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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação a Distancia

TRABALHO DE CAMPO I

Tema: O Tempo e Aspecto gramatical

Nome do Estudante: Cheila Fuleque Dos Santos Fole


Código: nº 708215751
Curso: Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa
Disciplina: Linguística Descritiva do Português 2
Ano de Frequência: 3º

Docente: Dr. Certo Manuel

Beira, Junho de 2023


Folha para recomendações de melhoria: A ser respondida pelo tutor.

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Índice

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4

1.1. OBJECTIVOS ...................................................................................................... 5

1.1.1. Objectivo Geral ................................................................................................. 5

1.1.2. Objectivos Específicos ...................................................................................... 5

2. METODOLOGIA ................................................................................................. 5

3. O Tempo e Aspecto gramatical ............................................................................ 6

3.1. A diferença entre tempo e aspecto gramatical ...................................................... 6

3.2. A distinção da categoria linguística tempo e da categoria linguística aspecto ..... 7

3.3. Outros recursos que igualmente podem veicularem valores aspectuais ............... 9

CONCLUSÃO .............................................................................................................. 11

REFEIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 12


INTRODUÇÃO

As línguas costumam, pois, apresentar certa organização linguística da noção de


tempo. Pouco importa, do ponto de vista semântico, que tal noção que se marque na flexão do
verbo ou mediante partículas, advérbios etc. Isso é questão da estrutura formal da língua.
De referir que, o primeiro trabalho sobre o aspecto em português foi o de Castilho em
19 67. Em seu trabalho ele define aspecto como sendo o indicador da duração ou
desenvolvimento do processo e do estado expressos pelo verbo, a categoria que se reporta aos
graus de realização da acção.
Um dos mais destacados linguísticos que desenvolveu uma teoria bastante utilizada na
Linguística do Português, é o Bernard Comrie, deu o conceito de tempo verbal, propôs
Comrie em (1976) que sugere que tempo verbal ou a expressão gramaticalidade da
localização temporal está relacionada a uma situação que se refere a outro tempo de fala.
Presente, passado e futuro, ou seja, os três tempos verbais comuns à maioria das línguas
descrevem o momento simultâneo, o momento anterior e o subsequente ao tempo de fala,
respectivamente. Comrie (1985) elaborou uma representação em diagrama relativamente
simples para analisar as expressões sobre o tempo nas línguas naturais.
Finalmente, vejamos algo sobre a estrutura do trabalho, com o tema “O Tempo e
Aspecto gramatical, insere-se no âmbito da avaliação da Disciplina de Linguística Descritiva
do Português 2 e encontra-se dividido em dois capítulos. O primeiro conte a introdução do
trabalho, onde nele determinaram-se os objectivos do trabalho (objectivo geral e específicos)
e as metodologias usadas na elaboração do trabalho, e por fim, no segundo capítulo contem o
desenvolvimento do trabalho, a essência da diferença entre o tempo e aspecto gramatical, bem
como a distinção da categoria linguística tempo e da categoria linguística aspecto, assim como
outros recursos que igualmente podem veicular valores aspectuais, e por fim, aprestamos
outros subtítulos que perfazem o segundo capitulo, procede ainda neste capítulo, a conclusão
do trabalho e as devidas referencias bibliográficas usadas na metodologia para a realização do
trabalho.
Por fim, com este trabalho será possível percebermos a temática de Tempo e Aspecto
Gramatical que é realmente importante. Portanto, o trabalho tende a ilustrar de forma positiva
a importância de Tempos e Aspectos gramáticas, este tema em pesquisa poderá ser um tema
que contribuirá de forma científica aos estudantes, a sociedade, e toda comunidade estudantil,
que queiram saber da Linguística Discretiva do Português.

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1.1. OBJECTIVOS

1.1.1. Objectivo Geral

 Este trabalho tem como objectivo realizar uma revisão bibliográfica sobre o Tempo e
Aspecto gramatical.

1.1.2. Objectivos Específicos

 Apresentar a diferença entre tempo e aspecto gramatical;


 Ilustrar a distinção da categoria linguística tempo e da categoria linguística aspecto;
 Falar outros recursos que igualmente podem veicular valores aspectuais.

