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PRODUÇÃO, PREÇOS E SUBVENÇÕES ECONÔMICAS

NO EXTRATIVISMO DO AÇAÍ, CASTANHA-DO-PARÁ,


PÓ DE CARNAÚBA E BABAÇU

Emiliana Barros Cerqueira


Jaíra Maria Alcobaça Gomes
INTRODUÇÃO
Extrativismo – atividade econômica mais antiga

Fragilidades do extrativismo

Econômicas Sociais Ambientais

Intermediários Informalidade Pressão da colheita


sobre os recursos
Preços Assistência naturais
governamental
Produtos in natura
(SILVA; GOMES; ALBUQUERQUE, 2017)
INTRODUÇÃO

Fragilidades do extrativismo Políticas públicas

Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM)

Surgiu em1943

Órgão responsável pela operacionalização: Conab

Principais instrumentos de operação: AGF e EGF

Em 2009 surge nova modalidade – PGPM-Bio

Novo instrumento de operação: Subvenções econômicas


INTRODUÇÃO

Entraves à operacionalização PGPM-Bio fixa os preços


da PGPM-Bio, conforme mínimos usando critérios
Viana (2013): exigência da apenas econômicos
DAP e da nota fiscal, sendo (CERQUEIRA; GOMES,
um processo burocrático. 2015).

Ribeiro, Santos e Bittencourt Lima, Cardoso Jr., e Lunas


(2015) constataram que a (2017) destacam que a
inclusão do pinhão na PGPM-Bio se apresenta
PGPM-Bio traria muitos como um mecanismo eficaz
benefícios. para a conservação.
INTRODUÇÃO

PROBLEMA DE PESQUISA

Como se deu a operação da PGPM-Bio, entre 2009 e 2017,


para os produtos da sociobiodiversidade que geraram, em
2017, as maiores somas de valores na produção extrativa
vegetal não-madeireira brasileira?
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS

Identificar, dentre os beneficiários da PGPM-Bio, os


principais produtos do extrativismo vegetal não-madeireiro,
segundo o valor da produção em 2017;

Examinar a evolução, de 2009 a 2017, da quantidade e do


valor produzidos, assim como dos preços mínimos e de
mercado dos principais produtos;

Analisar, para os principais produtos, as subvenções pagas e a


quantidade de extrativistas auxiliados pela PGPM-Bio, entre
2009 e 2017.
METODOLOGIA
A área de estudo compreende todo o território nacional.

A escolha dos produtos principais produtos, em termos


de valor produzido, baseou-se nos seguintes critérios:

Ser amparado pela PGPM-Bio;

Ter informações disponíveis no Sistema IBGE de


Recuperação Automática (SIDRA);

Ter as maiores participações no valor produzido da


extração vegetal do país, em 2017.
METODOLOGIA
Para examinar a evolução, de 2009 a 2017, da quantidade e
do valor produzidos, e dos preços mínimos e de mercado
usaram-se os dados

Do SIDRA/IBGE - quantidade e valor produzidos

Da Conab - preços de mercado e mínimo

Os valores de produção e os preços de mercado e mínimo foram


deflacionados pelo IGP-DI, tendo como base o ano de 2017.
Mapa 1 – Valor da produção na extração vegetal, conforme UF, em 2017.

Fonte: Dados básicos IBGE/PEVS. Elaboração: autora.


Gráfico 1 – Principais produtos do extrativismo vegetal, em termos de
valor produzido, em 2017, no Pará, Amazonas, Piauí, Maranhão e Ceará.

Babaçu (amêndoa)

Piaçava

Carnaúba (pó)

Borracha

Umbu (fruto)

Pinhão

Pequi (fruto)

Mangaba (fruto)

Castanha-do-pará

Açaí (fruto)

0 100000 200000 300000 400000 500000

Ceará Marnhão Piauí Amazonas Pará

Fonte: Dados básicos IBGE /PEVS. Elaboração: autora.


