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RELATÓRIO TÉCNICO

N° 164 411-205
Casa Militar do Gabinete
do Governador
Valinhos
13 de dezembro de 2021

MAPEAMENTO DE ÁREAS DE ALTO E MUITO ALTO RISCO DE


DESLIZAMENTOS E INUNDAÇÕES DO MUNICÍPIO DE VALINHOS (SP)

CLIENTE:
CASA MILITAR DO GABINETE DO GOVERNADOR

UNIDADE RESPONSÁVEL:
CIDADES, INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE - CIMA
Seção de Investigações, Riscos e Gerenciamento Ambiental – SIRGA
Seção de Planejamento Territorial, Recursos Hídricos, Saneamento
e Florestas - SPRSF
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - i/iv

RESUMO

O presente Relatório apresenta os resultados do mapeamento de áreas de risco


de deslizamentos e inundações do Município de Valinhos, estado de São Paulo, em
cumprimento ao contrato celebrado entre o IPT e a Casa Militar do Gabinete do
Governador do estado de São Paulo. O mapeamento utilizou metodologia simplificada
a partir daquela desenvolvida pelo IPT para o antigo Ministério das Cidades e adotada
em todo o país. No Município de Valinhos foram identificadas 8 (oito) áreas de risco que
foram classificadas da seguinte forma: 3 (três) áreas de risco para deslizamento
contendo três Setores de Risco Alto e dois Setores de Monitoramento; uma área com
rolamento de blocos com um Setor de Monitoramento e quatro áreas de risco com
Setores de Monitoramento para inundação.

Palavras-chave:
Casa Militar, deslizamento, inundação, área de risco, mapeamento, Valinhos
Relatório Técnico no 164411-205 - ii/iv

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

2. OBJETIVO........................................................................................................................... 1

3. CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................... 1

4. MÉTODO E PROCEDIMENTOS ......................................................................................... 3

4.1 Movimentos de massa .......................................................................................... 5

4.1.1 Tipos de movimentos de massa ................................................................................. 7


4.1.1.1 Rastejo ...................................................................................................................................................... 8
4.1.1.2 Deslizamentos ........................................................................................................................................... 9
4.1.1.3 Quedas ................................................................................................................................................ 14
4.1.1.4 Corridas de Massa............................................................................................................................... 17

4.1.2 Condicionantes e Causas dos movimentos de massa .............................................. 19


4.1.2.1 Condicionantes naturais dos movimentos de massa ........................................................................... 19
4.1.2.2 Condicionantes antrópicos dos movimentos de massa ....................................................................... 19

4.1.3 Mapeamento de áreas de risco relativas a movimentos de massa ........................... 20


4.1.3.2 Setores de monitoramento relativos a movimentos de massa ................................................................ 26

4.1.4 Intervenções propostas para cada grau de risco relativo a movimentos de


massa .................................................................................................................... 28

4.2 Inundações .......................................................................................................... 31

4.2.1 Tipos de Inundação .................................................................................................. 34


4.2.1.1 Enchente ou Cheia .............................................................................................................................. 34
4.2.1.2 Inundação ............................................................................................................................................ 35
4.2.1.3 Alagamento.......................................................................................................................................... 36
4.2.1.4 Enxurrada ............................................................................................................................................ 37

4.2.2 Condicionantes e Causas das Enchentes e Inundações .......................................... 39

4.2.3 Mapeamento de áreas de risco relativas a inundações ............................................ 40


4.2.3.1 Análise dos cenários de risco, probabilidades de ocorrência e tempo de recorrência relativos a
inundações .......................................................................................................................................................... 43
4.2.3.2 Gravidade do processo sobre os elementos sob risco relativos a inundações .................................... 44
4.2.3.3 Definição de Níveis de Risco relativos a inundações .......................................................................... 44
Relatório Técnico no 164411-205 - iii/iv

4.2.3.4 Setores de Monitoramento relativos a inundações .............................................................................. 45

4.3 Tratamento dos Dados ........................................................................................ 47

4.4 Elaboração de Sugestões de Intervenções Estruturais ....................................... 48

5. RESULTADOS DOS TRABALHOS .................................................................................. 50

5.1 Trabalhos anteriores realizados no Município de Valinhos ................................. 50

5.1.1 Relatório IPT-DAEE 2003 ......................................................................................... 50

5.1.2 Relatório IPT – Cedec 2013...................................................................................... 50

5.1.3 Relatório IPT/CPRM 2019 ................................................................................ 51

5.2 Dados básicos do município de Valinhos ..................................................... 51

5.2.1 Contexto Geológico do município de Valinhos.......................................................... 52

5.2.2 Contexto Geomorfológico do município de Valinhos ................................................ 54

5.2.3 Contexto Pedológico do município de Valinhos ........................................................ 57

5.3 Áreas de Risco Mapeadas .................................................................................. 60

5.3.1 Área VAL 01 (Parque Portugal) - Deslizamento ........................................................ 61

5.3.1.1 Setor VAL-01-01 - Deslizamento (Rua Abrantes e Rua Leiria) (R3 – Setor de
Risco Alto).............................................................................................................. 62

5.3.1.2 Setor VAL-01-02 – Deslizamento – (Rua Leiria) (R3 – Setor de Risco Alto)) ......... 64

5.3.1.3 Setor VAL-01-03 – Deslizamento – (Ruas Mirandela, Vila Real, Cintra,


Abrantes, Tejo) (SM – Setor de Monitoramento) .................................................... 66

5.3.2 Área VAL-02 (Parque Pinheirinho) – Inundação ................................................... 67


5.3.2.1 Setor VAL-02-01 – Inundação - R3 – Setor de Risco Alto .................................................................. 68

5.3.3 Área VAL 03 (Bosque dos Eucaliptos) - Deslizamento ............................................. 71

5.3.3.1 Setor VAL-03-01 - Deslizamento (Rua Dois) (SM – Setor de Monitoramento) ....... 72

5.3.4 Área VAL-04 (Capuava) – Inundação .................................................................... 74


5.3.4.1 Setor VAL-04-01 – Inundação - (SM – Setor de Monitoramento) ....................................................... 75
Relatório Técnico no 164411-205 - iv/iv

5.3.5 Área VAL-05 (Invernada) – Inundação .................................................................. 76


5.3.5.1 Setor VAL-05-01 – Inundação - (SM – Setor de Monitoramento) ....................................................... 77

5.3.6 Área VAL 06 (Nova Suiça) – Rolamento de blocos ................................................... 79

5.3.6.1 Setor VAL-06-01 – Rolamento de Blocos (Estrada Municipal sem nome e


Rodovia D. Pedro I) (SM – Setor de Monitoramento) ............................................. 80

5.3.7 Área VAL 07 (Jardim Recanto) - Deslizamento......................................................... 82

5.3.7.1 Setor VAL-07-01 - Deslizamento (Rua Silvino Polli – fundos do


supermercado) (R3 – Setor de Risco Alto) ............................................................. 83

5.3.8 Área VAL-08 (Centro) – Inundação – (SM – Setor de Monitoramento) ................ 86


5.3.8.1 Setor VAL-08-01 – Inundação – (SM – Setor de Monitoramento) ...................................................... 87

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 88

7. EQUIPE TÉCNICA ............................................................................................................ 90

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 92

APÊNDICE 1 - DESENHOS DAS ÁREAS DE RISCO MAPEADAS (10 PÁGS.)..................... 94

APÊNDICE 2 - FICHAS DAS ÁREAS DE RISCO MAPEADAS E VISTORIADAS


(40 PÁGS.) ...................................................................................................................... 105
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 1/145

1. INTRODUÇÃO

O presente Relatório apresenta os resultados do mapeamento de áreas de risco


de deslizamentos e inundações do município de Valinhos (SP) objeto do contrato
celebrado entre a Casa Militar do Gabinete do Governador do estado de São Paulo e o
Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, por meio da Seção de Investigações, Riscos
e Gerenciamento Ambiental – SIRGA, da área de Cidades, Infraestrutura e Meio
Ambiente – CIMA.

Os trabalhos foram executados por equipe técnica do IPT em conjunto com


técnicos da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil da Prefeitura Municipal de
Valinhos.

2. OBJETIVO

O objetivo do mapeamento de áreas de risco de deslizamentos e inundações é


dar conhecimento ao poder público da situação dessas áreas, o que permitirá uma
série de medidas, ações, planos e projetos para minimizar os problemas encontrados.

3. CONSIDERAÇÕES GERAIS

O Office of the United Nations Disasters Relief Co-Ordinator - UNDRO (1991),


órgão das Nações Unidas que atua na prevenção de acidentes naturais e tecnológicos,
bem como presta socorro aos países nos quais são registrados esses tipos de acidentes,
pauta sua atuação em um modelo de abordagem composto pelas seguintes etapas:

a) identificação dos riscos;


b) análise (ou avaliação) de risco;
c) medidas de prevenção de acidentes;
d) planejamento para situações de emergência; e
e) informações públicas e treinamento.
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 2/145

A sequência dessas etapas reflete o fundamento básico de atuação em gestão


de risco, qual seja a busca de elementos técnico-científicos que fundamentem a
previsão de acidentes, objetivando subsidiar a necessária prevenção e/ou preparação
para eventos de acidentes. Destaca-se que, no presente trabalho, devem ser
realizadas as etapas (a), (b) e (c) restando a etapa (d) “planejamento para situações de
emergências”; fundamental para a gestão dos riscos, que deve ser estudada e
desenvolvida pelas próprias equipes municipais, envolvendo todas as secretarias do
município e as comunidades locais e a etapa (e) que poderá ser realizada também pela
equipe municipal, principalmente no que tange às informações públicas.

No que se refere aos riscos de natureza geológica-geotécnica e hidrológica, é


imprescindível que as atividades que resultam na identificação e análise ou avaliação
dos riscos sejam realizadas por meio de investigações de campo. Tais investigações
requerem que seja considerada, tanto a probabilidade (ou possibilidade) de ocorrência
do evento adverso, quanto as consequências sociais e/ou econômicas associadas aos
processos presentes.

Em termos da consideração da probabilidade (ou possibilidade) de ocorrência


dos processos adversos, atribuem-se níveis de forma qualitativa ou às vezes semi-
quantitativa, necessitando para tanto, que o profissional seja experiente.

Desse modo, trata-se de avaliar a probabilidade (ou possibilidade) de ocorrer um


determinado fenômeno físico – que corresponde ao processo adverso – em um local e
período de tempo definido, com características determinadas, referentes à sua
tipologia, mecanismo, material envolvido, magnitude, velocidade, tempo de duração,
trajetória, severidade, poder destrutivo, etc.

Quanto às consequências, trata-se de avaliar a vulnerabilidade do meio


construído, da população e dos ecossistemas aos efeitos dos processos adversos.
Assim, as características da ocupação (seja ela urbana, rural, industrial), infraestrutura
pública, condição social da população afetada e dos ecossistemas, devem ser
avaliados para garantir a quantificação dos danos e prejuízos causados pelo processo
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 3/145

adverso. Além disso, deve-se avaliar o preparo da população moradora e dos órgãos
competentes para reagir ao acidente e recuperar a condição anterior (resiliência).

As investigações geológico-geotécnicas de campo correspondem aos


instrumentos que permitem a observação de aspectos referentes às características
citadas. Por meio dessas investigações podem ser identificados os condicionantes
naturais e induzidos dos processos, indícios de desenvolvimento destes, feições e
evidências de instabilidade e as características da ocupação.

De um modo geral, no Brasil e em muitos outros países, as análises de riscos


geológico-geotécnicos são quase que exclusivamente realizadas por meio de
avaliações qualitativas. Dentre os vários motivos que justificam isso, deve ser creditado
um peso especial à inexistência de bancos de dados de acidentes geológico-
geotécnicos que permitam tratamentos estatísticos seguros, como é comum nas
análises de risco tecnológico na área industrial.

Mesmo reconhecendo-se as eventuais limitações, imprecisões e incertezas


inerentes à análise qualitativa de riscos, os resultados dessa atividade podem ser
decisivos para a eficácia de uma política de intervenções voltada à consolidação da
ocupação. Para tanto, é imprescindível que se adotem métodos, critérios e
procedimentos adequados, bem como que se elaborarem modelos detalhados de
comportamento dos processos adversos. Tais condicionantes, aliados à experiência da
equipe executora nas atividades de identificação e análise de riscos, podem subsidiar a
elaboração de programas de gerenciamento de riscos, que acabam por reduzir
substancialmente a ocorrência de acidentes geológico-geotécnicos e hidrológicos, bem
como minimizar a dimensão de suas consequências.

4. MÉTODO E PROCEDIMENTOS

O método adotado para o desenvolvimento dos trabalhos consiste no


levantamento e análise de dados, essencialmente dos arquivos existentes na
Prefeitura, Defesa Civil Municipal e de dados coletados pela equipe do IPT. Esses
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foram sistematizados de modo a estabelecer critérios e procedimentos para avaliação


do zoneamento de risco nas áreas, com a finalidade de subsidiar o gerenciamento de
riscos, a fim de promover maior segurança e/ou eliminar riscos.

As áreas mais críticas aos processos de deslizamentos e inundação


correspondem, na maioria dos casos, às de ocupação não consolidada cuja
infraestrutura às vezes é precária, sem equacionamento de processos do meio físico
perante as intervenções feitas pela ocupação.

Foram selecionadas áreas para mapeamento de acordo com a experiência e


conhecimento por parte dos agentes públicos, considerando as moradias sujeitas aos
deslizamentos e inundação. Participaram dessa seleção das áreas representantes da
equipe técnica da Prefeitura de Valinhos.

Nas áreas mapeadas foram analisadas as situações potenciais de


deslizamentos e solapamento de margens de córregos e inundação, sendo adotados
os seguintes procedimentos:

a) Levantamento dos materiais bibliográficos e técnicos referentes a trabalhos


anteriores na região;
b) Vistorias em cada área, por meio de investigações de superfície, visando
identificar condicionantes dos processos de instabilização, evidências de
instabilidade, evidências de alcance do processo e indícios do
desenvolvimento de processos destrutivos;
c) Registro em fichas de campo das características de cada setor mapeado e
dos resultados das investigações;
d) Delimitação dos setores de risco, representando-os em imagens disponíveis
no Google Earth. Para registrar indicadores de riscos observados no campo
e que não estão visíveis nas imagens aéreas, estes foram fotografados
durante os trabalhos de campo;
e) Para cada setor, foi avaliado e definido o grau de risco de ocorrência de processo
de instabilização (deslizamento de encostas, quedas de blocos e solapamento de
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margens de córregos), ou de inundação, válido por um período de 1 (um) ano,


segundo critérios pela metodologia para mapeamento de áreas de risco
(Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 2007);
f) Estimativa das consequências potenciais do processo esperado, por meio da
avaliação das possíveis formas de desenvolvimento do processo destrutivo
atuante (por exemplo, volumes mobilizados, trajetórias dos detritos, áreas de
alcance, nível máximo da inundação etc.), e do número de moradias
ameaçadas, em cada setor de risco;
g) Indicação da(s) alternativa(s) de intervenção adequada(s) para cada uma
das áreas de risco mapeadas.