2. METODOLOGIA

GIL (2008) define método ou metodologia como “caminho para se chegar a um


determinado fim” e método científico como “o conjunto de procedimentos intelectuais e
técnicos adoptados para se atingir conhecimento” (p. 9).
Para o nosso trabalho em questão, iremos usar como tipologia de pesquisa, a pesquisa
bibliográfica, que enquadra-se com os objectivos que queremos alcançar por meio de um
trabalho descritivo e analítico. Segundo LAKATOS & MARCONI (2010), “a pesquisa
bibliográfica é feita a partir de levantamento de referências já analisadas, e publicadas por
meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, página da web sites sobre o
tema a estudar”.

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3. O Tempo e Aspecto gramatical

A distinção tripartite de passado, presente e futuro não só não é inerente à estrutura de


qualquer língua, como não é sequer essencial para definição de tempo. Uma vez que podemos
identificar o ponto-zero temporal da situação canónica de enunciação, podemos definir uma
variedade de distinções potenciais de tempo em termos de simultaneidade vs. não-
simultaneidade, proximidade vs. não-proximidade, anterioridade vs. Posterioridade.
Cunha1 (1975) diz que alguns verbos são usados como auxiliares para “indicar matizes
de tempo ou para marcar certos aspectos do desenvolvimento da acção” tais como a
progressividade, o firme propósito de realizar algo ou o resultado final da ação.5 Pelos
aspectos do desenvolvimento anotados percebemos que Celso Cunha usa o termo “aspecto”
num sentido geral e não no sentido especializado da categoria verbal (p. 380).

3.1. A diferença entre tempo e aspecto gramatical

Enquanto tempo verbal designa a constituição temporal externa, a noção aspectual é


responsável pelas diferentes maneiras de se perceber ou observar a constituição temporal
interna de uma situação (Comrie, 1976).
O primeiro ponto que difere o aspecto, como categoria gramatical, do tempo, é que ele
é não-dêitico. O aspecto trata de distinções como extensão no tempo vs. instantaneidade,
complemento vs. não-complemento, e interação vs. não-interação e está bem fixado no
conjunto das línguas do mundo, possivelmente mais que a categoria de tempo. É muito
comum, contudo, que as línguas apresentem tanto tempo como aspecto. As gramáticas do
português, na sua quase totalidade, não só não dão nenhum tratamento sistematizado à
categoria do aspecto, como nem mesmo se referem a ela ou, quando o fazem, é a propósito
dos valores de certos tempos verbais. Tal descuido é tanto mais incompreensível quando se
sabe da fixação paradigmática, no pretérito, de formas de imperfeito opostas às de perfeito,
quando se sabe da riqueza de construções aspectuais com perífrases e do fato de ser o
português uma das poucas línguas em que se encontra lexicalizada a oposição aspectual
ser/estar. O que é certo é que a distinção semântica entre Ele trabalhou, Ele trabalhava e Ele
tem trabalhado é não-deíctica.

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Cunha se refere directamente a aspecto, mas não o trata como uma categoria verbal, não busca conceituar
aspecto ou estabelecer um quadro aspectual, definindo os aspectos. O que temos é uma utilização do termo
aspecto sem qualquer preocupação de sistematizar algo sobre o assunto, sendo quase certo que o autor utilizou a
palavra “aspecto” sem estar pensando na categoria que tem este nome.
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O segundo ponto a destacar nas distinções entre tempo e aspecto é que, embora se
encontrem comummente numa mesma língua, é comum a existência de lacunas e assimetrias
entre eles. Por exemplo, na maioria das línguas as oposições aspectuais perfectivo vs.
imperfectivo aparecem gramaticalizadas nas formas de tempo pretérito e não nos outros
tempos. Além do mais, se traçarmos um conjunto de oposições possíveis de valores
aspectuais, do tipo:
(i) estativo vs. não-estativo;
(ii) durativo vs. não durativo;
(iii) pontual vs. não-pontual;
(iv) progressivo vs. não-progressivo.
No manual de Linguiça do Português 2 da UCM, destaca-se que é importante, todavia,
perceber que, apesar da diferença entre as duas categorias linguísticas, elas partilham sempre
pontos de contacto, na medida em que podem operar com o mesmo tipo de conceitos
temporais, o de intervalo (UCM, 2017, pp. 50-51).
Por outro lado, certos advérbios podem funcionar com valor aspectual ou temporal, o
mesmo acontece com alguns tempos verbais que podem introduzir alterações aspectuais.

