiro, e com os resultados iniciais obtidos pela cultura do girassol na região Norte
Fluminense (Rêgo Filho et al., 2005), a PESAGRO-RIO deu continuidade aos trabalhos com
esta cultura, procurando informações relacionadas às demandas tecnológicas ainda não
atendidas, particularmente a época de semeadura e cultivares e/ou híbridos adaptadas à região
(Rêgo Filho et al, 2006).
Essa oleaginosa em cultivo de sucessão da cultura principal, poderá ser encontrado, em
futuro próximo, vegetando em extensas áreas, que no momento estão ociosas a espera de boas
opções de plantio (Smiderle et al., 2006). Desse modo o girassol apresenta-se como um
cultivo potencial para o estado do Rio de Janeiro com possibilidade de semeaduras durante o
ano, restando definir apenas as épocas e as cultivares mais apropriadas.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar cinco características agronômicas de três
híbridos e três cultivares de girassol em duas épocas de plantio.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, em solo
classificado como Cambissolo, nas coordenadas geográficas de 21° 45’ latitude sul e 41° 18’
longitude oeste, e altitude de 11 metros.
A adubação utilizada no plantio foi a de 300 kg ha-1 da fórmula 04-14-08, distribuídos
no sulco de plantio e incorporados manualmente, antes da semeadura. As semeaduras foram
realizadas manualmente nos dias 20/12/2005 e 01/02/2006, na primeira e segunda época de
plantio respectivamente, com 10 sementes por metro de sulco, com desbaste para cinco
plantas por metro quinze dias após a emergência das plântulas.
Foram utilizados os híbridos simples Helio 250, Helio 251 e Helio 358, e as cultivares
Catissol, Embrapa 122 V2000 e Iarama, no delineamento experimental de blocos
casualizados, em quatro repetições. Cada parcela experimental constou de quatro linhas de
seis metros de comprimento, espaçadas em 0,90 metro, constituindo área total de 21,6 m2. Por
ocasião da colheita foram consideradas como área útil apenas as duas linhas centrais,
445
deixando-se um metro em cada extremidade, totalizando 7,20 m2. As seguintes características
foram avaliadas: altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na
floração plena; diâmetro do caule (cm), obtido a cinco centímetros do nível do solo, na
floração plena; tamanho do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, no ponto
de maturação fisiológica; peso de 1000 grãos (g) e produção de grãos (t ha-1).
No controle de plantas daninhas, com predominância de tiririca (Cyperus rotundus L.),
foram realizadas capinas manuais nas linhas e capinas mecânicas nas entrelinhas, até o pleno
estabelecimento da cultura. Foi também empregada irrigação por aspersão, sempre que o
déficit hídrico assim o exigiu.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância conjunta e as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, sendo estas análises realizadas com o
auxílio do programa computacional Genes (Cruz, 2001).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 encontra-se o resumo da análise de variância conjunta. Encontrou-se
diferença significativa para os efeitos de épocas para as características produção de grãos e
diâmetro do caule. Para a característica altura da planta os efeitos de genótipos, épocas e
interação genótipos x épocas não foram significativos, indicando que os genótipos
apresentaram médias semelhantes nas duas épocas de plantio. A interação genótipos x épocas
mostrou-se significativa para diâmetro do caule, tamanho do capítulo e produção de grãos,
demonstrando que essas características são influenciadas pelo ambiente.
Nas Tabelas 2 e 3 encontra-se as médias das características avaliadas na primeira e
segunda época de semeadura respectivamente, onde pode-se observar que somente na
primeira época foi encontrado diferença significativa entre os genótipos.
Com exceção da produtividade de grãos na primeira época de semeadura (Dezembro de
2005), que foi muito baixa, os resultados encontrados estão próximos aos encontrados por
Rêgo Filho et al. (2006 a) com plantio efetuado em março de 2005. Levando-se em
consideração a produtividade média, esta foi inferior a média nacional que encontra-se em
torno de 1500 kg.há-1, e muito abaixo dos resultados encontrados por Rêgo Filho et al. (2006
b) com os mesmos genótipos na mesma região só que em outra época de semeadura (Abril de
2005), onde obteve-se uma média de produção de 2,16 t ha-1.
446
Tabela 1 – Resumo da análise de variância conjunta de duas épocas de semeadura de
girassol em Campos dos Goytacazes.
Altura Diâmetro Peso de Tamanho Produção
FV GL
planta caule (cm) 1000 capítulo Grãos
1
Blocos/Época 6 204,475 0,056 42,932 7,732 0,005
Genótipo 5 387,586 0,352 74,995 34,00 0,081
*
Época 1 90,915 0,026 435,487 1,187 2,354**
Gen x Époc 5 101,483 0,377** 69,576 * 45,622** 0,165**
Erro 30 133,687 0,030 27,441 3,070 0,041
Média 92,09 1,22 55,349 12,29 0,569
C.V.% 12,55 14,21 9,46 14,25 35,89
* **
e significativos a 5% e 1% de probabilidade pelo teste F.
Tabela 2 - Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das
características avaliadas em Campos dos Goytacazes, RJ, Dezembro de 2005.
Cultivares Altura Diâmetro Peso de 1000 Tamanho Produção
planta caule (cm) grãos (g) capítulo (cm) Grãos
(cm) (t ha-1)
Catissol 97,74 a 1,09 bc 56,96 ab 11,62 b 0,33 b
Embrapa 122 74,03 b 0,78 c 64,88 a 9,41 b 0,13 b
Helio 251 98,16 a 2,04 a 50,46 b 21,13 a 0,73 a
Helio 250 97, 65 a 1,16 bc 58, 91 ab 11,53 b 0,34 b
Helio 358 94,84 a 1,16 bc 59,55 ab 10,19 b 0,35 b
Iarama 81,88 a 1,23 b 59,38 ab 10,83 b 0,2 0 b
Média 90,71 1,24 58,36 12,45 0,35
CV (%) 9,59 15,42 8,37 15,45 32,74
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
447
Tabela 3 - Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das
características avaliadas em Campos dos Goytacazes, RJ, Fevereiro de 2006.
Cultivares Altura Diâmetro Peso de 1000 Tamanho Produção
planta caule (cm) grãos (g) capítulo (cm) Grãos
(cm) (t ha-1)
Catissol 97,34 1,21 53,45 13,06 0,94
Embrapa 122 86,88 1,07 49,15 10,50 0,67
Helio 251 97,03 1,12 49,37 11,12 0,64
Helio 250 91,72 1,25 57,05 12,56 0,66
Helio 358 96,17 1,27 48,72 12,48 0,91
Iarama 91,65 1,24 56,27 13,08 0,90
Média 93,47 1,19 52,34 12,13 0,79
CV (%) 14,81 12,78 10,63 12,86 33,59
4 CONCLUSÃO
O ambiente influenciou nas características de produção, devendo-se dessa forma
realizar mais estudos com diferentes genótipos e épocas de plantio, para que dessa forma
possa ser retiradas conclusões mais seguras de épocas e genótipos a serem utilizados na
região.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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H.C.; GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J.R. A cultura do girassol. Londrina,
EMBRAPA/CNPSo. 1997. 36p. (Circular Técnica, 13).
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na região norte do Estado do Rio de Janeiro – primeira época de semeadura (Março 2005). In:
3º Congresso Brasileiro Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 2006 a (CD
ROM).
448
RÊGO FILHO, L. de M.;; ANDRADE, W.E. de B.; FERREIRA, M.J.; OLIVEIRA, L.A.A.
de; VALENTINI, L.; RIBEIRO, L.J.; FREITAS, S. de J. Avaliação de genótipos de girassol
na região norte do Estado do Rio de Janeiro – segunda época de semeadura (abril 2005). In: 3º
Congresso Brasileiro Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 2006 b (CD ROM).
449
DIVERGÊNCIA GENÉTICA ENTRE GENÓTIPOS DE MAMONA
UTILIZANDO CARACTERES DE RÁCEMOS E FRUTOS
RESUMO: A mamoneira possui uma grande variabilidade natural entre os seus genótipos.
Nos programas de melhoramento de plantas, a informação quanto à diversidade e à
divergência genética dentro de uma espécie é essencial para o uso racional dos recursos
genéticos. O presente trabalho teve como objetivo estudar a diversidade genética entre
genótipos de mamoneira utilizando a técnica dos componentes principais, baseando-se em
características do rácemo e dos frutos. Foram avaliados 13 genótipos de mamoneira,
utilizando 13 descritores morfoagronômicos referentes ao rácemo e frutos. A técnica dos
componentes principais mostrou-se eficiente em determinar a divergência genética entre os
genótipos utilizados, onde os dois primeiros componentes explicaram 87,81% da variação,
sendo esta complementada com a dispersão dos escores em gráfico.
450
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta oleaginosa tropical, rústica, heliófila
e tolerante à seca, tendo se destacado como uma fonte alternativa de energia, na produção de
biodiesel. A previsão de escassez dos combustíveis fósseis e os problemas de poluição
ambiental decorrentes do uso dos mesmos, têm demonstrado a necessidade da busca por
fontes alternativas de energia.
Existe várias cultivares de mamoneira, disponíveis para o plantio, variando em porte,
deiscência dos frutos, tipo dos cachos e outras características. A variabilidade genética está
sob constante pressão em direção à sua extinção, por várias causas, entre as quais, o uso de
variedades uniformes, que constitui uma exigência de mercado da agricultura conceitualmente
tida como moderna.
Nos programas de melhoramento de plantas, a informação quanto à diversidade e à
divergência genética dentro de uma espécie é essencial para o uso racional dos recursos
genéticos (Loarce et al., 1996). Na predição da divergência genética, vários métodos
multivariados podem ser aplicados, cuja escolha baseia-se na precisão desejada pelo
pesquisador, na facilidade da análise e na forma como os dados foram obtidos, destacando-se
a análise por componentes principais (Cruz et al., 2004).
Além de possibilitar o estudo da diversidade genética de um grupo de progenitores, a
técnica dos componentes principais tem a vantagem de possibilitar a avaliação da importância
de cada caráter estudado sobre a variação total disponível entre os genótipos avaliados. O
interesse nesta avaliação reside na possibilidade de se descartarem caracteres que contribuam
pouco para discriminação do material avaliado, reduzindo, dessa forma, mão-de-obra, tempo e
custo despendidos na experimentação agrícola.
O presente trabalho teve como objetivo estudar a diversidade genética entre genótipos
de mamona utilizando a técnica dos componentes principais, baseando-se em características
do rácemo e dos frutos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados 13 genótipos de mamoneira (os híbridos Lyra e Savana e as cultivares
IAC – 80, Al Guarany, Paraguaçu, Nordestina, Mirante, Nativa, Cafelista, Tito (Sementes
doadas por um produtor, no qual posteriormente foi identificado como sendo da cultivar
Nordestina), IAC 226, BRS188 e BRS 149)provenientes do ensaio de competição de
cultivares realizado na PESAGRO-RIO Estação experimental de Campos dos Goytacazes.
451
Para realização das avaliações foram colhidos 12 rácemos aleatórios de cada genótipo.
Os descritores comprimento total dos rácemos, comprimento da região com frutificação do
rácemo, diâmetro basal do racemo, diâmetro apical do rácemo, número de hastes, distância da
inserção das hastes, número de frutos por rácemo, diâmetro longitudinal dos frutos, diâmetro
transversal dos frutos, peso dos frutos, peso da casca dos frutos, peso das sementes e peso de
100 sementes foram utilizados para o estudo da diversidade genética, com base na
metodologia dos Componentes Principais. Para tanto empregou-se os recursos
computacionais do programa GENES (Cruz, 2006).
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Na análise da divergência genética, os dois primeiros componentes principais
explicaram 87,81% da variação (Tabela 1). Nos casos em que este limite é atingido nos dois
primeiros componentes, a análise é complementada com a dispersão dos escores em gráficos
(Cruz et al,2004).
Pelo critério sugerido por Cruz et al.(2004), as variáveis de menor importância, no
presente estudo, foram na ordem de: número de frutos por rácemo, peso dos frutos, número de
hastes, diâmetro transversal dos frutos e peso de 100 sementes. Estas 5 variáveis, de um total
de 13, são dispensáveis ou redundantes, por apresentarem alta correlação com variáveis mais
importantes. Adotando este critério, Choer & Silva (2000) identificaram 21 caracteres
redundantes na divergência genética de Cucurbita ssp.
A dispersão dos escores em eixos cartesianos é apresentada na Figura 1. Observa-se
que, os genótipos ficaram dispersos, denotando grande variabilidade genética. Em relação aos
caracteres estudados, os genótipos 2, 3 e 4 apresentam considerável divergência. Pensando-se
em futuros trabalhos de melhoramento, a indicação de progenitores para combinações
híbridas deve ser feita com base no potencial per se dos progenitores e na magnitude de suas
dissimilaridades (Cruz et al., 2004). Desta forma, os genótipos 3 e 10 que apresentaram maior
peso de 100 sementes (dados não apresentados), são recomendados para intercruzamentos
com os genótipos 4, 7 e 9 que possuem maiores (dados não apresentados). A Figura 1 é útil
para identificar tanto os cruzamentos promissores quanto aqueles cuja variabilidade
disponível em gerações segregantes deverá ser restrita.
452
Tabela 1 – Componentes principais obtidos da análise de cinco caracteres de sementes de mamona: X1
(comprimento total do rácemo), X2 (comprimento da região com frutificação), X3 (diâmetro basal do rácemo),
X4 (diâmetro apical do rácemo), X5 (número de hastes), X6 (distância da inserção das hastes), X7 (número de
frutos por rácemo), X8 (diâmetro longitudinal dos frutos), X9 (diâmetro transversal dos frutos), X10 (peso dos
frutos), X11 (peso da casca dos frutos), X12 (peso das sementes), X13 (peso de 100 sementes).
Variânci
Variância Coeficientes de ponderação associado a:
Componente a
(autovalor
Principal Acumula
) x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x8 x9 x10 x11 x12 x13
da (%)
Y1 6,1830 47,56 -0.196 -0.211 0.149 0.368 -0.099 -0.061 -0.087 0.391 0.391 0.317 0.307 0.308 0.378
Y2 5,2323 87,81 0.357 0.353 0.380 0.077 0.399 0.269 0.412 -0.046 -0.056 0.258 0.225 0.255 -0.100
Y3 0,8270 94,17 0.176 -0.011 -0.190 -0.207 -0.314 0.813 -0.240 0.114 -0.098 0.064 0.007 0.131 0.173
Y4 0,3162 96,60 -0.252 -0.210 0.283 0.356 0.235 0.370 0.174 -0.043 0.074 -0.147 -0.617 -0.153 0.173
Y5 0,1489 97,75 -0.442 -0.370 0.392 -0.539 0.060 0.172 0.039 -0.171 0.163 0.040 0.262 0.004 -0.252
Y6 0,1242 98,70 0.098 0.319 0.305 -0.055 0.044 0.088 -0.174 0.401 0.252 -0.352 0.230 -0.590 0.061
Y7 0,0696 99,24 0.006 0.403 0.384 -0.386 -0.172 -0.225 -0.225 -0.071 0.147 0.040 -0.435 0.326 0.295
Y8 0,0497 99,62 0.593 -0.571 0.358 -0.047 -0.158 -0.157 0.037 0.137 -0.166 -0.282 -0.034 0.113 0.038
Y9 0,02423 99,81 0.085 -0.082 -0.239 -0.243 0.215 -0.023 0.297 -0.335 0.159 -0.210 0.208 -0.087 0.709
Y10 0,0170 99,94 0.313 -0.050 -0.224 -0.025 -0.101 0.056 0.145 -0.110 0.809 -0.012 -0.187 0.041 -0.333
Y11 0,0061 99,990 0.011 -0.122 -0.287 -0.360 0.600 -0.051 -0.062 0.575 -0.005 0.022 -0.217 0.164 -0.030
Y12 0,0013 99,999 -0.034 0.046 0.000 0.233 0.321 0.086 -0.494 -0.258 0.084 -0.537 0.189 0.424 -0.102
Y13 1-7 100,00 -0.278 0.183 -0.076 -0.030 -0.313 0.030 0.543 0.308 -0.048 -0.517 0.040 0.341 -0.081
453
Figura 1 – Dispersão de 14 genótipos* de mamoneira em relação aos dois primeiros componentes
principais (Y1 e Y2).
*1- Nordestina, 2 – Lyra, 3-Nativa, 4-IAC-80, 5-Mirante, 6-Savana, 7-IAC-226, 8-Cafelista, 9-Al Guarany, 10-
Paraguaçu, 11-BRS 188, 12-Tito, 13-BRS 149.
4 CONCLUSÕES
A análise de componentes principais mostrou-se eficiente em agrupar e dimensionar a
diversidade existente nos genótipos. As variáveis de menor importância, no presente estudo,
foram número de frutos por rácemo, peso dos frutos, número de hastes, diâmetro transversal
dos frutos e peso de 100 sementes.
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHOER, E.; SILVA, J. B. da. Avaliação da divergência genética entre acessos de Cucurbita
spp. através de análise multivariada. Agropecuária de Clima Temperado, Pelotas, v. 3, n. 2,
p. 213-219, 2000.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
454
CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J.; CARNEIRO, P.C.S. Modelos biométricos aplicados ao
melhoramento genético. 3.ed. Viçosa:UFV, 2004 , v.1, 480p.
455
DIVERGÊNCIA GENÉTICA EM ACESSOS DE MAMONA COM BASE
NOS COMPONENTES PRINCIPAIS
456
1 INTRODUÇÃO
A mamona (Ricinus communis L) tem-se destacado como uma fonte alternativa de
energia, na produção de biodiesel que é obtido através da extração do óleo de suas sementes.
A previsão de escassez dos combustíveis fósseis e os problemas de poluição ambiental
decorrentes do uso dos mesmos têm demonstrado a necessidade da busca por fontes
alternativas de energia.
Embora a mamona seja de grande importância econômica para o país, o seu cultivo, na
grande maioria dos casos, ainda é feito com sementes dos próprios agricultores acarretando
assim um alto grau de heterogeneidade e grande diversidade de tipos locais.
De acordo com Azevedo et al. (1997) existe uma grande variabilidade nesta
Euphorbiaceae, devendo esta variabilidade observada em características botânicas e
agronômicas ser conhecida e conservada porque pode se tornar fonte importante de genes para
os programas de melhoramento. No entanto, a utilidade do germoplasma é mínima sem a
correta classificação e conhecimento desta variabilidade e da diversidade existente.
Desta forma torna-se importante classificar os materiais genéticos, e para isso vários
métodos são usados, dentre eles o estudo da diversidade genética, que tem sido usada para
identificar as combinações híbridas de maior efeito heterótico e maior hetrozigose,
aumentando a possibilidade de obtenção de genótipos superiores nas populações segregantes
(Cruz et al., 2004).
O objetivo deste trabalho foi estudar a diversidade genética em cultivares de mamoneira
com auxilio de técnicas multivariadas baseando-se nas características das sementes.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados 14 genótipos de mamoneira, 13 provenientes do ensaio de competição
de cultivares realizado na PESAGRO-RIO Estação experimental de Campos dos Goytacazes,
e um genótipo silvestre coletado nas adjacências da estação experimental.
Os descritores comprimento, largura, espessura e relação comprimento/largura das
sementes, e peso de 100 sementes foram utilizados para o estudo da diversidade genética, com
base na metodologia dos Componentes Principais. Para tanto empregou-se os recursos
computacionais do programa GENES (Cruz, 2006).
As dimensões das sementes foram realizadas com o auxílio de um paquímetro em 20
sementes amostradas manualmente em cada genótipo. Para o peso de sementes foi realizada a
pesagem de 100 sementes aleatórias de cada genótipo em cinco repetições.
457
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os dois primeiros componentes principais (Tabela 1) contiveram 96,54 % da variação
total, sendo, portanto, seu uso satisfatório em estudos da divergência genética, por meio da
dispersão dos escores em gráficos cujos eixos são os referidos componentes.
Tabela 1 – Componentes principais obtidos da análise de cinco caracteres de sementes de
mamona: X1 (comprimento), X2 (largura), X3 (espessura), X4 (comp/larg), X5 (Peso de 100
sementes).
Por meio da dispersão destes escores em eixos cartesianos (Figura 1) verifica-se que em
relação aos caracteres considerados, pode-se distinguir quatro grupos, sendo que a maioria
dos genótipos foram alocados em dois grupos, respectivamente II e III, em que se observa
maior dispersão intra-grupos. Considerável divergência foi observada entre os grupos I e IV
que contiveram apenas os genótipos 14, 10 e 3.
Pensando-se em futuros trabalhos de melhoramento, a indicação de progenitores para
combinações híbridas deve ser feita com base no potencial per se dos progenitores e na
magnitude de suas dissimilaridades (Cruz et al., 2004). Desta forma, os genótipos 3 e 10 que
apresentaram maior peso de 100 sementes (dados não apresentados), são recomendados para
intercruzamentos com os genótipos dos grupos I, II e III.
458
Figura 1 – Dispersão de 14 genótipos* de mamoneira em relação aos dois primeiros
componentes principais (Y1 e Y2).
*1- Nordestina, 2 – Lyra, 3-Nativa, 4-IAC-80, 5-Mirante, 6-Savana, 7-IAC-226, 8-Cafelista, 9-Al Guarany, 10-
Paraguaçu, 11-BRS 188, 12-Tito, 13-BRS 149, 14-silvestre.
4 CONCLUSÕES
A análise de componentes principais com base nas características das sementes foi
eficiente em agrupar e dimensionar a diversidade existente nos genótipos. Recomenda-se
cruzamento entre os genótipos 3 e 10 com genótipos dos grupos I, II e III.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, D.M.P; LIMA, E.F; BATISTA, F.A.Z; BELTRÃO, N.E de M.; SOARES, J.J.;
VIEIRA, R.M. de; MOREIRA, J.A.M. Recomendações técnicas para o cultivo da
mamoneira Ricinus communis L. no nordeste do Brasil. Campina Grande: EMBRAPA-
CNPA, 1997, 39p. (EMBRAPA-CNPA. Circular Técnica, 25).
CRUZ, C.D. Programa GENES: Biometria. Editora UFV. Viçosa, MG. 2006, V.1, 382p.
459
CARACTERIZAÇÃO DE RÁCEMOS E FRUTOS DE TREZE ACESSOS DE
MAMONA
460
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira é uma oleaginosa de alto valor social, econômico e constitui fonte de
divisas para o país, sendo antigo o cultivo desta cultura no Brasil, visto ter sido introduzida
pelos portugueses há alguns séculos e, desde o início do século passado, é uma das culturas
importantes para os pequenos e médios produtores do País, tendo grande valor social como
geradora de renda e empregos no campo (Beltrão, 2004).
É uma planta de fácil adaptação a diversos ambientes e encontra-se espalhada por todo o
território nacional, chegando a ser confundida como planta nativa do Brasil. Trata-se de
excelente alternativa agrícola para cultivo em diversas regiões, destacando-se o semi-árido
devido a sua considerável resistência à seca.
As plantas da espécie apresentam grande variabilidade em diversas características,
como hábito de crescimento, cor das folhas e do caule, tamanho, teor de óleo das sementes
etc, podendo-se, encontrar tipos botânicos com porte baixo ou arbóreo, ciclo anual ou
semiperene, com folhas e caule verde, vermelho ou rosa, com a presença ou não de cera no
caule, com frutos inermes ou com espinhos, deiscentes ou indeiscentes, com sementes de
diversos tamanhos e colorações e diferentes teores de óleo (Krug e Mendes, 1942).
A caracterização e avaliação desta variabilidade são consideradas essenciais tanto para
estabelecer diferenças ou semelhanças entre acessos de germoplasma, como para estimular
sua utilização para resgatar o desenvolvimento das culturas.
Como na literatura encontra-se poucas informações sobre a caracterização dos rácemos
da mamoneira, o presente trabalho teve como objetivo fazer uma caracterização de rácemos
de treze genótipos de mamona utilizadas no ensaio de competição de cultivares da
PESAGRO-RIO.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados 13 genótipos de mamoneira (os híbridos Lyra e Savana e as cultivares
IAC – 80, Al Guarany, Paraguaçu, Nordestina, Mirante, Nativa, Cafelista, Tito (Sementes
doadas por um produtor, no qual posteriormente foi identificado como sendo da cultivar
Nordestina), IAC 226, BRS188 e BRS 149) provenientes do ensaio de competição de
cultivares realizado na PESAGRO-RIO Estação experimental de Campos dos Goytacazes.
Doze rácemos de cada genótipo foram colhidos para a realização das avaliações, onde
as seguintes características dos rácemos e frutos foram avaliadas: comprimento total dos
rácemos (CTR) em cm; comprimento do pedúnculo do racemo (CPR) em cm; comprimento
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
461
da região com frutificação do rácemo (CFR), em cm; diâmetro basal do racemo (DBR), em
mm; diâmetro mediano do racemo (DMR), em mm; diâmetro apical do racemo (DAR), em
mm; número de hastes (NH); comprimento das hastes (CH) em cm; diâmetro médio das
hastes (DMH), em mm; distância da inserção das hastes (DIH), em mm; número de frutos por
rácemo (NFR); diâmetro longitudinal dos frutos (DLF), em mm; diâmetro transversal dos
frutos (DTF), em mm; peso dos frutos (PF), em g; peso da casca dos frutos (PCF), em g; peso
das sementes (PS), em g; peso de 100 sementes (P100), em g.
3 RESULTADOS E DISCUÇÃO
O resultado da análise descritiva e os dados originais das variáveis avaliadas encontram-
se na Tabela 1. Verifica-se que o coeficiente de variação nas 17 variáveis estudadas teve uma
amplitude de 23,30 a 59,38 % para DBR e DMH, respectivamente.
A média do comprimento total do racemo foi de 31,56 cm, com uma amplitude de 9,96
a 56,81 cm para os genótipos BRS 188 e IAC-80 respectivamente. O comprimento parcial do
rácemo (região onde não há frutificação) teve uma amplitude que variou de 3,53 cm no
genótipo BRS 188 a 25,51 cm no genótipo Al Guarany e média de 11,33 cm.
Os genótipos Lyra e IAC-80 apresentaram as maiores amplitudes tanto para diâmetro
basal do rácemo que apresentou uma média de 11,32 mm, com uma amplitude de 7,38 a 17,73
mm, quanto para diâmetro mediano do rácemo com variação de 4,68 a 10,93 mm,. Já para
diâmetro apical do racemo a variação foi de 0,7 mm no genótipo Lyra a 6,29 mm no genótipo
Nativa.
Observa-se que para o número de frutos por rácemo a média foi de 39,13 frutos com
uma variação de 22,75 a 87,00 frutos para os genótipos Paraguaçu e IAC-80 respectivamente.
Para o diâmetro longitudinal dos frutos a variação foi de 15,33 mm no genótipo IAC-226 a
25,26 mm no genótipo Nativa, com uma média de 19,19 mm. Já para o diâmetro transversal
dos frutos a média foi de 19,67 mm, com uma variação de 16,11 a 24,92 mm para os
genótipos Lyra e Nativa respectivamente.
Ainda na Tabela 1 observa-se que para o peso de frutos a média foi de 102,78 g com
uma variação de 33,65 g a 160,70 g para os genótipos Lyra e Nordestina respectivamente, no
qual apresentaram uma variação do peso de sementes sem casca de 24,88 a Savana,58 g
respectivamente, com uma média de 68,92 g. Já o peso de 100 sementes a média foi de 63,40
g, com uma variação de 33,14 a 118,46 g nos genótipos Lyra e Nativa respectivamente.
462
Tabela 1 – Dados originais das variáveis comprimento total dos rácemos; comprimento do pedúnculo do racemo; comprimento da região
com frutificação do rácemo; diâmetro basal do racemo; diâmetro mediano do racemo; número de hastes; comprimento das hastes;
diâmetro médio das hastes; distância da inserção das hastes; número de frutos por rácemo; diâmetro longitudinal dos frutos; diâmetro
transversal dos frutos; peso dos frutos; peso da casca dos frutos; peso das sementes; peso de 100 sementes.
Genótipos CTR CPR CFR DBR DMR DAR NH CH DMH DIH NFR DLF DTF PF PCF PS p100
Nordestina 33,79 11,63 22,17 13,71 9,64 4,83 43,92 6,50 1,79 3,66 43,17 21,64 22,52 160,70 53,94 106,58 81,94
Lyra 29,35 10,91 18,44 7,38 4,68 0,70 25,42 4,35 0,32 3,13 23,08 15,90 16,11 33,65 10,06 24,86 33,14
Nativa 26,96 11,30 15,63 12,02 10,42 6,29 31,50 5,63 2,23 3,79 29,25 25,26 24,92 160,33 60,31 104,06 118,46
IAC-80 56,81 15,73 41,09 17,73 10,93 4,28 109,64 - 1,44 3,27 87,00 17,59 18,55 141,75 56,05 87,21 31,46
Mirante 28,66 6,96 21,71 7,86 5,77 2,67 34,92 2,89 0,47 1,73 29,33 16,70 15,68 51,89 12,27 34,46 42,15
Savana 31,38 6,08 25,29 9,39 6,58 2,24 41,25 4,00 0,96 2,71 33,75 16,08 16,45 53,30 15,88 35,82 40,42
IAC-226 46,30 18,83 27,50 11,96 8,28 2,77 68,83 4,67 0,39 4,20 62,00 15,33 15,20 99,95 28,33 69,78 40,70
Cafelista 32,10 12,00 20,11 9,66 6,08 2,44 34,22 3,22 0,71 2,33 32,56 18,91 18,61 103,23 54,63 66,15 48,48
Al Guarany 52,77 25,51 27,25 11,75 7,32 2,92 52,29 3,18 0,79 3,25 48,50 17,70 16,32 91,51 33,64 70,29 45,07
Paraguaçu 13,08 5,00 8,08 10,84 9,12 5,60 22,83 - 2,71 22,75 23,01 25,22 105,23 45,81 65,59 102,45
BRS 188 9,96 3,53 6,43 10,94 9,29 5,47 35,83 4,63 1,87 1,28 31,58 20,83 23,27 110,29 35,15 73,51 78,29
Tito 20,00 - - 12,46 10,04 3,47 33,27 4,27 1,17 2,91 28,09 20,65 21,14 97,58 35,34 67,68 80,85
BRS 149 29,08 8,54 20,96 11,53 9,99 3,82 41,42 5,00 1,43 2,00 37,67 19,85 21,74 126,68 45,60 90,04 80,86
Média 31,56 11,33 21,22 11,32 8,32 3,65 44,26 4,40 1,25 2,85 39,13 19,19 19,67 102,78 37,46 68,92 63,40
Desvio
13,82 6,27 9,15 2,64 2,02 1,59 22,94 1,08 0,74 0,88 18,01 3,02 3,63 39,58 17,15 25,33 28,46
Padrão
Erro Padrão 3,83 1,81 2,64 0,73 0,56 0,44 6,36 0,33 0,21 0,25 4,99 0,84 1,01 10,98 4,76 7,03 7,89
CV 43,80 55,32 43,10 23,30 24,32 43,54 51,84 24,65 59,38 30,87 46,02 15,72 18,47 38,51 45,77 36,76 44,89
4 CONCLUSÕES
A variação observada nos dá uma tendência da utilidade destas características com
relação ao seu poder de discriminação entre os genótipos.
Com os dados obtidos conseguiu-se obter informações que possibilitou conhecer um
pouco mais da variabilidade genética desse material, que poderão ser úteis em futuros
trabalhos com esta cultura.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N.E.M. A Cadeia da Mamona no Brasil, com Ênfase para o Segmento P&D:
Estado da Arte, Demandas de Pesquisa e Ações Necessárias para o Desenvolvimento.
Documentos Embrapa Algodão (Documento 129), Campina Grande, 2004, 19 p.
KRUG, C.A.; MENDES, P.T. Melhoramento da mamoneira (Ricinus communis L.). II.
Observações gerais sobre a variabilidade do gênero Ricinus. Bragantia, Campinas, v. 2, n. 5,
p. 155-157, 1942.
463
DESIDRATAÇÃO DA GLICERINA OBTIDA A PARTIR DO BIODIESEL
POR DESTILAÇÃO AZEOTRÓPICA COM TOLUENO
464
1 INTRODUÇÃO
Nestes últimos anos, o crescimento da produção de Biodiesel no mundo, tem sido de
maneira exponencial. No Brasil, segundo a lei 11.097/2005 (Lei do Biodiesel) a adição de 2%
será obrigatória entre os anos 2008 a 2012, e 5 % a partir do ano 2013. Assim, a produção
total de biodiesel até o ano 2010 será aproximadamente de 1,73 bilhões de litros/ano (MME,
2006).
Um fator determinante para a viabilidade econômica da produção do Biodiesel, é o
lucro obtido pela venda dos subprodutos com valor agregado. Entre os principais subprodutos
podem-se citar: a glicerina, a lecitina, o farelo e a torta oleaginosa (KNOTHE; GERPEN;
KRHAL; PEREIRA, 2006). A glicerina é um subproduto cuja venda como glicerina grau
USP (99,5 % glicerol), até mesmo glicerina grau técnico, gera importantes ganhos para a
indústria do Biodiesel.
A glicerina bruta (glicerol, sabões, água, álcool, ácidos graxos e sais), gerada na
obtenção de biodiesel se constitui em 10% da produção e destes 10%, 80% é glicerol
(GERPEN, 2005). Estima-se uma oferta de 138 milhões de litros/ano de glicerol no ano 2010.
No entanto, até o ano 2005 a demanda da glicerina no Brasil foi de 5,61 milhões de litros/ano
(ABIQUIM, 2006), necessitando, que as indústrias empreguem mais a glicerina com o
objetivo de superar a oferta da mesma.
Dependendo da infra-estrutura da fábrica e do valor da produção a glicerina é destinada
para uso como combustível junto à biomassa ou é purificada. Assim, da oferta disponível,
uma parte de glicerina será destinada à elaboração de produtos tradicionais como: cosméticos
(48,9 %), farmacêuticos (14,5 %), tintas e vernizes (11,9 %), alimentícios (1,9 %), explosivos
(1,0 %), borrachas (0,4 %) e outras (21,4 %) (ABIQUIM, 2006). Em alternativas de uso
podem ser para a fabricação de: 1,3-propanediol, hidrogênio, ácido succínico, 1,2
propanediol, dihidroxiacetona, poliésteres (NARESH; BRIAN, 2006), lubrificantes,
polímeros uretânicos, fluidos conservantes e derivados da glicerina como poliglicerois,
acetinas (KNOTHE; GERPEN; KRHAL; PEREIRA, 2006), carbonato de glicerina, ácido
acrílico, oligomerização (CALDEIRA; MOTA, 2005), filmes biodegradáveis (DINIZ, 2005).
A glicerina bruta obtida na produção do biodiesel pode ser tratada por dois tipos de processo:
processo convencional e troca iônica.
465
Consiste na adição de HCl e FeCl3 à glicerina bruta, até um PH de 4 ou 4,5, para
eliminar sabões e outras impurezas orgânicas, seguindo-se a filtração dos ácidos graxos
formados. O filtrado é neutralizado com NaOH até um PH de 6,5. Após este tratamento a
glicerina bruta contém então: glicerol, água, NaCl, metanol e resíduos de outras matérias
orgânicas. Após a neutralização, o filtrado é evaporado até 80 a 88% de glicerol (em massa).
É uma das operações de maior consumo energético, geralmente, efetuada em evaporadores de
múltiplos efeitos, utilizando baixas pressões (46,7 mm Hg no 1° efeito e 18,67 mm Hg no 2°
efeito), devido à degradação da glicerina acima dos 204°C. Durante a evaporação da água
concentram-se o glicerol e o sal, este último começa a cristalizar, por isso precisa ser
continuamente removido, mediante uma saída no fundo do evaporador para evitar
incrustações no equipamento. O produto removido é conduzido a uma centrifuga. O sal
restante dissolvido na glicerina concentrada é sedimentado em tanques cônicos durante seis
horas para separação. Depois a glicerina sobrenadante é armazenada e pode ser vendida como
glicerina de grau técnico (SPITZ, 1990). Para obter uma glicerina com grau USP, efetua-se o
refino da mesma por meio de destilação. Como a glicerina polimeriza e se decompõe à
temperaturas superiores a 204 °C, a destilação deve ser realizada à altos vácuos. As pressões
usuais reinantes na coluna devem estar entre 5-10 mm Hg. Esta operação retira os resíduos de
água, sais, matéria orgânica não glicerida e outras impurezas. (MINER,1953; GERVAIJO,
2005; ATTARAKIH; FARA; SAYED, 2001). Após a destilação é feita a desodorização e
descoloração com carbono ativo, seguida de filtração e armazenagem. Um esquema do
processo convencional pode ser visto na Figura 1.
466
ACIDIFICAÇAO DECANTAÇAO E NEUTRALIZAÇAO
PH = 4-4,5 FILTRAÇAO PH = 6,5
Glicerol
Água
Glicerina Álcool
NaCl
bruta HCL Ác. Graxos Na OH Traças de ac.graxos
Cl3
DESODORIZAÇAO E Cl3Fe
DESTILAÇAO EVAPORAÇAO
DESCOLORAÇAO P = 10 mmHg P = 46,7 mm Hg ( 1° E)
Glicerina
e 18,67 mm Hg (2° E)
Técnica:
Glicerol 80-88%
Odores Água, com traças de
e cores NaCl e ac.graxos
Água, NaCl pp
Glicerina USP Água
99,5% traços de ác. graxos
NaCl
467
ACIDIFICAÇÃO DECANTAÇÃO E NEUTRALIZAÇÃO
PH = 4-4,5 FILTRAÇAO PH = 6,5
Glicerol
Glicerina Água
Álcool
bruta HCl Ác. Graxos NaOH NaCl
Traças de ac.graxos
Cl3Fe
DESODORIZAÇÃO E TROCA
DESCOLORAÇÃO EVAPORAÇÃO IONICA
NaCl
Traças de
Odores ac.graxos
e cores
Glicerina USP Água
99,5%
468
Portanto o objetivo deste trabalho é testar a desidratação da glicerina mediante a
destilação azeotrópica heterogênea empregando o tolueno como fluido de arraste.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Aparato de Destilação: geralmente, a destilação azeotrópica com imiscibilidade de
fases liquida é conduzida em colunas de pratos, visto que para uma boa eficiência de
separação é preciso um bom contato entre as fases líquidas e a fase vapor. Esse bom contato,
se traduz em uma grande área de contato obtida nos pratos, graças à grande agitação no
liquido produzida pela corrente de vapor (PERRY, 1997). De acordo com o anteriormente
mencionado, o aparelho foi montado no LSTM (Laboratório de Separações Térmicas e
Mecânicas) cujos componentes estão feitos de vidro Pyrex (Figura 3), e consta de:
- refervedor: recipiente de vidro, provido de uma resistência elétrica cuja tensão pode
ser controlada através de um reostato. O sistema elétrico pode fornecer uma potencia de 0 a
2000 W para o aquecimento;
- coluna: constituída de dez pratos de teflon perfurados, e vertedor de tipo circular
isolada termicamente, com as seguintes características: diâmetro do prato: d =5 cm; área do
prato: A = 19,6 cm2; altura do vertedor: h = 0,5 cm; diâmetro de furos: d = 0,1 cm; n° de furos
por prato: 90;
- condensador de topo: o condensador está fixo verticalmente no topo da coluna, que
condensa, retira o produto de topo e permite a decantação das fases. Um termômetro colocado
no final do condensador registra a temperatura do vapor de topo.
- sistema de alimentação da glicerina: a solução de glicerina com água é alimentada no
topo da coluna por meio de uma bomba peristáltica, que permite o controle da vazão.
A operação da coluna baseia-se na metodologia seguida por Salvagnini, 1984. O
princípio de funcionamento consiste na alimentação lateral de vapor de tolueno, que sobe pela
coluna e faz contato com a mistura água-glicerol, a qual é alimentada pelo topo. O ponto de
azeótropo da mistura água-tolueno-glicerina forma-se, aproximadamente, a 94 °C à pressão
atmosférica. No produto de topo, obtém-se uma fase com dois líquidos imiscíveis: O Tolueno,
que constitui o refluxo da coluna; e a água que é separada por decantação e retirada. No fundo
obtém-se uma fase com dois líquidos imiscíveis: a fase superior é o tolueno, que volta para o
refervedor; e a fase inferior é a glicerina que é retirada como o produto desejado.
469
Figura 3 - Esquema do aparato de destilação usado no LSTM
Fluidos de processo: foram utilizadas soluções aquosas com glicerina P.A. e como
arrastador usou-se tolueno P.A. Posteriormente, será também testada a glicerina obtida a partir
do biodiesel.
Para a escolha do solvente levou-se em conta critérios que satisfaçam a separação por
destilação azeotrópica como: um solvente cuja temperatura de ebulição esteja entre as
temperaturas de ebulição da água e da glicerina, insolúvel tanto na água quanto na glicerina,
inerte com a glicerina, baixo custo, fácil obtenção e não demasiadamente agressivo à saúde. O
Tolueno é um solvente aromático de alta pureza que satisfaz os requisitos mencionados, com
ponto de ebulição compreendida entre 110,2ºC e 111ºC.
Medida da Concentração da Glicerina: a determinação da pureza da glicerina será feita
usando o método de medida de índice de refração (refratômetro ABBE), posteriormente para
os experimentos finais será usado o método de cromatografia de líquidos. Para construir a
curva de calibração do índice de refração em função da porcentagem de glicerina, obtiveram-
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
470
se dados teóricos do índice de refração (η) da mistura água-glicerina (GLI-LIT) em diferentes
concentrações (MINER;1953). Usou-se glicerina (GLI) P.A. e soluções aquosas com
concentrações de 10 a 90 % (com um intervalo de variação de 10 %). Por outro lado,
preparou-se uma amostra de glicerina que ficou um dia em contato com tolueno (GLI-TOL),
fazendo-se depois a separação mediante um decantador. Com a glicerina decantada (com
traços de tolueno) foram feitas soluções nas concentrações mencionadas. Os resultados estão
apresentados na Tabela 1 e na Figura 4.
471
η 1,5000
1,4800
1,4600
1,4400
1,4200
1,4000
1,3800
1,3600
1,3400
1,3200
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Figura 4 - Comparação do índice de refração da glicerina pura, glicerina que ficou em contato
com tolueno e glicerina da literatura.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realizaram-se alguns testes de caráter exploratório, no equipamento descrito na
FIGURA 3, utilizando soluções aquosas com a glicerina P.A. entre 80 e 90%. O objetivo dos
testes foi verificar a viabilidade da separação da água da glicerina com o tolueno, sem
nenhuma interferência. A vazão de vapor de tolueno usada foi de 1,1 g/s e vazão de
alimentação de glicerina de 0,82 g/s na temperatura ambiente. A glicerina obtida da destilação
apresentou uma leve turbidez. Então, fez-se uma evaporação para tirar as gotículas de tolueno
imersas na glicerina e poder efetuar a leitura do índice de refração com a solução límpida.
Os dados estão apresentados na Tabela 2 e Figura 5, junto com as percentagens
correspondentes:
472
Tabela 2 - Dados de Índice de Refração e Percentagem da Glicerina
Índice de Percentagem Índice de Percentagem
N° Refração Inicial de Refração Final de
Exp. Inicial glicerina Final glicerina
η (% i) η (% f)
1 1,4417 80 1,4694 97,7
2 1,4431 82 1,4710 98,8
3 1,4494 84 1,4712 98,9
4 1,4518 86 1,4714 99,1
5 1,4572 88 1,4702 98,3
6 1,4592 90 1,4717 99,3
%
100
95
90
85
80
75
70
0 1 2 3 4 5 6 7
% i glicerina % f glicerina N° experimento
4 RESULTADOS ESPERADOS
473
Os ensaios preliminares aqui apresentados já deram indicação de que o método é
promissor, espera-se conseguir condições de operação para a coluna, usando as variáveis de
entrada: vazão de alimentação de glicerina (g/s), vazão de alimentação de vapor de tolueno
(g/s), temperatura de alimentação da glicerina (°C) e concentração inicial de glicerina (% em
peso), por meio da metodologia da superfície de resposta.
5 REFERÊNCIAS BIBIBLIOGRÁFICAS
ABIQUIM – Associação da Industria Química Brasileira. Anuário da Industria Química
Brasileira. São Paulo, 2006.
Diniz,G. Glicerina bruta obtida na produção de biodiesel pode ter muitas aplicações.
Entrevista a Luiz Pereira Ramos (CEPESQ-UFPR). Ciência Hoje Online, 19 out. 2005.
Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/3973. Acesso em: 19
fev. 2007.
GERVAJIO, Gregorio C. Fatty Acids and Derivatives from Coconut Oil. IN: Bailey’s
Industrial Oil and Fat Products, 6.a ed. John Wiley & Sons, Inc. 2005. Disponível em:
<http://media.wiley.com/product_data/excerpt/68/04713854/0471385468.pdf>. Acesso em:
10 abr. 2007.
KIRK, R.E & OTHMER, D.F. Encyclopedia of Chemical Technology, Fourth Edition,
1947. v. 8, p. 359- 395.
MINER, CARL; DALTON. Glycerol, American Chemical Society, Monograph series; no.
117. New York, USA, 1953.
474
PERRY, R. H.; GREEN, D. W.; MALONEY, J. O. Perry´s chemical engineer´s handbook.
7th ed. New York: McGraw Hill, 1997.
475
EFEITO DO TRATAMENTO QUÍMICO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA E
SANITÁRIA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.)
476
1 INTRODUÇÃO
A crescente preocupação pelas questões ambientais tem requerido a utilização de fontes
alternativas, no qual a cultura da mamona (Ricimuns communis) vem ganhando grande
importância, principalmente pela produção de biodiesel e seu grande poder de inclusão social,
sendo a ricinocultura, vista atualmente como uma alternativa viável (URQUIAGA, ALVES &
BOODEY, 2005). Porém Freire, Lima & Andrade (2001) reforça que mesmo sendo de grande
importância a ricinocultura brasileira enfrenta dificuldades, devido à baixa oferta de cultivares
melhoradas e resistentes a doenças, sem considerar as recomendações de novas técnicas de
cultivos que propiciem retorno financeiro ao produtor.
De acordo com a concepção moderna de controle de doenças de plantas, dentre as
inúmeras medidas que podem ser empregadas pelo agricultor, o uso de sementes sadias ou
sementes com qualidade sanitária, dentro de padrões pré-estabelecidos, é de grande
significado.
O tratamento químico de sementes atualmente constitui uma medida indispensável de
grande importância na produção agrícola, principalmente no controle de patógenos veiculados
a semente. Os objetivos principais do tratamento de sementes consistem em evitar a
introdução de patógenos na área de cultivo; evitar o desenvolvimento de doenças que venham
afetar o rendimento e ou/a quantidade da colheita; garantir a germinação e o estande que
proporcionem o máximo de rendimento, intervindo na qualidade fisiológica da semente,
fazendo com que a planta consiga demonstrar todo seu potencial genético (MACHADO,1988;
MENTEN,1995).
O presente estudo teve como objetivos avaliar o efeito do tratamento químico sobre a
qualidade fisiológica e sanitária de sementes de mamona.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido nas instalações da Universidade Estadual de Mato Grosso
do Sul – UEMS, Unidade Universitária de Cassilândia – UUC, no período de setembro a
novembro de 2006, no município de Cassilândia-MS, utilizando sementes de mamona cultivar
Lyra oriundas da safra 2005/06.
O tratamento químico das sementes (g i.a./100 kg de sementes) foi realizado com os
produtos carbendazim (15, 30 e 60), carboxim + thiram (25+25, 50+50, 100+100), formol
0,15 %(v/v) e testemunha (água destilada), totalizando 8 tratamentos. As sementes foram
colocadas em imersão por 20 minutos em cada tratamento, seca a temperatura ambiente e
477
após submetidas aos diversos testes para avaliar a interferência dos produtos químicos na
qualidade fisiológica e sanitária de sementes.
Para avaliar a qualidade fisiológica as sementes foram submetidas aos testes:
Germinação: conduzido com quatro repetições de 100 sementes por tratamento, distribuídas
em rolos de três folhas de papel germitest, umedecidos com água na quantidade equivalente a
2,5 vezes o peso do substrato seco, colocadas em germinador a uma temperatura 25°C +/- 2,
UR do ar de 85% e fotoperíodo de 12 horas. A condução do teste foi de acordo com Brasil
(1992) e as contagens feitas aos 7 e 14 dias.
Primeira contagem: conduzido em conjunto com o teste de germinação, registrando-se a
porcentagem de plântulas normais da primeira contagem da germinação.
Teste de condutividade: utilizou-se 100 sementes de cada tratamento, em quatro
subamostras de 25 sementes. As mesmas foram incubadas por 24 horas na temperatura de
25+/-2°C em BOD, utilizando copos descartáveis com 75 mL de água deionizada. Decorrido
esse período, a condutividade da solução foi determinada com o uso de um condutivímetro de
marca MARCONI CA 150 e os valores obtidos no aparelho foram divididos pelo peso da
amostra. Os resultados foram expressos em μS cm-1 g-1 de sementes.
Índice de velocidade de emergência (IVE): 100 sementes de cada tratamento, em quatro
subamostras de 25, foram semeadas no campo. As sementes de cada subamostra foram
semeadas a 0,05m de profundidade. Foram realizadas contagens diárias do número de
plântulas emersas, considerando aquelas que apresentavam dois folíolos completamente
abertos até a estabilização do estande. Para cada repetição, calculou-se o índice de velocidade
de emergência (IVE), através da fórmula de (Maguire, 1962).
E1 E 2 E
IVE = + +Κ + n
N1 N 2 Nn
478
Desempenho de plântulas: O desempenho de plântulas foi avaliado através do comprimento
(cm) de parte aérea, número de folhas e peso (g) de massa verde e massa seca. O
comprimento de plântula foi realizado com uma régua milimetrada, após o corte na altura do
colo. Nessas mesmas plântulas foi determinado o número de folhas e com o auxílio de uma
balança analítica o peso de massa verde. Em seguida as plântulas foram acondicionadas em
sacos de papel e colocadas para secar em estufa a 650C, até atingir peso constante. Estas
medidas foram realizadas em 10 plantas escolhidas aleatoriamente de cada parcela.
A qualidade sanitária das sementes de mamona foi determinada através do método do
“Blotter-test”, sem assepsia. Para isto, 4 repetições de 25 sementes foram acondicionadas em
caixas gerbox, contendo três folhas de papel germitest previamente umedecidas em água
deionizada. A seguir as caixas foram incubadas por sete dias à temperatura de 25ºC (±2), sob
fotoperíodo de 12 horas. As sementes foram examinadas sob microscópio estereoscópico,
sendo o resultado expresso em porcentagem de sementes contaminadas e ocorrência de
fungos. Quando necessário, foram confeccionadas lâminas que, observadas sob microscópio
ótico, permitiram a identificação dos fungos comparando a morfologia das estruturas
presentes com a literatura.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A qualidade fisiológica das sementes foi determinada através dos testes de germinação e
vigor. Na Tabela 1 estão expostos os resultados de germinação (% de plântulas), e os
seguintes testes de vigor: primeira contagem (PC), condutividade elétrica (CE) e emergência a
campo aos 21 dias ( EC21).
De acordo com a Tabela 1, observamos que a germinação não diferiu estatisticamente
entre os tratamentos, entretanto podemos observar que as sementes tratadas com fungicidas
apresentaram maiores valores de germinação se comparadas com a testemunha e com formol.
Resultado semelhante foi encontrado por (Fernandes, 2006) que ao avaliar o efeito do
tratamento químico de sementes de mamona observou que o efeito fungicida isoladamente
obteve um aumento no percentual de germinação.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
479
Tabela 1. Médias obtidas com os testes de germinação e os testes de vigor (PC= primeira
contagem, CE= condutividade elétrica, EC21= Emergência a campo aos 21 dias. UEMS/UUC
- Cassilândia-MS, 2007.
Germinação Vigor
Tratamentos % plântulas PC CE EC21
% μS cm-1 g-1 %
testemunha (H2O) 90.00 a 72.50a 17,71 b 90,00 ab
formol 0,15 %(v/v) 90.00 a 43.00 b 16,52 b 83,00 b
carbendazim 15 90.00 a 84.00a 48,17 a 95,00 a
carbendazim 30 93.00 a 70.50a 46,84 a 94,00 ab
carbendazim 60 91.00 a 65.00ab 49,53 a 95,00 a
carboxim + thiram 25+25 95.50 a 83.00a 45,93 a 90,00 ab
carboxim + thiram 50+50 95.50 a 76.50a 46,11 a 96,00 a
carboxim + thiram 100+100 92.50 a 71.00a 43,69 a 94,00 ab
CV (%) 3.56 13.99 7,32 5,25
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5%.
Entretanto, (Dringra & Açuña, 1997) relataram que em sementes de soja o tratamento
de sementes só traz efeitos benéficos imediatos na germinação de sementes de má qualidade,
não aumentando a taxa de germinação das sementes de boa qualidade.
Os testes de primeira contagem e emergência a campo aos 21 dias, demonstraram que o
tratamento químico com determinados produtos interfere no vigor das sementes. Pela primeira
contagem nota-se que o tratamento com formol e carbendazin 60 (maior dosagem) diferiram
estatisticamente dos demais tratamentos, apresentando menor vigor e que os tratamentos com
carbendazin 15 e carboxim + thiram 25+25 proporcionaram maior vigor. A emergência de
plântulas a campo aos 21 foi reduzida em sementes tratadas com formol (Tabela 1).
Estes resultados demonstram que o formol não causa uma boa desinfestação das
sementes e que o tratamento químico com fungicidas proporcionaram maior vigor devido
provavelmente a eliminação dos patógenos veiculados a semente. Poletine (2006) constatou
que o tratamento de sementes com fungicida proporcionou aumento de produtividade e
enfatizou que a mistura carboxyn + thiram entre os produtos testados foi o que proporcionou a
maior produtividade. Segundo Mentem (1995) os efeitos não são imediatos com, por
exemplo, na germinação da soja e sim a médio e longo prazo.
480
As sementes tratadas com fungicidas, em todas as concentrações, apresentaram maiores
valores de condutividade elétrica, quando comparadas a testemunha e ao formol (Tabela 1).
Estes resultados demonstram que o fungicida afetou os resultados da condutividade e que os
valores obtidos não são indicativos de sementes de baixo vigor. (Marcos Filho, 2005) relata
que existem vários fatores que podem afetar os resultados da condutividade e um deles é o
tratamento químico.
O fato das sementes que apresentaram melhor potencial fisiológico (Testemunha e
Formol) não estarem correlacionados com maior emergência a campo é que os resultados do
teste de condutividade elétrica só permitem comparações do potencial fisiológico entre lotes
avaliados, sendo muito difícil inferir sobre o comportamento de lotes de semente, em
condições de campo, visto que esse comportamento estará na dependência das condições
climáticas predominantes durante a semeadura e a emergência de plântulas e também porque
os produtos químicos podem ter alterado a concentração de lixiviados.
Pelos resultados das avaliações do IVE, número de folhas, comprimento da parte aérea,
massa verde e seca de parte área não se observou diferença estatística entre sementes tratadas
quimicamente e a testemunha, ou seja, todas apresentaram o mesmo nível de vigor (Tabela 2).
Quanto à análise sanitária das sementes os tratamentos com carbendazim (15, 30 e 60) e
carboxim + thiram (25+25, 50+50, 100+100) em todas as concentrações proporcionaram um
índice de 100% de controle, porém no tratamento com formol e na testemunha foi verificado a
alta incidência de patógenos (Tabela 3). No entanto, apesar do alto índice de contaminação a
utilização de formol foi mais eficiente no controle dos patógenos veiculados a sementes de
mamona, quando comparado com a testemunha.
481
Tabela 2. Médias obtidas com os seguintes testes de vigor: IVE= índice de velocidade de
emergência, NF= número de folhas, CPA= comprimento de parte aérea, MV= massa verde da
parte aérea e MS= massa seca da parte aérea. UEMS/UUC - Cassilândia-MS, 2006.
Vigor
Tratamentos IVE NF CPA MV MS
unid. cm g g
testemunha (H2O) 6.74 a 6.25 a 12.50 a 197.75 a 35.75 a
formol 0,15 %(v/v) 5.83 a 6.25 a 12.50 a 178.25 a 32.75 a
carbendazim 15 6.52 a 6.00 a 13.25 a 197.25 a 38.00 a
carbendazim 30 7.45 a 6.25 a 14.00 a 206.00 a 36.50 a
carbendazim 60 6.76 a 6.00 a 13.00 a 168.00 a 31.75 a
carboxim + thiram 25+25 6.44 a 6.00 a 14.00 a 198.25 a 37.25 a
carboxim + thiram 50+50 7.51 a 6.75 a 13.50 a 212.25 a 40.75 a
carboxim + thiram 100+100 6.98 a 6.25 a 13.25 a 212.75 a 38.50 a
CV (%) 17.15 8.88 10.32 20.26 17.08
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5%.
482
Aspergillus sp, Rhizopus sp, Penicillium sp, Rhizoctonia sp, Verticillium sp, Fusarium sp,
Arthrobotrys sp, Epicocum sp e Bactérias. Somente no tratamento com formol apareceram
também Alternaria sp e Tricoderma sp.
Tabela 4. Incidência de fungos (%) associadas as sementes de mamona submetidas aos
diferentes tratamentos. Os fungos mensionados nesta Tabela são: Cladosporium spp. (Cla),
Bipolares spp. (Bip), Curvularia spp. (Cur.), Aspergillus flavus (A.fl.), Aspergillus niger
(A.ni.), Penicillium sp. (Pen.), Fusarium sp. (Fus.) e Epicocum sp. (Epi.). UEMS/UUC -
Cassilândia-MS, 2006.
Incidência de fungos (%)
Tratamentos Cla. Bip. Cur. A.fl. A.ni. Pen. Fus. Epi.
H2O 58,77 a 6,72 a 9,43 a 31,87 a 29,60 a 30,55 a 3,94 a 1,31 a
formol 29,60 b 7,96 a 9,50 a 42,61 a 0,00 b 13,30 b 9,28 a 1,31 a
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5%.
4 CONCLUSÕES
Os fungicidas usados no controle químico de sementes não interferiram na germinação.
Os testes de vigor demonstraram heterogeneidade de resultados, entretanto pelos testes
PC, CE e EC21 as sementes tratadas com fungicidas proporcionaram maior vigor .
O formol embora seja recomendado pela literatura para o tratamento de sementes não
proporcionou resultados satisfatórios quanto ao vigor.
Os fungicidas testados independentemente da dose proporcionaram 100% de eficiência
no controle de patógenos
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 365 p., 1992.
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FREIRE, E. C.; LIMA, E. F.; ANDRADE, F. P. de. Melhoramento genético. In: AZEVEDO,
D. M. P. de. LIMA, E. F. (Org.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa,
2001. p.229-256.
483
MACHADO, J.C. Patologia de sementes: fundamentos e aplicações. Brasília: Ministério da
Educação; Lavras: ESAL/FAEPE, 1988.
MENTEN, J.O.M. Patógenos em Sementes: Detecção, danos e controle químico. Ciba Agro,
São Paulo, 1995.
484
ESTUDO COMPARATIVO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA ENTRE
DIFERENTES AMOSTRAS DE BIODIESEL
485
1 INTRODUÇÃO
A cada ano, intensifica-se a busca por fontes limpas e renováveis de energia em
substituição aos combustíveis fósseis. O biodiesel é um combustível produzido através de
fontes renováveis como óleos vegetais e gordura animal, utilizado puro ou misturado ao diesel
de petróleo. Pode ser utilizado em motores de combustão a diesel convencionais, sem a
necessidade de modificação nos mesmos. Dentre as formas conhecidas de produção desse
combustível, a mais comum, devido à praticidade, eficiência de processo e viabilidade
econômica, é a reação de transesterificação. Nessa reação, o óleo vegetal ou gordura animal
reage com álcool em excesso, na presença de catalisador, formando éster (biodiesel) e
glicerina. Ela pode ser catalisada por ácido ou base, sendo esta última mais comum, devido à
maior velocidade e conversão dos reagentes.
O Brasil é considerado um país de grande potencial para a exploração da biomassa para
fins diversos devido a sua grande extensão territorial e as diversidades de solo e clima. Dentre
as potenciais fontes de triglicerídeos para a produção do biodiesel brasileiro, encontram-se
oleaginosas como o dendê, o algodão, o girassol, a mamona, a soja, a canola e o milho, dentre
outras, além da possibilidade de utilização de gordura animal e óleo de fritura.
O conhecimento de informações a respeito da estabilidade térmica do biodiesel pode
evitar problemas com manuseio, transporte, armazenamento e uso desse combustível. A
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por meio da Resolução
ANP N° 42, de 24/11/2004, determina os parâmetros de qualidade do biodiesel, que incluem a
Estabilidade à Oxidação a 110°C (ISO/EN 14112) e Índice de Iodo (ISO/EN 14111), que
estão diretamente ligadas à tendência de oxidação deste biocombustível.
Os processos de degradação oxidativa do biodiesel dependem da natureza dos ácidos
graxos utilizados na sua produção, do grau de insaturação dos ésteres que o compõem, do
processo de produção adotado, teor de umidade, temperatura, luz e da presença de
antioxidantes. Dentre as implicações negativas deste processo, destacam-se o aumento da
viscosidade, a elevação da acidez e a formação de depósitos e compostos poliméricos
indesejáveis (que podem causar problemas nos motores, como entupimento das válvulas de
injeção e aumento do cisalhamento no interior das câmaras de combustão) [FERRARI, 2005].
Apesar das diversas variáveis que afetam a oxidação do biodiesel citadas anteriormente,
sabe-se que a presença de ligações duplas entre carbonos (grau de insaturação) é uma
característica de influência direta na estabilidade oxidativa do combustível.
486
A reação em cadeia responsável pela degradação do óleo e do biodiesel ocorre
conforme o mecanismo genérico a seguir [WAYNICK, 2005]:
Iniciação: RH + I → R· + IH
R· + O2 → ROO·
Propagação: ROO· + RH → ROOH + R·
R· + R· → R-R
Terminação:
ROO· + ROO· → produto estável
487
Enquanto os hidroperóxidos de óleos graxos se decompõem, ligações oxidativas entre
as cadeias de ácidos graxos podem se formar, resultando em espécies com pesos moleculares
mais elevados (polimerização oxidativa). Tais espécies poliméricas raramente tornam-se
maiores do que os trímeros ou o tetrameros, embora não exista uma razão encontrada na
literatura disponível. Uma das evidências da formação do polímero é um aumento na
viscosidade do óleo. Na presença de oxigênio, os ácidos podem ser unidos tanto por ligações
C – C quanto por ligações C – O – C. A polimerização só ocorre em temperaturas superiores a
250°C. Logo, este mecanismo de degradação térmica não tem grande impacto na estabilidade
do produto armazenado [WAYNICK, 2005].
Existem diversas metodologias para verificação da estabilidade oxidativa de óleos,
gorduras e combustíveis. A maioria delas consiste em acelerar as reações de oxidação por
intermédio da temperatura, pressão de oxigênio, exposição à luz, adição de metais e agitação.
Da mesma forma que a maioria dos países, o Brasil, por intermédio da ANP, estabelece
a norma européia EN 14112 como referência para a realização dos ensaios de estabilidade à
oxidação. Neste teste, também conhecido como método Rancimat, a amostra é exposta a um
fluxo de ar (10 L/h) a 110ºC a fim de se acelerar o processo de oxidação. O fluxo de ar carreia
os ácidos voláteis (produtos de oxidação) para um vaso, contendo inicialmente água destilada,
onde se mede continuamente a condutividade elétrica [LUTTERBACH, 2007]. Encerra-se o
teste quando se observa um aumento brusco na condutividade da água (Período de Indução).
Um procedimento muito utilizado para verificação da estabilidade à oxidação da
gasolina é descrito pela norma ASTM D 525 (correspondente à norma brasileira NBR 14478).
Neste teste, uma amostra é colocada em um vaso de pressão e pressurizada com oxigênio na
faixa de 690 kPa a 705 kPa (100 psi a 102 psi) e aquecida a uma temperatura entre 98°C e
102°C. A pressão é lida e registrada continuamente até que o período de indução seja
atingido, o qual é precedido por uma queda de pressão de exatamente 14 kPa em 15 minutos
sucedida por outra queda de pressão igual ou maior que 14 kPa em 15 minutos [NBR 14478].
Para a gasolina, o teste visa avaliar a estabilidade à estocagem de modo que cada 60 minutos
decorridos permitam prever a estabilidade a um mês de estocagem [SANTOS, 2004].
Pesquisas recentes mostram que os períodos de indução determinados através do EN
14112 correlacionam-se bem com os determinados pelo método de determinação da
estabilidade oxidativa para gasolina (ASTM D 525) [WESTBROOK, 2005].
Este trabalho tem como objetivos estudar a estabilidade oxidativa de biodiesel metílico
produzido a partir de óleos de soja, canola, girassol e milho e banha de porco, e verificar a
488
possibilidade da utilização do ensaio de determinação da estabilidade oxidativa de gasolina
para o biodiesel (ASTM D 525).
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram produzidas amostras de biodiesel a partir de óleos de soja, canola, girassol e
milho e banha de porco, todos produtos comerciais para fins alimentícios. Para a reação de
transesterificação utilizaram-se álcool metílico p.a. (99,85% de pureza), na razão molar de 6:1
álcool/óleo, e hidróxido de sódio anidro como catalisador, na proporção de 1% da massa de
óleo utilizada.
Em cada batelada, o hidróxido de sódio era previamente solubilizado no metanol em
agitador magnético e adicionado em um erlenmeyer de 2L, contendo o óleo a 60°C. A mistura
era submetida à agitação vigorosa por 1 hora em agitador mecânico e, em seguida, descansava
por 24 horas para separação das fases éster e glicerina.
Após a separação, à fase éster adicionava-se silicato de magnésio (2% m/m) para
adsorção das impurezas (metanol, NaOH, água, glicerina, etc) e agitava-se por 20 minutos em
agitador magnético. O excesso de silicato de magnésio era retirado por sedimentação e o que
permanecia em suspensão era removido por centrifugação em equipamento Jouan B4i (1800
rpm por 20 minutos).
Em todas as fontes de triglicerídeos utilizadas foram determinados teor de água (Karl-
Fisher) e acidez (titulação colorimétrica), sendo esta última análise realizada também nas
amostras íntegras e oxidadas de biodiesel. Faixas de viscosidade cinemática dos óleos, das
amostras de biodiesel íntegras e oxidadas foram determinadas em viscosímetro Anton Paar
SVM3000.
Para oxidação das amostras de biodiesel e determinação do período de indução,
utilizou-se equipamento de oxidação acelerada Scavini Beveno-Italy, de acordo com os
procedimentos descritos pela norma ASTM D 525, com temperatura de 110°C. As amostras
permaneceram sob as condições de ensaio por quatro horas para fins comparativos. Neste
tempo, todas elas já haviam atingido seus períodos de indução.
Para avaliação da estabilidade térmica, utilizou-se um analisador termogravimétrico
His-Res TGA2950 TA Instruments, com taxa de aquecimento de 10°C/min e vazão de
50ml/min para nitrogênio e 85ml/min para ar sintético.
A presença de metanol nas amostras de biodiesel foi avaliada qualitativamente através
de espectrometria na região do infravermelho médio por transformada de Fourier. O
equipamento utilizado foi um Nicolet Nexus 470 FT-IR da Thermo Electron Corporation.
489
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As Figuras 1 e 2 a seguir mostram o comportamento viscométrico dos óleos e
amostras de biodiesel íntegras e oxidadas em função da temperatura.
90
80
70
60 Óleo de soja
Óleo de canola
Viscosidade (cSt)
Óleo de girassol
50
Óleo de milho
Biodiesel de soja
Biodiesel de canola
40
Biodiesel de girassol
Biodiesel de milho
30 Biodiesel de banha
20
10
0
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Temperatura (°C)
6 Biodiesel de soja
Biodiesel de canola
Viscosidade (cSt)
Biodiesel de girassol
5 Biodiesel de milho
Biodiesel de banha
Oxidado de soja
4 Oxidado de canola
Oxidado de girassol
Oxidado de milho
3 Oxidado de banha
0
20 30 40 50 60 70 80 90
Temperatura (°C)
A viscosidade da banha de porco não foi avaliada por ser sólida a temperatura ambiente.
490
Observa-se que as viscosidades dos óleos, apesar de diferentes, apresentam o mesmo
comportamento em função da temperatura. As diferenças nos valores de viscosidade
diminuem proporcionalmente com o aumento da temperatura, tanto entre os óleos quanto
entre as amostras de biodiesel. As viscosidades das amostras oxidadas de biodiesel mostraram
comportamento muito semelhante às amostras íntegras, porém, com valores mais elevados,
indício da ocorrência de polimerização.
A semelhança nos valores de viscosidade das amostras de biodiesel provenientes de
matérias-primas diferentes possibilita a utilização de blendas sem que haja alteração
significativa no comportamento fluidodinâmico do combustível.
Apesar da programação de análises utilizada no viscosímetro (com leituras de
viscosidade de 20°C a 100°C, a cada 10°C) ocorreu erro de medição para as amostras de
biodiesel nas temperaturas próximas de 70°C. Como o equipamento possui faixa de medição
de 0,2 a 20.000 cSt, o erro de leitura sugeriu presença de voláteis nas amostras a essa
temperatura. Suspeitou-se então da presença de metanol remanescente do processo de
transesterificação. Porém, essa hipótese não foi confirmada pela análise dos espectros na
região do infravermelho médio, que sugeriram a presença de traços ou ausência de hidroxilas
nas amostras (região de número de onda ao redor de 3460 cm-1). Os espectros obtidos podem
ser visualizados na Figura 3.
Logo, acredita-se que os voláteis formados tenham sido resultado da oxidação das
amostras quando aquecidas no interior do viscosímetro, ou mesmo frações leves constituintes
do biocombustível.
491
Figura 3: Espectros na região do infravermelho médio das amostras de biodiesel.
492
Tabela 1: Ensaios realizados na matéria-prima e nas amostras de biodiesel.
Fonte de Teor de água Acidez Período de
Produto
Triglicerídeo (% m/m) mg KOH/g Indução (min)
Óleo 0,08 0,29 -
Soja Biodiesel - 0,20 163
Biodiesel oxidado - 3,09 -
Óleo 0,07 0,13 -
Canola Biodiesel - 0,15 197
Biodiesel oxidado - 2,89 -
Óleo 0,06 0,17 -
Girassol Biodiesel - 0,15 122
Biodiesel oxidado - 3,60 -
Óleo 0,08 0,25 -
Milho Biodiesel - 0,16 286
Biodiesel oxidado - 2,30 -
Óleo 0,19 0,44 -
Banha Biodiesel - 0,07 218
Biodiesel oxidado - 2,24 -
493
Período de Indução vs Índice de Acidez
300 4,00
3,50
250
3,00
2,50
Período de Indução
150 2,00
Índice de Acidez
1,50
100
1,00
50
0,50
0 0,00
Canola Milho Soja Girassol Banha
Biodiesel
494
Correlação entre Período de Indução e Índice de Acidez
4,00
3,50
3,00
Índice da Acidez (mg KOH/g)
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
Período de Indução (min)
1050
1000
950
900
Pressão (kPa)
850
800
750
700
650
495
uma taxa menor para o biodiesel de milho, resultando no maior período de indução
observado.
As Figuras 7, 8, 9 e 10, bem como as Tabelas 2 e 3 apresentam os resultados obtidos nas
análises termogravimétricas dos óleos, banha e amostras de biodiesel.
Figura 7: Curvas TG/DTG (perda de massa e derivada) das amostras de banha e de óleos de
canola, girassol, milho e soja em atmosfera oxidante.
Figura 8: Curvas TG/DTG (perda de massa e derivada) das amostras de banha e de óleos de
canola, girassol, milho e soja em atmosfera inerte.
496
Figura 9: Curvas TG/DTG das amostras de biodiesel em atmosfera oxidante.
497
Tabela 2: Dados retirados das análises termogravimétricas das amostras de banha e de óleos
de soja, girassol, milho, canola.
Temp. Temp.
Massa da Intervalo
inicial - final - Variação da
Óleo Atmosfera amostra de reação
Onset Onset massa (%)
(mg) (°C) *
Point (°C) Point (°C)
Ar sintético 24,48 334,45 526,42 191,97 36,9/55,6/8,5
Soja
Nitrogênio 26,22 392,75 454,55 61,80 99,7
Ar Sintético 31,21 341,10 560,02 218,92 41,7/50,2/8,0
Girassol
Nitrogênio 28,77 388,20 446,40 58,20 99,4
Ar Sintético 26,94 342,67 548,40 205,73 47,1/46,0/6,9
Milho
Nitrogênio 29,60 388,30 446,08 57,78 99,2
Ar Sintético 30,28 336,26 526,61 190,35 46,2/46,5/7,3
Canola
Nitrogênio 29,35 390,89 440,23 49,34 99,3
Ar Sintético 32,20 332,47 558,20 225,73 69,2/25,3/5,6
Banha
Nitrogênio 33,39 395,65 441,82 46,17 99,4
498
* IONASHIRO, M.; GIOLITO, I. Nomenclatura, padrões e apresentação dos resultados em análise térmica.
Departamento de Química Fundamental. Instituto de Química da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP,
Brasil.
As curvas termogravimétricas dos óleos, obtidas a partir das análises realizadas com
atmosfera de ar sintético (atmosfera oxidante), apresentaram três etapas de perda de massa
(Figura 7). Estes três estágios estão relacionados com a decomposição dos ácidos graxos
poliinsaturados, monoinsaturados, e saturados, respectivamente [SOUZA]. Tal seqüência de
decomposição é devida à presença das ligações duplas, que diminuem a resistência ao ataque
das moléculas de oxigênio, formando assim, mais radicais livres e acelerando a oxidação. Já
na curva referente às amostras de biodiesel (Figura 9), foi verificada a presença de uma única
etapa de perda de massa. Uma hipótese para este evento é a volatização dos ácidos
insaturados antes que estes atinjam a temperatura de degradação inicial.
As curvas obtidas na análise das amostras de óleo e de biodiesel em atmosfera de
nitrogênio (atmosfera inerte) apresentaram apenas uma etapa de perda de massa concernente
à decomposição e volatilização, respectivamente, conforme indicado nas Figuras 8 e 10.
Evidenciaram-se, a partir dos dados das Tabelas 2 e 3, que as amostras de biodiesel
apresentaram temperaturas iniciais de degradação menores que as dos óleos, indicando uma
maior volatilidade e assim favorecendo a sua utilização como combustível.
Em atmosfera oxidante, os perfis termogravimétricos para os óleos e banha deslocaram-
se para menores temperaturas, devido ao favorecimento do processo de decomposição. Os
perfis para as amostras de biodiesel em atmosfera inerte deslocaram cercar de 5°C com
relação aos perfis em atmosfera oxidante. Esse fato pode ser explicado pela maior vazão
utilizada com ar sintético, capaz de carrear os voláteis com maior facilidade.
4 CONCLUSÃO
Análises de espectrometria na região do infravermelho médio sugeriram a obtenção de
um biodiesel com baixos teores ou isenção de umidade e metanol. Além disso, os valores de
acidez dos mesmos se mostraram abaixo da especificação brasileira – 0,80 mg KOH/g –
[ANP], o que indica que processo de produção do biocombustível (produção e tratamento)
ocorreu de forma satisfatória.
Constatou-se também a semelhança nos valores de viscosidade das amostras de
biodiesel provenientes de matérias-primas diferentes, fato que possibilita a utilização de
blendas de biodiesel sem alteração significativa no comportamento fluidodinâmico do
combustível.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
499
Foi evidenciada a relação entre a oxidação do biodiesel e o aumento da acidez. Além
disso, confirmou-se a possibilidade de utilização da metodologia de determinação do período
de indução da gasolina para avaliação da estabilidade à oxidação do biodiesel, podendo se
tornar uma alternativa para avaliação qualitativa deste parâmetro de qualidade. Observou-se,
também, que a tendência da correlação entre o índice de acidez e o período de indução
independe da fonte de triglicerídeos utilizada para a produção do biodiesel.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natura e Biocombustíveis - Resolução ANP N°
42, de 24/11/2004 – DOU 9/12/2004 – RET. DOU 19/04/2005.
500
PRODUTIVIDADE DE MATERIAIS DE AMENDOIM DE PORTE ERETO
CULTIVADO EM CERRADO DE RORAIMA
501
1 INTRODUÇÃO
Os cultivos com a cultura do amendoim visam a obtenção de sementes destinadas
principalmente à extração de óleo, podendo, também, as sementes serem consumidas in
natura, torradas ou empregadas para fabricação de doces. O grão é processado para a
extração do óleo bruto, que refinado, pode ser consumido diretamente na alimentação
humana ou utilizado na indústria de conservas (alimento enlatado) e de produtos
medicinais. Presta-se ainda para fins carburantes tendo sido incluído em proposta de um
programa de óleos vegetais para fins energéticos no País.
O amendoim in natura, parcial ou totalmente processado industrialmente, proporciona
uma série de produtos e subprodutos que atendem a mercados específicos, gerando
empregos e renda desde aos pequenos produtores familiares, que manufaturam os grãos
nas denominadas "fabriquetas de fundo de quintal", até às grandes agroindústrias
nacionais e multinacionais. Portanto, a importância sócio econômica da cultura reside na
comercialização e utilização dos produtos e subprodutos.
Em Roraima, considerada a fronteira agrícola mais setentrional do Brasil, está em
desenvolvimento um projeto de melhoramento de oleaginosas (mamona e amendoim)
liderado pela Embrapa Algodão, estudos de adaptação de cultivares e linhagens avançadas de
amendoim de porte ereto (cores creme e vermelha) e ajustes do sistema produtivo, para as
condições dos cerrados do Estado de Roraima.
O objetivo do trabalho foi de avaliar a produtividade de grãos e características
agronômicas de cultivares e linhagens avançadas de amendoim de porte ereto em cerrado de
Roraima.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados 15 materiais de amendoim de porte ereto (BR- 1; Havana; L-7; Tatu-
ST; L7bege (184AM); 270AM; 271AM; Caiapó; 178AM; 166AM; 178AM; 179AM;
202AM; Serrinha e 76AM, respectivamente tratamentos de 1 a 15) em 2006 no campo
experimental Serra da Prata, localizado no município de Mucajaí, Roraima. O espaçamento
utilizado foi de 0,5 m x 0,2 m. As parcelas foram constituídas por quatro linhas de 5 m de
comprimento, sendo as duas linhas centrais com quatro metros de comprimento, a parcela útil
e as duas externas a bordadura. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao
acaso, com quatro repetições.
502
O solo foi preparado com uma aração e duas gradagens. A adubação constou da
aplicação em sulcos de semeadura de 100 kg ha-1 de P2O5 e 80 kg ha-1 de K2O. O controle de
plantas daninhas foi realizado com a aplicação de herbicida alachlor® em pré-emergência 2
kg ha-1 de i.a., e por uma capina manual durante o desenvolvimento da cultura quando foi
realizado o chegamento de terra junto às plantas, assim que surgiram as primeiras flores.
A colheita foi realizada manualmente e individualmente por parcela. Em seguida, após a
secagem a sombra, foi realizada a separação das vagens, retirando-se as impurezas (torrões,
folhas e ramos).
Foram realizadas avaliações de produtividade de vagens e grãos e características
agronômicas como o florescimento; ciclo de cultivo; número de vagens em 10 plantas.
Os resultados médios obtidos na produtividade e número de vagens em 10 plantas, safra
2006, foram submetidos a análises de variância e teste de médias pelo pacote estatístico
SANEST (Zonta & Machado, 1993) segundo o delineamento em blocos ao acaso, com quatro
repetições e apresentados na Tabela 1. Nas comparações de médias dos tratamentos adotou-se
o teste de Tukey a 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na análise de variância dos dados coletados, verificou-se significância estatística para
os tratamentos (cultivares/ linhagens) no numero de vagens por 10 plantas e a produtividade
de grãos (kg ha-1), ambos apresentaram diferenças entre os materiais (Tabela 1).
503
Tabela 1. Resumo da análise de variância das características número de vagens por 10 plantas
(NV10P, unidade) e produtividade de grãos (PROD, em kg ha-1) de amendoim de porte ereto.
F.V. G.L. Q.M.
NV10P PROD
BLOCOS 3 8914,72 ns 2813,29 ns
TRATAMENTOS 14 27187,8** 24447,05**
RESÍDUO 42 4903,08 1352,84
MÍNIMO 88,7 375
MÉDIA 332,5 2569
MÁXIMO 429,2 3633
CV% 21,06 14,32
DMS-Tukey (5%) 178,35 936,9
** Significativo, pelo teste F, a 1% de probabilidade. nsnão significativo
Os materiais de amendoim apresentaram florescimento entre 21 e 23 dias e o ciclo de
cultivo para a maioria ficou entre 92 e 93 dias, a cultivar Caiapó apresentou ciclo mais longo
com 126 dias (Tabela 2).
Quanto ao número médio de vagens em 10 plantas constatou-se semelhança para os
materiais avaliados e variando de 254 a 429, destoando das demais apenas a cultivar Tatu-ST
com 89 vagens.
504
Tabela 2. Valores médios de componentes de produção dos materiais de amendoim de porte
ereto produzidos em cerrado de Roraima 2006, ordenados segundo o teste de Tukey (α=0,05)
Materiais Produtividade florescimento NV10P Ciclo
BR-1 2906 277
abcd 23 a 93
Havana 2055 d 21 300 a 92
BRS 151 L7 2695 bcd 22 348 a 92
Tatu-ST 375 e 23 89 b 93
L7bege-(184AM) 3492 ab 23 353 a 93
270 AM 2625 bcd 22 353 a 93
271 AM 3203 abc 22 336 a 93
Caiapó 1992 d 21 350 a 126
180 AM 3633 a 21 392 a 92
166 AM 2891 abcd 22 429 a 93
178 AM 3031 abc 21 423 a 92
179 AM 2555 cd 22 346 a 93
202 AM 2055 d 22 369 a 93
Serrinha 2648 bcd 21 254 ab 93
76 AM 2375 cd 22 370 a 92
505
cultivo. Assim como sao inferiores aos obtidos em 2005 no campo experimental Água Boa
(Smiderle et al., 2006).
4 CONCLUSÕES
As cultivares de amendoim avaliadas apresentaram menor adaptabilidade em relação as
linhagens, em condições de instalação de cultivo em área de cerrado em Roraima;
As linhagens 180AM (3.633 kg ha-1 de grãos) e 180AM (3.492 kg ha-1 de grãos)
mostraram-se bastante produtivas para cultivo em cerrado de Roraima.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SMIDERLE, O.J.; MOURÃO JR, M.; SUASSUNA, T.M.F. Produtividade de materiais de
amendoim cultivado no cerrado de Roraima. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3, 2006, Varginha.
Resumos. Lavras: UFLA, 2006. p. 279-283.
506
BRS 151 L-7: CULTIVAR DE AMENDOIM PARA AS CONDIÇÕES
DO CERRADO DE RORAIMA
507
1 INTRODUÇÃO
O amendoim (Arachis hypogaea L) é uma oleaginosa de importância mundial, razão por
que é responsável 10% da produção mundial de óleo comestível e o quinto mais consumido,
com produção superior a quatro milhões de toneladas (GODOY et. al. 2004). No aspecto
botânico, trata-se de uma planta que se pode desenvolver em ambientes com condições
climáticas adversas e de baixa precipitação pluvial. Nas regiões semi-áridas e áridas da África
e Ásia, maiores produtores mundiais, o amendoim é cultivado extensivamente em regime de
sequeiro (SANTOS, 1999; GODOY et al. 2004).
A produção mundial de grãos de amendoim, atualmente, atinge a marca de 23,5 milhões
de toneladas anuais; deste total, 60% são destinados ao esmagamento para extração do óleo
comestível, gerando ainda um subproduto industrial (torta ou farelo), utilizado em ração
animal; os 40% restantes, cerca de 8 milhões de toneladas, são utilizados como alimento
humano, in natura, como componente de iguarias caseiras ou processados pela indústria de
confeitaria. Os países em desenvolvimento são responsáveis por 80% da produção de
amendoim, e aproximadamente 67% é originária dos trópicos semi-áridos (SANTOS, 1997).
No Brasil, a cultura é explorada em larga escala no Estado de São Paulo, respondendo
por cerca de 80% da produção. A região Nordeste detém cerca de 14%, a maioria conduzida
por pequenos produtores que vivem da agricultura familiar (SANTOS et al, 1999). Para as
condições climáticas dessa região, onde as adversidades de clima são expressivas, o
amendoim se constitui numa excelente alternativa agrícola. As cultivares precoces
desenvolvidas pela Embrapa têm apresentado grande adaptação e estabilidade em ambientes
semi-áridos (SANTOS et al. 1999; NOGUEIRA et al. 1998; NOGUEIRA e SANTOS, 2000).
Em Roraima, considerada a fronteira agrícola mais setentrional do Brasil, está em
desenvolvimento, um projeto de melhoramento de oleaginosas (mamona e amendoim)
liderado pela Embrapa Algodão, estudos de adaptação de cultivares e linhagens avançadas de
amendoim de porte ereto (cores creme e vermelha) e ajustes do sistema produtivo, para as
condições dos cerrados do Estado de Roraima.
A indicação da extensão da BRS 151 L-7 vem suprir a ausência de cultivares de
amendoim de porte ereto indicadas pela pesquisa para cultivo em cerrado de Roraima.
508
2 MATERIAL E MÉTODOS
A BRS 151 L-7 foi obtida mediante hibridação entre as cultivares IAC-Tupã, material
desenvolvido para a Região Sudeste do Brasil e a Senegal 55-437, material de origem africana
(Tabela 1). Quatro linhagens isogênicas, entre outras 24, foram selecionadas desse
cruzamento, para compor a BRS 151 L-7, que apresenta ciclo vegetativo de 87 dias em
condições de sequeiro, tolerante à seca e de grande adaptação ao cultivo em regiões semi-
áridas assim como em cerrado de Roraima com ciclo de 90 dias.
A cultivar mantém as características do grupo Valência; é de porte ereto, medindo em
torno de 45 cm. As hastes e os ginóforos são de coloração verde-arroxeada. As vagens são de
tamanho médio, apresentando constrição e reticulação moderadas (VEIGA et al., 1996),
contendo uma a duas sementes; estas são de coloração vermelha, de forma alongada e
tamanho grande, sendo indicada para o mercado de consumo in natura e para indústria de
alimentos.
Tabela 1. Características agronômicas das cultivares de amendoim de porte ereto, BRS 151
L7 e IAC – Tupã.
Cultivar
Característica BRS 151 L-7 IAC - Tupã
Ciclo (DAE)1 92 105
Inicio da floração (DAE) 21 26
Altura da haste principal (cm) 45 42
No. sementes por vagem 2 2-3
Cor da semente vermelha vermelha
Tamanho da semente grande grande
Formato da semente oblonga oblonga
Óleo bruto na semente (%) 46 49
Proteína bruta na semente 30 29
Comportamento quanto ao estresse
tolerante sensível
hídrico2
1 Dias após a emergência 2 Dez dias de suspensão hídrica, iniciada aos 20 dias após a semeadura (Santos et al.,
1997; Nogueira et al., 1998).
509
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O rendimento de amêndoas apresentado fica entre 75 e 76%, 3 a 4% superior do obtido
quando cultivada no Nordeste brasileiro. O inicio da floração ocorre aos 20 dias após a
emergência de plântulas.
Em quatro ensaios conduzidos em condições de sequeiro nos Municípios de Mucajaí e
Boa Vista, entre 2004 e 2006, a BRS 151 L-7 apresentou produtividade média de grãos de
3.304 kg ha-1, apresentando variações nos valores médios para os três anos de avaliação em
Mucajaí. Comparada com a cultivar tradicional BR 1, a BRS 151 L-7 supera em 9% na
produtividade de sementes. Em 2005 quando foi avaliada também no campo experimental
Água Boa produziu em média 4398 kg ha-1 de grãos. Considerando os quatro cultivos a
média da cultivar é de pelo menos 3.577 kg ha-1 de grãos.
Os valores médios de componentes de produção de amendoim, cultivar BRS 151 L-7 e
demais genótipos, obtidos por Smiderle et al. (2006b e 2006) nos campos experimentais Serra
da Prata em 2004 e 2005 estão na Tabela 2 e no Água Boa em 2005 (Tabela 3). Em 2006 a
produtividade média baixou e foi de 2.695.
510
Tabela 2. Valores médios de produtividade e massa de 100 vagens dos genótipos avaliados,
em função dos anos de cultivo no campo experimental Serra da Prata, Mucajaí – Roraima.
Produtividade Massa 100 vagens
(kg ha-1) (g vagem-1)
Genótipos 2004 2005 2004 2005
Linhagens 076AM 3188 a 3099 c 64,8 de 78 fg
166AM 4198 a 3249 c 61,3 de 68,6 h
178 AM 3551 a 3824 abc 67,8 cde 79,3 ef
179AM 3486 a 3467 bc 71,1 cd 87 de
180 AM 3998 a 4756 ab 85 ab 96,4 abc
184 AM 3448 a 5086 a 84,8 ab 103,7 a
202 AM 2098 a 3945 abc 58,5 e 70,2 gh
Cultivares BR-01 3021 a 3189 c 89,9 ab 103,6 ab
L-07 3518 a 3700 abc 78,6 bc 92,2 cd
Serrinha 3390 a 2851 c 94 a 95,1 bcd
C.V. (%) 38% 30% 19% 15%
g.l. (9;30) (9;30) (9;30) (9;30)
Teste F F 0,72 2,12 8,50 19,31
p n.s. * ** **
* Valores precedidos de mesma letra, na vertical, não diferem significativamente, segundo o teste de Tukey, no
nível de 5%. Fonte: Smiderle et at. (2006b)
Quanto a qualidade nutricional, a BRS 151 L-7 possui alto valor nutricional com
relação à qualidade da sua proteína (aminoácidos) e do óleo (ácidos graxos). Mediante análise
por ressonância magnética, a cultivar apresentou 46% de óleo bruto nas suas sementes,
podendo este óleo ser utilizado também como biocombustível. A proteína, determinada pelo
método semimicro Kjeldahl e utilizando o fator de transformação de 5,46, situa-se em 30%,
cuja farinha, após desengordurada, apresenta 55% de proteína, superior à média das cultivares
do grupo Valência (53%) e Spanish (48%).
511
Tabela 3. Valores médios dos componentes de produção dos materiais de amendoim de porte
ereto produzidos no campo experimental Água Boa, em cerrado de Roraima 2005, ordenados
segundo o teste de Tukey (α=0,05)
VP
Materiais Prod PV100 PS100 PVC100 NSV10 PSV100
(%)
BR-01 3776 a 121,61 a 88,00 ab 37,15 c 31,73 ab 26,25 a 89,90 ab
L-07 4398 a 104,48 dcba 82,00 ab 49,98 a 25,85 cd 19,00 c 78,63 abcd
Serrinha 4237 a 128,06 a 94,75 a 41,98 b 34,35 a 24,75 a 94,00 a
076-AM 3985 a 84,13 ed 87,25 ab 38,18 bc 19,60 fg 23,00 ab 64,75 cd
166-AM 5248 a 77,86 e 85,75 ab 35,78 c 16,35 g 18,50 c 61,30 d
179-AM 4358 a 93,68 edcb 82,50 ab 42,43 b 22,38 def 19,75 bc 71,08 bcd
178-AM 4439 a 88,12 edc 80,00 ab 42,53 b 20,40 efg 18,50 c 67,80 cd
180-AM 4998 a 109,20 cba 80,75 ab 51,75 a 23,95 de 19,75 bc 84,95 abc
184-AM 4310 a 115,59 ba 84,25 ab 54,23 a 29,35 bc 19,50 bc 84,78 abc
202-AM 2623 a 76,20 e 76,25 b 36,85 c 18,80 fg 19,25 c 58,53 d
Média 4237 99,89 84,15 43,08 24,28 20,83 75,57
C.V. (%) 38,2 19,8 8,9 15,4 24,3 14,4 18,8
P n.s. ** * ** ** ** **
*Prod – produtividade de grãos (kg ha-1); PV100 – peso de 100 vagens (g); VP(%) – percentual de vagens
perfeitas (%); PS100 – peso de 100 sementes (g); PVC100 – peso de casca de 100 vagens (g); NSV10 – número
de sementes em 10 vagens (unidade); PSV100 – peso de sementes em 100 vagens (g)ç Fonte: Smiderle et al.
(2006)
512
Tabela 4. Composição de aminoácidos (g/ 100 g de proteína) na farinha desengordurada de
quatro cultivares de amendoim, comparada ao padrão FAO-85.
Aminoácidos BRS 151 L- Padrão FAO-
Tatu BR 1 Senegal 55437
essenciais 7 85
ILE 3,21 3,07 3,17 3,08 2,80
LEU 6,51 6,51 6,65 6,45 4,40
LYS 3,68 3,66 3,47 3,89 4,40
PHE 6,00 5,88 5,80 5,86 2,20
PHE + TYR 11,26 10,98 11,08 10,54 -
MET+ 1/2CYS 3,16 2,82 2,73 2,03 2,20
THR 3,39 3,42 3,27 3,14 2,80
TRP 0,98 0,93 0,87 0,85 0,90
VAL 3,36 3,35 3,50 3,49 2,50
HIS 2,74 2,64 2,58 2,53 1,90
Fonte: Freire (1997)
4 CONCLUSÃO
Em função dos bons resultados de produtividade de grãos e das boas características
agronômicas apresentadas, indica-se a extensão para cultivo em cerrado de Roraima da
cultivar de amendoim BRS 151 L-7.
513
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(FAO/OMS. Série de Informes Técnicos, 724).
NOGUEIRA, R.J.M.C.; SANTOS, R.C. dos; BEZERRA NETO, E.; SANTOS, V.F.
Comportamento fisiológico de duas cultivares de amendoim submetidas a diferentes regimes
hídricos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.33, n.12, p.1963-1969, dez. 1998.
PIO-RIBEIRO, G.; SANTOS, R.C. dos; ANDRADE, G.P.; ASSIS FILHO, F.M.;
KITAGIMA, E.W.; OLIVEIRA, F.C.; PADOVAN, I.P.; DEMSKI, J.W. Isolamento e
erradicação do 'peanut stripe virus' em amendoim no Estado da Paraíba. Fitopatologia
Brasileira, Brasília, v.21, n.2, p.289-291, 1996.
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Arachis Newsletter, Patancheru, Índia, v.15, p.12-13, 1995.
SANTOS, R.C; FARIAS, F.J.C.; REGO, G.M.; SILVA, A.P.G.; FERREIRA FILHO, J.R.;
VASCONCELOS, O.L.; COUTINHO, J.L.B. Estabilidade fenotípica de cultivares de
amendoim avaliados na região nordeste do Brasil. Agrotecnologia e Ciência. v.23, n.4. 1999.
514
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BIODIESEL, 2. 2006. Resumos... Piracicaba: ESALQ/USP/LPV, p.56-58. 2006b.
SOARES, J.J.; ALMEIDA, R.P.; SANTOS, R.C.; SANTOS, J.W.; SILVA, C.A.D. Avaliação
do nível de resistência de genótipos de amendoim à mancha angular causada por
Cercosporidium personatum. Campina Grande : Embrapa-CNPA, 1986. 4p. (Pesquisa em
Andamento, 24).
VEIGA, R.F. de A.; NAGAI, V.; GODOY, I.J. de; CARVALHO, L.H.; MARTINS, A.L. de
M. Caracterização morfológica de acessos de amendoim: avaliação da sensibilidade de alguns
descritores. Bragantia, Campinas, v.55, n.1, p.45-56, 1996.
515
ANÁLISE DE IMAGENS RADIOGRAFICAS DE SEMENTES DE
DIFERENTES CULTIVARES DE MAMONA
RESUMO: A mamoneira é uma cultura de grande valor sócio-econômico para o Brasil, mas
sua produção tem sido afetada por fatores que reduzem seu rendimento como a baixa
qualidade das sementes utilizadas para a semeadura. A avaliação rápida e precisa da qualidade
das sementes poderia auxiliar nos programas de controle de qualidade, minimizando esses
efeitos. Dentre os testes rápidos, o teste de raios-X que permite a avaliação da morfologia
interna das sementes por análise de imagem se destaca por ser um teste não destrutivo, no
entanto, pouco se sabe sobre a interpretação do tipo de imagem gerada na radiografia e sua
correlação com a qualidade da semente. Este trabalho foi realizado com intuito de verificar a
possibilidade de identificar variações nos tecidos internos e seus efeitos na qualidade
fisiológica de sementes de mamona. O trabalho foi conduzido na Universidade Federal de
Lavras e as sementes utilizadas foram das cultivares Guarani e IAC-80. As sementes foram
classificadas de acordo com a morfologia interna visualizada nas radiografias, e foram
submetidas aos testes de germinação, primeira contagem de germinação, emergência e índice
de velocidade de emergência (IVE). Pela análise dos resultados obtidos, conclui-se que é
possível identificar os diferentes tipos de tecidos internos e danos morfológicos e físicos em
sementes de mamona pela utilização de raios-X. A análise radiográfica é eficiente como
instrumento de melhoria da qualidade de lotes de sementes de mamona. Tecidos que geram
imagens translúcidas, deformações no embrião, com tecido de reserva inferior a 50% do
endosperma ou manchadas, afetam negativamente o potencial fisiológico dos lotes.
516
1 INTRODUÇÃO
A cultura da mamona tornou-se uma das mais tradicionais do semi-árido brasileiro, e
tem sido valorizada devido ao aumento do consumo de combustíveis de origem vegetal, além
de fazer parte da matéria-prima para outros produtos, entretanto seu comércio no Brasil tem
apresentado alguns problemas, segundo (FORNAZIERI JÚNIOR, 1986) pela escassez de
sementes produzidas e pela ausência de controle da qualidade na sua produção.
A produção de frutos de mamona no campo está diretamente relacionada com o plantio
de sementes de alta qualidade, que nessa cultura pode ser prejudicada pela ocorrência de
sementes vazias, porosas ou danificadas internamente (Severino et al, 2004). A avaliação da
qualidade fisiológica das sementes é um fator fundamental e de grande valia para os diversos
segmentos que compõem um sistema de produção de sementes, contribuindo
significativamente para a manutenção e o aprimoramento da qualidade deste insumo básico,
com reflexos diretos na produtividade agrícola (Carvalho et al, 2006). Desta forma programas
de controle da qualidade física e fisiológica de sementes são fundamentais e consistem no
primeiro passo para a expansão e o aumento da produtividade da cultura
Dentre os diversos testes para avaliação de qualidade de sementes, o teste de raios X,
por se tratar de método não destrutivo, permitem que as sementes em análise possam ser
submetidas a testes fisiológicos e, desta forma, propiciar o estabelecimento de relações entre
os danos e os prejuízos causados à qualidade (Cicero et al., 1998).
Alguns autores observaram também que o uso do teste de raios X em sementes pode
auxiliar na avaliação da viabilidade das mesmas; porém, é necessário estabelecer relações
entre estrutura interna e plântulas formadas.
Diante da escassez de informações sobre os efeitos de danos internos em sementes de
mamona, objetivou-se com este trabalho investigar o potencial da análise de imagens
radiográficas na avaliação de qualidade das sementes e seu utilização como instrumento de
auxílio à melhoria da qualidade de lotes.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Sementes do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras.
As sementes utilizadas foram das cultivares Guarani e IAC-80, provenientes de campos
experimentais da região sul de Minas Gerais com umidades de 6,5% e 7,5% respectivamente.
517
Para obtenção das imagens radiográficas foram conduzidos pré-testes para seleção do
tempo e intensidade de radiação, necessários à visualização da morfologia interna de sementes
de mamona sendo testadas intensidades de radiação variando de 20 a 50Kv e tempos de
exposição de 15 a 75 segundos, em equipamento de raios X Faxitron HP modelo 43855A X e
filme Kodak MR 2000. Definidos o tempo de exposição e a intensidade de radiação, todas as
sementes foram dispostas em placas de isopor (18x24x1cm), contendo 100 sementes por placa
e radiografadas.
De acordo com a morfologia interna visualizada nas radiografias, as sementes foram
classificadas em 7 categorias: sementes cheias com aparência opaca ou perfeita (C – opaca),
sementes cheias com aparência manchada (C – manchada), sementes parcialmente cheias com
aparência opaca ou perfeita (PC – opaca), sementes parcialmente cheias com imagem
translúcida (PC – translúcida), sementes parcialmente cheias com deformação no embrião
(PC – def. embrião), sementes parcialmente cheias com aparência manchada (PC –
manchada) e sementes vazias, com menos de 50% do tecido de reserva de acordo com a ISTA
(2005).
As sementes de cada categoria foram submetidas aos testes de germinação, primeira
contagem de germinação, emergência e índice de velocidade de emergência (IVE).
O teste de germinação foi realizado em papel toalha germitest na forma de rolos,
umedecido com água destilada, em quantidade equivalente a 2,5 vezes o peso do papel,
mantidos em germinador à temperatura de 25oC. Foram utilizadas oito repetições de 25
sementes, por categoria. Os resultados foram expressos em porcentagens de plântulas normais
de acordo com as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992). A primeira contagem de
germinação foi realizada no 7o dia após a semeadura.
Para o teste de emergência em campo, a semeadura foi feita em substrato terra e areia na
proporção 1:2, com regas regulares. Foram utilizadas oito repetições de 25 sementes por
categoria. Foram calculados o estande inicial e final e também o índice de velocidade de
emergência, determinado segundo fórmula proposta por Maguire (1962).
O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualisado. Foi utilizado o
programa estatístico SISVAR para a comparação das médias por meio do teste de Scott-Knott
ao nível de probabilidade de 5% de erro.
518
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da avaliação da primeira contagem do teste de germinação das sementes
de mamona das cultivares Guarani e IAC 80 separadas em diferentes categorias separadas são
apresentados na Tabela 1.
Para cultivar Guarani observa-se variação do vigor das sementes classificadas nas
diferentes categorias, já na cultivar IAC 80, apenas as sementes totalmente cheias se
mostraram mais vigorosas na 1ª contagem da germinação em relação às demais categorias.
Essas diferenças de resposta a subdivisão nas categorias entre as cultivares podem ser
explicadas pelo nível de deterioração e capacidade de absorção de água que pode diferir entre
materiais genéticos. De acordo com CARVALHO et al (Informativo Abrates 2006) as
imagens radiográficas podem ser afetadas pela umidade e composição química do material
analisado. De modo geral as sementes parcialmente cheias e vazias apresentaram menor
germinação na primeira contagem. Na segunda contagem do teste de germinação (Tabela 2), a
classificação estatística das categorias da cultivar Guarani se manteve, já com a cultivar IAC
80 as diferenças entre as categorias aumentaram, sendo que as sementes opacas apresentaram
germinação superior as das outras categorias. Com as duas cultivares pode-se observar que as
sementes com danos internos observados através das radiografias foram afetadas
negativamente em sua germinação. Isto comprova a eficiência de se avaliar por meio de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
519
análise de imagens a morfologia interna de sementes de mamona. Resultados semelhantes
foram encontrados para outras espécies como Oliveira et al (2003) que utilizou o teste de
raios-x na avaliação da qualidade de sementes de canafístula, Leon et al. (1986), que utilizou
técnicas de raios-X para avaliar injúrias em sementes de diversas cultivares e Cicero et al.
(1998), utilizou a análise de imagens para identificar os efeitos dos danos mecânicos sobre a
germinação de sementes de milho.
Tabela 2 - Germinação (%) de sementes de mamona das cultivares Guarani e IAC 80,
*classificadas nas categorias cheias (C) e parcialmente cheias (PC). UFLA – Lavras, 2007
Categorias* CULTIVAR
Guarani IAC 80
C – opaca 94,0 aA 88,5 aA
C – manchada 79,0 bA 51,5 bB
PC – opaca 85,5 bA 50,5 bB
PC – translúcida 46,0 dA 18,5 cB
PC – def. embrião 42,5 dA 13,0 cB
PC – manchada 56,5 cA 41,5 bB
Vazias 1,0 eA 0,5 dA
Obs.: Médias seguidas na mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste
Scott-Knott a 5% de probabilidade
520
Tabela 3 - Resultado da determinação de plântulas anormais deformadas (%), anormais
infectadas (%) e sementes mortas (%) de sementes de mamona das cultivares Guarani e IAC
80, *classificadas nas categorias cheias (C) e parcialmente cheias (PC). UFLA – Lavras, 2007
e submetidas ao teste de germinação.
Categorias* Pl. anormais deformadas Pl. anormais infectadas Sementes mortas
Guarani IAC 80 Guarani IAC 80 Guarani IAC 80
C – opaca 2,0 bA 6,0 bA 0,5 aA 4,0 bA 3,5 eA 1,5 dA
C – manchada 5,5 bB 26,5 aA 3,0 aB 17,0 aA 12,5 eA 5,0 dA
PC – opaca 2,5 bB 23,0 aA 4,5 aB 24,0 aA 7,5 eA 2,5 dA
PC – translúcida 3,0 bB 21,0 aA 3,0 aB 15,5 aA 48,0 bA 45,0 bA
PC – def. embrião 13, 0 aB 32,5 aA 7,0 aA 14,0 aA 37,5 cA 40,5 bA
PC – manchada 0,5 aB 26,5 aA 10,0 aA 13,5 aA 23,0 dA 18,5 cA
Vazias 2,0 bA 5,0 bA 1,0 aA 0,0 bA 96,0 aA 94,5 aA
Obs.: Médias seguidas na mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha para cada tipo de plântula ou
semente não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade
521
Tabela 3 - Resultado do teste de Emergência aos 14 dias (%) aos 21 dias (%) e índice de
velocidade de emergência IVE (%) de sementes de mamona das cultivares Guarani e IAC 80,
*classificadas nas categorias cheias (C) e parcialmente cheias (PC). UFLA – Lavras, 2007
Categorias* Emergência aos 14 dias Emergência aos 21 dias IVE
Guarani IAC 80 Guarani IAC 80 Guarani IAC 80
C – opaca 95,0 aA 49,5 aB 98,5 aA 82,5 aB 4,82 aA 3,18 aB
C – manchada 77,0 bA 40,0 bB 88,5 bA 74,0 bB 3,93 bA 2,61 bB
PC – opaca 76,0 bA 10,5 cB 89,0 bA 55,5 cB 3,92 bA 1,66 cB
PC – translúcida 32,5 eA 5,5 dB 48,5 dA 24,0 eB 1,87 dA 0,71 eB
PC – def. embrião 45,0 dA 6,0 dB 66,0 cA 35,5 dB 2,59 cA 1,04 dB
PC – manchada 55,0 cA 14,0 cB 71,0 cA 56,5 cB 2,85 cA 1,74 cB
Vazias 0,0 fA 0,5 dA 0,0 eA 1,0 fA 0,00 eA 0,03 fA
Obs.: Médias seguidas na mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste
Scott-Knott a 5% de probabilidade
4 CONCLUSÕES
A utilização da analise de imagens geradas por raios X é eficiente na avaliação de
qualidade de sementes de mamona e como instrumento de auxílio à melhoria da qualidade de
lotes.
É possível identificar através de imagens geradas por raios X, os diferentes tipos de
tecidos internos e danos morfológicos e físicos que podem ocorrer em sementes de mamona e
que afetam a qualidade fisiológica dos lotes.
Tecidos que geram imagens translúcidas, deformações no embrião, com tecido de
reserva inferior a 50% do endosperma ou manchadas, afetam negativamente a qualidade dos
lotes.
522
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CICERO, S.M. et al. Evaluation of mechanical damage in seeds of maize (Zea mays L.) by X-
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1996. 336p. Supplement.
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of some economic plants. Indiam Journal of Genetics & Plant Breeding, v.21, n.2, p.129-135,
1961.
523
BIODIESEL X VELOCIDADE: DESEMPENHO DE UM TRATOR
AGRÍCOLA
524
1 INTRODUÇÃO
As alternativas energéticas aliadas à crise energética vê resultando na realização de
inúmeras pesquisas em outras fontes não dependentes do petróleo. A investigação do
potencial combustível sobre os óleos vegetais constitui-se em uma dessas alternativas e vem
apresentando resultados animadores (SALAZAR, 2002).
O uso do biodiesel de óleo usado em frituras utilizado em ônibus do transporte coletivo
da cidade de Curitiba, cedido pela Prefeitura Municipal por meio da Companhia de
Urbanização (URBS) utilizado com motor turbinado e potência de 238 CV, percorrendo 915
km utilizando 20% de biodiesel e 80% de diesel convencional, apresentou desempenho
normal, exceto por leve odor de óleo de frituras expelido pelo escapamento, sendo a média de
consumo de biodiesel de 2,1 km L-1, que esteve na faixa de normalidade para veículos desse
porte, que normalmente utilizam óleo diesel puro (ZAGONEL et al.,1999).
RABELO (2001) ressalta a necessidade de reciclar resíduos e assim o óleo de fritura
vem contribuir como combustível alternativo de excelente qualidade. O mesmo autor
trabalhando com motor de ciclo diesel, sem adaptações, observou que a mistura de biodiesel e
diesel resultou num aumento de potência e torque quando se aumentou a proporção de
biodiesel no diesel, principalmente para faixas de rotações mais baixas e o consumo
específico dessas misturas se apresentou mais elevado.
O uso do biodiesel nos motores a combustão do ciclo diesel podem contribuir para
melhoria do desempenho do trator fica evidenciado que não existe definições quanto as
melhores proporções de biodiesel e diesel para serem usadas.
Dessa forma, objetivou-se avaliar o desempenho do trator agrícola na operação de
gradagem em diferentes proporções de biodiesel no diesel juntamente com a velocidade de
deslocamento do conjunto.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção (FEPP) da
UNESP, Campus de Jaboticabal, no Estado de São Paulo (Brasil), e conduzido pelo
Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (LAMMA), do Departamento de
Engenharia Rural. A área experimental foi localizada nas coordenadas geodésicas de 21º15''
latitude Sul e 48º18''' longitude Oeste, com altitude média de 570.
No local onde foi conduzido o experimento o solo é classificado pela EMBRAPA
(1999) como Latossolo Vermelho Eutroférrico típico, textura argilosa (55%), areia (20%) e
525
silte (25%), a moderado caulinítico vídreo, sendo o clima Cwa de acordo com a classificação
de Koeppen, ou seja, subtropical úmido, com estiagem no período do inverno.
O trator utilizado foi o Valtra BM100, 4 x 2 TDA (tração dianteira auxiliar), 73,6 kW
(100 cv) de potência no motor, com 2000 rotações no motor. Apresentava massa de 5.400 kg
(40% dianteiro e 60 % traseiro), pneus dianteiros de 14.9 – 24 R1 com 3,8 m de perímetro e
pressão de inflagem de 18 psi (124 KPa), e pneus traseiros de 23.1 – 26 R1 com 4,9 m de
perímetro e pressão de inflagem de 22 psi (152 KPa).
O biodiesel utilizado no ensaio foi do tipo etílico, filtrado e produzido a base de óleo
residual. Tal produto foi desenvolvido pelo Laboratório de Química (LADETEL - Laboratório
de Tecnologias Limpas) da USP - Ribeirão Preto.
Para aderir o tempo de cada parcela foi utilizado um sistema de aquisição de dados
descrito por FURLANI et al. (2005), o qual dispunha de cronômetro interno com precisão de
centésimos de segundos sendo um micrologger CR23X de marca CAMPBELL SCIENTIFIC,
INC. Os dados posteriormente foram descarregados em um microcomputador convencional
via cabo onde eram construídas planilhas eletrônicas em um programa específico (PC 208W
3.2 - Datalogger Support Software).
Para medir o consumo de combustível foi utilizado um protótipo, construído e descrito
por LOPES et al. (2003), ligado automaticamente com o acionamento do sistema de aquisição
de dados e precisão de 1 mL. A temperatura do combustível foi obtida com equipamento S&E
Instrumentos de Testes e Medições LTDA, modelo SSRP-C ME 6446/02 PT100 com
precisão de 0,01ºC.
Com a finalidade de oferecer resistência ao trator testado, foi acoplada à barra de tração
uma grade aradora de arrasto com as seguintes características: Marchesan/Tatu, 16 discos
recortados com diâmetro de 24” e possuía rodas de transporte acionadas por controle remoto.
O delineamento experimental foi conduzido em blocos inteiramente casualizados,
esquema fatorial 5x4, com 20 tratamentos e 4 repetições, totalizando 80 observações. Sendo 5
proporções (B0, B25, B50, B75 e B100) com as velocidades de 2,7, 4,3, 6,0 e 6,7 km h-1.
Cada parcela experimental ocupou uma área de 60 m2 (20 x 3,0 m) e entre as parcelas,
no sentido longitudinal, reservou-se um intervalo de 15 m, cuja finalidade foi realizar
manobras, trânsito de máquinas e equipamentos e estabilizar as determinações em cada
tratamento.
Para o cálculo do consumo de combustível horário (Ch), empregou-se a Eq. 1.
C 3,6
Ch = (1)
t
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
526
em que,
Ch é o consumo horário (L h-1);
C é o volume consumido (mL);
t é o tempo de percurso na parcela (s); e
3,6 é o fator de conversão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 é apresentado o resultado da interação entre as proporções de biodiesel no
diesel e as velocidades de deslocamento para o consumo horário volumétrico.
Analisando-se o fator proporção verifica-se que para com o aumento do mesmo, ocorre
aumento no consumo de combustível. Isso pode-se observado com maior clareza pelo ponto
de início no eixo do consumo, que é 9,6 L h-1 para B100, as menores proporções têm menor
consumo. Pode-se notar que o ajuste foi linear para o consumo horário e ponderal.
O aumento da velocidade ocasiona aumento no consumo de combustível devido ao
aumento de potência requerida.
527
Consumo (L/h) = 6.192 + 1.319*x + 0.006*y
R² = 0.99
17
16
15
14
13
12
11
10
9
9.628
100 10.426
80 7 11.225
6 12.024
60 12.823
5
40 4 13.622
20 14.421
3
15.22
0 2 above
Proporção (%) Velocidade (km/h)
(a)
15
14
13
12
11
10
9
8
7.977
100 8.977
80 7 9.977
6 10.977
60 11.977
5
40 12.977
4
20 13.977
3
14.977
0 2 above
Proporção (%) Velocidade (km/h)
(b)
Figura 1. Consumo de combustível horário (a) e ponderal (b) nas proporções e velocidades de
deslocamento
528
valores absolutos são menores que do anterior devido o cálculo utilizar a densidade do
combustível. Mas pela observação da Figura 1 (b) é possível notar que a variação é mais
drástica que do consumo horário, observado pelo ponto inicial no eixo Z para a proporção
B100 e B0.
Na Figura 2 é apresentado a variação da velocidade entre a real e a obtida com o trator
na operação de gradagem. Fato observado é que a variação diminui até a velocidade de 4,5
km h-1 e depois começa a aumentar novamente mais intensamente. Desse modo o ajuste
proposto foi quadrático devido ao comportamento que os dados apresentaram.
1
0.462
100 0.962
80 7 1.462
6 1.962
60 2.462
5
40 2.962
4
20 3.462
3
3.962
0 2 above
Proporção (%) Velocidade (km/h)
4 CONCLUSÃO
Ocorreu aumento de maneira linear do consumo de combustível horário e ponderal com
o incremento da velocidade e da proporção de biodiesel.
A variação da velocidade em relação a real foi maior a partir de 5,5 km h-1. O aumento
da proporção de biodiesel aumenta a variação da velocidade. A interação desses fatores age de
forma quadrática na variação da velocidade.
529
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos. Brasília, 1999.412p.
530
DESEMPENHO PRODUTIVO DE CULTIVARES DE GIRASSOL EM
CERRADO DE RORAIMA
RESUMO: A cultura do girassol (Helianthus annuus L.) pode ser conduzida em diversas
épocas do ano, destacando-se desta forma, entre as culturas viáveis de serem exploradas em
cerrado (lavrados) de Roraima. Entretanto, as cultivares podem apresentar diferenças de
adaptação e desenvolvimento dependendo da área de cultivo. Assim, desenvolveu-se este
estudo comparativo em área experimental da Embrapa Roraima em 2006/7, visando avaliar o
desempenho de seis cultivares (Hélio 250; Hélio 251; Hélio 253; Hélio 358; Hélio 360 e IAC)
semeadas manualmente em época seca, com irrigação suplementar no campo experimental
Monte Cristo, pertencente a Embrapa Roraima, em Boa Vista, Roraima. Utilizou-se parcelas
de 4 fileiras de 5 metros, distanciadas de 0,70 m, 52.000 plantas por hectare, num
delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições, sendo a semeadura realizada em 01
de dezembro de 2006. Foram avaliadas a altura de plantas, altura de capítulos, diâmetro das
hastes e de capítulos bem como a produtividade de aquênios. O ciclo médio de cultivo para as
cultivares avaliadas foi de 79 dias. Os resultados obtidos para girassol cultivado em época
seca, com irrigação, mostram a cultivar Hélio 360 como a mais adaptada e produtiva (3.140
kg ha–1) para o cultivo em condições do cerrado de Roraima.
531
1 INTRODUÇÃO
A cultura do girassol apresenta-se como uma opção promissora para a agricultura no
cerrado de Roraima. Dentre as oleaginosas é uma cultura que possui um dos maiores índices
de crescimento no mundo. O interesse que o girassol está despertando deve-se a qualidade e
ao múltiplo uso de seus produtos derivados e à sua ampla adaptabilidade, podendo se
constituir numa alternativa adicional para cultivo e, principalmente, compor um sistema de
produção de grãos, com grande potencial de utilização (ENDRES, 1993).
Dentre os óleos vegetais, o óleo de girassol destaca-se por suas excelentes
características físico-químicas e nutricionais. Possui alta relação de ácidos graxos
poliinsaturados (65,3%)/ saturados (11,6%), sendo que o teor de poliinsaturados é constituído,
em grande parte, pelo ácido linoléico (65%). Este é essencial ao desempenho das funções
fisiológicas do organismo humano e deve ser ingerido através dos alimentos, já que não é
sintetizado pelo organismo (CASTRO et al., 1997).
Na condução do cultivo do girassol, é importante o conhecimento da fenologia da planta
em cada fase do desenvolvimento da cultura. Da emergência aos 30 dias (aparecimento do
botão floral), o crescimento é lento, consumindo pouca água e nutrientes. A partir desse
período até o final do florescimento, o crescimento é rápido, aumentando o consumo de água
e de nutrientes (CASTRO et al., 1997).
A época de semeadura é importante para se obter sucesso no cultivo do girassol, sendo
bastante variável e dependente das características climáticas de cada região de cultivo
(CASTRO et al., 1997). A cultura pode ser semeada durante o ano todo, caso haja
disponibilidade de água.
Essa oleaginosa em cultivo de sucessão da cultura principal, poderá ser encontrada, em
futuro próximo, vegetando em extensas áreas, que no momento estão ociosas a espera de boas
opções de plantio, principalmente em função da produção de óleo para uso como
biocombustivel. Desse modo o girassol apresenta-se como um cultivo potencial para o estado
de Roraima com possibilidade de semeaduras durante o ano, restando definir as cultivares
mais produtivas e adaptadas para as condições edafoclimáticas de cerrado em Roraima.
Pelo exposto acima, em Roraima, existe ainda carência de resultados que permitam
indicar materiais de girassol aos agricultores. Portanto, neste trabalho objetivou-se avaliar seis
cultivares de girassol semeadas na época seca no cerrado de Roraima.
532
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas sementes de seis cultivares de girassol (Hélio 250; Hélio 251; Hélio 253;
Hélio 358; Hélio 360; e IAC) obtidas no Brasil central. O trabalho foi realizado no campo
experimental do Monte Cristo, da Embrapa Roraima, com utilização de irrigação por aspersão
para a suplementação de água.
O experimento foi instalado em 01 de dezembro de 2006 no campo experimental Monte
Cristo, pertencente a Embrapa Roraima, em delineamento de blocos ao acaso, com quatro
repetições, sendo as parcelas compostas por quatro fileiras de 5 m de comprimento, em 0,70
m entre linhas com população de 53.000 plantas por hectare. As duas fileiras centrais foram
utilizadas como área útil.
O solo para o cultivo apresentava as seguintes características: pH (índice SMP)= 6,8; Al
trocável (cmolc dm-3)= 0,01; Ca+Mg (cmolc dm-3) = 3,85; P2O5 (mg dm-3)= 180,36; K2O (mg
dm-3)= 129,48; Matéria orgânica = 20,2 g dm-3, e textura com 29,72% de argila e 14,11% de
silte.
A adubação de semeadura foi realizada manualmente aplicando-se 400 kg ha-1 da
fórmula 02-20-20, e em cobertura 80 kg ha-1 de uréia, além de 10 kg ha-1 de Bórax (11,5% de
B). A semeadura foi realizada com duas sementes espaçadas de 0,20 m em sulco (utilizado
para adubação), sendo feito posteriormente desbaste aos 12 dias após a emergência, deixando-
se apenas uma plântula.
Os parâmetros avaliados foram: altura de plantas, tomando como medida a inserção do
capítulo até o colo da planta, no florescimento pleno, R5.5 (SCHNEITER & MILLER, 1981);
altura do capítulo, tomada do nível do solo até a base do capítulo; diâmetro da haste, no final
do florescimento pleno, medindo-se com paquímetro 20 plantas a 0,05m do nível do solo;
diâmetro de capítulos, medindo-se 40 capítulos da área útil no momento da colheita; e, a
produtividade, pela pesagem dos aquênios produzidos na área útil e corrigidos para 11% de
umidade e para um hectare de cultivo.
Os componentes de variância para as variáveis agronômicas foram obtidos através do
método de esperança de quadrados médios (EQM). Os valores médios foram ordenados
segundo o teste de Tukey. Tanto no teste de ordenção de médias, quanto na análise de
variância o nível de significância adotado foi o de 5%.
533
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O efeito das cultivares (C) foi significante na maioria das variáveis agronômicas (Tabela
1). A contribuição deste efeito foi elevada na produtividade (PROD), bem como nos
indicadores de crescimento como a altura de plantas (ALT) e a altura de capítulos (ALTCAP)
(Tabela 1).
Também foi determinada influência significativa do efeito de blocos (B) em três
variáveis agronômicas (Tabela 1). A produtividade de aquênios foi influenciada
significativamente (Tabela 1).
534
cultivares avaliadas, estes não apresentaram diferenças significativas variando os valores
obtidos entre 92,7 e 117,5 gramas por 100 aquênios (Tabela 2).
Os resultados em produtividade de aquênios de girassol apresentaram diferenças
significativas entre as cultivares, destacando-se a Hélio 360 com produtividade média de
3.140 kg ha-1, sendo superior comparativamente aos materiais Hélio 250 (2.380 kg ha-1) e ao
IAC, que produziu 1.928 kg ha-1 (Tabela 2). Esta produtividade baixa pode, em parte, deve-se
ao baixo vigor apresentado pelas sementes, resultando em menor estande inicial, bem como
pela presença de sintomas de Alternaria nas folhas das plantas já em pré-florada, o que
possivelmente reduziu a capacidade fotossintética das plantas. Os valores médios de
produtividade de aquênios de girassol obtidos neste trabalho foram todos superiores da média
nacional para a cultura do girassol, que está em 1.600 kg ha-1. Evidenciando mais uma vez a
capacidade produtiva do girassol para cultivo em Roraima.
535
Tabela 2. Valores médios de variáveis agronômicas de girassol em função das cultivares,
produzido em época seca em Roraima, ordenados segundo o teste de Tukey (α=0,05).
Cultivares ALT ALTCAP DHAS
536
4 CONCLUSÃO
A cultivar Hélio 360 é a mais adaptada e produtiva (3.140 kg ha-1) para cultivo de
girassol, com irrigação, em cerrado de Roraima na época seca.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, C. de; CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A.; LEITE, R.M.V.B. de C.; MELO,
H.C.; GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J.R. A cultura do girassol. Londrina,
EMBRAPA/CNPSo. 1997. 36p. (Circular Técnica, 13).
ENDRES, V.C. Avaliação de cultivares de girassol no Mato Grosso do Sul 1991/92. In:
REUNIÃO NACIONAL DO GIRASSOL. 10, 1993. Goiânia. Anais… Goiânia: IAC, v.1,
p.35-36. 1993.
SCHNEITER, A.A.; MILLER, J.F. Description of sunflower growth stages. Crop Science,
Madison, v.21, p.901-903. 1981.
537
ANÁLISE DA INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA EM UM TRATOR
AGRÍCOLA ENSAIADO COM BIODIESEL
538
1 INTRODUÇÃO
A crise de petróleo dos anos 70 despertou o mundo para a busca de formas alternativas
de energia. No Brasil houve a criação do Pró-Álcool nos anos 80 e outros programas de
incentivo ao uso de combustíveis alternativos como óleos vegetais, gasogênio, gás natural,
biogás e outros. A partir daí que os combustíveis alternativos e renováveis oriundos da
biomassa vêm à tona, como uma das soluções para o desenvolvimento auto-sustentado.
Uma das opções que se tem estudado para a substituição do diesel para os motores de
combustão por compressão é o biodiesel, um biocombustível, que resulta da transesterificação
de óleos vegetais e pode ser obtido a partir do óleo de girassol, amendoim, algodão, soja,
mamona, e diversas outras plantas oleaginosas.
Os biocombustíveis são caracterizados como combustíveis derivados de biomassa
renovável para uso em motores a combustão interna ou, conforme regulamento, para outro
tipo de geração de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustível de origem
fóssil, definição conforme Lei nº 9.478/97.
Os primeiros estudos com biodiesel começaram segundo Peterson et al. (1999), com o
uso de óleo de colza, em 1979, como combustível alternativo. De lá para cá diversos outros
trabalhos foram realizados, com diferentes tipos de óleos vegetais puros ou misturados com
diesel. O estudo do uso de 12 combustíveis alternativos, produzidos pela mistura de óleos
vegetais com óleo diesel tipo 2, em um motor diesel, realizado por Ali et al. (1996), em
bancada dinamométrica, mostrou que o desempenho do motor foi similar ao obtido com óleo
diesel.
No Brasil, a instituição do Programa Nacional de Óleos Vegetais (OVEG I) permitiu a
realização de testes com óleos vegetais de composição química e grau de insaturação
variados. Os principais óleos que estão sendo testados são os derivados de macaúba, pinhão-
manso, indaiá, buriti, pequi, mamona, soja, babaçu, cotieira, tinguí e pupunha. A partir dessa
liberação vários testes começaram a ser feitos, nas diversas instituições de pesquisa do país,
utilizando o biodiesel em tratores agrícolas, este nas diversas proporções com o óleo diesel,
inclusive na forma B100. Diferentes parâmetros têm sido estudados em relação ao uso do
biodiesel, sendo um deles muito importante, a determinação da curva de potência, da curva de
torque, do consumo específico e do consumo horário de combustível. Estes parâmetros
citados são determinados utilizando um dinamômetro acoplado à TDP (dinamômetro de
absorção ou freio Prony), seguindo a metodologia prescrita pela NBR 13400 Silveira (2001),
539
fluxômetro, Tubo de Pitot do tipo Venturi, responsável pela mensuração da relação
estequiométrica (ar/combustível), cronômetro e coletor de dados.
Um freio Prony é a forma mais elementar do dinamômetro de absorção. Um
dinamômetro de absorção é aquele que mede a potência aplicada e, ao mesmo tempo,
converte-a em qualquer outra forma de energia, normalmente calor. O freio Prony não é
inteiramente apropriado para as determinações de potência versus velocidade, de um motor de
combustão interna, pois as curvas do conjugado versus velocidade, do freio e do motor, são
aproximadamente as mesmas. Desse modo, o controle de velocidade é fraco. Quando
empregado com precaução, pode-se esperar que o freio Prony meça a potência com um erro
de cerca de 1%, Filho e Garcia (2001).
Apesar do conhecimento dos biocombustíveis ter já décadas, os experimentos
científicos nessa área são relativamente recentes. Assim sendo, não existe ainda uma
metodologia universal aplicada para todos os tipos de pesquisas no assunto, havendo assim a
necessidade de se testar e qualificar quais são métodos e os parâmetros mais pertinentes na
confiabilidade dos resultados obtidos. Foi pensando neste propósito que este trabalho foi
executado, onde o objetivo central era o de se averiguar quais os fatores, pertinentes à
instrumentação utilizada, são relevantes para a obtenção de uma maior confiabilidade dos
dados adquiridos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio do trator agrícola foi realizado no Laboratório de Protótipos do Setor de
Máquinas e Mecanização Agrícola do Departamento de Engenharia da Universidade Federal
de Lavras – MG. Foi utilizado um dinamômetro de absorção, modelo NEB 200, marca AW
DYNAMOMETER, que transforma energia mecânica em calor por meio de um freio
hidráulico, onde o calor gerado no freio é dissipado por água de arrefecimento, um
fluxômetro, um totalizador, um coletor de dados, um Tubo de Pitot do tipo Venturi,
recipientes plásticos devidamente graduados e um cronômetro. As proporções de
combustíveis utilizados nos ensaios foram da ordem de 50 litros de diesel mineral, 50 litros de
biodiesel de soja e 50 litros de biodiesel de azeite, ambos biocombustíveis do tipo B100.
O dinamômetro foi instalado de maneira que o eixo cardã, que o acoplava ao trator,
ficasse nivelado horizontalmente, conforme prescreve a NBR 13400 com respeito a ensaios de
tratores agrícolas utilizando este tipo de dinamômetro.
540
A Figura 1 mostra de maneira figurativa o modelo de acoplagem do dinamômetro à
TDP do trator.
541
pilastra que fazia parte da estrutura do galpão onde o ensaio foi realizado, sobre papel
milimetrado, formando um tubo piezométrico. Com o motor do trator desligado, o nível da
água em cada parte da mangueira se mantinha à mesma altura, portanto na mesma leitura do
papel milimetrado. Com o motor ligado, e aumentando a rotação de giro deste, a demanda de
ar também aumenta, criando assim uma diferença de nível crescente em cada parte da
mangueira, correspondendo leituras diferentes no papel milimetrado. Essa diferença de nível
era, portanto, uma diferença de pressão entre a entrada de ar para o motor (ponta acoplada ao
lado direito do tubo) e a pressão atmosférica (ponta acoplada no dorso superior do tubo).
A Figura 4 mostra a forma que foi utilizada o Tubo de Pitot no ensaio. A figura 5 mostra a
disposição da mangueira na pilastra do galpão.
542
coletor de dados onde este último faz a decodificação do sinal em forma digital e apresenta o
consumo de combustível, horário ou específico conforme o desejado, no totalizador. Cada
mililitro de combustível que passa pelo fluxômetro é registrado como um pulso elétrico,
Silva, Mahl e Benez (2007). A sua instalação deve ser feita no circuito de alimentação do
motor do Trator Agrícola.
A Figura 6 mostra o fluxômetro instalado no sistema de alimentação do trator e a Figura 7
mostra o totalizador instalado.
543
obtidos foi averiguada da mesma forma, e nas mesmas baterias realizadas, de averiguação da
vedação e precisão do Tubo de Pitot.
Para se obter o consumo de combustível real pelo motor há a necessidade de quantificar
a quantidade de combustível que volta para o filtro secundário através do retorno da bomba
injetora. Essa quantificação foi feita de modo mais rudimentar, utilizando para tal propósito
uma mangueira de PVC de 40 mm de diâmetro nominal, um frasco plástico graduado com
capacidade de 1000 ml, um cronômetro e uma pessoa responsável por coletar uma
determinada quantidade de combustível retornado sincronizando com o tempo, ou seja, a
vazão de retorno.
A Figura 7 e a figura 8 mostram como era coletado o combustível retornado da bomba
injetora.
O retorno de combustível neste tipo de trator é do tipo que sai da bomba injetora e volta
novamente para o filtro de combustível secundário. A metodologia de coleta desse
combustível retornado foi na forma de coleta direta, sendo colocada na saída do retorno da
mangueira de PVC. Esta conduzia o combustível até ao frasco plástico graduado, e com um
cronômetro, uma pessoa marcava qual era o tempo para que a quantidade de combustível
retornado somasse 100 ml. Pela diferença de combustível que passava no fluxômetro, que
estava instalado antes da bomba injetora, e a quantidade de combustível que retornava, tinha-
se assim a quantidade de combustível real que o motor consumia em dado momento do
experimento.
544
O torque e a potência do motor foram mensurados através da TDP do trator, em regime
de plena carga. As rotações da TDP foram pré-definidas para esse ensaio em 650, 570, 490,
410, 330 e 250 rpm. Cada ensaio durou em média 20 minutos para cada bloco de aquisição de
dados, sendo um total de 4 blocos por combustível analisado.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados sobre a análise da instrumentação utilizada no ensaio do Trator Agrícola
demonstraram que algumas considerações poderiam ser feitas.
Sobre o questionamento da influência das diferentes posições do fluxômetro, no sistema
de alimentação, na confiabilidade dos dados obtidos, não se pôde chegar a uma afirmação
concreta de que há alguma interferência. Assim que surgiram bolhas no sistema, a primeira
providência tomada foi mudar o local da instalação do fluxômetro, sem haver uma posterior
averiguação do problema.
A excessiva intervenção humana na coleta dos dados demonstrou ser também um fator
ponderante na falta de confiabilidade de obtenção dos mesmos.
A forma de coleta de combustível retornado da bomba injetora, apesar de dar números
relativamente coerentes, não demonstrou ser uma forma confiável de adquirir e quantificar
esse tipo de dado. Uma hipótese que não foi levada em consideração, quando se optou por
fazer a coleta dessa forma, foi a influência da pressão de saída sobre o retorno do
combustível, pois quando ligada ao filtro secundário havia uma certa pressão contrária ao
fluxo do combustível retornável, e quando esse retorno foi posto à pressão atmosférica, essa
pressão contrária parou ser exercida. Assim sendo, não há também uma confiabilidade dessa
mensuração de combustível retornável.
4 CONCLUSÃO
Para uma melhor confiabilidade dos dados a solução seria automatizar mais os
processos de coleta de dados, retirando a participação das leituras humanas que são mais
passíveis a erro;
Na captação da vazão do combustível retornável da bomba injetora, a inserção de outro
fluxômetro no circuito do retorno possibilitaria maior confiabilidade dos dados coletados. Há
também de assinalar que quanto à dúvida da influência da pressão atmosférica sobre o
combustível retornado, não se tornaria mais um possível problema, visto que o circuito de
retorno continuaria fechado.
545
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALI, Y. & HANNA, M. A. Durability testing of a diesel fuel, methyl tallowate, and
ethanol blend in a Cummins N14-410 diesel engine. Transactions of the ASAE, Am. Soc.
of Agric. Engin., v. 39, n.3, p. 793-797, 1996.
ALI, Y., HANNA, M. A. & BORG, J. E. Effect of alternative diesel fuels on heat release
curves for Cummins N14-410 diesel engine. Transactions of the ASAE, Am.Soc. of Agric.
Engin., v. 39, n. 2, p. 407-414, 1996.
SILVEIRA, G. M. DA, Os cuidados com o trator, Série mecanização, v.1 Viçosa, Aprenda
Fácil: 2001.
546
EFEITO DE DIFERENTES ADUBAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO
INICIAL DE MUDAS DE PINHÃO MANSO (Jatropha curca L.)
547
1 INTRODUÇÃO
A exploração humana dos recursos naturais ao longo do tempo sempre objetivou uma
preocupação com questões exclusivamente sócio-econômicas, em detrimento na maioria das
vezes as conseqüências ambientais inerentes da ação antrópica. Vários são os exemplos, de
momentos na história onde o homem simplesmente preocupado com o desenvolvimento a
todo custo, realizou atividades predatórias sobre o meio ambiente, gerando mudanças sociais,
na qualidade de vida, na preservação ambiental e na cadeia produtiva (Bertoni & Lombardi
Neto, 1990).
Os combustíveis fósseis são a fonte de energia mais utilizada pela sociedade para sua
locomoção, no entanto, a sua combustão libera uma grande quantidade de CO2 que contribui
para o aquecimento global. A utilização de fontes renováveis de energia principalmente
aquelas que possam ser utilizadas pelos veículos torna-se uma importante ferramenta afim de
amenizar este impacto ambiental causado pelo uso de combustíveis fósseis.
O Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode
ser obtido por diferentes processos usando como matriz energética uma enorme gama de
espécies vegetais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, soja e pinhão
manso. A adoção deste biocombustível possui várias vantagens em relação ao diesel fóssil,
como por exemplo na queima onde o Biodiesel reduz em 55% a emissão de fuligem e em
35% a liberação de hidrocarboneto (Carnielli, 2003).
Outro importante fator é o uso do gás carbônico gerado na queima de combustíveis em
processos biológicos como a fotossíntese (pela incorporação de CO2 na fitomassa de plantas)
estimulando dessa forma o crescimento e desenvolvimento das lavouras de plantas
oleaginosas, devolvendo ainda à atmosfera o oxigênio. Dessa forma, encontramos um ciclo
fechado de produção sem sobras poluentes (Carnielli, 2003).
O Pinhão manso (Jatropha curca L.), é uma espécie nativa do Brasil, da família das
Euforbiáceas, uma planta geneticamente próxima à mamona, e está sendo apresentada como
uma importante alternativa para o fornecimento de óleo vegetal para a fabricação do
biodiesel. Atualmente, essa espécie não está sendo explorada comercialmente no Brasil, mas
segundo Azevedo (2006) é uma planta oleaginosa viável para a obtenção do biodiesel, pois
produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare, levando de três a quatro anos para
atingir a idade produtiva, que pode se estender por 40 anos.
Cortesão (1956) e Peixoto (1973), narram que sua distribuição geográfica é bastante
vasta devido a sua rusticidade, resistência a longas estiagens, bem como às pragas e doenças,
548
sendo adaptável a condições edafoclimáticas muito variáveis, desde o Nordeste até São Paulo
e Paraná. Estes autores ainda relatam que o pinhão manso se desenvolve bem nas regiões
tropicais secas, nas zonas equatoriais úmidas e em terrenos áridos e pedregosos, podendo, sem
perigo, suportar longos períodos de seca, sendo encontrado plantas de pinhão manso desde a
orla marítima até 1.000 m de altitude, com seu cultivo mais indicado em regiões que
apresentam – se entre 500 e 800 m de altitude.
O pinhão manso pode ser reproduzido via sexuada ou multiplicado por estacas. Em
ambos os casos, a seleção das matrizes deve ser rigorosa, escolhendo-se as melhores plantas.
De modo geral, as plantas oriundas de sementes são mais resistentes e de maior longevidade,
atingindo idade produtiva após quatro anos e produzindo por 30 a 50 anos. Enquanto as
provenientes de estacas são de vida mais curta e sistema radicular menos vigoroso, mas
começam a produzir no segundo ano, possuindo esse processo a vantagem de ser mais
simples e econômico (Arruda et al., 2004).
Segundo Purcino e Drummond (1986) o fato do pinhão manso ser uma cultura perene
de fácil manejo com grande quantidade de óleo extraído das sementes, boa conservação das
sementes após a colheita o torna uma excelente matriz energética para a fabricação do
biodisel, podendo ainda ser produzido nas pequenas propriedades, com a mão-de-obra
familiar disponível.
A crescente expectativa em torno de culturas potencialmente fontes de matéria prima
para a produção de óleo com fins energéticos, tem resultado em uma grande demanda de
informações a cerca de espécies nativas e como o pinhão manso.
Dentre os vários aspectos a serem estudados, um de grande importância diz respeito as
necessidades nutricionais desta cultura, sendo ainda raros os trabalhos encontrados na
literatura, com relação ao uso de importantes macronutrientes como o fósforo e o potássio.
Sabe-se, no entanto, que o pinhão manso pode responder positivamente a presença destes
elementos minerais como demonstrado por Kurihara et al (2006) e Silva et al (2006).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a resposta de plantas jovens de pinhão
manso submetidas a diferentes níveis e fontes de adubação de plantio.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido entre novembro de 2006 a abril de 2007, na Fazenda
Experimental da Fundação de Ensino Superior de Passos – FESP/UEMG localizada no
município de Passos – MG, a uma latitude de 19º S, e longitude 43º W de Greenwich.
549
A área do ensaio encontra-se a uma altitude média de 700 m, com temperatura média
anual de 18º a 20º C e precipitação média anual de 1709,4 mm.
O relevo é suave ondulado com declividade de 5%. O solo da área de estudo foi
classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico e textura media (Embrapa, 1999).
O experimento foi implantado utilizando o delineamento inteiramente casualizado em
uma área de 0,1 ha. O preparo da área constituiu em uma aplicação de herbicida (glifosato) e
abertura das covas com dimensão de 0,20 x 0,20 m, o espaçamento entre mudas utilizado foi
de 3 x 3 m. As mudas utilizadas no plantio, foram adquiridas por sementes sendo utilizado um
total de 108 mudas. Foram plantadas 9 linhas com doze plantas cada, a cada três linhas coleta-
se dados apenas da linha central.
Durante o experimento foram realizadas três capinas, sendo uma química e as outras
duas mecânicas (enxada).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos das medições foram analisados com o auxilio do programa estatístico
SISVAR (Ferreira, 2000) e foi utilizado teste de Duncan a 5%.
Pela análise da Figura 1, observamos que na primeira coleta de dados referente ao mês
de Fevereiro não houve diferença entre os tratamentos 1 (esterco bovino) e 2 (225 gramas de
MAP/cova + 87 gramas de Cloreto de Potássio/cova), no entanto, no tratamento 3 (450
gramas de MAP/cova + 112 gramas de Cloreto de potássio/cova) foram encontradas plantas
550
mais altas, demonstrando uma melhor resposta a altas doses de fósforo e potássio no
desenvolvimento inicial das mudas.
Na segunda medição referente ao mês de Março a adubação orgânica permaneceu
inferior aos demais tratamentos. Já o tratamento 2 apresar de ainda apresentar plantas menores
que o tratamento 3, demonstrou um maior crescimento relativo neste intervalo e obteve
também bons resultados, igualando-se estatisticamente ao tratamento 3, onde ainda foram
encontradas as plantas mais altas (Figura 1).
Essa mesma tendência também foi observada na medição subseqüente referente ao mês
de Abril (Figura 1).
Altura de Plantas
90 A
Altura de Plantas (cm)
80
70 A A
60 A
A Trat 1
50 B B
B Trat 2
40 B
30 Trat 3
20
10
0
Fevereiro Março Abril
Meses
Figura 1. Altura de plantas de pinhão manso sob o efeito de diferentes adubações. Médias
seguidas da mesma letra não se diferem estatisticamente entre si (Duncan a 5%).
Pela análise da Figura 2, da mesma forma que o observado na Figura 1, notamos que na
primeira coleta de dados referente ao mês de Fevereiro, não se encontrou diferença entre os
tratamentos 1 (esterco bovino) e 2 (225 gramas de MAP/cova + 87 gramas de Cloreto de
Potássio/cova), no entanto, no tratamento 3 (450 gramas de MAP/cova + 112 gramas de
Cloreto de potássio/cova) foram encontradas plantas com diâmetro maior, demonstrando uma
melhor resposta a altas doses de fósforo e potássio no desenvolvimento inicial das mudas.
Na segunda medição referente ao mês de Março nos tratamentos 1 e 2 foram observadas
plantas com diâmetros inferiores ao tratamento 3, ainda não sendo encontradas diferenças
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
551
estatísticas entre esse tratamentos. Já o tratamento 3 novamente demonstrou um maior
crescimento relativo neste intervalo produzindo plantas com maior diâmetro (Figura 2). Vale
a pena ressaltar que no caso da altura de plantas a resposta foi diferente, pois nesse estágio de
desenvolvimento as plantas do tratamento 2 já se encontravam maiores que as plantas do
tratamento 1 e estatisticamente iguais as descritas no tratamento 3.
As medições realizadas no mês de Abril mostraram um aumento no diâmetro das
plantas do tratamento 2, que possibilitou a formação de um grupo intermediário de plantas
para essa avaliação, pois nesse intervalo não foram encontradas diferenças estatísticas entre
este tratamento e os demais tratamentos estudados. Isso pode demonstrar uma pequena
resposta a adubação tendendo a essa se igualar à maior dose aplicada nas covas. Por sua vez, o
tratamento 1 permaneceu como sempre, inferior aos demais (Figura 2).
Diâmetro de Plantas
Diâmetro de Plantas (cm)
3,5 A
3 AB
A
2,5 B
A B B Trat 1
2
B B Trat 2
1,5
Trat 3
1
0,5
0
Fevereiro Março Abril
Meses
Figura 2. Diâmetro de plantas de pinhão manso sob o efeito de diferentes adubações. Médias
seguidas da mesma letra não se diferem estatisticamente entre si (Duncan a 5%).
552
Esses dados corroboram aos resultados apresentados por Kurihara et al. (2006), onde
ocorreu uma relação aditiva entre o aumento das doses de fósforo e o incremento na altura de
plantas.
Com relação ao potássio, os dados apresentados corroboram em parte com os resultados
descritos por Kurihara et al. (2006). Principalmente por não se observar um decréscimo na
altura de plantas em doses maiores de potássio. No entanto, ocorreu uma tendência de
aumento uniforme entre as doses estudadas, pois com o aumento no intervalo das coletas de
dados as plantas tendem a se igualar no quesito altura.
4 CONCLUSÕES
O pinhão manso é responsivo a adubação fosfatada e a adubação potássica.
Nos primeiros três meses de desenvolvimento, o pinhão manso se desenvolveu melhor
com altas doses de fósforo e potássio.
Após o quarto mês de plantio, as respostas as diferentes doses de fósforo e potássio,
apresentaram tendência a se igualarem.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, H., “Pinhão manso é lançado pelo presidente Lula como opção para o
biodiesel – Vegetal é de fácil cultivo”. Hoje em Dia, 14/01/2006, Brasília-DF.
BERTONI, J. & LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 4ª. Ed. Editora Ícone. São
Paulo: SP. 355 p. 1990.
FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do SISVAR para Windows 4.0. In:
REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL
DE BIOMETRIA. UFSCAR, São Carlos, SP, p. 255–258, 2000.
553
KURIHARA, C. H.; ROSCOE, R.; SILVA, W. M.; MAEDA, S.; GORDIN, C. L. e SATOS,
G. Crescimento inicial de pinhão – manso sob efeito de calagem e adubação, em solos de
mato grosso do sul. Bonito: FERTBIO, 2006.
PEIXOTO, A.R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 284p.
PURCINO, A. A. C.; DRUMMOND, O.A. Pinhão manso. Belo Horizonte: EPAMIG, 1986.
7p.
554
REDUÇÃO NA EMISSÃO DE ÓLEO DE COZINHA NO RIO PARAÍBA DO
SUL
RESUMO: Nada é mais abundante do que a água. Por isso, é difícil imaginar que sua
escassez possa causar mortes, conflitos internacionais, ameaças a sobrevivência de animais e
plantas e comprometer alguns setores da economia. Entretanto, tal cenário é cada vez mais
recorrente. Apenas um quarto da humanidade terá água para as suas necessidades mínimas em
2025. A estimativa é da ONU, que considera os recursos hídricos uma de suas preocupações
prioritárias. O óleo de cozinha jogado diretamente na pia pode prejudicar o meio ambiente. Se
o produto for para a rede de esgoto encarece o tratamento dos resíduos em até 45%, e o que
permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e terrenos adjacentes que
contribuem para a enchente. Quem sofre com tudo isto é o contribuinte que tem que pagar
mais pela conta de água e esgoto e os comerciantes e moradores das áreas afetadas pelas
enchentes.
555
1 INTRODUÇÃO
Nada é mais abundante do que a água. Por isso, é difícil imaginar que sua escassez
possa causar mortes, conflitos internacionais, ameaças a sobrevivência de animais e plantas e
comprometer alguns setores da economia. Entretanto, tal cenário é cada vez mais recorrente.
Apenas um quarto da humanidade terá água para as suas necessidades mínimas em 2025. A
estimativa é da ONU, que considera os recursos hídricos uma de suas preocupações
prioritárias.
Em algumas partes do planeta, a crise já começou. Nos 40 países mais secos, a maioria
deles na Ásia e na África, um cidadão tem direito a, no máximo, oito litros de água por dia. É
muito pouco. Pelos cálculos da ONU, um indivíduo adulto precisa de algo em torno de 50
litros diários para viver, ou seja, para ingestão, preparo de alimentos, diluição de esgotos e
higiene pessoal. O cálculo não inclui dezenas de milhares de litros gastos na agricultura, na
pecuária ou na indústria. Como já declarou Koichiro Matsuura, diretor geral da Unesco, órgão
da ONU que coordenou um dos maiores estudos já realizados sobre a situação da água no
mundo, nenhuma região será poupada do impacto dessa crise que afeta todos os aspectos da
vida, da saúde das crianças à capacidade das nações de providenciar comida.
De fato, no mundo moderno, é mais fácil morrer por falta de água, ou de saneamento do que
de Aids, tuberculose ou doenças infantis, como o sarampo. Pelo menos 6 mil pessoas, na sua
maioria crianças expostas à água não potável, morreram a cada dia em decorrência de
diarréias que culminam em desidratação fatal. Isso sem contar outras doenças de origem
hídrica, como a malária e a esquistossomose, transmitidas respectivamente por mosquitos e
caramujos que proliferam na água.
A degradação da água não compromete apenas a qualidade de vida humana. Ela
também põe em risco a sobrevivência de inúmeras espécies animais e vegetais. Pelo menos
20% das cerca de 10 mil espécies de peixes de água doce, estão ameaçadas ou em vias de
desaparecer. De acordo com a FAO, 69% dos estoques pesqueiros marinhos estão totalmente
explorados, expostos à sobrepesca, degradados ou em lenta recuperação.Animais terrestes
enfrentam declínio similar. Aproximadamente 24% dos mamíferos e 12% das aves estão na
lista de espécies que correm risco de extinção. Um dos principais motivos é que eles já não
encontram as condições mínimas para sobrevivência.
O óleo de cozinha jogado diretamente na pia pode prejudicar o meio ambiente. Se o
produto for para a rede de esgoto encarece o tratamento dos resíduos em até 45%, e o que
permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e terrenos adjacentes que
556
contribuem para a enchente. Quem sofre com tudo isto é o contribuinte que tem que pagar
mais pela conta de água e esgoto e os comerciantes e moradores das áreas afetadas pelas
enchentes
A adoção de práticas de prevenção e controle da degradação do meio ambiente tem
representado uma mudança de comportamento na gestão de organizações1 , que buscam a
sustentabilidade dos recursos naturais através da integração dos componentes sociais,
ambientais e econômicos nos processos de planejamento, implantação e operação de suas
atividades.O gerenciamento de resíduos sólidos e fluentes, via de regra, constitui-se em
aspecto ambiental fundamental para a maioria das organizações que implantam sistemas de
gestão ambiental. Empreendimentos lindeiros aos cursos d’água e altamente dependentes da
qualidade da água, da paisagem e da estética.Ruschmann (1997) inclui a poluição hídrica de
represas, rios, lagos e cachoeiras entre os danos causados pelo crescimento descontrolado de
atividades de turismo e recreação, devido ao lançamento de esgotos e à geração de resíduos
em embarcações de recreio que expelem gases, óleos e graxas, determinada pela ineficiência
ou falta de coleta de lixo e pela falta de orientação dos próprios usuários.
557
em volume de óleo diesel, conforme a especificação da ANP, e 2% em volume de biodiesel,
respectivamente, para efetivar sua comercialização
Parágrafo único. Para a mistura autorizada óleo diesel/biodiesel deverá ser atendida a
Portaria ANP nº 240, de 25 de agosto de 2003.
Portanto querendo diminuir a poluição e querendo integrar a população envolvendo com
isso a parte social surge uma nova forma de utilização desse óleo.Este seria utilizado para
fabricação de sabão, que seria revertido para creches e escolas do município diminuindo o
custo com materiais de limpeza.
Para isso a população seria cadastrada e seria estipulado uma cota mensal de entrega de
óleo por família e isso se chamaria “moeda óleo”.A família que atingisse a cota mensal
receberia um desconto na taxa de água e esgoto da cidade, já que está contribuindo com a
redução dos custos na parte de tratamento da água.Isso também acontecendo para
supermercados, bares, restaurantes, lanchonetes e outros estabelecimentos, com os quais a
prefeitura poderá estabelecer convênios e recolher óleo desses locais, os quais receberiam o
benefício do desconto das taxas mais um selo de amigo do ambiente, feito pela própria
prefeitura.
A coleta desse óleo seria realizada em data estipulada e em locais estipulados pela
prefeitura que seriam os “bancos de óleo”.
Esse método envolverá governo e população, com benefícios para todos e conservação
da água e do ambiente.
2 CONCLUSÃO
O método é viável, e a curto prazo pôde demonstrar efeito não só na área ambiental,
mas na diminuição dos gastos públicos. Assim, não envolvendo somente os políticos, mas
também toda a população da cidade na tomada de consciência da todos os benefícios causados
pelo método.
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACHOA, G.L. Análise e avaliação dos resíduos decorrentes de área portuária e de
terminais de armazenamento, tendo em vista a implantação de um centro de tratamento
558
e disposição final. 1992. 154f. Dissertação (Mestrado em EngenhariaQuímica) - Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo.
BRASIL, Lei n° 9966 – 28 abr. 2000. Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização
da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas
em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. Brasília, 29 de abril de 2000.
CARDWELL, R.D.; KOONS R.R. Biological consideration for the sitting and design of
marinas and affiliated structures in Puget Sound. Washington Department of Fisheries
Protection. 1981 (Technical Report n.60).
REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G. Águas doces no Brasil. São Paulo:
Escrituras, 1999. p.195-225.
559
A CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO NO ESTADO DE MINAS
GERAIS
RESUMO: A cadeia produtiva do algodão é uma das principais do Brasil, empregando mais
de 1 milhão de pessoas diretamente. A produção algodoeira do Brasil concentra se
principalmente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, principalmente nos Estados do Mato
Grosso e Bahia, que responde aproximadamente 80% da produção brasileira. Minas Gerais já
foi um grande estado produtor de algodão e atualmente possui cerca de 30 mil hectares de
algodão distribuídos nas regiões Norte, Triangulo Mineiro, Noroeste e Alto Paranaíba. O
programa mineiro de incentivo à cultura do algodoeiro (PROALMINAS) tem como
expectativas a incorporação de 120 mil hectares de produção de algodão em Minas Gerais,
visando assim atender as necessidades de fibras do Estado de Minas Gerias.
560
1 INTRODUÇÃO
A cadeia produtiva do algodão, apesar da crise por que passa atualmente a cotonicultura
nacional, é uma das principais do Brasil e também do mundo, empregando mais de um milhão
de pessoas diretamente, apenas nos setores industriais, gerando com isso uma receita de US$
1,5 bilhão/ano, considerando apenas nosso país (Beltrão,1999).
O Brasil já chegou a ser o quarto exportador de algodão, hoje apesar do incremento da
produtividade, a área plantada é insuficiente para abastecer o mercado interno.
No mundo, os grandes produtores, também são grandes consumidores da fibra, o que
indica que em um futuro próximo será de suma importância produzir a própria matéria prima,
assim, a demanda por tecnologias que promovam aumento da produtividade, redução dos
custos e melhoria na qualidade da fibra devem ser buscadas (Lima Filho,2005).
O levantamento de safra realizado pela CONAB (Companhia Nacional de
Abastecimento), em 2006, demonstra uma redução da área plantada visando algodão em
caroço de cerca de 27,3%, isso significa uma redução de 322,4 mil hectares em relação à safra
anterior, seguindo uma tendência mundial..
Ainda segundo a CONAB, produção de algodão em caroço nesta safra está estimada em
2,7 milhões de toneladas, o que evidencia uma redução de 21,2% comparada à safra passada.
A produção algodoeira no Brasil se concentra na região Centro-Oeste e Nordeste. Os
principais estados produtores são Mato Grosso e Bahia correspondendo juntos a 76,1% da
produção nacional de algodão em caroço.
O Estado de Minas Gerais apresenta uma área de plantio de próximo de 30.000 ha,
distribuída nas regiões: Noroeste, Alto Parnaíba, Triangula Mineiro e Norte de Minas,
No Estado de Minas Gerais segundo a AMIPA (Associação Mineira dos Produtores de
Algodão), a área cultivada com algodão está dividida da seguinte forma:
• 6.500 hectares no Alto Paranaíba.
• 5.200 hectares no Triangulo Mineiro.
• 3.700 hectares no Pontal do Triangulo
• 10.300 hectares no Noroeste Mineiro.
• 3.800 hectares no Norte de Minas.
A região Norte de Minas apresenta ainda, cerca de 3.000 hectares de algodão no sistema
de rebrota, correspondendo com cerca de 10% da área plantada anualmente.
561
Tanto os dados da AMIPA quanto os dados da CONAB convergem para valores
semelhantes, porém demonstram que as metas traçadas no ano de 2000 pelo PROALMINAS
(Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodoeiro) não foram atingidas.
A meta era que para a safra 05/06 a área plantada chegasse aos 120 mil hectares e uma
produção de 300 mil toneladas, uma redução de cerca de 75% em relação à área plantada
prevista e uma produção 64,46% menor que o esperado no programa.
Existem hoje no Brasil estoques públicos reguladores, e estoques privados. Dados
fornecidos pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) confirmam
estoques públicos em torno de 4558 toneladas, valor pequeno se comparado aos estoques
reguladores do final da década de 80 ou mesmo se comparado aos estoques mantidos no início
do ano de 2000.
A cotonicultura hoje está intimamente ligada à tecnologia e ao dinamismo. A utilização
de sistemas modernos de irrigação, sementes de alto valor agronômico uso de produtos
fitosanitários cada vez mais especializados, utilização de mão-de-obra especializada,
monitoramento de pragas e doenças e o alto valor de custeio vem fazendo com que a
cotonicultura seja cada vez mais profissional e competitiva, restringindo a participação do
pequeno produtor ou da produção familiar. A falta de incentivo quanto à remuneração a ser
paga ao produtor por algodão de uma tipagem melhor fazem com que a cada dia a
cotonicultura torne-se uma especialidade dos grandes produtores, que estão mais bem
preparados para esse tipo de mercado.
Hoje no estado de Minas Gerais existe o programa PROALMINAS que vem por trazer
propostas para o fomento da cultura algodoeiro. Outro programa que visa fortificar a
produção da fibra no estado, está sendo criado pela AMIPA é o Programa de Controle e
Erradicação do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), principal praga da cultura.
Através de um programa fitossanitário, e de legislação que prevê datas para destruição de
restos culturais e enfoques na execução de cultura isca, este programa está sendo montado nos
moldes do que vem sendo executado no estado de Goiás.
Na outra ponta da cadeia produtiva encontra-se a industria têxtil, uma das mais
tradicionais do país. Os primeiros dados de financiamento por parte do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento) data de 1965 com o intuito de fortalecer o setor e
modernização do parque têxtil nacional. Uma crise enfrentada na década de 90 quando o saldo
da balança comercial têxtil chegou a ficar negativa na casa de US$ 1 bilhão graças a políticas
de incentivo a importações (tanto de pano quanto de peças confeccionadas) e maxi
desvalorização do cambio, fez com que houvesse uma redução de 50% do parque têxtil
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
562
nacional segundo a SINDTEXTIL (Sindicato das Industrias Têxteis). Mas a política de
importações também favoreceu a modernização das industrias têxteis nacionais que
importaram máquinas e novas tecnologias de produção, além de aumentarem sua participação
no mercado interno, uma vez que assumiram as cotas de mercado das empresas que deixaram
de existir com a crise. Como reflexo dessa modernização, houve uma reação do setor por
volta do ano 2000.
Segundo a ITMF (International Textiles Manufatures Federation) em publicação da
ABIT (Associação Brasileira da Industria Têxtil), o Brasil se mostra como um dos países mais
competitivos no setor de fiação e tecelagem com fios comuns, ficando em desvantagem
comparativamente aos países com expressiva produção têxtil apenas no quesito custo de
capital.
Minas Gerais possui o terceiro parque industrial têxtil do Brasil com capacidade de
consumo estimado de 150 mil toneladas de algodão em pluma, sendo que deste consumo
apenas 14% provem da produção estadual da fibra (PROALMINAS). Existe por parte das
industrias mineiras uma preferência por compra de algodão em pluma de outros estados como
Mato Grosso e Goiás, seja por incentivo financeiro seja por questões de qualidade.
De acordo com citações feitas em relatório do INDI-MG (Instituto de Desenvolvimento
Integrado de Minas Gerais) já no ano 2000 a industria têxtil mineira trabalhava com 100% da
capacidade produtiva.
Neste cenário o INDI-MG indica em seu relatório do panorama têxtil (2000) que a as
perspectivas são de investimentos e promoção industrial com a ampliação das plantas
existentes e implantações de novas unidades. O estado de São Paulo é o destino de cerca de
39% da produção têxtil mineira, cerca de 12% da produção fica dentro do próprio estado, as
exportações não chegaram a 9% no ano de 2000. Os outros estados da federação compram os
40% restantes da produção.
2 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP, FAMEMIG e MDA.
3 REFERÊRENCIA BIBLIOGRÁFICA
563
COELHO, J. R. R. Indice Fiesp de Competitividade das Nações (Ic-Fiesp). São Paulo.
2005. 44p.
MONTEIRO FILHA, D. C., CORRÊA A. Complexo Têxtil. São Paulo: BNDES, 2001. 28p.
564
OTIMIZACÃO DE VARIÁVEIS NA DETERMINACÃO DE SÓDIO,
POTÁSSIO, CÁLCIO E MAGNÉSIO POR ESPECTROMETRIA DE
ABSORÇÃO ATÔMICA (FAAS)
565
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE UM TRATOR AGRÍCOLA
TRACIONANDO UM PROTÓTIPO “AEROSSOLO”
566
1 INTRODUÇÃO
O interesse em aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção, bem como a
preocupação com a qualidade e a preservação do meio ambiente denota-se pela necessidade
do desenvolvimento de novos equipamentos agrícolas destinados ao preparo do solo.
Ressalta-se, também, que os atrativos dessas inovações se relacionam com o menor consumo
de combustível do trator e maior desempenho operacional, mantendo ou melhorando a
qualidade das operações agrícolas.
Dentre as operações agrícolas, as de preparo do solo estão entre as técnicas que
freqüentemente melhoram as produções das culturas, mas devem ser adaptadas às condições
especificas para um distinto sistema de produção. MORAES & BENEZ (1996) observaram
que um grande número de máquinas e implementos agrícolas destinados à operação de
preparo do solo foram e continuam sendo desenvolvidos.
Aliado ao desenvolvimento de novas máquinas e implementos, DABDOUB et al.
(2003) relataram que o aumento do preço do petróleo, bem como o dos derivados, causou
crescente interesse pelas energias renováveis. De acordo com os autores, é necessário destacar
a importância dos óleos vegetais para produzir energia alternativa, como é o caso do
Biodiesel.
Para tanto, tais máquinas e implementos necessitam passar por testes de desempenho
utilizando-se combustíveis alternativos ao diesel de petróleo, como o realizado por LOPES et
al. (2004), que utilizaram Biodiesel num trator de 73,4 kW (100 cv), em operação de preparo
do solo com grade aradora, e concluíram que, em proporções de 5 até 50%, não há alteração
no consumo de combustível; entretanto, para as proporções de Biodiesel de 75% e 100%, o
consumo aumentou 5 e 10%, respectivamente, em relação ao diesel de petróleo.
Em função do apresentado acima, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o
consumo de combustível de um trator agrícola tracionando um protótipo “Aerossolo”, e
funcionando com Biodiesel na proporção B5 (5% de Biodiesel e 95% de diesel).
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola
(LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização
geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude sul e
48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, e clima tropical úmido com estação
chuvosa no verão e seca no inverno (Aw), de acordo com a classificação de Köeppen.
567
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico
típico (EMBRAPA, 1999), com relevo suave ondulado e declividade de 7%. Apresentou teor
médio de água, nos dias dos ensaios, de 22 e 28% no perfil de 0-10 e 10-20 cm de
profundidade, respectivamente.
Neste trabalho, utilizou-se como combustível a proporção B5, 5% de Biodiesel e 95% de
diesel. Tal Biodiesel foi produzido no Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias
Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto.
O protótipo utilizado é um equipamento construído inicialmente com a finalidade de
recuperar pastagens degradadas, favorecendo a aeração do solo após a utilização do mesmo,
em função disso foi patenteado como Aerossolo. Neste trabalho procurou-se avaliá-lo como
equipamento de preparo reduzido do solo. Tal implemento é constituído por comando
hidráulico, cabeçalho com luva telescópica para regulagem longitudinal, duas seções
dispostas lateralmente, contando com 28 hastes de 24 cm de comprimento e espessura de
4 cm. Como opcional, pode ser adicionado lastros de concreto para aumentar a profundidade
de trabalho, rodas de transporte e rolo destorroador para conferir o nivelamento da superfície.
Como principais regulagens têm-se a adição de lastros (máximo de 1.307 kg) e cinco
variações do ângulo das seções (0; 4; 7; 11 e 14º).
Para tracionar o equipamento, foi utilizado um trator da marca Valtra, modelo BM100,
4X2 TDA, com 74 kW (100 cv) de potência no motor, trabalhando a 2.300 rpm, sendo
instrumentado para a realização do teste, conforme descrito em LOPES (2006).
O delineamento experimental foi em blocos casualizados, esquema fatorial 3 x 3, com
nove tratamentos e quatro repetições, totalizando 36 observações. As combinações dos fatores
foram três condições de lastragem (L1 = 0 kg de lastro; L2 = 960 kg de lastro, e L3 = 1.307
kg de lastro) e três ângulos das seções (A1 = 0º; A2 = 7º, e A3 = 14º).
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003). Para calcular o consumo de combustível volumétrico, ponderal e
operacional foram utilizadas as equações descritas por LOPES (2006).
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA
(2006).
568
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação; porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
Pela Tabela 1, observa-se que à medida que se adicionou lastro ao equipamento
aumentou o consumo volumétrico, sendo este 25% maior na condição L3 comparado a L1.
Em relação ao ângulo das seções, o menor valor se deu para A = 0o, entretanto essa variável
foi semelhante para A = 7 e 14º. Tal comportamento é explicado pelo aumento da força de
tração relacionada às regulagens realizadas. Tais resultados são equivalentes com aqueles
encontrados por FURLANI (2000) e LEVIEN et al. (2003) trabalhando com grades de arrasto
em profundidades semelhantes.
569
De acordo com a Tabela 1, nota-se que o comportamento do consumo horário ponderal,
corrigido pela densidade do combustível no momento do ensaio, foi semelhante ao
volumétrico. Tal situação evidencia que a temperatura no momento do ensaio, não variou
significativamente a ponto de influenciar a densidade do combustível de um ensaio para o
outro.
Pela Tabela 1, verifica-se que o consumo operacional aumentou tanto com o
crescimento do fator lastragem quanto para o ângulo das seções. Este comportamento está
relacionado com a alteração na profundidade de trabalho, velocidade de deslocamento e
largura de trabalho resultante das regulagens realizadas no equipamento, visto que com o
aumento do ângulo das seções, a largura de trabalho diminui. Resultados semelhantes foram
encontrados por FURLANI et al. (1999) quando ensaiaram grade niveladora, trabalhando com
velocidade e largura equivalentes.
4 CONCLUSÃO
Os consumos volumétrico, ponderal e operacional aumentaram com a adição de lastros
no aerossolo e com o aumento do ângulo das seções.
5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS E VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos tratores
de testes e sua instrumentação e a UNIMÁQUINAS, pela concessão do aerossolo.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.
570
FURLANI, C.E.A. Efeito do preparo do solo e do manejo da cobertura de inverno na
cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.). 2000. 221 f. Tese (Doutorado em Energia na
Agricultura) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista,
Botucatu, 2000.
LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003.
LOPES, A.; GROTTA, D.C.C.; FURLANI, C.E.A.; CAMARA, F.T.; DABDOUB, M.J.;
HURTADO, G.R. Biodiesel etílico de óleo residual: consumo de combustível de um trator
agrícola em função do percentual de mistura Biodiesel e diesel de petróleo. In:
CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA, 3., 2004, Belém. Anais...
Belém: Associação Brasileira de Engenharia Mecânica, 2004. 1 CD-ROM.
LOPES, A. Biodiesel em trator agrícola: desempenho e opacidade. 2006. 158 f. Tese (Livre
docência em Mecanização Agrícola) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2006.
571
BIODIESEL DE GORDURA HIDROGENADA EM TRATOR AGRÍCOLA
572
1 INTRODUÇÃO
Devido ao grande desenvolvimento ocorrido no planeta após a segunda guerra
mundial e o estabelecimento de padrões de consumo cada vez mais intensos, a demanda
energética elevou-se a tal ponto, colocando em risco as fontes de energia não renováveis,
como o petróleo, carvão mineral, entre outros.
Visto isso, DABDOUB et al. (2003) relataram que o aumento do preço do petróleo, bem
como o dos derivados, causou crescente interesse pelas energias renováveis. De acordo com
os autores, é necessário destacar a importância dos óleos vegetais para produzir energia
alternativa, como é o caso do Biodiesel. Nesse trabalho, ressalta-se ainda que a produção na
Europa e nos Estados Unidos adota processos que podem limitar a utilização do referido
combustível devido ao custo ser igual ou superior ao diesel de petróleo. Em virtude disso, os
autores defendem método alternativo, como recolhimento de óleos residuais de frituras para a
produção de Biodiesel pelo processo de transesterificação. Tal atitude minimiza custos e
oferece destino racional para esse resíduo nocivo ao meio ambiente.
RABELO (2001) ressalta que o óleo residual de fritura torna-se muito semelhante ao
diesel em termos de viscosidade e de poder calorífico ao sofrer uma transformação química,
a transesterificação. Convertendo-se desta forma, em Biodiesel, que, adicionado ao diesel
melhora a lubricidade, dispensando aditivos mais poluentes. Também, por conter oxigênio
na cadeia química, tem melhor queima, com conseqüente diminuição de monóxido de
carbono e de hidrocarbonetos.
Dentro deste contexto, este trabalho teve por objetivo avaliar o consumo de
combustível de um trator agrícola funcionando com Biodiesel de gordura hidrogenada
metílico filtrado e metílico destilado, em sete proporções de mistura ao diesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola
(LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização
geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude sul e
48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, e clima tropical úmido com estação
chuvosa no verão e seca no inverno (Aw), de acordo com a classificação de Köeppen.
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico
típico (EMBRAPA, 1999), com relevo suave ondulado e declividade de 2%.
573
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2 x 7, com
três repetições, totalizando 42 observações. As combinações dos fatores foram dois tipos de
Biodiesel de gordura hidrogenada metílico (filtrado e destilado) e sete proporções de mistura
(B0, B5, B15, B25, B50, B75 e B100, em que o número subscrito indica a % de Biodiesel no
diesel).
Os Biodiesel de gordura hidrogendada utilizados foram produzidos no Laboratório de
Desenvolvimento de Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto, com a
gordura hidrogenada utilizada sendo fornecida pelo McDonald´s, após seu uso na fritura de
batatas.
Para obtenção da carga imposta na barra de tração do trator de testes, foi utilizado um
trator de frenagem unido ao trator de tração por meio de um cabo de aço, formando um
comboio.
Os tratores utilizados no experimento foram:
• Trator 1, denominado trator de tração, foi da marca Valtra, modelo BM100,
4X2 com tração dianteira auxiliar, 74 kW (100 cv) a 2.300 rpm no motor, equipado
com pneus 14.9-24 no eixo dianteiro e 23.1-26 no eixo traseiro, sendo tal trator
instrumentado para a realização do teste, segundo LOPES et al. (2003).
• Trator 2, denominado trator de frenagem, foi da marca Valtra, modelo
BH140, 4X2 com tração dianteira auxiliar, 103 kW (140 cv) a 2.400 rpm no motor,
utilizado para oferecer resistências de 22 kN ao trator de tração, engrenado em 3ª
marcha.
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003).
Para a determinação do consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal
(Chp), consumo específico (Ce) e potência na barra de tração (PB) foram utilizadas
respectivamente as equações 1, 2, 3 e 4.
C * 3,6 D Chp
Chv = (1) Chp = Chv * (2) Ce = (3) PB = Ft * v (4)
t 1000 PB
574
Em que,
Chv = consumo horário volumétrico (L h-1); Ce - consumo específico (g kWh-1);
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação; porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
De acordo com a Tabela 1, observa-se que o processo de purificação do Biodiesel de
gordura hidrogenada metílico interferiu no consumo de combustível volumétrico, ponderal e
específico, com melhores resultados para o Biodiesel destilado, resultado este importante para
a definição do melhor processo de purificação do Biodiesel, uma vez que para efetuar a
destilação do Biodiesel é necessário filtrá-lo primeiro, o que aumenta o custo de produção.
575
Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para as variáveis consumo
horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal (Chp) e consumo específico (Ce).
Chv Chp Ce
FATORES
L h-1 kg h-1 g kWh-1
TIPO DE BIODIESEL (TB)
filtrado 13,5 b 11,6 b 364 b
destilado 13,3 a 11,2 a 351 a
PROPORÇÃO (Bn)
B0 12,5 a 10,6 a 328 a
B5 12,9 a b 10,8 a b 334 a b
B15 13,1 b c 11,1 b c 340 a b c
B25 13,3 b c 11,3 c d 350 b c
B50 13,6 c d 11,7 d 364 c d
B75 13,9 d e 12,1 e 373 d e
B100 14,2 e 12,5 e 387 e
TESTE F
TB 5,94 * 31,70 ** 13,85 **
Bn 27,90 ** 55,62 ** 23,70 **
TBxBn 1,90 NS 1,52 NS 0,67 NS
C.V.% 1,99 1,94 3,12
Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. NS: não significativo (P>0,05). **: significativo (P<0,01). C.V.: coeficiente de variação
Com relação às proporções de mistura de Biodiesel no diesel, nota-se que até a adição
de 5% de Biodiesel não ocorreu diferença significativa no consumo volumétrico e ponderal,
porém o consumo específico foi semelhante até a adição de 15% de Biodiesel, tais resultados
diferem dos encontrados por LOPES et al. (2005) que não encontraram diferenças com adição
de até 25% de Biodiesel residual de óleo de soja utilizado em frituras do tipo filtrado e
destilado, com aumento no consumo específico de B0 a B100 de 18%, valor semelhante ao
encontrado neste trabalho para o Biodiesel de gordura hidrogenada.
A curva de regressão do consumo específico de combustível em função da proporção de
mistura de Biodiesel de gordura hidrogenada metílico teve um comportamento linear, sendo
ilustrada na Figura 1.
576
400 Cesp = 334,69 + 0,58 * P
P = proporção de Biodiesel de gordura hidrogenada metílica
390 R2 = 0,949
380
Consumo específico (g kWh -1)
370
360
350
340
330
320
B
0 0 B5 B15 B25
25 B
5050 B75
75 B100
100
Proporção de mistura (%)
4 CONCLUSÃO
O consumo de combustível do trator utilizando-se Biodiesel de gordura hidrogenada
metílico filtrado foi maior do que o destilado, e até a adição de 15% de Biodiesel ao diesel o
consumo específico foi semelhante.
5 AGRADECIMENTOS
À Fapesp, Coopercitrus e Valtra do Brasil, pela concessão dos tratores de testes e sua
instrumentação.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.
577
LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003.
LOPES, A.; REIS, G. N. dos; DABDOUB, M. J.; FURLANI, C. E. A.; SILVA, R. P. da;
CAMARA, F. T.; BATISTA, A. C. F. Biodiesel filtrado x Biodiesel destilado: uso em
trator agrícola. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 34.,
2005, Canoas. Anais... Jaboticabal: Associação Brasileira de Engenharia Agrícola, 2005. 1
CD-ROM.
578
BIOSEP - NOVO MODELO DE FABRICAÇÃO DE BIODIESEL
579
CONSUMO E OPACIDADE DA FUMAÇA DE TRATOR AGRÍCOLA COM
DIESEL ADITIVADO
580
1 INTRODUÇÃO
A preocupação com o meio ambiente tem levado o homem a encontrar formas de
reduzir a emissão de gases poluentes para a atmosfera, dentre eles destaca-se o dióxido de
enxofre que é lançado para a atmosfera após a queima de combustíveis fósseis, com
evidencias de que o dióxido de enxofre, em concentrações elevadas, provoca danos a saúde
humana (GUARDANI & MARTINS, 2000).
Os atrativos das inovações, principalmente com relação a utilização de aditivos no
combustível visam diminuir o consumo de combustível do trator e manter ou melhorar o
desempenho operacional.
Para motores movidos a óleo diesel automotivo, há uma preocupação especial com o
material particulado, que segundo BRAWN et al. (2003) vários estudos comprovam que
mudanças na qualidade do diesel podem resultar em modificações no nível das emissões, com
melhoria na qualidade da fumaça a medida que se reduz o teor de enxofre e de aromáticos e
aumenta-se o número de cetano do combustível. Os mesmos autores afirmam que os aditivos
do diesel permitem diminuir a massa de material particulado produzido, mas as
micropartículas de catalisador agregadas à massa de material particulado remanescente são
libertadas para a atmosfera.
Em função do exposto acima, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar a opacidade
da fumaça e o consumo horário volumétrico, ponderal e específico em função do uso de um
aditivo ao diesel de petróleo e da força exigida na barra de tração.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nas dependências do Laboratório de Máquinas e Mecanização
Agrícola (LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A
localização geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’
latitude sul e 48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, pressão atmosférica de
94,24 kPa. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido
como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno.
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico
típico (EMBRAPA, 1999), com relevo suave ondulado e declividade de 2%.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2 x 2, com
quatro tratamentos e quatro repetições, totalizando 16 observações. As combinações dos
581
fatores foram dois tipos de diesel automotivo interior com e sem aditivo, e duas forças
exigidas na barra de tração (Ft1 = 17 kN e Ft2 = 22 kN).
Neste trabalho, utilizou-se o diesel automotivo interior, classificado como Tipo "B”
tendo quantidade de enxofre total máximo de 3.500 mg.kg-1, advindo da cidade de
Jaboticabal-SP, cujas características estão de acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22
março de 2005 (BRASIL, 2005).
O aditivo utilizado foi o Petrocrystal, fabricado e fornecido pela empresa
EXPOGLOBE, na proporção 0,025% (1:4000), ou seja, para cada litro de diesel foi
adicionado 0,25 mL de aditivo.
Para obtenção das cargas na barra de tração, foi utilizado um trator denominado trator
de frenagem ligado ao trator de tração por meio de um cabo de aço, formando um comboio.
As cargas foram obtidas variando duas marchas do trator de frenagem.
Os tratores utilizados no experimento foram:
• Trator 1, denominado trator de tração, foi da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 com
tração dianteira auxiliar, 74 kW (100 cv) a 2.300 rpm no motor, equipado com pneus
14.9-24 no eixo dianteiro e 23.1-26 no eixo traseiro, sendo tal trator instrumentado
para a realização do teste, segundo LOPES et al. (2003).
• Trator 2, denominado trator de frenagem, foi da marca Valtra, modelo BH140, 4X2
com tração dianteira auxiliar, 103 kW (140 cv) a 2.400 rpm no motor, utilizado para
oferecer resistências de 17 e 22 kN ao trator de tração, engrenando a 3ª e 2ª marchas,
respectivamente.
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003).
Para a determinação do consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal
(Chp), consumo específico (Ce) e potência na barra de tração (PB) foram utilizadas
respectivamente as equações 1, 2, 3 e 4.
C * 3,6 D Chm
Chv = (1) Chp = Chv * (2) Ce = (3) PB = Ft * v (4)
t 1000 PB
582
Onde:
Chv = consumo horário volumétrico (L h-1)
C = volume consumido (mL)
t = tempo de percurso na parcela (s);
Chp = consumo horário ponderal (kg h-1);
D - densidade do combustível
Ce - consumo específico (g kWh-1)
PB - potência na barra de tração (kW).
Ft = força média de tração na barra (kN)
v = velocidade de deslocamento (m/s)
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação; porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
583
Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para as variáveis consumo
horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal (Chp) e consumo específico (Ce).
Fatores Chv Chp Ce
L h-1 kg h-1 g kWh-1
Aditivo (A)
Sem 10,2 B 8,5 B 363 B
Com 9,8 A 8,3 A 355 A
Força de Tração (Ft)
17 kN 9,6 A 8,1 A 391 B
22 kN 10,4 B 8,7 B 328 A
Teste F
A 36,4 ** 41,3 ** 13,2 **
Ft 168,1 ** 195,6 ** 769,3 **
A x Ft 0,8 NS 0,6 NS 0,0 NS
C.V.% 1,35 1,29 1,55
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. **: significativo (P<0,01); *: significativo (P<0,05); NS: não significativo; C.V.: coeficiente de
variação.
584
4 CONCLUSÕES
O consumo volumétrico, ponderal e específico diminuiu com o uso de aditivo e com o
aumento da força exigida na barra de tração.
O aditivo contribuiu para a redução na opacidade da fumaça.
5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS E VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos tratores
de testes e sua instrumentação e a EXPOGLOBE pela concessão do aditivo.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 2006.
237 p.
BRAWN, S.; APPEL, L.G.; SCHMAL, M. A poluição gerada por máquinas de combustão
interna movidas à diesel - a questão dos particulados, estratégias atuais para a redução e
controle das emissões e tendências futuras. Química Nova, v.27, n.3, p.472-82, 2003.
LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003.
585
BIODIESEL DE DENDÊ: OPACIDADE DA FUMAÇA DE UM TRATOR
AGRÍCOLA
586
1 INTRODUÇÃO
O Biodiesel é um combustível natural usado em motores diesel, produzido através
de fontes renováveis e que atende às especificações da ANP, podendo ser utilizado puro
ou em mistura com o óleo diesel em qualquer proporção (BILICH & SILVA, 2006).
Pode então ser definido como sendo um mono-alquil éster de ácidos graxos
derivado de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais, obtidos através
de um processo de transesterificação, no qual ocorre a transformação de triglicerídeos
em moléculas menores de ésteres de ácidos graxos (MONYEM et al. 2001, CANAKCI
& GERPEN 2001). Encontra-se registrado na “Environment Protection Agency – EPA
– USA” como combustível e como aditivo para combustíveis podendo ser usado puro
(B100), em mistura com o diesel de petróleo (B20), ou numa proporção baixa de 1 a
5%, como aditivo. Sua utilização está associada à substituição de combustíveis fósseis
em motores do ciclo diesel, sem haver a necessidade de nenhuma modificação no motor
(LUE et al., 2001).
Uma grande vantagem do Biodiesel é sua eficácia como aditivo, podendo ser
agregado ao diesel de petróleo. Preocupados com a iminência do esgotamento de
reservas de petróleo e em manter o equilíbrio ambiental, governos e corporações
passaram a investir cada vez mais na pesquisa de combustíveis mais “limpos”, como
alternativa energética. Estes combustíveis estão sendo alvos de pesquisas destinadas a
torná-los economicamente viável, desta vez substituindo o diesel fóssil pelo Biodiesel,
nome dado ao “diesel” extraído de óleos vegetais. (BILICH & SILVA, 2006)
MAZIERO et al. (2006) utilizando biodiesel de girassol em motor de ignição por
compressão, verificaram redução na emissão de monóxido de carbono, hidrocarbonetos
e material particulado de 32,2; 31 e 41%, respectivamente, porém aumentou a emissão
de óxido de nitrogênio em 5,7%.
Neste contexto, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar a opacidade da
fumaça de um trator agrícola em função de cinco misturas de biodiesel de dendê etílico
destilado ao diesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em condição de campo, nas dependências do
Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (LAMMA), do Departamento de
Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização geográfica da área de
587
realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude Sul e 48º18’
longitude Oeste, sendo a altitude média de 570 m, e o clima da região, segundo a
classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido como tropical úmido com estação
chuvosa no verão e seca no inverno.
O Biodiesel utilizado foi produzido no Laboratório de Desenvolvimento de
Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto.
Foi utilizado um trator da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 TDA, com 74 kW
(100 cv) de potência no motor a 2300 rpm. A opacidade da fumaça foi medida por um
opacímetro de absorção de luz, modelo TM 133. O opacímetro realiza a medição da
fuligem do gás de escapamento com somente uma parte do fluxo de gás, coletada por
meio de um tubo de captação e uma sonda, sendo montado no cano de escape do trator.
O método utilizado é o da aceleração livre, que consiste em acelerar rapidamente o
trator por três segundos, registrando o máximo valor de opacidade ocorrido neste
período. A opacidade da fumaça indica a cor da fumaça, inferindo que quanto mais
escura for a fumaça, maior será a opacidade e a quantidade de material particulado.
A opacidade da fumaça foi determinada para as cinco misturas de
Biodiesel/diesel, e ao término de cada determinação, realizou-se a drenagem completa
do sistema de alimentação, evitando, com isso, a contaminação do ensaio seguinte.
Além disso, depois de trocado o combustível, o motor ficou em funcionamento em
torno de dez minutos antes do início de cada teste.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos
e cinco repetições, totalizando 25 observações. Os tratamentos foram cinco proporções
de mistura (B0, B5, B25, B50 e B100, em que o número subscrito indica a % de Biodiesel
no diesel).
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de
médias de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendação de BANZATTO &
KRONKA (2006).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a Tabela 1, observa-se que a adição de 5% de Biodiesel de dendê
ao diesel já melhora significativamente a opacidade da fumaça, com tais resultados
sendo melhores quanto mais próximos do uso de Biodiesel puro, resultados semelhantes
foram encontrados por LOPES et al. (2006) trabalhando com Biodiesel de girassol.
588
Nota-se que o biodiesel de dendê reduziu a opacidade da fumaça em 53%, quando
comparado ao diesel puro.
589
1,4 2
Opacidade = 1,2268 - 0,0131*P + 0,00007*P
P - Proporção de Biodesel (%)
1,2 2
R = 0,999
Opacidade da fumaça (m )
-1
1
0,8
0,6
0,4
0,2
4 CONCLUSÃO
À medida que se adicionou Biodiesel de dendê etílico destilado ao diesel a
opacidade da fumaça foi reduzida.
5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS e VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos
tratores de testes e sua instrumentação.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.
590
CANAKCI, M.; VAN GERPEN, J.; Trans. ASAE 2001, 44, 1429.
LOPES, A.; CAMARA, F.T.; DABDOUB, M.J.; PEREIRA, G.T.; FURLANI, C.E.A.;
SILVA, R.P. Opacidade da fumaça de trator em função do tipo de Biodiesel e da
proporção de mistura. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS VEGETAIS E BIODIESEL, 3., 2006, Varginha. Anais...
Varginha: Universidade Federal de Lavras, 2006. 1 CD-ROM.
LUE, Y. F.; YEH, Y. Y.; WU, C. H.; J. Environ. Sci. Health, Part A: Toxic/ Hazard.
Subst. Environ. Eng. 2001, 36, 845.
591
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE UM TRATOR AGRÍCOLA
FUNCIONANDO COM BIODIESEL ETÍLICO DE AMENDOIM
592
1 INTRODUÇÃO
O Biodiesel é produzido majoritariamente pela transesterificação de óleos vegetais e
gorduras animais por catálise básica homogênea, em que são obtidos Biodiesel e glicerol
(FARIA et al., 2003). Segundo a Agência Nacional de Petróleo (BRASIL, 2002), o óleo
diesel é o derivado de petróleo mais consumido no Brasil. Nesse contexto, sobretudo tendo-se
em conta o potencial agrícola brasileiro e os condicionantes ambientais, torna-se oportuno
discutir a adoção de alternativas sustentáveis para esse derivado de petróleo.
Uma das alternativas é o uso de Biodiesel, que pode ser produzido a partir de qualquer
óleo vegetal, entre eles o do amendoim, que segundo CENTURION & CENTURION (1998)
é uma oleaginosa cultivada em larga escala na Índia, na China, na África, no sul dos EUA, na
Indonésia e em diversos países da América Latina, entre os quais se destaca o Brasil. No País,
São Paulo produz 90% do amendoim consumido, utilizando recursos tecnológicos
comparados às regiões do primeiro mundo. Nesse Estado, a produtividade média do cultivo
de primavera-verão ultrapassa 2.000 kg ha-1, podendo ser encontrada produtividade entre
3.000 e 4.000 kg ha-1, e na região de Ribeirão Preto, o amendoim assume especial
importância, pois, em função do ciclo curto, constitui a principal alternativa na reforma dos
canaviais, podendo ser utilizado como fonte para fabricação de Biodiesel.
O uso de Biodiesel em tratores foi o alvo de estudo de LOPES et al. (2005), que
compararam o consumo de combustível de um trator funcionando alternadamente com
Biodiesel filtrado e destilado em operação de semeadura, cuja força média imposta na barra
de tração foi de 27 kN. Evidenciaram diferença no consumo específico quando o trator
utilizou Biodiesel filtrado do destilado; entretanto, de B0 até B25, não se observou diferença no
consumo específico de combustível, porém, quando se comparou B0 até B100, a diferença foi
de 18%.
Em virtude do exposto acima, o presente trabalho teve por objetivo medir o consumo de
combustível de um trator agrícola funcionando com Biodiesel de amendoim etílico filtrado e
etílico destilado, em sete proporções de mistura ao diesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola
(LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização
geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude sul e
593
48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, e clima tropical úmido com estação
chuvosa no verão e seca no inverno (Aw), de acordo com a classificação de Köeppen.
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico
típico (EMBRAPA, 1999), com relevo suave ondulado e declividade de 2%.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2 x 7, com
três repetições, totalizando 42 observações. As combinações dos fatores foram dois tipos de
Biodiesel de amendoim etílico (filtrado e destilado) e sete proporções de mistura (B0, B5, B15,
B25, B50, B75 e B100, em que o número subscrito indica a % de Biodiesel no diesel).
Os Biodiesel de amendoim utilizados foram produzidos no Laboratório de
Desenvolvimento de Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto.
Para obtenção da carga imposta na barra de tração do trator de testes, foi utilizado um
trator de frenagem unido ao trator de tração por meio de um cabo de aço, formando um
comboio.
Os tratores utilizados no experimento foram:
• Trator 1, denominado trator de tração, foi da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 com
tração dianteira auxiliar, 74 kW (100 cv) a 2.300 rpm no motor, equipado com pneus
14.9-24 no eixo dianteiro e 23.1-26 no eixo traseiro, sendo tal trator instrumentado
para a realização do teste, segundo LOPES et al. (2003).
• Trator 2, denominado trator de frenagem, foi da marca Valtra, modelo BH140, 4X2
com tração dianteira auxiliar, 103 kW (140 cv) a 2.400 rpm no motor, utilizado para
oferecer resistências de 20 kN ao trator de tração, engrenado em 3ª marcha.
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003).
Para a determinação do consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal
(Chp), consumo específico (CE) e potência na barra de tração (PB) foram utilizadas
respectivamente as equações 1, 2, 3 e 4.
C * 3,6 D Chp
Chv = (1) Chm = Chv * (2) Ce = (3) PB = Ft * v (4)
t 1000 PB
Em que,
Chv = consumo horário volumétrico (L h-1); Ce - consumo específico (g kWh-1);
C = volume consumido (mL); PB - potência na barra de tração (kW);
t = tempo de percurso na parcela (s); Ft = força de tração na barra (kN), e
594
Chp = consumo horário ponderal (kg h-1); ν = velocidade de deslocamento (m s-1).
D - densidade do combustível (g L-1);
(2006).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação, porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
De acordo com a Tabela 1, observa-se que o processo de purificação do Biodiesel de
amendoim etílico não interferiu no consumo de combustível volumétrico, ponderal e
específico, resultado este importante para a definição do melhor processo de purificação do
Biodiesel, uma vez que para efetuar a destilação do Biodiesel é necessário filtrá-lo primeiro, o
que aumenta o custo de produção.
Com relação às proporções de mistura de Biodiesel no diesel, nota-se que até a adição
de 25% de Biodiesel de amendoim ao diesel não ocorreu diferença significativa no consumo
volumétrico, ponderal e específico, tais resultados são semelhantes aos encontrados por
LOPES et al. (2005) trabalhando com Biodiesel residual de fritura filtrado e destilado, em que
neste trabalho o aumento no consumo de B0 a B100 foi de 18%, valor semelhante ao
encontrado neste trabalho, uma vez que a força exigida na barra de tração foi semelhante entre
os experimentos.
595
Tabela 1 - Síntese da análise de variância e do teste de médias para as variáveis consumo
horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal (Chp) e consumo específico (CE).
Fatores Chv Chp Ce
-1 -1
Lh kg h g kWh-1
TIPO DE BIODIESEL (TB)
filtrado 13,3 a 11,3 a 351 a
destilado 13,5 a 11,4 a 356 a
PROPORÇÃO (Bn)
B0 12,5 a 10,6 a 328 a
B5 12,8 a 10,7 a 334 a
B15 13,0 a b 10,9 a 340 a b
B25 13,3 a b c 11,2 a b 350 a b c
B50 13,8 b c d 11,6 b c 364 b c d
B75 14,0 cd 11,9 cd 373 cd
B100 14,4 d 12,3 d 387 d
TESTE F
TB 1,14 NS 0,86 NS 1,24 NS
** **
Bn 14,85 20,72 14,17 **
TBxBn 0,45 NS 0,32 NS 0,50 NS
C.V.% 3,23 3,09 4,00
Médias seguidas pela mesma letra minuscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. **: significativo (P<0,01); *: significativo (P<0,05); NS: não significativo; C.V.: coeficiente de
variação.
596
400
Cesp = 332,03 + 0,5659 * P
P = proporção de biodiesel de amendoim etílico
390
R2 = 0,979
380
Consumo espeífico (g kWh -1)
370
360
350
340
330
320
B
0 0 B5 B15 B25
25 B
5050 B
7575 B100
100
Proporção de mistura (%)
4 CONCLUSÃO
O consumo de combustível do trator utilizando-se Biodiesel de amendoim etílico
filtrado foi semelhante ao destilado, e até a adição de 25% de Biodiesel ao diesel o consumo
de combustível foi semelhante.
5 AGRADECIMENTOS
À Fapesp, Coopercitrus e Valtra do Brasil, pela concessão dos tratores de testes e sua
instrumentação
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.
597
EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro
Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, 1999.
412 p.
LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003.
LOPES, A.; REIS, G. N. dos; DABDOUB, M. J.; FURLANI, C. E. A.; SILVA, R. P. da;
CAMARA, F. T.; BATISTA, A. C. F. Biodiesel filtrado x biodiesel destilado: uso em trator
agrícola. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 34., 2005,
Canoas. Anais... Jaboticabal: Associação Brasileira de Engenharia Agrícola, 2005. 1 CD-
ROM.
598
DESENVOLVIMENTO DE UMA TÉCNICA DE RMN DE BAIXA
POTÊNCIA PARA ANÁLISE DA QUALIDADE DE ÓLEO EM SEMENTES
INTACTAS
RESUMO: A ressonância magnética nuclear (RMN) de baixa resolução vem sendo usada a
mais de 30 anos na determinação do teor de óleo em sementes intactas, para melhoramento
genético de oleaginosas, pois além de não destrutiva, é bastante rápida. Recentemente
desenvolvemos uma técnica rápida de RMN de baixa resolução para medida da qualidade do
óleo nas sementes, baseada na seqüência posposta por Carr-Purcell-Meiboom-Gill,
denominada CPMG. Essa seqüência consiste de um pulso de 90 graus, seguido por um tempo
T e um trem de pulsos de 180 graus separados por um tempo 2T (90° x’ _ T _(180°y’ _ T
_(eco)_ T)n). O sinal gerado pela CPMG tem um decaimento exponencial, com constante de
tempo de relaxação transversal T2, que é inversamente proporcional à viscosidade do óleo nas
sementes, e também ao número de cetano, índice de iodo ao teor e tipo de ácidos graxos.
Apesar do grande potencial dessa técnica, quando seu uso é intensivo, pode acarretar um
menor tempo de vida dos componentes. Além disso, pode levar a um aquecimento indesejável
na semente, reduzindo seu poder germinativo e a resultados errôneos, uma vez que a
viscosidade varia com a temperatura. Assim, estamos apresentando uma nova técnica de
medida de T2, similar à CPMG, porém usando somente pulsos de 90 graus denominada
CPMG90, a qual tem demonstrado desempenho idêntico a CPMG convencional, na análise da
qualidade de óleo de sementes. A CPMG90 tem a vantagem de se usar apenas 25% da
potência da técnica convencional aumentando o tempo de vida do espectrômetro e também
uma menor influência na temperatura da amostra. Essa técnica já está sendo utilizada para
seleção de sementes de amendoim com alto teor de ácido oléico que é o componente ideal
para produção de biodiesel, por possuir maior estabilidade oxidativa que os ácidos graxos
poliinsaturados.
599
1 INTRODUÇÃO
A ressonância magnética nuclear (RMN) de baixa resolução vem sendo usada a mais de
30 anos na determinação não-destrutiva do teor de óleo em sementes intactas, para
melhoramento genético de oleaginosas. É um método padrão usado por melhoristas em todo o
mundo, pois além de não destruir as sementes, é bastante rápido, chegando a analisar mais de
três sementes por minuto (Colnago et al., 1996; Azeredo et al., 2000; Azeredo et al., 2003;
Venâncio et al., 2005 e Colnago et al., 2007).
Recentemente desenvolvemos um novo método de RMN baseada na seqüência de
pulsos denominada CWFP (Continuous Wave Free Precession) que consiste de um trem de
pulsos de 90 graus, calculado pela equação 1, separados por um intervalo de tempo τ na
ordem de 300 microsegundos (Azeredo et al., 2003; Venâncio et al., 2005 e Colnago et al.,
2007). Essa seqüência é repetida milhares de vezes (n) até a aquisição total dos sinais de
RMN. O esquema da seqüência CWFP está na Figura 1.
θ = γB1T p (1)
600
1,0
0,0 ( )n
0 100 200 300
Tempo (μs)
601
90°X’ 180°X’
eco
τ τ τ
n
Figura 1 - Seqüência de pulso da técnica CPMG.
1,0
CPMG echo amplitude (au)
0,5
CAS
LIN
SOY
MAC
0,0
Na Figura 3 a semente de linhaça (LIN) apresenta o decaimento mais longo, por ser rica
em ácido linolênico (> 50%), um ácido graxo com 18 carbonos e três insaturações (C18:3),
cujos ésteres são os menos viscosos. O biodiesel produzido a partir do óleo de linhaça possui
viscosidade cinemática (μ) 3,6 mm2 s-1. A semente de soja (SOY) por apresentar mais que
50% de ácido linoléico (C18:2) produz biodiesel mais viscoso (4,1 mm2 s-1 ) que a linhaça e
menos viscoso que a macadâmia (4,4 mm2 s-1), a qual contém mais de 70% de ácido oléico
(C18:1) em sua composição. A mamona possui um óleo muito mais viscoso que as outras três
602
sementes, uma vez que contém mais de 80% de ácido ricinoléico, um ácido graxo C18:1, mas
com uma hidroxila no C12. Essa hidroxila permite ligações de hidrogênio intramoleculares,
responsável pela alta viscosidade (12,8 mm2 s-1) do biodiesel produzido com o óleo da
mamona (Knothe, 2005 e Prestes et al., 2007).
Como as propriedades do biodiesel, tais como viscosidade, número de cetano e índice
de iodo são dependentes do tipo e da concentração dos ácidos graxos presentes no óleo,
desenvolveu-se a aplicação da técnica CPMG para a medida desses parâmetros diretamente
nas sementes. Na Figura 4 são apresentadas as curvas de calibração para a viscosidade
(coeficiente de correlação r = 0,94) e número de cetano (r = 0,92) calculados pela técnica
CPMG diretamente em sementes como soja, pinhão-manso, amendoim, girassol entre outras
(Prestes et al. 2007). Nesta técnica a semente deve ficar imóvel durante a análise por cerca de
1 segundo (stop and flow), demandando maior tempo de análise que a técnica CWFP,
utilizada para medir o teor de óleo nas sementes, apesar de poder analisar mais de 1000
amostras por hora.
a) b)
4,6
54
Cetane number from NMR
4,4
μ (mm .s ) from NMR
51
4,2
48
2 -1
4,0
45
3,8
42
3,6
3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 39 42 45 48 51 54 57
2 -1
μ (mm .s ) calculated from GC Cetane number calculated from GC
603
aquecimento indesejável na semente. O aquecimento, além de reduzir o poder germinativo da
mesma, também pode levar a resultados errôneos, uma vez que a viscosidade varia
exponencialmente com a temperatura (Prestes et al., 2007).
Assim, neste trabalho estamos apresentando uma nova técnica de medida do tempo de
relaxação T2, similar ao CPMG, porém usando somente pulsos de 90 graus, que denominamos
CPMG90. Como vamos demonstrar nesse trabalho, essa técnica usa apenas ¼ da potência da
técnica de CPMG convencional.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados sementes intactas de pinhão-manso, amendoim, baru, abóbora,
amêndoa, castanha do Brasil, castanha de caju, pati, colza, gergelim branco e preto, girassol,
linhaça, macadâmia, mamona, macaúba, moringa, niger, noz, piaçava, pipoca, rabanete e soja.
Utilizou-se um espectrômetro de RMN baseado em um transmissor/receptor CAT-100
da Tecmag e um ímã de 2,1 T Oxford com 30 cm de bore. A freqüência de ressonância do 1H
é de 85 MHz e 5 MHz para 1H).
As análises dos sinais de RMN foram realizadas com as técnicas CPMG convencional
(Figura 2) 90o x’ _ τ _(180oy’ _ τ _(eco)_ τ)n, e CPMG90 (Figura 5): 90o x’ _ τ _ (90oy’ _ τ
_(eco)_ τ)n.
90°X’ 90°Y’
eco
τ τ τ
Os parâmetros de análise para essas técnicas foram: largura de pulso de 10 μs, tempo
entre os pulsos (τ) de 100µs, números de ecos (n) = 600 ecos. Todas as medidas foram
executadas na temperatura de 22 ºC ± 0.5 ºC.
As constantes de tempo (T2) dos decaimentos das curvas CPMG foram analisadas no
software Origin 6.1.
604
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 6 apresenta os decaimentos das sementes de linhaça, amendoim e baru,
obtidos com as técnicas, CPMG convencional com trem de pulsos de 180 graus e com a
técnica proposta, CPMG90, com um trem de pulsos de 90 graus. É possível visualizar nesta
figura, uma sobreposição quase completa entre os decaimento medidos pelas duas técnicas.
Assim como discutido na introdução, as diferenças entre as velocidades de decaimento dos
sinais são relativas à sua viscosidade, composição etc.
1,0 CPMG 90
CPMG
Amplitude do sinal (ua)
0,5
Linhaça
Amendoim
Baru
0,0
Para uma análise quantitativa das similaridades dos dois métodos, fez-se uma correlação
entre os T2 medidos para 24 sementes de diferentes espécies. Na Figura 7 a curva de
calibração entre os dados medidos com a CPMG convencional e CPMG90 com um
coeficiente de correlação r = 0,997, que confirma que a técnica CPMG90 pode substituir
totalmente as medidas realizadas com CPMG convencional para a determinação da qualidade
do óleo em sementes.
605
200
150
100
50
50 100 150
CPMG - Tempo (ms)
Figura 6. Curva de correlação nos tempos de relaxação T2 medidos com as técnicas de CPMG
convencional e CPMG90.
É possível observar pela equação 1, que o ângulo de excitação (θ ) dos spins nucleares
pode ser ajustado tanto pelo intensidade de B1, quanto pelo tempo Tp. Desses fatores, a
duração do pulso deve ser curta o suficiente para que a banda de irradiação gerada, seja
T p << 1
superior a banda espectral a ser analisada (8f), onde Δf . Assim, na seqüência CPMG
convencional, o valor máximo de Tp é limitado pelo tempo de duração do pulso de 180 graus,
uma vez que a largura do pulso de 90 graus é metade desse valor e conseqüentemente tem o
dobro da banda de irradiação. Com isso para a técnica CPMG90, pode-se apenas reduzir o
tempo de duração do pulso, que leva a uma redução de 50% da potência incidida, mas com o
dobro da banda espectral (8f) necessária. Uma maneira mais eficiente de reduzir a potência
consiste em utilizar a largura dos pulsos de 90 graus com a mesma duração dos pulsos de 180
graus da técnica CPMG convencional. Para isso reduz se pela metade a intensidade de B1,
que depende da potência (P) do pulso de rf do fator de qualidade da sonda (Q), da freqüência
de ressonância (ν0) e do o volume da bobina detectora (V) de acordo com a equação 2.
1
B1 ≅ 3⎛⎜ PQ ⎞2
⎟
⎝ ν 0V ⎠ (2)
onde P é a dado em Watts (W), ν0 em megahertz (MHz) e V em cm3.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
606
Como Q, ν0 e V são constantes para uma mesma sonda/espectrômetro, o B1 depende
apenas da raiz quadrada da potência, ou seja, B1~ P½. Assim, a redução de B1 pela metade
para os pulsos de 90 graus equivale a uma redução de 4 vezes da potência incidida na
amostra. Experimentalmente isso está equivalendo a uma mudança de potência de cerca de
100W usada na técnica CPMG convencional para apenas 25W em CPMG90.
4 CONCLUSÃO
A técnica CPMG90 tem desempenho idêntico a CPMG convencional, podendo ser
utilizada para a análise da qualidade de óleo de sementes. A CPMG90 apresenta a vantagem
de utilizar apenas 25% da potência da técnica convencional, aumentando a durabilidade do
espectrômetro com uma menor influência na temperatura da amostra. Essa técnica já está
sendo utilizada para seleção de sementes de amendoim com alto teor de ácido oléico que é o
componente ideal para produção de biodiesel. O ácido oléico tem maior estabilidade oxidativa
que os ácidos graxos poliinsaturados, como o linoléico e linolênico, principais componentes
da maioria das sementes oleaginosas e a mesmo tempo menos viscoso que os ácidos graxos
saturados e ricinoléico.
5 AGRADECIMENTOS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, R. B. V.; COLNAGO, L. A.; ENGELSBERG, M. Quantitative analysis using
steady-state free precession nuclear magnetic resonance. Analytical Chemistry, v. 72, p.
2401-2405, 2000.
607
PRESTES, R.A.; COLNAGO, L.A.; FORATO, L.A.; VIZZOTTO, L.; NOVOTNY, E.H.;
CARRILHO E. A rapid and automated low resolution NMR method to select intact oilseeds
with a modified fatty acid profile. Analytica Chimica Acta, 2007. No prelo.
608
AVALIAÇÃO DA PUREZA FÍSICA DA SEMENTE DE PINHÃO MANSO
(Jatropha curcas L.)
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo avaliar a diferença de pureza física da
semente de pinhão manso ( Jatropha curcas L.) e a eficácia da mesa densimétrica, em um
mesmo lote. A pesquisa foi realizada na Unidade de Beneficiamento de Semente (UBS)
localizada na Universidade Federal de Lavras. Foram usados três lotes ( junho/05, janeiro/06,
dezembro/06), os quais passaram por uma mesa densimétrica, e foram separados em dois
novos lotes (BOCA1, BOCA2). Os resultados mostraram que existem diferenças significantes
de densidade dentro de um mesmo lote, comprovando a eficácia da separação das sementes
em uma mesa densimétrica e desuniformidade de densidade de sementes em um mesmo lote.
609
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta da Família Euforbiácea, originária
provavelmente da América Central e do Sul (HELLER, 1996), vem sendo estudada como
alternativa para produção de óleo como matéria-prima com vistas à fabricação de biodiesel no
Brasil e em diversos outros países. Sua principal vantagem é a grande tolerância ao estresse
hídrico, adaptação às condições adversas, sobretudo, e por se tratar de uma cultura perene
(ARRUDA et al., 2004), observa-se, no entanto que a planta, embora tolerante tem o
crescimento afetado pela salinidade ou compactação do solo (VALE et al., 2006a b). Em
muitas espécies o peso da semente é um indicativo de sua qualidade fisiológica. Segundo
Carvalho e Nakagawa (2000), a classificação das sementes por densidade é uma estratégia
que pode ser adotada, para uniformizar a emergência das plântulas obtendo-se mudas de
tamanho e vigor semelhante, assim, as sementes de maior densidade são potencialmente mais
vigorosas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no setor de Grandes Culturas do Departamento de
Agricultura da UFLA. Foram utilizados três lotes de sementes de pinhão-manso, de diferentes
épocas de armazenamento, os quais foram passados em uma mesa densimétrica, gerando dois
sub-lotes. Em seguida, as sementes dos sublotes (BOCA1 e BOCA2) foram avaliados quanto
a pureza física e peso hectolitro. Os dados foram analisados no SISVAR, em delineamento
inteiramente casualizado (DIC), pelo teste Tukey, ao nível de 5% de significância.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de pureza física dos sub-lotes, não mostraram diferenças. Sendo que em
todos os seis sub-lotes, os valores foram próximo a 100%.
Os resultados de peso hectolitro obtidos mostraram que houve diferenças significativas
entre as bocas em um mesmo lote, o que evidencia diferentes densidades de sementes que
foram armazenadas em uma mesma época. Logo, a BOCA1 selecionou sementes de melhor
qualidade em relação à BOCA2. Evidencia também, que as maiores densidades se encontram
no lote de armazenamento em junho de 2005.
610
0,520
a
0,499
b a a
0,482 0,481 0,481
0,480 b
0,467
b
0,456 BOCA 1
BOCA 2
0,440
0,400
2005/JUN 2006/JAN 2006/DEZ
4 CONCLUSÃO
A separação de sementes pelas bocas da mesa densimétrica, independente da época de
colheita, foi eficiente e demonstrou que o equipamento é importante para o beneficiamento
das mesmas.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4. ed.
Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p.
FRAZÃO, D.A.C.; COSTA, J.D.; CORAL, F.J.; AZEVEDO, J.A.; FIGUEIREDO, F.J.C.
Influência do peso da semente no desenvolvimento e vigor de mudas de cacau. Revista
Brasileira de Sementes, Londrina, v.6, n.3, p. 31-39, 1984.
611
ANÁLISE DA QUALIDADE DE ÓLEOS VEGETAIS EM SEMENTES
INTACTAS PELA ESPECTROSCOPIA DE RMN-CWFP
RESUMO: O biodiesel vem sendo avaliado como uma alternativa renovável ao diesel com
vantagens ambientais, como a redução da emissão de gás carbônico, um dos gases envolvidos
no efeito estufa. No entanto, existem duas questões que poderão dificultar a implantação deste
combustível no Brasil. A primeira questão é aumentar a produtividade das plantas atualmente
disponíveis para a produção de biodiesel. Para isso, será necessário um amplo programa de
melhoramento genético das espécies de sementes. A segunda questão é relativa à qualidade
dos óleos vegetais disponíveis para a produção de biodiesel, que em sua maioria possuem alta
concentração de ácidos graxos poliinsaturados, induzindo à produção de biodiesel com baixo
número de cetano e baixa estabilidade oxidativa. Neste trabalho estamos apresentando uma
técnica de RMN de 1H para a medida da qualidade do óleo diretamente nas sementes, baseada
na técnica CWFP (Continuous Wave Free Precession). Essa técnica é diferente da CWFP
usada para medida de quantidade de óleo e abrange um comportamento similar ao da CPMG
(Carr-Purcell-Meiboom-Gill). Além da velocidade, a técnica CWFP não é destrutiva,
permitindo com que as sementes analisadas sejam utilizadas diretamente para produção
futura. A qualidade do óleo foi analisada em sementes intactas através dos dados de CWFP,
mostrando que a técnica é uma ferramenta poderosa e rápida para a seleção das sementes
oleaginosas. Foi observado também que a técnica de CWFP abrange um comportamento
similar ao da CPMG, porém utilizando menor potência de excitação, permitindo uma maior
durabilidade e estabilidade do equipamento e com a dependência de dois parâmetros de
relaxação (T1) e (T2), descriminando altamente as diferenças de composição do óleo das
sementes oleaginosas.
612
1 INTRODUÇÃO
O uso de biodiesel como uma alternativa renovável ao diesel deverá enfrentar nos
próximos anos dois problemas relativos à produção e a qualidade dos óleos disponíveis no
mercado.
A solução do primeiro problema será aumentar a produtividade das plantas atualmente
disponíveis, uma vez que a produtividade média está abaixo de 1 tonelada por hectare por ano
(1t/ha/ano) (Plano Nacional de Agroenergia, Brasília, 2005). Essa produtividade não é
suficiente para suprir a demanda futura de biodiesel sem um grande aumento da área plantada.
Atualmente, somente o dendê tem alta produtividade, na ordem de 5 t/ha/ano, mas se restringe
à região amazônica. Assim, a meta proposta pelo MAPA (Ministério da Agricultura e
Pecuária e Abastecimento) no Plano Nacional de Agroenergia (2005) é de um aumento da
produtividade de cerca de 500% em 30 anos, atingindo um patamar similar ao do dendê. Para
isso será necessário um amplo programa de melhoramento genético das espécies comerciais
como: soja, amendoim, girassol, entre outras; bem como a domesticação e melhoramento
genético de plantas silvestres como pinhão manso, macaúba, pequi, etc.
Para que os programas de melhoramento e seleção de novas plantas sejam rápidos, será
necessária a análise do teor de óleo de milhares de sementes por ano. Como os métodos
disponíveis (extração com solventes, espectroscopia no infravermelho próximo e
espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN)) são lentos, desenvolveu-se
recentemente a técnica não-destrutiva e ultra-rápida de RMN de 1H, baseada na precessão
livre em onda contínua (CWFP- Continuous Wave Free Precession) que tem potencial para
analisar mais de 20 mil sementes por hora (Colnago et al, 2007).
A qualidade dos óleos vegetais disponíveis como os óleos de soja, girassol, etc, possui
alta concentração de ácidos graxos poliinsaturados, levando a um biodiesel com baixo número
de cetano e baixa estabilidade oxidativa. O óleo da mamona contém alta proporção de ácido
ricinoléico, portanto, possui alta viscosidade. Conseqüentemente, restringe a utilização do
respectivo biodiesel em alta proporção na mistura com diesel, induzindo a um combustível
fora das especificações. Assim, os programas de melhoramento genético deverão focar não
apenas o aumento da produtividade, mas também a melhoria da qualidade do seu óleo.
Segundo Knothe (2005b), o biodiesel ideal possui alta concentração de ácido oléico que é
mais estável, possui maior número de cetano que os ácidos graxos poliinsaturados e também
menor viscosidade que os ácidos graxos totalmente saturados.
613
Para suprir a demanda dos programas de melhoramento genético quanto à qualidade do
óleo também foi desenvolvido um outro método de RMN de 1H, baseado na seqüência
desenvolvida por Carr-Purcell-Meiboom-Gill, conhecida como CPMG (Prestes et al, 2007).
Essa técnica fornece a constante de tempo de relaxação transversal (T2) do óleo nas sementes
apresentando alta correlação (r > 0,92) com a viscosidade, número de cetano, índice de iodo
(medida de insaturação) e composição química do óleo. Nesse método as amostras são
colocadas na mesma esteira usada na medida da quantidade de óleo pela técnica CWFP
(Colnago et al, 2007). Porém, o movimento da esteira, onde se encontram as sementes, é
interrompido na região do sensor durante a análise (stop flow) (Prestes et al, 2007). Esse
método automatizado possui um potencial de analisar mais de 1000 amostras por hora.
Neste trabalho estamos apresentando uma nova técnica de medida da qualidade do óleo
diretamente nas sementes baseado também na seqüência CWFP. Essa técnica é diferente da
CWFP usada para medida de quantidade de óleo (Colnago et al, 2007) e apresenta um
comportamento similar à CPMG. As possíveis vantagens dessa seqüência em relação à
CPMG são: o uso de menor potência de excitação (1/4 da potência do CPMG), permitindo
uma maior durabilidade e estabilidade do equipamento; e a dependência de dois parâmetros
de relaxação longitudinal (T1) e transversal (T2) (Venâncio et al, 2005), com maior
capacidade na discriminação composição do óleo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
As sementes oleaginosas utilizadas foram: pinhão manso, amendoim, baru, abóbora,
linhaça, macadâmia, amêndoa, castanha do Brasil, castanha de caju, macaúba, pati, colza,
gergelim branco, gergelim preto, girassol, moringa, niger, noz, piaçava, milho, rabanete e
soja.
As medidas do sinal de RMN-CWFP foram realizadas em espectrômetro de RMN de
2.1T em conjunto com um transmissor/receptor Tecmag CAT-100 (Colnago et al, 2007,
Prestes et al, 2007). Os dados de CWFP foram coletados com a aplicação de 1000 pulsos de
10 μs (90o), com o tempo de repetição τ = 300 μs, e o ângulo de precessão Ψ= 3π. Os dados
das composições de ácidos graxos das sementes utilizadas foram obtidos de Prestes et al
(2007).
614
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na figura 1 observa-se a comparação entre os sinais de RMN de uma semente de soja
obtidos com a técnica convencional para medida da qualidade de óleo, CPMG (A) e com a
técnica proposta neste trabalho, CWFP (B).
M0
Estado quasi-estacionário
Figura 1 - Sinal de RMN do óleo de uma semente de soja obtido com as técnicas CPMG(A) e
CWFP(B). M0 é intensidade do sinal após o primeiro pulso de 90º e é proporcional a
magnetização no equilíbrio térmico e Mz é intensidade do sinal no estado estacionário.
615
T*=2T1T2/(T1+T2) (1)
A intensidade do sinal no estado estacionário (Mz), também dependente dos tempos de
relaxação T1 e T2, dada pela equação 2, isso consiste em uma vantagem da técnica CWFP
sobre a CPMG, que depende apenas de T2.
│Mz│/M0=T2/(T1+T2) (2)
T1=(T*/2)/(│Mz│/M0) (3)
T2=(T*/2)/[1-(│Mz│/M0)] (4)
A Figura 2 apresenta os decaimentos dos sinais de CPMG (A) e CWFP (B) dos óleos
das sementes de: linhaça, soja e mamona. A constante de tempo de relaxação transversal (T2)
do sinal CPMG reflete as diferenças na viscosidade do óleo que é dependente do principal
ácido graxo do óleo (Allen, 1999; Knothe, 2005a e Knothe 2005b). Normalmente a
viscosidade em ácidos graxos de ésteres de metil (FAME) e em triglicerídeos aumenta com
comprimento da cadeia (número do carbono) e decresce com o aumento da insaturação para
ácidos graxos com o mesmo número de carbonos.
1,0 1,5
Amplitude do sinal de CWFP (ua)
Amplitude do sinal CPMG (ua)
1,0
0,5
Linha
Linhaça 0,5 Soja
Soja
Mamona
0,0
Mamo
0,0 0,5 1,0 1,5
0,0
0 1500 3000 4500
Tempo (s)
Tempo (s)
Figura 2 - Decaimento do sinal de RMN dos óleos nas sementes de: linhaça, soja e mamona.
616
Obtidos com as técnicas CPMG (A) e CWFP (B).
Como o T2 tem uma correlação negativa com viscosidade (Prestes et al, 2007), isto
explica o decaimento mais longo do sinal para o óleo da linhaça, devido alta concentração de
ácido linolênico (~50%) e baixa viscosidade cinemática (μ = 3.6mm2.s-1). O óleo de soja é
rico em ácido linoléico (~50%) e possui viscosidade de 4,1mm2.s-1 e portanto, o respectivo
sinal possui decaimento intermediário. O decaimento do sinal da mamona é mais curto devido
à elevada concentração de ácido ricinoléico (~80%) no óleo, que possui um grupo hidroxila
no C12, permitindo as ligações intermoleculares do hidrogênio que aumentam a viscosidade
do óleo (μ=12.8mm2.s-1) (Knothe, 2005b). O óleo de mamona é a única fonte que produz
biodiesel fora das especificações da ASTM (American Society for Testing and Materials) e da
EN (European Normalization) (Knothe, 2005a).
Na Figura 2B são observados os decaimentos dos sinais CWFP dos óleos das mesmas
sementes analisadas por CPMG, apresentando os sinais equivalentes aos observados por
CPMG. O sinal de decaimento da linhaça é maior que o da soja, e muito maior que o da
mamona, ou seja, é possível obter os mesmos resultados que a técnica CPMG, com a
vantagem de usar apenas 1/4 da potência de irradiação da amostra e ser dependente tanto de
T1 quanto de T2.
4 CONCLUSÕES
Neste trabalho foi possível analisar a qualidade do óleo em sementes intactas através
dos dados de CWFP, evidenciando que este método é uma ferramenta poderosa e rápida para
seleção das sementes oleaginosas de alta qualidade. Com a técnica de RMN-CWFP acoplada
a um sistema de medidas on-line, é possível analisar a qualidade dos óleos nas sementes com
maior rapidez e menor custo.
Foi observado também que a técnica de CWFP abrange um comportamento similar ao
da CPMG, porém utilizando menor potência de excitação, permitindo uma maior durabilidade
e estabilidade do equipamento e com a dependência de dois parâmetros de relaxação (T1) e
(T2), descriminando altamente as diferenças de composição do óleo das sementes oleaginosas.
617
5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, CAPES, FINEP e CNPq pela concessão de bolsa e financiamento do
projeto.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLEN, C.A.W.; WATTS, K.C.; ACKMAN, R.G.; PEGG, M.J. Predicting the viscosity of
biodiesel fuels from their fatty acid ester composition. Fuel, v.78, p. 1319–1326, 1999.
aKNOTHE, G. Dependence of biodiesel fuel properties on the structure of fatty acid alkyl
esters. Fuel Processing Technology, v. 86, p. 1059– 1070, 2005.
VENÂNCIO, T.; ENGELSBERG, M.; AZEREDO, R.B. de V.; ALEM, N.E.R.; COLNAGO,
L.A. Fast and simultaneous measurement of longitudinal and transverse NMR relaxation
times in a single continuous wave free precession experiment. Journal of Magnetic
Resonance, v.173, p. 34-36, 2005.
PRESTES, R.A.; COLNAGO, L.A.; FORATO, L.A.; VIZZOTTO, L.; NOVOTNY, E.H.;
CARRILHO E. A rapid and automated low resolution NMR method to select intact oilseeds
with a modified fatty acid profile. Analytica Chimica Acta, 2007. No prelo.
618
DENSIDADE DE BIODIESEL DE AMENDOIM EM FUNÇÃO DA
PROPORÇÃO DE MISTURA E DA TEMPERATURA
619
1 INTRODUÇÃO
ALMEIDA (2000) define o biodiesel como sendo uma mistura de ésteres metílicos de
ácidos graxos e ésteres como substâncias resultantes da reação de um ácido carboxílico com
um álcool e ainda que ésteres metílicos de ácidos graxos derivam de reações de metanol com
ácidos graxos (ácidos carboxílicos com número de átomos de carbono ao redor de 18).
De acordo com COOK (1993) a produção de biodiesel tem como grande fonte de
matéria prima os óleos residuais ou óleos produzidos a partir de produtos vegetais, o que
causou interesse científico em vários países europeus. O autor ressalta a importância de
estudos com o objetivo de reduzir o custo de produção e procurar alternativas de uso de tal
produto. Desse modo, é imprescindível o suporte governamental para tornar viável a produção
e uso do biodiesel.
De acordo com PARENTE (2003), pelas semelhanças de propriedades fluidodinâmicas
e termodinâmicas, o biodiesel e o diesel do petróleo possuem características de completa
equivalência, especialmente vistas sob os aspectos de combustibilidade em motores do ciclo
diesel, portanto o desempenho e o consumo são praticamente equivalentes, e ainda, não há
necessidade de qualquer modificação ou adaptação dos motores para funcionar regularmente
com um ou com o outro combustível.
Entretanto ao longo de uma jornada de trabalho, a temperatura em ambiente protegido
pode variar de 12,5 a 30,6 ºC, caso particular medido em série de 30 anos em Jaboticabal,
conforme UNESP (2007). Porém, em condição de ambiente não-protegido, como é o caso do
trabalho de tratores, pode ser observada temperatura de até 45 ºC ao meio-dia. Nessas
condições, ressalta-se, entretanto, que a temperatura do combustível no tanque das máquinas
pode variar de 12,5 a 50 ºC. Por esse motivo, quando se avalia o consumo de combustível, a
densidade do mesmo é de suma importância, para corrigir o efeito da temperatura sobre o
consumo de combustível.
O presente trabalho teve por objetivo determinar a superfície de resposta de segunda
ordem ajustada à densidade do Biodiesel etílico de amendoim (filtrado e destilado) em função
da temperatura do combustível e da proporção de mistura de Biodiesel no diesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nas dependências do Laboratório de Máquinas e Mecanização
Agrícola (LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A
localização geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’
620
latitude sul e 48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, pressão atmosférica de
94,24 kPa. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido
como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno.
Neste trabalho, utilizou-se o diesel automotivo interior, classificado como Tipo "B”
tendo quantidade de enxofre total máximo de 3.500 mg.kg-1, advindo da cidade de
Jaboticabal-SP, cujas características estão de acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22 de
março de 2005 (BRASIL, 2005).
Os Biodiesel de amendoim utilizados foram produzidos no Laboratório de
Desenvolvimento de Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto.
Para determinar a densidade dos combustíveis utilizou-se de balança de precisão, manta
aquecedora e termômetro digital. No momento das avaliações, a temperatura ambiente era
superior ao menor limite de temperatura do ensaio, por isso a amostra do combustível foi
submersa em gelo a fim de que a temperatura se reduzisse a 10 ºC, que correspondia ao limite
inferior do ensaio. A partir desse ponto, a amostra foi aquecida até atingir a temperatura de
70 ºC, limite máximo do ensaio. No início da determinação, a 10 ºC, mediu-se um volume de
100 mL, verificou-se a massa e, depois, foi monitorada a variação do volume referente ao
acréscimo de cada 5 ºC. Tal procedimento foi repetido para os 2 combustíveis do trabalho e,
em cada um desses, em sete proporções de misturas (B0, B5, B15, B25, B50, B75, B100, em que o
número subscrito indica a % de Biodiesel no diesel). Com base na análise de variância, os
dados foram ajustados por meio de regressão quadrática. Esse procedimento originou 2
modelos de equações do tipo:
D = C − C1 * T + C 2 * P ± C 3 * T 2 ± C 4 * P 2 ± C 5 * T * P
Em que,
D = densidade do combustível (g L-1);
C, C1, C2, C3, C4 e C5 = coeficientes da regressão;
P = proporção de Biodiesel (%), e
T = temperatura do combustível (oC).
Os dados foram submetidos à análise de variância para seleção do modelo de maior grau
significativo, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA (2006).
621
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da densidade estão apresentados em forma de Figura e Equação para cada
tipo de Biodiesel ensaiado. Sendo assim, foi possível determinar a variação da densidade dos
biocombustíveis em função da temperatura e da proporção de mistura de Biodiesel e diesel, o
que proporcionou ajustes de modelos de superfícies de resposta de segunda ordem. O modelo
de ajuste selecionado foi o de maior grau, cujo teste F da análise de variância foi significativo
para explicar as diferenças da densidade no fator proporção para cada tipo de Biodiesel. Os
resultados estão apresentados nas Figuras 1 e 2.
880
870
T = temperatura (oC)
P = proporção (%)
Densidade (g L-1)
860
850
840
830
820
810
880
B100
70 870
B75 65
60 860
B50 55
50 850
B25 45
Proporção (%) 40 840
35
B15 30 Temperatura (ºC) 830
25
B5 20 820
B0 15
10 810
622
880 D = 849 - 0,754*T + 0,259*P + 0,0013*T2 - 0,0007*T*P + 0,0005*P2
870
840
830
820
810
800
B100
B75 70 870
65
B50 60 860
55
50 850
B25 45
Proporção (%) 40 840
B15 35
30 Temperatura (ºC) 830
B5 25
B0 20 820
15
10 810
4 CONCLUSÃO
A densidade do combustível é reduzida com o incremento da temperatura; aumenta à
medida que cresce a proporção de Biodiesel e tem variação diferente em função do tipo de
Biodiesel.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, R. Biodiesel: Caminhão com mostarda. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 out.,
2000. Resumão/Química, p. 7.
623
BRASIL. Agência Nacional de Petróleo. Portaria ANP nº 12, de 22 março de 2005.
Disponível em: <www.anp.gov.br/petro/legis>. Acesso em: 3 nov. 2006.
COOK, P.; WALKER, K. C.; BOOTH, E. J.; ENTWISTLE, G. The potencial for biodiesel
production in the UK. Farm Management, London, v.8, n.8, p.361–8, 1993.
624
DIESEL S500 x INTERIOR: OPACIDADE DA FUMAÇA DE TRATOR
AGRÍCOLA – PARTE I
625
1 INTRODUÇÃO
A poluição atmosférica dos centros urbanos implica problema da sociedade
contemporânea, cujos hábitos estão vinculados a combustíveis de origem fóssil. Ressalta-se
que as substâncias originadas na combustão desses acarretam mal-estar e inúmeras doenças
respiratórias, ocasionando grandes custos hospitalares.
Segundo CAYRES & YUKI (2006), a maioria da população tem uma preocupação com
a questão ambiental, porém, a maioria, não toma nenhuma atitude específica visando verificar
e/ou manter a emissão de poluentes de seus veículos de acordo com a legislação, que para
veículos diesel somente é avaliado o índice de opacidade, ou seja, o quanto a fumaça está
escura.
Para motores movidos a óleo diesel automotivo, há uma preocupação especial com o
material particulado, que segundo BRAUN et al. (2003) vários estudos comprovam que
mudanças na qualidade do diesel podem resultar em modificações no nível das emissões, com
melhoria na qualidade da fumaça a medida que se reduz o teor de enxofre e de aromáticos e
aumenta-se o número de cetana do combustível.
Com relação a mudanças na qualidade do diesel, a Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis têm se preocupado cada vez mais com o teor de enxofre do óleo
diesel automotivo, que de acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22 março de 2005, o óleo
diesel fica classificado, de acordo com sua aplicação: Óleo Diesel Automotivo S500,
concentração máxima de enxofre de 500 mg.kg-1; Óleo Diesel Automotivo Metropolitano,
concentração máxima de enxofre de 2000 mg.kg-1; Óleo Diesel Automotivo Interior,
concentração máxima de enxofre de 3500 mg.kg-1. (BRASIL, 2005)
Pressupõe-se que com a diminuição da concentração de enxofre reduza a opacidade da
fumaça, com o objetivo do presente trabalho sendo avaliar a opacidade da fumaça de um
trator agrícola funcionando com diesel automotivo interior e S500.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nas dependências do Laboratório de Máquinas e Mecanização
Agrícola (LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A
localização geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’
latitude sul e 48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, pressão atmosférica de
94,24 kPa. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido
como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno.
626
Neste trabalho, utilizaram-se dois tipos de diesel, o interior classificado como Tipo "B”
tendo quantidade de enxofre total máximo de 3.500 mg.kg-1, advindo da cidade de
Jaboticabal-SP, e o S500 classificado como Tipo S500 tendo quantidade de enxofre total
máximo de 500 mg.kg-1 advindo da cidade de São Paulo-SP, cujas características estão de
acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22 março de 2005 (BRASIL, 2005).
Foi utilizado um trator da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 TDA, com 74 kW (100
cv) de potência no motor a 2300 rpm. A opacidade da fumaça foi medida por um opacímetro
de absorção de luz com fluxo parcial, modelo TM 133. O opacímetro de fluxo parcial, realiza
a medição da fuligem do gás de escapamento com somente parte do fluxo de gás, feita por
meio de um tubo de captação e uma sonda, sendo montado no cano de escape do trator.
A opacidade da fumaça foi determinada para os dois tipos de diesel. Ao término de cada
determinação, realizou-se a drenagem completa do sistema de alimentação, evitando, com
isso, a contaminação do ensaio seguinte. Além disso, depois de trocado o combustível, o
motor ficou em funcionamento em torno de dez minutos antes do início de cada teste.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 2 tratamentos que
foram dois tipos de diesel (S500 e interior), com seis repetições e sete replicações, totalizando
84 observações.
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA
(2006).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1, em que observa-se que o diesel S500,
por conter menor teor de enxofre, ocasionou menor opacidade da fumaça do que o diesel
interior. A opacidade do diesel interior foi 17% superior a do S500. Tais resultados
evidenciam que a decisão da ANP em diminuir o teor de enxofre do diesel contribui para a
melhoria da qualidade do ar, no que se refere a emissão de material particulado.
627
Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para a opacidade da fumaça.
4 CONCLUSÃO
A opacidade da fumaça do trator utilizando-se diesel S500 foi menor do que com o
diesel interior.
5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS E VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos tratores
de testes e sua instrumentação.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.
BRAUN, S.; APPEL, L.G.; SCHMAL, M. A poluição gerada por máquinas de combustão
interna movidas à diesel - a questão dos particulados, estratégias atuais para a redução e
controle das emissões e tendências futuras. Química Nova, v.27, n.3, p.472-82, 2003.
628
FORMAÇÃO DE MACAUBAIS POR TRANSPLANTIO DE BROTOS
NATIVOS
1
1 INTRODUÇÃO
A produção de mudas de macaúba pelo plantio de caroços apresenta um baixo
percentual de germinação, inferior a 3%, uma vez que ainda não é conhecido um método
eficaz de quebra de dormência dos caroços desta palmeira.
O cultivo de embriões da macaúba tem sido pesquisado, e a literatura apresenta alguns
casos de sucesso. Entretanto, este método requer pessoal qualificado, e não está ao alcance do
pequeno produtor.
O presente estudo apresenta um terceiro método de formação de macaubais, através do
transplantio de mudas nascidas ao redor de palmeiras-mãe. Este método foi empregado em
Jequitibá, MG, por volta de 1965, em área de 1 ha. As palmeiras tiveram desenvolvimento
normal, estão produzindo na atualidade frutos com dimensões e quantidades de frutos
semelhantes a palmeiras nativas, não transplantadas. Em visita ao local, na fazenda da
Adelina, entre os municípios de Jequitibá e Santana do Pirapama, MG, não foram constatadas
patologias causadas por ácaros, insetos ou fungos.
Um macaubal, de aproximadamente 7.000 brotos, também formado através do
transplantio, foi visitado em Bodoquena, MS, conforme relatado por Aristone, do
departamento de física da UFMS. Neste, foi estimada perda de 30% das mudas
transplantadas, explicada por diversos fatores, dentre eles, deficiências nos tratos culturais e
ataques de tatus. Outro macaubal formado por transplantio de macaúbas de maior porte foi
encontrado em Dourados, MS.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento de transplantio foi iniciado em agosto de 2006, na localidade de
Bandeirinhas, Betim, MG, com a preparação da área de plantio das mudas, aproximadamente
1.000 m², em que foram feitas aração e gradagem. Seguiu-se o lançamento de calcário
dolomítico nos locais previstos para abertura das covas, com espaçamento de 6 x 6 m, 3
meses antes do plantio.
Em outubro 2006 foram pesquisados em campo, na própria região a ocorrência de
mudas nativas nas proximidades de palmeiras macaúba adultas.
Foi constatada no local a existência de diversas palmeiras-mãe com quantidades
variáveis de brotos nos seus entornos, variando de 3 até 37 brotos por palmeira-mãe. Nos
locais com maior presença de brotos foram observadas as seguintes condições:
629
• Grande quantidade de côcos encontrado no chão, em processo de decomposição,
formando-se uma camada superior de húmus;
• Locais medianamente sombreados;
• Solo argiloso, com boa retenção de umidade;
Os caroços que germinaram estavam cobertos por camada de húmus de 4 a 6 cm.
Foram escolhidas mudas de 10 a 30 cm de altura, para transplantio, sendo que a altura foi
medida entre o solo e a parte mais alta do broto.
Todos os transplantios foram feitos no período chuvoso, entre outubro de 2006 e
fevereiro de 2007.
A retirada do broto foi feita com enxada ou enxadão, que foram fincados no solo,
batendo-se com uma marreta na sua parte superior. Retira-se a enxada sem retirar a terra,
deixando o sulco profundo, repete-se a operação sucessivamente até formar um quadrado de
sulcos nos 4 lados do broto, com o broto ao centro. O lado do quadrado tem aproximadamente
30 cm. Retira-se a terra de um dos lados externos do quadrado, para facilitar a retirada do
cubo, ou torrão, contendo o broto com suas raízes. É importante que o solo esteja úmido para
manter o torrão coeso, evitando-se os esfarelamento da terra que envolve as raízes. Após a
retirada do torrão este é colocado em uma caixa de madeira, para transporte.
O broto deve ser plantado em covas já preparadas, preferencialmente de 50 por 50 cm,
contendo esterco misturado com terra no fundo. Utilizou-se o mesmo método de preparação
de covas para o plantio de árvores frutíferas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se que o transplantio é uma operação delicada que requer muito cuidado na
retirada, no manuseio, transporte e plantio do broto, uma vez que todas estas operações podem
romper a integridade do conjunto terra-raízes.
Foram feitos 26 transplantios com 16 brotos sobreviventes, 62% de sucesso, após 9
meses do experimento.
As causas prováveis da morte dos brotos foram as seguintes:
• Crescimento excessivo de ervas daninhas em decorrência da quantidade excepcional
de chuvas na região entre outubro e fevereiro de 2006. No local do plantio observou-se
forte incidência de capim colonião com altura superior a 2 m, além de outras ervas
daninhas de menor porte;
630
• Esfarelamento da terra que cobre as raízes, no no ato da retirada do brôto, no manuseio
ou transporte;
• Lesões no meristema apical dos brotos, por flexão ou torção das folhas. Sabe-se que
esta parte do caule das palmáceas é muito delicada nos primeiros meses de vida.
Não foram observados ataques de formigas, embora houvesse formigueiros ativos
próximos às covas.
Foram observadas pegadas recentes de bovinos, junto a duas covas, mas sem danos aos
brotos plantados.
No período mais seco, que na região do experimento foi de abril a junho, não foram
observados mortes por ressecamento dos brotos transplantados. Sabe-se que a macaúba tem
boa resistência à vários meses sem chuva, mesmo no seus primeiros meses de vida.
Nos 8 meses após o plantio observou-se um lento crescimento dos brotos
transplantados. Este padrão de crescimento também foi observado em brotos nativos não
transplantados de alturas semelhantes.
Ao longo dos 9 meses do experimento, foi também observado o crescimento de
macaúbas em diferentes fases de crescimento. Principais constatações:
• O crescimento inicial, medido entre o surgimento da primeira folha e a altura de 40 a
50 cm, é muito lento, mesmo com boas condições de solo e umidade. Mudas nativas
não transplantadas e transplantadas apresentaram crescimento semelhante, de alguns
centímetros apenas, em 9 meses;
• Acidentalmente, na região, no mês de abril de 2007, um broto nativo de
aproximadamente 40 cm de altura não transplantado foi cortado, rente ao solo por
roçadeira à gasolina. Foi observada uma rápida rebrota do sistema foliar, e em 60 dias
o broto atingiu a altura anterior, emitindo inicialmente apenas uma folha, e a seguir
outra folha.
Este tipo de poda deve ser objeto de experimento de manejo, para confirmar uma
possível aceleração do crescimento nesta fase.
• A partir de 40 a 50 cm, o crescimento é acelerado. Observou-se que uma macaúba
de 110 cm de altura, não transplantada, cresceu 80 cm em apenas 50 dias. Este fato
sugere que a partir de certa altura, com a consolidação do meristema e do sistema
radicular, além de boa pluviosidade e boas condições de nutrientes no solo, o
crescimento da macaúba é acelerado.
631
• Estes padrões de crescimento sugerem que há pelo menos 3 fases de crescimento
para a macaúba: a infância, com crescimento lento, a adolescência, com
crescimento muito rápido, e a fase adulta com crescimento médio e contínuo.
Serão necessários medições de altura e idade, de pelo menos 5 anos, para
estabelecer uma função idade/altura, e sua correlação aos períodos secos e
chuvosos.
4 RESULTADOS ESPERADOS
As evidências deste experimento mostram que é viável a formação de macaubais através
de brotos nativos, desde que a operação de transplantio seja realizada cuidadosamente, no
período chuvoso, ou no período seco, com irrigação.
A escolha dos brotos deve recair sobre indivíduos com poucos centímetros de altura, de
modo que seja retirado intacto todo o sistema radicular. O transplantio deve ser feito em covas
para árvores frutíferas, previamente preparadas.
Para manter a maior variabilidade genética deve-se plantar brotos alternadamente, de
diferentes palmeiras doadoras, considerando-se que a polinização da macaúba se dá de forma
biótica e abiótica, por autopolinização e por anemopolização.
Nestas condições, e com base em experimentos anteriores, é de se esperar que
ocorreram produções semelhantes aos macaubais nativos. Espera-se que haja também
aumento de produção com a adoção de tratos culturais adequados como adubação orgânica e
mineral, cobertura morta e irrigação.
Em razão da necessidade de erradicação de ervas daninhas que têm crescimento
acelerado no período chuvoso, recomendam-se experimentos de plantio consorciado de
oleaginosas de ciclo curto e crescimento rápido, junto com a macaúba; esta teria então
espaçamentos adequados, 7 x 7, ou 8 x 8 m. Sugerem-se experimentos consorciados da
macaúba com o girassol, gergelim, nabo forrageiro e colza, que poderão ser rotacionados, de
acordo com o clima e as estações do ano.
Outras importantes possibilidades que devem ser objetos de experimentos são os
plantios da macaúba como componente de matas ciliares plantadas, e o plantio em regiões de
topografia acidentada, uma vez esta ocorre naturalmente nestas áreas, e onde poderia ter
importante papel econômico, dados a grande produção de côcos por hectare, de 20 a 25 t/ano,
e a possibilidade de aproveitamento integral do côco para produção simultânea de óleos
632
vegetais, alimentos para consumo humano, rações para animais e carvão vegetal de alto poder
calorífico.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTONE, FLÁVIO, Relato de visitas técnicas a macaubais no Mato Grosso do Sul
Departamento de Física – UFMS- http://www.dfi.ufms.br/flavio
633
DIESEL S500 x INTERIOR: CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE TRATOR
AGRÍCOLA – PARTE II
RESUMO: O óleo diesel automotivo é classificado de acordo com o teor de enxofre, o que
implica na necessidade de se avaliar o comportamento destes, pois se pressupõem que estas
alterações tenham efeito significativo sobre o consumo de combustível. Por isso, o presente
trabalho teve por objetivo avaliar o consumo de combustível de um trator Valtra BM100 4x2
TDA, funcionando com diesel automotivo interior e S500, em duas forças exigidas na barra
de tração. O trabalho foi conduzido no Departamento de Engenharia Rural da UNESP –
Jaboticabal, em delineamento inteiramente casualizados, no esquema fatorial 2 x 2, com seis
repetições. A combinação dos fatores foram dois tipos de diesel (D1 = interior e D2 = S500) e
duas forças exigidas na barra de tração (Ft1 = 17 kN e Ft2 = 22 kN). Os resultados
evidenciaram redução no consumo de combustível relacionado ao uso de diesel S500 e com a
redução da força exigida na barra de tração.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola
(LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização
geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude Sul
e 48º18’ longitude Oeste, sendo a altitude média de 570 m. O clima da região, segundo a
classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido como tropical úmido com estação chuvosa no
Em que,
Chv = consumo horário volumétrico (L h- D - densidade do combustível (g L-1);
1
); CE - consumo específico (g kWh-1);
C = volume consumido (mL); PB - potência na barra de tração (kW);
t = tempo de percurso na parcela (s); Ft = força média de tração na barra (kN), e
-1
Chp = consumo horário ponderal (kg h ); v = velocidade de deslocamento (m s-1).
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendado por BANZATTO & KRONKA
(2006).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1, em que médias com ausências de letras
nas colunas implicam em interação significativa entre dois fatores, tendo assim, tabela
complementar de desdobramento.
Na Tabela 1, verifica-se que o consumo horário ponderal foi maior para o diesel
interior, com um aumento no consumo de 11% em relação ao S500. Verifica-se, também, que
o aumento na força exigida na barra de tração em 5 kN ocasionou um acréscimo no consumo
ponderal de 7%.
Pela Tabela 2, nota-se que o consumo volumétrico foi maior quando o trator estava
utilizando diesel interior. Para a força de tração de 22 kN o consumo volumétrico foi maior,
comportamento este esperado.
Tabela 2 - Interação entre os fatores diesel e força na barra de tração para a variável consumo
horário volumétrico (L h-1).
DIESEL FORÇA DE TRAÇÃO
17 kN 22 kN
S500 9,0 a A 9,9 a B
Interior 10,3 b A 10,9 b B
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente
entre si segundo o teste de TuKey a 5% de probabilidade.
Na Tabela 3, observa-se que o consumo específico foi menor quando se utilizou diesel
S500 e na força de tração de 22 kN.
4 CONCLUSÃO
O consumo volumétrico, ponderal e específico diminuiu com o uso de diesel S500 e
com o aumento da força exigida na barra de tração.
5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS E VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos tratores
de testes e sua instrumentação.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.
LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003.
640
1 INTRODUÇÃO
A área industrial voltada à extração de óleos vegetais, como óleo de soja, canola, arroz e
girassol é bastante considerável no Brasil e no mundo. Tradicionalmente essas instalações
industriais estão voltadas à produção de óleo comestível, todavia, atualmente está havendo
altos investimentos para a extração em escala industrial para a fabricação de biodiesel.
Como o girassol é uma cultura que apresenta um percentual de óleo entre 40% e 50% da
massa bruta, o mesmo se credencia como um dos mais rentáveis para a produção de óleo
comestível ou combustível vegetal.
Cada vez mais as indústrias de óleos vegetais estão investindo em programas de
melhoria da qualidade e eficiência. A modelagem matemática do processo de extração de
óleo do girassol pode dar suporte às indústrias para tomadas de decisões acerca de
características de matérias-primas e instalações, ou outras variáveis que influenciam no
processo.
As indústrias de óleo usam instalações de grande porte predominando extratores por
solvente do tipo “Rotocell”, “De Smet” e “Crow-Model”. Nota-se à necessidade de modelos
matemáticos que descrevem este processo com eficiência para poder otimizar o procedimento
de extração. Para a modelagem dos processos nesses equipamentos, é necessário o
entendimento de extratores de complexidade menor como o de leito fixo, já que extratores
industriais a ele se assemelham-se, atuando em um sistema contra corrente cruzado (CCC).
Como a bibliografia possui dados incompletos e divergentes relativos às matérias-
primas e que estes dados são necessários à modelagem, neste trabalho desenvolveu-se um
equipamento laboratorial do tipo leito fixo, através de apoio da FAPERGS – Fundação de
Apoio à Pesquisa do Estado do Rio G. do Sul, que permite determinar características da
matéria-prima ausentes na literatura. O extrator concebido para a pesquisa permitiu obter
dados confiáveis, semelhantes aos resultados industriais, possibilitando controlar a
temperatura do sistema e todas as massas envolvidas no processo. Os resultados referem-se à
matéria-prima girassol, após passar por um processo de preparação e prensagem, onde parte
do óleo já foi extraída.
Através do modelo matemático composto por equações diferenciais parciais, que foram
semi-discretizadas pelo método de linhas e resolvidas por Runge-Kutta, foram realizadas
simulações numéricas que revelam propriedades do campo de extração. Estes resultados são
comparados aos obtidos durante a extração no extrator de leito fixo.
641
2 MATERIAL E MÉTODOS
O leito fixo é constituído de uma coluna vertical onde são depositadas as partículas de
matéria-prima, que ficam inertes na extração. O solvente entra no topo e percola entre as
partículas extraindo o soluto. Cada partícula é constituída por duas fases, a fase poro e a fase
sólida. Os espaços entre partículas de matéria-prima formam a fase “bulk”, onde ocorre a
percolação da micela (mistura de solvente com óleo). A mistura enriquecida sai do leito
através do fundo perfurado. Este dispositivo é importante para determinar as características do
processo de extração e da matéria-prima, e para criar os modelos para instalações industriais.
No modelo de leito fixo para extração do óleo de girassol, é considerado que ocorre a
transferência do óleo contido na fase sólida para a fase poro e, desta, para a fase “bulk”; a
percolação da micela pela matéria-prima e a difusão do óleo em sentido ascendente. São
hipóteses simplificadoras: no interior das partículas a concentração de óleo é uniforme; não
existem gradientes radiais de concentração na fase “bulk”; o solvente não penetra na fase
sólida; as paredes celulares da matéria-prima estão rompidas e; a temperatura e porosidades
das partículas e do leito são constantes e uniformes.
O modelo é composto por quatro equações, em derivadas ordinárias e parciais,
unidimensionais evolutivas, representando as variações da vazão da fase “bulk”, a alteração
das concentrações de óleo das fases poro e “bulk” durante a extração e a evolução da
concentração média da micela no reservatório.
Equação da continuidade para a fase "bulk":
1− εb
dU s
dz
=
εb
(
k f ap C p − C ) (1)
∂C p ⎡ ∂C N ⎤
∂t ⎣ ∂C ⎦
( p
)
⎢ε b + (1 − ε p ) p ⎥ + k f a p C − C = 0 (3)
d C Uε b Av (C L − C )
= (4)
dτ Vb
642
As equações estão sujeitas às condições de contorno: - em z = 0, US = U0,
∂C ∂C
U 0 C − D AB = U 0 C m quando t > 0 ; - para z = L, = 0 quando t > 0 .
∂z ∂z
A equação (3) está sujeita a condição inicial em t=0, C P = C iP , U = U 0 para todo x.
Foram aplicados as seguintes trocas de variáveis:
US U t
U= ; z = xL ; τ = 0 (5)
U0 L
e considerando os grupos adimensionais:
kf dp U0d p D AB 1d p kf Sh
Sh = ; Pein = ; =− ; =
D AB D AB U0L Pein L U 0 Pein
∂C ∂ (UC ) 1 d p ∂ 2C ⎛ 1 − ε b ⎞
∂τ
=−
∂x
+ + ⎜⎜ ⎟⎟a p L
Sh
(C p − C) (7)
Pein L ∂x ⎝ εb ⎠
2
Pein
∂C p ⎡ ⎛ 1 − ε b ⎞ ∂C N ⎤ 1 Sh
⎢1 + ⎜
∂τ ⎣ ⎜⎝ ε b
⎟⎟ p ⎥
+ ( )
(a p L ) C p − C = 0 (8)
⎠ ∂C ⎦ ε b Pein
d C Uε b Av (C L − C )
= (9)
dτ Vb
643
Sh = 0,442 Re0.69 Sc 0.42 válido para 125 < Re < 5000 (11)
644
sai da coluna e entra num reservatório (A), sendo re-circulada pela bomba por 60 minutos,
podendo ser coletadas amostras de micela através da válvula (L). A micela passa pelo
fluxômetro (C) e na serpentina (E) submersa em água aquecida mantida por uma caldeira à
temperatura constante. As temperaturas da micela são medidas pelos termômetros (F), (G),
(H) e (I). O fluxo de micela é constante, medida pelo fluxômetro e no medidor de nível (K).