4.1 Movimentos de massa

O termo genérico movimentos de massa engloba uma variedade de tipos de


movimentos de instabilização de massas de solos, rochas ou detritos, gerados pela
ação da gravidade, em terrenos inclinados, tendo como fator deflagrador principal a
infiltração de água, principalmente das chuvas.

Esses processos podem ser induzidos, ou seja, gerados pelas atividades do


homem que modificam as condições naturais do relevo por meio de cortes para
construção de moradias, aterros, lançamento concentrado de águas sobre as encostas,
estradas e outras obras. Por isso, a ocorrência desses movimentos de massa resulta
da ocupação inadequada, sendo mais comum em zonas com ocupações precárias de
baixa renda.

Os movimentos de massa têm possibilidade de previsão, ou seja, pode-se


conhecer previamente onde e em que condições vão ocorrer, e qual será a sua
magnitude, desde que se conheçam, em detalhe, o meio físico e antrópico, e os
condicionantes do processo. Para cada tipo existem medidas não estruturais e
estruturais (alternativas de intervenção) específicas.

Existem diversas classificações nacionais e internacionais relacionadas a


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movimentos de massa. Aqui será adotada a classificação proposta por Augusto Filho
(1992), onde os movimentos de massa relacionados a encostas são agrupados em
quatro grandes classes de processos, conforme apresentado no Quadro 1: Rastejos,
Deslizamentos, Quedas e Corridas.
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Quadro 1 - Tipos de deslizamento/processo.

PROCESSOS CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO/MATERIAL/GEOMETRIA

Vários planos de deslocamento (internos)


Velocidades muito baixas a baixas (cm/ano) e decrescentes com
a profundidade
RASTEJO (CREEP)
Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes
Solo, depósitos, rocha alterada/fraturada
Geometria indefinida
Poucos planos de deslocamento (externos)
Velocidades médias (m/h) a altas (m/s)
Pequenos a grandes volumes de material
Geometria e materiais variáveis
ESCORREGAMENTOS/
DESLIZAMENTOS (SLIDES) PLANARES / TRANSLACIONAIS: solos poucos espessos, solos e
rochas com um plano de fraqueza
CIRCULARES / ROTACIONAIS: solos espessos homogêneos e
rochas muito fraturadas
EM CUNHA: solos e rochas com dois planos de fraqueza
Com ou sem planos de deslocamento
Movimento tipo queda livre ou em plano inclinado
Velocidades muito altas (vários m/s)
Material rochoso
Pequenos a médios volumes
QUEDAS (FALLS)
Geometria variável: lascas, placas, blocos, etc.

DESPLACAMENTO
ROLAMENTO DE MATACÃO
TOMBAMENTO
Muitas superfícies de deslocamento (internas e externas à massa
em movimentação)
Movimento semelhante ao de um líquido viscoso
Desenvolvimento ao longo das drenagens
CORRIDAS (FLOWS)
Velocidades médias a altas
Mobilização de solo, rocha, detritos e água
Grandes volumes de material
Extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas
Fonte: modificado de Augusto Filho (1992).

4.1.1 Tipos de movimentos de massa

A seguir são descritos os vários tipos de movimentos de massa.


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4.1.1.1 Rastejo
Os rastejos são movimentos lentos, que envolvem grandes massas de materiais,
cujo deslocamento resultante ao longo do tempo é mínimo (mm a cm/ano).
Este processo atua sobre os horizontes superficiais do solo, bem como,
horizontes de transição solo/rocha e até mesmo rocha, em profundidades maiores
(Figura 1). Também é incluído neste grupo o rastejo em solos de alteração (originados
no próprio local) ou em corpos de tálus (tipo de solo proveniente de outros locais,
transportado para a situação atual por grandes movimentos gravitacionais de massa,
apresentando uma disposição caótica de solos e blocos de rocha, geralmente, em
condições de baixa declividade).
Este processo não apresenta uma superfície de ruptura definida (plano de
movimentação), e as evidências da ocorrência de movimento são trincas verificadas no
terreno natural, que evoluem vagarosamente, bem como as árvores, que apresentam
inclinações variadas (Figura 2). Sua principal causa antrópica é a execução de cortes
em sua extremidade média inferior, o que interfere na sua precária instabilidade.
Figura 1 – Perfil esquemático do processo de rastejo.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas


do Estado de São Paulo (2007)
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Figura 2 – Micro deslizamentos e “caminhos de vaca” indicando


processos de rastejo

Fonte: Sirga-CIMA-IPT.

4.1.1.2 Deslizamentos

Os deslizamentos são processos marcantes na evolução das encostas,


caracterizando-se por movimentos rápidos (m/h a m/s), com limites laterais e
profundidade bem definidos (superfície de ruptura). Os volumes instabilizados podem
ser facilmente identificados, ou pelo menos inferidos. Podem envolver solo, saprolito,
rocha e depósitos. São subdivididos em função do mecanismo de ruptura, geometria e
material que mobilizam.

O principal agente deflagrador destes processos é a água das chuvas. Os


índices pluviométricos críticos variam de acordo com a região, sendo menores para os
deslizamentos induzidos e maiores para os generalizados.

Existem vários tipos de deslizamentos propriamente ditos: planares ou


translacionais, os circulares ou rotacionais, os em cunha e os induzidos. A geometria
destes movimentos varia em função da existência ou não de estruturas ou planos de
fraqueza nos materiais movimentados, que condicionem a formação das superfícies de
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ruptura.

Os deslizamentos planares ou translacionais em solo são processos muito


frequentes na dinâmica das encostas serranas brasileiras, ocorrendo predominantemente
em solos pouco desenvolvidos das vertentes com altas declividades (Figuras 3 e 4). Sua
geometria caracteriza-se por uma pequena espessura e forma retangular estreita
(comprimentos bem superiores às larguras). Este tipo de deslizamento também pode
ocorrer associado a solos saprolíticos, saprolitos e rocha, condicionados por um plano de
fraqueza desfavorável à estabilidade, relacionado a estruturas geológicas diversas
(foliação, xistosidade, fraturas, falhas, etc.).

Figura 3 – Perfil esquemático de deslizamentos planares.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado


de São Paulo (2007)
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Figura 4 – Deslizamentos planares induzidos pela ocupação.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do


Estado de São Paulo (2007)

Os deslizamentos circulares ou rotacionais possuem superfícies de deslizamento


curvas, sendo comum a ocorrência de uma série de rupturas combinadas e sucessivas
(Figuras 5 e 6). Estão associadas a aterros, pacotes de solo ou depósitos mais
espessos, rochas sedimentares ou cristalinas intensamente fraturadas. Possuem um
raio de alcance relativamente menor que os deslizamentos translacionais.
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Figura 5 – Perfil esquemático do deslizamento circular ou rotacional.

Fonte: Min. das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado


de São Paulo (2007)

Figura 6 – Deslizamento circular ou rotacional.

Fonte: Sirga-CIMA-IPT

Os deslizamentos em cunha estão associados a saprolitos e maciços rochosos,


onde a existência de dois planos de fraqueza desfavoráveis à estabilidade condicionam o
deslocamento ao longo do eixo de intersecção destes planos (Figuras 7 e 8). Estes
processos são mais comuns em taludes de corte, ou encostas que sofreram algum
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processo natural de desconfinamento, como erosão ou deslizamentos.

Figura 7 – Perfil esquemático de um deslizamento em


cunha ou estruturado.

Fonte: Min. das Cidades, Inst. de Pesquisas Tecnológicas do


Estado de SP (2007)

Figura 8 – Deslizamento em cunha ou estruturado.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado


de São Paulo (2007)

Em geral, a evolução da instabilização das encostas acaba por gerar feições


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que permitem analisar a possibilidade de ruptura. As principais feições de instabilidade,


que indicam a iminência de deslizamentos são representadas por fendas de tração na
superfície dos terrenos, ou aumento de fendas preexistentes, pelo embarrigamento de
estruturas de contenção, pela inclinação de estruturas rígidas, como postes, árvores,
etc., degraus de abatimento e trincas no terreno e nas moradias.

4.1.1.3 Quedas
Os movimentos do tipo queda são extremamente rápidos (da ordem de m/s) e
envolvem blocos e/ou lascas de rocha em movimento de queda livre, instabilizando um
volume de rocha relativamente pequeno (Figuras 9 e 10).

A ocorrência deste processo está condicionada à presença de afloramentos


rochosos em encostas íngremes, abruptas ou taludes de escavação, tais como, cortes
em rocha, frentes de lavra, etc., sendo potencializados pelas amplitudes térmicas,
através da dilatação e contração da rocha. As causas básicas deste processo são as
descontinuidades do maciço rochoso, que propiciam isolamento de blocos unitários de
rocha, subpressão através do acúmulo de água, descontinuidades ou penetração de
raízes. Pode ser acelerado pelas ações antrópicas, como, por exemplo, vibrações
provenientes de detonações de pedreiras próximas. Frentes rochosas de pedreiras
abandonadas podem resultar em áreas de instabilidade decorrentes da presença de
blocos instáveis remanescentes do processo de exploração.
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Figura 9 – Perfil esquemático do processo de queda de


blocos

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas


Tecnológicas do Estado de São Paulo (2007)

Figura 10 – Área de risco de processos de queda de blocos rochosos

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado


de São Paulo (2007)
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Além da queda, existem mais dois processos envolvendo afloramentos


rochosos, o tombamento e o rolamento de blocos.

O tombamento, também conhecido como basculamento, acontece em


encostas/taludes íngremes de rocha, com descontinuidades (fraturas, diáclases) verticais
(Figura 11). Em geral, são movimentos mais lentos que as quedas e ocorrem
principalmente em taludes de corte, onde a mudança da geometria acaba desconfinando
estas descontinuidades e propiciando o tombamento das paredes do talude.

Figura 11 – Situação de risco de tombamento de bloco


rochoso.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas


do Estado de São Paulo (2007)

O rolamento de blocos, ou rolamento de matacões, é um processo comum em


áreas de rochas graníticas, onde existe maior predisposição a originar matacões de rocha
sã, isolados e expostos em superfície (Figura 12). Estes ocorrem naturalmente quando
processos erosivos removem o apoio de sua base, condicionando um movimento de
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rolamento de bloco. A escavação e a retirada do apoio, decorrente da ocupação


desordenada de uma encosta, é a ação antrópica mais comum no seu desencadeamento.

Figura 12 – Moradia atingida por bloco rolado da encosta.

Fonte: Sirga-CIMA-IPT

4.1.1.4 Corridas de Massa


As corridas de massa são movimentos gravitacionais de massa complexos,
ligados a eventos pluviométricos excepcionais. Ocorrem a partir de deslizamentos nas
encostas e mobilizam grandes volumes de material, sendo o seu escoamento ao longo
de um ou mais canais de drenagem, tendo comportamento líquido viscoso e alto poder
de transporte (Figuras 13 e 14).

Estes fenômenos são bem mais raros que os deslizamentos, porém podem
provocar consequências de magnitudes bem superiores, devido ao seu grande poder
destrutivo e extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas.

As corridas de massa abrangem uma gama variada de denominações na


literatura nacional e internacional (corrida de lama, mudflow, corrida de detritos, corrida
de blocos, debris flow, etc.), principalmente em função de suas velocidades e das
características dos materiais que mobilizam.
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Figura 13 – Perfil esquemático de processos do tipo corrida.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado


de São Paulo (2007)

Figura 14 – Acidente associado ao processo do tipo corrida

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas


do Estado de São Paulo (2007)
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4.1.2 Condicionantes e Causas dos movimentos de massa

Os deslizamentos ocorrem sob a influência de condicionantes naturais,


antrópicos, ou ambos. As causas destes processos devem ser entendidas, a fim de se
evitar e controlar deslizamentos similares.

4.1.2.1 Condicionantes naturais dos movimentos de massa

Os condicionantes naturais podem ser separados em dois grupos, o dos


agentes predisponentes e o dos agentes efetivos.
Os agentes predisponentes são o conjunto das características intrínsecas do
meio físico natural, podendo ser diferenciados em complexo geológico-geomorfológico
(comportamento das rochas, perfil e espessura do solo em função da maior ou menor
resistência da rocha ao intemperismo) e complexo hidrológico-climático (relacionado ao
intemperismo físico-químico e químico). A gravidade e a vegetação natural também
podem estar inclusas nesta categoria.
Os agentes efetivos são elementos diretamente responsáveis pelo
desencadeamento de deslizamentos, sendo estes diferenciados em preparatórios
(pluviosidade, erosão pela água e vento, congelamento e degelo, variação de
temperatura e umidade, dissolução química, ação de fontes e mananciais, oscilação do
nível de lagos e marés e do lençol freático, ação de animais e humana, inclusive
desflorestamento) e imediatos (chuva intensa, vibrações, fusão do gelo e neves,
erosão, terremotos, ondas, vento, ação do homem, etc.).
Outras condicionantes naturais de grande importância são as características
intrínsecas dos maciços naturais (rochosos e terrosos), a cobertura vegetal, a ação das
águas pluviais (saturação e/ou elevação do lençol freático, geração de pressões
neutras e forças de percolação, distribuição da chuva no tempo), além dos processos
de alteração da rocha e de erosão do material alterado.

4.1.2.2 Condicionantes antrópicos dos movimentos de massa

Os deslizamentos induzidos, ou causados pela ação antrópica são aqueles


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 20/145

cuja deflagração é causada pela execução de cortes e aterros inadequados, pela


concentração de águas pluviais e servidas, pela retirada da vegetação, etc. Muitas
vezes, estes deslizamentos induzidos mobilizam materiais produzidos pela própria
ocupação, envolvendo massas de solo de dimensões variadas, lixo e entulho.

