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1ª Edição
2021
DEDICATÓRIA
I – A PROMESSA
II – VOVÓ WU MEI
III – CHEGANDO AO GRANDE PALÁCIO DOS PROTETORES
IV – A PASSAGEM
V – RUMORES
VI – OS PRIMEIROS CAVALEIROS
VII – A SENTENÇA E O FIM DE UMA HISTÓRIA
VIII – BALANÇO
VIX – NO CENTRO DA ETERNIDADE
X – CONVERGÊNCIA
XI – O COMEÇO DE UMA NOVA HISTÓRIA
XII – A ORDEM DE SEKHEM
XIII – A PALMA CÍCLICA
XIV – O CAMINHO NÃO PERCORRIDO
XV – O INÍCIO DA BUSCA
XVI – AS CINCO ARMAS LENDÁRIAS
XVII – DE VOLTA AO GRANDE PALÁCIO DOS PROTETORES
XVIII – A GRANDE GUERRA DRAKKAR
XIX – O FIM DE UM CICLO
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A PROMESSA
VOVÓ WU MEI
CHEGANDO AO
GRANDE PALÁCIO DOS PROTETORES
***
A PASSAGEM
RUMORES
***
OS PRIMEIROS CAVALEIROS
BALANÇO
Por alguns minutos, talvez horas, ouvi os sons dos animais no-
turnos que viviam naqueles terrenos áridos. De olhos fechados, sem
condições de me levantar, falar ou mesmo me mexer, só me restava
esperar a morte derradeira que logo me alcançaria.
Então ouvi o som dos grous ao longe que se assustavam com
alguma coisa e batiam suas asas desesperadamente; assim, logo, pas-
sei a ouvir o andar pesado dos Yaks que se aproximavam. Aqueles
bovinos de pelo longo, típicos daquela região, não andavam à noite
e, se passassem por cima de mim, certamente terminariam com meu
sofrimento.
– Vejam só... – ouvi uma voz rouca e cansada – Como eu ha-
via imaginado...
Meu corpo estava tão fraco que minha mente parecia dispersar
em pensamentos, lutando para não se entregar; porém, mesmo as-
sim, a minha consciência se ia de tempos em tempos, como o sono
que nos pega devagar.
Senti minhas pernas sendo puxadas enquanto eu era levada até
alguma base de madeira, onde continuei deitada e, em seguida, ouvi
aquela voz fazer um som como se comandasse os Yaks para que
andassem.
– Quem está aí? – murmurei forçosamente no instante em que
o que parecia ser uma carroça começou a andar.
O chacoalhar e os solavancos daquele transporte em meio à
areia e as pedras não me deixavam perceber se a voz me respondia
ou não.
– Quem é? – insisti, porém sem sucesso.
O silêncio reinou até que minha consciência se foi de vez.
NO CENTRO DA ETERNIDADE
CONVERGÊNCIA
A ORDEM DE SEKHEM
***
***
A PALMA CÍCLICA
O INÍCIO DA BUSCA
Durante nossa viagem, que tomaria muitos dias, nós todos nos
dedicamos à Contemplação. Eu a fazia duas vezes ao dia, como a-
prendera com minha vovó Wu Mei. Uma ao amanhecer e outra ao
anoitecer. Era o melhor momento para Cultivar Essência Primordial
que, no nosso caso, como Drakkars, seria integrada à nossa Essência
Draconiana, fortalecendo-a e se acumulando.
No caminho, com muito tempo para pensar, refletindo, che-
guei à conclusão de que, se não fosse por GongSun e Xuannü, eu
jamais poderia acessar a Primeira Mansão; pois mesmo para a Tro-
vão Abenuz havia sido muito difícil dominar aquele poder. Ensinar a
outros era um trabalho impraticável. Porém, com o conhecimento
que obtive, desde minha vovó Wu Mei até a Leonesa, em conjunto
com a Sela da Eternidade, foi possível desenvolver um treinamento
que possibilitou a todos ali chegar mais rápido à Primeira Mansão
Lunar, mesmo que a maioria dos aprendizes ainda não tivesse con-
seguido. Felizmente os Cavaleiros da Ordem da Garra do Dragão, e
eu, já éramos Drakkars de Primeira Grandeza. E, se eu já era uma
Drakkar acima da média, aquilo tudo era resultado e mérito de todos
que haviam me ajudado a chegar até ali.