Foram determinadas as porosidades interna e externa da matéria-prima, sendo a
primeira caracterizada pelos espaços porosos que existem no interior das partículas e
denominada de fase poro (ε p ) e, a segunda, chamada de fase bulk (ε b ) , são os espaços entre
Vbu Vbu
εb = = (12)
VΣ VN + V p + Vbu
Vp
εp = (13)
VN + V p
645
Vbu + V p
εT = (14)
VN + V p + Vbu
646
as fases sólida e poro ( Ed ) que relaciona a maneira como se estabelece o equilíbrio entre as
concentrações de óleo existentes na fase sólida e na fase poro da matéria-prima durante a
extração do óleo pelo solvente:
g N = g m + g NR (16)
g NR
Ed = (17)
gm
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos com os experimentos estão nas tabelas 1 a 3, e nas figuras 4 e 5.
Apesar de terem sido feitos vários experimentos, estão sendo considerados oito resultados,
que foram mais significativos e apresentaram valores médios, muito aproximados entre si. A
análise da massa específica do solvente hexano ( ρ he ) demonstrou resultados condizentes com
os da literatura (Majumdar et al., 1995, Thomas, et al., 2005 e Veloso, et al.,1999, Moreira,
1998). Para fins de cálculos adotou-se a média encontrada, ρ he = 0.6672 g/cm³.
647
Tabela 1. Resultados das determinações experimentais.
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
ρ he 0.6704 0.6690 0.6697 0.6695 0,6690 0,6683 0,6702 0,6685 0.6693
V∑ 2463 2463 2486 2390 2445 2440 2460 2450 2449.62
VN 454 535.8 573.7 430 446 424 518 523 488.06
Vbu 1645 1620 1540 1610 1543 1535 1590 1574 1582.12
Vp 364 307.2 372.3 350 456 481 352 353 379.43
εT 0.816 0.782 0.769 0.820 0.817 0.826 0.789 0.786 0.8009
εb 0.6668 0.658 0.619 0.674 0.631 0.629 0.646 0.642 0.6459
εp 0.445 0.364 0.393 0.449 0.505 0.531 0.404 0.403 0.4370
ρ Mn 0.406 0.406 0.402 0.418 0.409 0.410 0.406 0.408 0.4083
R
g N 0.037 0.037 0.046 0.044 0.037 0.038 0.040 0.037 0.0396
gm 0.045 0.044 0.053 0.052 0.045 0.047 0.048 0.046 0.0475
Ed 0.825 0.856 0.867 0.843 0.831 0.806 0.827 0.803 0.8337
648
equilíbrio ( g NR ) e contido na micela ( g m ) . Os resultados experimentais obtidos mostram
variações acentuadas se comparados com dados pesquisados de outras oleaginosas.
Vol 100 100 100 100 100 100 100 100 100
ρol 0.903 0.905 0.896 0.896 0.910 0.905 0.904 0.901 0.9032
M ol - massa da amostra (g), Vol - volume (cm³), ρol - massa específica do óleo (g/cm³)
649
5
4,5
3,5
Concentração (%) 3
2,5
1,5
0,5
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Tempo (min)
0,678
0,677
0,676
0,675
Massa específica (g/cm 3)
0,674
0,673
0,672
0,671
0,67
0,669
0,668
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (min)
Tanto pela variação da concentração de óleo, quanto pela variação da massa específica,
foi possível traçar um perfil da eficiência do processo em função do tempo. A variação da
quantidade de óleo extraída por unidade de tempo é maior, enquanto a concentração na
matéria-prima for grande e, menor, a medida que a concentração na micela aumenta.
650
Para realizar as simulações numéricas foi desenvolvido um aplicativo no qual foi
utilizado como algoritmo de cálculo o método de linhas para semi-discretizar as derivadas em
relação ao espaço e conservar as derivadas temporais. Com isso, o novo sistema é composto
de duas equações ordinárias e duas equações algébricas. É resolvido numericamente pelo
método de Runge-Kutta de quarta ordem, onde existe a necessidade de avaliar os parâmetros
de sistema, suas características principais e as influências dos mesmos, sendo necessário
estabelecer um regime básico, com dados iniciais extraídos da matéria-prima nos
experimentos laboratoriais.
Supõe-se que no momento inicial o hexano já preencheu o espaço entre os poros da
matéria-prima e está limpo. Na fig. 6 é apresentada a variação média experimental de C
(concentração da micela) e a obtida na simulação numérica com o regime básico.
4,5
3,5
Concentração (%)
2,5
1,5 Numérico
Experimental
1
0,5
0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)
651
diâmetro muito grande, isso automaticamente determina uma menor área de contato entre a
porosidade poro e “bulk”. Ao mesmo tempo, a alocação das partículas no leito de extração
fica prejudicada, resultando em espaços maiores entre as partículas, o que altera a porosidade
“bulk” e a massa específica da matéria-prima que ingressa no extrator.
Pelo exposto, a partir do regime básico realizaram-se modificações nos dados
característicos da matéria-prima como porosidades, diâmetro das partículas e área específica
de contato e, com simulações numéricas verificou-se para quais dados o processo de extração
é mais eficiente. Na figura 7, pode-se ver que quanto menor for o tamanho da partícula e
conseqüentemente, maior a área específica de contato, menor será a porosidade bulk e maior a
a porosidade poro. Com isso, o processo de extração é mais eficiente, atingindo maiores
concentrações de óleo na micela em tempo menor.
6,5
5,5
4,5
Concentração (%)
3,5
2,5
ε Eb:0.60,
b : 0 , 60 − ε p : 0 , 50-ap:30,
-Ep:0.50, − a p -dp:1.0
: 30 − dmm
p : 1, 0
2
ε Eb:0.62,
b : 0 , 62 − ε p : 0 , 45-ap:25,
-Ep:0.45, − a p -dp:2.0
: 25 − dmm
p : 2 ,0
1,5
ε Eb:0.65,
b : 0 , 65 − ε p : 0 , 40-ap:23,
-Ep:0.40, − a p -dp:2.5
: 23 − dmm
p : 2 ,5
1
ε Eb:0.67,
b : 0 , 67 − ε p : 0 , 35 − a p : 20 − d p : 3 , 0
-Ep:0.35, -ap:20, -dp:3.0 mm
0,5 ε Eb:0.70,
b : 0 , 70 − ε p : 0 , 30 − a p : 18 − d p : 4 , 0
-Ep:0.30, -ap:18, -dp:4.0 mm
0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)
partículas( d p ).
652
20
18
ε b :Eb:0.60,
0,60 − ε-Ep:0.50,
p : 0,50 − a p : 30 − d p : 1,0
-ap:30, -dp:1.0 mm
16
ε b : 0,62 − ε p : 0,45 − a p : 25 − d p : 2,0
Eb:0.62, -Ep:0.45, -ap:25, -dp:2.0 mm
14
Eb:0.65, -Ep:0.40, -ap:23, -dp:2.5 mm
ε b : 0,65 − ε p : 0,40 − a p : 23 − d p : 2,5
Concentração (%)
0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)
653
18
16
CCpp −Melhorado
Melhorado
14 − Melhorado
CC Melhorado
CCpp −Regime
Concentração (%)
12
Regime básico
Básico
− Regime
CC Regime básico
Básico
10
− Experimental
CC Experimental
8
0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)
4 CONCLUSÃO
Neste trabalho, apresentou-se a determinação experimental de dados utilizados como
parâmetros em modelos matemáticos de extração de óleo vegetal. Estes dados são inexistentes
na literatura, ou incompletos, tratando-se da matéria-prima girassol, cultura que pode ser
utilizada tanto para fabricação de óleo comestível como para biodiesel.
O equipamento construído, que simula um extrator real de leito fixo, é importante para a
determinação de características da matéria-prima e para a simulação de extração. Os
resultados obtidos usando esse equipamento, podem ser utilizados como informações para
modelos matemáticos de equipamentos de grande porte e utilizados pelas indústrias de
extração de óleo vegetal.
As simulações numéricas geraram resultados condizentes com aqueles colhidos nas
simulações experimentais e isso permite a validação do modelo matemático empregado. A
solução do modelo matemático, que se baseia em fenômenos que ocorrem no processo de
extração e nas propriedades da matéria-prima e solvente, através da resolução numérica das
equações pelo método de Runge-Kutta de quarta ordem, mostra que o maior gradiente de
654
extração ocorre nos primeiros dez minutos do processo, pela diferença de concentração
existente entre a matéria-prima e a micela.
Os resultados obtidos permitem ver que a extração pode ser efetivada em um tempo
aproximado de cinqüenta minutos e denotam que a eficiência do processo de extração do óleo
de girassol por solvente pode ser melhorada na indústria com ajustes no preparo da matéria-
prima que resultem em redução da porosidade “bulk”, na diminuição do diâmetro das
partículas, com o conseqüente aumento da área de contato entre as fases poro e “bulk”.
5 AGRADECIMENTOS
Agradecemos a FAPERGS – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande
do Sul pelo apoio financeiro no projeto No. 05/1813.6. Também, a Giovelli Indústria de Óleos
Vegetais Ltda pelo apoio na aquisição de dados experimentais.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAHAM, G., HORN, R.J., KOLTIN, S. P., 1998. Modeling the solvent extraction of
oilseeds. V.65, I, Champaing, jan. pp.129-135.
BLEY, J. H., 2007. Modelagem Matemática da Extração de Óleo de Girassol por Solvente.
Ijuí. Pp. 122. Dissertação de Mestrado. Unijuí, RS-Brasil.
MOREIRA, L. G., 1998. Modelagem matemática do processo de extração de óleo vegetal por
solvente em extrator de leito fixo. Ijuí. pp. 83. Dissertação de Mestrado. Unijuí, RS-Brasil.
THOMAS, G. C., KRIOUKOV, V., 2000. Simulação numérica da transferência do óleo entre
fluxos contra-corrente cruzados em extrator “Rotocell”, ENCIT 2000, 8TH Brazilian
Congress of Thermal Engineering and Sciences, Porto Alegre, RS-Brasil,
D:\encit\arquivos\s13\s13 p30.pdf.
VELOSO, G. O., KRIUKOV, V., 1999. Mathematical model for extraction of vegetable oil in
a industrial installation of the type “De-Smet”. In: XV Brasilian Congress of Mechanical
Enineering, Águas de Lindóia – SP.
655
DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE ÓLEO NA MICELA DE
GIRASSOL ATRAVÉS DA SUA MASSA ESPECÍFICA
656
1 INTRODUÇÃO
A grande demanda de extração de óleos vegetais de sementes oleaginosas como soja,
canola e girassol, para atender a alimentação humana e a produção de biodiesel, requer o uso
do método que utiliza solvente para realizar o processo de obtenção do óleo, pela velocidade
propiciada e eficiência econômica. A quase que totalidade das indústrias utilizam o solvente
hexano neste processo.
Os extratores por solvente constituem-se de equipamentos onde a matéria-prima
continuamente entra e recebe banhos de solvente, ocasionando a migração do óleo da semente
para o solvente, que sai do extrator enriquecido pelo óleo. A essa mistura formada do solvente
com o óleo extraído, dá-se o nome de micela, que posteriormente é processada para que o
óleo seja separado.
Cada espécie e cultivar de semente oleaginosa têm suas particularidades e precisa de
prévia preparação para ingressar no extrator, visando uma extração eficiente. Influenciam,
também, no processo, a velocidade de operação do equipamento e o volume de entrada de
solvente e matéria-prima no extrator.
A verificação da eficiência do processo de extração da indústria é realizada inúmeras
vezes ao dia através da análise da concentração de óleo existente na micela que sai do
extrator. Se o percentual de óleo na micela está abaixo do normal significa que está sendo
perdido óleo retido no resíduo de matéria-prima, causando prejuízos à indústria. Tanto maior
será a perda financeira quanto for a demora na constatação da ineficiência citada.
O método tradicional de verificação da concentração de óleo na micela consiste num
procedimento laboratorial que pode despender um tempo de uma hora, ou mais, para obtenção
de um resultado confiável. Durante esse tempo os prejuízos podem ser consideráveis, se os
resultados não forem os esperados.
Neste trabalho, através de experimentos e dedução de fórmulas matemáticas, criou-se
um método rápido de análise da concentração de óleo na micela de girassol, tendo presente a
massa específica da micela. Dessa forma podem-se obter os resultados desejados em tempo
real, no momento de coleta da amostra.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O solvente hexano e o óleo bruto de girassol são perfeitamente miscíveis e formam,
quando da extração, uma nova substância homogênea, a micela. A massa específica de uma
micela depende do percentual de óleo e de solvente que a compõe, sendo que, um acréscimo
657
do percentual de óleo na micela, gera um aumento proporcional na massa específica da
micela, já que o óleo tem uma densidade maior que a do solvente.
Embora sejam encontrados na literatura dados sobre a massa especifica do solvente
hexano, neste trabalho foi feita a determinação experimental desta característica do solvente e
do óleo bruto de girassol, este último proveniente de sementes colhidas nas safras 2004/2005
e 2005/2006, na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Foram utilizados
equipamentos do Laboratório do Núcleo de Alimentos do Pólo de Modernização Tecnológica
do Campus de Santa Rosa da UNIJUÍ. Tanto para o solvente como para o óleo, foram
determinadas - através de balança analítica de precisão – as massa de amostras, cujos volumes
foram controlados em provetas volumétricas.
Após a determinação das massas específicas do óleo bruto de girassol e do solvente
hexano, foram produzidas várias amostras de micela com proporções mássicas diferentes de
óleo e solvente. Também para essas amostras de micela foram determinadas as massas
específicas.
Conhecidas as massas específicas do óleo e do solvente, foi deduzida uma fórmula (1)
que relaciona uma massa total de micela, ao percentual mássico e massa específica de cada
um de seus componentes, óleo e solvente.
(g/cm³), ρ he - massa específica do solvente hexano (g/cm³), C mol -concentração mássica de óleo
na micela (%).
658
C mol ( ρ m ) = −530,85 ρ m + 1.253,4 ρ m − 601,22 ;
2
(2)
A função criada (2) tem domínio entre os valores da massa específica do solvente e do
óleo de girassol e imagem entre 0 e 100 (percentuais mínimo e máximo possíveis de óleo na
micela).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo a literatura (THOMAS, 1999 e VELOSO, 1999) o hexano comercial tem
aproximadamente 0,671 g/cm3 de massa específica. Pequenas variações nas massas
específicas podem acontecer dependendo da refinaria fornecedora do produto. Os
experimentos realizados neste trabalho apontam um resultado médio, de um grupo de 48
amostras, da ordem de 0,6693 g/cm³.
A massa específica determinada para o óleo bruto de girassol também mostra resultados
semelhantes aos pesquisados. ARAÚJO, et l. (2006) aponta um valor de 0,923 g/cm³, em
INOUE, et al. (2005), tem-se 0,91 g/cm³, enquanto que a média das 48 amostras calculadas
experimentalmente foi de 0,9032 g/cm³.
Os experimentos referentes às massas específicas de micelas com diferentes
concentrações de óleo confirmam a exatidão dos cálculos efetuados com as fórmulas 1 e 2. Os
resultados experimentais estão na tabela 1.
659
Tabela 1 - Massa específica x Concentração percentual mássica de óleo na Micela.
sendo: A1...A12 -Amostras, M mol -massa de óleo na micela (g), M m -massa de micela (g),
660
100
90
80
70
C on centração (% )
60
50
40 Cálculo
Experimentos
30
Polinômio
20
10
0
0,67 0,69 0,71 0,73 0,75 0,77 0,79 0,81 0,83 0,85 0,87 0,89 0,91
Massa Específica (g/cm³)
661
Tabela 2 - Massa específica da micela de girassol ( ρ m ) x Concentração mássica de óleo na
micela ( C mol ).
ρm ρm ρm
C mol (%) C mol (%) C mol (%)
(g/cm³) (g/cm³) (g/cm³)
662
0,697 14,51 0,725 28,47 0,790 57,66
4 CONCLUSÃO
Um importante passo foi dado para auxiliar as indústrias na verificação da eficiência
diária do seu processo de extração. Com os experimentos e cálculos realizados criou-se uma
relação simples, mas eficiente, para se verificar em curto espaço de tempo, a concentração de
óleo de girassol na micela, tendo presente a massa específica desta. Os resultados
experimentais muito semelhantes e, em alguns momentos coincidentes, corroboram a exatidão
dos cálculos efetuados através das fórmulas deduzidas.
Cabe salientar que mesmo diante de todo o rigor de um experimento, este pode trazer
erro, enquanto que o cálculo é exato, o que é mais um ganho creditado a esse trabalho.
Com isso as indústrias podem economizar pelo menos uma hora no tempo de
verificação da eficiência de sua extração, podendo alterar seu regime de funcionamento, caso
o resultado não esteja satisfatório.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, K. M. et al. Estudo comparativo técnico e econômico de diferentes óleos vegetais
brasileiros para a produção de biocombustível. 9p. Grupo de pesquisas em engenharias de
custos e processos. Departamento de engenharia Química. Natal. UFRGN. 2006. Disponível
em: <www.seeds.usp.br>. Acesso em 17/07/2006.
INOUE, G. H., et al. Variação da viscosidade cinemática de óleos vegetais brutos em função
da temperatura. In: II Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e
Biodiesel. Anais...Lavras. UFLA. 2005 p. 636-640.
RICKLES, R. N. Extraction. Chemical Engineering. New York. Vol 15. 1965. p. 157-172.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
663
THOMAS, G. C. Modelagem matemática da extração de óleo em instalação do tipo
“Rotocell”. Dissertação de Mestrado. UNIJUI. 1999.
664
CRESCIMENTO VEGETATIVO DE MAMONEIRAS DE PORTE MÉDIO E
BAIXO EM RESPOSTA A ADUBAÇÃO NO CARIRI CEARENSE
665
1 INTRODUÇÃO
A expectativa do uso da mamoneira para produção, como fonte de energia alternativa,
vem demandando eficiência no sistema de produção. Exige-se também cultivares capazes de
responder a aumentos de tecnologia, como o uso de adubação com macro e micronutrientes.
A produtividade média nacional vem aumentando. Em 2001 era de 582 kg.ha-1,
elevando-se para 803 kg.ha-1 em 2004 (IBGE, 2006). Com o uso de variedades melhoradas e
o emprego de um sistema de produção adequado às várias características edafoclimáticas das
regiões produtoras, inclusive com uso de adubação equilibrada e outras tecnologias, essa
produtividade pode superar o rendimento da Índia (1237 kg/ha), citado por FERREIRA et al.
(2006).
Entre as características ligadas ao crescimento da planta – altura da planta, altura de
inserção do primeiro cacho, número de nós até o primeiro cacho, comprimento médio do
internódio e diâmetro caulinar – os únicos efeitos significativos foram observados no
tratamento testemunha sobre a altura do primeiro cacho, número, comprimento médio do
internódio e diâmetro caulinar, indicando maior crescimento vegetativo nas plantas adubadas
(NAKAGAWA & NEPTUNE, 1971).
Quando há boa disponibilidade de água e de nutrientes, essas plantas tendem a crescer
excessivamente, como relatado por Severino et al. (2004).
Segundo Severino et al. (2006), a altura das plantas de mamoneira BRS-149 Nordestina
foi muito influenciada pela adubação com macro e micronutrientes, enquanto que nas plantas
que não receberam adubação, a altura foi 31% menor, reduzindo-se de 2,62 m para 1,8 m.
Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento vegetativo
de mamoneiras de porte médio e baixo em resposta a adubação mineral, no cariri cearense.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão, no
município de Missão Velha, CE. Foram utilizadas mamoneiras (Ricinus communis L.) da
cultivar BRS-149 Nordestina e do híbrido comercial Savana.
O cultivo em sequeiro teve a semeadura efetuada em 16/02/2006, em solo de
classificação textural Areia Franca, e porosidade total em torno de 38%. A análise de
fertilidade do solo determinou: pH (H2O) = 5,8; Ca+2 = 18,4 mmolc/dm3; Mg+2 = 8,3
mmolc/dm3; Na+ = 0,6 mmolc/dm3; K+ = 3,4 mmolc/dm3; H+Al = 12,4 mmolc/dm3; Al+3 = 0,5
mmolc/dm3; P = 19,8 mg/dm3 e M.O. = 5,7 g/kg.
666
Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso, com três repetições e 13 tratamentos
constituídos pelas combinações de adubação geradas pela Matriz Baconiana com quatro doses
de N (0, 25, 50 e 100 kg/ha), P2O5 (0, 30, 60 e 120 kg/ha) e K2O (0, 20, 40 e 80 kg/ha) e três
níveis do conjunto de vários micronutrientes (Tabela 1), dentro de duas variedades de
mamona (Híbrido Savana, de porte baixo, e cv. BRS 149 Nordestina, de porte médio).
667
somente no plantio. O controle das ervas daninhas foi feito manualmente, com auxílio de
enxada.
O espaçamento foi 1,0 m x 0,5 m, na variedade baixa e de 3,0 m x 1,0 m, para a de porte
médio. Foram avaliados aos 90 dias do plantio (DAP): estande, área foliar, número de nós do
caule, diâmetro do caule, altura do 1º cacho (caule) e da planta.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2, observa-se que foram detectadas diferenças significativas entre as
variedades para todas as características avaliadas, constituindo diferentes padrões de
crescimento das plantas.
Tabela 2 - Médias de estande, área foliar por planta (cm2/planta), número de nós do caule
(NNC), diâmetro do caule (DC, mm), altura do caule (ALT1C, cm) e altura da planta (ALTP,
cm) aos 90 dias da semeadura para as variedades testadas. Missão Velha, CE, 2006.
VARIEDADE Estande AFNP NNC DC ALT1C ALTP
BRS-149 Nordestina 10,6 31575,0 15,4 30,6 72,4 142,3
Híbrido Savana 45,3 5754,6 12,2 17,8 32,2 89,7
Siginificância *** *** *** *** *** ***
Média 27,9 18664,8 13,8 24,2 52,3 116,0
*** significativo a 0,1%, pelo teste F.
668
Na Tabela 3, observa-se que a adubação afetou praticamente todas as variáveis em
estudo.
669
Efeito s.a. EL EL s.a. s.a. s.a.
Significância ns o *** ns ns ns
CV(%) 14,0 48,1 5,1 17,6 12,6 22,4
1/
Nível 0 = 0 (ausência de todos os micronutrientes); Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0 e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0,
2.0 e 2,0 kg/ha de B, Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente. ns, o, *, ** e *** não significativo e significativo a 10,
5, 1 e 0,1%, respectivamente, pelo teste F. EL, EQ, EC = Efeitos linear, quadrático e cúbico, respectivamente.
s.a. = sem ajuste.
O nitrogênio foi o mais limitante, seguido do fósforo, pois o crescimento vegetativo foi
mínimo na sua ausência e presença dos demais nutrientes.
A resposta ao potássio foi de baixa intensidade; quase não houve resposta aos
micronutrientes. O teor daquele elemento no solo pode ter comprometido a resposta da
adubação com potássio. O crescimento em altura e a área foliar aumentaram tremendamente
com as doses de nitrogênio e, com menor intensidade, de fósforo.
Na Tabela 4, verifica-se resposta ao uso de nitrogênio, ao contrário da cultivar, apesar
de haver crescimento nos valores médios de diversas variáveis com o aumento das doses dos
nutrientes usados.
670
60 46,3 6093,9 12,7 17,3 32,2 81,0
120 41,7 5693,8 13,0 17,8 33,6 89,7
Efeito s.a. s.a. EL s.a. s.a. s.a.
Significância ns ns o ns ns ns
Adubação com Potássio
0 48,7 5683,0 12,8 17,9 33,0 98,2
20 48,3 6151,0 11,6 19,4 33,5 99,3
40 46,3 6093,9 12,7 17,3 32,2 81,0
80 43,0 7021,5 11,8 16,0 32,3 93,0
Efeito EL s.a. EC s.a. s.a. s.a.
Significância * ns * ns ns ns
CONTINUAÇÃO…
Adubação com Micronutrientes 1/(B-Cu-Fe-Mn-Zn)
0 46,0 7726,2 11,4 20,5 36,3 98,8
1 46,3 6093,9 12,7 17,3 32,2 81,0
2 47,3 6687,4 12,0 19,7 32,9 95,3
Efeito s.a. s.a. EQ s.a. s.a. s.a.
Significância ns ns o ns ns ns
CV(%) 14,0 48,1 5,1 17,6 12,6 22,4
1/
Nível 0 = 0 (ausência de todos os micronutrientes); Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0 e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0,
2.0 e 2,0 kg/ha de B, Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente. ns, o e * não significativo e significativo a 10, 5, 1 e
0,1%, respectivamente, pelo teste F. EL, EQ, EC = Efeitos linear, quadrático e cúbico, respectivamente. s.a. =
sem ajuste.
4 CONCLUSÃO
O padrão de crescimento das plantas é diferente nos genótipos testados. Em termos de
cobertura de vegetal do solo, a área foliar da cv. BRS-149 Nordestina e a do híbrido Savana
tendem a se aproximar. O número de nós, o diâmetro e a altura do caule e altura da planta
caracterizam a diferença entre os genótipos. O comprimento dos entrenós é quase duas vezes
maior na cv. BRS-149 Nordestina. O nitrogênio foi o elemento mais limitante, seguido do
fósforo, pois o crescimento vegetativo foi mínimo na sua ausência e presença dos demais
671
nutrientes. A resposta ao potássio foi de baixa intensidade e quase não houve resposta aos
micronutrientes.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio financeiro recebido do Fundeci (Banco do Nordeste) para
a realização deste estudo.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, G. B.; BELTRÃO, N. E. M.; SEVERINO, L.S.; GONDIM, T. M. S.;
PEDROSA, M. B.. A cultura da mamona no cerrado: riscos e oportunidades. Campina
Grande: Embrapa Algodão, 2006. 36 p. (Embrapa Algodão. Documento). (NO PRELO)
672
EFEITO DA REAPLICAÇÃO DE LODO DE ESGOTO NA
PRODUTIVIDADE E NO TEOR DE ÓLEO CONTIDO NOS GRÃOS DE
GIRASSOL
673
1 INTRODUÇÃO
O girassol é uma cultura de grande potencial por permitir cultivos tanto no verão como
no outono inverno na maioria das regiões do Brasil. Além disso, ela se presta para a produção
de grãos e óleo vegetal, forragem e adubo verde. Dentre as oleaginosas, o girassol é
atualmente a cultura que apresenta o maior índice de crescimento no mundo. Sua importância
econômica em termos de utilidade e produção supera a soja que é a nossa principal
oleaginosa. O óleo é de excelente qualidade nutritiva para consumo humano, por apresentar
em sua composição química alto conteúdo de ácidos graxos não saturados (SMIDERLE,
2001).
A utilização de lodo de esgoto na agricultura brasileira é uma prática pouco expressiva.
No entanto com a elaboração, pela CETESB de uma norma técnica (P4.240) regulamentando
a aplicação de lodo de esgoto em solos agrícolas, a utilização desta fonte de matéria orgânica
deve aumentar significativamente (LAMBAIS, 1999).
O N contido no lodo de esgoto poderá restringir a taxa de aplicação mais do que teores
de metais pesados, devido a mineralização de sua carga orgânica e subseqüente à lixiviação de
nitrato (Oliveira, 2000), quando em doses acima de 50 t ha-1 ano-1, ou equivalente em N,
acima de 300 kg-1 ha-1 ano-1. A maioria dos nutrientes do lodo está na forma orgânica, como é
destacado por Sabey (1980) e Munhoz (2001), embora apenas cerca de 30 a 50 % do N total
esteja na forma prontamente aproveitável pelas plantas.
Assim seguindo-se à risca as recomendações obtidas pela pesquisa, a utilização de lodo
de esgoto como adubo nitrogenado pode trazer benefícios ao produtor, por ser um resíduo
barato, e também ao ambiente, por aliviar a carga de esgotos nos mananciais de água.
Regiões de clima tropical e subtropical apresentam predominância de solos muito
intemperizados, com baixo conteúdo de matéria orgânica e nutriente disponíveis (KIEHL,
2003). Nessas situações, o uso agrícola de resíduos orgânicos como lodo de esgoto pode ser
vantajoso. O uso agrícola destes resíduos tem sido recomendado por proporcionar benefícios
agronômicos, como elevação do pH do solo (QUAGIO et al., 2001), redução da acidez
potencial e aumento na disponibilidade de nutrientes, além de representar um benefício de
ordem social pela disposição final menos impactante do resíduo no ambiente.
O presente trabalho teve como objetivo de avaliar a eficiência do lodo de esgoto como
fonte de nitrogênio na cultura do girassol para características agronômicas e teor de óleo
contido no grão.
674
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Fazenda de São Manuel da Faculdade de Ciências
Agronômicas da UNESP de Botucatu, município de São Manuel, situada na Latitude de 22º
25’ Sul e Longitude de 48º 34’ Oeste de Greenwich, com altitude de 750 metros.
O manejo da adubação foi realizado através de uma reaplicação de lodo de esgoto nas
seguintes quantidades, conforme a Tabela 1.
Para avaliação do lodo de esgoto, conforme metodologia escrita por Lanarv (1988), foi
retirada uma amostra composta, que apresentou as seguintes características, de acordo com a
Tabela 2. A análise foi realizada no Laboratório de Fertilizantes e Corretivos do
Departamento de Recursos Naturais / Ciência do Solo da Faculdade de Ciências Agronômica
de Botucatu – SP.
675
adubação com o lodo de esgoto; T2 – foi utilizado 50% do N proveniente do lodo de esgoto e
o restante foi da adubação química; T3 – foi utilizado 100 % do N proveniente do lodo de
esgoto; T4 – foi utilizado 150% do N proveniente do lodo de esgoto; T5 – foi utilizado 200%
do N proveniente do lodo de esgoto, distribuídos a lanço antes da semeadura. O cálculo do N
proveniente do lodo de esgoto foi feito levando em consideração a sua taxa de mineralização
de 30% do N durante o ciclo da cultura. O lodo de esgoto foi proveniente da estação de
tratamento de esgoto da cidade de Jundiaí/SP.
As fontes químicas de N, P, K e B foram uréia, cloreto de potássio, superfosfato simples
e ácido bórico, respectivamente.
Cada parcela experimental foi constituída de 100 m2 com espaço de 3 metros entre
parcelas. A cultivar utilizada foi a HELIO 251 semeada em espaçamento de 0,9 metros entre
linha e 30 cm entre plantas.
Para as avaliações foram retiradas dez plantas por parcela medindo-se as seguintes
variáveis: produção de sementes em kg/ha (PSEM), teor de óleo contido no grão em
porcentagem (ÓLEO) e peso de 1000 sementes em gramas (1000SEM).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 3, observa-se que a variável produtividade nos tratamentos que receberam
lodo de esgoto apresentam diferenças significativas em relação aos tratamentos que não
receberam lodo de esgoto, isto pode ser explicado pelo efeito acumulativo do lodo de esgoto e
da maior produtividade de matéria seca da safra anterior de girassol, que chegou em torno de
2000 kg ha-1 de matéria seca a diferença entre o tratamento que não recebeu o lodo com o que
recebeu, este fato também ajudou na diferença de produtividade, embora a produtividade
deste ano foi inferior ao ano anterior devido as condições climáticas menos favoráveis a
cultura. Podemos observar que o teor de óleo não variou nos tratamentos, este fato pode ser
explicado que quando é aplicado N a tendência seria diminuit o teor de óleo, porém quando é
aplicado o P a tendência é elevar o teor de óleo, como o lodo contém N e uma boa quantidade
de P, então não ocorreu essa variação. O peso de mil sementes não variou porque as
condições climáticas não foram tão favoráveis, isto quer dizer que a mineralização do lodo de
esgoto foi inferior ao ano anterior.
676
Tabela 3 – Características avaliadas no experimento.
Tratamentos Variáveis
PSEM (kg ha-1) Teor óleo (%) 1000SEM (gramas)
T0 1293,04 b 42,47 47,24
T1 2216,03 ab 37,29 56,21
T2 2997,48 a 39,13 61,49
T3 2835,98 a 39,83 60,51
T4 2787,62 a 36,88 59,93
T5 2482,21 a 42,18 58,04
Média 2435,39 39,63 57,24
CV 20,61 14,32 12,78
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não apresentam diferença significativa pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
A produção de sementes nos tratamentos com adição de lodo de esgoto apresentaram os
melhores resultados em relação aos tratamentos que não receberam lodo de esgoto.
O lodo de esgoto utilizado como fonte de N mostrou-se ser uma boa alternativa para a
cultura do girassol, podendo substituir o N mineral.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KIEHL J.C. Efeito do lodo de esgoto em um argissolo e no crescimento e nutrição do milho.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 38, n 10, p. 1187 – 1195, out, 2003.
LAMBAIS, M.R.; de SOUZA, AG. Impacto de biossolido nas comunidades microbianas dos
solo. SEMINARIO SOBRE GERENCIAMENTO DE BIOSSOLIDO NO MERCOSUL. 2,
1959, Campinas. Anais... Campinas/SP, 1999.
MUNHOZ, R.O. Disponibilidade de fósforo para o milho em solo que recebeu lodo de
esgoto. Campinas, Instituto Agronômico, 2001. 74p. (tese de mestrado).
677
OLIVEIRA, F.C. Disposição de resíduos orgânico e composto de lixo urbano num latossolo
vermelho amarelo cultivado com cana-de-açúcar. Piracicaba, Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz, 2000. 247p. (tese de doutorado).
QUAGGIO, J.A.; SILVA, N.M; BERTON, R.S. Culturas oleaginosas. In: Ferreira, M.E.
(Coord). Micronutrientes na agricultura. Piracicaba, POTAFOS/CNPQ,1991. p 445-484.
SABEY, B.R. The use of sewage as a fertilizer. In: BEWICK, M.W. Handbook of organic
waste conversion, van Nostrand Reinhold, 1980. p.72-107.
SMIDERLE, O.J.; SILVA, D.P da; SILVA, D.P da S.; SOUZA, R.C.P.; de GIANLUPPI, D.
Composição química de aquênios de girassol cultivado em Roraima. In REUNIÃO
NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL, 14, 2001, Rio Verde. Resumos... Rio Verde:
FESURV, 2001 v.3; p69-71.
678
CRESCIMENTO DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DE MAMONEIRAS
DE PORTE MÉDIO E BAIXO EM RESPOSTA A ADUBAÇÃO NO CARIRI
CEARENSE
679
1 INTRODUÇÃO
A adubação é uma das principais tecnologias usadas para aumentar a produtividade e a
rentabilidade das culturas, embora tenha alto custo e possa aumentar o risco do investimento
agrícola (SEVERINO et al., 2006). A mamona aproveita de modo eficiente a adubação
residual da cultura anterior, sendo ótima para compor o sistema de rotação na propriedade.
Em solos bem corrigidos e adubados, apenas o uso da adubação nitrogenada de cobertura, no
início do florescimento, é suficiente para atingir seu potencial produtivo (FERREIRA et al.,
2006).
Na mamoneira, quando há boa disponibilidade de água e de nutrientes, essas plantas
tendem a crescer excessivamente, como relatado por Severino et al. (2004). Savy Filho (2005)
menciona que a produtividade é influenciada pela adubação, não somente por aumentar a
produção de frutos, tanto em peso como em número, o número de frutos por racemo, a
produção de sementes por racemo, mas também porque tornam as sementes maiores e mais
pesadas.
Segundo Severino et al. (2006), o aumento nas doses de P promoveu a elevação do teor
de óleo nas sementes e o aumento da disponibilidade de N e K promoveu alteração na
expressão sexual da mamoneira, favorecendo o aumento de produtividade. Estes autores
observaram que a produtividade aumentou significativamente de 1.072 para 2.298 kg ha-1
com o fornecimento de adubo nitrogenado.
Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento das
estruturas reprodutivas de mamoneiras de porte médio e baixo em resposta a adubação
mineral, no cariri cearense.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão, no
município de Missão Velha, CE. Foram utilizadas mamoneiras (Ricinus communis L.) da
cultivar BRS-149 Nordestina e do híbrido comercial Savana.
O cultivo em sequeiro teve a semeadura efetuada em 16/02/2006, em solo de
classificação textural Areia Franca, e porosidade total em torno de 38%. A análise de
fertilidade do solo determinou: pH (H2O) = 5,8; Ca+2 = 18,4 mmolc/dm3; Mg+2 = 8,3
mmolc/dm3; Na+ = 0,6 mmolc/dm3; K+ = 3,4 mmolc/dm3; H+Al = 12,4 mmolc/dm3; Al+3 = 0,5
mmolc/dm3; P = 19,8 mg/dm3 e M.O. = 5,7 g/kg.
680
Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso, com três repetições e 13 tratamentos
constituídos pelas combinações de adubação geradas pela Matriz Baconiana com quatro doses
de N (0, 25, 50 e 100 kg/ha), P2O5 (0, 30, 60 e 120 kg/ha) e K2O (0, 20, 40 e 80 kg/ha) e três
níveis do conjunto de vários micronutrientes (Tabela 1), dentro de duas variedades de
mamona (Híbrido Savana, de porte baixo, e cv. BRS 149 Nordestina, de porte médio).
681
O espaçamento foi 1,0 m x 0,5 m, na variedade baixa e de 3,0 m x 1,0 m, para a de porte
médio. Aos 90 dias do plantio (DAP), foram avaliados o comprimento do 1º cacho e o
número de cachos por planta. Esta última característica também foi avaliada aos 130 DAP.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2, observa-se que foram detectadas diferenças significativas entre as
variedades para todas as características avaliadas. Ocorrem diferentes padrões de crescimento
das estruturas reprodutivas das plantas.
Tabela 2 - Médias de comprimento de racemo (cm) e número de racemos, aos 90 e 130 dias
do plantio (DAP) para as variedades testadas. Missão Velha, CE, 2006.
Comprimento Número de Racemos Número de Racemos
VARIEDADE
de Racemo (90DAP) (130DAP)
BRS-149
36,5 2,4 4,9
Nordestina
Híbrido Savana 27,5 3,0 3,8
Siginificância *** ** ***
Média 32,0 2,7 4,4
** e *** significativo a 1 e 0,1%, respectivamente, pelo teste F.
682
Tabela 3 - Efeito dos tratamentos aplicados sobre os valores médios de comprimento de
racemo (CR, cm) e número de racemos, aos 90 dias do plantio (NR90DAP) e 130
(NR130DAP) para a variedade BRS-149 Nordestina. Missão Velha, CE, 2006.
TRATAMENTO APLICADO CR NR NR CR NR NR
90DAP 130DAP 90DAP 130DAP
BRS Nordestina Híbrido Savana
Sem adubo 27,2 1,6 4,1 24,4 2,8 3,4
Com adubo 36,5 2,4 4,9 27,8 3,0 3,9
Significância *** o o ns Ns ns
Adubação com Nitrogênio
0 19,1 0,7 1,7 20,6 1,9 2,4
25 38,6 2,5 4,9 27,3 2,9 3,4
50 33,4 1,8 4,3 26,9 2,7 3,4
100 47,2 2,9 5,7 32,0 3,2 4,4
Efeito EL EL EL EL EL EL
Significância *** * *** * O *
Adubação com Fósforo
0 29,8 1,3 3,2 27,9 3,4 4,2
30 36,2 2,9 5,8 25,6 2,9 3,8
60 33,4 1,8 4,3 26,9 2,7 3,4
120 43,0 3,7 6,2 27,8 2,9 3,5
Efeito EL EL EL s.a. s.a. s.a.
Significância *** *** * ns Ns ns
Adubação com Potássio
0 36,2 2,2 4,8 28,7 3,1 4,3
20 43,5 2,7 6,1 26,7 3,3 4,2
40 33,4 1,8 4,3 26,9 2,7 3,4
80 41,5 2,6 6,0 27,5 3,1 3,9
Efeito EC s.a. EC s.a. s.a. s.a.
Significância * ns * ns Ns ns
1/
Adubação com Micronutrientes (B-Cu-Fe-Mn-Zn)
0 38,3 2,5 5,0 32,7 3,4 5,1
1 33,4 1,8 4,3 26,9 2,7 3,4
2 41,0 3,3 5,5 29,8 3,4 3,8
Efeito s.a. s.a. s.a. s.a. s.a. s.a.
683
Significância ns ns ns ns Ns ns
CV(%) 16,6 33,2 27,8 16,6 33,2 27,8
1/
Nível 0 = 0 (ausência de todos os micronutrientes); Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0 e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0,
2.0 e 2,0 kg/ha de B, Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente. ns, o, * e *** não significativo e significativo a 10, 5 e
0,1%, respectivamente, pelo teste F. EL, EQ, EC = Efeitos linear, quadrático e cúbico, respectivamente. s.a. =
sem ajuste.
4 CONCLUSÃO
O comprimento do racemo e, em conseqüência, o tamanho do primeiro cacho é maior
na cv. BRS-149 Nordestina. O híbrido Savana forma maior número de cachos, aos 90 dias do
plantio (DAP), devido ser mais precoce. Aos 130 DAP, com a emissão de racemos de ordem
secundária e terciária a cv. BRS-149 Nordestina superou o híbrido, pois tem maior tempo de
período produtivo. O nitrogênio, principalmente, e o fósforo também aumentou o
comprimento do racemo, assim como aumentaram o número de cachos/planta, na cv. BRS-
149 Nordestina. Para o híbrido Savana, apenas o N promoveu crescimento do racemo e do seu
número. Não houve resposta aos micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn).
5 AGRADECIMENTOS
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
684
Os autores agradecem o apoio financeiro recebido do Fundeci (Banco do Nordeste) para
a realização deste estudo.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. M.; SEVERINO, L.S.; CARDOSO, G. D.; GONDIM, T. M. de S.;
PEREIRA, J.R. Estimativa da produtividade da cultura da mamona em função dos
componentes da produção. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004,
Campina Grande. Energia e sustentabilidade: Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão,
2004. CD-ROM.
685
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DE SEMENTES DE MELANCIA
FORRAGEIRA
RESUMO: A melancia forrageira (Citrullus lanatus cv. Citroides), também conhecida como
melancia-de-cavalo, originária da África, é uma planta rústica, tolerante à seca e resistente a
doenças, tendo adaptado-se às condições semi-áridas do Nordeste e, através de cruzamentos
naturais com outros tipos de melancia, espalhou-se para diferentes partes da região. A sua
polpa é branca, consistente, com baixo teor de sacarose, possuindo elevada proporção de
sementes, que a torna inaceitável para o consumo humano. Entretanto, ela é bastante utilizada
na alimentação animal por pequenos criadores do Nordeste. Sua utilização como forrageira
tem sido intensificada como conseqüência das secas periódicas que castigam o Semi-árido
nordestino principalmente na Bahia e em Pernambuco. Com o objetivo de identificar a
potencialidade da melancia forrageira como produtora de sementes oleaginosas, foram
coletadas sementes ao acaso de um lote de frutos colhidos em 2004 no Campo Experimental
da Caatinga da Embrapa Semi-Árido, em Petrolina-PE, localizado entre as coordenadas de
9°09’S, 40°22’W numa altitude de 365,5 m. A precipitação média anual da região é 500 mm,
concentrada nos meses de fevereiro, março e abril, com temperatura média de 26,4ºC,
evaporação de 7,4 mm/dia, insolação 7,3 horas/dia e umidade relativa média anual de 61,8%.
As sementes foram separadas em cinco lotes, secas a 70ºC, moídas e submetidas à análise
química no laboratório do SENAI-CERTA em Petrolina-PE. Os resultados obtidos mostraram
que as sementes apresentam, em média, 12,81% de proteína bruta, 0,58% de fósforo, 0,56%
de potássio e 27,27% de gordura. Concluiu-se que a melancia forrageira, além de ser indicada
como uma alternativa viável para a complementação alimentar dos rebanhos nas épocas secas,
produz sementes que apresentam elevado teor de gordura, tornando-a uma fonte promissora
para produção de biodiesel.
686
1 INTRODUÇÃO
A melancia forrageira (Citrullus lanatus cv. citroides), também conhecida como melancia-de-
cavalo, originária da África, é uma planta rústica, tolerante à seca e resistente às doenças, que
se adaptou às condições do Nordeste e se espalhou através de cruzamentos naturais com
outros tipos de melancia. A sua polpa é branca, consistente, com baixo teor de sacarose,
possuindo ainda elevada proporção de sementes, daí não ter boa aceitação para o consumo
humano, sendo usada na alimentação animal por pequenos criadores do Nordeste.
Como conseqüência das últimas secas que castigaram o semi-árido, sua utilização como
forrageira cresceu, havendo a intensificação dos plantios, principalmente na Bahia e em
Pernambuco. Estudos realizados pela Embrapa Semi-Árido, em Petrolina-PE, indicam que a
melancia forrageira é um alimento considerado de boa qualidade, composta, em média, por
90% de água e 10% de matéria seca, com 7 a 10% de proteína e muito rica em sais minerais.
A digestibilidade é da ordem de 60% (Donald 2005). A produtividade média obtida em
áreas de sequeiro com precipitação pluvial média de 500 mm é de 30.000 kg ha-1 por safra
(Oliveira,1999). Em áreas irrigadas, a produtividade pode alcançar 80.000 kg ha-1 por safra,
com frutos pesando, individualmente, de 10 a 15 kg (Oliveira e Bernardino, 2000). O presente
trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar a potencialidade das sementes de
melancia forrageira para produção de óleo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletadas sementes ao acaso de um lote de frutos colhidos em 2004 (Figura 1).
As sementes foram separadas em cinco lotes, secas a ±70ºC, moídas e submetidas à análise
química no laboratório do SENAI-CERTA. As plantas que deram origem às sementes foram
produzidas numa área de sequeiro no Campo Experimental da Caatinga da Embrapa Semi-
Árido, situado no sertão pernambucano, em Petrolina-PE, entre as coordenadas de 9°09’S,
40°22’W numa altitude de 365,5m. A precipitação média anual da região é 500 mm,
concentrada nos meses de fevereiro, março e abril, com temperatura média de 26,4ºC,
evaporação de 7,4mm/dia, insolação 7,3 horas/dia e umidade relativa média anual de 61,8%.
Foram avaliados o teor de proteína pelo método ME – 3.19.16 e o teor de gordura pelo
método M – 3.19.13.
687
Figura 1. Campo de produção de melancia forrageira
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise obtidos mostraram que as sementes da melancia forrageira
apresentam, em média, 12,81% de proteína bruta, 0,58% de fósforo, 0,56% de potássio,
27,27% de gordura. Este teor de gordura nas sementes faz com que a melancia forrageira, que
já é usada como alternativa viável para a complementação alimentar dos rebanhos nos
períodos secos, passe a ser uma fonte promissora para a produção de biodiesel no Semi-árido
Nordestino. Considerando-se uma produtividade média de frutos de 30 t ha-1 e as sementes
correspondendo a 10% do peso do fruto, estima-se uma produção de óleo em torno de 818 kg
ha-1.
4 CONCLUSÃO
A cultura da melancia forrageira, além de ser uma alternativa viável para a
complementação alimentar dos rebanhos nos períodos secos, possui sementes com teor de
gordura alto que a tornam uma fonte promissora para a produção de biodiesel no Semi-árido
Nordestino.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DONALD, E.R.C. Melancia forrageira: uma nova opção para alimentar os animais na seca
http://www.cpatc.embrapa.br/index.php?idpagina=artigos&artigo=329 consultado em 23 de
setembro de 2005.
OLIVEIRA, M.C. de; BERNARDINO, F.A. Melancia forrageira, um novo recurso alimentar
para a pecuária das regiões secas do Nordeste brasileiro. Petrolina: Embrapa Semi-Árido,
Circular Técnica da Embrapa Semi-Árido, 49. 2000.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
688
ESTUDO DA REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO CATALISADA POR
ETÓXIDO DE SÓDIO
689
1 INTRODUÇÃO
A transesterificação, também chamada alcoólise, é a troca do grupo alcóxi de um éster
por outro grupo alcóxi de um álcool, em um processo similar ao da hidrólise, exceto o fato de
que se trata de um álcool no lugar da água. Os álcoois utilizados são o metanol, etanol,
propanol, butanol ou álcool amílico, sendo os de menor cadeia os mais utilizados.
O O
H2CO C R1 H3CH2C O C R1 H2C OH
O O
CH3CH2ONa
HCO C R2 + CH CH OH H3CH2C O C R2 + HC OH
3 2
O O
H2CO C R3 H3CH2C O C R3 H2C OH
Triglicerídeo Álcool Biodiesel Glicerina
Nesse sentido, a catálise alcalina convencional com NaOH e KOH para a produção de
biodiesel em larga escala é bastante conhecida e dominada. Entretanto, a pesar de ser uma
idéia promissora, relativamente poucas pesquisas tem sido realizadas empregando alcóxidos
metálicos, produzidos in situ como catalisadores.
O metanol tem sido o mais empregado devido a seu baixo custo e grande
disponibilidade na Europa, Japão e EUA. No Brasil o etanol vem se consolidando como o
substrato para o biodiesel nacional.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A reação de transesterificação foi realizada usando como reagentes: óleo de soja
refinado em grau comestível (Soya, Bunge Alimentos), com a seguinte caracterização
oleoquímica: índice de acidez IA=1,0; índice de saponificação IS=192,0 e índice de iodo
II=130,5, etanol PA (Synth) e etóxido de sódio preparado in situ, a partir de sódio metálico
em um volume apropriado de etanol, sob agitação, antes da adição no óleo. O desempenho
deste sistema catalítico foi avaliado experimentalmente através de um planejamento
estatístico num projeto fatorial 23 completo com ponto central (11 experimentos). As variáveis
estudadas foram a temperatura T (30, 40, 50ºC), a concentração do catalisador C (0,5, 1,0,
1,5% em relação à massa de óleo) e a razão molar Óleo:Etanol r (1:4, 1:5, 1:6). A variável de
resposta estudada, nas onze reações, foi o tempo t, em minutos, necessário para a conversão
completa do óleo em éster etílico (biodiesel) e glicerina, verificado em intervalos de 10
minutos por cromatografia de camada delgada. Em todas as reações utilizou-se 100g do óleo,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
690
em balões de fundo redondo (250mL) sob agitação magnética e temperatura constante. A
seguir, foi adicionado ao óleo à solução alcoólica de alcóxido de sódio. No término da reação,
a mistura reacional foi transferida a um funil de separação (250mL) para retirada da glicerina,
sais de sódio e substâncias polares, do biodiesel, por 24h.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta a matriz, com valores reais e codificados, do planejamento
experimental 23 em dois níveis e três variáveis: T é a temperatura (ºC); C a concentração do
catalisador etóxido de sódio (% em relação à massa de óleo) e r a relação molar Óleo:Etanol.
A variável de resposta t é o tempo da reação de transesterificação total observado por
cromatografia de camada delgada. A tabela apresenta também o rendimento percentual dos
produtos biodiesel (BD) e glicerina (GL) medidos em cada ensaio experimental.
691
utilizou r=1:4, constatou-se uma separação difícil entre o biodiesel e glicerina devido à
mistura ser muito viscosa por deficiência de álcool e pela alta concentração de catalisador.
Nos procedimentos com 1,5% de catalisador as misturas reacionais finais apresentaram
intensa cor avermelhada e nos que se usa r=1:6 as separações foram mais eficazes.
Os resultados experimentais mostram, em todos os casos, que o catalisador em alta
concentração diminui o tempo de reação. A figura 1 mostra que o curso da reação é
favorecido na maior temperatura e na presença de grande excesso de etanol, segundo
confirmam os menores tempos de transesterificação observados.
692
independentes significativas T, C e r. O modelo codificado obtido é de primeira ordem e
apresenta os valores significativos (variáveis não significativas foram acopladas aos resíduos):
t =95,45−13,12× X T −30,62× X C +15,62× X r −16,87 X C × X r
A seguir mostram-se os valores estimados pelo modelo e comparados com os
experimentais.
Ensaio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
t (experimental) 90 80 70 45 180 120 60 50 110 120 125
t (modelo) 106.67 80.43 79.17 52.93 171.71 145.47 76.73 50.49 95.45 95.45 95.45
Desv. rel. (%) -18.52 -0.5 -13.1 -17.62 4.6 -21.22 -27.88 -0.8 13.22 20.45 23.64
693
Tabela 3 - Análise de Variância para o Planejamento experimental 23
Fonte de variação Soma quadrática Graus de liberdade Média quadrática F calculado
Regressão 13112,5 4 3278,125 6,32
Resíduos 3110,23 6 518,37
Falta de ajuste 2993,56 4
Erro puro 116,7 2
Total 16222,73 10
a)
b)
694
c)
695
4 CONCLUSÃO
Na análise dos resultados, observou-se nitidamente o efeito da relação molar
(triglicerídeo:etanol) e do catalisador sobre a reação de transesterificação, catalisada por
alcóxidos metálicos. O efeito individual e combinado das variáveis demonstrou que o
catalisador, juntamente com a relação molar óleo:álcool, tem a maior influência no tempo
reacional. Como se pode perceber, a temperatura tem pouca influência no tempo de reação,
quando analisada individualmente e/ou combinada com a quantidade de EtOH e concentração
de catalisador. Através da análise de coeficientes de regressão foi possível desenvolver uma
equação que prevê o tempo da reação, t, em função das variáveis independentes significativas
T, C e r.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLARK, S. J.; WANGNER, L.; SCHROCK, M. D.; PIENNAAR, P. G. Methyl and ethyl
soybean esters as renewable fuels for diesel engines. (1984).
KORUS, R. A.; HOFFMAN, D. S.; BARN, N.; PETERSON, C. L.; DROWN, D.C.;
Department of Chemical Engineering University of Idaho, Moscow, ID 83843, U.S.
Department of Agriculture-ARS Cooperative Agreement #58-43YK-7-0045 Amendment #4.
Sem data.
VICENTE, G.; COTERON, A.; MARTINEZ, M.; ARACIL, J.; Application of the factorial
design of experiments and response surface methodology to optimize biodiesel production.
Industrial Crops and Products. 8: 29–35 (1998).
696
INFLUÊNCIA DE CULTURAS INTERCALARES NO CRESCIMENTO DO
DENDEZEIRO EM ÁREAS DEGRADADAS
RESUMO: O grande desafio para a pesquisa agrícola nos trópicos úmidos é desenvolver
sistemas de produção, ecologicamente adequados à região. O cultivo do dendê atende às
premissas de que nas condições edafoclimáticas da Amazônia, deve-se cultivar espécies
perenes, por oferecerem maior proteção do solo, por apresentarem menor impacto ao
ambiente e por melhor se adaptarem à sua baixa fertilidade natural. O desenvolvimento de
práticas agrícolas para a conversão de áreas degradadas em sistemas agrícolas sustentáveis,
indicam um caminho promissor na proteção da floresta primária contra novos desmatamentos,
bem como para o assentamento de pequenos produtores em áreas atualmente improdutivas. O
presente trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento do dendezeiro consorciado
com banana, macaxeira, abacaxi e vegetação natural durante os três primeiros anos de cultivo.
O experimento foi instalado na Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, AM. Foi utilizado o
delineamento em blocos ao acaso com três repetições. Os tratamentos foram constituídos de
quatro sistemas de cultivos; dendê x banana, dendê x macaxeira, dendê x abacaxi e dendê x
vegetação espontânea, com e sem calagem. O experimento teve duração de três anos. Durante
a condução, os tratos culturais foram realizados conforme necessidade para cada sistema. O
crescimento do dendezeiro foi avaliado por meio de medições da circunferência do coleto, nº
de folhas/planta e comprimento da folha 9 aos 12 e 30 meses. Os dados foram submetidos à
análise de variância e as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. Os sistemas dendê x abacaxi e dendê x macaxeira proporcionaram as maiores
taxas de crescimento do dendezeiro; o sistema dendê x banana proporcionou a menor taxa de
crescimento do dendezeiro.
O grande desafio para a pesquisa agrícola nos trópicos úmidos é desenvolver sistemas
de produção, ecologicamente adequados à região. O cultivo do dendê (Elaeis guineensis)
atende às premissas de que nas condições edafoclimáticas da Amazônia, deve-se cultivar
espécies perenes, por oferecerem maior proteção do solo, por apresentarem menor impacto
ao ambiente e por melhor se adaptarem à sua baixa fertilidade natural. As práticas culturais
adotadas na dendeicultura, como a utilização de leguminosas para a cobertura do solo ou a
associação com culturas alimentares no período pré-produtivo, aliados ao aspecto de cultura
perene permitem perfeita cobertura do solo e propicia reconstituição do ambiente florestal,
possibilitando ainda, sua implantação em áreas degradadas, com as vantagens de se ter um
sistema intensivo altamente produtivo e permanentemente valorizado.
De acordo com informações levantadas por Hanson e Cassman (1994), a área de solos
degradadas no planeta saltou de 6% em 1945 para 17% em 1990, e com a manutenção dos
modelos de uso da terra atuais, em 2005 cerca de 25% das terras agricultáveis estarão em
estado de degradação. A degradação de áreas agrícolas em todo o mundo tem causado um
significativo impacto na produção agrícola. Entre 1945 e 1990 cerca de 17% de perda de
produtividade tem sido atribuída à degradação de solos (Scherr e Yadav, 1997).
Na Amazônia brasileira cerca de 70 milhões de hectares de florestas já foram
desmatados, sendo 95% desta superfície transformada em pastagens. Estima-se atualmente
que metade desta área de pastagens, em zonas de terra firme, encontram-se em diferentes
estágios de degradação (Fearnside, 1997).
Entretanto, são poucas as informações para atender à demanda, por parte dos vários
segmentos da sociedade interessados na cultura do dendê, para ocupar essas áreas. O
desenvolvimento de práticas agrícolas para a conversão destas áreas degradadas em sistemas
agrícolas sustentáveis, indicam um caminho promissor na proteção da floresta primária contra
novos desmatamentos, bem como para o assentamento de pequenos produtores em áreas
atualmente improdutivas.
Esse trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o desenvolvimento do
dendezeiro consorciado com banana, macaxeira, abacaxi e vegetação natural durante os três
primeiros anos de cultivo.
697
2 MATERIAL E MÉTODOS
698
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os maiores valores da circunferência do coleto (CC) observados foram para os
sistemas de cultivo dendê x abacaxi e dendê x macaxeira, significativamente superiores
comparados ao sistema dendê x banana. As maiores taxas de crescimento apresentadas pelo
dendezeiro foram para os sistemas dendê x abacaxi e dendê x macaxeira. O sistema dendê x
vegetação espontânea apresentou taxa de crescimento para circunferência do coleto (CC)
intermediária, inferior aos sistemas dendê x abacaxi e macaxeira e semelhante ao sistema
dendê x banana. Os menores incrementos ocorridos no sistema dendê x banana foram
atribuídos a uma maior competição interespecífica por luz gerada nesse sistema (Tabela 1).
Tabela 1 - Médias da circunferência do coleto (CC), largura (LR) e espessura do ráquis (ER),
comprimento da folha 09 (CF9), número de folíolos da folha 09 (NFP) e número de folhas
por planta (NF9) em função de diferentes sistemas de cultivo de dendezeiro aos 30 meses
após o plantio
Sistemas de CC1 CC LR ER CF9 NFP NF9
-----------------------------cm------------------------
Dendê x Banana 90,98 a 175,98 b 2,66 a 4,33 a 306 a 38 a 107 a
Dendê x Macaxeira 91,09 a 193,00 a 2,76 a 4,51 a 284 b 39 a 105 a
Dendê x Abacaxi 94,94 a 201,15 a 2,78 a 4,50 a 278 b 39 a 106 a
Dendê x V. natural 93,07 a 189,43 ab 2,62 a 4,28 a 271 b 39 a 106 a
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
699
de baixa fertilidade comprova a adaptação da cultura para estas condições.
Tabela 2 - Médias da circunferência do coleto (CC), largura (LR) e espessura do ráquis (ER),
comprimento da folha 9 (CF9), número de folíolos da folha 9 (NF9) e número de folhas por
planta (NFP) de plantas de dendezeiro em diferentes sistemas de cultivo com e sem calagem
com* sem Com Sem com sem com Sem com sem com sem com sem
-----------------------------------cm-------------------------------
Dendê x Banana 89,16a 92,5a 167,3b 184,6a 4,29a 4,37a 2,72a 2,6a 311 a 301a 36a 40a 106a 107a
Dendê x 93,20a 88,9a 192,3a 193,6 4,63a 4,38a 2,86a 2,67a 291ab 278a 38a 40a 103a 106a
Macaxeira a
Dendê x Abacaxi 96,12a 93,7a 200,4 a 201,8 4,56a 4,44a 2,79a 2,77a 283b 274a 39a 38a 106a 104a
a
Dendê x V. natural 93,64a 92,5a 188,4ab 190,3 4,29a 4,27a 2,66a 2,59a 274b 267a 38a 40a 106a 103a
a
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de
Tukey.
Medição feita aos 12 meses de idade
* 1,5 t/há de calcário dolomítico
4 CONCLUSÕES
O uso de práticas para a conversão de áreas degradadas em sistemas agrícolas
sustentáveis é uma alternativa promissora para a proteção da floresta primária, ao se reduzir a
necessidade de novos desmatamentos, bem como, constituindo-se em uma alternativa para a
revitalização de áreas atualmente improdutivas;
Os sistemas dendê x abacaxi e dendê x macaxeira proporcionaram as maiores taxas de
crescimento do dendezeiro;
O sistema dendê x banana proporcionou a menor taxa de crescimento do dendezeiro.
700
5 APOIO FINANCEIRO
CNPq, PRODETAB, Embrapa Amazônia Ocidental, CPAA e Embrapa Transferência
de Tecnologia/Escritório de Negócios da Amazônia.
6 REFERÊNCIAS bIBLIOGRÁFICAS
FEARNSIDE P.M. Amazonie: la déforestation, repart de plus belle. La Recherche, p.44-46.
1997.
HANSON, R.G.; CASSMAN, K.G. Soil management and sustainable agriculture in the
developing world. In: 15th World Congress of Soil Science, Acapulco, Mexico, v.7A:
Commission VI Symposia. Sociedad Mexicana de la Ciencia del Suelo, Mexico, p.17-33,
1994.
SCHERR, S.J.; YADAV, S. Land degradation in the developing world: Issues and Policy
options for 2020. International food policy research institute. <
www.ifpri.cgiar.org/2020/briefs >.
701
ANÁLISE FINANCEIRA DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO DENDEZEIRO
(Elaeis guineensis Jacq.) EM MONOCULTIVO E INTERCALADO COM
ABACAXI (Ananas comusus L. Merril) EM ÁREAS DEGRADADAS NA
AMAZÔNIA OCIDENTAL
702
1 INTRODUÇÃO
O grande desafio para a pesquisa agrícola nos trópicos úmidos é desenvolver sistemas
de produção, ecologicamente adequados à região. Na Amazônia brasileira cerca de 70
milhões de hectares de florestas já foram desmatados, sendo 95% desta superfície
transformada em pastagens. Estima-se atualmente que metade desta área de pastagens, em
zonas de terra firme, encontra-se em diferentes estágios de degradação (Fearnside, 1997).
Os solos agricultáveis existentes no mundo são recursos finitos, 78 % da superfície do
planeta não é utilizável para fins agrícolas. Dos 22 % restantes utilizáveis para a agricultura,
13 % possuem baixa capacidade produtiva, 6 % média e apenas 3 % é caracterizada como de
alta capacidade produtiva para produção agrícola intensiva (Lal e Stewart, 1992).
De acordo com informações levantadas por Hanson e Cassman (1994), a área de solos
degradadas no planeta saltou de 6% em 1945 para 17% em 1990, e com a manutenção dos
modelos de uso da terra atuais, em 2005 cerca de 25% das terras agricultáveis estarão em
estado de degradação.
A degradação de áreas agrícolas em todo mundo tem causado um significativo impacto
na produção agrícola. Entre 1945 e 1990 cerca de 17% de perda de produtividade tem sido
atribuída à degradação de solos (Scherr e Yadav, 1997).
O cultivo do dendê atende às premissas de que nas condições edafoclimáticas da
Amazônia, deve-se cultivar espécies perenes, por oferecerem maior proteção do solo, por
apresentarem menor impacto ao ambiente e por melhor se adaptarem à sua baixa fertilidade
natural. As práticas culturais adotadas na dendeicultura, como a utilização de leguminosas
para a cobertura do solo ou a associação com culturas alimentares no período improdutivo,
aliados ao aspecto de cultura perene permitem perfeita cobertura do solo e propicia
reconstituição do ambiente florestal, possibilitando ainda, sua implantação em áreas
degradadas, com as vantagens de se ter um sistema intensivo altamente produtivo e
permanentemente valorizado. Entretanto, são poucas as informações para atender à demanda,
por parte dos vários segmentos da sociedade potencialmente interessados na cultura do dendê,
para ocupar essas áreas. Por outro lado, Smith et al. (1992) afirmam ser a cultura do dendê
recomendada para reabilitação de áreas degradadas, em regiões tropicais, citando o caso de
regiões da África, onde o dendê está sendo cultivado, com sucesso, em áreas degradadas.
Gonçalves (1981) ressaltou que os consórcios, por lidarem com diferentes ciclos de
culturas, propiciam otimização da força de trabalho, safras mais elevadas e,
consequentemente, maior rentabilidade para o produtor rural. Além disso, o consórcio entre
703
plantas com diferentes ciclos e/ou portes reduz o crescimento de ervas daninhas, controla a
erosão e aperfeiçoa o uso de insumos agrícolas.
Dentro deste contexto encontram-se os sistemas de cultivos intercalares que se baseiam
no cultivo simultâneo, em uma mesma área, de duas ou mais culturas por um período
considerável de seu ciclo de desenvolvimento. São utilizados pelos agricultores há séculos e
muito comun nos países menos desenvolvidos, sobretudo em pequenas propriedades.
Este estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade econômica do cultivo do
dendezeiro em monocultivo e intercalado com abacaxi em áreas degradadas da Amazônia
Ocidental.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no Campo Experimental do Distrito Agropecuário da
Suframa DAS, da Embrapa Amazônia Ocidental/CPAA, localizado no km-54, da BR-174, em
área de terra firme, entre as coordenadas geográficas 2º 31’ a 2º32’ de latitude Sul e 60º 01’ a
60º 02’ de longitude Oeste.
O solo da área de estudo foi classificado como Latossolo Amarelo muito argiloso com
baixo teor de nutrientes disponíveis e alta saturação por alumínio. O clima local conforme a
classificação de Koppen apresenta temperatura média entre 25 e 28 ºC e precipitações anuais
de 2000 a 2800 mm. A umidade relativa média anual entre 85 a 90%, e a luminosidade na
região varia de 1500 a 3000 horas/ano de radiação solar.
Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso com três repetições. Os tratamentos
foram constituídos de dois sistemas de cultivos: dendê x abacaxi e dendê em monocultivo,
com e sem calagem. Cada bloco foi constituído de quatro parcelas e estas por sua vez foram
constituídas de 24 plantas de dendê, sendo oito plantas úteis. O plantio do dendê seguiu o
dispositivo em triângulo eqüilátero de 9 m de lado, totalizando 143 plantas/ha.
No sistema dendê x abacaxi quatro fileiras duplas de abacaxi, variedade Regional foi
plantada nas entrelinhas do dendê no espaçamento de 1,0 x 0,4 x 0,4 m, sendo 1,0 m entre
fileiras duplas, 0,4 m entre plantas na fileira dupla e 0,4 m entre plantas na linha. Cada parcela
de abacaxi foi composta por 1.928 plantas, ocupando uma área de 540 m2, sendo 270 m2 por
carreador. O arranjo espacial utilizado proporcionou uma população de 12.850 plantas de
abacaxi por hectare de consórcio, correspondendo a 36% de ocupação da área.
Durante a condução, os tratos culturais foram realizados conforme necessidade para
cada sistema. Os dados de produção do abacaxi foram convertidos para hectare de consórcio.
704
Para o cálculo das receitas, considerou-se os preços reais de mercado pago aos
produtores durante a safra seguindo a seguinte classificação 1ª, 2ª e 3ª (R$ 1,20; R$ 0,80 e R$
0,30, respectivamente. Os indicadores utilizados para avaliar o desempenho financeiro dos
sistemas de cultivo foram: Valor Presente Líquido (VPL) - diferença positiva entre receitas e
custos atualizados para determinada taxa de desconto e Relação Benefício Custo (B/C) -
relação entre o valor presente dos benefícios e o valor presente dos custos, para determinada
taxa de juros.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os custos de implantação e manutenção por hectare nos três anos de cultivo dos
sistemas dendê x abacaxi e dendê em monocultivo foram da ordem de R$ 11.000,00 e R$
7.006,00 respectivamente. Analisando separadamente cada sistema, os itens que se
destacaram pelo maior volume de recursos alocados no sistema dendê x abacaxi foram
fertilizantes e tratos culturais com 33% e 29% respectivamente. Para o dendê em monocultivo
foram tratos culturais e fertilizantes com 37% e 25% respectivamente.
Constatou-se que os itens relacionados com mão-de-obra tiveram importante
participação nos custos dos sistemas produtivos, sendo responsáveis por 53% e 59% para
dendê x abacaxi e dendê em monocultivo respectivamente. A intensiva utilização de mão-de-
obra para a realização das atividades demonstra o importante papel desses sistemas na
ocupação e fixação do homem ao campo. Nas figuras 1 e 2 são apresentados os custos totais
por hectare dos sistemas dendê x abacaxi e dendê em monocultivo para implantação e
manutenção anual, receitas obtidas e o fluxo de caixa durante os três primeiros anos agrícolas.
Verifica-se que no sistema dendê x abacaxi o custo total para a implantação de 1,0 ha do
sistema oscilou em torno de R$ 7.191,00; R$ 2.038,00 e R$ 1.771,00 para a manutenção do
primeiro, segundo e terceiro anos após a implantação, respectivamente (Figura 1). A cultura
do abacaxi teve seu ciclo variando de 16 a 18 meses, assim, não apresentou receita no ano de
implantação. Porém, no segundo ano, obteve-se uma receita bruta total de R$ 11.636,00 o
qual foi proveniente da comercialização de produção de 6.766; 4.115 e 750 fruto de abacaxi
de 1ª, 2ª e 3ª categorias, vendidos a R$ 1,20, R$ 0,80 e R$ 0,30 a unidade, respectivamente. A
receita bruta total obtida pela venda do abacaxi, além de amortizar 100% os custos de
implantação e manutenção do sistema, proporcionou receita líquida de R$ 636,00 no
transcorrer de três anos de implantação do sistema (Figura 1).
705
Para o dendê em monocultivo constatou-se que o custo total para a implantação de 1 ha
de dendê, considerando somente a parte agrícola, sem levar em consideração investimentos de
infra-estrutura e máquinas, oscilou em torno de R$ 4.063,00; R$ 1.181,00 e R$ 1.761,00 para
a implantação do primeiro ano e manutenção do segundo e terceiro ano após a implantação,
respectivamente (Figura 2). Estes custos estão de acordo com os apresentados por Lima et al.
(2000) e FNP (2005) e cuja região referencial é o Estado do Pará.
150 0 0 7006
11636 1100011636
8000
12 0 0 0 9598 6000 4063
9000 7191 4000
1761
Valores (R$)
1181
6000 2000 0.0 0.0 0.0 0.0
2038 1771 0
3000 636
0,00 0,00
-2000 1 2 3 Total
0 -1181 -1761
-4000
-3 0 0 0 1 2 3 To tal
-1771 -6000 -4063
-6 0 0 0 -8000 -7006
-9 0 0 0 -7191 Ano s Anos
Figura 1. Custos, receitas e fluxo de caixa do sistema Figura 2. Custos, receitas e fluxo de caixa do dendê
de cultivo de dendê x abacaxi durante três anos. em monocultivo durante três anos.
706
uma população de 20.000 plantas/ha de consórcio e uma produtividade de 32,8 t/ha de frutos
de abacaxi.
O dendê em monocultivo a curva do VPL apresentou tendência descendente, que
permanecerá até o início da colheita, que começará a partir do terceiro ano. Estudo realizado
por Lima et al. (2000) mostrou que o ponto de equilíbrio do componente agrícola é atingindo
somente a partir do 9º ano de exploração do dendezeiro em monocultivo. A antecipação do
ponto de equilíbrio pode aumentar a viabilidade de exploração da cultura para pequenos
agricultores, neste trabalho, quando o dendezeiro foi intercalado com o abacaxizeiro na fase
pré-produtiva, o ponto de equilíbrio foi atingindo logo no terceiro ano de cultivo (Figura 3). A
cultura do dendê comportaria nas entrelinhas mais um ciclo com a cultura do abacaxi, não
avaliado neste estudo, que tornaria muito mais favorável o sistema de consorcio do dendê x
abacaxi.
O adequado desempenho econômico apresentado na fase pré-produtiva do dendezeiro
nos sistemas de cultivos consorciados vem de encontro com um dos principais gargalos
apresentados para dendeicultura em relação à agricultura familiar. É notório que um dos
principais fatores limitantes ao desenvolvimento da cadeia produtiva do dendê é o tempo que
transcorre entre a implantação da cultura e a obtenção dos primeiros retornos econômicos
positivos. Mesmo na fase compreendida entre os três e os seis anos da implantação (fase
inicial da colheita), a receita apenas empata com as despesas, quando o dendê é cultivado em
monocultura (Lima et al., 2000). Por esse motivo, torna-se fundamental o uso de sistemas
consorciados no seguimento de exploração da dendeicultura no âmbito da agricultura familiar.
Re laçã o B /C - Ta xa de 6% ao ano
4.000,00
2.000,00 3
0,00
-2.000,00 1 2 3 2
-4.000,00
7
-6.000,00 1
-8.000,00
De ndê x Aba c a xi De ndê e m m o no c ultivo
P e río do (a no s )
Figura 3. Valor presente líquido (VPL) dos sistemas Figura 4. Relação Benefício/Custo dos sistemas
dendê x abacaxi e dendê em monocultivo a uma taxa dendê x abacaxi e dendê em monocultivo a uma taxa
de desconto de 6% ao ano. de desconto de 6% ao ano.
707
abacaxi, a partir do 2º ano após a implantação, já apresentou uma relação B/C da ordem de
1,21, significando que, para cada real investido obteve-se um lucro de R$ 0,21 centavos,
enquanto que dendê em monocultivo não houve entrada de caixa, conseqüentemente a relação
B/C permaneceu zero.
4 CONCLUSÃO
O sistema de cultivo dendê x abacaxi foi altamente viável proporcionando amortização
de 100% dos custos de implantação e manutenção do sistema no período de três anos. O
dendê intercalado com abacaxi mostrou-se altamente viável podendo ser recomendado como
alternativa econômica para produção de dendê voltado para agricultura familiar. O uso de
práticas para a conversão de áreas degradadas em sistemas agrícolas sustentáveis é uma
alternativa promissora para a proteção da floresta primária, ao se reduzir a necessidade de
novos desmatamentos, bem como, constituindo-se em uma alternativa para a revitalização de
áreas atualmente improdutivas.
5 AGRADECIMENTOS
CNPq, PRODETAB, Embrapa Amazônia Ocidental, CPAA e Embrapa Transferência
de Tecnologia/Escritório de Negócios da Amazônia.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, S.R. Consorciação de culturas – técnicas de análises e estudos da
distribuição. UnB, Brasília. 1981. 217 p. (Tese de Mestrado).
HANSON, R.G.; CASSMAN, K.G. Soil management and sustainable agriculture in the
developing world. In: 15th World Congress of Soil Science, Acapulco, Mexico, v.7A:
Commission VI Symposia. Sociedad Mexicana de la Ciencia del Suelo, Mexico, p.17-33,
1994.
LIMA, S.M.V.; FREITAS FILHO, A.; CASTRO, A.M.G.; SOUZA, H.R. Desempenho da
cadeia produtiva do dendê na Amazônia legal. In: MULLER, A.A.; FURLAN JUNIOR, J.
AGRONEGÓCIO DÊNDE: uma alternativa social, econômica e ambiental para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia. 2000. p.251-288.
708
DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MAMONA EM DUAS
DENSIDADES DE PLANTIO NA SAFRINHA (VALE DO PARAÍBA/SP,
2006-07)
709
1 INTRODUÇÃO
A ricinocultura está em destaque no Vale do Paraíba paulista devido à instalação de
agroindústrias de extração de óleos e incentivo governamental por meio do Programa
Nacional de Biodiesel (PNB). Entretanto, o levantamento da aptidão climática considerou o
Vale como marginal ao cultivo da mamoneira, devido à estação seca pouco pronunciada e
restrições térmicas (IAC, 1977ab), não havendo informações do comportamento frente às
condições regionais.
O plantio de mamona na safrinha pode ser viável para a região, considerando a época
recomendada para o Estado (outubro-novembro) predisponente a ocorrência de mofo cinzento
(Amphobotrys ricini), principal doença que afeta a inflorescência e impede a completa
formação dos frutos (SAVY FILHO, 2005; SILVA, 2005; LIMA et al., 1997). Na safrinha, a
cultura pode vir a ser uma alternativa de renda extra para o agricultor (SAVY FILHO et al.,
2007; SAVY FILHO, 2005), além de possibilitar a colheita mecânica devido ao menor
desenvolvimento vegetativo (POLETINE, 2004).
A pesquisa em sistemas sustentáveis de produção é uma das demandas da região e
podem representar mudanças na paisagem do Vale com a introdução do cultivo de mamona
na safrinha. Porém, esses sistemas ainda precisam ser avaliados para uma recomendação
efetiva aos produtores (RAMOS et al., 2006).
A presente pesquisa teve por fim avaliar o comportamento de três cultivares de mamona
em duas densidades de plantio na safrinha, conduzidas para produzirem duas safras
consecutivas, sem a realização de poda após a primeira colheita. O plantio adensado e as duas
colheitas consecutivas podem compensar a baixa produção da mamoneira, previsível na
safrinha.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado em 30/03/2006 no Pólo Regional do Vale do Paraíba,
APTA/SAA em Latossolo Vermelho Amarelo, textura franco-argilosa, relevo suave ondulado
no Terciário, em Pindamonhangaba/SP. A caracterização química do solo consta na Tabela 1.
710
Tabela 1. Resultados da análise de solo da unidade experimental cultivada com mamona, Pólo
Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-07).
MO pH P K Ca Mg Al H+Al SB CTC V B Cu Fe Mn Zn
g/dm³ CaCl2 mg/dm³ ----------------- mmolc/dm³ ------------------ % ------------ mg/dm³ -------------
32,5 4,35 5,5 0,8 10,5 7,5 12 58 18,8 76,8 25 0,31 1,05 78,5 8,05 0,9
28 210
Temp. mínima mensal
Temp. média
20 150
16 120
12 90
8 60
4 30
0 0
mar/06
mai/06
mar/07
mai/07
ab/06
jun/06
set/06
out/06
jul/06
ag/06
nov/06
dez/06
jan/07
ab/07
fev/07
711
Foi realizada calagem em área total com calcário dolomítico (2,0 Mg ha-¹ PRNT 75%),
incorporado com aração e gradagem. O plantio foi manual na safrinha (30/03/2006) com três
sementes por cova adubada com 600g de esterco de curral curtido+10g de cloreto de
potássio+100g de termofosfato magnesiano, desbaste realizado 40 dias após a germinação,
deixando-se uma planta/cova. A primeira colheita foi realizada 182 dap (27/09/2006). A
segunda, aos 287 dap (10/01/2007). Os cachos colhidos manualmente foram debulhados secos
ao sol em terreiro de cimento. Foram realizadas três capinas a enxada (03/05, 25/07/2006). A
terceira antecedeu a adubação de cobertura (25g planta-¹ 20-5-20) 203 dap. Pulverizações
mensais com o biofertilizante Agrobio (16 litros : 400 litros de calda ha-¹) para melhorias na
nutrição, foram alternadas com o defensivo Calda Sulfocálcica (4litros : 400 litros de calda ha-
¹) para o controle do ácaro vermelho (Tetranychus desertorum) (julho a agosto).
Foram avaliados os componentes de produção da planta - número de racemos, número
de frutos nos racemos e massa de 100 grãos; e do comportamento vegetativo e reprodutivo -
altura das plantas, comprimento do racemo, relação comprimento do racemo com
frutos/comprimento total do racemo. Os dados de produção na primeira colheita sofreram
transformação por meio da opção: Raiz quadrada de Y+0.5-SQRT (Y+0.5).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A extensão do período de cultivo para obtenção de colheitas sucessivas compensou a
baixa produção previsível na safrinha. A média total das cultivares superou em duas vezes e
meia a média nacional de 646 kg ha-¹ (CONAB, 2006), que é considerada baixa. As cultivares
apresentaram produções semelhantes nos dois espaçamentos testados (Tukey, p<0,05). A
segunda colheita representou cerca de 70% do total colhido (média 2.450 kg ha-¹) (Tabela2).
A cultivar IAC 2028 diferiu das demais apresentando reduzida produção aos 182 dap (487,9
kg ha-¹).
712
Tabela 2. Produção de grãos na safrinha de três cultivares de mamona conduzidas para
obtenção de duas safras sucessivas no Pólo Regional do Vale do Paraíba,
Pindamonhangaba/SP ( 2006-07).
Produção (kg ha-1)
Cultivar 1ª colheita 2ª colheita
Total
(182dap) (287 dap)
IAC Guarani 817,67 ab 1.717,04 a 2.534,71a
IAC 2028 489,97 a 1.738,85 a 2.228,82 a
CATI AL Guarany 2002 872,93 b 1.714,26 a 2.587,20 a
CV 19,14 19,27 20,28
DMS 539,94 445,17 664,27
*valores representam médias de quatro repetições; letras minúsculas iguais nas colunas indicam diferenças não-
significativas (Tukey p<0,05).
713
superaram a cv. IAC 2028 nos dois espaçamentos. Por sua vez, IAC Guarani apresentou o
melhor rendimento no espaçamento 1,0 x 1,0 m. Na segunda colheita, as diferenças entre
cultivares foram menos perceptíveis. Contudo, nota-se a tendência de reduções no peso de
100 grãos na segunda colheita para as cultivares IAC Guarani e CATI AL Guarany 2002,
provavelmente em ocorrência de mofo cinzento no segundo ciclo de produção, beneficiado
pelo aumento da umidade relativa do ar. Os valores de massa de 100 grãos obtidos foram
próximos aos reportados por SAVY FILHO et. al. (2007) para a cultivar IAC 2028 (45 g) e
SAVY FILHO (2005) para a cv. IAC Guarani (43 g).
Tabela 3. Massa de 100 grãos expressa em gramas, de três cultivares de mamona em duas
densidades de plantio na safrinha, conduzidas para duas safras consecutivas no Pólo Regional
do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-07).
Massa de 100 grãos
Cultivar 1ª colheita 2ª colheita
DMS DMS
1,0x1,0 1,0x0,6 1,0x1,0 1,0x 0,6
IAC 2028 44,25aA 42,90aA 3,793 43,25abA 42,38abA 2,919
IAC Guarani 53,82bA 48,50bB 3,793 40,00aA 38,75aA 2,919
CATI AL Guarany 54,17bA 50,29bA 4,097 44,63bA 42,67bA 3,153
CV ------- 5,11------ ------ 4,59 ------
DMS 4,631 4,882 3,564 3,757
*os valores representam médias de quatro repetições; letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas iguais
nas linhas e indicam diferenças não-significativas (Tukey p<0,05).
As cultivares IAC Guarani e CATI AL Guarany 2002 superaram a cv. IAC 2028 na
primeira colheita para número de racemos por planta no espaçamento 1,0 x 1,0 m (Tabela 4).
SAVY FILHO et. al. (2007) descreve a cv. IAC 2028 como emitente em média de uma
inflorescência primária, cinco a sete secundárias e sete a nove terciárias. A média encontrada
no presente experimento foi de 1,1 racemos na primeira colheita (racemos primários) e 2,3 na
segunda (racemos secundários e terciários). Na segunda colheita essas diferenças foram
menos perceptíveis.
714
Tabela 4. Número de racemos em três cultivares de mamona sob duas densidades de plantio
na safrinha, conduzidas para duas safras consecutivas no Pólo Regional do Vale do Paraíba,
Pindamonhangaba/SP (2006-07).
1ª colheita (182dap) 2ª colheita (287dap)
Cultivar Nº racemos Nº racemos
DMS DMS
1,0x1,0 1,0x0,6 1,0x1,0 1,0x0,6
IAC 2028 1,1 aA 1,1 aA 0,539 3,2 aA 2,3 aB 0,793
IAC Guarani 1,9 bA 1,7 aA 0,539 4,1 abA 3,3 bB 0,793
CATI AL Guarany 2002 2,3 bA 1,7 aB 0,582 4,3 bA 2,9 abB 0,857
CV 21,72 15,60
DMS 0,658 0,694 0,969 1,021
*os valores representam médias de quatro repetições; letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas iguais
nas linhas indicam diferenças não-significativas (Tukey p<0,05).
715
proporção de flores fem ininas
proporção de flores m asculinas
21
18
comprimento do racemo
15
66.52% 62.98% 62.81%
12
cm
9
6
33.48% 37.02% 37.19%
3
0
Guarani IAC 2028 Al Guarany
25
comprimento do racemo
20
85.44% 84.19% 84.42%
cm
15
10
5
14.56% 15.81% 15.58%
0
Guarani IAC 2028 Al Guarany
716
também é estimulada por deficiência nutricional e temperaturas elevadas. Em revisão
bibliográfica, BELTRÃO (2006), afirma que o fotoperiodismo é o fator mais importante na
mudança da sexualidade da mamona. A melhor relação de flores femininas/masculinas ocorre
com 15 horas de luz, na proporção de 2,3:1 feminina:masculina. Assim, as condições de baixa
luminosidade no Vale do Paraíba, devido a alta nebulosidade, pode representar reduções
significativas na relação flor feminina/masculina.
O desenvolvimento inicial lento, produção de racemos menores e menor proporção de
frutos por racemo possivelmente estão relacionados, também, ao déficit hídrico. No presente
experimento, foi notável o incremento nos valores de todos os parâmetros avaliados após a
primeira colheita, possivelmente devido às chuvas neste período, com destaque para altura da
planta (Figura 4).
120
a
100 a
b
80
altura(cm)
60
40
CATI AL Guarany
20 IAC 2028
IAC Guarany
0
jun/06 ago/06 out/06 de z/06
717
de 171 cm no espaçamento 1,0 x 0,5 m, destacando o estiolamento ocorrido em virtude do
plantio adensado. Sendo este cultivar considerado de porte médio, recomenda-se o
espaçamento 1,5 x 1,0 m (DSMM, 2002).
Apesar do inverno seco limitante ao desenvolvimento e produção da mamoneira, o seu
cultivo pode trazer benefícios, por meio da melhor utilização da unidade de produção,
rotacionando culturas rústicas, ciclando nutrientes e aumentando a biodiversidade. A baixa
precipitação pluviométrica nessa época do ano não ocasiona os processos erosivos de solo que
normalmente podem se instalar, em virtude do lento desenvolvimento inicial das plantas e
baixo índice de área foliar nesse período (SAVY FILHO, 2005), além de não contribuir para a
ocorrência de mofo cinzento (Amphobotrys ricini).
4 CONCLUSÃO
A segunda colheita representou cerca de 70 % do total acumulado (média de 2.400 kg
ha-¹).
A cv. IAC 2028 apresentou porte baixo e a cv. CATI AL Guarany 2002 demanda
espaçamentos maiores para seu cultivo.
Os resultados demonstram a viabilidade técnica do plantio de todas as cultivares na
safrinha no Vale do Paraíba, para duas colheitas consecutivas.
O cultivo adensado não refletiu ganho de produção.
Novos estudos devem ser realizados a fim de confirmar o comportamento das
cultivares.
5 AGRADECIMENTO
À FUNDAG – Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola e à Empresa ETR Óleos S/A,
que financiaram a pesquisa.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS JUNIOR; G.; GUERRA, H.O.C.; LACERDA, R.D. de; CAVALCANTI, M.L.F.;
BARROS, A.L. Efeito do estresse hídrico na emissão da inflorescência de duas cultivares de
mamona. In: I Congresso Brasileiro de Mamona: Energia e Sustentabilidade. Resumos...
Campina Grande (PB). 2004. CD-ROM.
718
CONAB. Mamona Brasil: serie histórica de produtividade (safras 1976/77a 2005/06).
Disponível em: < http:www.conab.gov.br/conabweb/dowload/safra/mamonaseriehist.xls. >
Acesso em 15 jan. 2007.
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Indian. Amerind Publishing Co. Pvt. Ltd. P.43-49, 1986.
POLETINE, J.P.; AMARAL, J.G.C. do; ZANOTTO, M.D.; MACIEL, C.D.G. Avaliação de
cultivares de mamona (Ricinus communis L.) para o Estado de São Paulo. I Congresso
Brasileiro de Mamona. Resumos... Campina Grande, 2004. CD-ROM.
RAMOS, N.P.; AMORIM, E.P.; GALLI, J.A; MARTINS, AL.M.; BRANCALIÃO, S.R.;
SAVY, A.; BOLONHEZI, D. Desempenho vegetativo de mamona sob diferentes sistemas de
manejo de solo. In: II Congresso Brasileiro de Mamona. Resumos... Aracaju. 2006. CD-
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VERDADE, F.C.; HUNGRIA, L.S.; RUSSO, R.; NASCIMENTO, A.C.; GROHMANN, F.;
PENNA MEDINA, H. Solos da Bacia de Taubaté (Vale do Paraíba): levantamento de
reconhecimento. Séries monotípicas, suas propriedades genético-morfológicas, físicas e
químicas. In: Bragancia, Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, v.20, n.4, 322p.,
1961.
719
MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE
JATROPHA CURCAS L.
RESUMO: Os estudos com pinhão manso (Jatropha curcas L.) tiveram como objetivos a
avaliação de mudas produzidas por diferentes métodos de propagação para seleção do mais
adequado, aliado à germinação das sementes obtidas a partir de plantas originadas pelos
diferentes tipos de propagação. A avaliação do método de propagação envolveu estudos com
estacas e com sementes. As estacas foram oriundas de poda em plantas de J. Curcas,
existentes em Tatuí, SP, em área pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas, IAC. Os
tratamentos constaram de: 1) Haste principal seccionada; 2) Haste principal não-seccionada;
3) Ramo principal; 4) Sementes. A haste seccionada recebeu um corte na porção apical antes
de ser colocada para enraizar. As mudas formadas foram mantidas por 105 dias em casa-de-
vegetação e transplantadas com cerca de 30cm de altura. O experimento de campo foi
instalado no delineamento de blocos ao acaso, com 4 tratamentos e 6 repetições. Cada parcela
foi constituída por 1 linha de 5 plantas, no espaçamento de 3 x 3m. Os resultados mostraram
que o desenvolvimento inicial das mudas de pinhão transplantadas no campo é maior nas
plantas originárias de mudas de haste principal seccionada (HPS) e menor para aquelas
oriundas de sementes (S); a produção de grãos não foi influenciada pela origem das mudas; as
sementes das plantas originadas de mudas obtidas de hastes principais não seccionadas
mostraram melhor conservação, com maior viabilidade das sementes após 1 ano de estocagem
em condições ambientais.
720
1 INTRODUÇÃO
Entre os diversos óleos de espécies brasileiras, testados para utilização como
combustível para motores de ciclo diesel, o óleo obtido a partir de sementes de pinhão manso,
é um dos que apresentaram melhores características técnicas. Além de não ser comestível,
pode ser cultivado em áreas marginais, de difícil utilização para cultivos tradicionais; quando
em solos de melhor qualidade, permitem o cultivo intercalar, com culturas comestíveis e
energéticas, como girassol, ou culturas de subsistência como o milho, o feijão, o algodão e o
amendoim (SALEME, 2005). Além disso, segundo (SWAMY & SINGH, 2006), sobrevive
sob condições de seca extrema e pode adicionar grande quantidade de matéria orgânica ao
solo através da derrubada das folhas no inverno e pelo extenso sistema radicular.
No Estado de São Paulo, segundo observações preliminares, o pinhão manso apresenta
dormência nos meses mais frios (junho a setembro), quando ocorre a queda das folhas e
ausência de crescimento vegetativo; o florescimento inicia-se em outubro e os frutos são
colhidos entre janeiro e início de março. A multiplicação pode ser feita por sementes, estacas
e enxertia (CANECCHIO, 1949). Nas zonas equatoriais, ele chega a florescer duas vezes no
ano. Em Minas Gerais, a colheita das sementes ocorre apenas uma vez, pelo menos nas
condições de desenvolvimento espontâneo da planta, embora a produção se distribua entre
janeiro e julho, quando então o pinhão-manso entra em repouso vegetativo, com perda das
folhas, até o início das chuvas em outubro, período em que se inicia nova brotação.
As sementes utilizadas na disseminação devem provir de plantas robustas e saudáveis,
dotadas de boa produtividade, que tenham entre 2-15 anos de idade. Os frutos devem estar
entre verde claro e amarelo e devem ser secos na sombra por uma semana (SWAMY &
SINGH, 2006). O sistema de propagação em viveiros é mais racional e deve ser o
recomendado, pois as plantas novas têm um melhor acompanhamento, resultando em menor
número de falhas no campo, melhor sanidade e robustez.
O comportamento da semente depende de muitos parâmetros como espécie, ano de
coleta, época e modo de colheita, tempo e condição de estocagem, manuseio durante o
armazenamento e a colheita (SWARUP, 2006).
O trabalho teve por objetivo o estudo do melhor método de propagação de J. curcas,
aliado à germinação das sementes obtidas a partir de plantas originadas pelos diferentes
métodos de propagação.
721
2 MATERIAL E MÉTODOS
A avaliação do método de propagação envolveu estudos com estacas e com sementes.
As estacas foram oriundas de poda em plantas de J. curcas, existentes em Tatuí, SP, em área
pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas, IAC. Os tratamentos constaram de: 1)
Haste principal seccionada; 2) Haste principal não-seccionada; 3) Ramo principal; 4)
Sementes. A haste seccionada recebeu um corte na porção apical antes de ser colocada para
enraizar.
A formação das mudas foi feita em sacos de polietileno, sendo as estacas e as sementes
plantadas simultaneamente. Cada repetição era composta por 15 estacas. As mudas formadas
foram mantidas por 105 dias em casa-de-vegetação e transplantadas com cerca de 30cm de
altura.
O experimento de campo foi instalado no delineamento de blocos ao acaso, com 4
tratamentos e 6 repetições. Cada parcela foi constituída por 1 linha de 5 plantas, no
espaçamento de 3 x 3m.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pela Tabela 1 pode-se observar que o desenvolvimento inicial das mudas de pinhão
transplantadas no campo é maior nas plantas originárias de mudas de haste principal
seccionada (HPS) e menor para aquelas oriundas de sementes. No entanto, na fase adulta
essas diferenças foram eliminadas, resultando em mesma produção de grãos, como
visualizado na Tabela 2.
Com relação à germinação de sementes oriundas de plantas podadas e não podadas, os
resultados obtidos são encontrados na Tabela III. Observa-se uma melhor conservação das
sementes oriundas de mudas de hastes principais não seccionadas, com número
significativamente menor de sementes mortas e maior número de sementes normais, viáveis,
apesar de não terem diferido estatisticamente por Tukey a 5%. Os tratamentos HPS e S
tiveram conservação de sementes bastante semelhante com respeito à porcentagem de
sementes viáveis, dormentes e mortas.
722
Tabela 2 - Média de altura de planta, diâmetro de copa e número de ramos secundários,
avaliados em mudas obtidas de haste principal não seccionada (HPN), haste principal
seccionada (HPS), ramo primário não seccionado (RP) e de sementes (S), 130 e 160 dias após
o estaqueamento/semeadura.
Tratamentos Parâmetros avaliados*
Altura de planta Diâmetro da copa Número de ramos
(cm) (cm) secundários
HPN 28,6 21,0 1,9
47,2 31,5 1,9
S 6,0 7,5 -
16,4 15,6 -
*Para cada item, o número superior se refere às observações feitas aos 130 dias após o
estaqueamento/semeadura, e o inferior, aos 160 dias.
723
Tabela 3 - Resultados da avaliação de germinação das sementes obtidas de plantas que
passaram ou não por poda em comparação com aquelas oriundas de sementes, após 1 ano de
estocagem em condições ambientais. Média de 6 repetições.
Tipo de Germinação
planta
Normais Anormais Dormentes Mortas
HPN 71,50 a 2,50 a 13,33 a 11,50 b
RP 63,33 a 2,00 a 13,00 a 20,50 a
HPS 57,00 a 1,17 a 17,17 a 24,50 a
S 58,17 a 2,33 a 15,33 a 23,50 a
Médias seguidas por mesma letra não diferem por Tukey a 5%.
4 CONCLUSÕES
O desenvolvimento inicial das mudas de pinhão transplantadas no campo é maior nas
plantas originárias de mudas de haste principal seccionada (HPS) e menor para aquelas
oriundas de sementes (S);
A produção de grãos não foi influenciada pela origem das mudas;
As sementes das plantas originadas de mudas obtidas de hastes principais não
seccionadas mostraram melhor conservação, com maior viabilidade das sementes após 1 ano
de estocagem em condições ambientais.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SALEME, W.J.L. Potencial do Pinhão-Manso para o Programa Nacional de Biodiesel.
Instituto Fênix de Pesquisa e Desenvolvimento Sustentável, Brasília, 2005. 11p. In:
POTENCIAL DO PINHÃO-MANSO PARA O PROGRAMA NACIONAL DE BIODIESEL.
Fundação de Estudos e Pesquisa em Administração e Desenvolvimento- FEPAD Acessado
em 27 de abril de 2006. Disponível em: <
http://www.fepad.org.br/NovoSite/%5Fdinamico/?Link=seminario. >
SWAMY, S.L.; SINGH, L. Jatropha curcas for biofuel plantations. In: BIODIESEL
CONFERENCE TOWARDS ENERGY INDEPENDENCE- Focus on Jatropha,
Proceedings..., Hiderabad, p.143-157, 2006.
SWARUP, R., Quality planting material and seed standards in Jatropha. In: BIODIESEL
CONFERENCE TOWARDS ENERGY INDEPENDENCE- Focus on Jatropha,
Proceedings..., Hiderabad, p.129-135, 2006.
724
ESPAÇAMENTO E PODA NA CULTURA DO PINHÂO MANSO (Jatropha
curcas L.)
RESUMO: O trabalho teve por objetivo estudar o efeito da densidade de plantas e da poda
dos ramos na produtividade em grãos de plantas de pinhão-manso. Sementes obtidas no
Estado de Minas Gerais foram semeadas em sacos plásticos e germinadas em condições de
casa-de-vegetação, sendo transplantadas no campo 3 meses após a semeadura. O experimento
de campo foi instalado no delineamento em parcelas sub-divididas, com 4 repetições, em
latossolo vermelho-amarelo orto, em Tatuí, SP, em área pertencente ao IAC. Foram estudados
dois níveis de espaçamento entre linhas (2 e 3m) e dois entre plantas (1 e 2m). Para cada
combinação de espaçamento, as parcelas foram divididas de maneira a receberem dois tipos
de poda e um terceiro tratamento sem poda. Cada unidade experimental foi constituída por
três linhas de seis plantas, num total de 864 plantas. Os resultados indicam que quanto mais
adensado o número de plantas por hectare, maior a produtividade em grãos; a produção de
cada planta, individualmente, não foi influenciada pelas densidades populacionais; não houve
vantagens produtivas com a realização de poda dos galhos de J. Curcas.
725
1 INTRODUÇÃO
Jatropha curcas produz sementes com cerca de 40% de óleo, que pode ser utilizado
para a fabricação de biodiesel, entre outras utilizações. A planta pode-se desenvolver em
diferentes condições de uso do solo (DATTA & PANDEY, 2005), sendo facilmente
propagada por sementes e mudas, começando a produzir em dois anos, estendendo-se para
mais de 40 anos.
Segundo SALEME (2005), a planta de pinhão-manso cresce de forma espontânea em
solos secos, pedregosos e pouco férteis, em clima desfavorável à maioria das culturas
alimentares tradicionais. Apresenta raízes profundas, melhora o microclima, diminui a erosão,
fertiliza o solo com a queda de suas folhas, além de poder ser plantado em consorciação com
outras oleaginosas ou culturas de subsistência como o milho, o feijão, o algodão e o
amendoim.
Com relação à produtividade, existem grandes controvérsias nas literaturas disponíveis,
que por si só já justificam o desenvolvimento de um trabalho mais amplo de pesquisa. Sabe-se
que os rendimentos por planta variam conforme as condições edafoclimáticas, regularidade
pluviométrica e tratos durante o cultivo. De acordo com os dados obtidos de plantios
organizados de J. curcas, desenvolvidos no Centro Experimental de Ségou, na antiga África
Ocidental Francesa, a produtividade da cultura alcançava índices em torno de 8.000 Kg de
sementes por hectare.
Em Minas Gerais, DRUMMOND et al. (1984) recomendam que, em terrenos mais
pobres, o pinhão-manso pode ser plantado nos espaçamentos de 3 x 3m ou 3 x 2m.
Na Índia, estudos com poda indicam que ela deve ser feita podando-se a gema apical da
haste principal com 1 ano de idade aumenta o número de brotações principais e secundárias,
aumentando o número de ramos por planta.
O trabalho teve por objetivo estudar o efeito da densidade de plantas e da poda dos
ramos na produtividade em grãos de plantas de pinhão-manso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
As sementes para o experimento foram obtidas no Estado de Minas Gerais. Elas foram
semeadas em sacos plásticos e germinadas em condições de casa-de-vegetação, sendo
transplantadas no campo 3 meses após a semeadura.
O experimento foi instalado no delineamento em parcelas sub-divididas, com 4
repetições, em latosolo vermelho-amarelo orto, em Tatuí, SP, em área pertencente ao IAC.
726
Foram estudados dois níveis de espaçamento entre linhas (2 e 3m) e dois entre plantas
(1 e 2m). Para cada combinação de espaçamento, as parcelas foram divididas de maneira a
receberem dois tipos de poda e um terceiro tratamento sem poda. Cada unidade experimental
foi constituída por três linhas de seis plantas, num total de 864 plantas.
Foram utilizados os seguintes tipos de poda:
P1- sem poda
P2- poda de ramos secundários, com 1 ano de idade
P3- poda do ramo apical, com 1 ano de idade
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1- Resultados da produção de grãos por planta e por hectare, nos diferentes
espaçamentos e podas, após 4 anos de plantio das mudas no campo. Média de 4 repetições.
Espaçam Poda 1 Poda 2 Poda 3 Média
g/pl kg/ha g/pl kg/ha g/pl kg/ha g/pl kg/ha
2x1 718 3594 937 4626 797 3984 817 a 4088 a
3x1 1052 3510 749 2748 687 2291 829 a 2850 ab
2x2 804 2010 742 1855 702 1757 749 a 1874 bc
3x2 781 1302 675 1061 807 1346 754 a 1236 c
Média 838 a 2604 a 776 a 2588 a 748 a 2345 a
Médias seguidas por mesma letra não diferem por Tukey a 5%.
727
4 CONCLUSÃO
Nas condições do experimento, no quarto ano após o plantio das mudas, observou-se
que:
Quanto mais adensado o número de plantas por hectare, maior a produção de grãos;
A produção de grãos, por planta, não foi influenciada nas diferentes densidades
populacionais, indicativo de que o pinhão-manso não consegue compensar eventuais falhas de
estande;
Não houve vantagens produtivas com a realização de poda dos galhos de J. curcas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DATTA, S.K.; PANDEY, R.K. Cultivation of Jatropha curcas- a viable biodiesel source. J.
Rural Technology, v. 1, n. 6, p. 304 – 308, 2005..
728
CONSIDERAÇÕES SOBRE PRAGAS E DOENÇAS DE PINHÃO-MANSO
NO ESTADO DE SÃO PAULO
RESUMO: Mesmo disseminado por vários estados brasileiros, como cerca viva, o pinhão é
praticamente desconhecido como cultura no Brasil. Pouquíssimos levantamentos sobre pragas
e doenças têm sido realizados, na maioria das vezes como simples constatações de ocorrência.
As pragas mais freqüentes têm sido os ácaros branco e vermelho, cupins e brocas; com
relação às doenças, destaca-se o oídio e o coletotrichum. Medidas de controle precisam ser
desenvolvidas, principalmente para as brocas, de difícil acesso.
729
1 INTRODUÇÃO
Observações realizadas no Estado de São Paulo detectaram vários insetos que utilizam
as plantas de pinhão-manso para sua alimentação e reprodução, muitas vezes tornando-se
pragas em decorrência do aumento acentuado de sua população.
O pinhão-manso é tido como uma planta pouco atacada por pragas e doenças,
entretanto, de acordo com SATURNINO (2005), ataques severos do ácaro branco
Polyphagotarsonemus latus Banks foram observados no mês de março de 2006 em Eldorado-
MS e Nova Porteirinha-MG. Segundo este mesmo autor, o pinhão-manso ainda pode ser
atacado por ácaro vermelho, tripes, percevejos fitófagos (Pachicoris torridus), cigarrinha
verde (Empoasca sp.) e cupins.
No início da década de 80, levantamentos realizados pela EPAMIG (SATURNINO,
2006) encontraram formigas “rapa-rapa” alimentando-se da casca da estaca ou da própria
muda, muitas vezes matando-a; ácaro branco e vermelho, trips e saúva; quando as condições
climáticas eram favoráveis, havia o aparecimento de oídio, facilmente controlado com
pulverizações à base de enxofre.
2 MATERIAL E MÉTODOS
As avaliações de incidência de pragas e doenças foram feitas nos ensaios realizados em
Tatuí e Campinas, em áreas pertencentes ao IAC, SP e durante a produção de mudas, em
Campinas, SP.
A confirmação das espécies foi feita nos laboratórios do Centro de Fitossanidade do
IAC.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As seguintes pragas foram encontradas nos ensaios, muitas vezes causando danos
consideráveis e outras, sem maiores prejuízos: Sternocoelus notaticeps: Foi observado o
ataque intenso e de difícil controle de um Coleóptero da família Curculionidae. O adulto
coloca seus ovos no tecido parenquimatoso, os quais eclodem em larvas que se alimentam dos
tecidos internos do caule e dos ramos, formando verdadeiras galerias no interior dos mesmos.
A fase pupal se dá no interior dos tecidos e o inseto emerge para infestar novas plantas.
Os danos podem ser consideráveis, com perda das plantas fortemente infestadas. Sugere-se
fertilização com boro, uma vez que a carência desse elemento torna as plantas mais
susceptíveis às brocas.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
730
Em mandioca, (DANTAS et al., 1983; FARIAS, 1991 e 2000) discutem que o controle
químico dessas brocas não é aconselhável, uma vez que é difícil atingir as larvas no interior
das hastes; recomendam o monitoramento da cultura, especialmente durante o verão. As
hastes atacadas devem ser cortadas e queimadas, a fim de evitar o desenvolvimento das
larvas.
Polyphagotarsonemus latus (Banks): O ácaro branco pode ser encontrado na superfície
ventral das folhas, especialmente nas mais jovens. As folhas atacadas mostraram uma leve
curvatura para dentro, com rugosidade na superfície dorsal. Segundo SILVA et al. (1998) em
pimenta doce, as gemas terminais paralisam o crescimento e se formam pequenos tufos de
folhas deformadas; em temperaturas elevadas, tanto as durações dos estágios imaturos e
período de ovo - adulto foram reduzidas, muito embora não se possa descartar também a
influência da umidade relativa, fotofase, planta hospedeira e tipo de arena utilizada nos
estudos biológicos; a temperatura de 25 °C foi a mais adequada para a fertilidade (27,9 ovos).
VIEIRA (1995) obteve resultados semelhantes, quanto aos parâmetros biológicos da fase
adulta de P. latus, em experimentos desenvolvidos, respectivamente, em folhas novas de
algodoeiro (Gossypium hirsutum) e frutos novos de limoeiro: pre-oviposição (1,1; 0,9 dias),
oviposição (6,8; 8,9 dias), fertilidade (29,6; 24,9 ovos) e longevidade (fêmea - 10,0; 13,6;
macho - 8,8; 12,0 dias). Apesar de a autora ter usado metodologia e plantas hospedeiras
diferentes, ficou mais uma vez evidenciado que a temperatura é um dos fatores mais
importantes na biologia de P. latus.
De acordo com ALBUQUERQUE et al. (2004), nos brotos e folhas novas verificou-se
ataque intenso do ácaro branco. As folhas novas apresentavam os bordos voltados para baixo,
coriáceas e com aspecto vítreo na face abaxial. À medida que as plantas se desenvolviam, as
folhas foram apresentando ondulações e um aspecto enrijecido com significativo
comprometimento da área fotossintética. As plantas atacadas apresentavam redução no
desenvolvimento. Não foi observado o ataque do ácaro em plantas cultivadas na casa de
vegetação. As infestações foram observadas a partir do início do mês de junho. A temperatura
média neste período foi de 22,1 ºC, umidade relativa do ar de 83% e precipitação de 5,6 mm.
A época de ocorrência do ácaro branco no município de Campina Grande coincide com
o mesmo período de ocorrência no Estado de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, conforme
verificado por SATURNINO et al. (2005).
Controle deve ser realizado logo após os primeiros sintomas do ácaro, pulverizando
com abamectin, na dosagem de 100ml por 100 litros de água.
731
Empoasca spp.: Cigarrinha que apareceu no final da estação chuvosa, com infestação
entre leve e média. Inseto de coloração verde-clara e medindo 2 mm de comprimento, aloja-se
na face ventral das folhas que, como conseqüência, tornam-se ligeiramente recurvadas para
dentro.
A Embrapa (2007), descrevendo os principais insetos da mamona, também
Euphorbiacea como o pinhão, cita que as cigarrinhas não são específicas da mamoneira,
atacando diversas outras espécies. São insetos pequenos e bastante ágeis que sugam a seiva da
planta. As formas jovens têm o hábito de se locomoverem lateralmente. O principal sintoma
do ataque de cigarrinha é a curvatura dos lóbulos foliares para cima, como se fosse uma mão
se fechando.
O controle pode ser feito com inseticidas à base de monocrotofós na dose de 60g/ha.
Pachycoris sp.: Observou-se a presença de ovos, ninfas e adultos de um inseto
pertencente à ordem Hemiptera. As formas ninfais parecem se alimentar dos frutos já
maduros, sugando por entre as fendas abertas na casca. Pachycoris torridus (Scopoli),
conhecido vulgarmente no Brasil como "percevejo do pinhão bravo" (SILVA et al. 1968), é
uma espécie com ampla distribuição na América, sendo registrada desde os Estados Unidos
(Califórnia) até a Argentina (FROESCHNER, 1988). Do mesmo modo que outras
espécies da família Scutelleridae (SCHUH & SLATER 1995), P. torridus apresenta ampla
variabilidade nos desenhos e cores do seu corpo (MONTE 1937), o que levou a espécie a ser
descrita oito vezes como nova (COSTA LIMA 1940). De acordo com MONTE, (1937), a
forma mais freqüente desse percevejo é a que apresenta colorido básico preto ou vináceo
escuro, com pontuações finas; cabeça escura, pronoto e escudo com 22 manchas (8 no
pronoto e 14 no escudo) vermelhas ou amareladas. A parte ventral do corpo é verde metálico.
As pernas são escuras com reflexos esverdeados. Segundo BONDAR (1913), o percevejo
mede de 12 a 14 mm de comprimento e de 8 a 9 mm de largura.
P. torridus é a espécie mais conhecida da família Scutelleridae no Brasil (GALLO et al.
1988), sendo constatado em araçazeiro (Psidium araça), arroz (Oryza sativa), cajueiro
(Anacardium occidentale), eucalipto (Eucalyptus sp.), goiabeira (Psidium guajava), laranjeira
(Citrus sinensis), mandioca (Manihot esculenta), mangueira (Mangifera indica), pinhão
(Jatropha curcas) e tungue (Aleurites fordii) (SILVA et al. 1968).
Entre as pragas nocivas ao desenvolvimento do pinhão-manso, que não são muitas,
conseqüência da presença do látex cáustico nas diversas partes da planta, pode-se citar, ainda,
Corynorhynchus radula, Stiphra robusta Leitão, Retithrips syriacus Mayet e Sternocolaspis
quatuordecim Costata, mas que não foram constatadas no Estado de São Paulo.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
732
Na Índia também já foi detectada a presença de Nezara viridula, comum no Brasil em
outras espécies. Segundo a EMBRAPA (2007), na mamona, os percevejos são insetos
sugadores que se alimentam dos frutos ainda verdes. Pode se perceber que a lavoura está
sofrendo ataque dessa praga pela presença de frutos pretos e chochos entre frutos normais
num mesmo cacho. Tanto os adultos quanto as formas jovens vivem em colônias sobre a
planta, alimentando-se de seiva e provocando o secamento dos frutos. O controle dessa praga
pode ser feito com inseticidas à base de endossulfan na dose de 70g/ha. A pulverização deve
ser direcionada para os cachos.
Quanto às doenças, pode-se destacar:
Doenças dos “seedlings”
Vários tipos de patógenos foram encontrados nas plântulas de pinhão; um secamento da
porção apical e das folhas cotiledonares foi relacionado ao fungo Colletotrichum
gloespoiroides; manchas necróticas no caule continham Fusarium sp e Colletotrichum
dematium.
Planta adulta
Oidium: apresentou, em Tatuí, infestação mais intensa nos meses de novembro e
dezembro, que se caracterizam por serem meses de alta umidade relativa e temperaturas
amenas. Não parece ser doença que vá trazer preocupações para a cultura.
Na Índia, SWAMY & SINGH (2006) descrevem a existência de problemas com
Macrophomina phaseolina e Rhizoctonia bataticola, causadores de “colar rot”. As lesões no
colo da planta costumam aparecer quando sob condições de solo encharcado por longos
períodos ou em monoculturas irrigadas; Cercospora jatrophae-curcas causando manchas nas
folhas. O controle pode ser feito com aplicação de calda bordalesa a 1%
4 CONCLUSÕES
O pinhão manso vem apresentando maiores problemas com pragas que com doenças;
Sternocoelus notaticeps foi a espécie com maior potencial de dano, aliado à dificuldade
de controle;
Há necessidade de desenvolvimento de formas de controle de insetos, principalmente
alternativos.
733
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, F.A.; OLIVEIRA, J.M.C.; BELTRÃO, N.E.M.; SILVA, J.C.A.; SOUSA,
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Entomol. Bras., v.27, n.2, 1998.
735
DETERMINAÇÃO DA MATÉRIA SECA DE SEMENTES DE CASTANHA-
DO-BRASIL COLETADAS EM RORAIMA
736
1 INTRODUÇÃO
A espécie Bertolletia excela H.B.K. é uma árvore de grande porte podendo alcançar
mais de 50 metros de altura, sendo encontrada na floresta de terra firme da Amazônia. É
conhecida popularmente como Castanha-do-Brasil, possui uma madeira de ótima qualidade e
de grande valor econômico, porém com restrições legais quanto à exploração de sua madeira a
partir de árvores naturais. Os frutos apresentam-se em forma de cápsulas (ouriços) grandes e
arredondadas (10 a 12 cm de diâmetro), bastante pesadas (0,5 a 2,5 kg), com aspecto de
madeira, contendo 10 a 25 sementes em seu interior. As sementes possuem corte transversal
triangular e medem 3,5 a 5 cm de comprimento por 2 cm de largura e apresentam peso de 4 a
10 g cada uma.
A parte comestível do fruto da castanha-do-brasil é, de fato, sua semente, conhecida
como “castanha” na linguagem popular (CLAY et al., 2000) e devido ser rica em proteínas e
minerais é conhecida também como a carne vegetal. As amêndoas apresentam teores de
lipídios em torno de 67 g/ 100 g numa umidade de 4,40 g/ 100g (SOUZA & MENEZES,
2004). Suas sementes apresentam comportamento recalcitrante, onde a perda de água faz com
que percam junto rapidamente a viabilidade, a capacidade de originar novas plantas. Portanto
a perda de água pelas sementes/amêndoas dessa espécie é considerada danosa à germinação e
emergência das plântulas (MULLER, 1982; FIGUEIREDO & CARVALHO, 1990).
O estudo teve como objetivo determinar a massa de matéria seca (MMS) em sementes
de Castanha-do-Brasil, tempo para obtenção de massa constante e características físicas das
sementes.
2 MATERIAL E MÉTODOS
As sementes foram coletadas em um castanhal (Latitude 1°28’35,1’’N e Longitude O
60°44’41,2’’), monitorado pelo projeto Kamukaia, localizado na vicinal do Itâ, no município
de Caracaraí, distante 206 Km de Boa Vista (capital), estado de Roraima, no período de maio
de 2006.
A floresta é do tipo tropical aberta com palmeira e o clima predominante é o Awi
conforme classificação de Köppen.
Os ouriços foram coletados e trazidos ao LAS (Laboratório de Análise de Sementes),
onde foram lavadas em água, sendo retiradas as que ficaram na superfície, então separadas em
duas amostras ao acaso. Uma amostra pesando 1096,75 g e outra 1185,1 g. Após esse
procedimento as sementes foram acondicionadas em sacos de papel e levadas para estufa,
737
com circulação de ar modelo Q314M242, mantida à temperatura constante de 60°C. Para
determinação da MMS foram realizadas pesagens diárias durante 10 dias até certificação de
que a massa não variava, estava constante/estabilizada. Nas sementes secas, após a última
pesagem, foram determinadas suas dimensões (largura, espessura, altura), assim como a
massa da MS para caracterização física das sementes.
Foram escolhidas 10 sementes ao acaso, sendo 5 sementes de cada amostra. As
sementes foram medidas tendo como base à altura, largura, espessura e o peso. Foi utilizado
um paquímetro digital para as medidas e uma balança de precisão decimal para obtenção dos
valores de massa.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A média da massa da matéria seca (MMS) das sementes da amostra era composta de
844,9 g, representando 74% da massa da matéria fresca (MMF). Isso indica que as sementes
apresentavam 26 % de umidade.
Os resultados da massa seca da Castanha-do-Brasil mostraram que nas primeiras 48
horas retirou-se a maior parte da água presente nas sementes, sendo 25% da massa inicial da
amostra. Após 72 horas, a perda foi de 26% do valor inicial da amostra, representando um
acréscimo de 1% na perda de água em relação às 48 horas. Após as 72 horas a massa seca das
sementes das amostras estabilizou (Figura 1), não havendo portanto mais retirada de água.
Na caracterização física das sementes, obtivemos uma altura média de 4,2 cm, a largura
média foi de 2,9 cm. Os dados de altura média de sementes de Castanha do Brasil e largura
média obtidos neste trabalho corroboram com os dados obtidos por Mori & Prance (1990) e
FAO (1986), porém, quanto à média da MMF, os resultados obtidos no trabalho foram
superiores a média por eles citada (13,34 g). Além desses dados, obtivemos também a média
da espessura das sementes que foi de 2,3 cm e a média da MMS foi de 9,89 gramas por
semente.
738
1200
1150
1100
Massa (g) 1050
1000
950
900
850
800
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (dias)
4 CONCLUSÃO
A massa da matéria seca das sementes de Castanha-do-Brasil é obtida após 72 horas em
estufa a 60°C.
As sementes apresentam valores médios de 4,2 cm de altura, 2,9 cm de largura e 2,3 cm
de espessura com massa da matéria seca de 9,89 g.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLAY, J.W; SAMPAIO, P.T.B.; CLEMENT, C.R. Biodiversidade amazônica. Exemplos e
estratégias de utilização. Manaus: INPA, 2000. 409 p
FAO. 1986. Food and Fruit-bearing Forest Species. 3. Examples from Latin America. FAO
Forestry Paper 44/3, Rome, Italia.
MORI, S.A. & PRAMCE, G.T. 1990. Lecythidaceae – Part II. The zygomorphic-flowered
New World genera (Bertholletia, Corythophory, Couropita, Eschweilera, and Lecythis). Flora
Neotropica Monographs 21 (II): 1-376
739
MULLER, C.H. Quebra da dormência da semente e enxertia em castanha-do-brasil.
Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 1982, 40 p. (Embrapa Amazônia Oriental, Documentos,
16).
SOUZA, M.L.; MENEZES, H.C. Processing of Brazil nut and meal and cassava flour: quality
parameters. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Jan./Mar. 2004, v.24, n.1, p. 120-128.
740
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE UM TRATOR AGRÍCOLA COM AR-
CONDICIONADO LIGADO E DESLIGADO
741
1 INTRODUÇÃO
A questão energética sempre foi de extrema importância na história da humanidade.
Para SAWIN (2004), “Tudo o que consumimos ou utilizamos – nossos lares, seu conteúdo,
nossos carros e as vias que percorremos, as roupas que usamos e os alimentos que comemos –
requer energia para ser produzido e embalado, distribuído às lojas ou em domicílio, operado e
depois descartado”.
A crise energética, de acordo com SALAZAR (2002), vem forçando a busca de
alternativas energéticas no mundo todo, resultando na realização de inúmeras pesquisas em
outras fontes não dependentes do petróleo.
Um fator desencadeado pela crise energética da década de setenta, onde o meio rural,
que dependia integralmente do óleo diesel como combustível para mover seus tratores, bem
como dos demais derivados de petróleo para outras atividades, sofreu um grande impacto
(CAMPANI, 1996).
Sendo assim qualquer redução no consumo de combustível proporciona um ganho para
a economia e o meio ambiente, e desenvolver novas técnicas é o desafio que muitos
pesquisadores têm almejado vencer.
Dentro do contexto da mecânica, pressupõe-se que ao ligar o ar-condicionado de um
trator agrícola este tenha um aumento no consumo de combustível, devido o requerimento de
energia que o sistema de ar-condicionado demanda para seu funcionamento, sendo este
provido pelo motor do trator.
Em função do apresentado acima, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o
consumo de combustível de um trator agrícola com o ar-condicionado ligado e desligado em
função da carga na barra de tração.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola
(LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A localização
geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’ latitude sul e
48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, O clima da região, segundo a
classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido como tropical úmido com estação chuvosa no
verão e seca no inverno. O solo da área experimental foi classificado como Latossolo
Vermelho Eutroférrico típico (EMBRAPA, 1999), com relevo suave ondulado e declividade
de 2%.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
742
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2x3, com
três repetições, totalizando 18 observações. Cada unidade experimental tinha 25 x 5 m com
intervalo de 10 m entre as parcelas para manobras e estabilização do conjunto mecanizado. As
combinações dos fatores foram ar-condicionado (ligado e desligado) e três cargas na barra de
tração (15, 20 e 25 kN).
Para obtenção das cargas na barra de tração um trator denominado trator de frenagem
foi ligado ao trator de tração por meio de um cabo de aço, formando um comboio. As cargas
foram obtidas variando três marchas do trator de frenagem.
Os tratores utilizados no experimento foram:
• Trator 1, denominado trator de tração, foi da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 com
tração dianteira auxiliar, 74 kW (100 cv) a 2.300 rpm no motor, equipado com pneus
14.9-24 no eixo dianteiro e 23.1-26 no eixo traseiro, sendo tal trator instrumentado
para a realização do teste, segundo LOPES et al. (2003a).
• Trator 2, denominado trator de frenagem, foi da marca Valtra, modelo BH140, 4X2
com tração dianteira auxiliar, 103 kW (140 cv) a 2.400 rpm no motor, utilizado para
oferecer resistências de 15, 20 e 25 kN ao trator de tração, engrenado em 4ª, 3ª e 2ª
marchas, respectivamente.
Para medir o consumo de combustível, foi utilizado um protótipo desenvolvido por
LOPES et al. (2003a).
Para a determinação do consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal
(Chm), consumo específico (Ce) e potência na barra de tração (PB) foram utilizadas
respectivamente as equações 1, 2, 3 e 4.
C * 3,6 D Chm
Chv = (1) Chp = Chv * (2) Ce = (3) PB = Ft * v (4)
t 1000 PB
Em que,
Chv = consumo horário volumétrico (L h-1); D - densidade do combustível (g L-1);
Chp = consumo horário ponderal (kg h-1); Ft = força de tração na barra (kN), e
v = velocidade de deslocamento (m s-1).
743
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendado por BANZATTO & KRONKA
(2006).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação; porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
Observa-se que à medida que se aumentou a potência exigida na barra de tração o
consumo volumétrico e o ponderal aumentaram como era de se esperar, tal comportamento é
explicado pelo aumento da força de tração, resultados comprovados por FURLANI (2000),
LEVIEN et al. (2003) e LOPES et al. (2003b), que trabalharam com diferentes exigências de
potência na barra de tração
Observa-se que o comportamento do consumo horário ponderal, foi semelhante ao
volumétrico. Tal situação evidencia que a temperatura no momento do ensaio, não variou
significativamente a ponto de influenciar a densidade do combustível de um ensaio para o
outro.
744
Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para as variáveis potência na
barra de tração (PB), consumo horário volumétrico (Chv), consumo horário ponderal (Chp) e
consumo específico (CE).
PB Chv Chp Ce
Fatores
kW L h-1 kg h-1 g kWh-1
Força de Tração
(F)
15 kN 27,5 12,2 C 10,2 C 372 A
C
20 kN 37,3 B 14,2 B 11,9 B 319 B
25 kN 45,2 A 16,0 A 13,4 A 296 C
Ar-condicionado
(A)
Ligado 36,6 A 14,3 A 12,0 A 334 A
Desligado 36,7 A 13,9 B 11,6 B 324 B
Teste F
F 605,3 ** 211,9 ** 220,7 ** 211,0
**
745
4 CONCLUSÕES
O consumo de combustível horário volumétrico e ponderal aumentou com o aumento da
potência exigida na barra de tração.
O consumo de combustível horário volumétrico e ponderal e o consumo específico
aumentaram com o ar-condicionado ligado.
5 AGRADECIMENTOS
À Fapesp, Coopercitrus e Valtra do Brasil, pela concessão dos tratores de testes e sua
instrumentação.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 2006.
237 p.
LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desempenho de um protótipo para medição de
combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, v.5, n.1. p.24-31, 2003a.
LOPES, A.; LANÇAS, K.P.; FURLANI, C.E.A.; NAGAOKA, A.K., CASTRO NETO, P.;
GROTTA, D.C.C. Consumo de combustível de um trator em função do tipo de pneu, da
lastragem e da velocidade de trabalho. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, Campina Grande, v.7, n.2, p.375-79, 2003b
746
DENSIDADE DE BIODIESEL DE GIRASSOL EM FUNÇÃO DA
PROPORÇÃO DE MISTURA E DA TEMPERATURA
747
1 INTRODUÇÃO
O Biodiesel é produzido majoritariamente pela transesterificação de óleos vegetais e
gorduras animais por catálise básica homogênea, em que são obtidos Biodiesel e glicerol
(FARIA et al., 2003).
De acordo com LOPES et al (2003) e MIALHE et al (1996), o consumo de combustível
pode ser apresentado como unidade de volume por unidade de tempo (L h-1), onde não se
considera a influência da variação da temperatura e nem relaciona com a potência
desenvolvida, outra forma de apresentar o consumo de combustível é por meio da unidade de
massa por unidade de tempo (kg h-1); nesta forma, apesar de considerar a influência da
temperatura, também não contempla a potência; visto isso, a maneira mais técnica de
apresentar o consumo é expressa-lo em unidade de massa por unidade de potência (g kWh-1).
Esta forma é conhecida como consumo específico, e pelo fato de considerar a massa e a
potência, pode ser usado para comparar tratores de tamanhos e formas diferentes.
Ao longo de uma jornada de trabalho, a temperatura em ambiente protegido pode variar
de 12,5 a 30,6 ºC, caso particular medido em série de 30 anos em Jaboticabal, conforme
UNESP (2006). Porém, em condição de ambiente não-protegido, como é o caso do trabalho
de tratores, pode ser observada temperatura de até 45 ºC ao meio-dia. Nessas condições,
ressalta-se, entretanto, que a temperatura do combustível no tanque das máquinas pode variar
de 12,5 a 50 ºC. Por esse motivo, quando se avalia o consumo de combustível, a densidade do
mesmo é de suma importância, para corrigir o efeito da temperatura sobre o consumo de
combustível.
O presente trabalho teve por objetivo determinar a superfície de resposta de segunda
ordem ajustada à densidade do Biodiesel filtrado de girassol (etílico e metílico).
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nas dependências do Laboratório de Máquinas e Mecanização
Agrícola (LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A
localização geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’
latitude sul e 48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, pressão atmosférica de
94,24 kPa. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido
como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno.
Neste trabalho, utilizou-se o diesel automotivo interior, classificado como Tipo "B”
tendo quantidade de enxofre total máximo de 3.500 mg.kg-1, advindo da cidade de
748
Jaboticabal-SP, cujas características estão de acordo com a resolução da ANP nº 12, de 22
março de 2005 (BRASIL, 2005).
As misturas de Biodiesel de girassol utilizados foram produzidos no Laboratório de
Desenvolvimento de Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto.
Para determinar a densidade dos combustíveis utilizou-se de balança de precisão, manta
aquecedora e termômetro digital. No momento das avaliações, a temperatura ambiente era
superior ao menor limite de temperatura do ensaio, por isso a amostra do combustível foi
submersa em gelo a fim de que a temperatura se reduzisse a 10 ºC, que correspondia ao limite
inferior do ensaio. A partir desse ponto, a amostra foi aquecida até atingir a temperatura de
70 ºC, limite máximo do ensaio. No início da determinação, a 10 ºC, mediu-se um volume de
100 mL, verificou-se a massa e, depois, foi monitorada a variação do volume referente ao
acréscimo de cada 5 ºC. Tal procedimento foi repetido para os 2 combustíveis do trabalho e,
em cada um desses, em sete proporções de misturas (B0, B5, B15, B25, B50, B75, B100, em que o
número subscrito indica a % de Biodiesel no diesel). Com base na análise de variância, os
dados foram ajustados por meio de regressão quadrática. Esse procedimento originou 2
modelos de equações do tipo:
D = C − C1 * T + C 2 * P ± C 3 * T 2 ± C 4 * P 2 ± C 5 * T * P
Em que,
D = densidade do combustível (g L-1);
C, C1, C2, C3, C4 e C5 = coeficientes da regressão;
P = proporção de Biodiesel (%), e
T = temperatura do combustível (oC).
Os dados foram submetidos à análise de variância para seleção do modelo de maior grau
significativo, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA (2006).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da densidade estão apresentados em forma de Figura e Equação para cada
tipo de Biodiesel ensaiado. Sendo assim, foi possível determinar a variação da densidade dos
biocombustíveis em função da temperatura e da proporção de mistura de Biodiesel e diesel, o
que proporcionou ajustes de modelos de superfícies de resposta de segunda ordem. O modelo
de ajuste selecionado foi o de maior grau, cujo teste F da análise de variância foi significativo
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
749
para explicar as diferenças da densidade no fator proporção para cada tipo de Biodiesel. Os
resultados estão apresentados nas Figuras 1 e 2.
890
880
870
T = temperatura (oC)
Densidade (g L-1)
840
830
820
810
B100 880
B75 70 870
65 860
B50 60
55
B25 50 850
Proporção (%) 45
40 840
B15 35
30 Temperatura (ºC) 830
B5 25
B0 20 820
15
10 810
750
D = 849 - 0,759*T + 0,426*P + 0,0015*T2 - 0,0006*T*P - 0,0002*P2
890
880
870
T = temperatura (oC)
Densidade (g L-1)
840
830
820
810
800
B100 880
B75 870
70
65 860
B50 60
55 850
B25 50
45
Proporção (%) 40 840
B15 35
30 Temperatura (ºC) 830
B5 25
B0 20 820
15
10 810
4 CONCLUSÃO
A densidade do combustível é reduzida com o incremento da temperatura; aumenta à
medida que cresce a proporção de Biodiesel e tem variação diferente em função do tipo de
Biodiesel.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 2006.
237 p.
751
FARIA, W. L. S.; CARVALHO, L. M.; MONTEIRO JÚNIOR, N.; VIEIRA, E. C.;
CONSTANTINO, A. M.; SILVA, C. M.; ARANDA, D. A. G. Esterificação de ácido graxo
para produção de Biodiesel. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CATÁLISE, 12., 2003,
Angra dos Reis. Anais ... Angra dos Reis: Sociedade Brasileira de Catálise, 2003. v. 2, p.943-
946.
LOPES, A.; LANÇAS, K. P.; FURLANI, C. E. A.; NAGAOKA, A. K.; CASTRO NETO, P.;
GROTTA, D. C. C. Consumo de combustível de um trator agrícola em função do tipo de
pneu, da lastragem e da velocidade de trabalho em condição de preparo dolo solo com
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UNESP. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”–
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752
OPACIDADE DA FUMAÇA DE UM TRATOR AGRÍCOLA
FUNCIONANDO COM BIODIESEL METÍLICO DE GORDURA
HIDROGENADA
753
1 INTRODUÇÃO
Segundo o CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (1986), o conceito de
impacto ambiental refere-se a qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, segurança e bem-estar da
população, atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estáticas e sanitárias do
meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.
De acordo com LOPES et al. (2004), grande parte da produção mundial de óleo é
utilizada no processo de fritura; entretanto, após o uso, tal produto torna-se resíduo
indesejável. Os métodos usuais de descarte desses resíduos geralmente contaminam o meio
ambiente, principalmente os rios.
O Brasil é o país de maior biodiversidade, o que explica a riqueza em produção de
oleaginosas, entretanto restringe as culturas para fins alimentícios, desprezando algumas
espécies com alto rendimento lipídico. Existe grande potencial a ser explorado em relação ao
aproveitamento energético de culturas temporárias e perenes, bem como do óleo residual
proveniente da alimentação humana. A busca de alternativa energética para os combustíveis
fósseis retoma a agenda internacional com um elemento novo, a crescente preocupação
ambiental (OLIVEIRA & COSTA, 2002).
De acordo com SUMMERS et al. (1986), com a utilização de Biodiesel, ocorreu
redução de 78% nas emissões de gases do efeito estufa. O material particulado foi reduzido
em 50% e os óxidos de enxofre em 98%; porém, observou-se aumento de 13% para os óxidos
nitrogenados (NOx).
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a opacidade da fumaça de um trator
agrícola funcionando com Biodiesel de gordura hidrogenada metílico filtrado e metílico
destilado, em sete proporções de mistura.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nas dependências do Laboratório de Máquinas e Mecanização
Agrícola (LAMMA), do Departamento de Engenharia Rural, UNESP – Jaboticabal – SP. A
localização geográfica da área de realização dos ensaios é definida pelas coordenadas 21º15’
latitude sul e 48º18’ longitude oeste, sendo a altitude média de 570 m, e o clima da região,
segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw, definido como tropical úmido com estação
chuvosa no verão e seca no inverno.
754
Os Biodiesel utilizados foram produzidos no Laboratório de Desenvolvimento de
Tecnologias Limpas, LADETEL – USP de Ribeirão Preto, e a gordura hidrogenada foi cedida
pelo McDonald´s.
Foi utilizado um trator da marca Valtra, modelo BM100, 4X2 TDA, com 74 kW (100
cv) de potência no motor a 2300 rpm. A opacidade da fumaça foi medida por um opacímetro
de absorção de luz com fluxo parcial, modelo TM 133. O opacímetro de fluxo parcial, realiza
a medição da fuligem do gás de escapamento com somente uma parte do fluxo de gás, feita
por meio de um tubo de captação e uma sonda, sendo montado no cano de escape do trator.
A opacidade da fumaça foi determinada para os dois tipos de Biodiesel, em sete
proporções de mistura. Ao término de cada determinação, realizou-se a drenagem completa
do sistema de alimentação, evitando, com isso, a contaminação do ensaio seguinte. Além
disso, depois de trocado o combustível, o motor ficou em funcionamento em torno de dez
minutos antes do início de cada teste.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, esquema fatorial 2 x 7, com
três repetições, totalizando 42 observações. As combinações dos tratamentos foram dois tipos
de Biodiesel de gordura hidrogenada metílico (filtrado e destilado) e sete proporções de
mistura (B0, B5, B15, B25, B50, B75 e B100, em que o número subscrito indica a % de Biodiesel
no diesel).
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias
de Tukey, a 5% de probabilidade, conforme recomendação de BANZATTO & KRONKA
(2006).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na Tabela 1. Ressalta-se que a interpretação dos
mesmos se inicia pelo teste da interação; porém, no presente trabalho, não se observou
dependência de um fator em relação ao outro.
De acordo com a Tabela 1, observa-se que o processo de purificação do Biodiesel de
gordura hidrogenada metílico interferiu na opacidade da fumaça, com o Biodiesel filtrado
propiciando maior opacidade do que o destilado, resultado este que implica na necessidade de
uma boa purificação da gordura hidrogenada, uma vez que esta foi um produto já utilizado na
fritura de batatas no McDonald´s.
Com relação às proporções de mistura de Biodiesel no diesel, nota-se que a adição de
5% de Biodiesel ao diesel já melhora significativamente a opacidade da fumaça, com tais
755
resultados sendo melhores quanto mais próximos do uso de Biodiesel puro, resultados
semelhantes foram encontrados por LOPES et al. (2006) trabalhando com Biodiesel de
girassol.
756
1,6 Opacidade = 1,484 - 0,016*P + 0,0001*P2
P = Proporção de biodiesel (%)
1,4 R2 = 0,93
Opacidade (m-1)
1,2
0,8
0,6
0,4
0
B0 B B15 B2525 B50 50 B75 75 B100100
5
Proporção de mistura (%)
4 CONCLUSÃO
A opacidade da fumaça do trator utilizando-se Biodiesel de gordura hidrogenada
metílico filtrado foi maior do que no destilado, e à medida que se adicionou Biodiesel ao
diesel a opacidade da fumaça foi reduzida.
5 AGRADECIMENTOS
À FAPESP, COOPERCITRUS e VALTRA DO BRASIL, pela concessão dos tratores
de testes e sua instrumentação.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP,
2006. 237 p.
LOPES, A.; SILVA, R. P. da; FURLANI, C. E. A.; CASTRO NETO, P.; FRAGA, A. C.;
REIS, G. N. dos; NAGAOKA, A. K. Potencialidades do Biodiesel no Brasil. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS VEGETAIS E
BIODIESEL, 1., 2004, Varginha. Anais... Varginha: UFLA, 2004. 1 CD-ROM.
LOPES, A.; CAMARA, F.T.; DABDOUB, M.J.; PEREIRA, G.T.; FURLANI, C.E.A.;
SILVA, R.P. Opacidade da fumaça de trator em função do tipo de Biodiesel e da proporção de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
757
mistura. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS
VEGETAIS E BIODIESEL, 3., 2006, Varginha. Anais... Varginha: Universidade Federal de
Lavras, 2006. 1 CD-ROM.
758
MONITORAMENTO DE CRESCIMENTO DE MAMONA BRS 149
NORDESTINA EM CERRADO DE RORAIMA
Palavras-Chave: Ricinus communis L., altura de plantas, massa seca, carbono orgânico.
759
1 INTRODUÇÃO
Na região nordeste do estado de Roraima encontra-se, aproximadamente 1,5 milhão de
hectares de cerrados propícios para a produção de grãos e culturas com finalidade industrial,
como a mamona. As condições climáticas são apropriadas à exploração das culturas, com uma
precipitação média anual de 1608 mm e temperatura média anual de 27,0ºC.
O óleo de mamona é usado nas indústrias para a manufatura de produtos como o nylon
11, óleo hidrogenado, óleo desidratado e seus ácidos graxos, óleo sulfatado e sulfonatado,
ácido sebácico, poliuretanos e óleo oxidado e polimerizado. Ele é também usado em grande
quantidade de cosméticos, artigos de toalete e sabões transparentes (CasChem, 1982).
No Brasil, a produção comercial desenvolveu-se inicialmente nas regiões Sudeste, Sul e
Nordeste. Atualmente, a Bahia responde por 85% da produção de mamona em baga (Santos et
al., 2001). Esta produção advém basicamente de pequenos produtores que usam a mamona
como segunda cultura, em sistemas de plantios consorciados.
A mamona tem recebido destacada importância recentemente em função da necessidade
de verificar as alternativas para a produção de biodiesel que podem ser disponibilizadas em
cada região do Brasil. A adaptação e o crescimento das plantas são um primeiro indicativo da
possibilidade de se estabelecer como cultivo de valor econômico agregado. A mamona se
adapta bem para as condições de cultivo em pequenas propriedades em função da utilização
de mão-de-obra principalmente no período da colheita, assim como pode ser cultivada em
áreas maiores com mecanização.
O trabalho foi realizado com o objetivo de monitorar o crescimento vegetativo da
mamona BRS 149 Nordestina, nas condições edafoclimáticas do cerrado de Roraima.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho se caracterizou pela experimentação agrícola do tipo preliminar realizado em
campo aberto, através da implantação em janeiro de 2006 da unidade experimental na fazenda
Santa Cecília (banho do Mimi), localizada no Município do Cantá, Roraima.
As sementes da cultivar de mamona BRS 149 Nordestina utilizadas para o experimento
foram obtidas junto a Embrapa Algodão. Foram semeadas duas sementes por cova, espaçadas
de 1,5 metros entre filas e plantas. Aos 15 dias realizou-se desbaste para a permanência de
apenas uma plântula por cova.
Ao solo foi aplicado, como corretivo, calcário dolomítico (PRNT 98%) na proporção de
1000 kg por hectare, e na adubação de plantio foram aplicados 444 kg ha-1, utilizando-se 100
760
g por cova da fórmula de fertilizante 04-28-20. Este procedimento resultou na utilização de
124,4 kg de P2O5 , 88,8 kg de K2O e 17,7 kg de N por hectare.
Foram implantados quatro blocos com irrigação por aspersão, contendo quatro parcelas
cada bloco. Cada bloco recebeu a distribuição das sementes adotando-se o princípio da
casualização. As parcelas foram subdivididas em quatro sub-parcelas. Cada sub-parcela
recebeu três linhas de sete plantas, sendo oito não destrutivas para monitoramento de altura, e
as demais foram destinadas às colheitas para as determinações de laboratório. Em cada coleta
foram retiradas plantas que representavam a média dos indivíduos remanescentes a campo.
Todas as parcelas continham uma bordadura com a espécie estudada e cada sub-parcela foi
delimitada com uma linha de plantas que poderiam participar das avaliações. Foram colhidas
16 plantas na forma aleatória para cada avaliação realizada.
A coleta de dados se constituiu na medição da parte aérea (nível do solo para cima) e
pesagem em balança digital tanto da parte aérea quanto das raízes (nível do solo para baixo)
de cada grupo de plantas avaliadas a intervalos de cinco semanas. Foram obtidos a massa
fresca e a massa seca, para determinar a massa seca o material foi seco em estufa com
circulação de ar mantida a 60º C durante o período de 96 horas, para atingir peso constante.
Para a medição de altura das plantas foram mantidas 16 plantas não destrutivas por
bloco que receberam monitoramento de tamanho por 245 dias a intervalos de 35 dias, no
decorrer do trabalho. Amostras da parte aérea e de raízes, após a secagem foram moídas e
posteriormente analisadas quanto aos teores de Nitrogênio (Combustão via seca (LECO) 0,1g
de amostra) e Carbono orgânico (Incineração em Mufla - 1g de amostra).
Os resultados obtidos após tabulados em planilhas eletrônicas foram analisados e
testados por meio de F, adotando-se o nível de significância de 5%. Os valores médios foram
ordenados segundo o teste de Tukey.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No experimento verificou-se o comportamento crescente (tipo polinomial) das médias
das plantas mantidas para as medições de altura, conforme ilustrado pela figura 1 e
representado pela equação em que descreve a tendência de seguimento (y= - 32,473 +
48,964x - 21,616x2 + 5,2472x3 - 0,3619x4, R2=0,9962) com precisão superior a 99% ao
transcorrer de 245 dias (35 semanas). No período monitorado, as plantas já apresentavam
redução nos valores indicando o final do ciclo da cultura.
761
Semelhante comportamento, descrevendo uma curva ascendente segundo a equação y =
- 276,05+ 477,25x - 263,5x2 + 58,7x3 -3,955x4 com coeficiente de determinação R2 = 0,9903,
é obtido para os valores médios de massa seca de parte aérea (Figura 2) e da mesma forma
para a massa seca de raízes, onde segue a equação y = -74,999 + 117,47x - 58,319x2 +
12,615x3 -0,8298x4, com coeficiente de determinação R2 = 0,9852 (Figura 2) de mamona
cultivada em área de cerrado por um período de 245 dias. Nestas duas determinações
igualmente definem um crescimento aumentando com a idade das plantas até um máximo
(pico) aos 210 dias, e tendência de declínio. Foram produzidos três ou mais cachos pelas
plantas, sem no entanto serem quantificados nesta fase do trabalho.
200
Altura da planta (cm)
180
y = -0,3619x 4 + 5,2472x 3 - 21,616x 2 + 48,964x - 32,473
160
R2 = 0,9962
140
120
100
80
60
40
20
0
Plantio 35 70 105 140 175 210 245
Periodo (dias)
Observa-se que com o inicio do período das chuvas (140 dias) a altura das plantas tem
acelerado o aumento (Figura 1). Este fato é um indicativo de que a irrigação fornecida e as
condições iniciais de cultivo limitaram o maior crescimento das plantas. O plantio antecipado
ao período chuvoso de Roraima, com a utilização de irrigação poderá propiciar melhor
estabelecimento inicial da lavoura de mamona em área de cerrado de Roraima. Este
procedimento reduz a mortalidade de plantas novas em função da intensidade das chuvas
ocorrentes, o que retarda a emergência e o desenvolvimento inicial, propiciando ao
estabelecimento de doenças pelo ataque de fungos presentes no solo.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
762
Verifica-se nitidamente um pico de máxima produção de massa seca de parte aérea e de
raízes em torno dos 210 dias, seguido de decréscimo tendendo ao final do ciclo da cultivar.
Quanto ao comportamento dos teores médios de Nitrogênio, carbono orgânico e a
relação C:N (Figura 3a e 3b), verifica-se decréscimo dos valores de N ao longo do
monitoramento, mais pronunciado para a parte aérea (y = 31,257 - 0,1036x; R2 = 0,9553) do
que nas raízes (y = 10,861 - 0,025x; R2 = 0,9622). Os teores médios de carbono orgânico
(Figura 3) tendem a crescer de forma linear (y = 43,231 + 0,0265x; R2 = 0,9455) na parte
aérea e polinomial nas raízes (y = 42,308+ 0,0677x - 0,0001x2 +; R2 = 0,9631).
A relação C:N tende a ser crescente tanto para a parte aérea (y = 2,4491 - 0,0236x +
0,0002x2; R2 = 0,9827) quanto nas raízes (y = 3,2364 + 0,0275x; R2 = 0,9705). Os valores da
relação variaram de 1,49 a 8,15 na parte aérea e de 4,46 a 9,57 para as raízes.
800
yPA = -3,955x 4 + 58,7x 3 - 263,5x 2 + 477,25x - 276,05
700
R2 = 0,9803
600
Massa seca (g)
500 Aéreo
400 Raízes
yR = -0,8298x 4 + 12,615x 3 - 58,319x 2 + 117,47x - 74,999
300 R2 = 0,9852
200
100
0
Plantio 35 70 105 140 175 210 245
Periodo (dias)
Figura 2 - Massa seca de parte aérea e raiz de mamona BRS 149 Nordestina produzida nas
condições de Roraima, durante 35 semanas.
763
60 60
50 50
Teores - raízes
40 40
R2 = 0,9455 R2 = 0,9631
Teores
30 30
A B
Figura 3. Comportamento dos teores médios de Nitrogênio, Carbono orgânico e a relação C N de
parte aérea (A) e raízes (B) de Mamona BRS 149 Nordestina cultivada em cerrado de Roraima e
monitorada por 245 dias.
4 CONLUSÕES
A mamona BRS 149 Nordestina cresce descrevendo uma curva polinomial tanto para a
altura quanto para a massa seca de parte aérea e de raízes durante os 245 dias de
monitoramento;
Os teores médios de Nitrogênio decrescem no período monitorado em campo enquanto
os de carbono orgânico assim como a relação C:N tendem a crescer.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASCHEM. Urethanes, Castor Oil, Chemical derivatives. Tech. Bull. 100. CasChem, Inc.
Bayonne, NJ. 1982.
SANTOS, R.F.; BARROS, M.A.L.; MARQUES, F.M.; FIRMINO, P.T.: REQUIÃO, L.E.G.
Análise econômica. In.: AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F. O agronegócio da mamona no
Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica/ Campina Grande: Embrapa Algodão. p.
17-36, 2001
SMIDERLE, O.J.; NASCIMENTO JUNIOR, A.; DUARTE, O.R. Cultivo da mamoneira nas
savanas de Roraima. Boa Vista: Embrapa Roraima, 2001. 5 p. (Embrapa Roraima.
Comunicado Técnico, 04).
764
EFEITOS DE ARRANJOS POPULACIONAIS DA MAMONEIRA (Ricinus
communis) AL GUARANY 2002,SOBRE O TAMANHO DE CACHOS
765
1 INTRODUÇÃO
A ricinocultura constitui-se numa importante cultura para o programa nacional de
produção de biodiesel. O seu sistema de produção é praticado principalmente por pequenos
produtores, com uso intensivo de mão de obra, podendo ser produzida de forma solteira,em
consórcio ou rotação com outras culturas.
A mamoneira desenvolve-se bem agronomicamente nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste
do Brasil. Nas regiões Sudeste e Sul, para se garantir a competitividade com outros produtos
concorrentes, tornou-se necessário o desenvolvimento de técnicas que facilitassem a
mecanização e o desenvolvimento de variedades mais rentáveis. Deste modo tornou-se
possível cultivar variedades anãs e indeiscentes, cuja maturação ocorre aproximadamente ao
mesmo tempo em todas as bagas, permitido a colheita mecânica única anual.
Sendo uma cultura de clima tropical, ela é explorada em dois sistemas de distintos de
cultivo. O cultivo isolado é mais utilizado por grandes produtores, que utilizam cultivares de
menor porte e ou materiais híbridos, enquanto que no sistema consorciado predomina o uso
de cultivares de porte médio a alto.
No caso da cultura da mamona, por se tratar de uma espécie de ciclo vegetativo longo,
de porte avantajado, com estrutura aérea planofoliar, isto é, ramos e folhas horizontalizadas e
sistema radicular secundário um tanto superficial, torna-se necessário determinar o arranjo
populacional ideal para o plantio da cultura da mamona consorciado ou não para que se
obtenha a maior eficiência em termos de produtividade.
A cultura da mamona é tradicional no Nordeste brasileiro, onde já foi bastante
cultivada, sendo explorada na atualidade em muitos estados brasileiros, com um elevado
número de pequenos produtores, com área inferior a 5 hectares a cultivam, (OLIVEIRA,
2001, PARENTE, 2003, FUNDAÇÃO DALMO...2003). A mamoneira (Ricinus communis
L.) é uma planta de elevada complexidade morfológica e fisiológica, seu crescimento é
diferenciado em cada ramo, dicotômico e heterogônico, com cachos de várias idades
fisiológicas, desenvolvimento heteroblástico, metabolismo fotossintético C3, ineficiente, com
taxa fotossintética entre 18 e 27 mg CO2/dm2/h, elevada taxa de fotorrespiração e necessita de
pelo menos 2.900 graus/dias de calor para chegar a maturidade (STREET E OPIK, 1974;
D’YAKOV, 1986; MOSHKIN, 1986b e BELTRÃO et al., 2001).
A mamona se constitui num considerável potencial para a economia do país, tanto como
cultura alternativa de reconhecida resistência à seca, como fator fixador de mão-de-obra,
gerador de empregos e matéria prima para a indústria nacional.
766
O objetivo do trabalho foi estudar a resposta da cultura da mamoniera Al Guarany 2002
em função de diferentes arranjos populacionais em plantios solteiros, atendendo à necessidade
da obtenção de mais informações sobre a cultura em questão, para atender o interesse dos
produtores do Sul de Minas Gerais.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Departamento de Agricultura da Universidade Federal
de Lavras (UFLA). A classificação climática de Lavras de acordo com Köpen é Cwa, e está
situada a 21o14' de latitude sul, 45o00' de longitude oeste, a 918,8 metros de altitude, em solo
originariamente sob vegetação de cerrado, classificado como Latossolo Vermelho
Distroférrico (EMBRAPA, 1999), a uma distância de aproximadamente 500 metros do
experimento, na direção oeste.
Os tratamentos constaram de populações de mamona da variedade IAC Guarany 2002,
formada pelo seguintes arranjos populacionais (T1 – 1,0 m x 0,5 m - 20.000 plantas ha-1, T2 –
1,0 m x 1,0 m - 10.000 plantas ha-1, T3 - 1,5 m x 0,5 m - 13.333,3 plantas ha-1, T4 – 1,5 m x
1,0 m – 6.666,6 plantas ha-1, T5 - 2,0 m x 0,5 m - 10.000 plantas ha-1, T6 - 2,0 m x 1,0 m -
5.000 plantas ha-1, T7 - 2,5 m x 0,5 m - 8.000 plantas ha-1, T8 - 2,5 m x 1,0 m - 4.000 plantas
ha-1, T9 - 3,0 m x 0,5 m - 6.666,6 plantas ha-1 e T10 - 3,0 m x 1,0 m – 3.333,3 plantas ha-1),
com um total de dez tratamentos. Foi utilizado o delineamento estatístico em blocos ao acaso
com 4 (quatro) repetições, perfazendo um total de 40 parcelas. As combinações forneceram as
populações de plantas apresentadas na Tabela 2. As parcelas da cultivar AL Guarany 2002
foram constituídas por quatro linhas de 6 m e a área útil foi formada pelas duas linhas
centrais, eliminando-se 0,5 m em cada extremidade.
Foram realizados dois desbastes, de forma a garantir o estande planejado: o primeiro,
aos 15 dias após a emergência das plantas, deixando-se o dobro do estande pretendido; o
segundo, aos 30 dias após a emergência, caracterizando-se os estandes definidos nos
tratamentos.
A adubação no plantio foi constituida de 250 kg.ha-1 de um adubo formulado (NPK) 08-
28-16 e foram realizadas duas coberturas manualmente, sendo a primeira com adubo
formulado 20-00-20 na dosagem de 120 kg. ha-1 e a segunda com o mesmo adubo citado na
dosagem de 100 kg. ha-1, sempre de acordo com as exigências da variedade utilizada e as
condições de fertilidade indicadas na análise de solo.
767
A contagem do número de cachos foi realizada no ato da colheita, onde separou-se os
cachos de primeira posição (cachos primários), de segunda posição (secundários) e de
terceira e quarta posições (terciários e quaternários).
O comprimento dos cachos correspondeu ao comprimento total do cacho, medido com o
auxílio de régua graduada, e esta medida representa o espaço existente entre a base do cacho,
ponto de ligação com o caule e o ápice do cacho de mamona.
Para todos os parâmetros analisados foram realizadas análises de variâncias. Para a
comparação entre médias, empregou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade e os dados
foram ajustados em curvas de regressão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados médios obtidos de comprimento de cachos, (Tabela 1) evidenciou que não
houve diferença estatística significativa para a variação da densidade.
Nota-se ainda pela analise de regressão quadrática que à medida que se aumentou o
espaçamento, aumentou-se o comprimento do cacho primário (Figura 1). Pode-se constatar
também que a variação da densidade nas condições em que foi desenvolvido o experimento,
não foram observadas diferenças estatística significativa para os tratamentos estudados.
768
60,0
Comprimento (cm)
55,0
50,0
2
y = 0,6679x + 1,7461x + 46,25
2
R = 0,8892
45,0
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Espaçamentos (m)
769
Tabela 2. Resultados médios de comprimento de cacho secundário (cm), obtidos em
diferentes densidades de plantio. UFLA, Lavras, MG, 2005.
Densidade (Plantas. m-1) Médias
2 44,24 a
1 45,38 a
Na coluna, as médias seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si, pelo teste de Tukey,
a 5% de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
O tamanho dos cachos primários, secundários e tercearios não foram influenciados pela
densidade de plantas.
Em espaçamentos maiores, ocorreu maior crescimento dos cachos primários e
secundarios.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e a FAPEMIG
6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, L.B. Biodiesel: combustível limpo para o transporte sustentável. In: RIBEIRO,
S.K. (Org.) Transporte sustentável. Alternativas para ônibus urbanos. Rio de Janeiro,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
770
RJ:COPPE/UFRJ, 2001. p.79-112. p .31-99.
D’YAKOV, A.B. Properties of photosynthesis. In: MOSHKIN, V.A. (Ed.). Castor. New
Delhi: Amerind, 1986. p.65-67.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de solo (Rio de Janeiro, RJ). Sistema Brasileiro
de classificação de solo. - Brasília: Embrapa Produção de Informações; Rio de Janeiro:
Embrapa Solos, 1999. XXVI, 412p. iiL.
MOSHKIN, V.A. Ecology. In: MOSHKIN, V.A. (Ed.). Castor. New Delhi: Amerind, 1986.
p.43-49.
MOSHKIN, V.A. Growth and development of tha plant. In: MOSHKIN, V.A. (Ed.). Castor.
New Delhi: Amerind, 1986a. p.36-42.
MOSHKIN, V.A. Flowering and pollination. In: MOSHKIN, V.A. (Ed.). Castor. New Delhi:
Amerind, 1986b. p.43-49.
771
ESTOQUE DE CARBONO DO COMPONETE AÉREO DA CULTURA DO
PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)
772
1 INTRODUÇÃO
Devido ao aumento da concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera
terrestre, tem-se observado a intensificação do efeito estufa o que vem ocasionando o
aumento da temperatura global. A queima de combustíveis fósseis e o desmatamento podem
ser considerados as principais fontes de GEE na atualidade. A estimativa da mudança de
temperatura da superfície terrestre é de 0,6 oC de acréscimo, desde o século XIX (IPCC,
2001). Modelos climáticos prevêem que a temperatura global irá aumentar cerca de 1,4 a 5,8
o
C até o ano de 2100. Essas alterações deverão ser as maiores mudanças climáticas
experimentadas nos últimos 10.000 anos (UNEP & UNFCCC, 2002).
A evidência do aumento da emissão dos GEE e o aquecimento global tornaram mundial
a preocupação com o clima. Desde então inúmeras reuniões internacionais vêm ocorrendo, na
intenção de se estabelecer políticas públicas que tragam possíveis soluções para evitar ou,
pelo menos, reduzir a emissão destes gases.
A 3º Conferência das Partes, que foi palco da elaboração do Protocolo de Kyoto, talvez
tenha sido o mais importante dos encontros internacionais. Este protocolo determina que os
países desenvolvidos, denominados países do Anexo I, devem reduzir suas emissões em
5,2%, em média, abaixo dos níveis observados em 1990, entre 2008 e 2012. Para isso, é
prevista a utilização de mecanismos de flexibilização (Comércio de Emissões, Implementação
Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), de forma a facilitar o atendimento aos
compromissos destes países (COTTA, 2005).
Dentre estes mecanismos, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é o de
maior interesse para o Brasil, pois é o único que permite que os países do Anexo I financiem
projetos de redução de emissões ou absorção de carbono nos países em desenvolvimento,
como parte de suas metas de redução. Como comprovação de suas reduções, os países
implementadores do projeto receberiam as Reduções Certificadas de Emissões, que podem ser
utilizadas, posteriormente, no mercado de carbono.
Neste contexto, o pinhão manso (Jatropha curcas L.) surge como alternativa tanto na
redução de emissões, visto que a produção de sementes é destinada à produção de biodiesel,
quanto na absorção de carbono por parte da cultura. Diante disso, esse estudo teve como
objetivo avaliar o potencial da cultura do pinhão manso na estocagem de carbono.
773
2 MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo está situada na propriedade de Paulo Afonso, município de Viçosa. A
propriedade se localiza nas coordenadas 20o 48’ de latitude sul e 42o 52’ de longitude oeste
sendo a altitude média de 700 m. A área plantada corresponde a 4,5315 ha. O plantio foi feito
no espaçamento 3,5 x 3,0 m, totalizando 4.300 plantas de pinhão manso.
Uma vez definida a área para a realização do estudo, foi determinada a distribuição das
árvores do plantio, de acordo com o número de ramos, altura e diâmetro de copa. Para isso,
foram feitas medições de altura, diâmetro de copa e dos ramos presentes na planta. Após as
medições, calculou-se o valor do número de ramos que ocorreu com maior freqüência (moda),
e das médias da altura e do diâmetro de copa (BANZATTO & KRONKA, 2006):
N N
∑ X i ∑ Yi
m a = i =1
m d = i =1
N N
Em que: ma = média das alturas; md = média dos diâmetros de copa;
Xi = altura; Yi = diâmetro de copa.
N = Total da população.
774
A determinação da biomassa seca no campo foi obtida através do método da
proporcionalidade, utilizado também em trabalhos realizados por TEIXEIRA et. al. (1994) e
SOARES et. al. (1996). Para isso, utilizou-se a seguinte fórmula:
3 RESULTADOS E DISCUSÃO
Como resultado das medições de campo, obteve-se maior média de altura no extrato B3
com 1,6902cm (s = 0,2926cm) e menor no extrato E2 com 0,9292cm (s = 0,2767cm); a maior
média do diâmetro de copa foi observada no extrato E1 com 1,0094cm (s = 0,2567cm) e a
775
menor no extrato E2 com 0,4559cm (s = 0,1519cm) (Quadro 1). Os menores valores
observados no extrato E2 foram, possivelmente, devidos à menor exposição ao sol e ao menor
acúmulo de água das chuvas desta encosta, por esta se mostrar mais íngreme.
Quadro 1 – Médias das alturas (ma) e dos diâmetros de copa (md) de cada extrato do plantio
de Jatropha curcas L., Viçosa – MG.
ma (cm) md (cm)
Encosta 1 1,6502 1,0094
Encosta 2 0,9393 0,4559
Baixada 1 1,5087 0,7760
Baixada 2 1,6100 0,9205
Baixada 3 1,6902 0,8845
Total 1,3913 0,7533
Tabela 2 – Quantidade de carbono estocado, em kilogramas por hectare, nas folhas e ramos de
Jatropha curcas L, Viçosa – MG.
Carbono estocado (kg.ha-1) %
Folhas 116,1232 24,55
Ramos 356,8854 78,45
Total 473,0086
O valor total do carbono estocado, para o primeiro ano da cultura do pinhão manso, foi
de 0,47 tC.ha-1. Esse valor foi inferior quando comparado ao incremento médio de 12,38
tC.ha-1.ano-1 para cultura do eucalipto, aos 7 anos de idade, citado por NISHI et. al. (2005).
Porém, este valor não foi tão inferior quando comparado aos incrementos médios de 0,87
tC.ha-1.ano-1 para cultura do cacaueiro, aos 6 anos de idade, e de 2,50 tC.ha-1.ano-1 para a
776
cultura da seringueira, aos 34 anos de idade, observados por COTTA (2005) no consórcio
seringueira-cacau.
Espera-se que os valores finais de estoque de carbono dessa cultura, aumentem após a
inclusão dos teores de carbono estocado pelas raízes e do teor de carbono estocado na idade
máxima de crescimento, aproximadamente no quinto ano.
Outro fator a ser considerado é que as técnicas de implantação e manutenção da cultura
são recentes, havendo espaço para a utilização de novas tecnologias que permitam maior
desenvolvimento da cultura e, conseqüentemente, maior estocagem de carbono.
4 CONCLUSÕES
A altura média para o primeiro ano da cultura do pinhão manso foi de 1,39 cm e o
diâmetro de copa foi de 0,75 cm. O total de carbono estocado pela cultura foi de 0,47 tC.ha-1,
o que equivale a 1,74 tCO2(eq).ha-1.
Mais estudos necessitam ser feitos quanto à inclusão do componente radicular na
quantificação do estoque de carbono da cultura, além de medições na idade de máximo
crescimento, no quinto ano.
5 AGRADECIMENTOS
Agradeço à Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Engenharia Florestal,
pela infra-estrutura fornecida. Ao CNPq pela concessão da bolsa, pelo programa
PIBIC/CNPq. Ao meu orientador Prof. Laércio Antônio Gonçalves Jacovine. Ao produtor
Paulo Afonso, por permitir a realização deste estudo em sua propriedade. Aos amigos
Alberto, André e Pâmela, pela ajuda nas medições de campo.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANZATTO, D. A.; KRONKA, S. N. Experimentação Agrícola. 4. ed. Jaboticabal: Funep,
2006. 237 p.
777
DEWAR, R.C.; CANNELL, M.G.R. Carbon sequestration in the trees, products and soils of
forest plantations: an analysis using UK examples. Tree Physiology, v. 11, n. 1, p. 49-71,
1992.
FACE. Forest absorbing carbon dioxide emission. Annual Report. 1993. Arnheim:
Netherlands, 1994.
SOARES, C. P. B; PAULA NETO, F.; SOUZA, A. L.; LEITE, H. G. Modelos para estimar a
biomassa da parte aérea em um povoamento de Eucalyptus grandis na região de Viçosa,
Minas Gerais. Revista Árvore, v.20, n.2, p. 179-189,1996.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. Porto Alegre: Artamed. 2004. 719 p.
778
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DE PINHÃO MANSO (Jatropha
curcas L.) DO BANCO DE GERMOPLASMA DA UFLA
779
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso é uma planta da família Euphorbiáceae, denominada cientificamente
como Jatropha curcas L. e popularmente como pinhão manso, purgueira, pinha de purga.
As plantas de pinhão manso podem chegar até 12m de altura, com um diâmetro de
tronco de até 30 cm. O caule é liso, macio, esverdeado, acinzento ou castanho. Seu xilema não
possui boa resistência, o floema encerra canais compridos que vão até as raízes, nos quais
circula o látex. O tronco tem a tendência de se ramificar desde a base. Os ramos são
espalhados e longos com folhas alternadas a sub-opostas, filotaxia em espiral. As folhas são
lobadas, e quando novas apresentam coloração vermelho-vinho, cobertas com lanugem
branca, e à medida que envelhecem se tornam verdes, pálidas, brilhantes e glabras, com
nervuras esbranquiçadas e salientes em sua base inferior. O pecíolo é longo e esverdeado, do
qual partem as nervuras divergentes. Os pecíolos caem, em parte ou totalmente, no final da
época seca, ou durante a estação fria. A planta permanece em repouso até o início da
primavera, ou início da estação chuvosa.
As inflorescências surgem junto com as folhas novas. A inflorescência do pinhão
manso, assim como na mamona, surge no ápice do caule impedindo seu desenvolvimento
apical. As flores são amarelo-esverdeadas, monóicas, unissexuais e produzidas em uma
mesma inflorescência. As flores femininas apresentam um pedúnculo longo, não articulado,
com três células elípticas, ovário com três carpelos, cada um com um lóculo que produz um
óvulo com três estigmas bifurcados separados, isoladas em menor número que as masculinas,
as quais se localizam nas ramificações. As flores masculinas com dez estames, cinco unidos à
coluna, são mais numerosas e situadas nas pontas das ramificações.
A planta de pinhão manso segue a arquitetura clássica das Euforbiaceas, onde a primeira
inflorescência é apical e assim que surge o brotamento de dois novos ramos, ramos
secundários, que passam a serem axilares até o surgimento de novas inflorescências, que por
sua vez impedem novamente o crescimento apical, surgindo dois novos ramos, ramos
terciários.
O sistema radicular do pinhão manso é do tipo pivotante, com uma raiz principal que
atinge grandes profundidades. Apresenta grande quantidade de raízes laterais, responsáveis
pela nutrição da planta. De uma forma geral, pode-se dizer que a profundidade do sistema
radicular é equivalente à altura da planta, assim como o diâmetro de exploração de solo.
O fruto e do tipo cápsula trilocular carnudo e amarelo, quando maduro, que se racha
ainda amarelo em três valvas, cada uma contendo uma semente preta.
780
O pinhão manso possui uma maior diversidade na América Central e do Sul. Sadakorn,
citado por Saturnino et al. (2005), relata que o número de cromossomos do pinhão manso é 2
n = 18. Também foram realizados estudos com a espécie Jatropha curcas L. que apresentam
indivíduos tetraploides 2 n = 44. Em sua normalidade as espécies de Jatropha curcas a
apresentam indivíduos 2 n = 22. A espécie Jatropha curcas L. ainda não apresentam
variedades melhoradas ou cultivares de pinhão manso.
A maioria dos países interessados na produção de pinhão manso recorre às plantas
contidas em seu território e em países do mundo, buscando uma maior variabilidade genética
para enriquecer seu banco de germoplasmas.
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o comportamento dos
acessos genéticos do banco de germoplasma de pinhão manso da UFLA.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no campo experimental de setor de grandes culturas do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, Minas Gerais. O
local está situado a uma latitude média de 21°14’Sul, longitude média de 45°00’ Oeste e
altitude de 930 m. A região apresenta clima Cwa, de acordo com a classificação de Köppen.
A formação das mudas foi feita no dia 15/10/2005 utilizando sementes provenientes do
banco de germoplasmas da UFLA, produzidas em tubetes de 120 ml, utilizando-se como o
substrato comercial Plantimax. O transplantio das mudas foi feito no dia 22/12/2005, disposto
no arranjo experimental de blocos casualisados (DBC), com 19 tratamentos e 7 repetições.
As primeiras avaliações foram feitas no dia 25/06/2006, a segunda avaliação foi
realizada em 26/05/2007. Em todas as avaliações foram feitas medições de altura de plantas e
número de brotações totais. Foi também gerado um índice de seleção com base no fenótipo
dos acessos, e nos parâmetros analisados. As análises estatísticas foram realizadas com
auxílio do programa SISVAR e feito o teste de Tukey 5%.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das primeiras avaliações de altura das plantas, de acordo com teste de
Tukey 5% mostraram diferenças entre os acessos do banco de germoplasmas de pinhão
manso(Tabela 1), onde o acesso PM-19 (128 cm) apresentou um maior desenvolvimento.
781
Tabela 1 – Altura média de plantas (cm) do banco de germoplasma da UFLA (1º avaliação).
Tratamentos Médias
PM-12 78,7 a
PM-2 78,8 a
PM-1 79,7 a
PM-7 85,4 ab
PM-17 86,4 ab
PM-8 87,1 ab
PM-6 88,5 ab
PM-9 90,4 ab
PM-3 91,7 ab
PM-10 93,8 ab
PM-18 94,1 ab
PM-5 96,1 ab
PM-13 98,8 abc
PM-11 100,00 abc
PM-15 100,2 abc
PM-4 103,4 abc
PM-14 104,5 abc
PM-16 115,0 bc
PM-19 128,0 c
As médias seguidas pelas mesmas letras e números não diferenciam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey
5%.
A Tabela 2 mostra os valores médios da primeira avalicao, do número de brotações dos
acessos de pinhão manso, onde pelo teste de Tukey 5%, o maior resultado ocorreu no acesso
PM-19 (5 brotações).
782
Tabela 2 – Brotações por planta (nº) do banco de germoplasma da UFLA (1º avaliação).
Tratamentos Médias
PM-1 0,7 a
PM-7 0,8 a
PM-2 1,0 a
PM-9 1,1 a
PM-8 1,2 a
PM-12 1,2 a
PM-18 1,4 a
PM-15 1,4 a
PM-10 1,5 a
PM-6 1,8 a
PM-17 1,8 a
PM-4 2,1 a
PM-5 2,1 a
PM-14 2,1 a
PM-11 2,2 a
PM-16 2,4 a
PM-3 2,4 a
PM-13 3,0 ab
PM-19 5,0 b
As médias seguidas pelas mesmas letras e números não diferenciam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey
5%.
783
Tabela 3 – Altura média de plantas (cm) do banco de germoplasma da UFLA (2º avaliação).
Tratamentos Médias
PM-12 1.6 a
PM-17 1.7 ab
PM-18 1.7 ab
PM-1 1.8 abc
PM-15 1.8 abc
PM-9 1.9 bc
PM-6 1.9 bcd
PM-10 1.9 bcd
PM-2 1.9 bcd
PM-8 2.0 cd
PM-7 2.0 cd
PM-5 2.0 cd
PM-11 2.1 d
PM-13 2.2 d
PM-3 2.2 d
PM-14 2.2 d
PM-4 2.2 d
PM-16 2.5 e
PM-19 2.5 e
As médias seguidas pelas mesmas letras e números não diferenciam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey
5%.
784
Tabela 4 – Brotações por planta (nº ) do banco de germoplasma da UFLA (2º avaliação).
Tratamentos Médias
PM-1 12,8 a
PM-2 13,1 a
PM-7 13,5 a
PM-8 13,7 a
PM-5 14,0 ab
PM-6 14,2 ab
PM-10 14,8 ab
PM-9 16,4 ab
PM-14 16,7 ab
PM-4 18,2 ab
PM-11 18,2 ab
PM-17 18,4 ab
PM-3 20,0 ab
PM-15 20,1 ab
PM-12 20,1 ab
PM-16 25,8 bc
PM-19 33,0 c
As médias seguidas pelas mesmas letras e números não diferenciam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey
5%.
No Gráfico 1, estão apresentados os índices individuais de seleção dos acessos do
banco de germoplasma da UFLA. Os acessos PM-19, PM-16, PM-13, PM-3, PM-4, PM-11,
785
PM-14 e PM-5, foram os que apresentaram os melhores índices de seleção, com grande
potencialidade para serem considerados os acessos destaque.
16
14
12
10
INDICE
0
PM-19
PM-16
PM-13
PM-3
PM-4
PM-11
PM-14
PM-5
PM-8
PM-6
PM-7
PM-10
PM-2
PM-9
PM-15
PM-18
PM-17
PM-1
PM-12
ACESSOS
4 CONCLUSÃO
O PM-19 foi o acesso que apresentou os maiores resultados de altura de planta e
número de brotações, nas duas avaliações. O índice de seleção evidenciou também, que os
PM-16, PM-13, PM-3, PM-4, PM-11, PM-14 e PM-5, apresentam também condições para
serem selecionados.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SATURNINO, H.M.; Pacheco, D. D.; KAKIDA, J. ; TOMINAGA N. ; GONÇALVES, N. P.
Cultura do Pinhão Manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, Brasil, v.26 n.229
p.44-78 2005.
786
AMOSTRAGEM SEQÜENCIAL NA CONDUÇÃO DO TESTE DE
RAIOS X EM SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.)
787
1 INTRODUÇÃO
A cultura da mamoneira (Ricinus communis L. - Euphorbiaceae) é importante por seus
vários produtos e co-produtos, destacando-se o óleo e a torta de mamona. Um dos grandes
desafios para a produção do óleo de mamona para o suprimento da demanda de combustíveis
alternativos ao petróleo é a produção de sementes em quantidade e qualidade suficientes. Na
avaliação da qualidade de sementes de mamona é tradicionalmente utilizado o teste de
germinação que apresenta limitação pela sua característica destrutiva e por demandar em
torno de 15 dias para sua realização, segundo Brasil (1992).
O teste de raios X vem se destacando como uma alternativa viável na avaliação da
qualidade por sua simplicidade, rapidez e eficiência na detecção de danos internos nas
sementes de acordo com Carvalho e Oliveira (2006), Oliveira (2004).
No controle da qualidade de sementes os testes são realizados em amostras dos lotes,
sendo a representatividade das amostras e a viabilidade operacional fatores fundamentais para
a utilização de procedimento de amostragem e inferência estatística neste controle. Neste
contexto, a amostragem seqüencial tem um papel de destaque, pois, este tipo de plano
amostral vem sendo desenvolvido na tentativa de conseguir amostras que expressem a real
qualidade dos lotes e, ao mesmo tempo possibilite a redução do tamanho da amostra do teste,
o que se traduz em eficiência de uso das sementes, confiança nos dados obtidos e igualdade
dos riscos na tomada de decisões, ou seja, controle simultâneo dos erros tipo I e tipo II (Wald,
1947).
Porém, deve se observar que em algumas situações, como por exemplo, em lotes com
qualidade fisiológica mediana, o procedimento seqüencial apresenta como fator limitante à
necessidade de amostras relativamente grandes, ou pelo menos não vantajosa em relação à
amostragem tradicional de tamanho fixo. Uma solução para este problema seria limitar o
número de sementes ensaiadas em um valor n-máximo; desta forma, construindo-se um teste
seqüencial truncado (Santana, 1994).
Objetivou-se com este trabalho, verificar a possibilidade de estabelecer um limite para a
porcentagem de sementes com danos internos detectados no teste de raios X, em lotes de
sementes de mamona que possibilitasse sua comercialização, dentro dos padrões estabelecidos
no processo de certificação de sementes. Alem disso, determinar o tamanho da amostra
necessária no teste de raios X para avaliar a qualidade do lote, por meio de um plano de
amostragem seqüencial truncado.
788
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Sementes da Universidade
Federal de Lavras. Foi utilizado um lote de sementes da cultivar Guarani, produzida e
comercializada no estado de Minas Gerais. As sementes foram beneficiadas por meio de mesa
densimétrica e classificadas em sementes provenientes das bicas 1, 2, 3 e 4.
Em uma primeira fase, as sementes provenientes das bicas 1 e 4 foram dispostas em
placas de isopor com 100 sementes (4 repetições de 25), e radiografadas em equipamento HP
faxitron modelo 43855A com intensidade de 30Kv por 1 minuto. De acordo com a morfologia
interna visualizada nas radiografias, foi efetuada a classificação em: a) sementes cheias:
aquelas que contêm todos os tecidos essenciais para a germinação; b) sementes com danos
leves: aquelas que contêm menos que 40% de tecido danificado, c) sementes com danos
severos: aquelas que contêm mais de 40% de tecido danificado; d) sementes vazias: sementes
sem embrião.
Formaram-se posteriormente sub-lotes com 0%, 5%, 10%, 15%, 20% e 25% de danos
leves, severos e sementes vazias, proporcionais aos resultados obtidos na avaliação do perfil
dos lotes. As sementes desses sub-lotes foram submetidas ao teste de germinação, segundo
Brasil (1992), e avaliados estatisticamente por meio da Análise de Variância, sendo as médias
comparadas pelo teste de Scott- Knott, com nível de significância de 5%.
Após o estabelecimento de um limite para a porcentagem de sementes com danos e a
germinação para comercialização de sementes de mamona, foram avaliados novamente os
resultados do teste de raios X por meio de um plano de amostragem seqüencial truncada. A
intenção era verificar qual seria o tamanho de amostra necessária para se tomar uma decisão
sobre a qualidade fisiológica dos sub-lotes de sementes (bicas 1 e 4) quanto a porcentagem de
danos (p); sendo testada a hipótese H0: p=p0 contra H1: p = p1.
O desenvolvimento do teste seqüencial da razão de probabilidade (TSRP) truncado para
esta situação determinou que em cada grupo amostrado (tamanho m) deveria ser contado o
número de sementes com dano (X1 para o primeiro grupo, X2 para o segundo, etc) e
comparado com os limites de decisão L0, limite inferior e L1, limite superior.
Se para um dado tamanho n de amostra, proveniente de k grupos de m sementes, isto é,
k
n = km, o total acumulado ∑X
i =1
i de sementes com dano era igual ou menor do que L0, então
tomava-se a decisão de não rejeitar H0, considerando então que o lote deveria ser aceito . Se
k
∑X
i =1
i era igual ou maior que L1, rejeitava-se H0 considerando o lote como rejeitado quanto a
789
k
porcentagem de sementes com danos. Se L0 < ∑ X i < L1 continuava-se amostrando. Para a
i =1
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado do teste de Scott-Knott para comparação das médias de germinação (%) de
acordo com as 5 proporções de sementes com danos estão apresentadas na Tabela 1.
790
Tabela 1 - Resultado da média de germinação (%) de acordo com 5 proporções de sementes
com danos no ensaio com mamona.
Proporção de sementes com dano (%) Média
0 83,00 a
5 79,50 a
10 80,50 a
15 76,00 a
20 69,00 b
25 64,50 b
Médias seguidas de mesma letra, na linha, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de
Scott-Knott.
Pode-se verificar que para as amostras com 0% a 15% de danos às médias de
germinação foram consideradas estatisticamente iguais. De posse dessa informação foi
possível estabelecer o limite de 15% para a porcentagem de danos críticos que não afetasses a
germinação para comercialização de sementes de mamona, sendo então determinado o valor
de p0 para o TSRP truncado com este valor, e de p1 = 20%, que indica que o lote pode ser
descartado sem a necessidade da realização do teste de germinação.
Para o sub-lote da bica 1 os resultados da avaliação dos 110 testes seqüenciais
indicaram que, em 67,57% dos casos, 125 sementes avaliadas seriam suficientes para que o
lote fosse considerado dentro do padrão de germinação, baseado no percentual de danos; e em
apenas 3,64% dos testes deveria se continuar amostrando.
Já para o sub-lote da bica 4 em 71,98% dos 182 testes mostraram que o lote poderia ser
rejeitado com base no percentual de danos com a avaliação de 25 a 75 sementes, reduzindo
drasticamente a quantidade, tempo e os custos necessários numa amostragem convencional de
tamanho fixo igual a 200 sementes.
Para os resultados do TSRP truncado para as médias de todos os testes foram esboçados
8
os gráficos para as bicas 1 e 4 (Figura 2) com as linhas de decisão e os valores do ∑X
i =1
i , em
791
80
80
Número de sementes com dano
60
Rejeita o lote Rejeita o lote
40
40
20
20
Não rejeita o lote Não rejeita o lote
0
0
50 100 150 200 50 100 150 200
Tamanho da amostra (n) Tamanho da amostra (n)
(a) (b)
Figura 1 – Resultado do TSRP truncado para as médias de todos os testes das bicas 1 (a) e 4
(b).
Com os resultados apresentados na Figura para a bica 1 a recomendação seria a análise
de amostras de 125 sementes para que o lote fosse considerado dentro do padrão de
germinação, baseado no percentual de danos, e para a bica 4 seria rejeitar o lote com 50
sementes, o que coincide com os resultados dos testes individuais e com a qualidade
fisiológica observada nos lotes.
Esses resultados já eram esperados uma vez que o percentual de danos detectados no
sub-lote da bica 1 foi de 10,55%, abaixo do valor de p0, enquanto da bica 4 foi de 36,93%.
4 CONCLUSÃO
Lotes de sementes de mamona com alta porcentagem de danos (acima de 15%),
visualizados por meio do teste de Raios X, tem sua germinação afetada negativamente.
O tamanho da amostra necessária para a detecção de danos internos em sementes de
mamona é variável em função da qualidade fisiológica do lote, sendo que amostras de 125
sementes são suficientes para a detecção de até 15% de danos.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise de Sementes.
Brasília: CLAV/DNDV; SNAD/MA, 1992. 365p.
792
OLIVEIRA, L.M. Avaliação da qualidade de sementes de Tabebuia seratifolia Vahl Nich.
E T. impertiginosa (Martins Ex A.P. de Candollle Standley) envelhecidos natural e
artificialmente. Lavras: UFLA, 2004. 160p (Tese de Doutorado).
793
MONITORAMENTO DE CRESCIMENTO DE PINHAO MANSO EM
CERRADO DE RORAIMA
794
1 INTRODUÇÃO
Na região nordeste do estado de Roraima encontra-se, aproximadamente, 1,5 milhão de
hectares de cerrados propícios para a produção de grãos e outras culturas como o pinhão
manso. As condições climáticas são apropriadas à exploração das culturas, com uma
precipitação média anual de 1608 mm e temperatura média anual de 27,0ºC.
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) - pinhão branco no Norte e Nordeste de Minas
Gerais - é uma planta, cujas sementes contêm cerca de 27 a 35% de óleo, utilizável na
fabricação de biodiesel. Esta planta, além de resistente à seca, pode se desenvolver em vários
tipos de solo, inclusive naqueles arenosos, pedregosos, salinos, alcalinos e rochosos, os quais,
sob o ponto de vista nutricional e físico, são restritivos ao pleno desenvolvimento de raízes. O
pinhão manso vem sendo plantado visando o controle de erosão, a recuperação de áreas
degradadas, a contenção de encostas e de dunas, e ao longo de canais, rodovias, ferrovias, e
como cerca viva em divisões internas ou nos limites de propriedades rurais.
O pinhão manso, também conhecido como pinhão branco ou purga, é uma planta nativa
da América Central e cultivada no Brasil principalmente no Nordeste. É perene, rústica e
tolerante a seca. Tem despertado grande interesse por seus efeitos medicinais, terapêuticos,
biocida e combustível. Entretanto, têm-se poucos conhecimentos do manejo da cultura e da
produção de sementes. É uma planta, de cujas sementes se extrai óleo que pode ser usado na
fabricação de biodiesel, e considerada adaptada a solos marginais e de baixa fertilidade.
Nas últimas décadas, o cultivo e emprego do pinhão manso restringiram-se quase que
exclusivamente ao uso medicinal, pois a maioria das comunidades rurais passou a contar com
energia elétrica e ter facilidade para adquirir sabões industriais, e poucas comunidades ainda
utilizam as sementes de pinhão manso para estes fins. As pessoas mais idosas conhecem a
planta e sabem utilizá-la, enquanto a maioria dos jovens não, tanto a planta como seu
potencial de uso. Estudos efetivados em diversos países mostram a potencialidade do emprego
do óleo das sementes de pinhão manso para a fabricação de biodiesel e a expansão de seu
cultivo em diversos países (BRASIL, 1985, HELLER, 1996, HENNING, 1996, THE
POTENTIAL...1998).
O pinhão manso tem recebido destaque recentemente em função da necessidade de
avaliar as alternativas para a produção de biodiesel que podem ser disponibilizadas em cada
região do Brasil. A adaptação e o crescimento das plantas são um primeiro indicativo da
possibilidade de se estabelecer como cultivo de valor econômico agregado. A Jatropha se
795
adapta bem para as condições de cultivo em pequenas propriedades em função da utilização
de mão-de-obra principalmente no período da colheita.
O trabalho foi realizado com o objetivo de monitorar o crescimento vegetativo do
pinhão manso, nas condições edafoclimáticas de cerrado em Roraima.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho se caracterizou pela experimentação agrícola do tipo preliminar realizado a
campo aberto, através da implantação em janeiro de 2006 da unidade experimental na fazenda
Santa Cecília (banho do Mimi), localizada no Município do Cantá, Roraima.
As sementes de pinhão manso utilizadas para o experimento foram obtidas de uma
matriz produtiva em Roraima. Foram semeadas duas sementes por cova, espaçadas de 1,5
metros entre filas e plantas. Aos 15 dias realizou-se desbaste para a permanência de apenas
uma plântula por cova.
Ao solo foi aplicado, como corretivo, calcário dolomítico (PRNT 98%) na proporção de
1000 kg por hectare, e na adubação de plantio foram aplicados 444 kg ha-1, utilizando-se 100
g por cova de fertilizante 04-28-20, com base em Smiderle et al. (2002). O que resultou na
utilização de 124,4 kg de P2O5 , 88,8 kg de K2O e 17,7 kg de N por hectare.
Foram implantados quatro blocos com irrigação por aspersão, contendo quatro parcelas
cada bloco. Cada bloco recebeu a distribuição das sementes adotando-se o princípio da
casualização. As parcelas foram subdivididas em quatro sub-parcelas. Cada sub-parcela
recebeu três linhas de sete plantas, sendo oito não destrutivas para monitoramento de altura, e
as demais foram destinadas às colheitas para as determinações de laboratório. Em cada coleta
foram retiradas plantas que representavam a média dos indivíduos remanescentes a campo.
Todas as parcelas continham uma bordadura com a espécie estudada e cada sub-parcela foi
delimitada com uma linha de plantas que poderiam participar do processo de avaliação.
Foram colhidas 16 plantas na forma aleatória para cada avaliação realizada.
A coleta de dados se constituiu na medição da parte aérea (nível do solo para cima) e
pesagem em balança digital tanto da parte aérea quanto das raízes (nível do solo para baixo)
de cada grupo de plantas avaliadas a intervalos de cinco semanas. Foram obtidos a massa
fresca e a massa seca, para determinar a massa seca o material foi seco em estufa com
circulação de ar mantida a 60º C durante o período de 96 horas, para atingir peso constante.
Para a medição de altura das plantas foram mantidas 16 plantas não destrutivas por
bloco que receberam monitoramento de tamanho 245 dias a intervalos de 35 dias, no decorrer
796
do trabalho. Amostras da parte aérea e de raízes, após secagem e moídas foram analisadas
quanto aos teores de Nitrogênio (Combustão via seca “LECO” - 0,1g de amostra) e Carbono
orgânico (Incineração em Mufla - 1g de amostra).
Os resultados obtidos foram analisados e testados por meio de F, adotando-se o nível de
significância de 5%. Os valores médios foram ordenados segundo o teste de Tukey.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No experimento verificou-se o comportamento crescente (tipo polinomial) das médias
das plantas mantidas para as medições de monitoramento da altura, conforme ilustrado pela
figura 1 e representado pela equação em que descreve a tendência de crescimento das plantas
em 245 dias (35 semanas). No período monitorado as plantas ainda estavam em crescimento.
200
180
Altura da planta (cm)
Periodo (dias)
797
definem um crescimento aumentando com a idade das plantas, sem tendência ainda de
estabilidade. Foram produzidos alguns frutos pelas plantas, sem no entanto serem
quantificados neste período, apenas coleta para propagação e estudos com as sementes.
Observa-se que com o início do período das chuvas a altura das plantas tem reduzido o
crescimento, sem no entanto estagnar (figura 1). Este fato é um indicativo de que as plantas
não se adaptam bem com a alta intensidade das chuvas ocorrentes limitando maior
crescimento das plantas. O plantio antecipado ao período chuvoso de Roraima, com a
utilização de irrigação poderá propiciar melhor estabelecimento inicial das plântulas de
pinhão manso em área de cerrado de Roraima.
800
600
Aéreo
Massa seca (g)
500 Raízes
400
300
200
periodo (dias)
Figura 2 - Massa seca de parte aérea e de raízes de pinhão manso cultivado em cerrado de
Roraima, monitorado por 245 dias em 2006.
798
60
y = 0,025x + 43,873 60
y = -0,0001x 2 + 0,0567x + 42,069
50 R2 = 0,9744 R2 = 0,9385
50
Te ores - aé re a
Te ore s - ra íze s
40
40
30 30
y = 0,0006x 2 - 0,2654x + 41,064
20 20 y = 0,0002x 2 - 0,0815x + 13,243 y = 0,0297x + 3,7217
R2 = 0,8713
R2 = 0,7835 R2 = 0,8692
10 y = 0,0163x + 0,792
10
R2 = 0,9155
0 0
0 35 70 105 140 175 210 245 280 0 35 70 105 140 175 210 245 280
A B
Figura 3 - Teores médios de nitrogênio, carbono orgânico e a relação C: N de parte aérea (A) e
raízes (B) de pinhão manso produzido em Boa Vista, Roraima durante 245 dias.
4 CONCLUSÕES
O crescimento das plantas do pinhão manso tem comportamento polinomial tanto para o
incremento em altura quanto para a massa seca de parte aérea e de raízes durante 245 dias de
monitoramento.
Os teores médios de nitrogênio decrescem no período monitorado em campo enquanto
os de carbono orgânico assim como a relação C:N, tendem a crescer.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Indústria e Comércio – Secretaria de Tecnologia Industrial.
Produção de combustíveis líquidos a partir de óleos vegetais. Brasília: MIC/STI, 1985. 364 p.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
799
HELLER, J. Physic nut, Jatropha curcas. Promoting the conservation and use of underutilized
and neglected crops. Roma: International Plant Genetic Resources Institute – IPGRI,
1996.
HENNING, R.K. The Jatropha project in Mali. Weissensberg, Germany: Rothkreuz 11, D-
88138, 1996.
800
ANÁLISE FINANCEIRA DE DOIS SISTEMAS DE CULTIVO DE DENDEZEIRO (Elaeis
guineensis Jacq.). EM ÁREAS DEGRADADAS NA AMAZÔNIA OCIDENTAL
801
1 INTRODUÇÃO
O dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) é uma espécie perene tropical de origem africana
que expressa melhor seu potencial de produção em condições de alta temperatura, radiação
solar, alta precipitação e umidade relativa do ar, por isso, as principais áreas de cultivo estão
localizadas nas regiões tropicais úmidas na África, Ásia e América.
Em 2004/05 a produção mundial de óleo de dendê (extraído do mesocarpo) foi de 33,2
milhões de toneladas métricas e a de óleo de palmiste (extraído da amêndoa) mais de 3,5
milhões de toneladas métricas, em uma área de produção de 8,5 milhões de hectares, enquanto
a produção de óleo de soja, com área cultivada aproximadamente dez vezes superior a do
dendezeiro (89,5 milhões de hectares), foi de 32,4 milhões de toneladas métricas (OIL
WORD, 2005). Essas estatísticas demonstram que o dendezeiro é atualmente a principal fonte
mundial de óleo vegetal. Além da alta produtividade, exigindo menor área de produção, a
cultura ainda destaca-se pela alta capacidade de fixação de carbono, longo ciclo de exploração
com cobertura permanente do solo, e grande capacidade de geração de emprego.
O grande desafio para a pesquisa agrícola nos trópicos úmidos é desenvolver sistemas
de produção, ecologicamente adequados à região. De acordo com informações levantadas por
Hanson e Cassman (1994), a área de solos degradadas no planeta saltou de 6% em 1945 para
17% em 1990, e com a manutenção dos modelos de uso da terra atuais, em 2005 cerca de
25% das terras agricultáveis estarão em estado de degradação. Na Amazônia brasileira cerca
de 70 milhões de hectares de florestas já foram desmatados, sendo 95% desta superfície
transformada em pastagens. Estima-se atualmente que metade desta área de pastagens, em
zonas de terra firme, encontram-se em diferentes estágios de degradação.
Gonçalves (1981) ressaltou que os consórcios, por lidarem com diferentes ciclos de
culturas, propiciam otimização da força de trabalho, safras mais elevadas e,
consequentemente, maior rentabilidade para o produtor rural. Além disso, o consórcio entre
plantas com diferentes ciclos e/ou portes reduz o crescimento de ervas daninhas, controla a
erosão e aperfeiçoa o uso de insumos agrícolas.
Dentro deste contexto encontram-se os sistemas de cultivos intercalares que se baseiam
no cultivo simultâneo, em uma mesma área, de duas ou mais culturas por um período
considerável de seu ciclo de desenvolvimento. São utilizados pelos agricultores há séculos e
muito comuns nos países menos desenvolvidos, sobretudo em pequenas propriedades.
Esse trabalho foi desenvolvido com o como objetivo avaliar a viabilidade econômica de
dois sistemas de cultivo de dendezeiro cultivados em áreas degradadas.
802
2 MATERIAL E MÉTODOS
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os custos de implantação e manutenção por hectare nos três anos de cultivo dos
sistemas dendê x banana e dendê em monocultivo foram da ordem de R$ 13.142,00 e R$
7.006,00 respectivamente. Analisando separadamente cada sistema, os itens que se
destacaram pelo maior volume de recursos alocados no sistema dendê x banana foram
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
803
fertilizantes e tratos culturais com 29% e 29% respectivamente. Para o dendê em monocultivo
foram tratos culturais e fertilizantes com 37% e 25% respectivamente.
Constatou-se que os itens relacionados com mão-de-obra tiveram importante
participação nos custos dos sistemas produtivos, sendo responsáveis por 57% e 59% para
dendê x banana e dendê em monocultivo respectivamente. A intensiva utilização de mão-de-
obra para a realização das atividades demonstra o importante papel desses sistemas na
ocupação e fixação do homem ao campo. Nas figuras 1 e 2 são apresentados os custos totais
por hectare dos sistemas dendê x banana e dendê em monocultivo para implantação e
manutenção anual, receitas obtidas e o fluxo de caixa durante os três primeiros anos agrícolas.
Verifica-se que no sistema dendê x banana o custo total para a implantação de 1 hectare
do sistema oscilou em torno de R$ 6.942,00; R$ 2.204,00 e R$ 3.045,00 para a manutenção
do primeiro, segundo e terceiro anos após a implantação, respectivamente (Figura 1). Com a
venda da banana em palmas a valores médios de R$ 0,50/kg, obteve-se receita bruta total de
R$ 10.938,00 nos três primeiros anos, receita suficiente para cobrir 89,7% de todos os custos
de implantação e manutenção do sistema.
Para o dendê em monocultivo, o custo total para a implantação de 1 ha de dendê,
considerando somente a parte agrícola, oscilou em torno de R$ 4.063,00; R$ 1.181,00 e R$
1.761,00 para a implantação do primeiro ano e manutenção do segundo e terceiro ano após a
implantação, respectivamente (Figura 2).
15000 12191
10938
10000 7006
10000 6942 6920
4063
Valores (R$)
Anos Anos
Figura 1 - Custos, receitas e fluxo de caixa Figura 2 - Custos, receitas e fluxo de caixa
do sistema de cultivo de dendê x banana do sistema de monocultivo de dendê durante
durante três anos. três anos.
O sistema dendê x banana apresentou VPL negativo de R$ 1.428,00 até o terceiro ano
de avaliação. Na figura 3 a curva que representa esse sistema apresenta tendência ascendente,
o que nos permite prever que com mais um ciclo produtivo, as despesas poderão igualar as
804
receitas e o sistema atingirá o ponto de equilíbrio. O dendê em monocultivo a curva do VPL
apresentou tendência descendente, que continuará até o início da colheita, a partir do terceiro
ano. Estudo realizado por Lima et al. (2000) mostrou que o ponto de equilíbrio do
componente agrícola é atingindo somente a partir do 9º ano de exploração do dendezeiro em
monocultivo.
Período (anos) Relação B/C - Taxa de 6% ao ano
0,00
-1.000,00 1 2 3
0,88
0,00
-2.000,00 3
Período (anos)
VPL (R$)
-3.000,00
0,75
0,00
-4.000,00 2
-5.000,00
-6.000,00
0,51
0,00
1
-7.000,00
-8.000,00
Retorno para cada R$ 1,0 investido
Dendê x Banana Dendê em mocultivo
Dendê x Banana Dendê em monocultivo
Figura 3 - Valor presente líquido (VPL) dos Figura 4 - Relação Benefício/Custo dos
sistemas dendê x banana e dendê em sistemas dendê x banana e dendê em
monocultivo a uma taxa de desconto de 6% monocultivo a uma taxa de desconto de 6%
ao ano. ao ano.
4 CONCLUSÕES
O sistema dendê x banana proporcionou amortização de 89,7% dos custos de
implantação e manutenção do sistema no período de três anos.
805
O dendê intercalado com banana mostrou-se economicamente viável podendo ser
recomendado como alternativa econômica para produção de dendê voltado para agricultura
familiar.
5 APOIO FINANCEIRO
CNPq, PRODETAB e Embrapa Transferência de Tecnologia/Escritório de Negócios da
Amazônia.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, S.R. Consorciação de culturas – técnicas de análises e estudos da
distribuição. UnB, Brasília. 1981. 217 p. (Tese de Mestrado).
HANSON, R.G.; CASSMAN, K.G. Soil management and sustainable agriculture in the
developing world. In: 15th World Congress of Soil Science, Acapulco, Mexico, v.7A:
Commission VI Symposia. Sociedad Mexicana de la Ciencia del Suelo, Mexico, p.17-33,
1994.
LIMA, S.M.V.; FREITAS FILHO, A.; CASTRO, A.M.G.; SOUZA, H.R. Desempenho da
cadeia produtiva do dendê na Amazônia legal. In: MULLER, A.A.; FURLAN JUNIOR, J.
AGRONEGÓCIO DÊNDE: uma alternativa social, econômica e ambiental para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia. 2000. p.251-288.
806
COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE SOJA NA REGIÃO DE
ITUTINGA - MG
RESUMO: O Brasil destaca-se no cenário mundial como importante país produtor de soja.
A expansão dessa cultura tornou-se possível a partir do desenvolvimento de cultivares
adaptadas às mais variadas condições edafoclimáticas. O grande número de cultivares
disponível tem gerado o questionamento comum a muitos produtores, em relação à utilização
desses genótipos. Nesse sentido, objetivou-se com o presente trabalho estudar o
comportamento de 49 cultivares de soja na região de Itutinga - MG, em cultivo de verão. O
experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados com três repetições sendo
os tratamentos constituídos pelas cultivares: Aventis 7002, Aventis 7003, Aventis 7005, BR 9
‘Savana’, BRS 136, BR/Emgopa 314 ‘Garça Branca’, BR/IAC 21, BRS Carla, BRS Milena,
BRS Sambaíba, BRS/GO 204 ‘Goiânia’, BRSGO Luziânia, BRSMG 68 ‘Vencedora’,
BRSMG Confiança, BRSMG Garantia, BRSMG Nobreza, BRSMG Renascença, BRSMG
Robusta, CAC 1, Carrera, DM 118, DM 339, DM Nobre, DM Vitória, Elite, Embrapa 20
(Doko RC), Embrapa 48, Emgopa 313, Emgopa 315 (Rio Vermelho), Emgopa 316, FMT
Perdiz, FMT Tucunaré, IAC 19, MG/BR 46 ‘Conquista’, Monarca, Monsoy 108, Monsoy
6101, Monsoy 8001, Monsoy 8329, Monsoy 8411, Monsoy 8866, MT/BR 45 ‘Paiaguás’,
MT/BR 53 ‘Tucano’, Performa, Preta, Santa Rosa, STTE 02, Suprema e UFV 16
‘Capinópolis’. Todas as cultivares avaliadas mostraram bom crescimento vegetativo com
altura de plantas variando de 54 a 98 cm. Quanto à altura de inserção do primeiro legume,
observaram-se variações de 11 a 27 cm. Não houve diferenças significativas entre os índices
de acamamento das cultivares avaliadas, verificando-se notas de 1,0 a 2,0, consideradas
favoráveis à colheita mecanizada. As cultivares formaram grupos em relação à produtividade,
e no grupo mais produtivo destacou-se a cultivar Emgopa 314 por apresentar maior altura de
planta.
807
1 INTRODUÇÃO
A soja [Glycine max (L.) Merrill] é a principal oleaginosa cultivada no mundo. O
desenvolvimento de novas tecnologias e o aperfeiçoamento de técnicas de cultivo
possibilitaram a expansão da cultura às mais variadas condições edafoclimáticas, fazendo do
Brasil o segundo maior produtor mundial de soja.
Dentre os fatores ambientais que exercem efeitos sobre o desenvolvimento da cultura da
soja, os mais importantes são fotoperíodo, temperatura do ar e umidade do solo, que variam
com as diferentes épocas do ano, apresentando variações mais acentuadas em regiões de
maior latitude (Câmara, 1992). Cada cultivar possui seu fotoperíodo crítico abaixo do qual
tem início o processo de florescimento. A temperatura do ar tem grande influência no
desenvolvimento dessa leguminosa e normalmente interage com o fotoperíodo. A soja é uma
espécie termo e fotossensível e pode apresentar características não satisfatórias quando
cultivada sob condições climáticas adversas. A previsão de comportamento de cultivares de
soja em um determinado local é dificultada, visto que em latitudes semelhantes ocorrem
disponibilidade térmicas diferentes, tornando-se necessário a realização de ensaios de campo
para se conhecer a fenologia das diferentes cultivares (Vernetti, 1983).
Schoffel (2001), utilizando as cultivares de soja Dourados, IAC 20 e IAC 28, verificou
os maiores rendimentos com a cultivar Dourados, tanto para épocas recomendadas quanto em
semeaduras tardias. Nunes Júnior et al. (2005) avaliando três épocas de semeadura e onze
cultivares constataram melhores produtividades com a cultivar Monsoy 6101 em todas as
épocas testadas.
Carvalho et al. (2004) trabalhando com quarenta e quatro cultivares de soja, em duas
localidades do Sul de Minas Gerais, verificaram melhor desempenho das cultivares
Vencedora, Emgopa 313, Paiáguas e Garantia, apresentando características agronômicas
favoráveis a colheita mecanizada. Assim, é desejável que no cultivo da soja, além do aspecto
da produção de grãos, a cultivar utilizada apresente altura de planta e altura de inserção de
primeiro legume favoráveis à colheita mecanizada.
Diante do crescente interesse de produtores do Sul de Minas Gerais pelo cultivo da soja
e considerando-se o potencial da cultura como fonte de combustíveis renováveis, objetivou-se
com o presente trabalho avaliar o comportamento de cultivares de soja na região de Itutinga –
MG.
808
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no município de Itutinga - MG no ano agrícola 2006/07, em
solo classificado como Cambissol, cujas características são: pH em água 5,9 (acidez média);
P: 1,8 mg.dm-3 (muito baixo); K: 70 mg.dm-3 (médio); Ca: 1,7 cmolc.dm-3 (médio); Mg: 1,3
cmolc.dm-3 (bom); M.O.: 3,5 dag.kg-1 (médio).
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com 49 tratamentos
e três repetições. Os tratamentos foram constituídos pelas cultivares: Aventis 7002, Aventis
7003, Aventis 7005, BR 9 ‘Savana’, BRS 136, BR/Emgopa 314 ‘Garça Branca’, BR/IAC 21,
BRS Carla, BRS Milena, BRS Sambaíba, BRS/GO 204 ‘Goiânia’, BRSGO Luziânia,
BRSMG 68 ‘Vencedora’, BRSMG Confiança, BRSMG Garantia, BRSMG Nobreza, BRSMG
Renascença, BRSMG Robusta, CAC 1, Carrera, DM 118, DM 339, DM Nobre, DM Vitória,
Elite, Embrapa 20 (Doko RC), Embrapa 48, Emgopa 313, Emgopa 315 (Rio Vermelho),
Emgopa 316, FMT Perdiz, FMT Tucunaré, IAC 19, MG/BR 46 ‘Conquista’, Monarca,
Monsoy 108, Monsoy 6101, Monsoy 8001, Monsoy 8329, Monsoy 8411, Monsoy 8866,
MT/BR 45 ‘Paiaguás’, MT/BR 53 ‘Tucano’, Performa, Preta, Santa Rosa, STTE 02, Suprema
e UFV 16 ‘Capinópolis’. As parcelas experimentais foram constituídas por quatro linhas de 5
m de comprimento, espaçadas de 0,50 m. Como área útil foram utilizadas as duas linhas
centrais, eliminando-se 0,50 m nas extremidades das mesmas, a título de bordadura.
O preparo do solo constituiu-se de uma aração seguida de duas gradagens, a saturação
de bases foi elevada a 60%, após a prática de calagem, e a adubação química realizada de
acordo com a análise do solo aplicando-se 120 kg.ha-1 de P2O5 e 60 kg.ha-1 de K2O,
distribuídos e incorporados aos sulcos de semeadura. A abertura de sulcos foi realizada
utilizando-se tração mecânica e a semeadura foi realizada manualmente no dia 27 de
novembro. As sementes foram inoculadas com Bradyrhizobium japonicum utilizando-se
inoculante turfoso com concentração de 4x109 células por grama, na proporção de 125 g por
50 kg de semente. Os desbastes foram realizados quinze dias após a emergência das plântulas,
mantendo-se a densidade de 15 plantas por metro. Os demais tratos culturais exigidos pela
cultura foram realizados uniformemente em todos as parcelas experimentais.
Na colheita foram avaliadas as seguintes características na área útil: altura da planta
(medida em cm, do colo da planta até a extremidade superior da haste principal), altura de
inserção do primeiro legume (medida em cm, do colo da planta até o nó de inserção do
primeiro legume), ambas tomadas aleatoriamente em cinco plantas, índice de acamamento de
809
acordo com escala de notas de Bernard et al. (1965), e rendimento de grãos (kg.ha-1), após
correção para 13% de umidade.
Os dados coletados na área útil de cada parcela para as diferentes variáveis foram
submetidos à análise estatística no programa Sisvar® (Ferreira, 2000), aplicando-se o teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade, para comparação de médias.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificaram-se diferenças significativas (P<0,05) entre as produtividades das cultivares,
indicando possíveis variabilidade na adaptação desses genótipos à região (Tabela 1).
Tabela 1 - Resultados médios de produtividades, altura de planta e de inserção do primeiro
legume e índice de acamamento obtidos no ensaio de comportamento de cultivares na região
de Itutinga - MG, ano agrícola 2006/07, UFLA, Lavras - MG*.
810
Luziania 1958 a 65 d 23 a 1,00 a
Aventis 7002 1946 a 66 d 15 b 1,00 a
Elite 1943 a 73 c 17 b 1,00 a
Embrapa 48 1925 a 55 d 14 b 1,00 a
Sambaíba 1884 a 71 c 22 a 1,33 a
Tucano 1836 a 71 c 19 b 2,00 a
DM Vitória 1834 a 86 b 25 a 1,33 a
Nobreza 1787 b 63 d 21 a 1,33 a
CAC 1 1786 b 60 d 11 b 1,33 a
Suprema 1771 b 70 c 20 a 1,33 a
DM 339 1745 b 72 c 26 a 1,33 a
Carla 1734 b 68 d 22 a 1,67 a
Emgopa 313 1717 b 66 d 23 a 1,00 a
Monsoy 8411 1672 b 71 c 20 a 1,00 a
Monsoy 108 1646 b 83 b 26 a 1,33 a
BRS 136 1587 b 57 d 18 b 1,00 a
Performa 1572 b 62 d 16 b 1,33 a
Monsoy 8866 1571 b 70 c 26 a 1,00 a
Garantia 1566 b 76 c 25 a 1,33 a
Monsoy 8329 1552 b 70 c 22 a 1,00 a
Preta 1540 b 61 d 20 a 1,33 a
Robusta 1518 b 59 d 18 b 1,00 a
Monarca 1451 b 73 c 16 b 1,33 a
Aventis 7005 1418 b 67 d 22 a 1,33 a
Goiânia 1405 b 77 c 23 a 1,33 a
Savana 1342 b 70 c 17 b 1,67 a
Carrera 1279 b 70 c 15 b 1,67 a
DM 118 1246 b 64 d 14 b 1,00 a
Confiança 1233 b 66 d 18 b 1,33 a
Renascença 1082 b 61 d 14 b 1,67 a
Tucunaré 1061 b 62 d 27 a 1,33 a
*Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
811
As cultivares avaliadas formaram dois grupos estatisticamente distintos em relação à
produtividade, com variações de 1834 a 2688 kg.ha-1 e de 1061 a 1787 kg.ha-1. Dentre as
cultivares mais produtivas destaca-se Emgopa 314 (2414 kg.ha-1), demonstrando
desenvolvimento vegetativo satisfatório, evidenciado pela altura de planta, além de altura de
inserção do primeiro legume e índice de acamamento favoráveis à mecanização da colheita,
conforme Tabela 1.
Observaram-se diferenças estatísticas entre as alturas de plantas, agrupando as
cultivares em quatro categorias. A cultivar Emgopa 314 apresentou porte superior
estatisticamente às demais com altura de 98 cm, seguida por DM Vitória (86 cm), Monsoy
108 (83 cm), Monsoy 6101 (82 cm) e Doko RC (80 cm). As demais cultivares foram
separadas em dois grupos com variações de 70 a 77 cm e de 54 a 68 cm.
A maioria das cultivares avaliadas apresentou altura de inserção do primeiro legume
favorável a colheita mecanizada, com exceção da cultivar CAC 1 (11 cm). Segundo Marcos
Filho (1986), a altura de inserção do primeiro legume mínima necessária à colheita mecanizada
é de 12 cm. Nesse trabalho foram observadas médias de 11 a 27 cm. Quanto ao índice de
acamamento, não houve diferenças significativas entre os tratamentos, observando-se notas de
1,0 a 2,0.
4 CONCLUSÕES
As cultivares diferiram estatisticamente em relação à produtividade, e no grupo mais
produtivo destaca-se a cultivar Emgopa 314 por apresentar maior altura de planta, altura de
inserção do primeiro legume e índice de acamamento favoráveis à colheita mecanizada.
As alturas de plantas e de inserção do primeiro legume variaram de 54 a 98 cm e de 11 a
27 cm, respectivamente.
Todas as cultivares mostraram índices de acamamento compatíveis à colheita
mecanizada.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNARD, R. L.; CHAMBERLAIN, D. W.; LAWRENCE, R. D. Result of the cooperative
uniform soybeans tests. Washington: USDA, 1965. 134p.
812
CARVALHO, E. A.; REZENDE, P. M.; GRIS, C.F.; SANTOS, J. P.; MASSAROTO, J.A;
ALMEIDA, A. A. Seleção de cultivares de soja [Glycine max (L.) Merrill] em cultivo de
verão para a região Sul de Minas Gerais. In: I SIMPÓSIO SOBRE A CULTURA DA SOJA,
2004, Lavras, MG, Resumos... Lavras: UFLA, 2004. 1 CD.
FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In:
REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INETRNACIONAL DE
BIOMETRIA, 2000, São Carlos, SP. Anais... São Carlos: RBRAS/UFSCar, 2000. p. 255-258.
813
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICA DA CASCA DO FRUTO DA
MAMONEIRA COMO COMPONENTE DE SUBSTRATO PARA CULTIVO
DE PLANTAS EM RECIPIENTES
814
1 INTRODUÇÃO
O substrato é responsável por boa parte do custo de produção de uma muda. Por
exemplo, segundo Guimarães et al. (1998), aproximadamente 38 % da produção de mudas de
cafeeiro em tubetes refere-se ao substrato. Portanto, o desenvolvimento de culturas em
substratos, nas diferentes regiões do Brasil, depende dentre outros fatores, da disponibilidade
de matérias primas abundantes e baratas, com potencial de utilização como substrato para as
plantas (ANDRIOLO et al., 1999).
Segundo Hartmann et al. (1997), não existe substrato ideal para a produção de mudas,
mas sim um substrato apropriado, que depende da espécie vegetal, do tipo de propágulo, da
época do ano, do sistema de propagação utilizado, além do custo e disponibilidade dos
componentes.
Segundo Kämpf (2000), no mundo todo, a indústria de substratos busca materiais
substitutos para a turfa, consagrada como componente padrão. Resíduos da agroindústria,
fibra de coco e materiais orgânicos decompostos aparecem como alternativas promissoras
para misturas.
Amaral et al. (1996) recomenda a utilização de resíduos agroindustriais para produção
de mudas, por permitirem a redução de custos de produção e o aproveitamento de resíduos
cujo descarte poderia representar impacto negativo ao ambiente.
Entre os materiais freqüentemente utilizados como substrato na produção de mudas de
diferentes espécies cita-se: turfa, casca de arroz carbonizada, esterco bovino, bagaço de cana e
torta de filtro, cama de frango, moinha de café, casca de acácia-negra, entre outros.
Condicionador de substrato é o componente que irá melhorar de modo significativo as
propriedades do meio de cultivo. É preciso conhecer a qualidade dos componentes que serão
empregados no preparo do substrato a partir do exame de suas propriedades físicas e
químicas. O conhecimento das propriedades químicas e físicas dos substratos é fator
determinante no manejo e controle da qualidade dos cultivos em recipientes (SCHMITZ et al.,
2002).
A casca de fruto da mamoneira é um material orgânico proveniente do descascamento
da mamoneira, atualmente jogado fora, utilizado como adubo ou combustível na geração de
calor. Silva et al. (2004) relataram rendimento médio de casca entre 28 e 36 %, variando de
acordo com o genótipo. Atualmente com o advento do Programa Nacional do Biodíesel,
Almeida et al. (2004) estimam que para substituir 2% do consumo interno de diesel,
considerando 40% do óleo vegetal proveniente da mamoneira e uma produtividade agrícola
815
otimista de 1.800 Kg ha-1 em grãos, seriam necessários o plantio anual de 360 mil ha de
mamona. Considerando os rendimentos médios de casca relatados acima, estes números
remetem a uma produção bruta da ordem de 247.000 a 396.000 toneladas de casca.
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar as características químicas e físicas da casca
de fruto da mamoneira (CFM) para uso potencial como substrato na produção de mudas, puro
ou como componente de misturas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O material foi obtido a partir da área de produção de mamona da Estação Experimental
de Itaocara, da PESAGRO-RIO. Após a colheita, secagem dos frutos em terreiro ao sol e
descascamento mecânico em descascador marca ECIRTEC, modelo DME 100, as cascas
foram submetidas a compostagem por cerca de 180 dias, a céu aberto, seguindo-se as
recomendações de Kiehl (1985). Amostras do material sem compostagem (in natura) e
compostado, foram encaminhadas para análise química de resíduo (macro e micrunutrientes)
no laboratório de análise da UFRRJ.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com 6 tratamentos e 3
repetições. Os tratamentos originaram-se de um fatorial 2 x 3, proveniente da combinação dos
fatores: material casca de fruto da mamoneira in natura e compostado e três granulometrias
(peneira 3 mm, 5 mm e 10 mm).
O material in natura e compostado foi triturado em moinho triturador marca Nogueira,
modelo DPM 500, em três granulometrias: peneiras 3 mm, 5mm e 10 mm. Após padronizada
a granulometria, amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Análise de Substrato da
Escola de Agronomia da UFRGS, onde foram realizadas as seguintes análises de
caracterização química: pH em água (pH); teor total de sais solúveis (TTSS), em kg m-3 e
condutividade elétrica (CE), em dS m-1 e análises de caracterização física: densidade úmida
(DU), em kg m-3; densidade seca (DS), em kg m-3; porosidade total (PT), em m3 m-3; espaço
de aeração (EA), em m3 m-3; água disponível (AD) em m3 m-3 e capacidade de retenção de
água nas pressões de sucção de 10 cm, 50 cm e 100 cm (CRA10, CRA50 e CRA100), em m3
m-3. Não foi possível completar a curva de retenção de água das amostras in natura devido à
fermentação do material.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade. As análises estatísticas foram realizadas utilizando os
procedimentos do programa Genes (CRUZ, 2006).
816
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todas as características avaliadas apresentaram significância (P<0,01) para os efeitos de
compostagem, granulometria e interação compostagem x granulometria (Tabela 1).
Tabela 1 - Resumo das análises de variância dos dados das características densidade úmida
(DU), em kg m-3; densidade seca (DS), em kg m-3; teor total de sólidos solúveis (TTSS), em
kg m-3; condutividade elétrica (CE), em dS m-1; pH em água (pH); porosidade total (PT), em
m3 m-3; e espaço de aeração (EA), em m3 m-3, do material casca de fruto da mamoneira in
natura e compostado em três granulometrias no ensaio conduzido na PESAGRO-RIO/Estação
Experimental de Itaocara. Itaocara, RJ. 2007.
Fonte de QM
Variação GL DU DS TTSS
Blocos 2 78,7737 10,7493 0,0367
Compostagem (C) 2 13846,9245** 5040,8404** 8,0894**
Granulometria (G) 1 16594,1689** 10351,6864** 150,8584**
Interação C x G 2 222,9934** 590,6668** 5,0236**
Resíduo 10 29,9262 13,9244 0,0841
CV (%) 1,1 1,5 6,4
Fonte de QM
Variação GL CE pH PT EA
Blocos 2 0,0048 0,0028 0,00002 0,00014
Compostagem (C) 2 0,6927** 0,5215** 0,01728** 0,00494**
Granulometria (G) 1 29,8455** 3,4584** 0,02316** 0,08979**
Interação C x G 2 0,4986** 0,3879** 0,02006** 0,01654**
Resíduo 10 0,0156 0,0006 0,00014 0,0001
CV (%) 6,6 0,4 1,6 3,2
** F significativo a 1% de probabilidade.
817
Cl e Na citados anteriormente, contribuiu significativamente para a redução do TTSS e da CE
com valores médios de 1,61 kg m-3 e 0,61 dS m-1, respectivamente. Mesmo após compostada,
o valor de TTSS ainda se manteve acima da faixa de 0 a 0,5 g L-1, citado pela literatura como
ideal (SCHMITZ et al., 2002), já os valores de CE se mantiveram dentro da faixa considerada
adequada (SOUZA, 2001). Tanto o TTSS quanto a CE aumentaram com a redução da
granulometria (Tabelas 4 e 5).
Fe Cu Zn Mn B
Tratamentos
mg kg-1
CFM in natura 724 6 32 58 40,18
CFM compostada 1800 24 108 154 31,66
Fonte: UFFRJ.
818
de DS dentro da faixa ideal, embora tenha havido um aumento de valor com a redução da
granulometria. Segundo Schmitz et al. (2002), materiais de baixa densidade podem acarretar
problemas de fixação das plantas e tombamento se o cultivo for feito em recipientes altos,
entretanto são adequados para o cultivo em bandejas e para uso como condicionadores em
misturas com materiais de alta densidade como solo e areia (Tabelas 4 e 5).
Para a porosidade total (PT), o valor ideal é de 0,85 m3 m-3 para substratos hortícolas
(SCHMITZ et al., 2002). Verificou-se que a PT da CFM aumentou com o processo de
compostagem se aproximando do valor considerado ideal, principalmente na granulometria
3mm (0,82 m3 m-3) (Tabelas 4 e 5).
819
Tabela 5 - Médias das granulometrias peneiras 3 mm, 5 mm e 10 mm, do material casca de
fruto da mamoneira (CFM) in natura para as características densidade úmida (DU), densidade
seca (DS), teor total de sólidos solúveis (TTSS), condutividade elétrica (CE), pH em água
(pH), porosidade total (PT) e espaço de aeração (EA) do ensaio conduzido na PESAGRO-
RIO/Estação Experimental de Itaocara. Itaocara, RJ. 2007.
DU DS TTSS CE pH PT EA
Tratamentos (kg m-3) (kg m-3) (kg m-3) (dS m-1) (H2O) (m3 m-3) (m3 m-3)
P 3 mm 490,07 a 251,51 a 9,76 a 3,91 a 6,39 a 0,79 a 0,27 a
P 5 mm 464,80 b 211,85 b 6,54 b 2,90 b 5,93 b 0,74 b 0,26 a
P 10 mm 398,52 c 191,07 c 5,90 b 2,76 b 5,64 c 0,60 c 0,21 b
Média 451,13 218,14 7,40 3,19 5,99 0,71 0,25
Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
820
compostagem e nas granulometrias estudadas indicaram que as peneiras 5 mm e 10 mm
apresentaram valores de água remanescente situados dentro desta faixa considerada ideal,
com a granulometria de 3 mm ligeiramente acima. Valores de água remanescente superiores
podem apresentar problemas por excesso de umidade para as raízes de algumas plantas,
enquanto valores baixos demonstram deficiência do material para o cultivo de plantas em
recipientes em função da baixa capacidade de armazenamento de água (SCHMITZ et al.,
2002).
4 CONCLUSÕES
O processo de compostagem melhora as características químicas e físicas da CFM.
A CFM apresenta potencial para uso como componente de substrato, em misturas no
cultivo de plantas em recipiente.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Convênio MCT/SECTI/FINEP/FAPERJ, nº 0.1.04.0821,
pelo financiamento do trabalho.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, C. M.; ALMEIDA NETO, J. A. de; PIRES M. de M.; ROCHA, P. K. A produção
de mamona no Brasil e o PROBIODIESEL. I CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA,
Campina Grande, PB, 2004. Anais... Campina Grande, EMBRAPA Algodão, 2004. CD
ROOM
GUIMARÃES, P. T. G.; ANDRADE NETO, A. de; BELLINI JÚNIOR, O.; ADÃO, W. A.;
SILVA, E. M. da. Produção de mudas de cafeeiros em tubetes. Informe Agropecuário, v. 19,
n. 193, p. 98-108, 1998.
821
KÄMPF, A. N. Seleção de materiais para uso como substrato. In: KÄMPF, A. N.;
FERMINO, M. N. Substratos para plantas: a base da produção vegetal em recipientes.
Porto Alegre: Gênesis, 2000, p. 139-145.
822
AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO FISICA DE LOTES DE NABO
FORRAGEIRO
823
1 INTRODUÇÃO
O nabo forrageiro é uma planta da família Brassicaceae, com sistema radicular
pivotante que se desenvolve muito bem ajudando a melhorar as características físicas do solo.
Além disso o nabo forrageiro possui uma particularidade em suas sementes que possuem
cerca de 40% de óleo, sendo um excelente fornecedor de matéria prima para o biodiesel.
Para a obtenção de óleo é necessário que se faça à extração deste óleo, que está contido
nas sementes. Este processo consiste em esmagar fisicamente as sementes, extraindo o óleo e
torta. Quanto maior for a percentagem de impurezas dentro do lote de sementes menor será a
quantidade de óleo produzida e com uma torta de menor qualidade bromatológica. Os lotes de
sementes podem ser beneficiados com a utilização de procedimentos físicos, com o uso de
equipamentos que utilizam parâmetros específicos das sementes tais como tamanho e
densidade (Carvalho e Nakagawa, 2000).
O biodiesel é um combustível ecológico de fontes renováveis feito a partir de óleos
vegetais ou gorduras animais misturados ao álcool, metílico ou etílico, na presença de um
catalisador.
No mundo moderno e desde há muito tempo, os derivados do petróleo constituem-se na
maior parte da energia obtida mundialmente. A sempre crescente demanda mundial; a
constante variação dos preços no mercado internacional; a elevada poluição ambiental gerada
por sua extração, uso e ainda, por se tratar de um combustível fóssil finito, organismos
internacionais tem se pautado na criação de vários programas para a busca e desenvolvimento
tecnológico de fontes energéticas alternativas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na Unidade de Beneficiamento de Sementes da Universidade
Federal de Lavras, em Lavras Minas Gerais.
O trabalho consistiu em avaliar lotes de sementes de nabo forrageiro produzidas em
2006. Os lotes foram pesados o sub-divididos em sub lotes de 200 kg e classificados em uma
máquina de ar e peneira modelo CA-25 onde foi em separando em sementes graúdas, leves,
quebradas, palha e impurezas as quais foram pesadas e distribuídas percentualmente dentro do
peso total do lote.
O trabalho foi conduzido no arranjo experimental de delineamento inteiramente
casualizado com10 lotes, de 200kg.
824
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na figura 1 estão apresentados os resultados da distribuição física dos lotes de sementes
de nabo forrageiro. As sementes graúdas participaram com 61,1% do peso total dos lotes, as
leves participaram com 8%, as quebradas com 13,3% e as impurezas com 1,1%. As palhas
obtidas na colheita contribuíram com 16,5%. Esta composição evidencia que para a extração
total de óleo os lotes de sementes terão 82,4% de aproveitamento efetivo de material para ser
prensado.
% Semente
Quebradas
8,0
% Palha
1,1
% Semente Leves
61,1
13,3
% Impurezas
Estes resultados são muito importantes para que as empresas esmagadoras possam
compor o rendimento industrial da extração de óleo de nabo forrageiro e os valores
contratuais de matéria prima.
4 CONCLUSÃO
A análise de mostrou que 82,4% das sementes podem ser destinadas à extração de óleo.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.
825
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SATURNINO, H.M. Informe Agropecuário, Brasil, v.26 n.229 p. 2005.
PARENTE, E.J. de S. Biodiesel: Uma aventura tecnológica num pais engraçado. Fortaleza,
Ceará: Tecbio. 2003. 66p.
826
DESEMPENHO DE CULTIVARES DE SOJA NO MUNICÍPIO DE LAVRAS
- MG
RESUMO: A soja assume papel de destaque dentre as culturas com potencial de produção
de energia renovável devido a sua potencialidade de cultivo em diversas regiões e a complexa
estrutura de produção e comercialização já consolidada. O Sul de Minas apresenta crescente
interesse pela soja, contudo, o estudo da adaptabilidade é indispensável na introdução da
cultura em novas regiões. Objetivou-se avaliar o desempenho de cinqüenta cultivares de soja
em cultivo de verão no município de Lavras - MG. O experimento foi conduzido em
delineamento de blocos casualizados com três repetições sendo os tratamentos constituídos
pelas cultivares: Aventis 7002, Aventis 7003, Aventis 7005, BR 9 ‘Savana’, BRS 136,
BR/Emgopa 314 ‘Garça Branca’, BR/IAC 21, BRS Carla, BRS Milena, BRS Sambaíba,
BRS/GO 204 ‘Goiânia’, BRSGO Luziânia, BRSMG 68 ‘Vencedora’, BRSMG Confiança,
BRSMG Garantia, BRSMG Nobreza, BRSMG Renascença, BRSMG Robusta, CAC 1,
Carrera, DM 118, DM 339, DM Nobre, DM Vitória, Elite, Embrapa 20 (Doko RC), Embrapa
48, Emgopa 313, Emgopa 315 (Rio Vermelho), Emgopa 316, FMT Nambu, FMT Perdiz,
FMT Tucunaré, IAC 19, MG/BR 46 ‘Conquista’, Monarca, Monsoy 108, Monsoy 6101,
Monsoy 8001, Monsoy 8329, Monsoy 8411, Monsoy 8866, MT/BR 45 ‘Paiaguás’, MT/BR
53 ‘Tucano’, Performa, Preta, Santa Rosa, STTE 02, Suprema e UFV 16 ‘Capinópolis’. As
cultivares foram agrupadas em quatro categorias de acordo com as produtividades
apresentadas, com destaque para Monsoy 6101 (3571 kg. Ha-1), UFV 16 (3333 kg. Ha-1),
DM 118 (3203 kg. Ha-1), Santa Rosa (3196 kg. Ha-1) e Conquista (3159 kg. Ha-1) com
rendimentos estatisticamente superiores às demais. As cultivares de maior porte atingiram
alturas de plantas de 73 a 93 cm, já as menores médias variaram de 58 a 72 cm. As alturas de
inserção do primeiro legume variaram entre 14 e 34 cm e índices de acamamento de 1,00 a
2,17, ambas características compatíveis à mecanização da colheita.
827
1 INTRODUÇÃO
A soja é uma das principais oleaginosas produzidas no mundo e matéria prima
empregada na elaboração de diversos produtos. Em função de seu valor econômico e de sua
potencialidade de cultivo em diversas condições edafoclimáticas, essa leguminosa foi
responsável pela formação de uma complexa estrutura de produção, de armazenamento, de
processamento e de comercialização. Com a otimização da estrutura já estabelecida e a
incorporação de novas áreas de cultivo, a soja assume papel de destaque dentre as culturas
com potencial de produção de energia renovável.
O Sul de Minas Gerais, região de destaque na produção de café e importante bacia
leiteira, apresenta crescente interesse pela cultura da soja, produzindo na safra 20005/06
17.132 toneladas do grão (Emater, 2006). No entanto, a grande variabilidade existente entre as
cultivares de soja quanto à reposta ao fotoperíodo e outros fatores ambientais é característica
relevante na introdução da cultura em novas regiões. Nestes casos, ganha importância o
caráter juvenilidade longa (Kiihl & Garcia, 1989). De acordo com Yuyama (1991) a radiação
solar, o fotoperíodo, a temperatura do ar, os nutrientes e o vento são fatores ambientais que
podem influenciar diretamente a expressão do máximo potencial genético da planta de soja,
caracterizado pelo maior crescimento e desenvolvimento.
Avaliações de adaptabilidade e estabilidade de genótipos disponíveis são realizadas em
diversas regiões do Brasil. Rocha (2002) avaliou a magnitude da interação genótipos x
ambientes, e a sua conseqüência na adaptabilidade e na estabilidade fenotípica de 100
linhagens experimentais de soja, em Piracicaba - SP, em cultivo de verão. Dentre as linhagens
estudadas, as que reuniram maior adaptabilidade com estabilidade para produção de grãos e
óleo, dentro de cada ciclo de maturação, foram USP 94-1086 (precoce), USP 93-2316
(semiprecoce), USP 93-5243 (intermediária) e USP 94-5684 (semitardia). Peluzio (1996)
estudando a interação entre cultivares de soja e ambiente, no estado de Tocantins, constatou
que as cultivares Teresina RC e Seridó foram as que mais se destacaram, apresentando altura
de planta satisfatória à colheita mecanizada e alta capacidade produtiva.
O florescimento precoce da soja pode afetar o porte das plantas e a altura de inserção do
primeiro legume, ocasionando quedas no rendimento da lavoura devido a menor produção por
planta e a elevadas perdas na colheita mecanizada. Dessa forma, a cultivar a ser semeada deve
apresentar bom rendimento de grãos aliado a características agronômicas que minimizem de
perdas na colheita.
828
Objetivou-se com esse trabalho avaliar o desempenho de 49 cultivares de soja em
cultivo de verão quanto ao rendimento de grãos e outras características agronômicas, no
município de Lavras – MG.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de Agricultura da
Universidade Federal de Lavras, Lavras – MG, ano agrícola 2006/07, em solo classificado
como Latossolo Vermelho Distroférrico típico (LVdf), cujas características são: pH em água
5,9 (acidez média); P: 10 mg.dm-3 (baixo); K: 25 mg.dm-3 (baixo); Ca: 1,5 cmolc.dm-3
(médio); Mg: 0,4 cmolc.dm-3 (baixo); M.O.: 1,8 dag.kg-1 (baixo).
Adotou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com 49 tratamentos e três
repetições. Os tratamentos foram constituídos pelas cultivares: Aventis 7002, Aventis 7003,
Aventis 7005, BR 9 ‘Savana’, BRS 136, BR/Emgopa 314 ‘Garça Branca’, BR/IAC 21, BRS
Carla, BRS Milena, BRS Sambaíba, BRS/GO 204 ‘Goiânia’, BRSGO Luziânia, BRSMG 68
‘Vencedora’, BRSMG Confiança, BRSMG Garantia, BRSMG Nobreza, BRSMG
Renascença, BRSMG Robusta, CAC 1, Carrera, DM 118, DM 339, DM Nobre, DM Vitória,
Elite, Embrapa 20 (Doko RC), Embrapa 48, Emgopa 313, Emgopa 315 (Rio Vermelho),
Emgopa 316, FMT Nambu, FMT Perdiz, FMT Tucunaré, IAC 19, MG/BR 46 ‘Conquista’,
Monarca, Monsoy 108, Monsoy 6101, Monsoy 8001, Monsoy 8329, Monsoy 8411, Monsoy
8866, MT/BR 45 ‘Paiaguás’, MT/BR 53 ‘Tucano’, Performa, Preta, Santa Rosa, STTE 02,
Suprema e UFV 16 ‘Capinópolis’. As parcelas experimentais foram constituídas por quatro
linhas de 5 m de comprimento, espaçadas de 0,50 m. Como área útil foram utilizadas as duas
linhas centrais, eliminando-se 0,50 m nas extremidades das mesmas, a título de bordadura.
O solo foi preparado de maneira convencional, com saturação de bases elevada a 60% e
adubação química, de acordo com a análise do solo, aplicando-se 120 kg.ha-1 de P2O5 e 60
kg.ha-1 de K2O, distribuídos e incorporados aos sulcos de semeadura. A abertura de sulcos foi
realizada utilizando-se tração mecânica e semeadura realizada manualmente no dia 27 de
novembro. As sementes foram inoculadas com Bradyrhizobium japonicum utilizando-se
inoculante turfoso com concentração de 4x109 células por grama, na proporção de 125 g por
50 kg de semente. Os desbastes foram realizados quinze dias após a emergência das plântulas,
mantendo-se a densidade de 15 plantas por metro. Os demais tratos culturais exigidos pela
cultura foram realizados uniformemente em todos as parcelas experimentais.
829
Na colheita foram avaliadas as alturas de plantas (medida em cm, do colo da planta até a
extremidade superior da haste principal), alturas de inserção do primeiro legume (medida em
cm, do colo da planta até o nó de inserção do primeiro legume), ambas tomadas
aleatoriamente em cinco plantas, índice de acamamento de acordo com escala de notas de
Bernard et al. (1965) e produtividade (kg.ha-1), após correção para 13% de umidade.
Os dados coletados foram submetidos à análise estatística no programa Sisvar®
(Ferreira, 2000), aplicando-se o teste de Scott-Knott a 5%, para comparação de médias.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se efeito significativo das cultivares sobre as produtividades (Tabela 1).
830
Suprema 2193 c 78 a 14 d 1,0 a
831
Paiaguás 1437 d 79 a 23 b 1,17 a
*Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott, a 5%.
4 CONCLUSÃO
As cultivares foram agrupadas em quatro categorias segundo as produtividades
apresentadas, com destaque para Monsoy 6101, UFV, DM 118, Santa Rosa e Conquista com
rendimentos estatisticamente superiores às demais.
832
As alturas de plantas variaram de 73 a 93 cm nas cultivares de maior porte e de 58 a 72
cm nas menores cultivares.
Todas as cultivares avaliadas apresentaram alturas de inserção do primeiro legume e
índices de acamamento satisfatórios à colheita mecanizada.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNARD, R. L.; CHAMBERLAIN, D. W.; LAWRENCE, R. D. Result of the cooperative
uniform soybeans tests. Washington: USDA, 1965. 134p.
FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In:
REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INETRNACIONAL DE
BIOMETRIA, 2000, São Carlos, SP. Anais... São Carlos: RBRAS/UFSCar, 2000. p. 255-258.
KIIHL, R.A.S.; GARCIA, A. The use of the long-juvenile trait in breeding soybean cultivars.
In: WORLD SOYBEAN RESEARCH CONFERENCE, 4., Buenos Aires, 1989.
Proceedings. Buenos Aires: World Soybean Research Conference, 1989. p.994-1000.
833
AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE MOFO CINZENTO EM GENÓTIPOS
DE MAMONEIRA NO PERÍODO OUTONO-INVERNO EM ITAOCARA -
RJ
834
1 INTRODUÇÃO
Como forma de criar novas alternativas de geração de emprego e renda nas
propriedades agrícolas, recentemente foi lançado o Programa RioBiodíesel e com ele a
oportunidade de avaliar a viabilidade técnica, socioambiental e econômica da produção de
espécies de oleaginosas no Estado do Rio de Janeiro. Com objetivo de dar o embasamento
agrícola necessário para suporte ao programa, ações de pesquisa vêm sendo conduzidas em
diferentes regiões do estado visando o desenvolvimento do cultivo de espécies oleaginosas,
entre elas a mamoneira.
Segundo Lima et al. (2001) mesmo sendo uma planta rústica, com grande capacidade de
adaptação a todas as regiões brasileiras, a mamoneira é bastante afetada por vários
microorganismos, tais como fungos, bactérias e vírus, alguns dos quais chegam a causar
prejuízos de grande expressão econômica, se as condições climáticas forem favoráveis ao seu
desenvolvimento.
Como uma das principais doenças da mamoneira, o mofo cinzento, segundo Hoffmann
et al. (2003), é causado por um fungo identificado inicialmente como Botrytis ricini,
posteriormente transferido para o gênero Anphobotrys. Kimati (1980) cita a mamoneira como
seu único hospedeiro, entretanto, Hoffmann et al. (2003), citam relatos de ocorrência desse
patógeno em outras espécies vegetais, sendo o mesmo responsável por sérios prejuízos à
cultura da mamoneira (FORNAZIERI JÚNIOR, 1986; LIMA e SOARES, 1990).
Segundo Milani et al. (2005) o uso de cultivares com resistência ao mofo cinzento é a
tática de manejo mais eficaz e desejável, no entanto, cultivares com níveis elevados de
resistência a essa doença ainda estão sendo desenvolvidas. Com o aumento do interesse no
cultivo da mamoneira em regiões com condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do
mofo cinzento são necessários estudos tanto para avaliação de genótipos resistentes à doença,
quanto para a adaptação de novas cultivares a essas regiões.
Trabalhos de avaliação da resistência de cultivares de mamoneira que têm sido
conduzidos em diferentes regiões do país (LIMA e SOARES, 1990; BATISTA et. Al., 1998;
UENO et al., 2004; COSTA et al., 2004; LIMA et al., 2005). FREIRE et al. (1990) relataram
que cultivares e híbridos melhorados apresentaram alta susceptibilidade, enquanto tipos locais
apresentaram alto nível de resistência ao mofo cinzento. Segundo Costa et al. (2004), aspectos
relacionados à morfologia dos racemos, aliados as condições climáticas favoráveis, podem
conferir maior ou menor resistência às cultivares.
835
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar a incidência de mofo cinzento, em diferentes
genótipos de mamoneira, nas condições climáticas de Itaocara, RJ, região Noroeste
Fluminense, no período outono-inverno.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em condições de campo na Estação Experimental da
PESAGRO-RIO no município de Itaocara, RJ, região Noroeste Fluminense, a 60 m de
altitude, 21º40’09’’ de Latitude Sul e 42º04’34’’ de Longitude Oeste, com precipitação média
anual em torno de 1000 mm, concentrados no período de outubro-novembro a março-abril.
Foram avaliados 12 genótipos: IAC 80, AL Guarany 2002, BRS 149 Nordestina, BRS 188
Paraguaçu, Savana, Lyra, Mirante, V1, IAC 226, Cafelista, G1 e T1.
O plantio foi efetuado em 01.04.2005 e as avaliações foram feitas durante o período de
abril a outubro de 2005. Utilizou-se delineamento em blocos casualizados com quatro
repetições, sendo cada parcela com área de 7 m x 6 m (42 m2) e área útil de 5 m x 4 m (20
m2), com espaçamento de 2,0 m entre linhas e 1,0 m entre plantas com uma planta por cova.
Com base em análise de solo foram utilizados como adubação de plantio 200 Kg.ha-1 de 04-
14-08 e em cobertura 50 Kg.ha-1 de sulfato de amônio e 60 Kg.ha-1 de cloreto de potássio. A
precipitação pluviométrica no período foi de 257 mm. Na área útil de cada parcela foram
marcadas cinco plantas ao acaso para acompanhamento da evolução da doença. Não foi
efetuado nenhum tipo de tratamento fitossanitário para o controle da doença. As observações
foram feitas durante todo o ciclo das plantas, de acordo com o desenvolvimento dos racemos,
avaliando-se o número de racemos doentes e a porcentagem afetada do racemo utilizando-se a
seguinte escala de notas: Grau 0 = racemo sadio, sem sintomas visíveis; Grau 1 = entre 0 e
25% do racemo afetado; Grau 2 = de 25 a 50% do racemo afetado; Grau 3 = de 50 a 75% do
racemo afetado e Grau 4 = de 75 a 100% do racemo afetado. Essas notas foram atribuídas
individualmente por categoria de racemo. A partir dos níveis de severidade da doença
calculou-se o índice de doença (ID) segundo a metodologia proposta por Cirulli e Alexander
(1966), citados por Lima e Soares (1990). Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As análises
estatísticas foram realizadas utilizando os procedimentos do programa Genes (CRUZ, 2001).
836
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância apresentou significância (P<0,01), indicando a existência de
variabilidade genética entre os genótipos com relação à incidência de mofo cinzento de
mamoneira em Itaocara, RJ. A precisão experimental foi considerada média (CV = 23,69%).
Outros autores também encontraram diferenças significativas entre genótipos com
relação a incidência de mofo cinzento, em diferentes regiões do país (LIMA e SOARES,
1990; BATISTA et al., 1998; UENO et al., 2004). Costa et al. (2004) relataram a influência
do grau de compactação do cacho na maior ou menor susceptibilidade entre genótipos ao
mofo cinzento. Lima et al. (2005) relataram diferenças no grau de incidência de mofo
cinzento na cultivar AL Guarany 2002 relacionado a diferentes espaçamentos.
Na Tabela 1, estão apresentadas as médias da incidência de mofo cinzento em genótipos
de mamoneira no experimento conduzido em Itaocara, RJ. Pode-se observar que cerca de 50%
dos genótipos mostraram incidência da doença superior á media do ensaio. De modo geral
observou-se que os genótipos de porte anão, como Lyra e Savana, apresentaram maior
incidência do fungo, possivelmente em função da arquitetura mais compacta das plantas que
favorece a maior retenção de umidade e a evolução da doença. Segundo Milani et al. (2005),
teoricamente, plantas mais abertas são menos afetadas pela doença do que plantas compactas,
assim como aquelas cujos cachos estão acima das folhas, pois plantas compactas ou com a
inflorescência cercada pelas folhas, formam um microclima propício ao desenvolvimento do
fungo.
O genótipo Lyra foi o que apresentou maior incidência da doença (77,13%), seguida
pelos genótipos Savana, V1, T1, Mirante e AL Guarany 2002 com índice de doença acima da
média geral.
Os genótipos IAC 226, BRS 149-Nordestina, IAC 80, Cafelista e BRS 188 Paraguaçu
foram menos afetados, não diferindo significativamente entre si quanto ao índice de doença,
abaixo da média geral, apresentando um comportamento intermediário com relação à
resistência. Destacou-se o genótipo G1, que não apresentou sintomas visíveis da doença ao
nível de campo, com índice de doença igual a 0,00%.
Deve-se ressaltar que o genótipo G1 apresentou o melhor resultado quanto à incidência
da doença, nas condições ambientais de Itaocara e na época em que foi conduzido o presente
estudo, portanto, deve ser testado em outras épocas e ambientes para que confirme ou não seu
comportamento de baixa incidência em relação ao mofo cinzento.
837
Tabela 1 - Médias da incidência de mofo cinzento em genótipos de mamoneira, em Itaocara,
RJ, no período de outono/inverno 2005.
Genótipos Índice de doença – ID
(%)
Lyra 77,13 a
Savana 65,68 ab
V1 59,38 ab
T1 54,43 abc
Mirante 51,13 abc
AL Guarany 2002 46,67 bc
IAC 226 44,11 bc
BRS 149
Nordestina 42,51 bc
IAC 80 42,31 bc
Cafelista 41,00 bc
BRS 188
Paraguaçu 30,27 bc
G1 00,00 c
Mínimo 00,00
Máximo 85,50
Média 46,22
CV (%) 23,69
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
O genótipo G1 destacou-se dos demais apresentando menor incidência de mofo
cinzento, sem sintomas visíveis ao nível de campo.
Os genótipos Lyra e Savana, de porte anão, foram os mais afetados pelo mofo cinzento.
São necessárias outras avaliações em épocas diferentes da testada no presente
experimento.
838
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Convênio MCT/SECTI/FINEP/FAPERJ, nº 0.1.04.0821,
pelo apoio financeiro a este trabalho.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, F. A. S.; LIMA, E. F.; MOREIRA, J. A. N.; AZEVEDO, D. M. P.; PIRES, V. A.;
VIEIRA, R. M.; SANTOS, J. W. Avaliação da resistência de genótipos de mamoneira
Ricinus communis L. ao mofo cinzento cauzado por Botrytis ricini Godfrey. EMBRAPA-
Algodão, 1998. 5 p. (EMBRAPA-Algodão. Comunicado Técnico, 73).
FORNAZIERI JÚNIOR, A. Pragas e doenças: um problema pouco grave. In: Mamona, uma
rica fonte de óleo e de divisas. São Paulo: Icone, 1986, p. 35-56.
839
MILANI, M.; NÓBREGA, M. B. M.; SUASSUNA, N. D.; COUTINHO, W. M. Resistência
da mamoneira (Ricinus communis L.) ao mofo cinzento causado por Amphobotrys ricini.
Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 22p. (Embrapa Algodão. Documentos, 137).
840
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE
ALGODÃO DA CULTIVAR IAC-20, PRODUZIDAS EM DIFERENTES
REGIÕES DE MINAS GERAIS
RESUMO: Com a crescente demanda por fontes de energias renováveis no mundo, há uma
intensa procura por novos recursos. O biodiesel é um combustível cuja as matérias primas são
óleos vegetais e gorduras animais. A cotonicultura tem um grande potencial de ser
fornecedora de matéria prima para a cadeia de produção do biodiesel, apresentando uma boa
produção de fibras e considerável quantidade de caroço. Para uma boa produção é necessário
um “stand” satisfatorio, e para isso é necessário que as sementes sejam de boa qualidade, com
boa germinação e alto vigor. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de
sementes de algodão produzidas em diferentes regiões de Minas Gerais.
841
1 INTRODUÇÃO
A cultura do algodoeiro é de grande importância para o Brasil, principalmente para a
produção de fibras para o mercado interno e também para a exportação. Alem da produção de
fibra é responsável pela produção de óleo para o mercado alimentício e torta para o mercado
da alimentação animal. Todas estas atividades fazem com que o algodão gere uma grande
necessidade de mão de obra gerando um grande número de empregos (FERRAZ, 1976).
A produtividade média nacional é muito variável de uma região para outra. No estado
de Minas Gerais, a cultura do algodoeiro concentra-se praticamente nas regiões do Triângulo
Mineiro, Alto Paranaíba, Noroeste e Norte de Minas (COSTA & OLIVEIRA, 1982). A região
do Norte de Minas, apresenta uma menor produtividade média em comparação com a região
do Triângulo Mineiro, apesar de suas condições climáticas favoráveis (PAOLINELLI &
FALLIERI, 1982).
Dentre os problemas que afetam a produtividade do algodoeiro, pode-se destacar a
baixa qualidade das sementes utilizadas pelos cotonicultores brasileiros. Sabe-se que este
fator é essencial para o aumento da produtividade, uma vez que a capacidade de produção por
unidade de área está diretamente relacionada com a capacidade da semente em responder com
eficácia à aplicação de todos os outros insumos modernos e à utilização das melhores e mais
avançadas técnicas de cultivo (VECHI, 1976).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica de sementes deslintadas e
com linter de diferentes lotes da cultivar IAC-20, produzidas nas regiões do Triângulo
Mineiro e Norte de Minas Gerais.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no laboratório da Universidade Federal de Lavras
(UFLA), Lavras, MG.
Os tratamentos constaram 8 lotes de sementes, variedade IAC-20, deslintados e com
linter, produzidos nas regiões do Triângulo e Norte de Minas Gerais.
A avaliação do percentual de germinação (TPG) seguiu as prescrições das Regras para
Analise de Sementes do Ministério da Agricultura (1976), com modificação no número de
sementes. Foram utilizadas 8 repetições de 25 sementes, perfazendo um total de 200 sementes
por lotes. A semeadura foi processada no sistema rolo de papel, utilizando-se como substrato,
o papel tipo “germitest” umedecido na proporção 3/1 (três vezes o volume de água em relação
842
ao seu peso). Os rolos de papel foram levados para um germinador “biomatic”, previamente
regulado à temperatura de 25°C. A avaliação foi feita 4 dias após a semeadura.
As sementes foram tratadas com fungicida Vitavax + Thiram na dosagem de 250g/100
kg de sementes deslintadas e 500 g/100 kg de sementes com linter. A avaliação do percentual
de germinação seguiu as mesmas prescrições descritas no item anterior, havendo no entanto
alterações no número de repetições. Foram utilizadas 4 repetições de 50 sementes, totalizando
200 sementes por lote.
O teste de condutividade elétrica foi realizado tomando-se 200 sementes por lote,
divididos em quatro de 50 sementes. As 50 sementes foram pesadas e colocadas em copos
plásticos com 250ml de água destilada. Em seguida foram colocadas em um germinador à
temperatura constante de 25°C por um período de 48 horas. No final deste período foi feita a
leitura da solução contendo os eletrólitos lixiviados através de um condutivimetro digital. O
resultado foi expresso em microsiemens por grama de semente (µs/g), calculado pela seguinte
expressão:
µs/g=(condutividade de sementes-condutividade da água destilada)/peso sementes
843
acima do solo. Os dados observados foram transformados em índices de velocidade de
emergência de acordo com POPINIGIS (1985).
Calculou-se o “stand” aos 8 e 21 dias após a semeadura, utilizando-se as mesmas
plântulas do teste de velocidade de emergência.
Cada lote foi considerado um tratamento. Para as análises de laboratório, o delinamento
utilizado foi o inteiramente casualizado, com 4 repetições de 50 sementes para os testes de
tetrazólio, submersão, condutividade elétrica e germinação de sementes tratadas e 8 repetições
de 25 sementes para o teste de germinação de sementes não tratadas. Para os testes de
velocidade e percentagem de emergência em campo utilizou-se o delineamento em blocos
casualizados com 2 prepetições de 50 sementes, por lote de sementes tratadas e não tratadas.