4.1.3 Mapeamento de áreas de risco relativas a movimentos de massa

Nas áreas selecionadas pelo município foram executados mapeamentos de risco


por meio de investigações geológico-geotécnicas de superfície, visando identificar os
condicionantes dos processos de instabilização. Os resultados foram sistematizados em
fichas de cadastro com a caracterização dos graus de risco, seguindo o modelo
proposto por Macedo et al. (2004).
As fichas de campo apresentam, na forma de um check-list (Figura 15),
diversos condicionantes geológicos e geotécnicos importantes para a caracterização
dos processos de instabilização de encostas em áreas urbanas: tipologia (natural ou
corte e aterro) e geometria da encosta, tipos de materiais mobilizados (solo / rocha /
lixo / detritos, etc.), tipologia de deslizamentos ocorrentes ou esperados, tipo de talude
(natural ou corte e aterro) e, condição de escoamento e infiltração de águas superficiais
e servidas (Quadro 2).
Nas fichas de avaliação de risco foram considerados também aspectos
específicos, tais como o padrão construtivo das habitações (madeira, alvenaria, misto)
e a posição das mesmas em relação ao raio de alcance dos processos ocorrentes ou
esperados. Observou-se ainda o estágio da ocupação atual, incluindo aspectos gerais
sobre infraestrutura urbana implantada, tais como: condições das vias (pavimentada,
terra, escadarias), sistemas de drenagem e esgoto, pontes e outras melhorias urbanas.
Além da caracterização dos processos de instabilidade, a ficha contempla
também parâmetros de análise da vulnerabilidade em relação às formas de uso e
ocupação presentes nas áreas de risco. O Quadro 3 apresenta critérios para a
caracterização da ocupação das áreas. Desta forma, serão identificados os processos
de instabilização predominantes, delimitando e caracterizando os setores de risco.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 21/145

Figura 15 – Check-list dos diversos condicionantes geológicos e geotécnicos para a


caracterização dos processos de instabilização de encostas em áreas urbanas.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 22/145

Quadro 2 – Principais dados levantados em campo para caracterizar os setores de risco.


CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL
 Unidade de análise: Encosta/Margem de córrego
 Tipos de construção: Alvenaria/Madeira/Misto
 Condição das vias
 Encosta natural
 Talude de corte/Aterro
 Presença de maciço rochoso
 Altura da encosta, ou talude, ou maciço rochoso
 Inclinação da encosta, ou talude, ou maciço rochoso
 Distância da moradia com relação ao topo/base da encosta, talude, maciço rochoso
 Estruturas em solo/rocha desfavoráveis
 Presença de blocos de rocha/matacões
 Presença de Depósitos de encosta: aterro/lixo/entulho
EVIDÊNCIAS DE MOVIMENTAÇÃO ÁGUA
 Trincas na moradia  Concentração de água de chuva em superfície
 Trincas no terreno  Lançamento de água servida em superfície
 Degraus de abatimento  Vazamento de tubulação
 Muros e paredes “embarrigados”  Fossa
 Árvores, postes e muros inclinados  Surgências d’água
 Solapamento de margem  Sistema de drenagem superficial:
 Cicatrizes de deslizamentos inexistente/precário/satisfatório
 Fraturas no maciço rochoso
VEGETAÇÃO NA ÁREA OU PROXIMIDADES MARGENS DE CÓRREGO
 Presença de árvores  Tipo de canal (retificado/natural),
 Vegetação rasteira (arbustos, capim, etc) (retilíneo/meandrante),
 Área desmatada (assoreado/lixo/entulho)
 Área de cultivo  Altura do talude marginal
 Distância da moradia com relação ao topo do
talude marginal

Quadro 3 – Critérios para caracterização da ocupação.


Categoria de Ocupação Características

Área consolidada Áreas densamente ocupadas, com infraestrutura básica.


Áreas em processo de ocupação, adjacentes a áreas de ocupação
Área parcialmente
consolidada. Densidade da ocupação variando de 30% a 90%.
consolidada
Razoável infraestrutura básica.
Áreas de expansão, periféricas e distantes de núcleo urbanizado.
Área parcelada Baixa densidade de ocupação (até 30%). Desprovidas de
infraestrutura básica
Nesses casos, caracterizar a área quanto à densidade de ocupação
Área mista
e quanto a implantação de infraestrutura básica
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 23/145

4.1.3.1 Classificação de riscos nos setores mapeados relativos a movimentos de massa

Os setores de risco foram delimitados em campo sobre as imagens de satélite


obtidas do Google Earth e classificadas segundo os seus graus de risco.
As definições mais usuais da palavra Risco mencionam a relação, não
obrigatoriamente de forma matemática, entre a possibilidade ou probabilidade de
ocorrência de um processo, e os prejuízos ou danos daí advindos, causados aos
elementos que estão sob a influência dos processos, o que normalmente se entende
como a ocupação humana. Simplificadamente, o Risco pode ser definido como:

R=PxC

Onde:

R = risco;

P = probabilidade ou possibilidade de ocorrência do processo; e

C = consequência (danos, prejuízos), também entendida como a


vulnerabilidade dos elementos sob risco.

Os critérios de julgamento da probabilidade de ocorrência dos processos de


instabilização do tipo deslizamentos em encostas ocupadas, bem como os parâmetros
analisados para o desenvolvimento dos trabalhos, são apresentados no Quadro 4, a
partir de Ministério das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas(2007). É
importante salientar que este trabalho se concentrou no mapeamento de áreas de risco
alto (R3) e muito alto (R4).
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 24/145

Quadro 4 – Critérios utilizados para determinação dos graus de probabilidade de ocorrência de


processos de instabilização do tipo deslizamentos em encostas ocupadas e solapamento de
margens de córregos.
GRAU DE
DESCRIÇÃO
PROBABILIDADE

Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o nível de


intervenção no setor são de BAIXA POTENCIALIDADE para o
desenvolvimento de processos de deslizamentos e solapamentos.
R1
NÃO HÁ INDÍCIOS de desenvolvimento de processos de
Baixo
instabilização de encostas e de margens de drenagens. É a condição
menos crítica. Mantidas as condições existentes, NÃO SE ESPERA a
ocorrência de eventos destrutivos no período de 1 ano.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o nível de
intervenção no setor são de MÉDIA POTENCIALIDADE para o
desenvolvimento de processos de deslizamentos e solapamentos.
R2 Observa-se a presença de ALGUMA(S) EVIDÊNCIA(S) de
Médio instabilidade, porém incipiente(s).Mantidas as condições existentes, É
REDUZIDA a possibilidade de ocorrência de eventos destrutivos
durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de 1
ano.
Os condicionantes geológico-geotécnicos e o nível de intervenção no
setor são de ALTA POTENCIALIDADE para o desenvolvimento de
processos de deslizamentos e solapamentos. Observa-se a presença
R3
de SIGNIFICATIVA(S) EVIDÊNCIA(S) de instabilidade. Mantidas as
Alto
condições existentes, é PERFEITAMENTE POSSÍVEL a ocorrência
de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e
prolongadas, no período de 1 ano.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o nível de
intervenção no setor são de MUITO ALTA POTENCIALIDADE para o
desenvolvimento de processos de deslizamentos e solapamentos. As
R4 evidências de instabilidade SÃO EXPRESSIVAS E ESTÃO
Muito Alto PRESENTES EM GRANDE NÚMERO E/OU MAGNITUDE.
É a condição mais crítica. Mantidas as condições existentes, é MUITO
PROVÁVEL a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de
chuvas intensas e prolongadas, no período de 1 ano.
Fonte: Ministério das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas (2007)

Este quadro mostra que os graus de risco são classificados em quatro níveis
sendo Risco Baixo (R1), Risco Médio (R2), Risco Alto (R3) e Risco Muito Alto (R4),
com a descrição que menciona tanto a possiblidade ou potencialidade de
desenvolvimento do processo de movimento de massa (especificamente, neste caso,
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 25/145

os deslizamentos), como a vulnerabilidade do meio antrópico quando menciona o nível


de intervenção no setor e a ocorrência de eventos destrutivos.

Para um melhor entendimento da relação entre os graus de risco, conforme o


Quadro 4 e a definição de risco mencionada acima, apresenta-se, a título de exemplo,
a análise do Grau de Risco Muito Alto. Segundo o Quadro 4, o Grau de Risco Muito
Alto (R4) está descrito como:

“Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o


nível de intervenção no setor são de MUITO ALTA
POTENCIALIDADE para o desenvolvimento de processos de
deslizamentos e solapamentos. As evidências de instabilidade SÃO
EXPRESSIVAS E ESTÃO PRESENTES EM GRANDE NÚMERO
E/OU MAGNITUDE.

É a condição mais crítica. Mantidas as condições existentes, é MUITO


PROVÁVEL a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios
de chuvas intensas e prolongadas, no período de 1 ano.” (Ministério
das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 2007)

Nesta definição, os condicionantes geológico-geotécnicos indicam a


probabilidade ou possibilidade de ocorrência do processo. Já o nível de intervenção e
a menção de eventos destrutivos causados remetem para as consequências do
processo, que estão relacionadas à vulnerabilidade, retomando assim, a definição de
risco mencionada.

A definição utiliza ainda, como referência para a classificação do grau de risco,


as evidências de instabilidade que são os sinais que indicam que o movimento de
massa apresenta desenvolvimento do processo. Estes sinais, como já mencionado
anteriormente, são representados por fendas de tração na superfície dos terrenos, pelo
aumento de fendas pré-existentes, pelo embarrigamento de estruturas de contenção,
pela inclinação de estruturas rígidas como postes, árvores, etc., degraus de
abatimento, e trincas no terreno e nas moradias. Em geral, a evolução da instabilização
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 26/145

das encostas acaba por gerar estes sinais ou feições que permitem analisar a
possibilidade de ruptura. No entanto, deve-se ter em mente que, em muitos casos,
trincas e fissuras em paredes de moradias podem ser advindas de problemas
construtivos e não são consequências de movimentos de massa que poderiam estar
afetando a construção.

4.1.3.2 Setores de monitoramento relativos a movimentos de massa

Os setores mapeados como sendo de graus de risco Baixo (R1) e Médio (R2)
recebem indicações de medidas estruturais e não estruturais semelhantes. Para
facilitar o entendimento e uso dos mapeamentos, neste trabalho os setores assim
classificados foram agrupados nos chamados Setores de Monitoramento (SM), estando
ocupados ou não por moradias. Tal ação visa identificar a necessidade de se trabalhar o
planejamento da expansão urbana diante do contexto que afeta gravemente as cidades
brasileiras, as quais vêm apresentando durante décadas formas indevidas de utilização
dos espaços urbanos. É um meio de se trabalhar a ausência de processos de
planejamento, visando atender a interesses coletivos de forma ampla, buscando
conjuntamente a proteção ambiental e o direito do cidadão a uma cidade mais sustentável.

4.1.3.2.1 Setores de Monitoramento Ocupados relativos a movimentos de massa

Os setores indicados como Setores de Monitoramento Ocupados se referem a


locais onde os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes e o nível de
intervenção antrópica são de média a baixa potencialidade para o desenvolvimento de
processos de instabilização, ou seja, risco Baixo (R1) e Médio (R2).

Nos setores ocupados não é esperada a presença de evidências de movimentação


como trincas nas moradias ou nos terrenos, ou degraus de abatimento, visto que essas
evidências indicam a movimentação do terreno, a qual se observa quando já existe a
instalação de um processo de movimento. A inclinação de objetos na encosta pode ser
observada, mas de forma sutil. Ressalta-se que é perfeitamente possível que tais evidências
não sejam observadas, principalmente em setores com elevado grau de consolidação.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 27/145

Áreas muito consolidadas, seja de forma ordenada ou não, tendem a apresentar baixa
potencialidade para o desenvolvimento de processos de instabilização, por não mais
apresentarem trechos com solo exposto ou superfícies de encosta sem ocupação.

Adicionalmente, deve-se levar em conta o nível de intervenção da ocupação


como, por exemplo, a qualidade da moradia (relativa à resistência da construção ao
impacto da massa movimentada), distância da moradia à base ou ao topo do talude
considerado (relativo a uma faixa de segurança entre a moradia e o talude). Em setores
ocupados, se tais condições descritas forem mantidas, não se espera a ocorrência de
eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas.

Neste caso, pode ser necessária a implementação de medidas estruturais bastante


simples, como já indicado. Entretanto, medidas não estruturais devem ser tomadas, visto
que a ocupação antrópica é muito dinâmica, principalmente em assentamentos urbanos
precários. Isso pode levar a alterações nas condições do setor, podendo vir a gerar
setores de risco alto (R3) ou até muito alto (R4). O procedimento padrão executado nestes
casos é o monitoramento por meio de ações de defesa civil e de fiscalização do uso e
ocupação do solo. Tal ação é corroborada pelo Ministério das Cidades, órgão criador do
PMRR (Plano Municipal de Redução de Riscos), de tal forma que nos programas para
implementação de medidas estruturais para redução dos riscos, apenas os setores
mapeados com risco Alto (R3) e Muito Alto (R4) são contemplados.

Ressalta-se que obras relativas à urbanização da área não são aqui consideradas
como medidas estruturais para solucionar processos de instabilização, podendo ser
executadas a qualquer momento, em qualquer setor, visando a melhor qualidade de vida
dos moradores e um melhor planejamento social e habitacional para o município.

4.1.3.2.2 Setores de Monitoramento Não Ocupados relativos a movimentos de massa

O crescimento e a expansão urbana podem trazer, em seu próprio processo


constitutivo, perigos e riscos que se expressam pela falta de ajuste entre a necessidade
por terreno para habitação, e a forma como estes terrenos são apropriados quando,
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 28/145

devido à pressão socioeconômica, a própria população o faz sem os necessários


cuidados técnicos e o devido acompanhamento do poder público.

Nestes casos, esta situação pode se agravar quando o local objeto da ocupação
apresenta características naturais que o predispõe à ocorrência de processos de
instabilização. Quando essa apropriação se dá sem seguir os parâmetros urbanísticos,
ambientais e técnicos adequados, pode gerar diversas situações indesejadas, dentre
elas, as áreas de risco.

Por este motivo, os Setores de Monitoramento também podem incluir áreas


ainda não ocupadas, que se encontram nos limiares de setores mapeados com risco
Alto (R3) e Muito Alto (R4), e que apresentam características geológico-geotécnicas
predisponentes para o desenvolvimento de processos de instabilização, ou seja,
possuem alta ou muito alta suscetibilidade para processos de movimentos de massa,
mas ainda não estão ocupados.

4.1.4 Intervenções propostas para cada grau de risco relativo a movi mentos de
massa

Como os graus de risco indicam a conjugação ou relação entre a possiblidade


ou potencialidade de desenvolvimento do processo de movimento de massa, com a
vulnerabilidade do meio antrópico (mencionado no nível de intervenção no setor e a
ocorrência de eventos destrutivos), para cada um dos setores mapeados com seus
determinados graus de risco, deverão ser propostas intervenções estruturais e não
estruturais condizentes com cada grau de risco mapeado.