Antes do por do Sol, nós parávamos a caravana e montávamos
acampamento, passando a treinar nossos Sopros e sincronismo com
o Sangue Draconiano. Só depois de muito treino é que encerráva-
mos as atividades e nos recolhíamos para comer e dormir. E, depois
da madrugada, logo antes de amanhecer, Meresamun me acordava e
me levava para longe, para me ajudar no desenvolvimento do Corpo
Solar e no Cultivo do Sekhem.
– Quando o Sol se levanta – dizia Meresamun todos os dias –
E sua luz reflete nos seus olhos negros e rasgados... eu fico encanta-
da e, a cada dia, apaixono-me mais por essa beleza indescritível que é
você, Long’er...
Naquela altura ela já havia adotado o tratamento carinhoso
que vinha de Lihuá e meus amigos. E, eu, claro, sempre morria de
vergonha.
Pela manhã, bem cedo, depois do café, levantávamos acam-
pamento e seguíamos com a caravana. Aquela rotina já era um hábi-
to e nem sequer questionávamos mais aqueles modos. Éramos nô-
mades. Aliás, eu já o era há muito tempo, desde que fora aprender
com GongSun, então não sentia tanta mudança na minha forma de
viver, naquela altura.
Depois de algum tempo, eu não tendo mais Sopros para a-
prender, comecei a ocupar o espaço daquele treinamento específico
com outra coisa. Como havia aprendido a técnica da “Fúria de San-
gue” do Rugido de Sekhem, que usava o Reflexo para atingir pontos
vitais do inimigo com as Garras de Sekhmet, pensei em desenvolver
uma habilidade voltada para qualquer um dos que ali estavam. Uma
técnica que não precisasse das Garras de Sekhmet, exclusivas das
Leoas da Ordem de Sekhem.
Assim, sem as Garras de Sekhmet, não haveria formas de cor-
tar as microescamas dos outros Drakkars para atingir seus pontos
letais físicos; mas então me ocorreu algo realmente inovador para a
época. Xuannü havia me ensinado com a Shurdu que, dentro dos
Drakkars, havia onze pontos importantes, por onde fluía a Essência
Draconiana: os Onze Pontos Sincrônicos do Fluxo. A Shurdu possu-
ía os cinco níveis originais da Palma Servil dos Protetores e, o quinto
nível, chamado de “Palma Divina do Servo”, rompia os Pontos Sincrô-
nicos, destruindo o corpo de dentro para fora instantaneamente.
Ora, era claro que não seria possível romper os Pontos Sincrônicos
com as mãos nuas, mas era possível, como tínhamos aprendido com
o “Punho do Rei”, a arte de combate corpo a corpo ensinada no Palá-
cio dos Protetores, impor certa pressão no impacto de forma sufici-
ente para paralisar pontos específicos por uns momentos.
Então, unindo o conhecimento dos Pontos Sincrônicos, o
“Punho do Rei” e o uso do Reflexo aprendido na “Fúria de Sangue”,
desenvolvi uma técnica de combate corpo a corpo especial para ser
usada exclusivamente por Drakkars, e contra Drakkars. Essa técnica
comprimiria seus pontos de pressão por onde se movia a Essência
Draconiana e, assim, impediria a eles de Soprar por alguns instantes.
Séculos depois eu aprimoraria essa habilidade, criando o Caminho da
Garra Óctupla. Porém, naquele momento, aquela habilidade era a
base que eu precisava para transformar meus companheiros em mes-
tres invencíveis do combate corpo a corpo Drakkar.
***
DE VOLTA AO
GRANDE PALÁCIO DOS PROTETORES
Assim, nos dias que foram se passando, tal como fizera com a
Rainha Leonesa, Bandhu e eu mapeamos os processos mentais que
me faziam acessar a Primeira Mansão e, dessa forma, criamos uma
receita, uma forma de guiar sua mente para acessar a Primeira Man-
são sem a necessidade da forma Imane. Porém, era claro que aquela
técnica só se mostrava possível pelo fato de Bandhu ter ambos os
pólos equilibrados. As energias primordiais pareciam fluir com mais
facilidade através dele. E, com o tempo, felizmente ele conseguiu.