Os dados dos testes de germinação, vigor, viabilidade, submersão, velocidade de
emergência e porcentagem de emergência em campo foram previamente transformadas em
arco sen √(X/100).
Para a comparação entre médias, empregou-se o teste de TUKEY, a 5% de
probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em todos os testes de laboratório, houve diferenças significativas entre os lotes
estudados. Para os testes de campo, onde testou-se sementes tratadas com fungicidas e
sementes não tratadas, houve diferenças significativas apenas para os lotes e tratamentos
químicos.
Pelos testes de laboratório (tabela 1), pode-se observar que os lotes 7 e 8 foram os que
melhor sobressaíram seguidos do lote 6 que apresenta juntamente com o lote 5 o melhor
resultado para o teste de condutividade elétrica. Este resultado pode ser explicado pelo fato
dos lotes 5 e 6 serem de sementes com linter e os lotes 7 e 8 se sementes deslintadas. De um
modo geral, os lotes 3 e 4 foram os que apresentaram resultados inferiores.
Nos testes de campo o lote 8 foi o que mais se destacou, seguido dos lotes 7, 6 e 4,
sendo que o lote 2 apresentou o menor resultado, conforme tabela 2. Neste quadro observa-se
que houve redução do “stand” aos 8 dias após o plantio, para o “stand”aos 21 dias (final), em
todos os lotes. Este fato sugere que todos os lotes necessitam ser tratados com fungicida
(tabela 3).
844
Tabela 1. Testes de vigor (VG), viabilidade (VB), germinação de sementes não tratadas
(TPG), germinação de sementes tratadas (TPGT), submerso (SB) e condutividade elétrica
(CE) de oito lotes de sementes de algodão.
CE VG VB TPG TPGT SB
LOTES %
L1 29,27cd 19,33 b 64,20 c 45,38 cd 72,60 a 41,95 bc
L2 25,39 cd 33,85 ab 77,26 bc 35,25 cd 50,00 bc 36,36 bc
L3 80,31 a 30,85 ab 63,29 c 48,99 c 32,94 c 23,17 c
L4 78,20 a 39,96 a 72,18 c 29,26 d 41,46 c 42,88 abc
L5 19,34 de 43,82 a 80,97 abc 37,78 cd 41,81 c 39,25 bc
L6 11,02 e 40,90 a 96,47 a 51,57 bc 45,46 c 54,00 ab
L7 38,60 bc 40,85 a 94,93 ab 68,32 ab 64,20 bc 53,56 ab
L8 43,45 b 35,90 ab 95,64 ab 80,66 a 35,46 c 64,12 a
DMS/TUKEY 5% 12,14 17,39 11,24 10,12 12,33 13,6
As medias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
Tabela 2. Porcentagens dos índices de velocidade de emergência (IVE), stand aos 8 dias
(STB) e aos 21 dias (STB21), de oito lotes de sementes de algodão.
Lotes IVE STB STB21
L1 7,34ab 65,96 cd 25,57 b
L2 6,48 b 52,56 d 24,83 b
L3 6,65 b 64,09 cd 55,57ab
L4 7,34ab 74,80abc 64,53a
L5 6,38 b 62,05 cd 38,32ab
L6 6,74ab 68,92 bc 60,05a
L7 8,08ab 80,74ab 66,67a
L8 8,47a 82,98a 61,11a
DMS/TUKEY 5% 1,75 9,51 20,26
As medias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
845
Tabela 3. Porcentagem dos índices de velocidade de emergência (IVE), stand aos 8 dias (ST8)
e aos 21 dias (ST21), de sementes tratadas e não tratadas.
Tratamento IVE ST8 ST21
Tratadas 7,90a 78,32a 62,69a
Não tratadas 6,51 b 59,76 b 36,29 b
DMS/TUKEY 5% 0,54 2,91 6,20
As medias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
O lote 8 foi o que apresentou melhores resultados, tanto nos testes de laboratótio quanto
nos de campo, seguido do lote 7.
De um modo geral os lotes 5, 6, 7 e 8, produzidos na região do Norte de Minas,
mostraram-se de qualidade superior aos demais lotes, produzidos na região do Triangulo
Mineiro.
Na região do Norte de Minas, as sementes deslintadas sobressaíram às sementes com
linter.
As sementes de todos os lotes estudados devem ser tratadas com fungicida antes do
plantio.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília,
Departamento Nacional de Produção Vegetal, 1976. 182p.
846
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)
SUBMETIDAS A DIFERENTES CONDIÇÕES DE TEMPERATURAS
847
1 INTRODUÇÃO
Pertencente à família Euphorbiaceae, o pinhão-manso (Jatropha curcas L.), também
conhecido popularmente como purgueira, pinha de purga, pinhão-paraguaio e pinhão-de-
cerca, é uma das 8.000 espécies da família. Acredita-se que o pinhão-manso proceda da
América do Sul e possivelmente originária do Brasil.
A planta apresenta frutos do tipo cápsulo trilocular composto de 53 a 62 % de sementes.
As sementes são compostas por 45 % de casca e 55 % de amêndoa, sendo que estes
percentuais são variáveis em função de variedades, tratos culturais e condições ecológicas
(Saturnino, 2005). A semente apresenta forma ovalada, de dorso convexo, endospérmica, de
envoltório liso, coloração preta, marcada por suaves estrias. Apresenta rafe pouco evidente e
presença de carúncula, uma excrescência da testa, situada próximo à micrópila, presa na parte
ventral. A carúncula tem a extremidade cônica, com dois lóculos, pouco visíveis, quando a
semente está seca. As sementes do pinhão-manso tornam-se maduras quando a coloração dos
frutos passam de verde para amarelo com cerca de dois a quatro meses de idade.
O ciclo produtivo do pinhão-manso é variável, conforme plantio realizado por estacas
ou por sementes. Por ser uma planta dióica de fecundação cruzada e entomófila, resulta em
uma grande variação entre indivíduos da espécie. Saturnino (2005) relata que as plantas
oriundas de sementes florescem nove meses depois de semeadas, enquanto as multiplicadas
via estaquia, aos seis meses depois de plantadas. Severino (2006) ressalta que o plantio por
sementes é o mais recomendado em virtude de permitir melhor formação do sistema radicular.
O pinhão-manso é uma planta de ciclo perene e que possui uma ótima produtividade,
podendo produzir de um a seis toneladas de óleo por hectare dependendo, principalmente, da
idade da planta, que começa a produzir aos 10 meses, podendo produzir até os 50 anos de
idade. Além disso, a principal característica desta planta é que ela é uma planta nativa e de
grande resistência à seca. Sua vantagem em relação à mamona está no fato de ela ser uma
planta perene, e de ser mais resistente que a mamona à seca. Caso não haja chuva em certo
ano, o pinhão-manso não morre, podendo produzir normalmente no ano seguinte (Amorim,
2005).
Até então não há no Brasil produção em larga escala desta oleaginosa porque o mercado
para seus subprodutos não está consolidado. Mesmo assim, suas características são muito
atrativas para a produção de biodiesel e essa oleaginosa certamente virá a ser utilizada para
esse fim no Brasil (Amorim, 2005).
848
Assim como para diversas espécies, o insumo semente tem função imprescindível no
êxito da cadeia produtiva do pinhão-manso. Neste contexto, as qualidades genética, física,
fisiológica e sanitária das sementes surgem como importantes áreas a serem pesquisadas,
garantindo que o insumo semente seja realmente um meio pelo qual os avanços tecnológicos
chegam até o agricultor.
A determinação da qualidade das sementes depende de métodos de avaliação que
permitam detectar com eficiência e rapidez as variações entre lotes e as possíveis causas da
baixa qualidade dessas sementes, auxiliando nas tomadas de decisão em relação ao destino do
lote (Souza, 2007). Neste sentido, deve-se destacar que não existem preconizações nas Regras
para Análises de Sementes (Brasil, 1992) que recomendam avaliar a qualidade de lotes de
sementes de pinhão-manso.
O teste padrão de germinação é referência para avaliar a qualidade e comercialização
das sementes. A temperatura na câmara de germinação é um fator que influencia a
porcentagem das sementes, sendo que a temperatura ideal para a condução do padrão de
germinação varia entre espécies. Face às considerações feitas e considerando a escassez de
informações literárias sobre temperaturas ideais para o teste de germinação para sementes de
pinhão-manso, foram avaliadas diferentes condições de temperaturas para condução do teste
de germinação dessa espécie.
Diante da importância que as sementes representam à implantação de qualquer cultura,
o objetivo desse trabalho foi avaliar diferentes condições de temperaturas para a condução do
teste de germinação de sementes de pinhão-manso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análises de Sementes da Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em Nova Porteirinha-MG. Foram
utilizadas sementes de pinhão manso, provenientes do campo da Fazenda Experimental do
Gorutuba, Epamig/CTNM, colhidas em fevereiro de 2007.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com oito
repetições de 25 sementes por repetição.
Os tratamentos consistiram em quatro condições de temperaturas diárias: T1 =
temperatura constante de 25 ºC durante todo o dia; T2 = temperatura constante de 30 ºC
durante todo o dia; T3 = temperatura constante de 20 ºC durante a noite e 30 ºC durante o dia e
T4 = temperatura constante de 20 ºC durante a noite e 35 ºC durante o dia.
849
O grau de umidade das sementes por ocasião das análises laboratoriais era de 7,0 %, e o
peso de 100 sementes em média foi de 77,67 g. Para determinação do grau de umidade foi
utilizado o método da estufa a 105ºC ± 3 por 24h, com quatro repetições de 50 sementes. Para
o cálculo do peso de 100 sementes, foi utilizada a média de quatro repetições (Brasil, 1992).
O substrato utilizado para o teste de germinação foi papel germitest umedecido com
água destilada, utilizando-se volume equivalente a 3,0 vezes o peso do papel. Foram
realizadas duas avaliações no 5º e 10º dia após a montagem do teste. Os resultados foram
expressos em percentagem de plântulas normais (Brasil, 1992).
O teste de primeira contagem foi obtido por meio do número de plântulas normais,
determinado por ocasião da primeira contagem do teste de germinação (5º dia após a
montagem) (Brasil, 1992). Os resultados foram expressos em percentagem de plântulas
normais.
Os dados obtidos no ensaio foram submetidos à análise de variância e teste “F”, de
acordo com o delineamento experimental adotado. As comparações entre médias foram feitas
utilizando-se o teste de Student Newman Keuls, a 5% de probabilidade, conforme
preconizado pelo Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas - SAEG (UFV, 2000).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados na Tabela 1 indicaram que a percentagem de germinação em
rolo de papel foram inferiores na temperatura de 25 °C, nas duas contagens realizadas, em
relação às demais temperaturas testadas. Verificou-se também que ocorreram diferenças
significativas entre as temperaturas 20-30 °C e 25 °C na primeira contagem, entretanto,
diferenças estatisticamente significativas não foram observadas entre as temperaturas 20-30
°C , 20-35 °C e 30 °C nas avaliações feitas.
Comparando-se com a mamona, o pinhão-manso como oleaginosa, apresentou
comportamento similar em laboratório, e pode-se recomendar a mesma temperatura (20-30
°C) que consta nas Regras para Análises de Sementes (Brasil, 1992) para a mamona,
conforme os resultados encontrados nesse trabalho. Entretanto, o período para as avaliações
foram diferenciados entre as duas espécies, sendo 7 e 14 dias para a mamona, e 5 e 10 dias
para o pinhão-manso.
A temperatura é um fator de grande influência sobre as reações bioquímicas que
regulam o metabolismo necessário para iniciar o processo de germinação, e em conseqüência
sobre a porcentagem e velocidade do processo (Carvalho e Nakagwa, 2000). As espécies,
850
entretanto, apresentam comportamento variável quanto à temperatura de germinação, não
havendo uma única temperatura ótima para todas as plantas.
4 CONCLUSÃO
A temperatura diária constante de 25º C reduziu a germinação das sementes de pinhão-
manso nas duas contagens, não sendo indicada para essa espécie.
Nas duas contagens, a viabilidade de sementes foi similar nas temperaturas 30 ºC, 20-30
ºC e 20-35 °C, que foram superiores à temperatura de 25 ºC.
Pelos valores absolutos, as temperaturas alternadas 20-30 °C pode ser recomendada
para o pinhão-manso para o teste de germinação.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, P. Q. R. Perspectiva histórica da cadeia da mamona e a introdução da
produção de biodiesel no semi-árido brasileiro sob o enfoque da teoria dos custos de
transação. 2005. Monografia (Bacharel) - Escola superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
São Paulo, SP.
851
SEVERINO, L. S.; LIMA, R. L. S.; BELTRÃO, N. E. M. Produção de mudas de pinhão
manso. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. (Folder).
852
EXTRATOS DE MAMONA NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA
DA SOJA
RESUMO: O Brasil é o segundo maior produtor de soja, sendo que essa leguminosa é
explorada em extensas áreas em monocultivo, o que facilita a ocorrência de epidemias, como
a ferrugem asiática, principal doença da sojicultura nacional. A pulverização de fungicidas é o
principal método de controle dessa enfermidade, no entanto, seu uso indiscriminado desses
produtos, além de onerar os custos de produção, podem levar à seleção de populações do
patógeno e ocasionar sérios danos ao meio ambiente. Diversos subprodutos da indústria de
biodiesel de mamona têm apresentado efeitos promissores no controle de fitonematóides e na
inibição de fungos fitopatogênicos. Escórias de siderurgia, sobretudo na forma de silicatos,
também apresentam bons resultados no controle de doenças de plantas. Neste sentido,
objetivou-se verificar o efeito de extratos de mamona no controle da ferrugem asiática
(Phakopsora pachyrhizi) e na produtividade da soja. O experimento foi conduzido no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em delineamento de blocos
ao acaso, cultivar MG/BR 46 ‘Conquista’, com três repetições e cinco tratamentos: extrato de
casca de mamona, extrato de torta de mamona e extrato de torta de mamona+silicato de
potássio, em três estádios fenológicos, o fungicida Pyraclostrobin + Epoxiconazole como
tratamento químico padrão, e a testemunha, sem nenhum controle da doença. As menores
severidades da doença foram verificadas com o controle químico e com o extrato de torta de
mamona+silicato de potássio. A melhor produtividade foi apresentada pelo fungicida,
significativamente superior aos demais tratamentos, seguido por extrato de torta de
mamona+silicato de potássio. Não houveram diferenças significativas para o peso de cem
sementes.
853
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, sendo responsável por 53,4
milhões de toneladas na safra 2005/06 (Conab, 2006). No entanto, características intrínsecas
do cultivo da soja, como extensas áreas com cultivares susceptíveis e época de semeadura,
têm proporcionado ambiente favorável à ocorrência de doenças. Dentre essas doenças, a
ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi Sydow & P. Sydow) é considerada a mais
importante, devido a seu alto potencial destrutivo (Andrade & Araripe-Andrade, 2002).
A pulverização de fungicidas é o método de controle mais indicado para essa
enfermidade. Segundo Sinclair & Hartman, (1996), são necessárias de três a cinco aplicações
em condições severas da epidemia. Contudo, a utilização desses produtos pode se tornar
inviáveis por onerar os custos de produção da soja. Por outro lado, o monocultivo e o controle
químico continuado poderão trazer conseqüências sérias ao meio ambiente e ao rendimento da
soja, por multiplicar novas raças resultantes da seleção de populações do patógeno (Yorinori
et al., 2004).
A mamona (Ricinus communis L.) é uma planta oleaginosa, de grande importância na
área industrial. A partir de suas sementes, é extraído um óleo de excelentes propriedades.
Dentre os subprodutos desse processo destacam-se a torta de mamona, obtida após a extração
do óleo, que possui alta taxa de proteína bruta e um elevado teor tóxico sendo utilizado como
fertilizante, fungicidas e biocontrolador de fitonematóides (Sasser, 1989). Segundo Bueno et
al. (1990), extratos obtidos de plantas de mamona podem inibir o crescimento de fungos
associados a substratos de formigueiros. Ribeiro & Bedendo (1999) verificaram efeito
altamente eficiente do extrato aquoso de folhas de mamona na redução da esporulação do
fungo Colletotrichum gloesporioides, “in vitro”, além da inibição do crescimento micelial em
concentrações de 200 a 1000 ppm do extrato em meio de cultura Batata-Dextrose-Ágar
(BDA).
Avaliando o efeito fungitóxico de extratos a base de torta, semente e folha e do óleo da
mamona sobre o crescimento do Colletotrichum lindemuthianum, Castro et al. (2005)
constataram que o extrato da torta água inibe o crescimento do fungo e que os extratos de
folha-álcool, extrato de sementes e extrato de torta-álcool retardam o seu desenvolvimento. A
produção de escória de siderurgia supera três milhões de toneladas por ano, além do estoque
que se acumulou ao longo do tempo (Prado et al., 2001). A utilização desse material na
agricultura é uma alternativa viável. Isso vem ocorrendo de diversas maneiras, sobretudo na
forma de aplicações de silicatos como corretivos de solo, fontes de nutrientes e elementos
854
benéficos, além do seu emprego no controle de doenças de plantas. Trabalhos realizados com
diversas culturas confirmaram o potencial do silício na redução da intensidade de doenças.
Nascimento et al. (2005) verificaram que plantas de soja pulverizadas com silicato de potássio
apresentaram redução de 34% na severidade da ferrugem asiática. Os mesmos autores
constataram que a associação do silicato com fungicidas mostrou-se ainda mais eficiente. Da
mesma forma, aplicações de silicato de potássio juntamente com extratos de mamona poderão
viabilizar o emprego desses subprodutos no controle da ferrugem asiática.
Diante da crescente preocupação com a preservação de recursos naturais seja pela
reutilização de subprodutos ou pela redução da utilização de produtos químicos na agricultura,
realizou-se este trabalho com o objetivo de verificar o efeito de diferentes extratos de mamona
no controle da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) e na produtividade da soja.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na área experimental do Departamento de Agricultura da
Universidade Federal de Lavras, em Lavras, MG, em delineamento de blocos casualizados
com cinco tratamentos e três repetições. Foram aplicados os extratos de casca de mamona, de
torta de mamona e o extrato de torta de mamona + silicato de potássio em três estádios
fenológicos da cultura da soja (V6+R1+R5), de acordo com escala de Fehr & Cavines, (1977),
o fungicida Pyraclostrobin+Epoxiconazole (66,5 + 25 g i.a.) foi aplicado nos estádios R1+R5,
como tratamento químico padrão, além da testemunha, sem nenhum controle da doença. As
aplicações foram realizadas com um pulverizador costal pressurizado com CO2 e volume de
calda de 200 L.ha-1 sob pressão constante de 60 lb.pol2. As parcelas experimentais foram
constituídas por quatro linhas de 5,0m espaçadas de 0,50m, usando como área útil as duas
linhas centrais, com eliminação de 0,50m em cada extremidade a título de bordadura,
perfazendo área útil de 4,0 m2. Foi utilizada a cultivar MG/BR 46 ‘Conquista’, considerada
susceptível à ferrugem asiática. A doença ocorreu naturalmente na área experimental a partir
do início do florescimento (R1), devido ao elevado potencial de inóculo.
Avaliou-se a severidade da doença pela contagem do número de pústulas/cm² com
microscópio esterioscópio, aos 7, 14, 21, 28 e 45 dias após a primeira aplicação. Foram
amostrados os folíolos centrais de duas folhas trifolioladas tomadas ao acaso no terço médio
de 10 plantas por parcela. Esses dados foram integrados na área abaixo da curva de progresso
do número de pústulas por folha (AACPPF), obtida de acordo com a equação proposta por
Campbell & Madden, (1990). Por ocasião da colheita, foram avaliados os pesos de cem
855
sementes (g) e a produtividade (kg.ha-1), após correção para 13% de umidade. Os dados foram
submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade utilizando-se o programa estatístico Sisvar® (Ferreira, 2000).
Dados climatológicos foram registrados pela Estação Climatológica de Lavras no
campus da UFLA durante o período de condução do experimento (Figura 1).
80,0 30
70,0 26
60,0 22
50,0 18
40,0 14
30,0 10
20,0 6
10,0 2
Precipitação (mm)
0,0 -2
Temperatura Média (ºC)
10 20 30 10 20 31 10 20 31 10 20 28 10 20 31 10 20 30
Nov Dez Jan Fev Març Abr
Dias
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se efeito significativo de controle da ferrugem asiática pelos diferentes
extratos de mamona testados e pelo fungicida.
O tratamento com Pyraclostrobin + Epoxiconazole apresentou a maior eficiência no
controle da ferrugem asiática com a menor área abaixo da curva de progresso do número de
pústulas por folha (AACPPF) comprovando a eficiência do fungicida no controle da doença
(Canteri et al., 2005; Gomes, 2005; Reis, 2005). Dentre os extratos de mamona avaliados,
verificou-se menor AACPPF com aplicações do extrato de torta de mamona + silicato de
potássio, que não diferiu significativamente do controle padrão com fungicida, nas condições
do presente trabalho. Esses resultados podem ser atribuídos ao efeito sinérgico de
características inibitórias do extrato de torta de mamona (Castro et al., 2005; Ribeiro &
Bedendo, 1999) e de possíveis barreiras física e/ou química conferidas pelo silicato. As
aplicações do extrato de torta de mamona isoladamente reduziram o progresso da doença,
contudo, sem a mesma eficiência alcançada pela associação com silicato de potássio. O
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
856
extrato de casca de mamona apresentou a maior severidade da ferrugem asiática, sendo
superada somente pelo tratamento que não recebeu nenhum controle da doença (testemunha),
conforme tabela 1.
Tabela 1. Valores médios para área abaixo da curva de progresso do número de pústulas por
folha (AACPPF), peso de cem sementes e produtividades obtidos no experimento de extratos
de mamona no controle da ferrugem asiática da soja. UFLA, Lavras, MG, 2006.*
Não houve diferenças entre os pesos de cem sementes dos tratamentos testados. Embora
seja notável tendência de maiores pesos com aplicações de Pyraclostrobin + Epoxiconazole e
extrato de torta de mamona + silicato de potássio, com incrementos de peso de 13,5% e de
8,3% em relação à testemunha, respectivamente.
O controle eficaz conferido pelo fungicida Pyraclostrobin + Epoxiconazole, menor
AACPPF, refletiu na produtividade da soja garantindo o maior rendimento. Da mesma forma,
o melhor rendimento de grãos dentre os extratos de mamona foi alcançado pelo extrato de
torta de mamona + silicato de potássio com produtividade de 2704 kg.ha-1, embora não tenha
diferido significativamente do extrato de torta de mamona. Diversos trabalhos ratificam a
eficiência do fungicida Pyraclostrobin + Epoxiconazole no controle da ferrugem asiática da
soja (Canteri et al., 2005; Gomes, 2005; Reis, 2005). As produtividades obtidas com
aplicações dos extratos de mamona podem ter sido alcançadas em função de aplicações antes
mesmos que houve os primeiros sinais da doença até estádios mais avançados da cultura da
soja. A superioridade dos extratos de torta de mamona em relação à produtividade do extrato
da casca pode ser atribuída a propriedades específicas desses extratos, como a presença de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
857
compostos secundários ativos somente na torta de mamona. Dessa forma, ainda não se
conhecendo o modo de ação desses extratos sobre o patógeno, há a possibilidade de que eles
tenham atuado em processos iniciais do estabelecimento da enfermidade com possível efeito
de retardamento do progresso da doença, promovendo maior longevidade das folhas e
conseqüentemente, maior produtividade.
A superioridade do fungicida se deve a seu maior espectro de ação, dado a combinação
de ingredientes ativos que agem em pontos específicos do metabolismo do fungo. Os extratos
de mamona, como quaisquer extratos vegetais ou óleos essenciais, apresentam limitações e não
alcançarão os mesmos resultados obtidos com o controle químico. Novas investigações do
efeito desses extratos sobre o fungo Phakopsora pachyrhizi em doses e fases específicas como
germinação, formação de estruturas de penetração e penetração propriamente dita, além de seu
efeito como inibidor ou promotor de germinação de urediniósporos se fazem necessárias.
Devendo-se considerar a utilização dos extratos de mamona em associação com outros métodos
de controle da doença.
4 CONCLUSÃO
Todos os extratos de mamona avaliados apresentaram controle da ferrugem asiática da
soja e incrementos em produtividade, em relação à testemunha.
Os extratos de torta de mamona controlaram mais eficientemente a ferrugem asiática da
soja frente ao extrato de casca de mamona, apresentando também melhores produtividades.
A menor severidade da ferrugem asiática e a maior produtividade da soja foram
alcançadas com aplicações do fungicida pyraclostrobin + epoxiconazole.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, P. J. M.; ARARIPE-ANDRADE, D. F. A. Ferrugem asiática: uma ameaça a
sojicultura brasileira. Brasília, DF: Embrapa Agropecuária Oeste, 2002. 11 p. (Circular
técnica, 11).
858
CANTERI, M.G.; SILVA, A.J. DA; ZANDONADE, D. Efeito de fungicidas para o controle
de ferrugem asiática da soja, aplicados após início dos sintomas. Resumos, XXVII Reunião
de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, Cornélio Procópio, PR. 2005. pp. 285-
286.
CASTRO, R. A.; MENDES-COSTA, M. C.; CASTRO, A.H.F.; NETO, P.; FRAGA, A.C.;
GUIMARÃES, I.; NATÁLIA GUIMARÃES NEVES, N. G.; Avaliação biológica e atividade
fungitóxica do óleo fixo e de extratos de Ricinus communis L. em Colletotrichum
lindemuthianum. Resumos, II Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos,
Gorduras e Biodiesel, Varginha, MG. 2005. pp. 650 – 654.
FEHR, W. R.; CAVINES, C. E. Stage of soybean development. Ames Iowa state University,
1977. 11p.
FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do sisvar para Windows versão 4.0. In:
Reunião anual da região brasileira da sociedade internacional de biometria., 2000, São Carlos.
Resumos... São Carlos: RBRAS/UFSCar, 2000. p.255-258.
RIBEIRO, L.F.; BEDENDO, I.P. Efeito inibitório de extratos vegetais sobre Colletotrichum
gloesporioides – agente causal da podridão de frutos de mamoeiro. Scientia Agrícola, v. 56,
n.4, p. 1267-1271, 1999. Suplemento.
SASSER, J.N. Plant parasitic nematodes: the Farmers’s Hidden Enemy. Raleigh: University
Graphics, 1989, 115p.
SINCLAIR, J.B. & HARTMAN, G.L. Soybean Rust Workshop. Urbana, Illinois.
Proceedings. 1996.
YORINORI, J. T.; NUNES JÚNIOR, J.; LAZZAROTTO, J.J. Ferrugem “asiática” da soja no
Brasil: evolução, importância econômica e controle. Londrina, Embrapa-soja, 2004.
Documentos/Embrapa-soja, n. 247, 2004.
859
CAPACIDADE GERMINATIVA DE CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus
communis L.) EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA
860
1 INTRODUÇÃO
A demanda atual por sementes de mamona de qualidade é grande devido ao programa
de produção do biodiesel. Para suprir essa demanda, a semente se tornou um insumo escasso e
caro, o que impulsiona o mercado de sementes “piratas” e de má qualidade, que associada à
falta de cultivares melhoradas, se constitui em ameaça à produção dessa oleaginosa (Oliveira
et al. 2006).
A germinação das sementes de mamona é do tipo epígea e demanda 14 dias para ocorrer
sob condições ideais. Nas Regras para Análises de Sementes (Brasil, 1992), as temperaturas
indicadas para o teste de germinação são de 20°-30°C alternadas, com a primeira contagem
aos sete dias. Entretanto, um melhor desempenho de lotes foi obtido com temperaturas de
30ºC, do que com 20-35ºC e 20-30ºC alternadas e 25oC constantes (Carneiro e Pires, 1983),
tornando-se necessários estudos adicionais e testes comparativos com sementes desta espécie,
para facilitar e otimizar a utilização do teste de germinação pelas empresas e laboratórios de
análise de sementes.
A temperatura é um fator de grande influência sobre as reações bioquímicas que
regulam o metabolismo necessário para iniciar a germinação, e em conseqüência sobre a
porcentagem e velocidade do processo (Carvalho e Nakagwa, 2000). As espécies, entretanto,
apresentam comportamento variável quanto à temperatura de germinação, não havendo uma
única temperatura ótima para todas as plantas.
Considerando a semente como um insumo principal na produção agrícola e sendo a
qualidade da semente o ponto de partida para o sucesso de qualquer cultura, o objetivo deste
trabalho foi verificar a influência de temperaturas na capacidade germinativa de sementes de
duas cultivares de mamona.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análises de Sementes da Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Nova Porteirinha-MG. Foram
utilizadas as cultivares de sementes de mamona, Nordestina e Guarani, colhidas em março e
junho de 2006, respectivamente. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente
casualizado, com oito repetições de 25 sementes por repetição, para cada cultivar.
Os tratamentos consistiram em quatro condições de temperaturas diárias: T1 =
temperatura constante de 25ºC durante todo o dia; T2 = temperatura constante de 30ºC durante
861
todo o dia; T3 = temperatura constante de 20ºC durante a noite e 30ºC durante o dia e T4 =
temperatura constante de 20ºC durante a noite e 35ºC durante o dia.
Para o cálculo do peso de 100 sementes, foram utilizadas quatro repetições para cada
cultivar, com resultados médios de 51,5 g e 55, 8 g para as cultivares Guarani e Nordestina,
respectivamente.
Na determinação do grau de umidade foi utilizado o método da estufa a 105ºC ± 3 por
24 h, com quatro repetições de 50 sementes, e os resultados expressos em percentagem de
base úmida (Brasil, 1992). As umidades anotadas foram 6,30 % e 6,20 % para as cultivares de
mamona Nordestina e Guarani, respectivamente.
O substrato utilizado para o teste de germinação foi papel germitest umedecido com
água destilada, utilizando-se volume equivalente a 3,0 vezes o peso do papel. Foram
realizadas duas avaliações aos 7 º e 14 º dias após a montagem do teste. Os resultados foram
expressos em percentagem de plântulas normais (Brasil, 1992).
O teste de primeira contagem foi obtido por meio do número de plântulas normais,
determinado por ocasião da primeira contagem do teste de germinação (7º dia após a
montagem) (Brasil, 1992). Os resultados foram expressos em percentagem de plântulas
normais.
Os dados foram submetidos à análise de variância e teste “F”, de acordo com o
delineamento experimental adotado, sendo que as médias foram testadas ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Student Newman Keuls pelo Sistema de Análises Estatísticas e
Genéticas - SAEG (UFV, 2000).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a cultivar Guarani, a temperatura de 30 ºC proporcionou maior porcentagem
(P<0,05) de plântulas normais tanto na primeira contagem, aos sete dias, como na segunda
contagem, aos 14 dias de avaliação (Tabela 1). Esses resultados estão de acordo com os
obtidos por Carneiro e Pires (1983), que observaram que a temperatura 30oC proporcionou
melhor germinação das sementes de mamona, entretanto, discordantes dos resultados
apresentados por Morgot e Harty (1981). As recomendações das Regras para Análise de
Sementes (Brasil, 1992) são 20 – 30 º C, e também discordantes da temperatura encontrada
nesse ensaio. Isso ocorreu, porque, de acordo com Carvalho e Nakawa (2000), quanto maior a
temperatura, maior a velocidade de germinação. Já Santos et al. (2006) recomenda que a
862
germinação de sementes de mamona deve ser realizada em germinadores do tipo
Mangelsdorf, regulado à temperatura de 25ºC.
Para a cultivar Nordestina os resultados obtidos para germinação nas duas contagens
mostraram que não houve diferenças significativas entre os tratamentos testados (Tabela 2). È
provável que a origem do lote de sementes e a cultivar utilizada possam ter contribuído para
os resultados obtidos, devendo, oportunamente, serem novamente estudados. A qualidade das
sementes tem influência na germinação, havendo modificação nas exigências dos lotes quanto
à melhor temperatura a ser usada (Popinigis, 1977).
863
4 CONCLUSÃO
Maiores percentagem de germinação de sementes de mamona cultivar Guarani foram
observadas à temperatura de 30 º C.
Não houve efeito de temperaturas na viabilidade de sementes da cultivar Nordestina
nas duas contagens realizadas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília:
SND/CLAV,1992, 365p.
MARGOT, E.H.J.; HARTY, R.L. Report of the germination comitte working group on
tropical and subtropical seeds. Seed Science and Technology, v.9, n.1, p. 137-140, 1981.
864
AVALIAÇÃO DE OÍDIO (Oidium heveae) EM PINHÃO MANSO DO
BANCO DE GERMOPLASMA DA UFLA
RESUMO: O pinhão manso é considerado por muitos, como uma oleaginosa resistente a
pragas e a doenças. Um problema encontrado na região de Lavras - MG, foi o aparecimento
do oídio em todos os acessos do banco de germoplasma da UFLA. O presente trabalho tem
como objetivo avaliar a resistência dos acessos de pinhão manso ao ataque do oidio.
865
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma oleaginosa da família Euphorbiaceae
nativa das Américas, hoje também muito plantada na Ásia e África, e considerado arbusto de
grande porte. Seu plantio pode ser feito em vários locais das regiões tropicais e subtropicais
do mundo, crescendo rapidamente e de grande tolerância a seca, podendo ser usado em áreas
com problema de erosão, e em regiões semi-áridas. A madeira e as sementes podem ser
usados para inúmero propósitos, inclusive produção de combustíveis. As sementes de
Jatropha curcas contém em média 30% de óleo, que pode ser usado na produção de velas,
sabões, na indústria cosmética, ou como substituto do diesel, este último muito importante
para suprir a demanda de energia nos serviços rurais, além de diminuir a utilização de
combustíveis fósseis (Heller, 1996).
O pinhão manso é uma planta rústica, com poucos relatos de ataques por doenças. Na
literatura, foram descritos alguns casos no Zimbábue, com danos em folhas e frutos por
míldio e perda prematura de folhas por Alternaria. As condições ecológicas deste país não são
favoráveis para as plantas, que ficam estressadas, tornando-se mais suscetíveis a
enfermidades. Já foram descritos também ataques de Phytophthora spp., Pythium spp. e
Fusarium spp. causando damping off e apodrecimento de raízes, Helminthosporium tetramera
e Pestalotiopsis paraguarensis e P. versicolor causando manchas foliares (Singh, 1983;
Philips, 1975), e Cercospora jatrophae-curces também causando manchas foliares (Kar et al.,
1988).
Além disso, sabe-se que a planta é hospedeiro de vírus que causam doenças em
mandioca, como o Vírus do Mosaico Comum da Mandioca - Cassava common mosaic virus
(CsCMV), não devendo ser plantado perto de áreas com essa cultura (Joker, 2003). Outros
autores citam que a doença do superalongamento da mandioca, causada pelo fungo
(Sphaceloma manihoticola), pode ser transmitida pelo pinhão manso (Heller, 1996).
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no campo experimental de setor de grandes culturas do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, Minas Gerais. O
local está situado a uma latitude média de 21°14’Sul, longitude média de 45°00’ Oeste e
altitude de 930 m. A região apresenta clima Cwa, de acordo com a classificação de Köppen.
866
A formação das mudas foi feita no dia 15/10/2005 utilizando sementes provenientes do
banco de germoplasmas da UFLA, produzidas em tubetes de 120 ml, utilizando-se como o
substrato comercial Plantimax.
O transplantio das mudas foi feito no dia 22/12/2005, disposto no arranjo experimental
de blocos casualisados (DBC), com 19 tratamentos e 5 repetições.
As avaliações foram feitas utilizando avaliação visual, e classificado a severidade de
ataque do oídio pelo sistema de notas, onde as escalas estão relacionadas na Tabela 1.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme mostra a Tabela 2, o oídio este presente em todos os acessos do banco de
germoplasma da UFLA e não houve diferença estatística na severidade da doença. Na Figura
1 encontram-se fotos de folhas e caule de pinhão manso atacados por oidio.
867
Figura 1 – Fotos de oidio nas folhas e caule de pinhão manso.
4 CONCLUSÃO
Os acessos de pinhão manso do banco de germoplasma da UFLA apresentaram a
mesma severidade do oídio.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KAR, A.K.; DAS, A. New records of fungi from India. Indian Phytopathology, v. 41, p.
505.1998.
JOKER, D.; JEPSEN, J. Jatropha curcas L. Seed Leaflet, Danida Forest Seed Centre, n. 83.
2003.
SINGH, I.D. New leaf spot diseases of two medicinal plants. Madras Agric. J., v.70, n.7, p.
490. 1983.
868
Heller J. Physic nut, Jatropha curcas: promoting the conservation and use of underutilized
and neglected crops. International Plant Genetic Resources Institute (IPGRI), Rome, Italy.
1996. 66 p.
869
PRODUÇÃO DE MICELAS HIDROALCOÓLICAS PARA A
TRANSESTERIFICAÇÃO DIRETA
870
1 INTRODUÇÃO
A grande dependência dos combustíveis fósseis, o petróleo principalmente, sempre foi
um problema para a sociedade ocidental no que se refere ao seu consumo como fonte
energética. A busca por fontes alternativas de energia é de fundamental importância e, nesse
contexto, o uso de óleos vegetais é uma alternativa para substituição ao óleo diesel nos
motores de ignição. Seu uso já foi testado em fins do século XX, produzindo resultados
satisfatórios no próprio motor diesel. A possibilidade de se usar combustíveis de origem
vegetal em motores do ciclo diesel é bastante atrativa tendo em vista o aspecto biorenovável.
Afinal, além de ser uma fonte renovável de energia, seu desenvolvimento permite a
redução da dependência de importação do petróleo. Como combustível, o biodiesel possui
ainda outras características vantajosas sobre os combustíveis derivados do petróleo, tais como,
virtualmente livre de enxofre e de compostos aromáticos, alto número de cetano, teor médio
de oxigênio e maior ponto de fulgor e sua queima resulta em menor emissão de partículas
tóxicas como HC, CO e CO2.
O emprego desse biocombustível utilizando uma matéria-prima oleaginosa, como fonte
de energia agrícola, está sendo amplamente explorado em pesquisas que buscam aproveitar
essa característica de fornecimento de energia limpa ao ambiente. Considerando esses óleos
vegetais, o Brasil vem ganhando o mercado mundial de soja a cada ano e a expectativa é que
o país passe a liderar a produção mundial do grão. Em 2004, o país foi o segundo maior
produtor mundial de soja, com produção de 50 milhões de toneladas, ou 25% da safra
mundial (EMBRAPA). Essa commodity vem sendo responsável pela captação de divisas no
mercado internacional da ordem de US$ 10 bilhões (Abiove, 2006). A estimativa da Abiove,
segundo seu presidente Carlo Lovatelli é de que, em 2007, pelos menos 250 mil toneladas de
óleo de soja sejam destinadas para produção de biodiesel.
Para se realizar a extração industrial de oleaginosas, utiliza-se um solvente que separa o
óleo do farelo. Vários solventes podem ser utilizados, mas o que impera é o uso generalizado
de hexano. Este é um solvente não renovável, altamente tóxico, inflamável e explosivo.
A extração do óleo de soja utilizando um solvente alternativo, que possa ser utilizado
em grande escala, e que apresenta baixa toxicidade e baixo custo é bastante desejável.
Algumas características físico-químicas também são importantes como um ponto de ebulição
suficientemente alto para facilitar a eliminação do solvente do óleo e do farelo, e um ponto de
fusão superior a 0ºC para evitar cristalizações indesejáveis. Regitano d’Arce (1991)
871
considerou a influência da temperatura no processo de extração do óleo. Segundo a autora, o
trabalho no ponto de ebulição do solvente pode até substituir qualquer tipo de agitação.
Existem duas formas de obtenção desse óleo, uma através da dissolução, na qual o óleo
se libera com a quebra das células, dissolvendo-se prontamente no solvente, e outra, pela
difusão, na qual o óleo se dissolve mais lentamente porque se encontra encerrado nas células
intactas do grão. Isso justifica a importância do preparo do grão, ou seja, os processos de
trituração e aquecimento para obtenção do óleo.
Embora os óleos vegetais sejam solúveis em álcool, a solubilidade aumenta com a
elevação de temperatura e da concentração etanólica (Regitano-d’Arce & Lima, 1987;
Regitano-d’Arce, 1991; Gandhi et al., 2003). Segundo Gandhi et al. (2003), um alto grau de
pureza do óleo é obtido com a extração com os solventes n-propanol, isopropanol e com o
etanol.
No Brasil, o etanol é um solvente que apresenta essas qualidades citadas. Afinal, além
de ser renovável, é facilmente produzido em grandes quantidades, sendo uma alternativa ao
uso do hexano. O álcool etílico, além disso, não é corrosivo aos metais e pode ser armazenado
em tanques de ferro, aço, cobre ou alumínio. É inflamável, porém não é considerado tóxico
nas condições industriais.
Estudos para a avaliação da viabilidade da extração de óleo e oligossacarídeos presentes
na soja através do emprego de etanol estão sendo desenvolvidos pela equipe do Laboratório
de Óleos e Gorduras do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da
ESALQ/USP, dando continuidade a pesquisas iniciadas há 25 anos.
O propósito deste trabalho é chegar à produção de biodiesel a partir de soja através do
processo de extração de óleo com etanol seguido da transesterificação química direto na
micela.
Segundo RAMOS (2001), o biodiesel pode ser definido como ésteres monoalquílicos de
ácidos graxos que podem ser obtidos através da transesterificação de matérias graxas com
álcoois de cadeia curta, como o etanol, na presença de um catalisador ácido ou básico.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Os materiais foram constituídos de matéria-prima e solvente, respectivamente, soja -
cultivar BRSMG-68 - e etanol anidro 99 v/v (%).
Inicialmente triturou-se a soja em moinho de grãos da TECNAL modelo 532/OC-BR.
Após a trituração, a soja foi transferida para peneiras U.S. Standard Sieve Series, A.S.T.M.
872
specifications (Fisher Scientific Company) de 35, 48 e 60 mesh, respectivamente 420, 297 e
250 micra. Essas peneiras ficaram sobrepostas no aparelho Combs Gyratory Riddle MFD, da
empresa Great Western MFD. Co. Cada peneiramento durou aproximadamente 3 minutos,
separando-se a soja peneirada em amostras maiores que 35 mesh, entre 35 e 48 mesh e
menores que 60 mesh (Figuras 1 e 2). As amostras foram armazenadas em recipientes
fechados, evitando o ganho de umidade.
Figura 2 - Esquema de montagem das peneira para agitação e separação das frações.
Após essas separações, foram determinados os teores de óleo das frações conforme a
metodologia da AOCS (Ac 3-44, 2003), em equipamento Soxhlet com solvente hexano.
873
A umidade das frações de soja triturada e dos farelos foram determinadas em estufa a
100°C por uma noite, seguida de pesagem até peso constante conforme metodologia do IAL
(1976).
Na extração de óleo buscou-se estabelecer a relação entre soja triturada e etanol anidro
99 v/v (%) que apresentasse o melhor rendimento. A extração do óleo de soja foi feita em
balões de destilação de 1000 mL acoplados a colunas de condensação sobre placas de
aquecimento com agitação magnética em equipamentos das marcas MARCONI, FANEM,
FISATOM e IKA (Figura 3).
A princípio, na extração do óleo, foi avaliada a proporção de 1:3 (50 gramas de soja:
150 mililitros de etanol anidro 99 v/v (%)). Utilizando essa proporção, a extração foi mantida
à temperatura de 70ºC, durante uma hora, sendo que foram realizados quatro banhos com essa
farinha visando à máxima extração de óleo de cada amostra (frações 35, 48 e 60 mesh).
Utilizou-se em cada banho uma quantidade nova de etanol anidro, sendo as micelas recolhidas
após filtrações sobre papel de filtro com separação da massa por extrair e armazenamento da
micela. Também neste caso, as condições pré-estabelecidas de granulometria e de temperatura
de processo, próxima à ebulição do etanol garantiram um bom rendimento em óleo, porém
ainda aquém da concentração ideal para que ocorresse a separação da micela resfriada à
temperatura ambiente em micela rica e pobre em óleo.
Após a extração de três lotes de soja triturada, foram misturadas as três micelas dos
testes para se definir o ponto de capacidade de saturação do óleo no etanol e a possibilidade
de separação das micelas em micela rica e pobre de óleo.
874
Foram utilizadas dez amostras contendo 10 mL da micela total, e uma com etanol puro,
em tubos de ensaio. Em cada uma dessas 10 amostras foi acrescentado um número conhecido
de gotas de óleo de soja refinado (marca Purilev). Cada gota apresentava massa de 0,0326g.
As gotas foram adicionadas com a intenção de separar as micelas, pobre e rica, arrastando
óleo para a rica, e encontrar o ponto de saturação do óleo.
No tubo que apresentava apenas etanol anidro, somente a partir da oitava gota de óleo
de soja observou-se uma gotícula de micela rica se destacando e precipitando. Através da
adição de óleo de soja e da variação na temperatura, realizou-se a recuperação da micela, com
avaliação da capacidade de separação da micela pobre e micela rica em óleo.
Foi utilizado um minishaker da empresa IKA, com 2000 rpm, para homogeneizar as
amostras contidas nos tubos. Após um tempo de repouso de aproximadamente 3 minutos
verificou-se o início da separação das micelas pobre e rica em óleo em alguns tubos.
Amostras de volume conhecido foram coletadas para determinação do teor de óleo da
micela pobre.
A micela pobre foi analisada gravimetricamente quanto ao teor de óleo através da
evaporação do etanol, de volume conhecido (5 mL), colocado em placa de Petri, em estufa a
100°C seguido por pesagens até peso constante.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As três frações de soja triturada foram empregadas nos testes de extração por batelada.
Da análise do seu teor de óleo apresentado na Tabela 1, depreende-se que com a redução da
granulometria, o teor de cascas, provavelmente sendo menor, sobram mais partículas finas do
endosperma que carregam o óleo, justificando esse leve incremento nas frações.
875
Após a extração em batelada, foi determinado o teor de óleo residual dos farelos
segundo o método da AOCS (Ac 3-44, 2003), em equipamento Soxhlet com solvente hexano,
sendo os resultados apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 - Teor de óleo residual nas diferentes amostras de farelo de soja (g/100g).
Farelo 35 mesh 48 mesh 60 mesh
Frações
Teor de
óleo 0,6935 1,1315
residual 0,999
Volume total da
micela (mL) 350 295 345
Quantidade total
de óleo extraído 7,252 5,841 7,6866
(g)
Teor de óleo 0,0207 0,0198 0,0222
(g/mL)
Para garantir maior representatividade nos testes foram misturadas as três micelas sendo
obtidos os seguintes valores (Tabela 4).
Tabela 4 - Dados obtidos a partir da mistura das micelas das frações 35, 48 e 60 mesh.
Miscela Total
Volume (mL) 770
Teor de óleo (g/mL) 0,01778
Óleo Total (g) 13,6906
876
Após a adição do óleo de soja refinado e homogeneização do material, observou-se o
início da separação das micelas pobre e rica em óleo em alguns tubos. No primeiro tubo não
houve separação. Todo o óleo adicionado se dissolveu na micela fazendo com que esta
atingisse um teor de óleo próximo ao ponto de saturação, ainda por ser determinado.
A partir do segundo tubo, houve separação e o teor de óleo na micela pobre ficou
próximo ao teor da micela original (0,01778 g/mL), o que deve explicar a não separação
anterior.
A figura 4 ilustra os resultados obtidos.
Figura 4 - Esquema dos 10 tubos contendo 10 mL da micela total adicionado de uma
quantidade crescente de óleo.
877
Tabela 5. Teor de óleo na micela pobre.
Tubos Solubilidade
(g/mL)
1 0,01870
2 0,01690
3 0,01790
4 0,01760
5 0,01695
6 0,01795
7 0,01825
8 0,01855
9 0,01895
10 0,01885
Novos ensaios de extração foram feitos com uma diferente relação entre massa e
solvente (50 g de soja : 125 mL de etanol anidro), usando apenas a farinha obtida com soja
triturada 60 mesh, e aplicando quatro banhos de solvente puro. Os dados obtidos estão
expostos na Tabela 6.
Tabela 6. Teor de óleo das micelas pobres após os banhos 1,2,3 e 4 de duas extrações em
batelada.
Banhos Teor de óleo Volume da Massa total
(g/mL) micela (mL) de óleo na
micela (g)
1 0,03166 55 1,741
1’ 0,03174 57 1,809
2 0,02936 92 2,701
2’ 0,02874 94 2,701
3 0,01824 100 1,824
3’ 0,01934 105 2,031
4 0,00666 109 0,726
878
4’ 0,00768 112 0,860
O rendimento desse processo no qual foi usada uma relação menor de massa e solvente
(1 massa de soja : 2,5 volume de solvente), apresentou valores superiores de teor de óleo
(g/mL) aos encontrados nas extrações iniciais. Nestas extrações, usando-se a relação de 1:3, e
fração 60 mesh, obteve-se como resultado um teor de óleo de 0,0222 g/mL, enquanto
naquelas, a média das duas primeiras extrações (1 e 1’) foi de 0,0317 g/mL. Além disso,
mesmo considerando o primeiro e o segundo banho, e suas duplicatas (1’ e 2’), os teores de
óleo obtidos foram superiores comparativamente às extrações 1:3 (soja : etanol anidro),
levando-se em conta todas as granulometrias. Pode-se concluir, então, que é possível utilizar
um menor volume de solvente no processo de extração de óleo, obtendo-se valores iguais, ou
até mesmo superiores, de teor de óleo (g/mL) na micela.
4 CONCLUSÃO
Estamos muito próximos de conseguirmos a separação das micelas em rica e pobre.
Ainda temos que aumentar o rendimento em óleo das extrações. A fase seguinte consistirá do
preparo dos ésteres etílicos ou biodiesel a partir da micela rica. Um catalisador para catálise
heterogênea deverá ser empregado.
5 AGRADECIMENTOS
Ao PIBIC-CNPq e FAPESP, pelo financiamento da pesquisa.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-ABIOVE - Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal. Estatísticas do complexo
soja no Brasil. Disponível em < http://www.abiove.com.br (acesso em maio de 2006). >
-AMERICAN OIL CHEMISTS´ SOCIETY, Official Methods and recommended practices
of the AOCS, fifth edition, 2003.
-GANDHI, A.P.; JOSHI, K.C.; KRISHNA, J.; PARIHAR, V.S.; SRIVASTAV, D.C.
RAGHUNADH, P.; KAWALKAR, J.; JAIN, S.K.; TRIPATHI, R.N. Studies on alternative
solvents for the extraction of oil - l soybean. International Journal of Food Science and
Technology, v.38, p.369-375, 2003.
879
-RAMOS, L.P.; ZAGONEL, G.F.; Produção de biocombustível alternativo ao óleo diesel
através da transesterificação de óleos vegetais, Revista de Química Industrial, v.717,
p.17, 2001.
880
COMPETIÇÃO DE VARIEDADES DE ALGODÃO COLORIDO (Gossypium
hirsutum L.)
RESUMO: A fibra do algodão é considerada a mais importante fibra textil natural. Essa
importância deve-se a fatores como a multiplicidade dos produtos dele originado. Um novo
mercado que está em ascensão, é a utilização de fibras coloridas naturalmente para a
confecção de roupas. Estas fibras apresentam-se nas cores marrom, marrom claro e verde.O
presente trabalho tem por objetivo avaliar a produtividade de variedades de algodão colorido
em Lavras - MG, em plantio de verão.
881
1 INTRODUÇÃO
A fibra do algodão é considerada a mais importante fibra têxtil natural, considerando o
aparecimento de inúmeras fibras sintéticas. Essa importância deve-se a fatores como a
multiplicidade dos produtos deles originados, ou a posição de destaque no setor
socioeconômico, uma vez que se encontra entre as principais culturas, na maioria dos países
nos quais se explora o seu cultivo comercial.
Um novo mercado que esta em ascensão é a utilização de fibras coloridas naturalmente
para confecção de roupas. Estas novas fibras, são provenientes de materiais de algodão
desenvolvidos pela EMBRAPA Algodão, são coloridas naturalmente e tem as cores marrom,
marrom claro e verde.
Estas novas variedades são da espécie Gossypium hirsutum, uma variedade de algodão
herbáceo de ciclo anual que apresenta uma boa produtividade nas regiões semi-áridas. Isto se
deu por uma intensa pesquisa em materiais genéticos do CNPA EMBRAPA. Estas variedades
possuem características boas em termos de qualidade de fibras, tendo fibras de médias a
longas, com boa finura e alta resistência.
A adoção de tecnologias que visam à elevação dos atuais níveis de produtividade da
cultura torna-se bastante importante, em razão dos constantes aumentos nos custos de
produção em nosso país. Este objetivo pode ser alcançado, por exemplo, mediante a utilização
de sementes melhoradas, população ajustada, tratos culturais adequados, época de plantio
apropriada e fertilização equilibrada. Todos esses fatores variam de região para região e de
ano para ano, necessitando sempre de experimentação, visando à melhoria e à adequação das
técnicas a determinadas situações específicas.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de variedade de
algodão colorido na região de Lavras - MG.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Departamento de Agricultura da Universidade Federal
de Lavras (UFLA), setor de grandes culturas, durante o ano agrícola 2006/07. A classificação
climática de Lavras de acordo com Köpen é Cwa, e está situada a 21o14' de latitude sul,
45o00' de longitude oeste, a 918,8 metros de altitude, em solo originariamente sob vegetação
de cerrado, classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico (EMBRAPA, 1999).
Foram utilizadas as cultivares de algodão BRS 200 marrom, Rubi e Safira. Essa
cultivares foram semeadas em parcelas dispostas num delineamento de blocos casualizados,
882
com 10 repetições por tratamento. Avaliações de campo foram: alturas das plantas, número de
ramos, número de frutos e peso da fibra e produtividade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme mostra a figura 1 as cultivares utilizadas apresentaram um bom crescimento
de altura que é uma característica desejável na planta de algodão, ou seja, um porte proxime
de 140 cm, o que facilita os tratos culturais e principalmente a colheita. As plantas das
variedades estudadas não precisaram ter a sua altura controlada com hormônio o que
certamente reduz custo de produção.
140
a1
135
Altura (cm)
130
125 a1
a1
120
115
110
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades
Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.
A Figura 2 mostra o maior numero de frutos na cultivar BRS 200 marrom. Este fator
de produção é essencial para que uma variedade possa produzir maiores produtividades.
883
Figura 2 - Número de frutos por planta.
40 a2
35
Número de frutos
30
25 a1 a1
20
15
10
5
0
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades
Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.
A Figura 3 traz o número de ramos por planta e mostra que não houve diferença
significativa entre as cultivares.
30
a1
Número de ramos
25 a1
a1
20
15
10
5
0
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades
Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.
A Figura 4 mostra a produção de fibra por planta, onde se destacou a variedade BRS
200 marrom obtendo um peso maior de fibra em relação as demais cultivares.
884
Figura 4 - Peso de fibra por planta.
180 a2
160
140 a1 a 2
120
Peso g
100 a1
80
60
40
20
0
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades
Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.
Apesar de um menor peso total de fibra por planta a fibra da cultivar Rubi se mostrou
um fruto mais pesado, e a cultivar BRS 200 marrom é estatisticamente igual a cultivar rubi,
como mostra a Figura 5.
6 a2
5 a1 a2
a1
4
Peso g
3
2
1
0
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades
Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.
885
A Figura 6 mostra as produtividade das cultivares onde a cultivar BRS 200 marrom
obteve uma maior produtividade, em kg/há, em razão da sua maior quantidade de fruto por
planta e do maior peso de fibra por planta.
4000 a2
3000
Peso kg/ha
a1 a2
2000 a1
1000
0
BRS 200 marrom Rubi Safira
Variedades
Médias acompanhadas com a mesma letra são estatisticamente iguais entre si, pelo teste de Tukey 5%.
4 CONCLUSÃO
A cultivar BRS 200 marrom se mostrou interessante devido ao seu potencial produtivo e
pela sua altura, já que estes são parâmetros exigidos em uma boa cultivar de algodão.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP E FAPEMIG.
6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de solo (Rio de Janeiro, RJ). Sistema Brasileiro
de classificação de solo. - Brasília: Embrapa Produção de Informações; Rio de Janeiro:
Embrapa Solos, 1999. XXVI, 412p. iiL.
886
CONSÓRCIO DE PINHÃO MANSO COM FEIJÃO PARA PRODUÇÃO
ALIMENTAR E ENERGÉTICA
887
1 INTRODUÇÃO
Consórcios envolvendo cereais, leguminosas e culturas oleaginosas são amplamente
praticados nas regiões tropicais. Os cereais, em geral, apresentam metabolismo fotossintético
C4, são muito competitivos, tendem a esgotar o nitrogênio do solo e produzem carboidratos,
enquanto as leguminosas são espécies de metabolismo fotossintético C3, são menos
competitivas, são fixadoras de nitrogênio atmosférico e produzem proteínas. Sistemas
envolvendo leguminosas e espécies oleaginosas podem beneficiar a dieta e equilibrar a receita
econômica do produtor (Azevedo et al., 1999).
O consorciamento da cultura do feijão e do pinhão manso, visa aumentar o
aproveitamento do solo na pequena propriedade, e em conseqüência a rentabilidade. No
Brasil, a agricultura familiar, na maioria das culturas de ciclo anual, utilizam-se sistemas de
cultivo consorciados, com duas ou mais culturas exploradas na mesma área e tempo.
Por apresentar ciclo curto e porte baixo, o feijão é indicado para ser cultivado em
sistema de consórcio com a cultura do pinhão manso, que apresenta porte alto e ciclo perene.
A interceptação na radiação fotossinteticamente ativa pelo dossel exerce grande
influência sobre o rendimento da cultura quando outros fatores ambientais são favoráveis.
Uma das formas de se aumentar a interceptação de radiação e, conseqüentemente, o
rendimento das culturas é por meio da escolha adequada do arranjo de plantas (Argenta et al.,
2001). O arranjo de plantas pode ser manipulado por alterações na densidade de plantio, no
espaçamento entre linhas, na distribuição de plantas na linha, na variabilidade entre plantas ou
na utilização de diferentes espécies vegetais na mesma área.
Os principais fatores a influenciar a escolha do arranjo de plantas são: características
das espécies e/ou cultivares utilizadas, objetivo do produtor, nível de tecnologia a ser
aplicada, época de semeadura e duração da estação de crescimento de cada espécie na região
de cultivo.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a produtividade de feijão carioquinha em
consórcio com o pinhão manso visando a produção alimentar e energética.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no campo experimental de setor de grandes culturas do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, Minas Gerais. O
local está situado a uma latitude média de 21°14’Sul, longitude média de 45°00’ Oeste e
altitude de 930 m. A região apresenta clima Cwa, de acordo com a classificação de Köppen.
888
A formação das mudas foi feita no dia 15/10/2005 utilizando sementes provenientes do
banco de germoplasmas da UFLA, produzidas em tubetes de 120 ml, utilizando-se como o
substrato comercial Plantimax.
O transplantio das mudas foi feito no dia 22/12/2005 com o espaçamento de 2x2m. A
semeadura do feijão foi feita em 9/01/2006, sendo feita com auxilio de matracas, utilizando
uma adubação com formulado com 8-28-16 seguindo as orientações de adubação da 5ª
Aproximação. Foi colhido no dia 15/03/2006. A segunda semeadura foi realizada em
8/12/2006, seguindo a mesma metodologia do primeiro plantio. Foi colhido no dia
20/03/2007. O espaçamento utilizado para o plantio da cultura do feijão foi de 0,5m entre
linhas de feijão e 0,75m entre linhas de feijão carioquinha e Pinhão Manso.
No período da cultura de feijão no campo foram obtidas as precipitações de cada mês.
No primeiro cultivo, ano de 2006, foi constatado no período precipitação de 716,3mm e no
ano de 2007 foi verificado uma precipitação de 741,4mm.
As colheitas foram realizadas de maneira manual retirando 1m em cada linha de feijão.
O ensaio foi conduzido segundo delineamento inteiramente casualisado com 20
repetições objetivando avaliar a produtividade da cultura do feijão em consórcio com o pinhão
manso.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na figura 1 estão disposta as populações especificas e em área total de feijão. Os
resultados mostram que as populações de feijão foram bastante próximas entre os anos de
2006 – 2007. Para chegar a um parâmetro desta produtividade foi feita a população de plantas
em área total e especifica conforme figura 1. No quadro mostra que o primeiro ano obteve um
numero de plantas maior, isso reflete na produtividade. A menor população no ano de 2007 se
deu provavelmente pela de chuvas no mês de Janeiro. Impedindo que se entrasse com controle
contra pragas e doenças que atacaram a área experimental.
889
Figura 1 População de plantas em área especifica e total nos anos agrícolas de 2006 e 2007.
Pode-se observar na figura 2 as produtividade no ano de 2007 foi menor do que ano de
2006. Estes resultados mostram o efeito do excesso de chuvas refletiu sobre a produtividade
do feijão.
Figura 2 Produtividade em área total e especifica nos anos agrícolas de 2006 e 2007.
4 CONCLUSÃO
A produtividade da cultura do feijão se mostrou satisfatória, independente do ano de cultivo.
890
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SATURNINO, H.M.; Pacheco, D. D.; KAKIDA, J. ; TOMINAGA N. ; GONÇALVES, N. P.
Cultura do Pinhão Manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, Brasil, v.26 n.229
p.44-78 2005.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de solo (Rio de Janeiro, RJ). Sistema Brasileiro
de classificação de solo. - Brasília: Embrapa Produção de Informações; Rio de Janeiro:
Embrapa Solos, 1999. XXVI, 412p. iiL.
891
OCORRÊNCIA DE (Pachycoris torridus) NA CULTURA DO PINHÃO
MANSO, EM LAVRAS - MG
RESUMO: O Pinhão Manso é uma nova cultura que vem sendo estudada e cultivada para
ser fonte de matéria prima para a produção de biodiesel e para que a cultura tenha alta
produtividade é necessário que haja um bom controle fitossanitário da mesma. Com o cultivo
em maiores área o pinhão manso tornou-se atrativo para uma espécie de percevejo,
Pachycoris torridus, que pode causar chochamento de seus frutos, com prejuizo para a
qualidade da sementes e consequentemente do óleo. O presente trabalho teve como objetivo
avaliar o aparecimento desta praga no banco de germoplasma, de pinhão manso da
Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG.
892
1 INTRODUÇÃO
O aparecimento de uma praga depende de fatores que o favoreçam como idade da
planta, estado nutricional, clima, quantidade de alimento, etc. Com o uso indiscriminado de
inseticidas e o desmatamento vem trazendo um desequilíbrio em agroecosistemas fazendo
com que insetos que não eram considerados como inseto praga ou uma praga secundaria de
alguma cultura venha a se tornar uma praga chave de uma cultura.
De acordo com Peixoto, citado por Saturnino (2005), o são poucos os insetos que
atacam o Pinhão Manso, que os repele com a exudação do látex cáustico, quando recebe o um
ferimento.
O Pachycoris torridus é um inseto da ordem Hemíptera, subordem Heteroptera, nesta
subordem estão os insetos chamados de percevejos. A ordem Hemíptera tem como
característica insetos com o aparelho bucal do tipo sugador labial tetraqueta, portanto insetos
sugadores. São percevejos globosos, com coloração preta, com os escutelos muito
desenvolvidos, repletos de bolinhas coloridas de vermelho ou amarelo, que escondem suas
asas. Colocam os ovos rosados nas folhas em forma de placa.
Suas ninfas são de coloração verde metálica, e tanto as ninfas e os adultos atacam o
pinhão manso sugando seus frutos imaturos causando chochamento das sementes. Este inseto
é uma praga secundária de acerola, que encontrou no Pinhão Manso características favoráveis
ao seu desenvolvimento.
Este trabalho teve como objetivo avaliar a presença de Pachycoris torridus junto aos
acessos de pinhão manso do banco de germoplasma da UFLA.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A cultura onde foi registrada o aparecimento da praga esta situada na área experimental
do Departamento de Agricultura, Setor de Grandes Culturas da Universidade Federal de
Lavras em Lavras Minas Gerais. A classificação climática de Lavras de acordo com Köpen é
Cwa. O local está situado a 21o14' de latitude sul, 45o00' de longitude oeste, a 918,8 metros
de altitude, em solo originariamente sob vegetação de cerrado, classificado como Latossolo
Vermelho Distroférrico (EMBRAPA, 1999).
Na área foi somente constatado se havia a presença do percevejo e o sintoma de ataque
nas plantas, constatados se havia frutos chochos e sementes mal formadas nos materiais do
banco de germoplasma da UFLA.
893
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na área foi constatado o sintoma de ataque nos 19 materiais do banco de germoplasma
da UFLA, e também foi encontrado o inseto nos estádios de ovo, ninfa e inseto adulto.
O inseto teve presença no campo nos meses de dezembro à maio, após esta data com a
diminuição da temperatura o inseto desapareceu da área.
Na Figura 1 mostra o inseto na sua fase adulta, caracterizando sua forma e cor.
Na Figura 2 mostra uma fêmea com seus ovos, uma cacteristica da espécie é a proteção
dos ovos pela fêmea, e na figura 3 mostra os ovos do inseto sempre ovipositados em forma de
placa.
894
Figura 2 - Fêmea do Pachycoris torridus protegendo seus ovos contra possíveis predadores.
895
Figura 3 - Ovos do Pachycoris torridus.
Na Figura 4 mostra uma ninfa do inseto, na Figura 5 mostra frutos atacados pelo inseto.
896
Figura 4 - Ninfas do Pachycoris torridus.
897
Figura 5 - Frutos atacados pelo Pachycoris torridus.
4 CONCLUSÃO
O inseto pode ser um grande problema para a cultura do Pinhão Manso se tornado um
praga chave para a cultura. Para isso de ser estudado os níveis de infestação da praga e
observar qual a densidade populacional que está em equilíbrio (Nível de Equilíbrio-NE),
quando esta densidade chega a um nível de controle (Nivel de Controle-NC) e quando ela
causa dano econômico (Nível de Dano Econômico-NDE).
Para controlar o inseto é necessário estudar seu ciclo, modo de vida, possíveis
predadores e conhecer melhor a interação entre o inseto e a planta para o emprego do Manejo
Integrado de Pragas, o MIP, para o uso do controle químico ainda não existe um produto
registrado no Ministério da Agricultura para combate do Pachycoris torridus para a cultura do
Pinhão Manso.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.
898
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SATURNINO, H.M.; Pacheco, D. D.; KAKIDA, J. ; TOMINAGA N. ; GONÇALVES, N. P.
Cultura do Pinhão Manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, Brasil, v.26 n.229
p.44-78 2005.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de solo (Rio de Janeiro, RJ). Sistema Brasileiro de
classificação de solo. - Brasília: Embrapa Produção de Informações; Rio de Janeiro:
Embrapa Solos, 1999. XXVI, 412p. iiL.
899
SEPARAÇÃO DE SEMENTES DE SOJA POR TAMANHO E SUA
INFLUÊNCIA NA QUALIDADE FISIOLÓGICA
900
1 INTRODUÇÃO
O aumento na necessidade de maximizar a produtividade tem exigido das companhias
produtoras de sementes e oferta de material genético promissor, não possuindo somente uma
elevada germinação, mas também capaz de produzir emergência uniforme com plantas
vigorosas.
O processo atual retira do lote proveniente da colheita impurezas tais como torrões,
pequenas pedras, pedaços de astes e ramos, vagens não trilhadas, sementes de outras espécies,
sementes paridas e ou quebradas. Entretanto, o lote comercial é ainda composto de sementes
que variam em tamanho, ou seja, sementes que apresentam diferentes diâmetro.
A maioria das pesquisas relacionadas com o tamanho da semente de soja tem
apresentado resultados conflitantes. SINGH et alii (1972) observaram que o tamanho da
semente não afetou a germinação em laboratório ou em condições de campo, muito embora
tenham registrado que as maiores sementes produziram plantas com maior peso seco e maior
altura, sem contudo, afetar significativamente a produção. JOHNSON & LUEDDERS (1974),
trabalhado com linhas isogênicas de soja diferindo apenas no tamanho da semente, chegaram
a resultados idênticos. As linhas de soja que apresentam sementes pequenas apresentam
germinação mais rápida e sistemas radiculares mais desenvolvidos (EDWARDS &
HARTWIG, 1971). Já PLUEMSAB (1972) observou o contrario em duas variedades de soja,
nas quais a germinação foi mais baixa em sementes de tamanho menor.
FLEDMANN (1976), efetuando a separação de sementes registradas de soja cv. IAC-2
em diferentes categorias de peso gravitacional e de tamanho, concluiu que os pesos e
tamanhos testados não exercem influência sobre os testes de qualidade fisiológica e sobre a
produção obtida no campo.
NAKAGAWA (1981) observou a correlação negativa e significativa entre peso de 100
sementes e percentagem de germinação e de emergência de plântulas em experimentos
conduzidos nos anos agrícolas de 1978/79 e 1979/80.
Segundo revisão feita por WETZEL ( 1979), nos trabalhos que apresentavam efeitos do
tamanho de sementes, a ordem qualitativa teve a seguinte seqüência: primeiro sementes de
tamanho intermediário, em segundo as de tamanho menor e por ultimo as maiores, com os
menores efeitos.
A presente pesquisa teve por objetivo verificar as possíveis influencias da
classificação do lote original por tamanho, sobre a qualidade fisiológica de sementes de soja
cv. UFV-5.
901
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Departamento de Agricultura da Universidade Federal de
Lavras-MG. Foram utilizadas sementes de soja cv. UFV-5 e os tratamentos empregados
foram obtidos pela classificação das sementes de tamanho maior que o crivo 10/64”x3/4”,
através das peneiras de crivos oblongos de 14/64”x3/4”(T1),13/64”x3/4 (T2),
11/64”x3/4”(T3) e 10/64”x3/4”(T4), mais um tratamento adicional ou controle (C),
representando o lote original de sementes, sem classificação por tamanho.
O teste de germinação foi realizado empregando-se 4 repetições de 50 sementes por
tratamento, totalizando 200 sementes. O substrato utilizado foi o rolo de papel (RP)
umedecido de modo a alcançar o peso três vezes superior ao original. O teste foi conduzido a
temperatura constante de 30o C, sendo a avaliação realizada em primeira e segunda
contagens, aos 5 e 8 dias após a montagem, respectivamente, segundo as prescrições das
Regras para Analise de Sementes (Brasil, 1976).
O vigor das sementes foi também testado, pelo método de envelhecimento rápido,
utilizando-se 200 sementes para cada tratamento. As sementes para cada tratamento foram
colocadas em recipientes plásticos contendo 400ml de água e sobre uma cesta de tela gerbox,
e colocadas em câmara de envelhecimento rápido a 42 o C e aproximadamente 100% de
umidade relativa. O período de envelhecimento utilizado foi de 48 horas. Após este período,
as sementes correspondentes a cada tratamento foram colocadas para germinar da mesma
forma descrita para o teste de germinação, sendo a avaliação feita no 5o dia, computando-se
as percentagens de plântulas normais e anormais.
A percentagem de embebição foi determinada em um período de 5 horas, utilizando-se
4 repetições de 100 sementes por cada tratamento. Após a determinação do peso inicial (PI)
das amostras, elas foram colocadas em placas de Petri de 9 cm de diâmetro com 60 ml de
água desmineralizada e deixadas em embebição sob condições ambientais. O nível de água na
placa foi mantido constante. Passado o período estabelecido, determinou-se o peso final (PF)
depois de eliminada a água da placa e enxutas as sementes com auxilio de bandejas plásticas e
papel mata-borrão. Com os dados do peso final e inicial, determinou-se a percentagem de
embebição, em relação ao peso inicial, para cada tratamento e repetição, utilizando a formúla :
%Embebição=PF-PI/PIx100.
902
As análises de variância das características estudadas foram realizadas em delineamento
enteiramente casualizado com 4 repetições. Para comparação das médias empregou-se o teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As sementes de soja quando danificadas em diferentes peneiras, mostraram uma
distribuição, onde sementes danificadas na peneira 14 obteve 25,0% do lote original, a 13
representou 28,0%, a peneira 11 representou 39% e peneira 10 representou 8%.
A amplitude do peso de 100 sementes nos diverso tratamentos foi de 9,4g, sendo que o
maior tamanho (18,6g) correspondeu às sementes retidas na peneira 14 e o menor (9,2g) às
sementes retidas na peneira 10. O peso médio de 100 sementes do lote original controle (C),
não submetido ao peneiramento, foi de 14,2 g.
O teste de vigor da a primeira contagem do teste de germinação (TPG); feita no 5º dia
após a instalação do teste, pode dar uma idéia razoável do potencial de vigor de um lote; neste
caso, os dados obtidos evidenciam maiores valores para os tratamentos controle (C) e peneira
14, sendo que o controlo (C) diferiu significativamente em relação aos tratamentos P13, P11
e P10, as sementes de menor tamanho.
A germinação mostrou os maiores valores para os tratamentos C, P14 e P13; entretanto,
as diferenças nos foram significativas. Alguns trabalhos mostram que sementes de soja de
tamanho maior produziram plantas mais vigorosas, ainda que esta característica não tenha se
correlacionado com a produtividade (SINGH et alii, 1972; JOHSON & LUEDDERS, 1974;
PLUEMSAB, 1972); outros encontraram que sementes de soja de menor tamanho apresentam
maior teor de germinação (EDWARDS & HARTWIG, 1972).
Os dados de embebiçào evidenciaram que com a diminuição no tamanho da semente
houve uma tendência de acrescemo na percentagem de embebição, no periode de 5 horas. A
menor porcentagem de embebição foi apresentada pelas sementes de maior tamanho. As
sementes de menor tamanho (P10), atingiram o valor de 97% de embebição. Uma maior ou
menor embebição pode estar associada ao grau de deterioração das sementes.
Os dados referentes ao teste de envelhecimento rápido não mostraram diferenças
relevantes para os diversos tratamentos estudados, sugerindo desta maneira, um vigor
semelhante para as deferentes classes. A percentagem de plantas anormais obtida pelo
envelhecimento rápido foi superior àquela obtido pelo teste padrão de germinação, em todos
os tratamentos.
903
No geral, tanto os resultados do teste de padrão de germinação, como os de
envelhecimento rápido e embebição mostraram que o tratamento controle (C) não diferiu dos
tratamentos de sementes classificadas por tamanho (P14, P13, P11 e P10). As sementes de
menor tamanho (P10) apresentaram apenas tendência para qualidade infrior.
Quadro-1 Peso médio de 100 sementes, embebição e germinação de sementes de soja cv.
UFV-5 não classificadas (C) e classificadas de acordo com as peneiras oblongas 14, 13, 11 e
10.
Germinacao (%)
Teste de
Peso Médio Vigor Envelhecimento
100 sementes* Teste de Embebição
Tratamento (g) 1ª contagem Germinacao Rápido (%)
C 14,2 c 68 a 85 45 83
Peneira 14 18,6 a 61 ab 85 42 78
Peneira 13 15,3 b 54 b 84 51 84
Peneira 11 12,1 d 54 b 79 45 88
Peneira 10 9,2 e 52 b 74 48 97
Média 13,9 57,8 81,4 46,2 86
CV (%) 3,5 10,6 10,8 19,6 2,8
*Em cada coluna, as medias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey
ao nivel de 5% de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
A classificação de sementes original, em caso da semeadura mecanizada, poderia
melhorar a eficiência da semeadura, proporcionado melhor regulagem do equipamento e uma
população de plantas mais uniformes na lavoura.
5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRASIL, Ministério da Agricultura, Departamento Nacional de Produção Vegetal. Divisão de
Sementes e Mudas. Regras para Analise de Sementes. S.L. p. 188. 1976
EDWARDS, JR., C.J. & HARTWIG, E. E. Effects of seed size upon rate of germination in
soybean. Agronomy Journal, 63: 429-30. 1970.
JOHNSON, D. R. & LUEDDERS, V. D. Effect of planted seed size on emergence and yield
of soybean (Glycine max (L.) Merrill). Agronomy Journal, 66: 117-18, 1974.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
904
NAKAGAWA, J. Efeitos da época de semeadura na produção e qualidade de sementes
de soja (Glycine Max (L.) Merrill). UEPKM, Botucatu, São Paulo, 208p. 1981. (Tese Livre
Docência).
SINGH, J. H. ; TRIPATHI, S. K. & NEGI, P.S. Note of the effect seed size on germination
growth and yield of soybeans (Glycine max (L.) Merrill). Indian Agric. Sci., 42: 83-86, 1972.
905
QUALIDADE DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus comunnis L.)
UTILIZADAS NO ESTADO DE MINAS GERAIS
RESUMO: A qualidade fisiológica das sementes é um fator fundamental e grande valia para
os diversos segmentos que compõe um sistema de produção de sementes, contribuindo para a
manutenção e aprimoramento desse insumo básico, com reflexos diretos na produtividade
agrícola. Com o objetivo de verificar a qualidade das sementes de mamona utilizadas no
estado de Minas Gerais, foram coletadas sementes de 9 diferentes municípios do estado pela
da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, EMATER-
MG. Os lotes eram compostos de 5 variedades: Al Guarany 2002, IAC-226, IAC-80, BRS-
149 Nordestina e Paraguaçu. A qualidade das sementes foi determinada pelos testes de
pureza, germinação, primeira contagem, tetrazólio, condutividade elétrica e lixiviação de
potássio. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, sendo as médias comparadas
pelo teste Scott-Knott, em nível de 5% de probabilidade. Foram também estabelecidos
coeficientes de correlação entre os testes. Os testes de germinação, primeira contagem e
tetrazólio utilizados foram eficientes em detectar diferenças na qualidade de lotes de sementes
de mamona semeadas em Minas Gerais no ano de 2007. Foi verificada grande variação na
qualidade fisiológica das sementes utilizadas em Minas Gerais, sendo que 75% apresentou
germinação abaixo do padrão nacional. Os lotes com potencial de germinação não atingiram
desempenho superior pela ação de microorganismos que afetam o estabelecimento de
plântulas.
906
1 INTRODUÇÃO
O setor energético é indubitavelmente estratégico na economia dos países do mundo
contemporâneo. O biodiesel, apesar de ter sido tema de estudos e programas de combustíveis
alternativos no país desde o século passado, especialmente nas décadas de 70 e 80, somente
agora se torna uma realidade mais próxima de revolucionar a economia do Brasil, que por sua
vez, possui comprovado potencial para liderar a produção global do biocombustível nas
próximas décadas.
Dentre as matérias primas para a produção de biodiesel, a mamona se destaca como
uma das fontes de óleo, uma vez que, de acordo com Holanda (2004), em estudos
multidisciplinares sobre o agronegócio, essa oleaginosa foi considerada a cultura de sequeiro
mais rentável em certas áreas semi-áridas. Além disso, seu óleo é mais denso e viscoso que os
provenientes de outras plantas, como dendê, babaçu, girassol, algodão, entre outras; possui
alto rendimento e substitui plenamente os óleos derivados do petróleo; sendo ainda o único na
natureza solúvel em álcool; com inúmeras aplicações na indústria como, plásticos, fibras
sintéticas, tintas e esmaltes, lubrificantes entre outros.
Para atender à demanda de biodiesel do Brasil, a produção e rendimento da cultura
precisam ser incrementados. A produtividade da mamoneira, em kg.ha-1, apresenta faixas
variáveis, sendo a média nacional em torno de 600 a 900 Kg/ha. As variações das
produtividades são devidas a diferenças dos genótipos, modelos de produção adotados e
manejo. Segundo Smiderle (2006), já foram conseguidos rendimentos de até 6.705 kg.ha-1,
evidenciando o potencial de aumento da produtividade desta cultura.
O cultivo da mamona tem sido estimulado no Norte de Minas Gerais, principalmente
devido a algumas condições favoráveis, tais como a garantia de comercialização com boa
margem de lucro pelas unidades fabris de Montes Claros, Itacarambi e São Francisco. No
entanto, como acontece em outras regiões do país, a ricinocultura apresenta um acervo de
informações tecnológicas bastante reduzido (Freire et al.,2001). No ano agrícola 2004/2005,
foi cultivada área de 2.941 hectares, com produção de 3.792 toneladas e uma proditividade
média de 1,289 kg/ha em Minas Gerais (Emater, 2005).
Um dos principais problemas para a exploração racional da mamona, está relacionado
segundo Moreira et al., (1996), à inadequada disponibilidade de sementes de cultivares
adaptadas, produtivas, com alto teor de óleo e tolerantes às pragas e doenças, que possam
atender às necessidades dos agricultores e processadores. Da qualidade das sementes
utilizada depende o estabelecimento de lavouras produtivas, já que a semente encerra todo
907
potencial produtivo da cultura. Um dos grandes desafios da implantação das lavouras de
mamona é a produção de sementes em quantidade e qualidade para suprir a demanda e Minas
Gerais vem enfrentando problemas de produtividade que provavelmente se relaciona entre
outros fatores com a baixa qualidade das sementes. O objetivo da pesquisa foi avaliar a
qualidade da semente utilizada em Minas Gerais.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Sementes da Universidade Federal de Lavras
(UFLA), em Lavras –MG no período de Janeiro à Maio de 2007. Após levantamento das
regiões produtoras do estado de Minas Gerais, foram amostrados 52 municípios com
produção de mamona no ano agrícola de 2005, porém, foram utilizados somente 12 lotes de
sementes de mamona de 9 municípios produtores, coletadas pela da Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, EMATER-MG. Juntamente com a
coleta, através de um questionário, foi realizado um levantamento das principais
características das sementes enviadas, como procedência, empresa produtora, categoria das
sementes, safra, método de coleta e % de germinação e produtividade esperadas. Os lotes
foram enviados ao laboratório onde permaneceram armazenados em câmara fria e seca (10ºC
e 40% UR) até a realização das avaliações.
Para avaliação da qualidade de sementes de mamona foram utilizados teste de pureza,
germinação seguindo critérios estabelecidos na RAS (Brasil, 1992), além dos testes de
tetrazólio e condutividade elétrica de massa e lixiviação de potássio.
O teste de germinação foi realizado em substrato papel Germitest na forma de solos,
umedecidos com uma quantidade de água equivalente 2,5 vezes o peso seco do papel. As
contagens do teste de germinação foram realizadas aos 7 (Primeira contagem) e 14 dias após a
semeadura, e os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais.
Para o teste de tetrazólio, as sementes de mamona foram embebidas entre papel a 30oC
por 3 horas. O tegumento foi retirado e as laterais das sementes cortadas longitudinalmente,
sendo então imersas em 0.5% da solução de tetrazólio e mantidas no escuro a 30oC, por 6
horas. Foram utilizadas quatro repetições de 25 sementes para cada tratamento.
O teste de condutividade elétrica de massa foi realizado seguindo os procedimentos
propostos por Souza (2007). Foram utilizadas com 8 repetições de 25 sementes. Estas foram
pesadas e colocadas para embeber em copos plásticos de 200 ml, contendo 75 ml de água
deionizada. As sementes foram mantidas em BOD, à temperatura constante de 25°C, onde
908
permaneceram por 6 horas. A condutividade elétrica da solução foi medida em
condutivímetro modelo Digimed, modelo CD-21, com resultados expressos em μS/cm-1.
Após a leitura da condutividade elétrica de massa, as sementes foram descartadas e a
solução de embebição após 6 horas, foi acondicionada em recipiente plástico. A determinação
de potássio foi realizada empregando-se a fotometria de chama após diluição de 19,5 vezes e
os resultados expressos em porcentagem (%).
Os resultados dos testes de germinação, primeira contagem de germinação, teste de
tetrazólio, condutividade elétrica de massa e lixiviação de potássio foram analisados segundo
delineamento inteiramente casualizados, para cada lote separado. Os dados de condutividade
elétrica de massa foram transformados em 1/y (transformação recíproca). As médias foram
comparadas pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade. Também foram calculados os
coeficientes de correlação para todas as combinações entre testes.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apesar de serem seguidos critérios de amostragem, a coleta de amostras foi afetada pelo
baixo índice de coleta nas regiões produtoras. Das 52 solicitações apenas 9 foram atendidas,
sendo então representantes de 4 das 10 regiões mineiras. As amostras coletadas na semeadura
efetuada no ano de 2006 em Minas Gerais, foram provenientes dos municípios de Divino
(Zona da Mata), Nova Resende e Guapé (Sul de Minas), Ubaporanga (Vale do Rio Doce) e
Itacarambi, Manga e São João das Missões, Mato Verde e São Francisco (Norte de Minas).
As cultivares avaliadas foram: Guarany, IAC-80, BRS149 Nordestina, IAC226 e Paraguaçu
com maior representatividade da cultivar Guarany em 41% do total amostrado.
A análise do potencial fisiológico das sementes evidenciou que houve diferença na
germinação e no vigor dos lotes avaliados (Tabela 1).
O percentual de germinação variou de zero a 88% o que indica grande variabilidade da
qualidade fisiológica das sementes utilizadas. Apenas 25% dos lotes apresentaram germinação
superior ao padrão nacional de 85% para comercialização de sementes certificadas (DOU,
2005). Aqueles mesmos lotes que apresentaram germinação superior ao padrão nacional se
destacaram em relação ao vigor avaliado pela primeira contagem.
Com relação à viabilidade, avaliada pelo tetrazólio, observa-se a mesma tendência de
superioridade dos lotes 8 a 12 com exceção do nº 9. O teste de tetrazólio de modo geral.
909
Tabela 1 - Valores médios dos resultados de Germinação (G), Primeira contagem de
germinação (PC), Tetrazólio (TZ) e Lixiviação de K+ (LK+) dados em %, Condutividade
elétrica de massa (CE) dados em µS.cm -1.g-1 de sementes dos lotes avaliados em Lavras-
MG, no período de Janeiro a Maio de 2007.
TESTES
Amostras/Município 1
G PC TZ CE LK+
1 – Divino (Guarany) 67c 50,00b 80,00b 44,55d 0,0875c
2 - Nova Resende (Guarany) 61d 36,00c 83,00b 34,84b 0,0700b
3-Guapé 21e 2,00e 68,00c 44,55d 0,0925d
4 - Ubaporanga (Guarany) 62d 44,50b 73,00c 27,49a 0,0600a
5 – Ubaporanga (IAC-80) 0f 0,01e 0,01d 44,56d 0,0825c
6 – Itacarambi (BRS-149
66c 24,00d 86,00b 41,30c 0,0950d
Nordestina)
7 – Itacarambi (Guarany) 59d 54,50b 77,00c 42,59c 0,0725b
8 – Manga (IAC-226) 88a 70,50a 100,00a 40.01c 0,0687b
9 - Manga (Guarany) 88a 70,00a 77,00c 47,31d 0,1012d
10 - São João das Missões (IAC-
83b 70,00a 100,00a 37,15b 0,0564a
226)
11 - Mato Verde (IAC-226) 87a 75,00a 99,00a 40,35c 0,0625a
12 - São Francisco (Paraguçu) 79b 72,00a 92,00a 39,78c 0,0775b
CV (%) 4,24 24,37 6,88 7,61 12,51
As médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade. 1, Entre parênteses refere-se à cultivar.
910
resultados indicam que estes testes propiciaram classificações semelhantes dos lotes.
Observou-se também, correlação positiva (73%) entre os testes de vigor, tetrazólio e primeira
Tabela 2 - Coeficientes de correlação entre testes de germinação (G), primeira contagem (PC),
tetrazólio (TZ), Condutividade Elétrica (CE) e Lixiviação de K+ (LK+). UFLA, Lavras, MG,
2007.
Testes G LK+ CE TZ
PC 0,92** -0,40 -0,14 0,73**
TZ 0,87** -0,30 -0,26
CE -0,19 0,74**
LK+ -0,27
**Significativo à 1% de probabilidade.
Contagem, dando maior confiabilidade nos dados obtidos por meio destes. No entanto,
não houve correlação significativa entre a germinação e os teste de condutividade elétrica e
lixiviação de K+. A baixa correlação entre os testes de avaliação do sistema de membranas
com os testes de germinação e demais testes de vigor, leva a crer que os testes de
Condutividade elétrica e Lixiviação de K + não são os mais indicados para a separação de
lotes de sementes de mamona em diferentes níveis de qualidade.Tais resultados discordam
dos obtidos por Souza (2007), que obteve para a cultivar IAC-80 valores negativos e
significativos entre a condutividade elétrica e os testes de primeira contagem, germinação e
tetrazólio. Essa variação de resultados pode ser explicada uma vez que os testes podem ser
afetados por fatores como as características de composição química da cultivar, a espessura
do tegumento, tamanho da semente entre outros fatores (Powell, 1998; Albuquerque et al.
2001).
4 CONCLUSÃO
Os testes de germinação, primeira contagem e tetrazólio utilizados foram eficientes em
detectar diferenças na qualidade de lotes de sementes de mamona semeadas em Minas Gerais
no ano de 2007.
Existe grande variação na qualidade fisiológica das sementes utilizadas em Minas
Gerais, sendo que 75% apresentam germinação abaixo do padrão nacional.
911
Lotes com potencial de germinação não atingem desempenho superior pela ação de
microorganismos que afetam o estabelecimento de plântulas.
5 AGRADECIMENTOS
À Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais
(EMATER-MG) pela coleta das amostras de sementes utilizadas neste trabalho e à CAPES e
FAPEMIG pelos recursos fornecidos.
6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, M. C. F. E.; MORO, F. V.; FAGIOLI, M.; RIBEIRO, M. C. Teste de
condutividade elétrica e lixiviação de potássio na avaliação de sementes de girassol. Revista
Brasileira de Sementes, Brasília, v. 23, n. 1, p. 1-8, 2001.
SMIDERLE, O.J. A mamona que pode gerar emprego e renda. Disponível em: <
http://www.cpafrr.embrapa.br/index.php/cpafrr/artigos/a_mamona_que_pode_gerar_emprego
_e_renda >. Acesso em: 22/04/2006.
912
SOUZA, L. A. de,. Teste de condutividade elétrica para avaliação da qualidade de
sementes de mamona. 2007. 53p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Fitotecnia) –
Universidade Federal de Lavras, Lavras.
913
MERCADO DE BIODIESEL E O CUSTO DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL:
MOTIVAÇÕES E DESAFIOS PARA A PECUÁRIA LEITEIRA
914
1 INTRODUÇÃO
Com a atual perspectiva de esgotamento das reservas de fontes energéticas de origem
fóssil, bem como com as previsões de mudanças climáticas drásticas sinalizadas no último
relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – o IPCC, o uso da
biomassa como insumo energético ganha espaço novamente na discussão sobre o
desenvolvimento de uma matriz energética mundial mais sustentável.
Inúmeras pesquisas apontam a utilização de combustíveis líquidos derivados da
biomassa agrícola, tais como o etanol e o biodiesel, como uma alternativa bastante
promissora. Segundo FISCHER (2001), a utilização de combustíveis derivados da biomassa
está apresentando uma participação cada vez mais crescente na matriz energética mundial e
seu uso até o ano de 2050 deverá ser duplicado.
A valorização da biomassa como insumo energético moderno surgiu na década de 70
com as crises do petróleo (1973 e 1979). Na ocasião, a biomassa passou a ser considerada
como alternativa viável para atendimento às demandas por energia térmica e de centrais
elétricas de pequeno e médio porte. Entretanto, a partir de 1985, os preços do petróleo
voltaram a despencar, diminuindo novamente o interesse em energias alternativas. Mais tarde,
na década de 90, a biomassa volta a ganhar destaque no cenário energético mundial devido ao
desenvolvimento de tecnologias mais avançadas de transformação, pela ameaça de
esgotamento das reservas de combustíveis fósseis e pela incorporação definitiva da temática
ambiental nas discussões sobre desenvolvimento sustentável. Outro marco determinante foi a
assinatura do Protocolo de Quioto em 1997, onde ficou estabelecido que os países
desenvolvidos deverão promover reduções significativas nas emissões de gases de efeito
estufa, indicando que a participação de energias renováveis tenderá a ocupar um lugar de
destaque na matriz energética mundial (NOGUEIRA et.al., 2000; BARROS &
VASCONCELOS, 2001).
Neste sentido, a União Européia tem se destacado como pioneira na tomada de
iniciativas com relação mudanças na sua matriz energética buscando a introdução de energias
alternativas. Com a publicação da Diretiva 2003/03/EC, o Parlamento Europeu determinou
que a partir de 2006, pleo menos 2,0% dos combustíveis utilizados devem ser provenientes de
fontes renováveis, sendo que esta meta é ampliada para 5,75% ao final de 2010 e 20% em
2020 (NAE, 2004). No Brasil, a utilização de biodiesel foi regulamentada por meio da Lei
11.097/2005 que estabelece percentuais mínimos de mistura de biodiesel ao diesel comum e o
monitoramento da introdução do novo combustível no mercado. Pela referida lei, a partir de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
915
2008 todo o diesel comercializado no país deverá ter a adição de 2% de biodiesel e a partir de
2013 esta porcentagem aumenta para para 5%. Com isto, cria-se um mercado firme de
biodiesel de 1 bilhão de litros por ano, a partir de 2008 e a partir de 2013 este mercado se
amplia para 2,4 bilhões de litros (SEBRAE, 2007).
Com relação ao mercado europeu para o biodiesel, vale ressaltar que, apesar de a UE ser
a maior produtora do combustível do mundo, este mercado tem o seu crescimento limitado
em função de dois fatores: i) os custos de produção de biodiesel é de 1,5 a 3 vezes maior do
que o do diesel convencional e não existem perspectivas de redução destes custos, uma vez
que a tecnologia de produção (tanto agrícola como industrial) já se encontra amadurecida e
exaustivamente estudada (NAE, 2004); ii) disponibilidade de áreas para plantio.
Em contrapartida, o Brasil apresenta um grande potencial para produção de
biocombustíveis em grande parte de sua extensão territorial, em função de suas características
edafoclimáticas, biodiversidade (várias espécies potenciais para produção de biocombustíveis
adaptadas a diferentes climas e biomas), disponibilidade de área e mão-de-obra, bem como
comprovada competência técnica no campo da ciência agrícola.
De acordo com estudo realizado pela Embrapa (PERES, 2003), para cumprir a meta de
adição de 5% de biodiesel ao diesel (B5) seriam necessários aproximadamente 3 milhões de
hectares. Para efeito de comparação, estima-se que existem aproximadamente 90 milhões de
hectares aptos à expansão da agricultura de espécies de ciclo anual na região do cerrado, 28
milhões de hectares aptos à cultura do dendê na amazônia (NAE, 2004). Paralelamente a isto,
estima-se que com a elevação do nível tecnológico da pecuária, com maior lotação por
unidade de área, seria possível a ocupação de uma área equivalente a 20 milhões de hectares,
por cultivos energéticos, atualmente ocupadas por pastagens (PASCOTE & MARTINS,
2006).
Com isso, abre-se uma grande discussão em torno do mercado de alimentos, tendo em
vista que em função do aumento na demanda por biocombustíveis, os preços do produto da
agroenergia poderão ser majorados, o que poderá forçar uma alta também nos preços dos
alimentos, uma vez que, as principais lavouras utilizadas para a produção biodiesel são
também são destinadas à produção de alimentos. Na Europa a principal espécie utilizada é a
colza e no Brasil é a soja, em função da grande extensão de área plantada e do domínio do
sistema de produção desta espécie.
Por outro lado, o processo de extração de óleo vegetal, principalmente o de soja, gera
grande quantidade de farelo, que é utilizado na alimentação animal. Normalmente o farelo de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
916
soja é o produto principal e o óleo é o subproduto. No caso da utilização do grão de soja para
a produção de óleo vegetal tendo como subproduto o farelo, espera-se que seja gerado um
excedente deste, o que pode favorecer uma redução de custo do produto.
Dentro deste contexto, este trabalho teve como objetivo fazer uma análise do mercado
de biodiesel e o impacto do aumento da demanda por óleo vegetal no custo da alimentação
animal.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Inicialmente foi realizado um levantamento de custos de produção de leite, por meio de
pesquisas realizadas pela Embrapa Gado de Leite, considerando a participação do alimento no
custo total de produção de leite a participação do concentrado no custo total de alimentação.
Em seguida foi feita uma análise do mercado de biodiesel considerando a demanda atual
e a projeção de demanda futura com base na evolução do consumo interno de óleo diesel e no
marco regulatório que estabelece a adição de percentuais de biodiesel ao óleo diesel (2% a
partir de 2008 e 5% a partir de 2013). Todas as projeções foram realizadas até o ano de 2015.
Posteriormente, foram feitas projeções de demanda interna e exportações de farelo de
soja para estimar a demanda total. Para o calculo da demanda interna utilizou-se um modelo
de tendência com base nos dados da Companhia Nacional de Abastecimento. Para as
exportações de farelo de soja, foram feitas análises qualitativas baseadas em estudos e
projeções de demanda e volume de comércio mundial. Projetou-se então, o volume de
exportações brasileiras baseado na sua participação em relação a exportação mundial,
segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Nesse caso, a
participação brasileira passou dos atuais 24% para 26% no final do período analisado.
Finalmente, foi realizada uma análise comparativa entre a demanda total projetada e a
oferta total de farelo de soja, levando em consideração a oferta gerada pela utilização da soja
como insumo para a produção de biodiesel. Neste contexto foram considerados dois cenários:
um com a utilização de 100% de grãos de soja e outro com a utilização de 50% de grãos de
soja e 50% de outras oleaginosas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O alimento concentrado representa de 25% a 40% do custo total de produção de leite,
dependendo do sistema de produção adotado. Em relação ao custo com alimentação esse
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
917
percentual sobe para 40% a 70%, de acordo com estudos da Embrapa Gado de Leite (STOCK
et al., 2005; CARVALHO et al.,2007). Nesse contexto, verifica-se a importância do alimento
concentrado na produção de leite, sobretudo para animais em produção. O comportamento
dos preços dos farelos tem peso relevante na rentabilidade da atividade leiteira.
Considerando que, atualmente, o biodiesel figura como uma matriz complementar ao
diesel, o seu mercado potencial é determinado pelo mercado de diesel (NAE, 2004). A Tabela
1 mostra a projeção da demanda de biodiesel, no Brasil, no período entre 2006 e 2015,
considerando os marcos regulatórios estabelecidos pela legislação.
918
(mil m3) (mil ton)* (mil ton)**
Tabela 3 – Demanda total de farelo de soja no Brasil e participação nas exportações mundiais
Consumo interno Exportação % exportação mundial
Ano
(mil ton) (mil ton) (%)
2006 9.600 12.332 24,0
2010 10.834 13.800 23,8
2015 12.808 17.200 26,0
919
45.000
40.000 38.909
Demanda Oferta
35.000
30.000
(mil toneladas)
30.008
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
5
9
1
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Fonte: USDA; Conab. Elaboração e projeção: autores
40.000
35.000 34.459
Demanda Oferta
30.000
30.008
(mil toneladas)
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
920
Portanto, o desafio será encontrar a combinação de energia e proteína na formulação de
concentrado que otimize a relação benefício e custo.
4 CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos conclui-se que:
A demanda interna de biodiesel deverá atingir 2,2 bilhões de litros em 2015,
considerando apenas a exigência do marco regulatório;
Supondo somente o óleo de soja como insumo para a produção de biodiesel estima-se
que a expansão da demanda levará a um aumento proporcional da oferta de farelo da ordem
de 8,9 milhões de toneladas em 2015;
A partir da análise dos dados da USDA, constatou-se que a participação brasileira nas
exportações mundiais de farelo de soja irá passar de 24% em 2006 para 26% em 2015
totalizando 17,2 milhões de toneladas. Somando o consumo interno projetado, de 12,8
milhões de toneladas, estima-se um demanda total de 30 milhões de toneladas no final do
período analisado.
Mantendo-se a participação brasileira nos níveis projetados, estima-se que o excedente
de farelo gerado pelo aumento da demanda de biodiesel poderá refletir em redução nos preços
da ração concentrada e nos custos de produção de leite.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, D.M.; VASCONCELOS, E.C. Termelétricas a Lenha. In: MELLO, M.G. (Ed).
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dairy. In: 1 IFCN IN 2007 AND THE 8TH IFCN DAIRY CONFERENCE, 2007, Kiel,
Alemanha. Apresentação de Poster… Kiel University, 2007.
921
NOGUEIRA, L.A.H.; LORA, E.E.S.; TROSSERO, M.A.; FRISK, T. Dendroenergia:
Fundamentos e Aplicações. Brasília: ANEEL, 2000, 144p.
von BRAUN, J.; PACHAURI, R.K. The promisses and chalenges of biofuels for the poor in
developing countries. Disponível em: <
http://www.ifpri.org/pubs/books/ar2005/ar2005_essay.asp visitado em 24/05/2007 >.
STOCK, L. A. et al. Structure of cost and dairy specialization. In: 15º CONGRESS OF THE
INTERNATIONAL FARM MANAGEMENT ASSOCIATION, 2005, Campinas. Anais…
Campinas: IFMA, 2005. 1 CDROM.
922
TEOR DE SILICIO NOS ORGÃOS DA PARTE AÉREA DO GIRASSOL
MANEJADO SOBRE DIFERENTES DOSES DE SILICATO DE CALCIO.
RESUMO: O girassol é uma cultura que apresenta grande capacidade de expansão no Brasil
principalmente para a produção de óleo (comestível ou combustível). O uso do silício nesta
cultura pode trazer vários benefícios às plantas como melhoria na sua arquitetura, resistência
ao acamamento e resistência ao ataque de pragas e doenças. O silício não é considerado um
elemento essencial para o desenvolvimento das plantas, porém ele é considerado benéfico,
onde confere vários fatores positivos ao desenvolvimento das plantas. De forma geral, ele
possui uma função essencialmente mecânica nas plantas, fortificando e sustentando os
tecidos, órgãos e parede celular. Conduziu assim um trabalho cientifico objetivando avaliar o
teor de silício nas folhas, caule e capítulo do girassol manejado sobre diferentes doses de
silicato de cálcio. O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de
Ciência dos Solos da UFLA, utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos sendo as doses de silicato de cálcio (0; 27,33; 54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) e
quatro repetições, resultando em 20 parcelas. Os resultados foram analisados estatisticamente
apresentando significância em todas as partes estudadas. O órgão que apresentou maior
destaque no acumulo de silício foi às folhas, onde foi encontrado um teor de até 22,36g Kg-1
e conforme foram aumentando as doses de silício no solo aumento-se o teor deste elemento
nos órgão da parte aérea do girassol.
923
1 INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Asteraceae,
suas sementes possuem, em média, na sua composição cerca de 24% de proteínas, 47% de
matéria graxa, 20% de carboidratos totais e 4% de minerais. É originária da América do
Norte, mais precisamente das regiões correspondentes ao Norte do México e ao Estado de
Nebraska, nos Estados Unidos. Atualmente, o girassol é cultivado em todos os continentes,
em área que atinge aproximadamente 22,7 milhões de hectares e com uma produção mundial
próxima das 24,2 milhões de toneladas. Destacando-se como a quarta oleaginosa em produção
de grãos e a quinta em área cultivada no mundo.
Atualmente, a principal região produtora de girassol no Brasil é a dos cerrados,
caracterizada por solos muito intemperizados, geralmente ácidos, pobres em nutrientes e
muitas vezes com elevadas saturações de alumínio trocável, ressaltando a necessidade de
utilização de um programa para a correção e aumento da fertilidade adequada às culturas
envolvidas no sistema de produção (Leite, 2005).
O girassol é uma espécie sensível à acidez do solo, geralmente apresentando sintomas
de toxidez de Al em pH em CaCl2 0,1 M menor que 5,2.
Uma alternativa para corrigir os solos ácidos seria o uso da escoria de siderúrgica, um
resíduo da indústria do aço e ferro-gusa, constituída quimicamente de um silicato de cálcio
(CaSiO3), que apresenta propriedades corretivas semelhantes ao calcário. O uso do silicato de
cálcio tem promovido a adequada neutralização da acidez do solo, elevando a saturação por
base e neutralizando o Al tóxico, diminui a concentração dos micronutrientes metálicos
presentes no solo, devido à elevação do pH (Prado et al., 2004).
O silício é o segundo elemento mais abundante da crosta terrestre, representando 27%
em massa, superado apenas pelo oxigênio, sendo o mais abundante em solos tropicais. Porém,
é encontrado, na sua quase totalidade, na forma de óxido de silício predominantemente nas
formas de quartzo, opala e outras não disponíveis às plantas, que se formaram durante os
processos de intemperização dos solos.
As plantas diferem bastante quanto à sua capacidade em absorver silício. Até mesmo
genótipos de uma mesma espécie podem apresentar concentrações diferentes de silício entre
seus órgãos. Sua absorção do solo para a planta se dá de forma passiva, com o elemento
acompanhando a absorção da água pela planta como ácido monossílico (Taiz e Zeiger, 2004).
As diferentes espécies de plantas variam grandemente em sua capacidade de acumular
silício nos tecidos, podendo, em função das porcentagens de SiO2 encontradas na matéria
924
seca, serem divididas em acumuladoras (10-15% - muitas gramíneas como o arroz),
intermediárias (1-5% - cereais) e não acumuladoras (< 0,5% - maioria das dicotiledôneas)
(Epstein, 1999).
Os principais locais de acúmulo de silício nas plantas são a parede celular, o lúmen e os
espaços intercelulares ou as camadas cuticulares. O silício acumulado ao redor das paredes
celulares e entre as cutículas da epiderme confere resistência a patógenos, dificultando
inclusive a penetração de hifas de fungos. Além disso, os corpos silicosos opalinos (fitólitos)
ajudam a manter as folhas com porte mais ereto e, consequentemente, aumenta a taxa de
fotossíntese (Epstein, 1999; Taiz e Zeiger, 2004).
Até o momento, o envolvimento do silício no metabolismo de plantas ainda não foi bem
elucidado. A essencialidade do silício para as plantas superiores foi demonstrada apenas para
algumas espécies, principalmente gramínea, apesar de ser um constituinte majoritário dos
vegetais.
De forma geral, o silício possui uma função essencialmente mecânica nas plantas,
fortificando e sustentando os tecidos, órgãos e parede celular (Epstein, 1999).
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar o teor de silício nos diferentes órgãos
do girassol em função do aumento das doses de silicato de cálcio no solo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Ciência do
Solo da Universidade Federal de Lavras (Lavras-MG). O solo utilizado foi um Latossolo
Vermelho distrófico (LVdf), da camada de 1 - 3 m, proveniente do campus da UFLA, sendo
destorroado, seco ao ar e passado em peneira com malha de 5 mm de abertura.
No experimento o delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos as doses de silicato de cálcio (0; 27,33;
54,66; 81,98 e 109,31 g vaso-1) correspondentes a 0, 25, 50, 75 e 100% de substituição ao
CaCO 3 na calagem, resultando em 20 parcelas compondo o experimento. Cada parcela
experimental foi constituída por um vaso com capacidade de 15 dm3.
Foram semeadas quatro sementes por vaso. Após a germinação, deixaram-se duas
plantas uniformes e vigorosas por vaso. Antes do plantio efetuou-se a aplicação do silicato de
cálcio p.a. e do carbonato de cálcio p.a. complementar para elevar a saturação por base a 70%
de acordo com Leite (2005). Os vasos permaneceram incubados por 15 dias, com a umidade
do solo em torno de 60% do volume total de poros (VTP).
925
Após a semeadura foram adicionadas ao solo quantidades suficientes de
macronutrientes (N= 300, P= 200, K= 300, Mg= 30 e S= 50 mg dm-3) e micronutrientes (B=
0,5; Cu= 1,5; Fe= 5; Mo= 0,1; Mn= 10 e Zn= 5 mg dm-3), na forma de reagente PA, sendo as
doses de N e K parceladas em 2 aplicações (plantio e 30 dias após a emergência). Os
nutrientes foram aplicados em forma de solução para maior uniformização.
A cultivar utilizada foi a Charrua da empresa Atlântica sementes. A semeadura foi
realizada no dia 27 de novembro de 2006, a emergência ocorreu cinco dias após. No dia 15 de
dezembro foi realizado o desbaste.
Todo material vegetal foi seco em estufa de circulação forçada de ar, a seguir foi moído
em moinho e submetido à análise química para determinação dos teores de silício pelo
Método Colorimétrico Do “Azul-De-Molibdênio”.
A análise de silício foi realizada segundo o método proposto por Gallo & Furlani
(1978), envolvendo três etapas em sua extração: (a) incineração do material a 500°C por 30
minutos em cadinho de níquel; (b) dissolução do SiO2 com solução de NaOH a 10% e novo
aquecimento a temperatura de 400-500°C, durante 20 minutos; (c) dissolução do silicato de
sódio formado com água destilada no próprio cadinho. O extrato final foi obtido transferindo-
se olíquotas variáveis de 1 a 5 mL dos cadinhos para recipientes de plásticos com volume
final completado com água destilada para 50 mL .A dosagem de Si foi feita por leituras
colorimétricas em olíquotas de 50 mL contendo além do extrato, soluções de ácido sulfúrico,
molibdato de amônio, ácido oxálico e ácido ascórbico, tendo os teores de Si sido calculados
com base em curva padrão preparada de ácido silícico, sendo em seguida corrigidos para teor
de silício.
Os resultados foram submetidos à análise de variância e regressão polinomial
utilizando-se o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000) para determinação do efeito das
doses de silicato de cálcio em folhas, caule e capítulo em função do teor de silício.
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
O efeito das doses de silicato de cálcio no teor de silício nos órgãos da parte aérea foi
significativo pela análise de variância (p<0,05), onde com o aumento das doses de silicato de
cálcio no solo promoveu uma maior concentração do silício na parte aérea do girassol.
A maior concentração de silício na parte aérea ocorreu nas folhas como se pode
observar na figura 1. Segundo Korndörfer et al., (1999), o teor de silício nas plantas são
classificados como baixo quando menores que 17 g Kg-1, médios de 17 a 34 g Kg-1 e altos
926
acima de 34 g Kg-1 quando este estudou a concentração do silício na cultura do arroz, com
isso podemos observar que as doses de 50, 75 e 100% de silicato de cálcio em substituição ao
carbonato de cálcio apresentaram um índice médio de teor de silício, sendo de grande valor
para a cultura já que o girassol é tido como planta não acumuladora de silício.
Figura 1 - Teores de silício nas folhas de girassol em função de doses crescentes de silicato de
cálcio.
Os resultados encontrados nas folhas são bastante relevantes, pois esta espécie pode
passar de planta não acumuladora para uma planta intermediaria já que segundo Epstein,
(1999), uma planta para ser classificada intermediaria tem que ter de 1-5% de silício na
matéria seca, e os resultados encontrados neste trabalho chegaram a até 2,23% de silício na
matéria seca da folha.
As doses de silicato de cálcio que apresentaram maior teor de silício nas folhas foi a de
81,98 e 109,31 g vaso-1 apresentando um teor de 22,36 e 22,07 g Kg-1. Barbosa, (2007)
avaliando o índice de doença na cultura do girassol manejada sobre diferentes doses de
silicato de cálcio pode observar que utilizando as doses de 81,98 e 109,31 g vaso-1 tem se
uma maior resistencia ao ataque de oidio nas folhas de girassol. Este fato deve-se a maior
resistência que o silício proporciona as plantas, devido à resistência mecânica, por formar uma
barreira estrutural e/ou a resistência química formando complexos com polifenóis servindo
como alternativa a lignina (Taiz e Zeiger, 2004).
927
O teor de silício no capitulo foi crescente conforme aumentou as doses de silicato de
cálcio no solo, Figura 2. Porem os teores encontrados neste órgão é considerado baixo quando
comparado com os teores encontrados nas folha. Isto é provavelmente devido à baixa
translocação do silício na planta, onde ele se concentrou em maior quantidade nas folhas
tornando-se imóvel para os outros órgãos das plantas (Taiz e Zeiger, 2004).
A dose de silicato de cálcio que promoveu maior teor de silício no capitulo foi a de
109,31 g vaso-1, ou seja, quando se utilizou 100% de silicato de cálcio na correção do solo,
promovendo um teor de 5,27 g Kg-1.
O teor de silício no caule foi considerado baixo, tendo um teor semelhante em todos os
tratamentos onde se utilizou o silicato de cálcio, Figura 3. Estes resultados não coincidem
com os encontrados por Carvalho, (2003) e Lana (2003) quando estes estudando o teor de
silício na cultura do eucalipto e tomate respectivamente encontraram uma maior concentração
deste elemento no caule e baixa concentração nas folhas.
928
Figura 3 - Teor de silício no caule do girassol em função de doses crescentes de silicato de
cálcio.
4 CONCLUSÃO
Ocorreu uma relação direta entre o aumento nas doses de silicato de cálcio no solo e o
teor de silício nos órgãos da parte aérea.
A folha do girassol é o órgão da planta com maior teor de silício. O girassol pode ser
classificado como uma planta intermediaria na acumulação de silício.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, E.A.A.; Efeito de doses de silicato de cálcio no crescimento, produção de
matéria seca da parte aérea e na resistência a doença pelo girassol (Helianthus annuus
L.), 2007, 33p. Monografia (Graduação em Engenharia Agronômica), Universidade Federal
de Lavras, Lavras.
CARVALHO, R.; FURTINI NETO, A.Z.; CURI, N.; RESENDE, A.V. Absorção e
translocação de silício em mudas de eucalipto cultivadas em latossolo e cambissolo. Ciência e
Agrotecnologia, Lavras, v.27. n.3. p. 491-500, 2003.
EPSTEIN, E. Annual rewiew of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, Palo Alto, v.
50, p. 641-664, 1999.
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GALLO, J. R.; FURLANI, P. R. Determinação de silício em material vegetal pelo método
colorimetro do azul de molibdênio. Bragantia, Campinas, v.37. n.2. p.5-11, 1978.
KORNDÖRFER, G.H.; SNYDER, G.H.; ULLOA, M.; PERDOMO, R.; POWELL, C.;
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LANA, R.M.Q.; KORNDÖRFER, G.H.; ZANÃO JUNIOR, L.A.; SILVA, A.F.; LANA,
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Bioscience jurnal, Uberlândia, v.19. n.2. p.15-20, 2003.
TAIZ, L.; ZEIGER, E Fisiologia vegetal. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
930
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE NABO FORRAGEIRO
CULTIVAR IPR 116
931
1 INTRODUÇÃO
O nabo forrageiro, Raphanus sativus L. var. oleiferus Metzg., por apresentar em suas
sementes consideráveis teores de óleo, relativa facilidade de extração deste, possuir
satisfatório potencial produtivo em épocas de pouca utilização ou pousio das terras
agricultáveis, poderá se tornar matéria-prima de substancial interesse aos produtores rurais
para produção de óleo no Programa do Biodiesel (SILVA, 2007).
Nabo forrageiro é uma planta originária da Ásia Oriental e Europa, pertencente à família
Brassicaceae, da ordem Caparales, com ciclo anual de inverno (MUZILLI, 2002). O fruto é
uma síliqua indeiscente, de 3 a 5cm de comprimento, contendo de 2 a 10 sementes, com
massa de 1000 grãos variando de 6 a 14g, com média de 11g (DERPSCH e CALEGARI,
1992). No entanto, ainda não foram estabelecidos padrões de qualidade para a produção e
comercialização de sementes de nabo forrageiro no Brasil, nem metodologias para realização
do teste de germinação capazes de distinguir a qualidade fisiológica de lotes de sementes.
O conhecimento das condições ideais para a germinação da semente de uma
determinada espécie é de fundamental importância, principalmente, pelas respostas
diferenciadas que ela pode apresentar em função de diversos fatores, como viabilidade,
dormência, condições de ambiente, envolvendo água, luz, temperatura, oxigênio e ausência de
agentes patogênicos, associados ao tipo de substrato para sua germinação (BRASIL, 1992;
BEWLEY e BLACK, 1994; CARVALHO e NAKAGAWA, 2000).
Dentre os fatores do ambiente que afetam a germinação das sementes, a temperatura
exerce acentuada influência na velocidade de germinação e no potencial germinativo. A
temperatura definida como ótima é aquela na qual a semente expressa seu potencial máximo
de germinação e as temperaturas máxima e mínima caracterizam pontos críticos onde acima e
abaixo das quais não ocorre germinação (MAYER e POLJAKOFF-MAYBER, 1989). Além
da temperatura, os substratos utilizados no teste de germinação, em geral, têm como principal
função dar sustentação às sementes, tanto do ponto de vista físico como químico (AGUIAR et
al., 1993). Em função do tamanho e exigências ecofisiológicas das sementes quanto à
umidade e luz, cada substrato é utilizado de maneira que ofereça maior praticidade nas
contagens e avaliação das plântulas (POPPINIGS, 1985).
A temperatura e o substrato ideal de germinação já foram estudados para várias
espécies, como para sementes de Brassica chinensis onde o regime de temperatura
recomendado para germinação é o alternado 20ºC-30ºC (ELLIS et al., 1989). As sementes de
amendoim-do-campo têm a temperatura de germinação ótima entre 18 ºC e 30ºC (NASSIF e
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
932
PEREZ, 2000). Já as sementes de bertalha, família Basellaceae, as temperaturas de 30ºC
constante e 20ºC-30ºC alternada, juntamente com os substratos, areia, vermiculita, sobre
papel e rolo de papel são as condições mais adequadas para a germinação desta espécie
(LOPES et al., 2005).
A qualidade sanitária das sementes é outro aspecto a ser considerado visando a
adequação do teste de germinação, pois o grau de infestação de patógenos pode variar de um
substrato para outro, interferindo na germinação e estabelecimento de plântulas (BARBOSA e
BARBOSA, 1985; PEREIRA et al., 2005; MACHADO, 2000). Dentre os patógenos mais
encontrados em sementes de nabo forrageiro, a Alternaria raphani, agente da mancha-foliar, é
um dos principais microrganismos que podem reduzir a germinação por seus danos às
plântulas (RICHARDSON, 1979).
Desta maneira, objetivou-se com esta pesquisa adequar a metodologia do teste de
germinação para sementes de nabo forrageiro, visando definir a temperatura ótima e o
substrato ideal para avaliação da qualidade de sementes da cultivar IPR116.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Laboratório de Análise de Sementes no Departamento
de Agricultura e Laboratório de Patologia de Sementes, da Universidade Federal de Lavras,
MG. As sementes de nabo forrageiro utilizada foram da cultivar IPR 116 (IAPAR), lotes de
2004 e 2005, fornecidas pela Pesagro, RJ.
O grau de umidade foi determinado pelo método de estufa a 105+2oC por 24 horas
(BRASIL, 1992), com 2 repetições de 10g de sementes.
Para adequação do teste de germinação a semeadura foi realizada em caixas acrílicas do
tipo gerbox lacradas sobre substrato papel mata-borrão, umedecido com água destilada em
quantidade equivalente a 2,0 vezes o peso do substrato seco, e substrato areia. As caixas de
gerbox foram transferidas para mesa termogradiente, regulada nas temperaturas de 15ºC;
20°C; 25°C; 30°C e 35°C ± 2°C, sob luz contínua e em câmara do tipo B.O.D. regulada à
temperatura alternada de 20ºC-30°C, com fotoperíodo de 12 horas. Foram utilizadas 4
repetições de 50 sementes e os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais ao
3º dia (primeira contagem) sendo o teste encerrado ao 9º dia. O índice de velocidade de
germinação foi calculado segundo a fórmula proposta por Maguire (1962).
A emergência em condições controladas (ECC) foi realizada em substrato solo e areia
na proporção 1:2 em bandejas plásticas. A umidade do substrato foi ajustada para 60% da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
933
capacidade de retenção (BRASIL, 1992). Após a semeadura, de 4 repetições de 50 sementes,
as bandejas foram mantidas em câmara do tipo B.O.D., previamente regulada à temperatura
de 20ºC, sob luz constante. A partir do início da emergência foram realizadas avaliações
diárias, computando-se o estande inicial e número de plântulas emergidas até a estabilização.
O índice de velocidade de emergência foi determinado segundo fórmula proposta por Maguire
(1962).
Foi realizado o teste de sanidade das sementes de nabo forrageiro pelo método do papel
de filtro ou blotter test, utilizando-se 200 sementes, divididas em 8 repetições de 25 sementes,
dispostas em placas de Petri sobre 3 folhas de papel de filtro embebidas com água destilada.
As placas foram levadas para uma câmara tipo B.O.D. a 8ºC por 1 dia e depois para incubação
a 22-25ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por 5 dias. Foram avaliados a presença de fungos nas
sementes, com auxílio de lupa e microscópio estereoscópio.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 6 x 2 (6 regimes de temperaturas e 2 substratos). Os dados foram submetidos à analise
de variância e as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade e
transformados em √x. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa
estatístico SISVAR® (FERREIRA, 2000).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, verifica-se para cultivar IPR 116, que para os 2 lotes (2004 e 2005), o grau
de umidade de 5% e o IVE não apresentaram diferenças significativas. O lote produzido na
safra de 2004 apresentou superioridade de resultados em relação ao da safra de 2005 na sua
emergência e estande inicial. Esses resultados não foram observados em relação ao índice de
velocidade de emergência (Tabela 1).
934
Maiores porcentagens dos fungos Aspergillus flavus e Penicillium foram observados
em lotes produzidos na safra de 2004 em relação ao lote de 2005 (Tabela 2).
O fungo Aspergillus flavus, encontrado nas sementes da safra de 2004, é considerado
um fungo de armazenamento, já Alternaria alternata, segundo Sales e Castro (1994), podem
afetar o desenvolvimento de plântulas, levando a tombamento e redução da germinação
(ROTEM, 1995). Além disso, a associação de sementes a A. alternata, mesmo sendo
considerado um patógeno fraco, pode produzir grandes prejuízos por causar infecções em
sementes e ser transmitido pelas mesmas (NEERGAARD, 1977).
Tabela 2 - Porcentagem (%) dos fungos Aspergillus flavus, Aspergillus niger, Penicillium,
Alternaria alternata e sementes sem fungos de nabo forrageiro, cultivar IPR 116, safras de
2004 e 2005.
Lotes Aspergillus Aspergillus Penicillium Alternaria Sementes sem
flavus niger alternata fungos
2004 42 A 1A 11 A 14 A 37 B
2005 6B 2A 0B 12 A 81 A
CV(%) 29,80 152,95 133,06 45,93 20,65
Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%.
935
Tabela 3 - Primeira contagem da germinação (%) de sementes de nabo forrageiro, cultivar
IPR 116, safras de 2004 e 2005, em função das temperaturas e dos substratos.
Lotes
T (ºC) 2004 2005
Sobre Papel Areia Sobre Papel Areia
15 23 b AB 40 a B 17 b A 53 a A
20 26 b AB 52 a AB 30 a A 48 a A
25 19 b B 57 a AB 26 b A 59 a A
30 21 b B 53 a AB 11 b A 59 a A
35 5bB 54 a AB 14 b A 72 a A
20-30 44 b A 65 a A 25 b A 74 a A
CV (%) 20,43 27,32
Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, pelo teste de
Tukey a 5%.
936
Altas temperaturas afetam a germinação de sementes de outras espécies, como aipo
(BROCKLEHURST et al., 1983), alface (NASCIMENTO, 2002), cenoura (CANTLIFFE e
ELBALLA, 1994) e espinafre (ATHERTON e FAROQUE, 1983).
Tabela 4 - Porcentagem de germinação (%) de sementes de nabo forrageiro, cultivar IPR 116,
safras 2004 e 2005, em função de diferentes temperaturas e substratos.
Lotes
T (ºC) 2004 2005
Sobre Papel Areia Sobre Papel Areia
15 35 b BC 65 a A 32 b B 68 a B
20 37 b B 69 a A 49 b B 63 a B
25 45 b AB 71 a A 44 b B 71 a B
30 26 b BC 69 a A 15 b BC 73 a B
35 8bC 68 a A 11 b C 78 a AB
20-30 71 a A 74 a A 79 b A 94 a A
CV (%) 15,76 10,32
Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, pelo teste de
Tukey a 5%.
Na temperatura alternada de 20ºC-30ºC, IVG superior foi obtido para o substrato sobre
areia, exceto para safra de 2004 que não apresentou diferenças significativas entre os
substratos (Tabela 5). Resultados inferiores de IVG foram observados a 35ºC em todas os
tratamentos e a 25ºC em substrato areia na safra de 2005 (Tabela 7).
937
Tabela 5 - Índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes de nabo forrageiro,
cultivar IPR 116, safras 2004 e 2005, em função de diferentes temperaturas e substratos.
Lotes
T (ºC) 2004 2005
Sobre Papel Areia Sobre Papel Areia
15 6,57 b BC 13,84 a A 10,29 b BCD 18,87 a AB
20 7,14 b BC 16,79 a A 13,38 b ABC 18,11 a B
25 9,17 b B 16,94 a A 14,29 b AB 19,73 a AB
30 8,65 b BC 16,93 a A 8,88 b CD 20,04 a AB
35 4,23 b C 16,85 a A 6,28 b D 21,90 a AB
20-30 16,38 a A 17,52 a A 15,76 b A 24,02 a A
CV (%) 12,14 8,78
Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, pelo teste de
Tukey a 5%.
938
(a) (b)
Figura 1 – Germinação das sementes de nabo forrageiro em substrato sobre papel (a) e areia
(b).
4 CONCLUSÃO
A temperatura de 20ºC-30ºC é condições adequadas para avaliação da germinação das
sementes de nabo forrageiro, cultivar IPR 116.
O substrato areia favoreceu o crescimento das plântulas de nabo forrageiro.
5 AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Pesagro- Rio/EEC, em especial ao pesquisador José Márcio Ferreira
pelo fornecimento das sementes.
Aos Professores do Setor de Sementes da Universidade Federal de Lavras pelas valiosas
sugestões.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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na germinação de sementes de cataia (Drimys brasiliensis Miers. Winteraceae). Revista
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temperatura, substrato e luz na germinação de sementes de bertalha. Revista Brasileira de
Sementes, vol. 27, nº 2, p.18-24, 2005.
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sementes e o desenvolvimento inicial de plântulas de ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia
(Vahl.) Nich. e barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Couville). Ciência e
Prática, Lavras, v.18, n.1, p. 83-89, jan./mar., 1994.
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VIANAS, L.H.; SILVA, R.F. Comportamento de cultivares de nabo forrageiro (Raphanus
sativus L.) em função da variação do espaçamento entre linhas. Acesso em 15 de janeiro de
2007. Disponível em: http//www.portal do biodiesel.gov.br
941
TRANSESTERIFICAÇÃO ENZIMÁTICA DE ÓLEO DE SOJA RESIDUAL
VISANDO APLICABILIDADE NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
942
1 INTRODUÇÃO
Biodiesel é um biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a
combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de
outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem
fóssil. Pode ser usado em um motor de ignição a compressão (diesel) sem necessidade de
modificação. Ele é simples de ser usado, biodegradável, não tóxico e essencialmente livre de
compostos sulfurados e aromáticos e pode ser obtido por diferentes processos tais como o
craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação (NELSON et al., 1996).
Esse combustível pode ser produzido a partir de qualquer fonte de ácidos graxos, óleos
e gorduras animais (como sebo) ou vegetais (tais como mamona, dendê (palma), girassol,
babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras), porém nem todas as fontes de ácidos
graxos viabilizam o processo a nível industrial. Os resíduos graxos também aparecem como
matérias primas para a produção do biodiesel. Nesse sentido, podem ser citadas as borras de
refinação, a matéria graxa dos esgotos, óleos ou gorduras vegetais ou animais fora de
especificação, ácidos graxos, os óleos de frituras, etc. Um levantamento primário da oferta de
óleos residuais de frituras, suscetíveis de serem coletados (produção > 100kg/mês), revela um
valor da oferta brasileira superior a 30.000 toneladas anuais (FUKUDA et al., 2001).
O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores
ciclodiesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou
estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc). Pode ser usado puro ou misturado ao
diesel em diversas proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada
de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100 (FUKUDA et al.,
2001).
Por ser biodegradável, não-tóxico e praticamente livre de enxofre e aromáticos, é
considerado um combustível ecológico. Como se trata de uma energia limpa, não poluente, o
seu uso num motor diesel convencional resulta, quando comparado com a queima do diesel
mineral, numa redução substancial de monóxido de carbono e de hidrocarbonetos não
queimados (FUKUDA et al., 2001).
A transesterificação é o processo mais utilizado atualmente para a produção de
biodiesel. É catalisada por ácido ou base, dependendo das características do óleo e/ou gordura
utilizados. Consiste numa reação química dos óleos vegetais ou gorduras animais com o
álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador (ácido, básico ou
943
enzimático), da qual também se extrai a glicerina, produto com aplicações diversas na
indústria química (FUKUDA et al., 2001).
A interesterificação de óleos e gorduras pelo processo químico, embora seja simples,
rápida e com alto rendimento, apresenta algumas desvantagens. A primeira refere-se ao
catalisador (ácido ou base), que, ao final do processo, permanece misturado com o principal
subproduto da reação, a glicerina, dificultando sua separação e purificação. Essas dificuldades
podem ser minimizadas por meio da adoção de um processo enzimático, possibilitando a
obtenção tanto do biodiesel como glicerina, com maior grau de pureza e ainda permitindo a
reutilização do biocatalisador (FUKUDA et al., 2001).
Recentes estudos têm demonstrado a possibilidade do uso de um método alternativo
para a produção de ésteres pelo uso de enzimas, tais como lipases, como catalisadores,
utilizando como matéria prima óleos vegetais de baixo custo e grande produção regional. A
crescente ênfase no uso de biocatalisadores devido às suas propriedades favoráveis de reação
tais como condições amenas ambientalmente compatíveis e sua alta especificidade tem
resultado em um aumento do uso de enzimas, especialmente, imobilizadas em suportes inertes
(BARZANO et al., 1989;. CARVALHO et al., 2005; DALLA-VECCHIA et al., 2005).
Lipases (triglicerol acil-hidrolases, E.C. 3.1.1.3), são enzimas de origem animal, vegetal
ou microbiana, que atuam sobre as ligações ésteres de tri, di e monoacilgliceróis. Enzimas
lipolíticas são definidas como hidrolases de ésteres contendo ácidos graxos de cadeia longa,
saturados ou insaturados, com doze ou mais átomos de carbono (CARVALHO et al., 2005;
DALLA-VECCHIA et al., 2005)
Dependendo da fonte, as lipases podem ter massa molecular variando entre 20 a 75 kDa,
atividade em pH na faixa entre 4 a 9 e em temperaturas variando desde a ambiente até 70 °C.
Lipases são usualmente estáveis em soluções aquosas neutras à temperatura ambiente
apresentando, em sua maioria, uma atividade ótima na faixa de temperatura entre 30 e 40 °C.
Contudo, sua termoestabilidade varia consideravelmente em função da origem, sendo as
lipases microbianas as que possuem maior estabilidade térmica (CARVALHO et al., 2005).
Essas enzimas constituem o mais importante grupo de biocatalisadores para aplicações
biotecnológicas. As reações de hidrólise, interesterificação e sínteses de ésteres por lipases
estão entre os processos mais promissores para a modificação de lipídeos. As reações de
hidrólise envolvem o ataque na ligação éster do triglicerídeo na presença de moléculas de
água para produzir glicerol e ácidos graxos (CARVALHO et al., 2005; DALLA-VECCHIA et
al., 2005).
944
As enzimas microbianas extracelulares podem ser produzidas em meio líquido ou
sólido. O uso de meio sólido, ao contrário do meio líquido, permite a triagem de uma grande
quantidade de microorganismos, além de possibilitar uma rápida detecção de enzimas
específicas (CARVALHO et al., 2005).
Do ponto de vista industrial, os fungos são especialmente valorizados porque as
enzimas por eles produzidas normalmente são extracelulares, o que facilita sua recuperação
do meio de fermentação (CARVALHO et al., 2005; DALLA-VECCHIA et al., 2005).
Considerando o crescimento da utilização do biodiesel em âmbito mundial, não somente
pelo aspecto de meio ambiente, mas, principalmente, por se tratar de uma fonte de energia
renovável, a investigação do uso de lipases para produção de biodiesel é de relevante
importância.
As matérias-primas para a produção de biodiesel podem ter as seguintes origens: óleos
vegetais, gorduras de animais, óleos e gorduras residuais.
Todos os óleos vegetais, enquadrados na categoria de óleos fixos ou triglicerídicos,
podem ser transformados em biodiesel. Dessa forma, podem constituir matéria prima para a
produção de biodiesel, os óleos das seguintes espécies vegetais: grão de amendoim, polpa do
dendê, amêndoa do coco de dendê, amêndoa do coco da praia, caroço de algodão, amêndoa do
coco de babaçu, semente de girassol, baga de mamona, semente de colza, semente de
maracujá, polpa de abacate, caroço de oiticica, semente de linhaça, semente de tomate, entre
muitos outros vegetais em forma de sementes, amêndoas ou polpas (NETO et al., 2000).
Além dos óleos e gorduras virgens, constituem também matéria-prima para a produção
de biodiesel os óleos e gorduras residuais, resultantes de processamentos domésticos,
comerciais e industriais (SAMPAIO, 2003; NETO et al., 2000) .
As possíveis fontes dos óleos e gorduras residuais são:
- As lanchonetes e as cozinha industriais, comerciais e domésticas, onde são praticadas
as frituras de alimentos;
- As indústrias nas quais processam frituras de produtos alimentícios, como amêndoas,
tubérculos, salgadinhos, e várias outras modalidades de petiscos;
- Os esgotos municipais onde a nata sobrenadante é rica em matéria graxa, possível de
extraírem-se óleos e gorduras;
- Águas residuais de processos de certas indústrias alimentícias, como as indústrias de
pescados, de couro, etc.
O óleo, depois de usado, torna-se um resíduo indesejado e sua reciclagem como
biocombustível alternativo não só retiraria do meio ambiente um poluente, mas também
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
945
permitiria a geração de uma fonte alternativa de energia. Assim, duas necessidades básicas
seriam atendidas de uma só vez (SAMPAIO, 2003; NETO et al., 2000). Desta maneira o
presente trabalho teve como objetivo a transesterificação enzimática de óleo de soja residual
utilizando a lipase como biocatalizador, visando aplicação futura na produção de Biodiesel.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O microrganismo Aspergillus niger foi adquirido da coleção de culturas do Instituto
Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro) e mantido sob refrigeração (4ºC) em tubos de ensaio
inclinados contendo meio PDA.
Os reagentes glicose, extrato de levedura, peptona, KNO3, KH2PO4, MgSO4.7H2O,
KOH, H2SO4, NAOH, fenolftaleína foram de grau analítico. Azeite de oliva foi adquirido
comercialmente.
O óleo de soja residual foi adquirido em estabelecimentos comerciais da cidade de
Aracajú-SE.
Inicialmente o óleo residual utilizado em frituras foi filtrado à vácuo para a remoção de
partículas sólidas. Após o processo de filtração, o óleo foi secado à temperatura entre 110°C e
120°C, até que não se observasse a fritura do óleo. A seguir, o óleo seco foi armazenado em
recipiente seco e bem vedado para evitar a absorção de umidade do ambiente.
A lipase foi produzida segundo a metodologia de Carvalho et al .(2005). Para os
experimentos de fermentação preparou-se uma suspensão de esporos do fungo pela adição de
5 mL de água destilada estéril ao tubo de ensaio inclinado contendo o microrganismo em
meio PDA. A suspensão de esporos (3,5 mL) foi adicionada a um Erlenmeyer de 500 mL
contendo 420 mL do meio de cultura com a seguinte composição (p/v): glicose 1,0%, peptona
2,0%, extrato de levedura 0,5%, óleo de oliva 1,0%, KNO3 0,1%, KH2PO4 0,1%,
MgSO4.7H2O 0,05%, em tampão fosfato 0,1M pH 6,5. O meio fermentativo foi mantido sob
agitação durante 72 horas à temperatura de aproximadamente 30ºC.
O meio fermentado foi filtrado em gaze e centrifugado durante 20 minutos, o
sobrenadante obtido foi denominado extrato enzimático bruto. A biomassa residual foi
determinada após secagem em estufa à temperatura de 80 ˚C, até obter peso constante.
A atividade da lipase produzida foi determinada através de uma reação de
interesterificação com óleo de oliva, utilizando o extrato bruto enzimático. A reação consistiu
em misturar 1mL de óleo de oliva, 4mL de tampão fosfato pH 6,5 e 1mL de extrato bruto
enzimático. A solução foi mantida sob agitação a 130 rpm e temperatura de aproximadamente
946
30ºC durante 60 min. A reação foi paralisada pela adição de 15mL de acetona:etanol (1:1 v/v)
e a atividade foi medida pela titulação dos ácidos graxos liberados com solução de KOH
50mM usando fenolftaleína como indicador.
Um branco contendo separadamente 1mL de óleo de oliva e 1mL de extrato bruto (E.B.)
foi titulado da mesma forma que os ensaios, para determinação da quantidade pré-existente de
ácidos graxos livres no substrato empregado. Uma unidade de atividade foi definida como a
quantidade de enzima necessária para liberar 1μmol de ácido graxo por minuto de reação, nas
condições do ensaio.
As reações de transesterificação do óleo de soja residual foram realizadas de acordo
Noureddini et al (2005). As reações foram preparadas com óleo de soja residual, água e
extrato bruto enzimático (E.B.E), diferindo no álcool utilizado, etanol ou metanol, nas
seguintes proporções:
Reação 1 Æ 60,6% de óleo de soja residual, 18,2% de E.B.E. , 3% de água e 18,2% de
metanol.
Reação 2 Æ 54,6% do óleo de soja residual, 16,4% de E.B.E., 1,6% de água e 27,4% de
etanol.
As reações foram mantidas, sob agitação, à temperatura de aproximadamente 30ºC
durante 60 minutos.
Após a reação de transesterificação, as amostras foram fervidas durante 5 minutos para
inativação da enzima. A massa reacional final foi constituída de duas fases separadas, em
seguida, por decantação. A fase pesada continha glicerina bruta, excessos de álcool e água e
impurezas inerentes à matéria –prima. A fase leve continha uma mistura de ésteres, conforme
a natureza do álcool originalmente adotado e excessos reacionais de álcool.
A fase leve contendo os ésteres foram secadas à temperatura de 80-90°C antes dos
experimentos de quantificação.
A quantificação dos ésteres produzidos baseou-se na saponificação destes com
hidróxido de sódio. Os experimentos foram realizados de acordo com a metodologia analítica
descrita pelo Instituto Adolfo Lutz (2007). Amostras de 10 mL dos ésteres etílicos ou
metílicos foram inicialmente tituladas com solução de hidróxido de sódio 0,1 M usando
fenolftaleína como indicador. Em seguida adicionou-se um excesso de 1mL de solução de
hidróxido de sódio e deixou-se em repouso por 24 horas. Como não houve mudança na
coloração, adicionou-se 1mL de solução de ácido sulfúrico 0,1 M e titulou-se o excesso com
solução de hidróxido de sódio, até verificar a mudança de coloração.
947
A quantidade de ésteres foi calculada utilizando-se a equação (2) a seguir:
Onde:
B = volume de solução de hidróxido de sódio adicionado, em excesso, mais o volume
de hidróxido de sódio gasto na titulação, multiplicado pelo fator da solução (mL);
C = volume de ácido sulfúrico adicionado, multiplicado pelo respectivo fator da solução
(mL);
N = normalidade das soluções (0,1N);
V = volume da amostra usada na titulação (mL);
PM = peso molecular Æ para acetato de etila (88,1 g/mol) e para acetato de metila
(74,1 g/mol).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o término da fermentação, o fermentado foi filtrado e centrifugado, sendo o
sobrenadante chamado de extrato bruto enzimático. As células retidas na filtração e as
precipitadas na centrifugação foram secadas em estufa até obtenção de peso constante. A
biomassa residual foi pesada em balança analítica, obtendo-se um valor de 6,3 g.
A atividade enzimática do extrato bruto enzimático foi determinada como descrito no
item 2.2.3 da metodologia, sendo obtido 6,7 U/mL. Os valores de atividade enzimática podem
variar significativamente dependendo da composição do meio de cultivo e de variáveis do
processo fermentativo, tais como pH, temperatura de incubação e indutores da síntese da
lipase como os óleos vegetais.
As reações de transesterificação foram realizadas utilizando-se extrato bruto enzimático,
água e óleo de soja residual, variando-se o tipo de álcool utilizado, etanol ou metanol. Sendo a
reação 1 constituída de E.B.E, água, óleo residual e metanol e a reação 2 constituída de
E.B.E, água, óleo residual e etanol.
Após as reações, as amostras foram colocadas em decantadores, para separação das
fases, por 24 horas. Após este procedimento verificou-se a separação de duas fases, uma
contendo os ésteres (leve) e outra contendo glicerina e impurezas (densa). Foi verificado
948
também que os ésteres metílicos permaneceram na fase inferior e os ésteres etílicos na fase
superior do decantador.
A quantidade de ésteres totais produzidos foi determinada analiticamente, como descrito
no item 2.2.6 da metodologia, sendo obtidos 776 mg de ésteres metílicos e 1031 mg de ésteres
etílicos. Estes resultados demonstraram que a reação com etanol foi mais eficiente na
produção de ésteres do que a reação com metanol. A utilização de etanol nas reações de
transesterificação enzimática favorece a viabilidade do processo tendo em vista a
disponibilidade no Brasil, além do produto ser de baixo custo, não tóxico e mais seguro para
manipulação. Experimentos posteriores serão realizados com o intuito de avaliar os ésteres
obtidos segundo as especificações da ANP para caracterização como biodiesel.
4 CONCLUSÃO
A transesterificação enzimática de triglicerídeos constitui uma opção ambientalmente
mais atrativa do que os processos químicos convencionais. O desenvolvimento da tecnologia
enzimática acoplada ao aproveitamento de óleos residuais, comumente descartados em
esgotos consiste em uma alternativa promissora para a obtenção de biodiesel. Neste trabalho
foi verificada a possibilidade de realizar a transesterificação enzimática do óleo de soja
residual. Um fator essencial para o desenvolvimento do processo consiste no estudo das
condições reacionais de transesterificação, tendo sido avaliado neste caso a influência do tipo
de álcool (metanol ou etanol) a ser utilizado. Contudo foi verificado que o etanol seria o mais
adequado, visto que além de resultar em maiores quantidades de ésteres, é um produto de
baixo custo, não tóxico e de alta disponibilidade.
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950
DESEMPENHO AGRONÔMICO DE NABIÇA (Raphanus raphanistrum L.)
EM TRÊS SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO
951
1 INTRODUÇÃO
Devido à necessidade de se produzir alimentos em larga escala, alguns sistemas de
produção vêm esgotando e empobrecendo os solos, pois são usados de maneira inadequada.
Diante destes fatores, a agricultura tem buscado sistemas e práticas que visam a maior
preservação do solo e dos recursos naturais. Um desses sistemas de manejo que tem
desenvolvido bastante no cenário agrícola nacional é o sistema de semeadura direta (MELLO
et al., 1998).
O plantio direto procura, fundamentalmente, a substituição gradativa de processos
mecânico-químico por processos biológico-culturais de manejo do solo e uma maior
eficiência econômica decorrente da redução dos gastos com insumos, energia e controle da
erosão (MUZZILI et al., 1997).
A permanência da palha na superfície do solo é de fundamental importância para a
manutenção do sistema plantio direto. A Nabiça (Raphanus raphanistrum L.) vem sendo
estudada como tentativa de cobertura do solo em áreas de plantio direto. O uso da nabiça
como cobertura de inverno apresenta características importantes, dentre elas: permite obter até
100% de cobertura do solo, é de fácil dessecação com glyphosate, promove melhoria das
características físicas do solo pelo seu sistema radicular agressivo e necessita baixa
quantidade de água (DECICINO et al., 2006). Além disso, por apresentar consideráveis teores
de óleo em suas sementes, relativa facilidade de extração e apresentar satisfatório potencial
produtivo em épocas de pouca utilização das terras agricultáveis poderá vir a ser mais atrativa
para os produtores rurais.
Com o objetivo de avaliar o desempenho de nabiça (Raphanus raphanistrum L.) em três
sistemas de manejo do solo (convencional, reduzido e direto) foi realizado este estudo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido no período compreendido entre fevereiro e
outubro de 2005, na Fazenda Experimental Lageado, da Faculdade de Ciências Agronômicas
da UNESP, Campus de Botucatu-SP. A localização geográfica é definida pelas coordenadas
22°49’41’’ de Latitude Sul, 48°25’37’’ de Longitude Oeste de Greenwich, altitude média de
770 metros. O clima predominante no município de Botucatu, segundo classificação de
Köppen, é tipo cfa, temperado (mesotérmico). O solo da área experimental pode ser
denominado Nitossolo Vermelho Distroférrico (EMBRAPA, 1999).
952
O experimento foi constituído de três tratamentos com quatro repetições utilizando o
delineamento experimental de blocos ao acaso. Os sistemas de manejo do solo empregados
foram: preparo convencional, constituído por uma gradagem pesada e duas gradagens leves;
preparo reduzido com escarificador equipado com disco de corte e rolo destorroador,
trabalhando na profundidade entre 25 e 30 cm e plantio direto, com dessecação da vegetação
de cobertura por meio de aplicação de herbicida.
Para a implantação do experimento, utilizaram-se sementes de nabiça (Raphanus
raphanistrum L.), semeada em maio de 2005 com espaçamento de 0,40 m entre linhas com
densidade de 12 kg ha-1.
Foram avaliadas as seguintes características: o número de síliquas foi determinado em
quinze plantas, contando-se as síliquas presentes em cada planta; número de grãos por síliqua
foi obtido em trinta síliquas das quinze plantas descritas anteriormente; massa seca das plantas
foi determinada colhendo-se manualmente às plantas em cinco metros de cada uma das linhas
úteis de cada parcela e após secagem, os valores obtidos foram transformados em kg ha-1;
produtividade foi determinada colhendo-se manualmente as plantas contidas em cinco metros
de cada uma das linhas úteis das parcelas e após a trilha manual das síliquas, a produtividade
foi corrigida para kg ha-1 com 13% de água; teor de óleo foi obtido pelo método químico
Soxhlet, técnica adaptada por Zanotto (1986); rendimento de óleo foi calculado pela equação
produtividade x teor de óleo / 100.
Foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparar as médias dos
resultados utilizando o programa estatístico ESTAT (Sistema para análises estatísticas) versão
2.0.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são apresentados os resultados obtidos do número de síliquas por planta,
número de grãos por síliqua e massa seca da parte aérea de nabiça em três sistemas de manejo
do solo. Verifica-se que o número de síliquas por planta foi superior no preparo reduzido,
diferindo-se estatisticamente do plantio direto, tendo o preparo convencional apresentado
valores intermediários. Decicino et al. (2006), encontrou valores semelhantes em sistema de
plantio direto, quando utilizou a mesma densidade populacional adotada neste trabalho.
O número de grãos por síliqua e a massa seca da parte aérea não apresentaram
diferenças estatística entre os sistemas de manejo do solo (Tabela 1). Lima et al. (2007),
953
trabalhando em preparo convencional encontrou 5.447,7 kg ha-1 de massa seca da parte aérea
de nabiça, valores superiores aos encontrados neste estudo.
Tabela 1. Número de síliquas por planta, número de grãos por síliqua e massa seca da parte
aérea de nabiça em três sistemas de manejo do solo.
Manejo do solo Nº. de síliquas Grãos/síliqua Massa seca
(planta) (unidade) (kg ha-1)
Preparo convencional 116 ab 6a 4.609 a
Preparo reduzido 140 a 6a 4.312 a
Plantio direto 89 b 5a 3.615 a
CV (%) 16,97 7,97 23,76
Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.
954
Tabela 2. Produtividade, teor e rendimento de óleo de nabiça em três sistemas de manejo do
solo.
Manejo do solo Produtividade Teor de óleo Rendimento de óleo
(kg ha-1) (%) (kg ha-1)
Preparo convencional 485 a 38 a 187 a
Preparo reduzido 465 a 39 a 181 ab
Plantio direto 343 b 38 a 133 b
CV (%) 12,76 2,47 14,14
Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.
4 CONCLUSÃO
Nas condições em que este estudo foi realizado os resultados permitem concluir que; no
preparo convencional a nabiça apresentou melhor desempenho, quando comparado ao preparo
reduzido e plantio direto; a nabiça é capaz de fornecer boa quantidade de massa seca,
concretizando sua viabilidade para produção de cobertura vegetal no solo durante o inverno;
os grãos de nabiça apresentam consideráveis teores de óleo, podendo ser cultivada com o
propósito de extração para produção de biodiesel, porém é necessário que se realizem novas
pesquisas visando o aumento de sua produtividade de grãos e conseqüentemente, do
rendimento de óleo.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DECICINO, T. O et al. Uso da nabiça (Raphanus raphanistrum) como planta de cobertura do
solo em sistema de plantio direto de pequenas propriedades. In: 3º CONGRESSO ITEANO
DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 2006, Bauru. Anais... Bauru: Instituição Toledo de Ensino,
2006 (CD-ROM).
955
MELLO, L. M. M.; FERREIRA, S. R.; YANO, E. H. Desempenho do equipamento sobre o
tamanho do fragmento do Guandu (Cajanus cajan (L.) Millsp.). Ingenieria Rural y
Mecanización Agraria em el Ámbito Latinoamericano, La Plata, p. 143-148, 1998.
956
VIABILIDADE DO USO DE ÓLEOS DE GORDURAS RESIDUÁRIAS NO
MUNICÍPIO DE PASSOS - MG NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
1
1 INTRODUÇÃO
O uso energético de óleos vegetais no Brasil foi proposto em 1975, originando o Pró-
Óleo – Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos. Seu objetivo era gerar um
excedente de óleo vegetal capaz de tornar seus custos de produção competitivos com os do
petróleo. Previa-se uma mistura de 30% de óleo vegetal no óleo diesel, com perspectivas para
sua substituição integral em longo prazo.
Nas últimas duas décadas houve um avanço respeitável nas pesquisas relativas ao
biodiesel, assim, além dos vários testes de motores, algumas plantas de piloto começaram a
ser construídas em diferentes cidades. Recentemente, o biodiesel deixou de ser um
combustível puramente experimental e passou para as fases iniciais de comercialização. O
biodiesel pode ser obtido a partir de óleos vegetais novos, residuais, gorduras animais e ácidos
graxos oriundos do refino dos óleos vegetais.
Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser
obtido por diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela
transesterificação. Esta última, mais utilizada, consiste numa reação química de óleos vegetais
ou de gorduras animais com o álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um
catalisador. Desse processo também se extrai a glicerina, empregada para fabricação de
sabonetes e diversos outros cosméticos.
O biodiesel é produzido pela reação do óleo vegetal com um álcool de cadeia curta
(metanol ou etanol). Como regra geral, podemos dizer que 100 kg de óleo reagem com 10 kg
de álcool gerando 100 kg de biodiesel e 10 kg de glicerina.
O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclo
diesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários
(geradores de eletricidade, calor, etc). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas
proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim
sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.
Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se podem produzir o biodiesel, tais
como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre
outras, embora se fabrique biodiesel também com óleos residuais de fritura e resíduos
gordurosos. Empregar uma única matéria-prima para produzir biodiesel num País com a
diversidade do Brasil seria um grande equívoco. Na Europa se usa predominantemente a
colza, por falta de alternativas. Esta pesquisa tem como foco na pesquisa a gordura e os óleos
residuais.
957
No hábito alimentar do brasileiro o consumo de óleos e gorduras vegetais é bastante
comum. Pode-se afirmar sem medo de errar que as “frituras” em geral, fazem parte do
cardápio da culinária nacional. Muitos pratos típicos são fritos em óleos vegetais, como por
exemplo, o acarajé, a mandioca, a batata, o bife à milanesa, o pastel e muitos outros. Observa-
se ainda que só uma pequena percentagem dos óleos e gorduras vegetais residuais (OGR) vem
sendo coletada para a fabricação de sabão ou de rações para animais, sendo que a maioria
ainda é eliminada através do sistema de esgoto e lixo, gerando uma sobrecarga adicional para
o tratamento de esgoto (MITTELBACH, 1988). E alguns poucos restaurantes e lanchonetes
vendem os OGR para fabricação de sabão. Dentre as alternativas estudadas, a reutilização de
OGR de processos de fritura de alimentos tem se mostrado atraente, na medida em que
aproveita o óleo vegetal como combustível após a sua utilização na cadeia alimentar,
resultando assim num segundo uso, ou mesmo numa destinação alternativa a um resíduo da
produção de alimentos (ANGGRAINI, 1999).
Devido a algumas de suas propriedades físico-químicas, os OGR não podem ser
utilizados diretamente como combustível ou lubrificante em motores diesel. Para a sua
conversão em combustível tipo diesel, um dos processos mais simples e econômicos é a
transesterificação em meio alcalino. Apesar dos possíveis benefícios ambientais no emprego
de óleos vegetais como substituto ao diesel, barreiras do ponto de vista econômico e ético
motivaram a busca de matérias-primas alternativas para a produção de biocombustíveis
(MITTELBACH, 1992).
O Biodiesel é um combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto,
constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação
de transesterificação de qualquer triglicéride com um álcool de cadeia curta, metanol ou
etanol, (Parente, 2003).
Costa Neto et al., (2000) mencionam a definição da National Biodiesel Board, que de
modo geral, biodiesel pode ser definido como um monoalquil éster de ácidos graxos de cadeia
longa, proveniente de fontes renováveis como óleos vegetais ou gordura animal, utilizado em
substituição aos combustíveis fósseis em motores de ignição por compressão, do ciclo Diesel.
Os autores ressaltam ainda que o biodiesel enquanto produto é virtualmente livre de
enxofre e aromático, possui alto número de cetano e médio de oxigênio, apresenta maior
ponto de fulgor e viscosidade que o diesel convencional e, no caso do biodiesel de óleo de
fritura, tem forte apelo ambiental. A viabilidade técnica de um combustível para motores
diesel pode ser vista sob os aspectos de combustibilidade, impactos ambientais das emissões,
compatibilidade do uso e manuseio. Dentre as vantagens do Biodiesel destaca-se o fato de que
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
958
as propriedades são semelhantes a do diesel mineral, podendo substituí-lo sem exigir
mudanças no motor ou outro tipo de adaptação. Outro ponto positivo é a redução na emissão
de poluentes na atmosfera (Oliveira & Costa, 2004).
Atualmente a grande desvantagem do Biodiesel é o preço, uma vez que o diesel mineral
ainda é mais barato, talvez por questão de escala de produção ou por decisão política. Óleos
combustíveis derivados do petróleo são estáveis à temperatura de destilação, mesmo na
presença de excesso de oxigênio; ao contrário disso, nos óleos vegetais, reações de oxidação
podem ser observadas até à temperatura ambiente. O aquecimento a temperaturas próximas a
250ºC ocasionam reações complementares de decomposição térmica, cujos resultados podem
levar à formação de compostos poliméricos mediante reações de condensação, aumentando a
temperatura de destilação e o nível de fumaça do motor. Com isso ocorre a redução da
viscosidade do óleo lubrificante acarretando diminuição da potência pela queima incompleta
de produtos secundários.
No Brasil com a crise energética iniciada 1973, teve início a era da consciência de
economizar energia juntamente com a idéia de usar produtos alternativos aos combustíveis
fósseis.
De acordo com a literatura o assunto biodiesel no Brasil, iniciou-se pela iniciativa de
instituições de ensino e pesquisas. Neste aspecto destaca-se o grupo liderado pelo Prof. Dr.
Expedito José de Sá Parente, vinculado a Universidade Federal do Ceará, que entre outros
fatos, relata a organização de um Seminário Internacional de Biomassa, realizado em
Fortaleza no ano de 1978, contando com a presença de especialista nacionais e internacionais,
entre os quais, havia um Prêmio Nobel de Química, e menciona também a primeira patente
mundial de biodiesel denominada de “PI-8007957 de 1980”. Esse grupo tem sido referência
mundial sobre o assunto, contribuindo com várias publicações técnicas, didáticas e científicas.
Outros grupos igualmente importantes sobre o assunto surgiram em vários estados como
é o caso da EMBRAPA, COPE-UFRJ (RJ), LADETEL (Laboratório de Desenvolvimento de
Tecnologias Limpas) da USP-Ribeirão Preto (São Paulo), UFPR (PR). Mais recentemente um
grupo da UFLA (MG), vem se destacando na linha de óleos essenciais e cultivo de plantas
oleaginosas voltada para a produção de biodiesel. Outro grupo é o LAMMA (Laboratório de
Máquinas e Mecanização Agrícola) da UNESP de Jaboticabal (SP), que em parceria com o
LADETEL-USP, desenvolve trabalhos na área de ensaios de tratores com diversos tipos e
percentuais de biodiesel; no momento evidenciam-se outros grupos por hora não citados.
Assim como as instituições públicas, a iniciativa privada tem se destacado no assunto
biodiesel.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
959
Com o avanço tecnológico relacionado ao processo de produção do biodiesel, várias
publicações de caráter científico e a maciça cobertura da impressa, as lideranças políticas
ficaram atentas, inclusive demonstrando apoio bem como tratando da parte de legislação.
Recentemente o Governo Federal anunciou o Pólo de Biocombustível para Pesquisa e
Desenvolvimento, na cidade de Piracicaba, SP, assim como também foram anunciadas as
atividades do Ministério de Ciências e Tecnologia e do Grupo de Trabalho Interministerial
coordenado pela Casa Civil da Presidência da República, com o objetivo de montar um amplo
plano de produção do biodiesel.
No dia 29 de junho de 2004, o Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo pela
Resolução SAA-13, designou os membros da Câmara Setorial de Biocombustíveis, conforme
publicado em 30 de junho de 2004, no Diário Oficial do estado de São Paulo volume 114,
número 122, Seção I. Nesta Câmara temos como coordenador o Prof. Dr. Miguel Joaquim
Dabdoub, o qual também é coordenador do Projeto Biodiesel Brasil e do LADETEL.
O consumo de petróleo no Brasil é comandado pela demanda de óleo diesel, para
atender a esta demanda, as refinarias do país processam petróleo nacional e petróleo
importado maximizando a produção de óleo diesel. Por isso, o volume produzido nas
refinarias resulta ser aproximadamente 35% do volume de petróleo processado. Apesar disto,
uma parte significativa da demanda de óleo diesel ainda precisa ser suprido com a importação
deste derivado.
Embora a parte correspondente ao óleo diesel oriundo do petróleo nacional tenha
aumentado durante a última década, ainda 40% do óleo diesel consumido no País em 2003 foi
suprido a partir de importações. Assim, é evidente que qualquer programa de utilização de
combustíveis alternativos deve estar voltado, principalmente, à substituição do óleo diesel.
Dentre as diversas possibilidades consideradas na literatura, os glicerídeos ou óleos
vegetais constituem a fonte renovável mais promissora para a obtenção de combustíveis
líquidos capazes de substituir o óleo diesel.
Os óleos vegetais apresentam qualidades que os diferenciam como combustíveis
sustentáveis, destacam-se: o alto poder calorífico, a ausência de enxofre na sua composição
química, o fato que a sua produção industrial não gera substâncias danosas ao meio ambiente
e serem elaborados a partir de culturas vegetais que consomem o dióxido de carbono da
atmosfera durante a fotossíntese. Deve-se mencionar que a tecnologia de sua produção está
amplamente dominada e que, quando processados para formarem ésteres de álcoois, os óleos
transesterificados, que recebem a denominação genérica de biodiesel, podem ser utilizados
nos motores diesel atualmente existentes, sem a necessidade de fazer modificações neles.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
960
Além disso, pelo fato do biodiesel ser atóxico e biodegradável ele se torna um excelente
combustível para ser usado em locais ecologicamente sensíveis como lagos, parques
nacionais, estuários, etc (PIANOVSKI JR., 2002).
O processo de produção do biodiesel a partir de frutos ou sementes oleaginosas foi
primeiramente patenteado por um brasileiro, o professor Expedito José de Sá Parente, da
Universidade Federal do Ceará (Parente, 1983). Consultando o site de Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI), foram encontradas mais duas patentes, concedidas no ano de
2001, mostrando variações na forma de obtenção do biodiesel, tendo sido uma requerida por
Nei Hansen de Almeida e outra pela Petrobrás (PI0104107 e PI0105888, respectivamente).
Sob a coordenação do Ministério da Ciência e Tecnologia, pela sua Secretaria de
Política Tecnológica e Empresarial, está sendo elaborado o Probiodiesel, cujo objetivo é o de
criar as condições necessárias para se viabilizar a introdução deste combustível na matriz
energética brasileira. No âmbito do Probiodiesel, definiu-se que este produto será inicialmente
comercializado misturado ao óleo diesel na proporção de 2% em base de volume, cabendo à
Agência Nacional do Petróleo (ANP), que participa deste grupo, a responsabilidade de
elaborar a especificação deste combustível, garantindo a sua qualidade e preservando os
interesses do consumidor brasileiro (Nogueira & Pikman, 2002).
Grande parte das substâncias graxas presentes nos esgotos urbano e industrial, óleos e
gorduras, são geralmente descartadas em nossas redes de esgoto, rios e mares. Isso ocasiona
problemas de ordem econômica, sanitária e ambiental.
O principal problema de ordem econômica, é que as gorduras descartadas na rede de
coleta de esgoto urbano são responsáveis pelo entupimento de tubulações e desgaste de
bombas de estações elevatórias, além de reduzir drasticamente a vida útil de sistemas de
sumidouro ou de infiltração no solo, devido a colmatação do solo provocado pelo descarte de
gorduras.
De ordem ambiental, ocorre que a camada de óleos que fica flutuando sobre a superfície
da água, transformando o ambiente hídrico local em um ambiente anaeróbio, ou seja a camada
de óleo impede as trocas gasosas de ar atmosfera / superfície da água, e assim produz maus
odores devido a anaerobiose. Esses gases, denominado biogás, possui como principal
elemento o metano (CH4), que possui um potencial de agressão da atmosfera, no tocante ao
efeito estufa, de cerca de 33 vezes mais que o causado pelo descarte de gás carbônico (CO2).
Normalmente, as sustâncias graxas retiradas dos efluentes tem como destino final, o
descarte em lixões, aterros sanitários ou industriais. Porém existem alternativas,
961
ambientalmente corretas, sendo algumas delas: a) a utilização dos óleos e gorduras após
filtragem na fabricação de sabonáceos; b) a utilização dos óleos após refino na fabricação de
massa de vidreiro; c) a utilização dessas substâncias graxas na produção do biodiesel.
Seguramente já se justifica economicamente em estações de tratamento de esgoto para
populações superiores a 250.000 habitantes, o aproveitamento de óleo de esgoto na produção
de biodiesel, segundo Oliveira (2005).
De acordo com Oliveira (2005), “Um litro de biodiesel a base de matéria-prima vegetal
reduz 2,5 kg de CO2 na atmosfera, já a redução obtida com o combustível a partir da gordura
retirada do esgoto, chega a 4 kg de CO2, levando-se em conta o efeito estufa”.
Este trabalho tem como objetivos levantar o potencial dos óleos e gorduras residuais
(OGR) produzidos no município de Passos - MG (restaurantes, fabricas e indústria que
tenham restaurante, assim como hospitais e escolas da rede municipal), estabelecer
parâmetros para o projeto de uma planta piloto visando a obtenção de Biodiesel, elaborar um
plano de logística de coleta destes óleos e gorduras vegetais, mostrar a viabilidade da
reutilização de gorduras e óleos, descartados no meio ambiente, como fonte de matéria prima
na produção de biocombustível para o município de Passos – MG e reduzir a eliminação dos
resíduos da culinária através do sistema de esgoto e lixo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos serão conduzidos no Município de Passos – MG, nas indústrias e
fabricas que apresentem no seu interior restaurante para seus funcionários, assim como
também nos hospitais, hotéis, escolas municipais e nas redes de restaurantes do município.
Num primeiro momento, será levantado o potencial de diferentes matérias-primas locais
para a produção de biocombustível. Serão avaliados os OGR descartados em estabelecimentos
comerciais (cantinas e restaurantes), industrias, fabricas, hospitais, escolas municipais
localizados no município.
Para o levantamento dos OGR, serão entrevistados diversos estabelecimentos do setor
alimentício (cantinas, restaurantes, lanchonetes, Hospitais, industrias, fabricas e escolas
municipais). Através de questionários padrão serão coletados dados sobre o volume e a
freqüência de descarte, tipos de óleos e/ou gorduras utilizados, variação do volume descartado
ao longo do ano e interesse do estabelecimento em fornecer seus resíduos gordurosos para o
projeto de pesquisa.
962
Na parte do modelo de logística de coleta do OGR nos estabelecimentos de pesquisa,
será simulado a seguinte configuração de trabalho: vasilhames de 60 Litros de capacidade
(usados originalmente para o transporte de leite), veículo leve (Saveiro) com capacidade de
carga de 6 vasilhames. Vasilhames de 200 Litros de capacidade (usados originalmente para o
transporte de óleo), veículo de porte médio (caminhões) com capacidade de carga de 6
vasilhames.
Num segundo momento já de posse dos questionários devidamente preenchidos, será
elaborado um modelo de logística para a coleta dos OGR. Será simulado um modelo em
escala menor do que poderia acontecer numa coleta de OGR numa cidade, por exemplo.
Dentro ainda dessa proposta, será elaborado um modelo (em EXCEL) que simula os custo de
um veículo responsável pela coleta dos OGR semanal ou quinzenalmente.
Numa terceira etapa do projeto será desenvolvido um grupo de estudos em Biodiesel –
GEBIO. Com a finalidade de difusão do conhecimento de toda a cadeia produtiva do
agronegócio do Biodiesel ao nível municipal e regional, congregando os diversos seguimentos
envolvidos com a cadeia produtiva de Biodiesel. Conclamando as lideranças rurais,
pesquisadores, professores, produtores rurais e a sociedade em geral, a se integrarem neste
esforço nacional, para transformar estas oportunidades em realizações. Juntos, vamos
construir um novo paradigma de desenvolvimento, em bases sustentáveis da nossa
agroenergia.
3 REFERÊNIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANGGRAINI-SÜB, A.A.: Wiederverwertung von gebrauchten Speiseölen/-fetten im
energetisch-technischen Bereich: Ein Verfahren und dessen Bewertung. Tese de
doutorado. Fortschr. Ber. VDI Série 15 no 219, Editora VDI. Duesseldorf, 1999, 210 pp
COSTA NETO, P.R.; ROSSI, L.F.S.; ZAGONEL, G.F.; RAMOS, L.P. Produção de
biocombustível alternativo ao óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja
usado em frituras. Química Nova, v. 23, n. 4. p. 531-7.São Paulo: 2000.
MITTELBACH, M. & P. TRITTHART: Diesel fuel derived from vegetable oils, III.
Emission tests using methil esters of used frying oil. JAOCS, Vol. 65, n° 7, Julho 1988, p.
1185-1187.
MITTELBACH, M. et. al.: Production and Fuel Properties of Fatty Acid Methyl Ester
from used Frying Oil. In : Liquid Fuels from Renewable Sources. Nashville, Tennesse, 1992
963
OLIVEIRA, L. B.. A era do biodiesel. Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente,
o
ABES, N 33,Rio de Janeiro, jan/mar 2005.
PARENTE, E.J.S. Biodiesel: Uma Aventura Tecnológica num País Engraçado. 2003. 65
p.
964
RENTABILIDADE ECONÔMICA COMPARATIVA ENTRE O CUSTO DE
PRODUÇÃO DO DENDEZEIRO (Elaeis guineensis Jacq.) EM
MONOCULTIVO E INTERCALADO COM MANDIOCA (Manihot esculenta
) EM ÁREAS DEGRADADAS NA AMAZÔNIA OCIDENTAL
965
1 INTRODUÇÃO
O dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) é uma espécie perene tropical de origem
africana que expressa melhor seu potencial de produção em condições de alta temperatura,
radiação solar, alta precipitação e umidade relativa do ar, por isso, as principais áreas de
cultivo estão localizadas nas regiões tropicais úmidas na África, Ásia e América.
A dendeicultura é uma atividade agrícola que tem balanço energético extremamente
positivo, pois além de utilizar pouquíssimo combustível fóssil, seu óleo figura como
substituto direto do óleo diesel em motores multicombustíveis. Estima-se que o total de
combustível necessário para a produção de uma tonelada de óleo de dendê seja de 18 kg de
óleo diesel; ao passo que a soja, fonte do óleo vegetal mais utilizado no Brasil, requer mais de
200 kg de óleo diesel por tonelada de óleo, apenas na sua produção agrícola (Veiga et al.,
2000).
Além disso o dendê é uma cultura perene com produção contínua ao longo do ano e
apresenta relativamente pouca sazonalidade. Tem vida útil econômica superior a 25 anos e é a
oleaginosa cultivada de maior produtividade mundial com rendimentos superando 25 t/ha/ano
de cachos. Dentre as oleaginosas plantadas, o dendê é a que apresenta a maior produtividade
em todo o mundo, com rendimentos médios entre 4 a 6 t/ha/ano de óleo, o que equivale a 1,5
vezes a produtividade de óleo de coco e aproximadamente 10 vezes a produtividade de óleo
de soja.
Dentro deste contexto o grande desafio para a pesquisa agrícola nos trópicos úmidos é
desenvolver sistemas de produção, ecologicamente adequados à região O cultivo do dendê
atende às premissas de que nas condições edafoclimáticas da Amazônia, deve-se cultivar
espécies perenes, por oferecerem maior proteção do solo, por apresentarem menor impacto ao
ambiente e por melhor se adaptarem à sua baixa fertilidade natural. As práticas culturais
adotadas na dendeicultura, como a utilização de leguminosas para a cobertura do solo ou a
associação com culturas alimentares no período improdutivo, aliados ao aspecto de cultura
perene permitem perfeita cobertura do solo e propicia reconstituição do ambiente florestal,
possibilitando ainda, sua implantação em áreas degradadas, com as vantagens de se ter um
sistema intensivo altamente produtivo e permanentemente valorizado.
Gonçalves (1981) ressaltou que os consórcios, por lidarem com diferentes ciclos de
culturas, propiciam otimização da força de trabalho, safras mais elevadas e,
consequentemente, maior rentabilidade para o produtor rural. Além disso, o consórcio entre
966
plantas com diferentes ciclos e/ou portes reduz o crescimento de ervas daninhas, controla a
erosão e aperfeiçoa o uso de insumos agrícolas.
Na região norte, em especial o Estado do Amazonas, é evidente a importância sócio-
econômica da mandioca (Manihot esculenta). Pode-se assegurar que a grande maioria dos
pequenos agricultores dos municípios do Estado cultivam para produção de farinha e outros
produtos. O que mostra sua relevância em termo de geração de emprego no meio rural.
Atualmente a mandioca é a cultura de maior área plantada no Estado, tanto em solo de
terra firme com em solos de várzea. Não obstante, a produção é insuficiente para atender a
demanda de farinha, principal produto da mandioca no Estado, cujo consumo per capita é de
aproximadamente 58 kg/pessoa/ano (IBGE 2005).
Este trabalho foi desenvolvido com objetivo avaliar a viabilidade financeira do
dendezeiro intercalado com mandioca e em monocultivo durante os três primeiros anos de
cultivo em áreas degradadas da Amazônia Ocidental.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no Campo Experimental do Distrito Agropecuário da
Suframa DAS, da Embrapa Amazônia Ocidental/CPAA, localizado no km-54, da BR-174,
em área de terra firme, entre as coordenadas geográficas 2º 31’ a 2º32’ de latitude Sul e 60º
01’ a 60º 02’ de longitude Oeste.
O solo da área de estudo foi classificado como Latossolo Amarelo muito argiloso com
baixo teor de nutrientes disponíveis e alta saturação por alumínio. O clima local conforme a
classificação de Köppen apresenta temperatura média entre 25 e 28 ºC e precipitações anuais
de 2000 a 2800 mm. A umidade relativa média anual entre 85 a 90%, e a luminosidade na
região varia de 1500 a 3000 horas/ano de radiação solar.
Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso com três repetições. Os tratamentos
foram constituídos de dois sistemas de cultivos: dendê x mandioca e dendê em monocultivo,
com e sem calagem. Cada bloco foi constituído de quatro parcelas e estas por sua vez foram
constituídas de 24 plantas de dendê, sendo oito plantas úteis. O plantio do dendê seguiu o
dispositivo em triângulo eqüilátero de 9 m de lado, totalizando 143 plantas/ha.
967
cada parcela de macaxeira foi composta por 540 plantas, ocupando uma área de 540 m2, sendo
270 m2 por carreador. O arranjo espacial utilizado proporcionou uma população de 3.200
plantas de macaxeira por hectare de consórcio, correspondendo a 32% de ocupação da área.
Durante a condução, os tratos culturais foram realizados conforme necessidade para
cada sistema. Os dados de produção da mandioca foram convertidos para hectare de
consórcio. Para o cálculo das receitas, considerou-se os preços reais de mercado pago aos
produtores durante os três anos, sendo para – 1ª, 2ª e 3ª safra (R$ 0,24; R$ 0,30 e R$ 0,40/kg
de raiz fresca, respectivamente).
Os indicadores utilizados para avaliar o desempenho financeiro dos sistemas de cultivo
foram: Valor Presente Líquido (VPL) - diferença positiva entre receitas e custos atualizados
para determinada taxa de desconto e Relação Benefício Custo (B/C) - relação entre o valor
presente dos benefícios e o valor presente dos custos, para determinada taxa de juros.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os custos de implantação e manutenção por hectare nos três anos de cultivo dos
sistemas dendê x mandioca e dendê em monocultivo foram da ordem de R$ R$ 9.136, e R$
7.006,00 respectivamente. Analisando separadamente os dois sistemas, os itens que se
destacaram pelo maior volume de recursos alocados no sistema dendê x mandioca foram
fertilizantes e tratos culturais com 36% e 25% respectivamente. Para o dendê em monocultivo
foram tratos culturais e fertilizantes com 37% e 25% respectivamente.
Constatou-se que os itens relacionados com mão-de-obra tiveram importante
participação nos custos dos sistemas produtivos, sendo responsáveis por 59 % e 59 % para
dendê x mandioca e dendê em monocultivo respectivamente. A intensiva utilização de mão-
de-obra para a realização das atividades demonstra o importante papel desses sistemas na
ocupação e fixação do homem ao campo. Nas figuras 1 e 2 são apresentados os custos totais
por hectare dos sistemas dendê x mandioca e dendê em monocultivo para implantação e
manutenção anual, receitas obtidas e o fluxo de caixa durante os três primeiros anos agrícolas.
No sistema de cultivo dendê x mandioca, observou-se que o custo total para a
implantação de 1ha do sistema oscilou em torno de R$ 4.812,00 R$ 1.828,00 e R$ 2.495,00
para a manutenção do primeiro, segundo e terceiro ano após a implantação, respectivamente
(Figura 1). O sistema dendê x mandioca proporcionou receita no ano de implantação, por esse
motivo se verifica uma entrada de capital de R$ 1.475,00 proveniente da produção de
6.146,00 kg/ha de raiz fresca no sistema, comercializada a R$ 0,24/kg de raiz. Nos anos
968
seguintes, com o cultivo sucessivo na mesma área, obteve-se receitas de R$ 1.724,00 e de R$
2.886,00 pela comercialização de 5.747,00 e 7.218,00 kg/ha de raízes fresca ao preço de R$
0,30 e 0,40/kg de raiz, no segundo e terceiro ano, respectivamente. A receita bruta total obtida
pela venda da macaxeira de R$ 6.085,00 nos três primeiros anos de cultivo, foi suficiente para
cobrir 66,6% de todos os custos de implantação e manutenção do sistema, que foi da ordem
de R$ 9.135,98 (Figura 1).
Para o dendê em monocultivo, o custo total para a implantação de 1ha de dendê,
considerando somente a parte agrícola, oscilou em torno de R$ 4.063,00; R$ 1.181,00 e R$
1.761,00 para a implantação do primeiro ano e manutenção do segundo e terceiro ano após a
implantação, respectivamente (Figura 2).
Custos Receitas Fluxo de caixa
Custos Receitas Fluxo de caixa
10000 9135
7006
8000
8000
6085 6000 4063
6000 4812
Valores (R$)
4000 1761
1181
2495 2886
Valores (R$)
4000 2000 0,0 0,0 0,0 0,0
1475 1828 1724
2000 390 0
-2000 1 2 3 Total
0 -1181 -1761
-4000
-2000 1 2 -104 3 Total
-6000 -4063
-4000 -3050 -8000
-3337 -7006
Anos
Anos
Figura 1. Custos, receitas e fluxo de caixa do Figura 2. Custos, receitas e fluxo de caixa do
sistema de cultivo de dendê x mandioca durante sistema de monocultivo de dendê durante três
três anos. anos.
969
O dendê em monocultivo a curva do VPL apresentou tendência descendente, que
continuará até o início da colheita, a partir do terceiro ano. Estudo realizado por Lima et al.
(2000) mostrou que o ponto de equilíbrio do componente agrícola é atingindo somente a partir
do 9º ano de exploração do dendezeiro em monocultivo. A antecipação do ponto de equilíbrio
pode aumentar a viabilidade de exploração da cultura para pequenos agricultores.
0,65
0,00
3
-2 .0 0 0 ,0 0
Período (anos)
-3 .0 0 0 ,0 0
0,48
0,00
-4 .0 0 0 ,0 0 2
-5.0 0 0 ,0 0
-6 .0 0 0 ,0 0
0,32
0,00
1
-7.0 0 0 ,0 0
-8 .0 0 0 ,0 0
Dendê x Mandioca Dendê em monocultivo
Dend ê x M acaxeira Dend ê em mo no cult ivo
Retorno para cada R$ 1,0 investido
Figura 3. Valor presente líquido (VPL) dos Figura 4. Relação Benefício/Custo dos
sistemas dendê x mandioca e dendê em sistemas dendê x banana e dendê em
monocultivo a uma taxa de desconto de 6% monocultivo a uma taxa de desconto de 6%
ao ano. ao ano.
970
4 CONCLUSÃO
O sistema dendê x mandioca proporcionou amortização de 66,6 % dos custos de
implantação e manutenção do sistema no período de três anos.
O dendê intercalado com mandioca mostrou-se economicamente viável podendo ser
recomendado como alternativa econômica para produção de dendê voltado para agricultura
familiar.
5 AGRADECIMENTOS
CNPq, PRODETAB, Embrapa Amazônia Ocidental e Embrapa Transferência de
Tecnologia/Escritório de Negócios da Amazônia.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, S.R. Consorciação de culturas – técnicas de análises e estudos da
distribuição. UnB, Brasília. 1981. 217 p. (Tese de Mestrado).
LIMA, S.M.V.; FREITAS FILHO, A.; CASTRO, A.M.G.; SOUZA, H.R. Desempenho da
cadeia produtiva do dendê na Amazônia legal. In: MULLER, A.A.; FURLAN JUNIOR, J.
AGRONEGÓCIO DÊNDE: uma alternativa social, econômica e ambiental para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia. 2000. p.251-288.
MORA O.G.; COLIN J.; BERRIOS C.; OCHOA A. Cultivos intercalados con palma africana
en el sur del lago de maracaibo Estado Zulia. Coco y Palma, Caracas, n. 36, p.8-12, 1985.
VEIGA, A. S.; SMIT, L.; FÚRIA, L. R. R. Avaliação do dendezeiro como opção para o
seqüestro de carbono na Amazônia. In: VIÉGAS, I. J. M.; MÜLLER, A. A., ed. A cultura
do dendezeiro na Amazônia brasileira. EMBRAPA, 2000. p.125-144.
971
EXTRAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE ÓREGANO (Origanum vulgare)
972
1 INTRODUÇÃO
Segundo definição da Interntional Standard Organization (ISO), óleos essenciais são
produtos do metabolismo secundário de certos vegetais, originando misturas complexas de
substâncias e podem ser obtidos por destilação por arraste com vapor d’água. Atualmente
atribui-se aos óleos essenciais funções inibidoras em germinações (ex. alelopatia), proteção
contra predadores, atração de polinizadores, entre outras (Harborne, 1993).
Os óleos essenciais apresentam valor comercial cada vez maior, devido ao alto consumo
como matéria-prima para a indústria de alimentos (essências), perfumaria (perfumes),
cosmética (sabonetes, cremes) e química em geral (produtos químicos). A produção destes
óleos ocorre em regiões pouco desenvolvidas, mas decorrentes de intensa atividade no setor
primário. Os países desenvolvidos importam estes óleos brutos que são posteriormente
refinados ou destilados, originando produtos com alto valor agregado. O isolamento de
substâncias puras também apresenta alto valor comercial pois são usadas como fonte de
matéria-prima para a industria de química fina.
O Origanum vulgare é uma erva perene, na forma de arbusto e nativa das regiões Euro-
Siberiana e Irano-Siberiana. Crescem abundantemente em áreas pedregosas e montanhas
rochosas em uma ampla faixa de altitude (0-400m) (Guner et al., 2000). Bastante ramificados,
produz folhas pequenas, ovais e pecioladas, medindo de 1 a 5cm. As flores são pequenas e
apresentam cores como o púrpura, rosa, branco ou um mistura delas, surgindo do início do
verão até meados do outono. A planta se desenvolve bem sob sol pleno e precisa de proteção
contra ventos fortes e frios.
As folhas secas e o óleo essencial do Origanum vulgare têm sido usados
medicinalmente por vários séculos em diferentes partes do mundo, e seu efeito positivo sobre
a saúde humana tem sido atribuído à presença de compostos antioxidantes na erva e
conseqüentemente em seus produtos derivados. Fresco ou seco, o orégano exala um perfumo
intenso e muito agradável, porém depois de seco deve ser usado de preferência antes de
completar um ano, pois começa a perder suas propriedades aromáticas.
Silva (1998) afirma que o óleo essencial de orégano é indicado para tosse, resfriado,
catarro, inflamação da traquéia, nevralgia, reumatismo, torcicolo, dermatite, aerofagia,
vesícula biliar, amenorréia (ausência de menstruação) e escabiose (sarna). Também possui
propriedades medicinais como anticelulítico, carminativo, antiespasmódico, cicatrizante,
expectorante, anticaspa, laxante, antivirótico, diurético, parasiticida. Deve-se tomar
precauções pois o orégano pode irritar a pele e as mucosas nasais.
973
2 MATERIAL E MÉTODOS
A amostra de Orégano foi adquirida em estabelecimento comercial da cidade de Passo
Fundo-RS, mas cujo fornecer e produtor era de São Paulo. O orégano estava seco e
acondicionado em saco plástico transparente contendo 1 kg de folhas já trituradas.
Para a extração por arraste a vapor foi montado um sistema constituído por um balão
volumétrico (500 mL) contendo 400 mL de água destilada, acoplado a uma manta de
aquecimento para a geração do vapor que foi enviado a outro balão volumétrico de 3 bocas,
contendo uma massa conhecida de amostra e mantido sob leve aquecimento através de outra
manta de aquecimento. Na saída deste ultimo balão conectou-se um condensador reto e na
saída do condensador, um béquer de 250 mL acondicionado a um recipiente com gelo, para a
coleta do material condensado. Após ligadas as mantas de aquecimento e abertas as torneiras
do condensador, iniciou-se a contagem de tempo da extração. A figura 1 mostra o esquema de
extração por arraste a vapor.
974
Figura 2 - Sistema de extração via Hidrodestilação.
Os óleos foram coletados por separação de fases entre a água e o óleo coletando-se o
óleo em frasco tipo penicilina e guardados até a secagem completa do óleo para a preparação
da solução a ser analisada para analise cromatográfica. Para a secagem colocou-se algumas
miligramas de sulfato de sódio anidro p.a. dentro do frasco contendo o óleo e dilui-se com n-
Hexano. O solvente n-Hexano foi então evaporado e calculou-se o rendimento do óleo com
base na massa de amostra colocada em cada extração e na massa de óleo obtida. Para isso
pesou-se em balança analítica a massa de óleo livre de água após a secagem com sulfato de
sódio.
A análise cromatográfica foi realizada via cromatografia gasosa, injetando-se uma
solução de óleo diluído em n –hexano usando-se 0,0025 g de óleo em 0,5 ml de n-hexano.
Após a homogenização da solução, injetou-se 1,0 μL da solução no cromatógrafo gasoso
(Varian, 3400). Foi usada uma coluna capilar DB-1 (30mX0,25 mm, 0,25 μm) com a seguinte
programação, 50ºC (0 min), 50-250ºC, 4ºC/min. A temperatura do detector foi de 280ºC e do
injetor de 220ºC e o fluxo de gás de arraste (hidrogênio) de 2,0mL/min. A caracterização dos
compostos foi baseada nos tempos de retenção dos compostos e nos dados da literatura
(Adams 1995).
975
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O óleo obtido na hidrodestilação apresentou uma coloração amarelo clara e o óleo
obtido por arraste a vapor parecia mais claro, quase incolor. Na hidrodestilação ocorreu a
formação de uma emulsão água/óleo que se separou após algumas horas de repouso, e só
depois disso foi possível a coleta do óleo para posterior secagem e análise cromatográfica. A
Tabela 1 apresenta a quantidade de óleo obtido nas extrações em função da quantidade de
amostra e as condições experimentais.
Após a análise dos cromatogramas identificam-se quatro picos majoritários. Pela análise
dos tempos de retenção e pesquisas em bibliografia da área, sugere-se que os picos podem ser
dos compostos γ-terpineno, cujo tempo de retenção é de aproximadamente de 1062; ρ-cimeno
com tempo de retenção é de 1200; timol que tem tempo de retenção aproximado é de 1290 e
do carvacrol cujo tempo de retenção é aproximadamente 1298 minutos quando as condições
976
cromatográficas são as mesmas adotadas neste trabalho. As Figura 3 a 6 apresentam os
cromatogramas do óleo de orégano.
977
Figura 4 - Cromatograma do óleo de orégano obtido por hidrodestilação no experimento 2.
978
Figura 6. Cromatograma do óleo de orégano obtido por arraste a vapor no experimento 4.
4 CONCLUSÃO
A composição química de produtos de origem vegetal, tais como em óleos essenciais e
outros extratos vegetais, dependem de vários fatores de ordens climáticas, sazonais,
geográficas, bem como do período de colheita do vegetal, e técnica de obtenção do produto
derivado. (Baydar et al., 2004)
O maior rendimento em óleo (0,47%) foi para a extração realizada por hidrodestilação
enquanto a extração por arraste a vapor apresentou um rendimento médio de (0,05%). Isso
pode ter ocorrido, pois no arraste a vapor usou-se uma pequena quantidade de amostra que
ficou no balão volumétrico sob levemente aquecimento, impedindo a penetração do vapor em
toda massa de folhas, na matriz vegetal ou por que a quantidade de vapor d’água, proveniente
do balão com água em ebulição era muito pequena ou estava em baixa pressão, ou baixa
temperatura, impedindo a solubilização do óleo no vapor e a saída do óleo das células do
vegetal, já que o material ficava compactado dentro de um balão volumétrico. O sistema,
improvisado, para a extração por araste a vapor necessita de ajustes para otimizar a extração.
O baixo rendimento, relativo a ambas extrações podem também ter sido influenciado
pelo tempo de extração 5 horas ter sido insuficiente para a melhor liberação do óleo contido
na matriz vegetal.
979
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS R.P. Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/Mass
Spectroscopy. 1. ed. Allured Publishing Corporation, Illinois 1995
BAYDAR, H.; SAGDIÇ, O.; OZKAN, G.; KARADOGAN, T. Antibacterial activity and
composition of essential oil from Origanum, Thymba and Satureja species with commercial
importance in Turkey. Food control. 15: 169-172, 2004
CERVATO, C.; CARABELLI, M.; GERVASIO, S.; CITTERA, A.; CAZZOLA, R.;
CESTARO, B.Antioxidant properties of orégano (Origanum vulgare) leaf extracts. Journal
of food biochemestry. 24: 453-465, 2002
CORAZZA, Sônia. Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros. São Paulo: SENAC,
2002
COLLINS C.H., BRAGA G.L.; BONATO P.S. Introdução a Métodos Cromatográficos. 6st
Ed. Editora da Unicamp, Campinas, Brasil, 1995.
GUENTER, E. Essential Oil Of The Plant Family Labiatae, In: The Essencial Oils. Robert
E. Krieger Publishing Company. Huntington, New York, vol, 1, 398-401. 1972
GUNER, A.; OZHATAY, N.; EKIM, T.; BASER, K.H.C.Flora or Turkey and the East
Aegean Island. Vol. 11 Suplemento II. Edinburgh: Endinburgh University press, 2000
JACOBS, M.B. The Chemical Analysis of Food and Food Products 3. ed.; Robert Krieger
Publishing Co. New York, 1973.
SILVA, Adão Roberto da. Tudo sobre aromaterapia: como usá-la para melhorar sua
saúde física, emocional e financeira. São Paulo: Roka, 1998.
980
ENXERTIA DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) SOBRE ESPÉCIES
NATIVAS DE Jatropha DO NORTE DE MINAS GERAIS
981
1 INTRODUÇÃO
Dentre as plantas com potencial de produção de óleo para a fabricação de biodiesel,
encontra-se a Euforbiácea Jatropha curcas L, o pinhão manso. Embora seja uma planta
conhecida e cultivada no continente americano desde a época pré-colombiana, esta planta
ainda se encontra em estádio de domesticação. Tem sido considerada resistente a pragas e
doenças, porém em muitas plantações comerciais tem-se constatado podridões radiculares,
mostrando sua fragilidade quanto à patógenos de solos. Por outro lado, outras espécies de
Jatropha encontram-se disseminadas ou são nativas em diversas regiões brasileiras, como o
pinhão roxo (J. gossypiifolia L.) e o pinhão-bravo (J. pohliana Mull. Arg.) (Lorenzi e Matos,
2002 ; Saturnino et al., 2005)
Essas espécies podem ser propagadas assexuadamente por enxertia, uma forma eficiente
de combinar características desejáveis de duas plantas, podendo-se obter dessas combinações,
plantas com sistemas radiculares mais vigorosos, profundos e adaptados a tipos específicos de
solo, resistentes a pragas e doenças, com melhor qualidade de frutos e precocidade de
produção (Hartmann e Kester, 1975). Peixoto, (1973) sugere o emprego de enxertia para a
substituição de indivíduos pouco produtivos de uma plantação.
Além da obtenção de plantas com sistemas radiculares mais resistentes, esse método de
multiplicação clonal possibilita também o aumento rápido da população de plantas superiores,
e tem sido empregado na multiplicação de clones de alta produtividade de seringueira (Hevea
brasiliensis), planta da mesma família do pinhão manso (Martins et al., 2000). A
possibilidade de se obter plantas com resistência a podridões radiculares e a tombamentos é
muito vantajosa para a cultura do pinhão manso.
No presente trabalho avaliou-se a taxa de brotações (pegamento) de dois tipos de
enxertia de pinhão manso sobre as espécies J. pohliana Mull. Arg e J. gossypiifolia L.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no viveiro de produção de mudas do Departamento de
Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES, Campus de
Janaúba, em 8 de janeiro de 2007.
Para porta-enxerto de Jatropha curcas L. foram utilizadas mudas de pé-franco das
espécies J. gossypiifolia L. (pinhão-roxo) e de J. pohliana velutina (pinhão-bravo), utilizando-
se sementes colhidas nos municípios de Janaúba e de Nova Porteirinha, respectivamente. As
sementes de J. pohliana velutina foram coletadas em plantas, multiplicadas via estaquia e,
982
mantidas na Fazenda Experimental do Gorutuba, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de
Minas Gerais, EPAMIG.
As espécies usadas como porta-enxerto foram semeadas em sacolas de polietileno preto
de 24 cm de altura e 12 cm de diâmetro, preenchidas com substrato de areia, terra e esterco,
em na proporção de 1: 2: 1. O experimento foi realizado sob condições de telado com 75% de
luminosidade e irrigação por micro aspersão.
Foram realizadas ao todo 52 enxertias, 32 enxertias em pinhão-roxo, sendo 16 do tipo
inglesa simples e 16 do tipo garfagem em fenda cheia. Utilizando o pinhão-bravo como porta
enxerto foram feitas 20 enxertias, sendo 10 do tipo inglesa simples e 10 do tipo garfagem em
fenda cheia.
Procedeu-se a enxertia quando o diâmetro do caule dos porta-enxertos atingiram cerca
de 1,5cm. O material (garfos) para a enxertia foi retirado de brotações novas de J. curcas L.,
sendo que cada garfo continha três gemas e o corte foi feito um pouco abaixo e um pouco
acima dos nós. Não foram realizados tratamentos dos porta-enxertos e garfos utilizados. Após
a realização da enxertia as partes foram atadas com fita plástica bem ajustada, uma fita
plástica também foi amarrada na parte de cima do enxerto para evitar a perda de látex. Para
evitar a perda de umidade, foi colocado um saco plástico cobrindo a parte superior do enxerto.
O amarrilho e o plástico de cobertura foram retirados três semanas após a enxertia.
Aos três meses, foram avaliadas a quantidade de brotações (porcentagem de pegamento)
das mudas enxertadas, e a eficiência dos tipos de enxertia. As mudas foram plantadas a campo
para a continuidade da avaliação do seu desenvolvimento e produção.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A taxa de pegamento de enxertia de pinhão manso sobre as duas espécies nativas foi
de 75%, sendo que o método de enxertia por garfagem em fenda cheia se mostrou mais
eficiente para as duas espécies utilizadas como porta enxertos (Tabela 1). Quando se utilizou
Jatropha gossypiifolia (pinhão-roxo) como porta enxerto e garfagem em fenda cheia como
método se obteve 87,5% de pegamento. Resultado semelhante foi obtido quando se utilizou a
espécie J. pohliana como porta enxerto, no mesmo método de enxertia, obtendo-se 90% de
pegamento (Figura 1).
983
J.gossypiifolia (pinhão-roxo) J. pohliana (pinhão bravo)
Tipo de Enxertos Enxertos Taxa Pega- Enxertos Enxertos Taxa Pega-
enxertia realizados pegos mento (%) realizados pegos mento (%)
Garfagem 16 14 87,5 10 9 90
fenda cheia
Inglesa 16 10 62,5 10 6 60
simples
Total 32 24 75,0 20 17 75
Tabela 1 - Resultados de porcentagem de pegamento de enxertos realizados pelo método
garfagem fenda cheia e inglesa simples em J.gossypiifolia (pinhão-roxo) J. pohliana (pinhão
bravo). Unimontes, Janaúba, 2007
Pôde ser constatado que a enxertia entre espécies do gênero Jatropha apresentou
facilidade de pegamento, sendo uma técnica simples e promissora para a obtenção de plantas
clonadas com sistemas radiculares mais resistentes a doenças, pragas e tombamentos.
984
4 CONCLUSÃO
A enxertia por “garfagem em fenda cheia” de pinhão manso sobre espécies nativas de
Jatropha apresenta pegamento de 89% , sendo uma técnica promissora para a obtenção de
plantas clonadas com sistemas radiculares mais resistentes.
5 AGRADECIMENTOS
O autor agradece à pesquisadora da EPAMIG, Heloisa Mattana Saturnino pela
disponibilizaçao de material bibliográfico, sementes e pelo incentivo e apoio incondicional à
realização de trabalhos científicos.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E. Plant propagation: principles and practices. 3.ed.
Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1975. 662p.
PEIXOTO, A.R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 282p.
985
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UM MOTOR DIESEL DE BAIXA
POTÊNCIA ALIMENTADO COM MISTURA DE ÓLEO DE SOJA
REFINADO E ÓLEO DIESEL
986
1 INTRODUÇÃO
A energia poderá ser o grande entrave para o desenvolvimento dos países
industrializados. Segundo o MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (2007), no Brasil, em
2005, cerca de 44,5% da OIE (Oferta Interna de Energia) teve origem em fontes renováveis,
enquanto que no mundo essa taxa é de 13,2% e nos países membros da OECD é de apenas
6,1%. Dessa participação da energia renovável, 14,8% correspondem à geração hidráulica e
29,7% a outras fontes renováveis. Os 55,5% restantes da OIE vieram de fontes fósseis e
outras não renováveis.
O Brasil atingiu no ano de 2006 a auto-suficiência na produção do petróleo, além disso,
tecnologias na utilização de biocombustíveis têm sido desenvolvidas por meio da utilização
do etanol em substituição à gasolina e dos óleos vegetais em substituição ao óleo diesel. A
utilização de óleos vegetais tem sido satisfatória, sendo as formas mais usuais o Biodiesel, na
forma de óleo vegetal in natura e mais recentemente na forma de Hbio.
O biodiesel é definido como um produto resultante de processo químico denominado
transesterificação, em que os óleos vegetais, animais ou residuais são misturados ao
catalisador e álcool. Após a reação completa tem-se um subproduto denominado glicerina,
além do éster, que recebe o nome de biodiesel.
Para a PETROBRÁS (2007), O Hbio é produzido por um sistema denominado
hidrorefino. O processo acontece dentro de um catalisador, que fica em movimento
ininterrupto e os óleos de origem animal ou vegetal são adicionados ao diesel tradicional,
sendo bombardeada por moléculas de hidrogênio. A hidrogenação diminui a concentração de
partículas poluentes, como o enxofre, e aumenta as que contribuem para a eficiência do
produto, como a parafina, que melhora a qualidade da ignição dos veículos. A meta da
Petrobrás em 2007 é produzir 256 milhões de litros de diesel a partir do processo HBio.
Para KALTNER (2004), os principais problemas no uso de óleos vegetais nos motores
diesel são a dificuldade de partida a frio, em razão da elevada viscosidade dos óleos vegetais;
a formação de gomas nos bicos injetores; o desgaste de componentes da bomba injetora,
devido à acidez do óleo; e formação de depósitos de carvão na câmara de combustão, nos
cilindros e nas válvulas.
TORRES (2000) avaliou um motor Agrale M80, injeção indireta, com potência de 7 cv,
alimentado com óleo de dendê, operando com rotação constante, e potência variando de 50 a
100% da potência máxima. O autor concluiu que ocorreu redução na potência máxima na
faixa de 5 a 15%, na carga máxima, quando o motor foi alimentado com óleo de dendê.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
987
Para MAZIEIRO & CORRÊA (2004), ao avaliarem um motor MWM D229-3, injeção
direta, que acionava um trator Valmet modelo 68, que foi alimentado com óleo diesel durante
as 50 primeiras horas e depois exclusivamente com óleo bruto de girassol, verificaram que
ocorreu redução de 7,1 a 10,1% na potência da TDP e aumento de 13,9 a 16% no consumo
específico. O teste de 200 horas foi interrompido com menos de 60 horas devido à elevação
da temperatura do lubrificante. Foram detectados previamente alterações neste óleo e acúmulo
de carvão no injetor. Os autores ainda relataram que a alta viscosidade do óleo bruto de
girassol dificulta a pulverização dos bicos injetores, propiciando queima do combustível e
conseqüentemente, formando depósitos nos bicos e cabeçotes, que levam à redução do
desempenho e da durabilidade do motor.
Para MORAES (1982) o óleo vegetal misturado ao óleo diesel e na forma in natura na
substituição do óleo diesel são alternativas viáveis, considerando especialmente os aspectos
sociais.
O Óleo Refinado de Soja (ORS) tem sido utilizado em mistura com óleo diesel,
principalmente, para redução do custo do combustível. Sendo assim este trabalho teve como
objetivo avaliar o desempenho de um motor do ciclo diesel para verificar as possíveis
vantagens da mistura de ORS com o diesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foi utilizado um conjunto gerador composto por um motor diesel Yanmar modelo NSB
75, com potência nominal de 5,8 kW a 2.400 rpm, injeção direta e refrigerado a água. Os
testes foram realizados nas dependências do Laboratório de Mecanização Agrícola do
Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (LMA-DEA-UFV).
Como combustível foi utilizada o óleo diesel puro (OD) e uma mistura de óleo refinado
de soja com óleo diesel na proporção de 50%(OR50). Para a realização dos ensaios foram
utilizados: - dinamômetro elétrico montado em berço, - fluxômetro de combustível, -
tacômetro digital e cronômetro. Os ensaios seguiram a Norma NBR ISO 1585, e para isto foi
utilizado um termômetro de bulbo úmido e seco e dados de pressão barométrica da estação
meteorológica da UFV.
Nos ensaios foi utilizado o tempo de coleta de 5 minutos, coletando-se rotação, carga no
dinamômetro, consumo e temperaturas, foram realizadas três repetições para cada
combustível, de forma aleatória. Após a realização do ensaio foi coletada a rotação do motor
sem carga, para verificar a sua regulagem, que foi fixada para o óleo diesel em 2440 rpm.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
988
As cargas aplicadas pelo dinamômetro no motor foram fixadas e os valores foram de 7;
9; 11; 13; 15; 17; 19 e 21,5 lb. O motor foi acoplado ao dinamômetro com o auxílio de polias
e correias do tipo V, com relação de transmissão de 1:1,879.
Após a coleta, com o auxílio do Software EXCELL 2000, os dados foram tabulados,
convertidos e corrigidos de acordo com a norma e foram analisados estatisticamente com o
auxílio do software SAS (Statistical Analysis System) for Windows, versão 9.1.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio da análise de regressão foram geradas equações para estimar a potência,
torque e consumo específico que são apresentadas na tabela 1, 2 e 3, respectivamente. Todas
as equações foram significativas ao nível de 5% pelo teste F. Os modelos foram lineares para
os duas primeiras e quadrática para a curva de consumo específico, as estimativas das
equações podem ser visualizados nas figuras 1, 2 e 3.
Nos ensaios notou-se rotação sempre superior do motor quando alimentado com o
ORS50, para as mesmas condições de carga, tanto que a média da rotação livre do motor
quando alimentado com o ORS50 foi de 2455 rpm e quando alimentado com o óleo diesel a
média foi de 2434 rpm. O regime de rotação do motor para as cargas aplicadas variou de 2403
a 2295 rpm quando alimentado com o OD e de 2424 a 2309 rpm quando alimentado com
ORS50.
989
Tabela 2 - Equações geradas para estimativa do torque.
Equação R2 Combustível
τ = −0,18687n + 457,80652 99,70% OD
τ = −0,18270n + 452,4480 97,24% ORS50
Onde: τ – Torque do motor em mN;
n – Rotação do Motor em rpm.
10 Potência OR50
Potência
Potência OD
8
6
kW
0
2300 2330 2360 2390 2420
rpm
990
35 Torque OR50
Torque
Torque OD
30
25
20
Nm 15
10
0
2300 2330 2360 2390 2420
rpm
A variação do torque pode ser verificada na figura 2, onde se verifica também valores
superiores quando o motor é alimentado com ORS50. Considerando também como rotação de
trabalho ideal de 2350 rpm, verifica-se que para esta rotação o torque é de 22,40 e 18,59 mN,
respectivamente para o motor alimentado com ORS50 e OD, com a variação de torque nesta
rotação sendo de 16 %.
C E OR50
400 Consumo Específico
C E OD
350
g kWh -1
300
250
200
2300 2330 2360 2390 2420
rpm
991
ORS50, ficou entre 2350 e 2370 rpm. Pode-se verificar ainda que as curvas se cruzam na
rotação próxima a 2360 rpm, e para rotações menores a 2360 rpm, o consumo específico é
maior quando o motor é alimentado com ORS50, já para rotações maiores a 2360 rpm, o
consumo específico é maior quando o motor é alimentado com o OD. Porém, para a rotação
de trabalho do motor de 2350 rpm, verificou-se um consumo específico de 271 g kWh-1 para o
ORS50 e de 258 g kWh-1, ou seja, uma variação de 5%.
Analisando de uma forma geral, o desempenho foi diferente em função dos
combustíveis testados. Ocorreu aumento nos valores de potência, torque e consumo específico
em cerca de 19, 16 e 5%, respectivamente, quando o motor foi alimentado com ORS50. Os
números justificam a utilização do ORS50, porém, aspectos técnicos, principalmente quanto ao
desgaste do motor deverão ser avaliados para indicar o uso desta mistura por um longo
período de funcionamento.
4 CONCLUSÃO
Pode-se concluir por meio dos resultados apresentados neste trabalho que:
Para o motor utilizado ocorreu um aumento da potência em todas as rotações do motor,
e na rotação de trabalho do motor selecionada, o aumento foi de 19%;
No torque ocorreram também, valores superiores quando o motor foi alimentado com
ORS50, e na rotação de trabalho selecionada o aumento é de 16%;
O consumo específico apresentou curvas distintas, porém, para a rotação de trabalho
selecionada, o aumento foi de 5%.
A será necessário promover estudos referentes ao desgaste do motor para utilização de
ORS50 por longos períodos de funcionamento.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KALTNER, F. J. Geração de energia elétrica em pequenas comunidades da Amazônia,
utilizando óleo vegetal “in natura” de espécies nativas como combustível em motores
diesel. SAEX` 2004. Módulo 1-Biomassa. P 9.
992
MORAES, J. R. Manual dos óleos vegetais e suas possibilidades energéticas. CNI,1980. 78
p.
TORRES, E. A. Avaliação de um motor de ciclo diesel operando com óleo de dendê para
suprimento energético em comunidades rurais. . In: ENCONTRO DE ENERGIA NO MEIO
RURAL-AGRENER, 4.,2002, Campinas. Anais... Campinas: [s.n.], 2002.
993
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO DA
CADEIA PRODUTIVA DO BIODIESEL NO ESTADO DO CEARÁ
994
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos tem-se buscado aprimorar a produtividade das cadeias produtivas e,
em muitos casos, nas suas formas regionalizadas através de iniciativas público-privadas. Entre
os programas atuais de desenvolvimento setorial está o PROMINP – Programa de
Mobilização da Indústria do Petróleo que objetiva aumentar o conteúdo de fornecimento
nacional e regional a esta indústria.
Desta maneira, o Prominp busca o fortalecimento da indústria nacional de bens e
serviços e está centrado na área de petróleo e gás natural. As metas do programa, elaboradas
em conjunto com as empresas do setor, levarão à maximização da participação da indústria
nacional no fornecimento de bens e serviços, em bases competitivas e sustentáveis, atendendo
demandas nacionais e internacionais. Busca-se, assim, agregar valor na cadeia produtiva local
através do fortalecimento da indústria regional.
O planejamento e controle das cadeias produtivas têm se apresentado de fundamental
importância para melhoria macro-econômica de uma região. Em função de informações
integradas de toda cadeia é possível que instituições tomem decisões com o intuito de
melhorar a sua eficiência.
Esse trabalho faz parte de um projeto denominado “Propostas de Ações Horizontais de
Dinamização da Cadeia Produtiva do Petróleo e Gás do Ceará através do Mapeamento e
Levantamento de Demandas e Ofertas Tecnológicas” em parceria com o Banco do Nordeste
do Brasil, Petrobrás, IEL-CE e CNPq e tem como objetivo geral desenvolver um sistema de
monitoramento dos Arranjos Produtivos (APs) com o intuito de subsidiar a tomada de decisão
em relação ao adensamento e melhorias dos elos das cadeias produtivas.
Assim, para o planejamento e controle da cadeia produtiva do Biodiesel, foi criado um
programa que integra as informações de requisitos de tecnologias, processos, produtos e bens
e as disponibilidades da região. O objetivo deste trabalho é apresentar um sistema de
monitoramento da cadeia regionalizada do Biodiesel que permita fomentar ações
colaborativas e cooperativas.
Como método de trabalho foi desenvolvido um sistema de informação baseado no
modelo de identidades e relacionamentos. Para testá-lo realizou-se o mapeamento do arranjo
produtivo, no Ceará, através de pesquisa bibliográfica e entrevistas com especialistas e
consultores. Por último usou-se um questionário para identificar as demandas e ofertas
tecnológicas.
995
2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
A importância dos sistemas de informação tem sido relacionada com conceitos como
capital social, sistemas de inovação regional, identidade regional, governança entre outros
(ALBERTIN, 2003) e IADH (2006). Este último autor descreve a dimensão do uso de
sistemas de informações em macro-processos para desenvolvimento territorial e local como:
• Sensibilização, mobilização e planejamento para o desenvolvimento territorial;
• Organização, direção e coordenação para o desenvolvimento territorial;
• Controle social no desenvolvimento territorial.
Vila Nova em IADH (2006) propõe as seguintes características para o sistema de
informação, além do monitoramento e avaliação de projetos:
• Facilitação da sistematização e registros de experiências;
• Criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento através de visibilidade de
ações e resultados de projetos;
• Estimulo a formação de parcerias entre atores;
• Contribuição para a consolidação da cultura de processos participativos;
• Subsidio a satisfação e expectativas dos beneficiários;
• Permissão a análise de esforços e resultados efetivamente alcançados.
996
na figura 1 tem duas leituras. A primeira, partindo de Elo em direção a Requisito, diz-se que 1
(um) Elo Necessita (relacionamento) de N Requisito(s), enquanto em uma direção contrária
lê-se que 1 (um) Requisito é necessário (relacionamento em direção oposta) em N Elo(s).
Dessa forma, para a concretização do modelo, esta atividade é realizada para todos os pares de
entidades identificados no sistema. Para mais detalhe sobre o MER ver Chen (1990).
O modelo, como pode ser observado na figura 1, foi dividido em duas partes. A
primeira parte refere-se às demandas, por parte das cadeias produtivas, de requisitos,
tecnologias, sistemas e sub-sistemas de gestão. Essa primeira parte, portanto, modela as
necessidades dos elos das cadeias produtivas. O elo aqui modelado é constituído por empresas
em um dado nível dos APs. Observa-se, assim, que para um determinado elo da cadeia existe
a demanda de determinadas tecnologias e de sistemas de gestão, por exemplo.
Já a segunda parte do modelo refere-se as ofertas pelas empresas de tecnologias e de
sistemas de gestão, por exemplo. Em função disso confrontando-se as demandas das cadeias
com a situação das empresas em relação as ofertas pode-se tomar decisões para melhorar a
eficiência e adensamento dos APs. Observam-se, dessa forma, quais empresas de um
determinado elo possuem determinadas tecnologias e sistemas de gestão, a importância
destes, como também, quais tecnologias e sistemas de gestão são utilizados por quais
empresas. O sistema permite, também, o acompanhamento no tempo do progresso dos APs
em função das aquisições de tecnologias e sistemas de gestões inexistentes anteriormente.
Tecnologias no modelo apresentado representam conhecimentos aplicados em produtos,
processos e gestão, como exemplo, criogenia para reservatórios de gás. Os sistemas de gestão
são subdivididos em gestão de produto, gestão financeira, gestão de produção, entre outros.
Para o sistema de gestão de produção relacionam-se os subsistemas de MRP, manutenção
preventiva e troca rápida de ferramenta, entre outras ferramentas. Para cada produto e ou
serviço são relacionados requisitos que são demandados pelos elos. Como exemplos de
requisitos citam-se percentuais de componentes químicos em lubrificantes e combustíveis.
997
Figura 1 – Modelagem do Sistema Proposto
998
IMP.% N 0 25 50 75 100 Importância
A
G. DA PRODUÇÃO
Defeitos - ppm 1 2 3 4 5
Controle de processos 1 2 3 4 5
Estudos de capabilidade 1 2 3 4 5
Planejamento e Controle da 1 2 3 4 5
Produção
Manutenção Corretiva – 1 2 3 4 5
Preventiva-TPM
Desenvolvimento de 1 2 3 4 5
Fornecedores
999
0 25 50 75 100
Controle de Inspeção Especificaçõ Especificaçõ Laboratório Laboratóri
produto/matéri informal es es interno o
a-prima padronizada conforme acreditado
s normas
Defeitos - informal monitorado 1-10 % < 10000 < 1000
PPM ppm ppm
Custos da (má) informal monitora 1-10% <1% < 0,5%
Qualidade faturamento faturamento faturament
o
Controle de Parâmetros Parâmetros Parâmetros Instrumentos Estudos de
processos informais padronizado controlados calibrados capabilida
s de
Tempo médio informal Procediment Tempo < 60 Tempo < 40 < 10
de setup o min min (SMED)
formalizado
Estudos de informal Processos Processos CEP Cpk > 2
capabilidade instáveis estáveis
PCP informal Planilhas software MRP MRP II
eletrônicas
Manutenção Ênfase de plano de preventiva preditiva TPM
corretiva manutenção
Filosofia e não utiliza uma duas três nº > 3
Ferramentas ferramentas ferramenta ferramentas ferramentas
JIT
Desenvolvime Informal Formal Monitora Programas Estabelece
nto de desempenho de parcerias
Fornecedores capacitação
Idade média desconheci Maior 20 10 a 20 anos 5 a 10 anos < 5 anos
dos da anos
equipamentos
Tabela 2 – Metodologia de avaliação.
A importância dos elementos dos subsistemas (1-5) é dada pelo mercado, cliente
principal ou percepção da direção, sendo 1 para pouco importante e 5 para muito importante.
O monitoramento da cadeia produtiva ocorre pela resultado da multiplicação do
percentual de implantação pela importância dada, permitindo quantificar o posicionamento
das empresas por elo e a sua evolução no tempo.
1000
Apesar de se esta discutindo muito a temática do Biodiesel, o início desta pesquisa no
Brasil se iniciou no estado do Ceará, na Universidade Federal. Holanda (2006) entende que é
extremamente viável para o país a produção do Biodiesel por ser uma medida de inclusão
social, na criação de emprego e renda para população; o grande potencial para a produção das
plantas oleaginosas, devido ao clima extremamente favorável a estas culturas e a grande
extensão territorial; e a questão econômica que pode significar uma independência energética
para o país. Vale também ressaltar que o Biodiesel vem ao encontro da atual temática de
redução dos níveis de poluição.
Para o funcionamento da cadeia produtiva do Biodiesel, faz-se necessário a
identificação das necessidades em cada elo da cadeia produtiva do Biodiesel. A figura 2
demonstra o que tem que ser feito para a produção do Biodiesel no estado.
Fonte: Abiove
Figura 2 – Necessidades do Biodiesel
A visibilidade de gaps tecnológicos e oportunidade da cadeia produtiva permite espaços
para realização de projetos de inserção e adensamento de empresas regionais, atendendo o
objetivo do PROMINP.
O Ceará tem um grande potencial para a produção do Biodiesel, pela sua reconhecida
tradição em pesquisa nesta área, pela sua capacidade de produção de oleaginosas através da
agricultura familiar e por possuir as tecnologias para realizar projetos de usinas, o
esmagamento e a produção deste combustível. A figura 3, ilustra a cadeia produtiva primária
e auxiliar deste combustível no Estado.
1001
Figura 3 - Cadeia Regionalizada do Biodiesel
1002
biodiesel de mamona e de palma (dendê). Para se ter uma visão geral sobre a criação de novos
postos de trabalho, é suficiente registrar que a adição de 2% de biodiesel ao diesel mineral
poderá proporcionar o emprego de mais de 200 mil famílias (HOLANDA, 2005).
No elo que trata do refino e produção do Biodiesel, foram listadas algumas tecnologias
como:
1003
EMPRESA ELO A QUE PERTENCE PRODUTO/SERVIÇO
Associação de agricultores Cultivo Mamona
Quixeramobim e Crateús
OLVEQ Extração de óleo Estação de esmagamento
Embrapa Pesquisa de sementes Desenvolvimento de
sementes
GLEN – Grupo de Logística Pesquisa
Estudos e Pesquisa em
Infra-estruturas
OFICINA AURELIANO Fabricante de equipamentos Prensa, usinagem
TECBIO Projeto de usinas Serviços de consultoria e
projetos de fábricas de
Biodiesel
BRASIL ECODIESEL Refino Indústria de Biodiesel
NUTEC Análise laboratorial, Biodiesel, análises
Refino e Pesquisa
Petrobras - Quixadá Refino Indústria de Biodiesel
LUBNOR - Fortaleza Análises laboratoriais Análise de óleos
BR Distribuição Transporte
LABORATÓRIOS UFC Laboratórios Análise de óleos
Figura 4 – Relação de empresas regionais e respectivos elos
Estas ofertas estão sendo confrontadas com as demandas identificadas dos elos. Os
gaps tecnológicos representam as oportunidades de desenvolvimento e adensamento dos elos.
5 CONCLUSÃO
1004
Desta maneira, acredita-se que este trabalho de pesquisa colabora com a iniciativa do
Prominp que busca o fortalecimento da indústria nacional de bens e serviços na área de
petróleo e gás natural. O monitoramento da cadeia produtiva do biodiesel por meio de
atualizações contínuas de seus dados permite que decisões mais seguras sejam tomadas
tornando mais eficiente essa cadeia produtiva. Essas decisões, quando apoiadas por um
sistema de informação, poderão no futuro influenciar positivamente no aumento da
competitividade do Estado do Ceará.
Um aspecto importante no desenvolvimento do sistema foi sua divisão em duas partes e
de forma integrada. Essa divisão permitiu uma visão melhor do sistema e, assim identificar os
problemas como maior facilidade. Na primeira parte, portanto, o problema foi focado nas
necessidades de demandas dos elos da cadeia produtiva, enquanto na segunda parte do
modelo, focou-se nos problemas das potencialidades das empresas em função da existência ou
carência das necessidades demandadas na primeira parte do sistema. Portanto, em função
desta divisão proposta pelo modelo, conseguiu-se distribuir melhor os trabalhos entre as
equipes e, assim, melhorar o tempo estimado do projeto.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALBERTIN, M. R. Identificação de Ações e Projetos para Maximizar a Participação de
Fornecedores Regionais na Cadeia Petróleo & Gás do Ceará. Ceará, 2006.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
1005
MARCONI, M.A. & LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
1006
PRODUÇÃO DE PAINÉIS AGLOMERADOS DE UMA MISTURA DE
TRÊS CLONES DE EUCALIPTO (Eucalyptus urophylla) E CASCA DE
MAMONA (Ricinus communis L.)
1007
1 INTRODUÇÃO
Os painéis de Madeira aglomerada começaram a ser produzidos no Brasil em 1966, pela
Placas do Paraná S.A., instalada na cidade de Curituba-PR. Na condição de um produto novo
no mercado brasileiro, o aglomerado passou por períodos de questionamento, principalmente,
quanto às limitações técnicas, como alta absorção de água e inchamento em espessura,
usinabilidade de bordos e problemas quanto à fixação de parafusos. No decorrer do tempo,
foram incorporadas novas tecnologias, como uso de parafina, controle do gradiente de
densidade e sistemas de parafusamento mais eficientes, visando minimizar tais problemas.
Atualmente, o aglomerado é uma das principais matérias-primas para o setor moveleiro
brasileiro e sua produção em 2003 foi de 1.808.000 m³ (ABIPA, 2002).
O processamento mecânico da madeira remonta aos primórdios do ser humano e, seu
desenvolvimento, acompanhou a evolução da civilização humana, partindo dos primeiros
instrumentos rudimentares, até chegar aos equipamentos computadorizados da atualidade
(Albuquerque, 1995).
O setor florestal brasileiro, atualmente, já representa cerca de 5% do PIB nacional.
Todavia, esta participação é muito modesta diante das potencialidades do país. Portanto, é
possível afirmar que o Brasil ainda é um gigante adormecido no setor florestal. Vale ressaltar
que, considerando apenas a produção de celulose e papel, o Brasil conseguiu desenvolver a
maior silvicultura de eucaliptos do mundo (Albuquerque, 1996).
No que diz respeito à utilização de folhosas nativas, o custo de exploração, as grandes
distâncias a serem vencidas com o transporte de toras, de lâminas, ou do compensado já
manufaturado até os grandes centros de consumo, as fortes pressões dos grupos ambientalistas
em relação à origem da madeira e a necessidade de certificação, são fatores que encarecem os
custos podendo ser restritivos à plenitude do mercado de aglomerados tropicais e justificam
momentaneamente a tendência de substituição por madeiras oriundas de florestas plantadas.
Diante do cenário apresentado e de acordo com a ABIMCI (1999), pode-se esperar que
o eucalipto venha ter uma penetração via substituição de nativas e também poderá cobrir a
limitação no suprimento de madeira de pinus.
O painel de aglomerado é formado a partir da redução da madeira em partículas. Após a
obtenção das partículas de madeira, estas são impregnadas com resina sintética e, arranjadas
de maneira consistente e uniforme, forma um colchão. Esse colchão, pela ação controlada do
calor, pressão e umidade, adquire a forma definitiva e estável denominada aglomerado. O
painel de aglomerado pode ser pintado ou revestido com vários materiais, destacando-se
1008
papéis impregnados com resinas melamínicas, papéis envernizáveis e lâminas ou folhas de
madeira natural.
Grande parte da demanda de painéis de aglomerado está associada ao setor moveleiro,
sendo o consumo restante dividido entre a fabricação de racks, caixas acústicas, gabinetes de
televisão e divisórias.
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma das 7000 espécies da família das
Euforbiáceas, da classe Dicotiledônea, originária da África. A mamoneira é um arbusto de
cujo fruto se extrai um óleo de excelentes propriedades, de largo uso como insumo industrial.
Da industrialização da mamona, obtém-se como produto principal o óleo e, como subproduto,
a torta de mamona. Os resíduos agrícolas, provenientes do processo de industrialização da
mamona são denominados subprodutos e considerados tão importantes quanto o produto
principal, o óleo.
O mais tradicional e importante subproduto industrial da mamona é a torta, oriunda do
processo de extração do óleo, e conhecida há muitos anos pelos agricultores como um
excelente adubo orgânico. Os agricultores também podem utilizar-se das cascas, caules e
folhas para a melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo. As sementes
da mamona diferem das outras oleaginosas em relação ao conteúdo de componentes
específicos, como a proteína ricina, o alcalóide ricinina e o alergênico CBA, que é uma
mistura de proteínas de baixo peso molecular. Estes princípios (proteínas, alcalóides e
alergênicos) limitam bastante o uso da torta como alimentação animal e o seu principal
emprego é como adubo orgânico, de uso isolado ou em misturas com fertilizantes minerais
para o fornecimento de nutrientes para a produção agrícola e ou recuperação dos solos.
A semente é o óvulo da flor após a fertilização, apresentando diferentes cores, formas,
tamanhos, pesos, proporção do tegumento, presença ou ausência de carúncula, e maior ou
menos aderência do tegumento ao endosperma. O tegumento externo da semente é
representado pela casca dura e quebradiça, tendo ainda uma película interna fina, que envolve
o albúmen, que é branco, compacto e rico em óleo.
Este trabalho tem como objetivos, diminuir em proporção a quantidade de madeira
utilizada no beneficiamento do aglomerado, utilizando a adição proporcional de casca de
mamona sem interferir nas propriedades físicas do aglomerado. Utilizar resíduos da produção
agroindustrial como fonte de matéria prima para a produção de aglomerados. Integrar a
produção florestal com a produção agroindustrial por meio de resíduos sólidos provenientes
do mesmo. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a viabilidade de adição da casca de
mamona com a mistura de três clones de eucalipto e selecionar os melhores tratamentos com
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1009
variação de três teores de partículas e três variações de resina, observando sua viabilidade
para a produção industrial. Determinar a relação entre o Módulo de elasticidade em flexão
(MOE), Módulo de ruptura em flexão estática (MOR), Absorção de Água em 2 e 24 horas
(AA2 e AA24), Inchamento em espessura 2 e 24 horas (IE2 e IE24) e Ligação Interna (LI).
2 MATERIAL E METODOS
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a influência da inclusão
de casca de mamona na composição das chapas de partículas de madeira aglomerada de
clones de Eucalipto. Foram utilizadas partículas destinadas à produção industrial de
aglomerados, casca de mamona com partículas padronizadas ao uso industrial, as resinas
uréia-formoldeido e fenol-formaldeido e parafina.
O delineamento experimental foi formulado em 22 tratamentos com três repetições cada
tratamento variando em 25, 50 e 75% de casca de mamona, sendo T1, T2 e T3 – chapas com
6% de resina uréia-formaldeido, T4, T5 e T6 – chapas com 9% de resina uréia-formaldeido,
T7, T8 e T9 – chapas com 12% de resina uréia-formaldeido, T10 - chapas com 100% de
eucalipto e variando nas três repetições os teores de resina uréia-formaldeido, T11 – chapas
com 100% de casca de mamona e variando nas três repetições os teores de resina uréia-
formaldeido, T12, T13 e T14 – chapas com 6% de resina fenol-formaldeido, T15, T16 e T17
– chapas com 9% de fenol-formaldeido, T18, T19 e T20 – chapas com 12% de resina fenol-
formaldeido, T21 – chapas com 100% de eucalipto e variando nas três repetições os teores de
resina fenol-formaldeido e T22 – chapas com 100% de casca de mamona e variando nas três
repetições os teores de resina fenol-formaldeido. Todos os painéis tiveram em sua composição
um acréscimo de 1% de parafina.
1010
Secagem:
• Temperatura 75 a 80ºC ± 3
• Umidade atingida 3%
1011
Encoladeira:
• Admissão de resinas e parafina.
1012
Formação do colchão:
• Pré-prensagem
Prensagem final:
• Prensagem à temperatura de 140ºC e 160ºC
• Tempo 8 minutos
• Pressão 42 kgf./cm²
1013
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, C. E. C. de. Processamento mecânico da madeira na
evolução humana. Revista da Madeira, Caxias do Sul, v. 4, n.23, p.36-37. julho-agosto.
1995.
1014
EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA A PARTIR DE EXPLANTES FOLIARES DE
GENOTIPOS DE DENDEZEIRO (Elaeis guineensis Jacq.)
1015
1 INTRODUÇÃO
A maior parte de toda a energia consumida no mundo provém do petróleo, do carvão
e do gás natural. Essas fontes, no entanto, são limitadas e com previsão de esgotamento no
futuro, sendo de suma importância a busca por fontes alternativas de energia. Visando
diminuir a dependência do petróleo, reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa
e gerar emprego e renda, principalmente pelo estímulo da agricultura familiar, o governo
nacional lançou em 2002 o Programa Brasileiro de Biocombustíveis que tem por meta a
substituição parcial do óleo diesel por biodiesel.
Para produzir combustíveis alternativos, o Brasil possui diversas espécies
oleaginosas. No entanto, o dendê se apresenta como a oleaginosa mais promissora sob o
ponto de vista de produção de óleo, pois atinge o extraordinário patamar de 5.000 kg de
óleo por hectare por ano, índice este, por exemplo, cerca de 25 vezes maior que o
rendimento de produção de óleo da soja.
Para a dendeicultura no Brasil ser competitiva, torna-se necessário a adoção de
cultivares melhoradas e mais produtivas. Contudo, em função da alta heterozigose desta
espécie, a propagação por sementes, como é feito no Brasil, apresenta o inconveniente de
formação de plantios heterogêneos, o que promove a desuniformidade na produção e
dificuldades nas práticas de manejo (Srisawat & Kanchanapoom, 2005). Além disso, nos
programas de melhoramento da espécie, a multiplicação de genótipos e/ou progênies
também ocorre por sementes, fato que impede que características agronômicas desejáveis
em um genótipo sejam perpetuadas.
Nesse sentido, a cultura de tecidos, constitui-se como uma alternativa promissora
para a multiplicação clonal desta espécie. Em função da natureza morfoanatômica e
fisiológica do dendezeiro, a propagação de clones elite só é possível por meio da
embriogênese somática.
Apesar de diversos protocolos de embriogênese somática do dendezeiro já terem sido
publicados, a micropropagação do dendezeiro é ainda cercada de mistérios e segredos
industriais (Rajesh et al., 2003), fazendo com que o custo de obtenção de uma muda
micropropagada seja mais que sete vezes superior ao obtido por método convencional.
Assim, os objetivos deste trabalho foram testar dois métodos de desinfestação e diferentes
concentrações de ácido 2,4 diclorofenoxiacético (2,4-D) na indução da embriogênese
somática a partir de explantes foliares de diferentes genótipos de dendezeiro.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1016
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Cultura de Células e Tecidos Vegetais
do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa-MG.
As folhas imaturas foram retiradas de dois genótipos (G1001 e G2301) de dendê de 1,5
anos de idade.
As folhas imaturas foram, inicialmente, lavadas em água corrente e, em seguida,
submetidas a tratamento de desinfestação. Dois métodos de desinfestação foram testados.
O primeiro método de desinfestação (D1) consistiu da imersão dos explantes em bicloreto
de mercúrio (0,075%) por 15 minutos, mais imersão em solução de hipoclorito de sódio
(2,0% cloro ativo) por 10 minutos, seguida de quatro enxágües em água deionizada estéril.
O segundo método de desinfestação (D2) consistiu na imersão dos explantes em
hipoclorito de sódio (2,0% cloro ativo) por 30 minutos, seguido de quatro enxágües em
água deionizada estéril.
Após desinfestação, as folhas imaturas foram seccionadas transversalmente em
pedaços de cinco milímetros de espessura e inoculados em meio de cultura Y3 (Eeuwens,
1978), adicionado de 0,3% de carvão ativado. Quatro concentrações de 2,4-D (800, 1000,
1200 e 1400μM) foram testadas. O experimento foi montado em fatorial 2 x 4, em tubos de
ensaio de 25 mm x 150 mm, contendo 10 mL do meio de cultura. O delineamento
experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo cada
repetição representado por cinco tubos de ensaio, com um explante por tubo. Os explantes
foram incubados no escuro, em sala de cultura mantido a 27°C + 2°C por 90 dias.
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os métodos de desinfestação testados foram eficazes no controle de infecções in
vitro, apresentando 91,25% (D1) e 86,25% (D2) de eficácia. Estes resultados não diferiram
significativamente ao nível de 5,0% pelo teste de X2. Observou-se também, que estes
métodos de desinfestação não inviabilizaram a resposta morfogênica dos explantes aos
tratamentos de indução da embriogênese somática.
1017
Considerando que o método D1 utiliza bicloreto de mercúrio, um agente muito
agressivo ao meio ambiente, o método D2 deve ser preferido na desinfestação de explantes
de dendezeiro.
O início da morfogênese foi observado aos 60 dias de incubação in vitro, culminando
com a formação de massa pró-embriogênica aos 90 dias. Massas pró-embriogênicas eram
de cor amarelada e apresentavam aspecto nodular com algumas estruturas globulares
(Figura1).
1018
1000 5,9 b 11,1 a
1200 0,0 b 11,8 a
1400 0,0 b 6,7 a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.
4 CONCLUSÃO
A desinfestação de explante foliares de dendezeiro com hipoclorito de sódio é eficaz
no controle de infecções in vitro.
A resposta embriogênica em explantes foliares de dendezeiro é dependente do
genótipo e da dose de 2,4-D utilizada.
5 AGRADECIMENTO
Ao CNPq pelo apoio financeiro.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Eeuwens, C.J. Effects of organic nutrient and hormones on growth and development of
tissue explants from coconut (Cocos nucifera) and date (Phoenix dactylifera) palms
cultured in vitro. Physiol Plant, 42, p. 173-178, 1978.
Teixeira J.B., Sondahl M.R., Nakamura T., Kirby E.G. Establishment of oil palm cell
suspensions and plant regeneration. Plant Cell, Tissue and Organ Culture 40, p. 105-
111, 1995.
Rajesh M.K., Radha E., Anitha Karun, Parthasarathy V.A. Plant regeneration from
embryo-derived callus of oil palm – the effect of exogenous polyamines. Plant Cell,
Tissue and Organ Culture 75, p. 41-47, 2003.
1019
PRODUÇÃO DE PALHADA POR DUAS VARIEDADES DE
GIRASSOL EM QUATRO DOSAGENS DE ADUBAÇÃO
1020
1 INTRODUÇÃO
1021
preparo ("no-tillage"), cultivo reduzido, entre outros. Efetivamente, poderia considerar-
se o plantio direto como um cultivo mínimo, visto que o preparo do solo limita-se ao
sulco de semeadura, procedendo-se à semeadura, à adubação e, eventualmente, à
aplicação de herbicidas em uma única operação (Castro et al., 2005).
As vantagens ou desvantagens do plantio direto dependem de uma série de fatores
e características edafoclimáticas da região onde esse sistema é ou será utilizado e é
fundamental que, em cada região, o sistema seja adaptado seguindo suas vocações
naturais, de forma que o sistema seja o mais eficiente possível. Além disso, verifica-se
que, à medida que o agricultor se torna mais familiarizado com o sistema, novas
vantagens são adicionadas e novas alternativas para resolver problemas vão surgindo
(Castro et al., 2005).
Na implantação e condução do Sistema de Plantio Direto de maneira eficiente, é
indispensável que o esquema de rotação de culturas promova, na superfície do solo, a
manutenção permanente de uma quantidade mínima de palhada, que nunca deverá ser
inferior a 4,0 t/ha de fitomassa seca. Como segurança, indica-se que devem ser adotados
sistemas de rotação que produzam, em média, 6,0 t/ha/ano ou mais de fitomassa seca.
Neste caso, a soja contribui com muito pouco, raramente ultrapassando 2,5 t/ha de
fitomassa seca. Por outro lado, gramíneas como o milho, de ampla adaptação a
diferentes condições, tem ainda a vantagem de deixar uma grande quantidade de restos
culturais que, uma vez bem manejados, proporcionam vantagens adicionais aos
sistemas, conforme já mencionado (Castro et al., 2005).
O girassol pode se tornar um grande aliado para o sistema de plantio direto,
devido a sua pouca exigência em chuvas, a planta de girassol, pode ser empregada como
cultura de safrinha após o milho. Conseguindo com isso uma melhora para o sistema de
plantio direto do milho fazendo com que esta cultura consiga maiores produtividades e
diminuindo problemas com doenças e pragas. Alem disso haverá uma maior produção
de palha, que é um dos fatores mais importantes para o plantio direto (Castro et al.,
2005).
O girassol é uma planta exigente em fertilidade, acumulando grande quantidade
de nutrientes. No entanto, sua resposta à adubação é limitada pelo potencial produtivo e
também pela taxa de exportação de nutrientes, que não é elevada. Em parte, porque a
exploração pelo sistema radicular profundo aumenta a eficiência de aproveitamento da
fertilidade natural dos solos e das adubações nos cultivos anteriores (Castro et al.,
2005).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1022
O girassol apresenta uma maior necessidade de avaliação do controle da
compactação do solo e da acidez subsuperficial que podem limitar o desenvolvimento
radicular da planta, intensificando os problemas nutricionais associados ao déficit
hídrico e reduzindo o potencial produtivo da cultura. Ele é considerado uma cultura
melhoradora da fertilidade do solo por apresentar uma elevada capacidade de
reciclagem de nutrientes, absorvendo aqueles presentes em camada mais profundas
através de suas raízes pivotantes, levando-os novamente à camada arável do solo. Pela
grande quantidade de massa seca gerada pela cultura, mesmo após a colheita dos
capítulos, os níveis de matéria orgânica do solo se mantêm elevados, o que, além de
proporcionar melhor estrutura, impede perda de nutrientes, que são posteriormente
disponilizados pela mineralização dos restos culturais (Castro et al., 2005). Os
rendimentos de matéria seca podem variar com a cultivar, espaçamento, densidade de
semeadura, época de semeadura, fertilidade do solo e manejo, e podem atingir valores
de 4 a 7 toneladas por hectare quando o plantio é realizado na época da safrinha e a
planta é colhida em estádio avançado de maturação.
2 MATERIAL E MÉTODOS
1023
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
De acordo com a Figura 1 a cultivar Aguará 3 possui um maior desenvolvimento
com uma dosagem de adubação menor em comparação com comparação com a Aguará
4. Já a cultivar Aguará 4 obteve um crescimento de acordo com a adubação que ela
recebeu.
6000 5612
5212
4887 4949
Quantidade de palha kg/ha
1000
0
0 100 200 300
Niveis de Adubação
4 CONCLUSÃO
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, C.; OLIVEIRA, F.A. Nutrição e adubação do girassol. p. 317 – 373. In:
LEITE, R.M.V.B.C.; BRIGHENTI, A.M.; CASTRO, C. (eds.). Girassol no Brasil.
Embrapa Soja, Londrina, 2005. 613 p.
UFRGS. Girassol, Indicações para o cultivo no Rio Grande do Sul. 71p., 3º edição,
1990.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1024
INDUÇÃO DA EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA EM DENDEZEIRO (Elaeis
guineensis Jacq.) A PARTIR DE INFLORESCÊNCIAS IMATURAS
1025
1 INTRODUÇÃO
O uso de plantas oleaginosas para a produção de biocombustíveis visa obter a
combinação entre o desenvolvimento e a conservação ambiental, visando diminuir a
dependência do petróleo, reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa e gerar
emprego e renda no país. E, para atender a legislação 11.097/2005 que estabelece a partir de
2008 a obrigatoriedade de adição de um percentual de 2% (B2-biodiesel) ao diesel de
petróleo, demanda-se um aumento considerável na produção agrícola das espécies oleaginosas
promissoras.
Existe grande expectativa em relação às espécies perenes que produzem óleos, já que
elas apresentam custos muito mais baixos que as espécies anuais. As palmáceas constituem o
grupo de espécies mais propício, sendo o dendê a planta que apresenta a maior produtividade
de óleo, com rendimento entre 4 e 6 t por hectare, dentre as oleaginosas cultivadas.
Para o país se estabelecer como um grande produtor e exportador de óleo de palma e
seus derivados torna-se necessário o cultivo de plantas melhoradas e mais produtivas. A
indução da embriogênese somática é um importante passo para a clonagem de plantas elites
de dendezeiro. Atualmente, o método mais empregado é a indução da embriogênese
utilizando explantes foliares obtidos de folhas imaturas. Contudo, a retirada de folhas
imaturas de dendezeiro adulto inviabiliza a planta matriz por quatro anos, pois o método
disponível para obtenção deste tipo de explante é bastante invasivo, enfraquecendo a planta.
Nesse contexto, inflorescências se constituem numa importante fonte de explante, pois é
de fácil obtenção e sua retirada não compromete o vigor da planta matriz (Verdeil et al.,
1994), além de ser disponível em abundância em plantas adultas. A regeneração de plântulas
utilizando inflorescências já foi descrito para algumas palmeiras como Cocos nucífera L.
(Verdeil et al., 1994), Euterpe edulis Mart. (Guerra e Handro, 1998) e também para Elaeis
guineensis (Teixeira et al., 1994). No entanto, a porcentagem de indução embriões e a
regeneração de plântulas ainda é muito baixa.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo a indução de embriogênese
somática em dendezeiro a partir de explantes obtidos de inflorescência imatura.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Cultura de Células e Tecidos Vegetais do
Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa.
1026
As inflorescências imaturas foram extraídas de plantas matrizes da coleção de plantas de
dendê da Universidade Federal de Viçosa, localizada na Fazenda Experimental de Sementeira,
no município de Visconde do Rio Branco-MG.
Inflorescências imaturas foram, inicialmente, lavadas em água corrente e, em seguida,
submetidas a tratamento de desinfestação com hipoclorito de sódio (2%) por 1 hora. Em
câmara de fluxo, as ráquilas foram separadas da inflorescência e seccionadas transversalmente
em pedaços de 3 mm de comprimento e inoculadas em tubos de ensaio de 25 mm x 150 mm,
contendo 10 mL do meio de cultura Y3 (Eeuwens, 1978), acrescido de 475 μM de 2,4-D e
0,3% de carvão ativado. Utilizou-se quatro repetições, sendo cada repetição representado por
10 tubos de ensaio, com um explante por tubo. Os tubos foram incubados no escuro, em sala
de cultura mantida a 25°C ± 2 sendo subcultivados mensalmente, até a formação das flores.
Flores formadas in vitro foram destacadas das ráquilas, individualizadas e subcultivadas
em meio de cultura Y3 acrescido de 0,3% de carvão ativado com diferentes concentrações de
2,4-D (500, 900, 1100 e 1400μM). O experimento foi montado em placas de Petri
descartáveis de poliestireno, de 90,0mm x 15,0mm, contendo 30,0 mL de meio de cultura, em
delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições e 5 flores por repetição, sendo
cada repetição representada por uma placa de Petri. Após inoculação, as placas de Petri foram
incubadas no escuro, em sala de cultura mantida a 27°C + 2°C por 60 dias.
Todo meio de cultivo foi solidificado com 0,8% de ágar (Isofar). A concentração de
sacarose foi de 3% e o pH foi ajustado para 5,7+0,01. O meio foi autoclavado a 121ºC e 1,5
atm por 20 minutos.
A avaliação realizada referiu-se à porcentagem de flores com formação de calos após 60
dias de cultivo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após um mês de cultivo, observou-se na base da flor o início da formação de uma
massa de calos (Figura 1A). Essa massa de calos era composta por estruturas globulares e
nodulares.
1027
B
A B
1028
70
2
y = -0,0002x + 0,4365x - 136,07
2
60 R = 0,9521
50
Porcentagem de calogênese
40
30
20
10
0
0 500 1000 1500
Doses de 2,4-D
4 CONCLUSÃO
A indução da embriogênese somática em inflorescências de dendezeiro depende da
presença de altos níveis da auxina 2,4-D em associação com carvão ativado e do uso de
inflorescências imaturas.
5 AGRADECIMENTO
Ao CNPq pelo apoio financeiro.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Eeuwens, C.J. Effects of organic nutrient and hormones on growth and development of tissue
explants from coconut (Cocos nucifera) and date (Phoenix dactylifera) palms cultured in
vitro. Physiol Plant, 42, p. 173-178, 1978.
1029
Guerra M.P, Handro W. Somatic embryogenesis and plant regeneration in different organs of
Euterpe edulis Mart. (Palmae): Control and structural features. J Plant Res 111, p. 65–71,
1998.
Teixeira J.B, Sondahl M.R, Kirby E.G. Somatic embryogenesis from immature inflorescences
of oil palm. Plant Cell Rep 13, p. 247–250, 1994.
Verdeil J.L, Huet C., Grosdemange F., Buffard-Morel, J. Plant regeneration from cultured
immature inflorescences of coconut (Cocos nucifera L): Evidence for somatic embryogenesis.
Plant Cell Rep 13, p. 218–221, 1994.
1030
MATOINTERFERÊNCIA NA CULTURA DA MAMONA (CULTIVAR
LYRA), NO PERÍODO DE SAFRINHA EM CASSILÂNDIA-MS
1031
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira pertencente à família Euphorbiceae possivelmente originária da antiga
Abissínia (LAVRES JUNIOR et al., 2005), no entanto, encontra-se amplamente distribuída
em todo o território brasileiro. Possui como produto principal o óleo e vários outros
subprodutos, ou seja, têm-se o aproveitamento integral de seu fruto sob o ponto de vista
agroindustrial. Há um favorecimento da ocorrência de plantas daninhas durante seu ciclo de
desenvolvimento em decorrência à sua arquitetura e espaçamento. Além da germinação e o
desenvolvimento inicial serem lentos e progressivos acarretando mais uma desvantagem na
competição com as plantas daninhas (QUEIROZ et al., 2004).
O grau de interferência das plantas daninhas na cultura pode ser influenciado por
diversos fatores, alguns autores, como Duarte & Deuber (1999) atribui à duração do período
em que a comunidade de plantas daninhas e as plantas cultivadas estão competindo. No
entanto a comunidade infestante (espécie, densidade e distribuição), a cultura (cultivar,
espaçamento e densidade), os fatores ambientais de clima, solo e tratos culturais apresentam
também considerável interação (DUARTE &DEUBER, 1999; KOZLOWSKI, 2002;
BRIGHENTI, 2004).
São três períodos estabelecidos por Pitelli & Durigan (1984) quando se trabalha com a
época e a duração dos períodos de convivência da cultura com as plantas daninhas, sendo
eles: período anterior à interferência (PAI), quando o meio ainda é capaz de manter as plantas
daninhas e a cultura sem que haja competição entre elas; período total de prevenção da
interferência (PTPI), período a partir da emergência em que a cultura deve ficar livre da
interferência da comunidade infestante, até que sua produtividade não seja afetada; e período
crítico de prevenção de interferência (PCPI), período este que efetivamente as práticas de
controle das infestantes devem ser adotadas. O conhecimento desses períodos é de extrema
importância, pois poderá minimizar os custo do produtor, evitando a adoção de práticas de
controle desnecessárias (FREITAS et al., 2004).
O presente trabalho teve como objetivo determinar o período de interferência das
plantas daninhas na cultura da mamona utilizando a cultivar Lyra, que reúne como principais
características: o porte baixo e precocidade, em condições locais no período de safrinha no
município de Cassilândia-MS.
1032
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido na área experimental de culturas anuais do Campus da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Cassilândia -
UEMS/UUC (19o06’48” S; 51o44’03” W - 470m de altitude), no município de Cassilândia-
MS, durante o período de março a julho de 2006, cultivado em solo classificado como
Neossolo Quartzarênico cujas principais características químicas estão expressas na Tabela 1.
Tabela 1 – Análise química do solo, para a camada de 0-20 cm, da área experimental.
Cassilândia-MS, 2006.
pH M.O. P H+Al K Ca Mg SB CTC V
CaCl2 g/kg mg/dm³ mmolc/dm³ %
4,8 17,58 3,78 21,91 1,23 12,6 5,2 19,0 41 46
1033
Tabela 2 – Temperatura média, máxima e mínima, medidas durante o período de condução do
experimento. Cassilândia-MS, 2006.
Temperatura (°C)
Mês
Máxima Média Mínima
Abr/06 24,37 20,87 29,51
Mai/06 20,25 13,48 26,59
Jun/06 21,44 15,16 29,42
Jul/06 22,25 15,36 30,59
60,00
precipitaçãoemmm
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
5
10
20
30
45
55
65
75
85
95
1
10
ciclo DAE
A colheita foi realizada no dia 18/07/2006, quando a cultura completou 106 dias após a
emergência, de forma manual, cortando-se os cachos com tesoura de poda. Para determinação
da produção (kg), os grãos foram debulhados dos cachos e pesados em balança de precisão no
Laboratório de Fitotecnia (UEMS/Cassilândia – MS). A produtividade foi calculada em
função da área útil da parcela.
As avaliações de plantas daninhas foram realizadas no grupo de tratamentos com
controle, no final de cada período de convivência. Utilizou-se um quadrado vazado de ferro
com dimensão 0,25 m² (0,5x0,5 m), jogado aleatoriamente na parcela útil. Todas as plantas
daninhas que estavam na área amostrada foram coletadas, identificadas, determinando a
densidade de cada espécie (n° de indivíduos/m²) e determinação da biomassa seca (g.m-2),
após serem submetidas à secagem em estufa de ventilação forçada a 65°C. Não houve
necessidade de distribuição de sementes de plantas daninhas, pois o banco de sementes da
1034
área do experimento foi suficiente tanto em quantidade como em variedades de plantas
daninhas para a execução do experimento.
Os dados de produtividade foram analisados estatisticamente através do programa
estatístico SISVAR, utilizando o Teste F para análise de variância e Teste de Tukey a 5 % de
probabilidade para comparação de médias.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na área do delineamento experimental foi observada a presença de 12 espécies, porém
as plantas daninhas predominantes foram: o carrapicho (Cenchrus echinatus L.), malva-
branca (Sida cordifolia L.), malva vermelha (Croton glandulosus L), guaxuma (Sida
santaremnensis H. Monteiro), beldroega (Portulaca oleracea L.) e capim-colchão (Digitaria
horizontalis. Willd); e em menor intensidade de ocorrência foram: carrapichinho
(Acanthospermum australe. (Loefl) Kuntze), braquiária (Brachiaria brizantha), junquinho
(Cyperus ferax. Rich), agriãozinho (Synedrellopsis grisebachii. Hieron), poaia-branca
(Richardia brasiliensis. Gomes) e caruru (Amaranthus deflexus L.).
Na Figura 2 estão apresentadas as médias das densidades das plantas daninhas ocorridas
em cada tratamento, quando a cultura da mamona foi mantida por períodos crescentes de
convivência com a comunidade infestante (grupo sem controle). Foram observadas altas
densidades de plantas daninhas aos 14 e 28 DAE da cultura (337 e 369 plantas m-²,
respectivamente), com o decorrer do ciclo houve queda da densidade da comunidade
infestante. Isso pode ser explicado pelo longo período de estiagem (Figura 1), afetando a
população de plantas daninhas. Além do aparecimento de espécies, como a malva-vermelha,
que competiram com o carrapicho, reduzindo sua população e também pela sua senescência e
morte.
Embora densidade de plantas daninhas tenha diminuído no decorrer do ciclo da
mamona, o peso da biomassa seca aumentou (Figura 3), pois o período de convivência com as
plantas daninhas foi aumentando, ou seja, as plantas daninhas tiveram um período maior para
acúmulo de biomassa.
1035
400
ita
14
28
42
56
70
98
e
lh
co
Dias após a emergência com convivência
Figura 2 – Médias da densidade das plantas daninhas ocorridas na área, em função dos
períodos crescentes de convivência com a comunidade infestante. UEMS/UUC, Cassilândia-
MS, 2006.
200
Biomassa seca (g/m²)
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
ita
70
98
14
28
42
56
e
lh
co
Figura 3 - Biomassa seca de plantas daninhas, em função dos diferentes períodos crescentes
de convivência com a comunidade infestante. UEMS/UUC, Cassilândia-MS, 2006.
1036
variação (CV%) foi alto neste experimento devido ao longo período de estiagem durante o
ciclo da cultura.
Produtividade (kg.ha-1)
Tratamentos
Grupo com controle Grupo sem controle
F tratamento 14854,81ns
F bloco 29464,40ns
DMS1 317,66
CV % 49,29
ns
não significativo no nível de 5 % de probabilidade pelo Teste F. 1 Diferença mínima significativa pelo Teste de
Tukey no nível de 5% de probabilidade
1037
determinar com exatidão científica os períodos de interferência, o que se pôde concluir foi a
não recomendação do cultivo da mamona na região de Cassilândia-MS em plantios não
irrigados a partir de meados de março. Em experimento avaliando o efeito da largura da faixa
de capina na cultura da mamona, utilizando a variedade IAC-80, Paulo Kasei et al., (1997),
observaram que faixas de capina inferiores a 1,0 m sobre a linha de plantio diminuíram a
produção de grãos, número de racemos e altura da mamoneira. Apesar da variedade IAC-80
ser de porte alto, quando comparados com os resultados obtidos com a cultivar Lyra de porte
baixo, observou-se também interferência na produtividade com a presença de plantas
daninhas.
4 CONCLUSÃO
Nas condições em que foi conduzido o experimento, principalmente de no período de
semeadura em meados de março, não se recomenda o plantio de mamona não irrigado na
região de Cassilândia-MS, devido a característica do clima desta área.
5 AGRADECIMENTOS
À PIBIC/UEMS, pelo financiamento desta pesquisa e pela concessão da Bolsa de
Pesquisa de Iniciação Científica ao primeiro autor.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRIGHENTI, A.M. et al. Períodos de Interferência de plantas daninhas na cultura do girassol.
Planta Daninha, Viçosa-MG, v.22, n.2, p.251-257, 2004.
KOZLOWSKI, L.A. Período crítico de interferência das plantas daninhas na cultura do milho
baseado na fenologia da cultura. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.20, n.3, p.365-372, 2002.
OLIVER, L.R. Principles of weed threshold research. Weed Technology, v. 15, n.4, p.398-
403, 1988
PITELLI, R.a. & DURIGAN, J.C. Terminologia para períodos de controle de plantas
daninhas em culturas anuais e bianuais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HERBICIDAS
E PLANTAS DANINHAS, 15., Belo Horizonte, 1984. Resumos... Piracicaba: 1984. p.37.