3.2. A distinção da categoria linguística tempo e da categoria linguística aspecto

O aspecto, na gramática tradicional, não é tratado como categoria verbal. Nas


gramáticas do português consideradas tradicionais, a categoria aspecto é referida como “modo
de acção”, tratada junto à categoria de tempo, numa oposição durativo ou pontual; contínuo
ou descontínuo.
Cunha (1972) define o aspecto como “uma categoria gramatical que manifesta o ponto
de vista do qual o locutor considera a acção expressa pelo verbo”. Postula que acção pode ser
considerada “concluída” ou “não concluída” e que é o significado dos verbos auxiliares que
transmite ao contexto os sentidos de incoativo, permansivo e conclusivo. Enfim, refere-se ao
aspecto num sentido geral, não como categoria verbal e não se preocupa em sistematizá-lo.
Pode-se definir tempo linguístico como tempo da situação referida a algum outro
tempo, normalmente, o momento da fala. O tempo não é marcado de forma explícita, pois o
tempo verbal é tomado como indicação de um determinado tempo em relação ao presente.
Podemos verificar esse raciocínio no esquema a seguir:

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Figura 1: Representação de tempo segundo Comrie (1985)

Nessa figura, podemos observar que o tempo é apresentado como uma linha reta na
qual o passado se encontra à esquerda e o futuro, à direita do ponto (0), sendo que esse ponto
zero representa o presente. Sabe-se que, em muitas línguas, há a incorporação da categoria
temporal ao verbo.
Segundo Travaglia2 (2006, p. 39), a categoria de tempo situa o momento de ocorrência
da situação a que nos referimos em relação ao momento da fala como anterior (passado),
simultâneo (presente) e posterior (futuro). É considerada uma categoria deíctica pelo autor,
pois serve para expressar distinções que dizem respeito ao tempo em que ocorre o ato de fala.
A noção de aspecto pode ser tratada pelo menos de dois pontos de vista: o lexical e o
gramatical. O aspecto lexical, ou aktionsart, de um verbo consiste no modo como se encontra
em uma estrutura e como tal verbo expressa evento, estado, processo ou ação. O aspecto
lexical se distingue do aspecto gramatical porque o aspecto lexical é uma propriedade inerente
de uma eventualidade, já o aspecto gramatical seria uma propriedade de uma realização
sintáctica ou morfológica. O primeiro é invariável e o segundo é dependente da necessidade
do falante.
Luft (1976, cit. em, Travaglia, 2016) considera a categoria aspecto como exprimindo a
oposição entre acabado ou não acabado. Postula que essa categoria manifesta-se
conjuntamente com o tempo em algumas formas verbais como cantei/canto, cantar/cantava;
ou exprimisse mediante a locução verbal (estava cantando/tem cantado), ou pelos sufixos -
ec(er)=incoativo; -ej(ar, -it(ar)= iterativo)ou pelo próprio radical verbal com sua significação
característica. Ainda, segundo ele, as locuções verbais podem exprimir aspectos do processo
como anterioridade, posterioridade, continuidade, repetição, progressão, início, conclusão,
etc. sua referência ao aspecto não deixa claro o que é essa categoria, nem quais são os
aspectos possíveis, nem quando e como se manifestam (p. 28).

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Para o autor, tempo é uma categoria deíctica porque estabelece a localização no tempo, e aspecto é uma
categoria não deíctica, pois seu significado não remete ao momento da enunciação. Na mesma linha de
raciocínio, Comrie (1976) indica uma diferenciação entre tempo e aspecto ao enunciar que a expressão
“constituição temporal interna” trata-se de uma compreensão em termos da oposição proposta entre “tempo
interno da situação”, que diz respeito a aspecto, e “tempo externo da situação”, que se refere a tempo.
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3.3. Outros recursos que igualmente podem veicularem valores aspectuais