Assim, para o Grau de Risco Baixo (R1), como os condicionantes geológico-


geotécnicos predisponentes e o nível de intervenção no setor são de baixa
potencialidade para o desenvolvimento de processos de deslizamentos e
solapamentos, e não há indícios de desenvolvimento desses processos, essa condição
se torna a menos crítica, já que não se espera a ocorrência de eventos destrutivos no
período de 1 ano. A fixação do período de 1 ano se dá em função da passagem da
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 29/145

estação chuvosa, onde ocorre a maior incidência de água sobre o setor, considerando-
se que a água é o principal agente deflagrador dos processos. Em termos de
intervenções estruturais, podem ser necessários apenas pequenos trabalhos de
limpeza e algumas adequações em acessos, as quais não afetam a estabilidade dos
taludes e tem caráter de urbanização. Como medidas não estruturais, além daquelas
de caráter mais amplo envolvendo todas as áreas de risco, deve ser realizado o
monitoramento do setor em termos de novas ocupações que podem afetar
negativamente a estabilidade dos taludes, com a execução de cortes e aterros, por
exemplo. Esse monitoramento deve ser realizado rotineiramente por meio da
fiscalização da ocupação, e com maior frequência no período das chuvas.

Para o Grau de Risco Médio (R2), como os condicionantes geológico-


geotécnicos predisponentes e o nível de intervenção no setor são de média
potencialidade para o desenvolvimento de processos de deslizamentos e
solapamentos, e pode-se observar a presença de algumas evidências de instabilidade
de caráter incipiente, torna-se reduzida a possibilidade de ocorrência de eventos
destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de 1 ano.
Em termos de intervenções estruturais podem ser necessários pequenos trabalhos de
limpeza e algumas adequações em acessos, as quais não afetam a estabilidade dos
taludes e tem caráter de urbanização. Para evitar o agravamento de situações de
instabilidade de taludes, a drenagem das águas pluviais e servidas para fora do setor
deve ser executada, caso seja necessária. Como medidas não estruturais, além
daquelas de caráter mais amplo envolvendo todas as áreas de risco, deve ser realizado
o monitoramento do setor em termos, principalmente, de novas ocupações que podem
afetar negativamente a estabilidade dos taludes, com a execução de cortes e aterros,
por exemplo. Esse monitoramento deve ser realizado rotineiramente por meio da
fiscalização da ocupação, e com maior frequência no período das chuvas.

Para o Grau de Risco Alto (R3), como os condicionantes geológico-geotécnicos


e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para o desenvolvimento de
processos de deslizamentos e solapamentos, e observa-se a presença de significativas
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 30/145

evidências de instabilidade, torna-se perfeitamente possível a ocorrência de eventos


destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de 1 ano.
Em termos de intervenções estruturais, para evitar o agravamento de situações de
instabilidade de taludes, a drenagem das águas pluviais e servidas para fora do setor
deve ser executada. Obras de contenção e de estabilização de taludes (como muros,
retaludamentos, acertos de geometria, revegetação) podem ser necessárias. A
indicação de remoção definitiva de residências não é uma medida que
necessariamente deve ocorrer neste caso, já que as outras medidas estruturais devem
diminuir os riscos presentes para níveis aceitáveis, como o caso de grau de risco médio
(R2), ou mesmo baixo (R1). Como medidas não estruturais, além daquelas de caráter
mais amplo envolvendo todas as áreas de risco, neste caso o monitoramento do setor
deve ser realizado em termos principalmente de novas ocupações que podem afetar
negativamente a estabilidade dos taludes, com a execução de cortes e aterros, por
exemplo. Esse monitoramento deve ser realizado rotineiramente por meio da
fiscalização da ocupação, e com maior frequência no período das chuvas.

Para o Grau de Risco Muito Alto (R4), como os condicionantes geológico-


geotécnicos predisponentes e o nível de intervenção no setor são de muito alta
potencialidade para o desenvolvimento de processos de deslizamentos e solapamentos,
e as evidências de instabilidade são expressivas e estão presentes em grande número
e/ou magnitude, essa condição torna-se a mais crítica. Se mantidas as condições
existentes, é muito provável a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de
chuvas intensas e prolongadas, no período de 1 ano. Em termos de intervenções
estruturais, para evitar o agravamento de situações de instabilidade de taludes, a
drenagem das águas pluviais e servidas para fora do setor deve ser executada. Obras de
contenção e de estabilização de taludes (como muros, retaludamentos, acertos de
geometria, revegetação) podem ser necessárias. A indicação de remoção definitiva de
residências pode se aplicar nestes casos de condições mais críticas, para os quais
outro tipo de intervenção pode não ser aconselhável, quando constatada a
impossibilidade de monitorar a evolução do processo, dado seu elevado estágio de
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 31/145

desenvolvimento e iminente ocorrência. No entanto, essa indicação deve sempre ser


pautada pela análise da relação custo X benefício, na qual as questões sociais da
comunidade devem estar incluídas e ser avaliadas com cuidado. Assim, a remoção de
moradias é uma decisão que o gestor público deve tomar considerando os dados
recebidos por parte da equipe técnica, a qual obrigatoriamente deve conter profissional
devidamente habilitado para executar a mais completa avaliação da situação do ponto
de vista técnico. No entanto, é importante salientar que a remoção definitiva de
residências não é uma medida que necessariamente deve ocorrer neste caso, já que
as outras medidas estruturais podem diminuir os riscos presentes para níveis
aceitáveis, como o caso de grau de risco médio (R2) ou mesmo baixo (R1). Como
medidas não estruturais, além daquelas de caráter mais amplo envolvendo todas as
áreas de risco, neste caso o monitoramento do setor deve ser realizado em termos
principalmente de novas ocupações que podem afetar negativamente a estabilidade
dos taludes, com a execução de cortes e aterros, por exemplo. Esse monitoramento
deve ser realizado rotineiramente por meio da fiscalização da ocupação, e com maior
frequência no período das chuvas.

4.2 Inundações

O termo inundação abrange várias tipologias de processos hidrometeorológicos


que fazem parte da dinâmica natural. Podem ser deflagrados por chuvas rápidas e
fortes, chuvas intensas de longa duração, degelo nas montanhas, e outros eventos
climáticos tais como furacões e tornados, sendo intensificados pelas alterações
ambientais e/ou intervenções urbanas produzidas pelo Homem, tais como a
impermeabilização do solo, retificação dos cursos d’água, e redução no escoamento
dos canais devido a obras ou por assoreamento.

Boa parte das cidades brasileiras apresenta problemas de enchentes e


inundações, sendo as das regiões metropolitanas aquelas que apresentam as
situações de risco mais graves decorrentes do grande número de núcleos habitacionais
de baixa renda ocupando terrenos marginais de cursos d’água.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 32/145

A seguir serão apresentadas algumas definições visando à uniformização


conceitual de termos utilizados em relação a fenômenos e processos de natureza
hidrometeorológica.

Vazão
A vazão é definida como a quantidade de água que passa por uma dada seção
em um canal de drenagem num período de tempo.

Planície de Inundação
Define-se como planície de inundação as áreas relativamente planas e baixas
que de tempos em tempos recebem os excessos de água que extravasam do seu
canal de drenagem (Figura 16). Tecnicamente, o canal de drenagem que confina um
curso d´água denomina-se leito menor, e a planície de inundação representa o leito
maior do rio. Emprega-se também o termo várzea para identificar a planície de
inundação de um canal natural de drenagem.

Figura 16 – Planície de inundação.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado


de São Paulo, (2007)
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 33/145

Erosão Marginal
Remoção e transporte de solo dos taludes marginais dos rios provocados pela
ação erosiva das águas no canal de drenagem (Figura 17).

Figura 17 – Taludes marginais sujeitos a erosão.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de


São Paulo (2007)

Solapamento
Ruptura de taludes marginais do rio por erosão e ação instabilizadora das
águas durante, ou logo após processos de enchentes e inundações (Figura 18).
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 34/145

Figura 18 – Situação de risco associada a erosão e solapamento dos


taludes marginais, com ocupação ribeirinha.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de


São Paulo (2007)

4.2.1 Tipos de Inundação

Como já mencionado, o termo inundação abrange vários tipos de processos


quais sejam: Enchentes ou Cheias, inundação (propriamente dita), alagamento e
enxurrada.

4.2.1.1 Enchente ou Cheia

As águas de chuva, ao alcançar um curso d’água, causam o aumento na vazão


por certo período de tempo. A elevação temporária do nível d’água em um canal de
drenagem devido ao aumento da vazão, ou descarga, é chamada de enchente ou
cheia, como observado na Figura 19.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 35/145

Figura 19 – Situação de enchente em um canal de drenagem.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de


São Paulo (2007).

4.2.1.2 Inundação

Por vezes, no período de enchente, as vazões atingem tal magnitude que


podem superar a capacidade de descarga da calha do curso d’água e extravasar para
áreas marginais habitualmente não ocupadas pelas águas. Este extravasamento das
águas do canal de drenagem para as áreas marginais (planície de inundação, várzea
ou leito maior do rio), quando a enchente atinge cota acima do nível máximo da calha
principal do rio caracteriza uma inundação (Figuras 20 e 21).
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 36/145

Figura 20 – Inundação em área urbana.

Fonte Augusto Ayres/Climatempo.

Figura 21 – Perfil esquemático do processo de enchente e inundação.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São


Paulo, (2007).

4.2.1.3 Alagamento
Define-se alagamento como o acúmulo momentâneo das águas em uma dada
área por deficiência no sistema de drenagem, podendo ter ou não relação com
processos de natureza fluvial (Figura 22).
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 37/145

Figura 22 – Situação de alagamento.

Fonte: Sirga-CIMA-IPT

4.2.1.4 Enxurrada

Define-se enxurrada como o escoamento superficial concentrado, com alta


energia de transporte, que pode ou não estar associado a áreas de domínio dos
processos fluviais (Figuras 23 a 25). É comum a ocorrência de enxurradas ao longo de
vias implantadas sobre antigos cursos d’água com alto gradiente hidráulico em terrenos
com alta declividade natural.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 38/145

Figura 23 – Escoamento concentrado das águas pluviais, a


enxurrada.

Fonte: Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do


Estado de São Paulo (2007)

Figura 24 – Danos causados por enxurrada.

Fonte: Leandro Saadi/G1.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 39/145

Figura 25 – Outro exemplo dos danos causados por enxurrada.

Fonte: Leandro Saadi/G1

4.2.2 Condicionantes e Causas das Enchentes e Inundações

Pelas definições conceituais apresentadas, a diferença entre enchente e


inundação resume-se ao confinamento ou não das águas de um curso d’água no seu
canal de drenagem. Importante entender que o processo hidrológico de enchente ou
inundação é um fenômeno dinâmico e que ao longo de um curso d’água podem ocorrer
trechos com cenários de enchentes e trechos com cenários de inundação, com
características dinâmicas específicas de energia cinética, volumes de água e impacto
destrutivo que podem ou não causar efeitos adversos às ocupações humanas
presentes nas áreas de domínio dos processos hidrológicos.

Nas cidades, a questão da drenagem urbana envolve, além dos processos


hidrológicos de enchentes e inundações diretamente ligadas aos cursos d’água
naturais, processos de alagamentos e enxurradas, decorrentes de deficiências no
sistema de drenagem urbana e que podem ou não ter relação com os processos de
natureza fluvial. Em muitas cidades, o descompasso entre o crescimento urbano e a
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 40/145

drenagem urbana tem originado graves problemas de alagamentos e enxurradas.

Os trabalhos em áreas de risco de enchentes e inundações devem procurar


identificar e entender os diversos processos passíveis de ocorrer, tanto aqueles de
natureza efetivamente hidrológica, quanto os processos consequentes tais como
erosão marginal e solapamento, capazes de causar danos para a ocupação.

Os condicionantes naturais climáticos e geomorfológicos de um dado local


(pluviometria; relevo; tamanho e forma da bacia; gradiente hidráulico do rio) são
determinantes na frequência de ocorrência, tipologia e dinâmica do escoamento
superficial de processos de enchentes e inundações.

Pode-se dizer que, além dos condicionantes naturais, as diversas intervenções


antrópicas realizadas no meio físico têm sido determinantes na ocorrência de acidentes
de enchentes e inundações, principalmente nas áreas urbanas. Nas cidades brasileiras
a expansão urbana se dá com um conjunto de ações que modificam as condições
originais do ciclo hidrológico de uma dada região: o desmatamento, a exposição dos
terrenos à erosão e consequente assoreamento dos cursos d’água, a
impermeabilização dos terrenos, os diversos tipos de intervenção estrutural nos cursos
d’água e, principalmente, no tocante à questão de risco, a ocupação desordenada dos
seus terrenos marginais.

4.2.3 Mapeamento de áreas de risco relativas a inundações

Para os mapeamentos em campo foi utilizada ficha de campo na forma de um


check-list (Figura 26), com diversos condicionantes geológicos, geotécnicos e
hidrológicos importantes para a caracterização dos processos de inundação: tipologia
do canal, largura máxima, altura máxima da margem do canal, distância das moradias,
assoreamento do canal, solapamentos de margem, intervenções, obstruções, dados
históricos de evento de inundação (raio de alcance máximo, altura máxima de
inundação, quantidade de chuva registrada).

Nas fichas de avaliação de risco foram considerados também aspectos


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 41/145

específicos, tais como o padrão construtivo das habitações (madeira, alvenaria, misto).
Observou-se ainda o estágio da ocupação atual, incluindo aspectos gerais sobre
infraestrutura urbana implantada, tais como: condições das vias (pavimentada, terra,
escadarias), sistemas de drenagem.

A ficha contempla também espaço para descrição da área e matriz de definição


de grau de risco, conforme Quadro 5.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 42/145

Figura 26 – Check-list dos diversos condicionantes hidrológicos para a


caracterização dos processos de inundação em áreas urbanas.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 43/145

Os critérios observados em campo para a realização do mapeamento de áreas


de inundação são os seguintes:

4.2.3.1 Análise dos cenários de risco, probabilidades de ocorrência e tempo de


recorrência relativos a inundações

O primeiro critério de análise refere-se à identificação do cenário hidrológico


presente em cada área a ser investigada.

Nesse sentido, e de forma orientativa, podem-se considerar as tipologias de


processos hidrológicos referentes aos respectivos cenários de risco:

a) enchente e inundação lenta de planícies fluviais;


b) enchente e inundação com alta energia cinética;
c) enchente e inundação com alta energia de escoamento e capacidade de
transporte de material sólido.

Cada um dos processos hidrológicos comumente ocorrentes será utilizado


como critério de análise e de periculosidade na medida em que consistem em
processos com diferentes capacidades destrutivas e potencial de danos sociais e
econômicos em função da sua magnitude, energia de escoamento, raio de alcance
lateral e extensão e impacto destrutivo.