1038
QUEIROZ, J.A. et al. Efeito da remoção da carúncula, tratamento químico e tempo de
armazenamento na germinação de sementes de mamona (Ricinus communis L.). In: I
Congresso Brasileiro de Mamona: Energia e Sustentabilidade. Campina Grande – PB,
Anais... Campina Grande – PB, nov. 2004.
PAULO, E. M.; KASAI, F. S.; SAVY FILHO, A. Efeitos da largura da faixa de capina na
cultura da mamona. Bragantia v. 56, n.1, p.145-153, Capinas 1997.
1039
COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE MAMONA SOB CULTIVO
MÍNIMO EM SUCESSÃO A CEREAIS DE INVERNO NO VALE DO
PARAÍBA/SP (2006-07)
1040
1 INTRODUÇÃO
A cultura da mamona está em destaque no Vale do Paraíba paulista devido à instalação
de agroindústrias de extração de óleo e inventivo governamental para a produção de biodiesel.
Entretanto, o levantamento da aptidão climática considerou o Vale como marginal ao plantio,
devido à estação seca pouco pronunciada e restrições térmicas (IAC, 1977), não havendo
informações do comportamento da mamoneira frente às condições regionais.
As áreas destinadas ao cultivo possuem relevo ondulado, e a época recomendada para o
plantio; de outubro a novembro; coincide com as mais altas taxas de precipitação
pluviométrica. O crescimento inicial lento e o baixo índice de área foliar, além do amplo
espaçamento preconizado deixam o solo descoberto nos primeiros 60 dias que sucedem o
plantio. Nessas condições, além de processos erosivos, é previsível a ocorrência de mofo
cinzento (Amphobotrys ricini), principal doença que afeta a inflorescência e impede a
completa formação dos frutos (SAVY FILHO, 2005; SILVA, 2005; LIMA et al., 1997),
permanecendo o inóculo do patógeno no solo em restos culturais (KIMATI et al., 1997).
A busca por sistemas sustentáveis de produção é uma das necessidades da pesquisa,
possibilitando mudanças na paisagem do Vale. Entretanto, sistemas alternativos e
conservacionistas como o Sistema de Plantio Direto (SPD) e cultivo mínimo ou reduzido,
ainda precisam ser avaliados para uma recomendação efetiva aos produtores (RAMOS et al.,
2006). Os benefícios desses sistemas para culturas subseqüentes, melhorando a eficiência da
unidade produtiva por meio da reciclagem de nutrientes, aporte de matéria orgânica e
aumento da biodiversidade são citados por diversos autores. O cultivo mínimo segue
princípios do sistema plantio direto, porém, difere em função da incorporação superficial dos
restos da cultura, com o mínimo revolvimento do solo (SILVA, 2005).
O objetivo dessa pesquisa foi avaliar o comportamento de três cultivares de mamona em
sistema conservacionista de cultivo mínimo em sucessão a dois cereais de inverno (aveia e
triticale).
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no Setor de Fitotecnia do Pólo Regional do Vale do
Paraíba, Pindamonhangaba/SP em Latossolo Vermelho Amarelo, textura franco-argilosa,
relevo suave ondulado no Terciário, terraceado em faixas e sob pousio havia cinco anos
predominando braquiária (Brachiaria decumbens). As Tabelas 1 e 2 demonstram a
caracterização química de duas faixas cultivadas.
1041
Tabela 1 - Resultados da análise de solo da unidade experimental cultivada no inverno com
aveia cv. IAC-7, Pólo Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP (2006-07).
M.O. P K Ca Mg S.B. H+Al CTC V
pH
g dm-3 Mg dm-3 --------------------- mmolcdm-3 -------------------- %
23 4,8 5 0,8 18 11 29,8 38 67,8 44
28 210
Temp. mínima mensal
Temp. média
20 150
16 120
12 90
8 60
4 30
0 0
mar/06
mai/06
mar/07
mai/07
ab/06
jun/06
set/06
jul/06
ag/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
ab/07
fev/07
1042
O experimento foi conduzido em blocos ao acaso no esquema de parcelas sub-divididas
em faixas. Nas parcelas (16 linhas de 10 m de comprimento) foram sorteadas as cultivares de
mamona e as sub-parcelas (oito linhas de 10 m de comprimento), sistematizadas na forma de
faixas, foram semeados os cereais de inverno, totalizando seis tratamentos e cinco repetições.
A correção do solo em área total foi parcelada em duas vezes (antes e após o cultivo dos
cereais) com calcário dolomítico (4,7 Mg ha-¹ PRNT 75%) e termofosfato magnesiano (1,35
Mg ha-¹).
Os cereais de inverno avaliados quanto à produção de grãos beneficiados foram aveia
cv. IAC-7 e triticale cv. IAC-2, cultivados em duas faixas de 10m de largura por 150m de
comprimento, previamente ao plantio da mamona. O plantio foi mecânico em linhas
espaçadas 30cm entre si na densidade de 40 plantas por metro linear, visando à produção de
grãos, palhada e identificação de manchas de solo, observando-se o tamanho da panícula e
espigueta em campo. Os tratos culturais consistiram de uma adubação de cobertura, realizada
a lanço 43 dap (01/07/2006) com 146 kg ha-¹ da formulação 20-5-20 A colheita mecânica 120
dap (14/09/2006), seguida da segunda dose de calcário em superfície, incorporado com grade
leve.
As cultivares de mamona avaliadas foram: CATI AL Guarany 2002, IAC Guarani e
IAC 2028, que têm em comum o porte médio, ciclo de 180 dias após o plantio (dap) (colheita
de cachos terciários) e frutos indeiscentes. Estas foram distribuídas por sorteio nas faixas. O
plantio foi manual (30/03/2006) no espaçamento 1,0x1,0m. A adubação de cova consistiu de
250 kg ha-¹ da formulação 8-28-16 (25g cova-¹), recebendo três sementes, sendo o desbaste
realizado 40 dias após a germinação, deixando-se uma planta cova-¹. Os tratos culturais
consistiram de uma adubação de cobertura realizada com 100 kg uréia ha-1 40 dap. Para o
controle de mofo cinzento alternou-se fungicidas dos grupos químicos hidantoínas
(600ml:400 litros ha-¹ SL [500g/l]) e benzimidazóis (280g:400 litros ha-¹ PM [700g/kg]),
pulverizados quinzenalmente a partir de janeiro. Outras quatro pulverizações foram alternadas
entre si e intercaladas aos fungicidas com o biofertilizante Agrobio (16 litros:400 litros de
calda) e urina de vaca (8 litros:400 litros de calda), executando-se duas capinas a enxada
(14/11 e 13/12/2006). A colheita da mamona foi parcelada em função da notável ocorrência
de mofo cinzento nos racemos primários já maduros (16/02/2007), levando à queda prematura
de frutos que não foram computados na estimativa da produção. Da segunda vez
(26/03/2007), foram colhidos todos os racemos restantes.
Os componentes de produção das cultivares de mamona avaliados foram: número de
racemos, de frutos nos racemos, massa de 100 grãos e umidade das sementes; e
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1043
comportamento vegetativo e reprodutivo: altura das plantas, comprimento do racemo, relação
comprimento do racemo com frutos/comprimento total do racemo, diâmetro do caule 20 cm
acima do nível do solo e matéria fresca da parte aérea por hectare.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A baixa produção dos cereais (aveia = 340 e triticale 418 kg ha-1), contra 1.377 a 2.191
kg ha-1 citados por SEIXAS et al. (2004) para aveia e 2500-400O kg ha-1 para triticale (IAC,
1999), foi o reflexo da baixa qualidade do solo, característica marcante da paisagem de
pastagens degradadas do Vale do Paraíba; devido à estiagem prolongada (Figura 1) que
certamente prejudicou o desenvolvimento das culturas, além do curto intervalo entre calagem
e plantio, insuficiente para a reação dos corretivos no solo. Com isso, o efeito residual dos
cereais de inverno não contribuiu para as significativas diferenças reveladas pelas cultivares
de mamona, em relação à altura da planta e dos racemos primário e terciário (Tabela 3).
A cv. IAC 2028 se destacou pelo porte baixo, posição elevada do racemo primário e
posição mais baixa do terciário na planta, não diferindo das demais quanto o expressivo
aporte de massa fresca da parte aérea (12,38 Mg ha-¹) (Tukey p<0,05). Dados estes
corroborados por SAVY et al (2007ab) para a cv IAC 2028 com inserção de 60, 75 e 120 cm
de altura para inflorescências primária, secundária e terciária.
1044
SILVA (2005), em experimento realizado em Pelotas/RS com as cultivares CATI AL
Guarany 2002 e IAC Guarany obteve valores de altura mais baixos (média 160 cm) na safra
2003/04. SAVY FILHO et al (2007) descreveu a cv IAC 2028 como de porte baixo com
altura média de 150 a 180 cm podendo ser indicado arranjos populacionais mais adensados; e
POLETINE et al. (2004), em avaliações de cultivares para lavoura mecanizada no Estado de
São Paulo, observaram na cv. CATI AL Guarany 2002 altura média de 171 cm no
espaçamento 1,0x0,5 m, destacando o estiolamento ocorrido em virtude do plantio adensado.
Sendo este cultivar considerado de porte médio, recomenda-se o espaçamento 1,5x1,0 m
(DSMM, 2002).
Os cereais de inverno proporcionaram diferenças significativas apenas para o diâmetro
do caule da mamoneira, sendo os maiores valores observados na faixa de cultivo com triticale
(36,50 mm) em relação à aveia (32,90 mm) [CV (%) 8,83; DMS 2,50] (Tukey p<0,05). Para a
colheita mecânica, é desejável que as plantas apresentem valores mais baixos possíveis de
altura e diâmetro do caule fino (POLETINE et al., 2004).
A produção total de grãos de mamona (Tabela 4) superou as expectativas, considerando
os resultados insatisfatórios dos cereais, apresentando valores acima da média nacional de
646 kg ha-¹ (CONAB, 2006).
Tabela 4 - Produção total e peso de 100 grãos de três cultivares de mamona sob cultivo
mínimo em sucessão a cereais de inverno no Pólo Regional do Vale do Paraíba,
Pindamonhangaba/SP (2006-07).
Cultivar Produção total Peso 100 grãos por racemo
Primário Secundário+Terciário
Kg ha-¹ -------------- g -------------
IAC Guarani 1.851,37 a 44,00 b 41,17 b
CATI AL Guarany 2002 2.045,81 a 43,70 b 39,55 b
IAC 2028 1.811,37 a 35,70 a 34,45 a
CV 13,51 2,44 4,28
DMS 335,28 1,31 2,14
*os valores representam médias de cinco repetições; letras minúsculas iguais nas colunas indicam diferenças
não-significativas (Tukey p<0,05).
1045
Não foram observadas diferenças entre cultivares e os cereais não exerceram
influências significativas na produção total de grãos. Entretanto, entre cultivares para o peso
de 100 grãos, estas diferenças foram notáveis, com destaque para as cultivares IAC Guarani e
CATI AL Guarany 2002. SAVY FILHO et al. (2007) em experimentos de avaliação da cv.
IAC 2028 em quatro safras (1999 a 2006), obtiveram produtividade média de 1.950 kg ha-¹,
semelhante aos dados aqui revelados, superando em 15,8 % a produção da cv. IAC Guarani,
utilizada como testemunha, com peso médio de 100 grãos equivalente a 45 g.
A análise estatística dos dados coligidos para número de racemos por planta e número
de frutos por racemo revelou significativas diferenças entre as cultivares. A Tabela 5
demonstra a superioridade da cv. CATI AL Guarany 2002 e IAC Guarani na produção de
racemos secundário/terciário por planta. Entretanto, a cv. IAC 2028 produziu um maior
número de frutos por racemos em geral. SAVY FILHO et al. (2007) faz referência à
produção de uma inflorescência primária, cinco a sete secundárias e de sete a nove terciárias.
1046
A mamoneira apresenta elevada plasticidade fenotípica devido a interações de fatores
genéticos e ambientais (TÁVORA, 1982; SAVY FILHO, 2005). É uma espécie de dias
longos necessitando de 13 horas de luz para a formação plena de flores femininas. Segundo
MOSKIN (1986) a alta nebulosidade interfere no balanço hormonal das giberelinas
promovendo a inversão sexual das flores, que também é estimulada por deficiência nutricional
e temperaturas elevadas. Em revisão bibliográfica, BELTRÃO (2006), afirma que o
fotoperiodismo é o fator mais importante na mudança da sexualidade da mamona. A melhor
relação de flores femininas/masculinas ocorre com 15 horas de luz, na proporção de 2,3:1
feminina:masculina. Assim, as condições de baixa insolação no Vale do Paraíba devido a alta
nebulosidade, pode representar reduções significativas na relação flor feminina:masculina.
18 25
com prim ento cacho
comprimento cacho
15 20
66.52% 62.98% 62.81%
cm
12 84.19%
85.44% 84.42%
cm
15
9
10
6
4 CONCLUSÃO
A produção média de grãos foi satisfatória para as condições experimentais não
diferindo entre cultivares (1902,73 kg ha-¹).
A cv. IAC 2028 apresentou reduzido peso de 100 grãos, sendo a produtividade
compensada provavelmente devido ao maior número de frutos por racemo em relação às
demais.
1047
A mamoneira apresentou significativo aporte de matéria fresca na parte aérea de 12,38
Mg ha-¹, sendo isto relevante para sistemas conservacionstas que visam a sustentabilidade da
unidade produtiva.
A cv. IAC 2028, conforme previsto, apresentou porte mais baixo deveno ser
desenvolvido novos estudos para adensamento, visando recomendações para o cultivo
mecanizado, enquanto a cv. CATI AL Guarany 2002 possivelmente sofreu estiolamento,
tendo em vista a classificação como de porte médio, demandando espaçamentos maiores.
5 AGRADECIMENTOS
À FUNDAG – Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola e a Empresa ETR
Óleos S/A, que financiaram a pesquisa.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N.E.M. O clima e seus efeitos na floração e capacidade de produção da
mamoneira. Considerações preliminares. In: II Congresso Brasileiro de Mamona. Resumos...
Aracaju. 2006. CD-ROM.
1048
KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE,
J.A.M. Manual de Fitopatologia: doenças de plantas cultivadas. 3ª ed. São Paulo:
Agronômica Ceres, 2° vol., 774p. 1997.
LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.; SANTOS, J.W. dos. Fungos causadores de tombamento
transportados e transmitidos pela semente da mamoneira. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 32, n.9, p.915-918, 1997.
MOSHKIN, V.A. Flowering and pollination. MOSHKIN, V.A (ed). Castor. New Deli,
Indian. Amerind Publishing Co. Pvt. Ltd. P.43-49, 1986.
POLETINE, J.P.; AMARAL, J.G.C. do; ZANOTTO, M.D.; MACIEL, C.D.G. Avaliação de
cultivares de mamona (Ricinus communis L.) para o Estado de São Paulo. I Congresso
Brasileiro de Mamona. Resumos... Campina Grande, 2004. CD-ROM.
RAMOS, N.P.; AMORIM, E.P.; GALLI, J.A.; MARTINS, A.L.M.M.; BRANCALIÃO, S.R.;
SAVY FILHO, A.; BOLONHEZI, D. Desempenho vegetativo de mamona sob diferentes
sistemas de manejo de solo. 2º Congresso Brasileiro de Mamona, Resumos... 2006. CD-
ROM.
SEIXAS, P.F.; MOREIRA, A.L.; GOMIDE, C.A.M.; REIS, R.A.; LUCA, S. Produção e
germinação de sementes de cultivares de aveia sob irrigação em Jaboticabal-SP. Ciências
Agrotecnicas, Lavras, v. 28, n. 1, p. 63-69, jan./fev., 2004
VERDADE, F.C.; HUNGRIA, L.S.; RUSSO, R.; NASCIMENTO, A.C.; GROHMANN, F.;
PENNA MEDINA, H. Solos da Bacia de Taubaté (Vale do Paraíba): levantamento de
reconhecimento. Séries monotípicas, suas propriedades genético-morfológicas, físicas e
químicas. Bragancia, Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, v.20, n.4, 322p., 1961.
1049
TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA AVALIAÇÃO DA
QUALIDADE FISIOLÓGICA DA SEMENTE DE GERGELIM (Sesanun
indicum L.)
RESUMO: O teste de condutividade elétrica tem potencial para ser empregado no controle
de qualidade pelas empresas produtoras de sementes. Nesse sentido o trabalho teve como
objetivo estudar os efeitos do número de sementes de gergelim (Sesamum indicum L.) e da
temperatura de incubação das mesmas, sobre os resultados do teste de condutividade elétrica
para avaliação do vigor. Realizou-se a caracterização dos cultivares (Trebol e a Cultivar Cnpa
G4, e a Cultivar Comum) e após a avaliação de condutividade elétrica variando o número de
sementes (25, 50 e 100) e a temperatura de incubação (20, 25 e 30ºC). Utilizou-se o
delineamento experimental inteiramente casualizado. A caracterização das cultivares realizou-
se através do teste de germinação e testes de vigor (físico, fisiológicos e bioquímicos), os
quais classificaram a cultivar Trebol com melhor potencial fisiológico seguida das cultivares
Cnpa G4 e Comum. Os resultados mostraram que o teste de condutividade elétrica é eficiente
para avaliar o potencial fisiológico de sementes de gergelim quando conduzidos com 25
sementes, imersas em 75 mL de água a uma temperatura de 25ºC por um período de 24 horas.
1050
1 INTRODUÇÃO
O gergelim (Sesanum indicum L.), espécie pertencente à família pedaliácea, é uma das
oleaginosas mais antigas em utilização pela humanidade, cultivada como fonte de óleo.
Cultura inicialmente sem expressão, mas que atualmente vem despertando interesse pelo seu
uso não somente para a produção de óleo, mas também na indústria de panificação.
Dentre os principais produtores destacam-se China, Índia e Sudão (EPSTEIN, 2000). Os
maiores produtores, no Brasil, em ordem decrescente são os estados de Goiás e Mato Grosso,
o Triangulo Mineiro e o Nordeste (BARROS, 2001).
O vigor das sementes é o reflexo de um conjunto de características ou propriedades que
determinam o seu potencial fisiológico, ou seja, a capacidade de apresentar desempenho
adequado quando expostas as diferentes condições de ambiente (MARCOS FILHO,1994).
A avaliação do potencial fisiológico é um importante componente nos programas de
controle de qualidade destinados a garantir um desempenho satisfatório das sementes. Como o
teste padrão de germinação é conduzido em condições ideais, geralmente superestima o
potencial fisiológico dos lotes, o que torna necessário o aprimoramento dos testes para a
avaliação do vigor.
A condutividade elétrica é um teste de vigor rápido e objetivo que pode ser conduzido
pelos laboratórios de sementes, com o mínimo de gastos em equipamentos e treinamento de
pessoal (NAKAGAWA, 1994; VIEIRA, 1994).
O teste de condutividade elétrica é tido como um dos testes de vigor mais promissores
quanto à possibilidade de padronização da metodologia, pelo menos para uma mesma espécie.
Mas existem fatores que podem interferir nos resultados como: qualidade da água,
temperatura, duração do período de embebição, grau de umidade, número de sementes
testadas e genótipo (DIAS & MARCOS FILHO, 1996; NAKAGAWA ,1994).
Alguns trabalhos vem sendo realizados com outras culturas buscando uma padronização
no número de sementes utilizados no teste de condutividade elétrica, podendo-se citar os
trabalhos de MARQUES et al., (2002), realizado com jacarandá-da-bahia, no qual os autores
realizaram testes de condutividade utilizando 25, 50 e 75 sementes, de Rodo et al (1998) que
utilizou 25 e 50 sementes em testes realizados com tomate e de SANTOS & PAULA (2005)
em que os autores estudaram a influencia do número de sementes em testes realizado com
Sebastiana commersoniana (branquilho).
A temperatura de embebição pode influenciar na velocidade de embebição e de
lixiviação de eletrólitos do interior das células para o meio externo (LEOPOLD, 1980).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1051
LOEFFLER (1981) constatou que a diminuição na temperatura causa um decréscimo na
mobilidade de íons e conseqüente redução da condutividade; em contrapartida as altas
temperaturas aumentam a dissociação de íons e reduzem a viscosidade da solução, o que
resulta em alta condutividade.
Embora alguns resultados do teste de condutividade demonstrem a potencialidade deste
teste, torna-se necessário o ajuste de sua metodologia para várias culturas. Este ajuste, além de
proporcionar resultados confiáveis, poderá reduzir consideravelmente o tempo de avaliação da
qualidade fisiológica de lotes de sementes.
Neste sentido o presente trabalho teve como objetivos verificar a aplicabilidade e ajustar
a metodologia do teste de condutividade elétrica para avaliar o vigor de sementes de gergelim,
no que se refere ao número de sementes e temperatura de incubação utilizados no teste, bem
como correlacionar esses resultados com dados de laboratório e campo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi conduzido no Laboratório de Fitossanidade do curso de
Agronomia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS, Unidade de
Cassilândia - UUC, e a parte referente ao trabalho de campo na cidade de Amambai - MS.
O experimento foi realizado no período de agosto a outubro de 2006, utilizando
sementes de Gergelim de três cultivares: Cultivar Comum; Cultivar Cnpa G4 e Cultivar
Trebol.
Para avaliar a qualidade fisiológica, as sementes foram submetidas aos seguintes testes:
Peso de 1000 sementes: baseando-se nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL,
1992).
Teor de água das sementes: baseando-se pelo método da estufa a 105ºC ± 3 por 24 horas
(BRASIL, 1992).
Germinação: conduzido com quatro repetições de 100 sementes por tratamento,
distribuídas em caixas gerbox sobre duas folhas de papel germitest, colocadas no germinador
regulado com temperatura constante de 25ºC (± 2), com umidade relativa do ar variando entre
80-85% e com fotoperíodo de doze horas. As contagens foram realizadas aos três e aos seis
dias após a semeadura, de acordo com os critérios estabelecidos na Regras para Análise de
Sementes (BRASIL, 1992).
Primeira contagem: realizada em conjunto com o teste de germinação, determinando-se
a porcentagem de plântulas normais no terceiro dia após a sua instalação.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1052
Comprimento da parte aérea e da raiz: foram utilizadas quatro repetições de 12 plântulas
normais escolhidas ao acaso, sendo 6 plântulas normais fortes e 6 plântulas normais fracas,
provenientes da última contagem do teste de germinação.
Massa verde e seca a campo: 10 plantas do teste de emergência aos 21 dias foram
utilizadas para determinar o peso de massa verde, e, posteriormente, foram colocadas em
estufa, com circulação de ar a 65ºC, até atingirem peso constante, quando, novamente,
realizou-se a pesagem em balança com precisão de duas casas decimais.
Condutividade elétrica: foi conduzido conforme o método padrão descrito por Marcos
Filho (2005), onde as quatro repetições de 50 sementes por tratamento foram previamente
pesadas. Após a pesagem de cada amostra as sementes foram colocadas em copos plásticos
contendo 75 mL de água deionizada e mantidas em germinador a temperatura de 25ºC (±2),
com fotoperíodo de 12 horas, durante 24 horas. Decorrido esse período, a condutividade da
solução foi determinada com o uso de um condutivímetro de marca MARCONI/Modelo CA
150. Os valores obtidos no aparelho foram divididos pelo peso da amostra (g) e os resultados
expressos em μS cm-1 g-1 de sementes.
Índice de velocidade de emergência: foi realizado a partir da semeadura de quatro
repetições de 50 sementes por tratamento em solo umedecido, conduzido em condições
ambientais, distribuídas em sulcos e cobertas com uma fina camada de terra, computando-se
diariamente, a partir do início da emergência, o número de plântulas que atingiram um estádio
pré-determinado, até que o processo se estabilize. O cálculo do índice de velocidade de
germinação foi realizado através da fórmula Maguire (1962).
E1 E 2 E
IVE = + +Κ + n
N1 N 2 Nn
Sendo: IVE = índice de velocidade de emergência;
E1, E2, En = número de plântulas normais computadas na primeira contagem, na segunda e na
última contagem;
N1, N2, Nn = número de dias da semeadura à primeira, à segunda e à última contagem.
Para cada repetição, calcula-se o índice de velocidade de emergência (IVE),
empregando a fórmula, onde a média aritmética das quatro repetições será o índice.
Emergência de plântulas em campo: conduzido com quatro repetições de 50 sementes
por tratamento, distribuídas em sulcos de 20 cm, cobertas com uma fina camada de terra. As
avaliações foram realizadas aos 21 dias após a semeadura, determinando-se as porcentagens
de emergência de plântulas.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1053
Envelhecimento acelerado: conduzido conforme descrição de Marcos Filho (1999)
modificado. Em caixas plásticas, contendo uma lâmina de 40 mL água as sementes foram
dispostas sobre a superfície de uma tela, posicionada acima da lâmina de água, mantidas em
estufa a 42ºC, por 36 horas. Após esse período, foi conduzido o teste de germinação, com
quatro repetições de 50 sementes por tratamento, distribuídas em caixas gerbox sobre três
folhas de papel germitest, mantidas no germinador regulado com temperatura constante de
25ºC (±2) e fotoperíodo de 12 horas. A contagem foi realizada aos seis dias após a semeadura,
de acordo com os critérios estabelecidos na Regras para Análise de Sementes (BRASIL,
1992).
Para padronização da metodologia do teste de condutividade elétrica para sementes de
gergelim avaliou-se diferentes temperaturas e quantidades de sementes.
Condutividade elétrica: utilizaram-se quatro repetições de 25, 50 e 100 sementes,
colocadas em copos descartáveis de 200 mL, em três temperaturas 20º, 25º e 30ºC. As
amostras foram mantidas em câmaras por 24 horas, decorrido o período estipulado para cada
amostra, à condutividade da solução foi determinada com o uso de um condutivímetro de
marca MARCONI/Modelo CA 150. E os valores obtidos no aparelho foram expressos em
μS/cm/g de sementes.
O delineamento experimental empregado em todos os testes foi o inteiramente
casualizado. Na análise estatística dos dados, para caracterização das cultivares, consideram-
se 3 cultivares e 4 repetições e para o avaliação da temperatura e quantidades de sementes
utilizou-se fatorial, cultivar x número de sementes x temperatura de embebição (3x3x3). As
médias foram comparadas pelo teste de Tukey.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 estão os dados referentes às características físicas das sementes (peso de
1000 sementes e umidade), e as características fisiológicas das sementes expressas pelos
índices de germinação e vigor das três cultivares.
As cultivares não diferiram quanto a qualidade fisiológica avaliada pela maioria dos
testes realizados. Analisando a Tabela 1 pode-se observar que as cultivares não apresentaram
diferença estatística com relação à germinação, mas a cultivar Cnpa G4 foi a que apresentou
maior valor (82%). Os testes de vigor representados pela 1ª contagem, envelhecimento
acelerado, índice de velocidade de emergência, emergência a campo, comprimento de parte
aérea a campo, matéria verde e matéria seca não apresentaram diferença estatística
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1054
significativa, demonstrando, portanto que todas as cultivares de gergelim apresentam o
mesmo vigor.
Entretanto o vigor avaliado pelo teste de condutividade elétrica demonstrou que a
cultivar de gergelim mais vigorosa é a Trebol, diferindo da cultivar Cnpa G4 e a Cultivar
Comum é a menos vigorosa. Essa diferenciação baseou-se nos valores da condutividade
elétrica onde os menores valores indicam menor liberação de solutos e, portanto, maior
integridade das membranas celulares.
O vigor avaliado através do desempenho de plântulas (comprimento de parte aérea,
comprimento radicular e comprimento de plântulas) demonstraram diferença entres as
cultivares. A cultivar Cnpa G4 foi a que apresentou desempenho superior as demais, resultado
também observado pelos valores dos parâmetros de germinação (82%) e primeira contagem
(2%), que embora não tenham demonstrado diferenças significativas estatisticamente, também
foram superiores aos das demais cultivares. Além disso, essa cultivar é resultado de
melhoramento genético, portanto, justificando seu maior potencial de crescimento,
principalmente em relação a cultivar comum que é um material rústico.
Com base na Tabela 1 observamos que a maioria dos testes de vigor realizados em
laboratório (primeira contagem, envelhecimento acelerado, condutividade elétrica,
comprimento de parte aérea, comprimento radicular e comprimento de plântula) e todos os de
campo (índice de velocidade de emergência, emergência a campo e matéria verde e matéria
seca a campo), não demonstraram diferenças estatísticas que possam diferenciar as cultivares
de gergelim quanto ao nível de vigor, o que justifica que a constituição genética é um fator
preponderante que influencia no vigor das sementes (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000;
OLIVEIRA et al., 2004).
1055
Tabela 1 - Características de três cultivares de sementes de gergelim, quanto ao Peso de 1000 sementes (P1000), porcentagem de umidade (%
U), Germinação (G), Primeira contagem (PC), Envelhecimento acelerado (EA), Condutividade elétrica (CE), Comprimento de parte aérea
(CPA), comprimento radicular (CR), Comprimento de plântula (CP), Índice de velocidade de emergência a campo (IVE), Emergência a campo
(EC), Comprimento de parte aérea a campo (CPAC), Matéria verde a campo (MVC), Matéria seca a campo (MSC). Cassilândia – MS, 2006.
_____________________________________________________________
Características ______________________________________________________________
Cultivar P1000 %U G (%) PC (%) EA (%) CE CPA CR CP IVE EC CPAC MVC MSC
(μS cm- (cm) (cm) (cm) (cm) (g) (g)
1
g-1)
Trebol 3,64 a 4,86a 71,25 a 1,25a 90,50a 98,01 c 2,01b 3,2b 5,28b 5,15a 71a 2,20a 0,88a 0,34 a
Comum 2,76 c 3,05 b 75,75 a 0 a 88a 156,80a 1,69b 3,65ab 5,34b 5,72a 92,5a 2,72a 0,84a 0,25 a
Cnpa G4 3,03 b 4,86 a 82,00 a 2 a 85a 134,19b 2,65ª 4,13a 6,38a 5,43a 76,5a 2,52a 0,88a 0,29 a
______________________________________________________________________________________
Valor de F ______________________________________________________________________________________
Cultivar 53,12* 391,56** 4,20 ns 1,66 ns 0,44 ns 9,59* 18,96 ** 4,87 * 12,79 0,19 ns 1,81 ns 2,57 ns 0,20 ns 1,79 ns
* **
CV (%) 4,08 2,14 6,86 136,74 9,43 7,87 10,67 11,55 8,21 23,88 20,73 13,38 10,14 22,62
Médias seguidas de mesma letra, em cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. ns, * e ** são: não significativo e significativo a
5% e 1% pelo teste de F.
1056
No experimento foi estudado o efeito da quantidade de sementes e da temperatura de
embebição nos valores de condutividade elétrica da solução de embebição.
De acordo com a Tabela 2 observamos que os valores de condutividade elétrica
variaram em função das cultivares, número de sementes e temperatura de embebição. A
cultivar Trebol foi a que apresentou melhor viabilidade, devido a menor liberação de
solventes (115,21 μS cm-1 g-1), indicando, portanto maior integridade da membrana.
1057
O número de sementes e a temperatura (Tabela 2) influenciaram significativamente a
liberação de exsudatos. Observou-se que quanto maior o número de sementes menor os
valores de condutividade elétrica. Estes resultados já haviam sido observados em trabalhos
realizados por MARQUES et al., 2002), com Dalbergia nigra (Vell.), e por SANTOS &
PAULA (2005) em trabalho realizado com sementes de Sebastiana commersoniana.
Os maiores valores de condutividade foram observados em temperaturas de incubação
mais altas (Tabela 2), isso provavelmente ocorreu por que o aumento na temperatura de
embebição aumenta a dissociação de íons e reduz a viscosidade da solução, o que resulta em
aumento de condutividade elétrica (LOEFFER et al., 1981). Em outros trabalhos realizados
com sementes de amendoim (NAKAGAWA, 1994), milheto (GASPAR & NAKAGAWA,
2002), e tomate (RODO et al., 1998) também foram observados esse aumento na
condutividade elétrica com aumento da temperatura de embebição.
Na Tabela 3 estão expressos os resultados da interação cultivar versus número de
sementes onde observou-se que o número das sementes interfere na liberação de solutos
permitindo a diferenciação das cultivares quanto ao seu vigor. O número de 25 sementes foi o
que permitiu uma diferenciação entre as 3 cultivares de gergelim, sendo a mais vigorosa a
cultivar ‘Trebol’ (168,97 μS cm-1 g-1 ) com menor liberação de solutos e, portanto, com uma
membrana plasmática mais íntegra. Cinqüenta e cem sementes permitiram classificar as
cultivares em dois níveis de vigor, confirmando também a cultivar ‘Trebol’ como a mais
vigorosa e considerando as cultivares ‘Cnpa G4’ e ‘Comum’, com mesmo nível de vigor.
Analisando o número de sementes para cada cultivar, observa-se que em todas as
cultivares o número de sementes interferiu na liberação da quantidade de solutos (Tabela 3),
ou seja, a condutividade elétrica em todas as cultivares foi inversamente proporcional ao
número de sementes.
A influência do número de sementes sobre determinação de uma metodologia específica
para a condução do teste de condutividade elétrica já foi observada em vários trabalhos.
MARQUÊS et al. (2002) ao avaliarem o efeito do número de sementes e do volume de água
na condutividade elétrica de sementes de Dalbergia nigra, verificaram que amostras de 50
sementes embebidas em 75mL de água por períodos iguais ou superiores à 36 horas melhor
correlacionaram esses resultados com os dados de germinação em laboratório e em viveiro.
SANTOS & PAULA (2005), verificaram que o uso de 75 sementes de branquilho embebidas
em 75 mL, por 24 horas à temperatura de 25ºC foi o que possibilitou a mesma discriminação
dos lotes que o teste de germinação. RODO et al. (1998), trabalhando com sementes de
1058
tomate, observaram que o número de sementes ideais para condução do teste de
condutividade foi variável para cultivares, ou seja, para cultivar ‘IAC’, 50 sementes e para
cultivar ‘Kada’, 25 sementes.
Tabela 3 – Dados médios de condutividade elétrica (μS cm-1 g-1) em função da interação entre
o número de sementes e a temperatura para três cultivares de gergelim.
Cultivares
Número de Sementes
Trebol Cnpa G4 Comum
25 168,97 Ac 242,87 Ab 262,22 Aa
50 101,25 Bb 141,73 Ba 145,39 Ba
100 75,40 Cb 100,43 Ca 100,52 Ca
Temperatura
20 93,11 Bb 146,67 Ba 147,14 Ca
25 108.93Bb 155,10 Aa 166,11 Ba
30 147,58 Ab 183,27 Aa 194,88 Aa
Médias seguidas de mesma letra minúscula, em cada linha, e, maiúscula em cada coluna, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. ns, * e ** são: não significativo e significativo a 5% e 1%
pelo teste de Tukey.
Analisando a interação cultivar versus temperatura (Tabela 3), observa-se que em todas
as temperaturas estudadas podem-se diferenciar estatisticamente as cultivares como na Tabela
1. As cultivares de gergelim diferenciaram-se em dois níveis de vigor, de acordo com a
condutividade elétrica, onde a cultivar Trebol foi a mais vigorosa e as demais não diferiram
entre si. GASPAR & NAKAGAWA (2002), em trabalho realizado com milheto não
observaram diferenças que justificassem a mudança da temperatura usualmente utilizada de
25ºC nos laboratórios por outra temperatura. SANTOS & PAULA (2005), com sementes de
Sebastiania commersoniana, RODO et al.(1998), com sementes de tomate e Nakagawa &
Vanzolini (2005),com sementes de amendoim, também utilizaram a temperatura de 25º C na
execução do teste de condutividade elétrica.
Considerando-se o efeito das diferentes temperaturas em cada cultivar observa-se que
para todas quanto maior a temperatura maior a liberação de lixiviados (Tabela 3).Estes
resultados demonstram realmente que a temperatura influencia a velocidade de embebição e a
lixiviação de eletrólitos do interior das células (MURPHY & NOLAND, 1982). Aumentos
significativos de condutividade observados em função de aumento da temperatura também
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1059
foram verificados por LOEFFLER, TEKRONY & EGLI (1988) ao trabalhar com sementes de
soja.
A recomendação de condicionamento a 20ºC é ainda comum (MARCOS FILHO et al.,
1987; KRZYZANOWSKI et al., 1991), embora a temperatura de 25ºC apresente-se mais
coerente com as condições ambientais do Brasil.
Assim considerando-se o efeito do número de sementes e da temperatura de embebição
que proporcionaram o estabelecimento de uma metodologia específica para condução do teste
de condutividade elétrica para as sementes de gergelim, recomendar-se-ia o uso de 25
sementes, as quais permitiram diferenciar estatisticamente as três cultivares, e temperatura de
25ºC que se apresenta mais coerente com as condições ambientais de Cassilândia. Embora
esses resultados tenham permitido a diferenciação quanto ao potencial fisiológico das
cultivares de gergelim, isso não foi evidenciado na Tabela 1 pelos testes de germinação e
maioria dos testes de vigor.
4 CONCLUSÕES
Para as cultivares de gergelim o teste de condutividade elétrica foi mais eficiente quando
conduzido com 25 sementes, embebidas em 75 mL de água na temperatura de 25ºC.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, M. A. L.; Importância Economia e Social. In: BELTRÃO, N.E.M; VIEIRA, D.J.V.
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de sementes de soja. Scientia Agrícola, Piracicaba, v.53, nº1, p.31-42, 1996.
1060
KRZYZANOWSKI, F.C.; FRANÇA NETO, J.B.; HENNING, A.A. Relato dos testes de
vigor disponíveis para as grandes culturas. Inf. ABRATES, Londrina, v.l, n.2, p.l5-50.
1991.
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LOEFFLER, T.M. The bulk condutictivity test as na indicator of soybean seed quality.
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1061
SANTOS, S.R.G.; DE PAULA, R.C. Teste de condutividade elétrica para avaliação da
qualidade fisiológica de sementes de Sebastiana commersoniana (BAIL) Smith & Downs –
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VIEIRA, R. D. Teste de condutividade elétrica. In: VIEIRA, R. D.; CARVALHO, N.M. de.
Testes de vigor em sementes. Jaboticabal: FUNEP, 1994, p103-132.
1062
POTENCIAIS ENERGÉTICOS DAS TORTAS DE AMENDOIM E
GIRASSOL PARA A ALIMENTAÇÃO HUMANA
1063
ANÁLISE DE CRESCIMENTO DO PINHÃO-MANSO SUBMETIDO A
DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO
1064
1 INTRODUÇÃO
Com a crescente demanda por biodiesel no Brasil necessário se faz produzir oleaginosas
ricas em óleo e que não venham a competir com a demanda de alimentos para consumo
humano e animal. Atualmente a Universidade Federal de Lavras (UFLA), vem desenvolvendo
projetos de pesquisa com a cultura do pinhão-manso, no intuito de observar o comportamento
desta cultura em condições de campo. Trata-se de uma espécie que vegeta e produz bem em
altitudes desde o nível do mar até mais de 1.000 m, em regiões áridas, semi-aridas e tropicais.
A semente é uma amêndoa bastante oleaginosa, contendo até 35-38% de óleo (Saturnino et al.
2005; Carvalho et al. 2007).
São cada vez mais freqüentes os problemas climáticos como as estiagens, que acabam
atingindo duramente as áreas cultivadas que não são irrigadas, sendo assim, a irrigação
assume um papel importante na produção das culturas, sendo para o produtor uma técnica que
além de incrementar a produtividade, pode proporcionar a obtenção de um produto
diferenciado, de melhor qualidade, pois a água destaca-se entre os fatores que afetam o
desenvolvimento vegetativo por ser o meio de difusão dos solutos nas células e solvente para
a maioria das reações bioquímicas. Falta ou excesso de água é freqüente fator de diminuição
da produção e, por isso, seu manejo é essencial para a maximização da produção agrícola. O
manejo inadequado de água no solo traz sérios problemas relacionados às perdas de nutrientes
por lixiviação. Já com o controle criterioso da irrigação ocorre redução dessas perdas e
aumento da absorção de nutrientes pela planta (Costa et al. 1986; Cadahia, 1998).
A ausência de pesquisa com irrigação na cultura do pinhão-manso, justificou a presente
pesquisa, que analisou os efeitos de diferentes lâminas de água no solo no crescimento
vegetativo inicial da cultura.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido sob condições de campo, no setor de Fruticultura do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras-MG, no
período de 26 de dezembro de 2006 a 26 de maio de 2007. O clima da região, segundo a
classificação de Koppen, é do tipo Cwb, caracterizado por uma estação seca entre abril e
setembro e uma estação chuvosa de outubro a março (Antunes, 1980). A temperatura média
do mês mais frio é inferior a 18ºC e superior a 3ºC e o verão apresenta temperatura média do
mês mais quente superior a 22ºC. A região apresenta temperatura do ar média anual de
19,4ºC, umidade relativa do ar média de 76,2%, precipitação média anual de 1.529,7 mm e
1065
evaporação média anual de 1.034,3 mm (Brasil, 1992). O solo da área experimental foi
classificado como Latossolo Vermelho distroférrico. O sistema de irrigação usado foi
gotejamento superficial sendo caracterizado pela aplicação de água no solo de modo a formar
uma faixa contínua.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições.
Os tratamentos constaram de três lâminas de água, aplicadas com base na porcentagem de
evaporação acumulada do Tanque Classe A (ECA), sendo: L0 = sem irrigação, L40 = 40% da
ECA, L80 = 80% da ECA e L120 = 120% da ECA. As parcelas experimentais, constituídas de
seis linhas de pinhão-manso, espaçadas de três metros, com comprimento de dose metros,
compostas por 48 plantas, com área total de 216 m2.
Foram avaliadas as seguintes características: diâmetro de caule (DC): medido a 10 cm
do colo da planta, por meio de paquímetro; Altura de planta (AP): medida do colo da planta a
inserção da folha mais nova localizada no ápice da plana, através de fita métrica; diâmetro de
copa: medido na região mediana da copa, com o auxílio de fita métrica, tangenciando as
extremidades da copa tanto no sentido da linha de plantio (DCopaL), quanto perpendicular a
esta linha (DCopaL).
Os dados foram mensurados aos 70, 120 e 150 dias após o transplantio (DAT) e ao final
analisados estatisticamente utilizando a análise de variância (ANOVA), aplicando o teste de
Tukey a 1% e 5% de probabilidade para a comparação das médias com auxílio do programa
computacional Sisvar, versão 4,0 para análise estatísticas (Ferreira, 2000).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Um resumo das médias dos dados obtidos para os períodos avaliados estão presentes
nas Tabelas 1. Analisando-se estas tabela, é possível verificar que na primeira avaliação (70
dias após o transplantio) não houve efeito dos tratamentos em altura de planta, no entanto, a
partir de 120 dias após o transplantio começou ocorrer diferenças estatísticas (P < 0,05),
mantendo-se até o final. Todavia, os valores obtidos para altura de planta, aos 150 dias após o
tansplantio, indicam um leve acréscimo nos tratamentos L40, L80 e L120, cujas médias foram de
102, 105 e 110 cm, respectivamente, não diferindo estatisticamente pelo teste de Tukey.
Entretanto, no tratamento L0 a média foi de 91 cm. Mesmo não havendo, diferença estatística
significativa entre os tratamentos irrigados, percebeu-se que as plantas que receberam a
lâmina L120, apresentaram os melhores resultados em relação aos parâmetros avaliados;
detectou-se, no campo, de forma visual, ligeira superioridade no crescimento e
1066
desenvolvimento dessas plantas quando comparadas com as demais. Em termos percentuais,
quando comparadas as médias de altura de plantas dos tratamentos L40, L80 e L120, com L0,
observou-se que as primeiras são 12,08%; 15,38% e 20,8% mais altas, respectivamente.
Os diâmetros de copas, tanto transversal como longitudinal, seguiram um
comportamento semelhante não havendo diferença significativa no primeiro período
analisado, mas nos períodos seguintes ocorreu efeito significativo para a lâmina L0, nos
demais tratamento não houve diferença significativa.
Com relação ao parâmetro de crescimento, diâmetro de caule, é possível verificar na
que houve efeito significativo dos tratamentos no primeiro período analisado (70 dias após o
transplantio), nesta ocasião o diâmetro de caule das plantas era menor no tratamento L80 (80%
ECA), com 2,42 cm e o maior diâmetro ocorreu nas plantas que receberam a lâmina L120
(120% da ECA), com 5,58 cm. Aos 120 dias após trasplantio o parâmetro diâmetro de caule
apresentou diferença estatística não significativa e aos 150 dias após o transplantio este
parâmetro voltou a apresentar diferença estatística significativa. Neste ultimo período de
avaliação, as plantas que foram irrigadas com as lâminas de L0, L40 e L80 não ocorreu efeito
dos tratamentos, já para as L80 e L120 houve efeito significativo, sendo os valores médios do
diâmetro de caule de 4,73 e 5,05cm, respectivamente.
Avelar et al. (2006), avaliando o desenvolvimento de plantas de pinhão-manso do banco
de germoplasma da UFLA, encontraram altura média de plantas variando de 78,7 a 128 cm e
diâmetro de caule variando de 3,91 a 60,9 cm, em plantas com 180 dias após plantio,
conduzidas em regime de sequeiro.
1067
Tabela 1 - Resumo das médias para altura de planta (AP), diâmetro de copa longitudinal a
linha de plantio (DCopaL) , diâmetro de copa transversal a linha de plantio (DCopaT) e
diâmetro de caule (DC), aos 70, 120 e 150 dias após transplantio (DAT).
Parâmetros avaliados aos 70 DAT
Lâmina de AP DCopaL DCopaT DC
irriação (cm) (cm) (cm) (cm)
(% ECA)
L0 51,17 a1 52,32 a1 52,29 a1 2,53 a1a2
L40 47,72 a1 50,27 a1 48,99 a1 2,44 a1a2
L80 48,12 a1 51,26 a1 50,34 a1 2,42 a1
L120 52,37 a1 52,22 a1 52,81 a1 2,58 a2
Parâmetros avaliados aos 120 DAT
Lâmina de AP DCopaL DCopaT DC
irriação (cm) (cm) (cm) (cm)
(% ECA)
L0 84,93 a1 63,35 a1 62,18 a1 3,84 a1
L40 90,36 a1a2 74,38 a2 74,36 a2 3,92 a1
L80 91,87 a1a2 76,00 a2 76,05 a2 4,01 a1
L120 97,10 a2 8,38 a2 82,25 a2 4,14 a1
Parâmetros avaliados aos 150 DAT
Lâmina de AP DCopaL DCopaT DC
irriação (cm) (cm) (cm) (cm)
(% ECA)
L0 91,53 a1 68,91 a1 66,49 a1 4,56 a1
L40 102,08 a2 80,51 a2 81,64 a2 473 a1
L80 105,15 a2 8,94 a2 84,14 a2 4,83 a1a2
L120 110,02 a2 88,97 a2 89,79 a2 5,05 a2
Valores seguidos de mesma letra e número na coluna não se diferenciam estatisticamente (p<0,05)
4 CONCLUSÃO
A irrigação, mesmo em regiões com precipitações médias anuais acima de 1.000 mm,
como é o caso de Lavras, Sul de Minas Gerais, promoveu acréscimo significativo nos
1068
parâmetros de crescimento vegetativo de plantas de pinhão-manso, no período inicial de
desenvolvimento.
Dentre as lâminas de irrigação aplicadas a que apresentou os melhores resultados de
crescimento vegetativo do pinhão-manso, aos 150 dias após transplantio das mudas, foi a
lâmina de 120% da ECA.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, F. Z. Caracterização climática do cerrado em Minas Gerais. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v. 6, n. 61, p. 52-63, jan. 1980.
FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4. 0. In:
REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE
BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos, SP. Anais... São Carlos: Sociedade Internacional de
Biometria, 2000. p. 255-258.
1069
PRODUÇÃO DE BIODIESEL E PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NA
AGRICULTURA FAMILIAR
1070
1 INTRODUÇÃO
1071
Oleaginosas disponíveis por região do território nacional para a produção de biodiesel.
1072
Como resposta a essa maior demanda por oleaginosas, espera-se um aumento no nível
de emprego e uma realocação na distribuição de renda, principalmente em regiões mais
carentes do Norte e Nordeste do país.
1073
Gás Natural com 16,0%, perfazendo o total de 70,5%. Em relação à Energia Renovável, cabe
destacar a participação de 13,5% da Lenha e Carvão Vegetal, seguida pela Energia Hidráulica
e Elétrica com 10,7%. No tocante ao atendimento da demanda, verifica-se que 65,5% da OIE
está direcionada aos diversos setores socioeconômicos, principalmente, o Industrial com
22,5%, Transportes com 15,4% e o Residencial com 14,5%. O consumo final não energético
registra 24,9% de participação na demanda de energia, sendo que perdas na transformação,
armazenagem e distribuição respondem por 9,6%. A Tabela abaixo apresenta as principais
modificações na estrutura da matriz estadual para os anos de 1980, 1994 e 2003, subsidiando
o comparativo entre o início, o meio e o fim da série histórica apresentada neste Balanço.
A OIE evidenciou, em 2003, crescimento de 41,6% em relação ao ano de 1980. Em sua
estrutura observa-se o aumento na participação da Energia Não Renovável de 54,6% para
73,8%, enquanto a parcela relativa à Energia Renovável teve redução na sua participação de
45,4% para 26,2%, entre 1980 e 2003. Dentro do bloco de Energia Não Renovável destaca-se
a evolução da oferta do Gás Natural, registrando incremento de 183,2%, tendo sua
participação elevada de 8,0%, em 1980, para 16,0% em 2003, e a do Petróleo e seus
Derivados que, em 2003, teve valor 67,7% superior ao de 1980.
Quanto à Energia Renovável, as principais modificações ocorridas, dentro da estrutura
da OIE, estão associadas ao declínio na participação da Lenha e Carvão Vegetal de 38,7%, em
1980, para 13,5% em 2003, o que representou redução de 50,6% na quantidade ofertada. A
participação da Energia Hidráulica e Elétrica assinalou crescimento de 5,7%, em 1980, para
10,7% em 2003, ampliando sua oferta em 166,5%.
O consumo final energético apresentou crescimento de 18,6%, muito embora sua
participação na estrutura da demanda de energia tenha caído de 78,2%, em 1980, para 65,5%
em 2003.
O consumo final não energético caracterizado, principalmente, pelo uso de algumas
fontes de energia como matéria prima na indústria Petroquímica (Gás Natural e Nafta),
registrou aumento de 120,3%, crescendo sua participação relativa de 16,0%, em 1980, para
24,9% em 2003.
1074
A Figura representa o fluxo de energia ocorrido ao longo do sistema energético estadual
durante 2003.
A Bahia, desde 1980, apresenta importação de energia maior do que a exportação. Do
lado da importação total, a partir de 1997, em função do Petróleo, a diferença passou a ser
maior do que o dobro de toda a exportação (Gráfico 2.4.1). A diferença diminui, a partir de
2001, quando a exportação total de energia passou a ser incrementada pelo
concentrado de Urânio (U3O8 - yellow cake).
1075
Ao avaliar os sistemas agrícolas e a sustentabilidade ou a insustentabilidade destes
sistemas, em dada área, constata-se que existe relação direta entre o conceito de
sustentabilidade com o enfoque sistêmico, pois “a sustentabilidade é sistêmica” (ROCHA,
2001:40). A passagem do sistema agrícola atualmente dominante para o sistema sustentável a
“pesquisa agropecuária deve ser direcionada para o enfoque sistêmico, de maneira a integrar
os diversos componentes de um agroecossistema” (EHLERS, 1998). O preceito elementar do
estudo de sistemas é o da conectividade. Pode-se compreender sistema como o conjunto de
elementos com ligações entre si e o ambiente, cada sistema se compõe de subsistemas e todos
são partes do sistema maior, cada um deles é autônomo e simultaneamente aberto e integrado
ao meio, existe inter-relação direta com o meio (SANTOS, 1982:21). É somente a relação que
existe entre as coisas que nos permite realmente conhecê-las e defini-las, isto é, “fatos
isolados são abstrações e o que lhes dá concretude é a relação que mantêm entre si”
(SANTOS, 1982:25).
Para se compreender os sistemas agrícolas em nossos dias, temos que ter em mente sua
sustentabilidade, pois “a agricultura é afetada pela evolução dos sistemas socioeconômicos e
naturais” (ALTIERI, 2000:16). De acordo com CAVALCANTI (1998) sustentabilidade
significa a “possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida
para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema” (CAVALCANTI
1998:161).
Ao pensar a sustentabilidade sob a ótica do retorno aos primórdios humanos, em retorno
ao modo de vida selvático dos índios brasileiros, CAVALCANTI (1998) assevera que “os
índios da Amazônia nos oferecem um caminho para a sustentabilidade” já que a procura por
essa sustentabilidade “resume-se à questão de se atingir harmonia entre seres humanos e a
natureza”. Ao contrário do “homem civilizado” o índio vive de maneira sustentável com a
natureza, com estilo de vida baseado “exclusivamente em fontes renováveis de energia”
(CAVALCANTI, 1998:165).
A sustentabilidade, de acordo com SACHS (1991), “constitui-se num conceito
dinâmico, que leva em conta as necessidades crescentes das populações, num contexto
internacional em constante expansão” (SACHS, 1990:235-236). Para ele, a sustentabilidade
tem como base 5 dimensões principais que são as sustentabilidades social, cultural, ecológica,
ambiental e econômica, A sustentabilidade social está vinculada ao padrão estável de
crescimento, melhor distribuição de renda com redução das diferenças sociais. Já a
sustentabilidade econômica está vinculada ao “fluxo constante de inversões públicas e
privadas” além da destinação e administração corretas dos recursos naturais. A dimensão
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1076
sustentabilidade ecológica está vinculada ao uso efetivo dos recursos existentes nos diversos
ecossistemas com mínima deterioração ambiental. A sustentabilidade geográfica está ligada à
má distribuição populacional no planeta, sendo “necessário buscar uma configuração rural
urbana mais equilibrada”. A sustentabilidade cultural que procuraria a realização de mudanças
em harmonia com a continuidade cultural vigente (SACHS, 1990:235-236). Em 2000 este
mesmo autor acrescenta mais quatro dimensões ou critérios de sustentabilidade: ambiental,
territorial, política nacional e política internacional.
Segundo um estudo realizado pelo INCRA no ano de 2000, a Bahia possui a maior
população rural do país com 4,2 milhões de habitantes. Além disso, 89,1% do total de
estabelecimentos rurais baianos são caracterizados como familiares, ocupando 37,9% da área
total e sendo responsável por 39,8% do Valor Bruto da Produção.
Parte considerável desse contingente de agricultores familiares está localizado no semi-
árido.
Em vista disso, e levando em consideração o objetivo estratégico dos governos federal e
estadual em priorizar a produção de biodiesel a partir de uma fonte de matéria-prima oriunda
da agricultura familiar – a mamona é que se justifica a elaboração do presente programa.
1077
É preciso garantir o fortalecimento da cultura da produção de oleaginosas de base
familiar para a produção de biodiesel. Essa ação favorecerá a fixação do homem no campo
com geração de renda e diversificação da atividade econômica regional.
Fortalecer a pequena produção familiar, a partir da difusão de novas técnicas, sementes
melhoradas e novos modelos de organização da produção dando ênfase as lavoras
consorciadas, entre outros, é fundamental para garantir os ganhos de produtividade requeridos
pelo mercado de produção de energia, que trabalha com grandes escalas de produção e em
que o fator custo é elemento vital para a construção da competitividade do setor.
Além disso, ao conjugar o fortalecimento da produção de mamona com a implantação
de uma unidade de produção de biodiesel, procede-se a uma verticalização que agrega valor à
produção oriunda da agricultura familiar garantindo, dessa forma, os benefícios integrais da
cadeia de produção. Estas medidas contribuem para evitar reproduzir os erros do Próalcool,
que terminou beneficiando os grandes usineiros e relegando o pequeno produtor a segundo
plano.
Cabe ao Governo, portanto, criar mecanismos de políticas públicas capazes de resgatar
essa dívida social inserindo amplas parcelas da população rural para uma atividade econômica
dinâmica capaz de conferir-lhes a oportunidade de apoderar-se dos benefícios ligados à
produção de biodiesel no estado.
1078
PROJEÇÃO DA DEMANDA MUNDIAL DE ÓLEOS VEGETAIS
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
• Interiorização do desenvolvimento, principalmente do semi-árido.
• Geração de empregos diretos no meio rural, fixando o homem no campo.
• Agregação de valor a matérias-primas locais.
• Geração de novos negócios (torta da mamona, glicerina, etc.).
• Possibilidade de recuperação de áreas degradadas para produção de culturas como o
dendê, a mamona, etc.
• Diversificação da matriz energética estadual.
• Plantio consorciado energia X alimento.
3 CONCLUSÃO
Experiências como a plantação da mamona por pequenos agricultores no Nordeste
demonstraram o risco de dependência a grandes empresas agrícolas, que controlam os preços,
o processamento e a distribuição da produção. Os agricultores são utilizados para dar
legitimidade ao agronegócio, através da distribuição de certificados de "combustível social".
A expansão da produção de biocombustíveis coloca em risco a soberania alimentar e
pode agravar profundamente o problema da fome no mundo. No México, por exemplo, o
aumento das exportações de milho para abastecer o mercado de etanol nos Estados Unidos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1079
causou um aumento de 400% no preço do produto, que é a principal fonte de alimento da
população. Este modelo causa impactos negativos em comunidades camponesas, ribeirinhas,
indígenas e quilombolas, que têm seus territórios ameaçados pela constante expansão do
capital. Silvia Ribeiro alerta que "agora são os automóveis, não as pessoas, os que demandam
a produção anual de cereais. A quantidade de grãos que se exige para encher o reservatório de
uma camionete com etanol é suficiente para alimentar uma pessoa durante um ano". Alguns
analistas empresariais até admitem que há problemas ambientais e risco à produção de
alimentos, mas afirmam que precisamos escolher "o mal menor". Neste caso, defendem até
mesmo a destruição de florestas com o objetivo de expandir seus lucros com a produção de
bioenergia, também conhecidos como "ouro verde".
Na verdade, uma mudança na matriz energética que buscasse realmente preservar a vida
no planeta teria que significar também uma profunda transformação nos padrões atuais de
consumo, no conceito de desenvolvimento" e na própria organização de nossas sociedades. É
preciso investir em alternativas como a energia eólica, solar, fotovoltaica, das marés,
geotérmica. Porém, discutir novas fontes de energia implica, em primeiro lugar, refletir a
serviço de quem estará esta nova matriz. A construção de uma nova matriz energética deve
levar em conta quem se beneficiará ou qual propósito servirá.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAHIA ANÁLISE & DADOS - Salvador SEI v. 16 n. 1 p. 1-164 Trimestral jun. 2006
ABREU, R. F.; LIMA, D. G.; HAMAÚ, E. H.; WOLF,C.; SUAREZ, P.A. Z. Utilization of
metal complexes as catalysts in the transesterification of brazilian vegetable oils with
differentalcohols. Journal of Molecular Catalysis, v. 209, p. 29-33, 2004.
ALTIN, R.; ÇETINKAYA, S.; YÜCESU, H.S., The potencial of using vegetal oil fuels as ful
for diesel engines, Energy Conversion and Management, 42, p. 529, 2001.
RAMOS, L.P; DOMINGOS, A.K.; KUCEK, K.T.; WILHELM, H.M. Biodiesel: um projeto
de sustentabilidade econômica e sócioambiental para o Brasil. Biotecnologia Ciência e
Desenvolvimento, Brasília, DF, v. 31, p. 28-37, 2003.
1080
SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro:
Garamond, 2000.
SACHS, Ignacy. Desarrollo sustentable, bio-industrialización descentralizada y nuevas
configuraciones rural-urbanas. Los casos de India y Brasil. Pensamiento Iberoamericano 46,
1990. p. 235-256.
1081
PRODUÇÃO DO ÓLEO DE PEQUI NA REGIÃO NORTE DE MINAS
GERAIS E NA REGIÃO DA CHAPADA DO ARARIPE, SUL DO CEARÁ
1082
1 INTRODUÇÃO
As diretrizes norteadoras do novo horizonte que desponta no cenário mundial em
relação a novas matrizes energéticas menos poluidoras, a busca por alimentos mais saudáveis
e novos insumos para indústria de um modo geral, tem gerado uma demanda por novas fontes
de matéria prima de qualidade e economicamente viáveis. A indústria de extração de óleos se
destaca, como uma promissora via de obtenção de produtos e co-produtos com grande
potencial de utilização, altamente compatíveis com os novos anseios do mercado global.
Neste contexto, a busca por novas fontes de ácidos carboxílicos saudáveis, insumos para
indústria farmacêutica e cosmética, novas fontes biocombustíveis, entre outros, tem voltado
os olhos dos pesquisadores para os recursos naturais existentes no Brasil, cujos potenciais de
utilização ainda não são totalmente conhecidos pela ciência.
Entre as plantas oleaginosas nativas da América do Sul, o pequizeiro, planta pertencente
à família Cariocaracea, gênero Caryocar L., englobando cerca de 20 espécies, ocorre desde a
região central do Brasil, Nordeste, Amazônia, Peru, Suriname, Guianas, estendendo-se até à
América central (ALMEIDA, 1998). Seus frutos são tradicionalmente apreciados e utilizados
pelas populações locais, gerando um importante fluxo de capital na época da sua colheita, que
varia de outubro a março dependendo da região. O pequi é considerado a “carne” do Cerrado,
devido ao seu teor protéico, vitamínico, poliglicerídico e de carboidratos (FIGUEIRA
MATOS, 2007), são utilizados principalmente na culinária para confecção de pratos típicos
doces ou salgados, licores, conservas e principalmente para produção de óleo, entre outros.
O potencial oleaginoso do pequizeiro o coloca entre as plantas nativas mais promissoras
para produção de óleos, podendo variar, quando cultivado de 1000 a 2000 kg de óleo por
hectare (100 plantas por hectare). A composição do fruto pequizeiro varia de acordo com a
espécie e região: Casca 42-58%; Polpa 16-30%; Endocarpo 15-26%; Amêndoa 5-7%. O teor
de óleo em cada parte da planta é a seguinte: Casca 2%; Polpa 62%; Endocarpo 15,8%;
Amêndoa 54,8% (CEFET-MG, 1983). A polpa que envolve o caroço do pequi contém
aproximadamente 75% do óleo presente no fruto.
O óleo extraído da polpa do pequi possui uma coloração que varia do vermelho-
alaranjado ao amarelo-claro dependendo da espécie e do método de extração, podendo
apresentar cristais amarelos à temperatura ambiente (25ºc) devido à sua composição química,
possui um odor forte característico, próximo do odor do fruto da espécie da qual é extraído. O
óleo extraído da Amêndoa é um óleo mais claro e mais fino, cuja coloração varia do amarelo
1083
claro ao amarelo-esverdeado claro, possui odor característico das amêndoas, não se observa à
formação de cristais.
As propriedades do óleo do Pequi, chamado de óleo milagreiro em algumas regiões
devido as suas muitas aplicações, vêm sendo utilizadas há séculos pelas populações locais,
principalmente na culinária, produção de licores, combustível para iluminação, lubrificante
para máquinas e outros. As propriedades terapêuticas e veterinárias do óleo são comprovadas,
para o tratamento de doenças bronco pulmonares, xenofobias, doenças da pele, inchaços,
dores lombares, como antiinflamatório, cicatrizante, analgésico, afrodisíaco e tratamento de
diversos outros males. Atualmente pesquisas têm demonstrado novas características e
propriedades do óleo, como matéria prima nas indústrias farmacêuticas, cosmética e
alimentícia, sendo encontrada no mercado uma grande variedade de produtos que possuem o
óleo de pequi nas suas formulações, tais como: Emulsão de pequi, Pequióleo, xampus, sabões,
cremes para pele, licores industriais, aditivos para ração animal (fonte de beta caroteno).
Estudos para o uso farmacêutico do óleo se encontram em estágio avançado, como por
exemplo: para administração de medicamentos via cutânea. O óleo de pequi se destaca
também no contexto da bioenergia, como uma promissora matéria prima para a produção do
biodiesel (USP, 2000; CEFET-MG, 1983; TEIXEIRA, 2004; FIGUEIREDO MATOS, 2007;
SEGALL, 2004).
Apesar seu grande potencial químico, sua larga utilização e importância econômica, o
óleo de pequi tem sido produzido no Brasil em pequena escala de forma artesanal, por
famílias que vivem do extrativismo ou em pequenas fábricas de fundo de quintal. Em geral as
condições técnicas e higiênicas destes locais são precárias, o que tem comprometido a
qualidade do produto colocado no mercado, dificultando assim o seu uso como insumo, pois o
óleo encontrado não possui um padrão de qualidade e suas propriedades físico-químicas são
inconstantes, variando de safra para safra e de produtor para produtor.
Este trabalho tem por objetivo principal conhecer as técnicas e as condições nas quais
são produzidos atualmente os óleos de pequi no Norte de Minas Gerais e na região da
Chapada do Araripe, sul do Ceará. Nestas regiões a população, principalmente a de menor
poder aquisitivo, tradicionalmente, vêem no extrativismo um meio de aumentar a renda
familiar.
1084
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado nos municípios próximos à cidade de Montes Claros região
Norte de Minas Gerais e na região da Chapada do Araripe próximo à cidade do Crato, sul do
Ceará, durante a safra de pequi 2005/2006 e a safra 2006/2007.
Para realização do trabalho utilizou-se o seguinte método:
• Foram realizadas visitas de campo às regiões produtoras, onde foram observadas as
técnicas de extração do óleo da polpa do pequi utilizadas pelos produtores.
• Foram analisados procedimentos de extração de óleos de duas espécies de pequi:
Caryocar brasiliense Camb., espécie mais comum encontrada no Norte de Minas
Gerais e do Caryocar coriaceum Wittm. espécie predominante no Sul do Ceará.
• Formam observados os procedimentos realizados para extração do óleo, locais onde se
realizam as extrações, vasilhames utilizados nos procedimentos, condições higiênicas
dos locais, condições de armazenagem.
• Foram realizadas conversas com os produtores nas quais varias questões foram
colocadas, tais como: capacidade de produção, usos do óleo, preço de venda, destino
final do produto.
• Foi feita também uma revisão bibliográfica sobre os Métodos de extração do óleo de
pequi existentes.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A revisão bibliográfica sobre os métodos de extração do óleo de pequi identificou um
número restrito de publicações sobre o tema.
Segundo CEFET-MG (1983), o óleo de pequi pode ser extraído retirando-se
manualmente a polpa do caroço e depois submetendo a massa amarela à maceração em pilões
de madeira para facilitar a extrusão do óleo. Em seguida, a pasta oleosa resultante é deixada
em água, à temperatura de ebulição, até que todo o óleo venha sobrenadar à superfície sendo
então retirado por meio de colheres de pau e filtrado em sacos de linhagem. O óleo então é
secado ao calor do fogo e embalado.
Segundo FIGUEIREDO MATOS (2007), o processo para obtenção do óleo da polpa do
pequi é o mesmo utilizado para extração do óleo do buriti e do baru, mistura-se em uma
panela de boca larga, a polpa com água e se leva ao fogo. Depois de ferver retira-se o fogo.
Com uma concha coleta-se o óleo da superfície e coloca-se em outra panela para apurar (ou
1085
seja, retirar toda água). Este autor também diz que talvez a extração por prensagem seja mais
eficiente, porém não cita nenhuma metodologia.
Uma outra técnica descrita por alunos de engenharia de alimentos da UFG
(CRUVINEL, F.W.O. et al, 2004), consiste em cozinhar 3,5 kg de caroços de pequi em uma
panela de aço contendo 4 L de água, aquecer ao fogo até a água secar, adicionar em seguida 3
L de água gelada a uma temperatura de 2oc. Em seguida repetir o experimento por 10h e
adicionar 3L de água deixando decantar até o aparecimento do óleo no sobrenadante. O óleo
pode ser separado de duas maneiras: com funil de separação ou por congelamento, segundo os
autores este método não se mostrou eficiente no quesito rendimento.
Segundo FIGUEIREDO et al (1989), o óleo de pequi pode ser extraído através de um
ligeiro cozimento dos frutos sem casca em tacho de ferro, submetendo-o a uma agitação com
um bastão, onde uma de suas extremidades é envolvida por uma chapa metálica perfurada a
fim de promover através do atrito, a separação da polpa do caroço. Remove-se toda a porção
contendo a polpa e transfere-se para outro tacho onde se deixa ferver por algumas horas, até
que toda substância gordurosa sobrenade. Retira-se então a parte oleosa com uma colher
metálica, obtendo - se desse modo o óleo de pequi.
No Norte de Minas Gerais, o pequi exerce um importante papel na cultura local. Na
época da safra, que varia do final de outubro a fevereiro, famílias inteiras de catadores se
envolvem no processo de “apanha” dos frutos que são utilizados para consumo próprio, para
confecção de pratos típicos, de doces, conservas, licores artesanais, óleo ou para
comercialização dos frutos in natura. A quantidade de frutos comercializados é de
aproximadamente 10.000 toneladas do fruto somente no município de Japonvar - MG, o que
gera recursos de cerca de R$2.500.000,00 na região (TEIXEIRA et al, 2005). Atualmente a
indústria do pequi no Norte de Minas se encontra em processo de expansão, com a abertura de
várias unidades de processamento do fruto, especialmente para produção de polpa em
conserva e para produção de óleo, visando abastecer o mercado interno e externo.
Os óleos de pequi juntamente com a produção da polpa em conserva são os principais
produtos do processamento dos frutos do pequizeiro no Norte de Minas Gerais. O óleo é
produzido em pequenas quantidades de forma artesanal, na zona rural dos municípios pelas
famílias de catadores, utilizando-se técnicas bastante rústicas. O óleo é utilizado para o
consumo próprio na culinária, como medicamento para os mais diferentes males, como
lubrificante de máquinas, combustível para iluminação, entre outros usos. O excedente é
comercializado nos mercados, ruas, margens de rodovias ou vendidos para cooperativas ou
atravessadores, estes dois últimos comercializam o óleo com os centros compradores
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1086
principalmente os localizados nos estados de São Paulo e Goiás. O valor médio pago aos
produtores por litro de óleo varia entre R$7,00 e R$10,00 (3 a 4 vezes o valor do litro de óleo
de soja no varejo) valores da safra 2006/2007.
O óleo da polpa do pequi é produzido no Norte de Minas por meio de várias técnicas de
extração, observou-se que cada produtor tem o seu “segredinho” para a extração do óleo, estas
técnicas são repassadas de pai para filho de geração em geração. A técnica mais difundida e
mais comumente utilizada segue os seguintes passos:
• Os frutos são descascados, separados a casca externa do caroço. Os caroços são então
colocados em uma panela ou tacho com água para o cozimento à temperatura de
ebulição, por cerca de 12h, geralmente são colocados ao fogo no fim da tarde ao cair
da noite e fica cozinhando até o dia seguinte (Figura 1 e 2).
Figura 1 - A foto mostra o local onde é produzido o óleo, geralmente no quintal próximo a
casa em terreno de chão.
Figura 2 - Mostra as condições de cozimento do pequi, observam-se frutos não cobertos pela
água de cozimento. São utilizados vários tipos de recipientes para o cozimento, tais como:
panela de ferro, panela de barro, tacho de cobre, latas de tinta de 20L vazias e outros.
1087
• Na manhã seguinte o pequi cozido é socado suavemente em um pilão (Figura 3) para o
desprendimento e extrusão da polpa.
• A massa é deixada de repouso (sem espalhar) ao sol durante um dia, para secar.
1088
• O pequi cozido e socado, deixado em repouso é então levado a uma masseira (Figura
6), uma gamela de madeira de aproximadamente 1,2 a 1,6m de comprimento, onde é
revolvido por duas pessoas com duas pás de madeira, geralmente feitas com talos da
folha do buriti.
• Em seguida é adicionada água gelada sobre a massa sem parar de mexer (Figura 7).
• Aumenta-se a velocidade das pás e continua-se a adição da água gelada (Figura 8).
1089
Figura 8 - O movimento das pás é acelerado e continua-se a adição de água gelada.
Obs.: Na ausência de água gelada os produtores realizam este procedimento na parte da amanhã bem cedo antes
do sol sair aproveitando o frescor da manhã, utilizando água de pote de barro.
1090
Figura10 - O óleo solidificado é recolhido para um recipiente.
• O óleo é então levado ao fogo em uma panela para e eliminação da umidade, depois é
resfriado à temperatura ambiente e filtrado em um pano de algodão e embalado em
garrafas de vidro ou garrafas PET. É então utilizado para consumo próprio ou
comercializado (Figura 11).
1091
Assim como no Norte de Minas Gerais o pequi exerce uma grande importância na
cultura popular do Sul do Ceará, a espécie predominante nesta região é o Caryocar coriaceum
Wittm. Os frutos são utilizados na culinária local na confecção de pratos típicos e para
extração de óleos e também são comercializados in natura, gerando na época da sua safra que
vai de dezembro a início de março uma importante fonte de renda para as famílias de
catadores. Os frutos do C. coriaceum são um pouco menores e apresentam uma polpa menos
espessa que os frutos do C. brasiliense, também apresentam uma coloração amarelo-clara.
O óleo de pequi é o principal produto do processamento do Pequi no Sul do Ceará, O
óleo é tido como milagreiro e tradicionalmente, é comprado pelos romeiros em visita à cidade
de Juazeiro do Norte – CE que levam o óleo para as suas cidades de origem para ser utilizado
como medicamento para os mais diversos males. O óleo é produzido de forma artesanal pelas
famílias de catadores. A técnica de extração utilizada para a produção do óleo se assemelha à
técnica mais difundida no Brasil que consiste nos seguintes passos:
• Os caroços de pequi descascados são colocados para cozinhar em uma panela de ferro
à temperatura de ebulição da água, até o amolecimento da polpa. Em alguns lugares
são cavadas trincheiras em um barranco de terra sobre a qual é encaixada uma carcaça
de geladeira onde são colocados os caroços de pequi para cozinhar.
• No processo de cozimento os caroços são mexidos com uma pá de madeira ou de
metal com um orifício numa das extremidades, com o objetivo de se desprender a
polpa do caroço por atrito.
• A polpa cozida obtida neste processo é transferida para outro recipiente com água
onde se continua o processo de cozimento até o desprendimento do óleo para o
sobrenadante.
• A parte gordurosa é então retirada com uma colher de pau ou de ferro é transferida
para outra panela.
• A panela contendo o óleo é levada ao fogo para eliminação do excesso de umidade.
É então armazenado me garrafas de vidro ou garrafas PET ou embalados em pequenos
frascos, são utilizados para consumo próprio ou comercializados.
O óleo produzido no Ceará possui uma coloração mais amarelada, diferentemente à
coloração do óleo produzido no Norte de Minas que é vermelho-alaranjado, o óleo produzido
no Ceará também possui um cheiro mais adocicado.
1092
Observa-se que em ambas as regiões as condições técnicas e higiênicas de produção do
óleo são bastante precárias, no processo os produtores utilizam os recursos que tem em mãos
para a produção do óleo. As condições técnicas e equipamentos utilizados estão bem aquém
do que seria o ideal para a obtenção de um óleo de qualidade. O óleo produzido nessas
condições provavelmente terá um alto teor de umidade, elevados índices de peróxido e acidez
que poderiam ser minimizados com a melhoria das técnicas. Estas técnicas poderão também
comprometer a qualidade nutricional do óleo, pois o cozimento prolongado utilizado em todas
as técnicas observadas, segundo RAMOS et al (2001) diminui em pelo menos 30% o teor de
carotenóides da polpa do pequi. As condições de armazenamento geralmente em frascos
transparentes também podem acelerar os processos de auto-oxidação do óleo.
Os produtores não podem ser culpados pelas condições precárias nas quais se produz
atualmente o óleo de pequi, eles utilizam os recursos que têm em mãos, se mostraram abertos
a absorver os conhecimentos técnicos apresentados, tendo em vista que alguns deles já
sofreram com a rejeição do seu óleo pela falta de qualidade. É necessário um olhar mais
profissional para esta questão, principalmente por parte das autoridades competentes. Estudos
deverão ser feitos para o desenvolvimento de novas tecnologias para padronizar a produção,
com o objetivo de se obter um óleo com um padrão de qualidade sanitária e físico-química e
tendo preservado as suas qualidades nutricionais. Como conseqüência, a melhoria da
qualidade do óleo poderá acarretar em uma maior disseminação do seu uso pela população e
pela indústria, agregando valor ao produto e aumentando a renda dos produtores.
Quanto aos parâmetros de qualidade existentes para o óleo de Pequi, não foram
encontradas nenhuma metodologia sistematizada para a produção do óleo na literatura
pesquisada. A ANVISA define o óleo de pequi como: “Produto constituído de glicerídeos de
ácidos graxos obtidos, exclusivamente, pela expressão dos frutos do pequizeiro, sem qualquer
tratamento com solvente” (ANVISA, 1989), porém, não define nenhum parâmetro
quantitativo para o óleo, apenas diz que o óleo deverá seguir as normas ANVISA - RDC 482,
de 23 de setembro de 1999(Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade para
óleos e gorduras vegetais) (ANVISA, 1999).
4 CONCLUSÃO
Os estudos realizados revelaram que as atuais condições nas quais estão sendo
produzidos os óleos do Pequi no Norte de Minas Gerais e no Sul do Ceará, o que
possivelmente não difere muito do restante do país (não foram encontrados relatos do uso de
1093
tecnologias mais avançadas para extração do óleo), são extremamente rudimentares. A atual
condição de produção do óleo pode afetar negativamente a qualidade do mesmo. Pode se
concluir também que as técnicas de produção utilizadas nas duas regiões estudadas, não
permitem a obtenção um padrão de qualidade para o óleo de pequi produzido e também
podem prejudicar as qualidades nutricionais do mesmo, devido à falta de procedimentos mais
elaborados e sistematizados que possibilitem uma melhor extração do óleo e ofereçam
melhores condições de trabalho às famílias produtoras.
5 AGRADECIMENTOS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, S.P. et al; Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina: EMBRAPA – CPAC,
1998, 464p.
1094
SEGALL, S.D.; Análise por CG/EM e CLAE-ESI-EM dos óleos de Pequi, Ouricuri e de
seus produtos de transformação usando lípases. Tese de doutorado, Belo Horizonte:
UFMG/ICEx/ Química, 2004.
1095
EFEITO DA ADUBAÇÃO POTÁSSICA NO CRESCIMENTO INICIAL
DO PINHÃO-MANSO IRRIGADO POR GOTEJAMENTO
1096
1 INTRODUÇÃO
Plantas oleaginosas como o pinhão-manso que produzem sementes ricas em óleo não
comestível pode ser um atrativo para a agricultura visando fornecer matéria prima para a
produção de biodiesel, principalmente por ser uma planta perene e com bom potencial
produtivo de sementes. Todavia há necessidade de avaliações detalhadas desta planta, em
condições de campo, pois é uma planta pouco pesquisada no Brasil. Pacheco et al. (2006),
trabalhando com pinhão-manso em casa de vegetação, concluíram que aos cinco meses após a
emergência, as plantas apresentaram uma maior concentração de potássio em comparação
com os demais macronutrientes (N, P, Ca e Mg). Para Lopes (1989), em muitas culturas de
alta produtividade, o teor de potássio excede o teor de nitrogênio. O íon potássio (K+)
participa em diversas fases do metabolismo das plantas, como o controle de turgidez dos
tecidos, síntese de carboidratos e proteínas, respiração e regulação da abertura e fechamento
dos estômatos. Também é importante no desenvolvimento das raízes e essencial na
frutificação e maturação dos frutos, pois é responsável pela conversão do amido em açucares
além de funcionar como ativador de enzimas, cerca de 46 enzimas exigem K para a sua
atividade (Malavolta et al. 1974).
As informações na literatura sobre nutrição mineral do pinhão-manso são muito
restritas, principalmente com relação às exigências em potássio, época e método de aplicação,
marcha de absorção, sintomatologia de deficiência, etc. Por isso, o presente trabalho teve
como objetivo principal avaliar o comportamento inicial do pinhão-manso submetido a
diferentes dosagens de adubação potássica, em área irrigada por goejamento, sob condições
de campo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido sob condições de campo, no setor de Fruticultura do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras-MG, no
período de 26 de dezembro de 2006 a 26 de maio de 2007. O clima da região, segundo a
classificação de Koppen, é do tipo Cwb, caracterizado por uma estação seca entre abril e
setembro e uma estação chuvosa de outubro a março (Antunes, 1980). A temperatura média
do mês mais frio é inferior a 18ºC e superior a 3ºC e o verão apresenta temperatura média do
mês mais quente superior a 22ºC. A região apresenta temperatura do ar média anual de
19,4ºC, umidade relativa do ar média de 76,2%, precipitação média anual de 1.529,7 mm e
evaporação média anual de 1.034,3 mm (Brasil, 1992). O solo da área experimental foi
1097
classificado como Latossolo Vermelho distroférrico. O sistema de irrigação usado foi
gotejamento superficial sendo caracterizado pela aplicação de água no solo de modo a formar
uma faixa contínua.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições.
Os tratamentos constaram de quatro doses de adubação potássica: K30 = 30 kg ha-1 (30 + 0 +
0 kg), K60 = 60 kg ha-1 (30 + 30 + 0 kg), K90 = 90 kg ha-1 (30 + 30 + 30 kg) e K120 = 120
kg ha-1 (30 + 45 + 45 kg). As aplicações foram parceladas em três vezes sendo a primeira no
plantio definitivo e as demais em cobertura. A segunda aplicação foi realizada 30 dias após o
transplantio (DAT) e a terceira 60 DAT. Como fonte de potássio foi utilizado o adubo
comercial cloreto de potássio (60% de K2O).
A adubação química no plantio com nitrogênio e fósforo foi realizada na mesma
dosagem para todas as parcelas experimentais, com base nos resultados de análise de
fertilidade do solo, tomando-se como fundamentação teórica ás recomendações de adubação
para a cultura da mamoneira de acordo com Savy Filho (1997) e Comissão de Fertilidade do
Solo do Estado de Minas Gerais (1999), por ser uma cultura da mesma espécie (Euforbiácea)
do pinhão-manso, também produtora de sementes ricas em óleo. Tal procedimento foi
adotado por não existir até o momento recomendações de adubação específica para a cultura
do pinhão-manso.
As parcelas experimentais serão constituídas por seis linhas de pinhão-manso,
espaçadas de 3,0 m, com comprimento de 12 m, compostas por 48 plantas, com área total de
216 m2. A área útil da parcela foi de 108 m2 considerando-se as 4 linhas centrais, com 24
plantas consideradas úteis. Cada bloco foi constituído por 4 parcelas, ocupando uma área de
864 m2. A área total ocupada pelo experimento foi de 3.456 m2.
Foram avaliadas as seguintes características: diâmetro de caule: medido a 10 cm do colo
da planta, por meio de paquímetro; Altura de planta: medida do colo da planta a inserção da
folha mais nova localizada no ápice da plana, através de fita métrica; diâmetro de copa:
medido na região mediana da copa, com o auxílio de fita métrica, tangenciando as
extremidades da copa tanto no sentido da linha de plantio, quanto perpendicular a esta linha.
Os dados foram avaliados aos 70, 120 e 150 dias após o transplantio e ao final
analisados estatisticamente utilizando a análise de variância (ANOVA), aplicando o teste de
Tukey a 1% e 5% de probabilidade para a comparação das médias com auxílio do programa
computacional Sisvar, versão 4,0 para análise estatísticas (Ferreira, 2000).
1098
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 mostra o comportamento dos parâmetros altura de planta, diâmetro de copa
longitudinal a linha de plantio (DCopaL), diâmetro de copa transversal a linha de plantio
(DCopaT) e diâmetro de caule (DCopa) nas três épocas de avaliações: 70, 120 e 150 dias após
transplantio (DAT), para as plantas de pinhão-manso irrigado. Observou-se que as
características de crescimento de planas de pinhão-manso mantiveram comportamento
semelhante ao longo dos três períodos avaliado
No início, 70 dias após o transplantio, as características altura de planta, diâmetro de
copa, tanto longitudinal como transversal à linha de plantio, apresentavam praticamente os
mesmos valores, variando de 49,53 cm a 52,48 cm. Aos 120 dias após o transplantio o
parâmetro altura de altura de planta começou a se destacar dos demais chegando ao final do
período avaliado com uma altura máxima de 103,34 cm. Neste mesmo período os outros
parâmetros apresentavam valores máximos de 83,61 cm, 84,61 cm e 4,90 cm para diâmetro de
copa longitudinal, diâmetro de copa transversal e diâmetro de caule, respectivamente.
A análise estatística comprovou não haver efeito significativo ao nível de 5% para nos
tratamentos aplicados, em nenhuma época analisada, o que permiti inferir que a adubação
potássica nas dosagens de até 120 quilos de K2O por hectare não influenciam os parâmetros
de crescimento de plantas de pinhão-manso, em área irrigada, até os 150 dias após
transplantio. Este fato deve ter ocorrido devido ao teor inicial de potássio contido no solo da
área experimental, que foi de 101 mg/dm3, pois segundo interpretação da Comissão de
Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999), este teor de potássio no solo é
considerado de disponibilidade boa para a maioria das culturas.
61.00
Parâmetros avaliados (cm)
1.00
30 60 90 120
Dose de potássio (K2O/ha)
1099
B
101.00
Parâmetrosavaliados (cm)
76.00
Altura Planta
DCopaL
51.00
DCopaT
DCaule
26.00
1.00
30 60 90 120
Dose de potássio (K2O/ha)
121.00
91.00
Altura Planta
61.00
DCopaL
31.00 DCopaT
DCaule
1.00
30 60 90 120
Dose de potássio (K2O/ha)
Figura 1 - Variação dos parâmetros altura de planta, diâmetro de copa longitudinal a linha de
plantio (DCopaL), diâmetro de copa transversal a linha de plantio (DCopaT), diâmetro de
caule (DCaule): A) aos 70 dias após transplantio; B) aos 120 dias após transplantio e C) aos
150 dias após transplantio .
4 CONCLUSÃO
A adubação potássica nas condições em que foi desenvolvido o experimento não afetou
os parâmetros de crescimento inicial da cultura do pinhão-manso irrigado no município de
Lavras, região Sul de Minas Gerais.
5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANTUNES, F. Z. Caracterização climática do cerrado em Minas Gerais. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v. 6, n. 61, p. 52-63, jan. 1980.
1100
COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Lavras-
MG. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5a
aproximação. Viçosa, Imprensa Universitária UFV, 1999. 359p.
FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4. 0. In:
REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE
BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos, SP. Anais... São Carlos: Sociedade Internacional de
Biometria, 2000. p. 255-258.
MALAVOLTA, E.; HAAG, H.P.; MELLO, F.A.F.; BRASIL SOBRINHO, M. O.C. Nutrição
mineral e adubação de plantas cultivadas. São Paulo: Pioneira, 1974. p. 668-685, il
1101
AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE
MAMONEIRA EM SISTEMA DE SAFRINHA NO SUL DE MINAS GERAIS
1102
1 INTRODUÇÃO
A adoção do Programa Nacional de Biodiesel fez surgir no Brasil um grande interesse
em oleaginosas economicamente viáveis e adaptadas para cada região. Sabe-se que são
inúmeras as fontes para a produção de biodiesel no país, porém algumas se destacam, como a
mamoneira, por possuir alto teor de óleo e adaptação a diversas regiões, principalmente
àquelas com baixa pluviosidade (Holanda, 2004).
Apesar de grande adaptação da mamoneira, ainda é notória a existência de problemas
com a produção de bagas e/ou de óleo, que está diretamente relacionada com a
heterogeneidade existente entre as cultivares, ou até mesmo dentro de uma mesma cultivar.
Um dos grandes desafios atuais da pesquisa agrícola é a produção de cultivares
melhoradas de mamoneira, com estabilidade genética, alta qualidade e potencial produtivo
(Savy Filho, 2005). Portanto, os materiais genéticos existentes devem ser bem caracterizados,
para sua utilização em trabalhos de melhoramento.
A descrição morfológica e agronômica dos genótipos é ferramenta importante na
avaliação e caracterização de cultivares, pois possibilita a classificação comercial das
variedades e a identificação de materiais com características desejáveis, sendo uma delas,
mais procurada por produtores, tanto de baga como de sementes de mamona, a capacidade
produtiva (Silva, 1981).
Com a realização do presente trabalho procurou-se avaliar a morfologia e as
características agronômicas de cultivares de mamoneira em sistema de safrinha no sul de
Minas Gerais.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no campo experimental da Universidade Federal de Lavras,
Lavras, MG. Utilizou-se seis cultivares de mamoneira: Brejeira, CNPAM 2000-87,
Paraguaçu, IAC 80, Mexicana e Nordestina. As cultivares foram semeadas em março de 2006,
no espaçamento 2:1 (dois metros entre linhas e um metro entre plantas).
O experimento foi realizado com três repetições, sendo a parcela experimental
constituída de quatro linhas com sete plantas cada. Foi considerada área útil da parcela as
duas linhas centrais, com eliminação de uma planta de cada extremidade. As características
avaliadas seguiram alguns critérios estabelecidos segundo os Descritores Mínimos para o
Registro Institucional de Cultivares de Mamona (Veiga et al., 1989).
1103
No campo, após a maturação do racemo primário de dez plantas da área útil, foram
analisadas variáveis qualitativas: coloração e cerosidade do caule; coloração das folhas jovens
e adultas; coloração da nervura das folhas adultas; coloração e cerosidade do fruto e dos
acúleos, além do formato do racemo. Foram avaliadas as variáveis quantitativas: altura,
diâmetro, comprimento e número de internódios do caule; comprimento dos racemos,
pedúnculos, número de frutos e produção de bagas dos racemos primários, secundários e
totais.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados e em esquema
fatorial com parcelas subdivididas no tempo para as variáveis relacionadas com as diferentes
ordens de racemos. Utilizou-se o programa estatístico SISVAR para a análise de variância e a
comparação das médias foi realizada pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As características morfológicas relativas à coloração das folhas e nervuras das
diferentes cultivares avaliadas são apresentadas na Tabela 1. Verifica-se que para todas as
cultivares foram observadas folhas adultas com coloração verde, com exceção da cultivar
Brejeira, que apresentou uma tonalidade de verde mais intensa. Para a coloração de folhas
jovens, foi observado coloração avermelhada ou bronzeada. Resultados variáveis também
foram encontrados por Araújo et al. (2005) ao estudar cinco genótipos de Manihot esculenta
C. (Euphorbiaceae), caracterizando-os em verde-arroxeado, verde claro e roxo. A coloração
avermelhada encontrada nas nervuras não ocorreu coincidentemente com aquelas plantas que
apresentaram cor da folha jovem avermelhada, indicando que essas duas características
ocorrem independentemente.
Tabela 1 - Caracterização de coloração de folhas adultas, folhas jovens e nervuras das folhas
de seis cultivares de mamoneira cultivada no município de Lavras-MG.
Coloração
Cultivar
Folhas adultas Folhas Jovens Nervuras das folhas
Brejeira verde-escuro avermelhada esverdeada
CNPAM 2000-87 verde avermelhada avermelhada
IAC 80 verde bronzeada esverdeada
Mexicana verde bronzeada avermelhada
Nordestina verde bronzeada esverdeada
Paraguaçu verde avermelhada avermelhada
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1104
A coloração e cerosidade do caule, frutos e acúleos; e formato do racemo são
apresentados na Tabela 2. Para a coloração e cerosidade do caule foi observado na maioria
dos genótipos a coloração rosa e presença de cerosidade. Verificou-se que as cultivares
desenvolvidas e recomendadas para a região de clima semi-árido (CNPAM 2000-87,
Nordestina e Paraguaçu) apresentaram cerosidade no caule, corroborando com Távora (1982)
que justifica essa característica como sendo uma vantagem adaptativa à plantas de regiões de
clima quente. Os frutos avaliados de todas as cultivares apresentaram coloração verde, porém
com intensidade e cerosidades diferenciadas. As cultivares com frutos cerosos também
apresentaram cerosidade no caule. Em relação aos acúleos, a maior parte das cultivares
possuíam coloração verde, exceto na Mexicana e na Paraguaçu nas quais observou-se
coloração rosada, e na CNPAM 2000-87, com coloração roxa. A presença de cerosidade foi
observada nas cultivares CNPAM 2000-87, Mexicana e Paraguaçu. O formato do racemo,
para a maioria das cultivares, foi classificado como esférico, com exceção para as cultivares
IAC-80 e Mexicana, cujo formato foi considerado como troncônico. Os resultados das
características morfológicas avaliadas não foram coincidentes para todos os cultivares, o que
permite uma classificação fenotípica para identificação das cultivares de mamoneira.
1105
Observando o comprimento médio de internódio, percebe-se que as cultivares IAC-80 (4,0
cm) e Nordestina (4,2 cm) apresentaram os menores valores em relação às demais, sendo
pertencentes ao grupo médio e alto respectivamente, de acordo com Veiga et al.,(1989).
Apesar de não detectado pela análise estatística, existe uma tendência da cultivar de maior
altura (Mexicana) apresentar maior comprimento de internódios e diâmetro do caule. Para o
número de internódios do caule foi observado que as cultivares IAC-80 e Mexicana
apresentaram os maiores valores, e a cultivar Brejeira o menor valor (10). De acordo com
Távora (1982), o número de internódios produzidos até a emissão da primeira inflorescência é
um caráter fenológico importante, pois está associado à precocidade e rápida maturação.
Tabela 3 – Altura (AC), diâmetro (DC), comprimento médio de internódios (CMI) e número
de internódios do caule (NIC) de seis cultivares de mamoneira cultivada no município de
Lavras-MG.
Cultivares AC (cm) DC (mm) CMI (cm) NIC
Brejeira 58,9b 31,4a 5,8a 10c
CNPAM 2000-87 72,3b 27,0a 6,2a 12b
IAC 80 66,5b 30,5a 4,0b 15a
Mexicana 108,3a 36,8a 7,6a 15a
Nordestina 61,3b 24,7a 4,2b 12b
Paraguaçu 72,8b 29,5a 5,6a 11b
As médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott a
5% de probabilidade.
As variáveis respostas envolvidas com as diferentes ordens dos racemos são mostradas
na Tabela 4. O comprimento médio do racemo nas duas ordens é dependente da cultivar
testada. No racemo primário, a cultivar IAC 80 obteve o maior comprimento médio e a única
que diferenciou do racemo secundário, com valores de 38,0 cm e 15,7 cm respectivamente.
Dentro do racemo secundário, a cultivar Mexicana diferiu significativamente das demais, com
um comprimento médio de 27,8 cm.
1106
Tabela 4 – Comprimento médio do racemo (CMR) e do pedúnculo do fruto (CP) de diferentes
ordens do racemo de seis cultivares de mamoneira cultivada no município de Lavras-MG.
Ordem do racemo
Cultivares Primário Secundário Primário Secundário
CMR (cm) CP (cm)
Brejeira 20,7cA 17,7bA 4,1a 3,7a
CNPAM 2000-87 16,5cA 16,3bA 4,4a 3,5a
IAC 80 38,0aA 15,7bB 2,3c 2,4c
Mexicana 28,9bA 27,8aA 4,0a 3,8a
Nordestina 20,3cA 14,2bA 3,1b 3,0b
Paraguaçu 22,7cA 15,4bA 4,1a 3,4a
As médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, dentro de cada variável resposta,
não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
1107
Figura1 – Número de frutos médio dos racemos primário, secundário e total de seis cultivares
de mamoneira cultivada no município de Lavras-MG. As médias seguidas de mesma letra,
minúscula dentro de cada ordem de racemo e maiúscula para o total de frutos dos dois
racemos, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5%.
1108
Figura 2 – Produção média (kg/ha) dos racemos primário, secundário e total de seis cultivares
de mamoneira cultivada no município de Lavras-MG. As médias seguidas de mesma letra,
minúscula dentro de cada ordem de racemo e maiúscula para o total de frutos dos dois
racemos, não diferem entre si pelo teste de Skott-Knott ao nível de 5%.
4 CONCLUSÃO
Variações morfológicas nas plantas de mamoneira permitem a diferenciação de algumas
cultivares utilizadas para o plantio no sul de Minas Gerais;
A coloração do caule é uma característica morfológica qualitativa marcante na
diferenciação de cultivares;
As cultivares Mexicana e IAC 80 se destacaram em relação ao seu maior potencial
produtivo sob condições de safrinha.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, F.S.; OLIVEIRA JÚNIOR, J.O.L.; GOMES, R.L.F.; MORAES, J.C.B.;
SAGRILO, E.; ARAÚJO, A.R. Caracterização morfo-agronômica de acessos de mandioca
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1109
nas condições edafoclimáticas de Teresina, PI. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
MANDIOCA, 11., 2005, Campo Grande. Disponível em: <
http://www.suct.ms.gov.br/mandioca/trabalhos/PASTA61.pdf >. Acesso em: 01 mar. 2007.
1110
INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE SEMENTES
DE GERGELIM (Sesamum indicum L.)
1111
1 INTRODUÇÃO
Os desenvolvimentos científico, tecnológico e econômico das últimas décadas têm
contribuído para a melhoria da qualidade e expectativa de vida dos seres humanos. Entretanto,
o estilo de vida contemporâneo associado à má alimentação, principalmente nos grandes
centros urbanos, tem contribuído para o aumento no número de casos de doenças
degenerativas crônicas, como câncer, arteriosclerose e cardiopatias. Tais doenças
normalmente são resultado do estresse oxidativo causado pelo excesso de radicais livres no
organismo (MAFRA, ABDALLA e COZOLLINO, 1999). Os radicais livres são
freqüentemente originados no curso normal da energética celular e normalmente sua produção
na célula encontra-se em níveis toleráveis, possibilitando um controle antioxidante satisfatório
realizado pelo próprio organismo (SIGNORINI E SIGNORINI, 1993). No entanto, alguns
fatores podem desencadear produção excessiva de radicais livres, como o acúmulo de ácido
lático (lactoacidose) e de corpos cetônicos (cetoacidose), resultantes do fumo, estresse
emocional e da prática de exercícios extenuantes, havendo um efeito prejudicial às células,
principalmente os causados nas membranas celulares oriundos da peroxidação lipídica
(SIGNORINI E SIGNORINI, 1993).
Estudos têm mostrado que o combate a estes radicais pode ser realizado a partir da
ingestão de antioxidantes. Essas substâncias, quando presentes em pequenas quantidades,
atuam retardando ou inibindo a oxidação do substrato, seqüestrando os radicais livres e
quelando íons metálicos (GALVÃO et al., 2006).
Os antioxidantes podem ser enzimáticos ou não enzimáticos. Os não enzimáticos em
sua maioria são exógenos, ou seja, tem de ser absorvidos por alimentação apropriada (KUSS,
2005). Os principais são as vitaminas lipossolúveis (vitaminas A e E), as hidrossolúveis
(vitamina C e vitaminas do complexo B), o β-caroteno, os oligoelementos (zinco, cobre,
selênio, etc.) e os bioflavonóides, oriundos de vegetais (KUSS, 2005).
Os antioxidantes sintéticos como o butil hidroxitolueno (BHT), normalmente utilizados
em produtos alimentícios, têm causado questionamentos quanto ao seu uso seguro devido ao
aparecimento de sabores estranhos, caráter toxicológico e problemas de solubilidade
(GALVÃO et al., 2006). Desse modo, os antioxidantes sintéticos tendem a ser substituídos
pelos antioxidantes naturais, comumente presente em frutas, sementes oleaginosas, vinhos e
chás.
De acordo com BARROS et al. (2001) Apud BELTRÃO & VIEIRA (2001) o óleo de
gergelim possui elevada estabilidade oxidativa quando comparado com a maioria dos óleos
1112
vegetais em razão da sua composição de ácidos graxos e pela presença dos antioxidantes
naturais, sesamolina, sesamina, sesamol e gama tocoferol.
Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivos avaliar a atividade antioxidante
in vitro das sementes de gergelim e comparar sua eficiência na inibição da oxidação com a do
antioxidante sintético BHT para a concentração normalmente utilizada nos produtos
alimentícios.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os reagentes e solventes utilizados foram de grau analítico: éter etílico (CRQ- 97-98%
de pureza) e etanol (VETEC-99,5% de pureza), β-caroteno, Tween 20, ácido linoléico e
clorofórmio.
Aquisição e Preparo da matéria-prima
As sementes de gergelim foram adquiridas em supermercados de Natal-RN,
homogeneizadas e estocadas em frascos.
Para a realização dos experimentos, as sementes foram trituradas em multiprocessador
doméstico (Arno, modelo PRO, Brasil) por 5 segundos e peneiradas em agitador de peneiras
(Produtest-reostat) por 5 min, sendo utilizada nos experimentos a granulometria de 20 mesh.
Obtenção dos extratos de gergelim
Os extratos foram obtidos de forma seqüencial, partindo de 10 g de semente (20mesh) e
200 mL de éter etílico, submetidos à agitação a temperatura ambiente por 1 h e filtração a
vácuo. A obtenção dos extratos etéreo, alcoólico e aquoso encontra-se esquematizada na
Figura 1.
1113
linhaça m arrom
(20m esh) + éter etílico
(1:20)
1 h de agitação
filtração a vá cuo
1 h de agitação
filtração a vácuo
1h de agitação
centrifugação
filtração a vácuo
Filtrado 3 Precipitado3
(extrato aquoso) (desprezado)
cada extrato. O peso do extrato seco ( % Psec o ) pode ser calculado a partir da equação 1:
⎛ Pf − Pi ⎞
% Psec o = ⎜⎜ ⎟100
⎟
⎝ g ⎠ (1)
P
Sendo Pi o peso inicial, f o peso final e g a quantidade em mL de cada extrato.
Atividade antioxidante dos extratos no sistema β-caroteno/ ácido linoléico
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1114
A metodologia utilizada para a determinação da atividade antioxidante dos extratos foi
proposta por MARCO (1968) e modificada por MILLER (1971), com concentrações
propostas por MOREIRA & MANCINI FILHO (2003). Consiste num método in vitro de co-
oxidação de substratos que utiliza o ácido linoléico, o β-caroteno e o tween como agente
emulsificante. Tal método encontra-se fundamentado em medidas espectrofotométricas da
descoloração (oxidação) do β-caroteno induzida pelos produtos de degradação oxidativa do
ácido linoléico.
A mistura reativa foi preparada em erlenmeyer de 250 mL a partir de 40μL de ácido
linoléico, 14 gotas de Tween 20, 50μL de β-caroteno (20mg/mL de clorofórmio) e 1mL de
clorofórmio para tornar a mistura homogênea. Em seguida, a mistura foi submetida à
completa evaporação do clorofórmio. A esta mistura isenta de clorofórmio foi adicionada
água destilada, previamente tratada com borbulhamento de oxigênio durante 30 minutos, até
se obter uma solução com densidade ótica entre 0,6 e 0,7, num comprimento de onda de 470
nm, medidos em espectrofotômetro (Spectrophotometer Coleman 395-D Digital UV-VIS).
Diferentes volumes de extrato etéreo (20, 50, 100 e 200μL) foram adicionados a tubos de
ensaio contendo a mistura reativa. O sistema obtido foi homogeneizado e mantido a 45ºC em
banho-maria para acelerar as reações de oxidação e iniciar o descoramento do β-caroteno.
Leituras espectrofotométricas foram realizadas imediatamente e repetidas a cada 15 minutos
por um período de uma hora. Este procedimento foi repetido para os extratos alcoólico e
aquoso. Todas as determinações foram realizadas em duplicata e acompanhadas por um
controle sem antioxidantes.
Os resultados são expressos como percentagem de inibição da oxidação (%I), que é
calculada considerando o decaimento da densidade ótica do controle (Dc) como 100% de
oxidação (Equação 2).
⎛ Dc − Dam ⎞
%I = ⎜ ⎟100
⎝ Dc ⎠ (2)
1115
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados do potencial antioxidante para os extratos de gergelim foram expressos
em percentual de inibição da oxidação (%I). Como pode ser visualizado na Figura 1, o melhor
porcentual de inibição foi alcançado pelo extrato etéreo (69,27%) para o volume de 50 μL, em
relação a 100% de oxidação no controle sem antioxidantes. Para os extratos alcoólico e
aquoso, foi constatado um aumento linear do percentual de inibição da oxidação na medida
em que se elevou o volume de extrato no meio.
Segundo SILVA et al. (1999), a atividade antioxidante varia com o tipo de composto e
sua concentração. Como já mencionado, o óleo de gergelim apresenta os antioxidantes
naturais: sesamolina, sesamina, sesamol e gama tocoferol (BARROS et al. (2001) Apud
BELTRÃO & VIEIRA (2001), dessa forma os resultados obtidos para o extrato etéreo podem
estar correlacionados com a seletividade de tais antioxidantes por este meio.
Em comparação ao antioxidante sintético BHT (a uma concentração de 100ppm), o
extrato etéreo (nos volumes de 20, 50 e 100μL e concentração de 4800mg/mL), mostrou ser o
mais efetivo ao prevenir a oxidação da emulsão β-caroteno/ ácido linoléico, expressando,
assim, maior estabilidade frente à oxidação. Para o volume de 200 μL, o extrato aquoso
passou a exercer maior proteção.
100,00
88,42 86,00
90,00
% Inibição da oxidação (%I)
78,75
80,00
69,27
70,00 63,00 63,66 61,83
60,00
49,14 48,12
50,00 45,93 44,53
42,51
40,00 34,31
31,12
26,43
30,00 24,03
20,00
10,00
0,00
20 uL 50 uL 100 uL 200 uL
Volumes (uL)
1116
Embora os resultados de inibição da oxidação promovidos pelos extratos de gergelim
tenham sido relevantes, faz-se necessário um estudo mais amplo (com testes adicionais
variando a concentração dos extratos, estudo cinético e estudos de toxicidade), a fim de se
poderem indicá-los seguramente como prováveis substituintes do BHT na indústria de
alimentos.
4 CONCLUSÃO
Os extratos de gergelim apresentaram bons percentuais de inibição da oxidação, tendo
se destacado o extrato etéreo com 69,27% para o volume de 50 μL em relação a 100% de
oxidação no controle sem antioxidantes. Em comparação com o antioxidante sintético BHT (a
uma concentração de 100 ppm), o extrato etéreo (concentração de 4800mg/mL) mostrou ser o
mais efetivo, destacando-se em relação aos demais extratos para os volumes de 20, 50 e
100μL. No entanto, para considerar tais extratos como prováveis substituintes do BHT são
necessários ensaios mais completos, que incluam um estudo cinético e estudos de toxicidade.
Estudos mais aprofundados serão realizados a fim de possibilitar uma aplicação segura na
indústria de alimentos.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Departamento de Nutrição da UFRN por possibilitar a
realização das análises e ao CNPQ pelo suporte financeiro.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, M.A.L.; SANTOS, R.F.; BENATI, T.; FIRMINO P. T. Importância econômica e
social. In: BELTRÃO, N. E. M.; VIEIRA, D. J. (Eds. Tecs) O agronegócio do gergelim no
Brasil. Brasília: embrapa Informação Tecnológica, 2001., p.26-27; 32-34; 329-330.
1117
MARCO, G. J. A rapid method for evaluation of antioxidants. J. Am. Oil Chem. Soc.,
Champaign, v.45, p.594-598, 1968.
MILLER, H.E. A simplified method for the evaluation of antioxidant. J. Am. Oil. Chem.
Soc., Champaign, v.48, p.91, 1971.
1118
ADEQUAÇÃO DO TESTE DE GERMINAÇÃO PARA SEMENTES DE
PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)
RESUMO: A cultura do pinhão manso vem se expandindo no Brasil pelo seu potencial
sócio-econômico em programas de combustíveis alternativos. Existem poucas informações
sobre a tecnologia de produção de mudas e sementes dessa espécie, apesar da importância da
qualidade das sementes no processo de implantação de lavouras perenes como as de pinhão-
manso. O teste de germinação é o teste mais recomendado para a definição do potencial
fisiológico de lotes, e deve ser conduzido em condições ideais para a espécie, mas
microrganismos presentes nas sementes podem afetar os seus resultados. Para avaliar o efeito
da temperatura e do tratamento pré-germinativo sobre a qualidade fisiológica de sementes de
Jatropha curcas L. foram utilizados 5 lotes de sementes de diferentes origens, os quais foram
ou não tratados com a mistura fungicida carboxim+tiram e com hipoclorito de sódio. As
sementes foram submetidas ao teste de germinação nas temperatura de 25ºC e alternada de
20-30ºC e também ao teste de emergência em solo e areia em condições controladas de
temperatura de 25ºC. O delineamento foi o inteiramente casualizado com 4 repetições de 50
sementes, sendo as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5%. O teste de germinação
de sementes de pinhão-manso deve ser realizado a temperatura de 25ºC. A resposta ao
tratamento pré-germinativo de sementes de pinhão-manso depende da qualidade fisiológica e
sanitária do lote.
1119
1 INTRODUÇÃO
O Pinhão Manso (Jatropha curcas L.), também conhecido por Pinhão paraguaio, pinhão
de purga, pinhão de cerca, purgante de cavalo, é uma oleaginosa pertencente à família das
Euphorbiaceae (Cortesão, 1956). A cultura vem sendo considerada como uma opção agrícola
para o Brasil por ser uma espécie nativa, exigente em insolação, com forte resistência à seca e
viável para a obtenção do biodiesel. Produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare,
levando de três a quatro anos para atingir a idade produtiva, que pode se estender por 40 anos
(Carnielli, 2003). Um dos entraves para a utilização da cultura é o desconhecimento da
fisiologia da planta que demonstra a necessidade do desenvolvimento de pesquisas na área
(Saturnino et al. ,2005).
A propagação do pinhão-manso ocorre por via vegetativa ou clonal (estaquia,
micropropagação ou cultura de tecidos ou enxertia) ou por sementes. Existem evidencias que
a germinação das sementes de pinhão-manso se completa em dez dias, e as condições ótimas
para o processo germinativo ocorre em temperaturas acima de 20° C e com alta intensidade de
irrigação. Em temperaturas abaixo de 15°C a germinação é mais lenta, aumentando assim o
tempo médio de germinação (Joker e Jepsen, 2003).
Sabe-se que a temperatura influencia na germinação tanto por agir sobre a velocidade de
absorção de água, como também sobre as reações bioquímicas que determinam o processo,
reações estas que vão desdobrar, ressintetizar e transportar para o eixo embrionário, as
substâncias de reserva (Carvalho e Nakagawa, 2000). A temperatura ótima para a ocorrência
do processo germinativo é peculiar para cada espécie.
Um outro fator importante que afeta a germinação das sementes é a presença de
microrganismos associados às mesmas, principalmente durante os testes de germinação, onde
as condições de proximidade entre as sementes podem propiciar maior contaminação. O
tratamento de sementes pode ser utilizado para diminuir a ação de patógenos presentes nas
sementes em diversas fases do processo de produção (KROHN et al., 2004).
Diante da escassez de informações sobre a influência de fatores que afetam o processo
germinativo de sementes de pinhão-manso, o presente trabalho foi realizado com o objetivo
de investigar o efeito da temperatura e tratamento de sementes na germinação de lotes de
sementes de Jatropha curcas L.
1120
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG.
Foram utilizados cinco lotes de sementes de pinhão manso provenientes de diferentes
regiões do Brasil e colhidas em diferentes épocas, submetidos aos tratamentos ou não de
desinfestação superficial com hipoclorito de sódio e fungicida e testadas também duas
condições de temperaturas de germinação: 25ºC constante e alternância de 20-30°C.
As sementes puras dos diferentes lotes foram submetidas à desinfestação superficial
com a utilização de hipoclorito de sódio 2% por 1 minuto, de acordo com Machado (2000). O
tratamento fungicida foi com a mistura carboxim+thiram - 500mL do produto comercial
Vitavax-Thiran® para 100 kg de sementes (Queiroz, 2004). Como testemunha, foram
utilizadas também sementes sem tratamento.
Para o teste de germinação, foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes por
tratamento distribuídas uniformemente, tendo como substrato papel do tipo germitest na
forma de rolo, umedecido com água destilada na proporção de 2,5 vezes seu peso. As
sementes foram mantidas em câmaras de germinação com temperatura regulada para 25°C e
com alternância nas temperaturas de 20-30°C. As avaliações foram feitas aos cinco (Primeira
contagem) e dez dias e as plântulas foram classificadas em plântulas normais, anormais
infectadas e anormais deformadas; e as sementes em mortas e dormentes, conforme Brasil
(1992) e os resultados foram expressos em porcentagem.
O teste de emergência foi feito utilizando-se 200 sementes por tratamento divididas em
quatro repetições. As 50 sementes de cada repetição foram semeadas em bandejas contendo
substrato solo + areia na proporção de 1:2 e colocadas em câmaras de crescimento com
temperatura regulada para 25ºC. As contagens de plântulas emergidas foram feitas aos 15 dias
após a semeadura.
O experimento foi instalado no delineamento inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 5 x 2 x 3 (5 lotes, 2 temperaturas e 3 tratamentos de sementes) para a germinação e
fatorial 5x3 (5 lotes e 3 tratamentos de sementes) para a emergência, com quatro repetições.
As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade.
1121
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da tabela 1 são referentes ao percentual de germinação. Verifica-se que o
tratamento de sementes, bem como o tipo de temperatura testada são dependentes do lote
avaliado. Em geral, a germinação realizada à temperatura de 25ºC constante foi superior ou se
igualou aos resultados de germinação obtidos com alternância de temperatura, indicando
haver possibilidade de realização do teste em temperatura constante.
Tabela 1 - Valores médios (%) referentes à germinação de cinco lotes de sementes de pinhão-
manso semeadas em diferentes temperaturas e três tratamentos de sementes. UFLA, Lavras-
MG, 2007.
Não tratada Fungicida Hipoclorito
Lote
25º 20-30º 25º 20-30º 25º 20-30º
1 69 Bb 85 Aa 77 Ba 64 Ab 71 Ba 70 Aa
2 59 Ca 63 Ba 71 Ba 65 Aa 78 Aa 77 Aa
3 59 Ca 41 Cb 53 Ca 50 Ba 68 Ba 51 Bb
4 84 Aa 69 Bb 74 Ba 69 Aa 85 Aa 71 Ab
5 71 Ba 68 Ba 87 Aa 70 Ab 88 Aa 70 Ab
CV 10,14
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, dentro de cada tratamento, não
diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.
1122
Tabela 2 - Valores médios (%) referentes à germinação de cinco lotes de sementes de pinhão-
manso, semeadas em diferentes temperaturas e três tratamentos de sementes. UFLA, Lavras-
MG, 2007.
25º 20-30º
Lote
Não tratada Fungicida Hipoclorito Não tratada Fungicida Hipoclorito
1 69 a 77 a 71 a 85 a 64 b 70 b
2 59 b 71 a 78 a 63 b 65 b 77 a
3 59 b 53 b 68 a 41 a 50 a 51 a
4 84 a 74 a 85 a 69 a 69 a 71 a
5 71 b 87 a 88 a 68 a 70 a 70 a
CV 10,14
Médias seguidas pela mesma letra na linha, dentro de cada temperatura testada, não diferem entre si pelo teste de
Scott-Knott, a 5% de probabilidade.
Tabela 3 - Valores médios (%) referentes à primeira contagem da germinação de cinco lotes
de sementes de pinhão-manso, semeadas em diferentes temperaturas e três tratamentos de
sementes. UFLA, Lavras-MG, 2007.
Não tratada Fungicida Hipoclorito
Lote
25º 20-30º 25º 20-30º 25º 20-30º
1 57 Ba 49 Aa 69 Aa 31 Bb 55 Ba 42 Ab
2 35 Ca 35 Ba 52 Ba 29 Bb 61 Ba 37 Bb
3 40 Ca 23 Cb 41 Ba 29 Bb 45 Ca 27 Bb
4 79 Aa 52 Ab 71 Aa 45 Ab 79 Aa 47 Ab
5 57 Ba 53 Aa 81 Aa 42 Ab 71 Aa 48 Ab
CV 14,05
1123
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, dentro de
cada tratamento de sementes, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade.
Verifica-se que o tipo de tratamento de sementes não alterou o vigor (Tabela 4) de 80%
dos lotes de sementes testadas em temperatura de 20-30ºC. Nessa mesma condição, o
fungicida reduziu o vigor das sementes de pinhão-manso pertencentes ao lote 1. Na
temperatura de 25ºC, a resposta em vigor das sementes dependeu do tipo de lote avaliado,
mas que de uma maneira mais ampla, as sementes tratadas (hipoclorito ou fungicida)
obtiveram médias de percentagem de germinação superiores à testemunha.
Tabela 4 - Valores médios (%) referentes à primeira contagem da germinação de cinco lotes
de sementes de pinhão-manso, semeadas em diferentes temperaturas e três tratamentos de
sementes. UFLA, Lavras-MG, 2007.
25º 20-30º
Lote
Não tratada fungicida hipoclorito Não tratada fungicida hipoclorito
1 57 b 69 a 55 b 49 a 31 b 42 a
2 35 b 52 a 61 a 35 a 29 a 37 a
3 40 a 41 a 45 a 23 a 29 a 27 a
4 79 a 71 a 79 a 52 a 45 a 47 a
5 57 b 81 a 71 a 53 a 42 a 48 a
CV 14,05
Médias seguidas pela mesma letra, dentro de cada temperatura, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a
5% de probabilidade.
1124
Tabela 5 - Valores médios de emergência (%) de cinco lotes de sementes de pinhão-manso em
condições controladas de crescimento. UFLA, Lavras-MG, 2007.
Tratamento de semente
Lotes
Não tratada Fungicida Hipoclorito
1 90 Aa 89 Aa 60 Bb
2 66 Ba 69 Aa 81 Aa
3 52 Ba 52 Ba 67 Ba
4 89 Aa 80 Aa 91 Aa
5 85 Aa 78 Aa 79 Aa
CV 13,24
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si, pelo teste de
Scott-Knott, a 5% de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
O teste de germinação de sementes de pinhão-manso deve ser realizado a temperatura
de 25ºC.
A resposta ao tratamento pré-germinativo de sementes de pinhão-manso depende da
qualidade fisiológica e sanitária do lote.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamento Nacional de Produção Vegetal. Equipe
técnica de sementes e mudas. Regras para análise de sementes. Brasília, 1992, 365 p.
FAIAD, M.G.R.; SALOMÃO, A.N.; CUNHA, R.; PADILHA, L.S. Efeito do hipoclorito de
sódio sobre a qualidade fisiológica e sanitária de sementes de Commiphora lepthophloeos
(Mart.) J.B. Gillet. Revista Brasileira de Sementes. Brasília, v.19, n.1, p.14-17, 1997.
JOKER, D.; JEPSEN, J.K. Jatropha curcas L. Seed Leaflet, Humleback, Denmark, n.83, p.1-
2, Aug.2003.
1125
KROHN, N.G.; MALAVASI, M.M. Qualidade fisiológica de sementes de soja tratadas com
fungicidas durante e após o armazenamento. Revista Brasileira de Sementes. Brasília, v.26,
n.2, p.91-97, 2004.
1126
ANÁLISE DE PARTE DO GENOMA FUNCIONAL DA MICROALGA
THALASSIOSIRA FLUVIATILIS, PRODUTORA DE ALTOS PERFIS DE
ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS ÔMEGA-3
RESUMO: O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de clonar genes de enzimas
envolvidas na biossíntese de ácidos graxos poliinsaturados ômega-3, moléculas essenciais
para a manutenção da saúde do organismo, para serem utilizados no melhoramento de
alimentos tradicionais. Para isto foi realizado o sequenciamento de 1920 ESTs de uma
biblioteca de cDNA da diatomácea Thalassiosira fluviatilis, escolhida por ser um organismo
produtor de altos perfis de EPA e DHA. Das seqüências geradas 1090 foram validadas
formando 775 clusters, dos quais, apenas 165 apresentaram identidade com proteínas
depositadas no GenBank, 109 apresentaram identidade com seqüências nucleotídicas da
microalga Thalassiosira pseudonana e 36 clusters tiveram identidade com seqüências ESTs do
GenBank. Os 579 clusters restantes não apresentaram identidade com nenhuma seqüência
dentre os bancos analisados, sendo exclusivas de T. fluviatilis. Na mesma análise foram
encontrados 7 genes de enzimas envolvidas com metabolismo de ácidos graxos, sendo que 4
destes genes são de enzimas envolvidas na biossíntese de ácidos graxos poliinsaturados
ômega-3. O presente estudo, além de gerar informações sobre o genoma funcional da
microalga T. fluviatilis mostrou que é possível encontrar genes desta rota biossintética de
ácidos graxo ômega-3 por meio de seqüênciamento massivo, incentivando o seqüênciamento
em maior escala da mesma biblioteca de cDNA.
1127
1 INTRODUÇÃO
Os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 são moléculas lipídicas presentes em óleos
que têm fundamental importância na dieta humana exercendo grande papel na manutenção da
saúde. Dentre esses ácidos graxos, destacam-se o ácido eicosapentaenóico (EPA –
eicosapentaenoic acid) e o ácido docosahexaenóico (DHA – docosahexaenoic acid), também
denominados ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (LCPUFAs – long chain
polyunsaturated fatty acid).
A valorização da importância dos ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 na saúde
humana, em especial EPA e DHA, tem crescido nos últimos 20 anos. Inúmeros trabalhos
científicos têm constatado a influência destes óleos na prevenção e modulação de certas
condições patológicas como a obesidade e doenças cardiovasculares e sua essencialidade no
desenvolvimento do cérebro e retina (Sayanova & Napier, 2004).
Humanos podem sintetizar tanto o ácido EPA quanto o DHA a partir de ALA (ácido
alfa-linolênico), através de uma série de dessaturações (adição de uma ligação dupla) e
elongações (adição de dois átomos de carbono), entretanto o ALA não pode ser sintetizado
pelo organismo humano, por este motivo é considerado essencial e deve ser suprido na
alimentação (Sayanova & Napier, 2004).
A síntese de EPA e DHA em humanos, no entanto, é limitada. A proporção de ALA em
relação ao ácido linoléico (LA) na dieta, um ácido graxo do tipo ômega-6, gera esta
deficiência, pois as mesmas enzimas atuam sobre os dois tipos de substratos na produção de
seus derivados (Schmidt, 2000).
A maior fonte de ácido alfa-linolênico é a semente de linhaça (19,81g/100g), outras
fontes são óleos vegetais como o de canola (6,78g/100g) e de soja (5,72g/100g), em nozes
(8,82g/100g) e vegetais de folhas verdes escuras como brócolis (0,10g/100g) e espinafre
(0,38g/100g), entretanto estes contém maiores concentrações de ômega-6 com exceção da
linhaça e do brócolis (tabela brasileira de composição de alimentos - TACO, 2006).
Estima-se que a proporção de LA:ALA chega a patamares de 16:1, sendo que o ideal
estimado para a manutenção da saúde do organismo é no máximo 6:1. (Eckert et al., 2006).
Considerando essa competição LA versus ALA, o ideal para manter as quantidades
ideais de EPA e DHA no organismo é ingeri-los pré-formados e sua fonte presente na
alimentação tradicional são peixes de águas frias marinhas, como por exemplo: salmão,
cavala, arenque, anchovas, atum e sardinhas. Vários estudos prospectivos encontraram que o
homem que come peixe pelo menos uma vez por semana tem menor taxa de mortalidade de
1128
doenças da artéria coronária (DAC) comparado com homens que não comem peixe
(Kromhout et al., 1995).
Diante disto, a produção destes ácidos graxos em alimentos tradicionais é um objetivo a
ser contemplado e para isto a engenharia genética é uma ferramenta de grande auxílio, sendo
portanto, essencial o estudo e clonagem de genes de enzimas envolvidas na biossíntese de
EPA e DHA a partir de organismos produtores de altos teores desses compostos.
Estudos têm mostrado que os óleos ômega-3 presentes nos peixes provêm da ingestão
de organismos que constituem o zooplâncton, os quais têm as microalgas como seu principal
alimento (Derner, 2005). Algumas microalgas, incluindo diatomáceas, acumulam grandes
quantidades de EPA e DHA em gotículas lipídicas contidas em seu citoplasma, e por esse
motivo destacam-se para o estudo genômico de rotas biossintéticas destes compostos.
Assim, o presente trabalho tem o objetivo de contribuir para o avanço do conhecimento
de rotas biossíntéticas de LCPUFAs por meio da análise parcial do genoma funcional da
microalga Thalassiosira fluviatilis, uma produtora de altos perfis de LCPUFAs.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Uma cepa da diatomácea Thalassiosira fluviatilis foi cedida pelo laboratório de
Camarões Marinhos – UFSC, onde o perfil de ácidos graxos foi previamente caracterizado.
O RNA total de cada cepa foi extraído utilizando-se o Concert Plant RNA Reagent
(Invitrogen) de acordo com o protocolo indicado pelo fabricante. Os RNAs mensageiros
(mRNAs) poliadenilados foram isolados utilizando-se o Kit micro-FastTrack mRNA isolation
(Invitrogen) e usado na produção de bibliotecas de cDNAs segundo o protocolo descrito no
Kit Creator SMART cDNA library da Clontech.
A população de cDNAs foi clonada no plasmídeo pDNR-LIB e em seguida os
plasmídeos recombinantes foram utilizados para transformar células de E. coli (One Shot
TOP10 Competent Cells) através de eletroporação.
As extremidades 5' de 1920 clones da biblioteca de cDNA foram seqüenciadas na
plataforma de seqüênciamento de DNA da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
(http://www/laboratorios/psd/psd.html), utilizando-se o oligonucleotídeo iniciador “M13
forward” (5`- TGT AAA ACG ACG GCC AGT - 3`), DNA molde, BigDye e água, baseando-
se na amplificação por ciclagem de temperatura e incorporação de dideoxinucleotídeos e uso
de equipamento seqüenciador automático ABI3700. Os fragmentos foram lidos a partir de
microplacas de 96 poços durante uma corrida de 10 horas, onde foram lidas cerca de 700 pb.
1129
Os eletroferogramas foram então submetidos ao Sistema GENOMA do Laboratório de
Bioinformática da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
(http://genoma.cenargen.embrapa.br/genoma/) para processamento e análise de seqüências.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 1920 ESTs obtidos, 56,77% foram aceitas sendo consideradas válidas por ter boa
qualidade (Phred >20) e baixo percentual de vetor. A partir das 1090 ESTs de T. fluviatilis
validadas no programa Sistema Genoma, 775 clusters foram gerados, distribuindo-se em 628
singletons e 147 contigs (Tabela 1).
Baseado nas categorias descritas por Lee et al. (2005), observou-se que: cerca de
89,12% dos contigs apresentaram baixa redundância (2-4 reads por contigs), dos quais 92
contigs continham 2 reads, 31 contigs continham 3 reads e 8 contigs continham 4 reads
(Tabela 1); 8,16% apresentaram média redundância (5-10 reads por contig); e apenas 2,72 %
dos ESTs apresentaram alta redundância (>10 reads por contigs), sendo eles: um contig com
22 reads, um contig com 17 reads, um contig com 12 reads e um contig com 11 reads.
Um total de 454 sequencias ESTs foram agrupadas formando os contigs, que unidos aos
singletons somam 1082 ESTs. A análise da clusterização da biblioteca revelou um índice de
81,03% de novidade e 41,96% de redundância o que mostra que a biblioteca ainda pode ser
explorada para a obtenção e identificação de novos genes. A distribuição das “reads” entre os
“contigs” confirma a baixa redundância da biblioteca, baseado nas categorias descritas por
Lee et al. (2005) (Tabela 1).
1130
Tabela 1 - Sumário do seqüênciamento de ESTs da diatomácea Thalassiosira fluviatilis.
Biblioteca de ESTs
No. de ESTs sequenciados 1920
No. de sequencias válidas 1090
No. de ESTs identificados* 1082
Redundância (%)** 41,96
Novidade (%)*** 81,03
Agrupamento das ESTs (clusters)
No. de singletons 628
No. de contigs 147
No. de reads em contigs 454
No. de clusters 775
Distribuição dos reads nos contigs
2 - 4 reads (%) 89,12
5 - 10 reads (%) 8,16
> 10 reads (%) 2,72
*total de reads em contigs + singletons. **Redundância = numero de ESTs em contigs x 100/numero total de
ESTs. ***Percentual de clusters.
Das 775 ESTs submetidos ao BLASTx contra sequências não redundantes (nr) do
GenBank, 165 clusters tiveram similaridade com proteínas identificadas, totalizando 21,29%
dos clusters.
As seqüências foram também submetidas ao BLASTn contra o banco de ESTs do
GenBank e contra um banco de seqüências de uma biblioteca genômica da microalga
Thalassiosira pseudonana. Para o banco de ESTs, 36 seqüências (4,6%) tiveram similaridade
com algum organismo sendo 29 delas, a microalga diatomácea Phaeodactylum tricornutum.
Para o banco com seqüências genômicas da microalga diatomácea T. pseudonana, 109 das
ESTs (14,06%) apresentaram similaridade.
Das 165 ESTs analisadas pela similaridade com proteínas do GenBank-nr, 7 clusters
apresentaram similaridade com proteínas envolvidas com a síntese de lipídeos (Figura 1) e 4
deles correspondem a enzimas envolvidas com a via biossintética de ácidos graxos
poliinsaturados (Tabela 2). Este resultado é animador, pois evidencia que com o
seqüênciamento de mais clones desta biblioteca, há grandes chances de se obter os outros
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1131
genes envolvidos na rota de síntese de ômega-3 assim como uma análise mais detalhada dos
clones obtidos poderá revelar informações sobre o metabolismo de ácidos graxos desta
microalga que até o momento não apresentava nenhuma informação genômica disponível.
clusters
4,24%
biossíntese de
lipídeos
95,76%
outras funções
Tabela 2 - Lista das enzimas envolvidas da biossíntese de ácidos graxos poliinsaturados que
apresentaram similaridade com 4 clusters da biblioteca de cDNA da diatomácea Thalassiosira
fluviatilis.
DEFINIÇÃO ORGANISMO e-value
Thalassiosira
Δ6-dessaturase de ácido graxo pseudonana 3,53E-44
Δ6- dessaturase de ácido graxo / Δ8-dessaturase de
esfingolipídeo Ostreococcus tauri 1,59E-14
Robiginitalea
Provável ligase de ácidos graxos de cadeia longa a CoA biformata 1,43E-11
Gamma
Provável ligase de ácidos graxos de cadeia longa a CoA proteobacterium 2,98E-13
A ligase de ácidos graxos de cadeia longa a CoA consiste na enzima responsável por
ativar os ácidos graxos poliinsaturados ligando-os a coenzima-A e permitindo que entrem em
suas vias catabólicas e anabólicas (como a produção de EPA e DHA) (Li, et al., 2006).
A Δ6-dessaturase de ácido graxo é a primeira enzima a atuar na rota de biossíntese de
EPA e DHA convertendo o ácido alfa-linolênico em ácido estearidônico (STA) (figura 2). Ela
é capaz de inserir uma dupla ligação entre o sexto e o sétimo átomo de carbono do ácido
graxo contado a partir da carboxila. Para ser utilizada em transgenia, esta enzima, além de ser
1132
necessária por ser a primeira da via, tem a vantagem de que seu derivado STA é absorvido
com maior eficiência do que o ALA no organismo humano para produção de EPA e DHA
pois não compete com LA. Além disso, pode-se esperar que o organismo a ser transformado
tenha as outras enzimas que atuam após a Δ6-dessaturase de ácido graxo (figura 2) .
Figura 2 - Esquema da rota biossintética de EPA e DHA a partir de ALA. As enzimas estão
circuladas. Observe a localização da enzima Δ6-dessaturase de ácidos graxo na rota
metabólica circulada em vermelho.
4 CONCLUSÃO
O presente estudo, além de gerar informações sobre o genoma funcional da microalga
T. fluviatilis mostrou que é possível encontrar genes desta rota biossintética de ácidos graxo
ômega-3 por meio de seqüênciamento massivo, incentivando o seqüênciamento em maior
escala da mesma biblioteca de cDNA.
Atualmente temos como objetivo sequenciar o gene completo da Δ6-dessaturase de
ácidos graxos encontrado na biblioteca, avaliar sua função através da expressão heteróloga em
levedura e em seguida transformar embriões de soja com o intuito de produzir o derivado de
ALA (ácido estearidônico) em sementes.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1133
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Manual.
KROMHOUT D, FESKENS EJ, BOWLES CH. (1995) The protective effect of a small
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SAYANOVA OV, NAPIER JA. (2004) Eicosapentaenoic acid: Biosynthetic routes and
the potential for synthesis in transgenic plants. Phytochemistry 147-158;
1134
ESTUDO PRELIMINAR DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL
EM ETANOL SUPERCRÍTICO
1135
1 INTRODUÇÃO
Combustíveis alternativos para motores a diesel são cada vez mais importantes devido à
escassez das reservas de petróleo e aos problemas de poluição ambiental. Um grande número
de estudos tem mostrado que os triglicerídeos são uma alternativa promissora ao diesel
(BARTHOLOMEU, 1981).
A mamona (Rycicus communis) é considerada uma matéria prima estratégica para a
produção de biodiesel, pois é uma espécie nativa brasileira, possui versatilidade em relação ao
clima e ao tipo de solo, é abundante na região nordestina e, além disso, contém
aproximadamente 45-55% de óleo extraível.
O processo de produção do biodiesel consiste na linearização da molécula tri-
dimensional do óleo ou gordura (como por exemplo, o óleo de mamona), tornando-a similar à
do óleo diesel, assim como na redução da acidez e no deslocamento de glicerol pela ação do
álcool utilizado.
A transesterificação utilizando a catálise alcalina é o método atualmente mais usado na
produção de biodiesel. A literatura sobre a produção de biodiesel destaca com bastante ênfase
esta rota convencional para a sua obtenção, que já vem sendo testada no Brasil. Entretanto,
esta rota tem apresentado problemas em relação a purificação do produto, visto que exige a
retirada do catalisador presente, como também a retirada do álcool em excesso e presença de
produtos saponificados, devido a reações laterais existentes. Os diversos problemas
encontrados em relação à purificação dos produtos por esta rota, aliados aos custos envolvidos
no processo, sugerem a necessidade de se investigar novas rotas, utilizando-se,
principalmente, tecnologias mais “limpas”. É, portanto, muito importante que novas rotas
tecnológicas sejam investigadas de forma a se avaliar as vantagens e desvantagens das várias
possibilidades existentes.
Na “Rota Supercrítica” aqui estudada, o processo se baseia na reação de obtenção do
produto, utilizando-se determinadas substâncias (no caso o etanol), que na região acima ou
nas proximidades do ponto crítico, atuam com poder solvente/reagente. Esta técnica se
destaca por ser um processo natural, apresentando produtos limpos de alta qualidade e isentos
de qualquer alteração nas propriedades destas matérias primas.
A revisão literária apresenta perspectivas bastante interessantes com esta tecnologia:
Segundo KUSDIANA e SAKA (2001), este pode ser um método seguro e rápido, sem causar
danos ambientais, e necessita de menos energia no processo global, visto que o custo do
equipamento mais elevado é compensado pela rapidez da reação, melhor rendimento e menor
1136
custo de purificação. Trabalhos realizados por estes autores determinaram que o custo de
energia para produção do biodiesel no método convencional foi de 17,9 MJ/L biodiesel. O
processo de transesterificação sozinho (convencional) consumiu 4,3 MJ/L, enquanto que no
método supercrítico o consumo foi de 3,3 MJ/L (redução de 1 MJ/L por cada litro de
biodiesel produzido). Em relação a custos do processo (utilizando óleo de canola com
metanol), o processo convencional custou US$0,59/L no processo supercrítico, enquanto que
no convencional custou cerca de US$0,63/L. A simplificação do processo de purificação do
biodiesel também pode ser um fator bastante interessante, visto que não havendo catalisador,
não haverá reações laterais indesejáveis como a saponificação ( formação de sabões).
Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar, de forma preliminar, o
desempenho do reator projetado e desenvolvido para este fim, avaliando-se a reação
preliminar e a análise de algumas propriedades consideradas importantes para o biodiesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O óleo de mamona foi cedido gentilmente pela Empresa Bom Brasil ltda., e o álcool
etílico utilizado apresentou pureza de 99,8%. Inicialmente foi feita uma prévia agitação para
garantir uma boa miscibilidade dos reagentes (óleo + álcool). Em seguida, o meio reacional,
(na razão molar álcool/óleo de 40:1), foi introduzido no reator sob agitação a 300 Bar e
300ºC. Após a reação, o reator foi refrigerado bruscamente para paralisar a reação e
posteriormente aberto. O álcool residual foi retirado por destilação. Os experimentos foram
realizados em duplicata.
O reator construído (figura 1) consiste de um vaso cilíndrico composto por duas peças
(corpo e cabeça do reator), com volume útil total da câmara interna do vaso de 40 mL. Para
garantir as solicitações de pressões e temperaturas de trabalho, este equipamento foi
construído em aço inoxidável AISI 310 que atende às necessidades de projeto.
O aquecimento do reator dá-se através de uma resistência elétrica no recipiente
cerâmico que envolve o corpo do reator. Ao redor da superfície externa do recipiente temos
uma manta de isolamento térmico que minimiza as perdas de calor para o ambiente.
1137
Figura 1- Aparato Experimental
Onde:
1= reator (Reator + camisa) ; 2= Sistema de arrefecimento do reator;3= controle de
aquecimento; 4= bomba de pressão; 5= Indicador de pressão; 6= Válvula de entrada do
reagente; 7= válvula de saída do produto; 8= Válvula micrométrica (redutora de pressão e
coleta de produtos.
Com o intuito de se observar o processo de transesteritifcação do óleo de mamona em
éster etílico, o produto de reação foi analisado por cromatografia em papel (Whatman),
usando n-hexano como fase eluente, e espectroscopia na região (4000 – 500 cm-1) do
infravermelho médio (Espectrofotômetro IV, modelo ABB, série MB 104-BOMEN, pastilha
de KBr).
Os parâmetros físico-químicos como:, Índice de acidez, pH (pHmetro Digimed Mod:
DM-22), e Poder calorífico superior (Bomba calorimétrica Parr, USA) foram determinados
obedecendo as normas da ANP ( Agência Nacional do Petróleo).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
DEMIRBAS (2002), mostrou que o aumento da pressão e da temperatura da reação de
transesterificação com álcool supercrítico acarreta um aumento na produção de ésteres
1138
alquílicos (Biodiesel). Baseado nesta informação, foi adotado neste trabalho a condição de
300 bar e 300ºC, condições superiores as supercríticas do etanol (240ºC e 61,48 Bar) e do
meio reacional. Considerando o meio reacional na razão molar (40:1), podemos calcular o
ponto crítico da mistura reacional segundo (KING e BOOT, 1993), apresentados na tabela 1:
1139
facilmente observados por cromatografia em papel. Neste caso, o éster, de menor polaridade,
tem mais facilidade de ser deslocado pela fase móvel enquanto os triglicerídeos (óleo de
mamona) têm menor deslocamento, o que comprova a conversão proposta. Isto foi observado
nestas análises, onde a presença de biodiesel foi confirmada neste trabalho em boa
quantidade.
A tabela 2 apresenta algumas propriedades do biodiesel obtido, comparados a alguns
resultados encontrados na literatura. Embora as especificidades do óleo de mamona com seu
alto grau de ácido ricinoleico o faz diferente dos outros óleos vegetais (possui um grupo
hidroxila no carbono 12, onde as características do óleo são transferidas para os ésteres
etílicos de mamona), isto faz aumentar a lubricidade do óleo e de seus derivados em
comparação a outros óleos vegetais, tornando-o um forte candidato a aditivo para o
combustível diesel.
A acidez do biodiesel deve ser menor que 1 e isto indica que não haverá oxidação no
produto. Vale ressaltar que nos dados apresentados na tabela 2 não foi feito nenhum processo
de purificação no produto. Observa-se portanto, que os valores encontrados se apresentam
coerentes com os previstos.
4 CONCLUSÃO
Neste estudo preliminar verificou-se a possibilidade de transesterificação do óleo de
mamona na ausência de catalisador, empregando-se etanol supercrítico, com boa porcentagem
de conversão em ésteres etílicos (biodiesel), num tempo reacional de 30 minutos. Constatou-
se que após a reação de transesterificação, apresentou-se um produto monofásico altamente
estável. Isto pode ter ocorrido devido a maior interação entre as moléculas de álcool e óleo
vegetal, formando uma única fase. (DAMBISKI et al., 2006). Conclui-se também que é
possível a realização da reação nestas condições em um equipamento construído em preços
1140
bem inferiores aos de mercado (que são importados, de alto custo, e que não conseguem
chegar até 600 Bar e 500ºC como este construído). Maiores estudos estão sendo realizados
onde se avalia a conversão em termos quantitativos e a influência das variáveis de processo,
com boas perspectivas de aplicação desta técnica.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao FINEP /CNPQ/MCT/FAPERN pelo suporte financeiro, e a
Empresa Bom Brasil Ltda pela doação do óleo de mamona degomado.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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supercritical fluids. Ind. Eng. Chem. Res., 46, (2007)
1141
USO DE CITOCININAS NA REGENERAÇÃO IN VITRO DE CALOS
EMBRIOGÊNICOS DE MACAÚBA
RESUMO: A macaúba (Acrocomia aculeata) é uma das plantas oleaginosas que possui
maior potencial para ser usada como produtora de óleo para fabricação de biodiesel. A
embriogênese somática pode ser utilizada como forma de propagação vegetativa da espécie,
entretanto é um processo que possui várias etapas a serem otimizadas. O objetivo deste
trabalho foi testar o uso de citocininas na fase de regeneração de microplantas de macaúba a
partir de calos embriogênicos. Para isso foram utilizados embriões zigóticos provenientes de
frutos maduros. Após a obtenção e assepsia das amêndoas, os embriões zigóticos foram
inoculados em tubos de ensaio contendo 10 mL de meio sólido Y3 contendo 9µM de 2,4-D
com e sem 1µM de TDZ e mantidos no escuro a 25±2ºC. Após 60 dias, os calos
embriogênicos obtidos foram subcultivados em meio sólido Y3 contendo 9 µM de 2,4-D + 5
µM de 2-ip e mantidos sob fotoperíodo de 16 horas a 25±2ºC por mais 60 dias. Após este
período, os calos embriogênicos foram cultivados em meio sólido Y3 contendo 1 µM de 2,4-
D e 10 µM de BAP e mantidos sob fotoperíodo de 16 horas e a 25±2ºC. Após 80 dias de
cultivo, verificou-se a formação de plântulas em 14% das massas embriogênicas provenientes
tanto de 2,4-D sozinho quanto de 2,4-D + TDZ. Essas plântulas apresentavam sistema
radicular desenvolvido e parte aérea com formação de folhas e não estavam conectadas ao
calo de origem, indicando possível origem a partir de estrutura bipolar ou embrião somático.
Esses resultados indicam que as citocininas devem ser testadas na regeneração de calos
embriogênicos de macaúba.
1142
1 INTRODUÇÃO
A macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Martius) é uma palmeira oleaginosa
que tem grande potencial como fonte de matéria-prima para a produção de biodiesel. Além da
sua alta produtividade, a espécie é adaptada a regiões semi-áridas, podendo ser recomendada
para produtores dessas áreas (Arckoll, 1990). Uma das formas de potencializar a
produtividade da macaúba é a utilização de métodos de propagação vegetativa que permitam
obter cultivos clonais de plantas selecionadas mais produtivas. A embriogênese somática é
uma técnica de cultura de tecidos que envolve a regeneração de plântulas por meio da
obtenção de embriões a partir de tecidos somáticos e pode ser uma alternativa para a
multiplicação vegetativa da macaúba.
Um dos principais problemas do processo de embriogênese somática é o
amadurecimento dos embriões somáticos e a sua conversão em plântulas. Muitos autores
relatam baixas taxas de regeneração de embriões somáticos e da conversão destes embriões
em plântulas. Essa limitação já foi relatada para diversas espécies, incluindo palmeiras
(Huong et al., 1999; Riyadi et al., 2005; Perez-Núñez et al., 2006) e tem como motivos a não
formação do meristema apical, o baixo acúmulo de reservas nos embriões, como lipídeos e
amido e a dessecação incompleta dos embriões.
Assim, o objetivo deste trabalho foi testar a inclusão de citocininas ao meio de cultura
na fase de regeneração de massas embriogênicas de macaúba obtidas a partir de embriões
zigóticos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos e Células
Vegetais do Setor de Fruticultura, Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de
Viçosa em Minas Gerais, Brasil. Foram utilizados no trabalho embriões zigóticos obtidos de
frutos maduros de macaúba, coletados de plantas adultas de populações naturais do Estado de
Pernambuco, Brasil.
Após coleta, os frutos foram armazenados por aproximadamente 20 dias.
Posteriormente, os frutos foram processados, com a remoção manual do epicarpo para a
retirada das amêndoas. As amêndoas foram previamente lavadas com água e sabão líquido,
posteriormente lavadas com Detertec 50% e então desinfestadas da seguinte forma: 15
minutos em HgCl2 a 0,01%, 30 minutos em NaOCl a 6% e mais 20 minutos em nova solução
de NaOCl a 6%. Entre cada etapa, as amêndoas foram enxaguadas com água destilada
1143
autoclavada por três vezes. Em câmara de fluxo laminar, as amêndoas foram seccionadas e o
embrião zigótico foi retirado com auxílio de pinças e bisturi de lâmina fixa.
Os embriões foram inoculados em tubos de ensaio de dimensão 25 x 150 mm contendo
10 mL de meio de indução (MI). O MI foi composto por sais e vitaminas de Y3 (Euweens,
1978), 68,46 g.L-1 de sacarose, 1g.L-1 de caseína hidrolisada, 100 mg.L-1 de myo-inositol,
solidificado com 2,5 g.L-1 de Gelrite® e suplementado com 9 μM de 2,4-D ou 9 μM de 2,4-D
+ 1μM de TDZ. Foi inoculado um embrião por tubo e os tubos foram mantidos em sala de
crescimento, no escuro, a 25±2ºC por 60 dias.
Após o período de incubação, calos embriogênicas de aproximadamente 5 mm de
diâmetro foram inoculados em tubos de ensaio de dimensão 25 x 150 mm contendo meio de
regeneração. MRI (MI + 9 μM de 2,4-D e 5 μM de 2-ip). Os tubos foram incubados em sala
de cultivo por 60 dias e mantidos sob fotoperíodo de 16 horas e intensidade luminosa de 30
μMol.m-2s-1 e temperatura de 25±2ºC.
Com 60 dias, os calos embriogênicos foram repicados e transferidos para tubos de
ensaio contendo 10 mL de meio MRII (MI + 1 μM de 2,4-D e 10 μM de BAP). Os tubos
foram incubados em sala de cultivo por 60 dias e mantidos com fotoperíodo de 16 horas e
intensidade luminosa de 30 μMol.m-2s-1, obtido com lâmpadas fluorescentes de 40W e
temperatura de 25±2ºC. Os tratamentos foram avaliados na forma descritiva.
Após 60 dias de regeneração, as plântulas regeneradas foram transferidas para tubos de
ensaio de dimensão 25 x 150 mm contendo 10 mL de meio MR suplementado com 9 μM de
NOA. Os tubos foram mantidos sob luz constante e temperatura de 28±2ºC.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em experimento anterior, análises histológicas indicaram que calos de macaúba
induzidos com 2,4-D + TDZ a partir de embriões zigóticos apresentam uma grande formação
de proembriões e regiões meristemáticas. Dessa forma, testou-se o uso de citocininas para
verificar o desenvolvimento desses proembriões.
Na primeira fase de regeneração, em que foi usado o 2-iP como citocinina, após 60 dias
de incubação formaram-se calos com aspecto oxidado, de cor marrom e, em alguns casos,
com regeneração de raízes. Os calos não apresentaram formação de estruturas embriogênicas.
Quanto à multiplicação dos calos, ela não foi intensa, como geralmente ocorre com os calos
induzidos com picloram. Os resultados foram semelhantes para calos provenientes de 2,4-D +
TDZ e só com 2,4-D.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1144
Na segunda fase de regeneração, reduziu-se a concentração de 2,4-D do meio (de 9 μM
para 1 μM) e adicionou-se 10 μM de BAP no lugar de 2-iP. Após 80 dias de cultivo,
verificou-se a formação de plântulas em 14% das massas embriogênicas provenientes tanto de
2,4-D sozinho quanto de 2,4-D + TDZ (Figura 1A). Essas plântulas apresentavam sistema
radicular desenvolvido e parte aérea com formação de folhas (Figura 1B). As plântulas não
estavam conectadas ao calo de origem, o que indica provável origem a partir de estrutura
bipolar ou embrião somático.
O 2,4-D é a principal auxina utilizada na embriogênese somática de várias espécies,
incluindo as palmeiras (Chan et al., 1998; Verdeil et al., 1994; Rajesh et al., 2003). Neste
caso, as citocininas foram eficientes na regeneração de plântulas, provavelmente pelo
desenvolvimento de proembriões gerados durante o cultivo com o 2,4-D. Almeida & Almeida
(2006) verificaram a formação de meristemóides em explantes de Bactris gasipaes cultivados
com BAP, que posteriormente se desenvolveram em estruturas bipolares.
4 CONCLUSÃO
A utilização de citocininas deve ser testada na regeneração de calos embriogênicos de
macaúba.
1145
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1146
EFEITO DE DIFERENTES AUXINAS E DO TDZ NA INDUÇÃO DE
CALOS EMBRIOGÊNICOS EM MACAÚBA A PARTIR DE EMBRIÕES
ZIGÓTICOS
1147
1 INTRODUÇÃO
Dentre as espécies oleaginosas que poderiam ser usadas na produção de biodiesel, a
macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Martius) se destaca por ser uma palmeira
produtiva e adaptada a regiões semi-áridas, podendo ser recomendada para os agricultores
dessas áreas. Entretanto, é necessário o domínio de tratos culturais da espécie para o seu
melhor aproveitamento, já que se trata de uma espécie ainda não domesticada. O
desenvolvimento de protocolos de propagação deve ser obtido, visando a produção de mudas
para plantio comercial. Contudo, devido à sua natureza morfoanatômica e fisiológica, não é
possível obter a propagação vegetativa da macaúba por métodos convencionais (Lorenzi et
al., 2004). A cultura de tecidos, por meio de técnicas de micropropagação, é uma das
alternativas de se obter o processo de propagação clonal em larga escala. Dentre as
metodologias, a embriogênese somática é uma técnica de cultura de tecidos que envolve a
regeneração de plântulas por meio da obtenção de embriões a partir de tecidos somáticos.
O principal grupo de reguladores de crescimento utilizado para obtenção de
embriogênese somática é o das auxinas, em especial o 2,4-D (Raemarkers et al., 1995). Em
palmeiras, o 2,4-D tem sido bastante utilizado (Teixeira et al., 1993; Kanchanapoom &
Domyoas, 1999; Guerra & Handro, 1998) e o picloram já foi utilizado com sucesso para
algumas espécies (Karun et al., 2004; Steinmacher et al. 2007). O TDZ tem sido usado nas
fases de regeneração em palmeiras, mas já foi utilizado como indutor de embriogênese
somática em espécies de outras famílias. Como para a macaúba ainda não existem protocolos
definidos de embriogênese somática, é pertinente o uso de diferentes auxinas combinadas ao
TDZ para verificar a eficiência na indução de calos embriogênicos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos e Células
Vegetais do Departamento de Fitotecnia e no Laboratório de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa em Minas Gerais.
Foram utilizados embriões zigóticos obtidos de frutos maduros de macaúba, coletados de
plantas adultas de populações naturais do Estado de Pernambuco, Brasil.
As amêndoas obtidas dos frutos maduros foram previamente lavadas com água e sabão
líquido, posteriormente lavadas com Detertec 50% e então desinfestadas da seguinte forma:
15 minutos em HgCl2 a 0,01%, 30 minutos em NaOCl a 6% e mais 20 minutos em nova
solução de NaOCl a 6%. Entre cada etapa, as amêndoas foram enxaguadas com água destilada
1148
autoclavada por três vezes. Em câmara de fluxo laminar, as amêndoas foram seccionadas e o
embrião zigótico foi retirado com auxílio de pinças e bisturi de lâmina fixa. Os embriões
foram inoculados em tubos de ensaio de dimensão 25 x 150 mm contendo 10 mL de meio
básico (MB). O MB foi composto de sais de Y3 (Euweens, 1978), 68,46 g.L-1 de sacarose,
1g.L-1 de caseína hidrolisada, 100 mg.L-1 de mio-inositol, solidificado com 2,5 g.L-1 de
Gelrite® (Sigma, USA) e suplementado com diferentes combinações de reguladores de
crescimento, sendo T1: 9 M 2,4-D + 1 M TDZ; T2: 9 M 2,4-D; T3: 9 M picloram + 1
M TDZ; T4: 9 M picloram; T5: 9 M NOA + 1 M TDZ; T6: 9 M NOA; T7: 9 M
CPA + 1 M TDZ; T2: 9 M CPA. O experimento foi instalado na forma de delineamento
inteiramente casualizado com 5 repetições, com parcela de 3 tubos, com um embrião por tubo.
Os tubos foram mantidos em sala de crescimento, no escuro, a 25±2ºC por 60 dias. Após este
período, determinou-se a porcentagem de explantes com formação de calos embriogênicos.
Ao final desta fase, calos obtidos nos tratamentos T1, T2, T3 e T8 foram coletados para
estudos anatômicos.
Para a obtenção dos cortes anatômicos, o material foi fixado em FAA50 (formol: ácido
acético: álcool etílico50%, na proporção de 5: 5: 90) e estocado em etanol 70% (Johansen,
1940). As amostras foram incluídas em metacrilato (Historesin-Leica), de acordo com as
recomendações do fabricante. O material emblocado foi seccionado transversal e
longitudinalmente em micrótomo rotativo, com 6 μm de espessura. O material foi corado com
azul de toluidina, para metacromasia (O’Brien et al., 1964) e as lâminas montadas em resina
sintética (Permount®). As imagens foram obtidas em fotomicroscópio (Olympus AX70)
equipado com sistema U-photo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após 30 dias de cultivo no meio de indução, houve a formação de calo, que se formou
principalmente na região distal do embrião zigótico. Aos 60 dias, todos os tratamentos, com
exceção do controle, tiveram a formação de calo. Dois tipos de calo se desenvolveram a partir
dos explantes: calo tipo I ou esponjoso e calo tipo II ou nodular. O calo tipo I foi branco e de
aspecto esponjoso. O calo tipo II foi amarelado, com aspecto nodular e com estruturas
globulares (EG).
Na ausência do TDZ, o calo nodular se desenvolveu em 53,4% dos embriões zigóticos
tratados com picloram, 40% com 2,4-D e 26,6% com CPA. Entretanto, não houve formação
de calo tipo II em embriões tratados com NOA, e ao invés disso, 36% dos embriões
1149
germinaram. O NOA se assemelha ao ANA, que é uma auxina mais fraca, e por isso pode ter
sido menos eficaz para gerar embriogênese somática. Na presença de TDZ, o calo tipo II se
desenvolveu em 73,6% dos embriões zigóticos tratados com 2,4-D, 33,2% com picloram e
13,2% com NOA, mas não houve formação de calo embriogênico sob efeito do CPA.
Apesar de serem visualmente similares, os calos tipo II gerados por diferentes
tratamentos apresentaram características anatômicas distintas. O calo desenvolvido com T2
(Figura 1A) apresentou muitas EGs, entretanto essas estruturas não apresentaram protoderme
típica, apesar de serem compostas por células pequenas, com citoplasma denso, alta relação
núcleo/citoplasma e núcleos com nucléolos evidentes, sugerindo que se tratavam de embriões
somáticos em fase precoce de desenvolvimento. Os calos desenvolvidos com T3 (Figura 1C)
apresentaram a formação de zonas meristemáticas. As células nessas zonas foram pequenas e
com citoplasma denso, com alta relação núcleo/citoplasma, que as distinguiam das demais
regiões do calo. Muitos proembriões ocorreram nessas áreas (Figura 1D).
Os calos obtidos com T8 se mostraram instáveis, com sinais de degradação dos tecidos
e evidente descamação celular. Os cortes tratados com azul de toluidina mostraram a presença
de mucilagem entre as células, o que indica a degradação de parede celular. O calo obtido
com T1 foi rico em EGs, entretanto as seções histológicas mostraram que essas estruturas não
possuíam protoderme característica e eram constituídas por células organizadas
concentricamente e com elementos traqueários desenvolvidos, indicando que essas estruturas
na verdade correspondiam a primórdios radiculares.
4 CONCLUSÃO
As auxinas 2,4-D e picloram são eficientes para gerar calo embriogênico em macaúba.
O TDZ apresenta interação entre as auxinas, tendo potencializado o efeito do 2,4-D na
indução de calo embriogênico em macaúba.
1150
Figura 1 - Efeito dos diferentes tratamentos na indução de calos embriogênicos de macaúba.
A: Calo gerado com T2. B: Seção anatômica do calo gerado com T2, com detalhe das
estruturas globulares, com células pequenas e de citoplasma denso, mas com ausência de
protoderme. C: Calo gerado com T3. D: Seção anatômica do calo gerado com T3, com
presença de proembriões. E: Calo gerado com T8. F: Seção anatômica do calo gerado com
T8, com estruturas globulares com estrutura instável, com células fenolizadas (verde) e
descamação celular (setas). G: Calo gerado com T1. H: Seção anatômica do calo gerado com
T1, com presença de primórdios radiculares. eg: estruturas globulares; pe: proembrião; pr:
primórdio radicular.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1151
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1152
ESTUDO DO PROCESSO DE TRANSESTERIFICAÇÃO ALCALINA DOS
ÓLEOS DE SOJA RESIDUAL E REFINADO VISANDO A OBTENÇÃO DE
BIODIESEL
1153
1 INTRODUÇÃO
A questão energética sempre foi de extrema importância na história da humanidade.
Pois tudo o que consumimos ou utilizamos requer energia para ser produzido e embalado,
distribuído, operado e depois descartado.
A utilização de biodiesel como combustível vem apresentando um potencial promissor
no mundo inteiro, sendo um mercado que cresce aceleradamente em primeiro lugar devido a
sua enorme contribuição ao meio ambiente, com a redução qualitativa e quantitativa dos
níveis de poluição ambiental, principalmente nos grandes centros urbanos. Em segundo lugar,
como fonte estratégica de energia renovável em substituição ao óleo diesel e outros derivados
do petróleo. Assim, países como França, Áustria, Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Itália,
Holanda, Finlândia, Estados Unidos, Japão e Suécia vêm investindo significativamente na
produção e viabilização comercial do biodiesel, através de unidades de produção com
diferentes capacidades (BARNWAL e SHARMA, 2005)
O biodiesel é definido pela “National Biodiesel Board” (EUA) como o derivado mono-
alquil éster de ácidos graxos de cadeia longa, proveniente de fontes renováveis como óleos
vegetais, cuja utilização está associada à substituição de combustíveis fósseis em motores de
ignição por compressão (motores de ciclo diesel)
As matérias primas para a produção de biodiesel podem ser de diferentes origens: óleos
vegetais, gorduras de animais e óleos e gorduras residuais. No Brasil, óleo de soja é uma fonte
que já é almejada para produção de biodiesel. Não obstante, outras fontes, como girassol, óleo
de palma, coco, babaçu, óleo de rícino, a gordura animal e óleo vegetal residual que já tenha
sido usado em frituras, também podem ser usados como matéria-prima (NETO et al., 2000).
Dentre as matérias-primas, os óleos residuais provenientes de fritura destacam-se como
promissores devido à alta disponibilidade e baixo custo. Uma vez que a coleta seletiva de
óleos residuais descartados em larga escala das canalizações do sistema de esgotamento
sanitário de uma cidade será uma solução que favorecerá não só o ambiente, mas a sociedade
em geral (NETO et al., 2000).
A retirada das gorduras das redes de esgoto diminuirá os custos de manutenção,
podendo ser re-locados recursos para investimentos em ampliação da rede de coleta de esgoto,
beneficiando uma parcela maior da população (SAMPAIO, 2003).
Os óleos de frituras representam um potencial de oferta surpreendente, superando, as
mais otimistas expectativas. Tais óleos têm origem em determinadas indústrias de produção
de alimentos, nos restaurantes comerciais e institucionais, e ainda, nas lanchonetes. Um
1154
levantamento primário da oferta de óleos residuais de frituras, suscetíveis de serem coletados
(produção > 100kg/mês), revela um valor da oferta brasileira superior a 30.000 toneladas
anuais (SAMPAIO, 2003; MEHER et al., 2004).
O biodiesel é comumente produzido através de uma reação denominada
transesterificação de triglicerídeos (óleos ou gorduras animais ou vegetais) com álcoois de
cadeia curta (metanol ou etanol), tendo, entre outros, a glicerinacomo sub-produtos.
A metodologia comercial de obtenção de biodiesel utiliza frequentemente meios
alcalinos para a transesterificação do óleo ou gordura, na presença de um álcool, produzindo
ésteres metílicos de ácidos graxos e glicerol. A equação (1), a seguir, representa a reação de
conversão, quando se utiliza o metanol (álcool metílico) como agente de transesterificação,
obtendo-se, portanto, como produtos os ésteres metílicos que constituem o biodiesel, e o
glicerol (glicerina). A equação (2) envolve o uso do etanol (álcool etílico), como agente de
transesterificação, resultando como produto o biodiesel representado por ésteres etílicos e
glicerina.A reação resulta em elevadas quantidades de ésteres sendo, entretanto, bastante
lenta exigindo mais de um dia para finalização (MARCHETTI et al., 2005; SAMPAIO,
2003).
1155
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O óleo de soja residual foi adquirido em restaurantes da cidade de Aracajú e óleo de
soja refinado foi adquirido em estabelecimentos comerciais. Os reagentes utilizados foram
todos de grau analítico.
O óleo de soja residual de fritura foi filtrado utilizando papel de filtro e funil para a
remoção de partículas sólidas. Após o processo de filtração, o óleo foi secado à temperatura
entre 110°C e 120°C, até que não se observasse a fritura do mesmo. Em seguida, o óleo seco
foi armazenado em recipiente seco e bem vedado para evitar a absorção de umidade do
ambiente.
As reações de transesterificação foram realizadas para os óleos de soja residual e
refinado utilizando álcool etílico e hidróxido de sódio como catalisador. Foram utilizadas as
seguintes condições reacionais: a) óleo de soja refinado e etanol na proporção (1:2)
empregando 1% e 2% hidróxido de sódio; b) óleo de soja residual e etanol na proporção (1:2)
empregando 1% e 2% hidróxido de sódio.
Inicialmente o álcool foi misturado ao hidróxido de sódio, sob moderada agitação, para
a obtenção do etóxido de sódio. Em seguida adicionou-se o óleo de soja (refinado ou residual)
mantendo sob agitação durante duas horas à temperatura de 48ºC.
Após o término da reação de transesterificação, o produto foi transferido para um balão
de separação e permaneceu em repouso por 24h, decorrido este tempo foi visualizada a
separação de duas fases: superior menos densa (contendo ésteres etílicos) e a inferior mais
densa (resíduo contendo glicerina).
O resíduo foi então separado dos ésteres e estes foram lavados repetidamente com água
destilada até obtenção do pH 7,5 na água de lavagem. A solução resultando contendo ésteres
etílicos foi secada à temperatura de 80 ˚C para eliminar resíduos de água e álcool
remanescentes. Os ésteres secos foram submetidos às análises físico químicas de
quantificação, determinação do ponto névoa, densidade, umidade e viscosidade.
A quantificação dos ésteres produzidos baseou-se na saponificação destes com
hidróxido de sódio. Os experimentos foram realizados de acordo com a metodologia analítica
descrita pelo Instituto Adolfo Lutz (2007). Amostras de 10 mL dos ésteres etílicos ou
metílicos foram inicialmente tituladas com solução de hidróxido de sódio 0,1 M usando
fenolftaleína como indicador. Em seguida adicionou-se um excesso de 1mL de solução de
hidróxido de sódio e deixou-se em repouso por 24 horas. Como não houve mudança na
1156
coloração, adicionou-se 1mL de solução de ácido sulfúrico 0,1 M e titulou-se o excesso com
solução de hidróxido de sódio, até verificar a mudança de coloração.
A densidade relativa dos ésteres produzidos foi determinada pelo método do picnômetro
e calculada de acordo com a equação 3 a seguir:
(3)
Densidade Relativa = [Picnometro + amostra] – [Picnometro]
[Picnometro + água] – [Picnometro]
A viscosidade foi determinada utilizando-se viscosímetro Cannon-Fanske, de diâmetro
de 200 e 150 nm, à temperatura de 40°C e calculada segundo a equação contida no manual do
fabricante.
A determinação do ponto de névoa dos ésteres foi realizada utilizando-se banho
termostatizado (Tecnal, Brasil) com a temperatura reduzida gradativamente até a observação
do início de turvescência. A temperatura em que isto ocorreu foi medida com a utilização de
termopares introduzidos nas amostras.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram realizadas reações de transesterificação alcalina dos óleos de soja residual e
refinado para a obtenção de ésteres etílicos como descrito no item 2.2.2 da metodologia. Nesta
etapa foi avaliada a influência da porcentagem do catalisador hidróxido de sódio (1% ou 2%)
na quantidade de ésteres produzidos. Após as reações, os ésteres foram recuperados por
decantação e quantificados analiticamente. Os resultados obtidos estão apresentados na
Tabela 1 a seguir:
1157
Além disso, observou-se que o óleo de soja residual foi mais eficiente na produção de ésteres
etílicos do que o óleo de soja residual.
A densidade relativa dos ésteres foi determinada pelo método do picnômetro e os
resultados obtidos estão apresentados na Tabela 2:
Tabela 2 - Densidade relativa dos ésteres etílicos obtidos a partir dos óleos de soja refinado e
residual:
Densidade relativa
Matéria Prima 1% de NAOH 2% de NAOH
Óleo de soja refinado 0,8631 0,9071
Óleo de soja residual 0,8713 0,8812
A densidade dos ésteres etílicos, obtidos a partir dos óleos de soja refinado e residual,
foi comparável à obtida pelo óleo diesel (0,8497) segundo Neto et al. (2000).
Como observado, as reações com 1% de NAOH resultaram em ésteres com menor
densidade do que as reações com 2 % de NAOH.
A viscosidade dos ésteres totais foi determinada pelo viscosímetro de Cannon-Fanske e
os resultados estão apresentados na Tabela 3:
Tabela 3: Viscosidade cinemática dos ésteres etílicos obtidos a partir dos óleos de soja
refinado e residual:
Viscosidade cinemática (mm2/s)
Matéria Prima 1% de NAOH 2% de NAOH
Óleo de soja refinado 7,9 5,1
Óleo de soja residual 6,8 7,4
1158
reflete no processo de combustão, de cuja eficiência dependerá a potência máxima
desenvolvida pelo motor, ou seja, quanto mais distante da viscosidade decorrente do diesel
mais improvável emprego desse substituto (NETO et al., 2000).
O ponto de névoa, que corresponde à temperatura inicial de cristalização do óleo,
influencia negativamente o sistema de alimentação do motor, bem como o filtro de
combustível, sobretudo quando o motor é acionado sob condições de baixas temperaturas.
Esta é, portanto, uma propriedade que desfavorece o uso de óleos vegetais in natura em
motores do ciclo diesel, particularmente em regiões de clima temperado, pois todos os óleos
vegetais até hoje investigados apresentam ponto de névoa superior ao do óleo diesel
convencional (NETO et al., 2000).
O ponto de névoa determinado para os ésteres totais está apresentado na Tabela 4 :
Tabela 4: Ponto de névoa dos ésteres etílicos obtidos a partir dos óleos de soja refinado e
residual:
Ponto de Névoa (˚C)
Matéria Prima 1% de NAOH 2% de NAOH
Óleo de soja refinado 4 6
Óleo de soja residual 6 6
O ponto de névoa dos ésteres etílicos (biodiesel) obtidos a partir do óleo de soja
refinado foi menor do que o obtido pelo óleo de soja residual, em condições reacionais
utilizando 1% de NAOH. Ponto de névoa similar foi obtido para ambos ésteres quando
empregado 2% de NAOH nas reações de transesterificação. Os ésteres apresentaram ponto de
névoa similar ao obtido pelos ésteres de óleo de dendê (6 ˚C) e superior ao do óleo diesel (1
˚C) de acordo com Neto et al. (2000).
4 CONCLUSÃO
Neste trabalho foram avaliadas as condições reacionais de transesterificação dos óleos
de soja refinado e residual para a obtenção de biodiesel (ésteres etílicos). Através dos
resultados verificou-se que uma maior quantidade de ésteres foi obtida quando empregado 2%
de NAOH no processo de transesterificação, para ambos óleos. Nestas condições, o biodiesel
dos óleos apresentou valores similares de ponto de névoa e valores próximos de densidade.
Entretanto em relação à viscosidade, propriedade fundamental para a utilização do produto em
1159
motores diesel,o biodiesel de óleo de soja refinado apresentou um valor de aproximadamente
1,5 vezes menor do que obtido pelo biodiesel de óleo de soja residual. Contudo, constatou-se
que os óleos residuais apresentam potencial para a utilização na obtenção de biodiesel, sendo
necessário ainda o estudo de melhores condições para que o processo possa resultar em um
produto de qualidade e que atenda as especificações da ANP.
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARNWAL, B.K.;. SHARMA, M.P. Prospects of biodiesel production from vegetable oils in
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MEHER, L.C.; VIDYA SAGAR, D.;NAIK, S.N. Technical aspects of biodiesel production
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2004.
1160
CALOGÊNESE EM PINHÃO-MANSO A PARTIR DE DIFERENTES DOSES
DE BAP E ANA
RESUMO: O Pinhão Manso (Jatropha curcas L.) é uma planta da família Euphorbiaceae,
originária do Brasil, e que ultimamente vem ganhando importância no cenário nacional
devido a grande capacidade de produção de óleos em suas sementes (aproximadamente
37,5%). Por ser de difícil propagação por estaquia e por possuir alta segregação de suas
sementes por causa da fecundação cruzada, a clonagem de plantas através da
micropropagação torna-se uma saída por ser capaz de produzir clones em grande escala e com
as características da planta matriz. Este trabalho teve por objetivo induzir a calogênese em
plantas de pinhão manso através de diferentes doses de BAP e ANA. Secções de ramos verdes
de pinhão manso foram desinfestadas e após este processo retiraram-se fragmentos contendo
gemas que foram estabelecidas em meio de cultura com sais de MS (M5519) autoclavado e
enriquecido com sacarose (30g/L) e ágar MERCK (7,5g/L). Após 12 dias montaram-se os
tratamentos com as gemas não contaminadas em meio de cultura autoclavado contendo sais
de MS (M5519), sacarose (30g/L), ágar MERCK (7,5g/L), e diferentes doses de BAP (0; 0,5 e
1 µmol/L) (6-Benzilaminopurina) e ANA (0 e 0,5 µmol/L) (ácido naftalenoacético),
perfazendo 13 repetições cada tratamento. Os tratamentos 2, 3 e 5 que possuíam apenas
auxina ou a citocinina, respectivamente, tiveram baixa taxa de calogênese (0, 15,38% e
23,07%), baixo peso médio (0,0g, 0,014g e 0,075g) e diâmetro médio (0,0mm, 0,310mm e
2,080mm). Quando estes hormônios estão presentes juntos ao meio é observado que a taxa de
calogênese, diâmetro médio e peso médio são maiores, como nos tratamentos 4 (84,61%,
13,23mm e 0,780g) e 6 (92,3%, 12,38mm e 0,985g), principalmente neste último que possui
uma maior relação citocinina/auxina. Conclui-se que o melhor meio para indução de
calogênese em pinhão manso é o tratamento T6 com 1µmol de BAP e 0,5 µmol de ANA, pois
foi aquele que obteve a maior porcentagem de calos.
1161
1 INTRODUÇÃO
O Pinhão Manso (Jatropha curcas L.) é uma planta da família das Euphorbiaceae
(assim como mandioca e mamona) originária do Brasil e que ultimamente vem ganhando
importância no cenário nacional devido a grande capacidade de produção de óleos em suas
sementes (aproximadamente 37,5%). Ela é encontrada em boa parte de território nacional, nos
mais diversos climas e tipo de solo. Por ser de difícil propagação por estaquia e por possuir
alta segregação de suas sementes por causa da fecundação cruzada, a clonagem de plantas
através da micropropagação se torna uma saída por ser capaz de produzir clones em grande
escala e com as características da planta matriz. Este trabalho teve por objetivo induzir a
calogênese em plantas de pinhão manso através de diferentes doses de BAP e ANA para
posterior estudo da embriogênese somática.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no laboratório de cultura de tecidos e células vegetais da
Universidade Federal de Viçosa onde, secções com gemas de ramos verdes de pinhão-manso
foram limpas com detergente detertec na proporção de 1:1 (1 parte do produto para 1 de água)
por 10 minutos e em seguida imersas em CERCOBIN 700 PM (THYOPHANATE
METHYL) a 2,5% por 20 minutos. Depois de lavadas com água autoclavada as secções foram
levadas para a câmara de fluxo onde foi adicionado álcool 70% por 1 minuto, bicloreto de
mercúrio a 0,1% por 15 minutos e hipoclorito de sódio a 2,5% por 20 minutos de forma que
entre o uso de um produto e outro ocorreu a lavagem com água autoclavada. Após este
processo foram retiradas das secções fragmentos contendo as gemas que foram estabelecidas
em tubos de ensaio contendo 10 mL de meio de cultura (pH 5,7±0,01) autoclavado
constituído de sais de MS (M5519) e enriquecido com sacarose (30g/L) e ágar MERCK
(7,5g/L). Após 12 dias montou-se os tratamentos com as gemas não contaminadas em meio de
cultura (pH 5,7±0,01) autoclavado contendo sais de MS (M5519), sacarose (30g/L), ágar
MERCK (7,5g/L) e diferentes doses de BAP (6-Benzilaminopurina) e ANA (ácido
nafitalenoacético) (quadro 1), perfazendo 13 repetições cada tratamento.
1162
Tratamentos BAP (µmol/L) ANA (µmol/L)
1 0,0 0,0
2 0,0 0,5
3 0,5 0,0
4 0,5 0,5
5 1,0 0,0
6 1,0 0,5
Quadro 1 - Tratamentos com diferentes doses de ANA e BAP
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aos 80 dias ocorreu a avaliação onde foram quantificados a porcentagem de calogênese,
o peso médio de cada calo e seu diâmetro médio (quadro 2). Foi observado que o balanço de
citocininas e auxinas possuem influência direta na formação de calos, no seu peso e diâmetro
porque os tratamentos 2, 3 e 5 que possuíam apenas a auxina ou a citocinina, respectivamente,
tiveram baixa taxa de calogênese, peso médio e diâmetro médio. Quando estes hormônios
estão presentes juntos no meio é observada que a taxa de calogênese é bem maior,
principalmente no tratamento 6 que possui uma maior relação citocinina/auxina. Os calos
(FOTO 1) apresentam coloração esverdeada e foram formados a partir das regiões periféricas
e não das gemas, sendo que algumas destas apresentaram organogêse, sem posterior
alongamento dos brotos (FOTO 2).
Figura 1 - Calos de Pinhão Manso. a) calos esverdeados formados na periferia dos explantes;
b) organogênese a partir das gemas.
1163
Tratamento Quantidade de calos (%) Diâmetro médio (mm) Peso médio (g)
1 0,0 0,0 0,0
2 0,0 0,0 0,0
3 15,38 0,310 0,014
4 84,61 13,23 0,780
5 23,07 2,080 0,075
6 92,3 12,38 0,985
Quadro 2 - Resultados.
4 CONCLUSÃO
Conclui-se que o melhor meio para indução de calogênese em pinhão manso é o
tratamento 6 com 1µmol de BAP e 0,5 µmol de ANA porque foi aquele que obteve a maior
porcentagem de calos.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sujatha, M & Mukta, N (1995) Morphogenesis and plant regeneration from tissue
cultures of Jatropha curcas.
Sujatha, M; Makkar, H.P.S; Becker, K (2005) Shoot bud proliferation from axilarry nodes
and leaf sections of non-toxic Jatropha curcas.
1164
AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO DO MUNICÍPIO DE
OLIVEIRA – MG, PARA O PLANTIO DE OLEAGINOSAS
1165
1 INTRODUÇÃO
A fertilidade de um solo é vital para que as culturas obtenham altas produtividades,
sendo este fator apenas superado em importância pela disponibilidade de água no solo, que é
o fator mais limitante para a produção das diversas culturas. A avaliação das propriedades
químicas de um solo pode ser feita, de maneira simples e barata através da análise de solo,
com isso o técnico poderá fazer as devidas recomendações de adubação/calagem.
Os fatores físicos (textura e estrutura) e químicos do solo estão diretamente relacionados
à disponibilidade e manutenção dos nutrientes, sendo estes fatores extremamente importantes
na escolha dos métodos empregados no preparo do solo. Após cada colheita grande parte dos
nutrientes são extraídos do solo devido a produção das plantas, segundo Malavolta (1980), o
amendoim para uma produção de 3 t/ha de frutos pode retirar 201 kg/ha de N, 140 kg/ha de K,
113 kg/ha de Ca, 21 kg/ha de Mg,, 16 kg/ha de P e 16 kg/ha de S, com isso o retorno dos
nutrientes ao solo é de fundamental importância para garantir o sucesso do próximo plantio.
Uma das leis mais importantes em fertilidade do solo é Lei do Mínimo, que diz que a
produção das culturas é limitada pelo nutriente menos disponível no solo para as plantas, com
isso praticas como calagem e a manutenção da matéria orgânica do solo são de extrema
importância, pois visam a eliminação da acidez e aumento dos teores de Ca e Mg garantindo
que a capacidade de troca de cátions (CTC), promova o equilíbrio entre a quantidade trocável
de um nutriente no solo e sua concentração na solução do solo. A interpretação da análise de
solo, fornece as informações necessárias para traçar o perfil da fertilidade de um solo, onde se
pretende instalar determinada cultura, assim determinando as recomendações de
adubação/calagem, promovendo o equilíbrio dos nutrientes na solução do solo.
Tendo como base este conhecimentos básicos em fertilidade do solo, objetivou-se neste
trabalho conhecer e traçar o perfil da fertilidade do solo de agricultores da cidade de Oliveira
– MG, através de análises de solos indicando os principais fatores nutricionais limitantes para
culturas de plantas oleaginosas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização deste trabalho foram utilizadas análises de solos, de 129 agricultores
da cidade de Oliveira – MG, estas apresentavam os principais indicadores como,
macronutrientes, quantidade de bases e teores de acidez; sendo que a amostragem foi
realizada na camada de 0 – 20 cm, e as análises químicas/quantitativas foram feitas pelo
1166
Laboratório de Análise de Solos da Prefeitura Municipal de Santo Antonio do Amparo,
localizado em Santo Antônio do Amparo – MG.
As análises foram transformadas no Departamento de Engenharia da UFLA, em tabelas
na plataforma Microsoft Excel, obtendo-se as médias, os desvios padrão e os coeficientes de
variação (CV %) para cada elemento da análise de solo. Os agricultores foram separados
baseando-se nas saturações por bases (V%) de seus solos, estas foram divididas em: 0 – 40.0,
40.1 – 60.0 e maior que 60.1. A interpretação dos resultados foi baseada nas recomendações
de adubação e calagem de Minas Gerais – 5º Aproximação.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em média os agricultores analisados apresentaram teores de cálcio (Ca+²), magnésio
(Mg+²), potassio (K) e CTC a pH 7, classificados como médios. Os valores observados em
média para o pH do solo e para o teor de alumínio (Al+³) são classificados de acordo com a 5º
Aproximação como baixos. Os teores de fósforo (P) não foram analisados neste trabalho, pois
as análises não continham dados sobre fósforo remanescente e teor de argila do solo. Os
valores de saturação por bases (V%) dos agricultores analisados, foram na média classificados
como baixos, sendo identificados como o fator mais limitante na produção de plantas
oleaginosas no município. Na Tabela 1 são apresentados os valores médios, máximos,
mínimos para cada um dos parâmetros analisados e seus respectivos desvios padrão e
coeficiente de variação (CV%).
Tabela 1 – Valores médios, máximos, míninos, devio padrão e coeficiente de variação para os
parâmetros das análises de solo de 129 agricultores de Oliveira – MG.
pH P K Ca+² Mg+² Al+³ T V
-CaCl²- ----Mg/dm³---- ------------cmolc/dm³------------ %
MÉDIA 5,4 4,1 41,2 1,4 0,6 0,5 6,2 33,2
DESVIO
PADRÃO 0,62 8,84 30,08 1,17 0,45 0,93 1,53 20,70
MÁXIMO 7,1 70 216 5,2 2,1 0 11,4 85,2
MÍNIMO 4,3 0,5 10 0,1 0,1 10 3,8 6,3
CV(%) 11,4 215,0 72,9 82,6 75,7 188,4 24,6 62,3
1167
Na Tabela 2 estão os dados dos agricultores que apresentaram saturação por bases (V%)
entre 0 – 40.0, sendo que do total de 129 análises, 82 se encaixam nesta categoria,
representando aproximadamente 64% dos agricultores. Em média estes apresentam V(%)
muito baixo, sendo que o valor máximo obtido nesta categoria, não chegou a ser o valor limite
da classificação baixa descrita. Os valores observados não seriam suficientes para o cultivo da
soja, que segundo recomendação da 5º Aproximação, necessita que o V(%) do solo seja
elevado para 45 – 50%, para o cultivo da mamona. O IAC recomenda promover a elevação da
saturação por bases à 60%, já para o girassol no Estado do Paraná, recomenda-se elevar o
V(%) para 70%. Campos Leite et. al. (2006), citando Quaggio et. al. (1985) que trabalhando
com girassol, observou elevada resposta do mesmo a calagem, sendo que as maiores
produtividades foram observadas em saturações por bases ao redor de 75%.
Tabela 2 - Valores médios, máximos, mínimos, desvio padrão e coeficiente de variação para
saturação por bases de solos, que apresentam V(%) 0- 40.0.
V(%)
MÉDIA 19,3
MÁXIMO 39,1
MÍNIMO 6,5
CV(%) 39,6
Na Tabela 3 são apresentados os dados dos agricultores que possuem saturação por
bases (V%) entre 40.1 – 60, sendo que do total de 129 análises, 31 se encaixam nesta
categoria, representando aproximadamente 24% dos agricultores. Na 5º aproximação o V(%)
apresentado por estes agricultores estaria obtendo a classificação média, sendo que o valor
mínimo observado estaria bem próximo ao limite inferior desta classificação (40.1), e o valor
máximo representaria o valor critico desta classificação (60.0).
Nestes solos, em média seria possível, segundo recomendação da 5º Aproximação, o
plantio de soja que requer V(%) de 45 – 50%, e em alguns casos poderiam ser realizados o
plantio de algodão, amendoim e mamona, sendo que estas culturas requerem V(%) em torno
de 60%.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1168
Tabela 3 - Valores médios, máximos, mínimos, desvio padrão e coeficiente de variação para
saturação por bases de solos, que apresentam V(%) 40.1 – 60.0.
V(%)
MÉDIA 50,2
MÁXIMO 60
MÍNIMO 40,4
CV(%) 11,6
Os dados dos agricultores que possuem saturação por bases (V%) maior que 60.1, estão
apresentados na Tabela 4, sendo que do total de 129 análises, 16 se encaixam nesta categoria,
representando aproximadamente 12% dos agricultores. As saturações por bases (V%)
apresentadas estariam classificadas como boa, entretanto o valor máximo encontrado seria
classificado com muito bom. Neste solo seria possível o plantio de quase todas as oleaginosas,
como: girassol, mamona, amendoim entre outras.
É importante realizar uma análise mais criteriosa nos solos que apresentaram valores de
V(%) muito alto, pois pode ter ocorrido supercalagem ou altas concentrações de potássio (K)
que junto com cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e sódio (N+), compõem as bases do solo.
Segundo Malavolta (1980) excessos de potássio pode induzir deficiência de magnésio (Mg).
1169
Tabela 4 - Valores médios, máximos, mínimos, desvio padrão e coeficiente de variação para
saturação por bases de solos, que apresentam V(%) maior que 60.1.
V(%)
MÉDIA 71,5
MÁXIMO 85,2
MÍNIMO 63,2
CV(%) 10,9
4 CONCLUSÃO
Conclui-se que o fator mais limitante para a produção de oleaginosas, em 64% dos
agricultores analisados no município de Oliveira – MG, foi a baixa concentração de bases
(cálcio, potássio e magnésio). Entretanto em 12% dos casos analisados a saturação de bases se
mostrou muito alta, e nestes casos uma análise mais criteriosa devera ser feita.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FINEP e FAPEMIG.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COMISSAO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS –
CFSEMG. Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5º
Aproximação. Viçosa, MG, 1999. 359p.
LEITE, Regina Maria Villas Boas de Campos; BRIGHENTI, Alexandre Magno; CASTRO,
César de. Girassol no Brasil. Londrina, PR, Embrapa Soja, 2005. 641p.
SAVY FILHO, Angelo. Mamona tecnologia agricola. Campinas: EMOPI, 2005. 105p.
1170
QUALIDADE DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO COM BASE NA
COLORAÇÃO DOS FRUTOS
1171
1 INTRODUÇÃO
O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) é uma planta em início de exploração comercial
no Brasil, devido à possibilidade do uso do óleo de suas sementes para a produção do
biodiesel, apresentando amplas perspectivas para o crescimento das áreas de plantio na região
semi-árida (Arruda, 2004). Por ser uma espécie não tradicional em plantios com finalidade
produtiva, o pinhão-manso requer o desenvolvimento de tecnologia adequada de cultivo.
Segundo Beltrão et al. (2007), o conhecimento técnico sobre a cultura é limitado e várias
instituições de pesquisa apresentam experiências recentes com o pinhão-manso, havendo
interesse crescente no desenvolvimento de tecnologias para a planta. Carmélio (2006) relata
que vários aspectos relacionados ao cultivo e comercialização do pinhão-manso precisam ser
estudados, citando dentre outros, aspectos do sistema de produção de sementes.
O grande interesse pela planta e seu cultivo tem aumentando muito a procura de
sementes selecionadas ou não, por parte tanto de pequenos como de grandes produtores. A
disponibilidade de sementes de qualidade é importante, uma vez que propicia lavouras
uniformes, produtivas e livres de doenças e pragas.
A alta qualidade das sementes é obtida por meio da condução adequada dos campos de
produção e, principalmente da realização da colheita no momento adequado, próxima ao
ponto de maturidade fisiológica, evitando que as sementes fiquem expostas à condições
ambientais desfavoráveis e ao ataque de pragas e doenças. No caso do pinhão-manso, a
realização da colheita no momento certo é ainda mais importante, uma vez que a floração e
frutificação são desuniformes, devido à emissão de inflorescências contínuas ao longo do
ciclo produtivo, sendo encontrando na planta frutos pretos, amarelos e verdes ao mesmo
tempo (Saturnino et al., 2005).
Dessa forma, é interessante estudar para cada espécie e condições ambientais os
parâmetros que possam auxiliar na decisão sobre o momento da colheita de sementes,
utilizando um marcador morfológico de fácil visualização para aqueles que realizam a
colheita, correlacionando-o com a qualidade fisiológica das sementes naquele estádio.
Visando inferir sobre o estádio ideal de colheita dos frutos para produção de sementes, o
presente trabalho teve como objetivo determinar a qualidade fisiológica das sementes de
pinhão-manso com base na coloração da casca dos frutos.
1172
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental e no Laboratório de Sementes
da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) em Janaúba, Minas Gerais.
Foram utilizadas sementes de pinhão manso colhidas em diferentes classes de coloração em
duas épocas (maio e junho de 2007) de plantios em dezembro de 2006, conduzidos sob
irrigação por aspersão.
No campo foram inicialmente realizadas marcações de cachos no estádio de floração,
nos quais foram feitas as colheitas. Os frutos foram colhidos, acondicionados em sacos de
papel e levados ao laboratório onde foram classificados de acordo com a coloração da casca
dos frutos em: 1- verde + amarelo; 2- amarelo + amarelo; 3- amarelo + marrom e 4-marrom +
seco, conforme Figura 1.
1 2 3 4
1173
expressos em porcentagem de plântulas normais, sendo que a primeira contagem de
germinação foi considerada como teste de vigor .
Os dados foram analisados e as médias submetidas ao teste de Tukey a 5% de
probabilidade pelo Sistema de análise estatística SISVAR de Ferreira, (2000).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os cachos marcados na antese tiveram seus frutos colhidos em média aos 52 dias após o
florescimento. Os cachos marcados no mesmo dia apresentaram grande desuniformidade de
coloração de frutos (Figura 2).
1174
50
45
40
Umidade (%
35
30
25 media
20
15
10
5
0
1 2 3 4
Classe
Figura 3 - Teores médios de conteúdo de água das sementes das diferentes classes de
maturação de pinhão-manso. Unimontes, Janaúba, 2007.
Apesar do alto teor de água das sementes em todas as classes, a taxa de germinação foi
alta (95%) (Tabela 1), indicando que a maturidade fisiológica de sementes de pinhão manso
ocorre por volta de 35 a 40% de teor de água.
Não foram detectadas diferenças estatísticas entre as médias de porcentagem final de
germinação, que variaram de 85 a 100%. Porém houve diferença significativa entre as médias
de porcentagem na primeira contagem do teste de germinação (Tabela 1), o que pode ser
analisado como um teste de vigor em função da velocidade de germinação, de acordo com
Carvalho & Nakagawa, (2000). Desta forma, pôde ser constatado que apesar de não ter
ocorrido diferença entre as médias finais de germinação, as sementes das classes
intermediárias (amarelo+amarelo e amarelo+marrom) apresentaram maior vigor e germinação
de 98 e 96%, respectivamente, indicando que este é o estádio ideal para se colher sementes
com melhor qualidade fisiológica.
1175
Tabela 1 - Resultados médios de porcentagem de primeira contagem de germinação e de
porcentagem de germinação das sementes das diferentes classes de coloração dos frutos de
pinhão-manso. Unimontes, Janaúba, 2007.
120
100
80
Germinaçã
vigor
60
germinação
(%)
40
20
0
1 2 3 4
Classe
4 CONCLUSÃO
Sementes de pinhão manso apresentam maior qualidade fisiológica quando colhidas no
estádio de coloração de frutos variando de amarelo a amarelo/marrom.
1176
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, F. P.; BELTRÃO, N. E. M.; ANDRADE, A. P.; PEREIRA, W. E.; SEVERINO,
L. S. Cultivo de pinhão manso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o semi-árido
nordestino. Revista Brasileira de oleaginosas e fibrosas, Campina Grande, v. 8, n.1, p.789-
799, jan - abr. 2004.
1177
SINTOMAS VISUAIS DE DEFICIENCIA DE BORO EM GIRASSOL
(Helianthus annuus L.)
RESUMO: O girassol é uma planta anual da família Asteraceae, que apresenta boa
adaptação a diferentes condições edafoclimáticas, entretanto altas produções apenas serão
alcançadas quando o solo for corrigido quanto a acidez e apresentando quantidades adequadas
de nutrientes. Entre os micronutrientes, o girassol é altamente exigente pelo boro. No girassol
os sintomas de deficiência de boro aparecem principalmente nas fases de florescimento e de
enchimento de aquênios. Objetivou-se com este trabalho, ilustrar através de fotografias,
sintomas visuais de deficiência de boro nas partes aéreas (folha, caule, capitulo) do girassol. O
experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do Departamento de Ciência do Solo
(DCS), da Universidade Federal de Lavras (Lavras - MG). O delineamento experimental
utilizado foi o de blocos casualizados (DBC), em esquema fatorial 3x4 (três doses de boro e
quatro doses de zinco) com três repetições, em um total de 36 vasos com uma planta em cada.
As fotográficas foram realizadas no decorrer do experimento até aos 66 DAE (dias após
emergência), onde as plantas encontravam-se em floração plena (R5.5), e nesta data ocorreu a
colheita do experimento. A deficiência de boro no girassol foi diagnosticada em todas as
partes aéreas das plantas, ocorrendo principalmente no florescimento. Os órgãos que
apresentaram maiores sintomas foram as folhas novas próximas ao capítulo, e nos próprios
capítulos que sofreram diversas deformações, inclusive abortamento de flores. Pode-se
concluir que a deficiência de boro prejudica principalmente o acúmulo de fotoassimilados, por
tornar folhas novas necróticas, e a produção de grãos, tendo em vista a redução do tamanho,
deformações e abortamento de flores no capitulo.
1178
1 INTRODUÇÃO
O girassol é uma planta anual da família Asteraceae, que apresenta boa adaptação a
diferentes condições edafoclimáticas, sendo cultivado desde o Estado do Rio Grande do Sul
ao Estado de Roraima. Podendo ser utilizada como primeiro cultivo, e sua época de
semeadura é principalmente influenciada pela disponibilidade hídrica da região.
Segundo Capoani (2001), citando Ungaro (2000), o girassol é uma planta que
desenvolve bem em solos com fertilidade média, entretanto altas produções apenas serão
alcançadas quando o solo for corrigido quanto a acidez e apresentando quantidades adequadas
de nutrientes. No período compreendido entre a emergência e o aparecimento do botão floral,
o girassol apresenta crescimento lento, e seu consumo de água e nutrientes é baixo, desse
período até o final do florescimento (florescimento pleno), o crescimento é rápido
aumentando a demanda por nutrientes e água.
O girassol extrai grandes quantidades de nutrientes da solução do solo, por isso a
manutenção destes nutrientes é de fundamental importância para elevadas produções. Quando
comparadas as exigências nutricionais do girassol com as do milho, observa-se que as
quantidades de N e P requeridas pelo girassol são superiores as requeridas pelo milho e
nutrientes como K, Ca e Mg estas quantidades são muito maiores. Entre os micronutrientes, o
girassol e altamente exigente pelo boro, sendo umas das plantas utilizadas como indicadora de
deficiência deste nutriente no solo.
Segundo Malavolta (1980), a fonte de boro no solo mais importante, é matéria orgânica,
que através da mineralização libera-o para a solução do solo, e em nossos solos os teores de
boro situam-se entre 0,06 – 0,5 mg kg-1. A carência de boro geralmente é causada por
calagens excessivas, solos pobres em matéria orgânica e excesso de chuva. O boro é um
elemento de baixa mobilidade dentro da planta, sendo que seus sintomas de carência
aparecem primeiramente nos órgãos novos e regiões de crescimento, e a prevenção desta
deficiência deve ser feita pelo fornecimento de boro preferencialmente via radicular
(Malavolta, 1980). As funções primarias do boro ainda não foram esclarecidas, entretanto
diversas funções á ele são atribuídas como: transportes de açúcares e síntese de parede celular.
No girassol os sintomas de deficiência de boro aparecem principalmente nas fases de
florescimento e de enchimento de aquênios, caracterizando-se pela redução do crescimento de
folhas novas que ficam deformadas e necróticas. No capítulo os sintomas ocorrem desde
inicio da floração, determinando redução do tamanho e deformação em vários níveis (Campos
Leite el al., 2005). Segundo Campos Leite et al. (2005), cada nutriente apresenta sintomas
1179
visuais característicos, tendo em vista isso, objetivou-se com este trabalho, ilustrar através de
fotografias, sintomas visuais de deficiência de boro nas partes aéreas (folha, caule, capitulo)
do girassol.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do Departamento de Ciência do
Solo (DCS), da Universidade Federal de Lavras (Lavras - MG), sendo conduzido no período
de março de 2007 a maio de 2007. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
casualizados (DBC), em esquema fatorial 3x4 (três doses de boro e quatro doses de zinco)
com três repetições, em um total de 36 vasos com uma planta em cada.
A semeadura foi realizada dia 12 de março de 2007, colocando-se quarto sementes do
hibrido Aguará 4 por vaso, em 19 de março foi realizado o desbaste mantendo apenas uma
planta por vaso (três dias após emergência). As plantas foram cultivadas em vasos plásticos,
com capacidade de 8 litros. O controle da umidade do solo foi realizado diariamente,
mantendo a quantidade de água entre 50 e 70% da capacidade de retenção do solo.
O solo utilizado foi Latossolo Vermelho Distroférrico típico (EMBRAPA, 1999),
coletado da camada de 1 - 3m, proveniente do campus da Universidade Federal de Lavras
(UFLA). Após destorroamento e homogenização, o solo foi seco ao ar (TFSA), e passado em
peneira com malha de 2mm de abertura. A amostra do solo foi analisada no Laboratório de
Análise de Solo, do Departamento de Ciências do Solo, da UFLA. Seus principais atributos
químicos e físicos, antes da correção, adubação e aplicação dos tratamentos são apresentados
na Tabela 1, o solo apresentou classificação textural muito argilosa.
1180
umidade foi mantida em 60% da capacidade de retenção do solo (0,36g de água/g de solo).
Após este período foram aplicados 200 mg.kg-1 de P na forma de MAP (Fosfato
monoamônio), o mesmo foi triturado afim de promover uma melhor homogenização, foram
adicionado 6,97g de MAP por vaso, que permaneceram incubados por período de 10 dias,
mantendo-se a umidade em 60% da capacidade de retenção do solo.
O solo recebeu o restante dos macros e micronutrientes, inclusive os tratamentos de
boro e zinco propostos, dia 23 de março aos sete dias após emergência (DAE). Os nutrientes
foram aplicados em forma de solução, assim promovendo maior uniformidade dos mesmos na
solução do solo. Na Tabela 2 encontra-se as doses e os produtos, pelos quais os nutrientes
foram fornecidos em cada vaso.
Foram propostos três dose de boro (0 mg.kg-1, 0,5 mg.kg-1 e 1 mg.kg-1) quatro doses de
zinco (0 mg.kg-1, 2 mg.kg-1, 4 mg.kg-1 e 8 mg.kg-1 ) e suas interações, em um total de 12
tratamentos constituídos por: T1 (0 mg.kg-1 de B, 0 mg.kg-1 de Zn), T2 (0 mg.kg-1 de B, 2
mg.kg-1 de Zn), T3 (0 mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn), T4 (0 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn),
T5 (0,5 mg.kg-1 de B, 0 mg.kg-1 de Zn), T6 (0,5 mg.kg-1 de B, 2 mg.kg-1 de Zn), T7 (0,5
mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn), T8 (0,5 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn), T9 (1 mg.kg-1 de B, 0
mg.kg-1 de Zn), T10 (1 mg.kg-1 de B, 2 mg.kg-1 de Zn), T11 (1 mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn)
e T12 (1 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn). Para o fornecimento de boro e zinco, foram
utilizados respectivamente ácido bórico (H3BO3) e sulfato de zinco (ZnSO4.7H2O). As
coberturas de N e K foram realizadas aos 30 e 50 dias após a emergência, utilizou-se como
fonte respectivamente uréia e cloreto de potássio (KCL), as aplicações foram feitas na forma
de solução.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1181
As fotografias foram realizadas no decorrer do experimento até aos 66 DAE (dias após
emergência), onde as plantas se encontravam em floração plena (R5.5), e nesta data ocorreu a
colheita do experimento. Diversas marcas e modelos de máquinas digitais foram utilizadas,
durante o trabalho. Aos 49 DAE as plantas apresentaram os primeiros sintomas visuais de
deficiência de boro, que apenas ocorreram nos tratamento onde a dose de boro foi a de 0
mg.kg-1, e apenas foram tiradas fotos das regiões e partes das plantas, que apresentavam tais
sintomas. As fotografias dos sintomas de deficiência foram dividas em folhas, pecíolos,
caules e capítulos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As fotografias dos sintomas visuais de deficiência de boro nas folhas, foram tiradas de
folhas mais novas e superiores das plantas, e realizadas aos 60 DAE, onde estes se mostravam
muito característicos, entretanto os sintomas iniciais foram observados aos 45 DAE. Segundo
Campos Leite et al. (2005), os sintomas característicos da deficiência de boro em folhas
superiores são: Folhas pequenas ou malformadas, grossas, endurecidas e quebradiças, com
coloração bronzeada, evoluindo para necrose marrom. As fotos abaixo mostram os principais
sintomas visuais de deficiência de boro nas folhas, apresentados no experimento, concordando
com as descrições apresentadas acima.
Segundo Malavolta (1980), o boro está ligado à formação de enzimas que atuam
reduzindo o numero de fenóis produzidos pela plantas, que em excesso são responsáveis pelas
necroses dos tecidos.
1182
Já para o pecíolo, os primeiros sintomas visuais da deficiência de boro foram
observados aos 49 DAE, caracterizados por manchas marrons próximas ao caule ou na sua
inserção com o mesmo. Castro (1999), em experimento conduzido em casa-de-vegetação com
girassol em diferentes doses de boro e fases de aplicação de estresse hídrico, observou aos 45
DAE nos tratamentos sem estresse hídrico e com dose 0 mg kg-1 de boro, sintomas
semelhantes aos encontrados neste trabalho. Aos 66 DAE, os sintomas apenas se acentuaram.
As fotos abaixo mostram os principais sintomas visuais de deficiência de boro nos pecíolos,
apresentados no experimento.
1183
Os sintomas de deficiência de boro no caule foram inicialmente diagnosticados aos 45
DAE, e apresentavam-se como estrias marrons logo abaixo da inserção dos pecíolos, e ao
decorrer dos dias estas estrias tornaram-se necróticas. Campos Leite et al. (2005) relata que no
caule, em situações de deficiência de boro, podem ocorrer pequenos cortes transversais logo
abaixo à inserção do capítulo, sendo este sintoma acentuado em situações de estresse hídrico.
As fotos abaixo, mostram os principais sintomas visuais de deficiência de boro no caule,
apresentados no experimento.
1184
4 CONCLUSÃO
A deficiência de boro no girassol foi diagnosticada em todas as partes aéreas das
plantas, ocorrendo principalmente no florescimento. Os órgãos que apresentaram maiores
sintomas foram as folhas novas próximas ao capítulo, e nos proprios capítulos que sofreram
diversas deformações e inclusive abortamento de flores. Pode-se concluir que a deficiência de
boro prejudica principalmente o acúmulo de fotoassimilados, por tornar folhas novas
necróticas, e a produção de grãos, tendo em vista a redução do tamanho, deformações e
abortamento de flores no capitulo.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPOANI, Marcela Trecenti. Níveis de cálcio e de boro na solução nutritiva para os
cultivares de girassol IAC–Uruguai e Rumbossol-91. 2001. 60p. Dissertação (Mestrado em
Solos e Nutrição de Plantas) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba,
SP.
CASTRO, César de. Boro e estresse hídrico na nutrição e produção do girassol em casa-
de-vegetação. 1999. 120p. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) – Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP.
1185
LEITE, Regina Maria Villas Boas de CAMPOS; BRIGHENTI, Alexandre Magno; CASTRO,
César de (Ed). Girassol no Brasil. 1°ed. 2005. 641p. Londrina, Embrapa Soja.
1186
USO DOS RAIOS X PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE
SEMENTES DE MAMONA
1187
1 INTRODUÇAO
A espécie Ricinus communis L. teve sua introdução no Brasil durante a colonização
portuguesa e sua facilidade de propagação e de adaptação em diferentes condições climáticas
propiciou seu cultivo nas mais variadas regiões agrícolas brasileiras (Távora, 1982).
A cultura da mamoneira é importante por seus vários produtos e co-produtos,
destacando-se o óleo, que pode ser empregado em vários processos industriais e químicos
(EMBRAPA, 2003; Holanda, 2004); e a torta de mamona, produto da extração do óleo, bem
como os restos culturais que podem devolver ao solo até 20 toneladas de biomassa e as folhas
que servem de alimento para o bicho-da-seda.
Os principais produtores tanto em área quanto em produção de mamona em baga e de
óleo de mamona são Índia, China e Brasil. No período de 1978 a 2005 a ricinocultura
brasileira passou por grandes oscilações de área cultivada e de quantidade produzida, com
tendência de declínio devido a não competitividade econômica da mamona com culturas
concorrentes e pela utilização, por parte dos produtores, de sementes impróprias para o
plantio, ou seja, de baixo rendimento e qualidade e de alta susceptibilidade às doenças e
pragas (Vieira et al., 1997; Kouri e Santos, 2006).
Com a divulgação do programa de Biodiesel, o governo brasileiro tornou-se um dos
maiores divulgadores e promotores dessa cultura, fazendo com que em 2004 a produção
nacional chegasse a 137.976 toneladas, impulsionado pelo aumento da área plantada e da
produtividade e em 2005, esse numero subiu 21.1% em comparação com o ano de 2004
(Kouri e Santos, 2006; IBGE).
Na cultura da mamoneira, assim como para as demais culturas, para se obter retorno
econômico é necessário o uso de sementes de qualidade que atendam requisitos físicos,
fisiológicos e sanitários e que sejam provenientes de cultivares adaptadas que possuam
características agronômicas desejáveis (Amaral 2003; Fornazieri Júnior, 1986; Moreira et al.,
1996). No entanto, os agricultores ainda têm problemas com a escassez de sementes de
qualidade que poderiam levar a rendimentos mais elevados e eliminar problemas que
dificultam o manejo da cultura.
Para que se conheça a real qualidade de um lote de sementes é necessária a utilização de
testes que permitam obter resultados uniformes e comparáveis. Dentre os métodos disponíveis
destacam-se os testes de germinação e viabilidade (Weikert, 1991; Marcos Filho, 1994;
McDonald, 1998) e outros mais específicos como o teste de raios X, que avalia não só os
aspectos fisiológicos, mas a morfologia interna das sementes (Oliveira, 2004).
1188
O teste de raios-X não é um teste de viabilidade, porem traz informações que auxiliam a
avaliação da viabilidade, e pode revelar deficiências morfológicas que indicam o seu
potencial. É um procedimento não destrutivo, facilmente reproduzível, simples e rápido, que
proporciona a analise do desenvolvimento do embrião e das estruturas internas das sementes
através da característica morfofisiológicas que indicam o potencial de viabilidade do lote
(Copeland, 1976; Copeland&McDonald, 1985), além de criar um arquivo fotográfico
permanente das sementes encontradas em uma amostra (ISTA, 2004).
A radiação dos raios X passa através de uma semente formando uma imagem
permanente no filme radiográfico (Bino et al.,1993), no qual podem ser diferenciadas
sementes cheias, vazias, com danos causados por insetos e com danos físicos, por meio da
característica morfológica (ISTA,1999).
A informação sobre a ocorrência de sementes vazias e defeituosas em um lote é
extremamente desejável, já que essas sementes influenciam os resultados de germinação de
um lote e quanto maior a percentagem de sementes cheias, maior a possibilidade de um alto
poder germinativo e conseqüentemente o lote poderá ser considerado de alta qualidade.
O objetivo desse trabalho foi à avaliação da qualidade de sementes de mamona através
do uso de raios-X e determinar ate que ponto a intensidade e proporção dos danos
morfológicos internos afetam a germinação das sementes.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Análise de Sementes, do Departamento
de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, com sementes do cultivar Guarani. As
sementes foram beneficiadas em mesa densimétrica e classificadas em diferentes bicas (1, 2, 3
e 4) de acordo com sua densidade.
No teste de raios X as sementes foram dispostas em placas de isopor, com 100 sementes
por placa, em 4 repetições de 25 sementes, e radiografadas com intensidade de 30Kv por 1
minuto. De acordo com a morfologia interna visualizada nas radiografias, foram classificadas
em: a) sementes cheias: aquelas que contêm todos os tecidos essenciais para a germinação; b)
sementes com danos leves: aquelas que contêm menos que 40% de tecido danificado, c)
sementes com danos severos: aquelas que contêm mais de 40% de tecido danificado; d)
sementes vazias: sementes sem embrião; e após determinada a proporção de danos de cada
categoria foram formados sub-lotes com 5%, 10%, 15%, 20% e 25% de danos, nas mesmas
proporções encontradas na bica de melhor qualidade (Bica 1).
1189
Os lotes formados com sementes cheias, dano leve e dano severo e com danos em
proporções conhecidas, para avaliação do efeito do dano na germinação e vigor das sementes,
foram avaliadas pelos testes de germinação, índice de velocidade de germinação (IVG),
primeira contagem de germinação, emergência, índice de velocidade de emergência (IVE),
estande inicial e peso seco de plântulas.
No Teste de germinação foram utilizadas oito repetições de 25 sementes por tratamento
distribuídas uniformemente, tendo como substrato o rolo de papel do tipo Germitest,
umedecido com água destilada na proporção de 2,5 vezes seu peso. As sementes foram postas
para germinar em câmara de germinação a 25ºC. As avaliações foram feitas aos 7 (Primeira
contagem de germinação) e 14 dias, conforme as Regras para Análise de Sementes (Brasil,
1992). O Índice de velocidade de germinação foi conduzido juntamente com o teste de
germinação, sendo as avaliações realizadas diariamente a partir do dia em que se iniciou a
emissão da radícula, e o índice calculado segundo Maguire (1962).
O Teste de emergência foi conduzido com quatro repetições de 50 sementes por lote em
bandejas com areia e terra na proporção 2:1. A emergência das plântulas foi computada aos 7
dias (Estande inicial) e aos 21 dias (Estande final) após a semeadura, avaliando-se o número
de plântulas emergidas. O Índice de velocidade de emergência (IVE) foi feito paralelamente
ao teste de emergência, porém computado diariamente o número de plântulas emersas, e o
cálculo realizado conforme Maguire (1962). Aos final do teste, as plântulas foram cortadas
rente ao substrato e levadas para estufa com circulação de ar regulada para 80ºC durante 24
horas e pesadas em balança de precisão, para a obtenção do peso seco de plântulas.
Foi utilizado o delineamento estatístico inteiramente casualizado, sendo as médias
comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Os dados de Primeira
contagem de germinação para as categorias de danos foram transformados por
arcsen(√PC/100).
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
As sementes das categorias avaliadas (cheias, danos leves e severos) apresentaram teor
de água em torno de 6% por ocasião dos experimentos.
Na avaliação das categorias de sementes cheias, danos leves e severos, em relação ao
vigor, as sementes das categorias cheias apresentam melhor desempenho seguido pelas de
danos leves e danos severos, como o esperado, comprovados pelos valores de teste de
1190
Primeira Contagem e Matéria Seca. No teste de Germinação apenas sementes com danos
severos apresentaram menor desempenho (Tabela 1).
Categorias PC G EI EF MS
Cheias 74.00 a 83.00 a 1.50 a 74.00 a 8,00 a
Dano leve 57.00 b 75.00 a 2.50 a 66.00 a 5,79 b
Dano severo 11.00 c 18.50 b 2.00 a 18.50 b 0,94 c
*Valores seguidos da mesma letra não diferem entre si pelo Teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Pela análise dos resultados obtidos, observa-se que danos internos severos, visualizados
pela analise radiográfica, prejudicam a germinação das sementes, acarretando em grande
número de sementes mortas e plântulas anormais, confirmando as afirmativas de que a
morfologia interna pode ser um indicativo do potencial de viabilidade (Copeland, 1976;
Marcos Filho, 1994).
O efeito negativo de danos em sementes, destacados pela análise radiográfica, também
foi relatado para sementes de espécies florestais (Oliveira, 2004; Oliveira et al, 2000;
Machado, 2003).
Na Análise de Covariância da matéria seca em função do número de plantas anormais
infectadas, de acordo com as categorias de sementes observa-se efeito significativo para a
regressão, havendo necessidade de se corrigir os dados da matéria seca em função da variação
de plântulas anormais infectadas. Observa-se que o valor de Matéria Seca diminui de acordo
com a qualidade das sementes e com a quantidade de plântulas anormais geradas, sendo que
quanto pior a qualidade do lote menor será o valor de Matéria Seca (Tabela 1).
Com relação aos sub-lotes com proporções de danos conhecidas, no teste de germinação,
as proporções de 0% a 15% não apresentam diferença estatística entre si e as proporções de 20
e 25% apresentaram desempenho inferior. Na Primeira contagem essa diferença não foi
observada, uma vez que as sementes apresentaram um desenvolvimento homogêneo,
diferenciando depois com o numero de sementes mortas. Os valores de Estande inicial,
Estande final e Matéria Seca não apresentam diferença estatística (Tabela 2), o que pode ter
1191
ocorrido devido à incidência de fungos durante a condução do teste de Emergência, que
ocasionou em tombamento das plântulas.
4 CONCLUSÃO
De posse dos dados conclui-se que a técnica de raios X se mostra eficiente para avaliar a
qualidade de sementes de mamona, por meio da identificação de danos internos e que a
qualidade física das sementes influi na qualidade fisiológica do lote, onde a presença de mais
de 15% de danos afeta negativamente a germinação.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, J.G.C. Variabilidade genética para características agronômicas entre
progênies autofecunadadas de mamona (Ricinus communis L.) cv. AL Guarani 2002.
Botucatu: Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. 2003. 59f.
(Tese doutorado em Agronomia)
BINO, R.J.; AARTSE, J.W.; BURG, W.J. van der. Non-destructive X-ray of Arabidopsis
embryo mutants. Seed Science Research, Wallingford, v.3, p.167-170, 1993.
1192
FORNAZIERI JUNIOR. Mamona: uma rica fonte de óleo e de divisas. São Paulo: Ícone,
1986. p.63
ISTA - INTERNATIONAL RULES FOR SEED TESTING – ISTA. Seed Science and
Technology. Zurich, 1999. 333 p. Supplement.
ISTA - INTERNATIONAL RULES FOR SEED TESTING – ISTA. Seed Science and
Technology. Zurich, 2004. 333 p. Supplement.
1193
Grande. Anais... Campina Grande: EMBRAPA-CNPA/MAA/ABIOVE, 1997.p 139-150.
(EMBRAPA-CNPA. Documentos, 63).
1194
RECICLAGEM DE ÓLEO DE FRITURA COMO ALTERNATIVA PARA
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E PRODUÇÃO DE BIOENERGIA
1195
1 INTRODUÇÃO
A reciclagem é uma forma de reutilizar produtos agredindo bem menos a natureza, já
que economiza recursos naturais e evita o lançamento de resíduos no meio ambiente. Apesar
de já serem disponíveis diversas tecnologias para a reciclagem, estas não são utilizadas de
maneira satisfatória no Brasil e também não é um hábito da população. Hoje reciclamos cerca
de 1,5% do lixo urbano orgânico sólido produzido, 10% da borracha consumida, 15% das
garrafas PET, 18% dos óleos lubrificantes, 35% das embalagens de vidro e de latas de aço. Os
números mais favoráveis estão na reciclagem das latas de alumínio, 65%, e na de papel, 71%.
O que vem ganhando muito espaço é a reciclagem de resíduos agrícolas e agroindustriais, pois
estes representam matéria-prima de baixo custo além de degradar menos o meio ambiente.
Um dos meterias que causam grande impacto é o óleo, destacando principalmente os
óleos vegetais usados em processos de fritura por imersão
A maioria das cidades brasileiras ainda não possui uma forma adequada para o descarte
desse material. Estudos revelaram que 70% da população jogam o óleo na pia da cozinha e
20% no lixo doméstico. Os diferentes tipos de óleo lançados diretamente na rede coletora de
esgoto chegam a encarecer o tratamento de efluentes substancialmente;, a presença deste nos
esgotos entope encanamentos, além de provocar graves problemas de higiene e mau cheiro. O
óleo, por ser menos denso que a água, cria uma barreira na superfície dos cursos d´água que
dificulta a entrada de luz e a oxigenação, comprometendo assim, a base da cadeia alimentar
aquática, os fitoplânctons. Algumas pesquisas estimam que um litro de óleo é capaz de
contaminar cerca de 1 milhão de litros de água, valor que seria equivalente ao consumo de
uma pessoa em 14 anos.
O óleo usado pode ser utilizado para fabricação de sabão, rações, detergente
biodegradável, lubrificante para máquinas agrícolas, massas para vidros, cola, tintas
industriais e biodiesel, e a sua reciclagem como biocombustível alternativo além de retirar do
meio ambiente um poluente, permitirá a geração de uma fonte alternativa de energia,
atendendo a duas necessidades básicas de uma só vez, auxiliando na diminuição da
importação do petróleo para suprir a demanda por diesel.
O biodiesel é um combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto,
sucedâneo ao óleo diesel mineral, constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos
de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de qualquer triglicerídeo com um
álcool de cadeia curta, metanol ou etanol, respectivamente. É importante frisar que a
utilização do biodiesel permite que se estabeleça um ciclo fechado do carbono. A planta
1196
absorve o CO2 que foi liberado para a atmosfera pela combustão que ocorre no interior dos
motores, transformando este CO2 em esqueletos carbônicos que serão utilizados durante as
fases vegetativa e reprodutiva das plantas.
Além na redução das emissões dos poluentes, o emprego do biodiesel como
combustível, em substituição total ou parcial ao diesel, também está associado a outros
relevantes benefícios, como: - redução das emissões de gás carbônico, que contribui para o
efeito estufa; - redução das emissões de enxofre e compostos aromáticos tóxicos (como o
benzeno), já que o biodiesel não contém estes contaminantes; - combustão mais completa,
decorrente do maior percentual de oxigênio presente nas moléculas que compõem o biodiesel;
- geração de empregos no setor primário, mantendo os trabalhadores no campo, evitando o
êxodo rural; - diminuição na importação de petróleo, favorecendo a balança comercial do
país. Os motores a explosão por compressão não necessitam de nenhuma modificação para
funcionar com biodiesel.
O processo de produção de biodiesel no Brasil tem como principal gargalo a produção
de matéria prima e novas alternativas vem surgindo a cada dia para sua produção e a
reciclagem de óleo vem como uma importante alternativa para ajudar no suprimento dessa
demanda.
Com este trabalho, objetivou-se mostrar os diferentes usos e destinos que podem ser
dados ao óleo advindo de frituras por imersão, conscientizando a população da importância da
reciclagem e preservação do meio ambiente, e desenvolver alternativas viáveis para limpeza,
purificação e transformação desse óleo em biodiesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O projeto será desenvolvido inicialmente nos municípios de Lavras e Varginha, com a
finalidade de determinar os parâmetros necessários à logística de coleta de óleos utilizados em
frituras em estabelecimentos comerciais, industriais e em residências.
Inicialmente, serão feitos os seguintes levantamentos:
- Distribuição espacial das residências;
- Distribuição espacial dos estabelecimentos comerciais que utilizam óleo para fritura;
- Distribuição espacial das cozinhas industriais existentes;
- Distribuição espacial das associações de bairros e associações de reciclagem;
- Distribuição espacial das entidades assistenciais e religiosas;
- Distribuição espacial dos postos de coleta de óleo de fritura usado.
1197
Todo o óleo recolhido será conduzido ao laboratório de Plantas Oleaginosas e Biodiesel
da UFLA para avaliação e purificação. O plano de coleta é recolher de duas a três vezes por
semana o material doado pelas empresas participantes do projeto. O óleo de fritura usado será
analisado quanto à quantidade de impurezas físicas, densidade, presença de água, açúcar e sal.
A purificação será feita utilizando-se de equipamento de decantação, filtragem e limpeza a à
vácuo. Após a obtenção dos lotes de óleo, serão avaliados o índice de acidez e a sua
qualidade. O óleo selecionado será transesterificado na Unidade de Produção de Biodiesel de
Varginha, coordenada pela Ambra Energética e Ambiental Ltda e Prefeitura Municipal de
Varginha.
O biodiesel obtido será misturado ao óleo diesel mineral, na proporção de 30% (B30)
para o abastecimento do Laboratório Móvel de Educação Ambiental, montado sobre o chassi
de um caminhão Iveco modelo Daily 70-13, o qual será monitorado quanto ao consumo,
desempenho e emissão de gases.
3 OBJETIVOS
O projeto tem por objetivo geral promover a conscientização da população para a
reciclagem de óleo usado, que é normalmente descartado na rede de esgoto, e para a
importância ambiental da substituição do óleo diesel mineral pelo biodiesel obtido com ações
social e ambientalmente corretas, além de difundir os benefícios da reciclagem do óleo de
fritura usado; estabelecer uma logística de coleta de óleo usado; desenvolver metodologias
para a limpeza e purificação de óleo de fritura usado; desenvolver e testar metodologias para a
transformação de óleos de fritura em biodiesel; demonstrar e difundir os benefícios da
utilização de biodiesel na matriz energética.
O projeto visa ainda promover a melhoria ambiental pela coleta de óleos vegetais
usados, evitando seu descarte no esgoto; aumentar a reciclagem de produtos; estabelecer uma
nova fonte de matéria prima para a produção de combustível renovável; gerar competência
entre os estudantes participantes do projeto em logística de coleta, ; purificação e
transformação de óleo de fritura; diminuir a emissão de gases tóxicos pela substituição parcial
do óleo diesel mineral por biodiesel, com destaque para o enxofre e CO2.
1198
4 RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se com esse projeto reduzir o impacto ambiental causado pelo lançamento
indiscriminado de óleo nas redes pluviais, o que causa imensos prejuízos à população em
geral e ao meio ambiente, além de obter uma nova fonte para produção de biodiesel na região.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KOZERSKI, G.R. ; HESS, S.C. Estimativa dos poluentes emitidos pelos ônibus e
microônibus de Campo Grande/MS, empregando como combustível diesel, biodiesel ou gás
natural. Rio de Janeiro: Eng. Sanit. Ambient.,vol.11,no.2, Abril / Junho 2006.
BAIRD, C. Environmental chemistry. 2 ed. New York: Ed. W. H. Freeman, 484 p., 1998.
BALDASSARI, L. T. et al. Emission comparison of urban bus engine fueled with diesel oil
and 'biodiesel' blend. Science of the Total Environment, v. 327, n. 1-3, p. 147-62, 2004.
COSTA NETO, P.R. et al. Produção de biocombustível alternativo ao óleo diesel através da
transesterificação de óleo de soja usado em frituras. Química Nova, v. 23, n. 4, p. 531-37,
2000.
FREITAS, C. et al. Internações e óbitos e sua relação com a poluição atmosférica em São
Paulo, 1993 a 1997. Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 6, p. 751-57, 2004.
COSTA NETO, P. R.; FREITAS, R. J. S.; Boletim CEPPA 1996, 14, 163
DUNN, R. O.; SHOCKLEY, M. W.; BAGBY, M. O.; J. Am. Oil Chem. Soc. 1996, 73, 1719
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1199
National Biodiesel Board; In: Anais do Congresso Internacional de Biocombustíveis
Líqüidos; Instituto de Tecnologia do Paraná; Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior; Curitiba, PR, 19 a 22 de julho, 1998; p. 42
RAMOS, L. P.; In: Anais do Congresso Brasileiro de Soja; Centro Nacional de Pesquisa de
Soja; Empresa Nacional de Pesquisa Agropecuária; Londrina, PR, 17 a 20 de maio, 1999; p.
233
NYE, M. J. T. W.; Williamson, S.; Deshpande, J. H.; J. Am. Oil Chem. Soc. 1983, 60, 1598
MITTELBACH, M.; TRITTHART, P.; J. Am. Oil Chem. Soc. 1988, 65, 1185
ZAGONEL, G.; COSTA NETO, P. R.; RAMOS, L. P.; In: Anais do Congresso Brasileiro
de Soja; Centro Nacional de Pesquisa de Soja; Empresa Nacional de Pesquisa Agropecuária;
Londrina, PR, 17 a 20 de maio, 1999; p. 342
1200
CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DO BIODIESEL E SEUS PRECURSORES
ATRAVÉS DE TÉCNICAS FOTOTÉRMICAS
RESUMO: Na busca pela melhoria de qualidade de vida, como também de menor impacto
ambiental, e a possibilidade da escassez dos combustíveis fósseis buscam-se combustíveis
alternativos ao diesel sendo o óleo vegetal in natura um dos primeiros combustíveis deste
tipo. Porém sua utilização de forma direta está condicionada às adaptações especiais dos
motores. Com o objetivo de resolver os inconvenientes que decorrem de sua utilização direta,
como por exemplo, o entupimento dos sistemas de injeção, decorrente da alta viscosidade
descobri-se um novo combustível renovável, biodegradável e ecologicamente correto
denominado biodiesel. Uma das vantagens vem do fato que o biodiesel e o óleo in natura
apresentarem a capacidade de redução de emissão de alguns tipos de gases poluentes durante
sua combustão. Devido a isto este tipo de material tem despertado o interesse não só no meio
acadêmico, mas também entre diversos setores industriais. Neste trabalho utilizamos a técnica
de Lente Térmica (LT) para a caracterização das propriedades térmicas de vários tipos óleos e
do biodiesel produzido a partir destes óleos. A propriedade térmica estudada foi a
difusividade térmica. As medidas de TL foram realizadas utilizando um laser de Ar+ (Spectra
- Physics, Stabilite 2017) em 457,9 nm, como o feixe da excitação e um laser He-Ne em 632.8
nm de baixa potência, como feixe de prova.
1201
1 INTRODUÇÃO
Diante da possibilidade do esgotamento dos recursos fósseis, a pesquisa na área de
combustíveis alternativos tornou-se uma preocupação mundial. Atualmente, na Europa dois
milhões de veículos rodam com o chamado diesel ecológico, e este número deverá aumentar
significativamente nos próximos anos. A comunidade Européia estabeleceu que até 2005,
cerca de dois por cento de todo combustível usado no continente deverá ser proveniente de
fontes renováveis. O Brasil desde a década de 70 possui esta tecnologia e após anos de
tentativas, o atual governo estabeleceu um PROGRAMA NACIONAL DE BIODIESEL
propondo a utilização da mistura dois por cento de óleo vegetal ao diesel, este percentual
aumentará progressivamente para cinco por cento até 2009. Com base nesta meta, calcula-se
que o biodiesel reduzirá em trinta e três por cento o total de 6 bilhões de litros importados
anualmente pelo país, gerando uma economia de 350 milhões de dólares.
O Brasil tem em sua geografia grandes vantagens agrônomas, por se situar em uma
região tropical, associada à disponibilidade hídrica e regularidade de chuvas, torna-se o país
com maior potencial para produção de energia renovável, pois o biodiesel provém de
diferentes fontes como plantações das quais se retira da semente ou flor o óleo para a
produção do biodiesel, como também pode ser feito de gordura de animal, de esgoto ou óleo
de fritura, e neste processo utiliza-se no Brasil o álcool oriundo da cana de açúcar (etanol)
gerando milhares de empregos.
Devido rápida e crescente utilização do biodiesel faz-se necessário o emprego de novas
técnicas para caracterizar a qualidade e pureza deste material. Uma área promissora é a
caracterização das propriedades térmicas através de técnicas foto-térmicas.
A técnica de Lente Térmica é uma técnica foto-térmica que tem mostrado ser altamente
sensível no estudo de amostras transparentes, cujo valor de coeficiente de absorção ótica é da
ordem de 10-7 cm-1,quatro ordens de grandeza maior do que o obtido pela espectroscopia
convencional de transmissão (10-3 cm-1). As principais propriedades termo-ópticas possíveis
de se medir com a técnica de LT são: difusividade térmica (D), condutividade térmica (k),
desvio do caminho óptico com a temperatura (ds/dT) e a fração de energia convertida em
calor (ϕ).
Neste trabalho vamos apresentar uma caracterização térmica do biodiesel e dos seus
precursores através da técnica de LT da propriedade térmica, conhecida como difusividade. A
difusividade térmica (D) que revela importantes informações do processo físico-químico deste
1202
material e está associada ao tempo da termalização que depende fortemente da composição do
material (Castro et al., 2005).
2 MATERIAL E MÉTODOS
As amostras analisadas neste trabalho foram os óleos de amendoim, girassol, mamona e
nabo, originados de oleaginosas e as amostras de biodiesel foram obtidas através dos óleos
citados acima após passar pelo processo de transesterificação utilizando o etanol.
O efeito de LT consiste na absorção da energia do feixe laser produzindo um
aquecimento na região iluminada, e como a intensidade é maior em seu centro, uma
distribuição radial da temperatura é criada, ocasionando uma variação no índice de refração
em função do aquecimento, e consequentemente variando o caminho ótico percorrido pelo
laser. Isto faz com que a região iluminada se comporte como uma lente que poderá mudar a
intensidade do centro do feixe laser. Esta mudança depende das propriedades ópticas e
térmicas do material analisados, tais como o coeficiente de absorção óptica (A), variação do
índice de refração dependente da temperatura (dn/dT), a condutividade (K) e a difusividade
térmica (D). Devido à variação do índice de refração dependente da temperatura há a
formação de lentes apresentam dois formatos: divergente, onde se detecta uma diminuição na
intensidade do sinal é característico na maioria dos líquidos ou convergente detectado pelo
aumento na intensidade do sinal característico na maioria dos sólidos.
Os experimentos de LT podem ser feitos tanto na configuração de feixe único quanto de
feixe duplo (excitação e prova), sendo que no segundo caso pode ser na configuração casada
ou descasada (Baesso et al., 1994). Na configuração de feixe duplo, um feixe de maior
intensidade (excitação) é utilizado para provocar a LT e outro de menor intensidade (prova)
para provar a LT criada.
Neste trabalho utilizaremos a configuração de modo descasado, veja Fig. 1. Nesta
configuração o feixe de excitação tem sua cintura na amostra e o feixe de prova tem a amostra
na sua posição confocal. A vantagem desta configuração em relação as outras configurações ,
é a sensibilidade pode ser significativamente aumentada com w p > w e .
1203
axial, I(t) que é medido usando um orifício circular em frente ao fotodiodo. Usando a teoria
de difração de Fresnel determinou a expressão analítica para a intensidade do feixe de prova
no detector no regime contínuo, I(t) é dado por:
2
⎡ ⎛ ⎞⎤
⎢ θ ⎜ ⎟⎥
I(t ) = I(0 ) ⎢1 + tan −1 ⎜ 2mV ⎟⎥
⎢ 2 [ ⎜ (1 2m )2 V 2
⎜ + + ]
⎛ t c ⎞ + 1 + 2m + V 2 ⎟ ⎥
⎜ 2t ⎟ ⎟⎥
⎣⎢ ⎝ ⎝ ⎠ ⎠⎦ Equação 1
onde m=(wp/we)2, wp e we são respectivamente os raios do feixe de prova e de excitação na
amostra, zo é o parâmetro confocal do feixe de prova definido como z 0 = πw02 / λ p ; V=z/zo, z
tc = we2 / 4 D , Equação 2
onde é D = K / ρc é a difusividade térmica, ρ é a densidade e c é o calor específico. A
amplitude do sinal de LT, θ , é proporcional a sua variação de fase dada por:
1204
Laser de excitação rov
a
e r de p
Las
Sistema de
Detector aquisição
Chopper
Sinal
Íris
Figura 1 - Aparato experimental da técnica de LT de feixe duplo de modo descasado
De acordo com a figura 1 para excitar a amostra utilizamos o laser de Argônio (Ar+)
(Spectra – Physics, Stabilite 2017), em 457,9 nm, e para provar o efeito o laser de He-Ne em
632,8 nm. A amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo (L = 2mm).
A figura 2 apresenta uma curva característica do sinal de LT. A curva vermelha na
representa o ajuste matemático que é realizado a partir da equação (1). Ao ajustarmos as
curvas características do sinal de LT e, mantendo os parâmetros m e V fixos, obtemos os
valores da amplitude do sinal (θ) e do tempo característico de formação da Lente (tc).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como o sinal de LT é proporcional ao coeficiente de absorção óptico (Ae), dado pela
equação (3), a medida utilizou um feixe de excitação o laser de Ar+ de λ = 457,9 nm e como
feixe de prova o laser de He-Ne λ = 632,8 nm. A partir de um ajuste matemático obtemos o
valor da difusividade (D) utilizando a equação 2. e para obtermos o valor da amplitude do
sinal utilizamos a equação 3. No caso da figura 2, excitada com a potência de 0,16mW
obtivemos o D = (0,00106 ± 2,3602E-6) x10-3 cm-2/s e o θ = (0,1365 ± 0,00005) rad O
mesmo procedimento foi repetido para as outras amostras e o parâmetro determinado é
apresentado na tabela 1.
1205
1,02
1,00
0,98
Óleo de mamona filtrada
Sinal de LT (u.a.) 0,96 Ajuste teórico
0,94
0,92
0,90
0,88
0,86
0,84
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Tempo (s)
1206
0,15
Sinal de LT (u.a.)
0,10
0,05
Óleo de mamona filtrada
Biodiesel de mamona
0,00
1207
Amostra Difusividade
Óleo de Amendoim 0,00107 ± 6,01E-06
Biodiesel de Amendoim 0,00087 ± 3,08E-06
Óleo de Girassol 0,00111 ± 8,98E-03
Biodiesel de Girassol 0,00103 ± 3,36E-06
Óleo de Mamona 0,00090 ± 5,84E-05
Óleo de Mamona filtrada 0,00106 ± 3,83E-06
Biodiesel de Mamona 0,00093 ± 2,63E-06
Tabela 1 - Propriedades térmicas do biodiesel certificados
4 CONCLUSÃO
Foram medidas amostras de óleos e biodiesel das quais obtivemos os valores da
propriedade de difusividade térmica, porém estes são resultados preliminares e pretendemos
realizar a caracterização térmica de todas as propriedades (difusividade, efusividade e
condutividade térmica).
A difusividade é relacionada ao tamanho das moléculas e pode ser usado como
parâmetro para avaliar a qualidade do material. Por isso, os resultados presentes neste
trabalho indicam que a aplicação das técnicas fototérmicas podem ser utilizadas para avaliar
as propriedades térmicas do biodiesel, sugerindo que os métodos podem ser adotados como
um caminho alternativo para certificação do biodiesel.
5 AGRADECIMENTOS
Agradeço aos órgãos financiadores deste projeto de pesquisa como também da bolsa de
estudos que são a FAPERJ e o CNPq como também a Universidade Estadual do Norte
Fluminense – UENF- por ter possibilitado com sua estrutura a realização desta pesquisa.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
M.P.P Castro, A A Andrade, R.W. A. Franco, P.C.M. Miranda, M.S. Sthel, H. Vargas, R.
Constantino, M.L. Baesso, Chem. Phys. Lett. 411 (2005), 18.
1208
CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DO BIODIESEL E SEUS PRECURSORES
ATRAVÉS DE TÉCNICAS FOTOTÉRMICAS
RESUMO: Na busca pela melhoria de qualidade de vida, como também de menor impacto
ambiental, e a possibilidade da escassez dos combustíveis fósseis buscam-se combustíveis
alternativos ao diesel sendo o óleo vegetal in natura um dos primeiros combustíveis deste
tipo. Porém sua utilização de forma direta está condicionada às adaptações especiais dos
motores. Com o objetivo de resolver os inconvenientes que decorrem de sua utilização direta,
como por exemplo, o entupimento dos sistemas de injeção, decorrente da alta viscosidade
descobri-se um novo combustível renovável, biodegradável e ecologicamente correto
denominado biodiesel. Uma das vantagens vem do fato que o biodiesel e o óleo in natura
apresentarem a capacidade de redução de emissão de alguns tipos de gases poluentes durante
sua combustão. Devido a isto este tipo de material tem despertado o interesse não só no meio
acadêmico, mas também entre diversos setores industriais. Neste trabalho utilizamos a técnica
de Lente Térmica (LT) para a caracterização das propriedades térmicas de vários tipos óleos e
do biodiesel produzido a partir destes óleos. A propriedade térmica estudada foi a
difusividade térmica. As medidas de TL foram realizadas utilizando um laser de Ar+ (Spectra
- Physics, Stabilite 2017) em 457,9 nm, como o feixe da excitação e um laser He-Ne em 632.8
nm de baixa potência, como feixe de prova.
1209
1 INTRODUÇÃO
Diante da possibilidade de esgotamento dos recursos fósseis, a pesquisa na área de
combustíveis alternativos tornou-se uma preocupação mundial. Devido a vários fatores
favoráveis, o Brasil esta em grande vantagem.
Um dos recursos aqui utilizados é o biodiesel, um combustível renovável,
biodegradável, derivado de óleos vegetais ou gorduras animais, podendo substituir total ou
parcialmente o óleo diesel de origem fóssil para motores a combustão interna com ignição por
compressão.
Uma grande vantagem do biodiesel é que não há necessidade de qualquer adaptação em
motores a diesel, alem de vantagens econômicas (na redução de importação de petróleo, diesel
refinado e mais emprego para agricultores internos) e ambientais (menor emissão de
poluentes no ar em relação ao diesel).
O Biodiesel pode ser definido como éster alquílico de ácidos graxos oriundos de óleos
vegetais ou gordura animal. Em termos diretos, o biodiesel é o produto de reação entre um
álcool e um óleo vegetal, ou uma gordura animal (figura 1). No caso brasileiro, em função do
histórico nacional sucro-alcooleiro, o álcool usado e o etanol. No caso dos EUA e de outros
países europeus o álcool empregado é preferencialmente o metanol. Obviamente o biodiesel
produzido por estes dois processos distintos pode ter pequenas diferenças em algumas de suas
propriedades que podem comprometer a eficiência do combustível.
Além dos diferentes álcoois que podem ser empregados, diferentes fontes de óleos ou
gorduras também podem ser utilizadas. Entretanto, cada uma destas fontes tem uma
proporção característica de ácidos graxos que formam os respectivos triacilgliceróis e que
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1210
fornecerão o biodiesel depois da transesterificação. Mais ainda, mesmo que levemente, esta
proporção pode variar de uma região para outra, ou de um período do ano para o outro dentro
de uma mesma fonte. Assim pode-se perceber a grande variedade de composição que
diferentes fontes de biodiesel podem gerar.
Com relação à fonte do biodiesel nos EUA, por exemplo, a soja é a matéria prima mais
comum para a sua produção. Outros óleos vegetais tais como o óleo de milho, o óleo de
canola, o óleo da semente de algodão, o óleo de mamona e o óleo de palmáceas também
podem ser eficientemente empregados para a produção do biodiesel (Pinto et al.), . De modo
semelhante, resíduo de óleos de restaurante, como o óleo de frituras, gorduras animais de
modo geral, resíduos de caixas de gordura ou de plantas de tratamento de esgoto também
podem ser empregadas de forma efetivaErro! Indicador não definido.. No caso brasileiro,
dada a grande extensão territorial e diferenças climáticas e socioeconômicas, ficou definido
que não haverá um tipo único de biodiesel, sendo a escolha feita de forma particular por cada
região. Assim, de modo exemplificado, é possível que o biodiesel oriundo do norte seja de
oleaginosas como o babaçu, no nordeste a partir da mamona, no centro-oeste a partir da soja,
no sul a partir do girassol e nas cidades mais populosas a partir do tratamento de esgotos e
outros resíduos. Tal diversidade de matérias primas leva, inexoravelmente, a diferentes tipos
de biodiesel com propriedades químicas e físicas diferentes entre si. Assim torna-se
imprescindível o estudo de novas técnicas analíticas para a diferenciação/caracterização
rápida e eficaz dos diferentes tipos de biodiesel possíveis (Castro et al., 2005).
Portanto neste trabalho apresentamos uma técnica analítica baseada no efeito de Lente
Térmica (LT) para a caracterização rápida e eficaz de diferentes tipos de biodiesel. Foram
preparados diferentes padrões de alguns destes ésteres graxos mais comuns puros,
nominalmente: estearato de etila, oleato de etila, linoleato de etila, linolenato de etila,
ricinolenato de etila, palmitato de etila, palmitoleato de etila e araquidato de etila. Estes
ésteres graxos são os principais componentes encontrados em qualquer biodiesel produzido
em torno de 90% .
2 MATERIAL E MÉTODOS
O efeito de lente térmica (LT) foi descoberto em 1965 nos laboratório da Bell
Telephone (Gordon et al., 1965). A primeira observação do fenômeno ocorreu ao se introduzir
uma cubeta (porta amostra) com corantes ou solventes diversos dentro da cavidade de um
laser de He-Ne, eles observaram que a intensidade no centro do laser, no detector, sofria
1211
variação na escala de milisegundos, sendo o tempo necessário para ocorrer o equilíbrio
térmico.
Nos primeiros experimentos foram utilizados arranjos com apenas um feixe laser, usado
tanto para o aquecimento da amostra como para observar a evolução de LT. O uso de dois
lasers, um de excitação para gerar a lente térmica, e o outro como laser de prova utilizado para
monitorá-lo, possibilitou tanto o aumento de sensibilidade quanto de versatilidade desta
técnica, permitindo análise simultânea da amostra em diferentes comprimentos de onda, tendo
aplicação imediata no levantamento de curvas de absorção Óptica.
Na montagem do experimento de Lente Térmica de feixe duplo se utiliza de duas
configurações: modo casado e modo descasado. No modo casado os dois feixes, o feixe de
excitação e de prova, apresentam a mesma cintura do feixe na amostra, porém, devido ao
diâmetro do laser de prova ser pequeno na posição da amostra, este modelo torna-se menos
sensível por não conseguir captar uma quantidade considerável de dados. No caso do modo
descasado, feixe de excitação tem sua cintura na amostra e o feixe de prova tem a amostra na
posição confocal, ou seja, fora da amostra. Desta forma o diâmetro do feixe de excitação será
menor que o feixe de prova aumentando a sensibilidade da técnica, podendo obter o maior
número de informação. O ângulo de inclinação entre os feixes, facilita o alinhamento e reduz
a quantidade de elementos ópticos como filtros no detector para eliminar o sinal do laser de
excitação após a passagem pela amostra.
Ao passar pela amostra, a radiação absorvida e convertida em calor provocará uma
mudança no índice de refração da amostra gerando o efeito de LT. O método de LT resolvido
no tempo permite medidas do desenvolvimento de uma lente formada pela amostra em um
curto tempo, na ordem de milisegundos. A técnica de LT pode ser utilizada na caracterização
de diversos tipos de matérias, sendo eles sólidos ou líquidos, com ênfase nas propriedades
termo-ópticas como coeficiente de variação do caminho óptico com a temperatura (ds/dT),
coeficiente de variação do índice de refração (dn/dT), condutividade térmica (k) e
difusividade térmica (D) (Snook et al., 1995).
A propagação de um feixe através da lente formada pela amostra resulta em uma
variação na intensidade axial, I(t), a qual pode ser calculada usando a teoria da integral de
difração. No regime continuo, I(t) E dado por Baesso et al.,(1994):
1212
Equacao 1: Formulação matemática da intensidade axial
onde m = (wp/we)2, e wp e we são os raios do feixe de prova e de excitação, respectivamente.
V = z/z0, onde z0 E o parâmetro confocal do feixe de prova e I(0) o valor de I(t) quando t ou
θ for zero. tc é o tempo característico da difusão do calor pela amostra é dado por:
O aparato experimental utilizado é composto por duas fontes de laser, sendo um de alta
intensidade (Ar+) que atua aquecendo a amostra e um laser de baixa intensidade (He-Ne) com
comprimento de onda sem absorção pela amostra, apenas provando a LT formada. O tempo
de exposição da amostra ao feixe de excitação é controlado por um interruptor rotativo
(chopper), cuja freqüência é variada de acordo com o tempo de resposta da amostra. Os
espelhos e lentes servem para maximizar o caminho do feixe e assim aumentar a sensibilidade
da técnica.
Todo aparato experimental e a configuração utilizada é mostrada na figura a seguir:
1213
Figura 2 - Configuracao experimental usada no lcfis
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para análise e caracterização foram utilizadas amostras de biodiesel dos seguintes
componentes: linoleato de etila, oleato de etila e estearato de etila. A figura 3 apresenta as
estrutura dos diferentes ésteres graxos utilizados neste trabalho para a produção do biodiesel.
As amostras foram colocadas numa cubeta de 2mm. Para as medidas de Lente térmica
1214
utilizamos como feixe de excitação, um laser de Argônio λ=457nm e como feixe de prova,
um laser de He-Ne λ=632,8nm.
0,999
Sinal de Lente Térmica (u. a.)
Ethyl Linoleate
Ajuste Teórico
0,990
0,981
0,972
0,963
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8
Tempo (s)
No caso da figura 4, D = 1,22 x10-3 cm-2/s . O mesmo procedimento foi repetido para
as outras amostras e o parâmetro determinado E apresentado na tabela 1.
1215
AMOSTRAS DIFUSIVIDADE (X10-3 cm2/s)
LINOLEATO DE ETILA 1,22
OLEATO DE ETILA 0,91
ESTERATO DE ETILA 0,87
Tabela 1 - Apresenta os valores de difusividade térmica para as amostras de linoleato de etila,
oleato de etila e esterato de etila.
4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos mostraram a sensibilidade da técnica . Pretendemos a partir destes
padrões primários produzir diversas misturas binárias e ternárias com diferentes composições
que servirão como padrões secundários, que também terão suas propriedades termo ópticas
avaliadas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A. C. Pinto, L. L. N. Guarieiro, M. J. C. Rezende, N. M. Ribeiro, E. A. Torres, W. A. Lopes,
P. A. P. Pereira e J. B. Andrade, J. Braz. Chem. Soc. 16, 1313-1330.
M.P.P Castro, A A Andrade, R.W. A. Franco, P.C.M. Miranda, M.S. Sthel, H. Vargas, R.
Constantino, M.L. Baesso, Chem. Phys. Lett. 411 (2005), 18.
1216
OLEAGINOSAS PARA PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO ESTADO
DA BAHIA A PARTIR DA AGRICULTURA FAMILIAR
1217
1 INTRODUÇÃO
O consumo nacional de diesel é de 40 milhões de metros cúbicos por ano, dos quais 3,5
milhões de metros cúbicos são importados além de exportar 600 milhões de litros anuais. O
país sempre fica dependente dos humores do mercado internacional, o que gera um quadro de
vulnerabilidade de acordo com WEHRMANN et al. (2004) e além disso, o país tem dispêndio
de cerca de 1,7 bilhões de dólares fazendo o custo do diesel importado ficar em 0,492US$/L.
Na associação entre busca por energia renováveis e por substitutos do diesel importado,
o governo brasileiro lançou o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB)
que busca substituir parte do diesel mineral por biodiesel. Essa proporção obedece a Lei
11.097/2005 que autoriza a utilização de 2% (B2) em volume de biodiesel ao diesel
comercializado no país e estabelece a obrigatoriedade de 2% a partir de 2008 e 5% (B5) a
partir de 2013.
No entanto, essa não é a primeira vez que o Brasil lança política de biocombustiveis.
Em 1975, o governo brasileiro lançou o Programa Nacional do Álcool – Proalcool, como
resposta à crise estrutural do fornecimento de petróleo do inicio daquela década
(WEHRMANN et al, 2004). Por outro lado, o Proalcool não reduziu a dependência brasileira
de petróleo importado e como estava centrado na cana-de-açúcar, inviabilizou investimentos
em inúmeras outras alternativas, que beneficiavam pequenos e médios produtores, como no
caso da mandioca, produto cultivado e cultivável em todos os quadrantes do país, cujo
emprego em larga escala beneficiaria um imenso contingente de pequenos e médios
produtores rurais, tradicionalmente produtores.
Outra experiência com biocombustiveis foi o Programa de Óleos Vegetais – OVEG que
foi implementado na primeira metade da década de 1980 e envolveu centros de pesquisa e
diversos setores da indústria. Naquele período, foram testados frotas de caminhões pesados
que rodaram 1,5 milhão de Km utilizando biodiesel de várias oleaginosas, apresentado
resultados satisfatórios.
Em consonância com o governo federal, o governo estadual lançou o PBPB, Programa
Baiano de Produção e Uso de Biodiesel, que tem o objetivo de organizar a cadeia produtiva,
vencer os gargalos tecnológicos, fortalecer a agricultura familiar e consolidar o estado na
produção de biocombustíveis, aumentando a diversificação da matriz energética.
Esse trabalho tem a intenção de levantar algumas informações tais como rendimento de
óleo, área necessária para o plantio de cada oleaginosa, definindo alguns critérios que poderão
ser úteis na escolha das oleaginosas para produção de biodiesel, já que na situação atual a
1218
quantidade de óleo produzida é destinada basicamente a atender aos mercados já estruturados
ao longo dos últimos anos e as oleaginosas utilizadas para produção de biodiesel atualmente
vem dos estoques, o que significa que para consolidação da cadeia produtiva do biodiesel é
necessária a organização e a garantia de fornecimento da matéria-prima, principal que é o óleo
vegetal.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O consumo estadual de diesel é de 210 mil m3 por ano. Para atender a demanda do B5,
5% em volume de biodiesel ao diesel, o estado precisará produzir anualmente uma quantidade
de 105 mil metros cúbicos de biodiesel o que consumirá aproximadamente 97 mil metros
cúbicos de óleo vegetal por ano, considerando o rendimento médio da reação de
transesterificação igual a 97%. Por outro, a partir de 2008, o estado terá uma capacidade
instalada para produzir biodiesel de 184,5 mil metros cúbicos por ano, ou seja, superior a
demanda para atender ao B5 da Bahia. Nesse caso, a demanda de óleo vegetal para atender
essa capacidade que está sendo instalada será de aproximadamente, 170 mil metros cúbicos
por ano, sendo 50% da matéria-prima oriunda da agricultura familiar.
Com o objetivo de estruturar e organizar a cadeia produtiva do biodiesel, superando os
gargalos logísticos e tecnológicos, principalmente, o governo do estado da Bahia elaborou e
lançou o Programa Baiano de Produção e Uso do Biodiesel – PBPB, em consonância com o
governo federal que lançou o PNPB.
1219
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Produção (mil
33.078 32.990 34.153 38.252 38.396 38.660
m3)
Importação
6.585 6.369 3.818 2.694 2.371 3.545
(mil m3)
Exportação
73 16 122 64 300 601
(mil m3)
Dispêndio
Importação
1.214,04 1.084,17 791,81 826,76 1.019,6 1.074,71
(milhões de
US$)
Receita
Exportação
15,39 2,54 25,71 18,21 128,41 300,76
(milhões de
US$)
Custo
importação 0,184 0,170 0,207 0,307 0,429 0,492
(US$/L)
Tabela 1 - Produção, importação, exportação, custo de importação e receita de exportação
para o óleo diesel entre 2001 e 2006 (ANP, 2006).
1220
• As salvaguardas de cada parte;
• Identificação e concordância de uma representação dos agricultores que participou das
negociações;
• Assegurem assistência e capacitação técnica aos agricultores familiares.
Somente podem e poderão participar dos leilões da Agência Nacional de Petróleo –
ANP, os produtores que tiverem o selo social, além disso, os produtores de biodiesel que
comprarem a matéria prima do norte ou nordeste do país, sendo mamona ou palma, terão
isenção total da incidência da PIS/PASEP e Cofins.
Segundo o PRONAF (2002), os agricultores familiares são produtores rurais que
atendam aos seguintes requisitos:
Sejam proprietários, posseiros, arrendatários, parceiros ou concessionários da Reforma
Agrária;
• Residam na propriedade ou em local próximo;
• Detenham, sob qualquer forma, no máximo 4 módulos fiscais de terra, quantificados
segundo a legislação em vigor;
• 80% da renda bruta, no mínimo, seja proveniente da exploração agropecuária ou não
agropecuária do estabelecimento;
• A base da exploração do estabelecimento seja o trabalho familiar.