Segundo manual da UCM, qualquer falante do Português quando ouve ou lê fases


como as que se seguem, interprete-as, obviamente, como descrevendo situações localizadas
no passado, no presente e no futuro (p. 49):
i. O Presidente visitou a UCM.
ii. O Presidente visita a UCM.
iii. O Presidente visitará a UCM.
Embora a situação descrita por cada uma das frases seja a mesma (a visita do
Presidente a UCM), as frases podem ter valores de verdade diferentes devido à localização
temporal da situação induzida pelo tempo gramatical utilizado. Em i. a situação está
localizada num intervalo de tempo anterior ao ponto da fala ou momento da enunciação.
Em ii. A situação descrita sobrepõe-se ao ponto de fala, uma vez que o intervalo de tempo
em que se localiza o ponto de evento e o ponto da fala têm momentos comuns. Em iii.
a situação descrita está localizada num intervalo de tempo posterior ao ponto da fala.
Ora, reparemos outra situação:
a. Às nove horas, o João comeu uma maçã.
b. Às nove horas, o João comia uma maçã.
Embora as duas situações descritas se encontrem localizadas no passado é diferente o
modo como são apresentadas a sua estrutura interna. Com efeito, em a). A situação descrita
ocorre no intervalo de tempo denotado por Às nove horas localizado no passado. Mas em b).
a. situação é descrita globalmente, isto é incluindo o processo preparatório envolvido (a fase
inicial da situação, o ponto de culminação ( isto é, a mudança de estado, de lugar ou de posse
de uma das entidades envolvidas) e o ponto resultante ( neste caso, a maçã estar comida), a
descrição apresentada em b. focaliza apenas o processo preparatório.
Os casos (i, ii, iii) e (a, b) mostram claramente não só as diferenças entre a categoria
linguística, tempo e a categoria aspecto, mas também os pontos comuns entre elas.
É importante, todavia, perceber que, apesar da diferença entre as duas categorias linguísticas,
elas partilham sempre pontos de contacto, na medida em que podem operar com o mesmo tipo
de conceitos temporais, o de intervalo. Por outro lado, certos advérbios podem funcionar com
valor aspectual ou temporal, o mesmo acontece com alguns tempos verbais que podem
introduzir alterações aspectuais.

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Travaglia (2016), diz que “tempos compostos” formados de ter, haver (raramente) ou
ser (mais raramente) exprimem que a acção verbal está concluída. Entretanto parece não
apresentar o “concluído” como um aspecto do verbo, fala dos auxiliares acurativos que “se
combinam com o infinitivo ou gerúndio do verbo principal para determinar com mais rigor os
aspectos do momento da acção verbal que não se acham bem definidos na divisão geral
de tempo presente, passado e futuro” (grifo nosso) (p. 28).

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CONCLUSÃO

Chegamos a conclusão que tempo e aspecto são categorias que se manifestam de


forma diferente da forma como se dão, na língua portuguesa. O aspecto é uma categoria que,
embora “localizada” no verbo, sofre influência dos mais diversos elementos presentes na frase
e é impossível estudá-lo sem tratar de sua relação com tais elementos, o que, seguidamente,
exige um estudo. Observou-se também que não há uma definição de aspecto, a não ser
indirectamente, ao dizer que são aspectos do momento da acção verbal o que nos leva mais
para a categoria de tempo do que para o que chamaremos de aspecto.
Portanto, o tempo está representado por advérbios, locuções adverbiais ou o que as
gramáticas da língua denominam de “marcadores”, que, conforme já apresentamos, são
partículas ou lexemas que designam funções gramaticais, tais como modo, tempo e aspecto.
Vamos apresentar, inicialmente, como podem ser representadas as formas no passado

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REFEIAS BIBLIOGRÁFICAS

COMRIE, B. (1976). Aspect: an introduction to the study of verbal aspect and related
problems. Cambridge: Cambridge University Press.
COMRIE, B. (1985). Tense. Cambridge: Cambridge University Press.
CUNHA, C. (1972). Gramática do português contemporâneo. Belo Horizonte: B.
Álvares.
GIL, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social (6ª ed.). São Paulo: Atlas.
LAKATOS, E. M., & MARCONI, M. D. (2010). Fundamentos de metodologia
científica (7ª ed.). São Paulo: Atlas.
LUFT, C. P. (1976). Moderna gramática brasileira. Porto Alegre: Globo.
Travaglia, L. C. (2016). O aspecto verbal no Português: a categoria e sua expressão
(5ª Edição ed.). Uberlândia, Brasil: EDUFU.
UCM. Linguística Descritiva do Português II. Beira: CED.

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