Cada cenário tem suas particularidades e, portanto, probabilidades diferentes de


ocorrência, o que pode ser medido a partir do tempo de retorno das chuvas que podem
causá-los. Para efeito deste trabalho, foi adotado o que se segue:

a) probabilidades muito altas com recorrência a partir de 2 (duas) vezes a


cada 01 (um) ano;
b) probabilidades altas com recorrência de 1 (uma) vez a cada 2 (dois)
anos;
c) probabilidades médias com recorrência de 1 (uma) vez a cada 5 (cinco)
anos;
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 44/145

d) probabilidades baixas com recorrência de 1 (uma) vez a cada 10 (dez)


anos.

4.2.3.2 Gravidade do processo sobre os elementos sob risco relativos a


inundações

O segundo critério para análise de risco refere-se à gravidade do processo


sobre a ocupação urbana presente em cada área de risco. A avaliação da gravidade
compreende a análise das possibilidades de perdas causadas pelo processo. Assume-
se que os níveis de perdas devem variar entre aquelas que o município julgar
absolutamente absorvíveis e que causam muito pequeno impacto social e nas contas
públicas (incluindo arrecadação fiscal) até aquelas perdas de tal valor que ultrapassam
a capacidade do próprio município responder a elas, configurando-se num desastre.
Tem-se, assim:

a) gravidade negligenciável (baixa) é aquela absolutamente absorvível pela


municipalidade e de muito pequeno impacto social;
b) gravidade média é aquela que pode causar algum impacto social e ser
ainda gerenciado localmente;
c) gravidade alta é aquela com altos impactos sociais e que pode
comprometer os recursos municipais;
d) gravidade equivalente a desastre (muito alta) onde o município não tem
condições de responder sem recorrer à ajuda externa.

4.2.3.3 Definição de Níveis de Risco relativos a inundações

A definição de níveis de risco, considerando os 2 critérios e parâmetros de


análise de risco, pode ser desenvolvida considerando diferentes arranjos. São definidos
nessa análise 4 níveis de risco: RISCO MUITO ALTO (MA), RISCO ALTO (A), RISCO
MÉDIO (M) e RISCO BAIXO (B).

A matriz de risco obtida a partir do cruzamento entre a Probabilidade de


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 45/145

Ocorrência (com tempo de recorrência) e a Gravidade do processo sobre os elementos


sob risco está mostrada no Quadro 5.

Quadro 5 – Matriz de risco segundo arranjo entre Probabilidade de ocorrência do processo e


sua Gravidade.
GRAVIDADE

PROBABILIDADE Negligenciável Média Alta Desastre

Baixa Baixo Baixo Médio Muito Alto

Média Baixo Médio Alto Muito Alto

Alta Baixo Médio Alto Muito alto

Muito Alta Baixo Médio Alto Muito Alto

4.2.3.4 Setores de Monitoramento relativos a inundações

Como especificado no item anterior, os setores mapeados como sendo de graus


de risco Baixo (R1) e Médio (R2) são aqueles em que a gravidade do processo sobre
os elementos sob risco variam de negligenciável até alta, e com probabilidades de
ocorrência do processo variando de baixa até muito alta. Isso significa que recebem
indicações de medidas estruturais e não estruturais semelhantes, ou seja, trabalhos de
limpeza de sistemas de drenagem, pequenas melhorias nesses sistemas de drenagem
das águas pluviais e servidas, e o monitoramento de novas ocupações, dentre outras.
Para facilitar o entendimento e uso dos mapeamentos, neste trabalho os setores assim
classificados foram agrupados nos chamados Setores de Monitoramento (SM), estando
ocupados ou não por moradias. Tal ação visa trabalhar o planejamento da expansão
urbana diante do contexto que afeta gravemente as cidades brasileiras, as quais vêm
apresentando durante décadas formas indevidas de utilização dos espaços urbanos. É um
meio de se trabalhar a ausência de processos de planejamento, visando atender a
interesses coletivos de forma ampla, buscando conjuntamente a proteção ambiental e o
direito do cidadão a sua cidade mais sustentável.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 46/145

4.2.3.4.1 Setores de Monitoramento Ocupados relativos a inundações

Os setores indicados como Setores de Monitoramento Ocupados se referem a


locais onde existem moradias sujeitas aos processos em graus de risco variando de
médio a baixo.

Adicionalmente, deve-se levar em conta o nível de intervenção da ocupação


como, por exemplo, a qualidade da moradia, a distância da moradia à margem dos
corpos d´água (relativo a uma faixa de segurança entre a moradia e a margem). Em
setores ocupados, se tais condições descritas forem mantidas, não se espera a
ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas.

Neste caso, pode ser necessária a implementação de medidas estruturais


bastante simples como já indicado. Entretanto, medidas não estruturais devem ser
tomadas, visto que a ocupação antrópica é muito dinâmica, principalmente em
assentamentos urbanos precários. Isso pode levar a alterações nas condições do setor,
podendo vir a gerar setores de risco alto ou até muito alto. O procedimento padrão
executado nestes casos é o monitoramento, por meio de ações de defesa civil e de
fiscalização do uso e ocupação do solo. Tal ação é corroborada pelo Ministério das
Cidades, órgão criador do PMRR (Plano Municipal de Redução de Riscos), de tal forma
que nos programas para implementação de medidas estruturais para redução dos
riscos, apenas os setores mapeados com risco Alto (R3) e Muito Alto (R4) são
contemplados.

Ressalta-se que obras relativas à urbanização da área não são aqui consideradas
como medidas estruturais para solucionar processos de inundação, podendo ser
executadas a qualquer momento, em qualquer setor, visando a melhor qualidade de vida
dos moradores e um melhor planejamento social e habitacional para o município.

4.2.3.4.2 Setores de Monitoramento Não Ocupados relativos a inundações

O crescimento e a expansão urbana podem trazer em seu próprio processo


constitutivo perigos e riscos que se expressam pela falta de ajuste entre a necessidade
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 47/145

por terreno para habitação, e a forma como estes terrenos são apropriados quando,
devido à pressão socioeconômica, a própria população o faz sem os necessários
cuidados técnicos e o devido acompanhamento do poder público.

Nestes casos, esta situação pode se agravar quando o local objeto da ocupação
apresenta características naturais que o predispõe à ocorrência de processos de
inundação. Quando essa apropriação se dá sem seguir os parâmetros urbanísticos,
ambientais e técnicos adequados, pode gerar diversas situações indesejadas, dentre
elas, as áreas de risco.

Por este motivo, os Setores de Monitoramento também podem incluir áreas


ainda não ocupadas, que se encontram nos limiares de setores mapeados com risco
Alto (R3) e Muito Alto (R4), e que apresentam características predisponentes para o
desenvolvimento de processos de inundação, ou seja, possuem alta ou muito alta
suscetibilidade para os processos, mas ainda não estão ocupados.

4.3 Tratamento dos Dados

A identificação e a delimitação das áreas de risco, a partir dos trabalhos de campo


estão representadas cartograficamente nas imagens aéreas. Nessa base, foram
digitalizados os polígonos referentes às áreas mapeadas e suas respectivas
classificações quanto ao grau de risco (Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo, 2007). Essas informações de delimitação das
áreas foram tratadas em software de Sistema de Informações Geográficas ArcInfo.

As imagens obtidas constam do arquivo digital que acompanha este relatório. As


imagens foram separadas por área e cada conjunto de fotos foi utilizado nas atividades
de campo. As informações de campo foram registradas em fichas de cadastro que
compõem o banco de dados digitalizado no software Microsoft Access.

Salienta-se que a contagem das moradias foi realizada a partir das imagens
tomando-se como base os telhados das moradias. Assim, o número de moradias é
aproximado, considerando-se a possibilidade de mais de uma moradia estar recoberta
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 48/145

por um único telhado. É necessário levantamento detalhado (cadastramento) para se


ter o número de moradias preciso.

Este relatório apresenta, portanto, a síntese do mapeamento realizado com as


áreas de risco identificadas, sua caracterização, a análise geral da situação na região
mapeada, além de recomendações gerais de caráter estrutural (ex: intervenções e
obras civis) e não estrutural (orientações para o gerenciamento de riscos), no sentido
de prevenir, mitigar e controlar as situações de risco observadas.

4.4 Elaboração de Sugestões de Intervenções Estruturais

O objetivo dessa atividade compreendeu a sugestão das intervenções


estruturais necessárias para as áreas de risco R3 (Alto) e R4 (Muito Alto).

As intervenções propostas contemplam basicamente oito tipos: limpeza,


proteção superficial, drenagem, alterações de geometria, contenções, obras de
infraestrutura, reparos e relocações de moradia. Como complementação a estas
intervenções, de acordo com a situação exigida, poderão ser ainda sugeridas
intervenções mais abrangentes, tais como reurbanizações parciais ou totais das
referidas áreas.

Nesse trabalho foi adotada uma tabela de referência que sistematiza as


recomendações quanto à caracterização dos diferentes tipos de intervenção propostos,
visando à padronização das terminologias adotadas (Quadro 6).
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 49/145

Quadro 6 – Tipologias de intervenções estruturais voltadas à redução de riscos.

TIPO DE INTERVENÇÃO DESCRIÇÃO


Serviços de limpeza de entulho, lixo, etc., recuperação
e/ou limpeza de sistemas de drenagem, esgoto e
acessos, Também incluem obras de limpeza de canais
SERVIÇOS DE LIMPEZA E
de drenagem.
RECUPERAÇÃO
Correspondem a serviços manuais e/ou utilizando
maquinário de pequeno porte.

Implantação de sistema de drenagem superficial


(canaletas, rápidos, caixas de transição, escadas d'água,
etc). implantação de proteção superficial vegetal
OBRAS DE DRENAGEM
(gramíneas) em taludes com solo exposto. Eventual
SUPERFICIAL, PROTEÇÃO
execução de acessos para pedestres (calçadas,
VEGETAL (GRAMÍNEAS) E
escadarias, etc) integrados ao sistema de drenagem.
DESMONTE DE BLOCOS E
Proteção vegetal de margens de canais de drenagem.
MATACÕES
Desmonte de blocos rochoso e matacões. Predomínio de
serviços manuais e/ou com maquinário de pequeno
porte.

Execução de sistema de drenagem de subsuperfície


OBRAS DE DRENAGEM (trincheiras drenantes, DHP, poços de rebaixamento,
DE SUBSUPERFÍCIE etc). Correspondem a serviços parcial ou totalmente
mecanizados.

Implantação de estruturas de contenção localizadas,


como chumbadores, tirantes, microestacas e muros de
ESTRUTURAS DE
contenção passivos de pequeno porte (hmax=5 m e
CONTENÇÃO
lmax=10 m). Obras de contenção e proteção de margens
LOCALIZADAS OU
de canais (gabiões, muros de concreto, etc).
LINEARES
Correspondem a serviços parcial ou totalmente
mecanizados.

Execução de serviços de terraplenagem. Execução


OBRAS DE
combinada de obras de drenagem superficial e proteção
TERRAPLENAGEM DE
vegetal (obras complementares aos serviços de
MÉDIO A GRANDE
terraplenagem). Obras de desvio e canalização de
PORTES
córregos. Predomínio de serviços mecanizados.

Implantação de estruturas de contenção de médio a


grande porte (h>5m e l>10m), envolvendo obras de
ESTRUTURAS DE
contenção passivas e ativas (muros de gravidade,
CONTENÇÃO DE MÉDIO A
cortinas, etc). Poderão envolver serviços
GRANDE PORTES
complementares de terraplenagem. Predomínio de
serviços mecanizados.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 50/145

5. RESULTADOS DOS TRABALHOS

A equipe do IPT realizou o trabalho contando com o apoio da equipe da


Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec), Sra. Sandra Maria
Verdó e Sr. Atus Augusto (Figura 27).

Figura 27 – Equipe do IPT e da Compdec de Valinhos.

5.1 Trabalhos anteriores realizados no Município de Valinhos

Alguns trabalhos realizados no município de Valinhos, relacionados à áreas de


risco a deslizamento e inundação são apresentados, a seguir.

5.1.1 Relatório IPT-DAEE 2003

Em 2003 o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em convênio com o


Departamento de Águas e Energia Elétrica do estado de São Paulo (DAEE), mapeou
seis áreas sendo uma área para deslizamentos e cinco com inundação.

5.1.2 Relatório IPT – Cedec 2013

Em 2013, o IPT com o patrocínio da Casa Militar do Gabinete do Governador,


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 51/145

executou o projeto “Mapeamento de áreas de alto e muito alto risco de deslizamentos e


inundações do município de Valinhos (SP)”. Nesse levantamento foram mapeadas,
duas áreas com deslizamentos (Risco Alto e Risco Médio) e três áreas para inundação
(todas em Risco Médio).

5.1.3 Relatório IPT/CPRM 2019

Em 2019, o IPT realizou a Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais


de Massa e Inundação do munícipio de Valinhos, dentro do “Programa de Gestão de
Riscos e Resposta a Desastres Naturais”, em conjunto do Serviço Geológico Brasileiro
(CPRM), na escala 1:25.000. Nesse levantamento foram mapeadas, para as áreas de
suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa, 0,3 % de classe alta, 4,6 % de
classe média e 95,1 % de classe baixa e, para as áreas de suscetibilidade a
inundações, 4,71 % de classe alta, 6,40% de classe média e 11,16 % de classe baixa.

5.2 Dados básicos do município de Valinhos

O município de Valinhos localiza-se na Região Metropolitana de Campinas. O


município dista 82 km da capital, com acesso feito pela Rodovia Anhanguera.
Os limites territoriais são os municípios de Campinas, Morungaba, Vinhedo,
Itatiba e Itupeva.

Compreende área de aproximadamente 148,5 km², com população de


106.968 habitantes pelo censo IBGE de 2010. O município encontra-se a cerca de
660 m de altitude.

A hidrografia do município é composta pelas bacias dos Rios Atibaia e Capivari,


e dos Ribeirões Pinheiros, Bom Jardim e Dois Córregos e pelo Córrego da Invernada.

A caracterização física do município, apresentada a seguir, foi abordada


segundo as características geológicas, geomorfológicas e pedológicas. Os principais
dados geológicos foram obtidos do Mapa Geológico do Estado de São Paulo, publicado
por Perrota et al. (2006), escala 1:750.000, e os dados geomorfológicos do Mapa
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 52/145

Geomorfológico do Estado de São Paulo, publicado por IPT (1981), escala 1:1.000.000.
A caracterização pedológica referenciou-se pelo mapa pedológico do Estado de São
Paulo, escala 1:250.000, elaborado por Rossi (2017), com base no novo Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2018).

5.2.1 Contexto Geológico do município de Valinhos

A Figura 28 mostra recorte do Mapa Geológico do município de Valinhos


segundo Mapa Geológico do estado de São Paulo (Perrota et al.,2005).