A agricultura familiar representa mais de 84% dos imóveis rurais do país e são
responsáveis pela parcela significativa dos alimentos que é consumido nas mesas brasileiras:
70% do feijão, 84% da mandioca, 58% da carne de suínos, 54% do leite, 49% do milho e 40
das aves ovos, dentre outros (MAPA, 2007).
Segundo SCHNERDER (2003), a expressão agricultura familiar emergiu do contexto
brasileiro a partir de meados da década de 1990 quando ocorreram dois eventos que tiveram
impacto social e político muito significativo no meio rural: por um lado uma verdadeira
efervescência de movimentos que produziram manifestações políticas como foi o caso do
“Grito da Terra” que acontece até hoje e por outro lado a afirmação da agricultura familiar no
cenário social e político brasileiro que está legitimado pelo estado através da criação do
PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) que nasceu como
resposta às pressões do movimento sindical rural desde o inicio dos anos de 1990 e que tem o
objetivo de prover crédito agrícola e apoio institucional às categorias de pequenos produtores
rurais que vinham sendo alijados das políticas públicas ao longo da década de 1980 e
encontravam sérias dificuldades de se manter na atividade. A partir do surgimento do
1221
PRONAF, o sindicalismo rural brasileiro, sobretudo aquele localizado nas regiões Sul e
Nordeste, passou a reforçar a defesa de propostas que vislumbrassem o compromisso cada vez
mais sólido do Estado com uma categoria social considerada específica e que necessita de
políticas públicas diferenciadas como juros menores e apoio institucional (SCHNERDER,
2003).
Para atender a demanda estadual de óleos vegetais, a agricultura familiar terá que
fornecer, no mínimo, 85 mil metros cúbicos de óleo por ano que poderá vir da cultura da
mamona, dendê, amendoim e/ou girassol. As duas primeiras oleaginosas merecem destaque
porque existe toda uma política sendo estruturada para o seu plantio. No caso da mamona, o
enfoque é dado para o semi-árido nordestino onde a mamona apresenta uma grande vantagem
competitiva para a região por possuir baixo custo de produção e ser uma das poucas
alternativas agrícolas viáveis para o semi-árido devido a sua resistência à seca e facilidade de
manejo. Além disso, o semi-árido é uma das regiões que apresenta menor Índice de
Desenvolvimento Humano – IDH (IBGE, 2007) e a inclusão dessa região na cadeia produtiva
do biodiesel é uma possibilidade aumentar o IDH da região. Na Bahia, a maior plantação de
mamona deverá ser nos Territórios da Chapada Diamantina e de Irecê que ficam próximo a
uma das industrias produtora de biodiesel. Em outros locais, a mamona enfrentaria a
concorrência com outras culturas que têm maior rentabilidade.
Dentre as oleaginosas apresentadas, o dendê é o que apresenta maior rendimento de óleo
por hectare, possui ciclo de vida de 25 anos e segundo dados da CONAB (2006), os
Territórios do Baixo Sul, Extremo Sul e do Recôncavo possuem área disponível para o plantio
de dendê em torno de 854 mil hectares. É importante salientar que muitos municípios
pertencentes a esses Territórios situam-se próximos as duas empresas produtoras de biodiesel
da Bahia: IBR e Petrobrás/Candeias e que será responsável por cerca de 41% do biodiesel
produzido no estado. Outras oleaginosas poderão complementar a produção tais como as
culturas do amendoim, algodão e girassol.
1222
Empresa IBR Brasil Ecodiesel Petrobrás Total
Capacidade 19.500 108.000 57.000 184.500
3
(m /ano)
Tabela 2 - Capacidade instalada para produção de biodiesel no estado da Bahia.
DENDÊ
Área Colhida Produção Produtividade Média
Território (ha) (ton) (ton/ha/ano)
Litoral Sul 1.700 8.132 4,78
Baixo Sul 32.204 141.311 4,39
Extremo Sul 352 1.758 4,99
Médio Rio das Contas 25 100 4,00
Recôncavo 870 4.350 5,00
Total 35.151 155.651 4,43
Tabela 4 - Dados da área colhida, produção e produtividade para o dendê para o ano de 2004
no estado da Bahia (SEAGRI, 2007).
1223
Teor de Rendimento óleo Ocupação(ha/família) Área para
Oleaginosa óleo (%) (kg/h ano) atender o
B5 para
Agricultura
Familiar
(mil ha)
Mamona 45 315 2 260
Dendê 22 974 5 79
Amendoim 45 552 16 140
Girassol 45 774 ND 100
Algodão 19 608 ND 127
Tabela 5 - Características das principais alternativas para agricultura familiar na Bahia
3 CONCLUSÃO
A Bahia possui uma diversidade edafo-climática adequada para o plantio da mamona e
dendê sendo necessária organizar a agricultura familiar para atender essa demanda. No
entanto as atuais plantações de dendê apresentam idades avançadas, tratos culturais
inadequados, desde a formação dos viveiros, manutenção dos plantios e, finalmente, os
1224
procedimentos incorretos de colheita e pós colheita quando ocorrem perdas significativas,
tanto no rendimento da matéria-prima, como na qualidade do produto final. Com esses dados
constata-se a necessidade de renovar as plantações de dendê e qualificar a mão-de-obra tanto
para o fornecimento de óleos para industria de biodiesel quanto para industria da culinária,
cosméticos, alimentícios, dentre outros.
Em relação à mamona alguns gargalos técnicos também são observados:
• Desorganização e inadequação dos sistemas de produção vigentes, devido à reduzida
oferta de sementes de cultivares melhoradas geneticamente;
• Utilização por parte dos produtores de sementes impróprias para o plantio (de baixo
rendimento médio, baixa qualidade e de alta susceptibilidade às doenças e pragas);
• Utilização de práticas culturais inadequadas (como espaçamento, época de plantio e
consorciação);
• Desorganização do mercado interno tanto para o produtor como para o consumidor
final;
• Baixos preços pagos ao produtor agrícola;
• Reduzida oferta de crédito e de assistência técnica ao produtor agrícola;
• Utilização da mesma área para sucessivos plantios da cultura.
Algumas ações são importantes para garantir que os agricultores familiares consigam
superar esses entraves acima citados e suprir demanda de óleo vegetal para industria de
biodiesel, tais como:
• Facilitar acesso aos créditos do PRONAF;
• Garantir o fornecimento de sementes de qualidade;
• Qualificar os agricultores familiares na produção de sementes de qualidade;
• Garantir assistência técnica.
A partir da constatação desses entraves o governo do estado da Bahia através das
secretárias envolvidas no PBPB vem buscando estabelecer articulações juntamente com
outras empresas e instituições governamentais tais como EMBRAPA, MDA, MAPA para
superar esses desafios e consolidar a agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANP (2007). Disponível no site < www.anp.gov.br >. Acessado em 10 de junho de 2007.
1225
IBGE (2007). Disponível no site < www.ibge.gov.br >. Acessado em 30 de maio de 2007.
SCHNEIDER, S., 2003, Teoria social, agricultura familiar e pluriatividade, RBCS, Vol.
18, N° 51.
WEHRMANN, M.E.S., VIANA, J.N., DUARTE, L.M.G., 2004, Biodiesel de soja: política
energética, contribuição e sustentabilidade, ANNPAS.
1226
OS PRINCÍPIOS DA QUÍMICA VERDE E SUAS APLICAÇÕES NA
PRODUÇÃO DE BIODIESEL
RESUMO: Este trabalho tem como meta estabelecer uma discussão sobre a relação da
química verde “Green Chemistry” e a produção de biodiesel, particularmente a produção do
biodiesel no Brasil. Para tanto levamos em consideração vários aspectos que tangem a
química verde “Green Chemistry” e a produção de biodiesel, de modo a estabelecer um
paralelo entre o processo produtivo e características do biodiesel com os 12 princípios da
química verde “Green Cehmistry” , demonstrando assim a aplicabilidade do biodiesel como
uma combustível correto e não agressivo ao meio ambiente. O biodiesel não é nocivo para a
saúde humana, para a vegetação, animais vivos e não danifica monumentos ou edifícios.
Sendo por esse motivo, entre muitos outros, seu emprego vantajoso frente ao diesel sobre tudo
para o transporte publico nas grandes cidades. É seguro e de fácil transporte, por ser
biodegradável e possuir um ponto de fulgor superior a 150º C. Aplicando essas propriedades
do biodiesel a química verde, veremos que pela sua definição que é a utilização de técnicas
químicas e metodologias que reduzem ou eliminam o uso de solventes e reagentes ou geração
de produtos e sub-produtos tóxicos, que são nocivos à saúde humana ou ao ambiente,
perceberemos que o biodiesel se encaixa no modelo de desenvolvimento produtivo proposto.
Neste artigo, utilizaremos a tradução literal, química verde, para o termo em inglês "Green
Chemistry".
1227
1 INTRODUÇÃO
Entre as mais preocupantes fontes de poluição global estão os combustíveis fósseis,
responsáveis em grande parte pelo efeito estufa, chuva ácida e o buraco na camada de ozônio,
entre outros problemas da sociedade moderna. Devido a essa preocupação acrescida dos
altos preços do petróleo, há uma grande corrida rumo à produção de novos combustíveis e
fontes alternativas de energia. Com isso pesquisadores do mundo todo, trazem uma série de
inovações ambientais para garantir um desenvolvimento sustentável global.
Dentro desta perspectiva os químicos começaram a racionalizar seus processos
buscando associar aos velhos preceitos (custo, rentabilidade, tempo e segurança), ponderações
que garantam a futuras gerações o usufruto dos recursos naturais os quais estão
disponibilizados para a nossa sociedade hoje.
Dessa forma desenvolveu-se a Química Verde que pode ser definida como a utilização
de técnicas químicas e metodologias que reduzem ou eliminam o uso solventes, reagentes ou
a geração de produtos e sub-produtos que são nocivos à saúde humana ou ao ambiente.
A química verde (ou green chemistry, ou química sustentável) foi introduzida há cerca
de treze anos nos EUA pela EPA (Environmental Protection Agency), a agência de proteção
ambiental daquele país,1 em colaboração com a American Chemical Society (ACS) e o Green
Chemistry Institute. Esta iniciativa norte-americana vem despertando o interesse de
organizações governamentais e não-governamentais de vários países. Na Europa, Japão e
Estados Unidos foram inclusive criados Prêmios para incentivar pesquisadores de Indústrias e
Universidades a desenvolverem tecnologias empregando os princípios da química verde.1,2
Desde 1996, quando o Presidential Green Chemistry Awards foi criado nos EUA, mais de
uma dezena de Corporações e pesquisadores foram premiados.2
Na Europa, a Royal Society of Chemistry (RSC), com o apoio de setores industriais e
governamentais, instituiu em 2001 o U.K. Green Chemistry Awards, para premiar empresas e
jovens pesquisadores que "desenvolvessem processos químicos, produtos e serviços que
levem a um ambiente mais sustentável, limpo e saudável".3 Além disso, a RSC criou a Green
Chemistry Network (GCN),3 com o objetivo de "promover a conscientização e facilitar a
educação, treinamento e prática da green chemistry na indústria, academia e escolas". Outra
importante iniciativa da RSC foi a criação, em 1999, da revista Green Chemistry, dedicada à
publicação de artigos inéditos que, de alguma forma contribuem para o desenvolvimento da
área-título do periódico. Enquanto que no Brasil algumas publicações sobre o assunto tem
sido publicadas em revistas de circulação internacional como Química Nova4.
1228
2 MATERIAL E MÉTODOS
Utilizamos como materiais uma análise de pesquisa teórica realizada com a finalidade
de enquadrar o processo ou potencial produtivo de biodiesel dentro dos pilares da química
verde, demonstrando assim a valiosa contribuição desse biocombustível a matriz energética
brasileira e o modo sustentável em que se baseia sua produção, agregando além de tudo uma
forte ferramenta para inclusão social, e geração de renda, acompanhado de um forte
desenvolvimento regional.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Química verde pode ser definida como o desenho, desenvolvimento e implementação de
produtos químicos e processos para reduzir ou eliminar o uso ou geração de substâncias
nocivas à saúde humana e ao ambiente7-11. Este conceito, que pode também ser atribuído à
tecnologia limpa, já é relativamente comum em aplicações industriais, especialmente em
países com indústria química bastante desenvolvida e que apresentam controle rigoroso na
emissão de poluentes e vem, gradativamente, sendo incorporado ao meio acadêmico, no
ensino e pesquisa 12-16.
Por essas preocupações o biodiesel tem se mostrado como uma excelente alternativa ao
diesel mineral, sendo reduzida as emissões de gases causadores do efeito estufa, é renovável e
um provável fator para inclusão social brasileira. O biodiesel é um combustível substituto do
diesel de petróleo, o qual pode ser produzido a partir de matérias primas agrícolas (óleos
vegetais novos ou usados) ou graxas animais e um álcool como metanol ou etanol.
O biodiesel tem as mesmas propriedades do combustível diesel empregado para
automóveis, caminhões, ônibus, geradores de energia, barcos e pode ser misturado em
qualquer proporção com o diesel obtido da refinação do petróleo.
Não é necessário efetuar nenhuma modificação nos motores para poder usar este
combustível. Importantes fabricantes de veículos europeus efetuaram provas com resultados
satisfatórios em automóveis, caminhões, ônibus etc. No Brasil várias empresas aprovaram
pedidos de testes automotivos, em parceria com as mais respeitadas instituições de ensino do
país.
O biodiesel não é inflamável nem tóxico como o diesel de petróleo e não é perigoso ao
meio ambiente pois é biodegradável.
Esta idéia, ética e politicamente e ambientalmente correta, representa a suposição de que
processos químicos que geram problemas ambientais possam ser substituídos por alternativas
1229
menos poluentes ou não poluentes. Tecnologia limpa, prevenção primária, redução na fonte,
química ambientalmente benigna, ou ainda “green chemistry”, são termos que surgiram para
definir esta importante idéia. “Green chemistry”, o termo mais utilizado atualmente, foi
adotado pela IUPAC, talvez por ser o mais forte entre os demais, pois associa a evolução da
química com o objetivo cada vez mais buscado pelo homem moderno: o desenvolvimento
auto-sustentável13.
Os produtos ou processos da química verde podem ser divididos em três grandes
categorias:
• o uso de fontes renováveis ou recicladas de matéria-prima;
• aumento da eficiência de energia, ou a utilização de menos energia para produzir
maior ou igual quantidade de produto;
• evitar o uso de substâncias persistentes, biocumulativas e tóxicas.
Basicamente, há doze tópicos que precisam ser perseguidos quando se pretende
implementar a química verde em uma indústria ou instituição de ensino e/ou pesquisa na área
de química13:
1. Prevenção: É mais barato evitar a formação de resíduos tóxicos do que tratá-los
depois que eles são produzidos. Um dos grandes objetivos é transformar resíduos em matéria
útil para sociedade, a produção do biodiesel atende à esse anseio social pois além de reutilizar
os resíduos pode ter como reagente óleo residual (de fritura), que tem como destino, o esgoto.
2. Eficiência Atômica: As metodologias sintéticas devem ser desenvolvidas de modo a
incorporar o maior número possível de átomos dos reagentes no produto final. Nesse sentido
o biodiesel tem todos os átomos envolvidos na reação se transformando em algum produto, e
aqueles que sobram, como o excesso de álcool é recuperado e pode ser utilizado num próxima
reação.
O
R O O HO
KOH , EtOH
O R + OH
EtO R HO
R O
O
O Ésteres Etílicos Glicerina
Óleo refinado,
usado,bruto,degomado
Sebo animal
1230
maior produtor e consumidor de etanol do mundo, portanto, no processo proposto para a
produção do biodiesel utiliza-se o etanol (não-tóxico e renovável) ao invés do metanol,
oriundo de fontes não-renováveis e tóxico.
4. Desenvolvimento de Produtos Seguros: Deve-se buscar o desenvolvimento de
produtos que após realizarem a função desejada, não causem danos ao ambiente. O biodiesel
alêm de emitir menos gazes ao ambiente, tem a vantagem de que sua emissão é neutralizada
no próximo ciclo de crescimentos das plantas que servem de matéria prima.
1231
Pode-se pensar o biodiesel etílico como sendo fator econômico de energia elétrica. Na
Europa o processo para produção de biodiesel demanda grande quantidade de energia para
algumas de suas etapas (i.e. destilação), a produção de biodiesel etílico é feita à temperatura e
pressão ambiente e a energia liberada (processo exotérmico) na produção do alcóoxido pode
ser utilizada em outras etapas. Pode-se, ainda, ser utilizado para transferência de energia
microondas e ultra-som.
7. Uso de fontes de matéria prima renováveis: O uso de biomassa como matéria-prima
deve ser priorizado no desenvolvimento de novas tecnologias e processos. O biodiesel
brasileiro tem uma grande gama de matérias-primas que obedecem a esse princípio como
pode ser visto na figura abaixo.
Milho Canola
Babaçu Sebo
animal
1232
processos físicos e/ou químicos devem ser evitados. O biodiesel não utiliza nenhum desses
processos, já obedecendo a esse princípio abertamente.
9. Catálise: O uso de catalisadores (tão seletivos quanto possível) deve ser escolhido em
substituição aos reagentes estequiométricos. Nesse sentido existe uma grande gama de
catalisadores que podem ser utilizados, desde os catalisadores homogêneo como os ácidos e
hidróxidos, quanto os catalisadores heterogêneos como argilas óxidos e terras raras, e em
ambos processos esses catalisadores ou são recuperados ou neutralizados dando origem a
compostos que podem ser utilizados como fertilizantes, como sulfato de sódio e potássio, bem
como os cloretos correspondentes.
10. Produtos degradáveis: Os produtos químicos precisam ser projetados para a
biocompatibilidade. Após sua utilização não deve permanecer no ambiente, degradando-se em
produtos inócuos. O biodiesel sofre degradação no ambiente por ação microbiológica e pode
até ser utilizado como agente para descontaminação de áreas afetadas por derivados de
petróleo, bem como pode ser veículo de aplicação de produtos agrícolas diretamente nas
folhas das plantas.
11. Análise em Tempo Real para a Prevenção da Poluição: O monitoramento e controle
em tempo real, dentro do processo, deverão ser viabilizados. A possibilidade de formação de
substâncias tóxicas deverá ser detectada antes de sua geração.
12. Química Intrinsecamente Segura para a Prevenção de Acidentes: A escolha das
substâncias, bem como sua utilização em um processo químico, devem procurar a
minimização do risco de acidentes, como vazamentos, incêndios e explosões. Sendo assim o
processo produtivo do biodiesel etílico tem apenas a área de estocagem do álcool como fator
problemático, pois o produto formado não é inflamável, o ponto de fulgor do biodiesel é em
torno de 180 0C, tornando-o seguro até em caso de derramamento.
4 CONCLUSÃO
Nesse sentido ao realizarmos um paralelo entre os doze princípios da química verde e a
produção de biodiesel no Brasil, com preferência pela rota etílica, observamos a
aplicabilidade de um processo sustentável e amigável ao meio ambiente.
Desta maneira, ao se procurar tecnologias que empregam a química verde, deve-se estar
atento a três pontos principais:
O uso de rotas sintéticas alternativas para a química verde, tais como:
1233
Catálise e biocatálise. Processos neutros, tais como fotoquímica e síntese biomimética;
Matérias-primas alternativas, que sejam mais inócuas e renováveis (biomassa, por exemplo).
O uso de condições reacionais alternativas para a química verde, tais como:
Uso de solventes que tenham um impacto reduzido na saúde humana e no ambiente;
Aumento da seletividade e redução de resíduos e emissões.
O desenvolvimento de produtos químicos que sejam, por exemplo: Menos tóxicos que
as alternativas atuais; Mais seguros com relação à ocorrência de um possível acidente.
O mundo agora procura por progresso baseado no desenvolvimento sustentável. Uma
estratégia neste sentido é a Química Verde. A Química Verde é, na realidade, uma filosofia.
Há tempos atrás um desafio sintético consistia em chegar à molécula alvo. Quando se aplica a
idéia da Química Verde, um desafio sintético trata-se de chegar à molécula alvo com uma
metodologia que agrida o mínimo o meio ambiente.
Cada vez que conseguimos cumprir com alguns dos quesitos da Química Verde,
estamos caminhando para uma utilização mais consciente dos nossos recursos naturais e para
a manutenção da vida no planeta. É claro que esta não é a única estratégia para isto, mas é
importante considerá-la, e o Biodiesel Etílico é uma dessas ferramentas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS
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Oxford, 1998.
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1234
Challenging and Perspectives; Tundo, P.; Anastas, P.T., eds.; Oxford University Press:
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Os abstracts dos artigos publicados na Green Chemistry, além de vários artigos na íntegra,
estão disponíveis on-line e podem ser acessados gratuitamente na página da revista: <
http://www.rsc.org/is/journals/current/green/greenpub.htm >, acessada em Fevereiro 2007.
Informações sobre eventos realizados desde 1996, bem como eventos futuros sobre química
verde podem ser obtidos, por exemplo, em: <
http://www.epa.gov/greenchemistry/calendar.htm >, <
http://www.chemsoc.org/networks/gcn/events.htm > e <
http://chemistry.org/portal/Chemistry?PID=acsdisplay.html&DOC=greenchemistryinstitute\m
eetings.html >, acessadas em Fevereiro 2007.
Green Chemistry: Designing Chemistry for the Environment; Anastas, P.T.; Williamson, T.
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Anastas, P. T.; Warner, J.; Green Chemistry: Theory and Practice, Oxford University Press:
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Cann, M. C.; Connelly, M. E.; Real World Cases in Green Chemistry,American Chemical
Society: Washington, DC, 2000; parte deste livro pode ser acessada em
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Singh, M. M.; Szafran, Z.; Pike, R. M.; J. Chem. Educ. 1999, 76, 1684;Cann, M. C.; J. Chem.
Educ. 1999, 76, 1639; Matlack, A.; Green Chemistry 1999, 1, G19.
1235
ANÁLISE COMPARATIVA PARA OBTENÇÃO DE BIODIESEL VIA
CATÁLISE HOMOGÊNEA (NaOH) E CATÁLISE HETEROGÊNEA (ZnO)
1236
1 INTRODUÇÃO
O biodiesel destaca o papel do Brasil como referência mundial no uso de fontes
renováveis. Essa posição foi conquistada a partir da década de 70, com a utilização do álcool
em veículos automotivos. O Proálcool foi o maior programa de substituição de combustíveis
fósseis no mercado automotivo mundial. Ainda hoje, ele é referência no mundo, sendo o
Brasil o maior produtor e consumidor de álcool combustível (Rodrigues, 2001).
A utilização comercial do biodiesel no Brasil está amparada em um marco regulatório
específico que torna o novo combustível competitivo frente ao diesel de petróleo e contempla
a diversidade de oleaginosas, a garantia de suprimento, a qualidade de novo combustível e
uma política de inclusão social (Dabdoub et al, 2003). O programa nacional de produção de
biodiesel objetiva a implementação de forma sustentável, tanto técnica, como
economicamente, da produção e uso do biodiesel, com enfoque na inclusão social e no
desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda.
Esse novo combustível é sintetizado via reação de transesterificação de óleos vegetais
usando como catalisador o hidróxido de potássio ou hidróxido de sódio via catálise
homogênea, ou seja, na mesma fase do combustível, sendo difícil à recuperação do catalisador
depois que houve a reação. Quando se trata da catálise heterogênea, na qual o catalisador é
sólido, a recuperação do catalisador é facilitada, podendo dessa forma diminuir os custos do
processo, pois o catalisador pode ser utilizado mais de uma vez na mesma reação. Logo,
torna-se necessário o desenvolvimento de novos materiais que possibilitem o aprimoramento
da reação de transesterificação, aumentando a qualidade do produto que será isento de
catalisadores que não foram recuperados durante o processo e contribuindo para a viabilidade
econômica do processo.
Desta forma, o presente trabalho estuda comparativamente o desempenho do catalisador
homogêneo NaOH, amplamente empregado, com o heterogêneo ZnO impregnado com as
bases NaOH, KOH, LiOH, Ba(OH)2.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Em um sistema de refluxo adicionou-se o óleo de soja e o metanol na proporção de 1:6,
juntamente com 1 % do catalisador (NaOH). O sistema foi agitado e a conversão da reação foi
monitorada periodicamente com 5, 10, 20, 30 e 60 minutos. Após a reação, o biodiesel é
separado do glicerol como auxílio de um funil de separação.
O biodiesel posteriormente é lavado com 3x10 mL de HCl (1%) e após a separação da
1237
fase aquosa, é adicionada a fase orgânica uma ponta de espátula de sulfato de sódio anidro.
Pesou-se 5 g de ZnO e levou-se a agitação juntamente com 10mL de uma solução 1 %
p/v de cada uns dos cátions* que serão incorporados. A mistura foi agitada por 24 h a
temperatura ambiente, após esta etapa o catalisador foi levado a estufa na qual permaneceu
por 24 h a 100 ºC. Calcinou-se o catalisador a 600 ºC por 2 h. (*: NaOH, KOH, LiOH, Ba(OH)2).
Em um sistema de refluxo adicionou-se o óleo de soja e o metanol na proporção de 1:6,
juntamente com 1% do catalisador heterogêneo. A reação foi mantida por 24 h a temperatura
de 110 ºC, posteriormente o catalisador foi separado por filtração e o biodiesel lavado com
3x10 mL de solução saturada de NaCl, após a separação das fases, adicionou-se uma ponta de
espátula a fase orgânica contendo sulfato de sódio anidro. O biodiesel então foi analisado por
ressonância magnética nuclear de próton.
As amostras foram analisadas por RMN-1H, no aparelho da marca Jeol a 400 MHz, em
solventes deuterados, utilizando TMS como referência interna. O solvente usado para análise
foi o tetracloreto de carbono e os picos de 1H foram integrados.
Os experimentos foram conduzidos em um equipamento de Fisissorção/ Quimissorção
marca Quantachrome Instruments, modelo Autosorb – 1-C.
Para esta análise, mediu-se uma massa do catalisador, com auxílio de uma balança
analítica, na forma de pó, e esta amostra então foi analisada pela adsorção e dessorção de
nitrogênio gasoso em sua superfície.
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
O processo de catálise básica foi adotado tendo em vista o fato de apresentar melhor
rendimento e seletividade, além de menor tempo de reação que a catálise ácida (Encimar et al,
2002; moureddini & medikon, 1997) e, também, para evitar problemas com corrosão dos
componentes do motor, que ocorrem devido à presença de traços de ácidos (Dorado et al,
2004).
A transesterificação foi realizada satisfatoriamente à temperatura ambiente e à pressão
de 1 atm, uma vez que temperaturas acima de 60 ºC tendem a acelerar a saponificação dos
glicerídeos pelo catalisador alcalino antes da completa alcóolise.
É importante também salientar a necessidade de remoção das impurezas que
permanecem na fase orgânica, por exemplo, sabões, traços de NaOH, traços de metanol e
glicerol livres. Caso contrário, um alto teor de glicerol pode resultar em problemas durante o
armazenamento, no sistema do combustível. Para tanto, o biodiesel foi submetido a sucessivas
1238
lavagens com soluções de HCl. A eficiência da lavagem foi indicada por teste com papel
indicador de pH, na qual se procurou aproximar o pH de 7.
Sabe-se que a glicerina, é um produto de valor comercial e que possui inúmeras
aplicações industriais, porém a glicerina obtida no processo de produção do biodiesel
apresenta-se mais escura e contendo algumas impurezas. Sendo assim, há um grande interesse
na sua purificação e no seu reaproveitamento, o que já vem sendo estudado, pois isto levaria à
viabilização no mercado de combustíveis.
A partir das análises dos espectros de RMN-1H, obtiveram-se as conversões contidas na
figura 1.
100
98
96
Conversão (%)
94
92
90
88
86
0 20 40 60 80
Tempo (minutos)
Pelos dados obtidos, constatou-se que quanto maior o tempo de reação maior a
conversão, logo as amostras com 60 minutos de reação atingiram aproximadamente 99% de
conversão, porém observou-se que já com 5 minutos de reação conversões próximas de 88%
foram atingidas.
A cinética e o mecanismo de reação de transesterificação consistem em um número
consecutivo de reações reversíveis. O triglicerídeo é convertido em diglicerídeo,
monoglicerídeo e, finalmente, glicerol.
Neste experimento, o processo de catálise básica apresentou melhor rendimento. O
metanol foi utilizado puro e em excesso, uma vez que, a reação tem caráter reversível. Assim,
devido a este equilíbrio reacional, um excesso de álcool aumenta a conversão de éster pela
mudança do equilíbrio para direita.
1239
O mecanismo de reação de catálise alcalina ocorre em três etapas. Os diglicerídeos e
monoglicerídeos são os intermediários do processo. A presença de um excesso de álcool
favorece a primeira e segunda etapa. A primeira etapa envolve o ataque do íon alcóxido à
cadeia carbônica da molécula de triglicerídeo resultando na formação do intermediário. Essa
reação do intermediário com o álcool produz um íon alcóxido na segunda etapa da reação. Na
última etapa ocorre o rearranjo do intermediário resultando na formação do biodiesel e do
glicerol.
Pré-etapa
O-
O
R' C + RO- R' C OR
OR'' OR''
Etapa 2
O- O-
OR'' R''OH+
Etapa 3
O-
R' C OR + R'COOR + R''OH
R''OH+
1240
ONDE R'' = CH2
CH OCOR'
CH2 OCOR'
Figura 2 - Mecanismo de reação de transesterificação via catálise básica (Meher et al, 2004).
k1
1. Triglicerídeo(TG) + R-OH Diglicerídeo(DG) + R-COOR1
k4
k2
2. Diglicerídeo(DG) + R-OH Monoglicerídeo(MG) + R-COOR2
k5
k3
3. Monoglicerídeo(MG) + R-OH
Glicerol(GL) + R-COOR3
k6
1241
O catalisador ZnO/NaOH obteve a melhor conversão, porém quando comparada a
catálise homogênea, percebe-se que muito tem-se a estudar sobe a catálise heterogênea, como
a otimização do processo na qual a quantidade de catalisador deve ser avaliada bem como a
quantidade de metanol e condições de reação como temperatura e pressão.
Cabe ressaltar ainda, que devido à alta temperatura na qual a reação foi conduzida o
metanol, pode ter evaporado em grande quantidade visto que sua temperatura de ebulição é de
aproximadamente 68 ºC e a temperatura usada foi de 110 ºC, podendo acarretar um
deslocamento do equilíbrio.
A impregnação com catalisadores básicos foi escolhida, visto que a catálise básica
apresenta um bom rendimento de acordo com a literatura, porém a base pode ter sido
lixiviada durante a reação. O que futuramente será averiguado.
O catalisador ZnO/LiOH também apresentou conversão de aproximadamente 4%,
próxima a conversão obtida pelo ZnO/NaOH.
4 CONCLUSÃO
Através das análises efetuadas, percebe-se que a catálise homogênea apresentou melhor
rendimento frente à catálise heterogênea, aproximadamente 99% durante 60 minutos de
reação, porém a catálise heterogênea se apresentou ativa, na qual se obteve conversões de
aproximadamente 5 e 4% para o ZnO/NaOH e ZnO/LiOH respectivamente, o que estimula a
muitos cientistas a continuar estudando e aprimorando as técnicas para que melhores
conversões possam ser alcançadas.
5 AGRADECIMENTOS
Aos técnicos e estagiários do laboratório de química do CEFETES.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Daboud, M. J.; Daboud, V. B.; Hurtado, G. H.; Aguiar, F. B.; Batista, A. C. F.; Hurtado, C.
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Meher, L.C., Vidya Sagar, D., Naik, S. N., Ren. & Suit. En. Rev. 2004, 1-21.
Noureddini, H.; Medikonduru, V.; J. Am. Oil. Chem. Soc. 1997, 74, 419.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1242
Rodrigues, R.; Agroanalysis 2001,21,66.
1243
COMPETIÇÃO ENTRE VARIEDADES DE ALGODÃO COLORIDO
EM SAFRINHA
1244
1 INTRODUÇÃO
O algodão de fibra branca foi alvo, desde a metade do século XX, de constantes
trabalhos de melhoramento genético e, como resultado, foram produzidas cultivares de
desempenho superior e adaptadas. O algodão de fibra colorida, porém, não foi tão estudado
no passado e, com isto, acentuou-se a diferença de rendimento e de fibra entre ele e os de
fibra branca. Mais recentemente, em alguns países começou-se a trabalhar com os algodões
de fibra colorida, no intuito de se obter cultivares com boas características de fibras coloridas,
inclusive no Brasil. Na década de 90, a Embrapa Algodão passou a promover pesquisas para
o desenvolvimento de cultivares de algodoeiro adaptáveis às condições do Cerrado brasileiro.
A principal vantagem do emprego da fibra colorida é a eliminação do uso de corantes na fase
de acabamento do tecido, o que reduz o impacto ambiental do processo de tingimento, e outra
vantagem da fibra naturalmente colorida é o prêmio de até 100% que pode ser obtido pelos
produtores, em relação à fibra branca convencional. Mas o algodão colorido também
apresenta desvantagens, pode contaminar algodões brancos durante o cultivo e o
beneficiamento deve ser realizado separadamente. Sua produtividade é cerca de 10% menor
do que as variedades brancas comerciais e a pluma colorida nem sempre alcança as
exigências da fiação industrial. Além disso, são poucas as opções de cores e há problemas de
comercialização, dada a grande incerteza que ainda existe nesse mercado.
Para utilização segura dessas cultivares é necessário a sua avaliação quanto a
produtividade, características agronômicas e de fibra. Assim, nesse trabalho foram avaliadas
três variedades de algodoeiro colorido desenvolvidos pela Embrapa.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Os ensaios foram conduzidos na condição de sequeiro em área experimental da
Universidade Federal de Lavras. O experimento foi constituído por 16 linhas com 20 metros
de comprimento cada, sendo cada linha dividida em 4 parcelas de 5 metros cada, totalizando
64 parcelas, onde foram escolhidas 10 parcelas. Foi delimitado 1 metro de cada parcela para
análise. O espaçamento foi de 0,90 m entre linhas e com média de 8 a 12 plantas por metro.
O delineamento experimental utilizado foi bloco casualizado com 3 tratamentos, sendo a
variedade BRS Safira (tratamento A), BRS Rubi (tratamento C) e BRS Verde (tratamento D)
com 10 repetições. O manejo de adubação e controle de plantas daninhas são apresentadas a
seguir.
1245
O experimento foi semeado no dia 19/12/2006, com adubação de plantio de 200 kg de
20-05-20/ha. Posteriormente ao plantio foi feito pulverização de herbicida (glifosato) no dia
22/12/2006, 20g/l utilizando bomba costal de 20 litros. Foram realizadas 2 adubações de
cobertura com 200kg de 20-00-20 nos dias 26/01/2007 e 01/03/2007 respectivamente. Foi
realizado raleio com objetivo de estabelecer população de 8 a 10 palntas por metro. A
colheita foi realizada na primeira quinzena de junho/2007.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Gráfico 1 a seguir apresenta a quantidade de plantas por metro, onde verificou-se que
a variedade A apresentou maior número de plantas por metro, seguida da variedade D e
variedade C, porém nao apresentando diferença significativa entre as médias.
9,20 a1
Número de plantas por
9,00 a1
8,80
8,60
metro
8,40
8,20 a1
8,00
7,80
7,60
A D C
Variedades
Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
O Gráfico 2 mostra altura das plantas, onde verificou-se a variedade A com plantas de
maior altura média, seguida da variedade D e variedade C.
1246
Gráfico 2 – Altura media de plantas.
Altura
69,00
a1
Altura da palnta (cm)
68,00
67,00
a1
66,00
65,00 a1
64,00
63,00
A D C
Variedades
Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
O Gráfico 3 mostra o número de ramificação média por planta, onde verificou-se que a
variedade D apresentou maior número de ramificação, seguido da variedade C, e variedade
A.
Número de ramificações
8,00 a2
Número de ramificações
7,00 a2
6,00 a1
por planta
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
A D C
Variedades
Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5%
de probabilidade.
1247
O Gráfico 4 mostra o número de frutos por planta, onde verificou-se a variedade C com
maior número de frutos, seguida pela variedade D e variedade A.
6,00 a2
Número de frutos/planta
5,00 a1 a2
4,00 a1
3,00
2,00
1,00
0,00
A D C
Variedades
Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
O Gráfico 5 mostra o peso total de fruto por planta, onde verificou-se que a variedade C
apresentou maior peso total de fruto, seguido pela variedade D e variedade A.
25,00
Peso total de fruto/planta
a1
20,00 a1
a1
15,00
(g)
10,00
5,00
0,00
A D C
Variedades
Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1248
O Gráfico 6 mostra o peso médio de cada fruto por planta, onde verificou-se que a
variedade A apresentou maior peso médio, seguido pela variedade D e variedade C.
4,60 a1
Peso médio de cada
4,40
a1
fruto/planta (g)
4,20
4,00
a1
3,80
3,60
3,40
3,20
A D C
Variedades
Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
4500,00 a1
4000,00 a1
produtividade (kg)
3500,00 a1
3000,00
2500,00
2000,00
1500,00
1000,00
500,00
0,00
A D C
Variedades
Médias seguidas da mesma letra acima de cada coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1249
Área da parcela contém 0,9 m² (1m x 0,9m)
4 CONCLUSÃO
A variedade BRS Rubi obteve maior produtividade entre as variedades, com menor
número de plantas por metro, menor peso médio de fruto, maior peso total de frutos por
planta conseqüência do maior número de frutos. A variedade BRS Verde apresentou maior
número de ramificações por planta. A variedade BRS Safira apresentou maior altura média
de plantas. Houve diferença significativa entre as variedades somente em relação a número
de frutos e número de ramificações por planta.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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mineiro Inc III CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 3, Campo Grande- MS, 2001:
Produzir sempre, o grande desafio. P. 718-719.
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Ensaio de competição de cultivares de algodão no estado de Mato Grosso, safra 2003/2004,
FUNDAÇÃO MT.
1250
CARACTERÍSTICAS BROMATOLÓGICAS DA TORTA DE NABO
FORRAGEIRO (Rafhanus sativus)
1250
1 INTRODUÇÃO
A busca de alimentos alternativos e de baixo valor comercial, como os resíduos e
subprodutos agrícolas, representam uma forma de minimizar os gastos com alimentação.
Os ruminantes apresentam sistema digestivo composto por rúmen, retículo, omaso,
abomaso e intestinos delgado e grosso. Os dois primeiros compartimentos funcionam como
uma câmara fermentativa, na qual os alimentos ditos “grosseiros”, porção fibrosa das plantas
e subprodutos são digeridos com posterior metabolização, dando origem a alimentos de
elevado valor nutritivo, como leite e carne.
Desta forma, estes animais exercem importante papel no aproveitamento de resíduos e
subprodutos da agricultura na sua alimentação, que não seriam de grande utilidade para outros
fins, fazendo com que estes sejam reciclados, além de reduzir a demanda por alimentos mais
nobres (cereais) voltados à alimentação humana e de outras espécies animais, como aves e
suínos (Townsend et al.,1997).
A viabilidade da utilização de resíduos e subprodutos agroindustriais como alimento
para ruminantes, requer trabalhos de pesquisa e desenvolvimento, visando a sua
caracterização, aplicação de métodos de tratamento, determinação de seu valor nutritivo, além
de sistemas de conservação, armazenagem e comercialização (Townsend et al.,1997).
Dentre os vários fatores a serem considerados na escolha de um subproduto a ser
utilizado na alimentação de ruminantes, destacam-se: a quantidade disponível; a proximidade
entre a fonte produtora e o local de consumo; as suas características nutricionais; os custos de
transporte, condicionamento e armazenagem (Townsend et al.,1997).
Os óleos vegetais têm sido largamente investigados como candidatos a programas de
energia renovável, pois proporciona uma geração descentralizada de energia, valoriza
potencialidades regionais e oferece alternativa a problemas econômicos e sócio-ambientais de
difícil solução.
Nesse contexto o Brasil se encontra em uma condição que país algum jamais esteve na
história do mundo globalizado. Com evidente decadência das fontes fósseis, nenhuma outra
região tropical tem porte e condições tão favoráveis para assumir a posição de um dos
principais fornecedores de biocombustíveis e tecnologias limpas para o século XXI (VIDA,
2000).
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o consumo aparente de
óleo diesel é crescente e a partir de 2013, o mercado superará 2,4 bilhões de litros.
1251
Visto os números gerados por esta futura demanda de matéria prima para produção do
biodiesel no Brasil, não podemos esquecer que ao longo do processo de extração do óleo
geram-se as tortas (obtidas através da prensagem a frio) e os farelos (obtidos através do uso de
solventes), que possuem potencial para serem utilizados na alimentação animal. Porém, ainda
há poucas informações a respeito das novas fontes como o nabo forrageiro.
Segundo Crochemore e Piza (1993), O nabo forrageiro é uma planta da família das
Crucíferas, muito utilizada para adubação verde no inverno, rotação de culturas e alimentação
animal. É uma planta muito vigorosa, que em 60 dias cobre cerca de 70% do solo. Seu
sistema radicular é pivotante, bastante profundo, atingindo mais de 2 metros. Seu
florescimento ocorre aos 80 dias após o plantio, atingindo sua plenitude aos 120 dias. Não há
ocorrência de pragas ou de doenças que mereçam controle.
Estudar alimentos que propiciem um bom desempenho animal e apresentem,
principalmente, baixo custo de aquisição, viabilizando a utilização deste na dieta, é de suma
importância para o produtor que, muitas vezes, tem em suas mãos produtos e/ou subprodutos
da agricultura, mas não conhece o seu valor nutricional nem os efeitos sobre o desempenho
animal.
A utilização da torta do nabo forrageiro na alimentação animal tem despertado o
interesse de vários produtores, que em certos casos fornecem este alimento aos animais
mesmo sem saber informações básicas, como sua composição química, quantidade a ser
fornecida e limitação de consumo. Este trabalho teve por objetivo determinar as
características bromatológicas da torta do nabo forrageiro, com vista na sua utilização na
alimentação animal.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi conduzido nas dependências da Universidade Federal de Lavras
(UFLA), em Lavras, MG, no período de 10/08 a 20/08/2006.
As amostras da torta da semente do nabo forrageiro foram obtidas no Departamento de
Engenharia da UFLA, da qual foi retirada uma sub-amostra sem variedade definida, estas
foram conservadas sob refrigeração, e, posteriormente encaminhadas para análise
bromatológica no Laboratório de Pesquisa Animal do Departamento de Zootecnia, onde
foram determinados os teores de matéria seca (MS), carboidratos não fibrosos (CNF), extrato
etéreo (EE), proteína bruta (PB) e cinzas (MN) conforme metodologia preconizada pelo
1252
AOAC (1984) e fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) segundo
Goering e Van Soest (1970).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise bromatológica da torta do nabo forrageiro são apresentados na
Tabela 1.
1253
O alto valor de proteína bruta (PB) obtidos nesta análise (37,5%) sugere que este
subproduto pode ser utilizado como fonte protéica para os animais, substituindo fontes de
alimentos tradicionais, porém, deve-se levar em consideração, a qualidade e perfil de
aminoácidos desta fonte e as mudanças provocadas no comportamento animal, principalmente
no nível de consumo de alimentos, que segundo (Van Soest, 1994), é fundamental para a
nutrição, pois ele determina o nível de nutrientes ingeridos e, então, a resposta do animal.
4 CONCLUSÃO
A torta do nabo forrageiro apresentou grande potencial para ser utilizada como alimento
alternativo nas dietas de ruminantes, todavia, é preciso balancear as rações de acordo com as
necessidades nutricionais dos animais.
Deve-se tomar cuidado com as quantidades a serem ministradas paras animais
ruminantes, visto o teor elevado de óleo presente neste material.
Outras pesquisas devem ser realizadas com o nabo forrageiro para melhores
esclarecimentos quanto à digestibilidade das suas frações, níveis de inclusão e desempenho
dos animais.
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1255
PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.) EM DIFERENTES
ARRANJOS POPULACIONAIS
1256
1 INTRODUÇÃO
A fibra do algodão é considerada a mais importante fibra têxtil natural, considerando o
aparecimento de inúmeras fibras sintéticas. Essa importância deve-se a fatores como a
multiplicidade dos produtos dele originados, ou a posição de destaque no setor
socioeconômico, uma vez que se encontra entre as principais culturas, na maioria dos países
nos quais se explora o seu cultivo comercial.
As pesquisas geradas no Brasil têm conseguido, nos últimos 10 anos, elevar a
produtividade média da cultura, para os atuais 2.800 kg.ha-1. Esse aumento foi possível,
principalmente, em decorrência de trabalhos que resultaram na obtenção de novas cultivares
mais produtivas de algodoeiro. Dentre estes, destacam-se os trabalhos desenvolvidos pelo
Instituto Agronômico de Campinas (IAC/SP), Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR/PR),
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG/MG), Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, por meio do Centro Nacional de Pesquisa do Algodão
(EMBRAPA/CNPA-PB) e Fundação MT.
A adoção de tecnologias que visam à elevação dos atuais níveis de produtividade da
cultura torna-se bastante importante, em razão dos constantes aumentos nos custos de
produção em nosso país. Este objetivo pode ser alcançado, por exemplo, mediante a utilização
de sementes melhoradas, população ajustada, tratos culturais adequados, época de plantio
apropriada e fertilização equilibrada. Todos esses fatores variam de região para região e de
ano para ano, necessitando sempre de experimentação, visando à melhoria e à adequação das
técnicas a determinadas situações especificas.
As condições ambientais são determinantes na definição da produtividade (Baker et al.
1970). Assim, é necessário testar os sistemas de plantio em locais e épocas diferenciados, de
forma a definir a melhor opção. Os fatores climáticos que são determinantes para a produção
de algodão são a temperatura, Reddy et al. (1992) afirmam que, dentre os fatores ambientais,
a temperatura é o que mais afeta a produção esterilidade do algodoeiro e problemas de
retenção de capulhos estão associados à alta temperatura ambiente e outro fator importante
para o sucesso da cultura é a disponibilidade de água no solo. Na Índia, a inadequada e
irregular distribuição de chuvas, em grande parte da área plantada com algodão conduz ao
freqüente fracasso da cultura (Shanmughan, 1992).
Estudos sobre espaçamento e densidade de plantio na cultura do algodão têm
evidenciado acentuadas mudanças no comportamento dos componentes de produção e
características da planta. Estas são fortemente influenciadas pela penetração de luz (insolação)
1257
através do dossel da planta (Guinn, 1974; Abrahão, 1979; Freire, 1983; Kittock et al., 1986;
Heitholt et al. 1992).
De acordo com Freire (1983), as pesquisas sobre população e espaçamento,
desenvolvidas continuamente, objetivam justamente encontrar um sistema que maximize a
taxa de fotossíntese líquida por unidade de área, aumentando, dessa forma, a produtividade da
cultura. Segundo esse autor, em plantios mais densos, a menor intensidade luminosa ocasiona
maiores perdas na parte inferior das plantas, onde o fluxo radiante é menos intenso. Tais
perdas podem ser avaliadas pela maior queda de flores e frutos, conforme resultados de
Abrahão (1979).
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Departamento de Agricultura da Universidade Federal
de Lavras (UFLA), durante o ano agrícola 2006/07. A Estação Climatológica Principal de
Lavras, que forneceu os dados climatológicos durante a execussão do experimento, está
situada a 21o14' de latitude sul, 45o00' de longitude oeste, a 918,8 metros de altitude, em solo
originariamente sob vegetação de cerrado, classificado como Latossolo Vermelho
Distroférrico (Embrapa, 1999), a uma distância de aproximadamente 500 metros do
experimento, na direção oeste.
Foi utilizado o delineamento estatístico em blocos ao acaso, com quatro repetições, em
esquema fatorial 4x4, envolvendo quatro espaçamentos entre linhas (0,76; 0,86; 0,96 e 1,06
m) e quatro densidades de plantas (6, 8, 10 e 12 plantas por metro). As combinações
forneceram as populações de plantas apresentadas na Tabela 1. As parcelas foram constituídas
por quatro linhas de 5 m e a área útil foi formada pelas duas linhas centrais, eliminando-se 0,5
m em cada extremidade.
1258
Tabela 1 - Populações (plantas.ha-1) obtidas nos 16 tratamentos utilizados. UFLA, Lavras,
MG, 2002.
Espac. (m) DENSIDADE (plantas.metro-1)
(m) 6 8 10 12
0,76 T1=78.947 T5=105.263 T9=131.579 T13=157.89
5
0,86 T2=69.767 T6=93.023 T10=116.27 T14=139.53
9 5
0,96 T3=62.500 T7=83.333 T11=104.16 T15=125.00
6 0
1,06 T4=56.604 T8=75.472 T12=94.340 T16=113.20
8
1259
Correspondeu ao total de capulhos obtidos na colheita. Contagens foram realizadas,
durante o processo de colheita, em todas as plantas presente nas parcelas experimentais dentro
da área útil.
Foram contados os ramos frutíferos e vegetativos formados nas plantas de algodão, em
todas as plantas presentes nas parcelas experimentais.
O peso total do algodão em caroço colhido nas duas linhas da área útil de cada parcela.
Foi obtido em balança de precisão e o resultado transformado em quilogramas por hectare
(kg.hectare-1).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Tabela 2 encontra-se a análise de variância para dados de altura de inserção do
primeiro ramo frutífero. Os resultados médios obtidos para esse parâmetro são apresentados
na Tabela 2. Nas condições em que foi desenvolvido o experimento, não foram observadas
diferenças estatística significativa para os tratamentos estudados.
Algumas características, como número de ramos vegetativos, altura de plantas e altura
de inserção do primeiro ramo vegetativo, foram estudadas por diferentes autores, com
resultados variáveis, em função das condições e dos tratamentos experimentais usados
(Bellettini, 1988; Lamas, 1988; Pinto, 1989; Kerby, Cassman e Keeley, 1990).
Resultados mostrados por Lamas (1988) e Banci (1992) revelam que a redução do
espaçamento entre fileiras promoveu maior altura de inserção do primeiro ramo frutífero. Essa
conclusão não está de acordo com os resultados deste experimento, em que a altura média
observada foi de 29,2 centímetros, não havendo variação dentre os tratamentos.
Tabela 2 - Resultados médios das alturas de inserção do primeiro ramo frutífero (cm), obtidos
em diferentes espaçamentos e densidades de plantio. UFLA, Lavras, MG, 2002.
Espac. (m) Densidade (plantas.metro-1)
6 8 10 12 Média
0,76 29,3 26,5 31,5 30,0 29,3
0,86 28,8 28,8 29,5 29,8 29,2
0,96 28,3 28,8 28,8 32,0 29,6
1,06 29,5 27,8 29,8 29,0 29,0
Média 28,9 27,9 29,9 30,2 29,2
1260
A análise de variância dos dados de altura de plantas encontra-se no Tabela 2. Os
resultados médios obtidos para esse parâmetro são apresentados na Tabela 3.
Dentre os fatores que afetam a produção de algodão em caroço, a altura das plantas
apresenta-se como uma característica importante. Isso porque plantas muito altas (>1,60
metros) dificultam a colheita mecanizada, reduzindo-lhe a eficiência (Gridi-Papp et al. 1992).
Nas condições do experimento, verificou-se que, ao variar somente o espaçamento ou
apenas a densidade, não houve diferença estatística significativa para a altura das plantas.
Estes resultados estão de acordo com aqueles obtidos por Kirk, Brashears e Hudspeth, (1969).
Esse autores verificaram a ocorrência de uma variação significativa na característica altura de
planta, à medida que reduziu o espaçamento entre fileiras e entre plantas na fileira.
1261
Tabela 4 - Resultados médios do número de ramos reprodutivos (frutíferos) formados por
planta, obtidos em diferentes espaçamentos e densidades de plantio. UFLA, Lavras, MG,
2002.
Espaç. (m) Densidade (plantas.metro-1)
6 8 10 12 Média
0,76 10,3 8,5 9,0 8,3 9,0
0,86 9,8 9,0 9,3 8,0 9,0
0,96 9,8 10,8 9,3 10,0 9,9
1,06 9,8 10,0 9,5 9,0 9,6
Média 9,9 9,6 9,3 8,8 9,4
Os resultados médios de número de maçãs por planta, formadas nos diferentes dias de
leitura, encontram-se na Tabelas 5.
Tabela 5 - Resultados médios do número de maçãs formadas nas plantas de algodão, obtidos
em diferentes espaçamentos e densidades de plantio. UFLA, Lavras, MG, 2002.
Espaç. (m) Densidade (plantas.metro-1)
6 8 10 12 Média
0,76 18,1 15,0 13,5 10,6 14,3 B
0,86 17,6 15,4 14,2 12,7 15,0 B
0,96 17,8 17,9 13,7 14,2 15,9 B
1,06 21,0 19,3 16,8 14,9 18,0 A
Média 18,2 a 16,8 a 14,1 b 13,9 b 15,9
1262
13
y = -0,55x + 15,2
Número de capulhos
12 R2 = 0,9353
11
10
9
8
CV =
7
5 6 7 8 9 10 11 12 13
Densidade (plantas.metro-1)
1263
11,5
Número de capulhos
y = 0,055x + 5,245
11 R2 = 0,9537
10,5
10
9,5
CV = 15,7%
9
70 80 90 100 110
Espaçamentos (cm)
2300
y = -12,341x + 3114,3
Produção (Kg.ha-1)
2150 R2 = 0,8166
2000
1850
CV = 15,9%
1700
70 80 90 100 110
Espaçamento (cm)
1264
EUA em diferentes espaçamentos entre fileiras, não encontraram diferenças na produção de
algodão, inclusive para o tratamento de fileiras duplas (0,25x0,75 metro).
4 CONCLUSÃO
Em espaçamentos maiores, ocorreu uma maior incidência de frutos formados no
baixeiro das plantas.
Tratamentos de espaçamentos menores e com maiores densidades propiciam maior
incidência de abortamento de frutos.
A maior quantidade de frutos formados por planta ocorre aos 120 dias após a
emergência, com queda representativa aos 130 dias devido à excesso de estruturas vegetativa
(folhas e ramos) e também estruturas reprodutivas (botões florais, flores e frutos).
À medida que diminui o espaçamento, induz-se a planta a maiores produções.
Aumentando-se a densidade de plantas por metro, proporciona uma redução na produção do
baixeiro e aumenta-se a produção no ponteiro. Esta produção não é significativa, pois os
frutos do ponteiro são menores e menos desenvolvidos.
Os frutos de primeiras posições dos ramos reprodutivos das plantas de algodão são os
responsáveis pela maior contribuição da produção de algodão em caroço.
As características tecnológicas de fibra, avaliadas por este experimento, não sofreram
influência significativa ao variar o espaçamento e a densidade de plantio.
1265
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1270
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E LIMITAÇÕES DA UTILIZAÇÃO DA
TORTA DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) NA ALIMENTAÇÃO
ANIMAL
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar a composição química da torta do
pinhão manso e discutir a possibilidade da inclusão deste subproduto na alimentação animal.
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) tem se tornado uma das mais promissoras fontes de
óleo para a produção de biodiesel e, devido a esse crescimento, a disponibilidade de
subprodutos como tortas e farelos é eminente. Foram feitas análises de matéria seca (MS),
proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), cinzas (MN), matéria orgânica (MO) e hemicelulose (HE) e os
valores obtidos foram: 91,58%; 25,43%, 24,16%, 44,46%, 43,15%, 5,8%, 94,2% e 1,31%,
respectivamente. Estes resultados indicam o potencial de uso da torta de pinhão manso como
substituto de alimentos concentrados protéicos, mas há limitações na utilização, devido à
presença de fatores antinutricionais (fitatos e inibidores de tripsina) e tóxicos (ésteres de
forbol e curcina): Porém, já existem métodos para a detoxicação e inativação desses fatores.
Mais pesquisas são necessárias para analisar a viabilidade de inclusão da torta de pinhão
manso na alimentação animal e avaliar os possíveis métodos de eliminação e/ou inativação de
toxinas.
1271
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é um arbusto da família das euforbiáceas, é nativo
da América do Sul e tem sido explorado agronomicamente com sucesso na América Central,
Índia e África. Esta planta já é conhecida no Brasil desde o período colonial, porém, seu
processo de domesticação iniciou-se somente nos últimos 30 anos (Saturnino et al., 2005).
Esta planta também é conhecida como pinhão-de-purga, pinhão-de-cerca, purgante-de-cavalo,
manduigaçu, figo-do-inferno entre outros.
Podemos encontrar o Pinhão Manso em regiões tropicais de todo o mundo e cresce
rapidamente em solos pedregosos e de baixa umidade (Makkar et al., 1998). É um arbusto que
chega até 4m de altura e é latescente, possui folhas alternas, longo-pecioladas, cordiformes,
levemente lobadas, com cinco lobos. As flores são unissexuadas, pequenas, pentâmeras,
amarelo-esverdeadas em panículas terminais ou axilares e com as flores masculinas ocupando
as extremidades superiores dos ramos. Os frutos são cápsulas tricocas, coriáceas, lisas com
três sementes lisas e escuras.
Segundo Aregheore et al. (2003) o Pinhão Manso é uma planta de multipropósito pois
possui propriedades medicinais e também fornece óleo para variadas funções. Com isso, tem
ganhado cada vez mais importância econômica.
Com o advento da produção de biodiesel no Brasil, gera-se uma grande expectativa
quanto à utilização do pinhão manso devido as suas vantagens de utilização em relação a
matérias primas já conhecidas, como por exemplo, a mamona, a soja, o girassol e o algodão.
Dentre estas vantagens estão as seguintes: é uma cultura perene, possui uma menor exigência
hídrica, menor exigência nutricional, e principalmente seu grande rendimento agronômico,
com média de 5 toneladas de semente por hectare, o que significa 1,75 toneladas de óleo
vegetal por hectare, ou seja, quase quatro vezes o rendimento do óleo da mamona (Paulino et
al., 2006).
Com o aumento do interesse no cultivo de plantas oleaginosas destinadas à produção de
biodiesel, há uma enorme oferta potencial de subprodutos oriundos desse processo, como por
exemplo, as tortas e os farelos. E unindo essa disponibilidade de subprodutos da cadeia
produtiva do biodiesel com a necessidade que os produtores rurais têm em diminuir custos, a
utilização desses produtos na alimentação dos animais é eminente e deve ser estudada.
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a composição química da
torta de pinhão manso (Jatropha curcas L.) e avaliar sua possível utilização na alimentação
anima
1272
2 MATERIAL E MÉTODOS
As análises químicas foram realizadas no laboratório de pesquisa animal do
departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) no período de 3 de
julho à 5 de agosto de 2006. Foram avaliadas amostras de Pinhão Manso (Jatropha curcas L.)
obtidas no departamento de Engenharia da UFLA, sem variedade definida.
As amostras foram submetidas às seguintes análises: matéria seca (MS), proteína bruta
(PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA)
e cinzas (MM), segundo a AOAC (1984) e fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA) segundo Goering e Van Soest (1970).
O valor de matéria orgânica (MO) e hemicelulose (HE) foram obtidos pela diferença
(100-MM) e (FDN-FDA), respectivamente.
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados das análises de composição química estão descritos na Tabela 1
1273
O valor de proteína bruta (25,43%) sugere que este subproduto pode ser utilizado como
fonte protéica na nutrição animal. Trabalhos mostram que a composição de aminoácidos
essenciais no farelo de pinhão manso é muito semelhante a do farelo de soja (Martinez-
Herrera et al., 2006; Makkar et al., 1998).
Quanto à fibra e às cinzas não podemos fazer inferências quanto aos valores, que apesar
de não serem inferiores a valores encontrados em outras oleaginosas, ainda são necessárias
mais pesquisas para determinar a digestibilidade da fibra, bem como o perfil dos minerais.
Pesquisas incipientes realizadas por Aderibigde et al. (1997) mostram valores de
digestibilidade da matéria orgânica da torta de Pinhão manso em torno de 60% e, do farelo,
em torno de 70%. Porém, um dos grandes problemas encontrados neste tipo de planta é a
grande variabilidade que existe entre as variedades.
Apesar do seu enorme potencial, o pinhão manso apresenta desvantagens em relação às
outras oleaginosas devido à presença de fatores antinutricionais (fitatos e inibidores de
tripsina) e compostos tóxicos (curcina e ésteres de forbol) (Makkar et al., 1997; Martinez-
Herrera et al., 2006). Porém pode ser utilizado na alimentação animal desde que tratamentos
adequados sejam realizados para a redução ou eliminação destes fatores.
Desde que estes fatores antinutricionais e tóxicos foram identificados, vários
tratamentos foram testados para que atingisse a eliminação ou redução destes. O tratamento
mais eficiente foi o tratamento térmico de 121º C por 30 minutos seguidos de quatro banhos
de metanol a 92% (Aregheore et al., 2003).
4 CONCLUSÃO
A torta do pinhão manso apresenta grande potencial de utilização na alimentação animal
devido à sua rica composição química. Ela poderia ser substituta de alimentos convencionais,
porém para sua recomendação é necessária a observação e avaliação dos fatores
antinutricionais e tóxicos presentes. Existe já descrito um tratamento eficiente para a
detoxicação, porém, sua viabilidade econômica é questionável, sendo necessário o
reaproveitamento do metanol utilizado no processo.
Portanto, novas pesquisas são necessárias para avaliar a viabilidade da utilização da
torta de pinhão manso na nutrição animal principalmente em relação a digestibilidade das
frações deste novo alimento.
1274
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOERING, H. K.; VAN SOEST, P. J. Forage fiber analyses: apparatus, reagents, procedures
and some aplications. Washington: USDA, ARS, 1970. (Agricultural Handbook, 379).
MAKKAR, H.P.S.; BECKER, K.; SPORER,F. et al. Studies on nutritive potential and toxic
constituents of different provenances of Jatropha curcas. Journal of Agriculture and Food
Chemintry, v.45, 1997, p.3152-3157.
PAULINO, P.V.R.; PORTO, M.O.; OLIVEIRA, A.S.; SALES, M.F.L.; MORAES, K.A.K.
Interação Lavoura-Pecuária: Utilização do Pasto e Subprodutos. In: V SIMPÓSIO DE
PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 5., 2006, Viçosa. Anais...Viçosa: UFV, DZO, 2006. p.
157-219.
1275
INFLUENCIA DE ADUBO ORGÂNICO SOBRE O CRESCIMENTO DE
MUDAS DE UMA ESPÉCIE OLEAGINOSA DA AMAZONIA: ANDIROBA
(Carapa guianensis Aubl)
1276
1 INTRODUÇÃO
Dentre as oleaginosas de potencial produtivo e econômico para a Amazônia central,
destaca-se a andiroba (Carapa guianensis Aubl), espécie que apresenta grande importância na
farmacopéia do Estado do Amazonas.
A qualidade de sua madeira fez com que se tornasse uma das espécies nativas mais
estudadas da região, sendo considerada nobre e sucedânea do mogno. Por ser uma espécie de
uso múltiplo, suas sementes também são aproveitadas, pois delas é extraído um dos óleos
medicinais mais utilizados pelos índios e ribeirinhos da Amazônia, conhecido popularmente
como “azeite de andiroba”, que é utilizado na indústria de cosméticos, onde é empregado na
fabricação de sabonetes e shampoos, uma vez que as amêndoas de andiroba contêm 56% de
um óleo amarelo-claro, líquido e transparente, que, quando submetido a uma temperatura
inferior a 25°C, se solidifica a uma consistência semelhante á da vaselina. Este óleo é
composto de substâncias como oleína e palmitina e menores proporções de glicerina
(LOUREIRO et al.,1979).
As características e variadas funções terapêuticas da andiroba tem ação cicatrizante,
antinflamatória e anti-helmíntíca. Também é indicado no tratamento das contusões, estados
doloridos, reumatismos, na produção de velas do tipo castiçais e repelentes entre outros
(Pinto, 1963).
Apesar de todas as formas de uso existentes e de sua importância para as populações
tradicionais, as árvores vêm sendo retiradas, muitas vezes ilegalmente, para sustentar o setor
madeireiro, ocasionando com isso a diminuição das populações naturais e a perda de
toneladas de sementes, que poderiam ser produzidas ao longo do ciclo de vida das
andirobeiras, se as arvores não fossem derrubadas.
O óleo da semente pode fornecer um lucro adicional para os ribeirinhos da Amazônia,
mas a produção de mudas possui um custo elevado, devido à necessidade inicial de adubação
química. Alem disso, a produção de sementes andiroba é irregular e as mesmas são altamente
predadas. Como não toleram dessecamento, os produtores rurais encontram dificuldade na
produção de mudas em propriedades rurais via germinação. Diante deste fato surgiu a
necessidade de experimentar alternativas para diminuir os custos na fase de produção de
mudas desta espécie e fornecer subsídios técnicos para as populações tradicionais da
Amazônia e para tanto o presente trabalho visa avaliar o crescimento em viveiro de mudas de
andiroba, submetidas á diferentes tipos de substratos, incluindo o emprego da adubação
orgânica.
1277
2 ECOLOGIA DA ESPÉCIE
Pertence à Família Meliaceae e possui árvores frondosas que podem atingir até 30m de
altura. Apresenta casca cinzenta, grossa e amarga, folhas alongadasde coloração verde-escuro
e flores pequenas e de cor creme. Os frutos são globosos e apresentam no seu interior de 4 a
16 sementes que são liberadas quando este cai ao solo. A extração das sementes deve ser feita
o mais breve possível, abrindo os frutos manualmente. Foi registrada a produção de até 180-
200kg de sementes/planta/ano. O teor de água das sementes recém-coletadas varia entre 42 e
55%, 1000 sementes pesam entre 20 e 33kg e 1kg pode conter 30-50 sementes. A floração
ocorre na época chuvosa, entre dezembro e março e a frutificação ocorre entre os meses de
março a abril (M.M.A, 1998).
A especie é comumente e conhecida como: andiroba, andirobeira, andirobinha,
andiroba-do-igapó, carape, andiroba, penaiba, entre outros. As sinonímias Carapa guianensise
e Carapa guianensis, são conhecidas pelos mesmos nomes vulgares, sendo utilizadas no
comércio sem distinção. (Ferraz, 1996).
Apresenta ampla distribuição ocorrendo desde o Sul da América Central passando pela
Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa, Brasil, Peru, Paraguai e nas ilhas do
Caribe. No Brasil, ocorre do nível do mar a até 350m de altitude, sendo muito comum em
toda a bacia Amazônica, preferencialmente nas várzeas e áreas alagáveis ao longo dos igapós,
sendo encontrada, também, em locais bem drenados de terra firme.
As sementes flutuam e podem ser dispersas através da correnteza dos cursos d’água.
Porém, em floresta de terra firme, a maioria dos frutos e sementes é encontrada embaixo da
árvore-matriz. No período de dispersão, as sementes são muito predadas por roedores, tatus,
porcos-do-mato, pacas, veados, cotias, etc.
3 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido no viveiro florestal da Estação Experimental de Silvicultura
Tropical E.E.S.T/INPA-AM, localizada no km 42 da BR-174 - Manaus-BoaVista
Não foi possível utilizar sementes, pois a safra 2006, apresentou produção insuficiente
na época prevista, o que induziu ao uso da regeneração natural para a produção das mudas.
Foram coletadas plântulas sob árvores matrizes de floresta primária na Estação
Experimental de Fruticultura Km 42 Br-174. As plântulas tinham aproximadamente ±10cm
de altura e foram deixadas no viveiro por 30 dias. Após esse período de rustificação, as mudas
1278
foram colocadas em sacos plásticos de 20cmx 32cm contendo os três diferentes tipos de
substrato.
Acrescentou-se cerca de 150g de adubo comercial por muda, e a mesma quantidade foi
reaplicada a cada 2 meses. Todas as mudas foram distribuídas em canteiros sob
sombreamento de 50%. Os tratamentos foram: T1=Areia /argila; T2=Argila /adubo orgânico e
T3=Solo de floresta, onde receberam irrigação diária.
Mensalmente foram coletados os dados de altura, diâmetro e numero de folhas. As
mudas permaneceram no viveiro por 212 dias incluindo todo o período experimental, onde
foram monitoradas as seguintes variáveis : Altura total (cm), Diâmetro de colo (cm) das
mudas e Número de folhas. Foram consideradas vivas todas as mudas que apresentavam caule
com coloração esverdeadas, independente da presença de folhas.
O delineamento experimental adotado foi o Delineamento em blocos casualizados com
6 repetições de 7 amostras cada, por tratamento, totalizando 126 mudas que foram submetidas
ao teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade e as analises foram obtidas pelo programa
estatístico Sisvar.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados alcançados (vide GRAFICO 1), após 180 dias, a análise de
variância do crescimento em altura das mudas de andiroba não apresentou interação
significativa (p < 0,05), entre os substratos testados.
1279
Gráfico 1 - Crescimento em altura das mudas de andiroba (Carapa guianensis Aubl),
submetidas a diferentes substratos após 180 dias.
2 5 ,0 0
1 8 ,6 6 n s
2 0 ,2 0 n s
2 0 ,0 0 2 1 ,1 8 n s
1 8 ,3 9 n s
1 6 ,9 4 n s 1 7 ,1 5 n s 1 6 ,6 8 n s
1 6 ,8 4 n s 1 7 ,3 3 n s
A LT U R A (c m )
1 5 ,0 0
1 0 ,0 0
5 ,0 0
0 ,0 0
30 90 180
TE S TE M U N H A T E M P O ( D IA S )
A R G IL A / A D U B O
S O LO D E F LO R E S TA
Para a variável diâmetro de colo (vide TABELA1), houve diferença significativa, com
destaque os Tratamentos T2 e T3, que obteveram médias superiores ao T1, indicando que a
alta concentração de matéria orgânica em decomposição contida no solo de florestas é
benéfica ao crescimento em diâmetro das mudas, contudo, a retirada de grandes quantidades
de camadas superficiais do solo de florestas pode prejudicar a dinâmica do ecossistema local.
Tabela 1 - Médias das variáveis: Altura e, diâmetro de colo em função dos diferentes
substratos e adubação orgânica das mudas de andiroba (Carapa guianensis Aubl), após 180
dias. Manaus, 2007.
TRAT. ALTURA DIÂMETRO
1 Areia /argila (testemunha 17,04 A 4,08 B
2 Argila /adubo orgânico 18,90 A 4.67 A
3 Solo de floresta 18,51A 4,56 AB
CV( % ) 5,51 4,24
Na coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade.
1280
5 CONCLUSÃO
Conclui-se, portanto que a produção de mudas com substratos orgânicos é viável para
os produtores locais que desejam produzir mudas de qualidade, e sugere-se a utilização de
adubos orgânicos comerciais, por ser uma fonte de nutrientes que apresenta baixo custo e não
ocasiona impacto ao meio ambiente.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRAZ, I.D.K. & SAMPAIO, P.T.B. 1996. Métodos simples de armazenamento das
sementes de andiroba (Carapa guianensis Aubl. e Carapa guianensis D.C. – Meliaceae).
Acta Amazonica, 26: 137-144.
1281
AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO NA EXTRAÇÃO DO
ÓLEO DE BABAÇU (Orbignya Speciosa) UTILIZANDO ETANOL COMO
SOLVENTE
RESUMO: O coco de babaçu possui, em média, 65 a 70% de óleo, um dos fatores que o
caracteriza como potencial para produzir óleo vegetal, que podem ser transformados no
biocombustível Biodiesel. As discussões sobre biodiesel no Brasil têm priorizado as culturas
que venham a gerar maior emprego de mão-de-obra e que possam estar incluindo regiões que
estão à margem do processo de desenvolvimento econômico. O presente trabalho foi
desenvolvido com o objetivo de avaliar as melhores condições na extração do óleo de babaçu,
com o intuito de otimizar esse processo de extração, o que pode favorecer famílias de
agricultores desprovidos de alternativas rentáveis na região norte e nordeste do país. Foi
utilizado como matérias-primas amêndoa de babaçu (Orbynia speciosa), proveniente da região
do Municipio de São Miguel do Tocantins - Brasil. Foram avaliados dois tamanhos de
amostras (± 1,08mm, ± 2,78mm), quatro tempos de extração (3, 5, 6 e 8 horas) e dois tipos de
solventes (hexano e etanol). O uso do etanol se justifica como alternativa viável, tendo em
vista, que o Brasil é o maior produtor mundial desse álcool. Foi possível concluir que o tempo
ideal para extração de óleo de babaçu em aparelho Soxhtet é de 6 horas, o melhor tamanho da
amostra das amêndoas de babaçu foi o triturado com ± 1,08mm e que o etanol apresentou um
rendimento considerado satisfatório na extração do óleo de babaçu, sugerindo seu uso como
uma boa alternativa para extração deste óleo.
1282
1 INTRODUÇÃO
O principal produto extraído do babaçu, e que possui valor mercantil e industrial, são as
amêndoas contidas em seus frutos. As amêndoas de 3 a 5 em cada fruto são extraídas
manualmente em um sistema caseiro tradicional e de subsistência. É praticamente o único
sustento de grande parte da população interiorana onde existe naturalmente o babaçu. A
extração das amêndoas envolve o trabalho de milhares de famílias. Em especial, mulheres
acompanhadas de suas crianças: as ”quebradeiras”, como são chamadas. Apesar de já
existirem, estudos preliminares sobre a enorme gama de produtos e subprodutos que o babaçu
pode oferecer e o que isso representaria para a economia nacional, inclusive em termos de
divisas, praticamente só é produzido industrialmente, até o momento, o óleo pelo processo de
prensagem que se destina principalmente a indústria de sabões.
O coco de babaçu possui, em média, 7% de amêndoas, com 65 a 70% de óleo. Assim, o
babaçu não pode ser considerado uma espécie oleaginosa, pois possui somente 4% de óleo.
No entanto, a existência 17 milhões de hectares de florestas onde predomina a palmeira do
babaçu e a possibilidade de aproveitamento integral do coco torna possível seu
aproveitamento energético (SINIPOMA, 2004). Portanto o babaçu tem um grande potencial
para produzir óleo vegetal, que pode se transformar em matéria-prima para produção do
biocombustível biodiesel.
As discussões sobre o biodiesel no Brasil têm priorizado as culturas que venham a gerar
maior emprego de mão-de-obra e que possam estar incluindo regiões que estão à margem do
processo de desenvolvimento econômico. A utilização dessas culturas faz com que o biodiesel
seja uma alternativa importante para a erradicação da miséria no país, pela possibilidade de
ocupação de enormes contingentes de pessoas (AMORIM, 2005).
O biodiesel é um combustível de queima limpa, derivado de fontes naturais e
renováveis, como óleos vegetais, óleos usados em fritura, gordura animal e álcool. Esse
combustível pode ser usado em qualquer motor de ciclo diesel, sem necessidade de alterações.
É constituído quimicamente por ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos de cadeia longa,
dependendo do álcool usado na reação (SCHUCHARDT, 1998).
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar as melhores condições na
extração do óleo de babaçu, com o intuito de otimizar esse processo de extração, o que pode
favorecer famílias de agricultores desprovidos de alternativas rentáveis na região norte e
nordeste do país.
1283
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de Análise de Alimentos (LANA) da
Universidade Federal do Tocantins. Como matéria-prima, foi utilizada amêndoa de babaçu
(Orbynia speciosa), proveniente da região do Municipio de São Miguel do Tocantins.
Tocantins –Brasil.
Inicialmente as amêndoas foram trituradas e maceradas de forma a obter dois tamanhos
diferentes de ±1,08mm e ±2,78mm respectivamente. A umidade para cada amostra de babaçu
foi determinada a 105ºC até peso constante. O óleo das amostras foi extraído em aparelho
Soxhlet, segundo o método AOACS Bc 3-49 (1988). Em cada extração, porções de
aproximadamente, 5g de babaçu foram envolvidas em cartuchos de papel de filtro e o
conjunto foi transferido para a cápsula do extrator tipo Soxhlet para retirada do óleo. Foram
usados dois tipos de solvente, etanol e hexano. O conjunto de extração de Soxhlet foi
aquecido durante 3, 5, 6 e 8 horas para determinação do tempo ótimo de extração. Após a
extração os balões foram colocados em estufas a 100ºC, durante ±20 minutos, para completar
a evaporação do solvente. Após resfriamento, em dessecador, os balões foram pesados para
quantificação do óleo extraído.
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
O teor de umidade da amostra foi de 11,02%. Na Figura 1 pode ser observado os
diferentes tamanhos das amostras utilizadas na extração.
a) b)
Figura 1 - Tamanho das amostras. a) triturada a ± 1,08mm. b) maceradas a ± 2,78mm
As Figuras 2 e 3 apresentam o rendimento em óleo de babaçu nos quatro tempos de
extração utilizados 3, 5, 6 e 8 horas, os dois tipos de solvente etanol e hexano e para o
tamanho da amostra de ±1,08mm e ±2,78mm respectivamente. Verifica-se que há um
aumento do rendimento em óleo de babaçu quando se aumenta o tempo de extração e
diminui-se o tamanho da partícula da amostra. Observa-se que no tempo de 6 horas a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1284
quantidade de óleo foi de 64,77% e 61,08% para o hexano e 66,20% e 61,72% para o etanol
com tamanho da amostra de 2,78 e 1,08mm respectivamente, mantendo-se praticamente
constante depois deste tempo.
Esse fato condiz com a teoria, ou seja, o método de extração que utiliza solventes
voláteis depende da distribuição e proporção do constituinte solúvel no sólido, da natureza
dos sólidos e do tamanho das partículas (ARAÚJO, 1995).
68
66
64
% de Óleo
hexano
62
etanol
60
58
56
3 5 6 8
Tempo de extração em horas
Figura 2 - % de óleo de babaçu com os tempos de extração com hexano e etanol com o
tamanho da amostra de ± 1,08 mm.
63
62
61
% de Óleo
60 hexano
59 etanol
58
57
56
3 5 6 8
Tempo de extração em horas
Figura 3 - % de óleo de babaçu com os tempos de extração com hexano e etanol com o
tamanho da amostra de ± 2, 78 mm.
1285
a viscosidade do solvente devido à grande quantidade do soluto. Alguns fatores influenciam
na velocidade de extração como o tamanho das partículas sólidas. Neste experimento foi
possível identificar que as amostras trituradas a ±1,08mm foi a que melhor apresentou
rendimento.
Observa-se que dentre os dois tipos de solvente utilizados o etanol apresentou o melhor
percentual de extração de óleo com um pouco mais de 66%, como é de interesse a utilização
do etanol tendo em vista, que o Brasil é o maior produtor mundial desse álcool, os resultados
demonstram que a extração do óleo de babaçu é favorável com esse solvente.
DRUMMOND et al., (2006) estudou a viabilidade do metanol e etanol como solventes
na extração de óleo de mamona para produção do biodisel e concluiu que a adição de 25 % de
metanol ao etanol aumenta a eficiência de extração de óleo de mamona.
É interessante que novos estudos venham apontar o uso do etanol na extração do óleo de
babaçu com o intuito de otimizar este processo.
4 CONCLUSÃO
O etanol apresentou um rendimento considerado satisfatório na extração do óleo de
babaçu, sugerindo seu uso na extração deste óleo que surge como uma alternativa como
mátria-prima na produção do biodisel, o que pode favorecer famílias de agricultores
desprovidos de alternativas rentáveis na região norte e nordeste do país promovendo a geração
de emprego e renda nestas áreas. De acordo com a pesquisa o tempo ideal para extração do
óleo de babaçu em aparelho Soxhtet é de 6 horas, foi possível identificar ainda que a melhor
condição para as amêndoas de babaçu destinada extração de óleo é triturado com ± 1,08mm.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, P. Q. R. Pespectiva histórica da cadeia da mamona e a introdução da
produção de biodiesel no semi-árido brasileiro sob o enfoque da teoria dos custos de
transação. Monografia apresentada à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queroz da
Universidade de São Paulo. Piracicaba – SP, 2005.
AOACS – Official methods and recommended practices of the American Oil Chemists’
Society. 3. ed. Champaign, 1988.
1286
e Uso de Biodiesel. Congresso 2006. Disponível em: http://www.biodiesel.gov.br/. Acesso
em: 02/04/2007.
1287
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE EMULSÕES
COSMÉTICAS COM OS ÓLEOS DE AÇAÍ (Euterpe oleracea Mart) E
MARACUJÁ (Passiflora edulis)
1288
1 INTRODUÇÃO
Durante as atividades cotidianas, os indivíduos estão constantemente expostos aos raios
solares. Com os danos que progressivamente vêm sendo causados à camada de ozônio,
aumenta-se a exposição à radiação ultravioleta (UV), responsável por várias alterações da pele
(WAGNER; VALENTE, 2005).
A radiação solar, ao atuar na pele, pode causar desde queimaduras até
fotoenvelhecimento (envelhecimento precoce da pele, causado pela exposição a raios UV) e
aparecimento do câncer de pele.
O fotoenvelhecimento é causado pela exposição cumulativa à radiação solar,
diferentemente do envelhecimento cronológico, o qual ocorre devido a mudanças genéticas,
químicas e hormonais. O envelhecimento precoce também pode ser causado por fatores como
bronzeamento artificial, fumo, consumo de bebidas alcoólicas, alimentação inadequada e
sedentarismo (STEINER, 2007).
As alterações que configuram o envelhecimento da pele são causadas pela incapacidade
do organismo de dissipar adequadamente a energia produzida como subprodutos da vida,
chamados de radicais livres (RL). Dentre esses, os radicais hidroxila estão aptos a dar início à
peroxidação dos lipídios nas membranas celulares, formando produtos secundários envolvidos
no envelhecimento. Quando a formação de RL em excesso provoca um desequilíbrio no
balanço entre o processo oxidativo e o antioxidante natural, tem-se o estresse oxidativo. Um
dos mecanismos importantes da cosmecêutica antienvelhecimento é o combate a esse estresse
oxidativo.
A proteção solar, os agentes antioxidantes e agentes repositores da emulsão epicutânea
em peles ressecadas são formas de prevenir as alterações cutâneas. Para o tratamento tópico
do envelhecimento cutâneo, existe uma variedade de substâncias utilizadas, que agem sobre
as diferentes causas do envelhecimento. Entre elas, encontram-se os retinóides tópicos
naturais e sintéticos, os alfa-hidroxiácidos (AHAs), as vitaminas, o ácido alfa-lipóico, a
coenzima Q10, os fito-hormônios (fitoestrógenos) e o dimetilaminoetanol (DMAE)
(NASCIMENTO et al., 2004).
Os óleos também são utilizados em dermatologia cosmética (SANTOS, 2006; BLOISE,
2003) e possuem um grande espectro de atuação. Alguns, tais como o óleo de cravo, óleo de
germe de trigo e óleo de jojoba, possuem ação anti-radicais livres, dentre outras propriedades.
O óleo de cravo atua como anti-séptico, vasoconstritor e cicatrizante, enquanto o óleo de
jojoba tem ação hidratante e preventiva de varizes. O óleo de amêndoas doces, assim como o
1289
óleo de avelã, possui função hidratante, além de melhorar a flexibilidade e elasticidade da
pele. O óleo de macadâmia e o óleo de semente de uva são regeneradores cutâneos e
hidratantes (NASCIMENTO et al., 2004).
Existe uma crescente demanda, pela sociedade contemporânea, para utilização de
produtos vegetais, destacando-se a exploração de matérias-primas advindas da floresta
amazônica (BARATA, 2000). Entre os insumos mais importantes para o desenvolvimento de
medicamentos e cosméticos, 70% derivam da biodiversidade ou foram inspirados em
substâncias naturais (moléculas protótipos). Assim, com base nas potencialidades de uso de
matérias-primas amazônicas, deve-se incentivar sua exploração comercial, mas de forma
auto-sustentável (ALMEIDA & RIBEIRO, 1997).
Nesse sentido, os óleos de açaí e maracujá tem adquirido crescente importância em
Cosmetologia, frente às suas interessantes propriedades antioxidantes, antiinflamatórias, de
reposição de ácidos graxos do manto hidrolipídico, entre outras (ZUANAZZI &
MONTANHA, 2003).
Visando aproveitar o potencial cosmetológico que os óleos de açaí e maracujá oferecem
como ativos, acredita-se que sua incorporação em sistemas emulsionados represente uma
alternativa viável para retardar o processo de envelhecimento cutâneo e recuperação da pele
desidratada.
O estudo do comportamento reológio contribui para a compreensão da estabilidade das
formulações semi-sólidas (emulsões) que veiculam óleos e fornece subsídios para a pesquisa,
desenvolvimento e inovação de produtos cosméticos com qualidade e eficácia.
O objetivo deste trabalho foi determinar o comportamento reológico de emulsões
cosméticas com os óleos de Açaí e Maracujá preparadas com duas diferentes bases galênicas,
contendo os agentes emulsificantes: cera auto-emulsionante não iônica e polímero acrílico. As
emulsões foram preparadas com duas diferentes concentrações de cada óleo: 3 e 4%, de óleo
de Açaí e Maracujá, respectivamente.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
As medidas reológicas foram realizadas em um reômetro marca Rheotest 2.1 (VEB-
MLW-DDR, LAMEDID) utilizando-se a associação BIICS1, com amostras das formulações
preparadas do mesmo lote, descritas nas tabelas 1 e 2 (as bases foram preparadas
separadamente com a posterior incorporação dos óleos nas devidas proporções). Aplicou-se
taxas de cisalhamento crescentes e, em seguida, decrescentes entre 0,18 e 78,72s-1.a 25ºC .
1290
Tabela 1 – Formulações de cera auto-emulsionante não iônica – creme base (F1), contendo o
óleo de Açaí e Maracujá nas concentrações de 3 e 4%, denominadas de F2, F3, F4 e F5.
COMPONENTES F1%(p/p) F2%(p/p) F3%(p/p) F4%(p/p) F5%(p/p)
Cera auto-emulsionante 10% 10% 10% 10% 10%
não iônica
Oleato de decila 2% 2% 2% 2% 2%
Propilparabeno 0,05% 0,05% 0,05% 0,05% 0,05%
Propilenoglicol 3% 3% 3% 3% 3%
Metilparabeno 0,15% 0,15% 0,15% 0,15% 0,15%
Imidazolidiniluréia 0,5% 0,5% 0,5% 0,5% 0,5%
Óleo de Açaí - 3% 4% - -
Óleo de Maracujá - - - 3% 4%
Água qsp 100% 100% 100% 100% 100%
Legenda: F1 - Formulação 1 (creme base - cera auto-emulsionante não iônica), F2 - Formulação 2 (açaí 3%), F3
- Formulação 3 (açaí 4%), F4 - Formulação 4 (maracujá 3%), F5 - Formulação 5 (maracujá 4%).
Tabela 2 – Formulações de polímero acrílico – creme base (F6), contendo o óleo de Açaí e
Maracujá nas concentrações de 3 e 4%, denominadas de F7, F8, F9 e F10.
COMPONENTES F6%(p/p) F7%(p/p) F8%(p/p) F9%(p/p) F10%(p/p)
Polímero acrílico 10% 10% 10% 10% 10%
Imidazolidiniluréia 2% 2% 2% 2% 2%
Propilenoglicol 0,05% 0,05% 0,05% 0,05% 0,05%
Alcalinizante (pH 6,0) 3% 3% 3% 3% 3%
Óleo de Açaí - 3% 4% - -
Óleo de Maracujá - - - 3% 4%
Água qsp 100% 100% 100% 100% 100%
Legenda: F6 - Formulação 6 (Polímero acrílico - creme base), F7 - Formulação 7 (açaí 3%), F8-Formulação 8
(açaí 4%), F9-Formulação 9 (maracujá 3%), F10 - Formulação 10 (maracujá 4%).
1291
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os reogramas obtidos para as formulações estudadas encontram-se nas Figuras de 1 a
10.
100,0
87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)
75,0
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2 Área = 35,50
Tensão de Cisalhamento (dina/cm )
100,0
87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)
75,0
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 8,00
1292
100,0
87,5
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
100,0
87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)
75,0
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 4,60
1293
100,0
87,5
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
100,0
87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)
75,0
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
1294
100,0
87,5
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 3,10
100,0
87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)
75,0
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 1,90
1295
100,0
87,5
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 1,70
100,0
87,5
Gradiente de Cisalhamento (1/s)
75,0
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 1,70
1296
100,0
87,5
62,5
50,0
37,5
25,0
12,5
0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Tensão de Cisalhamento (dina/cm ) Área = 3,60
1297
possui comportamento similar com a adição dos óleos de açaí e maracujá nas concentrações
de 3 e 4%, respectivamente.
Por outro lado, as formulações base de polímero acrílico com os óleos de açaí e
maracujá nas concentrações de 3 e 4%, respectivamente, forneceu indicativos não animadores
quanto ao comportamento tixotrópico, fato que inviabiliza a continuação dos estudos de
desenvolvimento com esta formulação base.
4 RESULTADOS ESPERADOS
Com este trabalho, espera-se alcançar o desenvolvimento de emulsões cosméticas
estáveis, tendo o óleo de açaí a como ativo cosmético, e que venha a produzir efeitos
benéficos no tratamento e prevenção das alterações cutâneas, provocadas pelo envelhecimento
e agressões ambientais.
Além disso, este trabalho abre a possibilidade de realização de estudos de eficácia que
comprovem a ação esperada das emulsões que se pretende desenvolver, como a atividade
anti-envelhecimento.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, S.P. DE; RIBEIRO, J. F. Usos múltiplos para a flora nativa do Cerrado.
Seminário sobre sistemas florestais para o Mato Grosso do Sul, 1. 1997, Dourados. MS
Resumos. Dourados: EMBRAPA – CPAO/Flora Sul, p. 23-370, 1997.
1298
ESTUDO DA CONCENTRAÇÃO DE ÁGAR E AFERIÇÃO DE PH EM
MEIO DE CULTIVO DE EMBRIÕES DE MAMONA (Ricinus communis L.)
VISANDO MAXIMIZAÇÃO DA PROPAGAÇÃO DE MUDAS
Palavras-Chave: Ricinus communis L., cultura de embriões in vitro, meio de cultura, ágar,
pH.
1299
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.), pertencente à família Euphorbiaceae, é originária
da Ásia Meridional de onde se espalhou por quase todo o mundo, principalmente nas regiões
tropicais e subtropicais. É largamente difundida por todo o Brasil, não havendo praticamente
terreno baldio, mata ou lavoura abandonada onde ela não cresça. A mamona representa hoje
importante parcela do agronegócio brasileiro, devido à multiplicidade de aplicação do óleo
derivado de seus frutos, importante matéria-prima para produção de biocombustíveis e
biopolímeros substitutos daqueles derivados de petróleo. Em vários países ela é cultivada para
a extração do óleo das suas sementes, cujo principal emprego se dá na lubrificação de motores
de alta rotação, como é o caso dos motores de avião. (ROCHA et al., 2003).
A cultura se apresenta como alternativa de relevante importância econômica e social,
pois dadas as suas características, é capaz de produzir satisfatoriamente bem até sob
condições de baixa precipitação pluvial, sobressaindo-se também como alternativa para o
semi-árido nordestino, onde a cultura, mesmo tendo sua produtividade afetada, tem-se
mostrado resistente ao clima adverso quando se verificam perdas totais em outras culturas, e
serve, desta forma, como uma das poucas alternativas de trabalho e de renda para o agricultor
da região (VIEIRA e LIMA, 2003).
ROCHA et al. (2003), estudando métodos de regeneração in vitro da mamoneira, a
partir de diferentes tipos de explantes constataram que, o melhor desempenho foi conseguido
a partir da utilização de eixo embrionário como explante.
Os meios de cultura são altamente específicos para cada espécie da planta ou até mesmo
para as variedades, ou cultivares comerciais dentro da espécie; por isso, torna-se fundamental
o estudo da composição em sais minerais, suplementos orgânicos e o balanceamento e tipo de
fitorreguladores, para a indução da diferenciação da parte aérea ou raiz das plantas
(MACHADO, 1993 e SANTOS et al., 2005).
1300
Os meios de cultura sólidos ou semi-sólidos, normalmente são solidificados com ágar.
A consistência do meio de cultura depende da concentração e qualidade de ágar utilizada, do
pH, do tipo de explante, da concentração de sais e da presença de outras substancias como o
carvão ativado, os quais interferem na geleificação (PASQUAL et al., 2002 apud CALDAS et
al., 1998; MURASHIGE, 1974). Para cada espécie vegetal, torna-se importante a definição do
melhor meio de cultura, sendo essencial o estudo dos diferentes balanceamentos do pH e
concentração de ágar, através da aplicação de vários testes (RIBEIRO, 1997 apud HU &
FERREIRA, 1990).
Segundo CALDAS et al. (1998), existem várias marcas comerciais disponíveis de ágar,
que usualmente são utilizadas em concentrações que variam de 0,4 a 1 %. Entretanto,
recomenda-se minimizá-lo ou otimizá-lo no preparo do meio de cultura, pelo fato do ágar ser
considerado o componente de maior custo do meio de cultura (SINGHA, 1984; GEORGE,
1993; PEIXOTO & PASQUAL, 1995). A elevação na concentração de ágar pode resultar em
um meio muito consistente que, embora seja muito útil para evitar a vitrificação, provoca
inibição no desenvolvimento da planta, reduzindo a taxa de multiplicação. (MURASHIGE,
1974; GRATTAPAGLIA E MACHADO, 1990).
O principal objetivo deste trabalho foi o aprimoramento do meio de cultura para cultivo
de embriões, baseado nas influências do pH e concentração de ágar, e desta forma a obtenção
de plântulas possuidoras de tecidos meristemáticos de elevada totipotência e em condições
assépticas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Laboratório de Biotecnologia Ambiental, do
Departamento de Recursos Naturais, da Faculdade de Ciências Agronômicas, da UNESP,
Campus de Botucatu – Lageado, SP. Foram utilizadas sementes de mamona (Ricinus
communis L.) da cultivar Sara, safra 2006/2007, do Banco Ativo de Germoplasma de
Mamona da FCA – UNESP.
Foram retirados os tegumentos de sementes selecionadas, e depois lavadas em água
corrente e desinfestadas em solução com hipoclorito de sódio a 2% de cloro ativo e uma gota
de Tween 20, durante 20 minutos. Posteriormente foram feitos 5 enxágües em água destilada
e deionizada estéril, permanecendo no final em imersão por 24 horas.
Após a desinfestação, em câmara de fluxo laminar, sob condições assépticas, foram
retirados os eixos embrionários das sementes, que foram manipulados em solução de
1301
polivinilpirrolidona a 2% (PVP – agente antioxidante) e inoculados em tubos de ensaio
contendo 10 ml do meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) modificado com diferentes
concentrações de ágar e aferições de pH, antes da autoclavagem, formando 9 tratamentos: 3,0
g/l de ágar e pH 4,7 (T1), 6,0 g/l de ágar e pH 4,7 (T2), 9,0 g/l de ágar e pH 4,7 (T3), 3,0 g/l
de ágar e pH 5,7 (T4), 6,0 g/l de ágar e pH 5,7 (T5), 9,0 g/l de ágar e pH 5,7 (T6), 3,0 g/l de
ágar e pH 6,7 (T7), 6,0 g/l de ágar e pH 6,7 (T8) e 9,0 g/l de ágar e pH 6,7 (T9). Foram
utilizadas 5 repetições em cada tratamento, sendo 1 explante por frasco.
Após a inoculação os tratamentos permaneceram em câmara de germinação (B.O.D.)
com temperatura constante de 26 ± 1 ºC, inicialmente no escuro por 84 horas e,
posteriormente, com fotoperíodo de 16 horas e intensidade luminosa de 1000 lux.
As avaliações foram realizadas após 25 dias de cultivo, sendo avaliado o
desenvolvimento de cada planta pela obtenção dos valores de matéria fresca (MFA) e matéria
seca (MSA), altura (HPA) e número de folhas (NF) da parte aérea; matéria fresca (MFR) e
matéria seca (MSR), número (NR) e comprimento (CMR) médio de raiz. Os resultados
obtidos foram comparados estatisticamente pelo programa SigmaStat, segundo o teste de
comparações múltiplas (método de Kruskal Wallis e Student-Newman-Keuls).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 1, onde pode ser observado que os
tratamentos T1, T2 e T3, aferidos com pH mais ácido (4,7) proporcionaram maiores valores
de biomassa (MFA e MSA) da parte aérea das plântulas, sendo que o T1 destacou-se
significativamente dos demais tratamentos. Os valores obtidos na avaliação da matéria fresca
da raiz (MFR) também se mostraram superiores nas condições destes tratamentos, sendo de
igual maneira o T1 superior aos demais (Figuras 1 e 2).
1302
Tabela 1 – Valores médios de massa fresca (MFA), massa seca (MSA), número de folhas
(NF) e altura (HPA) da parte aérea, massa fresca (MFR), massa seca (MSR), número (NR) e
crescimento médio (CMR) da raiz.
Tratamentos MFA MSA MFR MSR* NF* HPA NR* CMR
T1 0,40346a 0,02498a 0,20114a 0,00784 2,88 4,2a 2 8,42a
T2 0,1862b 0,01198b 0,08748c 0,01682 3 3,4b 3,5 7,35a
T3 0,175298b 0,01516b 0,13182b 0,00648 2 2,36b 5,6 5,17a
T4 0,04766b 0,0033b 0,03196d 0,0018 0,6 0,8b 1,6 0,7b
T5 0,10086b 0,024b 0,04048d 0,02132 2 2,8b 2 5,23a
T6 0,01946b 0,00106b 0,00914d 0,0005 0,6 0,42b 0,8 0,18b
T7 0,06994b 0,00516b 0,02322d 0,0009 1 0,94b 2,4 0,84b
T8 0,1201b 0,01042b 0,03522d 0,0016 2,2 2,46b 2 4,344a
T9 0,0282b 0,0016b 0,00656d 0,00006 0,8 0,74b 0,2 1,36b
*os tratamentos não diferem (P>0,001). Dentro das colunas, as médias seguidas de letras iguais não diferem,
estatisticamente, ao nível de 5% de probabilidade.
1303
Figura 1 - Massa fresca da parte aérea (MFA) e raiz (MFR) e massa seca da parte aérea
(MSA) e raiz (MSR) de plântulas de mamona regeneradas a partir do cultivo de eixos
embrionários.
1304
Figura 2 – Valores médios do numero de folhas (NF), altura da parte aérea (HPA), número de
raízes (NR) e crescimento médio da raiz (CMR).
Trabalhando com o mesmo objetivo dos citados, ROMBERGER & TABOR (1971)
concluíram que em altas concentrações de ágar, ou meios muito consistentes, pode ocorrer
limitação da difusão de nutrientes do meio para o explante. Assim, conforme MURASHIGE
& SKOOG, (1962), a obtenção de meios mais sólidos, com concentrações de ágar próximas
de 7 g/l, como a de seu próprio meio, requerem maiores níveis de sais minerais.
4 CONCLUSÃO
Nas condições empregadas na experimentação, se pode concluir que o meio com pH
mais ácido (4,7) associado à menor concentração de ágar (3 g/l) foi mais eficiente na indução
da organogênese de embriões e produção de biomassa das plântulas regeneradas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GEORGE, E.F. The components of tissue media. Plant propagation by tissue culture. 2.ed.
Edington, v.9, p.273-343, 1993.
1305
MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A. A revised medium for rapid growth and bioassays with
tissue cultures. Physiologia Plantarum, v. 15, p. 473-497, 1962.
PASQUAL, M; FINOTTI, D. R., DUTRA, L.F., CHAGAS, E.A., RIBEIRO, L.de O. Cultivo
in vitro de embriões imaturos de tangerineira “Poncã” em função do pH e da concentração de
ágar. R. Bras. Agrociência, v. 8, n. 3, p. 199-202, set-dez, 2002.
RIBEIRO, V. G.; PASQUAL, M.; RAMOS, J.D. et al.. Influência do pH e do ágar sobre o
cultivo in vitro de embriões de laranjeira ‘Pêra’. Pesquisa agropecuária Brasileira, v.32,
p.1147-1152, 1997.
ROMBERGER, J.A.; TABOR, C.A. The Picea abix shoot apical meristem in culture.
American Journal of Botany, Lancaster, v.58, p.131-140, 1971.
1306
PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA
CULTURA DA MAMONA (CULTIVAR LYRA) NA SAFRA DE VERÃO
EM CASSILÂNDIA-MS
1307
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira é uma oleaginosa com acentuada importância no cenário mundial,
impulsionada pela produção de biodiesel, possui também inúmeras aplicações industriais.
Beltrão et al (2001) menciona que são mais de 700 aplicações que interagem principalmente
com os aspectos econômico e o social.
Sua germinação e desenvolvimento inicial são lentos e progressivos, sua arquitetura e
espaçamento também facilitam a ocorrência de plantas daninhas que competem com a cultura
pelos fatores de crescimento (água, luz, nutrientes, espaço, etc.) culminando em declínio de
produção (QUEIROZ et al, 2004).
Três períodos de convivência, entre plantas invasoras e cultivadas, são definidos
conforme a época e duração do período de convivência. O primeiro é o período anterior a
interferência (PAI), sendo o meio capaz de fornecer os fatores de crescimento para ambos, as
plantas daninhas e a cultura podem conviver sem que haja interferência entre elas. O período
total de prevenção da interferência (PTPI) é o período que a cultura deve ficar livre da ação
das plantas daninhas, até que a sua produtividade não seja afetada, ou seja devido
principalmente a cobertura do solo suprimindo as plantas daninhas e período crítico de
prevenção da interferência (PCPI), fase que realmente as práticas de controle de plantas
daninhas devem ser efetivadas afim de não provocar quedas na produtividade da cultura
(VELINI, 1992; FREITAS, 2004; BRIGHENTI, 2004). O conhecimento do período crítico de
interferência é importante principalmente na escolha das práticas adotadas na cultura,
possibilitando um melhor manejo no número de capinas e também proporcionam um efeito
sobre outras práticas de manejo, ocorrendo até a minimização de algumas delas. Garantindo
que a planta consiga expressar o seu máximo potencial produtivo com menor custo de
produção, Freitas (2004).
O objetivo do presente trabalho foi de determinar o período de interferência de plantas
daninhas na cultura da mamona utilizando a cultivar Lyra (porte baixo e precoce) em
condições locais de Cassilândia-MS no período de cultivo de verão.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na área experimental de culturas anuais do Campus da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Cassilândia -
UEMS/UUC (19o06’48” S; 51o44’03” W - 470m de altitude), no período compreendido de
outobro de 2006 a fevereiro de 2007, no município de Cassilândia-MS, conduzido em solo
1308
classificado como Neossolo Quartzarénico, cujas as principais características químicas estão
expressas na Tabela 1.
Os dados referentes à temperatura do ar e a pluviosidade dos meses em que o
experimento foi conduzido encontram-se na Tabela 2.
Tabela 1 - Análise química do solo, para a camada de 0-20 cm, da área experimental.
Cassilândia-MS, 2007.
pH M.O. P H+Al K Ca Mg SB CTC V
CaCl2 g/kg mg/dm³ ...................................mmolc/dm³................................ %
4,8 17,58 3,78 21,91 1,23 12,6 5,2 19 41 46
Tabela 2 - Valores médios das máximas e das mínimas, temperatura média e pluviosidade
mensais obtidos durante os meses de outubro 2006 a fevereiro de 2007. Dados gerados pela
estação meteorológica da Unidade Universitária de Cassilândia da UEMS. Cassilândia-MS,
2007.
Mês Temperatura (°C) Pluviosidade (mm)
Máximas Médias Mínimas
Outubro 30,3 25,8 22,8 169
Novembro 31,2 26,4 21,5 184
Dezembro 32,0 27,5 22,8 240
Janeiro 31,4 27,0 24,5 480
Fevereiro 32,0 28,4 24,7 150
1309
A mamona cultivar Lyra foi semeada em 08/10/2006, no espaçamento de 0,45 metros
nas entrelinhas e população de 66.500 plantas ha-¹. A área de cada parcela foi de 10,8 m²
(1,8x6m), com área útil de 4,5m² (0,9x5m). A adubação de semeadura foi constituída de 500
kg ha-1 de NPK (formulação 04-14-08) distribuída na linha de plantio. Aos 15 dias após a
semeadura, foi realizada adubação de cobertura com 50 kg de nitrogênio por hectare.
Foram avaliados, a densidade (n° de indivíduos m-2), o peso de matéria seca (g m-2) e o
levantamento das plantas daninhas em cada período denominado com interferência, e sem
interferência utilizando um quadrado vazado de ferro com dimensão 0,25 m² (0,5x0,5 m),
jogado aleatoriamente na parcela útil, sendo os dados extrapolas para g m². As plantas
daninhas da área foram provenientes apenas do banco de sementes existente no solo, pois o
mesmo era rico em quantidade e qualidade de espécies.
A emergência ocorreu em 23/10/2006 e após sete dias efetuou-se o desbaste deixando
uma população de 44.500 plantas ha-1.
A colheita foi realizada no dia 06/02/2007, quando a cultura completou 106 dias de
ciclo após a emergência, e foi efetuada de forma manual, cortando-se os cachos com tesoura
de poda. Para aferir a massa, os grãos foram debulhados e pesados em balança de analítica em
Laboratório.
Os dados de produtividade foram analisados estatisticamente através do programa
estatístico SISVAR, utilizando o Teste F para análise de variância e Teste de Tukey a 5 % de
probabilidade para comparação de médias.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A comunidade de plantas daninhas foi composta por 10 espécies: capim-carrapicho
(Cenchrus echinatus L.), betônia (Hyptis suaveolens (L.) Poit.), capim-colchão (Digitaria
horizontalis Willd), agriãozinho (Synedrellopsis grisebachii Hieron.), beldroega (Portulaca
oleracea L.), guaxuma (Sida glaziovii K. Schum.), malva-branca (Sida cordifolia L.), malva-
vermelha (Croton glandulosus L.), fedegoso (Senna obtusifolia (L.) Irwin & Barneby) e
trapoeraba (Commelina benghalensis L.). Porém as espécies de maior ocorrência foram
apenas o carrapicho, betônia e capim-colchão, sendo as outras infestantes de menor incidência
em cada período, algumas espécies de plantas daninhas obtiveram mais destaques que outras,
em decorrência da própria época de germinação e da competição pelos fatores limitantes de
crescimento estabelecido entre a comunidade presente na área. Nesse sentido, algumas
espécies apresentaram desenvolvimento maior somente até aos 42 DAE (dias após
1310
emergência da cultura da mamona), e após diminuiram consideravelmente a sua densidade, ou
não mais ocorreram, como no caso do capim-colchão, guaxuma e malva-branca. Entretanto,
outras plantas apresentaram comportamento contrário, sua maior ocorrência foi a partir dos 42
DAE, como a malva-vermelha, betônia e trapoeraba. Algumas espécies permaneceram em
quantidades constantes, ou superiores em relação às outras espécies durante todo o ciclo da
cultura da mamona, como foi observado nas plantas de beldroega, agriãozinho e capim-
carrapicho.
Na Figura 1 estão apresentados os dados referentes à densidade de plantas daninhas da
área experimental, quando conduzido com a interferência da comunidade infestante,
observando-se alta densidade, logo no primeiro período de convivência fato atribuído devido
à lenta germinação que as sementes de mamona possuem (QUEIROZ et al., 2004), o que
proporciona altas densidades de infestantes nos períodos iniciais de desenvolvimento da
cultura. As maiores densidades de plantas daninhas foram conseguidas até aos 42 DAE,
destacando-se que aos 28 DAE foi o período inicial que se obteve a maior densidade (365
plantas m-²), com o decorrer do ciclo houve queda acentuada da densidade da comunidade
infestante e a partir dos 56 DAE houve estabilização da densidade da comunidade infestante.
Esse comportamento pode ser atribuído, em virtude da competição interespecífica das plantas
da área, pois à medida que os indivíduos cresceram, necessitaram de maiores quantidades de
recursos do meio (BRIGHENTI, et al., 2004). As plantas de betônia, por ter característica
subarbustiva (LORENZI, 2000), causaram drástica competição, principalmente pelo fator luz,
devido ao sombreamento nas plantas de menor porte.
Embora a densidade tenha diminuído, o acúmulo de biomassa seca das plantas daninhas
aumentou acentuadamente até aos 98 DAE (Figura 2) e após este período começou a
decrescer até a colheita.Comportamentos similares foram observados em populações de
infestantes de soja por Spadotto et al. (1992) e girassol por Brighenti, et al. (2004).
1311
400
350
300
250
200 Densidade m²
150
100
50
0
14
28
42
56
70
98
ta
ei
0-
0-
0-
0-
0-
0-
lh
co
Períodos Iniciais com interferencia
700
600
500
400
g m²
Matéria Seca
300
200
100
0
14
28
42
56
70
98
ta
ei
0-
0-
0-
0-
0-
0-
lh
co
Quando se observa a densidade de plantas daninhas sem interferência (Figura 3), nota-
se, aos 42 DAE, um número considerável das mesmas por m² (141 plantas m-²), decrescendo
conforme aumentaram os períodos de convivência, chegando a 14 e 5 plantas m² aos 98 DAE
e colheita (106 dias), respectivamente. Esse acréscimo da densidade decorrente ao fluxo
germinativo que se teve entre 28 e 42 DAE, comportamento também foi observado por
Brighenti et al. (2004) em girassol e Soares et al. (2004) na cultura da cebola. Este último
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1312
autor também menciona que este comportamento se deve ao fato do controle cultural exercido
pela cultura, sombreando a entrelinha e impedindo outros ciclos germinativos.
160
140
n° indivíduos m²
120
100
80 Densidade
60
40
20
0
14
28
42
56
70
98
ta
ei
lh
co
Período crescente sem interferência
1313
Tabela 3 - Valores médios da produtividade de grãos de mamona (kg ha-1), com interferência
e sem interferência em função dos diferentes períodos crescente. UEMS/UUC, Cassilândia-
MS, 2007.
Períodos Crescentes Com interferência Sem interferência
0-14 1231,50 bcd 1190,25 bc
0-28 1050,50 bc 1395,50 bcde
0-42 738,25 ab 1540,00 cde
0-56 346,25 a 1564,00 cde
0-70 312,25 a 1589,75 cde
0-98 248,00 a 1879,25 de
0-106 (colheita) 243,00 a 1957,75 d
F tratamento 20,625*
F bloco 0,395ns
DMS1 682,02
CV % 24,73
Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.
* Significativo pelo Teste F no nível de 5% de probabilidade. ns Não significativo pelo Teste F no nível de 5%
de probabilidade. 1 Diferença mínima significativa pelo Teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
Para as condições em que este trabalho foi realizado, pode-se concluir que o período
mais indicado para realizar o controle das plantas daninhas na cultura da mamona na cultivar
Lyra, será de 14 aos 42 dias após a emergência nas condições locais de Cassilândia-MS.
1314
5 AGRADECIMENTOS
Ao PIBIC/UEMS pelo financiamento desta pesquisa e pela concessão de bolsa de
Pesquisa de Iniciação Científica ao primeiro autor e à Empresa “Sementes Armani” pela
doação das sementes utilizadas neste experimento.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. de M. et al. Fitologia. In: AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.L. (Ed.). O
agronegócio da mamona no Brasil, Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2001.
p.37-61.
SOARES, D.J.; GRAVENA, R. & PITELLI, R.A. Efeito de diferentes períodos de controle
das plantas daninhas na produtividade da cultura da cebola. Planta Daninha, Viçosa-MG,
v.22, n.4, p.517-527, 2004.
VELINI, E.D. Interferência entre plantas daninhas e cultivadas: In: KOGAN, M. e LIRA,
V.J.E. Avances em manejo de malezas em la producción agrícola y florestal. Santiago del
Chile: PUC/ALAM, 1992. p.41-58.
1315
ADUBACÃO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) COM
NITROGÊNIO E FÓSFORO
1316
1 INTRODUÇÃO
O Pinhão-manso é uma planta com alto potencial para extração de óleo para produção
de biodiesel. Essa planta sobrevive em terrenos de baixa fertilidade, entretanto, para alcançar
altas produtividades é necessário que o solo seja adubado com nitrogênio, fósforo, cálcio,
magnésio e enxofre (Saturnino et al. 2006). Segundo esses autores, já se observou associação
de micorrizas com Pinhão manso, o que representa importante estratégia para disponibilizar
fósforo a planta. Isto é fundamental, pois a deficiência de fósforo é um dos principais
responsáveis pela baixa produção agrícola na maioria dos solos brasileiros (Lopes, 1984).
Em trabalho realizado utilizando solos do Matogrosso do Sul, Kurihara et al. 2006,
verificaram que o Pinhão-manso respondeu à adubação fosfatada, principalmente em solos
mais argilosos. Segundo os autores, as respostas à calagem e ao potássio foram menos
pronunciadas.
As pesquisas com adubação do Pinhão-manso ainda estão em fase inicial. Para
exploração da cultura do Pinhão-manso em grandes áreas há necessidade de informações
oriundas da pesquisa para que o cultivo dessa planta seja feito de forma sustentável. O
objetivo desse trabalho foi avaliar a resposta do Pinhão-manso a aplicação de nitrogênio e
fósforo em solo de textura arenosa.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento está sendo conduzido em Neossolo Quartzarênico-NQ (Quadro 1), no
município de Nova Porteirinha localizado na região Semi árida do Norte de Minas Gerais. A
temperatura e a pluviosidade média anual nesta região são de 26ºC e 810mm,
respectivamente. Os atributos químicos do solo estão apresentados no Quadro1.
1317
aplicadas lâminas equivalente a 80% da evaporação do tanque Classe A. Os tratamentos
foram distribuídos no delineamento experimental de blocos casualizados, com três repetições,
em esquema fatorial 4 x 4, correspondentes a quatro doses de N (0, 60, 120, 240 kg ha-1
ano-1) e quatro doses de P2O5 (0, 100, 200 e 400 kg ha-1ano-1). As doses de N foram
parceladas e aplicadas mensalmente, as de P foram aplicadas semestralmente. As fontes de
nitrogênio e fósforo foram uréia e superfosfato triplo, respectivamente.
Cada parcela do ensaio foi constituída de 12 plantas em 96m2 e a parcela útil constituída
das duas plantas centrais cultivadas numa área de 16m2. Além do N e P, foram aplicados, em
todas as parcelas, 35 g de cloreto de potássio planta-1 mês-1 e 50 gr de FTE-BR-12 planta-1
ano-1, como fontes de K e micronutrientes, respectivamente.
O plantio do Pinhão-manso foi realizado em setembro de 2005 sem aplicação de
adubos. As aplicações dos tratamentos foram iniciadas em julho de 2006. As colheitas dos
grãos foram realizadas em dezembro de 2006 e abril de 2007.
Os dados de produção de grãos das duas colheitas foram somados e analisados
estatísticamente, mediante ajuste de curva de regressão, considerando os níveis de N e P como
variáveis independentes e a produção de grãos do Pinhão-manso como variável dependente.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi ajustada equação de regressão entre a produção de grãos do Pinhão-manso e as
doses de N e P aplicados no solo. De acordo com a equação (Figura 1), verificou-se que a
aplicação de N elevou de forma quadrática a produção de grãos do Pinhão-manso. Verificou
interação significativa entre N e P, ou seja, a aplicação de fósforo elevou a produção
linearmente somente a partir da aplicação de 125 kg de N ha-1 ano-1, abaixo dessa dose o
aumento da aplicação de doses de P reduziu a produção de grãos linearmente.
1318
1400
1200
Produção de grãos (kg ha-1 ano-1)
1000
800
600
400
200
0
400
0 300
60 Doses de P2O5
120 200
-1 -1 180 100 (kg ha-1 ano-1)
Doses de N (kg ha ano ) 240
0
Ŷ = 1150 + 4,0*N - 1,6 x10-2*N2 - 9,5 10-1*P + 7,6 x 10-3*NP R2 = 0,702
1319
produção máxima de caule e raízes com aplicação de 282 e 271 mg dm-3 de P,
respectivamente. Considerando os componentes da parte aérea (folhas e caule), as produções
máximas de matéria seca foram obtidas com aplicação de 331 mg dm-3 de P em solo arenoso.
Os autores concluíram que o Pinhão-manso é altamente responsível à adubação fosfatada,
principalmente em solos argilosos. Resultados semelhantes foram encontrados por Moura
Neto et al. (2007), onde os autores concluíram que a planta de Pinhão-manso apresentou
resposta altamente significativa à aplicação de P no solo e que o número e o peso das folhas,
seguido do peso do caule foram os parâmetros que apresentaram maiores resposta a aplicação
de P no solo. Diante dos resultados obtidos nesse trabalho e nos outros mencionados, infere-se
que a planta do Pinhão-manso é exigente em N e P.
4 CONCLUSÃO
A planta de Pinhão-manso respondeu a aplicação de N e P.
A produção máxima de grãos de Pinhão-manso (1538 kg ha-1 ano-1) foi obtida com
aplicação de 240 e 400 kg de N e P2O5 ha-1 ano-1, respectivamente.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KURIHARA, C. H.; ROSCOE, R.; SILVA, W. M.; MAEDA, S.; GORDIN, C. L.; SANTOS,
G. Crescimento inicial de Pinhão-manso sob efeito de calagem e adubação, em solos do Mato
Grosso do Sul. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO
DE PLANTAS, 25, Bonito-MT. Anais...Bonito-MT: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo,
2006 (CD-ROM).
LOPES, A.S. Solos sob “cerrado”: características, propriedades e manejo. 2ª edição.
Piracicaba, Potafós, 1984. 162
MOURA NETO, A.; SILVA, J. T. A. da; COSTA, E. L; SILVA, I. P. da. Efeito da aplicação
de diferentes doses de fósforo no pinhão manso (jatropha curcas L). In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 31, Gramado, RS. Anais...Gramada-RS: Sociedade
Brasileira de Ciência do Solo, 2007 (CD-ROM).
1320
ESPÉCIES ARBÓREAS OLEAGINOSAS EM FLORESTA DE TERRA
FIRME NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: TERRA INDÍGENA IPIXUNA,
AMAZONAS, BRASIL.
1321
1 INTRODUÇÃO
Os estudos sobre plantas oleaginosas têm merecido especial destaque no contexto
amazônico nos últimos anos. Grande parte deste potencial da região deve-se a diversidade
florística das espécies e a variedade dos usos ainda parcialmente diagnosticada (Silva et al.,
1992; Almeida et al., 1993).
Uma das principais causas apontadas para o desconhecimento das plantas oleaginosas
amazônicas é atribuída aos desmatamentos, que afetam a perda da cobertura vegetacional
antes mesmo que se tenha informação da sua riqueza natural (Souza et al., 2006).
Em oposição a este problema, o estudo quantitativo das espécies florestais corresponde
o passo inicial para a determinação do potencial efetivo da floresta, uma vez que este
procedimento possibilita maior conhecimento da diversidade de plantas e, também,
informações fundamentais para o melhor aproveitamento de seus recursos.
Dentre as possibilidades economicamente viáveis para as espécies florestais amazônicas
se destaca o biodiesel, que com sua capacidade de combustível biodegradável produzido a
partir de plantas oleaginosas, vem tendo imagem positiva perante a sociedade ambientalista
(Marvulle et al., 2005).
Todavia, as espécies oleaginosas possuem outras potencialidades de uso que podem ser
empregadas em diferentes áreas de interesses humano, como a medicina e a indústria
alimentícia, evidenciando assim a grande importância desse grupo de plantas.
Tendo em vista a escassez de informações sobre as espécies nativas da Amazônia, o
presente trabalho teve como objetivo inventariar as espécies arbóreas oleaginosas em cinco
hectares da floresta de terra firme na Terra Indígena Ipixuna, e ainda, determinar o seu
potencial de uso para um futuro plano de manejo neste território dos índios Parintintin.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado durante o diagnóstico ambiental participativo, via Associação de
Defesa Etno Ambiental – Kanindé, em cinco hectares da floresta de terra firme na Terra
Indígena Ipixuna (61º 30’ e 62º 15’ S e 06º 20’ e 07º 15’ W), área localizada no município de
Humaitá, Estado do Amazonas, Região Norte do Brasil.
Para o levantamento da composição florística foram amostradas 20 parcelas de 10 x 250
metros, distando aproximadamente 1.500 metros uma das outras e lançadas em duas
localidades diferentes no território dos índios Parintintin (acampamento do Urumutum e
aldeia Canavial). Esse método foi adotado por permitir atingir de modo padronizado uma
1322
maior abrangência na área de estudo e, conseqüentemente, um melhor conhecimento local da
riqueza de espécies.
No interior de cada uma das parcelas foram registrados em planilha de campo todos os
indivíduos arbóreos e vivos com circunferência à altura do peito (CAP) igual ou maior que 30
centímetros, utilizando-se de uma fita métrica para as medidas do tronco. A visita para coleta
de dados ocorreu entre os meses de agosto e setembro do ano de 2006.
A identificação da composição florística foi conduzida preliminarmente pelo nome
vulgar, reconhecido através das características amostrais e da casca (morfologia, odor, cor e
presença de látex ou resina) e, posteriormente, a identificação taxonômica das espécies a
partir da consulta de literaturas especializadas e por meio de chaves de identificação.
Visando obter maiores informações a respeito do potencial oleaginoso das espécies
florestais foi sistematizado por meio de entrevistas o conhecimento empírico adquirido pelos
índios Parintintins sobre os diversos usos.
No entanto, para o melhor tratamento dos dados alcançados, foi aplicado o método de
análise multivariada com o intuito de reduzir a quantidade de informações a serem
interpretadas e, também, caracterizar as espécies mais relevantes dentro dos diferentes grupos.
Em vista disso, empregou-se a análise de correspondência múltipla, onde inicialmente
foi gerada uma matriz de presença/ausência para que posteriormente fosse utilizado o
programa estatístico XLSTAT®, versão 6.1. O uso dessa técnica é recomendado porque este
procedimento gera autovalores ou “eigenvalues” nos dois primeiros eixos, que servem como
indicadores da proporção de variação para explicação dos dados.
Por fim, os espécimes incluídos na pesquisa foram classificados em famílias, de acordo
com o sensu APG II (2003), e as nomenclaturas descritas conforme a página da WEB do
Missouri Botanical Garden (http://mobot.mobot.org/W3T/Search/vast.html).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificados no levantamento 306 indivíduos arbóreos, distribuídos em 18
espécies oleaginosas e 12 famílias botânicas (Tabela 1).
1323
Tabela 1 - Famílias, espécies, número de indivíduos (Nº) e potencial de uso dos táxons
inventariados nos cinco hectares da floresta de terra firme na Terra Indígena Ipixuna,
Amazonas, Brasil.
Famílias Espécies Nº Potencial*
Arecaceae Astrocaryum aculeatum Wallace 29 a
Attalea spectabilis Mart. 1 d
Maximiliana maripa (Aubl.) Drude 2 a; d
Oenocarpus bataua Mart. 5 a
Orbignya speciosa (Mart. ex Spreng.) Barb. Rodr. 56 a; b; c; d; e; g; h
Burseraceae Protium hebetatum Daly 137 h
Caryocaraceae Caryocar villosum (Aubl.) Pers. 3 a; c; d
Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess. 7 f; g; h
Euphorbiaceae Hevea brasiliensis (Kunth) Müll. Arg 1 b; d; f
Fabaceae Copaifera multijuga Hayne 7 c; d; f; h
Dipteryx ferrea (Ducke) Ducke 7 c; d; h
Humiriaceae Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. 7 a; c; d; h
Lauraceae Ocotea cujumary Mart. 17 h
Lecythidaceae Bertholletia excelsa Bompl. 3 a
Malvaceae Ceiba pentandra (L.) Gaerth 2 a; b; d; g
Sterculia speciosa K. Schum. 1 h
Meliaceae Carapa procera DC. 11 b; c; g; h
Myristicaceae Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. 10 b; c; h
*Onde: (a) Alimentício; (b) Biocombustível; (c) Cosméticos; (d) Industrial; (e) Produção de parafinas; (f)
Produção de tintas e/ou vernizes; (g) Saponificação; (h) Medicinal.
1324
Sobre esse aspecto, Ferreira (1998) menciona que a diversidade genética e específica de
palmeiras vem indicar a importância da região para o estabelecimento de novas áreas de
proteção da biodiversidade, devido à relevância ecológica que algumas espécies possuem no
ambiente, ressaltando dessa maneira a necessidade de maiores cuidados na extração dos
recursos de alguns táxons.
Não obstante a isso, espécies florestais de valor econômico como (Attalea spectabilis),
(Hevea brasiliensis), (Sterculia speciosa), (Maximiliana maripa), (Ceiba pentandra),
(Caryocar villosum) e (Bertholletia excelsa) possuíram poucos indivíduos no levantamento,
ratificando que algumas espécies estiveram dispostas de maneira muito comum na área de
estudo e outras de forma relativamente raras na amostragem.
A análise de correspondência múltipla veio apresentar autovalores “eigenvalues”
significativos nos dois primeiros eixos (0,306, para o primeiro eixo e 0,223 para o segundo),
explicando cerca de 53% da variação dos dados. Desse valor 31% foi sintetizado pelo
primeiro eixo, que separou as espécies com potencial medicinal das demais categorias,
enquanto que o segundo eixo, com 22%, destacou as espécies de uso industrial (Figura1).
Eixo 2 (22 %)
1,5
Endople uchi
Eixo 1 (31 %)
1
Dipt ferrea
Hevea brasil
0,5 Copa mult
Cara proc Max mari VirolaProt
sur
heb
Ster speci Atta spec
0
Ceiba pent Car villo
Bert exc
-0,5 Astr acu
Calophy brasil
Orbig spec
-1 Ocot cuju
Oeno bat
-1,5
-2
-2,5
-3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1
Figura 1 - Resultado gráfico dos dois primeiros eixos da análise de correspondência múltipla
das espécies oleaginosas amostradas na Terra Indígena Ipixuna, Amazonas, Brasil.
1325
Conforme a representação da Figura 1, as espécies (Copaifera multijuga), (Virola
surinamensis) e (Protium hebetatum) corresponderam os táxons de maior relevância no
primeiro eixo, indicando que o grupo arbóreo com potencial medicinal foi estabelecido
decorrente o elevado índice de indivíduos registrados na amostragem, sobretudo da espécie
(P. hebetatum).
Em relação ao eixo 2, (Endopleura uchi), (Dipteryx férrea), (Hevea brasiliensis) e
(Maximiliana maripa) agruparam-se pela informação semelhante do potencial de uso
industrial entre as espécies.
4 CONCLUSÃO
Este trabalho destacou o uso medicinal e o potencial industrial como os mais
importantes usos do local de estudo, evidenciou as diferentes formas de utilização das
espécies oleaginosas para os índios Parintintin, conciliando o conhecimento técnico-científico
e o saber tradicional do homem amazônico para um promissor modelo de gestão e uso
integrado dos recursos naturas da floresta de terra firme, fornecendo relevantes subsídios para
a formulação de um plano de manejo sustentado destas potencialidades a fim de motivar
ações mais condizentes com a realidade amazônica.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, S.S.; Lisboa, P.L.B.; Silva, A.S.L. 1993. Diversidade florística de uma
comunidade arbórea na estação científica “Ferreira Penna”, em Caxiuanã (Pará).
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Botânica, Belém, v.9, n.1, p.93-188.
APG II. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders
and families of flowering plants. Botanical Journal of the Linnean Society, London, v.141,
p.399-436.
Marvulle, V.; Nogueira, L.A.H.; Lopes, E.M.; Oliveira, M.T. 2004. A ESPECIFICAÇÃO
BRASILEIRA DE BIODIESEL: ASPECTOS CRÍTICOS E SUA AVALIAÇÃO. In:
Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biodiesel, 1., 2004, Anais...
Minas Gerais: Universidade Federal de Lavras e Prefeitura Municipal de Varginha.
Disponível em: < http://oleo.ufla.br/anais_01/artigos/e01.pdf >. Acesso em 02 de maio 2007.
Silva, A.S.L.; Lisboa, P.L.B.; Maciel, U.N. 1992. Diversidade florística e estrutura em
floresta densa da bacia do rio Juruá-AM. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi,
Botânica, Belém, v.8, n.2, p.203-235.
1326
Souza, D.R.; Souza, A.L.; Leite, H.G.; Yared, J.A.G. 2006. Análise Estrutural em Floresta
Ombrófila Densa de Terra Firme não Explorada, Amazônia Oriental. Revista Árvore,
Viçosa, v.30, n.1, p.5-87.
1327
TESTE DE TETRAZÓLIO EM SEMENTES DE (Jatropha curcas L).
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo definir procedimentos para a padronização do
teste de tetrazólio na avaliação da qualidade de sementes de (Jatropha curcas L.). Os
parâmetros estudados foram a preparação e coloração de sementes de pinhão-manso, visando
a obtenção de coloração uniforme com intensidade que permita a diferenciação de tecidos
sadios, mortos e em deterioração. Sementes de pinhão-manso foram submetidas às seguintes
preparações: sementes intactas e sementes escarificadas manualmente submetidas a
embebição por 24 e 48 horas, com e sem retirada do tegumento, seguida ou não de corte
longitudinal através do centro do eixo embrionário. As preparações foram submetidas a 1, 3 e
5 horas de coloração em solução de 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio com concentrações de
0,050; 0,075 e 0,1%. No processo de coloração foram utilizadas três sub-amostras de 15
sementes para cada tratamento, acondicionadas em recipientes plásticos de 200 mL com
solução de tetrazólio e mantidas no escuro em câmara a 35ºC. As sementes foram analisadas
uma a uma em função da intensidade e uniformidade de coloração. Sementes escarificadas
manualmente e embebidas por 24 e 48 horas a 35ºC, com posterior retirada do tegumento e
corte longitudinal, imersas em solução de tetrazólio nas concentrações de 0,075% por 5 horas
e 0,1% por 3 horas; e 0,075% por 3 e 5 horas e 0,1% por 1 e 3 horas, respectivamente,
apresentaram coloração adequada para avaliação do teste de tetrazólio. Nestes, as sementes
apresentaram coloração rósea ou vermelha brilhante uniforme, típico de tecido sadio vivo,
permitindo a identificação e diferenciação de tecidos mortos que apresentaram coloração
branca e leitosa ou em deterioração com coloração vermelha intensa.
1328
1 INTRODUÇÃO
A avaliação da qualidade de sementes através de testes rápidos que proporcionem
resultados reproduzíveis tem sido uma busca constante dos tecnologistas de sementes. Entre
os testes indiretos considerados rápidos, o teste de tetrazólio vem se destacando, pois além de
avaliar viabilidade e vigor, permite a identificação dos fatores que influenciam a qualidade
das sementes, como danos mecânicos, danos ocasionados por secagem, insetos, e deterioração
por umidade (KRZYZANOWSKI et al., 1991; BHÉRING et al., 1996 e FRANÇA-NETO,
1999). Os dados obtidos através deste teste podem ser utilizados no estabelecimento de bases
para a comercialização, determinação do ponto de colheita, controle de qualidade durante o
armazenamento e período de armazenamento (MARCOS-FILHO et al., 1987).
O teste fundamenta-se na avaliação da viabilidade das sementes com base na alteração
da coloração dos tecidos em presença de uma solução de sal de tetrazólio, o qual é reduzido
pelas enzimas desidrogenase dos tecidos vivos, resultando num composto chamado
formazam, de coloração vermelha-carmim. Tecidos mortos ou muito deteriorados
apresentaram-se descoloridos. O padrão de coloração dos tecidos pode ser utilizado para
identificar sementes viáveis, não viáveis e, dentro da categoria viável, as de alto e baixo vigor
(VIEIRA e VON-PINHO, 1999). A coloração vermelha-brilhante ou rosa-brilhante se
desenvolve quando o hidrogênio resultante do processo de respiração das células vivas
combina-se com a solução de tetrazólio absorvida. Os tecidos do embrião sadio absorvem a
solução de tetrazólio lentamente e tendem a desenvolver uma coloração mais leve que os
embriões deteriorados que adquirem uma cor vermelha-carmim forte. A presença de tecidos
não colorida, firme e sadia sugere maior resistência de penetração da solução de tetrazólio que
a morte do tecido. O tecido morto geralmente é caracterizado por uma cor branca ou
amarelada e textura flácida (BHÉRING et al., 1996 e FRANÇA-NETO, 1999).
O teste de tetrazólio apresenta várias vantagens, pois não é afetado por diversas
condições que podem alterar o teste padrão de germinação, por exemplo, presença de fungos;
dá atenção às condições físicas e fisiológicas do embrião de cada semente individualmente;
permite rápida avaliação da viabilidade; permite a identificação de diferentes níveis de
viabilidade; fornece o diagnóstico da causa da perda da viabilidade das sementes; e requer
equipamento simples e barato (DELOUCHE et al., 1976, FRANÇA-NETO et al., 1998 e
FRANÇA-NETO, 1999).
Conforme PIÑA-RODRIGUES e SANTOS (1988), o teste de tetrazólio não é muito
difundido entre espécies perenes, embora apresente excelentes condições para ser utilizado
1329
rotineiramente, uma vez que muitas dessas espécies necessitam de um longo período para
germinarem. Em vista dessa situação, pesquisas têm sido desenvolvidas procurando abreviar o
prazo requerido para obtenção dos resultados de viabilidade, a partir da padronização do teste
de tetrazólio para cada espécie e a correlação dos resultados de tetrazólio com a emergência
das sementes em condições de viveiro (NASCIMENTO e CARVALHO, 1998).
Assim, muitos autores vêm desenvolvendo a metodologia do teste de tetrazólio para
espécies anuais e perenes, destacando-se soja (FRANÇA NETO et al., 1999), feijão
(BHERING et al., 1999), milho (DIAS e BARROS, 1999), algodão (VIEIRA e VON-PINHO,
1999), amendoim (BITTENCOURT et al., 1997; BITTENCOURT e VIEIRA, 1999), café
(ARAÚJO et al., 1997; VIEIRA et al., 1998), gramíneas forrageiras (DIAS e ALVES, 2001
a,b), maracujá-doce (MALAVASI et al., 2001), farinha seca (ZUCARELI et al, 2001);
araucária (SOROL e PÉREZ, 2001); canafístula (OLIVEIRA et al, 2001a); copaíba
(FOGAÇA et al., 2001); guapuruvu (PAULA et al., 2001); ipê-amarelo (OLIVEIRA et al.,
2001b); louro pardo (MENDONÇA et al, 2001); pata-de-vaca (KROHN et al., 2001) e sucará
(FOGAÇA et al., 2006).
Diante do exposto e em virtude da escassez de informações na literatura, o objetivo
deste trabalho foi definir procedimentos para padronização do teste de tetrazólio na avaliação
da viabilidade das sementes de (Jatropha curcas L.).
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas sementes de (J. curcas) provenientes do município de Janaúba, MG. O
trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes, do Instituto de Florestas,
Departamento de Silvicultura da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica,
RJ.
Antes e após cada pré-condicionamento determinou-se o grau de umidade das sementes,
conforme prescrições das Regras para Análise de Sementes (RAS), utilizando três repetições
de 5 g de sementes acondicionadas em estufa a 105ºC por 24 horas (BRASIL, 1992).
As sementes intactas e escarificadas manualmente com auxílio de lixa nº50, foram
submetidas à embebição em rolos de papel umedecidos (2,5 vezes o peso do papel)
acondicionados em câmara de germinação regulada a temperatura de 35ºC, por 24 e 48 horas.
Posteriormente à embebição, as sementes foram submetidas ou não à retirada do tegumento,
seguida ou não de corte longitudinal através do centro do eixo embrionário. A combinação
desses fatores foi considerada como preparo das sementes. Nesta fase, empregaram-se quatro
1330
repetições de 20 sementes para cada preparo, considerando as possíveis perdas durante o
processo.
As sementes de cada uma das preparações foram submetidas a 1, 3 e 5 horas de
embebição em solução de 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio (pH 6,5 a 7,0) com diferentes
concentrações 0,050; 0,075 e 0,1%.
Utilizou-se três repetições de 15 sementes para cada tratamento, acondicionadas em
recipientes plásticos de 200 mL, onde adicionou-se a solução de 2,3,5 trifenil cloreto de
tetrazólio em quantidade suficiente para cobri-las. Os recipientes foram colocados em câmara
a 35ºC, no escuro, permanecendo nos períodos anteriormente citados. Após o período de
coloração, a solução foi drenada, as sementes lavadas em água corrente e mantidas submersas
em água em ambiente refrigerado até o momento da avaliação.
As sementes foram analisadas uma a uma e, no caso de sementes que não foram
submetidas ao corte longitudinal, foram seccionadas longitudinalmente através do centro do
eixo embrionário com auxílio de bisturi. Para auxiliar a visualização de todos os detalhes das
sementes foi utilizado um microscópio estereoscópico de quatro aumentos (4x).
Para a caracterização dos níveis de viabilidade elaborou-se uma representação de
sementes viáveis e inviáveis, observando a presença e a localização do dano, além das
condições físicas das estruturas embrionárias. A diferenciação de cores dos tecidos foi
observada de acordo com os critérios estabelecidos para o teste de tetrazólio (DELOUCHE et
al., 1976; BHÉRING et al., 1996; FRANÇA-NETO, 1999): vermelha brilhante ou rosa
(tecido vivo e vigoroso), branco-leitosa ou amarelada (tecido morto) e vermelha-carmim forte
(tecido em deterioração).
A definição da melhor preparação e condições de coloração baseou-se nos aspectos dos
tecidos e na intensidade e uniformidade de coloração.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O grau de umidade inicial das sementes de pinhão-manso foi de 9,2%. Após, a
embebição por 24 horas, as sementes intactas e escarificadas manualmente apresentaram grau
de umidade de 42 e 45%, respectivamente. No período de embebição de 48 horas, o grau de
umidade das sementes intactas e das sementes escarificadas elevou-se para 47 e 49%,
respectivamente.
1331
Na Figura 1 estão ilustradas os diferentes padrões de coloração obtidos pelas sementes
conforme as condições de preparo e de coloração a que foram submetidas.
1332
desenvolvido por FOGAÇA et al. (2006), avaliando o uso do teste de tetrazólio para a espécie
florestal (Gleditschia amorphoides).
No pré-condicionamento, anteriormente citado, retirando o tegumento e efetuando o
corte longitudinal, as sementes submetidas à coloração em solução de tetrazólio nas
concentrações de 0,075% por 5 horas e 0,1% por 3 horas, desenvolveram coloração adequada.
As demais concentrações e períodos de coloração resultaram em coloração desuniforme ou
intensa.
As sementes intactas submetidas à embebição por 48 horas, sem posterior retirada do
tegumento e sem corte longitudinal através do centro do eixo embrionário, apresentaram
coloração original.
No mesmo pré-condicionamento, as sementes submetidas apenas ao corte longitudinal,
independente da concentração e do período de coloração, apresentaram coloração
desuniforme, ou seja, manchas dispersas nos cotilédones sem atingir o eixo embrionário ou
ainda, com coloração apenas no eixo embrionário, ou com coloração intensa. Exceções se
fazem aos tratamentos que submeteram as sementes à coloração em soluções de 0,050 e
0,075% por 5 horas e 0,1% por 3 horas, os quais possibilitaram a diferenciação dos tecidos,
com intensidade e uniformidade de colorações adequadas.
Sementes intactas e embebidas por 48 horas, com posterior retirada do tegumento e sem
corte longitudinal, apresentaram coloração desuniforme independente da concentração da
solução de tetrazólio e do período de coloração. Quando as sementes foram submetidas a
retirada do tegumento e ao corte longitudinal, desenvolveram coloração adequada em solução
com concentrações de 0,1% por 3 horas e 0,050 e 0,075% por 5 horas. Nas demais
concentrações e períodos, as sementes apresentaram coloração desuniforme ou intensa.
Resultados semelhantes foram obtidos para sementes de (Jacaranda cuspidifolia) (FOGAÇA,
2003).
As sementes submetidas à escarificação e a embebição por 48 horas, sem posterior
retirada do tegumento e sem corte longitudinal, não coloriram. Possivelmente, a presença do
tegumento impediu a penetração da solução de tetrazólio. Com o corte longitudinal, as
sementes apresentaram coloração adequada quando submetidas a soluções com concentrações
de 0,1% por 3 horas e 0,075% por 5 horas.
Sementes escarificadas e embebidas por 48 horas, com posterior retirada do tegumento
e sem corte longitudinal, apresentaram coloração desuniforme em todas as concentrações e
períodos de coloração, com exceção do tratamento que submeteu as sementes à coloração em
solução de 0,1% por 5 horas, que permitiu a diferenciação dos tecidos. PAULA et al. (2001),
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1333
para sementes de (Schizolobium parahyba), obtiveram bons resultados utilizando este mesmo
pré-condicionamento e a mesma concentração da solução de tetrazólio por 4 horas.
Neste mesmo pré-condicionamento, as sementes submetidas à retirada do tegumento e
ao corte longitudinal, apresentaram coloração adequada nas concentrações de 0,075% por 3 e
5 horas e 0,1% por 1 e 3 horas. As demais concentrações e períodos de coloração resultaram
em coloração desuniforme ou intensa.
Na Tabela 1 é apresentado um resumo geral das várias condições de preparo e de
coloração a que foram submetidas às sementes durante o desenvolvimento do teste de
tetrazólio.
1334
Com Sem Todas Todos Cloração
desuniforme
Com Com 0,050 e 5 Coloração
0,075 adequada
0,1 3 Coloração
adequada
0,1 5 Coloração intensa
Sementes Sem Sem Todas Todos Não houve
escarificadas e coloração
embebidas por Sem Com 0,075 5 Coloração
48 h adequada
0,1 3 Coloração
adequada
0,1 5 Coloração intensa
Com Sem 0,050 e Todos Coloração
0,075 desuniforme
Sementes Com Sem 0,1 1e3 Coloração
escarificadas e adequada
embebidas por 5 5 Coloração
48 h adequada
Com Com 0,05 Todos Coloração
desuniforme
0,075 3e5 Coloração
adequada
0,1 1e3 Coloração
adequada
0,1 5 Coloração intensa
1335
Classe 6 – Inviável: semente com coloração vermelha intensa, indicando processo de
deterioração;
Classe 7 – Inviável: eixo embrionário com coloração vermelha intensa e região
cotiledonar apresentando manchas brancas e leitosas dispersas;
Classe 8 – Inviável: semente totalmente branca, apresentando tecidos flácidos.
4 CONCLUSÃO
Em função da praticidade operacional e da obtenção de coloração adequada para
avaliação do teste de tetrazólio, os melhores resultados foram obtidos quando as sementes
foram submetidas à escarificação manual e embebição por 24 e 48 horas a 35ºC, seguida da
retirada do tegumento e de corte longitudinal, imersas em solução de tetrazólio nas
concentrações de 0,075% por 5 horas e 0,1% por 3 horas; e 0,075% por 3 e 5 horas e 0,1%
por 1 e 3 horas, respectivamente. Nestes, as sementes apresentaram coloração rósea ou
vermelha brilhante uniforme, típico de tecido sadio vivo, permitindo a identificação e
diferenciação de tecidos mortos que apresentaram coloração branca e leitosa ou em
deterioração com coloração vermelha intensa.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1339
ANÁLISE DE DESEMPENHO DE UM MOTOR DE IGNIÇÃO POR
COMPRESSÃO UTILIZANDO ÓLEO DIESEL E ÉSTER ETÍLICO DE
ÓLEO DE SOJA COMO COMBUSTÍVEL
1340
1 INTRODUÇÃO
A necessidade de substituição dos combustíveis derivados de petróleo sempre foi
impulsionada pela busca de alternativas preferencialmente renováveis, oriundas da biomassa,
tanto para os óleos combustíveis como para a gasolina. A procura de alternativas apóia-se nas
oscilações de preço e oferta de petróleo e também nas previsões de sua escassez.
O Brasil não constitui exceção na busca de fontes alternativas de energia, e pelo fato de
possuirmos enorme gama de matérias-primas para produção de biodiesel, devemos ter estudos
gerando parâmetros de utilização do biodiesel em motores a ignição por compressão. Mesmo
outros países em outras condições climáticas menos favoráveis, senão adversas, já apresentam
a disponibilidade de combustíveis alternativos para motores diesel.
É importante lembrar, também, dos efeitos do racionamento de energia elétrica que o
Brasil foi submetido, desde junho de 2001 até meados de 2002. Esse racionamento de energia
elétrica trouxe à tona, novamente, a necessidade de se pesquisarem fontes energéticas que,
além de atuarem como alternativas aos combustíveis fósseis e à energia nuclear, sejam menos
poluentes e renováveis.
Este trabalho de pesquisa tem como objetivo final a proposta de utilização de novas
alternativas que possam conduzir à minimização da dependência de empresas de médio e
grande porte dos derivados de petróleo, a partir da busca constante de auto-suficiência
energética. Avaliou-se um motor de ciclo diesel de médio porte, normalmente utilizado em
caminhões, podendo também ser acoplado a geradores, analisando-se os desempenhos de
torque, potência e consumo específico de combustível.
Segundo ADAMS (1959), coube a Street, em 1794, o mérito de haver patenteado o uso
de um vapor explosivo formado pelo ar e um combustível líquido, o álcool de terebentina
(água-raz), cuja ignição dentro de um cilindro adequado se utilizava para acionar
mecanismos; era o princípio do que se pode chamar de motor a combustão interna. Philippe
Lebon, um engenheiro francês, obteve em 1799 uma patente que descrevia a construção e
operação de um motor que utilizava gás de iluminação, sem obter nenhum resultado
verdadeiramente prático. Muitas das idéias fundamentais que foram incorporadas mais tarde
em motores de combustão interna, especialmente diesel, foram sugeridas por Sadi Carnot, em
1824. Este, então jovem engenheiro francês, estabeleceu a possibilidade de auto-ignição de
um combustível no ar fortemente comprimido.
Segundo HEYWOOD (1988): “no ano de 1897, Diesel apresentou como “força motriz
para fábricas” um motor que funcionou satisfatoriamente desenvolvendo 20 cv a 172 rpm,
1341
com consumo específico de 247 g.cv-1.h-1 e rendimento térmico de 26,2%. A partida era dada
com benzina e após passava ao funcionamento com petróleo bruto. A licença de fabricação foi
cedida para a MAN-DEUTZ e para a SULZER. O motor foi exibido na Exposição de
Munique, em 1898. Diesel, filho de alemães, nascido em Paris no dia 18 de março de 1858,
era especialista em máquinas frigoríficas e nutria uma predileção especial pelos motores de
combustão, tornou-se Engenheiro pela Universidade de Munique”. Rudolphe Diesel, durante
o desenvolvimento de seus motores, estabelecia já a sua flexibilidade quanto aos combustíveis
que poderiam consumir.
AGUIAR (1990), na sua publicação “Die Entstehung dês Diesel Motors” de 1913,
Diesel relata a avaliação do funcionamento de um de seus motores com óleo de amendoim
apresentado, também, registros de testes com álcool em 1897. Ampliou, após, o campo de
combustíveis de modo que o seu pequeno motor pudesse funcionar indistintamente com óleos
minerais, vegetais ou de origem animal. Desde as experiências de Diesel, diversos
pesquisadores têm continuamente trabalhado no desenvolvimento do motor de ignição por
compressão, particularmente dos sistemas de injeção e de combustão, para tornar possíveis os
nossos atuais motores diesel.
As citações anteriores mencionam somente alguns poucos daqueles que contribuíram
material e intelectualmente para os primeiros desenvolvimentos destacáveis dos motores
diesel. Desde as experiências de Diesel, um grande número de pesquisadores têm
continuamente trabalhado no desenvolvimento do motor de ignição por compressão,
particularmente dos sistemas de injeção e de combustão, para tornar possíveis os nossos atuais
motores diesel.
Define LEONTSINIS (1988) que os requisitos de um bom combustível para motores de
ignição por compressão podem ser agrupados de forma a:
Permitir boa partida;
Proporcionar aquecimento uniforme e aceleração suave;
Proporcionar uma operação suave sem problemas de “detonação”;
Evitar a diluição excessiva do óleo lubrificante;
Proporcionar longa vida aos filtros e minimizar a fumaça.
As especificações do óleo diesel visam garantir um desempenho satisfatório nos
motores ICO, com o custo mais baixo possível, em termos de sua adequabilidade para os
vários tipos de motores e condições de operação. Algumas das principais propriedades estão
na Tabela 1.
1342
Tabela 1 – Valores para principais propriedades do diesel e biodiesel
Propriedades Biodiesel Diesel
Viscosidade cinemática a
40ºC 3,7 a 5,8 mm².s-1 2,5 a 5,5 mm².s-1
Massa específica 8,7 a 8,9 kg.m3 8,2 a 8,6 kg.m3
Número de cetano 46 a 70 mínimo 42
Poder calorífico superior 39,4 a 41,8 MJ.kg-1 aproximadamente 45 MJ.kg-1
Enxofre 0,0 a 0,0024% 0,0 a 0,20%
Fonte: Instituto de Tecnologia do Paraná – DBIO/CERBIO, 2004.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Todos os procedimentos e trabalhos realizados para a avaliação de desempenho do
motor objeto do teste, adaptado à alimentação com combustível à base de mistura
diesel/biodiesel, foram desenvolvidos na oficina mecânica Jorge Automecânica, situada à Rua
Carlos Cavalcante nº 452, Cascavel, PR, Brasil.
O motor utilizado no experimento tem emprego industrial e/ou automotivo. Na Tabela
2, estão reunidas suas principais características técnicas originais.
1343
O biodiesel utilizado durante os testes foi adquirido da empresa BIOLIX – Indústria e
Comércio de Combustíveis Vegetais LTDA, Rolândia, Paraná. Este combustível foi obtido
através do processo de transesterificação etílica do óleo de soja.
A Tabela 3 apresenta a composição das misturas utilizadas:
1344
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A comparação entre torque, potência e consumo específico do motor diesel utilizando
diferentes misturas de diesel / biodiesel está demonstrado nas tabelas a seguir, seguindo os
intervalos de rotação considerados. A faixa de rotação a qual as misturas proporcionaram
melhor torque e/ou potência está representado na tabela 7, conseqüentemente, a operação do
motor com tal mistura deverá ser regida pela faixa de rotação de melhor rendimento.
1345
Tabela 6 – Valores de consumo específico para todas as misturas, após tratamento de dados
Consumo específico (g.k-1.W-1.h-1 )
Rpm
B0 B2 B5 B10 B20 B50 B75 B100
1400 289,7 272,8 276,8 277,9 284,6 311,5 325,2 368,7
1533 282,7 270,0 273,3 275,7 278,2 299,2 310,2 348,0
1667 280,0 270,6 273,3 276,6 275,7 291,6 300,4 333,1
1800 281,5 274,6 276,6 280,7 277,2 288,7 295,8 324,2
1933 287,3 282,0 283,3 288,1 282,7 290,4 296,3 321,3
2067 297,3 292,8 293,4 298,6 292,2 296,9 302,0 324,2
2200 311,6 306,9 306,9 312,3 305,6 307,9 312,9 333,1
2333 330,1 324,4 323,7 329,2 323,1 323,7 329,0 347,9
2467 352,8 345,3 343,9 349,3 344,5 344,1 350,2 368,6
2600 379,7 369,6 367,5 372,6 369,9 369,2 376,7 395,3
Iniciando com a comparação das misturas extremas, ou seja, diesel puro (testemunha) e
biodiesel puro, observou-se que o motor apresentou desempenho inferior nos quesitos
potência, torque e consumo específico, quando se utilizou 100% de biodiesel, como ocorreu
com PETERSON et al. (1996).
Nos ensaios, a mistura B2 provocou a redução do torque do motor, entretanto para
motores diesel que, geralmente, são utilizados em caminhões e tratores, os quais têm seu
desempenho atrelado ao torque, essa redução poderia trazer um ponto negativo à mistura.
De forma discreta, percebeu-se um incremento na potência com o aumento da
porcentagem do biodiesel adicionado, mas ainda o B5 não superou o diesel de forma
homogênea em todas as rotações.
A potência máxima utilizando o B10 foi de 45,7 kW @ 2467 rpm e a potência máxima
com o diesel foi de 45,8 kW @ 2333 rpm. O torque máximo utilizando o B10 foi de 200,1
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1346
N.m @ 1800 rpm e o torque máximo para o diesel mineral foi de 206,4 N.m @ 1800 rpm.O
consumo específico mínimo do motor utilizando o B10 foi de 275,7 g.k-1.W-1.h-1 @ 1533 rpm
e para o diesel foi de 280 g.k-1.W-1.h-1 @ 1667 rpm.
Melhor das misturas, houve acréscimo significativo de potência, o torque praticamente
igualou-se e o consumo específico manteve-se menor que o do diesel. A potência máxima
para o motor utilizando B20 foi de 47,3 kW @ 2333 rpm e a potência máxima com o diesel
foi 45,8 kW @ 2333 rpm. Os valores de potência apresentaram-se ligeiramente superiores em
toda a faixa de trabalho do motor (Figura 1). Os gráficos apresentados foram plotados através
do software Origin 7.5 da OriginLab Corporation, com uma aproximação polinomial de grau
dois.
50
40
Potência (kW)
30
20
10
Diesel B20
0
1400 1800 2200 2600
O torque máximo utilizando B20 foi de 205,1 N.m @ 1800 rpm e para o diesel foi de
206,4 @ 1800 rpm (Figura 2).
1347
250
200
Torque (N.m)
150
100
50
Diesel B20
0
1400 1800 2200 2600
O consumo específico mínimo utilizando B20 foi de 275,7 g.k-1.W-1.h-1 @ 1667 rpm e
para o diesel foi de 280 g.k-1.W-1.h-1 @ 1667 rpm (Figura 3).
400
Consumo Específico (g.k .W .h )
-1
300
-1
-1
200
100
Diesel B20
0
1400 1800 2200 2600
1348
acima de 2000 rpm. Nesta proporção, o desempenho começou a cair, confirmando os
resultados de MASJUKI & SAPUAN (1995).
Para as três grandezas analisadas para o B50 pode-se dizer que foram ligeiramente
inferiores em baixas rotações, igualaram-se em medias rotações e superaram ligeiramente o
diesel puro em altas rotações.
4 CONCLUSÃO
De forma geral, pode-se dizer que o B2, B5 e B10 mostram desempenho semelhante ao
do diesel. O B20 destacou-se, apresentando desempenho superior ao do diesel. Na seqüência
da análise do desempenho das misturas B50 e B75, notou-se a queda do desempenho de
forma gradual à medida que se aumentou a porcentagem de biodiesel. O biodiesel puro
(B100) apresentou o pior desempenho. Quanto ao motor, o funcionamento foi normal para
todas as misturas, inclusive com o B100.
Percebeu-se um distanciamento maior entre as curvas em certa faixa de rotação do
motor. Se esta diferença fosse constante ao longo da curva, poder-se-ia simplesmente
justificá-la devido à inferioridade do biodiesel em relação ao diesel na propriedade poder
calorífico. Entretanto, esse comportamento indicou que houve também uma atomização
ineficiente do combustível, prejudicando desta maneira a queima do combustível.
Além da rotação do motor, a turbulência ideal para que a atomizacão seja maximizada
está atrelada também a características construtivas muito particulares do motor, ou seja, a
faixa de melhor desempenho para o motor ensaiado provavelmente não será idêntica a outro
motor com características diversas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MASJUKI, H. H.; SAPUAN, S. M. Palm oil methyl esters as lubricant additive in small
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PETERSON, C.L. et al. Ethyl ester of rapeseed used as a biodiesel fuel – a case study.
Biomass and Bioenergy, Moscow, Idaho, EUA, v. 10, n. 5/6, p. 331-36, 1996.
1350
METODOLOGIA PARA A CONDUÇÃO DO TESTE DE GERMINAÇÃO
EM SEMENTES DE (Jatropha curcas L.)
1351
1 INTRODUÇÃO
O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), pertencente a família Euphorbiaceae, vem sendo
estudado como alternativa para produção de óleo como matéria-prima com vistas à fabricação
de biodiesel no Brasil e em diversos outros países. Sua propagação pode ser feita através de
estacas ou sementes, sendo o plantio por sementes o mais recomendado em virtude de
permitir melhor formação do sistema radicular (SEVERINO et al., 2006). Esta espécie
oleaginosa ainda não está totalmente domesticada e tem sido freqüente a ocorrência de
problemas relacionados às sementes que apresentam germinação irregular e perda do poder
germinativo após alguns meses de armazenamento.
O processo de germinação é afetado por uma série de condições intrínsecas e
extrínsecas, dentre as quais umidade, substrato, temperatura, luz e oxigênio. Entretanto, o
conjunto é essencial para que o processo se realize normalmente, e a ausência de uma delas
impede a germinação da semente (POPINIGIS, 1985; CARVALHO e NAKAGAWA, 2000).
Dentre estas condições, o substrato e a temperatura são dois importantes fatores que afetam o
comportamento germinativo das sementes durante o teste de germinação (CARVALHO e
NAKAGAWA, 2000).
As sementes apresentam comportamento variável em diferentes temperaturas, não
havendo uma temperatura ótima e uniforme de germinação para todas as espécies. A
temperatura ótima propicia uma porcentagem de germinação máxima em menor espaço de
tempo (MAYER e POLJAKOFF-MAYBER, 1989). As temperaturas máximas aumentam a
velocidade de germinação, entretanto apenas as sementes mais vigorosas conseguem
germinar, o que determina redução na porcentagem final de germinação. Por outro lado,
temperaturas mínimas reduzem a velocidade de germinação e alteram a uniformidade de
emergência, talvez ocasionado pela incidência de patógenos e pelo maior tempo de ação
desses sobre a semente (CARVALHO e NAKAGAWA, 2000). Segundo BORGES e RENA
(1993) e ANDRADE et al. (2000), a faixa de 20 a 30ºC mostra-se adequada para a
germinação de grande número de espécies subtropicais e tropicais, uma vez que estas são
temperaturas encontradas em suas regiões de origem, na época propícia para a germinação
natural.
Com relação ao substrato, este influencia diretamente a germinação, em função de sua
estrutura, aeração, capacidade de retenção de água, grau de infestação de patógenos, dentre
outros, podendo favorecer ou prejudicar a germinação das sementes. Constitui o suporte físico
no qual a semente é colocada e tem a função de manter as condições adequadas para a
1352
germinação e o desenvolvimento das plântulas (FIGLIOLIA et al., 1993; ALBUQUERQUE
et al., 1998; NOGUEIRA et al., 2003). O bom substrato deve manter a proporção adequada
entre a disponibilidade de água e aeração, não devendo ser umedecido em excesso para evitar
que a película de água envolva completamente a semente, restringindo a entrada e absorção de
oxigênio (VILLAGOMEZ et al., 1979). Sendo assim, a escolha do tipo de substrato deve ser
feita em função das exigências da semente em relação ao seu tamanho e formato (BRASIL,
1992).
Diante do exposto e em virtude da escassez de informações na literatura, o objetivo
deste trabalho foi determinar as condições mais adequadas para expressar o potencial
germinativo das sementes, permitindo desta forma, estabelecer um padrão para os testes de
germinação de (Jatropha curcas L.).
2 MATERIAL E MÉTODOS
As sementes de (Jatropha curcas L.) utilizadas neste trabalho foram provenientes de
dois lotes, colhidos em diferentes épocas, em 2006 (lote 1) e 2007 (lote 2), no município de
Janaúba, MG. Após a colheita, as sementes foram removidas dos frutos, secas à sombra e
armazenadas, em sacos plásticos, em câmara com controle de temperatura e umidade (9-11ºC;
75%UR) até o momento da utilização. O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de
Sementes, do Instituto de Florestas, Departamento de Silvicultura da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ.
Primeiramente, realizou-se a caracterização dos lotes a partir do peso de mil sementes e
da determinação do teor de água das sementes, segundo prescrições das Regras para Análise
de Sementes (Brasil, 1992).
As sementes foram colocadas para germinar em rolos de papel e em caixas plásticas
transparentes (gerbox), nos substratos entre papel filtro, sobre areia e sobre vermiculita, e
submetidas às temperaturas constantes de 25, 30 e 35º C, com luz constante, e à temperatura
alternada de 20-30ºC, sob fotoperíodo de 8 horas. Foram utilizadas quatro repetições de 20
sementes para cada tratamento. O papel foi umedecido com água destilada na quantidade
equivalente a 2,5 vezes o peso seco do papel e os substratos areia e vermiculita até a
saturação.
As contagens de germinação foram realizadas diariamente, iniciando no quarto dia e se
prolongando até o décimo oitavo dia após a implantação. O critério adotado para avaliação do
teste considerou como germinadas, as sementes que originaram plântulas normais.
1353
Os resultados foram expressos em porcentagem de germinação e porcentagem de
primeira contagem, onde se computou o número de sementes germinadas no primeiro dia de
contagem.
O experimento foi instalado no delineamento inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 2 x 4 x 4 (2 lotes, 4 substratos e 4 temperaturas), com 4 repetições; os dados de
germinação, em porcentagem, foram transformados em arco seno √x/100. As médias dos
tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A umidade dos lotes 1 e 2 foram de 9,2 e 7,6%, respectivamente. E o peso de mil de
sementes foi de aproximadamente 721,5g para o lote 1 e 657,6g lote 2.
Na Figura 1 estão ilustrados os padrões estabelecidos para a avaliação do teste de
germinação, considerando como plântulas normais, com todas as estruturas essenciais,
demonstrando aptidão para produzirem plantas normais sob condições favoráveis de campo.
1354
primeira contagem mais significativo foi obtido quando as sementes foram semeadas em rolo
de papel, e mantidas em câmara de germinação com temperatura de 30ºC, com luz constante.
Tabela 1 - Resultados médios (%) de primeira contagem de germinação de dois lotes de
sementes de pinhão-manso semeadas em diferentes substratos e temperaturas
TºC Lote 1 Lote 2
SA(1) SV EP RP AS SV EP RP
25 14 Bb 23 Aa 5 Cb 14 Bab 1 Ba 5 Ba 0 Ba 15 Ab
30 11 Bb 19 Aab 4 Cb 19 Aa 4 Ba 6 Ba 0 Ba 36 Aa
35 23 Aa 14 Bab 2 Cb 18 ABa 4 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Ac
20- 23 Aa 5 Bc 9 Ba 9 Bb 6 Aa 4 Aa 0 Aa 0 Ac
30
(1) Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, dentro de cada lote, não
diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. SA – sobre areia; SV – sobre vermiculita; EP –
entre papel filtro; RP – rolo de papel
1355
Tabela 2 - Resultados médios (%) de germinação de dois lotes de sementes de pinhão-manso
semeadas em diferentes substratos e temperaturas.
TºC Lote 1 Lote 2
SA(1) SV EP RP AS SV EP RP
25 31 Ba 35 Ba 22 Cb 51 Aa 53 ABb 70 Aa 25 Cb 56 ABb
30 25 Ba 39 Aa 15 Cb 25 Bb 54 ABb 48 ABb 44 ABa 68 Aa
35 41 Aa 30 Ba 39 ABa 39 39 ABb 53 Ab 14 Cb 49 Ab
ABab
20- 45 Aa 38 Aa 22 Bb 26 Bb 73 Aa 66 43 Ca 65 ABa
30 ABab
(1) Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, dentro de cada lote, não
diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
SA – sobre areia; SV – sobre vermiculita; EP – entre papel filtro; RP – rolo de papel.
4 CONCLUSÃO
As condições mais adequadas para expressar o potencial germinativo das sementes de
Jatropha curcas, foram as que condicionaram as sementes sobre areia à temperatura alternada
de 20-30ºC, com 8 horas de fotoperíodo; e sobre vermiculita ou em rolo de papel à
temperatura de 30ºC, com luz constante.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, M. C. F.; RODRIGUES, T. J. D.; MINOHARA, L.; TEBALDI, N. D. &
SILVA, L. M. M. Influência da temperatura e do substrato na germinação de sementes de
saguaraji (Colubrina glandulosa Perk. – Rhamnaceae). Rev. Bras. de Sementes, Brasília,v.
20, n.2, p.346-349. 1998.
ANDRADE, A.C.S.; SOUZA, A.F.; RAMOS, F.N.; PEREIRA, T.S.; CRUZ, A.P.M.
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BORGES, E.E.L.; RENA, A.B. Germinação de sementes. In: AGUIAR, I.B.; PIÑA
RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. Sementes florestais tropicais. Brasília:
ABRATES, 1993. p. 83-136.
MAYER, A. M.; POLJAKOFF MAYBER, A. The germination of seeds. 4. ed. New York:
Pergamon Press, 1989. 269p.
1357
AVALIAÇÃO DA ADAPTAÇÃO DE CULTIVARES ELITES DE
MAMONEIRA NAS CONDIÇÕES DE CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ
1358
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira é uma oleaginosa de alto valor social, econômico e constitui fonte de
divisas para o país, sendo antigo o cultivo desta cultura no Brasil, visto ter sido introduzida
pelos portugueses há alguns séculos e, desde o início do século passado, é uma das culturas
importantes para os pequenos e médios produtores do País, tendo importante valor social
como geradora de renda e empregos no campo (Beltrão, 2004).
Segundo Beltrão et al. (2001), a mamoneira é uma planta extremamente complexa
quanto à morfologia, biologia floral e fisiologia, apresentando porte variado, de 0,8 m a mais
de 7 m de altura; ramificação caulinar tipo simpodial; raízes fístulosas; vários tipos de
expressão da sexualidade; elevadas taxas de respiração e particularidade da inflorescência.
Távora (1982) descreve a mamona como uma planta que varia largamente em hábito de
crescimento, cor da folhagem, coloração e teor de óleo das sementes, de forma que as
cultivares diferenciam-se muito entre si.
No mercado internacional, o óleo de mamona é o segundo óleo vegetal mais bem cotado
visto ser superior ao diesel mineral, o seu elevado valor estratégico é reconhecido pelo fato de
não haver bons substitutos em muitas de suas aplicações e devido, também, a sua
versatilidade industrial (Beltrão, 2004). Os teores de óleo das sementes variam de 35 a 55%,
cujo padrão comercial é de 45% (Vieira et al., 1998). Conhecido como óleo de rícino e,
internacionalmente, como castor oil tem, como maiores produtores mundiais, a Índia e a
China, embora o Brasil continue sendo um dos maiores exportadores. Hoje, o Brasil se situa
em 5º lugar em produção e o segundo exportador mundial, oferecendo como vantagem, um
óleo de alta qualidade, tornando o país mais competitivo (CONAB, 2004).
O melhoramento genético da mamoneira no Brasil já permitiu grande melhoria na
tecnologia de produção dessa oleaginosa, destacando-se o desenvolvimento de cultivares mais
produtivas, adaptadas a diversas regiões do país, apropriadas para diferentes tecnologias de
colheita, resistente a algumas doenças e com alto teor de óleo na semente (Freire et al., 2001).
Entre as demandas atuais para o melhoramento genético da mamona, inclui-se a adaptação de
genótipos à baixa altitude, o que permitirá a inclusão sustentável de muitos municípios onde o
cultivo não é recomendado pelo risco de obtenção de baixas produtividades (Severino et al.,
2006).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar treze genótipos de mamoneira em duas
épocas distintas de cultivo nas condições de Campos dos Goytacazes.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados os híbridos Lyra e Savana e as cultivares IAC – 80, Al Guarany,
Paraguaçu, Nordestina, Mirante, Nativa, Cafelista e IAC 226 no delineamento experimental
de blocos casualizados, com quatro repetições. Cada parcela experimental constou de três
linhas de sete metros de comprimento, espaçadas em 2m, constituindo área total de 42m2. O
ensaio foi instalado na Estação Experimental de Campos dos Goytacazes, região Norte
Fluminense, em solo classificado como Cambissolo, nas coordenadas geográficas de 21° 45’
latitude sul e 41° 18’ longitude oeste, e altitude de 11 metros. A semeadura foi realizada
manualmente com densidade de plantio de três plantas cova-1, espaçadas de 1,0 em 1,0 metro
com desbaste para uma planta cova-1.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 encontra-se o resumo da análise de variância conjunta. Encontrou-se
diferença significativa para os efeitos de genótipo e épocas para a característica altura de
planta. Para as características comprimento do rácemo e número de frutos por rácemo a
interação genótipos x épocas foi significativo, demonstrando a influencia do ambiente nestas
características. Para produção de grãos não encontrou-se diferença significativa, mesmo
encontrando-se significância para comprimento do rácemo e número de frutos por rácemo.
1360
Tabela 1 – Resumo da análise de variância conjunta de duas épocas de semeadura de
mamoneira em Campos dos Goytacazes.
Comprimento Número de Produç
FV Gl Altura planta
rácemo frutos /rácemo ão
Blocos/Época 6 0,200 221,09 678,67 0,692
Genótipo 12 0,979* 1094,69* 2563,23** 0,800
Época 1 5,75* 1481,08** 13388,68* 0,965
Gen x Époc 12 0,116 79,12** 630,43* 0,353
Erro 72 0,102 36,11 208,67 0,198
Média 1,62 32,34 48,04 0,907
C.V.% 19,75 18,58 30,07 49,04
* **
e significativos a 5% e 1% de probabilidade pelo teste F.
4 CONCLUSÃO
Não houve interação entre genótipos e épocas para a característica produção de grãos,
destacando-se as cultivares Al Guarany e Nordestina com maiores produtividades. Mais
estudos devem ser realizados em diferentes épocas e condições de manejo para se retirar
conclusões mais seguras sobre épocas e genótipos a serem utilizados na região.
1361
Tabela 2 - Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das
características avaliadas em Campos dos Goytacazes, RJ, primeira época de plantio .
Cultivares Altura planta Comprimento Número de Produção
(cm) rácemo (cm) frutos /rácemo Grãos
(g) (t ha-1)
IAC 80 1,975 abc 61,37 a 101,92 ab 1,405 ab
Al Guarany 1,612 bcd 51,25 ab 83,80 abc 1,535 ab
Paraguaçu 2,165 abc 22,18 d 32,17 d 1,205 ab
Nordestina 2,460 ab 40,00 bcd 59,85 bcd 1,620 a
Savana 1,080 d 30,63 cd 57,95 bcd 0,96 ab
Lyra 1,327 cd 25.96 d 45,93 cd 0,7575ab
Mirante 2,165 abc 35.75 bcd 57,95 bcd 1,12ab
IAC226 2,027 abc 48,33 abc 107,60 a 1,0475ab
Cafelista 1,425 cd 49,93 ab 73,58abcd 0,62ab
Nativa 2,562 a 28,19 d 33,87 d 0,61ab
TITO 1,885 abcd 25,2 d 44,73cd 0,45 b
BRSParaguaçu 1,702 abcd 24,08 d 35,56d 0,75ab
BRS 149 1,755 abcd 26,6 d 38,2 d 0,97 ab
Média 1,857 36,11 59,38 1,00
CV (%) 18,87 20,66 30,62 43,71
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
1362
Tabela 3 - Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das
características avaliadas em Campos dos Goytacazes, RJ, segunda época de plantio.
Cultivares Altura planta Comprimento Número de Produção
(cm) rácemo (cm) frutos /rácemo Grãos
(,g) (t ha-1)
IAC 80 1,463 ab 49,22 a 51,14 ab 0,605ab
Al Guarany 1,558 ab 51,57 a 60,47 a 1,138ab
Paraguaçu 1,472 ab 12,67 e 16,57 d 0,460b
Nordestina 1,795 a 27,09 cd 33, 40 bcd 1,678a
Savana 1,083 ab 29,39 bc 30,93 bcd 0,633ab
Lyra 0,920 b 24,49 cd 23,95 cd 0,310 b
Mirante 1,718 a 24,46 cd 40,64 abc 0,743 ab
IAC226 1,375 ab 26,74 cd 42,27 abc 0,423 b
Cafelista 0,983 b 38,37 b 52,7 ab 0,788 ab
Nativa 1,785 a 26,15 cd 33,18bcd 1,148 ab
TITO 1,208 ab 18,91 de 34 ,32bcd 0,507 b
BRSParaguaçu 1,198 ab 20,28 cde 29,91 bcd 0,890 ab
BRS 149 1,470 ab 22,03 cde 27,46 cd 1,230 ab
Média 1,38 28,57 36,69 0,812
CV (%) 20,70 14,22 25,34 55,62
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. M.; ALMEIDA, O. A.; PEREIRA, J. R.; FIDELIS FILHO, J. Metodologia
para estimativa do crescimento do fruto e do volume absoluto e relativo da planta do
algodoeiro. Revista de Oleaginosas e Fibrosas, Campina Grande, v.5, n.1, 2001, p.283-289.
BELTRÃO, N.E.MA Cadeia da Mamona no Brasil, com Ênfase para o Segmento P&D:
Estado da Arte, Demandas de Pesquisa e Ações Necessárias para o Desenvolvimento.
Documentos Embrapa Algodão, Campina Grande, 2004, 19 p. (Documento 129).
1363
SEVERINO, L. S; MORAES, C. R. A.; GONDIM, T. M. S. CARDOSO, G. D.; SANTOS, J.
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Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. (Embrapa Algodão. Boletim de Pesquisa, 56)
VIEIRA, R. de M.; LIMA, E.F.; AZEVEDO, D.M.P. de ; BATISTA, F.A.S.; SANTOS, J.W.
dos; DOURADOS, R. M.F. Competição de cultivares e linhagens de mamoneira no
Nordeste do Brasil- 1993/96. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1998, 4 p. (Comunicado
técnico, 71).
1364
A CORRETA DESTINAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA PÓS-USO E A
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DAS EMPRESAS FABRICANTES
RESUMO: Dentre os produtos que podem gerar efeitos negativos ao meio ambiente
encontram-se os óleos comestíveis pós-uso, gerados diariamente e em grande quantidade. A
falta de informação por parte dos fabricantes faz com que muitos consumidores os descartem
diretamente em pias e vasos sanitários, ocasionando o entupimento das canalizações e
contribuindo com o aumento de impactos ambientais. O presente artigo analisa a presença de
informações referentes à correta destinação final do óleo nas embalagens dos principais
fabricantes atuais e propõe um modelo de selo informativo a ser incorporado nas mesmas
como uma estratégia da empresa ambientalmente responsável.
1365
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, pode ser observado um grande aumento de adoção de estratégias no sentido
da preservação ambiental, resultado de uma evolução de conscientização por parte dos
cidadãos e das empresas sobre a intrínseca relação entre os seus atos e a poluição do meio
ambiente, seja nas residências ou nos processos industriais. Uma das principais preocupações
é quanto à geração e disposição de resíduos, sejam eles sólidos, líquidos ou gasosos, que
acabam chegando à atmosfera, solos ou água, causando impacto ambiental.
Os óleos comestíveis, em especial aqueles utilizados nas frituras, surgem neste contexto
como um resíduo gerado diariamente nos lares, indústrias e estabelecimentos do país. Devido
à falta de informação da população e/ou a carência de disseminação de idéias a favor do meio
ambiente, este resíduo acaba sendo despejado diretamente nas águas, como em rios e riachos
ou simplesmente em pias e vasos sanitários, indo parar nos sistemas de esgoto causando
danos no entupimento dos canos e o encarecimento dos processos das Estações de Tratamento
além de acarretar na poluição do meio aquático. Desta maneira, urge a necessidade de adoção
de estratégias em prol de informar a população sobre os malefícios que estas atitudes
provocam e a maneira correta de se dispor tal resíduo.
Apesar de não ser recente, e de já ter sido tratada por muitos no passado como uma
questão ideológica de grupos ecologistas que não aceitavam a sociedade de consumo
moderna, a preocupação com a preservação ambiental assume hoje uma importância cada vez
maior para as empresas. Um aspecto importante de ser observado na questão ambiental
contemporânea é o grau de comprometimento cada vez maior de empresários e
administradores na busca de soluções ambientalmente adequadas para os problemas da
produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
Aproveitar, tratar ou destinar os resíduos sólidos e líquidos urbanos é uma
responsabilidade da qual a sociedade não tem como se esquivar. Sendo uma questão de
cidadania propor alternativas para que estes rejeitos causem o menor impacto possível ao
meio ambiente.
Além de verificar as informações relativas à correta destinação do óleo comestível pós-
uso, o trabalho propõe um modelo de selo de advertência para ser incorporado ao rótulo de
embalagens, com o fim de indicar a correta destinação do óleo após a utilização, obtendo-se
desta forma vantagens competitivas para as empresas participantes e ganhos ambientais para a
sociedade em geral, contribuindo para um desenvolvimento social e econômico mais
harmônico entre a natureza e o homem.
1366
Após as duas grandes Guerras, a variável ambiental entra em cena e muitas
empresas passam a incorporar tais preocupações em suas estratégias de negócios. Segundo
Donaire (1995), um dos componentes importantes dessa reviravolta nos modos de pensar e
agir foi o crescimento da consciência ecológica, na sociedade, no governo e nas próprias
empresas, que passaram a incorporar essa orientação em suas estratégias.
As empresas começam, então, a presenciar o surgimento de outros papéis que devem ser
por elas desempenhados. Essa mudança baseia-se, principalmente, no fato de se verificar que
o crescimento econômico e mesmo o Produto Interno Bruto (PIB) não são e nunca serão
medidas justas para analisar a performance social. Pois, apesar do sucesso do sistema
capitalista, como conseqüência da utilização eficiente da ciência e da tecnologia, quando os
seus resultados econômicos são confrontados com outros resultados sociais, tais como a
redução da pobreza, degradação de áreas urbanas, controle da poluição, diminuição das
iniqüidades sociais etc., percebe-se que há ainda muito a ser feito (CAIDEN e
CARAVANTES, 1988).
Atualmente, as áreas de preocupação ambiental incluem a poluição da água, do ar,
visual e sonora, assim como a poluição por resíduo sólido e perigoso. É importante otimizar o
uso da água e das matérias-primas como forma de manutenção da biodiversidade do planeta,
da qualidade dos mananciais, do solo e do ar, mediante conservação e uso parcimonioso das
fontes não renováveis.
A sociedade está assimilando cada vez mais a idéia de que a variável ambiental é
importante e que ela diz respeito a todos. Cornely (2002), cita que é importante salientar que o
homem é Natureza, é a parte da Natureza que tem consciência de si mesma. Será essa
consciência do homem que pode vir a salvá-lo da destruição, pois trata-se de sua
sobrevivência, bem como do próprio Planeta.
Ferraz et al. (1995), demonstram que, dada a capacitação produtiva e tecnológica
existente no país, a questão ambiental oferece a oportunidade de constituir-se em uma das
bases de renovação da competitividade das empresas brasileiras. Contudo, faz-se necessária a
adoção de uma postura pró-ativa com relação ao meio ambiente, por parte dos empresários,
esta pode vir a construir, a médio e longo prazo, vantagens competitivas de difícil superação
pelos competidores.
Todas estas questões, ou janelas de oportunidade, podem ser analisadas à luz do
pensamento de Hamel e Prahalad (1995). Estes autores sugerem que os empresários precisam
desenvolver, urgentemente, uma visão do futuro. Além de desenvolver esta visão, é preciso
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1367
que o futuro seja criado pela empresa. Ou seja, deliberadamente a empresa precisa criar hoje
as assimetrias de mercado que lhe favorecerão no futuro, o truque consiste em ver o mesmo
antes que ele chegue. Saber identificar oportunidades não percebidas por outras empresas e
explorar estas oportunidades, através da reunião e geração das core competences ou
capacitações-chave necessárias, pode ser o diferencial entre sobreviver ou morrer (HAMEL &
PRAHALAD 1994).
A indústria é a maior responsável pela dispersão de substancias tóxicas no meio
ambiente e por isso torna-se urgente, e necessário promover mudanças na forma de tratar os
problemas ambientais. Remediar e controlar os poluentes tornou-se insuficiente, sendo
necessário direcionar os esforços no sentido de reduzir e, principalmente, prevenir o descarte
de substâncias nocivas no ambiente (GIANNETTI & ALMEIDA, 2006, p.19).
A transformação e a influencia ecológica nos negócios se fazem sentir de maneira
crescente e com efeitos econômicos cada vez mais profundos. As organizações que tomarem
decisões estratégicas integradas à questão ambiental e ecológica conseguirão significativas
vantagens competitivas, quando não, redução de custos e incremento nos lucros a médio e
longo prazos (TACHIZAWA, 2005, p.24).
Com a maior conscientização ambiental por parte das empresas, dos consumidores e da
sociedade em geral, a sustentabilidade também passa a constituir uma preocupação do
marketing. As atividades de marketing, por pressões governamentais, sociais, legais e
competitivas, passam a adotar uma postura ética, ecológica e preocupada com o
desenvolvimento sustentável (WELFORD, 1995), buscando antecipar e satisfazer as
necessidades dos consumidores a partir da cooperação, da educação e conscientização de
consumidores e da articulação sustentável de custos, produtos, embalagens e comunicações.
Graedel e Allenby (1996, p. 16-17) apresentam alguns procedimentos para incluir as
características ambientais no projeto do produto: Interações de marketing – Os projetistas e os
gerentes do produto podem promover metas industriais ecológicas por meio dos compradores
e fornecedores. Neste caso, o projetista pode melhorar a embalagem do produto (incluindo
embalagem para devolução ou embalagem reciclável), reduzindo o transporte desnecessário,
fornecer informações sobre os aspectos ambientais relacionados aos produtos e os tipos de
reciclagens disponíveis.
Dobarganes et al (1991), relata que o consumo de alimentos fritos e pré-fritos tende
sempre a aumentar, provocando uma maior ingestão de óleos e gorduras após terem sido
submetidos a elevadas temperaturas em processo de fritura. Constata-se que este fato tem sido
influenciado por razões sociais, econômicas e técnicas, pois as pessoas dispõem de menos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1368
tempo para preparação de seus alimentos e, assim, o processo de fritura fornece
uma alternativa de sua preparação rápida ao mesmo tempo conferindo aos alimentos fritos
características organolépticas agradáveis.
Os óleos alimentares usados representam uma categoria de subprodutos ou resíduos
provenientes de diversas atividades, mas, na sua maior parte, derivados da atividade de fritura
de alimentos. Dentre as atividades responsáveis por gerar este resíduo destaca-se
nomeadamente as seguintes:
• Atividades domésticas (óleos de cozinha usados na confecção dos alimentos, como
por exemplo, a fritura de batatas, salgados, etc.);
• Atividades industriais, destacando-se as de preparação e conservação de batata
(fabrico de batatas fritas “em pacote”) ou outros tipos de alimentos que necessitem de
óleo de fritura em grande quantidade;
• Estabelecimentos como hotéis, restaurantes e cafés, cantinas e refeitórios.
Estes óleos usados resultam essencialmente da utilização de óleos de origem vegetal
(azeite, óleo de girassol, óleo de soja, óleo de canola, entre outros).
O enorme volume de resíduos sólidos e líquidos gerados diariamente nos centros
urbanos tem trazido uma série de problemas ambientais, sociais, econômicos e
administrativos, todos ligados a crescente dificuldade de implementar a correta disposição
desses resíduos. Exemplo disto é o descarte de óleos de fritura usados nas pias e vasos
sanitários, ou diretamente na rede de esgotos. Este procedimento, além de provocar graves
problemas ambientais, pode provocar o mau funcionamento das Estações de Tratamento de
Águas Residuais e representa um desperdício de uma fonte de energia.
Segundo IPA (2004), o despejo de águas residuais contendo óleos alimentares usados
nas linhas de água, tem como conseqüência a diminuição da concentração de oxigênio
presente nas águas superficiais, devendo-se tal situação principalmente ao fato deste tipo de
águas residuais conterem substâncias consumidoras de oxigênio (matéria orgânica
biodegradável), que ao serem descarregadas nos cursos de água, além de contribuírem para
um aumento considerável da carga orgânica, conduzem a curto prazo a uma degradação da
qualidade do meio receptor. Além disso, a presença de óleos e gorduras nos efluentes de
águas residuais provoca um ambiente desagradável com graves problemas ambientais de
higiene e maus cheiros, provocando igualmente impactos negativos ao nível da fauna e flora
envolventes.
1369
Outra prática incorreta de deposição deste tipo de resíduos está associada à descarga dos
mesmos para as redes públicas de esgoto e coletores municipais, as quais podem provocar
grandes problemas de entupimento e obstrução dos mesmos. Outra conseqüência da descarga
para as redes públicas de esgoto e coletores municipais resulta no seu encaminhamento para
as Estações de Tratamento (quando existe esta solução, caso ainda não evidente para a
totalidade do território nacional), contribuindo significativamente para o aumento dos níveis
de CBO (Carência Bioquímica de Oxigênio), de CQO (Carência Química de Oxigênio) e de
SST (Sólidos Suspensos Totais) nas águas residuais a tratar, dificultando o desempenho e
funcionamento eficiente das Estações de Tratamento, pelo fato do aumento da concentração
destes parâmetros conduzirem a um considerável consumo de energia no desempenho das
mesmas, além de implicarem manutenções e limpezas mais freqüentes nos equipamentos de
separação de óleos e gorduras associadas a gastos consideráveis de tempo neste tipo de
operações (IPA 2004).
Além dos impactos negativos mencionados acima, existem outros entraves atualmente a
nível nacional, tais como a inexistência de fiscalização e cumprimento da legislação por parte
dos produtores destes resíduos.
Uma alternativa simples e que pode ser posta em prática, é dispor os óleos utilizados em
uma garrafa de plástico (por exemplo, as garrafas PET de refrigerantes), fechá-las e colocá-las
no lixo normal, ou seja, no lixo doméstico. O lixo orgânico é triado, e as garrafas serão
abertas e vazadas em um local adequado ao invés de serem despejadas nos esgotos, desta
maneira evitam-se gastos desnecessários com tratamento nas estações de esgoto. Os óleos
alimentares usados lançados na rede hídrica e nos solos provocam a poluição dos mesmos. Se
o produto for para a rede de esgoto, encarece o tratamento dos resíduos, e o que permanece
nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e terrenos adjacentes que contribuem para a
enchente. Também provoca a obstrução dos filtros de gorduras das Estações de Tratamento,
sendo um obstáculo ao seu funcionamento ótimo (FELIZARDO 2003).
É importante salientar que benefícios econômicos podem advir da reutilização do óleo
de fritura usado, como a fabricação de sabão, lubrificantes e até mesmo biocombustível de
alta qualidade, desta forma em conjunto com o modelo proposto neste trabalho é de suma
importância que idéias inteligentes se multipliquem em nossa sociedade para um esquema que
também possa gerar lucro, somado aos benefícios ambientais.
Em agosto de 2005 foi publicado no Diário do Senado Federal o projeto de lei nº 296,
autoria do senador Valmir Amaral, que “dispõe sobre a obrigatoriedade de constar, no rótulo
1370
das embalagens de óleo comestível, advertência sobre a destinação correta do
produto após uso” (BRASIL, 2005).
Este projeto de lei decreta que o rótulo das embalagens de óleo comestível deverá conter
nota explicativa, de forma legível e visível, sobre a conveniência de acondicionar o produto,
após se uso, em garrafas plásticas fechadas, bem como destina-las ao lixo orgânico, como
forma de evitar a contaminação dos recursos hídricos.
Caso o projeto de lei for aceito e posto em prática, a rotulagem feita em desacordo com
o estipulado no parágrafo anterior constituirá infração punível com as sanções administrativas
cabíveis, dentre as previstas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 - Código de Defesa
do Consumidor.
Consideram-se infratores, de acordo com o Diário do Senado Federal, os fabricantes e
os importadores de óleo comestível. Atualmente o projeto está em tramitação no Senado
Federal. Este projeto de lei serve como um alerta para as empresas irem se preparando para o
futuro, onde existe grande probabilidade de que as mesmas tenham que assumir
responsabilidade pelos seus produtos durante todas as fases de seu ciclo de vida, inclusive o
descarte.
Pode-se dizer que à medida em que a pressão do mercado ou da legislação (fatores
externos) aumentarem, as empresas adotarão as ações referentes ao último estágio indicado
por Maimon, onde ocorre a “antecipação aos problemas ambientais futuros, ou seja, adoção
de um comportamento próativo e de excelência ambiental. O princípio é de integrar a função
ambiental ao planejamento estratégico da empresa” (Maimon, 1994, p. 122).
2 MATERIAL E MÉTODOS
No presente artigo surge a necessidade de adoção de critérios metodológicos para se
atingir os objetivos pré-estabelecidos, através das técnicas de investigação, recorrendo-se,
simultaneamente, a informações documentais e não documentais. O método de pesquisa é o
conjunto de atividades sistemáticas e racionais, que, com maior segurança, permite atingir os
objetivos propostos, indicando o caminho a ser seguido (LAKATOS e MARCONI, 1995).
A natureza da pesquisa é aplicada, segundo Silva (2005) objetiva gerar conhecimentos
para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e
interesses locais.
Já do ponto de vista de seus objetivos (Gil apud Silva, 2005) a pesquisa é exploratória:
visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1371
construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico e análise de mercado, estimule a
compreensão do problema.
O primeiro passo foi a realização do levantamento e pesquisa sobre o tema em questão,
assim este trabalho se caracteriza como sendo uma pesquisa bibliográfica, que de acordo com
Lakatos e Marconi, (1995, p. 43), “não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre
certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a
conclusões inovadoras”. Já Fachin (2001, p.126) afirma que “entende-se por levantamento
bibliográfico o material constituído por dados primários ou secundários que possam ser
utilizados pelo pesquisador”.
Logo após, foram analisados os produtos existentes no mercado para constatar se havia
alguma empresa que informasse o consumidor da correta destinação do óleo comestível pós-
uso. O universo da pesquisa constitui-se de sete fabricantes distintos de óleo comestível (soja,
canola, girassol e milho).
Os procedimentos técnicos foram: pesquisa bibliográfica seguida de pesquisa-ação que,
de acordo com Gil (1991), é aquela concebida e realizada em estreita associação com uma
ação e os pesquisadores da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram pesquisadas 24 (vinte e quatro) embalagens de óleo comestível de 7 (sete)
fabricantes diferentes e nenhuma continha qualquer informação ou advertência sobre a
disposição correta do produto após uso (ver tabela 1).
1372
Tabela1- Pesquisa de mercado das embalagens de óleo comestíveis.
MARCA
A B C D E F G
INFORMAÇÕES
QUANTIDADE DE
PRODUTOS 6 4 4 4 3 1 2
PESQUISADOS
INFORMAÇÔES
SOBRE Não Não Não Não Não Não Não
DESCARTE
1373
passos mostrados no selo estará evitando-se problemas futuros nas residências e contribuindo
com o meio ambiente como um todo.
4 CONCLUSÃO
As empresas atualmente têm procurado meios de minimizar os impactos ambientais de
seus produtos durante seu respectivo ciclo de vida, muitas vezes a falta de informação por
parte dos usuários destes produtos faz com que os mesmos causem um grande impacto
ambiental durante sua fase de pós-uso. É papel dos fabricantes informarem este usuário sobre
a melhor prática a ser tomada em cada caso, e o selo de advertência proposto vem ao encontro
desta necessidade, no caso, a correta destinação dos óleos comestíveis.
Percebe-se uma total carência de informações, por parte das empresas, sobre a correta
destinação do óleo comestível usado, visando: (i) reduzir os impactos ambientais; (ii)
melhorar a qualidade ambiental dos produtos; (iii) estabelecer uma relação mais qualificada
1374
com a comunidade onde está inserida a empresa e com os órgãos de controle
ambiental; e, (iv) explorar o marketing ecológico em decorrência da adoção destas atitudes.
De acordo com a opinião de Maimon (1994), a maioria das empresas caracteriza-se por
uma postura reativa, adotando apenas as medidas exigidas pela legislação ambiental, tendo
em vista as fiscalizações realizadas pelos órgãos de controle ambiental. No momento não
existe no país nenhuma lei que exija ao fabricante de óleo comestível informar a correta
destinação do produto, porém é necessário incorporar esta visão ambientalmente correta,
percebendo que atitudes como esta, com custo mínimo, ou sem custos adicionais, além de
favorecerem o meio ambiente como um todo, propiciam um retorno positivo à própria
empresa.
O modelo possui como finalidade ser adotado pelas empresas fabricantes de óleos
comestíveis, ou para ser exigido às mesmas através de leis específicas editadas pelos órgãos
competentes. É importante, de uma forma ou de outra, que seja posto em prática o mais rápido
possível com o fim de mitigar mais uma forma de poluição às águas, advinda das atividades
da sociedade moderna.
É importante ressaltar que, mediante os esforços empreendidos na luta pela preservação
ambiental, por meio de instrumentos como os certificados ambientais, selos de advertência,
programas de educação ambiental, investimentos em melhorias de processos, entre outros,
propicia ganhos para a sociedade, no que concerne à melhoria de qualidade de vida, para o
meio ambiente, em face da preservação ambiental e também possibilita que empresas que
possuam esta visão ambiental, alavanquem a sua marca e sua lucratividade.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Projeto de Lei n. 296, de 2005. Dispõe sobre a obrigatoriedade de constar, no rótulo
das embalagens de óleo comestível, advertência sobre a destinação correta do produto após o
uso. Diário do Senado Federal: Brasília, 25 de agosto, 2005. Disponível em:
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1376
OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MUDAS DE PINHÃO-MANSO
(Jatropha curcas L.) PELO ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO PH E DO ÁGAR
NA DIFERENCIAÇÃO E CULTIVO DE EMBRIÕES IN VITRO
RESUMO: O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta de grande potencial
econômico, pois suas sementes contêm cerca de 40-50% de óleo rico em hidrocarbonetos
reduzidos, que podem ser convertidos em biodiesel, fármacos ou tintas. Este trabalho teve
como principal finalidade o estudo da influência do ágar, e da aferição do pH, na elaboração
de meio de cultura para a regeneração de plântulas de pinhão-manso a partir do cultivo de
eixos embrionários in vitro, obtidos de sementes selecionadas de banco de germoplasma. Para
tanto foi avaliada a influência da composição do meio MS basal modificado com ágar em
diferentes concentrações (3,0; 6,0 e 9,0 g/l) e em diferentes valores de pH (4,7; 5,7 e 6,7), em
todas as combinações possíveis, totalizando nove tratamentos. Após preparo de desinfestação
e proteção antioxidante foram inoculados eixos embrionários extraídos de sementes
selecionadas, sendo 5 repetições em cada tratamento e um explante por frasco. Os embriões
permaneceram por 84 horas no escuro e 25 dias em fotoperíodo de 16 horas, intensidade
luminosa de 1000 lux, em câmara de germinação a 26 ± 1 ºC. Os resultados obtidos
permitiram concluir que os melhores desempenhos, na germinação de eixos embrionários,
foram nos tratamentos: pH 5,7/3,0g/l de ágar e pH 6,7/3,0g/l de ágar. O pH influenciou na
polimerização do ágar; em condições menos ácidas (de 5,7 a 6,7) houve maior geleificação do
meio de cultura e, em pH 4,7 e concentração de ágar 3,0g/l, o meio não apresentou
consistência suficiente para sustentação do eixo embrionário, inviabilizando a indução da
organogênese.
Palavras-Chave: Jatropha curcas Linn., cultura de embriões, meios de cultura, pH, ágar,
biodiesel.
1377
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta nativa da América do Sul, perene e
resistente à seca e solos de baixa fertilidade, apresenta grande potencial econômico, pois suas
sementes contêm cerca de 40-50% de óleo rico em hidrocarbonetos reduzidos, que podem ser
convertidos em compostos similares aos derivados do petróleo, como o biodiesel; e ainda,
apresentam propriedades interessantes para a indústria de fármacos e tintas (ARRUDA et al.,
2004). As pesquisas relacionadas à propagação de mudas são escassas e o que predomina são
os sistemas tradicionais da região Nordeste do Brasil, que necessitam atualização e adaptação
técnica aos atuais programas de cultivo agronômico (BELTRÃO, 2006). De difícil
reprodutibilidade e em número mais reduzido ainda, encontram-se os trabalhos em
biotecnologia de plantas, que demonstram ser em um futuro não muito distante, importante
instrumento para a propagação mais rápida e eficiente de mudas, melhoradas geneticamente
ou simplesmente selecionadas em seu ecossistema nativo, contribuindo assim, para a
expansão do cultivo comercial (SATURNINO et al.,2005).
A técnica da diferenciação e cultivo de embriões in vitro representa importante
instrumento para a obtenção de tecidos meristemáticos de grande potencial organogenético,
que aliado à condição estéril dos explantes e meio de cultivo adequado, proporciona eficiente
estabelecimento, indução e multiplicação de brotações. De uma única plântula regenerada
pode-se obter de 5 a 7 explantes totipotentes, extraídos de diferentes regiões da planta, como
as gemas apicais e epicórmicas axilares, ponteiras de raiz, segmentos do epicótilo e
fragmentos da porção central da lâmina foliar (SARTORI et al, 2005 e FERREIRA &
MACHADO, 2006).
Um importante aspecto do cultivo de embriões é definir um meio de cultura que possa
sustentar e nutrir o tecido. Isto requer estudo da relação e balanceamento dos diversos
componentes empregados na composição de meios de cultura. Além dos nutrientes minerais e
orgânicos, reguladores vegetais e agentes antioxidantes, deve-se considerar também as
condições de geleificação e de pH dos meios, que são de bastante especificidade, muitas vezes
em nível até de variedade, cultivar agronômico ou clone comercial (HU & FERREIRA,
1990).
Este trabalho teve como principal finalidade o estudo da influência do ágar, e da
aferição do pH, na elaboração de meio de cultura para a regeneração de plântulas a partir do
cultivo de eixos embrionários in vitro, obtidos de sementes selecionadas de banco de
germoplasma de pinhão-manso. O material obtido tem sido utilizado como matriz para
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1378
estudos, ainda não concluídos, da micropropagação clonal da cultura, que poderá
proporcionar mudas assépticas, com fidelidade genética, maior rapidez, maior uniformidade e
em espaço físico reduzido.
2 MATERIAL E MÉTODOS.
A experimentação foi conduzida no Laboratório de Biotecnologia Ambiental, do
Departamento de Recursos Naturais, setor Ciências Ambientais, da Faculdade de Ciências
Agronômicas -Fazenda Lageado- Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de
Botucatu/SP.
Sementes de pinhão-manso foram selecionadas e, depois de retirados os tegumentos,
lavadas em água corrente e desinfetadas em solução de hipoclorito de sódio a 2% e uma gota
de Tween 20 para cada 100 ml de solução, durante 20 minutos. Seguiram-se 4 enxágües em
água destilada e deionizada estéril, permanecendo na 4ª imersão por 24 horas.
Em câmara de fluxo laminar, foram excisados os eixos embrionários sob manipulação
em polivinilpirrolidona 2% e inoculados em frascos contendo 10 ml de meio MS
(MURASHIGE & SKOOG, 1962) modificado em diferentes balanceamentos de ágar e
valores de pH, constituindo 9 tratamentos: T1: 3,0 g/l de ágar e pH 4,7; T2: 6,0 g/l de ágar e
pH 4,7; T3: 9,0 g/l de ágar e pH 4,7; T4: 3,0 g/l de ágar e pH 5,7; T5: 6,0 g/l de ágar e pH 5,7;
T6 : 9,0 g/l de ágar e pH 5,7; T7: 3,0 g/l de ágar e pH 6,7; T8: 6,0 g/l de ágar e pH 6,7; T9: 9,0
g/l de ágar e pH 6,7. Seguiu-se transferência para câmara de germinação, em condições de
escuro e temperatura de 26 ± 1°C, por 84 horas e depois, crescimento na mesma temperatura e
fotoperíodo de 16 horas, com intensidade luminosa de 1000 lux. O delineamento experimental
foi o inteiramente casualizado, com 5 repetições por tratamento, sendo inoculado 1 eixo
embrionário por frasco.
Após 26 dias de cultivo, plântulas regeneradas foram retiradas dos tubos de ensaio e
mensurados os parâmetros fisiológicos: número de folhas (NF) e de raízes (NR), comprimento
médio da raiz (CMR) e altura da parte aérea (HPA). Em seguida, foram separados os sistemas
radiculares das partes aéreas e determinadas massa fresca (MFA) e seca (MAS) da parte
aérea; massa fresca (MFR) e seca da raiz (MSR). Os resultados obtidos foram comparados
estatisticamente pelo programa SigmaStat, teste de comparações múltiplas (método de
Kruskal Wallis e Student-Newman-Keuls).
1379
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.
Os valores obtidos em massa fresca da parte aérea (Tabela 1 e Figura 1) demonstraram
eficiência superior dos tratamentos 4 (3,0 g/l de ágar e pH 5,7) e 7 (3,0 g/l de ágar e pH 6,7),
que não diferiram significativamente entre si. No entanto, em relação à biomassa seca, os
tratamentos não se mostraram diferentes, e isto sugere que em menores concentrações de ágar
o eixo embrionário tem maior capacidade fisiológica em absorver água do meio, segundo o
gradiente de pressão osmótica estabelecido, e que isto se refletiria em maiores teores de massa
fresca. Esta observação é concordante com o trabalho de RIBEIRO et al. (1997), que
constataram queda na massa de embriões frescos de laranja ‘Natal’, à medida que se
aumentou a concentração de ágar no meio de cultura. De igual maneira, PASQUAL et al.
(2002) constataram queda da massa fresca de tangerineira à medida da elevação da
concentração de ágar.
Tabela 1 - Valores médios de massa fresca da parte aérea (MFA), massa seca da parte aérea
(MSA), altura da parte aérea (HPA) e número de folhas (NF).
O tratamento 1 (3g/l de ágar e pH 4,7) mostrou-se diferente dos demais, pois não
ocorreu geleificação suficiente para manter o eixo embrionário suspenso, uma vez que não foi
previsto o uso de ponte de papel, o que não permitiu diferenciação do tecido meristemático e
aborto de todas as repetições. O resultado sugere que o pH mais ácido acarretou a não
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1380
solidificação do meio, pois outros tratamentos onde a concentração de ágar foi a mesma,
porém com valores de pH mais elevados (5,7 e 6,7), a geleificação ocorreu, permitindo a
sustentação dos eixos embrionários. O resultado encontrado possui certa sustentação no
observado por CALDAS et al., 1998: “... a consistência do meio de cultura depende da
concentração e qualidade do ágar utilizado, do pH, do tipo de explante, da concentração de
sais e da presença de outras substâncias, os quais interferem na geleificação”.
0,2
0,15
Massa(g) 0,1
MFA(g)
0,05 MSA(g)
0
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
Tratamentos
Figura 1- Produção de massa fresca e seca (gramas) da parte aérea de plântulas de pinhão-
manso regeneradas a partir do cultivo de embriões.
Houve maior desenvolvimento das plântulas em pHs mais elevados (5,7 e 6,7),
ligeiramente ácido e próximo da neutralidade, respectivamente; o que contrapõe aos
resultados de RIBEIRO et al. (1997), que observaram queda linear no peso da matéria fresca
com o aumento do pH em laranjeira. Em estudo similar com tangerineira, PASQUAL et al.
(2000) observaram maior desenvolvimento em pH mais baixo. Não houve diferenças
significativas com relação à altura da parte aérea nos diferentes tratamentos e, com relação à
produção de folhas, o tratamento 6 (9,0 g/l de ágar e pH 5,7) apresentou a menor média
significativa, demonstrando o estresse pelo qual passa a plântula em se estabelecer em meio
de consistência mais sólida e de maior concentração osmótica.
Com relação à produção de massa fresca e seca da raiz (Tabela 2 e Figura 2), os
tratamentos com menor concentração de ágar T4 e T7 (3 g/l) resultaram em maior produção
de massa fresca; a massa seca da raiz confirmou este resultado, ocorrendo aumento
significativo nestes tratamentos; o mesmo não aconteceu com a parte aérea da plântula,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1381
sugerindo que a disponibilidade de água e a consistência menos sólida do meio são
importantes para o desenvolvimento radicular.
Tabela 2 - Valores médios de massa fresca da raiz (MFR), massa seca da raiz (MSR),
comprimento da raiz (CMR) e número de raízes (NR).
Tratamentos MFR(g) MSR(g) NR (unidades) CMR (cm)
T1 0c 0d 0b 0b
T2 0,03868b 0,002824c 2,6a 1,68a
T3 0,02558b 0,0006c 2,2a 1,05a
T4 0,06674a 0,0052a 2,48a 2,18a
T5 0,04104b 0,00218c 3,2a 2,48a
T6 0,0267b 0,00212c 1,42a 1,79a
T7 0,14624a 0,00376b 2,5a 2,172a
T8 0,0033b 0,0019c 1,88a 1,48a
T9 0,02284b 0,00124c 1,8a 1,426a
Os contrastes entre as médias foram comparados pelo teste de comparações múltiplas (método de Kruskal Wallis
e Student-Newman-Keuls). Dentro das colunas, as médias seguidas de letras iguais não diferem,
estatisticamente, ao nível de 5% de probabilidade.
1382
Produção de massa fresca e seca da raiz
0,16
0,14
0,12
0,1
massa(g) 0,08
MFR(g)
0,06
0,04 MSR(g)
0,02
0
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
Tratamentos
A não geleificação encontrada neste trabalho, no meio mais ácido (4,7) e menor
concentração de ágar (3g/l), foi também observada em trabalho similar de Romberger &
Tabor, citados por RIBEIRO, 1997, em que reconheceu ser o ágar um dos principais agentes
geleificantes de meio, podendo ser usado como tamponante e controlador da vitrificação e
hiperhidratação; contudo, pode ser hidrolisado em condições de maior acidez, não
polimerizando ao esfriar.
4 CONCLUSÃO
Dentro das condições empregadas na experimentação pode ser concluído:
Os tratamentos com melhor desempenho na germinação de eixos embrionários foram
T4 e T7, que têm como características pH 5,7/3,0g/l de ágar e pH 6,7/3,0g/l de ágar,
respectivamente. Contudo, a rizogênese e o desenvolvimento do sistema radicular foram
significativamente superiores no T7.
Os tratamentos com menores concentrações de ágar proporcionaram desenvolvimento
superior das plântulas regeneradas.
O pH influenciou na polimerização do ágar; em condições menos ácidas (de 5,7 a 6,7)
houve maior geleificação do meio de cultura e, em pH 4,7 e concentração de ágar 3,0g/l, o
meio não apresentou consistência suficiente para sustentação do eixo embrionário,
inviabilizando a indução da organogênese.
1383
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MURASHIGE, T.S.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth bioassays with tobacco
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ágar , R. bras. Agrociência, v. 8, n. 3, p. 199-202, set-dez, 2002.
SARTORI, A.S.A.; Machado, I.S.; Leão, A.L. & Ramos, A.A. Concentrações de BAP e TDZ
na Propagação In Vitro de Curauá (Ananas erectifolius L.B.Smith) / A Influência Das
Citocininas Sintéticas na Cultura de Tecido. Revista Biotecnologia - Ciência &
Desenvolvimento, Brasília, 35: 58-61, 2005.
1384
INFLUÊNCIA DE DIFERENTES NÍVEIS DE ADUBAÇÃO DE
COBERTURA NO CRESCIMENTO DE MUDAS DE PAU ROSA (Aniba
rosaeodora Ducke) EM DOIS AMBIENTES: CAPOEIRA E FLORESTA DE
TERRA FIRME VISANDO PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL
1385
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, plantios florestais ou reflorestamentos, tem sido implantados em ambientes
utilizados anteriormente por pastagens, áreas utilizadas para agricultura e em algumas
ocasiões, em áreas degradadas. Esses reflorestamentos visam, na maioria dos casos, recompor
a paisagem natural, atribuir valor as pequenas propriedades rurais, e em outros casos servir
como “poupança verde” para pequenos produtores rurais, além de promoverem a manutenção
da biodiversidade.
A utilização de espécies nativas e exóticas nos reflorestamentos têm como objetivos
principais reutilizar e recuperar áreas abandonadas, degradadas e pastagens gerando renda,
enriquecendo a propriedade e melhorando as condições ambientais do local, além de reduzir a
utilização dos recursos naturais e diminuição da biodiversidade, contribuindo também, direta
e indiretamente, para evitar o êxodo rural e o desemprego (Embrapa, 2000; Homma, 2005).
A escolha da espécie a ser utilizada também é outro fator limitante para a implantação
de projetos de reflorestamento. Muitas vezes, a dificuldade em se estabelecer plantios
florestais está em obter maiores conhecimentos (informações) acerca das exigências
nutricionais e fisiológicas das espécies florestais (Carpanezzi et al., 1976), o que desestimula
os produtores a investir em novos plantios.
Estudos mostram que o pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) é uma espécie que pode ser
usada por pequenos agricultores para o enriquecimento de florestas, capoeiras ou plantios, e
poderia gerar maior lucro e mais empregos do que áreas desmatadas para pastagem ou
agricultura convencional (Sampaio et al., 2003).
O pau-rosa é explorado intensivamente na região amazônica desde o início do século
passado, mas foi nas décadas de 20 e 30, com o crescimento da indústria de perfumes, que a
sua extração atingiu proporções predatórias. Após a destilação da madeira, fornece um óleo
essencial do qual é extraído um álcool chamado de linalol, produto que é amplamente
utilizado na industria de perfumaria mundial, por ser um excelente fixador de perfumes
(Marques, 2001; May & Barata, 2004; Sampaio et al., 2003; Sudam, 1972;). Naquela época, a
região era tão rica da espécie que os caboclos utilizavam seu óleo como combustível para as
suas lamparinas.
O corte indiscriminado de indivíduos adultos dificulta o estudo da biologia e das
exigências ecológicas nas áreas de ocorrência natural da espécie (Rosa et al., 1997),
favorecendo assim a diminuição das populações naturais de pau-rosa.
1386
É possível reverter essa situação, reutilizando áreas degradadas e abandonadas, com o
plantio de pau rosa, visando diminuir as atividades antrópicas causadas pelo homem e
gerando um aumento da produtividade e de renda aos pequenos produtores, contribuindo
assim, para a diminuição dos impactos ambientais e sociais que novas áreas desmatadas e
ocupadas causam ao meio ambiente.
No entanto, alguns fatores tornam-se limitantes na implantação de reflorestamentos ou
plantios florestais mistos e homogêneos, por que influenciam diretamente no
desenvolvimento inicial das culturas a serem empregadas. Dentre eles, podem se destacar:
origem do material genético, adaptação das espécies no ambiente a que serão submetidas,
clima, formação das mudas e o preparo do solo onde estas serão implantadas.
Somente a partir da definição de estratégias de utilização racional destes recursos e do
conhecimento das características ecológicas da espécie, é que será possível ordenar as
atividades de plantios e principalmente, diminuir a pressão sobre as populações naturais de
Aniba rosaeodora Ducke, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável e
aproveitamento racional dos recursos naturais existentes.
Para aumentar os conhecimentos sobre as exigências edáficas e fisiológicas do pau-rosa
e entender o que têm tornado limitado o manejo desta espécie em plantios ex-situ e/ou em
populações naturais, este trabalho propõe avaliar diferentes níveis de adubação mineral de
cobertura, em plantios de pau-rosa em áreas de pequenos agricultores próximos ao município
de Silves-Am.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em duas comunidades: Nossa Senhora Aparecida (Anebá)
e São João, localizadas na estrada da várzea (Rodovia Am-430) entre os Km 32 e 51,
respectivamente, no município de Silves-Am.
Os plantios de pau rosa foram implantados em áreas de capoeira e em floresta de terra-
firme, no mês de marco de 2005, obedecendo a um espaçamento de 2 metros entre plantas e 3
metros entre linhas. No local do plantio, foi feito raleio para abertura de dossel, buscando
melhorar as condições de luminosidade. Na capoeira este raleio limitou-se a abertura das
linhas e de arvoretas que propiciavam muita sombra. No ambiente de floresta, foram
eliminados as árvores com menores diâmetros, buscando também melhorar as condições de
luminosidade. Essas clareiras tinham aproximadamente 18x20 (360 m2) para os dois
1387
ambientes. Às covas do plantio tinham largura e profundidade, respectivamente de 20 x 20 cm
e na ocasião não foram feitas adubações em nenhum dos ambientes.
Foram realizadas adubações de cobertura em plantios que apresentaram sobrevivência
maior que 50% (30 mudas) por propriedade. As mudas foram sorteadas aleatoriamente e
receberam duas adubações de cobertura no período de 1 ano. Foram aplicadas doses de 100
gramas de adubos formulados de NPK, nas seguintes formulações: 10-10-10 e 4-14-8, sendo
que um tratamento não recebeu adubação (testemunha). A primeira adubação foi feita no
inicio do período de chuvas (dezembro de 2006) e a segunda no final do período chuvoso
(maio de 2007). O esquema da adubação de cobertura esta apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 - Número de mudas por ambiente e tratamentos aplicados para cada ambiente em
relação à aplicação de adubo de cobertura em diferentes formulações de NPK.
Tratamentos Mês de aplicação Quant. de Nº de mudas por ambiente
(Adubos) da adub. de Adubo (g) Capoeira Floresta terra-
cobertura por muda firme
10-10-10 Dezembro-06 / 100 30 10
Maio-07
4-14-8 Dezembro-06 / 100 30 10
Maio-07
Testemunha Dezembro-06 / 0 30 10
Maio-07
Os parâmetros avaliados foram altura total (H) e diâmetro do colo (D). A altura total foi
medida com o auxílio de fita métrica, considerando-se como padrão à medição desde a base
do colo ao nível do solo até a gema apical da planta. Para a obtenção do diâmetro foi utilizado
um paquímetro eletrônico. As medições para comparação dos parâmetros avaliados
realizaram-se a cada dois meses após a data de inicio do experimento e continuadas durante
um período de 10 meses, totalizando cinco coletas de dados.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com três
tratamentos e dez repetições (mudas). Os tratamentos foram: (1) adubo N-P-K na formulação
10-10-10; (2) adubo N-P-K na formulação 4-14-8 e (3) testemunha. Os dados foram
submetidos à análise de variância utilizando o programa Sisvar e a comparação das médias
pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1388
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As alturas médias inicial e final das mudas de pau rosa, nos ambiente de capoeira e
floresta de terra firme estão apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2 - Alturas e diâmetros médio inicial e final das mudas (média de 10 mudas para cada
tratamento) de pau rosa em relação aos tratamentos e período experimental. (Setembro/06 a
Maio/07).
Altura (cm) Diâmetro (mm)
Pau rosa Trat.
Inicial Final Inicial Final
1 20.35 45.20 5.641 7.253
Plantio A 2 28.10 47.30 7.114 8.071
3 35.65 65.10 8.059 9.09
Os dados médios iniciais apresentados na Tabela 2, corroboram com Blind et al., que
estudando o comportamento inicial das mudas de pau rosa, encontrou maiores crescimentos
em altura e diâmetro em ambiente de capoeira, que neste caso limitam-se aos plantios A, B e
C desta Tabela, quando comparado ao plantio D, do ambiente de floresta de terra-firme.
1389
A B
Figura 1 - Muda de pau rosa no ambiente de capoeira (A) e em ambiente de floresta de terra
firme (B), após 26 meses de plantio. Foto: Michell R. Blind.
1390
Tabela 3 - Resultados da Anova para o crescimento em altura, nos diferentes plantios em
relação à aplicação dos tratamentos.
Resultado Anova para Crescim ento em Altura
Am biente / Plantio Tratam entos M édias
1 31.24 a
A 2 36.13 b
3 47.08 c
Capoeira
2 29.2 a
B 3 33.04 a
1 51.28 b
3 74.92 a
C 2 101.56 b
1 120.26 c
Floresta
1 27.85 a
D 2 30.45 a
3 34.45 b
Médias na mesma coluna seguidas da mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo
teste Tukey.
1391
Tabela 4 - Resultados da Anova para o crescimento em altura, nos diferentes plantios em
relação a aplicação dos tratamentos.
Resultado Anova para Crescimento em Diâmetro
Ambiente / Plantio Tratamentos Médias
1 6.26 a
A 2 7.52 b
3 8.54 c
Capoeira
2 6.94 a
B 3 7.15 a
1 9.01 b
3 11.33 a
C 2 15.6 b
1 16.03 b
Floresta
1 6.41 a
D 2 6.64 b
3 6.73 b
Médias na mesma coluna seguidas da mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo
teste Tukey.
4 CONCLUSÃO
O pau rosa apresenta comportamento diferenciado em função das diferentes adubações
de cobertura aplicados.
A luminosidade influência o crescimento das mudas, independente da aplicação da
adubação como pode ser constatado no Plantio A, no ambiente de capoeira.
O adubo N-P-K, na formulação química 10-10-10, foi o que apresentou os resultados
mais satisfatórios em relação ao crescimento em altura e diâmetro.
São necessários novos experimentos para validar as informações a respeito do tipo de
adubação ideal para plantios de pau rosa com diferentes idades.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Blind, M. R.; Sampaio, P. T. B.; Blair, C. Q. G. 2006. Avaliação do plantio de mudas de
pau rosa (Aniba rosaeodora Ducke) em capoeira e floresta de terra-firme. Relatório Final
PIBIC-INPA 2005-2006. 34p.
1392
Carpanezzi, A.A.; Brito, J.O.; Fernandes, P.; Jark Filho, W. 1976. Teor de macro e
micronutrientes em folhas de diferentes idades de algumas essências florestais nativas. Anais
da E.S.A. “Luiz de Queiroz”. Piracicaba, v.23, p.225-232.
May, P. H. & Barata, L. E. S. 2004. Rosewood exploitation in the Brazilian Amazon: options
for sustainable production. Economic Botany 58(2): 257-265.
Rosa, L. dos S.; Sá, T.D. de A.; Ohashi, S.T.; Barros, P. L.C. de; Silva, A.J.V. 1997.
1393
SOBREVIVÊNCIA DE MUDAS DE PAU ROSA (Aniba rosaeodora
Ducke) EM DOIS AMBIENTES: CAPOEIRA E FLORESTA DE TERRA
FIRME, VISANDO PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL, NA AMAZÔNIA
CENTRAL
RESUMO: O pau-rosa, ocorrente em quase toda a Bacia Amazônica, tem em seu óleo a
importância econômica, pois dele extrai-se um óleo essencial, rico em linalol, produto
mundialmente utilizado na industria da perfumaria. Para obtenção do óleo, é necessário o
abate de árvores adultas, que dificulta novos estudos sobre a biologia e as exigências
ecológicas nas áreas de ocorrência natural da espécie. O objetivo deste trabalho foi, portanto,
avaliar sistemas de plantio de pau rosa em ambientes de capoeira e floresta de terra-firme,
com intuito de obter resultados sobre a sobrevivência da espécie. Em março de 2005 foram
feitos 20 plantios de pau-rosa em clareiras artificiais nos ambientes de capoeira e floresta de
terra-firme, 10 plantios para cada (60 mudas por plantio), respectivamente, seguindo um
espaçamento de 2 x 3 metros. As covas de plantio não receberam nenhum tipo de tratamento
antes do plantio que pudesse favorecer as mudas, buscando encontrar respostas do
desenvolvimento inicial da espécie em ambiente modificado. O acompanhamento principal da
sobrevivência das mudas foi feito a partir do mês de setembro de 2005 e estendeu-se até o
mês de maio de 2006. Após dois anos de plantio (março/2007) foi feita nova coleta de dados
visando obter resultados da sobrevivência para esta idade, das mudas de pau-rosa. Após 24
meses de plantio, das 1200 mudas plantadas inicialmente, houve maior sobrevivência do pau
rosa no ambiente da capoeira, alcançando 41% (246 mudas) de sobrevivência contra
34,67% (208 mudas) em floresta de terra-firme. Apesar dos resultados, não houve diferença
estatística ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. O período de 24 meses após o
plantio pode ter sido insuficiente para determinar o melhor ambiente para que a espécie possa
estabelecer-se.
1394
1 INTRODUÇÃO
A busca por recursos naturais que possam ser beneficiados para substituição de produtos
artificiais, tem levado a busca por novas espécies vegetais que possam contribuir com tal
atividade, pois nestas matérias primas, ocorrem a fácil possibilidade de extração do meio
ambiente.
Nesse âmbito, o pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke), desde o início da década de 40
sofreu intensa exploração, pois a espécie é utilizada para obtenção do óleo, rico em linalol,
produto valorizado por ser excelente fixador de perfumes (Alencar & Fernandes, 1978).
A exploração do pau rosa (A. Duckei Kosterm) em 40 anos atingiu 2.000.000 milhões
de árvores, abatidas pelos extratores, até a realização de um levantamento feito pela Sudam
em 1972. Para se ter idéia dessa exploração, em 1951 à extração do óleo de pau-rosa atingiu
um total de 444 toneladas, e em 2003 foi apenas de 32t, geralmente exportados para outros
paises (Homma, 2005).
A obtenção do óleo do pau-rosa é feita por meio de destilação da madeira, o que implica
na derrubada de árvores adultas, dificultando o estudo da biologia e das exigências ecológicas
nas áreas de ocorrência natural da espécie (Rosa et al., 1997). O potencial que esta cultura
representa para a Amazônia poderia ser estimado em 16 milhões de dólares, conforme
Homma (2005).
É possível reverter essa situação, reutilizando áreas degradadas e abandonadas, com o
plantio de pau rosa, visando diminuir as atividades antrópicas causadas pelo homem e
gerando um aumento da produtividade e de renda aos pequenos produtores, contribuindo
assim, para a diminuição dos impactos ambientais e sociais que novas áreas desmatadas e
ocupadas causam ao meio ambiente.
Os reflorestamentos em áreas abandonadas, utilizando espécies nativas e exóticas, têm
por objetivos principais reutilizar e recuperar áreas abandonadas e degradadas gerando renda,
enriquecendo a propriedade e melhorando as condições ambientais do local além de reduzir a
utilização dos recursos naturais, contribuindo também, direta e indiretamente, para evitar o
êxodo rural e o desemprego (Embrapa, 2000; Homma, 2005).
Estudos mostram que o pau-rosa é uma espécie que pode ser usada por pequenos
agricultores para o enriquecimento de florestas, capoeiras ou plantios, e poderia gerar maior
lucro e mais empregos do que áreas desmatadas para pastagem ou agricultura convencional
(Sampaio et al., 2003).
1395
No entanto, existem poucos trabalhos sobre o desenvolvimento inicial da espécie em
ambientes natural e modificado pela ação humana. Um dos objetivos desta pesquisa foi,
portanto, avaliar o plantio de mudas de pau-rosa em capoeira e floresta de terra-firme visando
identificar os melhores resultados sobre os aspectos silviculturais da espécie.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os plantios foram implantados em duas comunidades (Nossa Senhora Aparecida - Rio
Aneba e São João) localizadas na estrada da várzea, próximo ao município de Silves, nos Km
48 e 30, respectivamente.
As propriedades foram selecionadas em 2004, por meio dos participantes do projeto
“Manejo Florestal Participativo das Comunidades de Nossa Senhora Aparecida (Aneba) e São
João em Silves – AM”. Para cada comunidade, dez propriedades foram utilizadas para a
instalação do plantio do pau-rosa, sendo que para a comunidade Aneba, os plantios
correspondem a área de capoeira e para a comunidade São João, correspondente a área de
floresta de terra-firme.
O experimento foi implantado em dois ambientes: capoeira e floresta de terra-firme com
10 repetições para cada. Os plantios obedeceram a um espaçamento de 2 metros entre plantas
e 3 metros entre linhas. Foram feitas clareiras retangulares de aproximadamente 18x20 m
(360 m2) para os dois ambientes. Inicialmente, foi feito uma limpeza na área do plantio, com a
retirada parcial de ervas daninhas que pudessem concorrer com a espécie plantada (Pau-
Rosa). Nesta fase de preparo houve participação dos proprietários da área, que foram
orientados por técnicos do Inpa. As covas do plantio tinham largura e profundidade,
respectivamente de 20 x 20 cm.
As mudas utilizadas para o plantio tinham aproximadamente seis meses de idade. As
mudas estavam com boa aparência fitossanitária e não tinham doenças visíveis. Os plantios
foram realizados no final do mês de março de 2005, e na ocasião, não foi feita adubação em
nenhum dos ambientes.
O parâmetro avaliado foi a sobrevivência (medida pela contagem dos indivíduos vivos
em cada área). As medições para comparação do parâmetros avaliado foi realizado a cada dois
meses após o inicio do projeto (agosto/05) e foram continuadas até o mês de maio de 2006
(término do 1º projeto), e uma segunda coleta de dados foi realizada em marco de 2007,
visando obter informações do comportamento da planta com dois anos de plantio.
1396
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com dois
tratamentos e dez repetições (plantios), com 60 mudas cada. Os tratamentos foram: (1) plantio
no ambiente de capoeira e (2) plantio no ambiente de floresta de terra-firme. Os dados foram
submetidos à análise de variância utilizando o programa Sisvar e a comparação das médias
pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O pau rosa apresentou maior sobrevivência em clareiras no ambiente de floresta de terra
firme (51,33%) do que a capoeira (47,67%) após 15 meses de plantio conforme a Figura 1.
Esse percentual é equivalente a 308 mudas de pau rosa vivos na floresta de terra-firme e 286
mudas de pau rosa vivos na capoeira.
A baixa sobrevivência nos dois tratamentos, pode ter sido influenciada pelo período de
estiagem, atípico que as mudas sofreram entre os meses de setembro e dezembro, como
mostra a Figura 1, onde se pode observar que houve as maiores quedas de sobrevivência de
todos os meses analisados.
Após 24 meses de plantio, a capoeira apresentou maior sobrevivência (41%) que a
floresta de terra-firme (34,67%), como pode se observar na Figura 1 e Tabela 1. Porém, esses
resultados não foram diferentes significativamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste
Tukey.
Desde que foram plantadas em março de 2005, as mudas não receberam nenhum tipo de
tratamento que pudesse beneficiá-las, apenas foram feitas observações e pode-se notar que
muitas mudas apresentavam deficiência nutricional, mostrando-se cloróticas, sugerindo que
não estavam adaptadas às condições naturais a que foram submetidas nos dois ambientes.
1397
Sobrevivência das mudas de pau rosa
Porcentagem de mudas vivas (%)
90
79.83
Capoeira
70
58.83
Floresta
70.33
56.17 52.00 51.33
50 55.17
52.17 41.00
49.17 47.67
34.67
30
6
5
5
07
06
7
5
6
05
06
5
6
l/0
l/0
/0
/0
/0
/0
/0
t/0
t/0
n/
n/
v/
v/
ai
ai
ar
ar
ar
ju
ju
se
se
ja
ja
no
no
m
m
m
m
Meses de coletas de dados
O transporte das mudas feito de Manaus até os locais de plantio, pode ter causado
injurias no sistema radicular das mudas, comprometendo assim seu estabelecimento no
campo. As mudas também sofreram desfolhação, pois o vento causou danos nas folhas, por
estarem na carroceria do veiculo sem nenhuma proteção.
No mês de novembro/05, uma queimada acidental atingiu uma das repetições do
ambiente de capoeira, fazendo com que a porcentagem de sobrevivência das mudas neste
local caísse muito. Após o inicio das chuvas em dezembro, dez mudas de pau rosa que tinham
sofrido as conseqüências do fogo, apresentaram resistência e rebrotaram, sendo então
contadas como vivas, elevando a porcentagem de sobrevivência neste ambiente. Com o início
do período chuvoso em dezembro/janeiro (Obs. pessoal), a sobrevivência das mudas
permaneceu quase estável, com poucas mudas mortas no período de janeiro a maio.
Entretanto, é necessário observar com cautela os resultados da Anova para a
porcentagem de sobrevivência, pois os fatores descritos anteriormente podem ter afetado os
resultados. Isso pode ser explicado pelo teste Tukey, pois não houve diferença significativa
entre os tratamentos a 5% de probabilidade.
1398
Tabela 1 - Médias da sobrevivência do pau rosa em plantios de terra-firme e capoeira,
analisados pelo Teste Tukey a 5% de probabilidade.
Outro fator que pode ter afetado a sobrevivência das mudas pode ter sido o ataque de
fungos e de herbivoria (Figura 2) que algumas repetições apresentavam, pois prejudicaram o
estabelecimento das mudas na fase inicial de campo, afetando seu desenvolvimento normal, e
podendo apresentar influência na sobrevivência das mudas em algumas propriedades.
A B
Figura 2 - Muda de pau rosa com possível ataque de fungos (A) e herbivoria (B) nos
ambiente de capoeira e em ambiente de floresta de terra firme, após 26 meses de plantio. Obs:
Ainda estão sendo feitos os testes para comprovação dos fungos nas mudas de pau-rosa. Foto:
Michell R. Blind.
4 CONCLUSÃO
A porcentagem de sobrevivência das mudas de pau rosa em clareiras no ambiente de
floresta de terra firme (51,33 %) e capoeira (47,67 %), indica que o prolongado período de
estiagem no ano de 2005 contribuiu para o elevado índice de mortalidade das mudas.
A sobrevivência tendeu a se estabilizar entre maio de 2006 e março de 2007, com
pequena variação na porcentagem de mudas vivas.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1399
A capoeira, após 24 meses de plantio, apresentou os melhores resultados da
sobrevivência (41% de mudas vivas) quando comparado à floresta (34,67%), porém sem
diferenças significativas.
Novos plantios devem ser feitos, porém proporcionando melhorias ao ambiente e aos
tratos culturais antes do plantio, como adubação, calagem do solo, aumento do tamanho da
cova e melhoria nas condições de luminosidade, sejam estes no ambiente de capoeira quanto
no ambiente de floresta de terra firme.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alencar, J. C. & Fernández, N. P. 1978. Desenvolvimento de árvores nativas em ensaios
de espécies. I. Pau-rosa (Aniba Ducke Kostermans). Acta Amazônica 8(4): 523-541.
Rosa, L. dos S.; Sá, T.D. de A.; Ohashi, S.T.; Barros, P. L.C. de; Silva, A.J.V. 1997.
Crescimento e sobrevivência de mudas de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) oriundas de
três procedências, em função de diferentes níveis de sombreamento, em condições de viveiro.
Boletim da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, 28: 37-62.
1400
EFEITOS DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA EMERGÊNCIA DE
PLÂNTULAS DE PINHÃO MANSO
RESUMO: O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma das oleaginosas mais promissoras
como matéria-prima para produção de biodiesel, porém há muito que se estudar sobre esta
espécie, iniciando pela preferência do substrato ideal para emergência de suas sementes. Com
isso, o objetivo desta pesquisa foi avaliar diferentes tipos de substratos para emergência de
plântulas de pinhão manso. O experimento foi conduzido em ambiente protegido, no
Laboratório de Análise de Sementes, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal
da Paraíba, em Areia - PB, com delineamento estatístico inteiramente ao acaso, constando de
seis tratamentos (100% terra vegetal, 100% areia, terra vegetal + areia 1:1, terra vegetal +
esterco bovino 1:1, areia + esterco bovino 1:1 e terra vegetal + esterco bovino + areia 1:1:1),
em quatro repetições de 25 sementes de pinhão manso. As variáveis avaliadas foram:
emergência, comprimento da raiz principal e da parte aérea das plântulas, massa seca das
raízes e da parte aérea das plântulas. Os dados foram submetidos à análise de variância e as
médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%. O substrato terra vegetal é o menos
recomendado com relação aos resultados de emergência de plântulas de pinhão manso. Com
relação aos demais testes de vigor, recomendam-se todos os substratos, exceto terra vegetal +
esterco e areia + esterco para o crescimento radicular dessa espécie.
1401
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) pertence à família das Euforbiáceas e é um
arbusto ou árvore com até quatro metros de altura, com folhas em forma de coração, flores
pequenas, amarelo-esverdeadas, cujo fruto é uma cápsula com três sementes escuras e lisas. A
amêndoa branca, contida na semente, é rica em óleo, o que faz dessa espécie uma das
oleaginosas mais promissoras, como fonte de matéria-prima para produção de biodiesel.
O substrato em que as sementes são semeadas é determinante para uma alta ou baixa
germinação, atuando como suporte físico, aonde as plântulas vão se fixar e se nutrir e também
fornecendo os atributos favoráveis à retomada do crescimento do eixo. Quanto mais a plântula
demora a emergir no solo, torna-se mais vulnerável às condições adversas do meio. Por isso, é
desejável uma germinação rápida e uniforme das sementes, seguida por imediata emergência
das plântulas (MARTINS et al.,1999).
Segundo Kanashiro (1999), o substrato pode ser formado de matéria-prima de origem
mineral, orgânica ou sintética, de um só material ou de diversos materiais em misturas, com
capacidade de reter água, porém tendo uma boa drenagem, ter leveza e possuir boa aeração.
Nem sempre os substratos utilizados possuem essas características, e isso irá influenciar
negativamente a produção de mudas e posteriormente a produção da matéria-prima requerida
de dada espécie.
Por isso, a escolha do substrato é uma das etapas mais importantes para a produção de
mudas, em que deve-se observar a disponibilidade do substrato na região e a eficiência do uso
do mesmo e da espécie a ser analisada, considerando algumas de suas características, tais
como: o tamanho das sementes, a necessidade de água e luz, a facilidade da contagem e a
avaliação das plântulas (SOUZA, 1983; POPINIGIS, 1985).
No que diz respeito a substratos orgânicos, o esterco animal é bastante utilizado para
produção de mudas de espécies frutíferas, não só por atenderem as necessidades dos vegetais,
como também por serem de baixo custo e, sobretudo por não serem poluentes e assim
contribuir para preservação do meio ambiente (BRASIL, 1999; SEDIYAMA et al., 2000).
Segundo Costa et al. (2002), a mistura de esterco animal com outros materiais, a exemplo da
vermiculita, reduz a densidade média da mistura, melhorando suas condições de aeração e
drenagem (GONÇALVES et al., 2000).
Não há muitos trabalhos com recomendação de substratos para a execução de testes de
vigor da cultura do pinhão manso, sendo objetivo deste trabalho testar diferentes de substratos
e sua influência no vigor das plântulas de pinhão manso.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1402
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em ambiente protegido, no Laboratório de Análise de
Sementes, do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal da Paraíba, em Areia -
PB.
Os tratamentos empregados constaram de seis diferentes substratos, sendo eles: 100%
terra vegetal; 100% areia; terra vegetal + areia 1:1; terra vegetal + esterco bovino 1:1; areia +
esterco bovino 1:1 e; terra vegetal + esterco bovino + areia 1:1:1.
A terra vegetal empregada apresentou as seguintes características químicas: pH em H2O
= 5,44; P = 6,33 mg dm-3; K = 24,39 mg dm-3; Ca2+ = 0,65 cmolc dm-3; Mg2+ = 0,80 cmolc
dm-3; Na = 0,00 cmolc dm-3; H+ + Al2+ = 2,31 cmolc dm-3; Al2+ = 0,15 cmolc dm-3; e matéria
orgânica = 10,67 g kg-1.
O esterco bovino utilizado apresentou as seguintes características químicas: N = 7,35 g
kg-1, S = 2,25 g kg-1, K = 4,37 g kg-1; P = 1,76 g kg-1; Ca2+ = 0,70 g kg-1; Mg2+ = 0,47 g kg-1;
Na = 543,21 mg kg-1, Fe = 111,78 mg kg-1, B = 19,15 mg kg-1 Mn = 86,88 mg kg-1, Zn = 24,3
mg kg-1, Cu = 1,24 mg kg-1.
Como testes de vigor foram utilizados os seguintes:
Emergência - foram utilizadas 100 sementes por tratamento, divididas em quatro sub-
amostras de 25, semeadas em bandejas plásticas (45,0 x 30,0 x 6,5 cm, respectivamente
CxLxE) perfuradas no fundo, contendo os substratos descritos acima. As contagens de
plântulas normais foram realizadas no décimo segundo dia do semeio e expressas em
porcentagem.
Comprimento da raiz principal e da parte aérea das plântulas - no final do teste de
emergência (doze dias após o semeio), as plântulas foram retiradas cuidadosamente dos
substratos e lavadas em água corrente. A raiz principal e a parte aérea das plântulas normais
de cada repetição foram medidas com o auxílio de uma régua graduada em centímetros, sendo
os resultados expressos em centímetro por plântula.
Massa seca das raízes e da parte aérea das plântulas - separou-se, com o auxílio de
tesoura, as raízes e a parte aérea das plântulas anteriormente medidas e as mesmas foram
submetidas à prévia secagem, em ambiente de laboratório, depois foram postas em envelopes
de papel e levadas à estufa de circulação de ar forçada, regulada a 65oC, até atingirem peso
constante.
1403
Delineamento estatístico - o delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao
acaso, constando de seis tratamentos, em quatro repetições de 25 sementes de pinhão manso.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de
Tukey, a 5%.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os dados da Figura 1, observa-se que o substrato terra vegetal utilizado
isoladamente, proporcionou as menores percentagens de emergência para as plântulas de
pinhão manso. Os demais substratos utilizados se destacaram com os maiores percentuais de
emergência, não diferindo entre eles pelo teste de Tukey a 5%. Esses resultados demonstram
que a terra vegetal, utilizada isoladamente, não favoreceu percentagens de emergência das
plântulas de pinhão manso acima de 50%. Resultados contrários foram encontrados por Braga
Júnior (2006) pesquisando o efeito de substratos na emergência de plântulas de Zizyphus
joazeiro Mart., onde o substrato terra vegetal foi um dos substratos que proporcionou os
maiores percentuais de emergência para aquela espécie. Já Linhares et al. (2005) observaram
que a utilização dos substratos areia lavada + esterco bovino, areia lavada + húmus de
minhoca, areia e vermiculita proporcionaram os melhores resultados de emergência das
plântulas de girassol (Helianthus annuus L.). Outros resultados em estudos com essências
florestais (Cassia siamea (Cássia), Dolonix regia (Flamboyant), Leucaena leucocephala
(Leucena), Mimosa caesalpiniafolia (Sabiá) e Enterolobium cotortosilicum (Tambor),
realizados por Lucena et al. (2004) verificaram que com a adição de esterco de gado ou de
minhoca ao substrato, aumenta a germinação das espécies supracitadas.
1404
100
80
Emergência (%)
60 a a
a a
a
40
b
20
0
TV AR TV+AR TV+EST AR+EST TV+AR+EST
Substrato
1405
20
16
Comprimento da raiz (cm)
a a
12 ab ab
bc
c
8
0
TV AR TV+AR TV+EST AR+EST TV+AR+EST
Substrato
Quanto aos dados médios do comprimento da parte aérea de plântulas de pinhão manso
em função do substrato (Figura 3.), os valores não diferiram entre si estatisticamente pelo
teste de Tukey a 5%. Sendo assim, verifica-se que a utilização de diferentes substratos não
influencia o crescimento da parte aérea de plântulas de pinhão manso. Em estudos com
jabuticaba (Myrciaria spp.), foram verificados por Alexandre et al. (2006) que o substrato
vermiculita propiciou o maior crescimento da parte aérea das plântulas.
Já Santos et al. (1994) observaram que o substrato areia, proporcionou maior
crescimento da parte aérea de plântulas de sabiá. Braga Júnior (2006) verificou maior
eficiência dos substratos terra vegetal + esterco bovino e areia lavada, no desenvolvimento da
parte aérea de plântulas de (Zizyphus joazeiro Mart.), provavelmente os referidos substratos
continham as condições adequadas para o crescimento inicial das plântulas dessa espécie.
1406
20
Comprimento da parte aérea (cm)
16
a
a a
12 a a
a
0
TV AR TV+AR TV+EST AR+EST TV+AR+EST
Substrato
Com relação aos dados dos conteúdos de massa seca da raiz, contidos na Figura 4,
verifica-se que não houve diferença significativa mediante a utilização dos diferentes
substratos. Desta forma, os substratos não exerceram influência nos conteúdos de massa seca
da raiz das plântulas de pinhão manso. Estudos conduzidos por Bezerra et. al. (2004)
concluíram que os maiores conteúdos de massa seca nas plântulas de moringa (Moringa
oleifera Lam.) foram obtidos quando suas sementes foram semeadas no substrato comercial
Plantmax®.
Para Nannetti e Souza, (1998) os substratos são meios onde se desenvolvem as raízes
das plantas, podendo ser formas comerciais de pronto uso, que podem ser acrescidos de
materiais como casca de arroz carbonizada, vermiculita, terra de barranco, húmus e outros,
maximizando o seu rendimento.
1407
0,06
0,05 a
a
Massa seca da raiz (g)
0,04 a
0,03 a a
a
0,02
0,01
0
TV AR TV+AR TV+EST AR+EST TV+AR+EST
Substrato
Assim como o obtido para os conteúdos de massa seca da raiz de plântulas de pinhão
manso, os substratos utilizados por esta pesquisa não apresentaram influência nos conteúdos
de massa seca da parte aérea das plântulas de pinhão manso.
Nas pesquisas de Iossi et al. (2003) o substrato esfagno foi o que propiciou o maior
conteúdo de massa seca da parte aérea das plântulas de Phoenix roebelenii O’Brien, e a
vermiculita apresentou o menor valor de conteúdo de massa seca da parte aérea das plântulas.
Gouzalez et. al. (2006) utilizando torta de mamona (Ricinus communis L.) em
substratos para a produção de mudas de tomate (Solanum lycopersicum L.), verificaram que o
substrato comercial (Plantmax®) foi superior ao substrato orgânico (70% de casca de arroz
carbonizado, 30% de húmus e 10g de farinha de osso), obtendo uma maior produção de massa
seca da parte aérea da planta.
1408
0,5
Massa seca da parte aérea (g)
0,4
a
a a a
0,3 a
a
0,2
0,1
0
TV AR TV+AR TV+EST AR+EST TV+AR+EST
Substrato
Figura 5 - Massa seca da parte aérea de plântulas de pinhão manso oriundas de sementes
semeadas em diferentes substratos.
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.
4 CONCLUSÃO
Para a emergência de plântulas de pinhão manso, o substrato terra vegetal é o menos
recomendado.
O crescimento e o acúmulo de massa seca das plântulas de pinhão manso não são
influenciados pelos substratos, à exceção dos substratos terra vegetal+esterco e areia +esterco,
que proporcionaram menor crescimento da raiz.
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, R. S. ; WAGNER JÚNIOR, A. ; NEGREIROS, J. R. S. ; BRUCKNER, C. H.
Estádio de maturação dos frutos e substratos na germinação de sementes e desenvolvimento
inicial de plântulas de jabuticabeira. Revista Brasileira de Agrociência, v. 12, n. 2, p. 229-
232, 2006.
1409
BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Lei dos crimes ambientais. Brasília,
Ministério do Meio ambiente. 1999. 38p.
IOSSI, E.; SADER, R.; PIVETTA, K.F.L.; BARBOSA, J.C. Efeitos de substratos e
temperaturas na germinação de sementes de tamareira-anã (Phoenix roebelenii O’Brien).
Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v.25, n.2, p.63-69, 2003.
LINHARES, P. C. F.; ABREU, W. B.; MENEZES NETTO, A. C.; SANTOS V. G.; SOUSA,
A. H.; MARACAJÁ, P. B. Substratos na emergência e no vigor de plântulas de girassol.
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NANNETTI, D.C.; SOUZA, R.J. de. A cultura do pimentão. Boletim Técnico, a.vii, n.28,
Lavras: UFLA. 1998, 52p.
1410
SEDIYAMA, M.A.N.; GARCIA, N.C.; VIDIGAL, S.M.; MATOS, A.T. Nutrientes em
compostos orgânicos de resíduos vegetais e dejetos de suínos. Scientia Agricola, Piracicaba,
v.57, n.1, p.185-189, 2000.
1411
INFLUÊNCIA DA REMOÇÃO DO TEGUMENTO E DA QUANTIDADE DE
ÁGUA NO SUBSTRATO SOBRE A GERMINAÇÃO E VIGOR DE
SEMENTES DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)
1412
1 INTRODUÇÃO
O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), vem se destacando como uma espécie
promissora para a produção de biocombustível. A semente é constituída por um tegumento,
denso e escuro, envolvendo o embrião, o qual é rico em um óleo inodoro que queima sem
emitir fumaça, (Saturnino et al., 2005). Além de ser uma espécie que se desenvolve bem em
regiões semi-áridas, onde predominam baixas precipitações.
Junto ao cultivo do pinhão-manso tem-se a carência de pesquisas para a busca de
informações técnicas sobre o seu processo de domesticação e o conhecimento das condições
adequadas para sua germinação como: dormência, quantidade de água, luz, temperatura e
oxigênio. Informações estas que ainda não estão contidas nas Regras para Análise de
Sementes (Brasil, 1992), causando discrepância entre os resultados de diferentes trabalhos.
As sementes requerem um nível adequado de hidratação, levando a retomada do
metabolismo e conseqüente crescimento do eixo embrionário, sendo que quanto maior a
quantidade de água disponível para as sementes, mais rápida será a absorção (Popinigis, 1985;
Carvalho & Nakagawa, 2000 e Albuquerque, 2000). A rehidratação das sementes sofre
influencia da permeabilidade do tegumento, temperatura, condições fisiológicas das sementes
e principalmente do tipo e grau de umidade do substrato. O substrato deve fornecer as
sementes condições ideais de aeração, estrutura, capacidade de retenção de água, sanidade e
outros. O substrato deve manter proporção adequada entre a disponibilidade de água e aeração
e não deve ser umedecido em excesso, para evitar que a película de água envolva
completamente a semente e diminua a entrada e absorção de oxigênio (Villagomez et al.,
1979.; Alves et al,. 2002.; Andrade et al.,2006). Portanto, a escolha do tipo de substrato deve
ser feita de acordo com as exigências da semente em relação ao seu tamanho e formato
(Brasil, 1992).
Para o pinhão-manso (Jatropha curcas L.), estão disponíveis na literatura somente
estudos relacionados às técnicas de plantio (Saturnino et al., 2005), entretanto, não existem
pesquisas abordando a influência da quantidade de água no substrato e remoção do tegumento
sobre a germinação das sementes.
Diante da carência de informações sobre as sementes desta espécie e tendo em vista sua
importância ecológica, bem como sua potencialidade econômica na região. O presente
trabalho foi conduzido para avaliar a germinação e vigor de sementes de Jatropha curcas L.
em função de diferentes graus de umidade do substrato e retirada do tegumento das sementes
1413
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes, do Núcleo de
Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (LAS-NCA/UFMG), no período
de 08 a 18, de novembro de 2006, com sementes de pinhão-manso (Jatropha curcas L.),
provenientes de plantas nativas do Norte de Minas Gerais.
Foram realizadas avaliações preliminares objetivando traçar o perfil de qualidade física
(grau de umidade e peso de mil sementes) e fisiológica (emergência e índice de velocidade de
emergência) das sementes de pinhão-manso utilizadas no experimento.
A determinação do grau de umidade foi realizado pelo método da estufa 105º± 3ºC
durante 24 horas, utilizando duas repetições para cada tratamento (com e sem tegumento),
conforme prescrições das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992), e os resultados
foram expressos em percentagem.
Para o peso de mil sementes foram utilizadas 8 repetições de 100 sementes, conforme
prescrições das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992), e os resultados foram
expressos em gramas (g).
O índice de velocidade de emergência foi conduzido conjuntamente com o de
emergência, utilizando duas amostras (com e sem tegumento), com quatro repetições de 25
sementes de pinhão-manso, colocadas em condição de casa de vegetação, semeadas em leito
de areia. O substrato foi umedecido com água e as regas foram realizadas para manutenção da
umidade suficiente até o final do experimento onde se avaliou o índice de velocidade de
emergência (IVE) e emergência final (E). A velocidade de emergência foi determinada
anotando-se diariamente o número de plântulas emergidas (cotilédones acima do substrato)
até a completa estabilização do estande. O índice de velocidade de emergência foi
estabelecido segundo critérios de Maguirre (1962).
Os tratamentos foram instalados em germinador de sementes modelo Mandelsdorf sob
regime de luz natural na temperatura constante de 30ºC. O delineamento experimental
adotado foi o delineamento inteiramente casualizado em um esquema fatorial 2 x 4 (2 – com e
sem tegumento e 4 - umidades de substrato). A semeadura foi realizada em rolo de papel
germitest no sistema rolo, umedecidos com volumes de água (mL) equivalentes a 2,0; 2,5; 3,0
e 3,5 vezes o peso do papel (g). As quantidades de água estão de acordo com a tabela 1.
1414
Tabela 1 - Quantidade de água usada em relação ao peso do papel.
Tratamentos Peso do papel (g) Volume de água (mL)
2,0 221,5 443,00
2,5 215,1 537,75
3,0 235,9 707,70
3,5 215,8 755,30
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da determinação do grau de umidade das sementes, do peso de mil
sementes e dos testes de emergência e de índice de velocidade de emergência, realizados para
caracterização da qualidade física e fisiológica das sementes de pinhão-manso estão
apresentados na Tabela 2.
1415
resultado significativo para as interações. Sendo também significativo o tipo de sementes
(com e sem tegumento), sendo as menores porcentagens de germinação obtidas com a retirada
do tegumento.
Já as quantidades de água no substrato não influenciaram no desempenho das sementes
de pinhão-manso ao nível de 5% de probabilidade sob condições do estudo (Tabela 3). Estes
resultados corroboram com os mencionados por Tanaka et al. (1991) para amendoim (Arachis
hypogaea), onde se descreve que as quantidades de água no substrato não influenciam
significativamente nas porcentagens de germinação.
No que se refere às interações obtidas nas variáveis (Tabela 4, 5 e 6), foram observados
que não houve efeito significativo para as quantidades de água no substrato. Com relação ao
tegumento quando se retira o tegumento da semente tendo as quantidades de água de 2,0 e 2,5
vezes o peso do papel se torna prejudicial ao processo germinativo das sementes de pinhão-
manso. Na medida que se aumenta as quantidades de água para 3,0 e 3,5 vezes o peso do
papel na ausência do tegumento não há diferenças significativa entre os tratamentos, o mesmo
não ocorre para as sementes com tegumento apresentando uma tendência inversa, nota-se em
valores absolutos a inferioridade do desempenho das sementes com tegumento germinadas no
substrato umedecidos com 3,0 e 3,5 vezes o peso do papel. Mas ao compará-los com os
tratamentos com tegumento e umidades de 2,0 e 2,5 vezes o peso do papel mesmo não
havendo diferença significativa suas porcentagens de germinação foram menores. Tanaka et
al. (1991), com amendoim (Arachis hypogaea), observaram maior porcentagem de plântulas
anormais em tratamentos com volumes de água correspondentes a 1,5 e 3,0 vezes o peso do
1416
papel, bem como Menezes et al. (1993) com sementes de pepino, melão e melancia usando
3,0 vezes o peso do substrato. Segundo Marcos-Filho et al., (1987), o excesso de água no
substrato proporciona prejuízos à respiração, causando atraso ou paralisação do
desenvolvimento e, por conseqüente, anormalidades nas plântulas.
1417
Tabela 6 - Médias do índice de velocidade de germinação (ivg) de sementes de pinhão-manso
com e sem tegumento submetidas a quatro umidades de substrato.
Tegumento Umidade do substrato
2,0 2,5 3,0 3,5
Com tegumento 4,69 a a 5,365 a a 4,60 a a 4,32 a a
4 CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos podemos concluir que:
Sementes de pinhão-manso com tegumento apresentam maior percentual de
germinação, quando comparadas com aquelas sem tegumento;
Sementes de pinhão-manso apresentam melhor desempenho quando o substrato é
umidecido com volume de água (mL) equivalente a 2,5 vezes o peso do papel germitest (g),
ocorrendo a redução da germinação e vigor quando o substrato é umidecido para valores
superiores a este, provavelmente devido a deficiência de oxigênio, provocado pelo excesso de
água;
A retirada do tegumento afeta negativamente a germinação e vigor das sementes, que
apresentam melhor desempenho quando o substrato é umidecido com volumes de água (mL)
1418
equivalentes a 3,0 e 3,5 vezes o peso de papel germitest (g), ocorrendo a redução da
germinação e vigor quando o substrato é umidecido para valores inferiores a estes.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, M. C. DE F. E.; RODRIGUES, T. DE J. D.; MENDONÇA, E E. A.F.