PRINCIPAIS PRODUTOS DA SOCIOBIODIVERSIDADE, DE
ACORDO COM O VALOR DA PRODUÇÃO
Gráfico 2 – Participação de cada UF brasileira no valor de produção, em
2017, do açaí, pó de carnaúba, castanha-do-pará e babaçu.
MG
Babaçu BA
MT
PB
RN
Castanha-do-pará CE
PI
SC
MA
TO
Pó de carnaúba
AP
RR
AC
AM
Açaí
RO
PA
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
Fonte: Dados básicos IBGE/PEVS. Elaboração: autora.
Gráfico 3 – Quantidade produzida (a), em mil toneladas, e valor da
produção (b) deflacionado, em mil R$, do açaí, no período 2009-2017.
(a)
210000 20000

180000
19200

150000
18400

120000
17600
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2009 2010

600000
(b) 3600
42000 220000
540000
200000
480000
36000 2700
180000
420000
160000
1800
30000
360000
140000
300000
900
120000
24000
240000
2009
2009 2010
2010 2011
2011 2012
2012 2013
2013 2014
2014 2015
2015 2016
2016 2017
2017 2009
2009 201
2010
Fonte: Dados básicos IBGE/PEVS. Elaboração: autora. 14000
120000
110000
AÇAÍ

Nogueira, Santana e Garcia (2013) - bem de luxo

Menezes et al. (2011) - benefícios para a saúde

Homma (2008) - crescimento do mercado estimulou a domesticação

Homma et al. (2006) - essa expansão, levou à:


▪ exploração de áreas sujeitas a riscos ambientais,
▪ substituição do beneficiamento tradicional por indústrias
modernas, e
▪ exclusão de consumidores com menor poder aquisitivo
Gráfico 4 – Quantidade produzida (a), em mil toneladas, e valor da produção
(b) deflacionado, em mil R$, do pó de carnaúba, no período 2009-2017.
(a)
20000

19200

18400

17600
2016 2017 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

3600
220000 (b)
200000
2700
180000
1800
160000

140000
900
120000
2016 2017 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
2016 2017 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: Dados básicos IBGE/PEVS. Elaboração: autora.


14000
PÓ DE CARNAÚBA

Almeida et al. (2009) verificaram que ocorreu variação negativa da


quantidade e uma variação positiva no preço do pó de carnaúba entre
1982 e 2005.

Cerqueira e Gomes (2017), detectaram o desmatamento de


carnaubeiras para a construção de empreendimentos imobiliários.

Cerqueira, Gomes e Silva (2011) mencionaram sua substituição pela


fruticultura no Vale do Açu (RN).

Homma (2008), afirma que apesar da concorrência com ceras


sintéticas, o mercado continua crescente, já que inexistem substitutos
perfeitos para a cera de carnaúba.
18400

– Quantidade produzida (a), em mil toneladas, e valor da17600


Gráfico 5 120000 produção
(b) deflacionado,
2009 em mil2011
2010 R$, da
2012castanha-do-pará,
2013 2014 2015 no período
2016 2017 2009-2017.
2009 2010

600000 (a) 220000


3600
42000
540000
200000
480000 2700
36000 180000
420000
160000
360000 1800
30000
140000
300000
900
120000
24000
240000
2009
2009 2010
2010 2011
2011 2012
2012 2013
2013 2014
2014 2015
2015 2016
2016 2017
2017 2009
2009 2010
2010

120000
(b) 14000
110000
12000
112000
88000 10000
104000
8000
96000
66000
6000
88000
44000 4000
80000
2009
2009 2010
2010 2011
2011 2012
2012 2013
2013 2014
2014 2015
2015 2016
2016 2017
2017 2009 2010

Fonte: Dados básicos IBGE/PEVS. Elaboração: autora.


210000
CASTANHA-DO-PARÁ

Angelo et al. (2013), afirmaram que a atividade de extração da


castanha-do-pará estava sendo afetada pelo desmatamento.