As rochas do município de Valinhos pertencem à Província Tocantins, de idade


neoproterozóica - Complexo Varginha Guaxupé e Magmatismo relacionado ao Orógeno
Socorro-Guaxupé.

O Complexo Varginha-Guaxupé é representado na área pela Unidade


paragnáissica migmatítica superior, constituída por (cordierita)-granada-(sillimanita)-
biotita gnaisse bandado com leucossoma a biotita e granada, micaxisto restrito;
nebulito gnáissico granítico e ortognaisses intrusivos, metapsamito com metacarbonato
e gnaisse calciossilicático subordinados; intercalações de gnaisse básico a
intermediário e metabásica e, Unidade ortognáissica migmatítica intermediária,
constituída por biotita-hornblenda nebulito de composição granodiorítica, granítica,
sienítica e monzonítica; granito gnáissico anatético metaluminoso, comumente
porfirítico. O Magmatismo relacionado ao Orógeno Socorro-Guaxupé é representado
pelos Granitos peralcalinos, tipo A: Morungaba (mo).
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 53/145

Figura 28 – Mapa geológico ampliado do município de Valinhos. Fonte: Mapa


Geológico do estado de São Paulo (PERROTA et al.,2005).
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 54/145

5.2.2 Contexto Geomorfológico do município de Valinhos

Os principais tipos de relevo da área do Município de Valinhos constam da


Figura 29 com o Mapa Geomorfológico, a partir de IPT (1981).
O mapa contém as principais formas de relevo da região, individualizadas em
unidades homogêneas, definidas principalmente em função da amplitude topográfica,
declividade das encostas e densidade das linhas de drenagem.
A caracterização do relevo permite fornecer elementos para planejamento
regional, avaliação de facilidades/dificuldades de urbanização, reconhecimento
pedológico, classificação da capacidade de uso da terra e manejo agrícola, bem como
as suscetibilidades à erosão e aos escorregamentos.
A área do município encontra-se na região geomorfológica do Planalto Atlântico,
a qual é caracterizada por terras altas, constituída predominantemente por rochas
cristalinas pré-cambrianas e cambro-ordovicianas, cortadas por intrusivas básicas e
alcalinas mesozóico-terciárias. Os terrenos do município pertencem à Zona Planalto de
Jundiaí.
Os sistemas de relevo característicos da área são os Colinosos e os de
Morrotes.
Os Colinosos, em que predominam baixas declividades, de até 15%, e
amplitudes locais inferiores a 100 m, é representado pelas Colinas Médias, em que
predominam interflúvios com áreas de 1 a 4 km², topos aplainados, vertentes com
perfis convexos a retilíneos. O sistema de drenagem apresenta de média a baixa
densidade, com padrão subretangular, vales abertos a fechados, planícies aluviais
interiores restritas e presença eventual de lagoas perenes ou intermitentes.
Os relevos de Morro, em que predominam declividades médias a altas, acima de
15%, e cujas amplitudes locais variam de 100 a 300 m são divididos, na área, em
Morros de Topos Achatados, Mar de Morros e Morros com Serras Restritas. O relevo
de Morros de Topos Achatados apresenta topos achatados e extensos com vertentes
de perfis retilíneos. A drenagem é de média densidade com padrão subparalelo em
vales fechados. O Mar de Morros apresenta topos arredondados e vertentes com perfis
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 55/145

convexos a retilíneos. Drenagem de alta densidade com padrão dendrítico a retangular,


vales abertos a fechados, com planícies aluvionares interiores desenvolvidas. Constitui
geralmente um conjunto de formas em “meia laranja”. Os Morros com Serras Restritas
apresentam morros de topos arredondados e vertentes com perfis retilíneos, por vezes
abruptas, e presença de serras restritas. O sistema de drenagem apresenta alta
densidade, com padrão dendrítico a pinulado, vales fechados e planícies aluvionares
restritas.
O relevo de Morrotes, em que predominam declividades médias a altas, acima
de 15%, e amplitudes locais inferiores a 100 m, é representado pelos Morrotes
Alongados Paralelos, que apresentam topos arredondados e vertentes com perfis
retilíneos a convexos. O sistema de drenagem apresenta alta densidade, com padrão
paralelo a treliça e vales fechados.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 56/145

Figura 29 – Mapa geomorfológico ampliado de Valinhos. Fonte: Mapa


Geomorfológico do estado de São Paulo (IPT, 1981)
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 57/145

5.2.3 Contexto Pedológico do município de Valinhos

No que se refere aos tipos de solos que ocorrem no município, segundo


Rossi (2017), predominam Latossolos vermelho-amarelos (LVA), Gleissolos
Háplicos (GX), Cambissolos Háplicos (CX), e Argissolos Vermelho Amarelos
(PVA).

Na área do município são observadas as seguintes associações, sendo:

PVA - 3 – Argissolos Vermelho Amarelos

Associação de Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico típico A moderado e Argissolo


Vermelho Distrófico e Eutrófico típico, ambos com textura arenosa/média e média em
relevo suave ondulado.

PVA - 11 – Argissolos Vermelho Amarelos


Associação de Argissolo Vermelho-Amarelo abrúptico ou não abrúptico, A moderado
ou proeminente, textura arenosa/argilosa ou média/argilosa com Neossolo Litólico com
A moderado, proeminente ou chernozêmico, de textura média, fase sedimentos do
Grupo Tubarão e Passa Dois, ambos Eutróficos/Distróficos em relevo ondulado.

PVA 21 – Argissolos Vermelho-Amarelo

Grupamento de Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico, com textura argilosa com


cascalho e/ou cascalhento, todos em fase de relevo ondulado e forte ondulado.

CX 9 – Cambissolo Háplico

CX-9 Associação de Cambissolo Háplico Distrófico/Eutrófico, típico ou latossólico de


textura argilosa e média, com A moderado e proeminente com Argissolo
Amarelo/Vermelho-Amarelo, distrófico com textura média/argilosa e argilosa, não
rochoso e rochoso, ambos em fase de relevo forte ondulado.

GX-2 Gleissolos Háplicos

GX-2 Complexo Indiscriminado de Gleissolo Háplico ou Melânico com ou sem


ocorrência de Organossolo, em fase de relevo plano.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 58/145

GX-5 Gleissolos Háplicos

GX-5 Complexo de Gleissolo Háplico e Neossolo Flúvico, ambos Distróficos típico A


moderado ou proeminente de textura indiscriminada, todos em fase de relevo plano.

LVA-10 Latossolos Vermelho-Amarelos

LVA-10 Associação de Latossolo Vermelho-Amarelo/Vermelho Distrófico típico com A


moderado, textura média ou argilosa, álico, com Cambissolo Háplico Tb Distrófico, com
textura média ou argilosa, pedregoso ou não, ambos na fase de relevo forte ondulado e
ondulado

A Figura 30 apresenta de forma reduzida o mapa pedológico do município


de Valinhos, extraído de Rossi (2017).
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 59/145

Figura 30 – Mapa pedológico ampliado de Valinhos. Fonte: Mapa Pedológico do


estado de São Paulo (Rossi 2017).
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 60/145

5.3 Áreas de Risco Mapeadas

No Município de Valinhos foram identificadas 8 (oito) áreas de risco que foram


classificadas da seguinte forma: 3 (três) áreas de risco para deslizamento contendo
três Setores de Risco Alto e um Setor de Monitoramento; uma área com rolamento de
blocos com um Setor de Monitoramento e quatro áreas de risco com Setores de
Monitoramento para inundação. O Quadro 7 apresenta os setores de risco mapeados,
bem como a nomenclatura utilizada neste relatório, e também utilizada pela Prefeitura
do Município de Valinhos, para sua respectiva identificação.

Quadro 7 - Lista de áreas de risco mapeadas no município de Valinhos.


ÁREA Nº SETOR Nº NOME DA ÁREA PROCESSO NIVEL DE RISCO

VAL-01-01 Parque Portugal Deslizamento R-3 (Alto)

VAL-01-02 Parque Portugal Deslizamento R-3 (Alto)


VAL-01
SM (Setor de
VAL-01-03 Parque Portugal Deslizamento
Monitoramento

VAL-02 VAL-02-01 Parque Pinheirinho Inundação R-3 (Alto)

SM (Setor de
VAL-03 VAL-03-01 Bosque dos Eucaliptos Deslizamento
Monitoramento
SM (Setor de
VAL-04 VAL-04-01 Capuava Inundação
Monitoramento
SM (Setor de
VAL-05 VAL-05-01 Invernada Inundação
Monitoramento
Rolamento de SM (Setor de
VAL-06 VAL-06-01 Nova Suiça
Blocos Monitoramento

VAL-07 VAL-07-01 Jardim Recanto Deslizamento R-3 (Alto)

SM (Setor de
VAL-08 VAL-08-01 Centro Inundação
Monitoramento
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 61/145

O Apêndice 1 contém os desenhos com o resumo dos resultados das áreas


mapeadas. No Apêndice 2 são apresentadas as fichas das áreas mapeadas.

5.3.1 Área VAL 01 (Parque Portugal) - Deslizamento

A área VAL 01 está localizada no bairro Parque Portugal, tendo sido mapeados
três setores com dois setores de Risco Alto (VAL-01-01 e
VAL-01-02) e um setor (VAL-01-03) classificado como Setor de Monitoramento. Os
setores estão indicados na Figura 31.

Figura 31 – Localização dos setores VAL-01-01, VAL-


01-02 e VAL-01-03 pertencentes à área VAL-01.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 62/145

5.3.1.1 Setor VAL-01-01 - Deslizamento (Rua Abrantes e Rua Leiria) (R3 – Setor de
Risco Alto)

Descrição do Setor
O setor de risco VAL-01-01 compreende trecho com talude de corte na Rua
Abrantes. Trata-se de talude de corte com alturas entre 10 e 15 m, cumprimento de
aproximadamente 100 m e inclinação de 70º. No trecho inicial encontram-se as
instalações do Reservatório Apoiado de Água Tratada, do Departamento de Águas e
Esgotos de Valinhos, com proteção de muro de gabião na base do talude de corte e
impermeabilização do solo (Figura 32). No trecho contínuo a esse inicial, o talude está
sem nenhuma proteção superficial com cicatrizes de escorregamentos e em processo
acentuado de erosão (Figura 33).
O sistema de drenagem superficial é precário ocasionando concentração de
água de chuva em superfície. Ocorre a presença de árvores e vegetação rasteira.

Figura 32 – Vista das instalações do reservatório de água,


com o muro de gabião e a impermeabilização do solo.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 63/145

Figura 33 – Vista parcial do setor. Notar no lado direito parte


da instalação do reservatório de água e no restante do trecho o
talude sem proteção.

Descrição do Processo Observado e/ou Potencial


Foram observadas evidências de instabilidades e de erosão no talude de corte
no trecho contínuo à instalação da Prefeitura. Portanto, é esperada para o Setor
VAL-01-01 a ocorrência de novos processos de escorregamentos e avanço da erosão.
Neste caso, em função da probabilidade e gravidade dos processos esperados, foi
definida área como Setor de Risco Alto – R3. Salienta-se a ocorrência de deslizamento
nas condições atuais deverá afetar apenas a via.

Sugestão de Intervenções
Sugerem-se as seguintes ações para redução dos riscos: a) monitoramento
periódico do local; b) fiscalização de uso e ocupação do solo com o objetivo de
controlar novas construções e intervenções sem o devido cuidado técnico; c) analisar a
possibilidade de instalação de rede de drenagem no topo do talude de corte para evitar
o aumento do processo erosivo; d) realizar ações de comunicação e instrução com os
moradores em como proceder nos casos de chuvas críticas.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 64/145

5.3.1.2 Setor VAL-01-02 – Deslizamento – (Rua Leiria) (R3 – Setor de Risco Alto))

Descrição do Setor

O setor de risco VAL-01-02 compreende terrenos com pelo menos dez moradias
localizadas na base de talude de corte defronte à Rua Leiria. Trata-se de moradias
construídas em alvenaria e dispostas na base do talude de corte cuja inclinação média
é de 70º, com alturas de 10 m. Estas moradias estão distantes entre 0 e 5 m da base
do talude. O sistema de drenagem superficial é precário ocasionando concentração de
água de chuva em superfície. Existem pequenas cicatrizes de deslizamentos pretéritos
no talude de corte. As Figuras 34 e 35 mostram aspectos do setor.

Figura 34 – Moradias construídas próximas ao talude de corte.


Notar a cicatriz de deslizamento no talude.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 65/145

Figura 35 – Moradias construídas próximas ao talude de


corte. Notar a boa qualidade construtiva dessas moradias.

Descrição do Processo Observado e/ou Potencial

Foi observado evidências de instabilidades no talude de corte com as moradias


em sua base. Portanto, é esperada para o Setor VAL-01-02 a ocorrência de novos
processos de deslizamentos. Neste caso, em função da probabilidade e gravidade dos
processos esperados, foi definida área como Setor de Risco Alto – R3.

Sugestão de Intervenções

Sugerem-se as seguintes ações para redução dos riscos: a) monitoramento


periódico do local; b) fiscalização de uso e ocupação do solo com o objetivo de
controlar novas construções e intervenções sem o devido cuidado técnico; c) realizar
ações de comunicação e instrução com os moradores em como proceder nos casos de
chuvas críticas.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 66/145

5.3.1.3 Setor VAL-01-03 – Deslizamento – (Ruas Mirandela, Vila Real, Cintra,


Abrantes, Tejo) (SM – Setor de Monitoramento)

Descrição do Setor
O setor de risco VAL-01-03 compreende extenso trecho do bairro Parque
Portugal com pelo menos 70 moradias construídas em alvenaria e com boa qualidade
construtiva com algumas delas dispostas na base e topo de taludes de corte cuja
inclinação média é de 70º, com alturas variando entre 3 e 5 m. Estas moradias estão
distantes entre 0 e 10 m da base e topo desses taludes. As Figuras 36 e 37 mostram
aspectos do setor.

Figura 36 – Moradias com boa qualidade construtiva situadas


na encosta.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 67/145

Figura 37– Moradias construídas próximas ao talude de


corte. Notar a boa qualidade construtiva dessas moradias.

Descrição do Processo Observado e/ou Potencial

Não foram observadas evidências de instabilidades nos talude de corte neste


setor. Portanto, não se espera para o Setor VAL-01-03 a ocorrência de processos de
deslizamentos. Neste caso, em função da probabilidade e gravidade dos processos
esperados, foi definida área como Setor de Monitoramento – SM.

Sugestão de Intervenções

Sugerem-se as seguintes ações para redução dos riscos: a) monitoramento


periódico do local; b) fiscalização de uso e ocupação do solo com o objetivo de
controlar novas construções e intervenções sem o devido cuidado técnico; c) realizar
ações de comunicação e instrução com os moradores em como proceder nos casos de
chuvas críticas.