Absorção de água por sementes de crotalaria spectabilis roth determinada em diferentes
temperaturas e disponibilidade hídrica. Revista Brasileira de Sementes, vol. 22, nº 1, p.206-
215, 2000.
MARCOS-FILHO, J.; CICERO, S.M. & SILVA, W.R. Avaliação da qualidade fisiológica
das sementes. Piracicaba: FEALQ, 1987. 230p.
1419
SATURNINO, H.M.;PACHECO, D.D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N.P.
Cultura do pinhão-manso (Jatrofa curcas L. ). Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.26,
n. 229, p. 44-78, 2005.
1420
TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE
MAMONA CULTIVAR BRS ENERGIA
1421
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.), também conhecida como carrapateira ou rícino,
pertencente à família Euphorbiaceae, é originária da Ásia Meridional de onde se espalhou por
quase todo o mundo, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais. Em vários países é
cultivada para a extração do óleo das suas sementes, cujo principal emprego se dá na
lubrificação de motores de alta rotação, como é o caso dos motores de avião.
O óleo de rícino é usado, também, como purgativo, na fabricação de tinta, verniz e
plástico, enquanto a torta, subproduto da extração do óleo é empregado como adubo orgânico,
apresentando também efeito rematicida. Apesar da alta toxicidade das sementes, o óleo de
rícino não é tóxico, visto que a ricina, proteína tóxica das sementes, não é solúvel em lipídios,
ficando todo o componente tóxico restrito à torta (SCAVONE-PANIZZA, 1980; GAILARD e
PEPIN, 1999; SAVY FILHO, 2001; ROCHA, 2004).
A cultura se apresenta como alternativa de relevante importância econômica e social,
pois dadas as suas características, é capaz de produzir satisfatoriamente bem até sob
condições de baixa precipitação pluvial, sobressaindo-se também como alternativa para o
semi-árido nordestino, onde a cultura, mesmo tendo sua produtividade afetada, tem-se
mostrado resistente ao clima adverso servindo como alternativas de trabalho e de renda para o
agricultor da região (VIEIRA e LIMA, 2003).
A utilização de sementes de alta qualidade constitui a base para elevação da
produtividade agrícola, o componente fisiológico da qualidade de sementes tem sido objeto de
inúmeras pesquisas, em decorrência das sementes estarem sujeitas a uma série de mudanças
degenerativas após a sua maturidade. No entanto, verifica-se a escassez de pesquisas
direcionadas à avaliação da qualidade fisiológica de sementes de espécies oleaginosas,
incluindo-se a mamona. A qualidade fisiológica das sementes tem sido caracterizada pela
germinação e pelo vigor. Vigor de sementes pode ser definido como a soma de atributos que
conferem à semente o potencial para germinar, emergir e resultar rapidamente em plântulas
normais sob ampla diversidade de condições ambientais. Dessa forma, o objetivo básico dos
testes de vigor é identificar diferenças importantes no potencial fisiológico de lotes de
sementes, especialmente daqueles que apresentam poder germinativo elevado e semelhante
(MARCOS FILHO, 1999b).
O teste de envelhecimento acelerado tem sido um dos testes de vigor mais utilizados
devido a sua aplicabilidade para sementes de diversas culturas (McDONALD, 1995). Embora
o teste de envelhecimento acelerado já tinha sido padronizado para várias espécies, ainda há
1422
vários estudos em andamento com o objetivo de aprimorar sua metodologia (MARCOS
FILHO, 1999a). Nesse teste, as sementes são submetidas à temperatura e umidade relativa
elevadas por período relativamente curto, sendo, em seguida, colocadas para germinar. Lotes
de sementes de alto vigor devem manter sua viabilidade quando submetidos a tais condições,
enquanto que os de baixo vigor terão sua viabilidade reduzida (AOSA, 1983).
O teste de envelhecimento acelerado foi originalmente desenvolvido para determinar o
potencial de armazenamento das sementes. No entanto, além de estudos nesse sentido,
também têm sido realizados trabalhos para verificar sua eficiência na avaliação do potencial
de emergência das plântulas em campo. Por exemplo, Piana et al. (1995) verificaram que os
resultados dos testes de envelhecimento acelerado e de frio foram os que apresentaram relação
mais estreita com a emergência das plântulas de cebola (Allium cepa L.) em campo e com a
obtenção de mudas vigorosas.
Pesquisas conduzidas com cebola (PIANA et al., 1995), cenoura (Daucus carota L.)
(SPINOLA et al., 1998), tomate (Lycopersicum esculenta L.) (RODO et al., 1998) e brócolos
(Brassica oleracea) (MELLO et al., 1999) revelaram que o teste de envelhecimento acelerado
foi capaz de detectar diferenças no vigor de sementes dessas espécies. Vários fatores afetam o
comportamento das sementes submetidas ao teste, sendo o binômio temperatura e período de
envelhecimento o mais estudado. O teste de envelhecimento acelerado pode ser conduzido
com temperaturas entre 41 e 45ºC, sendo que mais recentemente a maioria dos trabalhos
indica o uso de 41ºC (MARCOS FILHO, 1999b). No entanto, Menezes e Nascimento (1988)
constataram que a temperatura de 37ºC e o período de 72 horas foram os mais eficientes para
avaliação do vigor de sementes de ervilha (Pisum sativum L.).
Para a maioria das oleaginosas o teste de envelhecimento acelerado pode apresentar
certas limitações, como a desuniformidade de absorção de água entre as amostras, o que pode
resultar em deterioração diferenciada, comprometendo os resultados pós-envelhecimento.
Visando minimizar esse problema, Jianhua e McDonald (1996) propuseram a substituição de
água por soluções saturadas de sais, durante a condução do teste; com esse procedimento, há
redução da umidade relativa do ambiente, retardando assim a absorção de água pelas
sementes.
Tendo em vista a carência de estudos sobre procedimentos adequados para avaliação do
vigor de sementes de mamona, objetivou-se verificar a eficiência do teste de envelhecimento
acelerado para determinação do potencial fisiológico dessas sementes.
1423
2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de
Fitotecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia – PB.
Foram utilizadas sementes básicas de mamona da cultivar BRS Energia, representadas por
quatro lotes de sementes, produzidos no ano de 2007, submetidos aos seguintes determinação
e testes:
Determinação do teor de água – nas sementes antes e após o teste de envelhecimento
acelerado foram determinadas os teores de água adotando-se o método de estufa a 105±3°C
durante 24 horas, utilizando-se quatro subamostras de 5 g para cada lote (Brasil, 1992). Os
resultados foram expressos em porcentagem de base úmida.
Germinação – foi conduzida com quatro repetições de 50 sementes, em rolo de papel
germitest, umedecido com água, na proporção de 2,5 vezes o peso do papel seco, a 20°C.
Foram realizadas contagens aos cinco (primeira contagem) e décimo quarto dias após a
instalação do teste, conforme critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes
(BRASIL, 1992). Computaram-se as porcentagens médias de plântulas normais para cada
lote, nas duas contagens.
Comprimento de raiz - determinado após o teste de germinação, onde as raízes foram
medidas com auxílio de régua graduada em centímetros. O comprimento da raiz foi calculado
segundo o procedimento citado por Nakagawa (1999).
Envelhecimento acelerado - utilizou-se o procedimento proposto pela AOSA (1983) e
descrito por Marcos Filho (1999a). Foram distribuídas 250 sementes sobre uma tela de
alumínio, fixada em caixa plástica tipo “gerbox”, contendo 40 mL de água. As caixas, com as
sementes, foram fechadas e mantidas a 40 ºC por 24, 48 e 72 horas. Ao término de cada
período, as sementes foram submetidas a determinação do teor de água e ao teste de
germinação descritos anteriormente. O teste de envelhecimento acelerado foi também
realizado utilizando-se o procedimento proposto por Jianhua e McDonald (1996),
substituindo-se os 40 mL de água adicionados em cada compartimento individual por igual
quantidade de solução saturada de NaCl (40g de NaCl/100mL de água).
Emergência de plântulas - foram utilizadas 100 sementes, divididas em quatro sub-
amostras de 25, semeadas em bandejas plásticas (45,0 x 30,0 x 6,5 cm, respectivamente
CxLxE) perfuradas no fundo, contendo areia lavada. As contagens de plântulas normais foram
realizadas no oitavo dia do semeio e expressas em porcentagem;
1424
Delineamento estatístico - o experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado, com quatro repetições, utilizando o Sistema para Análise Estatística SAEG
(2000). Os dados em porcentagem foram transformados em arco seno X / 100 . Os dados em
centímetro e grama foram submetidos à análise de variância, com a comparação de médias
realizada pelo teste de Tukey a 5%.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos na caracterização inicial da qualidade fisiológica dos lotes de
sementes estão apresentados na Tabela 1. Foram verificadas diferenças no percentual de
germinação no lote 3 em relação aos demais lotes. Para a primeira contagem de germinação, o
lote 2 apresentou-se o mais vigoroso, e quando o vigor foi avaliado pelo comprimento de raiz,
os lotes 1, 2, 3 não apresentaram diferenças significativas entre si, exibindo maiores
comprimentos de raiz. Na emergência de plântulas, o lote 2 foi o que apresentou os maiores
percentuais, justificando-se assim a utilização de testes de vigor nesses lotes. Uma das
finalidades dos testes de vigor é revelar diferenças na qualidade fisiológica, que não são
detectadas no teste de germinação (MARCOS FILHO, 1999b).
Tabela 1 - Valores médios obtidos nos testes de germinação (TG), primeira contagem de
germinação (PCG), comprimento de raiz (CR) e emergência de plântulas (EP), em quatro
lotes de sementes de mamona.
Lotes TG (%) PCG (%) CR EP (%)
1 90 b 72 c 2,70 a 85 b
2 89 b 79 a 2,71 a 93 a
3 94 a 76 b 2,62 a 78 c
4 91 b 73 c 2,28 b 68 d
CV (%) 1,33 1,16 4,04 1,55
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
1425
Tabela 2 - Teor de água (%) obtido de quatro lotes de sementes de mamona BRS-Energia
submetidas a diferentes períodos em câmara de envelhecimento acelerado contendo água e
solução de NaCl.
1 16,85 c A 10,65 a B
24 2 21,30 a A 12,60 a B
3 18,60 bc A 11,45 a B
4 20,00 ab A 12,40 a B
1 25,40 a A 12,25 a B
48 2 25,40 a A 14,28 a B
3 24,50 a A 13,70 a B
4 20,70 b A 13,50 a B
1 29,40 a A 15,25 a B
72 2 29,20 a A 15,70 a B
3 29,30 a A 15,30 a B
4 30,90 a A 15,20 a B
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% pelo teste de
Tukey.
1426
distinto, há variação acentuada na velocidade de umedecimento e, certamente, diferença na
intensidade de deterioração.
Com relação à germinação de sementes e emergência de plântulas, as sementes mais
úmidas, dentro de certos limites, germinam mais rapidamente. Os teores de água das sementes
dos lotes estudados não variaram muito, podendo ser comparados entre si (Tabela 1).
Observa-se que as sementes de mamona envelhecidas pelo método tradicional
apresentaram acréscimos no teor de água nas sementes, à medida que os períodos de
envelhecimento aumentaram, sendo esse incremento mais acentuado após 24 horas de
envelhecimento (Tabela 2). A partir deste período, o teor de água nas sementes houve
aumento, porém em proporções menores, e diferenciadas dependendo do lote. Ainda na
Tabela 2, verifica-se que com a utilização de solução saturada de NaCl, obteve-se valores de
teor de água inferiores aos observados para as sementes envelhecidas pelo método tradicional.
Observa-se, na Tabela 3, que, à semelhança do que ocorreu no teste de emergência das
plântulas, as sementes de mamona do lote 4, submetidas ao teste de envelhecimento
tradicional por 24 horas, apresentaram qualidade fisiológica inferior às sementes dos demais
lotes. O período de 48 horas de exposição das sementes, no teste tradicional, não separou os
lotes quanto ao vigor, apresentando, mesma tendência dos resultados obtidos no teste de
germinação e nos testes de primeira contagem e comprimento de raiz (Tabela 1).
O estresse provocado pelo período de envelhecimento por 72 horas no método
tradicional foi altamente drástico às sementes, levando-as à última conseqüência do processo
deteriorativo, a perda total da capacidade germinativa. Ramos et al. (2004) constataram que o
estresse provocado pelo teste de envelhecimento acelerado tradicional a 45ºC por 48 horas foi
suficiente para ocasionar a morte de sementes de rúcula. Esse efeito provavelmente deve-se
ao alto teor de água atingido pelas sementes após o envelhecimento com o uso dessa
temperatura. Além disso, foi observada alta quantidade de fungos ao término desse período de
envelhecimento, o que não foi observado nos diferentes períodos de exposição no
envelhecimento modificado (com solução saturada de NaCl). Segundo Jianhua e McDonald
(1996) e Rodo et al. (2000) essa seria uma das justificativas para utilização de solução
saturada com NaCl, uma vez que esse procedimento proporciona baixa umidade relativa do
ar, desfavorecendo o desenvolvimento de fungos e minimizando os efeitos desses
microrganismos associados às sementes sobre os resultados do teste de envelhecimento
acelerado. À semelhança do que ocorreu no teste de emergência das plântulas, observa-se que,
pelos resultados obtidos no teste de envelhecimento acelerado modificado durante 24 horas,
as sementes do lote 4 apresentaram desempenho inferior em relação aos dos demais lotes,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1427
embora não tenha diferido das sementes do lote 3 (Tabela 3). Verifica se também que, o
período de 48 horas permitiu estratificar os diferentes lotes em função do vigor das sementes.
Assim, observa-se uma classificação em sementes de baixo (lote 4) e (lote 3), médio (lote 2) e
alto vigor (lote 1), pelos resultados obtidos no teste de envelhecimento acelerado modificado
por 48 horas.
Tabela 3 - Valores médios (%) obtidos no teste de envelhecimento acelerado tradicional (água) e
com solução saturada de NaCl, em quatro lotes de sementes de mamona.
1 81 a B 86 a A
24 2 79 a A 80 b A
3 71 b A 73 c A
4 65 b B 73 c A
1 61 a B 87 a A
48 2 61 a B 79 b A
3 59 a B 71 c A
4 55 a B 69 c A
1 0aB 74 a A
72 2 0aB 69 a A
3 0aB 60 b A
4 0aB 55 b A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% pelo teste de Tukey.
1428
potencial fisiológico das sementes de amendoim. Maior eficiência do teste de envelhecimento
acelerado com uso de solução saturada de sal na classificação de sementes com diferentes
níveis de vigor também foi observado em sementes de pimentão (PANOBIANCO e
MARCOS FILHO, 1998), cenoura (RODO et al., 2000), melão (TORRES e MARCOS
FILHO, 2003) e pimenta malagueta (TORRES, 2005).
4 CONCLUSÃO
O teste de envelhecimento acelerado tradicional a partir de 72 horas provoca a morte
das sementes de mamona e, para o uso da solução salina, são necessários mais estudos para
ser indicado como um teste de vigor em sementes de mamona BRS-Energia.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BEWLEY, J.D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. 2. ed. New
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analytical determination of main toxins by higherperformance liquid chromatography-
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GIORDANO, L.B.; PEREIRA, W.; LOPES, J.F. Cultivo da lentilha. Brasília: EMBRAPA/
CNPH, 1988. 3p. (Instruções Técnicas, 9).
JIANHUA, Z.; McDONALD, M.B. The saturated salt accelerated aging for small-seeded
crops. Seed Science and Technology, Zürich, v.25, n.1, p.123-131, 1996.
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McDONALD, M.B. Standardization of seed vigour tests. In: CONGRESS OF THE
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Proceedings... Zürich, CH-Switzerland: ISTA, 1995. p.88-97.
SCAVONE, O.; PANIZZA, S. Plantas tóxicas. São Paulo: CODAC-USP, 1980. 230p.
1430
SPINOLA, M.C.M.; CALIARI, M.F.; MARTINS, L.; TESSARIOLI NETO, J. Comparação
entre métodos para avaliação do vigor de sementes de cenoura. Revista Brasileira de
Sementes, Brasília, v.20, n.2, p.301-305, 1998.
TORRES, S.B.; MARCOS FILHO, J. Accelerated aging of melon seeds. Scientia Agricola,
Piracicaba, v.60, n.1, p.77-82, 2003.
VIEIRA, R.F.; VIEIRA, C.; VIEIRA, R.F. Leguminosas graníferas. Viçosa: UFV, 2001.
206p.
1431
MATOINTERFERÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA
MAMONA UTILIZANDO A CULTIVAR SAVANA
1432
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.), pertencente à família Europhorbiacae, engloba
grande número de plantas nativas da região tropical, possível origem no continente Africano.
É uma planta de hábito arbustivo, com diversas colorações de caule, folhas e racemos. Seus
frutos possuem espinho e não oferecem resistência mecânica. As sementes apresentam
diferentes tamanhos, formatos e grande variabilidade de coloração, sendo uma fonte
praticamente pura de ácido ricinoléico. Esse ácido apresenta ampla gama de aplicações
industriais, podendo também ser utilizado como fonte alternativa de combustível na
fabricação do biodiesel, o que torna a cultura importante sob o ponto de vista econômico e
estratégico para o Brasil (SAVY FILHO, 1998).
O óleo de mamona tem mais de 700 aplicações, como a fabricação de cosméticos,
perfumaria, muitos tipos de drogas farmacêuticas, corantes, anilinas, desinfetantes,
germicidas, óleos lubrificantes de baixa temperatura, base para fungicidas e inseticidas, na
elaboração de próteses, aditivos do querosene em tanques de aviões e foguetes, dentre muitas
outras (BELTRÃO, et al.; 2001).
As plantas daninhas concorrem com as cultivadas por água, nutrientes, luz e CO2, sendo
recomendada a eliminação dessas espécies em momento oportuno para a otimização da
produção agrícola. Evidentemente a planta daninha sempre leva vantagem porque é mais apta
que a planta da cultura no aproveitamento dos fatores de crescimento. Ao longo da história da
humanidade, as plantas daninhas têm sido um grande problema para a agricultura, pois
reduzem a produtividade e a qualidade e gera custos adicionais. No decorrer da evolução a
natureza imprimiu às plantas daninhas uma seleção no sentido de torná-las cada vez mais
eficientes quanto à sobrevivência, adquirindo-se grande agressividade competitiva, grande
produção de sementes, facilidade de dispersão das sementes e grande longevidade das
sementes (LORENZI, 2000).
O período de convivência entre plantas daninhas e culturas influencia
consideravelmente a intensidade de interferência, dependendo da duração e época de
ocorrência. Os fatores que afetam o grau de interferência entre plantas daninhas e culturas
dependem de fatores ligados a própria cultura, à comunidade infestante, às condições
específicas em que ocorre a associação cultura/comunidade infestante e extensão em que
ocorreu a associação (PITELLI, 1985 ).
A vegetação de plantas infestantes estabelece um período realmente crítico denominado
período crítico de prevenção da interferência (PCPI). As espécies daninhas que se instalarem
1433
após esse período não interferirão de maneira a reduzir a produtividade da planta cultivada.
Após o término dessa fase, a cultura apresenta capacidade de controlar as plantas daninhas,
em função da cobertura do solo, esse período é denominado período total de prevenção da
interferência (PTPI), o qual corresponde à fase em que as práticas de controle deveriam ser
efetivamente adotadas (PITELLI & DURIGAN, 1984).
O objetivo deste experimento foi avaliar os períodos de interferência de plantas
daninhas na cultura da mamona utilizando a cultivar Savana, no período de safrinha nas
condições locais de Cassilândia – MS.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi instalado no campus experimental da Universidade Estadual
de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Cassilândia (UEMS/UUC) em Cassilândia-
MS UEMS/UUC (19o06’48” S; 51o44’03” W - 470m de altitude), no período compreendido
de março a julho de 2006. As plantas de mamoneira (Ricinus commuris L.) foram do Híbrido
comercial Savana, selecionado para condições de Cerrado, cujas características principais são:
porte baixo, precocidade, não deiscência e adequação à colheita mecânica.
O delineamento experimental foi em blocos inteiramente casualizados, com quatro
repetições. Os tratamentos foram realizados nas seguintes datas: 14/04; 28/04; 12/05; 26/05;
09/06; 07/07 de 2006, onde no primeiro grupo de tratamentos a cultura foi mantida na
presença da comunidade infestante por períodos iniciais crescentes de 14, 28, 42, 56, 70, 98
dias após a emergência (DAE) da mamona, considerados os tratamentos “no mato”. No
segundo conjunto de tratamentos, a cultura foi mantida livre das plantas daninhas pelos
mesmos períodos (“no limpo”) e as espécies emergidas após esses intervalos não foram
controladas até o final do ciclo. As parcelas foram mantidas livres da competição por meio de
capinas manuais (realizadas com enxadas) em cada período de convivência.
As sementes foram semeadas num espaçamento 0.90m nas entrelinhas, cultivados em
solo classificado como Neossolo Quartzarênico. A adubação utilizada na semeadura foi a base
de NPK, de acordo com as características químicas do solo exemplificadas na análise da
Tabela 1. Não foi necessário realizar a distribuição de sementes de plantas daninhas, pois o
banco de sementes da área do experimento foi suficiente em quantidade como em variedades
de plantas daninhas para a execução do experimento.
1434
Tabela 1 – Análise química do solo, para a camada de 0-20 cm, da área experimental.
Cassilândia-MS, 2006.
pH M.O. P H+Al K Ca Mg SB CTC V
CaCl2 g/kg mg/dm³ mmolc/dm³ %
4,8 17,58 3,78 21,91 1,23 12,6 5,2 19,0 41 46
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na área experimental foi observada a presença de 14 espécies, porém as plantas
daninhas predominantes foram o carrapicho (Cenchrus echinatus L.), malva-branca (Sida
cordifolia L.), malva vermelha (Croton glandulosus L), guaxuma (Sida santaremnensis H.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1435
Monteiro), beldroega (Portulaca oleracea L.) e capim colchão (Digitaria horizontalis. Willd);
em maior intensidade, e em menor intensidade: carrapichinho (Acanthospermum australe.
(Loefl) Kuntze), braquiária (Brachiaria brizantha), junquinho (Gyperus ferax. Rich),
agriãozinho (Synedrellopsis grisebachii. Hieron), poaia branca (Richardia Brasiliensis.
Gomes), carrapichão (Triumfetta bartramia L.), barbicha-de-alemão (Eragrostis pilosa (L.) P.
Beaurv), caruru (Amaranthus deflexus L.). Na Tabela 3 observa-se um aumento acúmulo da
biomassa de plantas daninhas com o aumento do período de convivência das plantas daninhas
com a cultura de mamona.
Tabela 3 – Biomassa seca de plantas daninhas coletadas nos tratamentos do grupo “no mato”;
Cassilândia-MS, 2006.
Biomassa Seca de Plantas Daninhas
Tratamentos Biomassa (gr/0,25m²) (gr./m²)
0-14 1,9925 7,97
0-28 7,7175 30,87
0-42 14,8125 59,25
0-56 17,0425 68,17
0-70 28,86 115,44
0-98 42,075 168,3
1436
Tabela 4 – Produtividades médias dos tratamentos de períodos de convivência da cultura da
mamona com a comunidade infestante. Cassilândia – MS, 2006.
Produtividade (kg.ha-1)
Tratamentos
Grupo com controle Grupo sem controle
0-14 198,25 201,75
0-28 138,00 235,00
0-42 153,25 170,50
0-56 198,50 199,00
0-70 147,75 251,25
0-98 138,50 195,25
F tratamento 0,540 ns
F bloco 1,086 ns
DMS1 248,00
CV % 53,82
ns
não significativo no nível de 5 % de probabilidade pelo Teste F.1 Diferença mínima significativa pelo Teste de
Tukey no nível de 5% de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
Nas condições em que foram conduzidos o experimento, conclui-se a não recomendação
do cultivo da mamona não irrigado, com a cultivar Savana, na região de Cassilândia-MS com
plantio em março.
5 AGRADECIMENTOS
Ao PIBIC/UEMS pelo financiamento desta pesquisa e pela concessão da Bolsa de
Pesquisa de Iniciação Científica ao aluno Ronny Clayton Smarsi.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. de M.; SILVA, L. C.; VASCONCELOS, O. L.; AZEVEDO, D. M. P de;
VIEIRA, D.J. Fitologia. In: AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.L. (Ed.). O agronegócio da
mamona no Brasil, Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2001. p.37-61.
1437
LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas/ ed.3.
Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, p.22-29. 2000.
OLIVER, L.R. Principles of weed threshold research. Weed Technology, v. 15, n.4, 1988.
p.398-403.
SAVY FILHO, A. & BANZATTO, N. V.; Mamona. In: Instituto Agronômico (Campinas).
Instruções Agrícolas para o Estado de São Paulo. Ed.4. Campinas, 1987. p.132-133.
(Boletim, 200).
1438
PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE SOJA EM SISTEMAS DE
CULTIVO COM MILHO
1439
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é atualmente o segundo maior produtor mundial de soja, superado apenas pelos
Estados Unidos. Entretanto, segundo previsões do Ministério da Agricultura, Pecuária e do
Abastecimento (MAPA, 2006) há previsão da soja brasileira superar o produto americano,
tanto em produção quanto em exportação. Para que os produtores brasileiros alcançassem
expressão mundial nesta importante leguminosa, foi empregado grande investimento em
pesquisa e em tecnologia, já que a soja é oriunda de clima temperado, do continente asiático.
No Nordeste Brasileiro é bastante comum duas ou mais culturas comerciais utilizando
de uma mesma área, em cultivos sucessivos ou na mesma época. Desta forma, o consórcio
proporciona ao produtor maior possibilidade de sucesso, por ocasião da alteração climática ou
de baixo valor de mercado de um dos produtos. A soja consorciada com o milho para
consumo verde, pode ser uma alternativa de mercado para os produtores, conciliando num
mesmo espaço produtos com concentração em carboidrato e proteína. Entretanto, o que se
observa na literatura com as duas culturas é o emprego do consórcio para atender à
alimentação de animais ou como prática em projetos de conservação e melhoria física e
química do solo.
Em função da crescente demanda por alimentos, a agricultura moderna necessita de
cultivares que, além de rendimento médio satisfatório, manifestem conveniente sensibilidade
de resposta às variações ambientais e a competição estabelecida com outras culturas de
interesse alimentar, num mesmo espaço. Desta forma, o consórcio, prática muito utilizada nas
propriedades agrícolas, encontra-se na dependência direta das culturas envolvidas, havendo a
necessidade de uma complementação entre ambas, para que esse sistema seja mais vantajoso
em relação ao monocultivo (SILVA et al., 2000).
As vantagens de se produzir soja em consórcio, usando baixos aportes em nitrogênio
mineral e obtenção de rendimentos e qualidade nutricional para o Nordeste não são citados na
literatura especializada, o que torna necessário estudos sobre à cultivar de soja mais adequada
para cultivo nesta região. Desta forma, objetivaram-se obter informações sobre a
produtividade, concentrações de proteína e óleo de cultivares soja, obtidas em sistemas de
cultivo com milho.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi conduzida no CCA/UFPB, Campus II, Areia-PB, de setembro/2005 a
janeiro/2006. Os tratamentos foram distribuídos em delineamento de blocos ao acaso, em
1440
esquema de parcela sub-subdividida (2 x 3), sendo dois sistemas de cultivo (consórcio com
milho AG 1051 e solteiro) e três cultivares de soja (Pati, JLM 004 e Pirarara), inoculadas com
(Bradyrhizobium japonicum) e ( B. elkanii), com quatro repetições.
O consórcio foi conduzido em uma faixa de quatro linhas da leguminosa (12 sementes
por metro linear), entre duas faixas de duas linhas de milho (cinco sementes por metro linear),
com espaçamento entre linhas de 0,50 m para soja e, entre culturas, de 0,50 m. No sistema de
cultivo solteiro as sementes das duas culturas foram distribuídas em seis linhas cada, com o
espaçamento entre linhas para o milho de 1,0 m e para soja de 0,50 m.
Mediu-se a produtividade das cultivares de soja (t ha-1) e o rendimento das culturas
consortes, por meio do índice de equivalência de área (PEREIRA FILHO, 1997); a
composição nutricional das sementes verdes foi realizada no Laboratório de Biomassa, do
Departamento de Zootecnia (CCA/UFPB), de acordo com Silva e Queiroz (2002), para
concentração em proteína e óleo, dado em percentagem.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo Teste de
Tukey, a 5% de probabilidade. Na análise estatística dos dados empregou-se o software
SAEG 5.0, da Fundação Artur Bernard (RIBEIRO JUNIOR, 2001).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância apresentou efeito significativo para as variáveis estudadas, a 5%
de probabilidade, pelo teste f.
Analisando-se os sistemas de cultivo, foi constatada diferença estatística para a
produção de vagens, obtidas no sistema de cultivo solteiro sobre o de consórcio, nas cultivares
Pati e Pirarara, sem ocorrer diferença estatística entre os sistemas com a cultivar JLM 004
(Tabela 1).
Na comparação das cultivares, as plantas da cultivar JLM 004 produziram menores
resultados, tanto quando cultivado em consórcio (6,23 t ha-1), como solteiro (8,78 t ha-1). As
plantas das cultivares Pati e Pirarara foram mais produtivas (17,38 e 17,35 t ha-1) que as da
JLM 004 (8,78 t ha-1), em sistema solteiro. Da mesma forma, Costa et al. (2005) obtiveram
produtividade de vagens verdes de 13,20 t ha-1 para a cultivar JLM 004, o qual superou o
genótipo JLM 001 (1,94 t ha-1), nas condições de Montes Claro-MG.
1441
Tabela 1 - Produtividade de vagens colhidas no estádio R6 de cultivares de soja, obtida de
sistemas de cultivo.
Produtividade de vagens de plantas
Cultivares --------------------------------- t ha-1----------------------------
Consórcio Solteiro
Pati 12,62 a B 17,38 a A
JLM 004 6,23 b A 8,78 b A
Pirarara 11,83 a B 17,35 a A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna (cultivares em cada sistema de cultivo), maiúscula na linha
(sistema de cultivo em cada cultivar), não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
1442
concentração de proteínas na cultivar JLM 004, quando comparada à mesma cultivar em
consórcio e com as cultivares Pati e Pirarara, em sistema solteiro. O sistema solteiro levou
vantagem na produção de sementes com maior concentração de proteínas, provavelmente pela
menor competição por nutrientes entre a soja, com metabolismo menos eficiente (C3) do que
o milho (C4). Segundo Kagawa (1995) a soja apresenta em média 38 % de proteína.
1443
Tabela 4 - Percentagem óleo de sementes colhidas no estádio R6 de cultivares de soja, obtidas
de sistemas de cultivo.
Óleo
---------------------------------(%)-------------------------------
Consórcio Solteiro
Pati 18,16 b B 19,90 b A
JLM 004 21,46 a A 21,53 a A
Pirarara 17,36 c B 20,17 b A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna (cultivares em cada sistema de cultivo), maiúscula na linha
(sistema de cultivo em cada cultivar), não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
4 CONCLUSÃO
O sistema solteiro proporcionou plantas mais produtivas de soja, a exceção da cultivar
JLM 004, que independeu do sistema de cultivo.
Maiores aproveitamentos da área de cultivo são obtidos com o consórcio de cultivares
soja e milho.
A cultivar JLM é mais protéica e oleaginosa, principalmente quando cultivada em
sistema solteiro.
5 AGRADECIMENTOS
Aos pesquisadores M.Sc. José Lindorico de Mendonça, da EMBRAPA/CNPh, e Gisela
Introvini, da FAPCEM (Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte),
pelas cultivares concedidas, e à Empresa Bio Soja®, pela concessão do inoculante.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, N.P., MESQUITA, C.M., FRANÇA-NETO, J.B., MAURINA, A.C.,
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1445
BIODIESEL OBTIDO ATRAVÉS DO ÓLEO DE FRITURA USADO COMO
FONTE DE ENERGIA EM SUPERMERCADOS DE MÉDIO E GRANDE
PORTE
1446
1 INTRODUÇÃO
1447
Atualmente, as áreas de preocupação ambiental incluem a poluição da água, do ar,
visual e sonora, assim como a poluição por resíduo sólido e perigoso. É importante otimizar o
uso da água e das matérias-primas como forma de manutenção da biodiversidade do planeta,
da qualidade dos mananciais, do solo e do ar, mediante conservação e uso parcimonioso das
fontes não renováveis.
A sociedade está assimilando cada vez mais a idéia de que a variável ambiental é
importante e que ela diz respeito a todos. Cornely (2002), cita que é importante salientar que o
homem é Natureza, é a parte da Natureza que tem consciência de si mesma. Será essa
consciência do homem que pode vir a salvá-lo da destruição, pois trata-se de sua
sobrevivência, bem como do próprio Planeta.
Ferraz et al. (1995), demonstram que, dada a capacitação produtiva e tecnológica
existente no país, a questão ambiental oferece a oportunidade de constituir-se em uma das
bases de renovação da competitividade das empresas brasileiras. Contudo, faz-se necessária a
adoção de uma postura pró-ativa com relação ao meio ambiente, por parte dos empresários,
esta pode vir a construir, a médio e longo prazo, vantagens competitivas de difícil superação
pelos competidores.
Todas estas questões, ou janelas de oportunidade, podem ser analisadas à luz do
pensamento de Hamel e Prahalad (1995). Estes autores sugerem que os empresários precisam
desenvolver, urgentemente, uma visão do futuro. Além de desenvolver esta visão, é preciso
que o futuro seja criado pela empresa. Ou seja, deliberadamente a empresa precisa criar hoje
as assimetrias de mercado que lhe favorecerão no futuro, o truque consiste em ver o mesmo
antes que ele chegue. Saber identificar oportunidades não percebidas por outras empresas e
explorar estas oportunidades, através da reunião e geração das core competences ou
capacitações-chave necessárias, pode ser o diferencial entre sobreviver ou morrer (HAMEL &
PRAHALAD 1994).
Com a chegada do plano real, não houve investimento suficiente por parte das estatais
para acompanhar crescente consumo energético no país. Além disso, a seca, resultado do
desmatamento desenfreado das nascentes e margens dos rios, reduziu a disponibilidade de
água para movimentar as usinas hidrelétricas do país.
A Resolução 456 da Agência Nacional de Eenergia Elétrica, define dois grupos de
consumidores de energia elétrica. Pertencem ao grupo “A” os consumidores com tensão de
fornecimento igual ou superior a 2,3 kV. Já os consumidores do grupo “B” são aqueles com
tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV. As estruturas tarifárias atualmente empregadas para
consumidores do grupo A são a convencional e horo-sazonal. O horário de ponta adotado
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1448
pelas concessionárias de energia para a aplicação das tarifas do grupo “A” corresponde ao
período de três horas consecutivas, entre as 17 e as 22 horas, em função do seu máximo
fornecimento de energia. A figura 1 apresenta as características da curva de carga diária de
um consumidor genérico.
Máxima demanda
de ponta
Máxima demanda
fora de ponta
Energia de ponta
Energia fora de
ponta
Por estabelecer um custo de energia bastante alto no horário de ponta e bastante baixo
no horário fora de ponta, bem como um único valor de demanda contratada, a tarifa horo-
sazonal verde do grupo “A” é a que pode proporcionar uma maior redução de custos, desde
que a empresa não opere no horário de ponta. Se operar no horário de ponta, as tarifas
convencional ou horo-sazonal azul serão as mais adequadas, porém com menor redução de
custos, uma vez que a empresa não contribui com a redução da demanda de ponta. A maioria
dos supermercados do grupo “A”, sem gerador próprio, optam pelas tarifas convencional ou
horo-sazonal azul, devido a necessidade de funcionamento no horário de ponta. Muitos deles,
visando a tarifa horo-sazonal verde, adquirem grupos geradores diesel para suprimento no
horário de ponta, dispensando a energia da concessionária neste horário. Neste caso, a
acentuada redução de gastos com energia justifica o investimento em geradores particulares.
Esse tipo de acordo faz também com que as empresas contribuam com o meio ambiente
sendo que se o consumo de energia fornecido pelas concessionárias aumentar a ponto do
sistema não conseguir acompanhar tal demanda, novas usinas para a geração de energia
inclusive hidrelétricas terão de ser construídas, causando inúmeros malefícios ambientais.
O uso de óleos vegetais em motores de combustão interna começou com Rudolf Diesel
utilizando óleo de amendoim em 1900. Razões de natureza econômica levaram ao completo
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1449
abandono dos óleos vegetais como combustíveis à época. Entretanto, na década de 70, o
mercado de petróleo foi marcado por dois súbitos desequilíbrios entre oferta e demandas
mundiais conhecidos como 1° e 2° Choques do Petróleo. Em respostas a estas crises, o
mercado sentiu a necessidade de diminuir a dependência do petróleo, levando ao investimento
no desenvolvimento de tecnologia de produção e uso de fontes alternativas de energia
(OLIVEIRA, 2001).
De acordo com a lógica de usar fontes alternativas de energia redutoras de poluição,
capazes de gerar empregos e com custos competitivos, o biodiesel apresenta-se como
candidato natural a um programa global e que também vem ganhando espaço nas discussões
energéticas do Brasil. A Agência Nacional do Petróleo do Brasil definiu, através da portaria
225 de setembro de 2003, o biodiesel como o conjunto de ésteres de ácidos graxos oriundos
de biomassa, que atendam a especificações determinadas para evitar danos aos motores.
O biodiesel é uma evolução na tentativa de substituição do óleo diesel por biomassa,
iniciada pelo aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. É obtido através da reação de
óleos vegetais, novos ou usados, gorduras animais, com um intermediário ativo, formado pela
reação de um álcool com um catalisador, processo conhecido como transesterificação (figura
2).
1450
possibilita a utilização destes ésteres em motores de ignição por compressão (motores do ciclo
Diesel).
A reação de transesterificação pode empregar diversos tipos de álcoois,
preferencialmente os de baixo peso molecular, sendo os mais estudados os álcoois metílico e
etílico. FREEDMAN et al (1986) demonstraram que a reação com o metanol é tecnicamente
mais viável do que com etanol. O etanol pode ser utilizado desde que anidro (com teor de
água inferior a 2%), visto que a água atuaria como inibidor da reação. A separação da
glicerina obtida como subproduto, no caso da síntese do éster metílico é resolvida mediante
simples decantação, bem mais facilmente do que com o éster etílico, processo que requer um
maior número de etapas.
Quanto ao catalisador, a reação pode utilizar os do tipo ácido ou alcalino ou, ainda, pode
ser empregada a catálise enzimática. Entretanto, geralmente a reação empregada na indústria é
feita em meio alcalino, uma vez que este apresenta melhor rendimento e menor tempo de
reação que o meio ácido, além de apresentar menores problemas relacionados à corrosão dos
equipamentos. Por outro lado, os triglicerídeos precisam ter acidez máxima de 3%, o que
eleva seus custos e pode inviabilizar o processo em países onde o óleo diesel mineral conta
com subsídios cruzados, como no Brasil.
Sob o aspecto ambiental, o uso de biodiesel reduz significativamente as emissões de
poluentes, quando comparado ao óleo diesel, podendo atingir 98% de redução de enxofre,
30% de aromáticos e 50% de material particulado e, no mínimo, 78% d e gases do efeito
estufa (ROSA et al, 2003).
A reciclagem de resíduos de frituras vem ganhando espaço investigativo no Brasil, com
proposição de metodologias de reciclo apropriados, destacando-se, entre outros, a produção
de ésteres de ácidos graxos, os biocombustíveis. Além disso, os ésteres de ácidos graxos não
contribuem com a formação do “smog” fotoquímico, fenômeno que é caracterizado pela
formação de substâncias tóxicas e irritantes como o de peroxiacetileno, a partir de nitrogênio e
hidrocarbonetos, na presença de energia solar. Este aspecto positivo dos ésteres de ácidos
pode ser explicado pelo fato de que estes compostos não apresentam nitrogênio em suas
estruturas. Convém ressaltar que os ésteres de ácidos graxos também não apresentam enxofre,
e desta forma, também não contribuem com fenômenos com o de acidificação das
precipitações.
O descarte de óleos de fritura usados nas pias e vasos sanitários, ou diretamente na rede
de esgotos, além de provocar graves problemas ambientais, pode provocar o mau
funcionamento das Estações de Tratamento de Águas Residuais e representa um desperdício
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1451
de uma fonte de energia. Os óleos de frituras usados, se lançados na rede hídrica e nos solos,
provocam a poluição dos mesmos. Se o produto for para a rede de esgoto encarece o
tratamento dos resíduos, e o que permanece nos rios provoca a impermeabilização dos leitos e
terrenos adjacentes que contribuem para a enchente. Também provoca a obstrução dos filtros
de gorduras das Estações de Tratamento, sendo um obstáculo ao seu funcionamento ótimo
(FELIZARDO, 2003).
O resíduo óleo de fritura usado, pode ser processado de várias formas interessantes, para
produção de artigos de uso comum como o sabão, lubrificante ou biocombustivel. Levando
em conta que a utilização para produção de biocombustiveis traz vantagens do ponto de vista
ambiental, e apresenta a melhor relação preço x eficácia, em termos de recolhimento e
recuperação.
QUERCUS (2002), relata que a produção de Biodiesel a partir de óleos alimentares
usados permite reutilizar e reduzir em 88% o volume destes resíduos, sendo 2% matéria
sólida, 10% glicerina e 88% éster com valor energético. Ou seja, recupera um resíduo que de
outra forma provoca danos ao ser despejado nos esgotos. Segundo PETERSON E REECE
(1994), testes nas emissões mostraram uma diminuição de 54% em HC, 46% de CO2 E 14,7
de NOx , na utilização do biodiesel obtido através de óleos de fritura usados, em comparação
ao diesel convencional.
De acordo com MITTLEBACH e TRITTHART (1988), o biodiesel resultante da
transesterificação de óleos de fritura apresentou características bastante semelhantes aos
ésteres de óleos antes da utilização para fritura. Apesar de ser um combustível oriundo de um
óleo parcialmente oxidado, suas características foram bastante próximas as do óleo diesel
convencional, apresentando, inclusive boa homogeneidade obtida quando da análise da curva
de destilação. Os autores realizaram testes de performance utilizando ésteres metílicos
resultantes da transesterificação de óleos residuais de fritura. Os ésteres metílicos foram
misturados ao diesel convencional na proporção de 1/1 e o teste realizado com 100 litros, sem
que nenhuma mudança de operação dos veículos tenha sido observada. A emissão de fumaça
foi extremamente menor e foi possível observar um leve cheiro de gordura queimada. O
consumo do biocombustível foi praticamente o mesmo observado com a utilização do diesel
convencional.
O resíduo óleo de fritura usado pode ser utilizado de várias formas interessantes para
produção de artigos de uso comum como o sabão, lubrificante ou biocombustivel. Levando
em conta que a utilização para produção de biocombustiveis traz vantagens do ponto de vista
ambiental, e apresenta a melhor relação preço x eficácia, em termos de recolhimento e
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1452
recuperação, foi priorizado o seu estudo nesse modelo. Deve-se considerar, no entanto, todas
as outras possibilidades de utilização existentes.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Como técnica de pesquisa foi usada a documentação indireta através de pesquisa
bibliográfica que, não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas
propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões
inovadoras.
Após uma pesquisa bibliográfica e documental inicial, foi proposto um modelo a fim de
se alcançar os objetivos do trabalho. Conforme Vernadat (1996), um modelo pode ser
definido como uma representação, com maior ou menor grau de formalidade, da abstração de
uma realidade expressa em algum tipo específico de formalismo. Dessa forma, o modelo
apresenta uma proposta envolvendo etapas que visam na sua totalidade evitar a geração de
impactos ambientais, desde a instalação de geradores nos supermercados, com o intuito de
suprir a energia no horário de ponta, passando por uma forma ambientalmente correta de
aproveitamento de óleos usado, e o seu consequente uso nos supracitados geradores.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 3, a seguir, demonstra o modelo e logo após, a explicação do mesmo, dividido
em etapas, de forma a facilitar a compreensão.
Cliente
Óleo usado
Supermercado
Unidade de
Garrafas Plasticas
t
instalação
Biodiesel
Geradores
1453
que os mesmos tendem a consumir elevadas taxas de energia. Com isso, através do contrato
por demanda reduz-se as tarifas de energia, configurando-se como uma vantagem competitiva
à empresa. Além disso, deve-se conscientizar os responsáveis pela empresa a adotar
juntamente com a instalação de geradores, um esquema de recolhimento de óleos de fritura
usados, para ser utilizado em conjunto ou no lugar do diesel convencional. Assim a empresa
estará colaborando com o meio ambiente, tanto racionando energia, quanto evitando que óleos
sejam descartados no sistema de esgoto, e alavancando sua marca através de tais incentivos
ambientais.
2ª Etapa: Com os geradores instalados, inicia-se um programa de conscientização dos
clientes dos supermercados, através de cartilhas explicativas, explanando sobre a redução de
impactos ambientais que esse esquema propicia. Somado a isso, o supermercado ofereceria
um incentivo ao cliente na forma de produto do próprio supermercado, para que o mesmo
retorne o óleo usado. Recomenda-se de preferência que o supermercado faça a troca pelo óleo
de soja, para que o volume de retorno do óleo seja maior. Em razão do volume de óleo de soja
comercializado ser maior do que outros tipos de óleos, condiderar-se-á nesse modelo de
gestão apenas o óleo de soja, no entanto não se descarta a possibilidade da utilização de outros
tipos de óleos alimentares usados na obtenção de biocombustível.
3ª Etapa: Antes da fase de coleta, faz-se um estudo de viabilidade econômica para
verificar qual a quantidade de óleo que o cliente deve levar ao ponto de coleta para que receba
uma unidade do produto de troca oferecido. Dessa forma o cliente levará uma quantidade x
em garrafas plásticas, e receberá o seu produto de troca. O óleo de fritura se utilizado no
próprio supermercado para produção de alimentos, também poderá ser armazenado para ser
destinado juntamente com o restante coletado.
4ª Etapa: Após o recolhimento, o óleo é levado a uma unidade de processamento, onde
receberá o tratamento necessário e sua conseqüente transformação em biocombustível. Logo
após é devolvido ao supermercado para a geração de energia no horário de ponta através dos
geradores.
5ª Etapa: Como mais uma forma da empresa contribuir com o meio ambiente, as
garrafas plásticas utilizadas na logística do óleo, podem ser doadas para a reciclagem, sendo
coletadas através de um grupo de catadores, como forma de inclusão social.
Considerações Finais: Dependendo da quantidade de empresas de uma região que
adotariam tal modelo de gestão, poderia-se buscar parcerias com as unidades de
processamento para diminuir seus custos, ou então na própria construção de uma micro-usina
por um conjunto de empresas participantes desse modelo. Se o volume de óleo recolhido for
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1454
insuficiente para a auto-suficiencia no horário de ponta sugere-se realizar uma coleta pré-
agendada em estabelecimentos que utilizem óleo de fritura em grande quantidade, como
restaurantes e lanchonetes, ou utilizar blends como 5% ou 10% de biodiesel acrescido ao
diesel convencional.
4 CONCLUSÃO
É preciso uma visão sistêmica por parte das empresas, para que a variável ambiental
seja ampliada. O biodiesel gerado a partir de óleos alimentares usados, destinados a serem
utilizados no lugar ou em conjunto ao diesel convencional nos geradores, constitui-se em um
ótimo exemplo desta gestão ambiental ampla que deve vigorar nas empresas. Estima-se que
2/3 do preço final da produção do biodisel seja devido ao custo da matéria prima, desta forma
o biodiesel fabricado a partir de óleos de fritura usados, demonstra ser um combustível de
baixo custo e com inúmeros ganhos ambientais. No entanto, é fundamental continuar a
investigação nesse campo de tecnologia para que métodos eficazes de produção de
combustível limpo sejam cada vez mais difundidos.
O enorme volume de resíduos produzido nos centros urbanos é insustentável, e urge
reduzir e encontrar soluções criativas para o volume de resíduos gerados. Agravando este fato,
no Brasil boa parte do que é gerado não é coletado e do que é coletado a maior parte é
disposta de forma inadequada.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CENERGIA. 1a Ed. Editora Interciência. 515 p. 2003.
1456
OCORRÊNCIA DE ÁCARO (Tetranychus desertorum Banks), 1900 (Acari
Tetranychidae) EM CULTIVARES DE MAMONA SOB DUAS
DENSIDADES DE PLANTIO NA SAFRINHA (VALE DO PARAÍBA,
PINDAMONHANGABA/SP, 2006-07)
1457
1 INTRODUÇÃO
Os ácaros são importantes organismos fitófagos, descritos infestando diversas culturas
de importância agronômica. Porém, há poucos registros sobre estratégias de manejo
alternativo dessas pragas infestando a mamoneira.
As principais espécies descritas no Brasil na mamoneira são de ácaro rajado,
Tetranynhus ludeni (ZACHER, 1913) e Tetranychus urticae (KOCH, 1836) (ACARINA:
TETRANYCHIDAE) (GONÇALVES et al, 2005; RICHETTI et al, 2005). Há relatos de
diversas outras espécies infestando a mamoneira no Brasil: Aponychus schultzi
(BLANCHARD, 1940), Aponychus spinosus (BANKS, 1909), Eutetranychus banksi,
(McGREGOR, 1914), Mononychellus chemosetosus (PASCHOAL, 1970), Mononychellus
planki, (McGREGOR, 1950), Oligonychus coffeae (NIETNER, 1861), Oligonychus
mangiferus (RAHMAN & SAPRA, 1940), Oligonychus yothersi (McGREGOR, 1914),
Panonychus citri (McGREGOR, 1916), Tetranychus bastosi Tuttle (BAKER & SALES,
1977), Tetranychus evansi (BAKER & PRITCHARD, 1960), Tetranychus gloveri (BANKS,
1900), Tetranychus neocaledonicus (ANDRÉ, 1933) e Tetranychus yusti (McGREGOR,
1955) (MIGEON & DORKELD, 2006).
O ambiente exerce forte influência na dinâmica dos ácaros, que são mais freqüentes sob
condições de estresse hídrico e temperaturas amenas, condições estas típicas da safrinha no
Vale Paraíba. A pesquisa do cultivo da mamoneira nesta época do ano é relevante porque a
época recomendada para o Estado (outubro-novembro) predispõe a ocorrência de mofo
cinzento (Amphobotrys ricini), principal doença que afeta a inflorescência e impede a
completa formação dos frutos (SAVY FILHO, 2005; SILVA, 2005; LIMA et al., 1997). Na
safrinha, a cultura pode se tornar alternativa de renda extra para o agricultor (SAVY FILHO
et al., 2007; SAVY FILHO, 2005), além de possibilitar a colheita mecânica devido ao menor
desenvolvimento vegetativo (POLETINE, 2004), possibilitando plantios adensados.
A presente pesquisa tem por fim descrever a ocorrência de ácaro vermelho Tetranychus
desertorum em três cultivares de mamona na safrinha, plantadas em duas densidades de
cultivo; e registrar o efeito da Calda Sulfocálcica no controle do ácaro sob condições
controladas.
1458
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento de campo foi instalado em 30/03/2006 no Pólo Regional do Vale do
Paraíba, APTA/SAA em Latossolo Vermelho Amarelo, textura franco-argilosa, relevo suave
ondulado no Terciário, em Pindamonhangaba/SP.
O clima baseado na classificação de Köppen é caracterizado como Cwa – quente com
inverno seco (VERDADE et al., 1961). A Figura 1 representa os dados relativos temperatura
mínima e média, precipitação e insolação na Estação Climatológica Agrícola do Pólo
Regional do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP.
28 210
Temp. mínima mensal
Temp. média
20 150
16 120
12 90
8 60
4 30
0 0
mar/06
mai/06
mar/07
mai/07
ab/06
jun/06
jul/06
ag/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
ab/07
fev/07
1459
O plantio na safrinha (30/03/2006) foi manual com três sementes por cova adubada com
600g de esterco de curral curtido+10g de cloreto de potássio+100g de termofosfato
magnesiano, desbaste realizado 40 dias após a germinação, deixando-se uma planta cova-¹.
A ocorrência de ácaro vermelho (Tetranychus desertorum) foi constatada no período de
julho a agosto, sendo realizadas pulverizações foliares mensais com Calda Sulfocálcica a
4,0% (4litros : 400 litros de calda ha-¹) para o controle da praga. Amostras de tecido foliar
contendo ácaros foram enviadas ao Laboratório de Sanidade Vegetal da ESALQ/USP, sendo
procedida à identificação, conforme a descrição no Brasil (FLECHMANN, 1976).
O levantamento da população do ácaro no campo foi realizado em 12/09/2006,
previamente a primeira colheita. A avaliação levou em conta a presença do ácaro e os
sintomas de amarelecimento e prateamento nas folhas. Foi utilizada lupa de 15 vezes de
aumento obtendo-se a freqüência de ocorrência, por meio da amostragem de uma folha de
cada parcela. No campo, foram amostradas nove plantas da área útil para fins de contagem.
Um teste foi desenvolvido em laboratório para verificar o controle alternativo por meio
de Calda Sulfocálcica. Foram coletados em cada parcela discos foliares de cinco centímetros
de diâmetro contendo colônias de ácaros. Os discos foram dispostos em placa de Petri sob
papel filtro de 9,0 cm de diâmetro umedecido. A Calda Sulfocálcica foi diluída em água
destilada nas concentrações 1,0 e 4,0% sendo pulverizadas uma única vez sobre a superfície
abaxial foliar. Após três dias da aplicação foi realizada nova contagem da população de
ácaros.
Os resultados foram analisados pelo teste F e de comparações múltiplas, sendo os
resultados obtidos pelo programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os sintomas iniciais da infestação do ácaro vermelho iniciam com o surgimento de
colônias na face abaxial das folhas (Figura 2), causando descoloração do limbo e surgimento
de manchas de coloração branco-prateada, além do crestamento do tecido e presença de teias
sob condições mais severas de infestação, podendo recobrir toda a planta (folhas, racemos,
frutos etc). Estes são sintomas típicos de tetraniquídeos. A sua ocorrência está associada a
diversos hospedeiros, como em Phaseolus vulgaris, Sida sp, Ipomoea batatas, Cucurbita
pepo, Passiflora edulis e em diversas outras plantas hospedeiras (FLECHMANN, 1979).
Os primeiros focos do ácaro foram verificados nas folhas mais velhas. Plantas juvenis
apresentaram-se mais suscetíveis sendo tomadas por completo (Figura 3). As colônias mais
1460
vigorosas resultaram no surgimento de teias que recobriram a mamoneira juvenil. SAITO
(1985) relata na planta anual Solidago altíssima esse mesmo efeito.
1461
Na avaliação das populações de ácaros em três cultivares sob dois espaçamentos
testados, observou-se diferenças não significativas (Tukey, p<0,05) para cultivares em relação
a população de ácaros de T. desertorum (Figura 4). Entretanto, o menor espaçamento adotado
para a mamoneira (1,0 x 0,6 m) foi responsável pela maior taxa de infestação do ácaro, sendo
esta diferença significativa. Assim, houve maior incidência do ácaro T. desertorum na
mamoneira adensada (Tabela 1) em relação ao espaçamento 1,0 x 1,0 m. A maior
proximidade entre plantas facilita a dispersão do ácaro, que é auxiliado pelo vento, contato
entre folhas e caminhamento pelo solo em busca de plantas com folhas menos danificadas
(KENNEDY & SMITLEY, 1985).
A aplicação de Calda Sulfocálcica apresentou efeitos na sobrevivência dos ácaros,
obtendo 56,38 e 61,14 % de controle de adultos nas concentrações de 1,0 e 4,0 %.
2
Número de ácaros
1.6
1.2
0.8
0.4
0
(1x1) (1x 0,6) (1x1) (1x0,6) (1x1) (1x0,6)
IAC Guarani IAC 2028 CATI AL Guarany 2002
Espaçamento X Cultivares
4 CONCLUSÃO
O cultivo adensado da mamoneira (1,0 x 0,6 m) favoreceu significativamente o ácaro
Tetranychus desertorum.
A Calda Sulfocálcica apresentou 56,38 e 61,14% de controle de adultos nas
concentrações de 1,0 e 4,0 %.
1462
5 AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Carlos Holger Wenzel Flechtmann – USP/ESALQ pela identificação da
espécie de ácaro.
À FUNDAG – Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola e à Empresa ETR Óleos S/A,
que financiaram a pesquisa.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1464
OCORRÊNCIA DE FUNGOS EM SEMENTES DE MAMONA (Ricinus
communis L.) CULTIVADAS NO VALE DO PARAÍBA/SP (2006-2007)
1465
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira é afetada por várias doenças, algumas das quais de graves conseqüências
econômicas (LIMA et al., 1997; SILVA, 2005; SAVY FILHO, 2005). As sementes são um
dos meios de introdução e disseminação de microorganismos em áreas não cultivadas além de
um eficiente meio de sobrevivência dos mesmos na natureza (MENTEN & BUENO, 1987;
NEERGAARD, 1977).
A presença de fungos em sementes pode afetar a qualidade fisiológica, ocasionando a
redução do vigor, além de possibilitar a transmissão para a parte aérea da planta. O inóculo
primário pode, também, se estabelecer no campo de cultivo e causar redução na qualidade e
produtividade das culturas (CASTELLANI et al., 1996; NEERGAARD, 1977).
O objetivo da pesquisa foi avaliar qualitativa e quantitativamente a incidência de fungos
em sementes de quatro cultivares de mamona utilizadas em plantios experimentais no Pólo
Regional do Vale do Paraíba, safra 2006-2007.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratórios de Patologia de Sementes do Instituto
Biológico e de Sanidade Vegetal do Pólo Regional do Vale do Paraíba, ambos pertencentes à
APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura do
Estado de São Paulo.
A ocorrência dos fungos nas sementes das cultivares de mamona IAC 80, IAC Guarani,
CATI AL Guarany 2002 e IAC 2028 foi avaliada empregando-se o método do papel de filtro
(ISTA,1966), utilizando-se 200 sementes de cada cultivar. As sementes foram distribuídas em
placas de Petri descartáveis com 9 cm de diâmetro, contendo três folhas de papel de filtro,
previamente umedecidas com água destilada, utilizando-se 10 sementes por placa. Em
seguida, essas placas foram incubadas por oito dias a 20 °C ± 2 °C, com fotoperíodo de 12
horas de luz negra e 12 horas de escuro. Após o período de incubação, as sementes foram
examinadas, com o auxílio de microscópio estereoscópio e quando necessário com
microscópio óptico, determinando-se a incidência dos fungos presentes nas sementes. Os
resultados foram expressos em percentagens de sementes infectadas (%).
1466
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando-se a tabela 1 observa-se que os fungos Alternaria ricini, Aspergillus spp.,
Penicillium spp., Fusarium semitectum, Fusarium equiseti e Cladosporium spp. foram
detectados em todas cultivares analisadas.
Dos fungos detectados as cultivares IAC 80, IAC Guarani, CATI AL Guarany 2002 e
IAC 2028 apresentaram 80%, 70%, 60% e 35% destes microorganismos, respectivamente.
Os mais elevados índices de incidência foram encontrados para os fungos Aspergillus
spp., Penicillium spp., Cladosporium spp., em todas as cultivares, Rhizopus sp. na cultivar
IAC 80 e F. semitectum na cultivar IAC Guarani. Os demais fungos foram detectados em
baixas porcentangens.
A incidência da Alternaria ricini,considerado patógeno da cultura da mamona, foi maior
nas cultivares CATI AL Guarany 2002 e IAC 2028. A cultivar IAC 2028 é considerada
moderadamente suscetível à A. ricini (SAVY FILHO et al, 2007). LIMA et al. (1997),
inoculando este fungo na semente, observou uma redução de 20 % na germinação da cultivar
CATI AL Guarany 2002, constatando, também, que a transmissão via semente ocasiona
podridão ou afeta a germinação em até 20 % das amostras analisadas, além de causar o
tombamento em 50 % das plântulas germinadas.
1467
Tabela 1 - Incidência (%) de fungos em sementes de quatro cultivares de mamona, analisadas
pelo método do papel de filtro (APTA, 2007).
FUNGOS CULTIVARES DE MAMONA
CATI AL IAC IAC IAC
Guarany 2002 2028 Guarani 80
Alternaria ricini 9,50* 5,50 1,00 0,50
Alternaria tenuis 16,50 - 4,00 1,50
Exerohilum 5,50 - 2,00 1,50
rostratum
Aspergillus spp. 42,00 26,00 39,00 92,00
Penicillium spp. 14,00 10,00 15,50 26,00
Rhizopus sp. 6,50 - 3,50 78,50
Fusarium 5,50 1,50 15,00 6,00
semitectum
Fusarium equiseti 1,00 0,50 4,50 0,50
Fusarium - - - 2,00
moniliforme
Fusarium spp. - - - 0,50
Cladosporium spp. 12,00 17,50 21,00 23,00
Phoma spp. 2,50 0,50 1,00 -
Chaetomium spp. 3,00 - 3,50 -
Pestalotia spp. 0,50 - - -
Nigrospora spp. - - 1,50 1,00
Epicoccum spp. - - 1,50 1,50
Curvularia lunata - - 0,50 1,50
Curvularia - - - 1,50
geniculata
Curvularia - - 0,50
cymbopogonis
*percentual (%); média da amostra de 200 sementes de cada cultivar.
1468
A cultivar IAC 80 apresentou 78,5 % de incidência de Rhizopus nas sementes (Tabela
1). ZARELA et al. (2004) obteve dados semelhantes para este cultivar.
A presença de Cladosporium spp. na mamoneira está associada a lesões nas folhas,
próximo à nervura, apresentando micélio pulverulento muito semelhante ao do mofo cinzento,
classificado até o ano de 1973 como Botrytis ricini, denominado posteriormente por
Amphobotrys ricini (DEMANT et al, 2006; HOFFMAN et al., 2003). Não foi constatada a
ocorrência do gênero Amphobotrys nas amostras de sementes analisadas, considerada a
principal doença fúngica da cultura. Este fungo, também, é disseminado pela semente e ataca
principalmente o cacho, provocando o abortamento de flores, seca do cacho,
consequentemente, a perda de rendimento (SAVY FILHO, 2005; LIMA 1997).
Segundo SAVY FILHO (2005), a sanidade da mamoneira pode ser obtida,
preventivamente por meio da rotação de culturas, evitando-se locais com histórico de
patógenos de solo, além do tratamento preventivo de sementes, por meio de produtos
sintéticos como benomyl, iprodione e thiram, os quais proporcionam boa proteção à
germinação e reduzem o inoculo inicial do patógeno. KIMATI et al. (1997) relata como
tratamento clássico a imersão das sementes por 20 minutos numa solução de um litro de
formaldeído 40% diluído em 240 litros de água. Em relação ao tratamento biológico de
sementes, NAMETH (1998) considera promissor o uso dos fungos Trichoderma, Gleocladium
e Streptomyces, sendo estes alvos de pesquisas.
4 CONCLUSÃO
Os fungos Alternaria ricini, Aspergillus spp., Penicilium spp., Cladosporium spp
Fusarium semitectum e Fusarium equiseti foram detectados em sementes de todas as
cultivares de mamona analisadas.
As sementes da cultivar IAC 2028 apresentaram menores quantidade de fungos.
A sementes não apresentam boas condições sanitárias
Recomenda-se o tratamento de sementes previamente ao plantio.
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http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/publicacoes/trabalhos_cbm1/059.PDF >.
1470
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE SEMENTES DE RÁCEMOS
PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS DE GENÓTIPOS DE MAMONA
1471
1 INTRODUÇÃO
A mamona (Ricinus communis L.), também conhecida como carrapateira ou rícino, é
uma das principais oleaginosas do mundo, com a singularidade de que o óleo, seu principal
produto, não é comestível. É o único óleo que a natureza construiu, glicerídico, que é solúvel
em álcool, constituindo, em média, nas cultivares, cerca de 48%, em termo de produto bruto
nas sementes (MAMONA, 1967; FREIRE, 2001; WEISS, 1983 apud BELTRÃO et al.,
2003).
A mamoneira é uma planta monóica que apresenta inflorescência do tipo panicular,
denominada de racemo (cacho). Em geral apresentam forma cônica, cilíndrica ou oval,
atingindo maturação em épocas diferentes, dependendo da posição da planta. O comprimento
dos racemos varia de 10cm até 80cm dependendo do ambiente e principalmente da cultivar
(BELTRÃO et al., 2001).
A haste principal, ou primária, cresce de modo vertical, sem nenhuma ramificação, até o
aparecimento da primeira inflorescência. O ramo lateral se desenvolve da axila da última
folha, logo abaixo da inflorescência. Como a haste principal, todos os ramos de segunda,
terceira e quarta ordens apresentam crescimento limitado, terminando em uma inflorescência,
formando uma estrutura simpodial (AZEVEDO & LIMA, 2001 apud FRAGA et al., 2004).
A participação de cada extrato de frutos influencia na composição da produtividade da
mamoneira da variedade AL Guarany, bem como na qualidade das sementes, óleo e torta de
cada um dos extratos dessa variedade. A produção do extrato secundário apresenta maior
contribuição na composição da produtividade da cultura da mamona (FRAGA et al., 2004),
que também pode variar com a variedade e as condições climáticas.
Existem várias cultivares de mamoneira disponível para o plantio em nosso país,
variando em porte, deiscência dos frutos, tipos dos cachos, exigências nutricionais e outras
características. Mesmo sendo considerada de grande importância para vários segmentos
industriais, a ricinocultura apresenta acervo de informações tecnológicas bastante reduzidas,
porém, por ser um grão de aproveitamento amplo, tem sido objeto de estudos em relação à
variação genética das variedades comercializadas, visando proporcionar a seleção de
genótipos que viabilizem produção mais ampla e melhor qualidade dos seus derivados (óleo,
torta, etc.). A utilização de sementes geneticamente modificadas representa fator de grande
importância para o estabelecimento e rendimento da cultura (MELO, 2006) e produção de
óleo.
1472
O presente trabalho teve objetivo de analisar as características físico-químicas de
sementes de racemos primários e secundários de genótipos de mamona, nas condições do
Cariri cearense.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Utilizaram-se, nesta pesquisa, amostras de sementes dos racemos primários e
secundários de treze genótipos de mamona, oriundos do Programa de Melhoramento da
Embrapa Algodão, produzidos na Embrapa Algodão, Campo Experimental de Barbalha, CE,
cujas coordenadas geográficas são 07º 19’ S, 39º 18’ W e altitude de 415,74m. O plantio foi
feito em solo de textura arenosa, em espaçamentos de 2,0 m x 1,0 m. O cultivo foi mantido
com irrigação suplementar por microaspersão, no período de abril a setembro de 2006. Os
dados climáticos ocorridos no período de produção das sementes são observados na Tabela 1.
1473
ferro, fósforo, sódio, cálcio e potássio de acordo com metodologias de Pearson (1971), AOAC
(1975), Instituto Adolfo Lutz (1976) e APHA (1992). O preparo das sementes constou de
apenas maceramento com pistilo.
Os dados foram analisados estatisticamente e as médias comparadas pelo teste de Scott-
Knott, a 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se, nas Tabelas 2 e 3, que houve efeito significativo a 1% para todas as
características físico-químicas analisadas nas sementes de racemos primário e secundário de
genótipos de mamona, com exceção à variável umidade no primeiro racemo e teor de lipídios
no segundo racemo.
Na Tabela 4, observa-se que a porcentagem média geral de umidade na semente dos
racemos primários foi de 5,90%, com máxima de 6,70% (Íris) e mínima de 5,37% (BRS 149
Nordestina). Já nos racemos secundários, a média geral de umidade diminuiu (5,59%), na
qual a variedade IAC 80 apresentou-se com o maior índice (6,50%), a IAC 226 com valor
mediano (6,00%). Os demais genótipos apresentaram variação de 5,23% a 5,80% para
CPACT 040 e IAC Guarani, respectivamente. A cultivar BRS 149 Nordestina permaneceu
com os mesmos índices de umidade em ambos os racemos. Freire (2001), afirma que a média
de umidade das sementes de mamona é de 5,5%. Entretanto, Fonseca et al. (2004) encontrou
porcentagem de 6,4 a 7,3 na cultivar Guarany. Os mesmos autores relataram que o teor de
água é importante para a execução dos testes para avaliação da qualidade de sementes,
considerando-se que a uniformidade de umidade das sementes é imprescindível para a
padronização das avaliações e obtenção de resultados consistentes.
1474
Tabela 2 - Resumo da análise de variância de umidade, cinza, proteína e lipídios dos racemos primário e secundário dos genótipos de mamona.
Juazeiro do Norte, CE, 2007.
Fonte de Variação GL Quadrados Médios/Racemo
Umidade Cinzas Proteína Lipídios
1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
ns
Tratamento 12 0,5122 0,3666** 0,2874** 0,5103** 20,0236** 29,0209** 19,7403** 0,5870ns
Bloco 2 0,0300 0,0626 0,0072 0,0238 0,0195 1,1364 4,1556 0,9479
Resíduo 24 0,3572 0,0801 0,0088 0,0108 0,1884 0,3756 2,0960 0,3285
CV (%) 10,13 5,07 2,98 3,44 2,05 3,18 2,83 1,12
** e ns. Correspondem respectivamente a significativo a 1% e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Tabela 3 - Resumo da análise de variância de fósforo, ferro, sódio, potássio e cálcio dos racemos primário e secundário dos genótipos de
mamona. Juazeiro do Norte, CE, 2007.
Fonte de Variação GL Quadrados Médios/Racemo
Fósforo Ferro Sódio Potássio Cálcio
1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
Tratamento 12 22292,6000** 6568,5312** 3,8680** 7,3524** 236,7527** 193,1708** 6741,2305** 469,3312** 80,7175** 6439,9464**
Bloco 2 83,3869 179,6049 0,0356 0,0100 0,0585 0,6249 39,7464 3,5823 205,8285 123,7177
Resíduo 24 398,5902 702,0838 0,3258 0,0275 0,0843 0,3201 102,0753 24,7320 644,3337 270,7766
CV (%) 2,94 3,89 3,76 5,31 1,11 1,37 5,82 3,42 12,27 9,33
** significativo a 1%, pelo teste F da análise de variância.
1475
Tabela 4 - Médias da percentagem de umidade, cinza, proteína e lipídios dos racemos primário
e secundário dos genótipos de Mamona. Juazeiro do Norte, CE, 2007.
1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
BRS 149 Nordestina 5,37 a 5,37 c 3,63 a 3,73 a 17,83 f 18,87 d 43,60 b 51,27 a
AL Guarany 2002 6,13 a 5,73 c 2,90 d 2,70 e 21,13 d 24,03 a 52,63 a 51,37 a
IAC 80 5,77 a 6,50 a 2,73 d 3,03 b 21,53 d 17,03 e 51,90 a 50,83 a
Lyra 5,93 a 5,57 c 2,80 d 2,60 e 21,80 d 16,90 e 51,20 a 50,77 a
Cafelista 5,90 a 5,43 c 3,20 c 2,73 d 23,53 b 15,70 f 50,60 a 50,80 a
Mirante 5,53 a 5,27 c 3,00 c 2,80 d 20,20 e 14,03 g 50,77 a 50,67 a
CPACT 040 5,40 a 5,23 c 3,60 a 3,67 a 22,37 c 22,10 b 50,30 a 50,67 a
IAC Guarani 6,10 a 5,80 c 3,13 c 2,83 d 22,67 c 20,27 c 51,07 a 50,93 a
AL Preta 5,47 a 5,60 c 3,30 b 3,67 a 22,90 c 23,73 a 54,40 a 52,23 a
IAC 226 6,07 a 6,00 b 3,20 c 2,80 d 18,17 f 21,93 b 51,80 a 50,97 a
Savana 5,80 a 5,43 c 3,10 c 2,90 c 26,67 a 20,07 c 51,07 a 51,03 a
Íris 6,70 a 5,37 c 2,83 d 3,60 a 17,50 f 16,87 e 36,13 b 50,77 a
Vinema T1 6,53 a 5,43 c 3,60 a 3,13 b 19,57 c 19,13 d 53,20 a 50,53 a
Média 5,90 5,59 3,16 3,01 21,22 19,28 50,61 50,99
1/
Médias seguidas da mesma letra na coluna, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.
Quanto ao teor de cinzas (Tabela 4), verifica-se que as sementes do 1º racemo nos
genótipos AL Guarany 2002 (2,90%), Íris (2,83%), Lyra (2,80%), IAC 80 (2,73%)
apresentaram os menores teores. Os genótipos BRS 149 Nordestina (3,63%), CPACT 040
(3,60%) e Vinema T1 (3,60%) apresentaram os maiores teores quando comparados com os
demais genótipos. No cacho secundário, os genótipos BRS 149 Nordestina (3,73%), CPACT
040 (3,67%) e AL Preta (3,67%) se destacaram com maior teor de matéria inorgânica. Por
outro lado, o genótipo Lyra apresentou o menor conteúdo inorgânico (2,60%). O teor médio de
cinzas apresentado pelos diferentes genótipos analisados foi de 3,01%. As médias do cacho
primário (3,16%) e do cacho secundário (3,01%) encontram-se próximo ao observado por
Lucena et al. (2006) (3,37%) e superiores ao encontrado por Freire (2001) (2,5%).
Ainda na Tabela 4, verifica-se que houve muita variação do teor de proteína entre os
racemos dos genótipos estudados. As médias protéicas encontradas foram de 21,22% no
cacho primário e 19,28% no secundário. Estes valores são inferiores aos observados por Melo
1476
et al. (2006) na composição centesimal de proteína de genótipos de mamoneira com de
percentual 22,80 a 26,24% para CSRN-142 e CSRD-2, respectivamente. As sementes dos
racemos secundários dos genótipos Mirante (14,03%), Cafelista (15,70%), Íris (16,87%), Lyra
(16,90%) e IAC 80 (17,03%) apresentaram os menores teores de proteína comparando de
acordo com valores de 17,90% obtido por Freire (2001).
Os teores de óleo extraído nos 13 genótipos de mamona em estudo podem ser
visualizados na Tabela 4. As sementes dos cachos primários e secundários dos genótipos em
estudo apresentaram-se com teor médio de lipídios, superiores a 50%, considerando-se
excelente teor. Apenas as cultivares BRS Nordestina (43,6%) e Íris (36,13%) não atingiram
esse nível para o primeiro racemo. No segundo racemo, o teor obtido comparou-se ao dos
demais genótipos. Os teores obtidos superaram a média (43,47%) dos valores encontrados por
Anthonisen et al. (2006) ao analisarem genótipos de mamona. O maior teor de óleo foi
verificado nas sementes dos racemos secundários (50,61%), que foi superior ao teor dos
racemos primários (50,99%). Estes resultados corroboram com informações de Souza &
Távora (2006) ao verificar que as sementes dos racemos primários possuem conteúdo de óleo
inferior as dos secundários e terciários. É possível que as condições ambientais predominantes
no amadurecimento dos frutos, e no momento da colheita de cada ordem de racemo tenham
contribuído com estes resultados, pois, como salientam Koutroubas et al. (2000) apud Souza
& Távora (2006) as condições ambientais interferem decisivamente no teor de óleo da
semente, especialmente temperatura e disponibilidade de umidade.
Observa-se na Tabela 5 que a média do teor de fósforo (681,76 mg/100g) nos racemos
primário dos genótipos demonstrou-se próximo ao encontrado por Lucena et al. (2006) na
cultivar BRS 149 Nordestina (685,64 mg/100g) que também superou em 55% o teor obtido
para a Paraguaçu (304,40 mg/100g) . O genótipo Vinema T1 destacou-se entre os demais
(787,33 mg/100g), sendo a AL Preta (627,97 mg/100g) de menor teor de fósforo. Para ao teor
de fósforo no racemo primário, houve agrupamento dos genótipos em três grupos (a, b e c),
tendo Vinema T1 (787,33 mg/100g) superado os demais. Para os racemos secundários, estes
genótipos manteve-se com teor semelhante de fósforo, comparando-se ao CPACT 040
(768,67 mg/100g) que foram superados pela cultivar BRS 149 Nordestina que sobressaiu-se
com aproximadamente 850 mg/100g de fósforo, cujo valor também superou o obtido no
racemo primário dessa cultivar (630 mg/100g).
1477
Tabela 5 - Médias de teor de fósforo, ferro, sódio, potássio e cálcio dos racemos primário e
secundário dos genótipos de mamona. Juazeiro do Norte, CE, 2007.
Médias1/ (mg/100g)/Racemo
Genótipos Fósforo Ferro Sódio Potássio Cálcio
1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
BRS 149 Nordestina 629,63 c 852,77 a 3,60 d 3,44 e 31,20 c 22,57 e 135,20 c 170,57 e 210,83 b 223,57 b
AL Guarany 2002 623,20 c 681,97 c 3,47 d 4,73 c 30,93 c 22,53 e 132,23 c 161,10 e 140,87 d 157,50 c
IAC 80 621,80 c 595,67 d 6,10 a 5,55 a 42,47 b 41,47 a 128,97 c 255,50 a 137,03 d 167,37 c
Lyra 693,97 b 518,60 e 3,00 e 2,85 f 43,13 b 22,07 c 134,07 c 216,03 c 91,43 e 143,67 c
Cafelista 685,87 b 697,20 c 5,00 b 5,23 b 43,23 b 31,87 b 140,30 c 235,53 b 139,77 d 183,43 c
Mirante 687,60 b 584,20 d 4,50 c 2,97 f 31,40 c 32,07 c 147,20 b 197,60 d 171,53 c 198,00 b
CPACT 040 663,13 c 768,67 b 4,70 c 3,75 d 42,80 b 40,83 d 152,30 b 202,13 d 220,50 b 246,40 b
IAC Guarani 704,27 b 687,37 c 1,87 f 5,86 a 54,67 a 22,73 e 166,17 a 190,07 d 187,27 c 204,70 b
AL Preta 627,97 c 685,60 c 1,67 g 5,77 a 32,00 c 22,70 e 136,63 c 148,97 f 277,73 a 348,17 a
IAC 226 714,40 b 687,57 c 2,03 f 5,68 a 43,37 b 22,63 e 150,43 b 137,93 f 192,57 c 188,47 c
Savana 732,43 b 699,80 c 1,43 g 5,60 a 54,77 a 22,63 e 150,90 b 125,97 g 178,93 c 231,10 b
Íris 661,27 c 618,80 d 1,60 g 5,28 b 42,50 b 13,33 f 146,60 b 104,93 h 189,00 c 214,80 b
Vinema T1 787,33 a 768,67 b 1,63 g 5,72 a 42,87 b 13,37 f 169,07 a 110,90 h 155,93 d 181,83 c
Média 681,76 678,90 3,12 4,80 41,18 26,16 145,39 173,63 176,41 206,85
1/
Médias seguidas da mesma letra na coluna, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.
Na determinação de ferro (Tabela 5), a média geral em todo ensaio dos racemos
primários foi de 3,12 mg/100g, com máxima de 6,10 mg/100g para IAC 80 e mínima de 1,43
mg/100g. Nos racemos secundários, a média geral aproximou-se 5,0 mg/100g. Fazendo-se um
agrupamento, destacam-se os genótipos IAC 80, IAC Guarani, AL Preta, IAC 226, Savana e
Vinema T1 com em média 5,70 mg/100g de ferro. A BRS 149 Nordestina (3,44 mg/100g)
apresentou-se inferior em cerca de 60% em relação ao grupo mencionado.
Quanto ao teor de sódio, semelhante ao teor de fósforo de racemo primário, ocorreu o
agrupamento dos genótipos em três grupos (a, b e c). Com aproximadamente 55mg/100g
destacaram-se os genótipos IAC Guarani e Savana que compõem o grupo a, com maior teor
de sódio (Tabela 5). Com teor inferior de sódio, os genótipos BRS 149 Nordestina, AL
Guarany 2002 e AL Preta, constituindo o grupo c, apresentaram menor teor de sódio, 25%
inferior a média geral (41,18 mg/100g). Para o racemo secundário, o maior teor de sódio foi
apresentado pela cultivar IAC 80 (41,47 mg/100g) seguido pela Cafelista (40,83 mg/100g),
1478
pela Mirante (32,07 mg/100g) e pelo genótipo CPACT 040 (31,37 mg/100g). Os demais
genótipos obtiveram teor de sódio inferior a 22,73 mg/100g.
Os racemos primários dos genótipos Vinema T1 (169,07 mg/100g) seguido de IAC
Guarani (166,17 mg/100g) apresentaram os maiores teores de potássio, semelhante ao
comportamento dos genótipos quanto ao teor de fósforo (Tabela 5). Já no secundário,
descararam-se IAC 80 com 255,50 mg/100g, seguido de Cafelista (235,53 mg/100g) e Lyra
(216,03 mg/100g). Lucena et al. (2006) ao analisar a BRS 149 Nordestina encontraram teor de
272,27 mg/100g, cujo teor foi superior em aproximadamente 44% ao determinado no presente
trabalho para essa cultivar (média do racemo primário e secundário de 152,88 mg/100g).
Na Tabela 5, observa-se que houve acréscimo no teor de cálcio do primeiro para o
segundo racemo de todos os genótipos. A média geral foi de 176,41 mg/100g para o primeiro
racemo e de 206,85 mg/100g para o segundo. Verifica-se que tanto no primeiro (278
mg/100g) como no segundo (348 mg/100g) racemo o genótipo AL Preta apresentou teor
máximo. O genótipo Lyra teve o mais baixo teor de cálcio (91 mg/100g) para o racemo
primário. No racemo secundário o teor (144 mg/100g) foi semelhante ao de outros genótipos.
4 CONCLUSÃO
Há variação nas características físico-químicas entre sementes de racemos primários e
secundários.
O teor médio de proteína entre os racemos primários e secundários dos genótipos
Savana (23,37%), AL Preta (23,32%), AL Guarany (22,60%), CPACT 040 (22,24%) e IAC
Guarani (21,47%), constitui boa fonte protéica.
Todos os genótipos avaliados apresentam teor médio de lipídios superiores a 50%,
caracterizando-se como potenciais materiais genéticos.
Os teores médios dos minerais Fósforo, Potássio e Cálcio são de 680,00 mg/100g,
160,00 mg/100g e 192,00 mg/100g, respectivamente.
Sugerem-se novos estudos visando a adaptação e produção desses genótipos.
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604p.
1480
TEOR E QUALIDADE QUÍMICA DO ÓLEO DE SEMENTES DE
GERGELIM ACONDICIONADOS EM DIFERENTES EMBALAGENS E
PERÍODOS
1481
1 INTRODUÇÃO
O gergelim (Sesamum indicum L.), da família Pedaliaceae, é a mais antiga oleaginosa
conhecida. A utilização industrial do grão a nível industrial envolve a fabricação de doces,
balas, extração de óleo e farelo, e na produção caseira de doces (espécies), gersal, cocada,
tijolinhos, fubá e pé-de-moleque (BELTRÃO et al., 2001 apud FIRMINO et al., 2001).
A produção mundial do gergelim está estimada em 3,16 milhões de toneladas, obtidas
em 6,56 milhões de hectares, com uma produtividade de 481,40 kg/ha. O Brasil é um pequeno
produtor, com 15 mil toneladas obtidas em 25 mil hectares e rendimento de 600,0 kg/ha
(FAO, 2005). O cultivo do gergelim apresenta grande potencial econômico devido a sua
ampla possibilidade de aplicação, seja no mercado nacional ou no internacional, tendo
despertado o interesse aos pequenos e grandes produtores por suas excelentes propriedades
nutricionais (MILANI et al., 2005).
Suas sementes contêm cerca de 50% de óleo de excelente qualidade, semelhante ao óleo
de oliva, que tem grande aplicação na indústria química e alimentícia, na confecção de
remédios, cosméticos, perfumes, lubrificantes, sabão, tintas (é semi-secativo), inseticidas e
margarinas (ARRIEL et al., 1999).
O óleo de gergelim apresenta composição muito interessante de ácidos graxos,
destacando-se pelo seu riquíssimo conteúdo de ácidos graxos insaturados, como oléico e
linoléico e, também, por apresentar vários constituintes secundários como o sesamol, a
sesamina e a sesamolina, que são importantíssimos na definição de suas qualidades. O
sesamol possui propriedades antioxidantes que dá ao óleo elevada estabilidade química
evitando a rancificação (BELTRÃO, 1994; FIRMINO, 1996; ARIEL et al.,1999).
O consumo de óleos vegetais para alimentação humana, no Brasil, tem aumentado nos
últimos anos e, uma das razões é a preocupação com os danos causados devido ao consumo
de gordura animal. Desta maneira, a expectativa na administração de gorduras insaturadas tem
elevado a pesquisa quanto à análise de óleos vegetais, visando educar globalmente a
população para mudanças nos hábitos alimentares.
O conhecimento das características químicas do óleo são fatores determinantes e
definitivos para uma boa comercialização. Neste contexto, objetivou-se avaliar as
características químicas do óleo de gergelim armazenado em diferentes embalagens e
períodos.
1482
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Bromatologia de Alimentos da
Faculdade de Tecnologia Centec – FATEC, unidade Cariri, em parceria com a Embrapa
Algodão, Campo Experimental de Barbalha, CE.
Foram utilizadas sementes de gergelim da variedade BRS 196 CNPA G4, originadas da
Embrapa Algodão, Campo Experimental de Barbalha, CE, acondicionadas em sacos de papel
tipo Kraft por dez meses e armazenadas em sacos de aniagem por três meses, e a variedade
IAC Ouro, armazenada em vasilhame pet por um mês. Foram utilizadas 300g de cada
variedade para extração do óleo. Após a obtenção e quantificação do óleo, seguindo-se a
metodologia do Instituto Adolfo Lutz (1976), foram realizadas as seguintes análises: índice de
acidez, índice de iodo (Wijs), índice de saponificação e ácidos graxos (cromatografia em fase
gasosa).
O delineamento estatístico foi o de blocos ao acaso com três tratamentos (sementes de
gergelim BRS 196 CNPA G4 acondicionados por três e 10 meses e de IAC Ouro por 1 mês de
armazenamento) e sete repetições. As médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott a
5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se na Tabela 1, que houve diferença significativa pelo teste F, com grau de
confiança superior a 99% de probabilidade, para o teor de lipídeo e índice de acidez. Não
houve efeito significativo para os índices de iodo e saponificação.
Tabela 1 - Resumo da análise de variância para o teor de lipídios, índice de acidez, iodo e
saponificação em sementes de gergelim. Juazeiro do Norte, CE, 2003.
Fonte de Quadrados Médios
GL
Variação Lipídio Acidez Iodo Saponificação
Blocos 6 18,5273 0,0009 63,6103 250,3324
1483
Na Tabela 2, verifica-se que o teor de lipídio foi maior (50,38%) para a variedade IAC
Ouro. A semente da BRS 196 CNPA G4 (10 meses de armazenamento) apresentou menor
teor de lipídio (39,64%). Quando armazenada por três meses o teor de lipídio foi de 46,37%.
A variedade IAC Ouro e BRS 196 CNPA G4 armazenada por três meses estão com teor de
lipídio dentro da faixa referida por LYON, 1972; YERMANOS et al., 1972 apud
ANTONIASSI & SOUZA (2001), cujo valor varia de 41% a 63% de lipídios. A variedade
BRS 196 CNPA G4 armazenada por 10 meses está fora da faixa reportada. Segundo Arriel et
al. (2006) a variedade BRS 196 CNPA G4, apresenta teor de lipídios em torno de 50%.
Provavelmente, o tipo de embalagem, o tempo de armazenamento e as condições ambientais
influenciaram negativamente a qualidade da semente de gergelim utilizadas no trabalho.
Sugere-se, portanto, que estudos sejam realizados visando determinar influências do tipo, do
tempo e condições de armazenamento da semente de gergelim.
De acordo com a resolução 482 do Ministério da Saúde (1999), no que se refere ao óleo
dos grãos, a acidez geralmente é inferior a 2% (ANTONIASSI et al., 2001). Entretanto, o
índice de acidez de todas as variedades está dentro do padrão (Tabela 2), verificando-se que a
variedade IAC Ouro apresentou maior índice de acidez (0,16%) que a BRS 196 CNPA G4
armazenada por 10 meses (0,05%) e 3 meses (0,13%). Supõe-se que estas sementes tenham
sofrido influências de ambiente durante o período de armazenamento, alterando, assim, a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1484
acidez do óleo. Segundo MORETTO & FETT (1998), paralelamente ao aumento da
temperatura da semente armazenada, ocorre o aumento de acidez do conteúdo de óleo.
Quanto aos índices de iodo e saponificação, observa-se que não houve diferença entre o
período de armazenamento das sementes do gergelim. Pode-se observar que os índices de
iodo (91,62 - 100,64 Wijs) e saponificação (165,24 - 176,58 mg KOH/g de óleo), não diferem
estatisticamente entre si. Estes índices se aproximam aos do padrão referido pelo Ministério
da Saúde (1999) apud ANTONIASSI & SOUZA (2001), que é de 104 a 120 para iodo e de
187 a 195 para saponificação. MORETTO & FETT (1998) ao armazenarem sementes de soja
por um período prolongado verificaram redução do índice de iodo. Este fato, provavelmente
também esteja influenciando a qualidade das sementes de gergelim BRS 196 CNPA G4
Na Tabela 3, observa-se os valores médios dos ácidos graxos dos óleos de gergelim.
Verifica-se que o percentual do ácido graxo palmítico (12,67%g – 14,53%) de todo o material
analisado está com teor acima do referenciado por ANTONIASSI & SOUZA (2001), para o
Ministério da Saúde (1999) e a FAO (1993), que é de 7,0 a 12,0%. Quanto ao percentual do
ácido esteárico, os valores determinados foram de 0,02% a 1,19%, inferior, portanto, ao
determinado por ANTONIASSI & SOUZA (2001) para óleo de gergelim, que foi de 3,5 –
6,0%.
As sementes de gergelim BRS 196 CNPA G4 apresentaram teor de ácido oléico mais
elevado (35,33% a 42,87%) do que o encontrado na variedade IAC 80 (32,74%), cujos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1485
valores da primeira variedade se enquadram entre os percentuais (35% a 50%) considerados
padrão, conforme ANTONIASSI & SOUZA (2001). O percentual de ácido oléico (32,74%)
da cultivar IAC Ouro não atingiu o valor mínimo referenciado por esses autores.
Na Tabela 3, quanto ao teor de ácido graxo linoléico (43,28% a 52,97%), os valores
encontrados nas variedades satisfazem aos padrões estabelecidos pela FAO (1993) e
MINISTÉRIO DA SAÚDE (1999) apud ANTONIASSI & SOUZA, 2001 (41,72% a
48,38%); mas encontram-se acima dos retratados por BUDOWSKI & MARKLY (1951) e
YERMANOS et al., (1972) apud BELTRÃO et al., (2001), (37% a 41,2%). Observa-se
também que o percentual de ácido linoléico é o principal constituinte representando quase
49% dos ácidos graxos das sementes de gergelim.
4 CONCLUSÃO
A variedade IAC OURO apresentou os maiores índices de óleo, acidez e saponificação.
Esta também se destacou quanto ao índice de iodo, portanto, proporciona um maior grau de
insaturação.
A cultivar BRS 196 CNPA G4 podem ser consideradas as melhores, para o
beneficiamento do óleo em relação as variações dos ácidos graxos essenciais, pois possuem
bons índice de ácido oléico e linoléico.
O período de armazenamento e/ou embalagem proporcionou redução no teor de lipídios,
ácido esteárico e ácido oléico.
Sugere-se novos estudos para avaliação dos tipos, do tempo e das condições de
armazenamento das sementes de gergelim.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1487
ESTUDO TERMOGRAVIMÉTRICO DO BIODIESEL OBTIDO A PARTIR
DO ÓLEO DE SOJA RESIDUAL DE FRITURA
1488
1 INTRODUÇÃO
O aumento alarmante da poluição e a ameaça de escassez das reservas de petróleo têm
incentivado vários países a investirem esforços na procura de novas fontes alternativas de
energia, como hidrogênio e biomassa. Neste sentido, o principal objetivo das pesquisas têm
sido a diminuição ou eliminação da emissão de poluentes produzida pelos veículos movidos a
combustíveis fósseis associado à substituição dos motores de ignição por compressão ou
centelha pelos combustíveis limpos como células de hidrogênio, biodiesel, gás natural e
eletricidade.
A utilização de óleos vegetais como alternativa de combustível começaram a ser
estudados no final do século XIX por Rudolf Diesel. Neste caso, os óleos vegetais eram
utilizados in natura. Entretanto, o uso direto no motor apresentou inconvenientes como o
acúmulo de material oleoso nos bicos de injeção, a queima do óleo é incompleta, forma
depósitos de carvão na câmara de combustão, o rendimento de potência é baixo e, como
resultado da queima, libera a acroleína, produto este de elevada toxicidade. Porém,
alternativas têm sido consideradas para melhorar o desempenho destes óleos em motores do
ciclo diesel, como por exemplo: diluição, micro-emulsão com metanol ou etanol,
craqueamento catalítico e reação de transesterificação com álcoois de cadeia pequena. Dentre
essas alternativas, a reação de transesterificação tem sido a mais usada, visto que o processo é
relativamente simples e o produto obtido (biodiesel) possui propriedades muito similares às
do petrodiesel.
A produção de biocombustível, a partir de óleos vegetais, tem sido alvo de diversos
estudos. Os principais óleos em teste são os derivados de macaúba, pinhão-manso, linhaça,
mamona, soja, babaçu, cotieira. Embora não chegue a ser classificado como um combustível
verde nem uma tecnologia de baixo custo, o biodiesel traz como principal vantagem sobre as
outras fontes alternativas de energia a vantagem de se desenvolver atividades agrícolas em
regiões que hoje são consideradas improdutivas.
O biodiesel pode ser definido como um conjunto de ésteres derivados dos ácidos graxos
constituintes de óleos vegetais ou gordura animal, cuja utilização está associada à substituição
de combustíveis fósseis em motores de ignição por compressão (motores de ciclo Diesel).
Das características já levantadas pelo Ministério da Indústria e Comércio (MIC, 1985),
presentes na Tabela 1 abaixo, percebe-se que o Biodiesel possui considerável índice de
cetano, poder calorífico razoavelmente próximo ao óleo diesel, teor de enxofre e aromáticos
praticamente nulos e resíduos de carbono bem abaixo do óleo Diesel.
1489
Tabela 1 - Características físico-químicas do Biodiesel (ésteres etílicos) de várias espécies
vegetais e do óleo Diesel convencional Tipo C (MIC,1985)
Características Origem do Biodiesel Óleo Diesel*
Mamona Babaçu Dendê Algodão Piqui
Poder Calorífico (Kcal/kg) 9046,00 9440,00 9530,00 9520,00 9590,00 10824,00
Ponto de Névoa (ºC) -6,00 -6,00 6,00 Nd 8,00 1,00
Índice de Cetano nd 65,00 nd 57,50 60,00 45,80
Densidade a 20ºC (g/cm3) 0,92 0,89 0,86 0,88 0,87 0,85
Viscosidade a 37,8º (cSt) 21,60 3,90 6,40 6,00 5,20 3,04
Inflamabilidade (ºC) 208,00 nd nd 184,00 186,00 55,00
Ponto de Fluidez (ºC) -30,00 nd nd -3,00 5,00 nd
Destilação a 50% (ºC) 301,00 291,00 333,00 340,00 334,00 278,00
Destilação a 90% (ºC) 318,00 333,00 338,00 342,00 346,00 373,00
Corrosividade ao cobre 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Teor de Cinzas (%) 0,01 0,03 0,01 0,01 0,01 0,01
Teor de Enxofre (%) 0,00 nd nd 0,00 0,00 0,24
Cor (ASTM) 1,00 0,00 0,50 1,00 1,00 2,00
Resíduo de Carbono 0,09 0,03 0,02 Nd 0,01 0,35
*Diesel do tipo C: Caracteriza-se, principalmente, por possuir, no máximo, 0,3% de enxofre, cuja temperatura
necessária para destilação de 85% do seu volume é menor que 360ºC contra 370ºC dos demais tipos. nd = Não
Determinado
Alguns pesquisadores como ZHANG et al. (2003) reportam que 70 a 95% do custo total
do biodiesel é proveniente da aquisição dos óleos vegetais virgens. Desta forma, o uso de
óleos residuais de fritura para a produção de biodiesel torna-se atraente em vários aspectos,
tanto na possível diminuição do custo do combustível, como no oferecimento de outro destino
adequado ao resíduo gerado, evitando que este seja descartado em aterros ou em corpos
hídricos. Muitos pesquisadores já reportaram esta possibilidade (CANAKCI, 2006 e LEUNG
& GUO, 2003).
CANAKCI (2006) estudou o potencial dos óleos residuais de fritura de se converterem
em biodiesel, uma vez que seu custo de aquisição é muito inferior ao custo dos óleos virgens e
pela possibilidade de fornecer um destino correto ao resíduo gerado em grandes quantidades
1490
por estabelecimentos alimentícios, como restaurantes. Ao caracterizar os resíduos
provenientes dos grandes restaurantes da região, foram reportados índices variados de FFA’s
(0,7% a 41,8%) e de umidade (0,01% a 55,38%).
Segundo COSTA NETO et al. (2000) e outros autores as alterações físico-químicas dos
óleos e gorduras usados nos processos de fritura estão intimamente relacionadas com o uso
repetitivo dos mesmos óleos e com os elevados tempos de fritura. Estas alterações implicam
na degradação do óleo e são causadas por reações hidrolíticas e oxidativas, gerando rancidez
destas duas naturezas. Entre as alterações físicas se encontram: escurecimento, aumento da
viscosidade, desenvolvimento de odor agradável. As alterações químicas são caracterizadas
pelo aumento da acidez, com a liberação de ácidos graxos livres, e formação de peróxidos.
A Figura 1 abaixo explicita os tipos de rancidez gerados na degradação dos óleos
vegetais submetidos à fritura.
A síntese do biodiesel se dá por reação de transesterificação onde um óleo vegetal reage
com álcool (metanol ou etanol), na presença de um alcóxido como catalisador, resultando na
formação de glicerina e uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos (FANGRUIMA &
HANNA, 1999). Na transesterificação de óleos vegetais (Figura 2) o triglicerídeo reage com
um álcool (metanol ou etanol) na presença de um catalisador que pode ser ácido, básico,
organometálico ou biológico, produzindo uma mistura de ésteres alquílicos de ácido graxos e
glicerol, sendo a mistura de ésteres denominada biodiesel.
1491
Figura 1 - Tipos de rancidez gerados na degradação de óleos e gorduras submetidos à fritura
(COSTA NETO et al., 2000)
1492
publicaram rendimentos de 93,5% de óleo virgem de Canola, com proporção molar
metanol/óleo de 6:1, 1,0% em massa de óleo de NaOH, e sob temperatura de 45ºC. No
entanto, a catálise alcalina é significativamente afetada por elevados índices de acidez e
umidade. A catálise ácida é aconselhada para óleos e gorduras que possuem elevada acidez,
como os óleos de fritura residuais, porém alcançam altos rendimentos sob tempos reacionais
maiores, altas razões molares álcool:óleo e altas temperaturas e pressões. Os resultados com
catalisadores enzimáticos ainda são poucos.
Aplicações do óleo residual de fritura na síntese do biodiesel têm deixado a escala
laboratorial e têm caracterizado plantas piloto em certos lugares do país, como em Diadema,
Indaiatuba e Campinas. Em Manguinhos (RJ), a recém instalada planta de biodiesel usará
óleos residuais em 10% da matéria-prima.
Para que o biodiesel seja usado como substituto do diesel é necessário garantir que a
qualidade e as propriedades deste combustível sejam confiáveis e consistentes com padrões de
qualidade exigidos por normas. Neste sentido, nos últimos 10 anos têm sido feitos vários
estudos para o desenvolvimento de métodos para análise do biodiesel, suas impurezas e
subprodutos. Esses estudos incluem a cromatografia gasosa, a separação da fase sólida, a
cromatografia de filme líquido, a cromatografia de líquido de alta precisão, a refratometria e a
análise térmica. A análise termogravimétrica é um método analítico que está sendo utilizado
na caracterização do biodiesel, seja para se calcular os pontos de ebulição e pressão de vapor
dos ésteres obtidos bem ou mesmo para se estimar grau de conversão na reação de
transesterificação.
A necessidade de caracterizar o biodiesel produzido de óleos residuais, caracterizar sua
performance como combustível e enquadrá-lo nas normas reguladoras torna-se interesse de
estudo, promovendo uma visão mais ampla e segura desta rota de produção.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O óleo de soja refinado (marca ABC), usado para o consumo doméstico, foi adquirido
no supermercado. O óleo de soja residual de fritura foi adquirido numa lanchonete da cidade
de Itajubá-MG, que descarta por mês 1000 litros de óleo residual. Os óleos de soja refinado
(OSR) e residual de fritura (OSRF) foram caracterizados quanto ao seu índice de acidez,
índice de saponificação (IS), peso molecular (PM) por (1), índice de refração (refratômetro
tipo ABBE), densidade (método do picnômetro) e umidade (método Karl Fisher). O álcool
1493
metílico e o metilato de potássio adquiridos da Merck foram de pureza analítica e usados sem
nenhuma purificação prévia.
3.56100
PM =
I .S . (1)
O biodiesel foi sintetizado pela técnica da transesterificação após reação de uma massa
de 50g do óleo de soja refinado (OSR) ou óleo de soja de fritura (OSRF) com Metanol
(Merck), na proporção molar álcool:óleo de 6:1> Utilizou-se como catalisador o metilato de
potássio (CH3OK) na proporção de 4% em massa de óleo. A reação ocorreu a 60ºC e pressão
atmosférica no tempo de 60 minutos em reator tipo tanque agitado. Ao término da reação, o
produto foi transferido para um funil de separação e deixado em repouso por 24 horas.
Posteriormente foram coletadas em recipientes distintos as duas fases separadas no funil. A
fase inferior era constituída pela glicerina formada na reação, excesso de catalisador e álcool.
A fase superior (biodiesel bruto) era constituída pelos ésteres sintetizados e uma pequena
parcela de catalisador, álcool e triglicerídeos que não reagiram. A ocorrência da reação foi
monitorada através de medidas dos índices de saponificação e refração da mistura reacional e
o tempo foi baseado em dados da literatura.
A fase superior foi lavada com um mesmo volume de água destilada a 90ºC e HCl 0,14
M para neutralização do catalisador. Em seguida foram efetuadas duas lavagens com água
destilada a 90ºC. A fase superior lavada foi seca com Na2SO4 anidro e posteriormente
filtrada a 100 oC e pressão atmosférica gerando finalmente o biodiesel purificado. Tanto o
biodiesel bruto (fase superior) quanto o biodiesel purificado (fase superior lavada e seca)
foram caracterizados quanto às suas propriedades físico-químicas, a saber: de índice de
saponificação, índice de refração e densidade. As caracterizações químicas foram realizadas
segundo as normas da Farmacopéia Norte Americana (USP). O rendimento reacional em
biodiesel purificado foi calculado por (2).
mbiod . purificado
η=
móleo (2)
1494
iniciando a corrida em 30 ºC e chegando aos 800 ºC com um fluxo de nitrogênio de 50 mL
min-1, utilizando panela de alumínio de 20 µL com furo de aproximadamente 0,5 mm na
tampa e adição de alumina em pó como diluente inerte. A curva termogravimétrica dos óleos
vegetais foi obtida em condições iguais àquelas utilizadas para os biodiesel, exceto o limite
máximo de temperatura que foi até 500 ºC para que se obtivessem patamares bem definidos
na curva termogravimétrica do óleo. Para os óleos a faixa de temperaturas foi de 25º a 800ºC,
e para os produtos reacionais foi de 25ºC a 500ºC.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo COSTA NETO et al. (2000) as diferenças entre o OSRF e o OSV são
resultantes das reações oxidativas e hidrolíticas que os primeiro estavam expostos durante
repetidas processos de fritura a altas temperaturas.
Um dos produtos gerados por estas reações são ácidos graxos livres (free fatty acid –
FFA’s) que aumentam a acidez do óleo – como é percebido da Tabela 2 e influenciam
negativamente no rendimento da catálise alcalina, uma vez que estes podem reagir com o
catalisador produzindo sabão e água. A saponificação não somente consome o catalisador
alcalino, mas o sabão resultante forma emulsões, que vêm dificultar a purificação do
biodiesel. Desta forma, o excesso do catalisador para a catálise alcalina de OSRF é
recomendado, visando o aumento do rendimento.
A discrepância da massa molar, calculada a partir dos índices de saponificação, pode ser
explicada pelo fato do OSRF ser composto por ácidos graxos de menor massa molecular
média que podem ter resultado das sucessivas etapas de aquecimento do óleo vegetal no
processo de fritura. As diferenças do índice de refração também reflete a degradação do
OSRF, que se torna mais escuro e desenvolve um odor desagradável. A umidade presente no
óleo residual é resultante da água colocada no leito da fritadeira durante os processos de
fritura e da reação entre os FFA’s e o catalisador alcalino, porém seu valor foi é considerado
relevante no processo.
1495
Tabela 2 - Caracterização da matéria-prima
Parâmetro OSR OSRF
Percebe-se da Tabela 3.2 acima que o índice de saponificação aumentou após a lavagem
do biodiesel bruto, isso possivelmente é devido à remoção de catalisador, excesso de álcool e
outras impurezas ainda presentes na fase superior gerada após a reação.
1496
recomendados de até 2% em massa de óleo (Zhang et al. 2003), quando se usa catalisadores
alcalinos e óleos refinados.
Por sua vez, vêem-se nos Figura 3 e 4 seguintes as curvas termogravimétricas dos óleos
in natura e dos biodiesel sintetizados, respectivamente. O Figura 3 apresentara um único
estágio de perda de massa de massa dos óleos, com a degradação tendo início em
aproximadamente 370 oC e se estendendo até 800 oC, sem formação de resíduo.
100 OSR
OSRF
80
60
40
20
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
1497
Figura 4 - Perfil Termogravimétrico do biodiesel purificado (Bp) e do diesel
100
Bp OSR
Bp OSRF
80 Diesel
60
40
20
0
0 100 200 300 400 500
Bp OSR: biod. purificado de óleo de soja refinado, Bp OSRF: biod. purificado de óleo de soja residual de fritura.
4 CONCLUSÃO
1498
Os resultados obtidos neste trabalho indicam que é possível se obter biodiesel metílico
de óleo de soja de resíduo de fritura com características de qualidade similar ao do biodiesel
de óleo de soja refinado. Os rendimentos obtidos na reação de transesterificação para
obtenção do biodiesel de resíduo de óleo de fritura são razoáveis quando se leva em
consideração a razão custo/benéfico desta matéria-prima. A análise termogravimétrica
confirmou que foram obtidos biodiesel de óleo residual de fritura em porcentual de conversão
considerável, no entanto deve-se atentar para possíveis formações de resíduos carbonáceos
verificadas em pequena quantidade e em temperaturas elevadas (500ºC).
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq pelo suporte financeiro parcial que permitiu a
realização deste trabalho.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MIC, Ministério da Indústria e do Comércio; Produção de Combustíveis Líquidos a Partir de
Óleos Vegetais. Brasília: Secretaria de Tecnologia Industrial; Coordenadoria de
Informações Tecnológicas, 1985.
LEUNG, D. Y. C.; GUO, Y.; Transesterification of neat and used frying oil: Optimization for
biodiesel production. Fuel Processing Technology, Washington, v.54, n.5 , p. 883-890, Out.
2006.
ZHANG, Y.; DUBÉ, M. A.; McLEAN, D. D.; KATES, M.; Biodiesel production from waste
cooking: 1. Process design and technological assessment. Bioresource Tachnology, v.89, p.
1-16, Jan. 2003.
1499
EFEITO DA REMOÇÃO DO TEGUMENTO E DA TEMPERATURA NA
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)
1500
1 INTRODUÇÃO
Com os avanços tecnológicos e os incentivos do governo federal na busca de matéria
prima para a produção de biodiesel, abre-se amplas perspectivas para o cultivo do pinhão-
manso (Jatropha curcas L.), principalmente nas regiões do semi-árido Nordestino e do Norte
de Minas Gerais. Sendo assim, se faz importante à realização de pesquisas, na busca de
maiores informações sobre aspectos agronômicos, principalmente informações básicas
referentes a sua propagação.
O pinhão-manso, é um arbusto pertencente à família das Euforbiáceas com uma faixa de
distribuição de cultivo muito grande indo desde regiões tropicais muito secas às úmidas
(Purdue University, 1998 e Peixoto, 1973). De acordo com Peixoto (1973), a propagação do
pinhão-manso pode ser feita tanto por via assexuada ou sexuada, sendo esta mais
recomendada por formar plantas de maior porte, longevidade e rusticidade.
Até agora no Brasil, para a multiplicação do pinhão-manso, via sementes, tem-se
recorrido à coleta delas em plantas cultivadas ou como cercas-vivas, em quintais próximos às
habitações. Alguns produtores fizeram um cadastro das plantas utilizadas como matrizes e
vêm acompanhando o desenvolvimento e a produção delas, plantando-se também as suas
sementes em talhões separados. Esse cuidado resultou em algumas populações de plantas
muito interessantes para a seleção de novas matrizes de pinhão-manso.
Ainda não foram estabelecidos os padrões internos para a produção e comercialização
de sementes de pinhão-manso no Brasil. Em outros países, como Índia, as sementes de
pinhão-manso vêm sendo amplamente oferecidas na internet, tendo-se como parâmetros itens:
sementes de Jatropha curcas (secas e frescas), origem (cidade, estado, país), pureza: 100%,
teor de óleo: 32,55%, germinação: 60-80%, embalagem em sacos de 50kg.
Segundo Carneiro et al.,(1983), o uso de temperatura favorável contribui para o bom
desempenho de lotes de sementes durante o teste padrão de germinação. Para análise de
sementes de pinhão-manso não foram estabelecidos padrões para o teste de germinação
dessas, havendo poucos estudos quanto às condições ótimas de temperatura e substrato para a
sua germinação.
A germinação é um fenômeno biológico que pode ser considerado pelos botânicos
como a retomada do crescimento do embrião, com o subseqüente rompimento do tegumento
pela radícula. Já para os tecnologistas de sementes, a germinação é definida como a
emergência e o desenvolvimento das estruturas essenciais do embrião, manifestando a sua
capacidade para dar origem a uma planta normal, sob condições ambientais favoráveis (IPEF,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1501
1998). De acordo com Bewley & Black (1994), citado por Andrade et al., (2006), a
temperatura influencia na porcentagem final e a velocidade da germinação, afetando tanto a
absorção de água pela semente quanto as reações bioquímicas que regulam o metabolismo
envolvido nesse processo. As sementes são capazes de germinar sob ampla faixa de
temperaturas, definida para cada espécie com uma temperatura máxima e uma mínima, acima
e abaixo das quais a germinação não ocorre.
Para a maioria das espécies, a temperatura mais favorável para germinação flutua entre
26,5°C e 35°C (Albrecht et al. 1986). Trabalhando com sementes de mamona, Carneiro et al
(1983), concluiram que a temperatura de 30°C constante proporcionou uma melhor
germinação das sementes, mas, no Rolo de Papel e Pano esta não diferiu quando as
temperaturas foram 30°C, constante e 20-35°C alternadas.
Segundo Joker & Jepsen (2003), a germinação das sementes de pinhão-manso é epígea.
A germinação é rápida podendo ser concluída em até dez dias. Jepsen et al. (2007) semeando
as sementes em areia do deserto de Kalahari, obtiveram condições ótimas de germinação do
pinhão-manso sob temperaturas de 20º C, combinadas com irrigação três vezes por semana.
Nunes e Nunes (2005) avaliaram a germinação e vigor de sementes de pinhão manso,
coletadas na região do Vale do Jequitinhonha e concluíram que as sementes apresentaram
melhor desempenho com a retirada do tegumento. Os maiores valores de germinação (75%) e
vigor (70%) foram obtidos nos testes realizados no germinador regulado a 25ºC com luz
natural, em rolos de papel germitest umidecido. Porém as sementes, segundo os autores,
também germinaram com fotoperíodo de 24 horas e no escuro, indicando serem sementes
indiferentes ao fotoperíodo.
Devido aos fatos expostos e à falta destes dados para a espécie em questão, objetivou-
se, no presente trabalho, determinar a influência da retirada do tegumento e da temperatura na
germinação das sementes de pinhão-manso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do
Núcleo de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (LAS – NCA/UFMG),
em abril de 2006.
As sementes de pinhão-manso (Jatropha curcas L.), provenientes de plantas nativas do
município de Jequitaí-MG, foram coletadas de frutos maduros e submetidas à determinação
do grau de umidade pelo método estufa (105 ± 3ºC por 24 horas), utilizando oito e duas
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1502
repetições, conforme prescrições das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). Os
resultados foram expressos em gramas.
O teste de geminação foi realizado com quatro subamostras de 25 sementes para cada
tratamento. Parte das sementes não tiveram seus tegumentos retirados (sementes com
tegumentos) e a outra das sementes os tegumentos foram removidos (sementes sem
tegumento) antes de serem semeadas em papel toalha no sistema rolo, umedecidos com
volumes de água (mL), equivalentes 2,5 vezes o peso do papel (g). Os tratamentos foram
instalados em câmaras de germinação do tipo BOD sob regime de luz branca contínua nas
temperaturas de 20ºC; 25ºC; 20/30ºC e 30ºC. As avaliações foram feitas diariamente
(protrusão de radícula) e aos 10 e 15 dias do início do teste, computando-se as plântulas
normais. Foram consideradas germinadas as plântulas normais que apresentarem estruturas
essenciais completas, bem desenvolvidas, proporcionais e sadias. O índice de velocidade de
germinação foi determinado anotando-se diariamente o número de sementes com radículas
protrundidas durante o teste de germinação e calculado pela fórmula proposta por Maguirre
(1962):
IVG = G1/ N1 + G2/ N2 +... + Gn /Nn;
Onde:
IVG = índice de velocidade de germinação;
G1, G2, Gn = número de sementes germinadas computadas na primeira contagem, na segunda
contagem e na última contagem.
N1, N2, Nn = número de dias de semeadura à primeira, segunda e última contagem.
Para fins de comparação, duas amostras (com e sem endocarpo), com quatro repetições
de 15 sementes/amostras foram semeadas manualmente, em canteiros, contendo uma mistura
de areia + terra na proporção de 2:1, em linhas de um metro de comprimento, à profundidade
de 3 cm, em condição de casa de vegetação. No decorrer do teste foram realizadas regas
quando necessárias, para manutenção da umidade suficiente até o final do mesmo. A
velocidade de emergência foi determinada anotando-se o número de plântulas emergidas a
cada dia a partir da data de início da emergência até a completa estabilização do estande. O
índice de velocidade de emergência (IVE), foi estabelecido segundo critérios de Maguirre
(1962). A emergência final foi determinada com contagem única das plântulas emergidas, aos
30 dias após semeadura. Foram consideradas emergidas, plântulas que apresentavam os
1503
cotilédones acima do substrato. Os resultados foram expressos em porcentagem, conforme
recomendações de Popinigis (1985).
O delineamento estatístico foi o inteiramente casualizado com quatro repetições. Os
dados referentes a porcentagem de germinação expressos pela primeira e segunda contagem
foram transformados em arcsen (x /100), e aqueles em que não houveram germinação foram
transformados em 1/4x para que depois serem transformados em arcsen (x /100), para fins de
cálculos. Nas tabelas foram apresentados os dados originais às médias em cada tratamento,
comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, quando houve significância
no teste F.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das amostras para determinação da umidade das sementes com e sem
tegumento demonstraram teores de 8,9% e 8,7%, respectivamente.
Na Tabela 1 está representado o quadro da análise de variância da qualidade fisiológica
das sementes, avaliada pelo índice de velocidade de germinação e da porcentagem de
germinação determinado pela primeira (10 dias) e segunda contagem (15 dias). Não foram
verificadas interações significativas entre a retirada do tegumento e temperatura, indicando
assim a não existência de combinações entre esses dois fatores para a primeira e segunda
contagem bem como para o índice de velocidade de germinação. A porcentagem de
germinação tanto para a primeira quanto para a segunda contagem e o índice de velocidade de
germinação foram influenciadas apenas pelo tegumento, que por ter apenas duas
características (com e sem tegumento), o teste F é conclusivo.
Tabela 1 - Analise de variância da Primeira contagem (PC)1, Segunda contagem (SC)1, Índice
de velocidade de germinação (IVG), Matéria seca das raízes (MSR), Matéria seca da parte
aérea (MSA), Comprimento de raiz (CR), Comprimento da parte aérea (CA).
Fontes de variação Gl Quadrado médio
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1504
Pc Sc Ivg
Tegumento 1 0,0191* 1,54* 15,17*
Temperatura 3 1,3488 0,0157 1,57*
Teg. X temp. 3 0,0230 0,0270 0,36
Resíduo 24 0,0130 0,0127 0,2856
Cv(%) 26,65 25,52 46,74
1 Dados transformados, em arc sen?x/100. * Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
Tabela 2 - Resultados médios de Primeira contagem (PC)1, Segunda contagem (SC)1 e Índice
de velocidade de germinação (IVG) de sementes de pinhão-manso, com e sem remoção de
tegumento, germinadas sob diferentes temperaturas.
Fatores Pc Sc Ivg
Temperatura
20°c 17,3 a 19,7 a 0,67 b
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1505
25°c 25,96 a 27,4 a 1,21 ab
30°c 31,15 a 21,15 a 1,72 ab
20-30°c 17,78 a 19,68 a 0,96 b
Tegumento
Com 35,33 a 38,2 a 1,82 a
Sem 5,76 a 5,76 a 0,45 b
Cv(%) 26,65 25,52 46,74
1 Dados originais, porém para efeito da análise estatística, aqueles expressos em porcentagem foram
transformados em arc sen2/100. Em cada coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente
entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, pode-se concluir que:
As sementes com tegumento apresentaram maior porcentagem de germinação, a retirada
do tegumento afeta negativamente a germinação e vigor das sementes, as temperaturas de
25ºC e 30ºC constantes são favoráveis a germinação e vigor das sementes, as temperaturas de
20ºC constante e 20-30ºC alternadas comprometem o desempenho na germinação e vigor das
sementes.
1506
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBRECHT, J.M.F.; ALBUQUERQUE, M.C.F.E. & SILVA, M.V.F. Influência da
temperatura e do tipo de substrato na germinação de sementes de cerejeira. Revista
Brasileira de Sementes, Brasília, v.8, n.1, p.49-55, 1986.
BEWLEY, D.D. & BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. New
York: Plenum, 1994. 467p.
JØKER, D. & JEPSEN, J. Jatropha curcas L. Seed Leaflet, Humleback, Denmark, n.83, p.1-
2, Aug. 2003.
PEIXOTO, A.R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 282p.
1507
PURDUE UNIVERSITY. Jatropha curcas L. West Lafayette, 1998. Disponível em: <
http://www.hort.purdue.edu/newcrop/duke-energy/Jartropha-curcas.html. > Acesso em : 07
Mar. 2007.
1508
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO
(Jatropha curcas L.) COLHIDAS EM QUATRO SAFRAS DISTINTAS
RESUMO: Com o advento do biodiesel, a cultura do pinhão manso (Jatropha curcas L.)
expandiu em algumas regiões do país, por ser uma das espécies promissoras para produção de
óleo diesel vegetal. No entanto, ainda requer o desenvolvimento de tecnologia adequada de
cultivo, sendo escasssas as informações na literatura científica sobre produção, processamento
e qualidade de sementes. Avaliou-se a qualidade fisiológica de sementes de pinhão manso
colhidas em quatro safras e armazenadas sob as mesmas condições em Janaúba, Minas Gerais.
Os materiais avaliados foram: David safra 2004, Bento safra 2005, Oracília safra 2006 e
Oracília safra 2007, fornecidos pela empresa NNE Minas Agroflorestal. A qualidade
fisiológica foi avaliada por meio dos testes de germinação, índice de velocidade de
germinação (IVG) e teste de tetrazólio. Os lotes avaliados, à exceção de Oracília safra 2006
(80,5 % de germinação), apresentaram baixa qualidade, evidenciando a necessidade de
cuidados na qualidade inicial de sementes a serem armazenadas e durante a conservação das
mesmas. O lote Oracília 2007 apresentou qualidade inferior ao Oracília 2006, devido ao
intenso ataque de percevejos.
1509
1 INTRODUÇÃO
Com o advento do biodiesel, a cultura do pinhão manso (Jatropha curcas L.) expandiu
em algumas regiões do país, por ser uma das espécies promissoras para produção de óleo
diesel vegetal. No entanto, por ser uma espécie não tradicional em plantios com finalidade
produtiva, o pinhão-manso requer o desenvolvimento de tecnologia adequada de cultivo
(Beltrão et al., 2007). A tecnologia adequada de cultivo inicia no conhecimento da qualidade
da semente, porém com relação ao pinhão-manso, são pouquíssimas as informações na
literatura científica sobre produção, processamento e qualidade de sementes.
Segundo Joker e Jepsen (2003), as sementes de pinhão manso são ortodoxas e podem
ser secas a baixos teores de água (5-7%) e, quando armazenadas em condições de baixa
temperatura, mantêm alta viabilidade por pelo menos um ano. No entanto, por possuírem alto
conteúdo de óleo, não se espera que possam ser conservadas por longos períodos como a
maioria das espécies ortodoxas. A obtenção de sementes de alta qualidade representa a meta
prioritária dentro do processo de produção, pois, de um modo geral, a baixa germinação, ou
mesmo da redução da velocidade de emergência, freqüentemente é atribuída ao baixo vigor,
associado ao processo de deterioração (Rosseto et al., 1997).
Durante todo o processo de produção e processamento de sementes, providências devem
ser tomadas para a obtenção e preservação da qualidade fisiológica, principalmente os
relacionados a tratamentos de armazenamento de sementes. No armazenamento, a velocidade
do processo deteriorativo pode ser controlada em função da longevidade, da qualidade inicial
das sementes e das condições do ambiente. Como a longevidade é uma característica genética
inerente à espécie, somente a qualidade inicial das sementes e as condições do ambiente de
armazenamento podem ser manipuladas (Carvalho e Nakagawa, 2000).
Assim sendo, o armazenamento de sementes assume papel importante na preservação da
qualidade, que quando bem conduzido minimiza tanto o processo deteriorativo, quanto o
descarte de lotes. Segundo Carvalho e Von Pinho (1997), um armazenamento adequado,
associado à escolha correta do tipo de embalagem, evita perdas qualitativas e quantitativas,
além de permitir maior flexibilização na comercialização do produto.
Além de apresentar condições climáticas que favorecem a cultura do pinhão-manso, a
Região Norte de Minas é zoneada para produção de sementes de alta qualidade, em função do
clima seco e disponibilidade de irrigação, sendo necessário o estudo de condições que
favorecem a conservação destas.
1510
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade fisiológica de sementes de
pinhão manso colhidas em quatro safras e armazenadas sob as mesmas condições em
Janaúba, Minas Gerais.
2 MATERIAL E METODOS
O experimento foi conduzido no laboratório de Tecnologia de Sementes da
Universidade Estadual de Montes Claros, no campus de Janaúba, MG, nos meses de abril e
maio de 2007. As sementes de pinhão manso utilizadas foram fornecidas pela empresa NNE
Minas Agroflorestal com sede em Janaúba, que vem desenvolvendo coletas e plantios de
germoplasma dessa espécie na região. Foram fornecidas sementes colhidas a partir de 2004 e
armazenadas na empresa, em sacos trançados de polietileno em galpão. Os materiais
avaliados foram: David safra 2004, Bento safra 2005, Oracília safra 2006 e Oracília safra
2007.
Amostras de sementes foram separadas para a realização dos testes de conteúdo de água
e de germinação. O conteúdo de água das sementes foi avaliado pelo método da estufa a
1050C ± 30C por 24 horas, utilizando-se quatro subamostras de 25 sementes e os resultados
apresentados em porcentagem, obtidos pelo cálculo baseado no peso úmido (BRASIL, 1992).
A qualidade fisiológica foi avaliada por meio dos testes de germinação (%G) e índice de
velocidade de germinação (IVG). Para os testes de germinação foram utilizadas quatro sub
amostras de 50 sementes. O substrato utilizado foi o de papel germitest umedecido com água
destilada no volume equivalente a três vezes o peso do substrato. As sementes foram mantidas
em sacos plásticos em câmara de germinação tipo BOD regulada para temperaturas alternadas
de 25-300C , segundo BRASIL, (1992).
As avaliações foram realizadas diariamente a partir do sexto dia de montagem dos
testes, sendo os resultados expressos em percentagem média de plântulas normais, de acordo
com os critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes (BRASIL,1992). O
índice de velocidade de germinação foi calculado seguindo expressão proposta por Maguirre
(1962):
1511
IVG = G1/N1 + G2/N2 + ...+ Gn/Nn
Onde:
IVG: índice de velocidade de germinação
G1, G2, ... Gn: número de plântulas germinadas, computadas na primeira, segunda até a
última contagem.
N1, N2, ....Nn: número de dias de semeadura à primeira, segunda até a última contagem.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores de água das sementes das quatro safras e materiais variaram de 6,62% a
7,76% (Tabela 1). Foi constatada diferença significativa entre as médias de porcentagem de
germinação e IVG para as quatro safras. A porcentagem de germinação foi baixa para todos
os materiais avaliados, sendo que Oracília safra 2006 apresentou maior porcentagem de
germinação (80,5 %) e maior índice de velocidade de germinação (Tabela 1). Sementes do
mesmo material colhidas em 2007, apresentaram qualidade inferior (53,5%), sendo detectado
grande intensidade de sementes danificadas por percevejos (Pachycoris torridus), visualizado
por meio de teste de tetrazólio (Figura1), O ataque desses insetos facilitam a entrada de
fungos patogênicos.
1512
Figura 1- Sementes de Oracília 2007 danificadas por percevejo, submetidas ao teste de
tetrazólio, Unimontes, Janaúba, 2007.
1513
por JOKER e JEPSEN (2003), segundo os quais, as sementes de pinhão manso armazenadas à
temperatura ambiente podem permanecer viáveis por cerca de um ano.
4 CONCLUSÃO
As sementes de pinhão manso da safra 2004, 2005 e 2007 apresentam qualidade
fisiológica inferior às da safra 2006.
O lote Oracília 2007 apresentou qualidade inferior ao Oracília 2006, devido ao intenso
ataque de percevejos.
5 AGRADECIMENTOS
À empresa NNE Minas Agroflorestal, pela concessão das sementes para o presente
estudo.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. de M, SEVERINO, L.S.;SUINAGA, F.A; VELOSO, J.F. JUNQUEIRA,
N.T.; FIDELIS, M.; GONÇALVES, N.P.; SATURNINO, H.M.;ROSCOE, R. Pinhão
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(folder).
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Aug. 2003.
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and vigor. Crop Science, Madison, v. 2, n. 2, p. 176-177, Mar/Apr, 1962.
1514
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ROSSETTO, C.A.V; NOVEMBRE, A.D. da L.C; MARCOS FILHO, J.; SILVA W. R. da &
NAKAGAMA, J.; Efeito da disponibilidade hídrica do substrato, da qualidade fisiológica e
teor de água inicial das sementes de soja no processo de germinação. Scientia Agrícola,
Jan./Ago. 1997 Piracicaba, v.54, n. 1-2, p.97-1005.
1515
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SEMENTES DE GERGELIM
BRS 196 CNPA G4 (SELEÇÃO BRANCO) PLANTADAS EM DIFERENTES
ESPAÇAMENTOS
1516
1 INTRODUÇÃO
A cultura do gergelim (Sesamum indicum L.) é uma das mais importantes culturas na
atualidade, de grande valor econômico, pelas inúmeras utilidades que sua semente oferece,
tanto na produção de alimentos quanto na produção de óleo (SILVA et al., 2001). É um
alimento de alto valor nutricional, rico em óleo e proteínas, cerca de 51,90% e 19,80%
respectivamente, usado tanto para fins alimentares como para diversas aplicações na indústria
farmacêutica, cosmética e óleo-química (ANTONIASSI & SOUZA, 2001; EMBRAPA,
2007).
Atualmente, o gergelim é cultivado em 71 países, especialmente na Ásia e África. A
produção mundial está estimada em 3,16 milhões de toneladas, obtidas em 6,56 milhões de
hectares, com uma produtividade de 481,40 kg/ha. Cerca de 49% do total produzido de
gergelim é proveniente da Índia e Myanmar. O Brasil é um pequeno produtor, com 15 mil
toneladas obtidas em 25 mil hectares e rendimento de 600,0 kg/ha. Além do cultivo
tradicional nos Estados nordestinos, o gergelim é cultivado em São Paulo, Goiás, Mato
Grosso e Minas Gerais (ARRIEL et al., 2006a). Atualmente, esta oleaginosa vem abrindo
possibilidades de se conquistar uma parcela do mercado externo, devido à sua alta cotação no
comércio internacional, garantindo ao Nordeste e outras Regiões mais esta fonte de divisas
(EMBRAPA, 2007).
A população de plantas é definida pelo espaçamento entre linhas e a distância entre as
plantas dentro da linha, normalmente chamada de densidade (MORAES et al., 2006). De
acordo com Beltrão et al. (2001a), as populações, funções dos espaçamentos e das densidades
de plantio exercem influência na produtividade e nos componentes da produção do gergelim,
dependendo do ambiente e da cultivar em uso, porém não tão significativas quanto em outras
culturas, denotando a plasticidade dessa pedaliácea. Beltrão et al. (2001a) recomenda
espaçamento de 1 m entre as fileiras e 5 a 7 plantas/m de fileira para as variedades Seridó 1,
CNPA G2, CNPA G3, Inamar e outras, cultivadas na Região Nordeste, que possuem hábitos
de crescimento ramificado e de ciclo médio a longo. Para as cultivares precoces e não
ramificadas, recomenda-se espaçamentos de 0,6 a 0,7 m entre as fileiras, com 7 a 10
plantas/m de fileira.
O programa de melhoramento do gergelim visa a obtenção de cultivares com maior
capacidade produtiva, precocidade, alto teor de óleo e porte da planta adequado à colheita
manual ou mecanizada, além de detecção de fontes de resistência às principais doenças e
1517
pragas e identificação de genótipos com características de retenção de sementes (ARRIEL et
al., 1999).
A maioria dos agricultores nordestinos, não procuram usar as cultivares melhoradas,
disponíveis nas Instituições de Pesquisa, havendo uma predominância no cultivo dos tipos
locais, normalmente com características variáveis e pouco produtivos, fazendo com que o
produtor fique à margem dos avanços genéticos conseguidos com o melhoramento da cultura
(ARRIEL et al., 1999).
O objetivo deste trabalho é avaliar o efeito dos espaçamentos nas características físico-
químicas de genótipo de gergelim BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco).
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de Bromatologia e Química de Alimentos da
Faculdade de Tecnologia Centec – Fatec, Unidade do Cariri em parceria com a Embrapa
Algodão, Campo Experimental de Barbalha, CE.
Foram utilizadas sementes de gergelim do genótipo BRS 196 CNPA G4 (Seleção
Branco), oriunda do Programa de Melhoramento do gergelim da Embrapa Algodão e
cultivado em solo de textura areno-argilosa nos espaçamentos entre linhas de 0,6 m x 0,2 m;
0,8 x 0,2 m e 1,0 m x 0,2 m no Campo Experimental da Embrapa Algodão de Barbalha, CE,
Área 4 sob condições irrigadas, durante o período de 23 de agosto a dezembro de 2005.
Foi utilizado delineamento estatístico em blocos casualisados com três tratamentos
(espaçamentos) e sete repetições, totalizando vinte e uma (21) unidades experimentais.
As sementes permaneceram durante 15 meses devidamente armazenadas em sacos papel
tipo Kraft, em local limpo, seco e arejado, sendo posteriormente preparadas para realização
das análises por meio de maceramento com pistilo. Estas foram submetidas às análises físico-
químicas quanto aos teores de umidade, cinzas, lipídeos, proteínas, cálcio (titulometria com
EDTA) conforme metodologia do Instituto Adolfo Lutz (1976), proteína e ferro de acordo
com a AOAC (1975), fósforo (Vanadato-Molibdato) e Fibras de acordo com PEARSON
(1971), sódio e potássio segundo o método fotométrico descrito pela APHA (1992). O teor de
carboidrato foi obtido pela diferença da % de proteína, lipídio, umidade e cinzas.
Os dados das variáveis avaliadas foram submetidos à análise de variância e, as médias
foram comparadas pelo teste de Scott-Knott, adotando-se como critério de significância
valores de p ≤ 0,05.
1518
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se, nas Tabela 1 e 2, que houve efeito significativo a 1% de probabilidade para
as variáveis proteína, lipídios e cálcio, e a 5% para fósforo e potássio.
1519
(ANTONIASSI et al., 1997, citados por ANTONIASSI & SOUZA, 2001), sugerindo haver
variação do teor de cinzas entre as cultivares.
O maior teor de proteína (28,52%) foi observado nas sementes oriundas de plantas de
maior espaçamento (1,0 m) (Tabela 3), superando valores relatados por Costa et al. (2006),
que observaram variação de 21,95% a 24,57%, para os genótipos CNPAG 90-70 e CNPAG
93-36, respectivamente. Portanto, o genótipo BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco), com
maior teor de proteína, pode ser boa alternativa de fonte protéica para a alimentação humana.
Quanto ao teor de lipídio o genótipo BRS 196 CNPA G4 (seleção Branco) apresentou
teor médio de 35,67%. Valores maiores (49,10%) foram encontrados por Firmino et al.
(2001). Segundo Arriel et al. (2006b) a variedade BRS 196 CNPA G4, apresenta teor de
lipídios variando de 48% a 50%.
Para o teor de fibras (Tabela 3), a média geral foi de 12,39%, com variação de 13,51%
(espaçamento 1,0m x 0,20m) a 11,20% (espaçamento 0,6m x 0,20m). Souci et al.(1994),
citados por Antoniassi & Souza (2001), reportaram teor de fibra igual ao teor mínimo
observado no presente trabalho. Beltrão et al. (2001b) encontraram apenas 6,30% em
sementes de gergelim.
As sementes da BRS 196 CNPA G4 de espaçamento 0,80 m apresentou teor carboidrato
de 27,36%, superando em 2,28% o teor médio de carboidrato das sementes de plantas de
espaçamento 0,60 m e 1,0 m (Tabela 3). Beltrão et al. (1994) citado por Firmino et al. (2001),
quantificaram conteúdo de 21,60 % de carboidratos em sementes de gergelim, valor este
inferior ao observado no presente trabalho, cuja média foi de 25,84%.
1520
Observa-se Tabela 4 que o teor de fósforo (655,74 mg/100g e 664,35 mg/100) e cálcio
(398,55 mg/100 e 397,76 mg/100g) apresentaram comportamento semelhante, em que os
menores espaçamentos 0,60 m e 0,80 m superaram os teores desses minerais obtidos em
sementes de espaçamento 1,0 m. A média geral de fósforo foi de 643,90 mg/100g, sendo
superior a encontrada por Costa et al. (2006) (298,64 mg/100g). Apenas o tratamento 1,0m x
0,20m proporcionou teor de fósforo inferior ao reportado por Beltrão et al. (2001b)
(616mg/100g) e os de Namiki (1995) (540 mg/100g) e Soici et al. (1994) (607 mg/100g),
citados por Antoniassi e Souza (2001).
Tabela 4 - Médias de teor de fósforo, ferro, sódio, potássio e cálcio de sementes de gergelim
BRS 196 CNPA G4 (Seleção Branco). Juazeiro do Norte, CE, 2007.
Médias (mg/100g)
Espaçamentos
Fósforo Ferro Sódio Potássio Cálcio
0,6 m x 0,20 m 655,74 a 4,76 a 4,71 a 472,75 b 397,76 a
0,8 m x 0,20 m 664,35 a 4,26 a 4,24 a 497,92 a 398,55 a
1,0 m x 0,20 m 611,61 b 4,94 a 4,51 a 497,54 a 254,85 b
Média 643,90 4,65 4,49 489,40 350,39
Médias seguidas da mesma letra na coluna, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.
1521
Para os teores de cálcio, o valor máximo (398 mg/100g) foi inferior em
aproximadamente 50% ao citado por Souci et al. (1994) citados por Antoniassi & Souza
(2001).
4 CONCLUSÃO
O teor de proteína, lipídios, fósforo e cálcio das sementes de gergelim foram
influenciados pelo espaçamento.
Com teor médio de proteína superior a 27%, o genótipo de gergelim BRS 196 CNPA
G4 (Seleção Branco) se constitui como uma fonte alternativa de proteína.
Características físico-químicas médias observadas foram: umidade (4,99%), cinzas
(5,81%), proteína (27,62%), lipídio (35,67%), fibras (12,39%), carboidrato (25,84%), fósforo
(643,90 mg/100g), ferro (4,65 mg/100g), sódio (4,49 mg/100g), potássio (489,40 mg/100g) e
cálcio (350,39 mg/100g).
Sugere-se a realização de novos ensaios, visando à confirmação das características
físico-químicas do referido genótipo, cultivado em condições de sequeiro.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTONIASSI, R.; SOUZA, D. F. S. Composição, processamento e atividade antioxidante.
In: BELTRÃO, N. E. M; VIEIRA, D.J. O agronegócio do gergelim no Brasil. Embrapa
Algodão (Campina Grande, PB). Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. 327-348.
APHA (American Public Health Association). Standard methods for the examination of
dairy products. 16. ed. Washington: APHA, 1992. 546p.
ARRIEL, N. H. C.; ANDRADE, F. P.; VIEIRA, D. J.; et al. Cultivar BRS 196 CNPA G4 e
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BELTRÃO, N. E. M.; PEREIRA, J. R.; SILVA, O. R. R. F. S.; AZEVEDO, D. M. P.;
VIEIRA, D. J. Manejo Cultural. In: BELTRÃO, N. E. M.; VIEIRA, D. J. O agronegócio do
gergelim no Brasil. Embrapa Algodão (Campina Grande, PB). Brasília: Informação
Tecnológica, 2001a, p. 149-166.
COSTA, M. L. M.; GONDIM, T. M. S.; ARAÚJO, I. M. S.; MILANI, M.; SOUSA, J. S.;
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CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 57, 2006, Gramado, RS. Anais... Gramado:
Congresso Nacional de Botânica - Seção Etnobotânica, 2006. 3 p. CD-ROM, 2006.
MORAES, C. R. A.; SEVERINO, L. S.; VALE, L. S.; COELHO, D. K.; GONDIM,T. M. S.;
BELTRÃO, N. E. M. Produção e teor de óleo da mamoneira de porte médio plantada em
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Anais…Aracaju: Embrapa Algodão, 2006. CD-Rom, 2006.
PEARSON, D. The Chemical Analysis of Foods. 6a ed. New York: Chemical Public, 1971.
604p.
1523
ESTUDO DA ESTERIFICAÇÃO ÁCIDA DE ÓLEOS E GORDURAS DE
ALTA ACIDEZ PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL
1524
1 INTRODUÇÃO
O Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode
ser obtido por diferentes processos como o craqueamento, esterificação ou pela
transesterificação. Esta última, mais utilizada, consiste na reação química de óleos vegetais ou
de gorduras animais com álcoois de baixa massa molecular sendo mais utilizados metanol ou
etanol, na presença de um catalisador ácido ou básico. Desse processo também se extrai a
glicerina como co-produto. Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se podem
produzir o biodiesel, tais como soja, dendê, girassol e mamona, ou ainda de fontes alternativas
que merecem um tratamento especial por possuírem alto teor de ácidos graxos livres (AG)
como sebo, óleo alimentar fora da especificação ou já utilizados em frituras, dentre outras.
Muitas pesquisas e processos atuais de produção de Biodiesel utilizam óleos refinados
em grau alimentar, tornando o produto final economicamente inviável, por agregar a ele o
valor do refino do óleo. Isso pode incentivar a disputa de mercado, entre o consumo direto de
óleo e os produtores de Biodiesel, gerada pelo desvio de um produto alimentar para a
combustão. Com isso, cresce a necessidade de pesquisas tecnológicas na área química para
desenvolver novos processos de produção, aproveitando as principais fontes de matérias-
primas de baixo custo. Nestas matérias primas a redução da acidez, para evitar o refino, pode
ser aplicada uma primeira etapa de esterificação por catálise ácida (Figura 1a) como um pré-
tratamento convertendo os AG em biodiesel reduzindo assim a acidez para uma segunda etapa
onde serão transesterificados por catálise alcalina os triglicerídeos (TG) remanescentes
(Figura 1b).
a)
O O
Catalisador * + H 2O
HO CR1 + R 2OH R2 O C R1
Ácido Graxo Álcool Biodiesel Água
* Utiliza-se catalisador ácido
b)
O O
H 2 CO C R1 R4 O C R1 H 2C OH
O O
C a ta lis a d o r *
HC O C R2 + 3 R 4O H R4 O C R2 + HC OH
O O
H 2 CO C R3 R4 O C R3 H 2C OH
T r ig li c e r í d e o Á lc o o l B io d ie s e l G li c e r i n a
* O c a t a li s a d o r p o d e s e r á c i d o o u b á s i c o
1525
A aplicação seqüencial das duas reações acima constituem um processo two-step para a
produção de biodiesel partindo de óleos ou gorduras com alto teor de AG. O presente trabalho
é parte integrante de um estudo da esterificação e transesterificação de óleos e gorduras ácidas
visando o desenvolvimento de um processo em duas etapas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foi utilizado óleo de soja comercial (Perdigão, S.A. com índice de acidez IA=1,0;
índice de saponificação IS=192,0 e índice de iodo II=130,5) e como reagentes ácido oleico
PA (Synth), Álcool Etílico PA (Synth), catalisador - ácido sulfúrico PA (Synth), Hexano PA
(Synth), Éter Etílico PA (Synth). Para o índice de acidez realizado conforme procedimento
padrão, utilizou-se Hidróxido de Sódio PA (Synth) seco, Álcool Etílico PA (Synth), Biftalato
de Potássio PA (Synth) seco, água destilada e como indicador fenolftaleína.
1526
∑ xi M i
1
M = ou M =
∑ Mii
z
i
i
Para realizar os experimentos procurou-se preparar uma mistura que representasse com
maior realidade uma gordura acidificada, por isso foi escolhido o ácido oleico, por apresentar
uma massa molecular mais aproximada á média da massa molecular dos ácidos graxos livres
da soja.
A mistura foi preparada com 15,2 % de ácidos graxos livres. Então foi calculada a
massa molecular da mistura para ajustes da relação molar com o álcool. Sendo y=15,2%, e a
massa molecular do ácido oleico MAG=282,461 g/mol obteve-se a massa molecular média da
mistura igual a 677,77 g/mol.
Preparou-se mistura suficiente para que se realizassem todas as reações estatisticamente
planejadas.
Na reação ácida foi utilizada uma massa de 50 g da mistura óleo-ácido oleico e
colocado em banho para aquecimento até a temperatura da reação, sob agitação magnética.
Foram realizados os cálculos da massa de álcool e ácido sulfúrico necessárias para as relações
desejadas, então foi pesada a massa de álcool e adicionada o ácido sulfúrico para que este
entrasse na reação diluído. Ao se atingir a temperatura de reação então adicionou-se o álcool e
o catalisador sempre mantido sob agitação.
Foram realizadas cromatografias em camada delgada para o acompanhamento do
andamento da reação. Sendo retiradas amostras em 30, 60, 90 e 120 minutos de reação,
sempre comparadas com o padrão (antes da adição dos reagentes). Utilizou-se uma solução de
9:1 hexano e éter etílico para a separação das amostras na cromatografia e revelada em Iodo,
com essa relação é possível acompanhar a formação do biodiesel. Fixando-se assim o tempo
de reação em 120 min, em todos os ensaios.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1527
Após o termino da reação, esta foi lavada por 3 vezes com 100 mL de água destilada,
para a retirada do ácido sulfúrico do meio. Na segunda lavagem adicionou-se 60 mL de
hexano para evitar a formação de emulsão. Deixou-se decantar por 1 h e separou-se a água
remanescente. A fase orgânica então é submetida a evaporação em rotaevaporador por 1 h
sendo os primeiros 30 min a 60°C, para retirada do hexano, e o restante do tempo a 70 °C
para retirar alguma possível umidade resultante da lavagem. Então forma retiradas alíquotas
para a medição dos índices de acidez.
Assim, a mistura formada de TG e biodiesel com um pequeno percentual de AG está
pronta para ser submetida a transesterificação básica.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos na esterificação dos ácidos graxos da mistura TG+AG são
mostrados na Tabela 2.
1528
Tabela 2 - Resultados obtidos nos experimentos de esterificação ácida.
Reação T (°C) C (%) r (mol:mol) IA (mg/g) % Esterificação
1 60 0,5 1/3 12,69 57,98
2 80 0,5 1/3 6,11 79,76
3 60 1,0 1/3 8,56 71,66
4 80 1,0 1/3 3,99 86,79
5 60 1,5 1/3 5,39 82,17
6 80 1,5 1/3 4,83 84,02
7 60 0,5 1/6 4,72 84,38
8 80 0,5 1/6 3,40 88,73
9 60 1,0 1/6 2,25 92,54
10 80 1,0 1/6 3,16 89,53
11 60 1,5 1/6 2,38 92,14
12 80 1,5 1/6 2,45 91,90
13 60 0,5 1/9 6,36 78,96
14 80 0,5 1/9 2,45 91,89
15 60 1,0 1/9 2,01 93,35
16 80 1,0 1/9 2,37 92,14
17 60 1,5 1/9 2,66 91,18
18 80 1,5 1/9 2,52 91,65
IAinicial − IA final
%Esterificação = × 100
IAinicial
Como se observa, nas reações 9, 11, 12, 14, 15, 16, 17, 18, houve uma redução da
acidez adequada à aplicação de uma segunda etapa alcalina na reação, por apresentarem
resultados abaixo de IA=3 mg/g, sendo este o indicado na literatura como o mais econômico
para a aplicação da catálise básica, em uma segunda etapa. (ver linha em vermelho na figura
1.) A figura a seguir mostra o comportamento do IA em função de r, C e T.
1529
Figura 2- Efeito das variáveis (r, C, T) sobre a redução da acidez inicial da mistura estudada.
Estes resultados mostram que oito dos ensaios realizados apresentaram índice de acidez
abaixo do valor considerado como o máximo para a aplicação da transesterificação básica.
Observa-se também que o aumento da relação molar de 6 para 9 não foi tão significativo na
maioria das reações com exceção da realizada na presença de 0,5 %(p/p) de ácido sulfúrico.
A relação r =1:6 pode ser considerada mais significativa confirmando os resultados de
Ramadhas, et al (2005) sendo que o mínimo índice de acidez ocorre em r =1:9, a 60°C com
1,0% de catalisador, porém um valor elevado de álcool tem como conseqüência a necessidade
de destilação de seu remanescente após a reação aumentando assim o consumo de energia. A
figura 3 mostra o comportamento da percentagem de esterificação com o aumento da
concentração de catalisador.
Figura 3 - Efeito das variáveis (r, C, T) sobre a conversão dos ácidos graxos livres em
biodiesel.
1530
Não é observado ganho na esterificação ao se aumentar a concentração do catalisador de
1,0 para 1,5 % (p/p). Reações catalisadas com 0,5 % (p/p) de ácido sulfúrico não mostraram
resultados satisfatórios na esterificação.
Elevadas temperaturas de esterificação, possibilitam a conversão não apenas dos AG,
mas dos TG durante a reação, o que não é desejado nesta etapa.
4 CONCLUSÃO
A combinação sistemática das três variáveis estudadas (r, T, C) possibilitou observar
condições de processo adequadas à redução do índice de acidez até os valores recomendados
para um pós tratamento com catálise alcalina, numa segunda etapa de reação, visando a
conversão total dos TG em biodiesel.
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1531
DESENVOLVIMENTO DO PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.) EM
RESPOSTA A APLICAÇÃO DE ORGANO-MINERAIS-MARINHO +
BIOTECH®, FÓSFORO E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito das diferentes formas de
aplicação de fertilizante Organo-Minerais-Marinho+Biotech® (OMM-Tech) no crescimento
do Pinhão-Manso. O experimento está sendo conduzido no Setor de Fruticultura do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, UFLA, em casa-de-
vegetação do tipo capela. O delineamento estatístico utilizado foi inteiramente casualizado em
esquema fatorial 4 x 4 x 2 (OMM-Tech x fósforo x lâminas de irrigação). O manejo de
irrigação foi realizado com base no monitoramento da umidade do solo por meio de sensores
do tipo watermark. Para comparação dos resultados foram avaliados a altura e o número de
folhas das plantas. As diferenças entre os tratamentos foram verificadas de acordo com teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Não houve efeito significativo entre os
tratamentos, para número de folhas das plantas. A aplicação da lâmina de irrigação L2 (50%
da lâmina de irrigação L1 = lâmina suficiente para elevar a umidade do solo para a capacidade
de campo em vaso) foi a que apresentou melhor resultado, e a interação entre a dose, 100 kg.
Ha-1 de P2O5 e a dose de 50 kg. Ha-1 de OMM-Tech, foi a que propiciou a maior altura de
plantas.
1532
1 INTRODUÇÃO
Entre as experiências feitas com vegetais para uma futura substituição do óleo diesel
mineral como combustível, destacaram-se como plantas de alto potencial o Pinhão-Manso
(Jatropha curcas L.), também conhecido como pinhão-de-purga, pinhão-paraguai, manduri-
graça, mando-bi-guaçu e pião, e o pinhão-bravo (Jatropha pohliana M.). No Brasil, até o
momento a inexistência de informações técnicas específicas relacionadas com as exigências
hídricas e nutricionais dessa cultura tem sido uma das maiores dificuldades encontradas pelos
produtores (Vedana, 2007). Entretanto, sabe-se que a aplicação no solo de fertilizante Organo-
Minerais-Marinhos+Biotech® (OMM-Tech) pode favorecer o desenvolvimento dessa cultura.
O OMM-Tech resulta de um Blend da união entre o fertilizante Organo-Minerais-
Marinho+Biotech®. O fertilizante Organo-Minerais-Marinho é uma alga marinha calcificada
sendo considerada um fertilizante natural, simples, melhorador e condicionador de solos e
culturas, obtido sem adicionamento de qualquer produto químico e, através de processo
industrial de secagem e moagem a frio conserva intactas suas características orgânicas, bio-
catalíticas e reequilibrantes (Melo e Furtini Neto, 2003). O Biotech® é um bioativador da
microbiota do solo, constituído por ácidos orgânicos mais complexos enzimáticos obtido da
fermentação de tecidos vegetais e biodegradáveis. É uma fonte de energia para os
microorganismos do solo, por meio da degradação das cadeias orgânicas, sem causar
alterações relevantes e irreversíveis na reação do solo e do ambiente rizosférico (Nogueira e
Guimarães, 2005).
Além da adubação correta, o fornecimento de água para a cultura de forma eficiente
interfere diretamente no processo de produção agrícola. São cada vez mais freqüentes os
problemas climáticos como estiagens, que acabam atingindo severamente áreas cultivadas não
irrigadas, sendo assim, a irrigação assume fundamental importância para produção da maioria
das culturas. Considerada para o produtor uma técnica que além de incrementar a
produtividade, pode proporcionar obtenção de um produto diferenciado e de melhor
qualidade. Falta ou excessos de água podem contribuir para redução da produção e, por isso, o
manejo da irrigação é essencial para a maximização da produção (Ramos, 2002)
Diante da necessidade de realização de pesquisas com a cultura do Pinhão-Manso no
Brasil, objetivando conhecer melhor as condições de cultivo para se obter maior
produtividade e contribuir com a domesticação de uma oleaginosa ainda pouco conhecida
pelos produtores, é que se propõe com este trabalho, cuja finalidade é avaliar o efeito da
1533
aplicação do fertilizante OMM-Tech e fosfatado, assim como de lâminas de irrigação, sobre o
crescimento da cultura do Pinhão-Manso, cultivado em casa-de-vegetação.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento está sendo conduzido no Setor de Fruticultura do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras - UFLA, em casa-de-vegetação, na qual se
cultivou uma planta de pinhão manso em vasos de 20 dm3, plantadas em abril de 2007. Os
vasos receberam adubação de 70 mg.dm-3 de nitrogênio mais 100 mg.dm-3 de potássio, como
fontes Sulfato de Amônio e Cloreto de Potássio na forma sólida.
As mudas de Pinhão-Manso provenientes de sementes foram produzidas no Setor de
Cafeicultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras,
Minas Gerais. A semeadura foi realizada em tubetes de 120 ml, utilizando-se substrato
comercial, seguindo as recomendações de Avelar et al. (2005).
O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente ao acaso com três repetições,
porém em esquema fatorial 4 x 4 x 2 (OMM-Tech x fósforo x lâminas de irrigação). As doses
do OMM-Tech foram 0, 50, 100 e 200 kg.ha-1 e dose de fósforo: 0, 50, 100 e 200 kg.ha-1 de
P2O5, como fonte Super Simples, respectivamente, e as lâminas de irrigação foram: L1 =
lâmina suficiente para elevar a umidade do solo para a capacidade de campo; e L2 = 50% da
lâmina L1.
As avaliações foram feitas em junho do ano de 2007, considerando a altura e o número
de folhas das plantas. Os resultados foram analisados no programa estatístico SAEG (2007).
Quando a análise de variância identificou diferenças, os dados foram comparados pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pela análise de variância, foi possível observar que existem diferenças estatísticas
significativas somente para a altura de plantas. Neste caso, verificaram-se diferenças
significativas na altura das plantas para as seguintes interações: OMM-Tech x lâmina; Fósforo
x lâmina e OMM-Tech x fósforo.
O fator lâmina influenciou significativamente no fator fósforo para a característica
altura das plantas. Porém, não houve influência significativa do fator fósforo sobre o fator
lâmina para a característica da planta em análise, entretanto, o fator OMM-Tech influenciou
1534
significativamente no fator lâmina para a altura de plantas. Na Tabela 1 é apresentado o
desdobramento dessas interações onde cada valor representa o valor médio de 3 observações.
De acordo com a Tabela 1, observou-se que o fator lâmina influenciou
significativamente a altura das plantas quando se aplicou nos vasos, doses de 0 e 50 kg de
P2O5 por hectare, não sendo significativo dentro de cada lâmina de irrigação com doses
crescentes de fósforo. Por outro lado observa-se ainda que o fator lâmina também influenciou
significativamente a altura das plantas quando foi aplicada a dosagem de 100 kg de OMM-
Tech por hectare. A maior altura de plantas foi encontrado nos tratamentos que receberam a
lâmina de irrigação L2, ou seja, 50% da L1 = lâmina suficiente para elevar a umidade do solo
para a capacidade de campo.
Tabela 1 - Interação entre lâminas de irrigação e doses de fósforo (P2O5) e OMM-Tech para a
variável altura (cm) de plantas.
P2O5
Lâminas 0 kg.ha-1 50 kg.ha-1 100 kg.ha-1 200 kg.ha-1
L1 11,79bA* 12,54bA 13,79aA 13,21aA
L2 14,25aA 14,71aA 13,00aA 14,08aA
OMM-Tech
Lâminas 0 kg.ha-1 50 kg.ha-1 100 kg.ha-1 200 kg.ha-1
L1 13,54aA 13,67aA 11,88bA 12,25aA
L2 13,50aA 14,54aA 14,04aA 13,96aA
*Em cada coluna, médias seguidas de letras minúsculas diferentes, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. -Em cada linha, médias seguidas de letras maiúsculas diferentes, diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
1535
Tabela 2 - Interação entre doses de fósforo P2O5 e de OMM-Tech para a variável altura (cm)
de plantas.
OMM-Tech P2O5
...........................................................................kg.ha-1.............................................................
0 50 100 200
0 13,92aA 14,50aA 11,92aB 13,75aA
50 11,67bA 13,92bA 15,83bB 15,00bA
100 13,50aA 13,42aA 12,92aB 12,00aA
200 13,00aA 12,67aA 12,92aB 13,83aA
*Em cada coluna, médias seguidas de letras minúsculas diferentes, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. -Em cada linha, médias seguidas de letras maiúsculas diferentes, diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
Pela Tabela 2, nota-se que a altura das plantas foi diferente estatisticamente quando se
aplicou nos vasos, OMM-Tech na dosagem de 50 kg.ha-1, para todas as dosagens de fósforo
onde também se verificou que a interação com a dosagem de fósforo, 100 kg.ha-1 de P2O5, foi
a que apresentou o melhor resultado (altura = 15,83 cm). Porém a altura de plantas foi
estatisticamente semelhante entre as dosagens 0, 100, 200 kg.ha-1, respectivamente, para todas
dosagens de fósforo.
Para todas as dosagens de OMM-Tech em kilograma por hectare a altura das plantas
teve o seguinte comportamento estatístico: semelhante para dosagens de fósforo 0 kg.ha-1, 100
kg.ha-1 e 200 kg.ha-1, e estatisticamente diferente para a dosagem 100 kg.ha-1 de fósforo e 50
kg.ha-1 de OMM-Tech. Isto pode ser explicado pela característica do Fertilizante Organo-
minerais-marinho como condicionador de solo e Biotech® como ativador da microbiota do
solo; promotores da fertilidade do solo pelo enriquecimento deste em nutrientes presentes no
fertilizante Organo-minerais-marinho; pela ativação da microbiota do solo e pelas reações de
troca desencadeadas pelos ácidos orgânicos; pelo aumento da transformação enzimática do
fósforo orgânico em fósforo inorgânico; pela disponibilização mais rápida de macro e
micronutrientes e elementos raros de fácil liberação como constituintes do Organo-Minerais-
Marinho que proporcionam e induzem maior quantidade e diversidade de elementos químicos
nutricionais para a mineralização e revitalização dos solos exauridos, depauperados e, ou
degradados. Pela outra parte integrante do “Blend” (ácidos orgânicos mais complexos
enzimáticos), os precipitados de adubações residuais e nutrientes imobilizados,
disponibilizam-se pela alteração momentânea da CTC e, ou da CTA, favorecendo,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1536
principalmente, a dessorção de fósforo. Princípios hormonais promotores do crescimento de
raízes também estão presentes nesta segunda parte formadora do “Blend” que ainda num
estádio precoce de crescimento disponibilizam o cálcio e o fósforo que são muito importantes
no arranque de crescimento logo após a emergência das plantas.
4 CONCLUSÃO
Nas condições em que foi realizado o experimento, conclui-se que a aplicação da lâmina
de irrigação L2, ou seja, 50% da L1 = lâmina suficiente para elevar a umidade do solo para a
capacidade de campo foi a que propiciou os melhores resultados. A interação entre as doses
de P2O5, principalmente, na dose de 100 kg.ha-1 e a de OMM-Tech, na dose de 50 kg.ha-1, foi
a que propiciou a maior altura de planta em vasos.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AVELAR, R. C.; DEPERON JÚNIOR, M.A.; DOURADO, D. C.; QUINTILIANO, A. A.;
DAFA, S.; FRAGA, A.C.; CASTRO NETO, P., Produção de mudas de pinhão manso
(Jatropha curcas L.) em tubetes. In: 3o CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL. 2005 Varginha-MG. Anais...
Varginha, MG, 2005 (CD-ROM).
SAEG - Sistema de análises estatísticas e genéticas. Versão 9.1.Viçosa, MG, 2007. 150p.
(Manual do usuário).
1537
CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) IRRIGADO
POR GOTEJAMENTO EM RESPOSTA A APLICAÇÃO DE ORGANO-
MINERAIS-MARINHO + BIOTECH®
1538
1 INTRODUÇÃO
Entre as plantas oleaginosas fornecedoras de matéria prima para produção do biodiesel,
atualmente, vem se destacando o pinhão-manso (Jatropha curcas L.), planta perene de ampla
adaptação edafoclimática, produtora de sementes ricas em óleo de fácil colheita, com bom
potencial produtivo. Esta planta também, vem despertando interesse pela qualidade do óleo de
suas sementes para produção de biodiesel. O óleo extraído das sementes do pinhão-manso
possui propriedades capazes de produzir combustível de qualidade e se tornar competitivo
internacionalmente, pois suas características superam inclusive o padrão de qualidade do óleo
de colza, comercializado hoje na Europa (Vedana, 2007).
O Pinhão-Manso é um arbusto de 3 a 5 metros de altura, porém em condições
favoráveis pode atingir até 12 metros de altura, possui troncos lisos, lustrosos, de cor verde-
clara e com escamas. Suas folhas são esparsas, largas, alternadas, palminervadas, com 3 a 5
lóbulos, verdes pálidas, brilhantes, pecíolos compridos e esverdeados, destituídas de pêlos,
caindo na estação de inverno (Cortesão, 1956). A inflorescência, conjunto de flores, contém
de 1 a 5 flores femininas e de 25 a 93 flores masculinas. A relação normal de flor masculina
para feminina é de 29:1, sendo que em cada inflorescência originam um cacho com 10 frutos
ou mais (Lalji Sing et al., 2006).
O fertilizante OMM-Tech corresponde a união de fertilizante Organo-Minerais-
Marinho mais o BioTech®. O fertilizante Organo-Minerais-Marinho é uma alga marinha
calcificada sendo considerada um fertilizante natural, simples, melhorador e condicionador de
solos e culturas, constituído de matérias minerais com CaCO3, MgCO3 e teores de 0,4% N;
0,35% P; 0,20% k e 0,60% S + 15% de micro-nutrientes. Nos 5% da fração nitrogenada
orgânica existe ácido aspártico (0,08% do peso seco), lisina (0,03%), prolina (0,025%) e ácido
glutâmico (0,18%). O fertilizante Organo-Minerais-Marinho é obtido sem adicionamento de
qualquer produto químico e, através de processo industrial de secagem e moagem a frio
conserva intactas suas propriedades naturais, ou seja, suas características orgânicas, bio-
catalíticas e reequilibrantes (Melo e Furtini Neto, 2003).
O BioTech® é um bioativador da microbiota do solo, constituído por ácidos orgânicos
mais complexos enzimáticos obtidos pela fermentação de tecidos vegetais e biodegradáveis. É
uma fonte de energia para os microorganismos do solo, através da degradação das cadeias
orgânicas, sem causar alterações relevantes e irreversíveis na reação do solo e do ambiente
rizosférico. Sua ação na aquisição de nutrientes pelas plantas é a mesma daquela exercida por
1539
compostos orgânicos por elas exsudados na rizosfera, independente da idade da planta e das
variações das estações do ano (Nogueira e Guimarães, 2005).
Dentro deste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento do Pinhão-
Manso irrigado por gotejamento, em resposta as diferentes formas de aplicação de OMM-
Tech, em três doses.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento esta sendo desenvolvido no Setor de Fruticultura do Departamento de
Agricultura da Universidade Federal de Lavras, UFLA. A área situa-se nas coordenadas
geográficas de 21º 13’ de Latitude Sul e 35º 12’ de Longitude Oeste a 892 m de altitude. O
clima da região, segundo a classificação de Koppen, é do tipo Cwb, caracterizado por uma
estação seca entre abril e setembro e uma estação chuvosa de outubro a março. A temperatura
média do mês mais frio é inferior a 18ºC e superior a 3ºC e o verão apresenta temperatura
média do mês mais quente superior a 22ºC. A região apresenta temperatura do ar média anual
de 19,4ºC, umidade relativa do ar média de 76,2%, precipitação média anual de 1.529,7 mm e
evaporação média anual de 1.034,3 mm (Brasil, 1992).
As mudas de pinhão-manso provenientes de sementes, foram produzidas no Setor de
Cafeicultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras,
Minas Gerais. A semeadura foi realizada em tubetes de 120 ml, utilizando-se substrato
comercial, seguindo as recomendações de Avelar et al. (2005). As mudas foram
transplantadas em dezembro de 2006.
O sistema de irrigação utilizado foi por gotejamento com emissores espaçados a cada
0,50 cm. O manejo de irrigação foi realizado monitorando a umidade do solo por meio de
sensores de tipo Watermark. As lâminas de irrigação foram calculadas de forma a aplicar a
quantidade de água necessária para elevar a umidade do solo para a correspondente à
capacidade de campo.
O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados com 3 repetições. Os
tratamentos foram constituídos por três formas de aplicação do fertilizante Organo-Minerais-
Marinho + Biotech® (OMM-Tech), doses aplicadas de acordo com a análise de solo, ou seja:
T1 = Testemunha (S/ OMM-Tech); T2 = via solo (120 kg.ha-1 de OMM-Tech na forma pó);
T3 = via foliar (OMM-Tech na forma líquida e na concentração de 5%); e T4 = via solo +
foliar (60 kg.ha-1 de OMM-Tech na forma pó + OMM-Tech na forma líquida e na
concentração de 2,5%).
1540
As avaliações dos resultados foram feitas a partir do mês de junho de 2007
considerando as seguintes características das plantas: diâmetro de copa e altura das plantas.
As diferenças entre os tratamentos foram verificadas de acordo com teste de Tukey ao nível
de 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 encontram-se o resultado da análise de variância para as características
analisadas. Verificou-se efeito significativo para os tratamentos somente para o diâmetro de
copa das plantas de Pinhão-Manso.
Pelo teste de média, na Tabela 2, verificou-se que para altura de plantas não foi
significativa para as características avaliadas, apesar da altura média que variou de 0,91 m até
1,07 m, ou seja, da testemunha aos tratamentos com OMM-Tech. Para diâmetro de copa o
melhor resultado foi obtido com a forma de aplicação via foliar do OMM-Tech (diâmetro de
copa médio das plantas de 0,91 m) seguido da aplicação via solo + foliar (diâmetro de copa
médio das plantas de 0,89 m) e via solo (diâmetro de copa médio das plantas de 0,86 m),
respectivamente. Como esperado, a testemunha (diâmetro de copa médio das plantas de 0,69
m) foi a que apresentou o pior resultado. Observou-se também que o diâmetro médio de copa
das plantas quando se aplicou OMM-Tech na forma via foliar, foi em média 31,8 % maior do
que o diâmetro médio de copa das plantas onde não aplicou o fertilizante OMM-Tech, a
Testemunha, evidenciando, assim, efeito significativo do fertilizante OMM-Tech sobre o
crescimento e desenvolvimento da planta de Pinhão-Manso.
1541
A diferença encontrada entre os tratamentos pode ser atribuída ao fato da umidade do
solo sempre se manter próxima a correspondente “a capacidade de campo”, onde se enfatiza o
efeito do uso do fertilizante “Blend”, denominado em escala experimental de OMM-Tech.
Tabela 2 - Valores médios de altura das plantas e diâmetro de copa de plantas do Pinhão-
Manso sobre a aplicação de OMM-Tech.
Tratamentos Altura de plantas Diâmetro de copa
cm Cm
T1 Testemunha 0,91 a* 0,69 b
T2 Via solo 1,07a 0,86 ab
T3 Via foliar 1,02a 0,91 a
T4 Via solo + foliar 0,99a 0,89 ab
*Médias iguais seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tuckey ao nível de 5% de
probabilidade.
1542
4 CONCLUSÃO
Nas condições em que foi realizado o experimento, conclui-se que forma de aplicação
via foliar do fertilizante OMM-Tech, foi a que apresentou o melhor resultado.
Na forma de aplicação via foliar, o diâmetro de copa médio foi de 0,91m, seguido da
aplicação via solo + foliar, diâmetro de 0,89m e via solo, diâmetro de 0,86m, respectivamente.
A testemunha, diâmetro de copa médio das plantas foi de 0,69m, foi a que apresentou o
pior resultado.
O diâmetro médio de copa quando se aplicou OMM-Tech na forma foliar, foi em média
31% maior do que o diâmetro médio de copa onde não aplicou o fertilizante OMM-Tech em
nenhuma forma, ou seja, a Testemunha.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVELAR, R. C.; DEPERON JÚNIOR, M.A.; DOURADO, D. C.; QUINTILIANO, A. A.;
DAFA, S.; FRAGA, A.C.; CASTRO NETO, Produção de mudas de pinhão manso (Jatropha
curcas L.) em tubetes. In: 3o CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS,
ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL. 2005 Varginha-MG. Anais... Varginha, MG, 2005
(CD-ROM).
LALJI SINGH; S.S. BARGALI; S.L. SWAMY. Production practices and post-harvest
mamagement in Jatropa. In BIODISEL CONFERENTE TOWARDS ENERGY
INDEPENDENCE-FOCUS ON JATROPHA. 2006, Rashtrapati Bhawa-New Delhi. Anais…
Rashtrapati Bhawa-New Delhi, 2006.
SAEG - Sistema de análises estatísticas e genéticas. Versão 9.1.Viçosa, MG, 2007. 150p.
(Manual do usuário).
1543
RESPOSTA EM CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)
PELA APLICAÇÃO DE FERTILIZANTE ORGANO-MINERAIS-MARINHO
+ BIOTECH®
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito das diferentes formas de
aplicação de fertilizante Organo-minerais-marinho + Biotech® (OMM-Tech) no crescimento
do Pinhão- Manso. Para isso foi realizado um experimento conduzido no Setor de Fruticultura
do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, UFLA. O ensaio foi
conduzido segundo o delineamento estatístico em blocos casualizados, com 3 repetições para
os seguintes tratamentos: T1 (Testemunha) = S/OMM-Tech; T2 = via solo (120 kg. Ha-1 de
OMM-Tech na forma pó, de acordo com a análise de solo); T3 = via foliar (OMM-Tech na
forma líquida e na concentração de 5%); T4 = via solo + foliar (60 kg. Ha-1 de OMM-Tech
na forma pó + OMM-Tech na forma líquida e na concentração de 2,5%). Para avaliar o
crescimento das plantas, foram analisados os efeitos da aplicação de OMM-Tech sobre o
diâmetro de copa e altura das plantas. A aplicação de OMM-Tech favoreceu o
desenvolvimento da cultura do Pinhão-Manso. As formas de aplicação dos fertilizantes
quando comparadas com a testemunha propiciaram um aumento de 24% e 38%,
respectivamente, na altura das plantas e no diâmetro de copa das plantas.
1544
1 INTRODUÇÃO
Na atual sociedade, os avanços em pesquisas e tecnologias no sentido de encontrar uma
alternativa para substituição dos antigos combustíveis estão extremamente rápidos, seja pelo
fato da temida escassez do petróleo ou ainda pelo seu alto custo. Neste contexto, os
biocombustíveis estão sendo motivo de muitas pesquisas e grandes avanços no setor de
energia. Entre os vários estudos para se obter o biodiesel estão aqueles de extração através de
sementes oleaginosas, entre essas, destaca-se o Pinhão-Manso (Jatropha curcas L.).
O Pinhão-Manso é uma arvoreta suculenta da família Euforbiacea que atinge de 3
metros a 5 metros, podendo chegar ate 12 metros de altura, de cujas sementes se extrai um
óleo inodoro que queima sem emitir fumaça e possível de ser empregado na fabricação de
biodiesel. Embora seja uma planta conhecida e cultivada no continente, o Pinhão-Manso
ainda encontra-se em processo de domesticação e somente nos últimos 30 anos começou a ser
mais pesquisado agronomicamente (Peixoto, 1973).
Fontes alternativas de fertilizante Organo-Minerais-Marinho, associado ao Biotech®,
pouca ou quase nenhuma informação existe disponível na literatura, entretanto, acredita-se
que o efeito interativo desse “Blend” fertilizante seja importante para garantir alta
produtividade e qualidade dos frutos, sementes e óleo, de culturas oleaginosas.
O OMM-Tech resulta da união entre o fertilizante Organo-Minerais-Marinho mais
Biotech®. O fertilizante Organo-Minerais-Marinho é uma alga marinha calcificada sendo
considerada um fertilizante natural, simples, melhorador e condicionador de solos e culturas.
Esse fertilizante é obtido sem adicionamento de qualquer produto químico e, através de
processo industrial de secagem e moagem a frio conserva intactas suas características
orgânicas, biocatalíticas e reequilibrantes (Melo e Furtini Neto, 2003). O BioTech® é um
bioativador da microbiota do solo, constituído por ácidos orgânicos mais complexos
enzimáticos obtido pela fermentação de tecidos vegetais e biodegradáveis. É fonte de energia
para os microorganismos do solo, por meio de degradação das cadeias orgânicas, sem causar
alterações relevantes e irreversíveis na reação do solo e do ambiente rizosférico (Nogueira e
Guimarães, 2005).
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da aplicação do
fertilizante Organo-Minerais-Marinho + Biotech® sobre o crescimento e desenvolvimento do
Pinhão-Manso, cultivado sob condições edafoclimáticas do Sul do estado de Minas Gerais.
1545
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento está sendo conduzido desde o mês de dezembro de 2006, no setor de
Fruticultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, UFLA. A
área situa-se nas coordenadas geográficas de 21º 13’ de Latitude Sul e 35º 12’ de Longitude
Oeste a 892 m de altitude. O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é do tipo
Cwb, caracterizado por uma estação seca entre abril e setembro e uma estação chuvosa de
outubro a março. A temperatura média do mês mais frio é inferior a 18ºC e superior a 3ºC e o
verão apresenta temperatura média do mês mais quente superior a 22ºC. A região apresenta
temperatura do ar média anual de 19,4ºC, umidade relativa do ar média de 76,2%,
precipitação média anual de 1.529,7 mm e evaporação média anual de 1.034,3 mm (Brasil,
1992).
As mudas de pinhão-manso provenientes de sementes, foram produzidas no Setor de
Cafeicultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, em Lavras,
Minas Gerais. A semeadura foi realizada em tubetes de 120 ml, utilizando-se substrato
comercial, seguindo as recomendações de Avelar et al. (2005). As mudas foram plantadas em
dezembro de 2006.
O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados com 3 repetições. Os
tratamentos foram constituídos por três formas de aplicação de OMM-Tech, ou seja: T1 =
Testemunha (s/OMM-Tech); T2 = via solo (120 kg.ha-1 de OMM-TECH na forma pó, de
acordo com a análise de solo); T3 = via foliar (OMM-Tech na forma líquida e na
concentração de 5%); e T4 = via solo + foliar (60 kg.ha-1 de OMM-Tech na forma pó +
OMM-Tech na forma líquida e na concentração de 2,5%).
As avaliações foram feitas em junho do ano de 2007, considerando o diâmetro de copa e
a altura das plantas. As diferenças entre os tratamentos foram verificadas de acordo com teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 estão apresentados os resumos das análises de variância para as
características analisadas. Observa-se que houve diferença significativa entre os tratamentos
ao nível de 5% de probabilidade. Os resultados correspondentes às médias das características
obtidas em cada tratamento estão apresentados na Tabela 2. Observa-se que houve diferença
significativa entre as doses e formas de aplicação do fertilizante e a testemunha (s/ aplicação
de OMM-Tech) para as características das plantas analisadas, porém quando se compara a
1546
diferente forma de aplicação do fertilizante verifica-se que não houve efeito significativo
destas, sobre as características analisadas. Ressalta-se, portanto, que os fertilizantes
estudados podem ser aplicados utilizando qualquer uma das formas estudadas, quando a
cultura é de sequeiro. Comparando as diferentes formas de aplicação do fertilizante com a
testemunha, observou-se um incremento médio de 24 % e 38 % na altura das plantas e no
diâmetro de copa, respectivamente.
Tabela 1 - Resumo das análises de variância referente aos efeitos dos tratamentos.
Fontes de variação G.L. Quadrados médios
Altura de plantas Diâmetro de copa
Bloco 2 79,43NS 2,74NS
Tratamentos 3 263,71* 334,74*
Resíduo 6 57,70 15,39
C.V. (%) 4,93 5,65
* = significativo a 5% de probabilidade; NS = não significativo.
Tabela 2 - Valores médios de altura das plantas e diâmetro de copa de plantas do Pinhão-
Manso sobre a aplicação de OMM-Tech.
Tratamentos Altura (cm) Diâmetro (cm)
4 CONCLUSÃO
Nas condições em que foi realizado o experimento, conclui-se que a aplicação de
OMM-Tech favoreceu o crescimento e o desenvolvimento da cultura do Pinhão-Manso. As
formas de aplicação dos fertilizantes quando comparadas com a testemunha propiciaram um
aumento de 24% e 38% na altura das plantas e no diâmetro de copa das plantas,
respectivamente.
1547
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AVELAR, R. C.; DEPERON JÚNIOR, M.A.; DOURADO, D. C.; QUINTILIANO, A. A.;
DAFA, S.; FRAGA, A.C.; CASTRO NETO, Produção de mudas de pinhão manso (Jatropha
curcas L.) em tubetes. In: 3o CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS,
ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL. 2005. Varginha-MG. Anais... Varginha, MG, 2005
(CD-ROM).
SAEG - Sistema de análises estatísticas e genéticas. Versão 9.1.Viçosa, MG, 2007. 150p.
(Manual do usuário).
1548
TEOR DE ÓLEO E PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL
NAS CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE BOTUCATU-SP NA SAFRA
2001-2002
1549
1 INTRODUÇÃO
O Girassol (Helianthus annuus L.) é nativo da América do Norte, podendo ser
encontrado no estado selvagem desde as planícies do Noroeste do Canadá até a América do
Sul. Enquanto o cultivo da maioria das oleaginosas é limitado por condições climáticas, a
cultura do girassol é extremamente adaptável, desenvolvendo-se bem tanto em climas
temperados como subtropicais e tropicais (BOLSON, 1979). Entre outros usos, suas sementes
podem ser utilizadas para fabricação de ração animal e extração de óleo de alta qualidade para
consumo humano ou como matéria-prima para a produção de biodiesel. Devido a essas
particularidades e à crescente demanda do setor industrial e comercial, a cultura do girassol é
uma importante alternativa econômica em sistemas de rotação, consórcio e sucessão de
cultivos nas regiões produtoras de grãos. Entre as várias tecnologias desenvolvidas para a
produção de girassol, a escolha adequada de cultivares constitui um dos principais
componentes do sistema de produção da cultura. Diante da existência de interação genótipos x
ambientes, são necessárias avaliações contínuas a fim de determinar o comportamento
agronômico dos genótipos e sua adaptação às diferentes condições locais (PORTO et al.,
2007). Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo principal, avaliar a produtividade
de aquênios, o teor e o rendimento de óleo de 10 genótipos de girassol nas condições
edafoclimáticas da região de Botucatu-SP.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido na Fazenda Experimental Lageado, da
Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, Campus de Botucatu, Estado de São Paulo.
A localização geográfica está definida pelas coordenadas 22°51’ de Latitude Sul e 48°26’ de
Longitude Oeste de Greenwich, com altitude média de 770 metros. O clima predominante no
município, segundo classificação de Köppen, é do tipo Cfa, temperado (mesotérmico), região
constantemente úmida, tendo quatro ou mais meses com temperaturas médias superiores a
10ºC, cuja temperatura do mês mais quente é igual ou superior a 22ºC, índice médio
pluviométrico anual de 1.514 mm. O solo da área experimental foi classificado por Carvalho
et al. (1983) como Terra Roxa Estruturada, Unidade Lageado, podendo ser denominado como
Nitossolo Vermelho distroférrico (EMBRAPA, 1999).
Foram avaliados 10 genótipos comerciais de girassol (Helianthus annus L.). dispostos
em blocos ao acaso com 4 repetições. Cada parcela foi constituída por quatro linhas de
semeadura com 6 m de comprimento espaçadas entre si de 0,80 m. A distância entre plantas
1550
foi de 0,30 m, totalizando 21covas/linha com três sementes cada. Sete dias após a emergência
realizou-se desbaste deixando 21 plantas/linha.
Na ocasião da semeadura foram aplicados 125 kg ha-1 do adubo formulado 8-28-16 e 90
kg ha-1 de uréia na adubação de cobertura, 25 dias após a emergência realizou-se adubação
foliar com solução de 11 kg ha-1 de bórax. O controle de plantas daninhas foi realizado através
de capinas manuais e o controle de pragas e doenças os usuais na cultura do girassol. A
produtividade foi obtida colhendo-se manualmente os capítulos das duas linhas centrais das
parcelas, eliminando-se 0,50 m de cada extremidade, ajustando os valores da massa de
aquênios para quilos por hectare com 13% de água. O teor de óleo dos grãos foi obtido pelo
método químico Soxhlet, técnica adaptada por Zanotto (1986). O rendimento de óleo foi
obtido pela equação produtividade x teor de óleo / 100. As médias dessas características
foram comparadas pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são apresentados os resultados obtidos de produtividade, teor e rendimento
de óleo dos diferentes genótipos de girassol utilizados nesse estudo. Pode-se verificar que
para todas as características avaliadas ocorreram diferenças estatísticas entre os genótipos. As
maiores produtividades foram obtidas pelos genótipos AGB 962 (1548 kg ha-1), GV 26048
(1454 kg ha-1) e M734 (1335 kg ha-1). Estes valores de produtividade, segundo as indicações
de Castro et al. (1997) quanto a custos e receita total, resultariam em rentabilidade, tendo em
vista que são superiores aos 1333 kg.ha-1 necessários para cobrir o custo variável.
Os maiores teores de óleo foram observados nos genótipos AGB 967 (51,9%), AGB
972 (47,7%) e AGB 962 (46,9%) e os menores nos M 734 (39,4%) e IAC Uruguai (34,4%).
Estes valores estão dentro da amplitude (10 a 60%) de valores indicados por Frank e Szabo
(1989) como os esperados para a cultura do girassol, apresentando variações quanto aos
materiais avaliados. Já Smiderle et al. (2005), obteve teores médios de óleo ao redor de 37% e
41% para as cultivares que avaliou em diferentes épocas de semeadura.
O rendimentos de óleo, característica diretamente relacionada com a produtividade e o
teor de óleo dos grãos, apresentou seus maiores valores nos genótipos AGB 962 (727 kg ha-1)
e GV 26048 (621 kg ha-1) e os menores pelos Guarani (344 kg ha-1) e IAC Uruguai (272 kg
ha-1).
1551
Tabela 1 - Produtividade, teor e rendimento de óleo de girassol. FCA/Unesp, Botucatu-SP,
2002.
Tratamento Produtividade Teor de óleo Rendimento de óleo
(kg ha-1) (%) (kg ha-1)
AGB 962 1548 a 46,9 ab 727 a
GV 26048 1454 ab 43,1 bc 621 ab
M 734 1335 a-c 39,4 cd 523 a-d
AGB 972 1172 a-c 47,7 ab 562 a-c
AGB 967 1013 a-c 51,9 a 525 a-d
Catissol 02 1011 a-c 41,9 bc 428 b-d
Agrobel 960 884 bc 46,2 ab 407 b-d
BRS 191 832 c 45,2 bc 375 b-d
IAC Uruguai 793 c 34,4 d 272 d
Guarani 766 c 44,3 bc 344 cd
Média 1081 44,1 478
CV (%) 23,36 5,56 23,46
Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 1%
de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
O material AGB 962 obteve a maior produtividade e maior rendimento de óleo;
O material AGB 967 apresentou maior teor de óleo.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOLSON, E.L. Girassol: perspectiva de um brilhante futuro. Informativo EMBRAPA
(mimiografado), Brasília, EMBRAPA, 7 p. 1979.
1552
FRANK, J.; SZABO, L. A napraforgo Helianthus annuus L. Budapest: Akadémiai Kiadó,
1989. 178 p.
1553
DESEMPENHO AGRONÔMICO DE 22 CULTIVARES DE SOJA NAS
CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE BOTUCATU – SP NA SAFRA
2001-2002
1554
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a soja [Glycine max (L.) Merrill] é cultivada em uma considerável
diversidade de ambientes, desde as altas latitudes (Sudeste e Sul) até as baixas latitudes
equatorial-tropicais (Centro-Oeste, Nordeste e Norte). Considerando as inúmeras variações
ambientais a que a soja é comumente submetida no Brasil, é esperado que a interação
genótipo ambiente assuma papel fundamental na manifestação fenotípica (PRADO et al.,
2001).
Os componentes de produção, número de vagens por planta, número de grãos por
vagem e massa de 1.000 grãos e a altura de planta, altura de inserção da primeira vagem e
duração do ciclo, que são as mais importantes na escolha das cultivares, são influenciados
pelas condições ambientais, afetando a produtividade. Nesse contexto, os ensaios regionais de
avaliação de cultivares de soja assumem caráter primordial para a indicação de materiais com
melhor adaptação às condições edafoclimáticas de uma determinada região.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho de 22 cultivares de soja nas
condições edafoclimáticas da região de Botucatu, fornecendo resultados dos principais
componentes de produção.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido na Fazenda Experimental Lageado, da
Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, Campus de Botucatu, Estado de São Paulo.
A localização geográfica está definida pelas coordenadas 22°51’ de Latitude Sul e 48°26’ de
Longitude Oeste de Greenwich, com altitude média de 770 metros. O clima predominante no
município, segundo classificação de Köppen, é do tipo Cfa, temperado (mesotérmico), região
constantemente úmida, tendo quatro ou mais meses com temperaturas médias superiores a
10ºC, cuja temperatura do mês mais quente é igual ou superior a 22ºC, índice médio
pluviométrico anual de 1.514 mm. O solo da área experimental foi classificado por Carvalho
et al. (1983) como Terra Roxa Estruturada, Unidade Lageado, podendo ser denominado como
Nitossolo Vermelho distroférrico (EMBRAPA, 1999).
Foram avaliados 22 genótipos comerciais de soja. As cultivares foram consideradas
tratamentos dispostos em blocos ao acaso com 4 repetições. As médias das características
foram comparadas pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
Foi realizado preparo convencional de solo na área experimental, caracterizado por uma
gradagem pesada e duas leves, respectivamente. Para correção do solo foram aplicadas 2,6
1555
toneladas de calcário dolomítico por hectare. O controle inicial de plantas daninhas foi feito
com Trifluralina em pré-plantio incorporado. Posteriormente, quando necessário, o controle
foi feito com capinas manuais.
A semeadura das parcelas foi realizada no dia 18/12/2001. As parcelas foram
constituídas de 4 linhas de 5 m de comprimento espaçadas por 0,45 m. Antes da semeadura as
sementes foram tratadas com fungicida e inoculante específicos para a soja. A adubação de
semeadura foi realizada com base na análise de solo, utilizando-se 90 kg ha-1 de P2O5 e 60 kg
ha-1 de K2O. A densidade de semeadura foi de 30 sementes por metro, sendo realizado
desbaste 20 dias após a semeadura, deixando 18 plantas por metro. Os tratos culturais foram
os usuais na cultura, com controle químico de pragas e doenças quando necessário.
As seguintes características agronômicas foram avaliadas:
Número de dias entre a semeadura e o pleno florescimento: por ocasião do pleno
florescimento, estádio fenologicamente definido pela presença de 50% das plantas com uma
flor aberta no nó imediatamente abaixo do nó mais alto com folha completamente desenrolada
e simbolizado pelo estádio R2 na escala fenológica de Fehr e Caviness (1977), foi anotada a
data de abertura das flores, posteriormente calculada para número de dias entre a emergência
e o pleno florescimento;
Número de dias entre a semeadura e a maturação a campo: por ocasião da maturação a
campo, estádio fenologicamente definido pela presença de 50% das plantas com 95% de
vagens maduras e simbolizado por R8 na escala fenológica de Fehr e Caviness (1977), foi
anotada a data de sua ocorrência e posteriormente convertida para número de dias entre a
emergência e a maturação em campo;
Severidade de doenças, de desfolha por pragas e grau de acamamento: determinado por
visualização direta das parcelas, adotando-se os critérios apresentados na Tabela 2;
Altura final de planta: por ocasião da maturação em campo, estádio R8 na escala
fenológica de Fehr e Caviness (1977), foi medida a altura de 10 plantas ao acaso das duas
linhas centrais de cada parcela, sendo considerada como altura de planta a distância
compreendida entre a superfície do solo e a extremidade apical da haste principal de cada
planta;
Altura de inserção da primeira vagem: compreendida como a distância entre a superfície
do solo e o ponto de inserção da primeira vagem na haste principal da planta. Essa
característica foi determinada em 10 plantas ao acaso nas duas linhas centrais por parcela;
Número de vagens: foi contado o número de vagens cheias e chochas em 10 plantas das
duas linhas centrais de cada parcela;
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1556
Massa de 1.000 grãos: foram pesados 1.000 grãos de uma amostra de 10 plantas
coletadas ao acaso nas duas linhas centrais de cada parcela;
Grãos por vagem: calculado pela relação da massa de 1.000 grãos, massa de grãos por
planta e número de vagens por planta, tendo sido avaliadas 10 plantas ao acaso das duas
linhas centrais de cada parcela;
População final: foi feita a contagem de plantas por metro em cada parcela e
posteriormente esses valores foram ajustados para número de plantas por hectare;
Produtividade de grãos: foram colhidas manualmente e trilhadas as plantas contidas em
cinco metros das duas linhas centrais de cada parcela. Os grãos trilhados foram limpos e sua
massa foi determinada. Os valores de massa de grãos obtidos em cada parcela foram ajustados
para quilogramas por hectare e corrigidos a 13% de água.
1557
Tabela 2 - Notas para severidade de doença e ataque de praga em relação a área foliar
atingida, e acamamento de plantas.
Nota Doença e desfolha por praga Acamamento
Todas as plantas eretas ou até 10%
1 Sem sintoma
de plantas acamadas.
Incidência leve Todas as plantas levemente inclinadas ou
2
(1 a 10% da área foliar) de 11 a 24% das plantas acamadas.
Incidência média Todas as plantas moderadamente incli-
3
(11 a 25% da área foliar) nadas ou 25 a 30% das plantas acamadas
Incidência severa Todas as plantas bastante inclinadas
4
(26 a 50% da área foliar) ou 50 a 80% das plantas acamadas
5 Incidência muito severa Todas ou mais de 80%
( > de 50% da área foliar) das plantas acamadas
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 3 são apresentadas as notas médias obtidas nos tratamentos para severidade
de doenças, pragas e grau de acamamento. Pode-se verificar uma leve incidência de míldio
em todas as cultivares, não ocorrendo diferença estatística entre elas, sendo as cultivares IAC-
19 e M. Soy-7501 mais tolerantes, obtendo nota média igual a 2. Quanto à incidência de oídio
houve diferença estatística entre os tratamentos, sendo mais suscetível a cultivar Embrapa-48
apresentando incidência severa com nota média de 4,19 e mais tolerante a cultivar IAC-19
que obteve nota média igual a 1,94 caracterizando uma incidência leve. Quanto à desfolha
por pragas, os materiais também diferiram estatisticamente, sendo a cultivar M. Soy-6101
mais suscetível apresentando uma desfolha por pragas média com nota 3,44 e a mais tolerante
foi novamente a IAC-19 apresentando desfolha por praga leve, com nota média de 2,06.
Quanto ao grau de acamamento o material KI-S 801 obteve a maior nota média, apresentando
de 11 a 24% das plantas acamadas, não diferindo estatisticamente das cultivares BRS-133, M.
Soy-6101, IAC-18 IAC-20, CD-209, IAC-15.2, BRS-156 e BRS-132. Nenhum outro
tratamento apresentou problemas com acamamento de plantas, predominando nota 1.
1558
Tabela 3 - Avaliação de doença, ataque de praga e índice de acamamento de plantas.
FCA/Unesp, Botucatu-SP, 2002.
Tratamento Míldio Oídio Desfolha Acamamento
CD-205 2,12 a 3,31 b-f 2,25 de 1,00 b
BRS-132 2,19 a 3,31 b-f 3,13 a-c 1,25 ab
EMBRAPA-59 2,31 a 3,56 a-c 3,13 a-c 1,00 b
CS-5142 2,44 a 3,38 a-e 2,75 a-e 1,00 b
IAC-19 2,00 a 1,94 g 2,06 e 1,00 b
KI-S 702 2,38 a 3,31 b-f 3,25 ab 1,00 b
EMBRAPA-48 2,19 a 4,19 a 3,00 a-d 1,00 b
FOSTER-IAC 2,06 a 2,56 e-g 3,19 ab 1,00 b
KI-S 801 2,12 a 3,00 c-f 2,50 b-e 2,00 a
BRS-133 2,12 a 3,50 a-c 2,31 c-e 1,75 ab
ENGOPA-316 2,19 a 3,00 c-f 2,25 de 1,00 b
IAC-15.2 2,06 a 3,75 a-c 2,19 de 1,25 ab
IAC-20 2,12 a 3,69 a-c 2,50 b-e 1,50 ab
IAC-22 2,44 a 3,50 a-c 2,81 a-e 1,00 b
M.SOY-7501 2,00 a 3,44 a-d 2,88 a-e 1,00 b
BRS-156 2,19 a 3,69 a-c 2,31 c-e 1,25 ab
CD-209 2,12 a 3,44 a-d 2,94 a-d 1,50 ab
IAC-18 2,12 a 2,63 d-g 2,44 b-e 1,50 ab
RB-502 2,19 a 4,13 ab 3,19 ab 1,00 b
M.SOY-6101 2,44 a 3,94 ab 3,44 a 1,75 ab
RB-605 2,25 a 3,50 a-c 3,19 ab 1,00 b
IAC-8.2 2,19 a 2,50 fg 2,88 a-e 1,00 b
Média 2,19 3,33 2,75 1,22
CV (%) 7,76 9,72 11,63 30,11
Médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
1559
maturidade em campo com 132 dias após a emergência. Algumas cultivares tiveram seu ciclo
encurtado, o que pode ser explicado pela semeadura tardia do experimento.
Ainda na Tabela 4 são apresentados os valores médios para altura final de plantas e
altura de inserção da primeira vagem, características que apresentaram diferenças estatísticas
entre os tratamentos. Não só para alta produtividade, mas também para elevado rendimento
operacional da colhedora, preconiza-se que as cultivares modernas de soja apresentem altura
final de planta entre 60 cm e 110 cm (CÂMARA et al., 1998). Considerando esses valores as
cultivares IAC-22, BRS-132, BB-605, BRS-133, RB-502, Embrapa-59, Foster-IAC e M. Soy-
7501 estariam fora dessa faixa ideal, pois apresentaram altura final de planta abaixo dos 60
cm. Entretanto, Sediyama et al. 1985, consideram que em solos planos e bem preparados
pode-se efetuar uma boa colheita de plantas com altura entre 50 e 60 cm.
Para um elevado rendimento operacional da colhedora associado a minimização de
perdas de colheita, as cultivares de soja devem apresentar altura mínima de inserção da
primeira vagem igual a 12 cm (SEDIYAMA et al., 1985). Apenas o material BRS-132 não
atendeu a esse critério apresentando altura média de inserção de vagem de 11,63 cm. Sabe-se
que existe correlação positiva entre a altura final de planta e a altura de inserção da primeira
vagem (SEDIYAMA et al., 1985). Tal fato foi concordante com maioria dos tratamentos,
exceto pela cultivar IAC-18 que apresentou 78,28 cm e 12,48 cm para altura final de planta e
altura de inserção da primeira vagem, respectivamente.
1560
Tabela 4 - Florescimento, maturação, altura de plantas e altura de inserção da primeira vagem.
FCA/Unesp, Botucatu-SP, 2002.
Florescimento Maturação Altura de plantas Altura de inserção da
Tratamento
(dae) (dae) (cm) primeira vagem (cm)
CD-205 53 116 70,63 c-g 19,00 a-d
BRS-132 51 113 58,35 g-j 11,63 g
EMBRAPA-59 51 112 54,21 i-j 14,58 c-g
CS-5142 55 116 73,93 b-e 19,50 a-d
IAC-19 58 128 81,47 a-c 20,50 a-c
KI-S 702 51 113 61,30 e-j 15,40 a-g
EMBRAPA-48 51 116 64,00 d-i 14,81 b-g
FOSTER-IAC 51 110 51,62 i-j 12,01 g
KI-S 801 58 116 78,52 a-c 20,98 a
BRS-133 55 115 56,79 h-j 15,26 a-g
ENGOPA-316 53 118 85,38 ab 20,65 ab
IAC-15.2 55 123 75,65 b-d 18,10 a-f
IAC-20 55 113 79,06 a-c 18,49 a-e
IAC-22 55 110 59,63 f-j 15,47 a-g
M.SOY-7501 55 116 48,86 j 13,90 d-g
BRS-156 51 116 69,60 c-h 19,98 a-c
CD-209 55 116 63,54 d-i 14,86 b-g
IAC-18 58 125 78,28 a-c 12,48 fg
RB-502 55 113 56,30 h-j 14,88 b-g
M.SOY-6101 52 112 72,75 b-f 17,53 a-g
RB-605 51 116 57,23 g-j 12,88 e-g
IAC-8.2 54 132 91,84 a 16,22 a-g
Média 67,68 16,32
CV (%) 7,71 14,00
Médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
1561
Os tratamentos apresentaram diferenças estatísticas para os valores médios do número
de vagens cheias, conforme se pode observar na Tabela 5. As cultivares BRS-133 e IAC-8.2
apresentaram os maiores valores, com 95,23 e 94,80 vagens cheias por planta,
respectivamente e a cultivar Embrapa-59 apresentou o menor valor, com 51,25 vagens cheias
por planta.
Sendo um dos componentes da produção da planta, o número total de vagens formadas
por uma cultivar deve estar associado a outras variáveis, como o número de grãos por vagem,
pois há grande variação genotípica. Na Tabela 5 são apresentados os valores médios de
número de grãos por vagem. As cultivares CS-5142, Embrapa-59 e CD-205 apresentaram o
maior número de grãos por vagem, com 2,13, 2,12 e 2,12, respectivamente, diferindo
estatisticamente apenas da cultivar IAC-8.2 com 1,41 grãos por vagem, tendo o ensaio média
de 1,89.
Na Tabela 5 também são apresentados os valores médios para massa de 1.000 grãos,
característica que apresentou diferenças estatísticas. As cultivares M. Soy-7501 e Embrapa-59
apresentaram a maior massa de 1.000 grãos, com 171,95 e 171,00 g respectivamente e a
cultivar BRS-156 apresentou o menor resultado, com 134,38 g.
Os valores médios para produtividade diferiram estatisticamente entre os tratamentos,
como pode ser observado na Tabela 5. A produtividade média do experimento foi de 2.069 kg
ha-1, sendo a cultivar CD-205 a mais produtiva, com 2.942 kg ha-1, tendo se destacado
também nas demais características avaliadas e as menores produtividades foram observadas
nos materiais IAC-8.2, RB-605 e M. Soy-6101, com 1.073, 1.090 e 1.149 kg ha-1,
respectivamente. Câmara et al. (1998), trabalhando com 20 cultivares de ciclo precoce obteve
produtividade média variando de 1.233 a 3.903 kg ha-1.
A baixa produtividade média encontrada nesse experimento pode ser explicada pela
semeadura tardia, que só pode ser realizada no dia 18/12/2001, devido às reservas hídricas do
solo serem inadequadas para o preparo e insuficientes para a emergência e estabelecimento
das plântulas antes do dia 03/12/2001. Outro fator que pode ter influenciado
significativamente na produtividade foi a baixa população final, apesar de algumas cultivares
terem compensado essa baixa população através da arquitetura da planta apresentando maior
número de ramificações. Martins et al. (1999) verificou que aumentando-se a densidade de
plantas de 10 até 30 plantas por metro, diminuiu-se o número de ramos formados na haste
principal.
1562
Tabela 5 - População, número de vagens cheias, número de grãos por vagem (G/V), massa de
1.000 grãos (M 1.000) e produtividade. FCA/Unesp, Botucatu-SP, 2002.
População Nº. de vagens M 1.000 Produtividade
Tratamento -1
G/V
(plantas ha ) cheias (gramas) (kg ha-1)
CD-205 283.330 a 64,50 a-d 2,12 a 142,13 bc 2.942 a
BRS-132 247.219 a 58,35 cd 1,93 ab 164,43 ab 2.678 ab
EMBRAPA-59 219.442 a 51,25 d 2,12 a 171,00 a 2.653 ab
CS-5142 266.664 a 64,93 a-d 2,13 a 160,88 ab 2.601 ab
IAC-19 266.664 a 59,95 cd 1,82 ab 150,30 a-c 2.565 ab
KIS-702 236.108 a 62,23 cd 1,8 ab 158,30 a-c 2.423 a-c
EMBRAPA-48 230.553 a 77,53 a-d 1,61 ab 161,80 ab 2.351 a-d
FOSTER-IAC 224.997 a 63,13 b-d 1,83 ab 161,70 ab 2.332 a-d
KIS-801 230.553 a 57,15 cd 2,02 ab 165,48 ab 2.279 a-d
BRS-133 211.109 a 95,23 a 1,98 ab 151,18 a-c 2.176 a-d
ENGOPA-316 194.442 a 76,05 a-d 1,83 ab 167,03 ab 2.153 a-d
IAC-15.2 230.553 a 76,08 a-d 1,76 ab 149,33 a-c 2.137 b-d
IAC-20 202.775 a 66,30 a-d 1,75 ab 167,55 ab 2.099 b-e
IAC-22 233.331 a 72,15 a-d 1,91 ab 144,53 bc 2.094 b-e
M.SOY-7501 174.998 a 75,50 a-d 2 ab 171,95 a 2.091 b-e
BRS-156 202.775 a 66,43 a-d 2,06 ab 134,38 c 2.088 b-e
CD-209 219.442 a 70,93 a-d 2,05 ab 152,48 a-c 1.650 c-f
IAC-18 186.109 a 82,07 a-d 2,06 ab 157,23 a-c 1.593 d-f
RB-502 163.887 a 88,23 a-c 1,57 ab 156,38 a-c 1.302 ef
M.SOY-6101 252.775 a 52,43 d 2,05 ab 167,13 ab 1.149 f
RB-605 194.442 a 67,20 a-d 1,85 ab 154,58 a-c 1.090 f
IAC-8.2 205.553 a 94,80 ab 1,41 b 157,05 a-c 1.073 f
Média 222.346 70,2 1,89 157,58 2.069
CV (%) 21,11 17,1 14,1 6,25 14,9
Médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
A cultivar IAC-19 apresentou melhor desempenho fitossanitário, tendo sido a mais
tolerante a pragas e doenças e não apresentou problemas com plantas acamadas;
A maior produtividade foi obtida pela cultivar CD-205.
1563
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, W. A.; ESPÍNDOLA, C. R.; PACCOLA, A. A. Levantamento de solos da
Fazenda Lageado – Estação Experimental Presidente Médici. Boletim Científico da
Faculdade de Ciências Agronômicas. UNESP Botucatu, n. 1, p. 1-95, 1983.
1564
DESEMPENHO AGRONÔMICO DE NABO FORRAGEIRO (Raphanus
sativus L.) EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO
1565
1 INTRODUÇÃO
O plantio direto surge como tecnologia avançada de uso do solo, proporcionando
benefícios comprovados na conservação do solo e na economicidade quando se compara com
sistemas convencionais de cultivo (SILVA; RESCK, 1997). Depois de estabelecido seus
benefícios estendem-se não apenas ao solo, mas, à produtividade das culturas e competividade
dos sistemas agropecuários (CRUZ et al., 2001).
No sistema plantio direto é desejável que os resíduos vegetais provenientes das
coberturas vegetais, restos de culturas ou vegetação espontânea permaneçam na superfície do
solo. O nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) pertencente à família das crucíferas, tem sido
empregado para adubação verde de inverno e planta de cobertura, em sistemas de cultivo
conservacionistas como o plantio direto e cultivo mínimo (CRUSCIOL et al., 2005). Esta
espécie caracteriza-se pelo crescimento inicial extremamente rápido e aos 60 dias após a
emergência pode promover a cobertura de 70% do solo (CALEGARI, 1990).
Com o objetivo de avaliar o desempenho de nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) em
três sistemas de manejo do solo (convencional, reduzido e direto) foi realizado este estudo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido no período compreendido entre fevereiro e
outubro de 2005, na Fazenda Experimental Lageado, da Faculdade de Ciências Agronômicas
da UNESP, Campus de Botucatu-SP. A localização geográfica é definida pelas coordenadas
22°49’41’’ de Latitude Sul, 48°25’37’’ de Longitude Oeste de Greenwich, altitude média de
770 metros. O clima predominante no município de Botucatu, segundo classificação de
Köppen, é tipo cfa, temperado (mesotérmico). O solo da área experimental pode ser
denominado Nitossolo Vermelho Distroférrico (EMBRAPA, 1999).
O experimento foi constituído de três sistemas de manejo do solo dispostos em
delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições. Os sistemas foram
constituídos pelo preparo convencional, caracterizado por uma gradagem pesada e duas leves;
preparo reduzido, por meio da escarificação do solo na profundidade entre 25 e 30 cm com
equipamento provido de disco de corte e rolo destorroador e plantio direto com dessecação da
vegetação de cobertura.
Para a implantação do experimento, utilizaram-se sementes de nabo forrageiro
(Raphanus sativus L.), semeado em maio de 2005 com espaçamento de 0,40 m entre linhas
com densidade de 12 kg ha-1. Foram avaliadas as seguintes características agronômicas:
1566
Número de síliquas: foi determinado em quinze plantas, contando-se as síliquas
presentes em cada planta;
Número de grãos por síliqua: foi obtido em trinta síliquas das quinze plantas descritas
anteriormente;
Massa seca das plantas: foi determinada colhendo-se manualmente às plantas em cinco
metros de cada uma das linhas úteis de cada parcela e após secagem, os valores obtidos foram
transformados em kg ha-1;
Produtividade: foi determinada colhendo-se manualmente as plantas contidas em cinco
metros de cada uma das linhas úteis das parcelas e após a trilha manual das síliquas, a
produtividade foi corrigida para kg ha-1 com 13% de água;
Teor de óleo: foi obtido pelo método químico Soxhlet, técnica adaptada por Zanotto
(1986);
Rendimento de óleo: foi calculado pela equação produtividade x teor de óleo / 100.
Foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparar as médias dos
resultados utilizando o programa estatístico ESTAT (Sistema para análises estatísticas) versão
2.0.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verifica-se na Tabela 1 que o número de síliquas por planta foi maior no preparo
reduzido, diferindo-se estatisticamente em relação ao plantio direto, tendo o preparo
convencional apresentado valores intermediários.
O número de grãos por síliqua não apresentou diferença estatística entre os sistemas de
manejo do solo (Tabela 1). Resultados semelhantes foram obtidos por Silva et al. (2006),
trabalhando com diferentes variedades e espaçamentos entre linhas de nabo forrageiro.
Os sistemas de preparos convencional e reduzido apresentaram os maiores valores de
massa seca da parte aérea, diferindo-se estatisticamente do plantio direto (Tabela 1). Esses
resultados são superiores aos obtidos por Silva et al. (2006), que observou 1.104 e 824 kg ha-1
de massa seca nas variedades Cati AL-1000 e IAPAR IPR-116, respectivamente. Também
Furlani, 2000 e Crusciol et al. (2005), apresentaram resultados inferiores de produção média
de massa seca, 2.379 e 2.938 kg ha-1, respectivamente. Já Lima et al. (2007), trabalhando em
preparo convencional encontrou 5.480,5 kg ha-1 de massa seca da parte aérea de nabo
forrageiro.
1567
Tabela 1 - Número de síliquas por planta, número de grãos por síliqua e massa seca da parte
aérea de nabo forrageiro em três sistemas de manejo do solo.
Manejo do solo Nº. de síliquas Grãos/síliqua Massa seca
(planta) (unidade) (kg ha-1)
Preparo convencional 98 ab 7a 6.369 a
Preparo reduzido 124 a 7a 5.858 a
Plantio direto 74 b 6a 4.300 b
CV (%) 15,02 7,07 6,18
Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade.
1568
4 CONCLUSÃO
Nas condições em que este estudo foi realizado os resultados permitem concluir que:
Nos preparos convencional e reduzido o nabo forrageiro apresentou melhor
desempenho, quando comparado ao plantio direto;
O nabo forrageiro é capaz de fornecer boa quantidade de massa seca, para produção de
cobertura vegetal no solo durante o inverno;
Os grãos de nabo forrageiro apresentam consideráveis teores de óleo, podendo ser
cultivado com o propósito de extração para produção de biodiesel, porém é necessário que se
realizem novas pesquisas visando o aumento de sua produtividade de grãos e
conseqüentemente, do rendimento de óleo.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALEGARI, A. Plantas para adubação verde de inverno no sudoeste do Paraná.
Londrina: IAPAR, 1990. 37 p. (Boletim Técnico, 35).
CRUZ, J. C. et al. Plantio direto e sustentabilidade do sistema agrícola. In: Plantio direto.
Informe Agropecuário. Belo horizonte, v. 22, p. 13-24, 2001.
SILVA, J. E.; RESCK, D. V. S. Plantio direto no cerrado. In: PEIXOTO, R. T. G.; AHRENS,
D. C.; SAMAHA, M. J. Plantio direto: o caminho para uma agricultura sustentável. Ponta
Grossa: Instituto Agronômico do Paraná, 1997. p. 158-184.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1569
ZANOTTO, M. D. Variabilidade genética e endogamia em duas populações de milho
(Zea mays L.) contrastantes para teor de óleo. 1986. 59 f. Dissertação (Mestrado em
Agronomia/Genética e Melhoramento de Plantas) – Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1986.
1570
CARACTERÍSTICAS FENOLÓGICAS DO GIRASSOL CULTIVADO EM
SOLO TRATADO COM RESÍDUO INDUSTRIAL
1571
1 INTRODUÇÃO
A reciclagem agrícola de lodo de esgoto surge como a principal solução para o destino
final da crescente produção deste material. Esta prática constitui importante estratégia para
reduzir o impacto ambiental evitando que este resíduo seja liberado nos corpos d’água,
diminuindo assim a contaminação do ambiente aquático. O uso do lodo de esgoto na
agricultura é uma alternativa viável e importante, pois o resíduo, além de ser fonte de matéria
orgânica e de nutrientes para as plantas, pode atuar como corretivo da acidez do solo,
promovendo aumentos no rendimento. Deste modo, o uso de lodo de esgoto como fonte de
nutrientes contribui para reduzir os gastos com fertilizantes, principalmente, os fosfatados e os
nitrogenados. Como o uso de lodo de esgoto, do ponto de vista sanitário, apresenta limitações
para o consumo animal, incluído o homem, hoje em dia há a possibilidade do emprego deste
resíduo na produção agrícola como fontes alternativas de energia, vislumbrando seu uso mais
intensivo na agroenergia. No caso do girassol, abre-se a oportunidade de seu emprego na
produção de biodiesel.
O objetivo deste trabalho foi avaliar alguns parâmetros fenológicos de plantas de
girassol, cultivadas em Planossolo Háplico eutrófico tratado com resíduo industrial.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na área experimental da UFRRJ, num Planossolo Háplico
eutrófico (SXe). Os tratamentos constaram de testemunha e doses de 50, 150 e 300 Mg ha-1 de
lodo de esgoto da estação de tratamento de resíduos industriais gerado pela Empresa
PETROFLEX INDÚSTRIA e COMÉRCIO S/A, denominado neste estudo de LETRIP. O
delineamento experimental consistiu em blocos ao acaso, com 4 repetições. O resíduo foi
aplicado manualmente e incorporado ao solo com enxada rotativa. Foi semeado o girassol
(Helianthus annuus L.) variedade Embrapa 122-V2000 após 75 dias, aproximadamente, da
incorporação do resíduo. O espaçamento utilizado foi de 50 cm entrelinhas e 25 cm entre
plantas. As parcelas consistiram numa área de 25 m2. A área útil de cada parcela foi
representada pelas cinco fileiras centrais, descartando-se 1 m das extremidades de cada fileira.
Foram avaliadas as seguintes características do girassol: altura da planta, diâmetro do
capítulo, massa seca da planta, rendimento de grãos e massa de 1000 aquênios. As análises
estatísticas foram realizadas com auxílio do Sisvar, versão 4.6 (Furtado, 2000), e constaram
de análises de variância, aplicando o teste F para detectar significância e regressão. Algumas
características químicas do solo (EMRAPA, 1997) e do resíduo ISO 11466 (1995) são
1572
apresentadas nas Tabelas 1 e 2.
0-15 5,4 14,8 25,0 1,77 8,4 15,2 83,0 2,2 1,2 0,11 0,0 3,3 3,7 53,0
15-30 5,4 11,3 20,0 1,54 7,3 10,9 76,1 1,9 1,0 0,10 0,0 3,1 3,2 50,8
30-60 5,0 6,0 10,0 0,84 7,1 3,3 22,7 1,6 0,9 0,08 0,3 2,6 2,6 50,4
60-90 5,0 5,0 9,0 0,60 8,3 3,1 22,9 1,1 1,1 0,09 0,5 2,3 2,3 50,5
6,8 204 352 15 13 19 5,7 10,4 2,2 0,9 2156 19800 260 25,7 188
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 apresenta a altura da planta do girassol, variedade Embrapa 122-V2000,
cultivado no Planossolo tratado com diferentes doses do resíduo LETRIP.
1573
160
120
y = -0,001373X2+0,532875X+105,406250 *
R2= 0,74
100
80
0 50 100 150 200 250 300
-1
Doses de Letrip (Mg ha )
Figura 1 - Altura da planta do girassol cultivado em solo tratado com resíduo industrial (*
modelo ajustado é significativo a p ≤ 0,05 pelo teste F).
Observa-se que a planta de girassol atingiu a altura máxima com a aplicação da menor
dose de resíduo, não crescendo significativamente com o aumento das doses. No entanto,
ocorreu aumento significativo da altura da planta em relação à testemunha, variando entre 96
e 145 cm, para testemunha e tratamentos, respectivamente. A adição de nitrogênio pela
aplicação do resíduo (tabela 2), provavelmente, favoreceu o crescimento da planta. O
parâmetro altura da planta é uma característica morfológica sensivelmente afetada pela adição
de nitrogênio (Tanaka, 1981). Rego Filho et al. (2005) observaram que a cultivar Embrapa
122-V2000 cresceu até 1,70 m, enquanto que Rezende (2001) observou que atingiu 1,45 m.
Segundo Berretta de Berger & Miller (1995), na cultura de girassol, plantas altas são
desejáveis em ambientes com baixo controle de doenças ou solos com baixo nível de
fertilidade e plantas baixas, são desejáveis quando existem problemas de acamamento, devido
ao alto emprego de fertilizantes ou em ambientes com vento.
A Figura 2 apresenta a diâmetro do capítulo do girassol, variedade Embrapa
122-V2000, cultivado no Planossolo tratado com diferentes doses do resíduo LETRIP.
1574
16
12
y = -0,000118X2+ 0,044987X+ 10,403304 *
R2= 0,64
10
8
0 50 100 150 200 250 300
-1
Doses de LETRIP (Mg ha )
Figura 2. Diâmetro do capítulo do girassol cultivado em solo tratado com resíduo industrial (*
modelo ajustado é significativo a p ≤ 0,05 pelo teste F).
1575
10
6
y = -0,000123X2+ 0,047861X+ 4,030706 *
4 R2= 0,60
2
0 50 100 150 200 250 300
-1
Doses de LETRIP (Mg ha )
Figura 3 - Massa seca da planta do girassol cultivado em solo tratado com resíduo industrial
(* modelo ajustado é significativo a p ≤ 0,05 pelo teste F).
2500
2000
y = -0,021172X2+ 10,772082X+ 1351,923295 *
R2= 0,74
1500
1000
0 50 100 150 200 250 300
-1
Doses de LETRIP (Mg ha )
Figura 4 - Rendimento de grãos do girassol cultivado em solo tratado com resíduo industrial
(* modelo ajustado é significativo a p ≤ 0,05 pelo teste F).
1576
O rendimento de grãos variou entre 1081 e 2732 kg ha-1, na testemunha e no tratamento
com aplicação da dose de 300 Mg ha-1, respectivamente. Nos tratamentos que receberam o
resíduo, o rendimento de grãos foi significativamente maior (51%) que na testemunha. O
rendimento de grãos, no entanto, não foi diferente, significativamente, entre os tratamentos
que recebeu resíduo.
Lobo et al. (2005) observaram aumento da produção de sementes e de massa de 1000
aquênios quando aplicado nitrogênio proveniente do lodo de esgoto. O rendimento dos grãos
está intimamente ligado a aspectos fisiológicos inerentes à própria planta e a fatores
edafoclimáticos presente durante o seu desenvolvimento (Sangoi, 1985) e é definida pela
densidade de plantas, número e peso de aquênios (Castro & Farias, 2005).
Dias (2005) estudando a dinâmica de nutrientes num Planossolo Háplico eutrófico em
decorrência da adição dos resíduos gerados pelas indústrias Petroflex e PURAC-Síntese e os
seus efeitos na nutrição da soja observou que os resíduos aumentaram o rendimento de grãos.
A Figura 5 apresenta a massa de 1000 aquênios do girassol, variedade Embrapa
122-V2000, cultivado no Planossolo tratado com diferentes doses do resíduo LETRIP.
A massa de 1000 aquênios foi igual para todos os tratamentos que receberam o resíduo,
diferindo significativamente, somente da testemunha. A massa de 1000 aquênios é
influenciada pela densidade de plantas, época de semeadura e fertilidade do solo (Almeida &
Silva, 1993). Castro & Farias (2005) observaram um peso médio de 1000 aquênios de 63,6 g
na cultivar Embrapa 122- V2000. O número e o peso das sementes de girassol são
considerados fatores importantes na produtividade, sendo que a média de 1000 sementes é de
45 a 50 gramas (Camargo et al., 2005).
Massa de mil aquênios (g)
50
40
30
20
10
0
0 50 150 300
-1
Doses de LETRIP (Mg ha )
Figura 5 - Massa de 1000 aquênios do girassol cultivado em solo tratado com resíduo
industrial. Barras inseridas nas colunas representam o erro-padrão em relação à média.
1577
4 CONCLUSÃO
O lodo de esgoto (LETRIP) estudado comportou-se como uma importante fonte de
nutrientes para a produção da cultura de girassol, contribuindo positivamente para todos os
parâmetros estudados. A menor dose estudada proporcionou os valores máximos em todos os
parâmetros. O uso do lodo estudado ao promover o rendimento da cultura de girassol está,
indiretamente, contribuindo também para a produção de óleo vegetal com fins de produção de
biodiesel.
5 AGRADECIMENTOS
A Pós-Graduação em Agronomia – Ciência do Solo/UFRRJ, CNPq e a Petroflex.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M. L., SILVA, P. R. F. Efeito de densidade e época de semeadura e de
adubação nas características agronômicas de girassol: I. Rendimentos de grãos e de óleo e
seus componentes. Pesq. Agropec. bras., Brasília, v.28, n.7, p.833-841, 1993.
1578
ISO 11466 International Standard: Soil quality – Extraction of trace elements soluble in
aquaregia, 03–01, 1995.
JAIN, K.K.; VAISH, D.P.; GUPTA, H.K.; MATHUR, S.S. 1978. Studies on hollow seednes
in sunflower. In: International Sunflower Conference, 8, Minneapolis, USA, 1978.
International Sunflower Association. p.138-147.
LOBO, T. F., GRASSI FILHO, H., SÁ, R. O., FIGUEIREDO, V. B., ZANOTTO, M.D.,
AMARAL, J. G. C. Níveis crescentes de lodo de esgoto na produtividade e teor de óleo
contido no grão de girassol. In: II Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos,
Gorduras e Biodiesel, 2005. Varginha-MG. Anais... Varginha-MG. 2005.
TANAKA, R.T. Nutrição e adubação da cultura do girassol. Inf. Agropecu., Belo Horizonte,
v. 7, p. 74-76, 1981.
1579
PROGRAMA DE COLETA DE ÓLEOS RESIDUAIS NA CIDADE DE
ITAÚNA PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM ESCALA PILOTO
1580
1 INTRODUÇÃO
Combustíveis alternativos para motores a diesel são cada vez mais importantes devido à
escassez das reservas de petróleo e aos problemas de poluição ambiental. A possibilidade da
utilização de óleos vegetais e gorduras animais como combustível foi reconhecida desde os
primórdios dos motores diesel e são objetos de investigações antes mesmo de ocorrer a crise
energética dos anos 70.
Em 1900 os óleos vegetais já vinham sendo utilizados em máquinas a diesel com
sucesso, durante uma exposição em Paris foi demonstrado o funcionamento de um pequeno
motor diesel funcionando com óleo de amendoim. O consumo do óleo vegetal resultou em um
aproveitamento do calor literalmente idêntico ao do petróleo.
Uma das maiores motivações para a produção do biodiesel é ser um combustível
originado de fonte renovável, permitir a economia de divisas com a importação de petróleo e
óleo diesel e também reduzir a poluição ambiental, além de gerar alternativas de empregos em
áreas geográficas menos atraentes.
Biodiesel é um combustível originado de fontes renováveis derivado de óleos de origem
vegetal ou animal, para uso em motores a combustão. É obtido através da reação de
transesterificação de triglicerídeos (óleos vegetais ou gorduras animais) com um álcool
metílico ou etílico na presença de um catalisador ácido ou básico, gerando biocombustível,
glicerina e álcool residual.
O biodiesel pode ser amplamente utilizado como combustível alternativo por possuir
propriedades físico-químicas semelhantes ao diesel convencional, tendo como vantagens a
diminuição de poluentes possibilitando uma redução significativa do esgotamento de reservas
de petróleo.
Por ser perfeitamente miscível, o biodiesel pode ser utilizado puro ou misturado em
quaisquer proporções em motores do ciclo diesel sem a necessidade de adaptações. Portanto, a
análise da composição de ácidos graxos constitui o primeiro procedimento para a avaliação
preliminar da qualidade do óleo bruto e de seus produtos de transformação para a obtenção do
biodiesel, e isto pode ser obtido através de vários métodos analíticos tais como a
cromatografia líquida de alta eficiência a cromatografia em fase gasosa e a espectroscopia de
ressonância magnética nuclear de hidrogênio (NETO, 1999).
A utilização de óleos vegetais industriais vem ganhando espaço cada vez maior, não
simplesmente porque os resíduos representam matérias primas de baixo custo, mas
principalmente devido aos efeitos da degradação ambiental.
1581
Os efeitos da degradação ambiental geraram uma corrente que defende a produção de
tecnologias limpas e o reaproveitamento de resíduos, o que tem levado empresas a buscarem
viabilidade econômica para os resíduos, diminuindo os impactos ambientais, estimulando a
reciclagem de matérias primas e promovendo a formação de novos postos de trabalho. A
fritura é um processo que utiliza óleos e gorduras como meio de transferência de calor
largamente utilizado para a produção de alimentos, processo que gera um volume
significativo de óleos e gorduras, cujo destino final é difícil de ser solucionado.
Neste contexto o biodiesel produzido a partir de óleos residuais utilizados na cocção de
alimentos apresenta-se como uma das soluções imediatas para a substituição parcial ou total
do petrodiesel, pois é produzido a partir de fontes renováveis, é biodegradável e seus níveis de
emissão de gases causadores do efeito estufa são bem inferiores.
A reutilização de óleos residuais de fritura utilizados em estabelecimentos alimentícios
para produção do biodiesel requer um estudo de conscientização social para que se possa
realizar a coleta em postos definidos e reconhecidos pela sociedade, como escolas e centros
comunitários.
O objetivo deste projeto é a aplicação de um programa de conscientização da
comunidade quanto à problemática do descarte incorreto do óleo de cocção e apresentação de
uma alternativa de uso para esse resíduo (geração de combustível e sabões de baixo custo). O
programa é composto por palestras destinadas a professores e profissionais da saúde, criando
formadores de opinião, panfletos informativos, programas de incentivo para que as escolas se
tornem postos de coleta.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O óleo residual de frituras alimentícias gerado pelos 84.000 habitantes da Cidade de
Itaúna não tem um destino final adequado. A cidade não apresenta sistema de tratamento de
esgoto assim, todo resíduo tem como destino final os mananciais da região. O óleo de cozinha
descartado nas pias além de incrustar nas tubulações, polui os mananciais da região.
O primeiro passo do programa de conscientização sócio-ambiental refere-se à realização
de palestras envolvendo donos de bares e restaurantes, diretores de escolas, representantes de
associações de bairro. As palestras têm o intuito de sensibilizar os representantes de
comunidade para a coleta do óleo de cozinha, sua importância ambiental e sócio-econômica.
Num segundo momento, em uma parceria com a prefeitura municipal de Itauna serão
distribuídos panfletos explicativos quanto à necessidade ambiental do recolhimento do óleo de
1582
cozinha saturado, a possibilidade de aproveitamento econômico com a produção de sabão de
baixo custo e biodiesel e os fatores relacionados aos efeitos da gordura saturada no organismo
humano.
O convênio com a prefeitura permite tornar as escolas e postos de saúde como postos de
coleta de óleo saturado. Programa de incentivos às escolas torna o recolhimento um atrativo e
propicia maior empenho em programas de incentivo à coleta realizada pelas próprias escolas.
Realizada a conscientização, montados os postos de coleta passa-se ao gerenciamento e
logística do recolhimento do óleo de cozinha. A coleta e tratamento do óleo de cozinha devem
seguir os parâmetros apresentados nas seções a seguir.
O óleo deve ser entregue em garrafas PET ou galões de plástico lavados com água
corrente sem adição de sabões.
A cidade deverá ser dividida em zonas ou regiões com um determinado número de
postos de coleta. O processo de zoneamento da cidade tem o objetivo de facilitar a logística de
coleta e tratamento do óleo residual recolhido.
A planilha de recolhimento determina o dia de coleta por região ou zona. O objetivo da
planilha é permitir a identificação de volume e qualidade do óleo por região.
Do óleo recolhido e homogeneizado, amostras são retiradas a fim de determinar
parâmetros como grau de saturação, acidez e índices de impurezas. São montados relatórios a
serem publicados para a população da qualidade do óleo consumido pela comunidade
abrangida por determinada zona de coleta. Esses relatórios publicados periodicamente fazem
parte do plano de incentivo à coleta de óleo residual.
No laboratório o óleo é filtrado e passa por um tratamento preliminar para a retirada de
resíduos de alimentos de cocção. O tratamento visa a obtenção de uma matéria prima
padronizada por um índice de pureza em que o número de partículas em suspensão não seja
superior a 1% e as partículas não sejam superiores a 5 micrômetros.
A filtração de óleos é freqüentemente praticada para retardar a deterioração dos óleos,
funciona com eficiência e rapidez quando aplicada pressão ao sistema. Estudando a
recuperação de óleos usados em frituras utilizando combinações de absorventes seguidas de
filtração, constatou-se uma melhoria na qualidade dos óleos de frituras e por extensão na vida
útil desses óleos. A simples filtração apenas remove as impurezas insolúveis, não
influenciando no tempo de deterioração do óleo, nem diminuindo a acidez livre, prejudicando
assim apenas a qualidade do biodiesel.
O processo de secagem tem o objetivo de retirar o excesso de água resultante da cocção.
A água pode provocar saponificação do óleo acarretando emulsões de difícil separação de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1583
fases entre o biodiesel e glicerol formado. A umidade presente no óleo residual é outro fator
importante a ser observado, pois ela favorece a reação de hidrólise e a quebra de ligações do
éster glicerídeo, ocorrendo a formação de ácidos graxos livres, aumentando a acidez
(SAMPAIO, 2003).
O óleo após passar pelas etapas das seções anteriores, é destinado à produção de
biodiesel em uma usina piloto segundo uma reação de transesterificação, a qual é a reação
química de um óleo com monoálcoois (metanol ou etanol) em presença de hidróxido de sódio
ou potássio como catalisador, o qual promove a quebra da molécula dos triglicerídeos,
gerando ésteres etílicos ou metílicos dos ácidos graxos correspondentes, liberando glicerina
como co-produto. A transesterificação pode ser realizada em meio ácido ou básico, em
pressão atmosférica, temperatura de aproximadamente 40 a 60°C para acelerar a reação em
presença de excesso de álcool para resultar em ésteres menos viscosos e com características
físico-químicas próximas ao diesel convencional (KNOTHE et al., 2006). A reação global de
transesterificação é representada por três equações consecutivas e reversíveis (Figura 1).
1584
reservatórios de armazenagem de óleo (1) e misturador (2), respectivamente, em proporções
estequiometricamente determinadas.
No Reator 1 (3), ocorre a mistura e reação de transesterificação entre os reagentes dos
reservatórios 1 e 2. O reator promove a reação catalisada entre álcool e óleo através de
agitação mecânica e a temperatura controlada. O produto da reação é deslocado para o
Separador (4) onde ocorrerá a separação das fases por decantação do biodiesel (éster) e da
glicerina. A glicerina por apresentar maior densidade se deposita no fundo do reservatório
podendo ser retirada por uma válvula de esfera presente no reservatório.
O biodiesel que permanece, passa para o Recuperador (6) onde o excesso de álcool será
evaporado por aquecimento utilizando-se uma resistência encapsulada. O vapor de álcool se
direciona ao Condensador (5), onde retorna a fase líquida. O biodiesel agora sem a glicerina e
livre do excesso de álcool passa para a Lavagem (7), onde por aspersão de água a temperatura
controlada as impurezas como resíduos de catalisador são carregadas e retiradas do produto de
interesse. Entretanto, nem toda água aspergida percola e sai do biocombustível, assim é
necessária uma etapa de aquecimento no Secador (8) para a evaporação da água residual
presente.
Reservatório de óleo
Misturador: álcool + catalisador
1 2
Reator 1
3
Separador
4
Recuperador de alcool
Condensador 5
6
Lavagem
7
Secador
1585
O biodiesel produzido terá seus parâmetros analisados em laboratório para averiguação
de qualidade e oferecido à prefeitura para utilização e testes em um de seus carros, a fim de
verificar eficiência e impactos sobre o motor.
3 RESULTADOS ESPERADOS
O projeto tem o intuito de conscientizar a população quanto às vantagens da reutilização
do óleo de fritura para fins econômicos e de sustentabilidade ambiental. Segundo dados do
Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itaúna, o Rio São João, único afluente que
abastece a cidade, estará tão saturado de lixo e resíduos que em poucos anos, a cidade passará
racionamento de água. A coleta de óleos de cocção representa a redução de um dos poluentes
de alta gravidade no rio.
Espera-se com esse trabalho uma melhoria na qualidade do óleo utilizado pela
população, obtenção de matéria para a produção de biodiesel, e redução da emissão de
poluentes no rio.
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KNOTHE, Gerhard et al. Manual de biodiesel. Tradução Luiz Pereira Ramos. Curitiba:
Edgard Blucher, 2006.
NETO, Pedro Costa et al. Produção de biocombustíveis alternativo ao óleo diesel através
da transesterificação de soja usado em frituras. Dissertação (mestrado em química).
Universidade Federal do Paraná, 1999.
1586
AVALIAÇÃO DE TRATAMENTOS PARA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA
EM SEMENTES DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)
1587
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
1588
entre 857 a 1191m. A temperatura média anual é de 21,8ºC e a média pluviométrica anual é
de 1419 mm, e de acordo com a classificação do Köppen, possui clima do tipo Cwa - Tropical
de altitude. (Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia-INMET).
As sementes utilizadas no estudo foram doadas pela Siderúrgica Pitangui, situada no
município de Pitangui-MG, para as quais foram utilizados três tratamentos diferentes para
superação de dormência, e as sementes foram divididas em quatro grupos:
• Grupo 1 (T) – testemunhas (sementes sem tratamento);
• Grupo 2 (EA12H) – as sementes ficaram imersas em água por 12 horas para a quebra
de da dormência do embrião;
• Grupo 3 (EQ5’) – as sementes foram escarificadas quimicamente com H2SO4 (ácido
sulfúrico concentrado) por 5 minutos. O processo de escarificação tem o objetivo
quebrar a dormência pelo romper da casca ou tegumento da semente, permitindo a
entrada de água para o embrião. O tempo de escarificação deve ser suficiente para que
ocorra o rompimento da casca sem, no entanto, corroê-la;
• Grupo 4 (EQ15’) – as sementes foram escarificadas quimicamente com H2SO4 (ácido
sulfúrico concentrado) por 15 minutos.
Todas as sementes dos grupos 3 e 4 foram lavadas em água corrente por 10 minutos,
após os tratamentos para a retirada total de H2SO4.
Foram usadas 25 sementes para cada grupo. Após os tratamentos realizados as sementes
foram semeadas em bandeja de isopor com 100 células. Foi utilizado como substrato uma
mistura de 3 partes de terra, com uma de areia e uma de matéria orgânica. Os testes foram
deixados à temperatura ambiente. Após 15 dias da semeadura foram feitas avaliações de cada
grupo, com base nas seguintes variáveis:
• Porcentagem de germinação de cada grupo (%G);
• Tamanho da parte aérea (TPA);
• Índice da velocidade de germinação (IVG), usando-se a Eq. (1), sugerida por Popinigis
(1977):
N1 N N
IVG = + 2 + ... + n (1)
D1 D2 Dn
1589
dia de contagem, D2 é o segundo dia de contagem e Dn é o número de dias após a última
leitura.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
100
80
% Germinação
60
40
20
0
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4
A Tabela (1) apresenta a variação média do tamanho da parte aérea (TPA) 15 dias após
a semeadura das sementes, a porcentagem de germinação e índices de velocidade de
germinação (IVG). Os valores dos índices de velocidade de germinação, mostrados na
Tabela 1, não mostraram diferenças significativas de um grupo para o outro.
Pelos resultados apresentados na Tab. (1), constatou-se que, dentre os tratamentos
aplicados às sementes, nenhum se mostrou vantajoso sobre as testemunhas. Observou-se que
o período de 5 minutos de escarificação química com H2SO4 não causa nenhum dano a
semente. Já aumentando o tempo de 15 minutos, causa corrosão e, portanto, não há
germinação, o que aconteceu, de acordo com Rolston (1978) citado por Alves et al. (2006),
foi que a escarificação química causou degradação do tegumento e o aumento do tempo de
1590
imersão das sementes em ácido sulfúrico gerou a destruição de células essenciais,
responsáveis pela germinação.
Tabela 1 - Resultados das variáveis avaliadas em sementes de Pinhão manso (Jatropha curcas
L.) submetidas a tratamentos para superação de dormência. ICB-UIT, 2007.
Grupos %G TPA IVG
Grupo 1 (T) 88 3,5* 4,18
Grupo 2 (EA12H) 80 4,5* 4,63
Grupo 3 (EQ5’) 92 3,6* 4,68
Grupo 4 (EQ15’) 0 - -
* média do grupo. %G – Porcentagem de germinação; TPA – Tamanho da parte aérea e IVG – Índice da
velocidade de germinação.
4 CONCLUSÃO
5 AGRADECIMENTOS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, E.U.; BRUNO, R.L.; OLIVEIRA, A.P. Ácido sulfúrico na superação da
dormência de unidades de dispersão de Juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.). Revista
Árvore, v.30, n.2, p.187-195, 2006.
BELTRÃO, N.E.M. Considerações gerais sobre o Pinhão manso ( Jatropha curcas L.) e a
necessidade urgente de pesquisas, desenvolvimento e inovações tecnológicas para esta
planta nas condições brasileiras.
1591
MELLO, M.G. Biomassa – Energia dos trópicos em Minas Gerais. Editora Labmídia.
Belo Horizonte, 2001.
ROLSTON, M.P. Water impermeable seed dormancy. The botanical review, v.44, n.33,
p.365-396, 1978.
SANTOS, M.R.A.; PAIVA, R.; GOMES, G.A.C.; PAIVA, P.D.O.; PAIVA, L.V. Estudos
sobre superação de dormência em sementes de Smilax japecanga GRISEBACH. Ciênc.
Agrotec., Lavras, v.27, n.2, p.319-324, mar/abr., 2003.
1592
AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA PARA A REGIÃO CENTRO-
SUL DO ESTADO DO PARANÁ
1593
1 INTRODUÇÃO
O Estado do Paraná tem apresentado produtividade média de 1530 kg/ha de mamona
entre as safras 2004/2005 e 2005/2006 (CONAB, 2006).
A partir da safra 2005/2006, o IAPAR reiniciou as pesquisas com a cultura da mamona,
em parceria com a Embrapa Clima Temperado.
Objetiva-se, com este trabalho, apresentar os resultados dos ensaios de competição de
cultivares e híbridos de mamona em Ponta Grossa, região Centro-Sul do estado, conduzidos
na safra 2006/2007.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os ensaios foram conduzidos na Estação Experimental do Instituto Agronômico do
Paraná, em Ponta Grossa no período de safra, de dezembro de 2006 a maio de 2007. O
experimento I constava de quatro tratamentos: IAC 80, AL GUARANY 2002, MARA e
LYRA. O experimento II testou seis híbridos comerciais de mamona: LARA, LYRA, MARA,
ÍRIS, SARA e SAVANA. O experimento III avaliou sete cultivares: AL GUARANY 2002,
IAC 226, MIRANTE 10, IAC 80, VINEMA T1, NORDESTINA e IAC GUARANI. O
delineamento utilizado foi em blocos casualizados, com duas, três e três repetições
respectivamente. Cada parcela foi constituída por três ou quatro linhas de 8m, em
espaçamento entre linhas de 1,2m. A colheita foi efetuada em uma única época, 07/05/2007.
A semeadura foi em plantio direto, sobre braquiária dessecada, realizada manualmente, em 13
e 14 de dezembro de 2006.
Avaliaram-se os dados de produção de sementes por parcela, posteriormente
transformados para produtividade (kg/ha), relação entre a massa de grãos e bagas e a
população final de plantas (plantas/ha). Os dados foram analisados pelo aplicativo Genes.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise estatística referente ao experimento I (Tabela 1) revelou efeito não
significativo de genótipos para produtividade de grãos, com coeficiente de variação de 45,2%,
média geral de 1661 kg/ha, porém para as variáveis relação grãos/bagas e estande final houve
efeito significativo para tratamentos. Na tabela 4, teste de médias, verifica-se que a cultivar
IAC 80, embora tenha apresentado rendimento ao redor da média geral do ensaio, possui a
mais baixa densidade de sementes, evidenciada pela relação grãos/bagas.
1594
Tabela 1 - Resumo das análises de variâncias para as variáveis rendimento de grãos de
mamona (kg/ha), relação entre a massa de grãos e bagas e a população final de plantas
(plantas/ha). Experimento I (época de semeadura). Ponta Grossa, Paraná, safra 2006/2007.
kg/ha Sementes/bagas Plantas/ha
F.V. G.L. F Prob. F Prob. F Prob.
BLOCOS 1
Tratamentos 3 0,548 ns 38,292 0,0068 21,736 0,0155
RESÍDUO 3
TOTAL 7
TOTAL 17
1595
Tabela 3 - Resumo das análises de variâncias para as variáveis rendimento de grãos de
mamona (kg/ha), relação entre a massa de grãos e bagas e a população final de plantas
(plantas/ha). Experimento III (variedades). Ponta Grossa, Paraná, safra 2006/2007.
kg/ha Sementes/bagas Plantas/ha
F.V. G.L. F Prob. F Prob. F Prob.
BLOCOS 2
Tratamentos 6 2,508 0,0826 9,342 0,0006 1,216 0,3629
RESÍDUO 12
TOTAL 20
1596
Tabela 4 - Teste de comparação de médias (teste Scott-Knott a 5%) para as variáveis
rendimento de grãos de mamona (kg/ha), relação entre a massa de grãos e bagas e a população
final de plantas (plantas/ha). Ponta Grossa, Paraná, safra 2006/2007.
Rend. Grãos Relação Número de
Trats. Cultivares
kgha sem/bagas Plantas/ha
EXPERIMENTO I
4 LYRA 2116 a 0,68 a 10938 a
2 AL GUARANY 2002 1845 a 0,65 a 8333 a
1 IAC 80 1439 a 0,49 b 4167 a
3 MARA 1244 a 0,71 a 1250 a
EXPERIMENTO II
Em 30 de maio de 2007 houve severa geada (-3ºC temperatura de relva), as plantas das
parcelas tinham sido colhidos e podadas, espera-se observar a taxa de sobrevivência e rebrote,
para uma segunda safra, sem plantio, pós poda.
1597
4 CONCLUSÃO
Foi detectada variabilidade genética entre cultivares e híbridos;
O híbrido com maior destaque foi o ÍRIS, enquanto a cultivar mais promissora foi a AL
GUARANY 2002.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Oitavo levantamento de safra jun/2006.
Disponível em: < http://www.conab.gov.br/download/safra/boletim07.pdf >, acesso em
14/07/2006.
1598
EQUILÍBRIO TERMODINÂMICO NA TRANSESTERIFICAÇÃO COM
ÉSTERES SIMPLES E TRIOLEÍNA
1599
1 INTRODUÇÃO
Os óleos vegetais e gordura animal são ésteres de ácidos graxos com o glicerol, e, por
serem abundantes na natureza, receberam a denominação própria de triglicerídeos. Os óleos e
gorduras contêm diferentes tipos de ácidos graxos ligados ao glicerol, e que, dependendo do
comprimento de sua cadeia e do grau de insaturação, é o parâmetro de maior influência sobre
as propriedades dos óleos vegetais e gorduras animais de onde se originam [4].
Os óleos e gorduras podem ser convertidos em biodiesel por uma reação denominada
transesterificação ou alcoólise, representada na Figura 1. Nessa reação, os triglicerídeos
reagem com um monoálcool (metanol ou etanol), na presença de um catalisador, usualmente
básico, para produzir os ésteres correspondentes e glicerol [8]. Essa reação é de grande
interesse industrial e foco intenso de investigação por muitos pesquisadores.
1600
óleos vegetais pode gerar uma grande quantidade de sabão, e consequentemente de uma
emulsão, que é uma reação paralela e indesejada por consumir muito catalisador [10].
O processo de transesterificação ocorre preferencialmente com álcoois de baixo peso
molecular, sendo metanol o mais usado pelo preço e pela maior atividade durante a alcoólise.
O etanol também pode ser utilizado na transesterificação, mas desde que esteja anidro, uma
vez que a água atua como inibidor da reação e no aumento da formação de sabão.
Um ponto importante a ser tratado neste processo é o equilíbrio químico da reação de
transesterificação. A conversão de equilíbrio desse processo é usualmente baixa em
temperaturas brandas. Mas, através da utilização de grandes excessos de álcool, é possível
favorecer o deslocamento do equilíbrio para a produção de biodiesel [1] ou simplesmente
retirando-se o glicerol (subproduto formado), sendo esse último o modo economicamente
mais atraente. No entanto, há uma grande dificuldade de encontrar na literatura dados
termodinâmicos para as moléculas complexas dos ésteres envolvidos nas reações de
transesterificação.
Portanto, objetivo deste trabalho foi calcular a conversão teórica, no equilíbrio, para a
reação de transesterificação do trioleato de glicerol ou simplesmente trioleína (Figura 2) com
metanol e com etanol para a formação de oleato de metila e oleato de etila, respectivamente e
glicerol. A molécula da trioleína foi considerada um modelo de ésteres contidos nos óleos e
gorduras. A razão molar de álcool/trioleína foi variada de 3 a 15 e entre as temperaturas de 25
e 60°C. A molécula de trioleína foi escolhida como representante dos óleos vegetais por ser o
triglicerídeo encontrado em grandes quantidades nas sementes de canola (62%), amendoim
(49%), dendê (25%) e soja (22%).
1601
2 MATERIAL E MÉTODOS
Com o intuito de verificar o comportamento das reações de transesterificação,
inicialmente, foram simuladas reações com ésteres simples com metanol e etanol. As reações
são apresentadas na Tabela 1.
Para a simulação com ésteres representantes dos óleos de gorduras foi escolhida a
molécula de trioleína. As Equações 1 e 2 mostram a estequiometria da transesterificação da
trioleína (TOl) com metanol (MeOH) e com etanol (EtOH), formando oleato de metila
(MeOl) e oleato de etila (EtOl), respectivamente e glicerol (G).
As constantes de equilíbrio destas reações (Keq) foram calculadas pela relação com a
variação da energia de Gibbs padrão ΔG0, mostrada na Equação 1 [9], na qual R é a constante
universal dos gases; T a temperatura padrão (T = 298,15 K).
ΔG o
− ln K 298 = Eq. 1
R.T
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1602
Considerando que a temperatura não exerça influência sobre a entalpia de reação padrão
(∆Hº), calculou-se a constante de equilíbrio a uma temperatura T, através da equação de van’t
Hoff (Equação 2).
K ΔH º ⎛ 1 1 ⎞
ln =− ⎜⎜ − ⎟
R ⎝ T T298 ⎟⎠
Eq. 2
K 298
K eq = ∏ ( x i γ i ) i
ν
Eq. 3
i
K eq = ∏ ( x i ) i
ν
Eq. 4
i
1603
Os cálculos termodinâmicos para a avaliação do Keq e da conversão no equilíbrio do
trioleína foram realizados utilizando o software Matlab. Esta simulação permitiu a previsão
do comportamento do sistema reacional em diferentes condições de temperatura e as
concentrações iniciais dos reagentes.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2 são apresentados os resultados com os ésteres simples. Os valores das
conversões no equilíbrio do éster (Xéster), para uma mistura ideal, são a temperatura de 25 ºC
e com razão álcool/éster igual a 1.
1604
onde nota-se que a reação de transesterificação entre a trioleína (TOl) e o metanol é
ligeiramente exotérmica e a reação do trioleína com etanol é ligeiramente endotérmica..
1,8
Etanol x Trioleína
Metanol x Trioleína
1,6
Constante de equilíbrio
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
25 30 35 40 45 50 55 60 65
Temperatura (°C)
Figura 3 - Constante de equilíbrio (Keq) em função da temperatura para a reação de
transesterificação do trioleína com metanol e com etanol.
No trabalho desenvolvido por DOSSIN et al. [2], os autores fizeram uma simplificação,
consideraram o Keq constante e igual a 1 para todas as temperaturas, com a justificativa que a
reação é quase termicamente neutra, devido à pequena variação na da entropia.
1605
100 100
Ideal Ideal
Não ideal Não ideal
80 80
Conversão (%)
Conversão (%)
60 60
40 40
20 20
0 0
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
(a) (b)
Figura 4 - Conversão no equilíbrio, ideal e não-ideal, para a reação de transesterificação
(a) com metanol e (b) com etanol, para uma razão álcool/Trioleína = 3.
Metanol/Trioleato Metanol/Trioleato
100 100
3 6 9 3 6 9
12 15 12 15
80 80
Conversão (%)
Conversão (%)
60 60
40 40
20 20
0 0
25 30 35 40 45 50 55 60 65 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
(a) (b)
1606
Figura 5 - Conversão no equilíbrio, não-ideal, de trioleína em função da temperatura, para
diferentes razões metanol/trioleína para a reação (a) com metanol e (b) com etanol.
100
80
Conversão (%)
60
40
metanol
etanol
20
0 10 20 30 40 50
1607
do álcool usado. Acima desse valor ocorrem pequenas variações na conversão, com uma
conversão máxima de 98,8% com uma razão álcool/trioleína de 50.
4 CONCLUSÃO
A contribuição de grupos leva a uma boa estimativa das propriedades termodinâmicas
de moléculas complexas, como dos ésteres da glicerina. Reações de transesterificação que
ocorrem com etanol são ligeiramente exotérmicas e com metanol são ligeiramente
endotérmicas. A constante de equilíbrio das reações de transesterificação da trioleína com
metanol e com etanol possui valores em torno de 1. Devido aos baixos valores da entalpia
ΔH°, a temperatura não exerce grande influência na conversão de equilíbrio.
A simulação das reações com a trioleína, mostrou que o sistema opera longe da
idealidade com desvios superiores a 50%. O sistema permitiu estimar como o aumento da
razão álcool/trioleína desloca o equilíbrio da reação no sentido da formação dos produtos,
sendo que o aumento é significativo até uma razão de 30. O metanol e etanol possuem
comportamentos semelhantes na reação de transesterificação, sendo que os desvios são
menores que 5%.
5 AGRADECIMENTOS
Ao CNPq, pelas bolsas concedidas aos doutorandos D. P. Fabiano e C. A. Rosa.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORMA, A. Chem. Rev. v. 95, 1995, p. 559-624. 5
JOBACK, K. G.; REID, R. C., Chem. Eng. Comm., v. 57. 1987. p. 233-243. 9
KNOTHE, G.; GERPEN, J. V.; KRAHL, J.; RAMOS, L.P. Manual de Biodiesel, Ed. Edgarb
Blucher, 2006. 1
REID C.; PRAUSNITZ, J.M.; POLING, D.E. The Properties of Gases and Liquids. 3-4. ed.
New York: McGraw-Hill, 1987. 7
SERIO, M. DI; LEDDA, M.; COZZOLINO, M.; MINUTILLO, G.; TESSER, R.;
SANTACESARIA, E. Ind. Eng. Chem. Res. v. 45, 2006, p. 3009-3014. 2
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1608
SMITH J. M.; NESS H.C. VAN; ABBOTT, M. M. Introdução à termodinâmica da
engenharia química, 5. ed. LTC. 2000. 6
VICENTE, G.; MARTINEZ, M.; ARACIL, J., Bioresour. Technol. v. 92, 2004, p. 297-305.
4
1609
BIODIESEL DE INAJÁ (Maximiliana maripa Drude) OBTIDO PELA VIA
METANÓLICA E ETANÓLICA
1610
1 INTRODUÇÃO
Metade das fontes de energia utilizadas atualmente provém de matéria-prima não
renovável, como petróleo e gás natural. O óleo diesel é o combustível que apresenta a maior
demanda mundial, sendo utilizado em vários setores da sociedade, principalmente nos
transportes doméstico e industrial. Além das restrições econômicas relacionadas à ampla
utilização deste combustível, diversos problemas ambientais, como o a chuva ácida e o efeito
estufa, são decorrentes dos gases emitidos na sua queima, como o CO2 , SOx e NOx.
1611
O Inajá, Maximiliana maripa (Aublet) Drude,(também conhecida como anajá) assim
como as outras palmeiras, têm um valor econômico, ecológico, ornamental e alimentar muito
grande e seu estudo é muito importante. Todas as partes de uma palmeira são aproveitadas de
alguma maneira, desde a alimentação até o uso medicinal. Os frutos e as sementes “in natura”
são utilizados na alimentação humana e de animais, e também fornecem matéria-prima para
as indústrias de cosméticos e alimentícios; as folhas jovens servem como cobertura de casas e
as adultas como abrigo nas florestas para homens e animais; na coroa foliar, encontra-se o
palmito que tem grande valor alimentício e industrial; o estipe (caule) é utilizado para
fabricação de móveis, assoalhos, paredes de casas e etc. As raízes têm uso medicinal. Possui
monocaule com altura de 3,5 a 20m, 10 a 22 folhas do tipo pinadas com bainhas medindo de
50 a116 cm de comprimento; 152 a 318 pinas de cada lado, agrupadas irregularmente e com
disposição em diferentes planos. Os indivíduos são solitários, monóicos e apresentam
inflorescência interfoliar14.