Para Homma (2008) os motivos desse desmatamento são:

▪ preços dos produtos agrícolas superiores aos dos bens


extrativos, estimulando o plantio de roças;

▪ substituição das castanheiras por projetos de assentamentos,


expansão urbana, mineração, pastagem, extração madeireira;

▪ superexploração dos frutos, que atrapalham sua reprodução.


480000
180000
30000
420000

– Quantidade produzida (a), em mil toneladas, e valor da


160000
Gráfico 6360000
24000 140000
produção (b)300000
deflacionado,
2009 2010
em
2011
mil
2012
R$, do
2013
babaçu,
2014 2015
no período
2016 2017
2009-2017.
120000
240000
2009 2010 2011 (a)
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2009 201
110000
120000

88000
112000

104000
66000
96000

88000
44000
80000 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

(b)
210000

180000

150000

120000

90000

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: Dados básicos IBGE/PEVS. Elaboração: autora.


BABAÇU

O óleo de babaçu, que é o principal subproduto de exploração da


amêndoa de babaçu, enfrenta algumas dificuldades, como:
▪ concorrência com produtos de melhor qualidade;
▪ possui um substituto perfeito, o palmiste;
▪ apresenta características fora dos padrões estabelecidos,
nomeadamente, no que se refere aos índices de saponificação,
refração e densidade;
▪ possui altos custos de produção e de transação em decorrência da
produção dispersa e da distância existente entre os elos da cadeia
produtiva;
▪ falta de diferenciação.
(HERRMANN et al., 2001; MESQUITA, 1996; RABELO,
ARAÚJO, MARQUES, 2013).
Gráfico 7 – Preço de mercado e preço mínimo, deflacionados, do açaí,
pó de carnaúba, castanha-do-pará, e babaçu, no período 2009-2017.
12
2,4

10
2,0

8
1,6

6
1,2

4
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

6,0 2,8

4,5 2,4

2,0
3,0

1,6
1,5

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Preço de mercado açaí Preço mínimo açaí

Preço de mercado pó Preço mínimo pó

Preço de mercado castanha Preço mínimo castanha

Preço de mercado babaçu Preço mínimo babaçu

Fonte: Dados básicos Conab. Elaboração: Emiliana Barros Cerqueira.


Gráfico 8 – Subvenções pagas (a), em R$, e quantidade de extrativistas
amparados (b), entre 2009 e 2017: açaí, castanha-do-pará, babaçu e total.
(a) (b)
8000000 18000

7000000 16000

14000
6000000
12000
5000000
10000
4000000
8000
3000000
6000
2000000
4000

1000000 2000

0 0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Açaí Castanha-do-pará Babaçu Total

Fonte: Dados básicos Conab. Elaboração: Emiliana Barros Cerqueira.


CONCLUSÃO
Principais produtos do extrativismo vegetal não-madeireiro
beneficiados pela PGPM-Bio

Açaí Pó de carnaúba Castanha-do-Pará Babaçu

A Quantidade e o valor da produção, entre 2009 e 2017, foi


decrescente para a castanha-do-Pará e babaçu

Preços de mercado e preços mínimos – situação crítica para o babaçu

Operacionalização da PGPM-Bio para esses quatro produtos


REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. N. et al. Evolução da produção e preço dos principais produtos florestais não
madeireiros extrativos do Brasil. Cerne, Lavras, v. 15, n. 3, p. 282-287, 2009.

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CERQUEIRA, E. B.; Política de garantia de preços mínimos e preservação na cadeia
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CERQUEIRA, E. B.; GOMES, J. M. A. Sociobiodiversidade, Mercado e Política de Preços


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(Mill.) H.E. Moore) em Campo Maior-PI. GeoTextos, vol. 13, n. 2, p. 161-181, 2017.

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subvenções pagas e quantidade de extrativistas amparados pela PGPM-Bio. [mensagem
pessoal]. Mensagem recebida por emilianacerq@gmail.com em 27 fev. 2019.
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In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ECONOMIA E GESTÃO DE NEGÓCIOS
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fruto no Estado do Pará: de 1994 a 2009. Revista Ceres, v. 60, n. 3, p. 324-331, 2013.

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