5.3.2 Área VAL-02 (Parque Pinheirinho) – Inundação

Descrição da Área

A Área VAL-02 compreende setor de risco VAL-02-01 relacionado a inundação


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 68/145

do Ribeirão Pinheiros localizado próximo à Rua Luiz Gabbetta. O acesso ao bairro, de


média densidade de ocupação, é feito por via não pavimentada, a infraestrutura urbana
é precária e o sistema de drenagem do setor inexistente. A Figura 38 mostra a
localização da área VAL-02 e o setor VAL-02-01.

Figura 38 – Localização da área VAL-02 e do setor VAL-02-01.

5.3.2.1 Setor VAL-02-01 – Inundação - R3 – Setor de Risco Alto


Durante o caminhamento observou-se que o setor se encontra parcialmente
vegetada e com trechos de solo exposto. O ribeirão que passa ao longo do setor
caracteriza-se por canal natural, retilíneo e assoreado por solo, com presença de lixo.
O canal possui dimensões de 5 m de largura máxima e 2 a 3 m de altura máxima. As
moradias distam aproximadamente 10 m de distância do ribeirão. Embora exista
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 69/145

cobertura vegetal em trechos do talude marginal, que tem efeito de proteção, também
foram observados pontos afetados por solapamento de margem. Foram observadas
intervenções nas proximidades da área, dos tipos ponte e travessia. Segundo
informações da Defesa Civil, a execução de uma obra de canalização a montante do
trecho (no município de Vinhedo), finalizada em 2012/2013, provocou um aumento da
energia do fluxo de escoamento superficial após eventos pluviométricos mais severos.
Em janeiro de 2013, foi registrado um evento de inundação com 4 m de altura máxima,
e raio de alcance máximo de 30 m a partir do eixo do canal, atingindo várias moradias
(cerca de 40), além do sistema viário. As Figuras 39 e 40 mostram detalhes do setor
VAL-02-01.

Figura 39 – Vista da via de acesso ao bairro com moradias do


lado esquerdo e o ribeirão do lado direito.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 70/145

Figura 40– O ribeirão localiza-se atrás destas moradias e


quando de inundações, as águas atingem a via de acesso à
frente das moradias.

Descrição do Processo Observado e/ou Potencial

Espera-se para o setor VAL-02-01 a ocorrência de inundações deflagradas por


eventos de grande magnitude e possibilidade de impacto nas moradias do núcleo
urbano. Nesse caso, o grau de risco desse setor foi definido como R3 – Risco Alto.

Sugestão de Intervenções

Sugerem-se as seguintes ações para redução dos riscos: (a) estudo da dinâmica
da bacia de contribuição do rio que drena a área, no trecho de interesse, para
dimensionamento de obras de escoamento e proteção de margem; (b) avaliação das
obras existentes, a montante do trecho afetado, para minimização dos impactos a
jusante; (c) instalação de réguas de nível de água; (d) orientação de moradores sobre
como proceder em casos de alertas nas situações críticas de chuva.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 71/145

5.3.3 Área VAL 03 (Bosque dos Eucaliptos) - Deslizamento

A Área VAL-03 compreende o setor de risco VAL-03-01 da rua 2, proximidades


da Rua Belmiro Brunelli (Bosque dos Eucaliptos). O acesso viário é pavimentado e
apresenta boas condições. Há presença de equipamentos públicos urbanos,
predomínio de construções de alvenaria de médio padrão construtivo e sistema de
drenagem satisfatório. A Figura 41 apresenta a área VAL-03 e setor VAL-03-01.

Figura 41 – Localização do setor VAL-03-01 pertencente à área VAL-03.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 72/145

5.3.3.1 Setor VAL-03-01 - Deslizamento (Rua Dois) (SM – Setor de Monitoramento)

Descrição do Setor

Trata-se de trecho de encosta com talude de corte a montante da rua Dois, que
se caracteriza por superfície de rocha alterada a sã. A dimensão do talude de corte
varia de 8 a 10 m de altura e 60º de inclinação. As moradias distam cerca de 12 m da
base do talude (Figura 42). Observou-se que há concentração de águas de chuva em
superfície. Embora a área apresente boas condições de estabilidade, é preciso estar
alerta e monitorando as intervenções do tipo corte, para evitar a ocorrência de
deslizamentos. Ocorre a presença de árvores e vegetação rasteira (Figura 43).

Figura 42 – Vista da Rua Dois com o talude de corte à direita e


as moradias à esquerda.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 73/145

Figura 43 – Vista parcial do setor. Notar no lado esquerdo o


talude de corte com a presença de árvores.

Descrição do Processo Observado e/ou Potencial

Não foram observadas evidências de instabilidades nos talude de corte neste


setor. Portanto, não se espera para o Setor VAL-03-01 a ocorrência de processos de
deslizamentos. Neste caso, em função da probabilidade e gravidade dos processos
esperados, foi definida área como Setor de Monitoramento – SM.

Sugestão de Intervenções
Sugerem-se as seguintes ações para redução dos riscos: a) monitoramento
periódico do local; b) fiscalização de uso e ocupação do solo com o objetivo de
controlar novas construções e intervenções sem o devido cuidado técnico; c) realizar
ações de comunicação e instrução com os moradores em como proceder nos casos de
chuvas críticas.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 74/145

5.3.4 Área VAL-04 (Capuava) – Inundação

Descrição da Área

A Área VAL-04 compreende setor VAL-04-01 relacionado à inundação do Rio


Capuava localizado na Avenida Albertina de Castro Prado, em frente ao edifício do
Sesi. O acesso à área, de média densidade de ocupação, é feito por via pavimentada
de duas pistas que ladeiam o curso d´água. A infraestrutura urbana é satisfatória assim
como o sistema de drenagem. A Figura 44 mostra a localização da área VAL-04 e do
setor VAL-04-01.

Figura 44 – Localização da área VAL-04 e do setor VAL-04-01.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 75/145

5.3.4.1 Setor VAL-04-01 – Inundação - (SM – Setor de Monitoramento)

Descrição do Setor

O rio foi totalmente retificado e canalizado com dimensões de até 15 m de


largura máxima e 5 m de altura máxima. As moradias distam aproximadamente 20 m
de distância do ribeirão. Foram observadas intervenções sobre o rio dos tipos ponte e
travessia. As Figuras 45 e 46 mostram detalhes da área VAL-04.

Figura 45 – Vista do Rio Capuava canalizado com as pistas da


avenida próximas à margem.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 76/145

Figura 46– Outra vista do rio canalizado.

Descrição do Processo Observado e/ou Potencial

Espera-se para o setor VAL-04-01 a ocorrência de inundações com gravidade


média e probabilidade de ocorrência também média. Neste caso, o setor foi definido
como Setor de Monitoramento – SM.

Sugestão de Intervenções

Sugerem-se as seguintes ações para redução dos riscos: (a) instalação de


réguas de nível de água; (b) orientação de moradores sobre como proceder em casos
de alertas nas situações críticas de chuva.

5.3.5 Área VAL-05 (Invernada) – Inundação

Descrição da Área

A Área VAL-05 compreende setor VAL-05-01 relacionado à inundação do


Córrego Invernada localizado na Avenida Invernada, percorrendo extenso trecho na
cidade, impermeabilizado e com infraestrutura urbana. A densidade de ocupação é de
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 77/145

média a alta e predominam instalações comerciais e institucionais ao longo da


extensão da planície fluvial. O acesso à área é feito por via pavimentada de duas pistas
que ladeiam o curso d´água. A Figura 47 mostra a localização da área VAL-05 e do
setor VAL-05-01.

Figura 47 – Localização da área VAL-05.

5.3.5.1 Setor VAL-05-01 – Inundação - (SM – Setor de Monitoramento)


O rio foi totalmente retificado e canalizado com dimensões de até 10 m de
largura máxima e 3 a 5 m de altura máxima. Foram observadas intervenções sobre o
rio dos tipos ponte e travessia. Ocorrem alagamentos no trecho da Avenida com a Rua
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 78/145

Castro Alves em função do setor estar em nível abaixo da canalização do córrego. As


Figuras 48 e 49 mostram detalhes do setor VAL-05-01.

Figura 48 – Vista do Córrego Invernada canalizado com as


pistas da avenida próximas à margem.

Figura 49– Trecho da Rua Castro Alves onde ocorrem


alagamentos.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 79/145

Descrição do Processo Observado e/ou Potencial

Espera-se para o setor VAL-05-01 a ocorrência de inundações com gravidade


média e probabilidade de ocorrência também média. Neste caso, o setor foi definido
como Setor de Monitoramento – SM.

Sugestão de Intervenções

Sugerem-se as seguintes ações para redução dos riscos: (a) instalação de


réguas de nível de água; (b) orientação de moradores sobre como proceder em casos
de alertas nas situações críticas de chuva.

5.3.6 Área VAL 06 (Nova Suiça) – Rolamento de blocos

A área VAL 06 está localizada no bairro Nova Suiça, em região afastada do


centro da cidade, em vários loteamentos ao longo da Rodovia D. Pedro I. A área é
apresentada na Figura 50.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 80/145

Figura 50 – Localização da área VAL-06.

5.3.6.1 Setor VAL-06-01 – Rolamento de Blocos (Estrada Municipal sem nome e


Rodovia D. Pedro I) (SM – Setor de Monitoramento)

Descrição da Área
O setor de risco VAL-06-01 compreende uma extensa área com vários
loteamentos fechados nas redondezas da Estrada Municipal sem nome, ao lado da
Rodovia D. Pedro I. Trata-se de talude natural com inclinação média de 30º com
centenas de blocos de rocha centimétricos a métricos. Já existem casas de médio a
alto padrão e várias outras estão sendo construídas ao lado de blocos rochosos in situ
e outros retirados dos terrenos em construção e depositados nos terrenos ainda vazios.
As Figuras 51 e 52 apresentam situações nesse setor.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 81/145

O sistema de drenagem superficial é inexistente ocasionando concentração de


água de chuva em superfície. Ocorre a presença de árvores e vegetação rasteira.

Figura 51 – Vista de parte da ocupação no bairro Nova Suiça,


com moradias em meio aos blocos de rocha.

Figura 52 – Vista parcial de depósito de blocos de rocha


retirados dos terrenos onde estão sendo construídas moradias.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 82/145

Descrição do Processo Observado e/ou Potencial


Não foram observadas evidências de instabilidades dos blocos rochosos neste
setor. Portanto, não se espera para o Setor VAL-06-01 a ocorrência de processos de
rolamento de blocos, se mantidas as condições atuais. Neste caso, em função da
probabilidade e gravidade dos processos esperados, foi definida área como Setor de
Monitoramento – SM.

Sugestão de Intervenções
Sugerem-se as seguintes ações para redução dos riscos: a) monitoramento
periódico do local; b) fiscalização de uso e ocupação do solo com o objetivo de
controlar novas construções e intervenções sem o devido cuidado técnico; c) realizar
ações de comunicação e instrução com os moradores em como proceder nos casos de
chuvas críticas.

5.3.7 Área VAL 07 (Jardim Recanto) - Deslizamento

A área VAL 07 está localizada no bairro Jardim Recanto, no trecho da Rua


Silvino Polli, nos fundos das obras de um supermercado. Foi mapeado um setor com
Risco Alto (VAL-07-01). A área e o setor estão indicados na Figura 53.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 83/145

Figura 53 – Localização dos setores VAL-07-01 pertencente à área VAL-07.

5.3.7.1 Setor VAL-07-01 - Deslizamento (Rua Silvino Polli – fundos do supermercado)


(R3 – Setor de Risco Alto)

Descrição da Área
O setor de risco VAL-07-01 compreende área com talude de corte existente nos
fundos do supermercado Dalben, localizado na Avenida Invernada, e as moradias
imediatamente a montante desse talude com frente para a Rua Silvino Polli. Trata-se
de talude de corte com altura aproximada de 10 m, comprimento de aproximadamente
90 m e inclinação de 80º, encontrando-se com impermeabilização de cimento. No
trecho superior existe muro de contenção e cerca com tela metálica separando o os
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 84/145

fundos das moradias e o talude. Segundo informações da equipe municipal e o


proprietário de uma das moradias (Sr. Marcelo), quando da construção do corte do
talude, as moradias apresentaram extensas rachaduras paralelas ao talude, algumas
com aberturas centimétricas. Com isso, a empresa proprietária do supermercado
comprou 3 casas e o terreno vazio, e fez acordo de indenização para reconstrução da
moradia do Sr. Marcelo. Este proprietário contratou a obra e recebeu o valor acordado
com o proprietário do supermercado. No entanto, o que se constatou na presente visita
técnica é que a moradia do Sr. Marcelo continua com os mesmos problemas
anteriores, ou seja, a reconstrução não foi bem sucedida. Assim, a situação encontra-
se em um impasse, já que a situação de risco permanece, além de que os proprietários
de uma das moradias e do supermercado ainda estão em negociações para a venda
dessa moradia.

As Figuras 54 e 55 mostram essa situação.

Figura 54 – Vista parcial do talude corte com obra de


contenção e as casas a montante. A casa do Sr. Marcelo é a
segunda à esquerda.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 85/145

Figura 55 – Situação das paredes de uma das moradias


apresentando extensa trinca.

Descrição do Processo Observado e/ou Potencial

Foram observadas evidências de instabilidades nas moradias localizadas no


topo do talude de corte. Portanto, é esperada para o Setor VAL-07-01 a ocorrência de
novos processos de escorregamentos. Neste caso, em função da probabilidade e
gravidade dos processos esperados, foi definida área como Setor de Risco Alto – R3.
Salienta-se que apenas duas casas encontram-se ainda ocupadas.

Sugestão de Intervenções

Sugerem-se as seguintes ações para redução dos riscos: a) monitoramento


periódico do local; b) fiscalização de uso e ocupação do solo com o objetivo de
controlar novas construções e intervenções sem o devido cuidado técnico; c) realizar
ações de comunicação e instrução com os moradores em como proceder nos casos de
chuvas críticas.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 86/145

5.3.8 Área VAL-08 (Centro) – Inundação – (SM – Setor de Monitoramento)

Descrição da Área

A Área VAL-08 compreende setor VAL-08-01 relacionado à inundação do


Córrego Pinheirinho localizado na Avenida dos Imigrantes e Rua Sete de Setembro,
percorrendo extenso trecho na cidade, impermeabilizado e com infraestrutura urbana.
A densidade de ocupação é de média a alta e predominam instalações comerciais e
institucionais ao longo da extensão da planície fluvial, inclusive a estação de trem. A
Figura 56 mostra a localização da área VAL-08 e do setor VAL-08-01.