Os frutos são oblongos elipsóides lisos, com 5 a 6cm de comprimento. As amêndoas
contidas no tegumento podem fornecer 60% de óleo semelhante ao de babaçu, tanto na
qualidade quanto na utilização; Cada cacho produz em média de 1500 a 2000 frutos. A
espécie Maximiliana maripa (Aubl.) Drude ocorre desde o norte da América do Sul até o
Brasil Central, crescendo em florestas primárias, secundárias ou, mais frequentemente, em
áreas perturbadas.. Essa palmeira, frequentemente em ambientes muito distintos, é tolerante a
inundações, queimadas e condições de baixa fertilidade do solo. Para se ter uma idéia, as
plantas jovens de inajá ao serem queimadas para o plantio de pastagens rebrotam
vigorosamente e as sementes que estavam em repouso de dormência germinam facilmente.
As reações em presença de catalisadores básicos, devem ser conduzidas com óleos
vegetais neutros ou de baixa acidez, no máximo ate 3%, pois a presença de ácidos graxos
livres neutraliza a ação catalítica. Além do mais, a separação posterior dos sabões formados
na reação apresenta algumas dificuldades, que conduzem quase sempre, a perdas no
rendimento da mistura de ésteres. Neste aspecto, a catalise ácida oferece uma alternativa para
a produção de ésteres, a partir de óleos vegetais de acidez elevada.
Neste estudo descrevemos a obtenção de biodiesel de Inajá, uma oleaginosa
característica da Amazônia Ocidental, através das rotas de transesterificação metílica e etílica,
por catálise homogênea ácida, apresentando suas características físico-químicas e químicas,
com o intuito de avaliar a qualidade deste biodiesel produzido.
1612
2 MATERIAL E MÉTODOS
O fruto de inajá foi obtido de uma palmeira localizada no campus da Universidade
Federal do Amazonas com localização geográfica de latitude: 20 57' – 30 10' e longitude: 590
53' – 600 07'. O óleo utilizado foi obtido da amêndoa e polpa do fruto de inajá através da
extração com hexano (nuclear), de pureza analítica, em um sistema Sohxlet. Este óleo foi
transesterificado, com catalisador ácido, sendo utilizado um sistema de bancada composto de
uma manta aquecedora, com agitador magnético e controle de temperatura, balão de fundo
redondo com capacidade de 125 mL e sistema de refluxo e refrigeração com fluxo constante
de água.
Os reagentes álcool etílico (CH3CH2OH, 99.5% - Synth), álcool metílico (CH3OH,
99.5% - Synth), ácido sulfúrico (H2SO4, 95-98% - Synth), bicarbonato de sódio (NaHCO3,
99% - Synth), cloreto de sódio (NaCl, 99% - Synth) e sulfato de sódio anidro (Na2SO4, 99% -
99%) utilizados neste estudo foram de pureza analítica e usados sem nenhuma purificação
prévia.
Os índices de acidez (“óleo in natura” e biodiesel) e saponificação (“óleo in natura”)
foram realizados segundo a metodologia padrão alemã17 e o índice de Iodo foi realizado
utilizando os dados de composição química obtidos cromatograficamente e mediante a
aplicação da equação: II = ∑(PMi * %i)*253,8; onde, PMi e %i referem-se ao peso molecular
e ao teor, respectivamente, de cada ácido graxo insaturado presente no biodiesel, e 253,8 é o
fator de correção em relação ao iodo.18
A viscosidade foi medida utilizando-se um viscosímetro SCHOTT – GERATE GmbH
AVS – 350 D 65719 Hofheim a. ts, em banho termostático a 40ºC. E um capilar de constante
k = 0,2322mm2/s2.19A densidade foi medida através de um picnômetro de 1mL e balança
analítica.
As análises da composição das amostras de biodiesel obtidas e teor de glicerina foram
realizadas por CG-EM (equipamento Varian 2100), utilizando hélio como gás de arraste com
-1
fluxo na coluna de 1 mL min ; temperatura do Injetor: 250º C, split 1:50; coluna capilar
(15 m x 0,25 mm) com fase estacionária VF-1ms (100% metilsiloxano 0,25 µm) e
o o
programação de temperatura do forno de 60 C a 260 C (isoterma a 210º C por 4 minutos)
o -1
com taxa de aquecimento de 15 C min , e de 260º C a 300º C (isoterma final de 3 minutos)
o -1
com taxa de aquecimento de 40 C min . No Espectrômetro de Massas as temperaturas do
mainfold, trap e da linha de transferência foram de 50º C, 190º C e 200º C, respectivamente.
1613
Foram injetadas alíquotas de 1,0 µL (injetor automático CP-8410) das amostras diluídas na
proporção de 20 µL em 1,5 mL de hexano.
O processo de obtenção do biodiesel foi realizado com a massa de 50g do óleo vegetal
de Inajá submetida à transesterificação, pelas rotas etílica e metílica, utilizando como
catalisador o ácido sulfúrico (H2SO4) na concentração de 3%(m/m) em relação à massa de
óleo; a razão molar óleo/álcool de 1:6, temperatura reacional de 75 ºC e tempo reacional de
4 h com a velocidade de homogeneização de 700 rpm. Após o período de 24h, foi realizado o
proceso de separação e purificação, das amostras de biodiesel produzidas. O processo de
purificação foi realizado mediante a lavagem e neutralização com 30 mL de solução salina
(5 %m/m) e de bicarbonato de sódio (5 %m/m), respectivamente, ambas a temperatura de
60 °C. Após a lavagem, utilizou-se, aproximadamente, 20 g de Sulfato de Sódio Anidro para a
secagem das amostras.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a caracterização do óleo de inajá extraído do fruto foram realizadas as análises de
índices de saponificação, acidez, densidade a 20° C e viscosidade (Tabela 1). Os dois
primeiros parâmetros analisados são importantes para o processo de produção do biodiesel,
principalmente o índice de acidez que informa a quantidade de ácidos graxos livres presentes
na matriz vegetal. Uma grande quantidade de ácidos graxos livres e de água em um óleo
vegetal, que seja utilizado para a produção de biodiesel a partir da transesterificação via
catálise homogênea básica, pode prejudicar o rendimento da reação, pois estas substâncias
favorecem ao processo de saponificação que é uma via indesejável no processo de
transesterificação dos triglicerídeos, pois a presença, no meio reacional, de ácidos graxos
livres acarreta em competição entre o triglicerídeo que deve ser transesterificado e o ácido
graxo livre, pelo alcóxido formado na reação do álcool reagente e o catalisador básico9. A
literatura existente sobre a produção de biodiesel com catalisadores homogêneos básicos
(NaOH e KOH) ressalta que um índice de acidez do óleo “In natura” menor que 1% não
interfere, significativamente, no processo reacional. Porém, acima deste valor, o
favorecimento da via reacional da saponificação é mais pronunciado10.
Similarmente ao efeito do alto índice de acidez, a presença de resíduo de água no meio
reacional da transesterificação de óleos vegetais realizada com a catalise homogênea básica é
um dos fatores que podem favorecer a via reacional da saponificação, porem com mecanismo
1614
diferente. Neste caso, a interferência da água ocorre na pré-etapa de formação do grupo
alcoóxido a partir da reação do catalisador básico aplicado no processo e álcool reagente.
Como a reação de transesterificação é um sistema em equilíbrio, a presença de água
desloca o equilíbrio da reação no sentido da reação reversa nesta pré-etapa do sistema, sendo
assim favorecido a existência do grupo hidróxido, oriundo do catalisador, no meio reacional.
Com a presença da hidroxila a reação de hidrólise do triglicerídeo é favorecida, o que também
resulta na formação de sabão7.
Neste sentido, a caracterização do óleo vegetal de inajá extraído de seus frutos foi
realizado através das análises dos índices de acidez e saponificação (Tabela 1), sendo a
umidade retirada com o desenvolvimento do processo de secagem de todo o óleo com sulfato
de sódio anidro, o que garante a ausência de água no óleo vegetal aplicado no processo de
transesterificação da matéria-prima vegetal.
Como apresentado na Tabela 1, o índice de acidez do óleo vegetal “in natura” analisado
é de 8, 35 mg KOH g-1. Com este valor de ácidos graxos livres, a aplicação do processo de
transesterificação com catalisador homogêneo básico (KOH ou NaOH) torna-se inviável.
Assim, a catálise homogênea ácida com H2SO4 foi desenvolvida. Neste sentido, as amostras
de biodiesel metilico e etilico obtidos a partir deste método de transesterificação do óleo de
1615
inajá apresentaram, respectivamente, rendimentos do processo de produção de 50 % e 80 %.
Observa-se, neste resultado que, nas mesmas condições, a produção do biodiesel aplicando o
álcool etílico como reagente é mais eficiente em relação à rota metílica. Assim, como a matriz
brasileira de biocombustíveis favorece a utilização do etanol, devido à grande oferta, este
processo de produção de biodiesel de inajá a partir da rota etílica pode ser otimizado de modo
a avaliar as melhores condições reacionais, onde se viabilize maior eficiência do processo e
melhor qualidade do combustível obtido.
Em termos de qualidade das amostras de biodiesel obtidas em relação ao índice de
acidez, que é fator extremamente importante para o controle do biodiesel, pois influencia no
potencial do biocombustível em ter atividade de corrosão. Para o biodiesel obtido a partir da
rota metílica o índice de acidez avaliado foi de 3,9 mgKOH/g de óleo vegetal.
A viscosidade do biodiesel etílico mostrou-se maior que a do metilico, podendo ser
referente a maior quantidade de monoglicerídeos encontrados na amostra de biodiesel etílico
(Figura 1).
A análise da composição foi realizada aplicando o sistema de cromatografia em fase
gasosa com coluna apolar que separa os ésteres alquílicos (metílico e etílico) de ácidos graxos
componentes do biodiesel obtido. Porem, com este tipo de fase estacionária a análise direta
dos ácidos graxos livres (AGL) torna-se inviável. Por esta razão, a derivatização destes
analitos é necessária para que os AGL possam ser analisados em sistema de CG com coluna
de fase estacionária apolar.
Neste trabalho, o processo de sililação foi aplicado para a derivatização dos ácidos
graxos livres para a forma de ésteres silílicos de ácidos graxos que são compostos mais
apolares e mais voláteis em relação aos ácidos graxos. A composição de ésteres alquílicos de
ácidos graxos das amostras do óleo vegetal de inajá é apresentado na tabela 2. O ácido graxo
componente do óleo vegetal de inajá majoritário é o ácido graxo C18:1 com o teor de 40,8 %
seguido do ácido C16:0 (20,5 %), e do ácido C12:0 (12,6 %).
1616
Figura 1 - Cromatograma de íons totais da composição de ácidos graxos do óleo vegetal de
inajá.
Como esperado, a composição em ácidos graxos das amostras de biodiesel foi similar ao
do óleo vegetal de origem. Isso permite afirmar que o índice de iodo do biodiesel também será
similar ao óleo vegetal de origem (Tabela 1).
A existência de uma quantidade considerável de ligações duplas e triplas nas moléculas
dos ésteres alquílicos (biodiesel), facilita a sua oxidação provocando a degradação e a
formação de gomas1. O índice de iodo apresenta-se como uma propriedade que permite
determinar a propensão para a sua oxidação.
4 CONCLUSÃO
A obtenção de biodiesel de Inajá, uma oleaginosa característica da Amazônia Ocidental,
foi realizada através da rota de transesterificação metílica e etílica, aplicando como catalisador
o ácido sulfúrico. Tal catálise foi selecionada devido ao alto índice de acidez do óleo vegetal
utilizado. Neste sentido, a catalise ácida foi mais efetiva para a produção de biodiesel
etanólico.
Os resultados mostraram que o procedimento utilizado neste trabalho permitiu produzir,
de modo satisfatório, biodiesel. E quanto maior a viscosidade, entre as catálises ácidas, menor
quantidade de ésteres, indicando a presença de qrande quantidade de glicerídeos na amostra.
Assim, faz-se necessário, analisar outras propriedades físico-químicas, a fim de
observar se o produto está de acordo com a especificação da ANP, para o biodiesel, avaliando
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1617
os impactos da utilização prolongada de biodiesel em um motor, observando comportamento
da máquina e a preservação ou desgaste de seus componentes.
O processo de obtenção de biodiesel a partir da oleaginosa estudada deve ser otimizado
no sentido de viabilizar a diminuição das perdas de matéria-prima e, consequentemente,
maximizar a produção do biodiesel.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FINEP pelo apoio em Infra-estrutura e à FAPEAM e ao CNPq
pelo apoio financeiro. Ao Coordenado Dr. Geraldo Narciso da Rocha Filho e ao Supervisor
técnico Msc. Miguel Braga do Laboratório de Pesquisa e Análises de Combustíveis (LAPAC)
da UFPA pelo apoio técnico no processo de produção do biodiesel.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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palmiste e seu potencial como combustível alternativo. Belém, PA. Dissertação de
mestrado, Centro de Ciências Exatas e Naturais, Universidade Federal do Pará, 2004.
NBR 10441
1619
CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DO GERGELIM INFLUENCIADO
POR PLANTIO EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS
1620
1 INTRODUÇÃO
A população de plantas é definida pelo espaçamento entre linhas e a distância entre as
plantas dentro da linha, normalmente chamada de densidade (MORAES et al., 2006).
Segundo Beltrão et al. (2001), as populações de um cultivo são função do espaçamento e da
densidade de semeadura. Esses fatores exercem influência na produtividade e nos
componentes da produção do gergelim, dependendo do ambiente e da cultivar em uso, porém
não tão significativas quanto em outras culturas, denotando a plasticidade dessa pedaliácea.
Beltrão et al. (1994), citados por Beltrão et al. (2001) recomendam espaçamento de 1,0
m entre as fileiras e 5 a 7 plantas/m de fileira para as variedades Seridó 1, CNPA G2, CNPA
G3, Inamar e outras, cultivadas na Região Nordeste, que possuem hábitos de crescimento
ramificado e de ciclo médio a longo. Para as cultivares precoces e não ramificadas,
recomenda-se espaçamentos de 0,6 a 0,7 m entre as fileiras, com 7 a 10 plantas/m de fileira.
Geralmente, em espaçamento reduzido, há tendência a crescimento excessivo das
plantas em altura e esse fator precisa ser levado em consideração na definição da configuração
de plantio. Para que se possa aperfeiçoar o sistema de produção dessa cultura, é preciso
determinar o espaçamento entre linhas mais adequado para diferentes situações, levando em
consideração características do clima e solo da região de plantio e as características da
cultivar a ser plantada.
Neste sentido, este experimento teve o objetivo de avaliar o crescimento e produtividade
do genótipo de gergelim BRS 196 CNPA G 4 (seleção branco) influenciado por plantio em
diferentes espaçamentos, sob condições de irrigação, no Cariri Cearense.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão, no
município de Barbalha, CE. Foi utilizado o de gergelim BRS 196 CNPA G 4 (seleção branco)
(Sesamum indicum L.), oriundo da cultivar BRS 196 CNPA G 4, por meio seleção fenotípica
de planta e coloração de sementes, em 2003, constituindo material do Programa de
Melhoramento de Gergelim da Embrapa Algodão.
A semeadura foi realizada em solo aluvial de relevo plano e de textura areno-argilosa
em 23/08/05, com adubação de fundação (25-60-00). A adubação de cobertura (25-00-00) foi
realizada no início do período de florescimento cerca de 35 a 40 dias da semeadura.
A irrigação por aspersão foi iniciada imediatamente após a semeadura e mantida com
freqüência de 5 a 7 dias, com precipitação total de 443,43 mm durante 93 dias do cultivo.
1621
A precipitação pluvial ocorrida no período correspondente ao cultivo foi de 188,6 mm,
não havendo influência sobre o cultivo devido ter-se concentrado na fase final de avaliação do
trabalho (185,80 mm últimos sete dias do cultivo). Considerando-se portanto um volume de
água de 446,23 mm. O controle das ervas daninhas foi feito manualmente.
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com três tratamentos
(espaçamentos) e sete repetições. Cada parcela era composta de quatro fileiras de 5 m de
comprimento. As duas fileiras centrais constituíram a parcela útil. O espaçamento utilizado
variou de acordo com o tratamento, sendo de ; 0,60 m; 0,80 m ou 1,0 m entre linhas e 0,20 m
entre plantas, mantendo-se oito a 12 plantas por metro, após o desbaste.
As características avaliadas foram: altura da planta e de inserção do primeiro fruto,
número de frutos e de ramos por planta, produtividade de sementes e teor de óleo. Os dados
obtidos foram submetidos à Análise de Variância e as médias foram comparadas pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Resumo da análise de variância das características avaliadas está apresentado na
Tabela 1. Algumas características ligadas ao crescimento da planta foram influenciadas pelo
espaçamento entre linhas. No número de ramos por planta não se detectou qualquer efeito
significativo. O coeficiente de variação (CV) foi relativamente baixo em todas as
características, obtendo-se valores menores que 8%.
1622
Na Tabela 2, observa-se as médias das características avaliadas.
1623
se 2.098,77 kg.ha-1. Como a disponibilidade de água (446,23 mm) foi uniforme para todos os
espaçamentos e não se mediu a disponibilidade de água e de luz de cada tratamento, não se
pode afirmar qual a contribuição desses dois fatores sobre os valores de produtividades
observados, mas a mudança na altura de planta e de inserção do primeiro fruto é um
indicativo de que o estreitamento do espaçamento entre linhas provocou menor crescimento
das plantas o que pode ser devido à maior competição por luz, embora este efeito não tenha
prejudicado a produtividade. Esta foi favorecida pelo aumento da população cerca de 60%em
relação ao maior espaçamento. O teor de óleo (37,26%) também foi favorecido pelo menor
espaçamento.
4 CONCLUSÃO
O crescimento das plantas foi influenciado pelo espaçamento entre linhas;
A produtividade do gergelim BRS 196 CNPA G 4 (seleção branco), no espaçamento de
1,0m foi de 1770 kg.ha-1, enquanto a redução do espaçamento para 0,60 m possibilitou
aumento de 18% na produtividade, obtendo-se 2.098,77 kg.ha-1;
Recomenda-se o espaçamento de 0,60 m para semeadura do genótipo de gergelim BRS
196 CNPA G 4 (seleção branco). Sugere-se a realização de novos ensaios em condições de
sequeiro, visando a comprovação das características do genótipo.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VIEIRA, D. J. Manejo Cultural. In: BELTRÃO, N. E. M.; VIEIRA, D. J. O agronegócio do
gergelim no Brasil. Embrapa Algodão (Campina Grande, PB). Brasília: Informação
Tecnológica, 2001, p. 149-166.
MORAES, C. R. A.; SEVERINO, L. S.; VALE, L. S.; COELHO, D. K.; GONDIM,T. M. S.;
BELTRÃO, N. E. M. Produção e teor de óleo da mamoneira de porte médio plantada em
diferentes espaçamentos. In: CONGRESSO MAMONA, 2, 2006, Aracaju, SE.
Anais…Aracaju: Embrapa Algodão, 2006. CD-Rom, 2006.
1624
BIODIESEL: ANÁLISE E PERSPECTIVAS DA SUA INSERÇÃO NA
MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA
1625
1 INTRODUÇÃO
A busca por fontes alternativas renováveis deve-se ao caráter limitado das reservas
petrolíferas e a atual tendência ao seu esgotamento, além da necessidade do uso de fontes que
representem diminuição dos gases poluentes, especificamente os causadores do Efeito Estufa,
que afetam o clima em escala mundial.
A crescente demanda por energia e a busca de respostas pelo lado da oferta, levanta
alguns questionamentos, dentre os quais: Como o Brasil conseguirá suprir as necessidades
desse mercado sem comprometer as capacidades humanas das gerações futuras?
Dessa maneira, a análise da sustentabilidade energética brasileira norteará o presente
trabalho, tendo como principal hipótese, a apresentação do biodiesel, como alternativa ao
desenvolvimento sustentável, mostrando suas potencialidades e limitações.
Baseado nas considerações acima, o biodiesel é apresentado como uma fonte
renovável dotada de imensa possibilidade de suprimento tanto do mercado interno, quanto do
mercado externo, visto que o Brasil tem a possibilidade de se tornar o maior exportador
mundial de óleos vegetais ou até do próprio biodiesel, dada sua biodiversidade.
1626
déficit de US$ 4,7 bilhões em 1974. A conta corrente, por sua vez, a qual já operava com um
déficit de quase dois milhões atingiu o valor de US$ 7,1 bilhões (BAER, 2002).
Com isso, o balanço de pagamentos passou a apresentar sucessivos déficits, o que
acabou por demonstrar o grau de vulnerabilidade externa da economia brasileira. De acordo
com Gremaud et al (2004), o choque do petróleo representava a transferência de recursos reais
ao exterior e, com o hiato potencial de divisas, a manutenção do mesmo nível de investimento
implicava maior sacrifício sobre o consumo.
Ainda no ano de 1974, após o choque de preços provocados pelos países da OPEP,
houve uma considerável mudança na esfera política do Brasil em decorrência da mudança de
governo, em que o presidente Emílio Garrastazu Médici deixa o cargo, a ser ocupado por
Ernesto Geisel, que temendo governar durante um período de estagnação, tenta superar os
problemas econômicos com o crescimento (BAER, 2002).
O que se observava no cenário econômico da época era uma tendência à desaceleração
no crescimento, a qual se revelava pela necessidade de ajustamento, através da contenção da
demanda interna, a fim de eliminar o risco da elevação das taxas de inflação ou até mesmo a
necessidade do ajuste nos preços relativos, com o objetivo de manter o crescimento
econômico.
Dessa forma, já no final de 1974, Geisel opta pelo ajuste na estrutura da oferta como
alternativa à manutenção do índice de desenvolvimento econômico. Essa medida resultava na
diminuição das importações buscando o fortalecimento das exportações e objetivando o
equilíbrio na Balança de Transações Correntes. Durante o período necessário para a
consecução desse processo, procurou-se superar os déficits provocados pela crise do petróleo
através de empréstimos externos, iniciando uma fase de endividamento (GREMAUD et al,
2004).
Com isso, iniciou-se um processo de estatização da dívida, através do financiamento do
setor privado por algumas agências oficiais, principalmente o BNDES – Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social, o que fez com que a dívida externa se elevasse muito
rápido nesse período.
O grau de importância do petróleo pode ser avaliado devido aos impactos decorrentes
da crise de 70. Além dos fatores já citados, os quais propiciaram tal crise está à descoberta da
não-renovabilidade do petróleo. Com isso, a preocupação com a temática energia foi
despertada, e a mesma passou a ser colocada em destaque entre os bens necessários à
sobrevivência e bem-estar da população. A partir de então duas medidas básicas começaram a
ser tomadas em escala mundial: a conservação e o uso de fontes alternativas de energia.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1627
No Brasil, a crise energética em conjunção com a açucareira, propiciou o surgimento
do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), que consistia na substituição, em larga escala,
dos derivados do petróleo, via transformação da energia armazenada, por meio do processo de
fotossíntese, em energia mecânica, com o objetivo de reduzir a dependência externa brasileira.
A implementação do Pró-Álcool foi em 1975, mas apenas em 1979, com o segundo
choque do petróleo, iniciou-se sua fase de afirmação, sendo determinada uma meta de
produção da 7,7 bilhões de litros em cinco anos.
No período de 1986 a 1995 o Pró-Álcool conhece sua fase de estagnação, devido às
mudanças ocorridas no cenário internacional, fato que se deveu à queda nos níveis dos preços
do petróleo. Tal fato proporcionou o freamento dos programas de substituição dos
combustíveis de petróleo, os quais eram subsidiados, quase que na sua totalidade, pelo
governo, o qual reduziu os investimentos nos projetos de produção interna de energia. Por
conta disso, a oferta do Pró-Álcool não alcançou o crescimento da demanda e os baixos
preços pagos aos produtores, em decorrência da queda nos preços do petróleo, proporcionou o
desestímulo a essa produção. Essas crises também propiciaram a queda na fabricação de
carros movidos a álcool, afetando negativamente esse setor.
Na década de 90, ocorre a Primeira Guerra do Golfo, iniciada com o intuito de anexar
o Kuwait ao Iraque. Com a referida guerra, o golfo pérsico é fechado e os Estados Unidos
perdem dois fornecedores de petróleo, o Iraque e o Kuwait. As especulações em torno da
guerra fazem com que o preço do petróleo volte a subir. Com a rendição de Saddam Hussein,
os preços caem novamente.
Quanto ao Pró-Álcool, o mesmo ressurge reafirmando-se em meio a esse turbulento
contexto, o que é demonstrado através da imposição de metas de produção e do surgimento de
diversos financiamentos, mostrando assim, a urgente necessidade do país pela busca de fontes
que venham substituir o petróleo.
É nesse contexto que surge o biodiesel, entre outros biocombustíveis, como uma
alternativa ao suprimento energético mundial. Os estudos referentes à produção e aplicação do
biodiesel datam dos anos 80. Porém só na década de 90, esse combustível vem tomar
notoriedade e se iniciam os testes, um exemplo disso foram os testes feitos com frotas de
ônibus nos Estados Unidos, usando o biodiesel de soja, sendo que na Europa, esses testes já
vinham sendo aplicados anteriormente (CASTRO et al, 2005).
1628
3 O BIODIESEL NO BRASIL
Após as crises de petróleo, entre 1973 e 1974, e depois entre1979 e 1980 tornaram-se
mais comum as pesquisas sobre o uso de biocombustíveis no Brasil (PLÁ, 2003). Na década
de 70, a parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Comissão Executiva de
Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), buscou
estudar o uso de óleos vegetais, especialmente através do dendê como principal matéria-
prima, o qual foi denominado de “dendiesel” (MEIRELLES, 2003).
Em 1980, com a união de diversas instituições e o apoio de empresas com a Petrobrás,
foi criado o PROBIODIESEL (Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico do
Biodiesel).
Com a alta dos preços do petróleo em 1983, o Governo Federal lançou o Programa de
Óleos Vegetais – OVEG, sendo iniciados testes em veículos que percorriam grandes
distâncias. Contou também com o apoio do setor privado, via institutos de pesquisa, indústrias
automobilísticas, fabricantes de peças, lubrificantes, combustíveis, etc (MEIRELLES, 2003).
No Gráfico 1 estão relacionados os combustíveis que compõem a matriz energética
brasileira, tendo como base o ano de 2002. Pode-se visualizar que o petróleo constitui a maior
fonte de energia brasileira. Quanto ao biodiesel, o qual se encontra em fase de afirmação,
situa-se entre os outros combustíveis que estão na última posição em termos de proporção.
1629
De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o PROBIODIESEL visa
solucionar essa questão, através da promoção da viabilidade técnica, sócio-ambiental e
econômica do biodiesel, a fim de inseri-lo, com sucesso, na matriz energética brasileira.
Nessa mesma época, esses estudos foram deixados de lado, pois toda a atenção estava
voltada ao Pró-Álcool, visto que a inserção de um novo combustível na matriz energética
brasileira implicava na necessidade da montagem de diversos programas de produção,
processamento e distribuição (PLÁ, 2003).
Segundo Plá (2003), as vantagens da instalação de indústria de combustíveis
alternativos derivados de óleos vegetais são inúmeras. Porém, a obtenção de ótimos
rendimentos agrícolas é indispensável, dado os gastos com energia durante a produção, bem
como os gastos com o transporte dos insumos.
Dessa forma, constata-se que a utilização de um novo combustível, depende, entre
outros fatores, de uma relação entre a energia consumida no processo de produção e a energia
final disponibilizada através dessa produção. É necessário que se tenha um balanço energético
favorável que torne viável tanto a produção quanto o uso desse combustível.
O balanço energético brasileiro ainda é bastante preliminar, por conta da não
consideração de outras variáveis que afetam significativamente os resultados, visto que o tema
deveria ser mais bem explorado, objetivando a orientação das decisões referentes a esse
processo de desenvolvimento. Outro aspecto a ser considerado é que a escolha da matéria-
prima e dos processos a serem utilizados depende muito desse balanço (LIMA, 2004).
Com os testes acerca da viabilidade do biodiesel, dentre os quais o que utiliza o óleo
de soja numa proporção de 30%, constatou-se a viabilidade técnica, porém, não a econômica,
pois os altos custos de produção impedem seu uso em escala comercial (LIMA, 2004).
No ano de 2002, a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro passou a estudar a
possibilidade da utilização de óleos residuais, usando gorduras da Estação de Esgotos e de
óleos provenientes de restaurantes. Tais estudos levaram a conclusão da viabilidade do uso
dessa matéria-prima para a produção do biodiesel (MEIRELLES, 2003).
Com a elevação dos preços do petróleo, ocasionando o aumento da preocupação com o
mercado de combustíveis originados de fontes renováveis, o Ministério da Ciência e
Tecnologia lançou em 2002, o PROBIODIESEL – Programa Brasileiro de Desenvolvimento
do Biodiesel. Tal programa objetiva a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico
do biodiesel, a partir de óleos puros ou residuais, promovendo a sua viabilidade técnica,
sócio-ambiental e econômica, além de agir no estímulo da formação das cadeias produtivas
das oleaginosas ao longo das regiões (LIMA, 2004).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1630
Desde a sua implantação, o Probiodiesel tem despertado inúmeras críticas, pois muitos
consideram o caráter do mesmo um tanto quanto duvidoso, em decorrência do enquadramento
nos propósitos sociais e governamentais em que esse programa deve se encaixar, pois o que se
tem percebido é uma tendência à utilização da soja como principal matéria-prima,
caracterizando a oleaginosa como carro-chefe do programa.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja e cerca de 90% da produção de
biodiesel provém dela. Além do interesse brasileiro na produção de soja decorrente da imensa
demanda internacional pelas proteínas que podem ser extraídas de seus grãos, utilizados
especialmente para a produção de rações, o que mostra que o óleo de soja também é
exportado em larga escala (MEIRELES, 2003). Porém não é viável para o Brasil que se crie
em torno da produção do biodiesel, uma espécie de restrição para uma determinada matéria-
prima, visto que isso não teria justificativas técnicas, tampouco ambientais.
Outra questão importante a ser explorada é que a diversidade das espécies brasileiras
garante a futura indústria do biodiesel no Brasil, a não preocupação com os problemas de
escassez de oferta ocasionados pelas entressafras.
Além dos programas existentes, com destaque para o Probiodiesel, há diversos
projetos de lei que tramitam no Congresso, os quais buscam efetivar a inserção do referido
combustível na matriz energética brasileira, dentre eles cabe enfatizar o projeto de número
526/2003, que regulamenta o uso do biodiesel no Brasil (MEIRELLES, 2003).
A situação do biodiesel no Brasil é relativamente favorável, pois diversos acordos têm
sido fechados, envolvendo grandes empresas interessadas, tal como a Eletronorte, que deverá
implantar o uso do combustível em suas usinas termoelétricas. Entretanto, a preocupação da
ANP, no momento, é a de conseguir o nível de competitividade com o diesel de petróleo, o
que estimulará a produção decorrente do aumento da demanda (LIMA, 2004).
A Petrobras tem aumentado seus investimentos em biocombustíveis nos últimos anos,
especialmente em bases de armazenamento para comportar os mesmos. Isso ocorreu quando a
empresa deixou de construir sua base no petróleo, passando a se tornar uma empresa de
energia. Além disso, a empresa participa assiduamente dos leilões organizados pela ANP e
arremata milhares de litros de biodiesel, estimulando o desenvolvimento do setor.
1631
vantagens na utilização desses óleos. Tal processo não é complexo, podendo aproveitar até a
gordura extraída da escuma dos esgotos. Entretanto, pode ser considerado como desvantagem
do processo, o fato de que o óleo residual é caracterizado como subproduto dos restaurantes,
visto que o mesmo é comercializado e já possui mercado estabelecido (LIMA, 2004).
Outra fonte de matéria-prima que deve constituir o principal vetor para o progresso
dos programas brasileiros do biodiesel é a produção de oleaginosas. Nesse contexto, o Brasil
se destaca devido a sua extensão territorial, o que faz com que o mesmo receba o título de
“Paraíso da Biomassa” (PLÀ, 2005).
Segundo estudos da National Biodiesel Board, dos Estados Unidos, o Brasil tem
condições de liderar a produção de biodiesel mundial, promovendo a substituição de 60% da
demanda mundial do diesel de petróleo (MEIRELLES, 2003).
O Brasil possui várias espécies de oleaginosas com potencial para se tornar matéria-
prima para o combustível, tais como: girassol, nabo-forrageiro, algodão, mamona, soja,
canola, pinhão-manso, etc.
As matérias-primas, bem como os processos a serem escolhidos para a produção do
biodiesel, dependem da região considerada e da adaptação das culturas de determinadas
oleaginosas às mesmas.
As oleaginosas que se adaptam melhor ao Sudeste do país são: a soja, o girassol, e a
canola. No Centro-Oeste, predominam a soja, a mamona, o girassol e o algodão. Já no Norte a
matéria-prima mais utilizada é o dendê. No Nordeste, a oleaginosa predominante é a mamona.
Entretanto, as culturas de dendê, babaçu e pinhão-manso são facilmente adaptáveis em
algumas localidades (CASTRO et al, 2005).
No Brasil, a utilização do “diesel vegetal” pode considerar dois mercados, o
automotivo e o das estações estacionárias, cada um apresentando suas peculiaridades e seus
respectivos submercados.
O mercado automotivo pode ser caracterizado por suas subdivisões: um composto por
grandes consumidores, como empresas de transportes urbanos, de prestação de serviços, além
do transporte ferroviário e hidroviário. O segundo tipo de submercado é o de consumo ou
varejo, o qual engloba a venda de combustível em postos autorizados, em que se incluem os
transportes interestaduais e os veículos leves.
O mercado das estações estacionárias é caracterizado pela geração de energia elétrica.
Considera-se que esse mercado, o qual poderá suprir as necessidades das regiões mais
remotas, não representa, em termos de volume, um avanço significativo, mas pode representar
uma enorme redução nos custos com o transporte, e principalmente, promover a inclusão
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1632
social dessas comunidades. Há também a possibilidade de inserção do biodiesel em nichos de
mercado, encontrados na pequena indústria e no comércio.
Dessa forma, constata-se que a demanda brasileira por biocombustíveis é determinada
pelo mercado petrolífero, em que o volume da demanda pelo diesel de petróleo constitui um
enorme dispêndio, que poderá ser altamente reduzido com os programas de produção de
biodiesel.
O mercado interno do biodiesel é de uma amplitude considerável, podendo ser
largamente empregado por empresas transportadoras, cooperativas agrícolas, produtores
rurais, caminhoneiros e indústrias que usem geradores a óleo diesel, além de contar com a
maior empresa de energia brasileira, a Petrobrás, etc.
1633
3.3. Motivações regionais para a produção do Biodiesel no Brasil
As diversidades sociais, econômicas e ambientais geram distintas motivações para a
produção de combustíveis alternativos ao longo das regiões brasileiras, o que é demonstrado
pela imensa variedade de espécies que se prestam à fabricação do diesel vegetal no Brasil.
Na região Sul, por exemplo, a produção de biodiesel poderá equalizar os déficits
provocados pelo óleo de soja nos mercados convencionais, através da queda do consumo do
mesmo.
No Sudeste, o combustível em questão apresenta o potencial de ajudar a melhorar a
qualidade de vida nos grandes centros urbanos, em decorrência da diminuição da poluição
ocasionada pelos combustíveis derivados do petróleo. E assim como no Sul, a soja é eleita
como base para a consecução do referido processo de desenvolvimento.
Além da redução da emissão de gases causadores do Efeito Estufa, no Centro-Oeste do
país, onde cerca de 80% dos transportes de carga são feitos por rodovias, devido a sua
localização geográfica, o biodiesel pode ser uma alternativa à redução dos preços dos
combustíveis através da economia de divisas.
O Norte do Brasil sofre com o isolamento energético de regiões longínquas localizadas
principalmente na Amazônia. Com o uso do biodiesel, esse problema poderá ser em parte
solucionado, pois na região se gasta normalmente até o equivalente a três litros de diesel para
o transporte de apenas um litro de combustível.
A região Nordeste, por sua vez, merece atenção especial, pois associado a um
programa de assentamentos sustentáveis, a produção e o consumo do biodiesel resultará na
geração de emprego e renda para a população, através da ricinocultura (cultivo de
determinado gênero de mamona ou carrapateira - lat. ricinus), proporcionando a inclusão
social dessa região tão marginalizada, agindo assim na erradicação da miséria na mesma.
O Quadro 1 sintetiza as motivações regionais, bem como destacar as oleaginosas mais
adaptáveis a cada região geográfica. O que deve ser ressaltado com referência às motivações,
é que em todas as regiões brasileiras, o biodiesel também agirá na promoção do melhor
aproveitamento dos materiais, no que diz respeito ao uso dos óleos residuais de frituras e de
resíduos industriais, bem como de matérias graxas extraídas de esgotos industriais e
municipais (MEIRELLES, 2003).
1634
Quadro 1. Brasil - Síntese das Principais Motivações e Matérias-Primas Potenciais para a
Produção do Biodiesel, segundo Regiões Geográficas.
1635
de cana em larga escala dessa região. Em toda a região Sudeste, a soja e o amendoim são as
oleaginosas mais encontradas ao longo das plantações. Já em Minas Gerais, a mamona e o
algodão são melhores alternativas devido ao clima seco da região.
Na região Sul, com o intuito de equilibrar os mercados do óleo de soja, o Sul do país
tem produzido o biodiesel em larga escala. Entretanto, as produções de amendoim e de
girassol são ótimas opções para essa região. O principal centro de estudo da região se localiza
na Universidade Federal do Paraná, onde são realizados diversos testes em veículos movidos
a biodiesel de óleo de soja.
Nos estados de Tocantins e Goiás, ambos pertencentes à região Centro-Oeste, há a
predominância do babaçu, pois do mesmo é possível se extrair o óleo necessário, tanto a
produção do biodiesel quanto a do metanol. O Mato Grosso do Sul, por sua vez, é um grande
produtor de soja.
Partindo do pressuposto de que o biodiesel auxiliará na redução dos isolamentos
energéticos do Norte, a urgência do aumento da produção de biocombustíveis é cada vez
maior, pois grande parte do transporte fluvial na região é baseada nesses combustíveis, além
de ser largamente utilizado na geração de energia. O dendê é uma das matérias-primas mais
utilizadas na região.
A região Nordeste
Ao longo da região semi-árida, a qual engloba quase todos os estados da região
nordestina, convive-se com periódicas secas e grandes situações de miséria, especialmente na
zona rural.
No Nordeste, a cultura de oleaginosas deve ser o vetor para o fortalecimento do
processo e a mesma deve baseada na lavoura sem irrigação. A mamona e o algodão
representam as alternativas mais viáveis a esse tipo de produção, devido à facilidade de
adaptação das referidas culturas a climas secos (EMBRAPA, 2003).
Segundo estudos realizados pela Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, a lavoura da mamona, por sua alta economicidade, presta-se a agricultura
familiar. Sua torta orgânica serve como ótimo adubo para a fruticultura, horticultura e
floricultura, atividades características da região.
De acordo com avaliações feitas pela CONAB (2006), o pinhão-manso (planta perene e
nativa das Américas) apresenta-se como uma boa opção de cultivo para o semi-árido
nordestino, por ser uma planta rústica, de alto rendimento (35 a 38% de óleo), apresentando
1636
alta produtividade e uma torta orgânica de excelente qualidade, a qual serve de fertilizante,
além de ser adaptável em solos pobres e ser resistentes a secas e geadas.
Na área de transição entre o Semi-árido e o Cerrado, onde se localiza o Maranhão, há a
alternativa de culturas perenes como o babaçu, planta nativa da região. Porém, o que tem
representado barreira quanto ao cultivo do babaçu, são os custos referentes à sua extração,
pois o seu óleo é envolto por uma casca muito dura, o que dificulta o processamento, visto
que a produção ainda é baseada no extrativismo.
Probiodiesel prevê a injeção de mais de R$ 369 milhões na agricultura familiar no ano
de 2007, o que estende o benefício para mais de 205.000 agricultores familiares. Além da
promoção de financiamentos para os agricultores nordestinos, o programa permitirá a redução
da importação do óleo diesel, o que implica que os recursos que seriam direcionados a
empresas estrangeiras ficariam no Brasil. O biodiesel também agirá no aumento da renda de
quem se situa abaixo da linha de pobreza, representando uma porta de saída para o Bolsa-
Família, através da complementariedade da renda.
O Nordeste é responsável por cerca de 15% do diesel consumido no país, baseado nos
diversos projetos de matrizes de produção em andamento, a exemplo dos localizados em
Fortaleza e em Teresina. Esses projetos trarão à região a capacidade de produção de 90.000
litros por dia, constituindo um processo muito corajoso, se levarmos em conta a distância das
fontes de matérias-primas.
A cotação internacional do óleo de mamona é de aproximadamente US$ 1.000,00 uma
tonelada, esse valor é proveniente das diversas potencialidades desse óleo, por ser
considerado um óleo nobre, devido a sua alta viscosidade. Desse modo, busca-se formas para
redução do seu preço ao patamar dos demais óleos.
O total da produção somando-se todos os projetos implantados e em fase de
implantação resulta num potencial capaz de atender a apenas um quarto da demanda na
região, o que demonstra a necessidade do aumento da oferta.
A Embrapa já mapeou diversas áreas que poderão servir especialmente para uso da
agricultura familiar. Porém é importante conservar a impreterível obediência às corretas
práticas de manejo, principalmente se a lavoura for consorciada com outras culturas, para que
se possa obter a maximização da produtividade nessas lavouras. Entretanto, as pesquisas
concernentes aos processos de produção ainda são muito precárias. Conclui-se, com isso, a
viabilidade e a necessidade de projetos regionais de estímulo à produção de biodiesel no
Brasil.
1637
No ano de 2006, o setor adquiriu regime tributário especial. A medida foi encaminhada
ao Congresso, antes mesmo da aprovação do Probiodiesel, que já tramitava no congresso
desde 2004, que posteriormente foi transformada na Lei 11.097, fixando a obrigatoriedade do
B5 ao óleo diesel comercializado ao consumidor brasileiro, a partir de 2013. Porém, ao ser
aprovada, foi retirado um inciso, o qual atribuía a ANP, a fixação do percentual de biodiesel
nas misturas.
A política tributária do biodiesel incentiva a compra de matéria-prima da agricultura
familiar, especialmente do norte e do nordeste, objetivando a marginalização enfrentada por
essas regiões. Para se ter acesso à redução nas alíquotas, o produtor deve possuir o “Selo de
Combustível Social”, fornecido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
A produção do biodiesel surge como uma atividade capaz de garantir a sustentabilidade
energética no Brasil, além da garantia dos benefícios econômicos, ambientais e sociais. A
expectativa é que as regiões mais carentes possam se inserir nesse processo através da
significativa utilização da matéria-prima proveniente da agricultura familiar.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil é um país dotado de diversas potencialidades, principalmente no que diz
respeito à possibilidade de expansão agrícola, além da enorme variedade de matérias-primas e
mão-de-obra, o que o coloca numa posição privilegiada com relação a urgente transição para
uma civilização baseada na biomassa.
A inserção do biodiesel na matriz energética brasileira é posta como uma alternativa,
tanto ao suprimento energético alcançado com o aumento da oferta do combustível, quanto
para o desenvolvimento sustentável, pois a produção e a comercialização do mesmo implicam
redução de preços, através da diminuição das importações, e principalmente na redução das
disparidades regionais, através da geração de emprego e renda.
Diversas políticas referentes ao biodiesel já têm sido implementadas pelo governo
federal. O interesse do governo na esfera dos biocombustíveis encontra lugar na necessidade
de suprimento da demanda, que tem se elevado, mas principalmente como uma forma de
promover a inclusão social das regiões menos favorecidas, a exemplo do Norte e do Nordeste.
Ainda no que se refere às regiões, as quais apresentam suas respectivas peculiaridades,
surge a necessidade da criação de políticas regionais de desenvolvimento do biodiesel. Tais
políticas devem considerar as matérias-primas adaptáveis à região; o clima predominante; a
capacidade de absorção do mercado regional; a logística de comercialização; a capacidade de
1638
exportação, além da necessidade de aprimoramento dos modos de produção, entre outros
fatores.
Percebe-se ainda que o desenvolvimento do programa brasileiro do biodiesel depende
basicamente do funcionamento do mercado internacional, o que é mostrado pelo grau de
dependência quanto à consecução desse programa em relação à variação na taxa de câmbio e
do preço do barril de petróleo, o que torna o biodiesel competitivo ou não, a depender do
cenário o qual se encontra inserido.
O que deve configurar as pesquisas brasileiras é a preocupação em relação às quais
direções o combustível deve tomar, para que se torne viável, tanto do ponto de vista
financeiro quanto do econômico.
Para que os programas de biodiesel tenham êxito, diversos problemas precisam ser
solucionados, especialmente no que se refere ao fornecimento da matéria-prima e na formação
dos preços, os quais constituem os principais gargalos encontrados nesse mercado.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAER, Werner. A Economia Brasileira. São Paulo: Editora Nobel, 2002.
LIMA, Paulo César Ribeiro. O biodiesel e a inclusão social. Brasília: Consultoria Legislativa
da Câmara dos Deputados, março de 2004. 33p. Disponível em:
<http://www2.camara.gov.br>. Acesso em: 13 nov. 2006.
PLÁ, Juan Algorta. Histórico do biodiesel e suas perspectivas. Rio Grande do Sul:
Universidade do Rio Grande do Sul, 2003. Disponível em: <http: //www.ufrgs.br/decon/>
Acesso em 05 nov. 2006.
1639
ANÁLISE QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE DOIS ECOTIPOS DE
LAMIACEAE (Hyptis suaveolens)
RESUMO: Hyptis suaveolens, é uma espécie medicinal, produtora de óleo essencial, o qual
é rico em terpenóides, e tem sido estudado quanto sua ação anti-séptica, anticarcinogênica,
antibacteriana, antifúngica, larvicida contra Aedes aegypti, nematicida e anticonvulsivante.
Seu óleo possui grandes variações que podem estar atribuídas à variabilidade genética intra-
específica, condições ambientais, épocas de colheita, condições de cultivo, tipo de solo e
parte da planta analisada. Neste estudo, foram feitas análises do óleo essencial de dois
ecotipos de H. Suaveolens, das regiões de Alfenas e Boa Esperança (MG), Com o objetivo
determinar relações entre diferenças presentes no óleo essencial e ecotipos advindos de
regiões diferentes. Pudemos perceber algumas diferenças nas concentrações das substâncias
majoritárias deste óleo, que foram brandas, mas podem estar relacionadas ao potencial
genético dos ecotipos.
1640
1 INTRODUÇÃO
Hyptis suaveolens (L.) Poit (Lamiaceae) é conhecida vulgarmente no Brasil como
bamburral (nordeste) e erva-canudo (sudeste e sul) onde é considerada invasora de lavouras
de milho (Polo e Felippe, 1983) e de pastagens (Silva et al., 1997). Esta atribuição também é
conferida na América Tropical, Micronésia, Polinésia e Austrália. No México é considerada
espécie ruderal, conhecida como chía de colima, chía gorda, chía grande, conibare e
goyohuali, onde é cultivada para uso doméstico.
É uma planta conhecida e utilizada como planta medicinal. O óleo essencial de H.
suaveolens tem sido estudado quanto a sua ação anti-séptica (Rojas, 1992), anticarcinogênica
(Kingston, Rao e Zucker, 1979), antibacteriana (Rojas, Pereda-Miranda e Mata, 1992; Iwu et
al., 1990; Asekun et al., 1999), antifúngica (Qureshi, Rai e Agrawal, 1997; Pandey et al.,
1982; Singh et al., 1992; Zollo-Amvam et al., 1998), larvicida contra Aedes aegypti
(Noegroho, 1997), nematicida (Babu, 1990) e anticonvulsivante (Akah e Nwambie, 1993),
potencializando sua utilização como produto medicinal.
Fatores como variabilidade genética intra-específica, condições ambientais, épocas de
colheita, condições de cultivo, tipo de solo e parte da planta analisada podem influenciar no
teor e na composição química dos óleos essenciais (Hay, 1993). Todos esses aspectos são de
fundamental importância quando se realiza o desenvolvimento de trabalhos de melhoramento
de uma espécie medicinal visando à aplicação fitoterapêutica, uma vez que a qualidade dos
óleos essenciais está ligada a sua constituição química.
A composição do óleo essencial de Hyptis suaveolens, de plantas individuais em fase
de frutificação, provenientes de diversas áreas do Cerrado brasileiro, foi analisada por
Azevedo (2002), através de cromatografia gasosa. A análise química dos óleos essenciais
dessa espécie dos EUA. (Ahmed et al., 1994), Índia (Mallavarapu et al., 1993), Aruba (Lebart
et al 1990) e Amazônia brasileira (Gottlieb et al., 1981) se diferem quanto à composição do
óleo do cerrado, como é o caso do ß-Pineno, que no óleo amazônico tem concentração mais
alta que nas outras regiões. Variações dos constituintes também foram obtidas por Silva et al.
(1997) na análise do óleo essencial de folhas de H. suaveolens, e nas partes aéreas (Azevedo
et al. 2001; Azevedo et al 2002).
1641
2 MATERIAL E MÉTODOS
Núculas de Hyptis suaveolens foram coletadas de indivíduos de Alfenas e de Boa
Esperança, estando ambos na fase de dispersão de sementes. A coleta foi feita manualmente e
as sementes (núculas) foram selecionadas, descartando as imaturas, danificadas e chochas, e
armazenadas em sacos de papel em condições ambientes até o momento da semeadura.
As núculas foram armazenadas para posterior plantio. No dia 5 de outubro de 2006, as
núculas foram semeadas em bandejas contendo vermiculita. Após a obtenção de plântulas,
estas foram transplantadas para vasos de 20L, sendo cultivadas em casa de vegetação na área
experimental do viveiro da UNIFAL-MG. O substrato utilizado tinha a seguinte composição:
terra de barranco, areia e esterco de galinha curtido na proporção 3:2:1.
Assim foram obtidos dois grupos experimentais que permaneceram em condições de
luz ambiente, sendo que a cobertura e o revestimento da casa de vegetação são de tela
transparente à radiação solar, com 100% de luminosidade. Essas plântulas foram mantidas em
fotoperíodo não indutivo (dias longos) durante três meses (aproximadamente 90 dias), para
que não ocorresse floração. Após essa data passaram ao fotoperíodo natural, mas continuaram
em estagio vegetativo, pois nessa época os dias já estavam longos.
As coletas foram realizadas em três datas diferentes, quando as plantas de H.
suaveolens tinham completado, respectivamente, 60, 120 e 180 dias de idade, considerando
como idade zero o transplante das plântulas. Quando as plantas completaram 180 dias, já
estavam em estágio de floração.
Em cada coleta foram utilizadas seis plantas de cada ecotipo, para a extração do óleo
essencial, para a qual somente foram utilizadas as folhas. Estas foram picotadas, pesadas em
balança analítica para obtenção do peso fresco e colocadas em balões para a extração do óleo
essencial. A extração foi feita em triplicata (para cada ecotipo). O óleo foi obtido por
hidrodestilação (arraste a vapor), durante seis horas consecutivas, em aparelho do tipo
Clevenger. Em seguida foi separado da solução aquosa (3 alíquotas de 15 ml de
diclorometano); seco com sulfato de sódio anidro, sendo o sal retirado por filtração simples e
em seguida o óleo mais o diclorometano foram transferidos para frascos de vidro esterilizados
e previamente pesado em balança analítico, mantido em capela sob fluxo de ar até que todo
solvente se evapore e o óleo essencial adquirisse peso constante.
O volume foi anotado para a determinação da produtividade do óleo essencial e
cálculo do rendimento em função do peso do resíduo vegetal seco. Os frascos contendo o óleo
essencial foram vedados hermeticamente e conservados à temperatura de 10°C.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1642
Após a extração, o resíduo vegetal foi mantido em estufa à temperatura de 105 ºC até
atingir peso constante. Então este peso foi anotado para obtenção do peso seco do resíduo.
Análise qualitativa do óleo essencial: Cromatografia Gasosa e Espectrometria de
Massa. Para estas análises foi utilizado um aparelho Shimadzu CG – 17A equipado com um
detector de ionização de chama (FID). As condições cromatográficas foram: coluna capilar de
sílica fundida (30 m x 0,22mm) com fase ligada DB1 (0,25 ?m de espessura de filme); gás de
arraste utilizado foi nitrogênio com fluxo de 1,8mL.min-1, a temperatura foi programada
mantendo 60°C por dois minutos, seguido de um aumento de 3°C/min até atingir 240°C,
mantendo esta temperatura constante por 30 minutos; temperatura do injetor de 220°C;
temperatura do detector de 240°C; foi injetado um volume de 1,0ul de uma solução 1% de
óleo essencial em diclorometano (nesta solução foi adicionado um padrão interno, sendo
utilizado decano a 0,02%); taxa de partição do volume injetado de 1:10 e pressão na coluna
de 166 KPa. Foi injetado, nas mesmas condições das amostras, uma mistura de
hidrocarbonetos saturados, contendo todos os representantes de uma série linear com Cn, onde
n é um número par, compreendido entre o intervalo [C10-C24]. Foi feita análise de regressão
linear do tempo de retenção em função do número de carbonos de cada hidrocarboneto. A
partir da equação obtida foi realizada uma previsão para estimar o tempo de retenção dos
demais hidrocarbonetos que não foram injetados (hidrocarbonetos com Cn’, onde n’ é um
número ímpar, e com Cn’’, onde n’’<10 e n’’>24). O percentual de cada composto foi obtido
através da área integral de seus respectivos picos relacionados com a área total de todos os
constituintes da amostra, sendo desconsiderada a área do padrão interno. Foram considerados
constituintes majoritários os compostos listados com percentagem igual ou superior a 5%
(Martins et al., 2006). As condições do EM foram: detector de captura iônica operando em
Impacto Eletrônico e energia de impacto de 70 eV; velocidade de decomposição 1.000;
intervalo de decomposição de 0,50; e fragmentos de 45 Da a 450 Da decompostos. Os
constituintes foram identificados através da comparação de seus respectivos espectros de
massa em duas livrarias computadorizadas (NIST21 e NIST107) e através da comparação de
seus IKs com os dados da literatura (Adams, 1995).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores de óleo essencial encontrados nas amostras referentes aos dois ecotipos são
apresentados na Tabela 1. Verifica-se que para os dois ecotipos, os teores de óleo essencial
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1643
obtidos foram maiores nas plantas colhidas após 60 dias (variando de 0,16 a 0,30%) em
relação às colhidas aos 120 e 180 dias. Estes resultados diferem dos encontrados por Martins
(2006), que constatou um aumento do teor do óleo essencial de acordo com o envelhecimento
das plantas, esta variação pode estar relacionada a suplementos utilizados por Martins (2006),
no cultivo de suas plantas. Os teores de óleo produzidos por plantas de H. suaveolens variam
muito, podendo chegar até a 1,5%, conforme relatado para plantas nativas da Nigéria (Iwu,
1990).
Tabela 1 - Teor de óleo essencial das amostras de H. suaveolens dos dois ecotipos.
A análise das duas amostras de óleo essencial obtidas dos ecotipos resultou na
identificação de 65 compostos (Tabela 2), tendo a grande maioria já sido identificada no óleo
de H. suaveolens7. Os componentes encontrados em maiores quantidades nas amostras
aparecem em negrito na Tabela 3. De modo geral, observa-se que as amostras analisadas
possuem diferenças qualitativas e quantitativas em termos de seus constituintes químicos. Por
exemplo, o espatulenol foi o componente presente em maior quantidade, tendo seu teor
variado de 15,53 a 30,72%. O teor de viridiflorol também foi superior a 5% (variando de 7,95
a 21,47%) nas amostras de óleo das plantas.
Tabela 2 - Constituintes identificados até o momento. Significado das siglas: 1BE (1° coleta
do ecotipo de Boa Esperança), 2BE (2° coleta do ecotipo de Boa Esperança), 3BE (3° coleta
do ecotipo de Boa Esperança), 1AL (1° coleta do ecotipo de Alfenas), 2AL (2° coleta do
ecotipo de Alfenas) e 3AL (3° coleta do ecotipo de Alfenas)
1644
Tempo de
Composto 1BE 2BE 3BE 1AL 2AL 3AL
retenção
alfa pineno 8,637 0,52 0,00 0,00 0,00 0,06 0,00
beta pineno 2 10,308 4,11 0,14 0,15 1,62 0,61 0,00
1,8-cineole 12,851 2,55 1,24 2,95 0,69 0,99 0,47
isocitronela 17,821 0,27 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00
3(10) carenol 4 18,125 0,99 0,10 0,60 0,14 0,14 0,15
camfor 18,215 0,35 0,41 0,07 0,13 0,29 0,00
pinocarvone 19,128 0,34 0,00 0,04 0,00 0,09 0,00
endo borneol 19,38 0,12 0,09 0,21 0,00 0,15 0,28
cripitona 20,643 0,60 0,77 1,63 0,20 0,68 0,52
propanona 2 20,77 0,65 0,00 0,07 0,00 0,00 0,00
mirtenal 20,863 0,75 0,00 0,12 0,20 0,14 0,15
acetato de sabinil 21,333 0,16 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00
ciclohexano 23,115 0,07 0,00 0,00 0,00 0,22 0,00
beta bourboneno 29,463 0,48 0,00 0,19 0,17 0,19 0,04
beta elemeno 29,814 1,37 4,07 5,22 0,76 2,31 2,75
beta cariofileno 30,17 0,44 0,56 1,01 0,47 0,92 0,63
.alpha.-amorphene 31,192 0,14 0,16 0,00 0,13 0,10 0,00
germacreno d 31,331 0,25 0,40 6,90 0,11 0,20 12,24
alfa humuleno 31,774 0,10 0,10 0,39 0,00 0,13 0,47
ledeno 32,186 0,96 0,17 0,19 0,21 0,60 0,25
elemol 32,797 0,22 0,18 1,13 0,12 0,32 1,68
Farnesol 33,523 0,14 0,00 0,20 0,08 0,14 0,18
germacreno b 33,847 0,64 0,36 0,23 0,75 0,88 0,34
delta guaieno 33,985 0,00 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00
dioxido de limoneno 2 34,25 1,41 0,88 1,30 1,03 1,28 1,17
1,5 ciclododecadieno 35,797 0,31 0,00 0,15 0,00 0,08 0,40
metilisoborneol 2 36,227 0,23 0,00 0,00 0,00 0,21 0,00
1645
cariofilleneo oxido 36,976 1,46 1,62 0,71 1,29 1,09 0,99
globulol 37,225 0,00 0,00 0,05 0,00 0,03 0,00
junipre camfor 37,327 0,19 0,09 0,10 0,00 0,18 0,00
espatulenol 38,083 15,53 22,75 30,72 17,60 18,00 18,28
viridiflorol 38,272 18,10 21,47 9,75 19,76 20,69 7,95
elemol 38,628 1,33 1,47 0,68 1,42 1,41 0,60
humuleno oxido 38,844 0,00 0,00 0,72 0,00 0,04 0,07
kaurenol 18 39,332 1,41 1,69 1,24 1,21 1,64 0,48
calarenepoxido 39,501 0,91 0,85 0,70 0,81 0,85 1,18
delta cadinol 40,421 0,38 0,40 1,02 0,18 0,31 1,35
juniper camfor 40,917 0,00 0,19 1,86 0,00 0,27 0,19
kaurenol 18 41,139 2,26 3,62 2,06 2,41 2,69 3,11
cariofileno oxido 41,447 0,67 0,10 0,80 0,00 0,19 0,17
dehidro lanilool 41,808 1,84 1,77 0,91 1,77 1,60 1,24
ledane 42,133 0,34 0,29 0,50 0,27 0,44 0,04
acetilcedrene 42,788 0,09 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00
isoespatulenol 43,199 0,49 0,87 0,29 0,61 0,61 0,11
nerolidol 43,564 0,53 0,49 0,29 0,59 0,33 0,18
lemineno dioxido 44,28 0,79 0,77 0,30 0,57 0,42 0,03
isospathulenol 44,631 0,40 0,89 0,31 0,62 0,51 0,00
farnesol 44,77 0,30 0,87 0,19 0,66 3,31 0,00
9,12,15 octadecatrienol 45,073 0,05 0,23 0,07 0,08 0,27 0,03
carifileno oxido 45,301 0,73 0,82 0,23 0,98 0,98 0,19
biciclopropil 45,48 0,82 1,53 0,19 1,14 0,00 0,00
biciclopropil 45,511 0,15 0,56 0,00 0,00 1,24 0,00
cis limoneno oxido 46,447 0,51 0,29 0,16 0,73 0,33 0,14
9,12-octadecadienol 1 46,855 1,19 0,79 0,08 0,82 1,01 0,14
kauranal 18 47,536 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07 0,03
1646
1,2 benzeno
48,624 0,51 0,55 0,12 0,39 0,33 0,05
dicarboxilico acido
manoil oxido 52,664 0,05 0,09 0,00 0,92 0,18 0,22
fenantereno 54,908 0,20 0,00 0,34 0,08 0,15 0,15
acido propanoico 55,434 0,95 0,75 0,24 1,75 0,70 1,57
sandaracopimareno 56,93 0,00 0,16 0,00 0,00 0,00 0,30
androstenol 5,3 61,953 0,00 0,00 0,00 0,11 0,23 0,29
furandione 2,5 63,518 0,00 0,11 0,00 0,00 0,00 0,84
epihidroabietol 4 64,416 0,66 1,08 1,94 1,09 0,00 1,93
acido
fenanterenecarboxílico 67,085 0,16 0,23 0,00 0,17 0,00 0,23
1
1,2 acido
69,362 0,00 0,00 0,00 0,40 0,16 0,17
benzenodicarboxílico
% Total identificado 71,20 77,01 79,31 65,28 71,17 64,03
Obs: os compostos em negrito foram considerados majoritários
1647
Sesquiterpenos 4,38 5,82 14,13 2,59 5,46 16,76
Sesquiterpenos oxigenados 39,56 51,12 45,88 43,14 47,50 30,24
Diterpenos 0,20 0,00 0,34 0,08 0,15 0,15
Diterpenos oxigenados 0,87 1,40 1,94 2,17 0,18 2,38
% da concentração dos terpenos 57,15 62,69 66,84 52,66 57,37 50,72
1648
Brasileiro (Azevedo, 2001, Azevedo, 2002, e Oliveira 2005), onde monoterpenos foram
produzidos principalmente em altas latitudes e altitudes.
Já as concentrações de diterpenos, foram encontradas em valores baixos neste estudo,
variando de 0,00 a 0,34 para os diterpenos não oxigenados e de 0,18 a 2,38 para os diterpenos
oxigenados. A produção de diterpenos oxigenados apresentaram algumas diferenças nos dois
ecotipos, variando, na primeira coleta de 0,87% em BE para 2,17% em AL, na segunda coleta
de 1,40% em BE para 0,18% em AL, e na terceira coleta de 1,94% em BE para 2,38% em
AL. Martins (2006), obteve em seus estudos altas concentrações de diterpenos, estas
variações podem estar relacionadas às diferentes formas de cultivo de ambos os trabalhos,
mostrando o fator nutição fundamental para a qualidade do óleo essencial de H. suaveolens.
4 RESULTADOS ESPERADOS
Assim, esperamos que ao termino da identificação dos componentes, assim como a
confirmação dos mesmos através dos índices de retenção de Kovats (IK) e análise estatística
das concentrações dos componentes, possamos determinar que a variabilidade química do
óleo essencial desta espécie. podem estar relacionadas com a constituição genética
(genótipos) das populações de plantas de cada região, levando em conta a ausência de troca
genética entre estas áreas e a inexistência de fatores ambientais, já que as plantas foram
cultivadas sobre as mesmas condições. Essas variações nos parâmetros genéticos atuariam
diferentemente em populações de plantas de H. suaveolens, sendo responsáveis por alterações
mais brandas nos componentes do óleo, como verificado neste estudo. Sendo assim, as
variações bruscas na composição do óleo essencial desta espécie, observadas nos diversos
trabalhos, provavelmente estão relacionadas ás condições ambientais, épocas de colheita,
condições de cultivo, tipo de solo e parte da planta analisada.
5 AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pelo bolsa de IC, a UNIFAL – MG .
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1651
AVALIAÇÃO DA DENSIDADE DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO
(Jatropha curcas L.)
RESUMO: A pesquisa foi realizada com a finalidade de avaliar a densidade de 3 (três) lotes
distintos de sementes de pinhão manso colhidos em diferentes datas, a fim de relacioná-la ao
armazenamento adequado dos mesmos. Os resultados evidenciaram que a densidade das
sementes após armazenamento praticamente não foram afetadas, provando que a capacidade
de manter sua qualidade não está somente ligado às condições ambientais de armazenamento,
mas também à espécie e à sua qualidade inicial.
1652
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) planta da Família Euphorbiaceae e originária da
América Central e do Sul, tem sido estudada como alternativa para produção de óleo e
produção de biodiesel, não só no Brasil, mas como em diversos países.
Para Purcino e Drummond (1986) essa planta é uma produtora de óleo com todas as
qualidades necessárias para ser transformado em biodiesel, pois além de perene e de fácil
cultivo, apresenta boa conservação da semente colhida, podendo se tornar grande produtora
de matéria prima como fonte opcional de combustível.
Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), a separação das sementes de acordo com a
densidade serve para padronizar ao máximo a emergência das plântulas, por estar diretamente
relacionado à germinação ao vigor da plântula. Quanto maior a densidade, melhores serão as
germinações e o vigor da semente, podendo-se obter por meio dessa estratégia uma
uniformidade na emergência das plântulas.
Um dos aspectos favoráveis do pinhão manso consiste na preservação das sementes
durante longos períodos de tempo, o que resulta em menores custos de sua produção agrícola,
certamente bem inferiores aos de outras culturas oleaginosas, como dendê ou macaúba, que
exige processamento no máximo 48 horas após serem coletadas.
Este trabalho teve como objetivo avaliar a densidade de sementes de pinhão manso
provenientes de diferentes época de produção.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na unidade de extração de óleo da Universidade Federal de
Lavras – MG. As sementes foram provenientes da mesma área de produção de Janaúba - MG
e com 3 épocas de armazenamentos.
A densidade das sementes (peso hectolitro) foi obtido pela colocação das sementes em
uma proveta de 1 litro e posteriormente pesada em uma balança eletrônica, obtendo-se a
massa correspondente a um litro de semente. Utilizou-se o delineamento inteiramente
casualizado com 10 repetições para cada um dos tratamentos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Gráfico 1 apresenta os resultados da densidade das sementes dos 3 lotes, observa-se
que a densidade variou de 0,473 ate 0,503 Kg/L. As sementes mais velhas foram a que
1653
apresentaram maior densidade evidenciando que as condições de armazenamento recebida
não permitiram alterações no peso das sementes.
Densidade
0,51
0,5
0,49
0,48
0,47
0,46
1654
4 CONCLUSÃO
A densidade das sementes de pinhão manso variou entre 0,473 a 0,503 Kg/L.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Embrapa. Disponível em: < http://www.cnpa.embrapa.br/ >, Acesso em 9 jun. 2007.
Pinhão manso. Disponível em: < http://www.pinhaomanso.com.br/ >, Acesso em 9 jun. 2007.
1655
BIODIESEL E GESTÃO AMBIENTAL EM GRANDES EMPRESAS
1656
1 INTRODUÇÃO
As preocupações ambientais, o crescimento da pressão pública e medidas
regulamentares estão mudando a maneira das pessoas fazerem negócios ao redor do mundo.
Clientes, consumidores e outras partes interessadas estão aumentando a demanda de produtos
e serviços ambientalmente corretos que são oferecidos por organizações socialmente
responsáveis.
A negociação de créditos de carbono – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
criado no Protocolo de Kyoto – tornou-se um mercado muito atraente para as grandes
empresas, e ganha espaço cada vez maior na agenda das empresas brasileiras que buscam
investir em energia limpa e na sustentabilidade ambiental,
O mercado de carbono incentiva o desenvolvimento de projetos em países para reduzir
o lançamento à atmosfera dos gases que provocam o efeito estufa, e movimenta atualmente
em todo o mundo, cerca de US$ 10 bilhões - a tonelada do carbono varia de 15 a 25 euros. O
Brasil possui vários projetos nesse sentido e disputa investimentos com países como China,
Índia e México.
Na tabela abaixo, seguem as principais atividades causadoras de poluição do ar e seus
respectivos poluentes:
1657
parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclo diesel automotivos (de caminhões,
tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc).
Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções, reduz 78% das
emissões poluentes como o dióxido de carbono – gás responsável pelo efeito estufa – e 98%
de enxofre na atmosfera, além de proporcionar uma combustão mais completa, decorrente do
maior porcentual de oxigênio presente nas moléculas que compõem o biodiesel.
Ainda existe uma certa resistência ao uso do biodiesel no que se refere a adaptações aos
motores das frotas das empresas, mas os grandes fabricantes de motores a diesel como a
Cummins, por exemplo, que recentemente aprovou o uso de B20 – mistura de 20% de
biodiesel adicionado ao diesel – em seus motores, têm estudos em andamento a fim de
garantir que nao haja alterações significativas no desempenho dos motores de combustão
interna, atraindo assim empresas que desejam uma frota movida por um combustível mais
limpo e energia renovável.
Vale lembrar que avaliar as emissões de uma frota depende de muitos fatores que são
difíceis de considerar, como: as características da frota (ano de fabricação, modelo e categoria
veicular); regulagem e manutenção; tipo e composição do combustível; modo de operação e
sistema de tráfego local; traçado da via; entre outros (Monteiro, 1998).
Este trabalho tem como objetivo estudar os benefícios ambientais da utilização do
biodiesel, no sistema de logística de um terminal de containeres.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Será utilizado como objeto de estudo a empresa Santos Brasil S/A, terminal que
trabalha com carga, descarga e movimentação de containeres, situado na cidade de Guarujá-
SP, e que trabalha com frota interna e também terceirizada movida a óleo diesel metropolitano
– combustível que apresenta porcentagem máxima de 0.05% de enxofre - segundo
especificações da ANP, sendo menor que dos outros tipos de óleo diesel comercializados.
A empresa possui uma área total de 600 mil m² e uma frota que envolve pórticos,
caminhões, empilhadeiras e reboques. Possui uma média de entrada e saída de 1500
caminhões por dia, além de trabalhar com duas empresas ferroviárias para embarque e
desembarque de mercadorias.
1658
Figura 1 - Mapa da área da empresa
3 RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se substituição total ou parcial do óleo mineral pelo biodiesel, e em relação ao
carbono, a inserção no mercado mundial de créditos e lançamento de novos projetos de
mitigação do clima ou de redução comprovada da taxa de emissão de GEEs (Gases de Efeito
Estufa), contribuindo para a preservação do meio ambiente e alavancando o uso dos
mecanismos de flexibilização, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
O desempenho ambiental de uma organização vem ganhando importância cada vez
maior para as partes interessadas, internas e externas. É importante que primeiramente seja
assegurado o comprometimento com um sistema de gestão ambiental para se definir a política
da empresa, e consequentemente, a formulação de um plano que cumpra com essa política.
Para que essa implantação seja efetiva, a organização deve desenvolver as capacidades e
apoiar os mecanismos necessários para o alcance de suas políticas, objetivos e metas.
Um sistema de gestão ambiental consistente requer comprometimento organizacional e
uma abordagem sistemática ao aprimoramento contínuo.
1659
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ambiente Brasil – Portal Ambiental. Disponível em: < http://www.ambientebrasil.com.br >,
Acesso em 10 jun. 2007.
De Moura, R. A. Luiz. Gestão Ambiental Web Site. Disponível em: < http:
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Portal do Biodiesel. Disponível em: < http: //www.biodieselbr.com.br. > Acesso em 10 jun.
2007.
1660
O CRESCIMENTO E O RENDIMENTO DE ÓLEO ESSENCIAL DE PAU-
ROSA (Aniba rosaeodora Ducke) POR HIDRODESTILAÇÃO E ARRASTE A
VAPOR
1661
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
1662
174/Km 30 (Área 1) plantio em plena abertura (entre cupuaçu), no Km 23, (Área 2) plantio
sob sombra, no município de Manaus (AM). Foram analisados o diâmetro, a altura total e o
número de galhos nas linhas de plantio e, as médias, foram consideradas como repetições na
análise estatística em cada tipo de plantio. Os plantios tinham tinham 3 e 4 anos de idade e
com espaçamentos de 1 x 1m e 6 x 3m sob sombra parcial de floresta nativa bosqueada e
entre plantio de cupuaçu, respectivamente. O plantio no espaçamento de 6 x 3m entre cupuaçu
foi considerado plena abertura, uma vez que o cupuaçu não sombreava as mudas de pau-rosa.
Os dados foram analisados por delineamento inteiramente casualizado. No plantio sob
sombra de floresta bosqueada foram comparados os crescimentos das mudas em 3 níveis a
partir da borda da floresta, sendo as plantadas entre 5 a 20 m, entre 35 a 60m e entre 80 a
95m. Também foi comparado o crescimento das mudas entre os dois plantios sob sombra e
em plena abertura.
O rendimento por hidrodestilação e o teor de linalol (análise cromatográfica) foram
feitos no laboratório de química da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e o
rendimento por arraste a varpor na usina de destilação de pau-rosa instalada na Estação
Experimental de Silvicultura Tropical do INPA, situada na BR-174, km 43. Para a obtenção
do rendimento por arrasta a vapor, as mudas foram coletadas cortando-se o tronco na altura de
40 a 50cm da superfície do solo e desgalhada, separando-se os ramos e folhas do tronco ou
caule. O caule foi cortado em pedaços de cerca de 50cm e ensacado separado das folhas e
ramos em saco de fibra plástica. Os sacos foram empilhados sob galpão coberto, com laterais
abertas e por um período de 10 a 14 dias.
Para testar o tempo de armazenamento foi utilizado galhos e tronco de árvores de
plantios sob sombra com 40 anos de idade por maior disponibilidade de material. Para a
usinagem cada material foi triturado em um triturador mecânico, com duas lâminas e martelos
e passado por uma peneira com furos de 10 e de 15mm a uma rotação de 3000 rpm. A pressão
do vapor na caldeira foi mantida em 3 kgf/cm2 e na dorna 0,5 kgf/cm2 . A cada hora de
destilação foi coletado o óleo destilado em proveta graduada, separado em funil separador e
medida a quantidade de óleo produzida. No final da destilação foi calculado o rendimento,
considerando o peso total de material na dorna e o de óleo coletado.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
1663
meses, períodos avaliados, podendo no entanto serem testados períodos mais longos (Tabela
1). No período de até 13 meses o rendimento dos galhos foi de 1,24% e do tronco, até 7,5
meses de 1,36%.
Estes resultados confirmam as observações feitas por extratores de que a madeira do
pau-rosa conserva o óleo por diversos meses, no entanto, contrastam com SUDAM (1972),
quando afirma que, o rendimento em óleo depende do tempo transcorrido entre a derruba e a
destilação. Porém não cita as condições e tempo de armazenamento e transporte do material,
mas inclui a informação de que a produtividade das usinas, no local da derruba, é maior (16
toneladas para produção de um tambor de óleo) do que nas usinas que dependem do
fornecimento de matéria-prima procedente de áreas distantes (20 a 25 toneladas/tambor de
óleo). Assim a produtividade variou de 0,7 a 1,12%, sendo comum o rendimento de 0,9%.
Tabela 1 - Rendimento por arraste a vapor de óleo de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) a
partir de galhos e troncos de árvores plantadas sob sombra parcial, com 40 anos de idade e
com diferentes tamanhos de partículas
1664
rendimento de 1,24% e de 0,9% em peneira com 20mm (13 meses de armazenamento),
enquanto os rendimentos com peneira de 10mm foram de 1,03% e 0,81% (7 dias e 7,5 meses
de armazenamento). Na destilação de troncos, os rendimentos foram de 1,36% com peneira de
10mm, 1,18% com peneira de 15mm e de 1% com peneira de 20mm. Esses resultados
mostram que, assim como o menor tamanho do material dificulta o arraste do óleo, material
de maior tamanho também tende a proporcionar menor arraste. No entanto a razão para isso
seja o fluxo de vapor mais livre, atingindo o material na superfície. Isto poderia ser
equilibrado com uma maior pressão interna na dorna e maior tempo de destilação. Nos
resultados da Tabela 1 também pode-se observar uma possível interação dos fatores, inclusive
o tipo de material com o tempo de armazenamento e/ou com o tamanho das partículas.
A destilação de mudas de pau-rosa plantado e com 4 anos de idade também pode ser
feita com material armazenado por 25 dias, devendo ser testados períodos maiores. As mudas
tinham 2,59m de altura e 26,33mm de diâmetro.
O rendimento da destilação da planta inteira (folha+galho+caule), armazenada por 1
dias e triturada sem peneira, foi de 0,92%.
A destilação de galhos+folha, armazenado por 5 dias e triturado sem peneira teve o
rendimento de 0,90%. Quando armazenado por 14 em caixa plástica (1000 litros) e 25 dias
em caixa plástica sem tampa e triturado em peneira de 15mm, os rendimentos foram de 1,19 e
de 1,00%.
O caule das mudas armazenado por 7 e 10 dias e triturado em peneira de 15mm e de
10mm produziu os rendimentos de 1,12% e de 1,29%, respectivamente.
As folhas armazenadas por 1 e 8 dias, trituradas sem peneira produziram o rendimento
de 0,91% e de 0,85%.
Os galhos quando armazenados por 7 dias e triturados em peneira de 10mm, produziram
o rendimento de 0,96%.
A produção de óleo de pau-rosa, triturando a planta inteira tem certas desvantagens no
transporte por ocasionar perdas, principalmente de folhas. Antes da trituração, é necessário o
corte dos galhos e parte do caule para facilitar a introdução do materia no triturador. Quando
comparamos o rendimento, é inferior ao de usinagem com separação prévia de
folhas+galhos.
A separação prévia e ensacamento de folhas+galhos e do caule cortado em pedaços de
cerca de 50cm, proporciona menos perda e facilita a introdução do material no triturador. Por
outro lado, produz os maiores rendimentos (Tabela 2). As folha+ galhos tiveram o rendimento
de 1,19% quando armazenado por 14 dias e triturado em peneira de 15mm e o caule de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1665
1,29%, quando armazenado por 10 dias e triturado em peneira de 10mm.
A usinagem das folhas e galhos separados, podem encarecer o processo por aumentar os
serviços de sepação antes da trituração. Também não proporcionam maiores ganhos de
rendimento (Tabela 2).
Tabela 2 - Rendimento por arraste a vapor de óleo de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) a
partir de folhas + galhos e caules de árvores plantadas sob sombra parcial, com 4 anos de
idade e diferentes tamanhos de partículas
1666
sombra mais intensa.
Tabela 3 - Crescimento em altura, diâmetro, número de galhos e % de sobrevivência de
mudas de pau-rosa plantadas sob sombra de floresta nativa raleada e com 4 anos de idade
(BR 174, km 23).
Estas mudas quando avaliadas aos 3 anos de plantadas (Barbosa et al., 2006) as
diferenças entre as distancias da borda foram semelhantes para a altura e diâmentro, o maior
crescimento sendo nos primeiros 20 metros. O número de galhos era também diferente,
mostrando que a formação da copa das mudas estão se equivalendo no primeiros 50 metro.
Quando comparados plantios de pau-rosa em plena abertura e com 5 anos de plantado
com o de sob sombra parcial de floresta raleada e bosqueada, com 4 anos de plantado, o
crescimento em altura e a sobrevivência foram maiores, apesar da diferença de 1 ano de idade
(Tabela 4). O diâmetro e o número de galhos não apresentaram difereças nos resultados.
1667
Tabela 5 - Crescimento em altura, diâmetro, número de galhos, número de folhas e % de
sobrevivência de mudas de pau-rosa plantadas em capoeira (BR 174, km 23 e km 30), com 1
ano de idade.
4 CONCLUSÃO
Toretes de tronco de pau-rosa plantado, com 40 anos conservaram o teor de óleo quando
avaliado 7,5 meses após a derrubada da árvore. O rendimento de óleo foi maior quando os
troncos foram triturados em triturador com peneira de 10mm ou de 15mm de diâmetro dos
furos.
Galhos de árvores de pau-rosa plantado, com 40 anos conservaram o teor de óleo
quando avaliados 13 meses após a derruba da árvore. O rendimento de óleo foi maior quando
os galhos foram triturados em triturador com peneira de 15mm de diâmetro dos furos.
A usinagem de plantas inteiras, com 4 anos de idade, acarretou em maior mão-de-obra e
rendimento é de 0,92% inferior aos de folha+galho e caules separados.
A usinagem de folhas+galhos e caule separados e armazenados de 10 a 14 dias foi mais
adequada por reduzir perdas de material, mais fácil de triturar e tiveram maiores rendimentos
de óleo quando triturados em peneira de 15mm e 10mm de diâmetro dos furos. O óleo obtido
continha maior teor de linalol quando proveniente do caule (82,10%).
A destilação de folhas de pau-rosa por arraste a vapor foi de até 0,91%, valor inferior
aos obtidos por hidrodestilação em laboratório, que geralmente alcança 2,4%.
O sombreamento parcial de floresta raleada e bosqueada estimulou um maior
crescimento nas mudas de pau-rosa quando plantadas nos primeiros 20 metros da borda da
floresta. A altura e sobrevivência foram maiores do que em plantios em plena abertura e com
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1668
a diferença de um ano de instalados.
Os resultados de crescimento em altura, diâmetro, números de galhos e folhas e
sobrevivência de mudas de pau-rosa plantadas em linhas dentro de capoeira não apresentaram
diferenças quando avaliadas no primeiro ano de plantio.
Recomenda-se estudos de rendimento de óleo por arraste a vapor com folhas trituradas
em diferentes tamanhos e misturadas com proporções diferentes de caule e galhos para
possibilitar um maior aproveitamento do óleo evidenciado pelo processo de hidrodestilação.
5 AGRADECIMENTOS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, V.C.; CORRÊA, G.C.; MAIA, J.G.S.; SILVA, M.; GOTTLIEB, O.R.; MAX,
M.C.; MAGALHÃES, M.T. Óleos essenciais da Amazônia contendo linalol. Acta
Amazônica, 1(3):45-47. 1971.
BARBOSA, A. P.; FREITAS, M.S.; USECHE, F.L.; SANTOS, A.T.C.; CHAAR, J.S.
Produçaõ de óleo de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) e o crescimento de mudas
plantadas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ÓLEOS ESSENCIAIS, 3., Campinas, SP.
2005.
CUNHA, L.N. Influência sazonal no teor de linalol contendo no óleo essencial da espécie
Aniba duckei Kostermans plantadas em ambientes naturais. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal do Amazonas – Química de Produtos Naturais. 2002. 130p.
FREITAS, M.S. ; SANTOS, A.T.C.; BARBOSA, A.P.; CHAAR, J.S. Produção de óleo de
pau-rosa (Aniba rosaeodora ducke) a partir de mudas plantadas. In: In: 2o Congresso
Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Varginha, jul/2005.
1669
OHASHI, S., ROSA, S., SANTANA, J.A. Brazilian rosewood oil: sustainable production and
oil quality management. Perfumer & Flavorist, v.22, 1997.
1670
DIFERENTES SUBSTRATOS E VOLUMES DE RECIPIENTES, NA
PRODUÇÃO DE MUDAS DE OLIVEIRA (Olea europaea L.)
1671
1 INTRODUÇÃO
Estima-se que a área plantada de oliveira no mundo seja de 8,3 milhões de hectares,
com uma produção de azeitonas de 16 milhões de toneladas. A importância desta atividade
agrícola esta relacionado principalmente com a elaboração de azeite de oliva de qualidade,
cujo uso moderado e habitual é considerado benéfico à saúde humana pela sua comprovada
eficácia na proteção de enfermidades cardiovasculares.
O Brasil ocupa o terceiro lugar como maior importador de azeitonas e o quinto em
azeite de oliva, entre os países importadores do mundo, somando aproximadamente 50 mil
toneladas, ao custo de 190 milhões de dólares anuais (CONAB, 2007).
Sendo o cultivo de oliveiras no Brasil uma atividade agrícola em expansão, estima-se
um mercado potencial de mudas de aproximadamente cinco milhões de unidades, o que exige
informações da pesquisa e o estabelecimento de protocolos técnicos para sua produção,
principalmente considerando a inexistência de produtores de mudas de oliveira com padrão de
qualidade e na quantidade demandada para a instalação de novos e extensos olivais.
O sistema de multiplicação de oliveira, empregado nos últimos vinte anos na maioria
das regiões produtoras, consta de três fases bem distintas: enraizamento, durante o qual se tem
a emissão de raízes adventícias na base das estacas; aclimatação, durante o qual se promove o
funcionamento do sistema radicular obtido na fase anterior, e finalmente a formação das
mudas em viveiro (OLIVEIRA, 2006; CABALLERO, 1980; CABALLERO Y DEL RIO,
2004).
Assim, após o eficiente enraizamento das estacas, a última fase na multiplicação da
oliveira é a obtenção, propriamente dita, da muda pronta para o plantio em campo, no
tamanho padrão de 80 a 100 cm de altura com uma única haste principal, iniciando-se a
formação da copa da planta com até quatro ramos ou pernadas. Isto se da preferencialmente
sobre condições de viveiro, com uso de irrigação e o preventivo controle de pragas e doenças,
(CABALLERO E DEL RIO, 1998).
A formação da muda no menor tempo possível e com o máximo de vigor depende
inicialmente das características do substrato utilizado e também do volume, definido pelo
tamanho e forma do recipiente, onde deverá ocorrer o desenvolvimento do sistema radicular,
além de outros fatores. Pode ser resumido como o meio físico natural ou sintético, onde se
desenvolvem as raízes e conseqüentemente as plantas até a sua transferência para o campo
(BALLESTER-OLMOS, 1992). Desta forma, a escolha correta do substrato é um dos fatores
preponderantes no processo de produção de mudas de qualquer espécie.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1672
Compreendido não apenas como suporte físico, mas também como fornecedor de
nutrientes para a muda em formação (PASQUAL et al., 2001), um bom substrato é aquele que
proporciona condições adequadas à germinação e ao desenvolvimento do sistema radicular da
muda em formação (RAMOS et al., 2000).
Assim sendo, o substrato deve apresentar propriedades físicas e químicas conhecidas e
que se mantenham constantes, pequena densidade, aeração, retenção de água e boa drenagem.
Elevada capacidade de troca de cátions, não alterar propriedades físicas e químicas quando
submetidos à esterilização, não se alterar quando armazenado, estar livre de pragas, doenças e de
propágulos de plantas daninhas, ser um meio preferencialmente estéril, não ser salino, não conter
substâncias tóxicas, ser inodoro, ter valores de pH próximo da neutralidade, ser uniforme em
toda sua extensão e de fácil manuseio. Além destes fatores deve ser adequado ao cultivo de
várias espécies e de baixo custo, disponível em grandes quantidades e facilmente encontrado
(KAMPT, 2000; SALVADOR, 2000; WEDLING et al., 2002).
Por suas características físico-químicas diferenciadas um substrato pode afetar a formação e
produção de mudas (HOFFMANN et al., 1994), com vantagens ou desvantagens em função da
espécie frutífera em que se esta trabalhando (MENEZES JUNIOR & FERNANDES, 1999), tornando
necessário definir para cada espécie o melhor substrato, ou mescla a ser utilizada (FACHINELLO et
al., 1995).
De acordo com diversos estudos a formação de mudas de espécies frutíferas pode ser
conseguida em diferentes substratos. Ledo et al. (2002), testando diferentes substratos, observaram
que a porcentagem de germinação de sementes de pupunha em areia foi superior a verificada em
vermiculita.
Kitamura, Ramos e Lemos (2004), avaliando três métodos de enxertia de gravioleira
sobre a porcentagem de pegamento de enxertos, utilizando duas variedades combinadas em
dois recipientes (sacos de polietileno e tubetes com volumes de 1300 cm3 e 320 cm3
respectivamente), preenchidos com uma mistura de 50% de terra de subsolo e 50% de esterco
de curral curtido, enriquecida com 5 Kg de superfosfato simples (18% de P2 O5), 1 Kg de
cloreto de potássio (60% de K2 O) e 2,5 Kg de calcário dolomítico (PRNT 100%), em um
metro cúbico de mistura, observaram resultados que permitiram concluir ser possível diminuir
o tamanho dos recipientes sem perder a qualidade e eficiência das mudas.
Bastos et al. (2007) concluíram que a mistura de terra + areia (1:1 v/v) foi mais eficiente
na germinação de sementes e formação inicial de porta-enxertos de caramboleira,
possibilitando uma maior altura de plantas, comprimento de raízes e maior número de folhas,
1673
comparado com outros substratos como Vermiculita, Plantmax, Rendmax e Terra + areia (2:1
e 1:2 v/v), respectivamente.
O uso de fertilizantes misturados ao substrato tem demonstrado também ser uma boa
opção para a formação de mudas. Mendonça et al. (2007) observaram que a utilização de até 6
kg/m3 de substrato do adubo comercial Entec (15-10-10, com 26% de N na forma NO3 e
18,5% na forma NH4, mais 13% de S) é indicado na produção e formação de mudas de
maracujazeiro amarelo, com respostas significativas para todas as características avaliadas.
Para a formação de mudas de oliveiras a literatura disponível também faz algumas
referências.
De acordo com registros e anotações de técnicos da Fazenda da EPAMIG em Maria da
Fé, para a produção de mudas de oliveira naquela unidade experimental, foram utilizadas
sacolas de plástico com volume de seis litros, preenchidas com substrato constituído de uma
mistura de terra retirada da camada superficial do solo, em áreas de reservas florestais, terra
de subsolo e esterco de curral curtido, na proporção de 2:1:1, mais adição de superfosfato
simples. O uso de recipientes com este volume exigiram verdadeiras montanhas de substratos
com pouco rendimento em termos de número de sacolas preenchidas, além de ser
ecologicamente incorreto, em função de danos causados às áreas de reservas florestais
naturais da região.
Segundo Caballero e del Rio (2006), a formação da muda de oliveira em viveiro é
completada em até uma estação vegetativa, podendo começar no final do inverno. A princípio
convém que a planta cresça livremente, mas quando o comprimento médio dos novos brotos
alcançarem cerca de 35-40 cm deve eliminar-se todos eles, menos o mais vigoroso e vertical,
com a finalidade de concentrar o crescimento no mesmo. Para tanto, se devem eliminar as
brotações laterais pelo menos nos primeiros 80 cm. Somente acima deve deixar livre o
crescimento da incipiente copa, o que permitirá conseguir os ramos principais da árvore, a
uma altura adequada, no mesmo momento do plantio (DEL RÍO E PROUBI,1999).
Um bom sistema de irrigação, que mantenha o substrato com uma umidade adequada, e
uma adubação equilibrada, ajudará a produzir mudas vigorosas. Dos substratos pesquisados,
os melhores resultados foram observados com turfas preta, misturada com 50 ou 75% de areia
limosa. Essa mistura foi a que proporcionou mais rapidamente plantas com 1 metro de altura.
Os piores resultados foram encontrados com turfa sem a mistura (CABALLERO e DEL RIO,
2006).
Recomenda-se ao mesmo tempo o controle contra pragas e doenças, principalmente
eriófidos, nematóides, repillo e verticiloses. Foi comprovado que a exposição ao sol pelos
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1674
substratos selecionados, durante 20-30 dias, dá bons resultados, sendo eficaz na erradicação,
ou pelo menos, em diminuir a densidade de inoculo de Verticillium dahliae no solo, sem que
isto afete o desenvolvimento das plantas produzidas (DEL RÍO ET AL., 2002). Esta mesma
técnica pode erradicar também os nematóides (Meloidogyne spp).
Por outro lado tem-se comprovado também que a inoculação das plantas com micorrizas
arbusculares (Glomus intraradices, G. Mossae e G. Viscosum) as protegem contra infecções
causadas por estes nematóides (CASTILLO ET AL., 2004).
O volume do substrato ou tamanho da sacola de formação da muda em viveiro vem
diminuindo pouco a pouco (CABALLERO e DEL RIO, 2006; OLIVEIRA et al, 2006). A
princípio usavam de 3 litros ou mais de capacidade, mas atualmente este volume não passa de
1,5 litro. Contudo é importante escolher o tamanho do recipiente em função do tempo de
permanência da planta no mesmo, para que no momento do plantio no campo, as mudas
apresentem um bom equilíbrio entre sistema radicular e aéreo, sem que as raízes tenham
crescido enrolando-se na parte basal da bolsa ou que tenha saído da mesma.
Assim, considerando que para a oliveira é necessário a permanência da muda em viveiro
durante seis a doze meses, o presente trabalho foi realizado com a finalidade de verificar a
influencia de diferentes substratos e também de volume do mesmo na produção de mudas
dessa oleaginosa, com vistas a obtenção de plantas com o máximo vigor e em menor tempo, sem
ocorrer enrolamento ou saída de raízes fora do recipiente.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no município de Maria da Fé, Sul de Minas Gerais na
Fazenda Experimental de EPAMIG. Para sua instalação foram utilizadas estacas semilenhosas
devidamente enraizadas e aclimatadas e que foram padronizadas quanto ao tamanho, sendo o
ensaio instalado sob condições de viveiro protegido com telado branco, e com irrigação por
microaspersores distribuídos regularmente na parte superior do viveiro.
O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro
repetições, em esquema fatorial 2 X 3 X 3, compreendendo duas variedades (Arbequina e
Grapollo 541), três volumes de recipientes, sacolas de plástico preta (com 1 litro, com 2 litros
e com 3 litros) e três substratos (terra de subsolo e pró-vaso comercial advindo da
compostagem de materiais orgânicos 1:1; terra de subsolo, pró-vaso e casca de arroz
carbonizada 1:1:1 e terra de subsolo, pró-vaso e fibra de coco 1:1: 1 2 ). Todos os substratos
foram enriquecidos com 5 Kg de superfosfato simples (18% de P2O5), 1 Kg de cloreto de
1675
potássio (60% de K2O) e 2,5 Kg de calcário dolomitico (PRNT 100%), em 1 m3 da mistura.
Observação: garantias do substrato comercial pró-vaso: carbono orgânico 15%, relação C/N
18/1, Nitrogênio 1%, Umidade 45%, pH 6, CTC 300, Relação CTC/C 20.
As parcelas experimentais foram constituídas de 15 sacolas, distribuídas em três fileiras
com cinco plantas, sendo as avaliações realizadas nas três plantas internas. Todas as parcelas
receberam em intervalos de 15 dias adubações foliares na seguinte proporção: 8% de N, 6%
de P (P2O5) , 15% de K (K2O), 0,20 % de Zn, 0,05% de Cu, 0,20% de Fe, 0,50% de Mg,
0,40% de B e 0,05% de Mo.
O experimento foi instalado no dia 30/10/2006 e aos quarenta e três dias depois de seu
inicio, selecionada a brotação mais vigorosa que constituiu o caule principal da planta. Nesta
haste principal, foram eliminadas as brotações laterais que ocorreram. A partir de 80cm de
altura foram selecionadas quatro brotações para formação da copa da planta.
Foram anotados os seguintes parâmetros: aos quarenta e três dias, número de brotações
e comprimento médio (cm); aos cinco meses, altura média de plantas (cm), número e
comprimento de raízes (cm).
Os dados coletados foram analisados estatisticamente utilizando o programa NTIA
(EMBRAPA, 1997). O números de brotações e o número de raízes, x, foram transformados
por ( x + 0,5) 1 2 , com finalidade de proporcionar a normalidade dos erros.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados observou-se que o número e o comprimento médio de
brotações são influenciados significativamente pelo tipo de substrato e pelo volume do
recipiente utilizado na formação de mudas de oliveiras. A altura média das mudas depende
tanto da interação entre variedades e substrato quanto da interação volume do recipiente e
substrato, sendo necessário, portanto, definir a combinação entre os níveis desses fatores que
favorece o desenvolvimento das mudas. De maneira semelhante, o número de raízes e o
comprimento do sistema radicular das mudas são influenciados pela interação entre variedade,
volume do recipiente e substrato.
Independentemente da variedade testada se Arbequina ou Grappolo 541, o número de
brotações foi maior (2,94 e 3,0 ud) quando se utilizou tanto o substrato 1 (terra de subsolo e
pró-vaso 1:1) quanto o substrato 3 (terra de subsolo, pró-vaso e fibra de coco 1:1: 1 2 ) e o
maior comprimento médio de brotações (4,73 e 4,99 cm) foi obtido ao utilizar recipientes com
volumes de 2 ou de 3 litros (Tabela 1).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1676
Tabela 1 - Médias do número de brotações (NB) e do comprimento médio de brotações
(CMB, cm). EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Número de Volumes Comprimento
brotações de brotações
Substratos de recipientes
(ud) (cm)
Terra de subsolo e pró-vaso 2,94 ab 1 litro 4,04 b
Terra de subsolo, pró-vaso e 2,77 b 2 litros 4,73 ab
casca de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e 3,00 a 3 litros 4,99 a
fibra de coco.
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Estes resultados indicam que a rápida formação de mudas de oliveira não depende
somente das características físico-químicas do substrato, mas também do espaço físico
disponível para o crescimento das raízes em busca de água e nutrientes que serão aportados a
parte aérea da planta, definido pelo tamanho dos recipientes em que estão contidos. Entretanto
trata-se de uma situação antagônica, pois sendo recipientes maiores, apresentam elevados
custos no preparo por demandarem mais insumos e também no manejo das mudas em viveiro.
Além destes inconvenientes relatados anteriormente por Caballero e Del Rio (2006) e Oliveira
et al (2006), outro que merece registro é o maior custo de transporte das respectivas mudas até
as áreas de plantio definitivo da cultura.
De uma forma geral, as mudas de ‘Arbequina’ e de ‘Grappolo 541’ alcançaram maior
altura média (42,58 e 57,83 cm) quando submetidas ao substrato 1 (Terra de subsolo e pró-
vaso), podendo o substrato 2 (terra de subsolo, pró-vaso e casca de arroz carbonizada)
também ser utilizado no acabamento de mudas de ‘Arbequina’ (39,77 cm) em viveiro de
crescimento. As mudas de ‘Grappolo 541’ (52,88 cm) foram em média mais altas do que de
‘Arbequina’, (41,17 cm) nestes dois substratos (Tabela 2).
1677
Tabela 2 - Médias de altura média de mudas (AMM, cm) para variedades de oliveiras e para
substratos. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Substratos Variedades
Arbequina Grappolo 541
Terra de subsolo e pró-vaso 42,58 aB 57,83 aA
Terra de subsolo, pró-vaso e casca de 39,77 abB 47,94 bA
arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e fibra de 33,83 bA 39,47 cA
coco.
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey e pelo teste F a 5% de probabilidade respectivamente.
Tanto para o substrato 1 (Terra de subsolo e pró-vaso) quanto para o substrato 2 (Terra
de subsolo, pró-vaso e casca de arroz carbonizada) as mudas cresceram mais em recipientes
com 2 litros (43,21 e 48,41 cm) e 3 litros (52,58 e 60,87 cm) de substrato (Tabela 3).
Tabela 3 - Médias da altura média de mudas (AMM, cm) para volumes de recipientes e para
substratos. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Substratos Volumes de recipientes
1 litro 2 litros 3 litros
Terra de subsolo e pró-vaso 41,33 aB 48,41 aB 60,87 aA
Terra de subsolo, pró-vaso e 35,79 abB 43,21 abB 52,58 aA
casca de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e 31,70 bA 38,41 bA 39,83 bA
fibra de coco.
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
1678
Tabela 4 - Médias do número de raízes (NR) para variedades de oliveiras, para substratos e
para volumes de recipientes. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Substratos Variedades
Arbequina Grappolo 541
Terra de subsolo e pró-vaso 2,88 bA 3,25 aA
Terra de subsolo, pró-vaso e 3,06 abA 3,06 aA
casca de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e 3,57 aA 3,03 aB
fibra de coco.
Volumes de recipientes
1 litro 3,59 aA 2,81 bB
2 litros 2,74 bA 3,14 abA
3 litros 3,18 abA 3,38 aA
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey e pelo teste F a 5% de probabilidade respectivamente.
Tabela 5 - Médias do número de raízes (NR) para volumes de recipientes e para substratos.
EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Substratos Volumes de recipientes
1 litro 2 litros 3 litros
Terra de subsolo e pró-vaso 2,94 bA 2,87 aA 3,38 aA
Terra de subsolo, pró-vaso e 2,80 bA 2,99 aA 3,39 aA
casca de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e 3,84 aA 2,97 aB 3,08 aB
fibra de coco.
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
1679
Tabela 6 - Médias do comprimento do sistema radicular (CSR, cm) para clones de oliveiras,
substratos e para volumes de recipientes. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Variedades
Substratos Arbequina Grappolo 541
Terra de subsolo e pró-vaso 27,41 aA 25,66 aA
Terra de subsolo, pró-vaso e casca 26,83 aA 23,58 aA
de arroz carbonizada.
Terra de subsolo, pró-vaso e fibra 19,33 bB 27,08 aA
de coco.
Volumes
1 litro 20,16 bB 26,00 aA
2 litros 28,16 aA 27,16 aA
3 litros 25,25 aA 23,16 aA
Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem
entre si pelo teste de Tukey e pelo teste F a 5% de probabilidade respectivamente.
4 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FAPEMIG pelo apoio recebido.
1680
5 CONCLUSÃO
Em geral, embora haja algumas especificidades entre variedades, substratos e volumes
de recipientes conforme a característica analisada, recomenda-se a utilização do substrato 1
(terra de subsolo e pró-vaso 1:1) na terminação de mudas de clones de oliveira (‘Arbequina’ e
‘Grappolo 541’) em viveiro de crescimento, acomodado em saquinhos de 2 ou 3 litros.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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Valenciano de Investigaciones Agrarias, 1992. 44 p. (Hojas Divulgadoras, 11).
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1682
WEDLING, I.; GATTO, A.; PAIVA, H. N. Substratos, adnbacao e irrigacao na producao de
mudas. Vicosa: Aprenda Facil, 2002. 166 p.
1683
CARACTERIZAÇÃO DA FAIXA DE DISTRIBUIÇÃO TRANSVERSAL E
LONGITUDINAL DE SEMENTES DE NABO FORRAGEIRO (Raphanus
sativus L.) UTILIZANDO SEMEADORA A LANÇO
1684
1 INTRODUÇÃO
Com a redução das reservas de petróleo e com o aumento dos níveis de poluição
ambiental devido ao uso de seus derivados, houve uma retomada dos estudos de óleos
vegetais como substitutivos do óleo diesel. Com isso, a utilização das culturas de plantas
oleaginosas vieram a se destacar no mercado agropecuário, fazendo com que pesquisadores
do meio viessem direcionar suas pesquisas de forma a melhorar o cultivo e os tratos culturais
dessas culturas procurando assim, reduzir o seu custo de produção reduzindo
conseqüentemente o custo da produção do biodiesel.
A nova orientação da agricultura energética esta no sentido de produzir matérias primas
para o biodiesel, ou seja os óleos vegetais, e é exatamente neste ponto que este estudo se
encaixa pois através da utilização de um implemento que geralmente é utilizado na
distribuição de calcário, procuramos adaptar este mecanismo no processo de plantio da
culturas que venham ser trabalhadas para a produção do biocombustível por isso ao
observarmos o processo de plantio de algumas oleaginosas vimos que este método de
distribuição de sementes poderá ser de grande valia na redução do custo de produção de
matérias primas.
Assim sendo, a aplicação de insumos como corretivos, fertilizantes e sementes em
superfície é prática comum na agricultura brasileira. Essa é normalmente executada por vários
tipos de máquinas, com diferentes princípios de funcionamento e formas construtivas. A
escolha ou a recomendação de uma delas vai depender de vários aspectos relativos à maquina,
e ao produto a ser aplicado e ao tipo de exploração agrícola.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a distribuição longitudinal e transversal de
sementes de nabo forrageiro (Raphanus sativus L.), utilizando um distribuidor de sementes e
calcário a lanço.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Lavras (Lavras - MG), cujas
coordenadas geográficas são: Latitude 21°14’ S, Longitude 45°00’ W, e altitude média de
920m, em 2007.
Foi utilizado um trator Valmet modelo 65 e uma semeadora/adubadora marca Vicon
modelo PS-503, sendo que o implemento abastecido com metade do volume do seu
reservatório de maneira que o peso das sementes não interferí-se no resultado da vazão do
equipamento devido a ação da gravidade. A regulagem foi realizada de forma a liberar as
1685
sementes com vazão de 15 kg/ha.
A umidade do ar foi medida através de um termohigrógrafo modelo:252, marca:Wild
lambrechtlambrecht Gmbh Gotigen, sendo que o valor da umidade relativa foi de: 55%, e a
temperatura foi de: 16C°. Os coletores utilizados apresentavam as seguintes dimensões 500 x
500 mm, com profundidade de 150 mm como ilustra a Figura 1. Para que evite o ricochete do
material na superfície é recomendado a utilização de divisórias no interior dos coletores com
células de 50 x 50 mm conforme a ISO (1985).
1686
Figura 2 - Croqui de distribuição dos coletores para o ensaio de regularidade da distribuição
transversal.
20
20
1
1
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
9
9
8
8
Figura 3 - Croqui de distribuição dos coletores para o ensaio de regularidade da distribuição
Longitudinal
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0
1687
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos Gráficos 1 e 2 estão apresentados os resultados da media de distribuição
longitudinal e transversal das sementes.
500
N° DE SEMENTES POR
400
COLETOR
300
200
100
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
N° DE COLETORES
DISTRIBUIÇÃO TRANSVERSAL
350
300
N° DE SEMENTES
250
200
150
100
50
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43
LARGURA DE DISTRIBUIÇÃO
4 CONCLUSÃO
Conclui-se que o equipamento de distribuição pendular foi efetivo na distribuição de
sementes de nabo forrageiro no campo.
1688
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
AMERICAN SOCIETY OF AGRICULTURAL ENGINEERS. procedure for measuring
distribution uniformity and calibrating granular broadcast spreaders. ASAE Standards.
St. Joese´ph, 1996.3p.
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aplicação de adubos e corretivos. In: MIALHE, L.G. Maquinas agrícolas: Ensaio &
certificação. Piracicaba, SP:Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 772p.cap.10.
1689
AVALIAÇÃO DE MATERIA SECA DA PARTE AÉREA DO GIRASSOL
(Helianthus annuus L.), EM DIFERENTES DOSES DE BORO E ZINCO,
CULTIVADO EM CASA DE VEGETAÇÃO
1690
1 INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea pertencente a família das
Asteraceae, originária do continente Norte Americano. É uma das quatro maiores culturas
produtoras de óleo vegetal comestível no mundo e, atualmente o segundo óleo mais
consumido no Brasil (Ungaro, 2006).
Estima-se que a produção brasileira irá atingir na safra 2006/2007, 124,8 mil toneladas,
em uma área colhida de 86,9 mil hectares, destacando o estado do Mato Grosso como o maior
produtor, com 33,5 mil toneladas (Conab, 2007). O cultivo do girassol atualmente se encontra
em expansão, principalmente na Região Central do Brasil e no período de safrinha, visto que
o girassol é uma planta resistente ao déficit hídrico, que normalmente ocorre nesta época.
O girassol é indicado para a produção de biodiesel, pela excelente qualidade do óleo
extraído de suas sementes, sendo que o teor de óleo nas mesmas pode variar de 38 a 48%. O
seu uso em rotação na safrinha, em 20% dos 13 milhões de hectares cultivados com soja,
poderia proporcionar mais de 2,5 bilhões de litros de óleo por ano dessa cultura (Embrapa
Soja, 2006).
Para que o girassol expresse seu potencial produtivo é necessário que o solo apresente
níveis médios a bons de fertilidade. Para nutrientes que apresentam baixa mobilidade no
interior das plantas, como e o caso do boro (B) o qual inibe o crescimento das regiões
meristemáticas, é importante que teores adequados do mesmo estejam presentes na solução do
solo.
Entre os micronutrientes, as deficiências de boro (B) e zinco (Zn) são a mais freqüentes
nos solos brasileiros. O girassol é especialmente sensível à deficiência do primeiro, que
geralmente está associada a solos onde foram feitas elevadas doses de calcário, solos com
baixo teor de matéria orgânica e períodos de estresse hídrico. Entretanto, foram realizados
poucos estudos sobre as necessidades nutricionais do girassol em relação ao zinco, que
segundo Fageria (2000) citando Barbosa Filho et al. (1994), Bataglia & Raij. (1994), Galrão
(1994), esta deficiência é relatada em várias culturas anuais cultivadas em solo de cerrado e
ocorre devido ao baixo teor natural do solo, o qual é insuficiente para suprir a necessidade da
planta. Fatores como altas doses de calcário, solos com altos teores de fósforo, podem
comprometer a disponibilidade de zinco.
O presente trabalho teve como objetivo estudar os efeitos de doses de boro e zinco, suas
interações na produção de matéria seca do girassol cultivado em casa–de-vegetação.
1691
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do Departamento de Ciência do
Solo (DCS), da Universidade Federal de Lavras (Lavras - MG), cujas coordenadas
geográficas são: Latitude 21°14’ S, Longitude 45°00’ W, e altitude média de 920m, sendo
conduzido no período de março de 2007 a maio de 2007.
A semeadura foi realizada no dia 12 de março de 2007, colocando-se quarto sementes
do hibrido Aguará 4 por vaso. A emergência ocorreu quatro dias após a semeadura. Em 19 de
março foi realizado o desbaste mantendo apenas uma planta por vaso (três dias após
emergência). Aos trinta e um dias após emergência foi detectada a presença de Oídio, que foi
controlado com aplicação de Opera, na dosagem de 0,5 L do produto em 200 L de calda, aos
quarenta e um dia após emergência a aplicação de Opera foi refeita para controle do Oídio,
também foi utilizado Decis 25CE para controle de insetos na dosagem de 200mL do produto
para 100L de calda.
As plantas foram cultivadas em vasos plásticos, com capacidade de 8 litros. O controle
da umidade do solo foi realizado diariamente, através de pesagens dos vasos, objetivando
manter a quantidade de água entre 50 e 70% da capacidade de retenção do solo.
O solo utilizado foi Latossolo Vermelho Distroférrico típico (EMBRAPA, 1999),
coletado da camada de 1 - 3m, proveniente do campus da Universidade Federal de Lavras
(UFLA). Após destorroamento e homogeneização, o solo foi seco ao ar (TFSA), e passado em
peneira com malha de 2mm de abertura. Uma amostra do solo foi analisada no Laboratório de
Análise de Solo, do Departamento de Ciências do Solo, da UFLA. Seus principais atributos
químicos e físicos, antes da correção, adubação e aplicação dos tratamentos são apresentados
na Tabela 2, o solo apresentou classificação textural muito argilosa.
1692
Baseado na análise química do solo, realizou-se a correção da acidez, objetivando-se
promover uma elevação da saturação por bases a 70%. Foi utilizado na correção CaCO3 na
forma de sal pura para análise, onde foram adicionados 4,66g de CaCO3 por vaso, os mesmo
ficaram incubados por um período de 30 dias, onde a umidade foi mantida em 60% da
capacidade de retenção do solo (0,36g de água/g de solo). Após este período foram aplicados
200 mg.kg-1 de P na forma de MAP (Fosfato monoamônio), o mesmo foi triturado afim de
promover uma melhor homogeneização, foram adicionado 6,97g de MAP por vaso, que
permaneceram incubados por período de 10 dias, mantendo-se a umidade em 60% da
capacidade de retenção do solo.
O solo recebeu o restante dos macros e micronutrientes, inclusive os tratamentos de
boro e zinco propostos, dia 23 de março aos sete dias após emergência (DAE). Os nutrientes
foram aplicados em forma de solução, assim promovendo maior uniformidade dos mesmos na
solução do solo. Na Tabela 3 encontra-se as doses e os produtos, pelos quais os nutrientes
foram fornecidos em cada vaso.
Foram propostos três dose de boro (0 mg.kg-1, 0,5 mg.kg-1 e 1 mg.kg-1) quatro doses de
zinco (0 mg.kg-1, 2 mg.kg-1, 4 mg.kg-1 e 8 mg.kg-1 ) e suas interações, em um total de 12
tratamentos constituídos por: T1 (0 mg.kg-1 de B, 0 mg.kg-1 de Zn), T2 (0 mg.kg-1 de B, 2
mg.kg-1 de Zn), T3 (0 mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn), T4 (0 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn),
T5 (0,5 mg.kg-1 de B, 0 mg.kg-1 de Zn), T6 (0,5 mg.kg-1 de B, 2 mg.kg-1 de Zn), T7 (0,5
mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn), T8 (0,5 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn), T9 (1 mg.kg-1 de B, 0
mg.kg-1 de Zn), T10 (1 mg.kg-1 de B, 2 mg.kg-1 de Zn), T11 (1 mg.kg-1 de B, 4 mg.kg-1 de Zn)
e T12 (1 mg.kg-1 de B, 8 mg.kg-1 de Zn). Para o fornecimento de boro e zinco, foram
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1693
utilizados respectivamente ácido bórico (H3BO3) e sulfato de zinco (ZnSO4.7H2O). As
coberturas de N e K foram parceladas em duas doses, sendo aplicadas ao solo aos 30 e 50 dias
após a emergência, utilizou-se como fonte respectivamente uréia e cloreto de potássio (KCL),
as aplicações foram realizadas em forma de solução.
A colheita do experimento foi realizada dia 23 de maio (67 DAE), sendo que as plantas
se encontravam no estádio de florescimento pleno (R5.5). As partes áreas das plantas foram
divididas em folhas, caules e capítulos, sendo que a matéria seca da parte aérea foi obtida,
pela soma das matérias secas do caule, folhas e capítulos. Todo o material foi lavado em água
deionizada e destilada, colocados em sacos de papel e levados para estufa com circulação de
ar forçada a 65 – 70º C até atingirem massa constante. Posteriormente realizou-se a pesagem
da matéria seca das folhas, caules e capítulos, utilizando balança analítica modelo B 160,
produzido pela indústria Micronal. Os resultados obtidos foram submetidos a análise de
variância, onde foi feito estudo de regressão para as doses (P<0,05), utilizando o programa
estatístico SISVAR (Ferreira, 2000). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
casualizados (DBC), em esquema fatorial 3x4 (três doses de boro e quatro doses de zinco)
com três repetições, em um total de 36 vasos com uma planta em cada.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apenas as doses de boro afetaram significativamente (p<0,05) o acúmulo de matéria
seca da parte aérea do girassol (Figura 1). Derivando a equação de regressão, verifica-se que a
produção máxima de matéria seca da parte aérea, seria atingida na dose 0,74 mg kg-1 de boro
aplicado no solo. Derivando-se a equação de regressão apresentada por Castro (1999) para
acúmulo de matéria seca da parte aérea do girassol, cultivado em diferentes doses de boro e
fases de estresse hídrico, observa-se que a dose de 1,21 mg kg-1 de boro aplicado no solo foi a
que apresentou o maior acúmulo de matéria seca por planta.
Na Figura 1 é possível observar que as plantas submetidas aos tratamentos, onde a dose
de boro no solo foi de 0,5 mg kg-1, apresentaram maiores produções de matéria seca na parte
aérea, concordando com os resultados obtidos por Capoani (2001), que ao estudar níveis de
boro e cálcio na solução nutritiva de duas cultivares de girassol, observou maior produção de
matéria seca da parte aérea quando as plantas foram submetidas a 300 mg kg-1 de cálcio e 0,5
mg kg-1 de boro.
1694
60
50
45
40
35
30
y = -47,787x 2 + 70,661x + 28,968 R2 = 1
25
0 0,25 0,5 0,75 1
Doses de Boro (mg/kg)
Figura 1. Peso da matéria seca da parte aérea de plantas de girassol em função de doses de
boro.
1695
utilização neste trabalho de uma equação que melhor represente o comportamento das plantas
em relação aos níveis de boro presentes no solo.
A produção de matéria seca do caule também foi apenas afetada significativamente
pelas doses de boro (p<0,05), sendo que a equação linear foi a que melhor se ajustou aos
dados (Figura 2).
27,0
Materia Seca do Caule (g/planta)
25,3
23,5
21,8
20,0
18,3
16,5
14,8
y = 11,975x + 15,129 R2 = 0,8663
13,0
0 0,25 0,5 0,75 1
Doses de Boro (mg/kg)
Figura 2. Peso da matéria seca do caule de plantas de girassol em função de doses de boro.
Observa-se que para produção de matéria seca do caule não foi encontrado um ponto de
máxima, ou seja, na medida em que aumentou-se as doses de boro a produção de matéria seca
também aumentou. Capoani (2001), trabalhando com o hibrido Rumbossol-91 em diferentes
doses de cálcio e boro, encontrou o mesmo comportamento para o acúmulo de matéria seca da
parte superior do caule.
É importante observar na Figura 2, que a produção de matéria seca do caule na presença
de 0,5 mg kg-1 de boro no solo, apresentou acréscimo de aproximadamente 91% na produção
de matéria seca quando comparado com a dose 0 mg kg-1, demonstrando com isso a grande
importância do boro na produção de matéria seca do girassol. Segundo Leite et al. (2005), a
produção de caule é o componente da parte aérea que mais influencia o comportamento da
curva de acúmulo de matéria seca, sendo que seu máximo é atingido no florescimento.
1696
A produção de matéria seca das folhas também foi apenas afetada significativamente
pelas doses de boro (p<0,05), sendo que a equação linear foi a que melhor se ajustou aos
dados, entretanto, fitotecnicamente este comportamento não seria adequado, pois como se
observa na Figura 3, após atingir um máximo a produção de matéria seca das folhas começa a
decrescer, tendo em vista este comportamento preferiu-se utilizar uma equação quadrática.
Como se pode observar na Figura 3, a máxima produção de matéria seca das folhas seria
obtida, na dose de 0,68 mg kg-1 de boro aplicado no solo.
14,0
Materia Seca das Folhas (g/planta)
13,3
12,5
11,8
11,0
10,3
9,5
y = -8,8357x 2 + 11,936x + 9,3194 R2 = 1
8,8
0 0,25 0,5 0,75 1
Doses de Boro (mg/kg)
Figura 3. Peso da matéria seca das folhas de plantas de girassol em função de doses de boro.
1697
15,6
Figura 4. Peso da matéria seca do capítulo de plantas de girassol em função de doses de boro.
4 CONCLUSÃO
Pelos resultados apresentados, pode-se concluir que as doses de boro afetaram
significativamente, a produção de matéria seca de todas as partes aéreas do girassol. A
produção de matéria seca total obteve, a maior produção na dose de 0,5 mg kg-1 de boro no
solo, sendo que a produção máxima seria obtida com a dose 0,78 mg kg-1, já para a matéria
seca das folhas a maior produção foi encontrada na dose de 0,5 mg kg-1, sendo que a produção
máxima seria obtida com a dose de 0,68 mg kg-1. Para a matéria seca do caule e do capitulo
não foi encontrado ponto de máxima.
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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cultivares de girassol IAC–Uruguai e Rumbossol-91. 2001. 60p. Dissertação (Mestrado em
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1699
FORMAÇÃO DE JARDINS CLONAIS DE OLIVEIRA (Olea Europaea L.)
OBJETIVANDO SUA PROPAGAÇÃO POR ESTAQUIA
RESUMO: A estaquia em oliveira é afetada pela origem do material vegetativo de onde são
preparadas as estacas para o enraizamento, sendo mais eficiente quando as plantas são obtidas
com este objetivo. Assim, o estudo foi conduzido na Fazenda da EPAMIG em Maria da Fé,
MG. Foi instalado um experimento em blocos ao acaso com cinco repetições no esquema
fatorial 2 X 2 X 3. As parcelas experimentais foram constituídas de três linhas de um metro de
comprimento, espaçadas entre si em um metro, com três plantas em cada linha, com 0,5 metro
umas das outras. Para avaliação, quatro plantas foram podadas a 20 cm de altura do solo,
sendo anotados o comprimento médio de ramos (m), massa verde total acumulada (peso em
kg), rendimento em número de estacas com quatro nós (em torno de 8 cm de comprimento) e
dois pares de folhas, peso de massa verde que não foi possível aproveitar, altura da planta (m)
e diâmetro do tronco a 20 de altura do solo (mm). De acordo com os resultados, a variedade
Ascolano apresentou melhores resultados do que Arbequina principalmente quando
enxertadas, e o acúmulo de massa verde total nas duas variedades avaliadas depende tanto do
método de obtenção de mudas, quanto das doses de adubação.
1700
1 INTRODUÇÃO
Estima-se que a área plantada de oliveira no mundo seja de 8,3 milhões de hectares,
com uma produção de azeitonas de 16 milhões de toneladas. A importância desta atividade
agrícola esta relacionado principalmente com a elaboração de azeite de oliva, cujo uso
moderado e habitual é considerado benéfico à saúde humana pela sua comprovada eficácia na
proteção de enfermidades cardiovasculares.
Na região mediterrânea, em países da Comunidade Econômica Européia, são
produzidos 82% do azeite de oliva de todo o mundo, sendo 26% obtidos na Espanha, os
maiores produtores mundiais, seguidos da Itália e Grécia com 18% e 14%, respectivamente.
A produção mundial de azeite de oliva, em 2004/2005, alcançou valores próximos de
3001,0 mil toneladas, movimentando cerca de 3,5 bilhões de dólares, sendo que estes países
respondem por quase 80% das exportações mundiais (Mesquita et al, 2006).
O Brasil ocupa o terceiro lugar como maior importador de azeitonas e o quinto em
azeite de oliva, entre os países importadores do mundo, somando aproximadamente 50 mil
toneladas, ao custo de 185 milhões de dólares anuais (CONAB, 2007).
O cultivo de oliveiras em Minas Gerais e no Brasil é uma atividade econômica em
expansão. Sua cadeia produtiva, ainda em organização, abrange três grandes áreas: (1) Apoio
e complementação I, antes da “entrada da unidade produtora”, estando incluído nesta fase
tecnologias geradas, produtos e processos necessários a produção, e principalmente obtenção
de mudas de qualidade; (2) Cultivo agrícola da oliveira, atividade relacionada a produção
agronômica propriamente dita ou dentro da unidade produtora; e finalmente (3) Apoio e
complementação II, focalizando a “saída da unidade produtora” ultima fase da atividade e
que esta relacionada com as ações inerentes a pós colheita, comercialização de produtos, etc.
Assim uma atividade especifica e que merece atenção da pesquisa seria o
estabelecimento de protocolos técnicos para a produção de mudas, pois em Minas Gerais e no
Brasil, não existem unidades produtoras de mudas de oliveira com padrão de qualidade e
quantidade, demandada para a instalação de novos e extensos olivais.
Com um mercado potencial estimado em 5 milhões de unidades, número este suficiente
para o plantio de apenas parte da área necessária para permitir o Brasil e particularmente
Minas Gerais iniciar nesta atividade, pretende-se com o presente trabalho adaptar e
disponibilizar tecnologias modernas, para dar suporte as unidades produtoras de mudas.
A propagação da oliveira sempre se deu por estaquia, entretanto quando se utilizam
propágulos de grande tamanho para a formação da muda em viveiro ou para plantio direto na
1701
área definitiva, são observadas desvantagens, como por exemplo, grande quantidade de
material vegetativo com obtenção de poucas mudas, não sendo por isso recomendados.
O recurso da enxertia foi utilizado, somente em algumas regiões de plantio com
experiência nesse sistema de propagação, realizado comumente para outras espécies
frutíferas, ou para modificar a variedade em olivais já estabelecidos. Entretanto apresenta
como desvantagem o longo tempo para obtenção da muda, pelo menos dois anos, e também a
falta de estudos sobre as relações enxerto e porta-enxerto.
Mudas de oliveiras de qualidade podem ser obtidas por enraizamento de estacas
semilenhosas, preparadas a partir de brotações de um ano, e que apresentam uma haste
principal com aproximadamente 80-100cm de altura. Entretanto este método exige
conhecimentos técnicos e instalações apropriadas, sendo estes fatores os principais
inconvenientes.
Este novo sistema de propagação de oliveira, empregado nos últimos 20 anos na maior
parte dos paises olivícolas, consta de três fases bem distintas: (1) enraizamento, durante o qual
se tem a emissão de raízes adventícias na base das estacas; (2) aclimatação, durante o qual se
promove o funcionamento do sistema radicular obtido na fase anterior, e (3) formação de
mudas em viveiro, para conseguir plantas formadas com um só caule, importante
característica da olivicultura moderna, (Caballero,1980; Caballero e Del Rio, 2004).
Resultados de pesquisa conduzidos anteriormente pela EPAMIG e com o apoio da
Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG, demonstraram a viabilidade
da produção de mudas de oliveira por estaquia a partir de ramos semilenhosos, entretanto,
com a necessidade de novos estudos, principalmente com o objetivo de melhorar a eficiência
da tecnologia, (Oliveira et al, 2006a; Oliveira et al 2006b; Oliveira et al, 2007).
Mais recentemente em trabalhos de pesquisa que estão sendo conduzidos objetivando a
clonagem de variedades de oliveira, também com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa
de Minas Gerais - FAPEMIG, explorando conceitos teóricos de juvenilidade e de vigor
vegetativo, são observados resultados promissores e com boas perspectivas para a melhoria da
qualidade de mudas obtidas e com alto rendimento de estacas por planta.
É importante considerar que a estaquia da oliveira, utilizando conceitos e diferentes
gradientes de juvenilidade têm como primeiro pressuposto, a identificação na planta, ou a
reversão da matriz adulta, que se pretende propagar ou de interesse comercial, em idade
produtiva, a apresentar fisiologicamente o caráter juvenil, o que embora trabalhoso, é possível
utilizando diferentes procedimentos.
1702
O conhecimento do fenômeno da retenção da juvenilidade nos tecidos da base do caule
de plantas provenientes de sementes (Bonga, 1985) permitiu o estabelecimento do primeiro
modelo básico, já amplamente aplicado à clonagem de plantas adultas de difícil enraizamento,
como eucalipto e macieira. Esse modelo consiste na obtenção de propágulos coletados de
brotos surgidos na base da planta, principalmente quando da utilização de artifícios, tais como
injúria mecânica nas raízes, anelamento na base do caule, poda drástica a poucos centímetros
do colo e aplicação de substâncias reguladoras de crescimento. Os brotos, oriundos dessa
região, tendem a apresentar características juvenis. Depois de enraizados, esses ramos formam
matrizes aptas a fornecer materiais por meio de podas sucessivas.
Muitas espécies lenhosas possuem a capacidade de emitir brotos juvenis como resultado
do corte do tronco ou de injúrias nele praticadas (Hartney, 1980; Kormanik & Brown, 1973)
sendo comum também em oliveira (Loussert & Brousse, 1980). Por outro lado para esta
espécie, estudos para reversão ao estagio juvenil com o objetivo de facilitar sua propagação
são inexistentes, pois nas regiões produtoras do mundo, há disponibilidade de grandes
quantidades de material para propagação oriunda de podas de produção realizadas a cada dois
anos, nas extensas áreas de plantio.
Por via assexuada ou vegetativa, a oliveira pode ser propagada por enxertia ou por
estaquia. Por não ter recebido estudos sobre a melhor combinação enxerto e porta-enxerto
para esta espécie, a propagação por enxertia é limitada. Entretanto foi muito difundida na
Itália, permitindo a obtenção de muitas mudas para a formação de olivais, na segunda metade
do ultimo século (Jacoboni, Battaglini & Perziosi, 1976).
Em estudos de relações recíprocas entre enxerto e porta-enxerto, Caballero & Del Rio
(1997), verificaram que em oliveira existe uma forte interação, que determina as
características agronômicas e pomologica da combinação utilizada. Segundo estes autores, os
ensaios realizados mostram que mediante o emprego de porta-enxertos se pode modificar
algumas características da árvore, a produção de azeitonas e azeite, e o peso médio da fruta
obtida. A direção das respostas é variável em função dos cultivares utilizados, justificando a
necessidade de estudos individuais de cada uma das possíveis combinações.
Segundo Fachinello et al. (1995) a condição nutricional da planta matriz afeta
fortemente o enraizamento. No que se refere ao teor de caboidratos, tem-se observado que
reservas mais abundantes correlacionam-se com maiores percentagens de enraizamento e
sobrevivência das estacas. Parecendo evidente que para melhores resultados no enraizamento
as plantas doadoras de propágulos devem estar bem nutridas com relação a fósforo, potássio,
cálcio e magnésio (Assis & Teixeira, 1998).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1703
Em função do exposto, este trabalho teve como objetivo, avaliar o desenvolvimento
fenolófico de clones de oliveira, sobre porta-enxertos provenientes de sementes e de estacas
enraizadas de oliveira, submetidos a diferentes doses de adubo em plantio adensado, a fim de
disponibilizar maior quantidade de estacas semilenhosas aptas a serem enraizadas a partir de
um pequeno número de plantas matrizes.
2 MATERIAL E MÉTODOS
1704
Para avaliação, as quatro plantas foram podadas a 20 cm de altura do solo sendo
anotados os seguintes parâmetros: comprimento médio de ramos (m), massa verde total
acumulada (peso em kg), rendimento em número de estacas com quatro nós (em torno de 8
cm de comprimento) e dois pares de folhas, peso de massa verde que não foi possível
aproveitar, altura da planta (m) e diâmetro do tronco a 20 de altura do solo (mm).
Os dados coletados foram analisados estatisticamente utilizando o programa NTIA
(EMBRAPA, 1997). O número estacas por planta foi transformado para ( x + 0,5) 1 2 , com
finalidade de proporcionar a normalidade dos erros.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com o resultado da análise de variância (Tabela 1), verifica-se que houve
efeito significativo para variedades e para método de obtenção das mudas para a variável
comprimento de ramos. Para o número de estacas, altura da planta e diâmetro do tronco houve
interação entre variedade e o método de obtenção, enquanto que para a massa verde total,
interação entre variedade, método de obtenção e doses de adubo.
Tabela 1. Resumo da análise de variância para comprimento de ramos (CR, m), número de
estacas (NE), massa verde total (MVT, kg), altura da planta (AP, m) e diâmetro do tronco
(DT, mm). EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
QM
1
FV GL CR NE MVT AP DT
Bloco (B) 4 0,064 8,561 0,236 0,576 116,760
Variedade (C) 1 6,784* 295,415 19,392 4,390 1966,537
Obtenção (M) 1 0,383* 13,230 1,059 0,015 168,337
Dose (D) 2 0,031 9,362 0,419 0,120 8,067
CxM 1 0,011 146,875* 8,008 1,276* 234,037*
CxD 2 0,101 3,887 0,134 0,682 12,600
MxD 2 0,030 4,319 0,033 0,031 33,650
CxMxD 2 0,065 10,185 1,310* 0,496 57,050
2
(C x M x D) x (B) 44 0,059 5,375 0,235 0,244 30,283
Planta:(B x C x M x D)3 180 0,015 1,459 0,060 0,115 18,526
CV 17,97 16,85 29,47 16,81 24,11
Média 0,689 7,16 0,830 2,02 17,85
Valores do número de estacas, x, transformados por ( x + 0,5) .
1 12 2, 3
Erro experimental e erro amostral,
respectivamente. * Significativo em 5% de probabilidade de erro.
1705
A variedade Ascolano apresentou melhor desempenho do que Arbequina em todas as
características agronômicas avaliadas. Teve em média ramos maiores (Tabela 2); maior
rendimento de estacas com quatro nós e plantas de porte mais elevado, principalmente aquelas
obtida de mudas enxertadas sobre estacas enraizadas (Tabela 3 e Tabela 4). Quanto ao
diâmetro do tronco, a Ascolano apresentou maior desempenho, tanto em plantas enxertadas
sobre porta-enxertos originados de semente quanto obtidas por estaquia (Tabela 5).
Na Tabela 2, também é possível observar que, independente da varieades e das doses de
adubo, as plantas apresentaram em média maior comprimento de ramos quando enxertadas
sobre porta-enxertos provenientes de sementes.
Tabela 2. Médias do comprimento de ramos (CR, m) para clones de oliveiras e para métodos
de obtenção. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Variedades Média Métodos de obtenção Média
Ascolano 0,8575 a Semente 0,7293 a
Arbequina 0,5212 b Estaquia 0,6494 b
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.
Tabela 3. Médias do número de estacas (NE) para variedades de oliveiras e para métodos de
obtenção. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Variedades
Métodos de obtenção Ascolano Arbequina
Semente 7,26 (52,21)1 b A 6,60 (43,06) a A
Estaquia 9,29 (85,80) a A 5,51 (29,86) a B
Médias originais (não transformadas por ( x + 0,5) ). Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical
1 12
e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.
Tabela 4. Médias da altura da planta (AP, m) para clones de oliveiras e para métodos de
obtenção. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Variedades
Métodos de obtenção Ascolano Arbequina
Semente 2,09 a A 1,96 a A
Estaquia 2,22 a A 1,80 a B
Médias originais (não transformadas por ( x + 0,5) ). Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical
1 12
e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.
1706
Tabela 5. Médias do diâmetro do tronco (DT, mm) para clones de oliveiras e para métodos de
obtenção. EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Variedades
Métodos de obtenção Ascolano Arbequina
Semente 20,57 a A 16,82 a B
Estaquia 20,87 a A 13,17 a B
Médias originais (não transformadas por ( x + 0,5) ). Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical
1 12
e da mesma letra maiúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.
Tabela 6. Equações de regressão da massa verde total (MVT=Y, kg) versus doses de adubo
(X, g). EPAMIG, Maria da Fé-MG, 2007.
Métodos de obtenção / Ascolano
variedade Equações de regressão1 R2
Semente Y = 2,9080 − 0,0278X + 0,0001X 2 100
Estaquia Y = −0,6460 + 0,0294X − 0,0001X 2 100
Arbequina
Métodos de obtenção/clone
Equações de regressão1 R2
Semente Y = −2,13 + 0,0404X − 0,0001X 2 100
Estaquia Y = 0,7857 − 0,0024X 0,9691
1
X varia de 100 a 200.
Sendo assim, por meio das equações ajustadas, pode-se estimar a quantidade de massa
verde total acumulada nas duas variedades, considerando-se o método de obtenção das mudas,
para uma dose de adubo formulado 20-05-20. Por exemplo, a massa verde total acumulada,
após um ano de plantio, para a variedade Ascolano obtido por enxertia em semente de oliveira
ao aplicar 100 g de adubo 20-05-20 é de aproximadamente 1,13 kg, e para Arbequina, 0,91
kg. Essas estimativas estão próximas aos valores experimentais observados, evidenciando a
tendência de maior acumulo de massa verde pela variedade Ascolano (Figura 1).
1707
1,4
Ascolano Arbequina
Clone/Método de obtenção
Figura 1. Médias de massa verde total (MVT, kg) das variedades Ascolano e Arbequina sobre
porta-enxertos de semente (Sem.) e de estaquia (Est.) e diferentes doses de adubação:
formulado 20-05-20 (D1 = 100, D2 = 150 e D3 = 200 g).
4 CONCLUSÃO
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, T. F.; TEIXEIRA, S. L. Enraizamento de plantas lenhosas. In: TORRES, A C.;
CALDAS, L. S.; BUSO, J. A (ed.). Cultura de tecidos e transformação genética de
plantas. Brasilia: Embrapa-SPI/Embrapa-CNPH, 1998. p. 261-296.
1708
Ambiente de software NTIA, versão 4.2.2: manual do usuário – ferramental estatístico.
Campinas: EMBRAPA/CNPTIA, 1997. 258p.
JACOBONI, N.; BATTAGLINI, M.; PERZIOSI, P. Propagación del olivo. In: FAO; INIA.
Olivicultura Moderna. Madrid: Agrícola Española, 1976. cap. 6, p. 150-169.
1709
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA (RICINUS COMMUNIS
L.), CULTIVAR IAC-80, SUBMETIDA SECAGEM CONTÍNUA A
TEMPERATURA DE 50ºC EM SECADOR DE CAMADA FIXA
Palavras-Chave: IAC 80, Ricinus communis L., secagem, teor de água, taxa de redução.
1710
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que na secagem de produtos agrícolas em secadores são admitidos tempos de
descanso do produto por algumas horas, variando o tempo para cada tipo. Esse tempo é uma
forma de revolver o produto ou uma forma técnica para desligar o secador durante a noite, ou
possivelmente ocorrer uma melhor redistribuição dessa água. A partir desse conhecimento a
um tempo de repouso pode possivelmente acelerar a remoção de água num tempo menor de
uso do secador. Tal remoção de água de um produto pode ser obtida pelo cálculo da taxa de
redução de água. Essa taxa é a relação da perda de água por matéria seca do produto por hora
(Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)). Conhecendo esses resultados pode-se plotar
gráficos e consequentemente calcular a quantidade de água removida durante a secagem,
levando em conta sua área. E sabe-se que pelo estudo da geometria, a área é um numero que
sugere o tamanho de uma região limitada, o que valida para o comportamento da secagem
com cálculo da quantidade de água removida.
Com o uso de parâmetros como a temperatura da massa do produto ou do ar de
secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto, é fundamental na determinação
da taxa de redução de água, definida como a quantidade de água que um determinado produto
perde, por unidade de matéria seca, por unidade de tempo. O que representa uma ferramenta
de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o processamento de
seu produto. Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de
água da mamona cultivar IAC-80, através da secagem, em secador de leito fixo com fluxo de
ar ascendente, à temperatura de 50ºC, conduzida sem intervalos de repouso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras – MG e na Unidade de
Beneficiamento e Secagem (UBS) do Departamento de Agricultura. Foram utilizados frutos
de mamona (Ricinus communis L.) da variedade IAC-80 (Figura 1). Os frutos no início da
secagem apresentaram umidade inicial de 68,50 % b.u. Foram adicionados em cada bandeja
1,0 Kg de frutos em média (Figura 4).
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura a 50ºC.
1711
Figura 1 - Cultivar IAC-80
Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi
necessário regular no painel digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em
questão (Figura 5).
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar IAC – 80 utilizou um protótipo de
secador experimental de leito fixo de fluxo ascendente (Figura 6). O secador apresenta uma
resistência elétrica (Figura 2), que por meio de um ventilador insufla o ar aquecido pela
resistência e ao passar pelos frutos retira a água livre dos mesmos. O alto custo energético de
um secador elétrico torna essa operação imprópria para sua utilização comercial. Como o
próprio nome o relaciona, este secador experimental apresenta a facilidade de uso para
conhecer o comportamento de secagem de acordo com a temperatura de interesse.
1712
Figura 5-Painel digital Figura 6 - Secador experimental Figura 7 - Regulando o secador
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum, em
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992).
Para a determinação da umidade, os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes, e
colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona
cultivar IAC-80 apresentada no início da secagem, foi de 68,50 % b.u..
Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem aproximadamente invariáveis. Para cada temperatura
foram realizadas 4 repetições. As temperaturas da massa de frutos foram medidas por meio de
termopares tipo J, colocados no centro da massa, para controlar a temperatura de 50ºC. Para
minimizar uma possível diferença de temperatura e fluxo de ar de secagem entre as quatro
divisões, decorrente da posição das resistências no plenum e da aerodinâmica do secador
respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas, obedecendo ao sentido de rotação
destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura do ar de secagem foi fixada, de
maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos para a massa de mamona, de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1713
acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O monitoramento da
temperatura e umidade relativa do ar ambiente, durante a secagem dos frutos de mamona foi
registrado por um termohigrógrafo (Figura 11). Utilizou-se o anemômetro digital, para medir
e regular a velocidade do ar de secagem que passa pela massa de frutos.
Após a secagem completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e
pelo peso constante.
Para acompanhamento da redução de água, e para a obtenção das curvas de taxa de
redução de água, durante o processo de secagem mecânica, foi utilizada a seguinte equação de
taxa de redução de água, de acordo com a equação 1.
1714
( Ma − Mat )
TRA = , equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Onde:
TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)
Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)
A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.
Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
1715
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:
Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) , equação 3
Onde:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a temperatura na massa de frutos durante todo o período de secagem
conheceu-se a quantidade de água que a cultivar IAC-80 perde, por unidade de matéria seca,
por unidade de tempo.
0,72
0,68
0,64
0,6
0,56
0,52
Kg de água/Kg de matéria seca*hora
0,48
0,44
0,4
0,36
0,32
0,28
0,24
0,2
0,16
0,12
0,08
0,04
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (h)
Temperatura de 50ºC
1716
razão da remoção da água presente na casca. A partir de 10 horas de secagem essa taxa foi
bem inferior estendendo-se até 17,5 horas. Tal conhecimento do comportamento da taxa de
redução de água pelo Gráfico 1 leva-nos a questionar se um tempo de repouso permitiria a
remoção mais rápida dessa quantidade de água dos frutos, por unidade de matéria seca,
reduzindo o tempo de secagem, alem do tempo de exposição dos frutos a essa temperatura e a
possível redução no gasto energético.
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,92 é a
área conhecida. Com isso a quantidade de água removida pode ser calculada pelo produto da
área x matéria seca do produto como se observa na Tabela 2.
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
Equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,922 é
a área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca de encontra o valor da água
removida de 0,605 kg durante a secagem desta cultivar.
4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir:
Nas primeiras 4 horas apresentou os maiores valores de taxa de redução de água. Os
maiores valores de taxa de redução de água nas primeiras horas foram devido à água presente
na casca.
A partir de 10 horas de secagem a taxa de redução de água foi bem inferior estendendo-
se até 17,5 horas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
1717
Marques, E. R.; Alterações químicas, sensoriais e microscópicas do café cereja
descascado em função da taxa de remoção de água Dissertação de Mestrado. Lavras :
UFLA, 2006. 85 p.
1718
COMPORTAMENTO DA SECAGEM DA MAMONA (Ricinus communis L.)
CULTIVAR IAC-80 COM TEMPO DE REPOUSO EM SECADOR TIPO
CAMADA FIXA
1719
1 INTRODUÇÃO
A mamona, que é vista como parte importante do projeto do biodiesel nacional, vem
sendo alternativa como fonte de energia e renda, por ser fixadora de mão-de-obra, bem como
geradora de emprego e de matéria-prima (Embrapa, 1997). O início do processo de secagem
de produtos agrícolas ocorre logo após a maturação fisiológica do produto, quando este
apresenta elevado teor de água. Desta forma, o processo de secagem torna-se bastante
demorado, pois os frutos apresentam um teor de água após a colheita. Isso indica que o teor de
água pode ser um indicador preciso do nível de maturidade para a colheita e beneficiamento
dos grãos (DESAI, 1997). Portanto, o conhecimento desse parâmetro permite a escolha do
procedimento mais adequado para a colheita, a secagem, o beneficiamento e armazenamento
da semente e a preservação de sua qualidade física, fisiológica e sanidade (Marcos Filho et al,
1987). Sabendo disso, nos dias atuais, no campo, não se espera que a própria natureza
controle o tempo de produção. Esperar que a produção só dependa do clima e fique a mercê
de intempéries, como dias chuvosos ou de pouca insolação, podem tanto prejudicar a
qualidade, quanto retardar o tempo de colheita. Sabe-se que a demanda elevada para escoar os
produtos, vem a estimular ainda mais a busca de tecnologias no sentido de otimizar esse
tempo. O uso de sistemas de secagem é uma forma de acelerar a etapa de pós-colheita para
qualquer produto agrícola. Da mesma forma que outros produtos como a soja, milho, café,
girassol, trigo, arroz, a demanda para escoar esse produto no campo, vem a estimular a busca
de tecnologias no sentido de reduzir o tempo na etapa de pós-colheita. Dentre os sistemas de
secagem, os secadores mecânicos podem ser uma boa escolha para acelerar a secagem,
objetivando a eficácia do processo. Segundo Silva & Lacerda Filho, (1990), a secagem em
secador de leito fixo é uma boa opção e de fácil operação. O produto permanece num
compartimento de fundo perfurado, por onde passa o ar de secagem insuflado por um
ventilador. Na secagem em camada fixa, a temperatura do ar é muito superior à temperatura
do ambiente (acima de 10ºC) e a camada de produto é geralmente é inferior a 1,0 m. O
controle do ar aquecido dependerá do combustível utilizado e da forma de condução da
secagem. O aquecimento do ar pode ser realizado por diferentes combustíveis, utilizando
daquele que resulte no melhor aproveitamento do secador. O resultado dessa secagem é
descrito por uma curva levando em conta a redução da água do produto em relação ao tempo.
Alguns autores estudaram a cinética de secagem de algumas cultivares de mamona,
apresentando a velocidade de secagem distinta para cada cultivar, isso devido ao seu aspecto
físico e da umidade apresentada pelo produto, do tipo de secador e da temperatura de secagem
1720
escolhida. Correa (2006) estudando a cinética de secagem da cultivar IAC-80. Teramoto et al
(2006), estudando o tempo de secagem para a cultivar IAC80. Cada qual com uma
determinada cultivar e teor de água inicial, além do tipo de secador utilizado.
Torna-se, portanto, necessário estudar os parâmetros de secagem desta cultivar,
observando a velocidade de secagem do produto. A maioria das informações disponíveis
associada à secagem da mamona, relacionada à secagem mecânica, ainda são escassos
(Correa, 2006), mas é um avanço quando comparada a secagem mecânica em café, cultura
essa já implantada há muito tempo e ainda hoje sendo avaliados secadores para tal cultura e,
devido a cultura da mamona estar sendo mais estudada a menos tempo. O tempo de secagem
também é um fator importante quando se fala em custos, sendo longos períodos refletindo em
gasto de combustível, seja ele gasto com lenha, GLP, elétrico, etc. Um tempo de repouso
poderia facilitar a remoção de água do produto e responder a um tempo menor de secagem e
uma maior remoção de água do produto. Para alguns produtos agrícolas, determina-se um
intervalo de revolvimento do produto, o que garante uma homogeneização (Silva & Lacerda
Filho, (1990). Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a cinética de secagem
da mamona cultivar IAC-80, submetida a temperatura de 50ºC, em secador de leito fixo com
tempo de repouso de 1 hora a cada 2,5 horas de secagem.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) da cultivar IAC-80 (Figura 1).
Os frutos no início da secagem apresentaram umidade inicial de 68,50 % b.u. Foram
adicionados em cada bandeja 1,0 Kg de frutos em média.
1721
Figura 1 - Cacho de IAC-80 Figura 2 - Secador experimental
1722
controlar a temperatura de 50ºC (Figura 3). Para minimizar uma possível diferença de
temperatura e fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões, decorrente da posição das
resistências no plenum e da aerodinâmica do secador respectivamente, foi realizado um
rodízio das bandejas, obedecendo o sentido de rotação destas, sendo este feito a cada 30
minutos. A temperatura do ar de secagem foi fixada, de maneira a obter os valores médios de
temperatura estabelecidos para a massa de frutos, de acordo com a temperatura lida pelo
termopar em meio digital. O monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar
ambiente durante a secagem dos frutos de mamona, foi registrado por um termohigrógrafo
(Figura 4). Para medir e regular a velocidade do ar de secagem que passa pela massa de
frutos, foi utilizado o anemômetro digital (Figura 5).
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. A umidade foi determinada em estufa comum,
em temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Com a finalidade de determinar a
umidade dos frutos da cultivar, foram cortados em 4 partes e colocadas 10 gramas do produto
com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona cultivar IAC-80, apresentada na
colheita, foi de 68,50 % b.u.
Os dados foram utilizados para a plotagem das curvas de secagem. Após a secagem
completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e pelo peso constante.
Pa
U bs = × 100 , equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps , equação 2
1723
Onde:
Pa: Peso de água
Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa
Um tempo de repouso de 1 hora a cada 2,5 horas de secagem, foi realizado para
conhecer o comportamento de secagem da mamona cultivar IAC-80. O que significa um
tempo em que o operador terá para revolver o produto no leito de secagem. Não foram
adotados períodos de repouso para todos os tratamentos.
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 3
(Ui − Uf )
Ma = × Mu , equação 3
(100 − Uf )
em que:
Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida
A secagem contínua dos frutos somente foi interrompida, quando a mamona cultivar
IAC-80 atingiu o peso constante.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o interesse em se obter uma curva de secagem completa, os experimentos foram
conduzidos até que se obtivesse uma massa constante na pesagem dos frutos. Verificando os
dados coletados a cada pesagem, e transformando a partir da umidade inicial da cultivar IAC-
80, conheceu-se o teor de água a cada pesagem do produto.
De acordo com a temperatura na massa de frutos, durante todo o período de secagem,
conheceram-se os efeitos no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do
tempo. Após a coleta dos dados, foi calculada uma média das 4 repetições, e plotado o gráfico
da cinética de secagem da cultivar IAC-80 com período de repouso.
1724
Foi variado o teor de água de 68,5% para a 8%b.u., o que significa uma redução em
massa, de 1000 gramas para aproximadamente 355 gramas, sendo retirado 645 gramas de
água do produto.
Observa-se que no período inicial o produto se encontra completamente úmido, e a água
escoa com mais facilidade. Por isso o tempo de repouso nos primeiros instantes não é tão
necessário, como se percebe a perda de água na redução de massa na gráfico 1.
CINÉTICA DE SECAGEM
SECAGEM COM REPOUSO
1200
1000
800
Massa (g)
600
400
200
0
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200
Tempo (min)
4 CONCLUSÃO
O tempo de repouso de 1 hora a cada 2,5 horas de secagem possibilitou um uso de
secador de 780 minutos para a secagem completa.
1725
O repouso é importante no revolvimento e homogeneização da massa de frutos da
cultivar IAC 80.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
DESAI, B.B; KOTECHA, P.M; SLUNKHE, D.K. Seeds handbook – Biology, Prodution,
Procesing and Storage. New York: Marcel Dekker Inc, 1997, 627 p.
MARCOS FILHO, J.; CÍCERO, S.M.; SILVA, W.R.. Avaliação da Qualidade das
Sementes. Piracicaba: FEALQ, 1987, 230 p.
1726
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA NA SECAGEM DA MAMONA,
CULTIVAR IAC-80, SUBMETIDA À TEMPERATURA DE 50ºC COM
INTERVALO DE REPOUSO EM SECADOR DE CAMADA FIXA
1727
1 INTRODUÇÃO
O processo de secagem de alguns produtos agrícolas como a mamona torna-se bastante
demorado principalmente quando os frutos apresentam um teor de água muito elevado
durante a colheita. Tal conhecimento da secagem, a torna importante devido à temperatura
escolhida, ao fluxo de ar e à umidade relativa do ar de secagem, pois pode influenciar no
tempo de exposição dos frutos no secador. A remoção de água de um produto pode ser obtida
pelo cálculo da taxa de redução de água. Essa taxa é a relação da perda de água por matéria
seca do produto por hora (Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)). Conhecendo esses
resultados pode-se plotar gráficos e consequentemente calcular a quantidade de água
removida durante a secagem, levando em conta sua área. E sabe-se que pelo estudo da
geometria, a área é um numero que sugere o tamanho de uma região limitada. Para regiões
simples, como retângulos, triângulos e círculos, a área pode ser determinada por uma formula
geométrica, o que valida para o comportamento da secagem com cálculo da quantidade de
água removida.
Com o uso de parâmetros como a temperatura da massa do produto ou do ar de
secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto, é fundamental na determinação
da taxa de redução de água, definida como a quantidade de água que um determinado produto
perde, por unidade de matéria seca, por unidade de tempo. O que representa uma ferramenta
de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o processamento de
seu produto. Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de
água da mamona cultivar IAC-80, submetida a temperatura de 50ºC, em secador de leito fixo,
com intervalos de repouso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar IAC-80.
Os frutos no início da secagem apresentaram umidade inicial de 68,50 % b.u. Foram
adicionados em cada bandeja 1,0 Kg de frutos em média.
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura a 50ºC.
1728
Figura 1- ultivar IAC-80 Figura 2- rutos no secador Figura 3 - Painel de controle
Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi
necessário regular no painel digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em
questão.
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar IAC – 80 foram utilizados um protótipo
de secador experimental de leito fixo de fluxo de ar ascendente.
1729
O secador experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992).
Para a determinação da umidade, os frutos da cultivar IAC-80 foram cortados em 4
partes e colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da
mamona cultivar IAC-80, apresentada no início da secagem foi de 68,50 % b.u..
Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até que a
massa dos recipientes permanecessem aproximadamente constantes. Para cada temperatura
foram realizadas 4 repetições. As temperaturas da massa de frutos foram medidas por meio de
termopares tipo J, colocados no centro da massa de frutos, com o objetivo de controlar a
temperatura, mantendo-a a 50ºC. Para minimizar uma possível diferença de temperatura e
fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no
plenum e da aerodinâmica do secador respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas,
obedecendo ao sentido de rotação destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura
do ar de secagem foi fixada, de maneira a obter os valores médios de temperatura
estabelecidos para a massa de mamona, de acordo com a temperatura lida pelo termopar em
meio digital. O monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar ambiente, durante
a secagem dos frutos de mamona, foi registrado por um termohigrógrafo. Foi utilizado o
anemômetro digital, para medir e regular a velocidade do ar de secagem que passa pela massa
de frutos.
1730
Figura 9-Frutos no secador Figura 10-Medidor digital Figura 11-Termohigrógrafo
Após a secagem completa, foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pelo
método da estufa e pelo peso constante.
Para acompanhamento da redução de água, e para a obtenção das curvas de taxa de
redução de água, durante o processo de secagem mecânica, foi utilizada a seguinte equação de
taxa de redução de água, de acordo com a equação 1.
( Ma − Mat )
TRA = , equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Em que:
TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)
Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)
A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.
em que:
MU: Massa Úmida (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1731
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:
Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a temperatura constante na massa de frutos, durante todo o período de
secagem conheceu-se a quantidade de água que a cultivar IAC-80 perdeu, por unidade de
matéria seca, por unidade de tempo.
1732
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA IAC-80
COM PERÍODO DE REPOUSO
0,68
0,64
0,6
0,56
0,52
Kg de água/Kg de matéria seca*hora
0,48
0,44
0,4
0,36
0,32
0,28
0,24
0,2
0,16
0,12
0,08
0,04
0
0 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20
Tempo (h)
Temperatura 50ºC
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,887 é a
1733
área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca de encontra o valor da água
removida de 0,594 kg durante a secagem desta cultivar.
4 CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos no presente trabalho, permiti-se obter as seguintes
conclusões:
A taxa de redução de água, à temperatura de 50ºC, obteve as maiores perdas de água no
período inicial de secagem.
Os maiores valores de taxa de redução de água nas primeiras horas foram devido a água
presente na casca.
Em todos os repousos após o segundo os picos de taxa de redução de água foram
próximos mantendo uma cadência.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
1734
OTIMIZAÇÃO DA SECAGEM DA MAMONA CULTIVAR IAC-80 COM
DUAS METODOLODIAS DE SECAGEM
1735
1 INTRODUÇÃO
O uso de sistemas de secagem é uma forma de acelerar a etapa de pós-colheita para
qualquer produto agrícola. Para tal sistema de secagem, os secadores mecânicos podem ser
uma boa escolha para acelerar a secagem, objetivando a eficácia do processo de secagem. A
secagem em secadores de camada fixa segue recomendações para cada tipo de produto, de
acordo com suas características e finalidades. Alguns parâmetros de secagem para secador de
camada fixa, dependem de sua finalidade para semente, consumo, ou ração, sendo o tempo de
revolvimento dos produtos agrícolas um tempo pré-determinado, em que o operador deve
desligar o ventilador e revolver a massa de grãos por meio de uma pá, com a finalidade de
homogeneizar a umidade da massa de grãos (Silva & Lacerda Filho, 1990).
Esse tempo de revolvimento pode ser caracterizado um tempo de descanso em relação à
secagem do produto. E para a mamona ainda não foi definido um tempo de descanso no
secador, e nem o seu estudo quanto esse tempo. Quanto ao teor de água, Silva (2000) cita que
a secagem de produto com alta umidade, gera um gasto de energia maior na secagem. Outro
fato, é que o tempo de secagem pode variar de acordo com as características físicas dos
produtos, teor de água, casca, produto amiláceo ou oleaginoso, etc. Desta forma, produtos
com ou sem casca variam sobre o tempo de secagem dos produtos agrícolas. Grãos
desprovidos das camadas protetoras (sementes nuas) secam mais rapidamente do que aqueles
que apresentam estrutura integral (Silva 2000). Um mesmo produto, com as mesmas
características, pode alterar o tempo de secagem, também quando exposto a condições
distintas de secagem. A condição para que o produto seja submetido ao processo de secagem
é que a pressão de vapor sobre a superfície do produto (pg), seja maior do que a pressão do
vapor d’água no ar de secagem (p ar), ou seja p grão > p ar.(Silva 2000).
Torna-se necessário estudar os parâmetros de secagem da mamona, observando a
velocidade de secagem do produto. A maioria das informações disponíveis associada à
secagem da mamona relacionada à secagem mecânica ainda são escassos (Correa, 2006), mas
é um avanço quando comparada a secagem mecânica em café, cultura essa já implantada há
muito tempo, e ainda hoje sendo avaliados secadores para tal cultura, e também devido a
cultura da mamona estar sendo mais estudada há menos tempo. Da mesma forma que outros
produtos, como a soja, milho, café, girassol, trigo, arroz, a demanda para escoar esse produto
no campo, vem a estimular a busca de tecnologias no sentido de reduzir o tempo na etapa de
pós-colheita da mamona. Para tal sistema de secagem, os secadores mecânicos podem ser uma
boa escolha para acelerar a secagem, objetivando a eficácia do processo de secagem.
1736
O tempo de secagem também é um fator importante quando se fala em custos, sendo,
longos períodos refletindo em grandes gastos de combustível, seja este combustível lenha,
GLP, elétrico, etc. O produtor visa o menor custo para aderir a tecnologias, e a otimização da
secagem vem a oferecer essa redução de custos. Um tempo de repouso, poderia facilitar a
remoção de água do produto, e responder a um tempo menor de secagem e uma maior
remoção de água do produto. Enfim, este trabalho foi conduzido a fim de determinar o
comportamento da secagem da mamona cultivar IAC-80, submetida a temperatura de 50ºC,
em secador de leito fixo, com secagem contínua e com tempo de repouso de 1 hora a cada 2,5
horas de secagem.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) da variedade IAC-80, colhidos em experimento na própria universidade.
Os frutos no início da secagem, apresentaram umidade inicial de 68,50 % b.u. Foram
adicionados em cada célula 1,0 Kg de frutos em média com esta umidade inicial.
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura (50ºC).
Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi necessário
regular no painel digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em questão.
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar IAC – 80, foi utilizado um protótipo de
secador experimental de leito fixo de fluxo de ar ascendente (Figura 1). O secador apresenta
uma resistência elétrica, e por meio de um ventilador insufla o ar aquecido pela resistência e
ao passar pelos frutos retirando a água livre dos mesmos. O alto custo energético de um
secador elétrico torna essa operação imprópria para sua utilização comercial. Como o próprio
nome o relaciona, este secador experimental apresenta a facilidade de uso para conhecer o
comportamento de secagem de acordo com a temperatura de interesse.
O secador experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:
1737
Tabela 1 - Caracterização do secador experimental
Tipo de secador leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. A umidade foi determinada em estufa comum
(Figura2), em temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Para a determinação da
umidade, os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes, e colocadas 10 gramas do produto
com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona cultivar IAC-80, apresentada na
colheita foi de 68,50 % b.u..
Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente, e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem aproximadamente constante (Figura3).
1738
monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar ambiente durante a secagem dos
frutos de mamona foi registrado por um termohigrógrafo (Figura 5). Para medir a velocidade
do ar de secagem que passa pela massa de frutos, foi utilizado o Anemômetro digital (Figura
6).
Após a secagem completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e
pelo peso constante. Os dados foram utilizados para a plotagem das curvas de secagem para
cada tratamento.
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps equação 2
Em que:
Pa: Peso de água
Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa
Um tempo de repouso de 1 hora, a cada 2,5 h de secagem, foi realizado para conhecer o
comportamento de secagem da mamona cultivar IAC-80, em relação ao secador com secagem
contínua.
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 2
1739
(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 3
(100 − Uf )
em que:
Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida
A secagem foi interrompida, quando a mamona cultivar IAC-80 atingiu o peso
constante. Ao final os dados foram submetidos ao teste de Tukey com o software Sisvar para
comparar as duas metodologias de secagem.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a temperatura na massa de frutos, durante todo o período de secagem,
conheceram-se os efeitos no seu comportamento, observando a perda de água no decorrer do
tempo.
Os frutos sob secagem sem interrupções apresentaram a casca rígida com certa
dificuldade em remover a casca manualmente, comparada por observações feitas com os
frutos que são secos na planta e no terreiro convencional, e também aos secados com um
tempo de repouso no secador, no qual apresentaram a casca maleável e fácil de retirar a
semente manualmente e na máquina de beneficiamento.
Possivelmente na secagem contínua ocorreram alterações químicas na casca devido à
longa exposição ao calor, o que a tornou enrijecida além de impedir a transferência de água no
interior dos frutos.
1740
Após a secagem dos frutos da mamona, plotou-se a curva de secagem da cultivar para as
4 repetições de cada método de secagem (Figura 8), para a observação da perda de peso
devido a remoção de água.
Observa-se que no período inicial, o produto se encontra completamente úmido, e a
água escoa com mais facilidade, por isso o tempo de repouso nos primeiros instantes não é tão
necessário. Como se percebe a perda de água na redução de massa na Figura 9 da secagem
contínua e repouso.
1100
1050
1000
950
900
850
800
750
700
650
Massa (g)
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200
Tempo (minutos)
Percebeu-se que o comportamento da secagem dos frutos para cada um dos métodos
foram uniformes entre si, e que o rodízio das bandejas foram eficientes nas 4 repetições. A
secagem contínua e repouso caminharam em patamares distintos principalmente no inicio da
secagem devido ao tempo de repouso e se igualando ao longo da secagem.
1741
CURVA MÉDIA DE SECAGEM CULTIVAR IAC-80
1200
1000
800
Massa (g)
600
400
200
0
0 150 300 450 600 750 900 1050 1200
Tempo (min)
Figura 9 - Curva média de secagem da cultivar IAC 80 a 50ºC com secagem contínua e tempo
de repouso.
1742
demonstra com isso um menor tempo efetivo de secador e consequentemente menor consumo
de energia.
Para que haja uma maior confiabilidade nessas observações desses tratamentos, uma
comparação estatística foi realizada, sendo a interação cultivar X Tempo significativa, o que
comprova todo o comportamento da secagem ao longo da secagem.
Observou-se que, nos primeiros 120 minutos de secagem, não houve diferença
significativa, isso é fato pela mesma forma de condução de secagem até o tempo em questão.
Após o primeiro tempo de repouso aos 120 minutos, até o tempo de 780 minutos houve
diferença significativa em que a secagem contínua sempre esteve a frente da secagem com
repouso. No tempo de 690 minutos não houve mais diferença significativa entre os dois
métodos. Isso indica que com repouso, ou seja, com menor uso de secador, nesse tempo foi
mais econômico no que se refere a consumo de energia. É importante ressaltar que no tempo
de 930 ao 1050 minutos, não havendo diferença estatística, o repouso acusou um valor um
pouco abaixo da secagem contínua, o que comprova que o método é mais viável.
Foi realizada após a análise de regressão a curva de secagem dos dados estimados para a
secagem contínua e repouso.
1000
800
Massa (g)
600
400
200
0
0 150 300 450 600 750 900 1050
Tempo (minutos)
Figura 10 - Curva média de secagem da cultivar IAC 80 a 50ºC com secagem contínua e
tempo de repouso.
1743
4 CONCLUSÃO
A maior perda de água na secagem contínua ocorreu da fase inicial da secagem até 600
minutos.
A secagem da cultivar IAC-80 apresentou um tempo de 17,5 horas para a secagem
contínua e 13 horas para a secagem com repouso de 1 hora.
O tempo de repouso possibilitou um menor uso de secador devido a maior remoção de
água no período.
O repouso é importante no revolvimento e homogeneização da massa de frutos.
A secagem contínua influenciou de forma negativa o beneficiamento por enrijecer a sua
casca.
O repouso não influenciou no beneficiamento, sem alterar significativamente a
resistência da sua casca a força para o seu cisalhamento.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
CORRÊA, J. L. G.; Nascimento, F. R.; Neto, P. C.; Fraga, A. C.. Cinética de secagem de
frutos de mamona (Ricinus communis L.) variedade IAC 80, III Congresso Brasileiro de
Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biodiesel, Varginha, 2006, Anais... em CD Rom.
SILVA, J.S. Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. ed.1 Viçosa: Aprenda Fácil,
2000.
1744
PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM MATO GROSSO: UMA AVALIAÇÃO DE
ALGUNS INDICADORES DA EFICIÊNCIA DO PROCESSO
1745
1 INTRODUÇÃO
Nas safras 2004/2005 e 2005/2006, na agricultura de Mato Grosso, presenciou-se a
utilização de óleos de soja (OS), girassol (OG) e algodão(OA), puros ou em mistura com o
diesel, como combustíveis de máquinas agrícolas. Os relatos de problemas causados aos
motores pelo uso desses combustíveis, provocaram um movimento em direção à produção e
uso do biodiesel. Ao implementar a opção de produzir o próprio combustível, os produtores se
depararam com um obstáculo: a ausência de conhecimentos sobre produção e uso de biodiesel
dentro da organização rural. Cooperativas e consórcios de médio e grande porte o
contornaram através de consultorias e da aquisição de pacotes tecnológicos. Empresas
isoladas e pequenas cooperativas se aventuraram em tentativas empíricas de produção de
biodiesel, guiadas por receitas de eficiência duvidosa e pela decisão de diminuir os custos de
produção utilizando matéria prima barata.
Nesse contexto, o presente trabalho apresenta um panorama da qualidade do biodiesel
produzido em unidades rurais de Mato Grosso, enfatizando duas características que refletem
a eficiência do processo adotado ─ o teor de glicerina total e o índice de acidez2.
2 MATERIAL E MÉTODOS
As amostras de biodiesel foram coletadas diretamente de tanques de armazenamento de
combustíveis das plantas de produção e acondicionadas a 15 ± 5oC durante o transporte até o
laboratório. O teor de glicerina total foi determinado segundo o método ASTM D 6584 e o
índice de acidez segundo a norma NBR 14448.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As unidades adotam o processo de produção por batelada, via rota metílica alcalina
(NaOH ou KOH) e utilizam óleos vegetais in natura ou sebo com elevada acidez (1,5 a 4%
AGL).
Caracterizam-se pela inexperiência de produção, pela inexistência de controle de
qualidade da matéria prima e pela ausência de profissionais da área de Química. A quase
totalidade das unidades (91%) produz um combustível vegetal que não atende às
especificações técnicas estabelecidas pela ANP para o biodiesel em relação as características
avaliadas. Os elevados teores de glicerina total são indicadores de reações incompletas e de
inadequações nos processos de separação e lavagem. A elevada acidez revela inadequações na
temperatura, tempo de reação e primeira lavagem1 (geralmente com ácido cítrico) ou a
1746
presença de AGL’s provenientes da decomposição do biodiesel, em presença de água, durante
armazenamento2. A tabela 1 contém os resultados obtidos para as características avaliadas,
categorizados por região do Estado de Mato Grosso.
4 CONCLUSÃO
A inadequada qualidade do biodiesel produzido nas unidades rurais de Mato Grosso
está relacionada à baixa qualidade da matéria prima e à ausência de conhecimentos técnicos
na organização rural para efetivação das etapas industriais de produção.
Para os profissionais da Química ela revela um fato animador: a abertura do mercado de
trabalho na competitiva e tecnificada área rural do Estado de Mato Grosso.
5 REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS
MAHAJAN, S.; KONAR, S.K.; BOOCOCK, D.G.B.; J Am Oil Chem Soc, 84, 189-195,
2007.
1747
VAN GERPER, J.; SHANKS, B.; PRUZKO, R.; CLEMENTS, D.; KNOTHER, G.
NREL/SR – 510-36244, 2004
1748
UTLIZAÇÃO DE OLEAGINOSAS EM ÁREAS DE RENOVAÇÃO DE
CANAVIAL
1749
1 INTRODUÇÃO
O efeito estufa é o fenômeno natural pelo qual a energia emitida pelo Sol em forma de
luz e radiação é acumulada na superfície e na atmosfera terrestres aumentando a temperatura
do planeta. De suma importância para a existência de diversas espécies biológicas, o efeito
estufa acontece principalmente pela ação de dióxido de carbono (CO2), CFCs, metano, óxido
nitroso e vapor de água, que formam uma barreira contra a dissipação da energia solar.
Com o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis cada vez mais intensos, a
concentração desses gases está aumentando, especialmente as de CO2 e metano. Desde 1800,
a concentração de dióxido de carbono na atmosfera cresceu 30%, enquanto a de metano
aumentou 130%.
A demanda mundial por combustíveis renováveis tem-se expandido rapidamente nos
últimos anos, devido à preocupação com a redução do volume de emissões destes gases
causadores do efeito estufa até 2012, como determina o Protocolo de Kioto. Este fato
proporcionou uma abertura para o agronegócio brasileiro na área de biomassas (etanol,
biodiesel, etc.).
O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. A produção brasileira de
cana-de-açúcar na safra 2006/07 foi estimada em 475,73 milhões de toneladas, superior em
10,3% à da safra passada, que foi de 431,41 milhões de toneladas. Na safra 2005/06 a área
estimada foi de 5,84 milhões de hectares e a previsão para a safra 2006/07 é uma área de 6,18
milhões de hectares. Do total produzido, 242,16 milhões de toneladas (50,9%) destinam-se à
fabricação de açúcar, 183,82 milhões (38,6%) à produção de álcool e o restante, 49,74
milhões (10,5%), à fabricação de cachaça, alimentação animal, fabricação de rapadura, açúcar
mascavo e outros fins. (CONAB, 2006).
A industrialização da cana-de-açúcar no Brasil tem grande importância econômica,
estimando-se que cerca de 15 milhões de pessoas, entre empregos diretos e indiretos, estejam
envolvidas nas atividades de produção de aguardente, álcool, açúcar, melado e rapadura
(SEBRAE, 2005).
O álcool combustível (etanol) é um produto renovável e limpo que contribui para a
redução do efeito estufa e diminui substancialmente a poluição do ar, minimizando seus
impactos na saúde pública. No Brasil, o uso intenso do álcool restringe a emissão de
poluentes da crescente frota de veículos, principalmente de monóxido de carbono, óxidos de
enxofre, compostos orgânicos tóxicos como o benzeno e compostos de chumbo (UDOP,
2007).
1750
Com a expansão da cultura canavieira e a incorporação de novas áreas, geralmente de
baixa fertilidade, é muito importante que se recupere ou que se mantenha a fertilidade dos
solos para obtenção de rendimentos econômicos, tanto na produção de açúcar quanto na de
energia renovável (Ambrosano, et al.1997).
A mesma cana pode ser colhida até cinco vezes, mas a cada ciclo devem ser feitos
investimentos significativos para manter a produtividade (UNICA, 2007). As queimadas
anuais para a colheita da cana provocam perda de fertilidade do solo, além de doenças
respiratórias (UDOP, 2007). A cada ano, cerca de um milhão de hectares de canaviais para
renovação no Brasil estarão disponíveis, principalmente em São Paulo, Sul de Minas Gerais,
Mato Grosso do Sul e Norte do Paraná (Monsanto em Campo, 2007). A área do canavial
permanece ociosa nos meses de entressafra, de janeiro a abril. A sucessão de culturas nesse
período torna-se uma alternativa promissora tanto em relação às melhorias do solo quanto na
questão econômica podendo proporcionar um rendimento adicional, além da geração de
empregos. Entre os benefícios da sucessão estão a quebra do ciclo de pragas e de moléstias,
diminuição da infestação de plantas daninhas e menor exposição do solo à erosão (Rego,
l994).
Em relação às espécies a serem cultivadas em rotação, na reforma do canavial, deverão
ser considerados os seguintes fatores, segundo Monteiro (1988):
• Fatores técnicos: ciclo da cultura; adaptação às condições edafoclimáticas na época
disponível para plantio; vantagens e desvantagens para a cultura da cana; necessidade
e disponibilidade de mão-de-obra, máquinas e implementos.
• Fatores econômicos: disponibilidade de capital; custo de produção; receita bruta;
receita líquida e rentabilidade da cultura. Em regime de arrendamento, por exemplo,
deve-se optar economicamente por uma cultura com maior receita bruta, já que
determinado percentual é dado em pagamento;
• Fatores político-sociais: dependentes de prioridades da política governamental, em
termos de culturas de exportação ou para consumo interno;
• Regime de exploração: em função dos fatores econômicos e das áreas de plantio
estarem próximas às regiões tradicionais de produção de determinadas culturas.
O objetivo deste trabalho é apresentar uma alternativa a ociosidade de áreas de reforma
de canavial através da utilização de oleaginosas, contribuindo assim para um rendimento
adicional, diminuindo os custos de plantio da cana-planta e ainda utilizando as oleaginosas
para obtenção de biodiesel.
1751
A sucessão feita com oleaginosas pode ser uma alternativa interessante sobretudo pelo
apelo ambiental, pois estas podem ser utilizadas na obtenção de biodiesel. Dentre as
oleaginosas estão se destacando: soja (Glycine max L.) e amendoim (Arachis hypogaea L.).
Em estudos realizados com adubação verde na renovação dos canaviais utilizando-se da
cultura da soja, foram recomendados cultivares de soja precoce, para que a sua colheita seja
viabilizada antes do plantio da cana, com ciclo variando entre 110 a 120 dias (Miranda, citado
por Cavalieri, 1991),
A produção de soja é a mais desenvolvida dentre as oleaginosas, representando
aproximadamente, 90% do total de óleo do Brasil, o que se traduz em diversos ganhos de
logística e redução de custos no uso dessa matéria-prima. O teor de óleo no grão é cerca de
19%, servindo também para a alimentação animal.
Para Miranda, citado por Cavalieri (1991), com a receita obtida com a soja, nos
períodos de entressafra, pode-se custear praticamente 50% dos gastos com a implantação da
cultura da cana, já que todo o preparo do solo estaria sendo feito para a leguminosa. O autor
destaca a importância da soja mais no controle da erosão e como fonte de nitrogênio, do que
propriamente na obtenção de aumentos expressivos no rendimento da cana, havendo
possibilidade até mesmo da eliminação da adubação nitrogenada na cana-planta, o que foi
igualmente confirmado por Mascarenhas et al. (2003).
O amendoim é uma oleaginosa de ciclo curto e fácil cultivo, possui grande atrativo
como alimento e excelentes propriedades nutricionais. Seu grão contém entre 45-50% de óleo.
Ortolan, (1979), demonstrou que a rotação de culturas de cana-de-açúcar com o
amendoim ou o cultivo de amendoim em área de reforma de canavial, na região de
Sertãozinho, São Paulo, proporcionou redução no custo de implementação da lavoura de
cana-de-açúcar e que o amendoim se beneficiou da adubação residual da cana-de-açúcar,
mesmo em condições de média a baixa fertilidade do solo, em solos arenosos e argilosos e
que estes benefícios são ampliados, principalmente, pela fixação do nitrogênio e reciclagem
de nutrientes.
Em trabalhos de adubação realizados com a cultura do amendoim, conduzidos tanto no
Brasil como no exterior, que afirmam ser o amendoim uma cultura que responde pouco, ou
não responde, a aplicação direta de fertilizantes em comparação com outras culturas
econômicas, com fortes indícios de que a cultura de amendoim é uma cultura que muito se
beneficia da adubação residual de culturas antecedentes (Sichmann et al., 1979).
1752
Rodrigues (1984) observou nos campos de demostração de área de reforma de canavial,
em várias propriedades agrícolas, que o amendoim contribuiu com um aumento na receita
líquida de aproximadamente 57% para uma produção média de 2600 Kg/ha.
O plantio de oleaginosas na entressafra da cana-de-açúcar mostrou ser possível
melhorar o solo, aumentar a produção da cana e fornecer matéria-prima de qualidade para
produção de biodiesel, além de gerar novos empregos na agricultura da Região Norte
Fluminense (Jornal Saber Ciência, 2007).
2 CONCLUSÃO
O plantio de oleaginosas em áreas de reforma de canavial é promissor devido à
utilização destas para produção de biodiesel, além desta rotatividade proporcionar melhorias à
cultura da cana-de-açúcar como aumento na produtividade e redução no custo de plantio da
cana-planta, maximizando o uso da terra e de equipamentos e também criando oportunidades
de empregos.
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMBROSANO, E. J.; WUTKE, E. B.; TANAKA, R. T.; MASCARENHAS, H. A.A;
BRAGA, N. R.; MURAOKA, T. Leguminosas para adubação verde: uso apropriado em
rotação de culturas. Campinas: CATI, 1997. 24p. (Apostila)
CAVALIERI, I. Rotação de culturas: Área de renovação de cana fica mais fértil com
soja. Manchete Rural, n.47, fev. 1991, p.38-41.
1753
ORTOLAN, M.C.A. Rotação de culturas: amendoim/cana-de-açúcar. In: SEMINÁRIO
STAB-SUL: cana-de-açúcar e aguardente, Sertãozinho, 1979. Sertãozinho: STAB,1979. p.9-
16.
REGO, P. G. Economia das rotações de culturas em plantio direto. Revista Mensal Batavo,
Castro, ed.31, p.20-28, 1994.
SICHMANN, W.; NEPTUNE, A.L.M.; SAVY FILHO, A.; LASCA, D.H.C. Adubação do
amendoim. Campinas: Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, 1979. 29p. (Boletim
Técnico, 136).
1754
OTIMIZAÇÃO DA SECAGEM SOBRE A TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA
DA MAMONA CULTIVAR IAC-80 COM SECAGEM CONTÍNUA E
REPOUSO
1755
1 INTRODUÇÃO
O início do processo de secagem de produtos agrícolas ocorre logo após a maturação
fisiológica do produto, quando este apresenta elevado teor de água. O processo de secagem de
alguns produtos agrícolas como a mamona torna-se bastante demorado principalmente quando
os frutos apresentam um teor de água muito elevado durante a colheita. Segundo Silva,
(2000), quando o produto se encontra completamente úmido, no início da secagem a água
escoa, na fase líquida, à medida que a secagem prossegue e tenha passado pelo ponto de
umidade crítica o teor de umidade decresce e a temperatura do produto atinge valores
superiores. Logo após a secagem, o teor de umidade de equilíbrio é atingido, quando a
quantidade de água evaporada se iguala à quantidade condensada. Ou seja, no início da
secagem a remoção de água é maior devido à água livre. Para produtos que são colhidos com
teor de água acima do ideal para a armazenagem, a secagem artificial é a melhor
recomendação. Tal conhecimento da secagem a torna importante devido à temperatura
escolhida, ao fluxo de ar e à umidade relativa do ar de secagem, pois pode influenciar no
tempo de exposição dos frutos no secador (Silva, 2000). Tal remoção de água de um produto
pode ser obtida pelo cálculo da taxa de redução de água. Essa taxa é a relação da perda de
água por matéria seca do produto por hora (Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)).
Conhecendo esses resultados pode-se plotar gráficos e consequentemente calcular a
quantidade de água removida durante a secagem, levando em conta sua área. E sabe-se que
pelo estudo da geometria, a área é um número que sugere o tamanho de uma região limitada,
o que valida para o comportamento da secagem com cálculo da quantidade de água removida.
Com isso o aumento a temperatura favorece a remoção de água mais rápida, levando a
perceber que a qualquer condição de secagem a temperatura pode influenciar na taxa de
redução de água para produtos agrícolas.
A temperatura da massa do produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de
água inicial do produto, é fundamental na determinação da taxa de redução de água, definida
como a quantidade de água que um determinado produto perde, por unidade de matéria seca,
por unidade de tempo. Este procedimento representa uma ferramenta de grande utilidade para
que o produtor faça um planejamento de todo o processamento de seu produto. Portanto, este
trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de água da mamona cultivar
IAC-80, submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo comparando a secagem
contínua com a metodologia de se utilizar um intervalo de repouso.
1756
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar IAC-80, colhidos em experimento na própria universidade.
Os frutos no início da secagem apresentaram umidade inicial de 68,50 % b.u. Foram
adicionados em cada célula 1,0 Kg de frutos em média com esta umidade inicial.
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura à 50ºC.
Para manter a massa de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi necessário
regular no painel digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em questão.
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar IAC - 80 foi utilizado um protótipo de
secador experimental de leito fixo de fluxo de ar ascendente (Figura 1). O secador
experimental apresentou as dimensões como indica a tabela 1:
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. A umidade foi determinada em estufa comum
(Figura 2), em temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Para a determinação da
umidade os frutos da cultivar, foram cortados em 4 partes e colocadas 10 gramas do produto
com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona cultivar IAC-80 apresentada na
colheita foi de 68,50 % b.u..
Durante o processo de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, sendo feita até a
massa dos recipientes permanecerem aproximadamente constantes. Submeteram-se os frutos à
temperatura de 50ºC, em secador de leito fixo, com secagem contínua e com secagem com
intervalos de repouso de 1 hora a cada 2,5 horas de secagem.
1757
A temperatura da massa de frutos foi medida por meio de termopares tipo J (Figura 4),
colocados no centro da massa, para controlar a temperatura em 50ºC. Para minimizar uma
possível diferença de temperatura e fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões,
decorrente da posição das resistências no plenum e da aerodinâmica do secador
respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas, obedecendo ao sentido de rotação
destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura do ar de secagem foi fixada, de
maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos para a massa de frutos, de
acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O monitoramento da
temperatura e da umidade relativa do ar ambiente durante a secagem dos frutos de mamona,
foi registrado por um termohigrógrafo (Figura5). Foi utilizado para medir e regular a
velocidade do ar de secagem que passa pela massa de frutos, o anemômetro digital (Figura 6).
Após a secagem completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e
pelo peso constante.
Para acompanhamento e cálculo da redução de água, e para obtenção de suas curvas,
durante o processo de secagem mecânica, foi utilizado a equação1.
1758
( Ma − Mat )
TRA = , equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Em que:
TRA: Taxa de redução de água (Kg. Kg-1 h-1)
Ma: Massa de água total anterior (Kg)
Mat: Massa de água total atual (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)
A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.
Em que:
MU: Massa Úmida (Kg)
Ms: Matéria Seca (Kg)
Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:
1759
Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) , equação 3
Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A taxa de redução de água para as duas metodologias de secagem da mamona IAC-80
estão apresentadas no figura 7 a seguir.
0,52
0,48
0,44
0,4
0,36
0,32
0,28
0,24
0,2
0,16
0,12
0,08
0,04
0
0 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20
Tempo (h)
Figura 7 - Taxa de redução de água da mamona com secagem contínua e tempo de repouso
1760
essa temperatura e a possível redução no gasto energético. Observa-se também que a partir de
600 minutos (10 horas) de secagem continua, a taxa de redução de água foi bem inferior,
estendendo-se até 1050 minutos (17,5 horas) de secagem.
Analisando os picos de taxa de redução após cada repouso os picos de taxa de redução
foram bem superiores, comparados aos da metodologia de secagem continua. Observou-se
que o tempo de uso do secador totalizado na secagem com repouso foi de 780 minutos (13
horas) e de 450 minutos (7,5 horas) de repouso totalizado para os frutos conseguindo retirar
uma maior quantidade de água com menor gasto de energia. Sendo vantajoso utilizar um
tempo de repouso para a redistribuição da sua umidade interna possibilitando a chegada da
água até a camada mais externa para a sua transferência ao ar de secagem.
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esses valores de 1,92
e 1,88 são as áreas conhecidas para a secagem contínua e secagem com repouso. Com isso a
quantidade de água removida pode ser calculada pelo produto da área x matéria seca da
mamona como se observa na Tabela 2.
4 CONCLUSÃO
Nas primeiras 4 horas a secagem contínua apresentou os maiores valores de taxa de
redução de água.
A partir de 10 horas de secagem contínua a taxa de redução de água foi bem inferior
estendendo-se até 17,5 horas.
1761
O tempo de repouso possibilitou um menor uso de secador, e consequentemente uma
significativa economia de energia.
O repouso é importante no manejo da massa de frutos.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
Marques, E. R.; Alterações químicas, sensoriais e microscópicas do café cereja
descascado em função da taxa de remoção de água Dissertação de Mestrado. Lavras :
UFLA, 2006. 85 p.
1762
DETERMINAÇÃO DOS NUTRIENTES PRESENTES NA CASCA E TORTA
DE PINHÃO-MANSO
1763
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a demanda mundial por combustíveis renováveis tem-se expandido
rapidamente, devido à preocupação com a redução do volume de emissões de gases
causadores do efeito estufa até 2012, como determina o Protocolo de Kyoto. No Brasil essa
demanda é verificada também pela necessidade de diminuir a dependência de derivados de
petróleo nas matrizes energéticas nacionais e pelo incentivo à agricultura e às indústrias
locais.
Neste contexto, o biodiesel é um combustível de queima limpa, derivado de fontes
naturais e renováveis como os vegetais. Trata-se de uma alternativa viável, capaz de reduzir
em até 78% as emissões poluentes, como o dióxido de carbono, gás responsável pelo efeito
estufa que está alterando o clima mundial, e 98% de enxofre na atmosfera (Miragaya, 2005).
Anualmente, são comercializados cerca de 38 bilhões de litros de óleo diesel no Brasil,
o que corresponde a 57,7% do consumo nacional de combustíveis veiculares. Já a produção
de óleos vegetais atinge, aproximadamente, 3,5 bilhões de litros. O Brasil tem potencial para
se tornar um dos maiores produtores de biodiesel do mundo, por dispor de solo e clima
adequados ao cultivo de oleaginosas. O apoio da pesquisa ao desenvolvimento de tecnologias
para essa cadeia produtiva é fundamental, especialmente na avaliação e melhoramento de
sementes, mais adaptadas e produtivas (Miragaya, 2005).
O biodiesel é um combustível constituído da mistura de ésteres metílicos ou etilicos de
ácidos graxos, obtidos da reação química de transesterificação de qualquer triglicerideo (óleos
de soja, colza, palma, babaçu, nabo-forrageiro, girassol, mamona e óleos de futura, gorduras
animais), com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol (Miragaya, 2005).
Dentre as plantas oleaginosas, o pinhão-manso (Jatropha curcas L.) tem sido destacado
como uma planta rústica, perene, adaptável a uma vasta gama de ambientes e condições
edafoclimáticas, tem fama de ser tolerante à seca e pouco atacado por pragas e doenças, não
ser comido por vertebrados herbívoros, bovinos principalmente, já ser conhecido e cultivado,
quase sempre como cerca-viva, quase todas as regiões tropicais, entre os atributos e, também,
porque seu óleo não é comestível e, portanto, não seria desviado para a alimentação humana
(Saturnino, et al., 2005).
O gênero Jatropha possui cerca de 175 espécies distribuídas pela América Tropical,
Ásia e África. A origem do pinhão manso ainda é controvertida. Biomass Project Nicarágua
(200-?) relata que os traços mais antigos de pinhão manso remontam a 70 milhões de anos,
segundo assinalam especialistas a respeito de fósseis descobertos na Belém Peruana. Essa
1764
planta tem uma distribuição natural cobrindo os trópicos novos, desde México ao Brasil,
incluindo as Ilhas do Caribe.
Segundo Brasil (1985), o pinhão manso conhecido no Brasil, desde épocas pré-
colombianas, devido às suas virtudes terapêuticas, tendo sido registrado por Francisco
Antônio de Sampaio em sua obra "História dos Reinos Vegetal e Mineral do Brasil
Pertencente à Medicina", editada a primeira vez em 1782.
O pinhão manso é uma arvoreta suculenta da familia Euphorbiaceae, a qual, segundo
Peixoto (1973) atinge 3 a 5 m e até 8 a 12 m de altura com um diâmetro de tronco de 20 cm, e
conforme Drummond et alo (1984), diâmetro de 20 a 30cm. Peixoto (1973) relata que o caule
é liso, macio, esverdeado, cinzento-castanho, seu xilema ou lenho é pouco resistente, brando
e sua medula desenvolvida. O floema encerra canais compridos que se prolongam até as
raízes, nos quais circula o látex ou suco celular, que é segregado, em grande quantidade, ao
menor golpe ou ferimento, o qual, depois de seco, torna-se uma substância acastanhada com
aspecto de resina.
O fruto é capsular ovóide com diâmetro de 1,5 a 3,0 cm. É trilocular com uma semente
em cada cavidade, formado por um pericarpo ou casca dura e lenhosa, indeiscente,
inicialmente verde, passando a amarelo, castanho e por fim preto, quando atinge o estádio de
maturação. Contém de 53 a 62% de sementes e de 38 a 47% de casca, pesando cada uma de
1,53 a 2,85 g (Peixoto, 1973).
A semente é relativamente grande; quando secas medem de 1,5 a 2 cm de comprimento
e 1,0 a 1,3 cm de largura; tegumento rijo, quebradiço, de fratura resinosa. Debaixo do
invólucro da semente existe uma película branca cobrindo a amêndoa; albúmen abundante,
branco, oleaginoso, contendo o embrião provido de dois largos cotilédones achatados
(Peixoto, 1973).
A semente de pinhão, que pesa de 0,551 a 0,797 g, pode ter, dependendo da variedade e
dos tratos culturais, etc, de 33,7 a 45% de casca e de 55 a 66% de amêndoa. Nessas sementes,
segundo a literatura, são encontradas ainda, 7,2% de água, 37,5% de óleo e 55,3% de açúcar,
amido, albuminóides e materiais minerais, sendo 4,8% de cinzas e 4,2% de nitrogênio
(Peixoto, 1973). Segundo Silveira (1934), cada semente contém 27,90 a 37,33% de óleo e na
amêndoa se encontra de 5,5 a 7% de umidade e 52,54 a 61,72% de óleo.
Segundo Peixoto (1973), o pinhão manso é adaptável a condições climáticas muito
variáveis, desde o Nordeste até São Paulo e Paraná. Drummond et al. (1984) informam que é
uma planta comum no Noroeste de São Paulo, onde é conhecida por pinhão-do-paraguai e sua
dispersão vai até o Paraguai. Brasil (1985) informa que, no País, o pinhão manso ocorre
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1765
praticamente em todas as regiões, sempre de forma dispersa, adaptando-se em condições
edafoclimáticas as mais variáveis, propagando-se sobretudo nos estados do Nordeste, em
Goiás e em Minas Gerais. De modo geral, cresce nos terrenos abandonados e não cultivados,
não subsistindo porém nos locais de densa vegetação, com a qual dificilmente consegue
competir.
Peixoto (1973) relata que o pinhão manso prospera desde a orla marítima, no nível do
mar, até altitudes de cerca de 1000 m. Preferencialmente, em regiões situadas até 800 m, nos
vales úmidos abrigados ou em campo aberto, sendo seu desenvolvimento menos acentuado
nos terrenos de encosta, áridos e expostos aos ventos; nesta situação sua altura não ultrapassa
a 2 m.
Purdue University (1998) informa que o pinhão manso desenvolve-se sob diversas
condições climáticas, desde as regiões tropicais muito secas às úmidas, desde as florestas
subtropicais de espinho às zonas de florestas úmidas, tolerando precipitações pluviométricas
de 480 a 2.380 mm anuais (média de 60 casos = 143 mm) e temperaturas médias anuais entre
l8,0°C e 28,5ºC (média de 45 casos = 25,2°C). A planta é tolerante à seca, podendo
sobreviver com apenas 200 mm anuais de chuva e até a três anos consecutivos de secas.
Embora não tolere geadas fortes, pode sobreviver a geadas bem fracas, perdendo entretanto
todas as folhas, o que provavelmente reduzirá a produção de sementes. Segundo Jatropha...
(200- ?), o pinhão manso pode tolerar extremos de temperaturas, mas não geadas.
Através do Projeto... (2005) evidenciaram algumas diretrizes sobre a cultura do pinhão-
manso. Concluiu-se que essa espécie exige boa fertilidade do solo para ter alta produção de
sementes. A correção do solo, quanto a seu teor de alumínio livre, pela calagem, tem efeito
positivo sobre o desenvolvimento do pinhão manso. Mas não é uma planta pouco exigente em
fertilidade do solo, como se acreditava, ela sobrevive bem em solos pobres e secos, mas se
obtêm produções boas de sementes, onde os solos são de certa fertilidade e têm teor bom de
umidade. Todavia, desde que a planta receba chuvas normais de novembro a abril, poderá dar
boas produções, dependendo da fertilidade do solo.
O pinhão manso é apontado como uma planta capaz de desenvolver e produzir em
terrenos marginais e atuar na recuperação de áreas degradadas. Segundo Jones e Miller (1992
apud The Potential..., (200-?), o pinhão manso adapta-se aos locais de baixa fertilidade e a
solos alcalinos. Para solos nutricionalmente deficientes, o aumento da produção depende de
adubações com cálcio, magnésio e enxofre, etc. Já se observou associação de micorrizas com
pinhão manso, o que representa importante estratégia para disponibilizar fósforo à planta.
1766
Para Lopes (1984), isso é fundamental, pois a deficiência de fósforo é um dos principais
responsáveis pela baixa produção agrícola na maioria dos solos brasileiros.
Segundo Peixoto (1973), na carência de uma interpretação e recomendação de adu-
bação, podem-se aplicar anualmente, para cada pinhão manso, as seguintes quantidades de
fertilizantes: 20 litros de esterco, 120 g de nitrocálcio, 100 g de cloreto ou sulfato de potássio,
200 g de farinha de ossos ou fosforita. Lele (200-?) recomenda a aplicação de fertilizantes
compostos, esterco bovino e outros adubos em solos de baixa fertilidade inicial, e também de
alguns micronutrientes para aumentar a produtividade.
Pelo processo de colheita usual entre os agricultores os frutos são coletados e levados ao
terreiro, onde, após completar a secagem, são retiradas as sementes e levadas para extração do
óleo. Muitas vezes, o produtor não retorna as cascas e a torta resultante da extração para a
área de cultivo. Dessa maneira, remove-se do solo a maior parte dos nutrientes absorvidos
para formação do fruto.
O objetivo deste trabalho foi determinar o teor de nutrientes presentes na casca e torta
de pinhão-manso e correlacionar à extração desses nutrientes do solo pela planta, com uma
adubação mínima de manutenção para a cultura.
2 MATERIAL E MÉTODOS
As cascas do pinhão manso foram coletadas em três localidades do Estado de Minas
Gerais: Cássia, Varginha, Crisólita. Foram analisadas também duas amostras de torta obtida
após a extração do óleo. Os materiais foram identificados e enviados ao laboratório para
realização da análise química, para determinação da composição.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado da análise química está apresentado na Tabela 1.
As cascas dos frutos apresentaram pequena variação na composição, mesmo sendo
coletados em locais diferentes. A análise mostrou teores consideráveis principalmente
potássio. Já a análise das amostras de torta revelou um teor significativo de nitrogênio na
composição desta.
Segundo Brasil (1985), a casca representa em torno de 42% da composição do fruto.
Considerando uma produção de frutos de 10.000kg/ha teremos uma extração de
aproximadamente 250 kg de potássio por hectare. O restante do fruto (58%) é constituído pela
semente, suponhamos que após a extração do óleo (cerca de 37,5%), uma quantidade de 3.700
1767
kg de torta seja formada, assim 128 kg de nitrogênio por hectare seriam extraídos da área de
cultivo, aproximadamente.
Com isso fica claro que tanto as cascas como a torta, devem retornar para a lavoura
servindo de adubo orgânico para a cultura, havendo assim a ciclagem dos nutrientes,
fornecimento de matéria orgânica e ainda proporcionando uma economia em fertilizantes. É
importante ressaltar a papel da adubação mineral no fornecimento e reposição de nutrientes à
cultura do pinhão manso. Para que esta seja realizada racionalmente, são necessárias
pesquisas que estabeleçam as quantidades de fertilizantes a serem aplicados de acordo com a
produção esperada e outros fatores.
1768
4 CONCLUSÃO
A casca do pinhão manso possui altos teores de potássio e a torta possui teores
consideráveis de nitrogênio, sendo assim necessária a reposição destes nutrientes na área
cultivada.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIOMASS PROJECT NICARAGUA Energy plantations of physic nut. [200-?]. Disponível
em: Erro! A referência de hiperlink não é válida. Acesso em: 29 jun. 2004.
PEIXOTO, A.R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 282p.
PURDUE UNIVERSITY Jatropha cllrcas L. West Lafayette, 1998. Disponível em: <
http://www. hort.purdue.edu/newcrop/duke _ energy/Jatropha_ curcas. >. Acesso em: 14 jun.
2005.
SILVEIRA, J.C.Contribution a l’étude du pulghére aux iles duCap Vert. In: INSTITUTO
SUPERIOR DE AGRONOMIA (Campinas,SP). Anais... Campinas, 1934. v. 6, p.
116-126.
1769
The POTENTIAL of Jatropha curcas in rural development and environment protection: an
explotation. In: WORKSHOP SPONSORED BY THE ROCKFELLER FOUDATION AND
SCIENTIFIC & INDUSTRIAL RESEARCH & DEVELOPMENT CENTRE, 1998,
Zimbabue.
1770
OTIMIZAÇÃO DA SECAGEM DA MAMONA CULTIVAR BRANQUINHA
COM DIFERENTES METODOLOGIAS DE SECAGEM
1771
1 INTRODUÇÃO
O uso de sistemas de secagem é uma forma de acelerar a etapa de pós-colheita para
qualquer produto agrícola. Para tal os secadores mecânicos podem ser uma boa escolha para
acelerar a secagem objetivando a eficácia deste processo.A secagem em secadores de camada
fixa segue recomendações para cada tipo de produto de acordo com suas características e
finalidades. Quando utilizado o secador de camada fixa modelo UFV, o tempo de
revolvimento dos produtos agrícolas é pré-determinado (tabela 1), em que o operador deve
desligar o ventilador e revolver a massa de grãos por meio de uma pá, com a finalidade de
homogeneizar a umidade da massa de grãos (Silva & Lacerda Filho, 1990). Alguns
parâmetros de secagem para secador de camada fixa dependem de sua finalidade para
semente, consumo, ou ração.
1772
Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a cinética de secagem da mamona
cultivar Branquinha, submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo com um
tempo de descanso visando à melhor redistribuição de água e um possível tempo de secagem
menor.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos
Agrícolas do Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar Branquinha, (Figura 1 e 2) colhidos em experimento na própria
universidade.
1773
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps equação 2
Em que:
Foram adicionados em cada célula de secagem 1,0 Kg de frutos sendo realizada sob
condições controladas de temperatura a 50ºC para todos os tratamentos. Para manter a massa
de frutos com a temperatura de 50ºC em ambos secadores, foi necessário regular no painel
digital a temperatura para atingir a temperatura desejada em questão.
Para a secagem dos frutos foi utilizado um protótipo de secador experimental de leito de
camada fixa, com fluxo de ar aquecido por meio de resistência elétrica e ao passar através da
massa de frutos da mamona, retira a sua umidade superficial. (Figura 3).
O secador experimental apresentou as dimensões como indica a Tabela 2:
1774
Figura 3-Secador experimental. Figura 4-Estufa com amostras. Figura 5-Pesagem.
1775
(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 2
(100 − Uf )
Em que:
Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida
Após a secagem completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e
pelo peso constante. Os dados foram utilizados para a plotagem das curvas de secagem para
cada tratamento.
A secagem foi interrompida, quando a mamona cultivar IAC-80 atingiu o peso
constante.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a temperatura na massa de frutos durante todo o período de secagem
conheceram-se os efeitos no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do
tempo. O período de secagem se estendeu além destes valores como mostra no gráfico 1, pelo
fato de conhecer todo o comportamento de perda de massa de água até atingir o peso
constante.
Foi removido o teor de água de 68,42% para 8%b.u., o que significa uma redução em
massa de 1000 gramas para 343,26 gramas sendo retirado 656,74 gramas de água.
De acordo com os dados coletados durante as pesagens na secagem verificou-se que o
tempo real da secagem contínua foi de 930 minutos quando apresentou o teor de água de 8%
b.u. Após esse tempo, os frutos acompanharam o teste dos outros tratamentos até que seu peso
tornou-se constante até o tempo de 1600 minutos. Para a secagem do tratamento cuja
metodologia é a secagem de 10 horas + intervalo de 8 horas de repouso após 1290 minutos de
trabalho apresentou o teor de água de 8%b.u., mas descontando o intervalo de repouso o uso
de secador reduziu para 810 minutos. A continuidade dessa secagem se deu até 1600 minutos
onde iniciou as repetir as mesmas pesagens tornando-se constantes. Para a secagem com
variação do repouso no tempo apresentou a umidade de 8% b.u. ao final de 1560 minutos de
1776
trabalho e descontando esses intervalos de repouso reduziu para 720 minutos de uso de
secador.
1100
1000
900
800
700
Massa (g)
600
500
400
300
200
100
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400
Tempo (min)
secagem contínua secagem 10 horas + repouso de 8 horas secagem com variação de repouso no tempo
Observou-se também pelo gráfico 1 que os frutos secados sem interrupções tiveram sua
maior perda de peso até o tempo de 600 minutos, o equivalente a 10 horas de secagem na
média das 4 repetições. Após esse tempo os frutos gastaram mais tempo para remover a água
que ainda possuía. Uma observação importante é que para a secagem com variação do
repouso no tempo no uso de secador foi bem menor que nos outros tratamentos o que leva a
perceber a eficiência da metodologia quando se refere a possível redistribuição de água no
fruto como observa a Tabela 3.
É importante ressaltar também que após a secagem dos frutos sob secagem contínua,
sem interrupções e na secagem de 10 horas + 8 horas de repouso, apresentaram a casca
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1777
enrijecida, com certa dificuldade em remover a casca manualmente, comparada por
observações feitas com os frutos secados com variação do repouso no tempo, no qual
apresentaram a casca maleável e fácil de retirar a semente manualmente e na máquina de
beneficiamento. Este fato pode ser um indício do bloqueio das trocas gasosas entre o fruto e o
ar de secagem prolongado pela temperatura de 50ºC.
4 CONCLUSÃO
Os testes feitos com tempo de repouso reduziram o tempo de uso do secador em relação
à secagem contínua.
A secagem com variação do repouso no tempo no uso de secador foi bem menor que
nos outros tratamentos.
A casca enrijecida nos frutos da secagem contínua e na secagem de 10 horas + 8 horas
de repouso pode ser um indício do bloqueio das trocas gasosas entre o fruto e o ar de secagem
prolongando o tempo de uso do secador.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
CORRÊA, J. L. G.; Nascimento, F. R.; Neto, P. C.; Fraga, A. C.. Cinética de secagem de
frutos de mamona (Ricinus communis L.) variedade IAC 80, III Congresso Brasileiro de
Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biodiesel, Varginha, 2006, Anais... em CD Rom.
1778
BIOMETRIA DA SEMENTE DE SERINGUEIRA
David Cardoso Dourado, UFLA, davidssp@yahoo.com.br
Roberto Pravazi Zanetta, UFLA, betopz@hotmail.com
Júlio César de Araújo, UFLA, julioagro@gmail.com
Osmária Ribeiro Bessa, UFLA, osmaria.agro@gmail.com
Thalita Fernanda Abbruzzini, UFLA, thatif_e@hotmail.com
Sadjô Danfá, UFLA, sadjodanfa@hotmail.com
Antonio Carlos Fraga, DAG/UFLA, fraga@ufla.br
Pedro Castro Neto, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br
1779
1 INTRODUÇÃO
A Seringueira (Heva brasiliensis (H.B.K.) Muel. Arg.) é o nome vulgar de uma planta
pertencente a família Euphorbiacea, nativa da Região Amazônica, que produz látex do qual se
extrai a borracha natural.
No Brasil, na área tradicional, a heveicultura tem abrangência na Amazônia Tropical
Úmida, Mato Grosso e Bahia. Em áreas não tradicionais, é cultivada nos estados de Goiás,
Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Maranhão, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, São
Paulo e Minas Gerais. No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, estão concentradas as maiores
plantações do Estado de Minas Gerais, alcançando produtividade de, aproximadamente, 1.500
kg de borracha seca/ha/ano. Do ponto de vista social, a heveicultura é muito importante
principalmente, na fixação do homem no campo, pois produz o ano todo (SILVA, 2006).
São arvores majestosas, eretas, de poucos galhos, só ápice, e que a atingem de 30-40
metros. Os pecíolos são no ápice, pelo lado de cima, glandulosos e os pecíolos pequenos e
nus. A inflorescência é hermafrodita, em panículas axilares ou terminais, produzindo frutos
trispermos, trisulcados, grandes deiscentes, com as sementes duras e com produção de
excelente óleo (Rodrigues, 1905).
Os frutos da seringueira é uma cápsula grande, tricoca, bivalente, contendo três
sementes grandes, oblongas, sisas, com a testa crustáceo, de cotilédones grossos, carnudos e
iguais, com uma pequena radícula (Rodrigues, 1905).
Quando maduros abre-se pela deiscência própria, com estalidos, lançado longe suas
sementes e sua época de queda é mais intensa nos meses de janeiro e fevereiro, porém
apresenta pequenas variações de um local para outro (Rodrigues, 1905).
No Amazonas de modo geral, as sementes são produzidas partir de janeiro, muito
embora em Humaitá a produção se inicie em meados de dezembro e em Itacoatiara ocorra em
fins de janeiro e inicio de fevereiro, já a queda em Rondônia, se encontra geralmente em
dezembro e no Acre em janeiro (SILVA, 2006).
Existe uma grande variação na quantidade produzida de sementes em cada ano, devido a
influências climáticas, incidência de doenças e a diferenças entre e dentro dos clones. No
Estado de São Paulo, alguns clones sofrem o ataque de Antracnose, podendo restringir o
número de sementes viáveis para o uso comercial (SILVA, 2006).
Na Malásia obteve-se 65 kg de sementes/ha, sendo possível uma produção duas vezes
maior se as condições do meio forem mais favoráveis ao desenvolvimento dos frutos. As
1780
sementes contêm uma quantidade média de 43% de óleo de boa qualidade industrial, podendo
variar de 38 até 46% (SILVA, 2006).
Objetivo deste trabalho foi avaliar a biometria de sementes de seringueira, para seu
potencial uso na produção de biodiesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no laboratório de extração de óleo do Departamento de
Engenharia da Universidade Federal de Lavras MG, no ano de 2007.
O material da avaliação foi vindo de uma fazenda seringalista da Região Noroeste do
estado de São Paulo de grande potencial para a cultura.
Logo após a chegada do material, o mesmo teve suas sementes hormogenizadas por
mistura e recolhido aleatoriamente em diferentes posições do material então, logo na
seqüência foram retirada amostras divididas em 23 (vinte e três) lotes com 4 (quatro) frutos
cada, os quais tiveram suas dimensões (comprimento, largura e espessura) avaliadas particular
e distintamente para cada semente.
Essas dimensões foram registradas por um paquímetro de leitura eletrônica da marca
Mitutoyo com precisão de duas casas decimais logo após a vírgula.
Então, tendo todos os dados levantados, os mesmos foram encaminhados para o
programa de computador Excel, para que fosse avaliado em tabela e graficamente a relação
entre as dimensões da semente de seringueira.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Gráfico 1, podemos observar os resultados presentes na Tabela 1, os dados plotados
foram expressamente registrados e seus resultados tiveram suas médias calculadas. Na
primeira coluna, temos os lotes divididos em vinte e três, e cada lote tem seus frutos em
conjunto de quatro com suas respectivas dimensões. E, no canto inferior esquerdo da Tabela
1, podemos observar a média total da biometria do material avaliado, onde o comprimento
médio foi de 23,78 mm, a largura 21,67 mm e espessura de 16,46 mm.
1781
Tabela 1 - Biometria da semente de Seringueira.
FRUTO 1 FRUTO 2 FRUTO3 FRUTO 4
MEDIDAS (mm)
LOTES COMP. LARG. ESP. COMP. LARG. ESP. COMP. LARG. ESP. COMP. LARG. ESP.
l 20,40 20,30 14,50 22,70 16,40 16,30 23,80 22,90 16,40 25,82 22,20 17,80
II 24,64 21,10 16,40 24,12 21,40 16,08 20,02 17,16 12,80 24,60 22,90 15,30
III 22,70 21,50 16,70 23,70 21,50 16,80 25,10 22,60 17,10 24,80 22,50 17,50
IV 25,10 22,10 16,52 24,36 24,68 16,40 22,58 21,30 16,30 21,60 18,40 14,30
V 22,10 20,60 14,28 25,66 22,26 17,68 26,62 24,56 17,34 22,86 13,58 17,80
VI 21,40 20,02 15,52 23,20 21,28 17,68 25,72 22,20 17,70 22,10 21,70 16,60
VII 22,40 20,98 16,70 23,96 21,60 16,60 21,30 21,80 14,32 24,64 22,06 17,26
VIII 24,64 22,48 16,38 19,42 19,44 14,60 21,90 17,48 15,30 20,30 19,90 15,52
IX 24,16 22,14 17,36 21,16 20,62 15,28 24,80 21,30 16,60 23,20 22,04 17,04
X 20,76 20,82 14,18 23,04 22,80 15,30 25,20 23,60 16,16 24,64 21,18 16,40
XI 25,40 22,40 18,70 26,86 23,50 17,68 23,42 22,68 17,68 24,88 22,20 17,58
XII 24,64 22,60 17,60 25,62 23,40 17,90 24,74 22,50 16,50 24,22 22,30 16,92
XIII 24,12 22,10 17,58 23,40 22,78 16,10 23,40 22,68 16,08 24,12 22,68 16,20
XIV 24,92 21,48 16,08 24,30 22,60 16,08 22,10 20,20 16,98 22,68 20,30 15,80
XV 24,34 22,10 16,26 23,56 22,72 15,64 24,32 21,20 16,16 22,10 21,10 14,20
XVI 25,10 24,50 18,50 25,02 23,90 17,06 24,74 21,38 15,30 23,20 22,06 16,70
XVII 24,90 21,10 16,50 24,22 22,88 16,30 25,92 23,60 17,90 23,40 21,90 16,08
XVIII 24,52 22,68 16,50 24,22 22,16 16,18 24,70 21,08 16,28 25,70 23,50 16,28
XIX 23,70 22,78 16,10 23,80 21,28 16,70 23,14 21,80 16,28 22,78 21,30 16,82
XX 23,10 21,18 15,20 23,20 21,28 16,42 23,70 21,94 16,98 23,30 22,40 17,60
XXI 26,60 23,40 17,20 24,12 22,16 17,90 24,12 22,16 16,08 25,92 22,10 17,40
XXII 22,70 20,92 16,70 24,80 21,20 16,70 22,80 20,82 16,70 20,92 18,90 15,10
XXIII 24,84 22,26 16,08 24,20 22,40 17,60 25,20 22,16 17,58 25,52 22,20 17,60
MÉDIA 23,79 21,81 16,41 23,85 21,92 16,56 23,88 21,70 16,37 23,62 21,28 16,51
MÉDIAS TOTAIS
COMPRIMENTO 23,785
LARGURA 21,677
ESPESSURA 16,462
1782
Gráfico 1 - Biometria da semente de Seringueira.
10
0
1 2 3
1783
4 CONCLUSÃO
Nas dimensões da semente de seringueira o comprimento é o maior tamanho seguido
pela largura e espessura, sendo expressivamente distintas entre si.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, SIMONE A., HANSEN, DANIELA S.; AGR 207 - Culturas Regionais I, UFBA,
ed. 1, 2006, 27p.
1784
AVALIAÇÃO DOS TEORES DE ÓLEO DE ALGODÃO COLORIDO BRS
RUBI E SAFIRA EM RELAÇÃO AO ALGODÃO TRADICIONAL
RESUMO: As cultivares de algodoeiro coloridas BRS Safira e BRS Rubi foram obtidas por
meio do cruzamento entre variedades de fibra branca e coloridas. Objetivou-se com essa
pesquisa estudar a composição em ácidos graxos nas sementes de algodoeiro Safira e Rubi, as
quais foram analisadas por cromatografia gasosa. Como resultado observou-se que esta
cultivar, tem maior concentração de lipídios nas sementes, 23,5%, comparada com as
cultivares herbáceas convencionais, que contém média de 14%. No tocante aos ácidos graxos
palmítico saturado, tem cerca do dobro do que possuem as cultivares convencionais e quanto
aos ácidos graxos linoléico, tem média de 33,13%, enquanto nas sementes herbáceo
tradicionais a média é de 47,8%. Já o teor de óleo da cultivar Rubi, é em média de 24,28%,
possui os lipídeos da semente diferentes das cultivares brancas, acompanhando os teores da
Safira, especialmente, no tocante aos ácidos graxos palmítico, saturado, que é cerca do dobro
do normal nas cultivares de algodão comum. O ácido graxo linoléico, que é predominante no
algodão branco, com 54,54% , já na Rubi, é bem mais baixo, com 31,88%. Os resultados
demonstraram que as duas variedades apresentaram teores superiores constituintes acima da
variedade de fibra branca.
1785
1 INTRODUÇÃO
O agronegócio do algodão é uma atividade de grande alcance socioeconômico que gera
uma grande diversidade de ocupações e produtos, produzindo riqueza no meio rural e urbano.
O Brasil destaca-se como um dos maiores produtores mundiais de algodão tendo a região
nordeste do Brasil a segunda maior produção nacional. A produção de algodão irrigado, a
melhoria na qualidade das fibras e a elaboração de fibras especiais, representam fatores que
está impulsionando o algodão nacional no mercado externo (GAZETA MERCANTIL, 2005).
Os programas de melhoramento genético para esta cultura visavam à obtenção de altos
rendimentos e qualidade de fibra. Porém, a grande produção do caroço de algodão (60% da
produção total), bem como a competição por outras fontes de óleos vegetais e o
desenvolvimento de processos industriais de aproveitamento da semente, como fonte de
alimento, tem mudado este perfil (CHERRY e LEFFER, 1984), além da possibilidade do óleo
de algodão vir a ser fonte para produção de energia, via biodiesel.
O caroço, por ser um subproduto do algodão, nunca foi considerado de muita
importância para a pesquisa, devido a descontinuidade nos programas de pesquisas sobre o
assunto (CHERRY et al., 1981). São poucos os trabalhos que tratam da composição química
de cultivares de algodão, dificultando uma análise comparativa de resultados, exigindo assim,
mais estudos nessa área.
Trigueirinho (1999), referindo-se a produção e oleaginosas e dos subprodutos do
algodão destacando o 2º lugar em produção de sementes, o terceiro em produção de farelo e o
sexto óleo.
Segundo Sanntag (1979), quando as sementes de algodão são processadas, estas
fornecem óleo e proteína, que depois de refinado, dá origem ao óleo comestível usado no
preparo de margarinas e óleos de salada. A semente de algodoeiro integral tem,
aproximadamente, 18% de óleo e cerca de 20% de proteína bruta, e nas cultivares atuais cerca
de 14%. Mais recentemente vem despontando como uma das principais fontes de óleo para o
programa do biodiesel.
Marquié e Héquet (1994) tratando do algodão em caroço, diz ser constituído de 60% de
sementes e 40% de fibras em que a amêndoa de sementes contém 35 a 40% de proteínas e de
35 a 40% de lipídios.
Souza (1969), demonstrou que a qualidade do óleo depende da variedade, das condições
edafoclimáticas e do estado final de maturação da semente, o que foi confirmado por Cherry e
Leffler (1984). A qualidade do óleo bruto de algodão, incluindo seus ácidos livres, varia
1786
notadamente, sendo melhor quando o tempo é seco e a semente não possui elevado teor de
umidade (BAILEY, 1961). O óleo da semente de algodão é típico do grupo oléico-linoléico
dos vegetais oleaginosos, esses dois representando por volta de 75% do total dos ácidos
graxos.
Visando aprimorar as qualidades desejáveis na semente e pluma do algodão, desde o
inicio de suas atividades, o melhoramento genético do algodoeiro tem sido a principal
atividade da Embrapa Algodão. Em 1996, realizou-se o cruzamento entre um material
introduzido dos EUA que apresentava a coloração da fibra marrom escura com a cultivar
CNPA 87-33 fibra branca de boa qualidade e de ampla adaptação à região Nordeste. A
geração F1 deste cruzamento foi avançada até F3, em que iniciou-se um programa de seleção
genealógica com o objetivo de selecionar linhagens possuidoras de fibra de coloração marrom
escura ou marrom telha de boas características tecnológicas de fibra e boa produtividade.
Além dos critérios normais de seleção normalmente utilizados no algodoeiro, foi dada ênfase
à seleção para maior intensidade da cor marrom telha. Após vários ciclos foram selecionadas
algumas linhagens com fibra marrom escura que participaram de ensaios comparativos de
rendimento em vários locais da região Nordeste por dois anos. Nestes ensaios, destacou-se a
linhagem CNPA 01-55 por sua intensa coloração marrom telha, que também apresentou boa
produtividade, tendo sido eleita para se tornar uma cultivar com o nome BRS SAFIRA
(EMBRAPA, 2004).
A cultivar BRS Safira é herbácea ou anual, podendo ser cultivada em regime de
sequeiro, nas áreas zoneadas para este tipo de algodão e em regime irrigado, com rendimento
médio superior a 3,5 t/ha de algodão em caroço. É, pois, uma excelente opção econômica para
o agricultor do semi-árido nordestino fornecendo ótimo valor agregado à produção, fixando o
homem no campo, dentre outras conseqüências benéficas à sociedade, expressando em seu
potencial produtivo - com qualidade - a fibra, e seus sub-produtos, tais como o línter, a torta e
o óleo.
Para que a cultivar BRS Safira expresse seu potencial produtivo e com qualidade de seu
produto principal, a fibra, e de seus co-produtos, tais como o línter, a torta e o óleo, é
necessário que vários aspectos relacionados aos passos tecnológicos do sistema de produção
desta cultura sejam seguidos.
No sentido de contribuir com informações sobre as características desta nova cultivar
(BRS Safira), notadamente sobre o óleo extraído de suas sementes, julga-se de importância
desvelar tais caracteres por se tratar de uma nova variedade no mercado e por saber da
absoluta carência de informações científicas, neste sentido, realizou-se um estudo
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1787
comparando os resultados obtidos com os de trabalhos já realizados para algodão branco.
2 MATERIAL E MÉTODOS
As cultivares utilizadas foram a BRS Safira e BRS Rubi. Estas cultivares diferenciam-se
das demais de fibra marrom existentes no Brasil por apresentar a fibra marrom escura ou
marrom avermelhado, sendo, as duas primeiras cultivares no Brasil com esta característica de
cor da pluma, e lançadas recentemente no mercado, em 2005.
Os procedimentos de análise foram realizados na Embrapa Amazônia Oriental
(CPATU), no ano de 2004, visando-se verificar a composição percentual em ácidos graxos
por análise cromatográfica gasosa.
Para o procedimento de esterificação, transferiram-se aproximadamente 100 mg de
amostra para tubo de ensaio com tampa. Foram adicionados 4 mL de solução aquosa de
hidróxido de sódio 2 N e após agitação, aqueceu-se a 60 oC por 5 minutos. Em seguida, já a
temperatura ambiente, adicionou-se 2 mL de n-hexano, agitando e deixando em repouso para
verificar a separação dos insaponificáveis (fase superior). Este procedimento foi repetido por
mais duas vezes, desprezando sempre a fase superior. Adicionaram-se 2 mL de álcool
metílico e após agitação, aqueceu-se a 60 oC por 5 minutos. Em seguida, já a temperatura
ambiente, adicionou-se 0,5 mL de n-hexano e aguardou-se a separação de fases, após
agitação. A fase superior foi transferida para frasco com tampa contendo alguns miligramas
de sulfato de sódio anidro (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1976).
Para determinação dos teores de ácido graxos nas sementes de algodão utilizou-se de
um Cromatógrafo Gasoso GC-14A Shimadzu, com integrador C-R5A Shimadzu, coluna
capilar DB-23 (l = 30 m, = 25 mm, filme = 0,25 m), injeção tipo splitless de 2 µL de
solução em n-hexano, temperatura programada de 100°C - 200°C, com gradiente de 4°C min-1
e isoterma de 10 min em 200 °C. Temperatura do injetor 210 °C, temperatura do detector (de
chama) 220 °C. Gás de arraste Hélio, com velocidade ajustada para 1 mL/min. Os dados
foram obtidos pela média de quatro determinações para cada amostra.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 esta sendo apresentados os parâmetros da composição percentual dos
ácidos graxos das amostras de algodão BRS Safira, BRS Rubi e Branco, respectivamente. Os
valores médios dos teores de ácidos graxos das variedades Safira e Rubi apresentaram
maiores percentuais em relação à variedade branca na maioria dos ácidos graxos, tendo
1788
exceção para os ácidos oléico e linoléico.
O ácido mirístico e palmítico apresentaram valores cerca de 3,8 e 2,1 vezes maior para
variedade BRS Safira, já para a variedade BRS RUBI de 3,5 e 2,1 vezes em relação à
variedade Branca, respectivamente.
No tocante aos teores de óleo no algodão BRS Safira (Tabela 2), verificou-se que a
média foi de 23,57% nas sementes, estando acima da média mundial com relação à semente
(14,5%), considerando o peso, que é de 15,2% (BELTRÃO e ARAÚJO, 2004), o que é uma
das grandes vantagens para o seu uso na produção de energia, via matéria prima para
produção de biodiesel. O índice de refração (Tabela 2) do óleo aumenta com o tamanho da
cadeia hidrocarbonada e o grau de insaturação dos ácidos graxos do óleo (MORETTO, 1998),
tem valor médio de 1,47 dentro dos limites do óleo de algodão branco (1,469), que apresenta
elevado índice de insaturação devido à elevada composição média nos ácidos graxos oléico
(C18:1) e linoléico (C18:2), que nos algodões de fibras brancas atingem valores médios de
22,7% e 49,8% respectivamente, do total de ácidos graxos do óleo (BELTRÃO e ARAÚJO,
2004). O índice de saponificação (Tab. 2) foi normal com relação ao óleo de algodão branco
(194), embora o teor do ácido graxo palmítico (C16:0), saturado, tenha sido, na BRS SAFIRA
bem maior (média de 48,15%) do que nas cultivares de fibras brancas.
Na Tabela 2 são observados os resultados referentes aos parâmetros aos teores de óleo,
índices de refração, índice de saponificação das amostras de algodão BRS Safira, BRS Rubi e
Branco, respectivamente. Os valores médios dos teores dos lipídeos e do índice de
saponificação das variedades Safira e Rubis apresentaram maiores valores em relação à
variedade branca.
1789
Tabela 2 - Determinação de lipídeos, Índice de refração e Índice de saponificação das
amostras do algodão BRS Safira, Rubi e Branca.
Amostras Lipídeos (%) Índice de Refração (IR) Índice de Saponificação (IS)
BRS Safira 23,57 1,47 187,87
BRS Rubi 24,28 1,47 202,95
Branca 14,50 1,47 192
Os teores de óleo obtiveram uma média de 24,2% nas sementes que é de 16%
(CHERRY e LEFFER, 1984), o que é uma das grandes vantagens para o seu uso para a
produção de energia, via matéria prima para produção de biodiesel. O índice de refração do
óleo que aumenta com o tamanho da cadeia hidrocarbonada e o grau de insaturação dos
ácidos graxos do óleo (MORETTO, 1998), tem valor médio de 1,47 dentro dos limites do
óleo de algodão, que apresenta elevado índice de insaturação devido à elevada composição
média nos ácidos graxos oléicos (C18:1) e linoléico (C18:2), que nos algodões de fibras
brancas atingem valores médios de 17,41% e 54,54%, respectivamente do total de ácidos
graxos do óleo (CHERRY e LEFFER, 1984). O índice de acidez e o de saponificação (Tab. 2)
foram normais para o óleo de algodão, embora o teor do ácido graxo palmítico (C16:0),
saturado, tenha sido, na BRS RUBI bem maior (média de 49,46%) do que nas cultivares de
fibras brancas, cuja média é de 23,68%, cuja tese salienta CHERRY e LEFFER (1984).
4 CONCLUSÃO
Baseado nos dados experimentais, conclui-se que a cultivar BRS Safira, de fibra
avermelhada, tem maior quantidade de lipídios na semente em relação às cultivares de fibras
brancas apresentando 23,5 contra 14,5% do algodão de fibra branca (quase 10% a mais).
Apresentam diferenças, em especial, no tocante aos ácidos graxos mirístico (C14:0) e
palmítico (C16:0), com 3,8 e 2,0 vezes maior nas cultivares de algodão convencionais,
respectivamente. O ácido graxo linoléico (C18:2), que é o predominante nas sementes do
algodão herbáceo normal, de fibra branca e média, com a média de 49,8% do total, é menos
concentrado nas cultivares BRS Safira, com média da semente de 33,13%. Quanto à
variedade BRS Rubi, constatou-se o mesmo comportamento verificado para a BRS Safira,
destacando-se somente, que o teor de óleo é ainda maior.
Conforme os dados supra-citados, conclui-se que as variedades BRS Rubi e BRS Safira
são indicadas para a industria óleoquímica, além de sua função principal que é a de fornecer
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1790
fibras naturalmente coloridas para a indústria têxtil, dispensando o oneroso e poluente
processo de tingimento.
Dentro dos parâmetros determinados, demonstrou-se que as cultivares de algodão
colorido apresentaram maiores teores de óleo que as convencionais de fibra branca, podendo
ser utilizadas para a obtenção de fibras coloridas, respectivamente, à utilização do óleo de
suas sementes para fins alimentares e de produção de biocombustíveis.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAILEY, A. E. Aceites y grasas industriales. Editorial Reverté. Cap. I p. 4 – 32; Cap. II p.
40-54; Cap. III p. 82-87; Cap. V p. 98-101; Cap. VI p. 122-125; Cap. XIV p. 398-408; 1961.
CHERRY, J.P.; BOX, P.O.; KOEL, R.J.; DRAWER, P.O.; JONES, L.A. e POWELL, W.M.
Cotton quality: factors affecting feed and food uses. In: BELTWIDE COTTON
PRODUCTION RESEARCH CONFERENCE, New Orleans, 1981. Proceedings. Memphis,
National Cotton Council, 1981. p.266-283.
CHERRY, J. P.; LEFFLER, H. R. Seed. In. KOHEL, R. E.; LEWIS, C. F. (ED.) Cotton.
Madison: American Society of Agronomy, 1984. p 511-570.
Embrapa Algodão (Campina Grande, PB) BRS Safira. Campina Grande, 2004. Folder
SANNTAG, N. O. V. Composition and oils. In: Swer, D. Bailer’s industrial oil and fat
products. 4. ed. New York: Wiley Interscience, 1979. Cap. 6, v.1, p.289-477.
1791
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA CULTIVAR
BRANQUINHA COM DIFERENTES METODOLOGIAS EM SECADOR
MECÂNICO
Palavras-Chave: Água, branquinha, mamona, Ricinus communis L., secagem com repouso.
1792
1 INTRODUÇÃO
O conhecimento do comportamento da secagem torna-se importante devido à
temperatura escolhida, ao fluxo de ar e à umidade relativa do ar de secagem, pois pode
influenciar no tempo de exposição dos frutos no secador. Tal remoção de água de um produto
pode ser obtida pelo cálculo da taxa de redução de água. Essa taxa é a relação da perda de
água por matéria seca do produto por hora (Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)).
Conhecendo esses resultados pode-se plotar gráficos e consequentemente calcular a
quantidade de água removida durante a secagem, levando em conta sua área.
Com o uso de parâmetros como a temperatura da massa do produto ou do ar de
secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto, é fundamental na determinação
da taxa de redução de água, definida como a quantidade de água que um determinado produto
perde, por unidade de matéria seca, por unidade de tempo. O que representa uma ferramenta
de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o processamento de
seu produto. Torna-se, necessário estudar os parâmetros de secagem da mamona, pois a
maioria das informações disponível associada à secagem da mamona relacionada à secagem
mecânica ainda são escassos (Correa, 2006). Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de
determinar a taxa de redução de água da mamona cultivar Branquinha, submetida a
temperatura de 50ºC em secador de leito fixo com um tempo de descanso visando à melhor
redistribuição de água e um possível tempo de secagem menor.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos
Agrícolas do Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS)
do Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) cultivar Branquinha, colhidos em experimento na própria universidade.
1793
Os frutos no início da secagem, apresentaram umidade inicial de 68,42 % b.u. Foram
adicionados em cada célula de secagem 1,0 Kg de frutos.
Para conhecermos as diferentes umidades dos frutos da mamona, desde o ponto inicial
até o final utilizou-se a equação 1 com o auxilio de uma estufa com circuito aberto à
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Para a determinação da umidade, os frutos
da cultivar foram utilizados 10 gramas do produto com 2 repetições cortados em 4 partes. A
umidade inicial dos frutos da mamona cultivar Branquinha, apresentada na colheita foi de
68,42 % b.u. em média.
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps equação 2
Em que:
Pa: Peso de água
Pt: Peso total
Ps: Peso seco em estufa
1794
Tabela 1 - Caracterização do secador experimental.
Tipo de secador Leito fixo de fluxo de ar ascendente
Área da superfície do secador 0,54 m x 0,54 m = 0, 2916 m2
Área de cada bandeja de secagem 0,24 X 0,24 = 0,0576 m2
Área de entrada do ar p/ o plenum 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Velocidade do ar na massa de frutos 0,6 m/s
Fluxo de ar de secagem 36,0 m3 x min-1 x m-2
1795
plenum e da aerodinâmica do secador respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas,
obedecendo ao sentido de rotação destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura
do ar de secagem foi fixada, de maneira a obter os valores médios de temperatura
estabelecidos para a massa de frutos, de acordo com a temperatura lida pelo termopar em
meio digital. O monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar ambiente, durante
a secagem dos frutos de mamona, foi registrado por um termohigrógrafo (Figura 7). Para
medir a velocidade do ar de secagem que passa pela massa de frutos, foi utilizado o
Anemômetro digital (Figura 8).
( Ma − Mat )
TRA = equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Em que:
1796
A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.
Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:
Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) equação 3
Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
1797
Gráfico 1 - Taxa de redução de água da cultivar Branquinha a 50ºC.
Taxa de redução de água cultivar Branquinha
0,675
0,63
0,585
0,54
(kg de água/kg de materia seca.h)
0,495
0,45
0,405
0,36
0,315
0,27
0,225
0,18
0,135
0,09
0,045
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (h)
secagem contínua secagem 10 horas + repouso de 8 horas secagem com variação de repouso no tempo
Observou-se que no inicio entre 4 e 5 horas de secagem, a taxa de redução de água foi
bem superior o que evidencia a maior remoção de água devido a água livre existente nos
frutos. Nos dois métodos de repouso, principalmente na secagem com variação de repouso no
tempo observou os mesmos picos de taxa de redução, tanto no segundo, terceiro e quarto
repouso o que leva a uma otimização do sistema de secagem da mamona.
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esses valores são as
áreas conhecidas para cada um dos métodos. Com isso a quantidade de água removida pode
ser calculada pelo produto da área x matéria seca do produto como se observa na Tabela 2.
1798
Tabela 2 - Área abaixo da curva, matéria seca e quantidade de água removida durante o
período de secagem.
Quantidade de água
Área abaixo da curva
Matéria Seca (kg) removida (kg)
(kg de água/kg de matéria seca)
Área x Matéria Seca
Secagem contínua
0,3158 0, 631
2,00
Secagem 10 h + 8 repouso
0,3158 0,631
2,00
Variação de repouso no tempo
0,3158 0,600
1,90
4 CONCLUSÃO
Entre 4 e 5 horas de secagem para todos os tratamentos evidenciou a maior remoção de
água devido a água livre existente nos frutos.
Na secagem com variação de repouso no tempo observou os mesmos picos de taxa de
redução, tanto no segundo, terceiro e quarto repouso o que leva a uma otimização do sistema
de secagem da mamona.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORRÊA, J. L. G.; Nascimento, F. R.; Neto, P. C.; Fraga, A. C.. Cinética de secagem de
frutos de mamona (Ricinus communis L.) variedade IAC 80, III Congresso Brasileiro de
Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biodiesel, Varginha, 2006, Anais... em CD Rom.
1799
SILVA, J.S. Secagem e Armazenagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. ed.1
Viçosa: Aprenda Fácil, 2000.
1800
COMPORTAMENTO DA SECAGEM DE MAMONA (Ricinus communis L.)
CULTIVAR BOLA SETE SUBMETIDA À TEMPERATURA DE 50ºC COM
TEMPO DE REPOUSO EM SECADOR DE CAMADA FIXA
1801
1 INTRODUÇÃO
A secagem da mamona pode ser conduzida em terreiros cimentados ou de alvenaria,
colocados em camadas finas e uniformes de 5 a 10 cm de espessura por um período de 4 a 15
dias, dependendo da região (Silva et al., 2006). Desta forma, o processo de secagem torna-se
bastante demorado, pois os frutos apresentam um teor de água elevado após a colheita. Isso
indica que o teor de água pode ser um indicador preciso do nível de maturidade para a
colheita e beneficiamento dos grãos (DESAI, 1997). Portanto o conhecimento desse
parâmetro permite a escolha do procedimento mais adequado para a colheita, a secagem, o
beneficiamento e armazenamento da semente e a preservação de sua qualidade física,
fisiológica e sanidade (Marcos Filho et al, 1987). Procedimentos esses que levando em conta
que a demanda elevada para escoar os produtos vem a estimular ainda mais a busca de
tecnologias no sentido de maximizar esse tempo, o uso de sistemas de secagem é uma forma
de acelerar a etapa de pós-colheita para qualquer produto agrícola. Da mesma forma que
outros produtos como a soja, milho, café, girassol, trigo, arroz, a demanda para escoar esse
produto no campo vem a estimular a busca de tecnologias, no sentido de reduzir o tempo na
etapa de pós-colheita. Os secadores mecânicos podem ser uma boa escolha para acelerar a
secagem, objetivando a eficácia do processo de secagem. O controle do ar aquecido
dependerá do combustível e da forma de condução da secagem. O aquecimento do ar pode ser
realizado por diferentes combustíveis, utilizando daquele que resulte no melhor
aproveitamento do secador e do seu custo. Sabe-se que na secagem de alguns é importante
submete-los a tempos de descanso ou revolvimento admitidos de acordo com cada produto.
Isso leva a perceber que um tempo de repouso pode contribuir com a secagem da mamona,
visto que a sua casca dificulta essa troca de água do produto com o ar de secagem.
Portanto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de determinar a cinética de
secagem da mamona cultivar Bola Sete, submetida a temperatura de 50ºC, em secador de leito
fixo com fluxo de ar ascendente e com tempo de repouso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia da e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura, UFLA – MG. Foram utilizados frutos de mamona (Ricinus
communis L.) da cultivar Bola Sete (Figura 1), colhidos manualmente em experimento na
própria universidade.
1802
Figura 1 - Cultivar Bola Sete
Os frutos foram colhidos quando sua umidade apresentava 67,33% b.u. Foram
adicionados em cada bandeja 800 gramas de frutos em média com esta umidade inicial.
A secagem do produto foi realizada sob condições controladas de temperatura, a 50ºC,
sendo a medição da temperatura da massa dos frutos obtida por termopares do Tipo J (Cobre /
Constantan) (Figura 2). Para a secagem dos frutos de mamona cultivar Bola Sete, foi utilizado
um protótipo de secador experimental de leito fixo com fluxo ascendente (Figura 3). O
secador apresenta uma resistência elétrica, e por meio de um ventilador insuflou o ar aquecido
pela resistência e ao passar pelos frutos, retira a água livre dos mesmos.
1803
Tabela 1 - Caracterização do secador experimental.
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum, em
temperatura de 105°C por 24 horas, Brasil (1992).
Para a determinação da umidade dos frutos da cultivar bola sete, foram cortados em 4
partes e colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da
mamona cultivar Bola sete apresentada na colheita, foi de 67, 33 % b.u..
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps equação 2
Em que:
1804
Figura 4 - Pesagem da massa de frutos.
A temperatura da massa de frutos foi medida no mesmo intervalo da pesagem, por meio
de termopares tipo J (Figura 2), colocados no centro da massa, em cada divisão da câmara de
secagem. Para cada temperatura, foram realizadas 4 repetições. Sendo esses dados utilizados
para a plotagem das curvas de secagem. Após a secagem completa, foi determinada a
umidade em base úmida (b.u.), pela estufa e pelo peso constante. Não foram adotados
períodos de repouso para todos os tratamentos. Para minimizar uma possível diferença de
temperatura e fluxo de ar de secagem entre as quatro divisões, decorrente da posição das
resistências no plenum e da aerodinâmica do secador respectivamente, foi realizado um
rodízio das bandejas, obedecendo ao sentido de rotação destas, sendo este feito a cada 30
minutos. A temperatura do ar de secagem foi fixada de maneira a obter os valores médios de
temperatura, estabelecidos para a massa de mamona, de acordo com a temperatura lida pelo
termopar em meio digital. O monitoramento da temperatura e da umidade relativa do ar
ambiente, durante a secagem dos frutos de mamona, foi registrado por um termohigrógrafo. O
Anemômetro foi usado para medir a velocidade do ar de 0,6 m/s na saída do plenum do
secador.
A cultivar Bola Sete foi submetida à secagem intermitente intercalando 5 horas de
secagem com 5 horas de repouso até o peso final de secagem quando foi observada a
constância do peso das amostras.
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 2
1805
(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 2
(100 − Uf )
Em que:
Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o interesse em se obter uma curva de secagem completa, os experimentos foram
conduzidos até que se obtivesse uma massa constante na pesagem dos frutos. Verificando os
dados coletados a cada pesagem, e transformando a partir da umidade inicial da cultivar Bola
Sete, conheceu-se o teor de água a cada pesagem do produto.
De acordo com a temperatura na massa de frutos, durante todo o período de secagem,
conheceram-se os efeitos no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do
tempo. Após a coleta dos dados, foi calculada uma média das 4 repetições, e plotado o gráfico
da cinética de secagem da cultivar Bola Sete com período de repouso.
Foi variado o teor de água de 67, 33 % para a 8%b.u., o que significa uma redução em
massa, de 1000 gramas para aproximadamente 284 gramas, sendo retirado 516 gramas de
água do produto.
Observa-se que no período inicial o produto se encontra completamente úmido, e a água
escoa com mais facilidade. Como se percebe a perda de água na redução de massa no Gráfico
1 e Gráfico 2.
1806
Curva de secagem Bola Sete
900
800
700
600
Massa (g)
500
400
300
200
100
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Tempo (min)
Gráfico 1 - Curvas de secagem da cultivar Bola Sete a 50ºC com tempo de repouso
900
800
700
600
massa (g)
500 Período de
Secagem 1
400
Período de
Repouso 1
300
Período de Período de
Secagem 2 Repouso 2
200 Período de
Secagem 3
100
0
0 300 600 900 1200 1500 1800
Tempo (min)
Temperatura 50ºC
Gráfico 2 - Curva Média de secagem da cultivar Bola Sete a 50ºC com tempo de repouso.
1807
O trabalho de secagem deu-se com 3 períodos de secagem e 2 de repouso, como se
observa no gráfico 2 em que o tempo total de utilização de secador foi de 15 horas e 10 horas
de repouso dos frutos.
4 CONCLUSÕES
Os frutos após a secagem demonstraram facilidade de descascamento manual e
mecânico.
O tempo total de utilização de secador foi de 15 horas e o repouso dos frutos foi de 10
horas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
DESAI, B.B; KOTECHA, P.M; SLUNKHE, D.K. Seeds handbook – Biology, Prodution,
Procesing and Storage. New York: Marcel Dekker Inc, 1997, 627 p.
MARCOS FILHO, J.; CÍCERO, S.M.; SILVA, W.R.. Avaliação da Qualidade das
Sementes. Piracicaba: FEALQ, 1987, 230 p.
SILVA, O.R.R.F., NÓBREGA, M.B.M., GONDIM, T.M.S., Cultivo da Mamona, Embrapa
Algodão, disponível em < http://mamona.agriculture.com.br/colheita.php >, acesso em 20 de
junho de 2006.
1808
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA NA SECAGEM DA MAMONA (Ricinus
communis L.) CULTIVAR BOLA SETE SUBMETIDA À TEMPERATURA
DE 50ºC COM INTERVALO DE REPOUSO EM SECADOR DE CAMADA
FIXA
Palavras-Chave: Bola sete, fluxo de ar, Ricinus communis L., taxa de redução de água.
1809
1 INTRODUÇÃO
O processo de secagem de alguns produtos agrícolas como a mamona torna-se
bastante demorado principalmente quando os frutos apresentam um teor de água muito
elevado durante a colheita e devido à secagem ocorrer com o fruto inteiro, sementes e cascas
servindo de barreira natural a migração da água até a sua extremidade, permitindo ao ar de
secagem carrear tal umidade. A remoção dessa água durante a secagem pode ser conhecida
quando se apresenta graficamente uma curva de secagem ou pela taxa de redução de água.
A taxa de redução de água é a relação da perda de água por matéria seca do produto por
hora (Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)). Conhecendo os resultados de TRA pode com
isso plotar gráficos e consequentemente calcular a quantidade de água removida durante a
secagem levando em conta sua área. Com o uso de parâmetros como a temperatura da massa
do produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de água inicial do produto, é
fundamental na determinação da taxa de redução de água. O que representa uma ferramenta
de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o processamento de
seu produto. Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de
água da mamona cultivar. Bola sete, submetida à temperatura de 50ºC, em secador de leito
fixo com fluxo de ar ascendente, com intervalos de repouso de 5 horas na secagem, a cada 5
horas de secagem.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na Unidade de Beneficiamento e Secagem (UBS) do
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da variedade Bola Sete (Figura 1). Os frutos foram
colhidos manualmente quando sua umidade apresentava 67,33% b.u. e adicionados em cada
bandeja 0,8 kg de frutos em média com esta umidade inicial.
1810
Figura 1 - Cacho da cultivar Bola Sete
1811
Figura 5 - Termopares. Figura 6 - Regulando o fluxo de ar. Figura 7 - Entrada de ar
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum, em
temperatura de 105°C por 24 horas, Brasil (1992).
Para a determinação da umidade dos frutos da cultivar bola sete, foram cortados em 4
partes e colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da
mamona cultivar Bola sete apresentada na colheita, foi de 67, 33 % b.u..
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps equação 2
Em que:
1812
entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no plenum e da aerodinâmica
do secador respectivamente, foi realizado um rodízio das bandejas, obedecendo ao sentido de
rotação destas, sendo este feito a cada 30 minutos. A temperatura do ar de secagem foi fixada,
de maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos para a massa de mamona,
de acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O monitoramento da
temperatura e da umidade relativa do ar ambiente, durante a secagem dos frutos de mamona,
foi registrado por um termohigrógrafo (Figura 9). Foi utilizado o anemômetro digital (Figura
10), para medir e regular a velocidade do ar de secagem que passa através da massa de frutos.
Após a secagem completa, foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pelo
método da estufa e pelo peso constante.
Para acompanhamento da redução de água, e para a obtenção das curvas de taxa de
redução de água, durante o processo de secagem mecânica, foi utilizada a seguinte equação de
taxa de redução de água, de acordo com a equação 1.
1813
( Ma − Mat )
TRA = equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Em que:
A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.
Em que:
Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:
1814
Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) equação 3
Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a temperatura constante na massa de frutos, durante todo o período de
secagem conheceu-se a quantidade de água que a cultivar Bola Sete perdeu, por unidade de
matéria seca, por unidade de tempo (Gráfico 1).
0,6
0,55
0,5
kg de água/kg de materia seca
0,45
0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (horas)
Temperatura 50ºC
No início, antes do primeiro período de repouso, observou-se uma alta taxa de redução
de água, que daí por diante foi decaindo progressivamente. Feito o repouso de 5 horas, voltou
ao secador e a taxa de redução de água tornou a subir. Pode-se observar também, no gráfico 1,
que, nas primeiras 5 horas, a mamona apresentou os maiores valores de taxa de redução de
água, em razão da remoção da água presente na casca, o que permite ressaltar sobre a água
livre disponível na casca. Logo após esse período, notou-se que em todos os repousos feitos,
1815
os picos de taxa de redução de água foram próximos, porém decaiam progressivamente,
evidenciando assim a chegada na constância de quantidade de água removida, onde a partir
deste, a água removida poderá ser água de constituição. Evidenciou também a importância de
se utilizar intervalos de repouso como forma de otimizar a técnica de secagem.
Com isso a quantidade de água removida pode ser calculada pelo produto da área x
matéria seca do produto como se observa na Tabela 2.
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,966 é a
área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca de encontra o valor da água
removida de 0,516 kg durante a secagem desta cultivar.
4 CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos no presente trabalho, permiti-se obter as seguintes
conclusões:
A taxa de redução de água, à temperatura de 50ºC, obteve as maiores perdas de água no
período inicial de secagem.
O tempo onde se observou maiores valores de taxa de redução de água foi nas primeiras
5 horas de secagem.
Os maiores valores de taxa de redução de água nas primeiras horas foram devido à água
presente na casca.
Após todos os repousos feitos houve picos de taxa de redução de água o que leva a uma
otimização do sistema de secagem.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
1816
MARQUES, E. R.; Alterações químicas, sensoriais e microscópicas do café cereja
descascado em função da taxa de remoção de água Dissertação de Mestrado. Lavras :
UFLA, 2006. 85 p.
1817
CURVA DE SECAGEM DA MAMONA, CULTIVAR IAC-226,
SUBMETIDA À TEMPERATURA DE 50ºC COM PERÍODO DE REPOUSO
EM SECADOR MECÂNICO
1818
1 INTRODUÇÃO
A mamona, que é vista como parte importante do projeto da produção do biodiesel
nacional vem sendo utilizada como alternativa de fonte de energia e renda, por ser fixadora de
mão-de-obra bem como geradora de emprego e de matéria-prima (Embrapa, 1997). O seu
processo de secagem pode ser conduzido em terreiros cimentados ou de alvenaria, colocados
em camadas finas e uniformes de 5 a 10 cm de espessura por um período de 4 a 15 dias,
dependendo da região (Silva et al., 2006). Desta forma, o processo de secagem torna-se
bastante demorado, pois os frutos apresentam um teor de água elevado após a colheita. Isso
indica que o teor de água pode ser um indicador preciso do nível de maturidade para a
colheita e beneficiamento dos grãos (DESAI, 1997). Portanto o conhecimento desse
parâmetro permite a escolha do procedimento mais adequado para a colheita, a secagem, o
beneficiamento e armazenamento da semente e a preservação de sua qualidade física,
fisiológica e sanidade (Marcos Filho et al, 1987).
A secagem artificial a altas temperaturas, é realizada em secadores que funcionam pelo
princípio da convecção forçada (Silva 2000). O resultado dessa secagem é descrita por uma
curva levando em conta a redução da água do produto em relação ao tempo. Portanto este
trabalho visa o estudo da cinética de secagem da mamona, cultivar IAC -226, utilizando-se
um tempo de repouso e mantendo a temperatura constante.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras – MG e na unidade de
beneficiamento e secagem (UBS) no Departamento de Agricultura. Foram utilizados frutos de
mamona (Ricinus communis L.) da variedade IAC 226. A mamona, cultivar IAC 226, foi
colhida manualmente em campo experimental da Universidade Federal de Lavras (Figura 2),
submetido assim as condições climáticas do local. Sua umidade apresentava 67,33% b.u
quando foram adicionados em cada bandeja, sendo 800 gramas de frutos em média.
1819
Figura 1 - Cultivar IAC 226. Figura 2 - Lavoura de IAC-226.
O experimento iniciou-se onde a mamona cultivar IAC 226 foi submetida a 300 minutos
de secagem e 300 minutos de repouso à uma temperatura de 50°C. Para manter a massa de
frutos com a temperatura de 50ºC no secador foi necessário regular no painel digital (Figura
4) sendo feita também a medição da temperatura da massa dos frutos obtida por termopares
do Tipo J Cobre/Constantan (Figura 5).
Para a secagem dos frutos de mamona cultivar IAC - 226 foi utilizado um protótipo de
secador experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente. O secador apresenta uma
resistência elétrica e por meio de um ventilador insufla o ar aquecido pela resistência e
passando pelos frutos retirando a água livre dos mesmos.
1820
Figura 5 - Termopar. Figura 6 - Secador experimental.
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, Brasil (1992).
Para a determinação da umidade os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes e
colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona
cultivar IAC-226 apresentada na colheita foi de 67,33% b.u..
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps equação 2
Em que:
1821
Durante o processo de secagem e também durante o repouso dos frutos, estes foram
revolvidos na bandeja periodicamente e foi realizada a pesagem da massa em intervalos de 30
minutos, sendo feita até a massa dos recipientes permanecerem aproximadamente invariável.
As temperaturas da massa de frutos foram medidas no mesmo intervalo da pesagem, por
meio de termopares tipo J, colocados no centro da massa, em cada divisão da câmara de
secagem. Para cada temperatura foram realizadas 4 repetições. Sendo esses dados utilizados
para a plotagem das curvas de secagem. Para minimizar uma possível diferença de
temperatura entre as quatro divisões, decorrente da posição das resistências no plenum, foi
realizado um rodízio das bandejas. A temperatura do ar de secagem foi fixada de maneira a
obter os valores médios de temperatura estabelecidos para a massa de mamona de acordo com
a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O monitoramento da temperatura do ar
ambiente e umidade relativa do ar ambiente durante a secagem dos frutos de mamona foram
registrados por um termohigrógrafo. O Anemômetro foi usado para medir a velocidade do ar
de secagem na saída do plenum do secador sendo 0,6 m/s, um fluxo de 36 m3. min-1.m-2.
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 3:
(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 3
(100 − Uf )
Em que:
Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida
Esta variação entre repouso e secagem foi repetida até que a mamona cultivar IAC-226
atingiu o peso constante.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o intuito de se obter uma curva de secagem completa, o experimento foi conduzido
até que se obtivesse uma massa constante na pesagem dos frutos.
1822
De acordo com a temperatura na massa de frutos durante todo o período de secagem
conheceram-se os efeitos no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do tempo
(Gráfico 1).
800
700
600
500
Massa (g)
400
300
200
100
0
0 300 600 900 1200 1500
Tempo (min.)
Observou-se que nos primeiros 300 minutos (5 horas) de secagem houve uma grande
perda de massa de água isso devido a água livre presente nos frutos.
No Gráfico 2 apresenta a média das curvas de secagem, identificando os períodos de
secagem e de repouso.
1823
Curva de secagem cultivar IAC 226
800
700
600
500
Período de Período de
(massa (g)
Secagem 1 Repouso 1
400
300
Período de
Período de
Secagem 2
Repouso 2
200
100
0
0 300 600 900 1200 1500
Tempo (min.)
Temperatura 50ºC
O tempo total (secagem + repouso) de trabalho foi de 1320 minutos e o tempo apenas
de uso de secador foi de 720 minutos. Durante a secagem foi removida aproximadamente 519
gramas de água ao chegar ao peso de 283 gramas de massa de frutos.
4 CONCLUSÃO
Nos primeiros 300 minutos houve grande perda de massa devido a água livre nos frutos.
O tempo de repouso de 300 minutos e a temperatura de 50ºC para frutos a 67,33%
resultou num tempo de secagem de 720 minutos para a cultivar IAC 226.