Sua alegria em assumir pela primeira vez a forma de Primeira
Grandeza era comparada somente com a do dia em que conseguira
criar com sucesso seu Sopro Cristal.
– Uma Cavaleira! – ouvimos outros gritos vindos dos portões
de entrada.
Novamente todos nós corremos ao salão principal e vimos,
regressando, cheia de orgulho e ânimo, a Mestra Yae, portando con-
sigo o brilho intenso e as quentes chamas da Espada de Marduk.
Todos nós a parabenizamos e, naquela noite, houve um ban-
quete em sua homenagem, tal como fizéramos com Ninhursag.
A Trovão Abenuz era a única que ainda não havia regressado e
aquilo nos assustava um pouco; pois Yae havia ido a um local muito
mais distante e muito mai inóspito, e já estava de volta.
O regresso das duas Mestras rendera muitas conversas e óti-
mas histórias. Ambas haviam estado em locais extremamente frios.
Ninhursag tinha subido na mais alta montanha do mundo, onde o
gelo nunca some e, disse ela, que lá encontrou uma tribo de pessoas
que vinham de dentro da Terra por uma enorme caverna e que, eles,
ajudando-a a reaver o Arco, convidaram-na para adentrar ao seu
mundo, no interior do nosso mundo externo, e viver com eles. Ni-
nhursag disse que, um dia, certamente os visitaria, mas que naquele
momento não podia. Já Yae nos contou que a Espada estava no
centro daquele continente de gelo, onde o frio congelava até os os-
sos e, que lá, também encontrou um povo, com barcos de metal
reluzente que navegavam pelo ar. Esse povo também vivia no interi-
or da Terra e ia e vinha através de cavernas gigantescas.
Todos nós estávamos ali deslumbrados com aquelas aventuras
estranhas, e felizes de que elas haviam regressado em segurança.
– Estou muito preocupada com a Mawu – disse Lihuá.
– Ela já deveria ter voltado há dias – comentou Djet.
– Nós já estamos muito avançados nos treinamentos – disse
Ninhursag – Não quero que ela fique para trás.
Naquela mesma semana, Djet e Ninhursag conseguiram aces-
sar a Segunda Mansão e assumir a forma de Segunda Grandeza. Era
um motivo de vitória, mas sabíamos, por informações que vinham
de Protetores de diversos cantos do mundo, que os insurgentes tam-
bém já estavam atingindo a forma de Segunda Grandeza e que, o
primeiro Drakkar a assumir a forma Imane, estava prestes a dominar
a forma de Terceira Grandeza. A dedicação dos insurgentes em au-
mentar seu poder era, infelizmente, muito maior que a nossa.
Quanto a mim, estava tão focada em ajudar os outros Drak-
kars em acessar a Primeira Mansão que sequer me dediquei ao meu
próprio treinamento. E, ainda que muitos deles conseguissem, de-
pois de muito empenho, assumir a forma de Primeira Grandeza, a
maioria não conseguia ultrapassar a forma Varanus.
– Ataque! – ouvimos um Protetor entrar correndo no Palácio.
Todos nós nos reunimos no salão principal para ouvir a men-
sagem do batedor, dizendo que a alguns dias de viagem dali, mar-
chavam para o Palácio, um exército de incontáveis Drakkars. Um
exército que ia de um horizonte ao outro.
As Mestras então nos contaram que o exército era muito mai-
or. Que, durante os últimos três anos, muitos Drakkars do Palácio
foram enviados, como pequenos exércitos, para atacar os insurgen-
tes e muitas batalhas já haviam sido travadas distantes dali. Esse era
o único motivo do Palácio ainda estar de pé.
– Essa guerra já começou há mais de dois anos... – disse a
Primeira Mestra para nós – Muitos Drakkars e Protetores já perde-
ram a vida nesse confronto, mas nunca tinham marchado diretamen-
te para cá. Devem ter aumentado suas fileiras de Drakkars.
– Se não tivéssemos deixado o Palácio... – murmurou Djet –
Poderíamos ter treinado todos mais cedo, e os insurgentes já estari-
am completamente destruídos.
– Isso é verdade, Djet – disse a Primeira Mestra – Mas não há
como mudar o passado, só aprender com ele. Precisamos de todos
agora para proteger nossa casa. E, adianto, não vai ser fácil.
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O FIM DE UM CICLO