Figura 56 – Localização da área VAL-08 e do setor VAL-08-01.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 87/145

5.3.8.1 Setor VAL-08-01 – Inundação – (SM – Setor de Monitoramento)


O rio foi totalmente retificado e canalizado com dimensões de até 6 m de largura
máxima e 3 a 5 m de altura máxima. Foram observadas intervenções sobre o rio dos
tipos ponte e travessia. Ocorrem alagamentos no trecho da Avenida dos Imigrantes e
na Rua Sete de Setembro Alves em função da área estar em nível abaixo da
canalização do córrego. As Figuras 57 e 58 mostram a localização e detalhes da área
VAL-08.
Figura 57 – Vista do córrego canalizado com a avenida à
direita e a estação de trem à esquerda.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 88/145

Figura 58– Trecho do córrego com a Avenida dos Imigrantes


e o comércio local.

Descrição do Processo Observado e/ou Potencial

Espera-se para o setor VAL-08-01 a ocorrência de inundações com gravidade


média e probabilidade de ocorrência também média. Neste caso, a área foi definida
como Setor de Monitoramento – SM.

Sugestão de Intervenções

Sugerem-se as seguintes ações para redução dos riscos: (a) instalação de


réguas de nível de água; (b) orientação de moradores e comerciantes sobre como
proceder em casos de alertas nas situações críticas de chuva.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Relatório apresenta os trabalhos referentes ao mapeamento de áreas de


risco de deslizamentos e inundações do município de Valinhos, assim como as
sugestões de intervenções para as áreas mais críticas. Os pontos mais críticos no
município de Valinhos correspondem às ocupações localizadas no topo e na base de
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 89/145

taludes de corte, áreas com blocos rochosos ee trechos de ocupação próximos às


margens de córregos.
O mapeamento para a identificação de áreas de risco de deslizamento e
inundação no município de Valinhos proporcionou concluir que as características das
encostas naturais na região indicam suscetibilidade natural para ocorrência de
deslizamentos de solo, os quais são deflagrados por eventos de chuvas intensas.
Ressalta-se, também, que a implantação das moradias nessas áreas pode atuar como
um potencializador desses deslizamentos, principalmente pela forma de ocupação. A
presença de drenagens, cortando o município, aumenta a probabilidade de atingir as
moradias localizadas nas proximidades, principalmente as de ocupação ribeirinha.
Nesse sentido, recomenda-se que o município desenvolva, além das soluções e
monitoramento das áreas já instaladas, mecanismos para controle das áreas ainda não
ocupadas e que apresentam potencial para instabilizações e/ou impacto das águas.
Por meio da caracterização geológico-geotécnica expedita e do histórico de processos
nos locais avaliados, conclui-se que alguns problemas podem ser esperados, em
períodos de grande intensidade pluviométrica, tais como os deslizamentos nas
encostas naturais, nos taludes de corte, rupturas de aterros e rolamento de blocos
rochosos, principalmente por deficiências e/ou ausência do sistema de drenagem,
forma de execução, má compactação e geometria desfavorável (altura e inclinação do
talude); e as inundações, em função da rápida concentração das águas de chuva, em
função do grau de impermeabilização, assoreamento e características geométricas dos
canais.
No caso dos deslizamentos, na região e nos locais vistoriados, recomenda-se o
acompanhamento visual constante do comportamento geral dos taludes e da evolução
das feições de instabilização, a ser realizado principalmente durante os períodos
chuvosos. Caso seja observado algum sinal de movimentação, os moradores deverão
ser avisados sobre o problema e aguardar, em local seguro, uma análise técnica sobre
a estabilidade.
É importante manter e aprimorar os trabalhos de conscientização da população
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 90/145

que vive em áreas de risco, sobre as condições gerais da área. Os moradores deverão
ser orientados a informar os técnicos da Prefeitura ou equipes de Defesa Civil quando
perceberem qualquer evidência de movimentação dos taludes ou aterros (trincas no
solo ou nas moradias, degraus de abatimento, estruturas rígidas inclinadas, dentre
outras).

Os aspectos discutidos, assim como as medidas propostas para minimização


dos riscos identificados neste Relatório Técnico têm um caráter preliminar, compatível
com a qualidade e com a quantidade de dados possíveis de levantamentos em uma
vistoria expedita. Esse caráter reforça a necessidade de se manter um monitoramento
constante das áreas estudadas, objetivando adequações e ampliação das medidas
sugeridas.

Todas as alternativas técnicas apresentadas e discutidas no âmbito deste


Relatório visam, de uma forma ou de outra, garantir a segurança das pessoas que
moram no município de Valinhos.

7. EQUIPE TÉCNICA

Área de Cidades, Infraestrutura e Meio Ambiente - CIMA


Seção de Investigações, Riscos e Gerenciamento Ambiental - Sirga
Coordenador: Marcelo Fischer Gramani – Mestre, Geólogo
Alessandra Cristina Corsi – Doutora, Geóloga
Eduardo Soares de Macedo – Doutor, Geólogo
Airton Marambaia Santa – Técnico de Geologia

Seção de Planejamento Territorial, Recursos Hídricos, Saneamento e Florestas -


SPRSF
Priscila Taminato Hirata – Mestre, Geóloga
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 91/145

Apoio Administrativo

Luzia Matico Nagase – Secretária Administrativa


Leila Evangelista Silva – Técnica Administrativa

São Paulo, 13 de dezembro de 2021.

CIDADES, INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE CIDADES, INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE


Seção de Investigações, Riscos e Gerenciamento Ambiental Seção de Investigações, Riscos e
Gerenciamento Ambiental

_______________________________________ _________________________________________________
Geól. Mestre Marcelo Fischer Gramani Oceanógrafa, Ma. Larissa Felicidade Werkhauser Demarco
Gerente do Projeto Gerente Técnica
CREASP N0 50608011434 – RE 8474 RE Nº 9135
Assinado digitalmente Assinado digitalmente

CIDADES, INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE


CIDADES, INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE
Seção de Planejamento Territorial, Recursos
Hídricos, Saneamento e Florestas

___________________________________
_________________________________________
Geól. Me. Fabrício Araujo Mirandola
Enga Ma. Sofia Julia Alves Macedo Campos
Diretor Técnico
Gerente Técnica
CREASP Nº 5062055808 – RE 8658
CREA SP 05060946440 – RE 8450
Assinado digitalmente
Assinado digitalmente
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 92/145

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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estabilização de encostas: uma proposta metodológica. In: Conferência Brasileira
sobre Estabilidade de Encostas, 1, 1992, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:
ABMS/ABGE. p. 721-733.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema Brasileiro de


Classificação de Solos / Humberto Gonçalves dos Santos [et al.]. – 5. ed., rev. e ampl.
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Brasília: Min. das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 2007.
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 93/145

PERROTTA, M.M.; SALVADOR, E.D.; LOPES, R.C.; D´AGOSTINO, L.Z.; PERUFFO,


N.; GOMES, S.D.; SACHS, L.L.B.; MEIRA, V.T.; LACERDA FILHO, J.V. Mapa
Geológico do Estado de São Paulo, escala 1:750.000. Programa Levantamentos
Geológicos Básicos do Brasil, CPRM, São Paulo, 2006.

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disaster mitigation. UNDRO News, Geneva, p.20, jan-feb.
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 94/145

APÊNDICE 1
DESENHOS DAS ÁREAS DE RISCO MAPEADAS
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 98/145
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 99/145
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 101/145
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 102/145
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 103/145
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 104/145
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 105/145

APÊNDICE 2
FICHAS DAS ÁREAS DE RISCO MAPEADAS E VISTORIADAS
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 106/145

ÁREA VAL-01
Setor VAL-01-01
Parque Portugal
R3 – Risco Alto – Deslizamento
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Figura 1 – Vista geral do setor mapeado VAL-01-01 - área VAL-01.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 108/145

Figura 2 – Ficha de campo do setor mapeado VAL-01-01 - área VAL-01.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 109/145

Foto 1 – Vista parcial do setor, observando-se o Foto 2 - Vista parcial do setor com trecho com
talude com algumas árvores. erosão.

Foto 3 – Trecho do setor com as instalações do Foto 4 – Detalhe do trecho com erosões.
reservatório de água.
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 110/145

ÁREA VAL-01
Setor VAL-01-02
Parque Portugal
R3 – Risco Alto – Deslizamento
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 111/145

Figura 3 – Vista geral do setor mapeado VAL-01-02 - área VAL-01.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 112/145

Figura 4 – Ficha de campo do setor mapeado VAL-01-02 - área VAL-01.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 113/145

Foto 5 – Vista parcial do setor, Foto 6 – Outra vista do setor com as


observando-se no fundo das moradias o moradias de bom padrão construtivo com o
talude de alta inclinação. talude nos fundos.

Foto 7 – Moradias de bom padrão construtivo


no setor. O talude de alta inclinação está nos
fundos das moradias.
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 114/145

ÁREA VAL-01
Setor VAL-01-03
Parque Portugal
SM – Setor de Monitoramento - Deslizamento
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 115/145

Figura 5 – Vista geral do setor mapeado VAL-01-03 - área VAL-01.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 116/145

Figura 6 – Ficha de campo do setor mapeado VAL-01-03 - área VAL-01.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 117/145

Foto 8 – Vista geral do setor, observando-se Foto 9 - Vista parcial do setor com trecho de
moradias de bom padrão construtivo. via asfaltada.

Foto 10 – Outra vista geral do setor com a


arborização e as moradias.
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ÁREA VAL-02
Setor VAL-02-01
Parque Pinheirinho
R3 – Risco Alto – Inundação
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 119/145

Figura 7 – Vista geral do setor mapeado VAL-02-01 - área VAL-02.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 120/145

Figura 8 – Ficha de campo do setor mapeado VAL-02-01 - área VAL-02.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 121/145

Foto 11 – Vista do córrego e da planície Foto 12 - Vista parcial do setor com


ocupada por pasto. moradias próximas ao córrego. Notas a
linha férrea em frente às moradias.

Foto 13 – Trecho do setor com as Foto 14 – Margem do córrego do lado


instalações do reservatório de água. do estacionamento do comércio,
notando-se algumas árvores da mata
ciliar.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 122/145

ÁREA VAL-03
Setor VAL-03-01
Bosque dos Eucaliptos
SM – Setor de Monitoramento - Deslizamento
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 123/145

Figura 9 – Vista geral do setor mapeado VAL-03-01 - área VAL-03.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 124/145

Figura 10 – Ficha de campo do setor mapeado VAL-03-01 - área VAL-03.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 125/145

Foto 15 – Vista geral do talude ao lado Foto 16 – Outra vista parcial do setor com
da rua com moradias a 10 metros de o talude à esquerda.
distância da base do talude.

Foto 17 – Trecho do setor com o talude Foto 18 – Trecho do talude próximo a


recoberto pela vegetação arbórea de muro de moradia no final do setor.
pequeno porte e gramíneas.
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 126/145

ÁREA VAL-04
Setor VAL-04-01
Capuava
SM – Setor de Monitoramento - Inundação
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 127/145

Figura 11 – Vista geral do setor mapeado VAL-04-01 - área VAL-04.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 128/145

Figura 12 – Ficha de campo do setor mapeado VAL-04-01 - área VAL-04.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 129/145

Foto 19 – Vista do córrego com o muro Foto 20 – Outra vista parcial do setor com
construído para a canalização. Notar o as ruas nos dois lados do córrego.
pouco volume de água.

Foto 21 – Trecho ao lado da ponte onde Foto 22 – Vista geral do setor tendo nos
se observa o encontro dos dois córregos. fundos o edifício do Senai.
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 130/145

ÁREA VAL-05
Setor VAL-05-01
Invernada
SM – Setor de Monitoramento - Inundação
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 131/145

Figura 13 – Vista geral do setor mapeado VAL-05-01 - área VAL-05.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 132/145

Figura 14 – Ficha de campo do setor mapeado VAL-05-01 - área VAL-05.


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Relatório Técnico n 164 411-205 - 133/145

Foto 23 – Vista do córrego com os muros Foto 24 – Outra vista parcial do setor com
construídos para a canalização. Notar o as ruas nos dois lados do córrego.
pouco volume de água.

Foto 25 – Trecho final do setor com a Foto 26 – Vista da lateral do setor em


mudança para canalização fechada. trecho sujeito a alagamentos.
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 134/145

ÁREA VAL-06
Setor VAL-06-01
Nova Suiça
SM – Setor de Monitoramento – Rolamento de Blocos
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 135/145

Figura 15 – Vista geral do setor mapeado VAL-06-01 - área VAL-06.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 136/145

Figura 16 – Ficha de campo do setor mapeado VAL-06-01 - área VAL-06.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 137/145

Foto 27 – Vista geral do setor podendo- Foto 28 – Outra vista parcial do setor com
se observar as moradias em meio aos detalhe de terreno com moradia e blocos
blocos de rocha aflorantes. de rocha.

Foto 29 – Moradias de bom padrão Foto 30 – Trecho do talude próximo a


construtivo em meio ao setor. moradias, podendo-se notar os blocos de
rocha depositados pelos moradores
durante a construção das moradias.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 138/145

ÁREA VAL-07
Setor VAL-07-01
Jardim Recanto
R3 – Risco Alto - Deslizamento
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Relatório Técnico n 164 411-205 - 139/145

Figura 17 – Vista geral do setor mapeado VAL-07-01 - área VAL-07.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 140/145

Figura 18 – Ficha de campo do setor mapeado VAL-07-01 - área VAL-07.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 141/145

Foto 31 – Vista geral do talude de corte Foto 32 – Detalhe da obra de contenção


com obra de contenção e as moradias a com o supermercado na base do talude
montante. de corte.

Foto 33 – Notar no centro da imagem o Foto 34 – Trincas no chão de uma das


afastamento do muro e da parede da moradias evidenciando o processo de
moradia evidenciando o processo de movimentação.
movimentação.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 142/145

ÁREA VAL-08
Setor VAL-08-01
Centro
SM – Setor de Monitoramento - Inundação
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 143/145

Figura 19 – Vista geral do setor mapeado VAL-08-01 - área VAL-08.

.
o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 144/145

Figura 20 – Ficha de campo do setor mapeado VAL-08-01 - área VAL-08.


o
Relatório Técnico n 164 411-205 - 145/145

Foto 35 – Vista do córrego com os muros Foto 36 – Outra vista parcial do setor com
construídos para a canalização. Notar o as lojas comerciais que são afetadas
pouco volume de água. pelos eventos de inundação.

Foto 37 – Trecho do setor com o Foto 38 – Vista da travessia por ponte


estacionamento da estação ferroviária. notando-se a diminuição da área do
canal do córrego tanto pela ponte como
por tubulação instalada sob essa ponte.

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