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
DESAI, B.B; KOTECHA, P.M; SLUNKHE, D.K. Seeds handbook – Biology, Prodution,
Procesing and Storage. New York: Marcel Dekker Inc, 1997, 627 p.
1824
MARCOS FILHO, J.; CÍCERO, S.M.; SILVA, W.R.. Avaliação da Qualidade das
Sementes. Piracicaba: FEALQ, 1987, 230 p.
1825
EFEITO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DO MEIO MS E BAP NO
DESENVOLVIMENTO IN VITRO DO PINHÃO-MANSO
RESUMO: A busca por uma fonte renovável de energia é uma alternativa viável a
vivenciada crise energética atual, e uma oleaginosa que vem auxiliar é o pinhão-manso. O
objetivo do presente trabalho foi verificar o efeito de diferentes concentrações do meio MS e
BAP no desenvolvimento in vitro de plântulas de pinhão-manso. Os embriões foram
inoculados em meio MS nas concentrações de (0, 25, 50, 75 e 100%) em relação a
composição original, combinando a essas concentrações 0, 2, 4 e 6 mg. L-1 de BAP (6-
Benzilaminopurina) em todas as combinações possíveis. Foi observado que a germinação in
vitro do pinhão-manso é afetada pela concentração do meio MS, onde a concentração de 64%
dos sais se fez mais adequada, obtendo-se um máximo de 90,10% de germinação. O número
de brotos por plântula é afetado de forma linear aos incrementos de concentrações de BAP e
também é afetado pela diferentes concentrações do meio MS, 72,50% da concentração de sais
é mais favorável a esta característica e o número de raízes é afetado pelas concentrações de
BAP.
1826
1 INTRODUÇÃO
O mundo está presenciando o fim de um período, no qual a cadeia energética se basea
em fontes fósseis de energia, como carvão e petróleo. Estas fontes levaram a humanidade a
uma crise energética, já que os combustíveis fósseis são recursos naturais não renováveis.
Segundo Vidal (1998) o petróleo está acabando no mundo, não dura mais do que trinta anos.
E também a uma crise ambiental, devido ao longo histórico de degradação a que estes
precedem. Uma das alternativas atualmente viáveis à esse processo é a utilização plantas
oleaginosas como fonte de biocombustíveis. Devido à dimensão continental do Brasil e da sua
diversidade de clima e solo, estima-se que existam aqui mais de 200 espécies de oleaginosas
com potencial para produzir óleo como fonte de matéria prima, para a produção de biodiesel
(energia), contudo um dos destaques do setor é uma planta que, até então, passava quase
despercebida, o pinhão-manso (Beltrão & Cartaxo, 2006).
Os estudos com o pinhão-manso foram despertados devido a características inerentes a
planta como o elevado teor de óleo produzido pelas sementes, que de acordo com (Globo
Rural, 2006) pode superar 30% e a planta pode frutificar por mais de 40 anos, portanto é uma
planta perene, além de adaptada as condições edafoclimáticas diversas, inclusive as semi-
áridas. Pesquisas a respeito da multiplicação in vitro de espécies de interesse econômico são
cada vez mais promissoras. Características como plantios desuniformes, associados à falta de
material genético melhorado, têm sido apontados como os principais fatores, que limitam a
expansão de muitas culturas. Mediante a importância econômica e medicinal da espécie,
devido ao grande interesse no mercado interno com a produção de óleo e, para gerar
excedente exportável, há necessidade de produção de grande quantidade de mudas e da
ampliação do conhecimento da espécie (Nunes, 2007).
A busca da ampliação do conhecimento desta espécie se faz necessário primeiramente,
para que sua domesticação seja efetivamente alcançada. Uma das tecnologias que vem
contribuir para esse objetivo é a micropropagação de plantas, já que os problemas observados
no cultivo convencional são quase inexistentes no cultivo in vitro. Apesar da demanda de
maior conhecimento e estrutura adequada mais complexa, este tipo de cultivo se sobressai,
devido a obtenção de mudas mais saudáveis e mais uniformes, com menor exigência de
espaço físico e temporal, entre outras. A micropropagação, voltada para o cultivo de embriões
pode viabilizar o estabelecimento in vitro do pinhão-manso, já que este é uma espécie perene
e segundo Ribeiro (1999) é uma técnica de relevada importância, pois permite a propagação
rápida de culturas de ciclo longo. Dentro desta importância, objetivo-se com o presente
1827
trabalho avaliar o efeito de diferentes concentrações do meio MS (Murashige & Skoog, 1962)
e BAP (6-benzilaminopurina) no desenvolvimento in vitro de plântulas pinhão-manso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais da Universidade
Federal de Lavras, Departamento de Agricultura, Lavras – MG.
Para obtenção do material vegetal utilizado, sementes (advindas de plantas matrizes
provenientes da região de Janaúba, Minas Gerais) foram usadas para a retirada dos embriões.
Na câmara de fluxo laminar, as sementes que tiveram o envolcro exterior removido (casca),
passaram por um processo de assepsia, por imersão em álcool 70% v/v durante um minuto,
seguido de hipoclorito de sódio (Qboa®) 2% v/v por 25 minutos, em seguida lavadas três
vezes em água destilada e autoclavada, para remoção dos agentes desinfestantes. As sementes
foram excisadas em placa de petri esterelizada contendo papel de filtro. Com o auxílio de
bisturi e pinça, os integumentos das sementes foram separados longitudinalmente a partir da
região oposta à micrópila, tomando-se o cuidado de não provocar danos aos embriões. Estes
foram inoculados em tubo de ensaio de 25 x 150 mm, contendo 15mL do meio MS nas
concentrações de (0, 25, 50, 75 e 100%) em relação a composição original. Combinou-se a
essas concentrações 0, 2, 4 e 6 mg.L-1 de BAP (6-Benzilaminopurina) em todas as
combinações possíveis, o meio foi solidificado com 6g/L-1 de ágar (Merck®), teve o pH
ajustado para 5,8 antes da autoclavagem a 121°C e 1atm por 20 minutos. As sementes foram
postas para germinar em sala de crescimento, à temperatura de 27 ± 1 ºC, fotoperíodo de 16
horas e 35 µMm-2s-1 de intensidade luminosa, fornecida por lâmpadas fluorescentes brancas
de 20W da marca Osram®. Após um período de 30 dias, as plântulas foram avaliadas quanto a
germinação, número de brotos e número de raízes das plântulas. Para a análise estatística
utilizou-se o software Sisvar (Ferreira, 2000). Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância, com a aplicação do teste F a 5% de probabilidade, e as médias quantitativas
analisadas por regressão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A variável germinação foi significativa apenas para as concentrações do meio MS, não
houve influência das concentrações de BAP no percentual de germinação dos embriões de
pinhão-manso, sendo que a interação também não se mostrou significativa. Dados
semelhantes quanto a não significância do BAP na germinação foram obtidos por Silva
1828
(2002), o qual relata que as concentrações de BAP utilizadas não propiciaram diferenças
significativas na porcentagem de germinação dos embriões zigóticos de (Cocos nucífera L.).
É possível que o BAP não apresente efeito sobre a germinação do pinhão-manso devido ao
fato de que este processo fisiológico possa ser controlado por mais de uma substância
promotora, além do BAP. Segundo Santa-Catarina (2001) a adição de BAP ao meio de cultura
não apresentou efeito significativo sobre a percentagem de germinação in vitro de embriões
zigóticos de canela sassafrás (Ocotea odorifera Mez). Paralelamente, a germinação respondeu
as concentrações do meio MS, o que pode não acontecer com outras culturas como ocorre
com o timbó (Derris urucu) (Lippil & A.C.Smith) Macbride, que também é uma lenhosa,
Conceição (2000), estudando a germinação de sua sementes, verificou que as variações nas
concentrações dos sais de macro e micronutrientes do meio MS não interferiram no número
de sementes germinadas aos 12 dias de cultivo in vitro.
Pode-se observar pela figura 1 que o meio de cultura sem nutriente pouco estimulou a
germinação, comparado com a concentração 64% onde se obteve um máximo de 90,10% de
germinação. Também é evidenciado que altas concentrações de nutrientes, não mostraram-se
adequadas quanto a característica avaliada.
95
90
85
GERM
80
75
70
65
60
0 25 50 75 100
MEIO
1829
Sousa, et.al.(2002) trabalhando com germinação in vitro de arnica (Lychnophora
pinaster Mart.), obtiveram a melhor porcentagem de germinação utilizando o meio MS/4
sólido, com 68% germinação dos embriões, e quando usaram o meio MS completo também
obtiveram menor porcentagem de germinação (48%). Embora diferentes meios sejam capazes
de manter os microcultivos de embriões, o mais freqüentemente utilizado é o meio MS
(Andrade et al., 2001).
Houve variação quanto ao número de brotos, tanto em relação as concentrações do meio
MS, como para as concentrações de BAP, no entanto não houve resposta significativo quanto
a interação destes dois fatores. Esses dados se assemelham aos obtidos por Villa, et al. (2005)
que trabalhando com a multiplicação in vitro da amoreira-preta ‘ébano’em diferentes
concentrações de meio MS e BAP, afirmam que o número de brotos da cultivar Ébano foi
estimulado pelo aumento da concentração de sais de MS e da citocinina BAP, porém, não
houve interação entre esses dois fatores.
Analisando-se a figura 2, observa-se que incrementos nas concentrações de BAP
proporcionaram aumento no número de brotos por plântula de pinhão-manso de forma linear.
Verificou-se que o aumento no número de brotos é diretamente proporcional ao aumento das
concentrações de BAP.
1.2
1.0
0.8
NB
0.6
0.4
0.2
0.0
0 2 4 6
BAP
Figura 2 - Número de brotos por plântulas de J. curcas L., em função das concentrações de
BAP. UFLA, Lavras - MG, 2007.
1830
Este resultado esta em desacordo com os obtidos por Rajore & Batra (2005), que
relatam que na regeneração de J. curcas via meristema, a concentração de 2,00 mg L-1 de
BAP foi a mais efetiva na indução de brotos. Dzazio, et al. (2002) trabalhando com a
micropropagação do porta-enxerto de videira '420-A'A, afirma que a maior quantidade de
brotos por explante foi encontrada nos meios com presença de BAP, concordando com o
resultado aqui apresentado. A multiplicidade de brotos é característica deste regulador, que
induz a formação de grandes números de brotos e alta taxa de multiplicação em muitos
sistemas de micropropagação (Martinelli, 1991). Cordeiro (2004) verificou que a
concentração de BAP, na proliferação de brotos in vitro de paricá (Schizolobium amazonicum
Huber ex Ducke), que resultou em maior número médio de brotações foi a que continha
concentração de 3 mg.L-1, obtendo-se, em média, 2,14 brotos por explante. Em figueira (Ficus
carica L.), o intervalo das concentrações de BAP consideradas mais adequadas para a
obtenção do maior número de brotações se encontra entre 2 e 4 mg L-1 (Brum, 2002). Araújo
(2005) relata que na multiplicação in vitro de Ananas comosus L. Merril a concentração 4,0
mg L-1de BAP diminui a porcentagem de brotação; o que sugere excesso de regulador, este
excesso, nessa concentração da referida citocinina, não ocorre para o pinhão-manso nestas
condições de estudo. O efeito benéfico do BAP na multiplicação das brotações pode ser
relacionado com a influência desse regulador de crescimento na divisão celular e na quebra de
dormência das gemas axilares, até então inibidas pela dominância apical (Brum, 2002)
Pela figura 3 observa-se que a utilização do meio MS até 72,50% de sua concentração
de sais foi favorável, com a obtenção de 1,10 brotos por explante de pinhão-manso, e que
concentrações acima desta, não trouxeram benefício quanto a variável analisada. Rezende
(1996) trabalhando com a multiplicação in vitro de Kiwi, observou maior número de
brotações da cultivar ``Matua´´ em meio contendo 98,46% da concentração do MS e 13,90
mgL-1 de sacarose, sendo produzidas 4,56 brotações. Naves (2001) verificou em trabalho
com bromélia-imperial um aumento no tamanho dos brotos até a concentração de 100% do
meio MS.
1831
NB = 0,049 + 0,029*(MEIO) - 0,0002*(MEIO) 2 - r 2 = 0,86
1.6
1.4
1.2
1.0
0.8
NB
0.6
0.4
0.2
0.0
0 25 50 75 100
MEIO
Figura 3 - Número de brotos por plântulas de J. curcas L., em função das concentrações do
meio MS. UFLA, Lavras - MG, 2007.
Ferreira, (2002) também relata que o meio MS completo apresentou as maiores médias
para a resposta de eixos embrionários de cupuaçu (Theobroma grandiflorum schum.) à
concentração de sais, indicando que a espécie necessita de uma maior concentração de sais na
fase de indução da parte aérea. Em trabalho com café 'Catuaí', objetivando determinar o efeito
de diferentes proporções dos sais inorgânicos e componentes orgânicos do meio MS, Forni &
Pasqual (1996) observaram que o aumento dos níveis de MS proporcionou maior número de
brotos. Para a micropropagação de porta-enxerto de videira, melhores resultados também são
obtidos com o uso do meio MS até na sua concentração original (Villa, 2006). Trabalhando
com a concentração original dos sais do MS Nicoloso (2005), obteve como média de
brotações 1,74 a 0,53, na micropropagação do ginseng brasileiro (Pfaffia glomerata
(Spreng.) Pedersen. Concentrações maiores são utilizadas quando se trata de multiplicação in
vitro de amoreira-preta cultivar Brazos, utilizou-se 150% da concentração dos sais do meio
MS para a melhor resposta a número de brotos, que foi de 3,99 brotos por plântula de
amoreira-preta (Villla, et al.2005). É interessante ressaltar que os níveis de reguladores de
crescimento adequados para proporcionar a maior quantidade de brotos emitidos, variam de
acordo com o genótipo da planta considerada, e que devem ser determinadas para cada caso.
A escolha de citocinina e da concentração utilizada dependerá do material utilizado.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1832
A resposta quanto ao número de raízes obteve significância apenas para as
concentrações de BAP, não respondendo significativamente as concentrações do meio MS, e
nem à interação entre os dois fatores.
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
NR
1.0
0.5
0.0
-0.5
-1.0
0 2 4 6
BAP
Figura 4 - Número de raízes por plântulas de Jatropha curcas L., em função das
concentrações do meio MS. UFLA, Lavras - MG, 2007.
Descordando assim de Villa, et al.(2005) que descreve que houve interação entre BAP e
meio MS no cultivo de amoreira-preta `Ebano´ para número de raízes, em que maior número
(1,6) foi verificado na ausência de BAP em meio MS 50%. Quanto a significancia do BAP na
variável número de raízes, concorda-se com os resultados obtidos por Grattapaglia et al.
(1987), em diversas espécies de Eucalyptus, onde existe uma correlação negativa entre o
aumento das concentrações de BAP no meio de multiplicação e o número de raízes na fase de
enraizamento in vitro.. Frota et al. (2004) verificaram que o BAP não favoreceu o
enraizamento, em pesquisa desenvolvida visando a proliferação e enraizamento in vitro de
brotos de palma forrageira - Opuntia ficus-indica (L.) MILL. Em trabalhos conduzidos por
Andrade (2000), com micropropagação de aroeira (Myracrodruon urundeuva Fr. All), esse
resultado foi mais acentuado, o autor verificou que o enraizamento foi mais abundante em
meio contendo 0 mg L-1 de BAP.
1833
4 CONCLUSÃO
A germinação in vitro do pinhão-manso é afetada pela concentração do meio MS, onde
a concentração de 64% dos sais se fez mais adequada, se obtendo um máximo de 90,10% de
germinação;
O número de brotos por plântula de pinhão-manso é afetado de forma linear aos
incrementos de concentrações de BAP e a utilização do meio MS até 72,50% de sua
concentração de sais é a mais favorável a esta característica;
O número de raízes é afetado pelas concentrações de BAP.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, M. W., LUZ, J.M. Q., LACERDA, A.S., MELO, P.R. A. Micropropagação da
aroeira (Myracrodruon urundeuva Fr. All) Ciência e Agrotecnologia., Lavras, v.24, n.1,
p.174-180, jan./mar., 2000.
Araújo, W. B. M., Neto, R. C. A., Góes, G. B., Moura R. D, Queiroga R.C. F.. multiplicação
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FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In:
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1835
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RAJORE, S,; BATRA, A.Efficient plant regeneration via shoot tip explant in Jatropha curcas
L. Journal Plant Biochemistry & Biotechnology. V14, 73-75p. 2005.
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Experimental Biology, v.11, p. 116-131, 1957.
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videira em variações do meio MS. Acta Sci. Agron. Maringá, v. 28, n. 3, p. 345-349,
July/Sept., 2006.
1836
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA CULTIVAR IAC-226 EM SECADOR
MECÂNICO COM SECAGEM INTERMITENTE
1837
1 INTRODUÇÃO
A secagem de produtos no campo muitas vezes se torna uma operação demorada, e com
isso faz-se a necessidade da utilização de processos que reduzam o tempo de secagem. Esse
tempo é de suma importância para que o processo num sistema de produção possa ser
conduzido de forma planejada. Justamente o conhecimento do sistema de secagem de
qualquer produto agrícola é a forma de poder utilizar de subsídio esses parâmetro conhecidos,
tais como a umidade de colheita, temperatura usada na secagem, o tipo de secador, e o
produto a ser secado. Possivelmente a realização de um intervalo de repouso para que ocorra
essa redução de uso do secador está intimamente ligado a vários testes com varias cultivares
para que se possa definir um tempo para que o produtor tenha confiança em usar um método
adequado para sua secagem que visa menores custos. É nesse contexto do tempo de repouso
na secagem artificial que temperatura da massa do produto ou do ar de secagem, juntamente
com o teor de água inicial do produto é fundamental na determinação da taxa de redução de
água, definida como a quantidade de água que um determinado produto perde, por unidade de
matéria seca, por unidade de tempo (Ribeiro et al, 2003 e Marques, 2006). O que representa
uma ferramenta de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o
processamento de seu produto e que possa servir de subsidio ao estudo da secagem da
mamona. Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de água
da mamona cultivar IAC 226, submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo e
utilizando intervalo de repouso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos
Agrícolas do Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS)
no Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar IAC-226.
Os frutos no início da secagem apresentaram umidade inicial de 67,33% b.u. Foram
adicionados em cada bandeja 0,8 Kg de frutos em média.
1838
Figura 1 - Cacho da cultivar IAC-226.
1839
Figura 4 - Regulando o fluxo de ar. Figura 5 - Entrada de ar.
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992). Para a determinação da umidade os frutos
da cultivar foram cortados em 4 partes e colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A
umidade inicial dos frutos da mamona cultivar IAC-226 apresentada na colheita foi de 67,33
% b.u.
Os frutos da mamona cultivar IAC 226 foram submetidos à secagem no secador
experimental durante 5 horas e após esse tempo foi colocado em repouso durante o mesmo
tempo de secagem. Este processo se repetiu até a massa de frutos apresentarem peso
constante.
Durante o processo de repouso e de secagem dos frutos, estes foram revolvidos na
bandeja periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos. Foram
utilizadas 4 repetições. As temperaturas da massa de frutos foram medidas por meio de
termopares tipo J, colocados no centro da massa, para controlar a temperatura de 50ºC. Para
minimizar uma possível diferença de temperatura entre as quatro divisões, decorrente da
posição das resistências no plenum, foi realizado um rodízio das bandejas. A temperatura do
ar de secagem foi fixada de maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos
para a massa de mamona de acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O
monitoramento da temperatura do ar ambiente e umidade relativa do ar ambiente durante a
secagem dos frutos de mamona foram registrados por um termohigrógrafo, (Figura 6). O
Anemômetro digital, (figura 7), foi usado para medir a velocidade do ar de secagem que passa
pela massa de frutos.
1840
Figura 6 - Termohigrógrafo. Figura 7 - Anemômetro.
Os dados foram utilizados para a plotagem das curvas de secagem. Após a secagem
completa foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e pelo peso constante.
Um tempo de repouso de 5 hora a cada 5 horas de secagem, foi realizado para conhecer
o comportamento de secagem da mamona cultivar IAC-226. O que significa um tempo em
que o operador pode colocar o produto em descanso no momento em que outro lote possa ser
secado ao mesmo tempo no leito de secagem.
Para acompanhamento da redução de água e a obtenção das curvas da taxa de redução
de água, durante o processo de secagem mecânica, a taxa de redução de água foi calculada, de
acordo com a equação 1.
( Ma − Mat )
TRA = equação 1
Ms.(t1 − t 0)
Em que:
A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.
1841
Ms = (1- teor de água b.u.) x Mu equação 2
Em que:
Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:
Em que:
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando a temperatura na massa de frutos durante todo o processo (repouso mais
secagem) conheceu-se a quantidade de água que a cultivar IAC 226 perde, por unidade de
matéria seca, por unidade de tempo.
1842
Taxa de Redução de Água cultivar IAC-226
0,405
0,36
0,315
kg de água/kg de matéria seca.h
0,27
0,225
0,18
0,135
0,09
0,045
0
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)
Temperatura 50ºC
Foi observado que as primeiras 5 horas de uso de secador foram as que apresentavam
maiores taxas de redução. Foi observado também que após os tempos de repouso os primeiros
30 minutos de secagem apresentam taxas de redução superiores às taxas redução de água
observada na medição antes de se colocar em repouso, este comportamento mostra que o
repouso foi importante para facilitar a retirada de água dos frutos. Sendo observado pelos
picos de elevação já nos 30 minutos após os tempos de repouso em relação as 30 minutos
antes do repouso em todo o ciclo.
Para o conhecimento da remoção de água foi calculada a área abaixo da curva, na
Tabela 2.
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 3 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,887 é a
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1843
área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca de encontra o valor da água
removida de 0,519 kg durante a secagem desta cultivar.
4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir:
O tempo de repouso auxiliou na retirada de água dos frutos devido aos picos obtidos.
Os primeiros 30 minutos de secagem após os repousos apresentaram picos elevados de
taxa de redução de água.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
1844
CURVA DE SECAGEM DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR
BRS 188 SERTANEJA EM SECADOR MECÂNICO
Palavras-Chave: BRS 188 Sertaneja, Ricinus communis L., secagem com repouso,
temperatura.
1845
1 INTRODUÇÃO
A secagem da mamona pode ser conduzida em terreiros cimentados ou de alvenaria,
colocados em camadas finas e uniformes de 5 a 10 cm de espessura por um período de 4 a 15
dias, dependendo da região (Silva et al., 2006). Desta forma, o processo de secagem torna-se
bastante demorado, pois os frutos apresentam um teor de água elevado após a colheita. O
tempo de secagem dependerá do nível de umidade no momento da colheita e das condições
ambientais, principalmente temperatura e insolação. A secagem em terreiro, método
tradicionalmente usado pelos pequenos produtores, apresenta problemas específicos
principalmente a dependência dos fatores climáticos, ficando sujeito a condições ambientais
inadequadas. Com base nesse tempo de escoamento da mamona, a implementação da
proposta do método de secagem artificial está intimamente ligada a formas experimentais até
chegar a valores que possam ser recomendados em nível de pequena, média e grande
produção, pois levam em conta outros custos que na secagem em terreiro não haveria. Tal
secagem mecânica a alta temperatura, quando usada, é sem duvida a etapa que mais consome
energia. Certamente a resistência dos produtores em aderir ao uso de secadores mecânicos
devido à preocupação com os custos de produção é igual a toda resistência feita a qualquer
produto agrícola que hoje são feitas suas secagens de forma racional. Percebe-se dessa
maneira que a necessidade de fazer um manejo adequado ao produto pode levar a um melhor
uso de um secador mecânico com custos mais baixos, o que leva a estudar formas de conduzir
a secagem da mamona. Sabe-se que um estudo sobre tempo de repouso na secagem da
mamona pode ser justificado pelos resultados positivos encontrados na literatura científica
com outros produtos agrícolas. Cordeiro, (1983), estudando a influência da temperatura e
períodos de repouso de 6 e 12 horas na secagem de café em camada fixa, afirma que esse
tempo possibilitou a remoção da umidade da massa e a redução no gradiente de umidade e do
consumo de energia sem movimentação do produto. Devilla, (1999) em seu trabalho de seca-
aeração de milho com vários tempos de descanso, afirma quanto maior o tempo de repouso
maior a redução no teor de umidade final. Um tempo de repouso poderia facilitar a remoção
de água do produto e responder a um tempo menor de secagem e uma maior remoção de água
do produto. Para alguns produtos agrícolas, determina-se um intervalo de revolvimento do
produto, o que garante uma homogeneização (Silva & Lacerda Filho, (1999)). O
conhecimento desse intervalo de repouso para que ocorra essa redução de uso do secador está
intimamente ligado a vários testes com várias cultivares para que se possa definir um tempo
para que o produtor tenha confiança em usar um método adequado para sua secagem que visa
1846
menores custos. Portanto, o presente trabalho visa como objetivo o estudo da curva de
secagem da mamona, cultivar Sertaneja, utilizando-se um tempo de repouso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS) no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar BRS 188 ou Sertaneja (Figura 1).
Para a obtenção da matéria prima utilizada neste trabalho foram colhidos manualmente
frutos de mamona Cultivar BRS 188 ou sertaneja localizados no campo experimental da
Universidade Federal de Lavras. A mamona com teor de água inicial de 67,33% b.u. foi
colhida em cachos e debulhados todos os frutos, homogeneizados e dispostos nas células de
secagem na média de 800 gramas de frutos.
Para conhecer a umidade inicial dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, Brasil (1992).
Para a determinação da umidade os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes e
colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da mamona
cultivar Sertaneja apresentada na colheita foi de 67, 33 % b.u..
1847
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps equação 2
Em que:
1848
Tabela 1 - Caracterização do secador experimental.
Tipo de secador Leito fixo de fluxo ascendente
Velocidade do ar de secagem (m/s) 0,6
Dimensão do secador (de entrada do ar p/ o plenum) 0,068 m x 0,545 m = 0,03706 m2
Área do leito de secagem 0,61 X 0,61= 0,3721 m2
Fluxo de ar 36 m3.min-1.m-2
(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 3
(100 − Uf )
Em que:
Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida
1849
A secagem foi interrompida, quando a mamona cultivar Sertaneja atingiu o peso
constante.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o interesse em se obter uma curva de secagem completa, os experimentos foram
conduzidos até que se obtivesse uma massa constante na pesagem dos frutos.
De acordo com a temperatura na massa de frutos, durante todo o período de secagem
conheceram-se os efeitos no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do
tempo.
900
800
700
600
massa (g)
500
400
300
200
100
0
0 300 600 900 1200 1500 1800
Tempo (min.)
1850
Tabela 2 - Analise da perda de massa durante o período de secagem.
Tempo de Secagem (horas) Perda de massa (g)
5 311
5 76
5 63
Total 450
900
800
700
600
Massa (g)
500
Período de
Secagem 1
400
Período de Período de Período de
300
Repouso 1 Secagem 2 Repouso 2
Período de
Secagem 3
200
100
0
0 300 600 900 1200 1500 1800
Tempo (min.)
Temperatura 50ºC
Figura 8 - Curva média de secagem média da cultivar Sertaneja a temperatura de 50ºC e com
repouso.
O tempo final de uso do secador à temperatura de 50°C foi de 900 minutos (15 horas)
quando apresentou a umidade de 8% b.u., sendo o tempo total (repouso + secagem) do
processo foi de 1500 minutos (25 horas).
1851
Evidenciaram no intervalo de 300 minutos, 3 períodos de secagem e 2 períodos de
repouso para a mamona Sertaneja com teor de água de 67,33% b.u. na temperatura do ar de
secagem de 50ºC.
Após a secagem, os frutos secos apresentaram sua casaca maleável ao processo de
descascamento mecânico.
4 CONCLUSÃO
Nos primeiros 300 minutos de secagem foi onde ocorreram as maiores perdas de massa
devido a água livre presente nos frutos.
O tempo de uso do secador foi de 900 minutos e somando o tempo de repouso foi de
1500 minutos.
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
DEVILLA, I. A., COUTO, S. M., QUEIROZ, Daniel Marçal de.; DAMASCENO, Guido de
Souza; Reis, F. P. Qualidade de grãos de milho submetidos ao processo de seca-
aeração. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.3, n.2, p.211-215, 1999
Campina Grande, PB, DEAg/UFPB
1852
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA (Ricinus communis L.)
CULTIVAR BRS 188 SERTANEJA EM SECADOR MECÂNICO
1853
1 INTRODUÇÃO
A mamona por ser uma das principais fontes de Biodiesel, na qual a demanda se torna
crescente a cada dia, tem se apresentado de grande valia os estudos de secagem artificial pois
a secagem de produtos no campo muitas vezes se torna uma operação demorada, e com isso
faz-se a necessidade da utilização de processos que reduzam o tempo para que haja um
escoamento mais rápido da produção. O conhecimento da temperatura na secagem pode
favorecer tanto no tempo de uso do secador e também na quantidade de água a ser removida
por hora do produto.
A temperatura da massa do produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de
água inicial do produto é fundamental na determinação da taxa de redução de água, definida
como a quantidade de água que um determinado produto perde, por unidade de matéria seca,
por unidade de tempo (Ribeiro et al, (2003) e Marques, (2006)). O que representa uma
ferramenta de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o
processamento de seu produto. Conhecendo os pode-se calcular a quantidade de água
removida durante a secagem levando em conta sua área do gráfico.
Portanto, este trabalho foi conduzido a fim de determinar a taxa de redução de água da
mamona cultivar Sertaneja, submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS) no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) cultivar BRS 188 Sertaneja sendo colhida
manualmente no campo experimental da Universidade Federal de Lavras (Figura 2) quando
seu teor de água apresentava 67,33 % b.u..
1854
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992).
Para a determinação da umidade os frutos da cultivar foram cortados em 4 partes e
colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições.
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps equação 2
Em que:
1855
Figura 2 - Painel. Figura 3 - Secador experimental. Figura 4 - Resistência Elétrica.
Foram utilizadas 4 bandejas nas quais foram adicionados 0,8 kg de frutos em média.
Durante o processo de secagem e de repouso dos frutos, estes foram revolvidos na bandeja
periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30 minutos, repetindo este
procedimento até a massa dos recipientes se mantivessem aproximadamente constante. Foram
utilizadas 4 repetições. As temperaturas da massa de frutos foram medidas por meio de
termopares tipo J, colocados no centro da massa, para controlar a temperatura de 50ºC. Para
1856
minimizar uma possível diferença de temperatura entre as quatro divisões, decorrente da
posição das resistências no plenum, foi realizado um rodízio das bandejas. A temperatura do
ar de secagem foi fixada de maneira a obter os valores médios de temperatura estabelecidos
para a massa de mamona de acordo com a temperatura lida pelo termopar em meio digital. O
monitoramento da temperatura do ar ambiente e umidade relativa do ar ambiente durante a
secagem dos frutos de mamona foram registrados por um termohigrógrafo (Figura 8). O
Anemômetro digital (Figura 9) foi usado para medir a velocidade do ar de secagem que passa
pela massa de frutos.
Os dados utilizados para a plotagem das curvas de secagem. Após a secagem completa
foi determinada a umidade em base úmida (b.u.) pela estufa e pelo peso constante.
Um tempo de repouso de 5 hora a cada 5 horas de secagem, foi realizado para conhecer
o comportamento de secagem da mamona Cultivar BRS 188 Sertaneja. O que significa um
tempo em que o operador pode colocar o produto em descanso no momento em que outro lote
possa ser secado ao mesmo tempo no leito de secagem.
Para acompanhamento da redução de água e a obtenção das curvas da taxa de redução
de água, durante o processo de secagem mecânica foi calculada, de acordo com a equação 3.
( Ma − Mat )
TRA = equação 3
Ms.(t1 − t 0)
Em que:
1857
Ms: Matéria Seca (Kg)
t0: tempo total de secagem anterior (h)
t1: tempo total de secagem atual (h)
A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.
Em que:
Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 3 a
seguir:
Área = ( TRAa + TRAp ) x( IP / 2) equação 5
Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior
1858
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao se analisar a temperatura na massa de frutos durante todo o processo (repouso mais
secagem) pode-se conhecer a quantidade de água que a cultivar Sertaneja perde, por unidade
de matéria seca, por unidade de tempo.
0,8
0,75
0,7
0,65
kg de água/kg de matéria seca.h
0,6
0,55
0,5
0,45
0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (h)
Temperatura 50ºC
Figura 10 - Taxa média de redução de água no repouso da cultivar BRS 149 Sertaneja.
1859
Tabela 2 - Área abaixo da curva durante o período de secagem.
Área abaixo da curva Matéria Seca Quantidade de água
(kg de água/kg de matéria seca) (kg) removida (kg)
Área x Matéria Seca
1,669 0,2613 0,436
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 5 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,699 é a
área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca encontram o valor da água
removida de 0,436 kg.
4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir:
Os primeiros 30 minutos de secagem após os repousos apresentaram picos elevados de
taxa de redução de água.
A taxa de redução de água apresenta picos elevados após todos os repousos.
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DESAI, B.B; KOTECHA, P.M; SLUNKHE, D.K. Seeds handbook – Biology, Prodution,
Procesing and Storage. New York: Marcel Dekker Inc, 1997, 627 p.
1860
EFEITOS DO ÁCIDO GIBERÉLICO E TRATAMENTO FÍSICO NO VIGOR
E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Ricinus Communis ENVELHECIDAS
ARTIFICIALMENTE
1861
1 INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis) é uma planta da família Euphorbiaceae que vem
despertando o interesse dos agricultores devido à característica lipídica de suas sementes, cujo
teor de óleo varia em torno de 35% a 55% (Vieira et al., 1998).
O óleo extraído das sementes da mamoneira possui uma gama muito extensa de
aplicações, podendo ser utilizado como matéria prima para fabricação de batom, lubrificante
de motores, fabricação de tintas, vernizes, sabões, detergentes, cosméticos e mais
recentemente para a produção de biodiesel.
Atualmente, a propagação da mamona é realizada exclusivamente por meio de
sementes, dessa maneira a disponibilidade de sementes com qualidade fisiológica é de
fundamental importância para o êxito econômico da cultura. A germinação e o vigor das
sementes são dois dos principais fatores iniciais para se garantir uma boa produtividade da
cultura. Técnicas que induzam a melhora destes fatores são importantes para aumentar o
potencial de desempenho das sementes e, por conseguinte, a uniformidade das plantas em
condições de campo.
Entretanto, as sementes de mamona apresentam dormência (Shepentina et al., 1986),
fenômeno fisiológico que dificulta o estabelecimento uniforme das plantas que levam a baixa
produtividade (Avelar et al., 2006).
O ácido giberélico (GA ) é um hormônio sintético largamente utilizado na aceleração e
3
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi conduzido no Laboratório de Sementes do Departamento de
Agricultura, situado na Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras – Minas Gerais.
As sementes de mamona utilizadas no presente trabalho foram da cultivar AL Guarany
2002 – seleção UFLA, coletadas em setembro de 2006. Após a coleta, as sementes foram
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1862
repartidas em dois lotes, sendo que em um deles realizou-se a retirada manual da carúncula.
Concluído este procedimento, cada lote (com e sem carúncula) foi repartido em três amostras
com aproximadamente 600 sementes, as quais foram submetidas ao envelhecimento
acelerado, em BOD a 42°C por 0, 96 e 192 horas, respectivamente, segundo metodologia
proposta por Krzyzanowski et al, 1999.
Após cada período de envelhecimento acelerado, parte das sementes foi destinada à
determinação do grau de umidade, pelo método de estufa a 105 ± 2°C durante 24 horas
(Brasil, 1992), utilizando-se duas repetições de 30 sementes. Os resultados foram expressos
em porcentagem, com base no peso úmido das sementes. Na outra parte de sementes foi
realizada uma desinfestação fitosanitária com hipoclorito a 1% por 5 minutos. Concluído a
desinfestação das sementes, a amostra foi dividida em três sub-amostras as quais foram
submetidas ao tratamento com ácido giberélico, em três concentrações, 0, 500 e 1000 ppm,
respectivamente, por 20 horas de imersão.
Realizado o tratamento com ácido giberélico, montou-se o teste de germinação, o qual
foi conduzido conjuntamente com o índice de velocidade de germinação e o teste de primeira
contagem, em rolo de papel de germinação umedecido com água na quantidade de 2,5 vezes o
peso do papel. Os rolos em número de oito, contendo 25 sementes cada, foram mantidos no
germinador regulado à temperatura de 29°C. A partir da germinação, foram realizadas
avaliações diárias, computando-se o número de plântulas normais, até a estabilização.
Considerou-se plântulas normais aquelas que apresentaram radícula primária com, no
mínimo, 6 cm e radícula secundária com 1,5 cm. A primeira contagem foi realizada no sétimo
dia, computando-se plântulas normais. O índice de velocidade de emergência foi calculado
segundo fórmula proposta por Maguirre (1962).
A porcentagem de germinação foi computada após a estabilização da germinação nas
parcelas, avaliando-se o número de plântulas normais.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial (3x3x2)
com 8 repetições de 25 sementes, sendo 3 períodos de envelhecimento acelerado (0, 96 e 192
horas); 3 concentrações de ácido giberélico (0, 500 e 1000 ppm) e 2 tratamentos físicos
(presença e ausência de carúncula).
Dados quantitativos, quando possível, foram avaliados por meio de análise de regressão
e os dados qualitativos foram avaliados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizou-se
uma transformação do tipo X^0,5.
A análise dos dados foi realizada pelo sistema de Análise de Variância para Dados
Balanceados, SISVAR, para microcomputadores, desenvolvido por Ferreira (2006).
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1863
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos na determinação do grau de umidade das sementes durante o
envelhecimento acelerado (Figura 1) não foram submetidos à análise estatística.
Pode-se verificar que houve um pequeno declínio no grau de umidade das sementes
quando estas foram envelhecidas por 96 horas. Todavia sementes envelhecidas por 192 horas
apresentaram um alto grau de umidade superando inclusive a testemunha.
21
18
15
12
9
6
3
0
0 96 192
0,8
0,6
1ª Contagem
0,4
0,2
0
-0,2
-0,4
0 96 192
Envelhecimento Acelerado (horas)
1864
Quanto à presença ou ausência da carúncula observa-se pela Tabela 1 que sua retirada
promoveu um incremento no vigor das sementes somente quando estas foram envelhecidas
por 96 horas. Contrariamente, sementes não envelhecidas germinaram mais rapidamente na
presença da carúncula. Por outro lado, em sementes envelhecidas por 192 horas não foi
observado diferença estatística quando da presença ou da ausência da carúncula.
Tratamento Físico
Tempo de envelhecimento acelerado (horas)
Sem carúncula Com carúncula
0 1,65Ab 1,84 Aa
96 0,94 Ba 0,77 Bb
192 0,10 Ca 0,06 Ca
Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
1865
Tabela 2 - Resultados médios do índice de velocidade de germinação de sementes de mamona
em função do tempo de envelhecimeto acelerado (0, 96 e 192 horas) e do tratamento com
ácido giberélico (0, 500 e 1000 ppm). UFLA, Lavras, MG, 2007.
Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
De acordo com o vigor medido pelo teste de primeira contagem (Tabela 3) observa-se
que sementes não envelhecidas artificialmente e não tratadas com ácido giberélico
apresentaram maior vigor na presença da carúncula do que na ausência. Resultado semelhante
foi observado quando as sementes foram tratadas com 1000 ppm de ácido giberélico. Por
outro lado, não foi observada diferença estatística entre sementes com carúncula e sem
quando tratadas com 500 ppm de ácido giberélico. Para sementes envelhecidas por 96 horas
não foi observada diferença estatística entre os tratamentos, exceção feita para sementes com
carúncula e tratadas com 1000 ppm de ácido giberélico, as quais apresentaram menor vigor.
Diferença estatística entre os tratamentos também não foi observada quando as sementes
foram envelhecidas por 192 horas.
Médias seguidas de uma mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1866
O teste de germinação foi conduzido de acordo com as Regras para Análise de
Sementes concomitante ao teste de vigor (Tabela 4).
4 CONCLUSÃO
A utilização de ácido giberélico a 500 e 1000 ppm promoveu um incremento no vigor
das sementes de mamona não envelhecidas e com carúncula.
A retirada da carúncula e/ou a aplicação de ácido giberélico não foram eficientes para
promover aumento no vigor das sementes de mamona com baixa qualidade fisiológica.
5 AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos professores Pedro Castro Neto e Antônio Carlos Fraga por cederem,
gentilmente, as sementes utilizadas no experimento.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM NETO, M. da S.; ARAÚJO, A.E. de; BELTRÃO, N.E. de M. Clima e solo. In:
AZEVEDO, D. M. P. de; LIMA, E. F. (Ed. Téc.) O agronegócio da mamona no Brasil.
Brasilia: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. cap. 3, p. 63-76.
1867
AZEVEDO, D.M.P. de; BELTRÃO, N.E. de M.; BATISTA, F.A.S.; LIMA, E. F. Arranjo de
fileiras no consórcio mamona/milho. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1997. 21p.
(Embrapa Algodão. Boletim de Pesquisa, 34).
AZEVEDO, D.M.P. de; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.; BELTRÃO, N.E.de M.; SOARES,
J.J.; VIEIRA, R. de M.; MOREIRA, J,de A.N. Recomendações técnicas para o cultivo da
mamoneira (Ricinus communis L.) no nordeste do Brasil. Campina Grande: Embrapa
Algodão, 1997. 52p. (Embrapa Algodão. Circular Técnica, 25).
MOREIRA, J. de A.; LIMA, E.F.; FARIAS, F.J.C.; AZEVEDO, D.M.P. de; Melhoramento
da mamoneira (Ricinus communis L.) Campina Grande: Embrapa Algodão, 1996. 29p.
(Embrapa Algodão.Boletim de Pesquisa, 34).
1868
SOUSA, H. U. de; RAMOS, J. D.; PASQUAL, M; FERREIRA, E. A. Efeito do Ácido
Giberélico sobre a Germinação de Sementes de Porta-enxertos Cítricos, Revista Brasileira
de Fruticultura, v. 24, n. 2, Jaboticabal- SP, 2002. 496-499p.
WATSON, L., AND DALLWITZ, M.J. 1992 onwards. The families of flowering plants:
descriptions, illustrations, identification, and information retrieval. Version: 29th July
2006.
1869
TAXA DE REDUÇÃO DE ÁGUA DA MAMONA (Ricinus communis L.)
CULTIVAR BRS 149 NORDESTINA EM SECADOR TIPO CAMADA FIXA
1870
1 INTRODUÇÃO
O conhecimento pode-se embasar este estudo a partir de experimentação e utilizar disto
como base para mais estudos, sendo a remoção de água é um fator principal para que o
produto seja armazenado com maior segurança.
A temperatura da massa do produto ou do ar de secagem, juntamente com o teor de
água inicial do produto é fundamental na determinação da taxa de redução de água, definida
como a quantidade de água que um determinado produto perde, por unidade de matéria seca,
por unidade de tempo (Ribeiro et al, 2003 e Marques, 2006). O que representa uma
ferramenta de grande utilidade, para que o produtor faça um planejamento de todo o
processamento de seu produto. Com isso plota-se gráficos de taxa de redução de água e
consequentemente calcula-se a quantidade de água removida durante a secagem levando em
conta sua área. E sabe-se que pelo estudo da geometria, a área é um numero que sugere o
tamanho de uma região limitada num determinado gráfico. Portanto, este trabalho foi
conduzido a fim de determinar a taxa de redução de água da mamona cultivar Nordestina,
submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS) no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) Cultivar BRS 149 Nordestina (Figura 1) colhidos
manualmente no campo experimental apresentando umidade inicial de 67,33% b.u, sendo
adicionados às 4 células de secagem sendo que em cada uma foram colocados 0,7 Kg de
frutos em média.
Para conhecer a umidade inicial dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, (Brasil,1992).
1871
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps equação 2
Em que:
1872
Figura 2 - Painel. Figura 3 - Secador experimental. Figura 4 - Resistência.
1873
das bandejas. A temperatura do ar de secagem foi fixada de maneira a obter os valores médios
de temperatura estabelecidos para a massa de mamona de acordo com a temperatura lida pelo
termopar em meio digital. O monitoramento da temperatura do ar ambiente e umidade relativa
do ar ambiente durante a secagem dos frutos de mamona foram registrados por um
termohigrógrafo (Figura 8). O Anemômetro digital (Figura 9) foi usado para medir a
velocidade do ar de secagem que passa pela massa de frutos para calcular o fluxo de ar.
1874
( Ma − Mat )
TRA = equação 3
Ms.(t1 − t 0)
em que:
A matéria seca pode ser expressa pela equação 2 citada por Silva, 2000.
em que:
Uma forma de determinar a quantidade de água removida dos frutos consiste no cálculo
da área abaixo da curva de TRA. Por se tratar de uma curva que não apresenta uma função
definida, os métodos analíticos clássicos de determinação de área não são aplicáveis a este
caso. Em tais situações, métodos numéricos podem ser utilizados para o cálculo exato da área.
Dessa forma, utilizou-se o método dos trapézios para a determinação da área abaixo da curva
de TRA, que representa a relação entre kg de água/kg de matéria seca. Conhecida a área por
este cálculo, multiplica-se pela matéria seca e encontra-se a água removida. Este processo
verifica ainda os resultados do cálculo teórico de perda de água, permitindo validar o
experimento.
O método do trapézio para o calculo da área é descrita de acordo com a equação 5 a
seguir:
1875
Em que:
IP: Intervalo entre as pesagens
IP = Tempo Atual – Tempo Anterior
TRAa: Taxa de redução de água Atual
TRAp: Taxa de redução de água Posterior
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observando a temperatura na massa de frutos durante todo o processo conheceu-se a
quantidade de água que a cultivar Nordestina perdeu, por unidade de matéria seca, por
unidade de tempo.
0,54
0,495
0,45
kg de água/kg de matéria seca.h
0,405
0,36
0,315
0,27
0,225
0,18
0,135
0,09
0,045
0
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)
Temperatura 50ºC
Foi observado que nas primeiras 5 horas de secagem foram as que apresentavam maior
taxa de redução sendo que os primeiros 30 minutos de secagem apresentam taxas de redução
elevadas. Após cada repouso notou-se que a taxa de redução de água apresentava maior que a
ultima taxa de redução antes do repouso, o que confirma o comportamento de redistribuição
de água nos frutos.
1876
Para o conhecimento da remoção de água foi calculada a área abaixo da curva, na
Tabela 2.
A quantidade apresentada pela tabela 2 é o valor de toda água removida no processo.
De acordo com a determinação da área abaixo da curva pelo método do trapézio pela
equação 5 conheceu-se a relação de kg de água por kg de matéria seca. Esse valor de 1,853 é a
área conhecida e o produto desta com o valor da matéria seca de encontra o valor da água
removida de 0,423 kg durante a secagem desta cultivar.
4 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir:
Após os dois tempos de repouso apresentaram picos elevados de taxa de redução de
água.
Houve redistribuição de água nos frutos da cultivar BRS 149 Nordestina no tempo de
repouso.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
1877
CURVA DE SECAGEM DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR
BRS 149 (NORDESTINA) EM SECADOR TIPO CAMADA FIXA
Palavras-Chave: BRS 149 Nordestina, camada fixa, Ricinus communis L., secagem,
temperatura.
1878
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que início da secagem de produtos agrícolas a remoção da água é bem maior
devido à água superficial no produto. A água superficial pode ser retirada sob alta temperatura
do ar. Quando o produto se encontra completamente úmido, no início da secagem a água
escoa, na fase liquida. Com a retirada da umidade, ocorre decréscimo no diâmetro dos poros e
capilares e, consequentemente, decréscimo de volume do produto aproximadamente igual ao
volume de água evaporada. À medida que a secagem prossegue e tenha passado pelo ponto de
umidade crítica, teor de umidade decresce. A pressão parcial de vapor decresce e a contração
de volume do produto continua, porém em menor intensidade. A secagem ocorre no interior
do produto. O teor de umidade de equilíbrio é atingido quando a quantidade de água
evaporada se iguala à quantidade condensada. Tal conhecimento da disponibilidade de água
durante a secagem é importante no ponto de vista de qualidade e custos. A secagem mecânica
viabiliza a secagem dos frutos da mamoneira pelo fato destes não amadurecerem e secarem de
forma homogênea na planta, além da deiscência das sementes no campo ocorrendo perdas,
necessitando de um estudo que aperfeiçoe o uso do secador. Portanto, este trabalho foi
conduzido com o objetivo de determinar a curva de secagem da mamona cultivar Nordestina,
submetida a temperatura de 50ºC em secador de leito fixo com intervalo periódicos de
repouso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia e na unidade de beneficiamento e secagem (UBS) no
Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras – MG. Foram utilizados
frutos de mamona (Ricinus communis L.) da variedade Nordestina (Fotos 1 e 2).
Figura 1 - Cultivar BRS 149 Nordestina. Figura 2 - Cultivar BRS 149 Nordestina.
1879
A mamona, cultivar Nordestina foi colhida manualmente no campo experimental da
Universidade Federal de Lavras (Figura 2). Os frutos no início da secagem no secador
apresentaram umidade inicial de 67,33% b.u.. Foram adicionados em cada bandeja 700
gramas de frutos em média com umidade inicial.
Para conhecer a umidade inicial e final dos frutos da mamona, a forma de expressar a
quantidade de água foi obtida pela equação 1. Foi determinado em estufa comum em
temperatura de 105°C por 24 horas, Brasil (1992).
Para a determinação da umidade os frutos da cultivar Nordestina foram cortados em 4
partes e colocadas 10 gramas do produto com 2 repetições. A umidade inicial dos frutos da
mamona cultivar Nordestina apresentada na colheita foi de 67, 33 % b.u..
Pa
U bs = × 100 equação 1
Pt
Pa = Pt − Ps equação 2
Em que:
Sendo assim a secagem do produto foi realizada sob condição controlada de temperatura
de 50ºC, sendo a medição da temperatura da massa dos frutos obtida por termopares do Tipo
J, Cobre/Constantan (Figura 3). Para a secagem dos frutos de mamona cultivar Nordestina foi
utilizado um protótipo de secador experimental de leito fixo com fluxo de ar ascendente
(Figura 4). O secador apresenta uma resistência elétrica e por meio de um ventilador insufla o
ar aquecido pela resistência, e ao passar pelos frutos retira a água livre dos mesmos.
Um tempo de repouso de 5 hora a cada 5 horas de secagem, foi realizado para conhecer
o comportamento de secagem da mamona Cultivar BRS 149. O que significa um tempo em
que o operador pode colocar o produto em descanso no momento em que outro lote possa ser
secado ao mesmo tempo no leito de secagem.
1880
Figura 3 - Termopar. Figura 4 - Secador experimental.
Durante o processo de secagem e também durante o repouso dos frutos, estes foram
revolvidos na bandeja periodicamente e feita a pesagem da massa em intervalos de 30
minutos (Figura 5), sendo feita até a massa dos recipientes permanecerem aproximadamente
invariável.
1881
A remoção do teor de água definida após a secagem é definido pela equação 3
(Ui − Uf )
Ma = × Mu equação 3
(100 − Uf )
Em que:
Ma = Massa de água
Ui = Umidade inicial
Uf = Umidade Final
Mu= Massa úmida
1882
O experimento iniciou-se com a cultivar sendo submetida a um repouso de 5 horas, após
este repouso iniciou-se a de secagem durante 5 horas à uma temperatura de 50°C. Esta
variação entre repouso e secagem foi repetida até que a mamona cultivar Nordestina atingisse
o peso constante.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o interesse em se obter uma curva de secagem completa, o experimento foi
conduzido até que se obtivesse uma massa constante na pesagem dos frutos. De acordo com a
temperatura na massa de frutos durante todo o período de secagem conheceram-se os efeitos
no seu comportamento devido à perda de água no decorrer do tempo.
700
600
500
400
Massa (g)
300
200
100
0
0 300 600 900 1200 1500
Tempo (min.)
Nas primeiras 5 horas de secagem houve uma perda de massa elevada, como observado
no gráfico 1 em todas as repetições, isso afirma a remoção da água livre em que a água
superficial pode ser retirada sob alta temperatura do ar, o que é também apresentado na
Tabela 2.
1883
Tabela 2 - Analise da perda de massa de água durante o período de secagem.
Tempo de Secagem (horas de secagem) Perda de massa de água (g)
5 269
5 105,25
2,5 31,75
Total 406
700
600
500
400
massa (g)
Período de Período de
Secagem 1 Repouso 1
300
Período de Período de
Secagem 2 Repouso 2 Período de
200
Secagem 3
100
0
0 300 600 900 1200 1500
Tempo (min.)
Temperatura de 50ºC
O tempo final de uso de secador à temperatura de 50°C foi de 720 minutos, sendo o
tempo total (secagem + repouso) do processo foi de 1320 minutos, ocorrendo 3 períodos de
secagem e 2 períodos de repouso para frutos que apresentaram teor de água de 67,33%,
submetidos ao ar de secagem de 50ºC..
1884
4 CONCLUSÃO
Com os gráficos e tabelas apresentados permite-se concluir que:
As primeiras 5 horas ocorreram as maiores perdas de massa em todos os períodos de
secagem devido a água livre nos frutos.
O tempo de uso do secador foi de 720 minutos e o tempo total (secagem + repouso) do
processo foi de 1320 minutos.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras
para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.
1885
CRESCIMENTO DE MUDAS DE PINHÃO MANSO EM DIFERENTES
TAMANHOS DE RECIPIENTES
RESUMO: A propagação do pinhão-manso (Jatropha curcas L.) pode ser feita através de
sementes ou mudas, sendo a muda sua forma mais usual. Para a adoção desta tecnologia, a
definição do tipo e tamanho do recipiente que proporcione bom desenvolvimento do sistema
radicular e da parte aérea das plantas é um dos requisitos para a sobrevivência das plantas
após o transplantio e para bom desenvolvimento da cultura. Objetivou-se, com este trabalho,
avaliar o crescimento de mudas de pinhão manso cultivadas em tubete e em sacolas de
polietileno com diferentes tamanhos. Os tratamentos foram constituídos de diferentes
recipientes para a formação de mudas em delineamento inteiramente casualizado com 4
repetições. Os recipientes foram tubete com volume de 288 cm3 (T1) e 5 tamanhos de sacolas
de polietileno com volume de substrato de 382 cm3 (T2), 604 cm3 (T3), 1136 cm3 (T4), 1214
cm3 (T5) e 1644 cm3 (T6). Determinaram-se, aos 35 dias após a emergência das plântulas, a
altura da planta, número de folhas, diâmetro caulinar e área foliar. Os resultados mostraram
que os recipientes com maior volume de substrato proporcionam melhor crescimento das
mudas de pinhão-manso. A formação de mudas de pinhão-manso em sacolas de polietileno
com volume de substrato de 1136 cm3 proporcionou formação de mudas vigorosas com
menor custo. O uso de tubetes para o cultivo de mudas de pinhão-manso apresentou pouca
viabilidade para a obtenção de mudas com alto padrão de qualidade.
1886
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma oleaginosa da família das Euforbiáceas,
cultivada de forma perene, tendo a tolerância a seca uma de suas principais características.
Sua tecnologia de propagação por mudas não está completamente definida, podendo ser feita
por meio de sementes diretamente no solo, por mudas em diferentes substratos e tipos de
recipientes ou por estacas (SEVERINO et al., 2007; SEVERINO et al., 2006).
A produção de mudas de espécies arbóreas é feita, predominantemente em recipientes
nos quais se pode controlar, de forma satisfatória, as condições ambientais. O volume dos
recipientes utilizados para a formação das mudas influencia a disponibilidade de nutrientes e
água (SEABRA JÚNIOR et al., 2004), bem como o percentual de sobrevivência da cultura no
campo e a produtividade (Lima et al., 2006). Os recipientes com maior volume normalmente
permitem maior crescimento do sistema radicular mas, por outro lado, acarretam maiores
custos de produção, de transporte, de distribuição e de plantio (CUNHA et al., 2005).
Outro aspecto importante na escolha do recipiente é a durabilidade da embalagem, pois
embalagens rígidas, como tubetes, garantem maior vida útil e reutilização durante vários
ciclos de produção. Por outro lado, apesar dos saquinhos de polietileno serem as embalagens
mais utilizadas pelos produtores de mudas, em virtude de serem mais baratos e de fácil
aquisição, eles se desintegram facilmente durante o período de produção das mudas, demoram
muito tempo para se decompor e se acumulam no ambiente, provocando impactos ambientais
negativos.
A utilização de sacos plásticos tem sido mais freqüente que de recipientes rígidos
(tubetes), apesar de ter algumas desvantagens, como não evitar o enovelamento do sistema
radicular, menor índice de sobrevivência das mudas no campo, ocupar mais espaço no viveiro
e apresentar maior custo de transporte das mudas para o campo (RIBEIRO et al., 2005).
A tendência mundial é a substituição das sacolas plásticas pelos tubetes de plástico
rígido, principalmente para a propagação de espécies frutíferas, como cajueiro (SILVA et al.,
2003), maracujazeiro (RIBEIRO et al., 2005) e espécies florestais (CUNHA et al., 2005). A
preferência pelo tubete, se deve ao fato deste recipiente apresentar estrias longitudinais
internas, o que minimiza o enovelamento do sistema radicular (LIMA et al., 2006), possibilita
a mecanização das operações de produção de mudas e plantio e reduz os impactos ambientais
negativos provocados pelo descarte das embalagens plásticas no momento do plantio das
mudas no campo. Apesar das vantagens, o uso de tubetes pode elevar os custos, sobretudo
para sua aquisição e provocar deformação no sistema radicular em algumas espécies devido
1887
ao reduzido espaço para crescimento das raízes, a exemplo do que foi observado na goiabeira,
por Schiavo e Martins (2002).
Objetivou-se, neste trabalho avaliar o crescimento de mudas de pinhão manso
cultivadas em tubete e em sacolas de polietileno com diferentes tamanhos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
1888
referentes a área foliar foram submetidos a transformação raiz quadrada, antes da análise de
variância e nas tabelas são apresentados os dados originais.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Número de
Altura Diâmetro Área foliar
Tratamentos folhas
(cm) caulinar (mm) (cm2/planta)
(nº/planta)
Tubete de 288 cm3 18,3 ab 1 8,1 a 3,0 c 93,5 bc
Sacola de 382 cm3 13,3 c 6,4 b 2,8 c 48,0 c
Sacola de 604 cm3 16,9 bc 6,5 b 5,2 bc 114,1 b
Sacola de 1.136 cm3 21,6 a 8,0 a 6,6 ab 239,1 ab
Sacola de 1.214 cm3 19,7 ab 8,3 a 5,4 bc 287,9 a
Sacola de 1.644 cm3 21,6 a 8,7 a 8,6 a 379,4 a
Média Geral 18,6 7,7 5,3 193,7
Teste F 10,8* 11,1* 11,8* 12,2*
CV (%) 11,6 8,6 27,0 24,0
* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. 1Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
1889
altura desse recipiente em relação à dos tratamentos T2 e T3, provavelmente tenha favorecido
o crescimento do sistema radicular e, conseqüentemente, o crescimento da parte aérea das
mudas.
O número de folhas por planta dos tratamentos T6 e T4 foi superior ao dos tratamentos
T1 e T2. Desta forma, constata-se que o maior volume de substrato dos recipientes ocasiona a
formação de plântulas mais vigorosas. A formação de plântulas mais vigorosas com o
aumento do volume do substrato é ainda mais evidente pelos resultados da área foliar. A
formação de mudas em sacolas de polietileno com volume de substrato superior a 1136 cm3
não apresentou diferenças quanto à área foliar, sendo que as mudas formadas nos tratamentos
T5 e T6 apresentaram maior área foliar em relação àquelas formadas em recipientes com
volume de substrato inferior a 604 cm3. O maior volume de substrato proporciona maior
crescimento radicular das mudas e, sem dúvida, maior absorção de água e nutrientes
(RIBEIRO et al., 2005), resultando em maior crescimento da parte área das mudas.
Resultados semelhantes aos do presente trabalho também foram observados na formação de
mudas de mamoneira (LIMA et al., 2006).
A utilização de recipientes de maior volume tem a desvantagem de aumentar os custos
de produção das mudas, em virtude de ocuparem maior espaço no viveiro, dificultarem o
transporte, consumirem maior quantidade de substrato, fertilizantes e água de irrigação. Em
geral, as características de crescimento das mudas avaliadas neste trabalho evidenciaram que
os recipientes com maior volume proporcionam a formação de mudas mais vigorosas.
Considerando-se que a utilização de recipientes que proporcionam o melhor crescimento das
mudas aumenta consideravelmente o custo de produção, a utilização de sacolas com volume
de 1136 cm3 (T4) proporciona crescimento das plântulas semelhante àquelas produzidas em
recipientes com volume de até 1644 cm3, com menor custo de produção.
4 CONCLUSÃO
1890
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, A.D.; ANDRADE, L.A.; BRUNO, R.L.A; SILVA, J.A.L.S.; SOUZA, V.C. Efeito
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pinhão manso. In: CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE
BIODIESEL, 1., 2006, Brasília. Anais..., Brasília, MCT/ABIPTI, 2006. p. 73-77.
SCHIAVO, J.A.; MARTINS, M.A. Produção de mudas de goiabeira (Psidium guajava l.),
inoculadas com o fungo micorrízico arbuscular Glomus clarum, em substrato agro-industrial.
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1891
CRESCIMENTO E ACÚMULO DE NUTRIENTES PELO PINHÃO MANSO
SOB INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS
1892
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta que se adapta às mais variadas
condições de clima e solo e apresenta boa tolerância a seca (ARRUDA et al., 2004). Suas
sementes são ricas em óleo, sendo utilizadas como matéria-prima na indústria de
biocombustíveis.
Entre os fatores que limitam o cultivo do pinhão manso se encontra a falta de tecnologia
adequada e a domesticação da espécie quanto a adubação, irrigação, propagação, controle de
plantas daninhas, pragas e doenças.
Vários são os trabalhos que demonstram as perdas de produtividade e inibição do
crescimento das plantas cultivadas a exemplo da mandioca (JOHANNS e CONTIERO, 2006),
do cafeeiro (RONCHI et al., 2003), do milho (DUARTE et al., 2002), do tomateiro
(NASCENTE et al., 2004) e do feijoeiro (ANDRADE et al., 1999), advindas da convivência
das culturas com as plantas daninhas. De acordo com Rizzardi et al. (2001) a presença de
ervas daninhas influencia o crescimento e o desenvolvimento das raízes das culturas
interferindo, como conseqüência, na utilização da água e dos nutrientes do solo. Para
Marschner (1995) as plantas competem com pelo menos 20 nutrientes essenciais em
dimensão molecular, valência, estado oxidativo e mobilidade. O conhecimento do período
crítico da interferência das plantas daninhas permite o estabelecimento de critérios adequados
de manejo, como: quando eliminá-las para evitar prejuízos na produção; o período mínimo no
qual o herbicida precisaria ter ação residual no solo para controlá-las, e a época limite para se
aplicar um herbicida em pós-emergência, além de informações que subsidiem a aplicação de
outros métodos de controle de plantas daninhas (SILVA et al., 2003).
A interferência das plantas daninhas sobre as culturas se refletem na redução do
crescimento da parte aérea e no balança de nutrientes (JOHANNS e CONTIERO, 2006).
Contudo, a severidade do dano é variável de acordo com a sensibilidade da cultura e do
suprimento dos recursos disponíveis potencialmente limitantes (RIZZARDI et al., 2001). Para
Ronchi et al. (2003) os recursos potencialmente limitantes são os fatores encontrados no
ambiente, como água, luz e nutrientes, uma vez que o crescimento, tanto das culturas como
das ervas daninhas, após a germinação, depende da habilidade dessas plantas em explorar os
recursos existentes no ambiente em que vivem e, na sua maioria, o suprimento desses recursos
é limitado até para a própria planta cultivada, gerando então a competição.
Objetivou-se, com este trabalho, determinar os efeitos da interferência de cinco espécies
de plantas daninhas no crescimento e nos teores foliares de macronutrientes em plantas de
1893
pinhão manso cultivadas em vasos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Embrapa Algodão, Campina Grande, PB, no período
de julho a novembro de 2006. Adotou-se o delineamento em blocos casualizados com 4
repetições e 1 planta de pinhão manso por parcela. Os tratamentos consistiram da
interferência de 5 espécies de plantas daninhas (Cyperus diffusus, Cenchrus echinatus,
Acanthospermum hispidum, Trianthema portulacastrum e Commelina diffusa), e um
tratamento testemunha sem a interferência de plantas daninhas.
A espécie Cyperus diffusus é vulgarmente conhecida como “paja cortadeira”. Trata-se
de planta daninha anual comum em plantios de arroz irrigado. A raiz desta espécie é fibrosa e
não produz tubérculos nem bulbos. O caule é triangular, globoso e verde lustroso, medindo de
20 a 30 cm de altura, sem nós. Suas folhas são basais e lineares.
A espécie Cenchrus echinatus é vulgarmente conhecida como “capim carrapicho” ou
“capim roseta”. Esta planta herbácea anual é comum na maioria das lavouras. Suas raízes são
fibrosas e o caule é ereto, ramificado, apresenta de 25 a 60 cm de altura e as folhas são
lineares e lanceoladas medindo 3 a 8 mm de largura. A Acanthospermum hispidum, também
conhecida por carrapicho de carneiro ou espinho de cigano, é uma planta herbácea anual,
comum nas lavouras, com raiz pivotante, caule ereto e bastante ramificado, dicotômico,
medindo de 20 a 125 cm de altura e 2 a 12 cm de largura, folhas ovuladas e lanceoladas. A
Trianthema portulacastrum é uma planta daninha, conhecida vulgarmente como pega pinto;
é uma planta daninha herbácea de ciclo anual, comum em terrenos cultivados, e que
apresenta sistema radicular pivotante e caule rasteiro, medindo de 10 a 40 cm de
comprimento; as folhas são pecioladas, glabas, com bordas ligeiramente onduladas. A
Commelina diffusa, é uma planta daninha, conhecida vulgarmente por capim gomoso; trata-
se de planta herbácea de ciclo anual com aparência de gramínea, que se encontra em solos
úmidos, tais como campos de arroz irrigado; apresenta raiz fibrosa, caule rasteiro ramificado
ascendente, carnoso, produtor de raízes adventícias a partir dos nós; as folhas são similares às
das gramíneas e lanceoladas; apresenta comprimento variando entre 3 a 5,5 cm e largura
oscilando entre 1,5 a 2,5 cm.
Sementes de pinhão manso foram semeadas em vasos de 60 dm3 contendo uma mistura
de terra e esterco bovino a 5%. Antes do plantio, realizou-se a adubação do substrato em
fundação adicionando-se 500 g de superfosfato simples. A adubação nitrogenada e a potássica
1894
foram realizadas 15 dias após a emergência das plantas, adicionando-se 3 g/vaso em cobertura
de sulfato de amônio e de cloreto de potássio.
Semearam-se 5 sementes por vaso, realizando-se o desbaste para uma planta por vaso
aos 10 dias após a emergência; 30 e 60 dias da emergência foram feitas 2 aplicações
suplementares de N, aplicado na forma de solução em cobertura, na dose de 3 g/vaso. As
irrigações e o controle de plantas invasoras foram realizados manualmente e diariamente,
conforme as necessidades da cultura.
As mudas das plantas daninhas foram transplantadas para os vasos dez dias após a
emergência das sementes do pinhão manso. O período de interferência ou de convivência no
vaso entre a cultura e as plantas daninhas, foi considerado como aquele compreendido entre o
transplantio das plantas daninhas e o encerramento do experimento, realizado no momento da
diferenciação floral da cultura.
Decorridos 100 dias do semeio mediram-se a altura da planta, o diâmetro médio
caulinar, o número de folhas, a área foliar e a massa seca da parte aérea e das raízes do pinhão
manso. A área foliar foi calculada pela fórmula A= 0,84(PL)0,99, em que P = comprimento da
nervura principal da folha, L = largura da folha e A = área foliar (SEVERINO et al., 2006).
Para determinação da biomassa seca, a parte aérea e as raízes do pinhão foram
separados em folhas, caules e raízes, postos para secar em estufa de circulação de ar forçada a
65°C, até peso constante. As folhas secas foram moídas em moinho tipo Wiley com malha de
20 mesh e submetidas a análise química, para determinação dos teores de N, P, K, Ca, Mg e
S. As análises químicas foram feitas no Laboratório de Solos e Planta da Embrapa Algodão,
segundo a metodologia proposta por Le Poidevin & Robinson (1964). Para medição dos
teores de N, P e K, as amostras foram submetidas a digestão sulfúrica; o N foi dosado pelo
método de Nessler e medido pelo Espectrofotômetro a 410 nm; o P, pelo molibdato de
amônio e medido através do uso do Espectrofotômetro a 660 nm; o K foi medido por
fotometria de chama. Para medição dos teores de Ca, Mg e S, as amostras foram submetidas
a digestão nítrica, o Ca e Mg foram dosados e medidos por titulação complexiométrica com
EDTA e o S pelo uso do Cloreto de Bário, medido em espectrofotometria a 420nm.
Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância a 5% de probabilidade (Teste
F) e teste de Tukey a 5% de probabilidade, conforme Ferreira (1996).
1895
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As plantas daninhas afetaram as características de crescimento do pinhão manso,
conforme apresentado na Tabela 1. Quanto aos teores foliares de nutrientes da planta de
pinhão manso somente os teores de N e K não mostraram alterações com a interferência das
plantas daninhas.
Tabela 1 - Resumo da análise de variância da altura, número de folhas, diâmetro caulinar, área
foliar, massa seca da parte aérea e massa seca das raízes de pinhão manso sob interferência de
cinco espécies de plantas daninhas. Campina Grande, PB, 2006
Quadrados médios
F.V. G.L.
Altura N°folhas Diâmetro Área Foliar MSPA MSRAIZ
Blocos 3 206,81 158,70 0,02 11930,97 575,77 371,49
Plantas daninhas 5 1855,94* 1947,14* 0,45* 1,261634* 6771,43* 2933,68*
Resíduo 15 199,14 162,87 0,1164033 1036769 826,77 611,62
CV% 27,00 41,22 15,81 41,03 44,38 67,26
* Significativo a 5% pelo teste F.
Tabela 2 - Resumo da análise de variância dos teores foliares de nitrogênio, fósforo, potássio,
cálcio, magnésio e enxofre em plantas de pinhão manso sob interferência de cinco espécies de
plantas daninhas. Campina Grande, PB, 2006
Quadrados médios
F.V. G.L.
N P K Ca Mg S
Blocos 3 0,06155ns 0,00725ns 0,02708ns 0,00380ns 0,00412ns 0,00007ns
Tratamentos 5 0,38112ns 0,05931** 0,07375ns 0,02887** 0,07087* 0,00837**
Resíduo 15 0,14746 0,01281 0,055 0,00337 0,02176 0,00086
CV% - 14,65 25,47 24,38 11,13 13,14 18,10
* Significativo a 5% pelo teste F.
1896
Tabela 3 - Valores de altura, número de folhas, diâmetro caulinar, área foliar e massa seca da
parte aérea e das raízes de mudas de pinhão manso sob interferência de cinco tipos de ervas
daninhas Campina Grande, PB, 2006
Altura N° folhas Diâmetro Área foliar MSPA MSRAIZ
Tratamentos
(cm) (nº/planta) (mm) (cm2/planta) (g/planta) (g/planta)
Testemunha 87,75A 67,5A 2,50A 5339,29A 140,41A 88,71A
Cyperus diffusus 21,67C 6,00C 1,51B 288,88C 19,78B 8,70B
Cenchrus 43,07BC 20,25BC 2,20AB 1437,31BC 43,45B 33,43AB
echinatus
Acanthospermum 58,75AB 45,75AB 2,24AB 3482,26AB 72,87B 27,57B
hispidum
Trianthema 52,45BC 26,25BC 2,16AB 2675,29B 51,18B 27,88B
portulacastrum
Commelina 49,17BC 20,00BC 2,31A 1665,15BC 60,94B 34,27AB
diffusa
* Valores seguidos da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%.
1897
(testemunha). Das espécies de plantas daninhas estudadas, a interferência por Cyperus
diffusus foi a que ocasionou maior redução no crescimento das plantas de pinhão-manso,
sendo uma espécie de difícil convivência com a cultura, o que torna necessário o seu controle
para um crescimento adequado da planta de pinhão manso. Com os resultados obtidos no
presente trabalho, verifica-se que o crescimento das plantas de pinhão-manso é
significativamente reduzido devido à interferência de plantas daninhas.
O conteúdo de nitrogênio e potássio nos tecidos foliares não foi afetado pelas plantas
daninhas. Embora, a interferência das plantas daninhas não tenha afetado o conteúdo de N e
K, a massa seca produzida pelas plantas de pinhão-manso infestadas por plantas daninhas foi
inferior àquelas que cresceram sem a interferência das plantas daninhas. As plantas de pinhão
manso submetidas a infestação com a planta daninha Cyperus diffusus apresentou
concentração de P na massa seca inferior àquela das plantas infestadas por Trianthema
portulacastrum e Commelina diffusa.
Os teores de Ca, Mg e S no tecido foliar das plantas de pinhão manso apresentaram
algumas variações, de acordo com a espécie de planta daninha que causou interferência;
entretanto, as diferenças entre os tratamentos não foram acentuadas, exceto para o conteúdo
de S que foi menor que a testemunha sem interferência nas plantas infestadas por Cyperus
diffusus e Cenchrus echinatus.
Em geral, a concentração de nutrientes nas folhas de pinhão manso não apresentou
grandes variações com a interferência das diferentes espécies de plantas daninhas. No entanto,
como a massa seca das plantas submetidas a competição com as plantas daninhas é muito
inferir àquelas sem competição, a quantidade de nutrientes absorvidos pela planta de pinhão
manso submetida à competição foi muito inferior. Esta menor quantidade absorvida, decorre,
provavelmente, da competição das plantas daninhas com a cultura por água e luz, o que reduz
o crescimento das plantas.
1898
Tabela 4 - Conteúdo foliar de N, P, K, Ca, Mg e S em plantas de pinhão manso sob
interferência de cinco espécies de plantas daninhas. Campina Grande, PB, 2006
Tratamentos N P K Ca Mg S
-----g kg-1------
Testemunha 26,8 a 4,8 ab 8,5 a 5,7 ab 10,5 ab 2,2 a
Cyperus diffusus 22, 8 a 2,2 b 8,7 a 5,4 abc 9,2 b 1,1 b
Cenchrus echinatus 22, 2 a 3,9 ab 8,0 a 6,5 a 13,0 a 1,0 b
Acanthospermum hispidum 30,0 a 4,6 ab 11,0 a 5,1 bc 11,2 ab 1,8 a
Trianthema portulacastrum 26,8 a 5,3 a 10,5 a 4,3 c 11,1 ab 1,8 a
Commelina diffusa 28, 4 a 5,6 a 11,0 a 4,3 c 12,1 ab 1,6 ab
* Valores seguidos da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% .
4 CONCLUSÃO
A infestação por plantas daninhas reduz consideravelmente o crescimento das plantas de
pinhão manso.
A interferência por Cyperus diffusus é a que ocasiona maior redução no crescimento das
plantas de pinhão-manso.
O teor de macronutrientes nas folhas é pouco afetado pela competição.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Informe Agropecuário, Belo horizonte, v.24, n.219, p.93-97, 2003.
1900
EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NO CRESCIMENTO DE MUDAS
DE PINHÃO MANSO
1901
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso é uma oleaginosa da família das euforbiáceas, tolerante a seca,
encontrado em quase todo o território nacional. Em virtude de apresentar elevada
concentração de óleo em suas sementes (25 a 30%) e representar uma potente matéria-prima
para a produção de biocombustíveis, o pinhão manso tem atraído a atenção de muitos
produtores e pesquisadores.
O principal método para a propagação do pinhão manso é via sementes. Severino et al.
(2006a) consideram que o uso de mudas propagadas por sementes garantem maior resistência
das plantas às condições adversas de clima e solo, vigentes na região nordeste e aos eventuais
problemas de tombamento provocado por ventos fortes.
Para a obtenção de mudas de boa qualidade é importante a escolha do substrato. De
acordo com Severino et al. (2006b) esterco de animais, torta de mamona, casca de amendoim
e mucilagem de sisal em mistura com solo em proporções iguais (v.v.), enriquecidos ou não
com fertilizante mineral, podem propiciar condições adequadas, tanto no aspecto físico como
no nutricional, para a obtenção de mudas com alto padrão de qualidade.
Há indícios, na literatura, de que o uso de P na formulação do substrato em mistura com
material orgânico, é uma excelente estratégia para a obtenção de mudas mais vigorosas, pois
ajudam na formação do sistema radicular, aumentando a tolerância das plantas aos fatores
bióticos e abióticos tais como estresse hídrico, doenças e competição com plantas daninhas.
Para a cultura do mamoeiro (Carica papaya ) Mendonça et al. (2006) recomendam o uso de
superfosfato simples na proporção de 10 kg/m3 de substrato em mistura com 40% de
composto orgânico para a produção de mudas em saquinhos plásticos medindo 10 x 20 cm.
Para a produção de mudas de pitangueira em saquinhos medindo 10 x 20 cm, Abreu et al.
(2005) recomendam o uso de P na proporção de 6 kg/m3 de substrato, aplicado na forma de
superfosfato simples, independente da composição do substrato. Para a produção de mudas de
pinhão manso ainda não se dispõe de informações técnico-científicas sobre a melhor dose e o
tipo de resposta das mudas à adubação fosfatada, isolada ou combinada com o uso de
materiais orgânicos.
Segundo Vichiato (1996), o fósforo requerido para o ótimo crescimento das plantas
varia conforme a espécie ou órgão analisado, variando de 0,1 a 0,5 % da matéria seca. Além
de ajudar as raízes e as plântulas a se desenvolverem mais rapidamente, o fósforo aumenta a
resistência aos rigores do inverno, melhora a eficiência no uso da água e favorece a resistência
às doenças em algumas plantas (POZZA et al., 2002). O uso do superfosfato simples tem tido
1902
preferência no fornecimento de fósforo às plantas por apresentar, além do fósforo, cálcio (25-
28% CaO) e enxofre (12%) em sua composição química (CARMELLO, 1995).
Objetivou-se, com este trabalho, avaliar o efeito da adição de superfosfato simples no
substrato sobre o crescimento e conteúdo foliar de macronutrientes das mudas de pinhão
manso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Embrapa Algodão, em Campina
Grande-PB, no período de novembro a dezembro de 2006.
Os tratamentos constituíram-se de 5 doses de superfosfato simples misturado ao
substrato (0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10 kg/m3 ) em delineamento inteiramente casualizado com 5
repetições. A formulação do substrato e a aplicação do fertilizante fosfatado foram realizadas
uma semana antes do plantio misturando-se o solo com o composto de lixo, na proporção de
40% (v.v.) e o superfosfato simples, em suas respectivas doses. A mistura foi amplamente
homogeneizada e acondicionada em tubetes de polietileno, com forma cônica, perfurados na
base inferior, apresentando capacidade volumétrica de 288 cm3.
Após o acondicionamento dos tubetes na casa de vegetação, o substrato foi umedecido
até atingir a capacidade de campo. Uma semana após a incubação, sementes de pinhão manso
procedentes da área experimental de Quixeramobim, CE, foram semeadas. As parcelas foram
constituídas por um tubete contendo uma planta cada, sendo suspensos em uma grade de tela
com armações de ferro. As mudas foram irrigadas duas vezes por dia aplicando-se cerca de
200 mL de água por recipiente.
Aos 30 dias após a semeadura determinaram-se a altura das plantas, o número de folhas,
a área foliar, e a massa seca da parte aérea e das raízes. Para a determinação da área foliar
utilizou-se a fórmula proposta por Severino et al. (2006c) para a cultura do pinhão manso.
Para determinar a massa seca da parte aérea e das raízes das mudas, amostras de material
vegetal foram colocadas em estufa a temperatura de 65°C, até a obtenção de peso constante.
Amostras de tecido vegetal foram submetidas a digestão nítrico perclórica e determinados os
teores foliares de N, P, K, Ca, Mg e S, segundo metodologia proposta por Le Poidevin &
Robinson (1964).
Os dados foram submetidos a análise de variância e de regressão, conforme
recomendações de Ferreira et al. (1996). Estimaram-se os pontos de máximo e/ou mínimo das
equações de regressão através da derivada de “Y” em relação a “X”. Submeteram-se os dados
1903
de altura e conteúdo foliar de K à análise descritiva, pois não foram encontrados modelos
matemáticos que apresentassem bom ajuste aos dados.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância mostrou diferenças significativas para a maioria das
características avaliadas. Das características de crescimento das plantas avaliadas somente o
número de folhas por planta não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos com
média de 5 folhas por planta. O conteúdo foliar de N, Ca e S nas plantas de pinhão manso
também não apresentou diferenças significativas com médias de 4,1, 0,28 e 0,53 g.kg-1,
respectivamente.
A altura das mudas de pinhão manso aumentou com o incremento da dose de
superfosfato simples até 5 kg/m3. Doses superiores a essas reduziram altura das mudas de
pinhão manso. Para a produção de mudas de pitangueira Abreu et al. (2005) constataram que
a aplicação de 6 kg/m3 de P2O5 foi suficiente para o pleno crescimento em altura das mudas.
Por outro lado para a cultura do mamoeiro Mendonça et al. (2006) constataram que para a
obtenção de mudas de boa qualidade é necessário a aplicação de 10 kg/m3 P2O5 a composição
do substrato.
A área foliar das plantas aumentou com o incremento da quantidade de superfosfato
simples adicionado ao substrato até a dose de, aproximadamente, 4,82 kg/m3, sendo que a
partir dessa quantidade houve redução na área foliar das plantas. A adição de 4,82 kg/m3 de
superfosfato simples no substrato proporcionou a formação de mudas com área foliar
estimada de 184,25 cm2 por planta, o que eqüivale a um aumento de 31,6% na área foliar das
plantas em relação à não adição de P.
As mudas de pinhão manso produziram maior quantidade de massa seca da parte aérea
e de raiz com o incremento da dose de superfosfato simples até 4,25 kg/m3 de substrato,
reduzindo a massa seca em doses superiores a esta. Essa dose de superfosfato simples
proporcionou a formação de mudas com massa seca da parte aérea e da raiz estimada em 1,58
e 0,20 gramas por planta, respectivamente. O incremento na massa seca da parte aérea e de
raiz com a adição de 4,25 kg de P por metro cúbico de substrato foi de 29,5 e 54 %,
respectivamente. Resultados similares foram constatados por Prado et al. (2005) ao
verificarem que a aplicação de 180 mg/dm3 de P promoveu melhor crescimento em massa
seca da parte aérea de mudas de maracujazeiro.
As características de crescimento mostraram que a dose de P situada entre 4 e 5 kg/m3
1904
de substrato, proporcionou melhor desenvolvimento das mudas de pinhão manso e que doses
superiores a estas reduzem o crescimento.
A B
25 200
20
150
15
2
100
Ŷ = 140,0 + 18,34X − 1,90X 2
10
R 2 = 0,84
50
5
0
0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
C D
2,0 0,30
0,25
Massa seca da parte aérea (g/planta)
1,5
0,20
1,0 0,15
0,0 0,00
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
3
Doses de superfosfato simples (kg/m ) Doses de superfosfato simples (kg/m3)
Figura 1 - Efeito da dose de fósforo no substrato sobre a altura das plantas (A), área foliar (B),
massa seca da parte aérea (C) e de raízes (D) de mudas de pinhão manso. Barras verticais
indicam o erro padrão da média.
1905
kg/m3 de superfosfato simples. Na dose de 2,5 kg/m3 de superfosfato simples, o conteúdo de
potássio foliar foi inferior ao tratamento sem aplicação de superfosfato simples no substrato.
O conteúdo de Mg no tecido foliar aumentou até a dose de aproximadamente 5,5 kg/m3 de
superfosfato simples, atingindo 1,85 g.kg-1. A partir dose de 5,5 kg/m3 de superfosfato no
substrato, o conteúdo foliar de Mg decresceu com o aumento da dose de superfosfato.
De maneira geral, os teores de macronutrientes no tecido foliar de plantas de pinhão
manso apresentam pouca variação com a adubação fosfatada do substrato, pois os teores de N,
Ca e S não foram afetados pelos tratamentos. Os teores de P aumentaram com a adubação
fosfatada o que, de certa forma, era esperado. Os teores foliares de Mg e K apresentaram
pequenos aumentos até a dose de superfosfato simples de 5,5 e 10 kg/m3 de substrato,
respectivamente. Prado et al. (2005) ao estudarem os efeitos da adubação fosfatada no estádio
nutricional de mudas de maracujazeiro constataram que a aplicação de 450 mg/dm3 de
substrato promoveram condições adequadas para o pleno crescimento das plantas.
1906
A B
1,6 2,0
1,4
-1
Conteúdo de P (g.kg-1)
1,0
0,8 1,0
0,6
Ŷ = 0,95 − 0,04X + 0,006X 2
0,4 0,5
R 2 = 0,87
0,2
0,0 0,0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
3
Doses de superfosfato simples (kg/m )
Doses de superfosfato simples (kg/m3)
C
2,0
1,5
Conteúdo de Mg (g.kg )
-1
1,0
0,0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
Figura 2 - Efeito da dose de fósforo no substrato sobre o conteúdo foliar de P (A), K (B) e Mg
(C) de mudas de pinhão manso. Barras verticais indicam o erro padrão da média.
4 CONCLUSÃO
1907
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, N.A.A.de. ; MENDONÇA, V.; FERREIRA, B.G.F.; TEIXEIRA, G.A.; SOUZA,
H.A. de.; RAMOS, J.D. Crescimento de mudas de pitangueira (Eugenia uniflora L.) em
substratos com utilização de superfosfato simples. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, MG,
v.29, n.6, p.1117-1124, 2005.
MENDONÇA, V.; ABREU, N.A.de.; GURGEL, R.L.S.; FERREIRA, E.A.; ORBES, M.Y.;
TOSTA, M.S. Crescimento de mudas de mamoeiro Formosa em substratos. com utilização de
composto orgânico e superfosfato simples. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, MG, v.30, n.5,
p.861-868, 2006.
SEVERINO, L.S.; LIMA, R.L.S.; BELTÃO, N.E.M. Produção de mudas de pinhão manso.
Campina Grande, PB: Embrapa Algodão, 2006a. (folder)
SEVERINO, L.S.; VALE, L.S.; BELTRÃO, N.E.M. Método para medição da área foliar
do pinhão manso. In: CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE
BIODIESEL, 1., 2006, Brasília. Anais..., Brasília, MCT/ABIPTI, 2006c. p. 73-77.
1908
CASCA DE MAMONA ASSOCIADA A QUATRO FONTES DE MATÉRIA
ORGÂNICA PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS DE PINHÃO MANSO
RESUMO: Para a produção de mudas de pinhão manso (Jatropha curcas L.), geralmente
tem sido recomendado o uso de misturas de materiais orgânicos e terra em diversas
proporções. Uma das alternativas para compor substratos e produzir mudas é a casca de
mamona que é um resíduo gerado em grande quantidade no processo de descascamento e
beneficiamento das sementes e por apresentar quantidades significativas de alguns nutrientes
essenciais ao crescimento das plantas. Conduziu-se experimento em casa de vegetação, na
Embrapa Algodão no período de outubro a dezembro de 2006. Adotou-se delineamento
inteiramente casualizado, com quatro repetições e 2 plantas por parcela. Os tratamentos
constituíram-se de cinco misturas compostas por casca de mamona + terra, casca de mamona
+ composto de lixo + terra, casca de mamona + esterco bovino + terra, casca de mamona +
lodo de esgoto + terra e uma mistura composta por casca de mamona + torta de mamona +
terra, em proporções iguais. Aos 55 dias após o semeio mediu-se a altura da planta, o número
de folhas, a área foliar, o diâmetro caulinar, a massa seca da parte aérea e das raízes, e os
teores foliares de N, P, K, Ca, Mg, S. Substratos compostos apenas por misturas de terra e
casca de mamona não são adequados para a produção de mudas de pinhão manso; A adição
de composto de lixo urbano, lodo de esgoto e torta de mamona a composição do substrato
proporcionam produção de mudas vigorosas e de boa qualidade; Mudas cultivadas em
substrato contendo esterco bovino apresentaram teores de macronutrientes superiores, com
exceção do Ca.
1909
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso pode ser propagado por sementes ou através de estacas. As mudas de
estacas têm a vantagem de ser mais precoces, mas, por outro lado, geram plantas com sistema
radicular deficiente, sem a raiz pivotante, limitando-se apenas as raízes secundárias e
superficiais, o que deixa a planta sujeita ao tombamento e mais sensível a falta de água e
nutrientes no solo. Por outro lado, as mudas obtidas de sementes, apesar de serem mais
desuniformes e menos precoces, geram plantas com sistema radicular mais vigoroso,
permitindo maior tolerância a seca e melhor aproveitamento dos nutrientes (SEVERINO et
al., 2006 a).
Para a produção de mudas de pinhão manso, ainda não existe uma formulação de
substrato recomendada para a produção de mudas, sendo frequentemente usado pelos
pequenos produtores misturas de materiais orgânicos e terra em diversas proporções. Uma
das alternativas para compor substratos e produzir mudas é a casca de mamona que é um
resíduo gerado em grande quantidade no processo de descascamento e beneficiamento das
sementes de mamona e por apresentar quantidades significativas de alguns nutrientes
minerais, essenciais ao crescimento das plantas (SEVERINO et al., 2006 b). Sua utilização
para compor substratos e produzir de mudas, ainda é pouco conhecida. De acordo com Lima
et al. (2006 a) para a obtenção de um bom substrato é aconselhável o uso de misturas de 2 ou
mais materiais que possibilitem boa aeração, drenagem e adequada disponibilidade de
nutrientes para as plantas. Por outro lado, é importante que na escolha dos materiais para
compor substratos seja levado em consideração sua disponibilidade na região e o custo de
obtenção. Severino et al. (2006 b) sugerem o uso de esterco bovino, casca de amendoim e
mucilagem de sisal em mistura com terra, em partes iguais, para formular substratos para
produção de mudas de pinhão manso em saquinhos ou tubetes.
Materiais com boa aeração tais como casca de arroz carbonizada, casca de pínus,
mucilagem de sisal, casca de café ou de amendoim (LIMA et. al. 2006 a), e a própria casca do
pinhão manso, podem ser utilizados na formulação do substrato quando combinado com
materiais com boa composição química a exemplo da torta de mamona, cama de frango, lodo
de esgoto, composto de lixo urbano, húmus de minhoca e bagana de carnaubeira, dentre
outros (SEVERINO et al., 2006 a).
Objetivou-se com este trabalho avaliar o crescimento e os teores foliares de N, P, K, Ca,
Mg e S em mudas de pinhão manso cultivadas em substrato composto por misturas de casca
de mamona associada a composto de lixo, esterco bovino, lodo de esgoto e torta de mamona.
1910
2 MATERIAL E MÉTODOS
Sementes de pinhão manso foram semeadas em vasos em condições de casa de
vegetação no período de outubro a dezembro de 2006. Adotou-se delineamento inteiramente
casualizado com quatro repetições e duas plantas por parcela. Os tratamentos consistiram de
misturas de casca de mamona, terra e mais uma das seguintes fontes de matéria orgânica :
esterco bovino, composto de lixo, lodo de esgoto e torta de mamona, em proporções iguais. O
tratamento testemunha foi padronizado por uma mistura de terra e casca de mamona na
proporção de 1:1.
Utilizou-se para compor os substratos terra de baixa fertilidade natural apresentando
acidez leve, medido em água (5,8) e presença de alumínio em médio teor (1,5 mmolcdm -3); a
saturação de bases apresentava-se relativamente baixa (66%), baixo teor de P (2,5mg dm-3) e
baixo teor de matéria orgânica (1,0g kg-1).
A casca de mamona, o composto de lixo, o esterco bovino, o lodo de esgoto e a torta de
mamona foram analisados quimicamente (Tabela 1) antes da formulação das misturas.
Tabela 1 - Teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio contido nos materiais
utilizados na formulação dos substratos.
Nutrientes (%)
Material N P K Ca Mg
Casca de mamona 1,86 0,26 4,5 0,67 0,88
Composto de lixo 0,76 1,53 0,10 0,46 0,22
Esterco bovino 0,77 0,87 0,32 0,30 0,18
Lodo de esgoto 3,64 6,69 0,22 1,75 0,35
Torta de mamona 7,54 3,11 0,66 0,75 0,51
1911
emergência deixando apenas uma planta por vaso.
Durante a formação das mudas realizou-se irrigações diárias e controle de ervas
daninhas, doenças e pragas. Aos 40 dias após a semeadura foram tomadas as medidas de
altura da planta, diâmetro caulinar, número de folhas, área foliar e massa seca da parte aérea
e das raízes das mudas. A área foliar foi calculada pela fórmula A= 0,84(PL)0,99, em que P =
comprimento da nervura principal da folha, L = largura da folha e A = área foliar
(SEVERINO et al., 2006 c).
Para obtenção da massa seca, a parte aérea e as raízes das mudas foram postas para
secar em estufa de circulação de ar forçada a 65°C até atingir peso constante, e em seguida
foram moídas em moinho tipo Wiley e passadas em peneira de 20 mesh.
As análises químicas do material vegetal foram feitas no Laboratório de Solos e Plantas
da Embrapa Algodão, segundo a metodologia proposta por Le Poidevin & Robinson (1964) .
Para a medição dos teores de N, P e K, as amostras foram submetidas a digestão sulfúrica; o
N foi dosado pelo método de Nesller e medido pelo Espectrofotômetro a 410 nm; o P pelo
molibdato de amônio e medido através do uso do Espectrofotômetro a 660 nm; o K foi
medido por fotometria de chama. Para a medição dos teores de Ca, Mg e S as amostras foram
submetidas a digestão nítrica. O Ca e o Mg foram dosados por titulação complexiométrica
com EDTA e o S pelo uso do Cloreto de Bário medido em espectrofotometria a 420 nm.
Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância (Teste F) e teste de Tukey a
5% de probabilidade, conforme Ferreira (1996).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
1912
Tabela 2 - Resumo da análise de variância da altura da planta (cm), número de folhas,
diâmetro caulinar (mm), área foliar (cm2), massa seca da parte aérea e massa seca das raízes
(g) em mudas de pinhão-manso cultivadas em diferentes formulações de substratos. Campina
Grande, PB, 2006
Quadrado médio
Massa
Altura Diâmetro Massa
F.V. G.L. N° folhas Área foliar seca parte
de planta caulinar seca raiz
aérea
Substratos 4 26.27** 9.55 ns 0.09** 25446.60 ns 10.54 ** 0.51ns
Resíduo 15 6.97 7.11 0.02 15415.41 1.85 0.22
Total 19 - - - - - -
CV % 8,75 27,93 11,48 19,84 17,94 28,44
** significativo a 5% pelo teste F.
1913
problemas para as plantas, a exemplo da liberação de substâncias aleloquímicas e elevada
relação C/N, tornando-se preferível o uso de misturas de dois ou mais materiais orgânicos
para compor um bom substrato. Por serem a torta de mamona (7,54) e o lodo de esgoto (3,64)
materiais orgânicos ricos em N, era esperado que a adição destes materiais a composição do
substrato contribuísse satisfatoriamente para o crescimento das plantas, contudo não se
observou diferenças entre eles. A altura das plantas variou entre 27,02 cm e 33,07 cm, valores
obtidos nos tratamentos contendo terra e casca de mamona e mistura de terra, casca de
mamona e com posto de lixo urbano.
Tabela 4 - Altura de planta, número de folhas, diâmetro caulinar, área foliar, peso seco da
parte aérea e peso seco do sistema radicular de mudas de pinhão manso cultivadas em
diferentes substratos S1 (casca de mamona + terra), S2 (casca de mamona + terra + composto
de lixo), S3 (casca de mamona + esterco bovino + terra), S4 (casca de mamona + lodo de
esgoto + terra), S5 (casca de mamona + torta de mamona + terra).
Diâmetro Área
Altura MSPA MSRaiz
Substratos N°Folhas caulinar foliar
(cm) (g) (g)
(mm) (cm2)
S1 - CM + 27,02B 7,5A 1,3AB 513.57 A 6,74AB 1,78A
TERRA
S2- CM+CL+T 33,07A 9,5A 1,4AB 620.96 A 8,29A 1,78A
S3 - CM+EB+T 31,62AB 9,0A 1,07B 652.56 A 5,30B 1,06A
S4 - CM+LE+T 27,97AB 10,0A 1,47A 607.43 A 8,09AB 1,74A
S5 - CM+TM+T 31,17AB 11,75A 1,35AB 734.30 A 9,55A 2,02A
* Valores seguidos da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%
O número de folhas por planta, a área foliar e a massa seca do sistema radicular de
mudas de pinhão manso não foram influenciadas pela composição do substrato. Embora,
tenha-se observado que substratos compostos por misturas de terra, casca de mamona
triturada e torta de mamona tenham promovido condições adequadas tanto no aspecto
nutricional como no aspecto físico do substrato, estas características não foram suficientes
para a composição de uma excelente formulação devido aos resultados obtidos não diferirem
significativamente entre os demais tratamentos, inclusive da mistura terra e casca de mamona
triturada que compara as demais formulações a um substrato pobre quimicamente (Tabela 1).
A área foliar é um das características mais importantes na análise de crescimento, pois reflete
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1914
bem os resultados da aplicação de um determinado tratamento. Era esperado que fontes ricas
em nutrientes, a exemplo da torta de mamona, do composto de lixo urbano e do lodo de
esgoto, propiciassem condições nutricionais adequadas para a expansão dos tecidos foliares
avaliada através das medidas da área foliar.
Quanto ao crescimento das mudas em diâmetro caulinar, constata-se que os melhores
resultados foram obtidos quando se cultivou as mudas em substrato contendo mistura de terra,
casca de mamona triturada e lodo de esgoto, embora estes resultados não tenham diferido
estatisticamente daqueles observados no substrato contendo mistura de terra, casca e torta de
mamona que por sua vez não diferiu significativamente dos resultados obtidos nos substratos
compostos por misturas de terra e casca de mamona, terra + casca de mamona + composto de
lixo e terra + casca de mamona + esterco bovino.
A massa seca da parte aérea das mudas diferiu significativamente entre os tratamentos,
observando-se que estes variaram entre 5,30 g e 9,55 g, respectivamente, valores observados
nos substratos contendo mistura de terra, casca de mamona e esterco bovino e no substrato
composto por mistura de terra, casca de mamona e torta de mamona. Por outro lado, a
produção de massa seca radicular foi menor no tratamento que recebeu esterco bovino e maior
naquele composto por torta de mamona, resultado similar ao observado para a massa seca da
parte aérea das mudas. A torta de mamona é um co-produto resultante da extração do óleo de
sementes da mamoneira rico em alguns nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio,
utilizado, principalmente, na forma de fertilizante orgânico. Lima et al. (2006 b) avaliando o
uso de torta de mamona como adubo orgânico no crescimento inicial da mamoneira
constataram que a aplicação de 2,0 t/ha propiciaram condições adequadas para o crescimento
das plantas, sendo atribuída ao alto teor de nitrogênio em sua composição. Por ser um resíduo
de rápida mineralização (SEVERINO et al., 2005) a torta de mamona é uma excelente fonte
de matéria orgânica para a formulação de substratos e cultivo de plantas. Gouzalez et. al.
(2006) também constataram que substratos compostos por torta de mamona aumentam a
produção de massa seca de plantas de tomateiro cultivadas em vasos.
Os teores de macronutrientes observados na massa seca da parte aérea das mudas encontram-
se na Tabela 5.
1915
Tabela 5 - Teores de N, P, K, Ca, Mg e S (%) em mudas de pinhão manso cultivadas em
diferentes substratos S1 (casca de mamona + terra), S2 (casca de mamona + terra + composto
de lixo), S3 (casca de mamona + esterco bovino + terra), S4 (casca de mamona + lodo de
esgoto + terra), S5 (casca de mamona + torta de mamona + terra).
Substratos N P K Ca Mg S
S1 - CM + 21,7a 0,14 b 16,7 a 5,5 b 11,5 bc 1,1 b
TERRA
S2- CM+CL+T 28,7a 0,18 b 18,5 a 7,2 ab 11,8 b 1,2 ab
S3 - CM+EB+T 13,13 a 0,48 a 19,0 a 5,8 b 18,4 a 1,5 a
S4 - CM+LE+T 23,7a 0,14 b 19,5 a 9,7 a 8,5 c 1,2 b
S5 - CM+TM+T 21,5a 0,44 a 13,2 a 6,2 b 19,0 a 1,0 b
* Valores seguidos da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%.
1916
teores de P e S em seus tecidos, respectivamente. Menores teores de P foram constatados em
plantas cultivadas em substratos contendo misturas de terra e casca de mamona e mistura de
terra, casca de mamona e lodo de esgoto. Por outro lado, os menores valores médios para o
nutriente S foi constatado em mudas cultivadas em substrato contendo misturas de terra e
casca de mamona, terra, casca e torta de mamona e mistura de terra, casca de mamona e lodo
de esgoto, respectivamente. Embora o lodo de esgoto seja uma excelente fonte de P
(COLODRO et al. 2007), a disponibilidade para as plantas durante a produção de mudas não
foi suficiente para que este nutriente fosse absorvido em concentrações mais elevadas. Por
outro lado, a casca de mamona por ser um material orgânico rico em P, era esperado que sua
gradual liberação durante o processo de mineralização propiciassem condições adequadas
para seu pleno aproveitamento, fato este não observado neste trabalho.
Os teores de Ca e Mg variaram amplamente no tecido da parte aérea das mudas em
função da composição do substrato. Maiores teores de Ca foram observados em plantas
cultivadas em substrato contendo mistura de terra, casca de mamona e lodo de esgoto, seguido
dos valores observados em plantas cultivadas em substrato contendo mistura de terra, casca
de mamona e composto de lixo urbano. Para o Mg os maiores teores foram obtidos quando se
cultivou plantas em substrato contendo terra, casca e torta de mamona os quais não diferiram
significativamente dos valores observados no tecido foliar de mudas cultivadas em substrato
contendo além de terra e casca de mamona, o esterco bovino. Os menores teores de Ca e Mg
foram constatados nos substratos contendo apenas terra e casca de mamona e, naqueles
compostos por mistura de terra, casca de mamona e lodo de esgoto, respectivamente. Era
esperado que a casca de mamona por apresentar quantidades expressivas de cálcio e magnésio
em sua composição química contribuíssem gradualmente com a nutrição das plantas. Nesta
pesquisa não se observou correspondência entre disponibilidade do nutriente no material
orgânico e os teores foliares, embora tenha se observado menores teores foliares de Ca e Mg
em mudas cultivadas em substrato contendo esterco bovino.
4 CONCLUSÃO
Substratos compostos apenas por misturas de terra e casca de mamona não são
adequados para a produção de mudas de pinhão manso;
A adição de composto de lixo urbano, lodo de esgoto e torta de mamona a composição
do substrato proporcionam produção de mudas vigorosas e de boa qualidade;
Mudas cultivadas em substrato contendo esterco bovino apresentaram teores de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1917
macronutrientes superiores, com exceção do Ca.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1918
BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL: PLANEJAMENTO FOCADO NA
TERRITORIALIDADE
1919
1 INTRODUÇÃO
O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE, no âmbito de sua competência de
promover a realização de estudos e pesquisas prospectivas na área de ciência e tecnologia e
suas relações com setores produtivos, está desenvolvendo estudo, em parceria com a
UNICAMP, para prover subsídios ao processo de elaboração do Plano Plurianual (PPA), para
os períodos 2008-2011 e subseqüentes, com o objetivo de contribuir para a estruturação do
planejamento, dentro de uma abordagem territorial. A dimensão territorial é o foco desse
estudo, onde deve incidir a efetiva ação governamental, buscando o aproveitamento e
valorização das potencialidades e recursos locais, como forma de superar, com
sustentabilidade, as graves iniqüidades econômicas, sociais e regionais.
Vários membros da comunidade científica e tecnológica, inclusive técnicos de órgãos
governamentais, em suas especialidades respectivas, participaram de discussões, sugestões e
elaboração de trabalhos sobre temas integrantes desse estudo, em que cabe destacar o setor de
Biocombustíveis face à sua grande sintonia com a prioridade governamental de reduzir as
desigualdades regionais e sociais do país. Para isso, o setor de Ciência, Tecnologia e Inovação
(CT&I) representa um vetor de fundamental importância no sentido de propiciar a
sustentabilidade técnica e socioeconômica do uso de biocombustíveis. O cenário atual é
bastante promissor para o Brasil, na produção de duas fontes principais - etanol e biodiesel,
ambos advindos do setor agrícola, o que faz desse setor, em sua totalidade, o grande vetor de
desenvolvimento regional, pois, além de produtora de alimentos, a agricultura assume a
relevante função estratégica de geradora de energia renovável, em substituição aos fósseis, ou
seja, é a agroenergia que assume um papel muito relevante, num momento em que o mundo
todo está à procura de novas fontes que causem menos impacto ao meio ambiente. Em
conseqüência, a demanda global por biomassa passa a ser um fator portador de futuro decisivo
para promover o potencial de crescimento do setor agrícola nacional, tendo em vista que o
Brasil dispõe de uma riqueza espetacular, nesse campo, representado pela grande variedade de
plantas oleaginosas, existentes em todos os seus territórios, além de subprodutos e resíduos
industriais, como é o caso do sebo de boi, outras gorduras animais ou o óleo de cozinha
reciclado, este último contribui para a destinação produtiva e não poluente desse resíduo
urbano. Nesse sentido, as gorduras animais passam a ser uma excelente fonte de matéria
prima para atender às necessidades da indústria, sem prejudicar outras fontes, além de gerar
benefícios, já que, em alguns locais, essas fontes de gordura são consideradas agentes
1920
poluidores. As algas são também outra fonte não convencional de combustível que vêm sendo
estudadas e que apresentam alto potencial de captação e produção de assimilados,
Sem exigir grandes expansões de território. É da combinação dessas possibilidades de
produção que o PNPB pode cumprir melhor seus objetivos.
Ressalta-se a necessidade do aporte de investimentos em pesquisa e inovação, para
proporcionar o desenvolvimento de tecnologias de produção agrícola articulada com a área
industrial, dentro de uma concepção sistêmica e integrada, envolvendo os atores de todos os
elos da cadeia produtiva, desde a produção de insumos, assistência técnica, exploração
agrícola, industrial e comercialização, de forma que se possa obter lavouras mais adequadas
às nossas condições edafo-climáticas, sistemas de produção agroindustrial mais eficientes e
aproveitamento sustentável das nossas potencialidades regionais. Novas tecnologias
industriais são fundamentais, pois representam a essência da transformação de produtos
agrícolas em biocombustíveis, proporcionando agregação de valor e competitividade
sistêmica aos nossos produtos agrícolas. A pesquisa e o desenvolvimento científico e
tecnológico são fundamentais na elevação dos rendimentos das culturas e dos processos
tecnológicos industriais, para obtenção de índice mais alto de produtividade de óleo. Além
desse aspecto técnico-econômico, o biodiesel tem uma relevante dimensão social, com uma
característica promissora especial, ao proporcionar uma especialização produtiva regional, o
que possibilita constituir-se como um vetor de desenvolvimento para os territórios
estratégicos, com capacidade de promover a redução das desigualdades sociais e regionais.
A produção de biodiesel constitui um importante fato portador de futuro, na medida em
que se abre um novo horizonte de possibilidades para redução da dependência do petróleo e
conseqüente diminuição do consumo de diesel, ao tempo em que se desenvolvem tecnologias
para o aproveitamento de matérias-primas adaptadas aos diferentes territórios estratégicos do
país. Isso favorece a geração de impactos positivos na territorialidade da agricultura brasileira,
ao permitir, com base em combustível produzido localmente, em pequenas unidades
processadoras e com mecanização de processos, a melhoria da qualidade de vida de
populações em espaços geográficos menos densos em termos da ocupação humana.
O biodiesel exerce o papel de vetor de promoção do desenvolvimento regional, pois
viabiliza a exploração de novas culturas oleaginosas, adaptadas aos diferentes territórios
brasileiros e propicia o estímulo ao consórcio entre lavouras, com opções de policultivos, o
que permite uma convivência mais harmônica com a natureza. Portanto, aproveitamento de
matérias-primas locais grande relevância econômica e socioambiental, visto que beneficiará a
1921
população local, por meio da geração de renda e de novos postos de trabalho, com reflexos
positivos na melhoria das condições de qualidade de vida das pessoas.
Entretanto, para que o biodiesel se transforme no grande vetor de desenvolvimento
regional, é preciso um forte esforço de investimento em pesquisa e desenvolvimento
tecnológico, para obtenção do aumento de produtividade e redução da necessidade de
ocupação de terras, de forma a consolidar sua viabilização técnica e econômica, a despeito de
que as dimensões do mercado de energia exijam a produção em larga escala. Essa oferta deve
se dar em bases relativamente homogêneas (especificações técnicas comuns), de sorte a
minimizar riscos à colocação do produto no mercado. A qualidade dos biocombustíveis é
fundamental para fortalecer as ações no sentido de transformá-los em commodities
internacionais.
O grande desafio desse processo consiste em compatibilizar a produção em escala,
fundamental para que tenha competitividade econômica, em termos de custos de produção e
de operação logística, com a necessidade de inclusão produtiva e social de imensa massa de
agropecuaristas. O biodiesel favorece uma relação mais estreita entre agricultura familiar e
território, o que pode promover uma valorização na especialização agrícola de certas regiões.
Essa especialização pode ter alcance distributivo inédito nas políticas energéticas do país, uma
vez que parte significativa da oferta é da agricultura familiar, por meio da produção de
matérias-primas para óleos vegetais, no âmbito do Programa Nacional de Produção e Uso de
Biodiesel (PNPB). Isso tudo pode contribuir para a redução das desigualdades sociais e
regionais, o que faz do biodiesel a escolha estratégica adequada para atender aos propósitos
do desenvolvimento territorial do país.
O Brasil possui vantagens que o qualificam a liderar a agricultura de energia e o
mercado de biocombustíveis, em escala mundial, com a possibilidade de ocupação de áreas,
dentro de um plano de Zoneamento Agroecológico, o que faz manter sob controle os impactos
na produção de alimentos e no meio ambiente.
Em resumo, a participação da agroenergia na matriz energética brasileira pode gerar
muitos benefícios, como: a redução do uso de combustíveis fósseis; a ampliação da produção
e do consumo de biocombustíveis; a proteção ao meio ambiente; o desfrute do mercado
internacional e a contribuição para a inclusão social. A matriz energética brasileira é
composta de 44% de energia renovável ante 14% no mundo e apenas 6% nos países da
OCDE, o que faz o Brasil tomar a dianteira na corrida mundial dos biocombustíveis, dada
nossa vasta disponibilidade de recursos naturais (terra, água, clima) combinada com o
domínio tecnológico alcançado na produção do álcool. A partir do acúmulo de conhecimento
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1922
e experiência obtidos com o álcool da cana-de-açúcar, o apoio governamental se volta, agora,
para as plantas oleaginosas, visando à produção do biodiesel. Nesse sentido, o Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT) exerce a coordenação do módulo tecnológico, no âmbito do
Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), tendo já constituído a Rede
Brasileira de Tecnologia de Biodiesel (RBTB). Essa rede tem o papel de consolidar um
sistema gerencial de articulação dos diversos atores envolvidos com biodiesel, além de apoiar
a identificação e busca de solução para os gargalos tecnológicos em toda a cadeia de produção
e uso do Biodiesel.
Por fim, deve-se levar em consideração que as possibilidades de produção de biodiesel
são diversificadas e não podem ser excludentes entre si. Nesse sentido, as gorduras animais
passam a ser uma excelente fonte de matéria prima para atender às necessidades da indústria,
sem prejudicar outras fontes, além de gerar benefícios, já que, em alguns locais, essas fontes
de gordura são consideradas agentes poluidores. As algas são também outra fonte não
convencional de combustível que vêm sendo estudadas e que apresentam alto potencial de
captação e produção de assimilados, sem exigir grandes expansões de território. É da
combinação dessas possibilidades de produção que o PNPB pode cumprir melhor seus
objetivos.
1923
APTIDÃO AGRÍCOLA DA MAMONA PARA A REGIÃO DA ADENE EM
MINAS GERAIS
1924
1 INTRODUÇÃO
A partir de fins dos anos 80 e inicio dos anos 90, os preços do petróleo passaram por um
período de relativa baixa, deixando de criar pressão para o desenvolvimento de fontes
alternativas. Seguiram-se, contudo, a partir do ano 2000, uma nova era de alta do preço no
mercado internacional, sendo que eles se estabilizaram em um patamar elevado, sem
perspectiva de queda substancial. Atualmente, mais importante, ainda que os preços, se coloca
a questão ambiental, com debates acerca da responsabilidade dos combustíveis fósseis no
aquecimento global. O uso dos biocombustíveis pode contribuir significativamente para o
declínio de fenômenos como a inversão térmica e o efeito estufa. Também é economicamente
vantajoso para a economia brasileira, pois pode melhorar significativamente o resultado da
balança comercial e minorar a dependência externa em relação aos combustíveis de origem
fóssil.
A cana já é uma realidade comprovada como base para a produção de álcool
combustível. Por um lado, discute-se sobre qual é a oleaginosa mais apropriada para a
produção de biodiesel, pois existem varias opções, com destaque para soja, algodão, palma
(dendê), mamona, girassol, nabo forrageiro, canola e pinhão manso. Embora em princípio
qualquer óleo vegetal possa ser utilizado, desde que preparado de maneira adequada, nem
todos têm disponível um “pacote tecnológico” que possibilite, de pronto, a sua exploração.
Em Minas Gerais, dentre as oleaginosas que demonstram maior potencial para o cultivo
em escala comercial, destaca-se a Mamona (Ricinus communis L.). É uma planta
relativamente rústica, com boa produção de óleos e ainda carente de estudos sobre sua real
potencialidade para as indústrias de biodiesel (Urquiaga et al, 2005; Sluszz & Machado,
2006). Embora pesquisas tenham sido desenvolvidas sobre a risco climático e zoneamento
agrícola para essa cultura em diversas regiões do Brasil, não se sabe, por exemplo, quais são
as áreas do estado de Minas Gerais mais indicadas para o seu cultivo, do ponto de vista
agropedoclimático, dado fundamental para o desenvolvimento de qualquer projeto de
produção agrícola.
Além disso, destacamos a mamona neste trabalho por ser uma cultura produzida
tradicionalmente em pequenas e médias propriedades, gerando emprego e renda em razão de
suas inúmeras possibilidades de aplicação na área químico-industrial, além da perspectiva de
potencial energético na produção de biodiesel, tornando-se um agronegócio bastante
promissor.(Sá, 2004). Ela está disseminada por diversas regiões do globo terrestre e é
cultivada principalmente na China, Índia e Brasil, sempre entre os paralelos 40º N e 40º S.
1925
Seu cultivo na região de abrangência da Agencia de Desenvolvimento do Nordeste
(ADENE) é indicado por ser de fácil adaptação às condições de clima e solo da região
(resistente à seca é encontrada em forma asselvajada em todo o Nordeste) (Amaral & Silva,
2006). Além disso, a região de abrangência da ADENE no estado de Minas Gerais é uma das
mais carentes de opções para o produtor rural que vive quase sempre em condições sociais
inadequadas.A Mamona surge então como uma possibilidade de desenvolvimento sustentável
para o pequeno agricultor familiar.
Este trabalho tem por objetivo o Mapa de Aptidão Agrícola da Mamona (Ricinus
communis L.), dentro dos limites mineiro da Agencia de Desenvolvimento do Nordeste -
ADENE em primeira aproximação.
A apresentação em primeira aproximação deve-se à premência do tempo para atender
demandas emergenciais, tais como uma definição de plantio dessa oleaginosa que oferece
matéria-prima para fabricação de biodiesel, com base no programa do Governo Federal.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Para identificar a aptidão agrícola da cultura da mamona na área de abrangência da
ADENE no estado de Minas Gerais, utilizou-se de informações sobre as potencialidades
climáticas e de solo da região. Estudos dessa natureza oferecem subsídios para tomadas de
decisão ou mesmo servem de base na estruturação de planos de desenvolvimento de uma
região, com vistas a direcionar as ações exigidas.
A metodologia utilizada para identificar as áreas aptas para o cultivo da mamona está
descrita para uma primeira aproximação, uma vez que um levantamento completo exige a
adição de mais parâmetros ambientais e também de procedimentos de campo, o que requer
um tempo maior para execução.
O processo de mapeamento para identificar a aptidão agrícola da mamona teve início
em levantamentos de informações no Centro Tecnológico do Norte de Minas (CTNM) da
EPAMIG, no município de Nova Porteirinha, onde a cultura já vem sendo pesquisada há
algum tempo. Foram levantadas com os pesquisadores locais as condicionantes ambientais
para o cultivo da mamona e os dados fitotécnicos. Assim, foram definidas sete variáveis a
serem usadas: altitude, declividade, temperatura média anual, precipitação anual e classe de
solos (Tabela 1).
1926
Tabela 1 - Parâmetros ambientais para o cultivo da mamona.
Variáveis Parâmetros Fonte
1927
Figura 1 - Região da ADENE em MG.
Os mapas de solos utilizados foram obtidos por cessão pela Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), entidade geradora e que trabalhou todo o estado de
Minas Gerais em escala 1:500.000. Esses mapas foram revisados e convertidos para uma
forma digital em um trabalho conjunto daquela entidade com o Departamento de Solos da
Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Essa base, cedida à EPAMIG por meio de uma parceria firmada, foi incorporada na
base de dados deste projeto e recortados (retirados) os solos inaptos para o cultivo da
mamona, dentro do limite da ADENE (Anexo A e B). Esses solos foram os rasos
(profundidade <=2.0 metros até rocha), solos sujeitos à inundação e solos provenientes de
areia quartzosa. Retiraram-se, portanto, as classes Neossolo Litólico, Neossolo Flúvico,
Neossolo Quartzarêmico, respectivamente. O Tabela 2 apresenta as classes decorrentes dentro
do limite da ADENE.
1928
Tabela 2 - Tipos de solos encontrados na área de abrangência da ADENE no estado de Minas
Gerais
Sigla Descrição
CX Cambissolo Háplico
LA Latossolo Amarelo
LV Latossolo Vermelho
T Luvissolo Crônico
RL Neossolo Litólico
RU Neossolo Flúvico
RQ Neossolo Quartizorêmico
O mapa pluviométrico foi feito a partir de dados tabulares das estações da Agência
Nacional das Águas para todo o estado de Minas Gerais e depois recortada a região de
interesse. Esses dados tabulares foram importados a partir da base de dados em formato
ASCII para um gerenciador de banco de dados padrão Select Query Language (SQL), a fim
de propiciar a maximização no processo de modelagem das informações pertinentes para o
cálculo de precipitação média anual.
Foram selecionadas as estações que possuíam série histórica >= a 20 anos e,
posteriormente, lidas e georreferenciadas dentro do Sistema de Informações Geográficas.
Assim, as estações foram dispostas sobre o mapa digital do estado de Minas Gerais, portando,
cada uma, o valor de sua média pluviométrica anual. Para cálculo desta variável foi feito o
somatório das precipitações mensais em cada estação e o resultado foi divido pela quantidade
de anos referente a este período.
Estas médias foram, então, interpoladas espacialmente entre as estações a fim de
recobrir todo o estado em eqüidistâncias de 100m, dando assim origem ao mapa de
precipitação média anual. O limite da área da ADENE foi sobreposto a este mapa e usado
como máscara de corte, originando assim, o mapa pluviométrico de precipitação para a área
desejada.
Para o mapa altimétrico foram utilizados dados obtidos pelo satélite Shuttle Radar
Topography Mission (SRTM), proveniente do Consórcio National Aeronautics and Space
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1929
Administration (NASA) / National Geospatial-Intelligence Agency (NGA), que fez o
imageamento altimétrico mundial em pixels de 90m. Foi anexado à base deste projeto o mapa
de Minas Gerais, sendo este, recortado dentro do limite da ADENE e, posteriormente, retirado
as áreas com as altitudes que não atendiam às condições de plantio, no caso, menor que 300m
e maior que 1.500m.
A partir do mapa altimétrico recortado para os limites da região do projeto gerou-se o
mapa de declividades. Foram retiradas, então, as declividades acentuadas ao cultivo da
mamona, estas, maiores que 12%. Para a temperatura média anual, utilizou-se como base o
modelo matemático de Sediyama e Melo Junior (1998).
O modelo é uma equação linear que leva em consideração as coordenadas geográficas e
altitude do ponto desejado. O modelo também estabelece algumas constantes que são
agregadas à equação, que é dada por: Yi=a0+a1x1+a2x2+a3x3+ε1
em que:
Yi - temperatura média anual do ponto desejado
a0 = 26,62
a1 = -0,0055
a2 = -0,4695
a3 = 0,1695
x1 = altitude do local em metros
x2 = latitude do local em graus e décimos
x3 = longitude do local em graus e décimos
ε = erro
A partir deste mapa foi selecionado as temperaturas entre 20 e 30º.
A Figura 2 apresenta, portanto, a correlação espacial das variáveis: altitude, declividade,
solos, temperatura média anual e pluviometria média anual resultando, assim, o mapa de
aptidão agrícola para a mamona (primeira aproximação) para a região da ADENE no estado
de Minas Gerais.
Não foi retirado do mapa as regiões de reserva ambiental visto que, embora tenham seu
uso proibido, não são, necessariamente, inadequadas do ponto de vista agrícola.
1930
Figura 2 - Mapa de Aptidão Agrícola da Mamona para a região da ADENE em Minas Gerais.
3 CONCLUSÃO
No lado leste da região zoneada, a maior parte das áreas consideradas inaptas se deve à
presença de Neossolo Flúvico e Neossolo Quartizorêmico, enquanto que na parte oeste o
maior limitante é o relevo acidentado e a presença de alguns afloramentos rochosos.
Ao efetuar o cruzamento de todas as variáveis trabalhadas chegou-se ao mapa de
aptidão agrícola para a mamona, que poderá ainda ser aprimorado, mas que contempla as
principais características ambientais exigidas para a cultura.
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a Mamona no Estado do Maranhão, Segundo o Zoneamento de Riscos Climáticos,
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1931
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Mamona, 2004.
1932
COMPORTAMENTO DA CULTURA DO MILHO EM TRÊS TIPOS DE
COBERTURAS MANEJADAS COM ROLO-FACA
1 INTRODUÇÃO
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1933
A cobertura do solo deverá resultar do cultivo de espécies que disponham de atributos
como: produzir grande quantidade de massa seca, ter sistema radicular vigoroso e profundo,
entre outras (EMBRAPA,2003). Segundo DERPSCH & CALEGARI (1992), a manutenção
dos resíduos culturais na superfície do solo provoca alterações com reflexos diretos na
fertilidade, influenciando na taxa de mineralização e nas propriedades químicas do solo.
Dentre as plantas que podem ser utilizadas para cultivos de cobertura, no período de inverno,
tem-se a aveia preta (Avena strigosa), que se destaca como importante planta de cobertura do
solo no sistema de plantio direto (MONEGAT, 1991). O nabo forrageiro (Raphanus sativus) é
uma planta muito vigorosa, seu sistema radicular é pivotante, bastante profundo, possui
elevada capacidade de reciclar nutrientes, (DERPESCH & CALEGARI, 1992). A ervilhaca
(Vicia sativa) é uma leguminosa que proporciona uma boa cobertura protetora e melhora as
características físicas químicas e biológicas do solo (DERPESCH & CALEGARI, 1991). O
rolo faca é um equipamento agrícola, que destina ao manejo (acamamento e corte) da
cobertura vegetal na superfície do solo, a qual é a base para a prática do cultivo mínimo e do
plantio direto (WEISS, 1998). Um dos fatores que tem contribuído para o aumento da
produtividade de é a adoção de sistemas de produção cujo princípio básico é a manutenção de
uma cobertura permanente no solo com resíduos culturais (PEREIRA, 2000). O presente
trabalho objetivou avaliar a emergência, comprimento da raiz, altura da parte aérea, massa da
planta, população final e produtividade da cultura do milho, em três tipos de coberturas de
solo (ervilhaca, nabo forrageiro e aveia preta) na região de Florianópolis, SC, após o manejo
com rolo-faca.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Fazenda Experimental Ressacada do Centro de Ciências
Agrárias (CCA/UFSC), localizado no município de Florianópolis, SC, nas coordenadas
geográficas 27º41’ latitude Sul e 48º32’ longitude Oeste, com altitude média de 7 metros em
uma área de pastagem natural. O solo da área experimental foi classificado como Neosolo
Quartzarênico Hidromórfico Típico, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação dos
Solos (EMBRAPA, 1999). No experimento, as variáveis foram analisadas considerando-se o
delineamento em blocos casualizados, com três tratamentos (ervilhaca, nabo forrageiro e
aveia preta) e cinco repetições. Foram coletados dados de: emergência, comprimento da raiz,
altura da parte aérea, massa da planta da cultura do milho e resistência do solo à penetração,
cujos dados foram analisados estatisticamente, por meio da análise de variância, adotando-se
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1934
o nível de 5% de probabilidade para o teste estatístico. O rolo-faca utilizado para o corte e
acamamamento das culturas de inverno, foi desenvolvido no Núcleo de Desenvolvimento
Integrado de Projetos (NeDIP), departamento de Engenharia Mecânica da UFSC e fabricado
pela Iadel. Para tracionar o rolo faca foi utilizado um trator da marca FENG modelo FS 180-3
com 13,9 kW de potência no motor. A semeadura do milho foi realizada com uma semeadora
da marca Vence Tudo, modelo SA7300 numa profundidade média de 5 cm. A quantidade de
sementes para a cultura do milho foi de 80.000 sementes/ha. A adubação das parcelas foi
realizada durante a semeadura com dosagem de 200 Kg/ha de adubo 5-20-10. Para tracionar a
semeadora, foi utilizado um trator da marca Massey Fergusson modelo MF 265 com 45 kW
de potência no motor. Para obtenção dos dados foi coletada uma amostra de dois metros
quadrados previamente selecionadas aleatoriamente sobre as duas linhas de plantio da
semeadora dentro de cada parcela. A coleta dos dados de emergência, parte aérea,
comprimento de raiz e massa da planta, foi realizada 21 dias após a semeadura. Para obtenção
dos dados de resistência do solo a penetração utilizou-se um penetrômetro, modelo SC. 60 da
marca Soil Control, composto de uma haste, ponteira e conjunto registrador. Sua utilização é
manual, introduzindo-se a haste no solo até uma profundidade de 60 cm ou até encontrar
alguma barreira que empeça a sua penetração. No momento da medição da resistência do solo
à penetração, o solo apresentava-se com teor médio de água de 13,25%.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, verifica-se que houve diferença significativa para a variável resistência do
solo à penetração, sendo que o milho após cobertura com aveia preta, apresentou maior
resistência, mostrando que a cultura do nabo forrageiro e ervilhaca podem ter contribuído
mais para a descompactação natural do solo. O solo apresentou maior resistência nas camadas
superiores de 0 a 15 cm e 15 a 30 cm. De acordo com o histórico da área, houve pisoteio
animal anos anteriores à implantação do experimento, o que causou a compactação nas
camadas superiores. Na Tabela 2, observa-se que para a variável profundidade, as
profundidades de 30 a 60 cm, o solo apresentou maior compactação para o milho após aveia
preta. Para as variáveis milho após ervilhaca e milho após nabo forrageiro, as maiores
resistências à penetração ocorreram para as profundidades de 0 a 30 cm.
1935
Milho após ervilhaca 0,91 B
Milho após nabo forrageiro 0,93 B
Milho após aveia preta 1,14 A
Profundidade 0 – 15 cm 1,06 B
Profundidade 15 – 30 cm 1,27 A
Profundidade 30 – 45 cm 0,76 C
Profundidade 45 – 60 cm 0,88 C
Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
Os resultados apresentados na Tabela 3, mostram que para a variável raiz, o milho após
nabo forrageiro, apresentou o maior comprimento e o milho após ervilhaca foi menor. Para as
outras variáveis, não houve diferença entre os fatores analisados.
Tabela 3 - Média dos valores de emergência, altura, raiz e peso da planta de milho em função
da cobertura do solo.
FATOR Emergência Altura Raiz Peso
(plantas.m-2) (cm) (cm) (g.planta-1)
Milho após ervilhaca 9A 84,3 A 13,1 B 12,0 A
Milho após nabo forrageiro 8A 97,1 A 19,8 A 11,9 A
Milho após aveia preta 8A 96,5 A 15,5 AB 15,00 A
C.V. (%) 16,33 11,61 18,45 20,2
Em cada coluna, para cada fator, médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si, pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
4 CONCLUSÃO
As culturas do nabo forrageiro e ervilhaca apresentaram maior capacidade de
descompactação natural do solo, sendo que o melhor desenvolvimento de raiz, foi para a
1936
cultura do milho após o nabo forrageiro, cujo potencial das raízes pivotantes (do nabo
forrageiro) e a elevada capacidade de reciclar nutrientes, contribuíram no desenvolvimento
das raízes do milho. Como a cultura do milho é recomendada para fazer cobertura morta para
a cultura de soja, a cultura do nabo forrageiro foi a mais indicada para recuperação e produção
de plantas oleaginosas. Como o experimento encontrava-se em fase de desenvolvimento, não
foram apresentados os valores de produtividade e população final.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DERPSCH, R.; CALEGARI, A.. Plantas para adubação verde de inverno. 2.ed. Londrina:
Iapar, 1992, 72p.
1937
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 5% DE BIODIESEL
1938
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator; verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988).
Alguns desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes
a potência e o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada
de potência e o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor, torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h).
Gamero et al. (1986) construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível
que fornece o valor do consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando
fazer a conversão da leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem
no trator é feita interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira
que o medidor, através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua
os fluxos do tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.
1939
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
consumo horário (kg/h) x 1000
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) = .
potência desenvolvida (kW)
O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de
260g/kwh = bom; Entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980), é um momento, conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um motor,
ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no regime
Tmáx − Tpmáx
do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = x 100.
TPmáx
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1940
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existem uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e
fabricantes, usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor
eficiência energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido
na reação de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto
com um álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em
ácidos graxos e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambiental devido à geração de empregos, a redução das importações, e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel 3508 DI
TA, com potência nominal de 920 HP, usando 5% de biodiesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem-MG. Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA, aplicado
no equipamento caminhão fora de estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8 cilindros
e rotação nominal de 1.720 rpm, reserva de torque de 17,4% e torque na rotação nominal de
3296 ft.lbs. O tanque de combustível foi abastecido com 5% de biodiesel. O dinamômetro
utilizado foi Power Test , modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da
SOTREQ, com duração de 2 horas (Figura 1).
1941
(a)
(b)
Figura 1 - Dinamômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de
dados (b).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2, verifica-se que o torque máximo foi de 3.210 ft.lbs a 1300 rpm e a potência
máxima foi de 900 Hp a 1690 rpm. O torque na potência máxima foi de 2800 ft.lbs,
resultando numa reserva de torque de 14,6%, ocorrendo uma redução de 2,8% em relação ao
catálogo do fabricante que era de 17,4%. De acordo com CENEA (1982), esta reserva de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1942
torque é considerada razoável. Para a rotação nominal do motor (1720 rpm) obteve-se torque
de 2.740 ft.lbs e potência de 897 Hp. O torque e a potência foi de 16,9% e 2,5% inferiores ao
do fabricante, respectivamente.
1943
Figura 3 - Temperatura em oC da: saída de água, entrada da água, óleo lubrificante, sala,
cilindros 1 a 8 e combustível do motor diesel 3508 DI TA em função da rotação, usando
biodiesel a 5%.
1944
Figura 4 - Pressão do coletor de escape (in Hg), tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível (lbs.in-2) e do óleo lubrificante (lbs.in-2) do motor diesel 3508 DI
TA em função da rotação, usando biodiesel a 5%.
4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que ensaio com o motor diesel 3508 DI TA foi
realizado, usando 5% de biodiesel, conclui-se que houve uma redução de 2,8% da reserva de
torque, 16,9% do torque e 2,5% da potência nominal em relação aos valores do catálogo do
fabricante. Os menores valores da relação entre pressão do combustível e potência do motor
ocorreram entre 1.690 a 1.720 rpm.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.
1945
GAMERO, C.A., BENEZ, S.H., FURLANI JUNIOR, J.A. Análise do consumo de
combustível e da capacidade de campo de diferentes sistemas de preparo periódico do solo.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 15, 1986, São Paulo.
Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1986. p1-9.
HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.
MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.
SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.
1946
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 5, 10, 20, 50 e 100% DE BIODIESEL
1947
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator; verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988). Alguns
desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes a potência e
o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada de potência e
o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor, torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h). Gamero et al. (1986)
construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível que fornece o valor do
consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando fazer a conversão da
leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem no trator é feita
interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira que o medidor,
através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua os fluxos do
tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.
1948
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
consumo horário (kg/h) x 1000
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) = .
potência desenvolvida (kW)
O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de
260g/kwh = bom; Entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980), é um momento, conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um
motor, ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no
Tmáx − Tpmáx
regime do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = x 100.
TPmáx
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1949
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existem uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e
fabricantes, usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor
eficiência energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido
na reação de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto
com um álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em
ácidos graxos e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambiental devido à geração de empregos, a redução das importações e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel 3508 DI
TA, com potência nominal de 920 HP, usando 5, 10, 20, 50 e 100% de biodiesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem - MG.
Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA, aplicado no equipamento caminhão fora de
estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8 cilindros e rotação nominal de 1.720 rpm,
reserva de torque de 17,4% e torque nominal de 3296 ft.lbs. O tanque de combustível foi
abastecido com 5, 10, 20, 50 e 100% de biodiesel. O dinamômetro utilizado foi Power Test ,
modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da SOTREQ, com duração de
2 horas (Figura 1).
1950
(a)
(b)
Figura 1 - Dinamômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de
dados (b).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, verifica-se que o torque máximo e o torque na potência máxima foram
maiores para o uso de biodiesel a 5%. A potência máxima foi maior para o uso de 5 e 10% de
biodiesel. A reserva de torque foi maior para o uso de biodiesel a 100%. O torque e a potência
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1951
na rotação nominal foram maiores para o uso do biodiesel a 10%. As perdas de torque e
potência foram maiores para o uso de biodiesel a 50%. A menor relação entre pressão do
combustível e Potência foi para o uso de 5% de biodiesel. Como para a mistura de 50% e
100% de biodiesel, as perdas de potência e torque foram mais significativas comparados com
os dados do fabricante (0% biodiesel), recomenda-se neste caso, utilizar biodiesel até 20%.
Entre 50 a 100% de mistura recomenda-se fazer outros ensaios.
Tabela 1 - Resultado da análise dos dados de Torque, potência, reserva de torque, torque e
potência na rotação nominal, perda de potência e torque e relação pressão e potência do
ensaio com motor com 5, 10, 20, 50 e 100% de biodiesel.
Variáveis 5% 10% 20% 50% 100%
Tmáx (ft.lbs) 3.210 3.200 3.200 3.090 3.170
Pot.máx (Hp) 900 900 892 869 888
TPmáx (ft.lbs) 2800 2750 2690 2650 2710
RT (%) 14,6 16,4 15,9 16,6 17
Tnom (ft.lbs) 2.740 2.750 2.719 2.650 2.710
Pot.nom (Hp) 897 900 891 869 888
Perda de T (%) 16,9 16,6 17,5 19,6 17,8
Perda de Pot (%) 2,5 2,2 3,2 5,5 3,5
Pressão/Pot (lbs.in-2.Hp-1) 0,0497 0,0510 0,0544 0,0554 0,0509
4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o ensaio foi realizado com o motor diesel 3508 DI
TA, usando 5, 10, 20, 50 e 100% de biodiesel, conclui-se que as perdas de potência e torque
foram menos significativas de 5 a 20% de biodiesel, quando comparados com os dados do
fabricante (0% biodiesel), por isso recomenda-se, utilizar biodiesel até 20%. Entre 50 a 100%
de mistura recomenda-se fazer outros ensaios.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.
1952
GAMERO, C.A., BENEZ, S.H., FURLANI JUNIOR, J.A. Análise do consumo de
combustível e da capacidade de campo de diferentes sistemas de preparo periódico do solo.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 15, 1986, São Paulo.
Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1986. p1-9.
HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.
MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.
SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.
1953
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 10% DE BIODIESEL
1954
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator; verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988).
Alguns desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes
a potência e o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada
de potência e o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor, torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h).
Gamero et al. (1986) construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível
que fornece o valor do consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando
fazer a conversão da leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem
no trator é feita interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira
que o medidor, através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua
os fluxos do tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.
1955
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
consumo horário (kg/h) x 1000
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) = .
potência desenvolvida (kW)
O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de
260g/kwh = bom; Entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980), é um momento, conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um
motor, ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no
Tmáx − Tpmáx
regime do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = x 100.
TPmáx
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1956
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existem uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e
fabricantes, usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor
eficiência energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido
na reação de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto
com um álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em
ácidos graxos e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambiental devido à geração de empregos, a redução das importações, e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel 3508 DI
TA, com potência nominal de 920 HP, usando 10% de biodiesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem-MG. Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA, aplicado
no equipamento caminhão fora de estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8 cilindros
e rotação nominal de 1.720 rpm, reserva de torque de 17,4% e torque na rotação nominal de
3296 ft.lbs. O tanque de combustível foi abastecido com 10% de biodiesel. O dinamômetro
utilizado foi Power Test , modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da
SOTREQ, com duração de 2 horas (Figura 1).
1957
(a)
(b)
Figura 1 - Dinamômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de
dados (b).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2, verifica-se que o torque máximo foi de 3.200 ft.lbs a 1290 rpm e a potência
máxima foi de 900 Hp a 1720 rpm. O torque na potência máxima foi de e 2750 ft.lbs,
resultando numa reserva de torque de 16,4%, ocorrendo uma redução de 1,0% em relação ao
catálogo do fabricante que era de 17,4%. De acordo com CENEA (1982), esta reserva de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1958
torque é considerada boa. Para a rotação nominal do motor (1720 rpm) obteve-se torque de
2.750 ft.lbs e potência de 900 Hp. O torque nominal e a potência nominal foi de 16,6% e 2,2%
inferiores ao do fabricante, respectivamente.
1959
Figura 3 - Temperatura em oC da: saída de água, entrada da água, óleo lubrificante, sala,
cilindros 1 a 8 e combustível do motor diesel 3508 DI TA em função da rotação, usando
biodiesel a 10%.
1960
Figura 4 - Pressão do coletor de escape (in Hg), tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível (lbs.in-2) e do óleo lubrificante (lbs.in-2) do motor diesel 3508 DI
TA em função da rotação, usando biodiesel a 10%.
4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o ensaio com o motor diesel 3508 DI TA foi
realizado, usando 10% de biodiesel, conclui-se que houve uma redução de 1,0% da reserva de
torque, 16,6% do torque e 2,2% da potência nominal em relação aos valores do catálogo do
fabricante. Os menores valores da relação entre pressão do combustível e potência do motor
ocorreram entre 1.410 a 1.600 rpm.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.
1961
CENEA. Centro Nacional de Engenharia Agrícola. Curso de avaliação e seleção de tratores.
Boletim técnico nº 1. São Paulo. 1982. 34 p.
HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.
MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.
SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.
ROUSSEFF, D. Biodiesel: o novo combustível do Brasil. Programa Nacional de
Produção e Uso do Biodiesel. Brasília, 2004. 32p.
1962
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 20% DE BIODIESEL
1963
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator; verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988).
Alguns desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes
a potência e o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada
de potência e o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor, torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h).
Gamero et al. (1986) construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível
que fornece o valor do consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando
fazer a conversão da leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem
no trator é feita interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira
que o medidor, através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua
os fluxos do tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1964
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) =
consumo horário kg/h x 1000
potência desenvolvida kW .
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
1965
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existem uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e
fabricantes, usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor
eficiência energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido
na reação de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto
com um álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em
ácidos graxos e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambiental devido à geração de empregos, a redução das importações, e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel 3508 DI
TA, com potência nominal de 920 HP, usando 20% de biodiesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem – MG. Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA,
aplicado no equipamento caminhão fora de estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8
cilindros e rotação nominal de 1.720 rpm, reserva de torque de 17,4% e torque nominal de
3296 ft.lbs. O tanque de combustível foi abastecido com 20% de biodiesel. O dinamômetro
utilizado foi Power Test , modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da
SOTREQ, com duração de 2 horas (Figura 1).
1966
(a)
(b)
Figura 1 - Dinamômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de
dados (b).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2, verifica-se que o torque máximo foi de 3.200 ft.lbs a 1270 rpm e a potência
máxima foi de 892 Hp a 1740 rpm e 2690 ft.lbs de torque na potência máxima, resultando
numa reserva de torque de 15,9%, ocorrendo uma redução de 1,5% em relação ao catálogo do
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1967
fabricante que era de 17,4%. De acordo com CENEA (1982), esta reserva de torque é
considerada boa. Para a rotação nominal do motor (1720 rpm) obteve-se torque de 2.719 ft.lbs
e potência de 891 Hp. O torque e a potência foi de 17,5% e 3,2% inferiores ao do fabricante,
respectivamente.
1968
Figura 3 - Temperatura em oC da: saída de água, entrada da água, óleo lubrificante, sala,
cilindros 1 a 8 e combustível do motor diesel 3508 DI TA em função da rotação, usando
biodiesel a 20%.
1969
Figura 4 - Pressão do coletor de escape (in Hg), tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível (lbs.in-2) e do óleo lubrificante (lbs.in-2) do motor diesel 3508 DI
TA em função da rotação, usando biodiesel a 20%.
4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o ensaio com o motor diesel 3508 DI TA foi
realizado, usando 20% de biodiesel, conclui-se que houve uma redução de 1,5% da reserva de
torque, 17,5% do torque e 3,2% da potência nominal em relação ao catálogo do fabricante. Os
menores valores da relação entre pressão do combustível e potência do motor ocorreram entre
1.610 a 1.720 rpm.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1970
CENEA. Centro Nacional de Engenharia Agrícola. Curso de avaliação e seleção de tratores.
Boletim técnico nº 1. São Paulo. 1982. 34 p.
HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.
MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.
SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.
ROUSSEFF, D. Biodiesel: o novo combustível do Brasil. Programa Nacional de Produção
e Uso do Biodiesel. Brasília, 2004. 32p.
1971
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 50% DE BIODIESEL
1972
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator, verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988).
Alguns desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes
a potência e o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada
de potência e o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h).
Gamero et al. (1986) construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível
que fornece o valor do consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando
fazer a conversão da leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem
no trator é feita interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira
que o medidor, através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua
os fluxos do tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.
1973
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
consumo horário (kg/h) x 1000
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) = .
potência desenvolvida (kW)
O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de
260g/kwh = bom; Entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980) é um momento conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um motor,
ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no regime
Tmáx − Tpmáx
do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = x 100.
TPmáx
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1974
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existem uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e
fabricantes, usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor
eficiência energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido
na reação de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto
com um álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em
ácidos graxos e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambiental devido à geração de empregos, a redução das importações, e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de um motor diesel 3508 DI
TA, com potência nominal de 920 HP, usando 50% de biodiesel.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem-MG. Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA, aplicado
no equipamento caminhão fora de estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8 cilindros
e rotação nominal de 1.720 rpm, reserva de torque de 17,4% e torque nominal de 3296 ft.lbs.
O tanque de combustível foi abastecido com 50% de biodiesel. O dinamômetro utilizado foi
Power Test , modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da SOTREQ,
com duração de 2 horas (Figura 1).
1975
(a)
(b)
Figura 1 - Dinamômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de
dados (b).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2, verifica-se que o torque máximo foi de 3.090 ft.lbs a 1280 rpm e a potência
máxima foi de 869 Hp a 1720 rpm e 2650 ft.lbs de torque na potência máxima, resultando
numa reserva de torque de 16,6%, ocorrendo uma redução de 0,8% em relação ao catálogo do
fabricante que era de 17,4%. De acordo com CENEA (1982), esta reserva de torque é
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1976
considerada boa. Para a rotação nominal do motor (1720 rpm) obteve-se torque de 2.650 ft.lbs
e potência de 869 Hp. O torque e a potência foi de 19,6% e 5,5% inferiores ao do fabricante,
respectivamente.
1977
Figura 3 - Temperatura em oC da: saída de água, entrada da água, óleo lubrificante, sala,
cilindros 1 a 8 e combustível do motor diesel 3508 DI TA em função da rotação, usando
biodiesel a 50%.
1978
Figura 4 - Pressão do coletor de escape (in Hg), tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível (lbs.in-2) e do óleo lubrificante (lbs.in-2) do motor diesel 3508 DI
TA em função da rotação, usando biodiesel a 50%.
4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o ensaio com o motor diesel 3508 DI TA foi
realizado, usando 50% de biodiesel, conclui-se que houve uma redução de 0,8% da reserva de
torque, 19,6% do torque e 5,5% da potência nominal em relação aos valores do catálogo do
fabricante. Os menores valores da relação entre pressão do combustível e potência do motor
ocorreram entre 1.420 a 1.720 rpm.
1979
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.
HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.
MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.
SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.
ROUSSEFF, D. Biodiesel: o novo combustível do Brasil. Programa Nacional de Produção
e Uso do Biodiesel. Brasília, 2004. 32p.
1980
DESEMPENHO DE UM MOTOR CICLO DIESEL QUATRO TEMPOS
USANDO 100% DE BIODIESEL
1981
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Silveira (1988), os ensaios de motores e tratores agrícolas no Brasil são
realizados de acordo com a norma MB-484 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). As instituições credenciadas pelo governo federal para realizar esse tipo de
serviço são: a Divisão de Engenharia Agrícola (DEA) do Instituto Agronômico do Estado
de São Paulo, situada na cidade de Jundiaí (SP) e o Centro Nacional de Engenharia
Agrícola (CENEA) do Ministério da Agricultura, sediado em Iperó, próximo a Sorocaba
(SP).
De acordo com essa norma, os ensaios realizados destinam-se a determinar as
características dimensionais e ponderais do motor ou do trator; verificar as dimensões
padronizadas dos órgãos de acoplamento; determinar o centro de gravidade; o raio e o
espaço de giro; o desempenho no volante do motor ou na tomada de potência, na barra de
tração e no sistema hidráulico; verificar o nível de ruído (SILVEIRA,1988).
Alguns desses dados são muitos valiosos para o usuário, por exemplo, os referentes
a potência e o torque do motor, a força de tração na barra, a potência e torque na tomada
de potência e o consumo de combustível.
A representação gráfica do desempenho de um motor torna mais simples, rápida e
fácil a interpretação dos resultados obtidos nos ensaios. Esta representação gráfica é
chamada comumente de curvas características dos motores, que representa o comportamento
do motor em função do regime em que trabalha.
De acordo com Mialhe (1996), a mensuração da quantidade de combustível consumida,
constitui-se um dos mais importantes aspectos da avaliação do rendimento de um motor, ou
seja, do seu desempenho como máquina térmica conversora de energia. O consumo de
combustível pode ser expresso de duas maneiras: em relação ao tempo (l/h; kg/h, etc) e em
relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico = g/cv.h; g/kW/h, etc). O
consumo horário geralmente é obtido por leitura direta de instrumentos de mensuração que
podem ser expressas em termos ponderal (kg/h) ou volumétrico (l/h).
Gamero et al. (1986) construíram um medidor de consumo volumétrico de combustível
que fornece o valor do consumo de combustível diretamente em milímetros, necessitando
fazer a conversão da leitura de nível da coluna num correspondente em volume. A montagem
no trator é feita interceptando os fluxos de combustível do tanque e do retorno, de maneira
que o medidor, através da abertura e fechamento sincronizado das eletro-válvulas, substitua
os fluxos do tanque de combustível do trator pelo fluxo do medidor.
1982
O consumo específico comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma
medida de avaliação de economicidade de um motor (Mialhe, 1974; Silveira,1988; Mialhe,
consumo horário (kg/h) x 1000
1996), sendo obtido pela seguinte equação: CE (g/kW.h) = .
potência desenvolvida (kW)
O consumo específico de um motor pode ser avaliado da seguinte forma: Abaixo de
260g/kwh = bom; entre 191 e 280g/kwh = razoável; Entre 280 e 292g/kwh = elevado; Acima
de 292 = inaceitável (CENEA, 1982).
O torque segundo Mialhe (1980), é um momento, conjugado ou binário, que tende a
produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente
denominado de braço de torque. Os equipamentos destinados à mensuração do momento de
força ou torque, desenvolvidos nos motores ou transmitidos por árvores motrizes, são
denominados genericamente de dinamômetros de torção (Mialhe 1996).
De acordo com Hermann et al. (1982) e Silveira (1988) o acréscimo de torque é uma
medida, que define bem a versatilidade de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o
torque à medida em que há uma diminuição na rotação do motor. Quanto à reserva de torque
ou o aumento de torque, que é a diferença entre o torque máximo e o torque na potência
máxima, espera-se um valor acima de 10% para motores de aspiração normal e acima de 15%
para motores turbinados.
O acréscimo de torque é uma medida, que define bem a versatilidade de um motor,
ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no regime
Tmáx − Tpmáx
do motor. Pode ser calculada pela fórmula: RT(%) = x 100.
TPmáx
Mialhe (1974) afirmou que qualquer aumento de carga, imposta pela máquina que for
acoplada à TDP do trator, exigirá do motor um correspondente incremento de torque, sendo
isso obtido com a queda de rotação do motor. Se esse torque for insuficiente, a velocidade cai
bruscamente, e o motor "morre".
Os motores de ciclo Diesel, não turbinados, para tratores agrícolas poderiam ser
avaliados da seguinte forma, quanto à sua reserva ou aumento de torque, entre os pontos de
potência e de torque máximos: Acima de 15% = bom; Entre l5 e l0% = razoável; Abaixo de
10% = pouco. Os tratores com motores turbinados possuem uma reserva de torque maior,
normalmente acima de 15% (CENEA, 1982).
Nagaoka et al. (1996) construíram um dinamômetro de absorção por rotação tipo freio
Prony para avaliar o desempenho de motores. Este dinamômetro foi construído utilizando um
sistema de freio a disco de automóvel, braço de alavanca, balança e tacômetro. A partir da
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1983
carga na balança e a velocidade angular, o sistema permitiu obter a potência e o torque de
motores de até 5,8 kW e/ou 35 Nm, respectivamente.
Atualmente existe uma grande diversidade de motores de diferentes tipos e fabricantes,
usando diferentes combustíveis, os quais podem representar maior ou menor eficiência
energética no processo. Segundo Rousseff (2004), o biodiesel é um éster produzido na reação
de transesterificação em que os óleos vegetais e/ou gorduras animais em conjunto com um
álcool (metanos ou etanol) e na presença de um catalizador, são convertidos em ácidos graxos
e, finalmente, a ésteres, com o glicerol (glicerina) como sub-produto.
De acordo com Batista (2005), uso do biodiesel no Brasil apresenta vantagens sociais,
econômicos e ambientais devido à geração de empregos, a redução das importações, e a
redução de emissões de gases causadores de efeito estufa e menor dependência externa.
Juliato (2007) ensaiou o motor Yanmar NSB95R com misturas de biodiesel com 2, 5,
10 e 20% de biodiesel provenientes de óleo de soja e nabo forrageiro e não observou
diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar em toda a faixa de operação.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado no Centro de Remanufaturamento de Componentes (CRC),
localizado no município de Contagem – MG. Ensaiou-se um motor diesel 3508 DI TA,
aplicado no equipamento caminhão fora de estrada 777C, com potência nominal de 920 HP, 8
cilindros e rotação nominal de 1.720 rpm, reserva de torque de 17,4% e torque nominal de
3296 ft.lbs. O tanque de combustível foi abastecido com 100% de biodiesel. O dinamômetro
utilizado foi Power Test , modelo 25x48 1000HP, de acordo com o procedimento padrão da
SOTREQ, com duração de 2 horas (Figura 1).
1984
(a)
(b)
Figura 1 - amômetro de rotação utilizado no ensaio (a) e sala de controle e obtenção de dados
(b).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2, verifica-se que o torque máximo foi de 3.170 ft.lbs a 1290 rpm e a potência
máxima foi de 888 Hp a 1720 rpm e 2710 ft.lbs de torque na potência máxima, resultando
numa reserva de torque de 17%, ocorrendo uma redução de 0,4% em relação ao catálogo do
fabricante que era de 17,4%. De acordo com CENEA (1982), esta reserva de torque é
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1985
considerada boa. Para a rotação nominal do motor (1720 rpm) obteve-se torque de 2.710 ft.lbs
e potência de 888 Hp. O torque e a potência foi de 17,8% e 3,5% inferiores ao do fabricante,
respectivamente.
1986
Figura 3 - Temperatura em oC da: saída de água, entrada da água, óleo lubrificante, sala,
cilindros 1 a 8 e combustível do motor diesel 3508 DI TA em função da rotação, usando
biodiesel a 100%.
1987
Figura 4 - Pressão do coletor de escape (in Hg), tubulação de alta pressão do sistema de
alimentação de combustível (lbs.in-2) e do óleo lubrificante (lbs.in-2) do motor diesel 3508 DI
TA em função da rotação, usando biodiesel a 100%.
4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o ensaio foi realizado com o motor diesel 3508 DI
TA, usando 100% de biodiesel, concluiu-se que houve uma redução de 0,4% da reserva de
torque, 17,8% do torque e 3,5% da potência nominal, em relação aos dados do catálogo do
fabricante. Os menores valores da relação entre pressão do combustível e potência do motor
ocorreram entre 1.600 a 1.720 rpm.
1988
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, A.C.F. Fontes alternativas de energia: o biodiesel. Ribeirão Preto, 2005. 30p.
HERMANN, P.R., KRAUSE, R., MATTOS, P.C. Parâmetros para a seleção adequada de
tratores agrícolas de rodas. Bolet. Téc. (Cent. Nac.Eng. Agric.). n.1. p.1-4, 1982.
MIALHE, L.G. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 1974.
302p.
SILVEIRA, G.M. Os cuidados com o trator. 2 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. 246p.
1989
INCIDÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E RESISTÊNCIA DO SOLO À
PENETRAÇÃO NO CULTIVO DO MILHO EM TRÊS TIPOS DE
COBERTURAS
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar a incidência de plantas daninhas e a
resistência do solo à penetração na cultura do milho em três tipos de coberturas de solo
(ervilhaca, nabo forrageiro e aveia preta) na região de Florianópolis, SC. Neste trabalho
utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, com cinco repetições. Cada
parcela foi composta de uma área de 10x20m. O experimento foi realizado na Fazenda
Experimental Ressacada do Centro de Ciências Agrárias (CCA/UFSC), no ano agrícola de
2006/2007, para implantação de culturas oleaginosas. Concluiu-se que para culturas de verão
do milho em rotação com a soja, o nabo forrageiro e a ervilhaca, apresentaram melhores
condições para o desenvolvimento das culturas.
1990
1 INTRODUÇÃO
As táticas empregadas no controle de plantas daninhas evoluíram à medida que a
própria tecnologia agrícola evoluiu e as mesmas tornaram-se cada vez mais especializadas e
eficazes na ocupação do agroecossistema. O controle das plantas daninhas pode ser realizado
pelo manejo do solo, a ser utilizado (PITELLI, 1990). Segundo DERPSCH & CALEGARI
(1992), a manutenção dos resíduos culturais na superfície do solo provoca alterações com
reflexos diretos na fertilidade, influenciando na taxa de mineralização e nas propriedades
químicas do solo. CASTRO (1991) explica que o manejo do solo pode ser definido como a
manipulação física, química e/ou biológica do solo. Conforme MONEGAT (1991), o número
de plantas que se quer obter na lavoura deve permitir a máxima produção, sem haver riscos de
falta ou excesso de plantas que resulte em prejuízos no rendimento da lavoura. Um dos fatores
que tem contribuído para o aumento da produtividade é a adoção de sistemas de produção
cujo princípio básico é a manutenção de uma cobertura permanente no solo com resíduos
culturais (PEREIRA, 2000). O preparo do solo tem por objetivo básico otimizar as condições
de germinação, emergência e o estabelecimento das plântulas. Além de propiciar melhores
condições de semeadura, o preparo do solo visa melhorar as condições físicas do solo,
buscando principalmente maior infiltração de água e aeração além da redução da resistência
mecânica do solo à penetração (PEDROTTI, 2001). A resistência mecânica é um termo
utilizado para descrever a resistência física que o solo oferece a algo que tenta se mover
através dele, como uma raiz em crescimento ou uma ferramenta de cultivo. Essa resistência
geralmente aumenta com a compactação, sendo indesejável em certos limites para o
crescimento das plantas. Este trabalho teve por objetivo avaliar a incidência de plantas
daninhas e a resistência do solo à penetração na cultura do milho em três tipos de coberturas
de solo (ervilhaca, nabo forrageiro e aveia preta) na região de Florianópolis, SC, para
implantação de culturas oleaginosas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Fazenda Experimental Ressacada do Centro de Ciências
Agrárias (CCA/UFSC), localizado no município de Florianópolis, SC, nas coordenadas
geográficas 27º41’ latitude Sul e 48º32’ longitude Oeste, com altitude média de 7 metros em
uma área de pastagem natural. O solo da área experimental foi classificado como Neosolo
Quartzarênico Hidromórfico Típico, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação dos
Solos (EMBRAPA, 1999). Para avaliar a incidência de plantas daninhas na cultura do milho,
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
1991
utilizou-se o delineamento experimental em blocos, com três tratamentos (ervilhaca, nabo
forrageiro e aveia preta) e cinco repetições, cujos dados foram analisados estatisticamente, por
meio da analise de variância, adotando-se o nível de 5% de probabilidade para o teste
estatístico. Para obter as amostras de plantas daninhas na cultura do milho, foi utilizada uma
amostra de duas linhas centrais, por parcela, com uma área de 1 metro quadrado cada. As
amostras foram secadas em estufa e transformadas em Kg/ha de massa seca. Para avaliar a
resistência do solo a penetração, foi utilizado o delineamento experimental em blocos, no
esquema de parcelas subdivididas, e tendo na parcela o manejo do solo (ervilhaca, nabo
forrageiro e aveia preta) e na subparcela as camadas, com cinco repetições. Para obtenção dos
dados de resistência do solo a penetração utilizou-se um penetrógrafo, modelo SC. 60 da
marca Soil Control, composto de uma haste, ponteira e conjunto registrador. Sua utilização é
manual, introduzindo-se a haste no solo até uma profundidade de 60 cm ou até encontrar
alguma barreira que impeça a sua penetração. No momento da medição da resistência do solo
à penetração, o solo apresentava-se com teor médio de água de 13,25%. A quantidade de
sementes para a cultura do milho foi de 80.000 sementes/ha. A adubação das parcelas foi
realizada durante a semeadura com dosagem de 200 Kg/ha de adubo 5-20-10. Aplicou-se o
teste de Tukey para comparar os resultados entre os tratamentos com 5% de probabilidade
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resumo da análise de variância da Tabela 1, mostra que não houve diferença
significativa para incidência de plantas daninhas, nos manejos realizados no solo .
1992
superiores de 0 a 15 cm e 15 a 30 cm. De acordo com o histórico da área, houve pisoteio
animal nos anos anteriores à implantação do experimento, o que causou a compactação nas
camadas superiores. Verifica-se também que para a variável profundidade, a profundidade de
30 a 60 cm, o solo apresentou maior resistência à penetração para o milho após aveia preta.
As maiores resistências à penetração ocorreram para 15 a 30 cm.
4 CONCLUSÃO
De acordo com as condições em que o experimento foi conduzido e com base nos
resultados obtidos, concluiu-se que não houve diferença significativa na incidência de plantas
daninhas, para os manejos realizados no solo. O milho após cobertura com nabo forrageiro e
ervilhaca, apresentou menor resistência à penetração do solo, mostrando que estas culturas
podem ter contribuído para descompactação natural do solo. A profundidade de 30 a 60 cm, o
solo apresentou menor resistência à penetração. Para implantação de culturas oleaginosas
respeitando a rotação de culturas anuais, nas condições do experimento, recomenda-se nabo
forrageiro ou ervilhaca como cultura de inverno, para posterior cobertura do solo.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, O. M. Degradação do solo pela erosão. Inf. Agropecuario, Belo Horizonte. 1991.
147p.
DERPSCH, R.; CALEGARI, A.. Plantas para adubação verde de inverno. 2.ed. Londrina:
Iapar, 1992, 72p.
1993
MONEGAT, C. Plantas de cobertura do solo: características e manejo em pequenas
propriedades. Chapecó. 1991. 337 p.
PITELLI, R.A. Ecologia de plantas invasoras em pastagens. In: Simpósio sobre Ecossistema
de Pastagens, 1º, Jaboticabal, 1990. Anais, p. 69-86.
1994
DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE ACESSOS DE Jatropha sp.
1995
1 INTRODUÇÃO
A espécie Jatropha curcas L. (pinhão-manso), pertencente à família das Euphorbiáceas,
é provavelmente originária do Brasil, mas está distribuída em regiões tropicais de todo o
globo; cresce rapidamente em solos pedregosos e de baixa umidade e está sendo considerado
uma opção agrícola para o Nordeste brasileiro por ser uma espécie nativa e resistente à seca
(ARRUDA et al.,2004). Muitas vezes é cultivada como cerca viva, mas seu maior emprego
está na medicina popular. Os produtos obtidos desta espécie são óleo, torta e o sedimento da
purificação do óleo. Seu óleo já está sendo empregado como lubrificante em motores a diesel
e na fabricação de sabão e tinta. Para Purcino e Drummond (1986) o pinhão manso é uma
planta produtora de óleo com todas as qualidades necessárias para ser transformado em óleo
diesel.
Para estabelecimento de culturas, aspectos como a caracterização de genótipos é muito
importante para poder selecionar aquele com aspectos agronômicos de interesse econômico,
como produção de óleo. Com isso, existe a necessidade de implantação de um programa de
melhoramento, e a premissa básica para isto é a conservação de germoplasma. Assim, o
conhecimento da variabilidade genética existente nas populações naturais é de fundamental
importância para elucidar a biologia, conhecer a densidade e obter informações sobre a
evolução das espécies (BRAMMER, 2004), além de informações sobre o sistema de
reprodução, diversidade e estrutura genética que são importantes para o estabelecimento de
estratégias que visem à conservação das espécies (FREITAS et al., 2004).
Em um banco de germoplasma é importante conhecer a variabilidade dos acessos, pois
assim é possível acompanhar a manutenção desta durante a multiplicação dos acessos e
melhorar a amostragem dos mesmos (HOSBINO, 2002). Dos vários marcadores disponíveis
na atualidade, as isoenzimas pela relativa simplicidade, rapidez e baixo custo das análises em
comparação a outros marcadores, têm gerado uma gama enorme de informações protéicas na
identificação de espécies, híbridos, populações naturais e cultivadas de diversos organismos
vivos (TEIXEIRA et al., 2004). Por isso, mesmo com técnicas moleculares mais modernas, as
isoenzimas continuam sendo uma classe muito útil de marcadores em análises genéticas que
não requeiram amostragem ampla do genoma (FERREIRA e GRATTAPAGLIA, 1998). Estes
marcadores têm sido utilizados nos estudos de diversidade e distribuição genética (TELLES,
2003), taxa de cruzamento e sistema reprodutivo (OLIVEIRA, 2002), na caracterização de
cultivares (LIMA, 2003), entre outros.
1996
O manejo eficiente de germoplasma vegetal é de vital importância para o pesquisador,
pois este precisa de uma certa quantidade de germoplasma geneticamente puro e bem
caracterizado, para utilizá-lo em suas pesquisas e para o melhoramento genético. Sendo assim,
os marcadores baseados no polimorfismo de DNA, como RAPD (polimorfismo de DNA
amplificado ao acaso), têm uma aplicação muito importante na administração de recursos
genéticos, pois proporcionam dados básicos que são necessários ao melhoramento de plantas
ou para o mapeamento de genes (BRETTING & WIDRLECHNER, 1995). Os marcadores
moleculares geram uma grande quantidade de caracteres adicionais fornecendo um quadro de
agrupamento dos genótipos e o planejamento de cruzamentos, como, por exemplo, a
identificação e discriminação de genótipos, a quantificação da variabilidade genética existente
ao nível de sequência de DNA (FERREIRA & GRATTAPAGLIA, 1995).
O RAPD (DNA polimórfico amplificado ao acaso) é uma técnica molecular rápida,
barata e informativa (WILLIAMS et al., 1990), pois dispensa o conhecimento prévio da
seqüência de DNA alvo e amplifica as seqüências de DNA a partir de um par de iniciadores
de seqüência arbitrária.
Williams et al. (1990) mostraram que marcadores moleculares do tipo RAPD podem ser
utilizados como marcadores genéticos, uma vez que estes apresentam segregação mendeliana.
Dado isto, estes marcadores passaram a ser utilizados para diferentes estudos de genética de
população, mapeamento, identificação de fragmentos ligados a genes de interesse e análises
de similaridade e distância genética, bem como para a produção de marcas que possibilitaram
a correta identificação de acessos de germoplasma vegetal e/ou microrganismos.
Desta forma, o objetivou-se com a presente pesquisa caracterizar as similaridades
genéticas de acessos de Jatropha sp, por meio da técnica de marcadores isoenzimáticos e
RAPD visando à composição de um banco de germoplasma.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Biotecnologia Vegetal –
DEA/UFS, nos meses de maio e junho de 2006. Foram utilizados acessos de Jatropha curcas
L. (Tabela 1) para análise isoenzimática e do gênero Jatropha sp. (Tabela 2) para análise de
DNA por meio de marcadores RAPD.
1997
Tabela 1 - Acessos de Pinhão manso (Jatropha curcas L.) para avaçliação de isoenzimas.
São Cristóvão-SE, UFS, 2006.
Ordem Localização Origem
PM 1 JCUFLA001(01) Minas Gerais
PM 2 JCUFLA001(02) Minas Gerais
PM 3 JCUFLA001(03) Minas Gerais
PM 4 JCUFLA001(04) Minas Gerais
PM 5 JCUFLA001(05) Minas Gerais
PM 6 JCUFLA001(07) Minas Gerais
PM 7 JCUFLA001(08) Minas Gerais
PM 8 JCUFLA001(09) Minas Gerais
PM 9 JC010URVGO Goiás
PM 10 JC011URVGO Goiás
PM 11 JC012URVMG Minas Gerais
PM 12 JC013URVGVGO Goiás
PM 13 JC014URVES Espírito Santo
PM 14 JC015URVSHGO Goiás
PM 15 JC024UFS8LAGSE Sergipe
Para a extração das isoenzimas foram empregadas 200mg de folhas jovens maceradas
com nitrogênio líquido até obter um pó fino e adicionou-se 1mL de tampão de extração
(Fosfato de sódio bibásico 0,034 M, sacarose 0,2 M; polivinilpirrolidone 2,56%, brometo de
3-(4,5-dimetil-tiazol-2-il)-2,5 difenil-tetrazólio (MTT) 3 mM, ácido ascórbico 5,7 mM,
bissulfito de sódio 2,6 mM, borato de sódio 2,5 mM, β-mercaptoetanol 0,1%,
polietilenoglicol-PEG 6000 1%) e 20µL de β-mercaptoetanol. A mistura foi acondicionada
em microtubos de 2mL e mantida em geladeira (5 ± 1°C), incubadas no gelo por 12 horas e,
posteriormente centrifugadas a 16.000 Xg por 60 minutos a 4°C. O sistema de eletroforese
empregado foi o descontínuo com 4,5% (gel concentrador) e 7,5% (gel separador). Nas
canaletas foram aplicados 20μL do sobrenadante de cada amostra.
A corrida eletroforética foi realizada a 150V, durante 3 horas, a 5±1°C utilizando-se,
para o sistema tampão gel eletrodo Tris-glicina pH 8,9. Os sistemas isoenzimaticos utilizados
foram Peroxidase (PO – EC 1.11.1.7), esterase (EST – EC 3.1.1.1), glutamato oxaloacetato
transaminase (GOT – EC 2.6.1.1) e Álcool desidrogenase (ADH – EC 1.11.1.7), foram
revelados segundo Alfenas (1991). Para a caracterização dos acessos verificou-se a presença,
ausência, migração e intensidade de bandas nos géis obtidos. A presença (1) e a ausência (0)
de bandas foram utilizadas para construção de matrizes. As estimativas das similaridades
1998
genéticas (Sgij) entre cada par de genótipos foram calculadas pelo coeficiente de Jaccard
usando o programa NTSYS-pc versão 2.1.
Para a extração do DNA genômico foram utilizadas folhas previamente maceradas em
nitrogênio líquido até a obtenção de um pó fino, que foi extraído com 20mL de tampão CTAB
2X (CTAB 2%p/v, 100mM Tris pH 8,0; 20mM EDTA 0,2M pH 8,0; 1,4M NaCl, 1%PVP-
40). Esta mistura foi agitada até homogeneização e incubada a 65oC por 60 minutos.
Posteriormente, foi adicionado à mistura 25mL de clorofórmio: álcool isoamílico na
proporção 24:1, agitando lentamente e centrifugando a 5000rpm/5 minutos. Em seguida, o
sobrenadante foi coletado e transferido para outro tubo, onde foi adicionado 1mL de álcool
95%: 5% acetato de amônio 7,5M a -20oC, sendo levadas ao freezer por 1 hora. O DNA
precipitado foi coletado, levado a outro tubo e adicionado 2,5x o volume de etanol 70%,
centrifugando a 10000rpm por 3 minutos até a formação de precipitado. O álcool foi
desprezado e o precipitado posto para secar e, a seguir, ressuspendido com 150µL de TE.
A reação de amplificação do DNA apresentou um volume de 25µl, sendo constituída
por 14,1µL de água ultra-pura, 3µL de tampão 10X, 0,6µL de dNTP´s (10mM), 0,9µL de
MgCl2 (50mM), 0,4µL de Taq polimerase (2U), 3µL de primer e 3µL de DNA. Foram
testados 14 primers decâmeros de seqüência arbitrária. A amplificação foi realizada
utilizando-se termociclador (Biometra/Unisciense) com temperatura inicial de 94°C por 5
minutos, seguida de 45 ciclos de amplificação a 94°C por 1 minutos, 36°C por 2 minutos, e
72°C por 1 minutos. Os produtos de amplificação do DNA foram separados em gel de agarose
0,8%, corados com brometo de etídio (0,5µg/mL), e visualizados sob luz UV. A presença (1)
e a ausência (0) de bandas foram utilizadas para construção de matrizes, que foram usadas nas
estimativas das similaridades genéticas (Sgij) entre cada par de genótipos, empregando o
coeficiente de Jaccard (NTSYS-pc versão 2.1).
1999
Tabela 2 - Acessos de Pinhão (Jatropha sp.) utilizados no RAPD. São Cristóvão-SE, UFS,
2006.
Número Localização Coordenadas
1 JCUFLA001(01) Minas Gerais
2 JCUFLA001(02) Minas Gerais
3 JCUFLA001(03) Minas Gerais
4 JCUFLA001(04) Minas Gerais
5 JCUFLA001(05) Minas Gerais
7 JCUFLA001(07) Minas Gerais
8 JCUFLA001(08) Minas Gerais
9 JCUFLA001(09) Minas Gerais
10 JC010URVGO Goiás
11 JC011URVGO Goiás
12 JC012URVMG Minas Gerais
13 JC013URVGVGO Goiás
14 JC014URVES Espírito Santo
15 JC015URVSHGO Goiás
Lag JC024UFS8LAGSE Sergipe
98 JC016UFSPISE Sergipe
99 JC017UFSPISE Sergipe
101 JC018UFSPISE Sergipe
106 JC019UFSPISE Sergipe
107 JC020UFSPISE Sergipe
108 JC021UFSPISE Sergipe
109 JC022UFSPISE Sergipe
110 JC021UFSPISE Sergipe
113 JC021UFSPISE Sergipe
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se diferenças nos perfis eletroforéticos dos acessos para os diferentes sistemas
enzimáticos avaliados. Para a enzima peroxidase (PO) os acessos 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12
apresentaram 1 banda isoenzimática que não diferiu com relação a mobilidade (Rf = 63,33);
os acessos 6,8 e 12 apresentaram baixa atividade para a enzima. Os acessos 1, 2, 3, 4, 5, 13,
14 e 15 diferiam quanto à mobilidade (63,79; 64,95; 62,25; 66,10; 63,11; 66,66 e 65, 57,
respectivamente), e quanto à intensidade para esta enzima.
Para a enzima glutamato oxaloacetato transaminase (GOT) os acessos 13 e 14 não
apresentaram atividade. Já os acessos 2 e 3 (Rf=67,92), 4 e 5 (Rf=67,59), 6 e 7(Rf=69,09), 1
(Rf=67,3), 8 (Rf=68,18), 9 (Rf=67,27), 10 (Rf=68,75), 11 (Rf=69,64), 12 (Rf=67,54) e 15
(Rf=66,66) apresentaram diferenças na migração de bandas e na intensidade das mesmas.
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
2000
Para a enzima esterase (EST) foram observadas 4 linhas de bandas isoenzimáticas, sendo que
apenas o acesso 10 apresentou estas bandas. Os acessos 1, 2, 8, 9 e 15 apresentaram apenas 2
linhas de bandas, sendo que apenas os acessos 1 e 2 (Rf=20,45; 65,90) não diferiram quanto a
mobilidade e intensidade. Os acessos 3, 4, 5, 6, 7, 11, 12, 13 e 14 apresentaram três bandas
com mobilidade e intensidade diferentes.
De acordo com o dendrograma de similaridades genéticas, os acessos que apresentaram
maior similaridades foram 1 e 3, com 89% (Figura1). Este dendrogama permitiu a formação
de quatro grupos distintos: um com o genótipo 13 que é o mais dissimilar em relação aos
outros grupos, com 71% de divergência; outro entre os genótipos 5 e 8, com
aproximadamente 60% de divergência; e entre os demais genótipos com aproximadamente
49% de divergência (Figura1).
PM1
PM2
PM14
PM4
PM6
PM9
PM3
PM10MW PM7
PM12
PM10
PM11
PM15
PM5
PM8
PM13
0.29 0.44 0.59 0.74 0.89
Coeficiente de Jaccard
Considerando a origem geográfica dos acessos, pelo dendrograma, verifica-se que entre
os genótipos estudados, houve um agrupamento diferenciado, que pode ser observado entre os
acessos 1, 2 e 4 (Minas Gerais para os genótipos 1 e 2 e 14 para Goiás) com similaridades
próximas dos 70% e os acessos 10, 11 e 15, localizados em Goiás, Minas Gerais e Sergipe,
com 59% de similaridade. Observou-se, portanto que houve maior diversidade entre os
acessos provenientes das Minas Gerais, uma vez que eles estão dispostos em quase todos os
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
2001
grupos, com exceção do acesso 13 que foi o mais divergente de todos, podendo estes acessos
serem explorados em programas de melhoramento genético visando aumento no teor de óleo
para produção de biodiesel. Em trabalhos com mandioca por isoenzimas, obsevou-se que
agrupando acessos pela origem, houve uma variabilidade maior dentro dos grupos do que
entre os mesmos, afirmando a grande variabilidade genética existente entre as espécies, tanto
de origem selvagem quanto em sistemas agrícolas tradicionais (Cabral, 2002).
De acordo com as estimativas de similaridades genéticas, os pares de genótipos mais
divergentes são 13 e 15, com 12% de similaridade; 8 e 10; 8 e 11; 8 e 13; 11 e 13, com 22%
de similaridades; 2 e 5, com 22% de similaridades e 12 e 13, com 25% de similaridade
(Tabela 3).
A formação de pares observados na matriz podem ser divididos em grupos: um de 0% a
50% (mais divergentes), de 50% a 75% e de 75% a 100% (mais similares). Os maiores
valores de similaridade envolvem os acessos 1, 2, 3, 4, 6, 11 13 e 14, sendo que os maiores
valores encontrados pelos pares foram entre os acessos 13 e 10 (90%), 1 e 2 (88%), 4 e 6
(87%), e 10 e 11 (80%). Os pares mais divergentes foram 13 e 15 (88%); 8 e 10, 8 e 11, 8 e 13
(80%); e entre os acessos7 e 13 (78%) (Tabela 3).
Acessos PM1 PM2 PM3 PM4 PM5 PM6 PM7 PM8 PM9 PM10 PM11 PM12 PM13 PM14 PM15
PM1 1.00
PM2 0.88 1.00
PM3 0.66 0.72 1.00
PM4 0.70 0.77 0.72 1.00
PM5 0.55 0.22 0.45 0.62 1.00
PM6 0.60 0.66 0.63 0.87 0.71 1.00
PM7 0.54 0.45 0.46 0.60 0.44 0.66 1.00
PM8 0.33 0.37 0.27 0.37 0.60 0.42 0.37 1.00
PM9 0.58 0.63 0.61 0.80 0.50 0.70 0.63 0.30 1.00
PM10 0.38 0.41 0.42 0.54 0.27 0.45 0.54 0.20 0.72 1.00
PM11 0.38 0.41 0.42 0.54 0.40 0.60 0.54 0.20 0.72 0.80 1.00
PM12 0.60 0.66 0.50 0.66 0.50 0.55 0.66 0.42 0.70 0.60 0.45 1.00
PM13 0.33 0.37 0.27 0.37 0.33 0.42 0.22 0.20 0.30 0.90 0.20 0.25 1.00
PM14 0.66 0.75 0.54 0.75 0.57 0.62 0.40 0.28 0.60 0.36 0.36 0.62 0.50 1.00
PM15 0.50 0.55 0.41 0.55 0.37 0.44 0.40 0.28 0.45 0.66 0.50 0.62 0.12 0.50 1.00
2002
divergentes, como entre os pares 8 com 10, 11 e 13, muito embora estes marcadores não
forneçam informações sobre o potencial agronômico dos descendentes dos referidos
cruzamentos.
Na análise de RAPD, com a utilização de 14 oligonucleotídeos, observou-se 36 bandas
polimórficas entre os acessos estudados. (Figura 2). A similaridade máxima observada foi de
83% entre os acessos 8 (Minas Gerais) e 10 (Goiás), sendo ambos pertencentes a espécie J.
curcas. O acesso 109 (Sergipe), pertencente ao gênero Jatropha, foi o que mais divergiu,
apresentando similaridade igual a 10%, quando comparado aos demais. Os acessos 1, 3, Lag,
8, 10, 9, 13, 11, 12, 4, 5, 14, 2 e 15, de J. curcas, mesmo sendo da mesma espécie
apresentaram grande diversidade genética (33%).
1
3
Lag
8
10
9
13
11
12
4
5
14
LagMW
2
15
7
107
101
98
99
110
113
106
108
109
0.10 0.29 0.47 0.65 0.83
Coeficiente de Jaccard
Figura 2 - Similaridade genética entre acessos de Jatropha sp. São Cristóvão-SE, UFS, 2006.
2003
Com a distinção destes grupos, houve agrupamentos com relação a espécie estudada,
independente da origem. O grupo I é formado pelos acessos da espécie Jatropha curcas L. e o
grupo III é formado por acessos do gênero Jatropha sp. Dentro do Grupo I, formado por
acessos de Jatropha curcas L., observam-se pequenos grupamentos entre os acessos e 1, 3
(Minas Gerais) e Lag (Sergipe); 8 (Minas Gerais), 9, 10 (Goiás) e 13 (Espírito Santo); 11
(Minas Gerais) e 12 (Goiás); 4, 5 (Minas Gerais) e 14 (Goiás) e 2(Minas Gerais) e 15 (Goiás).
Como cada subgrupamento possui diferentes origens, mesmo pela proximidade observada
pelo dendrograma pode ser que estes materiais sejam utilizados em programas de
melhoramento genético, visando melhoria em características agronômicas desejáveis, que
com os marcadores utilizados não possam ter evidenciado esta diferença.
Em estudo realizado com pimenta-de-macaco, em quatro populações estudadas,
observou-se uma grande variabilidade genética entre os materiais estudados e que acessos
originados de uma mesma região podem ser explorados em programas de melhoramento
genético para fins agrícolas (Gaia et al., 2004).
4 CONCLUSÃO
A análise isoenzimática permite diferenciar os acessos de Jatropha curcas L.,
independente da origem.
A análise de RAPD permite diferenciar acessos de Jatropha cucas L. de acessos do
gênero Jatropha sp.
Com o uso das duas técnicas é possível a caracterização bioquímica e molecular dos
acessos do banco de germoplasma.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALFENAS, A. C.; PETERS, I.; BRUNE, W. e PASSADOR, G. C. Eletroforese de
Proteínas e Isoenzimas de Fungos e Essências Florestais. Viçosa, SIF, 1991, 242p.
2004
CABRAL, B. L. R. ; SOUZA, J. A. ; ANDO, A. ; VEASEY, E. A. ; CARDOSO, E. M. R. .
Isoenzymatic variabilty of cassava (Manihot esculenta Crantz) accessions from different
regions in Brazil. Scientia Agricola, Piracicaba-SP, v. 59, n. 3, p. 521-527, 2002.
GAIA, J.M.D.; MOTA, M.G.C.; CONCEIÇÃO, C.C.C.; COSTA, M.R.; MAIA, J.G.S.
Similaridade genética de populações naturais de pimenta-de-macaco por análise RAPD.
Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.4, p.686-689, 2004.
2005
IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA REDE DE CONHECIMENTOS PARA
O SETOR DE AGROENERGIA EM GUINÉ-BISSAU
2006
1 INTRODUÇÃO
A liberação do mercado de energia e os condicionantes do meio ambiente configuram
um cenário futuro orientado para a diversificação energética com aumento significativo na
utilização de energias limpas.
A exploração energética da biomassa aparece como destaque em futuros investimentos
na Guiné-Bissau, para produção de biodiesel.
As atuais condições agrotécnicas e econômicas que caracterizam a produção agrícola no
país exigem pesquisas e resultados imediatos que sirvam para o progresso da terra e do
homem.
A proposta de formação de uma rede de conhecimentos em torno do desenvolvimento
local integrado e sustentável seria capaz de encaminhar soluções significativas para o
conjunto da sociedade, garantindo a equidade social.
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Guiné-Bissau situa-se em latitudes baixas (zona intertropical) e as aptidões climáticas
em agroenergia resultam das posições geográficas, na costa ocidental, entre os trópicos de
câncer e o equador, cujas coordenadas geográficas são latitude 12° N e longitude 16° W.
A importância de pesquisas científicas que formam redes de conhecimento é
determinante para o entorno de problemas oriundas da deterioração do meio ambiente que se
reflete em fenômenos que vêm ocorrendo em escala mundial, incidem nos ciclos naturais e
alteram ecossistemas, provocando mudanças climáticas.
3 CONCLUSÃO
A ação de redes de conhecimentos em agroenergia pode tornar-se um instrumento
propulsor do desenvolvimento e consolidação de competências científicas em países menos
desenvolvidos, possibilitando a construção efetiva de conhecimento, fortalecendo a
cooperação internacional, capacidade institucional e a integração no domínio de ensino e
pesquisa.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARLOS COSTA E MAURO RESENDE, Guiné Bissau ambiente agrícola, homem e uso
da terra,Viçosa, 1994.
2007
ANA M. RIBEIRO, GLOBALIZAÇÃO, Segurança Alimentar e uso da Terra, 1997.
2008
EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE CAFÉ (Coffea arabica L.) NOS CULTIVARES
ACAIÁ E ICATÚ
2009
1 INTRODUÇÃO
Biodiesel é a denominação atribuída a combustíveis manufaturados pela esterificação de
óleos, gorduras e ácidos graxos e que são renováveis. Este tipo de combustível pode ser
utilizado diretamente em motores a diesel, puro ou em misturas com diesel de petróleo, uma
vez que ambos são totalmente miscíveis (Graboski & McCormick, 1998). O biodiesel tem se
tornado cada vez mais atraente de ser utilizado em substituição ao diesel de petróleo, em
virtude de seus benefícios relacionados com o meio ambiente e do fato de que pode ser
manufaturado a partir de fontes renováveis (Oliveira et al., 2003). Ressalta-se que o emprego
do biodiesel reduz de forma significativa a emissão de particulados em motores de combustão
em comparação ao diesel de petróleo (Graboski & McCormick, 1998; Siuru, 2001).
Oliveira et al. (2003) propõe vantagens na extração e utilização de óleo dos grãos
defeituosos de café para a produção de biodiesel no mercado nacional, enfatizando maior
possibilidade de renda ao cafeicultor quando comparado ao comércio tradicional do produto.
Mazzafera et al. (1998) observou que os teores de óleo em sementes de café
permanecem em torno de 9 a 15% na maioria da espécies, a exceção da espécie Coffea
salvatrix que possui teor de até 29% de óleo nas sementes.
O presente trabalho teve por objetivo verificar os teores de óleo em sementes dos
cultivares de Coffea arabica: Icatú e Acaiá.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi montado na área experimental do Departamento de Produção
Vegetal/NUPAM da Universidade Estadual Paulista (UNESP/FCA – Campus de Botucatu),
São Paulo, extraído pelo método de Soxlet utilizando hexano, em 2006.
O experimento foi realizado a partir de sementes dos cultivares Icatú e Acaiá coletadas
em uma fazenda localizada no município de Santana da Vargem/MG com quatro tipos de
processamento (bóia, cereja descascado, verde e café beneficiado) para a quantificação de
óleo das amostras. Formou-se então um delineamento de blocos casualizados, em esquema
fatorial 2 X 4 com 3 repetições.
As amostras foram colocadas em uma estufa de circulação de ar aberta, a uma
temperatura de 60ºC por 5 dias para moer 200 g de cada tipo de café em um moinho de
peneira fina, ambos do prédio de Agricultura e Melhoramento Vegetal da UNESP/FCA.
Posteriormente as amostras foram pesadas em uma balança de precisão 0,001 g e colocadas
em papel filtro devidamente acondicionadas, com um peso de 10g/amostra, pesando inclusive
2010
os papéis e grampos de cada amostra. Em seguida, as amostras foram levadas ao laboratório
no NUPAM para serem colocadas em exposição ao hexano a uma temperatura de 65ºC e
serem retiradas ao final de 15 horas. A quantidade de óleo foi verificada por diferença de
massa em relação à massa inicial.
Foi realizada análise estatística dos dados dos tratamentos referentes à extração do óleo,
pelo teste F, ao nível de 5% para cultivares e 1% para processamento, com o coeficiente de
variação (CV%) de 6,71, com desdobramento de processamento dentro de cada nível de
cultivares. Quando diferenças significativas foram detectadas, as médias foram comparadas
pelo teste de Tukey. Foi utilizado o programa estatístico SISVAR 4.3, desenvolvido por
Ferreira (2000).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi observado maior média para a variável teor de óleo na cultivar Acaiá quando
comparado a cultivar Icatú, com médias de 3,44 e 3,2 respectivamente, com 15 horas de
extração em hexano.
Para a cultivar Acaiá foi observada maior média na variável teor de óleo para os cafés
beneficiado e no cereja descascado em relação ao bóia e verde, com valores de 3,87; 3,85;
2,97 e 3,06 respectivamente, a 1% de probabilidade (Tabela 1).
Na cultivar Icatú as maiores médias foram observadas nos cafés bóia, beneficiado e no
cereja descascado em relação ao verde, com valores de 3,47; 3,24; 3,25 e 2,86
respectivamente, porém os cafés beneficiado e cereja descascado também não diferiram do
café verde pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Tabela 1).
Os teores de óleo deste trabalho divergiram dos níveis de óleo relatados por Oliveira et
al. (2003) e Mazzafera et al. (1998) que atingiram níveis de 9 a 15% de óleo para espécies de
Coffea arabica L.. Fato este pode ter sido atribuído a granulometria dos grãos moídos,
dificultando o contato com o hexano com as camadas mais internas do grão, já que as
amostras foram levadas até 25 horas de extração com hexano não observando mais extração
de óleo nas amostras deste trabalho.
2011
Tabela 1 - Médias referentes ao teor de óleo nas cultivares Acaiá e Icatú em experimento de
extração de óleo de café, 2007.
Cultivar
Acaiá Icatú Média
Processamento
Bóia 2,97 B 3,47 A 3,22 AB
Cereja descascado 3,85 A 3,25 AB 3,55 A
Verde 3,06 B 2,86 B 2,96 B
Beneficiado 3,87 A 3,24 AB 3,55 A
Média 3,44 a 3,20 b 3,32
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade para cultivares e a 1% para processamento.
Foi observado também que na cultivar Icatú, o café bóia obteve maior média de teor de
óleo igualando-se aos cafés beneficiado e cereja descascado desta mesma cultivar, o mesmo
não ocorreu na cultivar Acaiá, quando o café bóia foi significativamente igual ao verde e
diferente do cereja descascado e do beneficiado. Isso pode ter ocorrido por uma condição de
condução da lavoura ou por uma característica da cultivar Icatú concentrando mais óleo na
casca que a cultivar Acaiá.
4 CONCLUSÃO
A cultivar Acaiá possui mais óleo que a cultivar Icatú;
A cultivar Icatú possui mais óleo na casca em relação a cultivar Acaiá.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, D.R. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In:
REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE
BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar, 2000. p.255-258.
GRABOSKI, M.S.; MCCORMICK, R.L.. Combustion of fat and vegetable oil derived
fuels in diesel engines, Prog. Energy Combust. Sci., v. 24, p. 125-164, 1998.
MAZZAFERA, P.; SOAVE, D.; ZULLO, M.A.T.; GUERREIRO FILHO, Oil: content of
green beans from some coffee species. Bragantia, Campinas, v.57, n. 1, p. 45-48, 1998.
2012
OLIVEIRA, L.S.; FRANÇA A.S.; CARMARGOS, R.R.S.; BARROS JR.; M.C.. Avaliação
preliminar da viabilidade de produção de biodiesel a partir de grãos defeituosos de café.
9p. 2003. < www.sbicafe.ufv.br >. Em 09/06/07.
SIURU, B., Biodiesel remains an option in alternative fuel mix, Diesel Progress, North
American Edition, 124-126, June 2001.
2013
O IMPACTO NA ECONOMIA DA REGIÃO ALTO PARAOPEBA
CAUSADO PELA INTRODUÇÃO DA CADEIA DE BIODIESEL
2061
1 INTRODUÇÃO
Na década de 1970, com a abundância e os baixos custos dos combustíveis fósseis,
especialmente o petróleo, o mundo encontrou energia para suprir suas necessidades que não
paravam de crescer. Porém, hoje a realidade é outra, existe uma preocupação cada vez maior
com os resíduos e os fatores ambientais são preocupantes. Sendo assim, por ser um
combustível renovável e que não agride tanto a natureza, o biodiesel torna-se uma opção para
substituir os combustíveis fósseis.
Várias podem ser as matérias primas base para o biodiesel: girassol, pinhão manso,
algodão, soja, babaçu, mamona, dendê, entre outros produtos como o sebo animal e até óleo
de frituras.
Neste artigo, trataremos especificamente, de duas oleaginosas, que foram de modo
particular, indicadas para a Região Alto Paraopeba, com o objetivo de efetuar uma breve
discussão acerca dos impactos sócio-econômicos da cadeia produção de óleo sobre uma
determinada região na qual se insere uma indústria.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A região aqui considerada é composta pelos municípios: Carandaí, Casa Grande,
Conselheiro Lafaiete, Cristiano Otoni, Entre Rios de Minas, Lagoa Dourada, Madre de Deus
de Minas, Queluzito, São Brás do Suaçuí e São João Del Rei. Porém, para a realização deste
estudo foram coletadas informações, a partir de visitas ao município de Casa Grande, e dados
do IBGE, que serviram de referência para toda a região.
As informações foram compiladas num sistema de apoio a decisão sobre a viabilidade
econômico-financeira de projetos agroindustriais na cadeia de produção de biodiesel,
BioSoft, desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa em parceria com o Ministério do
Desenvolvimento Agrário, apresentando como resultados, indicadores econômico-financeiros
e social.
Para a inserção de uma indústria de extração de óleo vegetal na região Alto Paraopeba,
propôs-se desenvolver um sistema agrícola do tipo Girassol/Milho, Nabo Forrageiro/Milho, e
um sistema industrial com capacidade 60 ton/dia de matéria-prima, considerando os seguintes
pressupostos para a produção agrícola:
2062
Tabela 1 – Oleaginosas e suas respectivas produtividades e preços de venda.
Nome Produtividade Preço venda
Girassol 1600 0,45
Nabo Forrageiro 800 0,4
Milho 4200 0,28
Tamanho da área (ha/família) 10
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o levantamento dessas informações, verificou-se que o município de Casa Grande
tem como principal atividade econômica a agropecuária, na qual se destaca a produção
leiteira, da qual cerca de 75% dos produtores exercem, produzindo 2.000 litros de leite ao dia,
e a produção de milho que chaga a 1.000 hectares de área e 4.200 toneladas de grãos ao ano.
Há também outras atividades como a produção olerícolas, feijão, eucalipto e café, porém com
menor expressão na economia da região.
Outra característica verificada foi que na entressafra do milho a terra é deixada nua,
logo o girassol foi sugerido, pois não disputaria área com essa cultura. Dessa forma, além de
proteger o solo, o produtor pode melhorar sua renda sem afetar sua principal atividade
agrícola. Não é indicado o cultivo do girassol em uma mesma área, ano após ano, pois
aumenta a proliferação de doenças. Assim sendo, será utilizado o nabo forrageiro em sistema
de rotação, para prevenir a ocorrência e minimizar os danos causados por estas doenças.
Outro fator que deve ser destacado é a interligação que há entre a indústria de extração
de óleo e a cadeia de leite. Sabemos que a instabilidade de preços nesta atividade é muito
grande, portanto a única maneira de manter-se na mesma é reduzindo os custos de produção.
Sendo assim, a instalação da indústria aumentará a oferta de farelo tanto de girassol quanto de
nabo forrageiro, que podem ser utilizados na alimentação do gado leiteiro, forçando uma
queda no preço deste produto, o que conseqüentemente aumentará a competitividade da
atividade leiteira, pois existirá farelo em maior volume. Este cenário demonstra o potencial
existente na região para a implantação de uma industria desta natureza.
A partir do resultado do BioSoft, podemos verificamos que no sistema proposto, 225
famílias serão atendidas com renda média mensal no valor de R$ 630,62, e serão gerados 451
postos de trabalho, o que ajuda a fixar o homem no campo.
2063
Tabela 2 - Resultados obtidos com o sistema Girassol/Nabo/Milho a partir do sistema
BioSoft:
Indicadores sociais e de renda
Indicador Unidade Valor
Número de famílias atendidas Famílias 225
Renda média mensal da família (Lucro + MDO) R$/mês 630,62
Empregos gerados
Mão-de-obra agricultura familiar Postos de trabalho 451
Lucro por hectare R$/há 566,78
4 CONCLUSÃO
A inserção de uma indústria na região afetará a atividade agrícola de forma positiva,
tanto economicamente quanto socialmente, pois aumentará os lucros pelo uso da terra que é
deixada nua, além de gerar empregos.
2064
Além da agricultura, a pecuária leiteira da região será beneficiada, pois haverá aumento
da oferta de farelos, o que tende a diminuir os custos de produção e conseqüentemente
aumentar a eficiência desta atividade.
A região tem grande potencial agrícola para instalação de uma usina de extração de
óleo, porém os indicadores da indústria devem ser considerados, já que aqui a ênfase foi dado
para o elo agrícola, pois para que haja sustentabilidade em um investimento desta natureza, é
necessário que exista lucratividade para a cadeia como um todo, e não apenas para um dos
elos.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMATER – MG. Custos de Produção do milho, Casa Grande - MG, outubro 2006.
EMATER – MG. Custos de Produção do nabo forrageiro, Cássia - MG, setembro 2006.
PARENTE, Expedito José de Sá. Biodiesel: Uma Aventura Tecnológica num País
Engraçado, Fortaleza, 2003.
2065
COMPARAÇÃO DA EFICIÊNCIA ECONÔMICA E SOCIAL ENTRE OS
SISTEMAS DE CULTIVO DE SOJA EM ROTAÇÃO COM CANOLA DE
ALTA TECNOLOGIA COM O DE MÉDIA TECNOLOGIA NO PARANÁ
2014
1 INTRODUÇÃO
Lançado pelo governo federal, em 06 de dezembro de 2004, o Programa Nacional de
Produção e Uso de Biodiesel é um grande passo para a produção limpa de combustível no
país, que contribuirá de forma expressiva para a diminuição da emissão de gases poluentes
que causam o efeito estufa. Paralelamente a esse marco foi assinado o decreto 5.297, que
prevê redução dos impostos federais (PIS/COFINS) para a produção do biocombustível (que
será inicialmente adicionado ao diesel mineral na proporção de 2%, em volume).
A medida prioriza a participação da agricultura familiar através do selo combustível
social, o qual é conferido ás indústrias de produção de biodiesel que têm parte de sua
demanda de matéria prima proveniente deste sistema de produção.
Devido a sua imensa extensão, sua diversidade de ecossistemas e suas diferentes
características socioeconômicas regionais, o Brasil possui um potencial ímpar para a produção
de biocombustíveis. Desta forma, é necessário que cada região encontre a mais eficiente
forma de se inserir nesta cadeia de produção.
Devido a esta diversidade, é necessário que estudos sejam desenvolvidos no sentido de
encontrar sistemas produtivos que se adaptem à região, contemplando os três pilares do
programa, os quais são: econômico, social e ambiental.
O que se pretende é analisar dois sistemas de produção diferentes e verificar qual deles
é mais eficiente, tanto economicamente quanto socialmente, ou seja, serão analisadas as
rentabilidades e os graus de inserção da agricultura familiar em cada um dos casos, já que o
programa brasileiro prioriza a participação da agricultura familiar nesta cadeia de produção.
2 MATERIAL E METÓDOS
Para o desenvolvimento deste trabalho, foram utilizados custos de produção cedidos
pela Cooperativa Agroindustrial Cocamar no Paraná. As informações foram inseridas no
BioSoft, um sistema de apoio a decisão desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa em
parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que faz análise econômicas e sociais
de dois dos principais elos de uma cadeia de produção, a agricultura e a indústria.
Neste estudo, no entanto, será dada ênfase para o elo agrícola, onde serão analisados
dois diferentes sistemas de produção, o primeiro utilizando alta tecnologia e o segundo
utilizando média tecnologia. Nos dois casos serão considerados o plantio de soja e canola em
sistema de rotação, demais informações gerais do sistema de produção proposto, são
apresentadas a seguir:
2015
Tabela 1 - Considerações gerais sobre os sistemas de produção e demais informações
pertinentes.
Sistema de produção agrícola Soja em rotação com canola
Custos agrícolas Cooperativa Cocamar Paraná
Tecnologia industrial Extração Mista (Canola) e Química(Soja)
Capacidade da indústria 150 ton/dia de soja e 67,5 ton /dia de canola
Preço de venda matéria-prima R$ 0,45/ kg soja e R$ 0,40/ kg canola
Produtividade Alta tecnologia Soja 3.500 Kg/ha e canola 1.600 Kg/ha
Produtividade média tecnologia Soja 2.800 Kg/ha e canola 1.200 Kg/ha
Tamanho médio das propriedades 20 ha
Tabela 2 - Resumo dos custos de produção da cultura da soja e canola no sistema de média e
alta tecnologia.
RESUMO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO
Soja Canola
Média Tecnologia Alta Tecnologia Média Tecnologia Alta Tecnologia
Operações Mecânicas 115,53 120,48 112,98 112,98
Insumos 479,10 574,81 418,65 576,23
Total (R$/há) 594,63 695,29 531,63 589,21
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao se comparar os dois sistemas de produção, faz-se um confronto dos indicadores
financeiros, econômicos e sociais do cultivo da soja e canola cultivada com média e alta
tecnologia no estado do Paraná. Os resultados serão apresentados com base nos dados de
saída do sistema BioSoft, que levaram em consideração os custos de produção para as
diferentes tecnologias de cultivo das culturas.
No sistema de alta tecnologia a cultura da canola não é muito rentável, pois o custo de
produção (R$ 0,37/Kg) é muito próximo do preço de venda (R$ 0,40/Kg). Enquanto que no
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
2016
de média tecnologia, percebemos que é inviável cultivar a canola, pois seu preço de venda
(R$ 0,40/kg) é menor que o custo de produção (R$ 0,44/Kg). No caso da soja, percebe-se que
a variação de custo é muito pequena entre os dois sistemas e que o lucro existe independente
do sistema, sendo maior no sistema de alta tecnologia.
A renda média mensal da família foi maior no sistema de alta tecnologia quando
comparada com o de média, como mostrado na tabela abaixo. O sistema de alta tecnologia
propicia uma renda para a família de R$ 1.343,90 e o de média tecnologia de R$ 878,40. No
entanto, se for feita uma comparação de empregos gerados, o sistema de média tecnologia é
mais eficiente, empregando mais pessoas, devido à menor produtividade de ambas as culturas
e consequentemente maior demanda de área para atender a necessidade da indústria.
Podemos observar nas figuras 1 e 2 que a soja é a cultura principal, afetando mais a
renda da família que a canola. Isto ocorre devido ao seu baixo custo de produção (menor que
o da canola), sua maior produtividade e seu preço de venda ser maior que o da canola. Desta
forma, é a cultura da soja que traz lucratividade ao agricultor nos dois sistemas de plantio,
sendo que no de alta tecnologia o retorno é maior.
2017
Figura 1 - Renda mensal da família com a variação no preço de venda da canola e da soja no
sistema de alta tecnologia.
Figura 2 - Renda mensal da família com variação no preço de venda da canola e da soja no
sistema de média tecnologia.
Como podemos observar nas figuras 3 e 4, o lucro por hectare é maior no sistema de alta
tecnologia, quando comparado com o de média.
2018
Figura 3 - Lucro por hectare com variação no preço de venda da canola e da soja no sistema
de alta tecnologia.
Figura 4 - Lucro por hectare com variação no preço de venda da canola e da soja no sistema
de média tecnologia.
4 CONCLUSÃO
O sistema de cultivo de alta tecnologia propiciou às famílias atendidas maior
lucratividade do que o sistema de média tecnologia, possuindo maior viabilidade ao se levar
em consideração apenas a renda. No entanto, levando em consideração as famílias atendidas e
2019
empregos gerados, ou seja, a viabilidade social, o sistema de média tecnologia mostrou-se
mais eficiente.
Percebe-se que as viabilidades econômicas e sociais são divergentes, o que demandará
um novo arranjo produtivo que contempla estas duas necessidades, tornando o
empreendimento viável tanto economicamente quanto socialmente.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
COMISSÂO EXECUTIVA INTERMINISTERAL(CEIB). Legislação e Normas Sobre
Biodiesel. Disponível em: < http://www.biodiesel.gov.br >. Acesso em 11 junho 2007.
2020
ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE DIFERENTES ARRANJOS
DE UNIDADES DE EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE MAMONA NO NORTE DE
MINAS GERAIS
2021
1 INTRODUÇÃO
Com a futura escassez do petróleo e a necessidade de busca por energias mais limpas,
novas fontes de energia como o biodiesel ganharam novas perspectivas no cenário mundial e
passaram a ser elemento de várias pesquisas e estudos [7]. Assim, dentro das novas tendências
de utilização do biodiesel, no Brasil há uma preocupação no sentido de potencializar a
utilização de oleaginosas diversas, promovendo nas diferentes regiões uma oferta de óleos
vegetais, que são a matéria-prima base para produção do biodiesel.
No país, são diversas as alternativas de oleaginosas para a produção de óleos vegetais,
pois, trata-se de um país tropical, com dimensões continentais, onde o desafio colocado é o do
aproveitamento das potencialidades regionais. Isso é válido tanto para culturas já tradicionais,
como a soja, o amendoim, o girassol, a mamona e o dendê, quanto para novas alternativas,
como o pinhão manso, o nabo forrageiro, o pequi, o buriti, a macaúba e uma grande variedade
de oleaginosas a serem exploradas [4].
A região Norte do Estado de Minas Gerais apresenta limitações para prática da
agricultura, principalmente, devido a seu clima seco [6]. Essa região é comparada ao semi-
árido nordestino devido às suas características climáticas e sociais. Assim, deve-se ressaltar
que o incentivo à agricultura familiar nesta região é de fundamental importância para seu
desenvolvimento.
Com relação ao processo de extração de óleo, diferentes tecnologias são conhecidas.
Entretanto, neste trabalho foi abordado o processo de extração mecânica ou prensagem. Este
processo de extração é muito utilizado no caso de oleaginosas que possuem elevado teor de
óleo (acima de 30%), além de ser um processo de fácil aplicação e de custo relativamente
baixo se comparado aos processos de extração química e extração mista [9]. A extração
mecânica é efetuada basicamente através de prensas contínuas. O espaçamento entre as
lâminas da prensa varia de acordo com a semente a ser processada; este espaçamento é
regulado para permitir a saída do óleo e funciona como um filtro, que retém as partículas
sólidas, formando a “torta” [2].
No presente estudo, a oleaginosa utilizada como base de extração de óleo foi a mamona,
que é uma oleaginosa de alta resistência à seca, o que a torna uma cultura viável em regiões
semi-áridas e de poucas alternativas agrícolas [3]. Estas características condizem
perfeitamente com a região Norte do Estado de Minas Gerais, a qual foi escolhida para
estudo.
2022
O óleo de mamona, além de ser utilizado para produção de biodiesel, possui inúmeras
aplicações na indústria química. O óleo pode ser utilizado na fabricação de tintas e isolantes,
pode servir como lubrificante, além de ser utilizado na manufatura de cosméticos, drogas
farmacêuticas, corantes e uma infinidade de outros produtos [5].
Este trabalho tem como objetivo verificar a viabilidade econômica da implantação e a
comparação de diferentes arranjos de unidades de extração mecânica de óleo de mamona no
Norte do Estado de Minas Gerais.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Para realização das análises de viabilidade econômica foi utilizado o Sistema Biosoft.
Este Sistema de apoio à decisão consiste em um software desenvolvido pela Universidade
Federal de Viçosa em parceria com o Ministério de Desenvolvimento Agrário para análise de
viabilidade econômico-financeira de projetos de produção de óleo ou biodiesel com a
participação da agricultura familiar.
O Sistema Biosoft, no qual foram feitas as simulações, envolve os elos agrícola e
industrial, sendo neste estudo considerado apenas o elo industrial para obtenção dos
resultados. No elo industrial, fatores como orçamento de equipamentos, custos de produção,
capacidade de produção, características da matéria-prima, rendimentos, coeficientes técnicos
e investimentos são alguns fatores que devem ser considerados.
Foram construídos dois modelos distintos de unidades de extração, ambos possuindo
uma capacidade total de processamento de 135 toneladas por dia de mamona em bagas. O
primeiro Modelo consistiu em uma unidade centralizada com toda capacidade de extração
concentrada. O segundo consistiu em um modelo descentralizado com seis unidades de
extração distribuídas, com capacidades individuais de 22,5 toneladas por dia de matéria-
prima. As Figuras 1 e 2 ilustram os modelos das plantas de extração de óleo de mamona.
2023
Modelo 1
Unidade de Extração RC
de Óleo de mamona
(135 TPD)
Modelo 2
RC
RC = raio de
captação da
mamona
(61 km)
Unidade de
extração de óleo
de mamona
(22,5 TPD)
Área de captação
da mamona
2024
preço de matéria-prima e insumos, custo de transporte do óleo, impostos, além da tecnologia
de extração de óleo de mamona. A Tabela 1 a seguir resume algumas destas informações:
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A proposta da implantação de uma unidade centralizada (Modelo 1) tende a concentrar
a produção, diminuindo assim a necessidade de área. Logo, esse comportamento de economia
em escala pode estabelecer uma estrutura mais rentável. Por outro lado, a implantação das
unidades descentralizadas (Modelo 2) tende a proporcionar maior benefício social pelo fato de
seu arranjo favorecer maior envolvimento de comunidades locais.
A partir da utilização do software Biosoft, foram gerados diversos indicadores que
foram reunidos na Tabela 2 abaixo.
2025
Tabela 2 – Indicadores gerados para os dois modelos propostos.
INDICADORES UNIDADE MODELO 1 MODELO 2
Empregos gerados - 102 182
Raio de captação matéria-prima Km 150 61
Custo de produção do óleo R$/L óleo 1,47 1,55
Investimento total R$ 8.021.323,18 13.451.955,15
Ponto de equilíbrio % 31,22 46,74
T.I.R. % 38,49 12,22
T.R.C. Anos 2,58 6,01
V.P.L. R$ 10.616.264,45 133.515,87
2026
4 CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos da análise de viabilidade econômico-financeira,
pode-se concluir que a planta de extração de óleo de mamona centralizada (Modelo 1) é mais
viável economicamente do que as seis unidades descentralizadas (Modelo 2). Porém, seu
arranjo dificulta a distribuição de torta produzida na unidade, o que pode tornar-se um
entrave. O Modelo 2 permite maior geração de empregos diretos, favorecendo ainda mais a
inclusão da agricultura familiar, e uma melhor organização do sistema de gestão devido à
menor quantidade de matéria-prima processada diariamente por unidade.
Desta forma, uma análise econômico-financeira isolada não é suficiente para concluir
qual empreendimento é mais vantajoso, sendo necessário considerar também os interesses dos
agricultores envolvidos, que poderão se beneficiar com a implantação de unidades produtivas
desta natureza.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABOISSA Óleos Vegetais. Disponível em: < http://www.aboissa.com.br/mamona/index.htm
>. Acesso em: 11 mai. 2007.
Maia A. C. S.; Teixeira J. C.; Lima S. M.; Ferreira C.V.; Stragevitch L. Estudo da Adição do
Biodiesel de Mamona ao Óleo Diesel Mineral sobre a Massa Específica e Viscosidade
Cinemática. Departamento de Engenharia Química – Universidade Federal de Pernambuco
2027
UEM. Descrição do Processo de Produção de Soja. Disponível em: <
www.dag.uem.br/prof/ptmpintro/material/3b/soja.pdf .> Acesso em: 05 fev. 2007.
2028
ÓLEOS VEGETAIS COMBUSTÍVEIS
2029
1 INTRODUÇÃO
Os biocombustíveis “naturais” evitam a emissão de gases nocivos ao meio ambiente e
transformam a graciosa energia solar em energia mecânica e elétrica, acrescidos de energia
térmica residual útil.
Embora o ciclo do carbono das bioenergias seja considerado neutro, para mim isso é um
equívoco, é ignorar o potencial completo da fotossíntese dos maravilhosos vegetais, que para
crescerem, comem sujeira do ar, comem CO2.
Portanto em qualquer veículo movido a bioenergia, sempre se libera menos CO2 pelo
escapamento, do que o CO2 captado do ar, pelos vegetais correspondentes em seu
crescimento.
Disso resulta que, utilizando intensamente os biocombustíveis, podemos reverter o
aquecimento global, promovido pelo uso de 200 anos de porcotróleo.
Apenas utilizando álcool, biogás, óleos vegetais, e resíduos orgânicos promovemos o
efeito refrigerador, o contrário do atual efeito estufa.
O carbono do farelo tem de ser creditado às vacas, e não ao óleo vegetal.
É possível promover o desenvolvimento local por meio da economia descentralizada
dos óleos vegetais, com o real crescimento da agricultura familiar de maneira orgânica e
sustentável.
Ao invés de tirar dinheiro de nosso bolso e financiar guerras e maluquices do assassino
Bush, podemos encher de grana a nossa própria carteira.
De quebra reduzimos mensalões, impostos imorais e demais escorchantes e pelegas
falcatruas.
Resulta ainda a considerável vantagem de preço em relação a combustíveis fósseis,
preços fósseis que não param de subir, devido ao elevado crescimento do consumo, pela falta
da descoberta de novas jazidas vultosas de porcotróleo, e devido ao esgotamento das reservas
existentes.
Na Alemanha, que permite o uso direto de óleo vegetal como combustível, e que possui
mais de 100.000 veículos rodando a óleo de canola, cresce exponencialmente o número de
usinas de óleo vegetal descentralizadas.
Aumenta também o número de empresas que convertem motores e veículos para serem
movidos a óleo vegetal.
Cresce igualmente a oferta e a produtividade das plantas e dos óleos vegetais das mais
diversas origens.
2030
Numerosas tentativas mostram que no cultivo consorciado de policulturas se formam
sinergias notáveis, com aumento de produtividade.
Pode e deve-se utilizar também os resíduos da prensagem, a chamada torta.
Seu uso como ração, ou até como substrato em instalações de biogás levam nossa
legislação brasileira, benevolente a ricos e poderosos, a ser mais coerente, onde por exemplo,
deveria-se poder vender o excedente de energia elétrica produzida em pequena escala
distribuída, para as concessionárias, promovendo um ganho adicional a todos os envolvidos,
evitando-se a absurda negociata de carbono virtual, onde recebemos míseras gorjetas que
postergam a substituição dos sujos combustíveis fósseis pela limpa bioenergia.
A cultura orgânica das bioenergias, também promove o ciclo fechado dos nutrientes nas
redondezas do cultivo, pois o que se retira (por exemplo óleo vegetal) é constituído
essencialmente de moléculas de carbono, hidrogênio e oxigênio, cujos átomos foram retirados
da água e do ar, tornando desnecessário agregar fertilizantes químicos e agrotóxicos a seu
cultivo orgânico.
Desde maio de 2000 vigora na Alemanha, o “Padrão de Qualidade RK 05/2000
Weihenstephan”, para óleo de canola como combustível.
Esse padrão define índices mínimos e máximos para as propriedades dos óleos.
Ainda que tenhamos um óleo vegetal normatizado, os motores atuais não estão
adequados para funcionarem com óleo vegetal.
Rudolf Diesel utilizou óleo de amendoim em seu motor de auto-ignição em1912.
A idéia de Rudolf foi retomada por Ludwig Elsbett, que nos anos 70 e 80 desenvolveu
um motor apropriado para óleo vegetal [o motor Elko] que inclusive naquela época, deveria
ter sido produzido em escala industrial aqui no Brasil.
Essa idéia genial não foi acolhida pela indústria de motores, e muito menos pela máfia
do porcotróleo.
Passou-se então a converter motores tradicionais para que “se virem” com óleo vegetal.
São múltiplas as propostas de como realizar isso.
Vão desde aditivos químicos ao óleo, a um sistema de eliminação de seus gases com
ultra-som, passando por diferentes propostas para reduzir a viscosidade no sistema de
combustão, mediante aquecimento (do tanque à bomba injetora) ou por alterações nas peças, e
modificações do controle eletrônico.
Outros, recomendam misturar o óleo vegetal qualificado diretamente ao diesel.
Para o usuário final o leque de opções é muito variável.
2031
Por meio de uma tabela foi arrolada uma série de medidas para adaptar motores diesel
ao óleo vegetal. O ponto de vista norteador é que a aplicação de óleo vegetal em motores
tradicionais sempre vem acompanhada de um risco.
A questão é como esse risco pode ser mantido o mais baixo possível.
Risco decrescente e custo crescente:
Não fazer nada
Misturar diesel ao óleo vegetal
Aquecer o combustível
Bomba (de pressão) adicional
Aquecimento e modificação do filtro
Sistema de dois tanques
Aquecimento do motor
Aquecimento dos bicos injetores
Alteração da geometria dos bicos e do ângulo de injeção
Modificação de pistões
Alterações na bomba injetora
Motores exclusivos a óleo vegetal, como por exemplo o motor Elko
Na Alemanha o governo acompanhou durante 3 anos, o comportamento de 100 tratores
modificados para óleo vegetal. Destes 100 tratores, 57 continuam funcionando sem maiores
problemas, o que demonstra a vialbilidade dos motores, com certos kits e com certos óleos
vegetais.
O governo austríaco está atualemnte incentivando e custeando 30% dos custos para um
programa de 1600 tratores a óleo vegetal, metade para tratores convertidos e metade em
tratores originais, com misturas de óleo vegetal no Diesel fóssil, com variações de 15 a 50%
baseados em experimentos de sucesso anteriores.
Aqui no Brasil, deveríamos copiar e aperfeiçoar o que foi feito no exterior, e não fazer
como fazem os fabricantes vassalos de tratores nacionais, que simplesmente despejam óleo
vegetal no tanque, e divulgam as fotos dos estragos.
Certamente a tecnologia dos motores a óleos vegetais combustíveis tem muito a ser
aperfeiçoada, como ocorreu com os primórdios dos motores a álcool, que aliás continuam
boicotados aqui no Brasil.
Não existem mais motores exclusivos a álcool, que seriam mais econômicos que os
atuais flex.
2032
Também urge a necessidade de acabar com a míope legislação mensalista brasileira, que
proíbe ao pequeno agricultor produzir e vender álcool e óleo vegetal combustível.
A bioenergia é a verdadeira revolução para o desenvolvimento da agricultura familiar,
em substituição ao doentio cultivo de fumo.
As energias descentralizadas trarão novos horizontes de desenvolvimento racional e
sustentável a todos os setores da economia, revertendo o atual modo de vida suicida da
humanidade.
2033
AVALIAÇÃO DA ÁREA FOLIAR DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas
L.) POR MÉTODOS DE FOTOGRAFIAS DIGITALIZADA
2034
1 INTRODUÇÃO
O pinhão manso é uma planta da família Euforbiácea, denominada cientificamente
como (Jatropha curcas L.) e pode também ser conhecida como pinhão-de-purga, pinhão-de-
maluco, pinhão-do-paraguai, etc (PEIXOTO, 1972).
Quanto à sua origem, julga-se oriundo da América do Sul, Brasil e ainda das Antilhas.
Foi introduzido em 1783, segundo Vogel, nas Antilhas do Arquipélago de Cabo Verde,
alcançando depois a África e a Índia, acompanhada de sua distribuição geográfica que é
bastante vasta, tendo em consideração na sua rusticidade resistência a longas estiágens, bem
como as suas pragas e as doenças. É adaptável a condições climáticas muito variáveis, desde o
Nordeste até São Paulo e Paraná (PEIXOTO, 1972).
As características botânicas do pinhão manso são caracterizadas, como sendo um
arbusto ou arvoreta vivaz de geralmente, 3 á 5 metros de altura. Pode, entretanto atingir 8
metros até 12 metros de altura como um diâmetro no tronco de 20 cm. As raízes são curtas e
pouco ramificadas (PEIXOTO, 1972).
Já suas folhas caducas encontram-se esparsas alternadas; são largas, em forma de palma,
com 3 a 5 lóbulos, recortes em ângulos obtusos, terminados em ponta agudas ou mucro; são
verdes, pálidas, brilhantes, glabras ou destituídas de pêlos. As nervuras são esbranquiçadas,
ressaltadas ou salientes na face inferior da lâmina folhear (PEIXOTO, 1972).
O pecíolo é longo e esverdeado, com nervura principal do pecíolo e outras nervuras,
divergentes como os dedos das aves. Os pecíolos caem em parte quando termina a estação
seca, ou durante a estação fria, quando dão inicio a um estado de hibernação. Neste estado
permanece até o começo da primavera ou das chuvas na região seca e os término do repouso
vegetativo é demostrado com o rápido espontar das gemas, no ápice dos galhos do ano
transposto. Na mesma ocasião do rompimento das folhas, surgem as inflorescências
(PEIXOTO, 1972).
Este trabalho teve como objetivo avaliar as dimensões (área foliar) das folhas de pinhão
manso.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este experimento foi realizado no Departamento de Engenharia da (UFLA)
Universidade Federal de Lavras, MG, no ano 2007. Utilizou-se folhas dos 19 acessos de
pinhão manso do banco de germoplasma da UFLA.
2035
As folhas foram colhidas nas plantas e divididas cuidadosamente em categorias,
compostas por diferentes tamanhos e colocadas sobre uma folha de papel milimetrado
(referência dimensional), para que fossem fotografadas individualmente e digitalizadas, para
posterior utilização no software AUTOCAD® 2006.
No AUTOCAD® 2006, avaliou-se individualmente a área foliar das seis categorias de
folhas, com cinco amostras cada, que serão classificadas em seis categorias, conforme sua
área foliar.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1, estão disposta as fotos das folhas de Pinhão Manso coletadas em diferentes
tamanhos coletadas em plantas de mesmo estádio vegetativo, mas em diferentes posições na
planta, da parte basal até o ápice da planta.
No Gráfico 1, encontra-se os valores médios da área foliar das folhas de pinhão manso,
que foram divididas em 6 categorias, em função da expansão da sua área foliar. Na categoria
seis estão as folhas de maior área foliar, e na categoria um, estão as de menor área foliar. As
categorias quatro, cinco e seis são denominadas folhas maduras (fonte) e, as categorias um,
dois e três são denominadas folhas imaturas (dreno). As folhas de Pinhão Manso são
consideradas maduras (fonte) quando atingem 2/3 do seu tamanho normal.
2036
ÁREA FOLIAR
200,00
180,00
160,00
140,00
120,00
Cm²
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
1 2 3 4 5 6
CATEGORIAS
4 CONCLUSÃO
O sistema de fotografia digitalizada associada a AUTO CAD é um sistema eficiente
para a identificação da área foliar de pinhão manso.
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PEIXOTO, A.R.P. Plantas oleaginosas herbáceas. São Paulo: Nobel, 1972. 172p.
PEIXOTO, A.R.P. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 284p.
Produção de Oleaginosas para Biodiesel. Informe Agropecuário. Belo Horizonte. v.26,
n.229, p.44-78,2005.
2037
SISTEMA COMPUTADORIZADO PARA ANÁLISE DE INTERCEPTAÇÃO
DE RADIAÇÃO SOLAR EM CULTIVOS CONSORCIADOS VISANDO A
PRODUÇÃO DE BIODIESEL
2038
1 INTRODUÇÃO
Obrigados a fazer frente a certas despesas irremediavelmente monetárias, os
agricultores, particularmente aqueles que conduzem suas propriedades no sistema de
agricultura familiar, tendem, por um lado, a procurar maximizar a geração de renda e, por
outro, minimizar os custos monetários. Assim, tendem a buscar a satisfação das suas
necessidades pelo cultivo local do maior número de produtos possível.
A região Sul do Estado de Minas Gerais apresenta um grande percentual de sua área
utilizada por lavouras cafeeiras. Essas lavouras não receberam a adequada reposição de
nutrientes ao solo por vários anos, em decorrência dos baixos preços obtidos no mercado do
café. Assim, muitas das lavouras, principalmente as mais velhas, entram em um processo de
degradação, exigindo para sua recuperação a aplicação de podas. Outro motivo que leva à
necessidade de poda é a ocorrência do fenômeno meteorológico adverso denominado geada,
que apresenta uma probabilidade significativa de ocorrer na região Sul do Estado [Matiello,
1991]. Além dos gastos com a poda e com a adubação para recuperação do nível de fertilidade
do solo, o agricultor ficará sem efetuar colheita naquela lavoura por duas ou três safras.
Uma alternativa normalmente utilizada pelos agricultores é o plantio de feijão nas
entrelinhas do café recepado, cultura esta de grande importância como alimento básico e fonte
auxiliar ou principal de renda no sistema de agricultura familiar.
Sistemas produtivos envolvendo leguminosas e espécies oleaginosas podem beneficiar
tanto a dieta quanto equilibrar a receita econômica do produtor [Azevedo et al., 1998], e
podem ser aplicados em áreas disponíveis em lavouras de café recepado.
Por apresentar ciclo curto e porte baixo, o feijão é indicado para ser cultivado em
sistema de consórcio com a cultura da mamona, que apresenta porte alto e ciclo longo
[Khatounian, 1994; Azevedo & Lima, 2001].
Fraga e colaboradores [2004] desenvolveram uma equação de crescimento horizontal
para calcular o espaço disponível nas entrelinhas da cultura de mamona até certa idade, ou o
número de dias disponíveis para a condução de uma cultura consorte ocupando determinado
espaço de terreno, fixando-se o espaçamento da mamona, concluindo que a citada equação é
uma ferramenta adequada e simples para o planejamento de cultivo intercalar na cultura da
mamona.
Uma das interações mais importantes entre as culturas e o ambiente refere-se à relação
entre as plantas e a radiação solar incidente sobre o dossel vegetativo [Buisson e Lee, 1993].
2039
Dessa forma, a produtividade de uma cultura é diretamente dependente de sua eficiência em
interceptar e utilizar a radiação solar incidente.
Nos plantios, o grau de sombreamento mútuo entre plantas está diretamente relacionado
ao número de plantas por unidade de área cultivada. Diferentes densidades de plantio
ocasionam competições intra-específicas de intensidades variáveis por radiação solar e outros
fatores envolvidos no crescimento e desenvolvimento das plantas [Rizzardi e Silva, 1993].
A aerofotogrametria convencional é uma técnica vastamente difundida e utilizada em
mapeamento. Sua qualidade é indiscutível, porém o acesso aos equipamentos de alta precisão
e aos sofisticados recursos eletrônicos requer altos investimentos. A utilização de câmeras
fotográficas de pequeno formato, com distância focal entre 35 e 80 mm, oferece ótimos
resultados, dispensando grande parte do complexo instrumental utilizado na aerofotogrametria
[Gonçalves Júnior et. al., 2003].
A motivação para este trabalho baseia-se na potencialidade das ferramentas
desenvolvidas pela área da ciência da computação, que aprimoram trabalhos técnicos e
científicos das ciências agrárias. Grande parte das pesquisas em ciências agrárias convergem
para a agricultura familiar devido a incentivos oriundos de projetos do Governo Federal para a
produção de biocombustíveis. Com base neste argumento, este trabalho foca-se na aquisição
de imagens através de câmeras fotográficas digitais de pequeno porte, por ser um objeto de
fácil acesso e custo para a comunidade técnico-científica, e tem o objetivo de avaliar a
capacidade de interceptação de radiação solar em sistemas produtivos consorciados.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O desenvolvimento do projeto utiliza de recursos computacionais do Departamento de
Ciência da Computação e do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de
Lavras.
As tecnologias envolvidas neste projeto buscam arquitetar um software de fácil
manutenibilidade, escalabilidade e portabilidade para permitir ao produto incorporar novas
tecnologias voltadas ao projeto de biocombustíveis. Para tal, as pesquisas orientam-se para o
processamento digital de imagens, mais precisamente usando ferramentas de morfologia
matemática [Dougherty & Lotufo, 2003], através de uma biblioteca em linguagem Python
[Morph4Py]. As imagens serão adquiridas com câmeras fotográficas digitais de pequeno
porte, e serão avaliados os melhores métodos e ferramentas para se obter uma otimizada
sequência de imagens.
2040
Os experimentos utilizados são ensaios de campo que estão sendo desenvolvidos nos
projetos de produção de plantas oleaginosas pela equipe do G-Óleo - Núcleo de Estudos de
Plantas Oleaginosas, Óleos Vegetais e Biocombustíveis.
Serão adquiridos dois tipos de imagens: uma com a câmera direcionada de cima pra
baixo, e outra com a câmera direcionada de baixo para cima. Estamos projetando um sistema
mecânico para garantir que todas as fotos sejam tiradas seguindo um mesmo protocolo. Para
as fotos de cima pra baixo, devemos garantir que a câmera esteja sempre direcionada na
vertical. Para as fotos de baixo pra cima, não só precisaremos que a câmera esteja direcionada
verticalmente, como também que esteja posicionada sempre à mesma distância do solo, para
todas as fotos. Estamos em fase de projeto destes sistemas mecânicos. Para corrigir diferenças
de posicionamento da câmera, usamos marcas no campo, com posicionamento conhecido.
Com isto podemos identificar automaticamente a relação entre as coordenadas dos pontos nas
imagens adquiridas com as coordenadas do mundo real. As imagens serão datadas e
armazenadas em um banco de imagens. Assim seremos capazes de estudar a interceptação de
radiação solar ao longo do tempo.
Para fazer medidas em uma imagem começamos pela sua segmentação. Diversos
algoritmos de segmentação são propostos na literatura. O algoritmo clássico de segmentação
da morfologia matemática é o watershed [Dougherty & Lotufo]. O funcionamento do
algoritmo watershed pode ser explicado com uma analogia ao conceito de bacias
hidrográficas. A imagem em níveis de cinza é interpretada como uma superfície topográfica.
São definidos marcadores para objeto e fundo. Os marcadores funcionam como fontes de
água. A partir de cada marcador fazemos inundar água. Quando a água de uma fonte encontra
as águas de outra fonte é construída uma barreira, denominada linha de watershed ou linha de
separação das águas.
Na Fig. 1 mostramos uma imagem em níveis de cinza e um gradiente desta imagem.
Note que as bordas, no gradiente, aparecem com níveis de cinza próximos do branco. Os
valores próximos do branco são interpretados como altos na superfície topográfica. Assim, se
executamos o watershed sobre a imagem de gradiente, obteremos as linhas de watershed
exatamente sobre as bordas da imagem e assim é feita a segmentação.
2041
(a) (b) (c)
Figura 1 - Ilustração da imagem de gradiente. (a) imagem original; (b) gradiente; (c) gradiente
visualizado como uma superfície.
Figura 2 - Ilustração da interface de usuário para a segmentação. (a) imagem original; (b) dois
marcadores (verde e azul) e o resultado da segmentação para esses marcadores (vermelho); (c)
mais marcadores foram adicionados para corrigir alguns erros de segmentação.
2042
Ainda são necessárias melhoras do sistema que temos, para melhor se adequar ao
problema. E ainda é preciso incorporar ao sistema as medidas que darão a informação que o
operador necessita. Descrevemos estas medidas a seguir
Uma estimativa da exposição à luz solar do espaço nas entrelinhas pode ser feita
medindo-se a área de céu com relação à área total de uma imagem tirada de baixo pra cima,
como as das Figs. 1 e 2. Com as ferramentas de morfologia matemática podemos facilmente
fazer essas medidas de área. O próximo passo é incorporar essas medidas no sistema.
3 RESULTADOS ESPERADOS
A utilização deste software visa propiciar a pesquisadores e técnicos uma base para
tomada de decisão em relação ao consorciamento de culturas potenciais à produção de
biocombustíveis através de um conhecimento prévio incorporado ao sistema que permitirá
análises de interceptação de radiação solar, padrões em culturas, ocupação de solo e
estimativas capazes de permitir um melhor gerenciamento pelo produtor de quais cultivos
podem ser aplicados junto à sua produção principal, fornecidas aos usuários através de uma
interface amigável e interativa, além de dados de intercâmbio que possam ser incorporados a
outros sistemas na área de produção, logística e gerenciamento de biocombustíveis.
4 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais,
FAPEMIG, pelo apoio financeiro ao projeto.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F.; SANTOS, J.W.; BATISTA, F.A.S.; NÓBREGA, L.B.;
VIEIRA, D.J.; PEREIRA, J.R. População de plantas no consórcio mamoneira/caupi. I.
Produção e componentes da produção. Rev. Ol. Fibros., Campina Grande, v. 3, n.1, 1999. p.
13-20.
2043
GONÇALVES JUNIOR, J.C.C.; PIOVESAN, E.C.; SILVEIRA, G.C. da. SOFIA - sistema de
obtenção de fotos e imagens com aeromodelo. In: XXI Congresso Brasileiro de
MATTIELLO, J.B. O café, do cultivo ao consumo. São Paulo: Globo, 1991. 320 p.
2044
AVALIAÇÃO DE RENDIMENTO DE ALGUNS CULTIVARES DE Brassica
napus CULTIVADOS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
2045
1 INTRODUÇÃO
No tempo moderno a produção de Biodiesel é muito atual, porque as riquezas
energéticas naturais diminuem e surge a necessidade de se prover novas fontes alternativas de
combustível e energia [1]. O óleo vegetal, que se usa como biodiesel, antes de mais nada,
deve ser economicamente barato. A sua qualidade e quantidade devem ser suficientes para o
abastecimento das necessidades correspondentes aos ramos automobilísticos e agrícolas. Para
a produção de Biodiesel pode-se utilizar os óleos vegetais de origem diferente incluindo o
óleo de soja, milho, girassol, mamona bem como o óleo de Brassica napus [2]. Neste artigo
apresenta - se uma informação sobre alguns cultivares de B. napus que são as fontes de óleo
técnico de origem vegetal, sobre as particularidades biológicas de B. napus e proteção dessa
cultura contra ervas daninhas. A importância de Brassica n. para resolução de problemas de
criação e utilização de Biodiesel se explica pela qualidade das suas sementes que contém de
35 a 50 % de óleo bem como pela sua alta produtividade [ 3, 4].
2 MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado em áreas da Fazenda Experimental do Centro Científico da
Universidade Nacional de Odessa (UNO) da Ucrânia. A área geral em sementeira para
Brassica napus foi de 400 m2, a subparcela útil de registro para cada experiência foi 60 m2. O
ensaio efetivado com seis cultivares de Brassica napus (сanola): DNEPROVSKY,
HOTOMAN, TITAN, VIKROS, LUGOVSKOY E PODMOSKOVNY.
A profundidade de semeação de grãos foi de 2 a 3 cm. A norma de semeação
determinada à razão de 2 milhões sementes por hectare. O conteúdo de humo no solo situado
no intervalo de 1,6 a 1,8 %; рН do solo foi 5,6—5,8. Avaliou-se ainda a produtividade e
qualidade das sementes de Brassica napus.
O teor de óleo nas sementes foi determinado por método de Soksleta através de extração
do óleo por éter. Para proteção de Brassica napus contra ervas daninhas foi utilizado o
herbicida Butisano-C em doses diferentes por método de pulverização duplo de sementeira no
início da vegetação.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Brassica napus L. ssp. oleifera Metzg. (ingl. – Rape, port. – сanola) é uma planta típica
da família Brassicaceae. Em caso de umidade ótima do solo, de temperatura do ar de 13 a 15
2046
ºC e profundidade de semeação de grãos de 1,5 a 2,5 cm os rebentos apareceram no entre o
quarto e o quinto dia.
No primeiro período de vegetação, cerca de 30 a 40 dias, as plantas se desenvolveram
devagar. O período de formação de botões até floração foi 10 a 15 dias. A floração de
Brassica n. durou 25 a 30 dias, depois para as plantas necessitam 30 a 40 dias para formação
das sementes. Então, o período vegetativo de Brassica napus em dependência do cultivar se
prolongou de 90 a 120 dias.
A soma das temperaturas ativas necessárias para formação de rendimento das sementes
se compõe de 1800 a 2100 ºC. Brassica napus tem o sistema de radicular bem desenvolvido.
A massa principal da suas raízes foi distribuída na profundidade de 25 a 45 cm. A demanda a
líquido é grande, principalmente, em fase de floração e formação de grãos.
A altura de Brassica napus constatada em média de 100 a 130 cm. A massa de 1000 de
sementes composta de 2,6 até 5,0 g em dependência do cultivar. Em dependência da cultura
do cultivar o teor de óleo nas sementes situado no intervalo de 35 até 50 % [5]. Desta
maneira cada hetare de sementeira de Brassica napus pode produzir de 600 a 800 kg do óleo.
Brassica napus cresce bem nos diversos solos além dos arenosos, argilosos pesados,
ácidos e pantanosos. Possui por válidas particularidades biológicas, sendo como uma cultura
fitosanitária. As sementes de Brassica napus conservam o poder germinativo durante 5 a 6
anos.
Os cultivares examinados se diferenciam entre si pela biologia de crescimento e
desenvolvimento bem como tiveram os índices diferentes de rendimento e de teor de óleo nas
sementes.
DNEPROVSKY. Cultivar foi recebido por método de seleção individual de uma
população híbrida. Área de emprego: óleo se utiliza para produção de biodiesel; bagaço de
sementes oleaginosas de Brassica napus usada como fonte de alimentação concentrada na
agropecuária.
Cultivar de Dneprovsky se predomina para cultivo de grãos no território da Ucrânia. A
planta atinge a altura de 115 a 120 cm. O seu período vegetativo é de 104 a 106 dias. A massa
de 1000 sementes é igual 3,5 g. As sementes contêm 42,4 % de óleo. O rendimento de grãos é
2400 kg/ha. Cada hectare de sementeira de Dneprovsky fornece 1000 kg de óleo.
O cultivar tem bons índices agronômicos, possui uma resistência elevada à queda. Tem
uma resistência média a doenças. A norma de semeação determinada à razão de 5 a 6 kg
sementes por um hectare. A profundidade de semeação de grãos foi de 2 a 3 cm.
2047
HOTOMAN. Cultivar presta para cultivo na zona de estepe. A planta tem altura de 95
cm, a espessura é 10 mm com 5 a 6 raminhos da primeira ordem. O sistema de raiz tem
comprimento de 30 a 50 cm. A inflorescência é um cacho. O fruto é uma vagem com
cumprimento de 5 a 6 cm com forma reta de batente tendo de 25 a 27 sementes arrendodadas
de côr castanho-preto. A massa de 1000 sementes é igual 3,4 g. Seu período vegetativo é de
91 dias.
O cultivar tem bons índices agronômicos. Tem uma resistência média a doenças,
insetos-pragas. O rendimento de grãos é 2200 kg/ha. O teor de óleo nas sementes na faixa de
46,6 %. A produção de óleo é 800-900 kg por hectare. A norma de semeação determinada à
razão de 5 a 6 kg sementes por um hectare com uma distância ente filas de 15 cm (1,2 milhões
sementes por hectare).
TITAN. Cultivar presta para cultivo na zona de estepe. O seu período vegetativo é de
110 dias. A massa de 1000 sementes são de 3,1 g. O cultivar tem bons índices agronômicos,
possui uma resistência elevada à queda. Tem uma resistência média a doenças, insetos-pragas.
O rendimento de grãos é 2300 kg/ha. O teor de óleo nas sementes 46,2 %. A produção de óleo
é 800 a 1000 kg por hectare. A norma de semeação determinada à razão de 5 a 7 kg sementes
por um hectare com uma distância ente filas de 15 cm (1,2 milhões sementes por um hectare).
LUGOVSKOY. Cultivar presta para cultivo na zona de estepe. O seu período vegetativo
é de 105 a 110 dias. O cultivar é plástico ecológico, distingue-se pela floração e amaduração
regular, possue uma resistência elevada à queda. A massa de 1000 sementes é de 4,0 g. O teor
de óleo nas sementes 45,0 %. Determina-se por produtividade estatal. O rendimento de grãos
é 2800 kg/ha. A produção de óleo é 1000 a 1200 kg por hectare.
VIKROS. O cultivar carateriza-se por sua grande produtividade, presta-se para cultivo
na zona de estepe. A planta tem altura de 90 a 105 cm, a espessura de 12 mm. O sistema de
radicular atinge comprimento até 55 cm. A inflorescência é um cacho. O fruto é uma vagem
com comprimento de 5 a 7 cm tendo de 24 a 28 sementes arrendodadas. A massa de 1000
sementes é igual 3,7 g. Seu período vegetativo de 95 dias.
O cultivar tem bons índices agronômicos, possui uma resistência elevada à queda. Tem
uma resistência média à doenças, insetos-pragas. O rendimento de grãos é 2700 kg/ha. As
sementes contêm 44,5 % de óleo. A produção de óleo é 850 a 950 kg por hectare. A norma de
semeação determinada à razão de 5 a 7 kg sementes por um hectare.
PODMOSKOVNY. É o novo cultivar. Foi admitido à utilização a partir de 2006. O
rendimento médio das sementes durante 5 anos de prova ecológica compôs 3900 kg/ha. O seu
período vegetativo é de 115 a 120 dias. O cultivar é plástico ecológico, distingue-se pela
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
2048
floração e amaduração regular, possue uma resistência elevada à queda. A massa de 1000
sementes é igual 5,0 g. O teor de óleo nas sementes 45,0 %. A produção de óleo até 1700 kg
por hectare. Preste para cultivo das sementes para produção de óleo bem como para forragem
verde.
Nas nossas experiências foi investigado o rendimento de diversos cultivares de Brassica
napus que são as fontes para produção de biodiesel. Pelo método Soksleta também foi
verificado o teor de óleo nas sementes de cultivares examinados. Os resultados de rendimento
o teor de óleo dessa cultura estão apresentados na Figura 1.
Como vimos de Figura 1 em geral o rendimento de todos os cultivares foi no intervalo
de 2200 a 3900 kg/ha. O valor máximo da produtividade de sementes atingido pelo cultivar
Podmoskovny com 3900 kg/ha, os outros cultivares de B. napus tiveram os índices em torno
de 2500 kg/ha.
4500 47
4000
Rendimento de sementes, kg/ha
46
3500
2000 43
1500
42
1000
41
500
0 40
1 2 3 4 5 6
2049
6
gramas
0
1 2 3 4 5 6
Cultivares de Brassica napus
1 2 3 4 5 6
1000 sementes, g 3,5 3,4 3,1 4 3,7 5
Os resultados obtidos mostram que a massa de 1000 sementes do cultivar Titan teve 3,1
g, enquanto do Podmoskovny foi elevado até 5,0 g.
Para extermínio de ervas daninhas em sementeira de Brassica napus utilizado um
herbicida Butisano-C. Este herbicida é preparado efetivo que atue principalmente através de
sistema de radicular e elimine as ervas daninhas antes e após de germinação delas. Se utilizar
o herbicida Butisano-C após de germinação de ervas daninhas, o composto ativo de herbicida
absorvido não só pelas raízes, mas também pelas folhas.
Em nossas experiências pesquisamos a influência de diversas doses de Butisano-C em
caso de pulverização dupla a sementeira de Brassica napus. A primeira pulverização efetivada
em fase de duas folhas cotilédones de Brassica napus. Neste período as ervas daninhas são
sobremaneira sensíveis ao herbicida Butisano-C. A segunda pulverização foi repetida nas
mesmas doses após 6 dias. Os resultados de elaboração dos dados obtidos de sementeira são
apresentados na Tabela 1. As doses de Butisano-C no cultivo de sementeira foi feito à razão
de um hectare.
2050
Tabela 1 - Ação de diversos doses de Butisano-C contra às ervas daninhas na sementeira de B.
napus
Nomes de ervas daninhas Efitividade de elaboração de sementeira por Butisano-C, %
0,5 l/ha 0,8 l/ha 1,2 l/ha
Alopecurus pratensis 94 97 97
Matricaria inodora 100 100 100
Chenopodium album 98 100 100
Capsella bursa-pastoris 99 99 100
Thlaspi arvense 82 83 89
Rumex acetosella 95 96 98
Stellaria media 98 99 99
Agropyron repens 92 97 100
Como vimos de Tabela 1 todas as três normas de gasto do Butisano-C foram muito
efetivas contra as ervas daninhas na sementeira de B. napus. Mesma a dose de 0,5 l/ha
permitiu receber uma efetividade de elaboração a 100 % para erva daninha como Matricaria
inodora e mais de 90 % para todos os outros espécies além de Thlaspi arvense.
A maior efetividade de Butisano-C foi observada em caso da sua utilização dupla em
dose de 1,2 l/ha. Portanto, para luta efetiva na sementeira de Brassica napus contra as ervas
daninhas pode usar a influência dupla de Butisano-C no início de vegetação com norma de
gasto do herbicida de 0,5 a 1,2 l/ha.
4 CONCLUSÃO
O maior produtividade tem o cultivar “Podmoskovny” de B. napus, o rendimento do
qual é composto 3900 kg/ha com massa de 1000 sementes a 5,0 g.
O cultivar “Podmoskovny” também, tem o maior teor de óleo nas sementes, o valor do
qual é composto 45,0 % do peso de sementes.
O cultivar “Podmoskovny” tem o maior o período vegetativo, isso é até 120 dias,
enquanto o cultivar “Hotoman” tem o menor período vegetativo de 91 dias.
Na sementeira de B. napus o herbicida Butisano-C tem a maior efetividade contra as
ervas daninhas caso de influência dupla no início de vegetação com norma de 1,2 l/ha.
2051
5 AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Lavras, MG, a Academia de Ciências Agrárias da Ucrânia,
ao Instituto Científico de Genética e Citologia da República de Belarus.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORETTO, Eliane; ALVES, Roseane F. Óleos e gorduras vegetais (processamento e
análises). Florianópolis: Ed. da UFSC, 1986.
KUCEK, K.T.; DOMINGOS, A.K.; WILHELM, H.M., RAMOS, L.P. Biodiesel produzido
através da reação de transesterificação etílica de óleos de soja refinado e degomado. Anais do
I Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Varginha MG,
15 a 17 de julho de 2004.
2052
ADAPTAÇÃO DO ALGORITMO GENÉTICO PARA A COLETA DE ÓLEO
USADO VISANDO À REDUÇÃO DO PROBLEMA DE ROTEAMENTO DE
ESTABELECIMENTOS COM JANELA DE TEMPO
2053
AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS DO 4º CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL
2054
CARACTERIZAÇÃO DE BIODIESEL PROVENIENTE DE DIFERENTES
MATÉRIAS-PRIMAS
2055
1 INTRODUÇÃO
O biodiesel pode ser definido como um mono-alquil éster de ácidos graxos, derivado de
fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais, obtido através de um processo de
transesterificação no qual ocorre a transformação de triglicerídeos em moléculas menores de
ésteres de ácidos graxos (Ferrari et. al, 2005) .Um dos maiores obstáculos técnicos à sua
utilização, particularmente em regiões de clima frio, é o seu desempenho a baixas
temperaturas. O ponto de névoa e o ponto de solidificação estão associados à cristalização do
óleo, o que influencia negativamente o sistema de alimentação do motor, bem como o filtro de
combustível, sobretudo quando o motor é acionado sob condições de baixas temperaturas.
Para estudar a dinâmica da cristalização, a análise por Calorimetria Diferencial de
Varredura (Differential Scanning Calorimeter, DSC) é particularmente útil. Trata-se de um
ensaio rápido, não-destrutivo – quando realizado a baixas temperaturas – que usa poucos
miligramas de amostra. Durante o resfriamento de um óleo, o DSC mede o calor liberado pela
cristalização – exotérmica – ou, inversamente, o calor absorvido durante a fusão –
endotérmica – de agregados cristalinos (Jiang et. al, 2001). Assim, pode-se prever o
comportamento do óleo em relação à temperatura. A composição do biodiesel, obtida por
Cromatografia Gasosa com Detector de Ionização de Chama (CG-DIC), permite identificar as
estruturas químicas presentes em uma amostra de biodiesel e relacioná-las à dinâmica de
cristalização da amostra. Esta não é uma relação direta, visto que ocorre cristalização
simultânea de vários ésteres metílicos de ácidos graxos, e o comportamento da mistura
dependerá de sua composição e até mesmo do regime de resfriamento.
Este trabalho tem como objetivo caracterizar termoanaliticamente biodiesel proveniente
de diversas fontes oleaginosas, sintetizados nos laboratórios de Química da UPF.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O biodiesel foi preparado a partir das seguintes matérias-primas: sebo bovino, óleo de
noz pecan, óleo de cinamomo e óleo de soja. Cada biodiesel foi obtido a partir da reação do
óleo respectivo com uma mistura de catalisador (NaOH) e metanol, em balão de vidro sob
agitação mecânica e banho termostatizado, na temperatura de 50ºC, sendo que toda a mistura
foi agitada até o início da transesterificação, observada pela mudança de cor do meio. Após a
transesterificação, o glicerol foi decantado ficando na parte inferior. O biodiesel foi lavado
(em água destilada acidificada) até pH neutro e seco por aquecimento, a 75ºC, por 2 horas.
2056
Para verificação das temperaturas de cristalização dos óleos, as amostras de biodiesel
obtido foram analisadas por Calorimetria Diferencial de Varredura no equipamento DSC-60
Shimadzu, em temperaturas sub-ambiente, utilizando o banho de nitrogênio líquido embutido,
que possibilita medições em baixa temperatura. Foram analisados aproximadamente 10 mg de
cada amostra. Antes de cada corrida de resfriamento, as amostras foram mantidas a 50ºC por
10 minutos, como forma de homogeneizar suas histórias térmicas. O resfriamento, a 10
ºC/min, foi desde 50ºC até -100ºC.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo a literatura, a forma de aquecimento ou resfriamento altera o intervalo de
temperatura onde ocorre a cristalização (González Gómez, 2002). Este intervalo de
temperatura varia conforme a oleaginosa.
O biodiesel de sebo possui alta temperatura de início de cristalização, aproximadamente
15ºC (Figura 1). Esta temperatura é bem elevada em comparação com o biodiesel de soja, que
foi de aproximadamente -2ºC (Figura 2). Já o biodiesel de cinamomo inicia a cristalização a
aproximadamente -5ºC (Figura 3), e o biodiesel de noz possui temperatura inicial de
cristalização de aproximadamente -15ºC (Figura 4).
Biodiesel Sebo
10
Calor (mW)
Início da
T cristalização
5
2057
Biodiesel Soja
Início da
Calor (mW)
T cristalização
Biodiesel de Cinamomo
4
Calor (mW)
Início da
T cristalização
Temperatura (ºC)
2058
Biodiesel de Noz
4
Início da
Calor (mW)
T cristalização
Temperatura (ºC)
4 CONCLUSÃO
A composição do biodiesel de cada matéria prima apresenta grande variação de
estruturas e quantidades relativas de éteres metílicos. Os principais fatores que influenciam
sobre a temperatura de cristalização de cada biodiesel são o tamanho das suas moléculas e
também a presença de ligações duplas nas cadeias carbônicas. O biodiesel de sebo tem como
composição principal os ésteres metílicos dos ácidos palmítico (C16:0) 30%, esteárico
(C18:0) 25% e oleico (C18:1) 45%. O biodiesel de óleo de soja é composto, principalmente,
por ésteres metílicos dos ácidos palmítico (16:0) 10%, oleico (C18:1) 22%, linoleico (C18:2)
54% e ácido linolênico (C18:3) 8%. O biodiesel de cinamomo apresentou palmítico (16:0)
7%, esteárico (C18:0) 5%, oléico (C18:1) 15% e linolêico (C18:2) 68,26%. O biodiesel de
noz têm como composição principal palmítico(C16:0) 6%, oléico(C18:1) 64% e linoléico
(C18:2) 26%.
A grande diferença nas temperaturas de início e na faixa de temperaturas de
cristalização permite perceber que a dinâmica de cristalização não é um comportamento que
dependa somente de qual dos componentes teria individualmente maiores temperaturas de
cristalização ou qual está presente em maior quantidade mas é um comportamento que
depende do conjunto, embora se observe a tendência a maiores temperaturas de cristalização
para composiçoes em que predominem moléculas maiores e mais saturadas.
A técnica de análise de cristalização por DSC permite, assim, o reconhecimento rápido
da temperatura de início de cristalização e uma noção da composição qualitativa em ésteres de
4º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
2059
ácidos graxos de um biodiesel. Estas informações são úteis para prever e analisar o
comportamento de misturas de biodieseis de diferentes fontes a fim de obter as características
desejadas no biodiesel final.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JIANG, Z., HUTCHINSON, J.M., IMRIE, C.T., Measurement of the wax apearance
temperatures of crude oils by temperature modulated differential scanning calorimetry,
Fuel, Volume 80, p. 367-371, 2001.
2060